PARANÁ: SOMOS 3 EM 1 Estudiosos atestam que o Estado não tem identidade única; a riqueza cultural está na diversidade do povo
Mercado Saiba qual o perfil do novo profissional que o mercado de trabalho exige hoje
Política Exclusivo: Entrevista com Amaury Ribeiro Jr, autor de “A Privataria Tucana”
Lazer Veja como será o Psycho Carnival, maior festival de rockabilly das Américas, em Curitiba
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PODE SER ABERTO PELA ECT
Editora Mês Ano 2 - nº 13 Fevereiro de 2012
entrevista Ary Fontoura
“Não faço planos. Sou muito fatalista, acho que o futuro é hoje” Aos 78 anos de idade e mais de 60 de carreira, o ator paranaense Ary Fontoura não para de surpreender. Com fôlego de criança, diz não fazer planos e ama viver. Morador do Rio de Janeiro há 46 anos, Ary considera que ser carioca é um estado de espírito. Apesar de ter um grande foco de sua carreira na televisão, Fontoura admite adquirir o combustível necessário para continuar em suas atuações no teatro. Em visita ao Paraná para ser homenageado no Festival de Cinema da Lapa, Ary Fontoura conversou exclusivamente com a Revista MÊS. Confira: 4 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
Você nasceu em Curitiba (PR). Como foi sua infância na Capital paranaense? Ary Fontoura (AF) - Fiquei aqui em Curitiba até 1964. No dia 31 de março, quando estourou a Revolução, eu cheguei ao Rio. Era uma cidade pequena [Curitiba], tinha 280 mil habitantes. Tive uma infância fantástica. Morava ali no Alto da Glória, não tinha o Centro Cívico ainda, ali era mato puro. Tudo que tive direito a ter uma bela infância, eu tive. Quando você decidiu ser ator? AF - Descobri desde quatro anos de idade que eu já tinha manifestações
Iris Alessi
que enveredaria por esse caminho. Morava em uma cidade pequena, meu pai era professor do que seria hoje um curso de primeiro grau. Lembro que nós estávamos numa cidade chamada Entre Rios, aqui perto de Castro e Ponta Grossa, e lá apareceu um grupo de um pessoal que dançava músicas russas, aquele folclore, me levaram. E a partir dali eu comecei a imitar tudo. Imitava o padre que rezava a missa, as pessoas. E a sua família o apoiava? AF - A minha família não me apoiou efetivamente para essa minha carreira. Era uma carreira, na época, maldita. Todo homem que pretendia ser ator tinha característica de vagabundo. Era uma profissão que não era bem vista pelos olhos de ninguém. Você chegou a fazer quatro anos de Direito. Por que não concluiu? AF - Porque foram os piores anos da minha vida. Graças a Deus nós éramos uma família de classe média baixa. Apesar dessa pobreza que nos cercava, éramos muito bem orientados. Meu pai tinha uma pretensão: dar a cada um dos filhos um diploma. Porque você sairia com uma profissão liberal e faria o que bem entendesse. Mas na hora de decidir, já sabia o que eu queria. Queria era ir para São Paulo, estudar teatro. Mas a família era contra, não havia apoio de espécie alguma. Eu não tinha recursos financeiros e tinha medo de sair. Para dar esse prazer ao meu pai pensei no que se aproxima do teatro e vi o curso de Direito como uma grande encenação. Fiz o vestibular e passei muito bem. Mas na medida em que o curso ia indo, a minha vontade cada vez mais se manifestava. Chegou ao quarto ano e eu não aguentei mais. Cheguei para minha mãe e disse ‘não dá, não é por aí, vocês me desculpem’. Fui desenvolvendo meu autodidatismo na questão da arte, fazendo peças no colégio. Fui para o rádio fazer teatro. Quando aconteceu a televisão aqui em Curitiba
e eu era diretor de rádio teatro da Rádio Colombo, o Ronald Stresser, que era um dos diretores da televisão me chamou e disse ‘a televisão é inevitável, vai acontecer e nós precisamos fazer um corpo dramatúrgico lá dentro e você foi escolhido para ser o diretor da teledramaturgia’. E eu disse ‘pois é, isso é uma coisa realmente nova para mim, não compreendo’. Ele disse, ‘para isso já providenciamos sua ida para São Paulo, você vai lá e vai fazer um estágio na TV’. Eu fui e fiquei dois meses fazendo um estágio e voltei aqui para Curitiba para a inauguração e comecei a aparecer. Comecei em um programa humorístico, muito famoso aqui em Curitiba, o Dr. Pomposo, que eu criticava a política de uma forma muito engraçada e isso foi pegando, e minha família começou a ver que eu estava ficando famoso. Meu pai já passava na boca maldita e todo mundo conversava com ele. E na minha casa não tinha sequer um aparelho de televisão. Comprei um aparelho e a partir daí meu pai ficou encantado com tudo. Talvez como advogado não fosse tão prestigiado como na televisão e as coisas mudaram.
“Gosto das pessoas que não têm horizonte, mas que sonham” Nessa época, você já era reconhecido em Curitiba. Como decidiu deixar tudo e tentar uma carreira no Rio de Janeiro? AF - Com todo dinheiro que eu ganhava aqui (ganhava bem naquela época) comprei um sítio. Um dia fui ver o bosque que tinha lá, uma mesa de churrasco, era muito bonito o lugar, todo sombreado, uma beleza, no alto, lindo, lindo. Me deitei no campo e fiquei olhando para o céu, aquela beleza toda, olhei para mim, e pensei não posso querer isso para mim. Vou embora amanhã. Isso foi no dia 30 de março. Comprei duas passagens, para mim e para a Odelair Rodrigues, li-
guei para ela e disse ‘você vai embora para o Rio de Janeiro’. E fomos nós dois para o Rio. Qual é a sua relação hoje com o Paraná e o Rio de Janeiro? Você se considera paranaense ou carioca? AF - Sou curitibano porque nasci aqui, paranaense porque sou do Paraná e carioca porque moro no Rio. Carioca é um estado de espírito. Moro no Rio há 46 anos e àquele lugar eu devo muito. As pessoas sempre me trataram muito bem, me acolheram. Estou na Rede Globo desde que inaugurou. Essas coisas pesam muito. Em compensação, se você perguntar o que vai acontecer hoje em Curitiba eu sei dizer. Leio jornais, procuro na internet, sei o que acontece com o teatro aqui. Durante a sua trajetória, você chegou a cantar num prostíbulo e já declarou que se relacionou e se apaixonou pelas mulheres de lá. Como foi essa relação? AF - Eu cantava, era profissional da música. Cantava num restaurante lá no Alto da XV, mas o barulho dos talheres era tão mais forte que a minha voz e a indiferença das pessoas também... Aí um dia, um músico, o Zé Pequeno, me falou: ‘por que você não vai lá na zona?’. As casas possuíam um salão de baile, tinha um recinto onde elas atendiam os fregueses, tinham seus próprios quartos, e eu cantava lá, toda noite. O pessoal dançava, aplaudia. Eu era jovem, os hormônios saindo por todos os poros, é claro que tendo aquele banquete todo preparado eu aproveitava. Só que nesse festival de sexo eu me aproximei de uma, achava ela legal, a melhor de todas, mas com essa nunca tive nada. Foi quando falei para ela ‘todas as suas amigas foram tão caridosas comigo, satisfizeram todos os meus instintos e você é a única que não está querendo nada, por quê?’ E ela disse ‘se eu fizesse alguma coisa com você minha vida seria um inferno’, disse ela apaixonadíssima. Eu fiquei então quietinho e disse ‘não REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 5
Denis Ferreira Netto
entrevista Ary Fontoura
vou mexer com você porque é uma história que não vai ter, não é justo’. Respeitei a profissão da moça. Com 78 anos você nunca se casou, por quê? AF - Não me casei não porque eu não quisesse, cheguei perto. Quando eu fui embora de Curitiba era quase noivo. Na ocasião, falei: ‘vou para lá, tentar minha vida’. A mãe dela foi a primeira a dizer ‘está pensando o quê? Acha que minha filha vai ficar te esperando a vida inteira?’ Fui embora para o Rio. Uma semana depois recebi uma carta dela dizendo que não dava, que não era por aí, que ela gostaria que eu voltasse, deixasse de lado isso, entendesse que o casamento era uma coisa muito séria e tudo mais. Fiquei desesperado, porque fazia parte dos meus planos e coisas do coração todo mundo é vulnerável. Mas dali a pouco eu comecei a pensar e disse ‘nada acontece por acaso, isso é uma bênção divina que me foi entregue’. Ou eu vou ser egoísta a partir de agora ou vou ser um eterno dependente da minha família, como eles quiseram que eu fosse não me estimulando com o que eu queria fazer. Não escrevi nada, não disse nada. A partir daí, eu achei que devia seguir sozinho que era muito melhor. Honestamente, foi e está sendo muito melhor. Quais são os próximos trabalhos na televisão? AF - Eu não faço planos. Sou muito fatalista, acho que o futuro é hoje. Não quero ser pretensioso. Você sabe o que vai acontecer daqui a pouco? Não. Então não planifico nada. Quan8 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
do você trabalha na Globo, é um veículo muito egoísta e absorvente. Você tem de se dedicar exclusivamente a eles. Você vai do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Vai ao cinema e sai com a maior culpa. A técnica supera o intérprete. Hoje em dia é muito mais importante uma cena tecnicamente perfeita, do que artisticamente bem feita, porque o mundo requer tudo em HD. E é um processo dificílimo, as câmeras são mais sensíveis do que qualquer ator ou atriz. Parece que choram e riem. Qualquer movimento é excessivo. Hoje, não se interpreta tanto quanto antes, hoje se vive mais. Você tem de estar constantemente se adaptando a novas formas e maneiras de representar e de ser. Hoje, você é considerado um dos atores mais versáteis da dramaturgia. Como é trabalhar nesses diferentes meios? AF - Eu não faço só televisão, felizmente. Faço teatro em primeiríssimo lugar e me considero oriundo do teatro. Então eu faço assim, colho através do teatro e da forma que eu vejo as coisas, aplico na televisão. Adquiro no teatro o óleo que eu gasto na TV, porque a televisão requer que você vá praticamente pronto para um estúdio. Lá não há tempo para ensinar ninguém, para discutir personagem, é tudo muito rápido. É uma coisa extremamente comercial. Como você busca inspiração e referências? AF - Na vida. Aqui, por exemplo, estou olhando para você. Se eu tivesse que fazer um personagem feminino de repente faria você, já peguei você todinha. Eu fico olhando, vendo as coisas. O ator que se afasta do público e fica dentro de casa vendo videotape não faz uma literatura sua, faz uma coisa que serve para o mundo todo. Você fica muito mais americanizado. Prefiro ser diferente. Tenho certa simplicidade e é a única arma que eu tenho para chegar às pessoas. Me
aproximo muito, acho que todas têm coisas para contar. E a situação por mais absurda que seja pode ser dramática ou extremamente cômica. Depois de mais de 60 anos de carreira, você pensa em parar? AF - Como eu disse não premedito nada. Convenhamos que sou bem longínquo. Procuro me manter, porque se existe alguma coisa que eu gosto é viver. Acho muito bacana estar vivo, presenciando as coisas que acontecem, as mutações que o mundo a toda hora tem. A participação das pessoas. Agora mesmo eu estou ligado a um movimento [...] www.movimentogotadagua.com.br. Esse é o meu exercício de cidadania. Você acha que é importante o ator estar envolvido politicamente em alguma causa? AF - Depende do que seja, e da causa. Essa não é uma causa política. Ela virou por quem realmente pretende fazer a tal da usina. Mas é exatamente o contrário. A gente quer dialogar com o governo. Quer o diálogo que eles não transferiram para nós. Saber por que isso vai ser construído dessa forma que está sendo, prejudicando “n” coisas, inclusive o planeta Terra. A gente quer saber, já que é com o nosso dinheiro, porque está sendo feita assim diante de tantas opções mais modernas de ir atrás da eletricidade. Em seu site, é descrito como um ator expressionista que faz da arte a vida e assim por diante. Como você se enxerga? AF - Pode ser isso e um pouco mais. A minha vivência é colocada toda em função do que eu faço. Isso é o que tem mais valor no meu trabalho. Os personagens que eu faço, os mais bem sucedidos são os anti-heróis, aqueles abandonados e que não beijam a mocinha no fim. E eu gosto desse tipo de coisa. Das pessoas que não têm horizonte, mas que sonham. São muito belas.
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mensagens do(a) leitor(a)
Coincidência
Feliz coincidência! Ainda ontem descobri a Revista Mês no consultório de meu médico, gostei demais e tentei memorizar o endereço para pedir o envio da revista. Hoje, tentando lembrar do mesmo, eis que tenho a grande sorte de conseguir uma das revistas, a de nº 12, quando estive parada com o carro num semáforo: pura sorte! Sgrid Schumacher von der Heyde,
Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor@revistames.com.br | Twitter @mes_ pr | Facebook MÊS Paraná. Participe!
por e-mail
LEITOR@MES.COM.BR Conteúdo Parabenizo a Revista Mês pelo conteúdo das matérias bem como pelo esmero do trabalho gráfico, trazendo a todos os leitores atos e fatos do nosso Paraná. É sempre oportuna as matérias com o cientista político - Ricardo Costa de Oliveira, por exemplo como matéria de capa Eleições Municipais e o segundo ano dos Governos, abordadas de maneira geradora de opinião a todos os leitores. Pois trata-se de um ícone na cátedra de ciência política em nosso Estado. Participo, também, que sou um leitor assíduo da Revista e tenho recebido com regularidade e pontualidade todos os meses. Parabéns a Editora-executiva e a toda a equipe da Revista, só merecem elogios e agradecimentos de todos. Renato José Soika, Diretor Cultural e Social da Assoc. Benef. dos Cabos e Soldados da PMPR Agradecimento Gostaria de cumprimentar a todos vocês por essa ótima revista Mês, nunca tinha visto ou ouvido falar, mas uma amiga me emprestou e eu achei ótima, li a do mês de novembro/2011.
Irineia Salle Pacheco
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Conheci Gostaria de parabenizar a revista Mês, pois não a conhecia mas assim que li a primeira matéria (entrevista com Nany People) já adorei a revista. Talita Aparecida Bueno
Importância Achei de extrema importância o conteúdo. Tenho acompanhado o conteúdo da revista pela internet. Gostaria muito de receber os exemplares em casa. Luana Marchetto.
RESPOSTA: Basta enviar seus dados (nome da rua, número, CEP e cidade). Caso não seja do Paraná, o conteúdo estará disponível somente pela Internet, no site: www.revistames.com.br /MÊS Paraná
NQM Comunicação
A NQM Comunicação parabeniza a Revista Mês por um ano de existência. Conteúdo sério e de qualidade #recomendamos
Aline Vonsovicz
A Mês Paraná está de parabéns! A edição nº 12 está completa e muito interessante. Matérias de todas as editorias!
Thabata Martin
Também estou muito feliz com a publicação! Obrigada Revista Mês Paraná e também a jornalista Mariane Maio. A matéria ficou excelente! (Moda / edição 12).
Aguinaldo Rodrigues
Mais uma vez quero parabenizar a toda equipe da Revista Mês Paraná pela alta qualidade da Revista, dos assuntos e temas abordados. Cada vez que folheio uma edição, sinto que estou tendo acesso às mais atualizadas informações que preciso ter em uma revista.
Luisa Padoan
A diversidade cultural da revista é o que há de melhor! Tudo para todos os gostos. Além das capas, que eu adoro! Esta de início de ano, da 12a edição, ficou ótima! Parabéns, como sempre!
Aline Vonsovicz
A Mês Paraná está de parabéns! A edição nº 12 está completa e muito interessante. Matérias de todas as editorias!
Nay Lara
A matéria com a entrevistada Nany People foi a melhor dessa edição!
FOTOGRAMA
Alessandra Ramos
ENQUETE Você moraria ou mora no Centro de Curitiba? Sim eu moraria, principalmente, se tivesse condições de comprar uma casa antiga. No centro encontro tudo o que preciso, além da diversidade cultural que me entusiasma. Patricia Rolim, por e-mail Eu moraria no centro, penso que deve ser mais barato pois não há custos para transporte e com a comodidade de chegar sempre cedo em casa. Por outro lado os imóveis antigos são mais amplos mas pecam pela falta de vagas para automóveis. Jimi Rosales Vargas, por Facebook @mes_pr
@willian_bressan
Peguei a revista @mes_pr na portaria do meu prédio e trouxe aqui para Caçador. Leitura ótima. E ainda o Pedro Elói deu entrevista! =D ISSUU.COM/REVISTAMES
Juliane Dziura
Gostei bastante dessa edição, assim como das outras. Parabéns.
José Roberto Krasucki
Li essa semana a edição nº 12 e está bem legal. Parabéns!
Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor@revistames.com.br
A poética da imagem se contrapõe à dureza do trabalho de quem vive do carvão e mora ao redor dos carvoeiros na Estrada do Cerne, região de Campo Magro (PR). Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma envie sua imagem em alta resolução para o leitor@revistames.com.br
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ENTREVISTA
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Mensagens dos leitores
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FOTOGRAMA
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MIRANTE
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5 perguntas para: Amaury Ribeiro Jr.
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COLUNA
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DICAS DO MÊS
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OPINIÃO
POLÍTICA 20 As indefinições na corrida eleitoral ECONOMIA 24 Turismo de eventos na mira da RMC 26 Fugindo das dívidas AGROPECUÁRIA 28 O combate além das fronteiras EDUCAÇÃO 30 É tempo de voltar às aulas
Ffotos: Roberto Dziura Jr.
sumário
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MATÉRIA DE CAPA
O Paraná de muitas identidades
SAÚDE
TURISMO
32 Mais adultos aderem aos aparelhos ortodônticos
48 Canyon, uma fenda de belezas ESPORTE
TECNOLOGIA
50 “Caçadores de emoção”
34 Funcionalidades ao alcance das mãos
AUTOMÓVEL
MEIO AMBIENTE 36 Tecnologia não deveria ir para o lixo 40 Veículo movido à água, antes desperdiçada
52 Mistérios rondam o novo EcoSport MODA E BELEZA 54 Muita cor, brilho e animação CULINÁRIA E GASTRONOMIA
COMPORTAMENTO
56 Sorvete para todas as horas
42 O novo profissional
CIDADES / CRÔNICA
44 Integração é a chave do negócio
58 Os paradoxos dos carnavais curitibanos
INTERNACIONAL
CULTURA E LAZER
46 EUA consolida-se como destino de compras dos brasileiros
60 Nem só de samba vive o Carnaval
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62 Atrações para quem tem samba no pé
editorial
O plural de Fevereiro F
evereiro é multifacetado. Tem cara de Carnaval. De volta às aulas. De trabalho. De orçamento familiar. Já reparou que é assim também o Paraná? Cheio de caras, identidades, culturas e sotaques.
É esse retrato que a MÊS traz na Capa. Quem somos? Especialistas mostram que a riqueza do nosso povo está na ausência de uma identidade única. Somos diversificados. Somos “Paranás-enses”. A pluralidade em forma de Estado. Fevereiro também tem mais de uma identidade. Não podia faltar animação. No bloco da alegria, o Carnaval já embalou o(a) Mês. Assim, trazemos nesta edição atrações do Carnaval de Curitiba, que pode ser muito mais que samba e axé, desde o Psycho Carnival (uma festa do rock) até a maquiagem das mulheres que querem colorir a passarela da folia. Já para quem gosta de curtir este feriado com uma pausa, a sugestão é ir para o Canyon do Guartelá, uma obra-prima esculpida pela natureza. E em mais uma face de Fevereiro, traçamos o perfil do novo profissional, na reportagem de Comportamento. Junto com ela, uma maneira inteligente de melhorar a integração da equipe. Fevereiro também é tempo de volta às aulas. Por isso, é importante organizar a vida escolar de seu filho. Veja na reportagem de Educação. Mais uma faceta de Fevereiro refere-se à época de planejar o orçamento familiar, assim, a MÊS te ajuda a colocar as contas em ordem. Ah, já ia esquecendo! Fevereiro é ainda o momento da corrida eleitoral municipal esquentar. A sinfonia já começa a batucar nos ouvidos dos eleitores. É tempo de “namoro” entre os partidos para a composição de alianças até as eleições municipais. Leia em Política. Fevereiro é realmente um Mês atípico por mais um detalhe: é o único que tem 29 dias. Aproveite da melhor forma possível esse tempo com muita informação e opinião que a MÊS traz para você. Boa leitura!
expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Renato Sordi, Alessandra Ramos, Eloi Zanetti e Giuseppe Mosello. Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.
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mirante
Conversas oficiais
Fruet na dianteira
Papa defunto
A presidenta municipal do PT, a ex-vereadora Roseli Isidoro, comunicou aos partidos da Capital que em breve abrirá conversas oficiais sobre as eleições municipais deste ano. Em pauta estarão alianças para prefeito e a chapa de vereadores. Gustavo Fruet (PDT), Ratinho Junior (PSC) e Rafael Grecca (PMDB) compõem a lista de prioritários. O PT ainda não definiu oficialmente se terá candidato próprio ou apoiará outra candidatura.
Assim como em todas as pesquisas de opinião divulgadas em Curitiba, que colocam Gustavo Fruet (PDT) em primeiro lugar, entre os que entendem um pouco sobre o PT de Curitiba é unânime a opinião de que caso os petistas curitibanos optem pela aliança com o candidato do PDT, o partido dos trabalhadores tenha larga vantagem entre os postulantes a este apoio. Fruet já teve conversas com vários petistas, da ministra Gleisi Hoffmann ao deputado Tadeu Veneri.
Circulam entre os amigos do prefeito Luciano Ducci (PSB) negociações sobre serviços funerários na Capital. O motivo seria a derrota das grandes funerárias em recente processo licitatório realizado pela Prefeitura. O vereador Jairo Marcelino, pedetista da base de sustentação do prefeito, estaria patrocinando acordo para que as grandes não fiquem de fora. Há quem diga que os interesses do nobre colega beiram o pessoal.
Herivelto Baptista
Fica onde está Quem acompanha a política em Brasília avalia que entre as mudanças que devem acontecer no ministério da presidenta Dilma não está a troca do ministro Paulo Bernardo do Ministério das Comunicações para a Itaipu Binacional. Os resultados obtidos na pasta com a redução das tarifas de telefones fixos e móveis e a duplicação em um ano das conexões de internet móvel no País seriam os argumentos que a presidenta estaria usando para defender a manutenção do representante do Paraná no Ministério.
Apoio sem força
O prefeito Luciano Ducci (PSB) foi advertido pela Justiça Eleitoral sobre a conduta indevida já publicada aqui. Segundo o juiz Pedro Luís Corat, a propaganda eleitoral feita por Ducci só é permitida depois do dia 5 de julho deste ano. O recado está dado. A interrupção precisa ser imediata. E caso o prefeito reincida nas ligações de telemarketing e também em jornais de propaganda, ele pode até ter seu registro de candidatura negado por campanha antecipada.
Roberto Dziura Jr.
Campanha antecipada
Além disso, a turma da campanha do prefeito Luciano Ducci (PSB) anda batendo a cabeça. Pesquisa qualitativa realizada no final do ano passado mostrou que o apoio do governador Beto Richa (PSDB) à candidatura do atual prefeito de Curitiba não acrescenta nada nas intenções de voto. A mesma pesquisa, contudo, diz que o apoio da ministra Gleisi Hoffmann ao candidato Gustavo Fruet aumenta significativamente a perspectiva de vitória do pedetista. O que fazer? É a pergunta entre os marqueteiros de Ducci e Richa.
Alcova
Divulgação
O problema é a ex Um político curitibano mantém um apartamento em uma das esquinas da Avenida 7 de setembro só para guardar documentos. Recentemente anda enlouquecido por causa disso. E não é por conta do valor do IPTU. É que sua ex-esposa, que conheceu em um dos tribunais da cidade, visitou o lugar e tirou cópias de tudo.
Roberto Dziura Jr.
Bate Pronto
“O que é isso, rapaz?! Você nem me conhece.”
Arquivo pessoal
Vereador Denilson Pires (DEM), ao responder ao estudante que lhe chamava de pizzaiolo por apoiar o arquivamento das denúncias contra Derosso (PSDB)
“Conheço sim senhor. O senhor esteve preso faz pouco tempo” Thiago Moreira, secretário de Cultura do PT Paraná que se manifestava contra o resultado da CPI sobre o vereador João Cláudio Derosso (PSDB)
Fora da vice-presidência
Desenvolvimento tecnológico
Parece que teve vereador de Curitiba que não foi um bom menino no ano passado. Pelo menos, não para o partido. O vereador Zé Maria (PPS) foi afastado no fim de janeiro da vice-presidência da direção municipal do PPS. É uma reposta da legenda em relação à posição tomada pelo vereador em cooptar com o relatório da CPI em que inocentava o vereador João Cláudio Derroso (PSDB) de qualquer irregularidade. Zé Maria também ficará de fora da liderança da bancada na Câmara de Vereadores.
Com o objetivo de estimular a articulação entre os setores público e privado na área da inovação tecnológica, em especial no segmento industrial, o governo brasileiro criou recentemente a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O foco central será promover a inovação nas empresas, explorando a capilaridade e a competência já estabelecida dos institutos tecnológicos existentes. Iniciativa importante para garantir a sustentabilidade do crescimento econômico brasileiro.
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matéria de capa
O Paraná de muitas identidades Efeito de três diferentes períodos de colonização, o Estado apresenta regiões e costumes bastante distintos Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
U
m Estado repleto de araucárias, povoado por gralhas azuis, onde a comida típica é o pinhão e o barreado. Esse é o Paraná de alguns livros. Mas os símbolos criados para representar este território não refletem a totalidade do povo paranaense. Colonizado em três ciclos migratórios, as diferentes regiões do Paraná formaram povos, culturas, estilos de vida e sotaques bastante diferentes. “Embora tenha havido em épocas diferentes e por mais de um político [teve] a tentativa de se criar uma identidade, uma homogeneização, a dinâmica da so-
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ciedade é incrível. Isso é que dá essa multiplicidade”, afirma o professor da FAE, Luiz César Kreps, historiador, filósofo e autor de um dos artigos do livro “Paraná: Espaço e Memória”. Sem uma identidade única, essa mistura é justamente o que identifica o Paraná, na opinião do professor Carlos Alberto Maio, do Departamento de Turismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). “Há um dado positivo que é justamente essa diversidade que o torna diferente. Há uma riqueza de vários elementos étnicos culturais e economicamente falando também. Essa produção agrícola, a própria indústria que está se desenvolvendo”, diz.
Primeira fase Então, quem somos? Em busca dessa resposta, a reportagem da MÊS ouviu especialistas da área que desenharam o seguinte traço cultural do Paraná. A colonização pode ser dividida em três períodos e regiões. A primeira delas foi a parte litorânea, que depois se estendeu à Curitiba e aos Campos Gerais. “A primeira forma de povoamento do Paraná é totalmente litorânea. Tanto que você tem a região de Antonina, Morretes e Paranaguá por causa do Tratado de Tordesilhas, que é a parte Portuguesa. Ela se limita nesse instante de povoamento, na economia de capotagem, que é a aquela economia por mar. Você tem
Roberto Dziura Jr.
a primeira tentativa de interiorização no início do século XVII, que é a procura bandeirante por ouro, que não foi encontrado”, explica Kreps. Segundo ele, depois que o Litoral foi colonizado, as cidades que hoje fazem parte da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) tornaram-se uma região de passagem entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Assim, Lapa passa a ser o município mais importante da região, muito por conta da ferrovia que passa pela cidade. “Tem a ocupação dos Campos Gerais e a ocupação populacional, que é a preocupação do governo em trazer colônias, pessoas e ocupar a terra. Tem a divisa, mas não tem população. Nesse processo, tem a formação de várias colônias, na região que hoje é Curitiba, que seria Santa Felicidade, Santa Cecília, o Portão, Dantas (que seria o Água Verde)”, conta Kreps.
Segunda fase Outro ciclo histórico que ajudou a colonizar parte do Paraná foi o do café. A cultura agrícola que começou a ser cultivada no Vale do Paraíba tinha
A maior parte da população curitibana é de outras localidades, tornando a cidade cosmopolita
encontrado a terra vermelha e fértil do Oeste paulista, uma riqueza para a época. Mas, com a valorização das terras e a necessidade de expansão desse produto, os paulistas desceram para o Paraná em busca de terras para a expansão. E pelo visto encontraram muito mais do que esperavam. A famosa terra vermelha da região Norte e Noroeste do Paraná se adaptou bem ao café.
A cara do curitibano Curitiba sempre teve fama de cidade europeia. Além do clima gelado, a forma mais fria e fechada de se relacionar lembravam os moradores da Europa. Mas essa realidade está mudando. Pesquisas mostram que mais de 50% dos moradores da Capital não são nascidos na cidade. Essa mistura, que também é a cara do Paraná, fez com que os curitibocas (como são conhecidos os nascidos em Curitiba), tivessem de conviver de forma amigável com os forasteiros (moradores nascidos em outras localidades) Essa “invasão”, segundo o professor Luiz Alexandre Gonçalves Cunha, do Departamento de Geografia da UEPG, começou em 1980. “Em 1970, o município de Curitiba tinha 600 mil habitantes. Em 1980, tinha 1 milhão de habitantes. Isso se deu porque a geada foi um dos elementos que provocou a mudança do perfil produtivo do Norte. O café era uma cultura que fixava muita gente. Quando muda para soja, não precisa de tanta mão de obra. Grande parte dessa população foi para Curitiba”, diz. Para os especialistas, hoje a Capital do Estado pode ser considerada uma cidade cosmopolita. “Aquela identidade de uma Curitiba tradicional, de um povo com características bem definidas, está se perdendo. É uma grande metrópole hoje, globalizada, que você encontra tudo. Curitiba mudou muito nos últimos 20 anos”, afirma Cunha.
“Os cafeicultores descobrem que a terra do Norte do Paraná era muito semelhante, até superando em qualidade essa terra do Oeste paulista, sem saúva e muito barata. Eles vendiam 10 hectares em São Paulo e compravam 100 no Paraná. Lógico que a terra do Norte Pioneiro era muito boa, mas nós vamos encontrar uma melhor ainda na região do Norte Novo, de Londrina, de Maringá, de Apucarana, que era a terra que alguns diziam que era abençoada por Deus”, explica o historiador e professor da FAE, Semi Cavalcante de Oliveira, também autor de um dos artigos do livro “Paraná: Espaço e Memória”. Muito diferente da parte litorânea e dos Campos Gerais, a colonização do Norte do Paraná não tem como predominância o imigrante europeu. “O novo elemento que vai predominar ali são os paulistas, mineiros e nordestinos. Mineiros predominando em número e paulistas em capital [dinheiro]”, afirma Oliveira.
Terceira fase O terceiro e último momento da colonização paranaense foi o Sudoeste e extremo Oeste, povoado por cataREVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 17
rinenses e, principalmente, gaúchos, que vieram buscar novas fronteiras agrícolas. “Eles vêm exatamente pelo ciclo da madeira, depois buscando o Norte e Centro-oeste do Brasil. Mas tem o gaúcho cansado, que chegava à metade do caminho e parava”, brinca Oliveira. Kreps explica que é a segunda geração dos gaúchos, filhos dos imigrantes, que vai ocupar essa parte do Paraná. “É a necessidade de você colocar população nesses locais. Enquanto você tem o imigrante que vem para o café substituir a mão de obra do escravo, esse é um tipo de imigrante que vem para ser mão de obra, você tem o outro tipo que vem para ser assentado à terra”.
Unificação Esse processo de colonização formou o que os especialistas chamam de “três Paranás”. Até a década de 1970 essa realidade fazia ainda mais sentido.
Apenas depois dessa data, o Estado foi unificado, principalmente por meio do transporte rodoviário que ligou as regiões e os povos. “Nós tivemos isso aqui dominando durante dois séculos, essa sociedade tradicional. É muito recente a história do Paraná como um Estado totalmente unificado. Eu fico incomodada quando cobram uma identidade de um Estado que teve uma formação muito recente”, explica a professora Márcia Dropa, do Departamento de Turismo da UEPG.
Cultura Apesar de unificado como território, o Paraná é ainda bastante dividido culturalmente. Quem conhece as regiões consegue perceber, além dos sotaques, o estilo de encarar a vida do povo de cada uma delas. Um dos principais exemplos citados pelo professor Kreps é a divisão clara das torcidas de times de futebol. “Se pegar essa região aqui [Norte] tem tor-
Fotos: Roberto Dziura Jr.
matéria de capa
Professora Márcia Dropa explica que essa multiplicidade na colonização caracteriza o PR
cedores de times de São Paulo. Essa região aqui [Oeste e Sudoeste] só dá gremista e colorado”, conta. Outros aspectos que demonstram essa forte diferença cultural, segundo
Separados Por uma rodovia Parte da PR 151, que liga o município de Ponta Grossa à Irati, é um pequeno exemplo da diversidade de povos e culturas encontradas no Paraná. Em poucos quilômetros de distância e separados apenas pela rodovia, encontram-se, de um lado, uma comunidade de negros quilombolas (terras de remanescentes escravos negros) e, de outro, russos brancos. Dona Laurita Ferreira tem 60 anos, é casada, tem dois filhos e sempre morou na colônia Sutil (dos negros). Ela e toda a família vivem do cultivo do milho, feijão e da soja. A aposentadoria do marido também ajuda a pagar as poucas despesas. Com uma vida simples, Laurita faz dos encontros na Igreja e das raras festas que são realizadas por lá, a diversão dela e dos demais moradores da comunidade.
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Apesar de sofrer com algumas restrições, dona Laura, como é conhecida, disse nunca ter pensado em se mudar do local. “Gosto da tranquilidade. A gente vai um pouco na cidade e já quer voltar para seu cantinho”, conta. Sua neta Grazieli (03) também parece gostar de morar no local. Outra moradora, ainda mais antiga, é a Dona Vitória (78), casada com Seu Benedito. Vitória não sabe mais ao certo há quantos anos mora na comunidade. “Já estou acostumada”. A casa simples e de madeira é mantida extremamente arrumada por ela. De vestido e trança embutida nos cabelos, Dona Vitória gosta de se arrumar. Neivair de Jesus Gonçalves (48) nasceu em Ponta Grossa, mas desde 1994 mora na comunidade Sutil. As terras e a casa eram de seus pais que mudaram para a cidade, pois não
Dona Laura e sua neta Grazieli
conseguiam criar os doze filhos na comunidade. Apesar disso, seu pai manteve o terreno, pois já dizia querer voltar com os filhos. “Foi difícil voltar. Lá [na cidade] eu tinha tudo na mão. Hoje, não me acostumo mais na cidade. Já acostumei com a vida no sítio”, conta a servente escolar, que vai todos os dias para Ponta Grossa trabalhar.
Oliveira, são a culinária e o jeito de falar. “O ‘leite quente’ é uma coisa mais específica do Paraná curitibano. Na região Oeste e Sudoeste, a gente percebe muito os sotaques dos gaúchos e catarinenses, já ligado com o ‘E’ puxado de Curitiba. E no Norte [tem] aquela ligação com o Sudeste, São Paulo, a maneira de falar ‘porrta’, ‘porrtão’, puxando muito o ‘R’ do sertanejo. E a questão da comida também. Por exemplo, o feijão preto, que é uma unanimidade em Curitiba, eu comia até então quando comia feijoada”, lembra o professor que é originário de Apucarana, Norte do Estado.
Política Por conta desse histórico, a pouca unificação se refletiu também na política. Apesar de o Paraná ser o quinto Estado mais importante economicamente do Brasil, culturalmente e socialmente parece não acompanhar os bons índices.
Para os professores da FAE, o problema é a falta de representatividade política em nível nacional. “A identidade desse político a partir do momento que ele ocupa um cargo federal deixa de ser a preocupação partidária regional e teria de ser uma preocupação paranaense. O nosso político não tem essa identidade”, explica Kreps que diz acreditar que os políticos paranaenses que estão no Governo Federal se preocupam em defender apenas os princípios da sua base e família e não se preocupam com o Estado como um todo. Para Oliveira, essa falta de representação faz do Paraná um Estado periférico no cenário nacional. “Nós somos importantes economicamente, mas politicamente somos um Estado marginalizado. Desde a emancipação do Paraná era e continua sendo considerado um Estado marginal”, diz. A professora Márcia também concorda com essa tese. “A gente sempre
dependeu de incentivos dos outros. Só tivemos tropeirismo, porque Minas Gerais precisou; só teve a erva mate, porque a Argentina precisou; só tivemos a madeira, porque os Estados Unidos precisaram”.
Identidade paranaense Por isso, definir o paranaense não é uma tarefa fácil. A dúvida é saber se essa mistura cultural faz do Paraná um estado sem identidade. Para os professores, não. Oliveira acredita em uma identidade fragmentada e regionalizada. “Não há uma identidade única. Há uma multiplicidade de identidades que são bens visíveis dependendo da região”, também atesta Kreps. Márcia diz que não acredita que o Estado forme uma identidade única. “E se tiver de lutar pra não ter, eu luto, para mostrar essa multiplicidade racial que nós temos no Paraná. Acho que essa é a nossa identidade”, diz.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
no cabelo. Os homens usam calças e camisas, um cinto de batismo e, os casados, barba e bigode. Dina e sua filha Sussana
Do outro lado da rodovia, o contraste é nítido, não só fisicamente. Bastante estruturados, os russos brancos, que chegaram nessa região depois de terem ganhado as terras das Organizações das Nações Unidas (ONU) refugiados da revolução comunista, ainda mantêm os costumes de seu povo no século XIX. As mulheres só usam vestidos e, as casadas, lenço
Os pais de André Kalugin (40) vieram da Rússia, em 1958, com três filhos. Aqui no Brasil tiveram mais nove crianças. Kalugin já nasceu no Brasil, mas cultiva as tradições russas. Ele disse que vai à cidade apenas por obrigação, pois gosta de morar no campo. Sua esposa, Dina, nasceu na comunidade, mas foi criada em outra colônia de russos, na Bolívia. Assim que casou, retornou à região e também diz não gostar da cidade. No dia a dia, Dina cuida da casa, costura as roupas da família e faz queijos e requeijão para vender. A única coisa em comum nas duas comunidades é o gosto pelo estilo de vida e também a dificuldade em se relacionar com as pessoas que
vêm de fora. Bastante receosos para conversar e contar suas histórias, os russos são ainda mais fechados que os quilombolas. O fato é que os moradores de ambas as comunidades não se sentem confortáveis com as visitas. Para a professora Márcia Dropa, do Departamento de Turismo da UEPG, esse receio deve-se em grande parte ao isolamento sofrido por eles e também pelo grande assédio por parte de universidades, jornalistas e outros moradores de Ponta Grossa em geral. “A gente quer aprofundar esse estudo, porque há uma disparidade muito grande”, conta Márcia. O objetivo é preservar a cultura dos quilombolas. “Com a pesquisa, percebemos que 89% dos moradores são negros, mas que estão vendendo suas propriedades para o pessoal de Ponta Grossa passar o final de semana”, diz.
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política
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As indefinições na corrida eleitoral
Quatro meses antes da homologação dos candidatos e das alianças para as eleições municipais, partidos já lançam nomes e discutem coligações Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
C
omo todos os partidos afirmam ao serem questionados, as definições para as eleições municipais deste ano só serão feitas em junho, período limite da homologação das candidaturas. Mas o fato é que as conversas, acordos e arranjos já começaram há muito tempo. O quadro político apresentado hoje traz três principais candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos: Luciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT) e Ratinho Jr. (PSC). Além desses candidatos, o Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou três possíveis nomes para a disputa, os deputados Dr. Rosinha, Tadeu Veneri e Angelo Vanhoni. O PMDB declarou que Rafael Grega será o candidato do partido e o PPS também já lançou Renata Bueno como pré-candidata.
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Candidaturas Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi, a chance de os principais candidatos manterem seus nomes na disputa é grande. “As pesquisas mostram quem são os políticos que estão na memória do eleitor. O que é óbvio é que tem o atual prefeito, que está na memória dos eleitores. O Gustavo Fruet acabou de ser candidato ao Senado, numa eleição majoritária em que ele foi muito bem votado em Curitiba, então também justifica-se a presença dele, e o terceiro colocado é o radialista Ratinho Jr., que está na rádio todos os dias, então é natural que ele apareça”, diz. Já em relação aos outros candidatos, ele diz acreditar apenas que o PMDB mantenha o nome, que para ele, não deve ter uma boa votação. “A questão do PMDB é maior do que a eleição.
Você tem uma disputa grande lá dentro de poder. E o Requião para manter o controle do partido lançou um candidato próprio. Os candidatos em Curitiba, sempre apoiados pelo Requião, não tiveram um bom desempenho. Mas o problema do Greca é que ele tem uma rejeição muito alta, tem cerca de 30%”, analisa. Em relação ao PT, Cervi aposta em uma coligação com o PDT, em torno do nome de Fruet. “A não ser que haja uma mudança muito grande em termos federais. O PT não deve ter candidato próprio em Curitiba. [...] O PDT faz parte do governo Dilma, então é natural que se coliguem em muitos municípios. Aí o nome mais coerente seria o do Gustavo Fruet que está bem melhor colocado nas pesquisas”. O nome de Renata Bueno não deve ser mantido pelo PPS, segundo análise de Cervi. “Não tem sido a prática.
Desde a campanha anterior do Rubens Bueno, quando ele ficou em terceiro lugar, o PPS não tem mais apresentado nome de importância, e tem participado do governo, tanto do Beto Richa, quanto do Luciano Ducci”.
Coligações Em relação às coligações, grandes surpresas não devem ser esperadas. De acordo com o presidente municipal do PSB, Ubirajara Schreiber, o nome do Ducci já é certo na disputa e as alianças estão sendo discutidas. “O [apoio do PSDB] é uma condição anterior, uma parceria que vem desde quando o Beto [Richa] participou da prefeitura municipal. Essa parceria existe e continuará existindo. Têm vários partidos que sempre tiveram juntos e estamos trabalhando para que continuem conosco”, afirma. Roseli Isidoro, presidente municipal do PT, relata que no final de 2011 o campo majoritário protocolou uma proposta de política de aliança, sem definir nenhum partido específico. “Obviamente é de conhecimento de toda a base do partido que a preferência da nossa defesa é a coligação com o PDT. Agora, nós não podemos desconsiderar que nós temos outros aliados que tenham sinalizado com can-
didatura própria, que é o caso do PSC e do PMDB”, explica Roseli. Essa definição será conhecida no encontro municipal no final de abril. Já no caso do PMDB, o secretário-geral de Curitiba, Doático Santos, garante que no momento não há expectativa do partido em trazer aliados. “Achamos que isso vá se dar no momento em que a candidatura tiver posta, com força dentro do cenário político”, diz. A prioridade do partido é viabilizar a candidatura de Greca.
“As pesquisas de intenção hoje são pouco importantes porque registram apenas a memória. A informação mais importante é a rejeição” Já o PSC afirma não discriminar nenhuma legenda. “As conversas estão mais adiantadas com o PR, PCdoB, PTdoB”, conta Antônio Borges dos Reis, presidente municipal do PSC. Segundo ele, a candidatura de Ratinho Jr. já é tida como certa. “A gente tem certeza que o Ratinho Jr. vai para o segundo turno. A nossa dúvida é quem vai ser o adversário dele, se o
Fotos: Divulgação | 1 Roberto Dziura Jr.
Imagens ilustrativas. Representam possíveis coligações entre os partidos nas eleições de 2012
Luciano, ou o Gustavo”. Os presidentes municipais do PSDB, DEM e PPS não retornaram o pedido de entrevista feito pela equipe da Revista MÊS. O presidente do PDT não foi localizado para comentar sobre o assunto.
Especulação Para o analista político, apesar do jogo já ter começado, tudo não passa de especulação. “As pesquisas de intenção, hoje são pouco importantes, porque registram apenas a memória. A informação mais importante é a rejeição. Porque se o eleitor diz que vai votar em fulano pode mudar esse voto até a data da eleição. Se ele diz que não vai votar em alguém de jeito nenhum, ele não vota nesse cara”, explica. Apesar de não haver ninguém no momento com chances, além dos três principais nomes, ele acredita que até a campanha ainda é possível que apareça outros nomes com representatividade política. “Se houver um desgaste muito grande das elites políticas, [...] é nesse momento que aparecem novas lideranças, as surpresas, que acabam vencendo a eleição. Podem ser nomes completamente novos na política, mas já conhecidos em outras esferas da sociedade, ou nomes totalmente desconhecidos”. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 21
Roberto Dziura Jr.
5 perguntas para: Amaury Ribeiro Jr.
O Brasil da lavanderia O jornalista Amaury Ribeiro Jr. está do outro lado do balcão (como diriam os colegas jornalistas). O paranaense está na mídia depois do sucesso e da repercussão de seu livro “A Privataria Tucana” que, segundo ele, trata-se “do maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Ele tem percorrido o Brasil para falar sobre os bastidores da lavagem de dinheiro público por parte de políticos e empresários que revelou na obra. Em uma rápida passagem à Curitiba, o autor concedeu entrevista exclusiva para a Revista MÊS. Mariane Maio - mariane@revistames.com.br Colaborou Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Qual o envolvimento do ex-governador José Serra no esquema dessas privatizações do Governo FHC? Amaury Ribeiro Jr. (AR) - Não aparece ele diretamente, mas a prima, o genro, o sócio, a filha, sempre tem uma pessoa. A rede das pessoas descritas, todas têm um elo com o José Serra. No caso o principal, o articulador, era o Ricardo Sérgio de Oliveira, mas tinha também o João Bosco Madeira da Costa, que era o braço dele na Previ, havia o pessoal do BNDES, o pessoal do Ministério das Telecomunicações que aparece muito com o Mendonça de Barros. Existe alguma ramificação desse esquema aqui no Paraná? AR - A lavanderia que movimentou isso tudo veio do Banestado. E com certeza, se abrir, vai chegar à questão da privatização daqui do Paraná. Eu ainda não investiguei isso. O que eu posso dizer é que o tentáculo que tem no Paraná são com os doleiros que 22 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
lavaram o dinheiro. Os nomes dos lavadores de dinheiro aqui são conhecidos, tem o Alberto Youssef, aqueles doleiros todos. O que mais te surpreendeu nessa pesquisa? AR - O que está me surpreendendo é após a publicação do livro. Estou começando a entender o sofrimento que causou nas pessoas. Talvez ajude a explicar porque esse livro vende. Tem funcionário público que perdeu o emprego e ficou louco. Tem gente que é revoltado. Causou muita dor. E o cinismo da outra parte. Como eles são cínicos, como eles são hipócritas ao se defender. Como eles são covardes, né? Esse pessoal do PSDB é covarde acima de tudo. Acredita que todo o seu trabalho de apuração nos últimos 10 anos mais essas acusações em forma de livro servirão para ajudar a punir essas pessoas? AR - Acredito que vai ter repercussão ainda. A Polícia Federal vai ser obri-
gada a abrir um novo procedimento. Tenho certeza de que isso vai acontecer. O que aconteceu no passado é que o Ministério Público entrou com quatro ações de improbidade administrativa e criminais contra essas pessoas e muitas delas foram prescritas sem serem analisadas pela Justiça. Essa é a realidade do País. A realidade que impulsiona a impunidade do País todo. E quais os projetos para o futuro? AR - Há um projeto de lançar, se houver documentos necessários para isso, um segundo livro sobre esse tema da Privataria e lançar outro livro sobre outro assunto que estou apurando ainda. Como está em fase de apuração, não posso anunciar porque é perigoso. E vai ser um livro que vai chocar também. É outro aspecto de corrupção de violação de direitos humanos que eu gostaria de concluir esse ano. Têm outros projetos de livros, outros projetos maiores. Eu acho que o caminho é esse, do jornalismo editorial.
sobre a política
A Rede Globo e a disputa política e ideológica Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br
Utilizou da dramaturgia para levar ao ar um conteúdo frontalmente ideológico Salve a democracia! Graças a ela o maior conglomerado de comunicação do Brasil, tendo à frente a Rede Globo de Televisão, pode utilizar o poder público das concessões para fazer disputas cotidianas com o atual governo posicionando-se como “O crítico”. Disputas, aliás, que também realizava durante o governo FHC, sendo, contudo, que naquele período se posicionava a favor do governo. O posicionamento político e ideológico da direção e daqueles que fazem o grupo Globo não é novidade para ninguém. Desde os comentários desprovidos de nexos e vínculo com a realidade até a racionalidade veiculada diariamente pelas ondas dos rádios, pela telinha ou pelas páginas dos veículos de sua propriedade, ou ainda, pelos proprietários da verdade absoluta sobre análises econômicas e políticas passando pelas edições criminosas de debates outrora realizados – e recentemente admitidos por Boni –, é de conhecimento de todos. Contudo, desta vez, a desfaçatez da equipe global parece superar-se. Utilizou da dramaturgia para levar ao ar um conteúdo frontalmente ideológico, que busca disputar a opinião pública mais desavisada por meio de conteúdos absurdamente tendenciosos. Panfletário, imbecil em grande parte. Refiro-me à minissérie Brado Retumbante. Numa reedição moderna do caçador de marajás, que eles mesmos construíram com Collor de Mello (quem não lembra!!!), o roteirista que se prestou a trabalhar para a turma dos “Marinhos” se utilizou de sensos comuns, inverdades, ilações sobre passagens históricas recentes do Brasil.
Um exemplo disso foi o primeiro capítulo em que mostra uma reunião com muitos ministros e a câmera faz um passeio mostrando as pastas presentes. Foca em ministérios criados pelo atual governo. E talvez seguindo orientação do atual diretor de jornalismo Ali Kamel, que ignobilmente afirma que no Brasil não há racismo, coloca dois ministérios lado a lado: o ministério da igualdade racial e o da diferença racial. Demonstração clara pela preocupação em atingir a defesa da igualdade patrocinada pelo governo Lula desde o primeiro ano de seu governo. Mas as imbecilidades não param por aí. As verdades que o jornalismo dos veículos da rede tentaram criar durante anos, e não obtiveram êxito, agora querem entrar na cabeça dos brasileiros por meio da teledramaturgia. Senso comum e inverdades em um roteiro de péssima qualidade. Nem o mais despreparado candidato a vereador teria a capacidade de elaborar discursos tão ruins. Mas, para a Globo, deve valer mais a disputa política e ideológica do que a qualidade das produções e o vínculo com a verdade. Penso que talvez o governo brasileiro devesse fazer valer para a Globo o que o Presidente Barak Obama teria falado em relação à rede CBS, nos Estados Unidos. “A CBS se comporta como um partido político e como tal será tratada”. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 23
economia
Turismo de eventos na mira da RMC A Região Metropolitana de Curitiba possui cerca de 100 espaços para atrair eventos e negócios; em média, o visitante gasta R$ 320 por dia Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
S
e Curitiba deve registrar, este ano, um crescimento de 25% no turismo de eventos e negócios, com a estimativa de mais de 100 eventos, que vão atrair turistas e gastos para a cidade de mais de R$ 1,1 bilhão; a Região Metropolitana, composta por 26 municípios, também se prepara para aumentar sua fatia nesse mercado lucrativo e aquecido. Para isso, o Curitiba Convention e Visitors Bureau (CCVB) entrou em cena. A entidade começa a trabalhar
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forte a partir deste ano para o desenvolvimento do turismo nas cidades do entorno da Capital, assim como no Litoral. Iniciarão as estratégias para prospectar parceiros e novos eventos para cidades como Pinhais, Campo Largo, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré entre outros destinos, conforme explicou Tatiana Turra, superintendente executiva do CCVB. Segundo um levantamento feito pela entidade, a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) possui cerca de 100 espaços para a realização de eventos, com capacidade de atender de 50 a 1000 pessoas por evento.
Perfil para eventos Os municípios apresentam perfil para receber eventos corporativos, além de ter potencial para atender o público de agricultura, ciências biológicas, veterinária, ecologia, geografia e meio ambiente, também o setor madeireiro, da automobilística, da indústria petrolífera e do calcário. “Normalmente, quando o destino é referência em algum setor econômico ou científico, ele acaba atraindo com mais facilidade [o evento]”, observa Tatiana. Outro detalhe desse setor é a especialização de cada área e a crescen-
Região Metropolitana de Curitiba (RMC) possui cerca de 100 espaços para a realização de eventos
Divulgação
Dado estatístico O potencial econômico ultrapassa o evento, pois o participante, muitas vezes, leva acompanhantes para visitar o local. De acordo com estudo do CCVB, 50% dos participantes vêm com outras pessoas para a cidade ao participar de um evento. Isso significa que os R$ 320 de diária gastos por pessoa em cada evento, poderão gerar dividendos com a multiplicação de turistas na região. De acordo com Tatiana Turra, “além da possibilidade de trabalhar com eventos sendo realizados na Região Metropolitana, tem a questão de aproveitar o público que vem para esses eventos em Curitiba”. Assim, a Região poderá se beneficiar a reboque do já consolidado destino que é a Capital.
tar novos eventos. Eventos que serão realizados este ano em Curitiba e Região foram captados há alguns anos.
Expectativa Para o espaço de eventos do Slaviero Executive de Pinhais (PR) são boas as perspectivas, segundo Gilmar Dammski, gerente regional. O hotel possui duas salas para eventos, uma delas para até 50 participantes e outra para 200 pessoas. Nesses espaços, são promovidos, com frequência, eventos corporativos e de festa. Para atrair mais eventos, a rede de hotéis contratou um profissional para prospectar novos eventos e, além disso, servir como acomodação para outros eventos na cidade, que têm grande
potencial para atrair ainda mais o turismo. O maior local de eventos de Pinhais é o Expotrade Convention Center, que é o terceiro maior centro de convenções do Brasil, com 34.000 m² de área construída. As ações do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau também devem começar a trabalhar nas cidades já neste mês, visando à agenda de 2014 e 2015. Uma das ações será a aproximação do Convention & Visitors Bureau com as entidades de classe, empresas, prefeituras e organizações do setor de eventos. “Todo mundo precisa se unir, porque a gente precisa olhar para esse futuro agora, porque senão quando chegar 2015 não vai ter evento”, pondera Tatiana. Divulgação
te gama de assuntos que pode gerar um evento. “É uma tendência de cada vez haver eventos regionais e eventos mais específicos. A gente vê o quanto há representatividade da área médica, por exemplo, quanto eles são maiores em quantidade [...] Hoje, outros setores econômicos e científicos estão nesse processo de segmentação”, afirma a superintendente.
O tempo de permanência de cada evento é de 3 a 4 dias. Ou seja, a economia move-se com aproximadamente R$ 1 mil reais deixados na cidade (e região) por pessoa a cada novo evento. Como fator agregador, a região mostra-se com possibilidades de atender o público que gosta de ecoturismo, turismo de aventura e turismo cultural. Para isso, o caminho é longo. Será preciso trabalhar na permanente capacitação de pessoal, melhorar a infraestrutura dessas cidades e prospec-
Para Tatiana Turra do CCVB, a Região Metropolitana, “sem dúvida, vai atender as expectativas” REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 25
O que mais pesa no orçamento de Santana são os cartões de crédito
economia
Fugindo das dívidas Segundo dados do Ipea, em dezembro, quase 37% dos brasileiros não sabiam como pagar as dívidas; por isso, é melhor se planejar em 2012
N
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
o início de ano, o orçamento sempre fica mais pesado. São tributos como IPVA, IPTU, gastos com material escolar e para muitos ainda restam dívidas do ano anterior. Números do Índice de Expectativa das Famílias (IEF), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontavam que em dezembro de 2011, 36,6% das famílias brasileiras não teriam condições de pagar as contas atrasadas naquele mês. A Região Sul, na pesquisa, apresentava o menor índice para a incapacidade de arcar com as dívidas atrasadas (18%). Mesmo assim, têm muitos paranaenses que estão com a cabeça quente e não sabem como arcar com as despesas. O engenheiro civil, I.H.J. (59), que preferiu não se identificar, já esteve nesta lista dos endividados. Seu maior problema eram os cheques especiais. “Hoje, se a taxa do cheque especial está em torno de 8 a 10% ao mês, e nós temos uma inflação que é menos de 10% ao ano, imagine quando a inflação era de 60, 70% ao mês”, relembra. Os juros consumiam seu salário e o da esposa. A pior fase foi quando ele teve alguns bens bloqueados, dentre eles, a casa e a conta bancária, por causa de uma ação de um banco. Os juros do cartão de crédito também é o que mais pesa no orçamento do autônomo, Bobby Santana (37). Nem
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Dicas Saiba como você pode passar 2012 no azul
1
Não comprometer mais de 30% da renda familiar com financiamentos. Isso inclui pequenos financiamentos como compra de eletrodomésticos em parcelas
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Colocar todos os gastos numa planilha. Assim é possível identificar para onde está sendo direcionado o dinheiro
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Optar por quitar as dívidas com maiores juros envolvidos, caso
não houver possibilidades de pagar todas as dívidas
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Poupar todo mês e investir este dinheiro numa poupança, por exemplo. Sempre é bom ter um fundo de reserva para uma emergência
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Planejar para conquistar seus objetivos. Se o sonho é comprar uma casa ou outro bem é preciso planejamento e esmero para alcançar esse objetivo
todos os meses ele consegue pagar o valor total da fatura e esse “detalhe” fica esquecido. Depois, o susto é imediato. E pensa: “como é que eu vou fazer para arrumar essa grana?” Para não deixar acumular, Santana procura sempre cobrir os custos de um mês para outro.
Dicas para as dívidas Para o professor de Finanças da FAE e mestre em Administração da Universidade de La Empresa no Uruguai (UDE), Samir Bazzi, estes endividamentos acontecem principalmente pelo desejo de fazer ou comprar algum item não essencial. Assim, esse tipo de consumo acaba colocando em risco o orçamento familiar.
Tendo a lista de gastos, é possível elencar quais são essenciais e o que pode ser cortado
ciamento de carro atrasadas e um cartão de crédito estourado, prefira pagar primeiro o cartão, pois, normalmente, os juros do cartão de crédito são maiores. “Sempre priorizar aquela [conta] que tem os juros maiores associados à dívida”, completa.
Financiamento
Saldar as dívidas Para aqueles que estão endividados, a dica de Bazzi é enfática: “a primeira coisa é parar de gastar. Cortar tudo!” Tendo os gastos analisados, é possível elencar quais são essenciais e o que pode ser reduzido ou cortado numa situação de emergência. “Cortando as despesas, você consegue reduzir as dívidas”, explica o professor. As dívidas que devem ser pagas com prioridade são aquelas que trazem maiores juros embutidos. Por exemplo, se você possui parcelas de finan-
Roberto Dziura Jr.
Divulgação
Quando à conta: se a receita menos os gastos não fecha, é preciso fazer um levantamento e uma “categorização” dos débitos. Colocar no papel quais são os custos da casa (alimentação, transporte, diversão, poupança, ves-
tuário, entre outros), ensina Bazzi. Depois de tudo isso listado é possível analisar o que pode cortar.
Algumas pessoas, para pagar suas dívidas ou mesmo para investir em algum bem material, buscam o financiamento. Para essas pessoas, é preciso atenção para não entrar num caminho sem volta. No momento de comprometer a renda com um financiamento, e isso inclui todos os tipos – não apenas de imóveis de valores altos, como casas e carros –, é preciso saber o limite que se deve empenhar da renda. Por isso, siga a regra dos 30. “A grande maioria dos estudiosos diz que no máximo 30%. Até se você for verificar em banco em instituições financeiras, eles comprometem até 30% da sua renda. Não mais do que isso”, analisa o professor. De acordo com ele, somente os gastos com itens de subsistência já envolvem de 50% para mais da renda de uma família ou de um indivíduo sozinho. Por isso, é preciso ficar atento no montante que vai comprometer da renda familiar para não se apertar lá na frente. Essas dicas de planejamento financeiro são preciosas não apenas para quem está endividado. Quando existe o interesse de comprar algum bem de maior valor, é relevante estabelecer uma meta de quanto se pretende poupar e também saber que esses objetivos não são de curto prazo.
Para Bazzi, a melhor maneira de sanar uma dívida ou alcançar os objetivos financeiros é o planejamento
Depois de passar por muitos problemas financeiros, I.H.J. aprendeu a lição e pode até dar algumas dicas por experiência própria. “As pessoas têm que saber o que cabe no seu bolso. Sempre deixar uma folga financeira todo mês”, finaliza. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 27
agropecuária
O que é a febre aftosa?
O combate além das fronteiras Erradicação da febre aftosa no Brasil depende de ações sanitárias no Brasil e nos países vizinhos; descoberta de focos no Paraguai colocou a vigilância em alerta
O
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
s focos de febre aftosa diagnosticados no Paraguai em setembro de 2011 e mais recentemente no mês passado na cidade de San Pedro a 400 km da capital paraguaia Assunção colocaram as autoridades sanitárias brasileiras em alerta. Para proteger e “blindar” os animais brasileiros, o Brasil tem investido na cooperação com o país vizinho.
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O setor no ano passado teve recuo de volume exportado e mais retorno financeiro. Em 2011, as exportações totalizaram 1,7 milhões de toneladas, registrando queda de 10,8% em comparação com o ano anterior. Mas a cifra comercializada cresceu 11,65%, chegando a U$ 5,375 bilhões, segundo dados da Associação brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). O maior importador da carne brasileira é a Rússia que em 2011 consumiu 237,5 mil toneladas. En-
A febre aftosa é uma doença contagiosa transmitida por vírus. O vírus dessa doença foi o primeiro vírus descoberto e hoje está presente na América do Sul, Ásia, Europa e África. A doença ataca animais, como bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Entre os sintomas da doença está a febre alta que dura de dois a três dias. Depois desse período aparecem pequenas vesículas na mucosa da boca, laringe, narinas e também na pele em volta dos cascos do animal. Essas vesículas se transformam em bolhas que se rompem deixando ferimentos à mostra. O animal com a doença também passa a salivar, e a saliva junto com as feridas também ajuda na propagação do vírus. Por causa da doença, o animal para de andar e de comer e perde peso rapidamente.
AE Notícias
Por isso, nem no exterior, nem em território nacional, a imagem saudável do gado brasileiro pode ser abalada, sob penalidade de grandes prejuízos para o País. Segundo o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e presidente do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP), Guilherme Marques, “o problema do Paraguai é um problema de todos os países do Mercosul, não quer dizer que o problema está em todos, mas é de todos”. O Paraguai tem colaborado e dado abertura para que os países membros ajudem-no a identificar e corrigir possíveis erros e também recuperar o status de país livre de febre aftosa. A descoberta do foco mais recente se deu na mesma região do foco descoberto em setembro passado, no momento em que o país vizinho se preparava para retomar as exportações para o Brasil, Venezuela e Rússia. De acordo com Marques, o país notificou a presidência do CVP e solicitou ajuda aos profissionais sanitários. Para as áreas de fronteiras, depois da descoberta dos focos, foram deslocados mais profissionais e também as forças armadas para dar mais segurança para esses profissionais.
Medidas As medidas tomadas pelo Governo Federal por meio do Ministério da Agricultura são elogiadas pelo economista e diretor da Inva Capital, Luciano D’Agostini. Para ele, as ações foram realizadas de uma maneira rápida de forma a proteger o rebanho brasileiro. Ele avalia que essa eficiência é importante, pois “qualquer foco de aftosa, não só no Paraná, mas em qualquer lugar do País, vai ter um impacto negativo nas exportações desse tipo de produto”. D’Agostini analisa que no caso do Paraguai é ainda mais pre-
Roberto Dziura Jr.
tretanto, o mercado interno é o maior consumidor da carne brasileira, representando 80% do total consumido.
judicial, pois eles acabam deixando de enviar carne bovina para o Brasil.
Combate O combate à febre aftosa no Brasil não se resume apenas às ações que estão sendo realizadas no Paraguai em consequência dos focos identificados. Para proteger o patrimônio pecuário do País, o governo vem trabalhando em um programa nacional de erradicação da febre aftosa. Segundo Marques, esse programa existe há algumas décadas e já está trazendo resultados. Conforme informações do diretor, o Brasil, que tem o maior rebanho comercial do mundo (205 milhões de animais), conta com 90% do rebanho em áreas livres de febre aftosa reconhecidas internacionalmente. As áreas não livres (10% restantes) estão situadas no Nordeste (com exceção de Bahia e Sergipe) e Norte (com exceção do Acre, Rondônia, Tocantins e Sul do Pará).
“O problema do Paraguai é um problema de todos os países do Mercosul”, afirma Marques Depois de duas reintroduções – a primeira em 2000/2001 e a segunda em 2005/2006 – da doença no Brasil, o governo notou a necessidade de fortalecimento das regiões de fronteiras para não serem reféns de políticas não efetivas dos países vizinhos, avalia Marques. “Nós estabelecemos regras específicas onde, por exemplo, no estado do Mato Grosso do Sul toda a fronteira com o estado do Paraguai, uma faixa de 15 km, nós [...] identificamos individualmente todos os animais”, explica Marques “A erradicação da febre aftosa é um compromisso hemisférico. Todos os países do hemisfério americano assumiram um compromisso de erra-
D’Agostini vê com bons olhos o trabalho sanitário que é realizado no Brasil contra a febre aftosa
dicar a doença até 2020”, completa Marques. De acordo com ele, o Brasil pretende erradicar a doença até 2013 e dar apoio para que os países vizinhos façam o mesmo.
Economia Essas medidas mais agressivas, que devem ser tomadas nos próximos anos pelo Brasil, são necessárias para o nosso comércio exterior. Pois, caso algum foco seja identificado, o Brasil poderá ter sua exportação no setor interrompida. “Principalmente, a bovina para a Rússia, para a China e para a Europa”, observa D’Agostini. Para que problemas como esses não voltem a ocorrer no País, prejudicando toda a cadeia produtiva que é extensa, é preciso a colaboração de todos na fiscalização do gado, diz Marques. Por isso, os próprios criadores precisam ajudar na fiscalização, denunciando os casos suspeitos de produtores que não estejam em dia com a vacinação de seus animais.
Denúncia Como fazer? Falar com a ouvidoria do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) - 0800-704-1995 REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 29
educação
É tempo de voltar às aulas A MÊS traz dicas de material escolar, transporte e outros cuidados que devem ser tomados pelos pais no início do ano letivo
C
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
omeço de ano é sempre de muita farra para as crianças, afinal elas ainda estão em férias, mas também é um período em que os pais já começam a se planejar para o ano letivo que tem início em fevereiro. Precisam comprar material escolar, saber como será o transporte até a escola, observar diversos quesitos. A mãe do Pedro Lucas (10) e da Beatriz (4), Patrícia de Freitas Malacrida (28), que também é professora, já organizou tudo para o começo das aulas de seus filhos. A primeira providência tomada foi a compra dos materiais que eles utilizarão durante este ano. Patrícia costuma pesquisar os preços dos materiais escolares antes de comprá-los. Em anos anteriores, chegou a comprar em atacados por ser mais vantajoso. Muitas vezes, ela até compra os materiais em lugares diferentes para compor a lista.
Material “Nesse ano, o material dele [Pedro Lucas] eu comprei inteiro pela internet”, relata a professora. Ela aproveitou uma oferta que dava desconto nas compras de 30%. Para isso, ela precisou adiantar as compras para o final 30 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
Patrícia e o filho Pedro Lucas fizeram a pesquisa e a compra do material escolar pela internet
do ano passado. “E os sites, geralmente, já são competitivos, com 30% de desconto, então, para mim ficou bem vantajoso”, completa A pesquisa de preços é um processo importante na compra de materiais. Em pesquisa realizada a cada início
de ano para orientar os consumidores, o Procon-PR encontrou diferença de até 250% nos itens escolares em 2012. Ao todo, foram avaliados 199 itens em 12 estabelecimentos em Curitiba. Os preços e itens podem ser consultados na página do órgão www.procon.pr.gov.br.
Para a diretora pedagógica da Escola Atuação, Esther Cristina Pereira, outro cuidado dos pais é avaliar a lista de material que a escola lhes entrega. “Questionar a escola com relação à lista de material, com relação à papelaria”, afirma. De acordo com a diretora, os pais devem conversar com a escola para ver a necessidade daquele material para o aluno. “Comprar estritamente o que precisa”, pondera Esther. Ela salienta quem nem sempre é preciso comprar os materiais com a melhor qualidade, pois na maioria das vezes são os mais caros. Como exemplo, ela cita os lápis, que quebram com facilidade. Para Esther, os pais também devem conversar com a escola para avaliar se é possível adquirir somente parte da lista e, durante o ano, comprar o restante, conforme a necessidade.
Mochila
Roberto Dziura Jr.
Depois de todo o material comprado e o retorno das aulas, existem outros fatores que os pais devem atentar-se. Um deles é a mochila e como ela é carregada pelos estudantes. De acordo com o médico ortopedista especialista em coluna do Hospital Vita, Ed Marcelo Zaninelli, a mochila ideal seria a com rodinhas, porque ela não sobrecarrega a coluna. Neste caso, os pais devem observar que as crianças, ao carregarem este tipo de mochila, devem ficar com a postura correta.
Participe Quais os maiores problemas enfrentados no início do ano letivo? Mande sua opinião pelos canais de participação do leitor da MÊS. @mes_pr Mês Paraná leitor@revistames.com.br
Mas essa mochila nem sempre é a preferida dos estudantes. Sabendo disso, o especialista explica que é preciso carregar o mínimo de peso possível e que a mochila seja usada de maneira simétrica, nos dois ombros. “Aquele negócio de você usar a alça de um lado só, é fácil a gente imaginar que vai provocar uma força deformante pendendo a coluna para um lado”, explica do ortopedista.
Roberto Dziura Jr.
A escoliose, um desvio lateral da coluna, pode ser uma das consequências pelo mau uso da mochila. A cifose também pode ser aumentada com esse mau uso. O aumento da cifose (curvatura natural da coluna) pode ser percebido nas crianças tímidas, por exemplo, que ficam com os ombros baixos e essa postura pode causar dores. Por isso, o médico orienta que é preciso conscientizar as crianças para o bom uso das mochilas.
Os pais devem exigir toda a documentação ao motorista do transporte escolar
Ir e vir Além das mochilas e de todo o material escolar, o início do ano traz a preocupação de como as crianças vão para a escola. Os filhos de Patrícia são levados para a escola pela própria mãe. Pedro Lucas, a partir deste ano, não vai mais precisar da cadeirinha, mas Beatriz afirmou que continuará usando o dispositivo de segurança. “Já se criou um hábito”, afirma Patrícia. Para os pais que não podem acompanhar os filhos à escola, muitas vezes, o caminho escolhido são as vans e ônibus escolares. Ainda para esses veículos, as cadeirinhas não são exigidas, mas todas as crianças devem utilizar cinto de segurança. O motorista que faz o transporte escolar em Curitiba deve estar habilitado nas categorias D
Para Zaninelli, a mochila ideal seria a com rodinhas, porque ela não sobrecarrega a coluna
ou E, ser maior de 21 anos, ter dois anos de experiência profissional, ter curso específico de condutores de veículo e ter credenciamento com o órgão municipal responsável, a Urbs. Os pais devem exigir toda essa documentação ao motorista que está contratando para fazer o transporte escolar. “Eles são obrigados a assinar um contrato com quem está o contratando. [...] Dentro dessa negociação não deve haver receio por parte dos pais de exigir essas coisas”, afirma o coordenador de Educação para o Trânsito do Detran-PR, Juan Ramon Soto Franco. Com todos os cuidados tomados, pais e filhos podem aproveitar melhor o ano que está apenas começando. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 31
saúde
Mais adultos aderem aos aparelhos ortodônticos Aproximadamente metade dos pacientes que procuram tratamentos ortodônticos tem mais de 18 anos Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
A
ntes escondidos e rejeitados por muitos, os aparelhos ortodônticos estão ganhando cada vez mais a boca dos adultos. Uma prova disso é o levantamento informal feito pela Câmara Técnica do CRO-SP (Conselho Regional de Odontologia) em que atesta que, na prática, os dentistas têm percebido que os adultos
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já representam entre 40 e 60% dos pacientes que utilizam aparelhos ortodônticos. O aumento ocorreu significativamente nos últimos 20 anos. No Paraná, não há nenhuma pesquisa sobre o item odontológico. “Isso não era uma realidade antes, porque o adulto tinha receio de usar aparelhos, mas com a evolução da ortodontia e com a capacidade que a ossatura da boca tem de remodelagem durante
a vida toda, desde que o osso tenha saúde, a moderna ortodontia pode tratar cada vez melhor os adultos. Isso também influenciou na procura. Os tratamentos hoje em dia são indolores praticamente e não incomodam nada”, afirma o especialista em ortodontia e ortopedia facial, Gerson Köhler. Outro fator que colaborou para que o tratamento ortodôntico em adultos se tornasse mais comum é o fato do in-
vestimento ter diminuído. “Hoje já existem materiais nacionais de excelente qualidade, também há um maior número de profissionais. Houve um cuidado maior em formar profissionais especializados e, logicamente, isso democratizou o tratamento ortodôntico, tornou mais acessível”, explica Köhler. Para ele, o fácil acesso às informações sobre os tratamentos também colaborou com esse aumento de adultos nos consultórios. “Está havendo uma maior conscientização de que dentes mal organizados na boca podem trazem problemas inúmeros, não só para a saúde local dos dentes, das gengivas, do ato mastigatório, mas também para as articulações temporomandibulares, podem gerar repercussão de má função, dores de cabeça tensionais e tudo isso”.
Divulgação
Visual Além desses fatores, outro receio afugentava os mais velhos em relação ao uso de aparelhos: o estético. A ideia de usar aqueles tradicionais aparelhos fixos e metálicos não agradava a maioria das pessoas. Para Köhler, essa realidade já mudou. “O adulto sempre vinha com aquela argumentação sobre o que os outros iriam achar deles, que ele estava tentando parecer jovem. Hoje em dia isso deixou de existir. Todo mundo quer parecer jovem. As pessoas até gostam de usar aparelho”, conta. Mas, para aqueles que ainda resistem ao sorriso metálico, a ortodontia também passou a oferecer outras opções de aparelhos. Quem gosta de um visual mais discreto pode optar pelos aparelhos feitos com peças de cerâmica (mais transparentes) ou pelos linguais, que são colocados na parte interna dos dentes ou ainda os alinhadores, mais recentes no Brasil. Estes últimos são uma espécie de plaquinhas semelhantes às utilizadas para clareamento dentário, mas com textura e espessura diferentes. Feitas com
Roberto Dziura Jr.
material transparente e adaptadas à arcada dentária de cada paciente, ficam praticamente imperceptíveis. Essa foi a escolha do analista de sistemas Gilson Caron Tesserolli (62), que queria corrigir a arcada superior, na qual dois dentes se encontravam avançando para fora da boca, mas sem precisar se submeter a um tratamento ortodôntico tradicional. Além da questão estética, Tesserolli conta que teve de optar pelos alinhadores por conta de uma indicação de seu dentista. Diagnosticado com uma periodontite (inflamação crônica que acomete gengiva, osso e ligamentos de suporte dos dentes), o analista precisa fazer limpezas de dentes mensais, por isso, seu dentista não recomendou o uso de aparelhos fixos, que dificultariam a escovação.
Novas opções de tratamentos agradam e fazem o número de usuários adultos aumentar Para o ortodontista Gustavo Vivaldi, além da questão estética dos alinhadores, o maior benefício deste tipo de aparelho é relacionado à higiene. “Todo paciente que já usou ou usa aparelho sabe o quão difícil é limpar e por melhor que você limpe sempre tem uma inflamação de gengiva, porque você não consegue limpar. É impossível”, assegura. Estes aparelhos também são usados o dia todo, mas devem ser retirados no momento das alimentações e das escovações. “Ele [o dentista] comentou que tinha esse aparelho e pesquisei. Estou hipersatisfeito. É uma diferença total. Quando eu dizia para as pessoas [que estava de aparelho] elas tomavam um susto. Até achavam que eu tinha feito clareamento por causa do reflexo do plástico”, lembra o paciente que afirma que sua mulher e sua filha pretendem utilizar o mesmo tratamento.
De acordo com Vivaldi, os alinhadores promovem o conforto estético e de higiene
Custos Segundo Vivaldi, quanto mais eficiente e nova a forma de tratamento, os preços são mais altos. Para um tratamento com tempo médio, os alinhadores custariam cerca de R$ 7 mil, enquanto um de porcelana sairia por aproximadamente R$ 3,5 mil, e um tradicional metálico, cerca de R$ 2 mil. Normalmente são esses os valores, sem contar as manutenções, que cada profissional cobra um valor. Entretanto, para ele, a diferença no tempo do tratamento acabaria compensando parte deste valor. Um tratamento com alinhador é mais rápido do que um tratamento convencional, de acordo com Vivaldi. No caso de Gilson Caron Tesserolli foi bem rápido. O analista de sistemas precisou usar o aparelho por apenas sete meses. Com o tratamento encerrado em dezembro do ano passado, ele utiliza agora apenas um aparelho de contenção, também comum nos outros métodos. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 33
tecnologia
Funcionalidades ao alcance das mãos Crescente número de pessoas com smartphones causou um boom nos downloads de aplicativos para dispositivos móveis Iris Alessi - iris@revistames.com.br
O
s smartphones e tablets vieram para ficar. Prova disso é o crescente número de downloads de aplicativos para esses dispositivos móveis. São softwares de jogos, de redes sociais, notícias, arte, entretenimento, produtividade, serviços, entre muitos outros tipos. Softwares que ganham mais adeptos todos os dias. Segundo números da empresa Flury, após o Natal, foram adicionados mais de 20 milhões de novos dispositivos aos 245 milhões de aparelhos que usam sistemas operacionais da Apple e Android no mundo. Com novos usuários no mercado, o interesse pela instalação de novos aplicativos gerou o número recorde de downloads, a cifra exorbitante de 1,2 bilhão em uma semana. O Brasil foi o 14º país que mais fez esse tipo de download.
Usuário O técnico em telecomunicações, Jimi Rosales Vargas (40), provavelmente esteve neste bilhão de downloads. No Natal, ele adquiriu um tablet com sistema operacional Android. Para deixar o equipamento com a sua cara “precisou” baixar diversos aplicativos. A primeira providência para usar o seu tablet foi a aquisição de um plano de dados 3G para ter acesso à internet independentemente do lugar onde estivesse. 34 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
O aumento de interesse de Vargas pelo tablet começou com o smartphone que tinha anteriormente. O técnico sempre usou muito os dados do celular. “Cada vez eu ia para uma operadora que oferecia um plano maior de dados”, revela. Para ter mais opções no tablet, Vargas baixou diversos aplicativos como o Blogger, MercadoLivre, Facebook, Twitter, Skype, entre outros. Um dos aplicativos que ele considera que vai ajudar muito a não perder o controle é um contador de tráfego de dados, pois em três dias ele tinha usado 91 megabytes de um pacote mensal de 250 MB. Os jogos ainda não conquistaram o técnico e a grande parte de dados de sua internet móvel é gasta no Facebook. Para não ficar para trás, ele está sempre de olho nos novos aplicativos que estão à disposição dos usuários na loja virtual do sistema Android.
O interesse pela instalação de novos aplicativos gerou número recorde de downloads
Interação Para o especialista em Tecnologia da Informação e um dos criadores do software Kidux (programa de controle parental para proteção digital da família), Leandro Cruz, o motivo principal que levou a este crescimento é
o aumento do consumo dos aparelhos necessários para a instalação desses softwares. “O iPhone e o Ipad, [por exemplo], sem aplicativos, são sim-
Neo Foto e Vídeo
Android ou iOS Para ter os aplicativos, os consumidores precisam ficar atentos na hora de optar pelos sistemas operacionais do Google ou da Apple, os mais consumidos. Ambas as lojas de aplicativos contam com uma grande infinidade de softwares para todo tipo de funcionalidade. No entanto, segundo Leandro Cruz, existem algumas diferenças entre os dois sistemas. A primeira delas está no valor. Entre 50 aplicativos mais baixados há uma diferença de valor, no Android Market o preço é mais elevado.
Roberto Dziura Jr.
Em compensação, nem todos os softwares vendidos na AppStore da Apple estão disponíveis para os consumidores brasileiros. O que pode ser um pouco frustrante para o usuário. Um exemplo é o famoso jogo Angry Birds, só disponível nos Estados Unidos. Entre os sistemas operacionais também há diferenças. Cruz salienta que o sistema do Android permite, por ser mais aberto, que o usuário faça mais modificações. Já o iOS (da Apple) permite “uma experiência melhor” para o usuário. “No iOS, em média, acontece aquilo que as pessoas esperam que aconteça”, sem grandes surpresas, completa Cruz.
ples celulares, não fazem nada”, avalia Cruz, que ainda ressalta o desejo que as pessoas têm de ter aparelhos como estes.
De acordo com Cruz, outro ponto interessante e que chama a atenção nesses telefones é a integração que os sistemas operacionais apresentam, os quais Cruz chama de ecossistema do fabricante. Como exemplo, ele cita a agenda de contatos que pode ser importada do e-mail, no caso do Google, para o telefone. Vargas que já teve um smartphone com Windows Mobile acredita que
Para Cruz, alguns produtos não têm grandes usos senão quando são baixados aplicativos
a grande vantagem desse sistema operacional é a interação que ele tem com o PC. “O problema que teve com o Windows é que não tinha aplicativos”, relata. Para ele poder encontrar alguns aplicativos que podem ser considerados básicos pelos usuários, Vargas teve de “revirar” a internet até encontrar.
Tipos de aplicativos Além da integração, a otimização também é um fator que atrai muito as pessoas. Interfaces próprias para celular de redes como o Facebook e o Twitter contribuem com o aumento do uso desses aplicativos. Mas o tipo de download depende muito do perfil do usuário, pondera Cruz. “As crianças e os adolescentes baixam muitos joguinhos.” Entre os que chamam a atenção dos usuários mais velhos estão os aplicativos de produtividade, como o Skype. Mas o mercado contempla uma infinidade de aplicativos para todos os gostos. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 35
meio ambiente
Tecnologia não deveria ir para o lixo Esses materiais, além de serem nocivos ao meio ambiente, também têm alto poder de reciclagem; em média, reaproveita-se 90% dos componentes do lixo eletrônico Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
V
ocê lembra quantos computadores já teve? Quantos celulares já descartou? Sabe onde levar para o destino adequado? Pouca gente terá as respostas e outras tantas terão equipamentos encostados em casa, caso não tenha jogado no lixo comum (o que seria desastroso). O lixo eletrônico (e-lixo) é um desses
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grandes passivos ambientais e que poucos brasileiros tomam cuidado na hora de descartar.
Por isso, o Brasil já é o maior produtor de lixo eletrônico entre os países emergentes, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Cada brasileiro consome, em média, meio quilo por ano. Isso resulta em 96 toneladas de eletrônicos que estão inutilizados a cada 12 meses. A montanha de e-lixo só tende a aumentar com a onda de consumismo neste setor, aliado à escassa tecnologia para a reutilização dos componentes eletrônicos e a pouca consciência ambiental que os brasileiros possuem para destinar o lixo corretamente.
A estimativa é de que 240 milhões de produtos devam ser descartados nos próximos 10 anos no País. Entram nessa conta computadores, celulares, notebooks, câmeras digitais, MP3 players, lâmpadas eletrônicas, pilhas, baterias e outros tipos de eletrodomésticos.
Prejuízos Os danos que esses materiais provocam no meio ambiente são grandiosos. “O passivo é exponencial, porque o consumo vai aumentando, a pessoa vai tornando obsoleto esses equipamentos cada vez mais rápido, no interesse de comprar um mais moderno e aí vai”, diz o professor e engenheiro civil, Maurício Beltrão Fraletti, do Instituto Brasileiro de EcoTecnologia
Roberto Dziura Jr.
Melhor destinação Veja algumas opções na cidade de coleta do e-lixo: • Prefeitura – Câmbio Verde Horário de permanência do caminhão nas proximidades dos terminais. Agende-se das 7h30 às 15h. Mais informações 156 Terminais / Dia do Mês
Jan Fer Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
CENTENÁRIO
2 1 1 2 2 1 2 1 1 1 1 1
VILA OFICINAS
3 2 2 3 3 2 3 2 3 2 3 3
CAPÃO RASO
4 3 3 4 4 4 4 3 4 3 5 4
VILA HAUER
5 4 5 5 5 5 5 4 5 4 6 5
CARMO
6 6 6 7 7 6 6 6 6 5 7 6
BOQUEIRÃO
7 7 7 9 8 8 7 7 10 6 8 7
SÍTIO CERCADO
9 8 8 10 9 9 9 8 11 8 9 8
PINHEIRINHO
10 9 9 11 10 11 10 10 12 9 10 10
FAZENDINHA
11 10 10 12 11 12 11 10 13 10 12 11
CAIUÁ
12 11 12 13 12 13 12 11 14 11 13 12
CIC
13 13 13 14 14 14 13 13 15 13 14 13
PORTÃO
14 14 14 16 15 15 14 14 17 15 16 14
CAMPINA DO SIQUEIRA 16 15 16 17 16 16 16 15 18 16 17 15 CAMPO COMPRIDO
17 16 16 18 17 18 17 16 19 17 19 17
SANTA FELICIDADE
18 17 17 19 18 19 18 17 20 18 20 18
GUADALUPE
19 18 19 20 19 20 19 18 21 19 21 19
RUI BARBOSA
20 20 20 23 21 21 20 20 22 20 22 20
SITES
21 22 21 24 22 22 21 21 24 22 23 21
CABRAL
23 23 22 25 23 23 23 22 25 23 24 22
BOA VISTA
24 24 23 26 24 25 24 23 26 24 26 24
SANTA CÂNDIDA
25 25 24 27 25 26 25 24 27 25 27 26
BARREIRINHA
26 27 26 28 26 27 26 25 28 26 28 27
BAIRRO ALTO
27 28 27 30 28 28 27 27 29 27 29 28
CAPÃO DA IMBUIA
28 29 28 30 29 29 28 28 29 29 30 29
Fonte: Prefeitura de Curitiba
• Claro Recicla - Lojas da Operadora de Telefonia Claro • Ciclo Sustentável Philips - EXCLUSIVA - RUA PREFEITO OMAR SABBAG, 281, JD. BOTÂNICO Tel: 41 32648791 / 32648791 assistec@exclusiva.etc.br • CASA DOS CINESCOPIOS RUA 24 DE MAIO, 1160, REBOUÇAS - CURITIBA-PR TEL: 41 33334764 / 33335116 - atendimento@casadoscinescopios.com.br
Segundo Haus, as empresas precisam enxergar o poder lucrativo da reciclagem de e-lixo
(Biet), uma ONG que visa dar a destinação correta para esses materiais e desenvolver o conhecimento no setor. Componentes como chumbo, cádmio, mercúrio e níquel são alguns dos metais pesados que ao serem jogados no lixo comum causam um grande estrago. O professor da FAE, Tiago Haus, do Núcleo de Sustentabilidade, explica que esses materiais ao serem depositados no lixo comum, vão para aterros inadequados. Assim, podem contaminar o solo, os lençóis freáticos, os rios e fatalmente chegarão ao cidadão com algum tipo de contaminação. “Essas toxinas bioacumulativas podem criar riscos para a saúde e ao meio ambiente quando manuseadas e/ou descartadas inadequadamente”, confirma Marina Lopes, gerente comercial da Oxil, empresa especializada em manufatura reversa de componentes eletrônicos.
Reciclar O grande pesar está no fato de que este tipo de material poderia ser quase todo reutilizado. São cerca de REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 37
Roberto Dziura Jr.
meio ambiente Exemplo Ajudando o Meio Ambiente O consultor de marketing Ivo Pschera tem um hobby diferente. Ele coleciona celulares desativados. Sua coleção já conta com 61 aparelhos de celular dele e de doação. Para o apaixonado por tecnologia, a ideia surgiu quando as empresas de telefonia não davam mais desconto na troca do aparelho. Lá em 2006, começou a história com o lixo eletrônico. Hoje, além de dois celulares em uso, ele possui um computador desktop, um notebook, um tablet e um netbook já desativado. “Sou muito chegado em tecnologia. Eu comprava e ficava com dois, três computadores e sempre tinha alguém que precisava e levava o computador.” Para Ivo, além do gosto pela tecnologia é preciso ter a consciência para o descarte correto. As baterias dos celulares de sua coleção e as pilhas que acumula, por exemplo, ele encaminha ao serviço da Prefeitura (ver na tabela). Mas, segundo ele, “faltam mais centros para este tipo de coleta” e mais boa vontade da população. “O pessoal tem preguiça, pois conscientização tem, cultura tem”, conclui Pschera. 85% a 90% de reciclabilidade, é o que aponta Marina. Por isso,“o lixo eletrônico é uma riqueza muito grande. Só que no Brasil não existe tecnologia para tudo isso”, informa Fraletti. Para reciclar este tipo de produto, a maior dificuldade está na separação de cada componente e o encaminhamento para a reutilização. “Algumas empresas estão trabalhando com essas coletas”, comenta o professor Haus. Estão na lista algumas redes de supermercados, postos de combustíveis, operadoras de celular, órgãos da Prefeitura e ONGs (veja na tabela da página anterior). 38 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
Ivo Pschera é um apaixonado por tecnologia, possui 61 celulares e quatro computadore
A ONG Biet foi a primeira entidade a promover no País a coleta de lixo eletrônico. O marco foi no feriado de 7 de Setembro de 2008, em Curitiba (PR), quando recolheram mais de 1 tonelada de lixo eletrônico. Resultado da doação da população. Mas o grande empecilho apontado pelos especialistas é o pequeno número de pontos de coleta para este tipo de material. Falta “principalmente incentivos do governo, prefeituras e das próprias empresas fabricantes em disponibilizar pontos de coleta para a população”, afirma Marina. Para o integrante do Biet, esse é um ponto crítico, mas que está melhorando. “Há 3 anos a consciência era zero [...] o que nós sentimos hoje, que por conta desse trabalho, no Paraná nós temos um nível de conscientização muito grande. Muito maior do que fora daqui”.
O grande empecilho é o pequeno número de pontos de coleta “Estamos andando em passos de tartaruga, mas estamos caminhando [...] A partir da hora que a política nacional de resíduos sólidos de fato estiver valendo, as empresas vão disponibili-
zar para o consumidor final e vão divulgar que estão recebendo”, aponta uma saída, a gerente da Oxil.
Lucro para todos Para Haus, as empresas sairão ganhando quando perceberem a rentabilidade da logística reversa e a sociedade ganhará mais ainda. “O passo inicial, de comprar a tecnologia, é alto, mas isso se dilui ao longo do tempo”. Mas para ele, a informação deve ser o carro chefe para a população. Entretanto, não basta só a consciência coletiva funcionar. “Têm certos materiais que ainda não tem no Brasil tecnologia para reciclar, porque é cara”, explica o professor Maurício Fraletti. Por isso, sua ONG trabalha para incentivar as novas tecnologias e processos para ajudar na reciclagem do e-lixo. Há seis meses, ele está em conversa com o Governo Estadual e também com outras entidades, como a FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), para colocar em prática um projeto que envolve detentos e a capacitação de mão de obra especializada para esse setor. Seria uma forma de inseri-los na sociedade e ainda suprir uma carência de mercado, além, é claro, do benefício incalculável para o meio ambiente.
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meio ambiente
Veículo movido à água, antes desperdiçada Desenvolvimento do veículo elétrico começou na Itaipu Binacional em 2004; neste ano, turistas poderão conferir e fazer test drive
O
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
s turistas que estiverem em Foz do Iguaçu (PR) poderão aproveitar o passeio pela Hidrelétrica Itaipu Binacional de uma forma não convencional. Desde janeiro, a Usina disponibiliza para seus visitantes um test drive com o veículo elétrico que foi desenvolvido lá. Aliás, o desenvolvimento do veículo surgiu com a ideia da utilização da
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água que era jogada fora pelo vertedouro. Junto com uma empresa parceira da Suíça, uma das soluções encontradas para a água desperdiçada foi a produção de hidrogênio. Mas para isso era necessário um destino para o componente produzido. Segundo o chefe da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável da Itaipu Binacional, Celso Novaes, a primeira função que surgiu durante as pesquisas seria a utilização em ônibus movidos a hidrogênio que fariam par-
te do programa de turismo que ocorre dentro da Usina. “A gente usaria um negócio que está sendo jogado fora para promover o turismo sem a emissão de CO2,” explica Novaes.
Empecilhos No entanto, o projeto encontrou entraves. Era necessária a compra dos ônibus no exterior, já que não havia este tipo de veículo no Brasil e o valor dele geraria grandes investimentos. A partir daí, eles partiram para o desenvolvimento de um ônibus dentro da Usina. Mas “usar o ônibus movido
Alexandre Marchetti / Itaipu Binacional
Para chegar ao modelo que existe hoje, a Itaipu contou com a parceira de várias empresas de diversos setores. Para Novaes, um dos fatores que colaborou muito para que as empresas se interessassem em participar do projeto era uma crescente conscientização ambiental.
“Ter o carro elétrico já tem um benefício grande de redução de poluição”, afirma Ribeiro
Vantagens e desvantagens Para o chefe do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Eduardo Parente Ribeiro, a produção de um carro elétrico é bastante interessante ambientalmente falando pela redução de duas importantes fontes de poluição: do ar e sonora, já que o veículo elétrico emite menos ruídos do que os veículos a combustão. “Ambientalmente, o Brasil tem uma posição de destaque, porque dependendo da fonte que vai oferecer energia elétrica para o carro, no caso do Brasil vai ser necessariamente de hidrelétricas, você tem um grande benefício também da redução de gases do efeito estufa”, completa o professor, comparando a geração de energia do Brasil e dos Estados Unidos, que é gerada em termelétricas.
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a hidrogênio necessitaria de grandes envolvimentos”, como por exemplo, uma bateria de grande capacidade, explica Novaes. Para utilizar a energia vertida turbinada, nome técnico da energia que se perde pelo vertedouro, o grupo decidiu trabalhar no desenvolvimento de um carro que necessita de uma bateria de menor capacidade. “Assim foi possível desenvolver um projeto para a utilização de um veículo dentro da Usina, para manutenção e trânsito”, completa.
O veículo elétrico começou por um projeto de reaproveitamento de água, diz Novaes
A terceira vantagem no veículo elétrico é a eficiência energética. De acordo com Novaes, grande parte da energia gerada para mover a frota brasileira é transformada pelo motor em calor e poluição. “A questão da eficiência energética é uma coisa essencial para a sobrevivência da raça humana, porque você tem de usar de forma sustentável o planeta. Você não pode promover desperdícios de energia”, comenta Novaes. Mas um dos pontos negativos do carro elétrico são as baterias, afirma Ribeiro. “Na questão das baterias é um problema depois [...], à medida que as baterias tiverem que ser substituídas. É um problema que você pode resolver a posteriori, com reciclagem, mas dependendo do tipo de bateria, algumas utilizam metais que podem ser danosos ao meio ambiente. Então, a bateria é um potente problema ambiental”, explica o professor. De acordo com o professor, existem diversas pesquisas em andamento para melhorar, principalmente, a eficiência das baterias. “Mas de qualquer maneira, já é um grande benefício falando em termos de Brasil, com energia hidroelétrica, você já ter o carro elétrico. Tem um benefí-
cio grande de redução de poluição, já compensa”, completa.
Híbridos Além do carro que já está sendo testado por diversos parceiros da Itaipu Binacional, há outros protótipos que vêm sendo pesquisados: um caminhão e um ônibus puramente elétricos. Esse ônibus não teria capacidade de atender o transporte público das cidades já que sua bateria teria uma autonomia de 120 km/dia, afirma Novaes. “Para o transporte urbano, você precisa ter no mínimo 300 km de autonomia. Então, nesse espírito, nós vimos que com a bateria que existe hoje no mercado mundial não dá para atender a demanda”, salienta. Para poder atender essa necessidade urbana é que surgiu o desenvolvimento de um veículo híbrido com etanol. Para Novaes, essa é uma vantagem que o Brasil tem: utilizar o etanol que emite menos poluentes do que outros combustíveis fósseis. Para que todos esses veículos cheguem às ruas ainda será necessário ter viabilidade econômica, mas a expectativa de Novaes é que a indústria produza esses veículos em escala industrial dentro de alguns anos. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 41
comportamento
O novo profissional
Versatilidade, ética e outras habilidades estão entre as características que as empresas procuram no perfil do novo mercado de trabalho
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
artir em busca de uma nova oportunidade de emprego poderia ser resumido, muitas vezes, em apresentar um currículo no local a que se pretendia trabalhar. No entanto, o mercado de trabalho atual exige mais. As empresas com gestão moderna estão de olho em características e habilidades que vão além do que está escrito no papel. Trata-se de um novo perfil profissional. São avaliadas também características como postura ética, bom relacionamento com os colegas e versatilidade para a resolução de problemas. De acordo com a psicóloga Carolina Walger, membro da Comissão de Psicologia do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia (CRPPR), de uma
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maneira geral, as empresas têm buscado profissionais com uma visão sistêmica, ou seja, sabe o que está acontecendo à sua volta, sejam criativos e que tenham um pensamento estratégico.
Para Carolina, não se pode conceber mais o profissional que diz que vai atuar apenas na área em que se formou ou de interesse. De acordo com a psicóloga, em geral, esse profissional
Perfil do Profissional Veja quais as exigências do mercado de trabalho e dos empregadores • Saber lidar com imprevistos; • Ser flexível; • Ter uma sólida formação geral; • Mobilizar conhecimentos para resolver problemas; • Comprometer-se com seu trabalho; • Construir e promover mudanças; • Ser criativo; • Ter postura ética; • Ter iniciativa e capacidade de adaptação a novos ambientes e situações; • Trabalhar em equipe. Fonte: Site Profissionalizando
é mal visto, pois parece não estar comprometido com o todo. “Ainda existem esse profissionais, mas certamente não é o profissional que vai ter um grande crescimento de carreira”, afirma.
Versatilidade
Roberto Dziura Jr.
Os profissionais precisam ser versáteis. “Hoje as empresas não se satisfazem com aquele profissional que olha somente para a sua tarefa, para aquele cargo, para aquela tarefa que ele está desenvolvendo, mas que ele consiga pensar quase que como dono da empresa”. Essa capacidade, segundo Carolina, é chamada de “intraempreendedorismo” e caracteriza-se pela competência de uma pessoa empreender dentro de uma empresa que não seja a dela. “Essa capacidade de aprender, de fazer novas coisas, de aceitar novos desafios, está dentro dessa visão de ‘intraempreendedorismo’, que é a pessoa que tem a capacidade de ser autodidata, de aprender sobre diversas coisas mesmo que não seja sua área de formação”, completa. O diretor de uma consultoria especializada em gestão de Recursos Humanos (RH), José Geraldo Recchia, partilha dessa visão. Para ele, dentro das organizações, com exceção de cargos que exigem um alto grau de especialização, a versatilidade é muito valorizada em um profissional. “As empresas sempre buscam, acima de tudo, excelentes desempenhos, pró-atividade que tragam os resultados esperados, cumpram metas e, se possível surpreenda, ou seja, realizem mais do que aquilo que lhe foi solicitado”, explica o diretor.
Faixas etárias Recchia separa as três principais faixas etárias que hoje estão no mercado Para Recchia, dentro das organizações, a versatilidade é muito valorizada no novo profissional
de trabalho: grupo 1 (vai dos 20 aos 30 anos), grupo 2 (dos 30 aos 40 anos) e grupo 3 (compreende a faixa dos 40 aos 50 anos de idade). O primeiro grupo é altamente criativo, que por causa da idade estão mais conectados e tem mais autonomia e liberdade.
O que se espera de um novo líder é que seja carismático, que consiga inspirar e envolver a equipe O segundo está no meio termo entre criar e comandar. Um profissional que está neste grupo, segundo Recchia, sente a responsabilidade da posição que ocupa. Já o terceiro grupo, espera-se uma visão maior de como conduzir um negócio. Nesse caso, os líderes precisam mostrar um rumo claro e objetivo que o grupo deve seguir. “Muda um pouco o foco do fazer para inspirar os outros. Para planejar, para acompanhar o cumprimento de metas”, completa.
Líderes Mas não são apenas as pessoas acima dos 40 anos que estão em cargos de liderança, já é possível encontrar muitos jovens nessa posição. Exemplo disso é o sócio da agência de publicidade e design Taste, Renan Molin (26). Ele gerencia, junto com outros sócios, uma equipe composta de pessoas mais jovens e outras mais velhas. “O respeito é a base para uma boa convivência e para o profissionalismo. A gente sempre tenta resguardar a barreira do profissionalismo, nunca tenta passar muito para o pessoal”, explica Molin, que afirma nunca ter tido problemas com a equipe pela questão da idade. Segundo Molin, está implícita na própria filosofia da empresa a discussão dos temas que necessitam de tomadas de decisões. De acordo com ele, o trabalho é colaborativo. “A gente sempre discute os projetos em conjunto, sempre procura ouvir a opinião de todas as pessoas e a gente entende que uma decisão pode ser tomada a partir de um insight de qualquer pessoa envolvida no processo”, conta. Assim o líder, segundo Molin, tem a função de catalisar a ideia das pessoas para um melhor resultado. “O ideal é que sempre as decisões sejam compartilhadas, pelo menos, o processo de tomada de decisões seja compartilhado”, pondera Recchia. Ele explica que quando a decisão é tomada de cima para baixo, sem consulta às bases, a resistência para uma mudança, por exemplo, é muito maior. O que se espera de um novo líder é que seja carismático, que consiga inspirar e envolver a equipe em torno de um objetivo comum, mas que saiba que em algum momento ele será o responsável por tomar decisões, analisa o consultor de RH. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 43
comportamento
A equipe de Ivanilsa e Eder melhorou o relacionamento dentro do trabalho depois de participar de uma gincana beneficente
Integração é a chave do negócio
Atividades extratrabalho com funcionários se popularizam entre empresas para melhorar a produtividade e promover a integração da equipe
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
anter as equipes integradas com um bom nível de relacionamento não é tarefa fácil para as empresas, principalmente, quando se trata de grandes corporações. Para que os funcionários se conheçam melhor, muitas empresas investem em atividades entre as equipes fora do expediente e longe do local de trabalho. Um exemplo desse tipo de atividade foi realizado pela empresa de transportes Ouro Verde. A corporação reuniu duas ações em apenas uma atividade:
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proporcionar a interação dos colaboradores do setor de locação, cerca de 80 funcionários, em uma atividade beneficente. O setor foi dividido em equipes e cada uma ficou responsável por uma instituição que foi beneficiada com projetos como biblioteca, sala de música e brinquedoteca.
Ações sociais estão cada vez mais fortes dentro do ambiente organizacional, afirma Marcelo Maulepes De acordo com o gerente de Recursos Humanos e Assuntos Corporati-
vos, Hussein Omairy Neto, o trabalho teve grande impacto para a integração da equipe e na colaboração entre os projetos. A analista administrativa Ivanilsa Schmidt da Cruz e o coordenador de compras Eder Douglas da Silva participaram da gincana na mesma equipe. “Acho que 90% das pessoas da equipe [da gincana] eu não tinha nem dado ‘bom dia’”, relata Silva. Hoje isso mudou. Agora, as pessoas se cumprimentam no corredor e também há uma facilidade maior para trabalhar, pois há um melhor relacionamento entre os funcionários. “As pessoas se ajudam mais”, avalia o coordenador.
Novas habilidades Com as responsabilidades divididas para o preparo da comida, cada um tem seu papel fundamental, assim como em uma organização. Além disso, nesse ambiente desconectado do trabalho é possível descobrir novas habilidades que, muitas vezes, ficam escondidas na rotina. E o resultado dessa atividade, salienta o chef, é sempre gratificante, com a degustação do prato no final. “Os bons gestores usam esse momento também para identificar outras habilidades que no contexto empresarial, do posto de trabalho do colaborador, não conseguem desenvolver, não conseguem demonstrar”, diz Maulepes.
De acordo com Maulepes, o benefício imediato é o maior relacionamento entre as pessoas. Além disso, é possível avivar o espírito de equipe, tão importante para o bom desempenho da empresa. “Outro ganho essencial é a visão que vai além da visão da empresa, do posto de trabalho. Aquela sensação de pertencer. ‘Eu pertenço a uma coisa maior do que eu me vejo.’”
Para o gerente de RH da Ouro Verde isso também ocorre. “A gente vê novas competências, novas habilidades nas pessoas, porque elas saem do programado, elas passam a atuar ou de uma forma que nunca atuaram, às vezes, habilidades que nem elas conheciam. A gente percebe a pessoa completa, como ela é no dia a dia e não só dentro da empresa.”
Na cozinha Além das interações de cunho social, há também outras opções que as empresas podem lançar mão como atividades esportivas ao ar livre, passeios turísticos ou cozinhar em equipe.
De acordo com Maulepes, o benefício imediato é o maior relacionamento entre as pessoas Para Bressanelli, ao cozinhar em equipe é possível promover a integração e distribuir responsabilidades como em uma empresa
Roberto Dziura Jr.
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A atividade realizada na empresa de transportes não é uma exclusividade. De acordo com o coach-executivo Marcelo Maulepes, que também trabalhou em RH de grandes empresas, essas ações sociais estão cada vez mais fortes dentro do ambiente organizacional. “Por dois motivos: primeiro, porque o trabalho em equipe é essencial, ninguém consegue fazer nada sozinho e, o segundo, é exatamente o papel social da empresa que além de gerar resultado, riqueza, empregos, também contribui para a sociedade na qual a empresa está inserida”, explica o coach.
Para o chef de cozinha e sócio-proprietário da Go Cook, Alexandre Bressanelli, o fogo, na história da humanidade, sempre foi responsável por agregar pessoas, cozinhar, aquecer e confraternizar. Por isso, veio a ideia de ter um espaço para que as empresas possam utilizar para integrar suas equipes por meio da gastronomia. “As pessoas que vêm procurar esse tipo de serviço acabam descobrindo que o ato de cozinhar não está intrínseco apenas em comer alguma coisa, mas descobrir pontos que uma grande empresa e que o RH trabalham. [...] Quando se distribui tarefas, você também está distri-
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buindo funções de responsabilidades”, aponta Bressanelli.
Mais comum
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internacional
EUA consolida-se como destino de compras dos brasileiros O país deixou de ser um destino só de lazer; em 2010, calcula-se que foram gastos US$ 1,63 bilhão por brasileiros em Nova York Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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m julho do ano passado, a administradora Giovana Casagrande (34) descobriu que estava grávida de seu primeiro filho. Em vez de sair comprando roupinhas, sapatinhos e acessórios para o quarto do bebê, ela preferiu planejar uma viagem aos Estados Unidos (EUA). Em novembro, embarcou para Miami, com o objetivo de comprar todo o enxoval e as roupas para o primeiro ano de vida dele. Com todas as compras e a viagem, Giovana gastou cerca de R$ 9 mil. Segundo ela, R$ 6 mil foram dedicados apenas ao enxoval. A escolha de comprar nos EUA foi apenas por uma questão de economia. “Os produtos são mais em conta. A quantidade de coisas que eu comprei lá, não compraria nem metade aqui no Brasil”, diz a administradora que aproveitou a viagem para trazer um carrinho, móbile, uma babá eletrônica, roupas e produtos para higiene bucal. Um exemplo da economia Giovana percebeu ao pesquisar o preço do carrinho. “Eu paguei uns U$ 400 [aproximadamente R$ 780], aqui esse
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carrinho está em média de R$ 4 mil”, diz. E o bebê Mateus, que já tem nove meses, pode ganhar um novo guarda-roupa importado. A mamãe afirma que em breve pretende voltar para trazer mais malas cheias. “Aqui é muito caro”, diz Giovana.
Boom brasileiro Nunca os brasileiros se interessaram tanto pelos Estados Unidos. Em 2011, quase 750 mil vistos foram
VISTO Veja as principais mudanças nas regras: O tempo para tirar o visto poderá ser de até 40% menor; Brasileiros que já possuem o visto norte-americano poderão pedir renovação sem precisar passar por uma nova entrevista pessoal, caso seja classificado de baixo risco (categoria ainda não divulgada pelas autoridades); Brasileiros que forem tirar o visto pela 1ª vez e também forem classificados de baixo risco poderão ser dispensados da entrevista pessoal.
liberados pelos consulados dos Estados Unidos no Brasil. Um valor 37% maior que em 2010. Segundo a assessoria de imprensa do Consulado dos EUA, em São Paulo, esse aumento deve-se à “estabilidade econômica brasileira e à ascensão de uma nova classe social [classe C]”. Dados de autoridades de turismo de Nova York, divulgados pelo Jornal da Globo (TV Globo), mostram que os turistas brasileiros foram os que mais gastaram em 2010. Um total de US$ 1,63 bilhão. Apesar de os números ainda não terem sido fechados, estima-se que no ano passado o montante gasto foi de 60% comparado a 2010, podendo chegar a U$ 2,60 bilhões. Para o economista Raphael Cordeiro, “de forma relativa nunca foi tão barato como durante o ano de 2011 para um brasileiro comprar nos Estados Unidos”. Segundo ele, dois fatores criaram essa nova realidade. O primeiro deles foi a taxa de câmbio, que nunca esteve tão barata de maneira real (descontando as inflações). O segundo ponto foi a prosperidade da economia brasileira, que de 2008 a 2011 foi possível experimentar um período de pleno emprego. “Todo mundo
empregado, ganhando bons salários, a cotação do dólar muito baixa, a economia americana não acelerada, inflação controlada, fez com que tivesse muita atratividade”, explica.
Segundo a assessoria de imprensa do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, “as portas dos Estados Unidos estão abertas para os brasileiros que desejam ir ao país a turismo, a negócios ou para estudar. Nós sabemos do valor que estes visitantes têm e estamos fazendo todo possível para facilitar as viagens para os Estados Unidos”. Para eles, o aumento de emissão de vistos deve-se ao investimento em pessoal que o Departamento de Estado americano está fazendo. “Em 2011, nove mutirões foram realizados e os postos da missão receberam cerca de 60 funcionários temporários de outras partes do mundo para agilizar o processamento dos vistos”, afirma.
Em 2011, quase 750 mil vistos foram liberados pelos Consulados dos Estados Unidos no Brasil
Essa importância do turista brasileiro para os Estados Unidos pode ser percebida claramente com o primeiro mutirão do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, no final de janeiro, que abriu mais 2.100 vagas para entrevistas de vistos. Além disso, a Embaixada (Brasília) e os demais Consulados no Brasil (Rio de Janeiro e Recife) pretendem fazer mais 11 mutirões até o mês de abril. “A economia americana não está muito bem. Eles estão precisando de faturamento, de gerar empregos, então nada melhor do que ter turista indo gastar dinheiro no país deles. Inclusive, o governador da Flórida [Rick Scott] esteve pela primeira vez no Brasil e ele é um dos favoráveis que acabem com a necessidade de visto para os brasileiros”, afirma Cordeiro. Em 2001, foram liberados 233.729 vistos, já no ano seguinte, depois do episódio de “11 de setembro”, este
número caiu para 126.906. Um aumento significativo só foi percebido em 2007, quando 422.159 vistos foram liberados. A principal autoridade dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama, anunciou no final de janeiro novas facilidades para emissão de vistos para brasileiros e chineses. “De acordo com nova iniciativa, em determinadas circunstâncias, visitantes estrangeiros qualificados que foram entrevistados e avaliados minuciosamente em conjunto com uma solicitação de visto anterior poderão renovar seus vistos sem passar por outra entrevista. [...] O programa-piloto vai agilizar o processamento de vistos para determinados solicitantes de baixo risco, como pessoas físicas que estão renovando vistos vencidos ou algumas categorias de candidatos mais jovens ou mais velhos que solicitam o visto pela primeira vez”, afirma a notícia veiculada no site do Consulado.
Realidade em 2012 O prazo para tirar o visto, segundo o Consulado, depende do tipo de documentação. “É preciso consultar o www.visto-eua.com.br”, afirma. No dia consultado pela reportagem da MÊS, o agendamento para o Consulado do Rio de Janeiro demoraria 15 dias, em Brasília 16 dias, em Recife, 51 dias e para São Paulo não havia uma data próxima disponível. Mas, com as novas regras, o prazo para tirar o visto pode reduzir em até 40% em um ano. Roberto Dziura Jr.
Stuart Monk
Reconhecimento
Para comprar todo o enxoval do filho, Giovana foi até Miami (EUA) e gastou R$ 9 mil no total
A tendência é que as viagens de compras aos EUA continuem. “A gente não consegue imaginar o dólar se valorizando tanto [frente ao real]. Agora não está tão bom do que como o ano passado, porque o preço das passagens subiu e o dólar não está mais R$ 1,70, mas mesmo assim está sendo vantajoso”, garante Cordeiro. Para ele, nem as intervenções do governo brasileiro, de aumento do Imposto Sobre Operações de Crédito (IOF) e de câmbio para fazer o dólar voltar a subir, foram capazes de frear as compras. “Por enquanto, não conseguiu trazer muito efeitos, até porque as pessoas costumam planejar as viagens com meses de antecedência”, diz. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 47
turismo
Canyon, uma fenda de belezas Tibagi protege uma das grandes atrações naturais do Paraná, o Canyon do Guartelá, que encanta por sua grandiosidade em meio aos Campos Gerais Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
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Carnaval de Tibagi é um dos mais conhecidos do Paraná. Tradição, animação e folia não faltam para esta cidade localizada na região dos Campos Gerais. Para este ano, são esperadas mais de 80 mil foliões na 102ª edição do Carnaval tibagiano. Mas a localidade proporciona muitos outros atrativos, que podem ser aproveitados nesta época do ano ou em outros períodos. São as belezas naturais da região que encantam os turistas o ano inteiro. A cidade, fundada no século XIX, chamou a atenção no início pela notícia
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de que o rio Tibagi (rio que passa pela cidade) seria rico em ouro e pedras preciosas, o que levou muitos curiosos para lá. Mas a verdadeira riqueza presente na região é a biodiversidade de fauna, flora, arquivos arqueológicos, assim como os encantos do Canyon do Guartelá e o espetáculo de inúmeras cachoeiras em propriedades particulares no entorno de Tibagi. A principal atração – o Canyon – está localizada no Parque Estadual do Guartelá, uma unidade de conservação do Estado, que fica 20 km distante de Tibagi ou 42 km de Castro (são 224 km de distância de Curitiba). A área de 798,97 hectares do Parque já foi chamada pelo naturalista francês
Como chegar Partindo de Curitiba pela BR 376 até Ponta Grossa; de Ponta Grossa à Castro pela PR 151; depois sentido Castro à Tibagi pela PR 340. São 42 km até o Canyon e mais 20 km até a cidade de Tibagi. Fonte: Prefeitura de Tibagi
Saint-Hilaire de “paraíso terrestre do Brasil”, tamanha é a beleza do local.
Chegada no Parque Na entrada do Parque, é possível se orientar no Centro de Visitantes e iniciar a trilha básica até o Canyon. O passeio é gratuito, mas caso queira fazer uma trilha completa é possível realizá-la somente por meio de agendamento e acompanhada por guias credenciados. Nesta última, você conhece as pinturas rupestres (de mais de 7 mil anos) e uma linda cachoeira. Se sua escolha for a trilha básica, separe duas horas e meia do seu dia. A mais longa, em torno de quatro horas. Pela trilha básica, siga por uma estrada de paralelepípedo, que é estrutura-
Informações aos visitantes • O Parque está aberto das 8h às 16h30, visita no 0800-643-1388 e procure por de quarta-feira a domingo e feriados. um guia credenciado;
roupas leves, protetor solar, repelente, chapéu e máquina fotográfica.
• Para fazer a trilha completa no Canyon do Guartelá, agende uma
• Importante levar água e lanches, calçados adequados e confortáveis,
Mais informações - Parque Estadual do Guartelá (42) 3275-2269.
espetáculo mágico. Por lá, só se ouve um profundo silêncio. É uma sensação de integração total com a natureza, quando você se depara com aquela fenda gigantesca entre rochas que só o tempo e o vento foram capazes de esculpir. Somente os pássaros não se amedrontam com tamanha magnitude e dançam leves por entre as escarpas de pedras e a vegetação.
Por conta de tamanha maravilha, os monitores sempre reforçam a atenção para a preservação do local. As recomendações vêm surgindo efeito. Segundo Sabino, os turistas parecem estar mais bem preparados e visitam o Parque com mais consciência ambiental.
Fonte: www.uc.pr.gov.br
Sabino mostra que antes de chegar ao Canyon propriamente dito, os turistas passam por paisagens deslumbrantes de mata nativa, onde também é possível avistar o Rio Iapó que corta a grande escarpa entre as rochas e separa o Primeiro do Segundo Planalto. O córrego do Pedregulho é também um dos pontos interessantes do passeio. É um ponto em que os turistas podem se refrescar em “panelões” esculpidos nas rochas, com água corrente e gelada. Depois, o caminho leva à cachoeira Ponte de Pedra, formada por um véu que cai no meio das pedras. Logo em seguida, o Canyon se abre em sua frente, proporcionando um
Por conta dessa maravilha, os monitores reforçam a atenção para a preservação do local
Visitantes “Bem diferente do que a gente imaginava”, comenta Wagner Bellafonte (32), acompanhado de Gisele Gonçalves (24), que visitavam o local. Para eles, o Parque superou as expectativas. “O caminho é perfeito, o parque está muito bem cuidado”, afirma também Valdir da Costa (49), que estava em férias em Tibagi. “A vista lá é maravilhosa”. Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
da e autoguiada. À frente, encontra-se monitores, como o Cristovão Sabino, que há 8 anos acompanha os turistas mostrando as atrações do Parque. Ele comenta que em época de férias é mais comum ver famílias visitando o local, já no período escolar, muitas excursões de estudantes vêm conhecer os encantos. “Mas vem gente de todo lugar e todas as idades”.
Os panelões (acima) são buracos nas rochas onde os turistas podem se refrescar durante a visita
A volta é um pouco mais cansativa já que é caracterizada por uma grande subida até o Centro de Visitantes para a saída. “Pra descer todo santo ajuda, já para subir tem que estar preparado para o esforço a mais”, lembra o monitor. Mas para as pessoas que têm dificuldades de locomoção, idosos, gestantes e pessoas com crianças de colo é oferecido um transporte até o topo.
Outras atividades Além do Canyon, a região reúne outras atrações turísticas, em propriedades particulares, como o Arroio da Ingrata (conhecido pelo toboágua natural com 30 metros de descida), o Recanto Ecológico da Dora (possível de fazer rapel de 25 metros nos arenitos), o Morro da Comuna (eleito como um dos melhores lugares de voo livre do Paraná), o Salto Puxa-Nervos (de 40 metros, ideal para a prática do rapel de cachoeira), o Salto Santa Rosa (com 60 metros de desnível e piscinas naturais), o Rio Tibagi (para descer de rafting) e a Trilha do Hermitão (onde se encontra a Cachoeira do Sumidouro). Por conta desse matrimônio natural, o município é muito conhecido também por possibilitar a prática de esportes de aventura, como a escalada, parapente, rafting, rapel, diversas trilhas a pé e a cavalo, entre outros tipos. Como é possível perceber, motivos não faltam para ir até Tibagi, uma terra abençoada e preservada. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 49
esporte
“Caçadores de emoção” Paranaenses mostram suas experiências nos esportes radicais e revelam que, apesar dos riscos constantes, é possível praticar com segurança Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
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e estivessem vivos agora, talvez os cientistas Isaac Newton e Albert Einstein ficariam de boca aberta com tamanha ousadia de alguns atletas em desafiar a velocidade, o tempo e o espaço. São pessoas que, em busca de muita emoção, experimentam voar entre as nuvens, cortar as ondas, escalar montanhas em condições extremas. Essas aventuras são capazes de desafiar, inclusive, as leis da física. Mas os paranaenses Waldemar Niclevicz (alpinista), o paraquedista Claussius Sgarbi (Tibi) e a surfista Bruna Schmitz mostram que é possível fazer tudo isso e com segurança. Seja no ar, no mar ou na terra, as histórias desses esportistas paranaenses,
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que hoje fazem disso uma profissão, começaram ainda muito jovens e por causa de uma imensa curiosidade. “Essa curiosidade foi que me levou a tomar essa decisão de ir atrás de uma escola em Curitiba [...] Não parei mais em nenhum momento da minha vida. Foi um marco, porque mudou radicalmente”, afirma Tibi Sgarbi, presidente da Federação Paranaense de Paraquedismo. Outro fator foi o exemplo do irmão. Assim também foi o início de Bruna Schmitz, a paranaense surfista profissional, que busca este ano por uma vaga entre as 16 melhores do mundo (WCT), teve influência de seu irmão. “Foi numa escolinha de surf durante a temporada de 2000. Meu irmão já surfava e eu e a minha irmã mais velha resolvemos fazer as aulas para
aprender a surfar. Durou todo o verão e foi muito legal. Depois que terminou, eu continuei”, lembra Bruna. Niclevicz, que há 30 anos está no alpinismo e já levou o nome do Brasil aos picos mais altos do mundo, percebeu também ainda na adolescência que gostava muito do contato com a natureza, tinha facilidade em subir em pedras, gostava de desafios e de superar-se. A partir desse autoconhecimento, o gosto pelo esporte foi uma consequência natural e conquistada passo a passo. Por isso, a dica dele é: não inverter a ordem de valores. Primeiro é preciso gostar da prática e depois investir em materiais e viagens. Para o alpinismo, os custos podem ser bem altos, cerca de U$ 60 mil para escalar o Everest, maior montanha do mundo, por exemplo.
O que te motiva no esporte?
Experiência
Arquivo pessoal
Além disso, é preciso ficar atento para os riscos. “O maior risco é o risco de vida mesmo. O segundo são as fraturas”, observa o médico. Na maioria dos esportes radicais, explica ele, as quedas são em pé. “Numa queda em pé, a energia do trauma vai se disseminar por todos os ossos, mas as chances maiores de problemas estão no pé, na perna, no quadril e na coluna”. Por isso, a segurança é o item número um para acompanhar o esporte, além de orientação adequada de um educador físico ou um esportista profissional. O médico alerta que apesar desses esportes não serem coletivos, precisam ser praticados em duas ou mais pessoas, para a segurança do esportista. E a dor, dama de companhia de muitos esportistas profissionais, precisa
Wlademar Nicleicz (alpinista)
José Luiz Hartmann
Mas se você não é tão radical como esses três atletas paranaenses, pode ainda assim ter pitadas de emoção e radicalismo em alguns momentos de sua vida. Para isso, o médico ortopedista e também praticante de esportes radicais, Gustavo Merheb Petrus, orienta o que é preciso fazer para iniciar neste tipo de esporte. “Primeiro, fazer uma avaliação geral, para ver se não tem nenhuma doença que possa se agravar com a realização do esporte radical”.
“Os fatores que me motivam são os valores que movem a minha vida: o amor pela natureza, o gosto por desafios.”
ser bem interpretada. Passado o período de dois ou três dias e “a pessoa mesmo em repouso continua com dor ou a dor aparece novamente na volta da prática, seria interessante procurar um médico”, afirma Petrus.
Aprendizado Inversamente proporcional, a intensidade dos esportes radicais são os ensinamentos que eles trazem. Waldemar Niclevicz enumera vários deles. “É importante ter seriedade e profissionalismo no que você faz, para realmente ter condições de fazer sucesso, quer seja numa escalada, nos negócios ou na vida pessoal. Quanto mais
disciplina você tiver, terá mais condições de avaliar os seus próprios erros e o que deve fazer para evoluir. Ter consciência de que é preciso evoluir sempre, nunca estagnar, nunca achar que sabe tudo, sempre estar disposto e buscar o aprendizado. Importante ter a humildade, valorizar tudo que foi feito”, diz Niclevicz, que completa: “tente fugir do comodismo, senão você envelhece e morre”. Outra grande possibilidade com os esportes radicais é conhecer novos cenários e lugares inóspitos. Para Bruna de apenas 21 anos de idade, descobrir o mundo virou rotina. E das melhores. “Já perdi as contas! [do número de países] Acho que mais de vinte. No ano passado, fui para o Sri Lanka, que eu não conhecia e, este ano, estive na China pela primeira vez. Em todos os anos surge a chance de ir para um novo país. É muito legal”. Mas o essencial, como em qualquer outra prática, é o autoconhecimento e os limites do seu corpo. “A variedade de esportes de aventura são grandes. Existem atividades no solo, no ar, na água. Então, cada um tem de se autoconhecer e saber seus limites e praticar”, completa o médico. Tudo isso para sentir a adrenalina correndo nas veias, as mãos suando, o coração a mil e uma grande dose de emoção.
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Imagina-se sem o esporte? “Hoje não mais. Mas nunca pensei que ia virar uma surfista profissional! É muito legal, conheço vários lugares e muitas pessoas por causa do surf.” Bruna Schmitz (surfista)
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automóvel
Mistérios rondam o novo Cerimônia de apresentação do protótipo ocorreu simultaneamente no Brasil e na Índia, mas detalhes técnicos e preços ainda são guardados a sete chaves 52 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
A
Ford apresentou na primeira semana de 2012 o protótipo do novo EcoSport. Mas o preço, informações técnicas e o de-
sign interior ainda são secretos e sem previsão de serem divulgados. Especula-se que o novo modelo estará disponível somente no segundo semestre desse ano já como modelo 2013. Fontes não oficiais, porém, dizem que a sua pré-venda começa
Fotos: Divulgação
já no próximo mês, com previsão de entrega para abril. O que a Ford fez na “pré-estreia” do EcoSport em Brasília (DF) e no Salão de Nova Déli (Índia), simultaneamente, foi apresentar o visual externo do modelo. Com dimensões maiores, o veículo segue a plataforma do New Fiesta, conta o chefe de Design da Ford, João Marcos de Oliveira Ramos. No veículo apresentado, que ainda não sabe se este será o top de linha, todo o formato foi mudado. Agora o modelo está mais robusto e imponente. Na parte frontal, chama atenção a grade trapezoidal, que lembra os traços do Kia Sportage, e as lanternas em Led. Na parte traseira, o tradicional suporte de estepe é mantido. Os destaques são as lanternas que invadem a tampa do porta-malas e a maçaneta embutida na lanterna direita. A abertura continua pela lateral. Segundo Ehab Kaoud, chefe de Design da Ford América do Sul, que liderou o projeto feito no Brasil, o alongamento dos faróis dianteiros permite “que o ar flua ao seu redor e deslize suavemente para fora da carroceria”. Para ele, outro destaque na carroceria é a linha dinâmica que parte do capô e produz um visual moderno. Para o vice-presidente de Design e chefe criativo da Ford, J Mays, o interior do EcoSport “será tão surpreendente e bem acabado como o exterior”.
EcoSport Projetado no Brasil, o novo Eco será comercializado em 100 países e fabricado no Brasil, Índia eTailândia
De acordo com a mídia especializada, o lançamento deste novo modelo da Ford ocorreu de forma adiantada para não perder ainda mais espaço de mercado para o Duster da Renault. A marca mantém silêncio sobre o assunto, mas de acordo com dados divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos) no início de janeiro, a Ford perdeu a liderança nas vendas para a Renault em SUV (Sort Utility Vehicle), ou utilitários compactos.
O tradicional suporte com o estepe está mantido, a maçaneta é embutida na lanterna direita e a abertura continua pela lateral
Fontes ligadas à empresa contam que os preços devem ser parecidos com o modelo atual, a partir de R$ 48.490. Este permanece à venda com preços promocionais até chegar o novo modelo. O preço de entrada está estimado em R$ 65 mil.
Projeto brasileiro De acordo com a Ford, o novo EcoSport, assim como o primeiro modelo – criado em 2003, foi projetado no Brasil. Para se chegar até o veículo apresentado em janeiro foram dois anos de trabalho e cerca de 200 protótipos construídos. Segundo executivos da multinacional, a ideia é atender o gosto do mercado global. A Ford quer comercializar o novo EcoSport mundialmente, em 100 países, com produção no Brasil, Índia e Tailândia. Segundo Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul, no Complexo Industrial Ford Nordeste em Camaçari (Bahia), a estimativa é produzir até cinco mil veículos por mês. A Ford não revelou o valor investido no projeto do novo EcoSport, mas Oliveira afirma que o montante está incluso nos R$ 2,8 bilhões destinados ao Nordeste entre 2011 e 2015. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 53
moda&beleza
Muita cor, brilho e animação A festa mais esperada do ano pelos brasileiros, o Carnaval, traz consigo superproduções; confira as dicas da MÊS para sua maquiagem Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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enhuma festa brasileira é tão esperada e animada quanto o Carnaval. O verão parece chegar a sua melhor forma. As fantasias, roupas e looks exalam cores e brilhos de todas as formas. Por isso, a maquiagem não pode ficar de fora. A Revista MÊS conversou com especialistas da área e traz as dicas para você “desfilar” nesta festa.
COMO
FICOU
COMO
Fotos: Roberto Dziura Jr.
ERA
“No carnaval, esqueça a regra de combinar. Combinam-se as cores entre elas. Mas pode-se usar o verde com amarelo, o vermelho com uma sombra verde metálica. Pode usar que vai ficar bonito e vai ficar na moda”, afirma a maquiadora do Amauri Cabelereiros, Midian Martins. Para a
acompanhe 4 passos para você arrasar neste carnaval
PELE Comece a maquiagem com a limpeza e a preparação da pele
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SOMBRA Abuse das cores. Passe a sombra e esfume para uma cor fundir à outra
BLUSH Force no blush e passe iluminador nas têmporas e no maxilar
BOCA Faça o contorno com lápis e depois passe gloss e gliter por cima
Roberto Dziura Jr.
profissional da marca Contém 1g, Luciana Alves, “tudo que aparece muito, sempre se usa no Carnaval”. A maquiagem permite você ser quem quiser na folia. “No Carnaval, se for fantasiada, use a maquiagem de acordo com a fantasia”, diz Luciana, que aposta também nas maquiagens coloridas e brilhantes. Para Midian, este é o momento de ousar, “de experimentar, de cair na folia. De usar uma maquiagem tanto mais artística, quanto à maquiagem mais para dar uma harmonizada, para deixar o look mais saudável”, garante.
Dicas Na hora da produção, as cores dos olhos, do cabelo e da pele influenciam na escolha da maquiagem, conforme orientam as profissionais. “Os tons de pele e a cor do cabelo são tudo para dizer o que fica melhor para você. Por isso, as loiras tendem a usar uma boca mais nude, um gloss e as morenas mais acobreados, tons mais terra, bronze. Mas não quer dizer que tem de seguir uma regra. A regra é o que fica bonito”, afirma Midian. Já para Luciana, a cor do olho é a que mais influencia. “Quem tem olho azul [claro] sempre usa cores quentes, quem tem olho castanho sempre usa cores frias”, explica. As principais cores para este Carnaval serão o verde, azul, vermelho e alaranjado,
Veja mais Quer aprender mais sobre maquiagem? Acesse o Youtube da MÊS (www.youtube.com/revistames) e assista a dicas exclusivas para os internautas
“Tudo que aparece muito, sempre se usa no Carnaval”, afirma a maquiadora Luciana Alves
abusando sempre do cintilante e da purpurina. “Uma mistura de todas as cores, mas bem harmoniosa, para que não fique feio. Tem de fazer as cores casar entre elas. Vai de acordo com o bom senso de cada um”, explica.
Batom com cores fortes, como o vermelho e rosa pink, estarão em alta no verão e no Carnaval Outra dica das maquiadoras é abusar na boca. “O batom vermelho está sendo muito usado e rosa Pink também. Estão usando cores mais fortes no verão”, comenta Midian. Luciana explica que isso se deve à nova tendência de maquiagem. “Hoje é olho e boca. Antigamente tinha o mantra,
olho nada e boca tudo. Hoje é olho tudo e boca tudo”, diz. As maçãs do rosto também merecem atenção no momento da maquiagem. “O blush é fundamental nas cores rosado, laranja e terracota para as mais morenas”, afirma Midian. Outra dica importante é usar um fixador de maquiagem. “Terminou o look, aplica o fixador para durar muito mais tempo, você sua, transpira e não sai a maquiagem”, diz a maquiadora do Amauri Cabelereiros. Independentemente da escolha da maquiagem, de acordo com a maquiadora da Contém 1g, o que importa é se sentir bem. “Você pode usar o que quiser, desde que você segure. O que não dá é usar uma maquiagem que você fique acanhada.” REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 55
culinária&gastronomia
Curiosidades
Sorvete para todas as horas
O alimento pode ser um substituto de derivados do leite, como fonte de cálcio e fósforo; e pode ser consumido durante épocas quentes e frias Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
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uma tarde quente em Curitiba é possível ver as sorveterias cheias de consumidores prontos para se refrescar. “Consumimos bastante no verão”, afirma Melina Garcia, nutricionista e mãe de Artur, de 4 anos de idade. Mas “aqui [Curitiba] é pouco tempo que a gente consome uma coisa gelada”, diz a consumidora Rose Mendes, consultora de decoração, referindo-se ao clima variável da cidade. Realmente, na Capital paranaense mesmo quando é verão como no mês de fevereiro, o friozinho insiste em bater à porta. Assim, nem sempre os sor-
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vetes são apreciados. No entanto, não precisa ser necessariamente uma iguaria para se refrescar, pode servir como alimento, em substituição a um lanche da tarde e até mesmo em versões salgadas e quentes. Acreditem! Algumas opções menos geladas são de sorvetes de forno e o fondue de sorvete, servidos com minibolas de sorvete, frutas e a calda de chocolate quente. Segundo Eduardo Cotoicz, proprietário da sorveteria D’Vicz, apesar da diversidade de preparos que levam o sorvete, o consumo cai pela metade na época de frio. Isso ocorre na contramão da tendência nacional. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete
Muitas histórias permeiam essa iguaria. Leia algumas: Há mais de 3.000 anos o sorvete surgiu na China; O sorvete era consumido somente por homens da aristocracia; Em 1686, o siciliano Francesco Procopio dei Coltelli, inaugurou em Paris a primeira cafeteria e sorveteria da cidade, o Café le Procope (com funcionamento até hoje); Os Estados Unidos são o maior consumidor de sorvetes do mundo; Entre 1870 e 1900, foi a época em que o sorvete se popularizou e tornou-se acessível; No Brasil, o produto chegou em 1834, por uma embarcação no Rio de Janeiro. (Abis), entre 2003 e 2010 houve um aumento de 51,05% no consumo per capita por ano.
Cultura do sorvete Cotovicz acredita que seja ainda uma questão cultural, apesar de os curiti-
banos terem forte origem europeia. Em outros países, como na Europa, esse alimento é muitas vezes utilizado em substituição a uma refeição. Por aqui, ainda as pessoas “pensam no sorvete como uma sobremesa. Não considera como um alimento para a refeição”, completa. Por isso, além das tradicionais opções de frutas, creme e chocolate, é possível encontrar sorvetes salgados (com os queijos marcarpone, parmesão, cheese cake), variações sem leite (zero lactose) e também sem gordura trans, em picolés, massas italianas, artesanais, casquinhas e acompanhamentos de outras sobremesas, como brownie e petit gateau. Divulgação
Nutrição “Nada engorda, desde que você saiba comer com moderação”, orienta a nutricionista. Aliás, pouca gente conhece as propriedades desta iguaria, mas “o sorvete não é somente uma sobremesa, mas também um alimento rico em todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do corpo humano. Essa afirmação pode ser feita
Segundo Melina, o sorvete é usado para substituir o consumo de leite de seu filho, Artur (4)
tomando como base os produtos derivados do leite considerados produtos funcionais, com grandes benefícios para a saúde”, constatou a gastrônoma Sandra Maria Borçoi, em seu estudo sobre o tema. Por isso, Melina e seu filho consomem com frequência esse alimento, pois Artur não gosta de tomar leite e para repor os nutrientes derivados dos alimentos lácteos, uma opção es-
colhida foi o sorvete. “É um alimento mais saboroso, que [ele] aceita com facilidade”, comenta a nutricionista, que completa: “todo mundo é doido por sorvete [em casa]”. Na casa de Melina, o sorvete mais consumido é o de massa napolitano. Já a consumidora Rose, prefere os sorvetes italianos e artesanais de frutas. De modo geral, o sabor que mais sai nas lojas de Eduardo é o de Amarena (cereja italiana). E você, qual o seu preferido?
Nutrição
Acompanhe os valores nutricionais do sorvete, se comparado a outros alimentos Alimento (100g)
Calorias Glicídios (g) Cálcio (mg) Fósforo (mg) Ferro (mg)
Carne de gado assada....... 287,70.........0,00............ 9,00.............. 303,00........... 3,20
Frango assado com pele.... 226,00.........0,00............ 11,00............ 140,00........... 1,30 Arroz cozido..................... 109,70.........24,40.......... 20,00............ 25,00............. 0 Pão franês......................... 269,00.........57,40.......... 22,00............ 107,00........... 1,20 Cachorro quente............... 283,00.........0,00............ 34,00............ 99,00............. 2,40 Pão torrado (fatias)........... 388,00.........3,00............ 42,00............ 130,00........... 1,30 Ovo frito........................... 216,00.........57,40.......... 65,00............ 165,00........... 2,67 Fotos: Roberto Dziura Jr.
Sorvete à base de água... 126,30.........30,00.......... 65,00............ 165,00........... 0,25 Sorvete à base de leite.... 186,00.........20,00.......... 144,00.......... 120,00........... 0,20 Leite em pó desnatado...... 351,00.........49,50.......... 1.301,00....... 1.106,0.......... 0,50 Feijão mulatinho............... 332,30.........55,37.......... 0................... 0..................... 0 Fonte: Abis (Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete)
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cidades / crônica
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Os paradoxos dos carnavais curitibanos O curitibano Eloi Zanetti empresta seu olhar para retratar a Capital em tempos de folia Eloi Zanetti - eloi@eloizanetti.com.br Consultor e palestrante em marketing, comunicação corporativa e vendas, escritor
Está na hora de nós, curitibanos, dizermos com coragem: “Carnaval! Não somos do ramo” Curitiba e Blumenau foram as últimas cidades brasileiras em que se trabalhava nas segundas-feiras de carnaval. Vivi isso quando piá e em boa parte da minha vida de adulto. Enquanto o Brasil se esbaldava e emendava feriados, nós, aqui, ficávamos no batente, sérios, compenetrados, falando mal da pouca vergonha dos baianos e dos cariocas e, ao mesmo tempo, morrendo de inveja deles. Nossos bisavós vieram fazer a América, ganhar dinheiro e voltar para suas terras de origem. O que não deu muito certo: a maioria foi ficando, constituindo família, misturando-se com os outros de sonhos parecidos, e alguns enriquecendo. Com o tempo, foram se moldando ao jeito brasileiro de ser.
Roberto Dziura Jr.
É claro que o nosso biótipo, misturado a um quarto de cada etnia – alemã, polonesa, italiana e ucraniana – não favorece o movimento da pélvis, do gingado e do bailado mais ritmado. Somos bons em esportes, onde se necessitam músculos duros, ossos consistentes e pouca articulação; deve ser por isso que daqui saem os grandes campeões das lutas de vale-tudo e MMA. Quanto à espontaneidade, tão necessária ao carnaval, nem pensar, o curitibano só se solta entre quatro paredes e sozinho. A cidade, avessa ao carnaval, estranhamente abrigava no antigo Clube Operário os primeiros bailes de travestis do Brasil. Muito antes do Gala Gay do Rio pensar em existir, já nas décadas de 1950/60, travestis de todo o Brasil aportavam por aqui para mostrar as suas artes e partes. A sociedade curitibana, fechada, curtia e comentava por trás dos panos a festa da moçada. Os
homens deixavam a sagrada família na praia, vinham ao baile e tratavam de se esconder dos repórteres e fotógrafos. Sair nos jornais pulando no Baile do Operário era desquite na certa (na época ainda não existia o divórcio). O programa de muitos era ficar na porta da Delegacia de Polícia, na quarta-feira de cinzas, ali atrás do Prédio da Saúde Pública, para ver a soltura daqueles que foram presos por excessos, nos poucos bailes de salão que a cidade oferecia. Carnaval de rua em Curitiba é assunto para sociólogo estudar. A cidade séria que só se esbaldava nos salões, hoje prefere as praias e diz “não” à folia no seu espaço urbano. O nascente movimento no Largo da Ordem chamado Garibaldis & Sacis a cada ano toma corpo, curitibanos tímidos de mãos dadas com os neocuritibanos despontam como uma promessa. Por outro lado, vemos a cada ano a cena se repetir: as poucas escolas de samba da cidade esmolando verbas oficiais e tentando fazer renascer o que nunca nasceu – o carnaval de rua curitibano. Os fotógrafos que costumam documentar o fato – fotografar o exótico – nos mostram cenas patéticas de pierrôs mal ajambrados, colombinas branquelas e pouco público nas arquibancadas. Quase sempre em meio a adereços pobres, pouco expressivos e largados em meio a uma garoa intermitente. Dizem que a sabedoria é nos aceitar como somos e procurar viver de acordo com nossas limitações. Está na hora de nós, curitibanos, dizermos com coragem: “Carnaval! Não somos do ramo”, e explorar o turismo para aqueles que não gostam da folia, e olha que o público é enorme. Devemos aceitar a realidade: já existe carnaval demais em todo o Brasil. Vamos ser diferentes: aqui não. Dados oficiais confirmam o óbvio, a cada ano cresce o número de turistas que aportam em nossa cidade para se esconder dos barulhos dos surdos, tamborins, chocalhos e cuícas. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 59
cultura&lazer
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Nem só de samba vive o Carnaval
Psycho Carnival aquece o feriado curitibano com atrações musicais, caminhada de zumbis e mostra a força do maior festival do gênero das Américas
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uem foi que disse que carnaval tem que ter samba, desfiles das escolas e confetes? Para provar que a festa popular está muito além disso é que o Psycho Carnival chega a sua 13ª edição em 2012. Neste ano, o evento, que será realizado entre os dias 16 e 21 de fevereiro, contará com quatro noites de shows, apresentações musicais gratuitas nas Ruínas de São Francisco, a Zombie Walk – que em 2011 reuniu três mil “mortos vivos” –, o Rockabilly Motors Kustom Show e a Festa da Ressaca.
iniciou o movimento pelo mundo na década de 1980. O psychobilly é um gênero musical que agrega punk e rockabilly norte-americano dos anos 1950 e o visual gótico com referên-
Na programação de shows, se apresentarão 28 bandas, sete internacionais, no Espaço Cult, localizado no Largo da Ordem. Entre as atrações estrangeiras mais esperadas estão os holandeses do Batmobile e os ingleses do Coffin Nails.
Para participar Sexta-feira 17/02...............R$ 20,00 Dias: 18, 19 e 20/02...........R$ 50,00 Pacote para os três dias: 18, 19 e 20/02..................R$ 120,00 Roberto Dziura Jr.
A cada ano o festival cresce. Somando o público, em 2011, o Carnival atraiu mais de 10 mil. “Só no Zombie Walk foram três mil pessoas. Como dizer que isso não é carnaval com milhares de pessoas fantasiadas de morto vivo? É um grande bloco”, justifica Urban. Ele contesta ainda a ideia de que curitibano não gosta de carnaval. “Antes da popularização da ida às praias no Carnaval existiam bailes que lotavam os Clubes da cidade. Claro que era um carnaval específico, diferente dos que acontecem em Olinda, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Cada um tem a sua particularidade. Agora, com o caos que fica o nosso litoral nessa época, é normal que as pessoas procurem alternativas por aqui.” Para Wallace Barreto, guitarrista do Ovos Presley, banda com 19 anos de atividade e que se apresentou em 12 edições do Psycho Carnival, o evento é a oportunidade de as pessoas se reunirem e trocarem informações. “É um encontro de família”, resume. Além de ser membro músico, Barreto é organizador de outro festival similar, o Psychobilly Fest – que acontece em Curitiba desde 1996 em datas alternadas. Para ele, o Carnival mexe com a rotina da cidade. “Muitas pessoas vão à praia e, pela proximidade com Curitiba, sobem a serra para curtir alguma atração”.
Vladimir Urban, coordenador do evento e músico da banda Sick Sick Sinners, lembra que essas bandas fazem parte da geração Klub Foot, que
Mais informações www.psychocarnival.com.br psychocarnival@gmail.com
cias a filmes de terror da metade do século passado.
A cada ano o festival cresce. Somando o público, em 2011, o Carnival atraiu mais de 10 mil
João Urban
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
O Psycho Carnival é uma opção para quem quer fugir do samba, diz o organizador do evento
A abertura da 13ª Psychobilly Carnival ocorre no dia 15 de fevereiro, no Jokers Pub. Os demais shows serão no Espaço Cult. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 61
Roberto Dziura Jr.
cultura&lazer
Atrações para quem tem samba no pé Em Curitiba, tem desfile de escolas de samba; no litoral tem trios elétricos e programação para todos os gostos Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
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ara quem fica em Curitiba e prefere o carnaval tradicional com samba-enredo e desfile de escolas de samba, alguns clubes realizarão seus bailes. Gratuitamente, no dia 18 de fevereiro, ocorre o desfile das escolas de samba de Curitiba na Avenida Cândido de Abreu (Centro Cívico) e os bailes populares nas Ruas da Cidadania. Neste ano, disputam o título as escolas Mocidade Azul, Leões da Mocidade, Embaixadores da Alegria, Acadêmicos da Realeza, Os Internautas, Unidos de Pinhais e Unidos do Bair-
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Para as pessoas que forem até o litoral paranaense, opção é o que não falta no feriado de Carnaval ro Alto. De acordo com a Prefeitura Municipal, em 2011, mais de 20 mil pessoas acompanharam os desfiles de escolas de samba.
Descendo a serra Para as pessoas que forem até o litoral paranaense, opção é o que não falta no feriado de Carnaval. As cidades litorâneas esperam receber um milhão de pessoas nos dias de folia. Em Antonina, são esperadas 40 mil pessoas para ver o desfile das escolas de samba. Já em Caiobá, a atração é a Caiobanda no sábado (18) e, em Matinhos, a Matin-
banda no domingo (19). A Banda de Guaratuba espera animar o carnaval de 300 mil foliões na segunda-feira (20). Além das atrações gratuitas, as casas noturnas do litoral também contarão com programação especial. Entre elas, a Hyddra Concept Lounge, em Caiobá, terá show sertanejo com João Neto & Frederico no sábado (18). Na terça-feira, a casa realiza o projeto Vácuo Live com o Eduardo Pizzatto e Fernanda Mateus. Em Guaratuba, o Porto Beach Fun organiza o Porto Folia com atrações musicais que pretendem atrair gostos variados. Também, em Guaratuba, o Café Curaçao realiza o Country Day no sábado (18), com mais de 12 atrações. Na noite seguinte, a atração é o Paralamas do Sucesso. A banda de pagode Exaltasamba fecha a programação carnavalesca da casa no domingo (20).
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dicas do mês
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Poesia
Autor: Rozemeire dos Reis Editora: Íthala
Depurando as paixões em palavras derramadas Em forma de poesias, Rozemeire dos Reis traz as experiências terapêuticas que relatam temas do questionamento humano, como os desafios diários, angústia, a procura da felicidade e experiências amorosas. A concepção do livro surgiu durante o processo de terapia, quando a autora percebeu que a leitura poderia ajudar outros pacientes em tratamentos terapêuticos. Segundo a autora, lendo as obras que estão numa linguagem leve e envolvente, as pessoas podem observar as diferentes situações e ter suas próprias reflexões.
Infanto-juvenil Autor: Luís Dill Editora: Positivo
O estalo A emocionante história de dois adolescentes soterrados – daí o nome estalo - que trocam experiências enquanto aguardam o resgate já conquistou o Prêmio Glória Pondém, na categoria literatura infanto-juvenil. A obra vem com uma linguagem rica e narrativa ágil. Revela as situações difíceis que a vida impõe. Contada em grande parte em forma de diálogo, a história prende a atenção dos jovens leitores. Com mais de 30 livros publicados, Dill começou em 1990 sua carreira na literatura infanto-juvenil. 64 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
Realidade
Autor: Flávia Ribeiro de Castro Editora: Talento
Flores do Cárcere Como seria passar anos dentro de uma prisão? Para quem está do lado de fora é difícil mensurar. Por isso, autora resolveu contar sobre esse submundo ao fazer um trabalho voluntário dentro da Cadeia Pública de Santos. São diversas histórias de vida das mulheres que estão dentro da prisão e algumas curiosidades. Na obra, ela relata o período em que conviveu com as presas. A partir de valores como amor, espiritualidade, respeito, responsabilidade, compaixão e solidariedade, Flávia desenvolveu iniciativas para melhorar a convivência entre as detentas.
Arte
Autor: Marcia Camargos Editora: Boitempo
Semana de 22: entre vaias e aplausos A escritora e jornalista Márcia Camargos mergulhou no universo da rica e revolucionária Semana de Arte Moderna de 22. Em 2012, a Semana completa 90 anos, por essa razão, a autora pesquisou em diversos documentos e em uma vasta bibliografia sobre a Semana para ilustrar e contar como foi o festival modernista em todos os seus aspectos. O evento, na época, acarretou prejuízos e foi difamado por boa parte da imprensa. O livro também retrata acontecimentos com personalidades contemporâneas ao movimento de 22, além se ser rico em fotos e ilustrações.
dicas do mês
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br Colaborou Renato Sordi
Soul music
Sharon Jones and the Dap-Kings Gravadora: Daptone Records
SoulTime!
Sharon Jones e sua banda, os Dap-Kings, são os responsáveis pela revitalização da soul music a partir da primeira década dos anos 2000. Amy Winehouse? Ela pegou emprestado os Dap-Kings para gravar o ultraestimado Back to Black. Soul Time!, o quinto disco da turma de Nova Iorque, é uma coletânea de singles, lados B e gravações realizadas durante os últimos 15 anos. Sharon Jones, a rainha do groove, já foi carcereira e segurança de carro forte. Junto com os Dap-Kings, hoje, dá ao mundo aulas de funk e soul.
Clássica
Chico Mello Gravadora: Gramofone
20 anos entre janelas
Na cena local, o compositor curitibano Chico Mello lançou o CD “20 anos entre janelas” no mês passado durante a 30ª Oficina de Música de Curitiba. O trabalho autoral é de música experimental e conta com a obra de duas décadas que remetem a sua experiência entre o Brasil e a Alemanha, lugar onde mora atualmente. O álbum traz como janelas, três de suas facetas, sua fase de Solo, Câmera e Orquestra. Uma obra intensa, ao mesmo tempo em que acalma, inspira. Junto ao CD, vem a história de cada música para viajar na criação.
Indie Rock
Holger Gravadora: Trama (Sem nome) “A banda brasileira de indie rock é uma bela surpresa”, publicou certa vez La Presse (Canadá). É justamente por aquelas bandas que Holger despontou, nos Estados Unidos e no Canadá. Somente com dois anos de estrada, a banda independente prepara o lançamento do seu novo álbum para este ano. O novo trabalho será produzido pelo Alex Pasternak (Lemonade). Com uma levada interessante, a música dos caras é pura efervescência criativa que reúne referências da Suécia, Estados Unidos e Brasil. Pela mostra do primeiro CD (Sunga), o segundo trabalho deve ser contagiante para quem curte o estilo musical.
MPB
Roberta Sá Gravadora: Universal Music
Segunda Pele
Uma das queridinhas da nova geração da Música Popular Brasileira (MPB) está com trabalho novo. Mais leve e feminina, Roberta Sá, se apresenta em 2012, com o álbum “Segunda Pele”. Essa espécie de escamação traz nas canções o amadurecimento e o tropicalismo. As misturas estão muito presentes em sua segunda pele, com a participação da Orquestra Criôla de Humberto Araújo, Lula Quiroga, Jorge Drexler (em espanhol). A cantora estará em turnê pelo Brasil apresentando essa nova fase. Curitiba está no roteiro. O dia 17 de março está previsto para seu show por aqui.
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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012 | 65
Divulgação
opinião
Giuseppe Mosello
Diretor da Learnway, criador da Cidade Virtual: a 1ª rede corporativa do Brasil
Os robôs da internet que decidem por nós
Q
uem viu o filme Eu Robô lembra da VIKI, o mega cérebro virtual que comandava os robôs e tomava decisões a favor do homem tirando dele a liberdade por não ser capaz de vivê-la. Todos conhecem os robôs com os quais a ficção científica e as indústrias nos acostumaram. Mas existem alguns robôs invisíveis que poucos conhecem: aqueles da rede que estudam o nosso comportamento e decidem o que mostrar (podemos ver) para nós.
Amazom, Google, Facebook, Yahoo news, entre outros, têm robôs em ação para criar estes filtros em volta de cada um de nós. Estes filtros se reagrupam no que Eli chama de Bolha dos filtros, que é pessoal. O que encontramos na nossa bolha depende de quem somos e do que nós fazemos. Se voltarmos a pensar na quantidade de informações na rede e na necessidade de uma seleção delas, a bolha até que faz sentido.
Os robôs que administram as pesquisas no Google, ou aque- Mas a questão é que não somos nós a decidir o que deve estar les que determinam as notícias que aparecem no seu Facebook na bolha e, mais importante, não temos conhecimento do que são dois exemplos. Se hoje pesquisamos algo no Google, o fica fora da bolha. Quem decide isso por nós são os robôs. número de informações que recebemos é realmente muito alto e quando temos muita informação é como não ter nenhuma. A Internet se contrapôs à transmissão controlada de informaGosto de imaginar que seja este o motivo pelo qual o Google ções da televisão e da imprensa, transformando o espectacomeçou a desenvolver robôs que dor passivo em um ator ativo. permitissem estudar meu padrão Permitiu-nos conectarmos uns de pesquisa e me oferecer informacom os outros criando uma O que encontramos na nossa ções “relevantes”. Mas será que os rede que Pierre Levy define bolha depende de quem somos e robôs sabem o que é realmente remaravilhosamente como o levante para mim? E quando? conjunto de milhares de pondo que nós fazemos tos de vistas diferentes. Tudo Eli Pariser, diretor executivo da isso com a certeza (e agora MoveOn.org, tem no seu Facebook várias amizades com de- talvez apenas ilusão) do poder da escolha. mocráticos e algumas também entre os republicanos. Eli comenta, em uma palestra do TED (*), que um dia, acessando Precisamos da rede como ela é. Uma conexão infinita entre seu Facebook, descobriu que suas amizades republicanas ti- almas, e não um universo bolha delimitado por robôs. Precinham sumido da página. A primeira impressão é que os robôs samos de uma inovação neste sentido. tomaram uma decisão sócio-política por conta do Eli. Outra solução é responder à distribuição horizontal das inforMas a verdade é que estes robôs fizeram apenas aquilo pe- mações na rede com a criação de pólos verticais de informalos quais foram programados: identificar um padrão de uso e ções administrados por pessoas. Informações selecionadas e priorizar as informações com base neste padrão. publicadas não por robôs na base de uma pesquisa de relevância, mas por pessoas que usam critérios culturais, éticos Sempre, segundo Eli, também no Google os robôs agem e profissionais. segundo esta lógica. Mesmo que você não esteja “logado”, existem 57 elementos que eles consideram para determinar Pólos cibernéticos verticais com um capital social que dê crédito o conteúdo da página de busca que vai aparecer, a partir do às informações publicadas e que permita a tranquilidade de uma computador no qual você está, o tipo de navegador que você filtragem efetuada na base de critérios de qualidade da informausa, e até a sua localização. ção, por cibergestores que dominam estas informações. 66 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012
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