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vErEdaS pra lá E pra cá Glafira mEnEzES corti
veredas pra lá e pra Cá glafira menezes Corti
Por desvio de percurso acadêmico me especializei em educação infantil, na época com um mercado pequeno e de difícil acesso pela grande concorrência e poucas ofertas.
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Era necessário ter um diferencial para conseguir uma vaga, uma sala, numa das poucas escolas infantis que ofereciam guarda aos pequenos, cujos pais precisavam manter seus empregos fora do lar e buscavam nas escolas infantis um compartilhar seguro, eficiente e parceiro no desenvolvimento de seus pequenos.
Iniciei, depois de longa e detalhada entrevista, minhas atividades como professora nas turmas menores da escola, na época chamada de ciclo maternal, a turminha de 02 a 03 anos.
Época de revisitar, fazer adaptações necessárias às teorias educacionais estudas e colocá-las em prática; o que elas não deixaram registrado é como, no dia a dia, aplicá-las num grupo tão heterogêneo. Desafio lançado comecei a planejar ações que pudessem auxiliar os pequenos no desenvolvimento de suas capacidades afetiva- cognitiva-motora.
A contação de história permeou vários momentos da inter-relação com esse o grupo. Foi a importante ferramenta que facilitou alcançar os meus objetivos com as crianças, assim como uma forte agente propulsora dos meus aprendizados na prática do dia a dia em sala de aula. Experiência exigente, a cada história
um novo arsenal de objetos com materiais diferentes, novas cores, formas, texturas e odores. Ficava animada quando conseguia prender a atenção da gurizada por alguns instantes; feito facilitado pela música. Comecei a aprender violão e a construir “coisas barulhentas” com material reciclado, apetrechos que denominei de instrumentos musicais palhacêuticos.
Uma coisa puxa a outra; fiz um curso de teatro e descobri que a potencialidade do afeto contagia e renova as energias de quem leva e de quem recebe. Tornei-me a palhaça Pitanga. Voltei para a sala de aula, como aprendiz das diversas possibilidades de fazer um trabalho voluntário com crianças, idosos e em hospitais. Retomei as pesquisas teóricas, a literatura sobre o riso e suas nuances emocionais.
Como toda teoria, precisava identificar-se na prática, as explicações teóricas se justificavam. Foi então que fiz a experimentação com os que me tornaram avó. A contação de histórias nesse universo sócio-afetivo-emocional dos netos tomava outro rumo; acrescido das premissas anteriores da palhaça Pitanga de como lidar com os sentimentos, atrair atenção, auxiliar no desenvolvimento emocional, duelar com as contrariedades, tratar as diferentes habilidades, a linguagem e as identidades exclusivas, ludicamente; a preocupação de como não perder os atributos de avó querençosa e facilitadora de seus protagonismos.
Hoje, após caminhar pelas veredas pra lá e pra cá, me contagio e me deixo contagiar, com o afeto da alegria, em todos os meus trabalhos voluntários.