Revista MÊS 21

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PODE SER ABERTO PELA ECT

Editora Mês Ano 2 - nº 21 Outubro de 2012

SEU ESPELHO Pesquisa exclusiva mostra de que forma suas escolhas de hoje vão refletir em 3 vezes mais chances de alcançar a longevidade

Eleições 2012

Acompanhe a análise sobre o resultado das votações para prefeito e vereadores, em Curitiba

Economia

Indústrias do Sul apresentam 177 projetos de logística para reduzir gastos de R$4,1 bi/por ano

Turismo

Conheça os 5 Resorts indicados pela MÊS para programar suas férias no fim do ano



Mais do que ver. Ser visto.


Roberto Dziura Jr.

entrevista João Carlos Baracho

“A negociação é com o Plano de Saúde”

Um dia é pouco, 14 é bom, 15 é demais. É nessa premissa que os médicos do Paraná e de todo o Brasil estão se baseando para reivindicar reajuste nos contratos com os planos de saúde e a adequação de irregularidades identificadas pela classe médica. No ano passado, foi realizado um movimento nacional em que os médicos se recusaram, por um dia, atender os planos de saúde. Na opinião da classe: foi pouco. “Não teve o efeito esperado”, diz o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), João Carlos Baracho. Quatorze dias é o tempo máximo que os planos têm para atender aos seus usuários quando é consulta com especialista. Regra estabelecida pela Agência Nacional de Saúde (ANS), desde 2011. Por isso, neste ano, entre os dias 10 e 25 de outubro (15 dias), os médicos que são conveniados a determinados planos de saúde deixarão de atender. Quem se consultar nesse período pagará o valor estabelecido pelo médico em consulta particular e precisará pedir reembolso aos próprios planos ou recorrer aos órgãos competentes. Veja como isso funcionará e conheça a posição de Baracho, presidente da AMP. 4 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br Colaborou Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br

Quais os principais fatores que afetam os médicos no exercício atual da profissão? João Carlos Baracho (JCB) - Nós estamos percebendo uma diminuição do equilíbrio econômico financeiro dos contratos entre os médicos e os planos de saúde. Enquanto ocorre um reajuste anual desses valores para os usuários, esse mesmo valor não tem sido repassado em termos de reajuste do valor da consulta. Em termos de honorários médicos, alguns planos de saúde ainda estão baseando sua tabela na Associação Médica Brasileira de 1992. Vinte anos de defasagem. Na consulta médica, quando existe um aumento de valor


de consulta, no máximo de 2004 para cá chegou a um reajuste próximo de 45%, enquanto o reajuste para o usuário foi de 130%. A nossa luta é pela qualidade no atendimento à população e uma remuneração digna. Mas nesse ponto principal, que o que a gente está chamando atenção, é que os contratos atuais estão fora dos padrões legais. Quais são as irregularidades apontadas? JCB - Não consta, na maioria deles, a cláusula de reajuste anual, que deveria fixar um índice. O que a gente tem negociado é o reajuste pelo INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor]. O que a gente conseguiu no decorrer desses dois últimos anos: dois acordos, um com a fundação Copel e com a Sanepar. E o nosso valor de consulta que a gente considera como próximo do ideal seria a R$100. [Hoje está em] R$32, R$45, R$42, bem defasado. E alguns aumentaram para R$52, R$53. Qual a orientação nacional que foi dada à AMP para essa manifestação? JCB - Nós estamos dizendo que é uma suspensa do atendimento aos moldes hoje praticados. Mas não vai haver desassistência. A ideia é que, nesse período, se o paciente procurar o médico, vai ser atendido, terá a consulta cobrada no valor que a gente reivindica, os R$100, será emitido um recibo e esse recibo vai ser entregue na mão do paciente, e esse paciente vai ao plano de saúde em busca desse ressarcimento. A negociação é com o plano de saúde. Se o paciente se sentir lesado, pode recorrer ao Procon ou diretamente à Agência Nacional de Saúde [ANS] se houver negativa nesse processo de negociação, que é de direito desse usuário. Qual o número de pessoas que deve ser atingido? JCB - O que a gente quer é que a população perceba que a classe médica está unida e que não consegue mais manter o atendimento aos moldes como tem

sido feito até hoje. No ano passado, a gente fez um dia de suspensão de atendimento, em 07 de abril. Repetiu isso em setembro, e percebeu que um dia de manifestação não foi suficiente para mostrar aos planos de saúde que eles precisam sentar e negociar com a gente. Não teve o efeito esperado. O que a gente quer é contar com a compreensão da população. Nesse período, a gente quer uma adesão da imensa maioria dos médicos que atendem plano de saúde. A gente sabe que cerca de 70% da população utiliza o Sistema Único de Saúde [SUS]. Os outros 30% da população estão envolvidos ou em planos de saúde, medicina suplementar e privada, que é em torno de 45 milhões de brasileiros. Como o movimento é nacional, é nessa fatia que a coisa vai acontecer.

O que a gente percebe hoje é o shopping da saúde Quais as principais reivindicações? JCB - A nossa bandeira é que não haja consulta abaixo de R$80. O ideal é chegar próximo a R$100. E a partir daí que haja reajuste anual, com algum índice. Isso é um ponto. O outro é a utilização da versão atualizada da CBHPN [Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos], como referencial para honorários médicos. Nós já estamos na sexta edição [de valores] e tem uns que estão na terceira. Têm os extremos, que estão 20 anos atrasados, e esses outros agora que estão há 6 anos atrasados. E um capítulo à parte é a Unimed, porque é uma cooperativa de médicos. Qual deve ser a aderência dos médicos em Curitiba? JCB - A gente espera que haja uma adesão bastante grande de 70%, 80%. Aqui tem uma caixa de repercussão muito grande, por causa dos meios de comunicação. A gente consegue bas-

tante espaço, até para que a opinião pública também seja elucidada a respeito disso tudo. Se os planos de saúde cederem à reivindicação, esse custo não será repassado à população? JCB - O grande problema é que as próprias empresas dos planos de saúde fazem seus balanços com lucros fantásticos, exorbitantes. Boa parte desse lucro vem da exploração de uma classe que ficou quieta por mais de 10 anos, que é a classe médica. Não existe plano de saúde sem médico. Se eles praticam reajustes aos fornecedores, do próprio consumidor, vão ter de colocar nessa balança toda, talvez diminuir sua margem de lucro para colocar a reivindicação da classe médica. Outra bandeira importante, que surgiu aqui na Associação Médica do Paraná, é a possibilidade da Agência Nacional de Saúde ter como produto para os planos de saúde, planos com desvinculação da consulta médica. A consulta seria paga de forma particular, e no contrato teria ou não o tipo de ressarcimento. E isso faria com que os planos fossem 30%, 40% mais barato do que hoje é. Isso já existe em outros países? JCB - Não. Algo novo pensado aqui. Essa seria uma possibilidade também de acabar com o problema de alguns planos de saúde que tiveram recentemente o seu direito de permanecer ofertando à população o plano de saúde, que não cumpriu os prazos de sete dias para consulta, o prazo estabelecido para conseguir o exame. Porque o que a gente tem percebido com o movimento é que os médicos, individualmente, estão saindo dos planos de saúde. Algumas especialidades específicas é muito difícil de encontrar. Quais? JCB - Endocrinologia tem uma dificuldade grande. Pediatria tem uma REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 5




dificuldade bastante grande. Então, como é que o plano de saúde vai ofertar, dentro daquele prazo estipulado pela ANS, se não existe o médico interessado. A situação está caminhando para que isso aconteça em breve.

Roberto Dziura Jr.

entrevista João Carlos Baracho

Em relação à ANS, ela tem tido uma postura firme nesse processo? JCB - Nós fizemos denúncia à Agência Nacional de Saúde quanto a não fiscalização dos reajustes daqueles contratos que tinham a cláusula de reajuste. E a ANS demorou muito tempo para se posicionar e, de fato, não fez esse tipo de cobrança. A gente percebe que existe uma morosidade no processo, que a ANS poderia ser mais incisiva, mas que ainda lá, na diretoria da ANS, existe até certo conflito, porque vários diretores são oriundos dos planos de saúde. A ANS colocou em consulta pública a proposta de criar Ouvidorias nos planos de saúde. Isso seria uma arma para o usuário ou uma falsa sensação? JCB - Nós acreditamos bastante na eficácia da democracia. As entidades médicas têm de estar atentas para saber se isso realmente vai acontecer. A outra coisa importante é a opinião pública, a consciência da própria população de saber utilizar, e saber cobrar todos os seus direitos. Por isso, é importante ler todo o seu contrato. E uma das coisas que a gente tem percebido é que alguns oferecem, mas, de verdade mesmo, o plano na hora da assinatura não tem exatamente aquilo que é a propaganda. Desse modo, a classe médica se considera refém dos planos de saúde? JCB - A medicina é uma profissão que inclui estar dentro de um consultório. Ela é bastante solitária. Ao mesmo tempo, em hospitais, existem as conversas de corredor, mas tem muito médico que tem dois, três, quatro, cin8 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

co atividades em locais diferentes e está sempre correndo de um lado para o outro. Então, o que a gente percebeu é que o senso crítico do médico ficou um pouco adormecido pela correria e pela necessidade de subsistência na busca do seu patamar de necessidades. E fez com que a classe médica ficasse quieta por muitos anos. Então, dessa maneira, o médico acabou ficando refém nesse sentido. Mas agora, com todo esse reposicionamento da classe médica, [estamos] estimulado principalmente por esse médico, como profissional de valor, campanha aqui do Estado do Paraná. Quais outros passos que devem tomar depois dessa manifestação? JCB - A gente quer que a partir desses quinze dias de suspensão de atendimento, que a gente consiga obter uma rodada de negociação com os planos de saúde, para que a gente consiga chegar próximo à reivindicação. A gente tem conseguido colocar para os planos de saúde a possibilidade desse reajuste ocorrer no decorrer do tempo, até, por exemplo, julho de 2013. A partir do momento que eles não venham conversar, aí nós vamos ter de reunir a classe médica novamente para saber exatamente o que pretendemos fazer. Mas, lembrando sempre que a opção de descredenciamento é individual, você consegue manter o seu consultório sem plano de saúde. Porque existe uma normativa, a Colsul nº8 que diz o

seguinte, você pode consultar seu médico particular, mas você tem direito a exames e procedimentos pelo plano de saúde, de qualquer médico. Então, eu não preciso ser médico do plano de saúde para pedir um exame e obter o exame através do plano de saúde. Se você acreditar, a classe médica não sabia até o ano passado [disso]. A gente acabou computando, no ano passado, até cerca de dois mil pedidos de descredenciamento individuais. Praticamente não tem endócrino no plano de saúde, o anestesista, a cirurgia cardíaca. Então, a situação está realmente ganhando uma proporção bastante grande. Se você me disser assim, qual o próximo momento? Eu acho que o médico vai pensar se vai querer ficar no plano de saúde. Como fica a população nessa situação? JCB - Nós acreditamos muito no resgate de uma coisa muito simples na prática médica, que é a volta da relação médico x paciente, com a confiança no seu médico. Porque o que a gente tem percebido também, e que tem onerado muito os planos de saúde, é que um mesmo paciente recorre a três, quatro, oito médicos e cada um pede um exame diferente. Talvez pela pressa do atendimento, pela falta do vínculo, e o paciente tendo a facilidade no plano de saúde de ter consultas ilimitadas, você acaba que o sistema fica absolutamente oneroso. Talvez da população, o que a gente pudesse esperar é assim: tente escolher o seu médico. Vai levar mais de década para começar a mudar o comportamento do próprio usuário. O que a gente percebe hoje é o shopping da saúde. Você realmente quer consumir. Nada melhor que a mudança do estilo de vida. Ter um estilo de vida saudável. Tem sistemas de saúde, como o canadense, que existem check-ups específicos por faixa de idade. Talvez fosse uma saída interessante. Procurar na internet e depois sair querendo fazer todos os exames. Como chama isso? Cibercondria. Descobri outro dia.


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mensagens do(a) leitor(a)

Aplicativo da MÊS

Começa pelo fato de ser gratuito, o que faz com que seja ainda mais atrativo. Tem uma ótima navegação, é super rápido! Infelizmente, não consegui comentar através do iPad, somente através do site! De forma geral, principalmente, sendo ainda um “bebê”, estão de parabéns pela iniciativa do aplicativo! Muito rápido e com matérias diferentes, bem interessante! Obrigada pela abertura ao leitor, isso mostra que a Revista MÊS se importa com os seus leitores.

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor.mes@revistames.com.br | Twitter: @mes_ pr | Facebook: MÊS Paraná. Participe!

Camila Nardino, no e-mail

e-mail Segurança Existem muitas deficiências de estrutura em construções de habitação popular no que se refere à segurança, por exemplo. No Tatuquara, há centenas de sobradinhos populares do programa Minha Casa, Minha Vida, que não têm qualquer hidrante dos bombeiros. Seja nos conjuntos Boa Esperança I e II, seja também no Conjunto Boa Esperança III, com 312 unidades que estão para ser entregues à população. Todos localizados na Rua Presidente João Goulart, Bairro Tatuquara, em Curitiba. Será

/MÊS Paraná

Ligia Valente - Adorei a reporta-

gem da vacina da gripe!

Jimi Rosales Vargas - Nossa,

vocês são D+ ! Cada reportagem! Conhecimento e informação certa na medida! Parabéns a todos.

Corretor Wolff - Olá recebi a

minha Mês Paraná e achei muito boa, com ótimas matérias ao que se trata de nós Curitibanos. Continuo parabenizando a esta revista mensal que nos traz a melhor informação, assine também a sua, não irá se arrepender.

Bianca Rebolho - Parabéns por esta nova edição. A matéria sobre

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que o Departamento de Urbanismo e o próprio CREA, e os bombeiros não fiscalizam? Nem inspecionam estes grandes empreendimentos de aglomerados populares? José Espindola

Ponto de Ônibus Faltam assentos nas estações tubo do transporte coletivo de Curitiba, e quem sofre são mulheres com crianças de colo e idosos. Sabemos que a qualidade no sistema teve significante queda, superlotação e o tempo de espera nestes “fornos envidraçados”, é em certos horários, intolerável. Célio Borba

Curitiba ser considerada como teste é muito interessante. Realmente, acho que o povo curitibano é muito exigente, mas embora façam os testes aqui, muitas coisas são lançadas no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Porque não aqui? Parabéns mais uma vez a Redação pela escolha das reportagens e design da revista. Não vejo a hora de receber a minha.

Jéssikah Borges - A revista MÊS está com as melhores matérias do nosso cotidiano, para que seus leitores estão super antenados e super bem informados, como por exemplo, a matéria da alergia que atinge a maioria das pessoas com algum tipo delas. À vocês da Revista estão de parabéns, a 20º edição está ótima...

Pauta Sugiro uma reportagem com o Trio Lamara, que toca samba às quintas no Bar Baran, Rua Augusto Stelfeld, 795, a partir das 19h30. É incrível o sucesso que eles vêm fazendo. Vale a pena conferir. Beatriz Malucelli

Parabéns Gostaria de parabenizar a equipe da Revista Mês pelo trabalho que vem fazendo na revista. Já tive a oportunidade de receber o exemplar três vezes, e percebi que os conteúdos são muito interessantes, bem escritos e fundamentados, e também variados. Parabéns! Amanda Ribeiro Macedo

@meS_Pr

Aline Vonsovicz - O blog da @

mes_pr está muito bom! Super atualizado e uma opção para se informar sobre tudo. revistames.wordpress.com

Iris Alessi - Hoje recebemos leitores na redação @mes_pr

Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor.mes@revistames.com.br


FOTOGRAMA

Tiago Muller

Curitiba do alto funde-se em luzes frias e quentes, e em movimentos e calmaria Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o leitor.mes@revistames.com.br

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sumário 4

entrevista

10

Mensagens dos leitores

11

FOTOGRAMA

36

5 perguntas para: Esther Cristina Pereira

62

DICAS DO MÊS

64

OPINIÃO

política Vitória da oposição em Curitiba

cidades / segurança 22

Homicídios deflagram falta de estrutura

opinião 25

Você acredita na justiça?

cidades / economia 26

A “grife” dos bairros de Curitiba

economia 28

14

MATÉRIA DE CAPA

Conquiste sua Saúde

Economia favorece trabalho temporário

economia

comportamento

30

46

Eixos de um Sul mais competitivo

A morte vista por vários ângulos

internacional

agropecuária

48

32

turismo

Paraná como referência

Olhar econômico na disputa americana

educação

50

34

esporte

Dupla infalível na educação

saúde 38

Pele sobre pele

tecnologia 40

Jogos na ponta dos dedos

meio ambiente 42

O valor de ser sustentável

52

Sombra e água fresca

Esporte para a mente

automóvel 54

Pronta para qualquer terreno

moda&beleza 56

A beleza de cada um

culinária&gastronomia 58

Paladar germânico

comportamento

cultura&lazer

44

60

Mais consumo gera mais problemas e reclamações

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26

Palco de cenas históricas

36

Fotos: Roberto Dziura Jr.

18


editorial

A famosa regra dos 3 J

á reparou como a regra dos 3 funciona para quase tudo? Não menciono aqui a matemática quântica. Mas a matemática da vida, que mostra como isso pode ser levado em conta. Na natureza, por exemplo, pode-se ver isso na criação de um novo ser, em que o óvulo (fator 1) encontra o espermatozoide (fator 2), formando um terceiro elemento, o bebê (fator 3). Em nossa sociedade isso também funciona. Não é à toa que muitos livros rendem trilogias. Dessa forma também trabalha o cinema. E, ainda, tem aquela famosa frase que toda história tem 3 lados: o seu lado, o lado dele(a) e a verdade. Não que se esgote em 3 fatores, porém é como se fosse a perfeita ligação entre as pontas de um triângulo. Nessa mesma sintonia triangular é que a edição de Outubro foi construída. De pautas interessantes, foram apuradas informações, resultando em reportagens repletas de conteúdo. Dá só uma olhada como a dinâmica funcionou bem na 21ª edição. A Matéria de Capa traz como pilares três elementos, que podem ajudar a sua vida. Injete exercícios regulares em sua rotina, adicione ingredientes saudáveis em sua alimentação e voilà: longevidade. Assim terá 3 vezes mais chances de ultrapassar os 80 anos de idade. A prova é de uma pesquisa inédita realizada por médicos paranaenses que a MÊS traz com exclusividade a você. Aproveitando o gancho do ineditismo, nas Eleições 2012, a combinação foi uma campanha que surpreendeu a maioria (fator 1), com votos nas urnas (fator 2) e o resultado (fator 3) que você confere nesta editoria de Política. Já na matéria de Moda&Beleza, a combinação triangular segue a lógica: uma pessoa procura um profissional de beleza, que vai trabalhar sua imagem conforme suas prioridades e personalidade. Pronto! O resultado é a técnica visagismo. Em Economia, foram elaboradas duas “trilogias”. Uma é do debate que combina o fim de ano + compras = aumento do trabalho temporário. A outra trata dos gargalos diagnosticados pelas indústrias do Sul, combinados aos projetos de melhorias, que agora precisam de investimentos para dar maior competitividade à região.Veja como isso será possível. Outra combinação perfeita na regra dos 3 está na editoria de Educação. Seríamos uma nação ideal se os pais, junto às escolas, dessem condições para melhorar a formação de seus filhos. Assim como Curitiba também seria um lugar melhor para se viver, se não faltasse estrutura para os policiais e tivéssemos menos criminalidade. Questão abordada em Cidades. São muitos outros debates importantes para o Paraná que a MÊS apresenta nesta edição. Aproveite para ler a publicação impressa (modo 1), compartilhe o site (modo 2) e baixe o aplicativo para tablet e celular (modo 3). Desculpe, mas a regra de 3 pega mesmo... Boa leitura!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor.mes@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Bianca Nascimento, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves e Agência Focar (distribuição nos semáforos) agenciafocar.blog.com; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimento.comercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Tiago Muller, Rogéria Dotti e Karina Reis.

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matéria de capa

Conquiste sua Saúde Pesquisa inédita de médicos paranaenses aponta qual o fator mais favorável para se chegar aos 80 anos com qualidade de vida; saiba qual é e aplique a sua vida

O

Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br

Paraná está entre os estados com uma das maiores expectativas de vida do País. Representa a sexta posição do ranking elaborado pelo Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPPUC também indica que 48,25% é o número do crescimento da população idosa (mais de 60 anos de idade) no Estado. São mais de 64.470 novos idosos entre 2000 e 2010. É, meu caro leitor, não tem como fugir deste cenário, a população, incluindo você, está envelhecendo. Diante disso, já pensou qual o legado que deixará para você mesmo quando

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envelhecer? Ou se já está na melhor idade: qual o estilo de vida que leva nessa fase da vida? São questões de um caminho sem volta. O tempo corre e inevitável mesmo na vida é amadurecer. Mas trabalhar hoje em prol da sua saúde fará toda a diferença quando chegar à melhor idade.

Angiotomografia Cardíaca. A apresentação deste estudo foi no Congresso Americano de Cardiologia Nuclear 2012, que é um dos maiores eventos de cardiologia nuclear do mundo, em Baltimore (Estados Unidos), em setembro, e a comunidade médica mostrou bastante interesse na pesquisa.

Pesquisa

A Revista MÊS traz os resultados com exclusividade, antes mesmo da publicação em revistas científicas ou jornais da área.

Médicos curitibanos, da clínica Quanta Diagnóstico e Terapia, trabalharam por mais de cinco anos em uma pesquisa que pode mudar a forma de encarar sua saúde e a velhice. Os resultados foram apresentados no último mês, pelos médicos João Vitola, diretor da Quanta e o cardiologista Rodrigo Cerci, coordenador do Serviço de

De acordo com os médicos, a clínica tinha à disposição uma base de dados de 40 mil pacientes ao longo de uma década. Destes, elegeu-se 1.358 pacientes com idade superior a 75 anos para acompanhar durante cinco


Definitivamente, não. “Aqui nós estamos batalhando, exatamente, para valorizar variáveis simples de grande relevância”, afirma o pesquisador Dr.Vitola. “Temos tentado tirar essa ideia de que a gente vai ter um milagre para não envelhecer. Essa é a principal ideia que mais prejudica”, aponta ainda a presidente da seccional do Paraná da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Debora Christina de Alcantara Lopes. Assim, o que se mostrou absolutamente eficaz na pesquisa foi uma simples iniciativa que durante a melhor idade resumirá as escolhas que fez durante a sua vida. “O que surgiu e que chamou muito a atenção da comunidade internacional foi o simples fato do paciente conseguir fazer um exercício da esteira”, diz o médico João Vitola. É isso mesmo! O objetivo traçado foi colocar esses pacientes em um corriqueiro exame de esteira, e seriam analisados os batimentos cardíacos e a qualidade de funcionamento do coração. Dos 1.358 pacientes, 558 conseguiram fazer o exame na esteira e atingiram a frequência mínima exigida para o exame, dependendo da idade. Outros 210 precisaram ingerir medicamentos e, ainda assim, conseguiram subir por algum tempo na esteira. Mas 590 dos pacientes só conseguiram ser examinados por meio de farmacológicos (remédios). “Aquele que consegue se exercitar, chegar aos 79, conseguindo se exercitar, ele vai ter em torno de três vezes mais chance de estar vivo num período de cinco anos”, explica Vitola.

Resultado Assim, chegou-se à principal conclusão. “Nós que trabalhamos com alta tecnologia, médicos e população fiquem atentos! Que o simples fato de conseguir subir na esteira, estamos identificando como o mais forte preditor para alguém estar vivo depois de cinco anos. Estudando uma população propositalmente de altíssimo risco, com uma mortalidade maior, porque é uma população idosa”, conclui o pesquisador.

Elegeu-se 1.358 pacientes com idade superior a 75 anos para acompanhar durante cinco anos, sendo 54% de mulheres e 46% homens Para quem não tem essa idade ou está longe disso, a pesquisa continua sendo de grande valia, de acordo com o pesquisador Rodrigo Cerci. “Hoje eu Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

anos, sendo 54% de mulheres e 46% homens. Cerca de 16% dos pacientes morreram durante o estudo. O restante, com média de idade de 79 anos, ao final dos cinco anos, foram alvo de análise do coração, indícios da não mortalidade e dos fatores que indicariam um caminho para a longevidade, com qualidade de vida. Seria uma chave mágica para a juventude?

tenho 55, tenho 40, tenho 30 anos. A informação é que para eu chegar aos 75 anos bem, é a capacidade de eu estar fazendo exercício físico. Então, eu tenho que me preparar para chegar aos 75 com a possibilidade de me exercitar.” “Ninguém chega aos 60 com saúde, levando uma vida desregrada, com álcool, cigarro, sedentarismo. É importante que você viva de uma forma saudável durante a vida toda. O principal problema hoje no Brasil é a doença cardiovascular”, completa ela. O índice de mortalidade quando se tem problemas no coração é alto, é a maior causa de mortes por doença no mundo. Chega a 30% das mortes por problemas cardiovasculares e, no Brasil, o valor cresce para 32%. Todos os profissionais ouvidos pela reportagem são unânimes em afirmar que essa doença é a mais preocupante nos dias atuais. “Você pode ter feito uma plástica no rosto, mas o seu coração pode não funcionar”, comenta a geriatra. A receita não é mágica, não é mesmo?! Nem instantânea. Parece ser conhecida por quase todos, mas praticada de fato por poucos durante toda a vida. Mas certamente os frutos serão colhidos na última fase da vida. Um exemplo disso são os japoneses. “Onde é que está a maior longevidade? Japão. A expectativa de vida de uma mulher no Japão está em torno de 85 anos. Se você olhar onde está a maior porção de centenários lá é Okinawa. [Segredo] é andar. Não estamos falando em correr uma maratona, estamos falando de andar, ir ao mercado. Sair da inércia”, compara Vitola.

Fator cultural

Segundo os médicos João Vitola e Rodrigo Cerci, chegar perto dos 80 anos com capacidade de fazer o teste na esteira é o principal indício de longevidade

Isso também revela outro resultado da pesquisa ao mostrar que isso também pode ser um indicativo cultural. “Uma das reações fortes [da comunidade internacional] é que dos nossos pacientes no Brasil, 60% dos pacientes nós conseguimos colocar na REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 15


matéria de capa

No entanto, priorizar sua saúde é de fato o melhor remédio em qualquer fase da vida. “Exercício é um remédio, só que ele leva uma hora para tomar e são três vezes por semana. Vários tipos de doença, você eliminaria com muita tranquilidade”, atesta o educador físico Tadeu Natálio, que sempre foi ligado ao esporte e hoje aos 56 anos se apresenta com uma vitalidade de dar inveja. Ele que contabiliza mais de 100 mil km andados, o que, segundo ele, daria para dar mais que uma volta ao mundo, dá como testemunho seu gosto pela prática esportiva. “Me sinto feliz e satisfeito.”

Para Natálio, o exercício físico vem de dentro para fora. “Você quando começa a fazer exercício físico, nunca vai melhorar a parte externa. Primeiro, você melhora sua parte cardiovascular, você começa a ter resistência, melhora a qualidade e quantidade da atividade física e a partir daí, ajudado com a alimentação correta, ele começa [a melhorar] a parte externa.”

Três pilares Para que o corpo sempre esteja ativo, é preciso manter três fatores em dia, segundo os pesquisadores do estudo. Trabalhar a força muscular, a flexibilidade e exercício aeróbico (cardiorrespiratório). Isso reduzirá em maior grau o nível de mortalidade e dará a você a qualidade de vida que almeja na terceira idade. É o que faz a ex-professora de português, Célia Virginia Ramos Rodrigues (61), aposentada há 15 anos. Ela

Faça você mesmo Conheça 10 dicas para uma atividade física adequada:

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.

Fracionar as atividades (3x por semana) Meia-hora por vez Constância intercalada Impor objetivos e superação Baixar a intensidade e a longa duração Saber praticar da forma correta o esporte escolhido Dois a três meses continuamente, são ideais para acostumar o corpo Não pode desistir, antes de tentar Liberar endorfina é a principal razão do prazer no exercício físico Melhorar a aparência física

Fonte: Preparador físico Tadeu Natálio

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Roberto Dziura Jr.

esteira. Na população americana, 60% considerando todas as idades, inclusive os jovens, precisaram de teste farmacológico”, aponta o médico Vitola. “Existe uma série de fatores de risco que a gente vai acumulando no sistema cardiovascular. Não quer dizer que tudo que você faz vai se acumular”, pondera Cerci.

Tadeu Natálio diz que já influenciou mais de três mil pessoas a praticar o exercício físico

pratica três vezes por semana yoga, faz esteira quase que diariamente e faz alongamento logo que levanta e quando vai dormir. “A vida para mim é o dia a dia. Faço aquilo que eu gosto. Tenho prazer em tudo em que faço”, diz Célia. E não dá para dormir no ponto. A hora de começar a mexer o corpo é agora. “O nosso corpo humano foi feito para ser trabalhado. Quem disser que vai ficar dormindo 25 anos da sua vida e vai viver 100 anos. Não vai”, completa o educador físico. “O resultado da saúde é um resultado em longo prazo”, também indica Vitola.

Tempo Uma das grandes questões apontadas pelas pessoas como fator impedidor

Sempre ingerir Para manter o corpo hidratado Beba oito copos diários de água (1,5 litro/dia), complete com chás e sucos Fonte: Nutricionista Tanira da Silva


da atividade física regular, é a falta de tempo. Ok, você pode até concordar com isso. Mas, segundo o médico Cerci, “em geral, a gente encontra tempo para tudo”. É uma questão de se priorizar. Numa conta rápida, o cardiologista aponta as seguintes tarefas diárias: 8h para dormir, 8h para trabalhar. Sobram ainda 8h para fazer outras atividades. Incluir o exercício físico em um horário conveniente alguns dias da semana é essencial para uma qualidade de vida melhor e pode garantir a longevidade. O cardiologista Cerci dá esse conselho a seus pacientes e relata que ao incluir exercícios na rotina de seus pacientes, eles dizem: “parece que o dia fica mais longo. Apesar de parecer que você está perdendo tempo, o dia fica mais longo”. Podem ser caminhadas para ir ao trabalho, por exemplo. Ir ao mercado. Andar com o cachorro ou mesmo brincar com seus filhos. Mas cuidado para não achar que tudo é atividade física. “Andar em shopping, não é atividade física”, brinca o personal trainer. Isso porque precisa ter uma continuidade de no mínimo 30 minutos sem interrupção e numa rotina de exercícios físicos semanais (veja box), de preferência com orientação médica regular e acompanhamento de um profissional.

Alimentação Outro importante fator para manter-se bem durante a vida e, principalmente, ver os resultados durante a melhor idade é a alimentação. Item,

Evite ingerir Para combater o excesso de peso Açúcar, gorduras saturadas e farinha branca

alimentação saudável Alimentos antioxidantes: Retardam o envelhecimento Vitamina E Suco de uva, castanhas, amêndoas e nozes Vitamina C Acerola, limão, kiwi e frutas vermelhas Ômega 3 e 9 Azeite de oliva e peixes

que também não é novidade, mas sempre vale a pena destacar. De acordo com a nutricionista, Tanira da Silva, da clínica de estética Onodera, alguns alimentos naturais auxiliam o organismo a diminuir os efeitos do envelhecimento (veja box). “O que tenho notado muito, acho que a geração de pais hoje é muito diferente da geração de pais do que era antes. O estímulo pela alimentação saudável diminuiu, pela praticidade”, alerta também o médico pesquisador Cerci. Por isso, é necessário, encontrar a medida certa. “Achar o equilíbrio entre os macronutrientes, que são carboidratos, proteínas e lipídios”, avalia Tanira. As clientes de Tanira, em geral, são mulheres entre 30 e 60 anos, vão à clínica em busca de melhorar a parte estética. Mas é essencial que se busque uma harmonia entre três ingredientes, apontados pela nutricionista, como essenciais: alimentação saudável, atividade física e a estética para envelhecer com qualidade e de bem consigo mesmo. Mais uma informação importante é que “as pessoas não têm hábito de beber líquido. Se tem um alimento que nos ajuda a não envelhecer, é ter um corpo hidratado”, diz Tanira.

Mente sã Como é inevitável envelhecer por mais que você possa negar esse fato, o melhor caminho é se preparar para essa fase da vida. “[O processo] é desestruturante para qualquer pessoa”, aponta Michelle Fillus, psicóloga da Paraná Clínicas. “Essa é uma queixa bem comum na clínica”, diz. “Por mais que você tente adiar, você pode amenizar, mas não vai conseguir eliminar esse processo. Toda vez que o ser humano não tem controle é que gera a situação de problema, a angústia. É em cima disso que a gente trabalha”, complementa. Isso ocorre, pois a cada término do ciclo de vida, se entra em um processo de luto. Outro fator que desencadeia a não aceitação da velhice é que culturalmente “não temos respeito por nossos idosos. Por isso, ninguém quer envelhecer para não ser tratado assim”, comenta a geriatra. É aí que entra a tal da síndrome de Peter Pan, que muitas pessoas gostariam de possuir a receita para a juventude eterna. “A gente se choca sim. Mas depois a gente vai se aceitando. A coisa vai devagar, não acontece de uma vez só”, comenta Célia, que diz lidar bem com essa fase da vida. “A dica é viver cada contexto. Então, tentar trabalhar nem fixado no passado, nem no futuro. Tentar transitar pelas fases da vida de uma maneira mais tranquila”, orienta a psicóloga cognitiva comportamental. “Por mais óbvio que isso pareça, as pessoas negam profundamente até que elas cheguem nesse momento que não dá mais para negar.” Por isso, trabalhe a tolerância a suas limitações, a capacidade de lidar com a vinda das rugas, exercite o aprendizado em cada fase da vida e chegue com serenidade e sabedoria na melhor idade. Para isso, o seu elixir da juventude será entender que a saúde está na mente sã e no corpo são, derivados das escolhas que fez durante toda sua vida. Não há mistério. Há conscientização e ação. Mexa-se! REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 17


política

Vitória da oposição em Curitiba Neste segundo turno, Ratinho Jr. deve fortalecer seu eleitorado e aprofundar suas propostas de renovação; Gustavo Fruet vai buscar os eleitores de Ducci e Greca, apostando na experiência

A

Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br

Em quase 25 anos, pela primeira vez um prefeito candidato não se reelege ou está fora do segundo turno. Foi o caso do candidato do PSB, Luciano Ducci. Uma quebra de paradigmas. Uma eleição histórica. Uma derrota do grupo político, liderado pelo governador Beto Richa (PSDB). “A agenda política teve uma série de causas principais [na derrota]. Uma causa que foi muito apontada nas pesquisas qualitativas, é a saúde, considerando que ele [Ducci] é médico”, observa o cientista político, Ricardo Costa de Oliveira. O que fugiu da lógica numérica das pesquisas e surpreendeu mesmo foi 18 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

Roberto Dziura Jr.

lguns números, no domingo (07), das Eleições Municipais em Curitiba prenunciaram resultados. A cidade ensolarada teve máxima de 31,6ºC. A temperatura elevada já avisava que a disputa seria de tempo quente. Ratinho Junior (PSC) foi o primeiro a votar entre os candidatos. Primeiro também ele esteve nas urnas, com 332.408 votos, o que representou 34,09%. “Lutamos como um leão, porque tínhamos três minutos de televisão para enfrentar dois grupos poderosos”, diz Ratinho Jr.

o segundo colocado. Durante todo o momento da apuração, Gustavo Fruet (PDT) figurava no segundo lugar, oscilando entre 26 e 27%. Diferentemente do cenário apontado pela maioria das pesquisas durante toda a campanha. Foram 265.451 votos,

Ratinho Jr. terá mais tempo na TV e Rádio e diz que campanha deverá ser mais igualitária neste 2o turno


da margem de erro. Erro de metodologia ou seguimentos do eleitorado que não foram bem avaliados”, analisa Oliveira.

Alianças Até o fechamento desta edição, não haviam sido fechadas as alianças para a disputa do 2º turno. Mas a tendência demonstrada nos bastidores era de que o governador Beto Richa (PSDB), que antes estava com Ducci, iria levar apoio à Ratinho Jr. “Não abro mão da minha independência política”, coloca Ratinho Jr., mesmo mostrando sua intenção em ampliar as alianças. Já Greca (PMDB) pode ser que apoie o Fruet, mas ainda nada definido. A campanha agora deverá seguir em termos mais iguais, já que os candidatos terão o mesmo tempo de TV e poderão debater as propostas e mostrar o que os diferencia. “Nos dá a oportunidade de apresentar as nossas propostas com mais clareza e com mais tempo. Vamos agora organizar um programa apresentando nossas propostas de maneira muito mais didática”, conclui Ratinho Jr. “Espero que a tendência dessa eleição, seja menos desigual de estrutura [...] Tempos iguais vai impedir que frases de efeito tenham resultado. Vai exigir muito dos candidatos: consistência, conteúdo, postura e aprofundamento em alguns debates”, se posiciona Fruet.

Eleitorado

“Cabe a crítica a algumas pesquisas de opinião, que não conseguiram antecipar os resultados, mesmo dentro

“Foi fácil escolher meu candidato. [Votei] entre o ‘menos pior’. Foi um voto embasado, pesquisei muito

Roberto Dziura Jr.

27,22% do eleitorado. “É a primeira vez que há um sentimento forte de mudança na Capital”, afirma Fruet.

De acordo, com eleitores ouvidos pela reportagem no dia da votação, existem ainda basicamente dois perfis de cidadão na hora das Eleições. Aquele que estuda o passado do candidato, analisa as propostas e, o outro, que pouco acompanha a política e decide na última hora seu voto. Essa tendência deve continuar neste pleito.

Gustavo Fruet foi apontado como melhor nos últimos debates na TV, o que pode ter ajudado no resultado, aponta o cientista político

REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 19


a Ficha Limpa, o que fez e as propostas”, comenta Liane Holzbach Sachser, psicóloga. Já a contadora Mônica Freiria, confessa que não acompanhou muito essa campanha. “Fiquei em dúvida entre dois candidatos. [Decidi] há poucos dias”, afirma. Curitiba possui 1.172.939 eleitores que vão experimentar novamente a

votação por meio do sistema biométrico neste segundo turno. Durante a primeira fase no último dia 07, o principal crime registrado foi boca de urna. “O que demonstra uma maturidade da população”, disse o Comandante-Geral da PM, coronel Roberson Luiz Bondaruk. A Polícia Militar colocou nesta operação um efetivo 20% a mais do que na última eleição municipal.

Nas ruas, muito lixo deixado pelos candidatos, mas o que se viu foi um ambiente de tranquilidade. “Se há uma expressão que a gente pode dizer no dia de hoje [07] essa palavra é tranquilidade”, disse Cid Vasques, secretário estadual de Segurança. O mesmo clima é o que se espera no dia em que será escolhido o prefeito da cidade. O segundo turno ocorre no dia 27 de outubro.

Câmara Vereadores renovam a Casa Depois dos escândalos envolvendo vereadores da Câmara de Vereadores de Curitiba no ano passado, a Casa precisa construir sua credibilidade e mostrar a que veio. É o desejo da população que mostrou renovação dos quadros da Casa, com 18 novos eleitos. Ainda assim, possui 20 reeleitos nos quadros desta votação. “Teve a correia de transmissão das candidaturas do Ratinho e do Fruet, elas contribuíram para bancadas mais expressivas. E o PSDB encolheu, com a derrota de Luciano Eleitos Mestre Pop ................................. PSC Tiago Gevert .............................. PSC Ailton Araújo ............................. PSC Bruno Pessuti ............................. PSC Carla Pimentel ........................... PSC Rogério Campos ........................ PSC Aurício Ignácio .......................... PSB Colpani ....................................... PSB Helio Wirbiski ............................PPS Reeleitos Professor Galdino ................... PSDB Serginho do Posto ................... PSDB Felipe Braga Cortes ................ PSDB Beto Moraes ............................ PSDB Professora Josete ..........................PT Jonny Stica ....................................PT Pedro Paulo ...................................PT Sabino Picolo ........................... DEM Fonte: TRE-PR

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Ducci”, diz professor Oliveira. O candidato mais votado foi Cristiano Santos (PV) com 14.819 votos. Ele também é um dos mais novos vereadores, tem apenas 32 anos de idade. “Nossa principal bandeira é a segurança pública”. O primeiro projeto do vereador deverá ser uma proposta de implantação de clínicas de recuperação contra drogas, mantidas pela Prefeitura. Conheça os vereadores de Curitiba, eleitos para os próximos quatro anos. Paulo Rink ..................................PPS Pier .............................................PTB Geovane Fernandes ...................PTB Jorge Bernardi ............................PDT Cacá Pereira ............................ PSDC Chicarelli ................................ PSDC Cristiano Santos ........................... PV Toninho da Farmácia .................... PP Chico Uberaba ..........................PMN Julieta Reis ............................... DEM Aladim ......................................... PV Paulo Salamuni ............................ PV Tico Kuzma ............................... PSB Dona Lourdes ............................ PSB Noemia Rocha .......................PMDB Jairo Marcelino ..........................PSD

As urnas biométricas foram implantadas com tranquilidade em Curitiba

Roberto Dziura Jr.


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cidades / segurança

Delegacia de Homicídios de Curitiba conta com 75 profissionais para quase 2 milhões de habitantes

Homicídios deflagram falta de estrutura

Reportagem da MÊS acompanhou plantões da Delegacia de Homicídios, em Curitiba; assassinatos diminuíram nos últimos anos, mas falta de equipamentos ainda prejudica o trabalho de investigação da Polícia Civil

S

Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br

ábado de sol, 8h da manhã. Os policiais civis da Delegacia de Homicídios de Curitiba chegam para mais um plantão e recebem a notícia de que a noite anterior havia sido agitada. A prova disso era a presença de vários jornalistas na Delegacia para uma entrevista com o delegado titular, Rubens Recalcatti. Foram cinco locais de morte, uma ocorrência de

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lesão corporal e uma de suicídio na noite anterior. A equipe que acabava de chegar, não sabia se alguma morte aconteceria em seu turno, mas de uma coisa tinham certeza: teriam muito trabalho pela frente. Perto das 10h do mesmo dia, chega a família de um dos rapazes morto na noite anterior. Precisavam liberar o corpo para enterrar a vítima. Após muitos telefonemas e três tentativas, acharam onde o rapaz estava morando.

Mais conhecido como Meg, ele morava de favor atualmente no bairro Fazendinha. Segundo a dona do imóvel, ele era usuário de drogas e costumava consertar celulares. Para ela, este“ofício” havia levado Meg à morte. “Apareceu um cara aqui, que deixou um celular pra ele arrumar e eles discutiram”, relata a moradora. Meg levou os tiros na esquina da casa em que morava. Suas pernas também apresentavam fraturas, o que pode ter sido consequência de um atropelamento.


Três dias depois, outro grupo de policiais, responsável por dar andamento aos BOs daquele plantão, retornou ao local do crime. Uma câmera de vídeo havia sido localizada na vizinhança, porém, as imagens não mostravam nada. Muitas testemunhas ouvidas, nenhuma pista concreta.

Investigação que segue

A Revista MÊS ouviu fontes ligadas à Polícia Civil, que identificaram um dos pontos mais frágeis da segurança na Capital: a deficiência na solução dos homicídios. Um sistema defasado, pouca colaboração da população, que tem medo de retaliação, e falta de pessoal para solucionar os homicídios são alguns dos fatores para delinear este cenário.

Contingente policial O ex-diretor geral da Secretaria Pública do Paraná entre 2003 e 2004, advogado e professor da UniBrasil, Marco Berberi, confirma esses problemas. “O contingente policial é pequeno? É. Será sempre? Pela perspectiva que se tem sim. O investimento em segurança pública sempre vai ser pequeno. Quanto mais você investe, mais irá precisar. Mais é necessário se atualizar. A polícia sem tecnologia é uma polícia que não se sustenta. A polícia tem de trabalhar cada vez com tecnologia mais apurada.” Entretanto, em relação ao pessoal, o delegado Recalcatti se mostra mais

satisfeito. Atualmente, cerca de 75 pessoas fazem parte da equipe da delegacia para atender uma população de quase dois milhões de habitantes. “Eu não posso reclamar do meu número de policiais [...] Outras épocas foram muito difíceis. Claro, não é o ideal, mas é razoável”, afirma Recalcatti. Outro problema é que os investimentos em segurança não acompanharam o crescimento da cidade, aponta o delegado titular. “A cidade cresceu e a evolução da segurança não cresceu. Isso atrapalha muito”, garante. Os números apontam que ainda é preciso mais esforços para atender todos os casos. Segundo o Mapa da Violência 2012, divulgados pelo Instituto Sangari, Curitiba passou da 20ª posição em 2000, para a 6ª em 2010, Capital com mais homicídios por 100 mil habitantes, perdendo apenas para Maceió, João Pessoa, Vitória, Recife e São Luís. De acordo com o mapa, em 2010, foram 979 homicídios em Curitiba, sendo que estes dados eram preliminares. Dados mais recentes, cedidos

Falta de estrutura Apesar dos esforços dos profissionais da Delegacia de Homicídios, a falta de estrutura é evidente no trabalho diário deles. Viaturas, armamentos, equipamentos de informática e sistemas estão visivelmente ultrapassados. Alguns dos policiais adquirem equipamentos por conta própria para garantir sua segurança e melhor atuação. “Equipamentos são muito ruins. Sistema de internet é lento, devagar. A renovação dos computadores demora muito tempo. A cada dois anos tinham de estar renovando, como um veículo. Estamos 10, 12 anos com um veículo rodando. Eu tenho veículo aqui com 200 mil quilômetros”, conta o delegado titular, Dr. Rubens Recalcatti.

Mariane Maio

Mariane Maio

A investigação deste caso continua, assim como os 600 casos que estão sob responsabilidade apenas desta equipe, formada por dois investigadores, seis no plantão e dois escrivães. Destes inquéritos, só cerca de 50 devem estar concluídos. Alguns estão esperando encaminhamento e outros 60 são ordens de serviço aguardando para serem cumpridas.

Além disso, para ele, o sistema de inteligência precisa ser mais avançado. “Você precisa checar o nome de um morto, por exemplo, você tem de entrar em mais de 10 ferramentas pra levantar as informações. Quando se você tivesse uma ferramenta só que você jogasse lá o nome dele, CPF, RG e surgisse tudo, isso simplificaria o caminho da investigação em 70%”, diz.

Após uma tentativa de assalto a um policial civil e sua namorada, um dos assaltantes acaba morto na troca de tiros e as vítimas são encaminhadas ao hospital

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Roberto Dziura Jr.

cidades / segurança

A meta do delegado titular Dr. Rubens Recalcatti é de não ultrapassar os 650 homicídios em 2012

pela Delegacia de Homicídios, mostram uma diminuição deste índice nos últimos dois anos. Em 2011, foram 688 homicídios e neste ano, até agosto, havia sido registrado 424. A estimativa de Recalcatti é de chegar até 650 homicídios neste ano. Segundo os policiais, cerca de 85% desses crimes têm relação com o uso ou venda de drogas ilícitas (veja box).

Cerca de 85% dos homicídios de Curitiba têm relação com o uso/venda de drogas ilícitas

De plantão Em outro plantão, que a reportagem acompanhou, tudo parecia calmo. Era dia do jogo do Brasil e Argentina na televisão. Nesta situação, normalmente, brigas de bar são esperadas, mas não foi o que ocorreu naquela noite. 24 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

Quatro assaltantes aproveitaram a oportunidade para roubar uma casa no bairro Cajuru. O que não esperavam era abordar um policial civil e sua namorada. Durante o assalto, houve troca de tiros, um dos assaltantes foi morto e o policial civil e sua namorada também foram baleados e encaminhados a um hospital. Apesar da quantidade de ferimentos – 12 tiros na moça – a informação é de que eles passam bem. Os outros três rapazes que participaram do assalto, apesar de terem conseguido fugir do local, pareciam não conformados com a morte do amigo. Durante a madrugada, eles foram até o hospital em que o policial baleado estava e ameaçaram o rapaz. No dia seguinte, a equipe da Delegacia de Homicídios foi até o local para requisitar as imagens da câmera de segurança do hospital. Com o material, encaminhou o caso à Delegacia de Furtos e Roubos, que é a responsável em prosseguir com as investigações. Inquérito que segue em andamento. Diante da ousadia dos criminosos, fica evidente que a impunidade gera mais mortes na cidade. Ao mesmo tempo, provoca menor poder de investigação nos casos ainda não concluídos, com a visível falta de estrutura para agilizar o trabalho. Para o novo secretário de Segurança Pública do Paraná, Cid Vasques, o número de homicídios é elevado e ele garante que o Governo está atento a esta questão. “Evidentemente que para os padrões curitibanos é um número alto. Mas isso é um problema que o Governo do Estado está empenhado em resolver em função do número de policiais militares e civis, resultante de um processo de degradação da segurança pública que foi encontrada desde o começo da administração”, diz. Para melhorar o cenário, Vasques garantiu a contratação de mais cinco mil no Estado. “Estamos

ESTATÍSTICAS DE MORTES VIOLENTAS EM CURITIBA Homicídio

Lesões corporais seguidas de morte Confronto

Latrocínio

2011 2012* 688 424 18 17 48 13 24 19

Homem

675 431

Arma de fogo

642 377

Mulher

Arma branca Agressão Outros

103 42 65 37 45 27 26 32

Usuário de drogas 307 162 Envolvimento tráfico 145 Passional Rixa

Vingança

36

36 21

141 75

-- 29

Acerto de contas -- 10 Bala perdida

-- 5

Outros

149 136

15/25 anos

299 198

36/45 anos

123 68

0/14 anos 26/35 anos

46 ou mais

12 6

253 136 78 44

Idade não definida 13 21 Fonte: Delegacia de Homicídios *Até agosto

apenas esperando a definição do processo da Secretaria de Fazenda”, diz. É o que espera a população de Curitiba que traz o item da violência como o segundo mais preocupante para os moradores da cidade. Em pesquisa realizada pelo Data Folha, em julho, 31% das pessoas apontaram a Segurança como o pior problema da cidade, perdendo apenas para a Saúde. Além disso, para 25% dos entrevistados, o investimento nesta área deve ser prioridade do próximo governo municipal.


Divulgação

Rogéria Dotti

opinião

Mestre em Direito Processual Civil e membro da Comissão de Liberdade de Expressão da OAB/PR, advogada

Você acredita na justiça?

L

amentavelmente, a Justiça no Brasil vem apresentando baixo índice de credibilidade. Uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas apurou que as pessoas preferem antes confiar nas Forças Armadas, Igreja Católica, Ministério Público, grandes empresas e imprensa. Nessa ordem de confiabilidade, o Poder Judiciário aparece apenas na sexta colocação.

Mas, nem tudo é ruim. Há também boas notícias. A crescente atuação do próprio Conselho Nacional de Justiça e o esforço das corregedorias na busca de eficiência e celeridade são claros exemplos disso. Eles demonstram uma relevante aproximação entre o Judiciário e a população. Isso porque, até pouco tempo, não se tinha sequer conhecimento dos números envolvendo o atraso jurisdicional. Agora, a partir dos levantamentos oficiais e da conscientização, surgem alternativas para a solução. As estatísticas constituem assim, ao menos, um sopro de esperança para que os anseios do povo ganhem voz e repercussão perante as cortes.

O levantamento, feito no primeiro trimestre de 2012, consta do Relatório ICJ Brasil (Índice de Confiança na Justiça no Brasil). Ele apurou que apenas 42% da população confiam nos tribunais. O número, por si só, é alarmante. Ele demonstra que mais da metade dos ciA divulgação pela mídia de importantes decisões judadãos estão desiludidos com a atuação do Judiciário. diciais vem também conE isso é preocupante na metribuindo para um crescidida em que, desde o monomento da confiança. É o pólio da jurisdição – com a A divulgação pela mídia vem que se vê, por exemplo, consequente vedação à justambém contribuindo para um por meio dos debates e tiça privada – atribuiu-se ao crescimento da confiança comentários sobre o julPoder Judiciário a função de gamento da Ação Penal garantir a segurança e a harnº 470 (“Mensalão”). A opinião pública vem acommonia na vida em sociedade. Logo, pela própria orgapanhando a atuação do Supremo Tribunal Federal e nização do Estado, a confiança nos juízes deveria estar sentindo o efeito das decisões. em primeiro lugar. Por sua vez, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vem pesquisando e apresentando estatísticas a respeito do volume de trabalho em primeira e segunda instância. Os dados desanimam: no primeiro grau, a taxa anual de congestionamento é de 58% para as ações e de 84% para as execuções. Isso significa que de cada 100 ações novas, 58 não são julgadas dentro de um ano. Não é à toa que a população mostra-se descrente.

Como consequência natural desse debate, surge a pergunta: “Apesar das dificuldades, é possível acreditar na Justiça?” Muitos – felizmente – ainda pensam que sim. Afinal, Justiça é imprescindível. Valem aqui as palavras sábias do jurista italiano Piero Calamandrei: “Para encontrar a justiça, é preciso ser-lhe fiel. Como todas as divindades, ela só se manifesta àqueles que nela creem”.

Curitiba recebeu nos dias 27 e 28/09 o Seminário: “O Futuro da Justiça”, organizado pela OAB-PR REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 25


cidades / economia

Neoville é o nome dado à região entre os bairros Capão Raso, Novo Mundo e CIC

A “grife”dos bairros de Curitiba Não existem no papel, nem são reconhecidos pela Prefeitura, mas alguns nomes ganham fama e “alimentam” parte do mercado imobiliário

C

Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br

omo é formado o status de um bairro como Ipanema e Leblon no Rio de Janeiro? E o Itaim e Vila Nova Conceição, em São Paulo, que são regiões imobiliárias das mais valorizadas do Brasil?* Por ruas bem estruturadas, bom planejamento urbanístico, fácil acesso ao centro, alto padrão dos empreendimentos, pontos comerciais interessantes? Sim. Porém, além disso, existe o desafio de tornar áreas mais distantes e novas da cidade, atraentes aos olhos do consumidor. A capacidade de criar o desejo de morar nessas regiões da cidade é um dos combustíveis desse mercado. Assim, bairros antes pouco visados transformam-se em marcas conceituadas para morar e investir. “De janeiro de 2010 a março de 2012, houve uma variação de 43% no preço médio de venda dos imóveis em todo o Brasil”, diz estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que

26 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

sustenta ainda a teoria que existe uma “bolha” sendo formada no mercado imobiliário brasileiro, segundo Mário Jorge Mendonça e Adolfo Sachsida. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, do IBGE) para o mesmo período fixou-se em 25%.

Exemplo na Capital Assim como em outras cidades, em Curitiba esse fenômeno não é novo. Mas com o surgimento da nomenclatura “Neoville”, o tema ganhou repercussão na cidade. Esse bairro nomeado pela “população”, e não de forma oficial pela Prefeitura, compreende os bairros Capão Raso, Novo Mundo e CIC (Cidade Industrial de Curitiba). Foi a mais recente região que ganhou a “grife imobiliária”. “Geralmente, esses bairros novos é onde têm muita disponibilidade de área, o que faz com que se consiga fazer muitos lançamentos”, afirma Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mer-

cado Imobiliário do Paraná (Ademi/ PR). Mas para ele, isso não tem uma exata relação com a valorização ou não do imóvel. Hoje, o metro quadrado da região do “Neoville”, por exemplo, está entre R$ 3.839,00 (para apartamentos residenciais de 01 dormitório) e R$ 4.482,00 (para 03 dormitórios). “Como é uma área nova na cidade, precisa desenvolver o mercado. Chamar atenção”, completa Selig.

Outros bairros Já consolidados na cidade com a chancela de maior requinte foram o Champagnat (do bairro Bigorrilho), o Ecoville (do bairro Mossunguê), o Batel Soho (do bairro Batel) e o único que mudou de nome efetivamente em Curitiba por força dessa “marca”, o bairro Jardim Botânico. “Trata-se do antigo bairro do Capanema, que mudou de nome, em 1992 [...] Todos os outros exemplos citados são na verdade uma espécie de “grife” criada pelo mercado imobiliário para


estimular vendas em determinadas regiões da cidade”, informa a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Curitiba. “Muitas vezes, o mercado imobiliário acaba por batizar algumas regiões de forma que soe mais bonito aos ouvidos das pessoas ou que seja mais ligada a uma cultura popular local”, afirma João Auada Jr., diretor de negócios da Tecnisa. Roberto Dziura Jr.

A empresa Tecnisa está de olho nessa estratégia, já que pretende lançar ainda neste ano um empreendimento de alto padrão na cidade. Será o “The Five”, na região central de Curitiba, priorizando a “grife” para desenvolver o projeto. Serão cinco usos em um só empreendimento. Versão única na cidade, segundo a empresa. Terá uma rede de hoteleira não presente por aqui, uma parcela de salas de escritório, outra parte destinada ao mundo corporativo e mais uma porção referente às residências e lojas. “A cidade é dinâmica e é legal a população que está usando a cidade, que

acabe usando esse tipo de dinâmica. Em São Paulo isso é comum, em Nova York, isso é comum. Às vezes, isso parte do mercado imobiliário, às vezes, isso parte de lojistas, não é necessariamente o mercado imobiliário. Mas, sem dúvida, para quem tem um imóvel na região ou para quem tem um comércio acaba trazendo valorização”, completa Auada.

Posição divergente Em contraponto, está o vice-presidente de Locação e Administração Imobiliária do Secovi-PR, Luiz Valdir Nardelli. “Efetivamente, se você inventa o nome, ele pode criar um diferencial. Mas eu não acredito que

valores PREÇO MÉDIO DO METRO QUADRADO PRIVATIVO DOS APARTAMENTOS RESIDENCIAIS NOVOS EM CURITIBA - Jul/2012 Dormitór. 1 2 3 Ecoville

6.324 4.865 5.511

CIC

---

2.396 3.673

Jardim Botânico

---

5.477 4.837

Capão Raso

3.839 4.028 4.482

Novo Mundo

3.971 4.169 3.960

Bigorrilho 5.551 5.862 6.165

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Imagem ilustrativa

Ecoville

Curitiba possui 75 bairros, que foram criados desde 1975 em decreto nº 774/75

1.378

CIC

432

Jardim Botânico

360

Capão Raso

688

Novo Mundo

617

Bigorrilho

571

Fonte: Ademi-PR

seja uma coisa de muito peso para o mercado imobiliário [...] O tipo de habitação [de alto padrão ou não] é que dá peso à região. Não o nome”, contesta Nardelli. Para o vice-presidente do Secovi-PR, só a estrutura agrega valor ao imóvel e não a “grife” formada. Mas em um ponto Nardelli concorda com Auada, no que diz respeito ao mercado curitibano que continua aquecido, em menor ritmo, é verdade, mas com abundância de crédito, maior renda e o sonho da casa própria ainda muito consolidado. “Numa visão global de Curitiba, está com um bom crescimento e com uma boa valorização do mercado imobiliário como um todo”, concorda também o presidente da Ademi-PR. Tendência que reflete o cenário nacional. “A relação crédito habitacional-PIB no Brasil, embora ainda seja baixa, comparada aos demais países desenvolvidos, tem crescido muito nos últimos anos. O crédito para a compra da casa própria alcançou R$205,8 bilhões em janeiro de 2012, segundo dados do Banco Central do Brasil”, traz ainda o estudo do Ipea.

Para locação Se para as vendas essa estratégia pode render mais comercialização, na locação isso não é tão efetivo, de acordo com Marise Hartman, gerente-geral da Galvão Locações. “Acho que para a venda, faz uma diferença. Mas na locação, você tem dois perfis de clientes, então ele vai buscar um bairro que fique de fácil acesso ou, quem não é daqui, tem os mitos de bairros que tenha status”, atesta Marise. A estratégia do mercado de locação na cidade obedece ao maior fluxo em oferta de imóveis em determinado bairro. “[Incentiva] de acordo com aqueles imóveis que se tem na carteira”, explica a gerente. * Fonte: Lopes Inteligência de Mercado

REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 27


economia

Neste fim de ano, a estimativa é de que a contratação seja de igual número em relação ao ano anterior, que foi de 9 mil trabalhadores no PR

Economia favorece trabalho temporário Pesquisa mostra que o Brasil é o terceiro maior contratante de mão de obra temporária no mundo Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br

O

Brasil é o terceiro país no mundo que mais contrata trabalhadores temporários. Este foi o resultado da pesquisa da Confederação Internacional de Trabalho Temporário e Terceirização (Ciett). A entidade, que reúne 50 países, divulgou o ranking com base nos dados de 2010. Outubro é o mês que começa a temporada desse tipo de trabalho com vistas ao aquecimento das vendas de final de

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ano, com o Dia das Crianças e a proximidade do Natal. Com a média mensal de 900 mil contratos temporários, o Brasil subiu duas posições e ficou atrás apenas dos Estados Unidos e da África do Sul. O boom de vagas abertas no país africano se deve ao período do grande evento esportivo. O que também acontecerá no Brasil daqui dois anos (Copa do Mundo/2014). Por enquanto aqui, o principal fator para a terceira colocação é a economia favorável. “Apesar de ter passado por uma crise, é um País que vem crescendo e, consequentemente, o trabalho temporário entra neste momento”, explica Jismália de Oliveira Alves, pre-

sidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). Diversos setores vão abrir vagas temporárias em maior grau a partir deste mês, o comércio e a indústria devem absorver o maior número. Ano passado, segundo a Asserttem, no período um pouco antes do Natal, por exemplo, foram abertas 147 mil vagas temporárias no Brasil. A estimativa é que, neste ano, sejam contratados 155 mil trabalhadores temporários. Taxa 5,5% maior que no mesmo período de 2011. Desses 155 mil, cerca de 15% dos trabalhadores temporários deverão ser efetivados, o que representa 23 mil pessoas. É um valor 4,05% acima do registrado


no ano passado. O Paraná contratou mais de nove mil trabalhadores temporários no mesmo período.

previdenciária e registro na carteira de trabalho, entre outros benefícios. “A empresa pode aplicar penalidades como aplica a qualquer outro funcionário, como se ele faltar injustificadamente. Pode, inclusive, fazer uma rescisão por justa causa do contrato de trabalho”, ressalta Jorge.

Cuidados na contratação

De acordo com Christian Schramm Jorge, advogado trabalhista do escritório Marins Bertoldi Advogados Associados, a contratação temporária deve também seguir o rigor da lei trabalhista. “O contrato temporário, geralmente, é feito em empresa de trabalho temporário que vai fornecer a mão de obra”, explica. A empresa prestadora de serviços deve estar também regulamentada no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “A empresa contratante deve avaliar

A loja onde Ana Costa é gerente optou pelo contrato de experiência, uma das alternativas

Empresas contratantes O que muitas empresas fazem também é recrutar um funcionário temporário por meio do contrato de experiência. Ano passado, uma companhia de produtos de maquiagem optou por esta alternativa. Contratou quatro funcionários em novembro e dezembro, meses mais movimentados para esta empresa que tinha apenas um ano de mercado.

De acordo com o advogado trabalhista Chrtistian Schramm Jorge, as empresas que abrem vagas temporárias devem contratar por intermédio de uma agência de recursos humanos

se esta empresa é idônea. Ela deve ser sólida no mercado e estar devidamente regulamentada”, alerta Jorge. O contrato temporário pode ser feito com prazo máximo de 90 dias, podendo ser prorrogado por igual período. Além disso, a empresa que vai contratar funcionários temporários deve discriminar no contrato todos os valores recebidos pelo empregado que tem como direito: salário, folga e férias proporcionais, décimo terceiro proporcional ao período trabalhado, adicional por hora extra, proteção Fotos: Roberto Dziura Jr.

Diante desta situação favorável do consumo interno, as empresas contratantes devem estar preparadas. Um dos cuidados refere-se ao contrato que vai fazer com o futuro funcionário.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

De acordo com a Lei n° 6.019, o trabalho temporário “é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou ao acréscimo extraordinário de serviços”. Ou seja, empresas que precisam cobrir férias de outros funcionários ou aumentam o fluxo de serviços em datas sazonais, como o Natal e a Páscoa.

Este tipo de contrato foi escolhido pela empresa, pois já havia intenção de efetivação dos funcionários. “Fizemos uma seleção e os pré-selecionados passaram por treinamentos, avaliações e entrevistas para a vaga temporária como se fosse para uma vaga normal”, explica a gerente da loja, Ana Costa. Ela admite que o recrutamento foi deixado para última hora e, por isso, adverte as demais empresas que realizem este processo com antecedência para não haver problemas. Outra empresa de calçados em Curitiba, que existe há 25 anos, tem experiência em contratações temporárias. No final do ano, eles chegam a dobrar o número de empregados, que sempre foi em média de oito funcionários. Segundo a gerente da loja, Rossana Palomo, o principal critério utilizado pela empresa na hora de contratar são as referências do empregado. “Geralmente, contratamos por indicação e quando não, avaliamos até mesmo os antecedentes criminais desta pessoa”, explica. Como há grande rotatividade nestas vagas, a empresa acaba também contratando ex-funcionários que já trabalharam temporariamente na loja. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 29


economia

Eixos de um Sul mais competitivo O Sul Competitivo apresenta projetos prioritários de infraestrutura logística que podem reduzir os custos em até R$4,1 bilhões por ano para os três estados da região

N

Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br

o final de agosto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), junto com as Federações da Indústria do Sul (Fiep, Fiesc e Fiergs), lançaram o Projeto Sul Competitivo, estudo que avalia detalhadamente as condições de infraestrutura da região

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e propõe soluções. O resultado de um ano do estudo apresentou a necessidade de investimentos da ordem de R$70 bilhões em 177 projetos, nos eixos apontados pelo levantamento. O principal foco está em resolver os gargalos logísticos do Sul, o que aumentaria a competitividade do setor produtivo local. Centenas de projetos fazem parte de 18 mil linhas de fluxo. Cada linha de fluxo é o caminho que um produto pode percorrer até chegar ao seu destino final, seja no Brasil ou no exterior. Ao todo, o estudo elencou 18 cadeias produtivas e 100 produtos diferentes,

“analisando como estava a situação atual, onde eram os polos produtores, onde eram os polos consumidores, quanto dessa produção era exportada, quanto era importada, produção interna e consumo interno, ou seja, tudo o que era consumido na região vindo de outras regiões. Conseguimos analisar os principais fluxos”, explica o sócio da consultoria responsável pelo estudo Macrologística, Olivier Girardi.

Gargalos prioritários Se forem executados, os 177 projetos poderiam gerar uma economia anual de R$4,1 bilhões. Mas, de todos os projetos, o Sul Competitivo


Fonte: Análise Macrologística

Os eixos cruciais para a região Sul localizam-se nas rodovias da BR116, BR101, BR 285. Há, também, os novos eixos da Ferrovia Norte-Sul, o eixo ferroviário Guaíra/São Francisco do Sul/Paranaguá e o rodoviário da Boiadeira, saindo de Porto Camargo até Paranaguá. “Nós achamos importante que a BR101 seja estudada com mais detalhes. Um estudo que possa levar a ligação que vem ali de Santa Catarina, de Garuva, que possa subir pelo Paraná, que hoje ela não existe”, afirma o consultor de Logística e Infraestrutura de Transportes da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Mario Stamm. O consultor também salienta a importância da implantação dos eixos ferroviários e duplicação das BR153, 158 e 163. “Aqui, tanto a BR-101, como o ajuste que eles vão fazer na BR-116, como aquele trecho que vem de São Paulo até Buenos Aires, é super importante. Então, essa integração com o Sul e com o Mercosul é extremamente re-

Roberto Dziura Jr.

destacou 51, em oito eixos de integração, considerados prioritários para a região. O que demandaria o investimento de R$15,2 bilhões. A economia gerada seria de R$3,4 bilhões anuais. Essa taxa representaria um retorno do investimento em pouco mais de quatro anos.

Investimento

“É tão uma proposta política que eles propõem uma força-tarefa para implementar”, diz Liana

levante. Ou seja, o gargalo eles pegaram”, afirma a professora do Programa de Mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE, Liana Carleial. Para ela, a escolha de projetos prioritários é essencial. “Eles deram uma noção de objetividade e de factibilidade”, diz. Outra prioridade sob a visão de Liana está no interesse do Paraná em recuperar a malha Ferroviária. Para chegar aos oito eixos prioritários, Girardi afirma que foi levado em consideração o impacto que um determinado projeto logístico teria em termos de redução de custo de transporte para a região. “Então se de repente você coloca uma nova ferrovia, tendo em vista que a ferrovia tem um custo de frete menor que uma rodovia e, uma vez que você colocou essa nova ferrovia, a carga passe a deixar as rodovias para começar a transitar pelas ferrovias, você vai ter uma redução de custo de transporte. Quando você multiplica essa redução unitária,

projetos prioritários Entre os 51 projetos prioritários alguns são novos eixos que devem ser construídos, sendo dois ferroviários e um rodoviário. Novos eixos: Novo Eixo de Integração da Ferrovia Norte-Sul/Trecho Sul Novo Eixo de Integração Ferroviário Guaíra/São Francisco do Sul/ Paranaguá via Anel ferroviário no Litoral e Serra Novo Eixo de Integração Rodoviário da Boiadeira Porto Camargo/Par anaguá via Campo Mourão e BR 487 Fonte: Projeto Sul Competitivo

o volume que vai ser transportado vai ter grandes economias anuais”, pondera Girardi.

O transporte logístico também poderia ajudar a resolver o problema da capacidade saturada das estradas brasileiras. De acordo com o estudo, umas das importantes ligações entre o Sul e o restante do País (na BR 116) já opera acima de sua capacidade atual que é de 54,8 mil toneladas. Hoje passa por esse eixo Curitiba/São Paulo168 mil toneladas ao dia, o que significa 307% acima do previsto. A perspectiva, segundo o estudo, é que em 2020, o uso diário chegará a 258,8 mil toneladas, 472% acima da capacidade atual. Além da BR-116, mais 14 rodovias estariam operando acima da capacidade.

A ligação entre Paraná e São Paulo (na BR 116) já opera 307% acima de sua capacidade atual, que é de 54,8 mil toneladas A especialista Liana diz que a resolução desses pontos não vai resolver todos os problemas de desenvolvimento da região. Outros fatores precisam ser levados em conta. “A infraestrutura da forma como eles observam é apenas a infraestrutura econômica, porque a infraestrutura envolve também as pessoas, as famílias, os indivíduos e etc. Então, você tem de facilitar a vida não só da produção, mas dos indivíduos”, salienta a professora. Grande parte dessas obras já está incluída no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do Governo Federal. Para o restante, Stamm aponta no projeto que o objetivo é de reunir forças políticas e econômicas para viabilizá-las. “Há uma boa vontade para que esses projetos saiam do papel”, diz Stamm. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 31


agropecuária

Paraná como referência Trabalhos de sucesso desenvolvidos no Paraná podem ser plantados e estão servindo de exemplo em outros locais do mundo importância que a agricultura tem para o Estado do Paraná é indiscutível. Tanto que o agronegócio representa 33% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná que é um dos maiores produtores de grãos do Brasil. Mas não é apenas em números que o Paraná tem representatividade no setor primário.

no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A descentralização começou neste ano com o projeto desse escritório, Roberto Dziura Jr.

A

Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br

Práticas

A experiência e iniciativas locais na agricultura agora servirão como referência para diversos países, principalmente da África e da América Latina. Essa possibilidade surgiu com a proposta da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de descentralização de suas estruturas em países como o Brasil e a Índia. Um desses escritórios será instalado no Paraná, mais precisamente, 32 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

segundo o secretário nacional de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e um dos realizadores desse projeto da FAO para o Sul do Brasil, Valter Bianchini. A possibilidade, porém, de “exportar” as boas práticas começou antes. “Das visitas que a própria FAO fazia, nós poderíamos levar essa experiência para outros lugares”, informa Bianchini, que já trabalhava com protocolos de intenções desde que ele era secretário da pasta no Estado.

“O escritório vai organizar trabalhos e estudos, sistematizar, promover redes de intercâmbio”, diz Bianchini

O escritório no Paraná vai produzir cartilhas e vídeos de boas práticas que terão a recomendação da FAO. Dentre os exemplos que poderão ser aplicados a outros países está o cooperativismo e projetos como o “Cultivando Água Boa” e a geração de energia de biomassa da Itaipu. O que se segue é a formação de redes e a elaboração de um conjunto de práticas sistematizadas sob a rubrica da FAO e a partir daí divulgar esses materiais com a experiência paranaense.


secs Banco de Imagens/Inpev

“O escritório vai organizar trabalhos e estudos, sistematizar, promover redes de intercâmbio, a gente está falando em levar experiência, mas podemos também trazer experiências de outros países também”, explica Bianchini. O representante da FAO sabe que na utilização das práticas não é apenas adaptar, mas utilizar os exemplos que se têm aqui para mostrar a diversidade nas pequenas e grandes cooperativas. “O que nós vamos fazer é mostrar um Estado que avançou muito”, diz Bianchini. “Contar de uma forma sistematizada a nossa trajetória e que eles possam aproveitar parte dessa experiência.”

Novos cultivares Experiência também tem o Paraná no desenvolvimento de novas cultivares. Muitas dessas, desenvolvidas dentro do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), não foram plantadas apenas em solo paranaense, mas crescem também em solos estrangeiros. Um bom exemplo são algumas variedades de feijão. Ao todo, 29 cultivares dessa leguminosa já foram colocados à disposição dos agricultores pelo Iapar. Uma das variedades que é plantada até na Argentina e na Venezuela é o IPR Uirapuru. “É a cultivar hoje do grupo preto mais plantada no Brasil inteiro. Faz 12 anos que foi lançada e detém o primeiro lugar”, explica a engenheira agrônoma e pesquisadora do Iapar, da Área de Melhoramento Genético, Vania Moda Cirino. Para alcançar esse destaque nacional foi preciso desenvolver uma semente que conseguisse agregar um potencial de rendimento elevado, resistência a doenças, tolerância a fatores climáticos, entre outros fatores. Além disso, precisa ser um produto de qualidade tanto comercial quanto de culinária. “São características que têm de ser levadas em consideração, pois não adianta o feijão ser bom de roça e não

O feijão IPR Uirapuru (preto) e IPR Tangará do tipo carioca são alguns dos cultivares criados no Paraná

ser bom de panela. E não adianta ser bom de panela e ruim de roça”, enfatiza a pesquisadora. Além do Uirapuru, também tem destaque nacional as variedades IPR Tuiuiú de feijão preto e IPR Tangará do tipo carioca.

Maçãs Outro produto tipo exportação do Iapar, que também ganhou campos distantes, são os cultivares de maçã que estão sendo plantados no Norte do Paraná, no Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. E ainda em testes em outros países, revela Claudine de Bona, pesquisadora da Área de Fitotecnia, do Programa de Pesquisa em Fruticultura do Instituto. Entre os diferencias das variedades desenvolvidas pelo Iapar está a “baixa exigência em frio, o que possibilita seu cultivo em regiões mais quentes, e a entrada em produção antecipadamente, colocando o fruto no mercado antes e permitindo uma maior renda ao produtor”, explica Claudine. O sucesso dessas cultivares em outras regiões é “a alta qualidade e produtividade dessas espécies e maior resistência a doenças”, completa a pesquisadora. Para Claudine, ter esse destaque na agricultura e na pesquisa coloca o Paraná entre os grandes estados de importância agrícola, junto com São Paulo e Rio Grande do Sul.

Embalagens Referência também tem o Paraná para o recolhimento de embalagens vazias

de agrotóxicos. Os números mais recentes do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) mostram que foram feitas a logística reversa 3.248 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas no Paraná. Foi registrado alta de 6% entre janeiro e agosto deste ano ante ao mesmo período de 2011. Isso representa 12% do total no Brasil. “O agricultor [paranaense] é bem consciente”, afirma o Coordenador Regional do Paraná do Inpev, Caio Fernandes. Segundo Fernandes, há um comprometimento muito grande de toda a cadeia produtiva no Paraná. Outro diferencial é o recolhimento itinerante. Trata-se de um posto de recolhimento que recebe essas embalagens passando por determinados pontos da zona rural, onde não há central de recolhimento e facilitando a vida do agricultor. Como exemplo, Fernandes cita a central de Francisco Beltrão, na qual 95% das embalagens recolhidas vêm do recolhimento itinerante. Isso resulta em números positivos para o meio ambiente, com menor poluição dos solos, água e descarte correto das embalagens plásticas.

Paraná x brasil Comparativo de volume de embalagens destinadas Jan a Ago

Paraná Brasil

Volume 2011 (t)

3.062

24.970

Volume 2012 (t)

3.248

26.019

Crescimento 6% 4% Fonte: Inpev

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educação

O casal Marialina da Fontoura Feuser e Aloísio Feuser dê olho em seus filhos

Dupla infalível na educação A importância dos pais na educação dos filhos e o entendimento com a escola é essencial para uma trajetória educacional de sucesso

so que a escola tenha o mesmo perfil da criança e da família. Em Curitiba, existe uma gama de perfis muito diferentes de escolas. Por isso, os pais devem sempre avaliar a linha pedagógica e atividades que a escola oferece antes de bater o martelo na decisão.

Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br

É possível, ainda, recorrer a serviços de consultoria pedagógica, que auxiliam neste momento de escolha. “Tem pais que me procuram com ideias fixas e não entendem o que o filho realmente precisa. Às vezes, a criança

Neste mês, começam as matrículas escolares. É neste momento que os pais devem observar alguns pontos e saber que certas coisas não podem ser deixadas a cargo da escola. A participação dos pais precisa começar na escolha de uma escola. É preci34 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

Fotos: Roberto Dziura Jr.

É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”, disse Coelho Neto, escritor e professor do século XIX. Você já deve ter ouvido dizer também que “educação começa dentro de casa”. O fato é que, apesar de nem sempre presentes, os pais precisam estimular, incentivar e disciplinar seus filhos. Três elementos que, juntos, fazem a diferença para qualquer criança.

tem problema na escola, justamente, porque a escola não atende o perfil dela,” explica Maria Luzita de Saria, pedagoga, especialista em Educação Infantil e fundadora da Inspiração Consultoria Pedagógica. “Dos pais que atendo aqui de Curitiba, cerca de 90% quer uma escola que prepare para o vestibular, mas o filho ainda é uma criança”, completa Maria Luzita. Outro detalhe importante é que os pais não devem transferir totalmente a educação para a escola. Para a pedagoga

Para a pedagoga Cláudia dos Santos, o rendimento escolar está ligado ao trabalho dos pais dentro de casa


Roberto Dziura Jr.

Cláudia dos Santos, a presença deles na educação escolar é importante, pois o rendimento dos filhos no ambiente escolar está diretamente relacionado à disciplina, orientação e trabalho em casa. “A criança ou adolescente sozinho não têm maturidade para desenvolver hábitos de estudo e rotina escolar e, por isso, a presença dos pais se torna imprescindível”, explica.

Prática do homeschool

Dentro de casa Os oito primeiros anos de vida da criança são essenciais. Nesta fase, ela é como uma “esponja’ que absorve toda informação e tem vontade e disposição de aprender. “Fazer se apaixonar pelo processo de aprendizagem começa desde sempre, criando o hábito e o gosto por estudar, pesquisar, ler; depois, tudo fluirá, porque isso estará intrínseco a ela”, ressalta Cristina. Assim, em casa, a criança precisa ter tranquilidade e uma estrutura adequada, dentro do possível. Muitas vezes, fazem de qualquer jeito as tarefas e não cuidam da postura, por exemplo, ou fazem várias coisas ao mesmo tempo em que estuda. Isso é prejudicial e os pais precisam cuidar disso. Apesar de as crianças terem nascido em um mundo digitalizado, é importante ainda que os livros de papel sejam a fonte principal na pesquisa do estudante, não a internet, orienta a especialista.

Regras e horários Outro fator determinante são os horários. A escola junto com os pais pode estabelecer horários de estudo entre os alunos da mesma classe para servir como motivação e estímulo a todos. Quando não há dever de casa, os pais devem incentivar a leitura e o estudo de conteúdos apresentados durante a aula. A família também deve estar sempre em contato com a escola. Um diálogo franco é essencial. Esse convívio deve ir além do que ir à reunião de pai. Os pais devem entrar em contato com a

Para o pai, essa disciplina dos filhos foi essencial em suas vidas. “Não existe aprendizado sem disciplina no sentido de organização”, diz. Hoje, já na adolescência, os pais percebem que essa atenção sempre dada à educação de Klaus e Nicole fez diferença. Reflexo disso foram sempre boas notas e respeito entre eles e a escola.

Maristela Kelm ensinou durante um ano seu filho dentro de casa; ela garante que esse período não prejudicou o desempenho escolar de Alexandre

escola por meio de e-mail, telefonemas ou fazendo-se presente para saber como está o comportamento do filho. As atividades extracurriculares são importantes ferramentas para contribuir no aprendizado da criança. Seja a prática do esporte ou o aprendizado de uma segunda língua, no contraturno escolar, são essenciais para a formação. Desde que seus filhos eram pequenos, o casal Marialina da Fontoura Feuser e Aloísio Feuser já sabia a importância da educação. Os filhos sempre foram estimulados ao estudo e disciplinados com horários. “Eu deixava claro que escola é compromisso sério, assim como trabalho é para nós adultos. Não tem como deixar de fazer uma tarefa”, revela.

Mesmo proibida no Brasil, a prática do homeschool pode ser vista por aqui e também em outros países. Trata-se do ensino doméstico, ou seja, os pais educam os filhos em casa em vez de leva-los às escolas convencionais. As razões para esta prática são inúmeras, como religião ou mesmo insatisfação dos pais com o sistema de aprendizado formal, dificuldade de acesso à escola, entre outros fatores. Foi assim durante um ano na vida de Alexandre Herbst. Seus pais se mudaram para o interior do Estado, quando ele ainda era pequeno e iria cursar a primeira série. A escola mais próxima era em Telêmaco Borba e ficava a duas horas de onde morava. Foi aí que Maristela Kelm, mãe de Alexandre, resolveu ensinar o filho em casa. Por já ser professora, foi até a escola mais próxima e explicou a situação. “Eu propus a escola matriculá-lo, mas ensinar meu filho em casa. As provas ele fazia na escola.O engraçado é que ele tinha uma das notas mais altas da turma”, revela.

Para ler e aprender Conheça alguns livros que podem ajudar nos desafios diários dos pais: Pais e Educadores de Alta Performance Orienta como saber separar o papel dos pais e da escola. Autor: Içami Tiba | Editora: Integrare Depende de você Saiba como fazer seu filho(a) um vitorioso nos estudos e na vida Autora: Andrea Ramal | Editora: LTC Editora

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Quando a escola e os pais abraçam os filhos Esther Cristina Pereira é pedagoga do Colégio Atuação, em Curitiba. Em sua experiência profissional, sabe da importância dos pais na educação dos filhos. Para ela, escola e a família devem caminhar juntas, na mesma sintonia. Com sua experiência escolar e estudos, escreveu o livro: “Escola e família”, para mostrar que a parceria dá certo e como os dois agentes fazem a diferença na vida escolar e no aprendizado dos seres mais importantes para os pais: seus filhos. Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br

Qual a importância dos pais na educação dos filhos? Os pais devem estar atentos 100% na educação das crianças desde a educação pedagógica até a educação de valores, conceitos, condutas e comportamento. Eu acho que o pai e a mãe são a estrutura do filho, são como uma estaca em uma construção de um prédio que segura a estrutura. Os pais são essa estrutura, essa segurança da criança, independentemente se eles são separados ou não, têm que estar perto, falando a mesma língua, porque a criança precisa desse conduzir de um adulto.

portância daquele momento que ele está levando a lição, ele tem espaço de silêncio para fazer, horários? Isso é disciplinar. É como um leque, a criança vai abrindo desde pequenininho e a tendência é ser disciplinado para o estudo desde tenra idade. A lição, por exemplo, não é nem lição de casa, é um dever, é uma obrigação dela, é o primeiro trabalho dela. Fazer essa criança ter paixão pela leitura. Como deve ser o tempo de estudo para uma criança e o ambiente? Colocamos o tempo de estudo de acordo com a idade. Uma criança de jardim um não lê, mas pode ter um momento de leitura por meio das figuras de uma história. Mas já grande, com dez anos, por exemplo, uma hora e meia é essencial para ela refletir no conteúdo da escola quando não tem dever de casa. A criança hoje é multifacetada, estuda escutando música e vendo TV, são de uma geração digitalizada. Ela deve ter um lugar para estudar, onde tem coisas que ela precisa, como livros, cola, tesoura, lápis e sempre utilizar mais livro do que a internet. É importante a criança ter na sua casa um cantinho para o estudo, onde tenha as coisas dela.

Os pais têm muita dificuldade com disciplina, quando os filhos não dão o que eles gostariam

Como os pais podem incentivar e estimular os filhos nos estudos?

Como os pais podem disciplinar sem pressionar os filhos?

Começa desde pequeno. A família tem que perceber que o momento de estudo é divino e importante. A im-

Os pais têm muita dificuldade com disciplina, quando os filhos não dão o que eles gostariam que ele desse.

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Roberto Dziura Jr.

5 perguntas para: Esther Cristina Pereira

A grande dificuldade é avaliar isso e conseguir trabalhar. Muitas vezes, os pais jogam em cima da criança o que eles sonharam como futuro para eles. Eu vejo muitas crianças com doze ou treze anos que diz que seu pai não é feliz, porque ela não vai bem ou não tem medalhas, chega a ficar doente por isso. A fase da adolescência é o momento em que o filho tem que ser tratado com carinho e ter diálogo. Não é que não vai cobrar, mas esta fase é normal as notas abaixarem, por causa das mudanças, dos hormônios. Como escola e pais podem caminhar juntos? A escola é uma parceira da família e essa é uma das grandes dificuldades das famílias entenderem, perceberem que a escola está com elas. Esta inter-relação é bem complexa. Se é uma família disciplinada, por exemplo, deve procurar uma escola mais disciplinada. Na hora de procurar, tem que saber o que quer da escola, que tipo de valores essa escola trabalha. O processo de aprendizagem flui com leveza quando escola e pais conseguem ficar juntos. A escola só vai saber o que acontece com a criança, se a família trouxer os problemas e a dificuldades dela.


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Banco de imagens

saúde

A psoríase é uma doença na pele sem cura e pouco conhecida

Pele sobre pele Mesmo pouco conhecida, a psoríase é uma doença de pele que atinge 3% da população mundial Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br

H

á quase sete anos, a engenheira ambiental Paola Miccelli estava na universidade quando percebeu algumas manchas vermelhas nas pernas. Não deu importância. Quando resolveu procurar um dermatologista, veio a notícia. O que Paola tinha era psoríase. Uma pomada resolveria o problema? Infelizmente, não foi assim: as manchas se estenderam para o corpo inteiro nos seis anos seguintes. Assim como Paola, 3% da população mundial tem psoríase. É uma doença ainda pouco conhecida e não é contagiosa. Mas a falta de informação acar-

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reta muitos problemas para quem tem essa doença, principalmente, em relação ao preconceito. O Dia Mundial da Psoríase (29 de Outubro) é uma data criada justamente para tornar esta doença mais conhecida. Trata-se de uma inflamação crônica na pele e pode atingir também algumas articulações do corpo. Começa “de mansinho”, como no caso de Paola e pode se manifestar tanto da forma simples como em toda superfície corporal, causando grande desconforto e feridas. Em geral, a psoríase inicia-se com lesões avermelhadas. À medida que se alastram, estas manchas criam ex-

cesso de produção de pele. Pele sobre pele. Mas existem vários tipos de psoríase. Por exemplo, quando é invertida, são lesões mais úmidas e aparecem em regiões como couro cabeludo, joelhos e cotovelos. Quando surgem em quase todo o corpo, ou seja, 75% ou mais da superfície corporal é chamada de psoríase eritrodérmica. Este tipo totaliza 20% dos casos, sendo que a maioria é da forma mais simples. Suas lesões também podem aparecer nas unhas, palmas da mão e solas dos pés.

Causas da doença Não existe uma causa principal para o aparecimento dela. Mas diversos fatores contribuem para o surgimento desta doença, tornando-se, por isso, uma enfermidade multifatorial. De acordo com o dermatologista, Anber Tanaka, quem já tem uma pré-disposição genética, ou seja, alguém na família com a doença tem mais chan-


ces de desenvolvê-la. “Cerca de 30% dos casos são de histórico familiar de psoríase, mas existem outros fatores ambientais e que também contribuem”, revela. Dentre os fatores estão os emocionais, traumatismos, situações de estresse e até mesmo alguns medicamentos podem ajudar a desenvolver a psoríase ou agravá-la. Pessoas que fumam e bebem estão também mais suscetíveis. Os dois picos da doença aparecem entre 20 e 50 anos de idade. Tanto em homens e mulheres, ela aparece de forma igual. Já nas crianças, que representam poucos casos, a diferença é que as lesões aparecem no rosto, o que nos adultos não é comum.

Roberto Dziura Jr.

A doença surge e pode levar anos para se manifestar em todo o corpo. “A doença tem evolução longa e demorada. Existem exceções de pessoas que tem o acometimento extenso e surgimento abrupto”, explica Tanaka. Pessoas que têm alguma infecção e também já têm a psoríase, podem desenvolvê-la rapidamente. O que é comum de acontecer é que logo no começo, muitas pessoas, não dão importância e quando descobre a doença

pode já estar avançada. Tanaka lembra que o diagnóstico é muito simples e “pode ser feito após uma consulta e depois com exames”.

Tratamento e cuidados Apesar de ainda não ter cura, existem tratamentos muito eficazes no

Dia 29 de Outubro é o Dia Mundial de combate aos preconceitos e divulgação de informação sobre a psoríase controle. “Eles são realizados através de medicamentos via oral, que fazem imunomodulações que irão tentar controlar a imunidade do portador de psoríase e externos com pomadas e cremes”, explica a dermatologista Rossana Hurtado. Um mito ainda divulgado é que tratamentos alternativos ou dietas especiais podem curar ou amenizar a doença, segundo a dermatologista, isso não é verdade. Diferentemente do que muitas pessoas também podem pensar, o sol é

Para o dermatologista Anber Tanaka, cerca de 30% são de casos com histórico na família

um fator benéfico contra a doença. Os raios ultravioletas agem como um anti-inflamatório. Mas quem não tem tempo para ficar em exposição ao sol, existe um tratamento fotoquimioterápico conhecido como PUVA. “É uma cabine com lâmpadas que emitem raios ultravioletas, simulando o sol”, explica Rossana. O PUVA deve ser feito em pacientes que possuem psoríase em grande parte do corpo. Além dos tratamentos, outros cuidados são fundamentais para o psoríaco. Como a pele fica muito seca, é importante sempre hidratá-las. Essa hidratação já causa uma melhora de 30% nas lesões. Banhos curtos e não muito quentes também são recomendados. Como o fator emocional também determina a doença, manter a mente tranquila, ter uma boa alimentação e praticar exercícios também são práticas recomendadas.

Casos de psoríase A própria Paola, personagem desta reportagem, já sofreu muito com o preconceito referente à doença. Por seis anos, ficou com psoríase quase no corpo todo. “Tive fases que não queria que ninguém me encostasse, já chorei porque não podia ir pra praia e usar saia. Tinha medo de rejeição”, revela Paola que, com a doença, aprendeu também uma lição. “Eu aprendi a conviver com a psoríase e quem tem deve se conhecer melhor e não desistir. Deve melhorar o interno para conseguir melhorar o externo.” Para resolver o externo, Paola fez tratamentos com medicamentos e PUVA. Já chegou a gastar mais de R$ 200 mensais, com cremes e remédios. Atualmente, a doença da engenheira reduziu seus efeitos e restaram somente algumas manchas na pele, mas ela continua a se tratar. Em média, os tratamentos variam de preço diante de cada quadro clínico. Alguns remédios são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 39


tecnologia O game Club Penguim faz sucesso entre a criançada

Jogos na ponta dos dedos

Tecnologias touch deixaram os jogos mais intuitivos e fáceis para o entretenimento dos pequenos

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Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br

acesso aos jogos eletrônicos há muito tempo se resumia apenas aos computadores e aos consoles. No entanto, recentemente, uma nova plataforma está conquistando o público, principalmente, o infantil. São as plataformas móveis, como os smartphones e os tablets que trouxeram mais intuição para os jogos e alcançaram um público que até então tinha dificuldades de encarar os joysticks repletos de botões e ferramentas.

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As empresas que desenvolvem esses games têm trabalhado em diversos temas voltados ao público infantil que vai desde a história de um livro até joguinhos de competição.

ainda uma formação de vocabulário e pouca coordenação motora”, completa o diretor.

Para os menores, numa faixa etária que ainda não sabe ler, o diretor técnico da Lalubema, empresa que desenvolve aplicativos para celular, William Tadeu Silveira, explica que os jogos precisam ter mais cores e sons. “Neste momento, as crianças normalmente não sabem ler, ou se sabem estão numa fase inicial. Tem

Por isso, os jogos precisam ter uma interface mais amigável. “Como estamos falando de jogos para crianças, não foge muito os de animais e de mundo mágico. Hoje, o que as mulheres mais jogam é casual games. E esses casual games também têm esse apelo mais mágico”, salienta CEO da Hive, líder no desenvolvimento de

Intuitivos


advergames do Brasil, Mitikazu Koga Lisboa. Esses jogos são considerados de aprendizado fácil, rápido e de pouco envolvimento. Na faixa até os oito anos de idade, os games precisam ser mais intuitivos, pondera o professor do curso de Jogos Digitais do Centro Tecnológico Positivo, Michael Bahr. Incentivar a imaginação é um dos principais fatores trabalhados no desenvolvimento de games para crianças. Ele recorda que na época de infância havia diversos tipos de programas que mexiam com o imaginário. Hoje, esse mecanismo é transportado para os games.

Roberto Dziura Jr.

Captura do site http://play.clubpenguin.com/pt/

“Porque, hoje, a criança vive o jogo e não mais a TV. Muito mais web e jogo, então aí você tem de pensar em fazer jogo para Ipad fazer jogo para tablet, em geral, que é onde eles estão. Fazer com que a criança tenha essa imaginação”, completa o professor.

Rede social de games

Página da rede social Gree, ainda em japonês

Para quem gosta de jogar, mais uma novidade chegará ao Brasil em breve. É o Gree, site criado pelo japonês Yoshikazu Tanaka. A rede social voltada aos jogos ainda não chegou ao Brasil, mas em breve deve estar por aqui. Ele também já lançou um site em inglês (http://product.gree.net/us/en/) e, ainda, uma plataforma beta. Atenção: os mais curiosos já podem ver como ela funciona.

Competição

gos com estratégias. E aí as crianças vão mais longe que os próprios adultos. “Eles desenvolvem esse raciocínio mais fácil que muito adulto para jogar”, diz.

Para Bahr, é a partir dos nove anos que já é possível inserir as crianças nos jo-

Mas com uma infinidade de games no mercado para todas as plataformas,

Para Bahr, a imaginação é um fator trabalhado no desenvolvimento de games para o público infantil

os pais devem ficar atentos ao que cada filho pode jogar. O psicólogo comportamental, Carlos Esteves, explica que não há uma regulamentação para isso no Brasil e também que é difícil fazer o controle do que as crianças têm acesso. Assim, ele ressalta que é importante que os pais façam parte da introdução dos filhos no mundo dos games. “Porque eu acho que no início do processo é importante os pais interagirem e a partir dali ir dando um modelo para os filhos em relação aos jogos.” Isso porque quase todos os jogos têm a proposta de desenvolver algo na criança. E uma das habilidades desenvolvidas no ato de jogar é a competição. “Jogar é bom, tanto é que as crianças optam por isso, então estar junto e ir ajudando a criança a aprender a lidar com isso de outra forma, de uma forma acompanhada, seria um bom caminho”, afirma Esteves. O psicólogo explica, ainda, que é preciso encontrar um meio termo em relação ao tempo dedicado à atividade e mesclar com a convivência de colegas e com adultos, para exercitar a socialização e reforçar valores. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 41


meio ambiente

O valor de ser sustentável Produtos sustentáveis ainda são mais caros no mercado, no entanto, a maior durabilidade e a capacidade de reutilização dos recursos fazem o “produto verde” mais interessante

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Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br

opção pela etiqueta: “ecologicamente correta” está cada vez mais em voga no mercado. Por outro lado, a produção nem sempre é a mais barata. Mesmo assim, tanto empresas

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como os consumidores têm valorizado esse fator na decisão de compra. Assim, apesar do maior custo, ações em prol da sustentabilidade e produtos mais corretos tornaram-se um caminho sem volta para o setor produtivo. Já dizia o filósofo, Leonardo Boff,

“sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da geração presente e das


Assim, as empresas que pensam na longevidade de suas marcas não poderão fugir dessa questão, mesmo se isso em curto e médio prazo determinar um aumento no custo da produção. “A pergunta que eles [empresários tem de] pensar é o seguinte: quanto tempo a minha empresa ou o meu produto vai conseguir se manter no mercado sem que eu leve em consideração os pontos da sustentabilidade?”, diz a conselheira e coordenadora de Meio Ambiente da Câmara Alemã, Cris Baluta. Depois de entender essa necessidade, que não é mais um luxo (ou efeito de marketing da marca) é que a empresa conseguirá ter sucesso no mercado.

cepção de projeto zero”, explica Veronezi. Ele estima que o investimento para construir essa planta tenha sido 5% maior, mas acredita que “é uma questão de sobrevivência futura.”

As empresas precisam se preocupar no modo como produzem os produtos e no conceito da própria mercadoria

Fornecedores De olho nesse futuro, é que as empresas precisam se preocupar no modo como produzem os produtos e no conceito da própria mercadoria. Mesmo que isso represente um custo maior. Roberto Dziura Jr.

futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução, e coevolução.”

Roberto Dziura Jr.

Fábrica verde

“Hoje, a gente já reusa a água. Grande parte da água não é mais jogada. Ela é usada, porque a fábrica teve uma con-

Para isso, foi instalado dentro da holding um Departamento de Biologia, em 2010. “A gente já começou a fazer pesquisas de mercado, desses produtos diferenciados ‘eco eficientes’, nessa área de sustentabilidade”, diz a bióloga responsável pelo Departamento da HigiServ, Priscilla Arruda. Como diferencial, alguns produtos se mostraram capazes de substituir outros ou de serem mais duráveis, o que, em longo prazo, podem representar uma economia para a companhia.

Outro exemplo Foi o que também aconteceu na troca das lâmpadas do Quality Hotel Curitiba. De acordo com a gerente geral do Hotel, Márcia Coelho, dois fatores foram importantes para a mudança das lâmpadas de LED: redução dos custos de energia e diminuição do descarte das lâmpadas. Antes, elas duravam até seis meses, já as LEDs duram três anos.

Inaugurada em agosto, uma nova planta da fábrica da Coca-Cola, em Maringá, é considerada uma das mais sustentáveis do Brasil. A empresa desenvolveu um projeto dentro dos pilares da sustentabilidade (ambiental, social e econômico). “É uma fábrica que respeita todos os aspectos ambientais, seja legal do ponto de vista Federal, Estadual, Municipal, como também algumas outras coisas”, afirma o superintendente de Indústria e Logística da Spaipa, Mário Veronezi. Dentre as inovações da fábrica, está a utilização da luz natural, a captação de energia solar e a captação da água da chuva. Também está o reuso de toda a água na produção, em um sistema de tratamento de efluentes. Com isso, a empresa consegue atender todas as legislações vigentes e ainda pensar lá na frente.

Além das vassouras, foram feitas substituições de outros produtos de limpeza nas empresas da Higi Serv. “O que é fundamental nesse momento é separar o modismo da funcionalidade prática e da sua responsabilidade perante a sustentabilidade do meio ambiente”, afirma o diretor-presidente da HigiServ, Adonai Arruda.

A mudança significou um custo de R$200 mil para a empresa. “Esse retorno vai ser em 19 meses. Só que a vida útil é de três anos. Então, tem um ganho em cima disso de mais ou menos 20%”, analisa Márcia. Na HigiServ, alguns produtos foram substituídos por novos que são biodegradáveis e mais eficientes, explica Arruda

Como as vassouras utilizadas pela holding paranaense Higi Serv. Feitas de PET reciclado, elas têm um custo de cerca de 10% mais que as vassouras comuns, no entanto, o produto tem uma durabilidade maior.

A tendência é que os preços possam baixar mais para frente. “Tudo hoje de ecológico é mais caro, porque são inovações que estão começando”, pondera Priscilla.“É agora que se começa a viabilizar recursos para se investir em tecnologias mais verdes [...] Enquanto tudo isso não se alinhar, os produtos acabam custando mais”, completa. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 43


comportamento

A consumidora Natália teve problemas recentes com sua TV

Mais consumo gera mais problemas e reclamações As pessoas estão recorrendo a diversos meios para exigir seus direitos; internet e mídias sociais se mostram como grandes aliados

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Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br

elo 8º ano consecutivo as famílias brasileiras consumiram mais. É o que aponta o IBGE. No ano passado, este crescimento foi de 4,1% em relação a 2010. Com mais consumo, é crescente também o número de consumidores insatisfeitos com as empresas ou produtos adquiridos. No Procon do Paraná, em 2010, foram registrados cerca de 130 mil atendimentos. Um ano depois, esse número já tinha saltado para 136 mil.

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“Se você tem mais gente consumindo, vai ter mais questões a discutir, não necessariamente as empresas pioraram”, afirma Paulo Henrique Prado, especialista em Comportamento do Consumidor e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para ele, as pessoas estão mais exigentes na medida em que gastam mais na compra de produtos e serviços.

Agências reguladoras Prova disso são as recentes medidas adotadas pelas agências reguladoras em prol dos consumidores. Algumas

companhias aéreas sofreram restrições da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Conforme informou a assessoria de imprensa do órgão, a Gol teve um caso de suspensão de fretamento de aeronaves (2010), a Tam foi punida com duas suspensões de venda de bilhetes (2006 e 2010) e um “aviso” para possível suspensão (março/2012). Da mesma forma, a BRA foi suspensa por duas vezes para venda de bilhetes (2007). Já a OceanAir sofreu a mesma suspensão em 2008 e a Webjet em 2010. Neste ano, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também entrou em ação e bloqueou a venda de 268 planos de saúde administrados


Roberto Dziura Jr.

por 37 operadoras. Mais recentemente foi a vez da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) suspender a venda de chips e modens das operadoras TIM, Oi e Claro em vários Estados do Brasil por consequência da baixa qualidade de serviço e alto número de queixas.

Roberto Dziura Jr.

No site Reclame Aqui, em que os consumidores postam suas reclamações a espera de uma resposta da empresa, a mais citada nos últimos 12 meses é a TIM, com 32.404 reclamações. A Claro fica em terceira colocação com 27.653 e, a Oi, em sétimo lugar com 20.531. Quando se analisa as empresas que tiveram mais reclamações no último mês, a TIM mantém a classificação com 2.991. A Claro cai para quarto lugar, com 2.138 reclamações, e a Oi sobe para o 5º lugar, com 2.118 registros.

No site “Reclame Aqui”, aTIM é a empresa com mais reclamações nos últimos 12 meses

Novos e velhos meios Apelar para a internet e as mídias sociais para resolver o problema tem sido uma tática comum entre os consumidores. Já que por este meio, os consumidores costumam ter um resultado menos burocrático e, por vezes, mais rápido do que pelas vias administrativas ou judiciais. A engenheira de alimentos Ana Letícia Fernandes (27) foi uma destas consumidoras que recorreu ao site “Reclame Aqui” para conseguir solucionar seu problema com a City Lar. Ela comprou um umidificador em julho do ano passado e teve problemas com o aparelho seis meses depois. Após ter levado o produto duas vezes à assistência, descobriu que não havia peça para conserto. Apesar do tempo desperdiçado, menos de um mês depois de ter cadastrado a reclamação no site,

Após várias tentativas de solucionar o caso e quatro meses de espera, ela resolveu chamar a atenção da empresa de outra forma: pelo Twitter. “Eles postaram alguma coisa ‘você gostaria de ter uma super TV na sua casa’ e eu respondi que ‘eu queria mesmo que a que eu já tenho funcione’ ”, conta. Logo em seguida, recebeu um retorno da empresa e foi reembolsada com o valor pago do produto.

Canais eficientes

O consumidor está mais exigente, pois está consumindo mais, diz Prado, especialista em Comportamento do Consumidor

recebeu um e-mail da loja dizendo que seria enviado um novo produto, o que foi feito pouco tempo depois. O jornalista Roger Pereira (29) usou as mídias sociais para mostrar sua insatisfação com seu smartphone da LG. Duas semanas após ter comprado o aparelho, o celular parou de funcionar. Na segunda vez em que levou à assistência técnica, recebeu uma ligação dizendo que o aparelho estava com problema de fabricação, por isso a empresa iria reembolsá-lo. Isso não aconteceu. Ao procurar uma resposta ouviu que não havia nenhuma ocorrência com seu nome. Depois de um mês tentando resolver o problema pelo telefone, postou uma reclamação no microblog Twitter e 10 minutos depois recebeu uma ligação da LG. Uma semana após o ocorrido, teve o dinheiro de volta. Quem também conseguiu resolver seu problema com a LG e pela mesma rede social foi a empresária Thaís Costa Vaurof (27). Dois meses após ter acabado a garantia da sua televisão, o aparelho começou a desligar sozinho.

Para o especialista, a internet e as mídias sociais são importantes canais de reclamação. “De forma geral, elas [empresas] estão preocupadas com o que estão acontecendo nas mídias sociais. Tem gente que fica o tempo inteiro monitorando. Por conta dessa negatividade da informação, elas tentam resolver rápido”, diz. O analista de Marketing, Eric Hendrius Schueda Pecharki (26), é um consumidor que sempre busca seus direitos da forma que for possível. Depois de tentar algumas vezes pelo SAC, descobriu que pelo Twitter resolvia os problemas com a NET mais facilmente. Com a loja de roupas Makenji precisou apenas enviar um e-mail pelo site. Já com a TIM, seis meses depois de ter cobranças indevidas, escolheu abrir um processo judicial. O desfecho deste caso ainda é desconhecido, mas a promessa é que os seus direitos sejam garantidos, respeitando o Código de Defesa do Consumidor.

Participe Qual a sua história? Mande para cá sua opinião ou caso real. Os canais da MÊS são: Facebook: Mês Paraná Twitter: @mes_pr leitor.mes@revistames.com.br Site: www.revistames.com.br

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comportamento

A morte vista por vários ângulos A perda da vida e o luto são encarados de diferentes formas dependendo da cultura; o luto é considerado normal pela psicologia até os seis meses depois da perda

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Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br

s vésperas do Dia de Finados, no dia 2 de novembro, o assunto morte e o luto ganham evidência. Apesar de uma hora ou outra, todo mundo ter de conviver com as perdas, a maneira com que isso ocorre é bastante diferente em diversas culturas. “O que leva as pessoas a enxergarem o luto ou a própria morte de maneira diferenciada é que as várias culturas têm uma visão diferente em relação ao tempo. Nós, ocidentais, enxerga-

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mos o tempo enquanto uma linha reta, que ela vai de um ponto ao outro, sem possibilidade de retorno”, explica o professor de Antropologia da UniCuritiba, Sérgio Czajkowski Jr. Para ele, essa maneira com que os ocidentais percebem o tempo faz toda diferença na forma com que se encara a morte. “Se você enxerga o tempo de maneira linear, a ideia da morte acaba representando um fim”, diz. Outra diferença na cultura ocidental é que existe um apego muito grande à questão do corpo. “A morte não é

só não ter mais a pessoa em termos de sentimento, de relacionamento, mas é não ter o corpo físico também. Então isso é o que mais dificulta, essa separação, esse rompimento”, afirma a psicóloga da Faculdade Evangélica do Paraná, Ana Lúcia Ivatiuk. Apesar de ser a única certeza que temos durante a vida, no Brasil, também é comum essa rejeição à morte. “As pessoas ficam tão em função disso, que ficam presas. A gente não fala sobre isso, mas também não vive bem. Porque fica sempre preocupada, se eu morrer, se eu morrer. As pessoas


esquecem de viver a situação de fato. Existe um medo, mas ninguém escapa. As pessoas têm de lidar com naturalidade”, sugere a psicóloga.

Já na cultura mexicana, a morte é feita de uma maneira mais festiva. No Dia dos Mortos, celebrado por eles também no dia 2 de novembro, eles preparam um altar em sua casa para receber os mortos. Neste local, eles colocam comidas e bebidas que o falecido gostava, porque acreditam que este irá visitá-los. “Faz parte da nossa identidade celebrar a morte. É uma forma de diversão, respeito e não tomar a morte como um mal ou como um inimigo, mas como parte do nosso equilíbrio natural, brincar com ela. Nós nos divertirmos nesse dia, fazendo piadas sobre a morte”, conta o mexicano León Ocampo. No país de Ocampo, também há uma cerimônia para enterrar ou cremar os mortos, porém muitas famílias contratam músicos mariachis para tocar

Independentemente de como a cultura encara a morte, o processo de luto é natural

Entre os japoneses “No caso da cultura japonesa, a morte não é uma questão de perda, eles continuam acreditando que os antepassados continuam entre eles. Para eles, a própria relação de deixar de existir fisicamente não é só uma perda. É uma maneira de compensar uma falha sua durante a vida. A relação de sui-

cídio, diferente da gente, é uma prova de força. Eu pratico o suicídio, uma maneira de preservar minha honra e impedir que aquilo que eu fiz de errado fique uma mancha para a família”, esclarece o professor. A japonesa Yumiho Takaba conta que faz parte da cultura budista (orientação religiosa da maioria dos japoneses) convidar os amigos e familiares para velar a pessoa e depois cremar o corpo. “Tem que tirar os ossos usando pauzinhos e colocar em uma caixa, levando esta caixa para sua casa. Quarenta e nove dias depois tem uma nova cerimônia, em que o sacerdote e família são convidados. Após a cerimônia, todos comem juntos, retornam ao cemitério e colocam os ossos no túmulo. Esse tempo é dado, pois por 49 dias, não se sabe para onde irá o corpo. O karma da pessoa determina as leis do inferno e a família deseja que vá para o céu. Depois de 100 dias, um ano, três anos, 33 anos, e no dia dos mortos (Osoushiki), a família se reúne para fazer uma cerimônia”, lembra Yumiho.

Formas de luto Independentemente de como a cultura encara a morte, o processo de luto é natural. Aqui no Brasil, o sofrimento, muitas vezes, depende de como veio essa morte. “Se for a morte de um idoso, isso é encarado de uma forma bem tranquila. Agora, quando eu tenho a morte de uma criança, ou que vem através de uma tragédia, a gente vê que é muito mais difícil de enfrentar esse período”, esclarece a psicóloga.

Roberto Dziura Jr.

Banco de imagens

Mexicanos

no cemitério, como uma forma de homenagem à vítima. “[Os mexicanos] tiveram uma dominação forte por parte da Espanha, mas ao contrário do que aconteceu aqui no Brasil, eles tiveram uma sobrevivência da cultura indígena pré-colombiana. E essa questão está ligada aos traços pré-colombianos, que são anteriores à própria vinda dos ocidentais aqui para a América”, afirma Czajkowski Jr.

“A gente não fala sobre isso, mas também não vive bem”, afirma a psicóloga Ana Lúcia

Mas quanto tempo seria preciso para superar o luto? “É considerado normal até seis meses a pessoa se sentir mais triste, ter menos vontade de sair, ainda ter certo apego às coisas do ente querido. Se passar esse período e isso perpetuar, aí a gente começa a ver isso como um problema. Mas é muito diferente como cada um vai lidar com a morte”, analisa Ana Lúcia. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 47


internacional

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Roberto Dziura Jr.

Olhar econômico na disputa americana No debate central das eleições presidenciais dos Estados Unidos, está a crise econômica do País; herança do Governo Bush, que Obama ainda não conseguiu resolver

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Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br

disputa eleitoral americana comumente polarizada entre dois partidos – Democratas e Republicanos –, neste ano, deve ser mais acirrada. Muito diferente do que aconteceu em 2008, quando Barack Obama foi eleito com 52,9% dos votos e contava com o entusiasmo da população para uma mudança, neste ano, devido a não resolução dos problemas econômicos, que ainda assombram os norte-americanos, e a estagnação do índice de desemprego, que está em torno de 8%, a disputa está ainda mais equilibrada.

Banco de imagens

Números recentes de pesquisas eleitorais apontam um empate técnico entre o atual presidente, o democrata, Barack Obama e o republicano Mitt Romney. Assim, a tendência é de que a decisão deva ficar por conta dos votos dos indecisos, avalia o professor de História do curso de Relações Internacionais da UniCuritiba, Renato Augusto Carneiro Jr. “Os democratas estão tentando reverter uma situação que não foi gerada por eles [da crise]. Mas os republicanos conseguiram colar no Obama a imagem que ele pouco fez nesse meio tempo”, diz o professor. E a disputa deve continuar acirrada até a votação, que ocorre no dia 06 de novembro, já que os candidatos devem continuar explorando acusações e trocando farpas publicamente.

Campanha Para o advogado e especialista do Instituto Millenium, Renato Pacca,

parte desse empate é porque acabou o “oba-oba” em torno de que o Obama seria a salvador da pátria e poderia revolucionar tudo. Pacca acredita que se esperava de Barack Obama uma revolução que não aconteceu, pois ele não tinha condições de fazer isso. Pacca, que considera Obama um governante mediano, afirma que ele fez coisas dentro do possível, como por exemplo, a reforma no sistema de saúde, que foi aprovada com dificuldades no país. “Mas o que move o eleitorado é que eles têm uma noção muito pragmática, eles querem melhores condições de vida, querem que a economia ande”, salienta. Talvez aí more o equilíbrio, já que os republicanos, menos intervencionistas na economia, têm fama de fazer a economia crescer de uma forma mais fácil. E é essa a bandeira explorada por Romney. Para Carneiro, o discurso republicano é mais liberal, com menos ingerência do Estado e defesa da supremacia norte-americana.

Economia Além das diferenças partidárias, há também as disparidades na história pessoal entre os candidatos. “O Obama representa uma classe média que venceu, como disse Michele, ele provou do sonho americano, então ele sabe o que está falando, enquanto que Mitt Romney é um legítimo representante dessa camada mais abastada da população, que acha que todos têm de competir e a rede de proteção do Estado é mais prejudicial do que benéfica à população”, completa Carneiro.

Carneiro: com o democratas, há uma perspectiva de ter uma melhora à frente da economia

Pacca complementa que a economia deve ser o ponto forte do debate eleitoral e que Romney deve atacar afirmando que Obama e os democratas tiveram quatro anos para resolver os problemas da economia do país e não o fizeram. No entanto, já existe um otimismo e uma perspectiva que a economia americana está tentando se recuperar. Para Pacca, há um horizonte melhor para a economia americana, pois ela não está no mesmo patamar de estagnação que a União Europeia.

Economia Internacional Já em relação à economia internacional, e principalmente para o Brasil, tanto Carneiro Jr., quanto Pacca avaliam que a melhor opção em longo prazo seria a manutenção de um democrata no poder. “Com os democratas da maneira que vai, a gente pode ter uma perspectiva de ter uma melhora à frente”, afirma o professor. Ele avalia ainda que em um tempo mais distante isso seria bom para todo o mundo. Pacca salienta o nacionalismo dos republicanos, mas pondera que com a forma de gerir do governo brasileiro não haveria muitas mudanças, já que o Brasil não tem uma política externa alinhada aos Estados Unidos. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 49


turismo

Sombra e água fresca No Brasil, a busca por pacotes em resorts aumentou nos últimos anos; dicas dos melhores lugares no País, você encontra aqui na MÊS Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br

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Brasil conta com mais de 100 resorts à disposição dos turistas. A procura aumentou em 8% nos últimos anos. Contudo, os empresários deste setor, no Paraná, e os próprios paranaenses exploram pouco este tipo de turismo. Segundo pesquisa inédita da Resorts Brasil (Associação Brasileira de Resorts), os paranaenses representam somente 5% dos hóspedes nos resorts em alta temporada. O levantamento ouviu mais de 1.000 turistas em cerca de 40 resorts em 11 estados do Brasil. “Apesar de terem um poder aquisitivo e nível de cultura alto, o paranaense ainda não explora tanto os resorts, por uma questão de cultura e de costume”, diz o presidente da Resorts Brasil, Dílson Jatahy Fonseca. O principal destino procurado pelos paranaenses e pelo restante dos brasileiros (32%) é, sem dúvida, o Nordeste, por conta, principalmente, do clima agradável o ano inteiro. Já em

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baixa temporada, os turistas do Paraná preferem resorts mais próximos, na própria região Sul.

O principal destino procurado pelos paranaenses e o resto dos brasileiros (32%) é o Nordeste

Resorts no Paraná Opções por aqui também não faltam. O Estado conta com pelo menos oito resorts, segundo o cadastro do Ministério do Turismo. Eles estão espalhados por Foz do Iguaçu, Apucarana, Cornélio Procópio, Verê e Curitiba. “O público paranaense é de famílias que buscam descanso e lazer para to-

dos. Cada resort é diferente, com lugares para descanso, recreação e ambientes mais verdes”, avalia Fernanda Grzybowski, gerente e vendedora de pacotes turísticos da agência de viagens Interlaken Turismo, em Curitiba. A empresária e chef de cozinha, Valéria Alves, é daquelas que adora se hospedar em um resort. Ela frequenta resorts em todo País há pelo menos 18 anos. Valéria tem como destino principal, no Paraná, os resorts de Foz do Iguaçu. “De dia, se aproveita as Cataratas [do Iguaçu] e à noite, têm cassinos na Argentina, que fica bem próximo da fronteira”, indica. A empresária, que vai em média duas vezes por ano em resorts, gasta entre R$10 mil e R$15 mil por ano, para pacotes de duas pessoas.


Os 5 melhores do Brasil Para você curtir a alta temporada, a equipe da MÊS elaborou uma lista com os cinco resorts mais procurados no Brasil. Os preços dos destinos selecionados variam de R$500 a R$1.000 a diária para um casal, dependendo da data estabelecida.

Nannai Beach Resort – Pernambuco Com um pé na areia. É assim que você se sente no Nannai Beach Resort, que fica de frente para o mar na praia de Muro Alto, perto de Porto de Galinhas (PE). O lugar mais parece um “paraíso particular” e oferece mais de 6.000m² de lâmina d’água cristalina com diferentes profundidades, além de piscinas naturais. O Nannai foi vencedor do prêmio O Melhor de Viagem e Turismo 2011/2012, da Revista Viagem e Turismo, eleito como o Melhor Resort de Praia do Brasil. www.nannai.com.br

O resort possui salão de beleza, boutiques, biblioteca, spa e serviços de passeios pelas praias

Beach Park – Ceará

O Beach Park já ganhou diversos prêmios como o Melhor Parque Temático pelo Guia 4 Rodas

Esse é para toda a família e para todas as idades. O complexo Beach Park possui o Aqua Park (maior parque aquático da América Latina); o Beach Park Suítes (hotel com 182 apartamentos à beira-mar), o Beach Park Acqua Resort (mais de 13 mil m² de área à beira-mar e 123 apartamentos) e o Beach Park Praia (uma imensa área à beira-mar com alimentação e lazer). Entre as atrações principais estão o Maremoto, a maior piscina de ondas da América Latina e o Insano, o mais alto tobogã do mundo. www.beachpark.com.br

O Costa Brasilis Resort é uma opção com pacotes mais econômicos e visuais deslumbrantes. Voltado à natureza, o lugar, que é à beira-mar, tem a riqueza da Mata Atlântica e uma enseada com 13 km de praias semivirgens. A estrutura conta com 122 apartamentos, espaços para jogos, spa, sauna, redário e diversos serviços. O Costa Brasilis também oferece Day Use e tarifas diferenciadas para grupos e eventos. www.gjphoteis.com.br

O Resort é tão reservado à natureza que para chegar ao lugar, somente com balsas

Costão do Santinho – Santa Catarina

O Costão do Santinho promove festas durante todo o ano, no Natal e no Carnaval, principalmente

O Costão do Santinho fica situado na Praia do Santinho, ao norte da Ilha de Florianópolis, em Santa Catarina. O lugar conta com dunas, trilhas e sítios arqueológicos. No resort, além de spa e lazer, há um campo de golf, complexo esportivo náutico e o maior conjunto de piscinas internas e externas em resorts do Brasil. O local já é hexacampeão de prêmios pela Revista Viagem e Turismo, com seis títulos consecutivos entre 2005 e 2010 como Melhor Resort de Praia do Brasil. www.costao.com.br

Mabu Thermas & Resort – Paraná Para quem quer um ambiente mais tranquilo e perto de uma das sete maravilhas do mundo (Cataratas do Iguaçu), deve conhecer o Mabu Thermas & Resort, localizado em Foz do Iguaçu. O lugar possui a maior fonte de águas termais do planeta e as águas ficam a 36°C todo o ano. Além disso, o Mabu Thermas & Resort conta com estrutura para toda família, com espaços esportivos, festas temáticas e espaços para relaxar. www.hoteismabu.com.br

Fotos: Divulgação

Divulgação

Costa Brasilis Resort – Bahia

As águas termais estão localizadas sobre o Aquífero Guarani, maior reserva de águas do mundo

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esporte

Esporte para a mente Para ser esporte não precisa estar relacionado ao exercício físico, o xadrez é prova disso; o esporte olímpico requer disciplina e treinamento para se alcançar bons resultados

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Roberto Dziura Jr. roberto.dizura@revistames.com.br

uando os olhares de grande parte da população se voltaram para Londres na Olimpíada 2012, outro evento esportivo de mesmo nome passou praticamente desapercebido por grande parte das pessoas. Quem pensou na Paralimpíada se enganou. Foi a 40a Olimpíada de Xadrez, que acontece a cada dois anos e, neste ano, foi em Istambul (Turquia), entre os dias 27

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de agosto e 10 de setembro. O evento esportivo contou com a participação de 149 países, incluindo o Brasil. Por mais que não tenha tradição mundial, o Brasil possui Grandes Mestres enxadristas e um dos destaques nacionais é Alex Fier (24), natural de Joinville (SC), mas radicado em Curitiba. “Comecei quando via meus pais jogando e depois que aprendi peguei gosto e nunca mais parei. Participo de competições oficiais desde os seis anos. Quando terminei o ensino médio já estava entre os top 10 do Brasil e resolvi me dedicar exclusivamente ao xadrez, conseguindo o título de Grande Mestre aos 18 anos.” Como para qualquer esportista, a vida de um enxadrista é feita de muita disciplinada e treino. “Estudo mesmo

quando não participo de torneio. Durante uma competição, a rotina é bem pesada, com várias horas de estudos”. Fier já participou de torneios em diversos países e entre as suas conquistas estão: campeão latino-americano (2011), brasileiro absoluto (2005), vice-mundial, em 1998, e vencedor por cinco vezes o panamericano (sub10, sub-14, sub-18).

Xadrez, esporte? Embora nunca tenha participado de uma Olímpiada tradicional, o xadrez é sim um esporte olímpico e sua Federação é filiada ao Comitê Olímpico Internacional (COI). “O esporte atende todos os requisitos necessários para ser Olímpico, entre eles, está a popularidade mundial e o fato de ser praticado em todos os continentes,


Arquivo pessoal

“O xadrez me fez conhecer o mundo ao participar de diversas competições”, diz Alex Fier

Além de popular, o xadrez adiciona outros ingredientes interessantes. Estudando a relação desse esporte com a educação há mais de 20 anos, o pós-doutor, professor e coordenador do Clube de Xadrez Erbo Stenzel, Wilson da Silva, comprova isso e afirma que há um aumento considerável na concentração e raciocínio por parte dos praticantes. “Os jogadores de xadrez quando submetidos a problemas que envolvam o pensamento lógico tem um desempenho acima da média. Além de sua contribuição pedagógica, sua prática ajuda na desaceleração das doenças neurodegenerativas da terceira idade.”

Para jogar Além das competições com Grandes Mestres, o esporte possui muitos torneios para não profissionais. Um deles acontece desde 1958 e é promovido pela Biblioteca Pública do Paraná (BPP) – entre seus campeões está o curitibano Jaime Sunyé Neto, um dos ícones do esporte no Brasil. “Nos úlRoberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

tendo mais de 150 países filiados à Federação Internacional de Xadrez”, explica Acyr Rogério Calçado, presidente do Clube de Xadrez de Curitiba.

timos 11 anos, nosso torneio passou a ser somente para jogadores com até 12 anos. Além dessa competição anual, a Biblioteca possui um espaço para a prática de xadrez e ensino básico”, conta Bruno José Leonardi, chefe da Sessão Infantil da BPP.

Além de popular, o xadrez adiciona outros ingredientes interessantes: concentração e raciocínio lógico O Clube de Xadrez Erbo Stenzel, existente há 30 anos e mantido pela Fundação Cultural de Curitiba, também possui curso básico. “Soma-se a isso os treinamentos enxadrístico com mestres da Federação Internacional. Entre os torneios, realizamos a Copa Sunyé. As competições escolares curitibanas têm uma tradição já consolidada”, acrescenta Silva.

“O esporte contribui para o desenvolvimento teórico”, analisa Acyr Calçado, presidente do Clube de Xadrez de Curitiba

Outro espaço curitibano dedicado ao esporte, o Clube de Xadrez de

Curitiba, com 74 anos de atividade, é um dos mais tradicionais do Brasil e também promove diversos torneios e encontros ao longo do ano. “Um dos desafios do Clube é entrelaçar os competidores escolares com os profissionais”, diz Calçado.

Locais de prática Se você também ficou animado em praticar, conheça alguns locais para jogar xadrez: Clube de Xadrez de Curitiba Rua XV de Novembro, 166, 9º andar. Fone: (41) 3222-4539 Clube de Xadrez Erbo Stenzel Galeria Júlio Moreira. Fone: (41) 3323-7899 Biblioteca Pública do Paraná Rua Cândido Lopes, 133. Fone: (41) 3221-4900

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automóvel

Riacho próximo ao Morro da Palha, em Campo Magro

Pronta para qualquer terreno A nova Range Rover Sport vem com câmbio de oito velocidades, motor com 256 cavalos bi-turbo diesel e enfrenta qualquer desafio

O

Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br

desafio do mês é testar a nova versão off-road (fora de estrada) da Range Rover Sport. Para isso, a equipe da MÊS pediu ajuda e literalmente saiu da estrada. Para integrar o time, foi convocado o técnico

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mecânico Vinícius Maestrelli, apaixonado por veículos desse tipo e proprietário de três modelos: uma Land Rover Defender 110, um Cherokee Sport e uma Pajero Sport.

mite chegar a pontos como esse que a gente está aqui, no topo de uma montanha, com uma paisagem linda, próximo da natureza e com segurança e conforto”, garante Maestrelli.

O local escolhido foi uma pista de teste dentro de uma propriedade particular que fica entre os municípios de Campo Magro e Almirante Tamandaré. “Com certeza é um carro que tem condições de chegar a qualquer lugar. Tem robustez, flexibilidade de suspensão, tecnologia para garantir a tração do carro, mesmo em locais não tão planos e, com isso, ele per-

A Range Rover fez bonito. Percorreu toda a pista, subiu e desceu barrancos e até mesmo passou por riachos sem nenhuma dificuldade. A potência e a estabilidade do carro chegam a impressionar até mesmo os mais experientes. “Me impressionou bastante a capacidade de performance, mesmo em terrenos lisos e ondulados, a potência do motor e, principalmente, a


O carro tem, entre outros diferenciais, sistema de som com 11 autofalantes, conexão USB/ iPod e sistema de navegação

Fotos: Roberto Dziura Jr.

preocupação que o carro demonstra fazendo com que, em condições onde a segurança é o principal ponto, ele dá indicações para você que está correndo algum tipo de risco. De pronto, ele sinaliza e faz as alterações necessárias para que você consiga realizar seu trajeto com segurança”, diz o expert.

Mudanças

Roberto Dziura Jr.

O carro tem transmissão de oito velocidades ZF 8HP70 e motor 3.0 SDV6 bi-turbo diesel. Com esta ampla gama de marchas, a condução fica mais confortável e eficiente. “É igual a um violão. Se você tiver um violão de duas cordas, consegue fazer poucas notas. Na medida em que você vai pondo mais cordas, consegue fazer mais variações no som. Aqui é a mesma coisa”, explica o técnico mecânico. A potência também ficou maior. Os 245 cavalos deram espaço a 256, nesta nova versão. “Qual é o equilíbrio ideal em um carro? Motor forte, câmbio bem relacionado e um diferencial longo. Para você tê-lo tanto com boas respostas a baixa velocidade, tanto com alta velocidade. Você tem um motor de 256 cavalos, uma enorme relação de marchas, que permite relacionar isso tudo”, completa.

Diversos terrenos O sistema Terrain Response, que permite escolher entre cinco terrenos di-

ferentes (estrada, chuva, terra, areia e pedras) também veio com novidades nesta nova versão. Agora é acionado por botões e o processo de mudança leva apenas dois segundos. Além disso, o carro tem controle de instabilidade, que deve ser utilizado em todos os momentos, até mesmo na cidade e um para terrenos mais difíceis. Neste caso, se acionado, o carro é que determina a velocidade e potência que deve proceder.

Luxo Além de toda a potência, a tecnologia do carro também se ateve ao conforto e luxo interno, apesar do design pouco amigável na parte externa. O carro conta com teto solar, faróis de xenon

Acostumado com a vida off-road, Vinícius Maestrelli disse ter se impressionado com a performance do carro

adaptativos com assinatura em LED e lâmpada auxiliar para curvas, sistema de som Harman-Kardon™ com 11 autofalantes de 380W, com subwoofer e conexão USB/iPod e sistema de navegação (GPS). Na versão top de linha, a HSE, tem ainda aquecimento nos bancos dianteiros e traseiros, iluminação interna em LED, sistema de entretenimento traseiro com duas telas de 8” em LCD e dois fones de ouvidos sem fio, abertura elétrica do porta-malas, geladeira no console central e câmera de ré. Esta versão custa R$405 mil em uma concessionária de Curitiba. Já a versão de entrada, a SE, sai por R$359 mil. “Ele carrega os traços históricos da Land Rover e traz consigo linhas que remetem a toda a história da marca. Tem design que permite tanto andar no barro, quanto ir para eventos de maior glamour”, completa Maestrelli.

Veja mais Assista ao vídeo que a MÊS preparou com o desempenho da Range Rover Sport youtube.com/revistames

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moda&beleza

Encontro com amigas

Estilo Balada

Moda Praia

Para o Trabalho

A beleza de cada um Visagismo é uma técnica que ajuda a definir o corte de cabelo, a maquiagem e roupas adequadas para cada indivíduo; a MÊS testou e aprovou

A

Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br

Revista MÊS resolveu mudar de foco. Deixou de lado um pouco as tendências ditadas pela Moda e Beleza vigentes para se personalizar. A reportagem foi em busca do Visagismo, uma técnica que está sendo divulgada e segue a linha customizada de ser. Em geral, as pessoas procuram por uma padronização estética. Mas a beleza em determinada pessoa não pode ser reproduzida em outra. Por isso, especialistas da beleza estão aplicando a técnica de Visagismo e mostram que a imagem pessoal deve ser compatível às características físicas e emocionais de cada um.

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Assim, a padronização deixa de existir para focar na individualidade e objetivos. “É a arte de criar uma imagem pessoal que revela as qualidades interiores de uma pessoa, de acordo com suas características físicas e os princípios da linguagem visual (harmonia e estética), utilizando a maquiagem, o corte, a coloração e o penteado do cabelo, entre outros recursos estéticos”, afirma o criador da técnica Philip Hallawell.

Colocando em prática Para ver se a teoria funciona na prática, a reportagem se personalizou e encarou as transformações. Busquei profissionais, ambos especialistas em Visagismo, para aplicar e explicar a técnica em mim. O hairstylist e responsável pelo Health Care, Bruce Bomfim, ficou com a produção do meu cabelo e da maquiagem. Já a assessora de imagem, Audrey Slomp, tinha a função de me ajudar com dicas no figurino.

Primeiro, foi a vez de Bomfim na análise do rosto para indicar a maquiagem e o cabelo adequados. A experiência começou com uma sabatina de perguntas para saber sobre minha aparência e em qual aspecto da minha vida estava focada no momento. Podia ser no trabalho ou na vida pessoal. Esse objetivo, inclusive, é fundamental no Visagismo, para o especialista ter bases para determinar a linha a seguir. Depois da conversa, objetivo traçado! Tinha de ser uma imagem que passasse mais credibilidade, o que é essencial para a profissão de jornalista. Bomfim, então, me sugeriu um corte quadrado na altura do ombro, mas repicado para dar flexibilidade e poder usá-lo de forma mais descontraída. O corte escolhido levou em consideração também o aspecto do meu cabelo, com química.

Maquiagem Já a maquiagem selecionada por Bomfim foi leve. Para ele, o des-


Roberto Dziura Jr.

Aplique a técnica

Roberto Dziura Jr.

Visagismo separa o temperamento das pessoas em 04 tipos. Qualquer pessoa tem um pouco dessas opções abaixo, mas em graus diferentes. Uma das características será predominante em você. Beleza Fleumática A beleza fleumática é serena e espiritualizada. Meiga, acolhedora e abnegada. É também diplomática e amigável. Ligada ao éter, sua cor é o roxo. Transmite segurança e paz. Beleza Melancólica A beleza melancólica é elegante, sensível e artística. Profunda, charmosa e sofisticada. É ligada à água, sua cor é o azul. Transmite calma e organização. Beleza Colérica A beleza colérica expressa muita atitude. Poderosa, passional e independente, é também líder. Ligada ao coração, sua cor é o vermelho. Transmite força, coragem e determinação. Beleza Sanguínea A beleza sanguínea é luminosa e vibrante. Dinâmica, festiva e motivadora. É também destemida e criativa. Ligada ao sol, sua cor é o amarelo. Irradia alegria e entusiasmo. Fonte: Philip Hallawell

taque deve ficar na área dos olhos. “São muito expressivos”, afirmou o visagista. Uma sombra salmão na pálpebra móvel, com o côncavo mais marcado e uma sombra clara para iluminar a margem da sobrancelha. Esse foi o conceito passado por ele. Além disso, um lápis preto do canto externo ao interno diminuindo a grossura e depois esfumaçando era a receita ideal para o meu tipo de olho. “Máscara para cílios e a sobrancelha

antes

Depois preenchida com um lápis marrom, sempre”, disse Bomfim. A preparação da pele foi feita com corretivo e base. O blush escolhido deve ser em tons marrons ou cobres, indicou o profissional. Na boca, o ideal é um batom nude, com o contorno marcado e um lápis. Tudo para passar um ar de seriedade.

Roupas A segunda parte do trabalho foi feita por Audrey Slomp. Antes do encontro, enviei as respostas de um questionário de três páginas com perguntas pessoais e fotos de rosto e corpo de frente e perfil. O ponto de encontro foi em uma loja, após a transformação do cabelo. “Nossa, como você está diferente”, se entusiasmou Audrey. Foi então que ela me entregou um dossiê com a análise do meu perfil com indicações de cores, roupas, cabelos e maquiagens. Em relação ao meu biótipo, identificado como triângulo, algumas das recomendações foi usar golas volumosas ou lenços e detalhes no colo, sempre chamando a atenção para os ombros, colo e rosto. Além de vestidos marcados na cintura e cores claras na parte superior e escura na parte inferior. Minha pele, outono profundo, combina mais com as cores: vermelho alaranjado, amarelo dourado, cor de tijolo e jeans. Dentre os tons mais neutros estão o verde musgo e o caramelo.

Diante desse perfil, a consultora montou alguns looks. São quatro opções para você também se inspirar. Composições para trabalho, festa, praia e encontro com amigas.

Resultado A experiência foi interessante. A técnica parece ser uma espécie de consultoria pessoal, aliada a uma transformação no visual. Era como se eles me conhecessem há muito tempo ou tivessem me escutado falar por horas em um divã. Mas faltava saber se, para os outros, isso também estava claro. A resposta foi quase imediata. Ao retornar à Redação, um de meus colegas do administrativo, e sem ter ideia da reportagem, não me reconheceu. Ao olhar novamente disse: “Não vi que era você com esse novo corte de cabelo. Você está com uma cara mais séria. Ganhou uns cinco anos”. Não precisava dizer mais nada. Objetivo cumprido.

Participe Descubra qual é sua imagem e mande sua opinião sobre o Visagismo: Facebook: Mês Paraná Twitter: @mes_pr leitor.mes@revistames.com.br Site: www.revistames.com.br

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culinária&gastronomia

Paladar germânico A gastronomia alemã atravessou séculos e territórios; no Brasil, ainda mantém suas receitas autênticas e festas tradicionais

Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br

O

Sul foi a região mais colonizada pelos alemães no Brasil. Cidades como Pomerode e Blumenau, em Santa Catarina, são exemplos dos típicos costumes germânicos ainda preservados. No Paraná, apesar de existir uma miscelânea maior entre europeus, há municípios como Marechal Cândido Rondon e Rolândia onde imigrantes de diversas regiões da Alemanha também deixaram seu legado. Um dos tesouros foi a gastronomia. A presença da culinária alemã no Paraná é muito significativa, atesta Carlos Roberto Antunes dos Santos, professor titular de História do Brasil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente da Slow Food Paraná. “Eles estão em todos os lugares do Paraná e, por isso, por onde passam, deixam uma influência expressiva na cultura e gastronomia, com uma série de pratos doces e salgados”, explica Santos. “Tanto descendentes alemães, como a sociedade paranaense aderiram à gastronomia alemã, principalmente, em cima de alguns pratos que têm história e tradição e se tornaram patrimônio imaterial da cozinha do Paraná.”

Pratos alemães Diversidade é o que não falta para a mesa dos alemães, que se diferencia de região para região no país europeu. Em geral, a carne suína é uma das 58 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012

Gastronomia alemã é forte no Paraná e em outras regiões do Sul Um pouco da Alemanha no Sul do Brasil Diversas festas típicas alemãs acontecem todos os anos no País. Em Marechal Cândido Rondon (PR) será realizada entre os dias 19 e 28 deste mês a Oktoberfest. Mas uma das maiores e mais famosas festas alemãs no País é a de Blumenau (SC). O evento, inspirado na festa de mesmo nome que acontece em Munique, atrai também muitos paranaenses. São 18 dias de festa (10 a 28/10), com muitas atrações em um cenário tipicamente alemão. A gastronomia não poderia faltar, assim como a cerveja alemã. No ano passado, a festa recebeu mais de 563 mil pessoas que consumiram cerca de 626 mil litros de chopp. Mais informações: www.oktoberfestblumenau.com.br


mais populares por lá e está presente em vários pratos alemães. As carnes de boi e de aves também são muito apreciadas, especialmente em embutidos. São mais de 1.500 tipos. Uma das mais conhecidas é a salsicha Bratwurst. Feita com carne de porco, vaca ou vitela é servida grelhada ou cozida. A salsicha, geralmente, é acompanhada por chucrute e batata. Também pode ser servido com pão e mostarda picante. O chucrute, outro prato bem característico da Alemanha, é um preparado de repolho fermentado em conserva. A carne de porco ganha ainda novos preparos. O Eisbein, que significa joelho de porco, é usado em diversos pratos. Assado ou cozido, o joelho suíno pode ser servido com batatas, chucrute e a salsicha. Parte do pescoço e do lombo de porco, salgados e defumados, é usada para compor outro prato conhecido como Kassler, servido com purê de batata e também com chucrute. As carnes de pato e javali também fazem parte da lista. O Gefüllte Ente, que quer dizer “marreco recheado” é outro prato tradicional desta gastronomia. Repolho roxo, batatas e purê de maçã fazem a composição desta seleção mais agridoce, em que a mistura está presente em muitos outros pratos germânicos.

Entre os doces, o Apfelstrudel é uma sobremesa germânica muito tradicio-

nal. O doce é um folhado de maçã cortada em cubos, que leva canela e uvas passas. A receita pode ser servida morna com sorvete de creme. Além de sorvete, também pode ser servido com um molho de baunilha conhecido por um nome bem complicado: Kanarienvogelmilch. Além de a mostarda ser um acompanhamento tradicional na gastronomia alemã, outra marca é o queijo Quark. É um tipo de queijo cremoso que faz parte do cotidiano dos alemães.

Os pratos que são servidos no Brasil seguem os sabores e ingredientes tradicionais alemães

Joelho de porco, com diversos acompanhamentos

O alemão Andreas Hoffrichter, vice-diretor da Câmara e Cônsul Honorário da Alemanha em Curitiba, confirma essa originalidade da gastronomia alemã no Brasil. Para ele, apesar dos pratos conhecidos aqui não representarem “nem de longe a quantidade de pratos de lá”, os que são servidos aqui seguem os sabores e ingredientes tradicionais alemães. “Em um modo geral, a gastronomia alemã aqui é boa e o gosto é tão bom quanto os servidos na Alemanha”, afirma Hoffrichter.

Cervejas alemãs

Preservação gastronômica As receitas alemãs originais são também conservadas no Paraná. Podem ser degustadas em diversos restaurantes e bares especializados em gastronomia alemã que levam à risca as receitas típicas. Em Curitiba, o famoso Bar do Alemão, que existe há 33 anos, é um desses exemplos. Fotos: Divulgação

Divulgação

Doces e acompanhamentos

Doce típico alemão: Apfelstrudel

Selma Tonatto do Prado, chef de cozinha e proprietária do Bar, conta que todas as receitas são preservadas. “Todo o modo de preparo, nós preservamos e fazemos de modo artesanal. Nós defumamos a carne de porco e nosso bacon é sequinho e defumado e a salsicha é envolta com tripa natural, tudo como é feito lá”, explica. Descendente de alemães, Selma lembra que todas as memórias gastronômicas foram guardadas e repassadas em suas receitas. “Não tem diferenças, é tudo como eu comia na minha infância.”

A cultura alemã é também muito marcada pelas cervejas. “As vantagens das cervejas alemãs são os produtos de excelente qualidade disponíveis e os equipamentos que usam”, revela o beer Sommeliere e-commerce do Clube do Malte, Marcos Camargo. Para ele, mesmo assim, as cervejas nacionais de “estilo alemão” não ficam para trás. “Elas também possuem excelente qualidade e algumas já ganharam medalhas nos campeonatos mundo afora, como a Eisenbahn Dunkel, uma Schwarzbier (estilo Alemão) que é a cerveja nacional mais premiada.” Estas são algumas marcas: Paulaner Salvator, Schneider TAP 1 MeinBlond, Schlenkerla Marzene Hof Brausão. A Jever Pilsner é recém-chegada por aqui e já virou referência na Alemanha, sendo muito consumida em Munique. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 59


cultura&lazer

O palco principal abriga 2.167 cadeiras entre plateia, primeiro e segundo balcões

Palco de cenas históricas O Centro Cultural Teatro Guaíra ganha primeira revitalização, a fase agora é de elaboração do projeto, as obras começam no início de 2013

Q

Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br

uem tem a oportunidade de subir no palco principal do Teatro Guaíra e olhar de frente para a plateia entende a magia deste lugar. Quem entende de acústica também sabe identificar neste teatro os mais baixos ruídos em longas distâncias, devido a seu formato e estrutura exemplares. E para quem não tem nenhum conhecimento técnico também consegue mergulhar em uma catarse ao simplesmente apreciar os espetáculos.

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Com o maior palco da América Latina, no coração da cidade e uma das melhores acústicas do País, este principal cenário cultural de 17 mil metros quadrados em Curitiba ganhará uma grande revitalização. “Uma reforma geral, nós nunca tivemos. O que a gente sempre

As melhorias vão desde os banheiros, passando pelo palco, a rampa de carga e descarga, as cadeiras, chegando até a recepção

faz é basicamente manutenção”, afirma Sérgio Izidoro, coordenador do setor de Arquitetura do Teatro Guaíra. “O Guaíra antes de ser um teatro é um órgão público. A gente tem essa dificuldade de pauta. Mas como teatro ele é um dos melhores teatros do Brasil”, comenta Fábio Neves, um dos sócios da Seven Entretenimento, que comenta ainda sobre a dificuldade e a burocracia em agendar espetáculos no Guaíra e também a respeito da falta de estrutura de alguns itens, como salas de camarim, área de alimentação, telefone e internet sem fio adequados.


Aniversário Neste ano, o Guaíra completa 60 anos desde o início da construção do primeiro auditório: o Guairinha (1952). O arquiteto Rubens Meister foi o autor da obra, que compreende três auditórios: Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão), Salvador de Ferrante (Guairinha) e Glauco Flores de Sá Brito (Miniauditório).

Também apresentou grandes festivais, como o Projeto Pixinguinha, que contribuiu para popularizar a MPB (Música Popular Brasileira) no País. Possibilitou a formação de muitos grupos artísticos, além de ser referência para estreias nacionais todos os anos.

Licitação para reforma No mês passado, a PJJ Malucelli ArquiteturaS/S Ltda deu início ao pro-

jeto executivo das obras. A ganhadora da licitação realizada pelo Governo do Estado terá seis meses para entregar o projeto. Esta fase está orçada em R$ 1,2 milhão. Depois, serão abertas diversas licitações em paralelo para executar as obras, divididas em setores. As melhorias vão desde os banheiros, passando pelo palco, a rampa de carga e descarga, as cadeiras, chegando até a recepção. A iluminação, a coxia, assim como a modernização de equipamentos, a instalação de elevadores de Fotos: Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

A obra passou por um grande incêndio, em 1970; já teve espetáculos censurados durante a Ditadura Militar; também foi o único teatro brasileiro a receber a apresentação completa da Companhia de Balé Imperial da China. Já teve a honra de receber alguns dos mais renomados artistas brasileiros, como Paulo Autran e Tônia Carrero.

Para viabilizar a obra, serão realizadas licitações específicas para cada setor, explica Sérgio Izidoro, arquiteto responsável do Teatro Guaíra

O complexo arquitetônico possui 17 mil metros quadrados e três auditórios

palco e ampliação da segurança contra incêndio estão previstas na revitalização, que ocorrerá também na parte externa, com a restauração da fachada. Alguns itens poderão ser reformados e outros, como as cadeiras que foram feitas exclusivamente para o Guaíra, terão de receber uma minuciosa restauração. Outro ponto delicado será o isolamento acústico. “Em função do projeto original é a alteração mais severa, por causa da evolução tecnológica”, diz Izidoro. Isso porque “quando foi criado o complexo, com esses auditórios, não se imaginava que um dia você ia ter equipamentos gerando som no nível e nas frequências que existem hoje. E outra, não se imaginava que um dia as pessoas iam ouvir sons com limites muito acima do que a saúde determina”, explica o arquiteto responsável. O trabalho, que deve começar em 2013, ainda não tem prazo para terminar, nem verba definida, porém o patrimônio tombado será garantido, possivelmente em etapas, como acredita o arquiteto Izidoro. Para quem acha que terá prejuízos no decorrer dessa reforma, o arquiteto tranquiliza: “não vamos fechar o teatro para fazer essa reforma”, afirma. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2012 | 61


dicas do mês

Mariane Maio - mariane.maio@revistames.com.br

Biografia

Autor: Mauro Beting Editora: Universo dos Livros

Memórias

Autora: Isadora Lenzi Michel Editora: In Verso

Nunca Fui Santo

Bicicletas eTulipas

O recém-aposentado goleiro do Palmeiras, Marcos, deve ter escolhido este ano para deixar sua história registrada. Com o anúncio de “pendurar as chuteiras”, Marcos deu muitas entrevistas à imprensa, em que registrou sua trajetória, marcada também por muitos episódios na Seleção Brasileira. Mas é na biografia recém-lançada, escrita pelo jornalista esportivo Mauro Beting, que ele apresenta suas maiores confissões. Assim, ele rejeita o título de “santidade”, mostra uma vida simples e de decisões difíceis, como ter negado proposta para jogar em Londres para ficar perto da família.

A obra conta a história de uma garota de Curitiba que embarcou em um intercâmbio na Holanda. Até aí tudo normal. Mas durante essa viagem, Isadora produz um blog para compartilhar suas histórias com quem ama. Depois, veio a necessidade de registrar suas aventuras e experiências da viagem. “E, por fim, foi este o caminho que encontrei para me entender, para dar vazão aos meus sentimentos e processar tudo que estava acontecendo”, conta a autora. Em tom confessional, Isadora derrama lágrimas e alegrias em páginas de uma obra aberta que é a vida.

Poesia

Ficção

Autora: Angela Regina Ramalho Xavier Editora: Livro Pronto

Autora:

Editora: In Verso

Palavras pedem passagem

Os Recados

No mês em que se comemora o Dia do Poeta, a leitora da MÊS, Ângela Xavier, recebe a homenagem, que se estende também aos demais poetas. Com seu livro “Palavras pedem passagem”, ela ousa contrariando até mesmo os consagrados nomes: Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa. É um livro político, de cordel, autobiográfico, de reflexões sobre a vida, filosófico, de recordações, de apego às raízes, religioso, humorístico, de questionamentos, de apologia à liberdade e predominantemente romântico. São essas as denominações da própria autora.

Não adianta se esconder dos fantasmas, porque eles fatalmente voltarão. É esse o drama vivido pelos irmãos Daniel e Zac Coleman, que durante toda a infância e a adolescência sofreram com uma mãe perturbada e violenta. Já adultos, bem sucedidos e morando na agitada Nova York prometeram a si mesmos que nunca mais retornariam a sua cidade natal, Peoria. Porém, o reaparecimento da irmã mais nova nesse enredo fez com que eles tivessem de enfrentar a dor do passado, que tanto lutaram para esquecer. Trata-se de uma “história de resgate de valores e redenção”, registra a autora.

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dicas do mês

Arieta Arruda - arieta.arruda@revistames.com.br

Indie Rock/MPB

Cícero Lins Gravadora: Independente

Canções de Apartamento

O jovem cantor, mas com certa experiência, vem ganhando destaque no cenário nacional com prêmios e atenção dos críticos da música nos últimos tempos. Com seu trabalho de estreia em carreira solo, Cícero imprime suas linhas com uma levada intimista. Há quem diga que suas canções são para se ouvir em dias nublados, o que, cá entre nós, combina bem com Curitiba. Suas canções podem ser baixadas gratuitamente pelo site. As composições lembram bem o simplismo e a melancolia de Los Hermanos. De um cara aparentemente tímido vem uma doçura e leveza nas cantigas.

POP

Tulipa Ruiz Gravadora: Independente

Tudo tanto

Elogiadíssimo pela crítica especializada, o novo e segundo CD da cantora Tulipa Ruiz ganhou destaque na última edição do Prêmio Multishow de Música Brasileira, como Disco do Ano, no mês passado. Agora, com mais maturidade e energia na estrada, Tulipa se diz mais segura musicalmente. Dançante e embalado por uma batida mais forte, este álbum traz 11 faixas de canções compartilhadas na web. A cantora da nova cena musical canta letras sobre o cotidiano, amor e tons sensuais e envolventes. Confessa que tem influência dos Novos Baianos e alguns artistas contemporâneos.

MPB

Djavan Gravadora: Luanda Records/Universal Music

Rua dos Amores

Um dos grandes ícones da Música Popular Brasileira (MPB) lançou no mês passado músicas de composição própria. Com algum tempo sem escrever suas notas e letras, cantar essa “Rua de amores” foi o trabalho deflagrador de toda sua veia autoral que estava adormecida. Como não poderia deixar de ser, o assunto principal é o “amor”, sem que isso se esgote nessas 13 músicas inéditas. Com metais espertos e com uma música tradicionalmente aconchegante, a cada faixa você se apaixona mais e mais por sua voz lúdica. A turnê desse trabalho começa em novembro.

POP

Christina Aguilera Gravadora: Sony Music

Lótus

Com o single “YourBody”, lançado há poucas semanas, a cantora Christina Aguilera promete novidades com o álbum completo chamado “Lótus”, programado para meados do próximo mês. Ela define este trabalho como “autoexpressão e liberdade”. Quer voltar às raízes, como tem comentado pela imprensa, e assim dar um up em sua carreira, já que no último trabalho intitulado “Bionic”, Christina não teve muito êxito, nem destaque em tempos de muitas vozes pops surgindo pela web. Para os fãs, é esperar, ouvir e curtir. Para os críticos, resta conferir.


Fernando Smak

Karina Reis

opinião

Membro da Sociedade Brasileira de Coaching e diretora executiva da Cannoh Coach

Você sabe se relacionar?

V

ivemos em um mundo em que a busca pelo mas também saber ouvir. Mesmo porque tudo aquilo que sucesso é, basicamente, a razão de existir de criamos, imaginamos ou esperamos que o outro nos dê ou muitas pessoas. O sucesso, na maioria das ve- faça por nós, pertence a nossa mente, aos nossos desejos, zes, está ligado à realização de um propósito e, ao nosso mundo pessoal. E a este mundo, o outro (o oucom isso, à concretização de um objetivo. Entretanto, se vinte) não tem acesso e, muitas vezes, não está disposto a pararmos para pensar nos nossos sonhos e metas, sempre entrar. Entender, aceitar e, principalmente, dar a oportunihaverá pessoas envolvidas. Temos a necessidade do apoio dade e não trazer para o pessoal as questões profissionais de alguém, seja um amigo, familiar ou colega de trabalho, do dia a dia faz com que o indivíduo tenha mais foco nos para que algo aconteça. Essa dependência acontece por- seus resultados. que nós, seres humanos, somos seres sociáveis que têm por necessidade básica a aceitação ao nos relacionarmos Uma vez estabelecido o que é do compromisso de cada com outras pessoas. Importante ressaltar que, ter prazer, um, é necessário, então, se desafiar a ir além. Isso está alegria e plenitude nesses relacionamentos é algo que se ligado à intensidade que se coloca em cada ação desenvolescolhe. Tal escolha ocorre quando se permite aceitar que vida dentro das tarefas do cotidiano. será necessário ter cuidado, habilidade e muita paciência Vejo todos os dias pessoas Para ter sucesso nas relações ou em para se relacionar com outros. se portando como recursos Caso contrário, objetivos tão humanos e, um dia por mês, qualquer outro propósito, pessoal sonhados passarão a ficar agindo como seres humaou profissional, é necessário se cada vez mais distantes sem nos, normalmente no dia comportar como SER humano que se saiba o porquê e muito do pagamento. Enquanto menos o que fazer. as pessoas se comportarem como recursos humanos, serão tratadas como recursos. Estamos vivendo a Era da Consciência: a demanda é mui- Para ter sucesso nas relações ou em qualquer outro proto maior do que a oferta. As pessoas buscam estar mais ali- pósito, pessoal ou profissional, é necessário se comportar nhadas ao que se quer, ao que se sonha e, principalmente, como SER humano. Para isso, o indivíduo precisa ter claao que se é. Com isso, as empresas precisam estar atentas ro o que quer e porque quer, e em seguida, como obter. à qualidade, tanto dos produtos e serviços, como do atendimento e à satisfação do cliente interno x cliente externo. Saber reconhecer seus valores, talentos, pontos fortes e Mesmo já estando em pleno século XXI, nos deparamos porque não suas fraquezas, assumindo um olhar voltado com imensos problemas ao se relacionar e, especialmente, para dentro, para si e não de julgamento para o outro, mas ao se comunicar. de crescimento pessoal, em que as relações com sucesso mútuo são prioridade, é o que faz o sucesso de qualquer Um dos grandes desafios para todo ser humano é a co- pessoa acontecer. O grande desafio de homens e mulheres, municação. Ela deve acontecer sem que se lancem expec- seja na vida pessoal ou profissional, é se conhecer, saber tativas para o ouvinte. Quando se leva a palavra à outra qual seu real propósito e fazê-lo acontecer. O que separa pessoa também não se pode criar expectativas sobre ela. o agora da realização de qualquer pessoa é a decisão de Para uma comunicação efetiva é preciso falar claramente, entrar em ação.

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