CARMEN GEORGES BIZET
Bem-Vindo à ópera Seja bem-vindo ao Theatro Municipal de São Paulo. Veja abaixo algumas informações para você aproveitar da melhor forma esta experiência única. Fotos e Vídeos Ficamos muito contentes quando você tira uma foto no Theatro Municipal. Inclusive criamos a hashtag #eunomunicipal para que possamos identificar sua foto nas mídias sociais e compartilhar no facebook do Theatro (/theatromunicipalsp). Entretanto, após o terceiro sinal e após os intervalos, pedimos que você desligue seu celular e tablet, pois mesmo a luminosidade da tela do aparelho tira a atenção de quem está ao seu lado. E queremos que os destaques da ópera sejam apenas os cantores no palco. Fotos com fins comerciais precisam de autorização prévia. Conversas Por mais baixo que se fale, ou sussurre, as conversas e comentários atrapalham muito os outros espectadores. Espere o intervalo para compartilhar suas opiniões. Cadeiras Nossas belas e centenárias cadeiras passam regularmente por manutenção, mas se alguma delas ranger com você, tenha paciência com ela e procure fazer o mínimo de barulho, pois apesar de terem presenciado um século de óperas elas não chegam a ser afinadas. Aplausos Se você gostou muito da interpretação de uma ária, sinta-se à vontade para aplaudir, mas na ópera não há a necessidade dos aplausos a cada trecho cantado ou tocado. Aos finais dos atos e da ópera você pode se manifestar à vontade. Alimentos Não é permitida a entrada com comidas e bebidas no interior da sala de apresentações. Pedimos especial atenção aos papeis de bala, que podem fazer um barulho e tanto.Tanto no térreo quanto no segundo andar há cafés, que ficam abertos antes do início da ópera e nos intervalos. Crianças Indicamos a idade de 10 anos para que as crianças comecem a frequentar as óperas, mas pedimos especial atenção dos pais e responsáveis, pois além da duração, as óperas abordam diferentes temas, que podem não ser apropriados às crianças menores. Atrasos Após o início do espetáculo, será permitida a entrada somente no intervalo. Se houver necessidade de saída durante a ópera, o retorno só será permitido no intervalo, quando houver.
Ministério da Cultura, Prefeitura Municipal de São Paulo, Fundação Theatro Municipal de São Paulo e Instituto Brasileiro de Gestão Cultural apresentam
CARMEN Ópera em quatro atos Música de Georges Bizet Libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy
Georges Bizet Carmen Nova montagem Maio 2014
quinta, 29 às 20h sábado, 31 às 20h
Junho 2014
domingo, 01 às 18h terça, 03 às 20h quinta, 05 às 20h sábado, 07 às 20h domingo, 08 às 18h terça, 10 às 20h quarta, 11 às 20h
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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coral da Gente Balé da Cidade de São Paulo Regência
Ramón Tebar
Direção Cênica
Filippo Tonon
Cenografia Cenógrafo Colaborador Figurinos
Juan Guillermo Nova Giuseppe Cangemi Cristina Aceti
Desenho de Luz
Caetano Vilela
Coreografia
Matilde Rubio
Regência do Coro Lírico Regência do Coral da Gente
Carmen (Mezzo-Soprano)
Don José (Tenor)
Escamillo (Barítono)
Micaëla (Soprano)
Frasquita (Soprano) Mercédès (Mezzo-Soprano) Dancaïre (Tenor) Remendado (Tenor) Zuniga (Baixo) Moralès (Barítono)
Lillas Pastia Um Guia
Bruno Greco Facio Silmara Drezza
Rinat Shaham
29 01 03 05 07 10
Luisa Francesconi
31 08 11
Thiago Arancam
29 01 03 05 08 11
Fernando Portari
31 07 10
Rodrigo Esteves
29 01 03 05 07 10
David Marcondes
31 08 11
Lana Kos
29 01 03 05 07 10
Andrea Aguilar
31 08 11
Marta Torbidoni Malena Dayen Francis Dudziak Rodolphe Briand Massimiliano Catellani Norbert Steidl
29 01 05 08 11
Vinícius Atique
31 03 07 10
Guilherme Corrêa Edison Vigil
Programa sujeito a alterações.
Sinopse
Ato I
Em uma praça, em Sevilha, junto a uma fábrica de cigarros, a
50'
jovem Micaëla busca seu amado, o militar Don José. A moça sai e, depois da troca da guarda, quem aparece é Carmen que, cobiçada por todos, tenta atrair a atenção de Don José indiferente, na direção de quem atira uma flor, que ele por fim recolhe. Com a saída da cigana, Micaëla reaparece, trazendo a Don José notícias de casa. A moça parte, e ouvem– se gritos na fábrica: Carmen se envolveu em uma briga com uma colega, ferindo–a. Obedecendo a ordens de seu superior, o capitão Zuniga, Don José prende a cigana, que lhe propõe de um encontro amoroso na taberna de Lillas Pastia. Por fim, o soldado cede e facilita a sua fuga.
Intervalo 25'
Ato II
Carmen e suas amigas, Frasquita e Mercédès, comandam a
40'
festa na taberna de Lillas Pastia. Aclamado por todos, entra o toureiro Escamillo, que flerta com Carmen, antes de seguir em frente. Surgem os contrabandistas Dancaïre e Remendado, pedindo ajuda às ciganas em uma empreitada criminosa. Carmen hesita em segui–los, pois espera por Don José, que foi preso por sua causa. O militar chega, e a cigana propõe que ele se junte aos bandidos. Don José, porém, hesita; o dever o chama. O casal está em meio a uma discussão quando surge Zuniga, na expectativa de ficar a sós com Carmen. Enciumado, Don José desafia seu superior. Os contrabandistas entram em cena e apartam a briga, desarmando Zuniga. Don José não tem escolha: agora, faz parte do bando.
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Intervalo 20’
Ato III
Nas montanhas, com os contrabandistas, Don José está in-
35'
feliz: ama Carmen, mas padece de ciúmes. Indiferente aos acessos de cólera dele, a cigana tira a sorte com Frasquita e Mercédès, e só vê diante de si a morte. O chefe dos contrabandistas convoca o bando à ação, enquanto Micaëla se embrenha nas montanhas, em busca do amado. Os bandidos preparam a partida; Don José fica para trás, montando guarda, e surpreende um intruso. É Escamillo, em busca de Carmen. Os rivais sacam suas facas, e começam a duelar pela cigana. A confusão chama a atenção dos contrabandistas, que separam os litigantes. Escamillo parte, convidando todos para sua próxima tourada, e Micaëla é descoberta, chamando Don José para segui–la rumo à sua cidade natal. Inicialmente, ele se recusa a deixar Carmen para trás, cedendo apenas ao saber que sua mãe está à beira da morte.
Ato IV
Em uma praça de Sevilha, a multidão saúda, entusiasmada,
25'
os participantes da tourada que está por começar. Escamillo troca juras de amor com Carmen, e se encaminha para a arena. A cigana recebe de uma amiga a advertência de que Don José está a espreitá–la, mas ignora a ameaça, ficando sozinha na praça. Don José aborda–a com súplicas e ameaças: vai matar a amada se ela não quiser segui–lo. Carmen, porém, é inflexível: prefere morrer a abrir mão de sua liberdade. Por fim, Don José apunhala a cigana, entregando–se em seguida às autoridades.
PĂĄgina do programa da estreia de Carmen no Theatro Municipal de SĂŁo Paulo, em 1915.
Estreia mundial
Apresentações no
3 de março de 1875
Theatro Municipal de São Paulo
Opéra–Comique de Paris Adolphe Deloffre Regente
24 de setembro de 1915
Célestine Galli–Marié Carmen
Gino Marinuzzi Regente
Paul Lhérie Don José
Geneviève Vix Carmen
Jacques Bouhy Escamillo
Bernardo de Muro Don José
Marguerite Chapuy Micaëla
Giulio Cirino Escamillo
Alice Ducasse Frasquita
Maria Ross Micaëla
Esther Chevalier Mercédès
Annita Giacomucci Frasquita
Barnolt (Paul Fleuret) Remendado
Maria Galeffi Mercédès
Pierre–Armand Dancaïre
Teófilo Dentale Zuniga
Eugène Dufriche Zuniga
Guglielmo Niola Dancaïre
Edmond Duvernoy Moralès
Giordano Paltrinieri Remendado Dino Lussardi Moralès
Primeira apresentação no Brasil julho de 1881
setembro de 1917
Theatro São José, São Paulo
Gino Marinuzzi Regente
Gravenstein Regente
Fanny Anitua Carmen
Paola Marié Carmen
Enrico Caruso Don José
Mauras Don José
Marcel Journet Escamillo
Frederic Maugé Escamillo
Annita Giacomucci Micaëla
Hèlene Leroux Micaëla
Lucia Torelli Mercédès
Gregoire Frasquita
Teófilo Dentale Zuniga
Merle Mercédès
Enrico de Franceschi Dancaïre
Nigri Zuniga
Giordano Paltrinieri Remendado
Poyard Dancaïre
Antonio Cortis Moralès
Perret Remendado Mussy Moralès
outubro de 1918 Gino Marinuzzi Regente Romeo Francioli Diretor Cênico Gabriella Besanzoni Carmen Aureliano Pertile Don José Armand Crabbé Escamillo Mary Melsa Micaëla
Annita Giacomucci Frasquita
Miguel Fleta/Walter Kirchoff Don José
Lucia Torelli Mercédès
Luigi Rossi Morelli Escamillo
Francisco Izal Moralès
Thea Vitulli Micaëla
Arthur Dubois Dancaïre
Annita Giacomucci/Maria Lilloni Frasquita
Ettore Bonzi Remendado
Maria Lilloni Mercédès
Teófilo Dentale Zuniga
Michele Fiore Zuniga Nello Palai Dancaïre
agosto de 1920
Luigi Nardi Remendado
Edoardo Vitale Regente
Ciro Scafa Moralès
Geneviève Vix Carmen Bernardo de Muro Don José
junho de 1924
Luigi Rossi–Morelli Escamillo
Federico del Cupolo Regente
Thea Vitulli Micaëla
Rhea Toniolo Carmen
Annita Giacomucci Frasquita
Ettore Bergamaschi Don José
Maria Galeffi Mercédès
Carlo Tagliabue Escamillo
Teófilo Dentale Zuniga
Lia Alessandrini Micaëla
Attilio Muzio Dancaïre
Facas Frasquita
Luigi Nardi Remendado
Renata Pezzati Mercédès Giovanni Azzimonti Zuniga
agosto de 1921
Ciro Scafa Dancaïre; Moralès
Gino Marinuzzi Regente
Enrico Giunta Remendado
Fanny Anitua Carmen Antonio Cortis Don José
setembro de 1924
Luigi Rossi–Morelli Escamillo
Emil Cooper Regente
Thea Vitulli Micaëla
Pollack Oliveira Carmen
Annita Giacomucci Frasquita
Giulio Crimi Don José
Maria Galeffi Mercédès
Victor Damiani Escamillo
Gino de Vecchi Zuniga
Madeleine Bugg Micaëla
Attilio Muzio Dancaïre
Eugenia Marchini Frasquita
Luigi Nardi Remendado
Fernanda Denti Mercédès
Agnese Ricci Moralès
Michele Fiore Zuniga Luigi Nardi Remendado
outubro/novembro de 1922 Vincenzo Bellezza Regente
maio/junho de 1926
Gabriella Besanzoni Carmen
Federico Del Cupolo Regente
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E. Garbo Diretor Cênico
Romano Rasponi Moralès
Gabriella Galli Carmen
Ida Conti Frasquita
Vincenzo Sempere/Adalberto
Bruna Castagna Mercédès
Giovannoni Don José Mario Albanesi/Carlo Tagliabue Escamillo
dezembro de 1928
Rosina Sasso Micaëla
Orquestra do Centro Musical de São Paulo
Vittorio Pavia Dancaïre
Guido Alberto Picco Regente
Antonio Serpo Remendado; Moralès
Carlos Barbaci Diretor Cênico
Abele Carnevali Zuniga
Amalia Bertola Carmen
Margherita Parigi Frasquita
Augusto Cingolani Don José
N. Algozzino Mercédès
Corrado Tavanti Escamillo Lia Alessandrini Micaëla
agosto de 1926
Lea Bardi Frasquita
Angelo Questa Regente
Aurelia Franceschini Mercédès
Guido Bartera Diretor Cênico
Eugenio D’Allargine Dancaïre; Moralès
Giuseppina Zinetti Carmen
Renato de Pascale Remendado
Bernardo de Muro Don José
Joaquin Alsina Zuniga
Apollo Granforte Escamillo Luisa Bonetti Micaëla
dezembro de 1929
Piero Giradi Dancaïre
Orquestra do Centro Musical de São Paulo
Raffaele Marcotto Remendado
Gino Puccetti Regente
Canuto Sabat Zuniga
Gabriella Galli Carmen
Agnese Porter– Frasquita
Enrico Coppellotti Don José
Fernanda Denti Mercédès
Joaquim Villa Escamillo Carmen Sibillo Micaëla
setembro de 1927
Pina Gatti Frasquita
Gino Marinuzzi Regente
A. Polliucci Mercédès
Ezio Cellini Diretor Cênico
Carlo Gatti Dancaïre
Gabriella Besanzoni–Lage Carmen
Enrico Giunta Moralès
André Burdino Don José
Lisandro Sergenti Zuniga
Benvenuto Franci Escamillo Isabel Marengo Micaëla
dezembro de 1934
Attilio Muzio Dancaïre
Arturo de Angelis Regente
Luigi Nardi Remendado
Abele de Angelis Direção
Carlo Walter Zuniga
Maria Luisa Lampaggi Carmen
Abele de Angelis Don José
Carlos Guichandut Moralès
Paulo Ansaldi Escamillo
Lisandro Sergenti Zuniga
Dora Solima Micaëla Enrico Della Valle Dancaïre
setembro de 1940
Carlos Herrera Remendado
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Salvador Perrotta Zuniga
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Eva Carpi Frasquita
Gennaro Papi/Arturo de Angelis Regentes
Aurelia Franceschini Mercédès
Mario Girotti Diretor cênico
Giuseppe Zonzini Moralès
Bruna Castagna Carmen Jan Kiepura Don José
setembro de 1935
Alice Ribeiro Micaëla
Orquestra do Centro Musical de São Paulo
Robert Weede Escamillo
Alfredo Padovani Regente
Darcila Barros Frasquita
Filippo Dadó Diretor cênico
Sofia Mendoza Mercédès
Gabriella Besanzoni–Lage Carmen
Romeo Boscacci Dancaïre
Antonio Melandri Don José
Mario Brunati Remendado
Victor Damiani Escamillo
Joaquin Alsina Zuniga
Iracema Follador Micaëla
Guilherme Damiano Moralès
Blando Giusti Dancaïre Mario Girotti Remendado; Moralès
setembro de 1941
George Lanskoy Zuniga
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Nice de Araujo Jorge Frasquita
Albert Woff Regente
Rina Gallo Toscani Mercédès
Mario Girotti Diretor cênico Lili Djanel Carmen
outubro de 1938
Raoul Jobin Don José
Orquestra do Centro Musical de São Paulo
Alice Ribeiro Micaëla
Edoardo de Guarnieri Regente
Felipe Romito Escamillo
Carlo Marchese Diretor cênico
Darcila Barros Frasquita
Gabriella Besanzoni–Lage Carmen
Helen Olheim Mercédès
Domenico Mastronardi Don José
Roberto Galeno Dancaïre
Iracema Follador Micaëla
Anthony Marlowe Remendado
Joaquim Villa Escamillo
Rolf Telasko Zuniga
Anita Ralda Frasquita
Guilherme Damiano Moralès
Julita Fonseca Mercédès Romeo Boscacci Dancaïre; Remendado
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setembro de 1944
Fedora Barbieri Carmen
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Mario del Monaco Don José
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Nadir de Mello Couto Micaëla
Arturo de Angelis Regente
Raffaele de Falchi Escamillo
Mario Girotti Diretor Cênico
Alzira Ribeiro Macedo Frasquita
Jennie Tourel Carmen
Irmgard Müller Mercédès
Pedro Mirassou Don José
Nino Crimi Dancaïre
Matilde Arbuffo Micaëla
Arnaldo Pescuma Remendado
Daniel Duno/Massimo Tommasini Escamillo
Guilherme Damiano Zuniga
Ghita Taghi Frasquita
Antonio Lembo Moralès
Ida Dertonio – Mercédès Roberto Galeno Dancaïre; Moralès
setembro/outubro de 1966
Arnaldo Pescuma Remendado
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Alexandre de Lucchi Zuniga
Coro Lírico Municipal de São Paulo Armando Belardi Regente
setembro de 1947
Emmerson Eckmann Diretor Cênico
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Franca Mattiucci Carmen
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Sérgio Albertini Don José
Edoardo de Guarnieri Regente
Costanzo Mascitti Escamillo
German Torel Diretor Cênico
Cecilia del Monaco Micaëla
Fedora Barbieri Carmen
Tania Kruger Frasquita
Mario del Monaco Don José
Thereza Boschetti Mercédès
Anna Faraone Micaëla
Airton Nobre Remendado
Raffaele de Falchi Escamillo
Geraldo Chagas Dancaïre
Ghita Taghi Frasquita
José Perrotta Zuniga
Lena Monteiro de Barros Mercédès
Andrea Ramus Moralès
Roberto Galeno Dancaïre Nino Crimi Remendado
Outubro de 1970
Guilherme Damiano Zuniga
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo
outubro de 1949
Nino Bonavolontá Regente
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Emmerson Eckmann Diretor Cênico
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Marta Rose Carmen
Edoardo de Guarnieri Regente
Sérgio Albertini Don José
Salvatore Siddivò Diretor Cênico
Gian Giacomo Guelfi Escamillo
Marta Baschi Micaëla
Vera Platt/Heloisa Junqueira Mercédès
Mario Rinaudo Zuniga
Berenice Barreira/Solange Siquerolli Frasquita
Andrea Ramus Moralès
José Antonio Soares/José Marson Dancaïre
Thereza Boschetti Mercédès
Ronaldo Trigueiro/João Malatian Remendado
Assunção de Lucca Frasquita Airton Nobre Dancaïre
novembro de 1998
Geraldo Chagas – Remendado
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo
agosto de 1978
Coral Infantil
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Isaac Karabtchevsky Regente
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Marcio Aurélio Diretor Cênico
Michelangelo Vetri Regente
Carolyn Sebron/Graciela Alperyn/
Tito Serebrinsky Diretor Cênico
Luciana Bueno Carmen
Francine Arrauzau Carmen
Luis Lima/Alberto Cupido/Ludo
Gilberto Py Don José
Farago Don José
Franco Bordoni Escamillo
Boris Martinovic/Boris Trajanov/
Ruth Staerke Micaëla
Sebastião Teixeira Escamillo
Wilson Carrara Zuniga
Rosana Lamosa/Gabriella Pace Micaëla
Odnilo Romanini Moralès
Marcos Ribeiro Zuniga
Odete Violani Mercédès
Paulo Szot Moralès
Assunção de Lucca Frasquita
Denise de Freitas Mercédès
Assadur Kiulahjian Dancaïre
Solange Siquerolli Frasquita
João de Brás Remendado
José Antonio Soares Dancaïre Sergio Weintraub Remendado
julho/agosto de 1994 concerto Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
setembro de 2001 concerto
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Orquestra Experimental de Repertório
St. Paul’s Boys’ Choir
Coral Paulistano
Isaac Karabtchevsky Regente
Jamil Maluf Regente
Jadranka Jovanovic/Graciela Alperyn Carmen
Luciana Bueno Carmen
Edmund Barham/Benito Maresca Don José
Marcello Vannucci Don José
Boris Martinovic/Thomas Potter Escamillo
Paulo Szot Escamillo
Rosana Lamosa/Cláudia Riccitelli Micaëla
Guiomar Milan Micaëla
Israel Pessoa/Eliel Rosa Zuniga
Solange Siquerolli Frasquita
Sebastião Teixeira/João Paulo Ribas Moralès
Denise de Freitas Mercédès
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março de 2002 Orquestra Experimental de Repertório Coral Paulistano Coral Infatil Eco Jamil Maluf Regente Carla Camurati Diretora Cênica Luciana Bueno Carmen Marcello Vannucci Don José Paulo Szot Escamillo Guiomar Milan Micaëla Solange Siquerolli Frasquita Denise de Freitas Mercédès Adriano Pinheiro Remendado José Antonio Soares Dancaïre José Gallisa Zuniga Eduardo Amir Moralès
Célestine Galli-Marié, intérprete
Paola Marié, irmã de
de Carmen na estreia mundial,
Célestine e intérprete
em 1875, na Opéra-Comique
de Carmen na estreia
de Paris, fotografada por Félix
brasileira, em 1881, no
Nadar (1820–1910).
Theatro São José.
Miguel Fleta,
Enrico Caruso,
Don José em
Don José em
1922, no Theatro
1917, no Theatro
Municipal de
Municipal de
São Paulo.
São Paulo.
Guiseppina Zinetti,
Fedora Barbieri,
Carmen em
Carmen em 1947
1926, no Theatro
e 1949, no Theatro
Municipal de
Municipal de
São Paulo.
São Paulo.
Mario del Monaco,
Benito Maresca,
Don José em 1947
Don José em
e 1949, no Theatro
1994, no Theatro
Municipal de
Municipal
São Paulo.
de São Paulo.
A cigana de Georges Bizet Irineu Franco Perpetuo
“Ouvi ontem – podem acreditar? – pela vigésima vez a obra– –prima de Bizet”, é a frase a qual o filósofo alemão Friedrich Nietzsche começa O Caso Wagner, uma espécie de ajuste de contas com o autor de Tristão e Isolda e ex–amigo. “Como semelhante obra nos torna perfeitos! Nós próprios chegamos a nos transformar numa 'obra–prima'. – E realmente cada vez que ouvi Carmen me senti mais filósofo, melhor filósofo do que habitualmente me sinto: tão inteligente, tão feliz, tão indiano, tão seguro”. Não é preciso compartilhar da repulsa nietzschiana por Wagner para compreender seu apreço pela vibrante saga da cigana impenitente. Carmen é hoje um dos pilares do teatro musical, um daqueles títulos que definem a ópera como gênero, e o passaporte para a posteridade de seu criador, o Irineu Franco Perpetuo é jornalista e tradutor, ministra cursos na
francês Georges Bizet (1838–1875). Não tivesse feito Carmen, Bizet certamente não cons-
Casa do Saber e colabora com
tituiria mais do que uma nota de rodapé no movimentado
a Revista Concerto.
cenário da ópera parisiense do século 19, dividido entre a
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monumentalidade luxuriante da Grand Opéra e a coloquialidade da Opéra-Comique. Filho de um cabeleireiro com veleidades musicais e da irmã de um professor de canto, Bizet se iniciou na música em casa, antes de se formar no Conservatório de Paris e se consolidar como arranjador e pianista correpetidor. Profundamente influenciado por Gounod (que, em tom de brincadeira, dizia que a ária de Micaëla, no terceiro ato de Carmen, Je dis que rien ne m'épouvante, havia sido roubada dele), planejou, ao longo de sua breve carreira, 30 projetos operísticos, dos quais apenas seis hoje sobrevivem; destes, cinco foram apresentados durante sua vida, sem conseguir verdadeiro êxito. Hoje em dia, à exceção de Carmen, pode–se ouvir de vez em quando sua colorida Sinfonia em Dó Maior (estreada em 1935, 80 anos após sua composição, 60 depois da morte do autor), a música incidental para a peça teatral L'Arlésienne e a ópera Os Pescadores de Pérolas. Embora sua criação anterior para a Opéra–Comique, Djamileh (1872), não tivesse obtido sucesso, os diretores da casa, Camille Du Locle (1832–1903) e Adolphe de Leuven (1800–1884), continuavam a apostar no talento de Bizet, e resolveram lhe encomendar uma nova partitura. Henri Meilhac (1830–1897) e Ludovic Halévy (1834–1908) foram designados os libretistas e, após alguma discussão sobre o tema, o próprio compositor sugeriu uma adaptação da novela Carmen, de Mérimée. Logo houve choque com a direção do teatro. De Leuven ficou chocado com elementos que considerava inadequados a uma casa de ópera familiar, como o assassinato da protagonista em cena, e renunciou ao cargo. Mais à frente, seria Du Locle a criticar a ópera, chamando–a de “música da Cochinchina” (ou seja, incompreensível), e pedindo ao compositor para moderar o forte realismo de sua criação. Após este episódio, durante o período de ensaios, seria a orquestra a se queixar da dificuldade da partitura. Houve
também reclamações do coro, que teria de deixar de ser uma mera massa cantando em uníssono, com seus integrantes deveriam, então, atuar de modo convincente, como indivíduos. O firme apoio da mezzo–soprano Célestine Galli– Marié (1840–1905), a criadora do papel de Carmen, e do tenor Paul Lhérie (1844–1937), o primeiro Don José, garantiram que o compositor não tivesse que fazer concessões significativas, e Carmen estreou na Opéra–Comique em 3 de março de 1875, recebendo 45 récitas naquele ano, com mais três no ano seguinte – uma cifra significativa, superior a qualquer outra realização do compositor. Boa parte do público, porém, reagiu insultada, e a crítica foi, em geral, hostil. Logo após a estreia, Bizet foi acometido de abcesso peritonsilar. Depressivo, o músico se deixou abater pela incompreensão dos formadores de opinião. Seguiram–se reumatismos, dores de ouvido e na garganta e ataques cardíacos. O autor de Carmen faleceu aos 36 anos, pouco depois da 33ª apresentação de sua obra–prima. Em suas memórias, o compositor Camille Saint–Saëns (1835–1921), autor da ópera Sansão e Dalila, deixou suas impressões sobre o colega três anos mais jovem: “Leal e sincero, ele jamais escondia suas amizades ou antipatias. É uma característica que compartilhávamos, embora em outros aspectos fôssemos completamente distintos, com ideais diferentes. Ele buscava paixão e vida, enquanto eu corria atrás da quimera da pureza estilística e perfeição formal. Nossas conversas intermináveis tinham uma vivacidade e um prazer de que nunca mais desfrutei com ninguém”. Carmen só voltaria a ser encenada em Paris em 1883, depois de ser consagrada nos palcos do resto do mundo – inclusive no Brasil, onde foi apresentada pela primeira vez em 1881, no Theatro São José, em São Paulo, e no Theatro D. Pedro II, no Rio de Janeiro, tendo como protagonista Paola Marié, irmã mais nova de Célestine Galli–Marié.
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A Espanha foi decisiva para o escritor parisiense Prosper Mérimée (1803–1870) não apenas do ponto de vista estético, mas sobretudo do status. Em 1830, durante uma viagem à Península Ibérica, Mérimée sofreu um acidente viário que lhe rendeu um encontro fortuito com a Condessa de Montijo – início de uma rica correspondência (434 cartas), e de uma amizade que lhe seria propícia. Em 1853, Maria Eugenia (Eugénie de Montijo), filha da condessa, casou–se com Napoleão III, tornando–se a Imperatriz da França; logo em seguida, Mérimée tornou–se senador. Anos antes de os laços com os Montijo lhe renderem ascensão social, eles valeram ao autor sua mais célebre criação literária. Em 1845, Mérimée relatou à Condessa ter passado oito dias escrevendo “uma história que a senhora me contou há quinze anos, e que eu temo ter estragado. Trata–se de um jaque [valentão] de Málaga que matou a amante, a qual se dedicava exclusivamente ao público. Depois de Arsène Guillot [novela publicada em 1843], não achei nada de mais moral para oferecer às nossas belas damas”. E, na mesma carta, acrescentou: “como venho estudando os ciganos há muito tempo com bastante afinco, fiz de minha heroína uma cigana”. Efetivamente, o autor não apenas encheu a obra de palavras, expressões e provérbios ciganos, como ainda dedicou seu último capítulo a um ensaio sobre este povo. Sentindo– –se pouco atraído fisicamente pelas zíngaras, Mérimée faz de sua protagonista uma exceção: “duvido muito que a Srta. Carmen fosse de raça pura; pelo menos, era infinitamente mais bonita que todas as mulheres da sua nação que eu jamais encontrara”. Sua beleza era “estranha e selvagem, uma figura que espantava a princípio, mas que não podia se esquecer. Os olhos, sobretudo, tinham uma expressão ao mesmo tempo voluptuosa e bravia que não encontrei depois em nenhum olhar humano”. Mérimée narra em primeira pessoa, reproduzindo, por seu turno, o relato em primeira pessoa de Don José Lizarra-
Ensaio sobre os ciganos
bengoa, “um rapagão de estatura mediana, mas de aparência robusta, de olhar sombrio e altivo”, de origem basca – o que permitia ao autor recriar, em escala espanhola (País Basco/Andaluzia), a polaridade entre loiro e moreno, norte e sul, razão e paixão, tão cara à literatura europeia de seu tempo. Ecoando a História do Cavaleiro Des Grieux e de Manon Lescaut, do Abade Prévost, Don José, militar da guarnição de Sevilha, narra a perda de sua inocência a partir do envolvimento com Carmen, transformando–se em contrabandista e assassino; na novela, ele mata um militar, o marido da cigana e um nobre inglês, além da própria heroína. A novela fez sucesso na época, mas seu êxito maior foi póstumo e ligado à partitura de Bizet; todas as traduções de Carmen para outros idiomas vieram depois da estreia da ópera. Ao transferir a trama de Mérimée para o palco, Meilhac e Halévy investigaram outra faceta da obra do escritor: a de tradutor pioneiro da literatura russa para o francês. Quando Carmen é presa, no primeiro ato da ópera, ela diz frases da versão de Mérimée do poema Os Ciganos, de Púchkin: “coupe–moi, brûle–moi, je ne dirais rien” (“corte–me, queime– me, não direi nada”). Mais importantes são os acréscimos de novos personagens. Enquanto na novela Carmen se envolve com Lucas, um mero picador (na tourada, aquele que pica o touro com uma vara), na ópera seu amante é Escamillo, um toureiro de Granada. E os libretistas também oferecem a Don José uma possibilidade (sempre negada) de redenção em Micaëla, a jovem basca que tenta recolocá–lo no caminho da virtude. Se a obra de Mérimée aposta na “cor local” como elemento de sedução, Bizet se esbaldou com a oportunidade de escrever música “espanhola”. A Habanera, número mais célebre de uma ópera em que quase tudo é célebre, teve como fonte a canção El Arreglito, do compositor espanhol Sebastián Yradier (1809–1865) – que Bizet acreditava ser uma melodia folclórica.
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Para além do óbvio apelo melódico, a ópera chamou a atenção pela sexualidade exuberante e pela veemência com que retratava paixões extremadas e violentas. Esses elementos tiveram ampla ressonância para além dos Alpes, fazendo com que Carmen fosse considerada uma precursora da corrente operística italiana do final do século XIX conhecida como verismo. Com o brutal assassinato da amante que o traía, Canio, o protagonista de I Pagliacci, de Leoncavallo, pode ser tido como descendente direto de Don José.
Não deixa de ser irônico que o autor da ópera escolhida por Nietzsche para representar a antítese de Wagner tenha sido acusado, em seu tempo, de wagneriano. “O Sr. Bizet pertence a essa nova seita cuja doutrina consiste em vaporizar a ideia musical, em vez de delimitá–la em contornos definidos”, escreveu Paul de Saint–Victor, no Moniteur Universel, à época da estreia da ópera, queixando–se do que chamava de “concorrência excessiva” entre voz e instrumentos: “Para essa escola, da qual o Sr. Wagner é o oráculo, o motivo está fora de moda, a melodia obsoleta; o canto, apagado e dominado pela orquestra, só deve ser seu eco enfraquecido. Um tal sistema deve necessariamente produzir obras confusas”. No Le Siècle, também em março de 1875, Oscar Comettant queixou–se de modo análogo: “O coração do Sr. Bizet, tornado indiferente pela escola da dissonância e da experimentação, precisa reencontrar a virgindade. Essa ópera não é nem cênica, nem dramática. Não é com detalhes de orquestra que se podem exprimir os furores e caprichos da Srta. Carmen”. Porém, a partir de uma produção em Viena, em outubro de 1875, Carmen rapidamente ganhou os palcos de todo o planeta, nas mais diversas versões, inclusive como musical (o filme Carmen Jones, de 1954, dirigido por Otto Preminger) e balé (Carmen–Suíte, de 1967, em que o compositor russo Rodion Schedrin reorquestrou a música da ópera para percussão e cordas, espe-
Wagner e Anti–Wagner
cialmente para sua mulher, a bailarina Maia Plissétskaia). Em Viena, os diálogos de Carmen foram substituídos por recitativos, escritos não por Bizet, mas por seu amigo Ernest Guiraud (1837–1892), compositor francês nascido na Louisiana. Como essa foi a versão que garantiu sucesso à ópera, ela se tornou dominante até o surgimento da edição crítica de Fritz Oeser, em 1964, que restaurou o caráter original de opéra–comique, com os diálogos recuperando o lugar, no lugar dos recitativos de Guiraud. De qualquer forma, em uma versão ou outra, com sua enorme difusão internacional, a criação de Bizet suscitou interpretações que transcendem o terreno da musicologia. Em A Ópera ou A Derrota das Mulheres (1979), a francesa Catherine Clément chama Carmen de “a mais feminista, a mais teimosa das mortas”. Para a autora, “Carmen, no momento de sua morte, encarna a própria liberdade de escolher, a decisão, a contestação. A imagem antecipada e condenada de uma mulher que rechaça o jogo masculino, e que paga, por isso, com sua vida”. Nietzsche, por seu turno, em O Caso Wagner, louva em Bizet a coragem de uma sensibilidade que chama de “mais meridional, mais morena, mais efervescente”, levando o espectador “para longe do norte nevoento, de todos os vapores do ideal wagneriano”. “Finalmente o amor, o amor recolocado na natureza original!”, festeja. “Não o amor de uma 'virgem superior'! Não a sentimentalidade de Senta [heroína de O Navio Fantasma, de Wagner]! Mas o amor concebido como destino, como fatalidade, cínico, inocente, cruel – e natureza é justamente isso! O amor que está nos meandros da guerra, em seus princípios do ódio mortal entre os sexos. – Não conheço outro caso em que o humor trágico, que constitui a essência do amor, se exprima com mais rigor, numa fórmula mais terrível que o último grito de Don José, com o qual a obra termina: Fui eu quem a matou, eu – minha Carmen adorada!”
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Georges Bizet em 1875, ano da estreia de Carmen e de seu falecimento, aos 36 anos de idade. Foto de Étienne Carjat (1828–1906)
O amor é um pássaro rebelde... e não europeu Leandro Karnal
A história é linda. Orfeu, poeta e cantor, desce ao inferno para buscar sua amada. Sua música acalma o barqueiro sombrio e seduz os deuses infernais. Eurídice é entregue ao amante músico, mas o destino tinha uma armadilha: segundos antes de voltarem ao idílio no mundo luminoso dos vivos, Orfeu quebra o prometido e tenta ver o rosto de sua mulher. Tarde demais! Ela é fulminada e volta ao Tártaro. Orfeu fica desesperado, mas é consolado pelo pai Apolo e pela forma da amada nas estrelas. Assim Claudio Monteverdi (1567–1643), nos primórdios da ópera, reconstruiu o mito clássico de Orfeu e Eurídice. Mitologia, grandes temas históricos e épicos: tais eram os eixos naturais para um divertimento erudito que parecia dialogar mais com as cortes italianas sofisticadas do que com os mercados trepidantes da península. Leandro Karnal é doutor em
As imagens e sons criados por Monteverdi cresceram
História Social pela USP e
muito. A ópera ampliou–se em todos os aspectos. Incorporou
professor de História na Unicamp.
quase tudo, da literatura de Shakespeare aos temas religio-
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sos. Mas o século 19 era, também, o momento de incorporar o povo. O povo heroico em luta contra a tirania: tema pintado por Delacroix e descrito por Victor Hugo. Era o povo Romântico. O povo comum e feio, retratado por Courbet num enterro de rostos banais. Era o povo do Realismo. Na Itália, o movimento do Verismo apaixonava literatos como Giovani Verga (1840–1922) e dialogava com músicos como Pietro Mascagni (1863–1945) e Ruggero Leoncavallo (1857–1919). O povo entrava em cena, não mais apenas em papéis cômicos ou caricatos, mas como personagem real e com densidade psicológica. Claro que havia povo antes, em toda ópera barroca e clássica. Há árias maravilhosas cantadas por personagens populares. Mas o século 19 introduziu uma densidade neste homem do povo. Que cruzamento maravilhoso do capítulo XVIII do Príncipe de Maquiavel com a Comedia dell’arte está nos versos da ária Vesti la Giubba, com que Leoncavallo faz o seu maravilhoso palhaço cantar incentivando a si para parecer divertido, apesar da trágica notícia que acaba de receber: Vesti la giubba e la faccia infarina. La gente paga, e rider vuole qua. O ator deve vestir a máscara e empoar o rosto, o povo pagou por isto e deseja alegrar–se… Separação de ato e vontade, de representação e vontade: o palhaço do Verismo tem uma densa e trágica consciência de significado e significante. Mas é um artista circense, um homem do povo, dono de uma posição que era considerada marginal poucos anos antes. Mas, curiosamente, seu palhaço incorpora o sentido cortesão de não comunicar seus sentimentos ao mundo de forma direta. O pai deste comportamento, Baltassare Castiglione (1478–1529), o celebrado autor do livro O Cortesão, tornara esse estoicismo uma virtude aristocrática. Leoncavallo falava da manutenção de um emprego e da continuidade pequeno–burguesa da existência. O palhaço precisa comer, o cortesão precisa representar, ambos sabem que todo o mundo é um teatro.
Quase ao mesmo tempo em que a ópera italiana está descobrindo o mundo popular, o francês Bizet coloca em cena uma cigana numa fábrica de charutos. O ambiente é Sevilha, terra quente da Andaluzia, e a fama da sua voluptuosidade e passionalidade incendeia a Europa. O exotismo de terras distantes entra na moda. O Orientalismo cria odaliscas e banhos turcos em Delacroix, Ingres e Renoir. A mulher turca ou argelina estava bem longe, mas poderia representar uma sensualidade que a mulher burguesa europeia não deveria. Se, antes, fora permitido colocar o nu nas deusas e da mitologia como aceitáveis, agora era possível imaginar a sexualidade feminina nas islâmicas. O século 19 é o século da História. Um historiador, Prosper Mérimée (1803–1870), publicara um conto, Carmen, narrando uma trama espanhola cuja protagonista era uma cigana. Mérimée tinha conhecido Eugenia Montijo, a orgulhosa nobre espanhola que viria a se tornar imperatriz dos franceses ao casar com Napoleão III. Talvez a sedução da Espanha, o orientalismo em voga e a própria beleza dos olhos de Eugênia tenham despertado o sucesso do pequeno conto Carmen, escrito em 1845 e publicado em 1847. Como em toda voga orientalista, as paixões violentas só poderiam ser vividas fora do universo europeu. Explicar os motivos pelos quais, na cabeça de muitos franceses, a Espanha não era bem Europa consumiria um espaço maior do que este texto. As burguesas das grandes cidades europeias eram educadas na domesticação dos seus sentimentos. Histerias, cenas de ciúmes, danças sensuais: tudo isto deveria ser varrido para além dos Pirineus e para o Oriente. O ideal burguês, descrito por Peter Gay numa série de livros, estava no comedimento. A Carmen de Mérimée parece ser uma mistura da tragédia clássica, na qual um desequilíbrio, uma paixão, uma hybris, desestrutura a ordem do mundo, que só pode ser refeita pela morte de um ou de muitos. Mas é também uma no-
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vela picaresca que florescera antes, no Século de Ouro da literatura espanhola (entre os séculos 16 e 17). Seus traços de pessimismo e determinismo e a presença de um pícaro, um elemento popular, atravessavam obras como o Lazarillo de Tormes, texto anônimo do século 16, até A Pequena Cigana (La Gitanilla), do grandioso Miguel de Cervantes (1547–1616), nas suas Novelas Exemplares. Em plena Espanha Católica do período da Inquisição, a paixão já era deslocada para os párias de então, como os ciganos. Como se vê, Bizet trabalhou num terreno muito trilhado antes dele. Seus libretistas, Henri Meilhac e Ludovic Halévy, conheciam bem a tradição europeia. O público valorizava ambientes exóticos. O mesmo público que contemplava a Morte de Sardanapalo de Delacroix no Louvre, e que lia o conto de Mérimée, desejava obras que narrassem esta gente estranha da Espanha, do Magreb ou da Ásia. O quadro de Delacroix misturava erotismo e morte, poder e luxo, de maneira tão fortes e chocantes que levou um tempo para o público francês e mundial gostarem da tela. Eros e Tânatos estão retratados no mítico rei assírio, Sardanapalo. Querendo levar ao túmulo tudo que amava, o rei determina a morte de suas mulheres e de seus cavalos favoritos. O ambiente é dominado pelo vermelho, de luxo e de sangue, que se espalha pela imensa tela de 1827. Em primeiro plano uma mulher nua está prestes a ser assassinada pela espada de um soldado, numa metáfora de estupro. O quadro A Morte de Sardanapalo, ainda visível no Louvre, traz este elemento que Edward Said (1935–2003) destacou na obra famosa, de 1978: Orientalismo. O foco da obra de Said é o preconceito do Ocidente contra o mundo do Oriente, em especial o mundo islâmico. A constituição de uma alma oriental no momento em que a Europa se lançava a uma corrida imperialista era, para ele, um processo imbricado entre economia e cultura. A busca por este pensamento o faz levantar, de Shakespeare a Victor Hugo, de Byron a Richard Burton,
A Morte de Sardanapalo (1827) – óleo sobre tela Eugène Delacroix (1798-1863) Acervo Museu do Louvre
uma plêiade imensa de autores e pensadores que construíram uma distinção estrutural entre Ocidente e Oriente. O Orientalismo representa um interesse hierárquico, um eurocentrismo disfarçado de atenção para o outro, uma forma de reafirmar os valores que a burguesia triunfante do século 19 desenvolvia na Europa. Tem um fundo moral: ilustra os horrores a que são conduzidas as pessoas e os povos que seguem seus impulsos, que vivem por amor e matam por ciúmes. A morte e a violência, o sexo e a vida luxuriosa seduzem de forma complexa. Os ciganos, os islâmicos, os não europeus em geral, seriam aqueles que vivem esses impulsos sem freios. Vivendo fora do quadro restritivo da vida civilizada ocidental, é natural que sejam mais intensos e, ao mesmo tempo, que sejam punidos por isto. Prazer sem punição desestrutura a sociedade ocidental, que construiu grande parte da sua identidade imbuída da ideia de controle de si e dos outros. A vida explosiva e forte poderia existir, desde que seus agentes fossem punidos. Na beleza do libreto e na complexa tessitura da voz de Carmen, falam os franceses que acabaram de passar pela Comuna de Paris (1871). A paixão e a violência devem ser exorcizadas, ainda que seduzam o público. Carmen mostra o poder e o risco do feminino. Falta ainda este elemento, a somar ao Orientalismo. Carmen não apenas é cigana e andaluza: é também mulher. Melhor seria dizer: ela é, antes de tudo, mulher. Seu pecado original é o gênero, ser cigana andaluza vem depois. A misoginia, a desconfiança estrutural do feminino, a alegada incapacidade da mulher de agir dentro dos parâmetros do razoável e do racional, são sentimentos preconceituosos que atravessaram os séculos e seguem firmes no século 19 e, infelizmente, no 21. Orientalismo e misoginia tornam–se mais complexos ainda, embalados pela beleza da música. Para que seja mais verdadeira, como pede a intensidade realista do fim do século 19, ela não é uma personagem his-
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tórica da época de Tróia em chamas. Carmen não é Ifigênia ou Clitemnestra, mas terá o mesmo fim. Na cabeça de um francês de então, Andaluzia não é bem Espanha; Espanha não é bem Europa; e Carmen não é bem uma dama dos salões europeus. Assim, ela pode ser tudo aquilo que o europeu urbano do Norte sonha em ser e tudo o que teme sentir. Carmen é o pássaro rebelde, como na famosa habanera da ópera. O amor não conhece lei nem limite, a paixão destrói, mas seduz e parece intensa. A vida confiável é a família católica em Paris, refeita após o susto da Comuna. A vida de Carmen é mais intensa e mais oscilante. Carmen deve cantar, dançar e seduzir; mas deve morrer para purgar o preço desta liberdade ousada. Podemos perdoar que Carmen nos seduza, mas ela deve ser consumida, porque não queremos encarar este desejo e precisamos voltar para casa, nossa segura e correta casa. Freud ainda não tinha escrito sua obra e o consumo ainda não assumira o papel catártico que teria depois. Carmen é uma mulher tentadora no Sul da Espanha. Sua arma é sua dança, sua sensualidade, seu domínio da retórica do amor erótico. Ela deve morrer. Ela própria sabia do perigo, pois dizia: si je t'aime, prends garde à toi! – Se eu te amar, tenha cuidado! Não tendo tomado este cuidado, o amor de Carmen ajudou a selar seu fim. Amar é perigoso, e a música de Bizet é linda. Um francês pensa uma cigana andaluza e o Theatro Municipal de São Paulo recria este universo. Esta é a magia da música, pela qual não seremos punidos.
Carmen, menina superpoderosa Arthur Dapieve
A despeito de toda compreensão e beleza que trouxeram para salas de concerto e estúdios de gravação, as “performances historicamente informadas” se confrontam com um paradoxo insuperável desde que entraram em voga, na década de 60. A música pode ser tocada e cantada de acordo com as práticas de interpretação da época de composição da obra; os instrumentos podem ser contemporâneos do autor; as partituras, purgadas de qualquer alteração extemporânea – mas a plateia não tem como se teletransportar para, digamos, 1875, e se esquecer de tudo o que a humanidade ouviu e viveu desde então. O rio até pode ser o mesmo, mas mudam os banhistas. Talvez só pudéssemos ter a plena dimensão do impacto de Carmen desde sua estreia se não apenas já tivéssemos inventado uma engenhoca digna de H.G. Wells, mas se tamArthur Dapieve é jornalista,
bém já tivéssemos desenvolvido um jeito de apagar memó-
crítico musical e colunista
rias do futuro, à moda de Homens de Preto. Necessitaríamos
do jornal O Globo
não apenas retornar à Opéra-Comique de Paris para assistir
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a uma das 33 apresentações de Carmen lá realizadas antes da partida precoce de Georges Bizet, pobre Bizet, 36 anos e já morto do coração. Seria necessário também esquecer – talvez mais que esquecer, ignorar – os 70 e tantos filmes inspirados na personagem criada pelo escritor Prosper Mérimée em 1845, esquecer Bessie Smith, Carmen Miranda, Madonna, Beyoncé, Anitta. Esquecer toda fêmea que, de uma forma ou de outra, usou o sexo, a música e a dança para se impor a um mundo masculino. Queiramos ou não, a cigana de Sevilha é a avó de todas elas, meninas superpoderosas. Carmen trabalha numa fábrica de cigarros, mas vive de expedientes, inclusive seduzindo guardas de fronteira para seus amigos contrabandistas. Na ópera, a primeira coisa que se ouve dela é a gargalhada debochada. Sua fala inicial é uma resposta à pequena multidão de rapazes que a corteja: “Quando vos amarei? Não sei. Talvez nunca, talvez amanhã... Mas não hoje com certeza!” De olho em Don José, ela emenda cantando a célebre Habanera: “O amor é um pássaro rebelde / Que ninguém pode aprisionar...” Como ainda assim o cabo parece não notá-la, Carmen atira uma flor aos pés dele. Pronto. O feitiço está lançado. Não adianta mais Don José reencontrar a doce Micaëla, personagem inventado pelos libretistas Henri Meilhac e Ludovic Halévy. Micaëla, sua irmã de criação, por ele apaixonada. Dali em diante, o cabo sofre horrores com sua obsessão sexual pela cigana, que dele faz gato e sapato, ora convencendo-o a soltá-la depois da prisão por ter esfaqueado uma colega de fábrica, ora convencendo-o a desertar para segui-la numa expedição dos contrabandistas. Sempre provocando o seu desejo e o seu ciúme, puxando-o mais para baixo, mais para baixo, até a humilhação final, na porta da arena, ao declarar, diante da própria morte, antevista nas cartas do baralho, que não o ama mais (se é que um dia de fato o amou, é razoável supor), que não o ama mais porque agora está apaixonada pelo toureiro Escamillo.
Essa mulher pode nos parecer, a nós que vivemos no século XXI, apenas mais uma leviana, outra “cachorra” do lumpemproletariado. Hoje, uma figura quase banal, inclusive por ser a protagonista de uma ópera que se tornou das mais familiares no repertório (triunfo que, após o fracasso inicial, Bizet não viveu para testemunhar). Porém, se ao menos tentarmos nos colocar dentro de uma cabeça do início do quarto final do século XIX, veremos que esta Carmen é uma personagem verdadeiramente moderna. Ela não age por motivos tidos como nobres, ela faz o que lhe dá na veneta, movida por um apetite sensual que a sociedade, ainda hoje, pode aceitar ou até estimular num homem – embora o Don Giovanni de Mozart, com quem Carmen já foi comparada, também tenha sido punido por sua fidelidade à infidelidade – e não tem sequer como suportar numa mulher. No mundo da ópera, habitat de heroínas que se sacrificam até a morte por seus únicos e verdadeiros amores, Carmen acende um homem no outro, antes de descartar o anterior na sarjeta, como se fosse uma fumante mal-educada. É dissimulada, sarcástica, petulante, muito embora Bizet lhe tenha separado o filé-mignon. Foi mais fácil – para Mérimée, para Bizet – situá-la num outro mundo, a exótica Andaluzia, foi mais fácil fazê-la pertencer a um outro povo, o cigano, povo ainda hoje relutante em se deixar decifrar por sociedades que prezam a estabilidade. A errância de Carmen era, ao mesmo tempo, amorosa e cultural. O historiador da música Ralph B. Locke, num texto sobre Samson et Dalila (1877), de Saint-Saëns, notou que, nas óperas do período, mulheres morenas de outras paragens tendiam a ser a causa da perdição de “jovens, tolerantes, bravos, possivelmente ingênuos, heroicos tenores brancos da Europa”. Este é exatamente o caso de Don José, representante da ordem que, em troca de migalhas dormidas do pão de Carmen, se arrasta por um chão metafórico, do qual só consegue se erguer pelo assassinato do objeto de desejo.
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Não foi, porém, este crime que indignou os primeiros críticos
Imagem do primeiro ato da
de Carmen. Como tantas vezes ocorre nos chamados “cri-
produção original de Carmen,
mes de honra” da vida real, a simpatia ficou com o matador,
de 1875. Litografia de
a culpa recaiu sobre a vítima. Quem mandou escancarar a li-
Pierre-Auguste Lamy (1827–1880)
bido feminina? Quem mandou ser amoral? Quem mandou enfileirar amantes como se fosse um homem? Quem mandou pensar? Há uma passagem crucial na ópera, logo após a cigana cantar Près des remparts de Séville, ária que, por sua vez, é um verdadeiro hino à autodeterminação das mulheres, ao direito de também se divertirem à noite, bebendo manzanilla e dançando seguidilla com quem quiserem. É quando Don José relembra à Carmen que a proibiu de dirigir-lhe a palavra. “Eu não falo...”, objeta a prisioneira, sonsa que só. “Eu canto para mim mesma e eu penso... Não é proibido pensar.”
A seguir, ela insinua que pensa nele, um simples cabo, posto que já estaria bom o “bastante para uma cigana”. Não é este, contudo, o ponto. Ao dizer que não é proibido pensar, ela defende para a mulher o direito de pensar por si própria. (Apenas em 1893 um país permitiria o sufrágio feminino. Seria a remota Nova Zelândia. Na França, isso aconteceria somente em 1945.) Na terra do “penso, logo existo”, isso não é reivindicação pouca: Carmen reclama a própria existência. Mais adiante, quando incita Don José a desertar e segui-la na vida bandida, ela argumenta que não há oficial ou toque de recolher que diga a um amante quando deve partir. A cigana então saúda: “O céu aberto, a vida errante/ Por pátria o universo, por lei a vontade/ E sobretudo a coisa inebriante/ A liberdade, a liberdade!” Antes da massificação do fonógrafo de cilindro, que estava sendo inventado por Thomas A. Edison em 1877, ou seja, quase simultaneamente à estreia de Carmen, ópera era música pop. A provocação feita pela personagem de Bizet seria replicada, com teores relativamente menores de incômodo, conforme avançam os costumes, como na bizarra versão cinematográfica de Carmen que Beyoncé estrelou: a hip hopera, de Robert Townshend, em 2001. Quanto mais exótica a devoradora de homens, como era exótica para o público parisiense uma cigana da Andaluzia no final do século XIX, mais erótica. Em 1979, a filósofa francesa Catherine Clément escreveu um interessante livro-ensaio no qual, ao recontar à sua maneira o libreto de grandes óperas, buscava conciliar sua paixão pelo gênero com sua percepção de que ele é uma forma misógina de arte. Nele, a mulher se restringiria ao papel de frágil bibelô, que, ao quase invariavelmente se sacrificar, ali estaria para reafirmar o domínio dos homens. Na ótica feminista de A ópera ou A derrota das mulheres, heroínas como Tosca ou Isolda morreriam não de amor, mas para cumprir uma sentença decretada muito antes de as corti-
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nas subirem e soarem as primeiras notas da abertura. Claro que Carmen, a mais famosa protagonista da ópera francesa, quiçá da ópera mundial, não poderia ficar de fora do livro. Clément a enxerga como “a proclamação sombria e revolucionária de uma mulher que prefere morrer a ter um homem que decida por ela”. Ainda assim, para a autora, a cigana não se salva em meio à tal derrota das mulheres. Falta a Clément perceber que, diferentemente das outras heroínas da ópera daquele tempo, Carmen não morre pelas razões “certas” – amor eterno, fidelidade, honra – mas sim pelas “erradas” – pulsão sexual, liberdade, interesse. (Mais tarde, a Salomé de Strauss e a Lulu de Berg, por exemplo, se juntariam a ela.) Sua morte, portanto, é uma morte de outra natureza, é uma morte na contramão. O assassinato de Carmen, pois, não configura uma derrota, mas o martírio por uma causa própria, não masculina. Muitos comentaristas viram um contraste na simultaneidade entre a vitória de Escamillo dentro da arena (marcada pelo coro que brada “vitória, vitória!”) e o assassinato de Carmen por Don José fora da arena. O que não é vitória, afinal, não poderia ser outra coisa senão uma derrota – posto que não há empates na ópera. Talvez, no fundo, até o próprio Bizet entendesse assim a cena, como um acerto de contas moral, pois era um homem de seu tempo. Entretanto, também é possível ouvir o desenlace da ópera não como contraste, mas como confirmação. A “vitória, vitória” seria também de Carmen, a que não se deixou dominar. De certa forma, tal interpretação é compartilhada pela musicóloga Susan McClary, no volume dedicado a Carmen dentro da coleção Cambridge Opera Handbooks, quando diz que “deixamos o teatro cantarolando suas canções contagiantes e o encerramento que nos parecia tão definitivo se reabre”. Canções contagiantes? Carmen foi, quem diria, a primeira diva pop.
Cen谩rio da 贸pera Carmen, por Juan Guillermo Nova.
Quatro perguntas para o diretor cênico Filippo Tonon
De que forma sua
Sabemos que a ópera se baseia no romance de Mérimée,
montagem trabalha as
mas a construção da personagem Carmen feita por Bi-
diferenças entre o romance
zet e os libretistas é bem diferente da original. A descrita
de Prosper Mérimée e o
no romance é uma personagem mais fechada, ‘confi-
libreto da ópera de Bizet?
nada’ pelo fato de ser cigana. A Carmen de Bizet, no entanto, é, em certa medida, protótipo de um tipo de mulher contemporânea. No romance, a história é contada em primeira pessoa por Don José. Ele é tão protagonista quanto a Carmen. Ambos estão no mesmo patamar como motores da história. Ele, com sua situação de menino reprimido por sua educação; ela, com seu naturalismo, provocadora e, por vezes, diabólica. Nesta montagem, a única menção ao romance de Mérimée está no início, uma referência, uma pequena ligação que nos permite entender que o trabalho está baseado no romance.
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O que desejo levar ao palco é um mundo do dia a dia, e não
O que muda no enfoque
um mundo de estereótipos. Numa ópera como Carmen, é fá-
dos personagens quando
cil que a montagem caia num popularesco excessivo, em fal-
você desloca a ambientação
sas atitudes. Desloquei a ambientação para 1875, ocasião da
para o ano marcado pela
Segunda Revolução Industrial, da estreia da ópera em Paris,
estreia da ópera e pela
ano do falecimento de Bizet. Os personagens em cena são
morte de Bizet?
pessoas que trabalham duro todos os dias para obter seu sustento, não são nobres, nem da classe média; são trabalhadores, com sua própria história. No primeiro ato não vemos ainda a tragédia que acontecerá mais tarde, mais um dia típico de Sevilha, no momento da troca de guarda, próximo à fábrica de cigarros. O único elemento inesperado é Carmen, cuja origem é desconhecida, e não se sabe o que ela poderá causar durante aquele dia. A trama pouco se desenvolve no primeiro ato; quase tudo se inicia no segundo.
Nesta produção a luz é fundamental. Todos os aspectos aju-
Nos croquis, tanto de
dam a dar a visão que tenho sobre essa Carmen. Pedi ao ilu-
figurino como de cenário,
minador que não deixasse a luz incidir diretamente sobre a
a diferença entre claro/
cena, mas que sempre parecesse filtrada, indireta. Ele iden-
escuro salta aos olhos.
tificou perfeitamente a importância deste aspecto da mon-
Como você trabalhou
tagem. Algo similar ocorre com os figurinos: as cores dos
esta oposição?
figurinos e do cenário ajudam a expressar o realismo da produção. Cores terrosas, brancos, cinzas no primeiro ato; cores mais quentes no segundo; cores mais frias no terceiro, e a vivacidade cromática (sempre controlada, nunca ruidosa) do quarto ato. Esta variação e a luz permitem destacar meu ponto de vista sobre a história.
Ao trabalhar com Carmen
Nesta produção, busquei individualizar cada personagem,
e suas personagens, tão
dar a cada papel sua devida importância e singularidade,
enraizadas em nossa
porém, ao mesmo tempo, tratei de manter a força do con-
imaginação, como fugir
junto. Isso me permitiu criar situações nas quais, subita-
dos estereótipos?
mente, todos estão em cena envolvidos com uma mesma questão. Creio que é muito importante oferecer ao público coisas novas, inesperadas, quando desejamos captar sua atenção para facilitar o entendimento da história e das personagens. O mesmo vale para os solistas. Carmen é uma personagem muito difícil de trabalhar, pois, apesar de ser muito conhecida, muito citada, descobri, ao fazer esta montagem, que ela não é tão bem conhecida como julgamos. A música me ajuda a me aprofundar nas personagens e extrair elementos que podem constituir novas leituras, em diferentes camadas. Algo bastante interessante nesta produção de Carmen é que usamos a edição com diálogos, e não a com os recitativos de Ernest Guiraud. Isso me permitiu mover os solistas como atores e não somente como cantores; assim temos cantores/atores em cena. A versão com diálogos permite usar pausas e as emoções individuais de cada solista, que não estão definidas ou descritas pelo compositor ou pelo libreto. Desta maneira, a interpretação se torna mais pessoal, mais conectada com as emoções do cantor, mais real.
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Cartaz da estreia de Carmen.
Prosper Mérimée,
Charles Gounod
autor do romance
(1819-1893). Ilustração
homônimo sobre o
publicada na revista
qual foi baseado o
Vanity Fair em
libreto da ópera.
fevereiro de 1879.
Georges Bizet,
OpĂŠra-Comique
aos 22 anos,
de Paris, teatro
em 1860.
da estreia mundial de Carmen, em 1875.
Fotos da montagem de 1915 do Metropolitan Opera House de Nova York, com Enrico Caruso como Don JosĂŠ.
Várias intérpretes de Carmen, dentre elas Célestine Galli-Marié. Samuel Holland Rous, 1919.
Georges Bizet e Carmen
1838
Georges Bizet nasce em Paris, em 25 de outubro, registrado como Alexandre César Léopold Bizet.
1845
Prosper Merimée publica a novela Carmen na Revue des Deux Mondes.
1848
Pouco antes de completar 10 anos, entra para o Conservatório de Paris, onde se torna aluno de Charles Gounod e Fromental Halévy.
1857
Bizet recebe um prêmio oferecido por Jacques Offenbach por sua operetta Le docteur Miracle. Ele também vence o importante Prix de Rome e, como prêmio, vai para a Itália, onde chega a escrever uma ópera buffa, Don Procopio.
1861
Pouco após o retorno a Paris morre sua mãe, e um ano mais tarde ele tem um filho com uma ex-empregada da casa de seus pais.
1863
Cumprindo as obrigações com o Prix de Rome, escreve mais uma ópera em um ato, La Guzla de L’emir, mas o diretor da Opéra-Comique decide não encená-la, encomendando a Bizet Os Pescadores de Pérolas, estreada no mesmo ano.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48
1869
Bizet se casa com Geneviève Halévy, filha de seu antigo professor e prima de Ludovic Halévy, um dos libretistas de Carmen.
1870
Assim como outros artistas e intelectuais franceses, Bizet se alista na Guarda Nacional após o início da Guerra Franco-Prussiana em julho. Nove meses depois, em maio de 1871, a guerra termina com vitória alemã e deposição de Napoleão III.
1875
Carmen estreia na Opéra-Comique de Paris, em 3 de março. Deprimido com o fracasso da ópera, Bizet adoece e morre de enfarte em 3 de junho, em Bougival, nos arredores de Paris. Carmen estreia em Viena, com recitativos escritos por Ernest Guiraud, em 23 de outubro.
1881
Carmen estreia no Brasil, no Theatro São José, em São Paulo, tendo no papel-título Paola Marié, irmã de Célestine Galli-Marié, a Carmen da estreia em Paris.
1883
Carmen volta a ser apresentada em Paris, tornando-se uma das óperas mais famosas do repertório lírico até os dias de hoje.
Gravações de referência
CDs
Regente Claudio Abbado
Dancaïre Gordon Sandison
Carmen Teresa Berganza
Remendado Geoffrey Pogson
Don José Plácido Domingo
Zuniga Robert Lloyd
Escamillo Sherrill Milnes
Moralès Stuart Harling
Micaëla Ileana Cotrubas Frasquita Yvonne Kenny
London Symphony Orchestra
Mercédès Alicia Nafé
Deutsche Grammophon
Regente Sir Thomas Beecham
Remendado Michel Hamel
Carmen Victoria de los Angeles
Zuniga Xavier Depraz
Don José Nicolai Gedda
Moralès Bernard Plantey
Escamillo Ernest Blanc Micaëla Janine Micheau
Orchestre National de
Frasquita Denise Monteil
La Radiodiffusion Francaise
Mercédès Monique Linval
EMI
Dancaïre Jean–Christophe Benoit
Regente Rafael Frühbeck de Burgos
Remendado Albert Voli
Carmen Grace Bumbry
Zuniga Bernard Gontcharenko
Don José Jon Vickers
Moralès Claude Meloni
Escamillo Kostas Paskalis Micaëla Mirella Freni
Orquestra da Ópera de Paris
Frasquita Eliane Lublin
Opera Orchestra
Mercédès Viorica Cortez
EMI
Dancaïre Michel Trempont
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50
DVDs
Regente Brian Castles–Onion
Dancaïre Luke Gabeddy
Diretor Cênico Gale Edwards
Remendado Sam Roberts–Smith
Carmen Rinat Shaham
Zuniga Adrian Tamburini
Don José Dmytro Popov
Moralès Samuel Dundas
Escamillo Andrew Jones Micaëla Nicole Car
Opera Australia
Frasquita Ariya Sawadivong
Opera Australia
Mercédès Tania Ferris
BLU-RAY
Regente Antonio Pappano
Remendado Jean–Paul Fouchecourt
Diretora Cênica Francesca Zambello
Zuniga Matthew Rose
Carmen Anna Caterina Antonacci
Moralès Jacques Imbrailo
Don José Jonas Kaufmann Escamillo Ildebrando D'Arcangelo
Royal Opera House
Micaëla Norah Amsellem
Decca
Frasquita Elena Xanthoudakis Mercédès Viktoria Vizin Dancaïre Jean Sebastien Bou
Croquis do figurino por Cristina Aceti
LIBRETO Carmen Alkor-Edition Kassel, Edição Crítica de Fritz Oeser Edição Igor Reyner Tradução
Ato I Prelúdio Act I Prélude
Nº 1 Introdução Introduction
Coro Chœur
Moralès
Coro Chœur
Moralès
(uma praça em Sevilha. À direita,
(une place à Séville. À droite, la
a porta da fábrica de cigarros. À
porte de la manufacture de tabac. A
esquerda, no primeiro plano, o
gauche, au premier plan, le corps
regimento. Moralès e os soldados
de garde. Moralès et les soldats sont
estão reunidos em frente ao quartel)
groupes devant le corps de garde)
(Moralès, depois Micaëla, soldados
(Moralès, puis Micaëla, Soldats,
e transeuntes)
Passants)
Na praça,
Sur la place,
cada um passa,
chacun passe,
cada um vem, cada um vai;
chacun vient, chacun va;
gente engraçada esse pessoal.
droles de gens que ces gens-là.
Gente engraçada!
Drôles de gens!
Gente engraçada!
Drôles de gens!
À porta do regimento,
A la porte du corps de garde,
como passatempo,
pour tuer le temps,
fumamos, papeamos,
on fume, on jase, l'on regarde
vemos passar os passantes.
passer les passants.
Na praça,
Sur la place,
cada um passa,
chacun passe,
cada um vem, cada um vai;
chacun vient, chacun va;
Na praça,
Sur la place,
cada um passa,
chacun passe,
cada um vem, cada um vai;
chacun vient, chacun va;
gente engraçada esse pessoal.
drôles de gens que ces gens-là.
Gente engraçada!
Drôles de gens!
Gente engraçada!
Drôles de gens!
Gente engraçada!
Drôles de gens!
(Micaëla entra, hesitante e
(Micaëla est entrée, hésitante,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
Moralès
desconcertada, olha os soldados,
embarrassée, elle regarde les soldats,
avança e recua, etc.)
avance, recule, etc)
(aos soldados)
(aux soldats)
Olhem esta gracinha
Regardez donc cette petite
que aparenta querer nos dizer algo.
qui semble vouloir nous parler.
Vejam, vejam, ela se vira, ela hesita.
Voyez, voyez, elle tourne, elle hésite.
É preciso ajudá-la.
À son secours il faut aller.
(a Micaëla)
(à Micaëla)
Oh! Bela, o que procura?
Que cherchez-vous, la belle?
Micaëla
Eu?! Procuro um soldado.
Moi! Je cherche un brigadier.
Moralès
Opa, Estou aqui!
Je suis là, Voilà!
Coro Chœur
Moralès
Micaëla
Meu soldado se chama Don José...
Mon brigadier, à moi, s'appelle Don
O senhor o conhece?
José... Le connaissez-vous?
Moralès
Don José? Todos nós o conhecemos.
Don José? Nous le connaissons tous.
Micaëla
Verdade? Por favor, ele está com
Vraiment? Est-il avec vous, je vous
vocês?
prie?
Moralès
Micaëla
Moralès
Todos Tous
Moralès
Ele não é um dos cabos de nossa
Il n'est pas brigadier dans notre
guarda.
compagnie.
(desolada)
(désolée)
Então ele não está aqui.
Alors, il n'est pas là.
Não, minha querida, ele não está
Non, ma charmante, il n'est pas là,
aqui, mas daqui a pouco ele estará.
mais tout à l'heure il y sera. Oui, tout
Sim, daqui a pouco ele estará. Ele
à l'heure il y sera. Il y sera quand
estará quando a nova guarda trocar
la garde montante remplacera la
com a velha guarda.
garde descendante.
Ele estará quando a nova guarda
Il y sera quand la garde montante
trocar com a velha guarda.
remplacera la garde descendante.
Mas enquanto espera que ele venha,
Mais en attendant qu'il vienne,
bela pequena, se incomodaria em
Micaëla
Coro Chœur
Micaëla
Moralès
Micaëla
Moralès Coro Chœur
Voulez-vous, la belle enfant, Voulez-
esperar em nosso regimento por
vous prendre la peine d'entrer chez
um instante?
nous un instant?
No seu regimento?
Chez vous?
Sim, no nosso regimento.
Chez nous.
Não, não.
Non pas, non pas.
Muito obrigado, senhores soldados.
Grand merci, messieurs les soldats.
Entre sem medo, pequenina,
Entrez sans crainte, mignonne, je vous
prometo tratá-la com todo o devido
promets qu'on aura pour votre chère
respeito.
personne tous les égards qu'il faudra.
Não tenho dúvidas,
Je n'en doute pas;
no entanto, voltarei mais tarde;
cependant je reviendrai,
eu voltarei, é mais prudente.
je reviendrai, c'est plus prudent.
Voltarei quando a nova guarda
Je reviendrai quand la garde montante
trocar com a velha guarda.
Remplacera la garde descendante.
(cercando Micaëla)
(entourant Micaëla)
Deve ficar, pois a nova guarda vai
Il faut rester, car la garde montante
trocar com a velha guarda.
va remplacer la garde descendante.
Moralès
Você ficará!
Vous resterez!
Micaëla
(procurando se livrar)
(cherchant à se dégager)
Não! Não!
Non pas! Non pas!
Você ficará, ficará,
Vous resterez, vous resterez,
ficará.
vous resterez.
Sim, você ficará, ficará.
Oui vous resterez, vous resterez.
Moralès Coro Chœur
Micaëla
Não! Não! Não, não,
Non pas! Non pas! Non! Non! Non!
não!
Non!
Adeus, senhores soldados.
Au revoir, messieurs les soldats.
(ela escapa correndo)
(elle s'échappe et se sauve en courant)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Moralès
Coro Chœur
Moralès
Nº 2 Marcha e Coro das crianças Marche et Chœur des gamins
Escapa o passarinho,
L'oiseau s'envole,
nos confortamos disso
on s'en console.
retomemos nosso passatempo,
reprenons notre passe-temps,
e olhemos passar as pessoas.
et regardons passer les gens.
Na praça,
Sur la place,
cada um passa,
chacun passe,
cada um vem, cada um vai;
chacun vient, chacun va;
gente engraçada esse pessoal.
drôles de gens que ces gens-là.
Gente engraçada!
Drôles de gens!
Gente engraçada!
Drôles de gens!
Gente engraçada!
Drôles de gens!
(um oficial deixa o posto. Os
(un officier sort du poste. Les
soldados do posto pegam suas
soldats du poste vont prendre
lanças e põem-se em linha
leurs lances et se rangent en
diante do regimento. À direita,
ligne devant le corps de garde.
os passantes formam um grupo
Les passants à droite forment un
para assistir ao desfile. A marcha
groupe pour assister à la parade.
militar se aproxima, se aproxima...
La marche militaire se rapproche,
da esquerda, finalmente, a nova
se rapproche... la garde montante
guarda apresenta-se e atravessa a
débouche enfin venant de la gauche
ponte. Inicialmente, dois clarins e
et traverse le pont. Deux clairons et
dois pífanos. Depois uma banda de
deux fifres d'abord. Puis une bande
pequenas crianças que se esforçam
de petits gamins qui s'efforcent de
para dar passos largos a fim de
faire de grandes enjambées pour
marchar ao passo dos dragões —
marcher au pas des dragons — Aussi
Crianças menores possíveis. Atrás
petits que possible les enfants.
das crianças, o tenente Zuniga e
Derrière les enfants, le lieutenant
o cabo Don José, seguidos pelos
Zuniga et le brigadier Don José,
dragões com suas lanças)
puis les dragons avec leurs lances)
Coro das crianças
Com a nova guarda
Avec la garde montante
Chœur des gamins
chegamos, vejam só.
nous arrivons, nous voilà.
Soa, trompete retumbante,
Sonne, trompette éclatante,
ta ra ta ta, ta ra ta ta;
ta ra ta ta, ta ra ta ta;
marchamos de cabeça erguida
Nous marchons la tête haute
como pequenos soldados,
comme de petits soldats,
marcando sem erro,
marquant sans faire de faute,
Zuniga
um... Dois...
une... Deux...
Marcando o passo.
Marquant le pas.
Os ombros para trás
Les épaules en arrière
e o peito para frente,
et la poitrine en dehors,
com os braços, deste modo,
les bras de cette manière
esticados ao longo do corpo;
Tombant tout le long du corps;
com a nova guarda
avec la garde montante
chegamos, vejam só!
nous arrivons, nous voilà!
Soa, trompete retumbante,
Sonne, trompette éclatante,
ta ra ta ta, ta ra ta ta.
ta ra ta ta, ta ra ta ta.
(a nova guarda se alinha à direita,
(la garde montante s’est rangée à droite
de frente à velha guarda)
en face de la garde descendante)
Alto! Dispensar!
Halte! Repos!
(mudam-se as sentinelas)
(on relève les sentinelles)
Melodrama Mélodrame
Moralès
José
Moralès
José
Moralès
(a Don José)
(à Don José)
Teve uma bela garota que veio lhe
Il y a une jolie fille qui est venue te
procurar.
demander.
Ela disse que voltaria.
Elle a dit qu'elle reviendrait
Uma bela garota?
Une jolie fille?
Sim, elegantemente vestida, uma
Oui, et gentiment habillée, une jupe
saia azul, xale jogado sobre os
bleue, des nattes tombant sur les
ombros...
épaules...
É Micaëla.
C'est Micaëla.
Só pode ser Micaëla.
Ce ne peut être que Micaëla.
Ela não disse seu nome.
Elle n'a pas dit son nom.
(as sentinelas se levantam. Sons de
(les factionnaires sont relevés. Sonneries
clarins. A velha guarda passa
des clairons. La garde descendante
na frente da nova guarda —
passe devant la garde montante — les
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
Coro das crianças Chœur des gamins
assim como ocupavam os
gamins en troupe reprennent
tambores e pífanos da nova
derrière les clairons et les fifres de
guarda, em grupo, as crianças
la garde descendante la place qu'ils
retomam os clarins e pífanos da
occupaient derrière les tambours et
velha guarda)
les fifres de la garde montante)
E a guarda que deixa
Et la garde descendante
entra no regimento e se vai.
rentre chez elle et s'en va.
Soa, trompete retumbante,
Sonne, trompette éclatante,
ta ra ta tá, ta ra ta tá.
ta ra ta ta, ta ra ta ta.
Marchamos de cabeça erguida
Nous marchons la tête haute
como pequenos soldados,
comme de petits soldats,
marcando sem erro,
marquant sans faire de faute,
um... Dois...
une... Deux...
Marcando o passo.
Marquant le pas.
Ta ra ta ta, ta ra ta ta, etc.
Ta ta ta ta, ta ra ta ta, etc.
(soldados, crianças e curiosos saem
(soldats, gamins et curieux
pelos fundos; coro, pífanos
s'éloignent par le fond; chœur,
e clarins vão diminuindo. Os
fifres et clairons vont diminuant.
dragões depõem suas lanças nos
Les dragons vont tous déposer
suportes e entram no regimento.
leurs lances dans le râtelier, puis ils
Don José e Zuniga ficam sozinhos
rentrent dans le corps de garde. Don
em cena)
José et Zuniga restent seuls en scène)
Zuniga
Diga-me, cabo.
Dites-moi, brigadier?
José
(levantando-se)
(se levant)
Meu tenente.
Mon lieutenant.
Estou neste regimento apenas
Je ne suis dans ce régiment que
há dois dias e jamais estive em
depuis deux jours et jamais je n'étais
Diálogo falado Dialogue parlé
Zuniga
José
Sevilha. O que é este grande
venu à Séville. Qu'est-ce que c'est
edifício?
que ce grand bâtiment?
É a fábrica de cigarros...
C'est la manufacture de tabacs...
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
E são mulheres que trabalham lá?
Ce sont des femmes qui travaillent là?
Sim, meu tenente. Elas não estão
Oui, mon lieutenant. Elles n'y sont
nesse momento; mas em breve,
pas maintenant; tout à l'heure, après
depois de jantarem, elas voltarão. E
leur dîner; elles vont revenir. Et je
eu lhe digo que haverá um mundo
vous réponds qu'alors il y aura du
de gente para vê-las passar.
monde pour les voir passer.
Há muitas delas?
Elles sont beaucoup?
Bem, elas são bem umas quatrocentas
Ma foi, elles sont bien quatre ou
ou quinhentas enrolando os charutos
cinq cents qui roulent des cigares
em uma grande sala...
dans une grande salle...
Isto deve ser interessante.
Ce doit être curieux.
Sim, mas homens não podem
Oui, mais les hommes ne peuvent
entrar nesta sala sem
pas entrer dans cette salle sans une
permissão...
permission...
Ah!
Ah!
Porque, quando está quente,
Parce que, lorsqu'il fait chaud, ces
estas operárias ficam à vontade,
ouvrières se mettent à leur aise,
sobretudo as jovens.
surtout les jeunes.
Há jovens?
Il y en a des jeunes?
Mas claro, meu tenente.
Mais oui, mon lieutenant.
E belas?
Et de jolies?
(rindo)
(en riant)
Suponho que sim... Mas
Je le suppose... Mais à vous dire
sinceramente, embora estivesse
vrai, et bien que j'aie été de garde
de guarda aqui por várias, eu
ici plusieurs fois déjà, je n'en suis
não sei, pois eu nunca olhei-as
pas bien sûr, car je ne les ai jamais
atentamente.
beaucoup regardées...
Ah, vamos!
Allons donc!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
O que quer? Estas andaluzas me
Que voulez-vous? Ces Andalouses
dão medo. Não sou afeito a seus
me font peur. Je ne suis pas fait à
modos, sempre debochadas...
leurs manières, toujours à railler...
Jamais uma palavra séria.
Jamais un mot de raison.
E depois a gente tem uma
Et puis nous avons un faible pour
quedinha por saias azuis e xales
les jupes bleues et pour les nattes
caídos sobre os ombros.
tombant sur les épaules...
(rindo)
(riant)
Ah! Tenente, o senhor ouviu o que
Ah! Mon lieutenant a entendu ce
me disse Moralès?
que me disait Moralès?
Sim.
Oui
Eu não negarei ao senhor... A saia
Je ne le nierai pas... La jupe bleue,
azul, os xales, são o costume da
les nattes, c'est le costume de la
Navarra... Isso me lembra minha terra.
Navarre... Ça me rappelle le pays.
Você é navarro?
Vous êtes Navarrais?
E um velho cristão. Don José
Et vieux chrétien. Don José
Lizzarabengoa, este é meu nome...
Lizzarabengoa, c'est mon nom... On
Queriam que eu fosse padre, e me
voulait que je fusse d'église, et l'on
fizeram estudar para isso. Mas nada
m'a fait étudier. Mais je ne profitais
aproveitei, pois gostava mesmo era
guère, j'aimais trop jouer à la
de jogar tênis... Um dia em que venci,
paume... Un jour que j'avais gagné,
um cara de l’Alava me provocou;
un gars de l'Alava me chercha
venci novamente, mas isso me
querelle; j'eus encore l'avantage,
obrigou a deixar a região. Tornei-me
mais cela m'obligea de quitter le
soldado! Não tinha mais meu
pays. Je me fis soldat! Je n'avais
pai; minha mãe me acompanhou,
plus mon père; ma mère me suivit et
estabelecendo-se a dez léguas de
vint s'établir à dix lieues de Séville...
Sevilha... Com a pequena Micaëla...
Avec la petite Micaëla... C'est une
Uma órfã que minha mãe recolheu e
orpheline que ma mère a recueillie,
de quem não quis se separar.
et qui n'a pas voulu se séparer d'elle.
E qual sua idade, da pequena Micaëla?
Et quel âge a-t-elle, la petite Micaëla?
Dezessete anos...
Dix-sept ans...
Zuniga
José
Deveria ter dito isto logo...
Il fallait dire cela tout de suite... Je
Agora entendo porque
comprends maintenant pourquoi
não podia me dizer se as
vous ne pouvez pas me dire si les
operárias da fábrica são
ouvrières de la manufacture sont
belas ou feias...
jolies ou laides...
(ouve-se o sino da
(la cloche de la manufacture se fait
fábrica)
entendre)
O sino está soando, tenente.
Voici la cloche qui sonne, mon
Poderá julgar por você mesmo...
lieutenant, et vous allez pouvoir
Quanto a mim, vou fazer uma
juger par vous-même... Quant à moi
corrente para prender meu
je vais faire une chaîne pour attacher
distintivo.
mon épinglette.
Nº 3
(a praça se enche de jovens que
(la place se remplit de jeunes gens
Coro e Cena
vêm ver as cigarreiras passarem.
qui viennent se placer sur le passage
Os soldados saem do posto.
des cigarières. Les soldats sortent
Don José senta-se em uma cadeira,
du poste. Don José s'assied sur une
e ali fica indiferente a todas essas
chaise, et reste là fort indifférent
idas e vindas, trabalhando em seu
à toutes ces allées et venues,
distintivo)
travaillant à son épinglette)
Chœur et Scène
Os jovens Les Jeunes Gens
Soldados Soldats
O sino soou, nós, os operários
La cloche a sonné, nous, des ouvrières
vimos aqui observar o retorno;
nous venons ici guetter le retour;
e nós as seguimos,
et nous vous suivrons,
morenas cigarreiras,
brunes cigarières,
sussurrando-lhes propostas
en vous murmurant des propos
de amor.
d'amour.
(aparecem as cigarreiras e descem
(les cigarières paraissent et
lentamente à cena)
descendent lentement en scène)
Vejam-nas...
Voyez-les...
Olhares desavergonhados,
Regards impudents,
suas coqueterias.
mine coquette
Trazendo os cigarros
Fumant toutes du bout des dents
na ponta dos dentes.
la cigarette.
As cigarreiras
No ar, seguimos com os olhos
Dans l'air, nous suivons des yeux
Les Cigarières
a fumaça,
la fumée,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66
Os jovens Les Jeunes Gens
As cigarreiras Les Cigarières
Soldados Soldats
Todos Tous
Os jovens Les Jeunes Gens
que para os céus
qui vers les cieux
sobe,
monte,
sobe perfumada.
monte parfumée.
Sobe gentilmente
Cela monte gentiment
para a cabeça;
à la tête;
toda docemente
tout doucement
alegrando a alma.
cela vous met l'âme en fête.
O doce falar dos amantes
Le doux parler des amants
é fumaça;
c'est fumée;
seus sentimentos e juras
leurs transports et leurs serments
são fumaça.
c'est fumée.
Sim, são fumaça,
Oui c'est fumée,
são fumaça.
c'est fumée.
(às cigarreiras)
(aux cigarières)
Não sejam cruéis,
Sans faire les cruelles,
escutem-nos, belas,
écoutez-nous, les belles
vocês que adoramos
vous que nous adorons,
que idolatramos.
que nous idolâtrons.
No ar,
Dans l'air,
seguimos com os olhos a fumaça,
nous suivons des yeux la fumée,
a fumaça.
la fumée.
No ar, seguimos com os olhos
Dans l'air, nous suivons des yeux
a fumaça
la fumée
Que sobe torcendo-se para os céus!
Qui monte en tournant vers les cieux!
A fumaça! A fumaça!
La fumée! La fumée!
Mas não vemos Carmencita.
Mais nous ne voyons pas la Carmencita.
(entra Carmen)
(entre Carmen)
Vejam só,
La voilà,
vejam só,
la voilà,
olhem lá, Carmencita.
voilà la Carmencita.
(entram com Carmen)
(entrés avec Carmen)
Carmen, atrás de seus passos,
Carmen, sur tes pas,
todos nós apressamo-nos;
nous nous pressons tous;
Carmen, seja gentil,
Carmen, sois gentille,
Carmen
ao menos nos responda
au moins réponds-nous
e diga-nos, que dia você nos amará.
et dis-nous quel jour tu nous aimeras.
Carmen, diga-nos que dia você nos
Carmen, dis-nous quel jour tu nous
amará!
aimeras!
Quando eu lhes amarei, bem,
Quand je vous aimerai, ma foi,
eu não sei.
je ne sais pas.
Talvez nunca, talvez amanhã;
Peut-être jamais, peut-être demain;
mas hoje é certo que não.
mais pas aujourd'hui, c'est certain.
Nº 4 Habanera
Carmen
O amor é um pássaro rebelde
L'amour est un oiseau rebelle
que não se pode aprisionar,
que nul ne peut apprivoiser,
e é em vão que nós o chamamos,
et c'est bien en vain qu'on l'appelle
se lhe convém recusar.
s'il lui convient de refuser.
Nada funciona, ameaça ou prece,
Rien n'y fait; menace ou prière,
um lhe elogia, outro emudece;
l'un parle bien, l'autre se tait;
e é a outro que eu prefiro,
et c'est l'autre que je préfère,
que nada disse, mas que me apraz.
il n'a rien dit, mais il me plaît.
O amor é um infante cigano,
L'amour est enfant de Bohème,
que jamais, jamais conheceu a lei;
il n'a jamais, jamais connu de loi;
se você não me ama, eu te amo;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
mas se eu te amo, cuide-se!
si je t'aime, prends garde à toi!
O pássaro que acreditava surpreender
L'oiseau que tu croyais surprendre
bateu asas e voou.
battit de l'aile et s'envola.
O amor distante, você o espera,
L'amour est loin, tu peux l'attendre
mas se não mais o espera... Ele ali está.
Tu ne l'attends plus... Il est là
Ao seu redor, ligeiro, ligeiro,
Tout autour de toi, vite, vite,
ele vem e vai, depois retorna.
il vient, s'en va, puis il revient.
Acredita tê-lo, ele o evita;
Tu crois le tenir, il t'évite,
acredita evitá-lo e ele o tem.
tu crois l'éviter, il te tient.
O amor é um infante cigano,
L'amour est enfant de Bohème,
que jamais conheceu a lei;
il n'a jamais connu de loi;
se você não me ama, eu te amo;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
mas se eu te amo,
si je t'aime,
cuide-se!
prends garde à toi!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68
Nº 5 Cena Scène
Os jovens Les Jeunes Gens
Carmen, atrás de seus passos,
Carmen, sur tes pas,
todos nós apressamo-nos;
nous nous pressons tous;
Carmen, seja gentil,
Carmen, sois gentille,
ao menos nos responda
au moins réponds-nous!
nos responda! Nos responda!
Reponds-nous! Réponds-nous!
Carmen, seja gentil,
O Carmen! Sois gentille,
ao menos nos responda!
au moins réponds-nous!
(os jovens cercam Carmen, ela os
(les jeunes gens entourent Carmen,
olha, um por um, sai do círculo que
celle-ci les regarde l'un après l'autre,
eles formam ao seu redor e dirige-se
sort du cercle qu'ils forment autour
diretamente a Don José. Ela arranca
d'elle et s'en va droit à Don José.
de seu corpete a flor de cássia e a
Elle arrache de son corsage la fleur
lança a Don José. Ele se levanta
de cassie et la lance à Don José. Il se
bruscamente)
lève brusquement)
As cigarreiras
O amor é um infante cigano,
L'amour est enfant de Bohème,
Les Cigarières
que jamais conheceu a lei;
il n'a jamais, jamais connu de loi,
se você não me ama, eu te amo;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime!
mas se eu te amo, cuide-se!
Si je t'aime, prends garde à toi!
(o sino da fábrica soa uma
(la cloche de la manufacture sonne
vez mais. Saída das operárias e
une deuxième fois. Sortie des ouvrières
dos jovens. Carmen é a primeira
et des jeunes gens. Carmen sort la
a sair correndo e entrar na fábrica.
première en courant et elle entre dans la
Os jovens saem para a direita e para
manufacture. Les jeunes gens sortent à
a esquerda. Zuniga, que durante
droite et à gauche. Zuniga qui, pendant
esta cena conversava com duas ou
cette scène bavardait avec deux ou
três operárias, deixa-as e entra no
trois ouvrières, les quitte et rentre dans
regimento antes dos soldados. Don
le poste après que les soldats y sont
José fica sozinho)
rentrés. Don José reste seul)
Monólogo Monologue
José
O que isso quer dizer,
Qu'est-ce que cela veut dire,
esses modos?
ces façons-là?
Que insolência!
Quelle effronterie!
(sorrindo)
(en souriant)
Isso tudo porque não dei-lhe
Tout ça parce que je ne faisais
atenção!
pas attention à elle! Alors, suivant
Então, seguindo os modos das
l'usage des femmes et des chats
mulheres e dos gatos, que não vêm
qui ne viennent pas quand on les
quando os chamamos e que vêm
appelle et qui viennent quand on ne
quando não os chamamos, ela veio...
les appelle pas, elle est venue...
(ele olha para a flor de cássia que está
(il regarde la fleur de cassie qui est
no chão, aos seus pés. Ele a recolhe)
par terre, à ses pieds. Il la ramasse)
Com qual intenção ela me atirou
Avec quelle adresse elle me l'a
essa flor...
lancée, cette fleur... Là, juste entre
Lá, justamente entre os dois olhos...
les deux yeux...
Isso me acertou como
Ça m'a fait l'effet d'une balle qui
uma bala...
m'arrivait...
(ele respira o perfume da flor)
(il respire le parfum de la fleur)
Como é forte!
Comme c'est fort!
Seguramente, se existem feiticeiras,
Certainement s'il y a des sorcières,
esta garota é uma delas.
cette fille-là en est une.
(entra Micaëla)
(entre Micaëla)
Senhor cabo!
Monsieur le brigadier?
(escondendo rapidamente a flor)
(cachant précipitamment la fleu)
O quê? O que há? Micaëla!
Quoi?... Qu'est-ce que c'est?...
É você!
Micaëla!...C'est toi...
Sou eu!
C'est moi!
E você vem de lá?
Et tu viens de là-bas?
Diálogo Falado Dialogue parlé
Micaëla
José
Micaëla
José
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70
Micaëla
Eu venho de lá...
Et je viens de là-bas...
Sua mãe que me mandou...
C'est votre mère qui m'envoie...
Fale-me de minha mãe!
Parle-moi de ma mère!
Fale-me de minha mãe!
Parle-moi de ma mère!
Trago de sua parte, mensageira fiel,
J'apporte de sa part, fidèle messagère,
esta carta.
cette lettre.
Uma carta.
Une lettre.
Também um pouco de dinheiro
Et puis un peu d'argent
Nº 6 Duo
José
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
para incrementar seu salário,
pour ajouter à votre traitement,
e também...
et puis…
E também?
Et puis?
E também? Sinceramente, eu não ouso,
Et puis?... Vraiment je n'ose,
e também... Ainda uma outra coisa
et puis... Encore une autre chose
que vale mais que dinheiro e que,
qui vaut mieux que l'argent et qui,
para um bom filho,
pour un bon fils,
terá sem dúvida maior apreço.
aura sans doute plus de prix.
Esta outra coisa, o que é?
Cette autre chose, quelle est-elle?
Diga-me logo.
Parle donc.
Sim, eu falarei;
Oui, je parlerai;
o que ela me deu,
ce que l'on m'a donné,
eu lhe darei.
je vous le donnerai.
Sua mãe e eu, à saída da
Votre mère avec moi sortait de la
capela,
chapelle,
então beijando-me, disse-me
et c'est alors qu'en m'embrassant,
vai, você vai à cidade,
tu vas, m'a-t-elle dit, t'en aller à la ville,
o caminho não é longo,
la route n'est pas longue,
uma vez em Sevilha,
une fois à Séville,
procurará meu filho,
tu chercheras mon fils,
meu José, meu menino,
mon José, mon enfant
e você lhe dirá que sua mãe
Et tu lui diras que sa mère
José
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
sonha noite e dia com sua ausência
songe nuit et jour à l'absent
que ela se arrepende e que ela espera,
qu'elle regrette et qu'elle espère,
que ela perdoa e que ela aguarda;
qu'elle pardonne et qu'elle attend;
tudo isto, não é? Pequena,
tout cela, n'est-ce pas? Mignonne,
de minha parte você o dirá,
de ma part tu le lui diras,
e este beijo que lhe dou
et ce baiser que je te donne
de minha parte você lhe dará.
de ma part tu le lui rendras.
(muito comovido)
(très ému)
Um beijo de minha mãe?
Un baiser de ma mère?
Um beijo para seu filho.
Un baiser pour son fils.
Um beijo de minha mãe?
Un baiser de ma mère?
Um beijo para seu filho!
Un baiser pour son fils!
José, eu lhe dou, como eu lhe
José, je vous le rends, comme je l'ai
prometi.
promis.
(Micaëla se levanta um pouco,
(Micaëla se hausse un peu sur
na ponta dos pés e dá um beijo
la pointe des pieds et donne à
sincero, bastante maternal. Don
José un baiser bien franc, bien
José muito comovido deixa
maternel. Don José très ému
acontecer)
la laisse faire)
Minha mãe, eu a vejo,
Ma mère, je la vois
sim, eu revejo meu vilarejo!
oui je revois mon village!
Oh! Lembranças dos tempos idos,
O souvenirs d'autrefois,
doces lembranças de minha terra!
doux souvenirs du pays!
Doces lembranças de minha terra!
Doux souvenirs du pays!
Oh! Queridas lembranças!
O souvenirs chéris!
Vocês preenchem meu coração
Vous remplissez mon cœur
com força e coragem.
de force et de courage.
Oh! Queridas lembranças!
O souvenirs chéris!
Minha mãe, eu a vejo, eu revejo
Ma mère, je la vois, je revois mon
meu vilarejo!
village!
Sua mãe, ele a revê!
Sa mère, il la revoit!
Ele revê seu vilarejo!
Il revoit son village!
Oh! Lembranças dos tempos idos!
Ô souvenirs d'autrefois!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72
Lembranças de sua terra!
José
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
Souvenirs du pays!
Vocês preenchem seu coração
Vous remplissez son cœur
com força e coragem.
de force et de courage.
Oh! Queridas lembranças!
O souvenirs chéris!
Sua mãe, ele a revê, ele revê seu
Sa mère, il la revoit, il revoit son
vilarejo!
village!
Quem sabe de qual demônio
Qui sait de quel démon
terei sido a presa!
j'allais être la proie!
Mesmo de longe,
Même de loin,
minha mãe me protege,
ma mère me défend,
e este beijo que ela me envia,
et ce baiser qu'elle m'envoie,
este beijo que ela me envia
ce baiser qu'elle m'envoie
desvia o perigo e salva seu filho.
ecarte le péril et sauve son enfant.
Qual demônio, qual perigo?
Quel démon, quel péril?
Não compreendo muito bem.
Je ne comprends pas bien.
O que isto quer dizer?
Que veut dire cela?
Nada! Nada!
Rien! Rien!
Falemos de você, a mensageira
Parlons de toi, la messagère
vai voltar para a vila...
tu vas retourner au pays...
Sim, esta noite mesmo;
Oui, ce soir même,
amanhã verei sua mãe.
demain je verrai votre mère.
Você a verá! Bom, você a dirá:
Tu la verras! Eh bien tu lui diras:
que seu filho que a ama e a venera,
que son fils l'aime et la vénère,
e que hoje se arrepende,
et qu'il se repent aujourd'hui.
ele quer que sua mãe, por lá,
Il veut que là-bas sa mère
esteja feliz por ele!
Soit contente de lui!
Tudo isto, não é? Pequena,
Tout cela, n'est-ce pas? Mignonne,
de minha parte, você lhe dirá;
de ma part, tu le lui diras;
e este beijo que lhe dou,
et ce baiser que je te donne,
de minha parte você a dará.
de ma part tu le lui rendras.
Sim, eu lhe prometo
Oui, je vous le promets
da parte de seu filho José,
de la part de son fils José,
eu lhe darei o beijo
je le rendrai
como lhe prometi.
comme je l'ai promis.
José
Micaëla
Minha mãe, eu a vejo,
Ma mère, je la vois
sim, eu revejo meu vilarejo!
oui je revois mon village!
Oh! Lembranças dos tempos idos,
O souvenirs d'autrefois,
doces lembranças de minha terra!
doux souvenirs du pays!
Doces lembranças de minha terra!
Doux souvenirs du pays!
Oh! Queridas lembranças!
O souvenirs chéris!
Vocês preenchem meu coração
Vous remplissez mon cœur
com força e coragem.
de force et de courage.
Oh! Queridas lembranças!
O souvenirs chéris!
Minha mãe, eu a vejo, eu revejo
Ma mère, je la vois, je revois mon
meu vilarejo!
village!
Sua mãe, ele a revê!
Sa mère, il la revoit!
Ele revê seu vilarejo!
Il revoit son village!
Oh! Lembranças dos tempos idos!
Ô souvenirs d'autrefois!
Lembranças de sua terra!
Souvenirs du pays!
Vocês preenchem seu coração
Vous remplissez son cœur
com força e coragem.
de force et de courage.
Oh! Queridas lembranças!
O souvenirs chéris!
Sua mãe, ele a revê, ele revê seu
Sa mère, il la revoit, il revoit son
vilarejo!
village!
Espere um pouco... Eu vou ler sua
Attends un peu... Je vais lire sa
carta...
lettre...
Diálogo Falado Dialogue parlé
José
Micaëla
José
Eu esperarei, senhor cabo, eu
J'attendrai, monsieur le brigadier,
esperarei...
j'attendrai...
(lendo)
(lisant)
‘Continue a conduzir bem sua vida, meu menino! Prometeram-lhe
‘Continue à te bien conduire, mon enfant! L'on t'a promis de te faire
fazer sargento, talvez assim você
maréchal des logis, peut-être alors
poderá largar o serviço, arranjar um
pourras-tu quitter le service, te faire
lugarzinho e voltar para perto de
donner une petite place et revenir
mim? Começo a envelhecer. Você
près de moi? Je commence à me faire
voltaria para perto de mim e se
bien vieille. Tu reviendrais près de moi
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
José
Micaëla
José
casaria, nós não teríamos, penso eu,
et tu te marierais(z), nous n'aurions
grande dificuldade em encontrar
pas, je pense, grand'peine à te trouver
uma moça para você, e eu bem sei
une femme, et je sais bien, quant à
aquela que eu lhe aconselharia:
moi, celle que je te conseillerais de
é precisamente aquela que leva
choisir: c'est tout justement celle qui
minha carta... Não existe uma outra
te porte ma lettre... Il n'y en a pas de
de mais sabedoria e mais gentil...’
plus sage et de plus gentille...’
(interrompendo-o)
(l'interrompant)
É melhor que eu não esteja aqui!
Il vaut mieux que je ne sois pas là!...
Por quê?
Pourquoi donc?
(desconcertada)
(troublée)
Acabo de me lembrar que sua
Je viens de me rappeler que votre
mãe encarregou-me de algumas
mère m'a chargé de quelques petits
encomendas: preciso ocupar-me
achats: je vais m'en occuper tout
disso imediatamente.
de suite.
Espere um pouco, estou acabando...
Attends un peu, j'ai fini...
Você terminará quando eu não
Vous finirez quand je ne
estiver mais aqui...
serai plus là...
Mas e a resposta?
Mais la réponse?
Eu voltarei para buscá-la antes de
Je viendrai la prendre avant mon
minha partida e a levarei para sua
départ et je la porterai à votre mère...
mãe... Adeus!
Adieu!
Micaëla!
Micaëla!
Não, não... Eu voltarei, prefiro
Non, non... Je reviendrai, j'aime
assim...
mieux cela...
Eu voltarei, voltarei...
Je reviendrai, je reviendrai...
(ela sai)
(elle sort)
(lendo)
(lisant)
‘Não existe uma outra de mais
'il n'y en a pas de plus sage, ni de
sabedoria e mais gentil... Sobretudo,
plus gentille... Il n'y en a pas surtout
não há outra que te ame mais... E se
qui t'aime davantage... Et si tu
você quisesse...’
voulais... '
Sim, minha mãe, sim, farei o que
Oui, ma mère, oui, je ferai ce que
deseja... Desposarei Micaëla, e
tu désires... J'épouserai Mïcaëla, et
quanto a esta cigana, com sua flores
quant à cette bohémienne, avec ses
que enfeitiçam....
fleurs qui ensorcellent...
(grande rumor no interior da
(grande rumeur dans l'intérieur de
fábrica — entra Zuniga seguido dos
la manufacture — entre Zuniga suivi
soldados)
des soldats)
O que está acontecendo por lá?
Que se passe-t-il donc là-bas?
Nº 7 Coro Chœur
Zuniga
(as operárias saem rápida e
(les ouvrières sortent rapidement et
caoticamente)
en désordre)
Socorro! Não estão escutando?
Au secours! N'entendez-vous pas?
Socorro, senhores soldados!
Au secours, messieurs les soldats!
É a Carmencita.
C'est la Carmencita.
Não, não, não é ela.
Non, non, ce n'est pas elle.
É a Carmencita.
C'est la Carmencita.
Não, não, não é ela!
Non, non, ce n'est pas elle!
Não mesmo!
Pas du tout!
Primeiro grupo
É ela! Sim, sim, é ela!
C'est elle! Si fait, si fait c'est elle!
Premier groupe
Ela bateu primeiro.
Elle a porté les premiers coups.
Coro das cigarreiras Chœur des Cigarières
Primeiro grupo de mulheres Premier groupe de femmes
Segundo grupo de mulheres Deuxième groupe de femmes
Primeiro grupo Premier groupe
Segundo grupo Deuxième groupe
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76
Todas as mulheres
Não as escute, senhor,
Ne les écoutez pas, monsieur,
Toutes les femmes
escute-nos! Escute-nos,
écoutez-nous, Ecoutez-nous,
senhor, escute-nos!
monsieur, écoutez-nous!
(elas puxam o oficial)
(elles tirent l'officier de leur côté)
Primeiro grupo Premier groupe
Segundo grupo
A Manuelita dizia
La Manuelita disait
e repetia em voz alta
et répétait à voix haute
que ela, sem falta, compraria
qu'elle achèterait sans faute
um asno que ela gostava.
un âne qui lui plaisait.
(mesmo jogo)
(même jeu)
Então Carmen,
Alors la Carmencita
debochada como de costume
Railleuse à son ordinaire,
disse: um asno, para quê?
dit: un âne, pour quoi faire?
Uma vassoura já lhe seria suficiente.
Un balai te suffira.
Primeiro grupo
Manuelita responde
Manuelita riposta
Premier groupe
e diz à sua colega:
et dit à sa camarade:
para algum passeio
pour certaine promenade
meu asno lhe servirá.
mon âne te servira.
Deuxième groupe
Segundo grupo Deuxième groupe
E neste dia você poderá
Et ce jour-là tu pourras
merecidamente ter modos;
a bon droit faire la fière;
dois lacaios lhe seguirão
deux laquais suivront derrière
esforçando-se para espantar as moscas.
t'émouchant à tour de bras.
Todas as mulheres
Lá em cima, todas as duas
Là-dessus toutes les deux
Toutes les femmes
se pegaram pelos cabelos.
se sont prises aux cheveux.
Zuniga
Primeiro grupo
Para o inferno com toda essa bobagem.
Au diable tout ce bavardage.
José, leve dois homens com você
Prenez, José, deux hommes avec vous
e veja o que é essa barulheira lá
et voyez là-dedans qui cause ce
dentro.
tapage.
É a Carmencita!
C'est la Carmencita!
Não, não é ela!
Non, non ce n'est pas elle!
Premier groupe
Segundo grupo Deuxième groupe
Primeiro grupo
Sim, sim, é ela!
Si fait, si fait c'est elle!
Não mesmo!
Pas du tout!
Ela bateu primeiro!
Elle a porté les premiers coups!
Premier groupe
Segundo grupo Deuxième groupe
Primeiro grupo Premier groupe
Zuniga
Epa!
Holà!
Tirem de perto de mim essas
Eloignez-moi toutes ces
mulheres!
femmes-là.
Todas as mulheres
Senhor!
Monsieur!
Toutes les femmes
Senhor!
Monsieur!
Não as escute! Senhor,
Ne les écoutez pas! Monsieur,
escute-nos!
écoutez nous!
Primeiro grupo
Foi a Carmencita quem bateu
C'est la Carmencita qui porta les
Premier groupe
primeiro!
premiers coups!
Segundo grupo Deuxième groupe
Primeiro grupo
Foi a Manuelita quem bateu
C'est la Manuelita qui porta les
primeiro!
premiers coups!
A Carmencita!
La Carmencita!
A Manuelita!
La Manuelita!
Sim! Sim! Sim! Sim!
Si! Si! Si! Si!
Premier groupe
Segundo grupo Deuxième groupe
Primeiro grupo Premier groupe
Segundo grupo Deuxième groupe
Ela bateu primeiro!
Elle a porté les premiers coups!
A Carmencita!
C'est la Carmencita!
Não! Não! Não! Não!
Non! Non! Non! Non!
Ela bateu primeiro!
Elle a porté les premiers coups!
A Manuelita!
C'est la Manuelita!
(a praça é enfim vazia. As
(la place est enfin dégagée. Les
mulheres são mantidas afastadas)
femmes sont maintenues à distance)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78
Diálogo Falado Dialogue parlé
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Carmen
Vejamos, cabo... Agora que
Voyons, brigadier... Maintenant
temos um pouco de silêncio...
que nous avons un peu de silence...
O que você descobriu lá
Qu'est-ce que vous avez trouvé là-
dentro?
dedans?
Inicialmente, encontrei umas
J'ai d'abord trouvé trois cents
trezentas mulheres, gritando,
femmes, criant, hurlant, gesticulant,
berrando, gesticulando, num
faisant un tapage à ne pas entendre,
tumulto ensurdecedor, Santo
Dieu tonner... D'un côté il y en avait
Deus, uma tempestade... De um
une, les quatre fers en l'air, qui criait:
lado, havia uma mulher, de pernas
Confession! Confession!... Je suis
para o alto, que gritava: Confissão!
morte... Elle avait sur la figure un X
Confissão! Estou morta... Ela tinha
qu'on venait de lui marquer en deux
no rosto um X feito com duas
coups de couteau... En face de la
facadas... Diante da ferida eu vi...
blessée j'ai vu...
(paralisado por um olhar de Carmen)
(il s'arrête sur un regard de Carmen)
E então?
Eh bien?
Eu vi esta senhorita...
J'ai vu mademoiselle...
Senhorita Carmencita?
Mademoiselle Carmencita?
Sim, tenente.
Oui, mon lieutenant
E o que ela disse, a senhorita
Et qu'est-ce qu'elle disait,
Carmencita?
Mademoiselle Carmencita?
Ela não disse nada, tenente, ela
Elle ne disait rien, mon lieutenant,
serrou os dentes, e virou os olhos
elle serrait les dents et roulait des
como um camaleão.
yeux comme un caméléon.
Me provocaram... Fiz apenas
On m'avait provoquée... Je n'ai fait
me defender... O senhor cabo
que me défendre... Monsieur le
lhe dirá...
brigadier vous le dira...
José
Zuniga
José
Zuniga
(a José)
(à José)
Não é, senhor cabo?
N'est-ce pas, monsieur le brigadier?
(após um momento de hesitação)
(après un moment d'hésitation)
Tudo o que pude entender no
Tout ce que j'ai pu comprendre
meio do barulho, é que uma
au milieu du bruit, c'est qu'une
discussão havia acontecido entre
discussion s'était élevée entre ces
estas duas damas, e que em
deux dames, et qu'à la suite de cette
seguida à discussão, a senhorita,
discussion, mademoiselle, avec le
com a faca com a qual ela corta
couteau dont elle coupait le bout
a ponta dos charutos, começou
des cigares, avait commencé à
a desenhar a cruz de Santo André
dessiner des croix de saint André sur
na cara de sua colega.
le visage de sa camarade.
(Zuniga olha para Carmen; esta,
(Zuniga regarde Carmen; celle-ci,
após olhar para Don José e levantar
après un regard à Don José et un
os ombros levemente, torna-se
très léger haussement d'épaules, est
impassível)
redevenue impassible)
O caso me parece claro. Pedi à
Le cas m'a paru clair. J'ai prié
senhorita que me seguisse...
mademoiselle de me suivre...
De início, ela pareceu tentar
Elle a d'abord fait un mouvement
resistir... Em seguida,
comme pour résister... Puis elle
resignou-se... E me seguiu,
s'est résignée... Et m'a suivi, douce
dócil como um cordeiro!
comme un mouton!
E a ferida da outra mulher?
Et la blessure de l'autre femme?
Muito superficial, tenente, duas
Très légère, mon lieutenant, deux
cicatrizes à flor da pele.
balafres à fleur de peau.
(a Carmen)
(à Carmen)
Bem! Bela, você ouviu
Eh bien! La belle, vous avez entendu
o cabo?
le brigadier?...
(a José)
(à José)
Não preciso lhe perguntar se disse
Je n'ai pas besoin de vous
a verdade.
demander si vous avez dit la vérité.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80
José
Zuniga
Nº 8
Palavra de navarro, tenente!
Foi de Navarrais, Mon lieutenant!
(Carmen vira-se bruscamente e olha
(Carmen se retourne brusquement
uma vez mais para José)
et regarde encore une fois José)
(a Carmen)
(à Carmen)
Bem! Você ouviu?
Eh bien!... Vous avez entendu?...
Tem algo a dizer?
Avez-vous quelque chose à répondre?...
Diga, estou esperando...
Parlez, j'attends...
(Camen, cantarolando)
(Carmen, fredonnant)
Tra la la la la la la la,
Tra la la la la la la la
corte-me, queime-me,
Coupe-moi, brûle-moi,
nada lhe direi,
je ne te dirai rien,
Canção e melodrama Chanson et mélodrame
Carmen
Zuniga
Carmen
Zuniga
tra la la la la la la la.
tra la la la la la la la.
Enfrento tudo, o fogo, o ferro,
Je brave tout, le feu, le fer,
até mesmo o céu.
et le ciel même.
Não lhe peço uma canção,
Ce ne sont pas des chansons que je
mas uma explicação.
te demande, c'est une réponse.
Tra la la la la la la la
Tra la la la la la la la
Meu segredo eu o guardo e o
Mon secret je le garde et je le garde
guardo bem:
bien:
Tra la la la la la la la
Tra la la la la la la la
Eu amo a um outro e morro ao dizer
J'en aime un autre et meurs en
que o amo.
disant que je l'aime.
Ah! Ah! Com este tom...
Ah! Ah! Nous le prenons sur ce ton-là...
(a José)
(à José)
O que é certo, não é? É que
Ce qui est sûr, n'est-ce pas, c'est
tiveram as facadas, e que foi ela
qu'il y a eu des coups de couteau, et
quem as deu.
que c'est elle qui les a donnés.
(neste momento, cinco ou seis
(en ce moment cinq ou six femmes à
mulheres à direita juntam-se para
droite réussissent à forcer la ligne des
forçar a linha das sentinelas e invadem
factionnaires et se précipitent sur la
a cena gritando: “Sim, sim, é ela!”
scène en criant: “Oui, oui, c'est elle!...
Uma destas mulheres encontra-se
une de ces femmes se trouve près de
perto da Carmen. Esta levanta a mão
Carmen. Celle-ci lève la main et veut
e tenta jogar-se sobre a outra. Don
se jeter sur la femme. Don José arrête
José impede Carmen. Os soldados
Carmen. Les soldats écartent les
espantam as mulheres e empurram-
femmes, et les repoussent cette fois
-nas definitivamente para fora da cena)
Zuniga
Carmen
Um soldado Un soldat
Zuniga
tout à fait hors de la scène)
(a Carmen)
(à Carmen)
É! É! Definitivamente você tem uma
Eh! Eh! Vous avez la main leste
mão veloz.
décidément.
(aos soldados)
(aux soldats)
Achem-me uma corda.
Trouvez-moi une corde.
(Carmen põe-se a cantarolar de
(Carmen se remet à fredonner de
modo insolente olhando para o
la façon la plus impertinente en
oficial)
regardant l'officier)
Tra la la la la la la la
Tra la la la la la la la
(trazendo uma corda)
(apportant une corde)
Aqui, tenente.
Voilà, mon lieutenant.
(a Don José)
(à Don José)
Pegue e amarre essas duas
Prenez et attachez-moi ces deux
belas mãos.
jolies mains.
(Carmen, sem a mínima resistência,
(Carmen, sans faire la moindre
sorridente, estende suas mãos a
résistance, tend en souriant ses deux
Don José)
mains à Don José)
É realmente uma pena, pois ela é
C'est dommage vraiment, car elle
gentil... Mas, por mais gentil que
est gentille... Mais si gentille que
você fosse, você não iria escapar de
vous soyez, vous n'en irez pas
dar um passeio pela prisão. Você
moins faire un tour en prison. Vous
poderá cantar suas canções ciganas
pourrez y chanter vos chansons de
por lá. O carcereiro lhe dirá o que
bohémienne. Le porte-clefs vous
acha delas.
dira ce qu'il en pense.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82
(as mãos de Carmen são amarradas,
(les mains de Carmen sont liées,
fazem-na sentar-se sobre uma
on la fait asseoir sur un escabeau
escada à porta do regimento. Ela
devant le corps de garde. Elle reste
fica lá, imóvel, mirando o chão)
là immobile, les yeux à terre)
Vou escrever a ordem.
Je vais écrire l'ordre.
(a Don José)
(à Don José)
É você quem a conduzirá...
C'est vous qui la conduirez...
(ele sai. Pequeno momento de
(il sort. Un petit moment de silence.
silêncio. Carmen levanta os olhos e
Carmen lève les yeux et regarde
olha para Don José. Este se esquiva,
Don José. Celui-ci se détourne,
se distancia alguns passos, depois
s'éloigne de quelques pas, puis
volta-se para Carmen que olha para
revient à Carmen qui le regarde
ele a todo momento)
toujours)
Para onde está me levando?
Où me conduirez-vous?
Para a prisão, minha pobre criança...
À la prison, ma pauvre enfant...
Diálogo falado Dialogue parlé
Carmen
José
Carmen
José
Ai de mim! O que eu me tornarei?
Hélas! Que deviendrai-je? Seigneur
Senhor oficial, tenha pena de mim...
officier, ayez pitié de moi... Vous êtes
Você é tão gentil...
si gentil...
(José não responde, se distancia e
(José ne répond pas, s'éloigne et
se aproxima, sempre sob o olhar de
revient, toujours sous le regard de
Carmen)
Carmen)
Esta corda, como é que você a
Cette corde, comme vous l'avez
amarrou, esta corda...
serrée, cette corde...
Tenho os pulsos feridos.
J'ai les poignets brisés.
(se aproximando de Carmen)
(s'approchant de Carmen)
Se ela lhe machuca, posso
Si elle vous blesse, je puis la
desamarrá-la... O tenente me disse
desserrer... Le lieutenant m'a dit de
Carmen
José
para prender suas mãos... Ele não
vous attacher les mains... Il ne m'a
me disse...
pas dit...
(ele solta a corda)
(il desserre la corde)
(em voz baixa)
(bas)
Deixe-me escapar, eu lhe darei um
Laisse-moi m'échapper, je te
pedaço da bar lachi, uma pequena
donnerai un morceau de la bar lachi,
pedra que fará todas as mulheres
une petite pierre qui te fera aimer
lhe amarem.
de toutes les femmes.
Não estamos aqui para falar
Nous ne sommes pas ici pour dire
bobagens... Vamos para a
des balivernes... Il faut aller à la
prisão. Esta é a ordem, e não há
prison. C'est la consigne, et il n'y a
solução.
pas de remèdes.
(silêncio)
(silence)
Há pouco você disse: palavra de
Tout à l'heure vous avez dit: foi de
navarro... Você é da província?
Navarrais... Vous êtes des Provinces?...
José
Sou d’Elizondo...
Je suis d'Elizondo...
Carmen
E eu d’Etchalar...
Et moi d'Etchalar...
Carmen
José
Carmen
D’Etchalar! É a quatro horas
D'Etchalar!... C'est à quatre heures
d’Elizondo, Etchalar.
d'Elizondo, Etchalar.
Sim, foi lá que eu nasci... Fui levada
Oui, c'est là que je suis née... J'ai
por ciganos para Sevilha. Eu
été emmenée par des bohémiens
trabalhava na fábrica para ganhar
à Séville. Je travaillais à la
um dinheiro para voltar para
manufacture pour gagner de quoi
Navarra, para próximo de minha
retourner en Navarre, près de ma
pobre mãe que há somente a mim
pauvre mère qui n'a que moi pour
para sustentá-la... Insultaram-me
soutien... On m'a insultée parce que
porque eu não sou desta terra
je ne suis pas de ce pays de filous,
de malandros, de mercadores de
de marchands d'oranges pourries,
laranjas podres; e estas velhacas
et ces coquines se sont mises contre
se colocaram contra mim porque
moi parce que je leur ai dit que tous
eu disse-lhes que nem todos os
leurs Jacques de Séville avec leurs
seus Jacques de Sevilha com suas
couteaux ne feraient pas peur à un
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84
facas amedrontariam um rapaz de
José
Carmen
José
gars de chez nous avec son béret
nossa terra, com sua boina azul e
bleu et son maquila. Camarade,
sua maquila. Camarada, meu amigo,
mon ami, ne ferez-vous rien pour
não fará nada por uma conterrânea?
une payse?
Você é navarra?
Vous êtes Navarraise, vous?
Sem dúvida.
Sans doute.
Vamos... Não há nenhuma
Allons donc... Il n'y a pas un mot
verdade nisso... Seus olhos,
de vrai... Vos yeux seuls, votre
sua boca, sua cor... Tudo diz,
bouche, votre teint... Tout vous dit
cigana.
bohémienne...
Carmen
Cigana, você acha?
Bohémienne, tu crois?
José
Estou certo disso...
J'en suis sûr...
A propósito, eu sou bastante boazinha
Au fait, je suis bien bonne de me
em esforçar-me por mentir... Sim, sou
donner la peine de mentir... Oui, je
cigana, mas você não deixará de
suis bohémienne, mais tu n'en feras
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
fazer o que lhe peço... Não deixará de
pas moins ce que je te demande...
fazê-lo porque você me ama...
Tu le feras parce que tu m'aimes...
Eu?!
Moi!
É! Sim, você me ama... Não me diga
Eh! Oui, tu m'aimes... Ne me dis
que não, eu conheço! Seus modos,
pas non, je m'y connais! Tes égards,
o jeito que fala comigo. E esta
la façon dont tu me parles. Et cette
flor que você guardou. Ah! Você
fleur que tu as gardée. Oh! Tu
não pode jogá-la fora, não agora...
peux la jeter maintenant...
Isso não significará nada. Ela ficou
Cela n'y fera rien. Elle est restée
tempo demais sobre o seu coração;
assez de temps sur ton coeur;
o charme agiu...
le charme a opéré...
(enfurecido)
(avec colère)
Não fale-me mais nada, escutou? Eu
Ne me parle plus, tu entends, je te
lhe proíbo de me dirigir a palavra...
défends de me parler...
Tudo bem, senhor oficial,
C'est très bien, seigneur officier,
tudo bem.
c'est très bien.
Você me proíbe de falar, não
Vous me défendez de parler, je ne
falarei mais.
parlerai plus.
Próximo às muralhas de Sevilha,
Près des remparts de Séville,
em casa de meu amigo Lillas Pastia,
chez mon ami Lillas Pastia,
eu dançarei a seguidilha
j'irai danser la séguedille
Nº 9 Seguidilha e duo Séguedille et duo
Camen
José
E beberei o manzanilla!
Et boire du Manzanilla!
Eu irei à casa de meu amigo Lillas Pastia.
J'irai chez mon ami Lillas Pastia.
Sim, mas sozinha eu me enfado,
Oui, mais toute seule on s'ennuie,
e os verdadeiros prazeres são a dois.
et les vrais plaisirs sont à deux.
Portanto, para me fazer companhia,
Donc pour me tenir compagnie,
levarei meu amado.
j'emmènerai mon amoureux
Meu amado!
Mon amoureux!
Mandei-o para o inferno
Il est au diable
Ontem, coloquei-o porta a fora.
Je l'ai mis à la porte hier.
Meu pobre coração consolável,
Mon pauvre cœur très consolable,
meu coração é livre como o ar.
mon cœur est libre comme l'air.
Tenho galanteadores às dúzias,
J'ai des galants à la douzaine,
mas eles não são do meu agrado;
mais ils ne sont pas à mon gré;
chega o fim de semana,
voici la fin de la semaine,
quem quiser me amar, eu amarei.
qui veut m'aimer je l'aimerai.
Quem quiser minha alma...
Qui veut mon âme...
É só pegá-la.
Elle est à prendre.
Você chegou no momento certo,
Vous arrivez au bon moment,
não tenho tempo de esperar,
je n'ai guère le temps d'attendre,
pois com meu novo amado
car avec mon nouvel amant
próximo às muralhas de Sevilha,
pres des remparts de Séville.
em casa de meu amigo Lillas Pastia
Chez mon ami Lillas Pastia,
eu dançarei a seguidilha
j'irai danser la séguedille
e beberei o Manzanilla.
Et boire du Manzanilla.
Sim, irei à casa de meu amigo
Oui, j'irai chez mon ami
Lillas Pastia!
Lillas Pastia!
Cale-se, eu lhe disse para
Tais-toi, je t'avais dit de
não falar comigo.
ne pas me parler.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
Eu não estou falando com você...
Je ne te parle pas... Je chante pour
Canto para mim mesmo, e penso...
moi-même, et je pense... Il n'est
Não é proibido pensar. Penso em
pas défendu de penser. Je pense à
um certo oficial que me ama, e que,
certain officier qui m'aime,
por mim, sim, por mim, eu bem que
et qu'à mon tour, oui qu'à mon tour
poderia amar!
Je pourrais bien aimer!
Carmen!
Carmen!
Meu oficial não é um capitão,
Mon officier n'est pas un capitaine,
nem mesmo um tenente,
pas même un lieutenant,
é somente um cabo.
il n'est que brigadier.
Mas é demais para uma
Mais c'est assez pour une
cigana,
bohémienne,
e eu digno em me contentar!
et je daigne m'en contenter!
Carmen, sou como um homem
Carmen, je suis comme un homme
embriagado,
ivre,
se eu ceder, se eu me entregar,
si je cède, si je me livre,
sua promessa, você a cumprirá?
ta promesse, tu la tiendras.
Ah! Se eu te amar, Carmen,
Ah! Si je t'aime, Carmen,
Carmen, você me amará?
Carmen tu m'aimeras.
Sim...
Oui...
Em casa de Lillas Pastia?
Chez Lillas Pastia.
Nós dançaremos a seguidilha
Nous danserons la séguedille
bebendo o manzanilla.
en buvant du manzanilla.
Você me promete?!
Tu le promets!
Carmen! Você me promete?!
Carmen! Tu le promets!
Ah! Próximo às muralhas de Sevilha,
Ah! Près des remparts de Séville
na casa de meu amigo Lillas Pastia,
chez mon ami Lillas Pastia,
nós dançaremos a seguidilha
nous danserons la séguedille
e beberemos o manzanilla.
et boirons du Manzanilla.
Tra la la la la la la la la la la!
Tra la la la la la la la la la la!
Nº 10 Final
José
Zuniga
Carmen
Carmen
O tenente! Cuidado!
Le lieutenant! Prenez garde.
(Carmen se posiciona na escada,
(Carmen va se replacer sur son
com as mãos atrás das costas. Entra
escabeau, les mains derrière le dos.
Zuniga)
Rentre Zuniga)
Aqui está a ordem, parta e tenha
Voici l'ordre, partez et faites bonne
cuidado...
garde...
(em voz baixa, a José)
(bas, à José)
No caminho eu lhe empurrarei, eu
En chemin je te pousserai, je
lhe empurrarei
te pousserai
o mais forte que eu puder
AUSSI fort que je le pourrai
deixe-se cair... O resto
laisse-toi renverser... Le reste
é comigo!
me regarde!
(ela se coloca entre os dois dragões.
(elle se place entre les deux dragons.
José ao lado dela. Neste ínterim, as
José à côté d'elle. Les femmes et les
mulheres e os burgueses entraram
bourgeois pendant ce temps sont
em cena, embora mantidos sempre
rentrés en scène toujours maintenus
à distância pelos dragões)
à distance par les dragons)
O amor é um infante cigano,
L'amour est enfant de Bohème,
que jamais conheceu a lei;
il n'a jamais connu de loi;
se você não me ama, eu te amo;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime,
mas se eu te amo, cuide-se!
si je t'aime, prends garde à toi.
(Carmen empurra José, que se
(Carmen pousse José qui se laisse
joga. Confusão, desordem,
renverser. Confusion, désordre,
Carmen foge e escapa,
Carmen s'enfuit et se sauve
enquanto na cena,
pendant que sur la scène, avec de
gargalhando, as cigarreiras
grands éclats de rire, les cigarières
cercam o tenente)
entourent le lieutenant)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88
Ato II Act II
(taverna de Lillas Pastia. Carmen,
(la taverne de Lillas Pastia. Carmen,
Mercédès, Frasquita, o tenente
Mercédès, Frasquita, le lieutenant
Zuniga, Moralès e um outro tenente.
Zuniga, Moralès et un lieutenant.
Ciganas dançam)
Des bohémiennes dansent)
As hastes dos sistros tiniam
Les tringles des sistres tintaient
com um brilho metálico.
avec un éclat métallique.
E com esta estranha música
Et sur cette étrange musique
Nº 11 Canção cigana Chanson bohème
Carmen
Carmen Frasquita Mercédès
Carmen
Carmen Frasquita Mercédès
Carmen
as ciganinhas se levantam.
les zingarellas se levaient.
Os pandeiros mantendo o tempo.
Tambours de basque allaient leur train.
E as guitarras frenéticas
Et les guitares forcenées
rangiam sob as mãos obstinadas,
grinçaient sous des mains obstinées,
a mesma canção, o mesmo refrão.
même chanson, même refrain.
Tra la la la la la la, Tra la la la la la la
Tra la la la la la la, Tra la la la la.
Tra la la la la la la, Tra la la la la la la
Tra la la la la, Tra la la la la.
Os anéis de cobre e prata.
Les anneaux de cuivre et d'argent
Reluziam sobre as peles escuras;
Reluisaient sur les peaux bistrées;
de alaranjado e de vermelho, listrados,
d'orange et de rouge zébrées
os tecidos flutuavam ao vento:
Les étoffes flottaient au vent:
a dança com o canto se casava
la danse au chant se mariait
de início, indecisa e tímida.
d'abord indécise et timide.
Mais rápida, em seguida, mais animada,
Plus vive ensuite et plus rapide,
ela aumentava, aumentava, aumentava!
cela montait, montait, montait!
Tra la la la la la la,
Tra la la la la la la la,
tra la la la la la la.
tra la la la la la la la.
Tra la la la la la la, Tra la la la la la la
Tra la la la la, Tra la la la la.
Os ciganos por todos os lados,
Les bohémiens à tour de bras,
com seus instrumentos enfurecidos,
de leurs instruments faisaient rage,
e tal esplêndido ruído,
et cet éblouissant tapage,
as ciganas enfeitiçava!
ensorcelait les zingaras!
Sob o ritmo da canção,
Sous le rythme de la chanson,
ardente, louco, febril,
ardentes, folles, enfiévrées,
elas deixavam-se levar-se,
elles se laissaient, enivrées,
Carmen Frasquita Mercédès
embreagadas, pelo turbilhão!
emporter par le tourbillon!
Tra la la la la la la,
Tra la la la la la la,
tra la la la la la la
tra la la la la la la.
Tra la la la la la la, Tra la la la la la la
Tra la la la la, Tra la la la la.
Diálogo falado Dialogue parlé
Zuniga
Pastia
Andrès
Pastia
Zuniga
Pastia
Andrès
(Lillas Pastia circula ao redor dos
(à Lillas Pastia, qui se met à tourner au-
oficiais com ares de preocupação)
tour des officiers d'un air embarrassé)
Algo a nós dizer,
Vous avez quelque chose à nous
mestre Lillas Pastia?
dire, maître Lillas Pastia?
Meu Deus, senhores...
Mon Dieu, messieurs...
Vamos, diga...
Parle, voyons...
Começa a entardecer... E eu, mais
Il commence à se faire tard... et
que qualquer outro, sou obrigado
je suis, plus que personne, obligé
a cumprir as leis. O senhor
d'observer les règlements. Monsieur
corregedor está um tanto quanto
le corrégidor étant assez mal
hostil em relação a mim... Não
disposé à mon égard... je ne sais pas
entendo por que ele anda hostil...
pourquoi il est mal disposé...
Eu sei muito bem. É porque
Je le sais très bien, moi. C'est parce
seu albergue é o lugar comum
que ton auberge est le rendez-vous
de encontro de todos os
ordinaire de tous les contrebandiers
contrabandistas da província.
de la province.
Que seja por esta razão ou
Que ce soit pour cette raison ou
qualquer outra, sou obrigado a
pour une autre, je suis obligé de
tomar cuidado... Ora, eu repito, está
prendre garde... or, je vous le répète,
ficando tarde. (Oh, meu Deus, não!...
il commence à se faire tard. (Oh,
não!...)
mon Dieu, no !... no !...)
Isso quer dizer que você está nos
Cela veut dire que tu nous mets à
expulsando?!
la porte
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90
Pastia
Zuniga
Pastia
Zuniga
Frasquita
Zuniga
Mercédès
Andrès
Mercédès
Andrès
Frasquita
Zuniga
Carmen
Oh! Não, senhores oficiais... Oh!
Oh! non, messieurs les officiers...
Não... Apenas lhes faço observar
oh! non... je vous fais seulement
que meu albergue deve fechar-se
observer que mon auberge devrait
em dez minutos...
être fermée depuis dix minutes...
Deus sabe o que se passa aqui em
Dieu sait ce qui s'y passe dans ton
seu albergue depois que ele se fecha.
auberge une fois qu'elle est fermée...
Ô! Tenente...
Oh! mon lieutenant...
Enfim, nós temos ainda, antes
Enfin, nous avons encore, avant
de voltar, tempo de passar uma
l'appel, le temps d'aller passer une
hora no teatro... Vocês vêm
heure au théâtre... vous y viendrez
conosco, não, queridas?
avec nous, n'est-ce pas, les belles?
(Pastia faz sinal para as ciganas
(Pastia fait signe aux bohémiennes
recusarem)
de refuser)
Não, senhores oficiais, não, nós
Non, messieurs les officiers, non,
ficaremos aqui.
nous restons ici, nous.
Como, vocês não vêm?
Comment, vous ne viendrez pas
(E você, Mercédès?...)
(E toi, Mercédès?...)
É impossível...
C'est impossible...
Mercédès?
Mercédès!
Uma pena...
Je regrette...
Frasquita?
Frasquita !
Desculpe-me...
Je suis désolée...
Mas (e) você, Carmen, tenho certeza
Mais (et) toi, Carmen, je suis bien sûr
que você não recusará...
que tu ne refuseras pas...
Aí é que você se engana, tenente...
C'est ce qui vous trompe, mon
Eu recuso, e de modo mais claro
lieutenant... Je refuse et encore plus
que as duas, se é que isso é
nettement qu'elles deux si c'est
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
possível...
possible...
(enquanto o tenente fala com
(pendant que le lieutenant parle à
Carmen, Moralès e os outros
Carmen, (andrès et les deux autres
dois tenentes tentam convencer
lieutenants essayent de fléchir
Frasquita e Mercédès)
Frasquita et Mercédès)
Você me quer?
Tu m'en veux?
Por que eu lhe quereria?
Pourquoi vous en voudrais-je?
Porque há um mês, tive a crueldade
Parce qu'il (que) y a un mois, j'ai eu
de lhe enviar para a prisão...
la cruauté de t'envoyer à la prison...
(como se não se lembrasse)
(comme si elle ne se rappelait pas)
Para a prisão?
A la prison?
Estava de serviço, não poderia ter
J'étais de service, je ne pouvais pas
agido de outro modo.
faire autrement.
(o mesmo jogo)
(même jeu)
Para a prisão? Não me lembro de
A la prison... je ne me souviens pas
ter ido para a prisão...
d'être allée à la prison...
Claro que sei que você não foi
Je sais pardieu bien que tu n'y es pas
parar lá... O cabo encarregado de
allée... le brigadier qui était chargé
lhe conduzir achou melhor deixá-la
de te conduire ayant jugé à propos
escapar... E desonrar-se e ser preso
de te laisser échapper... et de se faire
por isso...
dégrader et emprisonner pour cela...
(séria)
(sérieuse)
Desonrar-se e ser preso?
Dégrader et emprisonner?...
Meu Deus, sim... Não quisemos
Mon Dieu oui... on n'a pas voulu
admitir que mão tão pequena foi
admettre qu'une aussi petite main
suficientemente forte para derrubar
ait été assez forte pour renverser un
um homem...
homme...
Oh!
Oh!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
Zuniga
Carmen
Andrès
Isso não parecia natural...
Cela n'a pas paru naturel...
E este pobre rapaz foi rebaixado a
Et ce pauvre garçon est redevenu
um simples soldado?
simple soldat?
Sim... E passou um mês na prisão...
Oui... et il a passé un mois en prison...
Mas ele saiu de lá?
Mais il en est sorti?
Somente ontem.
Depuis hier seulement!
(batendo as castanholas)
(faisant claquer ses castagnettes)
Tudo está bem, desde que ele tenha
Tout est bien, puisqu'il en est sorti,
saído da prisão, tudo está bem.
tout est bien.
Em boa hora, você consola-se
À la bonne heure, tu te consoles
rápido...
vite...
(à parte)
(à part)
E tenho razão...
Et j'ai raison...
(em voz alta)
(haut)
Se você me ouvisse, você faria
Si vous m'en croyez, vous ferez
como eu, você quer nos levar, mas
comme moi, vous voulez nous
nós não queremos ir com vocês...
emmener, nous ne voulons pas vous
Você se consolaria...
suivre... vous vous consolerez...
É preciso.
Il faudra bien.
(a cena é interrompida por um coro
(la scène est interrompue par un
que canta da coxia)
chœur chanté dans la coulisse)
Viva! Viva o toureiro!
Vivat! Vivat le torero!
Nº 12 Coro Chœur
Coro Chœur
Viva! Viva Escamillo!
Vivat! Vivat Escamillo!
Jamais homem valente
Jamais homme intrépide
com golpe mais belo
n'a par un coup plus beau
de mão mais veloz
Zuniga
Mercédès
Andrès (Zuniga)
Frasquita
Andrès (Mercédès)
Zuniga
Pastia
Zuniga
d'une main plus rapide
derrubou um touro!
terrasse le taureau!
Viva! Viva! Viva!
Vivat! Vivat! Vivat!
O que é isso?
Qu'est-ce que c'est que ça?
Uma procissão de tochas...
Une promenade aux flambeaux...
E quem passa?
Et qui promène-t-on?
Eu o conheço... É Escamillo... Um
Je le reconnais... c'est Escamillo... un
toureiro de destaque nas últimas
torero qui s'est fait remarquer aux
corridas de Granada e que promete
dernières courses de Grenade et
igualar os feitos de Montes e de
qui promet d'égaler la gloire de
Pepe Hillo...
Montes et de Pepe Hillo...
Claro, chamem-no... Beberemos em
Pardieu, il faut le faire venir... nous
sua homenagem!
boirons en son honneur!
Isso, vou chamá-lo.
C'est cela, je vais l'inviter.
(ele chega na janela)
(il va à la fenêtre)
Senhor toureiro... Queira nos fazer
Monsieur le torero... voulez-vous
a gentileza de subir aqui. Você
nous faire l'amitié de monter ici?
encontrará por aqui pessoas que
Vous y trouverez des gens qui aiment
admiram muito aqueles que, como
fort tous ceux qui, comme vous, ont
o senhor, têm destreza e coragem...
de l'adresse et du courage...
(deixando a janela)
(quittant la fenêtre)
Ele vem...
Il vient...
(suplicando)
(suppliant)
Senhores oficiais, eu lhes
Messieurs les officiers, je vous avais
disse...
dit...
Tenha a bondade de nos deixar em
Ayez la bonté de nous laisser
paz, mestre Lillas Pastia, e traga-nos
tranquilles, maître Lillas Pastia, et
algo para beber...
faites-nous apporter de quoi boire...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94
Coro Chœur
(Escamillo aparece)
(paraît Escamillo)
Viva! Viva o toureiro!
Vivat! Vivat le torero!
Viva! Viva Escamillo!
Vivat! Vivat Escamillo!
Viva! Viva! Viva!
Vivat! Vivat! Vivat!
Estas damas e nós lhe agradecemos
Ces dames et nous, vous remercions
por haver aceitado nosso convite;
d'avoir accepté notre invitation;
não queríamos deixá-lo passar sem
nous n'avons pas voulu vous laisser
Diálogo falado Dialogue parlé
Zuniga
Escamillo
brindar conosco a grande arte da
passer sans boire avec vous au
tauromaquia.
grand art de la tauromachie.
Senhores oficiais, eu lhes agradeço.
Messieurs les officiers, je vous remercie.
Seus brindes... Eu lhes devolvo,
Votre toast... je peux vous le rendre,
senhores, Senhores, pois com os
señors, Señors, car avec les
Nº 13 Couplets
Escamillo
soldados,
soldats
sim, os toureiros entendem-se,
oui les toreros peuvent s'entendre,
pelo prazer que têm pelo combate.
pour plaisirs ils ont les combats.
A arena é cheia, é dia de festa,
Le cirque est plein, c'est jour de fête,
a arena é cheia de cima em baixo.
le cirque est plein du haut en bas.
Os espectadores enlouquecidos,
Les spectateurs perdant la tête,
os espectadores bradam em fortes
les spectateurs s'interpellent à grands
gritos: gritos, berros e ruídos
fracas: apostrophes, cris et tapage
Aumentando até à fúria.
Poussés jusques à la fureur.
Pois é a festa da coragem,
Car c'est la fête du courage,
a festa dos cortesãos.
c'est la fête des gens de cour.
Vamos, atenção! Vamos! Vamos
Allons en garde! Allons! Allons!
Ah! Toureiro, atenção,
Ah! Toréador, en garde,
toureiro, toureiro,
toréador, toréador,
e lembre-se bem, sim,
et songe bien, oui
Ao lutar, lembre-se
Songe en combattant
Que um olho negro o mira
Qu'un oeil noir te regarde
Todos Tous
Escamillo
e que o amor o espera.
et que l'amour t'attend.
Toureiro, o amor,
Toréador, l'amour,
o amor o espera!
l'amour t'attend!
Toureiro, atenção,
Toréador en garde,
toureiro, toureiro,
toréador, toréador
ao lutar, lembre-se
En combattant songe
que um olho negro o mira
qu'un oeil noir te regarde
e que o amor o espera,
et que l'amour t'attend,
toureiro, o amor,
toréador, l'amour,
o amor o espera!
l'amour t'attend!
De repente, fazemos silêncio;
Tout d'un coup on fait silence;
fazemos silêncio. O que acontece?
on fait silence. Ah que se passe-t-il?
Mais gritos; é o momento
Plus de cris; c'est l'instant
O touro se lança saltando para fora
Le taureau s'élance en bondissant
do curral...
hors du toril...
Ele se lança, ele entra, ele bate, um
Il s'élance, il entre, il frappe, un
cavalo revira-se
cheval roule Entraînant un picador.
Levando um picador. “Ah! Touro bravo!”, berra a multidão.
Todos Tous
“Ah bravo toro! ”, hurle la foule. Le taureau va... il vient... il vient et
O touro vai... E vem... E vem e de
frappe encore! En secouant ses
novo ataca!
banderilles,
Balançando suas bandarilhas,
plein de fureur, il court!
enfurecido, ele dispara!
Le cirque est plein de sang;
A arena é cheia de sangue;
on se sauve, on franchit les grilles;
salvamo-nos, ultrapassamos as grades;
c'est ton tour maintenant.
é sua vez agora.
Allons en garde! Allons! Allons! Ah!
Vamos, atenção! Vamos! Vamos! Ah!
Toréador, en garde!
Toureiro, atenção!
Toréador, toréador!
Toureiro, atenção!
Et songe bien, oui songe en
E lembre-se bem, sim, ao lutar,
combattant
lembre-se
qu'un oeil noir te
que um olho negro o mira
regarde
e que o amor o espera.
et que l'amour t'attend.
Toureiro, o amor o espera!
Toréador, l'amour t'attend!
Toureiro, atenção!
Toréador en garde!
Toureiro! Toureiro!
Toréador! Toréador!
Ao lutar, lembre-se
En combattant songe
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96
que um olho negro o mira,
qu'un oeil noir te regarde,
e que o amor o espera.
et que l'amour t'attend.
Toureio, o amor,
Toréador, l'amour,
o amor o espera!
l'amour t'attend!
Frasquita
O amor!
L'amour!
Escamillo
O amor!
L'amour!
Mercédès
O amor!
L'amour!
Escamillo
O amor!
L'amour!
Carmen
O amor!
L'amour!
Escamillo
O amor!
L'amour!
Toureiro, toureiro!
Toréador, Toréador!
O amor o espera!
L'amour t'attend!
Senhores oficiais, eu lhes peço.
Messieurs les officiers, je vous en prie.
Está bem, está bem, nós já vamos.
C'est bien, c'est bien, nous partons.
Todos Tous
Diálogo falado Dialogue parlé
Pastia
Zuniga
(os oficiais se preparam para partir — Escamillo encontra-se próximo a Carmen)
Escamillo
Carmen
Escamillo
Carmen
(les officiers commencent à se préparer à partir — Escamillo se trouve près de Carmen)
(Minha bela,) Diga-me seu nome, e a
(La belle,) Dis-moi ton nom, et la pre-
primeira vez que atingir o
mière fois que je frapperai le taureau,
touro será seu nome que falarei.
ce sera ton nom que je prononcerai.
Chamo-me Carmencita.
Je m'appelle la Carmencita.
Carmencita?
La Carmencita?
Carmen, Carmencita, como quiser.
Carmen, la Carmencita, comme tu voudras.
Escamillo
Carmen
Escamillo
Carmen
Escamillo
Carmen
Andrès
Mercédès Frasquita
Andrès
Zuniga
Carmen
Bem! Carmen ou Carmencita, se eu
Eh bien! Carmen ou la Carmencita,
me desse conta de que te amo e
si je m'avisais de t'aimer et d'être
de que por você sou amado, o que
aimé de toi, qu'est-ce que tu me
você me responderia?
répondrais?
Eu responderia que você pode me
Je répondrais que tu peux m'aimer
amar à vontade, mas que quanto a
tout à ton aise, mais que quant à
ser amado por mim, não sonhe com
être aimé de moi pour le moment, il
isso agora.
n'y faut pas songer!
Ah!
Ah!
É assim.
C'est comme ça.
Então, eu esperarei e me
J'attendrai alors et je me contenterai
contentarei em ter esperança...
d'espérer...
Não se é proibido esperar, e é
Il n'est pas défendu d'attendre et il
sempre prazeroso ter esperanças.
est toujours agréable d'espérer.
(a Frasquita e Mercédès)
(à Frasquita et à Mercédès)
Vocês não vêm mesmo?
Vous ne venez pas décidément?
(a um novo sinal de Pastia)
(sur un nouveau signe de Pastia)
Não, não...
Mais non, mais non...
(a Zuniga)
(à Zuniga)
Má campanha, tenente.
Mauvaise campagne, lieutenant.
Aff! A batalha ainda não está
Bah! La bataille n'est pas encore
perdida...
perdue...
(em voz baixa, para Carmen)
(bas à Carmen)
Escute-me, Carmen, já que você
Ecoute-moi, Carmen, puisque tu ne
não quer vir conosco, serei eu quem
veux pas venir avec nous, c'est moi
virei aqui em uma hora.
qui dans une heure reviendrai ici.
Aqui?
Ici?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98
Zuniga
Carmen
Zuniga
Escamillo
Sim, em uma hora... Depois do
Oui, dans une heure... après
chamado.
l'appel.
Eu não o aconselho a voltar...
Je ne vous conseille pas de revenir...
(rindo)
(riant)
Eu voltarei mesmo assim
Je reviendrai tout de même.
(em voz alta)
(haut)
Partimos com você, toureiro, e
Nous partons avec vous, toréro, et
nos juntaremos ao cortejo que lhe
nous nous joindrons au cortège qui
acompanha.
vous accompagne.
É uma grande honra para mim, com-
C'est un grand honneur pour moi, je tâ-
prometo-me a não me mostrar indigno
cherai de ne pas m'en montrer indigne
quando combater sob seus olhos.
lorsque je combattrai sous vos yeux.
Toureiro, atenção!
Toréador en garde!
Toureiro, atenção!
Toréador! Toréador!
Nº 13b Nº 13bis Coro Chœur
Coro Chœur
E lembre-se bem, sim, ao lutar,
Et songe bien, oui songe en
lembre-se
combattant
que um olho negro o mira
qu'un oeil noir te regarde,
e que o amor o espera.
et que l'amour t'attend.
Toureiro, o amor,
Toréador, l'amour,
o amor o espera!
l'amour t'attend!
(todo mundo sai, exceto Carmen,
(tout le monde sort, excepté Carmen,
Frasquita, Mecédès e Lillas Pastia)
Frasquita, Mercédès et Lillas Pastia)
(a Pastia)
(à Pastia)
Diálogo falado Dialogue parlé
Frasquita
Por que você estava tão apressado
Pourquoi étais-tu si pressé de les
para mandá-los embora e por que
faire partir et pourquoi nous as-tu
nos fez sinal para não segui-los?
fait signe de ne pas les suivre?
Pastia
Carmen
Pastia
O Dancaïre e o Remendado
Le Dancaïre et le Remendado
acabaram de chegar... Eles têm que
viennent d'arriver... ils ont à vous
lhes falar de seus negócios, dos
parler de vos affaires, des
negócios do Egito.
affaires d'Egypte.
O Dancaïre e o Remendado?
Le Dancaïre et le Remendado?
(abrindo uma porta e chamando
(ouvrant une porte et appelant
com um gesto)
du geste)
Sim, (Vejam...) aqui estão eles... Vejam...
Oui, (tenez...) les voici... tenez...
(entra o Dancaïre e o Remendado —
(entrent le Dancaïre et le
Pastia fecha as portas e as persianas,
Remendado. - Pastia ferme les portes,
etc)
met les volets, etc)
Bem, quais as novidades?
Eh bien, les nouvelles?
O Dancaïre
Não muito ruins, as novidades;
Pas trop mauvaises, les nouvelles;
Le Dancaïre
chegamos de Gilbratar...
nous arrivons de Gibraltar...
O Remendado
Bela cidade, Gibraltar! Por lá se vê
Jolie ville, Gibraltar! On y voit des
Le Remendado
ingleses, muitos ingleses, belos
Anglais, beaucoup d'Anglais, de
Frasquita
homens ingleses; um pouco frios,
jolis hommes les Anglais; un peu
mas distintos.
froids, mais distingués.
Remendado!
Remendado!
Chefe?
Patron?
O Dancaïre
(pegando sua faca)
(mettant la main sur son couteau)
Le Dancaïre
Sacou?
Vous comprenez?
Perfeitamente, chefe...
Parfaitement, patron...
O Dancaïre
Cale-se, então (Remendado!).
Taisez-vous, (Remendado!) alors.
Le Dancaïre
Chegamos de Gibraltar, nós
Nous arrivons de Gibraltar, nous
O Dancaïre Le Dancaïre
O Remendado Le Remendado
O Remendado Le Remendado
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100
Carmen
O Remendado
conseguimos, com um capitão
avons arrangé, avec un patron
de navio, uma embarcação com
de navire, l'embarquement de
produtos ingleses. Nós iremos
marchandises anglaises. Nous irons
esperá-los próximo da costa,
les attendre près de la côte, nous
nós esconderemos uma parte
en cacherons une partie dans la
dos produtos na montanha e
montagne et nous ferons passer
negociaremos o resto. Todos os
le reste. Tous nos camarades ont
nossos camaradas já foram avisados...
été prévenus... ils sont ici, cachés,
Eles estão aqui, escondidos, mas é
mais c'est de vous trois surtout
principalmente de vocês três que
dont nous avons besoin... vous allez
precisamos... Vocês irão conosco...
partir avec nous...
(rindo)
(riant)
Para quê? Para ajudá-los a carregar
Pour quoi faire? Pour vous aider à
os (as mercadorias) pacotes?
porter des (merchandises) ballots?
Oh! Não... Deixar a carga para as
Oh! Non... faire porter des ballots
mulheres... Isso não seria nada
à des dames... ça ne serait pas
elegante.
distingué.
O Dancaïre
(ameaçando)
(menaçant)
Le Dancaïre
Remendado?
Remendado?
Sim, chefe.
Oui, patron.
O Dancaïre
Nós não as faremos carregar os
Nous ne vous ferons pas porter de
Le Dancaïre
pacotes, (Não) mas precisamos de
ballots, (No) mais nous avons besoin
vocês para outra coisa.
de vous pour autre chose.
Nós temos algo em mente.
Nous avons en tête une affaire.
É bom? Diga-nos.
Est-elle bonne, dites-nous?
O Dancaïre
É ótimo, minha querida,
Elle est admirable, ma chère
Le Dancaïre
mas precisamos de vocês.
Mais nous avons besoin de vous.
Le Remendado
O Remendado Le Remendado
Nº 14 Quinteto Quintette
O Dancaïre Le Dancaïre
Mercédès Frasquita
O Remendado
Sim, precisamos de vocês.
Oui, nous avons besoin de vous!
De nós?
De nous?
De vocês!
De vous!
De nós?
De nous?
De vocês!
De vous!
De nós?
De nous?
O quê? Vocês precisam de nós?
Quoi! Vous avez besoin de nous?
O Remendado O Dancaïre
Sim, nós precisamos de vocês!
Oui, nous avons besoin de vous!
Le Remendado Le Dancaïre
Pois nós confessamos humildemente
Car nous l'avouons humblement,
e muito respeitosamente,
et fort respectueusement,
sim, nós confessamos humildemente:
oui nous l'avouons humblement:
quando se trata de trapaça,
quand il s'agit de tromperie,
ardil, ou pequenos roubos,
de duperie, de volerie,
é sempre bom, a meu ver,
il est toujours bon, sur ma foi,
ter mulheres com você,
d'avoir les femmes avec soi,
e sem elas,
et sans elles,
minhas belas,
mes toutes belles,
não fazemos nada de bom.
on ne fait jamais rien de bien.
Quê? Sem a gente jamais
Quoi! Sans nous jamais rien
Algo de bom?
De bien?
Vocês não concordam?
N'êtes vous pas de cet avis?
Le Remendado
Carmen
O Dancaïre Le Dancaïre
Mercédès
O Remendado Le Remendado
Frasquita
Frasquita Mercédès Carmen
Frasquita Mercédès Carmen
O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102
Frasquita Mercédès
Sim, sou dessa opinião.
Si fait, je suis de cet avis.
Isso mesmo, sou dessa opinião.
Si fait vraiment je suis de cet avis.
Quando se trata de trapaça,
Quand il s'agit de tromperie,
ardil, ou pequenos roubos,
de duperie, de volerie
é sempre bom, a meu ver,
Il est toujours bon sur ma foi
ter mulheres com você,
D'avoir les femmes avec soi.
e sem elas, minhas belas,
Et sans elles, les toutes belles,
não fazemos nada de bom.
on ne fait jamais rien de bien.
Dito isto, vocês partirão.
C'est dit alors, vous partirez.
Quando quiser.
Quand vous voudrez.
Agora mesmo.
Mais tout de suite.
Ah! Me permitam, me permitam!
Ah! Permettez, permettez.
(a Mercédès e a Frasquita)
(à Mercédès et à Frasquita)
Se a vocês apraz partir, partam.
S'il vous plaît de partir, partez.
Mas eu não estarei na viagem;
Mais je ne suis pas du voyage;
eu não vou... Eu não vou.
je ne pars pas... je ne pars pas.
O Remendado O Dancaïre
Carmen, meu amor, você virá
Carmen, mon amour, tu viendras,
Le Remendado Le Dancaïre
e não terá coragem
et tu n'auras pas le courage
de nos deixar na mão.
de nous laisser dans l'embarras.
Eu não vou, eu não vou.
Je ne pars pas, je ne pars pas.
Ah! Minha Carmen, você virá!
Ah! Ma Carmen tu viendras!
Ao menos, a razão
Mais au moins la raison,
Carmen
Todos os cinco Tous les cinq
O Dancaïre Le Dancaïre
Mercédès Frasquita
O Dancaïre Le Dancaïre
Carmen
Carmen
Mercédès Frasquita
O Dancaïre
Le Dancaïre
Frasquita Mercédès O Remendado O Dancaïre
Carmen, você dirá?
Carmen tu la diras?
A razão! A razão! A razão!
La raison! La raison! La raison! La
A razão!
raison!
Eu direi, com certeza.
Je la dirai certainement.
Vejamos! Vejamos! Vejamos!
Voyons! Voyons! Voyons! Voyons!
Le Remendado Le Dancaïre
Carmen
Frasquita Mercédès O Remendado O Dancaïre
Vejamos!
Le Remendado Le Dancaïre
Carmen
A razão é que neste momento...
La raison c'est qu'en ce moment...
E então?
Eh bien?
E então?
Eh bien?
Estou apaixonada.
Je suis amoureuse.
O que ela disse? O que ela disse?
Qu'a-t-elle dit? Qu'a-t-elle dit?
Frasquita Mercédès
Ela disse que está apaixonada!
Elle dit qu'elle est amoureuse!
Frasquita Mercédès
Apaixonada! Apaixonada!
Amoureuse! Amoureuse!
Vamos, Carmen, fala sério.
Voyons, Carmen, sois sérieuse.
Loucamente apaixonada.
Amoureuse à perdre l'esprit.
O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre
Frasquita Mercédès
Carmen
O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre
O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre
O Dancaïre Le Dancaïre
Carmen
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104
O Remendado O Dancaïre
Certas coisas nos surpreendem,
La chose certes nous étonne,
Le Remendado Le Dancaïre
mas não será a primeira vez
mais ce n'est pas le premier jour
que você terá sabido, minha pequena,
ou vous aurez su, ma mignonne.
fazer caminhar, lado a lado, o dever
Faire marcher de front le devoir et
e o amor.
l'amour.
Meus amigos, eu teria imenso prazer
Mes amis, je serais fort aise
de partir com vocês esta noite,
de partir avec vous ce soir,
mas desta vez, não se desapontem,
mais cette fois, ne vous déplaise,
preciso que o amor passe à frente
il faudra que l'amour passe avant le
do dever.
devoir.
Isto é sua última palavra?
Ce n'est pas là ton dernier mot?
Certamente.
Absolument.
É preciso que você se convença.
Il faut que tu te laisses attendrir.
É preciso que você venha, Carmen,
Il faut venir, Carmen,
precisamos que venha.
Il faut venir.
Para os nossos negócios,
Pour notre affaire,
é necessário,
c'est nécessaire,
pois entre nós...
car entre nous...
Quanto a isso, estou de acordo.
Quant à cela, je l'admets avec vous.
Quando se trata de trapaça,
Quand il s'agit de tromperie,
ardil, ou pequenos roubos,
de duperie, de volerie
e sempre bom, a meu ver,
Il est toujours bon sur ma foi
ter mulheres com você,
D'avoir les femmes avec soi.
e sem elas, minhas belas,
Et sans elles, les toutes belles,
não fazemos nada de bom.
on ne fait jamais rien de bien
Carmen
O Dancaïre Le Dancaïre
Carmen
O Remendado Le Remendado
Todos os quatro Tous les quatre
Carmen
Todos os cinco Tous les cinq
Diálogo falado Dialogue parlé
O Dancaïre
Já deu; eu lhe disse que era
En voilà assez; je t'ai dit qu'il
Le Dancaïre
necessário que você viesse, e você
fallait venir, et tu viendras...
virá... Eu sou o chefe...
je suis le chef...
Como você diz isso?
Comment dis-tu ça?
Eu lhe digo que eu sou o chefe...
Je te dis que je suis le chef...
E você acha que eu lhe obedecerei?
Et tu crois que je t'obéirai?
O Dancaïre
(furioso)
(furieux)
Le Dancaïre
Carmen!
Carmen !
(muito calma)
(très calme)
Bem?
Eh bien!
O Remendado
(atirando-se entre o Dancaïre
(se jetant entre le Dancaïre
Le Remendado
e Carmen)
et Carmen)
Por favor... pessoas distintas como
Je vous en prie... des personnes si
vocês...
distinguées...
O Dancaïre
(dando um chute que
(envoyant un coup de pied que le
Le Dancaïre
Remendado evita)
Remendado évite)
Você, pegue isto...
Attrape ça, toi...
O Remendado
(se endireitando)
(se redressant)
Le Remendado
Chefe.
Patron.
O quê?
Qu'est-ce que c'est?
Carmen
O Dancaïre Le Dancaïre
Carmen
Carmen
O Dancaïre Le Dancaïre
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106
O Remendado
Nada, chefe!
Rien, patron!
O Dancaïre
Apaixonada... Isso não é desculpa,
Amoureuse... ce n'est pas une raison,
Le Dancaïre
não isso.
cela.
O Remendado
O fato é que isso não é uma des-
Le fait est que ce n'en est pas une...
Le Remendado
culpa... Eu também estou apaixonado
moi aussi je suis amoureux et ça ne
e isso não me impede de ser útil.
m'empêche pas de me rendre utile.
Partam sem mim... Eu me juntarei a
Partez sans moi... j'irai vous rejoindre
vocês amanhã, mas esta noite eu fico...
demain, mais pour ce soir je reste...
Eu nunca lhe vi assim; quem é que
Je ne t'ai jamais vue comme (ça)
você está esperando?
cela; qui attends-tu donc?
Um soldado, um pobre diabo que
Un pauvre diable de soldat, qui m’a
me fez um favor.
rendu service...
Este soldado que estava na prisão?
Ce soldat qui était en prison?
Sim.
Oui.
É para quem, há quinze dias, o
Est à qui, il y a quinze jours, le
carcereiro enviou de sua parte
geôlier a remis de ta part un pain
um pão dentro do qual havia uma
dans lequel il y avait une pièce d'or
moeda de ouro e uma lima?
et une lime?
(voltando para a janela)
(remontant vers la fenêtre)
Sim.
Oui.
Ele usou esta lima?
Il s'en est servi de cette lime?
Não.
Non.
Le Remendado
Carmen
Frasquita
Carmen
Mercédès
Carmen
Frasquita
Carmen
O Dancaïre Le Dancaïre
Carmen
O Dancaïre
Veja bem! Seu soldado teve medo
Tu vois bien! Ton soldat aura eu
Le Dancaïre
de ser punido mais severamente do
peur d'être puni plus rudement
que já foi; esta noite novamente ele
qu'il ne l'avait été; ce soir encore il
terá medo... Será inútil entreabrir as
aura peur... tu auras beau entr'ouvrir
cortinas e olhar se ele vem, eu aposto
les volets et regarder s'il vient, je
que ele não virá.
parierais qu'il ne viendra pas.
Não aposte, você perderá...
Ne parie pas, tu perdrais...
(a voz muito distante)
(la voix très éloignée)
Alto lá!
Halte-là!
Quem vai lá?
Qui va là?
Dragão d’Alcala...
Dragon d'Alcala...
Por onde vai,
Où t'en vas-tu par là,
dragão d’Alcala?
dragon d'Alcala!
Eu, estou indo
Moi je m'en vais faire
derrotar
mordre la poussière
meu adversário.
à mon adversaire.
Se é assim,
S'il en est ainsi,
passe meu amigo.
passez mon ami.
Questão de honra
Affaire d'honneur,
questão de amor,
affaire de cœur,
para nós, isto é tudo,
pour nous tout est là.
dragão d’Alcala!
Dragon d'Alcala!
(Carmen, o Dancaïre, o Remendado,
(Carmen, le Dancaïre, le Remendado,
Mecédès e Frasquita, pelas
Mercédès et Frasquita, par les
cortinas entreabertas, veem vindo
volets entr'ouverts, regardent venir
Don José)
Don José)
Carmen
Nº 15 Canção Chanson
José
Diálogo falado Dialogue parlé
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108
Mercédès
Bom, trata-se de um dragão.
C'est un dragon, ma foi.
De um belo dragão.
Et un beau dragon.
O Dancaïre
(a Carmen)
(à Carmen)
Le Dancaïre
Bem, já que você só virá amanhã,
Eh bien, puisque tu ne veux venir
ao menos você sabe o que deverá
que demain, sais-tu au moins ce que
fazer?
tu devrais faire?
O que é que eu devo fazer?
Qu'est-ce que je devrais faire?
O Dancaïre
Você deve convencer o seu dragão
Tu devrais décider ton dragon à
Le Dancaïre
a vir com você e juntar-se a nós.
venir avec toi et à se joindre à nous.
Ah! Se isso for possível! Mas,
Ah!... Si cela se pouvait!... mais il n'y
não contem com isso... É uma
faut pas penser ce sont des bêtises...
bobagem... Ele é muito ingênuo.
il est trop niais.
O Dancaïre
Por que você (ainda) o ama, se você
Pourquoi l'aimes-tu (alors?) puisque
Le Dancaïre
se basta?
tu conviens toi-même...
Porque ele é bonito e por isso gosto
Parce qu'il est joli garçon donc et
dele.
qu'il me plaît.
O Remendado
(com soberba)
(avec fatuité)
Le Remendado
O chefe não entende isso... Que
Le patron ne comprend pas ça, lui...
basta o homem ser bonito para
qu'il suffise d'être joli garçon pour
agradar as mulheres...
plaire aux femmes...
O Dancaïre
Espere um pouco, você, espere um
Attends un peu, toi, attends un
Le Dancaïre
pouco...
peu...
(o Remendado fugindo sai. O
(le Remendado se sauve et sort.
Dancaïre o persegue e, por sua vez,
Le Dancaïre le poursuit et sort à
sai arrastando Mercédès e Frasquita
son tour entraînant Mercédès et
que tentam acalmá-lo)
Frasquita qui essaient de le calmer)
Frasquita
Carmen
Carmen
Carmen
Carmen
(a voz bastante mais próxima)
(la voix beaucoup plus rapprochée)
Alto lá!
Halte-là!
Quem vai lá?
Qui va là?
Dragon d’Alcala!
Dragon d'Alcala!
Por onde vai
Où t'en vas-tu par là,
dragão d’Alcala?
dragon d'Alcala?
Preciso e fiel,
Exact et fidèle,
vou para onde me chama
je vais où m'appelle
o amor de minha bela.
l'amour de ma belle.
Se é assim,
S'il en est ainsi,
passe, meu amigo,
passez mon ami,
questão de honra,
affaire d'honneur,
questão de amor,
affaire de cœur,
para nós, isto é tudo,
pour nous tout est là.
dragão d’Alcala!
Dragon d'Alcala!
Carmen
Enfim, aí está você... Que alegria!
Enfin... te voilà... C'est bien heureux!
José
Há apenas duas horas que saí da
Il y a deux heures seulement que je suis
prisão.
sorti de prison.
Quem o impediu de sair mais cedo?
Qui t'empêchait de sortir plus tôt? Je
Eu lhe enviei uma lima e uma moeda
t'avais envoyé une lime et une pièce
de ouro... Com a lima, você serraria a
d'or... avec la lime il fallait scier le plus
barra mais grossa da prisão... Com a
gros barreau de ta prison... avec la pièce
moeda de ouro, no primeiro adeleiro
d'or il fallait, chez le premier fripier venu,
do caminho, você trocaria seu
changer ton uniforme pour un habit
uniforme por uma roupa comum.
bourgeois.
De fato, tudo isto era possível.
En effet, tout cela était possible.
Por que você não o fez?
Pourquoi ne l'as-tu pas fait?
O que você quer? Eu ainda tenho
Que veux-tu? J'ai encore mon honneur
Carmen
José
Carmen
José
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110
Carmen
Pastia
Carmen
Pastia
minha honra de soldado e desertar
de soldat, et déserter me semblerait
me pareceria um grande crime...
un grand crime... Oh! Je ne t'en suis
Oh! Eu não sou por isso menos
pas moins reconnaissant... Tu m'as
grato a você... Você me enviou uma
envoyé une lime et une pièce d'or...
lima e uma moeda de ouro... A lima
La lime me servira pour affiler ma
me servirá para afiar minha lança e
lance et je la garde comme
a guardo como lembrança sua.
souvenir de toi.
Quanto ao dinheiro...
Quant à l'argent...
(estendendo-lhe a moeda de ouro)
(lui tendant la pièce d'or)
Olhe só, ele a guardou...
Tiens, il l'a gardé... Ça se trouve à
Bom saber!
merveille...
(gritando e batendo)
(criant et frappant)
Olá! Lillas Pastia, olá! Nós
Holà!... Lillas Pastia, holà!... nous
comeremos, você me diverte!
mangerons tout, tu me régales...
Olá! Olá!
Holà! Holà!
(entra Pastia)
(entre Pastia)
(impedindo-a de gritar)
(l'empêchant de crier)
Atenção...
Prenez donc garde...
(atirando-lhe a moeda)
(lui jetant la pièce)
Veja, pegue... e traga-nos
Tiens, attrape... et apporte-nous
frutas cristalizadas; traga-nos
des fruits confits; apporte-nous des
bombons, laranjas e
bonbons, apporte-nous des oranges,
Manzanilla... Traga-nos de
apporte-nous du Manzanilla...
tudo o que você
apporte-nous de tout ce que tu as,
tiver, de tudo...
de tout, de tout...
Agora mesmo, Senhorita
Tout de suite, Mademoiselle
Carmencita
Carmencita.
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
Carmen
(A José)
(à José)
E então, você me quer e você se
Tu m'en veux alors et tu regrettes de
arrepende de ter sido preso por
t'être fait mettre en prison pour mes
conta de meus belos olhos?
beaux yeux?
Quanto a isso, por exemplo, não.
Quant à cela non, par exemple.
Verdade?
Vraiment?
Mandaram-me para a prisão, me
L'on m'a mis en prison, l'on
libertaram, mas para mim dá no
m'a ôté mon grade, mais ça
mesmo.
m'est égal.
Porque você me ama...
Parce que tu m'aimes?
Sim, porque eu te amo, porque eu
Oui, parce que je t'aime, parce que je
te adoro.
t'adore.
(colocando suas mãos entre as
(mettant ses deux mains dans les mains
mãos de José)
de José)
Eu pago minhas dívidas... É nossa
Je paie mes dettes... c'est notre loi à
lei entre os ciganos... Pago minhas
nous autres bohémiennes... Je paie mes
dívidas, eu pago minhas dívidas...
dettes, je paie mes dettes...
(volta Lillas Pastia trazendo num
(rentre Lillas Pastia apportant sur un
prato laranjas, bombons, frutas
plateau des oranges, des bonbons, des
cristalizadas e Manzanilla)
fruits confits, du Manzanilla)
Ponha tudo isso aqui... De uma só
Mets tout cela ici... un seul coup, n'aie
vez, não tenha medo...
pas peur...
(Pastia obedece e metade das
(Pastia obéit et la moitié des objets roule
coisas caem no chão)
par terre)
Não é nada, nós mesmos
Ça ne fait rien, nous ramasserons tout
pegaremos isso. Poupe-se agora,
cela nous-mêmes. Sauve-toi maintenant,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
poupe-se, poupe-se.
sauve-toi, sauve-toi.
(Pastia sai)
(Pastia sort)
Vai para lá e comamos de tudo! De
Mets-toi là et mangeons de tout! De
tudo! De tudo!
tout! De tout!
(ela sentou-se; Don José senta-se
(elle est assise; Don José s'assied en
de frente para ela)
face d'elle)
Parece uma criança de seis anos
Tu croques les bonbons comme un
comendo os bombons...
enfant de six ans...
É que eu os adoro... O seu tenente
C'est que je les aime... Ton
estava aqui há pouco, com outros
lieutenant était ici tout à l'heure,
oficiais, eles nos fizeram dançar a
avec d'autres officiers, ils nous ont
Romalis...
fait danser la Romalis...
E você dançou?
Tu as dansé?
Sim; e quando eu dancei, seu
Oui; et quand j'ai eu dansé, ton
tenente (ele) se deu ao direito de
lieutenant (il) s'est permis de me
dizer que me adorou...
dire qu'il m'adorait...
Carmen!
Carmen!
O que é que você tem? Por acaso
Qu'est-ce que tu as?... Est-ce que tu
você está com ciúmes?
serais jaloux, par hasard?
Mas claro, estou com ciúmes...
Mais certainement, je suis jaloux...
Opa! Canarinho, vá! Você é um
Ah bien!... Canari, va! Tu es un
verdadeiro canarinho, a roupa e
vrai canari d'habit et de
a personalidade... Vamos, não se
caractère... allons, ne te fâche pas...
zangue... Por que você está com
pourquoi es-tu jaloux? Parce que
ciúmes? Porque eu dancei há pouco
j'ai dansé tout à l'heure pour ces
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
para seus oficiais... Bem, se você
officiers... Eh bien, si tu le veux,
quiser, eu dançarei para você agora,
je danserai pour toi maintenant,
apenas para você.
pour toi seul.
Se eu quero, acho que eu quero
Si je le veux, je crois bien que je le
demais...
veux...
Onde estão minhas castanholas?
Où sont mes castagnettes?
O que eu fiz de minhas
Qu'est-ce que j'ai fait de mes
castanholas?
castagnettes?
(rindo)
(En riant)
Foi você quem as pegou,
C'est toi qui me les a prises,
minhas castanholas?
mes castagnettes?
Não!
Mais non!
(ternamente)
(tendrement)
Sim, sim... Tenho certeza que
Mais si, mais si... je suis sûre que
foi você... Ah, bah! Vejam, as
c'est toi... ah bah! En voilà des
castanholas.
castagnettes.
(ela quebra um prato, com dois
(elle casse une assiette, avec deux
pedaços de louça imita uma
morceaux de faïence se fait des
castanhola e tenta tocá-los.)
castagnettes et les essaie.)
Ah! Isso não vai ser jamais as
Ah! Ça ne vaudra jamais mes
minhas castanholas... Onde estão
castagnettes... Où sont-elles
elas então?
donc?
(encontrando as castanholas
(trouvant les castagnettes
sobre a mesa à direita)
sur la table à droite)
Veja, aqui estão.
Tiens, les voici.
(rindo)
(riant)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114
José
Carmen
Viu? Foi você quem as havia
Ah! Tu vois bien... c'est toi qui les
pegado...
avais prises...
Ah! Eu te adoro, Carmen, eu te
Ah! Que je t'aime, Carmen, que je
adoro!
t'aime!
Espero mesmo que sim.
Je l'espère bien.
Vou dançar em sua honra
Je vais danser en votre honneur
e o senhor verá
et vous verrez, seigneur,
como sei, eu mesmo, acompanhar
comment je sais moi-même
minha dança,
accompagner ma danse, Mettez-
sente-se lá, Don José, que eu vou
vous là, Don José, je
começar.
commence.
La la la la la la la la la la la la...
La la la la la la la la la la la la...
(ela faz Don José assentar-se num
(elle fait asseoir Don José dans
canto do teatro. Pequena dança.
un coin du théâtre. Petite danse.
Carmen, na ponta dos lábios,
Carmen du bout des lèvres fredonne
murmura uma ária que acompanha
un air qu'elle accompagne avec ses
com suas castanholas. Don José a
castagnettes. Don José la dévore
devora com os olhos. Escutamos ao
des yeux. On entend au loin, très
longe, bem longe, os clarins que
loin, des clairons qui sonnent la
tocam a retirada. Don José escuta.
retraite. Don José prête l'oreille. Il
Ele acredita ouvir os clarins, mas as
croit entendre les clairons, mais les
castanholas de Carmen são muito
castagnettes de Carmen claquent
barulhentas. Don José aproxima-se
très bruyamment. Don José
de Carmen, pega-a pelos braços e a
s'approche de Carmen, lui prend le
obriga a parar)
bras, et l'oblige à s'arrêter)
Espere um pouco, Carmen, só um
Attends un peu, Carmen, rien qu'un
momento, pare.
moment, arrête.
Nº 16 Duo
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
E por quê, se lhe agrada?
Et pourquoi, s'il te plaît?
Me parece que, lá...
Il me semble, là-bas...
Sim, são os nossos clarins
Oui, ce sont nos clairons qui
soando a retirada. Não os
sonnent la retraite. Ne les
escuta?
entends-tu pas?
Bravo! Bravo! É inútil fazer...
Bravo! Bravo! J'avais beau faire...
Ele está melancólico
Il est mélancolique
de dançar sem orquestra
de danser sans orchestre.
e viva a música que nos
et vive la musique qui nous
cai do céu!
tombe du ciel!
La la la la la la la la la la...
La la la la la la la la la la...
(ela retoma sua canção que
(elle reprend sa chanson qui rythme
absorve o ritmo da retirada que
sur la retraite sonnée au dehors par les
soa lá fora com os clarins. Carmen
clairons. Carmen se remet à danser et
volta a dançar e Don José volta a
Don José se remet à regarder Carmen.
olhá-la. A retirada aproxima-se...
La retraite approche... approche...
aproxima-se... aproxima-se... passa
approche... passe sous les fenêtres
pelas janelas do albergue... e se
de l'auberge... puis s'éloigne. Le son
distancia. Os sons dos clarins vão
des clairons va s'affaiblissant. Nouvel
se enfraquecendo. Novo esforço de
effort de Don José pour s'arracher à
Don José para deixar de contemplar
cette contemplation de Carmen... il
Carmen... ele a pega pelo braço e a
lui prend le bras et l'oblige encore à
obriga novamente a parar)
s'arrêter)
Você não me entendeu... Carmen,
Tu ne m'a pas compris... Carmen,
é a retirada... Eu preciso voltar ao
c'est la retraite... Il faut que, moi, je
quartel para a chamada.
rentre au quartier pour l'appel.
(o ruído da retirada cessa
(le bruit de la retraite cesse tout
repentinamente)
à coup)
(olhando Don José que pega
(regardant Don José qui remet
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116
José
Carmen
sua cartucheira e prende o cinturão
sa giberne et rattache le ceinturon
com seu sabre)
de son sabre)
Ao quartel! Para a chamada!
Au quartier! Pour l'appel!
Ah! Como sou tola!
Ah! j'étais vraiment trop bête!
Desviava de meu caminho
Je me mettais en quatre
e me arriscava
et je faisais des frais
para divertir esse senhor
pour amuser monsieur,
eu cantava... Eu dançava.
Je chantais... je dansais.
Eu acredito, Deus me perdoe,
Je crois, Dieu me pardonne,
que um pouco mais, eu te amava
qu'un peu plus, je l'aimais
Ta ta ta ta, é o clarim que soa!
Ta ta ta ta, c'est le clairon qui sonne!
Ele parte! Ele partiu!
Il part! Il est parti!
Vá então, canarinho.
Va-t'en donc, canari.
(furiosa, atira-lhe seu
(avec fureur, lui envoyant son
chapéu)
shako à la volée. )
Pegue seu chapéu, seu sabre
Prends ton shako, ton sabre,
e sua cartucheira.
ta giberne.
E vá, meu menino,
Et va-t'en, mon garçon,
vá daqui
va-t'en,
volte para a sua caserna.
retourne à ta caserne.
Carmen, você é cruel por
C'est mal à toi, Carmen, de te
debochar de mim;
moquer de moi;
sofro em partir... Pois jamais,
je souffre de partir... car jamais,
jamais mulher,
jamais femme,
jamais mulher alguma antes de você
jamais femme avant toi
não, jamais, jamais mulher alguma
non, non jamais, jamais femme
antes de você
avant toi
de modo tão intenso, balançou meu
aussi profondément n'avait troublé
coração.
mon âme.
Ele sofre em partir
Il souffre de partir
pois nunca antes mulher alguma
car jamais femme avant moi
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
de modo tão intenso
aussi profondément
balançou seu coração.
n'avait troublé son âme!
Ta ra ta ta, meu Deus… É a retirada
Ta ra ta ta, mon Dieu... c'est la retraite.
Ta ra ta ta, chegarei atrasado,
Ta ra ta ta, je vais être en retard,
oh, Meu Deus! Oh, meu Deus!
Ô mon Dieu, ô mon Dieu
É a retirada!
c'est la retraite!
Chegarei atrasado.
Je vais être en retard.
Ele se desespera.
Il perd la tête.
Ele corre, e veja seu amor.
Il court, et voilà son amour.
Então você não acredita
Ainsi tu ne crois pas
Em meu amor?
À mon amour?
Não!
Mais non!
Está bem! Você vai me ouvir.
Eh bien! Tu m'entendras.
Não quero ouvir nada...
Je ne veux rien entendre...
Vai me ouvir!
Tu m'entendras!
Você vai se atrasar!
Tu vas te faire attendre!
Não! Não! Não! Não!
Non! Non! Non! Non!
(violentamente)
(violemment)
Você me escutará! Sim, me
Tu m'entendras! Oui, tu
escutará! Eu quero, Carmen, você
m'entendras! Je le veux, Carmen, tu
vai me ouvir!
m'entendras!
(com a mão esquerda ele agarra
(de la main gauche il a saisi
bruscamente o braço de Carmen;
brusquement le bras de Carmen; de
com a mão direita, ele procura sob
la main droite, il va chercher sous sa
a veste do uniforme a flor de cássia
veste d'uniforme la fleur de cassie
que Carmen lhe atirou no primeiro
que Carmen lui a jetée au premier
ato. Ele mostra esta flor para Carmen)
acte. Il montre cette fleur à Carmen)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118
José
Carmen
José
Carmen
José
A flor que você me atirou,
La fleur que tu m'avais jetée,
na minha prisão ela ficou,
dans ma prison m'était restée,
murcha e seca, esta flor
flétrie et sèche, cette fleur
guardou sempre seu doce odor;
gardait toujours sa douce odeur;
e durante horas inteiras,
et pendant des heures entières,
em meus olhos, fechadas as pálpebras,
sur mes yeux fermant mes paupières
com este perfume me embriagava
de cette odeur je m'enivrais
e à noite eu a via.
et dans la nuit je te voyais.
Eu me pegava amaldiçoando-lhe
Je me prenais à te maudire
detestando-a, dizendo-me:
à te détester, à me dire:
por que foi que o destino
pourquoi faut-il que le destin
teria a colocado em meu caminho?
l'ait mise là sur mon chemin?
Então, eu me acusava de blasfemo
Puis je m'accusais de blasphème
e sentia em mim
et je ne sentais en moi-même
Um desejo apenas, uma só esperança,
qu'un seul désir, un seul espoir,
revê-la, oh! Carmen, sim, reencontrá-la!
te revoir, ô Carmen, oui te revoir!
Pois você não precisaria mais que
Car tu n'avais eu qu'à
aparecer,
paraître,
que me olhar
qu'à jeter un regard sur moi
Para apossar-se de todo meu ser,
Pour t'emparer de tout mon être,
minha Carmen.
Ô ma Carmen.
E eu seria algo seu.
Et j'étais une chose à toi.
Carmen, eu te amo!
Carmen, je t'aime!
Não, você não me ama.
Non, tu ne m'aimes pas.
O que diz?
Que dis-tu?
Não, você não me ama, não!
Non, tu ne m'aimes pas, non!
Pois se você me amasse,
Car si tu m'aimais,
para lá, para lá você me seguiria.
là-bas, là-bas tu me suivrais.
Carmen!
Carmen!
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
Sim! Lá, lá nas montanhas...
Oui! Là-bas, là-bas dans la montagne...
Carmen!
Carmen!
Para lá, para lá você me seguiria,
Là-bas, là-bas tu me suivrais,
em seu cavalo me pegaria,
sur ton cheval tu me prendrais,
e como um guerreiro pelos
et comme un brave à travers la
campos,
campagne,
na garupa, me levaria.
en croupe, tu m'emporterais.
Para lá, lá nas montanhas...
Là-bas, là-bas dans la montagne...
Carmen!
Carmen!
Para lá, para lá você me seguiria.
Là-bas, là-bas tu me suivrais.
Você me seguiria, se você me amasse.
Tu me suivrais, si tu m'aimais.
Lá, você não dependeria de ninguém,
Tu n'y dépendrais de personne,
nada de oficial a quem devesse
point d'officier à qui tu doives
obedecer,
obéir,
e nada de retirada que soasse
et point de retraite qui sonne
dizendo ao amante que é
pour dire à l'amoureux qu'il est
hora de voltar.
temps de partir.
O céu aberto, a vida errante,
Le ciel ouvert, la vie errante,
por lugar, o universo, e por lei,
pour pays l'univers, et pour loi ta
sua vontade,
volonté,
e sobretudo, a coisa inebriante,
et surtout la chose enivrante,
a liberdade! A liberdade!
la liberté! La liberté!
Meu Deus!
Mon Dieu!
Para lá, para lá nas montanhas...
Là-bas, là-bas dans la montagne...
Carmen!
Carmen!
Para lá, para lá, se você me amasse...
Là-bas, là-bas, si tu m'aimais...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Cale-se!
Tais-toi!
Lá, lá, você me seguiria!
Là-bas, là-bas tu me suivrais!
Em seu cavalo me pegaria,
Sur ton cheval tu me prendrais,
e como um guerreiro pelos
et comme un brave à travers la
campos,
campagne,
você me levaria.
oui, tu m'emporterais
Se me amasse!
Si tu m'aimais!
Ah! Carmen, ai, cale-se!
Ah! Carmen, hélas, tais-toi!
Cale-se! Meu Deus!
Tais-toi! Mon Dieu!
Ai! Ai!
Hélas! Hélas!
Piedade! Carmen!
Pitié! Carmen!
Piedade!
Pitié!
Oh! Meu Deus! Ai!
Ô mon Dieu! Hélas!
Sim, não é?
Oui, n'est-ce pas?
Para lá, para lá me seguiria.
Là-bas, là-bas tu me suivras.
Para lá, para lá me seguiria.
Là-bas, là-bas tu me suivras.
Você me ama e me seguirá.
Tu m'aimes et tu me suivras.
Para lá, para lá, leve-me!
Là-bas, là-bas emporte-moi!
Ah! Cale-se! Cale-se!
Ah! Tais-toi! Tais-toi!
(agarrando bruscamente os
(s'arrachant brusquement des
braços de Carmen)
bras de Carmen)
Não, eu não quero mais escutá-la.
Non, je ne veux plus t'écouter
Deixar minha bandeira... Desertar
Quitter mon drapeau... déserter
é a vergonha, é a infâmia,
c'est la honte, c'est l'infamie,
eu não quero isso!
je n'en veux pas!
Bem, parta!
Eh bien, pars!
Carmen, eu te suplico.
Carmen, je t'en prie.
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
Não, eu não te amo mais, vai!
Non, je ne t'aime plus, va!
Eu te odeio!
Je te hais!
Escute! Carmen!
Écoute! Carmen!
Adeus! Mas adeus para sempre!
Adieu! Mais adieu pour jamais.
Bem, que seja! Adeus,
Eh bien, soit!... Adieu,
adeus para sempre.
adieu pour jamais.
Vai embora daqui!
Va-t'en!
Carmen! Adeus, adeus para sempre!
Carmen! Adieu, adieu pour jamais!
Adeus!
Adieu!
(ele vai correndo até a porta... no
(il va en courant jusqu'à la porte... au
momento que ele chega à porta,
moment où il y arrive, on frappe...
alguém bate... Don José para.
Don José s'arrête. Silence. On
Silêncio. Batem novamente)
frappe encore)
Olá, Carmen! Olá, olá!
Holà! Carmen! Holà! Holà!
Quem bate? Quem vem lá?
Qui frappe? Qui vient là?
Cale-se! Cale-se!
Tais-toi!... Tais-toi!
(fazendo a porta se abrir)
(faisant sauter la porte)
Abro eu mesmo e entro.
J'ouvre moi-même et j'entre.
(ele entra e vê Don José. A Carmen)
(iI entre et voit Don José. A Carmen)
Nº 17 Final
Zuniga
José
Carmen
Zuniga
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122
José
Zuniga
José
Zuniga
José
Carmen
Aff! Ah! Eca, bela,
Ah fi! Ah! Fi la belle,
a escolha não é feliz
le choix n'est pas heureux;
amancebar-se com um soldado
c'est se mésallier de prendre le soldat
quando tem o oficial.
quand on a l'officier.
(a Don José)
(à Don José)
Vamos! Suma!
Allons! Décampe.
Não.
Non.
Sim, você partirá.
Si fait, tu partiras.
Não partirei
Je ne partirai pas.
(atingindo-o)
(le frappant)
Maluco!
Drôle!
(saltando sobre seu sabre)
(sautant sur son sabre)
Trovão! Vai chover golpes!
Tonnerre! Il va pleuvoir des coups.
(Zuniga desembainha a metade de
(Zuniga dégaine à
seu sabre)
moitié)
(atirando-se entre os dois)
(se jetant entre eux deux)
Para o inferno o ciúme!
Au diable le jaloux!
(pedindo)
(appelant)
Venham! Venham!
À moi! À moi!
(o Dancaïre, o Remendado e os
(le Dancaïre, le Remendado et les
ciganos aparecem de todos os lados.
bohémiens paraissent de tous les
Com um gesto, Carmen mostra
côtés. Carmen d'un geste montre
Zuniga aos ciganos; o Dancaïre e o
Zuniga aux bohémiens; le Dancaïre
Remendado se jogam sobre ele e o
et le Remendado se jettent sur lui, le
desarmam)
désarment)
Belo oficial, belo oficial, o amor
Bel officier, bel officier, l'amour
deu-lhe, agora, uma sórdida
vous joue en ce moment un assez
volta
vilain tour,
você chegou em má hora e nós
vous arrivez fort mal et nous
somos forçados,
sommes forcés,
para não sermos denunciados,
ne voulant être dénoncés,
prendê-lo ao menos por
de vous garder au moins pendant
uma hora.
une heure.
O Remendado O Dancaïre
Meu caro senhor, meu caro
Mon cher monsieur, mon cher
Le Remendado Le Dancaïre
senhor,
monsieur,
vamos, se lhe agrada, deixar
nous allons s'il vous plaît quitter
esse lugar.
cette demeure.
Você virá conosco?
Vous viendrez avec nous?
Você virá conosco?
Vous viendrez avec nous?
É um passeio.
C'est une promenade.
O Remendado O Dancaïre
Concorda? Concorda?
Consentez-vous? Consentez-vous?
Le Remendado Le Dancaïre
Responde, camarada!
Répondez camarade!
Certamente,
Certainement,
ainda mais que seu argumento
d'autant plus que votre argument
é um daqueles
est un de ceux auxquels
irresistíveis.
on ne résiste guère.
Mas cuide-se mais tarde.
Mais gare à vous plus tard.
O Dancaïre
(filosofando)
(avec philosophie)
Le Dancaïre
A guerra, é a guerra.
La guerre, c'est la guerre.
Enquanto espera, oficial,
En attendant, mon officier,
vá andando sem fazer-se de rogado.
passez devant sans vous faire prier.
Carmen
Carmen
Zuniga
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124
Vá andando sem fazer-se de rogado.
Passez devant sans vous faire prier.
(Zuniga sai, conduzido por quatro
(Zuniga sort, emmené par quatre
ciganos, com a pistola na mão)
bohémiens, le pistolet à la main)
(a José)
(à José)
É um dos nossos, agora?
Es-tu des nôtres maintenant?
É preciso.
Il le faut bien.
Ah! A palavra não é galante,
Ah! Le mot n'est pas galant,
mas o que importa? Vai, você se
mais qu'importe, va, tu t'y
acostumará
feras
quando vir
quand tu verras
como é bela a vida errante,
comme c'est beau la vie errante,
por lugar, o universo,
pour pays l'univers,
por lei, sua vontade,
pour loi ta volonté,
e sobretudo a coisa inebriante:
et surtout la chose enivrante:
a liberdade! A liberdade!
la liberté! La liberté!
Siga-nos na campanha,
Suis-nous à travers la campagne,
venha conosco para a montanha,
viens avec nous dans la montagne,
siga-nos e acostumará, acostumará,
suis-nous et tu t'y feras, tu t'y feras
quando vir
quand tu verras, là-bas,
como é bela a vida errante,
comme c'est beau la vie errante,
por lugar, o universo,
pour pays l'univers;
por lei, sua vontade,
et pour loi sa volonté!
e, sobretudo, a coisa inebriante:
Et surtout la chose enivrante:
a liberdade!
la liberté!
O Remendado O Dancaïre
Amigo, siga-nos pelo campo,
Ami, suis-nous dans la campagne,
Le Remendado Le Dancaïre
venha conosco para a montanha,
viens avec nous à la montagne,
siga-nos e acostumará, acostumará,
suis-nous et tu t'y feras, tu t'y feras
O Remendado Le Remendado Coro Chœur
Carmen
José
Carmen
Frasquita Mercédès Carmen As mulheres Les femmes
Os homens Les Hommes
José
Todos Tous
quando vir
Quand tu verras, là-bas,
como é bela a vida errante,
comme c'est beau la vie errante,
por lugar, o universo,
pour pays l'univers;
por lei, sua vontade,
et pour loi sa volonté!
e, sobretudo, a coisa inebriante:
Et surtout la chose enivrante:
a liberdade!
la liberté!
Ah!
Ah!
O céu aberto, a vida errante
Le ciel ouvert, la vie errante,
por lugar, todo o universo,
pour pays tout l'univers
por lei, sua vontade
pour loi ta volonté,
e, sobretudo, a coisa inebriante:
et surtout la chose enivrante:
a liberdade! A liberdade!
la liberté! La liberté!
(rochas. Lugar pitoresco e selvagem.
(rochers. Site pittoresque et sauvage.
Completa solidão e noite escura.
Solitude complète et nuit noire.
Um contrabandista aparece no alto
Un contrebandier paraît au haut
das rochas, e logo outro, e mais
des rochers, puis un autre, puis
dois, e então vinte outros aqui e ali,
deux autres, puis vingt autres çà et
descendo e escalando o rochedo.
là, descendant et escaladant des
Os homens levam grandes pacotes
rochers. Des hommes portent de
sobre os ombros)
gros ballots sur les épaules)
Escute, escute, companheiro, escute,
Écoute, écoute, compagnon, écoute,
a fortuna ali está, ali,
la fortune est là-bas, là-bas,
mas cuidado no caminho,
mais prends garde pendant la route,
cuidado para não dar um
prends garde de faire un
passo em falso!
faux pas!
Ato III Act III
Nº 18 Introdução Introduction
Coro Chœur
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126
Nossa tarefa é boa,
Notre métier est bon,
mas para cumpri-la é preciso
mais pour le faire il faut
ter força de espírito,
avoir une âme forte,
e o perigo, o perigo encontra-se lá
et le péril, le péril est
em cima,
en haut,
lá embaixo, lá em cima,
il est en bas, il est en haut,
em todo lugar, que importa!
il est partout qu'importe!
Vamos em frente,
Nous allons devant nous,
sem preocupação com a torrente,
Sans souci du torrent,
sem preocupação com a tempestade,
sans souci de l'orage,
sem preocupação com os soldados,
sans souci du soldat,
que lá em baixo nos esperam
qui là-bas nous attend,
e nos vigiam passar.
et nous guette au passage.
Sem preocupação, seguimos adiante!
Sans souci, nous allons en avant!
Escute, companheiro, escute,
Écoute, compagnon, écoute,
a fortuna ali está, ali...
la fortune est là-bas, là-bas...
Mas cuidado no caminho,
Mais prends garde pendant la route,
cuidado para não dar um
prends garde de faire un
passo em falso.
faux pas.
Cuidado! Cuidado!
Prends garde! Prends garde!
O Dancaïre
Alto! Vamos parar aqui... Aqueles
Halte! Nous allons nous arrêter
Le Dancaïre
que têm sono poderão dormir por
ici... ceux qui ont sommeil pourront
meia hora...
dormir pendant une demi-heure...
O Remendado
(esticando-se sensualmente)
(s'étendant avec volupté)
Le Remendado
Ah!
Ah!
O Dancaïre
Eu vou ver se há meio de entrar
Je vais, moi, voir s'il y a moyen de faire
Le Dancaïre
com as mercadorias na cidade...
entrer les marchandises dans la ville...
Há uma brecha na muralha e nós
une brèche s'est faite dans le mur
poderíamos passar por lá; mas
d'enceinte et nous pourrions passer
Frasquita Mercédès Carmen José O Remendado Os homens Le Remendado Le Hommes
Diálogo falado Dialogue parlé
infelizmente, colocaram uma
par là; malheureusement on a mis un
sentinela para vigiar a brecha.
factionnaire pour garder cette brèche.
Lillas Pastia nos disse que, esta
Lillas Pastia nous a fait savoir que,
noite, esta sentinela seria um de
cette nuit, ce factionnaire serait un
nossos homens...
homme à nous...
O Dancaïre
Sim, mas Lillas Pastia poderá ter se
Oui, mais Lillas Pastia a pu se
Le Dancaïre
enganado... A sentinela a que ele
tromper... le factionnaire qu'il
se refere pode ter sido substituída...
veut dire a pu être changé... Avant
Antes de irmos mais longe, acho
d'aller plus loin je ne trouve pas
bom eu mesmo me assegurar
mauvais de m'assurer
disso...
moi-même...
(chamando)
(appelant)
Remendado!
Remendado!
O Remendado
(despertando-se)
(se réveillant)
Le Remendado
Oi?
Hé?
Levante-se, você vai vir comigo...
Debout, tu vas venir avec moi...
Mas, chefe...
Mais, patron...
O quê?
Qu'est-ce que c'est?
O Remendado
(se levantando)
(se levant)
Le Remendado
Aqui, chefe, aqui!
Voilà, patron, voilà!
Vamos, ande.
Allons, passe devant.
José
O Dancaïre Le Dancaïre
O Remendado Le Remendado
O Dancaïre Le Dancaïre
O Dancaïre Le Dancaïre
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128
O Remendado
E eu, que sonhava que iria poder
Et moi qui rêvais que j'allais pouvoir
Le Remendado
dormir...
dormir...
Era um sonho, infelizmente! Um
C'était un rêve, hélas! C'était un
sonho!
rêve!
(ele sai, seguido pelo Dancaïre.
(il sort suivi du Dancaïre. Pendant
Durante a cena, entra Carmen e José,
la scène entre Carmen et José,
alguns ciganos acendem o fogo,
quelques bohémiens allument un feu
perto do qual Mercédès e Frasquita
près duquel Mercédès et Frasquita
vêm se sentar, os outros enrolam-se
viennent s'asseoir, les autres se
em suas mantas, deitam-se e
roulent dans leurs manteaux, se
adormecem)
couchent et s'endorment)
Vejamos, Carmen... Se eu lhe falei
Voyons, Carmen... si je t'ai parlé trop
de modo muito duro, peço perdão
durement, je t'en demande pardon,
por isso, façamos as pazes.
faisons la paix.
Não.
Non.
Você não me ama mais, então?
Tu ne m'aimes plus, alors?
O que é certo é que te amo
Ce qui est sûr, c'est que je t'aime beau-
menos que antes... E que se você
coup moins qu'autrefois... et que si
continuar a se comportar deste
tu continues à t'y prendre de cette fa-
modo, terminarei por não te amar
çon-là, je finirai par ne plus t'aimer du
nada... Não quero ser atormentada,
tout... Je ne veux pas être tourmentée
tampouco mandada. O que quero é
ni surtout commandée. Ce que je veux,
ser livre e fazer o que me agrada.
c'est être libre et faire ce qui me plaît.
Você é o demônio, Carmen!
Tu es le diable, Carmen?
Sim. O que é que você vê lá? O que
Oui. Qu'est-ce que tu regardes là, à
pensa?
quoi penses-tu?
Eu digo a mim mesmo que lá... A sete
Je me dis que là-bas... à sept ou
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
ou oito léguas daqui, no máximo, há
huit lieues d'ici tout au plus, il y a un
um vilarejo, e nele uma boa e velha
village, et dans ce village une bonne
senhora que acredita que eu ainda
vieille femme qui croit que je suis
sou um homem honesto.
encore un honnête homme...
Uma boa e velha senhora?
Une bonne vieille femme?
Sim; minha mãe.
Oui; ma mère.
Sua mãe... certo, pois bem, você
Ta mère... eh bien là, vrai, tu ne
não faria mal em ir visitá-la, pois
ferais pas mal d'aller la retrouver,
decididamente você não foi feito
car décidément tu n'es pas fait pour
para viver conosco... cães e lobos
vivre avec nous... chien et loup ne
não casam bem por muito tempo...
font pas longtemps bon ménage...
Carmen...
Carmen...
Sem contar que a tarefa é perigosa
Sans compter que le métier n'est
para aqueles que, como você,
pas sans péril pour ceux qui, comme
recusam-se a esconder-se quando
toi, refusent de se cacher quand
ouvem tiros de fuzil... Vários de
ils entendent des coups de fusil...
nossos aqui morreram, sua vez
plusieurs des nôtres y ont laissé leur
chegará.
peau, ton tour viendra.
E a sua também... Se agora você me
Et le tien aussi... si tu me parles
falar novamente em separar-nos e se
encore de nous séparer et si tu ne
você não comportar-se comigo como
te conduis pas avec moi comme je
eu quero que você se comporte...
veux que tu te conduises...
Você me mataria, talvez?
Tu me tuerais, peut-être?
(José não responde)
(José ne répond pas)
Em boa hora... Eu vi várias vezes
A la bonne heure... j'ai vu plusieurs
nas cartas que nós devemos acabar
fois dans les cartes que nous
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130
juntos...
devions finir ensemble.
Bah! O que tiver que ser, será...
Bah! Arrive qui plante...
Você é o demônio, Carmen!
Tu es le diable, Carmen?...
Mas claro, eu já lhe disse isso...
Mais oui, je te l'ai déjà dit...
(ela dá as costas para José — após
(elle tourne le dos à José — après un
um instante de indecisão, José
instant d'indécision, José s'éloigne
se afasta e vai se esticar sobre as
à son tour et va s'étendre sur les
rochas — Mercédès e Frasquita
rochers — Mercédès et Frasquita ont
põem as cartas diante delas)
étalé des cartesdevant elles)
Frasquita
Embaralhemos!
Mêlons!
Mercédès
Embaralhemos!
Mêlons!
Frasquita
Cortemos!
Coupons!
Mercédès
Cortemos.
Coupons.
Frasquita
Bem, é isto.
Bien, c'est cela.
Mercédès
Bem, é isto.
Bien, c'est cela.
Frasquita
Três cartas aqui...
Trois cartes ici...
Mercédès
Três cartas aqui...
Trois cartes ici...
Frasquita
Quatro lá!
Quatre là!
Mercédès
Quatro lá.
Quatre là.
José
Carmen
Nº 19 Trio
Mercédès Frasquita
E agora, falem, gracinhas,
Et maintenant, parlez, mes belles,
do futuro tragam-nos as novidades;
de l'avenir donnez-nous des nouvelles;
digam-nos quem nos trairá,
dites-nous qui nous trahira,
digam-nos que nos amará.
dites-nous qui nous aimera.
Falem, falem!
Parlez, parlez!
Falem, falem!
Parlez, parlez!
digam-nos quem nos trairá,
Dites-nous qui nous trahira,
digam-nos quem nos amará.
dites-nous qui nous aimera.
Mercédès
Falem! Falem!
Parlez! Parlez!
Frasquita
Falem! Falem!
Parlez! Parlez!
Eu vejo um jovem apaixonado
Moi, je vois un jeune amoureux
que não me poderia amar mais.
qui m'aime on ne peut davantage.
O meu é muito rico e muito velho,
Le mien est très riche et très vieux
mas me fala em casamento.
Mais il parle de mariage.
Eu monto em seu cavalo,
Je me campe sur son cheval,
e ele me leva pela montanha.
et dans la montagne il m'entraîne.
Em um quase palácio real,
Dans un château presque royal,
o meu me faz soberana.
le mien m'installe en souveraine.
Do amor inesgotável,
De l'amour à n'en plus finir,
todos os dias novas folias.
tous les jours nouvelles folies.
De todo ouro que possa ter,
De l'or tant que j'en puis tenir,
os diamantes... As pedrarias.
des diamants... des pierreries.
O meu torna-se um famoso líder,
Le mien devient un chef fameux,
cem homens o seguem.
cent hommes marchent à sa suite.
O meu, não acreditarão meus olhos
Le mien, en croirai-je mes yeux
sim... Ele morre!
oui... Il meurt!
Mercédès
Frasquita
Mercédès
Frasquita
Mercédès
Frasquita
Mercédès
Frasquita
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 132
Mercédès Frasquita
Mercédès
Frasquita
Carmen
Ah, sou viúva
Ah je suis veuve
e herdeira.
et j'hérite.
Falem de novo, falem, gracinhas,
Parlez encore, parlez, mes belles,
do futuro tragam-nos as novidades;
de l'avenir donnez-nous des nouvelles;
digam-nos quem nos trairá,
dites-nous qui nous trahira,
digam-nos quem nos amará.
dites-nous qui nous aimera.
Falem de novo! Falem de novo!
Parlez encore! Parlez encore!
(elas recomeçam a consultar
(elles recommencent à consulter
as cartas)
les cartes)
Fortuna!
Fortune!
Amor!
Amour!
(Carmen desde o início da cena
(Carmen depuis le commencement
segue olhando o jogo de
de la scène suivant du regard le jeu
Mercédès e Frasquita)
de Mercédès et de Frasquita)
Vejamos, que eu tente minha vez.
Donez, que j'essaie à mon tour.
(ela desvira as cartas)
(elle se met à tourner les cartes)
Ouros, espadas... A morte!
Carreau, pique... la mort!
Eu li direito... Eu primeiro.
J'ai bien lu... moi d'abord.
Em seguida ele... Para todos os dois,
Ensuite lui... pour tous les deux
a morte.
la mort.
Em vão, para evitar as respostas
En vain pour éviter les réponses
amargas,
amères,
em vão embaralhará,
en vain tu mêleras,
isto não serve para nada, as cartas
cela ne sert à rien, les cartes sont
são sinceras
sincères
e não mentirão jamais.
et ne mentiront pas.
Mercédès Frasquita
Carmen
Frasquita
Mercédès
Carmen
Se é feliz no alto
Dans le livre d'en haut,
da página de seu livro,
si ta page est heureuse,
embaralhe e corte sem medo,
mêle et coupe sans peur,
as cartas entre seus dedos
la carte sous tes doigts
virarão graciosas
se tournera joyeuse
anunciando a felicidade.
T'annonçant le bonheur.
Mas se você deve morrer,
Mais si tu dois mourir,
se a palavra letal
si le mot redoutable
está escrita pela sorte,
est écrit par le sort,
recomece vinte vezes
recommence vingt fois
a carta impiedosa
la carte impitoyable
repetirá: a morte!
Répétera: la mort!
Sim, se você deve morrer
Oui, si tu dois mourir,
recomece vinte vezes
recommence vingt fois
a carte impiedosa
la carte impitoyable
repetirá: a morte.
repetera: la mort.
De novo! De novo! Sempre a morte.
Encor! Encor! Toujours la mort.
Falem de novo
Parlez encor
falem, gracinhas,
parlez, mes belles,
do futuro tragam-nos as novidades;
de l'avenir donnez-nous des nouvelles;
digam-nos quem nos trairá,
dites-nous qui nous trahira,
digam-nos quem nos amará.
dites-nous qui nous aimera.
Fortuna! Amor!
Fortune! Amour!
De novo! De novo!
Encor! Encor!
O desespero!
Le désespoir!
A morte, a morte. De novo!
La mort, la mort. Encor!
A morte. Sempre a morte.
La mort. Toujours la mort.
Fortuna!
Fortune!
Amor!
Amour!
Sempre a morte!
Toujours la mort!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134
Todas as três
De novo! De novo! De novo! De novo!
Encor! Encor! Encor! Encor!
(voltam o Dancaïre e o Remendado)
(rentrent le Dancaïre et le Remendado)
Então?
Eh bien?
O Dancaïre
Então, tenho razão em não confiar
Eh bien, j'avais raison de ne pas me
Le Dancaïre
nas informações de Lillas Pastia;
fier aux renseignements de Lillas
nós encontramos sua sentinela, mas
Pastia; nous n'avons pas trouvé
em compensação descobrimos três
son factionnaire, mais en revanche
aduaneiros que vigiavam a brecha
nous avons aperçu trois douaniers
e que a vigiavam bem, eu lhes
qui gardaient la brêche et qui la
asseguro.
gardaient bien, je vous assure.
Sabe o nome destes
Savez-vous leurs noms à ces
aduaneiros?
douaniers?
O Remendado
Claro que sabemos seus nomes; se
Certainement nous savons leurs noms;
Le Remendado
nós não os conhecêssemos, quem
qui est-ce qui connaîtrait les douaniers
os conheceria? Estavam Eusebio,
si nous ne les connaissions pas? Il y
Perez e Bartolomé.
avait Eusebio, Perez et Bartolomé.
Eusebio...
Eusebio...
Perez...
Perez...
E Bartolomé...
Et Bartolomé...
(rindo)
(en riant)
Não tenha medo, Dancaïre,
N'ayez pas peur, Dancaïre, nous
nós cuidaremos de seus três
vous en répondons de vos trois
Toutes les trois
Diálogo falado Dialogue parlé
Carmen
Carmen
Frasquita
Mercédès
Carmen
aduaneiros...
douaniers...
(furioso)
(furieux)
Carmen!
Carmen!
O Dancaïre
Ah! Você, deixe-nos em paz com
Ah! toi, tu vas nous laisser
Le Dancaïre
sua ciumeira... O dia está chegando
tranquilles avec ta jalousie... le jour
e não temos tempo a perder... A
vient et nous n'avons pas de temps
caminho, crianças.
à perdre... En route, les enfants.
(começam a pegar os pacotes)
(on commence à prendre les ballots)
Quanto a você...
Quant à toi...
(dirigindo-se à José)
(s'adressant à José)
Eu lhe confio a vigia das
je te confie la garde des
mercadorias que nós não
marchandises que nous n'emportons
levaremos... Coloque-se ali, naquele
pas... Tu vas te placer là, sur cette
alto... Ali você verá perfeitamente
hauteur... tu y seras à merveille pour
se estamos sendo seguidos... No
voir si nous sommes suivis... dans
caso de perceber alguém, eu
le cas où tu apercevrais quelqu'un,
autorizo-lhe a descontar sua raiva
je t'autorise à passer ta colère sur
no indiscreto — Preparados?
l'indiscret — Nous y sommes?
Sim, chefe.
Oui, patron.
Então, a caminho...
En route alors...
(às mulheres)
(aux femmes)
Mas vocês não vão se apaixonar,
Mais vous ne vous flattez pas, vous
cuidem de verdade destes três
me répondez vraiment de ces trois
aduaneiros!
douaniers?
José
O Remendado Le Remendado
O Dancaïre Le Dancaïre
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136
Carmen
Não tenha medo, Dancaïre.
N'ayez pas peur, Dancaïre.
O aduaneiro é nosso assunto,
Quant au douanier c'est notre affaire,
como todos os outros, ele
tout comme un autre il aime
adora agradar,
à plaire,
adora fazer-se de galante.
il aime à faire le galant.
Ah! Deixe-nos passar adiante.
Ah! Laissez-nous passer en avant.
O aduaneiro é nosso assunto,
Quant au douanier c'est notre affaire.
como todos os outros, ele adora
Tout comme un autre il aime
agradar,
à plaire.
adora fazer-se de galante.
Il aime à faire le galant,
Ah! Deixe-nos passar adiante.
ah! Laissez-nous passer en avant.
Ele adora agradar!
Il aime à plaire!
O aduaneiro será clemente!
Le douanier sera clément!
Ele é galante!
Il est galant!
O aduaneiro será encantador!
Le douanier sera charmant!
Ele adora agradar!
Il aime à plaire!
Mercédès
O aduaneiro será galante!
Le douanier sera galant!
Frasquita
Sim, o aduaneiro será até
Oui le douanier sera même
audacioso!
entreprenant!
Sim, o aduaneiro é assunto nosso/
Oui le douanier c'est notre/
delas!
leur affaire!
Nº 20 Pedaço do conjunto Morceau d'ensemble
Frasquita Mercédès Carmen
Frasquita Mercédès Carmen As mulheres Les femmes
Todos Tous
Frasquita
Todos Tous
Carmen
Todos Tous
Todos Tous
Frasquita Mercédès Carmen
Coro Chœur
Frasquita Mercédès Carmen
Todos Tous
Como todos os outros ele gosta de
Tout comme un autre il aime
agradar,
à plaire,
adora fazer-se de galante.
il aime à faire le galant.
Deixe-nos passar adiante!
Laissez-nous les passer en avant!
Não se trata de batalha,
Il ne s'agit plus de bataille,
não, trata-se simplesmente
non, il s'agit tout simplement
de deixar-se secar
de se laisser prendre la taille
E de escutar um elogio.
Et d'écouter un compliment.
Se precisar chegar ao sorriso,
S'il faut aller jusqu'au sourire,
o que quer? A gente ri,
que voulez-vous? on sourira,
e de pronto, posso garantir,
et d'avance je puis le dire,
o contrabando passará.
la contrebande passera.
E de pronto, posso garantir,
Et d'avance je puis le dire
o contrabando passará.
La contrebande passera!
Avante! Marchemos! Vamos!
En avant! Marchons! Allons!
Avante! O aduaneiro é assunto
En avant! Le douanier c'est notre
nosso!
affaire!
Sim, o aduaneiro é assunto nosso/
Oui le douanier c'est notre/
delas!
leur affaire!
Como todos os outros ele gosta de
Tout comme un autre il aime
agradar,
à plaire,
adora fazer-se de galante.
il aime à faire le galant.
Deixe-nos passar adiante!
Laissez-nous les passer en avant!
(todo mundo sai — José fecha a
(tout le monde sort — José ferme
marcha e sai examinando o pavio de
la marche et sort en examinant
sua carabina; um pouco antes que
l'amorce de sa carabine; un peu
ele tenha saído, vemos a cabeça
avant qu'il soit sorti, on voit un
de um homem passar por cima das
homme passer sa tête au-dessus du
rochas. É um guia)
rocher. C'est un guide)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138
Diálogo falado Dialogue parlé
O guia Le Guide
Micaëla
O guia Le Guide
Micaëla
O guia Le Guide
Micaëla
O guia Le Guide
(ele avança cuidadosamente,
(il s'avance avec précaution, puis
e então faz um sinal para Micaëla
fait un signe à Micaëla que l'on
que não vemos ainda)
ne voit pas encore)
Chegamos.
Nous y sommes.
(entrando)
(entrant)
É aqui?
C'est ici?
Lugar horrível, não é? E nem um
Oui, vilain endroit, n'est-ce pas, et
pouco confortável.
pas rassurant du tout?
Não vejo ninguém.
Je ne vois personne.
Acabaram de partir, mas voltarão
Ils viennent de partir mais il
em breve, pois não levaram
reviendront bientôt, car ils n'ont pas
todas as mercadorias...
emporté toutes leurs marchandises...
Eu conheço seus hábitos...
je connais leurs habitudes... Prenez
Cuidado... Um dos seus deve
garde... un des leurs doit être en
estar de sentinela em algum lugar
sentinelle quelque part et si l'on
e se ele nos notar...
nous apercevait...
Eu espero que me notem... Pois
Je l'espère bien qu'on m'apercevra...
vim aqui justamente para falar
puisque je suis venue ici tout
com... Para falar com um dos
justement pour parler à... pour
contrabandistas...
parler à un de ces contrebandiers...
Bem, verdade, você pode se
Eh bien là, vrai, vous pouvez vous
vangloriar de ter coragem... Há
vanter d'avoir du courage... tout à
pouco, quando encontrávamo-
l'heure quand nous nous sommes
-nos no meio do bando de touros
trouvés au milieu de ce troupeau de
selvagens que conduziam o
taureaux sauvages que conduisait
célebre Escamillo, você não
le célèbre Escamillo, vous n'avez
tremeu... E agora, vir
pas tremblé... Et maintenant venir
afrontar estes ciganos.
affronter ces bohémiens.
Não sou de assustar fácil.
Je ne suis pas facile à effrayer.
Você diz isso porque estou perto
Vous dites cela parce que je suis
de você, mas se você estivesse
près de vous, mais si vous étiez
sozinha.
toute seule.
Não tenho medo, eu lhe asseguro.
Je n'aurais pas peur, je vous assure.
O guia Le Guide
Verdade?
Bien vrai?
Micaëla
Verdade...
Bien vrai...
(ingenuamente)
(naïvement)
Então, eu peço sua permissão para
Alors je vous demanderai la
ir embora. Eu aceitei lhe servir
permission de m'en aller. J'ai consenti
de guia porque você me pagou
à vous servir de guide parce que vous
bem; mas agora que você chegou,
m'avez bien payé; mais maintenant
se isto não lhe incomoda, eu irei
que vous êtes arrivée... si ça ne vous
esperá-la lá onde me encontrou...
fait rien, j'irai vous attendre là, où vous
No albergue que é aos pés da
m'avez (trouver) pris... à l'auberge qui
montanha.
est au bas de la montagne.
Que seja assim, vá me esperar!
C'est cela, allez m'attendre!
Está decidida a ficar?
Vous restez décidément?
Sim, eu fico!
Oui, je reste!
Que todos os santos do paraíso
Que tous les saints du paradis vous
protejam-na então, mas é uma ideia
soient en aide alors, mais c'est une
maluca que você tem.
drôle d'idée que vous avez là.
Micaëla
O guia Le Guide
Micaëla
O guia Le Guide
Micaëla
O guia Le Guide
Micaëla
O guia Le Guide
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140
Nº 21 Ária Air
Micaëla
Eu digo que nada me aterroriza,
Je dis que rien ne m'épouvante,
eu digo, infelizmente, que respondo
je dis hélas que je réponds
por mim,
de moi,
mas é inútil fazer-me de valente,
mais j'ai beau faire la vaillante,
no fundo do coração, eu morro
au fond du cœur, je meurs
de medo
d'effroi
só, neste lugar selvagem
seule, en ce lieu sauvage
sozinha, tenho medo,
toute seule, j'ai peur,
mas tenho culpa por ter medo,
mais j'ai tort d'avoir peur,
você me dará coragem,
vous me donnerez du courage,
você me protegerá, Senhor.
vous me protégerez, Seigneur.
Eu vou ver de perto estas mulheres
Je vais voir de près cette femme
cujos artifícios malditos
dont les artifices maudits
terminaram por fazer infame
ont fini par faire un infâme
aquele que antes amava;
de celui que j'aimais jadis;
ela é perigosa, ela é bela,
elle est dangereuse, elle est belle,
mas eu não quero ter medo!
mais je ne veux pas avoir peur,
Não, não, eu não quero ter medo!
non, non je ne veux pas avoir peur!
Eu falarei alto diante dela,
Je parlerai haut devant elle,
ah! Senhor... Você me protegerá.
ah! Seigneur... Vous me protégerez.
Me proteja! Oh Senhor!
Protégez-moi! O Seigneur!
Dê-me coragem!
Donnez-moi du courage! Protégez-
Me proteja! Oh Senhor! Dê-me
moi! O Seigneur! Protégez-moi!
coragem!
Seigneur!
Mas... Eu não me engano... A cem
Mais... je ne me trompe pas... à cent
passos daqui... Sobre o rochedo
pas d'ici... sur ce rocher, c'est Don
está Don José.
José.
Diálogo falado Dialogue parlé
Micaëla
Escamillo
José
Escamillo
(chamando)
(appelant)
José, José!
José, José!
(aterrorizada)
(avec terreur)
Mas o que ele está fazendo? Ele
Mais que fait-il? Il ne
não olha para o meu lado... Ele está
regarde pas de mon côté... il
armando sua carabina, ele ajusta...
arme sa carabine, il ajuste...
Ele atira...
il fait feu...
(escutamos um tiro)
(on entend un coup de feu)
Ah! Meu Deus, fui muita pretensão
Ah! Mon Dieu j'ai trop présumé de
achar que tenho coragem... Tenho
mon courage...j'ai
medo... Tenho medo.
peur ... j'ai peur.
(ela desaparece atrás dos rochedos.
(elle disparaît derrière les rochers.
Neste momento entra Escamillo com
Au même moment entre Escamillo
seu chapéu na mão)
tenant son chapeau à la main)
(olhando seu chapéu)
(regardant son chapeau)
Alguns centímetros mais baixo... E
Quelques lignes plus bas... et
já não seria mais eu, no próximo
ce n'est pas moi qui, à la course
torneio, a (não teria) ter o prazer
prochaine, (je n’) aurais (pas) eu le
de lutar com os touros que estou
plaisir de combattre les taureaux
conduzindo.
que je suis en train de conduire.
(com sua faca na mão)
(son couteau à la main)
Quem é você? Responda.
Qui êtes-vous? Répondez.
(calmamente)
(très calme)
Opa... Devagar!
Eh là... doucement!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 142
Nº 22 Duo
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
Eu sou Escamillo,
Je suis Escamillo,
toureiro de Granada.
torero de Grenade.
Escamillo!
Escamillo!
Sou eu.
C'est moi.
(guardando a faca na cintura)
(remettant son couteau à sa ceinture)
Conheço seu nome,
Je connais votre nom,
seja bem-vindo,
soyez le bienvenu;
mas sinceramente, camarada,
mais vraiment, camarade,
você poderia ter acabado aí.
vous pouviez y rester.
Não digo que não,
Je ne vous dis pas non,
mas, meu caro, sou apaixonado
mais je suis amoureux, mon cher,
pela loucura,
à la folie,
e seria um pobre companheiro
et celui-là serait un pauvre compagnon
quem, para ver seus amores,
qui, pour voir ses amours,
não arriscasse sua vida.
ne risquerait sa vie.
Aquela que você ama está aqui?
Celle que vous aimez est ici?
Justamente.
Justement.
É uma cigana, meu caro.
C'est une zingara, mon cher.
E ela se chama?
Elle s'appelle?
Carmen.
Carmen.
Carmen!?
Carmen!?
Carmen! Sim, meu caro.
Carmen! Oui, mon cher.
Ela tinha como amante
Elle avait pour amant
um soldado que outrora
un soldat qui jadis
desertou por ela.
a déserté pour elle.
Carmen!
Carmen!
Eles se adoravam,
Ils s'adoraient,
mas acabou, eu creio.
mais c'est fini, je crois.
Os amores de Carmen
Les amours de Carmen
não duram mais que seis meses.
ne durent pas six mois.
No entanto, você a ama...
Vous l'aimez cependant...
Eu a amo.
Je l'aime.
Eu a amo sim, meu caro,
Je l'aime, oui, mon cher
eu a amo enlouquecidamente!
Je l'aime à la folie!
Mas para nos tirar uma garota
Mais pour nous enlever nos filles
da Boêmia,
de Bohème,
você bem sabe que é preciso pagar?
savez-vous bien qu'il faut payer?
Escamillo
Que seja, a gente paga.
Soit, on paiera.
José
E que o preço se paga a
Et que le prix se paie à
golpes de navalha.
coups de navaja.
(surpreso)
(surpris)
A golpes de navalha?
A coups de navaja?
Entende?
Comprenez-vous?
O discurso é claríssimo.
Le discours est très net.
O desertor, o belo soldado
Ce déserteur, ce beau soldat
que ela ama
qu'elle aime
ou, ao menos, que ela amava,
ou du moins qu'elle aimait,
José
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144
José
Escamillo
José
Escamillo
José Escamillo
Escamillo
é você, então?
c'est donc vous?
Sim, sou eu mesmo.
Oui, c'est moi-même.
Estou contente com isso, meu caro,
J'en suis ravi, mon cher,
e a volta é completa.
et le tour est complet.
(todos os dois, as navalhas em mão,
(tous les deux, la navaja la main,
se envolvem em seus mantos)
se drapent dans leurs manteaux)
Enfim minha raiva
Enfin ma colère
encontra a quem falar.
trouve à qui parler.
Sim, o sangue, eu espero,
Oui, le sang, je l'espère,
em breve derramar.
va bientôt couler.
Que falta de modos;
Quelle maladresse;
realmente, riria disso!
j'en rirais vraiment!
Procurar a amante
Chercher la maîtresse
E encontrar o amante.
Et trouver l'amant.
Em posição
Mettez-vous en garde
E cuide-se.
Et veillez sur vous.
Pior para que demorar-se
Tant pis pour qui tarde
a evitar os golpes.
a parer les coups.
Em guarda, vamos!
Mettez-vous en garde
Cuide-se!
Veillez sur vous!
(eles se põem em guarda
(ils se mettent en garde
a uma certa distância)
à une certaine distance)
Eu a conheço,
Je la connais,
sua guarda navarra,
ta garde navarraise,
e previno-lhe como amigo,
et je te préviens en ami,
que ela não vale de nada...
qu'elle ne vaut rien...
(sem responder, Don José marcha
(sans répondre, Don José marche
sobre Escamillo)
sur Escamillo)
À vontade.
A ton aise.
Ao menos, eu o adverti.
Je t'aurai du moins averti.
(combate; Escamillo muito calmo
(combat; Escamillo très calme
procura somente se defender)
cherche seulement à se défendre)
Você está me poupando, maldito.
Tu m'épargnes, maudit.
Nesta briga de faca
A ce jeu de couteau
eu sou muito bom para você.
je suis trop fort pour toi.
Vejamos isto então.
Voyons cela.
(rápido e muito animado corpo a
(rapide et très vif engagement corps
corpo. José encontra-se à mercê de
à corps. José se trouve à la merci
Escamillo que não o atinge)
d'Escamillo qui ne le frappe pas)
Chega.
Tout beau.
Sua vida é minha, mas resumindo
Ta vie est à moi, mais en somme
tenho por trabalho atingir o touro,
j'ai pour métier de frapper le taureau,
não perfurar coração de homem.
Non de trouer le cœur de l'homme.
Acerte ou morra.
Frappe ou bien meurs
Isto não é um jogo.
Ceci n'est pas un jeu.
(retirando-se)
(se dégageant)
Que seja, mas ao menos respire
Soit, mais au moins respire
um pouco.
un peu.
José
Em posição!
En garde!
Escamillo
Em posição!
En garde!
José
Escamillo
José
Escamillo
José
Escamillo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 146
José Escamillo
Em posição
Mettez-vous en garde
E cuide-se.
Et veillez sur vous!
Pior para quem demorar-se
Tant pis pour qui tarde
a evitar os golpes.
a parer les coups.
Em guarda, vamos!
En garde, allons!
Cuide-se! Cuide-se!
Veillez sur vous! Veillez sur vous!
(após o primeiro conjunto, retomada
(après le dernier ensemble, reprise
do combate. Escamillo escorrega e
du combat. Escamillo glisse et tombe
cai — entram Carmen e o Dancaïre;
— entrent Carmen et le Dancaïre;
Carmen segura o braço de Don José
Carmen arrête le bras de Don José —
— o Remendado, Mercédès, Frasquita
le Remendado, Mercédès, Frasquita
e os contrabandistas entram neste
et les contrebandiers rentrent
ínterim)
pendant ce temps)
Carmen
Olá! Olá! José!
Holà! Holà! José!
Escamillo
(se levantando)
(se relevant)
Certo, tenho a alma contente
Vrai, j'ai l'âme ravie
que tenha sido você, Carmen,
Que ce soit vous, Carmen,
que me salvou a vida.
qui me sauviez la vie.
Escamillo!
Escamillo!
Quanto a você, belo soldado,
Quant à toi, beau soldat,
estamos empatados
nous sommes manche à manche
e disputaremos a bela
et nous jouerons la belle
no dia que você quiser
le jour où tu voudras
o combate retomar.
reprendre le combat.
O Dancaïre
Está bem, está bem, não mais querelas,
C'est bon, c'est bon, plus de querelle,
Le Dancaïre
nós, nós vamos partir.
nous, nous allons partir.
Nº 23 Final
Carmen
Escamillo
Escamillo
José
(a Escamillo)
(à Escamillo)
E você... E você, amigo, boa noite.
Et toi... et toi, l'ami, bonsoir.
Permitam-me ao menos
Souffrez au moins
que antes de lhes dizer adeus,
qu'avant de vous dire au revoir,
eu os convide a todos para as
je vous invite tous aux courses de
corridas de Sevilha.
Séville.
De minha parte, espero ali brilhar
Je compte pour ma part y briller
fazendo o meu melhor,
de mon mieux,
e quem me ama, por lá estará.
et qui m'aime y viendra.
(olhando para Carmen)
(regardant Carmen)
E quem me ama, por lá estará!
Et qui m'aime y viendra!
(a Don José, que faz um gesto de
(à Don José qui fait un geste de
ameaça)
menace)
Amigo, fique tranquilo, eu disse tudo,
L'ami, tiens-toi tranquille, j'ai tout dit,
sim, eu disse tudo e só estou aqui
oui, j'ai tout dit et je n'ai plus ici qu'à
para dizer adeus...
faire mes adieux...
(jogo de cena: Don José tenta se
(jeu de scène. Don José veut
atirar sobre o toureiro. O Dancaïre e
s'élancer sur le torero. Le Dancaïre
o Remendado o seguram. Escamillo
et le Remendado le retiennent.
sai muito lentamente)
Escamillo sort très lentement)
(a Carmen)
(à Carmen)
Cuidado,
Prends garde à toi,
Carmen... Estou cansado de sofrer...
Carmen... je suis las de souffrir...
(Carmen responde-lhe com
(Carmen lui répond par
um ligeiro dar de ombros e
un léger haussement d'épaules et
distancia-se dele)
s'éloigne de lui)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 148
O Dancaïre
Andem... Andem... Precisamos partir.
En route... en route... Il faut partir.
Andem... Andem... Precisamos partir.
En route... en route... Il faut partir.
O Remendado
Alto! Há alguém ali
Halte!... Quelqu'un est là
Le Remendado
tentando se esconder.
qui cherche à se cacher.
(ele traz Micaëla)
(il amène Micaëla)
Uma mulher!
Une femme!
Por Deus, a surpresa é boa!
Pardieu, la surprise est heureuse.
(reconhecendo Micaëla)
(reconnaissant Micaëla)
Micaëla!
Micaëla!
Don José!
Don José!
Infeliz!
Malheureuse!
O que vem fazer aqui?
Que viens-tu-faire ici?
Eu, venho lhe procurar.
Moi, je viens te chercher.
lá é a cabana
Là-bas est la chaumière
onde, sem cessar, orando
ou, sans cesse priant,
uma mãe, sua mãe,
une mère, ta mère,
infelizmente chora por seu menino...
pleure hélas sur son enfant...
Ela chora e o chama,
Elle pleure et t'appelle,
ela chora e estende-lhe os braços;
elle pleure et te tend les bras;
tenha pena dela, José
tu prendras pitié d'elle, José,
Ah! José, você me seguirá,
ah! José, tu me suivras,
você me seguirá.
tu me suivras.
Vai lá! Vai lá! Você fará bem,
Va-t'en! Va-t'en! Tu feras bien,
nossos negócios não significam
notre métier ne te
Le Dancaïre
Todos Tous
Carmen
O Dancaïre Le Dancaïre
José
Micaëla
José
Micaëla
Carmen
José
Carmen
José
Micaëla
Todos Tous
José
Todos Tous
José
nada para você.
vaut rien.
(a Carmen)
(à Carmen)
Você me fala para segui-la?
Tu me dis de la suivre?
Sim, você deveria partir.
Oui, tu devrais partir.
Você me diz para segui-la
Tu me dis de la suivre
para que você possa correr
pour que toi tu puisses courir
atrás de seu novo amante.
apres ton nouvel amant.
Não, certamente,
Non, vraiment,
mesmo que me custe a vida,
dût-il m'en coûter la vie,
não, eu não partirei,
non, je ne partirai pas,
e o laço que nos liga
et la chaîne qui nous lie
nos ligará até à morte...
nous liera jusqu'au trépas...
Mesmo que me custe a vida
Dût-il m'en coûter la vie
não, não, não, eu não partirei!
non, non, non je ne partirai pas!
Escute-me, eu lhe imploro,
Écoute-moi, je t'en prie,
sua mão estende-lhe os braços,
ta mère te tend les bras,
este laço que o prende,
cette chaîne qui te lie,
José, você o quebrará.
josé, tu la briseras.
Infelizmente, José!
Hélas, José!
Isso custará sua vida, José,
Il t'en coûtera la vie, José,
e o laço que os liga,
si tu ne pars pas,
se você não partir,
et la chaîne qui vous lie
se romperá com sua morte.
Se rompra par ton trépas.
Deixe-me,
Laisse-moi,
pois estou condenado!
car je suis condamné!
José, cuidado!
José, prends garde!
Ah! Eu a tenho, menina maldita,
Ah! Je te tiens, fille damnée,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 150
Todos Tous
Micaëla
José
Micaëla
José
Escamillo
eu a tenho,
je te tiens,
e eu a forçarei
et je te forcerai bien
a enfrentar o seu destino
à subir la destinée
que prende sua sorte à minha.
qui rive ton sort au mien.
Mesmo que custe minha vida,
Dut-il m'en coûter la vie,
não, não, não, eu não partirei!
non, non, non je ne partirai pas!
Ah, cuide-se, cuide-se,
Ah! Prends garde, prends garde,
Don José!
Don José!
Mais uma palavra
Une parole encor
essa será a última.
ce sera la dernière.
Sua mãe, infelizmente, está morrendo,
Ta mère, hélas, ta mère se meurt,
e sua mãe
et ta mère
não queria morrer
ne voudrait pas mourir
sem lhe perdoar.
sans t'avoir pardonné.
Minha mãe... Ela está morrendo...
Ma mère... elle se meurt...
Sim, Don José.
Oui, Don José.
Partamos... Ah! Partamos!
Partons... Ah! Partons!
(a Carmen)
(à Carmen)
Fique contente, eu parto,
Sois contente, je pars,
mas nós nos veremos.
mais nous nous reverrons.
(ele arrasta Micaëla)
(il entraîne Micaëla)
(ao longe)
(au loin)
Toureiro, em posição,
Toréador, en garde,
toureiro, toureiro
toréador, Toréador
e lembre-se bem, sim, lembre-se
et songe bien, oui songe en
ao lutar
combattant
que um olho negro o mira
qu'un oeil noir te regarde
e que o amor o espera.
et que l'amour t'attend.
Toureiro, o amor o espera.
Toréador, l'amour t'attend.
(José para sobre os rochedos, no
(José s'arrête au fond dans les
fundo... ele hesita, Carmen escuta e
rochers... il hésite, Carmen écoute et
se inclina sobre as rochas)
se penche sur les rochers)
Ato IV
(uma praça em Sevilha. A entrada
(une place à Séville. L'entrée du
Act IV
da arena é fechada por um longo
cirque est fermée par on long
véu. Muito movimento na praça.
velum. Grand mouvement sur la
Mercadores vendendo água,
place. Marchands d'eau, d'oranges,
laranjas, leques etc.)
d'éventails.)
Por dois cuartos,
A deux cuartos,
leques para se abanar,
des éventails pour s'éventer,
laranjas para mordiscar,
des oranges pour grignoter,
o programa com os detalhes!
le programme avec les détails!
Vinho! Água!
Du vin! De l'eau!
Cigarros!
Des cigarettes!
Por dois cuartos!
A deux cuartos!
Vejam! Por dois cuartos!
Voyez! À deux cuartos!
Senhoras e cavalheiros.
Señoras et Caballeros.
(durante o coro entram os
(pendant le chœur sont entrés les
dois oficiais com Mercédès e
deux officiers avec Mercédès et
Frasquita)
Frasquita)
Laranjas, rápido.
Des oranges, vite.
(se aproximando)
(se précipitant)
Aqui.
En voici.
Levem, levem, senhoras.
Prenez, prenez, mesdemoiselles.
Um vendedor
(ao oficial que paga)
(à l'officier qui paie)
Un Marchand
Obrigado, oficial, obrigado.
Merci, mon officier, merci.
Coro Chœur
Zuniga
Vários vendedores Plusieurs Marchands
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 152
Os outros vendedores Les autres Marchands
Zuniga
Um cigano Un Bohemien
Coro Chœur
Senhor, estas aqui estão mais bonitas...
Celles-ci, señor, sont plus belles...
Leques para se abanar!
Des éventails pour s'éventer!
Laranjas para mordiscar!
Des oranges pour grignoter!
O programa com os detalhes!
Le programme avec les détails!
Vinho! Água!
Du vin! De l'eau!
Cigarros!
Des cigarettes!
Oba! Leques!
Holà! Des éventails.
Quer também os binóculos?
Voulez-vous aussi des lorgnettes?
Por dois cuartos,
A deux cuartos,
por dois cuartos,
à deux cuartos,
vejam, por dois cuartos,
voyez, à deux cuartos,
senhoras e cavalheiros!
señoras et Caballeros!
Vejam! Vejam!
Voyez! Voyez!
O que aconteceu com Carmencita?
Qu'avez-vous fait de la Carmencita?
Eu não a vejo.
Je ne la vois pas.
Nós a veremos daqui a pouco...
Nous la verrons tout à l'heure...
Escamillo está aqui, Carmencita não
Escamillo est ici, la Carmeneita ne
deve estar longe.
doit pas être loin.
Ah! Agora é o Escamillo?
Ah! C'est Escamillo, maintenant?
Ela está enlouquecida...
Elle en est folle...
E seu antigo amante, José, sabe
Et son ancien amoureux José,
que o que aconteceu com ele?
sait-on ce qu'il est devenu?
Ele reapareceu no vilarejo que sua
Il a reparu dans le village où sa
Diálogo falado Dialogue parlé
Zuniga
Frasquita
Zuniga
Mercédès
Frasquita
Zuniga
Mercédès
Zuniga
Frasquita
mãe habitava... Até mandaram
mère habitait...ordre avait même
prendê-lo, mas quando os soldados
été donné de l'arrêter, mais quand
chegaram, José já não estava mais
les soldats sont arrivés, José n'était
por lá...
plus là...
De modo que ele está solto?
En sorte qu'il est libre?
Sim, por enquanto.
Oui, pour le moment.
Hum! Eu não estaria tranquila
Hm! Je ne serais pas tranquille à la
no lugar de Carmen, não estaria
place de Carmen, je ne serais pas
tranquila mesmo.
tranquille du tout.
(escuta-se gritos lá fora... )
(on entend de grands cris au dehors…)
Aqui estão eles! Aqui estão eles!
Les voici! les voici!
Aqui está a quadrilha!
Voici la quadrille!
Aqui estão eles! Aqui estão eles!
Les voici! Les voici!
Sim, aqui está a quadrilha!
Oui les voici! Voici la quadrille!
A quadrilha de toureiros,
La quadrille des toreros,
sobre as lanças, brilha o sol,
sur les lances le soleil brille,
no ar, chapéus e sombreiros!
en l'air toques et sombreros!
Aqui estão eles, a quadrilha,
Les voici, voici la quadrille,
a quadrilha de toureiros, aqui estão
la quadrille des toreros,
eles! Aqui estão eles! Aqui estão eles!
les voici! Les voici! Les voici!
(desfile da Quadrilha)
(défilé de la Cuadrilla)
Aqui, desembocando na praça,
Voici, débouchant sur la place,
aqui, de início, marchando no passo,
voici, d'abord, marchant au pas,
Nº 25 Marcha e coro Marche et chœur
Crianças Enfants
Coro Chœur
Crianças Coro Enfants Chœur
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 154
Coro Chœur
Crianças Coro Enfants Chœur
o alguazil com sua cara feia,
l'alguazil à vilaine face,
abaixo! Abaixo! Abaixo! Abaixo!
À bas! À bas! À bas! À bas!
Abaixo o condestável! Abaixo!
À bas l'alguazil! À bas!
Abaixo! Abaixo! Abaixo! Abaixo!
À bas! À bas! À bas! À bas!
(entram os toureiros a pé e os
(entrée des chulos et des
bandarilheiros)
banderilleros)
Saudemos, então, de passagem,
Et puis saluons au passage,
saudemos os corajosos chulos,
saluons les hardis chulos,
bravo! Viva! Glória à coragem.
bravo! Viva! Gloire au courage.
Aqui estão os corajosos chulos!
Voici les hardis chulos!
Vejam os bandarilheiros!
Voyez les banderilleros!
Vejam que altivez!
voyez quel air de crânerie!
Vejam! Vejam! Vejam!
Voyez! Voyez! Voyez!
Qual distinção, e que brilho
Quels regards et de quel éclat
cintila o bordado
étincelle la broderie
de suas roupas de combate!
de leur costume de combat!
Aqui estão os bandarilheiros!
Voici les banderilleros!
(entrada dos picadores)
(entrée des picadors)
Uma outra quadrilha avança,
Une autre quadrille s'avance,
vejam os picadores! Como são
voyez les picadors! Comme ils sont
belos!
beaux!
Que vão com o ferro de suas lanças
Comme ils vont du fer de leur lance
afligir o flanco dos touros.
harceler le flanc des taureaux.
A espada! A espada!
L'Espada! L'Espada!
Escamillo! Escamillo!
Escamillo! Escamillo!
Escamillo! Escamillo!
Escamillo! Escamillo!
(enfim, aparece Escamillo, tendo
(paraît enfin Escamillo, ayant près
perto de si Carmen radiante e com
de lui Carmen radieuse et dans un
um vestido deslumbrante)
costume éclatant)
É a espada, a fina lâmina,
C'est l'Espada, la fine lame,
que a tudo põe um fim,
celui qui vient terminer tout,
que aparece ao final do drama
qui paraît à la fin du drame
e que desfere o último golpe.
et qui frappe le dernier coup.
Viva Escamillo! Viva Escamillo!
Vive Escamillo! Vive Escamillo!
Ah! Bravo! Aqui estão eles!
Ah! Bravo! Les voici!
Aqui está a quadrilha,
Voici la quadrille,
a quadrilha de toureiros!
La quadrille des toreros!
Sobre as lanças, brilha o sol.
Sur les lances le soleil brille.
No ar, no ar,
En l'air, en l'air,
no ar chapéus e sombreiros!
en l'air toques et sombreros!
Viva Escamillo!
Vive Escamillo!
Bravo! Viva! Bravo! Bravo!
Bravo! Viva! Bravo! Bravo!
(à Carmen)
(à Carmen)
Carmen, se você me ama,
Si tu m'aimes, Carmen,
em breve, você
tu pourras tout à l'heure
se orgulhará de mim.
Etre fière de moi.
Se você me ama! Se você me ama!
Si tu m'aimes! Si tu m'aimes!
Ah! Eu te amo, Escamillo,
Ah! Je t'aime, Escamillo,
eu te amo, e que eu morra
je t'aime et que je meure
se eu tiver amado alguém
si j'ai jamais aimé quelqu'un
como eu te amo.
autant que toi.
Ah! Eu te amo.
Ah! Je t'aime.
Si, eu te amo.
Oui, je t'aime.
Quatro alguazils
Abram alas! Abram alas!
Place! Place!
Quatre Alguazils
Abram alas para o prefeito!
Place au seigneur alcade!
(desfila lentamente, ao fundo, o
(défile très lentement au fond
prefeito, precedido e seguido por
l'alcade précédé et suivi des
alguazils. Neste ínterim,
alguazils. Pendant ce temps
Frasquita e Mercédès
Frasquita et Mercédès
aproximam-se de Carmen)
s'approchent de Carmen)
Escamillo
Carmen
Carmen Escamillo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 156
Frasquita
Carmen
Mercédès
Carmen
Mercédès
Carmen
Frasquita
Carmen
Mercédès
Carmen
Frasquita
Carmen, um bom conselho,
Carmen, un bon conseil,
não fique aqui.
ne reste pas ici.
Por favor, por quê?
Et pourquoi, s'il te plaît?
Ele está aqui.
Il est là.
Quem?
Qui donc?
Ele,
Lui,
Don José ... escondido na multidão;
Don José ... dans la foule il se cache;
olhe bem.
regarde.
Sim, eu o vejo.
Oui, je le vois.
Fique atenta.
Prends garde.
Não sou mulher
Je ne suis pas femme
de tremer diante dele...
a trembler devant lui...
Eu o espero... E vou falar com ele.
Je l'attends... et je vais lui parler.
Carmen, escute-se,
Carmen, crois-moi,
fique atenta!
prends garde!
Não temo nada!
Je ne crains rien!
Tome cuidado!
Prends garde!
(o prefeito entra na arena. Atrás do
(l'alcade est entré dans le cirque.
prefeito, o cortejo com a quadrilha
Derrière l'alcade, le cortège de la
retoma sua marcha e entra na arena.
quadrille reprend sa marche et entre
A popular e tradicional paródia. A
dans le cirque. Le populaire skit. La
multidão, ao se retirar, deixa à mostra
foule en se retirant a dégagé Don
Don José. Carmen e Don José ficam
José. Carmen et Don José restent
sozinhos)
seuls)
Nº 26 Duo e coro final Duo et chœur final
Carmen
É você?
C'est toi?
José
Sou eu.
C'est moi.
Advertiram-me
L'on m'avait avertie
que você estava por perto,
que tu n'étais pas loin,
que você apareceria,
que tu devais venir,
advertiram-me mesmo,
l'on m'avait même dit
de temer por minha vida,
de craindre pour ma vie,
mas sou corajosa
mais je suis brave
e não quis fugir.
et n'ai pas voulu fuir.
Eu não ameaço, eu imploro,
Je ne menace pas, j'implore,
eu suplico;
je supplie;
Nosso passado, Carmen,
Notre passé, Carmen,
nosso passado, eu o esqueço,
notre passé je l'oublie,
sim, nós vamos juntos
oui, nous allons tous deux
começar uma outra vida,
commencer une autre vie,
longe daqui, debaixo de outro céu.
loin d'ici, sous d'autres cieux.
Você me pede o impossível,
Tu demandes l'impossible,
Carmen não mente jamais,
Carmen jamais n'a menti,
sua alma é impassível,
son âme reste inflexible,
entre ela e você... está acabado.
entre elle et toi... c’est fini.
Jamais menti,
Jamais je n'ai menti;
entre nós... está tudo acabado.
entre nous... c’est fini.
Carmen, ainda há tempo,
Carmen, Il en est temps encore,
sim, ainda há tempo...
oui, il est temps encore...
Oh! minha Carmen, deixe-me
O ma Carmen, laisse-moi
salvá-la, você que eu adoro,
te sauver, toi que j'adore,
Carmen
José
Carmen
José
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 158
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
e me salvar com você.
et me sauver avec toi.
Não, eu sei bem que é o momento,
Non, je sais bien que c'est l'heure,
eu sei bem que você me matará.
je sais bien que tu me tueras.
Mas que eu viva ou que eu morra
Mais que je vive ou que je meure
Não! Não! Não! Eu não cederei.
Non! Non! Non! Je ne céderai pas.
Ah! Ainda há tempo.
Ah! Il est temps encore.
Sim, ainda há tempo...
Oui, il est temps encore...
Oh! Minha Carmen, deixe-me salvá-la,
Ô ma Carmen, laisse-moi te sauver,
você que eu adoro!
toi que j'adore!
Ah! Deixe-me salvá-la
Ah laisse-moi te sauver
e me salvar com você,
et me sauver avec toi,
oh! Minha Carmen, ainda há tempo...
o ma Carmen, il est temps encore...
Ah! Deixe-me salvá-la, Carmen,
Ah! Laisse-moi te sauver, Carmen,
ah! Deixe-me salvá-la, você que eu
ah laisse-moi te sauver, toi que
adoro!
j'adore!
E me salvar com você!
Et me sauver avec toi!
Por que ainda se preocupar
Pourquoi t'occuper encore
Com um coração que não é mais seu?
D'un cœur qui n'est plus à toi?
Não, este coração não lhe pertence mais.
Non, ce cœur n'est plus à toi.
Em vão você diz “Eu te adoro”!
En vain, tu dis “Je t'adore”!
Não conseguirá nada, nada de mim,
Tu n'obtiendras rien, non rien de moi,
ah! É em vão...
ah! C'est en vain...
Não conseguirá nada de mim!
Tu n'obtiendras rien de moi!
Então, você não me ama mais?
Tu ne m'aimes donc plus?
Não, não te amo.
Non, je ne t'aime plus.
Mas eu, Carmen, eu ainda te amo;
Mais moi, Carmen, je t'aime encore;
Carmen, Carmen, eu te adoro.
Carmen, Carmen, moi je t'adore.
Por que disso tudo? Apenas
A quoi bon tout cela? Que de
José
Carmen
Coro Chœur
palavras supérfluas!
mots superflus!
Carmen, eu te amo, eu te adoro!
Carmen, je t'aime, je t'adore!
Bem, se preciso for, para agradá-la,
Eh bien, s'il le faut, pour te plaire,
continuarei bandido, tudo o que
je resterai bandit, tout ce que tu
você quiser,
voudras,
tudo, está me ouvindo? Tudo.
tout, tu m'entends, tout,
Está me ouvindo... Tudo.
tu m'entends... Tout.
Mas não me deixe,
Mais ne me quitte pas,
oh! Minha Carmen.
o ma Carmen.
Ah! Lembre-se, lembre-se de nosso
Ah! Souviens-toi, souviens-toi du
passado!
passé!
Nós nos amávamos outrora!
Nous nous aimions naguère!
Ah! Não me deixe, Carmen,
Ah! Ne me quitte pas, Carmen,
ah não me deixe!
ah ne me quitte pas!
Carmen nunca cederá,
Jamais Carmen ne cédera,
livre ela nasceu
libre elle est née
e livre morrerá.
et libre elle mourra.
(na arena)
(dans le cirque)
Viva! Viva! A corrida esta bonita.
Viva! Viva! La course est belle.
Sobre o sangue que escorre,
Sur le sable sanglant
o touro, que afligimos,
le taureau, qu'on harcèle
lança-se em saltos.
s'élance en bondissant.
Viva! Bravo! Vitória!
Viva! Bravo! Victoire!
(os dois escutam... ao ouvirem os
(tous deux écoutent... en entendant
gritos de “Vitória, vitória”, Carmen
les cris de “Victoire, victoire”, Carmen
deixa escapar um “Ah!” de orgulho
a laissé échapper un “Ah!” d'orgueil
e alegria... Don José não perde
et de joie... Don José ne perd pas
Carmen de vista... o coro termina,
Carmen de vue... Le chœur terminé,
Carmen dá um passo em direção à
Carmen fait un pas du côté du
arena)
cirque)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 160
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
José
Carmen
Coro Chœur
José
(colocando-se na frente dela)
(se plaçant devant elle)
Onde você vai?
Où vas-tu?
Me deixe.
Laisse-moi.
Este homem aclamado,
Cet homme qu'on acclame,
é o seu novo amante!
c'est ton nouvel amant!
(querendo passar)
(voulant passer)
Deixe-me... Deixe-me.
Laisse-moi... Laisse-moi.
Sobre minha alma
Sur mon âme,
você não passará,
tu ne passeras pas,
Carmen, é a mim que você seguirá!
Carmen, c'est moi que tu suivras!
Deixe-me, Don José!
Laisse-moi, Don José!
Eu não o seguirei.
Je ne te suivrai pas.
Você vai encontrá-lo, confesse...
Tu vas le retrouver, dis... Tu l'aimes
Então, você o ama?
donc?
Eu o amo, eu o amo, e mesmo
Je l'aime, je l'aime, et devant la mort
diante da morte,
même,
eu repetirei que eu o amo.
je répéterai que je l'aime.
(na arena)
(dans le cirque)
Viva! Bravo! Vitória!
Viva! Bravo! Victoire!
Atingido no coração!
Frappé juste en plein coeur!
O touro morre!
Le taureau tombe!
Glória ao toureiro vencedor!
Gloire au Toréador vainqueur!
Vitória!
Victoire!
Assim, a salvação de minha alma,
Ainsi, le salut de mon âme,
eu a terei perdido para que você,
je l'aurai perdu pour que toi,
para que você se vá, infame!
pour que tu t'en ailles, infâme!
Carmen
José
Carmen
Coro Chœur
José
Carmen
José
Coro Chœur
Coro Chœur
Entre seus braços, rir de mim.
Entre ses bras, rire de moi.
Não, pelo sangue, você não irá,
Non, par le sang, tu n'iras pas,
Carmen, é a mim que você seguirá!
Carmen, c'est moi que tu suivras!
Não! Não! Jamais!
Non! Non! Jamais!
Estou cansado de ameaçá-la.
Je suis las de te menacer.
Bem! Acerte-me então
Eh bien! Frappe-moi donc
ou deixe-se passar.
ou laisse-moi passer.
(na arena)
(dans le cirque)
Vitória!
Victoire!
Pela última vez, demônio,
Pour la dernière fois, démon,
você quer me seguir?
veux-tu me suivre?
Não! Não!
Non! Non!
Outrora, este anel
Cette bague autrefois
você me deu, tome.
tu me l'avais donnée, tiens.
(ela o joga)
(elle la jette à la volée)
Bem, maldita...
Eh bien, damnée...
(atingindo-a)
(la frappant)
(na arena)
(dans le cirque)
Vitória! Bravo!
Victoire! Bravo!
(Carmen cai e morre)
(Carmen tombe et meurt)
(na arena)
(dans le cirque)
Toureiro, em posição,
Toréador, en garde,
toureiro, toureiro,
toreador, toreador,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 162
José
e lembre-se bem ao lutar
et songe bien, oui songe en combattant
que um olho negro o mira
qu'un oeil noir te regarde
e que o amor o espera,
et que l'amour t'attend,
toureiro, o amor,
toréador, l'amour
o amor o espera!
l'amour t'attend!
(a cortina se abre: aparece Escamillo
(le vélum s’ouvre: paraît Escamillo
cercado pela multidão que o aclama,
entouré de la foule qui l’acclame,
entram Mércèdes, Frasquita, Zuniga
entre elle Mercédès, Frasquita,
e Andrés. Escamillo vê Carmen
Zuniga, Andrès. Escamillo apercevoit
estendida, morta no chão)
Carmen étendue morte par terre)
Vocês podem me prender.
Vous pouvez m'arrêter.
Fui eu quem a matou.
C'est moi qui l'ai tuée.
Ah! Carmen! Minha adorada Carmen!
Ah! Carmen! Ma Carmen adorée!
Filippo Tonon
Ram贸n Tebar
Juan Guillermo Nova
Matilde Rubio
Giuseppe Cangemi
Cristina Aceti
Bruno Greco Facio
Silmara Drezza
Caetano Vilela
Rinat Shaham
Luisa Francesconi
Thiago Arancam
Francis Dudziak
Marta Torbidoni
Andrea Aguilar
Lana Kos
Rodolphe Briand
David Marcondes
Massimiliano Catellani
Rodrigo Esteves
Fernando Portari
Malena Dayen
Norbert Steidl
VinĂcius Atique
Orquestra
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Sinfônica
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-
Municipal
nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de
de São Paulo
São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.
Coro Lírico
O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por
Municipal
iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do
de São Paulo
Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello Mechetti e Fábio Mechetti. Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997. Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno Greco Facio.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 166
O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Baccarelli
Coral da Gente do
para crianças e adolescentes, de 4 a 14 anos, da comunidade
Instituto Baccarelli
Heliópolis e região. O programa oferece aulas de técnica vocal, postura, respiração, expressão cênica, percepção e teoria musical, compondo uma sólida base para a formação de músicos. Ministradas por professores altamente qualificados, as atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, visando aprendizado e formação que contemplem o desenvolvimento de valores para a vida em sociedade. Com um repertório diversificado, os corais do Instituto Baccarelli já realizaram apresentações em importantes espaços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam: Sala São Paulo, Teatro Alfa, Theatro Municipal de São Paulo, Obelisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de São Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.
Balé da Cidade
O Balé da Cidade de São Paulo foi criado em 07 de Fevereiro
de São Paulo
de 1968, com o nome de Corpo de Baile Municipal. Inicialmente com a proposta de acompanhar as óperas do Theatro Municipal e se apresentar com obras do repertório clássico, teve Johnny Franklin como seu primeiro diretor artístico. Em 1974, sob a direção de Antonio Carlos Cardoso, a companhia assumiu o perfil de dança contemporânea, que mantém até hoje. A partir daí tornou-se presença destacada no cenário da dança sul-americana, marcando época por inovar na linguagem e mostrar ao público um elenco afinado. Em 25 de Setembro de 1981, passou a se chamar Balé da Cidade de São Paulo. Nos anos 80, o experimentalismo marcou a trajetória da companhia. Os bailarinos eram encorajados a contribuir com suas próprias ideias coreográficas, que resultaram em trabalhos marcantes. A bem-sucedida carreira internacional da companhia teve início com a participação na Bienal de Dança de Lyon, França, em 1996. Desde então suas turnês europeias têm sido aclamadas tanto pela crítica especializada quanto pelo público de todos os grandes teatros onde se apresenta. Desde 2001, a atuação do Balé da Cidade de São Paulo se estende também a programas de formação de plateia e de ações culturais paralelas, principalmente em mostras didáticas pela cidade de São Paulo, partilhando seu patrimônio artístico com a população da cidade. A longevidade do Balé da Cidade de São Paulo, o rigor e padrão técnico do elenco e equipe artística, atraem os mais importantes coreógrafos brasileiros e internacionais, interessados em criar obras para seus bailarinos e artistas.
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Nascido em Valência, Ramón Tebar é, desde 2011, o diretor
Ramón Tebar
artístico da Florida Grand Opera de Miami. Já trabalhou com
Regente
solistas como Joshua Bell, Gautier Capuçon, Daniil Trifonov e Narek Haghnazarian, e cantores como Plácido Domingo, Montserrat Caballé, Renata Scotto, Angela Gheorghiu, Teresa Berganza, Ileana Cotrubas, Ben Heppner, Roberto Alagna, Maria Guleghina, Mariella Devia e Virginia Zeani. Regeu importantes grupos como a Orchestra Internazionale d'Italia, a Sinfônica de Cagliari, a Sinfônica de Bari e a do Teatro Regio de Turim, na Itália; a Orquestra Sinfônica Estatal de Moscou e a Sinfônica de São Petersburgo, na Rússia; a Orquesta da Concertgebouw de Amsterdã; a Filarmônica de Colônia; Orquesta de la Radio Television Española; a Orquesta do Teatro Colón de Buenos Aires, dentre outras. Destacam–se em seu repertório operístico a regência de Ifigênia em Táuris de Gluck; I Puritani e La Sonnambula de Bellini; A Italiana em Argel de Rossini; Lucia di Lammermoor de Donizetti; Rigoletto, La Traviata e Nabucco de Verdi; Madama Butterfly, Turandot, La Rondine, La Bohème e Tosca de Puccini; Thaïs de Jules Massenet; Maria de Buenos Aires de Astor Piazzolla e La Vida Breve de Manuel de Falla.
Formado em arquitetura e cenografia pela Universidade de
Filippo Tonon
Veneza e em canto lírico pelo Conservatorio di Musica de Vi-
Diretor Cênico
cenza, desde 2002 é diretor assistente da Fondazione Arena di Verona. Trabalhou em produções de Aida, Nabucco, Rigoletto, Il Trovatore, Simon Boccanegra, Don Carlo e Ernani de Verdi; Carmen de Bizet; Tosca, Madama Butterfly, La Bohème e Turandot de Puccini; La Gioconda de Ponchielli; Anna Bolena de Donizetti; O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Romeu e Julieta de Gounod; e Don Giovanni de Mozart. Trabalhou com Franco Zeffirelli, Gianfranco De Bosio, Pierluigi Pizzi, Hugo De Ana, Mariella Devia, Giovanna Casolla, Fiorenza Cedo-
lins, Dolora Zajick, Sonia Ganassi, Salvatore Licitra, Marcelo Alvarez, José Cura e Leo Nucci, dentre outros. Paralelamente, foi assistente na direção de produções como O Rapto do Serralho, com direção de Giorgio Strehler, nos teatros de São Carlos de Lisboa e Kursaal de São Sebastião, Espanha. Foi o cenógrafo de Una Notte nel Bosco, para a Fondazione Arena di Verona, Il Parlatore Eterno, em Lecco, Bastien und Bastienne, em Milão, e Sonho de uma Noite de Verão para o Teatro Filarmonico di Verona, Maggio Musicale de Florença e Teatro Comunale de Bolonha. Participou ainda de montagens em Madri, Savona e Cremona. É docente de artes cênicas na Accademia di Formazione Artistica Kairòs e de cenotécnica no Polo Nazionale Artistico di Alta Specializzazione sul Teatro Musicale e Coreutico da Operacademy, ambas em Verona.
Juan Guillermo Nova
Nascido em Jerez de la Frontera, Espanha, Juan Guillermo
Cenógrafo
Nova é formado pela antiga Escola de Arte de Santo Domingo, em história da arte e desenho técnico e artístico, e pela Escuela Trazos, em pós–produção digital e projeção 3D. Começou a carreira no Teatro Real de Madri, colaborou com produções operísticas de Hugo De Ana, como assistente cênico, e em seguida como cenógrafo titular. Trabalhou na montagem de Fausto de Charles Gounod no Teatro Regio de Parma; em Tosca de Puccini na Arena de Verona; em La Bohème de Puccini no Teatro Colón de Buenos Aires; no balé Don Quixote, em a Viúva Alegre de Franz Lehár e em O Elixir do Amor de Donizetti, na Eslovênia; e em A Força do Destino de Verdi na Opéra Royal de Wallonie, em Liège, Bélgica. Em 2012 trabalhou em Don Giovanni de Mozart no Teatro Municipal de Santiago, no Chile, e, em 2013, foi o cenógrafo de Jupyra e Cavalleria Rusticana, no Theatro Municipal de São Paulo.
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Giuseppe Cangemi nasceu em Palermo e graduou-se com
Giuseppe Cangemi
máximo louvor em arquitetura na LAS de Verona. Em Ma-
Cenógrafo
dri, freqüentou cursos de desenho gráfico e técnico na es-
Colaborador
cola AZPE. Começou a trabalhar no teatro como assistente de cenografia de Juan Guillermo Nova, participando da produção de balés e óperas, entre os quais La Forza del Destino, La Bayadère, Giselle e Don Quixote, em teatros da Eslovênia e de Roma. Em 2011, realizou a produção de adereços e objetos cênicos para a encenação de Boris Godunov, dirigido por Hugo de Ana e apresentado em Santiago e Palermo. Em 2012, colaborou com a produção de Don Giovanni para o Teatro Municipal de Santiago do Chile, recentemente encenada em São Paulo.
Formada pela Accademia del Belle Arti di Brera, em Milão,
Cristina Aceti
Cristina Aceti venceu, em 2000, o concurso de especializa-
Figurinista
ção Cenógrafos & Figurinistas Realizadores do Teatro alla Scala de Milão. Em 2001, assinou as primeiras produções como figurinista nos teatros de Zagreb, na Croácia; Novi Sad, na Sérvia, Potsdam, na Alemanha, e em Genebra, na Suíça; em títulos como La Sonnambula e Os Capuleto e os Montéquio de Bellini; Simon Boccanegra e Um Baile de Máscaras de Verdi; La Bohème de Puccini; Don Giovanni de Mozart, dentre outros títulos. Em 2006, trabalhou no Japão, em uma importante turnê, como responsável pela alfaiataria do Teatro Donizetti de Bergamo. Naquele mesmo ano, foi a figurinista de Il Trovatore no Festival de Avenches, na Suíça. Na Itália, realizou diversos projetos em teatros como o Regio de Turim, o Verdi de Trieste e o Massimo de Palermo. Em 2008, o encontro com Hugo De Ana fez nascer uma colaboração que perdura até hoje, passando por vários teatros pelo mundo.
Caetano Vilela
Encenador e iluminador, seu nome ganhou destaque no
Desenho de luz
mundo da ópera tendo realizado dezenas de produções em importantes teatros no Brasil e no exterior. Dentre as óperas que dirigiu, destacam–se The Fall of the House of Usher de Phillip Glass, Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk de Shostakovich, Ariadne em Naxos de Richard Strauss, As Troianas de Berlioz e a estreia mundial da ópera Ça Ira do compositor e fundador do Pink Floyd Roger Waters. Iluminou o musical The Sound of Music, sob a direção de Emilio Sagi, para a temporada 2009–2010, no Théâtre Du Châtelet, em Paris. Em 2013, ano do bicentenário de Richard Wagner, iluminou Tannhäuser, sob a regência de Gustavo Dudamel, para a temporada de ópera em Bogotá; e dirigiu e iluminou, para o Festival de Ópera do Theatro da Paz, a ópera O Navio Fantasma, destaque na crítica especializada como uma das melhores produções do ano. Em 2014, segue com a parceria com o Festival de Ópera do Theatro da Paz, onde será responsável pela encenação e iluminação da ópera Mefistofele de Arrigo Boito.
Matilde Rubio
Nascida em Múrcia, Espanha, Matilde Rubio é coreógrafa e
Coreógrafa
diretora artística da Compañía de Danza Carmen y Matilde Rubio – Ballet Español de Murcia, professora de dança espanhola e flamenco do Conservatório de Murcia e professora associada do Instituto Alicia Alonso da Universidad Rey Juan Carlos de Madrid. Estudou no Conservatorio Profesional de Danza de Córdoba, na Espanha, e também em Madri, onde estudou com Paco Romero, Merche Esmeralda, Marienma, Ciro, Paco Azorín e Jose Antonio Ruiz, dentre outros. Em sua carreira de docente, foi convidada a dirigir stages de dança na Espanha e em outros países. Participou de montagens em Pequim, Madri, Benicasim, Alicante, Múrcia e festivais na Jordânia e na França. No universo operístico,
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criou a coreografia para Carmen de Bizet, A Força do Destino de Verdi e La Vida Breve de Manuel de Falla.
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Fa-
Bruno Greco Facio
culdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orien-
Regente do Coro Lírico
tação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi
Municipal de São Paulo
Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Durante 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.
Silmara Drezza iniciou os estudos de música aos cinco anos
Silmara Drezza
na Associação de Música Pio X, onde também atuou como
Regente do Coral
regente de 1996 a 2010. Estudou Pedagogia Musical Infantil
da Gente
na École de Musique Martenot, em Paris, e cursou regência coral na Butler University (EUA), com o maestro Henry Leck. Foi aluna de regência do Professor Doutor Jocelei Bohrer (Faculdade de Música Carlos Gomes) e Eduardo Ostergreen (Unicamp). Formou-se em Licenciatura Plena em Música pela Faculdade de Música Carlos Gomes, em São Paulo, e em piano pelo Instituto Gomes Cardim em Campinas. No exterior, participou do Creating Artistry na Butler University, sob orientação do maestro Henry Leck (EUA), do Curso de inverno para regentes de coral infantil, com o ma-
estro Jean Jacques Margueritat (França) e do II Taller Internacional de Regência Coral com Maria Guinand e Alberto Grau (Venezuela). Silmara é regente fundadora do Coral Infanto-juvenil ThyssenKrupp e regente do Instituto Baccarelli desde 2002, onde também ocupa o cargo de coordenadora pedagógica da área coral desde 2009.
Rinat Shaham
Nascida em Haifa, Israel, a mezzo–soprano Rinat Shaham
Mezzo–Soprano
é formada pelo Curtis Institute of Music, nos Estados Unidos. Aclamada no mundo todo por suas apresentações operísticas e em concertos, é reconhecida internacionalmente como uma das melhores intérpretes de Carmen da atualidade, tendo se apresentado neste papel em teatros de Viena, Roma, Berlim, Munique, Stuttgart, Colônia, Baden Baden, Lisboa, Toronto, Vancouver, Montreal, Tel Aviv, Hong Kong e de cidades dos Estados Unidos. Neste ano, participou de uma montagem de Carmen em Hamburgo e se apresenta pela primeira vez no Brasil. Além de Carmen, Rinat interpretou outros papéis como Dido, em Dido e Enéias, de Henry Purcell, no Festival de Aix– em–Provence; Melisanda em Pelléas et Mélisande de Claude Debussy, em Berlim; Rosina em O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Charlotte em Werther de Jules Massenet, na Filadélfia; e Dorabella em Così fan Tutte de Mozart. Em 2014, se apresentará como Dona Elvira em Don Giovanni de Mozart, em Bruxelas.
Luisa Francesconi
A mezzo–soprano brasileira Luisa Francesconi estudou com
Mezzo–Soprano
a professora Rita Patané, em Milão. Iniciou a carreira no Teatro Nacional de Brasília, como Kate Pinkerton em Madama Butterfly, como Flora em La Traviata, de Verdi e em Carmen de Bizet, como Mercédès.
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Nos últimos anos interpretou Orfeu em Orfeu e Eurídice de Gluck; Dorabella em Così fan Tutte, Idamante em Idomeneu, Cherubino em As Bodas de Fígaro, Zerlina em Don Giovanni, a Segunda Dama em A Flauta Mágica de Mozart; Rosina em O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Maddalena em Rigoletto de Verdi; La Ciesca em Gianni Schicchi de Puccini; o papel principal em Carmen de Bizet; Charlotte em Werther de Massenet; Siegrune em As Valkirias de Wagner; Oberon em Sonho de Uma Noite de Verão de Britten; A Princesa Clarice em O Amor das Três Laranjas de Prokofiev, dentre outros. Apresentou–se em importantes teatros no mundo todo, com grandes maestros como Ira Levin, Heinz Hollinger, Claus Peter Flor, John Neschling, Isaac Karabtchevsky, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Abel Rocha e diretores cênicos como Pier Francesco Maestrini, Felipe Hirsch e André Heller-Lopes.
Em 2004, Thiago Arancam conquistou o Prêmio Revelação
Thiago Arancam
do V Concurso Internacional Bidu Sayão e começou a fre-
Tenor
quentar a Accademia di Canto Lirico do Teatro alla Scala, de Milão. Naquele mesmo ano, estreou em concerto lírico no alla Scala e, desde então, participa de concertos e produções de ópera naquele teatro. Em 2007, esteou na ópera Le Villi de Puccini e no ano seguinte ganhou três prêmios no concurso lírico internacional Operalia 2008, organizado por Plácido Domingo, interpretando Don José em Carmen na Washington National Opera. Nos anos seguintes, apresentou-se como Ismaele em Nabucco, Radamés em Aida de Verdi; Cavaradossi em Tosca, Pinkerton em Madama Butterfly, Luigi em Il Tabarro e Chevalier des Grieux em Manon Lescaut de Puccini; Turiddu em Cavalleria Rusticana de Mascagni; Canio em I Pagliacci de Leoncavallo; Christian em Cyrano de Bergerac de Franco Alfano, ao lado de Plácido Domingo; além de Don José em Carmen de Bizet em vários teatros.
Apresentou-se com importantes maestros e orquestras como a Wiener Staatsoper, Bolshoi de Moscou Deutsche Oper, Bayerische Staatoper de Munique, SemperOper de Dresden, Hamburg Staatsoper, Berlin Staatsoper, Royal Swedish Opera, Orchestre National de France, Swedish Radio Symphony Orchestra, regido por Daniel Harding, e a Orquestra do Teatro Colón de Buenos Aires.
Fernando Portari
Com uma carreira internacional em franca ascensão, Fer-
Tenor
nando Portari estreou em 2010 com grande sucesso no mítico alla Scala de Milão em Fausto de Gounod, ao lado de Roberto Scandiuzzi. Recentemente esteve ao lado de Anna Netrebko na Staatsoper de Berlim, na ópera Manon de Massenet, sob a direção do maestro Daniel Barenboim. Apresentou–se nos teatros La Fenice de Veneza, na Ópera de Roma, no Teatro São Carlos de Lisboa, na Deutsche Oper de Berlim, além de Tóquio, Helsinki e Varsóvia. Atuou ainda em Anna Bolena, com Mariella Devia, no Teatro Massimo de Palermo, e em La Traviata de Verdi na Opera de Hamburgo e em Colônia. Apresentou-se em La Bohème em Berlim e em Sevilha, e representou Werther de Massenet no Teatro Bellini de Catania e em La Coruña. Em 2011, debutou na Ópera de Genebra interpretando Henri em Les Vepres Siciliennes, de Verdi, e no Teatro Liceo de Barcelona no papel principal em Fausto de Gounod.
Rodrigo Esteves
Aclamado pela beleza de sua voz e rica expressão de suas
Barítono
interpretações, tem intensa carreira internacional, brilhando nos palcos de Madri, Bilbao, Valencia, Tóquio, Monte Carlo, Mallorca, Pamplona, Sicilia, Cagliari, Buenos Aires, Spoleto, Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Belo Horizonte, Belém, entre outros. Venceu por duas vezes o Prêmio Carlos Go-
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mes como melhor cantor e gravou na Espanha pela EMI e RTVE e, no Brasil, pela Algol e Biscoito Fino. Representou papéis principais em óperas como Don Carlo, Nabucco, Macbeth, Fastaff, Um Baile de Máscaras, Il Trovatore, La Traviata, de Verdi; Fausto, Romeu e Julieta, de Charles Gounod; I Pagliacci, de Leoncavallo; La Bohème e Tosca, de Puccini; O Cavaleiro da Rosa, de Richard Strauss; e Canções das Crianças Mortas e A Canção da Terra, de Gustav Mahler.
Mineiro de Belo Horizonte, David Marcondes tem uma car-
David Marcondes
reira de mais de uma década na ópera. Após estrear em
Barítono
2000 como Jake em Porgy and Bess, foi Fígaro em O Barbeiro de Sevilha, Macbeth no Theatro São Pedro, Alfio em Cavalleria Rusticana com a OSM, Marullo em Rigoletto no TMSP e Ismael em Anjo Negro de João Guilherme Ripper com a OSB Ópera & Repertório. Interpretou ainda o Conde de Luna em Il Trovatore, Amonasro em Aida, o papel principal de Nabucco, Enrico em Lucia de Lammermoor, Escamillo em Carmen e Schaunard em La Bohème. Foi solista em festivais na Espanha, Itália e França; recebeu prêmios, como o de Revelação Vocal e o 1º lugar masculino no Concurso Internacional Maria Callas; 1º lugar nacional, 2º lugar internacional e o prêmio de júri popular do Concurso Internacional Bidu Sayão, e foi homenageado como personalidade do ano e destaque de 2008 em música erudita pela Assembléia Legislativa de São Paulo. David Marcondes se aperfeiçoou em canto na UFMG, com Amin Feres, integrou os grupos Ópera Estadium e o Coral ARS Nova, e hoje é cantor do Coro Lírico Municipal de São Paulo.
Lana Kos
Em 2002, a croata Lana Kos estreou em Zagreb no papel
Soprano
de Rainha da Noite em A Flauta Mágica. Interpretou, em 2005, no Teatro Bolshoi, Natasha Rostova em Guerra e Paz de Prokofiev, com regência de Mstislav Rostropovich. Três anos mais tarde, interpretou Violetta em La Traviata de Verdi, a Raposa em A Raposinha Esperta de Janácek e Gretel em Hänsel und Gretel de Humperdinck, essa última com a Bayerische Staatoper de Munique. Lana se apresentou com importantes maestros como Daniele Gatti, Nicola Luisotti, Kent Nagano, Kirill Petrenko, Carlo Rizzi e com o diretor cênico Hugo De Ana; e em grandes teatros como a Arena de Verona, o Teatro Massimo de Palermo e a New Israeli Opera. Nos últimos anos, Lana Kos participou de montagens de Lucia di Lammermoor de Donizetti e Der Zarewitsch de Franz Lehár; interpretou Mimì em La Bohème de Puccini; Julieta em Romeu e Julieta de Gounod; Micaëla em Carmen de Bizet; o papel principal em Manon Lescaut de Puccini; e Desdemona em Otello de Verdi.
Andrea Aguilar
Após ter estudado em instituições no Chile e na Espanha, a chi-
Soprano
lena Andrea Aguilar interpretou diversos papéis, dentre os quais se destacam Giannetta em O Elixir do Amor de Donizetti; Lucia em The Rape of Lucretia de Britten; Pamina e uma das Damas em A Flauta Mágica e Fiordiligi e Dorabella em Così fan Tutte de Mozart; Echo em Ariadne em Naxos de Strauss; Nella em Gianni Schicchi de Puccini; e Proserpina em Orfeu de Monteverdi. Dentre os oratórios e música sacra, destacam-se O Messias de Händel; Magnificat, Oratório de Páscoa e a Missa em Si Menor de Johann Sebastian Bach; Réquiem e a Missa da Coroação de Mozart; Magnificat de Mendelssohn; Missa Solemnis Santa Cecilia de Charles Gounod; Um Réquiem Alemão de Brahms; Missa em Dó Maior de Beethoven; e a Missa Solemnis N. 2 de Cherubini.
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Trabalhou com regentes como Juan Manuel Quintana, Néstor Zadoff, Francisco Rettig, José Luis Domínguez, Víctor Alarcón, Pedro Pablo Prudencio, Eduardo Browne, David Haendel, Carlos Aransay, Rani Calderón, Julian Kuerti e Antonello Allemandi.
Formada pelo Conservatório Giovanni Battista Pergolesi de
Marta Torbidoni
Fermo, Marta Torbidoni estreou em 2010 como Orfeu na
Soprano
primeira audição da cantata Chiuso nel Centro, Orfeo de Luciano Di Giandomenico. Foi ainda Livietta em Livietta e Tracollo de Pergolesi; a Condessa de Almaviva em As Bodas de Fígaro de Mozart; e Serafina em Il Campanello de Donizetti. No ano seguinte, foi solista no oratório Jephte de Giacomo Carissimi, na Basilica di Santa Maria degli Angeli em Assis, Isabella em A Decepção Afortunada de Rossini; e Donna Elvira em Don Giovanni de Mozart. No mesmo ano, foi admitida no Opera Studio da Accademia Nazionale di Santa Cecilia de Roma, onde estuda até hoje. Em 2012, estreou como Violetta em La Traviata de Verdi e foi solista em As Quatro Últimas Canções de Richard Strauss e na Nona Sinfonia de Beethoven. No ano passado, interpretou Ariadne em Ariadne em Naxos de Strauss, o papel principal em Anna Bolena de Donizetti e Gilda em Rigoletto de Verdi.
Reconhecida pelo New York Times como memorável pela
Malena Dayen
performance no Carnegie Hall em 2013, a mezzo–soprano
Mezzo–Soprano
argentina Malena Dayen fez sua estreia como Carmen com a Natchez Opera Festival, repetindo o papel com a New York Lyric Opera e o International Vocal Arts Institute. Em seu repertório destacam–se Romeu em Os Capuleto e os Montéquio e Adalgisa em Norma de Bellini; Rosina em O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Dorabella em Così fan
Tutte e Sesto em A Clemência de Tito de Mozart; e María em María de Buenos Aires de Astor Piazzolla. Requisitada por compositores contemporâneos, recentemente atuou na estreia de The Blizzard Voices de Paul Moravec, e no Réquiem de Bradley Ellingboe, no Carnegie Hall. Interpretou ainda Aia na estreia mundial de Fedra e Hipólito, de Christopher Park, no Palácio das Artes de Belo Horizonte. Com a Oratório Society of New York, excursionou pela Hungria, Itália e Brasil. Apresentou–se com a Orquestra do Teatro Colón de Buenos Aires, a Orquestra de Câmara Israelita e a Orquestra Sinfónica de Porto Rico.
Francis Dudziak
Nascido em Valenciennes, no Norte da França, Francis Dudziak
Tenor
é formado pelo Conservatoire National Supérieur de Paris. O talento para a comédia faz de Dudziak um excelente intérprete de Offenbach, em papéis como o Barão em A Vida Parisiense, Calcas em A Bela Helena, Júpiter em Orfeu no Inferno e Barão de Campo–Tasso em Les Brigands. Suas reconhecidas qualidades no repertório francês lhe abriram as portas de grandes teatros internacionais, como o alla Scala de Milão e o La Fenice de Veneza, além de importantes teatros franceses, como o Opéra Garnier, Opéra Bastille, em Paris, e de outras cidades como Marseille e Avignon. Já se apresentou com maestros como John Eliot Gardiner, Daniel Barenboim e Gustavo Dudamel; e interpretou papéis como Hermann e Schlémil em Os Contos de Hoffmann de Offenbach; Brétigny em Manon de Massenet; Kromow em A Viúva Alegre de Lehár; e Hortensius em A Filha do Regimento de Donizetti. Além da atividade cênica, é professor de canto da École Normale de Musique de Paris.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 180
O tenor francês Rodolphe Briand começou a carreira como
Rodolphe Briand
ator, cantor e diretor da companhia de teatro Les Galas Pa-
Tenor
nique. Em 1994, entrou para o Centre de Formation Lyrique de l'Opéra National de Paris e, desde então, participou de várias produções operísticas e interpretou papéis como Monostatos em A Flauta Mágica, Basilio e Curzio em As Bodas de Fígaro de Mozart; Trabucco em A Força do Destino e Bardolfo em Falstaff de Verdi; Altum em Turandot e Goro em Madama Butterfly de Puccini; Remendado em Carmen de Bizet; Andrès, Cochenille, Frantz e Pitichinaccio em Os Contos de Hoffmann e Falsacappa em Les Brigands de Offenbach; Guillot de Morfontaine em Manon de Massenet; Paillasse em Les Saltimbanques de Louis Ganne; Alfred em O Morcego de Richard Strauss; e Triquet em Yevgeniy Onegin de Tchaikovsky. Se apresentou em importantes teatros como o da Bayerischer Rundfunkorchester, Teatro alla Scala de Milão, Teatro Massimo de Palermo, Opéra Royal de Wallonie de Liège, Opéra de Paris, Opéra National du Rhin de Estrasburgo, Grand Théâtre de Genebra, dentre outros.
Formado pela Accademia Musicale Chigiana di Siena, Mas-
Massimiliano Catellani
similiano Catellani estreou no papel de Papa Leão I em Attila
Baixo
de Verdi, no Teatro Regio de Parma; na sequência participou de La Traviata como Dottor Grenvil e como Sparafucile em Rigoletto de Verdi. Em 2010, participou da produção do filme da ópera Rigoletto, ao lado de Plácido Domingo, com direção de Marco Bellocchio e regência de Zubin Metha. Em 2011, interpretou o papel de Simone em Gianni Schicci, de Giacomo Puccini, e Monterone em Rigoletto de Verdi; no ano seguinte participou da montagem de Tosca, de Puccini, no Teatro Regio de Parma, no papel de Angelotti. No início de 2012, recebeu uma bolsa de estudos da Fondazione Aimaro Bertasi para participar de curso com direção artística e técnica de Alberto Gazale. Em abril de
2012, se apresentou com Alberto Gazale e Elena Lo Forte em concerto no Teatro Filarmonico de Verona, e em agosto do mesmo ano estreou no papel de Zuniga em Carmen de Bizet, no Auditorium La Verdi de Milão.
Norbert Steidl
Nascido em Lienz, Áustria, em 1977, Norbert Steidl é mestre
Barítono
em canto pela Universidade Mozarteum de Salzburgo e recebeu o prêmio Hanna Ludwig de melhor cantor austríaco formando no ano. Em 2006, participou do Festival de Salzburgo em Apollo et Hyacinthus, uma das 22 óperas de Mozart gravadas pela Deutsche Grammophon. Também no Festival de Salzburgo, participou da ópera Il Matrimonio Inaspettato de Paisiello, sob a regência de Riccardo Muti. Já interpretou personagens como Papageno em A Flauta Mágica, Fígaro em As Bodas de Fígaro, Guglielmo em Così fan Tutte, de Mozart; Belcore em O Elixir do Amor de Donizetti; Sid em Albert Herring de Benjamin Britten; Vater em Hänsel und Gretel de Engelbert Humperdinck; e Geronimo em O Casamento Secreto de Dominico Cimarosa. No Brasil, apresentou–se junto à Camerata Antiqua de Curitiba em Um Réquiem Alemão, de Brahms, e como Jesus na Paixão segundo São João de Bach, sob regência de Luis Otavio Santos. Foi protagonista da ópera Livietta e Tracollo de Pergolesi, sob regência do maestro Alessandro Sangiorgi, e foi Masetto em Don Giovanni no Theatro Municipal de São Paulo, sob a regência de Yoram David.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 182
Vinícius Atique se destacou em papéis como Riccardo em I
Vinícius Atique
Puritani de Bellini, Le Geollier em Os Diálogos das Carmeli-
Barítono
tas de Francis Poulenc, Albert em Werther de Jules Massenet, Marcello em La Bohème e Sharpless em Madama Butterfly de Puccini. Recebeu grande atenção de público e crítica por suas atuações como o Relógio de Pêndulo e o Gato em L'enfant et les sortilèges, de Maurice Ravel, e Pantalon em O Amor das Três Laranjas de Prokofiev. No repertório sinfônico, se destacou como solista em obras como O Messias de Händel e o ciclo de canções Des Knaben Wunderhorn de Mahler. Ao lado da Orquestra Sinfônica de Americana, Vinícius cantou a Missa de Santa Teresa de Joseph Haydn e o Oratório de Natal de Johann Sebastian Bach; com a Orquestra Sinfônica da Unicamp interpretou o Réquiem de Mozart, El Pessebre de Pablo Casals e Canções das Crianças Mortas de Mahler. Interpretou o papel de Evangelista na Cantata de Natal de Ernani Aguiar, com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, e foi solista convidado em Tóquio para a comemoração dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil.
CARMEN
Sergio Seixas
Assistentes de
Luma Rossi
Thiago Alves
Cenotécnica
Mara Feres
Regente Assistente
Victor Gomes
Edilson Quina
Marcela Costa
Luís Gustavo Petri
Wanderley Salgado
Edson Quina
Mari Souza
Washington Lins
Hélio Alexandre
Sheila Campos
William Camargo
Manoel Lopes de Souza
Pianistas Correpetidores Anderson Brenner
Produtor de Cenografia
Modelistas
Paulo Almeida
Assistente de Cenografia
Marcos Terra
Nilda Dantas
Rafael Andrade
Giuseppe Cangemi
Serralheria
Tandara Hoffmann
Produção de Cenografia
Alexandre Tavares
Judite Lima
Atores
TKCeno Cenografia e
Ivanildo Bezzera Lopes
Leci de Andrade
Alex Bingó
Produções Ltda.
Serralheria
Assessoria de Alfaiataria
Alexandre Barbosa
Produção e Coordenação
das Passarelas
Masculina e Draping
Alexandre Cardoso
de Cenotécnica
Flamar Serralheria
Maurice Fückner
Alexandre Quintas
Dilson Tavares
Flavio Nicoletti jr.
Interpretação e corte/
Ander Anastácio
Soraya Kolle
Marcos Nicoletti
Alfaiataria Masculina
André Di Peroli
Equipe de Projeto
Transporte/ apoio
Sergio Alves
Andre Matos "El Gato"
Eduardo Orelana
de produção
Cortador
Betho Cocorullo
Juliana Neves
Elias da Silva
Antônio Fernandes
Diogo Moura
Diego Rocha de Carvalho
Enoque Pereira da Silva
Edgar Cardoso
Iluminação
Secretaria Administrativa
Edison Vigil
Caetano Vilela
Any Ribeiro
Ivete Dias
Fabrizio Santos
Iluminador Assistente
Assistente de Produção
Lucia Medeiros
Costureiras
Felipe Barros
Wagner Antônio
Dhones R. dos Santos
Laurita Machado
Felipe Velozo
Aderecistas
Visagista
Josefa Gomes
Gabriel Castilho
Allan Torquatto
Simone Batata
Dirlene Emilio
Giballin Gilberto
André Vizotto
Assistente de Visagismo
Elisangela Dally
Guilherme Corrêa
Assistentes de Aderecista
Tiça Camargo
Amélia A. Mota Kohatsu
Gustavo Casabona
Alicio Silva
Maquiadores
Eliane C. E. dos Santos
Gustavo Ceccarelli
Karen Luizi
Alina Peixoto
Célia Pereira Rocha
Henrique Rizzo
Michael Costa Almeida
Bia Bombom
Cristina França
Herbert Silva
Nery Mordoch
Caroline Gonzaga
Claudineia C. Lima
Jorge Lee
Rúbia de Campos
Diogo Souza
Edméia Evaristo
Livio Lima
Cenotécnicos
Edu Silva
Maria Francisca
Lucas de Souza
Antonio Marcos B. Silva
Elisani Souza
Rodrigues Watanabe
Luciano Cyrillo
Juliano Tramujas
Giulia Piantino
Silvia Castro
Luiz Arrais
Paulo Rogerio
Gleice Diana Leao
Andrea Pereira da Rocha
Roberto Mafra
Renato Santos Moitinho
Inais Tereza
Chapéu Toureiro
Rodrigo Manzelli
Ricardo Moura Rodrigues
Isabel Vieira
Eduardo Laurino
Roges Doglas
Wagner Moura Rodrigues
Lua Gimenez
Bordado
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Bordados Rethimar
Orquestra Sinfônica
Assistente de Figurino
Municipal de São Paulo
João Paulo Bertini
Cristiane Cabral**
Renan Dias Mendes
Violas
Oboés
Alexandre De León*
Alexandre Ficarelli*
Corset
Diretor Artístico
Silvio Catto*
Rodrigo Nagamori*
Madame Sher Corsets
John Neschling
Abrahão Saraiva
Marcos Mincov
Tânia de Araújo Campos
Clarinetes
Adriana Schincariol
Luís Afonso Montanha*
Aderecistas João Carlos Silva
Primeiros-violinos
Beto Casal de Rey
Pablo De León (spalla)
Bruno de Luna
Otinilo Pacheco*
Edu Paiva
Martin Tuksa (spalla)
Cindy Folly Farias
Diogo Maia Santos
Estagiários
Fabian Figueiredo
Eduardo Cordeiro
Domingos Elias
Paloma Neve
Maria Fernanda Krug
Eric Schafer Licciardi
Marta Vidigal
Perpétua Saraiva
Adriano Mello
Jessica Wyatt
Fagotes
Jésica Cabral
Fábio Brucoli
Pedro Visockas
Fábio Cury*
Luiza Dimitrova
Fábio Chamma
Roberta Marcinkowski
Matthew Taylor*
Eduardo Rodrigues
Fernando Travassos
Tiago Vieira
Marcelo Toni
Èrica Grizendi
Francisco Ayres Krug
Violoncelos
Marcos Fokim
Heitor Fujinami
Mauro Brucoli*
Osvanilson Castro
Sinopse e gravações
John Spindler
Raïff Dantas Barreto*
Trompas
de referência
José Fernandes Neto
Mariana Amaral
André Ficarelli*
Irineu Franco Perpetuo
Liliana Chiriac
Alberto Kanji
Luiz Garcia*
Mizael da Silva Júnior
Charles Brooks
Eric Gomes da Silva
Tradução do Libreto
Paulo Calligopoulos
Cristina Manescu
Rogério Martinez
Igor Reyner
Rafael Bion Loro
Joel de Souza
Vagner Rebouças
Legendas
Sílvio Balaz
Maria Eduarda Canabarro
Trompetes
MP Legendas
Victor Bigai
Moisés F. dos Santos
Fernando Guimarães*
Revisor
Segundos-violinos
Sandro Francischetti
Marcos Motta*
Gabriel Rath Kolinyak
Andréa Campos*
Teresa Catto
Breno Fleury
Laércio Diniz*
Contrabaixos
Eduardo Madeira
Nadilson Gama
Sanderson Cortez Paz***
Albert Santos**
Coach de Francês Isabelle Lenoble
Otávio Nicolai
Taís Gomes
Trombones
André Luccas
Adriano Costa Chaves
Roney Stella*
Croquis dos figurinos
Djavan Caetano
Miguel Dombrowski
Hugo Ksenhuk
Cristina Aceti
Edgar Montes Leite
Ricardo Busatto
Luiz Cruz
Evelyn Carmo
Vinicius Frate
Marim Meira
Helena Piccazio
Walter Müller
Eduardo Machado**
Oxana Dragos
Flautas
Tuba
Ricardo Bem-Haja
Cássia Carrascoza*
Gian Marco de Aquino*
Sara Szilagyi
Marcelo Barboza*
Harpa
Ugo Kageyama
Andréa Vilella
Jennifer Campbell*
Wellington R. Guimarães
Cristina Poles
Paola Baron*
Piano
Coro Lírico do
Mônica Martins
Cecília Moita*
Theatro Municipal
Contraltos
Eduardo Paniza
Celeste do Carmo
Jang Ho Joo
Percussão
Diógenes Gomes
Marcelo Camargo*
Regente Titular
Claudia Arcos
Luis Orefice
César Simão
Bruno Greco Facio
Clarice Rodrigues
Marcio Martins
Magno Bissoli
Regente Assistente
Elaine Martorano
Miguel Csuzlinovics
Sérgio Coutinho
Sérgio Wernec
Lidia Schäffer
Roberto Fabel
Thiago Lamattina
Pianistas
Magda Painno
Sandro Bodilon
Tímpanos
Marcos Aragoni
Mara Dalva de Alvarenga
Baixos
Danilo Valle*
Marizilda Hein Ribeiro
Margarete Loureiro
Claudio Guimarães
Márcia Fernandes*
Sopranos
Maria José da Silveira
Fernando Gazoni
Gerente da Orquestra
Adriana Magalhães
Vera Ritter
Jessé Vieira
Paschoal Roma
Berenice Barreira
Tenores
José Nissan
Assistente
Claudia Neves
Alex Flores de Souza
Josué Silva
Manuela Cirigliano
Elaine Moraes
Antonio Carlos Britto
Leonardo Amadeo Pace
Inspetor
Elayne Caser
Dimas do Carmo
Marcos Carvalho
Carlos Nunes
Elisabeth Ratzersdorf
Eduardo Pinho
Orlando Marcos
Montadores
Graziela Sanchez
Eduardo de Góes
Rafael Thomas
Alexandre Greganyck
Huang Shu Chen
Eduardo Trindade
Sérgio Righini
Ivete Montoro
Fernando de Castro
Assistente
Jacy Guarany
Gilmar Ayres
Cristina Cavalcante
* Chefe de naipe
Juliana Starling
Joaquim Rollemberg
Inspetora
** Músico convidado
Marcia Costa
José Silveira
Eugenia Sansone
*** Chefe de naipe
Angélica Feital
Luciano Goés
Montador
Maria Antonieta Soares
Luiz Antonio Doné
Alfredo Barreto de Souza
Milena Tarasiuk
Marcello Vannucci
Monique Corado
Márcio Lucas Valle
Marivone P. Caetano
Miguel Geraldi
Marta Mauler
Paulo Chamié Queiroz
Nadja Sousa
Renato Tenreiro
Rita de Cassia Polistchuk
Rúben de Oliveira
Paulo Broda
neste programa
Rosana Barakat
Rubens Medina
Sandra Félix
Sérgio Sagica
Mezzo-Sopranos
Valter Felipe
Elisa Nemeth
Valter Estefano Mesquita
Erika Mendes Belmonte
Barítonos
Heloísa Junqueira
Alessandro Gismano
Keila de Moraes
Ary Lima Jr.
Juliana Valadares
Daniel Lee
Maria Luisa Figueiredo
Davi Marcondes
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 186
Coral da Gente do
Balé da Cidade
Marcos Novais
Prefeitura do Município
Instituto Baccarelli
de São Paulo
Victor Hugo Vila Nova
de São Paulo
Wagner Varela
Prefeito
Regente Silmara Drezza
Diretora Artística
Produção Executiva
Fernando Haddad
Iracity Cardoso
Maya Mecozzi
Secretário Municipal
Assistentes de Direção
Coordenação de
de Cultura
Logística
Juca Ferreira
Preparadora Vocal
Raymundo Costa
Deoclides Fraga Neto
Claudia Cruz
Silvana Marani
Coordenação técnica
Fundação Theatro
Coordenação de Ensaios
Melissa Guimarães
Municipal de São Paulo
Suzana Mafra
Assistente de
Direção Geral
Assistentes de coreografia
Coordenação Técnica
José Luiz Herencia
Kênia Genaro
José Hilton Jr.
Diretora de Gestão
Cantores Beatriz de Souza Sobrinho Bethânia Silva Gomes
Roberta Botta
Iluminador
Ana Flávia Cabral S. Leite
Suzana Mafra
Luiz Fernando Vaz
Diretor de Formação
Daniel Alves da Rocha
Professora de Balé Clássico
Sonoplasta
Leonardo Martinelli
Edwiges R. A. da Silva
Liliane Benevento
Leandro Lima
Ellen G. Rodrigues Sousa
Professores convidados
Coordenação de figurino
Instituto Brasileiro
Gabriela C. Nogueira Lira
Alex Soares
Bruna Fernandes
de Gestão Cultural
Allan Falieri
Assistente de
Presidente do Conselho
Milton Kennedy
Coordenação de Figurino
Cláudio Jorge Willer
Pianista
Juliana Andrade
Diretor Executivo
Wirley Francini
Maquinista
William Nacked
Camilla Dual Portela
Giselle C. de Sousa Brito Henzo Limeira Cavalcante Juliana A. P. do Nascimento Kaique Almeida Santos
Bailarinas
Alessander Rodrigues,
Diretora Técnica
Laís Simões da Silva
Camila Ribeiro
José Hilton Jr.
Isabela Galvez
Letícia Alves Neres
Eugênia Granha
Secretária
Diretor Financeiro
Luciana Beatriz N. Lira
Fabiana Ikehara
Doralice de Queiróz
Neil Amereno
Fernanda Bueno
Coordenação do acervo
Diretor Artístico
Liliane de Grammont
Raymundo Costa
John Neschling
Luiza Fernanda Rodrigues Maria A.de Oliveira Alves Maria E. P. Dual de Souza
Marina Giunti
Diretora de Produção
Rebeca Ferreira
Cristiane Santos
Mariana Eliz S. Merzbahcer
Shamara Bacelar
Direitos Autorais
Rafaela Batista dos Santos
Victoria Oggiam
Olivieri Advogados
Raissa Neves de Sousa
Bailarinos
Associados
Ricardo dos Santos Albano
Bruno Gregório
Robert Correia Borges Samuel G. de Oliveira e Silva Sophia G.de Oliveira e Silva
Gustavo Barros
Diretoria Geral
Igor Vieira
Assessora
Jefferson Damasceno
Maria Carolina G. de Freitas
Luiz Oliveira
Secretárias
Manuel Gomes
Ana Paula S. Monteiro
Marcia de Medeiros Silva
Ana Vanessa
Rosa Casalli
Luca Leme Nunes
Monica Propato
Assistente de Direção
Produtores
Peter Silva
Cerimonial
Cênica e Casting
Aelson Lima
Sandra Satomi Yamamoto
Egberto Cunha
Sérgio Spina
Pedro Guida
Chefe de Som
Sofia Amaral Ramos
Figurinista Residente
Miguel Teles
Sérgio Luis Ferreira
Bilheteria
Veridiana Piovezan
Assistente de Produção
Operadores de Som
Nelson F. de Oliveira
Produção de Figurinos
Arthur Costa
Guilherme Ramos
Fernanda Câmara
Daniel Botelho
Diretoria Artística
Arquivo Artístico
Palco
Kelly Cristina da Silva
Assessoria de
Coordenadora
Chefe da Cenotécnica
Chefe de Iluminação
Direção Artística
Maria Elisa P. Pasqualini
Aníbal Marques (Pelé)
Valéria Lovato
Stefania Gamba
Assistente
Técnicos de Palco
Iluminadores
Luís Gustavo Petri
Ana Raquel Alonso
Rodrigo Nascimento
Alexandre Bafe
Clarisse De Conti
Arquivistas
Thiago Panfieti
Igor Augusto F. de Oliveira
Secretária
Ariel Oliveira
Antonio Carlos da Silva
Luciano Paes
Eni Tenório dos Santos
Guilherme Prioli
Antonio Oliveira Almeida
Fernando Azambuja
Coordenação de
Karen Feldman
Alex Sandro N. Pinheiro
Ubiratan Nunes
Programação Artística
Leandro José Silva
Aristide da Costa Neto
Camareiras
João Malatian
Leandro Ligocki
Cláudio Nunes Pinheiro
Alzira Campiolo
Diretor Técnico
Copista
Cristiano T. dos Santos
Isabel Rodrigues Martins
Juan Guillermo Nova
Ana Cláudia Oliveira
Edival Dias
Lindinalva M. Celestino
Ermelindo T. Sobrinho
Maria Auxiliadora
Assistente de Direção Técnica
Ação Educativa
Julio de Oliveira
Maria Gabriel Martins
Giuseppe Cangemi
Aureli Alves de Alcântara
Lourival F. Conceição
Marlene Collé
Manuel Lucas Souza
Nina de Mello
Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero
Centro de Documentação
Marcelo Luiz Frosino
Regiane Bierrenbach
Assistente de Direção
Chefe de seção
Paulo Miguel Filho
Tonia Grecco
de Palco Cênico
Mauricio Stocco
Assistentes
Sabrina Mirabelli
Equipe
Elisabeth de Pieri
Central de Produção
Caroline Vieira
Lumena A. de Macedo Day
Ivone Ducci
"Chico Giacchieri"
Contrarregragem
Coordenação de Costura
Assistente de Direção Cênica Residente
Diretoria de Produção
Carlos Bessa
Emília Reily
Julianna Santos
Produção Executiva
Contrarregras
Acervo de Figurinos
Segunda Assistente
Anna Patrícia Araújo
Bruno Farias
Marcela de Lucca M. Dutra
de Direção Cênica
Nathália Costa
Eneas Leite
Assistente
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 188
Ivani Rodrigues Umberto
Luciana Cadastra
Acervo de Cenário
Marcio Aurélio O. Cameirão
e Aderecista
Meire Lauri
Aloísio Sales
Vitória R. R. Dos Santos
Seção Técnica de Manutenção
Expediente
Compras e Contratos
Edisangelo R. da Rocha
José Carlos Souza
George Augusto Rodrigues
Eli de Oliveira
José Lourenço
Jessica Elias Secco
Narciso Martins Leme
Paulo Henrique Souza
Marina Aparecida Augusto
Estagiário Vinícius Leal
Diretoria de Gestão
Infraestrutura
Lais Gabriele Weber
Marly da Silva dos Santos
Comunicação
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Antonio Teixera Lima
Editor e Coordenador
Cristina Gonçalves Nunes
Cleide da Silva
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Editor assistente
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Juliana do Amaral Torres
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Mídias Eletrônicas
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Maria Apª da C. Lima
Desirée Furoni
Paula Melissa Nhan
Pedro Bento Nascimento
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Therezinha P. da Silva
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Almoxarifado
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Nelsa A.Feitosa da Silva
Alexandro R. Bertoncini
Bens Patrimoniais
Design Gráfico
Seção de Pessoal
José Pires Vargas
Kiko Farkas/ Máquina Estúdio
Cleide Chapadense da Mota
Designer Assistente
José Luiz P. Nocito
Informática
Ana Lobo
Solange F. França Reis
Ricardo Martins da Silva
André Kavakama
Tarcísio Bueno Costa
Renato Duarte
Atendimento
Estagiários
Michele Alves
Parcerias
Victor Hugo A. Lemos
Impressão
Suzel Maria P. Godinho
Yudji A. Otta
Formags Gráfica e Editora LTDA
Contabilidade
Arquitetura
Alberto Carmona
Lilian Jaha
Agradecimentos
Cristiane Maria Silva
Estagiários
Escarlate
Diego Silva
Marina Castilho
Hotel Marabá
Theatro Municipal de São Paulo Temporada Lírica 2014 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Agosto
Palestra sobre a ópera Salomé com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo sáb (30) às 17h Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca
Setembro
Salomé Richard Strauss ter (09 / 16), qui (11 / 18) e sáb (06 / 20) às 20h dom (14) às 18h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo John Neschling Regência Livia Sabag Direção Cênica Nicolás Boni Cenografia Veridiana Piovezan Figurino Wagner Pinto Desenho de Luz Salomé Nadja Michael (06 09 11 14) Alexandrina Pendatchanska (16 18 20) Herodes Peter Bronder (06 09 11 16 20) Jürgen Sacher (14 18) Herodias Iris Vermillion (06 09 11 16 20)
Alejandra Malvino (14 18)
Jochanaan Steven Mark Doss (06 09 11 16 20)
Michael Kupfer (14 18)
Narraboth Stanislas De Barbeyrac (06 09 11 16 20)
István Horváth (14 18)
1º Judeu Paulo Chamié–Queiroz 2º Judeu Rubens Medina 3º Judeu Eduardo Trindade 4º Judeu Miguel Geraldi 5º Judeu Sérgio Righini 1º Nazareno Carlos Eduardo Marcos 2º Nazareno Sérgio Weintraub 1º Soldado Marcos Carvalho 2º Soldado Paulo Menegon
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 190
Capadócio Jonas Mendes Pajem de Herodias Elaine Martorano Escravo Elisabeth Ratzersdorf
Tonio Angelo Veccia (18 21 23 26 29) Francesco Landolfi (19 25 28) Beppe Daniele Zanfardino (18 21 23 26 29) Saverio Fiore (19 25 28)
Outubro
Silvio Davide Luciano (18 21 23 26)
Palestra sobre as óperas Cavalleria Rusticana e I Pagliacci
Norbert Steidl (19 25 28 29)
com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo sáb (11) às 17h
Novembro / Dezembro
Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca
Palestra sobre a ópera Tosca com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo
Cavalleria Rusticana Pietro Mascagni I Pagliacci Ruggero Leoncavallo ter (21 / 28), qua (29), qui (23) e sáb (18 / 25) às 20h dom (19 / 26) às 18h
sáb (22) às 17h Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca
Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Tosca Giacomo Puccini
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Nov sáb (29) às 20h e dom (30) às 18h
Ira Levin Regência Pier Francesco Maestrini Direção Cênica (Cavalleria Rusticana) Francesco Micheli Direção Cênica (I Pagliacci)
Dez ter (02 / 09), qui (04 / 11) e sáb (06 / 13) às 20h dom (07) às 18h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Juan Guillermo Nova Cenografia
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Carla Galleri Figurino (Cavalleria Rusticana)
Oleg Caetani Regência
Gianluca Falaschi Figurino (I Pagliacci)
Marco Gandini Direção Cênica
Santuzza Tuija Knihtlä (18 21 23 26 29)
Italo Grassi Cenografia
Elena Lo Forte (19 25 28)
Turiddu Giancarlo Monsalve (18 21 23 26 29) Marcello Vannucci (19 25 28) Alfio Angelo Veccia (18 21 23 26 29) Francesco Landolfi (19 25 28) Lola Luciana Bueno (18 21 23 26 29) Mere Oliveira (19 25 28) Mamma Lucia Lídia Schäffer Canio Walter Fraccaro (18 21 23 26 29) Richard Bauer (19 25 28) Nedda Inva Mula (18 21 23 26 29) Marina Considera (19 25 28)
Simona Morresi Figurino Floria Tosca Amanda Echalaz (29 02 06 09 13) Ausrine Stundyte (30 04 07 11) Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez (29 02 06 09 13) Stuart Neill (30 04 07 11) Scarpia Roberto Frontali (29 02 06 09 13) Nelson Martinez (30 04 07 11) Cesare Angelotti Massimiliano Catellani Sacristão Saulo Javan Spoletta Luca Casalin
Programação sujeita a alterações.
patrocinadores
apoio
execução
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
realização
MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO