Revista MÊS 09

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Editora Mês Ano 1 - nº 9 Outubro de 2011

Fábrica de desafios

Edson Campagnolo, é o 1º empresário no comando da FIEP vindo do interior; com orçamento de R$ 450 milhões, o industrial terá muitos obstáculos pela frente Esporte Paraná quer brilhar no Pan-americano; mais de 20 paranaenses brigam por medalhas

Obesidade Saúde infantil em alerta. Um em cada quatro alunos paranaenses está acima do peso

Cidades Conheça a nova cara da população do Estado. Dados apontam para o envelhecimento




entrevista Edson Campagnolo

“Sou idealista, movido por desafios”

Roberto Dziura Jr.

O novo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, fala sobre as eleições e como será o seu jeito de comandar a entidade. Primeiro presidente vindo do interior, o industrial questiona a falta de investimentos em infraestrutura, comenta sobre as reformas políticas e também sobre sustentabilidade. O empresário da área de confecção se considera um empreendedor por natureza e espera continuar estimulando os jovens para o empreendedorismo. Em entrevista exclusiva para a Revista MÊS, Campagnolo também conta sobre os planos para o futuro da Fiep. Confira!

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Quais foram os motivos que o levaram a enfrentar o desafio de disputar a presidência da FIEP? Edson Campagnolo (EC) - Realmente foi um desafio mesmo e quando a gente se envolve num meio como esse de representação de classe, de ser presidente de entidade, não é dizer assim: “Ah, eu vou ser presidente”, mas acaba acontecendo assim como aconteceu comigo, não estava nos meus planos ser presidente. Eu sou idealista, sou movido por desafios. Aconteceram os apoios dentro do Sistema, fora do Sistema, das pessoas... Tudo isso foi gás. E culminou de eu ter sido realmente eleito com uma margem expressiva de votos. O que deixou bem claro o interesse dos sindicatos e do setor empresarial de que não houvesse esse envolvimento político-partidário. 4 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

O fato de você ter tido o apoio do ex-presidente Rodrigo Rocha Loures foi decisivo para vencer a disputa contra Ricardo Barros? EC - Ah, fundamental! Se ele me indicou para ser o candidato numa sucessão de uma casa como esta, que foi reconstruída ao longo de oito anos – e eu como vice-presidente acompanhei, participei – e tendo a chancela dele, isso foi a abertura da porta. Com o nome na disputa de Ricardo Barros houve um racha dentro da Fiep, já que anteriormente Barros era aliado do próprio Rocha Loures? EC - Companheiro nosso de diretoria, como os outros 15 [vice-presidentes]. Eu era um e o Ricardo era outro. Claro, que de certa forma divide, porque cada um tem que buscar o seu apoio, dentro e fora. Então dividiu, mas com todo o respeito de ambos os lados. Não houve

agressão de palavras, de forma alguma, entre ele e eu, durante a campanha. Será o continuísmo ou haverá mudanças marcantes? EC - Acho que é uma mistura das duas, não dá para dizer que é um continuísmo. Eu acho que dá para dizer que é uma casa que está andando. É continuidade de gestão com certeza, porque eu vou suceder o presidente que me indicou. Agora novos projetos, correções, percursos, novos programas, isso é normal, mas nada que vá causar uma ruptura, que nada deu certo, que vamos ter que começar de novo. Mas ajustes são necessários e vão acontecer. Qual será o seu jeito de administrar a Fiep? EC - Eu sou muito de ouvir. Deus nos deu dois ouvidos e uma boca e eu uso bem os dois ouvidos. Eu uso os dois


ouvidos para ouvir, para a tomada de opinião e para a tomada de decisão. Mas eu acho que o jeito marcante mesmo é a simplicidade, por ser do interior, por saber dos anseios daquelas pequenas e microempresas, porque eu sou um pequeno empresário. O senhor terá um orçamento de R$ 450 milhões. Este valor supera a arrecadação de 393 dos 399 municípios paranaenses. O que dá pra fazer com esse dinheiro? EC - Primeiro que a maior parte desses recursos são do Sesi e do Senai e eles são recursos carimbados. Têm destinos praticamente certos. Podemos dizer que sobra para investimentos em torno de oito a dez por cento. E, esse dinheiro, a gente tem que saber administrar com muita cautela, porque é o que vai dar resultado para que esses serviços consigam ser colocados com eficiência. Nós temos um compromisso – Federações das Indústrias de todo o Brasil e a CNI e CNC – de [quase] dobrar o atendimento de 2,2 milhões de matrículas [no Senai], que aconteceu agora em 2011, para quatro milhões. Qual a importância da entidade ter seu primeiro presidente que não é da Capital? EC - É um marco dentro da Federação das Indústrias. Depois de quase 70 anos vem do interior [o presidente]. Alguém do interior que vem com um jeito simples de gerir os seus negócios e também unir o Paraná – o interior junto com a capital – em prol de um grande Paraná, que é esse nosso grande objetivo. As indústrias do interior têm algo a ganhar com isso? EC – Ah, têm. Acho que só o fato de estarem elegendo um presidente do interior, as indústrias ganham com isso. Mas eu vou mais longe. O Paraná precisa rever este modelo de centralizar médias e grandes empresas em grandes centros. Nós pretendemos trabalhar e, muito, com o Governo do

Estado e reivindicar junto ao Governo Federal a infraestutura logística que o interior do Paraná precisa. Quais os planos para Fiep até 2015? EC - Temos o fortalecimento dos nossos Sindicatos. Pretendemos fortalecê-los para que aquelas 42 mil indústrias tenham no Sindicato um amparo, um apoio. E que esses 100 sindicatos venham justamente ser a base, o pilar, da Federação das Indústrias. Pretendemos atuar firmemente naquela questão da qualificação da mão de obra, dobrando o atendimento. Temos um desafio muito forte no colégio Sesi, que nós temos 11 mil alunos: crescer de 20 a 25% ao ano, chegando a 2015, com 20 mil alunos. Um tema muito forte é a questão das reformas. Nós defendemos urgentemente [todas] as reformas: tributária e fiscal, política, judiciária e trabalhista. E uma questão muito preocupante que a gente percebe é a questão da corrupção. A corrupção está instalada em todos os meios, em todos os locais, e isso é uma coisa que nós pretendemos ajudar a combater. Os impostos são os que mais preocupam os empresários? EC - Em pesquisa que fizemos por amostragem nos últimos oito anos, o item número um das demandas é a elevada carga tributária. E a cada ano a gente percebe que as alíquotas vão aumentando. Cada vez se arrecada mais. É recorde acima de recorde de arrecadação, mas o que está acontecendo? Cada vez mais o setor produtivo está sendo penalizado. E isso, muitas vezes, está gerando falta de investimento de pessoal, falta de investimento em equipamento. O movimento de conscientização pela alta carga tributária foi uma de suas lutas como vice-presidente da FIEP. Como continuar esse projeto como presidente? EC - Foi uma das bandeiras e eu nem era candidato quando tive a responsabilidade de assumir. O que eu acho

que nós conseguimos ao longo desse período foi justificar junto à Secretaria da Fazenda do Estado que havia alguns incentivos que tinham sido dados a certas categorias das cadeias produtivas e que eles haviam cancelado. Nós mostramos que aquilo não podia e que iria gerar vários problemas e nós conseguimos reverter. No âmbito do Governo Federal, esse pacote do “Brasil Maior” foi um movimento que nós conseguimos mostrar que os setores que têm mão de obra intensiva precisavam ser atendidos. Como será sua relação com o Governo Estadual? E com a Secretaria de Indústria e Comércio? EC - Com muita responsabilidade, porque o presidente da Federação representa 42 mil empresas e representa uma massa de 800 mil trabalhadores. Tudo aquilo que nós pensamos em comum para o desenvolvimento do Paraná e para o desenvolvimento do Brasil, nós temos que trabalhar em conjunto. Passou a eleição, ele [Ricardo Barros] reassumiu o posto que ele já tinha. É a casa que faz a interlocução do governo com a Federação das Indústrias, com a Fecomércio, com a Faciap. Uma relação amistosa, como foi durante as eleições. E com o Governo Federal? Quais os nomes que têm mais contato? EC - Temos uma boa relação com o Governo Federal e pretendemos estreitar cada vez mais. Nós temos ministros paranaenses, mas eles são ministros do Brasil antes de serem paranaenses, então acho que temos que ter uma boa relação. Nós temos uma boa relação com o vice-presidente da República, temos uma interlocução muito forte com o ministro [Aloizio] Mercadante, uma aproximação com a ministra Gleisi Hoffmann, com o próprio ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, com o [Fernando] Pimentel, que é da Indústria e Comércio. Enfim, eu acho que nós temos uma boa relação com o Haddad e, onde não tem, a gente tem que ir buscar. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 5




entrevista Edson Campagnolo

EC - Temos que pensar na responsabilidade social e aí nós falamos em sustentabilidade. A indústria do futuro tem que ter muito clara em seus pilares a sustentabilidade. Nós não podemos mais agredir o meio ambiente da forma como a gente agredia na década passada, por exemplo. Comenta-se sobre a desindustrialização do PR. Como tem sido esse processo? O que é preciso fazer para reverter isso? EC – É do Brasil. A gente tem que ir mais longe, porque quando a gente tem um câmbio baixo como está hoje, facilita muito a importação. Todo produto que vem, com certeza, está penalizando algum emprego interno. E é o que tem acontecido nos últimos anos. Felizmente, nos últimos meses, estamos percebendo e a equipe econômica e o Governo Dilma percebeu que é necessário fazer alguma coisa. Algumas medidas já foram tomadas, ainda tímidas. Tem que melhorar ainda mais. Mas é uma preocupação. Nós não podemos, de forma alguma, olhar os postos de trabalho sendo trocados por produtos importados. Quais são as demandas importantes para o desenvolvimento da indústria do PR? EC - Nós precisamos, urgentemente, melhorar a infraestrutura do Estado. É inadmissível que nós tenhamos algumas regiões do Estado que não tenham bons serviços de aeroportos. A região dos Campos Gerais, de Ponta Grossa, e Sudoeste. Quanto às ferrovias, temos somente esta ligação: Cascavel, Guarapuava, Ponta Grossa, Curitiba e Paranaguá. Agora, está sendo construído Guaíra até Cascavel e de Guaíra também ao Mato Grosso do Sul, mas a gente precisa de mais investimentos, principalmente, em ferrovias. Quanto às rodovias, também, é inadmissível que nós tenhamos uma [BR] 277 de Cascavel à Ponta Grossa 8 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

Paraná]. Esse é um desafio da Federação e do Governo do Estado.

O Paraná precisa rever este modelo de centralizar médias e grandes empresas em grandes centros com uma pista simples. Tinha que ser pista dupla. Isso é só um eixo. Se a gente for olhar também as outras regiões do Estado, a gente não está muito bem servido de rodovias. Quais os prós e contras de produzir no interior do Estado? EC - O pró é que no interior do Paraná as pessoas são mais sensíveis, são mais humanas, elas se relacionam mais. A vida no interior existe com mais relações humanas entre as pessoas. O contra é justamente a logística, é a distância. Tem um custo para você trazer a mercadoria do interior do Paraná e distribuir nos grandes centros. Mas entre prós e contras, eu ainda prefiro ficar no interior com a minha indústria.

O senhor continua diretor de Relações Intrarregional do Sinvespar e coordenador do Grupo Gestor do Arranjo Produtivo Local Moda Sudoeste. Como conciliar estas atividades com a presidência da FIEP e ainda cuidar de sua empresa de confecções? EC - E mais a família [risos]. Eu acho que agora as responsabilidades aumentaram. São quatro anos, eu tenho um compromisso de fazer uma reforma estatutária e pretendo terminar com a questão da reeleição. O setor de confecção é a principal vocação do Paraná?

O que fazer para despolarizar a indústria do Estado?

EC - Também é. O Paraná, realmente, tem melhorado, porque no passado, embora o vestuário tenha uma parcela significativa na geração de empregos em todo o Estado, nós temos um incremento muito forte de marca própria que aconteceu nos últimos anos. Estamos agregando valor. Então, nós temos que fazer isso em outras cadeias produtivas.

EC - É melhorando a infraestrutura. Também a gente precisa agregar valor [às matérias-primas produzidas no

Quais outros setores o Paraná poderia se aventurar ou criar mais expertise?

Roberto Dziura Jr.

De que outras formas o sistema Fiep contribui para o desenvolvimento da sociedade?

EC - Talvez em energias renováveis. Eu acho que nós temos que incentivar, não só a renovação, nós temos que incentivar também a pesquisa. Um dos desafios da Federação é incentivar a inovação e a pesquisa. Quem é o empresário Edson Campagnolo? EC - Eu acho que eu sou um empreendedor por natureza. Isso vem dos meus avôs, carrego isso desde pequeno. Tá no sangue. O meu pai tinha essa vertente, era comerciante. Não me sentiria realizado se eu tivesse num ambiente que não fosse no meio do empreendedorismo. O Edson Campagnolo é um empreendedor por natureza e vai continuar incentivando a vertente empreendedora do nosso jovem.


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sumário Editora Mês Ano I – nº 9 Outubro de 2011 Roberto Dziura Jr.

12

MIRANTE

20

COLUNA

21

Mensagens dos leitores

57

5 perguntas para: Gilberto Amauri Godoy Filho

64

LIVROS

65

ÁLBUNS

66

OPINIÃO

67

FOTOGRAMA

POLÍTICA 16 Além da crise, o efeito ‘‘eucalipto’’

CIDADES 22 A nova cara do Paraná 24 Narrativa contada pela arquitetura

SAÚDE 26 O Brasil na luta contra a balança

MATÉRIA DE CAPA 4

“Sou idealista, movido por desafios” COMPORTAMENTO

28 (Sobre)peso das crianças

42 O desejo infantil do ter

ECONOMIA / TURISMO

MEIO AMBIENTE

30 Mercado sem preconceitos

44 O desafio da sobrevivência

TECNOLOGIA 32 Inovar mais, com menos recursos

EDUCAÇÃO 36 UFPR se destaca e gera mais tecnologia

AGRICULTURA 38 Um campo sem herdeiros

TURISMO 46 A Menina dos Olhos do Circuito Italiano

CULINÁRIA E GASTRONOMIA 48 Bebida in natura

ESPORTE 52 Sede de medalhas no Pan

CULTURA E LAZER 58 Em busca de novos leitores

INTERNACIONAL

60 24 Horas de opções

40 Palestina: um país próximo da existência oficial?

MODA E BELEZA

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62 As “gatinhas” estão de volta


editorial

Brincadeira de criança P

roponho um olhar infantil este MÊS. Puro, sonhador. Veja através de uma lente de criança. Para ela, os problemas são menores, as experiências fantásticas e, a cada coisa, um mundo a ser descoberto.

“Somos do tamanho de nossos sonhos”, como diria Fernando Pessoa. O problema é que depois de mais velhos, temos a besta mania de não sonhar ou de tacanhear nossos desejos. Somos engolidos pela rotina. Mas, claro, nem todo mundo é igual. Cheio de energia, está o empresário Edson Campagnolo, eleito como presidente da FIEP. Ele é o destaque dessa edição para mostrar os planos e próximos desafios que terá à frente da instituição. Os esportistas, também, guardam em si um sonho nobre: a superação. Tornar-se o melhor das Américas, é isso que mais de 20 paranaenses estão em Guadalajara (México) tentando realizar, este mês. Um sonho: uma medalha pan-americana. Criatividade, euforia. Para o mundo dos pequenos, basta um passo, que logo vem uma nova descoberta. Um passo de cada vez. Por isso, é preciso conhecer novos lugares, novos cenários. A dica desta edição é visitar a Gruta Bacaetava, cheia de mistérios e cores. A aventura vai longe. É que as crianças são sábias em sua inocência. Elas estão abertas ao novo. São mais propícias a inovar. Promover mudanças em seu meio, levar perguntas novas a conceitos velhos. É disso que precisaram as indústrias paranaenses para se destacar no cenário nacional ao inovar mais, melhor e com menos recursos. Leia sobre isso na reportagem de Tecnologia. Outra característica peculiar do mundo infantil é trabalhar a imaginação. O “faz de conta”. A leitura, neste caso, é uma grande aliada. Por isso, nesta edição, mostramos alternativas em Curitiba para os leitores novos ou mais velhos. Aliás, o Paraná está mais velho (em idade). A reportagem de Cidades mostra que a população paranaense envelheceu. É a nova cara do Paraná. Velho ou novo, o importante é o modo como se vê o mundo. Podemos ser novos, com cabeça de velho ou nunca envelhecer nossa mente, mesmo com o passar dos anos. Ar de criança, com responsabilidades e sabedoria de anciãos, por que não?! Boa leitura!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone/Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Departamento comercial: comercial@revistames.com.br – Fone: 41. 3223-5648; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Wallace Nunes, Márcio Baraldi, José Lucio Glomb e Bruno Mafra; Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

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mirante

Mudança de Partido

Menos investimentos Redução até públicos na Saúde

Gustavo Fruet anunciou seu recomeço ao se filiar ao PDT. Na coletiva de imprensa, se colocou como pré-candidato a prefeito da Capital e falou da “necessidade de repensar o futuro da cidade”. E aproveitou para alfinetar seu principal adversário, Luciano Ducci (PSB), atual prefeito de Curitiba, ao vinculá-lo aos escândalos do presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB). “Ducci e Derosso são faces da mesma moeda”, diz.

Segundo deputados da oposição da Assembleia Legislativa, o governador Beto Richa (PSDB) reduziu significativamente os investimentos do Governo Estadual. Cálculos feitos pelo deputado Enio Verri (PT) dão conta de que essa redução representa 5 vezes menos recursos de investimento quando comparado com os valores de 2010, ou seja, de R$ 290 milhões no ano passado (governo Pessutti) para R$ 60 milhões em 2011.

O líder do governo na Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), reconhece que houve uma redução de 28% nos valores investidos com a aquisição de medicamentos. Contudo, alega que isso não significa corte de gastos na Saúde e, sim, uma melhor negociação com os fornecedores. Mas esses recursos que sobraram dos medicamentos poderiam ser investidos na contratação de mais médicos especialistas, não é verdade?

PT se prepara para as eleições

PT Estadual

A ministra chefe da Casa Civil, a paranaense Gleisi Hoffmann (PT), e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), comandaram evento do PT, que iniciou os trabalhos de organização do partido para as eleições 2012. Dentre os militantes havia mais de 40 pré-candidatos a prefeito, alguns recém-filiados. Também participaram do encontro os deputados federais André Vargas, Zeca Dirceu, Ângelo Vanhoni, Doutor Rosinha e os estaduais Péricles de Mello, Professor Lemos, Tadeu Veneri, Toninho Wandscheer.

Manobra pró-Derosso

É grande a expectativa de como será o relacionamento do governo Richa (PSDB) com a nova diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Paraná. O novo presidente da Fiep, o empresário Edson Campagnolo, venceu as eleições enfrentando o secretário da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros. O desejo dos tucanos de montarem bunkers seus em todos os espaços, inclusive nas entidades de classe, pode prejudicar os interesses do Estado.

Vereadores de oposição ao prefeito Luciano Ducci estão percebendo uma clara manobra de governistas, integrantes da CPI, que investiga o presidente da Câmara João Cláudio Derosso (PSDB), para postergar o processo de investigação. Em vez de investigar, um simples desconhecimento do regimento interno está sendo usado para causar discussões intermináveis nas reuniões. O objetivo seria tornar o processo confuso para não julgar e punir o vereador tucano.

Divulgação

Eleições na FIEP

eleições

2012

Beto Oliveira

Vanhoni vice

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Cada dia que passa se consolida mais a opção de o PT indicar o deputado federal Angelo Vanhoni para compor a vaga de vice na chapa de Gustavo Fruet (PDT) para disputar as eleições à Prefeitura de Curitiba, no próximo ano. Os deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri, que chegaram a falar em sair candidatos, já se mostram mais receptivos à ideia de seguirem uma definição partidária.


Bate Pronto Afirma o governador Beto Richa (PSDB) sobre as investigações contra Derosso

Divulgação

AEN / Ricardo Almeida

“Eu acho que ninguém deve ser condenado antecipadamente”

“O afastamento é necessário. Isso, aliás, era o que eu fazia quando era governador do Paraná” Rebate o também tucano, senador Alvaro Dias

Segurança em debate

Idosos no Paraná

Em setembro, a OAB-PR, em conjunto com outras entidades, promoveu o Fórum Unidos pela Paz que convidou a sociedade a debater temas relacionados à Segurança. O objetivo foi compartilhar experiências e discutir maneiras de construir uma sociedade mais segura. Os resultados obtidos do Fórum vão compor um documento que servirá como base para elaboração de políticas públicas e projetos para a melhoria da segurança em Curitiba e Região Metropolitana.

O cuidado com os idosos no Paraná é preocupante. Apesar de a população estar envelhecendo, políticas públicas voltadas a essa faixa etária são deficientes. Segundo estudo realizado pelo Ministério Público, existem poucas instituições públicas para atender essas pessoas. Cerca de 73% dos municípios dispõem apenas de asilos. “Esse é um dado alarmante, pois o internamento em asilos deveria ser a última alternativa”, afirma a procuradora Rosana Bevervanço.

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política

Além da

crise, o efeito

‘‘eucalipto’’ Denúncias contra o vereador João Cláudio Derosso mostram mais que uma crise institucional; PSDB e aliados também estão fragilizados Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

N

os últimos meses um nome tem sido repetido constantemente na cena política curitibana, o do vereador e presidente da Câmara de Vereadores, João Cláudio Derosso (PSDB). A respeito de denúncias que envolviam licitações de publicidade e propaganda, o caso mobilizou não só a imprensa, como também entidades e sociedade civil. Após a oitava reeleição como presidente da Casa (em 2012, completaria 16 anos à frente do cargo), o vereador corre o risco de não só perder o mandato, como o prestígio e o status político que tinha. Mas os riscos não são exclusivos de Derosso, o seu partido também poderá ser atingido.

Na opinião do chefe do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Costa de Oliveira, a crise transcende a barreira institucional do legislativo curitibano. “É um elemento negativo para o PSDB. Quando o presidente da Câmara, que era uma grande referência do PSDB, está envolvido em denúncias de corrupção e desvio, mancha sua imagem política, dá um impacto negativo eleitoral para os vereadores do partido e para 16 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

Manifestação de estudantes universitários e secundaristas realizada no dia 28 de setembro a maioria dos vereadores da base de apoio do prefeito [Luciano] Ducci. Ainda mais que envolve a imagem de boa administração que esse partido [PSDB] sempre tentou passar para a sociedade. O eleitorado não está mais aceitando aquela imagem do rouba, mas faz”, analisa. Derosso estava sendo cogitado pelo PSDB para ser candidato a vice do prefeito Luciano Ducci (PSB) nas próximas eleições municipais. Os es-

cândalos podem ter mudado o rumo da pré-candidatura da legenda.

Partido em crise Para o cientista político, o PSDB não foi atingido pela crise, mas a causou. Segundo ele, os últimos fatos políticos mostram que, em Curitiba, o partido é dividido e fragmentado. A Capital continua vivendo o efeito “Eucalipto”, isto é, em torno da grande liderança, da grande árvore, não nasce nada. “Na


Roberto Dziura Jr.

Crise na Câmara Municipal atinge o vereador Derosso e seu partido, o PSDB, afirma especialista

gestão passada, o Requião não tolerava o surgimento de nenhuma liderança paralela que pudesse disputar segmentos do poder com ele. O governador Beto Richa segue o mesmo caminho. Só a família Richa quer comandar o governo e o PSDB. Na prática, isso resulta sempre em muitas perseguições, como no caso do Gustavo Fruet”, compara Oliveira. Para o professor, seria adequado que Derosso tomasse a iniciativa de se afastar ou seu partido o aconselhasse

Edson Cowboy

Além dessa falta de “incentivo político”, a postura adotada por seus maiores aliados, o governador Beto Richa (PSDB) e o prefeito Luciano Ducci (PSB), é de solidariedade, diferentemente do que ocorreu na cena nacional, com a presidente Dilma Rousseff (PT). “Politicamente eles poderiam sugerir ou mostrar sua insatisfação e a sua repulsa perante esses atos. Quando qualquer ministro ou assessor é envolvido em denúncias, [eles] são imediatamente afastados. Até para que possam justificar e se defender. No caso do Derosso, o que a gente observa é a cultura da impunidade e do acobertamento. Em Curitiba, não há a chamada faxina ética, como no governo federal”, pondera o professor. Essa opinião também é compartilhada pelo vereador Pedro Paulo (PT), integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o presidente da Câmara. “O governador inclusive falou no dia 07 de setembro que ele era contra o afastamento. Essa diferença, entre o que a presidenta Dilma encaminha no Governo Federal e [que] o Governo faz aqui, é notória. Seria adequado que ele próprio tomasse a iniciativa [de se afastar]. E na política, o partido que ele pertence aconselhasse a se afastar. Para garantir uma investigação transparente, sem interferência”. Para o professor, uma das explicações para esse acobertamento são as alianças nem sempre públicas. “Como o Derosso conhece profundamente a história política do Beto e do Ducci, certamente, há uma relação muito mais delicada do ponto de vista REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 17


Roberto Dziura Jr.

política

Eleito oito vezes para a presidência da Câmara, e na última com ampla maioria, Derosso vive sua maior crise política

político e partidário. Eu diria que há todo um enredo muito mais complexo conectando eles. Ele [Derosso] conhece muitos fatos e esse seria o motivo político para que eles não queiram o rompimento”, diz Ricardo Costa de Oliveira.

Investigação Duas investigações estão ocorrendo paralelamente na Câmara Municipal. A mais avançada delas é do Conselho de Ética, que investiga uma possível quebra de decoro parlamentar, um desvio de conduta ética. O primeiro relatório, entregue no início de setembro, sugeriu o afastamento de Derosso por 90 dias, que representa uma punição intermediária. Além dessa pena, existiam outras duas possibilidades: uma advertência ou a cassação do mandato. Até o fechamento desta edição, uma Comissão de Inquérito 18 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

foi criada para dar direito de defesa ao acusado, e só após produzir um novo relatório – que ainda deverá ser enviado ao plenário para votação dos demais vereadores –, é que haverá um veredicto final. A outra investigação, mais polêmica, é a famosa CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). “A CPI investiga denúncia de irregularidade administrativa. O nosso foco é investigar os contratos de publicidade da Câmara que foram celebrados com duas empresas, a Visão e a Oficina de Notícias. O objetivo é investigar se nesse processo de licitação, contratação e execução, houve irregularidades”, explica Pedro Paulo. Assim que concluído, o relatório da CPI será encaminhado ao Ministério Público, a quem cabe as providências punitivas. Para o cientista político, “só a criação da CPI já foi uma grande vitória do movimento pela ética da Câ-

mara Municipal de Curitiba. No Brasil inteiro há um clima contra a corrupção, pela ética”, diz. A CPI deve ter duração de 90 dias para a conclusão dos trabalhos, contados a partir de setembro. No entanto, esse período poderá ser prorrogado. Para o vereador Emerson Rodrigues do Prado (PSDB), presidente da CPI e do mesmo partido do acusado, é tempo suficiente para realizar as investigações. “Todas as respostas estão sendo dadas. Elas estão vindo e nós estamos mediando”, diz Prado. Neste mês, muitas pessoas devem ser ouvidas na CPI. Apesar do interesse público e da chance de se defender, nem o vereador João Cláudio Deroso, nem seus advogados estão comentando sobre o caso, conforme informou a assessoria de imprensa da Câmara, quando procurada pela reportagem da Revista MÊS.


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sobre a política

Eleições municipais: Muito mais do que tempo deTV Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br

A grande contribuição que dará uma nominata de candidatos a vereadores bem construída é a capilaridade que isso assegura à campanha majoritária Os últimos dias de setembro e os primeiros de outubro foram bastante movimentados em todos os partidos que pretendem disputar as eleições de 2012 com maior competitividade. São novos candidatos que vêm de outras legendas, novos que buscam entrar na política por esta que é a eleição mais difícil de disputar, a de vereador. Na maioria dos casos, talvez pela pressa ou por considerar não serem muito importantes, as questões ideológicas e programáticas ficam esquecidas. Mas isso, para eles, é apenas um detalhe. E que detalhe. Toda essa movimentação levou em consideração, além é claro da construção de uma lista forte de nomes, o processo de alianças possíveis no ano que vem. Muitos partidos que já sabem que estarão juntos realizaram suas conversas para – ao atrair novos nomes para as suas legendas – atuar em complementaridade e não sobrepor candidatos dentro de suas alianças em uma mesma região ou em categorias profissionais e segmentos sociais. E por que isso? Essa movimentação se explica pelo fato de as alianças se fundirem (ou deveriam ser assim), não apenas no tempo de TV que cada partido empresta aos candidatos a prefeito. Arrisco a dizer que não é o mais importante. A grande contribuição que dará uma nominata de candidatos a vereadores bem construída é a capilaridade que isso assegura à campanha majoritária. Uma chapa de vereadores bem pensada garante que a campanha do candidato ou candidata à 20 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

prefeitura tenha um maior número de contato possível com o eleitorado, em especial, naquelas cidades onde não existe campanha veiculando em rádio e televisão, que são a maioria. Por isso, os partidos se empenham tanto nesse processo. Eles sabem que quem levará suas ideias, suas propostas para o eleitor são esses candidatos que se configuram em militantes e apoiadores bastante qualificados e efetivamente imbuídos na tarefa de trabalhar pela campanha. O partido que desprezou este momento do calendário eleitoral tende a se arrepender lá na frente. Além de ter que investir mais na contratação de pessoas para trabalhar em suas campanhas, em especial, aqueles que não contam com militância tradicional, terão dificuldades de chegar com qualidade de discurso na casa dos eleitores. Os partidos devem tratar os seus candidatos a vereador com muito carinho. Primeiro, porque a sua campanha é a coisa mais importante para a sua vida naquele ano. E, segundo, porque eles motivados se tornam a principal força das suas campanhas, o verdadeiro diferencial, muito mais, inclusive, do que aqueles belos programas de televisão.


mensagens do(a) leitor(a)

Edição do mês de setembro À toda equipe da Revista Mês, os parabéns pela excelente publicação. Pauta diversificada, pluralidade na abordagem. Vida longa – vida eterna – à revista, para o bem não só do jornalismo paranaense como de toda a coletividade. Wagner de Alcântara Aragão Olá Equipe da Revista Mês. Obrigada pelo exemplar que chegou em casa! Estou lendo a revista! Parabéns pelo material! Karla Gohr

As cartas da Revista MÊS são de mensagens enviadas à redação por correspondência ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe!

Adoro essa Revista. Tá muito boa. Acho, inclusive, que a editora Abril não vai “bater” em vocês não. Pâmela Guizelini A edição deste mês da coluna “sou incomum, mas não sou hipster” da revista @mes_pr está fantástica! Jimi Vargas Devorando a @mes_pr que chegou. De cara vi reportagens ótimas, como sempre. Parabéns! #recomendo Juliana Yatsuda @mes_pr sou criativa, às vezes, fico imaginando como reaproveitar coisas! outro dia queria fazer uma grelha com a grade de um ventilador velho

Fritz Bassfeld

Adorei a revista e os assuntos abordados.

Aguinaldo Rodrigues

Olá, meu pai leu hoje uma Revista Mês em um consultório médico e gostou das matérias. Ele mesmo anotou o endereço de e-mail de vcs e pediu para eu entrar em contato. Eu achei curioso, pois ele tem 68 anos e é a primeira vez que anota o e-mail de alguém. Assim, solicito a gentileza de encaminharem um exemplar da Revista Mês ao meu pai. Grato pela atenção! Marcos Queiroz

William Perusselo da Silva Muito boa essa revista! Abraços! Mariana De Bortoli Simino A matéria de capa ficou show!! Parabéns à equipe competente e querida da Mês Paraná! Luisa Padoan Esse mês eu recebi minha Mês Paraná!!! Uhuuuuu!! =) Adorei! Estão de parabéééns =))) CORREÇÃO

Na reportagem Nas cartas, o jogo da mente, da edição 08, cometemos um equívoco. O endereço do estabelecimento President Texas Holdem Club Curitiba correto é: Rua Nunes Machado, 818, telefone: 3029-0292. As informações haviam sido retiradas do site, onde os dados não estavam atualizados. Desculpe-nos leitores. Informação corrigida!

Obrigado pelo exemplar da revista. Ela está ótima. Adorei a capa e as matérias. Evolução contínua a cada mês. Diogo Cavazotti Aires

Assinatura Lendo um exemplar da revista em questão, gostei bastante de alguns artigos, enfim, de tudo que li. Gostaria de saber se é possível recebê-la mensalmente, poi seria muito importante em meu local de trabalho. Manolita Moreira

Resposta: Solicitamos o envio de seu endereço, que vamos encaminhar os exemplares mensalmente! Envie os dados para: leitor@revistames.com.br . Obrigado pela preferência. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 21


cidades

A nova cara do Paraná Estudo mostra que o Estado mudou suas características em relação à população; PR é mais urbano, concentrado em metrópoles, idoso e feminino Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

A

paranaense Ana Angela Mucke nasceu em uma propriedade rural no município de Imbituva (PR). Aos 14 anos de idade, mudou-se com sua família de nove irmãos para Curitiba (PR). Todos saíram do campo e vieram para a cidade grande, em busca de melhor tratamento de saúde para sua mãe. Aos 18 anos, sua mãe faleceu e ela teve de cuidar de seus irmãos mais novos. Aos 23 anos, casou-se e teve

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quatro filhos. Hoje, aos 63 anos de idade, lembra que a mudança do campo para a capital não foi tão problemática. Para ela, o importante era estar onde pudesse ficar com a família. “Tendo a família por perto já estou feliz”. De acordo com estudo do Observatório das Metrópoles, com apoio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e divulgado recentemente, Ana personifica a nova cara do Paraná. Assim como a paranaense, o Estado tornou-se, no período de uma década, mais urbano. Ou seja, assim como

Ana, mais gente saiu do campo para viver nas cidades, apresentando altos índices de urbanização em todos os municípios do Paraná. Também o Paraná passou a se concentrar mais nas regiões metropolitanas e caracterizar-se, atualmente, com uma população mais feminina e idosa. O estudo intitulado “O Estado do Paraná no Censo 2010” teve a participação da geógrafa e pesquisadora do Ipardes, Rosa Moura. “Fizemos uma análise dos resultados do Censo que mostra uma mudança muito grande na população do Paraná. A gente fez uma comparação de pirâmides etárias. Dos anos de 1991, 2000 e 2010, você percebe que há um novo Paraná, com muito menos crianças e um topo


de pirâmide muito idoso, principalmente, do lado feminino”.

Obra de Tarsila do Amaral - Operários com mapa do Paraná sobreposto

Mais urbano O Estado, que representa 5,5% do total da população do País, tem atualmente 10.444.526 de pessoas em 399 municípios. Desse total, 85,3% vivem em áreas urbanas. Esse número representa 0.9 pontos percentuais a mais que a média nacional (84,4%) de pessoas vivendo em zonas urbanas. Destaque para as cidades de Tunas do Paraná e Pontal do Paraná que apresentaram maior taxa de crescimento populacional. Na última década, o Paraná teve um incremento populacional de 881.068 pessoas. Grande parte delas mora em metrópoles. O índice que era de 41,4%, em 2000, cresceu para 43,6%, em 2010. Ao todo são 64% da população vivendo em três áreas metropolitanas: Curitiba e região (33,5%), Norte Central (Londrina e Maringá - 19,5%) e a região Oeste (Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo -11,7%). Essa concentração nas metrópoles gera consequências sociais e econô-

A pesquisadora Rosa Moura analisou a mudança do perfil demográfico do Estado

micas. “Se você tem concentração de renda, de produção, de população, isso não quer dizer que todos estejam inseridos nesse processo. Essa concentração, normalmente, vem com uma margem de exclusão muito grande, justamente pela falta de planejamento”, avalia Rosa. Outro item avaliado no levantamento é que o Paraná acompanha a média nacional na diminuição da taxa de crescimento da população. Assim, como o retrato do Brasil, os paranaenses têm menos filhos e vida mais longa. Segundo Rosa, quanto maior a urbanização há maior diminuição da taxa de fecundidade e da mortalidade.

Envelhecimento De acordo com o estudo, “nas últimas décadas, o Paraná apresentou nítida transformação demográfica. De um estado com elevada proporção de jovens, passou a apresentar crescente participação dos grupos idosos na composição de sua população”. Isso mudou a cara do Estado. Mais gente está envelhecendo no Paraná. Em 2000, o Estado contabilizava 19,7% de idosos. Já em 2010, foram registrados 33% de idosos para cada

Paraná é 10 São 10 mesorregiões geográficas que compõem o Estado. Veja a taxa de crescimento da população na última década:

Estado do Paraná

(colocar o mapa)

Taxa Anual de Crescimento Geométrico da População Total 2000-2010 %a.a 1,78%a.a e mais 0,89%a.a a<1,78%a.a 0 a <0,89%a.a perde população

Mesorregião Geográfica - IBGE

Roberto Dziura Jr.

Todas as regiões, na última década, aumentaram a presença feminina

100 jovens. A região que mais apresentou envelhecimento da população foi a Noroeste, com o índice mais expressivo de 43,8%. No geral, também é possível afirmar que todas as regiões, na última década, aumentaram a presença feminina. Conforme o estudo, todas as regiões de 2000 para 2010 apresentaram aumento da população feminina. Com vistas a essas mudanças, o estudo sugere a implantação de políticas públicas regionais para que incentivem a permanência da população em pequenos municípios, promovendo a polinucleação. Ou seja, o incentivo deve ser para que mais regiões sejam desenvolvidas e urbanizadas, diminuindo as desigualdades. “Há uma grande desigualdade dentro do Paraná. Há municípios inseridos no processo e não inseridos nas dinâmicas econômicas, populacionais e institucionais e há uma grande diversidade. Cada município que participa, participa de uma forma diferente. Cada um tem a sua especificidade”, observa Rosa Moura. Por isso, é preciso trabalhar de forma diferente em cada região para garantir a igualdade do povo paranaense. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 23


cidades

Narrativa contada pela arquitetura Região do Centro Cívico foi tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná, ressaltando a importância da região para o Estado

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

ugares em Curitiba (PR) como o edifício do Palácio Iguaçu, do Grupo Escolar Tiradentes, a Praça 19 de Dezembro, o prédio da Prefeitura Municipal, a Casa da Criança, o Tribunal do Júri, o Palácio da Justiça, a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas e o Edifício Castelo Branco (anexo ao Museu Oscar Niemeyer) e também a Avenida Cândido de Abreu foram tombados pelo Patrimônio Histórico no final de agosto. Todas as

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obras são agora patrimônio dos paranaenses. O Centro Cívico de Curitiba vira sinônimo de preservação da história do Estado. A deliberação foi feita pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. “Primeiro é uma responsabilidade nossa com as gerações futuras [...] e tem mais uma de prestigiar a genialidade do ser humano que construiu isso”, avalia o membro do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico e relator do Tombamento do Centro Cívico, Marcos Venício

Meyer. De acordo com ele, o Centro Cívico foi construído para comemorar o Centenário de Emancipação do Paraná pelo então governador Bento Munhoz da Rocha Neto.

Obras Dentre os itens tombados como patrimônio está a Avenida Cândido de Abreu, que tem projeto de ser revitalizada pela Prefeitura de Curitiba, conforme a MÊS antecipou na edição de janeiro. Para saber como ficaria o projeto com a notícia de tombamento, a nossa reportagem entrou em contato com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). De acordo com a assessoria de imprensa, o Instituto não vai se pronunciar a respeito do tombamento. Meyer explica que as intervenções nesta avenida só não podem prejudicar a visibilidade que se tem do Centro Cívico. “Porque esta praça de


Sobre a revitalização, Meyer avalia que “deve-se sentar e chegar num bom senso para que ganhe Curitiba, se preserve a paisagem do Centro Cívico e se respeite o progresso de uma cidade”.

Não é somente o Centro Cívico que teve sua importância histórica reconhecida e relembrada. A ponte sobre a Rua João Negrão, conhecida como Ponte Preta, tombada em 1976 pelo Patrimônio Histórico do Estado, será revitalizada. Muitas discussões em torno da Ponte já aconteceram, já que, por não ser muito elevada (altura de 3,6 metros), acaba impossibilitando a passagem de veículos muito altos. Apesar disso, a decisão tomada não foi por rebaixar a Rua João Negrão, nem levantar a Ponte e, muito menos, retirá-la do local para que estes veículos pudessem trafegar sobre ela. De acordo com o engenheiro responsável pela restauração, Raul Ozório de Almeida, levantadas todas as possibili-

O engenheiro explica que a recuperação da Ponte Preta tomará todo o cuidado em manter as características iniciais de sua construção de modo a manter a história e a beleza do empreendimento.

Passarela Depois de restaurada, a Ponte Preta se tornará uma passarela para pedestres e vai interligar o campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) a um novo empreendimento que será construído pela Thá Incorporadora, responsável pela restauração, onde hoje há um antigo shopping já desativado. “O projeto prevê um sobrepiso, como se fosse um deck. [...] Esse tratamento que será dado para essa nova função da Ponte é reversível. No moRoberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Ponte Preta

dades, “a conclusão que se chegou é que se deveria manter a Ponte onde ela está [...] e recuperar esta estrutura”. Curiosamente, Almeida é filho de um dos responsáveis por construir a obra, o também engenheiro Roberto Saraiva Ozório.

Marcos Venício Meyer foi o relator do Tombamento do Centro Cívico

Divulgação

frente do Centro Cívico foi sonhada para não ter tráfego de veículos, para ser uma praça cívica, que aqui tivessem manifestações populares, religiosas...”, ressalta.

O Centro Cívico de Curitiba vira sinônimo de preservação da história do Estado

Centro Cívico do Paraná A ideia inicial do Centro Cívico na cidade de Curitiba veio com o primeiro Plano Urbanístico – Plano Agache –, que previa naquela região a construção de prédios para administração do Estado. O local escolhido pelo então governador Bento Munhoz da Rocha Neto foi o mesmo sugerido pelo urbanista francês Alfred Agache. Segundo Meyer, o governador optou pela arquitetura modernista. “O Centro Cívico de Curitiba, para surpresa de tanta gente, antecedeu dez anos [a Brasília]”, explica Marcos Venício Meyer. No início dos anos 1950, iniciava-se a construção do primeiro centro cívico do Brasil. As obras foram inauguradas nas comemorações do Centenário da Emancipação Política do Paraná, em 1953, e somente em 1968, o bairro ganhou a denominação oficial de Centro Cívico.

mento em que precisar ter só os trilhos e retirar este sobre piso, ele volta a ter a Ponte com os trilhos”, afirma a coordenadora do Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura do Estado (SEEC), Rosina Parchen. Nesse processo de revitalização também será retirado o asfalto da Rua João Negrão que voltará a ser de paralelepípedo nessa quadra onde a Ponte está instalada, que fica entre as avenidas Sete de Setembro e Silva Jardim. Além disso, a região vai ganhar mais sinalização sobre a altura permitida para trafegar e, assim, não atrapalhar o trânsito no local. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 25


saúde

O Brasil na luta contra a balança

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

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o Brasil, 15% da população adulta é obesa, conforme dados do Ministério da Saúde. Em Curitiba, a média de obesos é maior que no País, 17,7% das pessoas. Os homens são os que mais sofrem desse mal. A obesidade atinge 18% dos homens e 17,3% das mulheres entre os curitibanos. Situação preocupante. Ainda de acordo com informações do Ministério da Saúde, a frequência de obesidade nos homens quase quadriplica quanto maior é a idade. Entre as

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faixas etárias 18-24 anos a incidência fica em torno de 6% e quando observada a faixa etária de 45-54 anos o número cresce para 22,5%. Apesar de menor nas mulheres, o número triplica entre 18-24 anos (7,0%) e a faixa de 55-64 anos (24,1%). Por conta do crescente número de obesos no País, o Ministério da Saúde numa atividade conjunta entre 19 Ministérios, lança em outubro, o Plano Intersetorial de Prevenção e Combate à Obesidade. Além do novo plano, o Governo tem em ação o Plano de Enfrentamento às Doenças Crônicas não Transmissíveis.

Roberto Dziura Jr.

Entre os adultos, 15% são obesos; para reduzir esse número, o Governo Federal lança em outubro o Plano Intersetorial de Prevenção e Combate à Obesidade De acordo com a coordenadora de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, as metas do plano visam a “inflexão” da curva na obesidade de adolescentes e crianças, voltando ao patamar que o País tinha há 10 anos. O que significa ter, em 2022, segundo Deborah, cerca de 8% de meninos obesos de 05 a 09 anos de idade, em vez dos atuais 16,6%. Já para meninos entre 10 e 19 anos recuar para 3% o número de obesos.

Adultos “Para os adultos, estamos com metas de estabilizar o excesso de peso e a


Para Marques, a obesidade é um problema de saúde pública, não somente no Brasil

Em Curitiba, a média de obesos é maior que no País, 17,7% da população

você gasta. Se você gasta pouco e ingere muito, aquilo que não é gasto é acumulado no organismo em forma de gordura. E assim você vai desenvolvendo o sobrepeso”.

obesidade, até porque você tem um contingente populacional expressivo com excesso de peso e obesidade e as medidas para adultos são muito mais complexas”, aponta Deborah.

Consequências O vocalista da banda paranaense Soulution Orchestra, Zé Rodrigo (40), chegou a pesar 135 kg. No entanto, Zé Rodrigo procurou um médico primeiro para verificar quais os motivos que o faziam sentir dores no fígado. “E descobri que tinha esteatose hepática, que é um inchaço do fígado e um acúmulo de gordura que pode virar câncer, inclusive. Com os exames, eu descobri que tinha pedra na vesícula, hérnia de hiato de três centímetros e tinha comorbidades da obesidade, além do sistema digestório [...] e tinha inchaço nos tornozelos, tinha dores nas costas, tinha varizes...”, conta o vocalista ao citar as consequências da obesidade.

Os fatores que desencadeiam a obesidade são os mais diversos, como disfunções metabólicas, má alimentação, falta de exercícios físicos, entre outros. De acordo com o especialista em clínica médica, Marcos Roberto Marques, a obesidade é um problema de saúde pública, não só no Brasil, mas em todo o mundo. De acordo com o médico, os programas do Governo são fundamentais e contribuem para o trabalho dos profissionais da saúde. “Investindo em prática de educação e saúde isso se torna fundamental para nós, porque o desfecho que nós vamos ter sempre é extremamente positivo”, afirma Marques.

A cirurgia de redução do estômago foi uma sugestão do médico de Zé Rodrigo, já que ele teria que fazer uma cirurgia para retirar pedras na

O médico explica que a obesidade, exceto em casos de doenças de tireóide e diabetes, é fruto de um desequilíbrio entre as “calorias que você ingere e a quantidade de calorias que

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Ele atua em um programa realizado pelo Hospital Vita, em Curitiba (PR), chamado “Viver Mais Vita” que tem diversas ações de medicina preventiva. No caso da obesidade e sobrepeso, o programa conta com médicos de diversas especialidades – médico clínico, psiquiatra, endocrinologista, cardiologista –, além de nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas. De acordo com Marques, os resultados do peso dos pacientes que participam do programa são monitorados periodicamente. Além das atividades de consultório, o “Viver Mais Vita” tem uma estratégia de educação em saúde que visa conscientizar as pessoas dos riscos da obesidade.

vesícula. O médico explicou para ele que a cirurgia lhe daria maior qualidade de vida e uma sobrevida maior. Após a cirurgia bariátrica, o músico perdeu mais de 50 kg. Pensando em qualidade de vida e na saúde é que o também músico, produtor e técnico de áudio, Aurélio Vale (38), pretende fazer a cirurgia bariátrica. O objetivo dele é bem claro: “por uma questão de saúde, não estética”, enfatiza. O sobrepeso de Vale é em decorrência de uma cirurgia nas amígdalas que causou um distúrbio na glândula tireóide. O músico procura manter uma alimentação saudável para ter controle do peso. Com exceção da hipertensão que o acompanha desde os 24 anos, ele desconhece ter outra doença desencadeada pela obesidade. No entanto, existem outras dificuldades em estar acima do peso. “As grandes dificuldades que surgem é justamente essa parte mais social das coisas. Porque, hoje, a mídia impõe um estereótipo que não é condizente com a realidade do País”, aponta Vale. Zé Rodrigo chegou a pesar 135 kg e perdeu mais de 50 kg após uma cirurgia bariátrica REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 27


saúde

(Sobre)peso das crianças

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A obesidade é preocupante também entre os mais jovens; o problema afeta mais os meninos Iris Alessi - iris@revistames.com.br

s crianças brasileiras também são vítimas da obesidade e do sobrepeso. As pesquisas mais recentes em relação à nutrição dos brasileirinhos foram divulgadas na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), em agosto de 2010. De acordo com os números, entre os meninos de 05 a 09 anos de idade, 16,6% são obesos e, entre as meninas, o número gira em torno de 12%. Já entre a faixa etária de 10 a 19 anos, 5,8% dos meninos e 4% das meninas são obesos. A coordenadora de Doenças e Agravos não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, afirma que o Plano de Combate à Obesidade será trabalhado também nas próximas gerações. “Trabalhando toda uma perspectiva, seja no âmbito da família, na seção primária de saúde, na educação básica, na escola; nós conseguiremos ter sucesso no sentido de reduzir essas frequências”, ressalta. Para as crianças, o Ministério da Saúde vai trabalhar também em parceria com o Ministério da Educação em um programa de saúde nas escolas, explica Deborah. Esse trabalho vai enfatizar tanto a conscientização da alimentação, quanto cuidar da qualidade da merenda escolar ofertada às crianças. “Nós temos, hoje, uma recomendação de que 30% dos alimentos servidos na escola sejam de alimentos frescos [...], mas para isso você tem que ter toda uma readequação nas cantinas para o preparo e para o acondicionamento. Isso vai ser objeto de revisão”, informa.

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Pesquisa local

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A merenda escolar também foi alvo de ação da Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED). Segundo a diretora de Infraestrutura e Logística da Superintendência de Desenvolvimento Educacional, Márcia Cristina Stolarski, na alimentação das escolas estaduais paranaenses já há a inclusão de alimentos frescos, provenientes da agricultura familiar. Márcia espera que quan-


Giuliano Gomes / SEED

As escolas podem contribuir de forma significativa nesse processo da alimentação balanceada para as crianças

Márcia espera que o consumo de frutas e hortaliças seja mais difundido nas escolas

do houver um repasse significativo da agricultura familiar nas escolas “o consumo de frutas e hortaliças seja mais difundido”.

Segundo Márcia, este levantamento é um diagnóstico para que o Governo Estadual possa estudar e investir em políticas públicas voltadas para essa questão. Assim, um dos objetivos seria transformar as escolas em promotoras da alimentação saudável na sociedade. Para a médica endocrinologista e coordenadora do Processo de Cirurgias Bariátricas do Total Care da Amil, Fátima Sandmann, a educação alimentar para crianças é fundamental para uma escolha consciente dos alimentos.

batendo na mesma tecla [de uma alimentação saudável]. Mas é muito complicado. Ainda mais a gente que tem uma vida, como qualquer outra, corrida, então a gente sempre vai procurar o mais fácil que são as massas, pizza, lanche, essas coisas”, relata a mãe. Por o filho ser obeso desde pequeno, Eloina sempre procurou ter um acompanhamento médico. A maior preocupação da mãe está na diabetes, já que a doença existe no histórico familiar. “Ele, desde pequeno, tinha colesterol alto, a glicemia sempre no limite. Até hoje, ele não tem diabetes, mas a glicemia sempre no limite. Então, a gente Roberto Dziura Jr.

A Secretaria de Educação fez um levantamento entre os alunos de 5ª a 8ª séries e do Ensino Médio e chegou à conclusão de que 25% dos estudantes estão acima do peso, ou seja, um em cada quatro está fora de forma. “Isso significa que a alimentação dos alunos não está sendo feita de uma maneira correta. Não só indica uma ingestão acima do recomendado de calorias, como também uma baixa atividade física”, explica a diretora.

Exemplos As escolas podem contribuir de forma significativa nesse processo, já que muitos pais, por diversos motivos, não preparam uma alimentação balanceada para seus filhos. Este é o caso da enfermeira Eloina Marques Albiero (45), mãe de um adolescente de 17 anos. A briga na balança começou desde pequeno. “É bem complicado, porque como ele é [obeso] desde pequeno, estou sempre

Fátima Sandmann considera que qualquer intervenção para reverter o quadro de obesidade é muito importante

sempre faz esse controle”, conta a mãe, que sempre incentivou o filho a fazer exercícios físicos, sem muito sucesso.

Atividades físicas É inegável que nos últimos anos, os hábitos das crianças mudaram. No passado, elas costumavam brincar mais nas ruas e comer coisas mais naturais. A coordenadora do curso de Nutrição da UniBrasil, Cynthia Passoni, aponta que hoje a distração e entretenimento passou a ser a televisão e o videogame. Esse fenômeno da falta de atividades físicas também é observado por especialistas. “Hoje você não consegue mais [deixar uma criança na rua sozinha], mesmo que você more a duas três quadras de distância, você leva o seu filho ou a pé ou de carro. Então, a questão da segurança é um problema e isso acaba limitando a atividade física,” avalia a endocrinologista. Para Fátima, qualquer intervenção para reverter o quadro de obesidade é muito importante, mas antes da puberdade é possível ajudar para que a criança não entre na fase adulta com excesso de peso. De acordo com Cynthia, o que está assustando os profissionais da saúde é o crescimento da obesidade infantil. Para a coordenadora, o grande problema é que a obesidade não vem sozinha, mas acompanhada de doenças consideradas de adultos, como hipertensão, colesterol alto e diabetes. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 29


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economia / turismo

Mercado sem preconceitos O público LGBT brasileiro representa nove milhões de consumidores em potencial e é responsável por movimentar US$ 20 bilhões/ano só em viagens Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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Vamos tirar o mercado do armário”. Com esse slogan a Câmara de Comércio GLS do Brasil pretende mostrar que o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deve ser esquecido pelo mundo dos negócios. Muito pelo contrário. Segundo a pesquisa “Out Now Global 2010” sobre o perfil do consumidor LGBT brasileiro, esse público é responsável por movimentar US$ 20 bilhões por ano só em viagens e representa nove milhões de consumidores em potencial. O setor do turismo já está se atentando para esse perfil de consumidor. Pela primeira vez o tema foi foco da Rodada de Negócios da 6ª Edição do Salão do Turismo, realizada este ano em São Paulo (SP). “Quando você conversa com as empresas que atendem esse público [LGBT], percebe que eles são responsáveis por um gasto significativo. O que acontece é que eles gastam muito consigo. [A

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maioria] não tem família e, normalmente, tem uma boa renda. Quarenta e sete por cento são da classe B e 57% tem ensino superior. Existe todo um cenário favorável ao consumo de turismo”, analisa Patrícia Albanez, consultora do Sebrae/PR. Dados da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat) mostram que, considerando as viagens aéreas de mais de duas horas de duração, os homossexuais consomem seis vezes mais que os heterossexuais, que viajam em média 1,6 vezes por ano. Em consequência disso, os empresários estão cada vez mais oferecendo serviços específicos ou, ao menos, tentando disponibilizar um ambiente gay-friendly – espaços livres de preconceitos.

Na prática Apesar do potencial econômico do público LGBT e do discurso já estar mudando, na prática, a maioria das empresas ainda não possui um tratamento sem preconceitos, o que acaba

constrangendo muitos turistas. Segundo Daniele Silva, sócia da agência de turismo View Travel, focada em um público mais descolado, uma das grandes dificuldades quando o casal Segundo a pesquisa “Out Now Global 2010”, a Argentina é a queridinha do consumidor gay brasileiro


de consumidores gays sai para viajar é o constrangimento. Nos hotéis, por exemplo, os atendentes veem “dois homens e já colocam duas camas de solteiro e pronto”, conta. Por isso, de acordo com Daniele, sua empresa sempre procura vincular-se a hotéis que saibam atender esse público ou até mesmo fechar parcerias com hotéis exclusivos.

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Alguns turistas preferem inclusive omitir essa informação, para não passar por situações embaraçosas. “O que a gente pode perceber é que eles preferem viajar de forma velada. Não

Roberto Dziura Jr.

Essa percepção das dificuldades surgiu com a prática. “Entendo esse mercado profundamente. A gente queria poder atendê-los da maneira em que queríamos ser atendidas. Os clientes concordam que era isso que faltava. Se eles ligam para uma agência e sabem que eu sou gay, é uma coisa. Se eles entram em contato com alguém que é ‘hetero’ e não vai saber das necessidades, aí já existe preconceito [deles próprios]”, explica Daniele, uma das sócias da agência.

Para Daniele Silva, sócia de agência de turismo, apesar do aumento do consumo do público LGBT, o preconceito ainda é grande

Dos destinos nacionais, Rio e Florianópolis são os preferidos do público LGTB se identificar como gays. Aí, de noite, eles juntam a cama e de manhã separam a cama e vão seguindo a viagem dessa forma. Até para não sofrerem preconceito”, analisa Patrícia. A também sócia da View Travel, Adriana Fernandes, afirma que no Brasil poucas cidades estão preparadas para receber o público LGBT. “É bastante preconceituoso, principalmente, no Nordeste. Esse treinamento está ocorrendo mais em São Paulo, o resto do Brasil é complicado. Florianópolis e Rio de Janeiro também estão preparados. E são os lugares mais procurados pelos turistas GLS, do mundo inteiro”, diz. Em Curitiba, essas pessoas também têm muita dificuldade em encontrar estabelecimentos que proporcionem um atendimento adequado. “Atender sem preconceito, sem fazer diferença.

Porque essa diferença que é constrangedora”, completa Adriana.

Destinos preferidos Além dos “queridinhos” do Brasil: Rio de Janeiro e Florianópolis, outros destinos internacionais estão no topo da lista do público LGBT para gastar seu dinheiro. O país que eles mais gostariam de visitar, segundo a pesquisa “Out Now Global 2010”, é a Argentina, com destaque para a capital Buenos Aires. “É uma cidade maravilhosa, superpreparada para receber”, garante Adriana. Em segundo lugar vem à França, depois os Estados Unidos, Inglaterra e, em quinto, aparecem Espanha e Itália empatados. Quando a pergunta foi sobre quais cidades europeias eles mais gostariam de ir, Paris ficou em primeiro lugar, seguida de Londres, Madri, Amsterdam e Barcelona. Dentre as cidades dos EUA, Nova Iorque aparece no topo, seguida de São Francisco, Miami, Los Angeles/ Hollywood e Las Vegas. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 31


tecnologia

Inovar mais, com menos recursos Esse é o desafio das indústrias paranaenses, que têm conquistado índices de maior inovação, empregando menores investimentos Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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indústria de transformação paranaense gasta menos em inovação, mas tem maior índice de produtividade entre os trabalhadores e cria maior valor adicionado ao produto ou processo novo em relação à média brasileira. Assim, o Paraná cria mais, com menos verba para o quesito inovação. Essa é a conclusão da análise dos indicadores mais recentes da Pintec/2008 (Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE). “Ou seja, [o Paraná] inova

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no âmbito nacional. Enquanto no País registra-se um índice de 4,4% de inovações de produtos e 2,3% na inovação de processos para o mercado; o Paraná atinge a marca de 5,06% de inovações de produtos e 2,8% na inovação de processos.

De acordo com os números da Pintec/2008, o Estado atinge uma taxa de 43,9% de empresas inovadoras no setor industrial. O índice nacional não chega a 39%. Na região Sul, o Paraná está à frente de Santa Catarina e atrás do Rio Grande do Sul.

Apesar de maior número em inovações, o Estado investe menos nesse quesito, seja em laboratórios próprios ou de cooperação ou no processo de introdução no mercado dessa inovação. A cada R$ 100 da Receita Líquida de Vendas (RLV), no Brasil, são investidos em inovação o valor de R$ 2,65; e no Paraná, essa relação é um pouco menor, investindo R$ 2,09 para os R$ 100 de RLV. O mesmo fenômeno ocorre no valor gasto em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), no Brasil se investe 0,64 pontos percentuais, já no Paraná são 0,39%.

Também o Paraná se sobressai quando se trata do número de inovações

Por isso, nem sempre a máxima de que gastar mais dinheiro em inovação

mais, com melhor qualidade e gasta menos”, analisa o professor e economista Luiz Esteves da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Plano de Inovação do Brasil - Governo Federal

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O Governo Federal lançou, recentemente, o programa Brasil Maior. Trata-se de um plano de ações até 2014 para gerar inovação e maior competitividade das empresas brasileiras no mercado mundial. Segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia, outra ação governamental é a criação de uma entidade no formato da Embrapa, que está sendo chamado de Embrapi – a Embrapa da indústria. Além disso, para gerar mais investimentos, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) deve ser transformada em banco público de inovação. é garantia de retorno para a empresa e a sociedade. “Gastar mais em inovação é bom? Depende da eficiência do gasto, porque muitas vezes você gastar muito na inovação significa, muitas vezes, que você está gastando, gastando e a inovação não está dando certo”, alerta Esteves. Por outro lado, os investimentos precisam crescer tanto no Paraná, quanto em todo o Brasil, por serem pequenos em relação a outros países mais desenvolvidos.

Setores de inovação As indústrias paranaenses que mais têm inovado são as de vestuário, do setor alimentício, de máquinas e equipamentos (incluindo setor agrícola) e do setor de minerais não metálicos. Outro setor, também referência no Paraná, é o desenvolvimento de softwares. A empresa Bematech, líder nacional no segmento de tecnologia para o comércio, começou em 1989, na Incubadora Tecnológica de Curitiba, com dois paranaenses: Marcel Malczewski e Wolney Betiol. O sonho de inovar dos dois engenheiros eletrônicos deu certo e se expandiu para outras fronteiras. Atualmente, a companhia está

Nem sempre a máxima de que gastar mais dinheiro em inovação é garantia de retorno para a empresa e para a sociedade presente em mais de 400 mil pontos de venda. Possui quatro centros de P&D e conta com mil colaboradores, entre Brasil, China, Taiwan e Estados Unidos. “Inovação para nós é o nosso DNA”, afirma Cleber Morais, diretor-presidente da Bematech. Por ano, são investidos mais de R$ 18 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento e no investimento de vários setores dentro e fora da empresa. Segundo Morais, a parceria com o Lactec (Instituto de Tecnologia para Desenvolvimento), em Curitiba (PR), e com outras universidades são essenciais para trazer inovação para a empresa e para o mercado. A mais recente inovação tecnológica de mercado lançada pela Bematech foi a primeira CPU exclusiva para o varejo produzida no Brasil. “Temos a intenção de lançar outros produtos ainda este ano“, explica Eros Jantsch, diretor de Hardware da Bematech.

espaços de pesquisa pouco visados pela indústria de transformação. Segundo Luiz Márcio Spinosa, professor e diretor das duas instituições, esses espaços são propícios para promover o aumento das taxas de inovação, facilitando o acesso das empresas ao conhecimento produzido na academia; é possível também compartilhar custos e riscos no processo de inovação e qualificar pessoal para atuar no desenvolvimento de tecnologias. “São poucos os estados que têm a estrutura universitária que o Paraná tem [...] Poderia avançar bastante. As universidades estão aí. Tem que buscar”, alerta o professor Esteves da UFPR. Para os dois especialistas na área, um tripé fundamental é o intercâmbio entre universidades ou centros de pesquisa, governos e iniciativa privada. Nesse sentido, tanto o Governo Federal quanto o Estadual já lançaram iniciativas, no mês passado, para o desenvolvimento de inovação e investimentos em tecnologia. (ver detalhes no BOX) “Eu vejo o governo [federal] atual muito preocupado com este assunto. Recentemente, nós tivemos o lançamento do Brasil Maior, que foi um

Essa parceria com universidades e centros de pesquisa é um dos pontos mais frágeis no País, embora seja essencial na hora de inovar em uma indústria. No Paraná, também é pequena a parceria entre iniciativa privada e universidades. Segundo a Pintec/2008, somente 2,38% das empresas inovadoras utilizam universidades e institutos como parceiras para inovação. Esse índice é menor que a média nacional, que também é pequena, cerca de 2,5%. Ambientes como a Agência PUC de Inovação e PUCPR Tecnoparque são Vice-presidente da Bematech comenta o grande desafio que é ser uma empresa brasileira de tecnologia

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PIB

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tecnologia O economista Luiz Esteves comenta que o Paraná inova mais, com melhor qualidade e gasta menos

recurso está sendo bem empregado e promover uma mudança na cultura da empresa. É o que atestam os especialistas. “Acredito que seja mais em relação ao posicionamento da empresa [do que investimentos]”, ressalta Spinosa. Outros dois pontos negativos apresentados pelo levantamento da Pintec/2008 dizem respeito aos grandes riscos econômicos ao inovar no País e a escassez de fontes de financiamento específicas para essa ação. Também não pode se esquecer da qualificação da mão de obra. “Para 58% das indústrias [brasileiras] que fizeram algum tipo de inovação, o maior problema é a falta de pessoal qualificado. Para serviços selecionados, esta falta eleva-se para 70%”, aponta a pesquisa. Se a empresa já possui uma cultura organizacional inovadora, investe em P&D, busca parcerias público-privadas, lança-se em parcerias de cooperação com outras companhias, consultorias ou até mesmo concorrentes. O importante é inovar no mesmo compasso que surgem novas demandas na sociedade e novos desafios para crescer.

Lei no PR

Roberto Dziura Jr.

Ações do Governo Estadual

primeiro passo para atender a demanda das empresas de inovação do Brasil. Porque sendo muito transparente, ser uma empresa brasileira de tecnologia é um desafio muito grande. Você tem uma carga tributária, no Brasil, muito elevada. [...] O governo tem dado passos pequenos pra atender essa demanda, mas que precisam ser trabalhados”, afirma o vice-presidente da Bematech. 34 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

A exemplo do Paraná, não são só recursos financeiros que vão fazer a inovação decolar nas empresas. “Às vezes, a empresa consegue ter excelentes resultados com inovações muito simples, tanto de produtos, quanto de processos”, analisa Esteves. Por isso, em vez de tanto foco nos investimentos, é preciso verificar se o

No Paraná, em setembro, foi elaborado o texto final do Anteprojeto da Lei de Inovação que foi encaminhado ao Poder Legislativo para apreciação. O objetivo é criar um ambiente favorável à cooperação entre os setores público, privado e a academia para o desenvolvimento tecnológico. O anteprojeto prevê a criação do Sistema Paranaense de Inovação, fazendo a integração de empresas e instituições de pesquisa. Segundo informações do Governo Estadual, o Paraná é o único estado da região Sul e Sudeste que ainda não aprovou uma lei de inovação.


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educação

UFPR se destaca e gera mais tecnologia Estudo do INPI mostra que Universidade Federal do Paraná é a 5ª instituição de ensino do Brasil que mais fez pedidos de patentes entre 2004 e 2008 Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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inovação no Paraná também está muito presente nas universidades. Nesse quesito, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) é destaque. Estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) mostra que a UFPR é a 5ª universidade brasileira com maior número de pedidos de patentes, entre 2004 e 2008, com um total de 63 pedidos. Considerando a lista completa, que inclui também empresas e pessoas fí-

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sicas, a universidade paranaense fica com a 12ª colocação.

“Acho que isso representa um ponto diferenciado entre as universidades públicas brasileiras, que mostra que além da missão tradicional de formar recursos humanos nas diferentes áreas do conhecimento, a universidade está buscando também gerar tecnologia e inovação”, afirma o professor doutor Carlos Ricardo Scoccol, diretor da Divisão de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR. O professor é um dos responsáveis pelos bons índices conquistados pela Universidade, com cerca de 30 pedidos de patentes registrados.

Processo Segundo o diretor-executivo da Agência de Inovação (Agitec) da UFPR,

Emerson Carneiro Camargo, os números atualizados são ainda maiores. Isso porque a Agitec foi criada em 2008 com o objetivo de reunir a área de Inovação, que antes era administrada por diversos setores da Universidade. Hoje, a Agência controla tanto a parte da Propriedade Intelectual, em que as patentes estão inseridas, quanto as áreas de Transferência Tecnológica e Desenvolvimento Tecnológico, que são os setores responsáveis pela efetivação na prática das descobertas feitas pelos professores e estudantes da instituição. De acordo com a Agitec, “a propriedade intelectual trata dos bens imateriais aplicáveis na indústria. Para o patenteamento de produtos ou processos é necessário que sejam atendidos cumulativamente os requisitos


Essa transferência pode ocorrer de diversas formas, como a comercialização de patentes e prestação de serviços tecnológicos. “Um invento tem seu percurso acabado no momento da transferência do processo ou do produto gerado pela pesquisa. Há um acompanhamento da inovação do produto, desde o momento de registro até a sua transferência”, diz Camargo. Por último, o invento passa pela área de Desenvolvimento Tecnológico, que abrange a geração e desenvolvimento de micro e pequenas empresas de base tecnológica, por meio de incubadoras. Depois de passar por esse processo é que a inovação chega à sociedade. A Universidade conta atualmente com 122 patentes registradas, na área de propriedade intelectual, seis licenciamentos e cinco co-titularidades, na área de transferência de processos e produtos, seis empresas incubadas e 10 em prospecção, na área de inovação e incubação. A instituição investe, em média, cerca de R$ 25 mil por ano para manter registros das patentes, de acordo com informações do pró-reitor de pesquisa e pós-graduação e diretor da Agitec, Sérgio Scheer.

Do laboratório para a lavoura Três descobertas de cultivares de cana-de-açúcar (RB946903, RB956911 e RB966928), protegidas pelo Ministério da Agricultura e licenciadas pela multinacional Syngenta, formam um exemplo da produtividade da instituição que já está no mercado. Há 20 anos, o departamento da UFPR desenvolve o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar

Em 2011, o número de patentes da Universidade Federal do Paraná subiu para 122 para o Estado do Paraná (PMGCA), que tem como objetivo “obter variedades mais produtivas, com maior resistência a doenças, ampla adaptabilidade e boa estabilidade para a região de cultivo da cana-de-açúcar no Estado do Paraná. Além do melhoramento, o PMGCA atua nas áreas de manejo de culturas, manejo varietal, biotecnologia, adubação e nutrição e zoneamento agrícola da cana-de-açúcar”, explica professor João Carlos Bespalhok, um dos pesquisadores do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo.

Apesar dessa realidade, para o professor doutor Carlos Ricardo Scoccol, os avanços nos últimos anos foram expressivos. “Tenho mais 30 anos de Universidade. Nesses últimos 10 anos houve uma melhora significativa em termos de recursos para pesquisa e desenvolvimento. Antes era muito difícil. Isso não era prioridade para o País”. Para ele, o avanço na área de inovação e tecnologia beneficia não só a Universidade e seus estudantes. “Quanto mais avançarmos, melhor é para o nosso País, para o nosso povo, mais geraremos empregos, mais seremos um povo com um nível de vida mais elevado [...] E nós temos vantagem que esses países não têm que são recursos naturais abundantes.” Roberto Dziura Jr.

de: Novidade, Utilidade ou Aplicação Industrial, Atividade Inventiva e Suficiência Descritiva”. Para Camargo, é essencial que as invenções sigam seu caminho e possam contribuir de fato com a sociedade.

Desafios Apesar das conquistas, os pesquisadores acreditam que a Universidade Federal do Paraná ainda tem um longo caminho a percorrer. “Existe um desafio de alargar mais esse número de patentes, essa transferência de produtos e processos e de aumentar o nosso número de empresas incubadas. A gente acha que a Federal do Paraná tem muito fôlego para desenvolver nessa área de inovação”, diz o diretor da Agitec. Esse desafio não atinge apenas a UFPR, mas todas as instituições públicas brasileiras. Segundo dados da Agitec, “no Brasil, cerca de 80% dos pesquisadores atuam no âmbito de universidades e centros de pesquisas públicas, enquanto nos países desenvolvidos essa atuação concentra-se junto ao setor privado, empresas e indústrias. No entanto, as universidades são responsáveis por apenas 0,2% das patentes apresentadas ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)”, o que demonstra a necessidade de cada vez mais incentivar a propriedade intelectual dentro das instituições de ensino.

Um dos laboratórios da UFPR. Iniciativa para inovar

Universidade Recursos humanos Para inovar e incentivar a pesquisa, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem capital humano abundante. Segundo o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação e diretor da Agitec, Sérgio Scheer, na instituição estão presentes cerca de 2.300 mil professores, sendo que desses 1.700 são doutores. A Universidade também conta com 106 cursos de mestrado e doutorado e mais de quatro mil alunos. Para incentivar a pesquisa são oferecidas cerca de mil bolsas de iniciação científica.

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agricultura

Um campo sem herdeiros É cada vez menor o número de jovens em áreas rurais do Paraná; a redução chega a 21% entre 2000 e 2010 Iris Alessi - iris@revistames.com.br

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êxodo rural vem ocorrendo no Paraná há muitos anos e mesmo em ritmo menor, muitas pessoas, principalmente os jovens, têm deixado a vida no campo em busca de novas oportunidades nos centros urbanos. A população jovem (entre 15 e 29 anos) residente na zona rural apresentou redução de 21,51% se compararmos o Censo de 2000 com o de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A população que era de 462.429 habitantes caiu para 362.929 residentes no campo paranaense. A constatação de que a mão de obra no campo está ficando mais velha é uma realidade já observada pelos profissionais que trabalham diretamente com os produtores rurais no Estado. O engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Jefferson Vinicius Meister, aponta que

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o êxodo tem contribuído para “o envelhecimento, a concentração da terra e a ‘masculinização’ do campo”.

Êxodo rural Ao analisar os números dos últimos 20 anos, a população rural paranaense apresentou uma redução em torno de 40%. “E quem ficou? São os mais velhos e, geralmente, homens”, afirma Meister. Teresinha Barron, técnica da Emater e especialista em Agroindústria, aponta com preocupação esse fenômeno no campo. Em breve, é possível que as lavouras fiquem sem herdeiros. “A gente tem percebido o seguinte: quem tá por lá ainda é o pai e a mãe; e os filhos vieram para a cidade para estudar. Isso é muito forte. Para ter uma ideia, tenho quatro ou cinco jovens no máximo que vieram estudar, fazer faculdade e voltaram”, aponta Teresinha que atua na região Oeste do Estado. A técnica da Emater acredita que em menos de duas décadas, o interior

do Paraná terá um grande problema por falta de mão de obra. Alguns observam também a redução de propriedades da agricultura familiar, que são as terras que mais precisam da mão de obra de jovens, já que muitos dos proprietários não têm condições de mecanizá-las. O empresário Valdemir Zago, presidente da marca de alimentos Zaeli, afirma que na região do município de Umuarama quase não há mais produtores de agricultura familiar. Nessas imediações, as pequenas lavouras estão mudando de perfil. “Como temos frigorífico na minha região, então, as pequenas lavouras estão com uma granjinha”, aponta Zago, referindo-se a respeito do sustento dessas famílias. Os filhos desses criadores normalmente saem para estudar, enquanto o pai toca a propriedade. Poucos voltam. A população rural no Paraná vem diminuindo ano após ano. Na década de 50, ela representava 75,03% da população


paranaense reduzindo-se a 14,67% em 2010 (veja evolução na tabela).

Como inverter esse processo? Atualmente, existem algumas ações tanto em nível estadual, como federal para manter os jovens no campo. Alguns exemplos na esfera federal são: as linhas de crédito do Pronaf – Jovem (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), a ampliação das escolas técnicas federais (IFPR) e sua interiorização com diversos cursos ofertados. Já em relação ao Governo do Estado, existe um Departamento de Educação no Campo na Secretaria de Estado da Educação (SEED), que tem apoiado as Casas Familiares Rurais (CFRs), e tem, também, as escolas técnicas com cursos de agropecuária. Na SEAB, existem ações do crédito fundiário e ações da Emater para mobilizar os jovens. No entanto, para manter mais jovens trabalhando no campo seriam necessárias, de acordo com Teresinha, mais políticas públicas que os incentivassem a ficar. Para ela, ainda falta a valorização do homem do campo e melhores preços para o produto primário. Para Jefferson Vinicius Meister, é preciso também promover opções para

Paraná

além das relacionadas com o cultivo da terra. “As políticas públicas para a juventude rural não podem limitar-se à agricultura. Os futuros agricultores serão cada vez mais pluriativos, suas rendas dependerão da agricultura, mas também de outras atividades. Quanto mais jovens estiverem preparados para essa realidade, maiores serão as chances de realização pessoal e profissional.” Por isso, aspectos relacionados ao esporte, lazer e cultura podem contribuir para a permanência do jovem no campo. “Eu acho que tem que ter mais política voltada para o jovem [...] para que ele possa trabalhar, que ele possa comprar a terrinha dele”, pontua Teresinha. Para a técnica, há dois programas importantes que incentivam a atividade no campo para a agricultura familiar: o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA Compra Direta) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Esse tipo de programa está ajudando

a agricultura familiar. Mais programas nesse sentido seriam tudo de bom”, ressalta Teresinha, ao explicar que com esses programas os agricultores conseguem ter uma renda mensal e não precisam esperar somente a renda da próxima safra.

Opções no campo Programas de incentivo à geração de renda para os agricultores familiares são ações que podem ajudar os jovens a ficar no campo. “A gente sempre tem que dar alternativas: o acesso à terra, seja através de políticas de reforma agrária ou do crédito fundiário, o acesso a financiamentos produtivos, como o Pronaf, a questão da educação no campo, como as casas rurais familiares e as escolas técnicas, além da capacitação e orientação através da assistência técnica e extensão rural, são fundamentais para a construção dessas alternativas”, salienta Meister. Os jovens podem ser uma nova força no campo, com um perfil mais empreendedor. Aqueles que voltam para a lida nas lavouras fazem a diferença. Segundo Teresinha, os jovens que cursaram uma universidade e voltaram para o campo, muitas vezes, transformam a propriedade dos pais numa agroindústria familiar e agregam valor ao produto cultivado. Para Meister, é preciso que o jovem tenha alguma opção que o atraia para o campo

População Rural Período Rural 1950 75,03 1960 69,09 1970 63,6 1980 41,07 1991 26,65 2000 18,59 2010 14,67 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1950/2010. Até 1991, dados extraídos de Estatísticas do Século XX, Rio de Janeiro: IBGE, 2007 no Anuário Estatístico do Brasil, 1993, vol. 53, 1993.

Assessoria de Imprensa / Seab

Arquivo / Sanepar

Programas

Para manter os jovens trabalhando no campo seriam necessárias mais políticas que os incentivassem a ficar

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internacional

Palestina: um país próximo

da existência oficial? Começam as discussões na ONU para a criação de um estado, mas analistas dizem que o fato histórico está fadado ao fracasso Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br

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mundo espera há décadas um acontecimento dos mais importantes. A paz no Oriente Médio a partir do entendimento entre israelenses e palestinos na chamada região onde nasceram as três principais religiões monoteístas.

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É cheia de misticismos, sincretismos e, principalmente, dúvidas que as nações-membro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) começam a discutir o pedido dos palestinos a respeito de um estado oficial. Para muitos, esse seria o primeiro passo para a construção mundial da paz, mas para outros, simplesmente, o caos.

Há uma confusão de sentimentos. Palestinos esperançosos e ávidos por liberdade, esta que há décadas não possuem. Israelenses, por sua vez, temerosos e questionadores se seu “status quo” será mantido depois que seu estado fora oficializado em 1947. A comunidade internacional (boa parte está dividida) crê que tudo pode se acertar e que os dois povos possam conviver em paz. Para que o Estado Palestino seja oficializado, é necessário que haja nove, dos 15 votos, e que os países com assentos permanentes no Conselho não possam rejeitar a proposta. Até o momento, os palestinos contam com voto favorável de seis nações-membros do Conselho. Dos 193 países-membros, 127 apoiam a criação de um Estado Palestino. Diplomatas e analistas políticos ligados à negociação preveem que a ONU venha estabelecer um Estado observador, como é o caso do Vaticano.


Banco de imagem

Professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Peter Robert Demant, entende que sem uma negociação de paz direta entre israelenses e palestinos, como querem Estados Unidos, Rússia e União Europeia, não haverá Estado Palestino em médio prazo. “Sem o aval dos EUA e da União Europeia, que são os membros do quarteto da paz para o Oriente Médio, é impossível os palestinos obterem status de estado”, resume o professor.

Chance perdida De qualquer forma, o momento é delicado. Israel, governado por partidos religiosos de direita, sob o comando de Binyamin Netanyahu, não quer de forma alguma estabelecer acordos de paz, muito menos, negociar a criação de um estado. Os motivos são muitos, mas o principal deles é o grande número de assentados na área onde seria a nação palestina.

Yossi Beilin, um dos arquitetos dos Acordos de Oslo pelo lado de Israel e, posteriormente, líder de uma negociação pacifista em Genebra para resolver o conflito, disse recentemente à revista Foreigen Policy, que o atual primeiro ministro é o real culpado pela falta de avanço no diálogo para a paz com a autoridade palestina. “Os dois lados não levaram em consideração a opinião de suas respectivas minorias que querem a paz.” Segundo ele, tanto Netanyahu quanto o Hamas, que governa a faixa de Gaza, são extremistas e não ouvem outros grupos.

A posição de Obama Os Estados Unidos de Barack Obama vive um dilema. Apoiar ou não a causa palestina sem prejudicar os israelenses. No país, entretanto, o presidente americano é visto como pró-Árabe, já fora de seu território é visto como pró-Israel.

A comunidade internacional (boa parte está dividida) crê que tudo pode se acertar e que os dois povos possam conviver em paz O fato é que se a proposta palestina não for aprovada – e tem tudo para não ser – Obama será taxado como covarde no mundo árabe e também no mundo judeu. Sua popularidade, que já tem caído significativamente nos EUA, quase não existe na região dos conflitos. Para os negociadores, Barack Obama é hipócrita e muda de opinião a cada encontro que faz com israelenses e palestinos. “Nesta região, historicamente essas pessoas têm a palavra com o respeito maior do que um papel. Saddam Hussein era um exemplo claro de cumpridor da palavra e que gerava unidade no país que vive na confusão depois de duas invasões”, conclui o professor da USP. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 41


comportamento

O desejo infantil do ter O Dia das Crianças e o Natal despertam, no público infantil, mais vontade ainda de ter; preocupação para pais e sociedade Iris Alessi - iris@revistames.com.br

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Dia das Crianças e o Natal são datas comerciais com grande apelo para o público infantil. Atiçam olhos e mãos ligeiras para comprar e comprar. O desejo de ter vários e diferentes brinquedos enche os olhos dos pequenos. Mas quando essa vontade de “ter” passa dos limites, as crianças perdem a noção da fronteira entre o necessário e o supérfluo. São diversos os fatores que influenciam as crianças, alvos fáceis da cultura consumista. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa TNS em estudo realizado em 2007, as crianças têm mais atração por produtos que tenham emba-

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lagens chamativas ou que tenham personagens famosos e brindes. Os amigos também contam como forte influência. Para a psicóloga e educadora brinquedista, Fernanda Gorosito, o grande problema desse consumismo é que as crianças não sabem mais o que elas querem. “É muito grave. Talvez a gente não perceba que [...] isso vai trazer prejuízos muito grandes para as crianças”, afirma. Fernanda exemplifica dizendo que crianças que têm muitos brinquedos, mas que não querem brincar com nenhum ou que dizem não ter nada para fazer, são em geral perfil de pequenos consumistas. “O consumismo acaba tomando um lugar na infância, rouba um lugar,

que é muito precioso mesmo, que é a interação dos pais, a dedicação, o investimento – não o financeiro –, mas o de parar, ouvir a criança, de olhar ela, de ver o que ela gosta e o que ela não gosta”, avalia Fernanda, e ressalta que os pais, muitas vezes, não conhecem seus próprios filhos. Uma das consequências desse consumismo, segundo Fernanda, é que as crianças acabam se sentindo inseguras e se tornando adultos também inseguros.

Papel da escola A escola também faz parte do desenvolvimento das crianças. Muitas instituições já têm projetos para não incentivar o consumismo. Segundo a educadora e diretora Yara Amaral, da


Roberto Dziura Jr.

A educadora acredita, porém, que apenas a ação da escola não é suficiente, pois o consumo não está apenas lá, mas em todos os ambientes de convivência dessa criança. “A gente conversa muito com os pais, a gente vai discutindo as coisas com os pais também. É quase que remar contra a corrente”, avalia. De acordo com Yara, a escola faz eventos, mas não nas datas comerciais como Dia dos Pais ou das Mães, para justamente ir contra a lógica de mercado. Segundo Yara, não é fácil convencer os pais que desincentivar o consumo das crianças é importante. “Leva um certo tempo para que os pais se apropriem dessas coisas. Não é tão simples, porque eles acabam resistindo [...]. E esses pais também não têm limites”, avalia.

A importância do não Dizer “não” para qualquer pessoa não é uma tarefa fácil. Quando se trata de pais e filhos, a relação é ainda mais complexa. A pedagoga Paula Belmino da Silva (36) anos, mãe de Alice (5), tenta controlar a vontade de comprar da filha, mas nem sempre isso é uma tarefa fácil. Muitas vezes, a mãe, ao passear com a filha em shoppings, acaba cedendo aos pedidos de Alice e levando algum brinquedo para casa. “A gente fica assim: meio a meio, naquela coisa de mãe querer dar tudo e também por causa da minha infância De acordo com Yara Amaral, o consumo não está apenas no espaço da escola, por isso é importante a atenção dos pais

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Escola Projeto 21, as crianças usam material coletivo em sala de aula, até uma determinada idade, assim elas não ficam comparando quais são melhores ou mais bonitos. “Depois, é lógico, que eles podem ter o seu material e de posse desse material [...] ainda assim a gente questiona. E questiona no sentido de quantidade”, explica Yara.

Falta de limites pode ser da criança, mas antes é uma falta de limite dos pais,” aponta a psicóloga Uma das consequências do consumismo é que as crianças acabam se tornando adultos inseguros, aponta Fernanda

que eu não tive tudo, aí você quer que seu filho tenha tudo”, conta Paula. Segundo ela, sua filha não costuma fazer escândalos para conseguir as coisas, mas a menina consegue se mostrar contrariada até convencer a mãe de que é preciso satisfazer suas vontades. Paula admite ser difícil dizer não para sua filha. “Os pais hoje têm uma tendência muito grande de querer poupar os filhos”, enfatiza Fernanda. De acordo com a psicóloga, as crianças não sabem li-

dar com o ‘não’. Por outro lado, as crianças não sabem como agir quando recebem uma resposta negativa. “Então, essa frustração, é uma frustração saudável, [...] porque isso limita a criança”, completa. Como algum dia na vida as pessoas vão ouvir esse “não”, Fernanda avalia que é muito importante que elas saibam lidar com isso desde pequenas.

Limites “Toda a situação de excesso de consumo é uma questão de falta de limites. E a falta de limites pode ser da criança, mas antes de ser da criança é uma falta de limite dos pais,” aponta a psicóloga, ressaltando que é responsabilidade dos adultos frear esse instinto. Ela afirma que é difícil combater o consumo, pois as pessoas de um modo geral dependem desse modelo econômico e são a todo o momento incentivadas a consumir mais. “As crianças não aprendem sozinhas, então somos nós adultos que estamos ensinando as crianças. Se nós quisermos que eles ajam de forma diferente, nós temos que agir de forma diferente”, relata Yara. Para ela, esse questionamento sobre o consumo deve ser feito cotidianamente e a participação dos pais é vital nesse processo. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 43


meio ambiente

O desafio da sobrevivência Com os padrões de consumo atual, em menos de 40 anos, precisaremos de dois planetas Terra para continuar vivendo; iniciativas paranaenses tentam contornar a situação Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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Nossa geração está diante do maior desafio da humanidade. Nos próximos 30 anos vai ter de reduzir 70% da emissão dos poluentes. Não tem segundo caminho”, afirma o diretor de coordenação e meio ambiente da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich. E apesar da afirmação parecer exagerada, é real. Segundo o relatório Planeta Vivo, divulgado em 2006 pela Organização Não Governamental WWF (ONG), “se continuarmos na nossa trajetória atual, em 2050, a humanidade estará a utilizar o equivalente a mais de dois planetas”. A sociedade do consumo está no caminho da não-sustentabilidade. Passou-se do antigo slogan “o que vamos deixar para os nossos filhos e netos”, para “o que estamos deixando

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para nós mesmos”. Fatos que provam o desequilíbrio da natureza estão estampados todos os dias na imprensa nacional e mundial. Enchentes, tsunamis, furacões, tornados e incêndios. O cenário pode ser o Paraná, o Brasil, os Estados Unidos ou o Japão, no entanto, como em toda crise global, os danos são compartilhados.

Parceria Assim como os danos, para o diretor da Itaipu, Nelton Friedrich, as responsabilidades também devem ser compartilhadas. “Com o tamanho da crise, só nós vamos alcançar as mudanças necessárias quando nós tivermos profundamente a consciência da responsabilidade compartilhada”, diz. Opinião também de Leide Takahashi, gerente de projetos ambientais da Fundação Boticário. “É um esforço com-

plementar ao trabalho do poder público. Não basta só o governo fazer.” Para Friedrich, o Brasil deve aproveitar essa oportunidade de mudança como um projeto futuro promissor. “Precisamos fazer com que o nosso País tenha na biodiversidade um dos pilares do nosso amanhã [...] Porque nós somos um dos poucos países ‘mega’ diversos e temos o maior banco biogenético do planeta. Mas tem de haver uma política pública muito determinada, e um amplo trabalho de convencimento das forças empresariais, econômicas, de redirecionar para esse campo novo, da nova economia”, ressalta Friedrich. Sem opção, governos, sociedade civil organizada e empresas estão se mobilizando para mudar essa realidade, andando na contramão da não-sustentabilidade.


Veja alguns exemplos paranaenses

Setor público Vencedor do prêmio “Americas Award 2011”, na categoria sustentabilidade ambiental, o Programa Cultivando Água Boa (CAB), da Itaipu Binacional, é exemplo de setor público paranaense em ação. Implantado na Bacia 3, o projeto abrange mais de um milhão de habitantes em 29 municípios na região Oeste do Estado, entre eles Foz do Iguaçu e Cascavel. Ao todo, 70 microbacias

mata está nos aspectos econômicos. “Voltou a produção de mel na região. Hoje, temos uma cooperativa que projeta, em três anos, um movimento de R$ 8 milhões. Setenta e cinco por cento do mel que essa cooperativa vende vem das áreas que foram recuperadas. Você recompôs a mata ciliar e reencontrou uma outra linha de negócio. Um negócio sustentável”, explica Friedrich.

já foram recuperadas e o programa envolveu 2.146 parceiros. “Estamos chegando a quase 900 km² de cerca com mata ciliar recomposta nos pequenos rios, em uma região em que 90% das propriedades têm menos de 50 hectares”, conta o diretor da Itaipu Nelton Friedrich. Para ele, além dos benefícios ecológicos, o bônus de recuperar essa

No mesmo rumo trabalha a Fundação Boticário. Em mais de duas décadas da criação, já foram 1.266

projetos apoiados, 37 novas espécies de plantas e animais e 167 espécies protegidas de extinção. A Fundação mantém ainda duas reservas naturais, Patrimônio Natural da Humanidade. A Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba (PR), tem 2.253 hectares de área e a outra é Reserva Natural Serra do Tombador, fica em Cavalcante (GO). “A gente está conservando amostras dos ecossistemas em funcionamento que são fundamentais para manter o equilíbrio do planeta”, afirma o coordenador de estratégias de conservação da Fundação Boticário, André Rocha Ferretti.

Divulgação / Fundação Boticário

O arquiteto paranaense Luiz Bacoccini também resolveu dar a sua parcela de contribuição. Ciente dos danos causados pelo setor imobiliário em que atua, ele adquiriu uma área de 23 mil m² no município de Morretes (PR). “Foi um despertar da consciência. Fiquei pensando o que poderia fazer para dar uma amenizada nisso”, conta o arquiteto. Segundo ele, em dez anos, 300 toneladas de gás carbônico (CO2) deixarão de ser lançadas à atmosfera.

Ação de ONG A ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), há 26 anos atua pela conservação da natureza. Segundo a instituição, no Paraná não existem mais do que 0,8% do que já representou a maior floresta do Sul do Brasil. E para essa área não diminuir ainda mais, a ONG tem o Programa Desmatamento Evitado (PDE), em que empresas privadas adotam áreas para que sejam conservadas. “As áreas não são compradas, mas sim adotadas. Os proprietários recebem um suporte mensal para cobrir despesas de manejo minimamente demandadas para

garantir a sua integridade”, explica a bióloga Ângela Kuczach, responsável pelo Programa. Outro projeto é o Condomínio da Biodiversidade (ConBio), desenvolvido na Região Metropolitana de Curitiba. O grupo é mantido por empresas e pessoas físicas em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), o Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais e a SPVS. Assim, já foram protegidas áreas naturais urbanas, com o apoio de 300 proprietários. O potencial de preservação é de 14 milhões de m² de florestas nativas no meio urbano.

Arquivo / SPVS

Caio Coronel / Divulgação

Iniciativa Privada

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turismo

A Menina dos Olhos do

Circuito Italiano O Parque Municipal Gruta do Bacaetava, em Colombo (PR), é uma das principais atrações do Turismo Rural do município Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

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á milhares de anos a caverna está presente na vida do ser humano. Na pré-história, esses espaços serviam como esconderijos dos predadores. Na filosofia, Platão a utilizou para a sua famosa alegoria “O mito da caverna”. Na cultura pop, Batman (o Homem-Morcego) fazia da caverna o seu “quartel general”. Na sociedade atual, a caverna continua sendo um lugar que desperta o imaginário. Bem próximo de Curitiba (PR), a 30 quilômetros do centro, é possível conhecer uma caverna de verdade no Parque Municipal Gruta da Bacaetava, uma das 47 atrações do Circuito Ita-

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liano de Colombo, que fica na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O espaço foi aberto para visitação em maio de 2000, após estudos e planejamentos de impacto ambiental. Estima-se que a Gruta da Bacaetava, que significa “Casa de Pedra”, tenha idade entre 600 milhões e 1,5 bilhão de anos, conta a secretária municipal de Turismo, Maria Micheli Mocelin. Denominada pela secretária como “a Menina dos Olhos do Circuito Italiano”, a descoberta da gruta ocorreu na década de 40 por imigrantes italianos. “Conta a lenda que durante a 2ª Guerra Mundial, ela servia de esconderijo para italianos que aqui viviam”, diz o guia Jair L. K. Camargo, que atua no Parque desde a sua criação.

Antes da aquisição do local pela Prefeitura, havia a imagem de Nossa Senhora de Lourdes “e muitas pessoas vinham para rezar à Santa, porém não existia um controle sobre os impactos ambientais causados pelos visitantes”, conta Camargo. Hoje, o Bacaetava possui toda a estrutura necessária para visitação, sem se esquecer da diminuição dos danos à natureza. O Parque conta com centro de visitação, guias turísticos e espaço para lazer.

Visual e sensações Na caverna, é possível ver numerosas formações rochosas que despertam o imaginário do visitante, estalactites e estalagmites. O rio de mesmo nome corta a caverna, criando um espelho d’água. O visual encanta e desperta diferentes sensações. O local abriga morcegos, peixes, tartarugas, cobras e um crustáceo. O Parque contém duas grutas, uma aberta à visitação e outra fechada ao público, conforme explicou o guia. O primeiro andar possui 200 metros de extensão. O segundo é praticamente


nativo, com difícil acesso, não sendo permitido o acesso de turistas. Em 2010, mais de 17 mil pessoas estiveram no local. Neste ano, soma-se a essa estatística a visita da professora de Geografia e História, Elis Bueno Gonçalves, do Centro Educacional Evangélico, de Curitiba, e seus 30 alunos da 5ª e 6ª séries. Segundo ela, o objetivo de estar lá foi mostrar aos alunos, na prática, o que eles aprendem em sala de aula. A satisfação dos estudantes em conhecer o local foi maravilhosa, conta a professora.

Roberto Dziura Jr.

Para visitar A visitação da caverna é gratuita, mas controlada, sendo permitido no máximo grupos de 20 pessoas por vez, com saídas a cada 30 minutos. A gruta é aberta de quarta a domingo, tendo horários diferenciados nos sábados, domingos e feriados. Camargo aconselha às pessoas chegarem até às 15h para garantir a visita. Para grupos acima de 12 pessoas, a excursão tem de ser agendada pelo telefone (41) 36565669. (veja mais detalhes no Box)

O guia Jair L. K. Camargo trabalha no Parque desde sua criação, há 11 anos

A visitação da caverna é gratuita, mas controlada, sendo permitido no máximo grupos de 20 pessoas por vez Se ficou interessado, reserve um dia de sol para ir até lá, pois em períodos chuvosos, a visitação à gruta é fechada por medidas de segurança. “Com a chuva, aumenta o volume de água do rio e os animais saem dos seus esconderijos, além do trajeto ficar muito escorregadio”, explica Maria. Mas entre os dias 16 de novembro e 10 de dezembro, o Parque Municipal Gruta da Bacaetava estará fechado para receber a sua primeira reforma, depois de 11 anos de criação. “Este trabalho será custeado pelas empresas de extração de cal e calcário existentes na região e as melhorias foram determinadas pela Prefeitura”, explica a secretária. Nesta reforma será adequado o espaço para oferecer mais

serviços aos visitantes, como local para apresentação de vídeo e minipalestras sobre educação ambiental.

Mais cavernas Segundo estudos, o Paraná possui cerca de 260 cavernas, sendo grande parte em áreas particulares e impróprias para visitação. Além de Bacaetava, o mais próximo de Curitiba aberto ao público é o Parque Estadual de Campinhos, localizado em Bocaiúva do Sul, a 65 km da Capital. Lá estão as grutas Jesuítas; das Fadas; e a do Abismo, a menor delas.

Circuito Italiano O Parque Municipal Gruta da Bacaetava faz parte de um dos projetos pioneiros no País de Turismo Rural. Trata-se do Circuito Italiano de Colombo, que teve início em 1999, com o objetivo de diminuir o êxodo rural ao oferecer alternativas de renda aos seus agricultores, aproveitando, também, para divulgar a cultura italiana da região. Entre as 47 atrações do Circuito estão a Igreja Matriz com mais de 100 anos, o Morro da Cruz, vinícolas, restaurantes com comida típica, visitação em chácaras, acesso à Cultura em um museu temático e o consumo de frutos da terra no programa “Colhe e Pague”.

Gruta do Bacaetava

O espaço é equipado com centro de visitação, guias turísticos e espaço para lazer

Quando Quarta a Domingo Horário Quarta, quinta e sexta - das 8h30 às 11h30 e das 13h às 16h30. Sábado, domingo e feriado 8h30 às 16h30. Agendamento para grupos maiores de 12 pessoas é necessário agendamento Custo: grátis Contato: (41) 3656-5669

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culinária&gastronomia

Bebida in

natura O amargor misturado com a leveza faz do chope uma bebida bastante consumida; em Curitiba, um único bar chega a vender até 40 mil litros por mês

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Essa diferença também é apreciada pelo administrador Edwilson Nunes dos Santos, que costuma sair para fazer happy hour com os amigos do trabalho duas vezes por semana e costumeiramente consome a bebida in natura. “[O chope] é o que eu mais aprecio. Pelo frescor de estar sempre tomando uma bebida gelada. É um sabor que me agrada bastante. Pela leveza da bebida e também pelo lado coletivo”, conta ele, dizendo que o ato de beber o chope propicia uma maior interação entre amigos, já que dificilmente terá essa bebida em casa. 48 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

Roberto Dziura Jr.

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uem aprecia uma bebida mais amarga, provavelmente, sabe identificar quando está tomando um chope ou uma cerveja. O sabor é muito diferente. Mas no processo de fabricação apenas um detalhe os diverge: a pasteurização. “É a elevação da temperatura. Eleva-se a 60º, depois se resfria bruscamente. É como se você ‘cozinhasse’ o chope para transformar em cerveja e aumentar a vida útil dele. Por isso, [o chope] é muito mais saboroso e as pessoas preferem. O cozimento altera um pouco as propriedades. O chope é in natura, como se fosse vivo”, explica o beer sommelier Valcedir Scopel, um dos sócios da microcervejaria curitibana Bier Hoff.

Santos é cliente assíduo do bar Aos Democratas, estabelecimento que coleciona prêmios quando o assunto é chope. Desde 2005, já foram mais de 14 títulos, sendo o último conquistado em 2010 – mas entregue este ano –, o “Colarinho de Ouro Regional Paraná”, concedido pela Real Academia de Chopp da Ambev. Além do primeiro lugar no Estado, o bar conquistou o 4º lugar no Brasil. Segundo um dos sócios do Aos Democratas, Leandro Teixeira, desde quan-

do o bar foi aberto, em 2003, o objetivo era ter a excelência em chope. “No começo, a expectativa era vender mil litros de chope por mês e, no primeiro mês, vendemos 400 litros, no segundo 600 litros, e no quarto mês já atingimos o objetivo”, lembra Teixeira. E não pararam mais. Depois de algumas reformas e ampliações, o bar que tinha capacidade de atender 30 pessoas, hoje comporta mil clientes e chega a comercializar 40 mil litros de chope por mês em picos de vendas.


“Somos o maior vendedor em volume e temos o melhor chope em qualidade. A ideia sempre foi ser referência. A gente tem em todos os bares da casa balcões refrigerados, temos uma câmera fria para 150 barris e somos o único bar que tem o passador de chope”, afirma Teixeira, explicando alguns diferenciais do estabelecimento.

Versão curitibana A bebida também tem uma versão curitibana há quase dez anos. Em 2002, o cirurgião dentista José Antonio Mario Neto decidiu diversificar suas atividades e montou a microcervejaria Bier Hoff. “No começo surgiu como um restaurante e o chope era produzido para o consumo. Hoje, é uma rede. Temos uma fábrica separada, que abastece os restaurantes”, lembra Valdecir Scopel, um dos sócios da marca e também cirurgião dentista.

O colarinho é essencial para manter o aroma, a temperatura e o sabor do chope

Qualidade A fabricação da bebida segue um processo cuidadoso e lento. De acordo com Scopel, cada chope tem seu tempo certo de processo, mas para obter uma boa bebida é preciso de, no mínimo, 20 dias. “O chope é produzido basicamente por um cereal, que normalmente é o mate de cevada, lúpulo, que vai dar o amargor e características aromáticas, a água e o fermento. O fermento são leveduras que consomem o açúcar do cereal e produzem o chope”, detalha o produtor. A fórmula parece simples, mas são os detalhes que determinam o sabor. “A combinação desses elementos que dão os diferentes tipos”, diz. Fotos: Roberto Dziura Jr.

“Hoje, a gente tá produzindo na faixa de 10 a 15 mil litros por mês. O chope representa 99%. Começamos a engarrafar recentemente. Agora, estamos começando a entrar no mercado da cerveja”, afirma Scopel. A Bier Hoff fabrica quatro tipos de chope: o Premium (estilo lager filtrado), o Original (estilo lager não filtrado), o Weizen (de trigo) e o Nigra (lager escuro, tipo dunkel).

“No começo surgiu como um restaurante e o chope era produzido para o consumo. Hoje, é uma rede”, diz Scopel

“Somos o maior vendedor em volume e temos o melhor chope, em qualidade”, afirma Leandro Teixeira

Além da fabricação, outros fatores interferem na qualidade do chope, como a refrigeração e, principalmente, o manejo no momento de servi-lo. A temperatura de consumo da bebida é de 0º a 2º. “O líquido é o mesmo, vai para todo mundo igual, mas cada um tira o chope diferente”, garante Leandro Teixeira. “O ideal é tirar com dois ou três dedos de colarinho, bem cremoso, que vai manter o aroma, a temperatura e o sabor do chope. Esse que é o segredo. E uma boa lavagem do copo. Quando você vê chope com bolhas na borda do copo, ou é sujeira (gordura) ou é resíduo de detergente. E isso influencia também no sabor do produto”, afirma. Tanto Teixeira, quanto Scopel alegam que o colarinho, muitas vezes, alvo de críticas, é essencial para a qualidade da bebida. “O colarinho é importante, ele mantém a temperatura e também o CO2 [gás carbônico] dentro do chope”, garante Scopel. “Quanto mais colarinho tiver, melhor pro chope. Se o líquido entrar em contato com o oxigênio, ele oxida em 30, 40 segundos. O colarinho bem tirado tem de ser cremoso. O segredo é deixar as bolhas menores possíveis. Tanto que você encher um copo só de creme, essas bolinhas vão virando líquido” explica o dono do Aos Democratas. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 49


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esporte

A esgrimista Christine Brotos, nasceu no Paraná, treina na França e defende o Brasil no Pan

Sede de medalhas no Pan Centenas de atletas brasileiros estão em Guadalajara, este mês, em busca do Título Panamericano; pouco mais de 20 paranaenses merecem uma torcida especial Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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espeitável público: prepare-se que a “Festa das Américas” vai começar! Entre os dias 13 e 30 de outubro, muitos atletas paranaenses vão disputar os Jogos Pan-americanos/2011, realizados em Guadalajara (México). De acordo com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), embarcou para essa disputa uma delegação formada por 800 pessoas, sendo 500 atletas e 300 oficiais. “O Pan-americano é um tubo de ensaio, exatamente para preparar e afinar para as Olim-

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píadas e levar o que há de melhor”, observa Bernard Rajzman, chefe da missão brasileira no México. De origem paranaense rumo ao México são pouco mais de 20 atletas, alguns conhecidos pelo grande público como Emanuel Scheffer, natural de Curitiba (PR), do vôlei de areia; Natália Flavignia, maringaense, representante do taekwondo e outros ainda não tão conhecidos, mas que buscam uma medalha ao sol nestes jogos e travam uma luta fora das competições por mais reconhecimento do esporte olímpico no Brasil. A disputa será quente, pois além do título de campeão das Américas tão almejado, estará em jogo 100 vagas para as Olimpíadas de Londres (Inglaterra), evento que será realizado em agosto do ano que vem. “Durante o Pan, nossa meta será a obtenção do maior número possível de vagas para

os Jogos Olímpicos Londres/2012. Temos que estar focados neste objetivo”, ressalta o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, em evento destinado aos chefes de equipes, que ocorreu em setembro no Rio.

Pré-olímpico As modalidades que têm o Pan como pré-olímpico são: triatlo, saltos ornamentais, nado sincronizado, pólo aquático, tênis, tênis de mesa, canoagem, tiro esportivo e handebol. Por isso, o paranaense Leonardo Bertolini, capitão da seleção brasileira de handebol, está com o gás total para essa competição em Guadalajara. Apesar de Leonardo Bertolini ter tido um início de ano com lesões no joelho esquerdo, agora o esportista disse estar bem recuperado e vai com tudo para cima dos adversários nos Jogos Pan-americanos, em Guadalajara/2011.


Do Paraná, pouco mais de 20 atletas vão brigar por uma medalha nos Jogos Pan-americanos / 2012 “[O time] tá bem. É um grupo bem mesclado, alguns atletas mais experientes, que já participaram de várias competições e têm alguns novos, que estão com muita vontade e vêm com a energia que a ‘molecada’ sempre tem. Estamos com treinos muito bons, a parte física também está muito boa. Acho que a equipe vai chegar bem preparada”, conclui o líder do time.

Roberto Dziura Jr.

A meta é conquistar a medalha de ouro e, de quebra, uma vaga para Londres. Segundo Bertolini, o Brasil tem chances. A equipe vem de uma fase de treinos fortes e amistosos importantes. Um dos principais adversários para o time brasileiro é “o Chile, que vem crescendo bastante e pode incomodar”. Mas a briga pelo primeiro lugar e a garantia para a classificação das Olimpíadas deve ficar mesmo entre o Brasil e “los hermanos”, o time da Argentina. Além de Bertoloni também fazem parte do time de paranaenses os jogadores Gustavo Nakamura Cardoso,

Pan-americanos Conheça a história desses Jogos Os primeiros Jogos Pan-americanos foram realizados em Buenos Aires (Argentina), em 1951. No dia 25 de fevereiro de 1951, com 2,5 mil atletas de 22 países entrou em cena o primeiro Pan. Após essa data, o evento foi realizado em 15 países, incluindo o Brasil (em São Paulo/1963 e Rio de Janeiro/2007). O último Pan foi na “cidade maravilhosa” com um recorde de medalhistas brasileiros. O Brasil subiu ao pódio 157 vezes, sendo 52 de ouro (um aumento de 79% em relação à última edição dos Jogos), 40 de prata e 65 de bronze, segundo informações do COB. Números do Pan-americano em Guadalajara/2011:

São 42 países que participam da competição;

Mais de 5,5 mil atletas;

Disputam 40 modalidades olímpicas;

Doping: serão feitos 1.326 exames de urina durante a competição;

Cobrem o evento cerca de 100 jornalistas de 25 veículos.

Renato Tupan Ruy e Henrique Selicani Teixeira. Na seleção brasileira de handebol feminino, Mayara Fier de Moura também deve representar o Paraná no Pan.

Outras medalhas paranaenses Outro expoente do esporte paranaense que está confiante com uma medalha é a esgrimista Christine Lorenzon Botros. “Vou lutar muito por

uma medalha.” Motivos para acreditar, ela tem. Em julho deste ano, nos Estados Unidos, a esgrimista paranaense conquistou uma medalha inédita disputada contra a Venezuela. “Primeira vez que vencemos delas [...] Isso é uma prova de que a gente tem muita chance, as adversárias são as mesmas. Sem dúvida, Estados Unidos, Canadá e Venezuela [são as principais adversárias]”. Atualmente, ela mora na França, onde estuda e treina na categoria florete. Mas no esporte em que reveza combate e elegância, Christine continua a defender o Paraná, em competições nacionais e é convocada para defender as cores do Brasil em jogos internacionais, como o Pan.

Divulgação

Na seleção brasileira de esgrima, a paranaense Amanda Buenos Rodrigues também vai entrar na briga por uma medalha para o Brasil. Leonardo Bertolini, capitão da seleção brasileira de handebol, afirma que a disputa do ouro estará entre Brasil X Argentina

Quem também estará no palco do Pan é a destaque paranaense Natália Flavignia, do taekwondo. Com golpes certeiros em busca da recuperação nos últimos meses, a atleta se define como preparada para a disputa em Guadalajara, neste mês. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 53


esporte

Preparação para Londres / 2012 Depois desta competição em outubro, a corrida começa pela preparação e busca por vagas para os Jogos Olímpicos, em Londres, no ano que vem. Veja como alguns atletas paranaenses estão analisando essa preparação com vistas em 2012:

‘‘

Por enquanto as atletas garantidas são da Coréia, França e Rússia [...] Ainda tenho que trabalhar para classificar, então, meu foco ainda está na conquista da vaga. Tenho que pensar em um passo de cada vez.”

(Natália Flavignia - Taekwondo)

‘‘ ‘‘

O que define mesmo é minha preparação no início do ano. Eu tenho que manter meu alto nível para poder ir.”

(Gregolry Panizo - Ciclismo)

Deve ser o mesmo modelo que está tendo este ano para o Panamericano, com os atletas dedicados exclusivamente para a seleção.”

(Leonardo Bertolini - Handebol)

Bernard Rajzman, chefe da missão brasileira no México, está confiante com a apresentação do Brasil

BSergio Huoliver / COB

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Será sua volta ao tatame, depois de se recuperar de uma lesão séria no joelho, que teve recentemente. Para voltar à forma física, Natália treinou nos Estados Unidos, no último mês. “Estou muito feliz por estar de volta aos treinamentos, à rotina de atleta e fazendo aquilo que mais amo na vida.” Mas suas pretensões quanto ao Pan são bem realistas. “Estou treinando bem, me sentindo confortável fisicamente, apesar de não estar no pico de performance durante essa competição [...] minha pretensão sempre é lutar o melhor que posso e colocar na competição tudo aquilo que fiz durante os treinamentos”, avalia Natália. Daqui a pouco mais de um mês, a atleta também vai passar por uma prova de fogo ao participar da seletiva continental que vale vaga para os Jogos Olímpicos de Londres.

Escalação brasileira Segundo escalação divulgada pelo COB, até o fechamento desta edição, além destes atletas, fazem parte do elenco paranaense: Júlio Cesar Miranda de Oliveira e Sheila Ferreira, que vão representar o Paraná pelo atletismo no Pan, assim como Marizete Scheer nos defenderá pelo boliche; Roberto Maheler, Bruna Chicato Ribeiro Gama e Ana Paula Vergutz, na canoagem. Na ginástica rítmica, saem do Paraná as atletas Angelica Kvieczynski e Débora Falda. Na natação, vai competir Diogo Yabe e, na vela, é o paranaense Bruno Fontes que vai defender o Brasil pela categoria laser standard. No futebol feminino, Renata Costa, natural do município de Assaí (PR), disputa a competição das Américas. O Pan-americano é uma das últimas competições do ano. Por isso, essa é a reta final da temporada 2011 para muitos atletas brasileiros. É o caso do ciclista paranaense Gregolry Panizo, natural de Tupassi (PR). O atleta está numa boa fase este ano, já conquistou

Ralff Santos / Divulgação - Fluminense

Além do Pan

A estrela do Paraná no taekwondo, Natália Flavignia, volta de uma fase de recuperação para brigar por um título no Pan

uma vaga nas Olimpíadas/2012 para o Brasil, que certamente será sua para disputar os Jogos Olímpicos. Para se preparar para o Pan, o ciclista da modalidade estrada treinou em média 140, 200 km por dia. Um ritmo pesado, mas que não desanima o atleta, que tem sede de vitórias. “Gostei de competir, queria ganhar”, relembra Panizo no início da carreira e garante ter o mesmo ânimo atualmente. As principais potências que vão disputar contra o Brasil no quadro de medalhas geral são as tradicionais delegações dos Estados Unidos, Canadá, México e Cuba. E o espetáculo está garantido. Segundo Bernard, o Pan no México tem tudo para ser um grande evento. Ele ressalta que os mexicanos já desenvolveram a expertise deste tipo de evento, tendo em seu currículo a realização da Copa do Mundo de futebol, Jogos Olímpicos e outra edição dos Jogos Pan-americanos. Por isso, “acredito que serão grandes jogos”. Muitas seleções brasileiras fizeram aclimatação, uma espécie de ensaio e adaptação para o evento esportivo em San Luis Potosi, cidade que fica a 350 km de distância de Guadalajara, no Centro Esportivo La Loma, numa altitude de 1.900m do nível do mar.


As principais potências contra o Brasil são os Estados Unidos, Canadá, México e Cuba

Os atletas aprovaram o local e vão com 100% de motivação para trazer muitas medalhas para o Brasil.

Faltam investimentos

Todos os esportistas entrevistados pela MÊS afirmaram preocupação em relação aos investimentos no esporte brasileiro, depois do Pan. “Nesse tempo todo que estou na seleção, acredito que melhorou bastante em termos de estrutura [...] Mas o esporte profissional não se faz sem dinheiro, isso é óbvio. A principal questão para você atrair um patrocinador é a visibilidade do produto dele. Acho que a mídia falta um pouco para o nosso esporte [handebol]. É um esporte que muita gente gosta, mas ainda está um pouco longe da televisão aberta. Pra gente atrair os investidores, sem essa questão da mídia fica muito difícil”, analisa Bertolini. Christine Brotos e Gregolry Panizo também se queixam da falta de apoio na vida de atleta fora dos palcos do Pan e das Olimpíadas. Apesar de serem esportistas de alto rendimento, bancam do próprio bolso, com ajuda da família, grande parte dos custos de preparação e outras competições. “O que eles [empresas] querem é atleta formado e não pode ser assim. Atleta tem de ser investido e não pegar um atleta já formado. Para um atleta igual a mim, chegar a ir a uma Olimpíada já foi um milagre, é um sacrifício muito grande. Aí você chega lá, já está com um desgaste tão grande do corpo que ir à outra Olimpíada, você tem que ter uma estrutura e essa estrutura demora para vir. Quando vem [o investimen-

Ana Paula Vergutz (Canoagem) defende o Paraná e vaga olímpica para o Brasil Divulgação

No entanto, os holofotes – que os esportistas ganham quando ocorre esse tipo de competição – se apagam quando o espetáculo acaba. Falta apoio financeiro de empresas, visibilidade na mídia e mudança cultural do brasileiro em dar valor aos esportistas também em outros momentos do ciclo olímpico.

to] acaba, às vezes, sendo tarde”, desabafa Panizo. Essa também é uma crítica do experiente jogador de vôlei, o paranaense Giba, que comenta sobre outra face dessa preocupação dos atletas. A maioria dos brasileiros acredita que o vice-campeonato ou o terceiro lugar não tem valor, comportamento que não ocorre em outros países. Nesse

tipo de reação do torcedor é que mora grande parte do desinteresse das empresas em patrocinar atletas que ainda não foram medalhistas. “As empresas visam o lucro e não visam o futuro”. (Veja mais em 5 perguntas para Giba) Por isso, além de torcer pelos paranaenses neste Pan-americano/2011 é preciso apoiar os esportistas em suas modalidades em outras épocas. Assumir o patriotismo em outras ocasiões, torcer por seus representantes fora do brilhantismo desta festa. Promover novos ídolos do esporte, mesmo depois de cerrarem as cortinas deste espetáculo. Agora, o que se espera é que os paranaenses e todos os brasileiros tenham um gran finale en la “tierra de campeones”, como está sendo chamada Guadalajara. Que os campeões desta edição do Pan sejam os nossos atletas!

Rio 2016 Como serão os Jogos Olímpicos no Brasil? Daqui a cinco anos, o Rio de Janeiro (RJ) será palco dos Jogos Olímpicos, maior evento poliesportivo do mundo. Muitas serão as obras e recursos destinados para a realização deste grande espetáculo de espírito olímpico. Os atletas, um dos maiores preocupados com a boa apresentação do evento no Brasil, já pensam sobre o assunto. “Espero que cheguemos em 2016 com a parte estrutural pronta, com esclarecimentos dos torcedores de como assistir, torcer e respeitar todos os atletas (não só os brasileiros) e as particularidades de cada modalidade. E que tenhamos atletas com chances reais de conseguir grandes feitos, pois temos uma Olimpíada, em casa, e devemos tirar proveito disso”, comenta a paranaense Natália Flavignia. Para Gregolry Panizo, do ciclismo, “para o Brasil chegar, em 2016, em alto nível, já está tarde o investimento, já devia ter começo a investir faz tempo em relação a atletas. Porque, nós já estamos entrando nas Olimpíadas/2012, e depois só mais quatros anos. Quatro anos para transformar um atleta brasileiro em alto nível mundial, é pouco. Isso vai anos. Mas tem como ter uma melhora”. Também pensa no futuro, o paranaense e capitão da seleção brasileira de handebol, Leonardo Bertolini. “O Brasil tem uma capacidade muito grande de organizar grandes eventos. O que a gente fica preocupado é sempre a questão do uso do dinheiro público [...] O principal objetivo deveria deixar um legado, um trabalho feito para que a gente pudesse utilizar toda a estrutura, utilizar o que ficará da questão esportiva, social, cultural para que outras pessoas, após o evento, pudessem desenvolver o esporte, com crianças e atletas no processo de profissionalização”. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 55


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5 perguntas para: Gilberto Amauri Godoy Filho

Colecionador de Ouros O paranaense é “o cara” do vôlei brasileiro. Já foi eleito o melhor jogador do mundo. Viveu uma fase dourada no esporte por duas décadas. Mas é chegada a hora de parar. Giba anuncia sua aposentadoria para os 35 anos. O momento final em quadras será nos Jogos Olímpicos de Londres/2012. Mas o futuro fica para depois. Hoje, o esportista está focado na Copa do Mundo, que vale vaga para essas Olimpíadas. Por isso, não vai para os Jogos Pan-americanos no México. Veja a entrevista exclusiva para a Revista MÊS Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Olimpíadas 2012, momento decisivo para sua carreira. É hora de deixar as quadras? Giba - Exatamente. Eu estou tentando pensar campeonato a campeonato. Não estou pensando lá na frente. Não estou pensando em parar, estou pensando em fazer um passo de cada vez. Não sei o que vai acontecer. Então, é melhor não pensar. É melhor curtir cada momento, cada dia. E não pensar nisso. Fazer o que eu fiz a minha vida inteira, me dedicar em cada campeonato não pensando no próximo. Olhando para trás, como avalia sua carreira como atleta? Giba - Só consigo ver o lado positivo da coisa. Acho que vinte anos entre categoria de base e a categoria principal é um balanço praticamente só positivo. Durante quatro anos tendo um aprendizado muito grande e depois dez anos sendo vitorioso. Acho

Apelido: Giba Posição: ponta Peso e altura: 85 kg - 1,92m Data de Nascimento: 23/12/76 Natural: Londrina (PR) Time atual: Cimed/Sky (SC) Principais títulos: Medalha de ouro nas Olimpíadas de Atenas/2004, medalha de prata em Pequim/2008, três vezes ouro em Campeonatos Mundiais, duas vezes ouro em Copas do Mundo, ouro/prata/bronze em Jogos Pan-americanos e oito vezes campeão na Liga Mundial de Vôlei. que disciplina é a principal coisa, mas com certeza, eu diria abençoado, eu sou bastante abençoado por ter esse físico e não ter me machucado e ter toda essa carreira forte. Com lesões, lógico, que acontecem, até porque o organismo, a gente vive no extremo o tempo inteiro. Já fora das quadras, como imagina ser as Olimpíadas do Rio? Giba - O COB com certeza vai fazer muito bem. Até porque a gente já viu a apresentação, já viu várias coisas a respeito das Olimpíadas, a respeito da organização. A única coisa que me preocupa, realmente, é a parte que detém os políticos. Os políticos que têm o poder de tomar as decisões, aeroportos, transportes, cuidados, enfim, essa parte da invasão de favelas. É um perigo. É uma bomba relógio. A qualquer hora pode estourar. Para o Brasil fazer bonito nas Olimpíadas/2016, é preciso ter bons atletas. Você acha que o Brasil incentiva de forma suficiente a formação? Giba - Falta bastante, principalmente, pelas empresas. No Brasil, não existe

a cultura da formação, principalmente, a formação de atletas. As empresas visam o lucro e não visam o futuro. Acho que o que mais me surpreendeu não é pelo fato de eu estar jogando na Cimed/Sky [time atual], há três anos com eles, mas o incentivo que eles dão para atletas, incentivo que eles dão para projetos novos de formação de atletas. Acredito que tem muitas empresas, muita coisa para se fazer e esse dinheiro acaba sendo desperdiçado e não colocado de modo correto. Por que isso ocorre? Giba - Entra sempre na parte política do negócio. Ninguém pensa no futuro, pensam só no bolso, na hora, e não quer saber o que vai acontecer. Isso é uma coisa que realmente me preocupa, principalmente, por ter essa cultura. A primeira coisa é que o brasileiro tem uma mentalidade de que ou você é campeão ou não é nada. É uma mentalidade completamente errada. Não tem a cultura do vice-campeonato. Então, ou você é um perdedor ou você é um campeão. É preciso você criar alguma coisa de que você não vai tá ganhando o tempo inteiro. Ídolo não pode ser só quem tem títulos novos. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 57


cultura&lazer

Em busca de novos leitores A Capital paranaense tem recebido diversas ações voltadas à literatura com o objetivo de formar mais leitores

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

A Semana Literária do Sesc é um desses eventos. No mês de setembro, os leitores tiveram a oportunidade de se aproximar mais de alguns autores, além de comprar livros. De acordo com gerente de Cultura do Sesc/PR, Deborah Belotti, o objetivo das feiras de livros sempre foi o de aproximar a literatura da comunidade. “Desde 2005, a gente vem ampliando o processo de aproximação do escritor e do leitor. A gente tem proporcionado bate-papos, conferências com escritores, por meio de um grande seminário que acontece toda semana durante a feira”, afirma.

Novos leitores Essa busca por mais leitores foi o que levou também a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) a trazer autores para conversar e debater com seus leitores. O ambiente não poderia ser mais propício: o auditório da própria Biblioteca. Em meio aos livros, autores e leitores puderam discutir ainda mais 58 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

Roberto Dziura Jr.

o longo de 2011, Curitiba (PR) foi palco de diversas ações de incentivo à leitura. São bienais, feiras, workshops, debates e muitos eventos voltados à literatura. Mas não é qualquer tipo de leitura. O foco da maioria dessas ações é atrair mais leitores de romances.

Programa livro popular Com o objetivo de sensibilizar a cadeia do livro para o barateamento do produto, o Ministério da Cultura, por meio da Fundação da Biblioteca Nacional, lançou no final de agosto, o Programa do Livro Popular. O programa é um conjunto de ações para “promover o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas no Brasil”, explica o coordenador do Programa, Tuchaua Rodrigues. “É a busca de um círculo virtuoso, em que preços mais baixos

geram leitura, que gera aumento do número de leitores, que gera aumento das tiragens, que gera preços mais baixos”, explica Rodrigues. De acordo com o coordenador, a participação dos leitores pode acontecer nas bibliotecas e no incentivo às livrarias de disponibilizarem livros com valores populares. Também segundo ele, serão realizados todos os esforços “para que o Livro Popular esteja disponível em todas as livrarias do Brasil”.


“É a busca de um círculo virtuoso, que gera preços mais baixos”, diz Tuchaua Rodrigues O vagão será transformado em uma biblioteca para as crianças

sobre as obras e sobre os temas da atualidade no projeto chamado “Um Escrito na Biblioteca”.

“A ideia de todo o evento literário [...] é que eles façam parte de um sistema literário, que é uma coisa muito maior e que isso ajude de alguma maneira [...] nesse processo de formação do leitor”, salienta Pereira.

Livrarias Para o sócio da Livraria e Editora Arte e Letra, Thiago Tizzot, na era da internet, há um problema de formação de novos leitores, pois as pessoas estão lendo mais – mas não livros. “A gente não consegue passar esses leitores para os livros”. Tizzot avalia que as ações voltadas para a literatura incentivam os novos leitores, mas, segundo ele, ainda é preciso movimentar um pouco mais as pessoas em torno do livro. “Está começando ainda devagar, mas a gente está no caminho certo”. O melhor caminho para começar a ler um livro é cada leitor que escolhe. As opções estão em diversos espaços da cidade, desde a Biblioteca até as mais diversas feiras e livrarias. “A leitura faz ao homem completo; a conversa, ágil, e o escrever, preciso”, como disse certa vez o pensador Francis Bacon. E o gosto vem do hábito, dizem os especialistas.

Nos trilhos da leitura E não apenas os adultos estão ganhando ações para o incentivo à leitura, em Curitiba. Os pequenos também terão mais espaços para ler, brincar e se divertir no mundo das estórias. Um novo espaço que será inaugurado na cidade será o Vagão da Leitura, que teve inspiração no Bondinho da Rua XV. “Surgiu a ideia de transformar o nosso vagão também num ponto de acesso à leitura”, relata a coordenadora de marketing da Serra Verde Express, Stely Andrade, empresa responsável por operar os trens de passageiros no Estado.

O vagão será reformado e, em janeiro, abrigará um espaço de cultura e lazer na cidade. O local também vai contar a história da ferrovia Curitiba-Paranaguá para as crianças a partir de 5 anos de idade. “A gente sempre buscou fazer alguma coisa que chamasse a população para perto, até para que, com isso, as pessoas conhecessem a história da ferrovia”, comenta Stely. O Vagão será aberto ao público no início de 2012. O local ainda deve ser definido. Fotos: Roberto Dziura Jr.

De acordo com o diretor da BPP, Rogério Pereira, outros projetos são desenvolvidos, como as oficinas literárias, que tem atraído, a cada novo escritor, mais interessados em participar. Além das oficinas e dos encontros, a Biblioteca ainda tem contação de estórias, oficina de poesias, peças de teatro e cinema.

Para Tizzot, na atualidade, há um problema de formação de novos leitores

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cultura&lazer

24 Horas de opções Após quatro anos fechado, antigo ponto turístico de Curitiba, deverá ser reaberto no próximo dia 26; nova Rua 24 Horas pretende ser mais uma opção de lazer Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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m local conhecido dos curitibanos, e de muitos turistas, deve reabrir as portas no dia 26 de outubro, segundo informações da Urbanização de Curitiba (URBS). A famosa Rua 24 Horas, que liga as ruas Visconde de Nácar e Visconde do Rio Branco, está prestes a voltar a ser ponto de encontro para curitibanos e turistas. Após quatro anos fechada, a Prefeitura de Curitiba apostou em uma parceria público-privada para retomar as atividades da Rua. Ao município coube a reforma do local. O investimento foi de R$ 4,1 milhões para a administração municipal. Após a reforma, uma licitação foi feita e a M. Camargo foi a empresa vencedora, com contrato de 10 anos para administrar o local. “Coube a concessionária executar a divulgação, prospecção de lojistas, segurança. Estamos investindo cerca de R$ 60 mil em um sistema moderno de câmeras. A empresa está investindo na parte mobiliária da rua e também na segurança”, explica Marcos Camargo, proprietário da administradora.

Atrações Roberto Dziura Jr.

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Até o fechamento desta edição, ainda não havia sido divulgada a lista de


Jucélia Camargo é uma das empresárias que está apostando no sucesso da nova Rua 24 Horas

Rua é um ponto de referência que não para nunca. Mas prefiro sentir o movimento depois de inaugurada”, diz.

lojas que serão encontradas na nova Rua 24 Horas, mas o leque de serviços oferecidos deverá ser grande. O público poderá encontrar no local farmácia, loja de conveniência e de presentes, lavanderia, atendimento bancário, serviços dos Correios, além de uma praça de alimentação com pizzaria, sanduicheria, restaurante japonês, entre outros. “Uma praça de alimentação com o padrão dos melhores shoppings de Curitiba”, garante Camargo.

Expectativa Esse é o caso da comerciante Jucélia Vieira Camargo, dona da lavanderia Vanilla Sky, no Centro de Curitiba. A empresária está montando uma nova loja da marca na Rua 24 Horas. Apesar de não ter obrigação de funcionar o tempo todo, ela pretende analisar o movimento, e caso observe uma demanda, irá abrir 24 horas por dia. “A

A Prefeitura de Curitiba investiu R$ 4,1 milhões na reforma da nova Rua 24 Horas

Mesmo com essa falta de obrigação, Camargo diz acreditar que quando a Rua estiver em funcionamento, muitos comerciantes se interessarão pelo horário integral. “Nós vamos criar vários fatos, especialmente, eventos culturais e educativos para que a rua tenha público também na madrugada”, afirma.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Mas, apesar do conceito da Rua ser de funcionamento em todos os momentos do dia, nem todas as lojas terão o compromisso de abrir por 24 horas. Apenas as lojas da entrada da Rua Visconde de Nácar, terão essa obrigação contratual. As demais precisam funcionar, no mínimo, das 9h às 19h, todos os dias da semana, incluindo domingos e feriados.

Assim que viu a faixa de locação de lojas na nova Rua 24 Horas, Jucélia se interessou logo de cara e procurou a administradora. “Como é um ponto turístico e tem 13 hotéis na região percebi que seria bom”, conta a empresária que disse ter visitado a antiga Rua apenas uma vez. Segundo ela, os turistas ainda têm um encantamento muito grande pelo local, mas os curitibanos ficam receosos, pois conviveram mais de perto com a má fase da Rua, que ficou abandonada e virou ponto de drogas e prostituição.

Mudanças Apesar das lembranças negativas, todos os envolvidos estão motivados e acreditam que a nova Rua 24 Horas não abrirá espaço para atitudes ilegais. “Como a administração é privada o cuidado será bem maior”, espera Jucélia. Marcos Camargo garante que o local contará com toda segurança possível. “Contratamos uma empresa para efetuar a segurança da rua, com pessoas capacitadas para dar segurança ao pessoal, para que o turista e a família curitibana possam voltar.” Segundo a URBS, setor municipal responsável pela Rua 24 Horas, foram feitas entre outras obras, a troca de cobertura, pisos, sistema elétrico e hidráulico e novo cabeamento. Mais dois acessos foram criados para a entrada no local, somando quatro acessos. As características arquitetônicas e históricas da Rua foram mantidas, como os arcos e o relógio. Para Pedro Rosso, gestor da área de Equipamentos Urbanos da URBS, essa revitalização da Rua é muito importante, pois é um símbolo de Curitiba. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 61


moda&beleza

As “gatinhas” estão de volta Modelo da década de 50 ganha releitura na moda eyewear; as armações vêm bicolores e com misturas de materiais Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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Lançamento

forte tendência para este verão são as armações em formato de gatinha, uma referência aos anos 50, que se apresenta com armações maiores, mais leves e coloridas. As cores seguem os tons bicolores, como preto e branco, vermelho e roxo. Misturas de materiais como metal e plástico também estão com tudo.

Nova loja e-commerce de óculos

Por dentro, o conforto visual sob o sol; por fora, um acessório que

Em breve, mais informações no endereço: www.oculosprime.com.br.

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No próximo mês, a novidade fica por conta do lançamento da loja virtual de óculos do paranaense Vinícius Correa Oliveira. Serão comercializadas 13 grifes. “Já compramos cerca de mil peças”. A aposta na internet se deu pelo grande espaço de comercialização que a mídia possui. “A internet está em crescimento. Queremos aproveitar o nicho”. Realmente, a modalidade de comércio tem crescido bastante no País. Segundo levantamento da empresa Ebit, em média, esse tipo de negócio cresce 35% ao ano. Em 2010, o mercado tem a previsão de movimentar R$ 20 bilhões.


Fotos: Roberto Dziura Jr.

O material em voga é o acetato de celulose, que leva madeira e algodão em sua fabricação confere glamour e sofisticação ao look. Há algum tempo, os óculos de sol tornaram-se artigo essencial da moda contemporânea.

Giles Deacon

O estilo aviador, as lentes espelhadas e as armações grandes também continuam em alta. As cores do tradicional e muito vendido modelo “tartaruga”, que leva o marrom e o preto, continuam fortes. Os modelos em rosa, lilás, roxo, fendi, amarelos e misturas com vermelho também vêm com tudo. Mas nem só de “design” vivem os óculos de sol. As novidades também vêm no conforto dos materiais. Depois que os óculos ganharam o gosto popular, a tecnologia nos materiais tomou novos rumos. O material em voga é o acetato de celulose, que leva madeira e algodão em sua fabricação. Mais leves, estes óculos se acomodam perfeitamente ao rosto. Segundo Eric Gozlan, consultor óptico e proprietário de uma boutique de óculos em Curitiba, outro ponto a ser observado é a qualidade das lentes, pois “99% das pessoas não sabem que podem enxergar mais”. Por isso, investimentos em pesquisa para desenvolver lentes mais confortáveis para os olhos têm sido o foco de muitos fabricantes. As novidades são as lentes polarizadas, que não refletem brilhos, gerando maior conforto visual. Além do que ditam as últimas tendências, os modelos variam e os materiais também. Podem ser coloridos, com armação grande, pequena com aplicações inusitadas ou discretas. “Não tem regras. Prevalece mais a vontade e particularidade [de cada um]. Quem é mais ligado à moda, tem estilo, evita se prender a regras estéPara Eliane Pires Bordenoski, os óculos são peças essenciais na hora de compor o visual

Eric Gozlan avalia que a grande maioria das pessoas não sabe que pode enxergar melhor

ticas. A gente pode orientar, mas não prender”, afirma o francês Gozlan.

óculos muito baratos. Eles podem não atingir a proteção solar indicada.

A escolha

Duas marcas referências mundiais são a Oliver People (Estados Unidos) e Mykita (Alemanha), a última possui modelos do estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch. Ambas são marcas exclusivas de óculos e ditam as tendências mundiais na moda eyewear.

Na hora de comprar seus óculos, o consultor Eric Gozlan dá algumas dicas. Primeiro é preciso definir se há grau ou não na lente. Depois, verificar o apoio do nariz. “Oitenta por cento do peso dos óculos é no nariz”, atesta Gozlan. Também não pode apertar as têmporas (que fica nas laterais do rosto). O preço varia conforme a marca e a tecnologia empregada na fabricação do material, mas fique atento para

Gosto não se discute Para Eliane Pires Bordenoski (56), psicóloga organizacional, os óculos são peças essenciais na hora de compor o visual. Ela tem vários óculos de sol. A paixão é antiga, tanto que, quando amigos e parentes viajam, costumam trazer óculos de presente para ela. Assim, sua coleção tem exemplares do Uruguai, Estados Unidos, Alemanha entre outros lugares. Para escolher o que usar ela segue seu estado de espírito do momento. “Acho que tem a ver com o humor. Porque a roupa da gente, a gente coloca de acordo com o humor. Naturalmente, você combina [o óculos] com a roupa, mas é o que tem mais a ver com o humor”. De estilo ousado e descontraído, ela confessa que prefere as armações mais em tom de marrom e em formato redondo pequeno. “Tenho maiores e menores, mas eu prefiro menor, é que tem mais a minha cara”. REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011 | 63


livros do mês

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br Colaborou Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Infantil

Design

Autora: Mariza Núñez ilustrações: Helga Bansch Editora Positivo

Autores: Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande Editora VJ

Chocolate

“Um Olhar Sobre Arquitetura, Design de Interiores e Curitiba”

O livro trata de conflitos muito comuns nessa fase da vida, mistura entre ilusão e realidade, desejos, amizade e a importância da experiência. Valores humanos também são abordados nessa história que traz como personagem principal uma simpática hipopótama. Ela se chama Chocolate e tenta ser discreta em meio à cidade grande, como se isso fosse possível. Sua aventura nessa selva de pedras é inusitada e bem divertida. Ideal para presentear a garotada neste Mês em que se comemora o Dia das Crianças.

O livro “Um Olhar Sobre Arquitetura, Design de Interiores e Curitiba”, dos autores Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande – sócios de um escritório de arquitetura e design na capital – traz uma seleção de trabalhos assinados por eles. Imagens produzidas em cenários dos cartões postais de Curitiba também fazem parte da publicação. A homenagem à cidade resgata o respeito que a dupla de arquitetos tem pelo lugar que oportunizou tantos trabalhos. A obra traz referências de pontos turísticos da cidade e mostra as curvas da Capital paranaense.

Romance/ Aventura

Profissional Negócios Liderança

Autora: Eduarda Kiame Editora Íthala

Autora: Elaine Beich Editora Campus-Elsevier

Elfos Urbanos – A Escolha

Manual de Liderança da ASTD

Um romance/aventura que se passa em Curitiba. Essa é a proposta do livro Elfos Urbanos – A Escolha, o primeiro da série A Escolha, da autora Eduarda Kiame, de apenas 15 anos. Por sua óbvia proximidade com o público jovem, a história traz elementos presentes no dia a dia de qualquer adolescente. A personagem principal Anna Maria Bittencourt, tem 14 anos, e é uma menina que nunca se encaixou em nenhum lugar. Mesmo sendo diferente, filha de um pai humano e uma mãe elfa, o que a torna meio-elfo, Anna não leva uma vida muito diferente das meninas da sua idade, com muitos desafios, dificuldades e dúvidas.

Apresentando ideias e facetas de liderança de 48 líderes e autoridades, respeitados mundialmente por seu desempenho, o livro Manual de Liderança da ASTD (American Society for Training & Development, maior associação profissional dedicada ao treinamento e ao desenvolvimento de profissionais), escrito por Elaine Beich, chega ao Brasil, fazendo um apanhado substancial e prático de sabedoria, filosofias e ferramentas sobre como se tornar um líder de sucesso. A obra aborda aspectos críticos como competências, desenvolvimento, atributos e desafios dos líderes de sucesso, além de debates sobre liderança.

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álbuns do mês

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br Iris Alessi - iris@revistames.com.br

MPB Samba

Autor: Maria Rita Warner

Autor: Mariana Aydar Universal Music

Elo O novo disco de estúdio de Maria Rita traz para seus fãs canções inéditas e também canções do seu show que percorre o Brasil e o exterior. O novo trabalho conta com músicas como “Conceição dos Coqueiros” (Lula Queiroga) e “Santana” (Junio Barreto) e ainda sons não cantados em público, nascidos de encontros musicais inesperados pela cantora. O primeiro single do novo CD “Pra Matar meu Coração” (Pedro Baby/Daniel Jobim) está tocando nas rádios desde agosto. O 4º álbum da cantora é uma forma para agradar a receptividade dos fãs em seu show, muitos não esperavam pelo lançamento já que Maria Rita fez uma gravação rápida e discreta. Agora é só apreciar a surpresa preparada por ela.

Cavaleiro selvagem aqui te sigo Em seu recém-lançado álbum, a paulista Mariana Aydar faz uma homenagem ao artista consagrado Dominguinhos. A mistura musical é evidente: dos sons nordestinos até os afrodescendentes, alguns tons do rock, ao som de “guitarras psicodélicas”. Sua voz é doce e “suingada”. Além de intérprete, a moça também compõe. No álbum “Cavaleiro selvagem aqui te sigo”, são quatro músicas de sua autoria, dentre outras canções de sucesso, o álbum apresenta: “Vai vadiar”, de Zeca Pagodinho, “Nine out of ten” (Caetano Veloso) e “Galope Rasante” (Zé Ramalho).

Rock Autor: Red Hot Chili Peppers Warner Bros

MPB Autor: Zé Ramalho Discobertas

I’m WithYou O novo clipe da banda californiana Red Hot Chili Peppers chamou a atenção do público. Não só com o lançamento do novo álbum “I’m With You”, mas com a gravação do vídeo da nova música de trabalho “The Adventures of Rain Dance Maggie”. Quem passava pelas ruas de Venice Beach (Califórnia-EUA) pôde curtir o som dos caras sem aviso prévio. A correria foi geral para ver os integrantes da banda no alto de um prédio. A aventura musical deu o que falar e a canção mostrou uma batida empolgante, como de costume. A banda fez show no Brasil no mês de setembro, em São Paulo e no Rio. http://redhotchilipeppers.com/

Zé Ramalho Canta Beatles Os grandes sucessos do quarteto londrino Beatles estão na voz de um dos mais importantes cantores da música brasileira. Depois de interpretar Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Bob Dylan, agora o músico empresta sua voz às obras dos Beatles. As canções ganharam um sotaque brasileiro e um ritmo genuinamente Zé Ramalho. Dentre elas estão: “While my guitar gently weeps”, “Your mother should know”. A capa do disco também foi inspirada nos meninos de Liverpool.

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Divulgação

opinião

José Lucio Glomb,

advogado, é presidente da OAB Paraná

Você precisa de mais vereadores?

N

ão passa despercebido o desgaste que sofre o Poder Legislativo. Acuado sob diversas acusações, sobre ele pesam a falta de atitudes positivas em defesa do Estado e das boas práticas em sua atividade. O processo ocorre em todos os níveis. Os episódios de mau uso do dinheiro público repetem-se, sempre destinados a manter as benesses de determinados grupos. Servem, por exemplo, à manutenção de ministérios, sob o pretexto da governabilidade.

Muitos consideraram que a Emenda permitia o aumento automático e vinculante das vagas nas Câmaras Municipais, entendimento de todo modo equivocado. A Emenda 58 estabelece limite máximo, que não precisa ser necessariamente atingido. Mas embora não exista a obrigação de criar novas vagas, vemos um movimento intenso para aumentar a composição das câmaras municipais. A medida implicará em despesas desnecessárias aos municípios, justamente quando nossas prioridades são outras, entre as quais aplicações em saúde e educação, ambas de caráter fundamental.

Temos a oportunidade de resolver este problema a cada eleição, mas não aprendemos. Voltam os mesmos, com pouca renovação, amparados pelo sistema eleitoral, que precisa ser urgentemente revisto. Mas como A medida implicará em despesas revê-lo se quem faz as leis são os desnecessárias aos municípios, próprios interessados?

justamente quando nossas prioridades são outras

São eles que se mostram menos operosos, todavia, quando estão em debate grandes temas. Ou mesmo quando não se dispõem a contrariar diretrizes do Executivo.

A omissão faz com que o Supremo Tribunal Federal se veja na exigência de atuar. Assim foi no caso das células-tronco, da união homoafetiva e do aviso prévio. O Legislativo, ao legislar sob pressão da sociedade no caso da lei dos “fichas-limpas”, deixou entraves só solucionados pela ação do Judiciário. Quando surge alguém disposto a apresentar proposta de redução do número de parlamentares, logo é fulminado com a pecha de oportunista. Já quando se trata de aumentar o número dos que compõem o Legislativo, seus próprios integrantes são generosos. Analisemos o aumento do número de vereadores. Há interesse notório dos parlamentares, para alimentar sua base eleitoral. Em 2009, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional 58/2009. Os senadores e deputados sérios e responsáveis não constituíram empecilho para a aprovação. 66 | REVISTA MÊS | OUTUBRO DE 2011

Nos municípios em que o limite permitido pela Emenda 58 ainda não foi atingido, qualquer alteração dependerá de mudança na respectiva Lei Orgânica, observado o devido processo legislativo.

A pressa em mudá-la está relacionada à exigência constitucional da anterioridade, já que o acréscimo só terá validade para as eleições de 2012 se a lei entrar em vigor um ano antes do início do processo eleitoral. Mas pouco importa quando o aumento das cadeiras irá vigorar. As consequências serão desastrosas para o cidadão, que mais uma vez verá a utilização ruinosa de dinheiro público. Como se a quantidade de novos vereadores fosse salutar para a democracia. Sabemos que importa mais a qualidade do que a quantidade da nossa representação. A melhoria da atividade parlamentar não depende do número de representantes. Proporcionalmente, o Brasil é um dos países com o maior número de parlamentares, inclusive vereadores, o que não tem assegurado a boa qualificação dos componentes. É preciso que façamos nossa parte, exercendo pressão contrária para mostrar que se todo poder emana do povo, nossos representantes devem ter a percepção e a sensibilidade de satisfazer o desejo popular.


Bruno Mafra

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma. Participe enviando sua imagem em alta qualidade para o e-mail: leitor@revistames.com.br

Pelo cais, a entrada para as belezas da Ilha do Mel, no Litoral do Paraná. Ao redor, a proteção é das águas

FOTOGRAMA


SAC CAIXA: 0800 726 0101(informações, reclamações, sugestões e elogios) Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800 726 2492 Ouvidoria: 0800 725 7474

caixa.gov.br

m

achado de Assis, dono da caderneta de poupança de

número 14304, foi o maior escritor brasileiro de todos os tempos, além de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Sua história com a CAIXA teve vários capítulos, tanto em sua obra quanto em sua vida. Além disso, Machado de Assis citou a CAIXA em seu próprio testamento.

dor M

mbarga

Rua Dese

uritiba /

81 / C otta, 29

-1303

41 3323


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