No Brasil, 7,2% dos óbitos são consequências da bebida
Educação:
Entenda por que o sexo também é assunto pedagógico e deve ser tratado na escola
Futebol:
Veja como o Coritiba e o Atlético se preparam para o Brasileirão
SinalVermelho:
Curitiba precisa buscar soluções para um dos trânsitos que mais mata no Brasil
circulação GRATUITA
IMPRESSO
O álcool mata
PODE SER ABERTO PELA ECT
Editora Mês Ano 1 - nº 4 Maio de 2011
entrevista Helena Rizzo
Aos 33 anos de idade, a chef Helena Rizzo, do restaurante “Maní” (SP), pode dizer com certeza que encontrou seu caminho. Nem sempre foi assim. De uma família de arquitetos e engenheiros, Helena decidiu cursar Arquitetura, mas a falta de paixão pelo curso fez com que ela trancasse a faculdade e se mudasse para São Paulo (SP) para seguir a carreira de modelo. Nesta época, também percebeu que a modelagem não era sua vocação e decidiu se dedicar à gastronomia. Depois de alguns estágios na capital paulista e de comandar o “Na Mata Café”, seguiu para Europa em busca de mais conhecimento. Na Espanha, trabalhou com chefs renomados, como os irmãos Joan Roca, Jordi e o Josep do El Celler de Can Roca, e ainda conheceu seu marido, o espanhol Daniel Redondo, com quem divide a cozinha atualmente. Toda essa experiência e iniciativa fizeram com que em 2009 ela fosse a primeira mulher a receber o prêmio Chef do Ano – Comer & Beber, da Revista Veja-SP. No ano seguinte, Helena também ganhou o prêmio de Chef do Futuro, da Academia Internacional de Gastronomia, em Paris. Além disso, seu restaurante 4 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Roberto Dziura Jr.
“A cozinha tem a ver com a nossa vida, as coisas que a gente gosta e as experiências que teve”
(Maní) foi eleito duas vezes o Melhor Contemporâneo de São Paulo e o Melhor Restaurante do Ano, pela Revista Prazeres da Mesa. Em abril, os curitibanos tiveram a oportunidade de conhecer o que a “gaúcha tem” e provar um pouquinho do portfólio da chef. Helena veio à capital paranaense participar do evento Gastronomix, que faz parte do Festival de Curitiba. Quase que como na primeira vez na cidade (tinha vindo à capital uma única vez quando criança e de passagem para o Rio de Janeiro) Helena conversou com a Revista MÊS e falou sobre sua infância, carreira e planos para o futuro, que lógico, incluem as panelas.
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Como foi sua infância em Porto Alegre? Helena Rizzo (HR) - Foi ótima. Eu tenho muitos primos. Éramos uma criançada que brincava muito, sempre em meio à natureza. Quando você descobriu que gostava de cozinhar? HR - Acho que foi na infância. Tanto de comer, como de cozinhar. De gostar de restaurantes, de querer experimentar coisas novas e também de começar a ajudar a mãe a fazer coisas na cozinha. Então você estava presente sempre na cozinha da mãe, da avó? HR - Mais da minha mãe. Ela nem é muito cozinheira, mas fazia biscoitinhos para dar de presente de Natal e eu já ajudava e gostava. Quando adolescente, por que você decidiu fazer faculdade de Arquitetura? HR - Na minha família meu pai é engenheiro-arquiteto, meu avô é arquiteto,
Como foi a decisão de sair da faculdade e começar a modelar? HR - Na verdade, quando eu comecei a faculdade eu já fazia alguns trabalhos de modelo. Como eu não tava muito feliz com a faculdade surgiu uma oportunidade, um convite para eu ir trabalhar como modelo em São Paulo. Resolvi trancar a faculdade e ir. Por que abandonou a carreira de modelo? HR - Não foi nada abandonado. Aconteceu meio que ao natural. Quando fui para São Paulo trabalhar como modelo, também fui buscar estágio em restaurantes e comecei a trabalhar com gastronomia lá aos pouquinhos, fazendo jantares na casa de amigos. Daí fui gostando mais disso e fui deixando a modelagem de lado e indo mais para essa área. Como foi a experiência de trabalhar as duas atividades juntas que eram completamente diferentes? HR - A modelagem não era uma vocação, era mais um ganha-pão. E cozinha já era uma coisa mais vocacional, que eu gostava. Me complementava, na verdade. Não deixava um vazio de fazer uma coisa que você, não que não goste, mas que não te preenche. Quais os restaurantes que trabalhou em São Paulo? HR - Trabalhei no Roanne com Emmanuel Bassoleil, no Gero. Trabalhei um tempo com a Neka Camila Barreto e no Botânica também. Em 1999, você abriu, com mais dois sócios, o “Na Mata Café”, correto? Na época você tinha apenas 21 anos, como foi essa experiência? HR - Foi na verdade o primeiro restaurante que eu entrei como chef. Eu era muito nova e foi muito bom para aprender, [não] tinha a ideia de nada. Acho que eu aprendi muito com quem já trabalhava lá, com cozinheiros que estão até hoje, que estão há trinta anos e valeu como experiência.
Com quem você trabalhava lá? HR - Eu digo o pessoal da cozinha. Porque já tinha. Era um restaurante, o “Na Mata”. Antes era outro restaurante e daí já tinha uma equipe formada. Mesmo já tendo se estabelecido no Brasil, dois anos depois, você decidiu deixar o país para ir à Europa. Nessa sua estada na Itália e na Espanha, você chegou a estudar, ou apenas trabalhou? HR - Estudar não. Não fiz curso. O que eu fazia era estágio e trabalho. Eu estagiava quando podia estagiar e eu trabalhava quando precisava trabalhar, mas sempre com o intuito de aprender. Então você desenvolveu todo o teu conhecimento na prática? HR - Na prática.
Com apenas 33 anos de idade, a chef Helena Rizzo já iniciou faculdade de Arquitetura, foi modelo, morou na Europa e hoje comanda o restaurante Maní
Nos três anos e meio que ficou fora, quais foram suas principais experiências profissionais? HR - Trabalhei num restaurante em Milão que era um duas estrelas Michelin, que na época foi muito rico porque era uma cozinha muito organizada. O chef acordava às cinco da manhã, ia ao mercado, comprava peixe. Trabalhei muito com peixe nesse restaurante. Então foi uma super experiência. E na Espanha com o Joan Roca, com o Jordi e com o Josep do El Celler de Can Roca, que é um três estrelas Michelin, que foi a melhor experiência que eu tive na cozinha. Por qual motivo você decidiu voltar ao Brasil? HR - Voltei porque queria fazer uma coisa minha. Sempre tive, eu acho que desde que comecei, essa coisa de fazer assim eu [mesma], meio do meu jeito. Eu tava trabalhando, fiquei anos lá – três anos – na Espanha trabalhando muito e surgiu essa oportunidade de a gente estar abrindo o Maní em São Paulo. Voltei por causa disso. O Maní foi um convite da Fernanda Lima que é sua amiga. Como foi este convite?
Roberto Dziura Jr.
meu outro avô é engenheiro, então eu tive uma infância muito nesse meio também de visitar obras, ver casas e apreciar isso. Como eu não sabia muito o quê eu queria fazer, eu acabei indo para Arquitetura.
HR - Eu e a Fernanda [Lima] somos amigas há muitos anos desde a época que eu fui morar em São Paulo. Na verdade, não foi nenhum convite formal, a gente sempre sonhou um pouco com isso, essa coisa de fazer um dia alguma coisa juntas. A Fernanda foi para a Espanha quando eu estava morando lá: “Ah, Helena, quando tu vai voltar? A gente podia abrir alguma coisa.” Mas não foi um convite. Na verdade, a ideia não era necessariamente abrir um restaurante, mas vocês sempre pensaram em fazer alguma coisa juntas que acabou sendo o restaurante... HR - Isso. Quando veio, depois da experiência que eu tive e o momento que ela tava bem para fazer. Mas o Pedro [Paulo Diniz], a Giovana [Baggio] quando a gente se juntou a gente resolveu que era isso. A comida do Maní é em sua maioria orgânica e saudável. Como você define o estilo dos pratos servidos por vocês? HR - Desde o início procura comprar o máximo de produtos orgânicos que a gente conheça, desde que sejam bons gastronomicamente falando. Porque tem produtos orgânicos que não são bons. Na verdade, REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 5
a gente busca o melhor produto, de qualidade. Bom, limpo e justo, mas que seja gostoso também, que seja um bom produto. A nossa cozinha tem a ver com a nossa vida, com as coisas que a gente gosta e com as experiências que a gente teve. Tanto eu, como o Dani, que é meu marido e chef de cozinha junto comigo.
Roberto Dziura Jr.
entrevista Helena Rizzo
Quais são os principais ingredientes utilizados?
E como é a convivência pessoal? O que vocês costumam fazer fora do expediente?
HR - Eu acho que cada vez mais a gente procura olhar para o solo da gente, enfim, ver o que a gente tem de produto bacana no Brasil e bater o martelo em cima deles para conseguir mais facilmente, com maior qualidade. Acho que as coisas daqui mesmo, que é o mais bacana, o mais diferente.
HR - A gente tem uma vida normal de casal. Gosta de ficar em casa, gosta de sair para jantar. A gente é bem caseirinho também. A gente curte viajar, curte sair para jantar, mas não é que a gente está sempre na rua. Para muitas pessoas o ato de cozinhar é visto como um hobby. E para você?
Tem aquela busca por agradar o paladar brasileiro também? HR - Eu acho que é fácil [agradar], porque o brasileiro tem essa abertura, porque tem múltiplas raízes também.
Durante o Gastronomix a chef Helena Rizzo preparava a receita “O Ovo”, com coquinhos caramelados, sorvete de gemas e espuma de coco
Qual é o prato que mais gosta de fazer quando recebe os amigos em casa?
Tem mais algum prêmio que você tenha conquistado.
HR - Eu recebo muito pouco em casa porque recebo mais os amigos no restaurante. Mas em casa preparo muito omelete, massa eu adoro fazer, porque é rapidinho e eu sou italianinha.
HR - O Maní foi eleito duas vezes o Melhor Contemporâneo de São Paulo. Ano passado nós ganhamos um prêmio da [Revista] Prazeres da Mesa também de Melhor Restaurante do Ano. E tem um que nós ganhamos recentemente, mas eu não posso falar ainda porque não foi divulgado. [risos]
Mas o seu prato preferido não são esses, não é? HR - O meu prato preferido? Ah, eu adoro churrasco. Eu acho que eu não conseguiria comer churrasco sempre, mas eu uma vez por semana comeria fácil. Em 2009, você foi a primeira mulher a receber o prêmio Chef do Ano – Comer & Beber da Revista Veja-SP. E em 2010, você recebeu o prêmio de Chef do Futuro, da Academia Internacional de Gastronomia, em Paris. Como foi receber esses reconhecimentos? HR - É um reconhecimento. São status. As pessoas seguiam um pouco por isso, por esses méritos, essas premiações. É claro que eu fico feliz, fico contente, mas procuro focar a minha satisfação pessoal no meu dia-a-dia. Aquela coisa do dia-a-dia da cozinha mesmo. Sacar a satisfação disso e tentar agradar e proporcionar bons momentos para as pessoas que vão ao restaurante. Eu acho que esse é o foco. 8 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
ele tem que ir para a Espanha, posso estar no Maní. Ou, às vezes, a gente está muito cansado, um quer descansar, uma noite que o outro trabalha um descansa. Então é bacana, é bom. É bom trabalhar com uma pessoa que tu confia, teu marido, que tu admira, acredita e tu tens essa facilidade, porque é um trabalho muito puxado. Então é agradável. É bom.
Você se considera uma das chefs de maior importância no Brasil? HR - Ah, gente, eu não sei. Vejo que tem muita procura, demanda. Tenho recebido muitos convites para participar de eventos, festivais e jantares. Mas acho que tem tanta gente tão boa, que acho muito forte falar que eu sou uma das chefs mais importantes. Acho que tem muita gente boa mesmo. Como é dividir a cozinha com o seu marido, Daniel Redondo. Como é essa convivência profissional? HR - Então, hoje é bacana. É boa, porque a gente aprendeu ao longo destes cinco anos de restaurante, que nós, trabalhando 24 horas por dia juntos, não dava certo. Hoje o que a gente faz, a gente aproveita que nós somos dois, que eu posso vir para cá pro Gastronomix e fazer um evento que eu sei que ele está lá. E vice-versa. Se
HR - Para mim é a paixão e é a profissão também. É o meu trabalho, o meu ganha-pão, mas tem muita paixão, muita dedicação no que eu faço. É a primeira vez que você participa do Gastronomix? Costuma participar de festivais como este? HR - Foi o primeiro que participei. Acho bacana porque é um evento aberto, acessível, e acho bacana essa coisa das pessoas poderem experimentar as comidas. Comerem de verdade, não só ouvir, não só assistir uma aula. Achei muito legal. O que você conhece e o que acha da gastronomia paranaense? HR - Eu conheço muito pouco na verdade. Eu passei [por Curitiba] quando era criança numas férias que nós fomos de carro até o Rio de Janeiro. De Porto Alegre para o Rio de Janeiro. Então não posso falar muito. Quais são seus planos futuros? HR - Ah, meu plano pro futuro é continuar cozinhando e cada vez tentando aprimorar mais o meu trabalho, me aperfeiçoar mais, ser melhor chef de cozinha, não no sentido de ser a melhor, mas no sentido de ser melhor pessoa. Tem alguma coisa que você gostaria de aprender ainda? HR - Ah, muitas. Isso é infinito. Sempre tem. [risos]
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REQUINTE Francisco Rocha, 1809 Rua Recife, 34 Champagnat / Curitiba Cabral / Curitiba
PRESTINARIA BABILÔNIA Rua Euclides da Cunha, 699 Al. Dom Pedro II, 541 Bigorrilho / Curitiba REVISTA MÊSBatel / Curitiba | MAIO DE 2011 | 9
sumário
4
ENTREVISTA
12
MIRANTE
22
COLUNA
23
Mensagens dos leitores
27
5 perguntas para: João Rezende
64
LIVROS
65
ÁLBUNS
66
OPINIÃO
67
FOTOGRAMA
Roberto Dziura Jr.
Editora Mês Ano I – nº 4 Maio de 2011
POLÍTICA 18 Os radares na mira da sociedade 20 A ótica paranaense sobre a Reforma Política
CIDADES 24 O congestionado vai e vem de Curitiba
TECNOLOGIA 28 Triple play da Copel chega aos curitibanos
MATÉRIA DE CAPA 14
Do social ao trágico TURISMO 44 Nos trilhos da Serra do Mar
EDUCAÇÃO
CULINÁRIA E GASTRONOMIA
30 Vamos falar de sexo?
48 Requinte para poucas mesas e muitos talheres
SAÚDE
MEIO AMBIENTE
32 Em busca do bem-estar
50 Projeto bem iluminado
ECONOMIA
ESPORTE
34 Um olho no posto e outro no combustível
AGRICULTURA 36 Parem as máquinas! 38 A “volta por cima” do milho
52 O ringue cheio de sonhos 54 Na disputa pelo Brasileiro
PROPAGANDA E MARKETING 56 Master e Capim Limão juntas pelo Banco do Brasil
CULTURA E LAZER
INTERNACIONAL
58 Arte e História para apreciar
40 A consolidação do Brics
MODA E BELEZA
COMPORTAMENTO 42 A vontade coletiva de comprar 10 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
60 Vaidade também é coisa de homem
AUTOMÓVEL 62 Peugeot 3008: Fila de espera de dois meses
editorial
Fuja dos vícios S
omos fruto de uma sociedade cheia de vícios, hipocrisias e hábitos presos ao passado. Viemos de uma época em que ter era valorizado. De uma cultura em que o vício de drogas lícitas era tido como socialmente bem aceito. De um tempo em que a vaidade masculina, era coisa de outro mundo. Período que virou banal a corrupção em diferentes esferas e o respeito ao meio ambiente aparecia só em uma frase clichê e vazia. Será que, realmente, precisamos acreditar que “os vícios de outrora são os costumes de hoje”, como dizia o filósofo Sêneca? A resposta é não. O presente sempre é o momento de começar essa transformação. Precisamos reprogramar esses conceitos sociais, perceber a necessidade da mudança de pensamento, para sair do “lugar comum”, ressurgir-se, inovar, sair da zona de conforto para gerar novas ideias, ações e comportamentos positivos e pró-ativos. Momento em que será possível a construção de uma sociedade longe dessas amarras viciadas. E para gerar as mudanças necessárias, é preciso debater sobre as feridas atuais. Por isso, esta edição traz a você um retrato do vício do álcool e suas consequências. Tragédias pessoais e coletivas. A publicação trata também do efeito do consumismo e suas vertentes, como o fenômeno dos sites de compras coletivas, reflexo dessa herança social do “ter”.
Vamos falar, ainda, sobre a democratização da vaidade masculina, do crime organizado que atuava no Estado, trabalhando com preços viciados e predatórios nos postos de combustíveis. Também a edição comenta sobre os escândalos dos radares em Curitiba e do que a população acha da pretensa reforma política. Precisamos de menos comodismo e mais transformação. Para mudar, é preciso começar pelas pequenas atitudes diárias, assim como trabalhar pelas grandes obras. É necessário que a população cobre das autoridades o rigor no respeito ao meio ambiente e que essa mesma sociedade dê o exemplo: não jogando lixo nas ruas, racionando o uso do carro e optando por ações mais sustentáveis na hora de projetar sua casa, fazendo um bom uso da iluminação, por exemplo. Não adianta apontar o dedo para o lado, se o vício também está em você. A mudança do país só ocorrerá, de fato, quando o indivíduo olhar para si e perceber que a transformação começa por ele, lutando contra os velhos vícios e os legados culturais malditos. Abra sua mente. Boa leitura!
expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Rua Comendador Araújo, 565, Centro – Curitiba (PR) – Fone / Fax: 41 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815 / PR); Repórteres: Mariane Maio, Iris Alessi e Roberto Dziura Jr.; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Departamento comercial: Sandro Alves – comercial@revistames.com.br – Fone: 41 3223-5648; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Wallace Nunes, Eduardo Bentivoglio, Ivan Marcos e Allan Marcelo de Campos REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 11
mirante
Palacianos que afastam
Reforma política em Curitiba
O ministro das Comunicações Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann (PT) realizaram uma visita ao governador Beto Richa (PSDB) no início de abril. Os petistas colocaram-se à disposição do governo tucano na busca por recursos federais para investimentos no Paraná. Paulo Bernardo, que foi ministro do Planejamento do governo Lula por cinco anos, conhece como poucos os caminhos para a liberação de verbas federais.
Entre aliados e opositores há uma avaliação de que alguns “meninos” que cercam o governador Beto Richa (PSDB) mais atrapalham do que ajudam. Sem querer citar nomes, políticos têm dito há uma entourage que dificulta o diálogo e a aproximação com o governador e que isso poderá ter reflexos diretos na gestão e nos apoios ao governo e alianças futuras. Sugerindo que o governador assuma para si algumas conversas, chamam os meninos de “xiitas de plumas”.
As audiências públicas sobre reforma política que a Câmara dos Deputados promete realizar por todo o Brasil chegam ao Paraná no dia 27/05. A informação é do deputado Almeida Lima (PMDB/SE) que preside a Comissão Especial da Reforma Política. Na pauta, o fim das coligações proporcionais, o voto distrital em lista fechada, e o finaciamento público. O deputado espera que o relatório final seja aprovado na Comissão até junho. Agência Senado
Encontro republicano
Osmar Dias no BB A chegada do ex-senador, Osmar Dias (PDT), à vice-presidência de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil teve uma ajudinha de outros paranaenses que participam do governo Dilma. Osmar teria ido à São Paulo pedir o apoio de Lula. O ex-presidente – que conhece como poucos a política em Brasília – ligou para esses paranaenses, com quem nutre laços de amizades, para pedir que também apoiassem o pleito do pedetista. O movimento do ex-senador fez com que reconquistasse o espaço, que havia perdido para o ex-governador Pessutti, após ter recusado o convite em uma primeira sondagem. Educadamente, Osmar já agradeceu aos apoios em Brasília.
O hermético
Os internautas ao clicarem em www.esmaelmorais.com.br se deparam com uma tela preta com um comunicado do editor informando porque não vemos ali notícias e fotos. É que desde o dia 07 de abril – até o fechamento desta edição – os leitores dos blogs paranaenses estão tendo de conviver com a censura ao blogueiro. A pedido do governador Beto Richa, o Juiz Austregésilo Trevisan determinou que o site ficasse fora do ar. Esta situação não é novidade. Durante a campanha, o blogueiro também sofreu sanções a pedido do então candidato do PSDB.
A Coluna não tem a responsabilidade de pensar no marketing do ex-deputado Gustavo Fruet (ainda PSDB), mas não tem como deixar de perceber. Ele perde muito tempo com um discurso hermético dirigido aos seus correligionários tucanos, aos dirigentes de outros partidos ou a seus ex-colegas de Congresso. Ele perde espaços importantes para se comunicar com os eleitores. Um grande exemplo foi sua entrevista recente aos ouvintes da 91 Rock.
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Ficou tudo preto
Campanha
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EnioVerri 50 anos
12 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Mais de duas mil pessoas prestigiaram o aniversário do deputado Enio Verri (PT) no final do mês de março no CTG de Maringá. O ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann (PT) também estiveram presentes. O assunto mais falado era a candidatura do deputado petista à prefeitura da Cidade Canção.
Bate Pronto “Tomei a decisão de intervir no sistema de trânsito de Curitiba, rescindir o contrato e tornar a fiscalização 100% pública.” Roberto Dziura Jr.
Luciano Ducci (PSB), prefeito de Curitiba
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“A Consilux continua operando, inclusive fazendo os reparos. O sistema continua da mesma maneira, sem qualquer alteração,” Tadeu Veneri (PT), deputado estadual
Aécio Neves, a bebida, o trânsito e o decoro
Paraná apresenta as piores cidades para pedestres
É da nossa conta que o senador e ex-governador Aécio Neves (PSDB/MG) tenha sido parado em blitz no Rio de Janeiro – flagrantemente alcoolizado (se negou a fazer o teste do bafômetro) e com carteira de motorista vencida? Sim é. Ele é um senador da República, um possível candidato à Presidência da República, expoente de um importante partido político brasileiro e tem de ser o exemplo. É claro que o senador feriu o decoro parlamentar e por isso deve receber alguma punição. Ou sera que isso só vale para nós pobres mortais?
Quando o assunto é falta de segurança dos pedestres, o Paraná é destaque. Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, é a cidade mais violenta do Brasil. Em 2008, foram 16 mortes de pedestres, o que significa 53,7 óbitos para cada 100 mil habitantes. São dados do Mapa da Violência, elaborado pelo Instituto Sangari, em cidades acima de 25 mil habitantes. Outras seis cidades paranaenses também estão entre as 50 primeiras: Campo Mourão, Ponta Grossa, Campo Largo, Francisco Beltrão, União da Vitória e Maringá.
REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 13
matéria de capa
Do social ao trágico
O álcool mata 4% da população mundial todos os anos por problemas de saúde ou acidentes de trânsito; no Brasil, esse número sobe para 7,2% Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
“
Se você quer beber o problema é seu. Se você quer parar o problema é nosso”. Esses são os dizeres da placa na porta de entrada de um dos grupos dos Alcoólicos Anônimos (AA), em Curitiba. Certamente servem como convite, mas no fundo trazem uma afirmação equivocada. O ato de beber não só traz consequências para quem consome o álcool, como também para os familiares, amigos e até mesmo desconhecidos que cruzarem seu caminho. Segundo o estudo, Situação Global sobre Álcool e Saúde 2011, lançado recentemente, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a bebida provoca a morte de 2,5 milhões de pessoas por ano. Esse número representa quase 4% das mortes no mundo, matando mais que doenças, como a Aids, a tuberculose e violências ou guerras. Entre os jovens (15 a 29 anos), o número é ainda maior, chegando a matar 9%.
Entre as bebidas mais consumidas está a cerveja, 54% do total do consumo de álcool no País. Destilado, vem em seguida, com 40%, e vinho representa 5%. O estudo levou em conta pessoas acima de 15 anos. Dentro do Paraná a realidade também tem sido alarmante. Boletins da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que só no ano passado, 80% dos acidentes, em rodovias federais no Estado, foram causados por motoristas embriagados e envolveram outros veículos. No total, foram 1.064 acidentes, com 1.774 veículos envolvidos, 42 pessoas morreram, 196 ficaram gravemente feridas e 4.300 pessoas foram reprovadas no teste do bafômetro, sendo que dessas mais de duas mil foram presas. 14 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
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No Brasil, o consumo de álcool é ainda mais acentuado. Uma média entre homens e mulheres, mostra que os brasileiros consomem 24,4 litros de álcool por ano, sendo que a média mundial é de 6,1 litros. O álcool é responsável por 7,2% de todas as mortes no Brasil. Isso representa aproximadamente duas vezes mais que a média no mundo.
ACIDENTES
Realidade Dentre todos esses números, que para muitos não passam de estatísticas frias, estava Eduardo de Lima Maciel, de 10 anos de idade, filho do militar do Exército, Antônio Sérgio dos Santos Maciel, e da técnica de radiologia, Maura de Jesus de Lima Maciel. Em setembro de 2010, a família retornava do município de São Mateus do Sul (PR) pela BR 476, quando foi surpreendida por um veículo desgovernado na contramão.
Sabendo o nível de álcool no sangue, veja abaixo o aumento dos riscos de acidentes. até
0,2 dg/l não produz efeitos aparentes na maioria das pessoas
de
0,2 a 0,5 dg/l
ocorre sensação de sedação, reação mais lenta a estímulos visuais e sonoros, diminuição de julgamento para distâncias e velocidade. Aumenta em até 2 vezes o risco Fonte: Dr. Luiz Renato Carazzai
Dez minutos antes do acidente, essa foi a última vez que a mãe conversou com o garoto, perguntando se ele estava gostando do sorvete que ela havia lhe dado. “Acho que ele terminou com o picolé e deve ter dado uma cochilada. De repente, tinha um trevo e um carro desceu desesperado. Eu vi que aquele carro estava fora de controle. Foi tudo bem rápido. Não deu tempo de nada. [O carro] estava descendo na contramão, quando eu vi: a batida”, conta Maura. Uma fratura no pescoço fez do garoto uma vítima fatal.
Roberto Dziura Jr.
O álcool é responsável por 7,2% de todas as mortes no Brasil
No outro veículo, estavam cinco jovens que retornavam alcoolizados de uma festa em Antônio Olinto (PR). O motorista ainda estava em alta velocidade e dirigia sem carteira de habilitação. O pai da vítima, que recentemente teve acesso a depoimentos dos outros ocupantes do carro, afirma que até os amigos do motorista infrator estavam preocupados com a maneira que ele dirigia naquele dia.
Pais de Eduardo de Lima Maciel (10) mantêm quarto intacto mesmo depois de 6 meses da morte do filho “Diz que ele não respeitava faixa da contramão, lombada. O pessoal que estava com ele vinha gritando para diminuir a velocidade e ele dizia ‘eu sei o que estou fazendo’”, lembra Maciel dizendo que um deles ameaçou puxar o freio de mão, caso o motorista continuasse correndo, mas a batida aconteceu antes disso. Uma coincidência trágica: este jovem, que estava com medo da
MEDINDO A BEBEDEIRA O nível do álcool no sangue só pode ser comprovado por exame. Mas dependendo da quantidade de bebida ingerida e do peso da pessoa é possível saber o provável nível. Veja abaixo a tabela: Bebida Quantidade
45 kg
Peso da pessoa 63 kg 81 kg
99 kg
1 copo.......................................... 0,5 dg/l ...........0,4 dg/l ..........0,3 dg/l .........0,2 dg/l
Cerveja
2 copos........................................ 0,8 dg/l ...........0,6 dg/l ..........0,5 dg/l .........0,5 dg/l
3 copos........................................ 1,1 dg/l ...........0,9 dg/l ..........0,8 dg/l .........0,7 dg/l
1 cálice......................................... 0,4 dg/l ...........0,3 dg/l ..........0,2 dg/l .........0,2 dg/l
Vinho
2 cálices....................................... 0,6 dg/l ...........0,5 dg/l ..........0,4 dg/l .........0,3 dg/l
3 cálices....................................... 0,8 dg/l ...........0,6 dg/l ..........0,5 dg/l .........0,4 dg/l
½ dose (28ml).......................... 0,5 dg/l ...........0,4 dg/l ..........0,2 dg/l .........0,2 dg/l
Destilado
1 dose (56ml)............................ 0,7 dg/l ...........0,5 dg/l ..........0,4 dg/l .........0,3 dg/l
1 e ½ dose (84ml)..................0,9 dg/l ...........0,7 dg/l ..........0,6 dg/l .........0,5 dg/l
conduta irresponsável do motorista, também faleceu no acidente. O motorista não aceitou fazer o teste do bafômetro no momento do acidente, mas tanto o médico que atendeu todos após a batida, quanto o policial que estava no local deram declarações comprovando a visível embriaguez do rapaz. Apesar das evidências, ele não sofreu – até o momento – nenhuma punição por conta do crime cometido. Segundo Antônio Maciel, após o acidente o motorista que estava embriagado conseguiu tirar tranquilamente a carteira de motorista, circula livremente pela cidade e continua dirigindo embriagado. “Ele vive fazendo bagunça, andando de moto para lá e para cá”, conta. Já para a família do garoto e do jovem que perderam a vida no acidente, muita coisa mudou. Eduardo estava prestes a se formar na 4ª série do Ensino Fundamental e sonhava em ser goleiro de futebol. “Tem hora que a gente não acredita que ele não está mais aqui”, desabafa o pai. “A gente tenta viver, mas parece que está fingindo. A gente sai, mas tudo lembra ele. Às vezes, a gente vai a festas de família, porque tem de continuar vivendo. Mas por dentro você está lá com a dor”, desabafa a mãe. O garoto Eduardo é um dos milhões que perderam a vida em consequência do álcool.
Dg/l= decigramas por litro
de
de
0,5 a 0,9 dg/l diminui os reflexos e a coordenação motora. Aumenta em até 3 vezes o risco
de
0,9 a 1,5 dg/l diminui a coordenação motora e a concentração, produz alteração de comportamento. Aumenta em até 10 vezes o risco
1,5 a 3,0 dg/l produz intoxicação, confusão mental, descoordenação motora,visão dupla, desorientação. Aumenta em até 20 vezes o risco
5,0 dg/l
de
3,0 a 4,0 dg/l pode produzir inconsciência e coma
pode ocasionar a morte
REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 15
matéria de capa
Consequências Ainda de acordo com o psiquiatra, 82% da população faz uso de substâncias alcoólicas, mas a grande maioria bebe socialmente. “Destes 27 a 30% desenvolvem algum tipo de problema no decorrer da sua vida e 10% vai criar dependência ao álcool”, afirma. O primeiro contato da maioria das pessoas com a bebida é na adolescência, antes dos 15 anos. Ainda segundo o médico, no ano passado foram consumidos no Brasil mais de 1,5 milhão de litros de bebidas. As pessoas que se expõem, frequentemente, ao consumo de bebidas alcoólicas podem desenvolver várias doenças, como transtornos psiquiátricos – depressão e ansiedade –, doenças ligadas ao fígado, ao aparelho digestivo, cardiovascular e sistema nervoso. O médico garante que as consequências atingem o corpo todo. “Você tem em todos os órgãos o envolvimento. Porque, como o álcool se difunde por água, e nós temos 70% do nosso peso de água, vai se difundir em todos [os órgãos]. Boa parte delas [doenças] levam à morte ou produzem sequelas”, explica.
Dependência O morador de Curitiba Pedro (nome fictício), 29 anos de idade, recém-formado em uma faculdade da Capital, hoje, acredita que pode realizar seu sonho de infância: ser cientista. Mas há pouco tempo esse desejo parecia estar cada dia mais longe. Aos treze anos, ele já era viciado em álcool e outras drogas ilícitas. “Com quatro anos, experimentei cerveja, com oito pegava licor na xícara para tomar em casa. Aí com treze endoidei”, lembra. Para o rapaz, a curiosidade e a “vontade de ser muito louco”, fez com que ele experimentasse essas substâncias e perdesse, de fato, o controle. Pedro admite que dentro de casa sempre deu muito trabalho, mas sua situação piorou quando se mudou para uma cidade de Minas Gerais, para fazer faculdade. “Enquanto eu era usuário em casa, tinha uma rédea da família. Minha mãe me trancava dentro do quarto, do banheiro. Lá [Minas Gerais] não tinha isso. Fiquei completamente à mercê da minha dependência e doença. Não fui mais pra faculdade. Só ficava na rodoviária bebendo resto de pinga e na favela. Inventava um monte de desculpas e mentiras e minha mãe mandando R$ 300, R$ 400 contos”, conta. 16 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Os efeitos do álcool Cerca de um minuto e meio é o tempo que o álcool demora a chegar ao cérebro e já começa a fazer alterações na maneira de agir do indivíduo. Para chegar ao cérebro, boa parte da bebida ingerida é absorvida pelo estômago e o restante pelo intestino. “Na área cerebral, a primeira área a ser afeta é o lobo frontal, que é onde tem a crítica e a consciência. Com isso, ele tem a sensação de que está mais solto, alegre e descontraído. A partir do momento que a quantidade de álcool aumenta começa aparecer uma irritabilidade, agitação, agressividade e em uma fase mais intensa da intoxicação alcoólica faz um quadro mais depressivo. Por isso, a mudança de comportamento.”, explica o Luiz Renato Carazzai, psiquiatra e especialista em dependências químicas. Apesar de a chegada ser bastante rápida, a eliminação do álcool no corpo é muito lenta. É preciso de 6 a 8 horas para que o organismo elimine as substâncias naturalmente. “Não adianta tomar café forte ou amargo, leite, banho frio, dar caminhadas ou tomar um pouco de ar”, garante Carazzai, explicando que a desintoxicação só ocorre com a interrupção do uso e com o tempo. No máximo, o que pode ajudar é a ingestão de bastante água. Ao analisar a História, é possível verificar os fatores que influenciam as pesDepois de chegar ao fundo do poço, o jovem aceitou ajuda e se internou em uma clínica de reabilitação, onde permaneceu por cinco meses. Crente que estava “curado” e após quatro anos e 12 dias sem usar drogas, o então estudante teve uma recaída e ficou dez dias “mal”, até procurar ajuda profissional novamente. Desta vez, em 2007, a internação foi por dois meses. Desde então, há três anos e meio, Pedro não consome mais drogas e conseguiu completar sua graduação. Para que isso fosse possível, além da ajuda na clínica, ele procurou o grupo de Alcoólicos Anônimos e uma força espiritual. “Eu decidi, através do terceiro passo [do AA], entregar minha vida e minha vontade nas mãos de um Deus amoroso e cuidadoso. Eu quero trabalhar, estudar, constituir família, essas coisas simples, mas de acordo com a vontade Dele”, diz.
soas a consumir o álcool. São culturais, sociais ou familiares. O primeiro deles, os culturais, tem-se registro há bastante tempo. “Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6.000 a.C., sendo, portanto, um costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos”, afirma o médico. Mesmo não sendo hereditário, o consumo de álcool pode ser genético. Segundo Carazzai, a capacidade para desenvolver tolerância está ligada a esses fatores. “Filhos de alcoolistas apresentam uma chance quatro vezes maior de também desenvolverem a doença”, explica. Por último, vem a questão social. “Quando os indivíduos vão buscar o uso de uma substância dessas, o fazem fundamentalmente para ficarem diferentes do que são ou para ficarem iguais aos outros”, observa o médico. Se o contato com a bebida for uma experiência negativa, provavelmente a pessoa deixe de consumir a substância. Já se for prazeroso, fará com que a experiência seja repetida. O uso frequente e o desenvolvimento da tolerância ao álcool farão com que ocorram abusos e intoxicações que levem à dependência. “Podemos dizer então que a pessoa bebe por questões psicossociais e não consegue parar de beber por questões físicas”, diz o psiquiatra. Hoje, olhando para trás, Pedro consegue perceber que suas grandes perdas com o consumo do álcool não foram financeiras. “Eu não perdi muita coisa, porque não tinha construído nada. Comecei usar droga muito cedo. Mas a minha grande falência foi emocional e psicológica. Hoje estou em paz. Não estou mais vivendo aquela insanidade. Vivia uma loucura muito grande. Minha família está em paz, confia em mim. Vivo uma vida completamente diferente da que eu levava. Tenho mais autoestima, amor próprio, autoconfiança. Tô mais seguro de mim, esperançoso e tenho mais fé”, afirma.
Tratamento constante “Sou fulano, um alcoólatra em tratamento. Estou há 15 anos sem beber”. Esta é uma frase comum nos depoimentos dos participantes do AA. Apesar do tempo lon-
Roberto Dziura Jr.
Eu estou resolvido, convicto”, diz. Mesmo assim, dentro de casa ele evita qualquer tipo de “tentação”.
Fiscalização Por ser uma droga lícita e socialmente bem aceita, o álcool está presente na vida das pessoas em muitos momentos. “Ao analisarmos a história da humanidade, encontramos sempre a presença de algum tipo de bebida alcoólica, quer seja inserida no contexto social, econômico, medicinal, cultural, estético, climático e até mesmo militar”, descreve o médico. A facilidade em comprar, a falta de leis bem aplicadas e os incentivos de todas as partes para se consumir o álcool, fazem com que a bebida alcoólica seja encarada como natural e, muitas vezes, obrigatória para a inserção do indivíduo em um determinado grupo. Apesar de muitas pessoas conseguirem só beber socialmente, algumas vezes podem acabar se tornando “bebedores problemas”.
“[O] dependente ou bebe todas ou não bebe nenhuma. Não tem mais o controle de quantidade”, garante Dr. Luiz Renato
ge da bebida, todos admitem que evitar o primeiro gole é o principal passo, e terminam seus discursos agradecendo a mais 24 horas longe da bebida. “Dava o primeiro gole e vinha a compulsão. Eu só queria beber, esquecia da mulher, filhos e trabalho”, conta um participante antigo do AA. “Só o cheiro já me faz parar no bar. Se eu tomar uma colher, vou até não aguentar mais. Parei de estudar, porque ia para frente do colégio tomar ‘tubão’. Se eu beber, nem eu mesmo sei quem sou”, relata um jovem participante que acabara de ingressar no grupo. Esses relatos não são isolados. Pedro já passou por isso em sua recaída e, hoje, sabe que não pode se permitir a nenhuma quantidade de bebida. “É uma doença incurável. Passados quatro anos, eu podia ter tomado uma cerveja e ido embora para a casa. Mas eu tomei uma às 8h, 8h30, tomei a segunda às 9h, eu estava lá na Tiradentes, na Cracolân-
dia com R$ 150. Não tem acordo. Eu não posso tomar nada. Nem um gole”, garante o recém-formado. Para o Dr. Luiz Renato Carazzai, essa atitude é bastante comum. “Alguém que seja dependente ou ele bebe todas ou não bebe nenhuma. Ele não tem mais o controle de quantidade. Por isso, o objetivo é que procure a abstinência total. Se ele tenta beber controladamente, inicialmente, em alguns casos, consegue ingerir uma cerveja e parar. Na continuação do consumo, é uma questão de dias para ele voltar a perder o controle e já tomar todas”, afirma. Apesar de saber que não pode tomar nenhum gole de bebida alcoólica, hoje, Pedro afirma poder conviver eventualmente com pessoas que bebem. “Isso está bem resolvido dentro de mim. Eu não bebo e não uso drogas. Não tenho dificuldade nenhuma em estar em um evento social, que eu tenha de ir, e estar rolando uma bebida.
Para o médico Luiz Renato Carazzai, essas pessoas são aquelas que passam dos limites em alguns momentos esporádicos da vida, tendo consequências com o uso do álcool, como dores de cabeça e ressacas, ou até consequências para o organismo, em vários órgãos. Porém, para essas pessoas não se trata ainda de tornar o hábito uma dependência química. Hoje, para Pedro, o “álcool é a pior desgraça que existe na face da terra”. Segundo ele, o incentivo das propagandas e o acesso livre para se consumir essa droga lícita chega a ser loucura. “É uma doença, catalogada pela OMS, e a propaganda de TV tá falando para você beber. Como se tivesse falando para você transar sem camisinha. Vamos aí contrair uma doença que é legal”, ironiza o ex-dependente. Essa preocupação do Pedro é também da OMS, que apresentou apreensão com a situação brasileira e solicitou medidas rigorosas para os governantes, tratando o consumo do álcool, como política de saúde pública. Trabalhar na política de preços, mais rigor nas medidas contra a condução de veículos sob influência de álcool, comercialização para menores e permanente vigilância, são algumas das sugestões. Para a população, é preciso fazer sua parte, com responsabilidade e consciência para não tornar o beber social em trágico. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 17
política
Os radares na mira da sociedade Depois de um mês da denúncia sobre a máfia dos radares, muitas dúvidas sobre o contrato entre Urbs e Consilux continuam
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
esde 1998, o curitibano aprendeu a conviver com os radares que fazem a fiscalização eletrônica na cidade. Nunca os equipamentos foram unanimidade entre a população. O problema é que mais dúvidas sobre a utilização dos equipamentos vieram após denúncias do programa Fantástico, que mostrou que, em diversas cidades, inclusive Curitiba, havia uma “máfia dos radares”, possibilitando que alguns registros fossem apagados do sistema. A matéria exibida para todo o Brasil pelo programa da Rede Globo acabou fazendo com que o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, determinasse o rompimento do contrato com a Consilux, empresa que opera os equipamentos no município. Segundo a assessoria de imprensa da Urbs (Urbanização de Curitiba S/A) – autarquia responsável pelo assunto na Capital a decisão tomada por Ducci foi em “nome do interesse público”.
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Divulgação
Roberto Dziura Jr.
No entanto, até o fechamento desta edição, segundo o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), o contrato entre Prefeitura e Consilux não havia sido rompido. Veneri e os deputados estaduais Marcelo Rangel (PPS), Adelino Ribeiro (PSL) e Edson Praczyk (PRB) visitaram recentemente a Consilux com intuito de esclarecer vários questionamentos pendentes sobre o assunto. Os deputados fazem parte da Comissão de Obras Públicas, Transporte e Comunicação da Assembleia Legislativa. “Eu acho que houve certa precipitação da parte do prefeito quando ele declarou, já nos dias seguintes, que os radares estavam todos de posse da prefeitura. E, na prática, um mês depois [das denúncias do Fantástico], nós vimos que a Urbs não está operando o sistema”, afirmou o deputado do PT. Para o vereador de Curitiba, Algaci Tulio (PMDB), a reposta dada pelo prefeito de Curitiba foi num “rompante político”. Veneri: um mês depois das denúncias não é a Urbs que está operando o sistema de radares
Fotos: Roberto Dziura Jr.
CPI da Câmara que investigaria radares obteve apenas seis assinaturas, das 13 necessárias
Investigações Além das investigações que têm sido realizadas pela Comissão de Obras Públicas, Transporte e Comunicação, para apurar possíveis irregularidades no contrato da capital paranaense, a Câmara dos Vereadores da Capital teve um esboço de reação. O vereador do PMDB propôs à Casa a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). No entanto, só conseguiu seis assinaturas – Noemia Rocha (PMDB), Professora Josete (PT), Jonny Stica (PT), Pedro Paulo (PT), Paulo Salamuni (PV), além do próprio Algaci Tulio. Para conseguir instalar uma CPI na Câmara Municipal seriam necessárias 13 assinaturas. A CPI pretendia também investigar os critérios para escolha da Consilux como empresa vencedora da licitação, critérios para escolha de pontos de radares, o destino do valor arrecadado com as multas e a investigação dos “sucessivos” aditivos do contrato anterior ao assinado em 2010. “E essa Consilux [...] só ela ganha licitação. E aí num momento de renovar contrato: aditivo, aditivo, aditivo. Ela teve nove aditivos no contrato anterior. Quer dizer, foram fazendo aditivos, foram renovando até sair a nova licitação”, relata o vereador do PMDB.
Rescisão
“Desde que implantaram os radares em Curitiba tem sido uma polêmica”, diz o vereador
A prefeitura de Curitiba chegou a divulgar, por meio de sua Procuradoria Geral, que os valores da rescisão do contrato poderiam ficar em torno de R$ 11 milhões. Mas os valores a serem desembolsados pela Prefeitura para o rompimento do contrato com a Consilux podem ser ainda maiores.
para adquirir todo este equipamento, desembolsando uma grande quantidade de dinheiro”, salienta Veneri.
Caso ainda queira manter os equipamentos em operação, a Prefeitura precisaria fazer a aquisição destes junto à empresa que produz e desenvolve os softwares dos equipamentos. “Este processo [de rompimento de contrato] levaria a Urbs a fazer um ressarcimento de valores extremamente altos, porque o lucro cessante é calculado por aquilo que poderia ser recebido, então está em torno de R$ 950 mil/ mês e que a Prefeitura estaria, inclusive
Contratos O mais recente contrato ente Urbs e Consilux foi assinado em 2010, mas desde 1998, quando o prefeito era Cassio Taniguchi, os radares da capital são controlados pela empresa. Portanto, para o vereador do PMDB, Algaci Tulio é possível que as irregularidades possam existir desde os primeiros contratos. “Desde que se implantaram os radares em Curitiba isso tem sido uma polêmica. Já vinha antes com o problema do Cássio [Taniguchi], depois veio com o Beto
[Richa] e agora com o Luciano Ducci,” afirma Tulio. Para o vereador, a Urbs está atuando numa situação irregular, pois ela não deveria fazer operação de trânsito. Em nota de esclarecimento, a Consilux afirma não existir “possibilidade alguma de apagar multas do sistema. Cada infração detectada pelos controladores de velocidade é automaticamente enviada do radar para o sistema do contratante” que de acordo com a nota da empresa é a Urbs. A nota também diz que há uma ressalva para veículos especiais, como viaturas policiais e ambulâncias. A reportagem da Revista MÊS entrou em contato com a Urbs e com a Consilux, mas obteve retorno apenas por meio de notas de esclarecimentos divulgadas por suas assessorias de imprensa. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 19
Agência Senado
política
A ótica paranaense sobre a Reforma Política
Itens aprovados pela Comissão do Senado não estão em sintonia com a população; veja o que pensam os eleitores paranaenses e nossos senadores
A pesquisa, realizada no final de fevereiro, ouviu 804 eleitores, com um grau de confiança de 95% e margem de erro de 3,5%. Apesar de representar apenas uma parcela da população, os resultados do levantamento mostram uma total falta de sintonia entre os legisladores e os eleitores.
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
Em meados de abril, a Comissão da Reforma Política do Senado entregou ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB), um relatório com os pontos aprovados. Sarney determinou que, até o dia 20 de maio, a Comissão elabore um texto final das propostas, que serão votadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário do Senado.
M
uito comentada e esperada no próprio meio, a Reforma Política parece ainda não ter atingido de fato a população. Pelo menos, quando falamos dos moradores da capital paranaense. Pesquisa realizada em Curitiba, pelo Instituto Paraná Pesquisas, mostra que 82,96% dos entrevistados afirmaram não saber que está em estudo uma proposta para a mudança da forma como são feitas as eleições no Brasil.
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Dentre os principais pontos aprovados, estão o fim da reeleição para os cargos
do Executivo, ampliando os mandatos para cinco anos, fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais, financiamento público e limite de gasto para as campanhas eleitorais, lista fechada para votação proporcional e algumas mudanças para o cargo de senador, como o fim do segundo suplente, sendo que este não poderá ser cônjuge ou parente do titular até segundo grau.
Reeleição Um tema já bastante debatido entre políticos, partidos políticos e população foi um dos que mereceu alterações da Comissão da Reforma Política. Os senadores decidiram acabar com a reeleição para os cargos do Executivo (presidente, governadores e prefeitos). Já para os cargos do Legisla-
tivo (senadores, deputados e vereadores) nada foi alterado. Resultado completamente oposto ao da pesquisa.
O que pensam os senadores paranaenses?
Mais da metade (57,59%) dos entrevistados é favorável a reeleição do Executivo. Os contrários representam 38,31% e os que não souberam responder 4,10%. No entanto, a maioria (51%) também disse concordar que um político que deseje ser reeleito tenha de se afastar do cargo alguns meses antes.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT) parece concordar em grande parte com os desejos da sociedade. “Eu faço um questionamento: será que temos condições de maturar o tema de forma a avaliar as consequências da reeleição no País? Nós tivemos dois presidentes reeleitos. [...] Existe o argumento de que o instituto da reeleição acaba privilegiando quem está no mandato. Quem quiser fazer a reeleição que se afaste do seu mandato. Seis meses ou oito meses antes”, afirma.
Quanto às reeleições dos cargos do Legislativo, 54,85% dos entrevistados se posicionaram contrariamente, 40,67% são a favor e apenas 4,48% não souberam responder. Este item não foi alterado pela Comissão, portanto os senadores, deputados e vereadores poderão continuar se reelegendo sem limites. Esse número máximo de reeleições também foi questionado pelos entrevistados. Para 80,10% deles caso fosse estipulado um limite para os cargos do Legislativo, eles poderiam se eleger apenas duas vezes consecutivamente. Não souberam responder 6,22%, três mandatos consecutivos ficou com 7,96% das respostas e quatro ou mais mandatos com 5,72%.
Em relação à reeleição dos cargos do Legislativo, Gleisi não só concorda com as opiniões da pesquisa, como já está tentando mudar na prática. “No caso específico dos senadores já apresentei Proposta de Emenda à Constituição (PEC) limitando a possibilidade de reeleições consecutivas. De acordo com a minha proposta, o senador teria direito a mais uma reeleição. Independentemente da maior ou menor virtude do ocupante do cargo, a vitalidade de uma nação requer a renovação de seus quadros políticos”, garante a senadora.
Sobre os cargos do Legislativo, apesar de não ter respondido se é favorável ou contrário, o senador tucano demonstrou concordar com a prática. “Nos cargos do Legislativo, há uma diferença. As prerrogativas do parlamentar, sejam elas a elaboração de leis e a fiscalização dos atos do Poder Executivo, não estão vinculadas ao uso da máquina pública”, conclui. O senador Roberto Requião (PMDB), que participa da Comissão da Reforma Política do Senado, também foi procurado pela Revista MÊS. Apesar da importância do tema e da relevância da entrevista com o senador, não obtivemos retorno de sua assessoria de imprensa.
Políticos X População
Voto obrigatório? Gleisi Hoffmann (PT)
A senhora é a favor do voto obrigatório? Por quê? Sim sou a favor. Porque nós ainda temos uma democracia muito jovem e precisamos da participação de todo o povo para consolidá-la. Em democracias mais antigas onde você já tem uma elite ou um grupo intelectual formado, um grupo de políticos bem avaliados, pessoas com muitas responsabilidades sobre o processo histórico você pode se dar ao luxo de não fazer o voto obrigatório porque a população confia em quem está tomando por ela as decisões e acaba delegando esse voto.
Álvaro Dias (PSDB)
Fotos: Agência Senado
Já as opiniões do senador Álvaro Dias (PSDB) são contrárias aos resultados da pesquisa. Questionado sobre o fim da reeleição para os cargos do Executivo, Dias afirma concordar. “Como temos observado nas últimas eleições, a reeleição não tem trazido boas experiências ao Brasil, já que quem está no poder acaba entrando na disputa em vantagem. Isso demonstra que ainda estamos em um processo de amadurecimento político e que o uso da máquina pública está condenando este tipo de ação”, diz.
O senhor é a favor do voto obrigatório? Por quê? Não. Eu sou favorável à implantação do voto facultativo e apresentei uma proposta de emenda à Constituição [PEC 14/2003], que está tramitando na Casa, tratando deste assunto. Temos que assumir uma posição motivadora do eleitorado e dar liberdade para o eleitor não votar. O voto espontâneo é mais consciente.
Se esta Reforma Política passar pela CCJ e o plenário da Casa, a população será ouvida. Isso porque eles também aprovaram a realização de um referendo sobre o sistema eleitoral do país. No que depender dos dois senadores paranaenses entrevistados pela MÊS, a população terá seu direito à voz. “Acho importante a participação popular neste debate. Talvez fazer um plebiscito, organizar para trazer a população, inclusive esclarecê-la”, assegura Gleisi Hoffmann. Para ela, caso isso aconteça, as sugestões da população teriam chances de serem encaminhadas para votação. “Tem chances sim, porque já tem essa mobilização dessa frente [para discutir a reforma com participação popular] que vários senadores e parlamentares participam e com certeza vai encaminhar uma solicitação de consulta popular”. Para o senador Álvaro Dias, essa consulta popular já existe. “A sociedade civil tem sido ouvida por meio de entidades representativas, mas vários debates ainda serão feitos para discutir o tema. A Comissão de Reforma Política é só o primeiro passo. O Parlamento tem a obrigação de corresponder às aspirações da sociedade brasileira”, argumenta Dias. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 21
sobre a política
Pourquoi ne te tais pas? Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br
Em artigo publicado na imprensa, o ex-presidente FHC defende que PSDB e seus aliados abandonem o “povão” de vez Em recente artigo publicado na mídia nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso convidou as oposições do governo Dilma Rousseff a abandonarem o “povão”, se quiserem crescer e disputar eleições com chances reais de vitória. As manifestações contrárias foram imediatas, inclusive dentro de seu próprio partido, o PSDB. Mas o artigo do sociólogo e ex-presidente vai além. Na verdade, o objetivo do texto, elaborado com cuidado e esmero típico dos literatos, era de dizer aos seus correligionários que o grande erro estratégico cometido por eles foi o de não assumirem durante as três eleições presidenciais, que disputaram e perderam para candidatos petistas, as conquistas do seu governo. Sim, do governo FHC. Aí residiu, na opinião de Fernando Henrique, o pecado capital que fez com que o discurso de Lula ganhasse eco nas campanhas e durante seus oito anos de governo. Ou seja, se Geraldo e Serra tivessem feito uma defesa mais enfática do governo FHC, ao invés de o esconderem na maioria dos momentos, talvez pelo menos Dilma não tivesse sido eleita. Fernando Henrique, ao propor o abandono ao “povão”, defende que as oposições (PSDB, DEM e PPS) dirijam seus discursos para categorias profissionais e segmentos econômicos. Ler isso escrito por um sociólogo com passagem por Sorbonne beira à blasfêmia. Para FHC o contraponto do abandono ao “povão”, entendido aqui como as classes sociais de menor poder aquisitivo ou como ele mesmo diz “massas carentes e pouco informadas”, estaria na definição de público prioritário, por exemplo, os brasileiros que trabalham com Tecnologia da Informação (TI). Ora, ora. Quanto simplismo e reducionismo. Ele poderia sugerir a mudança de nome do seu partido para PPTI: Partido dos Trabalhadores em TI. Cita um número reduzido de categorias econômicas e profissionais com as quais as oposições deveriam se relacionar desconsiderando que essas pessoas têm suas visões de mundo construídas por suas experiências de vida e que não são pautadas simplesmente pela 22 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
profissão que exercem no momento. Desconsidera que essas pessoas sim têm visão de classe social, família, vida e, principalmente, senso crítico. Alguns podem estar à esquerda ou à direita. Mas não pela profissão que exercem, mas sim pela forma como veem a vida. O recado de Fernando Henrique não foi bem digerido nem por seus companheiros de partido. Pois eles, que estão fazendo política na vida real, sabem que o buraco é mais embaixo. Eles têm consciência de que as bases sociais de seus programas partidários e de suas ações políticas estão (ou sempre foram) frágeis, pautadas pela relação de apoios em governo. Quem está na lida diária sabe que a inserção de seus partidos na sociedade brasileira é debilitada efetivamente pela forma como os seus partidos de quadros foram construídos. E FHC não aponta uma saída efetiva para o brete em que se encontram. Não indica um discurso de inserção das oposições na sociedade brasileira. Mais uma vez o “príncipe”, do alto do seu Instituto, se dirige à plebe política de seu Partido para tentar dirigi-los. Dada a insuficiência de argumentos e a não aderência de suas leituras, à realidade não obtém sucesso. Alguns com certeza devem ter ficado com vontade de dizer a ele: Pourquoi ne te tais pas? (Por que não te calas?)
mensagens dos leitores
Vários canais para você falar com a Mês Leitor e Leitora sintam-se à vontade para fazer críticas e sugestões, assim como elogios – que todo mundo gosta! Aqui será o espaço em que você poderá interagir ainda mais com a revista MÊS. As cartas da Revista são de mensagens enviadas à redação por correspondência, por e-mail ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe! 5 Perguntas para Carlos Echeverria
Gostaríamos de salientar que falta no Brasil estímulo e incentivo à leitura. Livros são ferramentas que promovem o desenvolvimento social e o progresso. Sem estimular a criatividade e o conhecimento, neste século XXI, as empresas sentirão falta de funcionários criativos e comprometidos. Portanto, permanecerão na margem do desenvolvimento econômico mundial e com carência de mão de obra especializada. Marcelo Nogueira
Entrevista Ricardo Costa de Oliveira
Ao receber a Mês pela primeira vez desconfiei de seu potencial, mas a partir da entrevista publicada na última edição com o professor Ricardo Costa de Oliveira, passei a ter certeza de que este novo veículo de comunicação não está apenas “cumprindo tabela”. Leandro Czerniaski, Francisco Beltrão
Tivemos imensa satisfação ao ler a Revista Mês, e congratulamo-nos com a equipe editorial dessa excelente revista, que publicou uma merecida e oportuna entrevista com o Ricardo Costa de Oliveira, que com muita cátedra abordou o nepotismo no Paraná. Renato Soika, Associação Beneficente dos Cabos, Soldados e Bombeiros da PM-PR
parabéns!
Modelo em decadência
Como uma cidadã que paga seus impostos quero deixar minha opinião sobre os ônibus. É uma vergonha, passagem caríssima para um transporte tão precário. Sempre lotados. Sempre é uma espera. Tenho uma filha de três anos e quando pego ônibus com ela de manhã é um sacrifício. Resumindo, o transporte público está uma vergonha. É uma falta de respeito com o povo trabalhador. Att. Juslei, Curitiba
Parabéns pela publicação. Encontrei a terceira edição da revista Mês de graça nas bancas (pena que perdi as duas primeiras) e achei uma iniciativa muito válida e que me proporcionou algumas horas de boa leitura e reflexão. Muitos anos de vida e espero poder ler as próximas edições. Abraços. Fernando Mancini
Estilo paranaense Taci Tissei - @tacitissei Parabéns... Vocês estão arrasando com a revista :) Arilson Chiorato - @arilsonchiorato Parabéns pela entrevista! O Prof. Ricardo é um grande intelectual e conhece tudo de política paranaense! Renata Braga Artacho - @rartacho A Revista está muito legal, parabéns! Roberto Requião - @requiaopmdb Parentesco não é título nem cláusula infamante. Em resposta - @mes_pr @requiaopmdb é intelectualmente mais elaborado e consistente que Beto Richa. Veja quem disse isso na Entrevista da MÊS http://ow.ly/4jvJj
Analu Koni - Equipe Mês, cada “mês” temos o prazer de receber matérias atuais e bem redigidas por jornalistas comprometidas e competentes! Estão de parabéns, divulguem cada vez mais!
Gostei das matérias abordadas pela Revista. Não sei como está sendo distribuída e gostaria de receber de alguma forma. Atenciosamente, Aquiles Wozniack Olá, gostaria de saber como faço para conseguir a revista. Devo procurar os pontos de distribuição? William Saab, Curitiba Se também quiser receber gratuitamente a Revista Mês, envie seu endereço para o e-mail: assinatura@revistames.com.br
ESCLARECIMENTO: A edição de Abril/2011 não foi às bancas. Esse tempo foi necessário para cuidarmos com ainda mais carinho e rigor na apuração das reportagens da edição de Maio para você: leitor e leitora. Por isso, contamos com sua participação! REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 23
cidades
O congestionado vai e vem de Curitiba Aumento na frota de veículos, má educação e poucas alternativas em transporte são alguns dos desafios que especialistas precisarão resolver para melhorar o trânsito da Capital Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
O
problema do trânsito é o freio de mão de qualquer grande cidade. Curitiba vive um momento de olhar pelo para-brisa, planejar soluções de médio e longo prazos em mobilidade urbana e acelerar na aplicação dessas ações. Neste mês, especialistas e poder público apontam caminhos por onde transitar. Será lançado nacionalmente o projeto “Vida no Trânsito”, que pretende levar adiante o modelo Road Safety in 10 Countries (RS 10). A capital paranaense foi escolhida dentre as capitais por possuir uma das mais altas taxas de mortalidade no trânsito, a oitava maior do Brasil: cerca de
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25 óbitos para cada 100 mil habitantes, uma média de 2007, segundo informações mais recentes do Ministério da Saúde.
O projeto também será implantado em Campo Grande (MS), Palmas (TO), Teresina (PI) e Belo Horizonte (MG). Além disso, a cidade paranaense recebeu o título dentre todas as capitais brasileiras por ter a maior frota de veículos per capita, segundo dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Frota de Veículos
Segundo Região Metropolitana de Curitiba / 2006 a 2010
1.330.677
2006 Fonte: DETRAN/PR
1.449.749
2007
1.562.979
2008
1.662.861
2009
1.761.750
2010
Roberto Dziura Jr.
“Estamos planejando iniciativas que sejam incorporadas pela sociedade e, desse modo, contribuam para termos um trânsito mais humano na nossa cidade”, afirmou – por meio da assessoria de imprensa – a coordenadora de Diagnóstico em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Vera Lídia Oliveira. O diagnóstico traçado para Curitiba traz como sinais vermelhos os seguintes temas: motocicletas nas ruas, jovens condutores, velocidade, pedestres e consumo de álcool combinado à direção.
Roberto Dziura Jr.
O primeiro item tem como base o aumento do ronco das motocicletas pelas ruas de Curitiba e suas consequências. De acordo com informações do Detran, houve um crescimento superior a 69% de motos registradas entre 2006 e 2010. Atualmente, as duas rodas são responsáveis por 109.684 de veículos que circulam pela Capital. Mas também “tem muito carro em Curitiba. Mas é menos por status e mais pela facilidade, ligado à liberdade espacial (posso ir aonde quiser) e temporal (posso sair na hora que quiser). Alternativas possíveis: o ônibus. Mas o sistema de Curitiba está sobrecarregado. Cada vez mais carros e mais gente nos ônibus, parece quase uma dicotomia. Faltam investimentos no sistema de ônibus. Priorizar os ônibus em detrimento dos carros”, aponta Fábio Duarte, professor e diretor do Mestrado e Doutorado em Gestão Urbana, da PUC Paraná.
Veículos transitando O “muito” dito pelo professor Fábio Duarte indica a cifra de 1.201.295 da cidade de Curitiba, segundo números do Detran. Esse valor representa uma grande fatia dos motores que rodam pelo Paraná. No Estado inteiro foram registrados 5.069.386 veículos em janeiro deste ano pelo Detran. O município que mais chega perto da Capital, ocupando a segunda posição é Londrina (PR), que possui 285.868 veículos. Uma distância bem demarcada, já que na realidade a quantidade de veículos que transitam por Curitiba é muito maior, quando se leva em conta os automóveis, caminhões e motos da Região Metropolitana (RMC). Em quatro meses, houve um aumento de 8.511 veículos a mais rodando nas ruas da cidade. A capital mostra sinais de esgota-
Carros se amontoam em horário de pico na Avenida Visconde de Guarapuava, em Curitiba
“O curitibano é individualista e competitivo. É um comportamento local”, afirma Marcelo Araújo mento. Mesmo tendo o aumento rápido da frota de veículos, a cidade ficou olhando pelo retrovisor e vivendo de glórias do passado, aponta Duarte. “Curitiba esteve na vanguarda em 1980, em 1990 começou a perder. Hoje, Curitiba vive da herança dos anos 80 e 90 [em trânsito]”. Faltam investimentos em projetos mais eficazes, segundo o especialista. “Curitiba nos últimos oito anos cresceu investindo em pistas de rolagem. Foram investimentos feitos para o carro. As pessoas nunca vão deixar de querer ter um carro, mas [outras alternativas] farão com que as pessoas adiem a compra e possam em alguns momentos deixar o carro em casa”, adverte. Entretanto, não é só a Prefeitura que precisa zelar por esse setor. Os motoristas curitibanos têm sua parcela de culpa. É uma via de mão dupla. “O curitibano é individualista e competitivo. É um comportamento local. Quando se trata de reações de civilidade e coletividade falta um pouco para o curitibano. Salvador, estive lá há pouco tempo, é um trânsito confuso, mas ninguém buzina e a coisa flui, é como
uma comunidade de formiga, funciona”, comenta Marcelo Araújo, advogado e consultor de Trânsito. Para Araújo, que é também professor de Direito de Trânsito e presidente da Comissão de Direito de Trânsito da OAB/PR, “em muitos aspectos demorou muito para a população se tocar, com veemência, da questão da velocidade e do consumo de álcool. E isso não é por causa da falta de fiscalização, porque se compararmos com a Lei Antifumo, hoje ninguém fuma. O que parecia algo impossível – os comerciantes diziam que iriam perder clientes e teriam prejuízos, isso não aconteceu – e hoje as pessoas não fumam nos bares e baladas. Foi uma mudança extremante rápida. O mesmo não ocorre com a ingestão do álcool e a direção”. Para ele, a fiscalização é intensa. Mas o comportamento de risco dos motoristas é que precisa mudar.
Soluções Para diminuir as notícias diárias de pontos de congestionamentos, acidentes de trânsito, brigas entre motoristas e aumento da poluição, é preciso pensar em soluções em diversas esferas, setores e prazos. Uns em marcha lenta, outros em marcha mais veloz. Por isso, antecipando algumas soluções que poderão ser apresentadas no lançamento do projeto “Vida no Trânsito”, a Revista MÊS apresenta aqui algumas REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 25
Roberto Dziura Jr.
cidades
Investimentos em ciclovias em Curitiba são quase inexistentes, diz especialista alternativas indicadas pelos especialistas ouvidos pela reportagem.
pensamento voltado para a bicicleta no Poder Público é quase inexistente”.
No papo com esses profissionais, é possível perceber que as opções giram em torno de quatro pilares: tecnologia, transportes alternativos, leis/fiscalização e educação no trânsito.
A Prefeitura de Curitiba já sinalizou com o aumento das ciclovias e ciclofaixas, mas o prazo para finalizar o projeto é até 2012. Atualmente, existem 100 km por toda a cidade. Pouco para quem pretende escolher a bicicleta como veículo de locomoção pela cidade. O projeto tem por objetivo aumentar a malha cicloviária para o total de 300 km.
Os radares, as lombadas eletrônicas, sinais inteligentes e outros artifícios são bem-vindos para o trânsito, segundo Marcelo Araújo. “O resultado positivo que a fiscalização eletrônica teve merece ser mantida. É um suporte importante para as autoridades”, afirma o advogado. Em relação aos transportes alternativos, a resposta está em apoiar os cidadãos ao uso de meios de transporte não motorizados e na educação dos motoristas e pedestres. “É preciso investimentos, estacionamentos para bicicletas nos terminais de ônibus. Em segundo lugar, ampliar o número de ciclovias”, observa Duarte. Para ele, Curitiba criou centenas de quilômetros de vias de carros, sem gastar um quilo de asfalto ao aumentar as pistas de rolagem nos horários de pico, proibindo algumas faixas de estacionamento. Também sugere “fazer a mesma coisa para a bicicleta”, e critica: “o 26 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Incentivar as caminhadas, a carona solidária, também podem ser viáveis para encontrar uma solução para essa equação chamada trânsito. Mas tem-se nas caminhadas, outro problema, a qualidade das calçadas. “A Prefeitura precisa olhar para o próprio umbigo. Olhar para as praças, que tem qualidade péssima de suas calçadas. [A população] não pode ser incentivada, se ele [poder público] não der o exemplo. Tem de ter referência moral. Enquanto o Poder Público não fizer a lição de casa, não vai funcionar”. Uma alternativa sempre muito comentada é a adoção do pedágio urbano que já está sendo cogitada, mas é um tema polêmico e causa divergências entre os especialistas e, principalmente, entre a população.
Alternativas Já sobre o metrô que será construído em Curitiba, as melhorias que esse transporte pode trazer à Curitiba também são bastante controversas. Para Fábio Duarte, essa proposta não vai diminuir a circulação de carros nas ruas. “Vai beneficiar as pessoas pobres. Mas ninguém vai deixar de usar carro para usar o trem”. Para a implantação do metrô, o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) já divulgou que a Linha Azul terá 22,4 km ligando o Terminal CIC Sul ao Terminal Santa Cândida, no Norte da cidade. Serão 21 estações, com capacidade de transportar 1.450 passageiros. A instituição também informou que já foi fechado convênio de R$ 6,56 milhões para início da licitação das obras do Anel Viário de Curitiba. O fato é que essas ações não têm sido suficientes para acalmar os motores que rodam pela cidade e cada dia mais é possível ver pontos de congestionamentos, motoristas nervosos, sistema de transporte coletivo saturado, acidentes, mortes e a poluição aumentando. Menos transtornos e mais qualidade de vida para a população: essa é uma conta que ainda não fecha na Capital do Paraná.
5 perguntas para: João Rezende Fotos: Divulgação
Telecomunicações no Brasil O paranaense e economista João Batista de Rezende é membro do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e fala à Revista MÊS, com exclusividade, sobre os próximos desafios das Telecomunicações no País. Confira. Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
De que forma a Anatel tem trabalhado para regulamentar as novas demandas? João Batista (JB) - Tendo em vista a velocidade com que surgem novas aplicações, a Anatel tem atuado para estabelecer regulamentos e normas flexíveis, focadas em serviços, para não enrijecer o surgimento dessas aplicações. A regulamentação pressupõe um trabalho contínuo de estudos e revisão das normas já em vigor, de forma a torná-las sempre aderentes à realidade do mercado. Uma delas é que a Anatel iniciou a regulamentação dos serviços de TV por Assinatura, que inclui o Regulamento do Serviço de TV a Cabo, e contempla a introdução de alterações. Estabelece que não haverá limite ao número de outorgas desses serviços. Penso que a Anatel deve atender as novas demandas por meio de uma regulamentação com visão convergente para redes, plataformas, tecnologias, faturamento e cobrança. Está surgindo no Brasil as operadoras móveis virtuais (MVNO em inglês). Como vai funcionar? JB - O tema já se encontra regulado pelo “Regulamento para Exploração do Serviço Móvel Pessoal por meio de Rede Virtual – RRV-SMP”, aprovado pela Resolução Anatel nº 550/2010. Esta regulamentação permite o incremento da quantidade de prestadoras de celular no País. Estão definidos dois formatos de exploração do SMP
por meio de Rede Virtual: o credenciado de Rede Virtual e o autorizado de Rede Virtual. No primeiro, o interessado deve fechar um acordo com uma Prestadora Origem e ter esse contrato homologado pela Agência. Já o Autorizado de Rede Virtual, deverá submeter um pedido de Autorização de SMP diretamente à Anatel, acompanhado do Contrato de compartilhamento assinado com sua(s) Prestadora(s) Origem. Neste modelo, o Autorizado tem todos os direitos previstos na regulamentação para uma Prestadora de celular tradicional, no entanto, também possui todas as obrigações. A escolha entre uma forma ou outra depende do modelo de negócio do interessado. As operadoras de celular são destaques em reclamações no Procon. A que atribui esse fato? JB - Em 2011, o Serviço Móvel Pessoal ultrapassou os 200 milhões de acessos. No final de 2010, bateu a marca de mais de um acesso por pessoa, em média (teledensidade maior que um). Trata-se de um mercado extremamente grande, o que acarreta em grande número de reclamações em termos absolutos. Em termos percentuais, para o SMP, existe uma métrica de qualidade que determina que as prestadoras só podem ter
Prestadoras deTelefonia Celular só podem ter no máximo uma reclamação para cada 100 acessos em operação
no máximo uma reclamação para cada 100 acessos em operação. A Agência acompanha mensalmente o cumprimento dessa métrica e, em caso de descumprimento, instaura procedimentos que podem culminar na aplicação de sanção. O Plano Nacional da Banda Larga (PNBL) será gerenciado pela Telebrás. A Anatel terá algum envolvimento nesse processo? JB - A Anatel participou ativamente no grupo de trabalho que culminou no PNBL, aprovado pelo Decreto nº 7.175/2010. À Anatel cabe implementar e executar a regulação de serviços de telecomunicações e da infraestrutura de rede de suporte de conexão à Internet em banda larga, orientada pelas políticas estabelecidas pelo Ministério das Telecomunicações. Importante esclarecer que a Telebrás é um dos mecanismos do Governo para a implementação de diversas ações previstas no PNBL, mas diversas outras dependem de atuação da Anatel e outros setores. Quais os próximos desafios que a Anatel tem pela frente? JB - O planejamento estratégico da Anatel para o decênio 2008-2018 é o Plano Geral para Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil – PGR, o qual se encontra em revisão na Agência. Entre os principais desafios, podemos destacar a massificação dos acessos de dados para comunicação em banda larga móvel ou fixa e o incremento da qualidade percebida pelos consumidores de serviços de telecomunicações. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 27
tecnologia
Triple play da Copel chega aos curitibanos Estatal lança projeto destinado ao meio corporativo e residencial de Curitiba, e promete levar projeto até 2014 a todos os paranaenses em um mesmo cabo: internet banda larga, tevê e telefone 28 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
A
internet surgiu transmitindo textos de um computador para outro em conexões lentas há algumas décadas. Hoje, os dados caminham sob a exigência de transmitir – cada dia com mais velocidade – estes dados e outros tipos de conteúdos. Pela tela do computador é possível trocar, além de mensagens de textos, vídeos de diversas qualidades e tamanhos, sons e outros recursos de interação. A conexão banda larga, antes um luxo, agora virou uma necessidade competitiva. Sob
Fotos: Divulgação
Projeto Ao Governo do Estado cabe “fomentar e difundir o acesso e uso de bens e serviços das tecnologias de informação e comunicação”, conforme instituído e publicado no Diário Oficial, no decreto nº 7990 de 10 de agosto de 2010. Sob essa responsabilidade estatal, chega ao Paraná o BEL-100, da Copel, uma experiência em telecomunicações que pretende levar aos paranaenses o acesso à conexão banda extra larga no trabalho e em casa. Atualmente está sendo implantado em pequenas e médias empresas o acesso à banda extra larga de 100 megabites por segundo (Mbps). As empresas que oferecem o serviço costumam oferecer acesso de até 10 mbps. A primeira experiência foi instalada em um prédio em Curitiba (PR). “O primeiro experimento está sendo realizado no Centro Comercial Itália onde disponibilizamos por 60 dias gratuitamente. Vamos para mais oito prédios de Curitiba”, conta Marcos Pessoa, superintendente de Telecomunicações da Copel. De acordo com a estatal, até o final do ano, mais da metade de Curitiba já terá acesso ao BEL-100. O projeto prevê, ainda, a disponibilização do serviço, até o fim do ano, para praticamente todos os bairros da Capital. Já em 2012, deve começar a ir ao interior. E, em 2014, a Copel promete que o BEL-100 seja disponibilizado a todos os paranaenses, por meio dos 17 mil km de cabos de fibras ópticas que circulam por todo o Paraná. Nessas condições atuais, o serviço já poderia ser disponibilizado a 240 do total de 399 municípios do Estado.
essa exigência de mercado e também por conta desse traço incorporado à cultura contemporânea na sociedade do conhecimento, o Paraná pretende massificar o acesso à banda larga, agindo na vanguarda por meio da fibra óptica. A estatal Companhia Paranaense de Energia e Telecomunicações (Copel) lançou, no início do ano, um projeto que promete alavancar o acesso à banda extra larga no Estado, primeiramente para as empresas e residências de Curitiba, ainda este ano, e depois para as pessoas físicas de todo o Estado.
A grande novidade, de acordo com Marcos Pessoa, é oferecer ao usuário o serviço triple play, que é a combinação, em um só cabo de transmissão de dados, do uso de telefone, tevê e internet banda larga. “Vamos fazer uma parceria para oferecer via mesma fibra ótica a tevê, a internet e o telefone,” afirma Pessoa, que esclarece que essa parceira ainda será definida.
O sistema funciona por meio do GPON (fibra ótica) e garante ter até 100 Mbps de velocidade
Daqui a três anos, a banda larga deve chegar a todos os paranaenses, diz Pessoa
Funcionamento O sistema funciona por meio do GPON (fibra ótica) e garante ter até 100 Mbps de velocidade, bandas simétricas (downloads e uploads na mesma capacidade), tarifação sob consumo (pagar somente o que consumir), bem diferente do modelo que muitas operadoras oferecem hoje que é por pacote e com capacidade bem reduzida para subir conteúdos (uploads). Segundo o superintendente, o usuário terá um medidor de consumo para que seja pago somente o que consumir, seguindo mais ou menos o modelo da cobrança de energia elétrica, ou poderá escolher pela modalidade de pagar uma taxa fixa. O BEL-100 também não terá limitação de tráfego, isso significa que a velocidade não será reduzida depois de determinado uso de dados, conforme alguns serviços fazem atualmente. Para o projeto, Marcos Pessoa informa que estão sendo previstos R$ 100 milhões ao ano para colocar em prática a conexão rápida entre os paranaenses e estimular a economia interligada e de ágil comunicação. “Queremos nos consolidar como pólo de conteúdos para as redes de banda larga”, finaliza o superintendente de Telecomunicações da Copel. Para saber mais detalhes, a Copel disponibiliza o telefone: 0800 41 4181. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 29
educação
Vamos falar de sexo? Essa função nunca foi tarefa fácil para os pais, assim, a escola tem importante papel em orientar adequadamente crianças e adolescentes
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Fotos: Divulgação
atemática, História, Português, Química, Física são disciplinas comumente levadas para casa. Dúvidas que surgem, conceitos aprendidos e assuntos curiosos são livremente comentados com os pais, sem pudor ou ceri-
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mônia. Já outros temas, nem sempre são centro de diálogos entre pais e filhos, o que acaba por ficar, muitas vezes, como tarefa das instituições de ensino. É o caso da Educação Sexual. Apesar da liberdade experimentada cada dia mais cedo pelos jovens, este tema continua sendo raro em conversas familiares.
Assim, a escola precisa tornar-se um espaço emancipador desde os primeiros anos da vida escolar. Para a organizadora do evento, a educação sexual é papel social da escola e deve começar já na educação infantil, de 1ª às 4ª séries. É no período da “educação infantil que a criança começa a se expressar sexualmente”, afirma.
Preocupados com esse fenômeno social que ainda persiste nos dias atuais, professores e profissionais da área da Educação, Saúde, Serviço Social e outras áreas reuniram-se em Maringá (PR), para discutir sobre o tema no Segundo Simpósio Internacional de Educação Sexual, que ocorreu entre os dias 28 e 30 de abril. Os tópicos abordados foram desde a prevenção sexual, passando por questões de gêneros e também sobre a homofobia.
“A escola é o local apropriado para trabalhar esse assunto”, ressalta o professor de Ciências Biológicas do Colégio Marista de Londrina (PR), Joel Marcos Vendramin, que leciona para turmas de 7ª e 8ª séries. Vendramin afirma que este é um tema que gera muita curiosidade dos alunos e que eles, de forma geral, têm dúvidas simples, mas que precisam ser trabalhadas de forma consciente. “Na escola, eles estão amparados para tirar as dúvidas”, completa o professor.
Debate na escola
A psicóloga e doutora em Educação, Mary Neide Damico Figueiró, observa que é preciso criar um ambiente propício para que os alunos sintam-se “mais à vontade” para perguntar sobre a sexualidade de forma aberta e espontânea.
Com muitos questionamentos, curiosidade e pouco espaço para tirar as dúvidas que vão surgindo com a idade é na escola que as crianças e adolescentes podem ter espaço para esclarecê-las de forma adequada. Para a pós-doutoranda em Educação e organizadora do Simpósio, Eliane Maio, não é de hoje que os pais delegam essa função à escola.
Dificuldades Entretanto, um dos maiores problemas para que o assunto seja estudado em sala
Os nomes que dão para “a coisa” Quantas palavras diferentes existem para citar o órgão sexual masculino? E para o órgão feminino? A pós-doutoranda em Educação, Eliane Maio, sempre teve essa curiosidade. Em palestras por todo o Brasil, a estudiosa no assunto aplicou dinâmicas para saber quais eram os nomes dados pelos brasileiros para estes órgãos e também para masturbação e relação sexual. O levantamento reuniu a opinião de 4.916 pessoas em todos os estados do Brasil, com exceção da região Norte. O estudo virou sua tese de doutorado. Uma análise inédita sobre o eufemismo dessas palavras. Segundo ela, o grande número de nomes para descrever essas ações e órgãos sexuais ocorre por causa da repressão social e cultural na socie-
“Toda a escola tem de fazer parte do processo”, diz Eliane Maio dade brasileira. “A escola precisa trabalhar o nome científico. [...] Os apelidos vêm sendo criados pela repressão, porque não há outros nomes para nariz, por exemplo”, diz. Os nomes, levantados pelo estudo, resultaram em 408 diferentes nomes para
pênis, 494 nomes para vulva, 177 para masturbação e 229 para relação sexual. Agora, a tese virou livro. “Eu, como cientista, tinha de popularizar isso”, esclarece a autora do livro: O nome da coisa. O lançamento da obra foi realizado no Segundo Simpósio Internacional de Educação Sexual, em Maringá. Divulgação
de aula está no preconceito e na desinformação dos próprios professores. “Alguns educadores ficam com medo de trabalhar o tema por causa do receio dos pais”, relata Mary Neide. Quando vencida essa barreira, o resultado é positivo. O professor Vendramin afirma que nunca teve problemas para ensinar o conteúdo em suas turmas. Segundo ele, tiveram, inclusive, pais que vieram agradecer. “Os pais gostam que se debata o tema em sala de aula”, argumenta o professor. Engana-se quem pensa que o tema só trabalhe o simples ato sexual. De acordo com a psicóloga, o assunto abrange muitos outros aspectos da vida social e psicológica Mary Neide de crianças e adolescentes. “Também faz parte o trabalho em torno do desenvolvimento da vida emocional e afetiva, da comunicação verbal e não-verbal e do relacionamento interpessoal”.
O 2º Simpósio Internacional de Educação Sexual aprofundou o tema entre os educadores
Educação continuada
processo”, completa Eliane, que encara a educação sexual como um projeto continuado para as escolas.
Por se tratar de um tema complexo, a escola inteira deve estar envolvida no trabalho pedagógico. Ir além das paredes da sala de aula. A equipe pedagógica da escola precisa saber trabalhar o assunto. “Toda a escola tem de fazer parte do
“Esse debate sobre sexualidade também não precisa ser desenvolvido apenas nas aulas de Ciências e Biologia”, defende Mary. O conhecimento sobre a educação sexual pode ser apresentado e debatido pelos alunos em semanas pedagógicas,
assim como ocorre com conteúdos de Matemática, Português e outras disciplinas. Esse modelo é adotado na instituição de ensino do professor Joel. Os educadores têm liberdade para trabalhar o tema a qualquer momento. “Podem trabalhar em todas as disciplinas. Por ser um tema transversal, ele aborda todas as disciplinas”, conclui Vendramin. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 31
saúde
Em busca do bem-estar Hipertensos e diabéticos precisam levar vida regrada, com alimentação saudável e práticas regulares de exercícios físicos; uma receita também para os saudáveis
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
iabetes e hipertensão são duas doenças crônicas que atingem grande parte da população brasileira. Segundo o Ministério da Saúde, elas são as campeãs em causas de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) e de mortalidade no Brasil. Cerca de 33 milhões de brasileiros apresenta o diagnóstico de hipertensão e outros 7,5 milhões têm diabetes. Doenças que exigem do paciente, além de tomar a medicação diária, uma combinação de hábitos saudáveis e de qualidade de vida. Preceitos estes indicados para todas as pessoas, que buscam o bem-estar. Por serem doenças crônicas, a diabetes e a hipertensão precisam de acompanhamen-
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to rigoroso do médico endocrinologista, no caso da diabetes, e do cardiologista, em se tratando de pressão alta. Mas além do tratamento com os remédios, as mudanças nos hábitos são muito importantes para conter a evolução dessas patologias. Segundo a endocrinologista Ana Cristina Ravazzani de Almeida, nos dois tipos de diabetes (1 e 2), além dos exames regulares a cada três meses e do uso da medicação diária, é necessário que os diabéticos sigam uma dieta para manter o peso e a glicemia normal e pratiquem atividades físicas regularmente. Para que essa receita seja seguida à risca, o vice-presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia (SPC-PR) observa que o principal fator que faz a pessoa seguir um tratamento é a motivação pessoal. “Existem coisas que dependem do paciente. Que é, principalmente, ele ser consciente da importância do tratamento e se dar o direito de se cuidar. Tanto a hipertensão, como diabetes – numa fase inicial – elas são silenciosas, às vezes, a pessoa prioriza outras coisas na vida e não trata da pressão”, afirma o cardiologista.
Exemplos de vida Motivada, é assim que cuida da diabetes a aposentada Isolda Peixoto Ruoso (69). Ela mudou a alimentação e a condição de sedentarismo. Hoje, costuma comer mais alimentos integrais, como arroz e pães, e também substitui o açúcar pela stévia, que é um tipo de adoçante natural. Mas no passado, ela era quem sempre fazia os doces para toda a família. Depois da descoberta da doença, ela teve de parar com esse tipo de atividade “tentadora”. “Acho que foi meio traumático descobrir que eu estava diabética, que eu não fiz doce nenhum”, relembra. A aposentada observou mais atentamente a mudança no hábito de fazer doces, quando chegou do trabalho e encontrou na geladeira uma torta comprada em confeitaria, o que não era comum em sua casa. Atualmente, ela pratica pilates e hidroginástica, duas vezes por semana. “Também se não faz [os exercícios] é bem mais difícil”, conta a aposentada que descobriu ter diabetes há 17 anos. O também aposentado Osny Moreira, que possui hipertensão, salienta que fa-
Cerca de 33 milhões de brasileiros apresenta o diagnóstico de hipertensão e outros 7,5 milhões têm diabetes no Brasil
Roberto Dziura Jr.
zer os exercícios físicos dá uma sensação de bem-estar para quem pratica, ficando mais fácil assim desenvolver as demais tarefas diárias. “Se eu fosse um cardiologista, a minha receita seria exercício físico em vez de remédio”, brinca Moreira. Assim como o diabético, o hipertenso necessita de cuidados com a alimentação, a prática de esportes e o uso da medicação. O cardiologista destaca que é essencial que o paciente seja regular com o uso da medicação e suas mudanças de hábitos. A dica também está para a diabetes, informa a endocrinologista Ana Cristina. Precisa haver uma “mudança do estilo de vida, aderência a uma dieta adequada e atividade física regular”.
Remédios Para não perder o controle dos medicamentos e tomá-los nos horários corretos, o casal de aposentados Nilce Lira Moreira (72) e Osny Moreira (74) tem anotado os horários da medicação. Os dois, que diagnosticaram ter pressão alta há 10 anos, levam o tratamento ao pé da letra. Além disso, regularmente medem a pressão e também a glicose de Nilce, que além de hipertensa, tem diabetes. “Os remédios a gente leva muito a sério. [...] Porque a gente nessa idade não pode brincar”, relata o aposentado. Segundo ele, outro motivo para também levar o tratamento de forma correta é o custo dos remédios. O casal gasta em torno de R$ 800 por mês na compra dos medicamentos. Entretanto, diferentemente do casal, a maioria dos pacientes de hipertensão e diabetes é atendida pelo SUS. Para beneficiar a população mais carente e também reduzir o risco de acidentes vasculares, o Governo Federal em parceria com indústrias farmacêuticas, está distribuindo gratuitamente os 24 diferentes tipos de medicamentos para o tratamento dessas duas doenças nas redes Aqui Tem Farmácia Popular.
DIABETES E HIPERTENSÃO Conheça aqui os detalhes dessas doenças. Saiba como se cuidar e onde encontrar os remédios gratuitamente.
Diabetes
Os dois tipos de diabetes (1 e 2) são doenças que afetam o metabolismo humano. No tipo 1 é quando o pâncreas não produz insulina. Já no tipo 2 há a deficiência na produção da insulina. A pré-disposição genética é um fator para o desenvolvimento da doença, mas não é o único. No caso do diabetes tipo 1, há alguns fatores do ambiente como infecções virais e exposições a alguns tipos de substâncias que podem desencadear aquele processo. No diabetes tipo 2, além da pre-disposição genética, existem outros fatores que colaboram com o desenvolvimento da doença. São os indivíduos que estão com excesso de peso, são sedentários e costumam se
alimentar de uma dieta rica em gorduras saturadas, hábitos que podem acelerar essa predisposição genética.
Hipertensão
É o desequilíbrio da pressão arterial, isso faz com que a pressão da circulação do sangue nas paredes das artérias seja muito forte. A hipertensão é um conjunto de doenças diferentes que tem em comum o fato da pressão subir. Fazem parte dos grupos de risco: pessoas que consomem bebidas alcoólicas, têm excesso de peso, excesso de sal na alimentação ou que tenham casos na família, além de pessoas que tenham diabetes e que tenham outras pessoas com a doença na família.
Sintomas Diabetes
Idas frequentes ao banheiro para urinar durante o dia e a noite e em grande quantidade, muita sede, obesidade, fome exagerada, perda de peso, apesar de sentir mais fome, cansaço inexplicável, visão embaçada, infecções repentinas na pele e mucosas, machucados com cicatrização demorada, impotência sexual, pressão arte-
rial elevada, dores nas pernas devido a problemas de circulação.
Hipertensão
A doença não tem sintomas. A única maneira de diagnosticar se uma pessoa tem ou não pressão alta é medindo-a. Por isso, é importante aferir a pressão ao menos uma vez ao ano.
Diagnóstico É preciso ficar atento aos sintomas e regularmente fazer exames que diagnos-
tiquem essas doenças e, caso seja necessário, inicie o tratamento o quanto antes.
Tratamento É preciso ficar atento aos sintomas e regularmente fazer exames que diagnostiquem essas doenças e, caso seja necessário, inicie o tratamento o quanto antes. Para ter acesso aos medicamentos é necessário que o paciente tenha em
mãos a receita médica válida (por 120 dias), um documento com foto e o CPF. Além de ter o diagnóstico sobre essas doenças é preciso que o paciente esteja bem informado sobre elas e também tenha um acompanhamento médico rigoroso para não agravar o quadro clínico. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 33
economia
Um olho no posto e outro no combustível
Na busca por preços de combustíveis atraentes, o consumidor precisa estar atento onde está abastecendo para não ser prejudicado e conivente com um esquema criminoso
“
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Diga-me com quem andas que te direi quem és”. A máxima popular serve também para seu carro. Você sabe qual a procedência do combustível que anda colocando em seu veículo? Ao abastecer, os cuidados devem ir muito além da busca por um bom preço, o que já não é tarefa fácil, diga-se de passagem. Mas é preciso também ficar atento à idoneidade do posto em que abastece. Curitiba, assim como outras cidades paranaenses, possui um esquema criminoso no setor de postos de combustíveis. Essa afirmação pode não parecer novidade no senso comum, mas a ação deflagrada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), junto com as Polícias Civil e Militar, conseguiu levar para a cadeia muitos envolvidos nesse crime contra o consumidor. A operação
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chamada Predador investigou os comércios nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O objetivo dos trabalhos foi o de combater a sonegação fiscal, a concorrência desleal e a possível adulteração de combustíveis.
Veja o que compõe o preço da gasolina, combustível mais consumido no País O caminho para chegar até a bomba de combustível que abastece seu carro possui três etapas. A gasolina e o diesel consumidos no Paraná, em sua grande maioria, são produzidos pela Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), localizada no município de Araucária (PR). Esta repassa para as distribuidoras, que revendem para os postos de combustíveis. A rota que faz o etanol para chegar aos consumidores é semelhante. O álcool é processado nas usinas de cana de acúçar, que vendem o biocombustível para distribuidoras e estas revendem o produto para os postos de combustível. Fonte: Petrobras
Roberto Dziura Jr.
No Paraná, segundo informações do Ministério Público, a operação abrange as cidades de Curitiba, Araucária, Campo Largo, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa, Umuarama, Engenheiro Beltrão, Campo Mourão e Ibiporã, cidades importantes do Estado. A investigação já apontou 14 distribuidoras e 60 postos de combustível como participantes do esquema criminoso. A capilaridade dessa organização chega muito longe. Conforme informou o Gaeco, eles detinham 60% do mercado de combustíveis no Estado e, por consequência, prejudicavam os pontos de vendas que tentavam concorrer de forma leal neste mercado.
Roberto Dziura Jr.
Preço predatório Em um ano e meio de investigações, as provas levaram à existência de uma quadrilha, que praticava preços abaixo do valor de mercado para quebrar os concorrentes próximos e depois assumir o mercado sozinho. Num olhar superficial, não há nada de mais em querer ganhar o consumidor colocando um preço mais baixo, certo? Errado, se esse tipo de ação for configurada como preço predatório. Por conta dessa prática, “você acaba eliminando do circuito quem não está participando do acordo para predatoriamente baixar o preço e, na verdade, está prejudicando a sociedade com o preço mais baixo”, explica o professor de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Antonio Carlos Pompermayer. Esses preços mais baixos dos postos criminosos só são possíveis, dentre outros fatores, por conta da sonegação fiscal e de produtos com qualidade suspeita.
Fregonese: investigação serviu para identificar quem é quem no mercado de combustíveis
Segundo Pompermayer, a redução dos preços predatoriamente não significa que os postos que praticam a ação estão perdendo margem de lucros, “às vezes até aumenta, porque eles estão burlando de alguma forma o processo de fiscalização e o processo de tributação”, alerta o professor. De acordo com o presidente do Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese, a investigação serviu para levantar a legalidade de todo o setor de combustíveis no Estado e apontar quem são as pessoas que infringiam a lei. “A gente está levantando realmente o mercado irregular do Paraná”, completa o presidente do Sindicato. Aliás, um grande e milionário mercado! Fregonese ressalta que o setor de combustíveis é responsável por cerca de 21% de toda a arrecadação de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) do Paraná.
ão
Divulgaç
Segundo o Gaeco, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e efetuadas 13 prisões nesta operação de desmonte de quadrilhas que atuavam no setor.
Por isso, quanto maior a sonegação e o incentivo a ela, maior será a conta que a população vai pagar. “Esse dinheiro acaba indo para o bolso de alguns poucos em detrimento de toda a população do Paraná, porque o Estado deixa de receber e deixa de reaplicar. E aí acaba exatamente sobretaxando outros produtos para que a população acabe pagando por essa sonegação”, finaliza Fregonese.
Pensamento coletivo
Variação
O professor ressalta que, em princípio, para o consumidor que abastece em um estabelecimento que pratica o preço predatório, pode até haver um beneficio imediato e individual, mas coletivamente há prejuízos. É um produto que os comerciantes não pagam os devidos impostos. Assim, “coisas que poderiam ser feitas pelo governo com esse recurso também não vão acontecer”, completa o professor.
Para o consumidor que reclama ao ver pouca diferença de um posto para outro, o presidente do Sindicombustíveis-PR afirma que não é possível haver grandes variações e promoções de preços especiais. Segundo ele, isso ocorre, pois “a similaridade de preços é uma característica de nosso segmento. A gente trabalha com margens muito estreitas”, declara Fregonese. De acordo com o levantamento se-
manal feito pelo Sistema de Levantamento e Preços (SLP) da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço da gasolina ficou entre R$ 2,395 e R$ 2,699 e do etanol entre R$ 1,649 e R$ 2,566, em Curitiba, no último levantamento entre os dias 10.04 e 16.04. “A estrutura de custos [dos postos] é muito semelhante, então há uma proximidade mesmo”, alerta o professor Pompermayer, ao enfatizar que isso não necessariamente representa um acordo desleal entre os revendedores. Assim, o professor de Economia lembra ainda que nem sempre é vantajoso rodar mais à procura de um posto mais barato. “Não vale a pena se deslocar para um posto vendendo mais barato lá do outro lado da cidade, se o tempo que eu perderia, o que eu gastaria de combustível para ir até lá e ainda abastecendo num lugar que não sei como é, não conheço, não garanto a segurança”, avalia Pompermayer. O operador de áudio Julio Cesar do Rosário faz a lição de casa. Sempre procura abastecer o carro nos mesmos postos. Ele também não costuma rodar por estabelecimentos desconhecidos atrás de combustível mais barato. O que faz é comparar os preços entre os postos que já conhece e está habituado a abastecer. Rosário, que roda cerca de 50 km por dia para as tarefas diárias, gasta em média R$ 250 por mês na conta do posto de combustível. Para o consumidor não ter dores de cabeça futuras com problemas, com o combustível adulterado, por exemplo, que pode estragar o motor e prejudicar a eficiência do carro, é preciso ficar atento a algumas dicas dadas pela ANP: exija a nota fiscal para garantir o conhecimento da origem do combustível em seu tanque; os preços devem estar visíveis ao consumidor tanto de dia quanto à noite; os postos devem ter placas de exibição de nome e razão social bem como do órgão fiscalizador (ANP); o posto também precisa ter uma placa com a origem (distribuidora) do combustível; e também é vedado a um estabelecimento vender combustível de uma determinada distribuidora e estampar a marca de outra. Com algumas dicas e bom senso, o consumidor pode rodar mais tranquilo ao saber com quem “anda”. Havendo irregularidades, faça seu papel de cidadão e denuncie na Central de Atendimento da ANP, pelo telefone: 0800 970 0267 (ligação gratuita). REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 35
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agricultura
Parem as máquinas! Por decisão do governo argentino, os equipamentos agrícolas brasileiros tiveram de ficar parados nos pátios das fábricas; prejuízos da ordem de U$ 100 milhões 36 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
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Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
ntraves comerciais para a entrada de produtos brasileiros na Argentina têm preocupado o setor de máquinas agrícolas do Brasil. O cenário é grave, segundo olhar da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “A situação está muito dramática. É impossível
continuar como está”, sentencia Milton Rego, vice-presidente da Anfavea. As consequências têm deixado milhares de máquinas, implementos e peças agrícolas brasileiras paradas nos pátios das fábricas, amargando prejuízos. “Temos mais de mil máquinas, cerca de 300 colhetadeiras e 700 tratores parados nas fábricas. Prejuízos de U$ 100 milhões de dólares”, conta o vice-presidente da entidade. A situação se arrasta há algum tempo. Há dois anos, a economia Argentina tem sido regulada por medidas protecionistas, processo liderado pela presidente Cristina Kirchner. As importações que antes eram livres, agora sofrem com a demora da concessão de licenças não-automáticas. O prazo estipulado pela Organização Mundial de Comércio (OMC) é de 60 dias. Segundo Rego, o governo argentino não tem
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liberado licenças de importação às máquinas agrícolas brasileiras desde dezembro do ano passado. “A principal explicação para essa mudança está na estratégia adotada pelo governo daquele país de proteger seu mercado, sua indústria e seu emprego. O número de produtos não atendidos com licença automática de importação aumentou de 400 para 600, agravando as barreiras burocráticas para importação de produtos brasileiros. A indústria de máquinas agrícolas está sendo afetada por uma política comercial acoplada a exigências internas de crescimento da indústria nacional daquele país”, pondera Nilson de Paula, professor e especialista em Comércio Exterior, do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Apesar da iniciativa do governo, o mercado agrícola do país vizinho não tem condições de suprir a demanda interna da última safra e, por isso, os agricultores e trabalhadores argentinos também estão sofrendo com essas sanções à importação de produtos brasileiros, conforme indica informações da Anfavea. “Já começaram a faltar peças de reposição. Não têm máquinas e nem peças lá [para os agricultores]. São 350 concessionárias e cerca de três mil empregos diretos que estão parados na Argentina”, comenta Milton Rego. A situação brasileira também é grave, quando levado em conta, que o país vizinho é o principal parceiro comercial neste setor e os prejuízos já são certos com essa demora para resolver o impasse diplomático. Rego explica que, depois do término da safra, em março, os agricultores não compram mais estes tipos de equipamentos. Por isso, as máquinas tiveram de ser remanejadas, mesmo tendo perdas econômicas. As máquinas paradas no chão das fábricas brasileiras tiveram de andar para outros mercados, como o do Paraguai, Uruguai e Peru, além de países da África, como África do Sul e Marrocos. Outra saída foi vender para o mercado interno. “Os números indicam que a indústria brasileira de máquinas agrícolas sofrerá perdas num mercado importante. No entanto, o peso do mercado interno deverá funcionar como um colchão de proteção a esta conjuntura desfavorável”, analisa Nilson de Paula. O governo brasileiro intermediou esse processo elegendo uma Comissão para
Segundo Milton Rego, as máquinas foram para outros mercados da América do Sul e África
monitorar a concessão de licenças não-automáticas entre os dois países, mas apesar do diálogo estabelecido com a Argentina, na prática nada mudou. Para o professor, a experiência já vivida com restrições não tarifárias em outras indústrias, como a de linha branca, dá ao governo brasileiro condições para vislumbrar alternativas para superação do presente impasse.
Mercado Paralelo às restrições da Argentina, o setor já vem sofrendo com quedas sucessivas nas exportações nos últimos anos. O setor, que havia retomado vigor na década de 1990, viu-se em meados da primeira década do século XXI, com a diminuição das exportações. Por conta desse cenário desfavorável, o setor de máquinas agrícolas prevê, para este ano, queda nas exportações em relação ao ano passado. De acordo com informações da Anfavea, em 2010, foram exportadas 19 mil máquinas agrícolas,
mas ainda muito longe da marca de 30 mil unidades, que anos atrás eram vendidas a outros países. Para este ano, as vendas para o comércio exterior já haviam sido estimadas para baixo: 17 mil unidades, “visando essa tendência, de perder espaço ao longo dos anos”, observa Rego. Assim, com as perdas nas vendas para a Argentina, o ano deve fechar com uma baixa ainda maior. Um ponto que também contribuiu para isso é o fato de que “nossa exportação é muito cara. Fatores que vão desde o preço do aço, tributos, logística, é o que chamamos de custo Brasil. Perdemos para mercados como Europa e EUA. As marcas que têm aqui também estão em outros países”, comenta Milton Rego, que também explica que o mercado brasileiro é basicamente dividido em três fatias – quase iguais – entre os grupos empresarias da CNH, AGCO e John Deere, com diversas unidades de negócios espalhadas pelo Brasil e algumas marcas com fábricas localizadas no Paraná. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 37
agricultura
A “volta por cima” do milho Os preços do grão subiram cerca de 80% e deram bons resultados para os produtores que apostaram na commodity 38 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
s baixos preços do milho no ano passado fizerem com que muitos produtores desistissem da cultura por outra mais vantajosa economicamente. Em julho de 2010,
o valor pago pela saca do cereal girava entre R$ 13 e R$ 15. Já em 2011, o valor pago pela mesma saca ficou próximo a R$ 23. Os produtores que optaram pela commodity agora podem colher os bons frutos de uma safra valorizada. O Paraná é o maior produtor do grão e representa 23% de tudo o que é produzido no país. De acordo com números do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab/Deral), para 2011 o Estado deve produzir 12,8 milhões de toneladas nas duas safras – verão e inverno. Além da redução da área plantada em 17% – totalizando 741 mil hectares – em relação à última safra, segundo dados do
ral, Margorete Demarchi, a valorização veio após três safras com preços baixos. O produtor das regiões de Castro e Ponta Grossa, Alexander Augustus Mittelstedt, analisa que essa reabilitação chegou a tempo. “Tinha que acontecer isso daí, porque senão ia inviabilizar nosso trabalho”, relata o produtor.
Bons resultados Os bons resultados também apareceram por causa das condições climáticas no Brasil. Para esta safra era esperado o efeito do La Niña. E “não aconteceu nada de La Niña até agora”, ressalta Margorete. Mittelstedt, que além de milho, planta soja e feijão, vê com bons olhos esta valorização do produto. “Sempre o aumento de preço é bem vindo pelo lado do produtor”, avalia. O produtor procura trabalhar com rotação de culturas e costuma destinar de 30 a 35% da propriedade para o plantio do milho. Mas nem todos os produtores trabalham assim. Por isso, de acordo com Guth,
quando o preço da commodity está em baixa, há incentivos das empresas de insumos para que produtores optem pela cultura. Por isso, “o cara tem de estar sorrindo mesmo”, afirma o analista de mercado. “Quem apostou no milho está ganhando dinheiro”, conclui.
Safrinha Mas se o bom momento agora vai muito bem, muitos produtores que não haviam optado pelo milho devem investir nesta cultura. Segundo Guth, é difícil quantificar o tempo que esta boa fase vai durar, pois depende de toda uma conjuntura internacional. O Deral estima que para a próxima safra sejam plantados no Paraná 1,062 milhão de hectares, o que representa 19% a mais de área plantada no Estado. A expectativa é que sejam colhidos 7,1 milhões de toneladas. Mas a engenheira agrônoma do Deral alerta que a “agricultura é uma atividade de risco. O milho mais ainda porque é uma cultura de verão plantada no inverno, na safrinha”. Para Guth, se acontecer como em anos anteriores quando o tempo ajudou, a safrinha do milho vai colher muito bem e ainda dar bons resultados para os produtores. Assim também estima o produtor Mittelstedt. “Eu acredito que quem plantar a safrinha [...] ainda vai ter um efeito bom.” A área plantada de milho safrinha deve crescer 19% em relação à safra recém-colhida
Fotos: Jonas Oliveira / AENotícias
Os produtores que optaram pelo milho agora podem colher os bons frutos de uma safra valorizada
Deral, o preço valorizado do milho deveu-se também a fatores externos, como a quebra de safra de trigo na Rússia e na Europa em decorrência de fatores climáticos. O trigo é o principal alimento para animais e o milho aparece como primeiro substituto do produto. “Logo em seguida teve a quebra da safra [do milho] nos Estado Unidos”, completa o analista de mercado de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thomé Guth. Essa quebra influenciou os preços da commodity na Bolsa de Chicago que chegaram, segundo Guth, a R$ 29. As exportações então tiveram importante papel para a reação dos preços. Segundo a engenheira agrônoma do DeREVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 39
internacional
A consolidação
do Brics Brasil, Rússia, Índia, China e agora a África do Sul consolidam a nova aliança econômica continental e mostram suas respectivas forças no mundo
Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br
C
inco nações de continentes diferentes resolveram mostrar que podem fazer frente às economias desenvolvidas ainda neste século. Os líderes do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reuniram-se em abril para formular um documento que apela para a necessidade de se reformar o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird) e, principalmente, a Organização das Nações Unidas (ONU). Especialistas em economia afirmam que em 2020 os países membros terão 3,14 bilhões de habitantes (40% da população mundial naquele ano, segundo projeções da ONU), e devem chegar mais perto das economias do G-7, após terem crescido com taxas muito superiores às de nações ricas. Na força econômica quem domina é a China. Números da consultoria Economist Intelligence Unit mostram que, em 2010, o valor em dólares da economia chinesa foi maior do que a soma de todas as economias de seus parceiros dos Brics, incluindo a África do Sul. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês foi de US$ 5,878 trilhões, portanto maior do que os US$ 5,503 referentes à soma das economias de Brasil (US$ 2,029 trilhões), Índia (US$ 1,645 trilhões), Rússia (US$ 1,465 trilhões), e África do Sul (US$ 364 bilhões). Mas o que os membros desse grupo querem de fato? Analistas econômicos consultados pela MÊS afirmam que lutam para uma nova ordem mundial até 2025 e países como o Brasil e China devem ser uma das novas lideranças.
40 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
A presidenta Dilma Rousseff conquistou acordos importantes com o presidente da China, Hu Jintao
Líderes dos países se reuniram na China para discutir reformas globais no sistema político
O PIB do B.R.I.C.A em trilhões de dólares
China 5,878
Brasil 2,029
Índia 1,645
Rússia 1,465
África do Sul 0,364
Fonte: Economist Intelligence Unit
Na reunião de cúpula saiu um documento apelando para a necessidade de reforma política na ONU “O sistema atual, vigente desde o fim da Segunda Guerra Mundial vai mudar. Pode não ser agora, mas vai mudar” destaca o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Flavio Rocha. Segundo ele, o equilíbrio político em decorrência do econômico será muito maior com a consolidação dos países emergentes e uma participação ativa nos organismos internacionais será preponderante.
O Brasil ou a China A questão da liderança. Na pauta, quem leva? Fica entre o maior consumidor e o
grande fornecedor de produtos agrícolas. Neste momento, a China leva vantagem, não apenas pelo fator populacional – 1,3 bilhão de pessoas, sendo que mais da metade são consumidores vorazes – mas por ter um parque tecnológico/industrial pronto, melhor infraestrutura de serviços e produzir manufaturados acabados. O Brasil não está atrás. Também possui um parque tecnológico/industrial de força, mas ainda há muito por fazer em infraestrutura. Mas independentemente da liderança do Brics, está para nascer um conceito multipolar (multilateral) e está surgindo cada vez mais nações com discursos de autoridades que devem discutir o poder de interação mundial. Sobre a reforma no FMI, o Brics pede mudanças no sistema financeiro e monetário internacional, que utiliza, hoje, quatro moedas para realizar transações (dólar, euro, iene e libra esterlina), todas de países do primeiro mundo e nenhuma delas utilizadas nesses países. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 41
comportamento
O pioneiro dos mares
A vontade coletiva de comprar Muito além de uma oportunidade de negócios, os sites de compras coletivas estão mudando também o comportamento de muitos consumidores
O
ele deixe de conferir os sites. “Já cheguei a estar em barzinho com meus amigos e quando vejo que deu meia-noite olho no meu celular pra ver o que tem no Peixe Urbano”, afirma o analista de Infraestrutura, que admite ser um viciado em compras coletivas.
Nem mesmo o fato de estar longe de um computador, neste horário, faz com que
Foi pelo site Peixe Urbano (ver Box) que Lemos fez sua primeira compra, em meados do ano passado. “Quando o Peixe Urbano começou a operar em Curitiba na segunda oferta já comprei. Um bar que frequentava mandou uma propaganda dizendo que estava com promoção. Como era um lugar que já conhecia fiz a compra”, conta. Foi o suficiente para ele não parar mais. Atualmente, João Paulo com-
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
relógio aponta meia-noite. O que para muitos é sinal de que o dia acabou e está na hora de ir dormir, para João Paulo Lemos, de 25 anos de idade, é o momento de novas oportunidades em compras. Todos os dias, no mesmo horário, Lemos corre para frente do computador para ver as mais novas ofertas do dia – que são atualizadas à meia-noite –, divulgadas em dezenas de sites de compra coletiva, que trazem promoções de sua cidade: Curitiba (PR).
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A iniciativa chegou ao Brasil pelas mãos de um curitibano, formado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Emerson Andrade é um dos sócios do site Peixe Urbano, site de compras coletivas pioneiro no País. O então trabalhador da Microsoft e morador de Seattle (EUA), veio ao Brasil no início de 2010 para passar férias de um mês. Mas seus planos mudariam de rumo. Em março, já havia lançado o site, junto com Júlio Vasconcelos e Alexander Tabor, também recém-chegados dos Estados Unidos. A ideia surgiu depois de observarem o fenômeno nos Estados Unidos e apostarem no modelo aqui no País. Depois de um ano do negócio online, é possível fazer um balanço bastante positivo da iniciativa desses jovens brasileiros. Os números são expressivos. Hoje, o site conta com mais de sete milhões de usuários e está presente em 52 cidades brasileiras, além de Buenos Aires (Argentina). No Paraná, o site está em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel, com previsão de chegar em breve à Foz do Iguaçu. A capital paranaense foi a terceira cidade atendida pelo Peixe Urbano, depois do Rio de Janeiro e São Paulo. A empresa, que já vendou cerca de quatro milhões de cupons, garante ter possibilitado uma economia de R$ 200 milhões para seus usuários. Andrade afirma que o negócio está em constante crescimento. Até dezembro de 2010 o site atendia 34 cidades e tinha 300 empregados. Em 2011, o Peixe Urbano deve oferecer aproximadamente mil ofertas por mês e já possui um quadro de 450 funcionários.
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A previsão é que em 2011 os sites de compras coletivas faturem mais de R$ 1 bilhão pra no mínimo uma oferta por semana e gasta suas aquisições (vouchers) em torno de oito vezes por mês. Até mesmo o sedentarismo João Paulo deixou de lado por conta de uma boa promoção. Três mensalidades de uma academia em Curitiba saíram de R$ 425 por R$ 85. “Sou sedentário, mas sei que tem de fazer um exercício. Faltava um incentivo”, garante o analista, que após o trimestre de testes na academia, continua matriculado. Dentre as principais compras de João estão cupons para bares e restaurantes. Mas outros serviços e produtos também aparecem em sua lista, como massagens, passeio de trem e aluguel online de filmes.
De coletivo, só mesmo a vontade de consumir. As ofertas do dia são colocadas à disposição com prazo determinado para acabar e possuem um número mínimo de consumidores para fazer valer a compra. Cada um adquire seu cupom e consome em um período pré-estabelecido pelo ponto comercial. Os sites fazem o intermédio entre o comércio e o consumidor, impulsionando compras não programadas. Segundo Emerson Andrade, um dos sócios do site Peixe Urbano, os principais
itens adquiridos em seu negócio são os relacionados à gastronomia, estética e turismo. “Já fizemos mais de uma oferta [de turismo] que vendeu mais de R$ 500 mil, R$ 1 milhão em um dia”, conta. Para Andrade, as pessoas se adaptaram bem a essa forma de consumo, pois viram neste tipo de compra a oportunidade de conhecer melhor suas cidades. “Antes eram só amigos recomendando lugares. Agora elas têm um site que traz oportunidades diárias para elas conhecerem coisas novas”.
Mudanças Depois do Peixe Urbano, diferentes empresas aproveitam esse filão no mercado brasileiro. Estima-se que no País os mais de mil sites de compras coletivas movimentaram, em 2010, cerca de R$ 300 milhões. A prova de que estão sendo cada vez mais aceitos pelos consumidores brasileiros são as previsões ainda mais otiRoberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
Consumo Coletivo
Segundo Andrade, os principais itens adquiridos no Peixe Urbano são de gastronomia, estética e turismo
Uma boa promoção para malhar fez com que João Paulo deixasse o sedentarismo de lado
mistas para este ano. O faturamento deve ultrapassar R$ 1 bilhão, em 2011. Não é só o lucro das empresas que vem chamando a atenção, mas também a mudança de comportamento dos consumidores com o surgimento dessa mania nacional. João Paulo é um desses que admite moldar sua rotina e consumo por conta das promoções, com descontos atraentes. “Muitos lugares que estou frequentando e coisas que estou fazendo é por causa disso. Tinha uma época que começou a acumular muito cupom, aí comecei a sair direto, em dias que nem costumava sair, só para gastar os cupons. Nessas horas que você vê que compra mais do que devia. Comecei a sair com mais frequência, comer em mais lugares diferentes”, confessa Lemos que organiza suas compras em uma tabela para seu próprio controle. O desconto vultuoso – de até 90% em determinadas ofertas – é o chamariz para o incentivo às compras, observa o sócio do Peixe Urbano. “Elas [as pessoas] veem a oportunidade de comprar algo que já tinham vontade de experimentar ou, às vezes, não conheciam”. Para Andrade, as ofertas trazidas pelos sites têm o poder de impactar as pessoas de diferentes maneiras. “Aqui em Curitiba teve uma oferta de um dia de aula de trapézio. Tenho uma amiga que comprou, foi lá, ficou três horas no trapézio, se apaixonou e agora é seu novo hobby. É bem legal poder fazer isso”. Para a psicóloga Helô Negrão, esse comportamento é completamente explicável na sociedade atual. “Os sites de compras entram na nossa casa de maneira muito atraente, porque você pode comprar tudo. Sobretudo em uma geração que nasceu numa sociedade de consumo, onde se consome tudo”, observa a psicóloga. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 43
turismo
Nos trilhos da Serra O passeio incomum de trem leva o turista a desvendar belos trechos e os segredos da Floresta Atlântica, no Paraná
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
epois de alguns dias parada, por causa das enchentes do Litoral paranaense, a estrada de ferro que leva os turistas de Curitiba (PR) à Paranaguá (PR) está de volta a todo vapor. A ferrovia corta o interior da Serra do Mar paranaense e mostra alguns segredos escondidos nela.
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Um deles é a própria construção da via férrea, que contou com a mão-de-obra de nove mil homens, desafiando o relevo da região. Inaugurada em 1885, o trajeto percorrido é de 110 km. Vencidos os desafios, a ferrovia se tornou um atrativo à parte no caminho Curitiba-Paranaguá. Mas apesar da beleza de suas sinuosidades, a estrada de ferro não é o único ponto que chama a atenção na viagem que começa cedo em
Curitiba. Por isso, para desvendar as maravilhas dessa região paranaense, a equipe da Revista MÊS embarcou nessa aventura com destino ao Litoral paranaense.
As primeiras belezas O ponto de partida da viagem turística até Morretes (PR) é a Estação Rodoferroviária de Curitiba, onde às 8h15 da manhã o trem inicia seu trajeto. Em todos os dias da semana, a viagem segue até Morretes, mas aos domingos, o trem chega também até Paranaguá (PR).
Dicas de Viagem A viagem de trem até Morretes ou até Paranaguá, aos domingos, é realizada pela Serra Verde Express. A capacidade máxima é de 1.040 pessoas, totalizando 19 vagões. Há várias opções de tarifas para quem quiser fazer o passeio.Veja abaixo: Tipos de vagão
Ida
Volta
Econômico – Sem serviço................................ Adulto / Criança: R$ 48... Adulto / Criança: R$ 37 Turístico – Serviço de bordo com 1 água ou .... Adulto: R$ 69,00.............. Adulto: R$ 50,00 1 refrigerante, kit lanche e guia (português)..... Criança: R$ 45,00............ Criança: R$ 36,00 Executivo – Serviço de bordo com água, refrigerante e cerveja, kit lanche ...................... Adulto: R$ 101,00............ Adulto: R$ 70,00 diferenciado e guia bilíngue............................. Criança: R$ 49,00............ Criança: R$ 41,00 Litorina de Luxo *............................................ Adulto: R$ 270,00............ Adulto: R$ 200,00 ............................................ Criança: R$ 189,00.......... Criança: R$ 140,00 Camarote 4 lugares**....................................... R$ 316,00......................... R$ 220,00 Camarote 8 lugares**....................................... R$ 526,00 ........................ R$ 372,00 * Poltronas de couro e sofás de veludo. Bar no interior do vagão. Catering de 1ª classe. Champagne, água, refrigerante e cerveja. Guia bilíngue. ** 6 cabines exclusivas com 8 lugares cada e 1 cabine exclusiva com 4 lugares. Serviço de bordo com água, refrigerante e cerveja, kit lanche diferenciado e guia bilíngue. Independentemente do número de pessoas, o valor da cabine é único. Mais informações: http://serraverdeexpress.com.br/
turais da floresta atlântica, localizada na planície do Litoral e conta com cerca de 12 mil km2 de mata preservada.
Roberto Dziura Jr.
Um dos primeiros atrativos é uma chaminé, que curiosamente tem uma árvore em seu topo. A chaminé está localizada à direita dos trilhos, dentro da represa Caiguava, ainda em Piraquara.
do Mar
Os primeiros atrativos já começam em Curitiba. Do trem, é possível ver parte do Jardim Botânico, importante ponto turístico da Capital paranaense. Em direção a Serra do Mar, o trem passa ao lado do Autódromo Internacional, em Pinhais (PR), e por Piraquara (PR), município da Região Metropolitana, que cresceu no entorno dos trilhos. Depois de atingir o ponto mais alto do trajeto, que fica a 955 metros acima do nível do mar, o trem começa a descer a serra. O caminho é repleto de túneis e belezas na-
Durante a viagem também é possível ver o conjunto montanhoso Marumbi, lugar muito procurado por montanhistas. Aliás, essa é a única parada até Morretes, em que montanhistas podem embarcar e desembarcar do trem. Mais à frente, vemos o Rio Ipiranga, alguns trechos da ferrovia passam ao lado desse grande rio. Ao longo da ferrovia também está a Casa do Ipiranga, que foi construída após a conclusão da estrada de ferro. A Casa foi a residência do engenheiro chefe da linha e também moradia do pintor Alfredo Andersen. A guia de turismo da empresa responsável por operar o trecho, Marina Menezes, que trabalha há 10 anos com isso, garante que nunca um passeio é igual ao outro. Segundo Marina, a cada dia há uma beleza diferente para ser admirada, mesmo em dia de chuva. “A cada dia a natureza muda. [...] Tem gente que deixa de fazer o passeio por causa da chuva, mas quando está chovendo isso aqui [a mata] fica lindo”, afirma Marina.
Obras da natureza Um dos encantos mais aguardados por todos que embarcam nesse passeio é a Cascata Véu de Noiva. Ela ganhou este nome por seu formato ao cair no chão, mais parecendo um véu de noiva. Com 70 metros de altura, a cachoeira é formada pelo Rio Ipiranga. No final de sua queda, há uma grande piscina natural que pode ser visitada por quem faz montanhismo na região. A turista de Curitiba, Maria Emilia Pereira Lima, que nunca havia feito o passeio e tinha a curiosidade de andar de trem, gostou muito do que pode ver. “É lindo, maravilhoso! Para quem gosta de paisagem, natureza é espetacular”, enaltece a turista que aproveitou para tirar muitas fotos do trajeto. “Eu gosto muito de natureza. As paisagens... Um ótimo lugar para tirar fotografias. [...] Acho que a paisagem é o que mais vale a pena”, completa.
Obras do homem Todo o caminho parece uma viagem no tempo, pois muitas das estações – grande parte delas hoje desativadas – estão ali desde a construção da estrada de ferro no século XIX. Além da exuberância da floresta, também há toda a beleza da construção humana. O apito efusivo da buzina do trem alerta para cada nova atração. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 45
turismo Rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes e onde estão localizados os restaurantes e o centro histórico
Outros dois pontos do percurso não foram esculpidos pela natureza, mas pelas mãos dos homens. Um deles é a ponte sobre o Rio São João que ganhou o nome de Ponte São João. Com 110 metros de extensão e 55 metros de altura, é a maior
ponte da ferrovia. A construção, projetada no Brasil, foi feita na Bélgica e utilizou 480 toneladas de ferro. Em 1945, quando houve um aumento do fluxo de cargas em direção à Paranaguá a ponte ganhou um arco que reforça a estrutura. Lá de cima
da ponte é possível ver as águas do Rio São João. Uma paisagem ímpar. O outro ponto construído pela mão do homem foi o Viaduto Carvalho. Encravado nas rochas, ele liga dois túneis, e como não dá para ver os trilhos em que passa o trem, a sensação que se tem é que o veículo está voando. Depois de minutos divertidos de apreensão, curtir a paisagem é o melhor negócio. Em alguns pontos do trajeto é possível ver o litoral paranaense. Infelizmente, o clima não colaborou muito no dia do passeio, para que os turistas pudessem ver toda a exuberância da Serra do Mar. O casal de turista de Vítória (ES), Francico Bravin e Ingrid Barellos Santos Bravin, lamentou o mau tempo, mas disseram que pretendem fazer o passeio novamente. “O trecho é bonito. [...] Eu até sugiro que outras pessoas venham fazer”, afirma Bravin. Enfim, depois de pouco mais de três horas de viagem e de apreciar as belezas da natureza, o trem para em Morretes (ver Box), mais um cantinho escondido no litoral paranaense, que vale a pena conhecer.
MORRETES Turismo Gastronômico
Por ser uma iguaria tipicamente paranaense, o turismo da cidade está intimamente associado à tradição gastronômica. Os restaurantes servem o prato, normalmente, acompanhado de banana e farinha de mandioca e para quem quiser também leva frutos do mar. Em minutos, se degusta o prato, mas diferentemente é o tempo de preparo. Segundo o garçom do restaurante Madalozo, Olegário Leando Cardozo Neto, para ficar pronto o barreado, a carne de boi precisa cozinhar entre 22 e 24 horas em uma panela de barro lacrada no fogão à lenha. “O pessoal que vem para cá eles vem para comer o barreado. [...] todos os 46 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
restaurantes aqui se especializaram em barreado”, comenta Cardozo Neto. De acordo com o garçom, que trabalha há 19 anos no restaurante, o prato típico já é uma tradição. Muitas pessoas, mesmo que não façam o passeio de trem, já descem a Serra pensando em saborear o prato. É o caso da turista Maria Emília. “A gente desce sempre pela Estrada da Graciosa, então Morretes já é uma cidade meio de casa para a gente.”
Há muitos caminhos para chegar até Morretes e poder apreciar o prato típico paranaense. Um deles é o trem. O outro trajeto é feito de carro, ou para os mais aventureiros, de bicicleta, pela bela Estrada da Graciosa e também pela BR-277. Por qualquer uma dessas estradas é possível conhecer a bela cidade histórica que cresceu às margens do Rio Nhundiaquara e hoje carrega essa saborosa atração. Fotos: Roberto Dziura Jr.
Nos pés da Serra do Mar paranaense, a cidade de Morretes ganhou este nome por causa do relevo característico da região, que é cercado de morros. O município, fundado em 1733, atrai muitos turistas principalmente por seu prato típico: o barreado. Às margens do Rio Nhundiaquara, no centro histórico da cidade, é possível visitar diversos restaurantes que servem este famoso prato.
Racismo é crime no Brasil.
Ele, contudo, só t e r á f i m s e to d o s o s casos forem punidos exemplarmente. S e n h o r e s d e p u ta d o s : a Constituição Federal é c l a r a e o d e p u ta d o J a i r B o l s o n a r o d e v e pa g a r p e l o s s e u s at o s .
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culinária&gastronomia
Requinte
para poucas mesas e muitos talheres
A
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
s noites de Curitiba reservam espaços, que propiciam aos mais exigentes paladares, momentos de bom gosto e sofisticação. São lugares que congregam requinte à mesa, com pratos da alta gastronomia, atendimento especializado e, ainda, oferecem ambientes agradáveis e de descontração. São os bistrôs, palavra de origem francesa, para denominar casas de vinhos e refeições. Grande parte dos bistrôs tem seu cardápio baseado na culinária francesa, mas também contam com influências de toda a cozinha europeia. São pratos produzidos com ingredientes de alta qualidade, que exalam aromas e sabores bem marcados. E o cuidado com a bela apresentação dos pratos, dispensa comentários. “Se a gente não tem a mercadoria não é porque a gente não quer vender, é porque
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a qualidade não é satisfatória para entrar no restaurante”, salienta o proprietário e chef do D. Louis Bistrot, o francês David Eddy Louis. O chef é responsável pela criação dos pratos, que a cada dois dias se reinventam. No bistrô de Louis, as iguarias são cuidadosamente confeccionadas para o deleite dos apreciadores.
Pratos individuais Mas se engana quem imagina que nesse tipo de restaurante serve-se pouco. Para o sócio-proprietário do Vin Bistrô, Ronaldo Bohnenstengel, “as pessoas reclamavam dizendo que a quantidade que era servida era uma quantidade pequena, só que tem que se levar em consideração que [a refeição completa] é o couvert, a entrada, o prato [principal] e a sobremesa”. Os restaurantes franceses oferecem uma variedade grande de pratos e também possibilitam que as pessoas possam combinar os pratos conforme sua preferência. “O
Restaurantes sofisticados, como os bistrôs franceses, reservam qualidade e bom gosto para os curitibanos
Pratos & Vinhos
Saiba como
Lagosta Salmão defumado Salmão grelhado Truta (fresca) Frutos do Mar Caça Cordeiro Pato Carne Bovina Codornas e Prediz Coq au vin Boeuf a la Bourguignonne Ostras Foie-Gras Queijo Roquefort Cogumelos Magret de Canard com cogumelos Magret de Canard Escargot a la Bourguignonne Ratatouille Fonte: Flávio Bin, consultor de vinhos da Porto a Porto
que é muito importante na França é a porção individual. [...] E todo mundo pode escolher”, enfatiza Louis.
que um dos pratos mais apreciados pelos clientes é o polvo grelhado com tapenade de azeitonas pretas e batatas douradas.
em uma refeição. “Eu acho que o vinho para um jantar é obrigatório. Não é um acompanhamento.”
Foi essa possibilidade na customização dos pratos e no requinte da cozinha que chamaram a atenção do casal de namorados Giulio Pieter Formenti e Uliana Mageroski. Eles escolheram o Vin Bistrô para comemorar sete meses de namoro. “Os pratos são menores e você consegue desfrutar desde o primeiro até o último”, diz Formenti.
E a influência de toda a Europa nos pratos franceses não acontece apenas aqui. De acordo com Louis, mesmo na França, a culinária tem elementos de várias cozinhas vizinhas, por conta da proximidade dos outros países. “[No D. Louis] é uma comida francesa internacional. A diferença exemplar que tem é que as receitas são nossas”, relata o chef que serve frutos do mar, mignon, risotos, acompanhados por vinho e crème fraich.
Toque final
Roberto Dziura Jr.
O ambiente também confere um ar de elegância com poucas mesas, postas conforme a etiqueta: talheres e taças específicos para a degustação de cada prato. O clima é aconchegante e intimista. As refeições são feitas de forma tranquila e mais demorada que em outros tipos de estabelecimentos. O preço médio dos dois estabelecimentos visitados varia entre R$ 40 e R$ 60, por pessoa.
Cozinha internacional Para atender o paladar curitibano, além da culinária francesa, os bistrôs servem pratos com influência de toda a cozinha europeia. No cardápio do Vin Bistrô, por exemplo, “apesar do restaurante ter um sotaque francês, é um cardápio bem europeu. [...] A gente trabalha com muitos frutos do mar, carnes, peixes, massas, risotos. É um cardápio bem variado”, explica Bohnenstengel. O proprietário conta
Harmonização perfeita Os ingredientes de qualidade e a decoração são muito importantes para os pratos franceses, mas a harmonização com o vinho é um toque de requinte quase obrigatório. Ele tem um papel fundamental na culinária francesa e não é considerado apenas um acompanhamento, mas um complemento perfeito às iguarias. “O vinho para o italiano e para o francês não é uma bebida, ele faz parte da alimentação”, afirma Bohnenstengel. Afirmação confirmada por Formenti que complementa dizendo que o vinho “faz todo o fechamento do buquê da refeição”. O proprietário do D. Louis Bistrot destaca ainda a importância que a bebida tem
Mas para que o vinho faça o conjunto perfeito com a refeição é preciso harmonizar os sabores e tomar cuidado na escolha. Para o consultor de vinhos da Porto a Porto, Flávio Bin, hoje essa harmonização é mais complexa, pois há muitas cozinhas diferentes e uma carta de vinhos bastante diversificada. Os preços variam também conforme o gosto e o bolso do apreciador. Para tanto, alguns critérios são necessários observar: escolher um vinho por similaridade ou por contraste de sabores. A escolha do vinho vai depender do sabor do prato e da intensidade desses sabores. No consumo de frutos do mar, por exemplo, a melhor pedida é acompanhar com champagne, vinhos brancos e rosés (provance). “O vinho tem um papel muito objetivo durante uma refeição [...] que é tornar a refeição mais prazerosa”, afirma o consultor de vinhos. Ele ressalta ainda que uma das funções dessa bebida é o de limpar as papilas gustativas para que os sabores da comida sejam ressaltados. Com o toque de um bom vinho é possível saborear completamente uma típica refeição francesa.
Borgonha branco de Chardonnay ou Champagne Champagne, Chablis Pinot Noir mais jovem Chablis ou Chadornnay (não amadurecidos) Champagne, brancos e rosés (Provance) Clássicos de Bordeaux e Borgonha Borgonha e Bordeaux tintos Bordeaux ou Borgonha tintos Bordeaux tinto – Rhône Borgonha tinto Tinto da Borgonha ou outro tinto de corpo médio Tinto da Borgonha ou outro tinto mais envelhecido Chablis ou Champagne Sauternes ou Gu Sauternes Pinot Noir da Borgonha Pinot Noir Borgonha envelhecido Bordeaux tinto Chardonnay da Borgonha e Pinot Noir, leve/boa acidez Rosés de Provance
Roberto Dziura Jr.
harmonizar o vinho com o prato escolhido
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meio ambiente
Projeto bem iluminado Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
A
ndar pelos cômodos apagando as luzes acesas deixadas por seus filhos era cena comum na casa de Antônio Carlos Monteiro. Esse desperdício no antigo apartamento fez com que ele resolvesse escolher gastar para economizar em sua nova residência. O que parece um paradoxo, tem sentido. A nova casa do empresário, dono de uma indústria em Pinhais (PR), Região Metropolitana de Curitiba, foi totalmente projetada para ter automação completa. Para isso, Monteiro investiu inicialmente R$ 1,5 mil no projeto; na infraestrutura, perto de R$ 20 mil; e só de lâmpadas, o custo foi em torno de R$ 15
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Vantagens da fluorescente Estudos do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mostram que as lâmpadas ocupam o terceiro lugar entre os equipamentos que mais gastam energia em uma residência, ficando atrás apenas das geladeiras e chuveiros. Por isso, escolher a lâmpada ideal é importante para o bolso e o meio ambiente. O cálculo de técnicos do Idec aponta que trocar as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes pode representar uma economia de até 79% ou de 44 kWh em 750 horas de uso. “A troca de uma só lâmpada comum de 60W, por uma fluorescente de 15W, gera uma economia de R$ 2 em um mês. Embora a fluorescente tenha um custo médio de R$ 8, em quatro meses o consumidor recupera o investimento. O restante da vida útil da lâmpada, portanto, representa lucro”, analisa o estudo do Idec.
mil. Tudo para economizar no dia-a-dia e trazer mais conforto à família. O empresário deve investir ainda cerca de R$ 80 mil para completar o projeto de automação, que inclui itens além da iluminação, como o sistema de segurança e monitoramento. Apesar do alto valor investido, Monteiro afirma valer a pena. “O que mais pesou foi diminuir o consumo. Todos os ambientes da casa têm sensor de presença. Como mudei recentemente não consegui avaliar as contas. Mas o investimento já se paga na valorização do imóvel”, diz. Divulgação
Na hora de construir, elaborar um projeto específico para a luminosidade pode evitar o desperdício de luz elétrica e colaborar com o meio ambiente
Buscando economizar energia, Antônio Carlos projetou sua casa toda automatizada
Roberto Dziura Jr.
Apesar do pensamento do consumidor ainda estar mais voltado ao bolso, na diminuição de custos futuros, essa realidade deve mudar. Segundo o engenheiro elétrico com experiência em eficiência energética, Augusto Poliquezi Neto, “ainda é um pouco caro pensar em um sistema sofisticado. Hoje não existem incentivos, políticas públicas, que façam isso se tornar realidade. Mas não existe outra saída. O consumo de energia e a população aumentam todo dia. Vai chegar num limite. Hoje é caro, mas no curto prazo, acredito, vai passar a ser normal”, afirma. Assim, este comportamento resultará em longo prazo, em obras com menos impacto ao meio ambiente, desde a escolha de materiais, até produtos e soluções sustentáveis, gerando também maior consciência nas ações do cotidiano, com a diminuição do consumo de energia elétrica e outras medidas ambientalmente corretas. Hoje uma pessoa que pretende investir em iluminação para diminuir o consumo diário tem um gasto 30% superior em relação a uma construção padrão. Se as lâmpadas escolhidas forem as LED’s (Diodo Emissor de Luz), esse valor pode aumentar em 50%.
Ao natural O pensamento em iluminação não se resume apenas a tipos adequados de lâmpadas, sensores ou automação. O aproveitamento da luz natural é muito importante. Aliás, esse quesito ajuda a diminuir o desperdício de luz elétrica e, ainda, contribui no bem-estar dos moradores.
Dicas para você economizar
Roberto Dziura Jr.
Iluminação natural é sempre melhor. “Por mais que a gente não perceba, o organismo percebe”, explica Poliquezi
Estudos mostram que com a iluminação solar há uma diminuição das distâncias focais para os olhos humanos, o que causa um relaxamento do sistema visual, provocando melhorias de até 40% de conforto entre os ocupantes do imóvel.
abusou das paredes brancas, janelas largas e um amplo painel de vidro que colabora com a entrada da luz natural na parte central da casa.
A explicação técnica para esse conforto visual é sentida por todos, mas percebida somente por olhares mais atentos. “A iluminação [artificial] pisca o tempo todo em uma frequência muito rápida que a gente não vê. E isso causa certo desconforto que a iluminação natural já não tem, ela é contínua. Por mais que a gente não perceba, o organismo percebe”, explica o engenheiro elétrico.
A importância da iluminação cresceu tanto nos últimos anos, que profissionais estão se especializando no assunto e oferecendo projetos específicos. São os lighting designers. “Normalmente as pessoas chegam buscando o efeito e o aconchego. Mas algumas já vêm pela questão da economia. Quando a pessoa não questiona, aí a gente comenta a vantagem quando se tem um projeto de iluminação adaptado para a eficiência dela”, diz a arquiteta e lighting designer, Arianne Vatanabe, de Maringá (PR).
Outros elementos também devem ser considerados na escolha dos ambientes. “Na hora de calcular a iluminação e a intensidade da luminosidade para atender as características, você tem as cores de piso, parede e teto, que influenciam no cálculo. Às vezes, uma simples pintura de um ambiente ajuda a aumentar a eficiência da iluminação e vai consumir menos energia”, garante Poliquezi. “Quando pensamos na casa, queríamos que ela fosse clara”, conta Monteiro, que
Bem focado
“Para um projeto em iluminação sempre temos de levar em consideração o perfil do cliente. Cada um tem um hábito de utilizar a casa. Vemos a iluminação adequada para cada ambiente. Só isso já gera economia de energia, pois especificamos a iluminação adequada”, explica a especialista.
Procure usar lâmpadas fluorescentes, que são mais econômicas.
Ao sair de casa, verifique se todas as luzes estão apagadas e os aparelhos estão desligados.
É conveniente mantê-las sempre limpas, pois quando estão sujas de pó sua luminosidade diminui.
Se os fusíveis se fundirem com frequência, os disjuntores desarmarem ou se as luzes da casa diminuírem de intensidade ao ligar o ferro elétrico ou outro aparelho de grande consumo, chame um eletricista para verificar a instalação.
Pinte as paredes com cores claras, pois elas refletem melhor a luz. Fonte: Idec
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esporte
O ringue cheio de sonhos
Boxeadora diz estar no melhor momento de sua carreira
Os já campeões paranaenses no Boxe Rosilete e Macaris, agora querem descobrir novos atletas, realizando um antigo sonho Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
A
penas 11 segundos. Foi quase no tempo de um simples piscar de olhos que a boxeadora paranaense Rosilete dos Santos nocauteou sua adversária, a argentina Gabriela Aranda, no mês de março, em um confronto realizado em São José dos Pinhais (PR), reduto de novos talentos. A vitória, ainda na memória, garantiu a ela a defesa do cinturão de campeã da Comissão Mundial de Boxe, na categoria peso galo (até 53,5 kg). Mas nem sempre foi assim. Foi justamente contra uma argentina que a lembrança amarga marcou sua primeira luta. Foi em Buenos Aires, em 2001, que Rosilete competiu pela primeira vez, ainda como amadora, e perdeu. “Perdi por nocaute”, lembra.
Em boas mãos, a lutadora foi levada para o centro do ringue por outro precursor do Esporte, Macaris do Livramento. Este nome de peso foi responsável por levar o Paraná e o País para bem longe. Sua carreira contabiliza 105 vitórias. De 110 lutas disputadas, na categoria médio-ligeiro (até 69,8 kg), garantiu 75 por nocaute e colecionou somente cinco derrotas em seu currículo. Hoje, trabalha envolvido com o esporte, na Federação Paranaense de Boxe, organizando lutas e treinando Rosilete. “Por causa dele que eu comecei a treinar, comecei a gostar”, confessa a boxeadora. 52 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Roberto Dziura Jr.
O esporte, que entrou na vida de Rosilete quase por brincadeira, tornou-se coisa séria quando descobriu os valiosos ensinamentos do esporte e a referência que se tornaria para outras pugilistas. “Jamais pensei que um dia iria lutar. Depois que eu aceitei a lutar, que eu descobri que era a primeira mulher no Estado a lutar a modalidade do Boxe”, conta a pioneira no esporte. E foi neste esporte que aprendeu valores importantes, como disciplina, respeito ao próximo e perseverança.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
A meta é descobrir novos atletas e formar cidadãos da paz
Amador Aquela derrota para a argentina foi a primeira e última. Depois disso, a carreira como amadora iria deslanchar. Em sua história coleciona muito sucesso. No amador, ela competiu em 16 lutas, sendo 13 vitórias. Depois, já no esporte profissional, imprimiu em seu currículo 28 lutas, dessas conquistou 23 vitórias, sendo 14 por nocaute, e perdeu apenas cinco vezes. Entre 2006 e 2008, a boxeadora – natural de Castro (PR) – deu uma paradinha para cuidar de sua filha, Nicole. “Fiz a parada para ter minha filha, para engravidar, foi uma fase muito gostosa. Mas achava que minha carreira no boxe já tinha acabado com o nascimento da minha filha”, confessa Rosilete. Ledo engano. Ela voltou e com força total. Em 2008, “veio o convite tão sonhado de disputar o titulo mundial, na Alemanha, que era meu sonho. Eu estava 11 quilos a mais, o que foi mais uma conquista, perder peso e voltar a lutar numa competição fora do País tão importante para mim”. Com disciplina e muitas horas em cima do ringue, Rosilete sagrou-se campeã mundial. A luta deste ano, contra a argentina Gabriela Aranda, foi a terceira vez que defendeu seu cinturão e o fez em apenas alguns segundos, sem deixar dúvidas, para a adversária. “A gente treinou tranquilidade e golpes para derrubar”. Para aguentar a pressão em defender o título e atender a expectativa do público, lutando em casa, a atleta trabalha o psicológico com foco nas pessoas que acreditam em seu trabalho, principalmente, em sua filha, de apenas 4 anos de idade, que já dá conselhos. Nicole diz: “mãe, você não pode perder, não deixa sangrar seu nariz“, conta Rosilete. Para garantir os segundos de sucesso durante a luta, o dia-a-dia precisa ser puxado. Corrida de 10 km, de segunda a sábado, também forte trabalho técnico, durante duas horas diárias, aperfeiçoando golpes, agilidade, defesa e ataque. Além disso, mantém o condicionamento físico com muita musculação, voltada para o boxe. Assim, “aumentei a massa muscular e diminui a gordura. Estou na melhor fase da minha carreira”.
Macaris, ícone do esporte, vai implantar Centro de Boxe no Paraná
Novos talentos Para colocar à disposição dos paranaenses toda a experiência do casal Rosilete e Macaris, eles também lutam por um sonho fora dos ringues: descobrir e treinar novos talentos. O objetivo é formar novos atletas e expandir os resultados já conquistados. Para tanto, firmaram projeto com a Prefeitura de São José dos Pinhais, junto à Federação Paranaense de Boxe para colocar em prática o Centro de Excelência de Boxe, no município da Região Metropolitana de Curitiba. “A ideia já existia há anos. Do basquete veio a Hortência; do vôlei, veio o Bernardinho. Sou daqui e sempre batalhei por isso”, conta Macaris do Livramento, que é atual presidente da Federação. O projeto deve começar a funcionar a partir de maio e conta com capacidade para atender 200 novos atletas a partir de 12 anos de idade. De dia, será para focar no treinamento de crianças e jovens interessados em levar o esporte à risca. “À noite, servirá de academia para a população”, afirma Macaris. Este é um “sonho que a gente está realizando. Temos muito que esperar do Paraná, pensando nas Olimpíadas de 2016, formando novos atletas e novos campeões. Vai ser muito gostoso formar atletas”. Para os interessados, Rosilete e Macaris avisam: o aprendizado será duro, com muita disciplina, educação e concentração. Jab’s, diretos, cruzados, gancho e uppercut’s são golpes da luta do Boxe que poderão ser vistos pelos paranaenses, com esse novo reforço. A meta é descobrir novos atletas e formar cidadãos da paz. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 53
esporte
Na disputa pelo Brasileiro Para reforçar ainda mais o time, em 2011, o Atlético trouxe nomes de peso, como o preparador físico Carlinhos Neves, que
atua na Seleção Brasileira, e o meia Madson, ex-Santos. Apesar de tudo isso, o resultado no Paranaense não foi dos meFotos: Roberto Dziura Jr.
Atlético Paranaense e Coritiba avaliam suas participações no Campeonato Paranaense e falam sobre as expectativas para a séria A do Brasileirão Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
A
poucos dias do campeonato de futebol mais importante do país, a série A do Brasileiro, os dois times paranaenses que disputam a competição analisam suas participações no campeonato estadual e falam das expectativas para o Brasileirão. Um dos times que prometia vir com tudo no estadual, o Atlético Paranaense, parece não ter conseguido “manter a boa forma” do ano anterior. Em 2010, o time conquistou a quinta colocação no Brasileirão e garantiu a quarta melhor campanha na história da Série A, além da vaga na Copa Sul-Americana.
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O técnico Adilson Batista afirma que a intenção do Atlético é qualificar a equipe para o Brasileirão
“Não houve entrosamento que se esperava. O time não engrenou. A falta desse entrosamento ocasionou uma desconfiança que culminou em resultados negativos. A grande maioria dos jogadores contratados para repor aqueles que deixaram o clube não correspondeu”, analisa Zimermann. Outro aspecto que pode ter contribuído para essa falta de planejamento foi a mudança constante do técnico da equipe. Durante o campeonato paranaense foram quatro técnicos: Sérgio Soares, Leandro Niehues, Geninho e Adilson Batista. “A mudança sempre foi feita no sentido de melhorar o rendimento da equipe. O time não alcançou o futebol vistoso que a diretoria desejava. Vencia, mas jogava mal. O time não entusiasmava e não rendia o esperado”, diz o diretor justificando a excessiva troca.
O campeão Coritiba Já para o Coritiba os ventos parecem estar soprando favoravelmente. Depois de ter caído para a segunda divisão do Brasileirão em 2009 e ter perdido a confiança de parte da torcida, o time ressurgiu em 2010 mais organizado e conseguiu ser campeão da segundona. Se já não bastasse a volta à série A, em 2011, o time ainda foi o Campeão Paranaense neste ano, com uma rodada de antecedência. A vitória foi em um famoso Atletiba (Atlético Paranaense X Coritiba). O time campeão ganhou os 10 últimos clássicos, vencendo o rival desde maio de 2008. Além disso, igualou o recorde nacional de invencibilidade de 21 jogos, conquistado pelo Palmeiras em 1996 (até o fechamento desta edição).
Ambos os times admitem contratações, mas não falam em nomes futebol brasileiro. Estamos edificando uma estrutura orgânica, que tenha condições de evoluir e manter-se bem pelo esforço de seus profissionais”, garante Andrade. Segundo ele, a equipe tem de sempre pensar no futuro. “Estamos comemorando o momento, mas no futebol temos que planejar sempre à frente e como dirigir trabalhos para alcançar o melhor, com maturidade, entendendo as fases que vivemos seja nas vitórias ou não”.
O meio campo Marcos Aurélio, um dos nomes de mais destaque no clube, afirma que seu contrato vale até o final de 2012 e pretende continuar no Coxa durante o Brasileirão. “Pretendo permanecer porque venho colhendo bons frutos. Espero que possa dar muitas alegrias para os torcedores”. Quanto aos resultados do time, o jogador é otimista. “Se a gente entrar com essa mesma determinação e vontade no Brasileiro vai colher bastantes frutos”, diz.
Brasileirão
Quem também compartilha desse otimismo é o técnico. “Quando se trabalha num clube da tradição do Coritiba, tem de entrar em todas as competições com a expectativa do melhor. O melhor seria o título. É muito difícil, muito concorrido, mas tem de se trabalhar sempre nessa direção”, explica Oliveira.
Apesar de não citarem nomes até o fechamento desta edição, ambos os times dão a entender que haverá contratações. “Nesse momento estamos muito felizes e satisfeitos com o elenco que temos. Mas naturalmente a comissão e a diretoria estão muito atentas a uma oportunidade, de repente um ou outro jogador de forma bem pontual. Se houver necessidade a gente traz”, afirma o treinador Marcelo Oliveira do Coritiba. Também ao ser questionado sobre possíveis contratações, Vilson Andrade abriu precedentes. “O Clube nunca fechará as portas para boas contratações. Acho que
Para Vilson Ribeiro de Andrade, vice-presidente do clube, as conquistas foram resultado de objetivos claros, foco e visão empresarial. “Realizamos uma intensa mudança na estrutura de gestão do clube, dando a ele uma formatação extremamente profissional, com pessoas especialistas em cada área atuando para beneficio do conjunto”, diz. Apesar da grande fase do Coxa, o time sabe que não pode vacilar. “Não há mais espaço para amadorismo e aventuras no
isto resume muito bem a resposta da pergunta”, assegura. Quanto às áreas de maior carência do time, ele preferiu ser mais evasivo. “Há muito o que fazer no Coritiba”.
Roberto Dziura Jr.
lhores. O time ficou com a segunda colocação, atrás do rival Coritiba. Segundo o diretor de futebol, Valmor Zimermann, os resultados ficaram muito abaixo do esperado e não foram condizentes com o planejamento realizado.
“O melhor seria o título. É muito difícil, muito concorrido, mas tem de se trabalhar sempre nessa direção”, afirma Oliveira
Admitindo que as maiores carências do Atlético são em relação aos volantes, atacantes e a contratação de mais um goleiro, o diretor Valmor Zimermann não quis citar possíveis nomes. “As contratações que se mostrarem necessárias, serão feitas”, afirma. O novo técnico também disse ter consciência da necessidade de novos quadros. “Vamos qualificar. Essa é a intenção. Tem nomes em vista, mas isso é com a direção”, destaca Adilson Batista. As expectativas do jogador David em relação ao time são boas. “Ano passado conseguimos quase chegar a Libertadores. O pensamento agora é chegar da Libertadores para frente”, espera. Já o recém-contratado Rômulo é ainda mais audacioso. “A expectativa é excelente. Fomos vice-campeões ano passado pelo Cruzeiro. Espero que a gente mantenha ou cresça. Ou ser vice ou campeão. Conseguir colocar o Atlético entre as cabeças do Campeonato Brasileiro e conseguir uma vaga na Libertadores antecipada, que já seria a Copa do Brasil”, almeja o lateral direito. O diretor de futebol também concorda que a classificação na Copa Libertadores é o maior objetivo do clube. “A expectativa, sem dúvida, é lutar por uma das vagas para a Copa Libertadores da América. Ano passado, nossa equipe esteve bem próxima de conquistar a classificação, já que terminamos em 5º lugar. Neste ano, buscaremos a classificação”, planeja Zimermann. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 55
propaganda&marketing
Master e Capim Limão juntas pelo Banco do Brasil Parceria foi escolhida para produzir filme da Estatal no Distrito Federal e coloca em destaque nacional empresas paranaenses do setor Da redação - redacao@revistames.com.br
O
mercado publicitário paranaense reúne os melhores criativos. Em todos os setores da propaganda os profissionais daqui se destacam – palavras de especialistas. Por isso, nesta edição, vamos iniciar esta editoria com o objetivo de a cada mês falarmos sobre trabalhos realizados por empresas paranaenses deste segmento. Na estreia, escolhemos um trabalho realizado para o Banco do Brasil por duas empresas paranaenses que se destacam
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Ficha técnica Título: “Areia” Agência: Master Diretor de Criação: Saulo Angelo e Victor Afonso Criação: Auana Pontes de Andrade, Gustavo Frazão, Leonardo Barbosa RTV: Thaysa Bono e Mayane Milinavicius Mídia: Maíra Orempuller, Beatriz Vieira e Giovanni Lima Atendimento: Igildson Rodrigues e Carla Maestrali Planejamento: Marcelo Romaniewicz Produtora: Capim Limão Diretor: Carmine Bagnato Áudio: Lua Nova Aprovação: Débora Fonseca, Cláudio Evaristo, Sandro Hamnarstron e Armando Medeiros
no mercado nacional. A agência Master criou e a produtora Capim Limão Filmes produziu o comercial. O áudio ficou por conta da paulistana Lua Nova. “Mostrar a beleza e a transformação possível das formas por meio do trabalho de sand art realizado pelo nosso protagonista. Este era o grande desafio a ser enfrentado”, comentou o diretor de cena Carmine Bagnatto sobre o que pensou logo que se deparou com o roteiro preparado pelos criativos da agência Master. O comercial “Areia”, com veiculação realizada no Distrito Federal, divulgou a etapa candanga de Vôlei de Praia que ocorreu entre os dias 17 e 23 de abril. O filme – que teve a direção de criação de Saulo Angelo e Victor Afonso e a criação de Auana Pontes de Andrade, Gustavo Frazão e Leonardo Barbosa –, mostra o
“Foi uma alegria fazer este filme. Sempre que reunimos duas artes (cinema e sand art) em um mesmo job, o resultado é sempre muito positivo.” Carmine Bagnatto artista gaúcho Rodrigo Azeredo criando com a técnica de sand art cenas clássicas do vôlei para depois transformá-las, com o leve toque das mãos, em clássicos monumentos da Capital Federal. As gravações foram realizadas durante um dia inteiro no estúdio da produtora em Curitiba e foram acompanhadas de perto pela equipe da Master, tendo à frente Thaysa Bono e Mayane Milinavicius, e por profissionais do marketing do próprio Banco do Brasil. O diretor do filme, Carmine Bagnatto, que apesar de residir em São Paulo frequentemente filma em Curitiba. “Foi uma alegria fazer este filme. Sempre que reunimos duas artes (cinema e sand art) em um mesmo job, o resultado é sempre muito positivo. E os profissionais paranaenses da área técnica sempre nos deixam tranquilos para realizarmos o nosso trabalho”. Já para o diretor de fotografia, o paranaense Felipe Meneghel, detalhes da pro-
Edson “Cowboy” Cardoso destaca o trabalho dos profissionais paranaenses
dução deram um gostinho a mais na hora de realizar o trabalho. O grande desafio foi chegar ao amarelo do Banco do Brasil sem a necessidade de pós-produção. “Depois de encontrarmos a gelatina de efeito no amarelo correto por meio de uma pesquisa no catálogo da Rosco, foi só colocar uma fonte embaixo para silhuetar a mão e uma pequena fonte de preenchimento”, concluiu o diretor de fotografia. Para Edson Cardoso, diretor da Capim Limão, o desafio de produzir este filme começou por encontrar um artista de sand art de nível internacional e que não representasse elevação de custos por ter que trazê-lo de fora do Brasil. “O Rodrigo, que mora em Porto Alegre, foi um achado.
Grande profissional, tanto na qualidade de sua própria arte, como no envolvimento com o set, com o processo de filmagem”, destacou Edson Cardoso ao comentar sobre o resultado do trabalho. “Foi um trabalho bem legal. Foi nosso segundo filme para a Master, mas o primeiro rodado aqui em Curitiba. Cem por cento com a técnica paranaense. Foi muito bom para nós e para a equipe também”, concluiu o diretor da produtora Capim Limão Filmes. O resultado do trabalho paranaense pode ser conferido na Internet. Você encontra nas páginas da agência e da produtora: www.master.com.br e www.capimlimaofilmes.com.br
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cultura&lazer
Arte e História para apreciar
Museus oferecem opções de lazer, enriquecimento cultural e histórico em Curitiba, mas ainda são pouco visitados
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
arques, praças, bosques são ótimos locais para aproveitar o tempo livre. Mas há outros lugares interessantes que também podem render boas horas de lazer e conhecimento para quem os visitam. Um bom exemplo disso são os quase esquecidos museus. Em Curitiba, há importantes espaços destinados à Arte, História e preservação cultural, que estão à espera de visitantes. Em visita aos museus, a reportagem da MÊS constatou o pouco interesse da população na visita a esses locais. Um dos museus mais conhecidos e principais pontos turísticos da Capital é o
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Museu Oscar Niemeyer (MON). Conhecido como Museu do Olho, o lugar é muito mais visitado por fora do que por dentro, principalmente, nos finais de semana. O espaço projetado para agradar aos olhos – pelo genial arquiteto Oscar Niemeyer – por si só já chama atenção. Por dentro também revela muitas belezas e curiosidades em diversas exposições de artistas nacionais e estrangeiros durante o ano todo. Apesar da beleza e das curiosidades, esses locais que expõem um pouco sobre a Arte são pouco conhecidos e visitados pela população no Paraná. A pedagoga curitibana Cícera Yamagushi aproveitou a visita de alguns amigos vindos do Japão para
conhecer o MON e apresentar para seus amigos. Ela ficou surpresa com a beleza do local e pretende voltar. “Vou trazer meus filhos”, diz Cícera. O Museu Oscar Niemeyer também tem mostras permanentes que fazem parte do acervo fixo do espaço. Numa delas é possível ver as obras dentro da obra. Estranho? Mas é isso mesmo. Alguns dos projetos do arquiteto, incluindo o próprio Olho de Curitiba, estão expostos em forma de maquetes no Espaço Niemeyer. Outras obras que fazem parte do acervo do MON são trabalhos que estão no Pátio das Esculturas. São obras dos artistas Amélia Toledo, Bruno Giorgi, Erbo Stenzel, Emanoel Araújo, Francisco Brennand, Sérvulo Esmeraldo e Tomie Ohtake.
Museu Paranaense O MON não é o único espaço que promove Cultura&Lazer, outro importante e imponente museu da Capital é o Museu Paranaense. Atualmente, instalado em um prédio histórico construído entre 1928 e 1929, o Palácio do São Francisco está localizado no Centro Histórico de Curitiba.
Roberto Dziura Jr.
Em exposição, estão vários objetos que retratam parte da história do Estado, como o Tropeirismo, a construção de Curitiba, as guerras mundiais. Peças de povos primitivos, medalhas de diversos países e também da Primeira Guerra Mundial e do Brasil Império, cerâmicas dos séculos XIV e XV, objetos de povos indígenas, dentre inúmeras outras riquezas do passado. O museu também tem um acervo de Vladimir Kozák que registrou em imagens (fotografias, desenhos e filmes) grupos indígenas brasileiros entre 1940 e 1950. A visita ao Museu é uma releitura de tudo aquilo que aprendemos nas aulas de História do Paraná na escola. Por isso, o museu é procurado por instituições de ensino para visitação, que são responsáveis por 90% das visitas do local. Em média, 20 mil visitam por ano o local.
Apesar da beleza e das curiosidades, os museus ainda são pouco visitados pela população Para Márcia, o acervo do espaço complementa o conteúdo dado em sala de aula. “O museu desempenha o papel de emocionar”, avalia Márcia que ressalta que no ambiente é possível sentir, interpretar e criar um teatro na memória usando a imaginação.
Museu Alfredo Andersen Outro espaço que nos leva a imaginar como foi a vida do pai da pintura paranaense está localizado numa casa da Rua Mateus Leme, no centro de Curitiba. Lá funciona o Museu Alfredo Andersen onde é possível conhecer algumas obras do pintor. O prédio, onde foi instalado o museu, já foi uma residência e também escola de pintura de Andersen e abriga objetos do pintor como materiais de pintura. Para o diretor do Museu Alfredo Andersen, Ronald Simon, é aí que mora a diferença do museu para os demais. “A im-
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico – Curitiba (41) 3350-4400 / Terça a domingo das 10h às 18h Entrada: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (estudantes identificados). Crianças de até 12 anos e maiores de 60 anos não pagam entrada
portância do museu é inegável. [...] O que tem de diferente [para outros] é uma escola de arte que funciona há tantos anos”, avalia o diretor que lembra a importância que o artista dava para formação de novos pintores e que se mantém até hoje. O museu conta com cerca de 50 obras, dentre os autores o próprio Andersen e também de outros artistas como Guido Viaro, João Turin, Lange de Morretes, Theodoro de Bona e Raimundo Jaskulski. São retratos, pinturas do cotidiano, paisagens de campo e do litoral, tipicamente, paranaenses. Essas obras nos remetem a locais que são conhecidos pelos paranaenses, mas com uma roupagem e épocas diferentes, com a sensibilidade ímpar de Andersen. Em Curitiba, há muitas opções possíveis para apreciar outras obras de arte, objetos, imagens, além de passar boas horas de lazer. Alguns desses espaços são os Museus de Arte Contemporânea do Paraná, do Expedicinário, Casas Andrade Muricy e João Turin, Museus da Fotografia e da Gravura de Curitiba, Museu de Arte Sacra entre outros espaços. Muitos desses lugares têm entrada franca, por isso o acesso para apreciar a Arte e a História é livre. Fotos: Roberto Dziura Jr.
O museu abriga em suas dependências um acervo rico que ilustra a história, geografia, arqueologia e antropologia paranaenses. “O museu como um todo foi fundado para contar a história do povo e do território paranaense”, afirma a historiadora e responsável pelo Departamento de História do Museu Paranaense, Márcia Medeiros.
Museu Paranaense
Rua Kellers, 289, Alto São Francisco – Curitiba / (41) 3304-3300 Terça a sexta-feira das 9h às 17h. Sábados, domingos e feriados das 11h às 15h. Entrada: gratuita
Museu Alfredo Andersen
Rua Mateus Leme 336, Centro – Curitiba / (41) 3323-5148 Terça a sexta-feira das 9h às 18h. Sábados, domingos das 10h às 16h. Entrada: gratuita
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moda&beleza
Vaidade também é coisa de Atualmente, os “machões” também estão preocupados com a aparência e contam com espaços exclusivos para cuidar da estética
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Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
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uidar das unhas da mão e do pé; fazer tratamento capilar, depilação e limpeza de pele. Esses e outros cuidados deixaram de fazer parte exclusiva do universo feminino. Muitos homens assumiram de vez os cuidados com o corpo. Antes algo impensável, hoje, homens buscam os centros de estética com frequência e gastam horas, melhorando o visual.
De olho nessa oportunidade, em Curitiba, parte dos salões de beleza se especializou na estética masculina. São lugares onde as mulheres vão só até a recepção. Entre os serviços estão, além dos tradicionais cortes de cabelo e barba, massagens, depilação íntima e alguns itens que fazem parte do ideário masculino: cerveja, salgados, charutos, revistas e jogos. Para agregar valor, as empresas também abrem espaço para terceirizar alguns serviços, como loja de roupas, adega e charutaria.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
“O homem tinha a necessidade de um espaço próprio”, observa Meire Ferreira
Além do tradicional corte de cabelo, salões especializados ao homem têm serviços como podologia
necessidade de um espaço próprio, pois muitos ficam constrangidos em frequentar um salão feminino.” Assim se sentia o empresário Luiz Carlos, “invadindo o espaço feminino”. Há 15 anos cuidando dos pés e das mãos, Carlos prefere uma pessoa especializada. “Não tenho a técnica necessária para fazer em casa. Um corte mal feito pode ocasionar futuros problemas, como unha encravada, por exemplo”. Sobre a vaidade, ele considera ser na medida certa: “não muito, nem pouco. Apenas gosto de me cuidar”.
e homem Com mais de três anos de atuação, a curitibana Barbearia Clube é uma das pioneiras no Brasil em atender apenas a vaidade masculina. A proprietária, Meire Ferreira, explica que a ideia nasceu quando trabalhava em uma distribuidora de cosméticos. “Por volta de 2005, a empresa ampliou sua linha de produtos masculinos, período em que iniciei uma pesquisa de mercado, a qual apresentou o potencial de um empreendimento em estética masculina. O homem tinha a
Para Meire, o cuidado do homem com o corpo não é uma questão de vaidade. “É uma necessidade de estar bem, de ter boa apresentação pessoal para a vida social e para o mercado de trabalho. Não vejo isso como vaidade, mas sim como necessidade”. Ela lembra, que ao abrir a Barbearia, as mulheres indicavam o estabelecimento para os seus maridos. “Por mais que elas não frequentem, a casa é bem aceita pelo público feminino, que sempre pedem aos maridos e filhos para frequentarem. Hoje, têm meninos que vêm com o pai, porque não querem ir com a mãe a um salão feminino”, observa a proprietária.
Exemplos O aposentado Acir Eloir Pinto da Rocha, aos 67 anos de idade, é um exemplo de cuidados com a estética, sem exageros: “pertenço aos homens que procuram uma boa aparência”. A cada 20 dias Acir faz o cabelo, as unhas dos pés e das mãos e, recentemente, começou a camuflagem dos cabelos brancos. “Faço os serviços conforme a necessidade”. Mesmo constrangido em frequentar salões unissex, o aposentado já frequentava esses espaços na adolescência.
Assim, também fazia Luiz Roberto, que se considera vaidoso e há mais de 20 anos vai a locais especializados em estética. Em sua lista de serviços está: pé e mão toda semana; corte de cabelo, a cada 15 dias; e depilação, uma vez por mês.
Novidades Este mercado reserva mais novidades. “A ideia é oferecer o maior número de serviços que atendam os gostos e as necessidades estéticas do homem”, salienta Rosalvo Gissi Junior, proprietário do Rei da Barba. Em seu negócio, Gissi Junior deve implantar em breve um lava-car, serviços de depilação a laser e também um programa de redução de medidas. Tudo para agradar o exigente gosto masculino. Os empresários Meire e Gissi Junior concordam que atender homem neste segmento é bem diferente das mulheres. “É muito mais fácil trabalhar com o público masculino. Eles são mais exigentes, falam o que não gostaram, não choram preço e exigem profissionalismo”, analisa Meire. Para Gissi Junior, “o homem se apega mais ao [lado] profissional”. Seja qual for o motivo do homem buscar um cuidado maior com a beleza, o crescente número de fregueses da Barbearia Clube e do Rei da Barba comprova a necessidade do homem contemporâneo em se cuidar. Isso é facilmente comprovado com o crescimento desse mercado. Numa pequena amostragem, entre os dois estabelecimentos, o aumento mensal de clientes está na faixa de 10%. Para Rosalvo, o mercado de estética masculina na capital paranaense está em franca expansão e garante que a cidade comporta no mínimo mais três estabelecimentos especializados em estética masculina. A oportunidade está lançada e a beleza masculina posta em evidência. REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 61
automóvel
Peugeot 3008: Fila de espera de dois meses Veículo lançado no Salão do Automóvel de 2010 começa a ser vendido no Brasil; design arrojado que chama a atenção é a aposta da montadora francesa
Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br
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fila de espera para comprar o Peugeot 3008 é de dois meses. Os motivos para tal não faltam. Qualidade, versatilidade, acabamento, design. Segundo a marca, o carro é o resultado da mistura entre vários veículos existentes: SUV, MPV e hatchback que se traduz em um monovolume. O automóvel traz várias tecnologias novas e originais, como por exemplo, os sistemas Dynamic Roll Control e Grip Control, que permitem combinar prazer de condução dentro de um veículo alto, melhor tração e
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ao mesmo tempo ter a característica de ser ecologicamente correto. Seu visual arrojado já chama a atenção por onde se passa. A identidade da marca, com a grade dianteira com formato trapzoidal substitui a entrada de ar parecida com uma boca de alguns modelos da marca. Na parte traseira, as lanternas possuem desenho irregular que avançam sobre as laterais. Detalhes técnicos à parte, o carro é familiar, mas tem motor turbo e display que projeta velocidade instantânea. Todos esses mimos eletrônicos, que visam chamar
FICHA TÉCNICA MOTOR: 4 cilindros em linha; 1598 cilindradas cm3; 16V gasolina POTÊNCIA: 156 cv a 6000 rpm TORQUE: 24,5 kgfm a 1400 rpm CÂMBIO: automático sequência de 6 marchas FREIOS: disco ventilado RODAS: de liga leve, aro 17 polegadas PNEUS: 225/50 R17 SUSPENSÃO: independente, dual-link FREIOS: disco sólido PORTA-MALAS: 512 litros PESO (em ordem de marcha): 1660 kg TANQUE: 60 litros
a atenção de um determinado público, resultam em R$ 80 mil. Seu motor 156 cv, 1,6 litro com turbo e injeção direta faz uma boa dupla com o câmbio automático de seis velocidades. E o torque de 24,5 kgfm chega a meros 1.400 rpm, comportamento próximo de um bloco a diesel. Na prática, o carro realiza acelerações e ultrapassagens com fôlego e seu peso, 1.660 kg, não é levado em consideração neste momento. Mais aceleração de 0 a 100 km/h em 9,5 s e velocidade máxima de 202 km/h, limitada eletronicamente. Do lado do passageiro, há menos charmes, mas não menos conforto. As peças emborrachadas e bem acabadas são agradáveis de ver e tocar, enquanto os imprescindíveis portas-trecos oferecem espaço de sobra para as miudezas – incluindo aí o enorme compartimento central refrigerado.
A velocidade máxima é de 202 km/h REVISTA MÊS | MAIO DE 2011 | 63
livros do mês
Eduardo Bentivoglio - eduardo@revistames.com.br Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
Infanto-juvenil
Guia Alimentar
Melissa Anelli Editora Rocco
Graça Gabriel Editora: Íthala Orientar a alimentação do seu filho desde o nascimento até os 15 anos pode render bons hábitos futuros. É o que garante a nutricionista e autora do livro “Pequeno Gourmet”, Graça Gabriel. Com uma linguagem didática e clara, a autora explica os benefícios de cada alimento durante a infância, mostrando as necessidades nutricionais de cada faixa etária. As informações sobre benefícios de cada nutriente, bem como as quantidades indicadas em cada idade, são apresentadas em tabelas para facilitar o entendimento. A autora apresenta também dicas para variar as refeições e também para montar a lancheira escolar. Ao longo dos capítulos, o livro traz, ainda, diversas receitas práticas, saudáveis e saborosas, para facilitar a inserção de certos alimentos na dieta das crianças e, também, de toda a família. Páginas: 407 / Preço: R$89,70
Harry e seus fãs Melissa Anelli é uma velha conhecida dos fãs da série Harry Potter por ter criado e comandado um dos maiores fansites do planeta sobre o bruxinho. Agora chega às livrarias de todo o mundo o primeiro livro escrito por ela, em que conta sua história, similar a de milhões de (hoje não tão) crianças, em meio ao maior fenômeno literário de todos os tempos. Com prefácio da J.K. Rowing, autora da série, o livro destaca as loucuras a que todo aficionado se dispõe e algumas proezas, como ter entrevistado a criadora do mundo mágico que definiu uma geração de novos leitores.
História e Arte
Mitos e Lendas Origens e Significados Philip Wilkinson Editora WMF Martins Fontes
Desde os tempos imemoriais, o ser humano procura desvendar os mistérios sobre o mundo e as divindades que o regem. O autor Philip Wilkinson, que escreveu mais de 50 livros sobre mitologia, entrega essa obra muito bem acabada que traça as histórias transmitidas de geração a geração, ilustrada por fotos e gravuras que retratam desde personagens do panteão grego até as diversas divindades hindus, cultuadas ainda hoje. O livro pode ser lido pontualmente sem ordem definida, o que facilita seu acompanhamento.
Romance Brasileiro
O Moleque Ricardo José Lins do Rêgo Editora José Olympio
O Moleque Ricardo não foi a estreia de José Lins do Rêgo em romances, mas foi o primeiro fora do ambiente 64 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2011
Pequeno Gourmet
Literatura Mundial
A Gata ou Como Perdi a Eternidade Jutta Richter Editora 34
Com o simples, mas espetacular enredo de formação, em que uma gata dá conselhos sobre diversos aspectos da existência para uma garotinha de 8 anos, a obra pode ser lida por crianças de todas as idades e é capaz de surpreender até aqueles que acham que sabem tudo sobre a vida. Jutta Richter, a autora, é alemã e ganhou diversos prêmios literários em seu país de origem. As ilustrações, essenciais, ficam a cargo de Rotraut Susanne Berner, que também é escritora e já ganhou o Prêmio Alemão de Literatura Infanto-juvenil. rural ao qual o autor havia se habituado em seus três primeiros livros. Além disso, trata-se do primeiro a ser escrito em terceira pessoa e descreve as tentativas de um jovem negro na capital pernambucana. As vivências do protagonista refletem as agruras de muitos migrantes do sertão tentando se estabelecer nas áreas urbanas. A reedição desse clássico nacional traz de volta a visão nordestina sobre o operariado em meados da década de 30.
álbuns do mês
Eduardo Bentivoglio - eduardo@revistames.com.br Iris Alessi - Iris@revistames.com.br
Pop Rock
Collapse Into Now
Ao vivo no Madison Square Garden e em Curitiba
R.E.M. Warner Music Há pouco tempo, eram poucos os que se lembravam do R.E.M. “das antigas”. Poucas menções honrosas e participações em shows de terceiros camuflavam a formulação desse novo trabalho. O trio retorna agora ao patamar dos grandes, com o 15º álbum da carreira, recheado de participações especiais como Patti Smith, Eddie Vedder – do Pearl Jam – e a canadense Peaches. Destaques como Discoverer e Mine Smell like Honey fazem com que o R.E.M. deixe pegando fogo a cena atual da música até a beira do colapso.
Rock
Wasting Light Foo Fighters Sony Music Já faz muito tempo que Dave Grohl não é mais lembrado como o ex-baterista do Nirvana. Não fosse suficiente toda a bagagem adquirida ao lado de Kurt Cobain na breve carreira da maior banda dos anos 90, ele conseguiu consolidar-se como o líder de um dos mais importantes grupos da década seguinte. Contrariando as expectativas, já muito diminuídas pela liberação das pesadíssimas faixas Rope e White Limo, o Foo Fighters entrega o disco mais pesado de sua carreira e deixa de sorriso aberto os novos e/ou reconquistados fãs.
MPB
Toque Dela Marcelo Camelo Zé Pereira/Universal Music O segundo disco solo de um dos mais importantes compositores brasileiros da atualidade chega ao público contando com parcerias de bandas e artistas consagrados no cenário underground, como a paulistana Hurtmold e Marcelo Jeneci, que estreou recentemente com o disco Feito para Acabar. Melodias, letras mais alegres que as do disco anterior e a vontade de se firmar como intérprete levantam o astral dos mais sensíveis e mostra uma face diferente do trabalho do carioca. Destaque para Ô, ô, a primeira faixa de trabalho.
Uma das maiores cantoras brasileiras, Ivete Sangalo, lançou recentemente seu primeiro DVD internacional e também a versão em CD. O show foi gravado no Madison Square Garden, em Nova York. Nos Estados Unidos, Ivete apresentou vários de seus sucessos e também músicas inéditas com participações especiais de Seu Jorge, Diego Torres, o colombiano Juanes, e Nelly Furtado. Em apenas uma noite a cantora brasileira tocou para 15 mil pessoas. Alguns dos sucessos gravados pela popular cantora poderão ser acompanhados pelo público curitibano, dia 13 de maio, no Lupaluna.
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Rodolfo Buhrer / La Imagem
opinião
Por Allan Marcelo de Campos Costa Diretor-superintendente do Sebrae/PR
Ética e Liderança N
os últimos anos, percebemos uma evolução seus compromissos? Privilegiam o que é certo e justo na pauta prioritária da maioria das empresas do ponto de vista ético em detrimento do lucro a qualdo mundo capitalista. Por muito tempo, as quer preço? Tratam a todos com respeito, dignidade e escolas de negócios ensinaram seus alunos igualdade? Agem em consonância com princípios de que o principal objetivo a ser perseguido na gestão de sustentabilidade? Colocam o bem comum acima dos uma empresa era maximizar o retorno para o acionisinteresses pessoais? Agem de forma coerente com seu ta. Segundo esta corrente de pensamento, se o negódiscurso? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, cio gerasse retorno suficiente para manter o(s) dono(s) o caminho para uma cultura forte, ética e consistente satisfeito(s) e trouxesse um bom retorno sobre o capital está pavimentado. Do contrário, os líderes caem em investido, todo o resto estaria bem, como consequência descrédito, viram motivo de chacota e a empresa entra da atividade econômica. Entretanto, a história recente em processo de colapso. mostrou que outros elementos tinham importância determinante para esse processo de busca de resultados, Talvez, o grande dilema seja como assegurar um paembora estivessem sendo drão ético e consistente em relegados a segundo plano. uma seara que, por natureza, Esses aspectos, fundamené altamente subjetiva. Um O comportamento e as atitudes talmente, passam por quescaminho possível é basear e dos líderes definem o padrão tões como sustentabilidaorientar todas as decisões e de, valores e ética. Casos ações em três princípios, que ético da organização notórios, como o escândalo podem ser auferidos a partir da Enron, nos Estados Unide três perguntas simples: dos, mostraram que a ausência de princípios norteados em uma ética forte, e suportados por líderes que sirvam • VISIBILIDADE - Tudo bem se minhas ações forem como exemplo na consolidação e preservação desses publicadas na primeira página do jornal de maior cirvalores, deteriora a saúde da empresa e pode, em última culação na minha comunidade? instância, levar ao seu desaparecimento. • GENERALIDADE - Tudo bem se todo mundo fizer o Mas como assegurar que uma empresa crie e consolide que eu estou fazendo? uma cultura baseada em princípios éticos sustentáveis? A resposta passa, obrigatoriamente, pelos líderes da • LEGADO - Tudo bem se eu for lembrado pelo que empresa, que são o modelo e a referência para todos estou fazendo? os colaboradores, em todos os momentos. O comporEssa é uma receita simples, mas de alta efetividade. Astamento e as atitudes dos líderes estabelecem o padrão segure que esse tipo de reflexão esteja sempre presente de comportamento aceito e, por consequência, definem o padrão ético da organização. E esse processo de nas discussões dentro da empresa, em todos os níveis, e você terá dado um grande passo para construir uma construção não se dá a partir de grandes eventos, mas organização que sirva de modelo e referência e que será por meio de pequenas e constantes ações do cotidiano. Como agem os líderes? Eles respeitam seus acoradmirada pelo mercado e motivo de orgulho para todos dos, cumprem suas promessas? Honram sua palavra e aqueles que dela fazem parte.
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A grandiosa e imponente Araucária. Símbolo do Paraná que está em extinção. Vamos preservar!
Ivan Marcos
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