INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ARQUITETURA NO BRASIL RECONHECIMENTO DE CIDADES HISTÓRICAS
DOCENTE: THAIS MOTTA DISCENTE: ISADORA AMARAL DE CASTRO.
SÃO JOÃO DEL REI
A Vila de São João del-Rei foi fundada em 1718 e continuou com o mesmo território até o fim do período colonial. Antes de ser elevada a vila, o arraial se chamava Arraial de Santo Antônio. No final do século XVII, o sertanista Tomé Portes del-Rei chegou a região e descobriu ouro próximo ao Rio das Mortes.
A iniciativa de construção da atual Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar foi tomada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, através de licença datada de 12 de setembro de 1721, com a finalidade de substituir a primitiva Capela do Pilar, edificada no Morro da Forca, incendiada alguns anos antes, durante a Guerra dos Emboabas. Reconstruída no mesmo local da primitiva capela, em setembro de 1732 já se achavam concluídas as paredes mestras, os portais, altares e capela-mor. No mesmo ano vieram da Corte, em Portugal, ouro em folha, gessos, óleos, tintas e mais aprestos destinados à capela-mor, além dos dois painéis a “Mesa do Senhor” e “O Senhor na Casa do Fariseu”, que lá se encontram. Segundo consta, no mesmo período, faltava forrar a igreja, além da colocação de lâmpadas, torre e sinos. No ano de 1750, a edificação já se encontrava praticamente concluída e ornada, como se infere da descrição feita por José Alvares de Oliveira, em sua “História do Distrito do Rio das Velhas” escrita no mesmo ano. Em princípio do século XIX, a Irmandade decidiu ampliar o corpo da igreja, em função do crescimento da vila e, portanto, ao crescimento do número de fiéis. O risco do novo frontispício foi idealizado pelo mestre Manoel Victor de Jesus, no ano de 1817, em substituição à fachada projetada por Francisco de Lima Cerqueira. As obras somente tomaram impulso em 1824, por ocasião da chegada do novo vigário da Paróquia de São João del Rei, José Dias Custódio.
Entre os anos de 1850 a 1863, foram concluídos vários trabalhos da igreja, como o forro, assoalho, pintura do coro (1850/53), paredes da sacristia (1859), além do novo cemitério (1859/63). Não há referência documental sobre a época e autoria das obras de pintura da matriz. O forro da nave deve datar de princípios do século XIX, pois o viajante europeu John Luccock, quando esteve em São João del Rei, em 1817, descreveu-o com detalhes, dizendo ter sido recentemente pintado por um artista local, fazendo alusão também a outras pinturas também existentes na igreja. O edifício é todo construído em alvenaria de pedra, dentro da linha neoclássica. É precedido por um pequeno adro pavimentado de pedra, acessível por escadaria e fechado por grades de ferro, com pilastras de cantaria e portão abrindo no eixo da porta central de entrada. A fachada é composta por cinco portas de entrada, sendo a central mais larga e mais alta, cinco janelas rasgadas ao nível do coro com balcões e guarda-corpo de ferro. Todos os vãos são em verga curva. O corpo central é enquadrado por pilastras que sobem até o enquadramento acima do qual assenta o frontão clássico triangular, em cujo tímpano encontra-se a figura em relevo do Cordeiro, sobre o livro dos sete selos. No vértice do tímpano eleva-se a cruz. As torres, de secção quadrada, possuem sineiras e sinos e a da esquerda um relógio colocado em 1905. São arrematadas por cúpulas em forma de pirâmide. Os coruchéus do portão e torres têm a forma de urnas. Internamente, a nave é composta por magnífico conjunto de talha pintada e dourada. São seis altares, constituídos por rica talha barroca, com decoração fitomorfa, concheados, figuras de anjos, consolos e volutas, obedecendo ao mesmo padrão, embora com algumas diferenças. Os púlpitos colocados entre os altares laterais, são igualmente trabalhados em talha rica. O forro da nave, em arco abatido sobre a cimalha, apresenta pintura a têmpera composta por medalhão central, cercado por ornamentação barroca em concheados e enrolamentos, onde se vê a representação da Virgem com o Menino, ambos coroados, envoltos por nuvens e querubins. Sobre o muroparapeito, que se desenvolve logo acima da cornija, encontram-se as figuras dos Doutores da Igreja. A capela-mor é o ponto alto da igreja, sendo a decoração esculpida e dourada de grande riqueza. As paredes laterais são constituídas por duas grandes telas, vindas de Portugal em 1732, representando “A Última Ceia” e “Jesus em Casa de Simão”. Tratam-se de obras de caráter erudito, executadas dentro do espírito barroco. Apresentam rica moldura dourada e são ladeadas por pilastras esculpidas, de onde saem figuras de anjos aladas. O altar-mor apresenta colunas torsas e ornamentação profusa, com figuras de anjos e dominada pela imagem do Pai Eterno, a Pomba do Divino Espírito Santo, formando a Santíssima Trindade com o Crucificado no altar. Sobre o trono do altar encontra-se a antiga imagem da padroeira. O forro da capelamor é em forma de cúpula sobre pendentes, com as arestas marcadas por molduras trabalhadas e os panos da abóbada com painéis ornamentados. No cruzamento das arestas há uma grande rosácea esculpida e dourada.
A Matriz se mantém até atualmente e não pode ser fotografada por dentro pelos turistas.
Como era comum nas principais vilas coloniais mineiras, a casa da lei também era de "aplicação da lei". No andar térreo ficava a cadeia pública, nos andares superiores a Câmara Municipal. A de São João Del'Rei foi construída em 1849 e hoje abriga a prefeitura municipal.
Museu e Teatro Municipal com arquitetura preservada do periodo colonial.
São João Del Rei tem enfrentado um déficit de habitação, fazendo com que programas como “minha casa minha vida” seja executado nas últimas décadas.
São João assim como outros municípios históricos de Minas Gerais, recebe bastantes turistas e principalmente profissionais e amantes da arquitetura, o que movimenta significantemente a economia, cultura e turismo local.
CURIOSIDADE: O copo americano foi criado em São João.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: https://www.pacodolavradio.com.br/5curiosidades-sobre-sao-joao-del-rei-que-quaseninguem-sabe/ https://m.idasbrasil.com.br/Sao+Joao+Del+Rei/ Historia/viagem/fatos-historicos http://camarasaojoaodelrei.mg.gov.br/? Meio=Pagina&INT_PAG=7028 https://www.ibge.gov.br/cidades-eestados/mg/sao-joao-del-rei.html https://turismodeminas.com.br/cidades/saojoao-del-rei/
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BÔNUS: SÃO FIDELIS, MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.
A aldeia de São Fidélis foi fundada às margens do rio Paraíba no norte fluminense (atual município de São Fidélis), em 1781, pelos primeiros capuchinhos italianos a se estabelecerem na região. Sua instalação foi possível devido aos rendimentos provenientes da extinta aldeia de Santo Antônio de Guarulhos. A escolha das terras foi muito influenciada pelos interesses dos próprios índios, que preferiram uma área já utilizada por eles para roçado. No entanto, de acordo com o projeto de expansão da colonização do Rio de Janeiro, essa aldeia foi estabelecida com o objetivo de abrigar índios dos sertões da capitania, de maneira que os fazendeiros pudessem se instalar na região com suas lavouras e criação de gado. Foi composta, principalmente, por índios coroados e coropós da região e ex-habitantes de Santo Antônio de Guarulhos, que voltaram a aldear-se. A instalação da aldeia foi permeada por conflitos com colonos que haviam arrematado parte daquelas terras como espólio jesuíta (expulsos do Brasil em 1759). Porém, os proprietários de fazendas mudaram de opinião ao perceberem os possíveis benefícios advindos da proximidade de uma aldeia, como o acesso à mão de obra indígena. A partir de então, a fixação de não índios no entorno e no interior da aldeia foi estimulada, principalmente a partir da construção da igreja da aldeia. Ao adentrar o século XIX, os índios de São Fidélis enfrentaram diversas investidas sobre as terras da aldeia, tendo em vista a presença na vizinhança de vários engenhos e fazendas voltadas majoritariamente para a produção de café. Em 1840, como parte de seu processo de extinção a aldeia foi elevada à categoria de freguesia e na década de 1850, suas terras e edificações foram arroladas como patrimônio da Igreja, das extintas irmandades, de particulares e da câmara municipal. Nesse processo, muitos índios migraram para a aldeia da Pedra (Itaocara). No mesmo período, a Freguesia de São Fidélis foi transformada em município, o que permite inferir a extinção da aldeia.
Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) em 2002, a Igreja Matriz de São Fidélis de Sigmaringa fica às margens do Rio Paraíba do Sul. Com estilo arquitetônico eclético, a Igreja tem traços barrocos, neoclássicos e românticos. Inaugurada em 1809, foi restaurada em 2010 e abriga uma das maiores curiosidades de São Fidélis: um túnel no qual há uma série de catacumbas, mas que só pode ser visitado por pesquisadores autorizados. É em torno da Matriz que acontece a Festa de São Fidélis de Sigmaringa, padroeiro da cidade. A Igreja Matriz de São Fidélis de Sigmaringa está localizada defronte ao Rio Paraíba do Sul. Sua construção iniciou-se em 1799 e foi concluída em 1809. Por volta de 1782, os capuchinhos, que haviam se instalado na região, já dispunham de uma pequena capela no terreno onde está o atual edificação. Originalmente, havia, no templo, galerias subterrâneas que serviam de cemitério e que, posteriormente, tiveram os acessos lacrados. Em 1841, foi dado início às primeiras obras de restauração da igreja, quando foram consolidadas as colunas, abaladas pelas águas do rio na enchente de 1833, demolido o sobrado, que estava por ser concluído e destinado à moradia dos padres, e o cemitério nos fundos da igreja. Em 1980, o templo sofreu outra reforma inteira que, infelizmente, descaracterizou seu interior. Destaca-se no atrativo a cúpula da igreja, com 15 metros de diâmetro, sustentada por sólidas colunas semelhantes à da Basílica de São Pedro. Também merecem destaque, como manifestações artísticas incorporadas, as quatro telas pintadas pelos capuchinhos – Vitório de Cambiasca e Angelo Maria de Lucca – e algumas imagens, como as de: São Fidélis, Santa Clara, São Francisco de Assis, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Glória.
Há túneis debaixo da Matriz onde foram colocados corpos dos sarcedotes da igreja.
FAZENDA DA PEDRA Aberta pelo clã dos Azeredos Coutinho e onde nasceu em 1809, Sebastião da Cunha Coutinho Azeredo, barão Coutinho Azeredo, Pedra surgiu ainda nos anos setecentos, próxima à cidade de São Fidélis, região então procurada pelos colonizadores por ser menos sujeita à enfermidades próprias das terras mais baixas e alagadiças na planície. É das poucas propriedades originárias do século XVIII que sobreviveram ao tempo e permanecem embora a casa-grande tenha sofrido algumas modificações ou acréscimos, inerentes aos muitos anos de existência, encontra-se em perfeito estado de conservação, muito particular a bela capela setecentista dedicada a Santana, com seus altos trabalhados em madeira policromada, e que, dedicando-se à pecuária de corte, mantém-se como estabelecimento de expressiva produção e produtividade. Quando da visita do Imperador D. Pedro II à planície de Goitacá, em 1847, o barão recebeu-o com a comitiva imperial em Pedra, para almoço. O Azeredo Coutinho nobilitado era filho do major Vicente Ferreira Alves Barcelos e de Beatriz Ferreira da Cunha Azeredo Coutinho. Fato comum em todos os ciclos econômicos brasileiros, a baronesa era esposa e também sobrinha, Ana Barcelos da Silva e Souza. O barão viveu até 1900, falecendo aos 91 anos de idade, de modo que lhe foi dado viver e testemunhar o declínio do açúcar fluminense, sobremaneira acentuado depois da proclamação da República e da abolição da escravatura. Mas mesmo depois de passar à propriedade da família Chrysostomo d’Oliveira, continuou na atividade açucareira. Segundo informação do Embaixador Edmundo Barbosa da Silva, penúltimo proprietário, “O comprador de Pedra na juventude estudara mecânica em Glasgow. Ao regressar montou uma oficina metalúrgica na Beira-Rio em Campos dos Goytacazes, para reparos de usinas”. Como se dispunha a receber em açúcar todo ou parte de seus serviços, prosperou com a produção e comércio de açúcar. Raphael Chrysostomo foi pessoa das relações de Pinheiro Machado, célebre político gaúcho da primeira República e criador de gado na sua fazenda Boavista, em Campos. Tal circunstância terá influenciado Pedra a se tornar um importante estabelecimento pecuário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: https://www.saofidelisrj.com.br/fazenda-da-pedra/ http://www.pensario.uff.br/node/238 CARNEIRO, Aurêncio Pereira. História Fidélis. Niterói: Biblioteca de Fluminenses. Série Didática. Imprensa 1988.
de São Estudos Oficial,
FREIRE, J. R. Bessa e MALHEIROS,Márcia F. Aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ, 1997. MALHEIROS, Márcia. Homens da fronteira. Índios e capuchinhos na ocupação dos sertões do Leste, do Paraíba ou Goytacazes. Séculos XVIII-XIX. Niterói: UFF, 2008. Tese de doutorado. PALAZZOLO, Pe. Frei Jacinto de. História da cidade de São Fidélis 1781-1963: fundada pelos missionários capuchinhos: frei Ângelo de Lucca e fre Vitório de Cambiasca. Rio de Janeiro: Convento dos Padres Capuchinhos, 1963.