Carmen - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

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CARMEN GEORGES BIZET


Bem-Vindo à ópera Seja bem-vindo ao Theatro Municipal de São Paulo. Veja abaixo algumas informações para você aproveitar da melhor forma esta experiência única. Fotos e Vídeos Ficamos muito contentes quando você tira uma foto no Theatro Municipal. Inclusive criamos a hashtag #eunomunicipal para que possamos identificar sua foto nas mídias sociais e compartilhar no facebook do Theatro (/theatromunicipalsp). Entretanto, após o terceiro sinal e após os intervalos, pedimos que você desligue seu celular e tablet, pois mesmo a luminosidade da tela do aparelho tira a atenção de quem está ao seu lado. E queremos que os destaques da ópera sejam apenas os cantores no palco. Fotos com fins comerciais precisam de autorização prévia. Conversas Por mais baixo que se fale, ou sussurre, as conversas e comentários atrapalham muito os outros espectadores. Espere o intervalo para compartilhar suas opiniões. Cadeiras Nossas belas e centenárias cadeiras passam regularmente por manutenção, mas se alguma delas ranger com você, tenha paciência com ela e procure fazer o mínimo de barulho, pois apesar de terem presenciado um século de óperas elas não chegam a ser afinadas. Aplausos Se você gostou muito da interpretação de uma ária, sinta-se à vontade para aplaudir, mas na ópera não há a necessidade dos aplausos a cada trecho cantado ou tocado. Aos finais dos atos e da ópera você pode se manifestar à vontade. Alimentos Não é permitida a entrada com comidas e bebidas no interior da sala de apresentações. Pedimos especial atenção aos papeis de bala, que podem fazer um barulho e tanto.Tanto no térreo quanto no segundo andar há cafés, que ficam abertos antes do início da ópera e nos intervalos. Crianças Indicamos a idade de 10 anos para que as crianças comecem a frequentar as óperas, mas pedimos especial atenção dos pais e responsáveis, pois além da duração, as óperas abordam diferentes temas, que podem não ser apropriados às crianças menores. Atrasos Após o início do espetáculo, será permitida a entrada somente no intervalo. Se houver necessidade de saída durante a ópera, o retorno só será permitido no intervalo, quando houver.


Ministério da Cultura, Prefeitura Municipal de São Paulo, Fundação Theatro Municipal de São Paulo e Instituto Brasileiro de Gestão Cultural apresentam

CARMEN Ópera em quatro atos Música de Georges Bizet Libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy


Georges Bizet Carmen Nova montagem Maio 2014

quinta, 29 às 20h sábado, 31 às 20h

Junho 2014

domingo, 01 às 18h terça, 03 às 20h quinta, 05 às 20h sábado, 07 às 20h domingo, 08 às 18h terça, 10 às 20h quarta, 11 às 20h

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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coral da Gente Balé da Cidade de São Paulo Regência

Ramón Tebar

Direção Cênica

Filippo Tonon

Cenografia Cenógrafo Colaborador Figurinos

Juan Guillermo Nova Giuseppe Cangemi Cristina Aceti

Desenho de Luz

Caetano Vilela

Coreografia

Matilde Rubio

Regência do Coro Lírico Regência do Coral da Gente

Carmen (Mezzo-Soprano)

Don José (Tenor)

Escamillo (Barítono)

Micaëla (Soprano)

Frasquita (Soprano) Mercédès (Mezzo-Soprano) Dancaïre (Tenor) Remendado (Tenor) Zuniga (Baixo) Moralès (Barítono)

Lillas Pastia Um Guia

Bruno Greco Facio Silmara Drezza

Rinat Shaham

29 01 03 05 07 10

Luisa Francesconi

31 08 11

Thiago Arancam

29 01 03 05 08 11

Fernando Portari

31 07 10

Rodrigo Esteves

29 01 03 05 07 10

David Marcondes

31 08 11

Lana Kos

29 01 03 05 07 10

Andrea Aguilar

31 08 11

Marta Torbidoni Malena Dayen Francis Dudziak Rodolphe Briand Massimiliano Catellani Norbert Steidl

29 01 05 08 11

Vinícius Atique

31 03 07 10

Guilherme Corrêa Edison Vigil

Programa sujeito a alterações.


Sinopse

Ato I

Em uma praça, em Sevilha, junto a uma fábrica de cigarros, a

50'

jovem Micaëla busca seu amado, o militar Don José. A moça sai e, depois da troca da guarda, quem aparece é Carmen que, cobiçada por todos, tenta atrair a atenção de Don José indiferente, na direção de quem atira uma flor, que ele por fim recolhe. Com a saída da cigana, Micaëla reaparece, trazendo a Don José notícias de casa. A moça parte, e ouvem– se gritos na fábrica: Carmen se envolveu em uma briga com uma colega, ferindo–a. Obedecendo a ordens de seu superior, o capitão Zuniga, Don José prende a cigana, que lhe propõe de um encontro amoroso na taberna de Lillas Pastia. Por fim, o soldado cede e facilita a sua fuga.

Intervalo 25'

Ato II

Carmen e suas amigas, Frasquita e Mercédès, comandam a

40'

festa na taberna de Lillas Pastia. Aclamado por todos, entra o toureiro Escamillo, que flerta com Carmen, antes de seguir em frente. Surgem os contrabandistas Dancaïre e Remendado, pedindo ajuda às ciganas em uma empreitada criminosa. Carmen hesita em segui–los, pois espera por Don José, que foi preso por sua causa. O militar chega, e a cigana propõe que ele se junte aos bandidos. Don José, porém, hesita; o dever o chama. O casal está em meio a uma discussão quando surge Zuniga, na expectativa de ficar a sós com Carmen. Enciumado, Don José desafia seu superior. Os contrabandistas entram em cena e apartam a briga, desarmando Zuniga. Don José não tem escolha: agora, faz parte do bando.

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Intervalo 20’

Ato III

Nas montanhas, com os contrabandistas, Don José está in-

35'

feliz: ama Carmen, mas padece de ciúmes. Indiferente aos acessos de cólera dele, a cigana tira a sorte com Frasquita e Mercédès, e só vê diante de si a morte. O chefe dos contrabandistas convoca o bando à ação, enquanto Micaëla se embrenha nas montanhas, em busca do amado. Os bandidos preparam a partida; Don José fica para trás, montando guarda, e surpreende um intruso. É Escamillo, em busca de Carmen. Os rivais sacam suas facas, e começam a duelar pela cigana. A confusão chama a atenção dos contrabandistas, que separam os litigantes. Escamillo parte, convidando todos para sua próxima tourada, e Micaëla é descoberta, chamando Don José para segui–la rumo à sua cidade natal. Inicialmente, ele se recusa a deixar Carmen para trás, cedendo apenas ao saber que sua mãe está à beira da morte.

Ato IV

Em uma praça de Sevilha, a multidão saúda, entusiasmada,

25'

os participantes da tourada que está por começar. Escamillo troca juras de amor com Carmen, e se encaminha para a arena. A cigana recebe de uma amiga a advertência de que Don José está a espreitá–la, mas ignora a ameaça, ficando sozinha na praça. Don José aborda–a com súplicas e ameaças: vai matar a amada se ela não quiser segui–lo. Carmen, porém, é inflexível: prefere morrer a abrir mão de sua liberdade. Por fim, Don José apunhala a cigana, entregando–se em seguida às autoridades.


PĂĄgina do programa da estreia de Carmen no Theatro Municipal de SĂŁo Paulo, em 1915.


Estreia mundial

Apresentações no

3 de março de 1875

Theatro Municipal de São Paulo

Opéra–Comique de Paris Adolphe Deloffre Regente

24 de setembro de 1915

Célestine Galli–Marié Carmen

Gino Marinuzzi Regente

Paul Lhérie Don José

Geneviève Vix Carmen

Jacques Bouhy Escamillo

Bernardo de Muro Don José

Marguerite Chapuy Micaëla

Giulio Cirino Escamillo

Alice Ducasse Frasquita

Maria Ross Micaëla

Esther Chevalier Mercédès

Annita Giacomucci Frasquita

Barnolt (Paul Fleuret) Remendado

Maria Galeffi Mercédès

Pierre–Armand Dancaïre

Teófilo Dentale Zuniga

Eugène Dufriche Zuniga

Guglielmo Niola Dancaïre

Edmond Duvernoy Moralès

Giordano Paltrinieri Remendado Dino Lussardi Moralès

Primeira apresentação no Brasil julho de 1881

setembro de 1917

Theatro São José, São Paulo

Gino Marinuzzi Regente

Gravenstein Regente

Fanny Anitua Carmen

Paola Marié Carmen

Enrico Caruso Don José

Mauras Don José

Marcel Journet Escamillo

Frederic Maugé Escamillo

Annita Giacomucci Micaëla

Hèlene Leroux Micaëla

Lucia Torelli Mercédès

Gregoire Frasquita

Teófilo Dentale Zuniga

Merle Mercédès

Enrico de Franceschi Dancaïre

Nigri Zuniga

Giordano Paltrinieri Remendado

Poyard Dancaïre

Antonio Cortis Moralès

Perret Remendado Mussy Moralès

outubro de 1918 Gino Marinuzzi Regente Romeo Francioli Diretor Cênico Gabriella Besanzoni Carmen Aureliano Pertile Don José Armand Crabbé Escamillo Mary Melsa Micaëla


Annita Giacomucci Frasquita

Miguel Fleta/Walter Kirchoff Don José

Lucia Torelli Mercédès

Luigi Rossi Morelli Escamillo

Francisco Izal Moralès

Thea Vitulli Micaëla

Arthur Dubois Dancaïre

Annita Giacomucci/Maria Lilloni Frasquita

Ettore Bonzi Remendado

Maria Lilloni Mercédès

Teófilo Dentale Zuniga

Michele Fiore Zuniga Nello Palai Dancaïre

agosto de 1920

Luigi Nardi Remendado

Edoardo Vitale Regente

Ciro Scafa Moralès

Geneviève Vix Carmen Bernardo de Muro Don José

junho de 1924

Luigi Rossi–Morelli Escamillo

Federico del Cupolo Regente

Thea Vitulli Micaëla

Rhea Toniolo Carmen

Annita Giacomucci Frasquita

Ettore Bergamaschi Don José

Maria Galeffi Mercédès

Carlo Tagliabue Escamillo

Teófilo Dentale Zuniga

Lia Alessandrini Micaëla

Attilio Muzio Dancaïre

Facas Frasquita

Luigi Nardi Remendado

Renata Pezzati Mercédès Giovanni Azzimonti Zuniga

agosto de 1921

Ciro Scafa Dancaïre; Moralès

Gino Marinuzzi Regente

Enrico Giunta Remendado

Fanny Anitua Carmen Antonio Cortis Don José

setembro de 1924

Luigi Rossi–Morelli Escamillo

Emil Cooper Regente

Thea Vitulli Micaëla

Pollack Oliveira Carmen

Annita Giacomucci Frasquita

Giulio Crimi Don José

Maria Galeffi Mercédès

Victor Damiani Escamillo

Gino de Vecchi Zuniga

Madeleine Bugg Micaëla

Attilio Muzio Dancaïre

Eugenia Marchini Frasquita

Luigi Nardi Remendado

Fernanda Denti Mercédès

Agnese Ricci Moralès

Michele Fiore Zuniga Luigi Nardi Remendado

outubro/novembro de 1922 Vincenzo Bellezza Regente

maio/junho de 1926

Gabriella Besanzoni Carmen

Federico Del Cupolo Regente

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E. Garbo Diretor Cênico

Romano Rasponi Moralès

Gabriella Galli Carmen

Ida Conti Frasquita

Vincenzo Sempere/Adalberto

Bruna Castagna Mercédès

Giovannoni Don José Mario Albanesi/Carlo Tagliabue Escamillo

dezembro de 1928

Rosina Sasso Micaëla

Orquestra do Centro Musical de São Paulo

Vittorio Pavia Dancaïre

Guido Alberto Picco Regente

Antonio Serpo Remendado; Moralès

Carlos Barbaci Diretor Cênico

Abele Carnevali Zuniga

Amalia Bertola Carmen

Margherita Parigi Frasquita

Augusto Cingolani Don José

N. Algozzino Mercédès

Corrado Tavanti Escamillo Lia Alessandrini Micaëla

agosto de 1926

Lea Bardi Frasquita

Angelo Questa Regente

Aurelia Franceschini Mercédès

Guido Bartera Diretor Cênico

Eugenio D’Allargine Dancaïre; Moralès

Giuseppina Zinetti Carmen

Renato de Pascale Remendado

Bernardo de Muro Don José

Joaquin Alsina Zuniga

Apollo Granforte Escamillo Luisa Bonetti Micaëla

dezembro de 1929

Piero Giradi Dancaïre

Orquestra do Centro Musical de São Paulo

Raffaele Marcotto Remendado

Gino Puccetti Regente

Canuto Sabat Zuniga

Gabriella Galli Carmen

Agnese Porter– Frasquita

Enrico Coppellotti Don José

Fernanda Denti Mercédès

Joaquim Villa Escamillo Carmen Sibillo Micaëla

setembro de 1927

Pina Gatti Frasquita

Gino Marinuzzi Regente

A. Polliucci Mercédès

Ezio Cellini Diretor Cênico

Carlo Gatti Dancaïre

Gabriella Besanzoni–Lage Carmen

Enrico Giunta Moralès

André Burdino Don José

Lisandro Sergenti Zuniga

Benvenuto Franci Escamillo Isabel Marengo Micaëla

dezembro de 1934

Attilio Muzio Dancaïre

Arturo de Angelis Regente

Luigi Nardi Remendado

Abele de Angelis Direção

Carlo Walter Zuniga

Maria Luisa Lampaggi Carmen


Abele de Angelis Don José

Carlos Guichandut Moralès

Paulo Ansaldi Escamillo

Lisandro Sergenti Zuniga

Dora Solima Micaëla Enrico Della Valle Dancaïre

setembro de 1940

Carlos Herrera Remendado

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Salvador Perrotta Zuniga

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Eva Carpi Frasquita

Gennaro Papi/Arturo de Angelis Regentes

Aurelia Franceschini Mercédès

Mario Girotti Diretor cênico

Giuseppe Zonzini Moralès

Bruna Castagna Carmen Jan Kiepura Don José

setembro de 1935

Alice Ribeiro Micaëla

Orquestra do Centro Musical de São Paulo

Robert Weede Escamillo

Alfredo Padovani Regente

Darcila Barros Frasquita

Filippo Dadó Diretor cênico

Sofia Mendoza Mercédès

Gabriella Besanzoni–Lage Carmen

Romeo Boscacci Dancaïre

Antonio Melandri Don José

Mario Brunati Remendado

Victor Damiani Escamillo

Joaquin Alsina Zuniga

Iracema Follador Micaëla

Guilherme Damiano Moralès

Blando Giusti Dancaïre Mario Girotti Remendado; Moralès

setembro de 1941

George Lanskoy Zuniga

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Nice de Araujo Jorge Frasquita

Albert Woff Regente

Rina Gallo Toscani Mercédès

Mario Girotti Diretor cênico Lili Djanel Carmen

outubro de 1938

Raoul Jobin Don José

Orquestra do Centro Musical de São Paulo

Alice Ribeiro Micaëla

Edoardo de Guarnieri Regente

Felipe Romito Escamillo

Carlo Marchese Diretor cênico

Darcila Barros Frasquita

Gabriella Besanzoni–Lage Carmen

Helen Olheim Mercédès

Domenico Mastronardi Don José

Roberto Galeno Dancaïre

Iracema Follador Micaëla

Anthony Marlowe Remendado

Joaquim Villa Escamillo

Rolf Telasko Zuniga

Anita Ralda Frasquita

Guilherme Damiano Moralès

Julita Fonseca Mercédès Romeo Boscacci Dancaïre; Remendado

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setembro de 1944

Fedora Barbieri Carmen

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Mario del Monaco Don José

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Nadir de Mello Couto Micaëla

Arturo de Angelis Regente

Raffaele de Falchi Escamillo

Mario Girotti Diretor Cênico

Alzira Ribeiro Macedo Frasquita

Jennie Tourel Carmen

Irmgard Müller Mercédès

Pedro Mirassou Don José

Nino Crimi Dancaïre

Matilde Arbuffo Micaëla

Arnaldo Pescuma Remendado

Daniel Duno/Massimo Tommasini Escamillo

Guilherme Damiano Zuniga

Ghita Taghi Frasquita

Antonio Lembo Moralès

Ida Dertonio – Mercédès Roberto Galeno Dancaïre; Moralès

setembro/outubro de 1966

Arnaldo Pescuma Remendado

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Alexandre de Lucchi Zuniga

Coro Lírico Municipal de São Paulo Armando Belardi Regente

setembro de 1947

Emmerson Eckmann Diretor Cênico

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Franca Mattiucci Carmen

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Sérgio Albertini Don José

Edoardo de Guarnieri Regente

Costanzo Mascitti Escamillo

German Torel Diretor Cênico

Cecilia del Monaco Micaëla

Fedora Barbieri Carmen

Tania Kruger Frasquita

Mario del Monaco Don José

Thereza Boschetti Mercédès

Anna Faraone Micaëla

Airton Nobre Remendado

Raffaele de Falchi Escamillo

Geraldo Chagas Dancaïre

Ghita Taghi Frasquita

José Perrotta Zuniga

Lena Monteiro de Barros Mercédès

Andrea Ramus Moralès

Roberto Galeno Dancaïre Nino Crimi Remendado

Outubro de 1970

Guilherme Damiano Zuniga

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo

outubro de 1949

Nino Bonavolontá Regente

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Emmerson Eckmann Diretor Cênico

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Marta Rose Carmen

Edoardo de Guarnieri Regente

Sérgio Albertini Don José

Salvatore Siddivò Diretor Cênico

Gian Giacomo Guelfi Escamillo


Marta Baschi Micaëla

Vera Platt/Heloisa Junqueira Mercédès

Mario Rinaudo Zuniga

Berenice Barreira/Solange Siquerolli Frasquita

Andrea Ramus Moralès

José Antonio Soares/José Marson Dancaïre

Thereza Boschetti Mercédès

Ronaldo Trigueiro/João Malatian Remendado

Assunção de Lucca Frasquita Airton Nobre Dancaïre

novembro de 1998

Geraldo Chagas – Remendado

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo

agosto de 1978

Coral Infantil

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Isaac Karabtchevsky Regente

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Marcio Aurélio Diretor Cênico

Michelangelo Vetri Regente

Carolyn Sebron/Graciela Alperyn/

Tito Serebrinsky Diretor Cênico

Luciana Bueno Carmen

Francine Arrauzau Carmen

Luis Lima/Alberto Cupido/Ludo

Gilberto Py Don José

Farago Don José

Franco Bordoni Escamillo

Boris Martinovic/Boris Trajanov/

Ruth Staerke Micaëla

Sebastião Teixeira Escamillo

Wilson Carrara Zuniga

Rosana Lamosa/Gabriella Pace Micaëla

Odnilo Romanini Moralès

Marcos Ribeiro Zuniga

Odete Violani Mercédès

Paulo Szot Moralès

Assunção de Lucca Frasquita

Denise de Freitas Mercédès

Assadur Kiulahjian Dancaïre

Solange Siquerolli Frasquita

João de Brás Remendado

José Antonio Soares Dancaïre Sergio Weintraub Remendado

julho/agosto de 1994 concerto Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

setembro de 2001 concerto

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Orquestra Experimental de Repertório

St. Paul’s Boys’ Choir

Coral Paulistano

Isaac Karabtchevsky Regente

Jamil Maluf Regente

Jadranka Jovanovic/Graciela Alperyn Carmen

Luciana Bueno Carmen

Edmund Barham/Benito Maresca Don José

Marcello Vannucci Don José

Boris Martinovic/Thomas Potter Escamillo

Paulo Szot Escamillo

Rosana Lamosa/Cláudia Riccitelli Micaëla

Guiomar Milan Micaëla

Israel Pessoa/Eliel Rosa Zuniga

Solange Siquerolli Frasquita

Sebastião Teixeira/João Paulo Ribas Moralès

Denise de Freitas Mercédès

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março de 2002 Orquestra Experimental de Repertório Coral Paulistano Coral Infatil Eco Jamil Maluf Regente Carla Camurati Diretora Cênica Luciana Bueno Carmen Marcello Vannucci Don José Paulo Szot Escamillo Guiomar Milan Micaëla Solange Siquerolli Frasquita Denise de Freitas Mercédès Adriano Pinheiro Remendado José Antonio Soares Dancaïre José Gallisa Zuniga Eduardo Amir Moralès


Célestine Galli-Marié, intérprete

Paola Marié, irmã de

de Carmen na estreia mundial,

Célestine e intérprete

em 1875, na Opéra-Comique

de Carmen na estreia

de Paris, fotografada por Félix

brasileira, em 1881, no

Nadar (1820–1910).

Theatro São José.

Miguel Fleta,

Enrico Caruso,

Don José em

Don José em

1922, no Theatro

1917, no Theatro

Municipal de

Municipal de

São Paulo.

São Paulo.


Guiseppina Zinetti,

Fedora Barbieri,

Carmen em

Carmen em 1947

1926, no Theatro

e 1949, no Theatro

Municipal de

Municipal de

São Paulo.

São Paulo.

Mario del Monaco,

Benito Maresca,

Don José em 1947

Don José em

e 1949, no Theatro

1994, no Theatro

Municipal de

Municipal

São Paulo.

de São Paulo.


A cigana de Georges Bizet Irineu Franco Perpetuo

“Ouvi ontem – podem acreditar? – pela vigésima vez a obra– –prima de Bizet”, é a frase a qual o filósofo alemão Friedrich Nietzsche começa O Caso Wagner, uma espécie de ajuste de contas com o autor de Tristão e Isolda e ex–amigo. “Como semelhante obra nos torna perfeitos! Nós próprios chegamos a nos transformar numa 'obra–prima'. – E realmente cada vez que ouvi Carmen me senti mais filósofo, melhor filósofo do que habitualmente me sinto: tão inteligente, tão feliz, tão indiano, tão seguro”. Não é preciso compartilhar da repulsa nietzschiana por Wagner para compreender seu apreço pela vibrante saga da cigana impenitente. Carmen é hoje um dos pilares do teatro musical, um daqueles títulos que definem a ópera como gênero, e o passaporte para a posteridade de seu criador, o Irineu Franco Perpetuo é jornalista e tradutor, ministra cursos na

francês Georges Bizet (1838–1875). Não tivesse feito Carmen, Bizet certamente não cons-

Casa do Saber e colabora com

tituiria mais do que uma nota de rodapé no movimentado

a Revista Concerto.

cenário da ópera parisiense do século 19, dividido entre a

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monumentalidade luxuriante da Grand Opéra e a coloquialidade da Opéra-Comique. Filho de um cabeleireiro com veleidades musicais e da irmã de um professor de canto, Bizet se iniciou na música em casa, antes de se formar no Conservatório de Paris e se consolidar como arranjador e pianista correpetidor. Profundamente influenciado por Gounod (que, em tom de brincadeira, dizia que a ária de Micaëla, no terceiro ato de Carmen, Je dis que rien ne m'épouvante, havia sido roubada dele), planejou, ao longo de sua breve carreira, 30 projetos operísticos, dos quais apenas seis hoje sobrevivem; destes, cinco foram apresentados durante sua vida, sem conseguir verdadeiro êxito. Hoje em dia, à exceção de Carmen, pode–se ouvir de vez em quando sua colorida Sinfonia em Dó Maior (estreada em 1935, 80 anos após sua composição, 60 depois da morte do autor), a música incidental para a peça teatral L'Arlésienne e a ópera Os Pescadores de Pérolas. Embora sua criação anterior para a Opéra–Comique, Djamileh (1872), não tivesse obtido sucesso, os diretores da casa, Camille Du Locle (1832–1903) e Adolphe de Leuven (1800–1884), continuavam a apostar no talento de Bizet, e resolveram lhe encomendar uma nova partitura. Henri Meilhac (1830–1897) e Ludovic Halévy (1834–1908) foram designados os libretistas e, após alguma discussão sobre o tema, o próprio compositor sugeriu uma adaptação da novela Carmen, de Mérimée. Logo houve choque com a direção do teatro. De Leuven ficou chocado com elementos que considerava inadequados a uma casa de ópera familiar, como o assassinato da protagonista em cena, e renunciou ao cargo. Mais à frente, seria Du Locle a criticar a ópera, chamando–a de “música da Cochinchina” (ou seja, incompreensível), e pedindo ao compositor para moderar o forte realismo de sua criação. Após este episódio, durante o período de ensaios, seria a orquestra a se queixar da dificuldade da partitura. Houve


também reclamações do coro, que teria de deixar de ser uma mera massa cantando em uníssono, com seus integrantes deveriam, então, atuar de modo convincente, como indivíduos. O firme apoio da mezzo–soprano Célestine Galli– Marié (1840–1905), a criadora do papel de Carmen, e do tenor Paul Lhérie (1844–1937), o primeiro Don José, garantiram que o compositor não tivesse que fazer concessões significativas, e Carmen estreou na Opéra–Comique em 3 de março de 1875, recebendo 45 récitas naquele ano, com mais três no ano seguinte – uma cifra significativa, superior a qualquer outra realização do compositor. Boa parte do público, porém, reagiu insultada, e a crítica foi, em geral, hostil. Logo após a estreia, Bizet foi acometido de abcesso peritonsilar. Depressivo, o músico se deixou abater pela incompreensão dos formadores de opinião. Seguiram–se reumatismos, dores de ouvido e na garganta e ataques cardíacos. O autor de Carmen faleceu aos 36 anos, pouco depois da 33ª apresentação de sua obra–prima. Em suas memórias, o compositor Camille Saint–Saëns (1835–1921), autor da ópera Sansão e Dalila, deixou suas impressões sobre o colega três anos mais jovem: “Leal e sincero, ele jamais escondia suas amizades ou antipatias. É uma característica que compartilhávamos, embora em outros aspectos fôssemos completamente distintos, com ideais diferentes. Ele buscava paixão e vida, enquanto eu corria atrás da quimera da pureza estilística e perfeição formal. Nossas conversas intermináveis tinham uma vivacidade e um prazer de que nunca mais desfrutei com ninguém”. Carmen só voltaria a ser encenada em Paris em 1883, depois de ser consagrada nos palcos do resto do mundo – inclusive no Brasil, onde foi apresentada pela primeira vez em 1881, no Theatro São José, em São Paulo, e no Theatro D. Pedro II, no Rio de Janeiro, tendo como protagonista Paola Marié, irmã mais nova de Célestine Galli–Marié.

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A Espanha foi decisiva para o escritor parisiense Prosper Mérimée (1803–1870) não apenas do ponto de vista estético, mas sobretudo do status. Em 1830, durante uma viagem à Península Ibérica, Mérimée sofreu um acidente viário que lhe rendeu um encontro fortuito com a Condessa de Montijo – início de uma rica correspondência (434 cartas), e de uma amizade que lhe seria propícia. Em 1853, Maria Eugenia (Eugénie de Montijo), filha da condessa, casou–se com Napoleão III, tornando–se a Imperatriz da França; logo em seguida, Mérimée tornou–se senador. Anos antes de os laços com os Montijo lhe renderem ascensão social, eles valeram ao autor sua mais célebre criação literária. Em 1845, Mérimée relatou à Condessa ter passado oito dias escrevendo “uma história que a senhora me contou há quinze anos, e que eu temo ter estragado. Trata–se de um jaque [valentão] de Málaga que matou a amante, a qual se dedicava exclusivamente ao público. Depois de Arsène Guillot [novela publicada em 1843], não achei nada de mais moral para oferecer às nossas belas damas”. E, na mesma carta, acrescentou: “como venho estudando os ciganos há muito tempo com bastante afinco, fiz de minha heroína uma cigana”. Efetivamente, o autor não apenas encheu a obra de palavras, expressões e provérbios ciganos, como ainda dedicou seu último capítulo a um ensaio sobre este povo. Sentindo– –se pouco atraído fisicamente pelas zíngaras, Mérimée faz de sua protagonista uma exceção: “duvido muito que a Srta. Carmen fosse de raça pura; pelo menos, era infinitamente mais bonita que todas as mulheres da sua nação que eu jamais encontrara”. Sua beleza era “estranha e selvagem, uma figura que espantava a princípio, mas que não podia se esquecer. Os olhos, sobretudo, tinham uma expressão ao mesmo tempo voluptuosa e bravia que não encontrei depois em nenhum olhar humano”. Mérimée narra em primeira pessoa, reproduzindo, por seu turno, o relato em primeira pessoa de Don José Lizarra-

Ensaio sobre os ciganos


bengoa, “um rapagão de estatura mediana, mas de aparência robusta, de olhar sombrio e altivo”, de origem basca – o que permitia ao autor recriar, em escala espanhola (País Basco/Andaluzia), a polaridade entre loiro e moreno, norte e sul, razão e paixão, tão cara à literatura europeia de seu tempo. Ecoando a História do Cavaleiro Des Grieux e de Manon Lescaut, do Abade Prévost, Don José, militar da guarnição de Sevilha, narra a perda de sua inocência a partir do envolvimento com Carmen, transformando–se em contrabandista e assassino; na novela, ele mata um militar, o marido da cigana e um nobre inglês, além da própria heroína. A novela fez sucesso na época, mas seu êxito maior foi póstumo e ligado à partitura de Bizet; todas as traduções de Carmen para outros idiomas vieram depois da estreia da ópera. Ao transferir a trama de Mérimée para o palco, Meilhac e Halévy investigaram outra faceta da obra do escritor: a de tradutor pioneiro da literatura russa para o francês. Quando Carmen é presa, no primeiro ato da ópera, ela diz frases da versão de Mérimée do poema Os Ciganos, de Púchkin: “coupe–moi, brûle–moi, je ne dirais rien” (“corte–me, queime– me, não direi nada”). Mais importantes são os acréscimos de novos personagens. Enquanto na novela Carmen se envolve com Lucas, um mero picador (na tourada, aquele que pica o touro com uma vara), na ópera seu amante é Escamillo, um toureiro de Granada. E os libretistas também oferecem a Don José uma possibilidade (sempre negada) de redenção em Micaëla, a jovem basca que tenta recolocá–lo no caminho da virtude. Se a obra de Mérimée aposta na “cor local” como elemento de sedução, Bizet se esbaldou com a oportunidade de escrever música “espanhola”. A Habanera, número mais célebre de uma ópera em que quase tudo é célebre, teve como fonte a canção El Arreglito, do compositor espanhol Sebastián Yradier (1809–1865) – que Bizet acreditava ser uma melodia folclórica.

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Para além do óbvio apelo melódico, a ópera chamou a atenção pela sexualidade exuberante e pela veemência com que retratava paixões extremadas e violentas. Esses elementos tiveram ampla ressonância para além dos Alpes, fazendo com que Carmen fosse considerada uma precursora da corrente operística italiana do final do século XIX conhecida como verismo. Com o brutal assassinato da amante que o traía, Canio, o protagonista de I Pagliacci, de Leoncavallo, pode ser tido como descendente direto de Don José.

Não deixa de ser irônico que o autor da ópera escolhida por Nietzsche para representar a antítese de Wagner tenha sido acusado, em seu tempo, de wagneriano. “O Sr. Bizet pertence a essa nova seita cuja doutrina consiste em vaporizar a ideia musical, em vez de delimitá–la em contornos definidos”, escreveu Paul de Saint–Victor, no Moniteur Universel, à época da estreia da ópera, queixando–se do que chamava de “concorrência excessiva” entre voz e instrumentos: “Para essa escola, da qual o Sr. Wagner é o oráculo, o motivo está fora de moda, a melodia obsoleta; o canto, apagado e dominado pela orquestra, só deve ser seu eco enfraquecido. Um tal sistema deve necessariamente produzir obras confusas”. No Le Siècle, também em março de 1875, Oscar Comettant queixou–se de modo análogo: “O coração do Sr. Bizet, tornado indiferente pela escola da dissonância e da experimentação, precisa reencontrar a virgindade. Essa ópera não é nem cênica, nem dramática. Não é com detalhes de orquestra que se podem exprimir os furores e caprichos da Srta. Carmen”. Porém, a partir de uma produção em Viena, em outubro de 1875, Carmen rapidamente ganhou os palcos de todo o planeta, nas mais diversas versões, inclusive como musical (o filme Carmen Jones, de 1954, dirigido por Otto Preminger) e balé (Carmen–Suíte, de 1967, em que o compositor russo Rodion Schedrin reorquestrou a música da ópera para percussão e cordas, espe-

Wagner e Anti–Wagner


cialmente para sua mulher, a bailarina Maia Plissétskaia). Em Viena, os diálogos de Carmen foram substituídos por recitativos, escritos não por Bizet, mas por seu amigo Ernest Guiraud (1837–1892), compositor francês nascido na Louisiana. Como essa foi a versão que garantiu sucesso à ópera, ela se tornou dominante até o surgimento da edição crítica de Fritz Oeser, em 1964, que restaurou o caráter original de opéra–comique, com os diálogos recuperando o lugar, no lugar dos recitativos de Guiraud. De qualquer forma, em uma versão ou outra, com sua enorme difusão internacional, a criação de Bizet suscitou interpretações que transcendem o terreno da musicologia. Em A Ópera ou A Derrota das Mulheres (1979), a francesa Catherine Clément chama Carmen de “a mais feminista, a mais teimosa das mortas”. Para a autora, “Carmen, no momento de sua morte, encarna a própria liberdade de escolher, a decisão, a contestação. A imagem antecipada e condenada de uma mulher que rechaça o jogo masculino, e que paga, por isso, com sua vida”. Nietzsche, por seu turno, em O Caso Wagner, louva em Bizet a coragem de uma sensibilidade que chama de “mais meridional, mais morena, mais efervescente”, levando o espectador “para longe do norte nevoento, de todos os vapores do ideal wagneriano”. “Finalmente o amor, o amor recolocado na natureza original!”, festeja. “Não o amor de uma 'virgem superior'! Não a sentimentalidade de Senta [heroína de O Navio Fantasma, de Wagner]! Mas o amor concebido como destino, como fatalidade, cínico, inocente, cruel – e natureza é justamente isso! O amor que está nos meandros da guerra, em seus princípios do ódio mortal entre os sexos. – Não conheço outro caso em que o humor trágico, que constitui a essência do amor, se exprima com mais rigor, numa fórmula mais terrível que o último grito de Don José, com o qual a obra termina: Fui eu quem a matou, eu – minha Carmen adorada!”

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Georges Bizet em 1875, ano da estreia de Carmen e de seu falecimento, aos 36 anos de idade. Foto de Étienne Carjat (1828–1906)


O amor é um pássaro rebelde... e não europeu Leandro Karnal

A história é linda. Orfeu, poeta e cantor, desce ao inferno para buscar sua amada. Sua música acalma o barqueiro sombrio e seduz os deuses infernais. Eurídice é entregue ao amante músico, mas o destino tinha uma armadilha: segundos antes de voltarem ao idílio no mundo luminoso dos vivos, Orfeu quebra o prometido e tenta ver o rosto de sua mulher. Tarde demais! Ela é fulminada e volta ao Tártaro. Orfeu fica desesperado, mas é consolado pelo pai Apolo e pela forma da amada nas estrelas. Assim Claudio Monteverdi (1567–1643), nos primórdios da ópera, reconstruiu o mito clássico de Orfeu e Eurídice. Mitologia, grandes temas históricos e épicos: tais eram os eixos naturais para um divertimento erudito que parecia dialogar mais com as cortes italianas sofisticadas do que com os mercados trepidantes da península. Leandro Karnal é doutor em

As imagens e sons criados por Monteverdi cresceram

História Social pela USP e

muito. A ópera ampliou–se em todos os aspectos. Incorporou

professor de História na Unicamp.

quase tudo, da literatura de Shakespeare aos temas religio-

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sos. Mas o século 19 era, também, o momento de incorporar o povo. O povo heroico em luta contra a tirania: tema pintado por Delacroix e descrito por Victor Hugo. Era o povo Romântico. O povo comum e feio, retratado por Courbet num enterro de rostos banais. Era o povo do Realismo. Na Itália, o movimento do Verismo apaixonava literatos como Giovani Verga (1840–1922) e dialogava com músicos como Pietro Mascagni (1863–1945) e Ruggero Leoncavallo (1857–1919). O povo entrava em cena, não mais apenas em papéis cômicos ou caricatos, mas como personagem real e com densidade psicológica. Claro que havia povo antes, em toda ópera barroca e clássica. Há árias maravilhosas cantadas por personagens populares. Mas o século 19 introduziu uma densidade neste homem do povo. Que cruzamento maravilhoso do capítulo XVIII do Príncipe de Maquiavel com a Comedia dell’arte está nos versos da ária Vesti la Giubba, com que Leoncavallo faz o seu maravilhoso palhaço cantar incentivando a si para parecer divertido, apesar da trágica notícia que acaba de receber: Vesti la giubba e la faccia infarina. La gente paga, e rider vuole qua. O ator deve vestir a máscara e empoar o rosto, o povo pagou por isto e deseja alegrar–se… Separação de ato e vontade, de representação e vontade: o palhaço do Verismo tem uma densa e trágica consciência de significado e significante. Mas é um artista circense, um homem do povo, dono de uma posição que era considerada marginal poucos anos antes. Mas, curiosamente, seu palhaço incorpora o sentido cortesão de não comunicar seus sentimentos ao mundo de forma direta. O pai deste comportamento, Baltassare Castiglione (1478–1529), o celebrado autor do livro O Cortesão, tornara esse estoicismo uma virtude aristocrática. Leoncavallo falava da manutenção de um emprego e da continuidade pequeno–burguesa da existência. O palhaço precisa comer, o cortesão precisa representar, ambos sabem que todo o mundo é um teatro.


Quase ao mesmo tempo em que a ópera italiana está descobrindo o mundo popular, o francês Bizet coloca em cena uma cigana numa fábrica de charutos. O ambiente é Sevilha, terra quente da Andaluzia, e a fama da sua voluptuosidade e passionalidade incendeia a Europa. O exotismo de terras distantes entra na moda. O Orientalismo cria odaliscas e banhos turcos em Delacroix, Ingres e Renoir. A mulher turca ou argelina estava bem longe, mas poderia representar uma sensualidade que a mulher burguesa europeia não deveria. Se, antes, fora permitido colocar o nu nas deusas e da mitologia como aceitáveis, agora era possível imaginar a sexualidade feminina nas islâmicas. O século 19 é o século da História. Um historiador, Prosper Mérimée (1803–1870), publicara um conto, Carmen, narrando uma trama espanhola cuja protagonista era uma cigana. Mérimée tinha conhecido Eugenia Montijo, a orgulhosa nobre espanhola que viria a se tornar imperatriz dos franceses ao casar com Napoleão III. Talvez a sedução da Espanha, o orientalismo em voga e a própria beleza dos olhos de Eugênia tenham despertado o sucesso do pequeno conto Carmen, escrito em 1845 e publicado em 1847. Como em toda voga orientalista, as paixões violentas só poderiam ser vividas fora do universo europeu. Explicar os motivos pelos quais, na cabeça de muitos franceses, a Espanha não era bem Europa consumiria um espaço maior do que este texto. As burguesas das grandes cidades europeias eram educadas na domesticação dos seus sentimentos. Histerias, cenas de ciúmes, danças sensuais: tudo isto deveria ser varrido para além dos Pirineus e para o Oriente. O ideal burguês, descrito por Peter Gay numa série de livros, estava no comedimento. A Carmen de Mérimée parece ser uma mistura da tragédia clássica, na qual um desequilíbrio, uma paixão, uma hybris, desestrutura a ordem do mundo, que só pode ser refeita pela morte de um ou de muitos. Mas é também uma no-

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vela picaresca que florescera antes, no Século de Ouro da literatura espanhola (entre os séculos 16 e 17). Seus traços de pessimismo e determinismo e a presença de um pícaro, um elemento popular, atravessavam obras como o Lazarillo de Tormes, texto anônimo do século 16, até A Pequena Cigana (La Gitanilla), do grandioso Miguel de Cervantes (1547–1616), nas suas Novelas Exemplares. Em plena Espanha Católica do período da Inquisição, a paixão já era deslocada para os párias de então, como os ciganos. Como se vê, Bizet trabalhou num terreno muito trilhado antes dele. Seus libretistas, Henri Meilhac e Ludovic Halévy, conheciam bem a tradição europeia. O público valorizava ambientes exóticos. O mesmo público que contemplava a Morte de Sardanapalo de Delacroix no Louvre, e que lia o conto de Mérimée, desejava obras que narrassem esta gente estranha da Espanha, do Magreb ou da Ásia. O quadro de Delacroix misturava erotismo e morte, poder e luxo, de maneira tão fortes e chocantes que levou um tempo para o público francês e mundial gostarem da tela. Eros e Tânatos estão retratados no mítico rei assírio, Sardanapalo. Querendo levar ao túmulo tudo que amava, o rei determina a morte de suas mulheres e de seus cavalos favoritos. O ambiente é dominado pelo vermelho, de luxo e de sangue, que se espalha pela imensa tela de 1827. Em primeiro plano uma mulher nua está prestes a ser assassinada pela espada de um soldado, numa metáfora de estupro. O quadro A Morte de Sardanapalo, ainda visível no Louvre, traz este elemento que Edward Said (1935–2003) destacou na obra famosa, de 1978: Orientalismo. O foco da obra de Said é o preconceito do Ocidente contra o mundo do Oriente, em especial o mundo islâmico. A constituição de uma alma oriental no momento em que a Europa se lançava a uma corrida imperialista era, para ele, um processo imbricado entre economia e cultura. A busca por este pensamento o faz levantar, de Shakespeare a Victor Hugo, de Byron a Richard Burton,


A Morte de Sardanapalo (1827) – óleo sobre tela Eugène Delacroix (1798-1863) Acervo Museu do Louvre



uma plêiade imensa de autores e pensadores que construíram uma distinção estrutural entre Ocidente e Oriente. O Orientalismo representa um interesse hierárquico, um eurocentrismo disfarçado de atenção para o outro, uma forma de reafirmar os valores que a burguesia triunfante do século 19 desenvolvia na Europa. Tem um fundo moral: ilustra os horrores a que são conduzidas as pessoas e os povos que seguem seus impulsos, que vivem por amor e matam por ciúmes. A morte e a violência, o sexo e a vida luxuriosa seduzem de forma complexa. Os ciganos, os islâmicos, os não europeus em geral, seriam aqueles que vivem esses impulsos sem freios. Vivendo fora do quadro restritivo da vida civilizada ocidental, é natural que sejam mais intensos e, ao mesmo tempo, que sejam punidos por isto. Prazer sem punição desestrutura a sociedade ocidental, que construiu grande parte da sua identidade imbuída da ideia de controle de si e dos outros. A vida explosiva e forte poderia existir, desde que seus agentes fossem punidos. Na beleza do libreto e na complexa tessitura da voz de Carmen, falam os franceses que acabaram de passar pela Comuna de Paris (1871). A paixão e a violência devem ser exorcizadas, ainda que seduzam o público. Carmen mostra o poder e o risco do feminino. Falta ainda este elemento, a somar ao Orientalismo. Carmen não apenas é cigana e andaluza: é também mulher. Melhor seria dizer: ela é, antes de tudo, mulher. Seu pecado original é o gênero, ser cigana andaluza vem depois. A misoginia, a desconfiança estrutural do feminino, a alegada incapacidade da mulher de agir dentro dos parâmetros do razoável e do racional, são sentimentos preconceituosos que atravessaram os séculos e seguem firmes no século 19 e, infelizmente, no 21. Orientalismo e misoginia tornam–se mais complexos ainda, embalados pela beleza da música. Para que seja mais verdadeira, como pede a intensidade realista do fim do século 19, ela não é uma personagem his-

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tórica da época de Tróia em chamas. Carmen não é Ifigênia ou Clitemnestra, mas terá o mesmo fim. Na cabeça de um francês de então, Andaluzia não é bem Espanha; Espanha não é bem Europa; e Carmen não é bem uma dama dos salões europeus. Assim, ela pode ser tudo aquilo que o europeu urbano do Norte sonha em ser e tudo o que teme sentir. Carmen é o pássaro rebelde, como na famosa habanera da ópera. O amor não conhece lei nem limite, a paixão destrói, mas seduz e parece intensa. A vida confiável é a família católica em Paris, refeita após o susto da Comuna. A vida de Carmen é mais intensa e mais oscilante. Carmen deve cantar, dançar e seduzir; mas deve morrer para purgar o preço desta liberdade ousada. Podemos perdoar que Carmen nos seduza, mas ela deve ser consumida, porque não queremos encarar este desejo e precisamos voltar para casa, nossa segura e correta casa. Freud ainda não tinha escrito sua obra e o consumo ainda não assumira o papel catártico que teria depois. Carmen é uma mulher tentadora no Sul da Espanha. Sua arma é sua dança, sua sensualidade, seu domínio da retórica do amor erótico. Ela deve morrer. Ela própria sabia do perigo, pois dizia: si je t'aime, prends garde à toi! – Se eu te amar, tenha cuidado! Não tendo tomado este cuidado, o amor de Carmen ajudou a selar seu fim. Amar é perigoso, e a música de Bizet é linda. Um francês pensa uma cigana andaluza e o Theatro Municipal de São Paulo recria este universo. Esta é a magia da música, pela qual não seremos punidos.


Carmen, menina superpoderosa Arthur Dapieve

A despeito de toda compreensão e beleza que trouxeram para salas de concerto e estúdios de gravação, as “performances historicamente informadas” se confrontam com um paradoxo insuperável desde que entraram em voga, na década de 60. A música pode ser tocada e cantada de acordo com as práticas de interpretação da época de composição da obra; os instrumentos podem ser contemporâneos do autor; as partituras, purgadas de qualquer alteração extemporânea – mas a plateia não tem como se teletransportar para, digamos, 1875, e se esquecer de tudo o que a humanidade ouviu e viveu desde então. O rio até pode ser o mesmo, mas mudam os banhistas. Talvez só pudéssemos ter a plena dimensão do impacto de Carmen desde sua estreia se não apenas já tivéssemos inventado uma engenhoca digna de H.G. Wells, mas se tamArthur Dapieve é jornalista,

bém já tivéssemos desenvolvido um jeito de apagar memó-

crítico musical e colunista

rias do futuro, à moda de Homens de Preto. Necessitaríamos

do jornal O Globo

não apenas retornar à Opéra-Comique de Paris para assistir

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a uma das 33 apresentações de Carmen lá realizadas antes da partida precoce de Georges Bizet, pobre Bizet, 36 anos e já morto do coração. Seria necessário também esquecer – talvez mais que esquecer, ignorar – os 70 e tantos filmes inspirados na personagem criada pelo escritor Prosper Mérimée em 1845, esquecer Bessie Smith, Carmen Miranda, Madonna, Beyoncé, Anitta. Esquecer toda fêmea que, de uma forma ou de outra, usou o sexo, a música e a dança para se impor a um mundo masculino. Queiramos ou não, a cigana de Sevilha é a avó de todas elas, meninas superpoderosas. Carmen trabalha numa fábrica de cigarros, mas vive de expedientes, inclusive seduzindo guardas de fronteira para seus amigos contrabandistas. Na ópera, a primeira coisa que se ouve dela é a gargalhada debochada. Sua fala inicial é uma resposta à pequena multidão de rapazes que a corteja: “Quando vos amarei? Não sei. Talvez nunca, talvez amanhã... Mas não hoje com certeza!” De olho em Don José, ela emenda cantando a célebre Habanera: “O amor é um pássaro rebelde / Que ninguém pode aprisionar...” Como ainda assim o cabo parece não notá-la, Carmen atira uma flor aos pés dele. Pronto. O feitiço está lançado. Não adianta mais Don José reencontrar a doce Micaëla, personagem inventado pelos libretistas Henri Meilhac e Ludovic Halévy. Micaëla, sua irmã de criação, por ele apaixonada. Dali em diante, o cabo sofre horrores com sua obsessão sexual pela cigana, que dele faz gato e sapato, ora convencendo-o a soltá-la depois da prisão por ter esfaqueado uma colega de fábrica, ora convencendo-o a desertar para segui-la numa expedição dos contrabandistas. Sempre provocando o seu desejo e o seu ciúme, puxando-o mais para baixo, mais para baixo, até a humilhação final, na porta da arena, ao declarar, diante da própria morte, antevista nas cartas do baralho, que não o ama mais (se é que um dia de fato o amou, é razoável supor), que não o ama mais porque agora está apaixonada pelo toureiro Escamillo.


Essa mulher pode nos parecer, a nós que vivemos no século XXI, apenas mais uma leviana, outra “cachorra” do lumpemproletariado. Hoje, uma figura quase banal, inclusive por ser a protagonista de uma ópera que se tornou das mais familiares no repertório (triunfo que, após o fracasso inicial, Bizet não viveu para testemunhar). Porém, se ao menos tentarmos nos colocar dentro de uma cabeça do início do quarto final do século XIX, veremos que esta Carmen é uma personagem verdadeiramente moderna. Ela não age por motivos tidos como nobres, ela faz o que lhe dá na veneta, movida por um apetite sensual que a sociedade, ainda hoje, pode aceitar ou até estimular num homem – embora o Don Giovanni de Mozart, com quem Carmen já foi comparada, também tenha sido punido por sua fidelidade à infidelidade – e não tem sequer como suportar numa mulher. No mundo da ópera, habitat de heroínas que se sacrificam até a morte por seus únicos e verdadeiros amores, Carmen acende um homem no outro, antes de descartar o anterior na sarjeta, como se fosse uma fumante mal-educada. É dissimulada, sarcástica, petulante, muito embora Bizet lhe tenha separado o filé-mignon. Foi mais fácil – para Mérimée, para Bizet – situá-la num outro mundo, a exótica Andaluzia, foi mais fácil fazê-la pertencer a um outro povo, o cigano, povo ainda hoje relutante em se deixar decifrar por sociedades que prezam a estabilidade. A errância de Carmen era, ao mesmo tempo, amorosa e cultural. O historiador da música Ralph B. Locke, num texto sobre Samson et Dalila (1877), de Saint-Saëns, notou que, nas óperas do período, mulheres morenas de outras paragens tendiam a ser a causa da perdição de “jovens, tolerantes, bravos, possivelmente ingênuos, heroicos tenores brancos da Europa”. Este é exatamente o caso de Don José, representante da ordem que, em troca de migalhas dormidas do pão de Carmen, se arrasta por um chão metafórico, do qual só consegue se erguer pelo assassinato do objeto de desejo.

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Não foi, porém, este crime que indignou os primeiros críticos

Imagem do primeiro ato da

de Carmen. Como tantas vezes ocorre nos chamados “cri-

produção original de Carmen,

mes de honra” da vida real, a simpatia ficou com o matador,

de 1875. Litografia de

a culpa recaiu sobre a vítima. Quem mandou escancarar a li-

Pierre-Auguste Lamy (1827–1880)

bido feminina? Quem mandou ser amoral? Quem mandou enfileirar amantes como se fosse um homem? Quem mandou pensar? Há uma passagem crucial na ópera, logo após a cigana cantar Près des remparts de Séville, ária que, por sua vez, é um verdadeiro hino à autodeterminação das mulheres, ao direito de também se divertirem à noite, bebendo manzanilla e dançando seguidilla com quem quiserem. É quando Don José relembra à Carmen que a proibiu de dirigir-lhe a palavra. “Eu não falo...”, objeta a prisioneira, sonsa que só. “Eu canto para mim mesma e eu penso... Não é proibido pensar.”


A seguir, ela insinua que pensa nele, um simples cabo, posto que já estaria bom o “bastante para uma cigana”. Não é este, contudo, o ponto. Ao dizer que não é proibido pensar, ela defende para a mulher o direito de pensar por si própria. (Apenas em 1893 um país permitiria o sufrágio feminino. Seria a remota Nova Zelândia. Na França, isso aconteceria somente em 1945.) Na terra do “penso, logo existo”, isso não é reivindicação pouca: Carmen reclama a própria existência. Mais adiante, quando incita Don José a desertar e segui-la na vida bandida, ela argumenta que não há oficial ou toque de recolher que diga a um amante quando deve partir. A cigana então saúda: “O céu aberto, a vida errante/ Por pátria o universo, por lei a vontade/ E sobretudo a coisa inebriante/ A liberdade, a liberdade!” Antes da massificação do fonógrafo de cilindro, que estava sendo inventado por Thomas A. Edison em 1877, ou seja, quase simultaneamente à estreia de Carmen, ópera era música pop. A provocação feita pela personagem de Bizet seria replicada, com teores relativamente menores de incômodo, conforme avançam os costumes, como na bizarra versão cinematográfica de Carmen que Beyoncé estrelou: a hip hopera, de Robert Townshend, em 2001. Quanto mais exótica a devoradora de homens, como era exótica para o público parisiense uma cigana da Andaluzia no final do século XIX, mais erótica. Em 1979, a filósofa francesa Catherine Clément escreveu um interessante livro-ensaio no qual, ao recontar à sua maneira o libreto de grandes óperas, buscava conciliar sua paixão pelo gênero com sua percepção de que ele é uma forma misógina de arte. Nele, a mulher se restringiria ao papel de frágil bibelô, que, ao quase invariavelmente se sacrificar, ali estaria para reafirmar o domínio dos homens. Na ótica feminista de A ópera ou A derrota das mulheres, heroínas como Tosca ou Isolda morreriam não de amor, mas para cumprir uma sentença decretada muito antes de as corti-

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nas subirem e soarem as primeiras notas da abertura. Claro que Carmen, a mais famosa protagonista da ópera francesa, quiçá da ópera mundial, não poderia ficar de fora do livro. Clément a enxerga como “a proclamação sombria e revolucionária de uma mulher que prefere morrer a ter um homem que decida por ela”. Ainda assim, para a autora, a cigana não se salva em meio à tal derrota das mulheres. Falta a Clément perceber que, diferentemente das outras heroínas da ópera daquele tempo, Carmen não morre pelas razões “certas” – amor eterno, fidelidade, honra – mas sim pelas “erradas” – pulsão sexual, liberdade, interesse. (Mais tarde, a Salomé de Strauss e a Lulu de Berg, por exemplo, se juntariam a ela.) Sua morte, portanto, é uma morte de outra natureza, é uma morte na contramão. O assassinato de Carmen, pois, não configura uma derrota, mas o martírio por uma causa própria, não masculina. Muitos comentaristas viram um contraste na simultaneidade entre a vitória de Escamillo dentro da arena (marcada pelo coro que brada “vitória, vitória!”) e o assassinato de Carmen por Don José fora da arena. O que não é vitória, afinal, não poderia ser outra coisa senão uma derrota – posto que não há empates na ópera. Talvez, no fundo, até o próprio Bizet entendesse assim a cena, como um acerto de contas moral, pois era um homem de seu tempo. Entretanto, também é possível ouvir o desenlace da ópera não como contraste, mas como confirmação. A “vitória, vitória” seria também de Carmen, a que não se deixou dominar. De certa forma, tal interpretação é compartilhada pela musicóloga Susan McClary, no volume dedicado a Carmen dentro da coleção Cambridge Opera Handbooks, quando diz que “deixamos o teatro cantarolando suas canções contagiantes e o encerramento que nos parecia tão definitivo se reabre”. Canções contagiantes? Carmen foi, quem diria, a primeira diva pop.



Cen谩rio da 贸pera Carmen, por Juan Guillermo Nova.


Quatro perguntas para o diretor cênico Filippo Tonon

De que forma sua

Sabemos que a ópera se baseia no romance de Mérimée,

montagem trabalha as

mas a construção da personagem Carmen feita por Bi-

diferenças entre o romance

zet e os libretistas é bem diferente da original. A descrita

de Prosper Mérimée e o

no romance é uma personagem mais fechada, ‘confi-

libreto da ópera de Bizet?

nada’ pelo fato de ser cigana. A Carmen de Bizet, no entanto, é, em certa medida, protótipo de um tipo de mulher contemporânea. No romance, a história é contada em primeira pessoa por Don José. Ele é tão protagonista quanto a Carmen. Ambos estão no mesmo patamar como motores da história. Ele, com sua situação de menino reprimido por sua educação; ela, com seu naturalismo, provocadora e, por vezes, diabólica. Nesta montagem, a única menção ao romance de Mérimée está no início, uma referência, uma pequena ligação que nos permite entender que o trabalho está baseado no romance.

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O que desejo levar ao palco é um mundo do dia a dia, e não

O que muda no enfoque

um mundo de estereótipos. Numa ópera como Carmen, é fá-

dos personagens quando

cil que a montagem caia num popularesco excessivo, em fal-

você desloca a ambientação

sas atitudes. Desloquei a ambientação para 1875, ocasião da

para o ano marcado pela

Segunda Revolução Industrial, da estreia da ópera em Paris,

estreia da ópera e pela

ano do falecimento de Bizet. Os personagens em cena são

morte de Bizet?

pessoas que trabalham duro todos os dias para obter seu sustento, não são nobres, nem da classe média; são trabalhadores, com sua própria história. No primeiro ato não vemos ainda a tragédia que acontecerá mais tarde, mais um dia típico de Sevilha, no momento da troca de guarda, próximo à fábrica de cigarros. O único elemento inesperado é Carmen, cuja origem é desconhecida, e não se sabe o que ela poderá causar durante aquele dia. A trama pouco se desenvolve no primeiro ato; quase tudo se inicia no segundo.

Nesta produção a luz é fundamental. Todos os aspectos aju-

Nos croquis, tanto de

dam a dar a visão que tenho sobre essa Carmen. Pedi ao ilu-

figurino como de cenário,

minador que não deixasse a luz incidir diretamente sobre a

a diferença entre claro/

cena, mas que sempre parecesse filtrada, indireta. Ele iden-

escuro salta aos olhos.

tificou perfeitamente a importância deste aspecto da mon-

Como você trabalhou

tagem. Algo similar ocorre com os figurinos: as cores dos

esta oposição?

figurinos e do cenário ajudam a expressar o realismo da produção. Cores terrosas, brancos, cinzas no primeiro ato; cores mais quentes no segundo; cores mais frias no terceiro, e a vivacidade cromática (sempre controlada, nunca ruidosa) do quarto ato. Esta variação e a luz permitem destacar meu ponto de vista sobre a história.


Ao trabalhar com Carmen

Nesta produção, busquei individualizar cada personagem,

e suas personagens, tão

dar a cada papel sua devida importância e singularidade,

enraizadas em nossa

porém, ao mesmo tempo, tratei de manter a força do con-

imaginação, como fugir

junto. Isso me permitiu criar situações nas quais, subita-

dos estereótipos?

mente, todos estão em cena envolvidos com uma mesma questão. Creio que é muito importante oferecer ao público coisas novas, inesperadas, quando desejamos captar sua atenção para facilitar o entendimento da história e das personagens. O mesmo vale para os solistas. Carmen é uma personagem muito difícil de trabalhar, pois, apesar de ser muito conhecida, muito citada, descobri, ao fazer esta montagem, que ela não é tão bem conhecida como julgamos. A música me ajuda a me aprofundar nas personagens e extrair elementos que podem constituir novas leituras, em diferentes camadas. Algo bastante interessante nesta produção de Carmen é que usamos a edição com diálogos, e não a com os recitativos de Ernest Guiraud. Isso me permitiu mover os solistas como atores e não somente como cantores; assim temos cantores/atores em cena. A versão com diálogos permite usar pausas e as emoções individuais de cada solista, que não estão definidas ou descritas pelo compositor ou pelo libreto. Desta maneira, a interpretação se torna mais pessoal, mais conectada com as emoções do cantor, mais real.

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Cartaz da estreia de Carmen.


Prosper Mérimée,

Charles Gounod

autor do romance

(1819-1893). Ilustração

homônimo sobre o

publicada na revista

qual foi baseado o

Vanity Fair em

libreto da ópera.

fevereiro de 1879.


Georges Bizet,

OpĂŠra-Comique

aos 22 anos,

de Paris, teatro

em 1860.

da estreia mundial de Carmen, em 1875.


Fotos da montagem de 1915 do Metropolitan Opera House de Nova York, com Enrico Caruso como Don JosĂŠ.


Várias intérpretes de Carmen, dentre elas Célestine Galli-Marié. Samuel Holland Rous, 1919.


Georges Bizet e Carmen

1838

Georges Bizet nasce em Paris, em 25 de outubro, registrado como Alexandre César Léopold Bizet.

1845

Prosper Merimée publica a novela Carmen na Revue des Deux Mondes.

1848

Pouco antes de completar 10 anos, entra para o Conservatório de Paris, onde se torna aluno de Charles Gounod e Fromental Halévy.

1857

Bizet recebe um prêmio oferecido por Jacques Offenbach por sua operetta Le docteur Miracle. Ele também vence o importante Prix de Rome e, como prêmio, vai para a Itália, onde chega a escrever uma ópera buffa, Don Procopio.

1861

Pouco após o retorno a Paris morre sua mãe, e um ano mais tarde ele tem um filho com uma ex-empregada da casa de seus pais.

1863

Cumprindo as obrigações com o Prix de Rome, escreve mais uma ópera em um ato, La Guzla de L’emir, mas o diretor da Opéra-Comique decide não encená-la, encomendando a Bizet Os Pescadores de Pérolas, estreada no mesmo ano.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48


1869

Bizet se casa com Geneviève Halévy, filha de seu antigo professor e prima de Ludovic Halévy, um dos libretistas de Carmen.

1870

Assim como outros artistas e intelectuais franceses, Bizet se alista na Guarda Nacional após o início da Guerra Franco-Prussiana em julho. Nove meses depois, em maio de 1871, a guerra termina com vitória alemã e deposição de Napoleão III.

1875

Carmen estreia na Opéra-Comique de Paris, em 3 de março. Deprimido com o fracasso da ópera, Bizet adoece e morre de enfarte em 3 de junho, em Bougival, nos arredores de Paris. Carmen estreia em Viena, com recitativos escritos por Ernest Guiraud, em 23 de outubro.

1881

Carmen estreia no Brasil, no Theatro São José, em São Paulo, tendo no papel-título Paola Marié, irmã de Célestine Galli-Marié, a Carmen da estreia em Paris.

1883

Carmen volta a ser apresentada em Paris, tornando-se uma das óperas mais famosas do repertório lírico até os dias de hoje.


Gravações de referência

CDs

Regente Claudio Abbado

Dancaïre Gordon Sandison

Carmen Teresa Berganza

Remendado Geoffrey Pogson

Don José Plácido Domingo

Zuniga Robert Lloyd

Escamillo Sherrill Milnes

Moralès Stuart Harling

Micaëla Ileana Cotrubas Frasquita Yvonne Kenny

London Symphony Orchestra

Mercédès Alicia Nafé

Deutsche Grammophon

Regente Sir Thomas Beecham

Remendado Michel Hamel

Carmen Victoria de los Angeles

Zuniga Xavier Depraz

Don José Nicolai Gedda

Moralès Bernard Plantey

Escamillo Ernest Blanc Micaëla Janine Micheau

Orchestre National de

Frasquita Denise Monteil

La Radiodiffusion Francaise

Mercédès Monique Linval

EMI

Dancaïre Jean–Christophe Benoit

Regente Rafael Frühbeck de Burgos

Remendado Albert Voli

Carmen Grace Bumbry

Zuniga Bernard Gontcharenko

Don José Jon Vickers

Moralès Claude Meloni

Escamillo Kostas Paskalis Micaëla Mirella Freni

Orquestra da Ópera de Paris

Frasquita Eliane Lublin

Opera Orchestra

Mercédès Viorica Cortez

EMI

Dancaïre Michel Trempont

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50


DVDs

Regente Brian Castles–Onion

Dancaïre Luke Gabeddy

Diretor Cênico Gale Edwards

Remendado Sam Roberts–Smith

Carmen Rinat Shaham

Zuniga Adrian Tamburini

Don José Dmytro Popov

Moralès Samuel Dundas

Escamillo Andrew Jones Micaëla Nicole Car

Opera Australia

Frasquita Ariya Sawadivong

Opera Australia

Mercédès Tania Ferris

BLU-RAY

Regente Antonio Pappano

Remendado Jean–Paul Fouchecourt

Diretora Cênica Francesca Zambello

Zuniga Matthew Rose

Carmen Anna Caterina Antonacci

Moralès Jacques Imbrailo

Don José Jonas Kaufmann Escamillo Ildebrando D'Arcangelo

Royal Opera House

Micaëla Norah Amsellem

Decca

Frasquita Elena Xanthoudakis Mercédès Viktoria Vizin Dancaïre Jean Sebastien Bou







Croquis do figurino por Cristina Aceti


LIBRETO Carmen Alkor-Edition Kassel, Edição Crítica de Fritz Oeser Edição Igor Reyner Tradução

Ato I Prelúdio Act I Prélude

Nº 1 Introdução Introduction

Coro Chœur

Moralès

Coro Chœur

Moralès

(uma praça em Sevilha. À direita,

(une place à Séville. À droite, la

a porta da fábrica de cigarros. À

porte de la manufacture de tabac. A

esquerda, no primeiro plano, o

gauche, au premier plan, le corps

regimento. Moralès e os soldados

de garde. Moralès et les soldats sont

estão reunidos em frente ao quartel)

groupes devant le corps de garde)

(Moralès, depois Micaëla, soldados

(Moralès, puis Micaëla, Soldats,

e transeuntes)

Passants)

Na praça,

Sur la place,

cada um passa,

chacun passe,

cada um vem, cada um vai;

chacun vient, chacun va;

gente engraçada esse pessoal.

droles de gens que ces gens-là.

Gente engraçada!

Drôles de gens!

Gente engraçada!

Drôles de gens!

À porta do regimento,

A la porte du corps de garde,

como passatempo,

pour tuer le temps,

fumamos, papeamos,

on fume, on jase, l'on regarde

vemos passar os passantes.

passer les passants.

Na praça,

Sur la place,

cada um passa,

chacun passe,

cada um vem, cada um vai;

chacun vient, chacun va;

Na praça,

Sur la place,

cada um passa,

chacun passe,

cada um vem, cada um vai;

chacun vient, chacun va;

gente engraçada esse pessoal.

drôles de gens que ces gens-là.

Gente engraçada!

Drôles de gens!

Gente engraçada!

Drôles de gens!

Gente engraçada!

Drôles de gens!

(Micaëla entra, hesitante e

(Micaëla est entrée, hésitante,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58


Moralès

desconcertada, olha os soldados,

embarrassée, elle regarde les soldats,

avança e recua, etc.)

avance, recule, etc)

(aos soldados)

(aux soldats)

Olhem esta gracinha

Regardez donc cette petite

que aparenta querer nos dizer algo.

qui semble vouloir nous parler.

Vejam, vejam, ela se vira, ela hesita.

Voyez, voyez, elle tourne, elle hésite.

É preciso ajudá-la.

À son secours il faut aller.

(a Micaëla)

(à Micaëla)

Oh! Bela, o que procura?

Que cherchez-vous, la belle?

Micaëla

Eu?! Procuro um soldado.

Moi! Je cherche un brigadier.

Moralès

Opa, Estou aqui!

Je suis là, Voilà!

Coro Chœur

Moralès

Micaëla

Meu soldado se chama Don José...

Mon brigadier, à moi, s'appelle Don

O senhor o conhece?

José... Le connaissez-vous?

Moralès

Don José? Todos nós o conhecemos.

Don José? Nous le connaissons tous.

Micaëla

Verdade? Por favor, ele está com

Vraiment? Est-il avec vous, je vous

vocês?

prie?

Moralès

Micaëla

Moralès

Todos Tous

Moralès

Ele não é um dos cabos de nossa

Il n'est pas brigadier dans notre

guarda.

compagnie.

(desolada)

(désolée)

Então ele não está aqui.

Alors, il n'est pas là.

Não, minha querida, ele não está

Non, ma charmante, il n'est pas là,

aqui, mas daqui a pouco ele estará.

mais tout à l'heure il y sera. Oui, tout

Sim, daqui a pouco ele estará. Ele

à l'heure il y sera. Il y sera quand

estará quando a nova guarda trocar

la garde montante remplacera la

com a velha guarda.

garde descendante.

Ele estará quando a nova guarda

Il y sera quand la garde montante

trocar com a velha guarda.

remplacera la garde descendante.

Mas enquanto espera que ele venha,

Mais en attendant qu'il vienne,


bela pequena, se incomodaria em

Micaëla

Coro Chœur

Micaëla

Moralès

Micaëla

Moralès Coro Chœur

Voulez-vous, la belle enfant, Voulez-

esperar em nosso regimento por

vous prendre la peine d'entrer chez

um instante?

nous un instant?

No seu regimento?

Chez vous?

Sim, no nosso regimento.

Chez nous.

Não, não.

Non pas, non pas.

Muito obrigado, senhores soldados.

Grand merci, messieurs les soldats.

Entre sem medo, pequenina,

Entrez sans crainte, mignonne, je vous

prometo tratá-la com todo o devido

promets qu'on aura pour votre chère

respeito.

personne tous les égards qu'il faudra.

Não tenho dúvidas,

Je n'en doute pas;

no entanto, voltarei mais tarde;

cependant je reviendrai,

eu voltarei, é mais prudente.

je reviendrai, c'est plus prudent.

Voltarei quando a nova guarda

Je reviendrai quand la garde montante

trocar com a velha guarda.

Remplacera la garde descendante.

(cercando Micaëla)

(entourant Micaëla)

Deve ficar, pois a nova guarda vai

Il faut rester, car la garde montante

trocar com a velha guarda.

va remplacer la garde descendante.

Moralès

Você ficará!

Vous resterez!

Micaëla

(procurando se livrar)

(cherchant à se dégager)

Não! Não!

Non pas! Non pas!

Você ficará, ficará,

Vous resterez, vous resterez,

ficará.

vous resterez.

Sim, você ficará, ficará.

Oui vous resterez, vous resterez.

Moralès Coro Chœur

Micaëla

Não! Não! Não, não,

Non pas! Non pas! Non! Non! Non!

não!

Non!

Adeus, senhores soldados.

Au revoir, messieurs les soldats.

(ela escapa correndo)

(elle s'échappe et se sauve en courant)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60


Moralès

Coro Chœur

Moralès

Nº 2 Marcha e Coro das crianças Marche et Chœur des gamins

Escapa o passarinho,

L'oiseau s'envole,

nos confortamos disso

on s'en console.

retomemos nosso passatempo,

reprenons notre passe-temps,

e olhemos passar as pessoas.

et regardons passer les gens.

Na praça,

Sur la place,

cada um passa,

chacun passe,

cada um vem, cada um vai;

chacun vient, chacun va;

gente engraçada esse pessoal.

drôles de gens que ces gens-là.

Gente engraçada!

Drôles de gens!

Gente engraçada!

Drôles de gens!

Gente engraçada!

Drôles de gens!

(um oficial deixa o posto. Os

(un officier sort du poste. Les

soldados do posto pegam suas

soldats du poste vont prendre

lanças e põem-se em linha

leurs lances et se rangent en

diante do regimento. À direita,

ligne devant le corps de garde.

os passantes formam um grupo

Les passants à droite forment un

para assistir ao desfile. A marcha

groupe pour assister à la parade.

militar se aproxima, se aproxima...

La marche militaire se rapproche,

da esquerda, finalmente, a nova

se rapproche... la garde montante

guarda apresenta-se e atravessa a

débouche enfin venant de la gauche

ponte. Inicialmente, dois clarins e

et traverse le pont. Deux clairons et

dois pífanos. Depois uma banda de

deux fifres d'abord. Puis une bande

pequenas crianças que se esforçam

de petits gamins qui s'efforcent de

para dar passos largos a fim de

faire de grandes enjambées pour

marchar ao passo dos dragões —

marcher au pas des dragons — Aussi

Crianças menores possíveis. Atrás

petits que possible les enfants.

das crianças, o tenente Zuniga e

Derrière les enfants, le lieutenant

o cabo Don José, seguidos pelos

Zuniga et le brigadier Don José,

dragões com suas lanças)

puis les dragons avec leurs lances)

Coro das crianças

Com a nova guarda

Avec la garde montante

Chœur des gamins

chegamos, vejam só.

nous arrivons, nous voilà.

Soa, trompete retumbante,

Sonne, trompette éclatante,

ta ra ta ta, ta ra ta ta;

ta ra ta ta, ta ra ta ta;

marchamos de cabeça erguida

Nous marchons la tête haute

como pequenos soldados,

comme de petits soldats,

marcando sem erro,

marquant sans faire de faute,


Zuniga

um... Dois...

une... Deux...

Marcando o passo.

Marquant le pas.

Os ombros para trás

Les épaules en arrière

e o peito para frente,

et la poitrine en dehors,

com os braços, deste modo,

les bras de cette manière

esticados ao longo do corpo;

Tombant tout le long du corps;

com a nova guarda

avec la garde montante

chegamos, vejam só!

nous arrivons, nous voilà!

Soa, trompete retumbante,

Sonne, trompette éclatante,

ta ra ta ta, ta ra ta ta.

ta ra ta ta, ta ra ta ta.

(a nova guarda se alinha à direita,

(la garde montante s’est rangée à droite

de frente à velha guarda)

en face de la garde descendante)

Alto! Dispensar!

Halte! Repos!

(mudam-se as sentinelas)

(on relève les sentinelles)

Melodrama Mélodrame

Moralès

José

Moralès

José

Moralès

(a Don José)

(à Don José)

Teve uma bela garota que veio lhe

Il y a une jolie fille qui est venue te

procurar.

demander.

Ela disse que voltaria.

Elle a dit qu'elle reviendrait

Uma bela garota?

Une jolie fille?

Sim, elegantemente vestida, uma

Oui, et gentiment habillée, une jupe

saia azul, xale jogado sobre os

bleue, des nattes tombant sur les

ombros...

épaules...

É Micaëla.

C'est Micaëla.

Só pode ser Micaëla.

Ce ne peut être que Micaëla.

Ela não disse seu nome.

Elle n'a pas dit son nom.

(as sentinelas se levantam. Sons de

(les factionnaires sont relevés. Sonneries

clarins. A velha guarda passa

des clairons. La garde descendante

na frente da nova guarda —

passe devant la garde montante — les

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62


Coro das crianças Chœur des gamins

assim como ocupavam os

gamins en troupe reprennent

tambores e pífanos da nova

derrière les clairons et les fifres de

guarda, em grupo, as crianças

la garde descendante la place qu'ils

retomam os clarins e pífanos da

occupaient derrière les tambours et

velha guarda)

les fifres de la garde montante)

E a guarda que deixa

Et la garde descendante

entra no regimento e se vai.

rentre chez elle et s'en va.

Soa, trompete retumbante,

Sonne, trompette éclatante,

ta ra ta tá, ta ra ta tá.

ta ra ta ta, ta ra ta ta.

Marchamos de cabeça erguida

Nous marchons la tête haute

como pequenos soldados,

comme de petits soldats,

marcando sem erro,

marquant sans faire de faute,

um... Dois...

une... Deux...

Marcando o passo.

Marquant le pas.

Ta ra ta ta, ta ra ta ta, etc.

Ta ta ta ta, ta ra ta ta, etc.

(soldados, crianças e curiosos saem

(soldats, gamins et curieux

pelos fundos; coro, pífanos

s'éloignent par le fond; chœur,

e clarins vão diminuindo. Os

fifres et clairons vont diminuant.

dragões depõem suas lanças nos

Les dragons vont tous déposer

suportes e entram no regimento.

leurs lances dans le râtelier, puis ils

Don José e Zuniga ficam sozinhos

rentrent dans le corps de garde. Don

em cena)

José et Zuniga restent seuls en scène)

Zuniga

Diga-me, cabo.

Dites-moi, brigadier?

José

(levantando-se)

(se levant)

Meu tenente.

Mon lieutenant.

Estou neste regimento apenas

Je ne suis dans ce régiment que

há dois dias e jamais estive em

depuis deux jours et jamais je n'étais

Diálogo falado Dialogue parlé

Zuniga

José

Sevilha. O que é este grande

venu à Séville. Qu'est-ce que c'est

edifício?

que ce grand bâtiment?

É a fábrica de cigarros...

C'est la manufacture de tabacs...


Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

E são mulheres que trabalham lá?

Ce sont des femmes qui travaillent là?

Sim, meu tenente. Elas não estão

Oui, mon lieutenant. Elles n'y sont

nesse momento; mas em breve,

pas maintenant; tout à l'heure, après

depois de jantarem, elas voltarão. E

leur dîner; elles vont revenir. Et je

eu lhe digo que haverá um mundo

vous réponds qu'alors il y aura du

de gente para vê-las passar.

monde pour les voir passer.

Há muitas delas?

Elles sont beaucoup?

Bem, elas são bem umas quatrocentas

Ma foi, elles sont bien quatre ou

ou quinhentas enrolando os charutos

cinq cents qui roulent des cigares

em uma grande sala...

dans une grande salle...

Isto deve ser interessante.

Ce doit être curieux.

Sim, mas homens não podem

Oui, mais les hommes ne peuvent

entrar nesta sala sem

pas entrer dans cette salle sans une

permissão...

permission...

Ah!

Ah!

Porque, quando está quente,

Parce que, lorsqu'il fait chaud, ces

estas operárias ficam à vontade,

ouvrières se mettent à leur aise,

sobretudo as jovens.

surtout les jeunes.

Há jovens?

Il y en a des jeunes?

Mas claro, meu tenente.

Mais oui, mon lieutenant.

E belas?

Et de jolies?

(rindo)

(en riant)

Suponho que sim... Mas

Je le suppose... Mais à vous dire

sinceramente, embora estivesse

vrai, et bien que j'aie été de garde

de guarda aqui por várias, eu

ici plusieurs fois déjà, je n'en suis

não sei, pois eu nunca olhei-as

pas bien sûr, car je ne les ai jamais

atentamente.

beaucoup regardées...

Ah, vamos!

Allons donc!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64


José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

O que quer? Estas andaluzas me

Que voulez-vous? Ces Andalouses

dão medo. Não sou afeito a seus

me font peur. Je ne suis pas fait à

modos, sempre debochadas...

leurs manières, toujours à railler...

Jamais uma palavra séria.

Jamais un mot de raison.

E depois a gente tem uma

Et puis nous avons un faible pour

quedinha por saias azuis e xales

les jupes bleues et pour les nattes

caídos sobre os ombros.

tombant sur les épaules...

(rindo)

(riant)

Ah! Tenente, o senhor ouviu o que

Ah! Mon lieutenant a entendu ce

me disse Moralès?

que me disait Moralès?

Sim.

Oui

Eu não negarei ao senhor... A saia

Je ne le nierai pas... La jupe bleue,

azul, os xales, são o costume da

les nattes, c'est le costume de la

Navarra... Isso me lembra minha terra.

Navarre... Ça me rappelle le pays.

Você é navarro?

Vous êtes Navarrais?

E um velho cristão. Don José

Et vieux chrétien. Don José

Lizzarabengoa, este é meu nome...

Lizzarabengoa, c'est mon nom... On

Queriam que eu fosse padre, e me

voulait que je fusse d'église, et l'on

fizeram estudar para isso. Mas nada

m'a fait étudier. Mais je ne profitais

aproveitei, pois gostava mesmo era

guère, j'aimais trop jouer à la

de jogar tênis... Um dia em que venci,

paume... Un jour que j'avais gagné,

um cara de l’Alava me provocou;

un gars de l'Alava me chercha

venci novamente, mas isso me

querelle; j'eus encore l'avantage,

obrigou a deixar a região. Tornei-me

mais cela m'obligea de quitter le

soldado! Não tinha mais meu

pays. Je me fis soldat! Je n'avais

pai; minha mãe me acompanhou,

plus mon père; ma mère me suivit et

estabelecendo-se a dez léguas de

vint s'établir à dix lieues de Séville...

Sevilha... Com a pequena Micaëla...

Avec la petite Micaëla... C'est une

Uma órfã que minha mãe recolheu e

orpheline que ma mère a recueillie,

de quem não quis se separar.

et qui n'a pas voulu se séparer d'elle.

E qual sua idade, da pequena Micaëla?

Et quel âge a-t-elle, la petite Micaëla?

Dezessete anos...

Dix-sept ans...


Zuniga

José

Deveria ter dito isto logo...

Il fallait dire cela tout de suite... Je

Agora entendo porque

comprends maintenant pourquoi

não podia me dizer se as

vous ne pouvez pas me dire si les

operárias da fábrica são

ouvrières de la manufacture sont

belas ou feias...

jolies ou laides...

(ouve-se o sino da

(la cloche de la manufacture se fait

fábrica)

entendre)

O sino está soando, tenente.

Voici la cloche qui sonne, mon

Poderá julgar por você mesmo...

lieutenant, et vous allez pouvoir

Quanto a mim, vou fazer uma

juger par vous-même... Quant à moi

corrente para prender meu

je vais faire une chaîne pour attacher

distintivo.

mon épinglette.

Nº 3

(a praça se enche de jovens que

(la place se remplit de jeunes gens

Coro e Cena

vêm ver as cigarreiras passarem.

qui viennent se placer sur le passage

Os soldados saem do posto.

des cigarières. Les soldats sortent

Don José senta-se em uma cadeira,

du poste. Don José s'assied sur une

e ali fica indiferente a todas essas

chaise, et reste là fort indifférent

idas e vindas, trabalhando em seu

à toutes ces allées et venues,

distintivo)

travaillant à son épinglette)

Chœur et Scène

Os jovens Les Jeunes Gens

Soldados Soldats

O sino soou, nós, os operários

La cloche a sonné, nous, des ouvrières

vimos aqui observar o retorno;

nous venons ici guetter le retour;

e nós as seguimos,

et nous vous suivrons,

morenas cigarreiras,

brunes cigarières,

sussurrando-lhes propostas

en vous murmurant des propos

de amor.

d'amour.

(aparecem as cigarreiras e descem

(les cigarières paraissent et

lentamente à cena)

descendent lentement en scène)

Vejam-nas...

Voyez-les...

Olhares desavergonhados,

Regards impudents,

suas coqueterias.

mine coquette

Trazendo os cigarros

Fumant toutes du bout des dents

na ponta dos dentes.

la cigarette.

As cigarreiras

No ar, seguimos com os olhos

Dans l'air, nous suivons des yeux

Les Cigarières

a fumaça,

la fumée,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66


Os jovens Les Jeunes Gens

As cigarreiras Les Cigarières

Soldados Soldats

Todos Tous

Os jovens Les Jeunes Gens

que para os céus

qui vers les cieux

sobe,

monte,

sobe perfumada.

monte parfumée.

Sobe gentilmente

Cela monte gentiment

para a cabeça;

à la tête;

toda docemente

tout doucement

alegrando a alma.

cela vous met l'âme en fête.

O doce falar dos amantes

Le doux parler des amants

é fumaça;

c'est fumée;

seus sentimentos e juras

leurs transports et leurs serments

são fumaça.

c'est fumée.

Sim, são fumaça,

Oui c'est fumée,

são fumaça.

c'est fumée.

(às cigarreiras)

(aux cigarières)

Não sejam cruéis,

Sans faire les cruelles,

escutem-nos, belas,

écoutez-nous, les belles

vocês que adoramos

vous que nous adorons,

que idolatramos.

que nous idolâtrons.

No ar,

Dans l'air,

seguimos com os olhos a fumaça,

nous suivons des yeux la fumée,

a fumaça.

la fumée.

No ar, seguimos com os olhos

Dans l'air, nous suivons des yeux

a fumaça

la fumée

Que sobe torcendo-se para os céus!

Qui monte en tournant vers les cieux!

A fumaça! A fumaça!

La fumée! La fumée!

Mas não vemos Carmencita.

Mais nous ne voyons pas la Carmencita.

(entra Carmen)

(entre Carmen)

Vejam só,

La voilà,

vejam só,

la voilà,

olhem lá, Carmencita.

voilà la Carmencita.

(entram com Carmen)

(entrés avec Carmen)

Carmen, atrás de seus passos,

Carmen, sur tes pas,

todos nós apressamo-nos;

nous nous pressons tous;

Carmen, seja gentil,

Carmen, sois gentille,


Carmen

ao menos nos responda

au moins réponds-nous

e diga-nos, que dia você nos amará.

et dis-nous quel jour tu nous aimeras.

Carmen, diga-nos que dia você nos

Carmen, dis-nous quel jour tu nous

amará!

aimeras!

Quando eu lhes amarei, bem,

Quand je vous aimerai, ma foi,

eu não sei.

je ne sais pas.

Talvez nunca, talvez amanhã;

Peut-être jamais, peut-être demain;

mas hoje é certo que não.

mais pas aujourd'hui, c'est certain.

Nº 4 Habanera

Carmen

O amor é um pássaro rebelde

L'amour est un oiseau rebelle

que não se pode aprisionar,

que nul ne peut apprivoiser,

e é em vão que nós o chamamos,

et c'est bien en vain qu'on l'appelle

se lhe convém recusar.

s'il lui convient de refuser.

Nada funciona, ameaça ou prece,

Rien n'y fait; menace ou prière,

um lhe elogia, outro emudece;

l'un parle bien, l'autre se tait;

e é a outro que eu prefiro,

et c'est l'autre que je préfère,

que nada disse, mas que me apraz.

il n'a rien dit, mais il me plaît.

O amor é um infante cigano,

L'amour est enfant de Bohème,

que jamais, jamais conheceu a lei;

il n'a jamais, jamais connu de loi;

se você não me ama, eu te amo;

si tu ne m'aimes pas, je t'aime;

mas se eu te amo, cuide-se!

si je t'aime, prends garde à toi!

O pássaro que acreditava surpreender

L'oiseau que tu croyais surprendre

bateu asas e voou.

battit de l'aile et s'envola.

O amor distante, você o espera,

L'amour est loin, tu peux l'attendre

mas se não mais o espera... Ele ali está.

Tu ne l'attends plus... Il est là

Ao seu redor, ligeiro, ligeiro,

Tout autour de toi, vite, vite,

ele vem e vai, depois retorna.

il vient, s'en va, puis il revient.

Acredita tê-lo, ele o evita;

Tu crois le tenir, il t'évite,

acredita evitá-lo e ele o tem.

tu crois l'éviter, il te tient.

O amor é um infante cigano,

L'amour est enfant de Bohème,

que jamais conheceu a lei;

il n'a jamais connu de loi;

se você não me ama, eu te amo;

si tu ne m'aimes pas, je t'aime;

mas se eu te amo,

si je t'aime,

cuide-se!

prends garde à toi!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68


Nº 5 Cena Scène

Os jovens Les Jeunes Gens

Carmen, atrás de seus passos,

Carmen, sur tes pas,

todos nós apressamo-nos;

nous nous pressons tous;

Carmen, seja gentil,

Carmen, sois gentille,

ao menos nos responda

au moins réponds-nous!

nos responda! Nos responda!

Reponds-nous! Réponds-nous!

Carmen, seja gentil,

O Carmen! Sois gentille,

ao menos nos responda!

au moins réponds-nous!

(os jovens cercam Carmen, ela os

(les jeunes gens entourent Carmen,

olha, um por um, sai do círculo que

celle-ci les regarde l'un après l'autre,

eles formam ao seu redor e dirige-se

sort du cercle qu'ils forment autour

diretamente a Don José. Ela arranca

d'elle et s'en va droit à Don José.

de seu corpete a flor de cássia e a

Elle arrache de son corsage la fleur

lança a Don José. Ele se levanta

de cassie et la lance à Don José. Il se

bruscamente)

lève brusquement)

As cigarreiras

O amor é um infante cigano,

L'amour est enfant de Bohème,

Les Cigarières

que jamais conheceu a lei;

il n'a jamais, jamais connu de loi,

se você não me ama, eu te amo;

si tu ne m'aimes pas, je t'aime!

mas se eu te amo, cuide-se!

Si je t'aime, prends garde à toi!

(o sino da fábrica soa uma

(la cloche de la manufacture sonne

vez mais. Saída das operárias e

une deuxième fois. Sortie des ouvrières

dos jovens. Carmen é a primeira

et des jeunes gens. Carmen sort la

a sair correndo e entrar na fábrica.

première en courant et elle entre dans la

Os jovens saem para a direita e para

manufacture. Les jeunes gens sortent à

a esquerda. Zuniga, que durante

droite et à gauche. Zuniga qui, pendant

esta cena conversava com duas ou

cette scène bavardait avec deux ou

três operárias, deixa-as e entra no

trois ouvrières, les quitte et rentre dans

regimento antes dos soldados. Don

le poste après que les soldats y sont

José fica sozinho)

rentrés. Don José reste seul)

Monólogo Monologue

José

O que isso quer dizer,

Qu'est-ce que cela veut dire,

esses modos?

ces façons-là?

Que insolência!

Quelle effronterie!


(sorrindo)

(en souriant)

Isso tudo porque não dei-lhe

Tout ça parce que je ne faisais

atenção!

pas attention à elle! Alors, suivant

Então, seguindo os modos das

l'usage des femmes et des chats

mulheres e dos gatos, que não vêm

qui ne viennent pas quand on les

quando os chamamos e que vêm

appelle et qui viennent quand on ne

quando não os chamamos, ela veio...

les appelle pas, elle est venue...

(ele olha para a flor de cássia que está

(il regarde la fleur de cassie qui est

no chão, aos seus pés. Ele a recolhe)

par terre, à ses pieds. Il la ramasse)

Com qual intenção ela me atirou

Avec quelle adresse elle me l'a

essa flor...

lancée, cette fleur... Là, juste entre

Lá, justamente entre os dois olhos...

les deux yeux...

Isso me acertou como

Ça m'a fait l'effet d'une balle qui

uma bala...

m'arrivait...

(ele respira o perfume da flor)

(il respire le parfum de la fleur)

Como é forte!

Comme c'est fort!

Seguramente, se existem feiticeiras,

Certainement s'il y a des sorcières,

esta garota é uma delas.

cette fille-là en est une.

(entra Micaëla)

(entre Micaëla)

Senhor cabo!

Monsieur le brigadier?

(escondendo rapidamente a flor)

(cachant précipitamment la fleu)

O quê? O que há? Micaëla!

Quoi?... Qu'est-ce que c'est?...

É você!

Micaëla!...C'est toi...

Sou eu!

C'est moi!

E você vem de lá?

Et tu viens de là-bas?

Diálogo Falado Dialogue parlé

Micaëla

José

Micaëla

José

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70


Micaëla

Eu venho de lá...

Et je viens de là-bas...

Sua mãe que me mandou...

C'est votre mère qui m'envoie...

Fale-me de minha mãe!

Parle-moi de ma mère!

Fale-me de minha mãe!

Parle-moi de ma mère!

Trago de sua parte, mensageira fiel,

J'apporte de sa part, fidèle messagère,

esta carta.

cette lettre.

Uma carta.

Une lettre.

Também um pouco de dinheiro

Et puis un peu d'argent

Nº 6 Duo

José

Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

para incrementar seu salário,

pour ajouter à votre traitement,

e também...

et puis…

E também?

Et puis?

E também? Sinceramente, eu não ouso,

Et puis?... Vraiment je n'ose,

e também... Ainda uma outra coisa

et puis... Encore une autre chose

que vale mais que dinheiro e que,

qui vaut mieux que l'argent et qui,

para um bom filho,

pour un bon fils,

terá sem dúvida maior apreço.

aura sans doute plus de prix.

Esta outra coisa, o que é?

Cette autre chose, quelle est-elle?

Diga-me logo.

Parle donc.

Sim, eu falarei;

Oui, je parlerai;

o que ela me deu,

ce que l'on m'a donné,

eu lhe darei.

je vous le donnerai.

Sua mãe e eu, à saída da

Votre mère avec moi sortait de la

capela,

chapelle,

então beijando-me, disse-me

et c'est alors qu'en m'embrassant,

vai, você vai à cidade,

tu vas, m'a-t-elle dit, t'en aller à la ville,

o caminho não é longo,

la route n'est pas longue,

uma vez em Sevilha,

une fois à Séville,

procurará meu filho,

tu chercheras mon fils,

meu José, meu menino,

mon José, mon enfant

e você lhe dirá que sua mãe

Et tu lui diras que sa mère


José

Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

sonha noite e dia com sua ausência

songe nuit et jour à l'absent

que ela se arrepende e que ela espera,

qu'elle regrette et qu'elle espère,

que ela perdoa e que ela aguarda;

qu'elle pardonne et qu'elle attend;

tudo isto, não é? Pequena,

tout cela, n'est-ce pas? Mignonne,

de minha parte você o dirá,

de ma part tu le lui diras,

e este beijo que lhe dou

et ce baiser que je te donne

de minha parte você lhe dará.

de ma part tu le lui rendras.

(muito comovido)

(très ému)

Um beijo de minha mãe?

Un baiser de ma mère?

Um beijo para seu filho.

Un baiser pour son fils.

Um beijo de minha mãe?

Un baiser de ma mère?

Um beijo para seu filho!

Un baiser pour son fils!

José, eu lhe dou, como eu lhe

José, je vous le rends, comme je l'ai

prometi.

promis.

(Micaëla se levanta um pouco,

(Micaëla se hausse un peu sur

na ponta dos pés e dá um beijo

la pointe des pieds et donne à

sincero, bastante maternal. Don

José un baiser bien franc, bien

José muito comovido deixa

maternel. Don José très ému

acontecer)

la laisse faire)

Minha mãe, eu a vejo,

Ma mère, je la vois

sim, eu revejo meu vilarejo!

oui je revois mon village!

Oh! Lembranças dos tempos idos,

O souvenirs d'autrefois,

doces lembranças de minha terra!

doux souvenirs du pays!

Doces lembranças de minha terra!

Doux souvenirs du pays!

Oh! Queridas lembranças!

O souvenirs chéris!

Vocês preenchem meu coração

Vous remplissez mon cœur

com força e coragem.

de force et de courage.

Oh! Queridas lembranças!

O souvenirs chéris!

Minha mãe, eu a vejo, eu revejo

Ma mère, je la vois, je revois mon

meu vilarejo!

village!

Sua mãe, ele a revê!

Sa mère, il la revoit!

Ele revê seu vilarejo!

Il revoit son village!

Oh! Lembranças dos tempos idos!

Ô souvenirs d'autrefois!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72


Lembranças de sua terra!

José

Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

Souvenirs du pays!

Vocês preenchem seu coração

Vous remplissez son cœur

com força e coragem.

de force et de courage.

Oh! Queridas lembranças!

O souvenirs chéris!

Sua mãe, ele a revê, ele revê seu

Sa mère, il la revoit, il revoit son

vilarejo!

village!

Quem sabe de qual demônio

Qui sait de quel démon

terei sido a presa!

j'allais être la proie!

Mesmo de longe,

Même de loin,

minha mãe me protege,

ma mère me défend,

e este beijo que ela me envia,

et ce baiser qu'elle m'envoie,

este beijo que ela me envia

ce baiser qu'elle m'envoie

desvia o perigo e salva seu filho.

ecarte le péril et sauve son enfant.

Qual demônio, qual perigo?

Quel démon, quel péril?

Não compreendo muito bem.

Je ne comprends pas bien.

O que isto quer dizer?

Que veut dire cela?

Nada! Nada!

Rien! Rien!

Falemos de você, a mensageira

Parlons de toi, la messagère

vai voltar para a vila...

tu vas retourner au pays...

Sim, esta noite mesmo;

Oui, ce soir même,

amanhã verei sua mãe.

demain je verrai votre mère.

Você a verá! Bom, você a dirá:

Tu la verras! Eh bien tu lui diras:

que seu filho que a ama e a venera,

que son fils l'aime et la vénère,

e que hoje se arrepende,

et qu'il se repent aujourd'hui.

ele quer que sua mãe, por lá,

Il veut que là-bas sa mère

esteja feliz por ele!

Soit contente de lui!

Tudo isto, não é? Pequena,

Tout cela, n'est-ce pas? Mignonne,

de minha parte, você lhe dirá;

de ma part, tu le lui diras;

e este beijo que lhe dou,

et ce baiser que je te donne,

de minha parte você a dará.

de ma part tu le lui rendras.

Sim, eu lhe prometo

Oui, je vous le promets

da parte de seu filho José,

de la part de son fils José,

eu lhe darei o beijo

je le rendrai

como lhe prometi.

comme je l'ai promis.


José

Micaëla

Minha mãe, eu a vejo,

Ma mère, je la vois

sim, eu revejo meu vilarejo!

oui je revois mon village!

Oh! Lembranças dos tempos idos,

O souvenirs d'autrefois,

doces lembranças de minha terra!

doux souvenirs du pays!

Doces lembranças de minha terra!

Doux souvenirs du pays!

Oh! Queridas lembranças!

O souvenirs chéris!

Vocês preenchem meu coração

Vous remplissez mon cœur

com força e coragem.

de force et de courage.

Oh! Queridas lembranças!

O souvenirs chéris!

Minha mãe, eu a vejo, eu revejo

Ma mère, je la vois, je revois mon

meu vilarejo!

village!

Sua mãe, ele a revê!

Sa mère, il la revoit!

Ele revê seu vilarejo!

Il revoit son village!

Oh! Lembranças dos tempos idos!

Ô souvenirs d'autrefois!

Lembranças de sua terra!

Souvenirs du pays!

Vocês preenchem seu coração

Vous remplissez son cœur

com força e coragem.

de force et de courage.

Oh! Queridas lembranças!

O souvenirs chéris!

Sua mãe, ele a revê, ele revê seu

Sa mère, il la revoit, il revoit son

vilarejo!

village!

Espere um pouco... Eu vou ler sua

Attends un peu... Je vais lire sa

carta...

lettre...

Diálogo Falado Dialogue parlé

José

Micaëla

José

Eu esperarei, senhor cabo, eu

J'attendrai, monsieur le brigadier,

esperarei...

j'attendrai...

(lendo)

(lisant)

‘Continue a conduzir bem sua vida, meu menino! Prometeram-lhe

‘Continue à te bien conduire, mon enfant! L'on t'a promis de te faire

fazer sargento, talvez assim você

maréchal des logis, peut-être alors

poderá largar o serviço, arranjar um

pourras-tu quitter le service, te faire

lugarzinho e voltar para perto de

donner une petite place et revenir

mim? Começo a envelhecer. Você

près de moi? Je commence à me faire

voltaria para perto de mim e se

bien vieille. Tu reviendrais près de moi

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74


Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

José

Micaëla

José

casaria, nós não teríamos, penso eu,

et tu te marierais(z), nous n'aurions

grande dificuldade em encontrar

pas, je pense, grand'peine à te trouver

uma moça para você, e eu bem sei

une femme, et je sais bien, quant à

aquela que eu lhe aconselharia:

moi, celle que je te conseillerais de

é precisamente aquela que leva

choisir: c'est tout justement celle qui

minha carta... Não existe uma outra

te porte ma lettre... Il n'y en a pas de

de mais sabedoria e mais gentil...’

plus sage et de plus gentille...’

(interrompendo-o)

(l'interrompant)

É melhor que eu não esteja aqui!

Il vaut mieux que je ne sois pas là!...

Por quê?

Pourquoi donc?

(desconcertada)

(troublée)

Acabo de me lembrar que sua

Je viens de me rappeler que votre

mãe encarregou-me de algumas

mère m'a chargé de quelques petits

encomendas: preciso ocupar-me

achats: je vais m'en occuper tout

disso imediatamente.

de suite.

Espere um pouco, estou acabando...

Attends un peu, j'ai fini...

Você terminará quando eu não

Vous finirez quand je ne

estiver mais aqui...

serai plus là...

Mas e a resposta?

Mais la réponse?

Eu voltarei para buscá-la antes de

Je viendrai la prendre avant mon

minha partida e a levarei para sua

départ et je la porterai à votre mère...

mãe... Adeus!

Adieu!

Micaëla!

Micaëla!

Não, não... Eu voltarei, prefiro

Non, non... Je reviendrai, j'aime

assim...

mieux cela...

Eu voltarei, voltarei...

Je reviendrai, je reviendrai...

(ela sai)

(elle sort)

(lendo)

(lisant)

‘Não existe uma outra de mais

'il n'y en a pas de plus sage, ni de


sabedoria e mais gentil... Sobretudo,

plus gentille... Il n'y en a pas surtout

não há outra que te ame mais... E se

qui t'aime davantage... Et si tu

você quisesse...’

voulais... '

Sim, minha mãe, sim, farei o que

Oui, ma mère, oui, je ferai ce que

deseja... Desposarei Micaëla, e

tu désires... J'épouserai Mïcaëla, et

quanto a esta cigana, com sua flores

quant à cette bohémienne, avec ses

que enfeitiçam....

fleurs qui ensorcellent...

(grande rumor no interior da

(grande rumeur dans l'intérieur de

fábrica — entra Zuniga seguido dos

la manufacture — entre Zuniga suivi

soldados)

des soldats)

O que está acontecendo por lá?

Que se passe-t-il donc là-bas?

Nº 7 Coro Chœur

Zuniga

(as operárias saem rápida e

(les ouvrières sortent rapidement et

caoticamente)

en désordre)

Socorro! Não estão escutando?

Au secours! N'entendez-vous pas?

Socorro, senhores soldados!

Au secours, messieurs les soldats!

É a Carmencita.

C'est la Carmencita.

Não, não, não é ela.

Non, non, ce n'est pas elle.

É a Carmencita.

C'est la Carmencita.

Não, não, não é ela!

Non, non, ce n'est pas elle!

Não mesmo!

Pas du tout!

Primeiro grupo

É ela! Sim, sim, é ela!

C'est elle! Si fait, si fait c'est elle!

Premier groupe

Ela bateu primeiro.

Elle a porté les premiers coups.

Coro das cigarreiras Chœur des Cigarières

Primeiro grupo de mulheres Premier groupe de femmes

Segundo grupo de mulheres Deuxième groupe de femmes

Primeiro grupo Premier groupe

Segundo grupo Deuxième groupe

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76


Todas as mulheres

Não as escute, senhor,

Ne les écoutez pas, monsieur,

Toutes les femmes

escute-nos! Escute-nos,

écoutez-nous, Ecoutez-nous,

senhor, escute-nos!

monsieur, écoutez-nous!

(elas puxam o oficial)

(elles tirent l'officier de leur côté)

Primeiro grupo Premier groupe

Segundo grupo

A Manuelita dizia

La Manuelita disait

e repetia em voz alta

et répétait à voix haute

que ela, sem falta, compraria

qu'elle achèterait sans faute

um asno que ela gostava.

un âne qui lui plaisait.

(mesmo jogo)

(même jeu)

Então Carmen,

Alors la Carmencita

debochada como de costume

Railleuse à son ordinaire,

disse: um asno, para quê?

dit: un âne, pour quoi faire?

Uma vassoura já lhe seria suficiente.

Un balai te suffira.

Primeiro grupo

Manuelita responde

Manuelita riposta

Premier groupe

e diz à sua colega:

et dit à sa camarade:

para algum passeio

pour certaine promenade

meu asno lhe servirá.

mon âne te servira.

Deuxième groupe

Segundo grupo Deuxième groupe

E neste dia você poderá

Et ce jour-là tu pourras

merecidamente ter modos;

a bon droit faire la fière;

dois lacaios lhe seguirão

deux laquais suivront derrière

esforçando-se para espantar as moscas.

t'émouchant à tour de bras.

Todas as mulheres

Lá em cima, todas as duas

Là-dessus toutes les deux

Toutes les femmes

se pegaram pelos cabelos.

se sont prises aux cheveux.

Zuniga

Primeiro grupo

Para o inferno com toda essa bobagem.

Au diable tout ce bavardage.

José, leve dois homens com você

Prenez, José, deux hommes avec vous

e veja o que é essa barulheira lá

et voyez là-dedans qui cause ce

dentro.

tapage.

É a Carmencita!

C'est la Carmencita!

Não, não é ela!

Non, non ce n'est pas elle!

Premier groupe

Segundo grupo Deuxième groupe


Primeiro grupo

Sim, sim, é ela!

Si fait, si fait c'est elle!

Não mesmo!

Pas du tout!

Ela bateu primeiro!

Elle a porté les premiers coups!

Premier groupe

Segundo grupo Deuxième groupe

Primeiro grupo Premier groupe

Zuniga

Epa!

Holà!

Tirem de perto de mim essas

Eloignez-moi toutes ces

mulheres!

femmes-là.

Todas as mulheres

Senhor!

Monsieur!

Toutes les femmes

Senhor!

Monsieur!

Não as escute! Senhor,

Ne les écoutez pas! Monsieur,

escute-nos!

écoutez nous!

Primeiro grupo

Foi a Carmencita quem bateu

C'est la Carmencita qui porta les

Premier groupe

primeiro!

premiers coups!

Segundo grupo Deuxième groupe

Primeiro grupo

Foi a Manuelita quem bateu

C'est la Manuelita qui porta les

primeiro!

premiers coups!

A Carmencita!

La Carmencita!

A Manuelita!

La Manuelita!

Sim! Sim! Sim! Sim!

Si! Si! Si! Si!

Premier groupe

Segundo grupo Deuxième groupe

Primeiro grupo Premier groupe

Segundo grupo Deuxième groupe

Ela bateu primeiro!

Elle a porté les premiers coups!

A Carmencita!

C'est la Carmencita!

Não! Não! Não! Não!

Non! Non! Non! Non!

Ela bateu primeiro!

Elle a porté les premiers coups!

A Manuelita!

C'est la Manuelita!

(a praça é enfim vazia. As

(la place est enfin dégagée. Les

mulheres são mantidas afastadas)

femmes sont maintenues à distance)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78


Diálogo Falado Dialogue parlé

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Zuniga

José

Carmen

Vejamos, cabo... Agora que

Voyons, brigadier... Maintenant

temos um pouco de silêncio...

que nous avons un peu de silence...

O que você descobriu lá

Qu'est-ce que vous avez trouvé là-

dentro?

dedans?

Inicialmente, encontrei umas

J'ai d'abord trouvé trois cents

trezentas mulheres, gritando,

femmes, criant, hurlant, gesticulant,

berrando, gesticulando, num

faisant un tapage à ne pas entendre,

tumulto ensurdecedor, Santo

Dieu tonner... D'un côté il y en avait

Deus, uma tempestade... De um

une, les quatre fers en l'air, qui criait:

lado, havia uma mulher, de pernas

Confession! Confession!... Je suis

para o alto, que gritava: Confissão!

morte... Elle avait sur la figure un X

Confissão! Estou morta... Ela tinha

qu'on venait de lui marquer en deux

no rosto um X feito com duas

coups de couteau... En face de la

facadas... Diante da ferida eu vi...

blessée j'ai vu...

(paralisado por um olhar de Carmen)

(il s'arrête sur un regard de Carmen)

E então?

Eh bien?

Eu vi esta senhorita...

J'ai vu mademoiselle...

Senhorita Carmencita?

Mademoiselle Carmencita?

Sim, tenente.

Oui, mon lieutenant

E o que ela disse, a senhorita

Et qu'est-ce qu'elle disait,

Carmencita?

Mademoiselle Carmencita?

Ela não disse nada, tenente, ela

Elle ne disait rien, mon lieutenant,

serrou os dentes, e virou os olhos

elle serrait les dents et roulait des

como um camaleão.

yeux comme un caméléon.

Me provocaram... Fiz apenas

On m'avait provoquée... Je n'ai fait

me defender... O senhor cabo

que me défendre... Monsieur le

lhe dirá...

brigadier vous le dira...


José

Zuniga

José

Zuniga

(a José)

(à José)

Não é, senhor cabo?

N'est-ce pas, monsieur le brigadier?

(após um momento de hesitação)

(après un moment d'hésitation)

Tudo o que pude entender no

Tout ce que j'ai pu comprendre

meio do barulho, é que uma

au milieu du bruit, c'est qu'une

discussão havia acontecido entre

discussion s'était élevée entre ces

estas duas damas, e que em

deux dames, et qu'à la suite de cette

seguida à discussão, a senhorita,

discussion, mademoiselle, avec le

com a faca com a qual ela corta

couteau dont elle coupait le bout

a ponta dos charutos, começou

des cigares, avait commencé à

a desenhar a cruz de Santo André

dessiner des croix de saint André sur

na cara de sua colega.

le visage de sa camarade.

(Zuniga olha para Carmen; esta,

(Zuniga regarde Carmen; celle-ci,

após olhar para Don José e levantar

après un regard à Don José et un

os ombros levemente, torna-se

très léger haussement d'épaules, est

impassível)

redevenue impassible)

O caso me parece claro. Pedi à

Le cas m'a paru clair. J'ai prié

senhorita que me seguisse...

mademoiselle de me suivre...

De início, ela pareceu tentar

Elle a d'abord fait un mouvement

resistir... Em seguida,

comme pour résister... Puis elle

resignou-se... E me seguiu,

s'est résignée... Et m'a suivi, douce

dócil como um cordeiro!

comme un mouton!

E a ferida da outra mulher?

Et la blessure de l'autre femme?

Muito superficial, tenente, duas

Très légère, mon lieutenant, deux

cicatrizes à flor da pele.

balafres à fleur de peau.

(a Carmen)

(à Carmen)

Bem! Bela, você ouviu

Eh bien! La belle, vous avez entendu

o cabo?

le brigadier?...

(a José)

(à José)

Não preciso lhe perguntar se disse

Je n'ai pas besoin de vous

a verdade.

demander si vous avez dit la vérité.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80


José

Zuniga

Nº 8

Palavra de navarro, tenente!

Foi de Navarrais, Mon lieutenant!

(Carmen vira-se bruscamente e olha

(Carmen se retourne brusquement

uma vez mais para José)

et regarde encore une fois José)

(a Carmen)

(à Carmen)

Bem! Você ouviu?

Eh bien!... Vous avez entendu?...

Tem algo a dizer?

Avez-vous quelque chose à répondre?...

Diga, estou esperando...

Parlez, j'attends...

(Camen, cantarolando)

(Carmen, fredonnant)

Tra la la la la la la la,

Tra la la la la la la la

corte-me, queime-me,

Coupe-moi, brûle-moi,

nada lhe direi,

je ne te dirai rien,

Canção e melodrama Chanson et mélodrame

Carmen

Zuniga

Carmen

Zuniga

tra la la la la la la la.

tra la la la la la la la.

Enfrento tudo, o fogo, o ferro,

Je brave tout, le feu, le fer,

até mesmo o céu.

et le ciel même.

Não lhe peço uma canção,

Ce ne sont pas des chansons que je

mas uma explicação.

te demande, c'est une réponse.

Tra la la la la la la la

Tra la la la la la la la

Meu segredo eu o guardo e o

Mon secret je le garde et je le garde

guardo bem:

bien:

Tra la la la la la la la

Tra la la la la la la la

Eu amo a um outro e morro ao dizer

J'en aime un autre et meurs en

que o amo.

disant que je l'aime.

Ah! Ah! Com este tom...

Ah! Ah! Nous le prenons sur ce ton-là...

(a José)

(à José)

O que é certo, não é? É que

Ce qui est sûr, n'est-ce pas, c'est

tiveram as facadas, e que foi ela

qu'il y a eu des coups de couteau, et

quem as deu.

que c'est elle qui les a donnés.

(neste momento, cinco ou seis

(en ce moment cinq ou six femmes à

mulheres à direita juntam-se para

droite réussissent à forcer la ligne des


forçar a linha das sentinelas e invadem

factionnaires et se précipitent sur la

a cena gritando: “Sim, sim, é ela!”

scène en criant: “Oui, oui, c'est elle!...

Uma destas mulheres encontra-se

une de ces femmes se trouve près de

perto da Carmen. Esta levanta a mão

Carmen. Celle-ci lève la main et veut

e tenta jogar-se sobre a outra. Don

se jeter sur la femme. Don José arrête

José impede Carmen. Os soldados

Carmen. Les soldats écartent les

espantam as mulheres e empurram-

femmes, et les repoussent cette fois

-nas definitivamente para fora da cena)

Zuniga

Carmen

Um soldado Un soldat

Zuniga

tout à fait hors de la scène)

(a Carmen)

(à Carmen)

É! É! Definitivamente você tem uma

Eh! Eh! Vous avez la main leste

mão veloz.

décidément.

(aos soldados)

(aux soldats)

Achem-me uma corda.

Trouvez-moi une corde.

(Carmen põe-se a cantarolar de

(Carmen se remet à fredonner de

modo insolente olhando para o

la façon la plus impertinente en

oficial)

regardant l'officier)

Tra la la la la la la la

Tra la la la la la la la

(trazendo uma corda)

(apportant une corde)

Aqui, tenente.

Voilà, mon lieutenant.

(a Don José)

(à Don José)

Pegue e amarre essas duas

Prenez et attachez-moi ces deux

belas mãos.

jolies mains.

(Carmen, sem a mínima resistência,

(Carmen, sans faire la moindre

sorridente, estende suas mãos a

résistance, tend en souriant ses deux

Don José)

mains à Don José)

É realmente uma pena, pois ela é

C'est dommage vraiment, car elle

gentil... Mas, por mais gentil que

est gentille... Mais si gentille que

você fosse, você não iria escapar de

vous soyez, vous n'en irez pas

dar um passeio pela prisão. Você

moins faire un tour en prison. Vous

poderá cantar suas canções ciganas

pourrez y chanter vos chansons de

por lá. O carcereiro lhe dirá o que

bohémienne. Le porte-clefs vous

acha delas.

dira ce qu'il en pense.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82


(as mãos de Carmen são amarradas,

(les mains de Carmen sont liées,

fazem-na sentar-se sobre uma

on la fait asseoir sur un escabeau

escada à porta do regimento. Ela

devant le corps de garde. Elle reste

fica lá, imóvel, mirando o chão)

là immobile, les yeux à terre)

Vou escrever a ordem.

Je vais écrire l'ordre.

(a Don José)

(à Don José)

É você quem a conduzirá...

C'est vous qui la conduirez...

(ele sai. Pequeno momento de

(il sort. Un petit moment de silence.

silêncio. Carmen levanta os olhos e

Carmen lève les yeux et regarde

olha para Don José. Este se esquiva,

Don José. Celui-ci se détourne,

se distancia alguns passos, depois

s'éloigne de quelques pas, puis

volta-se para Carmen que olha para

revient à Carmen qui le regarde

ele a todo momento)

toujours)

Para onde está me levando?

Où me conduirez-vous?

Para a prisão, minha pobre criança...

À la prison, ma pauvre enfant...

Diálogo falado Dialogue parlé

Carmen

José

Carmen

José

Ai de mim! O que eu me tornarei?

Hélas! Que deviendrai-je? Seigneur

Senhor oficial, tenha pena de mim...

officier, ayez pitié de moi... Vous êtes

Você é tão gentil...

si gentil...

(José não responde, se distancia e

(José ne répond pas, s'éloigne et

se aproxima, sempre sob o olhar de

revient, toujours sous le regard de

Carmen)

Carmen)

Esta corda, como é que você a

Cette corde, comme vous l'avez

amarrou, esta corda...

serrée, cette corde...

Tenho os pulsos feridos.

J'ai les poignets brisés.

(se aproximando de Carmen)

(s'approchant de Carmen)

Se ela lhe machuca, posso

Si elle vous blesse, je puis la

desamarrá-la... O tenente me disse

desserrer... Le lieutenant m'a dit de


Carmen

José

para prender suas mãos... Ele não

vous attacher les mains... Il ne m'a

me disse...

pas dit...

(ele solta a corda)

(il desserre la corde)

(em voz baixa)

(bas)

Deixe-me escapar, eu lhe darei um

Laisse-moi m'échapper, je te

pedaço da bar lachi, uma pequena

donnerai un morceau de la bar lachi,

pedra que fará todas as mulheres

une petite pierre qui te fera aimer

lhe amarem.

de toutes les femmes.

Não estamos aqui para falar

Nous ne sommes pas ici pour dire

bobagens... Vamos para a

des balivernes... Il faut aller à la

prisão. Esta é a ordem, e não há

prison. C'est la consigne, et il n'y a

solução.

pas de remèdes.

(silêncio)

(silence)

Há pouco você disse: palavra de

Tout à l'heure vous avez dit: foi de

navarro... Você é da província?

Navarrais... Vous êtes des Provinces?...

José

Sou d’Elizondo...

Je suis d'Elizondo...

Carmen

E eu d’Etchalar...

Et moi d'Etchalar...

Carmen

José

Carmen

D’Etchalar! É a quatro horas

D'Etchalar!... C'est à quatre heures

d’Elizondo, Etchalar.

d'Elizondo, Etchalar.

Sim, foi lá que eu nasci... Fui levada

Oui, c'est là que je suis née... J'ai

por ciganos para Sevilha. Eu

été emmenée par des bohémiens

trabalhava na fábrica para ganhar

à Séville. Je travaillais à la

um dinheiro para voltar para

manufacture pour gagner de quoi

Navarra, para próximo de minha

retourner en Navarre, près de ma

pobre mãe que há somente a mim

pauvre mère qui n'a que moi pour

para sustentá-la... Insultaram-me

soutien... On m'a insultée parce que

porque eu não sou desta terra

je ne suis pas de ce pays de filous,

de malandros, de mercadores de

de marchands d'oranges pourries,

laranjas podres; e estas velhacas

et ces coquines se sont mises contre

se colocaram contra mim porque

moi parce que je leur ai dit que tous

eu disse-lhes que nem todos os

leurs Jacques de Séville avec leurs

seus Jacques de Sevilha com suas

couteaux ne feraient pas peur à un

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84


facas amedrontariam um rapaz de

José

Carmen

José

gars de chez nous avec son béret

nossa terra, com sua boina azul e

bleu et son maquila. Camarade,

sua maquila. Camarada, meu amigo,

mon ami, ne ferez-vous rien pour

não fará nada por uma conterrânea?

une payse?

Você é navarra?

Vous êtes Navarraise, vous?

Sem dúvida.

Sans doute.

Vamos... Não há nenhuma

Allons donc... Il n'y a pas un mot

verdade nisso... Seus olhos,

de vrai... Vos yeux seuls, votre

sua boca, sua cor... Tudo diz,

bouche, votre teint... Tout vous dit

cigana.

bohémienne...

Carmen

Cigana, você acha?

Bohémienne, tu crois?

José

Estou certo disso...

J'en suis sûr...

A propósito, eu sou bastante boazinha

Au fait, je suis bien bonne de me

em esforçar-me por mentir... Sim, sou

donner la peine de mentir... Oui, je

cigana, mas você não deixará de

suis bohémienne, mais tu n'en feras

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

fazer o que lhe peço... Não deixará de

pas moins ce que je te demande...

fazê-lo porque você me ama...

Tu le feras parce que tu m'aimes...

Eu?!

Moi!

É! Sim, você me ama... Não me diga

Eh! Oui, tu m'aimes... Ne me dis

que não, eu conheço! Seus modos,

pas non, je m'y connais! Tes égards,

o jeito que fala comigo. E esta

la façon dont tu me parles. Et cette

flor que você guardou. Ah! Você

fleur que tu as gardée. Oh! Tu

não pode jogá-la fora, não agora...

peux la jeter maintenant...

Isso não significará nada. Ela ficou

Cela n'y fera rien. Elle est restée

tempo demais sobre o seu coração;

assez de temps sur ton coeur;

o charme agiu...

le charme a opéré...

(enfurecido)

(avec colère)

Não fale-me mais nada, escutou? Eu

Ne me parle plus, tu entends, je te

lhe proíbo de me dirigir a palavra...

défends de me parler...

Tudo bem, senhor oficial,

C'est très bien, seigneur officier,


tudo bem.

c'est très bien.

Você me proíbe de falar, não

Vous me défendez de parler, je ne

falarei mais.

parlerai plus.

Próximo às muralhas de Sevilha,

Près des remparts de Séville,

em casa de meu amigo Lillas Pastia,

chez mon ami Lillas Pastia,

eu dançarei a seguidilha

j'irai danser la séguedille

Nº 9 Seguidilha e duo Séguedille et duo

Camen

José

E beberei o manzanilla!

Et boire du Manzanilla!

Eu irei à casa de meu amigo Lillas Pastia.

J'irai chez mon ami Lillas Pastia.

Sim, mas sozinha eu me enfado,

Oui, mais toute seule on s'ennuie,

e os verdadeiros prazeres são a dois.

et les vrais plaisirs sont à deux.

Portanto, para me fazer companhia,

Donc pour me tenir compagnie,

levarei meu amado.

j'emmènerai mon amoureux

Meu amado!

Mon amoureux!

Mandei-o para o inferno

Il est au diable

Ontem, coloquei-o porta a fora.

Je l'ai mis à la porte hier.

Meu pobre coração consolável,

Mon pauvre cœur très consolable,

meu coração é livre como o ar.

mon cœur est libre comme l'air.

Tenho galanteadores às dúzias,

J'ai des galants à la douzaine,

mas eles não são do meu agrado;

mais ils ne sont pas à mon gré;

chega o fim de semana,

voici la fin de la semaine,

quem quiser me amar, eu amarei.

qui veut m'aimer je l'aimerai.

Quem quiser minha alma...

Qui veut mon âme...

É só pegá-la.

Elle est à prendre.

Você chegou no momento certo,

Vous arrivez au bon moment,

não tenho tempo de esperar,

je n'ai guère le temps d'attendre,

pois com meu novo amado

car avec mon nouvel amant

próximo às muralhas de Sevilha,

pres des remparts de Séville.

em casa de meu amigo Lillas Pastia

Chez mon ami Lillas Pastia,

eu dançarei a seguidilha

j'irai danser la séguedille

e beberei o Manzanilla.

Et boire du Manzanilla.

Sim, irei à casa de meu amigo

Oui, j'irai chez mon ami

Lillas Pastia!

Lillas Pastia!

Cale-se, eu lhe disse para

Tais-toi, je t'avais dit de

não falar comigo.

ne pas me parler.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

Eu não estou falando com você...

Je ne te parle pas... Je chante pour

Canto para mim mesmo, e penso...

moi-même, et je pense... Il n'est

Não é proibido pensar. Penso em

pas défendu de penser. Je pense à

um certo oficial que me ama, e que,

certain officier qui m'aime,

por mim, sim, por mim, eu bem que

et qu'à mon tour, oui qu'à mon tour

poderia amar!

Je pourrais bien aimer!

Carmen!

Carmen!

Meu oficial não é um capitão,

Mon officier n'est pas un capitaine,

nem mesmo um tenente,

pas même un lieutenant,

é somente um cabo.

il n'est que brigadier.

Mas é demais para uma

Mais c'est assez pour une

cigana,

bohémienne,

e eu digno em me contentar!

et je daigne m'en contenter!

Carmen, sou como um homem

Carmen, je suis comme un homme

embriagado,

ivre,

se eu ceder, se eu me entregar,

si je cède, si je me livre,

sua promessa, você a cumprirá?

ta promesse, tu la tiendras.

Ah! Se eu te amar, Carmen,

Ah! Si je t'aime, Carmen,

Carmen, você me amará?

Carmen tu m'aimeras.

Sim...

Oui...

Em casa de Lillas Pastia?

Chez Lillas Pastia.

Nós dançaremos a seguidilha

Nous danserons la séguedille

bebendo o manzanilla.

en buvant du manzanilla.

Você me promete?!

Tu le promets!

Carmen! Você me promete?!

Carmen! Tu le promets!

Ah! Próximo às muralhas de Sevilha,

Ah! Près des remparts de Séville

na casa de meu amigo Lillas Pastia,

chez mon ami Lillas Pastia,

nós dançaremos a seguidilha

nous danserons la séguedille

e beberemos o manzanilla.

et boirons du Manzanilla.

Tra la la la la la la la la la la!

Tra la la la la la la la la la la!


Nº 10 Final

José

Zuniga

Carmen

Carmen

O tenente! Cuidado!

Le lieutenant! Prenez garde.

(Carmen se posiciona na escada,

(Carmen va se replacer sur son

com as mãos atrás das costas. Entra

escabeau, les mains derrière le dos.

Zuniga)

Rentre Zuniga)

Aqui está a ordem, parta e tenha

Voici l'ordre, partez et faites bonne

cuidado...

garde...

(em voz baixa, a José)

(bas, à José)

No caminho eu lhe empurrarei, eu

En chemin je te pousserai, je

lhe empurrarei

te pousserai

o mais forte que eu puder

AUSSI fort que je le pourrai

deixe-se cair... O resto

laisse-toi renverser... Le reste

é comigo!

me regarde!

(ela se coloca entre os dois dragões.

(elle se place entre les deux dragons.

José ao lado dela. Neste ínterim, as

José à côté d'elle. Les femmes et les

mulheres e os burgueses entraram

bourgeois pendant ce temps sont

em cena, embora mantidos sempre

rentrés en scène toujours maintenus

à distância pelos dragões)

à distance par les dragons)

O amor é um infante cigano,

L'amour est enfant de Bohème,

que jamais conheceu a lei;

il n'a jamais connu de loi;

se você não me ama, eu te amo;

si tu ne m'aimes pas, je t'aime,

mas se eu te amo, cuide-se!

si je t'aime, prends garde à toi.

(Carmen empurra José, que se

(Carmen pousse José qui se laisse

joga. Confusão, desordem,

renverser. Confusion, désordre,

Carmen foge e escapa,

Carmen s'enfuit et se sauve

enquanto na cena,

pendant que sur la scène, avec de

gargalhando, as cigarreiras

grands éclats de rire, les cigarières

cercam o tenente)

entourent le lieutenant)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88


Ato II Act II

(taverna de Lillas Pastia. Carmen,

(la taverne de Lillas Pastia. Carmen,

Mercédès, Frasquita, o tenente

Mercédès, Frasquita, le lieutenant

Zuniga, Moralès e um outro tenente.

Zuniga, Moralès et un lieutenant.

Ciganas dançam)

Des bohémiennes dansent)

As hastes dos sistros tiniam

Les tringles des sistres tintaient

com um brilho metálico.

avec un éclat métallique.

E com esta estranha música

Et sur cette étrange musique

Nº 11 Canção cigana Chanson bohème

Carmen

Carmen Frasquita Mercédès

Carmen

Carmen Frasquita Mercédès

Carmen

as ciganinhas se levantam.

les zingarellas se levaient.

Os pandeiros mantendo o tempo.

Tambours de basque allaient leur train.

E as guitarras frenéticas

Et les guitares forcenées

rangiam sob as mãos obstinadas,

grinçaient sous des mains obstinées,

a mesma canção, o mesmo refrão.

même chanson, même refrain.

Tra la la la la la la, Tra la la la la la la

Tra la la la la la la, Tra la la la la.

Tra la la la la la la, Tra la la la la la la

Tra la la la la, Tra la la la la.

Os anéis de cobre e prata.

Les anneaux de cuivre et d'argent

Reluziam sobre as peles escuras;

Reluisaient sur les peaux bistrées;

de alaranjado e de vermelho, listrados,

d'orange et de rouge zébrées

os tecidos flutuavam ao vento:

Les étoffes flottaient au vent:

a dança com o canto se casava

la danse au chant se mariait

de início, indecisa e tímida.

d'abord indécise et timide.

Mais rápida, em seguida, mais animada,

Plus vive ensuite et plus rapide,

ela aumentava, aumentava, aumentava!

cela montait, montait, montait!

Tra la la la la la la,

Tra la la la la la la la,

tra la la la la la la.

tra la la la la la la la.

Tra la la la la la la, Tra la la la la la la

Tra la la la la, Tra la la la la.

Os ciganos por todos os lados,

Les bohémiens à tour de bras,

com seus instrumentos enfurecidos,

de leurs instruments faisaient rage,

e tal esplêndido ruído,

et cet éblouissant tapage,

as ciganas enfeitiçava!

ensorcelait les zingaras!

Sob o ritmo da canção,

Sous le rythme de la chanson,

ardente, louco, febril,

ardentes, folles, enfiévrées,

elas deixavam-se levar-se,

elles se laissaient, enivrées,


Carmen Frasquita Mercédès

embreagadas, pelo turbilhão!

emporter par le tourbillon!

Tra la la la la la la,

Tra la la la la la la,

tra la la la la la la

tra la la la la la la.

Tra la la la la la la, Tra la la la la la la

Tra la la la la, Tra la la la la.

Diálogo falado Dialogue parlé

Zuniga

Pastia

Andrès

Pastia

Zuniga

Pastia

Andrès

(Lillas Pastia circula ao redor dos

(à Lillas Pastia, qui se met à tourner au-

oficiais com ares de preocupação)

tour des officiers d'un air embarrassé)

Algo a nós dizer,

Vous avez quelque chose à nous

mestre Lillas Pastia?

dire, maître Lillas Pastia?

Meu Deus, senhores...

Mon Dieu, messieurs...

Vamos, diga...

Parle, voyons...

Começa a entardecer... E eu, mais

Il commence à se faire tard... et

que qualquer outro, sou obrigado

je suis, plus que personne, obligé

a cumprir as leis. O senhor

d'observer les règlements. Monsieur

corregedor está um tanto quanto

le corrégidor étant assez mal

hostil em relação a mim... Não

disposé à mon égard... je ne sais pas

entendo por que ele anda hostil...

pourquoi il est mal disposé...

Eu sei muito bem. É porque

Je le sais très bien, moi. C'est parce

seu albergue é o lugar comum

que ton auberge est le rendez-vous

de encontro de todos os

ordinaire de tous les contrebandiers

contrabandistas da província.

de la province.

Que seja por esta razão ou

Que ce soit pour cette raison ou

qualquer outra, sou obrigado a

pour une autre, je suis obligé de

tomar cuidado... Ora, eu repito, está

prendre garde... or, je vous le répète,

ficando tarde. (Oh, meu Deus, não!...

il commence à se faire tard. (Oh,

não!...)

mon Dieu, no !... no !...)

Isso quer dizer que você está nos

Cela veut dire que tu nous mets à

expulsando?!

la porte

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90


Pastia

Zuniga

Pastia

Zuniga

Frasquita

Zuniga

Mercédès

Andrès

Mercédès

Andrès

Frasquita

Zuniga

Carmen

Oh! Não, senhores oficiais... Oh!

Oh! non, messieurs les officiers...

Não... Apenas lhes faço observar

oh! non... je vous fais seulement

que meu albergue deve fechar-se

observer que mon auberge devrait

em dez minutos...

être fermée depuis dix minutes...

Deus sabe o que se passa aqui em

Dieu sait ce qui s'y passe dans ton

seu albergue depois que ele se fecha.

auberge une fois qu'elle est fermée...

Ô! Tenente...

Oh! mon lieutenant...

Enfim, nós temos ainda, antes

Enfin, nous avons encore, avant

de voltar, tempo de passar uma

l'appel, le temps d'aller passer une

hora no teatro... Vocês vêm

heure au théâtre... vous y viendrez

conosco, não, queridas?

avec nous, n'est-ce pas, les belles?

(Pastia faz sinal para as ciganas

(Pastia fait signe aux bohémiennes

recusarem)

de refuser)

Não, senhores oficiais, não, nós

Non, messieurs les officiers, non,

ficaremos aqui.

nous restons ici, nous.

Como, vocês não vêm?

Comment, vous ne viendrez pas

(E você, Mercédès?...)

(E toi, Mercédès?...)

É impossível...

C'est impossible...

Mercédès?

Mercédès!

Uma pena...

Je regrette...

Frasquita?

Frasquita !

Desculpe-me...

Je suis désolée...

Mas (e) você, Carmen, tenho certeza

Mais (et) toi, Carmen, je suis bien sûr

que você não recusará...

que tu ne refuseras pas...

Aí é que você se engana, tenente...

C'est ce qui vous trompe, mon

Eu recuso, e de modo mais claro

lieutenant... Je refuse et encore plus

que as duas, se é que isso é

nettement qu'elles deux si c'est


Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

possível...

possible...

(enquanto o tenente fala com

(pendant que le lieutenant parle à

Carmen, Moralès e os outros

Carmen, (andrès et les deux autres

dois tenentes tentam convencer

lieutenants essayent de fléchir

Frasquita e Mercédès)

Frasquita et Mercédès)

Você me quer?

Tu m'en veux?

Por que eu lhe quereria?

Pourquoi vous en voudrais-je?

Porque há um mês, tive a crueldade

Parce qu'il (que) y a un mois, j'ai eu

de lhe enviar para a prisão...

la cruauté de t'envoyer à la prison...

(como se não se lembrasse)

(comme si elle ne se rappelait pas)

Para a prisão?

A la prison?

Estava de serviço, não poderia ter

J'étais de service, je ne pouvais pas

agido de outro modo.

faire autrement.

(o mesmo jogo)

(même jeu)

Para a prisão? Não me lembro de

A la prison... je ne me souviens pas

ter ido para a prisão...

d'être allée à la prison...

Claro que sei que você não foi

Je sais pardieu bien que tu n'y es pas

parar lá... O cabo encarregado de

allée... le brigadier qui était chargé

lhe conduzir achou melhor deixá-la

de te conduire ayant jugé à propos

escapar... E desonrar-se e ser preso

de te laisser échapper... et de se faire

por isso...

dégrader et emprisonner pour cela...

(séria)

(sérieuse)

Desonrar-se e ser preso?

Dégrader et emprisonner?...

Meu Deus, sim... Não quisemos

Mon Dieu oui... on n'a pas voulu

admitir que mão tão pequena foi

admettre qu'une aussi petite main

suficientemente forte para derrubar

ait été assez forte pour renverser un

um homem...

homme...

Oh!

Oh!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92


Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

Zuniga

Carmen

Andrès

Isso não parecia natural...

Cela n'a pas paru naturel...

E este pobre rapaz foi rebaixado a

Et ce pauvre garçon est redevenu

um simples soldado?

simple soldat?

Sim... E passou um mês na prisão...

Oui... et il a passé un mois en prison...

Mas ele saiu de lá?

Mais il en est sorti?

Somente ontem.

Depuis hier seulement!

(batendo as castanholas)

(faisant claquer ses castagnettes)

Tudo está bem, desde que ele tenha

Tout est bien, puisqu'il en est sorti,

saído da prisão, tudo está bem.

tout est bien.

Em boa hora, você consola-se

À la bonne heure, tu te consoles

rápido...

vite...

(à parte)

(à part)

E tenho razão...

Et j'ai raison...

(em voz alta)

(haut)

Se você me ouvisse, você faria

Si vous m'en croyez, vous ferez

como eu, você quer nos levar, mas

comme moi, vous voulez nous

nós não queremos ir com vocês...

emmener, nous ne voulons pas vous

Você se consolaria...

suivre... vous vous consolerez...

É preciso.

Il faudra bien.

(a cena é interrompida por um coro

(la scène est interrompue par un

que canta da coxia)

chœur chanté dans la coulisse)

Viva! Viva o toureiro!

Vivat! Vivat le torero!

Nº 12 Coro Chœur

Coro Chœur

Viva! Viva Escamillo!

Vivat! Vivat Escamillo!

Jamais homem valente

Jamais homme intrépide

com golpe mais belo

n'a par un coup plus beau


de mão mais veloz

Zuniga

Mercédès

Andrès (Zuniga)

Frasquita

Andrès (Mercédès)

Zuniga

Pastia

Zuniga

d'une main plus rapide

derrubou um touro!

terrasse le taureau!

Viva! Viva! Viva!

Vivat! Vivat! Vivat!

O que é isso?

Qu'est-ce que c'est que ça?

Uma procissão de tochas...

Une promenade aux flambeaux...

E quem passa?

Et qui promène-t-on?

Eu o conheço... É Escamillo... Um

Je le reconnais... c'est Escamillo... un

toureiro de destaque nas últimas

torero qui s'est fait remarquer aux

corridas de Granada e que promete

dernières courses de Grenade et

igualar os feitos de Montes e de

qui promet d'égaler la gloire de

Pepe Hillo...

Montes et de Pepe Hillo...

Claro, chamem-no... Beberemos em

Pardieu, il faut le faire venir... nous

sua homenagem!

boirons en son honneur!

Isso, vou chamá-lo.

C'est cela, je vais l'inviter.

(ele chega na janela)

(il va à la fenêtre)

Senhor toureiro... Queira nos fazer

Monsieur le torero... voulez-vous

a gentileza de subir aqui. Você

nous faire l'amitié de monter ici?

encontrará por aqui pessoas que

Vous y trouverez des gens qui aiment

admiram muito aqueles que, como

fort tous ceux qui, comme vous, ont

o senhor, têm destreza e coragem...

de l'adresse et du courage...

(deixando a janela)

(quittant la fenêtre)

Ele vem...

Il vient...

(suplicando)

(suppliant)

Senhores oficiais, eu lhes

Messieurs les officiers, je vous avais

disse...

dit...

Tenha a bondade de nos deixar em

Ayez la bonté de nous laisser

paz, mestre Lillas Pastia, e traga-nos

tranquilles, maître Lillas Pastia, et

algo para beber...

faites-nous apporter de quoi boire...

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94


Coro Chœur

(Escamillo aparece)

(paraît Escamillo)

Viva! Viva o toureiro!

Vivat! Vivat le torero!

Viva! Viva Escamillo!

Vivat! Vivat Escamillo!

Viva! Viva! Viva!

Vivat! Vivat! Vivat!

Estas damas e nós lhe agradecemos

Ces dames et nous, vous remercions

por haver aceitado nosso convite;

d'avoir accepté notre invitation;

não queríamos deixá-lo passar sem

nous n'avons pas voulu vous laisser

Diálogo falado Dialogue parlé

Zuniga

Escamillo

brindar conosco a grande arte da

passer sans boire avec vous au

tauromaquia.

grand art de la tauromachie.

Senhores oficiais, eu lhes agradeço.

Messieurs les officiers, je vous remercie.

Seus brindes... Eu lhes devolvo,

Votre toast... je peux vous le rendre,

senhores, Senhores, pois com os

señors, Señors, car avec les

Nº 13 Couplets

Escamillo

soldados,

soldats

sim, os toureiros entendem-se,

oui les toreros peuvent s'entendre,

pelo prazer que têm pelo combate.

pour plaisirs ils ont les combats.

A arena é cheia, é dia de festa,

Le cirque est plein, c'est jour de fête,

a arena é cheia de cima em baixo.

le cirque est plein du haut en bas.

Os espectadores enlouquecidos,

Les spectateurs perdant la tête,

os espectadores bradam em fortes

les spectateurs s'interpellent à grands

gritos: gritos, berros e ruídos

fracas: apostrophes, cris et tapage

Aumentando até à fúria.

Poussés jusques à la fureur.

Pois é a festa da coragem,

Car c'est la fête du courage,

a festa dos cortesãos.

c'est la fête des gens de cour.

Vamos, atenção! Vamos! Vamos

Allons en garde! Allons! Allons!

Ah! Toureiro, atenção,

Ah! Toréador, en garde,

toureiro, toureiro,

toréador, toréador,

e lembre-se bem, sim,

et songe bien, oui

Ao lutar, lembre-se

Songe en combattant

Que um olho negro o mira

Qu'un oeil noir te regarde


Todos Tous

Escamillo

e que o amor o espera.

et que l'amour t'attend.

Toureiro, o amor,

Toréador, l'amour,

o amor o espera!

l'amour t'attend!

Toureiro, atenção,

Toréador en garde,

toureiro, toureiro,

toréador, toréador

ao lutar, lembre-se

En combattant songe

que um olho negro o mira

qu'un oeil noir te regarde

e que o amor o espera,

et que l'amour t'attend,

toureiro, o amor,

toréador, l'amour,

o amor o espera!

l'amour t'attend!

De repente, fazemos silêncio;

Tout d'un coup on fait silence;

fazemos silêncio. O que acontece?

on fait silence. Ah que se passe-t-il?

Mais gritos; é o momento

Plus de cris; c'est l'instant

O touro se lança saltando para fora

Le taureau s'élance en bondissant

do curral...

hors du toril...

Ele se lança, ele entra, ele bate, um

Il s'élance, il entre, il frappe, un

cavalo revira-se

cheval roule Entraînant un picador.

Levando um picador. “Ah! Touro bravo!”, berra a multidão.

Todos Tous

“Ah bravo toro! ”, hurle la foule. Le taureau va... il vient... il vient et

O touro vai... E vem... E vem e de

frappe encore! En secouant ses

novo ataca!

banderilles,

Balançando suas bandarilhas,

plein de fureur, il court!

enfurecido, ele dispara!

Le cirque est plein de sang;

A arena é cheia de sangue;

on se sauve, on franchit les grilles;

salvamo-nos, ultrapassamos as grades;

c'est ton tour maintenant.

é sua vez agora.

Allons en garde! Allons! Allons! Ah!

Vamos, atenção! Vamos! Vamos! Ah!

Toréador, en garde!

Toureiro, atenção!

Toréador, toréador!

Toureiro, atenção!

Et songe bien, oui songe en

E lembre-se bem, sim, ao lutar,

combattant

lembre-se

qu'un oeil noir te

que um olho negro o mira

regarde

e que o amor o espera.

et que l'amour t'attend.

Toureiro, o amor o espera!

Toréador, l'amour t'attend!

Toureiro, atenção!

Toréador en garde!

Toureiro! Toureiro!

Toréador! Toréador!

Ao lutar, lembre-se

En combattant songe

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96


que um olho negro o mira,

qu'un oeil noir te regarde,

e que o amor o espera.

et que l'amour t'attend.

Toureio, o amor,

Toréador, l'amour,

o amor o espera!

l'amour t'attend!

Frasquita

O amor!

L'amour!

Escamillo

O amor!

L'amour!

Mercédès

O amor!

L'amour!

Escamillo

O amor!

L'amour!

Carmen

O amor!

L'amour!

Escamillo

O amor!

L'amour!

Toureiro, toureiro!

Toréador, Toréador!

O amor o espera!

L'amour t'attend!

Senhores oficiais, eu lhes peço.

Messieurs les officiers, je vous en prie.

Está bem, está bem, nós já vamos.

C'est bien, c'est bien, nous partons.

Todos Tous

Diálogo falado Dialogue parlé

Pastia

Zuniga

(os oficiais se preparam para partir — Escamillo encontra-se próximo a Carmen)

Escamillo

Carmen

Escamillo

Carmen

(les officiers commencent à se préparer à partir — Escamillo se trouve près de Carmen)

(Minha bela,) Diga-me seu nome, e a

(La belle,) Dis-moi ton nom, et la pre-

primeira vez que atingir o

mière fois que je frapperai le taureau,

touro será seu nome que falarei.

ce sera ton nom que je prononcerai.

Chamo-me Carmencita.

Je m'appelle la Carmencita.

Carmencita?

La Carmencita?

Carmen, Carmencita, como quiser.

Carmen, la Carmencita, comme tu voudras.


Escamillo

Carmen

Escamillo

Carmen

Escamillo

Carmen

Andrès

Mercédès Frasquita

Andrès

Zuniga

Carmen

Bem! Carmen ou Carmencita, se eu

Eh bien! Carmen ou la Carmencita,

me desse conta de que te amo e

si je m'avisais de t'aimer et d'être

de que por você sou amado, o que

aimé de toi, qu'est-ce que tu me

você me responderia?

répondrais?

Eu responderia que você pode me

Je répondrais que tu peux m'aimer

amar à vontade, mas que quanto a

tout à ton aise, mais que quant à

ser amado por mim, não sonhe com

être aimé de moi pour le moment, il

isso agora.

n'y faut pas songer!

Ah!

Ah!

É assim.

C'est comme ça.

Então, eu esperarei e me

J'attendrai alors et je me contenterai

contentarei em ter esperança...

d'espérer...

Não se é proibido esperar, e é

Il n'est pas défendu d'attendre et il

sempre prazeroso ter esperanças.

est toujours agréable d'espérer.

(a Frasquita e Mercédès)

(à Frasquita et à Mercédès)

Vocês não vêm mesmo?

Vous ne venez pas décidément?

(a um novo sinal de Pastia)

(sur un nouveau signe de Pastia)

Não, não...

Mais non, mais non...

(a Zuniga)

(à Zuniga)

Má campanha, tenente.

Mauvaise campagne, lieutenant.

Aff! A batalha ainda não está

Bah! La bataille n'est pas encore

perdida...

perdue...

(em voz baixa, para Carmen)

(bas à Carmen)

Escute-me, Carmen, já que você

Ecoute-moi, Carmen, puisque tu ne

não quer vir conosco, serei eu quem

veux pas venir avec nous, c'est moi

virei aqui em uma hora.

qui dans une heure reviendrai ici.

Aqui?

Ici?

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98


Zuniga

Carmen

Zuniga

Escamillo

Sim, em uma hora... Depois do

Oui, dans une heure... après

chamado.

l'appel.

Eu não o aconselho a voltar...

Je ne vous conseille pas de revenir...

(rindo)

(riant)

Eu voltarei mesmo assim

Je reviendrai tout de même.

(em voz alta)

(haut)

Partimos com você, toureiro, e

Nous partons avec vous, toréro, et

nos juntaremos ao cortejo que lhe

nous nous joindrons au cortège qui

acompanha.

vous accompagne.

É uma grande honra para mim, com-

C'est un grand honneur pour moi, je tâ-

prometo-me a não me mostrar indigno

cherai de ne pas m'en montrer indigne

quando combater sob seus olhos.

lorsque je combattrai sous vos yeux.

Toureiro, atenção!

Toréador en garde!

Toureiro, atenção!

Toréador! Toréador!

Nº 13b Nº 13bis Coro Chœur

Coro Chœur

E lembre-se bem, sim, ao lutar,

Et songe bien, oui songe en

lembre-se

combattant

que um olho negro o mira

qu'un oeil noir te regarde,

e que o amor o espera.

et que l'amour t'attend.

Toureiro, o amor,

Toréador, l'amour,

o amor o espera!

l'amour t'attend!

(todo mundo sai, exceto Carmen,

(tout le monde sort, excepté Carmen,

Frasquita, Mecédès e Lillas Pastia)

Frasquita, Mercédès et Lillas Pastia)

(a Pastia)

(à Pastia)

Diálogo falado Dialogue parlé

Frasquita

Por que você estava tão apressado

Pourquoi étais-tu si pressé de les

para mandá-los embora e por que

faire partir et pourquoi nous as-tu

nos fez sinal para não segui-los?

fait signe de ne pas les suivre?


Pastia

Carmen

Pastia

O Dancaïre e o Remendado

Le Dancaïre et le Remendado

acabaram de chegar... Eles têm que

viennent d'arriver... ils ont à vous

lhes falar de seus negócios, dos

parler de vos affaires, des

negócios do Egito.

affaires d'Egypte.

O Dancaïre e o Remendado?

Le Dancaïre et le Remendado?

(abrindo uma porta e chamando

(ouvrant une porte et appelant

com um gesto)

du geste)

Sim, (Vejam...) aqui estão eles... Vejam...

Oui, (tenez...) les voici... tenez...

(entra o Dancaïre e o Remendado —

(entrent le Dancaïre et le

Pastia fecha as portas e as persianas,

Remendado. - Pastia ferme les portes,

etc)

met les volets, etc)

Bem, quais as novidades?

Eh bien, les nouvelles?

O Dancaïre

Não muito ruins, as novidades;

Pas trop mauvaises, les nouvelles;

Le Dancaïre

chegamos de Gilbratar...

nous arrivons de Gibraltar...

O Remendado

Bela cidade, Gibraltar! Por lá se vê

Jolie ville, Gibraltar! On y voit des

Le Remendado

ingleses, muitos ingleses, belos

Anglais, beaucoup d'Anglais, de

Frasquita

homens ingleses; um pouco frios,

jolis hommes les Anglais; un peu

mas distintos.

froids, mais distingués.

Remendado!

Remendado!

Chefe?

Patron?

O Dancaïre

(pegando sua faca)

(mettant la main sur son couteau)

Le Dancaïre

Sacou?

Vous comprenez?

Perfeitamente, chefe...

Parfaitement, patron...

O Dancaïre

Cale-se, então (Remendado!).

Taisez-vous, (Remendado!) alors.

Le Dancaïre

Chegamos de Gibraltar, nós

Nous arrivons de Gibraltar, nous

O Dancaïre Le Dancaïre

O Remendado Le Remendado

O Remendado Le Remendado

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100


Carmen

O Remendado

conseguimos, com um capitão

avons arrangé, avec un patron

de navio, uma embarcação com

de navire, l'embarquement de

produtos ingleses. Nós iremos

marchandises anglaises. Nous irons

esperá-los próximo da costa,

les attendre près de la côte, nous

nós esconderemos uma parte

en cacherons une partie dans la

dos produtos na montanha e

montagne et nous ferons passer

negociaremos o resto. Todos os

le reste. Tous nos camarades ont

nossos camaradas já foram avisados...

été prévenus... ils sont ici, cachés,

Eles estão aqui, escondidos, mas é

mais c'est de vous trois surtout

principalmente de vocês três que

dont nous avons besoin... vous allez

precisamos... Vocês irão conosco...

partir avec nous...

(rindo)

(riant)

Para quê? Para ajudá-los a carregar

Pour quoi faire? Pour vous aider à

os (as mercadorias) pacotes?

porter des (merchandises) ballots?

Oh! Não... Deixar a carga para as

Oh! Non... faire porter des ballots

mulheres... Isso não seria nada

à des dames... ça ne serait pas

elegante.

distingué.

O Dancaïre

(ameaçando)

(menaçant)

Le Dancaïre

Remendado?

Remendado?

Sim, chefe.

Oui, patron.

O Dancaïre

Nós não as faremos carregar os

Nous ne vous ferons pas porter de

Le Dancaïre

pacotes, (Não) mas precisamos de

ballots, (No) mais nous avons besoin

vocês para outra coisa.

de vous pour autre chose.

Nós temos algo em mente.

Nous avons en tête une affaire.

É bom? Diga-nos.

Est-elle bonne, dites-nous?

O Dancaïre

É ótimo, minha querida,

Elle est admirable, ma chère

Le Dancaïre

mas precisamos de vocês.

Mais nous avons besoin de vous.

Le Remendado

O Remendado Le Remendado

Nº 14 Quinteto Quintette

O Dancaïre Le Dancaïre

Mercédès Frasquita


O Remendado

Sim, precisamos de vocês.

Oui, nous avons besoin de vous!

De nós?

De nous?

De vocês!

De vous!

De nós?

De nous?

De vocês!

De vous!

De nós?

De nous?

O quê? Vocês precisam de nós?

Quoi! Vous avez besoin de nous?

O Remendado O Dancaïre

Sim, nós precisamos de vocês!

Oui, nous avons besoin de vous!

Le Remendado Le Dancaïre

Pois nós confessamos humildemente

Car nous l'avouons humblement,

e muito respeitosamente,

et fort respectueusement,

sim, nós confessamos humildemente:

oui nous l'avouons humblement:

quando se trata de trapaça,

quand il s'agit de tromperie,

ardil, ou pequenos roubos,

de duperie, de volerie,

é sempre bom, a meu ver,

il est toujours bon, sur ma foi,

ter mulheres com você,

d'avoir les femmes avec soi,

e sem elas,

et sans elles,

minhas belas,

mes toutes belles,

não fazemos nada de bom.

on ne fait jamais rien de bien.

Quê? Sem a gente jamais

Quoi! Sans nous jamais rien

Algo de bom?

De bien?

Vocês não concordam?

N'êtes vous pas de cet avis?

Le Remendado

Carmen

O Dancaïre Le Dancaïre

Mercédès

O Remendado Le Remendado

Frasquita

Frasquita Mercédès Carmen

Frasquita Mercédès Carmen

O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102


Frasquita Mercédès

Sim, sou dessa opinião.

Si fait, je suis de cet avis.

Isso mesmo, sou dessa opinião.

Si fait vraiment je suis de cet avis.

Quando se trata de trapaça,

Quand il s'agit de tromperie,

ardil, ou pequenos roubos,

de duperie, de volerie

é sempre bom, a meu ver,

Il est toujours bon sur ma foi

ter mulheres com você,

D'avoir les femmes avec soi.

e sem elas, minhas belas,

Et sans elles, les toutes belles,

não fazemos nada de bom.

on ne fait jamais rien de bien.

Dito isto, vocês partirão.

C'est dit alors, vous partirez.

Quando quiser.

Quand vous voudrez.

Agora mesmo.

Mais tout de suite.

Ah! Me permitam, me permitam!

Ah! Permettez, permettez.

(a Mercédès e a Frasquita)

(à Mercédès et à Frasquita)

Se a vocês apraz partir, partam.

S'il vous plaît de partir, partez.

Mas eu não estarei na viagem;

Mais je ne suis pas du voyage;

eu não vou... Eu não vou.

je ne pars pas... je ne pars pas.

O Remendado O Dancaïre

Carmen, meu amor, você virá

Carmen, mon amour, tu viendras,

Le Remendado Le Dancaïre

e não terá coragem

et tu n'auras pas le courage

de nos deixar na mão.

de nous laisser dans l'embarras.

Eu não vou, eu não vou.

Je ne pars pas, je ne pars pas.

Ah! Minha Carmen, você virá!

Ah! Ma Carmen tu viendras!

Ao menos, a razão

Mais au moins la raison,

Carmen

Todos os cinco Tous les cinq

O Dancaïre Le Dancaïre

Mercédès Frasquita

O Dancaïre Le Dancaïre

Carmen

Carmen

Mercédès Frasquita

O Dancaïre


Le Dancaïre

Frasquita Mercédès O Remendado O Dancaïre

Carmen, você dirá?

Carmen tu la diras?

A razão! A razão! A razão!

La raison! La raison! La raison! La

A razão!

raison!

Eu direi, com certeza.

Je la dirai certainement.

Vejamos! Vejamos! Vejamos!

Voyons! Voyons! Voyons! Voyons!

Le Remendado Le Dancaïre

Carmen

Frasquita Mercédès O Remendado O Dancaïre

Vejamos!

Le Remendado Le Dancaïre

Carmen

A razão é que neste momento...

La raison c'est qu'en ce moment...

E então?

Eh bien?

E então?

Eh bien?

Estou apaixonada.

Je suis amoureuse.

O que ela disse? O que ela disse?

Qu'a-t-elle dit? Qu'a-t-elle dit?

Frasquita Mercédès

Ela disse que está apaixonada!

Elle dit qu'elle est amoureuse!

Frasquita Mercédès

Apaixonada! Apaixonada!

Amoureuse! Amoureuse!

Vamos, Carmen, fala sério.

Voyons, Carmen, sois sérieuse.

Loucamente apaixonada.

Amoureuse à perdre l'esprit.

O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre

Frasquita Mercédès

Carmen

O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre

O Remendado O Dancaïre Le Remendado Le Dancaïre

O Dancaïre Le Dancaïre

Carmen

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104


O Remendado O Dancaïre

Certas coisas nos surpreendem,

La chose certes nous étonne,

Le Remendado Le Dancaïre

mas não será a primeira vez

mais ce n'est pas le premier jour

que você terá sabido, minha pequena,

ou vous aurez su, ma mignonne.

fazer caminhar, lado a lado, o dever

Faire marcher de front le devoir et

e o amor.

l'amour.

Meus amigos, eu teria imenso prazer

Mes amis, je serais fort aise

de partir com vocês esta noite,

de partir avec vous ce soir,

mas desta vez, não se desapontem,

mais cette fois, ne vous déplaise,

preciso que o amor passe à frente

il faudra que l'amour passe avant le

do dever.

devoir.

Isto é sua última palavra?

Ce n'est pas là ton dernier mot?

Certamente.

Absolument.

É preciso que você se convença.

Il faut que tu te laisses attendrir.

É preciso que você venha, Carmen,

Il faut venir, Carmen,

precisamos que venha.

Il faut venir.

Para os nossos negócios,

Pour notre affaire,

é necessário,

c'est nécessaire,

pois entre nós...

car entre nous...

Quanto a isso, estou de acordo.

Quant à cela, je l'admets avec vous.

Quando se trata de trapaça,

Quand il s'agit de tromperie,

ardil, ou pequenos roubos,

de duperie, de volerie

e sempre bom, a meu ver,

Il est toujours bon sur ma foi

ter mulheres com você,

D'avoir les femmes avec soi.

e sem elas, minhas belas,

Et sans elles, les toutes belles,

não fazemos nada de bom.

on ne fait jamais rien de bien

Carmen

O Dancaïre Le Dancaïre

Carmen

O Remendado Le Remendado

Todos os quatro Tous les quatre

Carmen

Todos os cinco Tous les cinq


Diálogo falado Dialogue parlé

O Dancaïre

Já deu; eu lhe disse que era

En voilà assez; je t'ai dit qu'il

Le Dancaïre

necessário que você viesse, e você

fallait venir, et tu viendras...

virá... Eu sou o chefe...

je suis le chef...

Como você diz isso?

Comment dis-tu ça?

Eu lhe digo que eu sou o chefe...

Je te dis que je suis le chef...

E você acha que eu lhe obedecerei?

Et tu crois que je t'obéirai?

O Dancaïre

(furioso)

(furieux)

Le Dancaïre

Carmen!

Carmen !

(muito calma)

(très calme)

Bem?

Eh bien!

O Remendado

(atirando-se entre o Dancaïre

(se jetant entre le Dancaïre

Le Remendado

e Carmen)

et Carmen)

Por favor... pessoas distintas como

Je vous en prie... des personnes si

vocês...

distinguées...

O Dancaïre

(dando um chute que

(envoyant un coup de pied que le

Le Dancaïre

Remendado evita)

Remendado évite)

Você, pegue isto...

Attrape ça, toi...

O Remendado

(se endireitando)

(se redressant)

Le Remendado

Chefe.

Patron.

O quê?

Qu'est-ce que c'est?

Carmen

O Dancaïre Le Dancaïre

Carmen

Carmen

O Dancaïre Le Dancaïre

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106


O Remendado

Nada, chefe!

Rien, patron!

O Dancaïre

Apaixonada... Isso não é desculpa,

Amoureuse... ce n'est pas une raison,

Le Dancaïre

não isso.

cela.

O Remendado

O fato é que isso não é uma des-

Le fait est que ce n'en est pas une...

Le Remendado

culpa... Eu também estou apaixonado

moi aussi je suis amoureux et ça ne

e isso não me impede de ser útil.

m'empêche pas de me rendre utile.

Partam sem mim... Eu me juntarei a

Partez sans moi... j'irai vous rejoindre

vocês amanhã, mas esta noite eu fico...

demain, mais pour ce soir je reste...

Eu nunca lhe vi assim; quem é que

Je ne t'ai jamais vue comme (ça)

você está esperando?

cela; qui attends-tu donc?

Um soldado, um pobre diabo que

Un pauvre diable de soldat, qui m’a

me fez um favor.

rendu service...

Este soldado que estava na prisão?

Ce soldat qui était en prison?

Sim.

Oui.

É para quem, há quinze dias, o

Est à qui, il y a quinze jours, le

carcereiro enviou de sua parte

geôlier a remis de ta part un pain

um pão dentro do qual havia uma

dans lequel il y avait une pièce d'or

moeda de ouro e uma lima?

et une lime?

(voltando para a janela)

(remontant vers la fenêtre)

Sim.

Oui.

Ele usou esta lima?

Il s'en est servi de cette lime?

Não.

Non.

Le Remendado

Carmen

Frasquita

Carmen

Mercédès

Carmen

Frasquita

Carmen

O Dancaïre Le Dancaïre

Carmen


O Dancaïre

Veja bem! Seu soldado teve medo

Tu vois bien! Ton soldat aura eu

Le Dancaïre

de ser punido mais severamente do

peur d'être puni plus rudement

que já foi; esta noite novamente ele

qu'il ne l'avait été; ce soir encore il

terá medo... Será inútil entreabrir as

aura peur... tu auras beau entr'ouvrir

cortinas e olhar se ele vem, eu aposto

les volets et regarder s'il vient, je

que ele não virá.

parierais qu'il ne viendra pas.

Não aposte, você perderá...

Ne parie pas, tu perdrais...

(a voz muito distante)

(la voix très éloignée)

Alto lá!

Halte-là!

Quem vai lá?

Qui va là?

Dragão d’Alcala...

Dragon d'Alcala...

Por onde vai,

Où t'en vas-tu par là,

dragão d’Alcala?

dragon d'Alcala!

Eu, estou indo

Moi je m'en vais faire

derrotar

mordre la poussière

meu adversário.

à mon adversaire.

Se é assim,

S'il en est ainsi,

passe meu amigo.

passez mon ami.

Questão de honra

Affaire d'honneur,

questão de amor,

affaire de cœur,

para nós, isto é tudo,

pour nous tout est là.

dragão d’Alcala!

Dragon d'Alcala!

(Carmen, o Dancaïre, o Remendado,

(Carmen, le Dancaïre, le Remendado,

Mecédès e Frasquita, pelas

Mercédès et Frasquita, par les

cortinas entreabertas, veem vindo

volets entr'ouverts, regardent venir

Don José)

Don José)

Carmen

Nº 15 Canção Chanson

José

Diálogo falado Dialogue parlé

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108


Mercédès

Bom, trata-se de um dragão.

C'est un dragon, ma foi.

De um belo dragão.

Et un beau dragon.

O Dancaïre

(a Carmen)

(à Carmen)

Le Dancaïre

Bem, já que você só virá amanhã,

Eh bien, puisque tu ne veux venir

ao menos você sabe o que deverá

que demain, sais-tu au moins ce que

fazer?

tu devrais faire?

O que é que eu devo fazer?

Qu'est-ce que je devrais faire?

O Dancaïre

Você deve convencer o seu dragão

Tu devrais décider ton dragon à

Le Dancaïre

a vir com você e juntar-se a nós.

venir avec toi et à se joindre à nous.

Ah! Se isso for possível! Mas,

Ah!... Si cela se pouvait!... mais il n'y

não contem com isso... É uma

faut pas penser ce sont des bêtises...

bobagem... Ele é muito ingênuo.

il est trop niais.

O Dancaïre

Por que você (ainda) o ama, se você

Pourquoi l'aimes-tu (alors?) puisque

Le Dancaïre

se basta?

tu conviens toi-même...

Porque ele é bonito e por isso gosto

Parce qu'il est joli garçon donc et

dele.

qu'il me plaît.

O Remendado

(com soberba)

(avec fatuité)

Le Remendado

O chefe não entende isso... Que

Le patron ne comprend pas ça, lui...

basta o homem ser bonito para

qu'il suffise d'être joli garçon pour

agradar as mulheres...

plaire aux femmes...

O Dancaïre

Espere um pouco, você, espere um

Attends un peu, toi, attends un

Le Dancaïre

pouco...

peu...

(o Remendado fugindo sai. O

(le Remendado se sauve et sort.

Dancaïre o persegue e, por sua vez,

Le Dancaïre le poursuit et sort à

sai arrastando Mercédès e Frasquita

son tour entraînant Mercédès et

que tentam acalmá-lo)

Frasquita qui essaient de le calmer)

Frasquita

Carmen

Carmen

Carmen


Carmen

(a voz bastante mais próxima)

(la voix beaucoup plus rapprochée)

Alto lá!

Halte-là!

Quem vai lá?

Qui va là?

Dragon d’Alcala!

Dragon d'Alcala!

Por onde vai

Où t'en vas-tu par là,

dragão d’Alcala?

dragon d'Alcala?

Preciso e fiel,

Exact et fidèle,

vou para onde me chama

je vais où m'appelle

o amor de minha bela.

l'amour de ma belle.

Se é assim,

S'il en est ainsi,

passe, meu amigo,

passez mon ami,

questão de honra,

affaire d'honneur,

questão de amor,

affaire de cœur,

para nós, isto é tudo,

pour nous tout est là.

dragão d’Alcala!

Dragon d'Alcala!

Carmen

Enfim, aí está você... Que alegria!

Enfin... te voilà... C'est bien heureux!

José

Há apenas duas horas que saí da

Il y a deux heures seulement que je suis

prisão.

sorti de prison.

Quem o impediu de sair mais cedo?

Qui t'empêchait de sortir plus tôt? Je

Eu lhe enviei uma lima e uma moeda

t'avais envoyé une lime et une pièce

de ouro... Com a lima, você serraria a

d'or... avec la lime il fallait scier le plus

barra mais grossa da prisão... Com a

gros barreau de ta prison... avec la pièce

moeda de ouro, no primeiro adeleiro

d'or il fallait, chez le premier fripier venu,

do caminho, você trocaria seu

changer ton uniforme pour un habit

uniforme por uma roupa comum.

bourgeois.

De fato, tudo isto era possível.

En effet, tout cela était possible.

Por que você não o fez?

Pourquoi ne l'as-tu pas fait?

O que você quer? Eu ainda tenho

Que veux-tu? J'ai encore mon honneur

Carmen

José

Carmen

José

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110


Carmen

Pastia

Carmen

Pastia

minha honra de soldado e desertar

de soldat, et déserter me semblerait

me pareceria um grande crime...

un grand crime... Oh! Je ne t'en suis

Oh! Eu não sou por isso menos

pas moins reconnaissant... Tu m'as

grato a você... Você me enviou uma

envoyé une lime et une pièce d'or...

lima e uma moeda de ouro... A lima

La lime me servira pour affiler ma

me servirá para afiar minha lança e

lance et je la garde comme

a guardo como lembrança sua.

souvenir de toi.

Quanto ao dinheiro...

Quant à l'argent...

(estendendo-lhe a moeda de ouro)

(lui tendant la pièce d'or)

Olhe só, ele a guardou...

Tiens, il l'a gardé... Ça se trouve à

Bom saber!

merveille...

(gritando e batendo)

(criant et frappant)

Olá! Lillas Pastia, olá! Nós

Holà!... Lillas Pastia, holà!... nous

comeremos, você me diverte!

mangerons tout, tu me régales...

Olá! Olá!

Holà! Holà!

(entra Pastia)

(entre Pastia)

(impedindo-a de gritar)

(l'empêchant de crier)

Atenção...

Prenez donc garde...

(atirando-lhe a moeda)

(lui jetant la pièce)

Veja, pegue... e traga-nos

Tiens, attrape... et apporte-nous

frutas cristalizadas; traga-nos

des fruits confits; apporte-nous des

bombons, laranjas e

bonbons, apporte-nous des oranges,

Manzanilla... Traga-nos de

apporte-nous du Manzanilla...

tudo o que você

apporte-nous de tout ce que tu as,

tiver, de tudo...

de tout, de tout...

Agora mesmo, Senhorita

Tout de suite, Mademoiselle

Carmencita

Carmencita.


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

Carmen

(A José)

(à José)

E então, você me quer e você se

Tu m'en veux alors et tu regrettes de

arrepende de ter sido preso por

t'être fait mettre en prison pour mes

conta de meus belos olhos?

beaux yeux?

Quanto a isso, por exemplo, não.

Quant à cela non, par exemple.

Verdade?

Vraiment?

Mandaram-me para a prisão, me

L'on m'a mis en prison, l'on

libertaram, mas para mim dá no

m'a ôté mon grade, mais ça

mesmo.

m'est égal.

Porque você me ama...

Parce que tu m'aimes?

Sim, porque eu te amo, porque eu

Oui, parce que je t'aime, parce que je

te adoro.

t'adore.

(colocando suas mãos entre as

(mettant ses deux mains dans les mains

mãos de José)

de José)

Eu pago minhas dívidas... É nossa

Je paie mes dettes... c'est notre loi à

lei entre os ciganos... Pago minhas

nous autres bohémiennes... Je paie mes

dívidas, eu pago minhas dívidas...

dettes, je paie mes dettes...

(volta Lillas Pastia trazendo num

(rentre Lillas Pastia apportant sur un

prato laranjas, bombons, frutas

plateau des oranges, des bonbons, des

cristalizadas e Manzanilla)

fruits confits, du Manzanilla)

Ponha tudo isso aqui... De uma só

Mets tout cela ici... un seul coup, n'aie

vez, não tenha medo...

pas peur...

(Pastia obedece e metade das

(Pastia obéit et la moitié des objets roule

coisas caem no chão)

par terre)

Não é nada, nós mesmos

Ça ne fait rien, nous ramasserons tout

pegaremos isso. Poupe-se agora,

cela nous-mêmes. Sauve-toi maintenant,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112


José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

poupe-se, poupe-se.

sauve-toi, sauve-toi.

(Pastia sai)

(Pastia sort)

Vai para lá e comamos de tudo! De

Mets-toi là et mangeons de tout! De

tudo! De tudo!

tout! De tout!

(ela sentou-se; Don José senta-se

(elle est assise; Don José s'assied en

de frente para ela)

face d'elle)

Parece uma criança de seis anos

Tu croques les bonbons comme un

comendo os bombons...

enfant de six ans...

É que eu os adoro... O seu tenente

C'est que je les aime... Ton

estava aqui há pouco, com outros

lieutenant était ici tout à l'heure,

oficiais, eles nos fizeram dançar a

avec d'autres officiers, ils nous ont

Romalis...

fait danser la Romalis...

E você dançou?

Tu as dansé?

Sim; e quando eu dancei, seu

Oui; et quand j'ai eu dansé, ton

tenente (ele) se deu ao direito de

lieutenant (il) s'est permis de me

dizer que me adorou...

dire qu'il m'adorait...

Carmen!

Carmen!

O que é que você tem? Por acaso

Qu'est-ce que tu as?... Est-ce que tu

você está com ciúmes?

serais jaloux, par hasard?

Mas claro, estou com ciúmes...

Mais certainement, je suis jaloux...

Opa! Canarinho, vá! Você é um

Ah bien!... Canari, va! Tu es un

verdadeiro canarinho, a roupa e

vrai canari d'habit et de

a personalidade... Vamos, não se

caractère... allons, ne te fâche pas...

zangue... Por que você está com

pourquoi es-tu jaloux? Parce que

ciúmes? Porque eu dancei há pouco

j'ai dansé tout à l'heure pour ces


José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

para seus oficiais... Bem, se você

officiers... Eh bien, si tu le veux,

quiser, eu dançarei para você agora,

je danserai pour toi maintenant,

apenas para você.

pour toi seul.

Se eu quero, acho que eu quero

Si je le veux, je crois bien que je le

demais...

veux...

Onde estão minhas castanholas?

Où sont mes castagnettes?

O que eu fiz de minhas

Qu'est-ce que j'ai fait de mes

castanholas?

castagnettes?

(rindo)

(En riant)

Foi você quem as pegou,

C'est toi qui me les a prises,

minhas castanholas?

mes castagnettes?

Não!

Mais non!

(ternamente)

(tendrement)

Sim, sim... Tenho certeza que

Mais si, mais si... je suis sûre que

foi você... Ah, bah! Vejam, as

c'est toi... ah bah! En voilà des

castanholas.

castagnettes.

(ela quebra um prato, com dois

(elle casse une assiette, avec deux

pedaços de louça imita uma

morceaux de faïence se fait des

castanhola e tenta tocá-los.)

castagnettes et les essaie.)

Ah! Isso não vai ser jamais as

Ah! Ça ne vaudra jamais mes

minhas castanholas... Onde estão

castagnettes... Où sont-elles

elas então?

donc?

(encontrando as castanholas

(trouvant les castagnettes

sobre a mesa à direita)

sur la table à droite)

Veja, aqui estão.

Tiens, les voici.

(rindo)

(riant)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114


José

Carmen

Viu? Foi você quem as havia

Ah! Tu vois bien... c'est toi qui les

pegado...

avais prises...

Ah! Eu te adoro, Carmen, eu te

Ah! Que je t'aime, Carmen, que je

adoro!

t'aime!

Espero mesmo que sim.

Je l'espère bien.

Vou dançar em sua honra

Je vais danser en votre honneur

e o senhor verá

et vous verrez, seigneur,

como sei, eu mesmo, acompanhar

comment je sais moi-même

minha dança,

accompagner ma danse, Mettez-

sente-se lá, Don José, que eu vou

vous là, Don José, je

começar.

commence.

La la la la la la la la la la la la...

La la la la la la la la la la la la...

(ela faz Don José assentar-se num

(elle fait asseoir Don José dans

canto do teatro. Pequena dança.

un coin du théâtre. Petite danse.

Carmen, na ponta dos lábios,

Carmen du bout des lèvres fredonne

murmura uma ária que acompanha

un air qu'elle accompagne avec ses

com suas castanholas. Don José a

castagnettes. Don José la dévore

devora com os olhos. Escutamos ao

des yeux. On entend au loin, très

longe, bem longe, os clarins que

loin, des clairons qui sonnent la

tocam a retirada. Don José escuta.

retraite. Don José prête l'oreille. Il

Ele acredita ouvir os clarins, mas as

croit entendre les clairons, mais les

castanholas de Carmen são muito

castagnettes de Carmen claquent

barulhentas. Don José aproxima-se

très bruyamment. Don José

de Carmen, pega-a pelos braços e a

s'approche de Carmen, lui prend le

obriga a parar)

bras, et l'oblige à s'arrêter)

Espere um pouco, Carmen, só um

Attends un peu, Carmen, rien qu'un

momento, pare.

moment, arrête.

Nº 16 Duo

Carmen

José


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

E por quê, se lhe agrada?

Et pourquoi, s'il te plaît?

Me parece que, lá...

Il me semble, là-bas...

Sim, são os nossos clarins

Oui, ce sont nos clairons qui

soando a retirada. Não os

sonnent la retraite. Ne les

escuta?

entends-tu pas?

Bravo! Bravo! É inútil fazer...

Bravo! Bravo! J'avais beau faire...

Ele está melancólico

Il est mélancolique

de dançar sem orquestra

de danser sans orchestre.

e viva a música que nos

et vive la musique qui nous

cai do céu!

tombe du ciel!

La la la la la la la la la la...

La la la la la la la la la la...

(ela retoma sua canção que

(elle reprend sa chanson qui rythme

absorve o ritmo da retirada que

sur la retraite sonnée au dehors par les

soa lá fora com os clarins. Carmen

clairons. Carmen se remet à danser et

volta a dançar e Don José volta a

Don José se remet à regarder Carmen.

olhá-la. A retirada aproxima-se...

La retraite approche... approche...

aproxima-se... aproxima-se... passa

approche... passe sous les fenêtres

pelas janelas do albergue... e se

de l'auberge... puis s'éloigne. Le son

distancia. Os sons dos clarins vão

des clairons va s'affaiblissant. Nouvel

se enfraquecendo. Novo esforço de

effort de Don José pour s'arracher à

Don José para deixar de contemplar

cette contemplation de Carmen... il

Carmen... ele a pega pelo braço e a

lui prend le bras et l'oblige encore à

obriga novamente a parar)

s'arrêter)

Você não me entendeu... Carmen,

Tu ne m'a pas compris... Carmen,

é a retirada... Eu preciso voltar ao

c'est la retraite... Il faut que, moi, je

quartel para a chamada.

rentre au quartier pour l'appel.

(o ruído da retirada cessa

(le bruit de la retraite cesse tout

repentinamente)

à coup)

(olhando Don José que pega

(regardant Don José qui remet

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116


José

Carmen

sua cartucheira e prende o cinturão

sa giberne et rattache le ceinturon

com seu sabre)

de son sabre)

Ao quartel! Para a chamada!

Au quartier! Pour l'appel!

Ah! Como sou tola!

Ah! j'étais vraiment trop bête!

Desviava de meu caminho

Je me mettais en quatre

e me arriscava

et je faisais des frais

para divertir esse senhor

pour amuser monsieur,

eu cantava... Eu dançava.

Je chantais... je dansais.

Eu acredito, Deus me perdoe,

Je crois, Dieu me pardonne,

que um pouco mais, eu te amava

qu'un peu plus, je l'aimais

Ta ta ta ta, é o clarim que soa!

Ta ta ta ta, c'est le clairon qui sonne!

Ele parte! Ele partiu!

Il part! Il est parti!

Vá então, canarinho.

Va-t'en donc, canari.

(furiosa, atira-lhe seu

(avec fureur, lui envoyant son

chapéu)

shako à la volée. )

Pegue seu chapéu, seu sabre

Prends ton shako, ton sabre,

e sua cartucheira.

ta giberne.

E vá, meu menino,

Et va-t'en, mon garçon,

vá daqui

va-t'en,

volte para a sua caserna.

retourne à ta caserne.

Carmen, você é cruel por

C'est mal à toi, Carmen, de te

debochar de mim;

moquer de moi;

sofro em partir... Pois jamais,

je souffre de partir... car jamais,

jamais mulher,

jamais femme,

jamais mulher alguma antes de você

jamais femme avant toi

não, jamais, jamais mulher alguma

non, non jamais, jamais femme

antes de você

avant toi

de modo tão intenso, balançou meu

aussi profondément n'avait troublé

coração.

mon âme.

Ele sofre em partir

Il souffre de partir

pois nunca antes mulher alguma

car jamais femme avant moi


José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

de modo tão intenso

aussi profondément

balançou seu coração.

n'avait troublé son âme!

Ta ra ta ta, meu Deus… É a retirada

Ta ra ta ta, mon Dieu... c'est la retraite.

Ta ra ta ta, chegarei atrasado,

Ta ra ta ta, je vais être en retard,

oh, Meu Deus! Oh, meu Deus!

Ô mon Dieu, ô mon Dieu

É a retirada!

c'est la retraite!

Chegarei atrasado.

Je vais être en retard.

Ele se desespera.

Il perd la tête.

Ele corre, e veja seu amor.

Il court, et voilà son amour.

Então você não acredita

Ainsi tu ne crois pas

Em meu amor?

À mon amour?

Não!

Mais non!

Está bem! Você vai me ouvir.

Eh bien! Tu m'entendras.

Não quero ouvir nada...

Je ne veux rien entendre...

Vai me ouvir!

Tu m'entendras!

Você vai se atrasar!

Tu vas te faire attendre!

Não! Não! Não! Não!

Non! Non! Non! Non!

(violentamente)

(violemment)

Você me escutará! Sim, me

Tu m'entendras! Oui, tu

escutará! Eu quero, Carmen, você

m'entendras! Je le veux, Carmen, tu

vai me ouvir!

m'entendras!

(com a mão esquerda ele agarra

(de la main gauche il a saisi

bruscamente o braço de Carmen;

brusquement le bras de Carmen; de

com a mão direita, ele procura sob

la main droite, il va chercher sous sa

a veste do uniforme a flor de cássia

veste d'uniforme la fleur de cassie

que Carmen lhe atirou no primeiro

que Carmen lui a jetée au premier

ato. Ele mostra esta flor para Carmen)

acte. Il montre cette fleur à Carmen)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118


José

Carmen

José

Carmen

José

A flor que você me atirou,

La fleur que tu m'avais jetée,

na minha prisão ela ficou,

dans ma prison m'était restée,

murcha e seca, esta flor

flétrie et sèche, cette fleur

guardou sempre seu doce odor;

gardait toujours sa douce odeur;

e durante horas inteiras,

et pendant des heures entières,

em meus olhos, fechadas as pálpebras,

sur mes yeux fermant mes paupières

com este perfume me embriagava

de cette odeur je m'enivrais

e à noite eu a via.

et dans la nuit je te voyais.

Eu me pegava amaldiçoando-lhe

Je me prenais à te maudire

detestando-a, dizendo-me:

à te détester, à me dire:

por que foi que o destino

pourquoi faut-il que le destin

teria a colocado em meu caminho?

l'ait mise là sur mon chemin?

Então, eu me acusava de blasfemo

Puis je m'accusais de blasphème

e sentia em mim

et je ne sentais en moi-même

Um desejo apenas, uma só esperança,

qu'un seul désir, un seul espoir,

revê-la, oh! Carmen, sim, reencontrá-la!

te revoir, ô Carmen, oui te revoir!

Pois você não precisaria mais que

Car tu n'avais eu qu'à

aparecer,

paraître,

que me olhar

qu'à jeter un regard sur moi

Para apossar-se de todo meu ser,

Pour t'emparer de tout mon être,

minha Carmen.

Ô ma Carmen.

E eu seria algo seu.

Et j'étais une chose à toi.

Carmen, eu te amo!

Carmen, je t'aime!

Não, você não me ama.

Non, tu ne m'aimes pas.

O que diz?

Que dis-tu?

Não, você não me ama, não!

Non, tu ne m'aimes pas, non!

Pois se você me amasse,

Car si tu m'aimais,

para lá, para lá você me seguiria.

là-bas, là-bas tu me suivrais.

Carmen!

Carmen!


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

Sim! Lá, lá nas montanhas...

Oui! Là-bas, là-bas dans la montagne...

Carmen!

Carmen!

Para lá, para lá você me seguiria,

Là-bas, là-bas tu me suivrais,

em seu cavalo me pegaria,

sur ton cheval tu me prendrais,

e como um guerreiro pelos

et comme un brave à travers la

campos,

campagne,

na garupa, me levaria.

en croupe, tu m'emporterais.

Para lá, lá nas montanhas...

Là-bas, là-bas dans la montagne...

Carmen!

Carmen!

Para lá, para lá você me seguiria.

Là-bas, là-bas tu me suivrais.

Você me seguiria, se você me amasse.

Tu me suivrais, si tu m'aimais.

Lá, você não dependeria de ninguém,

Tu n'y dépendrais de personne,

nada de oficial a quem devesse

point d'officier à qui tu doives

obedecer,

obéir,

e nada de retirada que soasse

et point de retraite qui sonne

dizendo ao amante que é

pour dire à l'amoureux qu'il est

hora de voltar.

temps de partir.

O céu aberto, a vida errante,

Le ciel ouvert, la vie errante,

por lugar, o universo, e por lei,

pour pays l'univers, et pour loi ta

sua vontade,

volonté,

e sobretudo, a coisa inebriante,

et surtout la chose enivrante,

a liberdade! A liberdade!

la liberté! La liberté!

Meu Deus!

Mon Dieu!

Para lá, para lá nas montanhas...

Là-bas, là-bas dans la montagne...

Carmen!

Carmen!

Para lá, para lá, se você me amasse...

Là-bas, là-bas, si tu m'aimais...

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120


José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Cale-se!

Tais-toi!

Lá, lá, você me seguiria!

Là-bas, là-bas tu me suivrais!

Em seu cavalo me pegaria,

Sur ton cheval tu me prendrais,

e como um guerreiro pelos

et comme un brave à travers la

campos,

campagne,

você me levaria.

oui, tu m'emporterais

Se me amasse!

Si tu m'aimais!

Ah! Carmen, ai, cale-se!

Ah! Carmen, hélas, tais-toi!

Cale-se! Meu Deus!

Tais-toi! Mon Dieu!

Ai! Ai!

Hélas! Hélas!

Piedade! Carmen!

Pitié! Carmen!

Piedade!

Pitié!

Oh! Meu Deus! Ai!

Ô mon Dieu! Hélas!

Sim, não é?

Oui, n'est-ce pas?

Para lá, para lá me seguiria.

Là-bas, là-bas tu me suivras.

Para lá, para lá me seguiria.

Là-bas, là-bas tu me suivras.

Você me ama e me seguirá.

Tu m'aimes et tu me suivras.

Para lá, para lá, leve-me!

Là-bas, là-bas emporte-moi!

Ah! Cale-se! Cale-se!

Ah! Tais-toi! Tais-toi!

(agarrando bruscamente os

(s'arrachant brusquement des

braços de Carmen)

bras de Carmen)

Não, eu não quero mais escutá-la.

Non, je ne veux plus t'écouter

Deixar minha bandeira... Desertar

Quitter mon drapeau... déserter

é a vergonha, é a infâmia,

c'est la honte, c'est l'infamie,

eu não quero isso!

je n'en veux pas!

Bem, parta!

Eh bien, pars!

Carmen, eu te suplico.

Carmen, je t'en prie.


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

Não, eu não te amo mais, vai!

Non, je ne t'aime plus, va!

Eu te odeio!

Je te hais!

Escute! Carmen!

Écoute! Carmen!

Adeus! Mas adeus para sempre!

Adieu! Mais adieu pour jamais.

Bem, que seja! Adeus,

Eh bien, soit!... Adieu,

adeus para sempre.

adieu pour jamais.

Vai embora daqui!

Va-t'en!

Carmen! Adeus, adeus para sempre!

Carmen! Adieu, adieu pour jamais!

Adeus!

Adieu!

(ele vai correndo até a porta... no

(il va en courant jusqu'à la porte... au

momento que ele chega à porta,

moment où il y arrive, on frappe...

alguém bate... Don José para.

Don José s'arrête. Silence. On

Silêncio. Batem novamente)

frappe encore)

Olá, Carmen! Olá, olá!

Holà! Carmen! Holà! Holà!

Quem bate? Quem vem lá?

Qui frappe? Qui vient là?

Cale-se! Cale-se!

Tais-toi!... Tais-toi!

(fazendo a porta se abrir)

(faisant sauter la porte)

Abro eu mesmo e entro.

J'ouvre moi-même et j'entre.

(ele entra e vê Don José. A Carmen)

(iI entre et voit Don José. A Carmen)

Nº 17 Final

Zuniga

José

Carmen

Zuniga

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122


José

Zuniga

José

Zuniga

José

Carmen

Aff! Ah! Eca, bela,

Ah fi! Ah! Fi la belle,

a escolha não é feliz

le choix n'est pas heureux;

amancebar-se com um soldado

c'est se mésallier de prendre le soldat

quando tem o oficial.

quand on a l'officier.

(a Don José)

(à Don José)

Vamos! Suma!

Allons! Décampe.

Não.

Non.

Sim, você partirá.

Si fait, tu partiras.

Não partirei

Je ne partirai pas.

(atingindo-o)

(le frappant)

Maluco!

Drôle!

(saltando sobre seu sabre)

(sautant sur son sabre)

Trovão! Vai chover golpes!

Tonnerre! Il va pleuvoir des coups.

(Zuniga desembainha a metade de

(Zuniga dégaine à

seu sabre)

moitié)

(atirando-se entre os dois)

(se jetant entre eux deux)

Para o inferno o ciúme!

Au diable le jaloux!

(pedindo)

(appelant)

Venham! Venham!

À moi! À moi!

(o Dancaïre, o Remendado e os

(le Dancaïre, le Remendado et les

ciganos aparecem de todos os lados.

bohémiens paraissent de tous les

Com um gesto, Carmen mostra

côtés. Carmen d'un geste montre

Zuniga aos ciganos; o Dancaïre e o

Zuniga aux bohémiens; le Dancaïre


Remendado se jogam sobre ele e o

et le Remendado se jettent sur lui, le

desarmam)

désarment)

Belo oficial, belo oficial, o amor

Bel officier, bel officier, l'amour

deu-lhe, agora, uma sórdida

vous joue en ce moment un assez

volta

vilain tour,

você chegou em má hora e nós

vous arrivez fort mal et nous

somos forçados,

sommes forcés,

para não sermos denunciados,

ne voulant être dénoncés,

prendê-lo ao menos por

de vous garder au moins pendant

uma hora.

une heure.

O Remendado O Dancaïre

Meu caro senhor, meu caro

Mon cher monsieur, mon cher

Le Remendado Le Dancaïre

senhor,

monsieur,

vamos, se lhe agrada, deixar

nous allons s'il vous plaît quitter

esse lugar.

cette demeure.

Você virá conosco?

Vous viendrez avec nous?

Você virá conosco?

Vous viendrez avec nous?

É um passeio.

C'est une promenade.

O Remendado O Dancaïre

Concorda? Concorda?

Consentez-vous? Consentez-vous?

Le Remendado Le Dancaïre

Responde, camarada!

Répondez camarade!

Certamente,

Certainement,

ainda mais que seu argumento

d'autant plus que votre argument

é um daqueles

est un de ceux auxquels

irresistíveis.

on ne résiste guère.

Mas cuide-se mais tarde.

Mais gare à vous plus tard.

O Dancaïre

(filosofando)

(avec philosophie)

Le Dancaïre

A guerra, é a guerra.

La guerre, c'est la guerre.

Enquanto espera, oficial,

En attendant, mon officier,

vá andando sem fazer-se de rogado.

passez devant sans vous faire prier.

Carmen

Carmen

Zuniga

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124


Vá andando sem fazer-se de rogado.

Passez devant sans vous faire prier.

(Zuniga sai, conduzido por quatro

(Zuniga sort, emmené par quatre

ciganos, com a pistola na mão)

bohémiens, le pistolet à la main)

(a José)

(à José)

É um dos nossos, agora?

Es-tu des nôtres maintenant?

É preciso.

Il le faut bien.

Ah! A palavra não é galante,

Ah! Le mot n'est pas galant,

mas o que importa? Vai, você se

mais qu'importe, va, tu t'y

acostumará

feras

quando vir

quand tu verras

como é bela a vida errante,

comme c'est beau la vie errante,

por lugar, o universo,

pour pays l'univers,

por lei, sua vontade,

pour loi ta volonté,

e sobretudo a coisa inebriante:

et surtout la chose enivrante:

a liberdade! A liberdade!

la liberté! La liberté!

Siga-nos na campanha,

Suis-nous à travers la campagne,

venha conosco para a montanha,

viens avec nous dans la montagne,

siga-nos e acostumará, acostumará,

suis-nous et tu t'y feras, tu t'y feras

quando vir

quand tu verras, là-bas,

como é bela a vida errante,

comme c'est beau la vie errante,

por lugar, o universo,

pour pays l'univers;

por lei, sua vontade,

et pour loi sa volonté!

e, sobretudo, a coisa inebriante:

Et surtout la chose enivrante:

a liberdade!

la liberté!

O Remendado O Dancaïre

Amigo, siga-nos pelo campo,

Ami, suis-nous dans la campagne,

Le Remendado Le Dancaïre

venha conosco para a montanha,

viens avec nous à la montagne,

siga-nos e acostumará, acostumará,

suis-nous et tu t'y feras, tu t'y feras

O Remendado Le Remendado Coro Chœur

Carmen

José

Carmen

Frasquita Mercédès Carmen As mulheres Les femmes

Os homens Les Hommes


José

Todos Tous

quando vir

Quand tu verras, là-bas,

como é bela a vida errante,

comme c'est beau la vie errante,

por lugar, o universo,

pour pays l'univers;

por lei, sua vontade,

et pour loi sa volonté!

e, sobretudo, a coisa inebriante:

Et surtout la chose enivrante:

a liberdade!

la liberté!

Ah!

Ah!

O céu aberto, a vida errante

Le ciel ouvert, la vie errante,

por lugar, todo o universo,

pour pays tout l'univers

por lei, sua vontade

pour loi ta volonté,

e, sobretudo, a coisa inebriante:

et surtout la chose enivrante:

a liberdade! A liberdade!

la liberté! La liberté!

(rochas. Lugar pitoresco e selvagem.

(rochers. Site pittoresque et sauvage.

Completa solidão e noite escura.

Solitude complète et nuit noire.

Um contrabandista aparece no alto

Un contrebandier paraît au haut

das rochas, e logo outro, e mais

des rochers, puis un autre, puis

dois, e então vinte outros aqui e ali,

deux autres, puis vingt autres çà et

descendo e escalando o rochedo.

là, descendant et escaladant des

Os homens levam grandes pacotes

rochers. Des hommes portent de

sobre os ombros)

gros ballots sur les épaules)

Escute, escute, companheiro, escute,

Écoute, écoute, compagnon, écoute,

a fortuna ali está, ali,

la fortune est là-bas, là-bas,

mas cuidado no caminho,

mais prends garde pendant la route,

cuidado para não dar um

prends garde de faire un

passo em falso!

faux pas!

Ato III Act III

Nº 18 Introdução Introduction

Coro Chœur

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126


Nossa tarefa é boa,

Notre métier est bon,

mas para cumpri-la é preciso

mais pour le faire il faut

ter força de espírito,

avoir une âme forte,

e o perigo, o perigo encontra-se lá

et le péril, le péril est

em cima,

en haut,

lá embaixo, lá em cima,

il est en bas, il est en haut,

em todo lugar, que importa!

il est partout qu'importe!

Vamos em frente,

Nous allons devant nous,

sem preocupação com a torrente,

Sans souci du torrent,

sem preocupação com a tempestade,

sans souci de l'orage,

sem preocupação com os soldados,

sans souci du soldat,

que lá em baixo nos esperam

qui là-bas nous attend,

e nos vigiam passar.

et nous guette au passage.

Sem preocupação, seguimos adiante!

Sans souci, nous allons en avant!

Escute, companheiro, escute,

Écoute, compagnon, écoute,

a fortuna ali está, ali...

la fortune est là-bas, là-bas...

Mas cuidado no caminho,

Mais prends garde pendant la route,

cuidado para não dar um

prends garde de faire un

passo em falso.

faux pas.

Cuidado! Cuidado!

Prends garde! Prends garde!

O Dancaïre

Alto! Vamos parar aqui... Aqueles

Halte! Nous allons nous arrêter

Le Dancaïre

que têm sono poderão dormir por

ici... ceux qui ont sommeil pourront

meia hora...

dormir pendant une demi-heure...

O Remendado

(esticando-se sensualmente)

(s'étendant avec volupté)

Le Remendado

Ah!

Ah!

O Dancaïre

Eu vou ver se há meio de entrar

Je vais, moi, voir s'il y a moyen de faire

Le Dancaïre

com as mercadorias na cidade...

entrer les marchandises dans la ville...

Há uma brecha na muralha e nós

une brèche s'est faite dans le mur

poderíamos passar por lá; mas

d'enceinte et nous pourrions passer

Frasquita Mercédès Carmen José O Remendado Os homens Le Remendado Le Hommes

Diálogo falado Dialogue parlé


infelizmente, colocaram uma

par là; malheureusement on a mis un

sentinela para vigiar a brecha.

factionnaire pour garder cette brèche.

Lillas Pastia nos disse que, esta

Lillas Pastia nous a fait savoir que,

noite, esta sentinela seria um de

cette nuit, ce factionnaire serait un

nossos homens...

homme à nous...

O Dancaïre

Sim, mas Lillas Pastia poderá ter se

Oui, mais Lillas Pastia a pu se

Le Dancaïre

enganado... A sentinela a que ele

tromper... le factionnaire qu'il

se refere pode ter sido substituída...

veut dire a pu être changé... Avant

Antes de irmos mais longe, acho

d'aller plus loin je ne trouve pas

bom eu mesmo me assegurar

mauvais de m'assurer

disso...

moi-même...

(chamando)

(appelant)

Remendado!

Remendado!

O Remendado

(despertando-se)

(se réveillant)

Le Remendado

Oi?

Hé?

Levante-se, você vai vir comigo...

Debout, tu vas venir avec moi...

Mas, chefe...

Mais, patron...

O quê?

Qu'est-ce que c'est?

O Remendado

(se levantando)

(se levant)

Le Remendado

Aqui, chefe, aqui!

Voilà, patron, voilà!

Vamos, ande.

Allons, passe devant.

José

O Dancaïre Le Dancaïre

O Remendado Le Remendado

O Dancaïre Le Dancaïre

O Dancaïre Le Dancaïre

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128


O Remendado

E eu, que sonhava que iria poder

Et moi qui rêvais que j'allais pouvoir

Le Remendado

dormir...

dormir...

Era um sonho, infelizmente! Um

C'était un rêve, hélas! C'était un

sonho!

rêve!

(ele sai, seguido pelo Dancaïre.

(il sort suivi du Dancaïre. Pendant

Durante a cena, entra Carmen e José,

la scène entre Carmen et José,

alguns ciganos acendem o fogo,

quelques bohémiens allument un feu

perto do qual Mercédès e Frasquita

près duquel Mercédès et Frasquita

vêm se sentar, os outros enrolam-se

viennent s'asseoir, les autres se

em suas mantas, deitam-se e

roulent dans leurs manteaux, se

adormecem)

couchent et s'endorment)

Vejamos, Carmen... Se eu lhe falei

Voyons, Carmen... si je t'ai parlé trop

de modo muito duro, peço perdão

durement, je t'en demande pardon,

por isso, façamos as pazes.

faisons la paix.

Não.

Non.

Você não me ama mais, então?

Tu ne m'aimes plus, alors?

O que é certo é que te amo

Ce qui est sûr, c'est que je t'aime beau-

menos que antes... E que se você

coup moins qu'autrefois... et que si

continuar a se comportar deste

tu continues à t'y prendre de cette fa-

modo, terminarei por não te amar

çon-là, je finirai par ne plus t'aimer du

nada... Não quero ser atormentada,

tout... Je ne veux pas être tourmentée

tampouco mandada. O que quero é

ni surtout commandée. Ce que je veux,

ser livre e fazer o que me agrada.

c'est être libre et faire ce qui me plaît.

Você é o demônio, Carmen!

Tu es le diable, Carmen?

Sim. O que é que você vê lá? O que

Oui. Qu'est-ce que tu regardes là, à

pensa?

quoi penses-tu?

Eu digo a mim mesmo que lá... A sete

Je me dis que là-bas... à sept ou

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

ou oito léguas daqui, no máximo, há

huit lieues d'ici tout au plus, il y a un

um vilarejo, e nele uma boa e velha

village, et dans ce village une bonne

senhora que acredita que eu ainda

vieille femme qui croit que je suis

sou um homem honesto.

encore un honnête homme...

Uma boa e velha senhora?

Une bonne vieille femme?

Sim; minha mãe.

Oui; ma mère.

Sua mãe... certo, pois bem, você

Ta mère... eh bien là, vrai, tu ne

não faria mal em ir visitá-la, pois

ferais pas mal d'aller la retrouver,

decididamente você não foi feito

car décidément tu n'es pas fait pour

para viver conosco... cães e lobos

vivre avec nous... chien et loup ne

não casam bem por muito tempo...

font pas longtemps bon ménage...

Carmen...

Carmen...

Sem contar que a tarefa é perigosa

Sans compter que le métier n'est

para aqueles que, como você,

pas sans péril pour ceux qui, comme

recusam-se a esconder-se quando

toi, refusent de se cacher quand

ouvem tiros de fuzil... Vários de

ils entendent des coups de fusil...

nossos aqui morreram, sua vez

plusieurs des nôtres y ont laissé leur

chegará.

peau, ton tour viendra.

E a sua também... Se agora você me

Et le tien aussi... si tu me parles

falar novamente em separar-nos e se

encore de nous séparer et si tu ne

você não comportar-se comigo como

te conduis pas avec moi comme je

eu quero que você se comporte...

veux que tu te conduises...

Você me mataria, talvez?

Tu me tuerais, peut-être?

(José não responde)

(José ne répond pas)

Em boa hora... Eu vi várias vezes

A la bonne heure... j'ai vu plusieurs

nas cartas que nós devemos acabar

fois dans les cartes que nous

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130


juntos...

devions finir ensemble.

Bah! O que tiver que ser, será...

Bah! Arrive qui plante...

Você é o demônio, Carmen!

Tu es le diable, Carmen?...

Mas claro, eu já lhe disse isso...

Mais oui, je te l'ai déjà dit...

(ela dá as costas para José — após

(elle tourne le dos à José — après un

um instante de indecisão, José

instant d'indécision, José s'éloigne

se afasta e vai se esticar sobre as

à son tour et va s'étendre sur les

rochas — Mercédès e Frasquita

rochers — Mercédès et Frasquita ont

põem as cartas diante delas)

étalé des cartesdevant elles)

Frasquita

Embaralhemos!

Mêlons!

Mercédès

Embaralhemos!

Mêlons!

Frasquita

Cortemos!

Coupons!

Mercédès

Cortemos.

Coupons.

Frasquita

Bem, é isto.

Bien, c'est cela.

Mercédès

Bem, é isto.

Bien, c'est cela.

Frasquita

Três cartas aqui...

Trois cartes ici...

Mercédès

Três cartas aqui...

Trois cartes ici...

Frasquita

Quatro lá!

Quatre là!

Mercédès

Quatro lá.

Quatre là.

José

Carmen

Nº 19 Trio


Mercédès Frasquita

E agora, falem, gracinhas,

Et maintenant, parlez, mes belles,

do futuro tragam-nos as novidades;

de l'avenir donnez-nous des nouvelles;

digam-nos quem nos trairá,

dites-nous qui nous trahira,

digam-nos que nos amará.

dites-nous qui nous aimera.

Falem, falem!

Parlez, parlez!

Falem, falem!

Parlez, parlez!

digam-nos quem nos trairá,

Dites-nous qui nous trahira,

digam-nos quem nos amará.

dites-nous qui nous aimera.

Mercédès

Falem! Falem!

Parlez! Parlez!

Frasquita

Falem! Falem!

Parlez! Parlez!

Eu vejo um jovem apaixonado

Moi, je vois un jeune amoureux

que não me poderia amar mais.

qui m'aime on ne peut davantage.

O meu é muito rico e muito velho,

Le mien est très riche et très vieux

mas me fala em casamento.

Mais il parle de mariage.

Eu monto em seu cavalo,

Je me campe sur son cheval,

e ele me leva pela montanha.

et dans la montagne il m'entraîne.

Em um quase palácio real,

Dans un château presque royal,

o meu me faz soberana.

le mien m'installe en souveraine.

Do amor inesgotável,

De l'amour à n'en plus finir,

todos os dias novas folias.

tous les jours nouvelles folies.

De todo ouro que possa ter,

De l'or tant que j'en puis tenir,

os diamantes... As pedrarias.

des diamants... des pierreries.

O meu torna-se um famoso líder,

Le mien devient un chef fameux,

cem homens o seguem.

cent hommes marchent à sa suite.

O meu, não acreditarão meus olhos

Le mien, en croirai-je mes yeux

sim... Ele morre!

oui... Il meurt!

Mercédès

Frasquita

Mercédès

Frasquita

Mercédès

Frasquita

Mercédès

Frasquita

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 132


Mercédès Frasquita

Mercédès

Frasquita

Carmen

Ah, sou viúva

Ah je suis veuve

e herdeira.

et j'hérite.

Falem de novo, falem, gracinhas,

Parlez encore, parlez, mes belles,

do futuro tragam-nos as novidades;

de l'avenir donnez-nous des nouvelles;

digam-nos quem nos trairá,

dites-nous qui nous trahira,

digam-nos quem nos amará.

dites-nous qui nous aimera.

Falem de novo! Falem de novo!

Parlez encore! Parlez encore!

(elas recomeçam a consultar

(elles recommencent à consulter

as cartas)

les cartes)

Fortuna!

Fortune!

Amor!

Amour!

(Carmen desde o início da cena

(Carmen depuis le commencement

segue olhando o jogo de

de la scène suivant du regard le jeu

Mercédès e Frasquita)

de Mercédès et de Frasquita)

Vejamos, que eu tente minha vez.

Donez, que j'essaie à mon tour.

(ela desvira as cartas)

(elle se met à tourner les cartes)

Ouros, espadas... A morte!

Carreau, pique... la mort!

Eu li direito... Eu primeiro.

J'ai bien lu... moi d'abord.

Em seguida ele... Para todos os dois,

Ensuite lui... pour tous les deux

a morte.

la mort.

Em vão, para evitar as respostas

En vain pour éviter les réponses

amargas,

amères,

em vão embaralhará,

en vain tu mêleras,

isto não serve para nada, as cartas

cela ne sert à rien, les cartes sont

são sinceras

sincères

e não mentirão jamais.

et ne mentiront pas.


Mercédès Frasquita

Carmen

Frasquita

Mercédès

Carmen

Se é feliz no alto

Dans le livre d'en haut,

da página de seu livro,

si ta page est heureuse,

embaralhe e corte sem medo,

mêle et coupe sans peur,

as cartas entre seus dedos

la carte sous tes doigts

virarão graciosas

se tournera joyeuse

anunciando a felicidade.

T'annonçant le bonheur.

Mas se você deve morrer,

Mais si tu dois mourir,

se a palavra letal

si le mot redoutable

está escrita pela sorte,

est écrit par le sort,

recomece vinte vezes

recommence vingt fois

a carta impiedosa

la carte impitoyable

repetirá: a morte!

Répétera: la mort!

Sim, se você deve morrer

Oui, si tu dois mourir,

recomece vinte vezes

recommence vingt fois

a carte impiedosa

la carte impitoyable

repetirá: a morte.

repetera: la mort.

De novo! De novo! Sempre a morte.

Encor! Encor! Toujours la mort.

Falem de novo

Parlez encor

falem, gracinhas,

parlez, mes belles,

do futuro tragam-nos as novidades;

de l'avenir donnez-nous des nouvelles;

digam-nos quem nos trairá,

dites-nous qui nous trahira,

digam-nos quem nos amará.

dites-nous qui nous aimera.

Fortuna! Amor!

Fortune! Amour!

De novo! De novo!

Encor! Encor!

O desespero!

Le désespoir!

A morte, a morte. De novo!

La mort, la mort. Encor!

A morte. Sempre a morte.

La mort. Toujours la mort.

Fortuna!

Fortune!

Amor!

Amour!

Sempre a morte!

Toujours la mort!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134


Todas as três

De novo! De novo! De novo! De novo!

Encor! Encor! Encor! Encor!

(voltam o Dancaïre e o Remendado)

(rentrent le Dancaïre et le Remendado)

Então?

Eh bien?

O Dancaïre

Então, tenho razão em não confiar

Eh bien, j'avais raison de ne pas me

Le Dancaïre

nas informações de Lillas Pastia;

fier aux renseignements de Lillas

nós encontramos sua sentinela, mas

Pastia; nous n'avons pas trouvé

em compensação descobrimos três

son factionnaire, mais en revanche

aduaneiros que vigiavam a brecha

nous avons aperçu trois douaniers

e que a vigiavam bem, eu lhes

qui gardaient la brêche et qui la

asseguro.

gardaient bien, je vous assure.

Sabe o nome destes

Savez-vous leurs noms à ces

aduaneiros?

douaniers?

O Remendado

Claro que sabemos seus nomes; se

Certainement nous savons leurs noms;

Le Remendado

nós não os conhecêssemos, quem

qui est-ce qui connaîtrait les douaniers

os conheceria? Estavam Eusebio,

si nous ne les connaissions pas? Il y

Perez e Bartolomé.

avait Eusebio, Perez et Bartolomé.

Eusebio...

Eusebio...

Perez...

Perez...

E Bartolomé...

Et Bartolomé...

(rindo)

(en riant)

Não tenha medo, Dancaïre,

N'ayez pas peur, Dancaïre, nous

nós cuidaremos de seus três

vous en répondons de vos trois

Toutes les trois

Diálogo falado Dialogue parlé

Carmen

Carmen

Frasquita

Mercédès

Carmen


aduaneiros...

douaniers...

(furioso)

(furieux)

Carmen!

Carmen!

O Dancaïre

Ah! Você, deixe-nos em paz com

Ah! toi, tu vas nous laisser

Le Dancaïre

sua ciumeira... O dia está chegando

tranquilles avec ta jalousie... le jour

e não temos tempo a perder... A

vient et nous n'avons pas de temps

caminho, crianças.

à perdre... En route, les enfants.

(começam a pegar os pacotes)

(on commence à prendre les ballots)

Quanto a você...

Quant à toi...

(dirigindo-se à José)

(s'adressant à José)

Eu lhe confio a vigia das

je te confie la garde des

mercadorias que nós não

marchandises que nous n'emportons

levaremos... Coloque-se ali, naquele

pas... Tu vas te placer là, sur cette

alto... Ali você verá perfeitamente

hauteur... tu y seras à merveille pour

se estamos sendo seguidos... No

voir si nous sommes suivis... dans

caso de perceber alguém, eu

le cas où tu apercevrais quelqu'un,

autorizo-lhe a descontar sua raiva

je t'autorise à passer ta colère sur

no indiscreto — Preparados?

l'indiscret — Nous y sommes?

Sim, chefe.

Oui, patron.

Então, a caminho...

En route alors...

(às mulheres)

(aux femmes)

Mas vocês não vão se apaixonar,

Mais vous ne vous flattez pas, vous

cuidem de verdade destes três

me répondez vraiment de ces trois

aduaneiros!

douaniers?

José

O Remendado Le Remendado

O Dancaïre Le Dancaïre

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136


Carmen

Não tenha medo, Dancaïre.

N'ayez pas peur, Dancaïre.

O aduaneiro é nosso assunto,

Quant au douanier c'est notre affaire,

como todos os outros, ele

tout comme un autre il aime

adora agradar,

à plaire,

adora fazer-se de galante.

il aime à faire le galant.

Ah! Deixe-nos passar adiante.

Ah! Laissez-nous passer en avant.

O aduaneiro é nosso assunto,

Quant au douanier c'est notre affaire.

como todos os outros, ele adora

Tout comme un autre il aime

agradar,

à plaire.

adora fazer-se de galante.

Il aime à faire le galant,

Ah! Deixe-nos passar adiante.

ah! Laissez-nous passer en avant.

Ele adora agradar!

Il aime à plaire!

O aduaneiro será clemente!

Le douanier sera clément!

Ele é galante!

Il est galant!

O aduaneiro será encantador!

Le douanier sera charmant!

Ele adora agradar!

Il aime à plaire!

Mercédès

O aduaneiro será galante!

Le douanier sera galant!

Frasquita

Sim, o aduaneiro será até

Oui le douanier sera même

audacioso!

entreprenant!

Sim, o aduaneiro é assunto nosso/

Oui le douanier c'est notre/

delas!

leur affaire!

Nº 20 Pedaço do conjunto Morceau d'ensemble

Frasquita Mercédès Carmen

Frasquita Mercédès Carmen As mulheres Les femmes

Todos Tous

Frasquita

Todos Tous

Carmen

Todos Tous

Todos Tous


Frasquita Mercédès Carmen

Coro Chœur

Frasquita Mercédès Carmen

Todos Tous

Como todos os outros ele gosta de

Tout comme un autre il aime

agradar,

à plaire,

adora fazer-se de galante.

il aime à faire le galant.

Deixe-nos passar adiante!

Laissez-nous les passer en avant!

Não se trata de batalha,

Il ne s'agit plus de bataille,

não, trata-se simplesmente

non, il s'agit tout simplement

de deixar-se secar

de se laisser prendre la taille

E de escutar um elogio.

Et d'écouter un compliment.

Se precisar chegar ao sorriso,

S'il faut aller jusqu'au sourire,

o que quer? A gente ri,

que voulez-vous? on sourira,

e de pronto, posso garantir,

et d'avance je puis le dire,

o contrabando passará.

la contrebande passera.

E de pronto, posso garantir,

Et d'avance je puis le dire

o contrabando passará.

La contrebande passera!

Avante! Marchemos! Vamos!

En avant! Marchons! Allons!

Avante! O aduaneiro é assunto

En avant! Le douanier c'est notre

nosso!

affaire!

Sim, o aduaneiro é assunto nosso/

Oui le douanier c'est notre/

delas!

leur affaire!

Como todos os outros ele gosta de

Tout comme un autre il aime

agradar,

à plaire,

adora fazer-se de galante.

il aime à faire le galant.

Deixe-nos passar adiante!

Laissez-nous les passer en avant!

(todo mundo sai — José fecha a

(tout le monde sort — José ferme

marcha e sai examinando o pavio de

la marche et sort en examinant

sua carabina; um pouco antes que

l'amorce de sa carabine; un peu

ele tenha saído, vemos a cabeça

avant qu'il soit sorti, on voit un

de um homem passar por cima das

homme passer sa tête au-dessus du

rochas. É um guia)

rocher. C'est un guide)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138


Diálogo falado Dialogue parlé

O guia Le Guide

Micaëla

O guia Le Guide

Micaëla

O guia Le Guide

Micaëla

O guia Le Guide

(ele avança cuidadosamente,

(il s'avance avec précaution, puis

e então faz um sinal para Micaëla

fait un signe à Micaëla que l'on

que não vemos ainda)

ne voit pas encore)

Chegamos.

Nous y sommes.

(entrando)

(entrant)

É aqui?

C'est ici?

Lugar horrível, não é? E nem um

Oui, vilain endroit, n'est-ce pas, et

pouco confortável.

pas rassurant du tout?

Não vejo ninguém.

Je ne vois personne.

Acabaram de partir, mas voltarão

Ils viennent de partir mais il

em breve, pois não levaram

reviendront bientôt, car ils n'ont pas

todas as mercadorias...

emporté toutes leurs marchandises...

Eu conheço seus hábitos...

je connais leurs habitudes... Prenez

Cuidado... Um dos seus deve

garde... un des leurs doit être en

estar de sentinela em algum lugar

sentinelle quelque part et si l'on

e se ele nos notar...

nous apercevait...

Eu espero que me notem... Pois

Je l'espère bien qu'on m'apercevra...

vim aqui justamente para falar

puisque je suis venue ici tout

com... Para falar com um dos

justement pour parler à... pour

contrabandistas...

parler à un de ces contrebandiers...

Bem, verdade, você pode se

Eh bien là, vrai, vous pouvez vous

vangloriar de ter coragem... Há

vanter d'avoir du courage... tout à

pouco, quando encontrávamo-

l'heure quand nous nous sommes

-nos no meio do bando de touros

trouvés au milieu de ce troupeau de

selvagens que conduziam o

taureaux sauvages que conduisait

célebre Escamillo, você não

le célèbre Escamillo, vous n'avez

tremeu... E agora, vir

pas tremblé... Et maintenant venir


afrontar estes ciganos.

affronter ces bohémiens.

Não sou de assustar fácil.

Je ne suis pas facile à effrayer.

Você diz isso porque estou perto

Vous dites cela parce que je suis

de você, mas se você estivesse

près de vous, mais si vous étiez

sozinha.

toute seule.

Não tenho medo, eu lhe asseguro.

Je n'aurais pas peur, je vous assure.

O guia Le Guide

Verdade?

Bien vrai?

Micaëla

Verdade...

Bien vrai...

(ingenuamente)

(naïvement)

Então, eu peço sua permissão para

Alors je vous demanderai la

ir embora. Eu aceitei lhe servir

permission de m'en aller. J'ai consenti

de guia porque você me pagou

à vous servir de guide parce que vous

bem; mas agora que você chegou,

m'avez bien payé; mais maintenant

se isto não lhe incomoda, eu irei

que vous êtes arrivée... si ça ne vous

esperá-la lá onde me encontrou...

fait rien, j'irai vous attendre là, où vous

No albergue que é aos pés da

m'avez (trouver) pris... à l'auberge qui

montanha.

est au bas de la montagne.

Que seja assim, vá me esperar!

C'est cela, allez m'attendre!

Está decidida a ficar?

Vous restez décidément?

Sim, eu fico!

Oui, je reste!

Que todos os santos do paraíso

Que tous les saints du paradis vous

protejam-na então, mas é uma ideia

soient en aide alors, mais c'est une

maluca que você tem.

drôle d'idée que vous avez là.

Micaëla

O guia Le Guide

Micaëla

O guia Le Guide

Micaëla

O guia Le Guide

Micaëla

O guia Le Guide

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140


Nº 21 Ária Air

Micaëla

Eu digo que nada me aterroriza,

Je dis que rien ne m'épouvante,

eu digo, infelizmente, que respondo

je dis hélas que je réponds

por mim,

de moi,

mas é inútil fazer-me de valente,

mais j'ai beau faire la vaillante,

no fundo do coração, eu morro

au fond du cœur, je meurs

de medo

d'effroi

só, neste lugar selvagem

seule, en ce lieu sauvage

sozinha, tenho medo,

toute seule, j'ai peur,

mas tenho culpa por ter medo,

mais j'ai tort d'avoir peur,

você me dará coragem,

vous me donnerez du courage,

você me protegerá, Senhor.

vous me protégerez, Seigneur.

Eu vou ver de perto estas mulheres

Je vais voir de près cette femme

cujos artifícios malditos

dont les artifices maudits

terminaram por fazer infame

ont fini par faire un infâme

aquele que antes amava;

de celui que j'aimais jadis;

ela é perigosa, ela é bela,

elle est dangereuse, elle est belle,

mas eu não quero ter medo!

mais je ne veux pas avoir peur,

Não, não, eu não quero ter medo!

non, non je ne veux pas avoir peur!

Eu falarei alto diante dela,

Je parlerai haut devant elle,

ah! Senhor... Você me protegerá.

ah! Seigneur... Vous me protégerez.

Me proteja! Oh Senhor!

Protégez-moi! O Seigneur!

Dê-me coragem!

Donnez-moi du courage! Protégez-

Me proteja! Oh Senhor! Dê-me

moi! O Seigneur! Protégez-moi!

coragem!

Seigneur!

Mas... Eu não me engano... A cem

Mais... je ne me trompe pas... à cent

passos daqui... Sobre o rochedo

pas d'ici... sur ce rocher, c'est Don

está Don José.

José.

Diálogo falado Dialogue parlé

Micaëla


Escamillo

José

Escamillo

(chamando)

(appelant)

José, José!

José, José!

(aterrorizada)

(avec terreur)

Mas o que ele está fazendo? Ele

Mais que fait-il? Il ne

não olha para o meu lado... Ele está

regarde pas de mon côté... il

armando sua carabina, ele ajusta...

arme sa carabine, il ajuste...

Ele atira...

il fait feu...

(escutamos um tiro)

(on entend un coup de feu)

Ah! Meu Deus, fui muita pretensão

Ah! Mon Dieu j'ai trop présumé de

achar que tenho coragem... Tenho

mon courage...j'ai

medo... Tenho medo.

peur ... j'ai peur.

(ela desaparece atrás dos rochedos.

(elle disparaît derrière les rochers.

Neste momento entra Escamillo com

Au même moment entre Escamillo

seu chapéu na mão)

tenant son chapeau à la main)

(olhando seu chapéu)

(regardant son chapeau)

Alguns centímetros mais baixo... E

Quelques lignes plus bas... et

já não seria mais eu, no próximo

ce n'est pas moi qui, à la course

torneio, a (não teria) ter o prazer

prochaine, (je n’) aurais (pas) eu le

de lutar com os touros que estou

plaisir de combattre les taureaux

conduzindo.

que je suis en train de conduire.

(com sua faca na mão)

(son couteau à la main)

Quem é você? Responda.

Qui êtes-vous? Répondez.

(calmamente)

(très calme)

Opa... Devagar!

Eh là... doucement!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 142


Nº 22 Duo

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

Eu sou Escamillo,

Je suis Escamillo,

toureiro de Granada.

torero de Grenade.

Escamillo!

Escamillo!

Sou eu.

C'est moi.

(guardando a faca na cintura)

(remettant son couteau à sa ceinture)

Conheço seu nome,

Je connais votre nom,

seja bem-vindo,

soyez le bienvenu;

mas sinceramente, camarada,

mais vraiment, camarade,

você poderia ter acabado aí.

vous pouviez y rester.

Não digo que não,

Je ne vous dis pas non,

mas, meu caro, sou apaixonado

mais je suis amoureux, mon cher,

pela loucura,

à la folie,

e seria um pobre companheiro

et celui-là serait un pauvre compagnon

quem, para ver seus amores,

qui, pour voir ses amours,

não arriscasse sua vida.

ne risquerait sa vie.

Aquela que você ama está aqui?

Celle que vous aimez est ici?

Justamente.

Justement.

É uma cigana, meu caro.

C'est une zingara, mon cher.

E ela se chama?

Elle s'appelle?

Carmen.

Carmen.

Carmen!?

Carmen!?

Carmen! Sim, meu caro.

Carmen! Oui, mon cher.


Ela tinha como amante

Elle avait pour amant

um soldado que outrora

un soldat qui jadis

desertou por ela.

a déserté pour elle.

Carmen!

Carmen!

Eles se adoravam,

Ils s'adoraient,

mas acabou, eu creio.

mais c'est fini, je crois.

Os amores de Carmen

Les amours de Carmen

não duram mais que seis meses.

ne durent pas six mois.

No entanto, você a ama...

Vous l'aimez cependant...

Eu a amo.

Je l'aime.

Eu a amo sim, meu caro,

Je l'aime, oui, mon cher

eu a amo enlouquecidamente!

Je l'aime à la folie!

Mas para nos tirar uma garota

Mais pour nous enlever nos filles

da Boêmia,

de Bohème,

você bem sabe que é preciso pagar?

savez-vous bien qu'il faut payer?

Escamillo

Que seja, a gente paga.

Soit, on paiera.

José

E que o preço se paga a

Et que le prix se paie à

golpes de navalha.

coups de navaja.

(surpreso)

(surpris)

A golpes de navalha?

A coups de navaja?

Entende?

Comprenez-vous?

O discurso é claríssimo.

Le discours est très net.

O desertor, o belo soldado

Ce déserteur, ce beau soldat

que ela ama

qu'elle aime

ou, ao menos, que ela amava,

ou du moins qu'elle aimait,

José

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144


José

Escamillo

José

Escamillo

José Escamillo

Escamillo

é você, então?

c'est donc vous?

Sim, sou eu mesmo.

Oui, c'est moi-même.

Estou contente com isso, meu caro,

J'en suis ravi, mon cher,

e a volta é completa.

et le tour est complet.

(todos os dois, as navalhas em mão,

(tous les deux, la navaja la main,

se envolvem em seus mantos)

se drapent dans leurs manteaux)

Enfim minha raiva

Enfin ma colère

encontra a quem falar.

trouve à qui parler.

Sim, o sangue, eu espero,

Oui, le sang, je l'espère,

em breve derramar.

va bientôt couler.

Que falta de modos;

Quelle maladresse;

realmente, riria disso!

j'en rirais vraiment!

Procurar a amante

Chercher la maîtresse

E encontrar o amante.

Et trouver l'amant.

Em posição

Mettez-vous en garde

E cuide-se.

Et veillez sur vous.

Pior para que demorar-se

Tant pis pour qui tarde

a evitar os golpes.

a parer les coups.

Em guarda, vamos!

Mettez-vous en garde

Cuide-se!

Veillez sur vous!

(eles se põem em guarda

(ils se mettent en garde

a uma certa distância)

à une certaine distance)

Eu a conheço,

Je la connais,

sua guarda navarra,

ta garde navarraise,

e previno-lhe como amigo,

et je te préviens en ami,

que ela não vale de nada...

qu'elle ne vaut rien...


(sem responder, Don José marcha

(sans répondre, Don José marche

sobre Escamillo)

sur Escamillo)

À vontade.

A ton aise.

Ao menos, eu o adverti.

Je t'aurai du moins averti.

(combate; Escamillo muito calmo

(combat; Escamillo très calme

procura somente se defender)

cherche seulement à se défendre)

Você está me poupando, maldito.

Tu m'épargnes, maudit.

Nesta briga de faca

A ce jeu de couteau

eu sou muito bom para você.

je suis trop fort pour toi.

Vejamos isto então.

Voyons cela.

(rápido e muito animado corpo a

(rapide et très vif engagement corps

corpo. José encontra-se à mercê de

à corps. José se trouve à la merci

Escamillo que não o atinge)

d'Escamillo qui ne le frappe pas)

Chega.

Tout beau.

Sua vida é minha, mas resumindo

Ta vie est à moi, mais en somme

tenho por trabalho atingir o touro,

j'ai pour métier de frapper le taureau,

não perfurar coração de homem.

Non de trouer le cœur de l'homme.

Acerte ou morra.

Frappe ou bien meurs

Isto não é um jogo.

Ceci n'est pas un jeu.

(retirando-se)

(se dégageant)

Que seja, mas ao menos respire

Soit, mais au moins respire

um pouco.

un peu.

José

Em posição!

En garde!

Escamillo

Em posição!

En garde!

José

Escamillo

José

Escamillo

José

Escamillo

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 146


José Escamillo

Em posição

Mettez-vous en garde

E cuide-se.

Et veillez sur vous!

Pior para quem demorar-se

Tant pis pour qui tarde

a evitar os golpes.

a parer les coups.

Em guarda, vamos!

En garde, allons!

Cuide-se! Cuide-se!

Veillez sur vous! Veillez sur vous!

(após o primeiro conjunto, retomada

(après le dernier ensemble, reprise

do combate. Escamillo escorrega e

du combat. Escamillo glisse et tombe

cai — entram Carmen e o Dancaïre;

— entrent Carmen et le Dancaïre;

Carmen segura o braço de Don José

Carmen arrête le bras de Don José —

— o Remendado, Mercédès, Frasquita

le Remendado, Mercédès, Frasquita

e os contrabandistas entram neste

et les contrebandiers rentrent

ínterim)

pendant ce temps)

Carmen

Olá! Olá! José!

Holà! Holà! José!

Escamillo

(se levantando)

(se relevant)

Certo, tenho a alma contente

Vrai, j'ai l'âme ravie

que tenha sido você, Carmen,

Que ce soit vous, Carmen,

que me salvou a vida.

qui me sauviez la vie.

Escamillo!

Escamillo!

Quanto a você, belo soldado,

Quant à toi, beau soldat,

estamos empatados

nous sommes manche à manche

e disputaremos a bela

et nous jouerons la belle

no dia que você quiser

le jour où tu voudras

o combate retomar.

reprendre le combat.

O Dancaïre

Está bem, está bem, não mais querelas,

C'est bon, c'est bon, plus de querelle,

Le Dancaïre

nós, nós vamos partir.

nous, nous allons partir.

Nº 23 Final

Carmen

Escamillo


Escamillo

José

(a Escamillo)

(à Escamillo)

E você... E você, amigo, boa noite.

Et toi... et toi, l'ami, bonsoir.

Permitam-me ao menos

Souffrez au moins

que antes de lhes dizer adeus,

qu'avant de vous dire au revoir,

eu os convide a todos para as

je vous invite tous aux courses de

corridas de Sevilha.

Séville.

De minha parte, espero ali brilhar

Je compte pour ma part y briller

fazendo o meu melhor,

de mon mieux,

e quem me ama, por lá estará.

et qui m'aime y viendra.

(olhando para Carmen)

(regardant Carmen)

E quem me ama, por lá estará!

Et qui m'aime y viendra!

(a Don José, que faz um gesto de

(à Don José qui fait un geste de

ameaça)

menace)

Amigo, fique tranquilo, eu disse tudo,

L'ami, tiens-toi tranquille, j'ai tout dit,

sim, eu disse tudo e só estou aqui

oui, j'ai tout dit et je n'ai plus ici qu'à

para dizer adeus...

faire mes adieux...

(jogo de cena: Don José tenta se

(jeu de scène. Don José veut

atirar sobre o toureiro. O Dancaïre e

s'élancer sur le torero. Le Dancaïre

o Remendado o seguram. Escamillo

et le Remendado le retiennent.

sai muito lentamente)

Escamillo sort très lentement)

(a Carmen)

(à Carmen)

Cuidado,

Prends garde à toi,

Carmen... Estou cansado de sofrer...

Carmen... je suis las de souffrir...

(Carmen responde-lhe com

(Carmen lui répond par

um ligeiro dar de ombros e

un léger haussement d'épaules et

distancia-se dele)

s'éloigne de lui)

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 148


O Dancaïre

Andem... Andem... Precisamos partir.

En route... en route... Il faut partir.

Andem... Andem... Precisamos partir.

En route... en route... Il faut partir.

O Remendado

Alto! Há alguém ali

Halte!... Quelqu'un est là

Le Remendado

tentando se esconder.

qui cherche à se cacher.

(ele traz Micaëla)

(il amène Micaëla)

Uma mulher!

Une femme!

Por Deus, a surpresa é boa!

Pardieu, la surprise est heureuse.

(reconhecendo Micaëla)

(reconnaissant Micaëla)

Micaëla!

Micaëla!

Don José!

Don José!

Infeliz!

Malheureuse!

O que vem fazer aqui?

Que viens-tu-faire ici?

Eu, venho lhe procurar.

Moi, je viens te chercher.

lá é a cabana

Là-bas est la chaumière

onde, sem cessar, orando

ou, sans cesse priant,

uma mãe, sua mãe,

une mère, ta mère,

infelizmente chora por seu menino...

pleure hélas sur son enfant...

Ela chora e o chama,

Elle pleure et t'appelle,

ela chora e estende-lhe os braços;

elle pleure et te tend les bras;

tenha pena dela, José

tu prendras pitié d'elle, José,

Ah! José, você me seguirá,

ah! José, tu me suivras,

você me seguirá.

tu me suivras.

Vai lá! Vai lá! Você fará bem,

Va-t'en! Va-t'en! Tu feras bien,

nossos negócios não significam

notre métier ne te

Le Dancaïre

Todos Tous

Carmen

O Dancaïre Le Dancaïre

José

Micaëla

José

Micaëla

Carmen


José

Carmen

José

Micaëla

Todos Tous

José

Todos Tous

José

nada para você.

vaut rien.

(a Carmen)

(à Carmen)

Você me fala para segui-la?

Tu me dis de la suivre?

Sim, você deveria partir.

Oui, tu devrais partir.

Você me diz para segui-la

Tu me dis de la suivre

para que você possa correr

pour que toi tu puisses courir

atrás de seu novo amante.

apres ton nouvel amant.

Não, certamente,

Non, vraiment,

mesmo que me custe a vida,

dût-il m'en coûter la vie,

não, eu não partirei,

non, je ne partirai pas,

e o laço que nos liga

et la chaîne qui nous lie

nos ligará até à morte...

nous liera jusqu'au trépas...

Mesmo que me custe a vida

Dût-il m'en coûter la vie

não, não, não, eu não partirei!

non, non, non je ne partirai pas!

Escute-me, eu lhe imploro,

Écoute-moi, je t'en prie,

sua mão estende-lhe os braços,

ta mère te tend les bras,

este laço que o prende,

cette chaîne qui te lie,

José, você o quebrará.

josé, tu la briseras.

Infelizmente, José!

Hélas, José!

Isso custará sua vida, José,

Il t'en coûtera la vie, José,

e o laço que os liga,

si tu ne pars pas,

se você não partir,

et la chaîne qui vous lie

se romperá com sua morte.

Se rompra par ton trépas.

Deixe-me,

Laisse-moi,

pois estou condenado!

car je suis condamné!

José, cuidado!

José, prends garde!

Ah! Eu a tenho, menina maldita,

Ah! Je te tiens, fille damnée,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 150


Todos Tous

Micaëla

José

Micaëla

José

Escamillo

eu a tenho,

je te tiens,

e eu a forçarei

et je te forcerai bien

a enfrentar o seu destino

à subir la destinée

que prende sua sorte à minha.

qui rive ton sort au mien.

Mesmo que custe minha vida,

Dut-il m'en coûter la vie,

não, não, não, eu não partirei!

non, non, non je ne partirai pas!

Ah, cuide-se, cuide-se,

Ah! Prends garde, prends garde,

Don José!

Don José!

Mais uma palavra

Une parole encor

essa será a última.

ce sera la dernière.

Sua mãe, infelizmente, está morrendo,

Ta mère, hélas, ta mère se meurt,

e sua mãe

et ta mère

não queria morrer

ne voudrait pas mourir

sem lhe perdoar.

sans t'avoir pardonné.

Minha mãe... Ela está morrendo...

Ma mère... elle se meurt...

Sim, Don José.

Oui, Don José.

Partamos... Ah! Partamos!

Partons... Ah! Partons!

(a Carmen)

(à Carmen)

Fique contente, eu parto,

Sois contente, je pars,

mas nós nos veremos.

mais nous nous reverrons.

(ele arrasta Micaëla)

(il entraîne Micaëla)

(ao longe)

(au loin)

Toureiro, em posição,

Toréador, en garde,

toureiro, toureiro

toréador, Toréador

e lembre-se bem, sim, lembre-se

et songe bien, oui songe en

ao lutar

combattant

que um olho negro o mira

qu'un oeil noir te regarde


e que o amor o espera.

et que l'amour t'attend.

Toureiro, o amor o espera.

Toréador, l'amour t'attend.

(José para sobre os rochedos, no

(José s'arrête au fond dans les

fundo... ele hesita, Carmen escuta e

rochers... il hésite, Carmen écoute et

se inclina sobre as rochas)

se penche sur les rochers)

Ato IV

(uma praça em Sevilha. A entrada

(une place à Séville. L'entrée du

Act IV

da arena é fechada por um longo

cirque est fermée par on long

véu. Muito movimento na praça.

velum. Grand mouvement sur la

Mercadores vendendo água,

place. Marchands d'eau, d'oranges,

laranjas, leques etc.)

d'éventails.)

Por dois cuartos,

A deux cuartos,

leques para se abanar,

des éventails pour s'éventer,

laranjas para mordiscar,

des oranges pour grignoter,

o programa com os detalhes!

le programme avec les détails!

Vinho! Água!

Du vin! De l'eau!

Cigarros!

Des cigarettes!

Por dois cuartos!

A deux cuartos!

Vejam! Por dois cuartos!

Voyez! À deux cuartos!

Senhoras e cavalheiros.

Señoras et Caballeros.

(durante o coro entram os

(pendant le chœur sont entrés les

dois oficiais com Mercédès e

deux officiers avec Mercédès et

Frasquita)

Frasquita)

Laranjas, rápido.

Des oranges, vite.

(se aproximando)

(se précipitant)

Aqui.

En voici.

Levem, levem, senhoras.

Prenez, prenez, mesdemoiselles.

Um vendedor

(ao oficial que paga)

(à l'officier qui paie)

Un Marchand

Obrigado, oficial, obrigado.

Merci, mon officier, merci.

Coro Chœur

Zuniga

Vários vendedores Plusieurs Marchands

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 152


Os outros vendedores Les autres Marchands

Zuniga

Um cigano Un Bohemien

Coro Chœur

Senhor, estas aqui estão mais bonitas...

Celles-ci, señor, sont plus belles...

Leques para se abanar!

Des éventails pour s'éventer!

Laranjas para mordiscar!

Des oranges pour grignoter!

O programa com os detalhes!

Le programme avec les détails!

Vinho! Água!

Du vin! De l'eau!

Cigarros!

Des cigarettes!

Oba! Leques!

Holà! Des éventails.

Quer também os binóculos?

Voulez-vous aussi des lorgnettes?

Por dois cuartos,

A deux cuartos,

por dois cuartos,

à deux cuartos,

vejam, por dois cuartos,

voyez, à deux cuartos,

senhoras e cavalheiros!

señoras et Caballeros!

Vejam! Vejam!

Voyez! Voyez!

O que aconteceu com Carmencita?

Qu'avez-vous fait de la Carmencita?

Eu não a vejo.

Je ne la vois pas.

Nós a veremos daqui a pouco...

Nous la verrons tout à l'heure...

Escamillo está aqui, Carmencita não

Escamillo est ici, la Carmeneita ne

deve estar longe.

doit pas être loin.

Ah! Agora é o Escamillo?

Ah! C'est Escamillo, maintenant?

Ela está enlouquecida...

Elle en est folle...

E seu antigo amante, José, sabe

Et son ancien amoureux José,

que o que aconteceu com ele?

sait-on ce qu'il est devenu?

Ele reapareceu no vilarejo que sua

Il a reparu dans le village où sa

Diálogo falado Dialogue parlé

Zuniga

Frasquita

Zuniga

Mercédès

Frasquita

Zuniga


Mercédès

Zuniga

Frasquita

mãe habitava... Até mandaram

mère habitait...ordre avait même

prendê-lo, mas quando os soldados

été donné de l'arrêter, mais quand

chegaram, José já não estava mais

les soldats sont arrivés, José n'était

por lá...

plus là...

De modo que ele está solto?

En sorte qu'il est libre?

Sim, por enquanto.

Oui, pour le moment.

Hum! Eu não estaria tranquila

Hm! Je ne serais pas tranquille à la

no lugar de Carmen, não estaria

place de Carmen, je ne serais pas

tranquila mesmo.

tranquille du tout.

(escuta-se gritos lá fora... )

(on entend de grands cris au dehors…)

Aqui estão eles! Aqui estão eles!

Les voici! les voici!

Aqui está a quadrilha!

Voici la quadrille!

Aqui estão eles! Aqui estão eles!

Les voici! Les voici!

Sim, aqui está a quadrilha!

Oui les voici! Voici la quadrille!

A quadrilha de toureiros,

La quadrille des toreros,

sobre as lanças, brilha o sol,

sur les lances le soleil brille,

no ar, chapéus e sombreiros!

en l'air toques et sombreros!

Aqui estão eles, a quadrilha,

Les voici, voici la quadrille,

a quadrilha de toureiros, aqui estão

la quadrille des toreros,

eles! Aqui estão eles! Aqui estão eles!

les voici! Les voici! Les voici!

(desfile da Quadrilha)

(défilé de la Cuadrilla)

Aqui, desembocando na praça,

Voici, débouchant sur la place,

aqui, de início, marchando no passo,

voici, d'abord, marchant au pas,

Nº 25 Marcha e coro Marche et chœur

Crianças Enfants

Coro Chœur

Crianças Coro Enfants Chœur

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 154


Coro Chœur

Crianças Coro Enfants Chœur

o alguazil com sua cara feia,

l'alguazil à vilaine face,

abaixo! Abaixo! Abaixo! Abaixo!

À bas! À bas! À bas! À bas!

Abaixo o condestável! Abaixo!

À bas l'alguazil! À bas!

Abaixo! Abaixo! Abaixo! Abaixo!

À bas! À bas! À bas! À bas!

(entram os toureiros a pé e os

(entrée des chulos et des

bandarilheiros)

banderilleros)

Saudemos, então, de passagem,

Et puis saluons au passage,

saudemos os corajosos chulos,

saluons les hardis chulos,

bravo! Viva! Glória à coragem.

bravo! Viva! Gloire au courage.

Aqui estão os corajosos chulos!

Voici les hardis chulos!

Vejam os bandarilheiros!

Voyez les banderilleros!

Vejam que altivez!

voyez quel air de crânerie!

Vejam! Vejam! Vejam!

Voyez! Voyez! Voyez!

Qual distinção, e que brilho

Quels regards et de quel éclat

cintila o bordado

étincelle la broderie

de suas roupas de combate!

de leur costume de combat!

Aqui estão os bandarilheiros!

Voici les banderilleros!

(entrada dos picadores)

(entrée des picadors)

Uma outra quadrilha avança,

Une autre quadrille s'avance,

vejam os picadores! Como são

voyez les picadors! Comme ils sont

belos!

beaux!

Que vão com o ferro de suas lanças

Comme ils vont du fer de leur lance

afligir o flanco dos touros.

harceler le flanc des taureaux.

A espada! A espada!

L'Espada! L'Espada!

Escamillo! Escamillo!

Escamillo! Escamillo!

Escamillo! Escamillo!

Escamillo! Escamillo!

(enfim, aparece Escamillo, tendo

(paraît enfin Escamillo, ayant près

perto de si Carmen radiante e com

de lui Carmen radieuse et dans un

um vestido deslumbrante)

costume éclatant)

É a espada, a fina lâmina,

C'est l'Espada, la fine lame,


que a tudo põe um fim,

celui qui vient terminer tout,

que aparece ao final do drama

qui paraît à la fin du drame

e que desfere o último golpe.

et qui frappe le dernier coup.

Viva Escamillo! Viva Escamillo!

Vive Escamillo! Vive Escamillo!

Ah! Bravo! Aqui estão eles!

Ah! Bravo! Les voici!

Aqui está a quadrilha,

Voici la quadrille,

a quadrilha de toureiros!

La quadrille des toreros!

Sobre as lanças, brilha o sol.

Sur les lances le soleil brille.

No ar, no ar,

En l'air, en l'air,

no ar chapéus e sombreiros!

en l'air toques et sombreros!

Viva Escamillo!

Vive Escamillo!

Bravo! Viva! Bravo! Bravo!

Bravo! Viva! Bravo! Bravo!

(à Carmen)

(à Carmen)

Carmen, se você me ama,

Si tu m'aimes, Carmen,

em breve, você

tu pourras tout à l'heure

se orgulhará de mim.

Etre fière de moi.

Se você me ama! Se você me ama!

Si tu m'aimes! Si tu m'aimes!

Ah! Eu te amo, Escamillo,

Ah! Je t'aime, Escamillo,

eu te amo, e que eu morra

je t'aime et que je meure

se eu tiver amado alguém

si j'ai jamais aimé quelqu'un

como eu te amo.

autant que toi.

Ah! Eu te amo.

Ah! Je t'aime.

Si, eu te amo.

Oui, je t'aime.

Quatro alguazils

Abram alas! Abram alas!

Place! Place!

Quatre Alguazils

Abram alas para o prefeito!

Place au seigneur alcade!

(desfila lentamente, ao fundo, o

(défile très lentement au fond

prefeito, precedido e seguido por

l'alcade précédé et suivi des

alguazils. Neste ínterim,

alguazils. Pendant ce temps

Frasquita e Mercédès

Frasquita et Mercédès

aproximam-se de Carmen)

s'approchent de Carmen)

Escamillo

Carmen

Carmen Escamillo

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 156


Frasquita

Carmen

Mercédès

Carmen

Mercédès

Carmen

Frasquita

Carmen

Mercédès

Carmen

Frasquita

Carmen, um bom conselho,

Carmen, un bon conseil,

não fique aqui.

ne reste pas ici.

Por favor, por quê?

Et pourquoi, s'il te plaît?

Ele está aqui.

Il est là.

Quem?

Qui donc?

Ele,

Lui,

Don José ... escondido na multidão;

Don José ... dans la foule il se cache;

olhe bem.

regarde.

Sim, eu o vejo.

Oui, je le vois.

Fique atenta.

Prends garde.

Não sou mulher

Je ne suis pas femme

de tremer diante dele...

a trembler devant lui...

Eu o espero... E vou falar com ele.

Je l'attends... et je vais lui parler.

Carmen, escute-se,

Carmen, crois-moi,

fique atenta!

prends garde!

Não temo nada!

Je ne crains rien!

Tome cuidado!

Prends garde!

(o prefeito entra na arena. Atrás do

(l'alcade est entré dans le cirque.

prefeito, o cortejo com a quadrilha

Derrière l'alcade, le cortège de la

retoma sua marcha e entra na arena.

quadrille reprend sa marche et entre

A popular e tradicional paródia. A

dans le cirque. Le populaire skit. La

multidão, ao se retirar, deixa à mostra

foule en se retirant a dégagé Don

Don José. Carmen e Don José ficam

José. Carmen et Don José restent

sozinhos)

seuls)


Nº 26 Duo e coro final Duo et chœur final

Carmen

É você?

C'est toi?

José

Sou eu.

C'est moi.

Advertiram-me

L'on m'avait avertie

que você estava por perto,

que tu n'étais pas loin,

que você apareceria,

que tu devais venir,

advertiram-me mesmo,

l'on m'avait même dit

de temer por minha vida,

de craindre pour ma vie,

mas sou corajosa

mais je suis brave

e não quis fugir.

et n'ai pas voulu fuir.

Eu não ameaço, eu imploro,

Je ne menace pas, j'implore,

eu suplico;

je supplie;

Nosso passado, Carmen,

Notre passé, Carmen,

nosso passado, eu o esqueço,

notre passé je l'oublie,

sim, nós vamos juntos

oui, nous allons tous deux

começar uma outra vida,

commencer une autre vie,

longe daqui, debaixo de outro céu.

loin d'ici, sous d'autres cieux.

Você me pede o impossível,

Tu demandes l'impossible,

Carmen não mente jamais,

Carmen jamais n'a menti,

sua alma é impassível,

son âme reste inflexible,

entre ela e você... está acabado.

entre elle et toi... c’est fini.

Jamais menti,

Jamais je n'ai menti;

entre nós... está tudo acabado.

entre nous... c’est fini.

Carmen, ainda há tempo,

Carmen, Il en est temps encore,

sim, ainda há tempo...

oui, il est temps encore...

Oh! minha Carmen, deixe-me

O ma Carmen, laisse-moi

salvá-la, você que eu adoro,

te sauver, toi que j'adore,

Carmen

José

Carmen

José

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 158


Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

e me salvar com você.

et me sauver avec toi.

Não, eu sei bem que é o momento,

Non, je sais bien que c'est l'heure,

eu sei bem que você me matará.

je sais bien que tu me tueras.

Mas que eu viva ou que eu morra

Mais que je vive ou que je meure

Não! Não! Não! Eu não cederei.

Non! Non! Non! Je ne céderai pas.

Ah! Ainda há tempo.

Ah! Il est temps encore.

Sim, ainda há tempo...

Oui, il est temps encore...

Oh! Minha Carmen, deixe-me salvá-la,

Ô ma Carmen, laisse-moi te sauver,

você que eu adoro!

toi que j'adore!

Ah! Deixe-me salvá-la

Ah laisse-moi te sauver

e me salvar com você,

et me sauver avec toi,

oh! Minha Carmen, ainda há tempo...

o ma Carmen, il est temps encore...

Ah! Deixe-me salvá-la, Carmen,

Ah! Laisse-moi te sauver, Carmen,

ah! Deixe-me salvá-la, você que eu

ah laisse-moi te sauver, toi que

adoro!

j'adore!

E me salvar com você!

Et me sauver avec toi!

Por que ainda se preocupar

Pourquoi t'occuper encore

Com um coração que não é mais seu?

D'un cœur qui n'est plus à toi?

Não, este coração não lhe pertence mais.

Non, ce cœur n'est plus à toi.

Em vão você diz “Eu te adoro”!

En vain, tu dis “Je t'adore”!

Não conseguirá nada, nada de mim,

Tu n'obtiendras rien, non rien de moi,

ah! É em vão...

ah! C'est en vain...

Não conseguirá nada de mim!

Tu n'obtiendras rien de moi!

Então, você não me ama mais?

Tu ne m'aimes donc plus?

Não, não te amo.

Non, je ne t'aime plus.

Mas eu, Carmen, eu ainda te amo;

Mais moi, Carmen, je t'aime encore;

Carmen, Carmen, eu te adoro.

Carmen, Carmen, moi je t'adore.

Por que disso tudo? Apenas

A quoi bon tout cela? Que de


José

Carmen

Coro Chœur

palavras supérfluas!

mots superflus!

Carmen, eu te amo, eu te adoro!

Carmen, je t'aime, je t'adore!

Bem, se preciso for, para agradá-la,

Eh bien, s'il le faut, pour te plaire,

continuarei bandido, tudo o que

je resterai bandit, tout ce que tu

você quiser,

voudras,

tudo, está me ouvindo? Tudo.

tout, tu m'entends, tout,

Está me ouvindo... Tudo.

tu m'entends... Tout.

Mas não me deixe,

Mais ne me quitte pas,

oh! Minha Carmen.

o ma Carmen.

Ah! Lembre-se, lembre-se de nosso

Ah! Souviens-toi, souviens-toi du

passado!

passé!

Nós nos amávamos outrora!

Nous nous aimions naguère!

Ah! Não me deixe, Carmen,

Ah! Ne me quitte pas, Carmen,

ah não me deixe!

ah ne me quitte pas!

Carmen nunca cederá,

Jamais Carmen ne cédera,

livre ela nasceu

libre elle est née

e livre morrerá.

et libre elle mourra.

(na arena)

(dans le cirque)

Viva! Viva! A corrida esta bonita.

Viva! Viva! La course est belle.

Sobre o sangue que escorre,

Sur le sable sanglant

o touro, que afligimos,

le taureau, qu'on harcèle

lança-se em saltos.

s'élance en bondissant.

Viva! Bravo! Vitória!

Viva! Bravo! Victoire!

(os dois escutam... ao ouvirem os

(tous deux écoutent... en entendant

gritos de “Vitória, vitória”, Carmen

les cris de “Victoire, victoire”, Carmen

deixa escapar um “Ah!” de orgulho

a laissé échapper un “Ah!” d'orgueil

e alegria... Don José não perde

et de joie... Don José ne perd pas

Carmen de vista... o coro termina,

Carmen de vue... Le chœur terminé,

Carmen dá um passo em direção à

Carmen fait un pas du côté du

arena)

cirque)

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José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

José

Carmen

Coro Chœur

José

(colocando-se na frente dela)

(se plaçant devant elle)

Onde você vai?

Où vas-tu?

Me deixe.

Laisse-moi.

Este homem aclamado,

Cet homme qu'on acclame,

é o seu novo amante!

c'est ton nouvel amant!

(querendo passar)

(voulant passer)

Deixe-me... Deixe-me.

Laisse-moi... Laisse-moi.

Sobre minha alma

Sur mon âme,

você não passará,

tu ne passeras pas,

Carmen, é a mim que você seguirá!

Carmen, c'est moi que tu suivras!

Deixe-me, Don José!

Laisse-moi, Don José!

Eu não o seguirei.

Je ne te suivrai pas.

Você vai encontrá-lo, confesse...

Tu vas le retrouver, dis... Tu l'aimes

Então, você o ama?

donc?

Eu o amo, eu o amo, e mesmo

Je l'aime, je l'aime, et devant la mort

diante da morte,

même,

eu repetirei que eu o amo.

je répéterai que je l'aime.

(na arena)

(dans le cirque)

Viva! Bravo! Vitória!

Viva! Bravo! Victoire!

Atingido no coração!

Frappé juste en plein coeur!

O touro morre!

Le taureau tombe!

Glória ao toureiro vencedor!

Gloire au Toréador vainqueur!

Vitória!

Victoire!

Assim, a salvação de minha alma,

Ainsi, le salut de mon âme,

eu a terei perdido para que você,

je l'aurai perdu pour que toi,

para que você se vá, infame!

pour que tu t'en ailles, infâme!


Carmen

José

Carmen

Coro Chœur

José

Carmen

José

Coro Chœur

Coro Chœur

Entre seus braços, rir de mim.

Entre ses bras, rire de moi.

Não, pelo sangue, você não irá,

Non, par le sang, tu n'iras pas,

Carmen, é a mim que você seguirá!

Carmen, c'est moi que tu suivras!

Não! Não! Jamais!

Non! Non! Jamais!

Estou cansado de ameaçá-la.

Je suis las de te menacer.

Bem! Acerte-me então

Eh bien! Frappe-moi donc

ou deixe-se passar.

ou laisse-moi passer.

(na arena)

(dans le cirque)

Vitória!

Victoire!

Pela última vez, demônio,

Pour la dernière fois, démon,

você quer me seguir?

veux-tu me suivre?

Não! Não!

Non! Non!

Outrora, este anel

Cette bague autrefois

você me deu, tome.

tu me l'avais donnée, tiens.

(ela o joga)

(elle la jette à la volée)

Bem, maldita...

Eh bien, damnée...

(atingindo-a)

(la frappant)

(na arena)

(dans le cirque)

Vitória! Bravo!

Victoire! Bravo!

(Carmen cai e morre)

(Carmen tombe et meurt)

(na arena)

(dans le cirque)

Toureiro, em posição,

Toréador, en garde,

toureiro, toureiro,

toreador, toreador,

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José

e lembre-se bem ao lutar

et songe bien, oui songe en combattant

que um olho negro o mira

qu'un oeil noir te regarde

e que o amor o espera,

et que l'amour t'attend,

toureiro, o amor,

toréador, l'amour

o amor o espera!

l'amour t'attend!

(a cortina se abre: aparece Escamillo

(le vélum s’ouvre: paraît Escamillo

cercado pela multidão que o aclama,

entouré de la foule qui l’acclame,

entram Mércèdes, Frasquita, Zuniga

entre elle Mercédès, Frasquita,

e Andrés. Escamillo vê Carmen

Zuniga, Andrès. Escamillo apercevoit

estendida, morta no chão)

Carmen étendue morte par terre)

Vocês podem me prender.

Vous pouvez m'arrêter.

Fui eu quem a matou.

C'est moi qui l'ai tuée.

Ah! Carmen! Minha adorada Carmen!

Ah! Carmen! Ma Carmen adorée!


Filippo Tonon

Ram贸n Tebar

Juan Guillermo Nova

Matilde Rubio

Giuseppe Cangemi

Cristina Aceti

Bruno Greco Facio

Silmara Drezza

Caetano Vilela

Rinat Shaham

Luisa Francesconi

Thiago Arancam


Francis Dudziak

Marta Torbidoni

Andrea Aguilar

Lana Kos

Rodolphe Briand

David Marcondes

Massimiliano Catellani

Rodrigo Esteves

Fernando Portari

Malena Dayen

Norbert Steidl

VinĂ­cius Atique


Orquestra

A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Sinfônica

remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-

Municipal

nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de

de São Paulo

São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.

Coro Lírico

O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por

Municipal

iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do

de São Paulo

Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello Mechetti e Fábio Mechetti. Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997. Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno Greco Facio.

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O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Baccarelli

Coral da Gente do

para crianças e adolescentes, de 4 a 14 anos, da comunidade

Instituto Baccarelli

Heliópolis e região. O programa oferece aulas de técnica vocal, postura, respiração, expressão cênica, percepção e teoria musical, compondo uma sólida base para a formação de músicos. Ministradas por professores altamente qualificados, as atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, visando aprendizado e formação que contemplem o desenvolvimento de valores para a vida em sociedade. Com um repertório diversificado, os corais do Instituto Baccarelli já realizaram apresentações em importantes espaços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam: Sala São Paulo, Teatro Alfa, Theatro Municipal de São Paulo, Obelisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de São Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.


Balé da Cidade

O Balé da Cidade de São Paulo foi criado em 07 de Fevereiro

de São Paulo

de 1968, com o nome de Corpo de Baile Municipal. Inicialmente com a proposta de acompanhar as óperas do Theatro Municipal e se apresentar com obras do repertório clássico, teve Johnny Franklin como seu primeiro diretor artístico. Em 1974, sob a direção de Antonio Carlos Cardoso, a companhia assumiu o perfil de dança contemporânea, que mantém até hoje. A partir daí tornou-se presença destacada no cenário da dança sul-americana, marcando época por inovar na linguagem e mostrar ao público um elenco afinado. Em 25 de Setembro de 1981, passou a se chamar Balé da Cidade de São Paulo. Nos anos 80, o experimentalismo marcou a trajetória da companhia. Os bailarinos eram encorajados a contribuir com suas próprias ideias coreográficas, que resultaram em trabalhos marcantes. A bem-sucedida carreira internacional da companhia teve início com a participação na Bienal de Dança de Lyon, França, em 1996. Desde então suas turnês europeias têm sido aclamadas tanto pela crítica especializada quanto pelo público de todos os grandes teatros onde se apresenta. Desde 2001, a atuação do Balé da Cidade de São Paulo se estende também a programas de formação de plateia e de ações culturais paralelas, principalmente em mostras didáticas pela cidade de São Paulo, partilhando seu patrimônio artístico com a população da cidade. A longevidade do Balé da Cidade de São Paulo, o rigor e padrão técnico do elenco e equipe artística, atraem os mais importantes coreógrafos brasileiros e internacionais, interessados em criar obras para seus bailarinos e artistas.

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Nascido em Valência, Ramón Tebar é, desde 2011, o diretor

Ramón Tebar

artístico da Florida Grand Opera de Miami. Já trabalhou com

Regente

solistas como Joshua Bell, Gautier Capuçon, Daniil Trifonov e Narek Haghnazarian, e cantores como Plácido Domingo, Montserrat Caballé, Renata Scotto, Angela Gheorghiu, Teresa Berganza, Ileana Cotrubas, Ben Heppner, Roberto Alagna, Maria Guleghina, Mariella Devia e Virginia Zeani. Regeu importantes grupos como a Orchestra Internazionale d'Italia, a Sinfônica de Cagliari, a Sinfônica de Bari e a do Teatro Regio de Turim, na Itália; a Orquestra Sinfônica Estatal de Moscou e a Sinfônica de São Petersburgo, na Rússia; a Orquesta da Concertgebouw de Amsterdã; a Filarmônica de Colônia; Orquesta de la Radio Television Española; a Orquesta do Teatro Colón de Buenos Aires, dentre outras. Destacam–se em seu repertório operístico a regência de Ifigênia em Táuris de Gluck; I Puritani e La Sonnambula de Bellini; A Italiana em Argel de Rossini; Lucia di Lammermoor de Donizetti; Rigoletto, La Traviata e Nabucco de Verdi; Madama Butterfly, Turandot, La Rondine, La Bohème e Tosca de Puccini; Thaïs de Jules Massenet; Maria de Buenos Aires de Astor Piazzolla e La Vida Breve de Manuel de Falla.

Formado em arquitetura e cenografia pela Universidade de

Filippo Tonon

Veneza e em canto lírico pelo Conservatorio di Musica de Vi-

Diretor Cênico

cenza, desde 2002 é diretor assistente da Fondazione Arena di Verona. Trabalhou em produções de Aida, Nabucco, Rigoletto, Il Trovatore, Simon Boccanegra, Don Carlo e Ernani de Verdi; Carmen de Bizet; Tosca, Madama Butterfly, La Bohème e Turandot de Puccini; La Gioconda de Ponchielli; Anna Bolena de Donizetti; O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Romeu e Julieta de Gounod; e Don Giovanni de Mozart. Trabalhou com Franco Zeffirelli, Gianfranco De Bosio, Pierluigi Pizzi, Hugo De Ana, Mariella Devia, Giovanna Casolla, Fiorenza Cedo-


lins, Dolora Zajick, Sonia Ganassi, Salvatore Licitra, Marcelo Alvarez, José Cura e Leo Nucci, dentre outros. Paralelamente, foi assistente na direção de produções como O Rapto do Serralho, com direção de Giorgio Strehler, nos teatros de São Carlos de Lisboa e Kursaal de São Sebastião, Espanha. Foi o cenógrafo de Una Notte nel Bosco, para a Fondazione Arena di Verona, Il Parlatore Eterno, em Lecco, Bastien und Bastienne, em Milão, e Sonho de uma Noite de Verão para o Teatro Filarmonico di Verona, Maggio Musicale de Florença e Teatro Comunale de Bolonha. Participou ainda de montagens em Madri, Savona e Cremona. É docente de artes cênicas na Accademia di Formazione Artistica Kairòs e de cenotécnica no Polo Nazionale Artistico di Alta Specializzazione sul Teatro Musicale e Coreutico da Operacademy, ambas em Verona.

Juan Guillermo Nova

Nascido em Jerez de la Frontera, Espanha, Juan Guillermo

Cenógrafo

Nova é formado pela antiga Escola de Arte de Santo Domingo, em história da arte e desenho técnico e artístico, e pela Escuela Trazos, em pós–produção digital e projeção 3D. Começou a carreira no Teatro Real de Madri, colaborou com produções operísticas de Hugo De Ana, como assistente cênico, e em seguida como cenógrafo titular. Trabalhou na montagem de Fausto de Charles Gounod no Teatro Regio de Parma; em Tosca de Puccini na Arena de Verona; em La Bohème de Puccini no Teatro Colón de Buenos Aires; no balé Don Quixote, em a Viúva Alegre de Franz Lehár e em O Elixir do Amor de Donizetti, na Eslovênia; e em A Força do Destino de Verdi na Opéra Royal de Wallonie, em Liège, Bélgica. Em 2012 trabalhou em Don Giovanni de Mozart no Teatro Municipal de Santiago, no Chile, e, em 2013, foi o cenógrafo de Jupyra e Cavalleria Rusticana, no Theatro Municipal de São Paulo.

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Giuseppe Cangemi nasceu em Palermo e graduou-se com

Giuseppe Cangemi

máximo louvor em arquitetura na LAS de Verona. Em Ma-

Cenógrafo

dri, freqüentou cursos de desenho gráfico e técnico na es-

Colaborador

cola AZPE. Começou a trabalhar no teatro como assistente de cenografia de Juan Guillermo Nova, participando da produção de balés e óperas, entre os quais La Forza del Destino, La Bayadère, Giselle e Don Quixote, em teatros da Eslovênia e de Roma. Em 2011, realizou a produção de adereços e objetos cênicos para a encenação de Boris Godunov, dirigido por Hugo de Ana e apresentado em Santiago e Palermo. Em 2012, colaborou com a produção de Don Giovanni para o Teatro Municipal de Santiago do Chile, recentemente encenada em São Paulo.

Formada pela Accademia del Belle Arti di Brera, em Milão,

Cristina Aceti

Cristina Aceti venceu, em 2000, o concurso de especializa-

Figurinista

ção Cenógrafos & Figurinistas Realizadores do Teatro alla Scala de Milão. Em 2001, assinou as primeiras produções como figurinista nos teatros de Zagreb, na Croácia; Novi Sad, na Sérvia, Potsdam, na Alemanha, e em Genebra, na Suíça; em títulos como La Sonnambula e Os Capuleto e os Montéquio de Bellini; Simon Boccanegra e Um Baile de Máscaras de Verdi; La Bohème de Puccini; Don Giovanni de Mozart, dentre outros títulos. Em 2006, trabalhou no Japão, em uma importante turnê, como responsável pela alfaiataria do Teatro Donizetti de Bergamo. Naquele mesmo ano, foi a figurinista de Il Trovatore no Festival de Avenches, na Suíça. Na Itália, realizou diversos projetos em teatros como o Regio de Turim, o Verdi de Trieste e o Massimo de Palermo. Em 2008, o encontro com Hugo De Ana fez nascer uma colaboração que perdura até hoje, passando por vários teatros pelo mundo.


Caetano Vilela

Encenador e iluminador, seu nome ganhou destaque no

Desenho de luz

mundo da ópera tendo realizado dezenas de produções em importantes teatros no Brasil e no exterior. Dentre as óperas que dirigiu, destacam–se The Fall of the House of Usher de Phillip Glass, Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk de Shostakovich, Ariadne em Naxos de Richard Strauss, As Troianas de Berlioz e a estreia mundial da ópera Ça Ira do compositor e fundador do Pink Floyd Roger Waters. Iluminou o musical The Sound of Music, sob a direção de Emilio Sagi, para a temporada 2009–2010, no Théâtre Du Châtelet, em Paris. Em 2013, ano do bicentenário de Richard Wagner, iluminou Tannhäuser, sob a regência de Gustavo Dudamel, para a temporada de ópera em Bogotá; e dirigiu e iluminou, para o Festival de Ópera do Theatro da Paz, a ópera O Navio Fantasma, destaque na crítica especializada como uma das melhores produções do ano. Em 2014, segue com a parceria com o Festival de Ópera do Theatro da Paz, onde será responsável pela encenação e iluminação da ópera Mefistofele de Arrigo Boito.

Matilde Rubio

Nascida em Múrcia, Espanha, Matilde Rubio é coreógrafa e

Coreógrafa

diretora artística da Compañía de Danza Carmen y Matilde Rubio – Ballet Español de Murcia, professora de dança espanhola e flamenco do Conservatório de Murcia e professora associada do Instituto Alicia Alonso da Universidad Rey Juan Carlos de Madrid. Estudou no Conservatorio Profesional de Danza de Córdoba, na Espanha, e também em Madri, onde estudou com Paco Romero, Merche Esmeralda, Marienma, Ciro, Paco Azorín e Jose Antonio Ruiz, dentre outros. Em sua carreira de docente, foi convidada a dirigir stages de dança na Espanha e em outros países. Participou de montagens em Pequim, Madri, Benicasim, Alicante, Múrcia e festivais na Jordânia e na França. No universo operístico,

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criou a coreografia para Carmen de Bizet, A Força do Destino de Verdi e La Vida Breve de Manuel de Falla.

Paulistano, graduado em composição e regência pelas Fa-

Bruno Greco Facio

culdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orien-

Regente do Coro Lírico

tação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi

Municipal de São Paulo

Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Durante 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.

Silmara Drezza iniciou os estudos de música aos cinco anos

Silmara Drezza

na Associação de Música Pio X, onde também atuou como

Regente do Coral

regente de 1996 a 2010. Estudou Pedagogia Musical Infantil

da Gente

na École de Musique Martenot, em Paris, e cursou regência coral na Butler University (EUA), com o maestro Henry Leck. Foi aluna de regência do Professor Doutor Jocelei Bohrer (Faculdade de Música Carlos Gomes) e Eduardo Ostergreen (Unicamp). Formou-se em Licenciatura Plena em Música pela Faculdade de Música Carlos Gomes, em São Paulo, e em piano pelo Instituto Gomes Cardim em Campinas. No exterior, participou do Creating Artistry na Butler University, sob orientação do maestro Henry Leck (EUA), do Curso de inverno para regentes de coral infantil, com o ma-


estro Jean Jacques Margueritat (França) e do II Taller Internacional de Regência Coral com Maria Guinand e Alberto Grau (Venezuela). Silmara é regente fundadora do Coral Infanto-juvenil ThyssenKrupp e regente do Instituto Baccarelli desde 2002, onde também ocupa o cargo de coordenadora pedagógica da área coral desde 2009.

Rinat Shaham

Nascida em Haifa, Israel, a mezzo–soprano Rinat Shaham

Mezzo–Soprano

é formada pelo Curtis Institute of Music, nos Estados Unidos. Aclamada no mundo todo por suas apresentações operísticas e em concertos, é reconhecida internacionalmente como uma das melhores intérpretes de Carmen da atualidade, tendo se apresentado neste papel em teatros de Viena, Roma, Berlim, Munique, Stuttgart, Colônia, Baden Baden, Lisboa, Toronto, Vancouver, Montreal, Tel Aviv, Hong Kong e de cidades dos Estados Unidos. Neste ano, participou de uma montagem de Carmen em Hamburgo e se apresenta pela primeira vez no Brasil. Além de Carmen, Rinat interpretou outros papéis como Dido, em Dido e Enéias, de Henry Purcell, no Festival de Aix– em–Provence; Melisanda em Pelléas et Mélisande de Claude Debussy, em Berlim; Rosina em O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Charlotte em Werther de Jules Massenet, na Filadélfia; e Dorabella em Così fan Tutte de Mozart. Em 2014, se apresentará como Dona Elvira em Don Giovanni de Mozart, em Bruxelas.

Luisa Francesconi

A mezzo–soprano brasileira Luisa Francesconi estudou com

Mezzo–Soprano

a professora Rita Patané, em Milão. Iniciou a carreira no Teatro Nacional de Brasília, como Kate Pinkerton em Madama Butterfly, como Flora em La Traviata, de Verdi e em Carmen de Bizet, como Mercédès.

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Nos últimos anos interpretou Orfeu em Orfeu e Eurídice de Gluck; Dorabella em Così fan Tutte, Idamante em Idomeneu, Cherubino em As Bodas de Fígaro, Zerlina em Don Giovanni, a Segunda Dama em A Flauta Mágica de Mozart; Rosina em O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Maddalena em Rigoletto de Verdi; La Ciesca em Gianni Schicchi de Puccini; o papel principal em Carmen de Bizet; Charlotte em Werther de Massenet; Siegrune em As Valkirias de Wagner; Oberon em Sonho de Uma Noite de Verão de Britten; A Princesa Clarice em O Amor das Três Laranjas de Prokofiev, dentre outros. Apresentou–se em importantes teatros no mundo todo, com grandes maestros como Ira Levin, Heinz Hollinger, Claus Peter Flor, John Neschling, Isaac Karabtchevsky, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Abel Rocha e diretores cênicos como Pier Francesco Maestrini, Felipe Hirsch e André Heller-Lopes.

Em 2004, Thiago Arancam conquistou o Prêmio Revelação

Thiago Arancam

do V Concurso Internacional Bidu Sayão e começou a fre-

Tenor

quentar a Accademia di Canto Lirico do Teatro alla Scala, de Milão. Naquele mesmo ano, estreou em concerto lírico no alla Scala e, desde então, participa de concertos e produções de ópera naquele teatro. Em 2007, esteou na ópera Le Villi de Puccini e no ano seguinte ganhou três prêmios no concurso lírico internacional Operalia 2008, organizado por Plácido Domingo, interpretando Don José em Carmen na Washington National Opera. Nos anos seguintes, apresentou-se como Ismaele em Nabucco, Radamés em Aida de Verdi; Cavaradossi em Tosca, Pinkerton em Madama Butterfly, Luigi em Il Tabarro e Chevalier des Grieux em Manon Lescaut de Puccini; Turiddu em Cavalleria Rusticana de Mascagni; Canio em I Pagliacci de Leoncavallo; Christian em Cyrano de Bergerac de Franco Alfano, ao lado de Plácido Domingo; além de Don José em Carmen de Bizet em vários teatros.


Apresentou-se com importantes maestros e orquestras como a Wiener Staatsoper, Bolshoi de Moscou Deutsche Oper, Bayerische Staatoper de Munique, SemperOper de Dresden, Hamburg Staatsoper, Berlin Staatsoper, Royal Swedish Opera, Orchestre National de France, Swedish Radio Symphony Orchestra, regido por Daniel Harding, e a Orquestra do Teatro Colón de Buenos Aires.

Fernando Portari

Com uma carreira internacional em franca ascensão, Fer-

Tenor

nando Portari estreou em 2010 com grande sucesso no mítico alla Scala de Milão em Fausto de Gounod, ao lado de Roberto Scandiuzzi. Recentemente esteve ao lado de Anna Netrebko na Staatsoper de Berlim, na ópera Manon de Massenet, sob a direção do maestro Daniel Barenboim. Apresentou–se nos teatros La Fenice de Veneza, na Ópera de Roma, no Teatro São Carlos de Lisboa, na Deutsche Oper de Berlim, além de Tóquio, Helsinki e Varsóvia. Atuou ainda em Anna Bolena, com Mariella Devia, no Teatro Massimo de Palermo, e em La Traviata de Verdi na Opera de Hamburgo e em Colônia. Apresentou-se em La Bohème em Berlim e em Sevilha, e representou Werther de Massenet no Teatro Bellini de Catania e em La Coruña. Em 2011, debutou na Ópera de Genebra interpretando Henri em Les Vepres Siciliennes, de Verdi, e no Teatro Liceo de Barcelona no papel principal em Fausto de Gounod.

Rodrigo Esteves

Aclamado pela beleza de sua voz e rica expressão de suas

Barítono

interpretações, tem intensa carreira internacional, brilhando nos palcos de Madri, Bilbao, Valencia, Tóquio, Monte Carlo, Mallorca, Pamplona, Sicilia, Cagliari, Buenos Aires, Spoleto, Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Belo Horizonte, Belém, entre outros. Venceu por duas vezes o Prêmio Carlos Go-

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mes como melhor cantor e gravou na Espanha pela EMI e RTVE e, no Brasil, pela Algol e Biscoito Fino. Representou papéis principais em óperas como Don Carlo, Nabucco, Macbeth, Fastaff, Um Baile de Máscaras, Il Trovatore, La Traviata, de Verdi; Fausto, Romeu e Julieta, de Charles Gounod; I Pagliacci, de Leoncavallo; La Bohème e Tosca, de Puccini; O Cavaleiro da Rosa, de Richard Strauss; e Canções das Crianças Mortas e A Canção da Terra, de Gustav Mahler.

Mineiro de Belo Horizonte, David Marcondes tem uma car-

David Marcondes

reira de mais de uma década na ópera. Após estrear em

Barítono

2000 como Jake em Porgy and Bess, foi Fígaro em O Barbeiro de Sevilha, Macbeth no Theatro São Pedro, Alfio em Cavalleria Rusticana com a OSM, Marullo em Rigoletto no TMSP e Ismael em Anjo Negro de João Guilherme Ripper com a OSB Ópera & Repertório. Interpretou ainda o Conde de Luna em Il Trovatore, Amonasro em Aida, o papel principal de Nabucco, Enrico em Lucia de Lammermoor, Escamillo em Carmen e Schaunard em La Bohème. Foi solista em festivais na Espanha, Itália e França; recebeu prêmios, como o de Revelação Vocal e o 1º lugar masculino no Concurso Internacional Maria Callas; 1º lugar nacional, 2º lugar internacional e o prêmio de júri popular do Concurso Internacional Bidu Sayão, e foi homenageado como personalidade do ano e destaque de 2008 em música erudita pela Assembléia Legislativa de São Paulo. David Marcondes se aperfeiçoou em canto na UFMG, com Amin Feres, integrou os grupos Ópera Estadium e o Coral ARS Nova, e hoje é cantor do Coro Lírico Municipal de São Paulo.


Lana Kos

Em 2002, a croata Lana Kos estreou em Zagreb no papel

Soprano

de Rainha da Noite em A Flauta Mágica. Interpretou, em 2005, no Teatro Bolshoi, Natasha Rostova em Guerra e Paz de Prokofiev, com regência de Mstislav Rostropovich. Três anos mais tarde, interpretou Violetta em La Traviata de Verdi, a Raposa em A Raposinha Esperta de Janácek e Gretel em Hänsel und Gretel de Humperdinck, essa última com a Bayerische Staatoper de Munique. Lana se apresentou com importantes maestros como Daniele Gatti, Nicola Luisotti, Kent Nagano, Kirill Petrenko, Carlo Rizzi e com o diretor cênico Hugo De Ana; e em grandes teatros como a Arena de Verona, o Teatro Massimo de Palermo e a New Israeli Opera. Nos últimos anos, Lana Kos participou de montagens de Lucia di Lammermoor de Donizetti e Der Zarewitsch de Franz Lehár; interpretou Mimì em La Bohème de Puccini; Julieta em Romeu e Julieta de Gounod; Micaëla em Carmen de Bizet; o papel principal em Manon Lescaut de Puccini; e Desdemona em Otello de Verdi.

Andrea Aguilar

Após ter estudado em instituições no Chile e na Espanha, a chi-

Soprano

lena Andrea Aguilar interpretou diversos papéis, dentre os quais se destacam Giannetta em O Elixir do Amor de Donizetti; Lucia em The Rape of Lucretia de Britten; Pamina e uma das Damas em A Flauta Mágica e Fiordiligi e Dorabella em Così fan Tutte de Mozart; Echo em Ariadne em Naxos de Strauss; Nella em Gianni Schicchi de Puccini; e Proserpina em Orfeu de Monteverdi. Dentre os oratórios e música sacra, destacam-se O Messias de Händel; Magnificat, Oratório de Páscoa e a Missa em Si Menor de Johann Sebastian Bach; Réquiem e a Missa da Coroação de Mozart; Magnificat de Mendelssohn; Missa Solemnis Santa Cecilia de Charles Gounod; Um Réquiem Alemão de Brahms; Missa em Dó Maior de Beethoven; e a Missa Solemnis N. 2 de Cherubini.

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Trabalhou com regentes como Juan Manuel Quintana, Néstor Zadoff, Francisco Rettig, José Luis Domínguez, Víctor Alarcón, Pedro Pablo Prudencio, Eduardo Browne, David Haendel, Carlos Aransay, Rani Calderón, Julian Kuerti e Antonello Allemandi.

Formada pelo Conservatório Giovanni Battista Pergolesi de

Marta Torbidoni

Fermo, Marta Torbidoni estreou em 2010 como Orfeu na

Soprano

primeira audição da cantata Chiuso nel Centro, Orfeo de Luciano Di Giandomenico. Foi ainda Livietta em Livietta e Tracollo de Pergolesi; a Condessa de Almaviva em As Bodas de Fígaro de Mozart; e Serafina em Il Campanello de Donizetti. No ano seguinte, foi solista no oratório Jephte de Giacomo Carissimi, na Basilica di Santa Maria degli Angeli em Assis, Isabella em A Decepção Afortunada de Rossini; e Donna Elvira em Don Giovanni de Mozart. No mesmo ano, foi admitida no Opera Studio da Accademia Nazionale di Santa Cecilia de Roma, onde estuda até hoje. Em 2012, estreou como Violetta em La Traviata de Verdi e foi solista em As Quatro Últimas Canções de Richard Strauss e na Nona Sinfonia de Beethoven. No ano passado, interpretou Ariadne em Ariadne em Naxos de Strauss, o papel principal em Anna Bolena de Donizetti e Gilda em Rigoletto de Verdi.

Reconhecida pelo New York Times como memorável pela

Malena Dayen

performance no Carnegie Hall em 2013, a mezzo–soprano

Mezzo–Soprano

argentina Malena Dayen fez sua estreia como Carmen com a Natchez Opera Festival, repetindo o papel com a New York Lyric Opera e o International Vocal Arts Institute. Em seu repertório destacam–se Romeu em Os Capuleto e os Montéquio e Adalgisa em Norma de Bellini; Rosina em O Barbeiro de Sevilha de Rossini; Dorabella em Così fan


Tutte e Sesto em A Clemência de Tito de Mozart; e María em María de Buenos Aires de Astor Piazzolla. Requisitada por compositores contemporâneos, recentemente atuou na estreia de The Blizzard Voices de Paul Moravec, e no Réquiem de Bradley Ellingboe, no Carnegie Hall. Interpretou ainda Aia na estreia mundial de Fedra e Hipólito, de Christopher Park, no Palácio das Artes de Belo Horizonte. Com a Oratório Society of New York, excursionou pela Hungria, Itália e Brasil. Apresentou–se com a Orquestra do Teatro Colón de Buenos Aires, a Orquestra de Câmara Israelita e a Orquestra Sinfónica de Porto Rico.

Francis Dudziak

Nascido em Valenciennes, no Norte da França, Francis Dudziak

Tenor

é formado pelo Conservatoire National Supérieur de Paris. O talento para a comédia faz de Dudziak um excelente intérprete de Offenbach, em papéis como o Barão em A Vida Parisiense, Calcas em A Bela Helena, Júpiter em Orfeu no Inferno e Barão de Campo–Tasso em Les Brigands. Suas reconhecidas qualidades no repertório francês lhe abriram as portas de grandes teatros internacionais, como o alla Scala de Milão e o La Fenice de Veneza, além de importantes teatros franceses, como o Opéra Garnier, Opéra Bastille, em Paris, e de outras cidades como Marseille e Avignon. Já se apresentou com maestros como John Eliot Gardiner, Daniel Barenboim e Gustavo Dudamel; e interpretou papéis como Hermann e Schlémil em Os Contos de Hoffmann de Offenbach; Brétigny em Manon de Massenet; Kromow em A Viúva Alegre de Lehár; e Hortensius em A Filha do Regimento de Donizetti. Além da atividade cênica, é professor de canto da École Normale de Musique de Paris.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 180


O tenor francês Rodolphe Briand começou a carreira como

Rodolphe Briand

ator, cantor e diretor da companhia de teatro Les Galas Pa-

Tenor

nique. Em 1994, entrou para o Centre de Formation Lyrique de l'Opéra National de Paris e, desde então, participou de várias produções operísticas e interpretou papéis como Monostatos em A Flauta Mágica, Basilio e Curzio em As Bodas de Fígaro de Mozart; Trabucco em A Força do Destino e Bardolfo em Falstaff de Verdi; Altum em Turandot e Goro em Madama Butterfly de Puccini; Remendado em Carmen de Bizet; Andrès, Cochenille, Frantz e Pitichinaccio em Os Contos de Hoffmann e Falsacappa em Les Brigands de Offenbach; Guillot de Morfontaine em Manon de Massenet; Paillasse em Les Saltimbanques de Louis Ganne; Alfred em O Morcego de Richard Strauss; e Triquet em Yevgeniy Onegin de Tchaikovsky. Se apresentou em importantes teatros como o da Bayerischer Rundfunkorchester, Teatro alla Scala de Milão, Teatro Massimo de Palermo, Opéra Royal de Wallonie de Liège, Opéra de Paris, Opéra National du Rhin de Estrasburgo, Grand Théâtre de Genebra, dentre outros.

Formado pela Accademia Musicale Chigiana di Siena, Mas-

Massimiliano Catellani

similiano Catellani estreou no papel de Papa Leão I em Attila

Baixo

de Verdi, no Teatro Regio de Parma; na sequência participou de La Traviata como Dottor Grenvil e como Sparafucile em Rigoletto de Verdi. Em 2010, participou da produção do filme da ópera Rigoletto, ao lado de Plácido Domingo, com direção de Marco Bellocchio e regência de Zubin Metha. Em 2011, interpretou o papel de Simone em Gianni Schicci, de Giacomo Puccini, e Monterone em Rigoletto de Verdi; no ano seguinte participou da montagem de Tosca, de Puccini, no Teatro Regio de Parma, no papel de Angelotti. No início de 2012, recebeu uma bolsa de estudos da Fondazione Aimaro Bertasi para participar de curso com direção artística e técnica de Alberto Gazale. Em abril de


2012, se apresentou com Alberto Gazale e Elena Lo Forte em concerto no Teatro Filarmonico de Verona, e em agosto do mesmo ano estreou no papel de Zuniga em Carmen de Bizet, no Auditorium La Verdi de Milão.

Norbert Steidl

Nascido em Lienz, Áustria, em 1977, Norbert Steidl é mestre

Barítono

em canto pela Universidade Mozarteum de Salzburgo e recebeu o prêmio Hanna Ludwig de melhor cantor austríaco formando no ano. Em 2006, participou do Festival de Salzburgo em Apollo et Hyacinthus, uma das 22 óperas de Mozart gravadas pela Deutsche Grammophon. Também no Festival de Salzburgo, participou da ópera Il Matrimonio Inaspettato de Paisiello, sob a regência de Riccardo Muti. Já interpretou personagens como Papageno em A Flauta Mágica, Fígaro em As Bodas de Fígaro, Guglielmo em Così fan Tutte, de Mozart; Belcore em O Elixir do Amor de Donizetti; Sid em Albert Herring de Benjamin Britten; Vater em Hänsel und Gretel de Engelbert Humperdinck; e Geronimo em O Casamento Secreto de Dominico Cimarosa. No Brasil, apresentou–se junto à Camerata Antiqua de Curitiba em Um Réquiem Alemão, de Brahms, e como Jesus na Paixão segundo São João de Bach, sob regência de Luis Otavio Santos. Foi protagonista da ópera Livietta e Tracollo de Pergolesi, sob regência do maestro Alessandro Sangiorgi, e foi Masetto em Don Giovanni no Theatro Municipal de São Paulo, sob a regência de Yoram David.

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Vinícius Atique se destacou em papéis como Riccardo em I

Vinícius Atique

Puritani de Bellini, Le Geollier em Os Diálogos das Carmeli-

Barítono

tas de Francis Poulenc, Albert em Werther de Jules Massenet, Marcello em La Bohème e Sharpless em Madama Butterfly de Puccini. Recebeu grande atenção de público e crítica por suas atuações como o Relógio de Pêndulo e o Gato em L'enfant et les sortilèges, de Maurice Ravel, e Pantalon em O Amor das Três Laranjas de Prokofiev. No repertório sinfônico, se destacou como solista em obras como O Messias de Händel e o ciclo de canções Des Knaben Wunderhorn de Mahler. Ao lado da Orquestra Sinfônica de Americana, Vinícius cantou a Missa de Santa Teresa de Joseph Haydn e o Oratório de Natal de Johann Sebastian Bach; com a Orquestra Sinfônica da Unicamp interpretou o Réquiem de Mozart, El Pessebre de Pablo Casals e Canções das Crianças Mortas de Mahler. Interpretou o papel de Evangelista na Cantata de Natal de Ernani Aguiar, com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, e foi solista convidado em Tóquio para a comemoração dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil.


CARMEN

Sergio Seixas

Assistentes de

Luma Rossi

Thiago Alves

Cenotécnica

Mara Feres

Regente Assistente

Victor Gomes

Edilson Quina

Marcela Costa

Luís Gustavo Petri

Wanderley Salgado

Edson Quina

Mari Souza

Washington Lins

Hélio Alexandre

Sheila Campos

William Camargo

Manoel Lopes de Souza

Pianistas Correpetidores Anderson Brenner

Produtor de Cenografia

Modelistas

Paulo Almeida

Assistente de Cenografia

Marcos Terra

Nilda Dantas

Rafael Andrade

Giuseppe Cangemi

Serralheria

Tandara Hoffmann

Produção de Cenografia

Alexandre Tavares

Judite Lima

Atores

TKCeno Cenografia e

Ivanildo Bezzera Lopes

Leci de Andrade

Alex Bingó

Produções Ltda.

Serralheria

Assessoria de Alfaiataria

Alexandre Barbosa

Produção e Coordenação

das Passarelas

Masculina e Draping

Alexandre Cardoso

de Cenotécnica

Flamar Serralheria

Maurice Fückner

Alexandre Quintas

Dilson Tavares

Flavio Nicoletti jr.

Interpretação e corte/

Ander Anastácio

Soraya Kolle

Marcos Nicoletti

Alfaiataria Masculina

André Di Peroli

Equipe de Projeto

Transporte/ apoio

Sergio Alves

Andre Matos "El Gato"

Eduardo Orelana

de produção

Cortador

Betho Cocorullo

Juliana Neves

Elias da Silva

Antônio Fernandes

Diogo Moura

Diego Rocha de Carvalho

Enoque Pereira da Silva

Edgar Cardoso

Iluminação

Secretaria Administrativa

Edison Vigil

Caetano Vilela

Any Ribeiro

Ivete Dias

Fabrizio Santos

Iluminador Assistente

Assistente de Produção

Lucia Medeiros

Costureiras

Felipe Barros

Wagner Antônio

Dhones R. dos Santos

Laurita Machado

Felipe Velozo

Aderecistas

Visagista

Josefa Gomes

Gabriel Castilho

Allan Torquatto

Simone Batata

Dirlene Emilio

Giballin Gilberto

André Vizotto

Assistente de Visagismo

Elisangela Dally

Guilherme Corrêa

Assistentes de Aderecista

Tiça Camargo

Amélia A. Mota Kohatsu

Gustavo Casabona

Alicio Silva

Maquiadores

Eliane C. E. dos Santos

Gustavo Ceccarelli

Karen Luizi

Alina Peixoto

Célia Pereira Rocha

Henrique Rizzo

Michael Costa Almeida

Bia Bombom

Cristina França

Herbert Silva

Nery Mordoch

Caroline Gonzaga

Claudineia C. Lima

Jorge Lee

Rúbia de Campos

Diogo Souza

Edméia Evaristo

Livio Lima

Cenotécnicos

Edu Silva

Maria Francisca

Lucas de Souza

Antonio Marcos B. Silva

Elisani Souza

Rodrigues Watanabe

Luciano Cyrillo

Juliano Tramujas

Giulia Piantino

Silvia Castro

Luiz Arrais

Paulo Rogerio

Gleice Diana Leao

Andrea Pereira da Rocha

Roberto Mafra

Renato Santos Moitinho

Inais Tereza

Chapéu Toureiro

Rodrigo Manzelli

Ricardo Moura Rodrigues

Isabel Vieira

Eduardo Laurino

Roges Doglas

Wagner Moura Rodrigues

Lua Gimenez

Bordado

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Bordados Rethimar

Orquestra Sinfônica

Assistente de Figurino

Municipal de São Paulo

João Paulo Bertini

Cristiane Cabral**

Renan Dias Mendes

Violas

Oboés

Alexandre De León*

Alexandre Ficarelli*

Corset

Diretor Artístico

Silvio Catto*

Rodrigo Nagamori*

Madame Sher Corsets

John Neschling

Abrahão Saraiva

Marcos Mincov

Tânia de Araújo Campos

Clarinetes

Adriana Schincariol

Luís Afonso Montanha*

Aderecistas João Carlos Silva

Primeiros-violinos

Beto Casal de Rey

Pablo De León (spalla)

Bruno de Luna

Otinilo Pacheco*

Edu Paiva

Martin Tuksa (spalla)

Cindy Folly Farias

Diogo Maia Santos

Estagiários

Fabian Figueiredo

Eduardo Cordeiro

Domingos Elias

Paloma Neve

Maria Fernanda Krug

Eric Schafer Licciardi

Marta Vidigal

Perpétua Saraiva

Adriano Mello

Jessica Wyatt

Fagotes

Jésica Cabral

Fábio Brucoli

Pedro Visockas

Fábio Cury*

Luiza Dimitrova

Fábio Chamma

Roberta Marcinkowski

Matthew Taylor*

Eduardo Rodrigues

Fernando Travassos

Tiago Vieira

Marcelo Toni

Èrica Grizendi

Francisco Ayres Krug

Violoncelos

Marcos Fokim

Heitor Fujinami

Mauro Brucoli*

Osvanilson Castro

Sinopse e gravações

John Spindler

Raïff Dantas Barreto*

Trompas

de referência

José Fernandes Neto

Mariana Amaral

André Ficarelli*

Irineu Franco Perpetuo

Liliana Chiriac

Alberto Kanji

Luiz Garcia*

Mizael da Silva Júnior

Charles Brooks

Eric Gomes da Silva

Tradução do Libreto

Paulo Calligopoulos

Cristina Manescu

Rogério Martinez

Igor Reyner

Rafael Bion Loro

Joel de Souza

Vagner Rebouças

Legendas

Sílvio Balaz

Maria Eduarda Canabarro

Trompetes

MP Legendas

Victor Bigai

Moisés F. dos Santos

Fernando Guimarães*

Revisor

Segundos-violinos

Sandro Francischetti

Marcos Motta*

Gabriel Rath Kolinyak

Andréa Campos*

Teresa Catto

Breno Fleury

Laércio Diniz*

Contrabaixos

Eduardo Madeira

Nadilson Gama

Sanderson Cortez Paz***

Albert Santos**

Coach de Francês Isabelle Lenoble

Otávio Nicolai

Taís Gomes

Trombones

André Luccas

Adriano Costa Chaves

Roney Stella*

Croquis dos figurinos

Djavan Caetano

Miguel Dombrowski

Hugo Ksenhuk

Cristina Aceti

Edgar Montes Leite

Ricardo Busatto

Luiz Cruz

Evelyn Carmo

Vinicius Frate

Marim Meira

Helena Piccazio

Walter Müller

Eduardo Machado**

Oxana Dragos

Flautas

Tuba

Ricardo Bem-Haja

Cássia Carrascoza*

Gian Marco de Aquino*

Sara Szilagyi

Marcelo Barboza*

Harpa

Ugo Kageyama

Andréa Vilella

Jennifer Campbell*

Wellington R. Guimarães

Cristina Poles

Paola Baron*


Piano

Coro Lírico do

Mônica Martins

Cecília Moita*

Theatro Municipal

Contraltos

Eduardo Paniza

Celeste do Carmo

Jang Ho Joo

Percussão

Diógenes Gomes

Marcelo Camargo*

Regente Titular

Claudia Arcos

Luis Orefice

César Simão

Bruno Greco Facio

Clarice Rodrigues

Marcio Martins

Magno Bissoli

Regente Assistente

Elaine Martorano

Miguel Csuzlinovics

Sérgio Coutinho

Sérgio Wernec

Lidia Schäffer

Roberto Fabel

Thiago Lamattina

Pianistas

Magda Painno

Sandro Bodilon

Tímpanos

Marcos Aragoni

Mara Dalva de Alvarenga

Baixos

Danilo Valle*

Marizilda Hein Ribeiro

Margarete Loureiro

Claudio Guimarães

Márcia Fernandes*

Sopranos

Maria José da Silveira

Fernando Gazoni

Gerente da Orquestra

Adriana Magalhães

Vera Ritter

Jessé Vieira

Paschoal Roma

Berenice Barreira

Tenores

José Nissan

Assistente

Claudia Neves

Alex Flores de Souza

Josué Silva

Manuela Cirigliano

Elaine Moraes

Antonio Carlos Britto

Leonardo Amadeo Pace

Inspetor

Elayne Caser

Dimas do Carmo

Marcos Carvalho

Carlos Nunes

Elisabeth Ratzersdorf

Eduardo Pinho

Orlando Marcos

Montadores

Graziela Sanchez

Eduardo de Góes

Rafael Thomas

Alexandre Greganyck

Huang Shu Chen

Eduardo Trindade

Sérgio Righini

Ivete Montoro

Fernando de Castro

Assistente

Jacy Guarany

Gilmar Ayres

Cristina Cavalcante

* Chefe de naipe

Juliana Starling

Joaquim Rollemberg

Inspetora

** Músico convidado

Marcia Costa

José Silveira

Eugenia Sansone

*** Chefe de naipe

Angélica Feital

Luciano Goés

Montador

Maria Antonieta Soares

Luiz Antonio Doné

Alfredo Barreto de Souza

Milena Tarasiuk

Marcello Vannucci

Monique Corado

Márcio Lucas Valle

Marivone P. Caetano

Miguel Geraldi

Marta Mauler

Paulo Chamié Queiroz

Nadja Sousa

Renato Tenreiro

Rita de Cassia Polistchuk

Rúben de Oliveira

Paulo Broda

neste programa

Rosana Barakat

Rubens Medina

Sandra Félix

Sérgio Sagica

Mezzo-Sopranos

Valter Felipe

Elisa Nemeth

Valter Estefano Mesquita

Erika Mendes Belmonte

Barítonos

Heloísa Junqueira

Alessandro Gismano

Keila de Moraes

Ary Lima Jr.

Juliana Valadares

Daniel Lee

Maria Luisa Figueiredo

Davi Marcondes

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 186


Coral da Gente do

Balé da Cidade

Marcos Novais

Prefeitura do Município

Instituto Baccarelli

de São Paulo

Victor Hugo Vila Nova

de São Paulo

Wagner Varela

Prefeito

Regente Silmara Drezza

Diretora Artística

Produção Executiva

Fernando Haddad

Iracity Cardoso

Maya Mecozzi

Secretário Municipal

Assistentes de Direção

Coordenação de

de Cultura

Logística

Juca Ferreira

Preparadora Vocal

Raymundo Costa

Deoclides Fraga Neto

Claudia Cruz

Silvana Marani

Coordenação técnica

Fundação Theatro

Coordenação de Ensaios

Melissa Guimarães

Municipal de São Paulo

Suzana Mafra

Assistente de

Direção Geral

Assistentes de coreografia

Coordenação Técnica

José Luiz Herencia

Kênia Genaro

José Hilton Jr.

Diretora de Gestão

Cantores Beatriz de Souza Sobrinho Bethânia Silva Gomes

Roberta Botta

Iluminador

Ana Flávia Cabral S. Leite

Suzana Mafra

Luiz Fernando Vaz

Diretor de Formação

Daniel Alves da Rocha

Professora de Balé Clássico

Sonoplasta

Leonardo Martinelli

Edwiges R. A. da Silva

Liliane Benevento

Leandro Lima

Ellen G. Rodrigues Sousa

Professores convidados

Coordenação de figurino

Instituto Brasileiro

Gabriela C. Nogueira Lira

Alex Soares

Bruna Fernandes

de Gestão Cultural

Allan Falieri

Assistente de

Presidente do Conselho

Milton Kennedy

Coordenação de Figurino

Cláudio Jorge Willer

Pianista

Juliana Andrade

Diretor Executivo

Wirley Francini

Maquinista

William Nacked

Camilla Dual Portela

Giselle C. de Sousa Brito Henzo Limeira Cavalcante Juliana A. P. do Nascimento Kaique Almeida Santos

Bailarinas

Alessander Rodrigues,

Diretora Técnica

Laís Simões da Silva

Camila Ribeiro

José Hilton Jr.

Isabela Galvez

Letícia Alves Neres

Eugênia Granha

Secretária

Diretor Financeiro

Luciana Beatriz N. Lira

Fabiana Ikehara

Doralice de Queiróz

Neil Amereno

Fernanda Bueno

Coordenação do acervo

Diretor Artístico

Liliane de Grammont

Raymundo Costa

John Neschling

Luiza Fernanda Rodrigues Maria A.de Oliveira Alves Maria E. P. Dual de Souza

Marina Giunti

Diretora de Produção

Rebeca Ferreira

Cristiane Santos

Mariana Eliz S. Merzbahcer

Shamara Bacelar

Direitos Autorais

Rafaela Batista dos Santos

Victoria Oggiam

Olivieri Advogados

Raissa Neves de Sousa

Bailarinos

Associados

Ricardo dos Santos Albano

Bruno Gregório

Robert Correia Borges Samuel G. de Oliveira e Silva Sophia G.de Oliveira e Silva

Gustavo Barros

Diretoria Geral

Igor Vieira

Assessora

Jefferson Damasceno

Maria Carolina G. de Freitas

Luiz Oliveira

Secretárias

Manuel Gomes

Ana Paula S. Monteiro


Marcia de Medeiros Silva

Ana Vanessa

Rosa Casalli

Luca Leme Nunes

Monica Propato

Assistente de Direção

Produtores

Peter Silva

Cerimonial

Cênica e Casting

Aelson Lima

Sandra Satomi Yamamoto

Egberto Cunha

Sérgio Spina

Pedro Guida

Chefe de Som

Sofia Amaral Ramos

Figurinista Residente

Miguel Teles

Sérgio Luis Ferreira

Bilheteria

Veridiana Piovezan

Assistente de Produção

Operadores de Som

Nelson F. de Oliveira

Produção de Figurinos

Arthur Costa

Guilherme Ramos

Fernanda Câmara

Daniel Botelho

Diretoria Artística

Arquivo Artístico

Palco

Kelly Cristina da Silva

Assessoria de

Coordenadora

Chefe da Cenotécnica

Chefe de Iluminação

Direção Artística

Maria Elisa P. Pasqualini

Aníbal Marques (Pelé)

Valéria Lovato

Stefania Gamba

Assistente

Técnicos de Palco

Iluminadores

Luís Gustavo Petri

Ana Raquel Alonso

Rodrigo Nascimento

Alexandre Bafe

Clarisse De Conti

Arquivistas

Thiago Panfieti

Igor Augusto F. de Oliveira

Secretária

Ariel Oliveira

Antonio Carlos da Silva

Luciano Paes

Eni Tenório dos Santos

Guilherme Prioli

Antonio Oliveira Almeida

Fernando Azambuja

Coordenação de

Karen Feldman

Alex Sandro N. Pinheiro

Ubiratan Nunes

Programação Artística

Leandro José Silva

Aristide da Costa Neto

Camareiras

João Malatian

Leandro Ligocki

Cláudio Nunes Pinheiro

Alzira Campiolo

Diretor Técnico

Copista

Cristiano T. dos Santos

Isabel Rodrigues Martins

Juan Guillermo Nova

Ana Cláudia Oliveira

Edival Dias

Lindinalva M. Celestino

Ermelindo T. Sobrinho

Maria Auxiliadora

Assistente de Direção Técnica

Ação Educativa

Julio de Oliveira

Maria Gabriel Martins

Giuseppe Cangemi

Aureli Alves de Alcântara

Lourival F. Conceição

Marlene Collé

Manuel Lucas Souza

Nina de Mello

Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero

Centro de Documentação

Marcelo Luiz Frosino

Regiane Bierrenbach

Assistente de Direção

Chefe de seção

Paulo Miguel Filho

Tonia Grecco

de Palco Cênico

Mauricio Stocco

Assistentes

Sabrina Mirabelli

Equipe

Elisabeth de Pieri

Central de Produção

Caroline Vieira

Lumena A. de Macedo Day

Ivone Ducci

"Chico Giacchieri"

Contrarregragem

Coordenação de Costura

Assistente de Direção Cênica Residente

Diretoria de Produção

Carlos Bessa

Emília Reily

Julianna Santos

Produção Executiva

Contrarregras

Acervo de Figurinos

Segunda Assistente

Anna Patrícia Araújo

Bruno Farias

Marcela de Lucca M. Dutra

de Direção Cênica

Nathália Costa

Eneas Leite

Assistente

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Ivani Rodrigues Umberto

Luciana Cadastra

Acervo de Cenário

Marcio Aurélio O. Cameirão

e Aderecista

Meire Lauri

Aloísio Sales

Vitória R. R. Dos Santos

Seção Técnica de Manutenção

Expediente

Compras e Contratos

Edisangelo R. da Rocha

José Carlos Souza

George Augusto Rodrigues

Eli de Oliveira

José Lourenço

Jessica Elias Secco

Narciso Martins Leme

Paulo Henrique Souza

Marina Aparecida Augusto

Estagiário Vinícius Leal

Diretoria de Gestão

Infraestrutura

Lais Gabriele Weber

Marly da Silva dos Santos

Comunicação

Carolina Paes Simão

Antonio Teixera Lima

Editor e Coordenador

Cristina Gonçalves Nunes

Cleide da Silva

Marcos Fecchio

João Paulo Alves Souza

Eva Ribeiro

Editor assistente

Juçara A. de Oliveira

Israel Pereira de Sá

Gabriel Navarro Colasso

Juliana do Amaral Torres

Luiz Antonio de Mattos

Mídias Eletrônicas

Oziene O. dos Santos

Maria Apª da C. Lima

Desirée Furoni

Paula Melissa Nhan

Pedro Bento Nascimento

Assessoras de Imprensa

Vera Lucia Manso

Therezinha P. da Silva

Amanda Sena

Almoxarifado

Daniela Oliveira

Assistência Administrativa

Nelsa A.Feitosa da Silva

Alexandro R. Bertoncini

Bens Patrimoniais

Design Gráfico

Seção de Pessoal

José Pires Vargas

Kiko Farkas/ Máquina Estúdio

Cleide Chapadense da Mota

Designer Assistente

José Luiz P. Nocito

Informática

Ana Lobo

Solange F. França Reis

Ricardo Martins da Silva

André Kavakama

Tarcísio Bueno Costa

Renato Duarte

Atendimento

Estagiários

Michele Alves

Parcerias

Victor Hugo A. Lemos

Impressão

Suzel Maria P. Godinho

Yudji A. Otta

Formags Gráfica e Editora LTDA

Contabilidade

Arquitetura

Alberto Carmona

Lilian Jaha

Agradecimentos

Cristiane Maria Silva

Estagiários

Escarlate

Diego Silva

Marina Castilho

Hotel Marabá


Theatro Municipal de São Paulo Temporada Lírica 2014 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Agosto

Palestra sobre a ópera Salomé com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo sáb (30) às 17h Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca

Setembro

Salomé Richard Strauss ter (09 / 16), qui (11 / 18) e sáb (06 / 20) às 20h dom (14) às 18h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo John Neschling Regência Livia Sabag Direção Cênica Nicolás Boni Cenografia Veridiana Piovezan Figurino Wagner Pinto Desenho de Luz Salomé Nadja Michael (06 09 11 14) Alexandrina Pendatchanska (16 18 20) Herodes Peter Bronder (06 09 11 16 20) Jürgen Sacher (14 18) Herodias Iris Vermillion (06 09 11 16 20)

Alejandra Malvino (14 18)

Jochanaan Steven Mark Doss (06 09 11 16 20)

Michael Kupfer (14 18)

Narraboth Stanislas De Barbeyrac (06 09 11 16 20)

István Horváth (14 18)

1º Judeu Paulo Chamié–Queiroz 2º Judeu Rubens Medina 3º Judeu Eduardo Trindade 4º Judeu Miguel Geraldi 5º Judeu Sérgio Righini 1º Nazareno Carlos Eduardo Marcos 2º Nazareno Sérgio Weintraub 1º Soldado Marcos Carvalho 2º Soldado Paulo Menegon

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 190


Capadócio Jonas Mendes Pajem de Herodias Elaine Martorano Escravo Elisabeth Ratzersdorf

Tonio Angelo Veccia (18 21 23 26 29) Francesco Landolfi (19 25 28) Beppe Daniele Zanfardino (18 21 23 26 29) Saverio Fiore (19 25 28)

Outubro

Silvio Davide Luciano (18 21 23 26)

Palestra sobre as óperas Cavalleria Rusticana e I Pagliacci

Norbert Steidl (19 25 28 29)

com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo sáb (11) às 17h

Novembro / Dezembro

Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca

Palestra sobre a ópera Tosca com o jornalista e professor Irineu Franco Perpetuo

Cavalleria Rusticana Pietro Mascagni I Pagliacci Ruggero Leoncavallo ter (21 / 28), qua (29), qui (23) e sáb (18 / 25) às 20h dom (19 / 26) às 18h

sáb (22) às 17h Theatro Municipal de São Paulo Salão Nobre Entrada franca

Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Tosca Giacomo Puccini

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Nov sáb (29) às 20h e dom (30) às 18h

Ira Levin Regência Pier Francesco Maestrini Direção Cênica (Cavalleria Rusticana) Francesco Micheli Direção Cênica (I Pagliacci)

Dez ter (02 / 09), qui (04 / 11) e sáb (06 / 13) às 20h dom (07) às 18h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Juan Guillermo Nova Cenografia

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Carla Galleri Figurino (Cavalleria Rusticana)

Oleg Caetani Regência

Gianluca Falaschi Figurino (I Pagliacci)

Marco Gandini Direção Cênica

Santuzza Tuija Knihtlä (18 21 23 26 29)

Italo Grassi Cenografia

Elena Lo Forte (19 25 28)

Turiddu Giancarlo Monsalve (18 21 23 26 29) Marcello Vannucci (19 25 28) Alfio Angelo Veccia (18 21 23 26 29) Francesco Landolfi (19 25 28) Lola Luciana Bueno (18 21 23 26 29) Mere Oliveira (19 25 28) Mamma Lucia Lídia Schäffer Canio Walter Fraccaro (18 21 23 26 29) Richard Bauer (19 25 28) Nedda Inva Mula (18 21 23 26 29) Marina Considera (19 25 28)

Simona Morresi Figurino Floria Tosca Amanda Echalaz (29 02 06 09 13) Ausrine Stundyte (30 04 07 11) Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez (29 02 06 09 13) Stuart Neill (30 04 07 11) Scarpia Roberto Frontali (29 02 06 09 13) Nelson Martinez (30 04 07 11) Cesare Angelotti Massimiliano Catellani Sacristão Saulo Javan Spoletta Luca Casalin

Programação sujeita a alterações.


patrocinadores

apoio

execução

Organização Social de Cultura do Município de São Paulo

realização



MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO


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