PUCCINI
Bem-Vindo à ópera Seja bem-vindo ao Theatro Municipal de São Paulo. Veja abaixo algumas informações para você aproveitar da melhor forma esta experiência única. Fotos e Vídeos Ficamos muito contentes quando você tira uma foto no Theatro Municipal. Inclusive criamos a hashtag #eunomunicipal para que possamos identificar sua foto nas mídias sociais e compartilhar no facebook do Theatro (/theatromunicipalsp). Entretanto, após o terceiro sinal e após os intervalos, pedimos que você desligue seu celular e tablet, pois mesmo a luminosidade da tela do aparelho tira a atenção de quem está ao seu lado. E queremos que os destaques da ópera sejam apenas os cantores no palco. Fotos com fins comerciais precisam de autorização prévia. Conversas Por mais baixo que se fale, ou sussurre, as conversas e comentários atrapalham muito os outros espectadores. Espere o intervalo para compartilhar suas opiniões. Cadeiras Nossas belas e centenárias cadeiras passam regularmente por manutenção, mas se alguma delas ranger com você, tenha paciência com ela e procure fazer o mínimo de barulho, pois apesar de terem presenciado um século de óperas elas não chegam a ser afinadas. Aplausos Se você gostou muito da interpretação de uma ária, sinta-se à vontade para aplaudir, mas na ópera não há a necessidade dos aplausos a cada trecho cantado ou tocado. Aos finais dos atos e da ópera você pode se manifestar à vontade. Alimentos Não é permitida a entrada com comidas e bebidas no interior da sala de apresentações. Pedimos especial atenção aos papeis de bala, que podem fazer um barulho e tanto.Tanto no térreo quanto no segundo andar há cafés, que ficam abertos antes do início da ópera e nos intervalos. Crianças Indicamos a idade de 10 anos para que as crianças comecem a frequentar as óperas, mas pedimos especial atenção dos pais e responsáveis, pois além da duração, as óperas abordam diferentes temas, que podem não ser apropriados às crianças menores.
TOSCA Ópera em três atos Música de Giacomo Puccini Libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa 90 anos do falecimento de Giacomo Puccini
Giacomo Puccini (Lucca, 22 de dezembro de 1858 - Bruxelas, 29 de novembro de 1924). Fotografia de Frank C. Bangs (c. 1907)
Giacomo Puccini Tosca Nova montagem Novembro 2014
29 sรกb 20h | 30 dom 18h
Dezembro 2014
2 ter 20h | 4 qui 20h | 6 sรกb 20h | 7 dom 18h 9 ter 20h | 11 qui 20h | 13 sรกb 20h
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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coral da Gente
Regência Direção Cênica Cenografia Figurinos Desenho de Luz Regência do Coro Lírico Regência do Coral da Gente Floria Tosca Mario Cavaradossi Scarpia Cesare Angelotti
Oleg Caetani Marco Gandini Italo Grassi Simona Morresi Virginio Levrio Bruno Greco Facio Silmara Drezza Ainhoa Arteta
29 2 6 9 11 13
Ausrine Stundyte
30 4 7
Marcelo Alvarez
29 02 06 09 13
Stuart Neill
30 04 07 11
Roberto Frontali
29 02 06 09 13
Nelson Martinez
30 04 07 11
Massimiliano Catellani
Sacristão
Saulo Javan
Spoletta
Luca Casalin
Sciarrone Carcereiro
Guilherme Rosa Sérgio Righini
Programa sujeito a alterações.
Sinopse
Ato I
No libreto original, a história se passa em Roma, em junho de 1800. A atual montagem transpõe a ação para a década de 1970. Fugido da cadeia, o preso político Angelotti refugia-se na capela Attavanti da Basílica de Sant’Andrea della Valle. Na ária Recondita armonia (Recôndita harmonia), o pintor Mario Cavaradossi compara o quadro em que está trabalhando, uma imagem de Maria Madalena, com sua amada, a cantora Floria Tosca. Ele encontra o amigo Angelotti e promete ajudá-lo, mas é interrompido pela chegada de Tosca. O prisioneiro se esconde; reparando na semelhança entre a imagem de Madalena e a marquesa Attavanti, a cantora faz uma cena de ciúmes, mas acaba se reconciliando com o amante, com quem marca um encontro noturno. Depois da partida de Tosca, Angelotti (irmão de Attavanti) sai do esconderijo. Um tiro de canhão anuncia que a fuga do subversivo foi descoberta: Cavaradossi acompanha o amigo, apressadamente, para sua casa, onde irá ocultá-lo. Chega o barão Scarpia, chefe de polícia, e ordena uma busca no templo. Um leque feminino, da marquesa Attavanti, e um cesto de comida vazio fazem-no deduzir que Angelotti esteve por ali e Cavaradossi é seu cúmplice. Tosca retorna, em busca do amante, e Scarpia utiliza o leque para provocar os ciúmes da diva, que parte, consternada, seguida pelo policial Spoletta. O ato termina com um Te Deum para celebrar a derrota das tropas napoleônicas diante dos austríacos, enquanto Scarpia exulta com a expectativa de ter a cantora nos braços e mandar executar seu amante.
Ato II
No Palácio Farnese, Scarpia recebe o relatório da missão de Spoletta: seguiu Tosca à casa de Cavaradossi, onde deu uma busca. Angelotti não foi encontrado, mas o pintor foi detido para averiguações. O barão começa a interrogar Cavaradossi, que se nega a responder. Convocada por Scarpia, Tosca aparece; o pintor pede a ela que se cale, e é removido para uma sala contígua. O barão pressiona a cantora, enquanto seu amante é torturado. Diante dos gritos de dor de Cavaradossi, Tosca cede, e revela: Angelotti está escondido no poço do jardim da casa do pintor. Cavaradossi é conduzido de volta ao gabinete de Scarpia, quando entra o gendarme Sciarrone com uma
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notícia bombástica: em vez de derrotado, Napoleão na verdade venceu a luta contra a Áustria. Eufórico, Cavaradossi festeja e insulta Scarpia, que ordena sua detenção e execução. O barão propõe a Tosca um pacto: salvará seu amante, caso ela consinta em passar a noite com ele. Tosca hesita e reflete sobre sua vida na ária Vissi d’arte (Vivi de arte), porém, depois de saber que Angelotti se suicidou à chegada da polícia, aceita o acordo: Cavaradossi será submetido a um falso fuzilamento, e o casal poderá escapar em seguida. Enquanto o barão redige o salvo-conduto, a cantora se apossa de uma faca, com a qual mata o chefe de polícia.
Ato III
Em um terraço do castelo de Sant’Angelo, Cavaradossi recorda-se de Tosca na ária E lucevan le stelle (E brilhavam as estrelas). Chega a amante, que lhe mostra o salvo-conduto e conta do pacto com Scarpia e de seu assassinato. O pintor é conduzido para seu fuzilamento, que Tosca acompanha, à distância. Depois da partida do pelotão, a cantora aproxima-se de Cavaradossi e constata, horrorizada, que sua execução não foi falsa. Os esbirros de Scarpia chegam para prender a cantora, que sobe ao parapeito do castelo e se atira para a morte.
Arte de Alfredo Montalti para o Libreto original de Tosca (1899)
Estreia mundial
Setembro de 1915
19 de janeiro de 1900
Gino Marinuzzi Regente
Teatro Costanzi, Roma, Itália
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Leopoldo Mugnone Regente
Hipólito Lazaro Mario Cavaradossi
Hariclée Darclée Floria Tosca
Giuseppe Danise Barão Scarpia
Emilio de Marchi Mario Cavaradossi
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Eugenio Giraldoni Barão Scarpia
Guglielmo Niola Sacristão
Ruggero Galli Cesare Angelotti
Giordano Paltrinieri Spoletta
Ettore Borelli Sacristão Enrico Giordano Spoletta
Outubro de 1916 Gennaro Papi Regente
Primeira apresentação no Brasil
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
8 de novembro de 1901
Tito Schipa Mario Cavaradossi
Teatro Santana, São Paulo
Armand Crabbé Barão Scarpia
Oscar Anselmi Regente
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Livia Berlendi Floria Tosca
Guglielmo Niola Sacristão
Luigi Innocenti Mario Cavaradossi
Angelo Algos Spoletta
Vincenzo Ardito Barão Scarpia Francesco Franzini Cesare Angelotti
Setembro de 1917
Francesco Federici Sacristão
Gino Marinuzzi Regente
Federico Ferraresi Spoletta
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca Enrico Caruso Mario Cavaradossi
Apresentações no Theatro
Eugenio Giraldoni Barão Scarpia
Municipal de São Paulo
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
11 de agosto de 1914
Gaetano Azzolini Sacristão
Teófilo de Angelis Regente
Giordano Paltrinieri Spoletta
Matilde de Lerma Floria Tosca Tito Schipa Mario Cavaradossi
Outubro de 1918
Giuseppe Danise Barão Scarpia
Vincenzo Bellezza Regente
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Rosa Raisa Floria Tosca
Giorgio Schottler Sacristão
Aureliano Pertile Mario Cavaradossi
Ludovico Olivero Spoletta
Luigi Montesanto Barão Scarpia Teófilo Dentale Cesare Angelotti Gaetano Azzolini Sacristão Ettore Bonzi Spoletta
Outubro de 1919
Nello Palai Spoletta
Vincenzo Bellezza Regente Romeo Francioli Diretor Cênico
Outubro de 1923
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Vincenzo Bellezza Regente
Tito Schipa Mario Cavaradossi
Claudia Muzio Floria Tosca
Luigi Montesanto Barão Scarpia
Aureliano Pertile Mario Cavaradossi
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Carlo Galeffi Barão Scarpia
Gaetano Azzolini Sacristão
Michele Fiore Cesare Angelotti
Nicola Galofre Spoletta
Gino de Vecchi Sacristão Nello Palai Spoletta
Agosto de 1920 Vincenzo Bellezza Regente
Maio de 1926
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Federico del Cupolo Regente
Beniamino Gigli Mario Cavaradossi
Olga Carrara Floria Tosca
Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia
Antonio Melandri Mario Cavaradossi
Giuseppe Menni Cesare Angelotti
Mario Albanesi Barão Scarpia
Michele Fiore Sacristão
Alexandre de Lucchi Cesare Angelotti
Luigi Nardi Spoletta
Luigi Monti Sacristão Vittorio Pavia Spoletta
Agosto de 1921 Gino Marinuzzi Regente
Agosto de 1926
Rosa Raisa Floria Tosca
Romeu Arduini Regente
Antonio Cortis Mario Cavaradossi
Guido Bartera Diretor Cênico
Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia
Yvonne Gall Floria Tosca
De Petris Cesare Angelotti
Salvador Paoli Mario Cavaradossi
Gino de Vecchi Sacristão
Vanni Marcoux Barão Scarpia
Luigi Nardi Spoletta
Canuto Sabat Cesare Angelotti Michele Fiori Sacristão
Outubro de 1922
Piero Girardi Spoletta
Vincenzo Bellezza Regente Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Fevereiro de 1927
Giacomo Lauri-Volpi Mario Cavaradossi
Filippo Alessio Regente
Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia
Carmen Eiras Floria Tosca
Michele Fiore Cesare Angelotti
Felix Bocchini Mario Cavaradossi
Gaetano Azzolini Sacristão
Ernesto de Marco Barão Scarpia
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Fotografia autografada de Enrico Caruso, feita durante a passagem pelo Theatro Municipal de S達o Paulo em 1917
Tito Baglioni Cesare Angelotti
Setembro de 1933
Stefano Bruno Sacristão
Arturo de Angelis Regente
Henrique Simoni Spoletta
Antonio Marinuzzi Diretor Cênico Claudia Muzio Floria Tosca
Setembro de 1928
Alessandro Ziliani Mario Cavaradossi
Franco Paolantonio Regente
Victor Damiani Barão Scarpia
Ezio Cellini Ciro Scafa Diretores Cênicos
Duilio Baronti Cesare Angelotti
Claudia Muzio Floria Tosca
Salvatore Baccaloni Sacristão
Beniamino Gigli Mario Cavaradossi
Nello Palai Spoletta
Riccardo Stracciari Barão Scarpia Nicolai Rakowski Cesare Angelotti
Dezembro de 1934
Attilio Muzio Sacristão
Arturo de Angelis Regente
Luigi Nardi Spoletta
Nadina Borina Floria Tosca Abele de Angelis Mario Cavaradossi
Dezembro de 1928
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Guido Alberto Picco Regente
Augusto Guasqui Cesare Angelotti
Carlos Barbaci Diretor Cênico
Giuseppe Zonzini Sacristão
Pina Gatti Floria Tosca
Carlos Herrera Spoletta
Ginno Neri Mario Cavaradossi Corrado Tavanti Barão Scarpia
Setembro de 1936
Joaquin Alsina Cesare Angelotti
Umberto Berrettoni Regente
Giuseppe Zonzini Sacristão
Gina Cigna Floria Tosca
Renato Pascale Spoletta
Ettore Parmeggiani Mario Cavaradossi Victor Damiani Barão Scarpia
Julho de 1933
Duilio Baronti Cesare Angelotti
Santiago Guerra Regente
Mario Girotti Sacristão
Victorio Papa Diretor Cênico
Blando Giusti Spoletta
Carmen Gomes Floria Tosca Elias Reis e Silva Mario Cavaradossi
Outubro de 1937
Asdrubal Lima Barão Scarpia
Angelo Ferrari Regente
Salvador Perrotta Cesare Angelotti
Filippo Dadó Diretor Cênico
Stefano Bruno Sacristão
Margherita Grandi Maria Caniglia Floria Tosca
Henrique Simoni Spoletta
Galliano Masini Antonio Salvarezza Mario Cavaradossi Giuseppe Danise Victor Damiani Barão Scarpia
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Arte de Anita Malfatti para a Temporada LĂrica do Theatro Municipal de SĂŁo Paulo de 1936
José Perrotta Cesare Angelotti
Salvador Perrotta Sciarrone
Stefano Pol Sacristão
Mario Girald Carcereiro
Cesare M. Sparti Spoletta Outubro de 1942 Setembro de 1938
Arturo de Angelis Regente
Louis Masson Edoardo de Guarnieri
Mario Girotti Diretor Cênico
Regentes
Carmen Gomes Floria Tosca
Carlo Marchese Diretor Cênico
Elias Reis e Silva Mario Cavaradossi
Franca Somigli Floria Tosca
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Antonio Salvarezza Mario Cavaradossi
Salvador Perrotta Cesare Angelotti
Carlo Galeffi Silvio Vieira Barão Scarpia
Mario Girotti Sacristão
José Perrotta Cesare Angelotti
Arnaldo Pescuma Spoletta
Melchiorre Luise Sacristão Romeo Boscacci Spoletta
Outubro de 1943 Edoardo de Guarnieri Regente
Setembro/Outubro de 1939
Mario Girotti Diretor Cênico
Arturo de Angelis Regente
Solange Petit-Renaux Floria Tosca
Gina Cigna Floria Tosca
Antonio Vela Mario Cavaradossi
Pedro Mirassou Bruno Landi Mario
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Cavaradossi
Americo Basso Cesare Angelotti
Silvio Vieira Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Mario Girotti Sacristão
Lisandro Sergenti Duilio Baronti Cesare
Arnaldo Pescuma Spoletta
Angelotti Mario Girotti Sacristão
Setembro de 1946
Renato de Pascale Spoletta
Armando Belardi Regente Mario Girotti Diretor Cênico
Outubro de 1941
Zinka Milanov Floria Tosca
Armando Belardi Regente
Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi
Mario Girotti Diretor Cênico
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Norina Greco Floria Tosca
Tino Mascarelli Cesare Angelotti
Sidney Rayner Mario Cavaradossi
Gerhard Pechner Sacristão
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Arnaldo Pescuma Spoletta
Duilio Baronti Cesare Angelotti Mario Girotti Sacristão
Fevereiro de 1947
Ludovico Olivero Spoletta
Edoardo de Guarnieri Regente
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Mario Girotti Diretor Cênico
Elisabetta Barbato Floria Tosca
Iris Ferriani Floria Tosca
Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi
Giulio Lucchiari Mario Cavaradossi
Enzo Mascherini Barão Scarpia
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Americo Basso Cesare Angelotti
José Perrotta Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Guilherme Damiano Sacristão
Adelio Zagonara Spoletta
Arnaldo Pescuma Spoletta Outubro de 1951 Setembro/Outubro de 1947
Edoardo de Guarnieri Regente
Rainaldo Zamboni Regente
Riccardo Moresco Diretor Cênico
Carlo Marchese Diretor Cênico
Norina Greco Floria Tosca
Elisabetta Barbato Maria Pedrini Floria
Beniamino Gigli Mario Cavaradossi
Tosca
Tito Gobbi Barão Scarpia
Beniamino Gigli Armando de Assis
Giulio Neri Cesare Angelotti
Pacheco Mario Cavaradossi
Guilherme Damiano Sacristão
Victor Damiani / Paulo Ansaldi Barão
Mariano Caruso Spoletta
Scarpia Carlo Platania Cesare Angelotti
Outubro de 1955
Salvatore Baccaloni Gerhard Pechner
Franco Ghione Regente
Guilherme Damiano Sacristão
Riccardo Moresco Diretor Cênico
Nino Crimi Spoletta
Antonietta Stella Floria Tosca Gianni Poggi Mario Cavaradossi
Outubro de 1949
Giuseppe Taddei Barão Scarpia
Armando Belardi Regente
José Perrotta Cesare Angelotti
Carlo Marchese Diretor Cênico
Guilherme Damiano Sacristão
Norina Greco Floria Tosca
Vittorio Pandano Spoletta
Gianni Poggi Mario Cavaradossi Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Novembro de 1957
Americo Basso Cesare Angelotti
Santiago Guerra Regente
Guilherme Damiano Sacristão
Nino Crimi Diretor Cênico
Arnaldo Pescuma Spoletta
Maria de Sá Earp Floria Tosca Alfredo Colosimo Mario Cavaradossi
Agosto de 1950
Silvio Vieira Barão Scarpia
Armando Belardi Regente
Luiz Nascimento Cesare Angelotti
Bruno Nofri Diretor Cênico
Guilherme Damiano Sacristão
Nino Crimi Spoletta
Setembro de 1964 Edoardo de Guarnieri Regente
Outubro de 1958
Mario Bruno Diretor Cênico
Edoardo de Guarnieri Regente
Ida Miccolis Irmgard Müller Floria Tosca
Mario Girotti Diretor Cênico
Sérgio Albertini Mario Cavaradossi
Maria de Sá Earp Floria Tosca
Lourival Braga Barão Scarpia
Armando de Assis Pacheco Mario
Alberto Medaljon Cesare Angelotti
Cavaradossi
José Perrotta Sacristão
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Geraldo Chagas Spoletta
José Perrotta Cesare Angelotti Marino Terranova Sacristão
Outubro de 1967
Arnaldo Pescuma Spoletta
Edoardo de Guarnieri Regente Meliton Gonzales Diretor Cênico
Dezembro de 1958
Ida Miccolis Floria Tosca
Gianella de Marco Regente
Sérgio Albertini Mario Cavaradossi
Arnaldo Pescuma Diretor Cênico
Jorge Botto Barão Scarpia
Leonora Beranger Floria Tosca
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Mario Vignone Mario Cavaradossi
José Perrotta Sacristão
Waldomiro Furlan Barão Scarpia
Geraldo Chagas Spoletta
Paulo Adonis Cesare Angelotti Boris Farina Sacristão
Outubro de 1970
Arnaldo Pescuma Spoletta
Nino Bonavolontá Regente
Nelson Hugo Pinto Sciarrone
Frank de Quell Diretor Cênico Elena Suliotis Floria Tosca
Outubro de 1961
Gianfranco Cecchele Mario Cavaradossi
Nino Stinco Regente
Gian Giacomo Guelfi Barão Scarpia
Carlo Marchese Diretor Cênico
Mario Rinaudo Cesare Angelotti
Caterina Mancini Floria Tosca
Andrea Ramus Sacristão
Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi
Assadur Kiultzian Spoletta
Walter Alberti Barão Scarpia José Perrotta Cesare Angelotti
Outubro de 1973
Guilherme Damiano Sacristão
Nino Bonavolontá Regente
Nino Crimi Spoletta
Walter Cataldi Tassoni Diretor Cênico Gianna Galli Floria Tosca Ruggero Bondino Mario Cavaradossi
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Gian Giacomo Guelfi Barão Scarpia
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Andrea Ramus Sacristão
Andrea Ramus Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Assadur Kiultzian Spoletta Julho de 1993 Agosto de 1977
Tullio Colacioppo Regente
Michelangelo Veltri Regente
Maurice Vaneau Diretor Cênico
Constantino Juri Diretor Cênico
Silvia Mosca Rita Contino Floria Tosca
Marisa Galvany Floria Tosca
Alberto Cupido Carlos Slivskin Mario
Benito Maresca Mario Cavaradossi
Cavaradossi
Gianpiero Mastromei Barão Scarpia
Alberto Noli Tasuku Naono Barão Scarpia
Paulo Adonis Cesare Angelotti
Wilson Carrara Jeller Filipe Cesare Angelotti
Wilson Carrara Sacristão
Sandro Christopher Licio Bruno Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Assadur Kiultzian João Malatian Spoletta
Outubro de 1982
Outubro de 1997
Tullio Colacioppo Regente
Jamil Maluf Regente
Glauco Mirko Laurelli Diretor Cênico
Roberto Oswald Diretor Cênico
Mabel Veleris Isabel Gentile Norma
Mary Jane Johnson Céline Imbert Floria
Cresto Floria Tosca
Tosca
Maurizio Frusoni Benito Maresca Antonio
Neil Wilson Rubens Medina Mario
Lotti Mario Cavaradossi
Cavaradossi
Gabriele Floresta Rio Novello Barão
Frederick Burchinal Gary Simpson Barão
Scarpia
Scarpia
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Eduardo Janho-Abumrad Lukas D’oro
Boris Farina / Andrea Ramus Sacristão
Cesare Angelotti
Assadur Kiultzian Spoletta
Pepes do Valle Sandro Christopher Sacristão
Março de 1983 Tullio Colacioppo Regente Glauco Mirko Laurelli Diretor Cênico Mabel Veleris Neyde Thomas Floria Tosca Maurizio Frusoni Benito Maresca Claudinir Aére Mario Cavaradossi Lino Puglisi / Rio Novello Barão Scarpia
Ronaldo Trigueiro Spoletta
Tosca Irineu Franco Perpetuo
Como se não bastasse ter o privilégio de cantar E lucevan le stelle – uma das mais belas e conhecidas árias de todo o repertório –, o tenor pode ainda interpretar Recondita armonia, que não fica muito atrás em méritos nem em reputação. A soprano, além de encarnar o papel-título, é presenteada com a efusão lírica de Vissi d’arte, enquanto o barítono vive um dos mais monstruosos vilões de todo o repertório. O diretor de cena tem a chance de explorar conflitos extremos e paixões arrebatadas, e o regente possui a ocasião de luzir devido a uma escrita orquestral luxuriante e refinada. Tosca, de Puccini, arrebata plateias e intérpretes quase na mesma medida em que choca os especialistas. Ao pesquisar a bibliografia em inglês sobre a ópera, depara-se o tempo todo com a frase de Joseph Kerman (1924-2014), um dos Irineu Franco Perpetuo
decanos da musicologia norte-americana que, no livro Opera
é jornalista e tradutor, ministra
as Drama (1952), a qualificou, sem meias palavras, de ‘shabby
cursos na Casa do Saber e
little shocker' (que poderíamos traduzir aproximadamente
colabora com a Revista Concerto
como ‘aquela coisinha chocante e desprezível’).
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Mesmo um fã não exatamente puritano de La Bohème como Gustav Mahler (1860-1911) viu excessos em Tosca, como escreveu à esposa, Alma, depois de assistir a uma récita da ópera de Puccini pela primeira vez, em 1903: “No primeiro ato, entrada do papa com toques ininterruptos de sinos (que tiveram que ser trazidos especialmente da Itália). Segundo ato, um homem, sob tortura, emite gritos horripilantes, enquanto um outro é apunhalado com uma faca de pão afiada. Terceiro ato, novos toques de sinos, bim, bam, com uma vista de toda a cidade de Roma a partir de uma cidadela, enquanto prepara-se o fuzilamento de alguém por um pelotão de execução. Antes do fuzilamento, levantei-me e parti”. Mahler não hesitou em qualificar a ópera de ‘Meistermachwerk’ (algo como ‘magistral porcaria’), acrescentando, não sem ironia: “hoje em dia, qualquer amador sabe orquestrar perfeitamente”. Pela descrição do autor de A Canção da Terra, não é difícil deduzir o que feriu sua sensibilidade: os aspectos que pareciam aproximar a ópera do recém-nascido e popularíssimo verismo italiano, espetacularmente lançado por Cavalleria Rusticana, de Mascagni, em 1890. Adaptação de La Tosca, peça escrita especialmente para a mítica atriz Sarah Berhardt (1844-1923) pelo dramaturgo francês Victorien Sardou (1831-1908) e ambientada em Roma, em 17 de junho de 1800, logo após a vitória das tropas napoleônicas sobre as austríacas, a ópera de Puccini, em princípio, não parece seguir os cânones veristas. Afinal de contas, o tema é histórico, e seus personagens não pertencem às classes populares. O que aproxima Tosca do verismo, porém, é o tratamento cru dado a eventos como tortura, assédio sexual, chantagem, assassinato e fuzilamento. Para dar apenas um exemplo: enquanto, na peça de Sardou, a execução de Cavaradossi acontece decorosamente nos bastidores, na ópera de Puccini ela tem lugar em cena, diante dos espectadores. Como assinalado por Fedele D’Amico, “as novidades em Tosca são inseparáveis de suas descobertas expressivas.
O primeiro tema de Scarpia, aqueles três acordes que abrem a ópera e que, com algumas variações, concluem o primeiro e o segundo ato, certamente oferecem novas ideias harmônicas; mas a força inovadora dessa ‘novidade’ reside em mostrar um monstro humano que até agora a música jamais havia encarado. Salome, Elektra, Wozzeck: mais cedo ou mais tarde, deveremos ter coragem de acrescentar Tosca a essa lista; cronologicamente, ela viria antes”. Para uma obra histórica, Puccini queria o máximo de veracidade e verossimilhança. Meticuloso, consultou-se com um amigo, o padre Pietro Panichelli, que o informou sobre a melodia do Te Deum que era cantado nas igrejas romanas, sobre a ordem da procissão do final do primeiro ato e sobre os trajes da Guarda Suíça. O compositor viajou a Roma para saber como os sinos das igrejas eram ouvidos a partir da plataforma do Castel Sant’Angelo, e rejeitou a sugestão de Sardou de que a protagonista, em seu suicídio, mergulhasse nas águas do Tibre, devido ao fato de o rio passar longe do castelo. Na cantata do segundo ato, pensou em utilizar música original de Giovanni Paisiello (1740-1816, autor de um Barbeiro de Sevilha anterior ao de Rossini, e professor de seu avô, Domenico Puccini, 1772-1815), personagem real que é mencionado na peça de Sardou mas, no fim, decidiu-se por um pastiche. No mesmo ato, homenageou o irmão mais novo, Michele (1864-1891, que viveu anos na Argentina e faleceu no Rio de Janeiro), ao fazer uma gavota de sua autoria ser ouvida, ao longe, na festa oferecida pela rainha para comemorar a suposta derrota das tropas de Napoleão. Com um uso de motivos condutores que poderia ser classificado de wagneriano por sua estreita conexão com personagens e situações, Tosca (1900) foi a quinta ópera de Puccini. Ao lado da imediatamente anterior, La Bohème (1896), e da imediatamente posterior, Madama Butterfly (1904), forma o tripé sobre o qual se assenta a popularidade do compositor – algo como o equivalente pucciniano da
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trinca verdiana Verdi Rigoletto/La Traviata/Il Trovatore. São as óperas que consolidam o toscano não apenas como o maior compositor italiano depois do autor de Aida, como o ápice e final da grande tradição lírica de seu país. Para Mosco Carner, Puccini “não nos lança em muitos planos diferentes, como fazem Mozart, Wagner, Verdi e Strauss, mas em seu próprio plano, o mais característico deles, em que a paixão erótica, a sensualidade, a ternura, o patético e o desespero se encontram e se fundem, ele foi um mestre sem rivais”.
A origem de Tosca está ligada ao único verdadeiro fracasso que Puccini experimentou na carreira de compositor: sua segunda ópera, Edgar (1889). Libretista desta (assim como da anterior, Le Villi, de 1884), Ferdinando Fontana (1850-1919) chamou a atenção do compositor para a peça teatral e, apenas duas semanas após a malograda estreia de Edgar, ele já escrevia a seu editor, Giulio Ricordi: “estou pensando em Tosca. Imploro que você tome as medidas necessárias para obter a permissão de Sardou, antes de abandonar a ideia, o que me entristeceria muitíssimo, já que, nessa Tosca, vejo a ópera que combina comigo, sem proporções excessivas, nem concebida como espetáculo decorativo, nem exigindo a habitual superabundância de música”. A urgência da missiva do compositor, contudo, não fez com que o projeto se materializasse logo. Inicialmente, Sardou estava reticente em conceder a autorização para que sua obra fosse musicada – afinal de contas, naquela época, Puccini era desconhecido na França. De qualquer maneira, em 1891, a Gazzetta Musicale publicava que Ricordi adquirira os direitos para Tosca, com música de Puccini e libreto de Luigi Illica (1857-1919) – Fontana, que vinha se correspondendo com Sardou sobre o tema, fora deixado de lado. Illica fez sua parte, e começou a trabalhar no texto, porém Puccini preferiu embarcar no projeto que finalmente
Nessa Tosca, vejo a ópera que combina comigo
lhe garantiria notoriedade internacional: Manon Lescaut (1893). Assim, em 1894, Tosca foi passada para o piemontês Alberto Franchetti (1860-1942), de uma abastada família de banqueiros judeus, que fizera sucesso, em 1892, ao compor, sob recomendação de Verdi, Cristoforo Colombo (1892), com libreto de Illica, em comemoração aos 400 anos da descoberta da América. Esquecido nos dias de hoje, Franchetti era um nome ascendente na época, e a ópera parecia estar em boas mãos. Afinal, ganhara um endosso de peso. Aos 81 anos, Verdi estivera presente na casa de Sardou, em Paris, quando Illica leu seu libreto para o dramaturgo, mostrando-se fortemente entusiasmado. O relato é de que, quando chegou o momento do adeus de Cavaradossi à arte e a vida, no último ato, o autor de Falstaff arrebatou-se de tal forma que tomou o manuscrito em suas mãos, recitando em voz alta o trecho (que, posteriormente, Puccini deixaria de fora da ópera). Há controvérsia quanto ao que aconteceu em seguida. Para alguns, um Puccini altamente competitivo, embora estivesse na época ocupado com La Bohème (tema que, por seu turno, arrebatara a Leoncavallo), ao ouvir falar nos elogios de Verdi ao libreto de Tosca, conspirou com Ricordi e Illica para tomar a ópera de volta. Outros sustentam que Franchetti (que tinha no currículo mais uma renúncia a uma ópera tornada famosa em mãos alheias: Andrea Chénier, estreada por Umberto Giordano em 1896) cansara-se de Tosca antes mesmo das exortações do libretista e do editor, liberando-a de bom grado para o colega. O projeto ainda corria riscos: em 1895, Puccini viajou a Florença expressamente para ver Berhardt no papel-título da peça criada para ela. Ficou decepcionadíssimo com a frieza da performance da diva, manifestando, em carta a Ricordi, dúvidas sobre o valor do texto e a viabilidade de sua realização operística. O editor foi hábil e rápido, assegurando a Puccini que a má impressão devia-se ao fato de a atriz estar
adoentada na apresentação florentina; em Milão, segundo Ricordi, não faltara “fogo” à atuação de Bernhardt no papel que teria, posteriormente, consequências trágicas para a atriz. Em 1905, em uma performance no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, ao saltar, na cena final, Bernardt machucou o joelho direito. A ferida nunca curou direito e, em 1915, devido à gangrena, ela teve que amputar a perna. Dirimidas as derradeiras dúvidas, colocou-se em ação o mesmo time que produzira La Bohème e, mais tarde, seria responsável por Madama Butterfly. Em auxílio de Illica, foi convocado, para ajudar na versificação, Giuseppe Giacosa (1847-1906), que não escondia seu ceticismo quanto às chances da empreitada: para ele, Tosca era ‘absolutamente inadaptável’ ao teatro musical. “O primeiro ato consiste apenas em duetos. Apenas duetos no segundo ato, à exceção da breve cena de tortura, na qual apenas dois personagens são vistos em cena. O terceiro ato é um dueto interminável”, escreveu a Ricordi. Mesmo com Giacosa domado, o dueto do terceiro ato daria a Puccini dores de cabeça na reta final de composição de Tosca; Ricordi queixou-se do trecho em carta ao compositor, considerando-o fragmentário. Pior ainda: O dolci mani, passagem que o editor considerava dotada de uma das ‘mais belas passagens de poesia lírica’ de Giacosa, recebera uma ‘melodia desconexa e modesta que, para piorar, veio de Edgar’. No fim, porém, o compositor soube defender suas escolhas de modo convincente, e não fez alteração alguma, conseguindo inclusive manter na partitura o fragmento proveniente da desafortunada ópera anterior.
Não é por acaso que o ápice da imigração italiana para o
Ameaça de bomba
Brasil se deu nos tempos de Puccini. Unificada em 1861 – por-
na estreia
tanto, três anos após o nascimento do compositor –, a Itália era uma nação jovem, em meio a uma complicada situação social. Segundo monarca do país, Umberto I (1844-1900)
Croquis do figurino de I Pagliacci, de Gianluca Falaschi
apoiou a violenta repressão aos levantes populares de 1898, recebendo dos anarquistas a alcunha de ‘Rei Metralha’. Destinatário de um dos ‘bilhetes de loucura’ de Nietzsche, foi alvo, em 22 anos de governo, de três atentados – inclusive o que tiraria sua vida, cinco meses depois da estreia de Tosca. O monarca não compareceu à primeira audição mundial da ópera de Puccini, no Teatro Costanzi, em Roma (capital italiana, e cidade na qual a ópera é ambientada), em 14 de janeiro de 1900, porém fez-se presente sua esposa, a Rainha Margherita (que fora homenageada, em 1889, com uma receita de pizza que até hoje é sucesso em todo o planeta), bem como o primeiro-ministro Luigi Gerolamo Pelloux – e o preterido Alberto Franchetti. Quinze minutos antes da função começar, um policial foi ao camarim do maestro Leopoldo Mugnone para avisar que havia o risco de atentado a bomba. Caso isso ocorresse, ele deveria interromper a récita, e executar o hino nacional italiano. Para piorar, logo após o início da récita, eclodiu na plateia um tumulto que fez o regente interromper a apresentação e abandonar o posto. Verificou-se, contudo, que a algazarra devia-se não a agitadores anarquistas, mas a espectadores que haviam chegado atrasados. A apresentação foi reiniciada, e Tosca pôde assim começar sem interrupções sua bem-sucedida carreira internacional. Em São Paulo, Tosca estreou já no ano seguinte, 1901, tornado-se uma das óperas mais programadas na cidade mesmo antes da construção do Theatro Municipal, com diversas gerações de astros do canto se revezando em seus papéis principais. São Paulo chegou a ouvir, em suas respectivas partes, a primeira Tosca (Hariclea Darclée) e o primeiro Scarpia (Eugenio Giraldoni). A lista de intérpretes ilustres da protagonista nos palcos paulistanos inclui Claudia Muzio, Gina Cigna e Elena Suliotis, enquanto o vilão já foi encarnado por aqui por Tito Gobbi e Giuseppe Taddei. Os intérpretes afamados de Cavaradossi
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em São Paulo, por sua vez, são legião, do talento brasileiro de Benito Maresca ao legendário Enrico Caruso (que Puccini recusara para a estreia da ópera, julgando-o ‘preguiçoso’), passando, entre outros, por Beinamino Gigli, Tito Schipa, Aureliano Pertile, Giacomo Lauri-Volpi e Ferruccio Tagliavini.
Veramente romana Leandro Karnal
Primeiro foi uma loba amamentando os filhos do deus Marte. Depois um crime em família: Rômulo matou Remo. Seguiu-se uma estranha forma de povoamento, com rapto de mulheres da vizinhança. Estávamos na infância da cidade! Devemos reconhecer: Roma não é uma cidade monótona. Aldeia pequena em luta contra vizinhos mais fortes; capital do maior império da Antiguidade; metrópole invadida por bárbaros; sede do papado; encruzilhada chave do Renascimento e do Barroco e, por fim, capital do novo estado italiano no século 19. Se fosse uma biografia individual, Roma seria, no mínimo, bipolar. A cidade do Lácio perdeu muitas coisas em sua história de quase 3 mil anos, mas uma se manteve: a capacidade de seduzir viajantes. Os ingleses tornaram quase obrigatória a viagem, o grand tour. A elite da ilha, geralmente acompanhaLeandro Karnal é doutor em
da por um cicerone, fazia uma peregrinação moderna até as
História Social pela USP e
ruínas e igrejas da cidade. Também foi na península italiana
professor de História na Unicamp
que Goethe encontrou luzes fundamentais na sua jornada. A
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Italienische Reise seria uma referência para o século 19. Naqueles dias, ninguém seria culto ou bem formado enquanto não tivesse passado uma temporada na Itália. Sigmund Freud escreveu ao amigo Wilhelm Fliess: “Meu desejo de visitar Roma é profundamente neurótico”. Para Martha, sua esposa, anota em 24 de setembro de 1907: "O tempo fica sempre mais magnífico. A cidade sempre mais esplêndida". Roma seduzia até quem era especialista em analisar a sedução como conceito. As ruínas do fórum tornaram-se o elemento inerte mais loquaz da História. A capital italiana pareceu ao austríaco uma sobreposição de muitas camadas históricas, como uma massa folhada de memória e testemunhos. Os sedimentos eram visíveis e, imbricados, deixavam entrever os poderes e interesses do passado romano. Era exatamente ao lado do Tibre, o Tevere, que se erguia um exemplo destas camadas: o castelo de Santo Ângelo. A construção tinha sido concebida pelo imperador Adriano como mausoléu familiar. Uma quadriga de bronze com o herdeiro de Trajano e um jardim suspenso dominavam o prédio circular. No declínio da cidade clássica, o túmulo integrara o sistema de defesa das muralhas. Na Idade Média, foi testemunha uma visão do papa Gregório Magno: um anjo embainhava a espada sobre a construção circular, sinal do fim da epidemia que fustigava o povo. É um imenso anjo de bronze que, desde o século 18, encima o monumento, rebatizado, desde a visão pontifícia, de Sant’Angelo. O castelo salvou a vida de muitos papas. Suas grossas paredes e localização, seus caminhos secretos para o Vaticano, sua visão privilegiada do curso do Tibre: tudo colaborou para ser o principal baluarte do sucessor de Pedro. Nele, em 1527, Clemente VII assistiu, horrorizado, ao saque de Roma pelos lansquenetes de Carlos V . Em dias mais tranquilos, os papas adornaram a ponte homônima na frente do Castelo. Uma legião de anjos escul-
pida por gênios como Bernini carrega os instrumentos da paixão. O onipresente mármore travertino recobre a ponte. Era um acesso para os peregrinos chegarem à entrada da Basílica de São Pedro. A velha ponte romana (Aellus) virara quase um monumento batizado e crismado dentro da nova ordem cristã. Mausoléu, fortaleza, residência e prisão: o monte sacro que Adriano imaginara eterno teve uma trajetória mutante. Como prisão, abrigou pensadores dissidentes, como Giordano Bruno, o ocultista e alquimista Conde Cagliostro e a famosa Beatrice Cenci, cuja execução pelo crime de parricídio tanto impressionou ao pintor Caravaggio. E é deste círculo que Tosca salta para a eternidade.
Quando Tosca vivia: 1800
Dividida em reinos e repúblicas, a Itália chegara ao fim do século 18 sem unidade nacional. A partir de 1789, a Revolução Francesa agitou a já tumultuada história da península. Para enfrentar a vaga que começara em Paris, países como Áustria e Prússia formaram uma coligação contra a jovem República. O general Bonaparte seria a estrela em ascensão que o governo francês escolheu para a campanha da Itália. Entre 1796 e 1797, Napoleão, com apenas 27 anos, devastou o norte da península e impôs derrotas a italianos e austríacos: Rovereto, Montenotte, Rivoli e na estratégica Mântua. Em 1798, entrou triunfalmente em Roma, que seria transformada numa República. A efêmera experiência romana duraria só até o ano seguinte, engolfada no refluxo reacionário e monárquico. Houve uma segunda investida napoleônica na Itália. Já como Primeiro Cônsul da República Francesa, o corso atravessou o passo alpino de São Bernardo e obteve novas vitórias. Para os homens desse momento, Napoleão representava (para o bem e para o mal) os ideais da Revolução Francesa: a República e o Iluminismo com traços anticlericais. Napoleão
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Batalha de Marengo, de Louis-Franรงois Lejeune (1802)
também era o fim de uma ordem tradicional que, desde a Idade Média, equilibrava e dividia a Itália: o binômio Papa/ Imperador ou guelfos/gibelinos. De todas as vitórias francesas, a que mais nos interessa é a de Marengo. Na pequena vila piemontesa de Spinetta Marengo, em 14 de maio de 1800, Bonaparte enfrentou um exército austríaco maior e com mais canhões. Valeu a estratégia da astúcia sobre a força. Prevaleceu Napoleão. Mas, a vitória teve um custo especial, pois morreu na batalha o general Louis Charles Antoine Desaix. O militar seria homenageado com uma imensa estátua na praça das Vitórias, em Paris. O nome Desaix também batizou uma cidade na Argélia francesa. Mas, por que estamos falando de Marengo, se nosso interesse é a Tosca? A ópera é ambientada no momento em que as notícias da vitória francesa chegam a Roma. Para os republicanos romanos, era o início de uma nova era, uma derrota das forças obscurantistas austríacas e papais, o primeiro passo da libertação definitiva e revolucionária da Itália. O papa Pio VII, beneditino eleito pouco antes, temia sofrer a sorte do antecessor, exilado na França e sem poder temporal. Não desconfiava Pio VII que seria exatamente ele, que tanto combatera Napoleão, o pontífice a abençoar a coroação de Napoleão Bonaparte em Paris, apenas 4 anos depois de Marengo. No clima pós-Marengo, entre o colapso da República Romana e a possibilidade de restaurar os ideais republicanos na Cidade Eterna, entende-se a tensão política entre o velho e o novo contida na ópera. Dois polos travavam uma luta de morte, pois sabiam que o projeto político de cada um não tolerava diálogo com o outro. No meio do fogo cruzado da política e da utopia, emerge o anelo romântico de Tosca de ‘Vissi d’arte, vissi d’amore’. Fechar os olhos ao século e viver só da recôndita harmonia musical não era possível, ao menos em 1800. A vaga revo-
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lucionária destruiria a possibilidade da arte pela arte, mas esta utopia resistiria tão bravamente quanto as paredes do castelo de Sant’Angelo.
Avancemos até 1900: Giacomo Puccini vive numa Itália toma-
Quando Puccini imaginava
da por atentados anarquistas e agitação política. Ele começa
a vida de Tosca: 1900
sua trama da Tosca com um fugitivo que se refugia na basílica de Sant’Andrea della Valle. Como é comum na construção da memória histórica, um autor de um período agitado, Puccini, imagina outro momento de tumulto, o mundo da República Bonapartista em choque com os velhos poderes da península. Neste jogo de espelhos, 1800 é uma metáfora de 1900, bem como um exorcismo. A ópera estreou quase ao mesmo tempo da morte de Giuseppe Verdi. Verdi encerrava uma era que havia visto surgir a Itália como Estado. Puccini amadurecia num país que não era, exatamente, o que o Risorgimento desejara. A glória do Império Romano e do Papado não tinha criado uma potência europeia; a unidade italiana não iniciara uma era de glória e poder. 1900 era um momento político de agitação social e das ideias. Dois anos antes da estreia da Tosca, o anarquista italiano Luigi Lucheni havia assassinado Elizabeth da Baviera, a popular imperatriz Sissi, em Genebra. A Tosca estreou no inverno de 1900. No verão do mesmo ano, outro anarquista, Gaetano Bresci, assassinou o rei da Itália, Umberto I. Em 1901, outro anarquista, Leon Czolgosz, matou o presidente dos Estados Unidos, William McKinley. Em 1908, o rei de Portugal e seu herdeiro direto teriam o mesmo fim. A virada do século 19 para o 20 parecia violenta e perigosa. Época de mortes políticas, mas também de mortes naturais, como a de Friedrich Nietzsche e de Oscar Wilde. O século 19 adoecia, era exilado, enlouquecia ou era assassinado, no entanto seu epitáfio teria de esperar outro assassinato, em Saraievo, em 1914.
Napole達o Bonaparte na Ponte de Arcole, Antoine-Jean Gros (1801)
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Não havia sentimento unificado europeu sobre o ano de 1900. Para os franceses, foi o ano da Exposição Universal de Paris, que atraiu mais de 50 milhões de encantados visitantes pasmos diante das belezas do futuro. O ano da estreia da Tosca inaugurava também a Art Nouveau, que seduziria uma geração inteira com suas volutas e motivos florais. Ser atualizado era possuir os caros objetos elaborados por Lalique ou Gallé. Morar bem seria habitar um projeto de Gaudi, em Barcelona. Para os ingleses, era o ano difícil da Guerra dos Böers na África do Sul, que tantas vidas consumia. Também era o fim da era vitoriana, já que a veneranda rainha-viúva, que marcara o zênite do poder britânico, estava próxima da morte. Para os italianos, além do impacto do crime contra Umberto I, tratava-se de pagar o custo do Risorgimento. O Sul, mais pobre, espalhava imigrantes pelo mundo. O Norte, industrializado, vivia agitações sindicais e anarquistas. Havia ainda uma Itália ‘irredenta’, não redimida, ou seja, não integrada ao Estado que tinha sido inaugurado por Vittorio Emanuele II. Quatro anos antes, em 1896, a Itália teve de tolerar uma humilhação mundial. Na época em que todas as potências imperiais conseguiam enormes conquistas na África e na Ásia, parecia ser um destino natural para os europeus impor sua ‘superioridade’ aos colonos. A minúscula Bélgica havia conquistado o vasto Congo. A Holanda pilhava a Indonésia. França e Inglaterra dividiam milhões de quilômetros quadrados pelo mundo. O reino da Itália não queria ficar atrás e atacou uma das raras áreas ainda livres da África: a Etiópia. Na batalha de Adwa, a 1º de março de 1896, as tropas peninsulares foram derrotadas pelo exército etíope. Um imperador negro, Menelik, derrotara o Reino Italiano. A Itália virava motivo de chacota em toda Europa. O orgulhoso descendente etíope da rainha de Sabá e do rei Salomão tinha conseguido sobrepujar o país que se considerava herdeiro do Império Romano.
Além da humilhação africana, a católica Itália tinha um problema interno desde 1870. Os papas continuavam reclusos em Roma, rompidos com o governo italiano em protesto contra a anexação dos estados pontifícios. Em 1900, autodeclarado ‘prisioneiro do Vaticano’, o nonagenário Leão XIII era um obstáculo à paz política italiana, como fora seu antecessor Pio IX. Seria necessário esperar até Mussolini, em 1929, para que a ‘questão romana’ se encerrasse e a Igreja católica voltasse a abençoar os poderes terrenos da Itália Fascista. Era na música, especificamente na ópera, que a Itália ainda era grande. Fora na Itália que as notas musicais ganharam seu nome. Era italiana a nomenclatura da música, já com contestações de alemães e franceses nacionalistas, que substituíam palavras como ‘presto’ por ‘Schnell’ e ‘rapide’. A ousadia transalpina não se tornaria mundial: era em italiano que a música continuaria a correr o planeta. A ópera era popular e as árias seguiam cantadas por pessoas comuns nas ruas. Contou-me um amigo que seu pai, amante da ópera, assistia a uma cena da Tosca no mítico Alla Scala de Milão. Duas senhoras, com roupas despojadas, assistiam à ópera, tricotando (sim, tricotando, no sentido fático do verbo). Diante das maldades nefandas de Scarpia com a indefesa Tosca, uma das italianas teria interrompido o trabalho manual e exclamado: ‘Maledetto’. Esta narrativa ilustraria o caráter popular da ópera na Itália. ‘Se non è vero, è ben trovato’. A indústria italiana não dominava o mercado mundial. O Exército italiano não amealhara tantas colônias como os anelos nacionalistas suspiravam. Porém, a península em forma de bota ainda atraía o encanto de viajantes e de leitores. E sim, a música, a sublime música, ainda fazia da Itália uma referência mundial. A Itália não ‘maquinofaturava’ nem ‘marchava’ como ocorria no mundo além dos Alpes, mas cantava, e muito. Carmen sapateava com fúria em francês. Brünhild poderia galopar em alemão. Mas era em italiano que o Bel
Canto seduzia a maioria do mundo ocidental. Em Nova York ou São Paulo, em Buenos Aires ou Lisboa, era mais provável ouvir alguém cantando ‘Va, pensiero, sull’ali dorate’ com a suave melancolia da saudade exilada do que a cadência áspera e metálica de ‘Nothung! Nothung! Neidliches Schwert!’. Como viver num mundo venal? Como existir em meio ao declínio? Como capturar o êxito que foge a cada instante, como areia entre dedos? Como trazer uma glória do passado para o atribulado presente? Como ser italiano em 1800, em 1900 ou 2014, e de cabeça erguida? Parte da resposta está em Puccini. O poder do papa sobre metade da Itália não existe mais. Napoleão, o gênio de Marengo, morreu preso no exílio. A estátua parisiense do general Desaix, morto em batalha, foi derrubada pela Restauração. A cidade que tomou seu nome na Argélia chama-se hoje Nador. O tempo acabou varrendo a Restauração dos Bourbons. Morreram os revolucionários italianos e também os reacionários. Tudo foi transformado na cidade de Roma. Na tessitura de Cronos, a carne humana é erva do campo. Mas, sobre o Castelo de Sant’Angelo, ainda brilham as estrelas cintilantes da melodia de Puccini: 'E lucevan le stele'. Resta isto, sempre: o céu eterno e a música que a ele alça. Nada mais é necessário. A arte não floresceu em vasos de alabastro, mas nos vãos das barricadas. Neste local insólito, a arte longa se impõe à vida breve. A música é imortal.
A Exuberância do Sensacionalismo: Puccini, o neo-realista Arthur Dapieve
Apesar de ocupar lugar cativo no repertório das principais casas de ópera do mundo há mais de cem anos, ainda não é comum Giacomo Puccini ser levado a sério pelos especialistas. Entre eles, o compositor de La bohème, Tosca e Madama Butterfly tende a ser considerado um vulgarizador da arte de Giuseppe Verdi, uma fotocópia com pouca tinta de seu refinamento psicológico e de sua sofisticação melódica, o último suspiro da grande ópera italiana, quando não coisa pior: um manipulador dos instintos mais primitivos da patuleia. Puccini se ofereceria facilmente ao público e, passado o impacto inicial de seus truques, não sobraria muito para a história da ópera. Uma das exceções a essa tendência é o musicólogo americano Richard Taruskin. Embora os cinco ou seis – depende da edição – alentados volumes de The Oxford History Arthur Dapieve é jornalista,
of Western Music (2005) dediquem a Puccini não mais que
crítico musical e colunista
11 páginas, quatro delas tomadas por trechos das partituras
do jornal O Globo
de Madama Butterfly, os termos usados lhe são elogiosos.
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Taruskin apresenta Puccini como a primeira vítima importante do cisma que marcaria a história da música no século 20: entre os compositores ‘de repertório’ (de grande apelo popular, mas pequeno prestígio crítico) e os compositores ‘do cânone’ (de pequeno se não nulo apelo popular, mas de enorme prestígio crítico). Taruskin ressalta, inclusive, que livros como The Oxford History of Western Music raramente se ocupam de Puccini. Por quê? “Puccini escreveu para o repertório (para ‘as necessidades do ouvinte contemporâneo’) assim como fez a maioria dos compositores materialmente bem-sucedidos – ou seja, populares – do século”, escreve. Em outras palavras, tiradas do campo da música pop, Puccini era um hit maker nato. Tanto na capacidade de criar melodias memoráveis a partir de uma única audição – pensemos em Nessun dorma, de Turandot, ou E lucevan le stelle, de Tosca – quanto na capacidade de divisar dramas que funcionassem junto ao grande público. Atrás de boas histórias para deixar ao cuidado de seus libretistas, Puccini ia aos teatros assistir a peças até mesmo em idiomas que não dominava. Meio a sério, meio de brincadeira, ele certa vez afirmou que, se conseguia acompanhar a trama sem entender o que se dizia no palco, ela provavelmente funcionaria também se transformada numa ópera (na qual a maior parte das plateias não domina o idioma falado e cantado). A grande sacada de Taruskin sobre Puccini ocorre no finalzinho das 11 páginas a ele dedicadas no terceiro volume da edição de 2010 de The Oxford History of Western Music. O musicólogo registra que Turandot – deixada pela morte do compositor sem o dueto final, finalizado por Franco Alfano – foi a última ópera italiana a entrar no repertório internacional. As poucas peças posteriores a cair no gosto popular foram escritas por compositores de outras nacionalidades (‘até americanos’, ironiza). Isso se deu, segundo Taruskin, não porque Puccini tenha matado a ópera italiana com suas melodias grudentas e suas histórias apelativas, mas porque a primeira
apresentação de Turandot, no Scala de Milão, a 25 de abril de 1926, tenha praticamente coincidido com o surgimento do cinema falado, “apenas três anos depois”. Aqui, Taruskin se equivoca, em prejuízo de sua própria tese: O cantor de jazz, de Alan Crosland, foi lançado em 6 de outubro de 1927, ou seja, pouco mais de um ano depois daquela estreia no Scala. É provável que o musicólogo tenha se confundido com a data da morte de Puccini, ocorrida três anos antes, a 29 de novembro de 1924, aos 65 anos de idade. Não importa. A sacada de Taruskin não se dá ao perceber que no século 20 a ópera viria a ser substituída, como “fonte primária de espetáculos de entretenimento popular”, pelo cinema. Esse raciocínio é comum a outros estudiosos. A grande sacada se dá quando Taruskin vê como herdeiros de Puccini os diretores neorrealistas Roberto Rossellini, Vittorio de Sica e (o primeiro) Federico Fellini. Essa escola cinematográfica só pode ser vista como herdeira de determinado ramo da arte local, o do verismo, espécie de naturalismo à italiana, liderado pelo escritor siciliano Giovanni Verga (1840-1922). É dele, aliás, o conto Cavalleria rusticana, base da ópera de Pietro Mascagni, quase sempre apresentada em programa duplo com I Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, no famoso “Cav & Pag”. Nas duas obras, personagens das classes trabalhadoras – uma reação aos clichês consagrados na tradição romântica – cometem crimes passionais em ambientes sórdidos que buscam retratar as desigualdades sociais. Apesar de a única obra realmente verista de Puccini ser Il Tabarro, primeira parte do tríptico de óperas em apenas um ato, junto com Suor Angelica e Gianni Schicchi, Tosca também traz traços dessa escola. Os protagonistas importados de uma peça muito mais longa do francês Victorien Sardou – reduzida ao essencial pelos libretistas Luigi Illica e Giuseppe Giacosa – decerto não podem ser comparados a artistas de circo ou marinheiros comuns. São Floria Tosca, uma soprano famosa; Mario Cavaradossi, seu amante pintor;
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e o barão Vitellio Scarpia, chefe de polícia. Nem o cenário é deliberadamente banal, como nas obras veristas ‘de raiz’. O trágico triângulo amoroso de Tosca tem, como pano de fundo, ou melhor, tem quase como coprotagonista a grande História: a trama se concentra no período de tempo de um dia para outro, logo após a Batalha de Marengo, ocorrida em 14 de junho de 1800. Napoleão a ganhou, mas a primeira notícia que chega à Roma da ópera é a de que Napoleão a perdeu. Esse mal-entendido permite a Puccini escrever uma das mais gloriosas cenas de toda a sua carreira: o perverso Scarpia canta sua tara por Tosca na igreja onde um Te Deum celebra a suposta derrota do belzebu francês. Entrelaçam-se numa melodia poderosa a voz do barítono, o coro da igreja, os sinos, os tiros de canhão que alertam para a fuga do preso político Cesare Angelotti, fuga que põe a trama em movimento. Quando termina Tre sbirri, una carrozza, a ária de Scarpia, cai o pano do primeiro ato, e a plateia está sem fôlego, de joelhos. Precisamente como Puccini projetou. Mesmo em suas óperas mais ‘exóticas’, como Madama Butterfly e Turandot, Puccini esteve atento a alguma verossimilhança: estudou música chinesa e japonesa, incorporando-as às passagens interpretadas pela gueixa infeliz e pela ‘princesa de gelo’. Em Tosca, além dos detalhes históricos e arquitetônicos (a igreja de Sant’Andrea della Valle, embora nela não exista a Capela Attavanti pintada por Cavaradossi, e o Castel Sant’Angelo, onde o pintor será executado e de onde Tosca pulará para a morte), o compositor pediu a um amigo romano que anotasse a tonalidade dos sinos matinais nas redondezas da prisão, que são reproduzidos no prelúdio ao terceiro ato. Em certos aspectos, Puccini talvez se assemelhe menos a um cineasta neorrealista do que ao repórter de um jornal popular. Como nenhum outro compositor, ele tem o faro para histórias ‘sensacionalistas’, a habilidade para ‘apurar’ os seus detalhes e o gênio – palavra que lhe é frequentemente
negada pelos musicólogos atrelados ao cânone mencionado por Taruskin – de condensá-la em poucas linhas. Não é preciso muito esforço para imaginar a manchete ‘Cantora mata policial que mandou executar seu amante’ pendurada numa banca de jornal. Tosca, a ópera, é ao mesmo tempo brutal, o que a aproxima do verismo, e altamente sentimental, o que a aproxima do romantismo. É irresistível sua mistura deliberada de ciúme, perversão, perfídia e mortes – há três à vista, o assassinato de Scarpia, a execução de Cavaradossi e o suicídio de Tosca, mais uma apenas comunicada em cena, o suicídio por envenenamento de Angelotti. Se, no final das contas, Puccini fosse um cineasta talvez fizesse filmes noir. Ao menos em Tosca e Il tabarro, a suspensão da descrença essencial à ópera é usada com parcimônia, a conta-gotas. Naturalmente, tal talento do compositor para o drama (ele dizia que Deus lhe concedera o dom de escrever para teatro, nada além) de pouco serviria, em se tratando de ópera, se viesse desacompanhado do talento para galvanizá-lo com efeitos musicais de uma beleza atordoante, tanto numa recorrência de temas atenta a Wagner quanto na produção de peças isoladas típicas da escola italiana. Em Tosca, além de Scarpia em Tre sbirri, una carrozza, como era de se esperar têm oportunidade de brilhar os intérpretes dos outros protagonistas: a cantora cujo ciúme joga Cavaradossi e Angelotti nas mãos do chefe de polícia ganha de Puccini Vissi d’arte; e o pintor simpatizante do Napoleão pré-imperial ganha E lucevan le stelle. É curioso saber que o compositor, qual um jornalista obcecado pela concisão e fluidez das narrativas, chegou a se arrepender de ter composto a bela Vissi d’arte, que segundo ele, cortaria a energia vinda da tortura de Cavaradossi (encenada fora das vistas do público, mas mesmo assim bastante forte). Em relação à ária de despedida da amante e da vida que o pintor canta quando amanhece em Roma, e ele espera pela execução no Castelo de Sant’Angelo, comentaristas já
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a acusaram de ser ‘psicologicamente inconsistente’ ou coisa que o valha. As plateias que se enternecem com E lucevan le stelle durante as apresentações de Tosca ou durante recitais para tenor onde ela é uma peça de resistência não poderiam se importar menos. O que escutam no clarinete é a melodia lindamente patética – patética na acepção dicionarizada de “provocar comoção emocional, produzindo um sentimento de piedade (...) tristeza ou terror” – e na voz, uma nostalgia antecipada com a qual é fácil se identificar. A registrar que a peça guarda semelhanças musicais e emocionais com outra célebre ‘ária de despedida’, a do poeta Lensky, cantada logo antes do duelo com o personagem-título de Eugene Oneguin (1879), de Tchaikovsky. Outro compositor, por sinal, que volta e meia ainda é acusado de usar golpes baixos para seduzir o ouvinte. Bem, se assim é, Puccini não poderia estar em melhor companhia.
Quatro perguntas para o diretor cênico Marco Gandini
Nesta montagem de Tosca,
Desloco a história para a década de setenta, mas não há
você desloca o enredo de
qualquer relação com o neorrealismo cinematográfico; sigo
1800 para a década de
um caminho bem diferente. Minha montagem trabalha com
setenta do século 20. Um
os elementos realistas de Puccini. Enfatizo a verdade de
dos textos que compõem
gestos e expressão de origem verdadeiramente teatral. Não
este programa associa
pretendo retratar a realidade de maneira fiel, mas por meio
o verismo de Puccini
do teatro simbólico, da representação.
ao cinema neorrealista italiano. Na sua montagem há essa associação?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42
Há diversos paralelos. Em Tosca, a relação entre a Igreja e o
Qual é a relação que você
Poder é muito clara; na década de setenta, esse tema entrou
percebe e explora entre
na pauta pela primeira vez e foi escancarado. Em ambos os
os cenários políticos da
momentos, havia uma agitação revolucionária. Especialmente
Roma de 1800 e da Itália
na década de 70, jovens revolucionários questionaram pa-
da década de 1970?
drões da política, dos costumes e das artes. Uma outra relação possível é que esses dois momentos marcam o fim de uma época. Nos anos setenta, as artes ainda tinham um papel proeminente, eram valorizadas e prestigiadas. Os diversos integrantes da sociedade se interessavam pela arte, um tanto diferente do que acontece hoje. Foi um último momento de um mundo elegante, segundo creio. Minha intenção ao trazer a história para esta década foi deixá-la mais clara, mais tangível para o público.
As questões simbólicas passam pelas dimensões do espaço
E como estes elementos
cênico: a prisão é mais caracterizada como tal por suas dimen-
dialogam da montagem?
sões, bem como a igreja. Trabalho também as relações entre Igreja e Poder e Vida e Morte, não só como dois polos, mas também como a vida que vai se desfazendo; a decadência.
Vejo nesta ópera uma violência das paixões: grandes amo-
Tosca é uma ópera
res e desejos que se manifestam em atitudes apaixonadas
cujos conflitos levam
e extremas. A violência física acaba sendo resultado disso e
a desfechos violentos.
algo secundário. A cena do interrogatório de Tosca e Cava-
Como você abordou esse
radossi mostra essa dinâmica das paixões, pois Scapia está
tema na sua direção?
tentando seduzi-la, conquistá-la, está dando vazão à sua paixão; Cavaradossi sofre um interrogatório policial padrão. Essas tensões sentimentais e psicológicas são muito maiores e mais intensas que qualquer elemento de violência física possivelmente existente na obra.
Gravações de referência
CDs
Regência Victor de Sabata
Spoletta Angelo Mercuriali
Floria Tosca Maria Callas
Orquestra e Coro do Scala de Milão
Mario Cavaradossi Giuseppe di
Warner Classics
Stefano Scarpia Tito Gobbi Cesare Angelotti Franco Calabre Sacristão Melchiorre Luise
Regência Zubin Metha
New Philharmonia Orchestra
Floria Tosca Leontyne Price
RCA/Sony
Mario Cavaradossi Plácido Domingo Scarpia Sherrill Milnes Cesare Angelotti Clifford Grant Sacristão Paul Plishka Spoletta Francis Egerton
Regência Colin Davis
Orquestra e Coro da Royal Opera
Floria Tosca Montserrat Caballé
House
Mario Cavaradossi José Carreras
Decca
Scarpia Ingvar Wixell Cesare Angelotti Samuel Ramey Sacristão Domenico Trimarchi Spoletta Piero de Palma
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44
DVD
Regência Antonio Pappano
Orquestra e Coro da Royal Opera
Direção Cênica Jonathan Kent
House
Floria Tosca Angela Gheorghiu
EMI
Mario Cavaradossi Jonas Kaufmann Scarpia Bryn Terfel Cesare Angelotti Lukas Jakobski Sacristão Jeremy White Spoletta Hubert Francis
Blu-Ray
Regência Daniel Oren
Arena di Verona
Direção Cênica Hugo de Ana
Arthaus Musik
Floria Tosca Fiorenza Cedolins Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez Scarpia Ruggero Raimondi Cesare Angelotti Marco Spotti Sacristão Fabio Previati Spoletta Enrico Facini
LIBRETO TOSCA
Personagens Personaggi
Floria TOSCA célebre cantora
Floria TOSCA nota cantante -
de ópera - soprano
soprano
Mário CAVARADOSSI pintor e
Mario CAVARADOSSI pittore ed
amante de Floria Tosca - tenor
amante di Floria Tosca - tenore
O Barão SCARPIA chefe da
Il barone SCARPIA capo della
polícia de Roma - barítono
polizia - barítono
Cesare ANGELOTTI prisioneiro
Cesare ANGELOTTI prigioniero
político - barítono
politico evaso - basso
SPOLETTA um agente da polícia -
SPOLETTA un agente di polizia -
tenor
tenore
SCIARRONE um outro agente da
SCIARRONE un altro agente -
polícia) - baixo
basso
Um SACRISTÃO - baixo
Il SAGRESTANO - basso
Um CARCEREIRO - baixo
Un CARCERIERE - basso
Um PASTOR - sopranino ou
Un PASTORE - voce bianca
menino-cantor
Primeiro Ato
[Na Igreja de Santo André.
[La chiesa di Sant'Andrea della Valle.
Atto Primo
À direita está a capela dos Attavanti.
A destra la cappella Attavanti. A
Scena Prima
À esquerda, um andaime; sobre ele,
sinistra un impalcato; su di esso um
um grande quadro coberto com um
gran quadro coperto da tela. Attrezzi
pano. Várias ferramentas de pintor.
vari da pittore.
Um cesto.]
Un paniere.]
Primeira Cena
Angelotti
[Vestido de prisioneiro, ferido,
[Vestito da prigioniero, lacero, sfatto,
abatido, tremendo de medo, entra
tremante dalla paura, entra ansante,
ofegante, quase correndo pela porta
quase correndo, dalla porta laterale.
lateral. Olha rapidamente em volta]
Dà una rapida occhiata intorno]
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Ah... finalmente!...
Ah!... Finalmente!...
Em meio ao terror, privado de razão,
Nel terror mio stolto vedea ceffi di
enxergava guardas em todos os rostos.
sbirro in ogni volto!
[Olha novamente em volta. Mais
[Torna a guardare attentamente intorno
calmo, faz o reconhecimento do
a sé con più calma a riconoscere
local. Ao ver a coluna com a pia de
il luogo. Dà un sospiro di sollievo
água benta e a imagem da santa,
vedendo la colonna con la pila
suspira aliviado]
dell'acqua santa e la madonna]
A pia... a coluna...
La pila... la colonna...
“Aos pés da Virgem Santa”,
“a piè della madonna”
escreveu-me a minha irmã...
mi scrisse mia sorella...
[Aproxima-se, procura ao pé da
[Vi si avvicina, cerca ai piedi della
santa e, sufocando o grito de alegria,
madonna e ne ritira, con un soffocato
encontra uma chave]
grido di gioia, una chiave]
Aqui está a chave!... E ali… a capela!
Ecco la chiave!... ed ecco la cappella!...
[Indica a capela Attavanti, coloca a
[Addita la cappella Attavanti,
chave na fechadura com ânsia, abre
febbrilmente introduce la chiave nella
a grade, entra na capela, fecha-a... e
serratura, apre la cancellata, penetra
desaparece]
nella cappella, richiude... e scompare]
[Aparece vindo do fundo: vai da
[Appare dal fondo: va da destra a
Segunda Cena Scena Seconda
Sacristão Sagrestano
direita à esquerda, organizando a
sinistra, accudendo al governo della
igreja. Nas mãos, vários pincéis]
chiesa: avrà in mano un mazzo di pennelli]
Sempre lavando!...
E sempre lava!...
Estes pincéis estão mais encardidos
Ogni pennello è sozzo peggio d'un
que o colarinho de um coroinha.
collarin d'uno scagnozzo.
Senhor pintor?... Ei!...
Signor pittore... Toh!...
[Olha em direção ao andaime onde
[Guarda verso l'impalcato dove sta il
está o quadro e, constatando que
quadro, e vedendolo deserto, esclama
não há ninguém, exclama, surpreso]
sorpreso]
Ninguém!
Nessuno!
Poderia jurar que o senhor
Avrei giurato che fosse ritornato il
Cavaradossi já havia voltado.
cavalier Cavaradossi.
[Apoia os pincéis, sobe no andaime,
[Depone i pennelli, sale
olha dentro do cesto e diz]
sull'impalcato, guarda dentro il
Não… me enganei…
paniere, e disse]
O cesto permanece intocado.
No, sbaglio.
[Desce do andaime. Soam os sinos.
Il paniere è intatto.
O sacristão se ajoelha e reza baixo]
[Scende dall'impalcato. Suona
“O anjo do Senhor anunciou a Maria
l'angelus. Il sagrestano si
e ela concebeu do Espírito Santo...
inginocchia e prega sommesso]
Eis aqui a serva do Senhor...
Angelus Domini nuntiavit Mariae,
faça-se em mim segundo a Vossa
et concepit de Spiritu Sancto.
palavra...
Ecce ancilla Domini,
E o Verbo encarnou-se
fiat mihi secundum verbum tuum.
e habitou entre nós...”
Et Verbum caro factum est, et habitavit in nobis.
Terceira Cena Scena Terza
Cavaradossi
Sacristão Sagrestano
[Da porta lateral, olhando o
[Dalla porta laterale, vedendo il
sacristão ajoelhado]
Sagrestano in ginocchio]
Que estás fazendo?
Che fai?
[Levantando-se]
[Alzandosi]
Rezando o Angelus.
Recito l'Angelus.
[Cavaradossi sobe no andaime e
[Cavaradossi sale sull'impalcato
descobre o quadro. É uma Maria
e scopre il quadro. È una Maria
Madalena com grandes olhos azuis
Maddalena a grandi occhi azzurri
e longos cabelos dourados. O pintor
con una gran pioggia di capelli
permanece em frente ao quadro,
dorati. Il pittore vi sta dinanzi muto
mudo, observando atentamente.]
attentamente osservando]
[O sacristão, virando-se em
[Il Sagrestano, volgendosi verso
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direção a Cavaradossi para dizer-
Cavaradossi per dirigergli la parola,
lhe algumas palavras, vê o quadro
vede il quadro scoperto e dà in un
descoberto e solta um grito de
grido dimeraviglia]
surpresa]
Sante ampolle! Il suo ritratto!
Santo Deus! O retrato dela!…
Cavaradossi
Sacristão Sagrestano
[Virando-se para o sacristão]
[Volgendosi al Sagrestano]
De quem?
Di chi?
Daquela desconhecida que, há
Di quell'ignota che i dì passati a
alguns dias,
pregar qui venìa...
vinha rezar aqui...
Cavaradossi
[Com atitude sarcástica, indicando
[Con untuosa attitudine accennando
em direção à santa onde Angelotti
verso la madonna dalla quale
encontrou a chave]
Angelotti trasse la chiave]
Tão devota e piedosa!
Tutta devota e pia.
[Sorrindo]
[Sorridendo]
É verdade.
È vero.
E sua prece era tão fervorosa…
E tanto ell'era infervorata nella sua
que pintei, sem que ela me visse,
preghiera
seu belo semblante.
ch'io ne pinsi, non visto, il bel sembiante.
Sacristão Sagrestano
Cavaradossi
[Escandalizado]
[Scandalizzato]
(Fora, Satanás! Fora!)
(Fuori, Satana, fuori!)
[Ao sacristão]
[Al Sagrestano]
Dá-me as tintas!
Dammi i colori!
[O sacristão as entrega a ele.
[Il Sagrestano eseguisce.
Cavaradossi pinta com rapidez e
Cavaradossi dipinge con rapidità
faz pausas constantes olhando o
e si sofferma spesso a riguardare il
próprio trabalho: o sacristão anda
proprio lavoro: il Sagrestano va e
de um lado a outro, carregando um
viene, portando una catinella entro
Cavaradossi
Sacristão Sagrestano
balde, dentro do qual continua a
la quale continua a lavare i pennelli]
lavar os pincéis]
[A un tratto Cavaradossi si ristà
[De repente Cavaradossi para de
di dipingere; leva di tasca un
pintar, tira do bolso uma medalha
medaglione contenente una
com um desenho e seu olhar se
miniatura e gli occhi suoi vanno dal
reveza entre a medalha e o quadro]
medaglione al quadro]
Harmonia secreta...
Recondita armonia
de belezas diversas!
di bellezze diverse!...
Morena é Floria, minha ardente
è bruna Floria, l'ardente amante
amante...
mia...
[Em voz baixa, como se estivesse
[A mezza voce, come brontolando]
resmungando]
(Scherza coi fanti e lascia stare i
(Diverte-te com jogos e deixa os
santi!)
santos em paz!)
Cavaradossi
Sacristão Sagrestano
Cavaradossi
[Afasta-se para trocar a água para
[S'allontana per prendere l'acqua
limpar os pincéis]
onde pulire i pennelli]
E tu, beleza desconhecida,
E te, beltade ignota,
coroada de cabelos dourados.
cinta di chiome bionde!
Tens os olhos azuis…
Tu azzurro hai l'occhio,
e Tosca, olhos negros!
Tosca ha l'occhio nero!
[Voltando do fundo sempre
[Ritornando dal fondo e sempre
escandalizado]
scandalizzato]
(Diverte-te com jogos e deixa os
(Scherza coi fanti e lascia stare i
santos em paz!)
santi!)
[Torna a lavar os pincéis]
[Riprende a lavare i pennelli]
A arte, em seu mistério,
L'arte nel suo mistero
as várias belezas mistura,
le diverse bellezze insiem confonde;
confundindo-as!
ma nel ritrar costei
Mas ao pintar o retrato dela...
il mio solo pensier, Tosca, sei tu!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52
Meu único pensamento é em ti, Tosca!
[Continua a dipingere]
[Continua a pintar]
Sacristão Sagrestano
Essa variedade feminina competindo
Queste diverse gonne che fanno
com a Virgem Santa exala odor de
concorrenza alle madonne mandan
inferno.
tanfo d'inferno.
[Enxuga os pincéis limpos, sem parar
[Asciuga i pennelli lavati, non senza
de resmungar]
continuare a borbottare]
Diverte-te com jogos e deixa os santos
Scherza coi fanti e lascia stare i santi!
em paz!
Ma con quei cani di volterriani
Com esses ateus seguidores de
nemici del santissimo governo
Voltaire,
non s'ha da metter voce!...
inimigos do Sacro Governo…
[Pone la catinella sotto l'impalcato
não adianta discutir!
ed i pennelli li colloca in un vaso,
[Coloca o balde embaixo do andaime
presso al pittore]
e os pincéis em um vaso, perto do
Scherza coi fanti e lascia stare i santi!
pintor]
[Accennando a Cavaradossi]
Diverte-te com jogos e deixa os santos
Già sono impenitenti tutti quanti!
em paz!
Facciam piuttosto il segno della
[Acenando para Cavaradossi]
croce.
São todos uns pecadores!...
[Eseguisce]
Façamos depressa o sinal da cruz. [Continua]
[A Cavaradossi]
[A Cavaradossi]
Excelência, posso ir?
Eccellenza, vado?
Como quiseres!
Fa' il tuo piacere!
[Continua a pintar]
[Continua a dipingere]
Sacristão
[Apontando para a cesta]
[Indicando il cesto]
Sagrestano
A cesta ainda está cheia...
Pieno è il paniere...
Estás fazendo penitência?
Fa penitenza?
Cavaradossi
Cavaradossi
Sacristão Sagrestano
Sacristão Sagrestano
Cavaradossi
Sacristão Sagrestano
Não tenho fome.
Fame non ho.
[Com ironia]
[Con ironia]
Ah!… Que pena!...
Ah!... Mi rincresce!...
[não controla o gesto de alegria e
[Ma non può trattenere un gesto di
um olhar de desejo em direção à
gioia e uno sguardo di avidità verso il
cesta, pegando-a e dispondo da
cesto che
outra parte]
prende ponendolo un po' in disparte]
[Percebe cheiro de cigarro]
[Fiuta due prese di tabacco]
Atenção, quando sair, feche a porta.
Badi, quand'esce chiuda.
[Pintando]
[Dipingendo]
Vai!
Va'!...
Vou!
Vo!
[Afasta-se em direção ao fundo]
[S'allontana per il fondo]
[De costas para a capela,
[Cavaradossi, volgendo le spalle alla
Cavaradossi continua a trabalhar.
cappella, lavora.
Angelotti, pensando que todos
Angelotti, credendo deserta la chiesa,
haviam saído, aparece atrás da
appare dietro la cancellata e introduce
grade e coloca a chave para abri-la.]
la chiave per aprire]
[Ao ouvir o rumor da fechadura,
[Al cigolio della serratura si volta]
vira-se]
Gente là dentro!!...
Tem gente lá dentro!...
[Al movimento fatto da Cavaradossi,
[Angelotti se assusta com o
Angelotti, atterrito, si arresta come per
movimento de Cavaradossi e para,
rifugiarsi ancora nella cappella ma
querendo esconder-se de novo na
alzati gli occhi, un grido di gioia, che
capela. Ao levantar os olhos, porém,
egli soffoca tosto timoroso, erompe dal
Quarta Cena Scena quarta
Cavaradossi
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Tosca
ainda temeroso, um grito de alegria
suo petto.
ecoa de sua boca. Reconhecendo o
Egli ha riconosciuto il pittore e gli
pintor, estende-lhe os braços como
stende le braccia come ad un aiuto
um pedido de socorro]
insperato]
Tu?... Cavaradossi...
Voi? Cavaradossi!
Foi Deus quem te mandou!
Vi manda iddio!
[Cavaradossi não reconhece Angelotti
[Cavaradossi non riconosce Angelotti
e continua no andaime, assustado]
e rimane attonito sull'impalcato]
[Angelotti aproxima-se para que o
[Angelotti si avvicina di più onde farsi
reconheça]
riconoscere]
Não me reconheces?
Non mi ravvisate?
[Com tristeza]
[con tristezza]
Então a prisão mudou muito minha
Il carcere m'ha dunque assai
aparência!…
mutato!
[Reconhecendo-o, apoia rapidamente
[Riconoscendolo, depone rapido
a aquarela e os pincéis e desce do
tavolozza e pennelli e scende
andaime, indo em direção a Angelotti,
dall'impalcato verso Angelotti,
olhando cauteloso em volta]
guardandosi cauto intorno]
Angelotti…
Angelotti!
Cônsul da destituída República
Il console della spenta repubblica
Romana!
romana!
[Corre para fechar a porta à direita]
[Corre a chiudere la porta a destra]
[Indo ao encontro de Cavaradossi]
[Andando incontro a Cavaradossi]
Acabo de fugir do Castelo de
Fuggii pur ora da castel
Sant’Angelo!…
Sant'Angelo!...
[Com generosidade]
[generosamente]
Conta comigo!
Disponete di me!
[De fora]
[Da fuori]
Mário!
Mario!
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
[Ao escutar a voz de Tosca,
[Alla voce di Tosca, Cavaradossi fa
Cavaradossi acena para que
un rapido cenno ad Angelotti di
Angelotti se cale]
tacere]
Esconde-te!…
Celatevi!
É uma mulher ciumenta...
È una donna... gelosa.
Alguns instantes e a mando embora.
Un breve istante e la rimando.
Mário!
Mario!
[Em direção à porta, de onde vem a
[Verso la porta da dove viene la voce
voz de Tosca]
di Tosca]
Estou aqui!
Eccomi!
[Acometido de grande fraqueza, se
[Colto da un accesso di debolezza
apoia no andaime, dolorido, e diz]
si appoggia all'impalcato e dice
Não tenho mais forças, não aguento
dolorosamente]
mais…
Sono stremo di forze, più non reggo...
[Sobe rapidamente no andaime,
[Rapidissimo, sale sull'impalcato,
desce com o cesto e o entrega a
ne discende col paniere e lo dà ad
Angelotti]
Angelotti]
Nesta cesta há comida e vinho!
In questo panier v'è cibo e vino!
Obrigado!
Grazie!
[Encorajando Angelotti, empurra-o
[Incoraggiando Angelotti, lo spinge
para a capela]
verso la cappella]
Depressa!
Presto!
[Angelotti entra na capela]
[Angelotti entra nella cappella]
Mário!... Mário!... Mário!
Mario! Mario! Mario!
Quinta Cena Scena quinta
Tosca
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56
Cavaradossi
[Fingindo estar calmo, abre a porta para
[Fingendosi calmo apre a Tosca]
Tosca]
Son qui!
Estou aqui!
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
[Entra com um pouco de violência,
[Entra con una specie di violenza,
afastando Mário, que se dirigia para
allontana bruscamente Mario
abraçá-la. Olha em volta, suspeitando
che vuole abbracciarla e guarda
de algo]
sospettosa intorno a sé]
Por que a porta estava fechada?
Perché chiuso?
[Simulando indiferença]
[Con simulata indifferenza]
O sacristão quer assim...
Lo vuole il Sagrestano...
Com quem falavas?
A chi parlavi?
Contigo!
A te!
Murmuravas outras palavras… Onde
Altre parole bisbigliavi. Ov'è?...
está?
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Quem?
Chi?
Ela!… A mulher!…
Colei!... Quella donna!...
Ouvi passos rápidos e o movimento de
Ho udito i lesti passi ed un fruscio
roupas.
di vesti...
Estás sonhando!
Sogni!
Negas?
Lo neghi?
Eu nego… e te amo!
Lo nego e t'amo!
[Vai beijá-la]
[Fa per baciarla]
[Reprovando, docemente]
[Con dolce rimprovero]
Oh... diante da Virgem…
Oh! innanzi alla madonna...
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Não, meu Mário… deixa que antes
no, Mario mio,
eu reze e a enfeite com flores!
lascia pria che la preghi, che l'infiori...
[Aproxima-se lentamente da Virgem,
[Si avvicina lentamente alla
enfeita-a com as flores que trouxe,
madonna, dispone con arte, intorno
ajoelha-se e reza com fervorosa
ad essa, i fiori che há portato con
devoção; faz o sinal da cruz e se
sé, si inginocchia e prega con molta
levanta]
devozione, egnandosi, poi s'alza]
[Para Cavaradossi, que voltou ao
[A Cavaradossi, che intanto si è
trabalho]
avviato per riprendere il lavoro]
Agora escuta-me: canto esta noite,
Ora stammi a sentire: stassera canto,
mas será um espetáculo curto.
ma è spettacolo breve.
Espera-me na saída do palco…
Tu m'aspetti sull'uscio della scena
e vamos à tua casa, sozinhos.
e alla tua villa andiam soli, soletti.
[Circunspecto]
[Che fu sempre soprapensieri]
Esta noite?
Stassera!
É lua cheia…
È luna piena
e o perfume noturno das flores
e il notturno effluvio floreal
inebria o coração.
inebria il cor!
Não estás contente?
Non sei contento?
[Senta-se no degrau perto de
[Si siede sulla gradinata presso a
Cavaradossi]
Cavaradossi]
[Ainda distraído e cauteloso]
[Ancora un po' distratto e peritoso]
Muito!
Tanto!
[Incomodada com o tom de voz]
[Colpita da quell'accento]
Dize-me novamente!
Tornalo a dir!
Muito!
Tanto!
[Impaciente]
[Stizzita]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
Cavaradossi
Tosca
Estás dizendo sem vontade…
Lo dici male...
Não anseias pela nossa casinha,
Non la sospiri la nostra casetta
escondida no meio das folhagens, a
che tutta ascosa nel verde ci
nos esperar?
aspetta?
Ninho consagrado a nós,
Nido a noi sacro,
desconhecido de todos, cheio de
ignoto al mondo inter, pien d'amore
amor e de mistério!
e di mister?
Quero, ao seu lado, ouvir nas noites
Al tuo fianco sentire per le silenziose
estreladas e silenciosas, as vozes da
stellate ombre, salir le voci delle
natureza que se elevam!...
cose!...
Dos bosques e dos arbustos,
Dai boschi e dai roveti,
da relva seca desde a profundeza
dall'arse erbe, dall'imo dei franti
dos túmulos
sepolcreti
abandonados cheirando a tomilho,
odorosi di timo,
a noite esconde os sussurros de
la notte escon bisbigli di minuscoli
pequenos amores e pérfidos
amori
conselhos que preenchem os
e perfidi consigli che ammolliscono
corações.
i cuori.
Floresçam, ó vastos campos…
Fiorite, o campi immensi,
soprem brisas do mar sob o brilho
Palpitate aure marine nel lunare
do luar,
albor,
chova prazer, cúpula estrelada!
piovete voluttà, volte stellate!
Arde em Tosca um louco amor!
Arde a Tosca folle amor!
[Encostando a cabeça nos ombros
[Reclinando la testa sulla spalla di
de Cavaradossi]
Cavaradossi]
[Vencido, mas ainda vigilante]
[Vinto, ma vigilante]
Prendeu-me nas tuas redes,
Mi avvinci nei tuoi lacci
minha sereia, irei!
mia sirena, mia sirena, verrò!
[Olhando em direção ao local onde
[Guarda verso la parte donde uscì
está Angelotti]
Angelotti]
Agora deixa-me trabalhar.
Or lasciami al lavoro.
[Surpresa]
[Sorpresa]
Mandas-me embora?
Mi discacci?
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Urgente é a minha obra… tu sabes.
Urge l'opra, lo sai!
[Impaciente, levantando-se]
[Stizzita, alzandosi]
Já vou!…
Vado!
[Afasta-se um pouco de Cavaradossi,
[S'allontana un poco da Cavaradossi, poi
vira para olhá-lo, vê o quadro e, agitada,
voltandosi per guardarlo, vede il quadro,
aproxima-se novamente de Cavaradossi]
ed agitatissima ritorna verso Cavaradossi]
Quem é essa mulher loira?
Chi è quella donna bionda lassù?
[Calmo]
[Calmo]
A Madalena…
La Maddalena.
Gostas?
Ti piace?
É muito bonita!
È troppo bella!
[Rindo e inclinando-se]
[Ridendo ed inchinandosi]
Um raro elogio!
Prezioso elogio!
[Desconfiada]
[Sospettosa]
Tu ris?
Ridi?
Eu já vi esses olhos celestiais...
Quegli occhi cilestrini già li vidi...
[Com indiferença]
[Con indifferenza]
Existem tantos pelo mundo!...
Ce n'è tanti pe 'l mondo!...
[Tentando lembrar-se]
[Cercando di ricordare]
Espera... espera...
Aspetta... Aspetta...
[Sobe no andaime, triunfante]
[sale sull'impalcato, trionfante]
É a Marquesa Attavanti!
È l'Attavanti!...
[Rindo]
[Ridendo]
Brava!…
Brava!...
[Vencida pelo ciúme]
[Vinta dalla gelosia]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Cavaradossi
Tosca
Tu a encontras? Ela o ama?
La vedi? T'ama?
[Chorando]
[piangendo]
Tu a amas?...
Tu l'ami?...
[Procurando acalmá-la]
[Cercando di calmarla]
Foi por acaso...
Fu puro caso...
[Não o ouve mais, consumida pela
[Non ascoltandolo, con ira gelosa]
ira do ciúme]
Quei passi e quel bisbiglio...
Aqueles passos e o murmúrio...
Ah! Qui stava pur ora!
Ah! Ela estava aqui agora mesmo!
Cavaradossi
Vem embora!
Vien via!
Ah, a devassa!...
Ah, la civetta!
[Ameaçando]
[Minacciosa]
Justo a mim, a mim?
A me, a me!
[Sério]
[Serio]
Eu a vi ontem, mas foi por acaso...
La vidi ieri, ma fu puro caso...
Veio aqui para rezar... não percebeu
a pregar qui venne... non visto la
que a retratei.
ritrassi.
Tosca
Juras?
Giura?
Cavaradossi
[Sério]
[Serio]
Juro!
Giuro!
[Olhando sempre para o quadro]
[Sempre con gli occhi rivolti al
Como me olha fixamente!
quadro]
[Empurra-a com delicadeza para
Come mi guarda fiso!
descer os degraus. Enquanto desce,
[La spinge dolcemente a scendere
Tosca tem sempre o olhar virado
dalla gradinata. Tosca scendendo ha
para o quadro.]
sempre la faccia verso il quadro]
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Vem embora!
Vien via!
Ela zomba de mim… e ri.
Di me beffarda, ride.
Tolice!
Follia!
[Abraça-a, fixando o olhar nos olhos
[La tiene presso di sé fissandola in
dela]
viso]
[Reprovando-o, mas com doçura]
[Con dolce rimprovero]
Ah, esses olhos!
Ah, quegli occhi!
Quais olhos neste mundo inteiro
Quale occhio al mondo può star di
podem se comparar aos teus
paro
ardentes olhos negros?
all'ardente occhio tuo nero?
É por eles que meu ser se entrega
È qui che l'esser mio s'affisa intero.
inteiro!…
Occhio all'amor soave, all'ira fiero!
Olhos ao amor, terno, e à ira, cruel!
Qual altro al mondo può star di paro
Quais olhos neste mundo inteiro
all'occhio tuo nero!...
podem se comparar aos teus ardentes olhos negros?
Tosca
Cavaradossi
Tosca
[Apoiando a cabeça no ombro de
[Appoggiando la testa alla spalla di
Cavaradossi]
Cavaradossi]
Oh! Como tu sabes bem
Oh, come la sai bene
a arte de fazer-te amar!
l'arte di farti amare!
[Com malícia]
[Maliziosamente]
Mas... pinta-a com olhos negros!...
Ma... falle gli occhi neri!...
[Com ternura]
[Teneramente]
Minha ciumenta!
Mia gelosa!
Sim, eu sei...
Sì, lo sento... ti tormento
atormento-te sem trégua.
senza posa.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Minha ciumenta!
Mia gelosa!
Tenho certeza de que me perdoarás
Certa sono del perdono
se entenderes toda minha dor!
se tu guardi al mio dolor!
Minha Tosca adorada,
Mia Tosca idolatrata,
eu gosto de tudo em ti;
ogni cosa in te mi piace;
tua ira audaz
l'ira audace
e teus êxtases de amor!
e lo spasimo d'amor!
Dize outra vez essa palavra que
Dilla ancora la parola che
consola...
consola...
dize outra vez!
dilla ancora!
Minha vida… amante inquieta…
Mia vita, amante inquieta,
sempre direi: “Floria, eu a amo!”
dirò sempre: «Floria, t'amo!»
Ah, tranquiliza a tua alma...
Ah! l'alma acquieta,
sempre te direi “eu a amo!”
sempre «t'amo!» ti dirò!
[Quebrando o gelo, com receio de
[Sciogliendosi, paurosa d'esser vinta]
ser vencida]
Dio! quante peccata!
Deus... quantos pecados!
M'hai tutta spettinata!
Tu me despenteaste toda!
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Agora vai, deixa-me!
Or va', lasciami!
Tu ficarás no trabalho até tarde.
Tu fino a stassera stai fermo al lavoro.
E me promete
E mi prometti:
que por eventualidade ou por sorte,
sia caso o fortuna,
sendo morena ou loira,
sia treccia bionda o bruna,
nenhuma mulher virá rezar aqui.
a pregar non verrà donna nessuna!
Juro, meu amor!... Vai!
Lo giuro, amore!... Va'!
Quanto me apressas!
Quanto m'affretti!
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
[Reprovando-a com doçura, ao
[Con dolce rimprovero vedendo
perceber que o ciúme se reacendia]
rispuntare la gelosia]
Ainda?
Ancora?
[Caindo em seus braços e
[Cadendo nelle sue braccia e
oferecendo-lhe o rosto]
porgendogli la guancia]
Não, perdão!
No perdona!...
[Brincalhão]
[Scherzoso]
Diante da Virgem?
Davanti alla madonna?
[Indicando a Virgem]
[Accennando alla madonna]
Ela é tão boa!...
È tanto buona!
[Beijam-se]
[Si baciano]
[Dirigindo-se para a saída,
[Avviandosi ad uscire e guardando
mas ainda olhando o quadro,
ancora il quadro, maliziosamente gli
maliciosamente diz]
disse]
Mas... pinte-a com olhos negros!
Ma falle gli occhi neri!...
[Sai rapidamente]
[Fugge rapidamente]
[Cavaradossi permanece comovido
[Cavaradossi rimane commosso e
e reflexivo.]
pensieroso]
Imediatamente após Tosca sair,
[Appena uscita Tosca, Cavaradossi
Cavaradossi abre com cuidado a
con precauzione socchiude l'uscio
porta e olha fora. Vendo que tudo
e guarda fuori. Visto tutto tranquillo,
está tranquilo, corre até a capela.
corre alla cappella. Angelotti appare
Angelotti aparece atrás da grade.
subito dietro la cancellata]
[Abrindo a grade para Angelotti,
[Aprendo la cancellata ad Angelotti,
que naturalmente ouviu todo o
che naturalmente ha dovuto udire il
Sexta cena Scena sesta
Cavaradossi
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64
diálogo anterior]
dialogo precedente]
É tão boa minha Tosca, mas crê
È buona la mia Tosca, ma credente
piamente
al confessor nulla tiene celato,
em seu Confessor e nada
ond'io mi tacqui.
esconderia dele...
È cosa più prudente.
por isso mantive segredo. É a coisa mais prudente.
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Estamos a sós?
Siam soli?
Sim. Qual é o teu plano?
Sì. Qual è il vostro disegno?...
Com o desenrolar dos
A norma degli eventi,
acontecimentos:
uscir di stato o star celato in Roma...
sair do Estado ou me esconder em
mia sorella...
Roma. Minha irmã...
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
A Marquesa Attavanti?
L'Attavanti?
Sim... ela escondeu roupas femininas
Sì... ascose un muliebre
debaixo do altar…
abbigliamento là sotto l'altare...
Roupas, véu, um leque...
vesti, velo, ventaglio...
[Olham em volta com receio]
[Si guarda intorno con paura]
Quando anoitecer, vestirei as
Appena imbruni indosserò quei
roupas...
panni...
Agora entendo!
Or comprendo!
Aquela atitude discreta
Quel fare circospetto
e a oração fervorosa
e il pregante fervore
numa mulher jovem e bela
in giovin donna e bella
me fizeram suspeitar
m'avean messo in sospetto
de algum amor secreto...
di qualche occulto amor!...
Agora entendo!
Or comprendo!
Angelotti
Cavaradossi
Era amor de irmã!
Era amor di sorella!
Ela arriscou tudo
Tutto ella ha osato
para libertar-me do maléfico Scarpia!
onde sottrarmi a Scarpia, scellerato!
Scarpia?... Aquele sátiro
Scarpia?! Bigotto satiro che affina
inescrupuloso que mistura
colle devote pratiche la foia libertina
às práticas devotas sua luxúria
e strumento al lascivo talento
libertina.
fa il confessore e il boia!
Valendo-se de seu talento devasso,
La vita mi costasse, vi salverò!
faz-se de Confessor e Carrasco!
Ma indugiar fino a notte è mal
Ainda que me custe a vida... eu te
sicuro...
salvarei! Mas esperar até que anoiteça não é prudente!
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Temo a luz do dia!
Temo del sole!...
[Apontando]
[Indicando]
A capela dá para um horto que não
La cappella mette a un orto mal
está fechado.
chiuso,
Há um canavial que avança
poi c'è un canneto che va lungi
pelos campos até minha casa.
pei campi a una mia villa.
Conheço.
M'è nota...
Aqui está a chave, antes que
Ecco la chiave... innanzi sera
anoiteça
io vi raggiungo,
irei ao teu encontro.
portate con voi le vesti femminili...
Leva as roupas femininas.
Angelotti
[Recolhe o saco com as roupas
[Raccoglie in fascio le vestimenta
femininas debaixo do altar]
sotto l'altare]
Devo vesti-las?
Ch'io le indossi?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Por enquanto não será necessário, o
Per or non monta, il sentier è
caminho é deserto!
deserto...
[Saindo]
[Per uscire]
Adeus!
Addio!...
[Correndo em direção a Angelotti]
[Accorrendo verso Angelotti]
Se houver perigo,
Se urgesse il periglio,
corre para o poço do jardim.
Correte al pozzo del giardin.
Há água no fundo,
L'acqua è nel fondo,
mas na metade da descida do
ma a mezzo della canna,
canavial,
un picciol varco guida ad un antro
existe uma pequena passagem
oscuro,
que leva a uma câmara escura, um
rifugio impenetrabile e sicuro!
refúgio impenetrável e seguro!
[Un colpo di cannone; i due si
[Um tiro de canhão; os dois se
guardano agitatissimi]
olham agitados]
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
O canhão do castelo!...
Il cannon del castello!...
Tua fuga foi descoberta!
Fu scoperta la fuga!
Scarpia enviará seus soldados!
Or Scarpia i suoi sbirri sguinzaglia!
Adeus!
Addio!
[Decidido]
[Con subita risoluzione]
Irei contigo. Tomaremos cuidado!
Anch'io verrò! Staremo all'erta!
Ouço alguém!
Odo qualcun!
[Com entusiasmo]
[Con entusiasmo]
Se nos atacarem, lutaremos!
Se ci assalgon, battaglia!
[Saem depressa da capela]
[Escono rapidamente dalla cappella]
Sétima cena Scena settima
Sacristão Sagrestano
Sacristão Sagrestano
[Entra correndo, irrequieto,
[Entra correndo, tutto scalmanato,
gritando]
gridando]
Boas notícias, Excelência...
Sommo giubilo, eccellenza!...
[Olha em direção ao andaime e
[Guarda verso l'impalcato e rimane
fica surpreso de não encontrar
sorpreso di non trovarvi neppure
novamente o pintor]
questa volta il pittore]
Não está mais?!… Que lástima!…
Non c'è più! Ne son dolente!...
Quem salva um descrente
chi contrista un miscredente
ganha uma indulgência!
si guadagna un'indulgenza!
[Surgem, de todos os lados, frades,
[Accorrono da ogni parte chierici,
sacerdotes, estudantes e cantores
confratelli, allievi e cantori della
da capela. Todos entram com
cappella. Tutti costoro entrano
grande tumulto]
tumultuosamente]
Todos do coral aqui!
Tutta qui la cantoria!
Depressa!
Presto!...
[Outros estudantes entram com
[Altri allievi entrano in retardo]
atraso]
Estudantes Allievi
Sacristão Sagrestano
Alguns Estudantes
[Com muita confusão]
[Colla massima confusione]
Onde?
Dove?
Para a sacristia.
In sagrestia...
[Alguns sacerdotes os empurram]
[Spinge alcuni chierici]
Mas, que aconteceu?
Ma che avvenne?
Não sabeis?
No 'l sapete?
[Ofegante]
[Affannoso]
Bonaparte… o pérfido...
Bonaparte... scellerato...
Bonaparte...
Bonaparte...
Alcuni
Sacristão Sagrestano
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68
[Todos se aproximam do sacristão e
[Si avvicinano al Sagrestano e lo
o cercam, enquanto outros correm
attorniano, mentre accorrono altri
para se unir a estes]
che si uniscono ai primi]
Então… que foi?
Ebben? Che fu?
Sacristão
Ele foi depenado, arrasado...
Fu spennato, sfracellato,
Sagrestano
foi mandado para o Inferno!
è piombato a Belzebù!
Quem disse?
Chi lo dice?
Será sonho?
È sogno!
Mentira?
È fola!
São palavras verídicas,
È veridica parola;
acaba de chegar a notícia!
or ne giunse la notizia!
Festejemos a vitória!
Si festeggi la vittoria!
E nesta noite teremos grande
E questa sera gran fiaccolata
procissão,
veglia di gala a palazzo Farnese,
vigília de gala no Palácio Farnese…
ed un'apposita nuova cantata
e uma nova Cantata composta para
con Floria Tosca!...
o evento,
E nelle chiese inni al signor!
cantada por Floria Tosca!
Or via a vestirvi, non più clamor!
E, nas igrejas, hinos ao Senhor!
Via... via... in sagrestia!
Outros Estudantes Altri Allievi
Todos Tutti
Sacristão Sagrestano
Todos Tutti
Sacristão Sagrestano
Agora, vesti-vos e não façais barulho! Vamos… vamos... todos para a sacristia!
Todos Tutti
[Rindo e gritando com alegria,
[Ridendo e gridando gioiosamente,
sem dar atenção ao sacristão, que
senza badare al Sagrestano che
inutilmente empurra todos em
inutilmente li spinge a urtoni verso
direção à sacristia]
la sagrestia]
Pagamento em dobro!... Te Deum...
Doppio soldo... Te Deum... Gloria!
Glória!...
Viva il re!... Si festeggi la vittoria!
Viva o rei!… Sim, festejemos a vitória!
Oitava cena
Os gritos e risos estão no ápice
Le loro grida e le loro risa sono al
Scena ottava
quando uma voz irônica para
colmo, allorché una voce ironica
bruscamente a algazarra vulgar de
tronca bruscamente quella gazzarra
cantos e risos. É Scarpia: atrás dele,
volgare di canti e risa. È Scarpia:
Spoletta e alguns soldados.
dietro a lui Spoletta e alcuni sbirri
[Com grande autoridade]
[Con grande autorità]
Tamanha algazarra na igreja?
Un tal baccano in chiesa! Bel
Onde está o respeito?
rispetto!
[Balbuciando, medroso]
[Balbettando, impaurito]
Excelência! Uma grande alegria...
Eccellenza! il gran giubilo...
Apressai-vos para o Te Deum.
Apprestate per il Te Deum.
[Todos afastam-se; o sacristão tenta
[Tutti s'allontanano mogi; anche
se afastar também, mas Scarpia o
il Sagrestano fa per cavarsela, ma
segura com brutalidade]
Scarpia bruscamente lo trattiene]
Tu ficas!
Tu resta!
[Com medo]
[Impaurito]
Permanecerei imóvel!
Non mi muovo!
[A Spoletta]
[A Spoletta]
E tu vais procurar em cada canto,
E tu va, fruga ogni angolo, raccogli
averiguar cada pista!
ogni traccia!
Está bem!
Sta bene!
[Faz sinal para dois dos soldados,
[Fa cenno a due sbirri di seguirlo]
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Spoletta
que o seguem]
Scarpia
[Aos outros soldados que ficaram]
[Ad altri sbirri che eseguiscono]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70
Atenção às portas…
Occhio alle porte,
mas sem levantar suspeitas!
senza dar sospetti!
[Ao sacristão]
[Al Sagrestano]
Agora tu: pensa bem nas tuas
Ora a te! Pesa le tue risposte.
respostas.
Un prigionier di stato
Um prisioneiro de Estado
fuggì pur ora da castel Sant'Angelo...
fugiu agora há pouco do Castelo de
[Energico]
Sant’Angelo...
S'è rifugiato qui...
[Enérgico] E refugiou-se aqui!
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Misericórdia!
Misericordia!
Talvez ainda esteja aqui.
Forse c'è ancora.
Onde é a capela dos Attavanti?
Dov'è la cappella degli Attavanti?
É esta!…
Eccola.
[Aproxima-se do portão e vê que
[Va al cancello e lo vede socchiuso]
está aberto]
Aperta! Arcangeli!
Está aberta?!… Arcanjos!
E un'altra chiave!
E há outra chave!
Scarpia
Bom indício... Entremos.
Buon indizio... Entriamo.
[Entram na capela, depois voltam.
[Entrano nella cappella, poi ritornano.
Muito contrariado, Scarpia tem nas
Scarpia, assai contrariato, ha fra le
mãos um leque fechado que agita
mani un ventaglio chiuso che agita
nervosamente]
nervosamente]
Foi um grave erro aquele tiro de
Fu grave sbaglio quel colpo di
canhão! O malandro alçou voo, mas
cannone! Il mariuolo
deixou um vestígio precioso...
spiccato ha il volo, ma lasciò una
... um leque!
preda preziosa... un ventaglio.
[Balançando-o no ar]
[Agitandolo in aria]
Quem terá sido o cúmplice que o
Qual complice il misfatto preparò?
ajudou na fuga?
[Resta alquanto pensieroso, poi
[Permanece em pensamentos
guarda attentamente il ventaglio; ad
por algum tempo, depois olha
un tratto egli vi scorge uno stemma, e
atentamente o leque, descobre o
vivamente esclama]
símbolo e exclama com veemência]
La marchesa Attavanti!...
A Marquesa Attavanti...
Il suo stemma!...
é o seu brasão!
[Guarda intorno, scrutando ogni
[Olha em volta, procurando
angolo della chiesa:
em cada canto da igreja, e seus
i suoi occhi si arrestano sull'impalcato,
olhos se fixam no andaime, nos
sugli arnesi del pittore, sul quadro e
instrumentos do pintor, no quadro, e
il noto viso dell'Attavanti gli appare
reconhece no semblante da santa o
riprodotto nel volto della santa]
inconfundível rosto de Marquesa]
Il suo ritratto!
O retrato dela!…
[Al Sagrestano]
[Para o sacristão]
Chi fe' quelle pitture?
Quem pintou aquele retrato? [Ancor più invaso dalla paura] Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão Sagrestano
[Com ainda mais medo]
Il cavalier Cavaradossi...
O cavalheiro Cavaradossi...
Ele!
Lui!
[Um dos guardas que seguem Scarpia
[Uno degli sbirri che seguì Scarpia, torna
volta da capela trazendo o cesto que
dalla Cappella portando il paniere che
Cavaradossi entregou a Angelotti]
Cavaradossi diede ad Angelotti]
[Vendo o cesto]
[Vedendolo]
Céus!... A cesta!..
Numi! Il paniere!
[Continuando sua reflexão]
[Seguitando le sue riflessioni]
Ele… o amante de Tosca!
Lui! L'amante di Tosca!
Um suspeito!
Un uom sospetto!
Um revolucionário!
Un volterrian!
[Depois de examinar o cesto, com
[Che avrà esaminato il paniere, con
grande surpresa exclama]
gran sorpresa esclama]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão Sagrestano
Vazia?... Vazia!
Vuoto?... Vuoto!...
Que estás dizendo?
Che hai detto?
[Vê o soldado com o cesto]
[Vede lo sbirro col paniere]
O que foi?
Che fu?...
[Pegando o cesto]
[Prendendo il paniere]
Encontraram este cesto na capela.
Si ritrovò nella cappella questo panier.
Tu o reconheces?
Tu lo conosci?...
[Com excitação e medo]
[È esitante e pauroso]
Claro! É o cesto do pintor, mas...
È il cesto del pittor... ma...
entretanto...
nondimeno...
Dize o que sabes.
Sputa quello che sai.
[Ainda mais medroso e quase
[Sempre più impaurito e quasi
chorando, mostra-lhe o cesto vazio]
piangendo gli mostra il paniere vuoto]
Eu o deixei cheio de comida
Io lo lasciai ripieno di cibo
deliciosa...
prelibato...
o almoço do pintor.
il pranzo del pittor!...
[Compenetrado, levanta hipóteses
[Attento, inquirente per scoprir
sobre a situação]
terreno]
Talvez ele tenha almoçado!
Avrà pranzato!
Na capela?...
Nella cappella?
[Fazendo sinal negativo com a mão]
[Facendo cenno di no colla mano]
Ele não tinha a chave,
Non ne avea la chiave
e não queria comer…
né contava pranzar...
ele mesmo disse.
disse egli stesso.
Por isso eu pus a comida à parte.
Onde l'avea già messo al riparo.
[Mostra onde havia colocado o
[Mostra dove aveva riposto il paniere
cesto e o deixa]
e ve lo lascia]
Scarpia
(Livrai-me, Senhor!)
(Libera me Domine!)
[pausa]
[pausa]
Está tudo claro...
Or tutto è chiaro...
a provisão do sacristão:
la provvista del sacrista
Angelotti alimentou-se dela!
d'Angelotti fu la preda!
[Reconhece Tosca, que entra muito
[scorgendo Tosca che entra
nervosa, e esconde-se atrás da
nervosissima appena la vista si è
coluna que tem a pia de água benta,
abilmente nascosto dietro la colonna
fazendo sinal para que o sacristão
ov'è la pila dell'acqua benedetta,
permanecesse. Este, tremendo e
facendo cenno di rimanere al
embaraçado, queda-se imóvel perto
Sagrestano; il quale, tremante,
do andaime do pintor]
imbarazzato, si reca vicino al palco
Tosca?... Que ela não me veja.
del pittore]
Para induzir um ciumento ao erro,
Tosca? Che non mi veda.
Yago tinha um lenço, e eu... um
Per ridurre un geloso allo sbaraglio
leque!
Jago ebbe un fazzoletto... ed io un ventaglio!...
Nona Cena Scena Nona
Tosca
Sacristão Sagrestano
[Vai direto ao andaime onde estava
[Va dritta all'impalcato, ma non
Cavaradossi e, não o encontrando,
trovandovi Cavaradossi, sempre in
muito agitada, vai procurá-lo na
grande agitazione va a cercarlo nella
nave da igreja]
navata principale della chiesa]
Mário?! Mário?!
Mario?! Mario?!
[Que está perto do andaime,
[Che si trova ai piedi dell'impalco,
aproximando-se de Tosca]
avvicinandosi a Tosca]
O pintor Cavaradossi?...
Il pittor Cavaradossi?
Quem sabe onde está?!
Chi sa dove sia?
Sumiu, evaporou,
Svanì, sgattaiolò
Como por feitiçaria.
per sua stregoneria.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74
Tosca
Enganada? Não!... Não!
Ingannata? No!... no!...
Não poderia me trair!... Não
Tradirmi egli non può!
poderia!
[Quasi piangendo]
[Quase chorando]
Scarpia
Tosca
Scarpia
[Scarpia dá a volta na coluna e
[Scarpia ha girato la colonna e si
aparece diante de Tosca, que se
presenta a Tosca, sorpresa del suo
assusta com sua presença. Coloca
subito apparire. Intinge le dita nella
os dedos na pia de água benta e
pila e le offre l'acqua benedetta.
oferece benzê-la. Soam os sinos,
suonano le campane che invitano
que convidam todos para a igreja.]
alla chiesa]
[Insinuante e gentil]
[Insinuante e gentile]
Tosca divina, minha mão espera
Tosca divina la mano mia
por tua mãozinha pequenina…
la vostra aspetta piccola manina,
não por galanteio,
non per galanteria
mas para oferecer-te água benta.
ma per offrirvi l'acqua benedetta...
[Encosta no dedo de Scarpia e faz o
[Tocca le dita di Scarpia e si fa il
sinal da cruz]
segno della croce]
Obrigada, senhor!
Grazie, signor!
Um nobre exemplo é o teu:
Un nobile esempio è il vostro.
Do Céu, cheia do santo zelo, tu
Al cielo piena di santo zelo
alcançaste
attingete dell'arte il magistero che la
através da arte a maestria que
fede ravviva!
reaviva a fé!
Tosca
[Distraída pelos pensamentos]
[Distratta e pensosa]
Bondade tua.
Bontà vostra...
[Algumas pessoas começam a
[Cominciano ad entrare in chiesa
entrar na igreja em direção ao fundo
ed a recarsi verso il fondo alcuni
e a benzer-se]
popolani]
Scarpia
Tosca
Scarpia
Mulheres piedosas são raras...
Le pie donne son rare...
Vós que pisais nos palcos...
voi calcate la scena...
mas na Igreja vindes para rezar.
e in chiesa ci venite per pregar...
[Surpresa]
[Sorpresa]
O que queres dizer?
Che intendete?...
Não fazeis como certas insolentes
E non fate come certe sfrontate
que têm “de Madalena”
che han di Maddalena
[Indicando o retrato]
[Indica il ritratto]
roupas e rosto
viso e costumi...
e vêm aqui para encontros
e vi trescan d'amore!
amorosos!
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
[Impulsivamente]
[Scatta pronta]
Quê?... Amorosos?... As provas!
Che? D'amore? Le prove!
[Mostrando o leque]
[Mostrandole il ventaglio]
Isto é um instrumento de pintor?
È arnese da pittore questo?
[Pega-o com força]
[Lo aferra]
Um leque?... Onde estava?
Un ventaglio? Dove
[Entram alguns camponeses]
[Entrano alcuni contadini]
Lá sobre aquele andaime.
Là su quel palco.
Alguém veio atrapalhar os
Qualcun venne certo a sturbar gli
amantes...
amanti
e, ao fugirem, perderam-se as
ed essa nel fuggir perdé le penne!...
plumas!
Tosca
[Examinando o leque]
[Esaminando il ventaglio]
A coroa!... O brasão!... É dos
La corona! Lo stemma! È l'Attavanti!
Attavanti!
Presago sospetto!...
Presságio suspeito!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76
Scarpia
(Surtiu efeito!)
[Ho sortito l'effetto!]
[Com grande sentimento, contendo
[Con grande sentimento,
as lágrimas, esquece onde está e a
trattenendo a stento le lagrime,
presença de Scarpia]
dimentica del luogo e di Scarpia]
E eu que vinha toda ansiosa
Ed io venivo a lui tutta dogliosa
dizer-lhe que em vão o céu
per dirgli invan stassera, il ciel
escurece...
s'infosca...
Apaixonada, Tosca se encontra
l'innamorata Tosca è prigioniera...
prisioneira…
dei regali tripudi.
[Entra um grupo de pastores]
[Entra un gruppo di pastori]
Scarpia
O veneno já a corrói!
[Già il veleno l'ha rosa!]
Scarpia
[Extremamente gentil com Tosca]
[Mellifluo a Tosca]
O que te incomoda, doce senhora?...
O che v'offende, dolce signora?...
Uma rebelde lágrima escorre por
Una ribelle lagrima scende sovra
teu rosto
le belle
E a umedece, doce senhora.
guance e le irrora; dolce signora,
O que te aflige?
che mai v'accora?
Nada!
Nulla!
[Alguns nobres entram
[Vari nobili signori accompagnano
acompanhados de outras senhoras]
alcune donne]
Daria a minha vida para enxugar
Darei la vita per asciugar quel
teu pranto.
pianto.
[Não o escutando mais]
[Non ascoltandolo]
Aqui me consumo de amor enquanto
Io qui mi struggo e intanto
Em outros braços ele ri da minha dor!
d'altra in braccio le mie smanie deride!
[Engoliu o veneno.]
[Morde il veleno!]
Tosca
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
[Entram alguns burgueses afastados
[Entrano alcuni borghesi alla
uns dos outros]
spicciolata]
[Com amargor]
[Con grande amarezza]
Onde estarão?
Dove son? Potessi
Pudesse encontrá-los, traidores!
coglierli, i traditori!
[Sempre mais amargurada]
[Sempre più crucciosa]
Oh, que suspeita!
Oh qual sospetto!
A casa serve certamente de ninho
Ai doppi amori
Para os dois amantes!
è la villa ricetto!
[Com imensa dor]
[Con immenso dolore]
Traidor!
Traditor!
O meu doce ninho de amor,
Oh mio bel nido insozzato di fango!
mergulhado na lama!
[Con pronta risoluzione]
[Decidida]
Vi piomberò inattesa!
Estarei à espreita!
[Rivolta al quadro, minacciosa]
[Vira em direção ao quadro,
Tu non l'avrai stassera.
ameaçando]
Giuro!
Tu não o terás esta noite. Juro!
Scarpia
Tosca
[Escandalizado, repreendendo-a]
[scandalizzato, quasi rimproverandola]
Na igreja!
In chiesa!
Deus perdoa-me...
Dio mi perdona...
Ele vê que eu choro!
egli vede ch'io piango!
[Chora copiosamente]
[piange dirottamente]
[Scarpia a apoia e a acompanha
[Scarpia la sorregge
até a saída, fingindo protegê-la.
accompagnandola all'uscita,
Imediatamente após Tosca sair, a
fingendo di rassicurarla. appena
igreja fica pouco a pouco mais
uscita Tosca, la chiesa poco a poco
cheia. Todos se agrupam ao fundo,
va sempre più popolandosi.
esperando o Cardeal. Alguns rezam,
La folla si raggruppa nel fondo,
ajoelhados]
in attesa del Cardinale; alcuni
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78
inginocchiati pregano]
Scarpia
[Após acompanhar Tosca, volta
[Dopo aver accompagnato Tosca,
para perto da coluna e faz um sinal;
ritorna presso la colonna e fa un
imediatamente aparece Spoletta]
cenno: subito si presenta Spoletta]
Três soldados... uma carruagem...
Tre sbirri... una carrozza... presto!...
depressa!
Seguila dovunque vada!...
Segui-a por onde quer que vá!
non visto!...
Não ouvistes?
provvedi!
Preparai-vos!
Spoletta
Scarpia
Scarpia
Está bem!
Sta bene!
E onde nos encontraremos?
Il convegno?
Palácio Farnese!
Palazzo Farnese!
[Spoletta sai rapidamente com os
[Spoletta parte rapidamente con tre
soldados]
sbirri]
[Com um sorriso sádico]
[Con un sorriso sardônico]
Vai, Tosca!
Va' Tosca!
Em teu coração se infiltrou
Nel tuo cuor s'annida Scarpia!...
Scarpia!...
È Scarpia che scioglie a volo il falco
É Scarpia quem dá asas de falcão
della tua gelosia.
para teu ciúme!
Quanta promessa nel tuo pronto
Tuas suspeitas são proveitosas para
sospetto!
mim!
[Sai o cortejo que acompanha o
[Esce il Corteggio che accompagna
Cardeal ao altar principal. A guarda
il Cardinale all'altare maggiore: i
suíça faz um corredor contendo
Soldati svizzeri fanno far largo alla
todos, divididos em dois lados.
Folla, che si dispone su due ali
Scarpia se inclina e reza quando o
carpia s'inchina e prega al passaggio
Cardeal passa. Este dá a bênção
del cardinale. il cardinale benedice
para todos que o reverenciam]
la folla che reverente s'inchina]
Padre Capitolo
Todos Folla
Padre Capitolo
Todos Folla
Scarpia
Vinde em nosso auxílio, ó Senhor
Adjutorium nostrum in nomine
Deus…
Domini
Que fez o Céu e a Terra!
qui fecit coelum et terram
Seja louvado vosso nome.
sit nomen Domini benedictum
Agora e por todos os séculos.
et hoc nunc et usquem in saeculum.
[Feroz]
[Con ferocia]
Dois objetivos aguçam meu
A doppia mira tendo il voler,
desejo…
né il capo del ribelle è la più
a cabeça do rebelde e outro mais
preziosa.
precioso.
Ah di quegli occhi
Ah, daqueles olhos vitoriosos
vittoriosi veder la fiamma illanguidir
ver a chama da paixão esvair-se…
con spasimo d'amor
e, com espasmos de amor,
fra le mie braccia...
desfalecer em meus braços!
[Ferocemente]
[Ainda feroz]
l'uno al capestro,
Um, sob o meu cabresto…
l'altra fra le mie braccia...
a outra, entre os meus braços!...
[Resta immobile guardando nel
[Permanece imóvel olhando para o
vuoto]
nada]
Todos Folla
Scarpia
[Todos se viram para o altar principal,
[Tutta la folla è rivolta verso l'altare
alguns se ajoelham]
maggiore; alcuni s'inginocchiano]
Nós Vos louvamos, Senhor...
Te Deum laudamus:
a Vós confessamos!
te Dominum confitemur!
[Recuperando-se como de um sonho]
[Riavendosi come da un sogno]
Tosca, tu me fazes esquecer Deus!
Tosca, mi fai dimenticare iddio!
[Ajoelha-se e reza com fervor
[S'inginocchia e prega con
religioso]
entusiasmo religioso]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80
Todos Folla
A Vós, Eterno Pai…
Te aeternum Patrem
louve toda a Terra!
omnis terra veneratur!
A sala de Scarpia no andar superior
[La camera di Scarpia al piano
do Palácio Farnese. Mesa posta.
superiore del palazzo Farnese.
Uma ampla janela que dá na direção
Tavola imbandita. Un'ampia finestra
do pátio do Palácio. É noite.
verso il cortile del palazzo. È notte.]
[Sentado à mesa, fazendo a refeição.
[È seduto alla tavola e vi cena.
Interrompe a refeição para refletir]
Interrompe a tratti la cena per
Tosca é um bom falcão!...
riflettere.]
Com certeza, a esta hora
Tosca è un buon falco!...
Meus soldados as duas presas já
Certo a quest'ora
encontraram!
i miei segugi le due prede azzannano!
Amanhã, na forca, verá o amanhecer
Doman sul palco vedrà l'aurora
Angelotti e o belo Mário
Angelotti e il bel Mario al laccio
pendurados.
pendere.
[Entra Sciarrone]
[Entra Sciarrone]
Tosca está no Palácio?
Tosca è a palazzo?...
O camareiro saiu há pouco à
Un ciambellan ne uscia pur ora in
procura dela...
traccia...
[Indicando a janela]
[Accenna la finestra]
Abre. Está anoitecendo.
Apri. Tarda è la notte...
Para o início da Cantata falta a diva,
Alla cantata ancor manca la diva,
por enquanto cantam as gaivotas.
e strimpellan gavotte.
[Para Sciarrone]
[A Sciarrone]
Tu irás esperar Tosca na entrada…
Tu attenderai la Tosca in sull'entrata;
e lhe dirás que eu a espero assim ao
le dirai ch'io l'aspetto finita la
Segundo Ato Atto Secondo
Primeira Cena Scena Prima
Scarpia
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
Scarpia
Scarpia
fim da Cantata.
cantata...
[Sciarrone encaminha-se para sair]
[Sciarrone fa per andarsene]
Ou melhor,
o meglio...
[Levanta-se e rapidamente escreve um
[Si alza e va a scrivere in fretta un
bilhete]
biglietto]
Lhe entregarás este bilhete.
le darai questo biglietto.
[Sciarrone sai]
[Sciarrone esce]
[Voltando para a mesa e servindo-se
[Torna alla tavola e mescendosi da bere
bebida]
disse]
Ela virá, por amor a seu Mário!
Ella verrà... per amor del suo Mario!
Por amor a seu Mário...
Per amor del suo Mario...
ao meu desejo cederá.
al piacer mio s'arrenderà.
Assim como os profundos amores,
Tal dei profondi amori,
É profunda a miséria.
è la profonda miseria.
A conquista violenta tem mais sabor
Ha più forte sapore la conquista
Que aquela de fácil consenso.
violenta
Eu, de suspiros e brilhantes raios de luar,
che il mellifluo consenso.
Não me interesso.
Io di sospiri e di lattiginose albe lunari
Não sei dedilhar acordes no violão
poco m'appago.
Nem ver o futuro nas flores
Non so trarre accordi
[Nom desdém]
di chitarra, né oroscopo di fior
Nem fazer olhos de peixe
[Sdegnosamente]
Ou arrulhar como pombos!
né far l'occhio di pesce, o tubar come
[Levanta-se e afasta-se da mesa]
tortora!
Desejo. E a coisa desejada persigo
[S'alza, ma non si allontana dalla távola]
Me sacio e a abandono
Bramo. La cosa bramata perseguo,
E então busco novos prazeres.
me ne sazio e via la getto...
Deus criou muitas belezas e vinhos
volto a nuova esca.
diversos
Dio creò diverse beltà e vini diversi...
Irei degustar tanto quanto posso a obra
Io vo' gustar quanto più posso dell'opra
Divina!
divina!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82
Sciarrone
Scarpia
[Bebe]
[Beve]
[Entrando]
[Entrando]
Spoletta chegou.
Spoletta è giunto.
[gritando excitadíssimo]
[Eccitatissimo, gridando]
Entra. Na hora certa.
Entri. In buon punto!
[Sciarrone sai para chamar Spoletta,
[Sciarrone esce per chiamare Spoletta,
que entra e permanece perto da porta,
che accompagna nella sala, rimanendo
ao fundo]
poi presso la porta del fondo]
[Senta-se e, ocupando-se da refeição,
[Si siede e tutt'occupato a cenare,
interroga Spoletta sem olhá-lo]
interroga intanto Spoletta senza
Dize, gentil homem, como foi a caça?
guardarlo]
Segunda Cena Scena Seconda
Scarpia
O galantuomo, come andò la caccia?...
Spoletta
[Aproximando-se um pouco, com
[Avanzandosi un poco ed impaurito]
medo]
(Sant'Ignazio m'aiuta!)
(Que Santo Inácio me proteja)
Della signora seguimmo la traccia.
Daquela senhora seguimos a pista.
Giunti a un'erma villetta tra le fratte
Chegando a uma casa isolada entre
perduta...
arbustos
ella v'entrò.
Ela entrou.
N'escì sola ben presto.
Saiu sozinha, bem rápido.
Allor scavalco lesto
Então saltei rapidamente
il muro del giardin coi miei cagnotti
o muro do jardim,
e piombo in casa...
Com meus guardas entrei na casa...
Scarpia
Spoletta
Bravo, Spoletta!
Quel bravo Spoletta!
[Hesitando]
[Esitando]
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Farejei! Procurei! Revistei!
Fiuto!... razzolo!... frugo!...
[Vendo a indecisão de Spoletta,
[Si avvede dell'indecisione di
levanta-se firme, com ira e a testa
Spoletta e si leva ritto, pallido d'ira,
enrugada]
le ciglia corrugate]
Ah! E Angelotti?
Ah! L'Angelotti?...
Não o encontramos!
Non s'è trovato.
[Com raiva]
[Furente]
Ah, cão!… Traidor!…
Ah cane! Ah traditore!
Cobra venenosa…
Ceffo di basilisco,
[Gritando]
[Gridando]
Para a forca!
alle forche!
[Tremendo, tenta contornar a cólera
[Tremante, cerca di scongiurare la
de Scarpia]
collera di Scarpia]
Jesus!
Gesù!
[Com timidez]
[Timidamente]
O pintor estava lá...
C'era il pittor...
[Interrompendo-o]
[Interrompendolo]
Cavaradossi?
Cavaradossi?
[Fazendo sinal afirmativo]
[Accenna di sì]
Ele sabe onde o outro se encontra.
Ei sa dove l'altro s'asconde...
Cada gesto seu, cada palavra,
ogni suo gesto, ogni accento tradìa
mostrava uma tal ironia…
tal beffarda ironia,
que eu o trouxe preso!
ch'io lo trassi in arresto...
[Com suspiro de satisfação]
[Con sospiro di soddisfazione]
Menos mal!
Meno male!
[Indicando a antessala]
[Accenna all'anticamera]
Ele está ali.
Egli è là.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84
Coro Tosca
[Da janela aberta ouve-se a Cantata
[dall'aperta finestra odesi la cantata
que está sendo apresentada pelo
eseguita dai cori nella sala della
coro na sala da rainha]
regina]
[De dentro]
[Interno]
Sobe, até o Senhor, o canto dos
Sale, ascende l'uman cantico,
homens
varca spazi, varca cieli,
Se eleva pelo espaço, supera o céu
per ignoti soli empirei,
Para o desconhecido somente o
profetati dai vangeli,
ímpio
a te giunge o re dei re,
Profetas do evangelho
questo canto voli a te.
Suba a vós, rei dos reis
A te quest'inno voli
Este canto de louvor.
sommo iddio della vittoria.
Que este hino suba a vós
Dio che fosti innanzi ai secoli
Deus da vitória
alle cantiche degli angeli
Deus que fostes antes de todos os
quest'inno di gloria
séculos
or voli a te!
Aos cantos dos anjos Que este hino de glória Suba a vós!
Scarpia
Scarpia
[Vem a sua mente uma ideia e
[Gli balena un'idea e subito dice a
imediatamente diz a Spoletta]
Spoletta]
Faze entrar o cavalheiro.
Introducete il cavalier.
[Spoletta sai]
[Spoletta esce]
[Para Sciarrone]
[A Sciarrone]
Chama Roberti e o juiz.
A me Roberti e il giudice del fisco.
[Sciarrone sai, Scarpia senta-se à
[Sciarrone esce; Scarpia siede di
mesa]
nuovo a távola]
Terceira Cena Scena Terza
Cavaradossi
Scarpia
[Imponente, avançando com ímpeto]
[Altero, avanzandosi con ímpeto]
Que violência!..
Tal violenza!...
[Com cortesia planejada]
[Con studiata cortesia]
Cavalheiro, tem a bondade de
Cavalier, vi piaccia accomodarvi...
acomodar-te.
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Gostaria de saber...
Vo' saper...
[Indicando uma cadeira do outro
[Accennando una sedia al lato
lado da mesa]
opposto della távola]
Senta-te...
Sedete...
[Recusando]
[Rifiutando]
Ficarei em pé.
Aspetto.
Que seja!
E sia!
[Olha fixo para Cavaradossi, antes
[Guarda fisso Cavaradossi, prima di
de interrogá-lo]
interrogarlo]
É do teu conhecimento que um
V'è noto che un prigione...
prisioneiro...
[odesi la voce di Tosca che prende
[Ouve-se a voz de Tosca, que se
parte alla cantata]
apresenta na Cantata]
Cavaradossi
Scarpia
[Comovido]
[Commosso]
A sua voz.
La sua voce!...
[Continuando]
[Riprendendo]
... é do teu conhecimento que um
...v'è noto che un prigione
prisioneiro
oggi è fuggito da castel
fugiu hoje do Castel Sant’Angelo
Sant'Angelo?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Ignoro.
Ignoro.
Ainda assim, suspeita-se que o senhor
Eppur, si pretende che voi l'abbiate
O tenha escondido em Santo André,
accolto in Sant'Andrea, provvisto di
e o alimentado e dado de vestir...
cibo e di vesti...
[Resolvido]
[Risoluto]
Mentira!
Menzogna!
[Continuando calmamente]
[Continuando a mantenersi calmo]
... e o guiado a tua casa.
...e guidato ad un vostro podere suburbano...
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Spoletta
Cavaradossi
Scarpia
Nego. Tens provas?
Nego. Le prove?
[Com falsa gentileza]
[Mellifluo]
Um fiel súdito...
Un suddito fedele...
Vamos aos fatos.
Al fatto.
Quem me acusa?
Chi mi accusa?
[Irônico]
[Ironico]
Os teus soldados
I vostri sbirri
Vasculharam em vão minha casa.
invan frugar la villa.
Sinal de que escondeste bem.
Segno che è ben celato.
Suspeitas de um espião!
Sospetti di spia!
[Interrompendo-o, ofendido]
[Offeso, interviene]
Enquanto procurávamos, ele ria...
Alle nostre ricerche egli rideva...
E continuo rindo!
E rido ancor!
[Levantando-se]
[Alzandosi]
Este é um lugar de lágrimas.
Questo è luogo di lacrime!
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
[Ameaçando]
[Minaccioso]
Tem cuidado!
Badate!
[Nervoso]
[Nervosissimo]
Agora basta! Responde!
Or basta! Rispondete!
Onde está Angelotti?
Dov'è Angelotti?
Não sei.
Non lo so.
Negas tê-lo alimentado?
Negate d'avergli dato cibo?
Nego!
Nego!
E roupas?
E vesti?
Nego!
Nego!
E o abrigado em tua casa?
E asilo nella villa?
E que ainda esteja escondido lá?
e che là sia nascosto?
[Com força]
[Con forza]
Nego! Nego!
Nego! nego!
[Com atitude quase paternal,
[Quasi paternamente, ritornando
acalmando-se]
calmo]
Vamos, cavalheiro, reflete:
Via, cavaliere, riflettete: saggia
Não é sábia essa tua obstinada
non è cotesta ostinatezza vostra.
negação.
Angoscia grande, pronta
A confissão evitará grande angústia.
confessione eviterà!
Eu te aconselho, dize:
Io vi consiglio, dite:
Onde está Angelotti?
dov'è dunque Angelotti?
Não sei.
Non lo so.
Uma última vez: onde está?
Ancor, l'ultima volta: dov'è?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88
Cavaradossi
Spoletta
Não sei.
No 'l so!
Talvez fosse bom dar-lhe umas belas
O bei tratti di corda!
chicotadas!
Quarta Cena Scena Quarta
Scarpia
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
[Tosca entra ofegante.]
[Tosca, entra affannosa.]
[Vendo Tosca]
[Vedendo Tosca]
(Aí está ela!)
(Eccola!)
[Vendo Cavaradossi, corre para
[Vede Cavaradossi e corre ad
abraçá-lo]
abbracciarlo]
Mário? Você aqui?
Mario?! Tu qui?
[Reservadamente]
[Sommessamente]
(Não digas nada sobre o que viu,
(Di quanto là vedesti, taci, o
cala-te ou morrerei.)
m'uccidi!)
[Tosca faz sinal de que entendeu]
[Tosca accenna che ha capito]
[Com solenidade]
[Con solennità]
Mário Cavaradossi, o juiz espera
Mario Cavaradossi, qual testimone il
pelo teu testemunho.
giudice vi aspetta. Pria le forme ordinarie... Indi... ai
Scarpia
Primeiro da forma ordinária...
miei cenni...
depois... ao meu sinal...
[Fa cenno a Sciarrone di aprire
[Sinaliza a Sciarrone para abrir a
l'uscio che dà alla camera della
câmara de tortura. Saem todos,
tortura. Escono tutti, rimanendo solo
ficam somente Scarpia e Tosca]
Scarpia e Tosca]
[Com galanteio]
[Con galanteria]
E agora, entre nós, que somos bons
Ed or fra noi da buoni amici. Via
amigos.
quell'aria sgomentata...
Afasta essa expressão preocupada...
[Accenna a Tosca di sedere]
[Indica a Tosca que se sente]
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
[Senta-se com calma]
[Siede con calma]
Não tenho nenhuma preocupação...
Sgomento alcun non ho...
E a história do leque?
La storia del ventaglio?
[Falando sempre com galanteio]
[Parlando sempre con galanteria]
[Simulando indiferença]
[Con simulata indifferenza]
Foi ciúme tolo...
Fu sciocca gelosia...
A Marquesa de Attavanti não estava
L'Attavanti non era dunque alla villa?
então na tua casa?
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Não. Ele estava só.
No: egli era solo.
Sozinho?
Solo?
[Indagando com malícia]
[Indagando con malizia]
Estás segura?
Ne siete ben sicura?
[Insiste, irritada]
[Con insistenza stizzosa]
Nada escapa aos ciumentos.
Nulla sfugge ai gelosi.
Sozinho!… Sozinho!
Solo! solo!
[Pega uma cadeira, coloca-a em
[Prende una sedia, la porta di fronte
frente a Tosca, senta-se e a olha
a Tosca, vi si siede e la guarda
fixamente]
fissamente]
De verdade?
Davver?!
[Irritada]
[Irritata]
Sozinho! Sim!
Solo, sì!
Quanta ênfase!…
Quanto fuoco!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90
Parece que a senhora tem medo de
Par che abbiate paura di tradirvi.
se contradizer.
[Rivolgendosi verso l'uscio della
[Virando-se em direção à porta da
camera della tortura chiamando]
câmara de tortura, chama]
Sciarrone, che dice il cavalier?
Sciarrone, o que disse o cavalheiro?
Sciarrone
Scarpia
[Aparecendo na porta]
[Apparendo sul limitare dell'uscio]
Nega tudo.
Nega.
[Em direção à porta, com a voz mais
[A voce più alta verso l'uscio aperto]
alta]
Insistiamo.
Insiste mais.
[Sciarrone rientra nella camera della
[Sciarrone entra novamente na
tortura, chiudendone l'uscio]
câmara de tortura, fechando a porta]
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
[Rindo]
[Ridendo]
Oh, é inútil!
Oh, è inutil!
[Muito sério]
[Serissimo, si alza e passeggia]
Veremos, senhora.
Lo vedremo, signora.
[Lentamente, com sorriso irônico]
[Lentamente, con sorriso ironico]
Então, para agradar-te ele deveria
Dunque, per compiacervi, si
mentir?
dovrebbe mentir?
Não… mas a verdade poderia
No, ma il vero potrebbe abbreviargli
abreviar-lhe
un'ora
uma hora muito penosa.
assai penosa...
[Surpresa]
[Sorpresa]
Uma hora penosa? Que quer dizer?...
Un'ora penosa? Che vuol dir?
O que está acontecendo naquela
Che avviene in quella stanza?
sala?
Scarpia
É preciso respeitar as leis.
È forza che si adempia la legge.
Tosca
Scarpia
Ó Deus!... O que está acontecendo?
Oh! Dio!... Che avvien?!!
[Com expressão feroz]
[Con espressione di ferocia]
Amarrado pelas mãos e pés, o teu
Legato mani e piè il vostro amante
amante
ha un cerchio uncinato alle tempia,
tem um aro de aço ao redor da
che ad ogni niego ne sprizza sangue
cabeça,
senza mercé!
e a cada negativa, seu sangue escorre sem piedade!
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
[Levanta-se bruscamente]
[Balza in piedi]
Não é verdade! Não é!...
Non è ver, non è ver!
Riso maldito!
Sogghigno di demone...
Ai de mim!
Ahimè!
[Grande gemido]
[Gemito prolungato]
Ele geme?...
Un gemito?
Piedade... piedade!
Pietà, pietà!
Cabe à senhora salvá-lo.
Sta in voi di salvarlo.
Pois bem... mas parem!
Ebben... ma cessate!
[Aproxima-se à porta]
[Va presso all'uscio]
Sciarrone… para!
Sciarrone, sciogliete!
[Aparece na porta]
[Si presenta sul limitare]
Com tudo?
Tutto?
Tudo.
Tutto.
[Sciarrone entra novamente na
[Sciarrone entra di nuovo nella
câmara de tortura e fecha a porta]
camera della tortura, chiudendo]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
[Para Tosca]
[A Tosca]
E agora dize a verdade...
Ed or la verità...
Antes eu quero vê-lo!
Ch'io lo veda!
Não!
No!
[Aproximando-se da porta]
[Riesce ad avvicinarsi all'uscio]
Mário...
Mario!
[Dolorosamente]
[Dolorosamente]
Tosca...
Tosca!
Ainda te estão torturando?
Ti fanno male ancor?
Não... coragem!
No. Coraggio!
Fica calada!
Taci!
Não sinto a dor!
Sprezzo il dolor!
[Aproximando-se de Tosca]
[Avvicinandosi a Tosca]
Vamos, Tosca, fala.
Orsù, Tosca, parlate.
[Revigorada pelas palavras de
[Rinfrancata dalle parole di
Cavaradossi]
Cavaradossi]
Nada sei!
Non so nulla!
Não foi suficiente aquela prova?
Non vale quella prova?
Roberti, recomece!...
Roberti, ripigliamo...
[Aproxima-se da porta]
[Fa per avvicinarsi all'uscio]
[Jogando-se entre a porta e Scarpia
[Si mette fra l'uscio e Scarpia, per
para impedir a ordem]
impedire che dia l'ordine]
Não! Para!
No! Fermate!
Vais falar?
Voi parlerete?
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Não... monstro!
No... mostro!
Tu o torturas, irás matá-lo.
Lo strazi... l'uccidi!
Teu silêncio o tortura muito mais.
Lo strazia quel vostro silenzio assai più.
[Rindo]
[ride]
Ris...
Tu ridi...
desse terrível castigo?
all'orrida pena?
[Com entusiasmo]
[Con entusiasmo]
Tosca, nunca estiveste assim tão
Mai Tosca alla scena più tragica fu!
trágica ao palco!
Scarpia
[Gritando]
[Gridando]
Abre as portas, que tu ouças o
Aprite le porte che n'oda i lamenti!
lamento!
[Spoletta apre l'uscio e sta ritto sulla
[Spoletta abre a porta e fica imóvel
soglia]
sob o batente]
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Te desafio!
Vi sfido!
[Gritando para Roberti]
[gridando a Roberti]
Mais forte! Mais forte!
Più forte! Più forte!
Te desafio!
Vi sfido!
[Para Tosca]
[A Tosca]
Fala!
Parlate...
O que dizer?
Che dire?
Vamos, fala!
Su, via!
Ah! Nada sei!
Ah! non so nulla!
[Desesperada]
[Disperata]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94
Scarpia
Devo mentir?
Dovrei mentir?
[Insistindo]
[Insistindo]
Dize, onde está Angelotti?
Dite dov'è Angelotti? parlate
Fala, vamos, fala, onde está
su, via, dove celato sta?
escondido?
Tosca
Não!
No!
Ah! Não posso!
Ah! Più non posso!
Que horror! Suspende esse martírio!
Che orror! Cessate il martir!
É muito sofrimento!
È troppo il soffrir!
[Volta-se novamente suplicando
[si rivolge ancora supplichevole a
para Scarpia, que faz sinal para
Scarpia, il quale fa cenno a Spoletta
Spoletta deixá-la aproximar-se. Ao
di lasciare avvicinare Tosca: questa
ver a horrível cena, fica estarrecida
va presso all'uscio aperto ed
e implora a Cavaradossi com muita
esterrefatta alla vista dell'orribile
dor]
scena, si rivolge a Cavaradossi col massimo dolore]
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Mário, consentes que eu diga?
Mario, consenti ch'io parli?
[Lacerado]
[Spezzata]
Não!
No!
[Insistindo]
[Con insistenza]
Escuta, não posso mais...
Ascolta, non posso più...
Tola, o que sabes?
Stolta, che sai?...
O que poderias dizer?
che puoi dir?...
[Irritado com as palavras de
[Irritatissimo per le parole di
Cavaradossi e temendo que
Cavaradossi e temendo che da
este encoraje Tosca ainda mais
queste Tosca sia ancora incoraggiata
a permanecer calada, grita para
a tacere, grida terribile a Spoletta]
Spoletta]
Ma fatelo tacere!
Fazei-o calar-se!
Tosca
Mas o que foi que eu fiz?...
Che v'ho fatto in vita mia?
É a mim que torturais assim!
Son io che così torturate!...
Torturais minha alma…
Torturate l'anima...
[Cai em prantos, murmurando]
[Scoppia in singhiozzi, mormorando]
Torturais minha própria alma!
Sì, l'anima mi torturate!
[Balbuciando em atitude de oração]
[Brontolando in attitudine di preghiera]
À entrada do Juiz
Judex ergo, cum sedebit,
Tudo será revelado
quidquid latet apparebit,
Nada permanecerá oculto
nil inultum remanebit.
[Scarpia, aproveitando-se do
[Scarpia, profittando
turbamento de Tosca, aproxima-se da
dell'accasciamento di Tosca, va presso
câmara de tortura e faz sinal para que
la camera della tortura e fa cenno
recomecem a tortura. Ouve-se um grito
di ricominciare il supplizio. un grido
terrível. Tosca levanta-se subitamente
orribile si fa udire Tosca si alza di
e, com a voz embargada, dirige-se a
scatto e subito con voce soffocata dice
Scarpia]
rapidamente a Scarpia]
No poço... do jardim...
Nel pozzo... nel giardino...
Ali está Angelotti?
Là è Angelotti?...
[Sufocada]
[Soffocato]
Sim.
Sì...
[Firme, em direção à câmara de tortura]
[Forte, verso la camera della tortura]
Basta, Roberti.
Basta, Roberti.
Sciarrone
Desmaiou!
È svenuto!
Tosca
[A Scarpia]
[A Scarpia]
Spoletta
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96
Scarpia
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Assassino!
Assassino!
Quero vê-lo!
Voglio vederlo.
[Para Sciarrone]
[A Sciarrone]
Trazei-o!
Portatelo qui!...
Sciarrone volta e logo atrás entra
[Sciarrone rientra e subito appare
Cavaradossi, desmaiado, trazido
Cavaradossi svenuto, portato dagli
por soldados que o colocam perto à
sbirri che lo depongono sul canapè.
poltrona. Tosca corre para ele, mas o
Tosca corre a lui, ma l'orrore della
horror de vê-lo todo ensanguentado
vista dell'amante insanguinato è così
é tão grande que cobre o rosto
forte, ch'essa sgomentata si copre il
para não contemplá-lo. Depois,
volto per non vederlo poi,
envergonhada de sua fraqueza,
vergognosa di questa sua debolezza,
ajoelha-se ao lado dele, beijando-o
si inginocchia presso di lui,
e chorando
baciandolo e piangendo.]
[Voltando a si]
[Riavendosi]
Floria!
Floria!
[Enchendo-o de beijos]
[Coprendolo di baci]
Amor!
Amore...
És tu?
Sei tu?
Quanto sofreste, alma minha!…
Quanto hai penato anima mia!...
Mas a justiça de Deus o punirá!
Ma il giusto iddio lo punirà!
Tosca... tu falaste?
Tosca, hai parlato?
Não, amor!
No, amor...
De verdade?
Davvero?...
[A Spoletta, com autoridade]
[A Spoletta con autorità]
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Sciarrone
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
Sciarrone
Ao poço do jardim... vai, Spoletta!
Nel pozzo del giardino. Va', Spoletta!
[Spoletta sai. Cavaradossi, ouvindo
[Spoletta esce: Cavaradossi, che ha udito,
tudo, levanta-se ameaçando Tosca,
si leva minaccioso contro Tosca; poi le
mas, tomado pela fraqueza, cai
forze l'abbandonano e si lascia cadere
sobre a poltrona, exclama cheio de
sul canapè, esclamando con rimprovero
amargura, recriminando-a]
pieno di amarezza verso Tosca]
Você me traiu!
M'hai tradito!
[Suplicando]
[Supplichevole]
Mário!
Mario!
[Empurrando Tosca, que tentava
[Respingendo Tosca che si abbraccia
abraçá-lo]
stretta a lui]
Maldita!
Maledetta!
[Sciarrone, de repente, interrompe
[Sciarrone, a un tratto, irrompe tutto
ofegante]
affannoso]
Excelência! Temos notícias!...
Eccellenza! quali nuove!...
[Surpreso]
[Sorpreso]
Por que essa expressão tão aflita?
Che vuol dir quell'aria afflitta?
Uma mensagem de derrota.
Un messaggio di sconfitta...
De derrota? Como? Onde?
Che sconfitta? Come? Dove?
Em Marengo...
A Marengo...
[Impaciente, gritando]
[impazientito, gridando]
Sem demoras!
Tartaruga!
Bonaparte venceu!
Bonaparte è vincitor!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98
Scarpia
Sciarrone
Cavaradossi
Melas...
Melas...
Não! Melas fugiu!...
No! Melas è in fuga!...
[Cavaradossi, que ouvia com
[Cavaradossi, che con ansia crescente
ansiedade as palavras de Sciarrone,
ha udito le parole di Sciarrone, trova
encontra forças para levantar-se,
nel proprio entusiasmo la forza di
entusiasmado, ameaçando Scarpia]
alzarsi minaccioso in faccia a Scarpia]
Vitória! Vitória!
Vittoria! Vittoria!
Surge a aurora de vingança
L'alba vindice appar
Que faz os ímpios tremerem!
che fa gli empi tremar!
Surge a liberdade
Libertà sorge,
Caem os tiranos!
Crollan tirannidi!
Do sofrido martírio
Del sofferto martir
Me verás ressurgir alegre!
me vedrai qui gioir...
Trema seu coração, Scarpia, sanguinário!
il tuo cor trema, o Scarpia, carnefice!
[Tosca, desesperada, aproxima-se de
[Tosca, disperatamente
Cavaradossi, tentando fazê-lo calar-se]
aggrappandosi a Cavaradossi, tenta, di farlo tacere]
Tosca
Scarpia
Mário, cala-te, piedade de mim!
Mario, taci, pietà di me!
[Olhando Cavaradossi com cinismo]
[Fissa cinicamente Cavaradossi]
Esbraveja, grita!
Braveggia, urla!
Revela o que realmente escondes na
T'affretta a palesarmi il fondo
alma!
dell'alma ria!
Vai, moribundo, o patíbulo te espera!
Va'! Moribondo, il capestro t'aspetta!
[E, irritado com as palavras de
[Ed irritato per le parole di
Cavaradossi, grita aos soldados]
Cavaradossi, grida agli sbirri]
Levai-o daqui!
Portatemelo via!
[Sciarrone e os soldados prendem
[Sciarrone ed gli sbirri
Cavaradossi e o empurram em direção
s'impossessano di Cavaradossi e lo
Tosca
Scarpia
à porta. Tosca tenta segurar-se
trascinano verso la porta. Tosca tenta
a Cavaradossi, em vão, e é
di tenersi stretta a Cavaradossi, ma
brutalmente empurrada]
invano: essa è brutalmente respinta]
Mário... estou contigo.
Mario... con te...
[Os soldados conduzem
[Gli sbirri conducono via
Cavaradossi. Tosca se direciona para
Cavaradossi; Tosca si avventa per
seguir Cavaradossi, mas Scarpia se
seguir Cavaradossi, ma Scarpia si
coloca em frente à porta e a fecha,
colloca innanzi la porta e la chiude,
impedindo que Tosca prossiga]
respingendo Tosca]
Tu não!
Voi no!
[Gemendo]
[Come un gemito]
Salva-o!
Salvatelo!
Eu?... Tu!
Io?... voi!
[Aproxima-se da mesa, vê seu jantar
[Si avvicina alla tavola, vede la sua
e volta a comer, calmo e sorridente]
cena lasciata a mezzo e ritorna
Quinta Cena Scena Quinta
Tosca
Scarpia
calmo e sorridente]
Scarpia
Meu humilde jantar foi
La povera mia cena fu interrotta.
interrompido.
[Vede Tosca abbattuta, immobile,
[Vendo Tosca abatida, imóvel, ainda
ancora presso la porta]
perto da porta]
Tão abatida?
Così accasciata?... Via, mia bella
Vem, minha bela senhora, senta-te
signora,
aqui.
sedete qui. ~ Volete che cerchiamo
Queres que procuremos juntos um
insieme il modo di salvarlo?
modo para salvá-lo?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100
Tosca
Scarpia
[Tosca, ainda abatida, olha para
[Tosca si scuote e lo guarda:
Scarpia, que sempre sorridente
Scarpia sorride sempre e si siede,
se senta, fazendo-lhe sinal para
accennando in pari tempo di sedere
aproximar-se]
a Tosca]
Então... senta-te... e conversemos.
E allor... sedete... e favelliamo.
Enquanto isso... uma taça?
E intanto
É vinho da Espanha...
un sorso. È vin di Spagna...
[Enche uma taça para Tosca e a
[Riempie il bicchiere e lo porge a
entrega e ela]
Tosca]
Um gole.
Un sorso
[Com gentileza]
[Con gentilezza]
Para te animares.
per rincorarvi.
[Senta-se em frente a Scarpia e o
[Siede in faccia a Scarpia,
olha fixamente]
guardandolo fissamente.]
Quanto?
Quanto?
[Sem se preocupar, servindo-lhe a
[Imperturbabile, versandosi da bere]
bebida]
Quanto?
Quanto?
Tosca
Scarpia
O preço!...
Il prezzo!...
[Rindo]
[Ride]
Sim. Dizem que sou corrupto, mas a
Già. Mi dicon venal, ma a donna
uma bela mulher,
bella
[Insinuante]
[insinuante e con intenzione]
não me vendo por dinheiro.
non mi vendo a prezzo di moneta.
Se a minha fé devo trair
Se la giurata fede devo tradir...
Será por outro tipo de recompensa.
ne voglio altra mercede.
Eu esperava por este momento!
Quest'ora io l'attendeva!
Já me consumia o amor pela diva!
Già mi struggea l'amor della diva!
Mas ainda há pouco
Ma poc'anzi ti mirai
A vi como jamais havia visto!
qual non ti vidi mai!
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
[Levanta-se, excitado]
[Eccitatissimo, si alza]
Aquelas tuas lágrimas acendiam
Quel tuo pianto era lava ai sensi
meus sentidos,
miei
e o teu olhar, que lançava ódio por
e il tuo sguardo che odio in me
mim,
dardeggiava,
aumentou ainda mais meu desejo!
mie brame inferociva!...
Ágil como um leopardo,
Agil qual leopardo
tu te atiraste sobre o teu amante!…
t'avvinghiasti all'amante.
Ah! Naquele instante jurei que
Ah! In quell'istante t'ho giurata
serias minha!…
mia!...
Minha!
Mia!
[Aproxima-se, estendendo os braços
[Si avvicina, stendendo le braccia
para Tosca. Esta, que escutou tudo
verso Tosca:
imóvel como pedra, as lascivas
questa, che aveva ascoltato
palavras de Scarpia, levanta-se
immobile, impietrita, le lascive
bruscamente e se refugia atrás da
parole di Scarpia, s'alza di scatto e si
poltrona]
rifugia dietro il canapé]
Ah!
Ah!
[Seguindo-a]
[Quasi inseguendola]
Sim, serás minha!
Sì, t'avrò!...
[Enojada, corre para a janela]
[Iinorridita corre alla finestra]
Prefiro pôr fim à minha vida!
Piuttosto giù mi avvento!
[Com frieza]
[Freddamente]
Resta-me teu Mário como prenda!…
In pegno il Mario tuo mi resta!...
Ah, miserável!... Que terrível
Ah! miserabile... l'orribile mercato!
chantagem! Violenza non ti farò. Scarpia
Não irei violentá-la!...
Sei libera.
Tu és livre.
Va' pure.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Vai, se quiseres...
[Tosca con un grido di gioia fa
[Tosca, com um grito de alegria,
per uscire. Scarpia con e ridendo
encaminha-se para sair. Scarpia a
ironicamente la trattiene]
segura, rindo ironicamente]
Ma è fallace speranza...
Mas é inútil a esperança...
la regina farebbe grazia ad un
a Virgem concederia perdão a um
cadavere!
cadáver.
[Tosca retrocede spaventata, e
[Tosca volta assustada e, olhando
fissando Scarpia si lascia cadere sul
Scarpia, cai sobre a poltrona]
canapè]
Como tu me odeias!
Come tu m'odii!
[Com muito ódio e desprezo]
[Con tutto l'odio e il disprezzo]
Ah! Meu Deus!…
Ah! Dio!...
[Aproximando-se]
[Avvicinandosele]
É assim que eu te quero!
Così ti voglio!
[Exasperada]
[Esasperata]
Não me toques, demônio!
Non toccarmi, demonio! T'odio, t'odio,
Te odeio, te odeio!
abbietto, vile!
[Foge de Scarpia, com nojo]
[Fugge da Scarpia inorridita]
O que importa?
Che importa?!
[Aproximando-se ainda mais dela]
[Avvicinandosele ancor più]
Tremor de raiva... tremor de amor!
Spasimi d'ira... spasimi d'amore!
Vil!
Vile!
[Procurando agarrá-la]
[Cerca di afferrarla]
Minha!…
Mia!
[Protegendo-se atrás da mesa]
[Si ripara dietro la távola]
Vil!
Vile!
[Seguindo-a]
[Inseguendola]
Tosca
Scarpia
Minha!
Mia!
Socorro!
Aiuto!
[De longe vem um som de tambor
[Un lontano rullo di tamburi a poco a
que se aproxima pouco a pouco]
poco s'avvicina]
[Parando]
[Fermandosi]
Estás ouvindo?
Odi?
É o tambor… cada vez mais perto!
È il tamburo. S'avvia.
Ele conduz a última escolta dos
Guida la scorta ultima ai condannati.
condenados.
Il tempo passa!
O tempo está passando! Sai... quale oscura opra laggiù si Scarpia
Sabes... qual trabalho obscuro
compia?
estamos fazendo?
Là... si drizza un patibolo!...
Ali... preparamos um patíbulo!…
[Tosca fa un movimento di
[Tosca desesperada e assombrada]
disperazione e di spavento]
Para o teu Mário, e por tua causa…
Al tuo Mario, per tuo voler,
não lhe resta mais que uma hora
non resta che un'ora di vita.
de vida.
[Freddamente si appoggia ad un
[Com frieza, apoia-se no canto da
angolo della tavola, continuando a
mesa, continuando a olhar Tosca,
guardare Tosca che affranta dal dolore
que, consumida pela dor, cai sobre
si lascia cadere sul canapé]
a poltrona]
Tosca
[Com muito pesar]
[Nel massimo dolore]
Vivi para a arte, vivi para o amor.
Vissi d'arte, vissi d'amore,
Nunca fiz mal a sequer uma alma
non feci mai male ad anima viva!...
viva!
con man furtiva
Com mãos secretas
quante miserie conobbi, aiutai...
Quantas misérias eu conheci e
sempre con fé sincera,
socorri...
la mia preghiera
Sempre com fé sincera,
ai santi tabernacoli salì.
A minha oração
Sempre con fé sincera
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104
Aos santos nos templos sagrados dirigi.
diedi fiori agli altar.
Sempre com fé sincera
[alzandosi]
Ofertei flores ao altar.
Nell'ora del dolore
[Levantando-se]
perché, perché signore,
Nesta hora de dor,
perché me ne rimuneri così?
Por que, por que, Senhor,
Diedi gioielli
Por que me retribuís assim?
della madonna al manto,
Doei joias para o manto da Virgem
e diedi il canto
Doei meu canto
agli astri, al ciel, che ne ridean più
Aos astros e aos céus
belli.
Que brilhavam ainda mais reluzentes
Nell'ora del dolore,
Nesta hora de dor
perché, perché signore,
Por que, por que, Senhor,
perché me ne rimuneri così?
Por que me retribuís assim?
[singhiozzando]
[Chorando]
Scarpia
Tosca
Scarpia
[Aproximando-se novamente de Tosca]
[Avvicinandosi di nuovo a Tosca]
Decide-te!
Risolvi!
Quer que eu suplique a teus pés?
Mi vuoi supplice ai tuoi piedi!
[Ajoelhando-se aos pés de Scarpia]
[inginocchiandosi innanzi a Scarpia]
Vê,
Vedi,
[Soluçando]
[Singhiozza]
Minhas mãos postas eu estendo a ti!
le man giunte io stendo a te!
[Levantando as mãos postas]
[Alzando le mani giunte]
Olha... Vê...
Ecco... vedi...
[Desesperada]
[Con accento disperato]
À espera de uma palavra tua,
e mercé d'un tuo detto,
Vencida, espero...
vinta, aspetto...
És imensamente bela, Tosca, e muito
Sei troppo bella, Tosca, e troppo
apaixonada.
amante.
Eu concedo. Por um mísero preço!
Cedo. A misero prezzo.
Tu me pedes uma vida, eu te peço um
Tu, a me una vita, io, a te chieggo un
momento!
istante!
Tosca
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Tosca
Scarpia
[Levantando-se com grande
[Alzandosi, con un senso di gran
desprezo]
disprezzo]
Vai! Vai! Tu me dás nojo!
Va'! Va'! Mi fai ribrezzo!
[Batem na porta]
[Bussano alla porta]
Quem está aí?
Chi è là?
[Entrando com pressa e ansioso]
[Entrando tutto frettoloso e trafelato]
Excelência…
Eccellenza,
Angelotti… à nossa chegada,
l'Angelotti al nostro giungere si
suicidou-se.
uccise.
Pois bem, pendurai-o
Ebbene, lo si appenda
morto na forca!
morto alle forche!
E o outro prisioneiro?
E l'altro prigionier?
O cavalheiro Cavaradossi?
Il cavalier Cavaradossi?
Tudo está pronto, Excelência!
È tutto pronto, eccellenza!
(Que Deus me ajude!)
[Dio m'assisti!]
[A Spoletta]
[A Spoletta]
Espera.
Aspetta.
[Baixo, para Tosca]
[Piano a Tosca]
E então?...
Ebbene?
[Tosca faz sinal afirmativo com
[Tosca accenna di sì col capo e dalla
cabeça e, tomada pela vergonha,
vergogna piangendo affonda la
chorando, pousa a cabeça nas
testa fra i cuscini del canapè]
almofadas da poltrona]
Scarpia
Tosca
[Para Spoletta]
[A Spoletta]
Ouve...
Odi...
[Interrompendo Scarpia]
[Interrompendo subito Scarpia]
Mas quero-o livre agora!…
Ma libero all'istante lo voglio!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106
Scarpia
[Para Tosca]
[A Tosca]
É preciso disfarçar.
Occorre simular.
Não posso conceder perdão
Non posso far grazia aperta.
publicamente.
Bisogna che tutti abbian per morto
Preciso que todos pensem que o
il cavalier.
cavalheiro morreu.
[Accenna a Spoletta]
[Faz um sinal para Spoletta]
Quest'uomo fido provvederà.
Este homem se encarregará disso.
Tosca
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Tosca
Quem me garante?
Chi m'assicura?
A ordem que vou lhe transmitir aqui,
L'ordin ch'io gli darò voi qui
na tua presença.
presente.
[Para Spoletta]
[A Spoletta]
Spoletta, fecha.
Spoletta: chiudi.
[Spoletta fecha a porta com rapidez.]
[Spoletta frettolosamente chiude la
Mudei de opinião...
porta]
que o prisioneiro seja fuzilado.
Ho mutato d'avviso...
[Tosca fica em pânico]
il prigionier sia fucilato.
Mas atenção...
[Tosca scatta atterrita]
como fizemos com o Conde
Attendi...
Palmieri...
Come facemmo col conte Palmieri...
Uma execução...
Un'uccisione...
... simulada, como fizemos com
...simulata!... Come avvenne del
Palmieri!
Palmieri!
Entendeu bem?
Hai ben compreso?
Entendi perfeitamente.
Ho ben compreso.
Vai!
Va'.
[Que escutou com atenção,
[Che ha ascoltato avidamente,
intervém]
interviene]
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Quero avisar-lhe eu mesma.
Voglio avvertirlo io stessa.
Que seja!
E sia.
[Para Spoletta, mostrando Tosca]
[A Spoletta, indicando Tosca]
Você a deixará passar. Atenção:
Le darai passo. Bada:
Às quatro da noite
all'ora quarta...
Sim. Como Palmieri...
Sì. Come Palmieri...
[Sai]
[Esce]
[Scarpia, aproxima-se de Tosca com
[Scarpia, si avvicina con grande
grande paixão]
passione a Tosca]
Mantive a minha promessa...
Io tenni la promessa...
[Parando-o]
[Arrestandolo]
Ainda não.
Non ancora.
Quero um salvo-conduto
Voglio un salvacondotto onde fuggir
para fugir do Estado com ele.
dallo stato con lui.
[Com galanteio]
[Con galanteria]
Então queres ir embora?
Partir dunque volete?
Sim… para sempre!
Sì, per sempre!
Que seja conforme teu desejo.
Si adempia il voler vostro.
[Vai ao escritório, começa a escrever
[Va allo scrittoio; si mette a scrivere,
e para de modo a perguntar a Tosca]
interrompendosi per domandare a
E qual caminho escolherás?
Tosca] E qual via scegliete?
[Enquanto Scarpia escreve, Tosca aproxima-se da mesa e, com as
[Mentre Scarpia scrive, Tosca si è
mãos trêmulas, pega a taça de vinho
avvicinata alla tavola e con la mano
da Espanha que Scarpia encheu. Ao
tremante prende il bicchiere di vino
levar a taça à boca, vê sobre a mesa
di Spagna versato da Scarpia, ma nel
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108
uma faca afiada de ponta. Olha
portare il bicchiere alle labbra, scorge
para Scarpia, que escreve, e com
sulla tavola un coltello affilato ed a punta;
precaução tenta esconder a faca,
dà un'occhiata a Scarpia che in quel
respondendo à pergunta de Scarpia,
momento è occupato a scrivere e con
que a está vigiando]
infinite precauzioni cerca d'impossessarsi del coltello, rispondendo alle domande di Scarpia ch'essa sorveglia atentamente]
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Scarpia
Tosca
Scarpia
O mais curto!
La più breve!
Civitavecchia?
Civitavecchia?
Sim.
Sì.
[Ela finalmente pode pegar a faca, e
[Finalmente ha potuto prendere il
a esconde atrás de si, disfarçando e
coltello, che dissimula dietro di sé
apoiando-se na mesa. Scarpia acaba
appoggiandosi alla tavola. Questi ha
de escrever o salvo-conduto, dobra
finito di scrivere il salvacondotto, vi
o papel, esconde-o nas roupas e,
mette il sigillo, ripiega il foglio: quindi
abrindo os braços, aproxima-se de
aprendo le braccia si
Tosca]
avvicina a Tosca]
Tosca… finalmente minha!
Tosca, finalmente mia!...
[A voz voluptuosa se transforma em
[Ma l’accento voluttuoso si cambia in
um grito terrível: Tosca o atingiu
un grido terribile Tosca lo ha colpito in
com a faca no peito]
pieno petto]
[Gritando]
[Gridando]
Maldita!
Maledetta!
[Gritando]
[Gridando]
Este é “o beijo de Tosca”!
Questo è il bacio di Tosca!
[Com voz sufocada]
[Con voce strozza]
Socorro! Estou morrendo!
Aiuto! Muoio!
[Cambaleando, tenta apoiar-se
[Barcollando cerca di aggrapparsi a
em Tosca, que caminha para trás
Tosca, che indietreggia terrorizzata]
aterrorizada]
Soccorso! Muoio!
Socorro! Estou morrendo!
Tosca
[Com ódio, para Scarpia]
[Con odio, a Scarpia]
O sangue te sufoca?
Ti soffoca il sangue?
Assassinado por uma mulher!
E ucciso da una donna!
Me torturastes muito!
M'hai assai torturata!...
Ainda me escutas? Fala!...
Odi tu ancora? Parla!... Guardami!...
Olha-me!...
Son Tosca!... o Scarpia!
Sou Tosca!... Oh, Scarpia!
Scarpia
Tosca
[Sufocado, tenta reerguer-se pela
[Soffocato, fa un ultimo sforzo, poi
última vez e cai]
cade riverso]
Socorro, me ajudem!
Soccorso, aiuto!
[Ofegante]
[Rantolando]
Estou morrendo!
Muoio!
[Chorando sobre o rosto de Scarpia]
[Piegandosi sul viso di Scarpia]
Morra, maldito!… Morra!… Morra!…
Muori dannato! Muori, Muori!
[Scarpia permanece imóvel]
[Scarpia rimane rígido]
Estás morto!…
È morto!
Agora eu te perdoo!…
Or gli perdono!
[Sem tirar os olhos de Scarpia, vai
[Senza togliere lo sguardo dal
até a mesa, pega uma garrafa de
cadavere di Scarpia, va al tavolo,
água e o molha um guardanapo
prende una bottiglia d'acqua
para limpar os dedos. Depois
e inzuppando un tovagliolo si
arruma os cabelos, olhando-se no
lava le dita, poi si ravvia i capelli
espelho.
guardandosi allo specchio.
Lembra-se do salvo-conduto...
Si sovviene del salvacondotto... lo
Procura-o pelo escritório, mas não o
cerca sullo scrittoio, ma non lo trova;
encontra. Procura-o ainda e o vê nas
lo cerca ancora, finalmente vede il
mãos fechadas e rígidas de Scarpia.
salvacondotto nella mano raggrinzita
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110
Levanta o braço de Scarpia e o deixa
di Scarpia. Solleva il braccio di
cair após ter tirado de suas mãos o
Scarpia, che poi lascia cadere inerte,
salvo-conduto, escondendo-o no
dopo aver tolto il salvacondotto che
peito]
nasconde in petto]
E diante dele… toda Roma tremia?!
E avanti a lui tremava tutta Roma!
[Encaminha-se para sair, mas,
[Si avvia per uscire, ma si pente, va
arrependida, pega duas velas que
a prendere le due candele che sono
estão sobre a mesa, à esquerda,
sulla mensola a sinistra e le accende
acende-as e as coloca uma de cada
al candelabro sulla tavola spegnendo
lado da cabeça de Scarpia.
poi questo. Colloca una candela
Procura de novo em volta e, vendo
accesa a destra della testa di Scarpia.
um crucifixo, retira-o da parede e
Mette l'altra candela a sinistra. Cerca
com sinal de fé ajoelha-se, para
di nuovo intorno e vedendo un
colocá-lo no peito de Scarpia.
crocefisso va a staccarlo dalla parete
Levanta-se e, com grande
e portandolo religiosamente si
preocupação, sai, fechando a porta]
inginocchia per posarlo sul petto di Scarpia. Si alza e con grande precauzione esce, richiudendo dietro a porta]
Terceiro Ato
[No terraço do Castelo Sant’Angelo.
Sant'Angelo.
Atto Terzo
Primeira Cena Scena Prima
[La piattaforma di Castel
À esquerda, uma guarita: uma mesa,
A sinistra, una casamatta: vi è
sobre esta uma lamparina, um livro
collocata una tavola, sulla quale
de registros, canetas e lápis; um
stanno una lampada, un grosso
banco e uma cadeira. De um lado,
registro e l'occorrente per scrivere:
na parede, um crucifixo: em frente
una panca, una sedia. Su di una
a ele uma lâmpada. À direita, uma
parete della casamatta un crocifisso:
pequena porta que dá para uma
davanti a
escada que liga ao terraço. No fundo,
questo è appesa una lampada. A
o Vaticano e a Basílica de São Pedro.
destra, l'apertura di una piccola scala per la quale si ascende alla
Noite, céu sereno, cintilante de
piattaforma. Nel fondo il Vaticano e
estrelas.
San Pietro.
Ouvem-se, de longe, os sinos de
Notte, cielo sereno, scintillante di
um destacamento militar, que aos
stelle.
poucos vão perdendo força.] Si odono, lontane, le campanelle d'un armento: di mano in mano vanno sempre più affievolendosi]
Pastor Pastore
Quantos suspiros
Io de' sospiri,
Eu te envio
ve ne rimanno tanti
Como as folhas que se movem ao
pe' quante foie ne smoveno li venti.
vento...
Tu me disprezzi,
Tu me desprezas
io me ci accoro,
Eu me entristeço
lampena d'oro me fai morir!
Luz de ouro e faz morrer!
A luz está incerta e cinza,
La luce incerta e grigia che precede
antecedendo o amanhecer: os sinos
l'alba: le campane delle chiese
das igrejas anunciam a manhã.
suonano mattutino
[Um carcereiro com uma lanterna
[Un Carceriere con una lanterna sale
sobe as escadas, vai à guarita e
dalla scala, va alla casamatta e vi
acende primeiro a lâmpada que está
accende la lampada sospesa davanti
pendurada em frente ao crucifixo,
al crocifisso, poi quella sulla tavola.
depois a da mesa.
Poi va in fondo alla piattaforma e
Vai ao fundo do terraço e olha para
guarda giù nel cortile sottostante
o pátio, abaixo, a fim de verificar se
per vedere se giunge il picchetto dei
está vindo o pelotão de soldados
Soldati, col Condannato. Si incontra
com o condenado. Encontra-se com
com una Sentinella che percorre
um patrulheiro que faz a ronda por
tutt'all'intorno la piattaforma e
todo o terraço e troca com este
scambiate colla stessa alcune parole,
algumas palavras, volta para guarita,
ritorna alla casamatta, siede ed
senta-se e espera sonolento.
aspetta mezzo assonnato.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112
Mais tarde um pelotão, comandado
Più tardi un Picchetto, comandato
por um sargento da guarda, sobe no
da un Sergente di guardia, sale
terraço acompanhando Cavaradossi.
sulla piattaforma accompagnando
O pelotão para e o sargento conduz
Cavaradossi: il Picchetto si arresta
Cavaradossi à guarita, entregando
e il Sergente conduce Cavaradossi
uma folha para o carcereiro. Este
nella casamatta, consegnando un
examina a folha, abre o livro
foglio al Carceriere. Il Carceriere
de registro e escreve enquanto
esamina il foglio, apre il registro e vi
interroga.]
scrive mentre interroga.]
Carcereiro
Mário Cavaradossi?
Mario Cavaradossi?
Carceriere
[Cavaradossi inclina a cabeça em
[Cavaradossi china il capo,
sinal de consentimento. O carcereiro
assentendo. Il carceriere porge la
entrega a caneta ao sargento]
penna al sergente]
Segunda Cena Scena Seconda
A ti. [O sargento assina o registro
A voi.
e depois sai com os soldados,
[Il sergente firma il registro, poi parte
descendo pela escada]
coi soldati, scendendo per la scala]
Carcereiro
Resta-te uma hora...
Vi resta un'ora...
Carceriere
Um sacerdote está à tua disposição!
Un sacerdote i vostri cenni attende.
Não… mas uma última graça te
No! Ma un'ultima grazia io vi
peço.
richiedo...
Se eu puder!...
Se posso...
Deixo no mundo
Io lascio al mondo
uma pessoa muito querida.
una persona cara.
Permite-me escrever-lhe algumas
Consentite ch'io le scriva un sol
palavras.
motto.
[Tirando do dedo um anel]
[togliendosi dal dito un anello]
Cavaradossi
Carcereiro Carceriere
Cavaradossi
A única coisa que restou da minha
Unico resto di mia ricchezza
riqueza
è questo anel...
foi este anel.
se promettete di consegnarle
Se prometeres entregar o
il mio ultimo addio,
meu último adeus…
esso è vostro...
ele será teu.
Carcereiro
[Duvida um pouco, mas aceita,
[Tituba un poco, poi accetta e facendo
Carceriere
fazendo sinal a Cavaradossi para
cenno a Cavaradossi di sedere alla
sentar-se à mesa, e vai acomodar-se
tavola, va a sedere sulla panca]
no banco]
Scrivete...
Escreve...
Cavaradossi
[Cavaradossi permanece pensando
[Rimane alquanto pensieroso, quindi
e então escreve... mas após escrever
si mette a scrivere... ma dopo tracciate
algumas linhas é invadido pelas
alcune linee è invaso dalle rimembranze,
lembranças e para de escrever.]
e si arresta dallo scrivere]
[Pensando]
[Pensando]
E brilhavam as estrelas...
E lucevan le stelle...
e a terra difundia seu aroma...
e olezzava la terra...
rangia o portão do jardim...
stridea l'uscio dell'orto...
e um passo delineava-se na areia...
e un passo sfiorava la rena...
ela entrava, perfumada...
entrava ella, fragrante,
e caía em meus braços!
mi cadea fra le braccia...
Ó doces beijos, ó suaves carícias...
Oh! dolci baci, o languide carezze,
enquanto eu, tremendo,
mentr'io fremente
as belas formas libertava do véu!
le belle forme disciogliea dai veli!
Extinguiu-se para sempre
Svanì per sempre
o meu sonho de amor...
il sogno mio d'amore...
O momento se foi...
l'ora è fuggita...
E morro desesperado!
e muoio disperato!
Nunca amei tanto assim a vida!
E non ho amato mai tanto la vita!...
[Spoletta surge na escada,
[Dalla scala viene Spoletta,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114
Terceira Cena Scena Terza
acompanhado do sargento e de
accompagnato dal Sergente e
Tosca. O sargento carrega uma
seguìto da Tosca: il Sergente porta
lanterna, Spoletta indica a Tosca
una lanterna Spoletta accenna a
onde se encontra Cavaradossi,
Tosca ove trovasi Cavaradossi, poi
depois chama o carcereiro. Os
chiama a sé il Carceriere: con
três descem pela escada e, antes
questi e col Sergente ridiscende,
de partir, Spoletta ordena a um
non senza aver prima dato ad una
patrulheiro que está ao fundo que
Sentinella, che sta in fondo, l'ordine
vigie o prisioneiro.]
di sorvegliare il Prigioniero.]
[Tosca, agitadíssima, vê Cavaradossi,
[Tosca che in questo frattempo
que está chorando. Corre em
è rimasta agitatissima, vede
direção a ele e, com a voz sufocada
Cavaradossi che piange: si slancia
pela emoção, levanta sua cabeça
presso a lui, e non potendo
com as duas mãos, mostrando-lhe o
parlare per la grande emozione
salvo-conduto.
gli solleva con le due mani la testa, presentandogli in pari tempo il
Cavaradossi, ao ver Tosca, surpreso,
salvacondotto:
levanta-se e lê a folha que Tosca lhe
Cavaradossi, alla vista di Tosca, balza
entrega.]
in piedi sorpreso, legge il foglio che gli presenta Tosca.]
Cavaradossi
[Lendo] “Passagem livre para Floria Tosca...”
Tosca
[Legge] “Franchigia a Floria Tosca...
[Lendo junto com ele, com voz
[Leggendo insieme a lui con voce
ofegante]
affannosa]
... e para o cavalheiro que a
...«e al cavaliere che l'accompagna».
acompanha.”
[Para Cavaradossi, com um grito de
[A Cavaradossi con un grido
exaltação]
d'esultanza]
Estás livre!
Sei libero!
Cavaradossi
[Olha a folha e vê a assinatura]
[Guarda il foglio; ne vede la firma]
Scarpia cedeu?
Scarpia!...
Tu estás livre!
Scarpia che cede?
Esta é sua primeira concessão de
La prima sua grazia è questa...
clemência...
[guardando Tosca con intenzione]
[Olhando Tosca com atenção]
Tosca
E a última!
E l'ultima!
[Pega o salvo-conduto e o coloca
[Riprende il salvacondotto e lo
na bolsa]
ripone in una borsa]
Cavaradossi
O que dizes?
Che dici?
Tosca
[Soltando-se]
[Scattando]
Ele queria o teu sangue ou o meu
Il tuo sangue o il mio amore volea...
amor...
Fur vani scongiuri e pianti.
Em vão foram minhas súplicas e
Invan, pazza d'orror,
lágrimas.
alla madonna mi volsi e ai santi...
Em vão, louca de terror...
l'empio mostro dicea:
Clamei à Virgem e aos Santos!
già nei cieli il patibol le braccia leva!
O monstro cruel dizia:
Rullavano i tamburi...
“Já aos céus o condenado ergue
rideva, l'empio mostro... rideva...
seus braços!”
già la sua preda pronto a ghermir!
Soavam os tambores...
«Sei mia!»
Ele ria, o monstro perverso... ria,
Sì.
pronto a devorar sua presa!
Alla sua brama mi promisi.
“Tu és minha?”…
Lì presso luccicava una lama...
“Sim!”…
ei scrisse il foglio liberator,
Aos seus desejos prometi satisfazer.
venne all'orrendo amplesso...
Ali, bem perto, brilhava uma
io quella lama gli piantai nel cor.
lâmina... Ele escrevia o documento de liberdade… e quando adiantou-se para o terrível abraço...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116
eu, aquela lâmina, cravei em seu coração.
Cavaradossi
Tu?… Mataste-o com as próprias
Tu!... di tua man l'uccidesti?
mãos?
tu pia, tu benigna, e per me!
Tu, tão pura, beata… por mim?!
Tosca
Cavaradossi
E tive minhas mãos cheias de
N'ebbi le man tutte lorde di
sangue!
sangue!...
[Pegando com carinho as mãos de
[Prendendo amorosamente fra le
Tosca entre as suas]
sue le mani di Tosca]
Ó mãos doces, brandas e puras!
O dolci mani mansuete e pure,
Mãos eleitas para obras boas e
o mani elette a bell'opre e pietose,
piedosas,
a carezzar fanciulli, a coglier rose,
para acariciar crianças, para colher
a pregar, giunte, per le sventure,
rosas,
dunque in voi, fatte dall'amor secure,
para rezar, juntas, pelas desgraças!
giustizia le sue sacre armi depose?
Então em ti, que foste feita para dar
Voi deste morte, o man vittoriose,
amor,
o dolci mani mansuete e pure!...
a Justiça depositou suas armas sagradas? Vós destes a morte, ó mãos vitoriosas! Ó doces mãos, brandas e puras!...
Tosca
[Recolhendo as mãos]
[Svincolando le mani]
Ouve... a hora se aproxima;
Senti... l'ora è vicina;
eu juntei
io già raccolsi
[Mostrando a bolsa]
[Mostrando la borsa]
ouro e joias… uma carruagem está
oro e gioielli... una vettura è pronta.
preparada!...
Ma prima... ridi amor...
Mas primeiro... sorri, amor!...
prima sarai fucilato
Primeiro tu serás fuzilado...
per finta ad armi scariche...
uma encenação, com armas
simulato supplizio.
descarregadas...
Al colpo... cadi.
simulando o suplício.
I soldati se n' vanno...
Ao ouvires o disparo… cai…
e noi siam salvi!
os soldados irão embora...
Poscia a Civitavecchia...
e nós estaremos salvos!
una tartana... e via pe 'l mar!
Iremos até Civitavecchia… uma canoa nos espera... e iremos pelo mar!
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Livres!
Liberi!
Não se lamentarás mais desta terra?
Chi si duole in terra più?
Sentes o perfume das rosas?
Senti effluvi di rose?!...
Não te parece que todas as coisas
non ti par che le cose
Esperam enamoradas pelo sol?...
aspettan tutte innamorate il sole?...
[Muito emocionado]
[Colla più tenera commozione]
A morte só me era amarga por
Amaro sol per te m'era morire,
deixar-te
da te la vita prende ogni splendore,
De ti a vida recupera cada esplendor,
all'esser mio la gioia ed il desire
Minha alegria e desejo nascem de ti,
nascon di te, come di fiamma ardore.
como o calor vem da chama.
Io folgorare i cieli e scolorire
O fulgor e o descolorar dos céus,
vedrò nell'occhio tuo rivelatore,
verei nos teus olhos reveladores...
e la beltà delle cose più mire
e a beleza de todas as coisas
avrà sol da te voce e colore.
somente através de ti ganha voz e cor!
Tosca
O amor, que soube tua vida salvar,
Amor che seppe a te vita serbare,
será
ci sarà guida in terra, e in mar
nosso guia pela terra e bússola no
nocchier...
mar...
e vago farà il mondo riguardare.
e será belo contemplar o mundo.
Finché congiunti alle celesti sfere
Até quando juntos nos unirmos aos
dileguerem, siccome alte sul mare
astros do céu
a sol cadente, nuvole leggere!...
assim como em alto-mar, o crepúsculo
[Rimangono commossi, silenziosi:
desvanece as nuvens translúcidas!
poi Tosca, chiamata dalla realtà delle
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118
[Permanecem comovidos, silenciosos:
cose, si guarda attorno inquieta]
depois Tosca volta à realidade e olha em volta, inquieta]
Tosca
Ainda não se aproxima ninguém...
E non giungono...
[Para Cavaradossi, com muita ternura]
[Si volge a Cavaradossi con
Lembra-te...
premurosa tenerezza]
Ao ouvires o disparo,
Bada!...
cai imediatamente...
Al colpo egli è mestiere che tu subito cada...
Cavaradossi
Tosca
Não temas, cairei no mesmo instante, e
Non temere che cadrò sul momento
naturalmente.
e al naturale.
Mas tem cuidado para não te
Ma stammi attento di non farti male!
machucares!
Con scenica scïenza
Com meu talento cênico,
io saprei la movenza...
saberei o que fazer depois...
Cavaradossi
[Interrompendo-a e puxando-a para
[La interrompe, attirandola a sé]
perto]
Parlami ancora come dianzi parlavi,
Fala-me ainda como dizias antes...
è così dolce il suon della tua voce!
é tão doce o som da tua voz!
Tosca
Cavaradossi
Tosca Cavaradossi
[Abandonando-se, quase extasiada]
[Si abbandona quasi estasiata]
Unidos e exultantes
Uniti ed esulanti
espalharemos pelo mundo o nosso
diffonderem pe 'l mondo i nostri
amor…
amori,
Uma harmonia de cores...
armonie di colori...
Uma harmonia de cantos espalharemos.
Armonie di canti diffonderem.
[Com entusiasmo]
[Con grande entusiasmo]
Triunfantes,
Trionfal,
com nova esperança,
di nova speme
a alma palpita
l'anima freme
de celestial e crescente ardor.
di celestial crescente ardor.
E, num voo harmonioso,
Ed in armonico vol
a alma vai rumo ao êxtase do amor.
già l'anima va all'estasi d'amor.
Fecharei os teus olhos com mil beijos
Gli occhi ti chiuderò con mille baci
e te direi mil palavras de amor.
e mille ti dirò nomi d'amor.
Quarta Cena
[Correndo pela escada, sobe um grupo
[Frattanto dalla scaletta è salito un
Scena Quarta
de soldados armados: um oficial os
drappello di Soldati: lo comanda um
comanda, seguido por Spoletta, o
Ufficiale, il quale schiera i Soldati nel
sargento e o carcereiro. Spoletta dá as
fondo: seguono Spoletta, il Sergente, il
instruções necessárias. O céu está mais
Carceriere. Spoletta dà le necessarie
brilhante, amanhece: soam as 4 horas da
istruzioni. Il cielo si fa più luminoso; è
madrugada.]
l'alba: suonano le 4 del mattino.]
[Aproxima-se de Cavaradossi e tirando o
[il Carceriere si avvicina a Cavaradossi e
quepe lhe indica o oficial]
togliendosi il berretto gli indica l'ufficiale]
É chegada a hora.
L'ora!
Estou pronto.
Son pronto.
[O carcereiro pega o registro dos
[Il Carceriere prende il registro dei
condenados e desce pela escada]
condannati e scende per la scaletta]
[Para Cavaradossi, com voz baixíssima e
[A Cavaradossi, con voce bassissima e
ligeiramente sorrindo]
ridendo di soppiatto]
Não te esqueças… ao primeiro disparo...
Tieni a mente... al primo colpo...
para o chão.
giù...
[Murmurando, com ligeiro riso]
[Sottovoce, ridendo esso purê]
Para o chão.
Giù.
Não te levantes até que eu o chame.
Non rialzarti innanzi ch'io ti chiami.
Não, meu amor!
No, amore!
Tosca
Carcereiro Carceriere
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120
Tosca
E cai bem…
E cadi bene.
[Sorrindo]
[Sorridendo]
Como Tosca no teatro.
Come la Tosca in teatro.
[Vendo o riso de Cavaradossi]
[Vedendo sorridere Cavaradossi]
Não rias...
Non ridere...
Cavaradossi
Assim?
Così?
Tosca
Assim.
Così.
[Cavaradossi segue o oficial após
[Cavaradossi segue l'Ufficiale dopo
se despedir de Tosca, que vai para a
aver salutato Tosca, la quale si
esquerda da guarita, escondendo-se,
colloca a sinistra, nella casamatta, in
mas de modo que possa espiar o
modo però da poter spiare quanto
que acontece no terraço.
succede sulla piattaforma.
Ela vê o oficial e o sargento, que
Essa vede l'Ufficiale ed il Sergente
conduzem Cavaradossi para perto
che conducono Cavaradossi presso
do muro à frente dela; o sargento
il muro di faccia a lei; il Sergente
quer pôr a venda sobre os olhos
vuol porre la benda agli occhi di
de Cavaradossi e este recusa.
Cavaradossi: questi, sorridendo,
Os preparativos acabam com a
rifiuta. Tali lugubri preparativi
paciência de Tosca.]
stancano la pazienza di Tosca.]
Como é longa essa espera!
Com'è lunga l'attesa!
Por que demoram tanto? O sol já
Perché indugiano ancor?... Già
está nascendo...
sorge il sole...
Por que demoram tanto?
Perché indugiano ancora?...
É uma encenação, eu sei…
è una commedia, lo so...
mas esta angústia parece eterna!
ma questa angoscia eterna pare!...
[O oficial e o sargento colocam o
[l'ufficiale e il sergente dispongono
pelotão em seu lugar, dando as
il plotone dei soldati, impartendo gli
ordens necessárias.]
ordini relativi]
Cavaradossi
Tosca
Tosca
Tosca
Tosca
Aí está!
Ecco!...
Trazem as armas!
Apprestano l'armi...
Como é belo o meu Mário!
Com'è bello il mio Mario!
[Vendo que o oficial está para baixar
[Vedendo l'ufficiale che sta per
a espada, leva as mãos aos ouvidos
abbassare la sciabola, si porta le
para não ouvir o barulho das armas,
mani agli orecchi per non udire la
depois faz sinal para Cavaradossi
detonazione; poi fa cenno con la testa
com a cabeça]
a Cavaradossi di cadere, dicendo]
Já está!… Morre!…
Là! Muori!
[Vendo-o cair por terra, envia-lhe
[Vedendolo a terra gli invia colle mani
um beijo com as mãos]
un bacio]
Um verdadeiro artista!
Ecco un artista!
[O sargento se aproxima do cadáver
[Il Sergente si avvicina al caduto e lo
e o observa atentamente. Spoletta
osserva attentamente: Spoletta pure
também se aproxima, afastando o
si è avvicinato; allontana il Sergente
sargento e impedindo-o de dar mais
impedendogli di dare il colpo di
um tiro, e cobre Cavaradossi com um
grazia, quindi copre Cavaradossi
manto. O oficial alinha os soldados, o
con un mantello. L'Ufficiale allinea i
sargento retira o patrulheiro que está
soldati: il Sergente ritira la Sentinella
ao fundo e, depois, todos descem
che sta in fondo, poi tutti, preceduti
pela escada, tendo à frente Spoletta.
da Spoletta, scendono la scala. Tosca
Tosca está muito agitada. Ela vigia
è agitatissima: essa sorveglia questi
os movimentos, temendo que
movimenti temendo che Cavaradossi,
Cavaradossi, impaciente, se mova ou
per impazienza, si muova o parli prima
fale em momento inoportuno.]
del momento opportuno.]
[Em voz baixa, em direção a
[A voce repressa verso Cavaradossi]
Cavaradossi]
O Mario, non ti muovere...
Ó Mário, não te movas...
s'avviano... taci!
estão indo... fica quieto!
Vanno... scendono.
Vão-se... descem.
[Vista deserta la piattaforma, va ad
[Vendo que o terraço está deserto,
ascoltare presso l'imbocco della
vai escutar perto da escada: para,
scaletta: vi si arresta trepidante,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122
tremendo e ofegante, pensando
affannosa, parendole ad un tratto che
que os soldados, ao invés de
i soldati anziché allontanarsi, ritornino
se afastarem, estão retornando
sulla piattaforma di
ao terraço. De novo, dirige-se a
nuovo si rivolge a Cavaradossi con
Cavaradossi em voz baixa]
voce bassa]
Não te movas ainda...
Ancora non ti muovere...
[Escuta se todos já se afastaram, vai
[Ascolta si sono tutti allontanati, va al
ao parapeito e com cautela apoia-se
prospetto e cautamente sporgendosi,
e observa o pátio, depois corre até
osserva di sotto corre
Cavaradossi]
verso Cavaradossi]
Mário, depressa!
Mario, su presto!
Vamos, levanta-te!
Andiamo!... su!...
[Inclina-se para ajudar Cavaradossi
[Si china per aiutare Cavaradossi
a se levantar. De repente, solta um
a rialzarsi: a un tratto dà un grido
grito sufocado de surpresa e terror,
soffocato di terrore, di sorpresa e si
olhando para a mão que levantou o
guarda le mani colle quali ha sollevato
manto]
il mantello]
Ah!
Ah!
[Ajoelha-se, tira o manto e salta em
[Si inginocchia, toglie rapidamente
pé, pálida e aterrorizada]
il mantello e balza in piedi livida,
Morto! Morto!
atterrita] Morto! Morto!
[Com suspiros e aos soluços, joga-se sobre o corpo de Cavaradossi,
[Con sospiri, singhiozzi si butta sul
quase sem acreditar no seu horrível
corpo di Cavaradossi, quasi non
destino]
credendo all'orribil destino]
Mário... morto... tu... assim...
O Mario... morto... tu... così...
Acabar assim? Assim?
Finire così!! Così?...
Pobre da tua Floria!
Povera Floria tua!
[Enquanto isso, no pátio abaixo do
[Intanto dal cortile al disotto del
parapeito e sobre a pequena escada,
parapetto e su dalla piccola scala arrivano
escutam-se primeiramente confusas,
prima confuse, poi sempre più vicine le
depois lentamente mais claras, as
voci di Sciarrone, di Spoletta e di alcuni
vozes de Sciarrone, Spoletta e alguns
soldati]
soldados.]
Vozes Confusas
Ah!
Ah!...
Dizem que foi apunhalado!
Vi dico pugnalato!
Scarpia?
Scarpia?
Scarpia.
Scarpia.
A mulher é Tosca!
La donna è Tosca!
[Mais perto]
[Più vicine]
Que não fuja!
Che non sfugga!
[Ainda mais perto]
[Voci più vicine]
Vigiai todas as escadas de saída!
Attenti agli sbocchi delle scale!
[Spoletta aparece na escada,
[Spoletta apparisce dalla scala, mentre
enquanto Sciarrone, atrás dele, grita
Sciarrone dietro a lui gli grida additando
indicando Tosca]
Tosca]
É ela!
È lei!
[Jogando-se sobre Tosca]
[Gettandosi su Tosca]
Ah, Tosca,
Ah! Tosca,
pagarás caro pela vida de Scarpia!
Pagherai ben cara la sua vita!...
Voci Confuse
Sciarrone
Vozes Confusas Voci Confuse
Sciarrone
Spoletta
Vozes Confusas Voci Confuse
Sciarrone Spoletta
Sciarrone
Spoletta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124
Tosca
[Põe-se de pé e, em vez de fugir de
[Tosca balza in piedi e invece di
Spoletta, empurra-o violentamente,
sfuggire Spoletta, lo respinge
respondendo-lhe]
violentemente, rispondendogli]
Com a minha própria!
Colla mia!
[Com o inesperado empurrão, Spoletta
[All'urto inaspettato Spoletta dà
cai para trás e Tosca foge, passando
addietro e Tosca rapida gli sfugge,
rapidamente diante de Sciarrone, que
passa avanti aSciarrone ancora sulla
ainda está sobre a escada, e correndo até
scala e correndo al parapetto si getta
o parapeito, de onde se joga gritando]
nel vuoto gridando]
Ó Scarpia, nos veremos diante de Deus!
O Scarpia, avanti a dio!
[Sciarrone e alguns soldados, que
[Sciarrone ed alcuni soldati, saliti
sobem confusamente, correm para o
confusamente, corrono al parapetto
parapeito e olham para baixo. Spoletta
e guardano giù. Spoletta rimane
permanece imóvel.]
esterrefatto, allibito]
Orquestra
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Sinfônica
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro
Municipal
Municipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos
de São Paulo
de São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Magnani, além de vários compositores regendo suas obras, como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como diretor artístico o maestro John Neschling.
Coro Lírico
O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por
Municipal de
iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do
São Paulo
Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello Mechetti e Fábio Mechetti. Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997. Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno Greco Facio.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126
O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Baccarelli
Coral da Gente
para crianças e adolescentes, de 4 a 14 anos, da comunidade Heliópolis e região. O programa oferece aulas de técnica vocal, postura, respiração, expressão cênica, percepção e teoria musical, compondo uma sólida base para a formação de músicos. Ministradas por professores altamente qualificados, as atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, visando aprendizado e formação que contemplem o desenvolvimento de valores para a vida em sociedade. Com um repertório diversificado, os corais do Instituto Baccarelli já realizaram apresentações em importantes espaços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam: Sala São Paulo, Teatro Alfa, Theatro Municipal de São Paulo, Obelisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de São Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.
Descoberto por Nadia Boulanger, Oleg Caetani estreou no
Oleg Caetani
teatro aos 17 anos, com uma produção de peças de Monte-
Regência
verdi e madrigais que ele mesmo organizou. Estudou regência com Franco Ferrara no Conservatório de Santa Cecília, em Roma, e composição com Irma Ravinale. Sua experiência de quase trinta anos no repertório lírico de Verdi, Mussorgsky e Wagner (incluindo diversas produções do Anel) tem influenciado sua interpretação das grandes obras sinfônicas, especialmente Bartók, a segunda escola de Viena e o impressionismo francês. A primeira ópera que conduziu, com a idade de 24 anos, foi Eugene Onegin, em 1981, ao se graduar pelo Conservatório de São Petersburgo. Depois de conduzir Oedipe de Enescu, como sua primeira performance profissional em 1983, tem se esforçado para conduzir a música maravilhosamente original de Enescu sempre que possível. Por sua atuação em Oedipe na abertura do festival Enescu 2009 recebeu a legião da honra da Romênia por mostrar a música de Enescu ao mundo.
Ainda no Conservatório de Moscou estudou todas as sinfonias de Shostakovich com Kondranshin, e desde então o compositor tem desempenhado um papel central em seu repertório. Caetani conduziu a estreia italiana de Moscow, Cheriomushki e gravou o primeiro ciclo completo das sinfonias de Shostakovich da Itália, com a Orquestra Verdi em Milão.
Marco Gandini
Marco Gandini foi diretor Assistente de Franco Zeffirelli e
Direção Cênica
Graham Vick. Colaborou com os principais teatros, como o La Scala, Opera di Roma, San Carlo de Nápoles, Metropolitan de Nova York, Israel Opera de Tel Aviv, Washington Opera, Los Angeles Opera, Novo Teatro Nacional de Tóquio, Royal Opera House de Londres, Teatro Real de Madri, Teatro Liceu de Barcelona, Mariinsky de São Petersburgo. Destacam-se em sua carreira as produções de Cavalleria Rusticana e La Vida Breve, de Manuel de Falla, na reabertura do Teatro Goldoni de Livorno, que contou com a presença do presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi; La Traviata em Gênova; Um Baile de Máscaras no Teatro del Maggio Musicale Fiorentino, Betulia Liberata, estreia da versão encenada, regida por Riccardo Muti, no Festival de Salzburgo e no Festival de Ravenna; La Bohème na Opera di Roma, regida por James Conlon; Simon Boccanegra na Ópera Nacional da Coréia em Seul, com regência de Myung-whun Chung; Viaggio a Reims, produção para a reinauguração do Teatro del Maggio Fiorentino, com regência de Rustioni; La Bohème, montagem em comemoração dos 50 anos da Ópera Nacional da Coreia, com regência de Myung-whun Chung, levado posteriormente para Pequim; Il Trovatore no Novaya Opera de Moscou, regido por Jan Latham Koenig; Il Farnace, de Vivaldi, no Festival do Maggio Musicale Fiorentino, regido por Sardelli; Aida no Theatro Municipal de São Paulo, regido por John Neschling; La Sonnambula em Tóquio; Medea em Tallin, com novo libreto para o balé original.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128
Marco Gandini ensina técnicas de expressão no Programa Jovens Cantores da Academia do Teatro alla Scala de Milão.
Nascido em Reggio Emilia, na Itália, Italo Grassi foi por cinco
Italo Grassi
anos diretor técnico do Teatro do Maggio Musicale Fioren-
Cenografia
tino. Ele se formou em cenografia pela Academia de Belas Artes de Bologna e, de 1987 a 2000, trabalhou como diretor técnico do Teatro Comunale de Bologna. Entre seus mais importantes trabalhos estão L'Elisir D’Amore no Suntory Hall de Tóquio, Robert Le Diable em Martina Franca e Le Nozze di Figaro regida por Zubin Mehta em Tel Aviv. Destacam-se também Don Pasquale em Ravenna, regido por Riccardo Muti, Maria Stuarda em Bergamo, Roma, Marseille e Liège, Carmen em Caracalla e Messina, Il Mondo Della Luna em Fribourg e Nice, Anna Bolena e Lucia di Lammermoor em Tóquio, The Beggar’s Opera no Teatro Comunale de Bolonha, dirigido por Lucio Dalla, Pulcinella em Bolonha e Wexfort e Romeo e Giulietta no Teatro Massimo de Palermo. No Projeto Verdi, realizou sete óperas de Giuseppe Verdi no Biwako Hall, Otsu, em Kyoto. Com o diretor Marco Gandini trabalhou em Cavalleria Rusticana em Livorno, La Traviata em Brescia, Bergamo e Gênova, La Finta Semplice no Teatro La Fenice de Veneza, Così Fan Tutte em Tel Aviv, I Pagliacci em Sassari, Um Baile de Máscaras, Viaggio a Reims e Il Farnace no Maggio Musicale Fiorentino e Simon Boccanegra em Seul. Foi o cenógrafo da produção de Aida do Theatro Municipal de São Paulo em 2013. Em 2010, fez seu debut no Festival de Salzburgo em La Betulia Liberata de Mozart, com direção de Marco Gandini e regência de Riccardo Muti.
Simona Morresi
Simona Morresi estudou desenho de figurinos no Liceo Artis-
Figurinos
tico e Studio Arte & Costume de Roma. Desenhou o figurino para óperas, balés e peças de teatro, e foi assistente em importantes produções. Dos seus trabalhos recentes, destacam-se as produções das óperas Aida no TMSP; Il Trovatore na Nova Ópera de Moscou; La Bohème na Ópera Nacional da Coréia; Norma no Ente Concerti e no NCPA na China; Falstaff, Oberto e La sonnambula em Tóquio; Simon Boccanegra na Ópera da Coréia; O Barbeiro de Sevilha no Festival de Lima, no Teatro Solis de Montevideu e no Teatro Municipal de Santiago; Lucia di Lammermoor no Ente Concerti; I Puritani no Teatro Donizetti de Bergamo, Medea no Ente Concerti, Abay no Cazaquistão, Nabucco no Teatro Ponchielli de Cremona; e os balés Medea de G. Schiavoni no Teatro Nacional de Tallinn; Don Quixotte de Minkus em Roma; Aprendiz de Feiticeiro e A História do Soldado no Festival Armunia; e das peças Sleuth de Anthony Shaffer; Crime e Castigo de Dostoievsky no Teatro Argentina; Opium de Jean Cocteau no Teatro dell’Orologio, entre outras.
Virginio Levrio
Virginio Levrio nasceu em Milão em 1989 e ainda jovem se
Desenho de Luz
aproximou do teatro, do cinema e também da música, estudando piano. Em 2009 entrou para o curso de desenho de luz da Academia do Teatro alla Scala e passou a estudar violoncelo. Começou a produzir vídeos e documentários e se tornou designer de luz e responsável técnico do Balé Esperia de Turim. Foi fotógrafo de cena para o diretor Marco Gandini em Viaggio a Reims no Teatro del Maggio Musicale de Florença, para Alex Ollé (Fura dels Baus) em Il Prigioniero, Erwartung na Ópera de Lyon e Aida na Arena di Verona. Realizou ainda o desenho de luz de L’Elisir d’Amore na Ópera Nacional de Bucareste, Il Trovatore na Nova Ópera de Moscou, Ofelia no Teatro Franco Parenti de Milão e para a Academia do Teatro alla Scala B&W Ballet, por ocasião do bicentenário da escola.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130
Virginio produz documentários para o Teatro alla Scala, como em La Bohème e Aida de F. Zeffirelli, e para Marco Gandini fez as projeções em vídeo da ópera Farnace no Teatro del Maggio Fiorentino. Fez o desenho de luz da produção de Aida do Theatro Municipal de São Paulo em em 2013. Virginio Levrio é grato a Valerio Tiberi, amigo e colega, lighting designer junto ao Teatro alla Scala de Milão, pela sempre viva colaboração e por ter participado da criação do desenho de luz de Tosca.
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Facul-
Bruno Greco Facio
dades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação
Regente do Coro Lírico
dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Em 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.
Silmara Drezza
Natural de Jundiaí, Silmara Drezza especializou-se em Pe-
Regente do
dagogia Musical Infantil, na École de Musique Martenot em
Coral da Gente
Paris; em Regência Coral na Butler University, em Indianápolis. É formada em Música pela Faculdade de Música Carlos Gomes de São Paulo. À frente dos corais do Instituto Baccarelli desde 2002, onde também atua como coordenadora pedagógica da área coral desde 2009, Silmara participou com os grupos do Instituto Baccarelli de óperas realizadas no Theatro Municipal de São Paulo como: Magdalena, de Villa-Lobos, sob regência do maestro Luis Gustavo Petri; La Bohème, sob regência do maestro John Neschling, Carmen, sob regência do maestro Ramon Tebar; Sinfonia N. 3 de Mahler, sob regência do maestro Isaac Karabtchevsky, na Sala São Paulo; shows com o cantor Toquinho nas principais salas de espetáculo da cidade; participação na abertura do Criança Esperança, em 2011; gravação da trilha sonora da novela Meu Pedacinho de Chão, da Rede Globo, em 2014, entre outros concertos. Atua como regente nos Corais Cênico Infantil Dons & Tons e Coral Infantojuvenil ThyssenKrupp.
Ainhoa Arteta
Nascida em Tolosa, Espanha, a soprano Ainhoa Arteta alcan-
Soprano
çou fama internacional ao vencer o National Council Auditions do Metropolitan Opera de Nova York e o Operalia, realizado por Plácido Domingo. Desde então, apresentou-se em importantes teatros, como Bayerische Staatsoper, Arena di Verona, Teatro de Trieste, Comunale de Bolonha, Teatro de la Zarzuela de Madri, Grand Théâtre de Genebra, San Francisco Opera, Washington Opera, Scottish Opera, onde se apresentou em produções de As Bodas de Fìgaro, O Matrimônio Secreto, La Traviata e Carmen, entre outras. Recentemente, interpretou Marguerite em Fausto na Bayerische Staatsoper, com o tenor Rolando Villazón e o regente Friedrich Haider; estreou como Tatyana em Eugene
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Onegin no Palau de la Música de Valencia, Musetta em La Bohème na Arena di Verona e no Teatro de Trieste; cantou as Quatro Últimas Canções de Richard Strauss com a Orquesta Sinfônica de Tenerife. Seus compromissos na temporada 2013/2014 incluíram Alice Ford em Falstaff na San Francisco Opera, o papel principal em La Wally de Alfredo Catalani no Grand Théâtre de Genebra, e Floria Tosca no Teatro Comunale de Bolonha.
Nascida em Vilnius, Lituânia, Ausrine Stundyte estudou na
Ausrine Stundyte
Academia Lituana de Música com Irena Milkeviciute e, pos-
Soprano
teriormente, na Hochschule für Musik und Theatre de Leipzig com Helga Forner. Venceu vários prêmios, como o Chambre Professionnelle des Directeurs d’Opéra Paris, o Prêmio do Tearo Helikon de Moscou e o segundo prêmio na 25ª Competição Internacional de Canto Hans Gabor Belvedere de Viena. Ausrine Stundyte cantou no grupo vocal da Ópera de Colônia e interpretou papéis como Nedda em I Pagliacci, Mìmi em La Bohème, Agathe em O Franco-Atirador e Ciocio-San em Madama Butterfly. Apresentou-se em teatros como a Seattle Opera, Arena di Verona, Teatro Massimo de Palermo, Teatro Real Madri, Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa, Vlaamse Oper de Antuérpia, Ópera Nacional da Lituânia, a Ópera e a Gewandhaus de Leipzig, Liederhalle de Stuttgart, onde cantou importantes papéis de óperas como A Valquíria, O Cavaleiro da Rosa, Manon Lescaut, Andrea Chénier e Tosca. Do seu repertório sinfônico destacam-se os ciclos de canções de Strauss, Berg e Wagner.Seus próximos compromissos incluem Electra na Vlaamse Oper, Tosca em Seattle e Fidelio na Volksoper de Viena.
Marcelo Alvarez
Marcelo Alvarez é reconhecido internacionalmente como
Tenor
um dos mais importantes tenores da atualidade. Após seu debut europeu com La Sonnambula no Teatro La Fenice, em 1995, debutou em teatros como a Royal Opera House Covent Garden, Metropolitan Opera (Met), Bayerische e Vienna Staatsoper, Teatro alla Scala, Ópera de Paris, Deutsch Oper Berlin e nos teatros de Florença, Chicago, Barcelona, Madri, Verona etc. Os papeis recentes incluem Gustavo em Um Baile de Máscaras na nova produção do Met, Andrea Chénier em Paris, Met e Turim, e Radamés em Paris, Nova York e Londres. Cavaradossi, o papel de seu debut em São Paulo, apresentou no Met, La Scala, Munique, Viena, Covent Garden, Verona e outros, com vários registros em DVD. Os compromissos na atual temporada incluíram Radamés em Aida na Opéra National de Paris, Manrico em Il Trovatore no Teatro alla Scala e o papel principal de Andrea Chénier no Met. Ainda nesta temporada interpreta Cavaradossi e Maurizio (Adriana Lecouvreur) na Opéra Bastille de Paris, e uma nova produção de Cavalleria Rusticana e I Pagliacci no Met. Álvarez gravou vários CDs e sua nova gravação, Twenty Years On The Opera Stage, saiu neste mês pra o DELOS. Nos próximos anos estreará em Turandot, La Fanciulla del West e Manon Lescaut.
Stuart Neill Tenor
Nascido e formado nos Estados Unidos, Stuart Neill é hoje um dos tenores líricos mais apreciados de sua geração. Começou sua carreira no repertório belcantista apresentando-se nos principais teatros do mundo, entre os quais o Metropolitan de Nova York e o Staatsoper de Viena, onde interpretou Arturo em I Puritani. No Teatro alla Scala apresentou-se como Edgardo em Lucia de Lammermoor; na Opéra de Paris e no Festival de Salzburgo como Der Sänger em O Cavaleiro da Rosa. A partir daí, seu estilo vocal desenvolveu-se na direção de um repertório plenamente lírico: foi Manrico
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134
em Il Trovatore no La Fenice de Veneza, na Deutsche Oper de Berlim e na Ópera de Estocolmo; Radamés em Aida no La Scala, na Ópera de Tel Aviv, na Arena de Verona e no Theatro Municipal de São Paulo; e Canio em I Pagliacci no Festival de Atenas e na Ópera de Roma. O principal destaque de seu reportório sinfônico é o Réquiem de Verdi, que já cantou mais de duzentas vezes, incluindo três gravações em disco, a última das quais com a London Symphony Orchestra, sob a regência de Sir Colin Davis. Em fevereiro deste ano foi Manrico em Il Trovatore no Thatro Municipal de São Paulo. Trabalhou com os maestros James Levine, John Neschling, Zubin Mehta, Carlo Maria Giulini e Gustavo Dudamel.
Ao longo de sua carreira, Roberto Frontali interpretou diversos
Roberto Frontali
papéis de grandes compositores do como Bellini, Donizetti
Barítono
e Rossini. Recentemente, começou a se dedicar a papéis de óperas como Don Carlo, Falstaff, Ernani, Il Trovatore, Simon Boccanegra, Um Baile de Máscara, Luisa Miller, Attila, Rigoletto e I Vespri Siciliani. Na década de 90, Frontali fez sua estreia no Metropolitan Opera de Nova York e no Teatro alla Scala de Milão, atuando em Beatrice di Tenda de Bellini. Nos últimos anos, participou de produções de Il Trovatore em Dresden; Roberto Devereux com a Wiener Staatsoper; Eugene Onegin em Cagliari; Adriana Lecouvreur e Rigoletto em Nova York e Madri; Simon Boccanegra em Buenos Aires, Genebra e Palermo; Rigoletto em Veneza e Moscou; Falstaff em Lausanne e na Ópera de Los Angeles; Nabucco em Palermo; Andrea Chenier em Madri; Fanciulla del West em Palermo e San Francisco; Cavalleria Rusticana na Accademia di Santa Cecilia de Roma e em Parma. Um de seus papéis favorites é Fígaro de O Barbeiro de Sevilha, papel que ele interpretou em Ferrara, sob regência de Claudio Abbado, no Festival de Ópera Rossini de Pesaro,
no Metropolitan Opera de Nova York, na Royal Opera House de Londres, no La Fenice de Veneza e também em Milão, Roma, Genebra e Viena.
Nelson Martinez
Nascido em Cuba, Nelson começou a carreira operística aos
Barítono
19 anos, tendo, desde o início, êxito em teatros de todo o mundo, interpretando uma grande variedade óperas italianas e francesas, bem como zarzuelas espanholas e cubanas. Nelson tem uma voz de barítono verdiano altamente dramática, combinando um legato elegante com musicalidade inteligente, além de uma presença de palco dominante. Em 2001, Nelson se mudou para os Estados Unidos, onde continua sua carreira operística, atuando com companhias de ópera de várias cidades americanas, como Saint Louis, Knoxville, Miami, Nova Jersey e Baltimore, dentre outras, e de vários países, como Espanha, França, China, Rússia, Coréia e México. No universo verdiano, Nelson Martinez interpretou o papel principal em Rigoletto, na Ópera Nacional da Grécia, em Atenas, e a personagem título em Nabucco, na Florida Grand Opera de Miami. Alternou com Ambrogio Maestri no papel principal na produção de Falstaff do Theatro Municipal de São Paulo em abril deste ano.
Massimiliano Catellani
Formado pela Accademia Musicale Chigiana di Siena, Mas-
Baixo
similiano Catellani estreou no papel de Papa Leão I em Attila de Verdi, no Teatro Regio de Parma; na sequência participou de La Traviata como Dottor Grenvil e como Sparafucile em Rigoletto de Verdi. Em 2010, participou da produção do filme da ópera Rigoletto, ao lado de Plácido Domingo, com direção de Marco Bellocchio e regência de Zubin Metha. Em 2011, interpretou o papel de Simone em Gianni Schicci, de Giacomo Puccini, e Monterone em Rigoletto de Verdi; no ano seguinte participou da montagem de Tosca,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136
de Puccini, no Teatro Regio de Parma, no papel de Angelotti. No início de 2012, recebeu uma bolsa de estudos da Fondazione Aimaro Bertasi para participar de curso com direção artística e técnica de Alberto Gazale. Em abril de 2012, se apresentou com Alberto Gazale e Elena Lo Forte em concerto no Teatro Filarmonico de Verona, e em agosto do mesmo ano estreou no papel de Zuniga em Carmen de Bizet, no Auditorium La Verdi de Milão; atuou neste mesmo papel produção de Carmen do Theatro Municipal de São Paulo, em maio de 2014.
Reconhecido pela crítica como um dos principais artistas de
Saulo Javan
ópera do Brasil, Saulo Javan se apresenta em casas de con-
Baixo
certo e ópera como a Sala São Paulo e os teatros Municipal de São Paulo, São Pedro, Tobias Barreto e Santa Isabel. Gravou a Sinfonia Ameríndia de Heitor Villa-Lobos com a Osesp; interpretou papéis principais em Magdalena de Villa-Lobos, O Rouxinol de Stravinsky, Aida de Verdi, O Elixir do Amor e Don Pasquale de Donizetti e Gianni Schicchi de Puccini. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou na estreia de Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Outras performances incluem Mozart & Salieri de Rimsky-Korsakov, O Homem dos Crocodilos de Arrigo Barnabé, O Franco Atirador de Weber, Don Giovanni e As Bodas de Fígaro de Mozart, Alcina de Händel, Carmen de Bizet e Treemonisha de Scott Joplin. Nas temporadas 2013 e 2014 do Theatro Municipal de São Paulo, apresentou-se nas óperas The Rake’s Progress, Don Giovanni, La Bohème, Falstaff e Salomé. Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos. Estudou canto com Carmo Barbosa e hoje é orientada por Marconi Araújo.
Luca Casalin
O italiano Luca Casalin estreou em O Morcego de Johann
Tenor
Strauss em Spoleto. Logo na sequência, partcipou de montagens de La Bohème de Puccini, Morte Dell'Aria de Goffredo Petrassi e La Prova di un'Opera Seria de Francesco Gnecco. Foi Fígaro na produção da RAI de O Barbeiro de Sevilha de Paisiello. Após esta primeira fase de sua carreira, Luca começou a interpretar papéis para tenor, estreando em O Barbeiro de Sevilha de Rossini com Leo Nucci. Em 2005, participou da da estreia mundial de Il Dissoluto Assolto de Azio Corghi. O repertório de Luca Casalin inclui todos os gêneros de papéis de segundo tenor, tendo cantado nos principais teatros italianos, como o La Scala de Milão e o Teatro Regio de Parma, e sob a batuta de grandes maestros como Riccardo Mutti e Zubin Mehta. Recentemente participou de produções como a de Boris Godunov em Torino, Turandot, Madama Butterfly e Carmen na Arena di Verona, La Fanciulla del West em Palermo, Tosca no La Scala de Milão. Dentre seus próximos compromissos, destacam-se Turandot no La Scala, Lucia Di Lammermoor no La Fenice de Veneza e La Traviata no Arena di Verona.
Guilherme Rosa
Guilherme Rosa é formado em canto pela Universidade Fe-
Barítono
deral Santa Maria-RS. Aperfeiçoou-se em renomados centros europeus como o Opera Studio de Roma, o Conservatório do Liceu de Barcelona e o Conservatório Antonio Buzzolla de Adria. Foi vencedor dos principais concursos de canto do país e premiado em outros importantes certames europeus, como o XLI Francisco Viñas de Barcelona. Em 2010, foi integrante da Companhia Brasileira de Ópera. Já se apresentou como solista em ópera e concertos de música sinfônica frente a prestigiadas orquestras do país. Participou também de primeiras audições nacionais de importantes obras.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138
No exterior, cantou La Traviata de Giuseppe Verdi em Sirmione; Rita de Donizetti em Barcelona e Nina de Paisiello em Roma, além de diversos oratórios de Carissimi em Veneza e Vicenza (Teatro Olímpico). Freqüentou diversos cursos de aprimoramento vocal e musical com nomes da cena lírica mundial como Montserrat Caballé, Renata Scotto, Tereza Berganza, José van Dam e Rolland Hermann. Estudou com os tenores Eduardo Álvares e Eduard Giménez e preparou repertório com o maestro húngaro Janos Acs em Pesaro, Itália. No Theatro Municipal de São Paulo, foi Schaunard na montagem de La Bohème, em 2013, e Silvio na montagem de I Pagliacci, em 2014. Em 2015 interpretará Lescaut em Manon Lescaut e Guglielmo em Così fan Tutte.
Paulista da cidade de Agudos, cantor do Coro Lírico Theatro Municipal de São Paulo desde 1990, Sergio Righini atuou como solista em produções de óperas como Don Giovanni,
Sérgio Righini
Idomeneo e A Flauta Mágica de Mozart; Fidelio de Beetho-
Baixo
ven; A Filha do Regimento de Donizetti; Andrea Chénier de Giordano; La Traviata de Verdi; e La Gioconda de Ponchielli. Trabalhou com maestros como Isaac Karabtchevsky, Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi e José Maria Florencio. Recentemente cantou em produções do Theatro Municipal de São Paulo, como em Pelléas et Mélisande, sob a regência do maestro Abel Rocha, de La Bohème e de Salomé, ambas sob a regência do maestro John Neschling.
TOSCA
Coordenação de
José Gomes dos Santos
Interpretação, corte e
Execução da Cenografia
Marcos Silva do Carmo
modelagem de alfaiataria
Regente Assistente
Renato Theobaldo
Marcos Souza dos Santos
masculina de feminina
Eduardo Strausser
Roberto Rolnik
Wesley Aparecido de
Sérgio Alves
Souza Pianistas Correpetidores
Equipe de Projeto
Modelista
Anderson Brenner
Eduardo Orelana
Escultor
Paulo Almeida
Juliana Neves
Fabio Brando
Rafael Andrade
Diego Rocha de Carvalho
Judite Lima
Costureiras Visagista
Silvia Castro
Atores
Aderecistas
Simone Batata
Célia Pereira Rocha
Ignez Polidoro
Allan Torquatto
Visagista assistente
Cristina França
Sergio Seixas
Alicio Silva
Tiça Camargo
Ivete Dias
Maquiadores
Edméia Evaristo
Anton Uzhyk Dêni Carvalho
Assistentes de Aderecista
Sheila Campos
Maria Elisângela
Flavio Kage
André Viana
Marcela Costa
Rodrigues da Silva
Henrique Rizzo
Gregório Zelada
Mara Feres
Benedita Ferreira dos
Gabriel Castilho
Guga Piner
Inais Tereza
Reis
Alison Falconeres
José César Pinheiro
Isabel Vieira
Andréia Pereira Rocha
Daniel Mello
Júlia de Alvarenga
Elisani Souza
Felipe Barros
Marisa Satie
Biah Bombom
Adereços de figurino e
Giballin Gilberto
Michael Costa Almeida
Giulia Piantino
objetos de cena
Gleice Diana Leão
João Bento Benedito
Fabio Piacentiny Maximo La Malfa
Cenotécnicos
Mari Souza
Plinio Baptista
João Ferreira de Oliveira
Alina Peixoto
Indicadores
Carlos Henrique
Lincoln Tripanon
Júlia Ritter
Adryane dos Reis
J. Barros
Pedro Lino de Oliveira
Erica Oliveira
Alyne dos Reis
Jorge Lee
Andréa Barbosa da Silva
Marcelo Selingardi
Assistentes de
Assessoria de alfaiataria
Andressa Severa Romero
Victor Gomes
Cenotecnia
masculina e feminina e
Ariela Rodrigues Amorim
Wanderley Salgado
Marcone Marreiro
draping
Bruno Belarmino Pereira
Maurice Fückner
Caio Cesar Ferreira Janaina Tineo Dias
Doppione Cavaradossi
Serralheiros
Rubens Medina
Alan Alves dos Santos
Alfaiataria Masculina
Jorge Ramiro da Silva
Emerson Fernandes
Betto Rigor
Santos
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140
Josiane Nunes Sampaio
Orquestra Sinfônica
Helena Piccazio Ornellas
Taís Gomes***
Juliana Durães Almeida
Municipal de São Paulo
Oxana Dragos
Adriano Costa Chaves
Ricardo Bem-Haja
Miguel Dombrowski
Marcela Costa Marcelo Souza Ferreira
Diretor Artístico
Sara Szilagyi
Ricardo Busatto
Mariana Ferreira da Silva
John Neschling
Ugo Kageyama
Vinicius Frate
Wellington R. Guimarães
Walter Müller
Marilivia Fazolo Milena de Souza
Primeiros-violinos
Violas
Flautas
Patricia de Moura
Michelangello Mazza
Alexandre De León*
Cássia Carrascoza*
Mesquita
(spalla)
Silvio Catto*
Marcelo Barboza*
Pedro Henrique Oliveira
Pablo De León (spalla)
Abrahão Saraiva
Andréa Vilella
Roseli Deatchuk
Maria Fernanda Krug
Tânia de Araújo Campos
Cristina Poles
Rosimeire Pontes Carvalho
Martin Tuksa
Adriana Schincariol
Renan Dias Mendes
Sandra Marisa Peracini
Adriano Mello
Bruno de Luna
Oboés
Suely Guimarães Sousa
Fabian Figueiredo
Cindy Folly
Alexandre Ficarelli*
Sylvia Carolina Caetano
Fábio Brucoli
Eduardo Cordeiro
Rodrigo Nagamori*
Tatiane Lima da Costa
Fábio Chamma
Eric Schafer Licciardi
Marcos Mincov
Victor Alencar
Fernando Travassos
Jessica Wyatt
Victor Astorga**
Vilma Aparecida Carneiro
Francisco Ayres Krug
Pedro Visockas
Clarinetes
Willian Izidio
Heitor Fujinami
Roberta Marcinkowski
Otinilo Pacheco*
John Spindler
Tiago Vieira
Tiago Naguel*
Sinopse e gravações
José Fernandes Neto
Violoncelos
Diogo Maia Santos
de referência
Liliana Chiriac
Mauro Brucoli*
Domingos Elias
Irineu Franco Perpetuo
Mizael da Silva Júnior
Raïff Dantas Barreto*
Marta Vidigal
Tradução do Libreto
Paulo Calligopoulos
Mariana Amaral
Fagotes
Igor Reyner
Rafael Bion Loro
Alberto Kanji
Fábio Cury*
Legendas
Sílvio Balaz
Charles Brooks
Matthew Taylor*
MP Legendas
Victor Bigai
Cristina Manescu
Marcelo Toni
Segundos-violinos
Joel de Souza
Marcos Fokin
Revisor
Andréa Campos*
Maria Eduarda
Osvanilson Castro
Gabriel Rath Kolinyak
Laércio Diniz*
Canabarro
Trompas
Nadilson Gama
Moisés F. dos Santos
André Ficarelli*
Croquis dos figurinos
André Luccas
Sandro Francischetti
Luiz Garcia*
Simona Morresi
Djavan Caetano
Teresa Catto
Eric Gomes da Silva
Croquis dos figurinos
Edgar Montes Leite
Contrabaixos
Rogério Martinez
Italo Grassi
Evelyn Carmo
Sanderson Cortez Paz***
Vagner Rebouças
Douglas Costa**
Inspetor
Coro Lírico Municipal
Mezzo-Sopranos
Rafael Fróes**
Carlos Nunes
de São Paulo
Carla Campinas
Thiago Ariel**
Montadores
Trompetes
Alexandre Greganyck
Regente Titular
Erika Belmonte
Fernando Guimarães*
Paulo Broda
Bruno Greco Facio
Juliana Valadares
Marcos Motta*
Rafael de Sá
Regente Assistente
Keila de Moraes
Sergio Wernec
Marilu Figueiredo
Breno Fleury
Cláudia Arcos
Eduardo Madeira
* Chefe de naipe
Pianistas
Mônica Martins
Albert Santos**
** Músico convidado
Marcos Aragoni
Contraltos
Trombones
***Chefe de naipe interino
Marizilda Hein Ribeiro
Celeste Moraes
Eduardo Machado*
Clarice Rodrigues
Roney Stella*
Sopranos
Elaine Martorano
Hugo Ksenhuk
Adriana Magalhães
Lidia Schäffer
Luiz Cruz
Angélica Feital
Ligia Monteiro
Marim Meira
Antonieta Bastos
Magda Painno
Tuba
Berenice Barreira
Maria Favoinni
Filipe Queirós*
Cláudia Neves
Vera Ritter
Harpa
Elayne Caser
Tenores
Jennifer Campbell*
Elaine Moraes
Alex Flores
Paola Baron*
Elisabeth Ratzersdorf
Alexandre Bialecki
Piano
Graziela Sanchez
Antonio Carlos Britto
Cecília Moita*
Jacy Guarany
Dimas do Carmo
Percussão
Juliana Starling
Eduardo Góes
Marcelo Camargo*
Laryssa Alvarazi
Eduardo Pinho
César Simão
Marcia Costa
Eduardo Trindade
Magno Bissoli
Marivone Caetano
Fernando de Castro
Sérgio Coutinho
Marta Mauler
Gilmar Ayres
Thiago Lamattina
Milena Tarasiuk
Joaquim Rollemberg
Tímpanos
Monique Corado
Luciano Silveira
Danilo Valle*
Nadja Sousa
Luiz Doné
Márcia Fernandes*
Rita Marques
Marcello Vannucci
Gerente da Orquestra
Rosana Barakat
Márcio Valle
Paschoal Roma
Sandra Félix
Miguel Geraldi
Assistente
Sarah Chen
Paulo Chamié-Queiroz
Manuela Cirigliano
Viviane Rocha
Renato Tenreiro
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 142
Rubens Medina
Montador
Rúben de Oliveira
Bruno Silva Farias
Coral da Gente
Luiza Fernanda Rodrigues Maria Aparecida de
Sérgio Macedo
Regente
Oliveira Alves
Valter Estefano
Silmara Drezza
Mariana Eliz Silva
Walter Fawcett
Preparadora vocal
Merzbahcer
Barítonos
Claudia Cruz
Ricardo dos Santos Albano
Alessandro Gismano Daniel Lee
Cantores
Robert Correia Borges
David Marcondes
André Rocha
Ronnald da Silva Menezez
Diógenes Gomes
Anna Larissa Costa Moura
Barreto
Eduardo Paniza
Beatriz de Souza
Saullo Henrique Miranda
Guilherme Rosa
Sobrinho
Cavalcanti
Jang Ho Joo
Brenda Lúcia dos Santos
Sophia Gomes de
Jessé Vieira
Freitas
Oliveira e Silva
Marcio Marangon
Daniel Alves da Rocha
Thiago Henrique dos
Miguel Csuzlinovics
Danyllo da Silva Mendes
Santos
Roberto Fabel
Diogo Brito Nascimento
Valéria Gonçalves dos
Sandro Bodilon
Diogo Gomes Batista
Santos
Sebastião Teixeira
Filho
Baixos
Fabrício Santos de
Claudio Guimarães
Oliveira
Fernando Gazoni
Giovanna Ramos da Silva
Leonardo Pace
Hellen Aparecida da Silva
Marcos Carvalho
Rocha
Matheus França
Henzo Limeira Cavalcante
Orlando Marcos
Hudson Pereira do
Rafael Thomas
Nascimento
Rogério Guedes
Juliana Aparecida Pereira
Sérgio Righini
do Nascimento
Assistente Administrativo
Kaique Almeida Santos
Elisabeth De Pieri
Lais Simões da Silva
Eugenia Sansone
Letícia Alves Neres
Inspetoria
Letícia Faria Leal
Juliana Tondin Mengardo
Luiz Mariano dos Santos Silva
Prefeitura do Município
Diretora Técnica
Assistente Administrativa
Guilherme Prioli
de São Paulo
Isabela Galvez
Luana Pirondi
Karen Feldman
Diretor Financeiro
Coordenação de
Leandro José Silva
Prefeito
Neil Amereno
Programação Artística
Paulo César Codato
Fernando Haddad
Diretor Artístico
João Malatian
Vinicius Calvitti
Secretário Municipal
John Neschling
Diretor Técnico
Copista
de Cultura
Diretora de Produção
Juan Guillermo Nova
Cassio Mendes
Alfredo Manevy
Cristiane Santos
Assistente de
Direitos Autorais
Direção Técnica
Ação Educativa
Fundação Theatro
Olivieri Advogados
Daniela Gogoni
Aureli Alves de Alcântara
Municipal de São Paulo
Associados
Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero
Centro de
Conselho Deliberativo
Diretoria Geral
Assistente de Direção
Documentação
Juca Ferreira – Presidente
Assessora
de Palco Cênico
Chefe de seção
Manoel Carlos Guerreiro
Maria Carolina G. de
Caroline Vieira
Mauricio Stocco
Cardoso
Freitas
Assistente de Direção
Equipe
Marcos de Barros Cruz
Secretárias
Cênica Residente
Lumena A. de M. Day
Mauro Wrona
Ana Paula S. Monteiro
Julianna Santos
Pablo Zappelini de Leon
Marcia de Medeiros Silva
Segunda Assistente
Diretoria de Produção
Wladimir Pinheiro Safatle
Monica Propato
de Direção Cênica
Produção Executiva
Cerimonial
Ana Vanessa
Anna Patrícia Araújo
Direção Geral
Egberto Cunha
Assistente de Direção
Nathália Costa
José Luiz Herencia
Bilheteria
Cênica e Casting
Rosa Casalli
Diretora de Gestão
Nelson F. de Oliveira
Sérgio Spina
Produtores
Ana Flávia Cabral S. Leite
Coordenador de Sala
Figurinista Residente
Aelson Lima
Diretor de Formação
André Lima
Veridiana Piovezan
Pedro Guida
Produção de Figurinos
Miguel Teles
Diretoria Artística
Fernanda Câmara
Nivaldo Silvino
Instituto Brasileiro
Assessoria de
Arquivo Artístico
Assistente de Produção
de Gestão Cultural
Direção Artística
Coordenadora
Arthur Costa
Stefania Gamba
Maria Elisa P. Pasqualini
Presidente do Conselho
Eduardo Strausser
Assistente
Palco
Cláudio Jorge Willer
Clarisse De Conti
Ana Raquel Alonso
Chefe da Cenotécnica
Diretor Executivo
Secretária
Arquivistas
Aníbal Marques (Pelé)
William Nacked
Eni Tenório dos Santos
Ariel Oliveira
Técnicos de Palco
Leonardo Martinelli
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144
Rodrigo Nascimento
Igor Augusto F. de
Carolina Paes Simão
Escola de Dança
Thiago dos S. Panfieti
Oliveira
Cristina Gonçalves Nunes
de São Paulo
Marcelo Luiz Frosino
Luciano Paes
João Paulo Alves Souza
Coordenadora Artística
Emerlindo T. Sobrinho
Fernando Azambuja
Juçara A. de Oliveira
Susana Yamauchi
Lorival F. Conceição
Ubiratan Nunes
Juliana do Amaral Torres
Assistente Artístico
Manoel L. de S.
Camareiras
Oziene O. dos Santos
Luis Ribeiro
Conceição
Alzira Campiolo
Paula Melissa Nhan
Projetos Especiais
Paulo M. de Souza Filho
Isabel Rodrigues Martins
Carlos Alberto De Cicco
Daniela Stasi
Cristiano T. do Santos
Katia Souza
Ferreira Filho
Assistência
Julio Cesar S. de Oliveira
Lindinalva M. Celestino
Catarina Elói de Oliveira
Administrativa
Aristide da Costa Neto
Maria Auxiliadora
Estagiários
Roberto Quaresma
Antonio Oliveira Almeida
Maria Gabriel Martins
Guilherme Telles
Camareira
Antonio Carlos da Silva
Marlene Collé
Andressa P. de Almeida
Mariado Carmo
Alex Sandro N. Pinheiro
Nina de Mello
Lucas Lemes Nunes
Regiane Bierrenbach
Diretoria de Formação
Irinéia da Cruz
Assistente
Tonia Grecco
Assessora
Marilene Santos
Helen Gallo
Estagiários
Assistente Técnica
Alexandre Malerba
Jéssica Secco
Angélica da Silva
Ivone Ducci Contrarregragem Carlos Bessa
Central de Produção “Chico Giacchieri”
Corpo de Apoio
Contrarregras
Coordenação de Costura
Peter Silva Mendes de
Emília Reily
Escola Municipal de
Oliveira
Acervo de Figurinos
Música de São Paulo
Sandra Satomi Yamamoto
Marcela de L. M. Dutra
Coordenador Artístico
Assistência
Eneias R. Leite Neto
Assistente
Antonio Ribeiro
Administrativa
Aloísio Sales de Souza
Ivani Rodrigues Umberto
Assistente Artístico
Alexandro R. Bertoncini
Chefe de Som
Acervo de Cenário
Valdemir Aparecido
Sérgio Luis Ferreira
e Aderecista
Assistente Administrativa
Seção de Pessoal
Operadores de Som
Aloísio Sales
Sônia Gusmão de Lima
Cleide C. da Mota
Sergio Nogueira
Expediente
Corpo de Apoio
José Luiz P. Nocito
Daniel Botelho
José Carlos Souza
José Roberto da Silva
Solange F. França Reis
Kelly Cristina da Silva
José Lourenço
Flávio Aureliano Paixão
Tarcísio Bueno Costa
Chefe de Iluminação
Paulo Henrique Souza
Maria Aparecida Malcher
Valéria Lovato Iluminadores
Diretoria de Gestão
Alexandre Bafe
Lais Gabriele Weber
Carmen Alexandrina João Amaro
Estagiário
Parcerias
Ricardo Farão
Suzel Maria P. Godinho
Contabilidade
Yudji A. Otta
Alberto Carmona
Agradecimentos Escarlate
Alexandre Quintino
Arquitetura
Hotel Marabá
Ananias
Lilian Jaha
Santher
Diego Silva Luciana Cadastra
Seção Técnica
Marcio Aurélio O.
de Manutenção
Cameirão
Narciso Martins Leme
Meire Lauri
Estagiário Vinícius Leal
Compras e Contratos George Augusto
Comunicação
Rodrigues
Editor e Coordenador
Marina Aparecida
Marcos Fecchio
Augusto
Editor assistente
Infraestrutura
Gabriel Navarro Colasso
Marly da Silva dos Santos
Mídias Eletrônicas
Antonio Teixera Lima
Desirée Furoni
Eva Ribeiro
Assessoras de
Israel Pereira de Sá
Imprensa
Luiz Antonio de Mattos
Amanda Sena
Maria Apa da C. Lima
Daniela Oliveira
Pedro Bento Nascimento Rita de Cássia S. Banchi
Design Gráfico
Wagner Cruz
Kiko Farkas/ Máquina
Almoxarifado
Estúdio
Nelsa A.Feitosa da Silva
Designer Assistente
Bens Patrimoniais
Ana Lobo
José Pires Vargas
Atendimento Michele Alves
Informática Ricardo Martins da Silva
Impressão
Renato Duarte
Formags Gráfica
Estagiários
e Editora LTDA
Victor Hugo A. Lemos
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 146
Theatro Municipal de São Paulo Temporada Lírica 2015 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Março Giuseppe Verdi OTELLO
Abril/Maio Osvaldo Golijov AINADAMAR Camargo Guarnieri UM HOMEM SÓ
Maio/Junho Piotr Ilich Tchaikovky EUGENE ONEGIN
Julho/Agosto Jules Massenet THAÏS
Agosto/Setembro Giacomo Puccini MANON LESCAUT
Outubro Richard Wagner LOHENGRIN
Novembro/Dezembro Wolfgang Amadeus Mozart COSÌ FAN TUTTE
Programação sujeita a alterações.
patrocinadores
apoio
execução
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
realização
agência de negócios e relações institucionais
MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO