Tosca - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Page 1

PUCCINI


Bem-Vindo à ópera Seja bem-vindo ao Theatro Municipal de São Paulo. Veja abaixo algumas informações para você aproveitar da melhor forma esta experiência única. Fotos e Vídeos Ficamos muito contentes quando você tira uma foto no Theatro Municipal. Inclusive criamos a hashtag #eunomunicipal para que possamos identificar sua foto nas mídias sociais e compartilhar no facebook do Theatro (/theatromunicipalsp). Entretanto, após o terceiro sinal e após os intervalos, pedimos que você desligue seu celular e tablet, pois mesmo a luminosidade da tela do aparelho tira a atenção de quem está ao seu lado. E queremos que os destaques da ópera sejam apenas os cantores no palco. Fotos com fins comerciais precisam de autorização prévia. Conversas Por mais baixo que se fale, ou sussurre, as conversas e comentários atrapalham muito os outros espectadores. Espere o intervalo para compartilhar suas opiniões. Cadeiras Nossas belas e centenárias cadeiras passam regularmente por manutenção, mas se alguma delas ranger com você, tenha paciência com ela e procure fazer o mínimo de barulho, pois apesar de terem presenciado um século de óperas elas não chegam a ser afinadas. Aplausos Se você gostou muito da interpretação de uma ária, sinta-se à vontade para aplaudir, mas na ópera não há a necessidade dos aplausos a cada trecho cantado ou tocado. Aos finais dos atos e da ópera você pode se manifestar à vontade. Alimentos Não é permitida a entrada com comidas e bebidas no interior da sala de apresentações. Pedimos especial atenção aos papeis de bala, que podem fazer um barulho e tanto.Tanto no térreo quanto no segundo andar há cafés, que ficam abertos antes do início da ópera e nos intervalos. Crianças Indicamos a idade de 10 anos para que as crianças comecem a frequentar as óperas, mas pedimos especial atenção dos pais e responsáveis, pois além da duração, as óperas abordam diferentes temas, que podem não ser apropriados às crianças menores.


TOSCA Ópera em três atos Música de Giacomo Puccini Libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa 90 anos do falecimento de Giacomo Puccini


Giacomo Puccini (Lucca, 22 de dezembro de 1858 - Bruxelas, 29 de novembro de 1924). Fotografia de Frank C. Bangs (c. 1907)

Giacomo Puccini Tosca Nova montagem Novembro 2014

29 sรกb 20h | 30 dom 18h

Dezembro 2014

2 ter 20h | 4 qui 20h | 6 sรกb 20h | 7 dom 18h 9 ter 20h | 11 qui 20h | 13 sรกb 20h

theatro municipal de sรฃo paulo_temporada 2014_pg 2


Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coral da Gente

Regência Direção Cênica Cenografia Figurinos Desenho de Luz Regência do Coro Lírico Regência do Coral da Gente Floria Tosca Mario Cavaradossi Scarpia Cesare Angelotti

Oleg Caetani Marco Gandini Italo Grassi Simona Morresi Virginio Levrio Bruno Greco Facio Silmara Drezza Ainhoa Arteta

29 2 6 9 11 13

Ausrine Stundyte

30 4 7

Marcelo Alvarez

29 02 06 09 13

Stuart Neill

30 04 07 11

Roberto Frontali

29 02 06 09 13

Nelson Martinez

30 04 07 11

Massimiliano Catellani

Sacristão

Saulo Javan

Spoletta

Luca Casalin

Sciarrone Carcereiro

Guilherme Rosa Sérgio Righini

Programa sujeito a alterações.


Sinopse

Ato I

No libreto original, a história se passa em Roma, em junho de 1800. A atual montagem transpõe a ação para a década de 1970. Fugido da cadeia, o preso político Angelotti refugia-se na capela Attavanti da Basílica de Sant’Andrea della Valle. Na ária Recondita armonia (Recôndita harmonia), o pintor Mario Cavaradossi compara o quadro em que está trabalhando, uma imagem de Maria Madalena, com sua amada, a cantora Floria Tosca. Ele encontra o amigo Angelotti e promete ajudá-lo, mas é interrompido pela chegada de Tosca. O prisioneiro se esconde; reparando na semelhança entre a imagem de Madalena e a marquesa Attavanti, a cantora faz uma cena de ciúmes, mas acaba se reconciliando com o amante, com quem marca um encontro noturno. Depois da partida de Tosca, Angelotti (irmão de Attavanti) sai do esconderijo. Um tiro de canhão anuncia que a fuga do subversivo foi descoberta: Cavaradossi acompanha o amigo, apressadamente, para sua casa, onde irá ocultá-lo. Chega o barão Scarpia, chefe de polícia, e ordena uma busca no templo. Um leque feminino, da marquesa Attavanti, e um cesto de comida vazio fazem-no deduzir que Angelotti esteve por ali e Cavaradossi é seu cúmplice. Tosca retorna, em busca do amante, e Scarpia utiliza o leque para provocar os ciúmes da diva, que parte, consternada, seguida pelo policial Spoletta. O ato termina com um Te Deum para celebrar a derrota das tropas napoleônicas diante dos austríacos, enquanto Scarpia exulta com a expectativa de ter a cantora nos braços e mandar executar seu amante.

Ato II

No Palácio Farnese, Scarpia recebe o relatório da missão de Spoletta: seguiu Tosca à casa de Cavaradossi, onde deu uma busca. Angelotti não foi encontrado, mas o pintor foi detido para averiguações. O barão começa a interrogar Cavaradossi, que se nega a responder. Convocada por Scarpia, Tosca aparece; o pintor pede a ela que se cale, e é removido para uma sala contígua. O barão pressiona a cantora, enquanto seu amante é torturado. Diante dos gritos de dor de Cavaradossi, Tosca cede, e revela: Angelotti está escondido no poço do jardim da casa do pintor. Cavaradossi é conduzido de volta ao gabinete de Scarpia, quando entra o gendarme Sciarrone com uma

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 4


notícia bombástica: em vez de derrotado, Napoleão na verdade venceu a luta contra a Áustria. Eufórico, Cavaradossi festeja e insulta Scarpia, que ordena sua detenção e execução. O barão propõe a Tosca um pacto: salvará seu amante, caso ela consinta em passar a noite com ele. Tosca hesita e reflete sobre sua vida na ária Vissi d’arte (Vivi de arte), porém, depois de saber que Angelotti se suicidou à chegada da polícia, aceita o acordo: Cavaradossi será submetido a um falso fuzilamento, e o casal poderá escapar em seguida. Enquanto o barão redige o salvo-conduto, a cantora se apossa de uma faca, com a qual mata o chefe de polícia.

Ato III

Em um terraço do castelo de Sant’Angelo, Cavaradossi recorda-se de Tosca na ária E lucevan le stelle (E brilhavam as estrelas). Chega a amante, que lhe mostra o salvo-conduto e conta do pacto com Scarpia e de seu assassinato. O pintor é conduzido para seu fuzilamento, que Tosca acompanha, à distância. Depois da partida do pelotão, a cantora aproxima-se de Cavaradossi e constata, horrorizada, que sua execução não foi falsa. Os esbirros de Scarpia chegam para prender a cantora, que sobe ao parapeito do castelo e se atira para a morte.


Arte de Alfredo Montalti para o Libreto original de Tosca (1899)


Estreia mundial

Setembro de 1915

19 de janeiro de 1900

Gino Marinuzzi Regente

Teatro Costanzi, Roma, Itália

Gilda Dalla Rizza Floria Tosca

Leopoldo Mugnone Regente

Hipólito Lazaro Mario Cavaradossi

Hariclée Darclée Floria Tosca

Giuseppe Danise Barão Scarpia

Emilio de Marchi Mario Cavaradossi

Teófilo Dentale Cesare Angelotti

Eugenio Giraldoni Barão Scarpia

Guglielmo Niola Sacristão

Ruggero Galli Cesare Angelotti

Giordano Paltrinieri Spoletta

Ettore Borelli Sacristão Enrico Giordano Spoletta

Outubro de 1916 Gennaro Papi Regente

Primeira apresentação no Brasil

Gilda Dalla Rizza Floria Tosca

8 de novembro de 1901

Tito Schipa Mario Cavaradossi

Teatro Santana, São Paulo

Armand Crabbé Barão Scarpia

Oscar Anselmi Regente

Teófilo Dentale Cesare Angelotti

Livia Berlendi Floria Tosca

Guglielmo Niola Sacristão

Luigi Innocenti Mario Cavaradossi

Angelo Algos Spoletta

Vincenzo Ardito Barão Scarpia Francesco Franzini Cesare Angelotti

Setembro de 1917

Francesco Federici Sacristão

Gino Marinuzzi Regente

Federico Ferraresi Spoletta

Gilda Dalla Rizza Floria Tosca Enrico Caruso Mario Cavaradossi

Apresentações no Theatro

Eugenio Giraldoni Barão Scarpia

Municipal de São Paulo

Teófilo Dentale Cesare Angelotti

11 de agosto de 1914

Gaetano Azzolini Sacristão

Teófilo de Angelis Regente

Giordano Paltrinieri Spoletta

Matilde de Lerma Floria Tosca Tito Schipa Mario Cavaradossi

Outubro de 1918

Giuseppe Danise Barão Scarpia

Vincenzo Bellezza Regente

Teófilo Dentale Cesare Angelotti

Rosa Raisa Floria Tosca

Giorgio Schottler Sacristão

Aureliano Pertile Mario Cavaradossi

Ludovico Olivero Spoletta

Luigi Montesanto Barão Scarpia Teófilo Dentale Cesare Angelotti Gaetano Azzolini Sacristão Ettore Bonzi Spoletta


Outubro de 1919

Nello Palai Spoletta

Vincenzo Bellezza Regente Romeo Francioli Diretor Cênico

Outubro de 1923

Gilda Dalla Rizza Floria Tosca

Vincenzo Bellezza Regente

Tito Schipa Mario Cavaradossi

Claudia Muzio Floria Tosca

Luigi Montesanto Barão Scarpia

Aureliano Pertile Mario Cavaradossi

Teófilo Dentale Cesare Angelotti

Carlo Galeffi Barão Scarpia

Gaetano Azzolini Sacristão

Michele Fiore Cesare Angelotti

Nicola Galofre Spoletta

Gino de Vecchi Sacristão Nello Palai Spoletta

Agosto de 1920 Vincenzo Bellezza Regente

Maio de 1926

Gilda Dalla Rizza Floria Tosca

Federico del Cupolo Regente

Beniamino Gigli Mario Cavaradossi

Olga Carrara Floria Tosca

Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia

Antonio Melandri Mario Cavaradossi

Giuseppe Menni Cesare Angelotti

Mario Albanesi Barão Scarpia

Michele Fiore Sacristão

Alexandre de Lucchi Cesare Angelotti

Luigi Nardi Spoletta

Luigi Monti Sacristão Vittorio Pavia Spoletta

Agosto de 1921 Gino Marinuzzi Regente

Agosto de 1926

Rosa Raisa Floria Tosca

Romeu Arduini Regente

Antonio Cortis Mario Cavaradossi

Guido Bartera Diretor Cênico

Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia

Yvonne Gall Floria Tosca

De Petris Cesare Angelotti

Salvador Paoli Mario Cavaradossi

Gino de Vecchi Sacristão

Vanni Marcoux Barão Scarpia

Luigi Nardi Spoletta

Canuto Sabat Cesare Angelotti Michele Fiori Sacristão

Outubro de 1922

Piero Girardi Spoletta

Vincenzo Bellezza Regente Gilda Dalla Rizza Floria Tosca

Fevereiro de 1927

Giacomo Lauri-Volpi Mario Cavaradossi

Filippo Alessio Regente

Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia

Carmen Eiras Floria Tosca

Michele Fiore Cesare Angelotti

Felix Bocchini Mario Cavaradossi

Gaetano Azzolini Sacristão

Ernesto de Marco Barão Scarpia

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 8


Fotografia autografada de Enrico Caruso, feita durante a passagem pelo Theatro Municipal de S達o Paulo em 1917


Tito Baglioni Cesare Angelotti

Setembro de 1933

Stefano Bruno Sacristão

Arturo de Angelis Regente

Henrique Simoni Spoletta

Antonio Marinuzzi Diretor Cênico Claudia Muzio Floria Tosca

Setembro de 1928

Alessandro Ziliani Mario Cavaradossi

Franco Paolantonio Regente

Victor Damiani Barão Scarpia

Ezio Cellini Ciro Scafa Diretores Cênicos

Duilio Baronti Cesare Angelotti

Claudia Muzio Floria Tosca

Salvatore Baccaloni Sacristão

Beniamino Gigli Mario Cavaradossi

Nello Palai Spoletta

Riccardo Stracciari Barão Scarpia Nicolai Rakowski Cesare Angelotti

Dezembro de 1934

Attilio Muzio Sacristão

Arturo de Angelis Regente

Luigi Nardi Spoletta

Nadina Borina Floria Tosca Abele de Angelis Mario Cavaradossi

Dezembro de 1928

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Guido Alberto Picco Regente

Augusto Guasqui Cesare Angelotti

Carlos Barbaci Diretor Cênico

Giuseppe Zonzini Sacristão

Pina Gatti Floria Tosca

Carlos Herrera Spoletta

Ginno Neri Mario Cavaradossi Corrado Tavanti Barão Scarpia

Setembro de 1936

Joaquin Alsina Cesare Angelotti

Umberto Berrettoni Regente

Giuseppe Zonzini Sacristão

Gina Cigna Floria Tosca

Renato Pascale Spoletta

Ettore Parmeggiani Mario Cavaradossi Victor Damiani Barão Scarpia

Julho de 1933

Duilio Baronti Cesare Angelotti

Santiago Guerra Regente

Mario Girotti Sacristão

Victorio Papa Diretor Cênico

Blando Giusti Spoletta

Carmen Gomes Floria Tosca Elias Reis e Silva Mario Cavaradossi

Outubro de 1937

Asdrubal Lima Barão Scarpia

Angelo Ferrari Regente

Salvador Perrotta Cesare Angelotti

Filippo Dadó Diretor Cênico

Stefano Bruno Sacristão

Margherita Grandi Maria Caniglia Floria Tosca

Henrique Simoni Spoletta

Galliano Masini Antonio Salvarezza Mario Cavaradossi Giuseppe Danise Victor Damiani Barão Scarpia

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 10


Arte de Anita Malfatti para a Temporada LĂ­rica do Theatro Municipal de SĂŁo Paulo de 1936


José Perrotta Cesare Angelotti

Salvador Perrotta Sciarrone

Stefano Pol Sacristão

Mario Girald Carcereiro

Cesare M. Sparti Spoletta Outubro de 1942 Setembro de 1938

Arturo de Angelis Regente

Louis Masson Edoardo de Guarnieri

Mario Girotti Diretor Cênico

Regentes

Carmen Gomes Floria Tosca

Carlo Marchese Diretor Cênico

Elias Reis e Silva Mario Cavaradossi

Franca Somigli Floria Tosca

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Antonio Salvarezza Mario Cavaradossi

Salvador Perrotta Cesare Angelotti

Carlo Galeffi Silvio Vieira Barão Scarpia

Mario Girotti Sacristão

José Perrotta Cesare Angelotti

Arnaldo Pescuma Spoletta

Melchiorre Luise Sacristão Romeo Boscacci Spoletta

Outubro de 1943 Edoardo de Guarnieri Regente

Setembro/Outubro de 1939

Mario Girotti Diretor Cênico

Arturo de Angelis Regente

Solange Petit-Renaux Floria Tosca

Gina Cigna Floria Tosca

Antonio Vela Mario Cavaradossi

Pedro Mirassou Bruno Landi Mario

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Cavaradossi

Americo Basso Cesare Angelotti

Silvio Vieira Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Mario Girotti Sacristão

Lisandro Sergenti Duilio Baronti Cesare

Arnaldo Pescuma Spoletta

Angelotti Mario Girotti Sacristão

Setembro de 1946

Renato de Pascale Spoletta

Armando Belardi Regente Mario Girotti Diretor Cênico

Outubro de 1941

Zinka Milanov Floria Tosca

Armando Belardi Regente

Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi

Mario Girotti Diretor Cênico

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Norina Greco Floria Tosca

Tino Mascarelli Cesare Angelotti

Sidney Rayner Mario Cavaradossi

Gerhard Pechner Sacristão

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Arnaldo Pescuma Spoletta

Duilio Baronti Cesare Angelotti Mario Girotti Sacristão

Fevereiro de 1947

Ludovico Olivero Spoletta

Edoardo de Guarnieri Regente

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 12


Mario Girotti Diretor Cênico

Elisabetta Barbato Floria Tosca

Iris Ferriani Floria Tosca

Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi

Giulio Lucchiari Mario Cavaradossi

Enzo Mascherini Barão Scarpia

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Americo Basso Cesare Angelotti

José Perrotta Cesare Angelotti

Guilherme Damiano Sacristão

Guilherme Damiano Sacristão

Adelio Zagonara Spoletta

Arnaldo Pescuma Spoletta Outubro de 1951 Setembro/Outubro de 1947

Edoardo de Guarnieri Regente

Rainaldo Zamboni Regente

Riccardo Moresco Diretor Cênico

Carlo Marchese Diretor Cênico

Norina Greco Floria Tosca

Elisabetta Barbato Maria Pedrini Floria

Beniamino Gigli Mario Cavaradossi

Tosca

Tito Gobbi Barão Scarpia

Beniamino Gigli Armando de Assis

Giulio Neri Cesare Angelotti

Pacheco Mario Cavaradossi

Guilherme Damiano Sacristão

Victor Damiani / Paulo Ansaldi Barão

Mariano Caruso Spoletta

Scarpia Carlo Platania Cesare Angelotti

Outubro de 1955

Salvatore Baccaloni Gerhard Pechner

Franco Ghione Regente

Guilherme Damiano Sacristão

Riccardo Moresco Diretor Cênico

Nino Crimi Spoletta

Antonietta Stella Floria Tosca Gianni Poggi Mario Cavaradossi

Outubro de 1949

Giuseppe Taddei Barão Scarpia

Armando Belardi Regente

José Perrotta Cesare Angelotti

Carlo Marchese Diretor Cênico

Guilherme Damiano Sacristão

Norina Greco Floria Tosca

Vittorio Pandano Spoletta

Gianni Poggi Mario Cavaradossi Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Novembro de 1957

Americo Basso Cesare Angelotti

Santiago Guerra Regente

Guilherme Damiano Sacristão

Nino Crimi Diretor Cênico

Arnaldo Pescuma Spoletta

Maria de Sá Earp Floria Tosca Alfredo Colosimo Mario Cavaradossi

Agosto de 1950

Silvio Vieira Barão Scarpia

Armando Belardi Regente

Luiz Nascimento Cesare Angelotti

Bruno Nofri Diretor Cênico

Guilherme Damiano Sacristão


Nino Crimi Spoletta

Setembro de 1964 Edoardo de Guarnieri Regente

Outubro de 1958

Mario Bruno Diretor Cênico

Edoardo de Guarnieri Regente

Ida Miccolis Irmgard Müller Floria Tosca

Mario Girotti Diretor Cênico

Sérgio Albertini Mario Cavaradossi

Maria de Sá Earp Floria Tosca

Lourival Braga Barão Scarpia

Armando de Assis Pacheco Mario

Alberto Medaljon Cesare Angelotti

Cavaradossi

José Perrotta Sacristão

Paulo Ansaldi Barão Scarpia

Geraldo Chagas Spoletta

José Perrotta Cesare Angelotti Marino Terranova Sacristão

Outubro de 1967

Arnaldo Pescuma Spoletta

Edoardo de Guarnieri Regente Meliton Gonzales Diretor Cênico

Dezembro de 1958

Ida Miccolis Floria Tosca

Gianella de Marco Regente

Sérgio Albertini Mario Cavaradossi

Arnaldo Pescuma Diretor Cênico

Jorge Botto Barão Scarpia

Leonora Beranger Floria Tosca

Wilson Carrara Cesare Angelotti

Mario Vignone Mario Cavaradossi

José Perrotta Sacristão

Waldomiro Furlan Barão Scarpia

Geraldo Chagas Spoletta

Paulo Adonis Cesare Angelotti Boris Farina Sacristão

Outubro de 1970

Arnaldo Pescuma Spoletta

Nino Bonavolontá Regente

Nelson Hugo Pinto Sciarrone

Frank de Quell Diretor Cênico Elena Suliotis Floria Tosca

Outubro de 1961

Gianfranco Cecchele Mario Cavaradossi

Nino Stinco Regente

Gian Giacomo Guelfi Barão Scarpia

Carlo Marchese Diretor Cênico

Mario Rinaudo Cesare Angelotti

Caterina Mancini Floria Tosca

Andrea Ramus Sacristão

Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi

Assadur Kiultzian Spoletta

Walter Alberti Barão Scarpia José Perrotta Cesare Angelotti

Outubro de 1973

Guilherme Damiano Sacristão

Nino Bonavolontá Regente

Nino Crimi Spoletta

Walter Cataldi Tassoni Diretor Cênico Gianna Galli Floria Tosca Ruggero Bondino Mario Cavaradossi

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 14


Gian Giacomo Guelfi Barão Scarpia

Wilson Carrara Cesare Angelotti

Wilson Carrara Cesare Angelotti

Andrea Ramus Sacristão

Andrea Ramus Sacristão

Assadur Kiultzian Spoletta

Assadur Kiultzian Spoletta Julho de 1993 Agosto de 1977

Tullio Colacioppo Regente

Michelangelo Veltri Regente

Maurice Vaneau Diretor Cênico

Constantino Juri Diretor Cênico

Silvia Mosca Rita Contino Floria Tosca

Marisa Galvany Floria Tosca

Alberto Cupido Carlos Slivskin Mario

Benito Maresca Mario Cavaradossi

Cavaradossi

Gianpiero Mastromei Barão Scarpia

Alberto Noli Tasuku Naono Barão Scarpia

Paulo Adonis Cesare Angelotti

Wilson Carrara Jeller Filipe Cesare Angelotti

Wilson Carrara Sacristão

Sandro Christopher Licio Bruno Sacristão

Assadur Kiultzian Spoletta

Assadur Kiultzian João Malatian Spoletta

Outubro de 1982

Outubro de 1997

Tullio Colacioppo Regente

Jamil Maluf Regente

Glauco Mirko Laurelli Diretor Cênico

Roberto Oswald Diretor Cênico

Mabel Veleris Isabel Gentile Norma

Mary Jane Johnson Céline Imbert Floria

Cresto Floria Tosca

Tosca

Maurizio Frusoni Benito Maresca Antonio

Neil Wilson Rubens Medina Mario

Lotti Mario Cavaradossi

Cavaradossi

Gabriele Floresta Rio Novello Barão

Frederick Burchinal Gary Simpson Barão

Scarpia

Scarpia

Wilson Carrara Cesare Angelotti

Eduardo Janho-Abumrad Lukas D’oro

Boris Farina / Andrea Ramus Sacristão

Cesare Angelotti

Assadur Kiultzian Spoletta

Pepes do Valle Sandro Christopher Sacristão

Março de 1983 Tullio Colacioppo Regente Glauco Mirko Laurelli Diretor Cênico Mabel Veleris Neyde Thomas Floria Tosca Maurizio Frusoni Benito Maresca Claudinir Aére Mario Cavaradossi Lino Puglisi / Rio Novello Barão Scarpia

Ronaldo Trigueiro Spoletta


Tosca Irineu Franco Perpetuo

Como se não bastasse ter o privilégio de cantar E lucevan le stelle – uma das mais belas e conhecidas árias de todo o repertório –, o tenor pode ainda interpretar Recondita armonia, que não fica muito atrás em méritos nem em reputação. A soprano, além de encarnar o papel-título, é presenteada com a efusão lírica de Vissi d’arte, enquanto o barítono vive um dos mais monstruosos vilões de todo o repertório. O diretor de cena tem a chance de explorar conflitos extremos e paixões arrebatadas, e o regente possui a ocasião de luzir devido a uma escrita orquestral luxuriante e refinada. Tosca, de Puccini, arrebata plateias e intérpretes quase na mesma medida em que choca os especialistas. Ao pesquisar a bibliografia em inglês sobre a ópera, depara-se o tempo todo com a frase de Joseph Kerman (1924-2014), um dos Irineu Franco Perpetuo

decanos da musicologia norte-americana que, no livro Opera

é jornalista e tradutor, ministra

as Drama (1952), a qualificou, sem meias palavras, de ‘shabby

cursos na Casa do Saber e

little shocker' (que poderíamos traduzir aproximadamente

colabora com a Revista Concerto

como ‘aquela coisinha chocante e desprezível’).

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 16


Mesmo um fã não exatamente puritano de La Bohème como Gustav Mahler (1860-1911) viu excessos em Tosca, como escreveu à esposa, Alma, depois de assistir a uma récita da ópera de Puccini pela primeira vez, em 1903: “No primeiro ato, entrada do papa com toques ininterruptos de sinos (que tiveram que ser trazidos especialmente da Itália). Segundo ato, um homem, sob tortura, emite gritos horripilantes, enquanto um outro é apunhalado com uma faca de pão afiada. Terceiro ato, novos toques de sinos, bim, bam, com uma vista de toda a cidade de Roma a partir de uma cidadela, enquanto prepara-se o fuzilamento de alguém por um pelotão de execução. Antes do fuzilamento, levantei-me e parti”. Mahler não hesitou em qualificar a ópera de ‘Meistermachwerk’ (algo como ‘magistral porcaria’), acrescentando, não sem ironia: “hoje em dia, qualquer amador sabe orquestrar perfeitamente”. Pela descrição do autor de A Canção da Terra, não é difícil deduzir o que feriu sua sensibilidade: os aspectos que pareciam aproximar a ópera do recém-nascido e popularíssimo verismo italiano, espetacularmente lançado por Cavalleria Rusticana, de Mascagni, em 1890. Adaptação de La Tosca, peça escrita especialmente para a mítica atriz Sarah Berhardt (1844-1923) pelo dramaturgo francês Victorien Sardou (1831-1908) e ambientada em Roma, em 17 de junho de 1800, logo após a vitória das tropas napoleônicas sobre as austríacas, a ópera de Puccini, em princípio, não parece seguir os cânones veristas. Afinal de contas, o tema é histórico, e seus personagens não pertencem às classes populares. O que aproxima Tosca do verismo, porém, é o tratamento cru dado a eventos como tortura, assédio sexual, chantagem, assassinato e fuzilamento. Para dar apenas um exemplo: enquanto, na peça de Sardou, a execução de Cavaradossi acontece decorosamente nos bastidores, na ópera de Puccini ela tem lugar em cena, diante dos espectadores. Como assinalado por Fedele D’Amico, “as novidades em Tosca são inseparáveis de suas descobertas expressivas.


O primeiro tema de Scarpia, aqueles três acordes que abrem a ópera e que, com algumas variações, concluem o primeiro e o segundo ato, certamente oferecem novas ideias harmônicas; mas a força inovadora dessa ‘novidade’ reside em mostrar um monstro humano que até agora a música jamais havia encarado. Salome, Elektra, Wozzeck: mais cedo ou mais tarde, deveremos ter coragem de acrescentar Tosca a essa lista; cronologicamente, ela viria antes”. Para uma obra histórica, Puccini queria o máximo de veracidade e verossimilhança. Meticuloso, consultou-se com um amigo, o padre Pietro Panichelli, que o informou sobre a melodia do Te Deum que era cantado nas igrejas romanas, sobre a ordem da procissão do final do primeiro ato e sobre os trajes da Guarda Suíça. O compositor viajou a Roma para saber como os sinos das igrejas eram ouvidos a partir da plataforma do Castel Sant’Angelo, e rejeitou a sugestão de Sardou de que a protagonista, em seu suicídio, mergulhasse nas águas do Tibre, devido ao fato de o rio passar longe do castelo. Na cantata do segundo ato, pensou em utilizar música original de Giovanni Paisiello (1740-1816, autor de um Barbeiro de Sevilha anterior ao de Rossini, e professor de seu avô, Domenico Puccini, 1772-1815), personagem real que é mencionado na peça de Sardou mas, no fim, decidiu-se por um pastiche. No mesmo ato, homenageou o irmão mais novo, Michele (1864-1891, que viveu anos na Argentina e faleceu no Rio de Janeiro), ao fazer uma gavota de sua autoria ser ouvida, ao longe, na festa oferecida pela rainha para comemorar a suposta derrota das tropas de Napoleão. Com um uso de motivos condutores que poderia ser classificado de wagneriano por sua estreita conexão com personagens e situações, Tosca (1900) foi a quinta ópera de Puccini. Ao lado da imediatamente anterior, La Bohème (1896), e da imediatamente posterior, Madama Butterfly (1904), forma o tripé sobre o qual se assenta a popularidade do compositor – algo como o equivalente pucciniano da

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 18


trinca verdiana Verdi Rigoletto/La Traviata/Il Trovatore. São as óperas que consolidam o toscano não apenas como o maior compositor italiano depois do autor de Aida, como o ápice e final da grande tradição lírica de seu país. Para Mosco Carner, Puccini “não nos lança em muitos planos diferentes, como fazem Mozart, Wagner, Verdi e Strauss, mas em seu próprio plano, o mais característico deles, em que a paixão erótica, a sensualidade, a ternura, o patético e o desespero se encontram e se fundem, ele foi um mestre sem rivais”.

A origem de Tosca está ligada ao único verdadeiro fracasso que Puccini experimentou na carreira de compositor: sua segunda ópera, Edgar (1889). Libretista desta (assim como da anterior, Le Villi, de 1884), Ferdinando Fontana (1850-1919) chamou a atenção do compositor para a peça teatral e, apenas duas semanas após a malograda estreia de Edgar, ele já escrevia a seu editor, Giulio Ricordi: “estou pensando em Tosca. Imploro que você tome as medidas necessárias para obter a permissão de Sardou, antes de abandonar a ideia, o que me entristeceria muitíssimo, já que, nessa Tosca, vejo a ópera que combina comigo, sem proporções excessivas, nem concebida como espetáculo decorativo, nem exigindo a habitual superabundância de música”. A urgência da missiva do compositor, contudo, não fez com que o projeto se materializasse logo. Inicialmente, Sardou estava reticente em conceder a autorização para que sua obra fosse musicada – afinal de contas, naquela época, Puccini era desconhecido na França. De qualquer maneira, em 1891, a Gazzetta Musicale publicava que Ricordi adquirira os direitos para Tosca, com música de Puccini e libreto de Luigi Illica (1857-1919) – Fontana, que vinha se correspondendo com Sardou sobre o tema, fora deixado de lado. Illica fez sua parte, e começou a trabalhar no texto, porém Puccini preferiu embarcar no projeto que finalmente

Nessa Tosca, vejo a ópera que combina comigo


lhe garantiria notoriedade internacional: Manon Lescaut (1893). Assim, em 1894, Tosca foi passada para o piemontês Alberto Franchetti (1860-1942), de uma abastada família de banqueiros judeus, que fizera sucesso, em 1892, ao compor, sob recomendação de Verdi, Cristoforo Colombo (1892), com libreto de Illica, em comemoração aos 400 anos da descoberta da América. Esquecido nos dias de hoje, Franchetti era um nome ascendente na época, e a ópera parecia estar em boas mãos. Afinal, ganhara um endosso de peso. Aos 81 anos, Verdi estivera presente na casa de Sardou, em Paris, quando Illica leu seu libreto para o dramaturgo, mostrando-se fortemente entusiasmado. O relato é de que, quando chegou o momento do adeus de Cavaradossi à arte e a vida, no último ato, o autor de Falstaff arrebatou-se de tal forma que tomou o manuscrito em suas mãos, recitando em voz alta o trecho (que, posteriormente, Puccini deixaria de fora da ópera). Há controvérsia quanto ao que aconteceu em seguida. Para alguns, um Puccini altamente competitivo, embora estivesse na época ocupado com La Bohème (tema que, por seu turno, arrebatara a Leoncavallo), ao ouvir falar nos elogios de Verdi ao libreto de Tosca, conspirou com Ricordi e Illica para tomar a ópera de volta. Outros sustentam que Franchetti (que tinha no currículo mais uma renúncia a uma ópera tornada famosa em mãos alheias: Andrea Chénier, estreada por Umberto Giordano em 1896) cansara-se de Tosca antes mesmo das exortações do libretista e do editor, liberando-a de bom grado para o colega. O projeto ainda corria riscos: em 1895, Puccini viajou a Florença expressamente para ver Berhardt no papel-título da peça criada para ela. Ficou decepcionadíssimo com a frieza da performance da diva, manifestando, em carta a Ricordi, dúvidas sobre o valor do texto e a viabilidade de sua realização operística. O editor foi hábil e rápido, assegurando a Puccini que a má impressão devia-se ao fato de a atriz estar


adoentada na apresentação florentina; em Milão, segundo Ricordi, não faltara “fogo” à atuação de Bernhardt no papel que teria, posteriormente, consequências trágicas para a atriz. Em 1905, em uma performance no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, ao saltar, na cena final, Bernardt machucou o joelho direito. A ferida nunca curou direito e, em 1915, devido à gangrena, ela teve que amputar a perna. Dirimidas as derradeiras dúvidas, colocou-se em ação o mesmo time que produzira La Bohème e, mais tarde, seria responsável por Madama Butterfly. Em auxílio de Illica, foi convocado, para ajudar na versificação, Giuseppe Giacosa (1847-1906), que não escondia seu ceticismo quanto às chances da empreitada: para ele, Tosca era ‘absolutamente inadaptável’ ao teatro musical. “O primeiro ato consiste apenas em duetos. Apenas duetos no segundo ato, à exceção da breve cena de tortura, na qual apenas dois personagens são vistos em cena. O terceiro ato é um dueto interminável”, escreveu a Ricordi. Mesmo com Giacosa domado, o dueto do terceiro ato daria a Puccini dores de cabeça na reta final de composição de Tosca; Ricordi queixou-se do trecho em carta ao compositor, considerando-o fragmentário. Pior ainda: O dolci mani, passagem que o editor considerava dotada de uma das ‘mais belas passagens de poesia lírica’ de Giacosa, recebera uma ‘melodia desconexa e modesta que, para piorar, veio de Edgar’. No fim, porém, o compositor soube defender suas escolhas de modo convincente, e não fez alteração alguma, conseguindo inclusive manter na partitura o fragmento proveniente da desafortunada ópera anterior.

Não é por acaso que o ápice da imigração italiana para o

Ameaça de bomba

Brasil se deu nos tempos de Puccini. Unificada em 1861 – por-

na estreia

tanto, três anos após o nascimento do compositor –, a Itália era uma nação jovem, em meio a uma complicada situação social. Segundo monarca do país, Umberto I (1844-1900)

Croquis do figurino de I Pagliacci, de Gianluca Falaschi


apoiou a violenta repressão aos levantes populares de 1898, recebendo dos anarquistas a alcunha de ‘Rei Metralha’. Destinatário de um dos ‘bilhetes de loucura’ de Nietzsche, foi alvo, em 22 anos de governo, de três atentados – inclusive o que tiraria sua vida, cinco meses depois da estreia de Tosca. O monarca não compareceu à primeira audição mundial da ópera de Puccini, no Teatro Costanzi, em Roma (capital italiana, e cidade na qual a ópera é ambientada), em 14 de janeiro de 1900, porém fez-se presente sua esposa, a Rainha Margherita (que fora homenageada, em 1889, com uma receita de pizza que até hoje é sucesso em todo o planeta), bem como o primeiro-ministro Luigi Gerolamo Pelloux – e o preterido Alberto Franchetti. Quinze minutos antes da função começar, um policial foi ao camarim do maestro Leopoldo Mugnone para avisar que havia o risco de atentado a bomba. Caso isso ocorresse, ele deveria interromper a récita, e executar o hino nacional italiano. Para piorar, logo após o início da récita, eclodiu na plateia um tumulto que fez o regente interromper a apresentação e abandonar o posto. Verificou-se, contudo, que a algazarra devia-se não a agitadores anarquistas, mas a espectadores que haviam chegado atrasados. A apresentação foi reiniciada, e Tosca pôde assim começar sem interrupções sua bem-sucedida carreira internacional. Em São Paulo, Tosca estreou já no ano seguinte, 1901, tornado-se uma das óperas mais programadas na cidade mesmo antes da construção do Theatro Municipal, com diversas gerações de astros do canto se revezando em seus papéis principais. São Paulo chegou a ouvir, em suas respectivas partes, a primeira Tosca (Hariclea Darclée) e o primeiro Scarpia (Eugenio Giraldoni). A lista de intérpretes ilustres da protagonista nos palcos paulistanos inclui Claudia Muzio, Gina Cigna e Elena Suliotis, enquanto o vilão já foi encarnado por aqui por Tito Gobbi e Giuseppe Taddei. Os intérpretes afamados de Cavaradossi

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 22


em São Paulo, por sua vez, são legião, do talento brasileiro de Benito Maresca ao legendário Enrico Caruso (que Puccini recusara para a estreia da ópera, julgando-o ‘preguiçoso’), passando, entre outros, por Beinamino Gigli, Tito Schipa, Aureliano Pertile, Giacomo Lauri-Volpi e Ferruccio Tagliavini.


Veramente romana Leandro Karnal

Primeiro foi uma loba amamentando os filhos do deus Marte. Depois um crime em família: Rômulo matou Remo. Seguiu-se uma estranha forma de povoamento, com rapto de mulheres da vizinhança. Estávamos na infância da cidade! Devemos reconhecer: Roma não é uma cidade monótona. Aldeia pequena em luta contra vizinhos mais fortes; capital do maior império da Antiguidade; metrópole invadida por bárbaros; sede do papado; encruzilhada chave do Renascimento e do Barroco e, por fim, capital do novo estado italiano no século 19. Se fosse uma biografia individual, Roma seria, no mínimo, bipolar. A cidade do Lácio perdeu muitas coisas em sua história de quase 3 mil anos, mas uma se manteve: a capacidade de seduzir viajantes. Os ingleses tornaram quase obrigatória a viagem, o grand tour. A elite da ilha, geralmente acompanhaLeandro Karnal é doutor em

da por um cicerone, fazia uma peregrinação moderna até as

História Social pela USP e

ruínas e igrejas da cidade. Também foi na península italiana

professor de História na Unicamp

que Goethe encontrou luzes fundamentais na sua jornada. A

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 24


Italienische Reise seria uma referência para o século 19. Naqueles dias, ninguém seria culto ou bem formado enquanto não tivesse passado uma temporada na Itália. Sigmund Freud escreveu ao amigo Wilhelm Fliess: “Meu desejo de visitar Roma é profundamente neurótico”. Para Martha, sua esposa, anota em 24 de setembro de 1907: "O tempo fica sempre mais magnífico. A cidade sempre mais esplêndida". Roma seduzia até quem era especialista em analisar a sedução como conceito. As ruínas do fórum tornaram-se o elemento inerte mais loquaz da História. A capital italiana pareceu ao austríaco uma sobreposição de muitas camadas históricas, como uma massa folhada de memória e testemunhos. Os sedimentos eram visíveis e, imbricados, deixavam entrever os poderes e interesses do passado romano. Era exatamente ao lado do Tibre, o Tevere, que se erguia um exemplo destas camadas: o castelo de Santo Ângelo. A construção tinha sido concebida pelo imperador Adriano como mausoléu familiar. Uma quadriga de bronze com o herdeiro de Trajano e um jardim suspenso dominavam o prédio circular. No declínio da cidade clássica, o túmulo integrara o sistema de defesa das muralhas. Na Idade Média, foi testemunha uma visão do papa Gregório Magno: um anjo embainhava a espada sobre a construção circular, sinal do fim da epidemia que fustigava o povo. É um imenso anjo de bronze que, desde o século 18, encima o monumento, rebatizado, desde a visão pontifícia, de Sant’Angelo. O castelo salvou a vida de muitos papas. Suas grossas paredes e localização, seus caminhos secretos para o Vaticano, sua visão privilegiada do curso do Tibre: tudo colaborou para ser o principal baluarte do sucessor de Pedro. Nele, em 1527, Clemente VII assistiu, horrorizado, ao saque de Roma pelos lansquenetes de Carlos V . Em dias mais tranquilos, os papas adornaram a ponte homônima na frente do Castelo. Uma legião de anjos escul-


pida por gênios como Bernini carrega os instrumentos da paixão. O onipresente mármore travertino recobre a ponte. Era um acesso para os peregrinos chegarem à entrada da Basílica de São Pedro. A velha ponte romana (Aellus) virara quase um monumento batizado e crismado dentro da nova ordem cristã. Mausoléu, fortaleza, residência e prisão: o monte sacro que Adriano imaginara eterno teve uma trajetória mutante. Como prisão, abrigou pensadores dissidentes, como Giordano Bruno, o ocultista e alquimista Conde Cagliostro e a famosa Beatrice Cenci, cuja execução pelo crime de parricídio tanto impressionou ao pintor Caravaggio. E é deste círculo que Tosca salta para a eternidade.

Quando Tosca vivia: 1800

Dividida em reinos e repúblicas, a Itália chegara ao fim do século 18 sem unidade nacional. A partir de 1789, a Revolução Francesa agitou a já tumultuada história da península. Para enfrentar a vaga que começara em Paris, países como Áustria e Prússia formaram uma coligação contra a jovem República. O general Bonaparte seria a estrela em ascensão que o governo francês escolheu para a campanha da Itália. Entre 1796 e 1797, Napoleão, com apenas 27 anos, devastou o norte da península e impôs derrotas a italianos e austríacos: Rovereto, Montenotte, Rivoli e na estratégica Mântua. Em 1798, entrou triunfalmente em Roma, que seria transformada numa República. A efêmera experiência romana duraria só até o ano seguinte, engolfada no refluxo reacionário e monárquico. Houve uma segunda investida napoleônica na Itália. Já como Primeiro Cônsul da República Francesa, o corso atravessou o passo alpino de São Bernardo e obteve novas vitórias. Para os homens desse momento, Napoleão representava (para o bem e para o mal) os ideais da Revolução Francesa: a República e o Iluminismo com traços anticlericais. Napoleão

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 26


Batalha de Marengo, de Louis-Franรงois Lejeune (1802)


também era o fim de uma ordem tradicional que, desde a Idade Média, equilibrava e dividia a Itália: o binômio Papa/ Imperador ou guelfos/gibelinos. De todas as vitórias francesas, a que mais nos interessa é a de Marengo. Na pequena vila piemontesa de Spinetta Marengo, em 14 de maio de 1800, Bonaparte enfrentou um exército austríaco maior e com mais canhões. Valeu a estratégia da astúcia sobre a força. Prevaleceu Napoleão. Mas, a vitória teve um custo especial, pois morreu na batalha o general Louis Charles Antoine Desaix. O militar seria homenageado com uma imensa estátua na praça das Vitórias, em Paris. O nome Desaix também batizou uma cidade na Argélia francesa. Mas, por que estamos falando de Marengo, se nosso interesse é a Tosca? A ópera é ambientada no momento em que as notícias da vitória francesa chegam a Roma. Para os republicanos romanos, era o início de uma nova era, uma derrota das forças obscurantistas austríacas e papais, o primeiro passo da libertação definitiva e revolucionária da Itália. O papa Pio VII, beneditino eleito pouco antes, temia sofrer a sorte do antecessor, exilado na França e sem poder temporal. Não desconfiava Pio VII que seria exatamente ele, que tanto combatera Napoleão, o pontífice a abençoar a coroação de Napoleão Bonaparte em Paris, apenas 4 anos depois de Marengo. No clima pós-Marengo, entre o colapso da República Romana e a possibilidade de restaurar os ideais republicanos na Cidade Eterna, entende-se a tensão política entre o velho e o novo contida na ópera. Dois polos travavam uma luta de morte, pois sabiam que o projeto político de cada um não tolerava diálogo com o outro. No meio do fogo cruzado da política e da utopia, emerge o anelo romântico de Tosca de ‘Vissi d’arte, vissi d’amore’. Fechar os olhos ao século e viver só da recôndita harmonia musical não era possível, ao menos em 1800. A vaga revo-

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 28


lucionária destruiria a possibilidade da arte pela arte, mas esta utopia resistiria tão bravamente quanto as paredes do castelo de Sant’Angelo.

Avancemos até 1900: Giacomo Puccini vive numa Itália toma-

Quando Puccini imaginava

da por atentados anarquistas e agitação política. Ele começa

a vida de Tosca: 1900

sua trama da Tosca com um fugitivo que se refugia na basílica de Sant’Andrea della Valle. Como é comum na construção da memória histórica, um autor de um período agitado, Puccini, imagina outro momento de tumulto, o mundo da República Bonapartista em choque com os velhos poderes da península. Neste jogo de espelhos, 1800 é uma metáfora de 1900, bem como um exorcismo. A ópera estreou quase ao mesmo tempo da morte de Giuseppe Verdi. Verdi encerrava uma era que havia visto surgir a Itália como Estado. Puccini amadurecia num país que não era, exatamente, o que o Risorgimento desejara. A glória do Império Romano e do Papado não tinha criado uma potência europeia; a unidade italiana não iniciara uma era de glória e poder. 1900 era um momento político de agitação social e das ideias. Dois anos antes da estreia da Tosca, o anarquista italiano Luigi Lucheni havia assassinado Elizabeth da Baviera, a popular imperatriz Sissi, em Genebra. A Tosca estreou no inverno de 1900. No verão do mesmo ano, outro anarquista, Gaetano Bresci, assassinou o rei da Itália, Umberto I. Em 1901, outro anarquista, Leon Czolgosz, matou o presidente dos Estados Unidos, William McKinley. Em 1908, o rei de Portugal e seu herdeiro direto teriam o mesmo fim. A virada do século 19 para o 20 parecia violenta e perigosa. Época de mortes políticas, mas também de mortes naturais, como a de Friedrich Nietzsche e de Oscar Wilde. O século 19 adoecia, era exilado, enlouquecia ou era assassinado, no entanto seu epitáfio teria de esperar outro assassinato, em Saraievo, em 1914.


Napole達o Bonaparte na Ponte de Arcole, Antoine-Jean Gros (1801)

theatro municipal de s達o paulo_temporada 2014_pg 30


Não havia sentimento unificado europeu sobre o ano de 1900. Para os franceses, foi o ano da Exposição Universal de Paris, que atraiu mais de 50 milhões de encantados visitantes pasmos diante das belezas do futuro. O ano da estreia da Tosca inaugurava também a Art Nouveau, que seduziria uma geração inteira com suas volutas e motivos florais. Ser atualizado era possuir os caros objetos elaborados por Lalique ou Gallé. Morar bem seria habitar um projeto de Gaudi, em Barcelona. Para os ingleses, era o ano difícil da Guerra dos Böers na África do Sul, que tantas vidas consumia. Também era o fim da era vitoriana, já que a veneranda rainha-viúva, que marcara o zênite do poder britânico, estava próxima da morte. Para os italianos, além do impacto do crime contra Umberto I, tratava-se de pagar o custo do Risorgimento. O Sul, mais pobre, espalhava imigrantes pelo mundo. O Norte, industrializado, vivia agitações sindicais e anarquistas. Havia ainda uma Itália ‘irredenta’, não redimida, ou seja, não integrada ao Estado que tinha sido inaugurado por Vittorio Emanuele II. Quatro anos antes, em 1896, a Itália teve de tolerar uma humilhação mundial. Na época em que todas as potências imperiais conseguiam enormes conquistas na África e na Ásia, parecia ser um destino natural para os europeus impor sua ‘superioridade’ aos colonos. A minúscula Bélgica havia conquistado o vasto Congo. A Holanda pilhava a Indonésia. França e Inglaterra dividiam milhões de quilômetros quadrados pelo mundo. O reino da Itália não queria ficar atrás e atacou uma das raras áreas ainda livres da África: a Etiópia. Na batalha de Adwa, a 1º de março de 1896, as tropas peninsulares foram derrotadas pelo exército etíope. Um imperador negro, Menelik, derrotara o Reino Italiano. A Itália virava motivo de chacota em toda Europa. O orgulhoso descendente etíope da rainha de Sabá e do rei Salomão tinha conseguido sobrepujar o país que se considerava herdeiro do Império Romano.


Além da humilhação africana, a católica Itália tinha um problema interno desde 1870. Os papas continuavam reclusos em Roma, rompidos com o governo italiano em protesto contra a anexação dos estados pontifícios. Em 1900, autodeclarado ‘prisioneiro do Vaticano’, o nonagenário Leão XIII era um obstáculo à paz política italiana, como fora seu antecessor Pio IX. Seria necessário esperar até Mussolini, em 1929, para que a ‘questão romana’ se encerrasse e a Igreja católica voltasse a abençoar os poderes terrenos da Itália Fascista. Era na música, especificamente na ópera, que a Itália ainda era grande. Fora na Itália que as notas musicais ganharam seu nome. Era italiana a nomenclatura da música, já com contestações de alemães e franceses nacionalistas, que substituíam palavras como ‘presto’ por ‘Schnell’ e ‘rapide’. A ousadia transalpina não se tornaria mundial: era em italiano que a música continuaria a correr o planeta. A ópera era popular e as árias seguiam cantadas por pessoas comuns nas ruas. Contou-me um amigo que seu pai, amante da ópera, assistia a uma cena da Tosca no mítico Alla Scala de Milão. Duas senhoras, com roupas despojadas, assistiam à ópera, tricotando (sim, tricotando, no sentido fático do verbo). Diante das maldades nefandas de Scarpia com a indefesa Tosca, uma das italianas teria interrompido o trabalho manual e exclamado: ‘Maledetto’. Esta narrativa ilustraria o caráter popular da ópera na Itália. ‘Se non è vero, è ben trovato’. A indústria italiana não dominava o mercado mundial. O Exército italiano não amealhara tantas colônias como os anelos nacionalistas suspiravam. Porém, a península em forma de bota ainda atraía o encanto de viajantes e de leitores. E sim, a música, a sublime música, ainda fazia da Itália uma referência mundial. A Itália não ‘maquinofaturava’ nem ‘marchava’ como ocorria no mundo além dos Alpes, mas cantava, e muito. Carmen sapateava com fúria em francês. Brünhild poderia galopar em alemão. Mas era em italiano que o Bel


Canto seduzia a maioria do mundo ocidental. Em Nova York ou São Paulo, em Buenos Aires ou Lisboa, era mais provável ouvir alguém cantando ‘Va, pensiero, sull’ali dorate’ com a suave melancolia da saudade exilada do que a cadência áspera e metálica de ‘Nothung! Nothung! Neidliches Schwert!’. Como viver num mundo venal? Como existir em meio ao declínio? Como capturar o êxito que foge a cada instante, como areia entre dedos? Como trazer uma glória do passado para o atribulado presente? Como ser italiano em 1800, em 1900 ou 2014, e de cabeça erguida? Parte da resposta está em Puccini. O poder do papa sobre metade da Itália não existe mais. Napoleão, o gênio de Marengo, morreu preso no exílio. A estátua parisiense do general Desaix, morto em batalha, foi derrubada pela Restauração. A cidade que tomou seu nome na Argélia chama-se hoje Nador. O tempo acabou varrendo a Restauração dos Bourbons. Morreram os revolucionários italianos e também os reacionários. Tudo foi transformado na cidade de Roma. Na tessitura de Cronos, a carne humana é erva do campo. Mas, sobre o Castelo de Sant’Angelo, ainda brilham as estrelas cintilantes da melodia de Puccini: 'E lucevan le stele'. Resta isto, sempre: o céu eterno e a música que a ele alça. Nada mais é necessário. A arte não floresceu em vasos de alabastro, mas nos vãos das barricadas. Neste local insólito, a arte longa se impõe à vida breve. A música é imortal.




A Exuberância do Sensacionalismo: Puccini, o neo-realista Arthur Dapieve

Apesar de ocupar lugar cativo no repertório das principais casas de ópera do mundo há mais de cem anos, ainda não é comum Giacomo Puccini ser levado a sério pelos especialistas. Entre eles, o compositor de La bohème, Tosca e Madama Butterfly tende a ser considerado um vulgarizador da arte de Giuseppe Verdi, uma fotocópia com pouca tinta de seu refinamento psicológico e de sua sofisticação melódica, o último suspiro da grande ópera italiana, quando não coisa pior: um manipulador dos instintos mais primitivos da patuleia. Puccini se ofereceria facilmente ao público e, passado o impacto inicial de seus truques, não sobraria muito para a história da ópera. Uma das exceções a essa tendência é o musicólogo americano Richard Taruskin. Embora os cinco ou seis – depende da edição – alentados volumes de The Oxford History Arthur Dapieve é jornalista,

of Western Music (2005) dediquem a Puccini não mais que

crítico musical e colunista

11 páginas, quatro delas tomadas por trechos das partituras

do jornal O Globo

de Madama Butterfly, os termos usados lhe são elogiosos.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 36


Taruskin apresenta Puccini como a primeira vítima importante do cisma que marcaria a história da música no século 20: entre os compositores ‘de repertório’ (de grande apelo popular, mas pequeno prestígio crítico) e os compositores ‘do cânone’ (de pequeno se não nulo apelo popular, mas de enorme prestígio crítico). Taruskin ressalta, inclusive, que livros como The Oxford History of Western Music raramente se ocupam de Puccini. Por quê? “Puccini escreveu para o repertório (para ‘as necessidades do ouvinte contemporâneo’) assim como fez a maioria dos compositores materialmente bem-sucedidos – ou seja, populares – do século”, escreve. Em outras palavras, tiradas do campo da música pop, Puccini era um hit maker nato. Tanto na capacidade de criar melodias memoráveis a partir de uma única audição – pensemos em Nessun dorma, de Turandot, ou E lucevan le stelle, de Tosca – quanto na capacidade de divisar dramas que funcionassem junto ao grande público. Atrás de boas histórias para deixar ao cuidado de seus libretistas, Puccini ia aos teatros assistir a peças até mesmo em idiomas que não dominava. Meio a sério, meio de brincadeira, ele certa vez afirmou que, se conseguia acompanhar a trama sem entender o que se dizia no palco, ela provavelmente funcionaria também se transformada numa ópera (na qual a maior parte das plateias não domina o idioma falado e cantado). A grande sacada de Taruskin sobre Puccini ocorre no finalzinho das 11 páginas a ele dedicadas no terceiro volume da edição de 2010 de The Oxford History of Western Music. O musicólogo registra que Turandot – deixada pela morte do compositor sem o dueto final, finalizado por Franco Alfano – foi a última ópera italiana a entrar no repertório internacional. As poucas peças posteriores a cair no gosto popular foram escritas por compositores de outras nacionalidades (‘até americanos’, ironiza). Isso se deu, segundo Taruskin, não porque Puccini tenha matado a ópera italiana com suas melodias grudentas e suas histórias apelativas, mas porque a primeira


apresentação de Turandot, no Scala de Milão, a 25 de abril de 1926, tenha praticamente coincidido com o surgimento do cinema falado, “apenas três anos depois”. Aqui, Taruskin se equivoca, em prejuízo de sua própria tese: O cantor de jazz, de Alan Crosland, foi lançado em 6 de outubro de 1927, ou seja, pouco mais de um ano depois daquela estreia no Scala. É provável que o musicólogo tenha se confundido com a data da morte de Puccini, ocorrida três anos antes, a 29 de novembro de 1924, aos 65 anos de idade. Não importa. A sacada de Taruskin não se dá ao perceber que no século 20 a ópera viria a ser substituída, como “fonte primária de espetáculos de entretenimento popular”, pelo cinema. Esse raciocínio é comum a outros estudiosos. A grande sacada se dá quando Taruskin vê como herdeiros de Puccini os diretores neorrealistas Roberto Rossellini, Vittorio de Sica e (o primeiro) Federico Fellini. Essa escola cinematográfica só pode ser vista como herdeira de determinado ramo da arte local, o do verismo, espécie de naturalismo à italiana, liderado pelo escritor siciliano Giovanni Verga (1840-1922). É dele, aliás, o conto Cavalleria rusticana, base da ópera de Pietro Mascagni, quase sempre apresentada em programa duplo com I Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, no famoso “Cav & Pag”. Nas duas obras, personagens das classes trabalhadoras – uma reação aos clichês consagrados na tradição romântica – cometem crimes passionais em ambientes sórdidos que buscam retratar as desigualdades sociais. Apesar de a única obra realmente verista de Puccini ser Il Tabarro, primeira parte do tríptico de óperas em apenas um ato, junto com Suor Angelica e Gianni Schicchi, Tosca também traz traços dessa escola. Os protagonistas importados de uma peça muito mais longa do francês Victorien Sardou – reduzida ao essencial pelos libretistas Luigi Illica e Giuseppe Giacosa – decerto não podem ser comparados a artistas de circo ou marinheiros comuns. São Floria Tosca, uma soprano famosa; Mario Cavaradossi, seu amante pintor;

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 38


e o barão Vitellio Scarpia, chefe de polícia. Nem o cenário é deliberadamente banal, como nas obras veristas ‘de raiz’. O trágico triângulo amoroso de Tosca tem, como pano de fundo, ou melhor, tem quase como coprotagonista a grande História: a trama se concentra no período de tempo de um dia para outro, logo após a Batalha de Marengo, ocorrida em 14 de junho de 1800. Napoleão a ganhou, mas a primeira notícia que chega à Roma da ópera é a de que Napoleão a perdeu. Esse mal-entendido permite a Puccini escrever uma das mais gloriosas cenas de toda a sua carreira: o perverso Scarpia canta sua tara por Tosca na igreja onde um Te Deum celebra a suposta derrota do belzebu francês. Entrelaçam-se numa melodia poderosa a voz do barítono, o coro da igreja, os sinos, os tiros de canhão que alertam para a fuga do preso político Cesare Angelotti, fuga que põe a trama em movimento. Quando termina Tre sbirri, una carrozza, a ária de Scarpia, cai o pano do primeiro ato, e a plateia está sem fôlego, de joelhos. Precisamente como Puccini projetou. Mesmo em suas óperas mais ‘exóticas’, como Madama Butterfly e Turandot, Puccini esteve atento a alguma verossimilhança: estudou música chinesa e japonesa, incorporando-as às passagens interpretadas pela gueixa infeliz e pela ‘princesa de gelo’. Em Tosca, além dos detalhes históricos e arquitetônicos (a igreja de Sant’Andrea della Valle, embora nela não exista a Capela Attavanti pintada por Cavaradossi, e o Castel Sant’Angelo, onde o pintor será executado e de onde Tosca pulará para a morte), o compositor pediu a um amigo romano que anotasse a tonalidade dos sinos matinais nas redondezas da prisão, que são reproduzidos no prelúdio ao terceiro ato. Em certos aspectos, Puccini talvez se assemelhe menos a um cineasta neorrealista do que ao repórter de um jornal popular. Como nenhum outro compositor, ele tem o faro para histórias ‘sensacionalistas’, a habilidade para ‘apurar’ os seus detalhes e o gênio – palavra que lhe é frequentemente


negada pelos musicólogos atrelados ao cânone mencionado por Taruskin – de condensá-la em poucas linhas. Não é preciso muito esforço para imaginar a manchete ‘Cantora mata policial que mandou executar seu amante’ pendurada numa banca de jornal. Tosca, a ópera, é ao mesmo tempo brutal, o que a aproxima do verismo, e altamente sentimental, o que a aproxima do romantismo. É irresistível sua mistura deliberada de ciúme, perversão, perfídia e mortes – há três à vista, o assassinato de Scarpia, a execução de Cavaradossi e o suicídio de Tosca, mais uma apenas comunicada em cena, o suicídio por envenenamento de Angelotti. Se, no final das contas, Puccini fosse um cineasta talvez fizesse filmes noir. Ao menos em Tosca e Il tabarro, a suspensão da descrença essencial à ópera é usada com parcimônia, a conta-gotas. Naturalmente, tal talento do compositor para o drama (ele dizia que Deus lhe concedera o dom de escrever para teatro, nada além) de pouco serviria, em se tratando de ópera, se viesse desacompanhado do talento para galvanizá-lo com efeitos musicais de uma beleza atordoante, tanto numa recorrência de temas atenta a Wagner quanto na produção de peças isoladas típicas da escola italiana. Em Tosca, além de Scarpia em Tre sbirri, una carrozza, como era de se esperar têm oportunidade de brilhar os intérpretes dos outros protagonistas: a cantora cujo ciúme joga Cavaradossi e Angelotti nas mãos do chefe de polícia ganha de Puccini Vissi d’arte; e o pintor simpatizante do Napoleão pré-imperial ganha E lucevan le stelle. É curioso saber que o compositor, qual um jornalista obcecado pela concisão e fluidez das narrativas, chegou a se arrepender de ter composto a bela Vissi d’arte, que segundo ele, cortaria a energia vinda da tortura de Cavaradossi (encenada fora das vistas do público, mas mesmo assim bastante forte). Em relação à ária de despedida da amante e da vida que o pintor canta quando amanhece em Roma, e ele espera pela execução no Castelo de Sant’Angelo, comentaristas já

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 40


a acusaram de ser ‘psicologicamente inconsistente’ ou coisa que o valha. As plateias que se enternecem com E lucevan le stelle durante as apresentações de Tosca ou durante recitais para tenor onde ela é uma peça de resistência não poderiam se importar menos. O que escutam no clarinete é a melodia lindamente patética – patética na acepção dicionarizada de “provocar comoção emocional, produzindo um sentimento de piedade (...) tristeza ou terror” – e na voz, uma nostalgia antecipada com a qual é fácil se identificar. A registrar que a peça guarda semelhanças musicais e emocionais com outra célebre ‘ária de despedida’, a do poeta Lensky, cantada logo antes do duelo com o personagem-título de Eugene Oneguin (1879), de Tchaikovsky. Outro compositor, por sinal, que volta e meia ainda é acusado de usar golpes baixos para seduzir o ouvinte. Bem, se assim é, Puccini não poderia estar em melhor companhia.


Quatro perguntas para o diretor cênico Marco Gandini

Nesta montagem de Tosca,

Desloco a história para a década de setenta, mas não há

você desloca o enredo de

qualquer relação com o neorrealismo cinematográfico; sigo

1800 para a década de

um caminho bem diferente. Minha montagem trabalha com

setenta do século 20. Um

os elementos realistas de Puccini. Enfatizo a verdade de

dos textos que compõem

gestos e expressão de origem verdadeiramente teatral. Não

este programa associa

pretendo retratar a realidade de maneira fiel, mas por meio

o verismo de Puccini

do teatro simbólico, da representação.

ao cinema neorrealista italiano. Na sua montagem há essa associação?

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42


Há diversos paralelos. Em Tosca, a relação entre a Igreja e o

Qual é a relação que você

Poder é muito clara; na década de setenta, esse tema entrou

percebe e explora entre

na pauta pela primeira vez e foi escancarado. Em ambos os

os cenários políticos da

momentos, havia uma agitação revolucionária. Especialmente

Roma de 1800 e da Itália

na década de 70, jovens revolucionários questionaram pa-

da década de 1970?

drões da política, dos costumes e das artes. Uma outra relação possível é que esses dois momentos marcam o fim de uma época. Nos anos setenta, as artes ainda tinham um papel proeminente, eram valorizadas e prestigiadas. Os diversos integrantes da sociedade se interessavam pela arte, um tanto diferente do que acontece hoje. Foi um último momento de um mundo elegante, segundo creio. Minha intenção ao trazer a história para esta década foi deixá-la mais clara, mais tangível para o público.

As questões simbólicas passam pelas dimensões do espaço

E como estes elementos

cênico: a prisão é mais caracterizada como tal por suas dimen-

dialogam da montagem?

sões, bem como a igreja. Trabalho também as relações entre Igreja e Poder e Vida e Morte, não só como dois polos, mas também como a vida que vai se desfazendo; a decadência.

Vejo nesta ópera uma violência das paixões: grandes amo-

Tosca é uma ópera

res e desejos que se manifestam em atitudes apaixonadas

cujos conflitos levam

e extremas. A violência física acaba sendo resultado disso e

a desfechos violentos.

algo secundário. A cena do interrogatório de Tosca e Cava-

Como você abordou esse

radossi mostra essa dinâmica das paixões, pois Scapia está

tema na sua direção?

tentando seduzi-la, conquistá-la, está dando vazão à sua paixão; Cavaradossi sofre um interrogatório policial padrão. Essas tensões sentimentais e psicológicas são muito maiores e mais intensas que qualquer elemento de violência física possivelmente existente na obra.


Gravações de referência

CDs

Regência Victor de Sabata

Spoletta Angelo Mercuriali

Floria Tosca Maria Callas

Orquestra e Coro do Scala de Milão

Mario Cavaradossi Giuseppe di

Warner Classics

Stefano Scarpia Tito Gobbi Cesare Angelotti Franco Calabre Sacristão Melchiorre Luise

Regência Zubin Metha

New Philharmonia Orchestra

Floria Tosca Leontyne Price

RCA/Sony

Mario Cavaradossi Plácido Domingo Scarpia Sherrill Milnes Cesare Angelotti Clifford Grant Sacristão Paul Plishka Spoletta Francis Egerton

Regência Colin Davis

Orquestra e Coro da Royal Opera

Floria Tosca Montserrat Caballé

House

Mario Cavaradossi José Carreras

Decca

Scarpia Ingvar Wixell Cesare Angelotti Samuel Ramey Sacristão Domenico Trimarchi Spoletta Piero de Palma

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44


DVD

Regência Antonio Pappano

Orquestra e Coro da Royal Opera

Direção Cênica Jonathan Kent

House

Floria Tosca Angela Gheorghiu

EMI

Mario Cavaradossi Jonas Kaufmann Scarpia Bryn Terfel Cesare Angelotti Lukas Jakobski Sacristão Jeremy White Spoletta Hubert Francis

Blu-Ray

Regência Daniel Oren

Arena di Verona

Direção Cênica Hugo de Ana

Arthaus Musik

Floria Tosca Fiorenza Cedolins Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez Scarpia Ruggero Raimondi Cesare Angelotti Marco Spotti Sacristão Fabio Previati Spoletta Enrico Facini




LIBRETO TOSCA

Personagens Personaggi

Floria TOSCA célebre cantora

Floria TOSCA nota cantante -

de ópera - soprano

soprano

Mário CAVARADOSSI pintor e

Mario CAVARADOSSI pittore ed

amante de Floria Tosca - tenor

amante di Floria Tosca - tenore

O Barão SCARPIA chefe da

Il barone SCARPIA capo della

polícia de Roma - barítono

polizia - barítono

Cesare ANGELOTTI prisioneiro

Cesare ANGELOTTI prigioniero

político - barítono

politico evaso - basso

SPOLETTA um agente da polícia -

SPOLETTA un agente di polizia -

tenor

tenore

SCIARRONE um outro agente da

SCIARRONE un altro agente -

polícia) - baixo

basso

Um SACRISTÃO - baixo

Il SAGRESTANO - basso

Um CARCEREIRO - baixo

Un CARCERIERE - basso

Um PASTOR - sopranino ou

Un PASTORE - voce bianca

menino-cantor

Primeiro Ato

[Na Igreja de Santo André.

[La chiesa di Sant'Andrea della Valle.

Atto Primo

À direita está a capela dos Attavanti.

A destra la cappella Attavanti. A

Scena Prima

À esquerda, um andaime; sobre ele,

sinistra un impalcato; su di esso um

um grande quadro coberto com um

gran quadro coperto da tela. Attrezzi

pano. Várias ferramentas de pintor.

vari da pittore.

Um cesto.]

Un paniere.]

Primeira Cena

Angelotti

[Vestido de prisioneiro, ferido,

[Vestito da prigioniero, lacero, sfatto,

abatido, tremendo de medo, entra

tremante dalla paura, entra ansante,

ofegante, quase correndo pela porta

quase correndo, dalla porta laterale.

lateral. Olha rapidamente em volta]

Dà una rapida occhiata intorno]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48


Ah... finalmente!...

Ah!... Finalmente!...

Em meio ao terror, privado de razão,

Nel terror mio stolto vedea ceffi di

enxergava guardas em todos os rostos.

sbirro in ogni volto!

[Olha novamente em volta. Mais

[Torna a guardare attentamente intorno

calmo, faz o reconhecimento do

a sé con più calma a riconoscere

local. Ao ver a coluna com a pia de

il luogo. Dà un sospiro di sollievo

água benta e a imagem da santa,

vedendo la colonna con la pila

suspira aliviado]

dell'acqua santa e la madonna]

A pia... a coluna...

La pila... la colonna...

“Aos pés da Virgem Santa”,

“a piè della madonna”

escreveu-me a minha irmã...

mi scrisse mia sorella...

[Aproxima-se, procura ao pé da

[Vi si avvicina, cerca ai piedi della

santa e, sufocando o grito de alegria,

madonna e ne ritira, con un soffocato

encontra uma chave]

grido di gioia, una chiave]

Aqui está a chave!... E ali… a capela!

Ecco la chiave!... ed ecco la cappella!...

[Indica a capela Attavanti, coloca a

[Addita la cappella Attavanti,

chave na fechadura com ânsia, abre

febbrilmente introduce la chiave nella

a grade, entra na capela, fecha-a... e

serratura, apre la cancellata, penetra

desaparece]

nella cappella, richiude... e scompare]

[Aparece vindo do fundo: vai da

[Appare dal fondo: va da destra a

Segunda Cena Scena Seconda

Sacristão Sagrestano

direita à esquerda, organizando a

sinistra, accudendo al governo della

igreja. Nas mãos, vários pincéis]

chiesa: avrà in mano un mazzo di pennelli]

Sempre lavando!...

E sempre lava!...

Estes pincéis estão mais encardidos

Ogni pennello è sozzo peggio d'un

que o colarinho de um coroinha.

collarin d'uno scagnozzo.

Senhor pintor?... Ei!...

Signor pittore... Toh!...

[Olha em direção ao andaime onde

[Guarda verso l'impalcato dove sta il

está o quadro e, constatando que

quadro, e vedendolo deserto, esclama

não há ninguém, exclama, surpreso]

sorpreso]


Ninguém!

Nessuno!

Poderia jurar que o senhor

Avrei giurato che fosse ritornato il

Cavaradossi já havia voltado.

cavalier Cavaradossi.

[Apoia os pincéis, sobe no andaime,

[Depone i pennelli, sale

olha dentro do cesto e diz]

sull'impalcato, guarda dentro il

Não… me enganei…

paniere, e disse]

O cesto permanece intocado.

No, sbaglio.

[Desce do andaime. Soam os sinos.

Il paniere è intatto.

O sacristão se ajoelha e reza baixo]

[Scende dall'impalcato. Suona

“O anjo do Senhor anunciou a Maria

l'angelus. Il sagrestano si

e ela concebeu do Espírito Santo...

inginocchia e prega sommesso]

Eis aqui a serva do Senhor...

Angelus Domini nuntiavit Mariae,

faça-se em mim segundo a Vossa

et concepit de Spiritu Sancto.

palavra...

Ecce ancilla Domini,

E o Verbo encarnou-se

fiat mihi secundum verbum tuum.

e habitou entre nós...”

Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis.

Terceira Cena Scena Terza

Cavaradossi

Sacristão Sagrestano

[Da porta lateral, olhando o

[Dalla porta laterale, vedendo il

sacristão ajoelhado]

Sagrestano in ginocchio]

Que estás fazendo?

Che fai?

[Levantando-se]

[Alzandosi]

Rezando o Angelus.

Recito l'Angelus.

[Cavaradossi sobe no andaime e

[Cavaradossi sale sull'impalcato

descobre o quadro. É uma Maria

e scopre il quadro. È una Maria

Madalena com grandes olhos azuis

Maddalena a grandi occhi azzurri

e longos cabelos dourados. O pintor

con una gran pioggia di capelli

permanece em frente ao quadro,

dorati. Il pittore vi sta dinanzi muto

mudo, observando atentamente.]

attentamente osservando]

[O sacristão, virando-se em

[Il Sagrestano, volgendosi verso

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50


direção a Cavaradossi para dizer-

Cavaradossi per dirigergli la parola,

lhe algumas palavras, vê o quadro

vede il quadro scoperto e dà in un

descoberto e solta um grito de

grido dimeraviglia]

surpresa]

Sante ampolle! Il suo ritratto!

Santo Deus! O retrato dela!…

Cavaradossi

Sacristão Sagrestano

[Virando-se para o sacristão]

[Volgendosi al Sagrestano]

De quem?

Di chi?

Daquela desconhecida que, há

Di quell'ignota che i dì passati a

alguns dias,

pregar qui venìa...

vinha rezar aqui...

Cavaradossi

[Com atitude sarcástica, indicando

[Con untuosa attitudine accennando

em direção à santa onde Angelotti

verso la madonna dalla quale

encontrou a chave]

Angelotti trasse la chiave]

Tão devota e piedosa!

Tutta devota e pia.

[Sorrindo]

[Sorridendo]

É verdade.

È vero.

E sua prece era tão fervorosa…

E tanto ell'era infervorata nella sua

que pintei, sem que ela me visse,

preghiera

seu belo semblante.

ch'io ne pinsi, non visto, il bel sembiante.

Sacristão Sagrestano

Cavaradossi

[Escandalizado]

[Scandalizzato]

(Fora, Satanás! Fora!)

(Fuori, Satana, fuori!)

[Ao sacristão]

[Al Sagrestano]

Dá-me as tintas!

Dammi i colori!

[O sacristão as entrega a ele.

[Il Sagrestano eseguisce.

Cavaradossi pinta com rapidez e

Cavaradossi dipinge con rapidità

faz pausas constantes olhando o

e si sofferma spesso a riguardare il

próprio trabalho: o sacristão anda

proprio lavoro: il Sagrestano va e

de um lado a outro, carregando um

viene, portando una catinella entro


Cavaradossi

Sacristão Sagrestano

balde, dentro do qual continua a

la quale continua a lavare i pennelli]

lavar os pincéis]

[A un tratto Cavaradossi si ristà

[De repente Cavaradossi para de

di dipingere; leva di tasca un

pintar, tira do bolso uma medalha

medaglione contenente una

com um desenho e seu olhar se

miniatura e gli occhi suoi vanno dal

reveza entre a medalha e o quadro]

medaglione al quadro]

Harmonia secreta...

Recondita armonia

de belezas diversas!

di bellezze diverse!...

Morena é Floria, minha ardente

è bruna Floria, l'ardente amante

amante...

mia...

[Em voz baixa, como se estivesse

[A mezza voce, come brontolando]

resmungando]

(Scherza coi fanti e lascia stare i

(Diverte-te com jogos e deixa os

santi!)

santos em paz!)

Cavaradossi

Sacristão Sagrestano

Cavaradossi

[Afasta-se para trocar a água para

[S'allontana per prendere l'acqua

limpar os pincéis]

onde pulire i pennelli]

E tu, beleza desconhecida,

E te, beltade ignota,

coroada de cabelos dourados.

cinta di chiome bionde!

Tens os olhos azuis…

Tu azzurro hai l'occhio,

e Tosca, olhos negros!

Tosca ha l'occhio nero!

[Voltando do fundo sempre

[Ritornando dal fondo e sempre

escandalizado]

scandalizzato]

(Diverte-te com jogos e deixa os

(Scherza coi fanti e lascia stare i

santos em paz!)

santi!)

[Torna a lavar os pincéis]

[Riprende a lavare i pennelli]

A arte, em seu mistério,

L'arte nel suo mistero

as várias belezas mistura,

le diverse bellezze insiem confonde;

confundindo-as!

ma nel ritrar costei

Mas ao pintar o retrato dela...

il mio solo pensier, Tosca, sei tu!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52


Meu único pensamento é em ti, Tosca!

[Continua a dipingere]

[Continua a pintar]

Sacristão Sagrestano

Essa variedade feminina competindo

Queste diverse gonne che fanno

com a Virgem Santa exala odor de

concorrenza alle madonne mandan

inferno.

tanfo d'inferno.

[Enxuga os pincéis limpos, sem parar

[Asciuga i pennelli lavati, non senza

de resmungar]

continuare a borbottare]

Diverte-te com jogos e deixa os santos

Scherza coi fanti e lascia stare i santi!

em paz!

Ma con quei cani di volterriani

Com esses ateus seguidores de

nemici del santissimo governo

Voltaire,

non s'ha da metter voce!...

inimigos do Sacro Governo…

[Pone la catinella sotto l'impalcato

não adianta discutir!

ed i pennelli li colloca in un vaso,

[Coloca o balde embaixo do andaime

presso al pittore]

e os pincéis em um vaso, perto do

Scherza coi fanti e lascia stare i santi!

pintor]

[Accennando a Cavaradossi]

Diverte-te com jogos e deixa os santos

Già sono impenitenti tutti quanti!

em paz!

Facciam piuttosto il segno della

[Acenando para Cavaradossi]

croce.

São todos uns pecadores!...

[Eseguisce]

Façamos depressa o sinal da cruz. [Continua]

[A Cavaradossi]

[A Cavaradossi]

Excelência, posso ir?

Eccellenza, vado?

Como quiseres!

Fa' il tuo piacere!

[Continua a pintar]

[Continua a dipingere]

Sacristão

[Apontando para a cesta]

[Indicando il cesto]

Sagrestano

A cesta ainda está cheia...

Pieno è il paniere...

Estás fazendo penitência?

Fa penitenza?

Cavaradossi


Cavaradossi

Sacristão Sagrestano

Sacristão Sagrestano

Cavaradossi

Sacristão Sagrestano

Não tenho fome.

Fame non ho.

[Com ironia]

[Con ironia]

Ah!… Que pena!...

Ah!... Mi rincresce!...

[não controla o gesto de alegria e

[Ma non può trattenere un gesto di

um olhar de desejo em direção à

gioia e uno sguardo di avidità verso il

cesta, pegando-a e dispondo da

cesto che

outra parte]

prende ponendolo un po' in disparte]

[Percebe cheiro de cigarro]

[Fiuta due prese di tabacco]

Atenção, quando sair, feche a porta.

Badi, quand'esce chiuda.

[Pintando]

[Dipingendo]

Vai!

Va'!...

Vou!

Vo!

[Afasta-se em direção ao fundo]

[S'allontana per il fondo]

[De costas para a capela,

[Cavaradossi, volgendo le spalle alla

Cavaradossi continua a trabalhar.

cappella, lavora.

Angelotti, pensando que todos

Angelotti, credendo deserta la chiesa,

haviam saído, aparece atrás da

appare dietro la cancellata e introduce

grade e coloca a chave para abri-la.]

la chiave per aprire]

[Ao ouvir o rumor da fechadura,

[Al cigolio della serratura si volta]

vira-se]

Gente là dentro!!...

Tem gente lá dentro!...

[Al movimento fatto da Cavaradossi,

[Angelotti se assusta com o

Angelotti, atterrito, si arresta come per

movimento de Cavaradossi e para,

rifugiarsi ancora nella cappella ma

querendo esconder-se de novo na

alzati gli occhi, un grido di gioia, che

capela. Ao levantar os olhos, porém,

egli soffoca tosto timoroso, erompe dal

Quarta Cena Scena quarta

Cavaradossi

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54


Angelotti

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

Tosca

ainda temeroso, um grito de alegria

suo petto.

ecoa de sua boca. Reconhecendo o

Egli ha riconosciuto il pittore e gli

pintor, estende-lhe os braços como

stende le braccia come ad un aiuto

um pedido de socorro]

insperato]

Tu?... Cavaradossi...

Voi? Cavaradossi!

Foi Deus quem te mandou!

Vi manda iddio!

[Cavaradossi não reconhece Angelotti

[Cavaradossi non riconosce Angelotti

e continua no andaime, assustado]

e rimane attonito sull'impalcato]

[Angelotti aproxima-se para que o

[Angelotti si avvicina di più onde farsi

reconheça]

riconoscere]

Não me reconheces?

Non mi ravvisate?

[Com tristeza]

[con tristezza]

Então a prisão mudou muito minha

Il carcere m'ha dunque assai

aparência!…

mutato!

[Reconhecendo-o, apoia rapidamente

[Riconoscendolo, depone rapido

a aquarela e os pincéis e desce do

tavolozza e pennelli e scende

andaime, indo em direção a Angelotti,

dall'impalcato verso Angelotti,

olhando cauteloso em volta]

guardandosi cauto intorno]

Angelotti…

Angelotti!

Cônsul da destituída República

Il console della spenta repubblica

Romana!

romana!

[Corre para fechar a porta à direita]

[Corre a chiudere la porta a destra]

[Indo ao encontro de Cavaradossi]

[Andando incontro a Cavaradossi]

Acabo de fugir do Castelo de

Fuggii pur ora da castel

Sant’Angelo!…

Sant'Angelo!...

[Com generosidade]

[generosamente]

Conta comigo!

Disponete di me!

[De fora]

[Da fuori]

Mário!

Mario!


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

[Ao escutar a voz de Tosca,

[Alla voce di Tosca, Cavaradossi fa

Cavaradossi acena para que

un rapido cenno ad Angelotti di

Angelotti se cale]

tacere]

Esconde-te!…

Celatevi!

É uma mulher ciumenta...

È una donna... gelosa.

Alguns instantes e a mando embora.

Un breve istante e la rimando.

Mário!

Mario!

[Em direção à porta, de onde vem a

[Verso la porta da dove viene la voce

voz de Tosca]

di Tosca]

Estou aqui!

Eccomi!

[Acometido de grande fraqueza, se

[Colto da un accesso di debolezza

apoia no andaime, dolorido, e diz]

si appoggia all'impalcato e dice

Não tenho mais forças, não aguento

dolorosamente]

mais…

Sono stremo di forze, più non reggo...

[Sobe rapidamente no andaime,

[Rapidissimo, sale sull'impalcato,

desce com o cesto e o entrega a

ne discende col paniere e lo dà ad

Angelotti]

Angelotti]

Nesta cesta há comida e vinho!

In questo panier v'è cibo e vino!

Obrigado!

Grazie!

[Encorajando Angelotti, empurra-o

[Incoraggiando Angelotti, lo spinge

para a capela]

verso la cappella]

Depressa!

Presto!

[Angelotti entra na capela]

[Angelotti entra nella cappella]

Mário!... Mário!... Mário!

Mario! Mario! Mario!

Quinta Cena Scena quinta

Tosca

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56


Cavaradossi

[Fingindo estar calmo, abre a porta para

[Fingendosi calmo apre a Tosca]

Tosca]

Son qui!

Estou aqui!

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

[Entra com um pouco de violência,

[Entra con una specie di violenza,

afastando Mário, que se dirigia para

allontana bruscamente Mario

abraçá-la. Olha em volta, suspeitando

che vuole abbracciarla e guarda

de algo]

sospettosa intorno a sé]

Por que a porta estava fechada?

Perché chiuso?

[Simulando indiferença]

[Con simulata indifferenza]

O sacristão quer assim...

Lo vuole il Sagrestano...

Com quem falavas?

A chi parlavi?

Contigo!

A te!

Murmuravas outras palavras… Onde

Altre parole bisbigliavi. Ov'è?...

está?

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Quem?

Chi?

Ela!… A mulher!…

Colei!... Quella donna!...

Ouvi passos rápidos e o movimento de

Ho udito i lesti passi ed un fruscio

roupas.

di vesti...

Estás sonhando!

Sogni!

Negas?

Lo neghi?

Eu nego… e te amo!

Lo nego e t'amo!

[Vai beijá-la]

[Fa per baciarla]

[Reprovando, docemente]

[Con dolce rimprovero]

Oh... diante da Virgem…

Oh! innanzi alla madonna...


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Não, meu Mário… deixa que antes

no, Mario mio,

eu reze e a enfeite com flores!

lascia pria che la preghi, che l'infiori...

[Aproxima-se lentamente da Virgem,

[Si avvicina lentamente alla

enfeita-a com as flores que trouxe,

madonna, dispone con arte, intorno

ajoelha-se e reza com fervorosa

ad essa, i fiori che há portato con

devoção; faz o sinal da cruz e se

sé, si inginocchia e prega con molta

levanta]

devozione, egnandosi, poi s'alza]

[Para Cavaradossi, que voltou ao

[A Cavaradossi, che intanto si è

trabalho]

avviato per riprendere il lavoro]

Agora escuta-me: canto esta noite,

Ora stammi a sentire: stassera canto,

mas será um espetáculo curto.

ma è spettacolo breve.

Espera-me na saída do palco…

Tu m'aspetti sull'uscio della scena

e vamos à tua casa, sozinhos.

e alla tua villa andiam soli, soletti.

[Circunspecto]

[Che fu sempre soprapensieri]

Esta noite?

Stassera!

É lua cheia…

È luna piena

e o perfume noturno das flores

e il notturno effluvio floreal

inebria o coração.

inebria il cor!

Não estás contente?

Non sei contento?

[Senta-se no degrau perto de

[Si siede sulla gradinata presso a

Cavaradossi]

Cavaradossi]

[Ainda distraído e cauteloso]

[Ancora un po' distratto e peritoso]

Muito!

Tanto!

[Incomodada com o tom de voz]

[Colpita da quell'accento]

Dize-me novamente!

Tornalo a dir!

Muito!

Tanto!

[Impaciente]

[Stizzita]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58


Cavaradossi

Tosca

Estás dizendo sem vontade…

Lo dici male...

Não anseias pela nossa casinha,

Non la sospiri la nostra casetta

escondida no meio das folhagens, a

che tutta ascosa nel verde ci

nos esperar?

aspetta?

Ninho consagrado a nós,

Nido a noi sacro,

desconhecido de todos, cheio de

ignoto al mondo inter, pien d'amore

amor e de mistério!

e di mister?

Quero, ao seu lado, ouvir nas noites

Al tuo fianco sentire per le silenziose

estreladas e silenciosas, as vozes da

stellate ombre, salir le voci delle

natureza que se elevam!...

cose!...

Dos bosques e dos arbustos,

Dai boschi e dai roveti,

da relva seca desde a profundeza

dall'arse erbe, dall'imo dei franti

dos túmulos

sepolcreti

abandonados cheirando a tomilho,

odorosi di timo,

a noite esconde os sussurros de

la notte escon bisbigli di minuscoli

pequenos amores e pérfidos

amori

conselhos que preenchem os

e perfidi consigli che ammolliscono

corações.

i cuori.

Floresçam, ó vastos campos…

Fiorite, o campi immensi,

soprem brisas do mar sob o brilho

Palpitate aure marine nel lunare

do luar,

albor,

chova prazer, cúpula estrelada!

piovete voluttà, volte stellate!

Arde em Tosca um louco amor!

Arde a Tosca folle amor!

[Encostando a cabeça nos ombros

[Reclinando la testa sulla spalla di

de Cavaradossi]

Cavaradossi]

[Vencido, mas ainda vigilante]

[Vinto, ma vigilante]

Prendeu-me nas tuas redes,

Mi avvinci nei tuoi lacci

minha sereia, irei!

mia sirena, mia sirena, verrò!

[Olhando em direção ao local onde

[Guarda verso la parte donde uscì

está Angelotti]

Angelotti]

Agora deixa-me trabalhar.

Or lasciami al lavoro.

[Surpresa]

[Sorpresa]

Mandas-me embora?

Mi discacci?


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Urgente é a minha obra… tu sabes.

Urge l'opra, lo sai!

[Impaciente, levantando-se]

[Stizzita, alzandosi]

Já vou!…

Vado!

[Afasta-se um pouco de Cavaradossi,

[S'allontana un poco da Cavaradossi, poi

vira para olhá-lo, vê o quadro e, agitada,

voltandosi per guardarlo, vede il quadro,

aproxima-se novamente de Cavaradossi]

ed agitatissima ritorna verso Cavaradossi]

Quem é essa mulher loira?

Chi è quella donna bionda lassù?

[Calmo]

[Calmo]

A Madalena…

La Maddalena.

Gostas?

Ti piace?

É muito bonita!

È troppo bella!

[Rindo e inclinando-se]

[Ridendo ed inchinandosi]

Um raro elogio!

Prezioso elogio!

[Desconfiada]

[Sospettosa]

Tu ris?

Ridi?

Eu já vi esses olhos celestiais...

Quegli occhi cilestrini già li vidi...

[Com indiferença]

[Con indifferenza]

Existem tantos pelo mundo!...

Ce n'è tanti pe 'l mondo!...

[Tentando lembrar-se]

[Cercando di ricordare]

Espera... espera...

Aspetta... Aspetta...

[Sobe no andaime, triunfante]

[sale sull'impalcato, trionfante]

É a Marquesa Attavanti!

È l'Attavanti!...

[Rindo]

[Ridendo]

Brava!…

Brava!...

[Vencida pelo ciúme]

[Vinta dalla gelosia]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60


Cavaradossi

Tosca

Tu a encontras? Ela o ama?

La vedi? T'ama?

[Chorando]

[piangendo]

Tu a amas?...

Tu l'ami?...

[Procurando acalmá-la]

[Cercando di calmarla]

Foi por acaso...

Fu puro caso...

[Não o ouve mais, consumida pela

[Non ascoltandolo, con ira gelosa]

ira do ciúme]

Quei passi e quel bisbiglio...

Aqueles passos e o murmúrio...

Ah! Qui stava pur ora!

Ah! Ela estava aqui agora mesmo!

Cavaradossi

Vem embora!

Vien via!

Ah, a devassa!...

Ah, la civetta!

[Ameaçando]

[Minacciosa]

Justo a mim, a mim?

A me, a me!

[Sério]

[Serio]

Eu a vi ontem, mas foi por acaso...

La vidi ieri, ma fu puro caso...

Veio aqui para rezar... não percebeu

a pregar qui venne... non visto la

que a retratei.

ritrassi.

Tosca

Juras?

Giura?

Cavaradossi

[Sério]

[Serio]

Juro!

Giuro!

[Olhando sempre para o quadro]

[Sempre con gli occhi rivolti al

Como me olha fixamente!

quadro]

[Empurra-a com delicadeza para

Come mi guarda fiso!

descer os degraus. Enquanto desce,

[La spinge dolcemente a scendere

Tosca tem sempre o olhar virado

dalla gradinata. Tosca scendendo ha

para o quadro.]

sempre la faccia verso il quadro]

Tosca

Cavaradossi

Tosca


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Vem embora!

Vien via!

Ela zomba de mim… e ri.

Di me beffarda, ride.

Tolice!

Follia!

[Abraça-a, fixando o olhar nos olhos

[La tiene presso di sé fissandola in

dela]

viso]

[Reprovando-o, mas com doçura]

[Con dolce rimprovero]

Ah, esses olhos!

Ah, quegli occhi!

Quais olhos neste mundo inteiro

Quale occhio al mondo può star di

podem se comparar aos teus

paro

ardentes olhos negros?

all'ardente occhio tuo nero?

É por eles que meu ser se entrega

È qui che l'esser mio s'affisa intero.

inteiro!…

Occhio all'amor soave, all'ira fiero!

Olhos ao amor, terno, e à ira, cruel!

Qual altro al mondo può star di paro

Quais olhos neste mundo inteiro

all'occhio tuo nero!...

podem se comparar aos teus ardentes olhos negros?

Tosca

Cavaradossi

Tosca

[Apoiando a cabeça no ombro de

[Appoggiando la testa alla spalla di

Cavaradossi]

Cavaradossi]

Oh! Como tu sabes bem

Oh, come la sai bene

a arte de fazer-te amar!

l'arte di farti amare!

[Com malícia]

[Maliziosamente]

Mas... pinta-a com olhos negros!...

Ma... falle gli occhi neri!...

[Com ternura]

[Teneramente]

Minha ciumenta!

Mia gelosa!

Sim, eu sei...

Sì, lo sento... ti tormento

atormento-te sem trégua.

senza posa.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Minha ciumenta!

Mia gelosa!

Tenho certeza de que me perdoarás

Certa sono del perdono

se entenderes toda minha dor!

se tu guardi al mio dolor!

Minha Tosca adorada,

Mia Tosca idolatrata,

eu gosto de tudo em ti;

ogni cosa in te mi piace;

tua ira audaz

l'ira audace

e teus êxtases de amor!

e lo spasimo d'amor!

Dize outra vez essa palavra que

Dilla ancora la parola che

consola...

consola...

dize outra vez!

dilla ancora!

Minha vida… amante inquieta…

Mia vita, amante inquieta,

sempre direi: “Floria, eu a amo!”

dirò sempre: «Floria, t'amo!»

Ah, tranquiliza a tua alma...

Ah! l'alma acquieta,

sempre te direi “eu a amo!”

sempre «t'amo!» ti dirò!

[Quebrando o gelo, com receio de

[Sciogliendosi, paurosa d'esser vinta]

ser vencida]

Dio! quante peccata!

Deus... quantos pecados!

M'hai tutta spettinata!

Tu me despenteaste toda!

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Agora vai, deixa-me!

Or va', lasciami!

Tu ficarás no trabalho até tarde.

Tu fino a stassera stai fermo al lavoro.

E me promete

E mi prometti:

que por eventualidade ou por sorte,

sia caso o fortuna,

sendo morena ou loira,

sia treccia bionda o bruna,

nenhuma mulher virá rezar aqui.

a pregar non verrà donna nessuna!

Juro, meu amor!... Vai!

Lo giuro, amore!... Va'!

Quanto me apressas!

Quanto m'affretti!


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

[Reprovando-a com doçura, ao

[Con dolce rimprovero vedendo

perceber que o ciúme se reacendia]

rispuntare la gelosia]

Ainda?

Ancora?

[Caindo em seus braços e

[Cadendo nelle sue braccia e

oferecendo-lhe o rosto]

porgendogli la guancia]

Não, perdão!

No perdona!...

[Brincalhão]

[Scherzoso]

Diante da Virgem?

Davanti alla madonna?

[Indicando a Virgem]

[Accennando alla madonna]

Ela é tão boa!...

È tanto buona!

[Beijam-se]

[Si baciano]

[Dirigindo-se para a saída,

[Avviandosi ad uscire e guardando

mas ainda olhando o quadro,

ancora il quadro, maliziosamente gli

maliciosamente diz]

disse]

Mas... pinte-a com olhos negros!

Ma falle gli occhi neri!...

[Sai rapidamente]

[Fugge rapidamente]

[Cavaradossi permanece comovido

[Cavaradossi rimane commosso e

e reflexivo.]

pensieroso]

Imediatamente após Tosca sair,

[Appena uscita Tosca, Cavaradossi

Cavaradossi abre com cuidado a

con precauzione socchiude l'uscio

porta e olha fora. Vendo que tudo

e guarda fuori. Visto tutto tranquillo,

está tranquilo, corre até a capela.

corre alla cappella. Angelotti appare

Angelotti aparece atrás da grade.

subito dietro la cancellata]

[Abrindo a grade para Angelotti,

[Aprendo la cancellata ad Angelotti,

que naturalmente ouviu todo o

che naturalmente ha dovuto udire il

Sexta cena Scena sesta

Cavaradossi

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64


diálogo anterior]

dialogo precedente]

É tão boa minha Tosca, mas crê

È buona la mia Tosca, ma credente

piamente

al confessor nulla tiene celato,

em seu Confessor e nada

ond'io mi tacqui.

esconderia dele...

È cosa più prudente.

por isso mantive segredo. É a coisa mais prudente.

Angelotti

Cavaradossi

Angelotti

Estamos a sós?

Siam soli?

Sim. Qual é o teu plano?

Sì. Qual è il vostro disegno?...

Com o desenrolar dos

A norma degli eventi,

acontecimentos:

uscir di stato o star celato in Roma...

sair do Estado ou me esconder em

mia sorella...

Roma. Minha irmã...

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

A Marquesa Attavanti?

L'Attavanti?

Sim... ela escondeu roupas femininas

Sì... ascose un muliebre

debaixo do altar…

abbigliamento là sotto l'altare...

Roupas, véu, um leque...

vesti, velo, ventaglio...

[Olham em volta com receio]

[Si guarda intorno con paura]

Quando anoitecer, vestirei as

Appena imbruni indosserò quei

roupas...

panni...

Agora entendo!

Or comprendo!

Aquela atitude discreta

Quel fare circospetto

e a oração fervorosa

e il pregante fervore

numa mulher jovem e bela

in giovin donna e bella

me fizeram suspeitar

m'avean messo in sospetto

de algum amor secreto...

di qualche occulto amor!...

Agora entendo!

Or comprendo!


Angelotti

Cavaradossi

Era amor de irmã!

Era amor di sorella!

Ela arriscou tudo

Tutto ella ha osato

para libertar-me do maléfico Scarpia!

onde sottrarmi a Scarpia, scellerato!

Scarpia?... Aquele sátiro

Scarpia?! Bigotto satiro che affina

inescrupuloso que mistura

colle devote pratiche la foia libertina

às práticas devotas sua luxúria

e strumento al lascivo talento

libertina.

fa il confessore e il boia!

Valendo-se de seu talento devasso,

La vita mi costasse, vi salverò!

faz-se de Confessor e Carrasco!

Ma indugiar fino a notte è mal

Ainda que me custe a vida... eu te

sicuro...

salvarei! Mas esperar até que anoiteça não é prudente!

Angelotti

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

Temo a luz do dia!

Temo del sole!...

[Apontando]

[Indicando]

A capela dá para um horto que não

La cappella mette a un orto mal

está fechado.

chiuso,

Há um canavial que avança

poi c'è un canneto che va lungi

pelos campos até minha casa.

pei campi a una mia villa.

Conheço.

M'è nota...

Aqui está a chave, antes que

Ecco la chiave... innanzi sera

anoiteça

io vi raggiungo,

irei ao teu encontro.

portate con voi le vesti femminili...

Leva as roupas femininas.

Angelotti

[Recolhe o saco com as roupas

[Raccoglie in fascio le vestimenta

femininas debaixo do altar]

sotto l'altare]

Devo vesti-las?

Ch'io le indossi?

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66


Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

Por enquanto não será necessário, o

Per or non monta, il sentier è

caminho é deserto!

deserto...

[Saindo]

[Per uscire]

Adeus!

Addio!...

[Correndo em direção a Angelotti]

[Accorrendo verso Angelotti]

Se houver perigo,

Se urgesse il periglio,

corre para o poço do jardim.

Correte al pozzo del giardin.

Há água no fundo,

L'acqua è nel fondo,

mas na metade da descida do

ma a mezzo della canna,

canavial,

un picciol varco guida ad un antro

existe uma pequena passagem

oscuro,

que leva a uma câmara escura, um

rifugio impenetrabile e sicuro!

refúgio impenetrável e seguro!

[Un colpo di cannone; i due si

[Um tiro de canhão; os dois se

guardano agitatissimi]

olham agitados]

Angelotti

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

Angelotti

Cavaradossi

O canhão do castelo!...

Il cannon del castello!...

Tua fuga foi descoberta!

Fu scoperta la fuga!

Scarpia enviará seus soldados!

Or Scarpia i suoi sbirri sguinzaglia!

Adeus!

Addio!

[Decidido]

[Con subita risoluzione]

Irei contigo. Tomaremos cuidado!

Anch'io verrò! Staremo all'erta!

Ouço alguém!

Odo qualcun!

[Com entusiasmo]

[Con entusiasmo]

Se nos atacarem, lutaremos!

Se ci assalgon, battaglia!

[Saem depressa da capela]

[Escono rapidamente dalla cappella]


Sétima cena Scena settima

Sacristão Sagrestano

Sacristão Sagrestano

[Entra correndo, irrequieto,

[Entra correndo, tutto scalmanato,

gritando]

gridando]

Boas notícias, Excelência...

Sommo giubilo, eccellenza!...

[Olha em direção ao andaime e

[Guarda verso l'impalcato e rimane

fica surpreso de não encontrar

sorpreso di non trovarvi neppure

novamente o pintor]

questa volta il pittore]

Não está mais?!… Que lástima!…

Non c'è più! Ne son dolente!...

Quem salva um descrente

chi contrista un miscredente

ganha uma indulgência!

si guadagna un'indulgenza!

[Surgem, de todos os lados, frades,

[Accorrono da ogni parte chierici,

sacerdotes, estudantes e cantores

confratelli, allievi e cantori della

da capela. Todos entram com

cappella. Tutti costoro entrano

grande tumulto]

tumultuosamente]

Todos do coral aqui!

Tutta qui la cantoria!

Depressa!

Presto!...

[Outros estudantes entram com

[Altri allievi entrano in retardo]

atraso]

Estudantes Allievi

Sacristão Sagrestano

Alguns Estudantes

[Com muita confusão]

[Colla massima confusione]

Onde?

Dove?

Para a sacristia.

In sagrestia...

[Alguns sacerdotes os empurram]

[Spinge alcuni chierici]

Mas, que aconteceu?

Ma che avvenne?

Não sabeis?

No 'l sapete?

[Ofegante]

[Affannoso]

Bonaparte… o pérfido...

Bonaparte... scellerato...

Bonaparte...

Bonaparte...

Alcuni

Sacristão Sagrestano

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68


[Todos se aproximam do sacristão e

[Si avvicinano al Sagrestano e lo

o cercam, enquanto outros correm

attorniano, mentre accorrono altri

para se unir a estes]

che si uniscono ai primi]

Então… que foi?

Ebben? Che fu?

Sacristão

Ele foi depenado, arrasado...

Fu spennato, sfracellato,

Sagrestano

foi mandado para o Inferno!

è piombato a Belzebù!

Quem disse?

Chi lo dice?

Será sonho?

È sogno!

Mentira?

È fola!

São palavras verídicas,

È veridica parola;

acaba de chegar a notícia!

or ne giunse la notizia!

Festejemos a vitória!

Si festeggi la vittoria!

E nesta noite teremos grande

E questa sera gran fiaccolata

procissão,

veglia di gala a palazzo Farnese,

vigília de gala no Palácio Farnese…

ed un'apposita nuova cantata

e uma nova Cantata composta para

con Floria Tosca!...

o evento,

E nelle chiese inni al signor!

cantada por Floria Tosca!

Or via a vestirvi, non più clamor!

E, nas igrejas, hinos ao Senhor!

Via... via... in sagrestia!

Outros Estudantes Altri Allievi

Todos Tutti

Sacristão Sagrestano

Todos Tutti

Sacristão Sagrestano

Agora, vesti-vos e não façais barulho! Vamos… vamos... todos para a sacristia!

Todos Tutti

[Rindo e gritando com alegria,

[Ridendo e gridando gioiosamente,

sem dar atenção ao sacristão, que

senza badare al Sagrestano che

inutilmente empurra todos em

inutilmente li spinge a urtoni verso

direção à sacristia]

la sagrestia]

Pagamento em dobro!... Te Deum...

Doppio soldo... Te Deum... Gloria!

Glória!...

Viva il re!... Si festeggi la vittoria!


Viva o rei!… Sim, festejemos a vitória!

Oitava cena

Os gritos e risos estão no ápice

Le loro grida e le loro risa sono al

Scena ottava

quando uma voz irônica para

colmo, allorché una voce ironica

bruscamente a algazarra vulgar de

tronca bruscamente quella gazzarra

cantos e risos. É Scarpia: atrás dele,

volgare di canti e risa. È Scarpia:

Spoletta e alguns soldados.

dietro a lui Spoletta e alcuni sbirri

[Com grande autoridade]

[Con grande autorità]

Tamanha algazarra na igreja?

Un tal baccano in chiesa! Bel

Onde está o respeito?

rispetto!

[Balbuciando, medroso]

[Balbettando, impaurito]

Excelência! Uma grande alegria...

Eccellenza! il gran giubilo...

Apressai-vos para o Te Deum.

Apprestate per il Te Deum.

[Todos afastam-se; o sacristão tenta

[Tutti s'allontanano mogi; anche

se afastar também, mas Scarpia o

il Sagrestano fa per cavarsela, ma

segura com brutalidade]

Scarpia bruscamente lo trattiene]

Tu ficas!

Tu resta!

[Com medo]

[Impaurito]

Permanecerei imóvel!

Non mi muovo!

[A Spoletta]

[A Spoletta]

E tu vais procurar em cada canto,

E tu va, fruga ogni angolo, raccogli

averiguar cada pista!

ogni traccia!

Está bem!

Sta bene!

[Faz sinal para dois dos soldados,

[Fa cenno a due sbirri di seguirlo]

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Spoletta

que o seguem]

Scarpia

[Aos outros soldados que ficaram]

[Ad altri sbirri che eseguiscono]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70


Atenção às portas…

Occhio alle porte,

mas sem levantar suspeitas!

senza dar sospetti!

[Ao sacristão]

[Al Sagrestano]

Agora tu: pensa bem nas tuas

Ora a te! Pesa le tue risposte.

respostas.

Un prigionier di stato

Um prisioneiro de Estado

fuggì pur ora da castel Sant'Angelo...

fugiu agora há pouco do Castelo de

[Energico]

Sant’Angelo...

S'è rifugiato qui...

[Enérgico] E refugiou-se aqui!

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Misericórdia!

Misericordia!

Talvez ainda esteja aqui.

Forse c'è ancora.

Onde é a capela dos Attavanti?

Dov'è la cappella degli Attavanti?

É esta!…

Eccola.

[Aproxima-se do portão e vê que

[Va al cancello e lo vede socchiuso]

está aberto]

Aperta! Arcangeli!

Está aberta?!… Arcanjos!

E un'altra chiave!

E há outra chave!

Scarpia

Bom indício... Entremos.

Buon indizio... Entriamo.

[Entram na capela, depois voltam.

[Entrano nella cappella, poi ritornano.

Muito contrariado, Scarpia tem nas

Scarpia, assai contrariato, ha fra le

mãos um leque fechado que agita

mani un ventaglio chiuso che agita

nervosamente]

nervosamente]

Foi um grave erro aquele tiro de

Fu grave sbaglio quel colpo di

canhão! O malandro alçou voo, mas

cannone! Il mariuolo

deixou um vestígio precioso...

spiccato ha il volo, ma lasciò una

... um leque!

preda preziosa... un ventaglio.

[Balançando-o no ar]

[Agitandolo in aria]

Quem terá sido o cúmplice que o

Qual complice il misfatto preparò?


ajudou na fuga?

[Resta alquanto pensieroso, poi

[Permanece em pensamentos

guarda attentamente il ventaglio; ad

por algum tempo, depois olha

un tratto egli vi scorge uno stemma, e

atentamente o leque, descobre o

vivamente esclama]

símbolo e exclama com veemência]

La marchesa Attavanti!...

A Marquesa Attavanti...

Il suo stemma!...

é o seu brasão!

[Guarda intorno, scrutando ogni

[Olha em volta, procurando

angolo della chiesa:

em cada canto da igreja, e seus

i suoi occhi si arrestano sull'impalcato,

olhos se fixam no andaime, nos

sugli arnesi del pittore, sul quadro e

instrumentos do pintor, no quadro, e

il noto viso dell'Attavanti gli appare

reconhece no semblante da santa o

riprodotto nel volto della santa]

inconfundível rosto de Marquesa]

Il suo ritratto!

O retrato dela!…

[Al Sagrestano]

[Para o sacristão]

Chi fe' quelle pitture?

Quem pintou aquele retrato? [Ancor più invaso dalla paura] Sacristão Sagrestano

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Sacristão Sagrestano

[Com ainda mais medo]

Il cavalier Cavaradossi...

O cavalheiro Cavaradossi...

Ele!

Lui!

[Um dos guardas que seguem Scarpia

[Uno degli sbirri che seguì Scarpia, torna

volta da capela trazendo o cesto que

dalla Cappella portando il paniere che

Cavaradossi entregou a Angelotti]

Cavaradossi diede ad Angelotti]

[Vendo o cesto]

[Vedendolo]

Céus!... A cesta!..

Numi! Il paniere!

[Continuando sua reflexão]

[Seguitando le sue riflessioni]

Ele… o amante de Tosca!

Lui! L'amante di Tosca!

Um suspeito!

Un uom sospetto!

Um revolucionário!

Un volterrian!

[Depois de examinar o cesto, com

[Che avrà esaminato il paniere, con

grande surpresa exclama]

gran sorpresa esclama]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72


Scarpia

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Scarpia

Sacristão Sagrestano

Vazia?... Vazia!

Vuoto?... Vuoto!...

Que estás dizendo?

Che hai detto?

[Vê o soldado com o cesto]

[Vede lo sbirro col paniere]

O que foi?

Che fu?...

[Pegando o cesto]

[Prendendo il paniere]

Encontraram este cesto na capela.

Si ritrovò nella cappella questo panier.

Tu o reconheces?

Tu lo conosci?...

[Com excitação e medo]

[È esitante e pauroso]

Claro! É o cesto do pintor, mas...

È il cesto del pittor... ma...

entretanto...

nondimeno...

Dize o que sabes.

Sputa quello che sai.

[Ainda mais medroso e quase

[Sempre più impaurito e quasi

chorando, mostra-lhe o cesto vazio]

piangendo gli mostra il paniere vuoto]

Eu o deixei cheio de comida

Io lo lasciai ripieno di cibo

deliciosa...

prelibato...

o almoço do pintor.

il pranzo del pittor!...

[Compenetrado, levanta hipóteses

[Attento, inquirente per scoprir

sobre a situação]

terreno]

Talvez ele tenha almoçado!

Avrà pranzato!

Na capela?...

Nella cappella?

[Fazendo sinal negativo com a mão]

[Facendo cenno di no colla mano]

Ele não tinha a chave,

Non ne avea la chiave

e não queria comer…

né contava pranzar...

ele mesmo disse.

disse egli stesso.

Por isso eu pus a comida à parte.

Onde l'avea già messo al riparo.

[Mostra onde havia colocado o

[Mostra dove aveva riposto il paniere

cesto e o deixa]

e ve lo lascia]


Scarpia

(Livrai-me, Senhor!)

(Libera me Domine!)

[pausa]

[pausa]

Está tudo claro...

Or tutto è chiaro...

a provisão do sacristão:

la provvista del sacrista

Angelotti alimentou-se dela!

d'Angelotti fu la preda!

[Reconhece Tosca, que entra muito

[scorgendo Tosca che entra

nervosa, e esconde-se atrás da

nervosissima appena la vista si è

coluna que tem a pia de água benta,

abilmente nascosto dietro la colonna

fazendo sinal para que o sacristão

ov'è la pila dell'acqua benedetta,

permanecesse. Este, tremendo e

facendo cenno di rimanere al

embaraçado, queda-se imóvel perto

Sagrestano; il quale, tremante,

do andaime do pintor]

imbarazzato, si reca vicino al palco

Tosca?... Que ela não me veja.

del pittore]

Para induzir um ciumento ao erro,

Tosca? Che non mi veda.

Yago tinha um lenço, e eu... um

Per ridurre un geloso allo sbaraglio

leque!

Jago ebbe un fazzoletto... ed io un ventaglio!...

Nona Cena Scena Nona

Tosca

Sacristão Sagrestano

[Vai direto ao andaime onde estava

[Va dritta all'impalcato, ma non

Cavaradossi e, não o encontrando,

trovandovi Cavaradossi, sempre in

muito agitada, vai procurá-lo na

grande agitazione va a cercarlo nella

nave da igreja]

navata principale della chiesa]

Mário?! Mário?!

Mario?! Mario?!

[Que está perto do andaime,

[Che si trova ai piedi dell'impalco,

aproximando-se de Tosca]

avvicinandosi a Tosca]

O pintor Cavaradossi?...

Il pittor Cavaradossi?

Quem sabe onde está?!

Chi sa dove sia?

Sumiu, evaporou,

Svanì, sgattaiolò

Como por feitiçaria.

per sua stregoneria.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74


Tosca

Enganada? Não!... Não!

Ingannata? No!... no!...

Não poderia me trair!... Não

Tradirmi egli non può!

poderia!

[Quasi piangendo]

[Quase chorando]

Scarpia

Tosca

Scarpia

[Scarpia dá a volta na coluna e

[Scarpia ha girato la colonna e si

aparece diante de Tosca, que se

presenta a Tosca, sorpresa del suo

assusta com sua presença. Coloca

subito apparire. Intinge le dita nella

os dedos na pia de água benta e

pila e le offre l'acqua benedetta.

oferece benzê-la. Soam os sinos,

suonano le campane che invitano

que convidam todos para a igreja.]

alla chiesa]

[Insinuante e gentil]

[Insinuante e gentile]

Tosca divina, minha mão espera

Tosca divina la mano mia

por tua mãozinha pequenina…

la vostra aspetta piccola manina,

não por galanteio,

non per galanteria

mas para oferecer-te água benta.

ma per offrirvi l'acqua benedetta...

[Encosta no dedo de Scarpia e faz o

[Tocca le dita di Scarpia e si fa il

sinal da cruz]

segno della croce]

Obrigada, senhor!

Grazie, signor!

Um nobre exemplo é o teu:

Un nobile esempio è il vostro.

Do Céu, cheia do santo zelo, tu

Al cielo piena di santo zelo

alcançaste

attingete dell'arte il magistero che la

através da arte a maestria que

fede ravviva!

reaviva a fé!

Tosca

[Distraída pelos pensamentos]

[Distratta e pensosa]

Bondade tua.

Bontà vostra...

[Algumas pessoas começam a

[Cominciano ad entrare in chiesa

entrar na igreja em direção ao fundo

ed a recarsi verso il fondo alcuni

e a benzer-se]

popolani]


Scarpia

Tosca

Scarpia

Mulheres piedosas são raras...

Le pie donne son rare...

Vós que pisais nos palcos...

voi calcate la scena...

mas na Igreja vindes para rezar.

e in chiesa ci venite per pregar...

[Surpresa]

[Sorpresa]

O que queres dizer?

Che intendete?...

Não fazeis como certas insolentes

E non fate come certe sfrontate

que têm “de Madalena”

che han di Maddalena

[Indicando o retrato]

[Indica il ritratto]

roupas e rosto

viso e costumi...

e vêm aqui para encontros

e vi trescan d'amore!

amorosos!

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

[Impulsivamente]

[Scatta pronta]

Quê?... Amorosos?... As provas!

Che? D'amore? Le prove!

[Mostrando o leque]

[Mostrandole il ventaglio]

Isto é um instrumento de pintor?

È arnese da pittore questo?

[Pega-o com força]

[Lo aferra]

Um leque?... Onde estava?

Un ventaglio? Dove

[Entram alguns camponeses]

[Entrano alcuni contadini]

Lá sobre aquele andaime.

Là su quel palco.

Alguém veio atrapalhar os

Qualcun venne certo a sturbar gli

amantes...

amanti

e, ao fugirem, perderam-se as

ed essa nel fuggir perdé le penne!...

plumas!

Tosca

[Examinando o leque]

[Esaminando il ventaglio]

A coroa!... O brasão!... É dos

La corona! Lo stemma! È l'Attavanti!

Attavanti!

Presago sospetto!...

Presságio suspeito!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76


Scarpia

(Surtiu efeito!)

[Ho sortito l'effetto!]

[Com grande sentimento, contendo

[Con grande sentimento,

as lágrimas, esquece onde está e a

trattenendo a stento le lagrime,

presença de Scarpia]

dimentica del luogo e di Scarpia]

E eu que vinha toda ansiosa

Ed io venivo a lui tutta dogliosa

dizer-lhe que em vão o céu

per dirgli invan stassera, il ciel

escurece...

s'infosca...

Apaixonada, Tosca se encontra

l'innamorata Tosca è prigioniera...

prisioneira…

dei regali tripudi.

[Entra um grupo de pastores]

[Entra un gruppo di pastori]

Scarpia

O veneno já a corrói!

[Già il veleno l'ha rosa!]

Scarpia

[Extremamente gentil com Tosca]

[Mellifluo a Tosca]

O que te incomoda, doce senhora?...

O che v'offende, dolce signora?...

Uma rebelde lágrima escorre por

Una ribelle lagrima scende sovra

teu rosto

le belle

E a umedece, doce senhora.

guance e le irrora; dolce signora,

O que te aflige?

che mai v'accora?

Nada!

Nulla!

[Alguns nobres entram

[Vari nobili signori accompagnano

acompanhados de outras senhoras]

alcune donne]

Daria a minha vida para enxugar

Darei la vita per asciugar quel

teu pranto.

pianto.

[Não o escutando mais]

[Non ascoltandolo]

Aqui me consumo de amor enquanto

Io qui mi struggo e intanto

Em outros braços ele ri da minha dor!

d'altra in braccio le mie smanie deride!

[Engoliu o veneno.]

[Morde il veleno!]

Tosca

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia


Tosca

[Entram alguns burgueses afastados

[Entrano alcuni borghesi alla

uns dos outros]

spicciolata]

[Com amargor]

[Con grande amarezza]

Onde estarão?

Dove son? Potessi

Pudesse encontrá-los, traidores!

coglierli, i traditori!

[Sempre mais amargurada]

[Sempre più crucciosa]

Oh, que suspeita!

Oh qual sospetto!

A casa serve certamente de ninho

Ai doppi amori

Para os dois amantes!

è la villa ricetto!

[Com imensa dor]

[Con immenso dolore]

Traidor!

Traditor!

O meu doce ninho de amor,

Oh mio bel nido insozzato di fango!

mergulhado na lama!

[Con pronta risoluzione]

[Decidida]

Vi piomberò inattesa!

Estarei à espreita!

[Rivolta al quadro, minacciosa]

[Vira em direção ao quadro,

Tu non l'avrai stassera.

ameaçando]

Giuro!

Tu não o terás esta noite. Juro!

Scarpia

Tosca

[Escandalizado, repreendendo-a]

[scandalizzato, quasi rimproverandola]

Na igreja!

In chiesa!

Deus perdoa-me...

Dio mi perdona...

Ele vê que eu choro!

egli vede ch'io piango!

[Chora copiosamente]

[piange dirottamente]

[Scarpia a apoia e a acompanha

[Scarpia la sorregge

até a saída, fingindo protegê-la.

accompagnandola all'uscita,

Imediatamente após Tosca sair, a

fingendo di rassicurarla. appena

igreja fica pouco a pouco mais

uscita Tosca, la chiesa poco a poco

cheia. Todos se agrupam ao fundo,

va sempre più popolandosi.

esperando o Cardeal. Alguns rezam,

La folla si raggruppa nel fondo,

ajoelhados]

in attesa del Cardinale; alcuni

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78


inginocchiati pregano]

Scarpia

[Após acompanhar Tosca, volta

[Dopo aver accompagnato Tosca,

para perto da coluna e faz um sinal;

ritorna presso la colonna e fa un

imediatamente aparece Spoletta]

cenno: subito si presenta Spoletta]

Três soldados... uma carruagem...

Tre sbirri... una carrozza... presto!...

depressa!

Seguila dovunque vada!...

Segui-a por onde quer que vá!

non visto!...

Não ouvistes?

provvedi!

Preparai-vos!

Spoletta

Scarpia

Scarpia

Está bem!

Sta bene!

E onde nos encontraremos?

Il convegno?

Palácio Farnese!

Palazzo Farnese!

[Spoletta sai rapidamente com os

[Spoletta parte rapidamente con tre

soldados]

sbirri]

[Com um sorriso sádico]

[Con un sorriso sardônico]

Vai, Tosca!

Va' Tosca!

Em teu coração se infiltrou

Nel tuo cuor s'annida Scarpia!...

Scarpia!...

È Scarpia che scioglie a volo il falco

É Scarpia quem dá asas de falcão

della tua gelosia.

para teu ciúme!

Quanta promessa nel tuo pronto

Tuas suspeitas são proveitosas para

sospetto!

mim!

[Sai o cortejo que acompanha o

[Esce il Corteggio che accompagna

Cardeal ao altar principal. A guarda

il Cardinale all'altare maggiore: i

suíça faz um corredor contendo

Soldati svizzeri fanno far largo alla

todos, divididos em dois lados.

Folla, che si dispone su due ali

Scarpia se inclina e reza quando o

carpia s'inchina e prega al passaggio

Cardeal passa. Este dá a bênção

del cardinale. il cardinale benedice

para todos que o reverenciam]

la folla che reverente s'inchina]


Padre Capitolo

Todos Folla

Padre Capitolo

Todos Folla

Scarpia

Vinde em nosso auxílio, ó Senhor

Adjutorium nostrum in nomine

Deus…

Domini

Que fez o Céu e a Terra!

qui fecit coelum et terram

Seja louvado vosso nome.

sit nomen Domini benedictum

Agora e por todos os séculos.

et hoc nunc et usquem in saeculum.

[Feroz]

[Con ferocia]

Dois objetivos aguçam meu

A doppia mira tendo il voler,

desejo…

né il capo del ribelle è la più

a cabeça do rebelde e outro mais

preziosa.

precioso.

Ah di quegli occhi

Ah, daqueles olhos vitoriosos

vittoriosi veder la fiamma illanguidir

ver a chama da paixão esvair-se…

con spasimo d'amor

e, com espasmos de amor,

fra le mie braccia...

desfalecer em meus braços!

[Ferocemente]

[Ainda feroz]

l'uno al capestro,

Um, sob o meu cabresto…

l'altra fra le mie braccia...

a outra, entre os meus braços!...

[Resta immobile guardando nel

[Permanece imóvel olhando para o

vuoto]

nada]

Todos Folla

Scarpia

[Todos se viram para o altar principal,

[Tutta la folla è rivolta verso l'altare

alguns se ajoelham]

maggiore; alcuni s'inginocchiano]

Nós Vos louvamos, Senhor...

Te Deum laudamus:

a Vós confessamos!

te Dominum confitemur!

[Recuperando-se como de um sonho]

[Riavendosi come da un sogno]

Tosca, tu me fazes esquecer Deus!

Tosca, mi fai dimenticare iddio!

[Ajoelha-se e reza com fervor

[S'inginocchia e prega con

religioso]

entusiasmo religioso]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80


Todos Folla

A Vós, Eterno Pai…

Te aeternum Patrem

louve toda a Terra!

omnis terra veneratur!

A sala de Scarpia no andar superior

[La camera di Scarpia al piano

do Palácio Farnese. Mesa posta.

superiore del palazzo Farnese.

Uma ampla janela que dá na direção

Tavola imbandita. Un'ampia finestra

do pátio do Palácio. É noite.

verso il cortile del palazzo. È notte.]

[Sentado à mesa, fazendo a refeição.

[È seduto alla tavola e vi cena.

Interrompe a refeição para refletir]

Interrompe a tratti la cena per

Tosca é um bom falcão!...

riflettere.]

Com certeza, a esta hora

Tosca è un buon falco!...

Meus soldados as duas presas já

Certo a quest'ora

encontraram!

i miei segugi le due prede azzannano!

Amanhã, na forca, verá o amanhecer

Doman sul palco vedrà l'aurora

Angelotti e o belo Mário

Angelotti e il bel Mario al laccio

pendurados.

pendere.

[Entra Sciarrone]

[Entra Sciarrone]

Tosca está no Palácio?

Tosca è a palazzo?...

O camareiro saiu há pouco à

Un ciambellan ne uscia pur ora in

procura dela...

traccia...

[Indicando a janela]

[Accenna la finestra]

Abre. Está anoitecendo.

Apri. Tarda è la notte...

Para o início da Cantata falta a diva,

Alla cantata ancor manca la diva,

por enquanto cantam as gaivotas.

e strimpellan gavotte.

[Para Sciarrone]

[A Sciarrone]

Tu irás esperar Tosca na entrada…

Tu attenderai la Tosca in sull'entrata;

e lhe dirás que eu a espero assim ao

le dirai ch'io l'aspetto finita la

Segundo Ato Atto Secondo

Primeira Cena Scena Prima

Scarpia

Scarpia

Sciarrone

Scarpia


Scarpia

Scarpia

fim da Cantata.

cantata...

[Sciarrone encaminha-se para sair]

[Sciarrone fa per andarsene]

Ou melhor,

o meglio...

[Levanta-se e rapidamente escreve um

[Si alza e va a scrivere in fretta un

bilhete]

biglietto]

Lhe entregarás este bilhete.

le darai questo biglietto.

[Sciarrone sai]

[Sciarrone esce]

[Voltando para a mesa e servindo-se

[Torna alla tavola e mescendosi da bere

bebida]

disse]

Ela virá, por amor a seu Mário!

Ella verrà... per amor del suo Mario!

Por amor a seu Mário...

Per amor del suo Mario...

ao meu desejo cederá.

al piacer mio s'arrenderà.

Assim como os profundos amores,

Tal dei profondi amori,

É profunda a miséria.

è la profonda miseria.

A conquista violenta tem mais sabor

Ha più forte sapore la conquista

Que aquela de fácil consenso.

violenta

Eu, de suspiros e brilhantes raios de luar,

che il mellifluo consenso.

Não me interesso.

Io di sospiri e di lattiginose albe lunari

Não sei dedilhar acordes no violão

poco m'appago.

Nem ver o futuro nas flores

Non so trarre accordi

[Nom desdém]

di chitarra, né oroscopo di fior

Nem fazer olhos de peixe

[Sdegnosamente]

Ou arrulhar como pombos!

né far l'occhio di pesce, o tubar come

[Levanta-se e afasta-se da mesa]

tortora!

Desejo. E a coisa desejada persigo

[S'alza, ma non si allontana dalla távola]

Me sacio e a abandono

Bramo. La cosa bramata perseguo,

E então busco novos prazeres.

me ne sazio e via la getto...

Deus criou muitas belezas e vinhos

volto a nuova esca.

diversos

Dio creò diverse beltà e vini diversi...

Irei degustar tanto quanto posso a obra

Io vo' gustar quanto più posso dell'opra

Divina!

divina!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82


Sciarrone

Scarpia

[Bebe]

[Beve]

[Entrando]

[Entrando]

Spoletta chegou.

Spoletta è giunto.

[gritando excitadíssimo]

[Eccitatissimo, gridando]

Entra. Na hora certa.

Entri. In buon punto!

[Sciarrone sai para chamar Spoletta,

[Sciarrone esce per chiamare Spoletta,

que entra e permanece perto da porta,

che accompagna nella sala, rimanendo

ao fundo]

poi presso la porta del fondo]

[Senta-se e, ocupando-se da refeição,

[Si siede e tutt'occupato a cenare,

interroga Spoletta sem olhá-lo]

interroga intanto Spoletta senza

Dize, gentil homem, como foi a caça?

guardarlo]

Segunda Cena Scena Seconda

Scarpia

O galantuomo, come andò la caccia?...

Spoletta

[Aproximando-se um pouco, com

[Avanzandosi un poco ed impaurito]

medo]

(Sant'Ignazio m'aiuta!)

(Que Santo Inácio me proteja)

Della signora seguimmo la traccia.

Daquela senhora seguimos a pista.

Giunti a un'erma villetta tra le fratte

Chegando a uma casa isolada entre

perduta...

arbustos

ella v'entrò.

Ela entrou.

N'escì sola ben presto.

Saiu sozinha, bem rápido.

Allor scavalco lesto

Então saltei rapidamente

il muro del giardin coi miei cagnotti

o muro do jardim,

e piombo in casa...

Com meus guardas entrei na casa...

Scarpia

Spoletta

Bravo, Spoletta!

Quel bravo Spoletta!

[Hesitando]

[Esitando]


Scarpia

Spoletta

Scarpia

Spoletta

Scarpia

Spoletta

Scarpia

Spoletta

Farejei! Procurei! Revistei!

Fiuto!... razzolo!... frugo!...

[Vendo a indecisão de Spoletta,

[Si avvede dell'indecisione di

levanta-se firme, com ira e a testa

Spoletta e si leva ritto, pallido d'ira,

enrugada]

le ciglia corrugate]

Ah! E Angelotti?

Ah! L'Angelotti?...

Não o encontramos!

Non s'è trovato.

[Com raiva]

[Furente]

Ah, cão!… Traidor!…

Ah cane! Ah traditore!

Cobra venenosa…

Ceffo di basilisco,

[Gritando]

[Gridando]

Para a forca!

alle forche!

[Tremendo, tenta contornar a cólera

[Tremante, cerca di scongiurare la

de Scarpia]

collera di Scarpia]

Jesus!

Gesù!

[Com timidez]

[Timidamente]

O pintor estava lá...

C'era il pittor...

[Interrompendo-o]

[Interrompendolo]

Cavaradossi?

Cavaradossi?

[Fazendo sinal afirmativo]

[Accenna di sì]

Ele sabe onde o outro se encontra.

Ei sa dove l'altro s'asconde...

Cada gesto seu, cada palavra,

ogni suo gesto, ogni accento tradìa

mostrava uma tal ironia…

tal beffarda ironia,

que eu o trouxe preso!

ch'io lo trassi in arresto...

[Com suspiro de satisfação]

[Con sospiro di soddisfazione]

Menos mal!

Meno male!

[Indicando a antessala]

[Accenna all'anticamera]

Ele está ali.

Egli è là.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84


Coro Tosca

[Da janela aberta ouve-se a Cantata

[dall'aperta finestra odesi la cantata

que está sendo apresentada pelo

eseguita dai cori nella sala della

coro na sala da rainha]

regina]

[De dentro]

[Interno]

Sobe, até o Senhor, o canto dos

Sale, ascende l'uman cantico,

homens

varca spazi, varca cieli,

Se eleva pelo espaço, supera o céu

per ignoti soli empirei,

Para o desconhecido somente o

profetati dai vangeli,

ímpio

a te giunge o re dei re,

Profetas do evangelho

questo canto voli a te.

Suba a vós, rei dos reis

A te quest'inno voli

Este canto de louvor.

sommo iddio della vittoria.

Que este hino suba a vós

Dio che fosti innanzi ai secoli

Deus da vitória

alle cantiche degli angeli

Deus que fostes antes de todos os

quest'inno di gloria

séculos

or voli a te!

Aos cantos dos anjos Que este hino de glória Suba a vós!

Scarpia

Scarpia

[Vem a sua mente uma ideia e

[Gli balena un'idea e subito dice a

imediatamente diz a Spoletta]

Spoletta]

Faze entrar o cavalheiro.

Introducete il cavalier.

[Spoletta sai]

[Spoletta esce]

[Para Sciarrone]

[A Sciarrone]

Chama Roberti e o juiz.

A me Roberti e il giudice del fisco.

[Sciarrone sai, Scarpia senta-se à

[Sciarrone esce; Scarpia siede di

mesa]

nuovo a távola]


Terceira Cena Scena Terza

Cavaradossi

Scarpia

[Imponente, avançando com ímpeto]

[Altero, avanzandosi con ímpeto]

Que violência!..

Tal violenza!...

[Com cortesia planejada]

[Con studiata cortesia]

Cavalheiro, tem a bondade de

Cavalier, vi piaccia accomodarvi...

acomodar-te.

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Gostaria de saber...

Vo' saper...

[Indicando uma cadeira do outro

[Accennando una sedia al lato

lado da mesa]

opposto della távola]

Senta-te...

Sedete...

[Recusando]

[Rifiutando]

Ficarei em pé.

Aspetto.

Que seja!

E sia!

[Olha fixo para Cavaradossi, antes

[Guarda fisso Cavaradossi, prima di

de interrogá-lo]

interrogarlo]

É do teu conhecimento que um

V'è noto che un prigione...

prisioneiro...

[odesi la voce di Tosca che prende

[Ouve-se a voz de Tosca, que se

parte alla cantata]

apresenta na Cantata]

Cavaradossi

Scarpia

[Comovido]

[Commosso]

A sua voz.

La sua voce!...

[Continuando]

[Riprendendo]

... é do teu conhecimento que um

...v'è noto che un prigione

prisioneiro

oggi è fuggito da castel

fugiu hoje do Castel Sant’Angelo

Sant'Angelo?

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86


Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Ignoro.

Ignoro.

Ainda assim, suspeita-se que o senhor

Eppur, si pretende che voi l'abbiate

O tenha escondido em Santo André,

accolto in Sant'Andrea, provvisto di

e o alimentado e dado de vestir...

cibo e di vesti...

[Resolvido]

[Risoluto]

Mentira!

Menzogna!

[Continuando calmamente]

[Continuando a mantenersi calmo]

... e o guiado a tua casa.

...e guidato ad un vostro podere suburbano...

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Spoletta

Cavaradossi

Scarpia

Nego. Tens provas?

Nego. Le prove?

[Com falsa gentileza]

[Mellifluo]

Um fiel súdito...

Un suddito fedele...

Vamos aos fatos.

Al fatto.

Quem me acusa?

Chi mi accusa?

[Irônico]

[Ironico]

Os teus soldados

I vostri sbirri

Vasculharam em vão minha casa.

invan frugar la villa.

Sinal de que escondeste bem.

Segno che è ben celato.

Suspeitas de um espião!

Sospetti di spia!

[Interrompendo-o, ofendido]

[Offeso, interviene]

Enquanto procurávamos, ele ria...

Alle nostre ricerche egli rideva...

E continuo rindo!

E rido ancor!

[Levantando-se]

[Alzandosi]

Este é um lugar de lágrimas.

Questo è luogo di lacrime!


Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

[Ameaçando]

[Minaccioso]

Tem cuidado!

Badate!

[Nervoso]

[Nervosissimo]

Agora basta! Responde!

Or basta! Rispondete!

Onde está Angelotti?

Dov'è Angelotti?

Não sei.

Non lo so.

Negas tê-lo alimentado?

Negate d'avergli dato cibo?

Nego!

Nego!

E roupas?

E vesti?

Nego!

Nego!

E o abrigado em tua casa?

E asilo nella villa?

E que ainda esteja escondido lá?

e che là sia nascosto?

[Com força]

[Con forza]

Nego! Nego!

Nego! nego!

[Com atitude quase paternal,

[Quasi paternamente, ritornando

acalmando-se]

calmo]

Vamos, cavalheiro, reflete:

Via, cavaliere, riflettete: saggia

Não é sábia essa tua obstinada

non è cotesta ostinatezza vostra.

negação.

Angoscia grande, pronta

A confissão evitará grande angústia.

confessione eviterà!

Eu te aconselho, dize:

Io vi consiglio, dite:

Onde está Angelotti?

dov'è dunque Angelotti?

Não sei.

Non lo so.

Uma última vez: onde está?

Ancor, l'ultima volta: dov'è?

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88


Cavaradossi

Spoletta

Não sei.

No 'l so!

Talvez fosse bom dar-lhe umas belas

O bei tratti di corda!

chicotadas!

Quarta Cena Scena Quarta

Scarpia

Tosca

Cavaradossi

Scarpia

[Tosca entra ofegante.]

[Tosca, entra affannosa.]

[Vendo Tosca]

[Vedendo Tosca]

(Aí está ela!)

(Eccola!)

[Vendo Cavaradossi, corre para

[Vede Cavaradossi e corre ad

abraçá-lo]

abbracciarlo]

Mário? Você aqui?

Mario?! Tu qui?

[Reservadamente]

[Sommessamente]

(Não digas nada sobre o que viu,

(Di quanto là vedesti, taci, o

cala-te ou morrerei.)

m'uccidi!)

[Tosca faz sinal de que entendeu]

[Tosca accenna che ha capito]

[Com solenidade]

[Con solennità]

Mário Cavaradossi, o juiz espera

Mario Cavaradossi, qual testimone il

pelo teu testemunho.

giudice vi aspetta. Pria le forme ordinarie... Indi... ai

Scarpia

Primeiro da forma ordinária...

miei cenni...

depois... ao meu sinal...

[Fa cenno a Sciarrone di aprire

[Sinaliza a Sciarrone para abrir a

l'uscio che dà alla camera della

câmara de tortura. Saem todos,

tortura. Escono tutti, rimanendo solo

ficam somente Scarpia e Tosca]

Scarpia e Tosca]

[Com galanteio]

[Con galanteria]

E agora, entre nós, que somos bons

Ed or fra noi da buoni amici. Via


amigos.

quell'aria sgomentata...

Afasta essa expressão preocupada...

[Accenna a Tosca di sedere]

[Indica a Tosca que se sente]

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

[Senta-se com calma]

[Siede con calma]

Não tenho nenhuma preocupação...

Sgomento alcun non ho...

E a história do leque?

La storia del ventaglio?

[Falando sempre com galanteio]

[Parlando sempre con galanteria]

[Simulando indiferença]

[Con simulata indifferenza]

Foi ciúme tolo...

Fu sciocca gelosia...

A Marquesa de Attavanti não estava

L'Attavanti non era dunque alla villa?

então na tua casa?

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Não. Ele estava só.

No: egli era solo.

Sozinho?

Solo?

[Indagando com malícia]

[Indagando con malizia]

Estás segura?

Ne siete ben sicura?

[Insiste, irritada]

[Con insistenza stizzosa]

Nada escapa aos ciumentos.

Nulla sfugge ai gelosi.

Sozinho!… Sozinho!

Solo! solo!

[Pega uma cadeira, coloca-a em

[Prende una sedia, la porta di fronte

frente a Tosca, senta-se e a olha

a Tosca, vi si siede e la guarda

fixamente]

fissamente]

De verdade?

Davver?!

[Irritada]

[Irritata]

Sozinho! Sim!

Solo, sì!

Quanta ênfase!…

Quanto fuoco!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90


Parece que a senhora tem medo de

Par che abbiate paura di tradirvi.

se contradizer.

[Rivolgendosi verso l'uscio della

[Virando-se em direção à porta da

camera della tortura chiamando]

câmara de tortura, chama]

Sciarrone, che dice il cavalier?

Sciarrone, o que disse o cavalheiro?

Sciarrone

Scarpia

[Aparecendo na porta]

[Apparendo sul limitare dell'uscio]

Nega tudo.

Nega.

[Em direção à porta, com a voz mais

[A voce più alta verso l'uscio aperto]

alta]

Insistiamo.

Insiste mais.

[Sciarrone rientra nella camera della

[Sciarrone entra novamente na

tortura, chiudendone l'uscio]

câmara de tortura, fechando a porta]

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

[Rindo]

[Ridendo]

Oh, é inútil!

Oh, è inutil!

[Muito sério]

[Serissimo, si alza e passeggia]

Veremos, senhora.

Lo vedremo, signora.

[Lentamente, com sorriso irônico]

[Lentamente, con sorriso ironico]

Então, para agradar-te ele deveria

Dunque, per compiacervi, si

mentir?

dovrebbe mentir?

Não… mas a verdade poderia

No, ma il vero potrebbe abbreviargli

abreviar-lhe

un'ora

uma hora muito penosa.

assai penosa...

[Surpresa]

[Sorpresa]

Uma hora penosa? Que quer dizer?...

Un'ora penosa? Che vuol dir?

O que está acontecendo naquela

Che avviene in quella stanza?

sala?

Scarpia

É preciso respeitar as leis.

È forza che si adempia la legge.


Tosca

Scarpia

Ó Deus!... O que está acontecendo?

Oh! Dio!... Che avvien?!!

[Com expressão feroz]

[Con espressione di ferocia]

Amarrado pelas mãos e pés, o teu

Legato mani e piè il vostro amante

amante

ha un cerchio uncinato alle tempia,

tem um aro de aço ao redor da

che ad ogni niego ne sprizza sangue

cabeça,

senza mercé!

e a cada negativa, seu sangue escorre sem piedade!

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Sciarrone

Scarpia

[Levanta-se bruscamente]

[Balza in piedi]

Não é verdade! Não é!...

Non è ver, non è ver!

Riso maldito!

Sogghigno di demone...

Ai de mim!

Ahimè!

[Grande gemido]

[Gemito prolungato]

Ele geme?...

Un gemito?

Piedade... piedade!

Pietà, pietà!

Cabe à senhora salvá-lo.

Sta in voi di salvarlo.

Pois bem... mas parem!

Ebben... ma cessate!

[Aproxima-se à porta]

[Va presso all'uscio]

Sciarrone… para!

Sciarrone, sciogliete!

[Aparece na porta]

[Si presenta sul limitare]

Com tudo?

Tutto?

Tudo.

Tutto.

[Sciarrone entra novamente na

[Sciarrone entra di nuovo nella

câmara de tortura e fecha a porta]

camera della tortura, chiudendo]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92


Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

[Para Tosca]

[A Tosca]

E agora dize a verdade...

Ed or la verità...

Antes eu quero vê-lo!

Ch'io lo veda!

Não!

No!

[Aproximando-se da porta]

[Riesce ad avvicinarsi all'uscio]

Mário...

Mario!

[Dolorosamente]

[Dolorosamente]

Tosca...

Tosca!

Ainda te estão torturando?

Ti fanno male ancor?

Não... coragem!

No. Coraggio!

Fica calada!

Taci!

Não sinto a dor!

Sprezzo il dolor!

[Aproximando-se de Tosca]

[Avvicinandosi a Tosca]

Vamos, Tosca, fala.

Orsù, Tosca, parlate.

[Revigorada pelas palavras de

[Rinfrancata dalle parole di

Cavaradossi]

Cavaradossi]

Nada sei!

Non so nulla!

Não foi suficiente aquela prova?

Non vale quella prova?

Roberti, recomece!...

Roberti, ripigliamo...

[Aproxima-se da porta]

[Fa per avvicinarsi all'uscio]

[Jogando-se entre a porta e Scarpia

[Si mette fra l'uscio e Scarpia, per

para impedir a ordem]

impedire che dia l'ordine]

Não! Para!

No! Fermate!

Vais falar?

Voi parlerete?


Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Não... monstro!

No... mostro!

Tu o torturas, irás matá-lo.

Lo strazi... l'uccidi!

Teu silêncio o tortura muito mais.

Lo strazia quel vostro silenzio assai più.

[Rindo]

[ride]

Ris...

Tu ridi...

desse terrível castigo?

all'orrida pena?

[Com entusiasmo]

[Con entusiasmo]

Tosca, nunca estiveste assim tão

Mai Tosca alla scena più tragica fu!

trágica ao palco!

Scarpia

[Gritando]

[Gridando]

Abre as portas, que tu ouças o

Aprite le porte che n'oda i lamenti!

lamento!

[Spoletta apre l'uscio e sta ritto sulla

[Spoletta abre a porta e fica imóvel

soglia]

sob o batente]

Cavaradossi

Scarpia

Cavaradossi

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Te desafio!

Vi sfido!

[Gritando para Roberti]

[gridando a Roberti]

Mais forte! Mais forte!

Più forte! Più forte!

Te desafio!

Vi sfido!

[Para Tosca]

[A Tosca]

Fala!

Parlate...

O que dizer?

Che dire?

Vamos, fala!

Su, via!

Ah! Nada sei!

Ah! non so nulla!

[Desesperada]

[Disperata]

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94


Scarpia

Devo mentir?

Dovrei mentir?

[Insistindo]

[Insistindo]

Dize, onde está Angelotti?

Dite dov'è Angelotti? parlate

Fala, vamos, fala, onde está

su, via, dove celato sta?

escondido?

Tosca

Não!

No!

Ah! Não posso!

Ah! Più non posso!

Que horror! Suspende esse martírio!

Che orror! Cessate il martir!

É muito sofrimento!

È troppo il soffrir!

[Volta-se novamente suplicando

[si rivolge ancora supplichevole a

para Scarpia, que faz sinal para

Scarpia, il quale fa cenno a Spoletta

Spoletta deixá-la aproximar-se. Ao

di lasciare avvicinare Tosca: questa

ver a horrível cena, fica estarrecida

va presso all'uscio aperto ed

e implora a Cavaradossi com muita

esterrefatta alla vista dell'orribile

dor]

scena, si rivolge a Cavaradossi col massimo dolore]

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Scarpia

Mário, consentes que eu diga?

Mario, consenti ch'io parli?

[Lacerado]

[Spezzata]

Não!

No!

[Insistindo]

[Con insistenza]

Escuta, não posso mais...

Ascolta, non posso più...

Tola, o que sabes?

Stolta, che sai?...

O que poderias dizer?

che puoi dir?...

[Irritado com as palavras de

[Irritatissimo per le parole di

Cavaradossi e temendo que

Cavaradossi e temendo che da

este encoraje Tosca ainda mais

queste Tosca sia ancora incoraggiata

a permanecer calada, grita para

a tacere, grida terribile a Spoletta]


Spoletta]

Ma fatelo tacere!

Fazei-o calar-se!

Tosca

Mas o que foi que eu fiz?...

Che v'ho fatto in vita mia?

É a mim que torturais assim!

Son io che così torturate!...

Torturais minha alma…

Torturate l'anima...

[Cai em prantos, murmurando]

[Scoppia in singhiozzi, mormorando]

Torturais minha própria alma!

Sì, l'anima mi torturate!

[Balbuciando em atitude de oração]

[Brontolando in attitudine di preghiera]

À entrada do Juiz

Judex ergo, cum sedebit,

Tudo será revelado

quidquid latet apparebit,

Nada permanecerá oculto

nil inultum remanebit.

[Scarpia, aproveitando-se do

[Scarpia, profittando

turbamento de Tosca, aproxima-se da

dell'accasciamento di Tosca, va presso

câmara de tortura e faz sinal para que

la camera della tortura e fa cenno

recomecem a tortura. Ouve-se um grito

di ricominciare il supplizio. un grido

terrível. Tosca levanta-se subitamente

orribile si fa udire Tosca si alza di

e, com a voz embargada, dirige-se a

scatto e subito con voce soffocata dice

Scarpia]

rapidamente a Scarpia]

No poço... do jardim...

Nel pozzo... nel giardino...

Ali está Angelotti?

Là è Angelotti?...

[Sufocada]

[Soffocato]

Sim.

Sì...

[Firme, em direção à câmara de tortura]

[Forte, verso la camera della tortura]

Basta, Roberti.

Basta, Roberti.

Sciarrone

Desmaiou!

È svenuto!

Tosca

[A Scarpia]

[A Scarpia]

Spoletta

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96


Scarpia

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Scarpia

Assassino!

Assassino!

Quero vê-lo!

Voglio vederlo.

[Para Sciarrone]

[A Sciarrone]

Trazei-o!

Portatelo qui!...

Sciarrone volta e logo atrás entra

[Sciarrone rientra e subito appare

Cavaradossi, desmaiado, trazido

Cavaradossi svenuto, portato dagli

por soldados que o colocam perto à

sbirri che lo depongono sul canapè.

poltrona. Tosca corre para ele, mas o

Tosca corre a lui, ma l'orrore della

horror de vê-lo todo ensanguentado

vista dell'amante insanguinato è così

é tão grande que cobre o rosto

forte, ch'essa sgomentata si copre il

para não contemplá-lo. Depois,

volto per non vederlo poi,

envergonhada de sua fraqueza,

vergognosa di questa sua debolezza,

ajoelha-se ao lado dele, beijando-o

si inginocchia presso di lui,

e chorando

baciandolo e piangendo.]

[Voltando a si]

[Riavendosi]

Floria!

Floria!

[Enchendo-o de beijos]

[Coprendolo di baci]

Amor!

Amore...

És tu?

Sei tu?

Quanto sofreste, alma minha!…

Quanto hai penato anima mia!...

Mas a justiça de Deus o punirá!

Ma il giusto iddio lo punirà!

Tosca... tu falaste?

Tosca, hai parlato?

Não, amor!

No, amor...

De verdade?

Davvero?...

[A Spoletta, com autoridade]

[A Spoletta con autorità]


Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Sciarrone

Scarpia

Sciarrone

Scarpia

Sciarrone

Scarpia

Sciarrone

Ao poço do jardim... vai, Spoletta!

Nel pozzo del giardino. Va', Spoletta!

[Spoletta sai. Cavaradossi, ouvindo

[Spoletta esce: Cavaradossi, che ha udito,

tudo, levanta-se ameaçando Tosca,

si leva minaccioso contro Tosca; poi le

mas, tomado pela fraqueza, cai

forze l'abbandonano e si lascia cadere

sobre a poltrona, exclama cheio de

sul canapè, esclamando con rimprovero

amargura, recriminando-a]

pieno di amarezza verso Tosca]

Você me traiu!

M'hai tradito!

[Suplicando]

[Supplichevole]

Mário!

Mario!

[Empurrando Tosca, que tentava

[Respingendo Tosca che si abbraccia

abraçá-lo]

stretta a lui]

Maldita!

Maledetta!

[Sciarrone, de repente, interrompe

[Sciarrone, a un tratto, irrompe tutto

ofegante]

affannoso]

Excelência! Temos notícias!...

Eccellenza! quali nuove!...

[Surpreso]

[Sorpreso]

Por que essa expressão tão aflita?

Che vuol dir quell'aria afflitta?

Uma mensagem de derrota.

Un messaggio di sconfitta...

De derrota? Como? Onde?

Che sconfitta? Come? Dove?

Em Marengo...

A Marengo...

[Impaciente, gritando]

[impazientito, gridando]

Sem demoras!

Tartaruga!

Bonaparte venceu!

Bonaparte è vincitor!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98


Scarpia

Sciarrone

Cavaradossi

Melas...

Melas...

Não! Melas fugiu!...

No! Melas è in fuga!...

[Cavaradossi, que ouvia com

[Cavaradossi, che con ansia crescente

ansiedade as palavras de Sciarrone,

ha udito le parole di Sciarrone, trova

encontra forças para levantar-se,

nel proprio entusiasmo la forza di

entusiasmado, ameaçando Scarpia]

alzarsi minaccioso in faccia a Scarpia]

Vitória! Vitória!

Vittoria! Vittoria!

Surge a aurora de vingança

L'alba vindice appar

Que faz os ímpios tremerem!

che fa gli empi tremar!

Surge a liberdade

Libertà sorge,

Caem os tiranos!

Crollan tirannidi!

Do sofrido martírio

Del sofferto martir

Me verás ressurgir alegre!

me vedrai qui gioir...

Trema seu coração, Scarpia, sanguinário!

il tuo cor trema, o Scarpia, carnefice!

[Tosca, desesperada, aproxima-se de

[Tosca, disperatamente

Cavaradossi, tentando fazê-lo calar-se]

aggrappandosi a Cavaradossi, tenta, di farlo tacere]

Tosca

Scarpia

Mário, cala-te, piedade de mim!

Mario, taci, pietà di me!

[Olhando Cavaradossi com cinismo]

[Fissa cinicamente Cavaradossi]

Esbraveja, grita!

Braveggia, urla!

Revela o que realmente escondes na

T'affretta a palesarmi il fondo

alma!

dell'alma ria!

Vai, moribundo, o patíbulo te espera!

Va'! Moribondo, il capestro t'aspetta!

[E, irritado com as palavras de

[Ed irritato per le parole di

Cavaradossi, grita aos soldados]

Cavaradossi, grida agli sbirri]

Levai-o daqui!

Portatemelo via!

[Sciarrone e os soldados prendem

[Sciarrone ed gli sbirri

Cavaradossi e o empurram em direção

s'impossessano di Cavaradossi e lo


Tosca

Scarpia

à porta. Tosca tenta segurar-se

trascinano verso la porta. Tosca tenta

a Cavaradossi, em vão, e é

di tenersi stretta a Cavaradossi, ma

brutalmente empurrada]

invano: essa è brutalmente respinta]

Mário... estou contigo.

Mario... con te...

[Os soldados conduzem

[Gli sbirri conducono via

Cavaradossi. Tosca se direciona para

Cavaradossi; Tosca si avventa per

seguir Cavaradossi, mas Scarpia se

seguir Cavaradossi, ma Scarpia si

coloca em frente à porta e a fecha,

colloca innanzi la porta e la chiude,

impedindo que Tosca prossiga]

respingendo Tosca]

Tu não!

Voi no!

[Gemendo]

[Come un gemito]

Salva-o!

Salvatelo!

Eu?... Tu!

Io?... voi!

[Aproxima-se da mesa, vê seu jantar

[Si avvicina alla tavola, vede la sua

e volta a comer, calmo e sorridente]

cena lasciata a mezzo e ritorna

Quinta Cena Scena Quinta

Tosca

Scarpia

calmo e sorridente]

Scarpia

Meu humilde jantar foi

La povera mia cena fu interrotta.

interrompido.

[Vede Tosca abbattuta, immobile,

[Vendo Tosca abatida, imóvel, ainda

ancora presso la porta]

perto da porta]

Tão abatida?

Così accasciata?... Via, mia bella

Vem, minha bela senhora, senta-te

signora,

aqui.

sedete qui. ~ Volete che cerchiamo

Queres que procuremos juntos um

insieme il modo di salvarlo?

modo para salvá-lo?

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100


Tosca

Scarpia

[Tosca, ainda abatida, olha para

[Tosca si scuote e lo guarda:

Scarpia, que sempre sorridente

Scarpia sorride sempre e si siede,

se senta, fazendo-lhe sinal para

accennando in pari tempo di sedere

aproximar-se]

a Tosca]

Então... senta-te... e conversemos.

E allor... sedete... e favelliamo.

Enquanto isso... uma taça?

E intanto

É vinho da Espanha...

un sorso. È vin di Spagna...

[Enche uma taça para Tosca e a

[Riempie il bicchiere e lo porge a

entrega e ela]

Tosca]

Um gole.

Un sorso

[Com gentileza]

[Con gentilezza]

Para te animares.

per rincorarvi.

[Senta-se em frente a Scarpia e o

[Siede in faccia a Scarpia,

olha fixamente]

guardandolo fissamente.]

Quanto?

Quanto?

[Sem se preocupar, servindo-lhe a

[Imperturbabile, versandosi da bere]

bebida]

Quanto?

Quanto?

Tosca

Scarpia

O preço!...

Il prezzo!...

[Rindo]

[Ride]

Sim. Dizem que sou corrupto, mas a

Già. Mi dicon venal, ma a donna

uma bela mulher,

bella

[Insinuante]

[insinuante e con intenzione]

não me vendo por dinheiro.

non mi vendo a prezzo di moneta.

Se a minha fé devo trair

Se la giurata fede devo tradir...

Será por outro tipo de recompensa.

ne voglio altra mercede.

Eu esperava por este momento!

Quest'ora io l'attendeva!

Já me consumia o amor pela diva!

Già mi struggea l'amor della diva!

Mas ainda há pouco

Ma poc'anzi ti mirai

A vi como jamais havia visto!

qual non ti vidi mai!


Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

[Levanta-se, excitado]

[Eccitatissimo, si alza]

Aquelas tuas lágrimas acendiam

Quel tuo pianto era lava ai sensi

meus sentidos,

miei

e o teu olhar, que lançava ódio por

e il tuo sguardo che odio in me

mim,

dardeggiava,

aumentou ainda mais meu desejo!

mie brame inferociva!...

Ágil como um leopardo,

Agil qual leopardo

tu te atiraste sobre o teu amante!…

t'avvinghiasti all'amante.

Ah! Naquele instante jurei que

Ah! In quell'istante t'ho giurata

serias minha!…

mia!...

Minha!

Mia!

[Aproxima-se, estendendo os braços

[Si avvicina, stendendo le braccia

para Tosca. Esta, que escutou tudo

verso Tosca:

imóvel como pedra, as lascivas

questa, che aveva ascoltato

palavras de Scarpia, levanta-se

immobile, impietrita, le lascive

bruscamente e se refugia atrás da

parole di Scarpia, s'alza di scatto e si

poltrona]

rifugia dietro il canapé]

Ah!

Ah!

[Seguindo-a]

[Quasi inseguendola]

Sim, serás minha!

Sì, t'avrò!...

[Enojada, corre para a janela]

[Iinorridita corre alla finestra]

Prefiro pôr fim à minha vida!

Piuttosto giù mi avvento!

[Com frieza]

[Freddamente]

Resta-me teu Mário como prenda!…

In pegno il Mario tuo mi resta!...

Ah, miserável!... Que terrível

Ah! miserabile... l'orribile mercato!

chantagem! Violenza non ti farò. Scarpia

Não irei violentá-la!...

Sei libera.

Tu és livre.

Va' pure.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102


Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Vai, se quiseres...

[Tosca con un grido di gioia fa

[Tosca, com um grito de alegria,

per uscire. Scarpia con e ridendo

encaminha-se para sair. Scarpia a

ironicamente la trattiene]

segura, rindo ironicamente]

Ma è fallace speranza...

Mas é inútil a esperança...

la regina farebbe grazia ad un

a Virgem concederia perdão a um

cadavere!

cadáver.

[Tosca retrocede spaventata, e

[Tosca volta assustada e, olhando

fissando Scarpia si lascia cadere sul

Scarpia, cai sobre a poltrona]

canapè]

Como tu me odeias!

Come tu m'odii!

[Com muito ódio e desprezo]

[Con tutto l'odio e il disprezzo]

Ah! Meu Deus!…

Ah! Dio!...

[Aproximando-se]

[Avvicinandosele]

É assim que eu te quero!

Così ti voglio!

[Exasperada]

[Esasperata]

Não me toques, demônio!

Non toccarmi, demonio! T'odio, t'odio,

Te odeio, te odeio!

abbietto, vile!

[Foge de Scarpia, com nojo]

[Fugge da Scarpia inorridita]

O que importa?

Che importa?!

[Aproximando-se ainda mais dela]

[Avvicinandosele ancor più]

Tremor de raiva... tremor de amor!

Spasimi d'ira... spasimi d'amore!

Vil!

Vile!

[Procurando agarrá-la]

[Cerca di afferrarla]

Minha!…

Mia!

[Protegendo-se atrás da mesa]

[Si ripara dietro la távola]

Vil!

Vile!

[Seguindo-a]

[Inseguendola]


Tosca

Scarpia

Minha!

Mia!

Socorro!

Aiuto!

[De longe vem um som de tambor

[Un lontano rullo di tamburi a poco a

que se aproxima pouco a pouco]

poco s'avvicina]

[Parando]

[Fermandosi]

Estás ouvindo?

Odi?

É o tambor… cada vez mais perto!

È il tamburo. S'avvia.

Ele conduz a última escolta dos

Guida la scorta ultima ai condannati.

condenados.

Il tempo passa!

O tempo está passando! Sai... quale oscura opra laggiù si Scarpia

Sabes... qual trabalho obscuro

compia?

estamos fazendo?

Là... si drizza un patibolo!...

Ali... preparamos um patíbulo!…

[Tosca fa un movimento di

[Tosca desesperada e assombrada]

disperazione e di spavento]

Para o teu Mário, e por tua causa…

Al tuo Mario, per tuo voler,

não lhe resta mais que uma hora

non resta che un'ora di vita.

de vida.

[Freddamente si appoggia ad un

[Com frieza, apoia-se no canto da

angolo della tavola, continuando a

mesa, continuando a olhar Tosca,

guardare Tosca che affranta dal dolore

que, consumida pela dor, cai sobre

si lascia cadere sul canapé]

a poltrona]

Tosca

[Com muito pesar]

[Nel massimo dolore]

Vivi para a arte, vivi para o amor.

Vissi d'arte, vissi d'amore,

Nunca fiz mal a sequer uma alma

non feci mai male ad anima viva!...

viva!

con man furtiva

Com mãos secretas

quante miserie conobbi, aiutai...

Quantas misérias eu conheci e

sempre con fé sincera,

socorri...

la mia preghiera

Sempre com fé sincera,

ai santi tabernacoli salì.

A minha oração

Sempre con fé sincera

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104


Aos santos nos templos sagrados dirigi.

diedi fiori agli altar.

Sempre com fé sincera

[alzandosi]

Ofertei flores ao altar.

Nell'ora del dolore

[Levantando-se]

perché, perché signore,

Nesta hora de dor,

perché me ne rimuneri così?

Por que, por que, Senhor,

Diedi gioielli

Por que me retribuís assim?

della madonna al manto,

Doei joias para o manto da Virgem

e diedi il canto

Doei meu canto

agli astri, al ciel, che ne ridean più

Aos astros e aos céus

belli.

Que brilhavam ainda mais reluzentes

Nell'ora del dolore,

Nesta hora de dor

perché, perché signore,

Por que, por que, Senhor,

perché me ne rimuneri così?

Por que me retribuís assim?

[singhiozzando]

[Chorando]

Scarpia

Tosca

Scarpia

[Aproximando-se novamente de Tosca]

[Avvicinandosi di nuovo a Tosca]

Decide-te!

Risolvi!

Quer que eu suplique a teus pés?

Mi vuoi supplice ai tuoi piedi!

[Ajoelhando-se aos pés de Scarpia]

[inginocchiandosi innanzi a Scarpia]

Vê,

Vedi,

[Soluçando]

[Singhiozza]

Minhas mãos postas eu estendo a ti!

le man giunte io stendo a te!

[Levantando as mãos postas]

[Alzando le mani giunte]

Olha... Vê...

Ecco... vedi...

[Desesperada]

[Con accento disperato]

À espera de uma palavra tua,

e mercé d'un tuo detto,

Vencida, espero...

vinta, aspetto...

És imensamente bela, Tosca, e muito

Sei troppo bella, Tosca, e troppo

apaixonada.

amante.

Eu concedo. Por um mísero preço!

Cedo. A misero prezzo.

Tu me pedes uma vida, eu te peço um

Tu, a me una vita, io, a te chieggo un

momento!

istante!


Tosca

Scarpia

Spoletta

Scarpia

Spoletta

Tosca

Scarpia

[Levantando-se com grande

[Alzandosi, con un senso di gran

desprezo]

disprezzo]

Vai! Vai! Tu me dás nojo!

Va'! Va'! Mi fai ribrezzo!

[Batem na porta]

[Bussano alla porta]

Quem está aí?

Chi è là?

[Entrando com pressa e ansioso]

[Entrando tutto frettoloso e trafelato]

Excelência…

Eccellenza,

Angelotti… à nossa chegada,

l'Angelotti al nostro giungere si

suicidou-se.

uccise.

Pois bem, pendurai-o

Ebbene, lo si appenda

morto na forca!

morto alle forche!

E o outro prisioneiro?

E l'altro prigionier?

O cavalheiro Cavaradossi?

Il cavalier Cavaradossi?

Tudo está pronto, Excelência!

È tutto pronto, eccellenza!

(Que Deus me ajude!)

[Dio m'assisti!]

[A Spoletta]

[A Spoletta]

Espera.

Aspetta.

[Baixo, para Tosca]

[Piano a Tosca]

E então?...

Ebbene?

[Tosca faz sinal afirmativo com

[Tosca accenna di sì col capo e dalla

cabeça e, tomada pela vergonha,

vergogna piangendo affonda la

chorando, pousa a cabeça nas

testa fra i cuscini del canapè]

almofadas da poltrona]

Scarpia

Tosca

[Para Spoletta]

[A Spoletta]

Ouve...

Odi...

[Interrompendo Scarpia]

[Interrompendo subito Scarpia]

Mas quero-o livre agora!…

Ma libero all'istante lo voglio!

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106


Scarpia

[Para Tosca]

[A Tosca]

É preciso disfarçar.

Occorre simular.

Não posso conceder perdão

Non posso far grazia aperta.

publicamente.

Bisogna che tutti abbian per morto

Preciso que todos pensem que o

il cavalier.

cavalheiro morreu.

[Accenna a Spoletta]

[Faz um sinal para Spoletta]

Quest'uomo fido provvederà.

Este homem se encarregará disso.

Tosca

Scarpia

Spoletta

Scarpia

Spoletta

Scarpia

Tosca

Quem me garante?

Chi m'assicura?

A ordem que vou lhe transmitir aqui,

L'ordin ch'io gli darò voi qui

na tua presença.

presente.

[Para Spoletta]

[A Spoletta]

Spoletta, fecha.

Spoletta: chiudi.

[Spoletta fecha a porta com rapidez.]

[Spoletta frettolosamente chiude la

Mudei de opinião...

porta]

que o prisioneiro seja fuzilado.

Ho mutato d'avviso...

[Tosca fica em pânico]

il prigionier sia fucilato.

Mas atenção...

[Tosca scatta atterrita]

como fizemos com o Conde

Attendi...

Palmieri...

Come facemmo col conte Palmieri...

Uma execução...

Un'uccisione...

... simulada, como fizemos com

...simulata!... Come avvenne del

Palmieri!

Palmieri!

Entendeu bem?

Hai ben compreso?

Entendi perfeitamente.

Ho ben compreso.

Vai!

Va'.

[Que escutou com atenção,

[Che ha ascoltato avidamente,

intervém]

interviene]


Scarpia

Spoletta

Scarpia

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Quero avisar-lhe eu mesma.

Voglio avvertirlo io stessa.

Que seja!

E sia.

[Para Spoletta, mostrando Tosca]

[A Spoletta, indicando Tosca]

Você a deixará passar. Atenção:

Le darai passo. Bada:

Às quatro da noite

all'ora quarta...

Sim. Como Palmieri...

Sì. Come Palmieri...

[Sai]

[Esce]

[Scarpia, aproxima-se de Tosca com

[Scarpia, si avvicina con grande

grande paixão]

passione a Tosca]

Mantive a minha promessa...

Io tenni la promessa...

[Parando-o]

[Arrestandolo]

Ainda não.

Non ancora.

Quero um salvo-conduto

Voglio un salvacondotto onde fuggir

para fugir do Estado com ele.

dallo stato con lui.

[Com galanteio]

[Con galanteria]

Então queres ir embora?

Partir dunque volete?

Sim… para sempre!

Sì, per sempre!

Que seja conforme teu desejo.

Si adempia il voler vostro.

[Vai ao escritório, começa a escrever

[Va allo scrittoio; si mette a scrivere,

e para de modo a perguntar a Tosca]

interrompendosi per domandare a

E qual caminho escolherás?

Tosca] E qual via scegliete?

[Enquanto Scarpia escreve, Tosca aproxima-se da mesa e, com as

[Mentre Scarpia scrive, Tosca si è

mãos trêmulas, pega a taça de vinho

avvicinata alla tavola e con la mano

da Espanha que Scarpia encheu. Ao

tremante prende il bicchiere di vino

levar a taça à boca, vê sobre a mesa

di Spagna versato da Scarpia, ma nel

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108


uma faca afiada de ponta. Olha

portare il bicchiere alle labbra, scorge

para Scarpia, que escreve, e com

sulla tavola un coltello affilato ed a punta;

precaução tenta esconder a faca,

dà un'occhiata a Scarpia che in quel

respondendo à pergunta de Scarpia,

momento è occupato a scrivere e con

que a está vigiando]

infinite precauzioni cerca d'impossessarsi del coltello, rispondendo alle domande di Scarpia ch'essa sorveglia atentamente]

Tosca

Scarpia

Tosca

Scarpia

Scarpia

Tosca

Scarpia

O mais curto!

La più breve!

Civitavecchia?

Civitavecchia?

Sim.

Sì.

[Ela finalmente pode pegar a faca, e

[Finalmente ha potuto prendere il

a esconde atrás de si, disfarçando e

coltello, che dissimula dietro di sé

apoiando-se na mesa. Scarpia acaba

appoggiandosi alla tavola. Questi ha

de escrever o salvo-conduto, dobra

finito di scrivere il salvacondotto, vi

o papel, esconde-o nas roupas e,

mette il sigillo, ripiega il foglio: quindi

abrindo os braços, aproxima-se de

aprendo le braccia si

Tosca]

avvicina a Tosca]

Tosca… finalmente minha!

Tosca, finalmente mia!...

[A voz voluptuosa se transforma em

[Ma l’accento voluttuoso si cambia in

um grito terrível: Tosca o atingiu

un grido terribile Tosca lo ha colpito in

com a faca no peito]

pieno petto]

[Gritando]

[Gridando]

Maldita!

Maledetta!

[Gritando]

[Gridando]

Este é “o beijo de Tosca”!

Questo è il bacio di Tosca!

[Com voz sufocada]

[Con voce strozza]

Socorro! Estou morrendo!

Aiuto! Muoio!


[Cambaleando, tenta apoiar-se

[Barcollando cerca di aggrapparsi a

em Tosca, que caminha para trás

Tosca, che indietreggia terrorizzata]

aterrorizada]

Soccorso! Muoio!

Socorro! Estou morrendo!

Tosca

[Com ódio, para Scarpia]

[Con odio, a Scarpia]

O sangue te sufoca?

Ti soffoca il sangue?

Assassinado por uma mulher!

E ucciso da una donna!

Me torturastes muito!

M'hai assai torturata!...

Ainda me escutas? Fala!...

Odi tu ancora? Parla!... Guardami!...

Olha-me!...

Son Tosca!... o Scarpia!

Sou Tosca!... Oh, Scarpia!

Scarpia

Tosca

[Sufocado, tenta reerguer-se pela

[Soffocato, fa un ultimo sforzo, poi

última vez e cai]

cade riverso]

Socorro, me ajudem!

Soccorso, aiuto!

[Ofegante]

[Rantolando]

Estou morrendo!

Muoio!

[Chorando sobre o rosto de Scarpia]

[Piegandosi sul viso di Scarpia]

Morra, maldito!… Morra!… Morra!…

Muori dannato! Muori, Muori!

[Scarpia permanece imóvel]

[Scarpia rimane rígido]

Estás morto!…

È morto!

Agora eu te perdoo!…

Or gli perdono!

[Sem tirar os olhos de Scarpia, vai

[Senza togliere lo sguardo dal

até a mesa, pega uma garrafa de

cadavere di Scarpia, va al tavolo,

água e o molha um guardanapo

prende una bottiglia d'acqua

para limpar os dedos. Depois

e inzuppando un tovagliolo si

arruma os cabelos, olhando-se no

lava le dita, poi si ravvia i capelli

espelho.

guardandosi allo specchio.

Lembra-se do salvo-conduto...

Si sovviene del salvacondotto... lo

Procura-o pelo escritório, mas não o

cerca sullo scrittoio, ma non lo trova;

encontra. Procura-o ainda e o vê nas

lo cerca ancora, finalmente vede il

mãos fechadas e rígidas de Scarpia.

salvacondotto nella mano raggrinzita

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110


Levanta o braço de Scarpia e o deixa

di Scarpia. Solleva il braccio di

cair após ter tirado de suas mãos o

Scarpia, che poi lascia cadere inerte,

salvo-conduto, escondendo-o no

dopo aver tolto il salvacondotto che

peito]

nasconde in petto]

E diante dele… toda Roma tremia?!

E avanti a lui tremava tutta Roma!

[Encaminha-se para sair, mas,

[Si avvia per uscire, ma si pente, va

arrependida, pega duas velas que

a prendere le due candele che sono

estão sobre a mesa, à esquerda,

sulla mensola a sinistra e le accende

acende-as e as coloca uma de cada

al candelabro sulla tavola spegnendo

lado da cabeça de Scarpia.

poi questo. Colloca una candela

Procura de novo em volta e, vendo

accesa a destra della testa di Scarpia.

um crucifixo, retira-o da parede e

Mette l'altra candela a sinistra. Cerca

com sinal de fé ajoelha-se, para

di nuovo intorno e vedendo un

colocá-lo no peito de Scarpia.

crocefisso va a staccarlo dalla parete

Levanta-se e, com grande

e portandolo religiosamente si

preocupação, sai, fechando a porta]

inginocchia per posarlo sul petto di Scarpia. Si alza e con grande precauzione esce, richiudendo dietro a porta]

Terceiro Ato

[No terraço do Castelo Sant’Angelo.

Sant'Angelo.

Atto Terzo

Primeira Cena Scena Prima

[La piattaforma di Castel

À esquerda, uma guarita: uma mesa,

A sinistra, una casamatta: vi è

sobre esta uma lamparina, um livro

collocata una tavola, sulla quale

de registros, canetas e lápis; um

stanno una lampada, un grosso

banco e uma cadeira. De um lado,

registro e l'occorrente per scrivere:

na parede, um crucifixo: em frente

una panca, una sedia. Su di una

a ele uma lâmpada. À direita, uma

parete della casamatta un crocifisso:

pequena porta que dá para uma

davanti a

escada que liga ao terraço. No fundo,

questo è appesa una lampada. A

o Vaticano e a Basílica de São Pedro.

destra, l'apertura di una piccola scala per la quale si ascende alla


Noite, céu sereno, cintilante de

piattaforma. Nel fondo il Vaticano e

estrelas.

San Pietro.

Ouvem-se, de longe, os sinos de

Notte, cielo sereno, scintillante di

um destacamento militar, que aos

stelle.

poucos vão perdendo força.] Si odono, lontane, le campanelle d'un armento: di mano in mano vanno sempre più affievolendosi]

Pastor Pastore

Quantos suspiros

Io de' sospiri,

Eu te envio

ve ne rimanno tanti

Como as folhas que se movem ao

pe' quante foie ne smoveno li venti.

vento...

Tu me disprezzi,

Tu me desprezas

io me ci accoro,

Eu me entristeço

lampena d'oro me fai morir!

Luz de ouro e faz morrer!

A luz está incerta e cinza,

La luce incerta e grigia che precede

antecedendo o amanhecer: os sinos

l'alba: le campane delle chiese

das igrejas anunciam a manhã.

suonano mattutino

[Um carcereiro com uma lanterna

[Un Carceriere con una lanterna sale

sobe as escadas, vai à guarita e

dalla scala, va alla casamatta e vi

acende primeiro a lâmpada que está

accende la lampada sospesa davanti

pendurada em frente ao crucifixo,

al crocifisso, poi quella sulla tavola.

depois a da mesa.

Poi va in fondo alla piattaforma e

Vai ao fundo do terraço e olha para

guarda giù nel cortile sottostante

o pátio, abaixo, a fim de verificar se

per vedere se giunge il picchetto dei

está vindo o pelotão de soldados

Soldati, col Condannato. Si incontra

com o condenado. Encontra-se com

com una Sentinella che percorre

um patrulheiro que faz a ronda por

tutt'all'intorno la piattaforma e

todo o terraço e troca com este

scambiate colla stessa alcune parole,

algumas palavras, volta para guarita,

ritorna alla casamatta, siede ed

senta-se e espera sonolento.

aspetta mezzo assonnato.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112


Mais tarde um pelotão, comandado

Più tardi un Picchetto, comandato

por um sargento da guarda, sobe no

da un Sergente di guardia, sale

terraço acompanhando Cavaradossi.

sulla piattaforma accompagnando

O pelotão para e o sargento conduz

Cavaradossi: il Picchetto si arresta

Cavaradossi à guarita, entregando

e il Sergente conduce Cavaradossi

uma folha para o carcereiro. Este

nella casamatta, consegnando un

examina a folha, abre o livro

foglio al Carceriere. Il Carceriere

de registro e escreve enquanto

esamina il foglio, apre il registro e vi

interroga.]

scrive mentre interroga.]

Carcereiro

Mário Cavaradossi?

Mario Cavaradossi?

Carceriere

[Cavaradossi inclina a cabeça em

[Cavaradossi china il capo,

sinal de consentimento. O carcereiro

assentendo. Il carceriere porge la

entrega a caneta ao sargento]

penna al sergente]

Segunda Cena Scena Seconda

A ti. [O sargento assina o registro

A voi.

e depois sai com os soldados,

[Il sergente firma il registro, poi parte

descendo pela escada]

coi soldati, scendendo per la scala]

Carcereiro

Resta-te uma hora...

Vi resta un'ora...

Carceriere

Um sacerdote está à tua disposição!

Un sacerdote i vostri cenni attende.

Não… mas uma última graça te

No! Ma un'ultima grazia io vi

peço.

richiedo...

Se eu puder!...

Se posso...

Deixo no mundo

Io lascio al mondo

uma pessoa muito querida.

una persona cara.

Permite-me escrever-lhe algumas

Consentite ch'io le scriva un sol

palavras.

motto.

[Tirando do dedo um anel]

[togliendosi dal dito un anello]

Cavaradossi

Carcereiro Carceriere

Cavaradossi


A única coisa que restou da minha

Unico resto di mia ricchezza

riqueza

è questo anel...

foi este anel.

se promettete di consegnarle

Se prometeres entregar o

il mio ultimo addio,

meu último adeus…

esso è vostro...

ele será teu.

Carcereiro

[Duvida um pouco, mas aceita,

[Tituba un poco, poi accetta e facendo

Carceriere

fazendo sinal a Cavaradossi para

cenno a Cavaradossi di sedere alla

sentar-se à mesa, e vai acomodar-se

tavola, va a sedere sulla panca]

no banco]

Scrivete...

Escreve...

Cavaradossi

[Cavaradossi permanece pensando

[Rimane alquanto pensieroso, quindi

e então escreve... mas após escrever

si mette a scrivere... ma dopo tracciate

algumas linhas é invadido pelas

alcune linee è invaso dalle rimembranze,

lembranças e para de escrever.]

e si arresta dallo scrivere]

[Pensando]

[Pensando]

E brilhavam as estrelas...

E lucevan le stelle...

e a terra difundia seu aroma...

e olezzava la terra...

rangia o portão do jardim...

stridea l'uscio dell'orto...

e um passo delineava-se na areia...

e un passo sfiorava la rena...

ela entrava, perfumada...

entrava ella, fragrante,

e caía em meus braços!

mi cadea fra le braccia...

Ó doces beijos, ó suaves carícias...

Oh! dolci baci, o languide carezze,

enquanto eu, tremendo,

mentr'io fremente

as belas formas libertava do véu!

le belle forme disciogliea dai veli!

Extinguiu-se para sempre

Svanì per sempre

o meu sonho de amor...

il sogno mio d'amore...

O momento se foi...

l'ora è fuggita...

E morro desesperado!

e muoio disperato!

Nunca amei tanto assim a vida!

E non ho amato mai tanto la vita!...

[Spoletta surge na escada,

[Dalla scala viene Spoletta,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114


Terceira Cena Scena Terza

acompanhado do sargento e de

accompagnato dal Sergente e

Tosca. O sargento carrega uma

seguìto da Tosca: il Sergente porta

lanterna, Spoletta indica a Tosca

una lanterna Spoletta accenna a

onde se encontra Cavaradossi,

Tosca ove trovasi Cavaradossi, poi

depois chama o carcereiro. Os

chiama a sé il Carceriere: con

três descem pela escada e, antes

questi e col Sergente ridiscende,

de partir, Spoletta ordena a um

non senza aver prima dato ad una

patrulheiro que está ao fundo que

Sentinella, che sta in fondo, l'ordine

vigie o prisioneiro.]

di sorvegliare il Prigioniero.]

[Tosca, agitadíssima, vê Cavaradossi,

[Tosca che in questo frattempo

que está chorando. Corre em

è rimasta agitatissima, vede

direção a ele e, com a voz sufocada

Cavaradossi che piange: si slancia

pela emoção, levanta sua cabeça

presso a lui, e non potendo

com as duas mãos, mostrando-lhe o

parlare per la grande emozione

salvo-conduto.

gli solleva con le due mani la testa, presentandogli in pari tempo il

Cavaradossi, ao ver Tosca, surpreso,

salvacondotto:

levanta-se e lê a folha que Tosca lhe

Cavaradossi, alla vista di Tosca, balza

entrega.]

in piedi sorpreso, legge il foglio che gli presenta Tosca.]

Cavaradossi

[Lendo] “Passagem livre para Floria Tosca...”

Tosca

[Legge] “Franchigia a Floria Tosca...

[Lendo junto com ele, com voz

[Leggendo insieme a lui con voce

ofegante]

affannosa]

... e para o cavalheiro que a

...«e al cavaliere che l'accompagna».

acompanha.”

[Para Cavaradossi, com um grito de

[A Cavaradossi con un grido

exaltação]

d'esultanza]

Estás livre!

Sei libero!


Cavaradossi

[Olha a folha e vê a assinatura]

[Guarda il foglio; ne vede la firma]

Scarpia cedeu?

Scarpia!...

Tu estás livre!

Scarpia che cede?

Esta é sua primeira concessão de

La prima sua grazia è questa...

clemência...

[guardando Tosca con intenzione]

[Olhando Tosca com atenção]

Tosca

E a última!

E l'ultima!

[Pega o salvo-conduto e o coloca

[Riprende il salvacondotto e lo

na bolsa]

ripone in una borsa]

Cavaradossi

O que dizes?

Che dici?

Tosca

[Soltando-se]

[Scattando]

Ele queria o teu sangue ou o meu

Il tuo sangue o il mio amore volea...

amor...

Fur vani scongiuri e pianti.

Em vão foram minhas súplicas e

Invan, pazza d'orror,

lágrimas.

alla madonna mi volsi e ai santi...

Em vão, louca de terror...

l'empio mostro dicea:

Clamei à Virgem e aos Santos!

già nei cieli il patibol le braccia leva!

O monstro cruel dizia:

Rullavano i tamburi...

“Já aos céus o condenado ergue

rideva, l'empio mostro... rideva...

seus braços!”

già la sua preda pronto a ghermir!

Soavam os tambores...

«Sei mia!»

Ele ria, o monstro perverso... ria,

Sì.

pronto a devorar sua presa!

Alla sua brama mi promisi.

“Tu és minha?”…

Lì presso luccicava una lama...

“Sim!”…

ei scrisse il foglio liberator,

Aos seus desejos prometi satisfazer.

venne all'orrendo amplesso...

Ali, bem perto, brilhava uma

io quella lama gli piantai nel cor.

lâmina... Ele escrevia o documento de liberdade… e quando adiantou-se para o terrível abraço...

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116


eu, aquela lâmina, cravei em seu coração.

Cavaradossi

Tu?… Mataste-o com as próprias

Tu!... di tua man l'uccidesti?

mãos?

tu pia, tu benigna, e per me!

Tu, tão pura, beata… por mim?!

Tosca

Cavaradossi

E tive minhas mãos cheias de

N'ebbi le man tutte lorde di

sangue!

sangue!...

[Pegando com carinho as mãos de

[Prendendo amorosamente fra le

Tosca entre as suas]

sue le mani di Tosca]

Ó mãos doces, brandas e puras!

O dolci mani mansuete e pure,

Mãos eleitas para obras boas e

o mani elette a bell'opre e pietose,

piedosas,

a carezzar fanciulli, a coglier rose,

para acariciar crianças, para colher

a pregar, giunte, per le sventure,

rosas,

dunque in voi, fatte dall'amor secure,

para rezar, juntas, pelas desgraças!

giustizia le sue sacre armi depose?

Então em ti, que foste feita para dar

Voi deste morte, o man vittoriose,

amor,

o dolci mani mansuete e pure!...

a Justiça depositou suas armas sagradas? Vós destes a morte, ó mãos vitoriosas! Ó doces mãos, brandas e puras!...

Tosca

[Recolhendo as mãos]

[Svincolando le mani]

Ouve... a hora se aproxima;

Senti... l'ora è vicina;

eu juntei

io già raccolsi

[Mostrando a bolsa]

[Mostrando la borsa]

ouro e joias… uma carruagem está

oro e gioielli... una vettura è pronta.

preparada!...

Ma prima... ridi amor...

Mas primeiro... sorri, amor!...

prima sarai fucilato

Primeiro tu serás fuzilado...

per finta ad armi scariche...

uma encenação, com armas

simulato supplizio.

descarregadas...

Al colpo... cadi.


simulando o suplício.

I soldati se n' vanno...

Ao ouvires o disparo… cai…

e noi siam salvi!

os soldados irão embora...

Poscia a Civitavecchia...

e nós estaremos salvos!

una tartana... e via pe 'l mar!

Iremos até Civitavecchia… uma canoa nos espera... e iremos pelo mar!

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Livres!

Liberi!

Não se lamentarás mais desta terra?

Chi si duole in terra più?

Sentes o perfume das rosas?

Senti effluvi di rose?!...

Não te parece que todas as coisas

non ti par che le cose

Esperam enamoradas pelo sol?...

aspettan tutte innamorate il sole?...

[Muito emocionado]

[Colla più tenera commozione]

A morte só me era amarga por

Amaro sol per te m'era morire,

deixar-te

da te la vita prende ogni splendore,

De ti a vida recupera cada esplendor,

all'esser mio la gioia ed il desire

Minha alegria e desejo nascem de ti,

nascon di te, come di fiamma ardore.

como o calor vem da chama.

Io folgorare i cieli e scolorire

O fulgor e o descolorar dos céus,

vedrò nell'occhio tuo rivelatore,

verei nos teus olhos reveladores...

e la beltà delle cose più mire

e a beleza de todas as coisas

avrà sol da te voce e colore.

somente através de ti ganha voz e cor!

Tosca

O amor, que soube tua vida salvar,

Amor che seppe a te vita serbare,

será

ci sarà guida in terra, e in mar

nosso guia pela terra e bússola no

nocchier...

mar...

e vago farà il mondo riguardare.

e será belo contemplar o mundo.

Finché congiunti alle celesti sfere

Até quando juntos nos unirmos aos

dileguerem, siccome alte sul mare

astros do céu

a sol cadente, nuvole leggere!...

assim como em alto-mar, o crepúsculo

[Rimangono commossi, silenziosi:

desvanece as nuvens translúcidas!

poi Tosca, chiamata dalla realtà delle

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118


[Permanecem comovidos, silenciosos:

cose, si guarda attorno inquieta]

depois Tosca volta à realidade e olha em volta, inquieta]

Tosca

Ainda não se aproxima ninguém...

E non giungono...

[Para Cavaradossi, com muita ternura]

[Si volge a Cavaradossi con

Lembra-te...

premurosa tenerezza]

Ao ouvires o disparo,

Bada!...

cai imediatamente...

Al colpo egli è mestiere che tu subito cada...

Cavaradossi

Tosca

Não temas, cairei no mesmo instante, e

Non temere che cadrò sul momento

naturalmente.

e al naturale.

Mas tem cuidado para não te

Ma stammi attento di non farti male!

machucares!

Con scenica scïenza

Com meu talento cênico,

io saprei la movenza...

saberei o que fazer depois...

Cavaradossi

[Interrompendo-a e puxando-a para

[La interrompe, attirandola a sé]

perto]

Parlami ancora come dianzi parlavi,

Fala-me ainda como dizias antes...

è così dolce il suon della tua voce!

é tão doce o som da tua voz!

Tosca

Cavaradossi

Tosca Cavaradossi

[Abandonando-se, quase extasiada]

[Si abbandona quasi estasiata]

Unidos e exultantes

Uniti ed esulanti

espalharemos pelo mundo o nosso

diffonderem pe 'l mondo i nostri

amor…

amori,

Uma harmonia de cores...

armonie di colori...

Uma harmonia de cantos espalharemos.

Armonie di canti diffonderem.

[Com entusiasmo]

[Con grande entusiasmo]

Triunfantes,

Trionfal,

com nova esperança,

di nova speme


a alma palpita

l'anima freme

de celestial e crescente ardor.

di celestial crescente ardor.

E, num voo harmonioso,

Ed in armonico vol

a alma vai rumo ao êxtase do amor.

già l'anima va all'estasi d'amor.

Fecharei os teus olhos com mil beijos

Gli occhi ti chiuderò con mille baci

e te direi mil palavras de amor.

e mille ti dirò nomi d'amor.

Quarta Cena

[Correndo pela escada, sobe um grupo

[Frattanto dalla scaletta è salito un

Scena Quarta

de soldados armados: um oficial os

drappello di Soldati: lo comanda um

comanda, seguido por Spoletta, o

Ufficiale, il quale schiera i Soldati nel

sargento e o carcereiro. Spoletta dá as

fondo: seguono Spoletta, il Sergente, il

instruções necessárias. O céu está mais

Carceriere. Spoletta dà le necessarie

brilhante, amanhece: soam as 4 horas da

istruzioni. Il cielo si fa più luminoso; è

madrugada.]

l'alba: suonano le 4 del mattino.]

[Aproxima-se de Cavaradossi e tirando o

[il Carceriere si avvicina a Cavaradossi e

quepe lhe indica o oficial]

togliendosi il berretto gli indica l'ufficiale]

É chegada a hora.

L'ora!

Estou pronto.

Son pronto.

[O carcereiro pega o registro dos

[Il Carceriere prende il registro dei

condenados e desce pela escada]

condannati e scende per la scaletta]

[Para Cavaradossi, com voz baixíssima e

[A Cavaradossi, con voce bassissima e

ligeiramente sorrindo]

ridendo di soppiatto]

Não te esqueças… ao primeiro disparo...

Tieni a mente... al primo colpo...

para o chão.

giù...

[Murmurando, com ligeiro riso]

[Sottovoce, ridendo esso purê]

Para o chão.

Giù.

Não te levantes até que eu o chame.

Non rialzarti innanzi ch'io ti chiami.

Não, meu amor!

No, amore!

Tosca

Carcereiro Carceriere

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

Tosca

Cavaradossi

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120


Tosca

E cai bem…

E cadi bene.

[Sorrindo]

[Sorridendo]

Como Tosca no teatro.

Come la Tosca in teatro.

[Vendo o riso de Cavaradossi]

[Vedendo sorridere Cavaradossi]

Não rias...

Non ridere...

Cavaradossi

Assim?

Così?

Tosca

Assim.

Così.

[Cavaradossi segue o oficial após

[Cavaradossi segue l'Ufficiale dopo

se despedir de Tosca, que vai para a

aver salutato Tosca, la quale si

esquerda da guarita, escondendo-se,

colloca a sinistra, nella casamatta, in

mas de modo que possa espiar o

modo però da poter spiare quanto

que acontece no terraço.

succede sulla piattaforma.

Ela vê o oficial e o sargento, que

Essa vede l'Ufficiale ed il Sergente

conduzem Cavaradossi para perto

che conducono Cavaradossi presso

do muro à frente dela; o sargento

il muro di faccia a lei; il Sergente

quer pôr a venda sobre os olhos

vuol porre la benda agli occhi di

de Cavaradossi e este recusa.

Cavaradossi: questi, sorridendo,

Os preparativos acabam com a

rifiuta. Tali lugubri preparativi

paciência de Tosca.]

stancano la pazienza di Tosca.]

Como é longa essa espera!

Com'è lunga l'attesa!

Por que demoram tanto? O sol já

Perché indugiano ancor?... Già

está nascendo...

sorge il sole...

Por que demoram tanto?

Perché indugiano ancora?...

É uma encenação, eu sei…

è una commedia, lo so...

mas esta angústia parece eterna!

ma questa angoscia eterna pare!...

[O oficial e o sargento colocam o

[l'ufficiale e il sergente dispongono

pelotão em seu lugar, dando as

il plotone dei soldati, impartendo gli

ordens necessárias.]

ordini relativi]

Cavaradossi

Tosca

Tosca


Tosca

Tosca

Aí está!

Ecco!...

Trazem as armas!

Apprestano l'armi...

Como é belo o meu Mário!

Com'è bello il mio Mario!

[Vendo que o oficial está para baixar

[Vedendo l'ufficiale che sta per

a espada, leva as mãos aos ouvidos

abbassare la sciabola, si porta le

para não ouvir o barulho das armas,

mani agli orecchi per non udire la

depois faz sinal para Cavaradossi

detonazione; poi fa cenno con la testa

com a cabeça]

a Cavaradossi di cadere, dicendo]

Já está!… Morre!…

Là! Muori!

[Vendo-o cair por terra, envia-lhe

[Vedendolo a terra gli invia colle mani

um beijo com as mãos]

un bacio]

Um verdadeiro artista!

Ecco un artista!

[O sargento se aproxima do cadáver

[Il Sergente si avvicina al caduto e lo

e o observa atentamente. Spoletta

osserva attentamente: Spoletta pure

também se aproxima, afastando o

si è avvicinato; allontana il Sergente

sargento e impedindo-o de dar mais

impedendogli di dare il colpo di

um tiro, e cobre Cavaradossi com um

grazia, quindi copre Cavaradossi

manto. O oficial alinha os soldados, o

con un mantello. L'Ufficiale allinea i

sargento retira o patrulheiro que está

soldati: il Sergente ritira la Sentinella

ao fundo e, depois, todos descem

che sta in fondo, poi tutti, preceduti

pela escada, tendo à frente Spoletta.

da Spoletta, scendono la scala. Tosca

Tosca está muito agitada. Ela vigia

è agitatissima: essa sorveglia questi

os movimentos, temendo que

movimenti temendo che Cavaradossi,

Cavaradossi, impaciente, se mova ou

per impazienza, si muova o parli prima

fale em momento inoportuno.]

del momento opportuno.]

[Em voz baixa, em direção a

[A voce repressa verso Cavaradossi]

Cavaradossi]

O Mario, non ti muovere...

Ó Mário, não te movas...

s'avviano... taci!

estão indo... fica quieto!

Vanno... scendono.

Vão-se... descem.

[Vista deserta la piattaforma, va ad

[Vendo que o terraço está deserto,

ascoltare presso l'imbocco della

vai escutar perto da escada: para,

scaletta: vi si arresta trepidante,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122


tremendo e ofegante, pensando

affannosa, parendole ad un tratto che

que os soldados, ao invés de

i soldati anziché allontanarsi, ritornino

se afastarem, estão retornando

sulla piattaforma di

ao terraço. De novo, dirige-se a

nuovo si rivolge a Cavaradossi con

Cavaradossi em voz baixa]

voce bassa]

Não te movas ainda...

Ancora non ti muovere...

[Escuta se todos já se afastaram, vai

[Ascolta si sono tutti allontanati, va al

ao parapeito e com cautela apoia-se

prospetto e cautamente sporgendosi,

e observa o pátio, depois corre até

osserva di sotto corre

Cavaradossi]

verso Cavaradossi]

Mário, depressa!

Mario, su presto!

Vamos, levanta-te!

Andiamo!... su!...

[Inclina-se para ajudar Cavaradossi

[Si china per aiutare Cavaradossi

a se levantar. De repente, solta um

a rialzarsi: a un tratto dà un grido

grito sufocado de surpresa e terror,

soffocato di terrore, di sorpresa e si

olhando para a mão que levantou o

guarda le mani colle quali ha sollevato

manto]

il mantello]

Ah!

Ah!

[Ajoelha-se, tira o manto e salta em

[Si inginocchia, toglie rapidamente

pé, pálida e aterrorizada]

il mantello e balza in piedi livida,

Morto! Morto!

atterrita] Morto! Morto!

[Com suspiros e aos soluços, joga-se sobre o corpo de Cavaradossi,

[Con sospiri, singhiozzi si butta sul

quase sem acreditar no seu horrível

corpo di Cavaradossi, quasi non

destino]

credendo all'orribil destino]

Mário... morto... tu... assim...

O Mario... morto... tu... così...

Acabar assim? Assim?

Finire così!! Così?...

Pobre da tua Floria!

Povera Floria tua!


[Enquanto isso, no pátio abaixo do

[Intanto dal cortile al disotto del

parapeito e sobre a pequena escada,

parapetto e su dalla piccola scala arrivano

escutam-se primeiramente confusas,

prima confuse, poi sempre più vicine le

depois lentamente mais claras, as

voci di Sciarrone, di Spoletta e di alcuni

vozes de Sciarrone, Spoletta e alguns

soldati]

soldados.]

Vozes Confusas

Ah!

Ah!...

Dizem que foi apunhalado!

Vi dico pugnalato!

Scarpia?

Scarpia?

Scarpia.

Scarpia.

A mulher é Tosca!

La donna è Tosca!

[Mais perto]

[Più vicine]

Que não fuja!

Che non sfugga!

[Ainda mais perto]

[Voci più vicine]

Vigiai todas as escadas de saída!

Attenti agli sbocchi delle scale!

[Spoletta aparece na escada,

[Spoletta apparisce dalla scala, mentre

enquanto Sciarrone, atrás dele, grita

Sciarrone dietro a lui gli grida additando

indicando Tosca]

Tosca]

É ela!

È lei!

[Jogando-se sobre Tosca]

[Gettandosi su Tosca]

Ah, Tosca,

Ah! Tosca,

pagarás caro pela vida de Scarpia!

Pagherai ben cara la sua vita!...

Voci Confuse

Sciarrone

Vozes Confusas Voci Confuse

Sciarrone

Spoletta

Vozes Confusas Voci Confuse

Sciarrone Spoletta

Sciarrone

Spoletta

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124


Tosca

[Põe-se de pé e, em vez de fugir de

[Tosca balza in piedi e invece di

Spoletta, empurra-o violentamente,

sfuggire Spoletta, lo respinge

respondendo-lhe]

violentemente, rispondendogli]

Com a minha própria!

Colla mia!

[Com o inesperado empurrão, Spoletta

[All'urto inaspettato Spoletta dà

cai para trás e Tosca foge, passando

addietro e Tosca rapida gli sfugge,

rapidamente diante de Sciarrone, que

passa avanti aSciarrone ancora sulla

ainda está sobre a escada, e correndo até

scala e correndo al parapetto si getta

o parapeito, de onde se joga gritando]

nel vuoto gridando]

Ó Scarpia, nos veremos diante de Deus!

O Scarpia, avanti a dio!

[Sciarrone e alguns soldados, que

[Sciarrone ed alcuni soldati, saliti

sobem confusamente, correm para o

confusamente, corrono al parapetto

parapeito e olham para baixo. Spoletta

e guardano giù. Spoletta rimane

permanece imóvel.]

esterrefatto, allibito]


Orquestra

A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Sinfônica

remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro

Municipal

Municipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos

de São Paulo

de São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.

Coro Lírico

O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por

Municipal de

iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do

São Paulo

Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello Mechetti e Fábio Mechetti. Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997. Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno Greco Facio.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126


O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Baccarelli

Coral da Gente

para crianças e adolescentes, de 4 a 14 anos, da comunidade Heliópolis e região. O programa oferece aulas de técnica vocal, postura, respiração, expressão cênica, percepção e teoria musical, compondo uma sólida base para a formação de músicos. Ministradas por professores altamente qualificados, as atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, visando aprendizado e formação que contemplem o desenvolvimento de valores para a vida em sociedade. Com um repertório diversificado, os corais do Instituto Baccarelli já realizaram apresentações em importantes espaços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam: Sala São Paulo, Teatro Alfa, Theatro Municipal de São Paulo, Obelisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de São Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.

Descoberto por Nadia Boulanger, Oleg Caetani estreou no

Oleg Caetani

teatro aos 17 anos, com uma produção de peças de Monte-

Regência

verdi e madrigais que ele mesmo organizou. Estudou regência com Franco Ferrara no Conservatório de Santa Cecília, em Roma, e composição com Irma Ravinale. Sua experiência de quase trinta anos no repertório lírico de Verdi, Mussorgsky e Wagner (incluindo diversas produções do Anel) tem influenciado sua interpretação das grandes obras sinfônicas, especialmente Bartók, a segunda escola de Viena e o impressionismo francês. A primeira ópera que conduziu, com a idade de 24 anos, foi Eugene Onegin, em 1981, ao se graduar pelo Conservatório de São Petersburgo. Depois de conduzir Oedipe de Enescu, como sua primeira performance profissional em 1983, tem se esforçado para conduzir a música maravilhosamente original de Enescu sempre que possível. Por sua atuação em Oedipe na abertura do festival Enescu 2009 recebeu a legião da honra da Romênia por mostrar a música de Enescu ao mundo.


Ainda no Conservatório de Moscou estudou todas as sinfonias de Shostakovich com Kondranshin, e desde então o compositor tem desempenhado um papel central em seu repertório. Caetani conduziu a estreia italiana de Moscow, Cheriomushki e gravou o primeiro ciclo completo das sinfonias de Shostakovich da Itália, com a Orquestra Verdi em Milão.

Marco Gandini

Marco Gandini foi diretor Assistente de Franco Zeffirelli e

Direção Cênica

Graham Vick. Colaborou com os principais teatros, como o La Scala, Opera di Roma, San Carlo de Nápoles, Metropolitan de Nova York, Israel Opera de Tel Aviv, Washington Opera, Los Angeles Opera, Novo Teatro Nacional de Tóquio, Royal Opera House de Londres, Teatro Real de Madri, Teatro Liceu de Barcelona, Mariinsky de São Petersburgo. Destacam-se em sua carreira as produções de Cavalleria Rusticana e La Vida Breve, de Manuel de Falla, na reabertura do Teatro Goldoni de Livorno, que contou com a presença do presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi; La Traviata em Gênova; Um Baile de Máscaras no Teatro del Maggio Musicale Fiorentino, Betulia Liberata, estreia da versão encenada, regida por Riccardo Muti, no Festival de Salzburgo e no Festival de Ravenna; La Bohème na Opera di Roma, regida por James Conlon; Simon Boccanegra na Ópera Nacional da Coréia em Seul, com regência de Myung-whun Chung; Viaggio a Reims, produção para a reinauguração do Teatro del Maggio Fiorentino, com regência de Rustioni; La Bohème, montagem em comemoração dos 50 anos da Ópera Nacional da Coreia, com regência de Myung-whun Chung, levado posteriormente para Pequim; Il Trovatore no Novaya Opera de Moscou, regido por Jan Latham Koenig; Il Farnace, de Vivaldi, no Festival do Maggio Musicale Fiorentino, regido por Sardelli; Aida no Theatro Municipal de São Paulo, regido por John Neschling; La Sonnambula em Tóquio; Medea em Tallin, com novo libreto para o balé original.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128


Marco Gandini ensina técnicas de expressão no Programa Jovens Cantores da Academia do Teatro alla Scala de Milão.

Nascido em Reggio Emilia, na Itália, Italo Grassi foi por cinco

Italo Grassi

anos diretor técnico do Teatro do Maggio Musicale Fioren-

Cenografia

tino. Ele se formou em cenografia pela Academia de Belas Artes de Bologna e, de 1987 a 2000, trabalhou como diretor técnico do Teatro Comunale de Bologna. Entre seus mais importantes trabalhos estão L'Elisir D’Amore no Suntory Hall de Tóquio, Robert Le Diable em Martina Franca e Le Nozze di Figaro regida por Zubin Mehta em Tel Aviv. Destacam-se também Don Pasquale em Ravenna, regido por Riccardo Muti, Maria Stuarda em Bergamo, Roma, Marseille e Liège, Carmen em Caracalla e Messina, Il Mondo Della Luna em Fribourg e Nice, Anna Bolena e Lucia di Lammermoor em Tóquio, The Beggar’s Opera no Teatro Comunale de Bolonha, dirigido por Lucio Dalla, Pulcinella em Bolonha e Wexfort e Romeo e Giulietta no Teatro Massimo de Palermo. No Projeto Verdi, realizou sete óperas de Giuseppe Verdi no Biwako Hall, Otsu, em Kyoto. Com o diretor Marco Gandini trabalhou em Cavalleria Rusticana em Livorno, La Traviata em Brescia, Bergamo e Gênova, La Finta Semplice no Teatro La Fenice de Veneza, Così Fan Tutte em Tel Aviv, I Pagliacci em Sassari, Um Baile de Máscaras, Viaggio a Reims e Il Farnace no Maggio Musicale Fiorentino e Simon Boccanegra em Seul. Foi o cenógrafo da produção de Aida do Theatro Municipal de São Paulo em 2013. Em 2010, fez seu debut no Festival de Salzburgo em La Betulia Liberata de Mozart, com direção de Marco Gandini e regência de Riccardo Muti.


Simona Morresi

Simona Morresi estudou desenho de figurinos no Liceo Artis-

Figurinos

tico e Studio Arte & Costume de Roma. Desenhou o figurino para óperas, balés e peças de teatro, e foi assistente em importantes produções. Dos seus trabalhos recentes, destacam-se as produções das óperas Aida no TMSP; Il Trovatore na Nova Ópera de Moscou; La Bohème na Ópera Nacional da Coréia; Norma no Ente Concerti e no NCPA na China; Falstaff, Oberto e La sonnambula em Tóquio; Simon Boccanegra na Ópera da Coréia; O Barbeiro de Sevilha no Festival de Lima, no Teatro Solis de Montevideu e no Teatro Municipal de Santiago; Lucia di Lammermoor no Ente Concerti; I Puritani no Teatro Donizetti de Bergamo, Medea no Ente Concerti, Abay no Cazaquistão, Nabucco no Teatro Ponchielli de Cremona; e os balés Medea de G. Schiavoni no Teatro Nacional de Tallinn; Don Quixotte de Minkus em Roma; Aprendiz de Feiticeiro e A História do Soldado no Festival Armunia; e das peças Sleuth de Anthony Shaffer; Crime e Castigo de Dostoievsky no Teatro Argentina; Opium de Jean Cocteau no Teatro dell’Orologio, entre outras.

Virginio Levrio

Virginio Levrio nasceu em Milão em 1989 e ainda jovem se

Desenho de Luz

aproximou do teatro, do cinema e também da música, estudando piano. Em 2009 entrou para o curso de desenho de luz da Academia do Teatro alla Scala e passou a estudar violoncelo. Começou a produzir vídeos e documentários e se tornou designer de luz e responsável técnico do Balé Esperia de Turim. Foi fotógrafo de cena para o diretor Marco Gandini em Viaggio a Reims no Teatro del Maggio Musicale de Florença, para Alex Ollé (Fura dels Baus) em Il Prigioniero, Erwartung na Ópera de Lyon e Aida na Arena di Verona. Realizou ainda o desenho de luz de L’Elisir d’Amore na Ópera Nacional de Bucareste, Il Trovatore na Nova Ópera de Moscou, Ofelia no Teatro Franco Parenti de Milão e para a Academia do Teatro alla Scala B&W Ballet, por ocasião do bicentenário da escola.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130


Virginio produz documentários para o Teatro alla Scala, como em La Bohème e Aida de F. Zeffirelli, e para Marco Gandini fez as projeções em vídeo da ópera Farnace no Teatro del Maggio Fiorentino. Fez o desenho de luz da produção de Aida do Theatro Municipal de São Paulo em em 2013. Virginio Levrio é grato a Valerio Tiberi, amigo e colega, lighting designer junto ao Teatro alla Scala de Milão, pela sempre viva colaboração e por ter participado da criação do desenho de luz de Tosca.

Paulistano, graduado em composição e regência pelas Facul-

Bruno Greco Facio

dades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação

Regente do Coro Lírico

dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Em 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.


Silmara Drezza

Natural de Jundiaí, Silmara Drezza especializou-se em Pe-

Regente do

dagogia Musical Infantil, na École de Musique Martenot em

Coral da Gente

Paris; em Regência Coral na Butler University, em Indianápolis. É formada em Música pela Faculdade de Música Carlos Gomes de São Paulo. À frente dos corais do Instituto Baccarelli desde 2002, onde também atua como coordenadora pedagógica da área coral desde 2009, Silmara participou com os grupos do Instituto Baccarelli de óperas realizadas no Theatro Municipal de São Paulo como: Magdalena, de Villa-Lobos, sob regência do maestro Luis Gustavo Petri; La Bohème, sob regência do maestro John Neschling, Carmen, sob regência do maestro Ramon Tebar; Sinfonia N. 3 de Mahler, sob regência do maestro Isaac Karabtchevsky, na Sala São Paulo; shows com o cantor Toquinho nas principais salas de espetáculo da cidade; participação na abertura do Criança Esperança, em 2011; gravação da trilha sonora da novela Meu Pedacinho de Chão, da Rede Globo, em 2014, entre outros concertos. Atua como regente nos Corais Cênico Infantil Dons & Tons e Coral Infantojuvenil ThyssenKrupp.

Ainhoa Arteta

Nascida em Tolosa, Espanha, a soprano Ainhoa Arteta alcan-

Soprano

çou fama internacional ao vencer o National Council Auditions do Metropolitan Opera de Nova York e o Operalia, realizado por Plácido Domingo. Desde então, apresentou-se em importantes teatros, como Bayerische Staatsoper, Arena di Verona, Teatro de Trieste, Comunale de Bolonha, Teatro de la Zarzuela de Madri, Grand Théâtre de Genebra, San Francisco Opera, Washington Opera, Scottish Opera, onde se apresentou em produções de As Bodas de Fìgaro, O Matrimônio Secreto, La Traviata e Carmen, entre outras. Recentemente, interpretou Marguerite em Fausto na Bayerische Staatsoper, com o tenor Rolando Villazón e o regente Friedrich Haider; estreou como Tatyana em Eugene

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 132


Onegin no Palau de la Música de Valencia, Musetta em La Bohème na Arena di Verona e no Teatro de Trieste; cantou as Quatro Últimas Canções de Richard Strauss com a Orquesta Sinfônica de Tenerife. Seus compromissos na temporada 2013/2014 incluíram Alice Ford em Falstaff na San Francisco Opera, o papel principal em La Wally de Alfredo Catalani no Grand Théâtre de Genebra, e Floria Tosca no Teatro Comunale de Bolonha.

Nascida em Vilnius, Lituânia, Ausrine Stundyte estudou na

Ausrine Stundyte

Academia Lituana de Música com Irena Milkeviciute e, pos-

Soprano

teriormente, na Hochschule für Musik und Theatre de Leipzig com Helga Forner. Venceu vários prêmios, como o Chambre Professionnelle des Directeurs d’Opéra Paris, o Prêmio do Tearo Helikon de Moscou e o segundo prêmio na 25ª Competição Internacional de Canto Hans Gabor Belvedere de Viena. Ausrine Stundyte cantou no grupo vocal da Ópera de Colônia e interpretou papéis como Nedda em I Pagliacci, Mìmi em La Bohème, Agathe em O Franco-Atirador e Ciocio-San em Madama Butterfly. Apresentou-se em teatros como a Seattle Opera, Arena di Verona, Teatro Massimo de Palermo, Teatro Real Madri, Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa, Vlaamse Oper de Antuérpia, Ópera Nacional da Lituânia, a Ópera e a Gewandhaus de Leipzig, Liederhalle de Stuttgart, onde cantou importantes papéis de óperas como A Valquíria, O Cavaleiro da Rosa, Manon Lescaut, Andrea Chénier e Tosca. Do seu repertório sinfônico destacam-se os ciclos de canções de Strauss, Berg e Wagner.Seus próximos compromissos incluem Electra na Vlaamse Oper, Tosca em Seattle e Fidelio na Volksoper de Viena.


Marcelo Alvarez

Marcelo Alvarez é reconhecido internacionalmente como

Tenor

um dos mais importantes tenores da atualidade. Após seu debut europeu com La Sonnambula no Teatro La Fenice, em 1995, debutou em teatros como a Royal Opera House Covent Garden, Metropolitan Opera (Met), Bayerische e Vienna Staatsoper, Teatro alla Scala, Ópera de Paris, Deutsch Oper Berlin e nos teatros de Florença, Chicago, Barcelona, Madri, Verona etc. Os papeis recentes incluem Gustavo em Um Baile de Máscaras na nova produção do Met, Andrea Chénier em Paris, Met e Turim, e Radamés em Paris, Nova York e Londres. Cavaradossi, o papel de seu debut em São Paulo, apresentou no Met, La Scala, Munique, Viena, Covent Garden, Verona e outros, com vários registros em DVD. Os compromissos na atual temporada incluíram Radamés em Aida na Opéra National de Paris, Manrico em Il Trovatore no Teatro alla Scala e o papel principal de Andrea Chénier no Met. Ainda nesta temporada interpreta Cavaradossi e Maurizio (Adriana Lecouvreur) na Opéra Bastille de Paris, e uma nova produção de Cavalleria Rusticana e I Pagliacci no Met. Álvarez gravou vários CDs e sua nova gravação, Twenty Years On The Opera Stage, saiu neste mês pra o DELOS. Nos próximos anos estreará em Turandot, La Fanciulla del West e Manon Lescaut.

Stuart Neill Tenor

Nascido e formado nos Estados Unidos, Stuart Neill é hoje um dos tenores líricos mais apreciados de sua geração. Começou sua carreira no repertório belcantista apresentando-se nos principais teatros do mundo, entre os quais o Metropolitan de Nova York e o Staatsoper de Viena, onde interpretou Arturo em I Puritani. No Teatro alla Scala apresentou-se como Edgardo em Lucia de Lammermoor; na Opéra de Paris e no Festival de Salzburgo como Der Sänger em O Cavaleiro da Rosa. A partir daí, seu estilo vocal desenvolveu-se na direção de um repertório plenamente lírico: foi Manrico

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134


em Il Trovatore no La Fenice de Veneza, na Deutsche Oper de Berlim e na Ópera de Estocolmo; Radamés em Aida no La Scala, na Ópera de Tel Aviv, na Arena de Verona e no Theatro Municipal de São Paulo; e Canio em I Pagliacci no Festival de Atenas e na Ópera de Roma. O principal destaque de seu reportório sinfônico é o Réquiem de Verdi, que já cantou mais de duzentas vezes, incluindo três gravações em disco, a última das quais com a London Symphony Orchestra, sob a regência de Sir Colin Davis. Em fevereiro deste ano foi Manrico em Il Trovatore no Thatro Municipal de São Paulo. Trabalhou com os maestros James Levine, John Neschling, Zubin Mehta, Carlo Maria Giulini e Gustavo Dudamel.

Ao longo de sua carreira, Roberto Frontali interpretou diversos

Roberto Frontali

papéis de grandes compositores do como Bellini, Donizetti

Barítono

e Rossini. Recentemente, começou a se dedicar a papéis de óperas como Don Carlo, Falstaff, Ernani, Il Trovatore, Simon Boccanegra, Um Baile de Máscara, Luisa Miller, Attila, Rigoletto e I Vespri Siciliani. Na década de 90, Frontali fez sua estreia no Metropolitan Opera de Nova York e no Teatro alla Scala de Milão, atuando em Beatrice di Tenda de Bellini. Nos últimos anos, participou de produções de Il Trovatore em Dresden; Roberto Devereux com a Wiener Staatsoper; Eugene Onegin em Cagliari; Adriana Lecouvreur e Rigoletto em Nova York e Madri; Simon Boccanegra em Buenos Aires, Genebra e Palermo; Rigoletto em Veneza e Moscou; Falstaff em Lausanne e na Ópera de Los Angeles; Nabucco em Palermo; Andrea Chenier em Madri; Fanciulla del West em Palermo e San Francisco; Cavalleria Rusticana na Accademia di Santa Cecilia de Roma e em Parma. Um de seus papéis favorites é Fígaro de O Barbeiro de Sevilha, papel que ele interpretou em Ferrara, sob regência de Claudio Abbado, no Festival de Ópera Rossini de Pesaro,


no Metropolitan Opera de Nova York, na Royal Opera House de Londres, no La Fenice de Veneza e também em Milão, Roma, Genebra e Viena.

Nelson Martinez

Nascido em Cuba, Nelson começou a carreira operística aos

Barítono

19 anos, tendo, desde o início, êxito em teatros de todo o mundo, interpretando uma grande variedade óperas italianas e francesas, bem como zarzuelas espanholas e cubanas. Nelson tem uma voz de barítono verdiano altamente dramática, combinando um legato elegante com musicalidade inteligente, além de uma presença de palco dominante. Em 2001, Nelson se mudou para os Estados Unidos, onde continua sua carreira operística, atuando com companhias de ópera de várias cidades americanas, como Saint Louis, Knoxville, Miami, Nova Jersey e Baltimore, dentre outras, e de vários países, como Espanha, França, China, Rússia, Coréia e México. No universo verdiano, Nelson Martinez interpretou o papel principal em Rigoletto, na Ópera Nacional da Grécia, em Atenas, e a personagem título em Nabucco, na Florida Grand Opera de Miami. Alternou com Ambrogio Maestri no papel principal na produção de Falstaff do Theatro Municipal de São Paulo em abril deste ano.

Massimiliano Catellani

Formado pela Accademia Musicale Chigiana di Siena, Mas-

Baixo

similiano Catellani estreou no papel de Papa Leão I em Attila de Verdi, no Teatro Regio de Parma; na sequência participou de La Traviata como Dottor Grenvil e como Sparafucile em Rigoletto de Verdi. Em 2010, participou da produção do filme da ópera Rigoletto, ao lado de Plácido Domingo, com direção de Marco Bellocchio e regência de Zubin Metha. Em 2011, interpretou o papel de Simone em Gianni Schicci, de Giacomo Puccini, e Monterone em Rigoletto de Verdi; no ano seguinte participou da montagem de Tosca,

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136


de Puccini, no Teatro Regio de Parma, no papel de Angelotti. No início de 2012, recebeu uma bolsa de estudos da Fondazione Aimaro Bertasi para participar de curso com direção artística e técnica de Alberto Gazale. Em abril de 2012, se apresentou com Alberto Gazale e Elena Lo Forte em concerto no Teatro Filarmonico de Verona, e em agosto do mesmo ano estreou no papel de Zuniga em Carmen de Bizet, no Auditorium La Verdi de Milão; atuou neste mesmo papel produção de Carmen do Theatro Municipal de São Paulo, em maio de 2014.

Reconhecido pela crítica como um dos principais artistas de

Saulo Javan

ópera do Brasil, Saulo Javan se apresenta em casas de con-

Baixo

certo e ópera como a Sala São Paulo e os teatros Municipal de São Paulo, São Pedro, Tobias Barreto e Santa Isabel. Gravou a Sinfonia Ameríndia de Heitor Villa-Lobos com a Osesp; interpretou papéis principais em Magdalena de Villa-Lobos, O Rouxinol de Stravinsky, Aida de Verdi, O Elixir do Amor e Don Pasquale de Donizetti e Gianni Schicchi de Puccini. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou na estreia de Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Outras performances incluem Mozart & Salieri de Rimsky-Korsakov, O Homem dos Crocodilos de Arrigo Barnabé, O Franco Atirador de Weber, Don Giovanni e As Bodas de Fígaro de Mozart, Alcina de Händel, Carmen de Bizet e Treemonisha de Scott Joplin. Nas temporadas 2013 e 2014 do Theatro Municipal de São Paulo, apresentou-se nas óperas The Rake’s Progress, Don Giovanni, La Bohème, Falstaff e Salomé. Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos. Estudou canto com Carmo Barbosa e hoje é orientada por Marconi Araújo.


Luca Casalin

O italiano Luca Casalin estreou em O Morcego de Johann

Tenor

Strauss em Spoleto. Logo na sequência, partcipou de montagens de La Bohème de Puccini, Morte Dell'Aria de Goffredo Petrassi e La Prova di un'Opera Seria de Francesco Gnecco. Foi Fígaro na produção da RAI de O Barbeiro de Sevilha de Paisiello. Após esta primeira fase de sua carreira, Luca começou a interpretar papéis para tenor, estreando em O Barbeiro de Sevilha de Rossini com Leo Nucci. Em 2005, participou da da estreia mundial de Il Dissoluto Assolto de Azio Corghi. O repertório de Luca Casalin inclui todos os gêneros de papéis de segundo tenor, tendo cantado nos principais teatros italianos, como o La Scala de Milão e o Teatro Regio de Parma, e sob a batuta de grandes maestros como Riccardo Mutti e Zubin Mehta. Recentemente participou de produções como a de Boris Godunov em Torino, Turandot, Madama Butterfly e Carmen na Arena di Verona, La Fanciulla del West em Palermo, Tosca no La Scala de Milão. Dentre seus próximos compromissos, destacam-se Turandot no La Scala, Lucia Di Lammermoor no La Fenice de Veneza e La Traviata no Arena di Verona.

Guilherme Rosa

Guilherme Rosa é formado em canto pela Universidade Fe-

Barítono

deral Santa Maria-RS. Aperfeiçoou-se em renomados centros europeus como o Opera Studio de Roma, o Conservatório do Liceu de Barcelona e o Conservatório Antonio Buzzolla de Adria. Foi vencedor dos principais concursos de canto do país e premiado em outros importantes certames europeus, como o XLI Francisco Viñas de Barcelona. Em 2010, foi integrante da Companhia Brasileira de Ópera. Já se apresentou como solista em ópera e concertos de música sinfônica frente a prestigiadas orquestras do país. Participou também de primeiras audições nacionais de importantes obras.

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138


No exterior, cantou La Traviata de Giuseppe Verdi em Sirmione; Rita de Donizetti em Barcelona e Nina de Paisiello em Roma, além de diversos oratórios de Carissimi em Veneza e Vicenza (Teatro Olímpico). Freqüentou diversos cursos de aprimoramento vocal e musical com nomes da cena lírica mundial como Montserrat Caballé, Renata Scotto, Tereza Berganza, José van Dam e Rolland Hermann. Estudou com os tenores Eduardo Álvares e Eduard Giménez e preparou repertório com o maestro húngaro Janos Acs em Pesaro, Itália. No Theatro Municipal de São Paulo, foi Schaunard na montagem de La Bohème, em 2013, e Silvio na montagem de I Pagliacci, em 2014. Em 2015 interpretará Lescaut em Manon Lescaut e Guglielmo em Così fan Tutte.

Paulista da cidade de Agudos, cantor do Coro Lírico Theatro Municipal de São Paulo desde 1990, Sergio Righini atuou como solista em produções de óperas como Don Giovanni,

Sérgio Righini

Idomeneo e A Flauta Mágica de Mozart; Fidelio de Beetho-

Baixo

ven; A Filha do Regimento de Donizetti; Andrea Chénier de Giordano; La Traviata de Verdi; e La Gioconda de Ponchielli. Trabalhou com maestros como Isaac Karabtchevsky, Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi e José Maria Florencio. Recentemente cantou em produções do Theatro Municipal de São Paulo, como em Pelléas et Mélisande, sob a regência do maestro Abel Rocha, de La Bohème e de Salomé, ambas sob a regência do maestro John Neschling.


TOSCA

Coordenação de

José Gomes dos Santos

Interpretação, corte e

Execução da Cenografia

Marcos Silva do Carmo

modelagem de alfaiataria

Regente Assistente

Renato Theobaldo

Marcos Souza dos Santos

masculina de feminina

Eduardo Strausser

Roberto Rolnik

Wesley Aparecido de

Sérgio Alves

Souza Pianistas Correpetidores

Equipe de Projeto

Modelista

Anderson Brenner

Eduardo Orelana

Escultor

Paulo Almeida

Juliana Neves

Fabio Brando

Rafael Andrade

Diego Rocha de Carvalho

Judite Lima

Costureiras Visagista

Silvia Castro

Atores

Aderecistas

Simone Batata

Célia Pereira Rocha

Ignez Polidoro

Allan Torquatto

Visagista assistente

Cristina França

Sergio Seixas

Alicio Silva

Tiça Camargo

Ivete Dias

Maquiadores

Edméia Evaristo

Anton Uzhyk Dêni Carvalho

Assistentes de Aderecista

Sheila Campos

Maria Elisângela

Flavio Kage

André Viana

Marcela Costa

Rodrigues da Silva

Henrique Rizzo

Gregório Zelada

Mara Feres

Benedita Ferreira dos

Gabriel Castilho

Guga Piner

Inais Tereza

Reis

Alison Falconeres

José César Pinheiro

Isabel Vieira

Andréia Pereira Rocha

Daniel Mello

Júlia de Alvarenga

Elisani Souza

Felipe Barros

Marisa Satie

Biah Bombom

Adereços de figurino e

Giballin Gilberto

Michael Costa Almeida

Giulia Piantino

objetos de cena

Gleice Diana Leão

João Bento Benedito

Fabio Piacentiny Maximo La Malfa

Cenotécnicos

Mari Souza

Plinio Baptista

João Ferreira de Oliveira

Alina Peixoto

Indicadores

Carlos Henrique

Lincoln Tripanon

Júlia Ritter

Adryane dos Reis

J. Barros

Pedro Lino de Oliveira

Erica Oliveira

Alyne dos Reis

Jorge Lee

Andréa Barbosa da Silva

Marcelo Selingardi

Assistentes de

Assessoria de alfaiataria

Andressa Severa Romero

Victor Gomes

Cenotecnia

masculina e feminina e

Ariela Rodrigues Amorim

Wanderley Salgado

Marcone Marreiro

draping

Bruno Belarmino Pereira

Maurice Fückner

Caio Cesar Ferreira Janaina Tineo Dias

Doppione Cavaradossi

Serralheiros

Rubens Medina

Alan Alves dos Santos

Alfaiataria Masculina

Jorge Ramiro da Silva

Emerson Fernandes

Betto Rigor

Santos

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140


Josiane Nunes Sampaio

Orquestra Sinfônica

Helena Piccazio Ornellas

Taís Gomes***

Juliana Durães Almeida

Municipal de São Paulo

Oxana Dragos

Adriano Costa Chaves

Ricardo Bem-Haja

Miguel Dombrowski

Marcela Costa Marcelo Souza Ferreira

Diretor Artístico

Sara Szilagyi

Ricardo Busatto

Mariana Ferreira da Silva

John Neschling

Ugo Kageyama

Vinicius Frate

Wellington R. Guimarães

Walter Müller

Marilivia Fazolo Milena de Souza

Primeiros-violinos

Violas

Flautas

Patricia de Moura

Michelangello Mazza

Alexandre De León*

Cássia Carrascoza*

Mesquita

(spalla)

Silvio Catto*

Marcelo Barboza*

Pedro Henrique Oliveira

Pablo De León (spalla)

Abrahão Saraiva

Andréa Vilella

Roseli Deatchuk

Maria Fernanda Krug

Tânia de Araújo Campos

Cristina Poles

Rosimeire Pontes Carvalho

Martin Tuksa

Adriana Schincariol

Renan Dias Mendes

Sandra Marisa Peracini

Adriano Mello

Bruno de Luna

Oboés

Suely Guimarães Sousa

Fabian Figueiredo

Cindy Folly

Alexandre Ficarelli*

Sylvia Carolina Caetano

Fábio Brucoli

Eduardo Cordeiro

Rodrigo Nagamori*

Tatiane Lima da Costa

Fábio Chamma

Eric Schafer Licciardi

Marcos Mincov

Victor Alencar

Fernando Travassos

Jessica Wyatt

Victor Astorga**

Vilma Aparecida Carneiro

Francisco Ayres Krug

Pedro Visockas

Clarinetes

Willian Izidio

Heitor Fujinami

Roberta Marcinkowski

Otinilo Pacheco*

John Spindler

Tiago Vieira

Tiago Naguel*

Sinopse e gravações

José Fernandes Neto

Violoncelos

Diogo Maia Santos

de referência

Liliana Chiriac

Mauro Brucoli*

Domingos Elias

Irineu Franco Perpetuo

Mizael da Silva Júnior

Raïff Dantas Barreto*

Marta Vidigal

Tradução do Libreto

Paulo Calligopoulos

Mariana Amaral

Fagotes

Igor Reyner

Rafael Bion Loro

Alberto Kanji

Fábio Cury*

Legendas

Sílvio Balaz

Charles Brooks

Matthew Taylor*

MP Legendas

Victor Bigai

Cristina Manescu

Marcelo Toni

Segundos-violinos

Joel de Souza

Marcos Fokin

Revisor

Andréa Campos*

Maria Eduarda

Osvanilson Castro

Gabriel Rath Kolinyak

Laércio Diniz*

Canabarro

Trompas

Nadilson Gama

Moisés F. dos Santos

André Ficarelli*

Croquis dos figurinos

André Luccas

Sandro Francischetti

Luiz Garcia*

Simona Morresi

Djavan Caetano

Teresa Catto

Eric Gomes da Silva

Croquis dos figurinos

Edgar Montes Leite

Contrabaixos

Rogério Martinez

Italo Grassi

Evelyn Carmo

Sanderson Cortez Paz***

Vagner Rebouças


Douglas Costa**

Inspetor

Coro Lírico Municipal

Mezzo-Sopranos

Rafael Fróes**

Carlos Nunes

de São Paulo

Carla Campinas

Thiago Ariel**

Montadores

Trompetes

Alexandre Greganyck

Regente Titular

Erika Belmonte

Fernando Guimarães*

Paulo Broda

Bruno Greco Facio

Juliana Valadares

Marcos Motta*

Rafael de Sá

Regente Assistente

Keila de Moraes

Sergio Wernec

Marilu Figueiredo

Breno Fleury

Cláudia Arcos

Eduardo Madeira

* Chefe de naipe

Pianistas

Mônica Martins

Albert Santos**

** Músico convidado

Marcos Aragoni

Contraltos

Trombones

***Chefe de naipe interino

Marizilda Hein Ribeiro

Celeste Moraes

Eduardo Machado*

Clarice Rodrigues

Roney Stella*

Sopranos

Elaine Martorano

Hugo Ksenhuk

Adriana Magalhães

Lidia Schäffer

Luiz Cruz

Angélica Feital

Ligia Monteiro

Marim Meira

Antonieta Bastos

Magda Painno

Tuba

Berenice Barreira

Maria Favoinni

Filipe Queirós*

Cláudia Neves

Vera Ritter

Harpa

Elayne Caser

Tenores

Jennifer Campbell*

Elaine Moraes

Alex Flores

Paola Baron*

Elisabeth Ratzersdorf

Alexandre Bialecki

Piano

Graziela Sanchez

Antonio Carlos Britto

Cecília Moita*

Jacy Guarany

Dimas do Carmo

Percussão

Juliana Starling

Eduardo Góes

Marcelo Camargo*

Laryssa Alvarazi

Eduardo Pinho

César Simão

Marcia Costa

Eduardo Trindade

Magno Bissoli

Marivone Caetano

Fernando de Castro

Sérgio Coutinho

Marta Mauler

Gilmar Ayres

Thiago Lamattina

Milena Tarasiuk

Joaquim Rollemberg

Tímpanos

Monique Corado

Luciano Silveira

Danilo Valle*

Nadja Sousa

Luiz Doné

Márcia Fernandes*

Rita Marques

Marcello Vannucci

Gerente da Orquestra

Rosana Barakat

Márcio Valle

Paschoal Roma

Sandra Félix

Miguel Geraldi

Assistente

Sarah Chen

Paulo Chamié-Queiroz

Manuela Cirigliano

Viviane Rocha

Renato Tenreiro

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 142


Rubens Medina

Montador

Rúben de Oliveira

Bruno Silva Farias

Coral da Gente

Luiza Fernanda Rodrigues Maria Aparecida de

Sérgio Macedo

Regente

Oliveira Alves

Valter Estefano

Silmara Drezza

Mariana Eliz Silva

Walter Fawcett

Preparadora vocal

Merzbahcer

Barítonos

Claudia Cruz

Ricardo dos Santos Albano

Alessandro Gismano Daniel Lee

Cantores

Robert Correia Borges

David Marcondes

André Rocha

Ronnald da Silva Menezez

Diógenes Gomes

Anna Larissa Costa Moura

Barreto

Eduardo Paniza

Beatriz de Souza

Saullo Henrique Miranda

Guilherme Rosa

Sobrinho

Cavalcanti

Jang Ho Joo

Brenda Lúcia dos Santos

Sophia Gomes de

Jessé Vieira

Freitas

Oliveira e Silva

Marcio Marangon

Daniel Alves da Rocha

Thiago Henrique dos

Miguel Csuzlinovics

Danyllo da Silva Mendes

Santos

Roberto Fabel

Diogo Brito Nascimento

Valéria Gonçalves dos

Sandro Bodilon

Diogo Gomes Batista

Santos

Sebastião Teixeira

Filho

Baixos

Fabrício Santos de

Claudio Guimarães

Oliveira

Fernando Gazoni

Giovanna Ramos da Silva

Leonardo Pace

Hellen Aparecida da Silva

Marcos Carvalho

Rocha

Matheus França

Henzo Limeira Cavalcante

Orlando Marcos

Hudson Pereira do

Rafael Thomas

Nascimento

Rogério Guedes

Juliana Aparecida Pereira

Sérgio Righini

do Nascimento

Assistente Administrativo

Kaique Almeida Santos

Elisabeth De Pieri

Lais Simões da Silva

Eugenia Sansone

Letícia Alves Neres

Inspetoria

Letícia Faria Leal

Juliana Tondin Mengardo

Luiz Mariano dos Santos Silva


Prefeitura do Município

Diretora Técnica

Assistente Administrativa

Guilherme Prioli

de São Paulo

Isabela Galvez

Luana Pirondi

Karen Feldman

Diretor Financeiro

Coordenação de

Leandro José Silva

Prefeito

Neil Amereno

Programação Artística

Paulo César Codato

Fernando Haddad

Diretor Artístico

João Malatian

Vinicius Calvitti

Secretário Municipal

John Neschling

Diretor Técnico

Copista

de Cultura

Diretora de Produção

Juan Guillermo Nova

Cassio Mendes

Alfredo Manevy

Cristiane Santos

Assistente de

Direitos Autorais

Direção Técnica

Ação Educativa

Fundação Theatro

Olivieri Advogados

Daniela Gogoni

Aureli Alves de Alcântara

Municipal de São Paulo

Associados

Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero

Centro de

Conselho Deliberativo

Diretoria Geral

Assistente de Direção

Documentação

Juca Ferreira – Presidente

Assessora

de Palco Cênico

Chefe de seção

Manoel Carlos Guerreiro

Maria Carolina G. de

Caroline Vieira

Mauricio Stocco

Cardoso

Freitas

Assistente de Direção

Equipe

Marcos de Barros Cruz

Secretárias

Cênica Residente

Lumena A. de M. Day

Mauro Wrona

Ana Paula S. Monteiro

Julianna Santos

Pablo Zappelini de Leon

Marcia de Medeiros Silva

Segunda Assistente

Diretoria de Produção

Wladimir Pinheiro Safatle

Monica Propato

de Direção Cênica

Produção Executiva

Cerimonial

Ana Vanessa

Anna Patrícia Araújo

Direção Geral

Egberto Cunha

Assistente de Direção

Nathália Costa

José Luiz Herencia

Bilheteria

Cênica e Casting

Rosa Casalli

Diretora de Gestão

Nelson F. de Oliveira

Sérgio Spina

Produtores

Ana Flávia Cabral S. Leite

Coordenador de Sala

Figurinista Residente

Aelson Lima

Diretor de Formação

André Lima

Veridiana Piovezan

Pedro Guida

Produção de Figurinos

Miguel Teles

Diretoria Artística

Fernanda Câmara

Nivaldo Silvino

Instituto Brasileiro

Assessoria de

Arquivo Artístico

Assistente de Produção

de Gestão Cultural

Direção Artística

Coordenadora

Arthur Costa

Stefania Gamba

Maria Elisa P. Pasqualini

Presidente do Conselho

Eduardo Strausser

Assistente

Palco

Cláudio Jorge Willer

Clarisse De Conti

Ana Raquel Alonso

Chefe da Cenotécnica

Diretor Executivo

Secretária

Arquivistas

Aníbal Marques (Pelé)

William Nacked

Eni Tenório dos Santos

Ariel Oliveira

Técnicos de Palco

Leonardo Martinelli

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144


Rodrigo Nascimento

Igor Augusto F. de

Carolina Paes Simão

Escola de Dança

Thiago dos S. Panfieti

Oliveira

Cristina Gonçalves Nunes

de São Paulo

Marcelo Luiz Frosino

Luciano Paes

João Paulo Alves Souza

Coordenadora Artística

Emerlindo T. Sobrinho

Fernando Azambuja

Juçara A. de Oliveira

Susana Yamauchi

Lorival F. Conceição

Ubiratan Nunes

Juliana do Amaral Torres

Assistente Artístico

Manoel L. de S.

Camareiras

Oziene O. dos Santos

Luis Ribeiro

Conceição

Alzira Campiolo

Paula Melissa Nhan

Projetos Especiais

Paulo M. de Souza Filho

Isabel Rodrigues Martins

Carlos Alberto De Cicco

Daniela Stasi

Cristiano T. do Santos

Katia Souza

Ferreira Filho

Assistência

Julio Cesar S. de Oliveira

Lindinalva M. Celestino

Catarina Elói de Oliveira

Administrativa

Aristide da Costa Neto

Maria Auxiliadora

Estagiários

Roberto Quaresma

Antonio Oliveira Almeida

Maria Gabriel Martins

Guilherme Telles

Camareira

Antonio Carlos da Silva

Marlene Collé

Andressa P. de Almeida

Mariado Carmo

Alex Sandro N. Pinheiro

Nina de Mello

Lucas Lemes Nunes

Regiane Bierrenbach

Diretoria de Formação

Irinéia da Cruz

Assistente

Tonia Grecco

Assessora

Marilene Santos

Helen Gallo

Estagiários

Assistente Técnica

Alexandre Malerba

Jéssica Secco

Angélica da Silva

Ivone Ducci Contrarregragem Carlos Bessa

Central de Produção “Chico Giacchieri”

Corpo de Apoio

Contrarregras

Coordenação de Costura

Peter Silva Mendes de

Emília Reily

Escola Municipal de

Oliveira

Acervo de Figurinos

Música de São Paulo

Sandra Satomi Yamamoto

Marcela de L. M. Dutra

Coordenador Artístico

Assistência

Eneias R. Leite Neto

Assistente

Antonio Ribeiro

Administrativa

Aloísio Sales de Souza

Ivani Rodrigues Umberto

Assistente Artístico

Alexandro R. Bertoncini

Chefe de Som

Acervo de Cenário

Valdemir Aparecido

Sérgio Luis Ferreira

e Aderecista

Assistente Administrativa

Seção de Pessoal

Operadores de Som

Aloísio Sales

Sônia Gusmão de Lima

Cleide C. da Mota

Sergio Nogueira

Expediente

Corpo de Apoio

José Luiz P. Nocito

Daniel Botelho

José Carlos Souza

José Roberto da Silva

Solange F. França Reis

Kelly Cristina da Silva

José Lourenço

Flávio Aureliano Paixão

Tarcísio Bueno Costa

Chefe de Iluminação

Paulo Henrique Souza

Maria Aparecida Malcher

Valéria Lovato Iluminadores

Diretoria de Gestão

Alexandre Bafe

Lais Gabriele Weber

Carmen Alexandrina João Amaro

Estagiário

Parcerias

Ricardo Farão

Suzel Maria P. Godinho


Contabilidade

Yudji A. Otta

Alberto Carmona

Agradecimentos Escarlate

Alexandre Quintino

Arquitetura

Hotel Marabá

Ananias

Lilian Jaha

Santher

Diego Silva Luciana Cadastra

Seção Técnica

Marcio Aurélio O.

de Manutenção

Cameirão

Narciso Martins Leme

Meire Lauri

Estagiário Vinícius Leal

Compras e Contratos George Augusto

Comunicação

Rodrigues

Editor e Coordenador

Marina Aparecida

Marcos Fecchio

Augusto

Editor assistente

Infraestrutura

Gabriel Navarro Colasso

Marly da Silva dos Santos

Mídias Eletrônicas

Antonio Teixera Lima

Desirée Furoni

Eva Ribeiro

Assessoras de

Israel Pereira de Sá

Imprensa

Luiz Antonio de Mattos

Amanda Sena

Maria Apa da C. Lima

Daniela Oliveira

Pedro Bento Nascimento Rita de Cássia S. Banchi

Design Gráfico

Wagner Cruz

Kiko Farkas/ Máquina

Almoxarifado

Estúdio

Nelsa A.Feitosa da Silva

Designer Assistente

Bens Patrimoniais

Ana Lobo

José Pires Vargas

Atendimento Michele Alves

Informática Ricardo Martins da Silva

Impressão

Renato Duarte

Formags Gráfica

Estagiários

e Editora LTDA

Victor Hugo A. Lemos

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 146


Theatro Municipal de São Paulo Temporada Lírica 2015 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Março Giuseppe Verdi OTELLO

Abril/Maio Osvaldo Golijov AINADAMAR Camargo Guarnieri UM HOMEM SÓ

Maio/Junho Piotr Ilich Tchaikovky EUGENE ONEGIN

Julho/Agosto Jules Massenet THAÏS

Agosto/Setembro Giacomo Puccini MANON LESCAUT

Outubro Richard Wagner LOHENGRIN

Novembro/Dezembro Wolfgang Amadeus Mozart COSÌ FAN TUTTE

Programação sujeita a alterações.


patrocinadores

apoio

execução

Organização Social de Cultura do Município de São Paulo

realização

agência de negócios e relações institucionais



MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.