Revista - Ed. 03

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Cozinhando na escola, aprendendo na cozinha

Entendendo o uso adequado da tecnologia

Da letra ao texto: entendendo a alfabetização

500 anos da Reforma Protestante

EDUCACAO QUE REVISTA DIGITAL DA IENH edição 03 | 2017

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EDITORIAL O desafio de cada dia. Cada etapa da nossa vida é um desafio. Aprendemos a respirar, caminhar, cozinhar.... CRESCEMOS. O mundo muda e os desafios nos mudam. Mudar é bom. Mudar é importante. Na escola não é diferente. Aprender algo novo é um desafio que traz uma grande recompensa: o conhecimento. E é isso que nos faz evoluir sempre. Aproveite as leituras e inspire-se conosco!

DIRECAO E EeXPEDIENTE


SUMARIO

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Cozinhando na escola, aprendendo na cozinha

A importância de um olhar para o outro

19 Entendendo o uso adequado da tecnologia

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Da letra ao texto: entendendo a alfabetização

500 anos da Reforma Protestante


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Cozinhando na escola aprendendo

na cozinha

Desenhar, cozinhar, escrever e ler. Todas essas atividades fazem parte da rotina escolar do aluno da IENH. Voltou para o inĂ­cio do texto e leu a primeira frase novamente? Com certeza agora deve ter dado uma olhadinha na primeira linha e, possivelmente, encontrou algo diferente. Mas ĂŠ isso mesmo, os estudantes cozinham e aprendem muito nessa tarefa.


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As aulas de culinária são atividades escolares que possibilitam aprendizagens na prática, de forma descontraída e interdisciplinar. É sentindo a textura e o cheiro dos alimentos, descascando frutas, misturando ingredientes e colocando a mão na massa que os alunos aprendem sobre matemática, história, geografia, ciências e muitos outros conteúdos. “Através da culinária, a aprendizagem se dá de forma contextualizada e facilitada, uma vez que os alunos observam e participam do processo de manipulação dos alimentos, da escolha das receitas, podendo usar o sistema sensorial como olfato, tato, visão, paladar para consolidar suas aprendizagens”, destaca a Professora Maria de Fátima Gonçalves. “Quando pensamos em criança e cozinha é importante lembrar que esse é um hábito que elas têm desde cedo. Quando pequenas, já adoram brincar de “cozinha”, fazendo comidinhas de “faz de conta” e se divertindo no restaurante imaginário”, afirma a Professora Fernanda Gehlen Eckhard. Para ela, essa atividade desperta o interesse nos estudantes e, aliar os conteúdos de aula com a culinária, só traz bons resultados. “Eles adoram cozinhar e, sem perceber, aprendem as matérias enquanto exploram os ingredientes, experimentam o prazer de preparar uma receita, se organizam na cozinha e entendem os cuidados necessários neste momento”, destaca a Professora.


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Para a Professora Raquel Meirose, a culinária também é uma forma de aproximar a comunidade escolar. Relata Raquel:

Através da cozinha, as pessoas ficam mais próximas, criam vínculos. Esse bom relacionamento entre aluno, professor e família é essencial para o desenvolvimento dos conteúdos e o sucesso no aprendizado.

Além de diversas atividades de culinária que ocorrem na Educação Básica, dois projetos que misturam cozinha e conhecimento ocorrem nas Unidades Pindorama e Oswaldo Cruz: Cozinha que Inspira e Cozinha Experimental, respectivamente. Ambos iniciados em 2016, são desenvolvidos com alunos dos 4ºs anos do Ensino Fundamental Bilíngue nas Línguas Portuguesa, Inglesa e Espanhola.


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Unidade Pindorama

O que fazer para incentivar a alimentação mais saudável na escola? Esse foi o questionamento que originou o projeto “Cozinha que Inspira”. Partindo disso, em 2016, as Professoras Fernanda Gehlen Eckhard, Maria de Fátima Gonçalves e Raquel Meirose introduziram o tema abordando a importância da alimentação saudável e os cuidados com o corpo. Além disso, conforme a Professora Fernanda, o projeto busca resgatar a importância do momento da refeição: -“Os alunos aprendem que o ingrediente mais especial de uma receita é o amor. Valorizamos isso com o preparo das receitas para as famílias”. Em 2016, a turma participou de uma palestra sobre organização, limpeza e cuidado na cozinha, além de um encontro com uma nutricionista que falou sobre alimentos saudáveis. Os alunos visitaram restaurantes e realizaram entrevistas buscando saber as receitas tradicionais de cada família. Em uma atividade de imersão com culturas e comidas ao redor do mundo, conheceram alimentos típicos dos países. Em parceria com os alunos dos 2ºs anos, também construíram uma horta escolar.


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Ao colocar os conhecimentos culinários em prática, o grupo preparou receitas como waffle integral com mel, cookie e pizza com ingredientes saudáveis.

Também preparam

milkshake, sanduíche e panqueca, com o desafio de substituir ingredientes, a fim de tornar a receita saudável. Além disso, os estudantes ainda prepararam uma receita em casa, produzindo um vídeo com o passo a passo para o canal do Youtube da IENH. No projeto, os três idiomas são trabalhados de forma contextualizada. Em sala de aula, os alunos aprendem sobre os ingredientes, receitas, alimentação saudável, medidas e quantidades, utensílios da cozinha e valor/preço, ampliando o vocabulário e o conhecimento sobre culturas em Inglês e Espanhol. Na Língua Materna, abordaram questões como os cuidados com o corpo e o solo na aula de ciências, noções de medida e resoluções de problemas em matemática. Nas edições deste ano do projeto, o grupo já desenvolveu pães de mel, bolo no pote e pizzas saudáveis.


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Unidade Oswaldo Cruz

Nas aulas de Inglês dos 4ºs anos, momentos de Cooking Class sempre são desenvolvidos pela Professora Cristiane Ely Lemke. Em uma reunião das Professoras das turmas, ela disse que a partir de uma história lida pelos estudantes resolveram preparar pizzas. A Professora Bianca dos Reis comentou que a atividade seria interessante para abordar o conteúdo de frações com a turma e, em seguida, as Professoras Raquel Meirose e Juliana Bohn também se prontificaram em ajudar na aula de culinária. A partir disso, as quatro se reuniram e planejaram um trabalho mais amplo que uma Cooking Class, relacionando diversas disciplinas em uma só atividade, dando origem ao Projeto Cozinha Experimental! O objetivo, desde o início, era propor o trabalho colaborativo para os alunos, o que apoia a construção da autonomia, relacionamento e organização. Com instruções em Inglês, Espanhol e Português e o layout organizado no estilo do programa “Master Chef”, a atividade ocorre com o preparo das


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no estilo do programa “Master Chef”, a atividade ocorre com o preparo das receitas e a realização de atividades diversas entre as etapas. Em sala de aula, através de pesquisas teóricas, conteúdos vistos na atividade também são aprofundados. Na primeira edição, os 4ºs anos prepararam pizzas. Orientados pelas Professoras, produziram a massa e os recheios, além de confeccioná-las. Entre cada etapa da receita, assistiram a um vídeo em Inglês sobre a história da pizza, o que motivou um quiz em Espanhol posteriormente. Os alunos montaram os recheios conforme a sequência indicada em um jogo das Línguas Inglesa e Espanhola. A partir do corte em fatias da pizza, o conteúdo sobre frações foi introduzido com as turmas. Com a divulgação da atividade no Jornal NH, em Português, o gênero textual notícia e a manchete foram trabalhados. Integrando os hábitos alimentares da cultura americana, o hambúrguer foi escolhido como segunda receita. Nesta edição, as ciências naturais foram abordadas com a criação de uma horta de temperos e estudo do solo. No dia da atividade, os grupos preparam o hambúrguer utilizando os temperos que plantaram, assistiram a um vídeo sobre a história do hambúrguer e realizaram uma atividade sensorial para identificar os temperos através do olfato, tato e visão. Com a continuidade da horta, os estudantes organizaram uma feira de temperos, aprendendo sobre técnicas de divulgação e venda. Por


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decisão das turmas, o dinheiro arrecadado com as vendas foi revertido em alimentos que, posteriormente, foram doados ao banco de alimentos. Abordando o tema do luto, que foi desenvolvido em um grande projeto interdisciplinar com palestras na área religiosa e psicológica, a terceira edição do Projeto abordou o Dia de Los Muertos. A comemoração integra os costumes espanhóis e foi trabalhada com as turmas pelo viés da diversidade cultural. No Projeto, comidas típicas da comemoração foram preparadas, além da decoração e caracterização que também foram abordadas. Neste ano, "Monstros", um dos recursos usados pelas Professoras no Projeto de Estudos sobre as emoções, foi o tema da primeira Cozinha Experimental. Inicialmente, as turmas prepararam a massa do pão. Cada aluno pôde criar e modelar um monstrinho com a massa que, depois de assado, foi transformado em um sanduíche, com direito à decoração com outros ingredientes à livre escolha. Olhos produzidos com ovos, boca desenhada com cenoura ou tomate e orelhas de alface foram algumas das ideias... Para as Professoras, a realização do projeto é gratificante. “O dia da Cozinha Experimental é sempre corrido, ficamos cansadas, mas vale muito a pena. Os alunos gostam muito de cozinhar e aprendem sem perceber. Cada edição é uma experiência surpreendente”, contam as Professoras Bianca, Cristiane e Juliana.


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A DE OLHAR... M U

P

AR AO

OUT RO


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O que é possível perceber através de um olhar? O que é possível transmitir através de um olhar? Os olhares são muito complexos, mas também muito simples. São formas de observar que nos contam muito sobre alguém e também possibilitam expressar muitas coisas. A solidariedade, sem dúvida, é um dos incontáveis sentimentos que habitam os olhares e os corações. É no brilho dos olhos de quem participa do Programa Um Olhar para o Outro que se percebe a importância de fazer o bem. Os alunos do Ensino Médio da IENH têm a oportunidade de olhar para o próximo, enxergando necessidades e agindo em prol de quem precisa. Segundo a Coordenadora dos Programas Socioambientais da IENH – Isabel Cristina Vetter Lizakoski, o Programa iniciou em 2005 com o objetivo de capacitar os jovens da Fundação Evangélica para ações de responsabilidade socioambiental. Desde então, é uma oportunidade para abrir sorrisos, espalhar olhares e distribuir carinho. Da 1ª à 3ª série do Ensino Médio, os estudantes participam de fases distintas do Programa. As propostas envolvem os alunos nos três anos e visam atuação na sociedade através de ações solidárias. Na 1ª série, os alunos desenvolvem a análise da realidade brasileira e mundial, realizando reflexões sobre o papel do cidadão no


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cenário globalizado. Vinculam a teoria em contraponto com a expressão na realidade social, pelo caráter de cunho social crítico e histórico. Também aprendem a metodologia científica, que contribui para descrição do projeto com ordenamento de ideias. As turmas participam da Feira das Entidades, na qual têm a condição de compreender as diversas realidades locais existentes, refletindo sobre a possibilidade de aplicação do projeto na 2ª série. Concluem o ano apresentando o projeto e focando sua área de atuação para o ano seguinte, na 2ª série, sem especificar a entidade escolhida. É no segundo ano que os alunos praticam o olhar para o outro, aprendendo a importância da solidariedade e da doação de si ao próximo. Nesse período, cada grupo escolhe uma área para aplicar o projeto. Artes, Esporte/Recreação, Convivência, Meio ambiente, Línguas, Aprendizagens, Convivência, e Tecnologias são algumas das propostas de atuação nas entidades sociais de Novo Hamburgo. Para realizar o projeto, cada professor ministra aulas de planejamento das atividades, pautando procedimentos. O professor que assessora os grupos reflete com os alunos, no Seminário do Programa Social, sobre o planejamento das atividades e as possíveis dificuldades. Ao longo do ano, os grupos se deslocam para as entidades e aplicam suas ideias. Além disso, os estudantes também participam da Oficina do Brinquedo, onde constroem, manualmente, os brinquedos que são doados para crianças e adolescentes.


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Amor e carinho é o que não falta em cada encontro dos grupos com as entidades sociais. Nas tardes que passam com as crianças e com os idosos, os alunos têm a oportunidade de proporcionar a felicidade – Existe experiência mais gratificante do que essa? O cafuné, o bate-papo, o simples ato de dar atenção já motiva belos sorrisos. As contações de histórias, as brincadeiras e os abraços transformam-se em demonstração de sentimentos para aqueles que se doam e para os que recebem. É uma troca mútua de olhares esperançosos. Destaca a Coordenadora Isabel:

O Programa Social cumpre sua função transformadora e de sentido de vida para adolescentes e para todos aqueles que entendem a importância do reconhecimento como espaço de esperança.


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As ações voluntárias dos alunos da IENH também são muito valorizadas nas entidades que, semanalmente, recebem os grupos de braços abertos. É o caso do Lar São Vicente de Paula, local onde vivem idosos que também são atendidos pela Instituição. “A presença dos jovens no lar é importantíssima, pois, além da companhia que proporcionam aos vôs, colaboram para que eles exercitem seu raciocínio mantendo uma dinâmica que pode não ser física, mas psíquica e emocional”, comenta a Auxiliar Administrativa do Lar São Vicente de Paula – Jaqueline Bondan. Visando a divulgação das ações sociais e ambientais do Programa, na 3ª série do Ensino Médio, os estudantes desenvolvem artigos de opinião, em que abordam a experiência que tiveram com o Programa e como isso modificou os próprios olhares sobre muitas situações da sociedade. Como reconhecimento ao trabalho desenvolvido, os alunos recebem certificação no Fórum Social, onde também compartilham suas vivências com os colegas. Além de beneficiar os lares e escolas, as ações solidárias que integram o Currículo Escolar dos estudantes proporcionam benefícios para eles próprios. Com o Programa, ocorre o desenvolvimento do protagonismo e empreendedorismo nas ações, superação de preconceitos e dificuldades, criatividade na proposta dos projetos, aprimoramento das vivências em grupo, cooperativismo, transformação na compreensão da relação humana e com o meio ambiente.


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Comenta o aluno Arthur:

Ter vivências como essa é algo incrível para mim. Temos a oportunidade de ampliar a visão do mundo e crescer muito.

Tudo isso a partir de...

Um Olhar para o Outro. Os olhares são realmente incríveis!


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S I PALeHOS FI

o uso

Entendendo

da

adequado

tecnologia A forma adequada do uso das tecnologias ainda é uma dúvida para alguns pais. Entender o que acontece nesse contexto e como lidar com as situações é essencial para auxiliar os filhos que convivem no meio virtual. Em entrevista à Revista Educação que Inspira, a Psicóloga Educacional da IENH – Patrícia Neumann esclarece alguns dos questionamentos dessa relação de pais, filhos e a tecnologia.


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Educação que Inspira – Como a Internet pode trazer benefícios para o dia a dia escolar? Patrícia – “A Internet oferece muitas facilidades e pode ser utilizada de forma benéfica pelos professores e alunos. Além da agilidade de comunicação, possibilitando o acesso a qualquer lugar do mundo em tempo real, ela oferece muitas ferramentas que facilitam na educação. O Google oferece diversos recursos (Drive, Classroom, Acadêmico, entre outros) que nos possibiltam o conhecimento de uma maneira muito rica. Livros digitais, textos, vídeos e blogs que podem ser uma ferramenta de pesquisa e ampliação do conteúdo que é dado durante as aulas.” EI – O que o uso excessivo da Internet pode causar para os adolescentes? P – “Além dos benefícios, a Internet também pode causar prejuízos. O uso inadequado pode gerar problemas para o adolescente e/ou para outras pessoas. Quando o adolescente utiliza as Redes Sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram, SnapChat...) de maneira inadequada, ele pode se expor ou colocar outras pessoas em situações de constrangimento. Além disso, muitas vezes, o adolescente ainda não consegue ter uma organização quanto ao tempo que pode ou deve ficar utilizando a Internet, perdendo o controle das horas e deixando atividades importantes de lado. O adolescente acaba ficando mais tempo acompanhando as redes e jogando jogos digitais do que estudando, fazendo atividades físicas ou até mesmo descansando, podendo prejudicar o rendimento escolar e o convívio social.”


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EI – Como limitar o acesso a Internet através da diminuição do uso do celular? P – “É importante que a família converse com os filhos sobre o uso da Internet. Desde as questões básicas de segurança, o bom senso nas colocações e publicações, como o tempo que pode utilizar. Devem combinar um período que será utilizado e proporcionar momentos em que façam atividades onde não utilizem o celular. Para estudar a orientação é que o telefone fique desligado ou no modo silencioso.” EI – Qual é o tempo ideal para uso da Internet? P – “O tempo deve ser orientado e supervisionado pelos pais. Para crianças de até dois anos de idade não se recomenda o uso da Internet. Dos dois aos cinco anos não devem ultrapassar uma hora de uso. Após essa idade os pais devem priorizar as horas de estudo, atividades físicas, lazer, sono, convívio social e combinar o tempo que usarão os equipamentos tecnológicos (computador, celular, televisão...).”


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EI – Quais são os cuidados necessários que os pais devem ter no momento de liberar a Internet e o uso do celular para os filhos? P – “Os pais devem colocar filtros nos aparelhos, bloqueando sites inadequados ou impróprios para a idade. Devem ter cuidados com a segurança nas redes sociais, orientando que utilizem as configurações de privacidade e não tenham contato com pessoas desconhecidas. É positivo que os pais conversem com os filhos e saibam quais os sites que eles acessam, quais blogs e vídeos acompanham e quais jogos estão utilizando na Internet. Também é importante que os aparelhos sejam desligados na hora de dormir. No caso de uso excessivo da Internet, quando os pais percebem que a criança ou adolescente não tem mais controle sobre isso, tendo prejuízos na vida cotidiana, devem buscar uma avaliação ou orientação psicológica.” EI – Na IENH, como o uso da Internet/celular funciona na sala de aula? P – “Na sala de aula, o uso da Internet é permitido somente para trabalhos e pesquisas, com a orientação do professor. Algumas atividades são realizadas nos computadores/celulares, mas sempre com a permissão do professor. As instruções sobre o uso adequado do celular também podem ser vistas no Guia do Estudante.”


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Um processo repleto de etapas que levam ao desafio de ler e escrever


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Desde quando nascemos já temos contato com as letras. Seja na embalagem da comida, nos livros, nas receitas, nas listas de compras ou nas placas das ruas, as letras sempre estão na nossa volta. Vivemos em um “mundo letrado” e desde cedo nos baseamos nessas referências para ler o mundo, identificando uma marca de chocolate ou um táxi pelas letras e cores, por exemplo. Segundo a Professora da IENH - Renate Thermann Griggio, este processo trata-se do letramento, quando ocorre a imersão da criança na cultura escrita e as experiências que tem com ela. Na escola, o conhecimento desenvolvido na leitura do mundo é relacionado com as ações de alfabetizar e letrar, que são processos que se complementam. De acordo com a Professora da IENH - Sheila Gallina Nienow, a proposta do letramento em conjunto com a alfabetização é a leitura e a escrita através de práticas sociais. “A alfabetização precisa ter um sentido para a criança aprender”, destaca Sheila. A Professora Renate também completa: “Alfabetização e letramento precisam andar juntos. Sendo assim, procuramos em cada proposta “alfabetizar letrando” para que a criança perceba significado naquilo que escreve, isto é, que a sua escrita é algo funcional e social”. Conforme a Supervisora Pedagógica da IENH – Caroline Steigleder, a alfabetização é um processo e não uma etapa. “Sempre estamos em processo de alfabetização”, comenta. Para Renate, trata-se


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do processo de codificação e decodificação da língua escrita, o desenvolvimento da consciência fonológica, a identificação da relação fonema-grafema. Na escola, a ação de aprender a ler e escrever inicia na Educação Infantil, a partir das atividades que envolvem o letramento e os momentos de alfabetização orientados pelo professor. “Até a conclusão do Nível 5, as crianças trabalham com noções fonológicas e fonéticas, em que aprendem os sons das letras”, afirma a Supervisora Caroline. No 1º ano do Ensino Fundamental, efetivamente, há introdução da alfabetização, em que entendem o que é letra, palavra, sílaba e desenvolvem hipóteses de escrita. Até o 4º ano do Ensino Fundamental há ainda o aprofundamento e consolidação da alfabetização. Afirma Sheila: No 1º ano, os alunos chegam com muitas informações sobre as letras. Na escola, ensinamos a transformarem essas informações, sistematizando atividades para que consigam estabelecer relações e construam o conhecimento

Para isso, inicialmente, o alfabeto é apresentado através de relações com nome, família, objetos do dia a dia e histórias. Posteriormente, a escrita e a leitura são trabalhadas nas mais diversas possibilidades, como através de uma música, receita, história, texto coletivos ou qualquer outra forma que possa envolver texto.


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Na etapa inicial da alfabetização, a ludicidade é algo essencial, ou seja, a aprendizagem precisa passar pela corporeidade, pelo movimento e pelos sentidos. É necessário brincar com as letras para que a criança tenha gosto pelo que aprende. De acordo com Sheila, a abordagem deve instigar a criatividade, a imaginação, a descoberta e o desafio. “Queremos que a trajetória de aquisição da leitura e escrita seja prazerosa. Pelo fato de ser vivenciada de forma lúdica, com alegria e encantamento, com maior facilidade será interiorizada pela criança”, afirma Renate. Uma das abordagens lúdicas desenvolvidas por Sheila tratase da criação do jogo “A grande navegação pelo alfabeto”. A partir de uma história sobre a amizade, os alunos descobriram um barquinho de papel. Na sala de aula, construíram os próprios barquinhos e inventaram nomes para os mesmos. Na hora de brincar e aprender coletivamente, o barco sai da escola e navega pelo mar de letras. A cada letra em que o barco para, os alunos têm o desafio de trabalhar oralmente o som e o nome da letra, além de palavras que iniciam com ela, construindo relações entre as informações e o conhecimento. No processo de alfabetização, algo que deve ser sempre muito respeitado é o tempo de cada criança para aprender. De acordo com Renate, a cada ano, a escola recebe crianças de diferentes níveis entre elas, as já alfabetizadas e outras em fase inicial no processo.


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“Cada aluno é diferente, e é necessário respeitar suas individualidades, potencialidades e necessidades, mas ao mesmo tempo propor-lhe desafios para que possa avançar nas suas hipóteses de leitura e escrita”. A figura do professor é fundamental nesse processo, pois precisa ter um olhar individualizado, fazendo as mediações necessárias durante as propostas. Também cabe a ele propor situações em que a criança tenha a possibilidade de interagir com seus colegas em atividades coletivas conseguindo, nas trocas, solucionar suas dúvidas. Muitas vezes, quando aprende a ler, a criança precisa de alguém que possa legitimar, afirmar que está lendo mesmo, pois não se dá conta disso. Sheila conta que em alguns casos, quando afirma ao aluno que ele está conseguindo ler, enxerga os olhinhos brilhando e a felicidade de ter vencido o desafio que é expresso em sorrisos e muita comemoração. Relata Sheila:

Para mim, que sou professora, é incrível. É gratificante ver a maneira como acontece, de construir a leitura e escrita.


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A alfabetização na segunda língua No Curriculo Bilíngue da IENH (Português – Inglês), inicialmente, os alunos são alfabetizados na Língua Materna. Ao começarem o processo em Português, realizam hipóteses de escrita na primeira língua e, automaticamente, também buscam fazer em Inglês. “O processo de alfabetização na segunda língua é natural e mais rápido”, destaca a Supervisora Escolar e Assessora do Currículo Bilíngue da IENH – Luciana Brentano. Como o Inglês faz parte do dia a dia escolar, enquanto são alfabetizados em Português, os alunos tentam a escrita do Inglês também, visando aproveitar tudo o que vão construindo em uma língua para entender a outra. Quando jogam em Inglês, por exemplo, querem saber o que está escrito e como escreve tal palavra. Segundo a Coordenadora Luciana, no 1º ano do Ensino Fundamental não há cobrança da escrita em Inglês, mas não se barra o desejo por aprender. Quando realizam perguntas, os professores auxiliam com intervenções. Quando trabalham vocabulário em Inglês, os estudantes têm oportunidade de fazer registros através de desenho e escrita, o que incentiva o aprendizado. Momentos de contato com palavras escritas no quadro ou em fichas também são proporcionados nas aulas de Língua Inglesa do 1º ano.


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Letter of the week (Letra da semana) também é um projeto desenvolvido na IENH que visa ampliar o vocabulário em Inglês dos alunos que estão ingressando no Ensino Fundamental. A cada semana, um estudante recebe uma letra e leva um pôster para casa. Nesse pôster, precisa colocar palavras que iniciem com a determinada letra, tendo que apresentá-lo em aula, compartilhando o conhecimento com os colegas.

“O 1º ano é de hipóteses na Língua Inglesa, ou seja, os alunos podem escrever do jeito que acham. No 2º ano, inicia a consolidação da escrita em Inglês, através de atividades diversificadas que visam a alfabetização no segundo idioma”, relata a Coordenadora Luciana.


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Como os pais podem auxiliar no

processo de alfabetização? “Em primeiro lugar, confiando na escola, na proposta, bem como incentivando seus filhos a realizarem tarefas encaminhadas. Acima de tudo, colocar-se a disposição do filho fazendo-o relatar suas vivências no espaço escolar e auxiliando em possíveis dúvidas. É importante incentivar os filhos a utilizar as suas próprias hipóteses para que desenvolvam autonomia e responsabilidade nas atividades escolares”. – Professora da IENH – Renate Thermann “Os pais podem auxiliar incentivando o aprendizado de forma lúdica através de brincadeiras com letras móveis, jogos e contando histórias. Além disso, podem esclarecer dúvidas que os filhos possam ter como, por exemplo, o som que tal letra possui. – Supervisora Pedagógica e Assessoria do Currículo Bilíngue da IENH – Luciana Brentano


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Opinião

Seno Leonhardt Diretor Geral da IENH

500 ANOS

DA REFORMA PROTESTANTE LUTERO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO O marco referencial da Reforma aconteceu no dia 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero fixou as 95 teses contra a venda de indulgências, na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha. A Reforma significou muito mais do que uma revolta contra a venda de indulgências, impactou nos campos religiosos, políticos, econômicos, sociais, filosóficos e literários dos principais impérios da época. Na educação a influência também foi significativa. Até o início do século 16, na idade média, a igreja era a única encarregada das políticas, da organização e do custeio da educação. A partir da Reforma, surgem as nações-estados que começam a oferecer resistência ao poderio do papa e são dados os primeiros passos para a formação da Classe Média. Um novo modelo de educação começa a surgir. A propagação de novos conceitos e o sucesso da Reforma dependiam muito da capacidade de entendimento da população (leitura e escrita). Percebendo esta necessidade, Lutero intensificou sua luta junto às autoridades civis para que investissem na educação.


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Lutero e seus aliados realizam um grande esforço de estímulo à criação de escolas, destinadas para todas as classes sociais. Isto resultaria num ganho significativo para a Igreja, pois seria ampliada a compreensão da Bíblia. Além disso, supriria as demandas decorrentes da sociedade moderna, com impactos e transformações nas diversas áreas. Os governantes da época, percebendo a importância e a urgência de oferecer instrução para o povo neste novo cenário, solicitam aos reformadores luteranos a criação de uma rede de ensino público. Neste contexto Lutero argumentou: “O dinheiro investido em educação será menor que o gasto com armas e trará mais benefícios”. Os movimentos da Renascença e da Reforma são precursores de profundas mudanças na concepção de ensino. “A educação começa a visar de modo claro e definido à formação integral do homem, o seu desenvolvimento intelectual, moral e físico”, segundo o professor Ruy Afonso da Costa Nunes. Com os movimentos liderados por Lutero, a Reforma é reconhecida como a grande impulsionadora para o surgimento da educação pública, universal e gratuita, beneficiando principalmente as classes menos favorecidas. Também é dele a organização da


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educação em três grandes ciclos: fundamental, médio e superior. Na publicação de Lutero de 1524 “aos Conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem e mantenham escolas cristãs”, está expresso o desafio para a sociedade promover a educação integral. Desejam-se cidadãos bem preparados para todas as tarefas na sociedade. Uma educação voltada para as questões concretas, voltadas para os desafios do cotidiano. Conforme o Pastor da IECLB – Walter Altman, Lutero rompeu com ensino repressivo, introduzindo o lúdico na aprendizagem. Amarrou o estudo das disciplinas e um aprendizado prático. Também lutou por boas bibliotecas acessíveis.

“Pela graça de Deus, está tudo preparado para que as crianças possam estudar línguas, outras disciplinas e história, com prazer e brincando. As escolas já não são mais o inferno e o purgatório de nosso tempo, quando éramos torturados com declinações e conjugações. Não aprendemos simplesmente nada por causa de tantas palmadas, medo, pavor e sofrimento”. (Martinho Lutero).

A influência da Reforma adentrou as Universidades, principalmente na Alemanha. Grandes evoluções na religião e por consequência o ensino da Teologia. O resultado desta evolução traduziu-se no crescente número de novos alunos vindos de outras localidades da Europa.


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“O melhor e mais rico progresso para uma cidade é quando possui muitos homens bem instruídos, muitos cidadãos ajuizados”, dizia Martinho Lutero. O pensamento logo se expandiu para outras regiões do Planeta. A América do Norte acolheu uma leva significativa de colonizadores protestantes, na chamada segunda reforma. Esses grupos foram muito importantes para a criação do ensino superior público, logo após a independência dos EUA. Para o Brasil, o pensamento Luterano foi trazido pelos imigrantes alemães, no século 19, que colonizaram regiões em diversos estados brasileiros. O conceito de escola e igreja lado a lado foi a marca registrada do reformador. Foram criadas centenas de escolas de Educação Básica, com fim de educar os filhos dos imigrantes e mais tarde servir a população em geral. O espírito comunitário foi o grande impulso para a criação das escolas no Brasil. Com a dificuldade do poder público suprir as demandas por educação, coube às comunidades unirem esforços e recursos para construírem e manterem as escolas. Com raízes germânicas e forte ligação com a Igreja Evangélica Luterana, os valores e princípios foram sendo difundidos ao longo destes quase dois séculos de presença na educação brasileira. A IENH é fruto deste movimento de Lutero e deste espírito comunitário que permanece até hoje. Com a criação da Escola da Comunidade (hoje Unidade Pindorama da IENH), em 1832, no bairro


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Hamburgo Velho de Novo Hamburgo, a cidade pode educar os seus filhos. Foi a primeira escola de Novo Hamburgo e uma das mais antigas ainda em atividade no Rio Grande do Sul. A vanguarda, a qualidade, os valores cristãos, o espírito comunitário, a formação integral, o multilinguismo e a inovação permanente são atributos que se fortaleceram ao longo da história. Ser luterano nos impulsiona permanentemente para a mudança, para a contestação, para o desafiador, para as justiça e o respeito a todos os cidadãos.

De minha parte, se pudesse ou tivesse que abandonar o ministério da pregação e outras incumbências, nada mais eu desejaria tanto quanto ser professor ou educador de meninos. Pois sei que, ao lado do ministério da pregação, esse ministério é o mais útil, o mais importante e o melhor. Inclusive tenho dúvidas sobre qual deles é o melhor.

Martinho Lutero



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