Revista MÊS 16

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Um curitiboca da gema Atual morador do Rio, Alexandre Nero não se esquece do “cheiro de Curitiba” e grava, neste mês, seu DVD na cidade

Eleições/2012: Pesquisa mostra que pelo menos 8 pré-candidatos são LGBT no PR

Cidades: Mais de 870 obras públicas estão paralisadas no PR, diz TCE/PR

Cultura: Curitiba será palco de Festival Internacional de Cinema em maio

circulação GRATUITA

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PODE SER ABERTO PELA ECT

Editora Mês Ano 2 - nº 16 Maio de 2012



Mais do que ver. Ser visto.


entrevista Alexandre Nero

“Toda a minha influência é Curitiba”

Roberto Dziura Jr.

Ao desembarcar na cidade histórica da Lapa, em meados de abril, onde foi homenageado no V Festival de Cinema da Lapa, o curitibano Alexandre Nero (42) revelou estar feliz ao sentir o frio que fazia no dia. Uma sensação saudosista do clima do Sul. Foi na Lapa que Nero recebeu a Revista MÊS, mas o tema era sobre outra localidade. Curitiba foi a estrela central da entrevista. O ator, que integra a próxima novela da Rede Globo, também é cantor, compositor e músico. Atualmente mora no Rio de Janeiro, mas não se esquece das raízes

e do período em que se criou nas ruas curitibanas. Curiosamente, durante a entrevista, sem esconder seu perfil fechado, crítico e frio – tipicamente curitibano – negou, em tom de ironia, dar atenção a alguns fãs que rodeavam o artista. Pura brincadeira. Era só para fazer pose de “curitiboca”. No restante do tempo, mesclou doçura e gozação, divagações sobre si e lembranças da terrinha. Nero estará na Capital paranaense este mês para gravar seu DVD. Confira os melhores trechos dessa conversa:


Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Você está morando no Rio de Janeiro. Como é atualmente sua relação com Curitiba? Alexandre Nero (AN) - É saudosa. Venho muito pouco para Curitiba. Infelizmente, por motivos profissionais, minha vida acabou virando o Rio de Janeiro. Gostaria de vir mais à Curitiba, porque a minha relação afetiva, os meus amigos, tudo o que sei, toda a minha relação artística é de Curitiba. Fora isso, sinto muita falta da pacata vida de Curitiba. Apesar do Rio de Janeiro ser aquela maravilha da natureza, é uma cultura completamente diferente da gente do Sul. Começa pelo clima, um calor tremendo. Hoje brinquei na hora que a gente foi almoçar. Tava ventando e chovendo, falei: “Graças à Deeeeus tô sentindo frio!” Sinto falta de coisas emocionais assim. Sinto falta do cheiro de Curitiba. É muito curioso isso. Qual é esse cheiro de Curitiba? AN - Não sei definir. É como o toque da mãe, o gosto da comida da mãe. Qual é o gosto da comida da mãe? A gente não sabe o que é. É uma coisa indefinível. Sinto a falta do cheiro de Curitiba. E não é o cheiro do perfume. É uma coisa do clima mesmo. O respirar de Curitiba é mais gelado, talvez. Não sei. Sinto muito a falta disso. Pode parecer coisa meio poética, mas não é. É físico mesmo. É biológico. Com que frequência consegue vir à Curitiba? AN - Não tenho mais uma frequência. A última vez que vim faz tempo. Nem sei mais quanto tempo faz. Desde que a novela começou – Fina Estampa – não vim mais. Cada vez mais, infelizmente, a gente tende a aparecer menos. Gostaria de fazer mais coisas. Que a Prefeitura de Curitiba me chamasse mais para participar. De estar mais presente. Soube que me cogita-

ram para apresentar o Festival, para tocar na festa de aniversário de Curitiba, me cogitaram várias coisas, mas nunca aconteceu. Gostaria de voltar à Curitiba fazer essas coisas. Se te chamassem, como se sentiria? AN - Muito feliz. É claro que isso vai depender de agenda. Tenho o maior orgulho de falar que sou de Curitiba, do Paraná. Todo mundo no Rio de Janeiro sabe que sou de Curitiba. Porque não deixo passar em branco. Carrego o nome de Curitiba com o maior orgulho. E espero que as pessoas tenham orgulho de mim também. [risos]

“Nunca pensei nessa coisa de ‘eu quero ser um artista plural, que faça muitas coisas’” Quais os lugares que gosta de frequentar quando volta à cidade? AN - Tenho um apego muito forte com dois lugares. Adoro andar na Rua XV e estar no Largo da Ordem. A minha formação artística começou no Largo da Ordem. Sempre frequentei aquele lugar. Minha vida sempre girou em torno do Largo da Ordem. E da Rua XV sempre tive um apego mesmo. No domingo à tarde, no final da noite ou no início da noite. A Rua vazia. Adoro esses dois lugares. Além desses lugares, trouxemos algumas imagens de Curitiba e queríamos saber o que elas representam para você. AN - Que brincadeira legal! O Relógio das Flores lembra Garibaldis e Sacis. O Bondinho de Curitiba lembra o Viento Sur, um grupo que tocava música latino-americana. O Guairão é uma coisa que a vida toda foi muito distante de mim. É uma coisa tão imponente. Parece tão distante dos artistas de Curitiba. O Guairão

me parece um teatro intocável para os artistas locais. Hoje até me vejo nessa posição de talvez querer fazer um show ali, ou qualquer coisa assim, mas até muito pouco tempo era uma coisa quase impossível. Museu do Olho lembra o parquinho de cocô de cachorro que tem lá atrás. É um lugar que frequentei muito pouco. Onde frequentei mais foi a parte mais de trás onde os cachorros passeiam. O Barigui lembra correr. Onde eu amava correr. Corro até hoje na praia e sinto uma falta muito grande de correr no Barigui. [No Rio] corro na orla, mas sinceramente, entre os dois: prefiro o Barigui. Jardim Botânico lembra namoradinhas de adolescência. Ópera de Arame, o local eterno de goteira. É muito curioso isso, porque a minha referência da Ópera de Arame é goteira. As pessoas do Rio de Janeiro quando voltam da Ópera de Arame falam “nossa que teatro lindo” e é realmente. É maravilhoso. Mas ninguém sabe que a acústica é terrível, que não dá para fazer peça, fazer música, chove dentro. Já toquei lá com goteira do lado. Do lado da Pedreira. A Pedreira é um lugar que lembra grandes shows. Ouvi falar que ia reabrir. Queria deixar claro que acho um absurdo aquilo fechado. O que você mais curte na cidade, que não tem em outros lugares? AN - É claro que para um curitibano qualquer coisa que fale aqui alguém vai achar que estou fazendo uma propaganda especial para o prefeito ou para qualquer lugar. É importante saber que o meu olhar é um olhar saudoso. Não sei os problemas hoje de Curitiba. Vou falar uma declaração de pessoa que é de fora. Que as pessoas de Curitiba não fiquem magoadas comigo. É uma opinião saudosa, de quem mora no Rio de Janeiro. Tenho saudade do frio de Curitiba, da limpeza de Curitiba, do trânsito de Curitiba que é muito educado. As pessoas são educadas, não param em cruzamento, as pessoas respeitam os sinais, que é uma REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 5


�A R�Ô ��R�N�. É �A �E �NV�A VOCÊ �� ��. Respeite a sinalização de trânsito. Imagem meramente ilustrativa. *O valor pode variar de acordo com a região. Condição válida apenas para a oferta anunciada ou enquanto durar o estoque.



Hedeson Alves

entrevista Alexandre Nero

coisa muito difícil no Rio de Janeiro. É muito mais uma saudade, porque o Rio de Janeiro também tem as suas belezas. Você é um curitibano daqueles frios, fechados, críticos, conservadores? AN - Sou tudo isso. Obviamente, as pessoas confundem a minha timidez com antipatia. Sou um cara muito tímido. É claro que a gente vai aprendendo. Também tem uma situação: antes era meia dúzia de pessoas que conviviam comigo, agora são mil pessoas, 200 mil pessoas. É muito estranho.

gosta de desconstruir as coisas. Quando estava em Curitiba, sentia que em Curitiba faltava samba, faltava maracatu, ritmos brasileiros, suingue, dança, batuque, gente dançando e aí fui estudar essas coisas. Fazia parte disso. Tenho mesmo um suingue que não é curitibano. Um suingue mais nordestino, mais carioca ou mineiro. É coisa de tocar, de músico. Qual influência a Capital paranaense teve na sua construção como cantor, compositor e ator?

ma”. Os músicos que tocaram comigo. Os grupos de teatro. As peças que fiz. As exposições que fui. Os amigos próximos. Os músicos de outras bandas diversas que Curitiba tem. O fandango, enfim, é muita coisa. Tem muita coisa em Curitiba. Aprendi com todo mundo isso, desde o início. [Nomes que admira] O Itaercio Rocha acho uma bandeira lá de Curitiba. O Mário Schenberg, um ator que faleceu há alguns anos, minha maior referência de ator. Lembro dele quando vou fazer uma cena: “O que o Mário faria aqui?”. O grupo Fato foi um divisor de águas na minha vida. O teatro e a família da Regina Vogue. Puxa vida, é muita gente! Quando a gente cita nomes acaba esquecendo pessoas...

“Se não tiver nada de diferente para fazer, prefiro não cantar” Você foi idealizador da “Associação dos Compositores da Cidade de Curitiba”. Quais outros projetos você promoveu na cidade?

AN - Foi muito difícil. Fui sofrendo. “Puxa vida, gente, não consigo. Fico tímido.” Já sou tímido por natureza, ainda mais por ser curitibano e morar lá. Os vizinhos entram [na sua casa]. [Aqui] nunca entrei num vizinho meu, com raríssimas exceções. Mas no Rio, as pessoas fazem churrasco, te acordam: “vamos lá, estou fazendo um churrasco, venha aqui”. É muito diferente.

AN - Toda. Toda! Tudo o que sou, o que penso é devido aos artistas que convivi que são de Curitiba. Qualquer cena, qualquer piada, qualquer música que eu vá fazer, qualquer fotografia, enfim, penso nos artistas, nas pessoas que convivi. Toda influência que tenho mesmo que seja eventualmente. “Ah, mas você toca maracatu?!” Mas nunca fui lá ao nordeste estudar maracatu. Nunca fui ao Rio de Janeiro estudar samba. O samba, o maracatu que conheço é de Curitiba. Toda a minha influência é Curitiba!

AN - Acho que só isso. [risos] A Associação de Compositores não sou “o” [fundador], sou “um dos” fundadores. Talvez o idealizador. Era só meia dúzia de pessoas também. Só podia tocar música dos compositores, música própria. A coisa foi crescendo até que um momento alguém começou a ver que tinham que fazer isso de uma maneira mais jurídica que a gente tivesse poder político. E aí a gente virou uma Associação. Isso é uma das coisas. Considero-me dos Garibaldis e Sacis um dos fundadores. O idealizador é o Itaercio, mas teve as pessoas em volta ali, tô ali também. Acho que é isso.

O escritor Luiz Felipe Leprevost afirma que você tem um suingue de um “não curitibano”. Você sente isso?

Quem são as pessoas do mundo artístico de Curitiba que contribuíram com o seu trabalho ou que você admira?

Qual foi o momento da tua carreira que você se descobriu o Alexandre Nero de hoje?

AN - É, mas é justamente por causa da minha contra cultura. Sou um cara que

AN - Os grupos que participei: “O Fato”, o “Denorex”, o “Maquinaí-

AN - Quem é o Alexandre Nero de hoje? Não sei.

Como foi a adaptação no Rio de Janeiro?

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AN - Nunca me vi como um artista plural. Só virei isso que sou, um músico, um ator, por motivo de grana, por dinheiro. Porque sempre tive medo de “vai me faltar trabalho como músico. Vou ver essa coisa de ser ator”. Comecei a espalhar os meus ovos por várias galinhas. Isso não quer dizer que desse certo. Fui fazendo. Entrei no teatro meio por curiosidade, por brincadeira. As pessoas me chamaram, fui entrando, fui fazendo. Daí tinha um cachê ali, “oba, vou fazer”. Daí tinha outro cachê “oba, vou fazer”. E daí às vezes não tinha cachê, mas falei “vou fazer porque gostei, quero fazer”. Foram oportunidades. Nunca pensei nessa coisa de “eu quero ser um artista plural, que faça muitas coisas”. Nem sei se sou plural. Talvez – agora vou jogar contra mim – a minha deficiência. Não sou um grande músico, não sou um grande cantor – talvez um grande cantor eu seja – mas assim, não sou um grande compositor, não sou um grande ator, não sou um grande nada. Talvez essa minha deficiência de ser um monte de coisas, fez com que fosse me espalhando para não ficar desempregado. Acabou que sou um monte de coisas.

Você afirmou em entrevista que o grande barato do artista é decepcionar as pessoas. Essa é a tua principal característica? AN - Eu acho. Claro que tem uma brincadeira em cima disso. É muito importante levar em consideração, porque quando tá escrito... Se eu falasse isso agora para você, ia falar com um sorrisinho no rosto, você ia entender: “Isso é irônico”. Como tá escrito fica uma coisa reta. É só uma brincadeira. O decepcionar as pessoas significa surpreender as pessoas, também. Poderia falar surpreender, mas falar em decepcionar as pessoas é muito mais chocante. Como sou um típico curitibano e sou um filho de Paulo Leminski também, gosto de ter essas frases “tananam”. Troca decepcionar por surpreender. É a mesma coisa. Todo mundo lá esperando que você vá fazer uma coisa e você vai e faz outra. A maioria das pessoas vai se surpreender e vai se decepcionar. Onde há a possibilidade de trabalhar esse inusitado? AN - Em todos os lugares. Por exemplo, num show de música. E aí as pessoas estão esperando o ator da novela tocar coisas conhecidas. Não Roberto Dziura Jr.

Seria um artista plural que atua em diversas áreas?

vou tocar coisas conhecidas, vou tocar músicas do meu CD. Estou surpreendendo! “Nossa o cara é ator de novela, vai tocar coisas que ninguém conhece?” Então vou tocar coisas que todo mundo conhece. “Carinhoso”, “Como é grande o meu amor por você” e “Não aprendi dizer adeus”, mas de maneira diferente. Muita gente não vai nem reconhecer, muita gente não vai gostar. Mas é isso mesmo, estou tentando fazer uma coisa diferente. Se não tiver nada de diferente para fazer, prefiro não cantar.

“A maioria das pessoas vai se surpreender e vai se decepcionar” E dá para fazer isso na televisão? AN - Eventualmente dá. A gente tem que lembrar que o enfoque é outro, você faz parte de um monte de coisa. Num show, o show é meu. Tenho um domínio total e não tem volta. É teatro. O mais importante de tudo, não tem volta, é aquele momento. Tem de ser ali, não tem plano, não tem gente [dizendo]: “Corta! Desculpa, vamos começar de novo”. Na televisão pode cortar, pode começar de novo. O texto que não é seu, você tenta colocar ele na sua boca, tem o diretor que vai dizer para você ir. Às vezes, você vai fazer o que você quer, às vezes, não. Televisão e cinema é uma coisa que foge totalmente do controle do ator. É o que a gente pode menos optar. Para finalizar, quais são os seus projetos para o futuro? AN - Tudo. Quero fazer tudo. Como faço tudo. Não quero parar nada do que faço. Projetos e sonhos tenho milhões, fazer mil coisas. Projeto de verdade, em final de maio, gravo o DVD em Curitiba e volto para o Rio para começar a gravar a próxima novela das 21 horas da Glória Perez. Isso é real para mim. Agora tem um monte de outras coisas que não são reais ainda, é só conjectura. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 9


mensagens do(a) leitor(a)

Satisfação

Fiquei muito satisfeito pela abordagem da publicação, na variedade dos assuntos tratados de interesse para a Capital e regiões, além da clareza do texto envolvente. Tomei conhecimento da revista pelo Facebook da repórter Bianca Nascimento. Marcelo Martins, no e-mail LEITOR@MES.COM.BR Conteúdo Parabéns pela qualidade da revista e do seu conteúdo. Obrigado e abraços, Rogerio Casagrande

Violência de marcas profundas Gostaria de parabenizar pela reportagem muito bem intitulada: “Violência de marcas profundas” (Mariane Maio). Muito bem abordada, constatações tristes e totalmente verdadeiras. A /MÊS Paraná

Giovana Piletti - Uma matéria que adorei também foi a lista de Prefeitos cassados. Pois é a revista cumprindo seu papel crítico e esclarecedor!

Simone Francos - Como sempre

a revista MÊS com temas realmente muito bons. Adorei a matéria da capa “A CHANCE DE (RE)VIVER” - Números que doam esperança. Transplantes de órgãos chegaram a 124% em uma década; no Paraná, nos últimos anos houve aumento de 40%. “Doar medula óssea é que nem doar sangue”. Mesmo com as dificuldades, o Brasil já se encontra no terceiro lugar em número de doadores de medula óssea.

Marinaldo Domingos - A educa-

ção precária é um fato que há muito tempo tem se discutido, porém não há

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Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor@revistames.com.br | Twitter @mes_ pr | Facebook MÊS Paraná. Participe!

temática é ótima, pois é uma violência difícil de provar, porque deixa marcas na alma e não no físico, e como foi dito na reportagem, a pessoa que está sofrendo acaba entendendo como um processo de rotina, “normal”. Por isso, é importante falar sobre o assunto. Serve de alerta a alguém que pode estar sendo vítima de violência psicológica, como aconteceu comigo há alguns anos. Foi através da leitura de um livro sobre violência moral e psicológica que entendi ou me conscientizei do que se passava dentro da minha casa. Pois eu também, como disse a entrevistada Júlia*: “Não tinha ossos

quebrados (e muitas vezes preferi ter), mas tinha o espírito acabado

vontade dos governantes em melhorar isso. Enquanto a categoria dos professores não radicalizar de vez, parando geral e voltando apenas após o devido reconhecimento financeiro e profissional, as coisas não mudarão.

nossa Cidade Sorriso, com uma população educada, civilizada e participativa!

Ana Veiga - Gostei da reportagem sobre “Pensar nas regiões metropolitanas” que lança várias perguntas que gostaríamos que fossem respondidas com medidas do governo.

ERRATA DA REDAÇÃO:

Fabricio Xavier - Sobre a reportagem “Dê um presente para Curitiba” (edição 14), gostei muito dos presentes oferecidos para nossa cidade! Eu sou paulista nascido no Guarujá, mas já moro em Curitiba desde 1975 e sinto-me um curitibano com pompa e honra! E, sim, quero que a nossa cidade melhore cada vez mais, fazendo a nossa parte, cuidando para que continue sendo a “Capital Ecológica”! Parabéns a

Elza Vanhoni Bazzo

Leitura Gostaria de receber as edições dessa revista. Li uma edição em um táxi que embarquei e me surpreeendi com as matérias. Li a edição que falava de doações de órgãos, muito legal. Parabéns a todos. Lucinéia Evangelista

Recado Vocês estão de parabéns!!!! Dária L. B. Machado

Kele Biela Klemtz - Adorei a última receita de “Páscoa com a Família”.

Edição de abril • Na reportagem de Tecnologia: “Fino não, ultra”, edição 15, na página 42, a espessura correta que um ultrabook não pode ultrapassar é 20 mm e não 2 mm como foi colocado na matéria.

Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor@revistames.com.br


FOTOGRAMA

Bruno Kirilos

“Entre pedras cresceu a minha poesia. Minha vida... Quebrando pedras e plantando flores. Entre pedras que me esmagavam. Levantei a pedra rude dos meus versos”.

Cora Coralina

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o leitor@revistames.com.br

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Mensagens dos leitores

11

FOTOGRAMA

14

MIRANTE

23

COLUNA

21

5 perguntas para: Toni Reis

29

OPINIÃO

64

DICAS DO MÊS

66

OPINIÃO

política 16

Uma política de poucos cientistas

18

Representação “colorida”

cidades 24

Promessas e obras não cumpridas

26

O antigo repaginado

economia 30

Desencontros da indústria no interior

agropecuária / meio ambiente 34

Produção de baixo carbono

4

MATÉRIA DE CAPA

“Toda a minha influência é Curitiba” turismo

moda&beleza

48

54

educação 36

Protegendo-se contra o bullying

50

Epidemia de Insuficiência Cardíaca?

tecnologia

comportamento 42

Uma rede de contatos por você

44

“Solidão” do poder compartilhada

internacional 46

Medida civilizada

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cultura&lazer

Lugar certo para acelerar

Navegando às escuras

Cozinha de identidade

58

Cores e traços na reconstrução

60

Telona cheia de novidades

Roberto Dziura Jr.

40

56

A brincadeira de peteca que virou esporte

automóvel 52

Casando com estilo

culinária&gastronomia

esporte

saúde 38

A nova gestão de Vila Velha

24

Kenichi Aikawa

10

Venilton Kuchler

sumário

58


editorial

Nestas páginas impressas

U

m cantor. Um ator. Um músico. Essas são algumas das faces de um só artista: Alexandre Nero, personagem retratado na Matéria de Capa desta edição. Mas a face mais explorada na entrevista com Nero (no bom sentido, claro) foi seu lado curitibano. Sim, ele é da terrinha. Por isso, se ainda não leu, sugiro que volte algumas páginas e acompanhe os detalhes da Entrevista. Mais à frente, você encontrará reportagens exclusivas e preparadas com afinco por nossa equipe de reportagem. Nas páginas seguintes, a temática que rondará as histórias apresentadas será o “homem e seu meio”. Seja nas matérias de Comportamento, sobre networking e o que os grandes líderes têm para nos ensinar, ou em reportagens que valorizam ações em prol do meio ambiente, como na Agricultura de baixo carbono. No desenrolar da Revista, você encontrará reportagens que trazem o descaso de algumas obras públicas, como o da Rua Fredolin Wolf, em Curitiba. E, no contraponto, outras obras bem cuidadas pela Capital, com técnicas de Retrofit. Este “homem” que retratamos também trabalha! Pode ser no campo, no comércio ou na indústria. Então, neste Mês, levamos até você o tema da desindustrialização do interior do Paraná, seus entraves e potenciais. Uma questão crucial para o desenvolvimento do Estado nos próximos anos. É preciso fazer com que o interior seja inserido nas políticas públicas voltadas à indústria anunciadas recentemente pelo Governo Federal e Estadual. Mas o homem em seu meio também se alimenta. É na reportagem de Gastronomia desta edição que mostramos um tema bem atual: a cozinha de terroir. Uma tendência antiga da gastronomia mundial, mas que agora parece esquentar as panelas dos chefs renomados no Paraná e em todo o Brasil. A arte não poderia faltar nas páginas da MÊS! Por isso, tem circo e pão nesta edição. A cultura fica por conta da Sétima Arte. Curitiba será palco do “Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba”, neste mês, e traz novidades para a produção local. Ah! A Revista traz, ainda, muita Saúde, Política, Tecnologia, Esporte e Educação. É folhear e ler para ver. Boa leitura!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr., Iris Alessi e Bianca Nascimento; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Bruno Kirilos, Letícia Wouk Almino e Luis Stockler. Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

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mirante

Sobre o IBOPE I

Sobre IBOPE II

Sobre o IBOPE III

O resultado Ibope divulgado no início de abril pela CBN de Curitiba descontentou o candidato Rafael Greca (PMDB). Ele queria receber toda a pesquisa, pois não aceitava os 49% dos curitibanos que o rejeitaram. Ele deveria ter ficado feliz pelos 7% que declararam voto a ele, mesmo depois de tanto tempo sem mandato. O atual prefeito Luciano Ducci (PSB), por exemplo, tem apenas 9% a mais de votos que ele.

Aliás, esse resultado de Ducci – apenas 16% de intenção de voto –, fez estremecer a relação dos cardeais da política tucanosocialista com os responsáveis pela comunicação da Prefeitura de Curitiba. Foram todos convocados para sessão “lava-roupa-suja”, resultado do centralismo na direção da comunicação do governo municipal. Agora a comunicação da Prefeitura deverá responder ao roteiro da comunicação eleitoral.

Um dado que deve ter tirado o sono dos estrategistas da candidatura de Ducci nem é a baixa intenção de voto do prefeito. O mais importante talvez seja o alto índice de aprovação do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) e o viés de queda da avaliação do governador Beto Richa (PSDB) na Capital. O nível de aprovação dos dois principais apoiadores de Fruet e Ducci, respectivamente e em espirais contrários, deve dificultar os planos de reeleição.

Além de receber as notícias positivas do IBOPE, que o coloca em primeiro lugar na corrida para a Prefeitura de Curitiba com 26%, Gustavo Fruet (PDT) tem mais novidades. Em encontro realizado no mês passado, o PT da ministra Gleisi Hoffmann e da presidenta Dilma aprovou o apoio ao pedetista e parece faltar muito pouco para o PV de Paulo Salamuni seguir o mesmo caminho. Com essa aliança, além de um bom tempo de TV, Fruet assegura uma infantaria de militância que fará diferença na campanha de Rua na Capital.

Derosso e os fantasmas

Requião contra Requião

Além das acusações já divulgadas sobre o ex-presidente da Câmara de Vereadores, João Cláudio Derosso (PSDB), ele agora está sendo rondado por “fantasmas”. Derosso teve no mês passado seus bens bloqueados pela Justiça. Uma ação do MP-PR pede que os envolvidos devolvam R$ 2,5 milhões aos cofres públicos. Junto com Derosso estão o ex-vereador Ehden Abib, e o servidor público, João Leal de Matos, acusados de terem gasto indevidamente o dinheiro público no pagamento de salários a funcionários “fantasmas” do Legislativo Municipal.

O senador Roberto Requião parece não ter jeito mesmo. A sua incontinência verbal, que costuma gerar inúmeros processos contra ele, agora está prejudicando sua própria estratégia. Horas depois de ter tido um jantar com o prefeito Luciano Ducci, que teria lhe garantido o apoio de Greca, Requião disparou da tribuna do Senado, contra o governador Beto Richa (PSDB), principal estimulador da campanha de Ducci. Em pouco tempo, atrapalhou a sua própria estratégia de se entregar aos braços da candidatura tucano-socialista.

Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Alianças se construindo

Justiça Roberto Dziura Jr.

Bibinho continua preso

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Pelo menos um personagem dos escândalos na Assembleia Legislativa continua preso. Abib Miguel, ex-diretor-geral da Assembleia, acusado de crimes, como estelionato, formação de quadrilha e peculato por atos cometidos durante cinco legislaturas, entre os anos de 1990 e 2010. A ele foi negado um pedido de revisão da prisão preventiva.


“Que essa CPI se instale e rapidamente venha explicar essa intimidade e esse encontro de tão bons resultados com o bicho e o jogo no Brasil”

AENotícias

Afirma Roberto Requião (PMDB) ao acusar o governador do Paraná, Beto Richa, de ter ido a um suposto encontro com o bicheiro Cachoeira.

Geraldo Magela / Agência Senado

Bate Pronto

“A manifestação do senador Roberto Requião, feita hoje no Senado, é totalmente descabida, injusta e infundada. Por isso mesmo, não merece crédito” Informa nota do governador Beto Richa (PSDB) enviada à imprensa.

Vai e vem dos táxis

Abriu precedentes

Depois de várias polêmicas envolvendo o projeto que regulamenta os táxis em Curitiba, a Câmara de Vereadores aprovou o projeto que prevê a transferência do condutor autorizatário do serviço de táxi para outro condutor, herdeiros diretos. Agora, o projeto foi encaminhado para o prefeito Luciano Ducci (PSB) sancionar. Mas nos corredores da Casa, o clima é de contestação de muitos vereadores. A Oposição teme que a concessão pública do serviço seja transformada em comercialização legal de placas em Curitiba.

O STF recentemente concedeu uma decisão histórica. Diz respeito ao número de funcionários comissionados na Câmara de Vereadores de Blumenau (SC). Por lá, ficou estabelecido que o número de funcionários comissionados não pode ser maior que o de efetivos. Com isso, algumas cabeças podem rolar também no Legislativo paranaense. Por aqui, a OAB-PR está botando pressão, principalmente, na Alep-PR. A Ordem dos Advogados propôs uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF para barrar o abuso de contratações.

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política

Uma política de poucos cientistas

Participação de cientistas políticos é pequena no cenário brasileiro; maior atuação está em Brasília nas consultorias da Câmara Federal

O

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

s cientistas políticos participam quase que diariamente do noticiário brasileiro, como analistas da conjuntura política do País. No entanto, são pouco utilizados por órgãos públicos, assim como em partidos, instituições de pesquisa e também em empresas privadas.

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Apesar de a formação acadêmica ser voltada para além das salas de aula, essa atuação ocorre de forma discreta no Brasil. No Paraná, a assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa, por exemplo, não soube afirmar se há cientistas políticos trabalhando na Casa. Já na Câmara de Vereadores de Curitiba, a administração informou que a “Câmara está realizando recadastramento de todos os seus ser-

vidores” e, por isso, ainda não tem condições de afirmar a quantidade de cientistas políticos.

Em Brasília A Câmara de Deputados, na Capital Federal, é um dos órgãos pesquisados que mais apresentou a valorização de cientistas políticos em seu quadro de funcionários. Tem cerca de 200


consultores em 21 áreas temáticas. Dentro do órgão, o trabalho realizado pelos cientistas políticos está diretamente relacionado com a atividade parlamentar. A Casa conta com uma Consultoria Legislativa, sendo 21 áreas temáticas como Educação, Transporte, Minas e Energia, Saúde, Meio ambiente, entre outras, que correspondem às áreas de atuação da Câmara. “O nosso trabalho aqui é mais restrito que um cientista político tradicional, acadêmico”, explica o consultor legislativo da Área de Ciência Política e Sociologia Política, Luiz Henrique Vogel. Ele esclarece que o trabalho realizado em Brasília (DF) está relacionado com a “elaboração legislativa e com a informação para os parlamentares”. No trabalho de Vogel também está a elaboração de proposições para os deputados, além do suporte para outros órgãos da Casa, como os meios de comunicação da Câmara.

Apesar de ter cerca de 200 consultores que fazem parte do corpo da Câmara Federal, o Brasil está longe de países como os Estados Unidos

Participação O consultor legislativo sabe que a formação como cientista político não é uma condição inerente ao cargo que ocupa, mas salienta que isso faz a diferença, pois “se exige uma leitura, um conhecimento bastante geral, abrangente sobre política”. “Tem sempre a preocupação de quem é aquela pessoa que está fazendo aquela proposta, a que grupos ela está vinculada, que ela defende, quais são os seus valores. São questões que estão por trás do nosso trabalho. Não são exigidas exatamente, mas ajuda na Roberto Dziura Jr.

Volgel diz que um dos trabalhos que vem sendo realizado pela Consultoria é realizado na Comissão Especial da Reforma Política. “Trabalhamos em todas as etapas desde a elaboração legislativa junto com o relator, como acompanhamos o trabalho na Comis-

são”, ilustra. Dentre as atividades dentro da Comissão, a Consultoria assessora os parlamentares e também os suplentes. Todo esse trabalho é realizado em conjunto com outros cientistas e também, neste caso, com especialistas do Direito.

Gustavo Biscaia de Lacerda confirma a pouca utilização do trabalho do cientista político no País

compreensão do que está em jogo”, completa Vogel. Apesar de ter cerca de 200 consultores que fazem parte do corpo da Câmara Federal, o Brasil está longe de países como os Estados Unidos. “Lá existem os think tanks (think de pensar e tank de tanque mesmo). São institutos profissionais que produzem profissionalmente relatórios sobre os mais diferentes aspectos”, observa o sociólogo do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná, (UFPR), Gustavo Biscaia de Lacerda. Ele explica que esses institutos americanos são locais para a atuação dos cientistas e que interferem diretamente na elaboração de políticas públicas daquele país. Essas diferenças entre Brasil e Estados Unidos foram sentidas pelo cientista político Sérgio Nunes, formado pela Southeast Missouri State University (EUA). Em solo norte-americano, ele teve a oportunidade de estagiar em escritórios de políticos.

Estados Unidos Por lá, a participação ocorre nos mais diversos processos, como na administração pública, na administração de recursos e também no marketing político, conta Nunes. “Por exemplo, o político tem uma ideia para um projeto. É tipo um consultor. Você é que dá as dicas. Vê a viabilidade ou não. Ou se for uma coisa que envolve uma obra, você vai atrás dos engenheiros e ouve a opinião deles. E faz todo o apanhado da ideia para ver se aquela obra é viável”, relata. Nunes, que atualmente mora em Curitiba, vê que há pouco espaço, excetuando-se Brasília, para a atuação dos cientistas políticos junto ao exercício da política de fato. Para ele, os profissionais poderiam contribuir ainda mais com o assessoramento da carreira dos políticos e da melhoria da política nacional. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 17


política

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Representação “colorida” A inserção de pessoas LGBT na politica está cada vez mais frequente; levantamento mostra 146 pré-candidatos no Brasil, sendo oito no Paraná Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

A

ntes um assunto velado e até mesmo proibido, agora está invadindo todas as áreas da sociedade. Com presença certa na maioria das telenovelas, os LGBTTIS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Transexuais, Intersexuais e Simpatizantes), mais conhecidos como LGBT, estão buscando entrar em outra área da sociedade: a política. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (ABGLT), até o início de abril, já existiam 146 pré-candidatos LGBT de 22 estados e de 20 partidos políticos diferentes para as eleições municipais que ocorrem em Outubro deste ano. Este mês, o tema entra em destaque, já que o dia 17 de Maio é lembrado como o Dia Internacional de Combate à Homofobia. “A sociedade brasileira ainda está muito acostumada a ver gay e travesti estereotipados em programas de humor, sendo ridicularizados. É muita hipocrisia da sociedade em achar que os gays têm direito, mas ninguém quer um gay na sua família. Ninguém quer o gay, ou a lésbica, ou a travesti, ou a transexual como seu vereador, vereadora, deputado, ou deputada. Isso é muito do reflexo machista e conservador desse modelo de família heteronormativa que foi estabelecido e está até hoje aí”, afirma Márcio Marins (40), ativista de Direitos Humanos e pré-candidato a vereador pelo PSB, em Curitiba. Além dele, no Paraná existem outros pré-candidatos. O levantamento aponta ao todo oito possíveis nomes, sendo quatro em Curitiba, dois em Ponta

Grossa, um em Maringá e um em Pinhais. Mas a quantidade até o final das eleições pode mudar. Procurada pela Revista MÊS, a trans Rafaelly Wiest afirmou já ter retirado sua pré-candidatura, pois irá apoiar dois outros candidatos, um inclusive, que não consta nesta relação divulgada.

apoios de setores que eu nem imaginava”, conta. A pré-candidata a vereadora em Curitiba, Juliana Souza (PT), que consta na relação, também foi procurada pela reportagem da MÊS, mas não foi localizada para dar entrevista.

Se caso algum desses representantes for eleito, é possível tratar-se de um fato inédito na política paranaense, segundo observação do presidente da ABGLT, Toni Reis (Leia mais em 5 perguntas). Ele afirma não ter conhecimento de nenhum político paranaense eleito que seja homossexual assumido. Por isso, para ele, esse pode ser o ano dos candidatos “coloridos”. “Nós estamos com oito pessoas eleitas hoje assumidamente LGBT no Brasil e espero que este número aumente, pelo menos dobre”, confia Reis.

Apesar dessa maior abertura da sociedade, a resistência e o preconceito contra os homossexuais ainda é enorme. Segundo Reis, para que o espaço seja ampliado é preciso muita discussão e educação. “Uma educação inclusiva, para o direito à igualdade e o respeito às diferenças, ou seja, todos nós temos direitos iguais, mas todos nós somos diferentes na nossa concepção de viver. E se a gente seguir esse princípio de relacionamento humano, a gente vai viver muito melhor. Vai diminuir muito o preconceito, a discriminação e inclusive a violência”.

Candidatos Gay assumido, o jornalista Allan Johan (31) é um dos que pretende garantir uma vaga como vereador, em Curitiba, pelo PSB. Em 2008, Johan foi candidato e obteve pouco mais de 200 votos, mas desta vez, ele acredita que será diferente. “Não por termos uma figura icônica, mas principalmente, pela comunidade já estar cansada de passar por situações que se repetem. A gente vota em um ou outro candidato que não resolve. Acho que chegou a hora. As pessoas estão mais conscientes”, diz. Márcio Marins também compartilha da ideia de que este é o momento. “Chegamos à conclusão de que temos aliadas e aliados, mas precisamos de sujeitos que de fato vivam essa realidade, para nos representar dentro das casas que façam as nossas leis. Embora estejamos em um município ainda muito conservador, acredito que a união de forças de vários setores do movimento social organizado possa fazer diferença para a minha candidatura. Estou recebendo

Preconceito

“Acreditamos que devagar vamos mostrar para a sociedade que somos todos iguais em direitos, apesar de diferentes na sua vida íntima. Não é ser diferente que nos desqualifica, afinal temos de ser diferentes. Nenhum ser humano é igual ao outro”, afirma Marins. Johan enxerga a inserção na política como uma forma de garantir qualidade de vida aos LGBT. “Nós não vamos acabar com a homofobia, preconceito e machismo, mas precisamos minimizar, é uma questão de direitos humanos, de saúde”. Para ele, é também uma forma de mudar os referenciais da sociedade e da própria comunidade gay. “O gay cresce sem ídolos. Seria uma forma de criarmos um ambiente favorável onde é possível um gay ser bem sucedido. É o mesmo caso do Lula. Toda classe operária se sentiu empoderada. Quando os gays perceberem que há exemplos positivos, que é possível ser gay, ser feliz e chegar onde quiser, acredito que vamos reverter esse quadro de discriminação”, diz. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 19


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5 perguntas para: Toni Reis

Roberto Dziura Jr.

Candidaturas em defesa da igualdade Iris Alessi - iris@revistames.com.br Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

O que esses números significam em termos de representatividade? Eu acho que é o início de uma mobilização. Nós queremos ter visibilidade na política e na disputa do poder, o que é fundamental. Todos os grupos organizados na sociedade têm de estar concorrendo com suas plataformas. Não são plataformas cooperativistas, nós queremos defender a questão da igualdade de direitos e respeito às diferenças, mas não lidar com uma plataforma de defender somente a comunidade LGBT. Até porque qualquer pessoa que seja eleita tem de estar defendendo os cidadãos e cidadãs que o elegeram, toda a cidade, e não somente aquele grupo específico, senão passa a ser lobby. Passa a ser apenas um office boy de demandas específicas da política. E eu acho que nós temos que fazer um trabalho em que as pessoas defendam a população como um todo, mas contemplando as diversidades.

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, fala sobre a participação de candidatos LGBT nas eleições municipais de 2012. Ele, que já foi candidato em 1996, encara as dificuldades dessa classe como um processo longo na luta pela representatividade, mas que já dá sinais de avanço. Levantamento feito pela entidade mostra que existem mais de 145 pré-candidatos LGBT em 22 estados.

No Brasil, há oito pessoas já eleitas assumidas, alguma é do Paraná? Não. No Paraná não temos pessoas eleitas. Mas agora, em candidatura, nós temos várias pessoas. Essa questão de força é uma questão muito relativa. Tem de ter apoio, mas só o fato de as pessoas saírem candidatas, discutirem isso, já uma grande coisa para a gente. Acredita ser um número baixo de candidatos perto do total de eleitos? Isso é reflexo de um conservadorismo da população? Com certeza. E com certeza nós temos outras pessoas que são LGBT, mas que não são assumidas. As pessoas não assumem, porque com certeza sofreriam preconceito, discriminação, poderiam não ser eleitos. Eu conheço muitos po-

líticos que são homossexuais, só que não assumem e a gente também não pode falar “aquela pessoa é”. Até porque é uma questão de intimidade e da privacidade de cada um. É interessante perceber que a questão da homossexualidade está em todos os lugares, em todas as famílias. Eu não conheço uma família que não tenha uma pessoa que não seja LGBT. Tem algumas que são muito mais repressoras, que as pessoas acabam não se assumindo, mas sempre tem lá aquele primo, aquele tio, aquela tia, que as pessoas desconfiam e onde há fumaça, há fogo. Então, é muito importante para gente ter visibilidade em todos os setores da sociedade. Quais são as maiores dificuldades encontradas por um candidato LGBT? Hoje, o que nós encontramos são setores religiosos fundamentalistas. Setores que na Idade Média colocavam a gente na fogueira, mas que hoje colocam nas fogueiras eletrônicas, nos programas de rádio, nos programas de televisão, nesses cultos eletrônicos. Eu não vou dizer os religiosos, são os fundamentalistas religiosos. Então são essas pessoas radicais, pessoas que destilam o preconceito, a discriminação, incitam a violência de forma exacerbada. Qual é a vantagem para o público LGBT ter um político assumido? Eu acho que é bacana. Nós temos hoje um político que dá para citar como exemplo, o deputado Jean Willis. É um deputado extremamente inteligente, uma pessoa que nos representa muito bem, que tem capacidade de argumentação, que tem feito um trabalho não só para a questão LGBT, mas para a questão dos direitos humanos de todos e de todas, para questão cultural, para questão educacional. É disso que nós precisamos. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 21


Saúde: mais de 2500 exames por dia

Pavimentação: 350 km recuperados

Segurança: mais guardas e segurança em todas as regiões

Educação: novas escolas e mais de 40 reformas e ampliações

Habitação: 2300 novas moradias até o final de 2012

Parque: lazer e qualidade de vida

Terminal/VEM: novo terminal e Cartão VEM

Meio Ambiente: Usina de Reciclagem e Coleta Seletiva

O Programa Revitaliza São José dos Pinhais não para e segue melhorando as áreas da saúde, segurança, educação, meio ambiente, obras e de transporte da cidade. Tudo para garantir mais qualidade de vida para os moradores do município. As melhorias são na cidade. Mas o que melhora mesmo é a vida do cidadão.

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sobre a política

Para entender a aprovação histórica de Dilma Roberto Stuckert Filho / PR

Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br

Isso terá reflexos, em breve, com o surgimento de um novo bloco histórico no Estado O jornal Folha de S. Paulo publicou, no final de abril, pesquisa do Instituto DataFolha mostrando que a Presidenta Dilma Rousseff (PT) alcançou índices de aprovação nunca antes na história do Brasil alcançados por outro presidente da República. Nem mesmo pelo seu antecessor Luis Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o instituto, que pode ser acusado de tudo menos de petista, 59% dos brasileiros consideram a administração de Dilma ótima e boa e outros 33% a classificam como regular. Apenas 6% dos entrevistados consideram a gestão ruim ou péssima. Números que nenhum outro ocupante do Palácio do Planalto tinha alcançado ao término dos primeiros 15 meses de governo. Esses dados, aliás, se assemelham em muito aos captados por outro instituto nacional, o Ibope, que realizou pesquisa em Curitiba no final de março. Este levantamento mostra que, para 62% dos curitibanos, o governo de Dilma Rousseff (PT) é bom ou ótimo. Outros 27% o consideram regular e, para apenas 10%, ele é ruim ou péssimo. Resguardadas as diferenças possíveis pela margem de erro de cada uma das pesquisas, podemos afirmar que Curitiba pensa sobre o governo petista de Dilma Rousseff o mesmo que pensa o restante do Brasil. Ou seja, o aprova de uma forma quase absoluta. Mas o que esses dados significam? Podemos destacar vários elementos para tentar explicar essa situação. Um deles, sem dúvida, é a capacidade demonstrada pela Presidenta Dilma de manter o enfrentamento à crise econômica mundial como o ex-Presidente Lula já vinha fazendo. Fortalecendo a economia interna, estimulando o crédito, baixando os juros e enfrentando politicamente os grandes países responsáveis pela crise. O quase pleno emprego em uma situação de crise econômica mundial, com certeza, é um trunfo que Dilma carregará por muitos anos em sua imagem.

Outro aspecto importante está diretamente relacionado à imagem de Dilma e a capacidade administrativa que ela tem conseguido passar para a opinião pública. As mudanças que fez em seu ministério, primeiro levando para a Casa Civil a senadora paranaense Gleisi Hoffmann, que apesar de política, tem sua trajetória mais voltada à gestão, e depois muitas outras mudanças para retirar do seu governo qualquer acusado de mal feito, deram à população a certeza de que tinham à frente do governo de seu País uma mulher comprometida com os melhores resultados. E, por fim, mas não menos importante, é preciso destacar o rompimento com o preconceito de classe em relação a um representante do PT. Querendo ou não, uma parcela significativa da sociedade brasileira – e aqui em Curitiba isso era mais forte –, tinha um preconceito com Lula, que não permitia perceber todos os aspectos positivos de seu governo. Com Dilma isso se desfez. O fato de ela ser economista, de origem classe média e de família de migrantes estrangeiros a credencia para ser melhor ouvida e percebida pelos setores médios mais conservadores. E estes, sim, são grandes responsáveis por levar as avaliações de seu governo às alturas. Isso terá reflexos, em breve, com o surgimento de um novo bloco histórico no Estado. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 23


cidades

Rua Fredolin Wolf. A obra deve reiniciar no final deste mês, segundo a Prefeitura

Promessas e obras não cumpridas Há dois anos, moradores de Curitiba esperam por conclusão de obras no bairro Pilarzinho; transtornos e prejuízos são contabilizados com os atrasos Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

É

comum encontrar nas cidades paranaenses obras inacabadas por promessas não cumpridas. Segundo levantamento do Tribunal de Contas do Paraná (TCE/PR), atualmente em todo o Estado já se somam 875 obras

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paralisadas. Em Curitiba, os moradores do bairro Pilarzinho conhecem de perto este tipo de situação. Há exatos dois anos (maio/2010), iniciaram-se as obras de revitalização da Rua Fredolin Wolf, no bairro Pilarzinho. A promessa era de um ano para conclusão, ou seja, maio de 2011. No entanto, a situação se ar-

rasta até hoje. Nem metade das obras foi concluída. No ano passado, a obra foi abandonada de vez. Nenhuma pedra foi mexida no segundo semestre de 2011. Até o momento, apenas 49% da obra foi concluída. Enquanto isso, moradores têm de enfrentar diariamente ruas sem


Roberto Dziura Jr.

calçadas, problemas com o trânsito, riscos de acidentes e, os comerciantes, perdas no movimento do bairro.

Situação complicada A reportagem da Revista MÊS esteve na Rua Fredolin Wolf para ver de perto a situação em que se encontra a via. No lugar onde deveriam existir calçadas, estão diversos pedregulhos e o mato crescendo. Um aspecto de abandono é o que se vê no local. É possível perceber o risco dos pedestres, que têm de disputar espaço com os carros. Muitos deles que se arriscam a andar pelas pedras, onde deveria ser a calçada, acabam tropeçando. Quem chega ao mercadinho de Paulo Sérgio Baggio, já se depara com uma das reclamações entre os comerciantes: a falta de calçadas para um

Copa

Roberto Dziura Jr.

Mais obras atrasadas A Rua Fredolin Wolf não é a única a sofrer com atrasos e a estar desalinhada com o cronograma em Curitiba. As obras da Copa do Mundo também se encontram em ritmo lento e preocupante. Algumas obras já deveriam ter começado ou pelo menos terminado seus procedimentos de licitação. Muitas ainda estão nesta etapa. A única reforma apresentada até o momento foi a ampliação do estacionamento de veículos do Aeroporto Internacional Afonso Pena. As obras da Copa devem ser concluídas até 2014, de acordo com a orientação do Governo Federal. “Pode ser que fiquem prontas dentro do prazo, mas quanto mais demorar, mais caras ficarão as obras para o Poder Público. Talvez isso custe mais do que se previu”, ressalta Vanessa Moura, gerente do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR).

“Meu movimento caiu 40% por causa destas obras inacabadas”, diz o comerciante Paulo Sérgio Baggio

estacionamento. “Não conseguimos ter um estacionamento decente para os clientes”, explica Paulo. Ele revela que este problema tem prejudicado o comércio local, pois o movimento diminui pela falta de acesso adequado. “Meu movimento caiu 40% por causa destas obras inacabadas.”

No ano passado, a obra foi abandonada de vez. Até o momento, apenas 49% da obra foi concluída O proprietário do açougue na Rua Fredolin Wolf, Alaor Oliveiro, também fica indignado com a situação. “A gente vê sempre as pessoas se acidentando, pessoas de idade se machucando, tropeçando e quebrando o pé”, desabafa. “Fica difícil a falta de estacionamento no nosso comércio também, mas os que mais sofrem são os pedestres”, completa.

Causas dos atrasos Problemas de gestão por parte dos órgãos públicos. Esta seria uma das respostas para os atrasos nas obras anunciadas. “Não adianta ter um planejamento sem ter também um geren-

ciamento efetivo desde o início das obras”, avalia Vanessa Moura, gerente do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR). A Prefeitura de Curitiba evitou falar sobre o assunto. Mas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que houve rescisão contratual com a empresa Dos Arroyos, que era a responsável pela obra. Isso ocorreu em função dos constantes atrasos no cronograma. Segundo a Prefeitura, as obras devem ser retomadas até o final deste mês. “Uma nova empresa vai concluir a obra [...] A nova empresa tem o prazo até dezembro de 2012 para concluir a revitalização da Fredolin Wolf”, diz a nota da Prefeitura. Luiz Henrique de Barbosa Jorge, coordenador de Engenharia e Arquitetura do TCE, aponta outros motivos para os atrasos em obras públicas. “Às vezes, são os órgãos federais que não repassam verbas, construtoras que pedem falência, motivos políticos, entre outros”, explica. “No caso da Fredolin, a região teve certo ‘azar’, pois a empreiteira realmente não cumpriu prazos e para retomar os processos legais para rescisão e de novas licitações, leva tempo”, diz. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 25


cidades

O antigo repaginado

Revitalizações em Curitiba ganham espaço não só nas ruas, mas também nos edifícios que passam a abrigar velhos empreendimentos, com novas funções Iris Alessi - iris@revistames.com.br

A

volta ao centro das grandes cidades, que por certo tempo ficou abandonado, traz uma nova necessidade para os prédios existentes nessas regiões: revitalizar e manter a história de cada um deles. Prédios, como os existentes na Rua Riachuelo, podem sofrer um processo arquitetônico chamado Retrofit. “É uma ferramenta extremamente sustentável, porque ela evita desperdício de material, reaproveita o que já está pronto e faz renascer espaços da cidade que estavam esquecidos”, explica o arquiteto e urbanista, Felipe Guerra. Essa palavra é uma terminologia dada para tratar de intervenções em edifícios nas áreas degradadas de uma cidade. “Uma readequação, principalmente, no quesito de desempenho”,

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afirma o também arquiteto e urbanista, Orlando Ribeiro. Para ele, essa é uma tendência mundial que acontece de forma tardia no Brasil. “O movimento surge no mundo, e agora em Curitiba, na medida em que os terrenos perto da área de trabalho, lazer e de vida começam a deixar de ser existentes”, completa Guerra. Essas intervenções têm como objetivo aumentar a vida útil de determinado empreendimento, mantendo o que é possível e substituindo o que é necessário, explica Ribeiro. Assim, o Retrofit é uma forma de modernizar o edifício e deixá-lo novamente funcional para as necessidades atuais, com a inclusão de saídas de emergência, acessibilidade para portadores de deficiência e elevadores, além de dar ao local outra finalidade. Também agrega valor ao espaço e contribui para a preservação de parte da história do local.

Patrimônio tombado Entretanto, nem todos os edifícios antigos podem ser submetidos ao Retrofit. Existem construções que por sua importância histórica são tombados, por isso, não permitem grandes intervenções por força de lei. Ribeiro explica que, nestes casos, as intervenções visam preservar o patrimônio histórico. São as conhecidas restaurações. “É para a permanência da maior quantidade de características estéticas e espaciais daquela edificação.” Na restauração, é preciso manter essas características para que a obra mostre à sociedade como era em um dado período da história. Veja, a seguir, alguns exemplos de como foi possível aplicar o Retrofit em alguns prédios de Curitiba e Região Metropolitana.


O edifício circular construído no Prado Velho em 1906 foi utilizado pelo Exército Brasileiro como paiol de munições e pólvora. Depois, passou a ser utilizado para abrigar os arquivos municipais da cidade e também foi sede de uma diretoria de pavimentação de ruas. A sua grande transformação ocorreu na década de 70, quando o edifício foi promovido a um dos principais palcos da vida cultural curitibana. No ano de 1971, sob a tutela do arquiteto Abrão Assad, o prédio passou por uma grande reformulação para ganhar uma nova função, ser um teatro.

Roberto Dziura Jr.

O Paiol da arte O primeiro trabalho Retrofit de Curitiba completou 40 anos em março

“[O Paiol] utiliza ao máximo a ferramenta do Retrofit”, junto a um trabalho de restauro, informa Guerra. O antigo paiol de pólvora ganhou na década de 70 todas as instalações necessárias para um teatro. “A parte de mobiliário, cadeiras, sanitários, cafés, camarins, iluminação, saguão”, foram as intervenções feitas no interior do empreendimento. “Foi feito tudo novo e aproveitado a roupa dele, que era a fachada que interessava artisticamente.”

Um moinho centenário em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi transformado em casa. O edifício de madeira foi reformulado a pedido dos proprietários de uma chácara na cidade. O desafio foi assumido pelo arquiteto Gustavo Pinto que, sem desperdiçar as características do local, deu uma nova vida para a construção. O moinho “sempre foi uma edificação de referência na chácara”, por isso, quando um dos proprietários resolveu construir uma casa no local, optou pela revitalização do lugar que antes era utilizado como depósito. “Estava sendo subaproveitado e sem conservação”, observa. Para atender as necessidades atuais de uma casa, o edifício de três níveis, além de passar por uma revitalização completa, ganhou um anexo de alvenaria. “Junto com isso, trabalhamos com materiais numa tecnologia um pouco mais nova.” Também foi construída uma fachada de vidro e utilizados materiais atuais como porcelanato, aço, telha de barro, gesso acartonado e perfilado metálico.

Walter Morgenthaler

Roberto Dziura Jr.

O local, que recebeu em sua inauguração um show de Vinicius de Moraes, em março de 1972, é considerado, pelo arquiteto e urbanista Felipe Guerra, a primeira obra de Retrofit da cidade. “E talvez a primeira do Brasil.” Uma obra de 40 anos.

O moinho que virou casa O moinho numa chácara em Almirante Tamandaré foi transformado em residência

“Algumas peças antigas do moinho foram mantidas para continuar tendo a leitura de como funcionava o estabelecimento”, completa. Para o arquiteto, esse trabalho trata de manter a edificação e contar a história de como era, porém dando um novo uso para a edificação.

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cidades O edifício referência na Avenida do Batel, em Curitiba, tem muitas histórias para contar. Construído em 1923, o Castelo do Batel, nome atual, já foi residência do ex-governador Moysés Lupion e também sede de uma emissora de televisão. Atualmente, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico. Após a saída da emissora do local em 2003, o prédio passou por uma rigorosa restauração até se transformar num espaço de eventos. “Iniciam-se as tentativas para colocar o edifício com novo uso, ou seja, ele iria passar por um processo de restauro, reciclagem e adequação às inserções modernizadoras”, conta o responsável pelo projeto, o arquiteto Humberto Fogassa. Roberto Dziura Jr.

O imóvel estava muito desgastado pelo uso, conta Fogassa. O edifício foi recomposto a partir da função que ele ganharia: ser um espaço de eventos. Depois da restauração minuciosa o prédio ganhou um novo anexo. “É aí que entra a questão de adaptação de um plano para uso contemporâneo.”

De residência a espaço de eventos O espaço de eventos no Batel carrega a história de ter sido residência de governador

A proposta do anexo, construído atrás do prédio original, trouxe elementos leves “que pudessem ser anexados ao edifício antigo sem lhe causar problemas, digamos de linguagem, de interpretação, do que é novo e do que é velho”. A interação entre o edifício antigo e o anexo é que transformou a construção atualizada sem descaracterizar o Castelo. A importância histórica do Palácio da Liberdade, localizado na Praça Generoso Marques em Curitiba, foi reconhecida pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1984. Construído em 1914, o Palácio neoclássico com desenhos de art-noveau foi sede do Governo Municipal até 1969. Entre 1974 e 2002, foi sede do Museu Paranaense. Ficou fechado até 2006, quando numa parceria entre o Sesc-PR e a Prefeitura foi completamente revitalizado e passou a ser um ponto cultural da cidade.

Roberto Dziura Jr.

A restauração contou também com adaptações para atender o público atual, como acessibilidade, banheiros e iluminação. “Foi o único edifício que exigiu mais atenção em todos os pontos. Do restauro da pintura ipsis litteris como era o original, da inserção mais modernizadora que seria a inserção de um elevador no miolo”, comenta o arquiteto responsável pela obra, Humberto Fogassa.

O Paço da Liberdade O Paço sofreu grande restauração para abrigar um espaço de Cultura

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Para a gerente executiva do Sesc Paço da Liberdade, Celise Niero, “esta restauração significou uma recuperação de toda uma parte importante da história da cidade e também de um importante passo para a construção do futuro. Ainda mais se considerarmos as constantes melhorias que vêm ocorrendo na região desde a reintegração deste espaço à população, seja no setor de serviços como na formatação de novos equipamentos culturais.”


Divullgação

opinião

Letícia Wouk Almino*

Retrofit: instalar, ajustar ou adaptar

Q

uando um prédio obsoleto é restaurado e reutilizado para usos modernos, chamamos esse processo de Retrofit. Já faz tempo que nos Estados Unidos discutem os benefícios de reutilizar estruturas antigas. Cerca de 80% dos prédios nos Estados Unidos foram construídos apenas nos últimos 50 anos. Parece inevitável que adaptação e reutilização venham a fazer parte do vocabulário comum no futuro. Mas a prática de Retrofit é, com certeza, mais comum na Europa, onde existem mais prédios antigos e onde o passado é mais valorizado.

O Retrofit pode ser usado em projetos de habitação popular. Um exemplo recente é La Tour Bois-le-Prêtre, que acabou de ser renovada pelos arquitetos franceses Frédéric Druot, Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal. O prédio, uma torre de 16 andares em concreto pré-fabricado, localizado num subúrbio pobre de Paris, foi construído em 1961 e passou por uma renovação infeliz nos anos 80. O prédio ia ser demolido, mas os residentes se recusaram a deixar suas moradias.

A decisão foi de manter um prédio que representa o passado industrial do Bankside, um bairro no Sul de Londres que sempre foi mais deprimido, mas que agora está vivendo um renascimento. A sala que abrigava máquinas industriais se transformou em um dos espaços mais importantes do mundo para projetos de inovação artística. Os arquitetos fizeram aberturas que permitem a passagem de luz, e criaram as galerias, mantendo os detalhes e os materiais industriais. O Turbine Hall, como é chamado, retém a memória do passado.

O Brasil faria bem em olhar para a Europa como exemplo de como recuperar bairros deteriorados no centro de grandes cidades. Se o Brasil quer se modernizar sem perder seu passado rico, tem de aprender como inserir o novo no antigo.

Uma competição foi organizada para a reparação do prédio e a criação de mais luz e espaço para os apartamentos sem aumentar a planta baixa. Os arquitetos instalaram Um exemplo bem sucedido de Retrofit é a Tate Modern, uma casca, uma segunda fachada, em volta do prédio, que originalmente uma fábrica, em Londres, que foi trans- cria uma extensão para cada apartamento, abrindo-os para formada em museu pelos arquitetos suíços Herzog & jardins de inverno e varandas, aumentando a luminosidade de Meuron, em 2000. O prédio e o espaço para todas as 96 unidaera a antiga Bankside Power Stades. O sucesso desse projeto proO Brasil faria bem em olhar tion, projetada por Sir Giles Gilva que a reabilitação pode ser feibert Scott. Construída entre 1947 ta por menos de um terço do custo para a Europa como exemplo e 1963, parou de funcionar em da demolição e reconstrução. 1981. O grande espaço aberto, que foi primeiramente ocupado pelas usinas, hoje em dia Aos poucos o Retrofit começa a ser usado no Brasil. Um é ocupado por enormes instalações de arte que atraem bom exemplo é a Pinacoteca de São Paulo, um prédio de visitantes do mundo inteiro. Alguns exemplos incluem o 1905 que foi renovado por Paulo Mendes da Rocha nos sol artificial de Olafur Eliasson, as 14.000 caixas translú- anos de 1990. O arquiteto abriu claraboias e criou passacidas de Rachel Whiteread, os escorregadores de Carsten relas de vidro conectando as galerias, que antes eram mais Höller, e as milhões de sementes de girassol feitas de isoladas, deixando o espaço mais luminoso e leve, mas porcelana de Ai Wei Wei. mantendo a fachada de tijolo antigo.

* Natural de Curitiba, tem 25 anos. Apesar da pouca idade já é considerada uma das promessas da arquitetura moderna mundial. Letícia atualmente mora em Nova York, onde trabalha no badalado escritório de arquitetura Robert A. M. Stern. Mas também morou em Brasília, Washington, São Francisco, Lisboa e Londres. Formou-se em Artes e fez mestrado em Arquitetura. Este ano, foi a única mulher escolhida entre arquitetos do mundo todo para estar na publicação mais conceituada da área, a Wallpaper.

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economia

Desencontros da indústria no interior

Tendência de desindustrialização no Estado preocupa autoridades, estudo está sendo realizado para mostrar gargalos; enquanto isso, especialistas apontam alternativas

D

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

epois do pacote de incentivos anunciados recentemente pelo Governo Federal, também há esforços no Governo do Estado, por meio da Secretaria de Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (Seim), em estudar formas de compensar o “Custo Paraná”, em municípios mais distantes da Capital. Um dos pontos que

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mais aflige o setor é a desindustrialização do interior. Segundo estudo realizado pela Seim, 53 municípios paranaenses não recolhem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) industrial e 200 recolhem apenas 0,1%. Por outro lado, 19 cidades são responsáveis por 91,6% de todo o montante arrecadado. Um disparate se considerarmos que o Estado possui 399 municípios.

Uma das alternativas apresentadas no final de março pelo secretário da pasta, Ricardo Barros, para ampliar a industrialização no interior, principalmente, nas cidades mais distantes e com menor infraestrutura, seria a redução do ICMS. Podendo, assim, tornar esses municípios mais atraentes para a implantação de empresas do segundo setor. Outra possibilidade seria a distribuição do ICMS gerado pelas indústrias entre fornecedores de


Roberto Dziura Jr.

matéria-prima, quesito que o interior levaria vantagem. O estudo completo está em fase de elaboração pela Seim, a Secretaria da Fazenda, o Ipardes entre outros órgãos do Governo do Estado e não há previsão para conclusão. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, “todo o incentivo é bem-vindo. Agora dizer que uma alíquota de ICMS vai industrializar o interior é muito pouco”. Para ele, o principal problema do interior é mesmo a falta de infraestrutura.

Banco de imagem

O presidente da Fiep avalia que a iniciativa é válida, mas observa que as medidas precisam ser mais ousadas. “Se não houver uma infraestrutura adequada não tem como atrair grandes investimentos ou fazer com que haja um grande crescimento no interior do Estado.”

“Se não houver uma infraestrutura adequada não tem como atrair grandes investimentos”, afirma Campagnolo

Educação Para o coordenador do curso de Administração da FAE, Antoninho Caron, diferentes programas de diferenciação de ICMS já vêm sendo testados há muitos anos. No entanto, Caron pondera que é preciso mais que a redução do imposto para atrair investidores para os pequenos municípios. Além da infraestrutura de transportes – um dos gargalos do Paraná –, a existência de universidades também é um fator relevante para o desenvolvimento industrial local. “Não basta dar incentivos fiscais, você precisa ter também universidades para que os empresários possam desenvolver

Para Meiners, é mais importante ajudar e apoiar o empreendedor local

produtos, testar produtos, precisa ter centros de pesquisa. E precisa ter espaços para treinamento e capacitação de mão de obra. O incentivo é um elemento facilitador, mas não é o suficiente, porque junto com os inventivos você precisa ter linhas de financiamento que possam completar trabalhos com os incentivos fiscais”, ressalta Caron. A capacitação e a educação também são consideradas pelo professor de Economia Regional e Urbana e Economia Industrial da Universidade Positivo, Wilhelm Milward Meiners, um fator diferencial. Ele cita como exemplo o efeito difusor de tecnologia que a instalação de unidades da então Universidade Tecnológica Federal do Paraná (antigo Cefet) teve sobre algumas cidades do interior do Estado, ajudando no desenvolvimento. “Está faltando essa ligação entre o aparato educacional focado no desenvolvimento regional.”

Falta de infraestrutura Os desafios para a instalação de uma indústria de papel a 70 km de Guarapuava não foram pequenos. O município de Turvo, Região Central do Estado, foi escolhido pela Ibema Companhia Brasileira de Papel por uma questão estratégica: o relevo permitiu que a fábrica explorasse uma queda d’água para a geração de energia que a indústria precisaria para produzir. “Lá, ela teve que criar toda a infraestrutura para poder atrair pessoas para ir trabalhar lá”, conta o diretor de operações da Ibema e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR), Clecio Luiz Chiamulera. A indústria precisou prover a infraestrutura necessária aos funcionários que se instalaram na região, como rede de energia elétrica, água e saneamento básico. “Tudo o que o poder público faz com uma empresa que REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 31


Roberto Dziura Jr.

economia Indicador industrial O Paraná foi o estado que apresentou a maior retração do País na última divulgação da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física – Regional do IBGE, referente a fevereiro/2012. Veja alguns pontos: • Recuo de 7,7% da indústria do Paraná na comparação com janeiro de 2012; • Passou de 15% do último trimestre do ano passado para 2,6% em índice acumulado no 1º bimestre deste ano; • Obteve retração nas 6 das 14 atividades avaliadas;

O diretor da Ibepa, Chiamulera, explica que para se instalar em Turvo, a indústria precisou criar parte da infraestrutura, função que deveria ser efetuada pelos órgãos públicos

se instale em Curitiba e Região, a Ibema teve de fazer.” “Manter uma indústria no interior, num lugar pobre é muito mais complicado. Você perde competitividade”, afirma o diretor. Ele acredita que hoje não haveria empreendedores que se sentissem encorajados de montar uma indústria com 500 funcionários e produção de 108 mil toneladas/ano de papel cartão em uma região muito pobre. Por isso, para Chiamulera, é preciso, além dos incentivos fiscais, a infraestrutura de transporte e educação. Isso formaria um tripé para as empresas serem competitivas no interior paranaense.

Empreendedorismo Apesar da dificuldade que as indústrias podem ter para se instalar em municípios mais afastados das principais rodovias e também dos maiores mercados consumidores, Campagno32 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

lo avalia que há oportunidades em todo o Estado para o desenvolvimento da indústria. “Se a gente for a fundo e pegar os 399 municípios, a gente vai perceber que tem muitas potencialidades. [...] Todo o nosso Paraná é um grande celeiro de oportunidades.” Para Meiners, “muito mais importante que atrair empresas de fora, é ajudar e apoiar o empreendedor local”, dessa forma, o governo municipal ou estadual pode fomentar atividades de cooperativas dentro de conglomerados locais, assim como já existe na Rede de APL do Paraná (Arranjo Produtivo Local).

Municípios Os governos municipais também têm papel importante no desenvolvimento local. Eles não têm o poder do Governo Federal para regular o câmbio, reduzir ou aumentar as alíquotas de importação de produtos, mexer nas

• Crescimento nos setores: edição, impressão e reprodução de gravações (36,6%), madeira (21,1%), refino de petróleo e produção de álcool (17%) e alimentos (4,8%); • Queda apresentada, principalmente, nos setores de produtos químicos (-46,5%), máquinas e equipamentos (-15,1%). Fonte: IBGE

políticas econômicas, assim como também não podem reduzir impostos como o ICMS de responsabilidade do Governo Estadual; mas as Prefeituras podem contribuir em muito com a ampliação da infraestrutura do município. É função do município criar um zoneamento urbano, com áreas industriais, além de estimular o empreendedorismo local utilizando as alternativas disponíveis na região. “Esse trabalho de empreendedorismo local, de estimular o aproveitamento, de reter o jovem nos municípios de menor porte através da geração de uma oportunidade econômica/empreendedora é um trabalho que as Prefeituras podem e devem fazer”, finaliza Caron.


Para quem curte navegar com informação de qualidade.

@mes_pr MÊS Paraná Versão on line: www.revistames.com.br REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 33


agropecuária / meio ambiente

Produção de baixo carbono

Agricultores paranaenses que pretendem ser “amigos do meio ambiente” têm financiamento do Ministério da Agricultura e apoio de entidades Iris Alessi - iris@revistames.com.br

O

s produtores do Paraná e de todo o Brasil têm mais uma linha de crédito para investir em suas propriedades. Trata-se do Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que visa estimular os produtores brasileiros, por meio de financiamentos de até R$1 milhão por produtor, com juros de 5,5% ao ano e pagamento em até 12 anos no Banco do Brasil. Os financiamentos são para produtores que pretendem investir em práticas agrícolas com baixo impacto ambiental. Apesar de as práticas já serem conhecidas e dominadas pelos produto-

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res, ainda há pouca adesão por parte dos agricultores. “A diferença é que, agora, com esse aporte do Governo Federal, existe uma linha de crédito. Existe um incentivo para que o produtor utilize essas práticas”, explica Arthur Bergamini, supervisor regional de Londrina do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PR).

As vantagens também estão no resultado da colheita, com produtos de maior qualidade O Banco do Brasil estima para esta safra (2012/13) emprestar mais de R$120 milhões em financiamentos por meio deste Programa. Pablo da Silva Ricoldy, gerente de Mercado de Agro-

negócios do Banco do Brasil, afirma que a porcentagem não é alta, “mas considerando as propostas já em andamento no Banco, o indicativo é de superação do objetivo”. Até o momento foram financiados R$76,5 milhões. Ricoldy aponta que algumas das maiores dificuldades para o acesso ao empréstimo são: a falta de conhecimento técnico e a elaboração dos projetos.

Aprendizado Visando à resolução desses problemas, foi criado, no Paraná, um grupo gestor encabeçado pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), junto com diversas outras instituições como Emater, Iapar, Embrapa, Senar e, também, entidades privadas.


Divulgação / Mapa

Lisiane Rocha Czech, engenheira agrônoma e produtora de grãos (soja, milho e feijão) e leite, de Teixeira Soares (PR), na região dos Campos Gerais, está participando do curso oferecido pelo Senar-PR, não apenas para aplicar em sua própria terra, mas também para prestar consultoria técnica a outros produtores. “Estou fazendo mais para ter subsídios para elaborar os projetos”, enfatiza. A propriedade de Lisiane está entre as três regiões que mais solicitaram financiamentos do Banco do Brasil por meio desse

Roberto Dziura Jr.

Esse grupo tem por objetivo reduzir as diferenças de entendimento para a elaboração dos projetos, além de priorizar a capacitação de engenheiros agrônomos para a agricultura de baixo carbono. “O que a gente [grupo gestor] verificou é que não estava claro para nenhuma das partes envolvidas”, pondera o técnico do Senar-PR, Johnny Franzon. Ao Senar-PR, juntamente com a Emater, coube a função de capacitar os técnicos agrícolas. As outras entidades são responsáveis pelos demais processos como pesquisas, elaboração de políticas públicas e orientação dos produtores.

Se forem bem aplicadas, as técnicas do Programa ABC devem reduzir o uso de defensivos, afirma Franzon

Programa. Segundo o Banco, essas regiões são Ponta Grossa, Pato Branco e Maringá. Na propriedade de 200 hectares, a ideia da produtora é ampliar o trabalho que já vem sendo realizado. “Já fazemos o plantio direto, já temos um pouco de floresta plantada, mas quero aumentar a plantação, melhorar a pastagem. No curso, cada aluno vai ter de elaborar um projeto, estou

Formas de aplicar No Programa ABC, existem 6 tipos de manejos que recebem financiamento:

4

1

Plantio direto na palha Técnica que reduz o revolvimento do solo, deixando a palha da cultura anterior sobre o solo.

Integração lavourapecuária-floresta Técnica que procura alternar pastagem com floresta e agricultura em uma mesma área.

2

5

Recuperação de pastos degradados Visa à transformação de terras degradadas novamente em áreas produtivas.

Fixação biológica de nitrogênio Utiliza micro-organismos para captar o nitrogênio do ar e transformá-lo em matéria orgânica.

3

6

Plantio de florestas comerciais Reduz o carbono do ar por meio do oxigênio liberado pelas árvores.

Fonte: Mapa

Tratamento de resíduos animais Aproveita dejetos dos animais para produção de energia e de adubo orgânico.

pensando em fazer um projeto que englobe várias coisas na pecuária, na lavoura e na floresta”, completa Lisiane. O objetivo da produtora também está na preocupação com a questão ambiental. O professor do Departamento de Solos e Engenharia Rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (Feap), Luiz Lucchesi, salienta que essa é uma agricultura que “converte com mais eficácia o CO2 da atmosfera, a água e os raios solares em biomassa e também uma agricultura que evita que a matéria orgânica do solo e outros nutrientes voltem na forma de gases do efeito estufa”. Para Lucchesi, a agricultura com baixa emissão de carbono “pode e deve” ser utilizada por qualquer produtor rural. Além disso, o professor acredita que esse é um tema que deve ser levado para a Conferência Rio +20. “O Governo tem obrigação de levar e prestigiar, principalmente, os grandes profissionais que o Ministério da Agricultura e da Pecuária do Brasil têm”, completa Lucchesi. “Esse é o tipo de coisa que todo mundo ganha. O produtor vai ter recurso barato dentro da propriedade, ele vai produzir mais carne, mais soja, mais milho, contribuir melhor com o meio ambiente, vai poluir menos. É o tipo de coisa que todo mundo ganha na cadeia. Então, quanto mais produtores participarem do programa é melhor”, conclui Bergamini. As vantagens também estão no resultado da colheita, com produtos de maior qualidade. “A gente acredita que se as tecnologias forem bem aplicadas e adequadamente utilizadas vai sim haver uma redução de aplicação de defensivos agrícolas. [...] Além de reduzir a utilização, reduz custo, aumenta a renda, aumenta a segurança alimentar do produto”, finaliza Franzon. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 35


educação

Protegendo-se contra o bullying Escolas do Rio de Janeiro já contrataram o seguro contra o bullying; no Paraná, nenhuma escola aderiu à prática e alguns contestam o modelo Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

C

uritiba é a terceira capital com maior frequência de casos de bullying no País. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em uma pesquisa realizada no ano passado, na Capital parana-

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ense, 35,2% dos estudantes declararam já ter sofrido bullying alguma vez. Brasília aparece em primeiro lugar, sendo considerada a “capital do bullying”, onde 35,6% dos estudantes entrevistados disseram serem vítimas de constantes agressões verbais ou físicas. Logo em seguida, vem Belo Horizonte, com 35,3%. A pesquisa

ouviu estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental (antiga 8ª série) de 6.780 escolas públicas e particulares. A visibilidade dos casos de bullying e o maior esclarecimento da população sobre o tema tiveram diversas reações na sociedade. Famílias de vítimas desse tipo de prática estão entrando com ações contra as escolas. E para se protegerem dos prejuízos financeiros, colégios do Rio de Janeiro (RJ) adotaram uma medida preventiva: o seguro contra o bullying. Cerca de vinte


Roberto Dziura Jr.

“A escola não pode se garantir e sim se impor”, diz Fátima Chueire Hollanda

A prática do bullying O termo bullying popularizou-se no mundo. É uma palavra em inglês que significa um conjunto de maus tratos, ameaças e outros atos de intimidação física ou psicológica exercida de forma contínua sobre outro indivíduo. Geralmente, acontece no universo escolar e universitário. Apesar da prática do bullying ser algo que sempre aconteceu nas relações humanas, a sua popularização ocorreu, principalmente, pelo maior esclarecimento das pessoas em relação à prática e também do aumento da divulgação do assunto na mídia. Mas é preciso ter cautela, pois nem toda agressão é bullying. “As escolas deveriam ter uma clareza maior do que é essa prática. Os professores acabam interpretando qualquer ato de agressi-

Roberto Dziura Jr.

escolas fazem o seguro por meio da Ace Seguradora. O dinheiro assegura recursos financeiros na defesa jurídica de funcionários e indenizações às vítimas que sofreram bullying. De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), as escolas paranaenses ainda não se manifestaram em relação ao seguro contra o bullying. Essa prática ainda é controversa na opinião de pessoas ligadas à área da Educação. Ao fazer o seguro, a escola fica em uma zona confortável diante da situação e pouco age na prevenção, interpretam alguns especialistas. “A escola não pode se garantir e sim se impor”, responde a assessora pedagógica do Sinepe/PR, Fátima Chueire Hollanda, que ainda ressalta: “A escola se exime das suas responsabilidades. É tratar o assunto de forma mecânica e ausente, sem encontrar caminho para minimizar a situação e sim fortalecê-la”.

A diretora do colégio Atuação, Esther Cristina, seguiu o modelo de escolas da Dinamarca, contratando um coach para ouvir semanalmente os alunos

vidade como bullying, que acontece quando é de forma contínua”, explica a psicóloga Maisa Panutti, especialista em Educação Infantil. “Fazer trabalho amplo e contínuo de discussão entre professores e pais é necessário para acabarmos com essa banalização. Somente palestras não ajudam e, sim, ações continuadas”, completa.

Trabalhos em escolas As escolas escolhem diferentes maneiras educativas para lidar com o bullying. Mas um item é consenso: o diálogo. Principalmente entre alunos, professores e família. No colégio Atuação, por exemplo, uma medida nova foi adotada em julho do ano passado pela diretoria, inspirada em escolas da Dinamarca. Semanalmente, um professor coach conversa com os alunos e faz um questionário para conhecer mais a vida e os sentimentos de cada um. De acordo com a diretora do colégio, Esther Cristina, houve uma melhora significativa e diminuição de casos de agressões psicológicas e físicas entre os alunos. “O que mais percebemos é que os professores não entendem os

alunos. Depois do coach, você entende os alunos, as suas revoltas e o porquê de cada ação deles”, explica. “Acredito que a escola seja 50% pedagógica e os outros 50% de preparar para a vida”, completa. Já no colégio Positivo, o trabalho é feito inicialmente por meio da observação. Todos os profissionais, principalmente, professores e inspetores, diariamente, observam atitudes e comportamentos dos alunos, identificando situações atípicas entre eles. “Temos também uma psicóloga que está sempre observando os estudantes. Quando nota algum comportamento inadequado, ela repassa as situações ao gestor do segmento, e com o conhecimento específico de sua formação, assessora-o na mediação da situação”, explica o diretor do Positivo da Unidade Jardim Ambiental, Júlio Kiyokatsu Inafuco.

Projeto Não à violência nas escolas O Projeto Não Violência (PNV) é uma Organização Não Governamental (ONG) que tem atuado há treze anos em escolas públicas de Curitiba e Região Metropolitana. O trabalho contribui com a prevenção da violência nas escolas, atendendo mais de 46 instituições de ensino. Dentre os temas abordados, está a questão do bullying. “Nosso foco é a capacitação dos educadores. Através de aulas, eles aprendam e refletem sobre a situação da violência na escola e também a como incentivar relações mais pacíficas neste ambiente”, explica a coordenadora pedagógica do PNV, Adriana Cristina de Araújo Bini. “Através de pesquisas com professores e alunos envolvidos no projeto, percebemos bons resultados nas escolas onde trabalhamos”, completa. Conheça mais o projeto: www.naoviolencia.org.br

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saúde

Epidemia de Insuficiência Cardíaca? A Sociedade Brasileira de Cardiologia alerta para o risco do aumento desta doença entre os brasileiros; neste mês, Curitiba irá sediar evento que vai discutir o tema Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Roberto Dziura Jr.

R

oberto Marchioro (foto) é casado, tem cinco filhos, uma vida dentro da normalidade. Há cerca de 20 anos trabalhava como gerente de um banco em Curitiba. Tinha uma profissão estressante, uma vida sedentária e uma alimentação desregulada. Apesar disso, não fumava e nem ingeria bebida alcoólica. Mas tinha um histórico familiar que o levou a ter um grave problema de saúde. No primeiro episódio, teve uma crise hipertensiva. Foi parar no hospital. Os cuidados com a pressão começaram como um alerta. Dois anos mais tarde, ele foi diagnosticado com Insuficiência Cardíaca (IC), um problema que afeta, no Brasil, cerca de 6,4 milhões de pessoas de todas as idades. A doença pode ser “considerada hoje um grave problema de saúde pública de proporções epidêmicas”, revela a II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda, publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para Marchioro, que hoje tem 68 anos de idade, o problema, apesar de bastante restritivo, foi recebido com certa naturalidade. “Para mim foi normal. É uma doença que você consegue controlar”, diz o paciente.

pratica exercícios físicos regulares, dentre eles, a hidroginástica, e se alimenta com uma dieta especial, já que também desenvolveu diabetes ao longo desse tempo. Mas nunca foi hospitalizado por conta da Insuficiência Cardíaca. Toma 12 remédios para esse e outros problemas de saúde e garante: “vivo muito bem [...] Não deixei de fazer atividade nenhuma. Aprendi a lidar com as limitações”, conta.

Entretanto, mudou sua rotina de vida por completo. Foi aposentado por invalidez, hoje faz trabalho voluntário,

Marchioro se diz disciplinado e visita regularmente o médico, pelo menos a cada seis meses. Hoje, sua preocupa-

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ção é com os filhos. “Minha família toda é de hipertensos e tiveram problemas de coração”, comenta Marchioro, que já tem um dos filhos com problemas de pressão.

Conceito “Insuficiência Cardíaca é quando o coração não consegue manter a energia para fazer com que a circulação do sangue se faça segundo as necessidades do corpo”, explica Dr. Osni Moreira Filho, presidente do 39º Congresso Paranaense de Cardiolo-


Roberto Dziura Jr.

gia de 2012, que será realizado entre 25 e 26 de maio, em Curitiba. A doença acomete com maior frequência os idosos. “As causas mais comuns de Insuficiência Cardíaca, que são o problema de doença coronária (infarto, angina) e o problema de pressão alta (hipertensão arterial), são mais frequente a partir de 60 anos”, completa Moreira Filho. Mas a doença também deve ser motivo de atenção dos mais jovens. Os principais sintomas de alerta de que o coração não está funcionando de forma correta são a falta de ar, inchaço e fraqueza muito fortes. Mas não são apenas sintomas da Insuficiência Cardíaca. Por isso, devem ser encarados como sinais de que está na hora de ir ao médico para investigar o problema. A partir de 18 anos de idade, a orientação é ir ao cardiologista a cada três anos, a partir dos 30 anos, é importante visitar o médico uma vez ao ano. “A Insuficiência Cardíaca é a via final comum da maioria das doenças que acometem o coração, sendo um dos mais importantes desafios clínicos atuais na área da saúde”, informa a SBC. Os fatores de risco são: sedentarismo, diabetes, consumo do álcool, do cigarro, exagero de sal na alimentação e obesidade. Itens comuns a várias doenças. Por isso, uma alimentação saudável aliada à prática regular de exercícios físicos pode evitar vários tipos de doenças, incluindo a Insuficiência Cardíaca, que não tem cura.

Os principais sintomas são a falta de ar, inchaço e fraqueza muito fortes

Tratamento A forma de tratar vai depender muito da doença de base, aquela que originou a IC. Pode ser tanto com “remédios, que melhoram a eficiência do coração, tiram

“Um dos grandes problemas é a pessoa se motivar a ficar naquela limitação constante”, diz Dr. Osni

a sobrecarga líquida do coração ou diminuem a inflamação que está presente na Insuficiência Cardíaca”, orienta Moreira Filho. Mas, também, a pessoa pode ter de se submeter a um cateterismo ou a um marcapasso, ou ainda, a uma cirurgia para mudar a configuração do coração e otimizar sua atividade. Para conseguir os remédios e ter acesso ao tratamento que é de alto custo, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende 80% da população brasileira; já os outros 20% utilizam o sistema privado, a saber, planos e seguros de saúde, diz a SBC. “Um dos grandes problemas do tratamento dessas doenças crônicas é a pessoa se motivar a ficar naquela limitação constante”, diz o médico. Não foi o que ocorreu com o paciente Marchioro. “Vivo tranquilo, vivo bem, sou moderado, me alimento bem. Não me entreguei [à doença].”

Outra esperança está nas “pesquisas com células tronco, ainda não conclusivas”, comenta Dombeck. Mas que pode ser uma realidade para esses pacientes no futuro. Por enquanto, “não tem outra forma, é preciso ir ao médico. Diagnosticar o quanto antes é melhor”, afirma o cardiologista Dombeck. Além disso, “tem aumentado o número de mulheres com a Insuficiência Cardíaca por motivos comportamentais”. A mudança da rotina das mulheres ao longo das gerações mudou para essa condição de maior risco com problemas cardíacos.

Avanços

Mas o alerta não deve ser restrito às mulheres já que “é provável que na medida em que a população aumente a idade média, você vai ter um aumento importante da Insuficiência Cardíaca, como você vai ter o aumento de cataratas, de demência, de diabetes. Porque dá tempo para as doenças surgirem”, diz o cardiologista Dr. Osni.

Apesar de a doença não ter cura, o tempo de sobrevida tem aumentado, conforme aponta o Dr. Everton Dombeck, cardiologista do Hospital Constantini. Houve um aumento entre 5 e 15 anos da sobrevida dos pacientes, seja com Insuficiência Cardíaca Aguda ou Crônica, os dois tipos dessa doença.

Este tema está presente também na agenda nacional. No fim do mês (31/05 e 02/06), será realizado o 11º Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, em Gramado (RS), com o objetivo de discutir esse problema de saúde pública e apresentar os avanços no diagnóstico e no tratamento. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 39


tecnologia

Acesso

Navegando às escuras

A acessibilidade é um tema que está sempre em discussão, mas na internet ela ainda caminha a passos curtos Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

V

ocê já tentou navegar na internet de uma maneira diferente? Como, por exemplo, com os olhos fechados, sem usar o mouse ou com uma ponteira na boca? Pode parecer estranho, mas é assim que os internau-

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tas com alguma deficiência navegam. E as dificuldades no mundo digital são muitas para esta parcela da população, que segundo o Censo 2010, representa 24% da população brasileira. Entre elas está o estudante e programador Evandro Dalkues Pena (16), cego desde os quatro anos de idade devido à

Você pode experimentar, veja como: Para conscientizar a população sobre a importância dos sites acessíveis, o W3C Brasil publicou no dia 03 de dezembro, Dia Internacional da pessoa com deficiência, na página inicial, três formatos diferenciados de navegabilidade: uma tela toda escura, outra com o mouse desabilitado e uma terceira com letras aumentadas. Essas páginas podem ser acessadas no endereço w3c.br/3-dezembro. Experimente! Catarata. Quando não está estudando, ele navega na internet utilizando o leitor de tela chamado Jaws. “Nem todos conseguem utilizar este programa por-


Roberto Dziura Jr.

Pena fez alguns cursos e, segundo ele, aprendeu sozinho a programação. “É que só utiliza código. A grande dificuldade são os gráficos, aí não tem programa que ajude”. Outra dificuldade para o estudante na internet são os sites de relacionamento e de vendas. “O Facebook é inacessível e no Twitter existe um programa que o faz funcionar. No comércio eletrônico, tentei só uma vez, mas a experiência não foi boa.” Foi pensando nessas barreiras que a W3C – responsável pelos padrões e diretrizes da internet – promove neste ano o I Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web. “As inscrições encerraram no último dia 31 de março. Agora os inscritos serão avaliados e futuramente acontecerá a premiação (ainda sem data divulgada) em que serão conhecidos os projetos que viabilizem uma internet mais acessível”, conta Reinaldo Ferraz, desenvolvedor Web do W3C Brasil. “Pesquisa em 2011, com dados de 2010, em 19 mil sites gov.br, analisou vários requisitos de acessibilidade. Desses, só 2% possuía recursos de acessibilidade”, diz o desenvolvedor da W3C. “A acessibilidade na internet é uma questão que beneficia não só as pessoas com deficiências, mas todos que talvez em algum momento da vida tenha dificuldade. No futuro, todos podem ter problemas de visão ou de locomoção. Costumo dizer que se não trabalharmos a acessibilidade hoje, no futuro nós poderemos ser as grandes vítimas”, conlui Ferraz.

tanto conhecimento em informática, pessoas daltônicas ou com deficiência motoras precisam navegar tranquilamente. Por isso, um site precisa ser acessível, fácil e intuitivo”.

Precisa aumentar o incentivo governamental em pesquisa para tornar a tecnologia mais barata, diz Mehl

Dificuldades Mas não é somente no mundo virtual que estão as dificuldades. Os custos dos programas de leitura de voz ainda são muito altos no Brasil. “Um ampliador de texto para pessoas com baixa visão custa em torno de R$3 mil”, conta o aposentado Gilmar Gavlovski (39), que perdeu a visão há mais de três anos quando pegou meningite. Para acessar o computador, ele usa uma lente especial e a lupa do com“Uma alternativa é desenvolver duas interfaces onde é possível ser visualizada normalmente e outra para deficiente”, sugere Pena

putador. Softwares também são caros, conta Pena. “A licença do Jaws é de U$1.400 e não tem suporte no Brasil. Até tem outros programas mais acessíveis, porém de qualidade muito inferior.” A falta de investimento na área é outra barreira na promoção da acessibilidade na internet. “Ainda temos que caminhar bastante. Precisa aumentar o incentivo governamental em pesquisa para tornar a tecnologia mais barata. Além disso, a tributação tem que ser mais amigável para quem desenvolve sites acessíveis”, exemplifica Mehl. Na opinião do desenvolvedor, deve-se somar a isso o engajamento das pessoas no sentido de mobilizar e pressionar as autoridades. “Só acredito em transformação social com mobilização, pressão da sociedade sobre o Estado e corporações. O setor privado é o terceiro elemento importante desse triângulo. As empresas precisam ter a consciência de aplicar tecnologias apropriadas que insiram todos na internet.” Roberto Dziura Jr.

que é muito complicado. Mas existem outros, porém limitados”.

Esse pensamento de tornar as páginas de internet acessíveis é a premissa de João Paulo Mehl, fundador e diretor da Ethymos, empresa que desenvolve projetos na web. “Trabalhamos com simplicidade nos nossos projetos. Uma página da web tem que ser bonita, mas tem que ser útil para todos. Por exemplo, os idosos que não têm REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 41


comportamento

Uma rede de contatos por você Por meio de um bom networking, as pessoas têm mais chances de conseguir uma colocação profissional

Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

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capacitação e as experiências profissionais ajudam na hora de encontrar uma colocação no mercado de trabalho. Mas só isso não basta atualmente. O famoso “QI”, popularmente conhecido como “quem indica”, pode ser determinante na hora de conseguir um emprego ou uma recolocação na carreira. É muito comum ocorrer indicações nas empresas e, para isso, é preciso estar capacitado e bem relacionado. Para indicar e ser indicado,

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uma boa maneira é trabalhar constantemente por seu networking.

tivo e consultor de Recursos Humanos, Marcelo Maulepes.

O termo em inglês significa rede de contatos. Tanto no trabalho, em reuniões, encontros, palestras e até mesmo nas universidades é possível conhecer pessoas, trocar contatos e estabelecer relacionamentos profissionais. Uma simples conversa ou uma troca de cartões podem ser úteis para sua carreira no futuro.

É importante sempre manter sua rede ativa, mesmo depois de conseguir um trabalho. “Manter networking ativo é estar em contato sempre com pessoas que podem agregar à sua carreira, compartilhando soluções, ideias e conselhos”, ressalta Maulepes.

“É essencial ter sua rede de relacionamentos e o quanto estas pessoas são capazes de trabalhar por você ou para você. Manter networking é como manter os laços de família e pontes que te conectam às pessoas que são interessantes para sua vida profissional e pessoal”, explica o coach execu-

Você já deve ter cadastrado seu currículo em sites de empresas. Sua atitude pode ter sido bem intencionada, mas dificilmente as empresas irão ver seu portfólio. “As empresas só consultam os bancos quando há necessidades específicas. Geralmente, contratam por indicação”, explica o psicólogo

Seleções nas empresas


Roberto Dziura Jr.

Rapahel Di Lascio, que atuou 18 anos em processos de seleção. “O mercado hoje precisa de pessoas com referências, pois já sofreu muito com indivíduos contratados por processos convencionais que não se configuraram nas empresas”, completa.

Banco de imagem

Para manter um bom networking, é essencial construir uma relação de confiança e respeito com seus contatos. Permitir que eles conheçam suas competências e experiências profissionais pode ajudar na hora de se projetar. Fazer cursos, conhecer novas pessoas, estar aberto a trocar experiências, pode também ser um pontapé inicial para a construção de seu networking. Geralmente, quando alguém consegue um emprego, fica tão inserido no novo cargo que se esquece de manter o networking ativo. Mandar um e-mail ou fazer uma visita são formas de demonstrar interesse. “Com essa relação, eu aprendo a conhecer os valores das pessoas, se ela é correta e responsável, construindo significados com elas pelas suas vivências”, explica o diretor de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH- Nacional), Luiz Edmundo Rosa. “As empresas estimulam os funcionários a indicar pessoas. É uma excelente fonte de recrutamento”.

Pesquisa Você e as redes sociais

20%

acreditam que houve promoções, contratações ou demissões em função de avaliações de perfil nas redes sociais. É positivo o uso das redes sociais no trabalho? Para Marcelo Maulepes, o networking é o quanto seus contatos profissionais são capazes de trabalhar por você ou para você

Vida na web As redes sociais na internet também ajudam neste processo de interação com empresas e pessoas. Muitas delas, como a rede LinkedIn, tem sido um meio de divulgação de currículos e de novas amizades que podem gerar contatos profissionais. Mas é preciso tomar cuidado: redes como Facebook, por exemplo, podem causar exposições negativas de sua imagem

Trabalhando pelo networking Aprenda com a experiência de Thiago como é possível conquistar seu espaço profissional por meio da indicação: Thiago Szymanski é analista de Marketing em uma empresa de telefonia. Mesmo com só 26 anos de idade, já passou por diversas companhias multinacionais, como a TIM e o banco HSBC. Das sete que trabalhou, quatro foram por indicação. “No HSBC, eu fiz o processo normal, mas quando chegou a fase de entrevistas, meu currículo caiu em uma área que eu possuía dois conhecidos que lá trabalhavam e me indicaram”, conta Szymanski.

e ser um ponto a menos na hora da contratação. “A rede é um risco. A maioria das empresas, hoje na entrevista, consulta o perfil dos entrevistados nas redes sociais, para saber o que aquela pessoa coloca e que tipo de exposição faz de si mesma”, aponta Luiz Edmundo Rosa.

Ele lembra que manter uma boa rede de contatos e mostrar um bom trabalho são fatores decisivos para uma colocação. “Grande parte da ajuda consiste sempre na indicação em si. Basta você se colocar na posição de gestor. Se na sua frente há dois currículos, muito bons, mas um deles ainda tem o aval de um funcionário seu (desde que seja um bom funcionário), a decisão fica muito mais fácil”, completa.

55% a favor acreditam que colabora com o networking e com a geração de novos negócios

80%

60% acreditam que ajuda na socialização dos funcionários da empresa 43% acreditam que ajuda a aliviar o estresse ao falar com conhecidos

29% contra

95% acreditam que as pessoas não conseguem separar o uso pessoal do uso profissional 30% acreditam que as redes sociais fazem uso indevido e expõem a empresa

16% indeciso Fonte: Gentis Panel. *Pesquisa feita via e-mail com 1,7 mil profissionais do País entre outubro e dezembro de 2011.

Mande sua opinião sobre o tema. Participe! @mes_pr Mês Paraná leitor@revistames.com.br

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comportamento

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1 - Ricardo Cipullo: diretor do Renaissance Executive Forums no Paraná

2 - José Bosco Silveira Júnior: presidente da indústria Brose do Brasil 3 - Yoshio Kawakami: presidente da Volvo Construction Latin America

“Solidão” do poder compartilhada Os grandes líderes descobrem uma forma de trocar experiências com seus pares em fóruns de discussão para abandonar a ilha do poder de grandes corporações Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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s cavaleiros da Távola Redonda, da Idade Média, ainda hoje povoam o imaginário das pessoas com grande simbolismo. Eram homens de grande poder e armas. Apesar disso, em seus famosos encontros se despiam de suas armas e se reuniam em uma grande mesa redonda, o

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que lhes conferia o significado de deixar a todos em pé de igualdade. Nos dias de hoje, experiência semelhante parece inspirar grandes executivos de empresas no Paraná.

nir grupos de CEOs (Chief Executive Officer) em vários países do mundo para trocar experiências e delinear, mensalmente, o comportamento de um verdadeiro líder corporativo.

São presidentes de corporações de destaque no Estado, mas que no alto de suas responsabilidades também se veem sozinhos em algumas decisões, conflitos e dúvidas do cotidiano. Sim, eles vivem a “solidão do poder”! “Existem medos que são subjacentes a qualquer decisão objetiva a ser traçada. É isso que eles compartilham”, diz Márcia Maria Menim, psicóloga e membro do Renaissance Executive Forums, um fórum que procura reu-

A responsabilidade é grande, pois “dele dependem alguns milhares de pessoas, que vão se alimentar, crescer, estudar, dependendo das decisões que tomar”, ressalta Ricardo Cipullo, responsável pela coordenação do Fórum no Paraná. Por isso, qualquer passo em falso pode ser desastroso para muitas pessoas. “Sofrem muito com isso”. Os grandes monstros que rondam a cabeça de um CEO, segundo as fontes ouvidas pela reportagem

Fotos: Divulgação

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são: a perda das oportunidades de mercado e o fracasso da empresa. Com tamanho desafio, nele também pode estar alguns ensinamentos para gerir sua carreira, seja qual for o patamar que estiver dentro de uma organização. Eles se embasam nos cavaleiros da Távola Redonda, e você, pode se aproximar das dúvidas dos CEOs e se inspirar em algumas características que o fizeram chegar a esse cargo de sucesso.

Gestão de pessoas O primeiro desafio pelo qual os presidentes ou donos de empresas passam é o desafio de gerir pessoas de forma a aproveitar o máximo do potencial de cada equipe. “A dificuldade de lidar com pessoas que nem sempre é sua escolha, é de todos nós. Até nas coisas mais íntimas, se for pensar bem, você não escolhe irmão, nem escolhe filho. Você tem de aprender a lidar com as pessoas que estão à sua volta. Isso é da vida”, diz Cipullo. Outro ponto é “quanto mais alto você está numa organização, mais você tem pessoas com algum egocentrismo”. Segundo Cipullo, para ser um verdadeiro líder, é preciso se livrar desse sentimento. “Não tem nada maior que o ego”, costuma dizer Yoshio Kawakami, presidente da Volvo Construction Equipment Latin America. Para José Bosco Silveira Júnior, presidente da Brose do Brasil, de nada vale tentar ser o herói que tenta fazer acontecer sozinho. “Os líderes precisam estar cercados de pessoas competentes e responsáveis pelo processo de gerenciar a empresa”, comenta Bosco. Além disso, é preciso saber identificar o que acontece na corporação e procurar manter a cultura da empresa em alta. “O CEO precisa ser uma pessoa aberta e mostrar o caminho de forma concreta”, completa Kawakami. E aí mora outro monstro dos grandes líderes. “Talvez a habilidade

interpessoal seja a mais difícil de ser desenvolvida”, analisa Cipullo. “Um CEO que não gosta de gente vai ter muita dificuldade de ter sucesso. Porque ele tem de estar cercado de gente. Se ele pretender ser uma ilha, ele não vai conseguir sucesso”. Completa Bosco: “precisa conhecer o time bem, os desafios que a organização precisa [...] Saber realizar os projetos através de pessoas”.

O primeiro desafio pelo qual os presidentes ou donos de empresas passam é o desafio de gerir pessoas

Perguntas certas Diferentemente do que muitas pessoas podem acreditar, os grandes CEOs são aqueles que sabem fazer as melhores perguntas e não aqueles que detêm todas as respostas. “Não é confortável compartilhar o poder, mas as decisões são melhores quando a gente conta com outras pessoas pensando”, observa o presidente da Volvo. Esta opinião também é compartilhada por Bosco. Para ele, é importante desenvolver as pessoas e estimular o grupo a pensar. Para isso, é imprescindível levar a equipe liderada a pensar, a solucionar os desafios que aparecem no dia a dia. “É muito ruim o cara que julga ter todas as respostas [...] O processo de perguntar, te faz pensar a respeito. É o primeiro output do processo de refletir sobre algo”, complementa Cipullo.

Operacional Outro “maior drama é conseguir se livrar do operacional”, diz Cipullo. É como se estivesse numa corrida contra o tempo, em que os obstáculos devem ser vencidos de minuto a minuto. “O dia a dia te come por uma perna. E é muito fácil, você se enredar por

aquilo”, confessa o coordenador do Fórum que já ocupou o cargo de CEO por muitos anos. A pergunta a se fazer nessa hora é: isso é liderar? “Provavelmente, liderar é fazer perguntas” e não dar respostas prontas, aponta Cipullo. Mas “tem algumas perguntas que a equipe não responde” e para essas é que o grupo de “cavaleiros da modernidade” se encontra todos os meses. Segundo alguns integrantes, a troca de experiências é rica. “É bom ser desafiado em alguns momentos e complementado em outros”, afirma o CEO da Thyssen-Krupp Bilstein Brasil, Alexandre Bamberg.

Mercado Manter um ambiente produtivo e saudável na corporação é também dever do presidente. “Isso vai fazer com que o liderado desempenhe sua função independentemente da presença do presidente ou do diretor e de outros fatores”, aponta o presidente da Volvo. Aliar isso a um olhar atento aos movimentos do mercado é outra tarefa das mais difíceis. Mas “é ele quem determina a mudança de recursos para obter os melhores resultados”, ressalta Kawakami, sobre a relação da empresa com o mercado. E conclui: o presidente “precisa ser um emissor de sinais que traduza o ambiente e passe a mesma mensagem para todos [dentro da empresa]”. Para isso, é preciso saber ouvir, por exemplo, quem conseguiu aumentar 12 vezes o faturamento da empresa (de U$ 58 milhões a U$ 720 milhões na América Latina) em 12 anos na presidência, como foi o caso de Kawakami. Hoje seu maior desafio é chegar ao patamar de U$ 1 bilhão e trabalhar na sucessão da diretoria. Era esse o desafio que os cavaleiros da Távola Redonda ambicionavam em sua época: expandir o poder e a glória por todo o mundo. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 45


internacional

Medida civilizada Brasil adota reciprocidade na entrada de espanhóis ao País, mas Itamaraty frisa não se tratar de represália e se diz aberto ao diálogo para rever posição 46 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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ão é novidade para ninguém que a Espanha passa por um momento delicado que vai além da macroeconomia e atinge em cheio a vida dos espanhóis. A Espanha vive uma nova recessão, anunciada no mês passado.

É a segunda vez que entra nessa situação em menos de três anos, segundo dados do Banco Central da Espanha. No final deste semestre, a taxa de desemprego deve atingir 24%, significando mais de 100 mil pessoas perdendo seus empregos. “A atividade econômica deles está fraca não é de hoje. Eles não estão conseguindo


melhorar. Na verdade, eles estão até piorando”, comenta o analista de mercado da Omar Camargo Investimentos, Felipe Rocha. O cenário não é dos melhores mesmo para os próximos meses. Há estimativas de mais cortes de gastos do governo e a falta de crescimento econômico ainda deve continuar prejudicando as expectativas de recuperação do País. Somado a isso, no dia 02 de maio, completou um mês que o Governo Brasileiro adotou o princípio diplomático da reciprocidade para a entrada de turistas espanhóis em solo brasileiro. “As nações têm o direito à defesa e à conservação”, explica o professor de Direito Internacional da UniCuritiba, Luiz Alexandre Carta Winter. “Nós estamos fazendo o que devia ser feito. O que fazíamos antes era uma maneira mais ‘tranquila’ de receber”, observa.

Novas exigências

O número de inadmissões em território espanhol é alto se comparado a outras nações. Em 2010, segundo números do Itamaraty, 1.695 brasileiros não foram admitidos nos aeroportos da Espanha. No mesmo ano, na Alemanha, o número foi de 32.

Banco de imagem

Completa um mês que o Governo Brasileiro adotou o princípio diplomático da reciprocidade

Apesar disso, tanto o especialista quanto o Itamaraty não acreditam em estremecimento nas relações entre os dois países. “A posição do Itamaraty é bem coerente com o que se pode esperar. Não há nada de desgaste em relação a isso. A relação entre Brasil e Espanha sempre foi muito boa”, afirma Winter.

Entretanto, mesmo na Espanha, este número vem caindo. No ano passado, baixou para 1.402 os casos de brasileiros não admitidos em território espanhol. O principal problema, apontado pelo Itamaraty, é em relação ao tratamento na alfândega. É grande o nú-

Para o professor Luiz Winter, não há estremecimento nas relações entre Brasil e Espanha

mero de queixas entre os brasileiros. Conforme informações do Itamaraty, no Reino Unido, por exemplo, isso não é observado com tanta frequência, como na Espanha. “O número de inadmitidos é grande também, mas o número de queixas é menor”, reforça a assessoria de imprensa do órgão.

Relação mantida

Roberto Dziura Jr.

De acordo com informações do Itamaraty, o Brasil passa a exigir dos es-

panhóis que vierem ao País uma carta convite, reserva de hotel, passagem de ida e volta, passaporte válido por seis meses e dinheiro para se manter no País. “Não se trata de represália”, frisa a assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores. No entanto, o Governo Brasileiro se vale do tratamento, e das restrições dadas aos brasileiros ao tentarem ir à Espanha, principal porta de entrada para a Europa.

Além disso, há um esforço diplomático para melhorar essa relação, com reuniões periódicas para buscar uma solução construtiva para essa questão. A última foi realizada em março deste ano. Outra medida adotada pelo Itamaraty foi um pedido de informações periódicas a partir deste ano para acompanhar o ingresso de brasileiros e o tratamento que recebem em outros países. Este acompanhamento irá facilitar novas medidas de reciprocidade com outros países e evitar constrangimentos de brasileiros no exterior. Fontes ligadas à Polícia Federal do Paraná dão conta de que no Aeroporto Internacional Afonso Pena, localizado em São José dos Pinhais (PR), não houve registros de incidentes envolvendo espanhóis este ano. Mas no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu (PR), há suspeitas de haver um caso em que um espanhol teria sofrido maus tratos. O caso ainda não foi confirmado oficialmente. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 47


turismo

A nova gestão deVilaVelha Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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primeiro Parque Estadual em número de visitantes e o segundo ponto turístico mais visitado do Paraná, perdendo apenas para as Cataratas do Iguaçu, está passando por mais uma transformação. O Parque Estadual de Vila Velha, localizado em Ponta Grossa (PR), depois de ter sua estrutura física remodelada em 2004, agora muda a administração, que até recentemente era gerida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Com um contrato de gestão assinado desde janeiro deste ano, o Serviço Social Autônomo Ecoparaná, vinculado à Secretaria de Turis-

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mo do Paraná, pretende começar efetivamente as atividades no local no próximo mês. Essa mudança faz parte de uma nova política para o turismo do Estado. Na atual gestão, a Ecoparaná assumirá gradativamente a parte de uso público. Isso significa administrar a visitação dos Parques Estaduais. “Vem para fortalecer o seguimento, implementar novas ações na parte de turismo, melhorar a atratividade e o apoio que é dado ao turista, ao visitante e também identificar novos produtos no Parque”, explica o coordenador de Relações Institucionais da Ecoparaná, Rômulo Araujo Augusto Brozel.

dade de polos populacionais grandes, como Curitiba, Ponta Grossa”. Outro fator determinante é que Vila Velha foi incluída no roteiro do Paraná indicado para a Copa do Mundo, que será realizada em 2014, no Brasil. Fotos: Roberto Dziura Jr.

Incluído na relação de destinos turísticos da Copa do Mundo, o Parque passa por reestruturação administrativa e promete novidades para os turistas

Potencial No último ano, cerca de 61 mil turistas visitaram o Parque Estadual de Vila Velha. Apesar de ser um número interessante, o coordenador diz acreditar que o potencial do local é ainda maior. “Principalmente pela proximi-

A ideia da Ecoparaná é que Vila Velha se torne autossustentável, garante o coordenador de Relações Institucionais


Já a estrutura do Parque não deve sofrer alterações, devido à grande reforma concluída em 2004. Mas o coordenador garante que mais para frente é possível contar com novidades. “No primeiro momento [próximos quatro anos] queremos melhorar a gestão do Parque, para num segundo momento identificar novos produtos para que o turista permaneça mais tempo e possa usufruir mais das belezas naturais”, diz. A ideia é que nessa segunda etapa seja avaliada a possibilidade de concessão para a iniciativa privada, “para que essa beleza natural passe a ser autossustentável”, justifica Brozel.

Por dentro do Parque O turismo realizado no Parque Estadual de Vila Velha é apenas contemplativo. Não existe nenhum momento que o visitante possa interagir com as paisagens. Guias acompanham a visita e garantem que os turistas percorram as trilhas sinalizadas, não tocando nos arenitos ou nas furnas, impedindo, assim, o desgaste do local por ação humana.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Essa notícia fez com que algumas medidas fossem tomadas com maior urgência. “Hoje, os tíquetes e agendamento são feitos ainda de uma maneira muito artesanal, vendidos apenas aqui no Parque, agendamentos são difíceis por telefone. A gente pretende implantar ainda esse ano a venda de bilhetes e reservas de grupos pela internet. E ações do pessoal que vai ser contratado, visando o melhor atendimento”, afirma Brozel. A lagoa dourada é considerada uma furna em estágio terminal que agrada aos olhos dos turistas

A guia Camila Blun, que nos acompanhou pelo percurso, conta que antes da reforma de 2004, as pessoas chegavam até mesmo a subir nos arenitos para tomar sol. As marcas podem ser percebidas até hoje. Mas “o maior agente erosivo de Vila Velha é a água. Quando chove acaba sendo acumulado em cima da rocha. Quando ela vai escorrendo, vai encontrar uma fraqueza na rocha, tem tendência a infiltrar e começar a formar esses pequenos buracos que nós chamamos de alvéolos”.

Passeios O turista tem a opção de fazer dois tipos de passeios em Vila Velha. O primeiro, e mais famoso deles, é o dos arenitos. Formações rochosas, resultado de um grande depósito de areia há aproximadamente 340 milhões de anos, no período carbonífero, que foram esculpidas com o passar do tempo pelas chuvas e pelo vento. Entre as formações que

Detalhes Para visitar Vila Velha (Ponta Grossa-PR) Acesso: Rodovia BR 376 km 28 (Ponta Grossa – Curitiba) Valor da Entrada Brasileiros Estrangeiros • Furnas + Arenitos + Lagoa Dourada R$18.............. R$25 • Furnas + Lagoa Dourada R$8............... R$10 • Arenitos R$10.............. R$15 Mais informações http://www.pontagrossa.pr.gov.br/parque-estadual-vila-velha

existem no Parque, estão as que lembram imagens, como a taça, o camelo, a garrafa, a bota, o índio Dhui e a índia Aracê, partes da lenda local. Após os 1.100 metros de trilha dos arenitos, o visitante percorre ainda mais 1.600 metros pela Trilha do Bosque, onde é possível ver a vegetação nativa. O segundo passeio, o das furnas e da lagoa dourada, ocorre em apenas três horários do dia, às 11h, às 13h30 e às 15h30. Lá os visitantes conseguem ver crateras verticais, com cerca de 100 metros de profundidade, resultados da erosão do solo. Na primeira furna visitada, antes era possível descer em um elevador até a beirada da água. Mas há mais de 10 anos, esse mecanismo foi desativado, pois o barulho do equipamento e o óleo utilizado para a manutenção estavam interferindo no ecossistema local. Das seis furnas do Parque, apenas a primeira e a segunda estão disponíveis para a visitação. A lagoa dourada encerra o passeio. Em algumas partes, a profundidade da lagoa chega a 5 metros. Ela é considerada uma furna em estágio terminal, por ter sido quase toda recoberta pelos sedimentos. Para cada um dos passeios é recomendado reservar cerca de 1h30 de visitação. Mas a paisagem, certamente, compensa o tempo gasto. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 49


esporte

A brincadeira de peteca que virou esporte Badminton é o segundo esporte mais praticado no mundo; no Paraná, já conta com mais de dois mil praticantes Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

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ocê já ouviu falar de um esporte que se assemelha ao tênis e usa como bola uma peteca? Chama-se Badminton. Mesmo não sendo tão conhecido, é o segundo esporte mais praticado no mundo, considerado o mais popular no Oriente. Trazido da Índia para a Inglaterra, a primeira versão oficial ocorreu em 1873 e sua prática continua até hoje. Há trinta anos, os asiáticos apresentaram o esporte aos brasileiros. No Paraná, o

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Badminton surgiu em 1996, em Londrina, estendendo-se a outras 14 cidades. De acordo com a Badminton Federação Paranaense (BFP), o Estado conta atualmente com cerca de dois mil praticantes. O Badminton possui muitos aspectos positivos, mas ainda precisa de maior divulgação. “Talvez não conseguimos entender ainda o que agrada a mídia no nosso esporte”, avalia o presidente da BFP, Eliseu Paulo Machado, em relação à baixa visibilidade do esporte no País. Ainda

para Eliseu, a própria participação do esporte nas próximas Olimpíadas de Londres irá alavancar sua projeção no Brasil. “Eu creio que mais cinco anos vamos estar na mídia e as pessoas vão saber e ter contato com o Badminton”, analisa. As escolas, atualmente, já têm mais contato com o esporte e muitas o possuem na grade curricular.

As regras do Badminton O jogo de Badminton se parece com o tênis por dois motivos: utiliza raquete


Roberto Dziura Jr.

Uma partida do esporte pode durar, em média, meia hora. Por ser um jogo dinâmico, a prática do Badminton desenvolve diversas habilidades e possui baixos índices de lesões. “É um esporte rápido e, por isso, desenvolve atenção, raciocínio rápido e concentração. Para as mulheres, é muito bom porque queima bastantes calorias”, explica Sebastião Dias de Oliveira, técnico e professor de Badminton do Rio de Janeiro. Ele ensina o esporte para mais de 400 alunos na favela do Chacrinha, na capital fluminense.

Por ser um jogo dinâmico, a prática desenvolve diversas habilidades e possui baixos índices de lesões Os custos para praticar Badminton são acessíveis no início. Uma raquete chega a custar R$30,00 e a peteca, R$5,00. “Com o passar do tempo, se você optar por se profissionalizar, aí pode adquirir equipamentos mais resistentes e de maior durabilidade, como a peteca de pena de ganso”, explica Oliveira.

Torneios e atletas do esporte No final de março, foi realizada, em Curitiba, a 1ª etapa do Circuito Bra-

Roberto Dziura Jr.

e uma rede no meio da quadra. A diferença é que no lugar da bola usa-se uma peteca, chamada de volante ou birdie. Além disso, a rede possui 1,55 cm sendo mais alta que a utilizada no tênis e menor que a rede da quadra de vôlei. O objetivo é que cada jogador use uma raquete para bater na peteca, mantendo esta última no ar o maior tempo possível. Se ela cair no campo do adversário, é marcado um ponto. O Badminton é praticado um contra um ou em duplas, e pode ser disputado entre homens e mulheres. O jogo é dividido em três games de 21 pontos.

Pedro Chen figura na primeira posição no ranking geral nacional e no primeiro lugar em duplas

sileiro de Badminton, na qual mais de 250 atletas participaram, representando vários estados. O Paraná foi bem representado por um dos atletas mais reconhecidos, Pedro Chen, que ocupa a primeira posição no ranking geral nacional, e também a primeira colocação em dupla mista e dupla masculina. Há doze anos, ele começou a fazer futebol, mas logo se interessou pela quadra ao lado de onde treinava: uma quadra de Badminton. “Sempre gostei muito de esporte e então comecei a praticar Badminton e meu interesse foi aumentando”, conta Chen, que hoje atua como atleta e professor de Badminton. Ele já participou de mais de quinze campeonatos, entre nacionais e estaduais. A competição voltou-se para atletas das categorias Jovem, Principal e Parabadminton. Pedro Chen e Gabriel Gandara conquistaram o vice-campeonato. Luiz dos Santos e Andres Corpacho levaram a medalha de ouro. Ambos possuem grande experiência em torneios internacionais. Luiz já viajou representando o Brasil para mais de quinze

países só no ano passado. Uma de suas participações foi no Pan-Americano de Guadalajara, no México, onde o Brasil conquistou medalha de bronze. Há sete anos, Santos trocou o vôlei pelo Badminton. “Depois que fiz a primeira aula não parei mais. Aprendi muito nesta trajetória, tanto aqui quanto fora do País”, revela.

Parabadminton Pessoas portadoras de necessidades especiais também podem praticar o esporte: A modalidade Parabadminton surgiu em 2008 pela Confederação Brasileira de Badminton e, de lá para cá, tem competições nacionais regulares. Em média, três por ano. Létisson Samarone Pereira é diretor do setor de Parabadminton da BFP. Ele explica que a modalidade ainda não é paraolímpica, o que dificulta a sua visibilidade. “Ainda não temos uma grande projeção que os outros esportes paraolímpicos têm”. Atualmente, o Parabadminton tem em média 22 atletas cadeirantes e 16 andantes em todo o Brasil. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 51


Roberto Dziura Jr.

automóvel

Lugar certo para acelerar Modalidade que está sendo difundida no Brasil permite que pessoas comuns corram em um autódromo Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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maioria dos carros só mantém a carcaça original. Motores turbinados ou completamente alterados, pneus especiais, suspensão e freios mexidos. Os bancos traseiros e até mesmo o ar condicionado são retirados para deixar os carros mais leves. Até os famosos “Santo Antônio” ou barras de proteção são vistos em grande parte dos modelos que ali circulam. Os cintos também estão mais seguros, com quatro ou cinco pontos de fixação. Assim são os automóveis preparados para corridas.

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Apesar de toda essa profissionalização, ninguém está competindo. O resultado esperado por todos é elevar o carro à máxima potência e, dessa forma, melhorar seu tempo na pista. Os Track Days, famosos nos Estados Unidos e na Europa, estão se popularizando cada vez mais no Brasil. Os “dias de pista” foram idealizados para que pessoas comuns pudessem acelerar seus carros em local permitido: o autódromo e com segurança.

Na pista O engenheiro Henrique Correa, de Sorocaba, era um dos 80 “pilotos”

inscritos para o primeiro Track Day de 2012, organizado pela Racing Art. Apaixonado pela modalidade, Correa percorreu quase 400 km apenas para participar do evento, realizado no autódromo de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A bordo do Golf VR6 de Correa, quase todo modificado, a reportagem da MÊS embarcou para experimentar a emoção que todos que estavam ali diziam sentir. Antes de começar, o condutor se certificou se podia acelerar. Depois de respirar fundo, respondi: “ande como se eu não estivesse aqui”. Isso foi suficiente para chegarmos a


Segurança Mesmo com a alta velocidade, o medo deu lugar à adrenalina. A sensação é de estar em um lugar extremamente seguro. E pelos depoimentos, parece mesmo ser. Todos relataram que as regras impostas pela organização, como não ultrapassar na curva e ter até 25 carros simultaneamente na pista, fazem com que o momento seja prazeroso. “Quando você sai daqui, dirige melhor e abusa menos na rua. A brincadeira é aqui”, afirma Correa.

O primeiro Track Day de 2012 em Curitiba contou com 80 carros inscritos Outro “piloto” que também admite ter maneirado na rua é o administrador Fábio de Grandis. “Aqui é o lugar certo. Você corre com segurança, sem transgredir nenhuma lei”, diz. Grandis

mantém três carros exclusivamente para participar do Track Days. O primeiro e seu maior xodó é um Honda Civic VTI. Os outros dois são um Gol modelo 93 e um Mitsubishi Lancer Evolution 5 que ele ainda está terminando de preparar.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

225 km/h na reta dos boxes e quase 100 km/h em algumas curvas.

Apesar da maioria desses “pilotos” terem carros específicos para correr no autódromo, o Track Day não se limita a isso. A ideia de poder correr com o carro do dia a dia ainda persiste, por essa razão a reportagem da Mês encontrou desde Chevettes, Ford Ka e até Porches roncando os motores na pista. O analista de cobrança, Fernando Adad, é um dos que leva seu carro de rua ao autódromo. Dono de um Polo 1.6, Adad afirma ter mexido apenas na suspensão do carro e trocado de pneus durante o dia do evento, pois os de rua “escorregam na pista”.

Investimento Mesmo sem investir em carros específicos, o hobby de correr de carro ainda

Fernando Adad usa seu carro do dia a dia, um Polo 1.6, para acelerar no Track Day

é bastante restrito, devido ao preço. A inscrição para um dia de evento custa R$420. Com esse valor é possível dar quantas voltas quiser, seguindo a regra do limite de carros na pista e a disposição do “piloto”. Adad, que não contabiliza mais quanto gastou com a suspensão e a compra de novos pneus, desembolsou R$120 com troca e balanceamento dos pneus e mais R$120, valor equivalente a um tanque de combustível. Henrique Correa garante que a cada Track Day gasta em torno de R$2 mil. Já no desenvolvimento do carro, ele estima ter gasto cerca de R$160 mil. Grandis afirma que é melhor não somar os gastos, “é uma conta que não faço, porque desanima”. O domínio da velocidade parece compensar todo investimento. Parece fazer sentido até mesmo para quem está só de carona.

O engenheiro Henrique Correa, de Sorocaba, percorreu quase 400 km para participar do evento

Próximos eventos: www.racingart.com.br/racingday

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moda&beleza

Casando com estilo

A renda e o estilo retrô estão em alta para os casamentos do tradicional mês das noivas Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br

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á algumas décadas, as noivas prezavam por vestidos mais recatados. Nos anos 70, por exemplo, os modelos eram mais fechados, como sinal de respeito às igrejas e famílias. Já o vestido volumoso e com mangas bufantes, da Lady Diana, inspirou toda a década de 80 e influenciou muitas noivas a casarem-se como princesas. Mas aos poucos, os modelos mais ousados, com decotes, cores diferentes do branco, certa transparência e o famoso “tomara que caia”, foram fazendo a cabeça das noivas. Neste mês de maio, confira o que está em alta para casar em grande estilo.

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São diversas as tendências e ideias que servem de inspiração para as noivas nesta época do ano. Antigamente, era usual vestir peças como estolas de pele ou vestidos de manga comprida para casar e fugir do frio curitibano. Hoje, com a variedade de modelos, o famoso “tomara que caia” caiu no gosto das noivas, mas pode ser usado com adereços que conferem charme e conforto. Uma das opções é utilizar no outono/inverno um bolero, um tipo de casaco, mas em versão “mini”. Existem diferentes modelos: com mangas bufantes, com golas, mais justos ou mais largos, com manga curta, comprida e aqueles com certa transparência e, ainda, os rendados.

Os vestidos de noiva retrô são românticos, delicados e resgatam a feminilidade

Fotos: Roberto Dziura Jr.


Fotos: Roberto Dziura Jr.

Essas peças são usadas, também, para disfarçar decotes mais agudos e dão um ar mais elegante ao vestido. Além disso, está sendo bastante utilizado o modelo de vestido com um ombro só, também os minicristais estão em voga, assim como vestidos de cinturas marcadas. E, ainda, as saias com sobreposições de tules e as transparências podem ser usadas com tranquilidade este ano e também no ano que vem.

Render-se à renda Uma das apostas para 2012 é a renda. Uma das influências foi o vestido da princesa Kate Middleton, que ditou uma das principais tendências para as noivas neste ano. “A renda é muito procurada. É um clássico do casamento que demonstra uma noiva mais romântica”, diz a estilista Karina Kulig. As rendas e flores são ótimas combinações para noivas românticas e clássicas. Mangas compridas ou boleros rendados são combinações perfeitas para as estações mais frias. Além disso, as noivas podem lançar mão de acessórios como véus curtos, tiaras,

Renda. É um clássico do casamento que demonstra uma noiva romântica, diz Karina Kulig

coroas nupciais e leques para completar o visual. Para quem optou por casar durante o dia, a renda é uma excelente opção, pois os vestidos para o dia não devem ter brilho, e de preferência, devem ser de tecidos mais leves e esvoaçantes como o organza e o gazar, que também estão em alta. Outra opção é diferenciar o comprimento. Estão entrando na moda vestidos acima do tornozelo, conforme mostraram grifes europeias de noivas este ano.

O noivo deve saber Algumas novidades também chegam aos noivos este ano. Confira:  Os tecidos acetinados estão em

alta; os pretos dão elegância ao noivo.

 A gravata

lisa é uma tendência; os modelos slim e as metalizadas (por exemplo, as pratas) fazem muito sucesso, resgatando um estilo dos anos 50. Usar o cravo no bolso da frente do terno é clássico, mas pode ser substituído por uma mini rosa ou mini orquídea.

Os modelos mais procurados pelas noivas ainda são os Fonte: Gil Santos “tomara que caia”, aponta Karina Kulig Noivas sustentáveis

Retrô O estilo retrô também é uma boa opção. Este conceito faz uma releitura de épocas anteriores, adaptando às necessidades atuais. Os vestidos de noiva retrô são românticos, delicados e resgatam a feminilidade do vintage. “Os laços estão em alta seja na frente, do lado ou atrás do vestido. Eles foram muito usados nos anos 80 e 90, mas agora voltam em versões menores”, ressalta o estilista de noivas, Gil Santos.

Ser e pensar de modo sustentável é uma atitude que cada vez mais o mundo da moda vem aderindo. E que tal as noivas serem também sustentáveis? O estilista Edson Eddel, há cinco anos, criou a coleção “Do lixo ao luxo”, utilizando materiais que seriam descartados. Ele reaproveita materiais, como lacres de latinhas de refrigerante, plástico, garrafas pets para transformar em vestidos de noiva. “Minha ideia é transformar justamente o que é descartado pelas pessoas e até incentivá-las a criarem seus próprios modelos”, explica o estilista. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 55


culinária&gastronomia

farinha de mandioca

pinga

cracóvia

café

erva-mate quirera

pinhão

Cozinha de identidade Chefs de cozinha mostram-se mais atentos à gastronomia ambientalmente responsável; valorizando produtos locais e resgatando tradições Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Q

uando se fala em Cozinha de Terroir é possível remeter a uma gastronomia de ingredientes requintados, iguarias caras e de difícil acesso. Pois fique sabendo que o conceito é exatamente o inverso. Não que seja feita com base em qualquer produto, mas são priorizados produtos locais, de fácil acesso e que carregam uma tradição, uma marca local. É assim que se faz uma boa comida de Terroir, uma das tendências da gastronomia brasileira atual. “A cozinha – mais do que a alimentação – é aquela que fornece informações sobre a vida de uma comunidade, no espaço e no tempo [...] Adaptamos as cozinhas de outros lugares, mas não podemos recriá-las”, conceitua o gênio da gastronomia mundial, Alain Ducasse, no livro Ducasse de A a Z, sobre Cozinha de Terroir. Por ter esse conceito, a cozinha é mais sustentável, ou seja, mais preo-

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cupada com o meio ambiente. É isso que vem chamando a atenção de chefs renomados no Paraná e no Brasil. Eles estão retomando esse tipo de cozinha bastante antiga na Europa e em outros países orientais.

Identidade cultural É na valorização de seu meio que é possível trabalhar a identidade e os produtos locais. “Você fala de cachaça no Paraná, lembra de Morretes; você fala de barreado no Paraná, você lembra do Litoral; quando você fala quirera, você lembra da Lapa; quando fala do café, lembra do Norte do Paraná. Está ligada à questão da identidade, do pertencimento, como se fosse uma coisa do patrimônio público”, explica o estudioso em Alimentação, Carlos Roberto Antunes dos Santos, professor titular de História do Brasil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente do Slow Food Paraná. Outros produtos que remetem à Cozinha de Terroir no Paraná merecem destaque: o pinhão, a cracóvia, a farinha

de mandioca, o gengibre e a erva-mate. Além dos produtos, existem pratos que fazem parte das tradições paranaenses, como por exemplo, das festas do Porco no Rolete de Toledo, do Carneiro no Buraco de Campo Mourão e do Boi no Rolete de Marechal Cândido do Rondon, festas do interior do Estado, que se perpetuam há anos.

Meio ambiente Além dos produtos com a cara do Paraná, os chefs de cozinha que seguem essa linha também priorizam produtos que agridam menos o meio ambiente, como os orgânicos. Também buscam por fornecedores que utilizem menos transporte e que ainda assim garantam a qualidade do prato final. “Essa é minha cozinha. Sei cozinhar com os produtos nossos da terra. Essa coisa de essência, de valorizar os ingredientes. A carne que você tem aqui, o peixe que tem no nosso litoral”, afirma Júnior Durski (do Restaurante Durski). Para ele, a qualidade da carne de boi de alguns fornecedores locais,


Veja o que alguns chefs pensam sobre a mudança da consciência ambiental dos consumidores

O consumidor gosta daquilo que é bom. Não tem ainda toda essa conscientização do que é nosso. A pessoa quer bom por preço justo. É assim quando você é local.”

É um trabalho grande e longo, mas aos pouquinhos já está começando.” Kika Marder, Bistrô Sel et Sucre

Ainda no Kinoshita tenho que ser um padre ou um monge. Ainda tenho que falar bastante para poder conscientizar a população de uma coisa que ainda é uma sementinha.” Tsuyoshi Murakami, Restaurante Kinoshita

Fotos:Emi Hoshi / Gastronomix

Roberto Dziura Jr.

Júnior Durski, Restaurante Durski

pre tento usar os ingredientes da região, também junto com a sazonalidade da época, sempre tudo fresquinho”. do carneiro e da galinha caipira, são comparáveis às melhores do mundo. “Essa coisa de usar o nosso produto, você tem economia de combustível e de transporte, valorização do nosso pessoal. Você tem inúmeros benefícios quando regionaliza e utiliza o nosso”. Para o chef Délio Canabrava (da Cantina do Délio), essa valorização dos produtos locais nas panelas passa por uma postura de maior consciência ambiental. “Reciclo todo lixo, fazemos um aproveitamento de matéria-prima e seleção de matéria-prima pela estação, utilizando produtos da época que são melhores, mais baratos, viajam menos, poluem menos”, comenta Délio. Assim também trabalha a chef Kika Mader (do Bistrô Sel et Sucre). “Sem-

Além do Paraná, os chefs de outros estados também seguem essa tendência. É o caso da chef Simone Berti de Alagoas (do Restaurante Wanchako). Ela prioriza em sua cozinha os pescados, camarões, que são ingredientes abundantes em sua região e dão um toque de consciência ambiental em suas criações. “Tudo que você puder reaproveitar é super válido”.

Além do Paraná, os chefs de outros estados também seguem essa tendência Já para o renomado chef Tsuyoshi Murakami, de São Paulo, (do Restaurante Kinoshita), “isso já é uma linha que os japoneses sempre respeitaram. Se agora no Brasil é tendência, já es-

tava na hora”, comenta ele que é natural do Japão, mas está radicado no Brasil desde os 3 anos de idade. “Vamos pela simplicidade”, atesta.

Consumo Mas apesar da mudança de comportamento de alguns chefs, quando isso chega à mesa, o conceito se perde (veja Box). Os consumidores ainda não têm essa consciência. Para o estudioso Santos, é “preciso valorizar estas tradições mais do ponto de vista das políticas públicas [...] Aí sim essa cozinha teria espaço para avançar”. E alguns especialistas já apostam que essa é uma tendência irreversível. Diga-se de passagem, urgente, pela necessidade de preservação do Planeta e de seus habitantes. REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 57


cultura&lazer

Cores e traços na reconstrução O brasileiro Titi Freak foi além do óbvio, levou cores às cinzas casas temporárias da cidade devastada de Ishinomaki, no Japão, e traçou a integração da comunidade Iris Alessi - iris@revistames.com.br

P

aredes frias de metal pintadas em tom cinza. Paredes de casas de pessoas que tinham perdido tudo, vítimas de um dos maiores terremotos e tsunamis da História, ocorrido em 2011. Mas a vida de algumas dessas pessoas da cidade portuária de Ishinomaki, no Japão, ganhou mais cor depois da pas-

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sagem do artista plástico brasileiro e descendente de japoneses, Hamilton Yokota, conhecido como Titi Freak. Freak foi um dos quatro nomes cotados pela Embaixada do Brasil, em Tóquio (Japão). Mesmo antes de receber o convite, Freak já havia feito duas obras e doado para a Cruz Vermelha. O convite da Embaixada veio ao encontro de uma vontade que o ar-

tista, neto de japoneses, tinha de ajudar as pessoas afetadas pelo tsunami. “Quando recebi esse projeto, fiquei muito feliz, porque eu já tava decidido ir para o Japão. Então, parecia que eu realmente tinha de estar lá”, revela. Com a técnica do grafite, em dez dias de dezembro do ano passado, Freak coloriu 15 casas com nuvens, peixes e flores, num traçado forte e inspirador. A arte do brasileiro teve a finalidade de diferenciar as casas, mas o projeto foi muito além. “O grafite fez com que as pessoas saíssem de suas casas


Kenichi Aikawa

e ficassem mais próximas, pelo fato de ficar junto comigo, mantendo um contato comigo, as pessoas começaram a se comunicar mais entre elas, comentando sobre o grafite. Durante esses dez dias, acabaram criando uma amizade entre eles também”, comenta Freak que, quando chegou à comunidade, percebeu que as pessoas ficavam muito sozinhas em suas casas.

Kenichi Aikawa

As paredes pintadas se tornaram uma espécie de galeria de arte para os moradores de Ishinomaki As paredes das casas temporárias, que mais pareciam caixotes frios e cinzas, foram pintadas e se tornaram uma espécie de galeria de arte a céu aberto para os moradores. Além do trabalho realizado nas casas, Freak também realizou oficinas com estêncil para crianças e idosos. Para ele, essa foi uma forma de cada um levar uma lembrança da sua passagem por Ishinomaki. A experiência para ele foi inovadora. Acostumado com a pintura de rua, não tinha as limitações que o trabalho no Japão o impôs. Primeiro, a questão de planejar todas as obras que faria, pois ele precisaria levar material (comprado em Osaka) suficiente para finalizar tudo. Depois, a diferente superfície das paredes das casas e, por fim, a história da comunidade sofrida, mas cheia de esperança e força para reconstruir. Por isso, sua passagem pelo Oriente não acabou. Ainda vivendo no Japão (Osaka), Freak parte agora para sua segunda temporada de atividades com o grafite. Nessa fase, o artista plástico vai espalhar sua arte pelo comércio de Ishinomaki. “Eu vou fazer isso aí a convite deles mesmos e vou continuar o projeto das casas temporárias, mas em outras localidades da cidade”, finaliza Freak.

Titi Freak: “O grafite fez com que as pessoas saíssem de suas casas e ficassem mais próximas”

Hamilton Yokota nasceu em São Paulo, no bairro da Liberdade, tradicionalmente de colonização japonesa. Começou cedo sua produção. Aos 10 anos de idade, desenhava em casa e uma de suas inspirações eram os cães. Já aos 13, foi trabalhar profissionalmente no estúdio de Maurício de Sousa (criador da Turma da Mônica). Por isso, veio o apelido Titi, um dos personagens das histórias em quadrinhos. Hoje, tornou-se uma referência em grafite no Brasil, com trabalhos expostos em vários países do mundo.

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cultura&lazer

Telona cheia de novidades O cinema local ainda não é muito visto pelos próprios paranaenses, mesmo com grande número de produções premiadas Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

E

ra uma vez dois desbravadores, Anníbal Requião e João Baptista Groff, que iniciaram no final do Século XIX o cinema paranaense. De lá pra cá, muita, mas muita coisa mudou. Grandes e pesados equipamentos utilizados para captar as imagens foram substituídos por pequenos aparelhos que cabem, literalmente, no bolso. Assim, o acesso às tecnologias digitais possibilitou um aumento consi-

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derável da produção cinematográfica no Paraná. “Hoje é muito mais fácil gravar um filme e temos uma safra bem expressiva de bons realizadores. O número de prêmios conquistados pelos nossos cineastas comprova essa qualidade”, garante o cineasta e diretor do Museu da Imagem e do Som, Fernando Severo. Para ficar apenas em dois exemplos, “A Fábrica”, de Aly Muritiba, e o documentário “Ovos de dinossauro na sala de estar”, de Rafael Urban,

ganharam inúmeros prêmios em Festivais nacionais e internacionais. Recentemente o curta-metragem de Muritiba ficou em segundo lugar, entre 1.600 inscritos, na quinta edição do Gulf Film Festival, realizado em Dubai (nos Emirados Árabes). O aumento de produções não se restringe aos curtas, cresceu também o número de produções em longa-metragem. Exemplo clássico é o Estômago, de Marcos Jorge, que ganhou importantes prêmios em todo o mundo.


Fotomontagem: Foto Sala de cinema: Roberto Dziura Jr. / Foto Stefani Brito: Cristiane Lemos

“Hoje se produz muito mais do que antes, devido ao acesso a uma câmera digital. Qualquer um pode exercitar o olhar o tempo todo e montar um filme em casa. Outro fator é que o cinema nacional conquistou respeitabilidade após sua retomada na década de 1990. Então, quem era criança naquela época começou a ver o cinema como algo real. Por causa disso, surgiu em Curitiba cursos voltados à área. Gente do interior do Estado e de outros começaram a vir pra cá estudar audiovisual e essa miscigenação de realidades sociais distintas possibilitou uma confluência de ideias”, pontua o baiano e cineasta Aly Muritiba.

Espaço e talento Mas a telona não é para todos. No meio de um grande número de realizações, somente alguns se destacam. “Fico feliz com a possibilidade do acesso ao digital, porém sempre utilizo uma frase da literatura para definir o crescente número de trabalhos: ‘Para se fazer um grande poeta é preciso outros 1.500’. Em qualquer área é assim. A democratização permite o acesso, mas chega uma hora que a ferramenta é apenas mais uma, e o que vai sobreviver é o talento. Quem tem o que dizer vai continuar”, enfatiza o cineasta Beto Carminatti, que dirigiu, junto com Pedro Merege, o longa-metragem Mistéryos. Se antes o problema era fazer, hoje a dificuldade maior está em ser visto. “Nosso Estado tem se revelado um campo fértil de técnicos, diretores e atores. Como todo produto nacional, a produção em si não é o maior obstáculo. Produzir, por mais incrível que possa parecer, não é a parte mais difícil do processo. O problema maior surge depois que o produto está finalizado. O momento da distribuição e da exibição se revela o mais complicado. Por conta disso, muitos trabalhos ficam limitados aos festivais. As distribuidoras têm por objetivo o lucro e, por conta disso, costumam

comprar apenas aqueles filmes que lhe darão um retorno financeiro seguro. A formação de plateia é importantíssima para corrigir essa distorção”, salienta o cinéfilo Marden Machado.

Plateias E é justamente com o objetivo de formar plateia que Machado promove diversas ações. “Meu objetivo maior é compartilhar minha paixão pelo cinema”. Entre outras ações, o cinéfilo realiza um cineclube, aos sábados, no Shopping Omar. Outra ação com esse fim é o Cine Espoleta, idealizado por Carminatti há mais de dois anos, e que também acontece aos sábados, no Museu Guido Viaro. “É um lugar para pessoas que gostam de cinema assistirem e depois conversarem. O Espoleta não tem objetivo consciente de formar plateia, mas o resultado final acaba sendo”. E a potencialidade do cinema paranaense é grande, acredita Severo. “Temos potencial de ampliar a circulação dos trabalhos e aumentar a quantidade de público. Existe estudo para implantar no Paraná polos audiovisu-

ais”. Severo acrescenta que neste ano tem a expectativa da implantação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e de mais uma edição do Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo.

Se antes o problema era fazer, hoje a dificuldade maior está em ser visto

Vitrine dos festivais Embora os paranaenses consigam ver algumas produções locais na televisão, a grande vitrine ainda são os festivais. “A partir deles, muitos diretores e filmes se tornam conhecidos e se cria, a partir daí, um círculo virtuoso”, destaca Machado. Curitiba já promoveu alguns eventos similares, mas o remanescente é um destinado à produção Super-8. Para se somar aos festivais da Lapa, Cascavel, Londrina e Maringá, é que a Grafo, produtora de Aly Muritiba, Marisa Merlo e Antônio Junior, promove, entre os dias 29 de maio e 04 de junho, o “Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba”. “Queremos Roberto Dziura Jr.

O cineasta Aly Muritiba (centro) ao lado dos sócios Marisa Merlo e Antônio Junior, realizadores do “Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba”

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cultura&lazer Faisal Iskandar

Momento da produção do cineasta Beto Carminatti

Serviço criar uma cultura cinéfila voltada ao cinema autoral”, revela Muritiba. A mostra contará com sessões de longas (acima de 50 minutos) e curtas (até 25 minutos) nas competitivas “Janela Internacional”, “Olhares Brasil”, “Mirada Paranaense”, “Novos Olhares” e “Outros Olhares”, estes dois últimos somente longas-metragens. Entre as premiações estão: “Especial do Júri”, “Contribuição Artística” “Novo Olhar”, “Crítica”, “Público” e o “Prêmio Aquisição RPC” para um curta da “Mirada Paranaense”. Paralelamente às sessões e à premiação serão realizadas as oficinas de roteiro, de documentário e linguagem cinematográfica, além de cinco seminários em torno da produção criativa. 62 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba Data: 29/05

a 04/06

Locais de exibição:

• Espaço Itaú de Cinema - Shopping Crystal – Exibição da seleção oficial de filmes. Rua Comendador Araújo, 731 – Batel. • Cinemateca de Curitiba – Exibição da seleção oficial de filmes. Rua Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco. • Museu Oscar Niemeyer – Mostra paralela Multi Olhares. Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico. • Sesc Paço da Liberdade – Seminário e Debates com os Realizadores. Praça Generoso Marques – Centro. • Sesc da Esquina – Realização das Oficinas. Rua Visconde do Rio Branco, 969. • Teatro Guairinha – Cerimônias de Abertura e Encerramento. Rua XV de Novembro s/n. • Sesi (várias unidades nos bairros) – Mostra Olhar Itinerante. Mais informações: http://olhardecinema.com.br/blog


AGENDE-SE

Para sua 19ª edição, Casa Cor Paraná volta a focar o Centro da Cidade, desvenda os mistérios de suas ruas e seleciona a CASA CULTURAL UNIÃO JUVENTUS, localizada na Alameda Dr. Carlos de Carvalho no Quadrilátero da Decoração da capital paranaense. 1.700 m2 de área construída, em 47 ambientes, contemplando áreas residenciais, corporativas, infantis e espaços de gastronomia e lazer.

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APOIO INSTITUCIONAL

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dicas do mês

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Infantil

Autora: Flávia Savary Editora: Positivo

Comportamento

Autora: Mayla Di Martino Editora: Mex

Os meus olhos são teus olhos

Mulheres, elas fazem a história

No livro da premiada autora Flávia Savary, a história de Menina e Beto é contada cena a cena. As personagens sabem usar a imaginação e convidam o leitor para uma viagem – que parece ser infantil e ingênua – para dentro e para fora de si, passando por um processo profundo de autoconhecimento. No decorrer da história, são evidenciadas as dificuldades entre classes sociais, já que Beto é o “menino mais pobre do mundo” e Menina é “a mais rica que há”. Em forma de teatro, é possível aprender valores e comportamentos fundamentais para os dias de hoje.

Conheça a história de vida e a opinião de 64 mulheres paranaenses. Vão desde seu trabalho na política até cargos de alta gerência em grandes empresas. A obra mergulha em dados interessantes e experiências de figuras femininas marcantes do Estado para mostrar os desafios, as angústias e os avanços da sociedade em busca da igualdade entre gêneros. Os homens também foram ouvidos para a construção dessa história. Eles têm aprovado o olhar feminino no mercado de trabalho e contam também suas experiências.

História

Autora: Túlio Vargas Editora: Juruá

Biografia

Autor: Nelson Mandela Editora: Nossa Cultura

A última viagem do Barão do Serro Azul

Nelson Mandela – Longa caminhada até a liberdade

Ildefonso Pereira Correia (Barão do Serro Azul) era uma figura singular. O maior produtor de erva-mate do Paraná. Na História, ficou entre traidor e herói ao impedir uma luta armada entre os pica-paus e os maragatos na Revolução Federalista, em Curitiba, no fim do século XIX. Hoje, já considerado herói, a obra conta todo o contexto da época de intrigas da Corte e suas peculiaridades e mostra, também, como era a rotina da Capital naquele período. O livro narra, também, como se deu a execução de Ildefonso: cruel e sem chance para a última oração. Com base nesta obra, foi lançado o filme: “O Preço da Paz”, já premiado em festivais.

Uma história que inspira, dá orgulho e esperança. Uma luta em pleno Apharteid na África do Sul. Um homem do interior que chegou a ser preso, mas quando ganhou a liberdade conquistou a presidência de seu país. Esses são alguns dos legados que deixará Nelson Mandela, um dos maiores líderes políticos mundiais, vencedor do Nobel da Paz (1993). Nesta obra, que tem o prefácio de Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente do Brasil), Mandela revela em detalhes sensíveis e envolventes essa trajetória de muito sofrimento, mas também de vitórias históricas pelas quais passou, sentiu e tirou um valioso aprendizado.

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dicas do mês

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Soul

Selah Sue Gravadora: Warner Music

“Selah Sue”

O frescor e a precocidade de vozes femininas estão em alta. Primeiro Amy Winehouse, Joss Stone, Duffy e Adele, agora a cantora belga Selah Sue, de apenas 22 anos, está chamando a atenção dos amantes da música soul pelo mundo. Revelação das mais gratas. Com identidade própria, este mês, Selah lança seu CD no Brasil. Suas músicas falam de episódios pessoais e são embaladas por sua voz rouca e forte. Além de soul, em sua trilha também entra folk, reggae, hip hop e os toques cadenciados de uma música urbana.

MPB

Arnaldo Antunes Gravadora: MTV

Acústico MTV

Neste mês, os curitibanos aproveitam a estreia do trabalho do produtor visual, músico e escritor Arnaldo Antunes. O artista vai se apresentar no Festival Lupaluna (19/05) com o novo projeto “Acústico MTV”, gravado em São Paulo, no ano passado. As canções são as mais badaladas de Arnaldo, ao comemorar três décadas de carreira. Seja com os Titãs, com os Tribalistas ou em carreira solo, o cantor imprime sua marca peculiar, sempre irreverente ao cantar palavras em canções concretistas e pós-modernas.

Pop

Tiago Iorc Gravadora: Som Livre

Umbilical

Uma melodia suave é o tom do segundo álbum recém-lançado do cantor e compositor brasiliense Tiago Iorc, radicado em Curitiba. Ele que vem construindo sua carreira tanto no Brasil como em outros países, como Coreia do Sul e Portugal, quer mais. As canções da nova obra musical “Story of a Man” e “Gave me a Name” pretendem chamar a atenção do público mundial. O garoto é franzino, parece frágil, mas tem uma pegada pop bem construída e quando empunha o microfone, agiganta-se.

Rock

Stereo 33 Gravadora: Independente

QueriaTer

A banda curitibana Stereo 33 acaba de lançar seu terceiro trabalho autoral. No novo compacto, eles tiveram a ajuda de uma equipe de primeira para fazer a masterização. Ela ficou por conta do Abbey Road Studios, em Londres, famoso estúdio dos Beatles. Com um som na linha do rock independente, os quatro integrantes da banda: Alvaro Neves Jr (bateria), Zé Travagin (vocal), Felipe Kojake (baixo) e Thiago Filla (guitarra) mostram energia em músicas de batidas rápidas e firmes. Levam na bagagem, principalmente, referências da década de 1990.


Divullgação

opinião

Luis Henrique Stockler

Sócio-diretor da consultoria em varejo ba}Stockler

Canais de distribuição

A

ssim como a informação, que pode ser distribuída por diversos canais e veículos, chegando ao maior número de pessoas possível, os empresários têm uma gama de opções para expandir seus negócios, conquistando mais clientes. Porém, esta não pode ser uma decisão tomada por impulso, como foi dito pelo especialista em marketing Philip Kotler: “as decisões referentes aos canais de distribuição são as mais importantes a serem tomadas pelas empresas e afetam todas as outras decisões.”

(vendedores CLT) e, principalmente, na revenda independente (representantes), onde atinge seu menor índice. O custo de implantação e manutenção deste controle também deve ser considerado, pois ele é inversamente proporcional à quantidade e qualidade de informações obtidas. No e-commerce, por exemplo, o controle é alto, mas implantar e manter este canal não é algo de baixo investimento, enquanto em redes de revendas independentes (representantes) ele cai absurdamente. Nas franquias, porém, como há a formatação prévia do negócio, que já foi testado anteriormente, os riscos de perda de controle diminuem, e seu custo de implantação, além de não ser muito alto, é realizado apenas no início do negócio.

Ferramenta que foi amplamente discutida durante a NFR 2012 (National Retail Federation), a tecnologia também contribuiu para uma evolução nos canais de distribuição, que O capital humano é uma antes era singular, baseado no ponto de venda físico, e passaPodemos dizer que as franquias alavanca aos negócios ram para um estágio de onipresão uma estratégia para distribuiquando bem gerido sença, no qual é possível venção de produtos e serviços e de der também pelo computador e expansão territorial, que acontece pelo telefone, sem horários estabelecidos ou limites im- por meio da união dos interesses de dois parceiros que trapostos. No Brasil, empresas como Hering, Hope, Arezzo, balham sob um único sistema, buscando o sucesso e lucro Natura, Lojas Americanas, Boticário, além de fabricantes mútuo. Fica a cargo do franqueador a cessão da marca ou de automóveis são bons exemplos do uso da estratégia produto, além da tecnologia da operação, enquanto são de dos multicanais. responsabilidade do franqueado os recursos, tanto o capital quanto o tempo para se dedicar. Antes de pensar em quais canais de distribuição investir, é preciso conhecer a fundo o negócio. Qual é o mercado Independentemente do canal de distribuição, o relacioque eu quero conquistar? Quem é o público-alvo? A partir namento interpessoal, no qual o varejo brasileiro recebe disso, o empresário deve considerar qual é o nível de con- destaque internacional, é muito importante e deve ser controle (leia-se a entrega dos produtos e serviços ao cliente, siderado como ação estratégica. percepção e valorização da marca) que vai querer exercer no negócio. Na internet, este controle sobre esta entrega é O capital humano é uma alavanca aos negócios quando maior, ganhando inclusive de lojas próprias. Como descer bem gerido, afinal, muitas pessoas têm ambição. Tudo o uma escada, um degrau de cada vez, o controle diminui em que um líder pode fazer é mostrar as oportunidades e enredes de franquias, na venda direta, na revenda exclusiva corajar as pessoas a perseguirem sua ambição.

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