OTELLO GIUSEPPE VERDI
OTELLO Ópera em quatro atos Música de Giuseppe Verdi Libreto de Arrigo Boito, baseado na peça homônima de William Shakespeare
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Datas de apresentação Elenco
Sinopse
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Quatro perguntas ao diretor cênico Giancarlo del Monaco
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Mario del Monaco no Theatro Municipal
Otello Irineu Franco Perpetuo
Um mouro e seus demônios Leandro Karnal
Poder e traição na sereníssima república José Garcez Ghirardi
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Gravações de referência
40
Histórico de apresentações
Libreto Português / Italiano
Biografias dos artistas
Fichas técnicas
126 Temporada 2015
Nova montagem do Theatro Municipal de São Paulo Centenário de nascimento de Mario del Monaco Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coro Infantojuvenil da Escola Municipal de Música de São Paulo
MARÇO Quinta 12 às 20h Sabado 14 às 20h Domingo 15 às 18h Terça 17 às 20h Quarta 18 às 20h Sabado 21 às 20h Domingo 22 às 18h Terça 24 às 20h Sexta 27 às 20h
5 4 Datas de Apresentação & Elenco
OTELLO GIUSEPPE VERDI
John Neschling direção musical e regência Eduardo Strausser regente assistente 22 27 Giancarlo del Monaco direção cênica William Orlandi cenografia Mattia Diomedi designer de projeções Pasquale Grossi figurinos Wolfgang von Zoubek desenho de luz Bruno Greco Facio Regente do Coro Lírico Regina Kinjo Regente do Coro Infantojuvevil Otello
Gregory Kunde 12 15 18 21 24 27 Avgust Amonov 14 17 22 Desdemona Lana Kos 12 15 18 21 24 27 Elena Rossi 14 17 22 Iago Rodrigo Esteves 12 15 17 22 24 Nelson Martínez 14 18 21 27 Cassio Marius Brenciu 12 15 18 22 27 Medet Chotabaev 14 17 21 24 Emilia
Ana Lucia Benedetti Roderigo
Giovanni Tristacci Lodovico
Felipe Bou 12 15 18 21 24 27 Carlos Eduardo Marcos 14 17 22 Montano
Leonardo Pace Arauto
Rogério Nunes
7 6 Sinopse
[Indicações cênicas do libreto original.] Um porto em Chipre. Final do século XV.
1o Ato O navio de Otello, comandante mouro das tropas venezianas
que derrotaram os turcos, chega à ilha de Chipre depois de uma tempestade. Roderigo deseja Desdemona, mulher de Otello, e conspira com Iago, que diz odiar o mouro porque este o preteriu em uma promoção militar para capitão em favor de Cassio. Iago faz com que Cassio se embebede, e este, provocado por Roderigo, acaba se envolvendo em duelo com Montano. Otello interrompe a luta e pune Cassio com o rebaixamento. Despertada pelo tumulto, Desdemona vai ver o que acontece. Otello faz com que todos se dispersem, e entoa um apaixonado dueto de amor com sua esposa. 32’
Intervalo 20’
2o Ato Em um salão do castelo, Iago incita Cassio a pedir a Desdemona
que interceda em seu favor junto a Otello. Com a chegada do mouro, Iago começa a instilar nele ciúmes de sua mulher, insinuando uma ligação entre ela e Cassio. Desdemona chega, pede que Cassio seja perdoado e, ao tentar enxugar o suor do rosto de Otello, acaba deixando cair no chão seu lenço. Emilia, mulher de Iago, recolhe o pano, do qual Iago imediatamente se apodera, à força, sem que Desdemona perceba. A sós com Iago, Otello, irado, exige uma prova da traição da esposa. Iago narra um suposto sonho erótico de Cassio com Desdemona, para depois afirmar ter visto nas mãos do outro o lenço da mulher do mouro. Otello e Iago encerram o ato com um terrível juramento de vingança. 35’
Intervalo 25’
3o Ato No salão do palácio, Desdemona novamente pede que Cassio
seja perdoado. Otello recusa e exige, com veemência, o lenço da mulher, que não tem como entregá-lo, nem sabe onde o objeto se encontra. Diante da ira do marido, Desdemona parte. Otello, transtornado, espreita o diálogo entre Iago e Cassio. Não consegue ouvir tudo o que é dito, mas imagina presenciar a confirmação da traição da esposa, especialmente quando Iago faz Cassio sacar o lenço de Desdemona – na verdade, Cas-
sio não sabe que lenço é aquele, nem como ele, furtivamente introduzido por Iago, foi parar em sua casa. Cassio se retira ao som dos trompetes que anunciam a chegada dos embaixadores venezianos. Otello decide matar a esposa naquela mesma noite e recebe os diplomatas. Estes anunciam que Otello foi convocado a Veneza, e que Cassio ficará em seu lugar, como comandante, em Chipre. Iago aproveita para incitar Roderigo a matar Cassio: se algo acontecer ao novo chefe militar da ilha, o anterior, Otello (e, consequentemente, Desdemona), não poderá partir para Veneza. Na frente de todos, Otello agride Desdemona e expulsa a multidão. Enquanto o mouro delira, prostrado, Iago, recém-promovido por ele a capitão, tripudia e festeja seu triunfo. 39’
4o Ato Em seu quarto, Desdemona compartilha sua inquietude com
Emilia e, preparando-se para dormir, entoa a melancólica Canção do Salgueiro e reza uma Ave Maria. Otello se aproxima do leito e beija três vezes a esposa adormecida. Quando ela desperta, tenta fazê-la confessar o adultério. Desdemona nega, pede clemência, e é sufocada pelo marido. Chega então Emilia, anunciando que Cassio matou Roderigo. Ela vê Desdemona agonizando e anuncia, aos brados, o crime do mouro. Acorrem Cassio, Iago e Lodovico, o embaixador veneziano. Emilia denuncia a perfídia do marido que, desmascarado, foge. Ao compreender o engano de que foi vítima, Otello se mata. 32’
9 8 montagem sobre croquis de Pasquale Grossi.
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QUATRO PERGUNTAS PARA O DIRETOR CÊNICO GIANCARLO DEL MONACO
Nesta montagem, você desloca a ação da ópera para o universo. Qual foi o efeito desejado com esse deslocamento? Ao observarmos a trajetória de Verdi, vemos que ele acompanhou as principais tendências de seu tempo, passando pelo Bel Canto e indo até o Verismo; ele soube entender seu tempo. Nesta montagem, quis escapar do Verismo, recorrente em tantas outras montagens de Otello. Meu pai foi muito influenciado pelo cinema e eu também sou. Não creio que hoje se possa fazer ópera como antigamente, como se fazia antes do cinema e da TV. Esta ópera trata de temas atemporais como o Poder, o ódio e o racismo. Ao deslocar a ação para o universo, para fora de nosso planeta, posso dar ênfase a tais temas em um cenário abstrato.
E como o uso de um espaço abstrato te ajuda a atingir seu objetivo? Busquei ressaltar a trajetória das personagens e os elementos psicológicos que constituem o libreto. Otello e Desdemona têm um trajeto parabólico: uma vida de felicidade crescente que, em determinado momento, desmorona. E Cassio é o pivô deste desmoronamento. Seu ódio contra a felicidade dos outros. Ao usar um cenário abstrato, como na minha primeira montagem de Otello, que contava com meu pai no papel principal, onde a ação transcorria num espaço vazio, posso focar mais nas relações entre as personagens. Otello não é uma peça política que precise de contexto, é uma peça social; trata das relações interpessoais.
Sobre seu pai e você. Esse ano é um ano importante para você, não? Sim. 2015 marca o centenário de nascimento de meu pai, Mario del Monaco, e os meus 50 anos de carreira. Meu pai teve papel fundamental na minha formação: quando eu era pequeno, ele me apresentou boa parte do repertírio operístico internacional, tanto que, aos 18 anos, eu tinha um repertório muito amplo e raro para a minha idade. Ao me apresentar novas óperas, meu pai ficava muito atento a minha reação e tomava uma série de notas; sempre queria saber o porque da minha reação.
Além do aspecto formativo, seu pai também foi bastante importante na sua carreira... Certamente! Ele me ajudou a conseguir meus primeiros trabalhos. Ele me dizia “eu posso te ajudar neste primeiro momento, mas se você não for competente, você não se manterá. Nada poderei fazer sobre isso”. Logo depois dessas primeiras experiências na Itália, parti para a Alemanhã, onde vivi e trabalhei muitos anos.
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MARIO DEL MONACO NO THEATRO MUNICIPAL DE Sテグ PAULO
/ 1947 SETEMBRO & OUTUBRO / LA GIOCONDA Amilcare Ponchielli Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Oliviero de Fabritiis Regente Bruno Nofri Diretor Cênico Maria Pedrini Gioconda Mario del Monaco Enzo Grimaldo Ebe Stignani Laura Giulio Neri Alvise Badoero
/ CARMEN Georges Bizet Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Edoardo de Guarnieri Regente German G. Torel Diretor Cênico Fedora Barbieri Carmen Mario del Monaco Don José Anna Faraone Micaela Raffaele de Falchi Escamillo
/ MADAMA BUTTERFLY Giacomo Puccini Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Rainaldo Zamboni Regente Bruno Nofri Diretor Cênico Anna Faraone Cio-Cio-San Mario del Monaco Pinkerton Julita Fonseca Suzuki Saturno Meletti Sharpless
/ ANDREA CHÉNIER Umberto Giordano Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Oliviero de Fabritiis Regente Bruno Nofri Diretor Cênico Mario del Monaco Andrea Chénier Elisabetta Barbatto Maddalena de Coigny
Raffaele de Falchi Carlo Gérard Edmea Limberti Madelon
/ IL TROVATORE Giuseppe Verdi Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Oliviero de Fabritiis Regente Bruno Nofri Diretor Cênico Mario del Monaco Manrico Constantina Araujo Leonora Raffaele de Falchi Conde de Luna Fedora Barbieri Azucena
/ AIDA Giuseppe Verdi Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Oliviero de Fabritiis Regente Bruno Nofri Diretor Cênico Elisabetta Barbato Aida Mario del Monaco Radamés Fedora Barbieri Amneris Giulio Neri Ramfis
/ MEFISTOFELE Arrigo Boito
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Edoardo de Guarnieri Regente Bruno Nofri e Carlo Marchese Diretores Cênicos
Giulio Neri Mefistofele Mario del Monaco Fausto Elisabetta Barbato Margherita Julita Fonseca Marta
/ 1950 AGOSTO SETEMBRO
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/ IL GUARANY Antonio Carlos Gomes
/ OTELLO Giuseppe Verdi
Mario del Monaco no Theatro Municipal de São Paulo
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Tullio Serafin Regente Carlo Marchese Diretor Cênico Mario del Monaco Peri Maria de Sá Earp Cecilia Guilherme Damiano Don Antonio de Mariz
Paulo Fortes Gonzales
/ CARMEN Georges Bizet Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Edoardo de Guarnieri Regente Carlo Marchese Diretor Cênico Fedora Barbieri Carmen Mario del Monaco Don José Nadir de Mello Couto Micaela Raffaele de Falchi Escamillo
/ AIDA Giuseppe Verdi Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Armando Belardi Regente Carlo Marchese Diretor Cênico Norina Greco AIDA Mario del Monaco Radamés Fedora Barbieri Amneris Americo Basso Ramfis
/ IL TROVATORE Giuseppe Verdi Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Tullio Serafin Regente Carlo Marchese Diretor Cênico Mario del Monaco Manrico Constantina Araujo Leonora Paulo Ansaldi Conde de Luna Fedora Barbieri Azucena
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Antonino Votto Regente Bruno Nofri Diretor Cênico Mario del Monaco Otello Elisabetta Barbatto Desdemona Leonard Warren / Enzo Mascherini Iago Vera Maia Emilia Adelio Zagonara Cassio
/ 1956 SETEMBRO / I PAGLIACCI Ruggero Leoncavallo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coral Paulistano Nino Stinco Regente Carlo Marchese Diretor Cênico Mario del Monaco Canio Diva Pieranti Nedda Guilherme Damiano Tonio Peter Gottlieb Silvio Nino Crimi Beppe
/ 1969 SETEMBRO / OTELLO Giuseppe Verdi Orquestra do Teatro San Carlo de Nápoles Coro do Teatro San Carlo de Nápoles Coral Infantil Canarinhos Liceanos do Liceu Coração de Jesus Oliviero de Fabrittis Regente Attilio Colonnello Diretor Cênico Mario del Monaco Otello Ilva Ligabue Desdemona Anselmo Colzani Iago Vera Magrini Emilia Ermanno Lorenzi Cassio
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/ 1949 SETEMBRO OUTUBRO
Mario del Monaco como Peri, durante a montagem de Il Guarany em 1949 no Theatro Municipal de S達o Paulo.
Imagem do figurino de Otello, por Pasquale Grossi.
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OTELLO IRINEU FRANCO PERPETUO
Irineu Franco Perpetuo ĂŠ jornalista e tradutor, ministra cursos na Casa do Saber e colabora com a Revista Concerto.
“Desde as primeiras cenas, a sala foi arrastada por um furacão de entusiasmo. Tamagno-Otello foi ovacionado por seu Esultate, e o coro Fuoco di gioia desencadeou uma interminável catarata de aplausos. Quando caiu o pano no final do primeiro ato, Verdi teve que subir à cena para receber as aclamações do público, e o mesmo ocorreu depois de cada ato. Algumas árias se repetiram duas e três vezes. A última queda de pano foi seguida por um verdadeiro delírio: as pessoas aplaudiam desenfreadamente, gritavam, agitavam seus lenços, lançavam ramos de flores ao palco, chamando várias vezes o maestro à cena. Como Verdi quis que Boito compartilhasse pelo menos uma vez de seu triunfo, desceu com ele até a rampa. Por um momento pareceu que o público não se iria nunca da sala. Quando finalmente o fez, se produziram cenas igualmente delirantes no exterior do teatro. A multidão rodeou a carruagem do compositor. Desatrelaram os cavalos e levantaram o pesado veículo para levá-lo em triunfo com seus ocupantes e, como não puderam fazê-lo, se limitaram a arrastá-lo pela mão até o Grande Hotel. Verdi, que tinha deixado Peppina [sua mulher] com Boito, teve muitas dificuldades para abrir caminho entre a massa de seus admiradores. Todos queriam tocá-lo, falar-lhe, arrancar-lhe um pedaço da roupa. Finalmente chegou a seu apartamento, mas teve que sair imediatamente ao balcão para receber mais aplausos, mais aclamações, até uma hora avançada da noite. Para que o maestro, que estava congelado, pudesse voltar a ficar de resguardo, o tenor Tamagno o substituiu no balcão e cantou novamente o Esultate do primeiro ato. De todos os modos, tocaram música debaixo das janelas do compositor até as cinco da manhã”. Assim Pierre Milza descreve, no livro Verdi e seu tempo, a estreia de Otello no Scala de Milão, em 5 de
O PROJETO DE CHOCOLATE O primeiro contato criativo entre Verdi e Boito começou em 1862, quando Clarina Maffei, amiga do compositor, indicou o jovem poeta, então com 20 anos, para escrever os versos do Hino das Nações, sob encomenda da Exposição Universal de Londres.
21 20 Otello Irineu Franco Perpetuo
fevereiro de 1887. Na época, o compositor contava com 73 anos de idade, e não apresentava uma ópera nova há 16 – a última fora Aida, em 1871, e o compositor julgava a grandiosa incursão em terras egípcias como sua despedida dos palcos. Verdade que, em 1874, ele fizera ouvir uma majestosa Missa de Réquiem em homenagem ao escritor Alessandro Manzoni (1785-1873), um dos mais importantes literatos italianos de seu tempo, autor do romance I promessi sposi (Os Noivos). Mas de ópera, decididamente, ele parecia não querer mais saber. Todos que rodeavam o compositor sentiam que energia, interesse e capacidade de trabalho não lhe faltavam. Dessa forma, seu editor, Giulio Ricordi, buscou uma maneira sutil de atraí-lo de volta para o teatro. Em um jantar de Verdi com amigos, em 1879, no qual estavam presentes o futuro regente da estreia de Otello, Franco Faccio (1840-1891), Ricordi “casualmente” conduziu o assunto na direção de William Shakespeare. Ainda que desconhecesse a carta em que Verdi afirmou a Antonio Somma (libretista de Un Ballo in Maschera) que preferia “Shakespeare a todos os outros autores dramáticos, sem exceção dos gregos”, Ricordi certamente não ignorava a paixão do compositor pela obra do dramaturgo britânico, do qual ele havia musicado Macbeth, em 1847 (revisando profundamente a partitura em 1865), e acalentara, durante muito tempo, transformar em ópera Rei Lear. Verdi, assim, não conseguiu simular seu interesse e, ato contínuo, Ricordi não apenas mencionou Otello como possibilidade de tema, como ainda sugeriu para a tarefa o nome de Arrigo Boito (1842-1918), que havia escrito o libreto para Amleto, adaptação operística de Hamlet, com música de Faccio. No dia seguinte, Faccio levou Boito ao hotel de Verdi, que acabou presenteado com uma sinopse da futura ópera. O compositor obviamente gostou do que leu: “Agora coloque em versos. Vai servir para você... para mim.... para alguém”, foi sua resposta. E, embora relutasse a se comprometer, chegando a rejeitar um pedido de Ricordi para visitá-lo em sua propriedade rural em companhia de Boito – “você já foi longe demais, e devemos parar antes de dar origem a fofocas” –, o autor de La Traviata acabou abraçando aquilo que ele e os demais envolvidos chamavam, entre si, de “projeto de chocolate” (em alusão à cor da pele do personagem-título).
Membro do movimento artístico conhecido como scapigliatura (do italiano scapigliato, cuja tradução literal seria “descabelado”), que planejava renovar a cultura italiana da segunda metade do século XIX pelo meio da absorção de influências estrangeiras, como a poesia de Baudelaire e a música de Wagner, Boito não demorou a alfinetar seu parceiro musical. No ano seguinte (1863), depois da estreia de I profughi fiamminghi, ópera de autoria de outro dos scapigliati (plural de scapigliato), Franco Faccio, o escritor leu uma ode na qual dizia esperar que algum criador, que talvez já fosse nascido, elevasse a arte “acima do altar manchado como a parede de um lupanar”. Sempre suscetível, Verdi acusou o golpe, escrevendo a Ricordi: “se, entre outros, eu manchei o altar, como afirma Faccio, que ele o limpe, e serei o primeiro a acender uma vela”. Em 1879, ao finalmente ver a ópera Mefistofele, com libreto e música de Boito, que estreara 11 anos antes, ele afirmou, em carta a um amigo: “sempre ouvi dizer, e sempre li, que o Prólogo nos Céus era vazado num único movimento, uma coisa de gênio; mas eu, ouvindo as harmonias dessa peça, baseada quase sempre em dissonâncias, certamente não parecia estar nos céus! Você pode ver o que é não estar mais dans le mouvement!” De qualquer forma, parece que o tempo fez com que o autor de Rigoletto colocasse em perspectiva as bravatas dos jovens fanfarrões. Faccio, como vimos acima, fora acolhido à sua mesa, como amigo. E Boito se tornaria um de seus mais significativos colaboradores. Como assinala William Weaver em Verdi and his Italian librettists, “diferentemente da maioria dos outros libretistas de Verdi, Boito era um intelectual e, pelos padrões culturais italianos da época, um cosmopolita. Viajara (sua mãe era uma condessa polonesa), e conhecia línguas”. Com Verdi, ele compartilhava o amor por Shakespeare – que conhecia não no original inglês, mas graças à tradução francesa de François-Victor Hugo, filho do autor de Os Miseráveis. Ricordi ofereceu à dupla uma chance de testar seu trabalho conjunto: em 1881, o Scala, de Milão, levaria à cena uma nova produção de Simon Boccanegra, que Verdi estreara em 1857. Ao abrir a partitura, o compositor chegou à conclusão de que o segundo ato necessitava ser refeito. Como o libretista original de Simon, Francesco Maria Piave, falecera em 1876, a escolha óbvia foi Boito. A química funcionou. Embora seguisse a discutir o libreto de Otello com seu parceiro literário, Verdi ainda hesitava em escrever a música. Antes de se lançar à tarefa, passou à revisão – dessa vez, sem a participação de Boito – de outra de suas óperas: Don Carlos, de 1867, para a qual a perspectiva de uma
DE IAGO A OTELLO Ao transformar os 3.500 versos da tragédia original de Shakespeare nos 800 de sua adaptação operística, Boito realizou notável exercício de concisão, eliminando as cenas da peça ambientadas em Veneza e concentrando toda a ação em Chipre. Além disso, Iago adquiriu tamanha proeminência que, durante muito tempo, os autores cogitaram dar seu nome à obra. Quem definiu a questão foi o próprio compositor: “é verdade que ele [Iago] é o demônio que coloca tudo em movimento; só que Otello é quem age: ele ama, tem ciúmes, mata e morre”, afirmou, em carta a seu libretista. “De minha parte, acharia hipócrita não chamar a ópera de Otello. Prefiro que digam: ‘ele tentou se medir com um gigante e foi derrotado’ do que ‘ele tentou se esconder atrás do título de Iago’”. O gigante, no caso, era Gioachino Rossini (17921868) que, em 1816, mesmo ano em que subiu à cena pela primeira vez sua obra-prima, O Barbeiro de Sevilha, fez estrear, em Nápoles, Otello – sua versão da obra de Shakespeare. Ao ouvir o barítono francês Victor Maurel cantar o papel-título na versão revisada de Simon Boccanegra, em 1881, Verdi ficou tão entusiasmado que lhe prometeu a parte de Iago. Maurel criaria ainda o protagonista da última criação verdiana, Falstaff, bem como Tonio, em I Pagliacci, e Cambro, na Fosca, de Carlos Gomes. Sintetizando sua visão do personagem, Boito incluiu um Credo ausente da obra de Shakespeare, para o qual reaproveita versos que redigira para a ópera La Gioconda, de
22 23 Otello Irineu Franco Perpetuo
encenação em Viena requeria um encurtamento dos cinco atos originais para quatro. Enquanto isso, Ricordi fazia insinuações, mandando a Verdi, em três natais consecutivos, bolos coroados com um Otello de chocolate. Quando o compositor parecia convencido a finalmente pôr mãos à obra, uma intriga jornalística quase pôs tudo a perder. Publicou-se que, após uma apresentação de Mefistofele em Nápoles, Boito teria dito: “Nunca achei que Otello daria uma boa ópera, porém, agora que comecei a escrever o libreto, lamento que não seja eu a colocá-lo em música”. A resposta de Verdi não tardou: ele devolveria Otello ao libretista “sem ressentimento ou nenhum tipo de rancor”, acrescentando: “como o manuscrito é de minha propriedade, eu o presenteio se ele deseja colocá-lo em música”. Depois de muitos panos quentes, diplomacia e pedidos de desculpa, o compositor finalmente se lançou à empreitada, em 1884.
Ponchielli – La morte è il nulla e vecchia fola è il ciel! (A morte é o nada, e o céu é uma velha fábula – Alvise, cena 4 do terceiro ato). Nessa passagem, Iago afirma crer em um Deus cruel, que o criou à sua imagem e semelhança. A respeito de Desdemona, Verdi escreveu que “não é uma mulher, mas um tipo. É o tipo de bondade, resignação, autossacrifício. Há seres que nasceram para os outros, que são completamente inconscientes de seus egos”. A primeira intérprete da personagem foi Romilda Pantaleoni – namorada do regente da estreia, Franco Faccio. Sobre o protagonista, no livro de produção para a montagem do espetáculo, Boito disse que “as palavras de Iago são veneno injetado no sangue do Mouro”, e esse envenenamento causa sua mudança: “ele era sábio, sensível, e agora delira”. Fase a fase, ele deve passar “os mais temíveis tormentos da alma humana. Otello é a vítima suprema da tragédia, e de Iago”. Para além da questão dramática, do ponto de vista puramente vocal o papel de Otello tornou-se, desde a estreia da ópera, um Himalaia que poucos tenores se sentem aptos a escalar. Sob essa perspectiva, é interessante ler o que diz Maurel, o primeiro Iago: “o ideal da potência vocal de que o personagem necessita foi fornecido pelo criador do papel, Francesco Tamagno, com uma intensidade espantosa: mas nos parece perigoso deixar penetrar na ideia geral dos futuros intérpretes de Otello que essa potência vocal extraordinária seja uma condição sine qua non de uma boa interpretação”. O barítono explica: “ao fim de dez minutos, o público se acostuma a uma tonalidade sonora, por maior que ela possa ser. O que sempre o surpreende e cativa é a precisão, a energia e a variedade dos acentos”. Sob encomenda da Ópera de Paris, Verdi produziria ainda, em 1894, uma adaptação de Otello, encurtando o final do terceiro ato e incluindo no mesmo, como era praxe na casa, um balé de coloração “exótica”, incluindo uma “dança árabe” e uma “dança grega”. Tal bailado constitui, hoje, mera curiosidade, não tendo chegado a entrar no repertório. Esteticamente, Otello parece apontar para modificações na dramaturgia verdiana, sugerindo uma tendência a dissolver os limites entre recitativo e número musical (ária, duo, concertato etc.) e a busca de uma fluidez que, por vezes, parece se aproximar do teatro falado. Uma capitulação diante de Wagner? De forma alguma: se a escrita orquestral se torna ainda mais refinada e complexa, suas texturas jamais são saturadas, ela não chega a adquirir caráter “sinfônico”, nem tenta roubar o protagonismo das vozes. Sem precisar provar para ninguém que estava, em suas próprias palavras, “dans le mouvement”, Verdi renova sua linguagem sem deixar de ser fiel a si mesmo.
montagem sobre croquis de Pasquale Grossi.
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UM MOURO E SEUS DEMÔNIOS LEANDRO KARNAL “IT IS NOT IN THE STARS TO HOLD OUR DESTINY, BUT IN OURSELVES.” “NÃO É NAS ESTRELAS QUE PRENDEREMOS NOSSO DESTINO, MAS ENTRE NÓS.” (SHAKESPEARE, OTHELLO, THE MOOR OF VENICE)
Leandro Karnal é doutor em História Social pela USP e professor de História na Unicamp.
A REPÚBLICA DAS ÁGUAS Rainha do Adriático, sereníssima república, terra dos doges, mundo do carnaval das máscaras e cor variada como de um cristal de Murano: esta é a Veneza que encanta tantas gerações de artistas e poetas. Para os turistas, Veneza é uma cidade cara, cortada por canais que proporcionam belas postagens nas redes sociais. Na praça de São Marcos e arredores, imigrantes ilegais vendem longas varetas que permitem selfies indispensáveis para o progresso da humanidade. Eu e a ponte dos suspiros, eu e as gôndolas, eu e o grande canal: de todo lado o pronome pessoal reto impera nos registros. As pombas arrulham e espalham o boato: há um declínio visível do padrão mental dos visitantes. E pensar que por entre as aves da praça já andaram Vivaldi, Ticiano, Canaletto, Casanova e Lord Byron. Aquelas pombas têm profundo direito à melancolia. Veneza já comportou outras personagens. A República era senhora das rotas orientais na Idade Média e no início da Idade Moderna. Vocacionados ao comércio, os venezianos traziam maravilhas asiáticas para o mercado europeu. É do veneziano Marco Polo a narrativa sobre uma viagem fantástica à corte do Grande Khan que seduziu a Europa cristã. Os venezianos ainda são orgulhosos da sua riqueza passada, da proteção do evangelista Marcos, da língua vêneta e das pinturas de Giorgione e Tintoretto. Por fim, terra do doce pós-noitada, o tiramisú (tirame-sù, levanta-me), bem como do Carpaccio, em homenagem ao pintor de mesmo nome, e o leve drinque Bellini. De todas as personagens reais, uma ficcional é fascinante: Otello, o mouro de Veneza. Um homem de pele escura, um capitão a serviço da cidade dos doges. Otello é um estrategista militar. Personifica
28 29 Um mouro e seus demônios Leandro Karnal
uma força da natureza, masculino, decisivo. Ele encarna a virilidade, o comando, a conquista e o carisma decidido e imperativo. Encantou ao Conselho da cidade e seduziu uma veneziana: Desdemona, clara flor de família senatorial. Desdemona é seu complemento perfeito. É jovem, feminina, aristocrata bem criada no luxo. A moça é linda, mas seu nome já indica, pela raiz grega, desgraça e infelicidade. A paixão da bela e da fera foi rápida. A família da moça fez oposição. A liberdade concedida pelo pai, Brabâncio, revelou-se inimiga da vontade paterna. O interesse do Doge em que Otello comandasse tropas venezianas contra os turcos em Chipre fez com que escrúpulos sociais e étnicos fossem deixados de lado. Otello e Desdemona formaram um casal. Falou a Realpolitik. Foram abençoados quando a ligação dos dois se tornou inevitável. Os interesses da República estão bem acima da honra paterna. Shakespeare não gosta de casamentos que contrariem escrúpulos sociais. Romeu e Julieta morrem e arrastam outros para o túmulo. Otello e Desdemona terminam mal. A Megera Domada, levada ao casamento pela vontade do pai, tem final feliz, após ser “domesticada”. Ofélia desejou alguém acima do seu grupo social, Hamlet, e morreu. O casamento não comporta o ideal romântico que viria mais tarde: encontre quem você realmente ama e a felicidade superará todos os obstáculos. O início conturbado de Otello e Desdemona comporta ainda mais um foco de tensão. O pior vilão de Shakespeare, Iago, inveja o Mouro e sente despeito pela promoção de Cassio, o florentino. Iago é um vilão que, ao contrário de Cláudio ou Lady Macbeth, nunca se arrepende. Para conseguir atingir seu plano, envenena a mente do chefe sugerindo traição entre Desdemona e Cassio. O ciúme, o demônio de olhos verdes, vira cúmplice do demônio Iago. Frases sutis, indiretas, um lenço perdido: tudo acrescenta lenha na fogueira crescente da insegurança de Otello. Sim, o mouro comanda homens, é forte e bravo. Mas, por ser masculino, é inseguro com suas conquistas. A testosterona é veneno duplo e o orgulho de macho um mau conselheiro. Otello vai regando com a suspeita a semente do mal plantada por Iago. Exatamente Iago, que havia se orgulhado de que o coração humano era um jardim e que cada um plantava o que bem entendesse. Otello se refere a si com grandiloquência. Pensa no macro e enreda-se no micro. Pagará um preço alto por esta polaridade analítica. Iago é inseguro porque se compara com Cassio. Otello é inseguro porque não se compara com ninguém. Ambos serão vítimas dos seus medos. Otello maneja armas com perfeição, mas, como muitos homens, lida mal com sentimentos. Iago lida bem com sentimentos (em geral, os piores), mas se empenha demais num plano perigoso. Um se crê indestrutível e baixa a guarda. Outro se imagina astuto demais. Para Harold Bloom, Otello não teme a morte real em bata-
lha, algo que só aumentaria seu brilho viril. Otello teme demais a morte metafórica que a traição da esposa, ainda mais com um subordinado, significaria. Morrer em batalha o torna mais homem e mais potente na morte; ser trapaceado sexualmente pela esposa o tornaria um eunuco. Iago consegue encarnar o amoralismo e a dissimulação. Afirma que nunca mostra quem é de fato. É o vilão estruturado e acabado. É tão elaborado que chegamos a ter dúvida se a personagem principal é a do título da peça ou o invejoso e maquiavélico Iago. A cena é clássica. Ardendo de ciúmes, Otello vai ao quarto de Desdemona e a estrangula. Na peça, carrega velas e compara a chama efêmera com a vida. Após o crime, o mouro se mata e a trama de Iago fica revelada. Mostre-me um homem sem paixões e eu o seguirei, havia dito o poeta inglês antes. Escravo das suas paixões, tanto Otello como Iago morrem. Desdemona, inocente e apagada, paga também o preço de ter seguido o coração ao casar com o mouro, e não a lógica social. As mulheres shakespearianas são, muitas vezes, débeis. Desdemona é uma Ofélia tíbia. É um peão em um jogo masculino e militar. É honesta, e disso decorre que nada percebe até o fim. Só no leito de morte parece acordar para o risco da insegurança do marido mouro e violento.
TURCOS E CHIPRE Quando Shakespeare escreveu esta peça, o perigo
turco real no Mediterrâneo era enorme. Entre muitos piratas, Lepanto e os cercos de Viena, as tropas de Solimão, o magnífico, e seus descendentes foram uma cimitarra pairando sobre a consciência cristã europeia. Apesar de a Inglaterra ter mais medo da armada espanhola do que da turca, o perigo mediterrâneo era real. Um gênio que morreu no mesmo ano de Shakespeare, apenas um dia antes, Miguel de Cervantes, sofreu com essa realidade. Foi ferido na épica batalha entre cristãos e islâmicos, em 1570 (Lepanto), e ficou marcado na mão e no peito. Depois, foi sequestrado por piratas de Argel. Shakespeare temia aos espanhóis e sua armada. A Armada espanhola de Cervantes temeu aos turcos. Este era um pano de fundo poderoso na segunda metade do século XVI e as primeiras décadas do século XVII. Era um choque de impérios, e a grande virada europeia estava começando. Viena quase caiu sob assalto turco em 1529 e em 1683. Mas a passagem dos anos 1500 para o ano de 1600 assinalou o início do declínio do poder do Império turco. O fim claudicaria até 1918. Shakespeare olha para um perigo real do seu tempo quando busca o perigo mais antigo enfrentado por Otello. Quando Verdi escreve sua ópera após anos de aposentadoria, volta-se ao passado glorioso da Itália, ainda dividida, mas brilhante. A Itália unificada anos antes da
A MELANINA E UN BACIO Otello foi o primeiro rosto escuro protagonista em um palco moderno. Otello é um pioneiro. Este fato moveu imaginações. O ator clássico shakespeariano, Laurence Olivier, usou muitos quilos de produtos de escurecimento para se tornar um Otello capaz de convencer a plateia, em 1964. Em 1997, outro ator, Patrick Stewart, teve a ideia criativa de encarnar um Otello nórdico e claro, mas sua Desdemona era negra. Solução criativa em épocas politicamente corretas. Shakespeare tinha menor compromisso com a pluralidade e estudos pós-coloniais. Os insultos de Iago sobre Otello resvalam, com frequência, para questões raciais. Logo na primeira cena do ato I, Iago afirma: “Even now, now, very now, an old black ram is tupping your white ewe”. A metáfora é grosseira e ardilosa. Otello é chamado de bode negro. Os bodes são famosos pelo apetite, o sexual inclusive. Desdemona é uma ovelha branca, animal apto ao sacrifício e inocente. Para piorar, essa fala é dirigida ao pai de Desdemona. Avisar ao pai que a filha pode estar tendo sexo com um “bode negro”, o vlião explora todas as paranóias de um pai rico, branco e veneziano. De muitas formas, o medo de Otello foi precedido pelo medo do pai de Desdemona. Otello teme ser traído como seu sogro, Brabâncio, temeu ter a filha atacada sexualmente por alguém escuro e mouro. Dentre os argumentos paranoicos do mouro, Desdemona ter ignorado o desejo do pai passou a contar. Quem engana ao pai engana ao marido. Otello é escuro e mouro. Assustava a plateia do fim da era elizabethana. Hoje seria islâmico e continuaria moreno, desafiando na alteridade religiosa e étnica a percepção europeia. O Otello de Verdi dialoga com outros estrangeiros verdianos, especialmente os egípcios e núbios da ópera Aida. Otello sempre causa este desconforto no racismo declarado ou velado do Ocidente. É assim, com maquiagem escura, que sólidos cantores brancos atuavam. Mas há uma beleza particular na música de Verdi e no libreto de Arrigo Boito. Negro, escuro, mouro, como nosso desejo o criar, Otello morre desejando um beijo de Desdemona já morta.
31 30 Um mouro e seus demônios Leandro Karnal
estreia da ópera parecia bem menos importante militarmente do que fora quando desunida e dividida em Repúblicas. Shakespeare joga seu medo para o passado italiano, e Verdi faz o mesmo com sua melancolia. O jogo de espelhos é sempre curioso e intenso. Memória é um diálogo entre o que veio antes e com nosso presente. Shakespeare e Verdi buscam uma resposta na República Veneziana de um outro momento. Para nossa sorte, essa catarse resulta em obras belíssimas, uma peça e uma ópera.
“Un bacio... un bacio ancora... ah!... un altro bacio...” No desejo e no amor equivocado, no ciúme ensandecido e nos jogos imbecis de poder, o casal encontra seu fim. Resta um beijo, mas o drama doméstico tinha superado o quadro político e de guerra. Restou apenas um beijo, e o grande general implora para sua branca, pura e morta que lhe conceda algo impossível. Acostumado a mandar, o mouro pede, suplica, e morre. Era um casal equivocado, mas qual casal não seria?
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PODER E TRAIÇÃO NA SERENÍSSIMA REPÚBLICA JOSÉ GARCEZ GHIRARDI “SE A AÇÕES COMO ESSA SE PERMITIR LIVRE CURSO, ESCRAVOS E PAGÃOS SE TORNARÃO NOSSOS SENHORES” (OTELLO – WILLIAM SHAKESPEARE)
“Em Veneza, as mulheres permitem que os céus testemunhem os atos sórdidos a que se entregam, mas que não ousam revelar a seus maridos; sua consciência não se opõe a que eles sejam cometidos, desde que não sejam revelados”.¹ Para conduzir Otello à dúvida que irá finalmente levá-lo a assassinar Desdêmona, Iago habilmente faz referência a um lugar-comum do tempo: as mulheres são inconstantes; ai de quem nelas se fia! O general mouro conhece bem – e partilha – desse cinismo quanto à possibilidade de as mulheres serem fiéis. Assim como os cortesãos de Elizabeth I, também Otello entenderia imediatamente a candura irônica com que Shakespeare abre seu soneto 138: “Quando minha amada jura que ela é sempre verdadeira, eu acredito, embora saiba que ela mente”.² É apenas para proveito próprio que os homens prudentes fingem acreditar nas mentiras das mulheres; só os tolos confiam nesse gênero inconstante como a lua e naturalmente propenso ao pecado. Fraqueza, teu nome é mulher, proclama o filosófico Hamlet (I,2), resumindo o sentimento de seus contemporâneos. Esse tema convencional, que o público shakesperiano conhece bem, ganha ainda mais ênfase em Otello pela patente disparidade entre os enamorados. Se, conforme crê o senso comum, em casais de condição semelhante a traição feminina já é corriqueira, que dirá de um par de amantes que são opostos em tudo? Desdêmona é nobre, sofisticada no agir e no falar, e está no ápice de sua juventude; Otello é um mero serviçal dos poderosos, um soldado cujo discurso é rude (I,3) e que já deixou há tempos a mocidade. Será apenas questão de tempo até que a donzela se canse do brinquedo que escolheu por capricho: “Ela fatalmente irá deixá-lo por outro mais jovem; quando estiver saciada de seu corpo, entenderá o quanto errou em sua escolha”. (I,3)
34 35 Poder e traição na sereníssima república José Garcez Ghirardi
De maneira mais grave, a união entre os dois é algo que vai contra a ordem natural das coisas, é uma monstruosidade que só pode ter sua origem na perversão características das filhas de Eva, como o perverso Iago tem gosto em fazer lembrar o general: “Sim, este é o ponto – para ser franco com o senhor: recusar tantas propostas de casamento com jovens que lhe são semelhantes nos ambientes que frequentam, na compleição e na dignidade, contrariando a propensão natural – Ah! Pode-se entrever aí uma vontade pervertida, uma desproporção abjeta de pensamentos que afronta a Natureza”. (III,3) Por isso, permitir o casamento dos dois, conforme alerta o pai de Desdêmona, é abrir as portas a um mundo em que será subvertido o sistema de hierarquias de que depende a opulência de Veneza. “Minha causa não é trivial”, diz Brabâncio ao Conselho reunido, “o próprio Doge, como qualquer de meus irmãos nesse Conselho, irá forçosamente sentir como se fosse ele próprio o ofendido; pois se a ações como essa se permitir livre curso, escravos e pagãos se tornarão nossos senhores”. (I,3) A alcova que abriga os dois amantes desiguais surge, assim, como ameaça terrível ao futuro da Sereníssima República, e a atração da donzela nobre pelo general mouro, gestada no terreno dos afetos privados, põe em risco a integridade da esfera pública e do Estado. Na visão de seus pares, não há exagero na queixa de Brabâncio, que revela muito mais do que a mágoa de um pai enganado. O pleito que traz contra sua filha dá voz a um temor comum e real. Não é por outro motivo que o Doge e os principais de Veneza concordam em suspender o debate sobre a grave situação em Chipre para decidir uma querela doméstica. Como responsáveis pela República, eles se alarmam com o relato do matrimônio secreto porque entendem perfeitamente o potencial que a insubordinação doméstica tem de transformar-se em subversão política. O público de Shakespeare não estranharia ver questões de família, aparentemente privadas, discutidas nas instâncias públicas de governo. A associação entre a mulher e a república era um topos recorrente nas imagens políticas do Renascimento. O bom príncipe deveria ser capaz de tornar fecunda a polis, assim como o bom marido deveria ser capaz de gerar uma prole numerosa. Os soberanos que não entendem o funcionamento real da política, assim como os maridos que ignoram os desejos das mulheres, estão condenados à ilusão de que controlam aquilo que, de fato, está sob domínio alheio. A Mandrágora, de Maquiavel, talvez seja o exemplo mais celebrado desse tipo de alegoria tão familiar aos elisabetanos. Mas muitos outros relatos conhecidos articulavam essa relação indissociável entre o doméstico e o político. O próprio Shakespeare havia se utilizado desse tema no discurso final de A Megera Domada: “Teu marido é teu senhor, tua vida, teu guardião, tua cabeça,
teu soberano; A mulher tem as mesmas obrigações em relação ao marido do que um súdito em relação ao príncipe.” (V, 2)3 Por isso, a insistência de Desdêmona em referir-se a Otello como amo e senhor (I,3) e a ousadia de proclamá-lo a todo o Conselho de Veneza, contra a vontade de seu pai, traz à luz os perigos da vontade livre, que tem o poder de fazer os submissos (filha, mulher, soldado, estrangeiro) rebelarem-se contra o jugo de quem os governa. Para o bem do Estado, sustenta Brabâncio, é preciso negar qualquer possibilidade de que tal escolha possa ter derivado de uma inteligência esclarecida e de uma vontade sã. Ele entende que é imperativo, portanto, atribuir a poderes do inferno este consentimento que afronta todas as leis da natureza. Se a inteligência aguda da jovem vê mais valor na ação silenciosa do general do que nas palavras edulcoradas dos jovens que lhe fazem a corte, faz sentido temer que os que hoje são vassalos submissos amanhã se tornem governantes poderosos. Para a Inglaterra de Shakespeare, a advertência assumiria ares de presságio quando, menos de quarenta anos depois, a revolução puritana colocasse o mundo de ponta-cabeça. Entretanto, irá fracassar a tentativa de exorcizar o perigo que o exercício do livre representa, atribuindo a preferência de Desdêmona às forças maléficas: “Eu vos declaro novamente que foi pela força de alguma mistura poderosa agindo em seu sangue, ou de algum feitiço destinado a esse efeito, que ele a conquistou”. (I,3) A donzela que outrora fora sempre modesta; de espírito tão doce e tranquilo é taxativa na afirmação da liberdade plena de seu desígnio: ela se apaixonara genuinamente por Otello. Nos motivos que a levaram a esse afeto improvável se esconde a raiz última da ameaça que ele representa à ordem estabelecida. Ao ouvir as histórias de Otello, de suas façanhas em favor da República, de sua coragem frente aos inúmeros riscos que correu, Desdêmona entende que há aqui um homem muito diferente de seus conterrâneos. O mouro, a exemplo do príncipe em Maquiavel, conseguiu impor-se à Fortuna (também representada como mulher) por meio da virtú e atingir, por seus próprios méritos, um lugar de mando na hierarquia de Veneza. Não fossem as convenções sociais dominantes, seus talentos lhe permitiam reinar sobre seus atuais senhores. Se o general tivesse a ambição de Macbeth, teria sido difícil resistir-lhe. Essa tensão entre a potência de Otello e sua posição socialmente submissa engendra um tema que domina toda a ação: o antagonismo absoluto entre a aparente harmonia das convenções e a violência encoberta do real. Talvez mais do que qualquer das grandes tragédias de Shakespeare, Otello sintetiza as contradições e o não dito sobre o qual se apoiam as sociedades de Veneza – e da Inglaterra – no mercantilismo dos séculos XVI e XVII.
36 37 Poder e traição na sereníssima república José Garcez Ghirardi
Ao longo de toda a peça, o tema retornará como rede bem urdida de oposições radicais em que as distinções ameaçam romper a todo o momento: entre discurso e ação; cortesia e violência; barbárie e cultura; cidadão e estrangeiro etc. A união de Otello e Desdêmona, associando inesperadamente esses opostos, traz à luz do sol a verdade que deveria ficar fora de cena, a verdade genuinamente obscena de que não há antagonismo, mas sim complementaridade entre os termos: o fausto da civilizada Veneza é comprado a preço de sangue, sua paz refinada é garantida por meio de guerras brutais, seus cidadãos são protegidos pela força dos estrangeiros. Sempre cínico e brilhante, Iago se compraz em desnudar esse esforço de encobrir a violência das práticas pelo discurso empolado das convenções. O conselho que repete ad nauseam ao ingênuo Rodrigo (“Põe dinheiro em tua bolsa”- I,3) resume a verdade crua sobre Veneza: poder e dinheiro são o coração da República. E ambos são obtidos graças aos talentos do mouro, essa força obscena de que Veneza precisa para prosperar, mas a quem não pode reconhecer plenamente. Assim, é significativo que os triunfos de Otello, ocorram fora de cena. Notadamente, não o vemos cortejar Desdêmona, nem conseguir seu amor; tampouco o vemos vencer as batalhas que o tornaram famoso, não o vemos escolher Cassio. Suas ações são feitas longe dos olhos do público, o que talvez nos diga algo sobre a natureza de seus serviços a seus poderosos senhores. Shylock em O Mercador de Veneza (mais uma vez, a Sereníssima República) mostra a situação semelhante de alguém que é aceito para gerar riquezas, não para receber honrarias. Não surpreende que, em Rei Lear, Edmund vá bramar pela união desses bastardos que fazem a fortuna daqueles mesmos que os oprimem. Otello, entretanto, não dará esse passo último de transgressão. Ao contrário de Macbeth ou Edmund, ele aceita a sacralidade do sistema que o exclui e a naturalidade de sua condição subalterna. Sua ruína se tornará irreversível quando ele passar a se ver não pelos olhos de Desdêmona, que o ama, mas pelos de Iago, que o odeia: não mais um soldado valoroso, mas um malandro ordinário, um gondoleiro que não merece o lugar que, não obstante, conquistou por seus méritos. Quando percebe que o amor de Desdêmona fora sempre verdadeiro, Otello tem a epifania inútil que marca as grandes tragédias: a mais bela dama de Veneza pode apaixonar-se profundamente por um estrangeiro cuja misteriosa narrativa sobre mundos desconhecidos anuncia a possibilidade de novas formas de significar a vida.
NOTAS ¹ In Venice they do let heaven see the pranks/ They dare not show their husbands; their best conscience Is not to leave’t undone, but keep’t unknown. (III,3) 2 When my love swears that she is made of truth, I do believe her, though I know she lies 3 trad. F. Carlos de Almeida e Oscar Mendes. São Paulo: Círculo do Livro, 1994.)
Herbert von Karajan Regência Mario del Monaco Otello Aldo Protti Iago Renata Tebaldi Desdemona
James Levine Regência Plácido Domingo Otello Sherrill Milnes Iago Renata Scotto Desdemona
Georg Solti Regência Carlos Cossutta Otello Gabriel Bacquier Iago Margaret Price Desdemona
Filarmônica de Viena Decca
National Philharmonic Orchestra RCA Victor
Filarmônica de Viena Decca
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GRAVAÇÕES DE REFERÊNCIA
Riccardo Muti Regência Stephen Langridge Direção cênica Aleksandrs Antonenko Otello Carlos Álvarez Iago Marina Poplavskaya Desdemona
Myung-Whun Chung Regência Francesco Micheli Direção cênica Gregory Kunde Otello Lucio Gallo Iago Carmela Remigio Desdemona
Filarmônica de Viena C Major
Orquestra do Teatro de la Fenice C Major
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HISTÓRICO DE APRESENTAÇÕES
/ ESTREIA MUNDIAL 5 de fevereiro de 1887 Teatro Scala, Milão, Itália Franco Faccio Regência Francesco Tamagno Otello Romilda Pantaleoni Desdemona Victor Maurel Iago Ginevra Petrovich Emilia Giovanni Paroli Cassio Francesco Navarini Lodovico Vincenzo Fornari Roderigo Napoleone Limonta Montano
/ PRIMEIRA APRESENTAÇÃO NO BRASIL 6 de novembro de 1889 Teatro São José, São Paulo Franco Cardinali Otello Maria Peri Desdemona Bartolomasi Iago Ercole Emilia Petrovich Cassio Enrico Serbolini Lodovico Frisoli Roderigo Federico Fabbro Montano
/ APRESENTAÇÕES NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO / 1933 JULHO Orquestra do Centro Musical de São Paulo Santiago Guerra Regência Victorio Papa Direção Cênica Elias Reis e Silva Otello Carmen Gomes Desdemona Asdrubal Lima Iago Gilda Colombo Emilia Henrique Simoni Cassio Salvador Perrotta Lodovico Natale Colombo Roderigo Stefano Bruno Montano
/ 1950 AGOSTO & SETEMBRO Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Antonino Votto Regência Bruno Nofri Direção Cênica Mario del Monaco Otello Elisabetta Barbatto Desdemona Leonard Warren / Enzo Mascherini Iago Vera Maia Emilia Adelio Zagonara Cassio Americo Basso Lodovico Nino Crimi Roderigo Felisberto Picozzi Montano
/ 1969 SETEMBRO Orquestra do Teatro San Carlo de Nápoles Coro do Teatro San Carlo de Nápoles Coral Infantil Canarinhos Liceanos do Liceu Coração de Jesus Oliviero de Fabrittis Regência Attilio Colonnello Direção Cênica Mario del Monaco Otello Ilva Ligabue Desdemona Anselmo Colzani Iago Vera Magrini Emilia Ermanno Lorenzi Cassio Mario Rinaudo Lodovico Franco Ricciardi Roderigo Guido Malfatti Montano
Orquestra Sinfônica Municipal
Orquestra Sinfônica Municipal
de São Paulo
de São Paulo
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Coral Paulistano
Coral Infantil Eco
Michelangelo Veltri Regência
Isaac Karabtchevsky Regência
Constantino Juri Direção Cênica
Iacov Hillel Direção Cênica
James McCracken Otello
Vladimir Bogachov Otello
Orianna Santunione Desdemona
Dimitra Theodossiu Desdemona
Gianpiero Mastromei Iago
Eduard Tumagian iago
Odete Violani Emilia
Magda Painno Emilia
Benito Maresca Cassio
Fernando Portari Cassio
Paulo Adonis Lodovico
Pepes do Valle Lodovico
Aguinaldo Albert Roderigo
Marcello Vannucci Roderigo
Luiz Orefice Montano
Claudio Guimarães Montano
/ 1997 AGOSTO & SETEMBRO Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Coral Infantil Eco Isaac Karabtchevsky Regência Roberto Oswald Direção Cênica Kristjan Johannsson / Vladimir Bogachov Otello Dimitra Theodossiu Desdemona Renato Bruson / Eduard Tumagian Iago Magda Painno / Mara Alvarenga Emilia Fernando Portari Cassio Pepes do Valle Lodovico Marcello Vannucci Roderigo José Gallisa Montano
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/ 1998 MARÇO
Histórico de Apresentações
/ 1977 AGOSTO
montagem sobre croquis de Pasquale Grossi.
Drama lírico em quatro atos. Versos de Arrigo Boito. Dramma lirico in quattro atti. Versi di Arrigo Boïto.
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LIBRETO
ato i atto i
[Uma cidade marítima na ilha de Chipre. Final do século XV. O exterior do castelo. Uma taverna com pérgula. Ao fundo, as ameias e o mar. É noite. Relâmpagos, trovões, furacão.]
[Una città di mare nell’isola di Cipro. La fine del secolo XV. l’esterno del castello. una taverna con pergolato. Gli spaldi nel fondo e il mare. É sera. Lampi, tuoni, uragano.]
cipriotas cipriotti
Uma vela! Uma vela! Um estandarte! Um estandarte! [Relâmpagos e trovões.]
Una vela! Una vela! Un vessillo! Un vessillo! [Lampi e tuoni.]
montano
É o Leão alado!
È l’alato Leon!
cassio
Eis que o fulgor o revela.
Or la folgor lo svela.
outros que chegam altri che sopra ggiungono
Um sino! [Tiro de canhão.]
Uno squillo! [Colpo di cannone.]
todos tutti
O canhão trovejou!
Ha tuonato il cannon!
cassio
É a nave do Duce.
È la nave del Duce.
montano
Ora afunda, ora se eleva.
Or s’affonda or s’inciela.
cassio
Ergue o esporão acima das ondas. [Trovões contínuos.]
Erge il rostro dall’onda. [Continui lampi.]
alguns cipriotas alcuni cipriotti
Oculta-se nas nuvens e no mar, e aparece à luz do relâmpago.
Nelle nubi si cela e nel mar, e alla luce dei lampi ne appar.
todos tutti
[Relâmpagos e trovões.] Relâmpagos! Trovões! Turbilhões! Redemoinhos tempestuosos e raios! [Um raio.] Tremem as ondas! Tremem os ares! Tremem as bases e os cumes. [Entram, do fundo, muitas mulheres do povo.] Fende o éter um turvo e cego espírito de vertigem. Deus agita o céu ameaçador como um véu tétrico. Tudo é fumaça! Tudo é fogo! A horrenda névoa se incendeia, depois se apaga, mais funesta. O universo se dilacera, apressa-se o fantasmagórico vento norte, as trombetas titânicas soam no céu.
[Lampi e tuono.] Lampi! tuoni! Gorghi! Turbi tempestosi e fulmini! [Un fulmine.] Treman l’onde! Treman l’aure! Treman basi e culmini. [Entrano dal fondo molte donne del popolo.] Fende l’etra un torvo e cieco spirto di vertigine. Iddio scuote il cielo bieco, come un tetro vel. Tutto è fumo! tutto è fuoco! l’orrida caligine si fa incendio, poi si spegne più funesta. Spasima l’universo, accorre a valchi l’aquilon fantasima, i titanici oricalchi squillano nel ciel.
[Um relâmpago.] O artemão rasgou!
[Un lampo.] È infranto l’artimon!
[Outro relâmpago.] O esporão arremete contra aquele recife!
[Altro lampo.] Il rostro piomba su quello scoglio!
Socorro! Socorro!
Aita! Aita!
[A Roderigo. Mais um relâmpago.] (Que o ventre frenético do mar seja a sua tumba!)
[A Roderigo. Ancora un lampo.] (L’alvo frenetico del mar sia la sua tomba!)
Está a salvo! Está a salvo!
È salvo! È salvo!
[6 vozes.] Lancem os batéis! [Trovão ao longe e relâmpago.] Mãos às cordas! Firmes!
[6 voci.] Gittate i palischermi! [Tuono lontano é lampo.] Mano alle funi! Fermi!
[Trovão ao longe.] Força nos remos! À praia! [Descem a escada das ameias.]
[Tuono lontano.] Forza ai remi! Alla riva! [Scendono la scala dello spaldo.]
Ao ancoradouro! Ao cais!
All’approdo! Allo sbarco!
Viva! Viva! Viva!
Evviva! Evviva! Evviva!
[Da escada da praia, subindo nas ameias com séquito de marinheiros e soldados.] Exultem! O orgulho muçulmano está sepultado no mar; nossa e do céu é a glória! Depois das armas, foi vencido pelo furacão.
[Dalla scala della spiaggia salendo sullo spaldo con seguito di marinai e soldati.] Esultate! L’orgoglio musulmano sepolto è in mar; nostra e del ciel è gloria! Dopo l’armi lo vinse l’uragano.
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[Con gesti dipavento e di supplicazione e rivolti verso lo spaldo. Fulmini, lampi, è tuoni continui.] Dio, fulgor della bufera! Dio, sorriso della duna! Salva l’arca e la bandiera della veneta fortuna! Tu, che reggi gli astri e il Fato! Tu, che imperi al mondo e al ciel! Fa che in fondo al mar placato posi l’àncora fedel.
Libreto
[Com gesto de temor e súplica, e voltados para as ameias. Raios, relâmpagos e trovões contínuos.] Deus, fulgor da borrasca! Deus, sorriso da duna! Salva a arca e a bandeira da fortuna vêneta! Tu, que comandas os astros e o destino! Tu, que imperas sobre o mundo e o céu! Faz com que a âncora fiel repouse no fundo do mar aplacado.
cipriotas cipriotti
Viva Otello! Viva! Viva! Viva! Vitória! Vitória! Vitória! Extermínio, dispersados, destruídos, sepultados, no horrendo tumulto desabaram. Terão como réquiem o açoite das vagas. Terão como réquiem o açoite das vagas, o agito dos redemoinhos, o agito dos redemoinhos, o abismo, o abismo do mar. Vitória! Vitória! Vitória! Vitória! Dispersados, destruídos, sepultados, no horrendo tumulto desabaram. Vitória! Viva! A borrasca se acalma.
Evviva Otello! Evviva! Evviva! Evviva! Vittoria! Vittoria! Vittoria! Sterminio, dispersi, distrutti, sepolti nell’ orrido tumulto piombar. Avranno per requie la sferza dei flutti, avranno per requie la sferza dei flutti, la ridda dei turbini, la ridda dei turbini, l’abisso, l’abisso del mar. Vittoria! Vittoria! Vittoria! Vittoria! Dispersi, distrutti, sepolti nell’orrido. Tumulto piombàr. Vittoria! Evviva! Si calma la bufera.
IAGO
[À parte, a Roderigo.] Muito bem, Roderigo, em que pensas?
[Indisparte a Roderigo.] Roderigo, ebben, che pensi?
RODERIGO
Em me afogar.
D’affogarmi.
IAGO
Tolo é quem se afoga por amor de mulher. [De um lado, alguns do povo formam uma pilha de lenha; a multidão se acumula ao redor, turbulenta e curiosa.]
Stolto è chi s’affoga per amor di donna. [Alcuni del popolo formano da un lato una catasta di legna: la folla s’accalca intorno turbolenta e curiosa.]
RODERIGO
Não consigo vencer.
Vincer nol so.
IAGO
Vamos, tem bom senso, espera a ação do tempo. A bela Desdemona, que adoras no segredo dos teus sonhos, logo terá repulsa dos beijos foscos daquele selvagem de lábios inchados. Bom Roderigo, teu amigo sincero me declaro, e poderia ajudar-te em tão forte angústia. Se um frágil voto de mulher não for um problema árduo demais para meu gênio, nem para o inferno, juro que aquela mulher será tua. Escuta-me – embora finja amá-lo, odeio aquele Mouro. [Entra Cassio; depois se une a um agrupamento de soldados.]
Suvvia, fa senno, aspetta l’opra del tempo. A Desdemona bella, che nel segreto de’ tuoi sogni adori, presto in uggia verranno i foschi baci di quel selvaggio dalle gonfie labbra. Buon Roderigo, amico tuo sincero mi ti professo, nè in più forte ambascia soccorrerti potrei. Se un fragil voto di femmina non è tropp’arduo nodo pel genio mio nè per l’inferno, giuro che quella donna sarà tua. M’ascolta — benchè finga d’amarlo, odio quel Moro. [Entra Cassio: poi s’unisce a un crocchio di soldati.]
[Sempre in disparte a Roderigo.] E una cagion dell’ira, eccola, guarda. [Indicando Cassio.] Quell’azzimato capitano usurpa. [Continua il passaggio della bassa ciurma nel fondo.] Il grado mio, il grado mio che in cento ben pugnate battaglie ho meritato; tal fu il voler d’Otello, ed io rimango di sua Moresca Signoria... l’alfiere! [Dalla catasta incominciano ad alzarsi dei globi di fumo sempre più vivo.] Ma, come è ver che tu Roderigo sei, cosi è pur vero che se il Moro io fossi vedermi non vorrei d’attorno un Iago. Se tu m’ascolti... [Il fuoco divampa. I tavernieri illuminano a festa il pergolato.]
Coro CHORUS
Fogo de alegria, a chama contente dissipa a noite com seu esplendor. Chispa, cintila, crepita, flameja, fúlgido incêndio que invade o coração. Atraídos pelo raio, vagos semblantes movem-se ao redor, multidão cambiante, e são moças de cantos alegres, e são borboletas de voo ígneo. Arde a palmeira com o sicômoro, canta a esposa com o seu fiel; sobre a áurea chama, sobre o alegre coro sopra a ardente respiração do céu. Fogo de alegria, rápido brilha! Rápido passa, fogo de amor! Resplandece, escurece, palpita, oscila, a última faísca, o último lampejo, e morre.
Fuoco di gioia, l’ilare vampa fuga la notte col suo splendor. Guizza, sfavilla, crepita, avvampa fulgido incendio che invade il cor. Dal raggio attratti vaghi sembianti movono intorno mutando stuol, e son fanciulle dai lieti canti, e son farfalle dall’igneo vol. Arde la palma col sicomoro, canta la sposa col suo fedel; sull’aurea fiamma, sul lieto coro soffia l’ardente spiro del ciel. Fuoco di gioia, rapido brilla! Rapido passa, fuoco d’amor! Splende, s’oscura, palpita, oscilla, l’ultimo guizzo, lampeggio e muor.
Fogo de alegria, rápido brilha! Resplandece, escurece, palpita, etc. [O fogo se apaga pouco a pouco: a borrasca passou. Iago,
Fuoco di gioia rapido brilla! Splende, s’oscura, palpita, etc. [Il fuoco si spegne a poco a poco: la bufera è cessata. Iago, Roderigo, Cassio e parecchi altri
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[Sempre à parte, a Roderigo.] E uma razão da ira, ei-la, olha. [Indicando Cassio.] Esse capitão todo empetecado usurpa. [A turba continha a passar ao fundo.] A minha patente, a minha patente, que mereci em cem batalhas muito bem lutadas; tal foi a vontade de Otello, e eu sigo sendo, de sua Mouresca Excelência... o alferes! [Da pilha começam a se alçar bolas de fumaça cada vez mais vivas.] Porém, assim como é verdade que tu és Roderigo, é ainda mais verdade que, se eu fosse o Mouro, não gostaria de ter um Iago ao meu redor. Se me escutas... [O fogo se aviva. Os taberneiros colocam iluminação festiva na pérgula.]
Libreto
IAGO
Roderigo e outros homens de armas em volta de uma mesa em que há vinho: alguns de pé, alguns sentados.]
uomini d’arme intorno a un tavolo dove c’è del vino: parte in piedi, parte seduti.]
IAGO
Roderigo, bebamos! Aqui a taça, Capitão.
Roderigo, beviam! Qua la tazza, Capitano.
CASSIO
Não bebo mais.
Non bevo più.
IAGO
[Aproximando o copo da taça de Cassio.] Toma este gole.
[Avvicinando il boccale alla tazza di Cassio.] Ingoia questo sorso.
CASSIO
[Retirando o copo.] Não.
[Ritirando il bicchiere.] No.
IAGO
Olha! Hoje todo o Chipre está enlouquecido! É uma noite de alegria, portanto.
Guarda! Oggi impazza tutta Cipro! É una notte di gioia, dunque.
CASSIO
Para. Meu cérebro já está ardendo por causa de uma taça esvaziada.
Cessa. Già m’arde il cervello per un nappo vuotato.
IAGO
Sim, mas ainda deves beber. Às núpcias de Otello e Desdemona!
Si, ancora bever devi. Alle nozze d’Otello e Desdemona!
cipriotas cipriotti
Viva!
Evviva!
CASSIO
[Erguendo o copo e bebendo um pouco.] Ela embeleza esse lugar.
[Alzando il bicchiere e bevendo un poco.] Essa infiora questo lido.
IAGO
[Em voz baixa, a Roderigo.] (Escuta-o.)
[Sottovoce a Roderigo.] (Lo ascolta.)
CASSIO
Com seu gracioso esplendor, conquista todos os corações.
Col vago suo raggiar chiama i cuori a raccolta.
roderigo
E contudo é tão modesta.
Pur modesta essa è tanto.
cassio
Tu, Iago, cantarás em louvor dela!
Tu, Iago, canterai le sue lodi!
IAGO
[Baixo, a Roderigo.] (Escuta-o.) [Alto, a Cassio.] Sou apenas um crítico.
[Piano a Roderigo.] (Lo ascolta.) [Forte a Cassio.] Io non sono che un critico.
Ed ella d’ogni lode è più bella.
IAGO
[Como acima, a Roderigo, à parte.] (Toma cuidado com esse Cassio.)
[Come sopra, a Roderigo, a parte.] (Ti guarda da quel Cassio.)
roderigo
Que temes?
Che temi?
IAGO
[Ainda baixo, a Roderigo.] (Já fala com demasiado ardor, a galharda juventude o encoraja, é um astuto sedutor que te obstrui o caminho. Cuidado.)
[Ancora a piano a Roderigo.] (Ei favella già con troppo bollor, la gagliarda giovinezza lo sprona, è un astuto seduttor che t’ingombra il cammino. Bada.)
roderigo
E então?
Ebben?
IAGO
[Ainda baixo, a Roderigo.] (Caso se embriague, está perdido! Faz com que beba.) [Aos taberneiros.] Rapazes, vinho, aqui!
[Ancora a piano a Roderigo.] (S’ei inebria è perduto! Fallo ber.) [Ai tavernieri.] Qua, ragazzi, del vino!
[Iago enche três copos: um para si, um para Roderigo, um para Cassio. Os tavernerios circulam com as ânforas. A multidão se aproxima de Cassio, com o copo na mão, e o fita com curiosidade.]
[Iago riempie tre bicchieri: un per sè, uno per Roderigo, uno per Cassio. I tavernieri circolano colle anfore. A Cassio, col bicchiere in mano: la folla gli si avvicina e lo guarda curiosamente.]
Molha a garganta! Bebe, embebeda-te! Antes que se evapore o canto e o copo.
Inaffia l’ugola! Trinca, tracanna! Prima che svampino canto e bicchier.
CASSIO
[A Iago, com o copo na mão.] Esse verdadeiro maná da parreira ofusca o pensamento com névoas obscuras.
[A Iago, col bicchiere in mano.] Questa del pampino verace manna di vaghe annugola nebbie il pensier.
IAGO
[A todos.] Quem mordeu a isca do ditirambo excêntrico e provocador beba comigo! Beba comigo, beba, beba, beba comigo!
[A tutti.] Chi all’esca ha morso del ditirambo spavaldo e strambo beva con me! beva con me, beva, beva, beva con me!
todos tutti
Quem mordeu a isca etc. Bebe, bebe contigo, etc.
Chi all’esca ha morso etc. Beve, beve con te, etc.
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E ela é mais bela que qualquer louvor.
Libreto
CASSIO
IAGO
[A Roderigo, apontando para Cassio.] (Mais um gole e ele está bêbado.)
[A Roderigo indicando Cassio.] (Un altro sorso è brillo egli è.)
roderigo
[A Iago.] (Mais um gole e ele está bêbado.)
[A Iago.] (Un altro sorso è brillo egli è.)
IAGO
O mundo palpita quando estou bêbado! Desafio a divindade irônica e o destino!
Il mondo palpita quand’io son brillo! Sfido l’ironico Nume e il destin!
cassio
[Continuando a beber.] Oscilo como um alaúde harmonioso; a alegria trota no meu caminho!
[Bevendo acora.] Come un armonico liuto oscillo; La gioia scalpita sul mio cammin!
IAGO
Quem mordeu a isca, etc.
Chi all’esca ha morso, etc.
todos tutti
Quem mordeu a isca, etc.
Chi all’esca ha morso, etc.
IAGO
[A Roderigo.] Mais um gole e ele está bêbado!
[A Roderigo.] Un altro sorso e brillo egli è!
roderigo
[A Iago.] Mais um gole e ele está bêbado!
[A Iago.] Un altro sorso e brillo egli è!
IAGO
[A todos.] Que fujam da vívida taça os covardes.
[A tutti.] Fuggan dal vivido nappo i codardi.
cassio
[Interrompendo-o.] Que todos me olhem no fundo da alma! [Bebe.]
[Interrompendo.] In fondo all’ anima ciascun mi guardi! [Beve.]
IAGO
Que escondem fraudes em seu coração.
Che in cor nascondono frodi.
cassio
Não temo, não temo a verdade.
Non temo, non temo il ver.
iago
Quem mordeu a isca do ditirambo.
Chi all’esca ha Morso del ditirambo.
cassio
[Cambaleando.] Não temo a verdade, não temo a verdade.
[Barcollando.] Non temo il ver, non temo il ver.
iago
Bebe comigo.
Bevi con me.
Non temo il ver.
iago
Bebe, bebe comigo.
Bevi, bevi con me.
cassio
Bebo, bebo, bebo.
E bevo e bevo e bevo.
cipriotas cipriotti
[A metade do coro. Rindo.] Ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah!
[La metà del Coro. Ridendo.] Ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah! Ah ah!
cassio
[Tenta repetir o primeiro tema, mas não se lembra.] Do cálice.
[Vorrebbe ripetere il primo motivo, ma non si sovviene.] Del calice.
iago
[A Rodrigo.] (Ele está bêbado como um gambá.)
[A Roderigo.] (Ègli è briaco fradicio.)
cassio
Do cálice. As bordas.
Del calice. Gli orli.
iago
(Mexe-te. Arrasta-o à luta. Ele está pronto para a ira.)
(Ti scuoti. Lo trascina a contesa. È pronto all’ira.)
cipriotas cipriotti
[Os outros riem de Cassio.] Ah ah! Ah ah!
[Gli altri ridono di Cassio.] Ah ah! Ah ah!
iago
(Ele te ofenderá. Haverá tumulto em seguida!)
(T’offenderà. Ne seguirà tumulto!)
cassio
[Retoma, mas com voz sufocada.] Do cálice. As bordas.
[Ripiglia, ma con voce soffocata.] Del calice. Gli orli.
iago
(Pensa que assim conseguirás atrapalhar a primeira noite de amor do alegre Otello!)
(Pensa che puoi cosi del lieto Otello. Turbar la prima vigilia d’amor!)
roderigo
[Resoluto.] (Isso é o que me move.)
[Risoluto.] (Ed è ciò che mi spinge.)
cassio
Enrubescem.
S’impor. S’impor. S’imporporino.
cipriotas cipriotti
Ah! Ah ah! Ah ah!
Ah! Ah ah! Ah ah!
roderigo, IAGO CASSIO, cipriotas cipriotti
Bebe, bebe comigo, bebe comigo. [Todos bebem.]
Bevi, bevi con me, bevi con me. [Tutti bevono.]
montano
[Vindo do castelo, dirige-se a Cassio.] Capitão, a guarnição vos espera no baluarte.
[Venendo dal Castello, si rivolge a Cassio.] Capitano, v’attende la fazione ai baluardi.
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Não temo a verdade.
Libreto
cassio
CASSIO
[Cambaleando.] Vamos.
[Barcollando.] Andiamo.
montano
O que estou vendo?
Che vedo?
iago
[A Montano.] (Toda noite Cassio se prepara para o sono desse jeito.)
[A Montano.] (Ogni notte in tal guisa Cassio preludia al sonno.)
montano
[A Iago.] (Otello precisa saber disso.)
[A Iago.] (Otello il sappia.)
cassio
Vamos ao baluarte.
Andiamo ai baluardi.
roderigo, cipriotas cipriotti
Ah, ah! Ah, ah!
Ah, ah! Ah, ah!
cassio
Quem está rindo?
Chi ride?
roderigo
[Provocando-o.] Rio de um ébrio.
[Provocandolo.] Rido d’un ebro.
cassio
[Lançando-se contra Roderigo.] Defende teus flancos! Patife!
[Scagliandosi contro Roderigo.] Bada alle tue spalle! Furfante!
roderigo
[Defendendo-se.] Bêbado, vigarista!
[Difendendosi.] Briaco ribaldo!
cassio
Seu porco! Ninguém vai te salvar!
Marrano! Nessun più ti salva!
montano
[Separando-os a força, e se dirigindo a Cassio.] Contém a mão, meu Senhor, estou lhe pedindo.
[Separandoli a forza e dirigendosi a Cassio.] Frenate la mano, Signor, ve ne prego.
cassio
[A Montano.] Se te intrometeres eu te arrebento o cérebro.
[A Montano.] Ti spacco il cerebro se qui t’interponi.
montano
Palavras de um ébrio. [Desembainhando a espada, Montano também se põe em guarda. Luta furibunda. A multidão se retrai.]
Parole d’un ebro. [Sguainando la spada. Montano s’arma anch’esso. Assalto furibondo. La folla si ritrae.]
cassio
De um ébrio?
D’un ebro?!
iago
[À parte, a Roderigo.] (Vai ao porto, com toda força que tiver, gritando: Revolta!
[A parte a Roderigo.] (Va al porto, con quanta più possa ti resta, gridando:
iago
Irmãos! Parem com esse conflito monstruoso!
Fratelli! l’immane conflitto cessate!
mulheres cipriotas donne cipriotti
[Fugindo.] Vamos fugir!
[Fuggendo.] Fuggiam!
iago
Céus! Montano está coberto de sangue! Que combate furibundo!
Ciel! già gronda di sangue Montano! Tenzon furibonda!
mulheres donne
Vamos fugir, vamos fugir!
Fuggiam, fuggiam!
iago
Trégua!
Tregua!
homens uomini
Trégua!
Tregua!
mulheres donne
Estão se matando!
S’uccidono!
homens uomini
Paz!
Pace!
iago
[Aos presentes.] Ninguém vai conseguir conter essa nuvem de combate! Que se grite o alarme! Satanás invadiu-os! [O combate continua. Mulheres fugindo, e outras por dentro do palco.]
[Agli astanti.] Nessun più raffrena quel nembo pugnace! Si gridi l’allarme! Satana gl’invade!! [Continua il combattimento. Donne fuggendo ed altre entro le scene.]
coro chorus
Às armas! Às armas! Socorro! Socorro!
All’armi!! All’armi!! Soccorso!! Soccorso!!
otello
[Otello seguido de gente com tochas.] Baixem as espadas! [Os combatentes se detém. As nuvens se dispersam aos poucos.]
[Otello seguito da genti con fiaccole.] Abbasso le spade! [I Combattenti s’arrestano. Le nubi si diradano a poco a poco.]
Ei! O que é isso? Estou entre sarracenos? Ou a raiva turca se transmitiu a
Olà! Che avvien? Son io fra i Saraceni? O la turchesca rabbia è in voi
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sommossa! sommossa! Va! spargi il tumulto, l’orror. Le campane risuonino a stormo.) [Roderigo esce correndo. Iago si rivolge rapidamente ai due combattenti.]
Libreto
Revolta! Vai! Espalha o tumulto, o horror. Que os sinos repiquem.) [Roderigo sai correndo. Iago se volta rapidamente aos dois combatentes.]
vocês, para que se despedacem uns aos outros? Honesto Iago, pelo amor que me tens, fala!
trasfusa da sbranarvi l’un l’altro? Onesto Jago, per quell’amor che tu mi porti, parla.
iago
Não sei. Há pouco, todos aqui eram amigos corteses e alegres, até há pouco, mas, de repente, como se um planeta maligno tivesse lhes perturbado o juízo, desembainharam as armas, lançaram-se furiosos. Antes tivessem quebrado os pés que me trouxeram aqui!
Non so qui tutti eran cortesi amici, dianzi, e giocondi ma ad un tratto, come se un pianeta maligno avesse a quelli smagato il senno, sguainando l’arme s’avventano furenti. Avessi io prima stroncati i pie’ che qui m’addusser!
otello
Cassio, como te esqueceste de ti mesmo a tal ponto?
Cassio, come obliasti te stesso a tal segno?
cassio
Graça. Perdão. Não saberia dizer.
Grazia. Perdon. Parlar non so.
otello
Montano.
Montano.
montano
[Apoiado em um soldado.] Estou ferido.
[Sostenuto da un soldato.] Son ferito.
otello
Ferido! Céus! Meu sangue ferve! Ah! A ira botou nosso anjo da guarda para correr! [Acorrendo a Desdemona.] O quê? Vocês também roubaram o sono da minha doce Desdemona? Cassio, não és mais capitão. [Cassio deixa cair a espada, recolhida por Iago. Dando a espada de Cassio a um soldado.]
Ferito! Pel cielo Già il sangue mio ribolle. Ah! l’ira volge l’angelo nostro tutelare in fuga! [Accorendo a Desdemona.] Che? La mia dolce Desdemona anch’essa per voi distolta da’ suoi sogni? Cassio, non sei più capitano. [Cassio lascia cadere la spada che è raccolta da Iago. Pergendo la spada di Cassio ad un soldato.]
iago
[Para si.] (Oh, meu triunfo!)
[A stesso.] (Oh, mio trionfo!)
otello
Iago, vai com esse esquadrão recompor a paz na cidade aterrorizada. [Iago sai.] Socorram Montano. [Montano é acompanhado ao castelo.] Que todos retornem a seu próprio teto. [A todos, com gesto imperioso.] Não parto daqui.
Iago, tu va nella città sgomenta con quella squadra a ricompor la pace. [Iago esce.] Si soccorra Montano. [Montano è accompagnato nel Castello.] Al proprio tetto ritorni ognun. [A tutti con gesto imperioso.] Io da qui non mi parto. Se pria non vedo deserti gli
Antes de ver as ameias desertas.
spaldi.
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[O palco se esvazia. Otello faz um gesto para os homens de tocha que o acompanham. Ficam sozinhos Otello e Desdemona.]
[La Scena si vuota. Otello fa cenno agli uomini colle fiaccole che lo accompagnaremo. Restano soli Otello e Desdemona.]
Libreto
otello
Já, na noite densa, se extingue todo o clamor. Meu coração agitado já se amansa nesse amplexo, e se recupera. Que a guerra troveje, e o mundo vire um abismo se, depois da imensa ira, vier esse imenso amor!
Già nella notte densa s’estingue ogni clamor. Già il mio cor fremebondo s’ammansa in quest’amplesso e si rinsensa. Tuoni la guerra e s’inabissi il mondo se dopo l’ira inmensa vien quest’immenso amor!
desdemona
Meu soberbo guerreiro! Quantos tormentos, quantos tristes suspiros e quanta esperança nos levaram aos suaves abraços! Oh! Como é doce murmurarmos juntos: [com voz distante] tu te lembras? Quando narravas tua vida no exílio, os eventos ferozes, e tuas dores prolongadas, e eu te ouvia com a alma arrebatada por esses sobressaltos, e com êxtase no coração.
Mio superbo guerrier! Quanti tormenti, quanti mesti sospiri e quanta speme ci condusse ai soavi abbracciamenti! Oh! com’è dolce il mormorare insieme: [come una voce lontano] te ne rammenti! Quando narravi l’esule tua vita e i fieri eventi e i lunghi tuoi dolor, ed io t’udia coll’anima rapita in quei spaventi e coll’estasi in cor.
otello
Eu descrevia o frêmito das armas, a pugna, o voo galhardo à brecha mortal, o assalto, uma hera horrível, agarrado ao baluarte e a flecha a sibilar.
Pingea dell’armi il fremito, la pugna e il vol gagliardo alla breccia mortal, l’assalto, orribil edera, coll’ugna al baluardo e il sibilante stral.
desdemona
Depois me guiavas aos fúlgidos desertos, às areias ardentes, a teu solo materno; narravas então as afições padecidas. E os grilhões, e a dor de escravo.
Poi mi guidavi ai fulgidi deserti, all’arse arene, al tuo materno suol; narravi allor gli spasimi sofferti. E le catene e dello schiavo il duol.
otello
A história era enobrecida pelas lágrimas do teu belo rosto, e pelos suspiros dos teus lábios; sobre minhas trevas baixaram a glória, o paraíso, e os astros a abençoar.
Ingentilia di lagrime la storia il tuo bel viso e il labbro di sospir; scendean sulle mie tenebre la gloria, il paradiso e gli astri a benedir.
desdemona
E eu via, entre tuas têmporas escuras, resplandecer a etérea beleza do gênio.
Ed io vedea fra le tue tempie oscure splender del genio l’eterea beltà.
otello
E tu me amavas pelas minhas desventuras, e eu te amava pela tua piedade.
E tu m’amavi per le mie sventure ed io t’amavo per la tua pietà.
desdemona
E eu te amava pelas tuas desventuras, e tu me amavas pela minha piedade.
Ed io t’amavo per le tue sventure e tu m’amavi per la mia pietà.
otello
E tu me amavas.
E tu m’amavi.
desdemona
E tu me amavas.
E tu m’amavi.
otello
E eu te amava.
Ed io t’amavo.
otello, desdemona
Pela (tua, minha) piedade.
Per la (tua, mia) pietà.
otello
Venha a morte! Que o momento supremo me colha no êxtase desse amplexo! [O céu se acalmou completamente: veem-se algumas estrelas e, na linha do horizonte, o reflexo azul da lua nascente.] Tamanho é o gáudio da alma que temo, temo, que nunca mais me será concedido esse átimo divino no desconhecido porvir do meu destino.
Venga la morte! e mi colga nell’estasi di quest’amplesso il momento supremo! [Il cielo si sarà tutto rasserenato: si vedranno alcune stelle e sul lembo dell’orizzonte il riflesso ceruleo della nascente luna.] Tale è il gaudio dell’anima che temo, temo che più non mi sara concesso quest’attimo divino nell’ignoto avvenir del mio destino.
desdemona
Que o céu disperse as angústias, e o amor não mude com o mudar dos anos.
Disperda il ciel gli affanni e amor non muti col mutar degli anni.
otello
Que a esta tua oração, as hostes dos céus respondam com Amém.
A questa tua preghiera Amen risponda la celeste schiera.
desdemona
Responda com Amém.
Amen risponda.
otello
[Apoiando-se em uma elevação das ameias.] Ah! A alegria me inunda tão ferozmente, que ofegante me estendo. Um beijo.
[Appoggiandosi ad un rialzo degli spaldi.] Ah! la gioia m’innonda si fieramente. Che ansante mi giacio. Un bacio.
desdemona
Otello!
Otello!
otello
Um beijo. Mais um beijo. [Erguendo-se e fitando o céu.] As Plêiades ardentes já descem ao mar.
Un bacio. Ancora un bacio. [Alzandosi e mirando il cielo.] Gia la pleiade ardente al mar discende.
desdemona
É tarde da noite.
Tarda e la notte.
otello
Vem. Vênus resplandece.
Vien. Venere splende.
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desdemona
Otello! [Encaminham-se para o castelo, abraçados.]
Otello! [S’avviano abbracciati verso il castello.]
Libreto
ato ii atto ii
[Uma sala térrea do castelo. Uma vidraça separa-a de um grande jardim. Um balcão.]
[Una sala terrena nel Castello. Una invetriata la divide da un grande giardino. Un verone.]
iago
[Para cá do balcão, a Cassio.] Não te atormentes. Se acreditares em mim, em breve voltarás aos loucos amores de Monna Bianca, altivo capitão, com a empunhadura de ouro e a bainha ornada.
[Al di qua del verone, a Cassio.] Non ti crucciar. Se credi a me, tra poco farai ritorno ai folleggianti amori di Monna Bianca, altiero capitano, coll’elsa d’oro e col balteo fregiato.
cassio
[Para lá do balcão.] Não me lisonjeies.
[Al di là del verone.] Non lusingarmi.
iago
Presta atenção no que digo. Deves saber que Desdemona é a Duce do nosso Duce, que só vive por ela. Pede que essa alma cortês intervenha por ti, e o teu perdão é certo.
Attendi a ciò ch’io dico. Tu dêi saper che Desdemona è il Duce del nostro Duce, sol per essa ei vive. Pregala tu, quell’anima cortese per te interceda e il tuo perdono è certo.
cassio
Mas como abordá-la?
Ma come favellarle?
iago
É costume dela fazer a sesta entre aqueles ramos com a minha consorte. Espera-a ali. Teu caminho de salvação está aberto. Vai. [Cassio se afasta.]
È suo costume girsene a meriggiar fra quelle fronde colla consorte mia. Quivi l’aspetta. Or t’è aperta la via di salvazione. Vanne. [Cassio s’allontana.]
iago
[Seguindo Cassio com o olho.] Vai; já vejo a tua meta. Teu demônio te impele, eu teu demônio sou eu. E me arrasta o meu, no qual eu creio, Deus inexorável. [Afastando-se do balcão sem olhar mais para Cassio, desaparecido entre as árvores.] Creio em um Deus cruel, que me criou à sua semelhança, e que nomeio na ira. Nasci da vileza de um germe ou
[Seguendo coll’occhio Cassio.] Vanne; la tua meta già vedo. Ti spinge il tuo dimone, e il tuo dimon son io.E me trascina il mio, nel quale io credo, inesorato Iddio. [Allontanandosi dal verone senza più guardar Cassio che sarà scomparso fra gli alberi.] Credo in un Dio crudel che m’ha creato simile a sè e che nell’ira io nomo. Dalla viltà d’un germe o d’un
iago
de um átomo vil. Sou mau porque sou homem; e sinto a lama originária em mim. Sim! Essa é a minha fé! Creio com coração firme, como crê a viuvinha no templo, que o mal que eu penso e que de mim procede, cumpro por meu destino. Creio que o justo é um histrião zombeteiro, e que tudo nele é mentira, no rosto e no coração: lágrima, beijo, olhar, sacrifício e honra. E creio que o homem é joguete de uma sorte iníqua, do germe do berço ao verme da tumba. Depois de tanta irrisão, vem a Morte. E depois? E depois? A Morte é o Nada. O Céu é uma velha fábula. [Vê-se Desdemona passar no jardim com Emilia, Iago se lança ao balcão, para além do qual se colocou.]
atòmo vile son nato. Son scellerato perchè son uomo; e sento il fango originario in me. Si! questa è la mia fè! Credo con fermo cuor, siccome crede la vedovella al tempio, che il mal ch’io penso e che da me procede, per il mio destino adempio. Credo che il guisto è un istrion beffardo, e nel viso e nel cuor, che tutto è in lui bugiardo: lagrima, bacio, sguardo, sacrificio ed onor. E credo l’uom gioco d’iniqua sorte dal germe della culla al verme dell’avel. Vien dopo tanta irrision la Morte. E poi? E poi? La Morte è’ il Nulla. È vecchia fola il Ciel. [Si vede passare nel giardino Desdemona con Emilia. Iago si slacia al verone, al di là del quale è appostato.]
[A Cassio.] Ei-la. Cassio... vamos... Esse é o momento. Mexe-te... vem Desdemona. [Cassio vai na direção de Desdemona, cumprimenta-a e se aproxima.] Mexeu-se; cumprimenta-a e te aproxima. Que Otello seja trazido aqui! Ajuda, Satanás, ajuda o meu experimento! Já estão conversando juntos... E ela inclina, sorrindo, o belo rosto. [Vê-se Cassio e Desdemona passarem novamente pelo jardim.] Basta-me apenas um lampejo desse sorriso para arrastar Otello à ruína. [Faz menção de ir rápido ao portão do lado direito, mas se detém subitamente.] Vamos.... Mas o acaso está a meu
[A Cassio.] Eccola. Cassio... a te... Questo è il momento. Ti scuoti... vien Desdemona. [Cassio va verso Desdemona, la saluta, le s’accosta.] S’è mosso; la saluta e s’avvicina. Or qui si tragga Otello!... aiuta, aiuta Sàtana il mio cimento! Già conversano insieme... ed essa inclina, sorridendo, il bel viso. [Si vedono ripassare nel giardino Cassio e Desdemona.] Mi basta un lampo sol di quel sorriso per trascinare Otello alla ruina. [Fa per avviarsi rapido all’uscio del lato destro, ma s’arresta subitamente.] Andiam... Ma il caso in mio favor s’adopra. Eccolo... al posto, all’opra. [Si colloca immoto al verone,
[Simulando não ter visto Otello e fingindo falar sozinho.] Isso me preocupa.
[Simulando di non aver visto Otello e fingendo di parlare fra sè.] Ciò m’accora.
otello
Que dizes?
Che parli?
iago
Nada... O senhor por aqui? Uma palavra vã me saiu do lábio.
Nulla... voi qui? una vana voce m’uscì dal labbro.
otello
Aquele que está se afastando da minha esposa é Cassio?
Colui che s’allontana dalla mia sposa, è Cassio?
iago
Cassio? Não... Aquele, ao vê-lo, fugiu como se fosse culpado.
Cassio? No... quei si scosse come un reo nel vedervi.
otello
Creio que era Cassio.
Credo che Cassio ei fosse.
iago
Meu senhor.
Mio signore.
otello
Que desejas?
Che brami?
iago
Nos primeiros dias do seu amor, Cassio não conhecia Desdemona?
Cassio, nei primi dì del vostro amor, Desdemona non conosceva?
otello
Sim. Por que a pergunta?
Sì. Perchè fai tale inchiesta?
iago
Meu pensamento está cheio de vícios, não de malícia.
Il mio pensiero è vago d’ubbie, non di malizia.
otello
Diz teu pensamento, Iago.
Di’ il tuo pensiero, Iago.
iago
Cassio era seu confidente?
Vi confidaste a Cassio?
otello
Com frequência levava à minha esposa um presente ou notícia.
Spesso un mio dono o un cenno portava alla mia sposa.
iago
Sério?
Dassenno?
otello
Sim, sério. [calmo] Não o achas honesto?
Si, dassenno. [calmo] Nol credi onesto?
iago
[Imitando Otello.] Honesto?
[Imitando Otello.] Onesto?
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iago
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guardando fissamente verso il giardino, dove stanno Cassio e Desdemona.]
Libreto
favor. Ei-lo... A postos, mãos à obra. [Coloca-se imóvel no balcão, olhando fixamente na direção do jardim, onde estão Cassio e Desdemona.]
otello
Que ocultas em teu coração?
Che ascondo nel tuo core?
iago
Que oculto no coração, senhor?
Che ascondo in cor, signore?
otello
“Que oculto no coração, senhor?” Céus, és o eco das minhas palavras, no claustro da alma encerras algum monstro terrível. Sim, [declamado], agora mesmo eu te ouvi murmurar: “Isso me preocupa”. Porém com o que te preocupavas? Falas de Cassio e franzes o cenho. Vamos, fala, se me amas.
“Che ascondo in cor, signore?” Pel cielo, tu sei l’eco dei detti miei, nel chiostro dell’anima ricetti qualche terribil mostro. Sì, [declamato.] ben t’udii poc’anzi mormorar: “Ciò m’accora.” Ma di che t’accoravi? Nomini Cassio e allora tu corrughi la fronte. Suvvia, parla, se m’ami.
iago
O senhor sabe que o amo.
Voi sapete ch’io v’amo.
otello
Então exprime-te sem véus e sem rodeios. Que saia da tua garganta o teu pensamento mais perverso, com a mais perversa palavra.
Dunque senza velami t’esprimi, e senza ambagi. T’esca fuor dalla gola il tuo più rio pensiero colla più ria parola.
iago
Ainda que o senhor estivesse com toda a minha alma em suas mãos, não o saberia.
S’anco teneste in mano tutta l’anima mia nol sapreste.
otello
Ah!
Ah!
iago
[Aproximando-se muito de Otello, em voz baixa.] Tema, meu senhor, o ciúme! É uma hidra fosca, lívida, cega, intoxica-se com seu próprio veneno, uma chaga vívida lhe despedaça o peito.
[Avvicinandosi molto ad Otello e sottovoce.] Temete, signor, la gelosia! È un’idra fosca, livida, cieca, col suo veleno sè stessa attosca, vivida piaga le squarcia il seno.
otello
Miserável de mim! Não! Suspeitas vãs não prestam. Antes da dúvida, o inquérito, depois da dúvida a prova, depois da prova (Otello tem suas leis supremas), que amor e ciúme se dispersem juntos!
Miseria mia! No! il vano sospettar nulla giova. Pria del dubbio l’indagine, dopo il dubbio la prova, dopo la prova (Otello ha sue leggi supreme), amore e gelosia vadan dispersi insieme!
iago
[Em tom mais ousado.] Uma tal proposta rompe o sigilo de meus lábios.
[Con piglio più ardito.] Un tal proposto spezza di mie labbra il suggello.
iago
Ainda não falo de prova, porém, generoso Otello, vigie... é
Non parlo ancor di prova, pur, generoso Otello, vigilate... soventi
Onde olhas resplandecem raios, inflamam-se corações, onde passas descem nuvens de flor. Aqui, entre lírios e rosas, como em um casto altar, pais, filhos e esposas vêm cantar.
Dove guardi splendono raggi, avvampan cuori, dove passi scendono nuvole di fiori. Qui fra gigli e rose, come a un casto altare, padri, bimbi, spose vengono a cantar.
[Vê-se Desdemona reaparecer no jardim, vinda da vasta abertura do fundo: está rodeada de mulheres da ilha, meninos, marinheiros cipriotas e albaneses que avançam e lhe oferecem flores e ramos floridos, e outros presentes. Alguns, cantando, se acompanham à guzla (uma espécie de bandolim), outros têm pequenas harpas a tiracolo]
[Si vede ricomparire Desdemona nel giardino, dalla vasta apertura del fondo: essa è circondata da donne dell’isola, da fanciulli, da marinai cipriotti e albanesi che si avanzano e le offrono fiori e rami fioritti ed altri doni. Alcuni s’accompagnano, cantando, sulla guzla (una specie di Mandòla), altri hanno delle piccole arpe ad armascollo.]
iago
Ei-la... Vigie. [Uma parte do coro em cena; unida a ele, figurantes com bandolins, violões e cornamusas. A outra parte fica atrás do telão, junto com os executantes de bandolim, violão e cornamusa.]
Eccola... vigilate. [Una parte del Coro in scena; uniti a questa vi sarrano dei figuranti con Mandonlini, Chitarre e Cornamuse. L’altra parte resterà dietro la tela, unitamente ai suonatori di Mandolini, Chittare e Cornamuse.]
VOCES VOCI
Onde olhas resplandecem raios, inflamam-se corações, onde passas descem nuvens de flor. Aqui, entre lírios e rosas, como em um casto altar, pais, filhos e esposas vêm cantar.
Dove guardi splendono raggi, avvampan cuori, dove passi scendono nuvole di fiori. Qui fra gigli e rose, come a un casto altare, padri, bimbi, spose vengono a cantar.
MENINOS FANCIULLI
[Espargindo flores de lírio sobre o chão.] Ofertamos-te o lírio, estrela suave levada aos céus pela mão dos anjos, a adornar o fúlgido manto e o vestido de Nossa Senhora, e o santo véu.
[Spargendo al suolo fiori di giglio.] T’offriamo il giglio soave stel che in man degl’ angeli fu assunto in ciel, che abbella il fulgido manto e la gonna della Madonna e il santo vel.
VOZES DISTANTES VOCI LONTANO
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le oneste e ben create coscienze non vedono la frode: [come prima sottovoce] vigilate. Scrutate le parole di Desdemona, un detto può ricondur la fede, può affermare il sospetto.
Libreto
comum as consciências mais honestas e bem criadas não verem a fraude: [em voz baixa, como antes] Vigie. Prescrute as palavras de Desdemona, uma só pode reafirmar a fé ou confirmar a suspeita.
MULHERES, MARINHEIROS DONNE, MARINAI
Enquanto a alegre canção voa pelos ares, o ágil bandolim acompanha seu som.
Mentre all’ aura vola lieta la canzon, l’agile mandòla ne accompagna il suon.
MARINHEIROS MARINAI
[Ofertando a Desdemona colares de coral e de pérola.] Para ti as púrpuras, as pérolas e as ostras, colhidas nas profundezas do mar. Com nossos presentes, queremos adornar Desdemona como uma imagem sacra.
[Offrendo a Desdemona dei monili di corallo e di perle.] A te le porpore, le perle e gli ostri, nella voragine còlti del mar. Vogliam Desdemona coi doni nostri come un’immagine sacra adornar.
MULHERES, MENINOS DONNE, FANCIULLI
Enquanto a alegre canção voa pelos ares, o ágil bandolim acompanha seu som.
Mentre all’ aura vola lieta la canzon, l’agile mandòla ne accompagna il suon.
as MULHERES le DONNE
[Espargindo ramos e flores.] Espargimos no chão, em montes, para ti, a florida colheita do regaço. Abril circunda sua esposa loira com um ar orvalhado que vibra ao sol.
[Spargendo fronde e fiori.] A te la florida messe dai grembi spargiam al suolo, a nembi, a nembi. L’april circonda la sposa bionda d’un etra rorida che vibra al sol.
meninos, MARINHEIROS FANCIULLI, MARINAI
Enquanto a alegre canção voa etc.
Mentre all’ aura vola etc.
todos TUTTI
Onde olhas resplandecem raios etc.
Dove guardi splendono raggi etc.
desdemona
Resplandece o céu, dança o ar, cheira a flor.
Splende il cielo, danza l’aura, olezza il fior.
otello
Esse canto me conquista. Se ela me engana, o céu ri de si mesmo.
Quel canto mi conquide. S’ella m’inganna, il ciel se stesso irride!
iago
Beleza e amor combinas em doce hino! Destruirei os vossos suaves acordes.
Beltà ed amor in dolce inno concordi! I vostri infrangerò soavi accordi.
desdemona
Alegria, amor, esperança cantam no meu coração.
Gioia, amor, speranza cantan nel mio cor.
cipriotas cipriotti
Seja feliz! Seja feliz! Adeus. Aqui reina o Amor.
Vivi felice! Vivi felice! Addio. Qui regna Amor.
otello
Esse canto me conquista. [Terminado o coro, Desdemona beija a cabeça de alguns
Quel canto mi conquide. [Finito il Coro, Desdemona bacia la testa d’alcuni tra i fanciulli, e
desdemona
[A Otello.] Trago a súplica de um homem que geme com o teu desdém.
[A Otello.] D’un uom che geme sotto il tuo disdegno la preghiera ti porto.
otello
Quem é?
Chi è costui?
desdemona
Cassio.
Cassio.
otello
Era ele que falava contigo debaixo daqueles ramos?
Era lui che ti parlava sotto quelle fronde?
desdemona
Ele mesmo, e sua dor, que em mim insufla, é tão autêntica que é digno de perdão. Intercedo por ele, peço por ele. Perdoa-o.
Lui stesso, e il suo dolor che in me s’infonde tanto è verace che di grazia è degno. Intercedo per lui, per lui ti prego. Tu gli perdona.
otello
[Com aspereza.] Agora tão.
[Con asprezza.] Non ora.
desdemona
Não me oponhas tua recusa. Perdoa-o.
Non oppormi il tuo diniego. Gli perdona.
otello
Agora não.
Non ora.
desdemona
Por que tua voz está conturbada? Que mal te aflige?
Perchè torbida suona la voce tua? Qual pena t’addolora?
otello
Minhas têmporas ardem.
M’ardon le tempie.
desdemona
[Desenrolando o lenço, como se fosse enfaixar a cabeça de Otello.] Esse ardor incômodo vai desaparecer se minha mão te enfaixar com esse linho macio.
[Spiegando il suo fazzoletto come per fasciare la fronte d’Otello.] Quell’ardor molesto svanirà, se con questo morbido lino la mia man ti fascia.
otello
[Joga o lenço no chão.] Não preciso disso.
desdemona
Estás aflito, senhor.
otello
[Áspero.] Deixa-me! Deixa-me! [Emilia recolhe o lenço do chão.]
[Getta il fazzoletto a terra.] Non ho d’uopo di ciò. Tu sei crucciato, signor. [Aspramente.] Mi lascia! mi lascia! [Emilia raccoglie il fazzoletto dal suolo.]
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alcune donne le baciano il lembo della veste, ed essa porge una borsa ai marinai. Il Coro s’allontana. Desdemona, seguita poi da Emilia, entra nella sala e s’avanza verso Otello.]
Libreto
meninos, algumas mulheres beijam-lhe a barra do vestido, e ela dá uma bolsa aos marinheiros. O coro se afasta. Desdemona, seguida de Emilia, entra na sala e avança na direção de Otello.]
desdemona
Meu esposo, se pequei contra ti sem saber, dá-me a doce e alegre palavra de perdão.
Se inconscia, contro te, sposo, ho peccato, dammi la dolce e lieta parola del perdono.
otello
[À parte.] (Talvez porque não tendo aos enganos do arguto amor...)
[A parte.] (Forse perchè gl’inganni d’arguto amor non tendo...)
desdemona
Sou a tua menina, humilde e mansueta; porém, teu lábios suspiram, teu olhar está fixo no chão. Olha-me na cara, e vê como é o amor que fala. Vem, que eu alegre teu coração, que eu alivie tua dor. Olha-me na cara e vê, etc.
La tua fanciulla io sono umile e mansueta; ma il labbro tuo sospira, hai l’occhio fisso al suol. Guardami in volto e mira come favella amor. Vien ch’io t’allieti il core, ch’io ti lenisca il duol. Guardami in volto e mira, etc.
otello
(… talvez porque desço no vale dos anos, talvez porque tenho no rosto essa tétrica escuridão. Talvez porque não tendo aos enganos do arguto amor, etc. Ela está perdida, eu ridicularizado, meu coração despedaçado, e vejo meu sonho de ouro se arruinar na lama. Ela está perdida, etc.)
(...forse perchè discendo nella valle degli anni, forse perchè ho sul viso quest’atro tenebror. Forse perchè gl’inganni d’arguto amor non tendo, etc. Ella è perduta è irriso io sono e il core m’infrango e ruinar nel fango vedo il mio sogno d’or. Ella è perduta e irriso, etc.)
IAGO
[A Emilia, em voz baixa.] (Dá-me o veu que recolheste.)
[A Emilia sottovoce.] (Quel vel mi porgi ch’or hai raccolto.)
emilia
[Em voz baixa, a Iago.] (Que embuste preparas? Leio-te no rosto.)
[Sottovoce a Iago.] (Qual frode scorgi? Ti leggo in volto.)
IAGO
É inútil se opor ao meu comando.
T’opponi a voto quand’io commando.
emilia
Conheço teu nefasto rancor.
Il tuo nefando livor m’è noto.
IAGO
Suspeita louca!
Sospetto insano!
emilia
Essa mão é uma guarda fiel.
Guardia fedel è questa mano.
IAGO
Dá-me o véu! [Segura o braço de Emilia com violência.] Minha mão irada desce sobre ti!
Dammi quel vel! [Afferra violentemente il braccio di Emilia.] Su te l’irosa mia man s’aggrava!
emilia
Sou tua esposa, não tua escrava.
Son la tua sposa, non la tua schiava.
La schiava impura tu sei di Iago.
emilia
Tenho no coração presságio de desventura.
Ho il cor presago d’una sventura.
IAGO
Não me temes?
Nè mi paventi?
emilia
Homem cruel!
Uomo crudel!
IAGO
Passa para cá.
A me.
emilia
Que tencionas?
Che tenti?
IAGO
Passa o véu para cá!
A me quel vel!
[Com um golpe de mão, Iago toma o lenço de Emilia.]
[Con un colpo di mano Iago ha carpito il fazzoletto ad Emilia.]
emilia
(Homem cruel!)
(Uomo crudel!)
IAGO
[Para si.] (Conquistei o que queria, e agora Iago vai trabalhar na trama!)
[A se stesso.] (Già la mia brama conquido, ed ora su questa trama Iago lavora!)
emilia
[Para si.] (Venceram as garras ferozes e covardes. Deus, guarda-nos sempre do perigo!)
[A se stesso.] (Vinser gli artigli truci e codardi. Dio dai perigli sempre ci guardi.)
desdemona
Dá-me a doce e alegre palavra de perdão.
Dammi la dolce e lieta parola del perdon.
otello
Saiam! Quero ficar só.
Escite! Solo vo’ restar.
IAGO
[Em voz baixa a Emilia, que está para sair.] Deves calar. Entendido?
[Sottovoce ad Emilia che sta per escire.] Ti giova tacer. Intendi?
[Desdemona e Emilia partem. Iago finge sair pela porta do fundo, porém, ao chegar a ela, se detém.]
[Desdemona ed Emilia escono. Iago finge d’escire dalla porta del fondo, ma giuntovi s’arresta.]
otello
[Abatido, em cima de um banco.] Desdemona culpada!
[Accasciato, su d’un sedile.] Desdemona rea!
IAGO
[Ao fundo, olhando escondido para o lenço, que depois é recolocado com cuidado na jaqueta.] (Com estes fios, urdirei a prova
[Nel fondo guardando di nascosto il fazzoletto, poi riponendolo con cura nel giustacuore.] (Con questi fili tramerò la prova
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És a escrava impura de Iago.
Libreto
IAGO
do pecado de amor. Vou escondê-lo na residência de Cassio.)
del peccato d’amor. Nella dimora di Cassio ciò s’asconda.)
otello
Atroz ideia!
Atroce idea!
IAGO
[Fitando Otello.] (Meu veneno está funcionando.)
[Fissando Otello.] (Il mio velen lavora.)
otello
Culpada contra mim! Contra mim!
Rea contro me! contro me!
IAGO
(Sofres e ruges!)
(Soffri e ruggi!)
otello
Atroz! Atroz!
Atroce! Atroce!
IAGO
[Depois de se dirigir a Otello, cordialmente.] Não pense mais nisso.
[Dopo essersi portato accanto ad Otello, bonariamente.] Non pensateci più.
otello
[Erguendo-se de um salto.] Tu? Para trás! Vai-te! Pregaste-me na cruz! Ai de mim! Mais horrenda do que a mais horrenda injúria das injúrias é a suspeita. Nas horas secretas da sua luxúria (que me foram roubadas!), por acaso algum presságio me agitava o peito? Eu era ousado, contente. Ainda não sabia de nada; naquele corpo divino que me enamora, e naqueles lábios mentirosos, eu não sentia os ardentes beijos de Cassio! E agora! E agora. Agora e para sempre adeus, santas lembranças, adeus, sublimes encantos do pensamento! Adeus, hostes resplandecentes, adeus vitórias, dardos voadores e corcéis alados! Adeus, estandarte triunfal e pio, e toques de despertar! Clamores e cantos de batalha, adeus! Da glória de Otello esse é o fim.
[Balzando.] Tu? Indietro! fuggi! M’hai legato alla croce! Ahimè! Più orrendo d’ogni orrenda ingiuria dell’ ingiuria è il sospetto. Nell’ ore arcane della suà lussuria (e a me furate!) m’agitava il petto forse un presagio? Ero baldo, giulivo. Nulla sapevo ancora; io non sentivo sul suo corpo divin che m’innamora e sui labbri mendaci gli ardenti baci di Cassio! Ed ora! ed ora. Ora e per sempre addio sante memorie, addio, sublimi incanti del pensier! Addio schiere fulgenti, addio vittorie, dardi volanti e volanti corsier! Addio, vessillo trionfale e pio, e diane squillanti in sul mattin! Clamori e canti di battaglia, addio! Della gloria d’Otello è questo il fin.
IAGO
Paz, meu senhor.
Pace, signor.
Sciagurato! mi trova una prova secura che Desdemona è impura. Non sfuggir! nulla ti giova! Vo’ una secura, una visibil prova! O sulla tua testa s’accenda e precipiti il fulmine del mio spaventoso furor che si desta! [Afferra Iago alla gola e lo atterra.]
IAGO
Graça divina, defende-me! [Levantando-se.] Que o céu o proteja. Não sou mais vosso alferes. Quero que o mundo seja testemunha de que a honestidade é perigo. [Faz que vai partir.]
Divina grazia difendimi! [alzandosi] Il cielo vi protegga. Non son più vostro alfiere. Voglio che il mondo testimon mi sia che l’onestà è periglio. [Fa per andarsene.]
OTELLO
Não... fica. Talvez sejas hojesto.
No... rimani. Forse onesto tu sei.
IAGO
[À soleira, fingindo partir.] Melhor seria se eu fosse um impostor.
[Sulla soglia fingendo d’andarsene.] Meglio varebbe ch’io fossi un ciurmador.
otello
Pelo universo! Acho que Desdemona é leal, e acho que não é. Acho que és honesto, e acho desleal... Quero a prova! Quero a certeza!
Per l’universo! Credo leale Desdemona e credo che non lo sia. Te credo onesto e credo disleale... La prova io voglio! Voglio la certezza!
IAGO
[Voltando para Otello.] Senhor, freie a ansiedade. De qual certeza precisa? Vê-los abraçados?
[Ritornando verso Otello.] Signor, frenate l’ansie. E qual certezza v’abbisogna? Avvinti verderli forse?
otello
Ah, morte e danação!
Ah, morte e dannazione!
IAGO
Seria uma empreitada árdua; e com qual certeza sonha, se esse fato imundo sempre lhe escapará? Porém, se a razão guia até a verdade, reservo uma forte conjectura que, aos poucos, vai levar à certeza. Ouça. [Chegando bem perto de Otello, em voz baixa.] Era noite, Cassio dormia, eu estava a seu lado.
Ardua impresa sarebbe; e qual certezza sognate voi se quell’ immondo fatto sempre vi sfuggirà? Ma pur se guida è la ragione al vero, una si forte congettura riserbo che per poco alla certezza vi conduce. Udite. [Avvicinandosi molto ad Otello e sottovoce.] [mezza voce] Era la notte, Cassio dormia, gli stavo accanto.
68 69
Desgraçado! Encontra para mim uma prova segura de que Desdemona é impura. Não foge! De nada te servirá! Quero uma prova segura, visível! Ou então, na tua cabeça, vai queimar e se precipitar o raio do espantoso furor que desperta em mim! [Pega Iago pela garganta e o joga no chão.]
Libreto
otello
Com voz entrecortada, traía o encanto íntimo. Movia os lábios lentos, lentos, no abandono do sonho ardente, e então dizia, débil: [em voz baixa] “Suave Desdemona! Escondamos o nosso amor. Vigiemos com cautela! Sou inundado pelo êxtase do céu”. Seguia mais desejoso o brando pesadelo, quase beijando a imagem interna com débil angústia [falando] ele disse, depois: “Amaldiçoo o perverso destino que te deu ao Mouro”. Então o sonho se calou, em cega letargia.
Con interrotte voci tradia l’intimo incanto. Le labbra lente, lente movea, nell’ abbandono del sogno ardente, e allor dicea, con flebil suono: [sottovoce parlate] “Desdemona soave! Il nostro amor s’asconda. Cauti vegliamo! L’estasi del ciel tutto m’innonda.” Seguia più vago l’incubo blando; con molle angoscia l’interna imago quasi baciando, [parlando] ei disse poscia: “Il rio destino impreco che al Moro ti donò”. E allora il sogno in cieco letargo si mutò.
otello
Oh! Monstruosa culpa!
Oh! mostruosa colpa!
IAGO
Só narrei um sonho.
Io non narrai che un sogno.
otello
Um sonho que revela um fato.
Un sogno che rivela un fatto.
IAGO
Um sonho que pode dar forma de prova a outro indício.
Un sogno che può dar forma di prova ad altro indizio.
otello
Qual?
E qual?
IAGO
Já viu nas mãos de Desdemona um tecido ornado de flores, e mais sutil que um véu?
Talor vedeste in mano di Desdemona un tessuto trapunto a fior e più sottil d’un velo?
otello
É o lenço que lhe dei, primeiro presente de amor.
È il fazzoletto ch’io le diedi, pegno primo d’amor.
IAGO
Esse lenço, ontem (tenho certeza) eu vi nas mãos de Cassio.
Quel fazzoletto ieri (certo ne son) lo vidi in man di Cassio.
otello
Ah! Que Deus lhe dê mil vidas! Uma é pouco para o meu furor! Iago, meu coração gelou. Afastem-se, fantasmas de piedade! Exalo ao céu todo meu vão amor. Olha, ele desapareceu. A hidra me subjuga em suas espirais de serpente! Ah! Sangue! Sangue! Sangue! [Ajoelha-se. Solene.] Sim, pelo céu marmóreo juro!
Ah! Mille vite gli donassse Iddio! Una è povera preda al furor mio! Iago, ho il cor di gelo. Lungi da me le pietose larve! Tutto il mio vano amor esalo al cielo, guardami, ei sparve. Nelle sue spire d’angue l’idra m’avvince! Ah! sangue! Sangue! Sangue! [S’inginocchia. Solenne.] Si, pel ciel marmoreo giuro! Per le attorte folgori!
[Também se ajoelha.] Ainda não se levante! Testemunha é o Sol que olho, que me irradia e anima, a ampla terra e o vasto espírito de toda a Criação, que a Otello consagro, ardentes, coração, braço e alma, ainda que seu desejo se arme para obras cruentas.
[S’inginocchia anch’esso.] Non v’alzate ancor! Testimon è il Sol ch’io miro, che m’irradia e inanima l’ampia terra e il vasto spiro del Creato inter, che ad Otello io sacro ardenti, core, braccio ed anima s’anco ad opere cruenti s’armi il suo voler!
iago, otello
[Erguendo as mãos para o céu, como quem jura.] Sim, pelo céu marmóreo juro! Pelos raios retorcidos! Pela Morte e pelo obscuro mar exterminador! Que essa mão que eu ergo e estendo golpeie logo com ira e ímpeto tremendo! Deus vingador!
[Alzando le mani al cielo come chi giura.] Si, pel ciel marmoreo giuro! Per le attorte folgori! Per la Morte e per l’oscuro mar sterminator! D’ira e d’impeto tremendo presto fia che sfolgori questa man ch’io levo e stendo! Dio vendicator!
ato iii atto iii
[A grande sala do castelo. À direita, um vasto peristilo com colunas. Esse peristilo é anexo a uma sala de proporções menores; no fundo da sala, um balcão.]
[La gran sala del Castello. A destra un vasto peristilio a colonne. Questo peristilio è annesso ad una sala di minori proporzioni; nel fondo della sala un verone.]
arauto
[Do peristilo, a Otello, que está com Iago na sala.] O vigia do porto avistou a galera veneziana que conduz os embaixadores a Chipre.
[Dal peristilio, a Otello che sarà con Iago nella sala.] La vedetta del porto ha segnalato la veneta galea che a Cipro adduce gli ambasciatori.
otello
[Faz ao arauto um sinal de afastamento.] [A Iago.] Está bem. Continua.
[Fa cenno all’Araldo di allontanarsi.] [A Iago.] Bene sta. Continua.
IAGO
Trarei Cassio aqui e, com perguntas astutas, vou induzi-lo a falar.
Qui trarrò Cassio e con astute inchieste lo adescherò a ciarlar. [Indicando il vano del verone.]
71
IAGO
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Per la Morte e per l’oscuro mar sterminator! D’ira e d’impeto tremendo presto fia che sfolgori questa man [levando le mani al cielo] ch’io levo e stendo! [Fa per alzarsi Iago lo trattiene inginocchiato.]
Libreto
Pelos raios retorcidos! Pela Morte e pelo obscuro mar exterminador! Que essa mão que eu ergo e estendo [erguendo as mãos para o céu] golpeie logo com ira e ímpeto tremendo! [Faz menção de se levantar. Iago o mantém ajoelhado.]
[Apontando para o balcão.] Escondido ali, escrutareis seus modos, palavras, tiradas, gestos. Tenha paciência, ou a prova escapará. Eis Desdemona. Convém fingir... vou-me. [Ao dizer “vou-me”, afasta-se para sair, depois se detém e se reaproxima de Otello para lhe dizer a última palavra.] O lenço.
Voi là nascosto scrutate i modi suoi, le sue parole, i lazzi, i gesti. Paziente siate o la prova vi sfugge. Ecco Desdemona. Finger conviene... io vado. [Dicendo io vado, s’allontana come per escire, poi s’arresta e si riavvinca ad Otello per dirgli l’ultima parola.] Il fazzoletto.
otello
Vai! Adoraria tê-lo esquecido. [Iago parte.]
Va! volentieri obliato l’avrei. [Iago esce.]
desdemona
[Da porta da esquerda, ainda junto à soleira. Doce.] Deus te alegre, oh esposo, soberano da minha alma.
[Dalla porta di sinistra, ancora presso alla soglia. Dolce.] Dio ti giocondi, o sposo dell’alma mia sovrano.
OTELLO
[Andando na direção de Desdemona.] Obrigado, senhora, dá-me sua mão ebúrnea. [Pega a mão] Uma umidade cálida recobre sua suave beleza.
[Andando incontro a Desdemona.] Grazie, madonna, datemi la vostra eburnea mano. [le prende la mano] Caldo mador ne irrora la morbida beltà.
desdemona
Ela ainda ignora as marcas da dor e da idade.
Essa ancor l’orme ignora del duolo e dell’età.
OTELLO
Contudo, abriga-se aqui o demônio gentil do mau conselho, iluminando o gracioso mármore da garra pequenina. Suavemente se coloca em posição de prece e de pio fervor.
Eppur qui annida il demone gentil del mal consiglio, che il vago avorio allumina del piccioletto artiglio. Mollemente alla prece s’atteggia e al pio fervore.
desdemona
Contudo, foi com essa mão que lhe dei meu coração. Mas devo voltar a falar de Cassio.
Eppur con questa mano io v’ho donato il core. Ma riparlar vi debbo di Cassio.
OTELLO
A dor de minha doença volta a me assaltar; enxuga meu rosto.
Ancor l’ambascia del mio morbo m’assale; tu la fronte mi fascia.
desdemona
[Abrindo um lenço.] Aqui.
[Sciogliendo un fazzoletto.] A te.
OTELLO
Não; quero o lenço que te dei.
No; il fazzoletto voglio ch’io ti donai.
desdemona
Não está comigo.
Non l’ho meco.
desdemona
Verdade?
Il vero parli?
OTELLO
Verdade.
Il vero parlo.
desdemona
Me dás medo!
Mi fai paura!
OTELLO
O quê? Perdeste-o?
Che? L’hai perduto forse?
desdemona
Não.
No.
OTELLO
Procura-o.
Lo cerca.
desdemona
Em breve... procurarei.
Fra poco... lo cercherò.
OTELLO
Não, agora!
No, tosto!
desdemona
Estás brincando comigo. Assim afastas a conversa de Cassio; é uma astúcia do teu pensamento.
Tu di me ti fai gioco. Storni cosi l’inchiesta di Cassio; astuzia è questa del tuo pensier.
OTELLO
Céus! Minha alma se desperta! O lenço.
Pel cielo! l’anima mia si desta! Il fazzoletto.
desdemona
Cassio é teu amigo querido.
È Cassio l’amico tuo diletto.
OTELLO
O lenço!
Il fazzoletto!
desdemona
Cassio, perdoa Cassio.
A Cassio, a Cassio perdona.
OTELLo
O lenço!
Il fazzoletto!
desdemona
Meu Deus! Tua voz tem um grito de ameaça!
Gran Dio! nella tua voce v’è un grido di minaccia!
OTELLO
Levanta os olhos!
Alza quegli occhi!
desdemona
Ideia atroz!
Atroce idea!
OTELLO
[Agarrando-a em força pelo queixo e pelos ombros, e foçando-a a fitá-lo.] Olha na minha cara! Diz-me quem és!
[Prendendola a forza sotto il mento e per le spalle e obbligandola a guardarlo.] Guardami in faccia! Dimmi chi sei!
73
Desdemona, guai se lo perdi! guai! Una possente maga ne ordia lo stame arcano. Ivi è riposta l’alta malia d’un talismano. Bada! smarrirlo, oppur donarlo, è ria sventura!
72
Desdemona, ai de ti se o perderes! Ai de ti! Uma maga poderosa urdiu sua trama arcana. Repousa ali o alto feitiço de um talismã. Cuidado! Perdê-lo, ou dá-lo, causa terrível desventura!
Libreto
OTELLO
desdemona
A esposa fiel de Otello.
La sposa fedel d’Otello
OTELLO
Jura! Jura e te condena.
Giura! Giura e ti danna.
desdemona
Otello crê que sou fiel.
Otello fedel mi crede.
OTELLO
Creio que és impura.
Impura ti credo.
desdemona
Ajuda-me, oh Deus!
Iddio m’aiuta!
OTELLO
Corre para tua danação, diz que és casta.
Corri alla tua condanna, di’ che sei casta.
DESDEMONA
[Encarando-o] Casta... eu sou.
[Fissandolo.] Casta... Io son.
otello
Jura e te condena!
Giura e ti danna!
DESDEMONA
Vejo estupefata o teu olhar tremendo, em ti fala uma Fúria, que ouço e não entendo. Olha para mim! Revelo-te meu rosto e minha alma; o coração despedaçado me perscruta... Com este pranto, oro por ti, com essas gotas ardentes irrigo o solo. Olha as primeiras lágrimas que a dor extrai de mim.
Esterrefatta fisso lo sguardo tuo tremendo, in te parla una Furia, la sento e non l’intendo. Mi guarda! il volto e l’anima ti svelo; il core infranto mi scruta... io prego il cielo per te con questo pianto, per te con queste stille cocenti aspergo il suol. Guarda le prime lagrime, che da me spreme il duol.
otello
Se o teu demônio te visse agora, acharia que és um anjo, e não te tocaria.
S’or ti scorge il tuo demone, un angelo ti crede e non t’afferra.
DESDEMONA
O Pai Eterno vê a minha fé!
Vede l’Eterno la mia fede!
otello
Não! Quem vê é o inferno.
No! la vede l’inferno.
DESDEMONA
Suplico tua justiça, meu esposo!
La tua giustizia impetro, sposo mio!
otello
Ah! Desdemona! Para trás! Para trás! Para trás!
Ah! Desdemona! Indietro! indietro! indietro!
DESDEMONA
Estás chorando? E gemendo refreias a dor do coração! [com desespero] E eu sou a causa inocente de tamanho pranto! Qual é a minha culpa?
Tu pur piangi?... e gemendo freni del cor lo schianto! [con disperazione] E son io l’innocente cagion di tanto pianto! Qual è il mio fallo?
otello
E ainda perguntas? No lírio cândido do teu rosto está inscrito o mais negro delito.
E il chiedi?... Il più nero delitto sovra il candido giglio della tua fronte è scritto.
Ahimè!
otello
O quê? Por acaso não és uma vil cortesã?
Che? non sei forse una vil cortigiana?
DESDEMONA
Céus! Não, não, pelo batismo da fé cristã!
Ciel! No... no... pel battesmo della fede cristiana!
otello
O quê?
Che?
DESDEMONA
Ah! Não sou o que exprime essa horrenda palavra.
Ah!... non son ciò che esprime quella parola orrenda.
otello
[Subitamente mudando da ira para a mais terrível ironia, Otello toma Desdemona pela mão, conduzindo-a para a porta pela qual entrou.]
[Otello mutando d’un tratto l’ira nella più terribile calma dell’ironia, prende Desdemona per mano e la conduce alla porta d’onde entrò.]
Volta a me dar a mão ebúrnea, desejo me excusar. [com ênfase e a plena voz] Eu cria que fostes [falando em voz baixa] (perdão se meu pensamento é torpe) [a plena voz] aquela vil cortesã que é a esposa de Otello.
Datemi ancor l’eburnea mano, vo’fare ammenda. [marcato, a voce spiegata] Vi credea [a voce bassa parlando] (perdonate se il mio pensiero è fello) [a voce spiegata] quella vil cortigiana che è la sposa d’Otello.
[Com uma inflexão de braço, porém sem se descompor, Otello obriga Desdemona a sair. Depois regressa à frente do palco, em grau máximo de abatimento].
[Otello sforza con un’inflessione del braccio, ma senza scomporsi, Desdemona ad escire. Poi ritorna verso il contro della scena nel massimo grado dell’abbattimento.]
[Voz sufocada.] Deus! Podias despejar sobre mim todos os mares da miséria, da vergonha, fazer de meus bravos troféus triunfais uma ruína, uma mentira. E eu teria carregado a cruz cruel de angústia e vergonha com o rosto calmo, e me resignado à vontade dos céus. Mas, oh pranto, oh dor, roubaram-me a miragem onde alegremente acalmava minha alma. Apagou-se aquele sol, aquele sorriso, aquele raio que me faz vivo, que me faz feliz! Por fim, Clemência, pio gênio
[Voce soffocata.] Dio! mi potevi scagliar tutti i mali della miseria, della vergogna, far de’ miei baldi trofei trionfali una maceria, una menzogna. E avrei portàto la croce crudel d’angoscie e d’onte con calma fronte e rassegnato al volere del ciel. Ma, o pianto, o duol! m’han rapito il mirraggio dov’io, giulivo, l’anima acqueto. Spento è quel sol, quel sorriso, quel raggio che mi fa vivo, che mi fa lieto! Tu alfin, Clemenza, pio genio immortal dal roseo riso, copri il tuo viso santo coll’orrida larva
otello
74 75
Ai de mim!
Libreto
DESDEMONA
imortal de riso rosado, cobre o teu rosto santo com a horrenda lava infernal! Ah! Danação! Primeiro confesse o delito, e depois morra! Confissão! Confissão! A prova! [Entra Iago.]
infernal! Ah! Dannazione! Pria confessi il delitto e poscia muoia! Confession! Confession! La prova! [Entra Iago.]
IAGO
[Apontando para a entrada.] Cassio está lá!
[Indicando l’ingresso.] Cassio è là!
otello
Lá? Céus! Oh, alegria! [com repulsa] Horror! Suplícios imundos!
Là? Cielo! Oh, gioia! [con raccapriccio] Orror! Supplizi immondi!
IAGO
[Conduz Otello rapidamente até o fundo, à esquerda, onde fica o balcão.] Segura-te! Esconde-te! [Encontra Cassio, que hesita a entrar.]
[Conduce rapidamente Otello nel fondo a sinistra dove c’è il vano del verone.] Ti frena! Ti nascondi! [Incontra Cassio che esita ad entrare.]
iago
[A Cassio.] Vem, a sala está deserta. Avança, oh Capitão.
[A Cassio.] Vieni, l’aula è deserta. T’inoltra, o Capitano.
cassio
Esse nome de honra ainda soa vão para mim.
Questo nome d’onor suona ancor vano per me.
iago
Ânimo, tua causa está em tal mão que a vitória é certa.
Fa cor, la tua causa è in tal mano che la vittoria è certa.
cassio
Achava que fosse encontrar Desdemona aqui.
Io qui credea di ritrovar Desdemona.
otello
[Escondido.] Disse o nome dela!
[Nascosto.] Ei la nomò!
cassio
Queria voltar a falar-lhe, para saber se meu perdão foi proferido.
Vorrei parlarle ancora, per saper se la mia grazia è profferta.
iago
[Alegremente.] Espera por ele. [Levando Cassio para perto da primeira coluna do peristilo] Entretanto, já que tua língua nunca se cansa de relatos alegres, conta-me um pouco daquela que amas.
[Gaiamente.] L’attendi. [Conducendo Cassio accanto alla prima colonna del peristilio.] E intanto, giacchè non si stanca mai la tua lingua nelle fole gaie, narrami un po’ di lei che t’innamora.
Di chi?
iago
[Em voz bem baixa.] Bianca.
[Sottovoce assai.] Di Bianca.
otello
(Está sorrindo!)
(Sorride!)
cassio
Bobagem!
Baie!
IAGO
Ela te conquista com olhares graciosos.
Essa t’avvince coi vaghi rai.
cassio
Fazes-me rir.
Rider mi fai.
IAGO
Ri quem vence.
Ride chi vince.
cassio
[Rindo.] Nesse tipo de desafio, na verdade, vence quem ri – Ah! Ah!
[Ridendo.] In tai disfide, per verità, vince chi ride - Ah! Ah!
IAGO
[Rindo.] Ah! Ah!
[Ridendo.] Ah! Ah!
otello
[Do balcão.] (O ímpio triunfa, seu escárnio me mata. Deus, detém a ânsia que [com desespero] levo no coração!)
[Dal verone.] (L’empio trionfa, il suo scherno m’uccide. Dio frena l’ansia che in [con disperazione] core mi sta!)
cassio
Acertaste. Sim, o confesso. Ouve-me.
Nel segno hai côto. Si, lo confesso. M’odi.
IAGO
Fala baixo. Estou escutando. [Iago leva Cassio a um lugar mais distante de Otello.]
Sommesso parla. T’ascolto. [Iago conduce Cassio in posto più lontano da Otello.]
cassio
Iago, sabes onde eu moro. [As palavras se perdem.]
Iago, t’è nota la mia dimora. [Le parole si perdono.]
otello
[Aproximando-se um pouco, com cuidado, para ouvir as palavras.] (Agora conta o modo, lugar e hora...]
[Avvicinandosi un poco e cautamente per udir le parole.] (Or gli racconta il modo, il luogo e l’ora... )
cassio
Por uma mão desconhecida. [As palavras voltam a se perder.]
Da mano ignota. [Le parole si perdono ancora.]
otello
(Não ouço as palavras. Infeliz! E queria ouvi-las! A que ponto cheguei!)
(Le parole non odo. Lasso! e udir le vorrei! Dove son giunto!)
77
Quem?
Libreto
76
cassio
cassio
Um véu bordado.
un vel trapunto.
iago
Que estranho! Que estranho!
È strano! È strano!
otello
(Iago pede que me aproxime.) [Passa com cautela e se esconde atrás das colunas.]
(D’avvicinarmi Iago mi fa cenno.) [Passa con cautela e si nasconde dietro le colònne.]
iago
Por uma mão desconhecida? Bobagens! [Gesticula para que Cassio continue falando baixo.]
Da ignota mano? Baie! [Fa cenno a Cassio di parlare ancora sottovoce.]
cassio
É sério. Como queria saber quem foi.
Da senno. Quanto mi tarda saper chi sia.
iago
[Olhando rapidamente na direção de Otello – para si.] (Otello está espiando.) [A Cassio, em voz alta.] Ele está contigo?
[Guardando rapidamente dalla parte d’Otello - fra sè.] (Otello spia.) [A Cassio ad alta voce.] L’hai teco?
cassio
[Extrai da jaqueta o lenço de Desdemona.] Olha.
[Estrae dal giusta-cuore il fazzoletto di Desdemona.] Guarda.
iago
[Pegando o lenço.] Que maravilha! [À parte.] (Otello está escutando. Ele se aproxima de modo prudente.) [A Cassio, brincando. Põe as mãos atrás das costas, para que Otello possa observar o lenço.] Belo cavalheiro, na vossa moradia os anjos perdem a auréola e o véu.
[Prendendo il fazzoletto.] Qual meraviglia! [A parte] (Otello origlia. Ei s’avvicina con mosse accorte.) [A Cassio scherzando. Mettendo le mani dietro la schiena perchè Otello possa osservare il fazzoletto.] Bel cavaliere, nel vostro ostello perdono gli angeli l’aureola e il vel.
otello
[Aproximando-se bastante do lenço, por trás das costas de Otello e escondido atrás da primeira coluna.] (É esse! É esse!) Ruína e morte!
[Avvicinandosi assai al fazzoletto, dietro le spalle di Iago e nascosta dalla prima colonna.] (È quello! è quello!) Ruina e morte!
iago
[Para si.] (Otello está escutando.)
[A se stesso.] (Origlia Otello.)
otello
[À parte, em voz baixa.] (Está tudo acabado! Amor e dor. Ninguém mais comoverá a minha alma.)
[A parte sottovoce.] (Tutto è spento! Amore e duol. L’alma mia nessun più smuova.)
cassio
[Olhando para o lenço, que pegou de volta de Iago.] Milagre encantador de carretel e agulha que transforma em raios os fios de um véu, mais branco, mais leve que floco de neve, que nuvem tecida com a brisa do céu.
[Guardando il fazzoletto che avrà ritolto a Iago.] Miracolo vago dell’aspo e dell’ago che in raggi tramuta le fila d’un vel, più bianco, più leve che fiocco di neve, che nube tessuta dalla’aure del ciel.
iago
Essa é uma teia de aranha na qual o teu coração cai, se lamenta, se prende e morre. Muito a admiras, muito a contemplas; cuidado com os delírios vãos e mentirosos. Ah, cuidado, essa é uma teia de aranha na qual o teu coração cai, se lamenta, se prende e morre.
Questa è una ragna dove il tuo cuor. Casca, si lagna, s’impiglia e muor. Troppo l’ammiri, troppo la guardi; bada ai deliri vani e bugiardi. Ah bada, questa è una ragna dove il tuo cuor casca, si lagna, s’impiglia e muor.
cassio
Milagre encantador. mais branco, mais leve que floco de neve, que nuvem tecida com a brisa do céu. Milagre, milagre encantador.
Miracolo vago. Più bianco, più leve che fiocco di neve, che nube tessuta dalla’aure del ciel. Miracol, miracolo vago!
otello
[Escondido atrás da coluna e olhando de tempos em tempos o lenço nas mãos de Cassio.] (Traição, traição, a tua prova espantosa mostras ao Sol.)
[Nascosto dietro la colonna e guardando di tratto in tratto il fazzoletto nelle mani di Cassio.] (Tradimento, tradimento, tradimento, la tua prova, la tua prova spaventosa mostri al Sol.)
cassio
Milagre encantador!
Miracolo vago!
otello
(Traição!)
(Tradimento!)
iago
[Para Cassio.] Muito a admiras.
[A Cassio.] Troppo l’ammiri.
Otello
(Traição!)
(Tradimento!)
iago
Cuidado!
Bada! Bada!
79
[A Cassio indicando il fazzoletto.] Questa è una ragna dove il tuo cuor casca, si lagna, s’impiglia e muor. Troppo l’ammiri, troppo la guardi; bada ai deliri vani e bugiardi. Questa è una ragna, etc.
78
[Para Cassio, apontando o lenço.] Essa é uma teia de aranha na qual o teu coração cai, se lamenta, se prende e morre. Muito a admiras, muito a contemplas; cuidado com os delírios vãos e mentirosos. Essa é uma teia de aranha, etc.
Libreto
iago
[Trompetes bem longe. Respondem do castelo.] Esse é o sinal que anuncia o atraque da trirreme veneziana. [Trompetes de outro lado.] Escuta. Todo o castelo responde com seus toques. Se não queres te encontrar com Otello, foge.
[Trombe ben lontano. Rispondono dal Castello.] Quest’ è il segnale che annuncia l’approdo della trireme veneziana. [Trombe da altra parte.] Ascolta. Tutto il castel co’suoi squilli risponde. Se qui non vuoi con Otello scontrarti, fuggi.
cassio
Adeus.
Addio.
iago
Vai. [Cassio sai velozmente, pelo fundo.]
Va. [Cassio esce velocemente dal fondo.]
otello
[Aproximando-se de Iago.] Como vou matá-la?
[Avvicinandosi a Iago.] Come la ucciderò?
iago
Viste bem como ele riu?
Vedeste ben com’egli ha riso?
otello
Vi.
Vidi.
iago
E o lenço?
E il fazzoletto?
otello
Vi tudo.
Tutto vidi.
cipriotas cipriotti
[Coro interno.] Viva! À praia!
[Coro interno.] Evviva! Alla riva!
VOZES DISTANTES VOCI LONTANE
Ao desembarcadouro!
Allo sbarco!
otello
Está condenada.
È condannata.
todos tutti
Viva!
Evviva!
otello
Providencia um veneno para hoje à noite.
Fa ch’io m’abbia un velen per questa notte.
iago
Nada de tóxico.
Il tosco, no.
todos tutti
Viva o Leão de São Marcos!
Evviva il Leon di San Marco!
iago
É melhor sufocá-la, lá, na sua cama, onde pecou.
Val meglio soffocarla, là nel suo letto, là, dove ha peccato.
otello
Essa tua justiça me agrada.
Questa giustizia tua mi pace.
iago
Iago vai providenciar.
Iago provvederà.
Iago, fin d’ora mio Capitano t’eleggo.
iago
Meu Duce, sou grato. Eis os Embaixadores. Acolha-os. Porém, para evitar suspeitas, que Desdemona se mostre a esses senhores.
Mio Duce, grazie vi rendo. Ecco gli Ambasciatori. Li accogliete. Ma ad evitar sospetti, Desdemona si mostri a quei Messeri.
otello
Sim, traga-a aqui. [Iago sai pela porta da esquerda; Otello se encaminha para o fundo para receber os Embaixadores. Entram Otello, Iago, Lodovico, Roderigo, o arauto, Desdemona com Emilia. Dignatários da República Vêneta. Cavalheiros e Damas. Soldados. Trompetistas, depois Cassio.]
Si, qui l’adduci. [Iago esce dalla porta di sinistra: Otello s’avvia verso il fondo per ricevere gli Ambasciatori. Entrano Otello, Iago, Lodovico, Roderigo, l’Araldo, Desdemona con Emilia. Dignitari della Repubblica Veneta. Gentiluomini e Dame. Soldati. Trombettieri, poi Cassio.]
todos tutti
Viva! Viva! Viva o Leão de São Marcos. Viva, viva, etc.
Viva! Evviva! Viva il Leon di San Marco. Evviva, evviva! etc.
LUDOVICO LODOVICO
[Segurando um pergaminho enrolado na mão.] O Doge e o Senado saúdam o herói triunfante de Chipre. Coloco em vossas mãos a mensagem do soberano.
[Tenendo una pergamena avvoltolata in mano.] Il Doge ed il Senato salutano l’eroe trionfatore di Cipro. Io reco nelle vostre mani il messaggio dogale.
otello
[Pegando a mensagem e beijando o lacre.] Beijo o emblema da Soberana Majestade. [Depois o desenrola e lê.]
[Prendendo il messaggio e baciando il suggello.] Io bacio il segno della Sovrana Maestà. [Poi lo spiega e legge.]
LUDOVICO LODOVICO
[Aproximando-se de Desdemona.] Senhora, que o céu a guarde.
[Avvicinandosi a Desdemona.] Madonna, v’abbia il ciel in sua guardia.
desdemona
Que o céu vos escute.
E il ciel v’ascolti.
emilia
[A Desdemona, à parte.] (Como estás infeliz!)
[A Desdemona, a parte.] (Come sei mesta!)
desdemona
[Para Emilia, à parte.] (Emilia, uma grande nuvem turva o juízo de Otello e o meu destino.)
[Ad Emilia, a parte.] (Emilia, una gran nube turba il senno d’Otello e il mio destino.)
iago
[A Lodovico.] Senhor, alegro-me em vê-lo.
[A Lodovico.] Messere, son lieto di vedervi.
80 81
Iago, faço-te agora meu capitão.
Libreto
otello
LUDOVICO LODOVICO
[Forma-se um ajuntamento de pessoas entre Desdemona, Lodovico e Iago.] Iago, quais as novas? Mas em meio a vocês não encontro Cassio.
[Si sarà formato un crocchio tra Desdemona, Lodovico e Iago.] Iago, quali nuove?... ma in mezzo a voi non trovo Cassio.
iago
Otello está zangado com ele.
Con lui crucciato è Otello.
desdemona
Creio que voltará a cair na sua graça.
Credo che in grazia tornerà.
otello
[Sempre lendo. Para Desdemona, rapidamente.] Tem certeza?
[Sempre in atto di leggere. A Desdemona rapidamente.] Ne siete certa?
desdemona
O que diz?
Che dite?
LUDOVICO LODOVICO
Está lendo, não fala com a senhora.
Ei legge, non vi parla.
iago
Talvez volte a cair em sua graça.
Forse che in grazia tornerà.
desdemona
Assim espero, Iago; sabes que tenho verdadeiro afeto por Cassio.
Iago, lo spero; sai se un verace affetto io porti a Cassio.
otello
[Sempre lendo, mas febrilmente a Desdemona, em voz baixa.] Então segure esses lábios loquazes.
[Sempre in atto di leggere, ma febbrilmente a Desdemona, sottovoce.] Frenate dunque le labbra loquaci.
desdemona
Perdoe-me, senhor.
Perdonate, signor.
otello
[Lançando-se contra Desdemona.] Cala-te, demônio!
[Avventandosi contro Desdemona.] Demonio, taci!
LUDOVICO LODOVICO
[Contendo o gesto de Otello.] Para!
[Arrestando il gesto d’Otello.] Ferma!
todos tutti
Horror! Horror!
Orrore! Orrore!
Minha mente não ousa pensar que o que vi é verdade.
La mente mia non osa pensar ch’io vidi il vero.
otello
[Ao arauto, imperioso.] Chama Cassio!
[All’araldo, con accento imperioso.] A me Cassio!
iago
[A Otello, em voz baixa.]
[Ad Otello a bassa voce.]
LUDOVICO LODOVICO
(O que tentas fazer?) [O arauto sai.]
(Che tenti?) [L’araldo esce.]
82 83
otello
[A Iago, em voz baixa.] (Observa-a quando ele chegar.)
[A Iago sottovoce.] (Guardala mentre ei giunge.)
Libreto
CAVALHEIROS GENTILUOMINI
Ah! Triste esposa!
Ah! triste sposa!
LUDOVICO LODOVICO
[Aproxima-se de Iago e lhe diz, à parte.] Então esse é o herói? Esse é o guerreiro de sublime coragem?
[Si avvicina a Iago e gli dice a parte.] Quest’è dunque l’eroe? quest’è il querriero dai sublimi ardimenti?
iago
Ele é o que é.
È quel ch’egli è.
LUDOVICO LODOVICO
Revela teu pensamento.
Palesa il tuo pensiero.
iago
Nesse assunto, é melhor deixar a língua muda.
Meglio è tener su ciò la lingua muta.
otello
[Que ficou fitando a porta o tempo todo.] (Ei-lo! [aparece Cassio.] É ele! Perscruta o seu ânimo) [Em voz alta, a todos.] Senhores! O Doge. [à parte, para Desdemona.] (finges bem o teu pranto.) [Em voz alta, a todos.]…. me convoca a Veneza.
[Che avrà sempre fissato la porta.] (Eccolo! [appare Cassio.] È lui! Nell’animo lo scruta) [Ad alta voce a tutti.] Messeri! Il Doge. [A parte a Desdemona.] (ben tu fingi il pianto.) [Ad alta voce a tutti.]... mi richiama a Venezia.
roderigo
[Para si.] (Sorte traiçoeira!)
[A se stesso.] (Infida sorte!)
otello
E elege para meu sucessor em Chipre aquele que estava junto ao meu estandarte, Cassio.
E in Cipro elegge mio successor colui che stava accanto al mio vessillo, Cassio.
iago
[Furioso e surpreso.] (Inferno e morte!)
[Fieramente e sorpreso.] (Inferno e morte!)
otello
[Continuando, e mostrando o pergaminho.] A palavra do Doge é a nossa lei.
[Continuando e mostrando la pergamena.] La parola Ducale è nostra legge.
cassio
[Inclinando-se para Otello.] Obedecerei.
[Inchinandosi ad Otello.] Obbedirò.
otello
[Rapidamente para Iago, apontando para Cassio.]
[Rapidamente a Iago ed accennando a Cassio.]
(Vês? O infame não parece estar exultante.)
(Vedi?... non par che esulti l’infame)
iago
[Responde a Otello.] (Não.)
[Risponde a Otello.] (No.)
otello
[Novamente a todos, em voz alta.] A tripulação, a coorte... [Em voz baixa, a Desdemona.] (Continua com teus soluços...) [A todos.]... o navio e os castelos, deixo em poder do novo Duce.
[Ancora ad alta voce a tutti.] La ciurma e la coorte. [Sottovoce a Desdemona.] (Continua i tuoi singulti... ) [A tutti.] ... e le navi e il castello lascio in poter del nuovo Duce.
lodovico
[Apontando para Desdemona, que se aproxima, suplicante.] Otello, por piedade, conforte-a, ou partirá seu coração.
[Additando Desdemona che s’avvicina supplichevole.] Otello, per pietà la conforta o il cor le infrangi.
otello
[A Lodovico e Desdemona.] Zarpamos amanhã. [Agarra Desdemona furiosamente.] [A Desdemona.] No chão! E chora! [Desdemona cai. Em seu gesto terrível, Otello jogou no chão o pergaminho; Iago recolhe-o e lê escondido. Emilia e Lodovico, piedosamente, erguem Desdemona.]
[A Lodovico e Desdemona.] Noi salperem domani. [Afferra Desdemona furiosamente.] [A Desdemona.] A terra!... e piangi! [Desdemona cade. Otello avrà, nel suo gesto terribile, gettata la pergamena al suolo, e Iago la raccoglie e legge di nascosto. Emilia e Lodovico sollevano pietosamente Desdemona.]
desdemona
No chão! Sim... na lama lívida... destruída... me deito. Choro... congelada pelos calafrios da alma que morre. Um dia, a esperança e o beijo floresciam no meu sorriso, e agora... Angústia no rosto e agonia no coração. Aquele sol sereno e vívido que alegra o ceu e o mar não conseguiria enxugar as gotas amargas da minha dor.
A terra!... si... nel lívido fango... percossa... io giacio. piango... m’agghiaccia il brivido dell’anima che muor. E un di sul mio sorriso fioria la speme e il bacio, ed or... l’angoscia in viso e l’agonia nel cor. Quel Sol sereno e vivido che allieta il cielo e il maré non può asciugar le amare stille del mio dolor.
emilia
(Essa inocente não tem nenhum frêmito ou gesto de ódio, e segura no peito o gemido, com um doloroso freio. A lágrima prorrompe muda em seu pobre rosto; não, quem não chora por ela não tem piedade no coração.)
(Quell ‘innocente un fremito d’odio non ha nè un gesto, trattiene in petto il gemito con doloroso fren. La lagrima si frange muta sul volto mesto; no, chi per lei non piange non ha pietade in sen.)
(L’ora è fatal! un fulmine sul mio cammin l’addita. Già di mia sorte il culmine s’offre all’inerte man. L’ebbra fortuna incalza la fuga della vita. Questa che al ciel m’innalza è un’onda d’uragan.)
roderigo
(O mundo se apaga para mim, meu destino ensombrece, o anjo suave e loiro desaparece do meu caminho.)
(Per me s’oscura il mondo, s’annuvola il destin, l’angiol soave e biondo scompar dal mio cammin.)
lodovico
(Ele agita a mão funérea, ofegante de ira; ela dirige a face etérea ao céu, chorando. Ao contemplar esse pranto, a caridade suspira, e uma terna compaixão derrete o gelo do coração.)
(Egli la man funérea scuote anelando d’ira, essa la faccia eterea volge piangendo al ciel. Nel contemplar quel pianto la carità sospira, e un tenero compianto stempra del core il gel.)
desdemona
E um dia, a esperança e o beijo floresciam no meu sorriso, e agora... Angústia no rosto e agonia no coração. No chão... na lama. Destruída.... me deito. congelada pelos calafrios da alma que morre.
E un di sul mio sorriso fioria la speme e il bacio, ed or... l’angoscia in viso e l’agonia nel cor. A terra... nel fango. percossa... io giacio. m’agghiaccia il brivido dell’anima che muor.
damas dame
Piedade! Piedade! Piedade! Ânsia mortal, maléfica, enche nossas almas, absortas em longo horror. Visão cruel! Ele a feriu! Aquele rosto santo, pálido, brando, inclina-se, cala-se, chora e morre. Assim é o pranto dos anjos no céu, quando o pecador cai, perdido.
Pietà! Pietà! Pietà! Ansia mortale, bieca, ne ingombra, anime assorte in lungo orror. Vista crudel! Ei la colpi! Quel viso santo, pallido, blando, si china e tace e piange e muor. Piangon così nel ciel lor pianto gli angeli quando perduto giace il peccator.
CAVALHEIROS CAVALIERI
Mistério! Mistério! Mistério! Esse homem negro é sepulcral, e tem uma sombra cega de morte e de terror! Dilacera com as unhas o horrendo peito. Fixa o olhar imóvel no chão. Depois desafia os céus com os punhos negros, erguendo a fisionomia hirsuta contra os altos dardos do Sol.
Mistero! Mistero! Mistero! Quell’uomo nero è sepolcrale, e cieca un’ombra è in lui di morte e di terror! Strazia coll’ugna l’orrido petto! Gli sguardi figge immoti al suol. Poi sfida il ciel coll’atre pugna, l’ispido aspetto ergendo ai dardi alti del Sol.
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(A hora é fatal! Um relâmpago aponta o meu caminho. Já da minha sorte o cume se oferece à minha mão inerte. A fortuna ébria persegue a fuga da vida. Quem está me elevando ao céu é a onda de um furacão.)
Libreto
cassio
iago
[Aproximando-se de Otello, que desabou em uma cadeira.] (Uma palavra.)
[Avvicinandosi a Otello che si sarà accasciato su d’una sedia.] (Una parola.)
otello
(Qual?)
(E che?)
iago
(Apressa-te! Desfecha logo tua vingança! O tempo voa.)
(T’affretta! Rapido slancia la tua vendetta! Il tempo vola.)
otello
(Bem dito.)
(Ben parli.)
iago
(A ira é conversa fiada. Mexe-te! Mira na obra! Apenas na obra! Eu penso em Cassio. Vai expiar suas tramas. A infame alma culpada será tragada pelo inferno.)
(È l’ira inutil ciancia. Scuotiti! All’opra ergi tua mira! All’opra sola! Io penso a Cassio. Ei le sue trame espia. L’infame anima ria l’averno inghiotte!)
otello
(Quem vai resolver?)
(Chi gliela svelle?)
iago
(Eu.)
(Io.)
otello
(Tu?)
(Tu?)
iago
(Juro.)
(Giurai.)
otello
(Pois seja.)
(Tal sia.)
iago
(Terás notícias dele hoje à noite.)
(Tu avrai le sue novelle questa notte.)
iago
[A Roderigo, ironicamente.] (Amanhã, teus sonhos estarão no mar, e tu, na terra áspera.)
[Ironicamente a Roderigo.] (I sogni tuoi saranno in mar domani e tu sull’aspra terra.
roderigo
[a Iago.] (Ah, tristeza!)
[a Iago.] (Ahi triste!)
iago
Ah, estúpido, estúpido! Se quiseres, pode ter esperança; seja homem! Enfrenta o risco, e escuta-me.
Ahi stolto! stolto! Se vuoi, tu puoi sperar; gli umani, orsù! cimenti afferra, e m’odi.
roderigo
Escuto.
T’ascolto.
iago
O navio vai partir ao amanhecer. Cassio agora é o Duce. Portanto, se com ele [tocando na espada] acontecer alguma desventura – então Otello ficará aqui.
Col primo albor salpa il vascello. Or Cassio è il Duce. Eppur se avvien che a questi [toccando la spada] accada sventura - allor qui resta Otello.
Lugubre luce d’atro balen!
iago
Mão à espada! (Na noite densa vigiarei seus traços, de tocaia, esperando a hora; o resto é contigo. Serei tua escolta. A caça! A caça! Pega o arco!)
Mano alla spada! (A notte folta io la sua traccia vigilo, e il varco e l’ora scruto; il resto a te. Sarò tuo scolta. A caccia! a caccia! Cingiti l’arco!)
rogerigo
(Sim! A ti vendi a honra e a fé.)
(Si! t’ho venduto onore e fè.)
iago
[para si.] (Corre atrás da miragem! Teu juízo frágil já está confundido pelo sonho enganador. Amante iludido, segue minha indicação astuta e ágil, que eu sigo meu pensamento.)
[a stesso.] (Corri al miraggio! Il fragile tuo senno ha già confuso un sogno menzogner. Segui l’astuto ed agile mio cenno, amante illuso, io seguo il mio pensier.)
rogerigo
[Para si.] (O dado foi lançado! Espero-te impávido, última sorte, meu destino oculto. O amor me incita, mas um ávido, tremendo astro de morte assola o meu caminho.)
[A stesso.] (Il dado è tratto! Impavido t’attendo, ultima sorte, occulto mio destin. Mi sprona amor, ma un avido, tremendo astro di morte infesta il mio cammin.)
otello
[Erguendo-se, volta-se para a multidão, terrível] Fujam!
[Ergendosi e rivolto alla folla, terribilmente.] Fuggite!
todos tutti
Céus!
Ciel!
otello
[Lançando-se contra a multidão.] Fujam todos de Otello!
[Slanciandosi contro la folla.] Tutti fuggite Otello!
iago
[Para todos.] É vítima de uma doença que o priva de razão.
[A tutti.] Lo assale una malia che d’ogni senso il priva.
otello
Quem não se mexer está em rebelião contra mim. [Desdemona se liberta de Lodovico e acorre para Otello.]
Chi non si scosta è contro me rubello. [Desdemona sciogliendosi da Lodovico e accorrendo verso Otello.]
lodovico
[Quer levar Desdemona para longe.] Segue-me.
[Fa per trascinare lontano Desdemona.] Mi segui.
CIPRIOTAS CIPRIOTTI
[De dentro.] Viva!
[Di dentro.] Evviva!
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Lúgubre luz de reflexo sinistro!
Libreto
rogerigo
desdemona
Meu marido!
Mio sposo!
otello
[Terrível, para Desdemona.] Minha alma, eu te amaldiçoo!
[Terribile a Desdemona.] Anima mia, ti maledico!
todos tutti
Horror! [Desdemona, entre Emilia e Lodovico, sai. Saem todos, horrorizados.] [Otello e Iago ficam sozinhos.]
Orror! [Desdemona, fra Emilia e Lodovico, esce. Tutti escono inorriditi.] [Restano Otello e Iago soli.]
otello
Só eu não tenho como fugir de mim mesmo! Sangue. [sempre ofegante.] Ah! A ideia abjeta! “Isso me preocupa!” [Convulsivamente, delirando.] Vê-los juntos, abraçados. O lenço! O lenço! O lenço! Ah! Ah! Ah! [desmaia]
Fuggirmi io sol non so! Sangue. [sempre affannoso] Ah! l’abbietto pensiero! “Ciò m’accora!” [Convulsivamente, delirando.] Vederli insieme avvinti. Il fazzoletto! il fazzoletto! il fazzoletto! Ah! Ah! Ah! [sviene]
[Fanfarra interna.]
[Fanfara interna.]
iago
[Escutando os gritos.] (Meu veneno está funcionando.)
[Ascoltando le grida.] (Il mio velen lavora.)
CIPRIOTAS CIPRIOTTI
[Interno] Viva Otello!
[interno] Viva Otello!
iago
O eco da vitória.
L’eco della vittoria.
CIPRIOTAS CIPRIOTTI
[interno] Viva, viva!
[interno] Evviva, viva!
iago
Oferecem-lhe seu último louvor. [Observa Otello deitado no chão, desfalecido.]
Porge sua laude estrema. [Osserva Otello disteso a terra tramortito.]
CIPRIOTAS CIPRIOTTI
[interno] Viva!
[interno] Evviva!
iago
Quem pode me impedir de esmagar essa cabeça com meu calcanhar?
Chi può vietar che questa fronte prema col mio tallone?
CIPRIOTAS CIPRIOTTI
[interno e mais próximo.] Viva! Viva Otello! Glória ao Leão de Veneza!
[interno e più vicino.] Evviva! Evviva Otello! Gloria al Leon di Venezia!
iago
[Ereto e com gesto de horrendo triunfo, apontando para o corpo inerte de Otello.] Eis o Leão!
[Ritto e con gesto d’orrendo trionfo, indicando il corpo inerte d’Otello.] Ecco il Leone!
Viva! Viva! Viva Otello!
ato iv atto iv
[Quarto de Desdemona. Cama, genuflexório, mesa, espelho, cadeiras. Uma lâmpada ardeà inclinada em frente à imagem de Nossa Senhora, que está acima do genuflexório. Porta à direita. Uma luz acesa em cima da mesa. É noite.]
[La camera di Desdemona. Letto, inginocchiatoio, tavolo, specchio, sedie - Una lampada arde appesa davanti all’immagine della Madonna che sta al disopra dell’inginocchiatoio. Porta a destra. Un lume acceso sul tavolo. È notte.]
emilia
Estava mais calmo?
Era più calmo?
desdemona
Pareceu-me. Ordenou-me que me deitasse e o esperasse. Emilia, peço-te que estenda na cama minha cândida veste nupcial. [Emilia o faz.] Escuta. Caso eu deva morrer antes de ti, sepulta-me com um daqueles véus.
Mi parea. M’ingiunse di coricarmi e d’attenderlo. Emilia, te ne prego, distendi sul mio letto la mia candida veste nuziale. [Emilia eseguisce.] Senti. Se pria di te morir dovessi mi seppellisci con un di quei veli.
emilia
Afasta essas ideias.
Scacciate queste idee.
desdemona
Estou tão triste, tão triste. [Sentando-se maquinalmente diante do espelho.] Minha mãe tinha uma pobre serva, apaixonada e bela. Seu nome era Barbara. Amava um homem que a abandonou; cantava uma canção: a canção do Salgueiro. [A Emilia.] Desfaz a minha trança. Nessa noite, tenho a memória repleta daquela cantilena. Chorava cantando na erma charneca, chorava a coitada. [como uma voz distante] Oh salgueiro! Salgueiro! Salgueiro! Sentava-se com a cabeça reclinada sobre o peito! Salgueiro! Salgueiro! Salgueiro! Cantemos! Cantemos! O salgueiro fúnebre será a minha grinalda. [A Emilia.] Apressa-te: Otello chegará em breve. “Os rios corriam entre os torrões em flor, gemia o coração partido,
Son mesta, tanto, tanto. [Sedendo macchinalmente davanti allo specchio.] Mia madre aveva una povera ancella, innamorata e bella. Era il suo nome Barbara. Amava un uom che poi l’abbandonò; cantava un canzone: la canzon del Salice. [Ad Emilia.] Mi disciogli le chiome. Io questa sera ho la memoria piena di quella cantilena. Piangea cantando nell’erma landa, piangea la mesta. [come una voce lontana] O Salce! Salce! Salce! Sedea chinando sul sen la testa! Salce! Salce! Salce! Cantiamo! Cantiamo! il Salce funebre sarà la mia ghirlanda. [Ad Emilia.] Affrettati; fra poco giunge Otello. Scorreano i rivi fra le zolle in fior, gemea quel core affranto, e dalle ciglia le sgorgava il cor l’amara onda del pianto. Salce! Salce! Salce!
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Viva! Viva! Viva Otello!
Libreto
CIPRIOTAS CIPRIOTTI
e o coração brotava dos cílios em amarga onda de pranto. Salgueiro! Salgueiro! Salgueiro! Cantemos! Cantemos! O salgueiro fúnebre será a minha grinalda. Os pássaros desciam voando dos ramos escuros até aquele doce canto. E seus olhos choravam tanto, tanto, de comover os rochedos. [A Emilia, tirando um anel do dedo.] Põe este anel no lugar. [levantando-se] Pobre Barbara! Costumava terminar a história de modo simples: Ele nasceu para a sua glória, eu para amar. [A Emilia.] Escuta. [Emilia dá uns passos.] Ouço um lamento. Cala-te. Quem está batendo na porta?
Cantiamo! Cantiamo! Il Salce funebre sarà la mia ghirlanda. Scendean ‘augelli a vol dai rami cupi verso quel dolce canto. E gli occhi suoi piangean tanto, tanto, da impietosir le rupi. [A Emilia, levandosi un anello dal dito.] Riponi quest’anello. [alzandosi] Povera Barbara! Solea la storia con questo semplice suono finir: Egli era nato per la sua gloria, io per amar. [Ad Emilia.] Ascolta. [Emilia fa qualche passo.] Odo un lamento. Taci. Chi batte a quella porta?
emilia
É o vento.
È il vento.
desdemona
Eu para amá-lo e para morrer. Cantemos! Cantemos! Salgueiro! Salgueiro! Salgueiro! Emilia, adeus. Como me ardem os cílios! É presságio de pranto. Boa noite. [Emilia vira-se, para partir.] Ah! Emilia, Emilia. [Emilia retorna e Desdemona abraça-a.] Adeus, Emilia, adeus! [Emilia sai.]
Io per amarlo e per morir. Cantiamo! Cantaimo! Salce! Salce! Salce! Emilia, addio. Come m’ardon le ciglia! È presagio di pianto. Buona notte. [Emilia si volge per partire.] Ah! Emilia, Emilia, [Emilia ritorna e Desdemona l’abbraccia.] Addio, Emilia, addio! [Emilia esce.]
Ave Maria, cheia de graça, eleita entre as esposas e as virgens, bendito seja o fruto, oh bendita, de tuas maternas vísceras, Jesus. Ora por quem, adorando-te, se prostra, ora pelo pecador, pelo inocente, pelo fraco oprimido e pelo poderoso, também ele infeliz, demonstra tua piedade. Ora por quem, ultrajado, e com sorte funesta, curva o rosto; por nós, ora por nós, ora
Ave Maria, piena di grazia, eletta fra le spose e le vergini sei tu, sia benedetto il frutto, o benedetta, di tue materne viscere, Gesù. Prega per chi adorando a te si prostra, prega pel peccator, per l’innocente, e pel debole oppresso e pel possente, misero anch’esso, tua pietà dimostra. Prega per chi sotto l’oltraggio piega la fronte e sotto la
[Comparirà Otello sulla soglia di una porta segreta. Si avanza. Depone una scimitarra sul tavolo. S’arresta davanti alla face, titubante se spegnerla o no. Guarda Desdemona. Spegne la face. Movimento di furore. Si avvicina al letto. S’arresta. Rialza le cortine, contempla lungamente Desdemona che dorme. Dà un bacio a Desdemona. Altro bacio. Uun altro ancora.]
desdemona
[Acorda, levanta.] Quem é? Otello?
[Si desta, si alza.] Chi è là? Otello?
otello
Sim! Fizeste as tuas orações?
Sì! Diceste questa sera le vostre preci?
desdemona
Orei.
Orai.
otello
Caso se lembre de alguma culpa que mereça perdão dos céus, implore-a imediatamente.
Se vi sovviene di qualche colpa commessa che attenda grazia dal ciel, imploratela tosto.
desdemona
Por quê?
Perchè?
otello
Rápido. Não quero matar a tua alma.
T’affretta. Uccidere non voglio l’anima tua.
desdemona
Falas em matar?
D’uccider parli?
otello
Sim.
Sì.
desdemona
Piedade de mim, meu Deus!
Pietà di me, mio Dio!
otello
Amém.
Amen.
91
[Otello aparece na soleira de uma porta secreta. Avança. Depõe uma cimitarra na mesa. Para diante da luz, titubeando entre apagá-la ou não. Fita Desdemona. Apaga a luz. Movimento de furor. Aproxima-se da cama. Para. Ergue as cortinas, contempla longamente Desdemona, que dorme. Dá um beijo em Desdemona. Outro beijo. Mais um.]
90
malvagia sorte; per noi, per noi tu prega, prega sempre e nell’ora della morte nostra, prega per noi, prega per noi, prega. [Resta ancora inginocchiata e appoggiando la fronte sull’inginocchiato ripete mentalmente l’orazione di cui non s’odono che le prime e le ultime parole.] Ave Maria. nell’ora della morte. Ave!... Amen! [Si alza e va a coricasi.]
Libreto
sempre e na hora de nossa morte, ora por nós, ora por nós, ora. [Segue ajoelhada e, apoiando o rosto no genuflexório, repete mentalmente a oração, da qual se ouvem apenas as primeiras e últimas palavras.] Ave Maria. Na hora da morte. Ave! Amém! [Levanta-se e vai se deitar.]
desdemona
Tenha o senhor também piedade.
E abbiate pietà voi pure.
otello
Pensa nos teus pecados.
Pensa ai tuoi peccati.
desdemona
Meu pecado é amor.
Mio peccato è l’amor.
otello
Por isso morres.
Perciò tu muori.
desdemona
Me matas porque te amo?
E perchè t’amo m’uccidi?
otello
Amas Cassio.
Ami Cassio.
desdemona
Não! Pela minha alma!
No! Sull’anima mia!
otello
Deste-lhe o lenço que te dei.
Quel fazzoletto ch’io ti donai gli desti.
desdemona
Não é verdade.
Non è vero.
otello
Eu o vi na mão dele.
Nella sua man lo vidi.
desdemona
Não sou culpada!
Io rea non sono!
otello
Confessa!
Confessa!
desdemona
Juro!
Giuro!
otello
Cuidado com o perjúrio. Pensa que esse é o teu leito de morte.
Bada allo spergiuro. Pensa che sei sul tuo letto di morte.
desdemona
Não para morrer.
Non per morir.
otello
Para morrer já.
Per morir tosto.
desdemona
Socorro! Não amo Cassio... que ele venha aqui... que fale.
Aita! Cassio non amo... ch’ei qui venga... ei parli.
otello
Está mudo para sempre.
Muto è per sempre.
desdemona
Céus! Morto?
Cielo! Morto?
otello
[Frio.] Morto.
[Freddo.] Morto.
desdemona
Estou perdida! Ele, traído!
Son perduta! ei tradito!
otello
Ainda ousas pranteá-lo?
E pianger l’osi?
desdemona
Otello... não me mate.
Otello... non uccidermi.
otello
É vão defender-te.
Tu invano ti difendi.
Ch’io viva ancor... ch’io viva ancor. Ch’io viva ancor.
otello
Para baixo! Cai, cai, prostituta.
Giù! cadi, giù, cadi, prostituta.
desdemona
Piedade!
Pietà!
otello
Morre!
Muori!!
desdemona
Que eu viva nesta noite.
Ch’io viva questa notte.
otello
Não!
No!
desdemona
Uma hora.
Un’ora.
otello
Não!
No!
desdemona
Um instante.
Un istante.
otello
Não!
No!
desdemona
Deixe-me dizer uma Ave Maria.
Sol ch’io dica un’Ave.
otello
É tarde! [Sufoca-a.]
È tardi! [La soffoca.]
desdemona
[Grito.] Ah!
[Grido.] Ah!
emilia
[De fora, bate na porta.]
[Dal di fuori, bussa alla porta.]
otello
[Contemplando o corpo inerte de Desdemona.] Calma como a tumba.
[Contemplando il corpo di Desdemona inerte.] Calma come la tomba.
emilia
[Bate de novo.] Abra! Abra! [Bate de novo.]
[Picchia di nuovo.] Aprite! Aprite! [Picchia ancora.]
otello
[Erguendo-se de um salto.] Quem é? Quem bate?
[Trabalzando.] Chi è là? Chi batte?
emilia
Meu senhor... Peço que me deixe falar... Abra!
Signor mio... ven prego, lasciate ch’io vi parli... Aprite!
otello
[Abrindo.] Emilia! O que foi?
[Aprendo.] Emilia! che avvenne?
emilia
[Entrando.] Um grande delito! Cassio matou Roderigo.
[Entrando.] Un gran delitto! Cassio uccise Roderigo.
92 93
Deixe-me viver... Deixe-me viver. Deixe-me viver.
Libreto
desdemona
otello
E Cassio?
E Cassio?
emilia
Vive.
Vive.
otello
Cassio vive!
Cassio vive!
desdemona
[Da cama.] Injustamente... morta injustamente.
[Dal letto.] Ingiustamente... uccisa ingiustamente.
emilia
[Acorrendo à cama.] Quem está gemendo? Que horror!
[Accorrendo al letto.] Chi geme là?... Orror!
desdemona
Morro inocente.
Muoio innocente.
emilia
Meu Deus! Quem foi? Quem foi?
Gran Dio!... Chi fu? chi fu?
desdemona
Ninguém... eu mesma... Recomenda-me ao Senhor... morro inocente. Adeus. [Morre.]
Nessuno... io stessa... al mio Signor mi raccomanda... muoio innocente. Addio. [Muore.]
otello
Que mentirosa! Eu a matei.
O mentitrice! io l’uccisi.
emilia
Assassino!
Assassino!
otello
Foi amante de Cassio. Pergunta a Iago.
Fu di Cassio la druda. A Iago il chiedi.
emilia
A Iago?
A Iago?
otello
A Iago.
A Iago.
emilia
Estúpido! E acreditaste nele?
Stolto!! e tu il credesti?
otello
[Faz menção de se lançar contra Emilia.] Ousas negá-lo?
[Fa per avventarsi contro Emilia.] Negarlo ardisci?
emilia
Não tenho medo de ti.
Non ti temo.
otello
[Agarra-a.] Cuidado!
[La afferra.] Bada!
emilia
Ah! Socorro! Socorro! [Liberta-se e corre para a porta, gritando desesperadamente.] Otello matou Desdemona! [Entram Lodovico, Cassio e Iago, mais tarde Montano com um
Olà! Soccorso! Aiuto! [Si svincola e corre verso la porta, gridando disperatamente.] Otello uccise Desdemona! [Entrano Lodovico, Cassio e Iago, più tardi Montano con gente
grupo armado.]
armata.]
94 95
cassio, iago, Lodovico
Que gritos! [vendo Desdemona.] Horror! Horror!
Quai grida! [Vedendo Desdemona.] Orrore! Orror!
Libreto
emilia
[A Iago.] Iago, desmente esse vil assassino. Achavas que Desdemona era infiel? Fala.
[A Iago.] Iago, smentisci quel vile assassino. Hai tu creduto Desdemona infida? Parla!
iago
Achava sim.
Tal la credea.
otello
Ela deu a Cassio o lenço que um dia ganhou de mim.
Quel fazzoletto che un di le diedi, a Cassio essa donava.
emilia
Potência divina!
O potenza divina!
iago
[A Emilia.] Calada!
[Ad Emilia.] Taci!
emilia
Não, revelarei tudo!
No, tutto rivelo!
iago
Calada!
Taci!
emilia
Não! Esse aí arrancou à força o lenço da minha mão.
No! Costui dalla mia man quel fazzoletto svelse a viva forza.
cassio
Eu encontrei o véu na minha residência.
E nella mia dimora trovai quel vel.
montano
[Entrando e apontando para Iago.] Ao morrer, Roderigo me revelou as artimanhas funestas desse homem.
[Entrando ed indicando Iago.] Rodrigo morente mi svelò di quest’uom l’arti nefande.
otello
[A Iago.] Ah! Justifica-te!
[A Iago.] Ah! discolpati!
iago
[Fugindo.] Não!
[Fuggendo.] No!
lodovico
Parado!
Ferma!
montano
Atrás dele.
S’insegua.
cassio, Lodovico
Prendam-no! [Alguns partem no encalço de Iago.]
Afferratelo! [Alcuni escono inseguendo Iago.]
otello
[Lançando-se, para pegar a espada.] E o céu não tem mais raios?
[Slanciandosi per afferrar la spada.] E il ciel non ha più fulmini?
Lodovico
Passe a espada para cá.
La spada a me!
otello
Ousas tanto? Que ninguém me tema, ainda que me veja armado. Esse é o fim do meu caminho. Oh! Glória! Fui Otello. [Deixa a espada cair. Vai até a cama, contemplando Desdemona.] E tu... como estás pálida! E cansada, e muda, e bela, pia criatura nascida sob uma estrela maligna. Fria como a tua vida casta. E absorvida no céu. Desdemona! Desdemona! Ah! Morta! Morta! Morta! [Extraindo furtivamente das vestes um punhal.] Tenho mais uma arma! [Fere-se.]
Tant’osi? Niun mi tema s’anco armato mi vede. Ecco la fine del mio camin... Oh! Gloria! Otello fu. [Lascia cadere la spada. Va presso al letto, contemplando Desdemona.] E tu... come sei pallida! e stanca, e muta, e bella, pia creatura nata sotto maligna stella. Fredda come la casta tua vita. E in cielo assorta. Desdemona! Desdemona!... Ah... morta! morta! morta! [Estraendo furtivamente dalle vesti un pugnale.] Ho un’arma ancor! [Si ferisce.]
CASSio
Ah! Para!
Ah! ferma!
lodovico, montano
Desgraçado!
Sciagurato!
otello
Antes de te matar... esposa... te beijei. Agora... morrendo... na sombra em que me deito. Um beijo... mais um beijo... ah! Um outro beijo... [Morre.]
Pria d’ucciderti... sposa... ti baciai. Or morendo... nell’ombra. in cui mi giacio. Un bacio... un bacio ancora... ah!... un altro bacio... [Muore.]
fim da ópera fine dell’opera
No início do século XX havia em São Paulo conjuntos orquestrais mantidos por associações e colégios, mas não uma orquestra profissional especializada em ópera. As companhias líricas internacionais que se apresentavam no Theatro Municipal traziam, além dos solistas, músicos e corais completos. Na década de 1920 uma orquestra profissional foi montada e passou a realizar apresentações esporádicas no Theatro Municipal, mas somente em 1939 o grupo tornou-se permanente e passou a se apresentar com maior frequencia sob o nome de Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Em 1949, um projeto de lei oficializou o conjunto, que passou a se chamar Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e a fazer parte das temporadas líricas e de dança do Theatro. Com atuações de destaque em todos esses anos, em 1940 a orquestra inaugurou o estádio do Pacaembu e, em 1955, tocou na reabertura de Theatro Municipal a ópera Pedro Malazarte, de Camargo Guarnieri, regida pelo próprio autor. Realizou ainda concerto em homenagem aos participantes dos Jogos Pan-Americanos de 1963, em São Paulo, e fez sua primeira excursão ao exterior em 1971 com todo o elenco para apresentação da ópera II Guarany, de Carlos Gomes, no Teatro San Carlo, na Itália. Muitos mestres da música contribuíram para o crescimento da Orquestra Sinfônica Municipal, entre eles Arturo de Angelis, Zacharias Autuori, Edoardo Guarnieri, Lion Kasniefski, Souza Lima, Eleazar de Carvalho e Armando Belardi. Atualmente, John Neschling é o Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo e regente da Orquestra Sinfônica Municipal.
96 97 Biografias dos artistas
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Um dos mais tradicionais grupos estáveis do Theatro Municipal de São Paulo, o Coro Lírico foi criado em 1939, quando o maestro Armando Belardi era o diretor artístico da casa. O primeiro diretor do Lírico, o maestro Fidélio Finzi, foi quem preparou o grupo para sua estreia em 13 de junho de 1939, na ópera Turandot, que era apresentada pela primeira vez em São Paulo. No total, na primeira temporada o Coro Lírico apresentou 16 óperas. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular, a partir da oficialização do grupo. Em 1951, o Coro esteve sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti e Fábio Mechetti. Entre os anos de 1994 e 2013, Mário Zaccaro desenvolveu outras vertentes de trabalho, dedicadas à MPB e ao jazz. O regente também foi o responsável pela ampliação do efetivo de cantores, conseguindo reunir mais de 100 integrantes. Além disso, introduziu inovações nas técnicas de preparação musical, obtendo resultados de público e de crítica. Nesse mesmo período o Coro recebeu os prêmios de melhor conjunto coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997. Desde dezembro de 2013, o Coro Lírico Municipal de São Paulo é dirigido pelo maestro Bruno Greco Facio.
Integrado por alunos de todos os cursos da Escola Municipal de Música, o Coro Infantojuvenil e o Coro Adulto buscam oferecer experiências sólidas de apresentação vocal em grupo, consciência corporal, responsabilidade coletiva e propiciar um valioso suporte ao aprendizado dos instrumentos e às disciplinas teóricas. Ao longo dos 45 anos de existência da Escola Municipal de Música, importantes nomes do cenário musical estiveram vinculados aos seus coros, tais como Naomi Munakata e Mara Campos. Atualmente são dirigidos por Regina Kinjo, regente do Coro Infantojuvenil, e Gabriel Rhein-Schirato, regente do Coro Adulto. O projeto pedagógico da Diretoria de Formação da Fundação Theatro Municipal prevê que os coros, além de suas apresentações próprias, participem das produções de óperas do Theatro, visando aproximar e integrar os corpos profissionais e os de formação, com o objetivo de proporcionar uma visão do ambiente artístico e dos complexos processos que envolvem a montagem de grandes espetáculos musicais.
98 99 Biografias dos artistas
CORO INFANTOJUVENIL DA ESCOLA MUNICIPAL DE MÚSICA
JOHN NESCHLING
direção musical e regência
Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo desde 2013, John Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se dedicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos reestruturado a Osesp, transformando-a em um ícone da música sinfônica na América Latina. Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França) e Massimo de Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos Estados Unidos, em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como regente sinfônico, tem uma longa experiência frente a grandes orquestras dos continentes americano, europeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N. 1 de Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone como um dos melhores da história. No momento, o maestro grava pela produtora sueca BIS toda a obra sinfônica de Ottorino Respighi com a Orquestra Filarmônica Real de Liège. O terceiro volume da integral está em fase de lançamento e o quarto em processo de gravação. Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua formação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Brasil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Música.
regente assistente
Nascido em São Paulo, Eduardo Strausser estudou viola na infância; aos 16 anos, teve as primeiras aulas de regência. Desde agosto de 2014, é assistente do maestro John Neschling e regente residente do Theatro Municipal de São Paulo. Nesta temporada, além de Otello, regerá Eugene Onegin, de Tchaikovsky, Lohengrin, de Wagner, Ainadamar, de Osvaldo Golijov e Um Homem Só de Camargo Guarnieri. Entre 2012 e 2014, Strausser foi diretor artístico da Orchesterverein Wiedikon de Zurique e da Kammerorchester Kloten; estudou na Zürcher Hochschule der Künste, onde recebeu com distinção os títulos de mestre e especialista na classe do professor Johannes Schlaefli. Participou de Masterclasses com Bernard Haitink e David Zinman, na Suíça, e com Kurt Masur, em Nova York. Strausser já regeu a Kurpfälzischen Kammerorchester de Mannheim, Symphony Orchester de Berna, Südwestdeutsche Philharmonie de Konstanz, Berliner Camerata e a Orquestra do Festival Strings de Lucerna; com a Meininger Hofkapelle regeu A Flauta Mágica de Mozart. Em 2008, foi selecionado para participar do prestigiado Fórum Internacional de Regentes da Ferienkurse für Neue Musik em Darmstadt, onde teve a oportunidade de trabalhar com compositores como György Kurtág e Brian Ferneyhough. Em 2007, estudou análise e interpretação com Karlheinz Stockhausen em Kürten, Alemanha.
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EDUARDO STRAUSSER
GIANCARLO DEL MONACO
direção cênica
Filho do famoso tenor Mario del Monaco, já dirigiu óperas em prestigiados teatros do mundo. Estreou em 1965 como diretor cênico em Siracusa, com Sansão e Dalila, dirigindo seu pai. Na sequência, partiu para a Alemanha para trabalhar como assistente de direção de Wieland Wagner, Günther Rennert e Walter Felsenstein; entre 1968 e 1970, trabalhou como assistente pessoal de Rudolf Gamsjäger, à época diretor artístico da Vienna Staatsoper. Entre 1970 e 1973, foi o principal diretor artístico do teatro de Ulm, onde encenou cerca de 15 produções. Em 1975, junto com o pai, fundou o Festival de Montepulciano, do qual se tornou o diretor artístico. Cinco anos depois, foi nomeado diretor do Staatstheater de Kassel. Nos anos seguintes, foi diretor do Festival de Macerata (1986-1989), Oper der Bundesstadt Bonn (1992-1997), da Ópera de Nice (1997-2001) e do Festival de Ópera de Tenerife (2009-2011). O repertório de del Monaco é composto por mais de cem óperas, em produções em palcos de Barcelona, Berlim, Munique, Bologna, Buenos Aires, Hamburgo, Madri, Milão, Veneza, Nápoles, Nova York, Paris, Roma, entre outros. Colaborou com importantes regentes, como Riccardo Chailly, Wolfgang Sawallisch, George Prêtre e Giuseppe Sinopoli. Giancarlo del Monaco recebeu inúmeros prêmios, como o Viotti d’Oro, o Bundesverdienstkreutz 1. Klasse do Presidente da República Federal da Alemanha, o Cavaliere Ufficiale e o Commendatore dell’Ordine al Merito della Repubblica Italiana, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul para a realização da obra brasileira Il Guarany, o título Chevalier des Arts et des Lettres francês, Premios Líricos Teatro Campoamor pela produção Cavalaria Rusticana e I Pagliacci, no Teatro real de Madri. Entre seus próximos compromissos, destacam-se La Fille du Regiment, de Donizetti, e uma nova ópera chinesa no NCPA de Pequim.
cenografia
Wiliam Orlandi iniciou a carreira no Teatro Verdi de Trieste com a obra L’Ultimo Selvaggio de Gian Carlo Menotti, com a direção do próprio compositor. Trabalhou como cenógrafo e figurinista em importantes teatros como o San Carlo de Nápoles, Teatro alla Scala de Milão, Teatro Colón de Buenos Aires, Grande Teatro de Genebra, Ópera de Paris, Deutsche Staatsoperde Berlim, Teatro Real de Madri, NCPA de Pequim, Gran Teatre del Liceu em Barcelona, Teatro Nacional de Tóquio, Arena de Verona, Théâtre des Champs-Elysées de Paris, Teatro Massimo de Palermo, Opernhaus Zurique, Ópera de Helsinque e Royal Opera House de Londres. Colaborou com vários diretores, como Virginio Puecher, Peter Ustinov, Alberto Fassini, Gino Landi, Lorenzo Mariani, Dieter Kaegi, Henning Brockhaus e Joseph Franconi Lee. Há muitos anos, mantém uma constante e duradoura parceria com Gilbert Deflo e Giancarlo del Monaco.
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WILLIAM ORLANDI
MATTIA DIOMEDI
videoarte
Nascido na Itália, Mattia Diomedi estudou cenografia na Academia de Belas Artes de Brera e projeto de iluminação com Marco Filibeck na Academia do Teatro alla Scala, ambas em Milão. Em 2008, trabalhou como iluminador e designer visual para o espetáculo Shock, com o balé Teatro alla Scala. Nos últimos anos, tem sido muito ativo internacionalmente na área de design visual misturando diferentes meios, como luz, laser, água e tela holográfica, criando espetáculos deslumbrantes. Desde 2009, trabalha como diretor de arte e gerente de projeto na Laserentertainment, uma empresa de entretenimento com sede em Milão. Em 2010, dirigiu um grande show de videomapping na Piazza del Duomo para a inauguração de Festival de Luzes de Milão – LED. Tornou-se, em 2012, o gerente de projeto para a criação de diferentes instalações de entretenimento para o Sultanato de Omã. Ele trabalhou em vários países como Espanha, China, Azerbaijão, Líbia, Tunísia e Itália. Em 2014, se tornou professor de técnicas de design visual e videoprojeção na Academia do Teatro alla Scala.
figurinos
Ao concluir a faculdade de Arquitetura, Pasquale Grossi recebeu uma bolsa de estudos para figurinistas no Centro Sperimentale di Cinematografia da Cinecittà de Roma. Após estudar com Pierluigi Samaritani, estreou no Festival dei Due Mondi de Spoleto, produzindo cenário e figurino para Il Ladro e la Zitella, de Gian Carlo Menotti. Desde então, participou de produções em importantes teatros como Antony and Cleopatra, de Samuel Barber, na Juilliard School de Nova York, Vanessa, de Samuel Barber, e La Medium, de Menotti, no Festival of Two Worlds de Charleston, Cenerentola, de Rossini, na Staatsoper de Viena, Eugene Onegin, de Tchaikovsky, na Ópera de Paris e a estreia mundial de Goya, de Gian Carlo Menotti, no Kennedy Center de Washington. Destacam-se em sua carreira tembém a participação nas produções de La loca, de Menotti, e os balés Psiche a Manhattan e Là Ci Darem la Mano, de Amedeo Amodio. Criou cenário e figurino para peças de teatro e para o cinema. Foi professor da Accademia di Moda i Costume de Roma. Venceu o prêmio Franco Abbiati e o Premio Alla Carriera da Fondazione Samaritani. Sua parceria com Giancarlo del Monaco começou em 2012, com a criação do figurino para Manon Lescaut no Teatro Nacional de Atenas, com Lana Kos como Manon.
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PASQUALE GROSSI
WOLFGANG VON ZOUBEK
desenho de luz
O austríaco Wolfgang von Zoubek é mestre em Design pela Universidade de Stanford e atua como profissional freelance desde 1986. Participou de masterclasses de Guenther Schneider Siemsen e Herbert von Karajan. Integra há 15 anos a equipe de Giancarlo del Monaco. Colaborou com grandes diretores como Luigi Alva, Pier Luigi Pizzi, Luis Pascal, Hugo De Ana, Herbert Werneke, Harry Kupfer, Daniele Abbado, Heiner Göbbels, Franciska Severin, Jonathan Eaton, Flavio Trevisan, Sigwulf Turek e Jasmin Solfagari, em grandes teatros do mundo todo, em cidades como Paris, Madri, Roma, Bolonha, Palermo, Valência, Viena, Salzburgo, Hamburgo, Berlim, Frankfurt, Dresden, Beirute, Verona e Avenches. Participou da produção de DVDs de La Bohème, Don Giovanni, Andrea Chénier, La Vida Breve e Mefistófeles.
regente do coro lírico
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Faculdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Durante 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.
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BRUNO GRECO FACIO
REGINA KINJO
regente do coro infantojuvenil Regente do Coro Infantojuvenil na Escola Municipal de Música de São Paulo, Regina Kinjo é professora de Canto Coral na Emesp Tom Jobim – Santa Marcelina, regente titular do projeto Coral Vozes da Infância de João Pessoa, além de reger outros coros, como o do Instituto Baccarelli, Madrigal Sempre en Canto e Coro do Colégio Oshiman. Desde 1990 ministra aulas em festivais e encontros, como o de Inverno de Campos do Jordão, o de Artes de Itu, Curitiba, Bragança Paulista, Poços de Caldas e Lages. Apresentou-se com seus grupos corais em eventos como o Prêmio Itaú/ UNICEF no Credicard Hall, Natal na Praça Júlio Prestes, Projeto Guri e Toquinho na Sala São Paulo, Natal da ULM com Lobão – Memorial da América Latina e SESC, Projeto Guri – Fortuna e Monges Beneditinos, Aprendiz de Maestro com Maestro João Maurício Galindo e os atores Cássio Scapin e Andréa Bassitt. Colaborou com os maestros Roberto Sion, Mônica Giardini e Abel Rocha. Dirigiu o coro da ópera I Pagliacci realizado no Centro de Cultura Judaica a convite do diretor Iacov Hillel.
tenor
Considerado por muitos como um dos mais elegantes e completos cantores da cena lírica atual, Gregory Kunde tem encantado públicos do mundo inteiro com seu fraseado expressivo, estilo impecável e domínio dramático dos papéis mais desafiadores do repertório lírico italiano e francês. Em 2013 recebeu o prêmio Abbiati da crítica italiana pela interpretação de Otello, no Teatro La Fenice, e Un Ballo in Maschera, no Teatro Regio de Turim, ambas composições de Verdi. Ele já se apresentou nos maiores teatros do mundo, como o Teatro alla Scala, Metropolitan Opera de Nova York, Wiener Staatsoper, Theatre Champs-Elysées de Paris, a Opera di Roma e o Opernhaus de Zurique. Especialista em Berlioz e Verdi, Gregory Kunde também cantou o papel-título de Poliuto, de Donizetti, gravado durante o Festival Donizetti em Bergamo. Interpretou ainda o Stabat Mater de Rossini, foi Arrigo em I Vespri Sciciliani e reapresentou seu Otello em uma turnê do Teatro la Fenice pela Coreia e Japão, junto ao maestro Myung-Whun Chung. Entre seus próximos compromissos, destacam-se Luisa Miller em Liège, Norma no Liceu de Barcelona e no La Fenice.
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GREGORY KUNDE
AVGUST AMONOV
tenor
Nascido em Kazan, Avgust Amonov se formou no Conservatório de Alma-Ata em 1997. Foi membro do Teatro Acadêmico Kazakh Abai de Ópera e Balé em 1995, da Ópera de Helikon de Moscou e do Teatro Musical Stanislavsky e Nemirovich-Danchenko em 1999. Estreou em 2001 no Teatro Bolshoi nos papéis de Vaudémont em Iolanta e Alvaro em La Forza del Destino. Venceu a XIX Competição Vocal Internacional Glinka de Chelyabinsk, em 2001, e o Prêmio da Fundação Irina Arkhipova de Moscou, em 2004. Em 2003, se tonou solista do Teatro Mariinsky. Ao longo de sua carreira, participou de diversas produções como O Naris de Shostakovich, Mlada de Rimsky-Korsakov, Eugene Onegin, Norma, Nabucco, Un Ballo in Maschera, Don Carlo, Simon Boccanegra, Il Trovatore, Aida, I Pagliacci, Tosca, Turandot, Lucia di Lammermoor, La Traviata, Madama Butterfly, Fausto, Carmen, A Valquíria, Parsifal e Ariadne em Naxos. Destacam-se em seu repertório sinfônico o Réquiem de Verdi, a Oitava Sinfonia de Mahler, Nona Sinfonia de Beethoven, Missa de Gloria de Rossini, entre outras. Avgust Amonov trabalhou com importantes regentes como Valery Gergiev, Gennady Rozhdestvensky, Yuri Temirkanov, Semion Bychkov, Nikolai Nekrasov, Vladimir Fedoseyev, Arnold Katz, Mark Ermler, Tomáš Hanus e Fuat Mansurov; em teatros como o Metropolitan Opera, Carnegie Hall em Nova York, Concertgebouw de Amsterdam, Royal Opera House, English National Opera, Royal Albert Hall, Barbican Centre de Londres, Opéra Bastille de Paris, Teatro Escorial e a Ópera de Helsinque.
barítono
Aclamado pela beleza de sua voz e rica expressão de suas interpretações, tem intensa carreira internacional, brilhando nos palcos de Madri, Bilbao, Valencia, Tóquio, Monte Carlo, Mallorca, Pamplona, Sicilia, Cagliari, Buenos Aires, Spoleto, Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Belo Horizonte e Belém, entre outros. Venceu por duas vezes o Prêmio Carlos Gomes como melhor cantor. Gravou na Espanha pela EMI e RTVE e, no Brasil, pela Algol e Biscoito Fino. Representou papéis principais em óperas como Don Carlo, Nabucco, Macbeth, Fastaff, Um Baile de Máscaras, Il Trovatore, La Traviata, de Verdi; Fausto, Romeu e Julieta, de Charles Gounod; I Pagliacci, de Leoncavallo; La Bohème e Tosca, de Puccini; O Cavaleiro da Rosa, de Richard Strauss; e Canções das Crianças Mortas e A Canção da Terra, de Gustav Mahler. Em 2014, foi Iago em Otello, no Teatro da Paz, Ford em Falstaff, no Teatro São Pedro. No Theatro Municipal de São Paulo foi Ford em Falstaff e Escamillo em Carmen.
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RODRIGO ESTEVES
NELSON MARTÍNEZ
barítono
Nascido em Cuba, Nelson começou a carreira operística aos 19 anos, tendo, desde o início, êxito em teatros de todo o mundo, interpretando uma grande variedade óperas italianas e francesas, bem como zarzuelas espanholas e cubanas. Nelson tem uma voz de barítono verdiano altamente dramática, combinando um legato elegante com musicalidade inteligente, além de uma presença de palco dominante. Em 2001, Nelson se mudou para os Estados Unidos, onde continua a carreira operística, atuando com companhias de ópera de várias cidades americanas, como Saint Louis, Knoxville, Miami, Nova Jersey e Baltimore, dentre outras, e de vários países, como Espanha, França, China, Rússia, Coreia e México. No universo verdiano, Nelson Martinez interpretou o papel principal em Rigoletto, na Ópera Nacional da Grécia, em Atenas, e a personagem título em Nabucco, na Florida Grand Opera de Miami. Em 2014, alternou com Ambrogio Maestri no papel principal na produção de Falstaff do Theatro Municipal de São Paulo, onde também foi Scarpia em Tosca.
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soprano
Em 2002, a croata Lana Kos estreou em Zagreb no papel de Rainha da Noite em A Flauta Mágica. Interpretou, em 2005, no Teatro Bolshoi, Natasha Rostova em Guerra e Paz de Prokofiev, sob a regência de Mstislav Rostropovich. Em 2006, Lana foi contratada pelo Bayerische Staatsoper de Munique como solista. Nos anos seguintes, interpretou Violetta em La Traviata, de Verdi, a Raposa em A Raposinha Esperta, de Janácek, e Gretel em Hänsel und Gretel, de Humperdinck. Ao longo de sua carreira, Lana se apresentou com importantes maestros como Daniele Gatti, Daniel Oren, Nicola Luisotti, Kent Nagano, Julian Kovachev, Fabio Luisi, Kirill Petrenko e Carlo Rizzi, com diretores cênicos como Giancarlo del Monaco, Hugo De Ana e Henning Brockhaus, e em grandes teatros como a Royal Opera House, Arena de Verona, Teatro Massimo de Palermo, Teatro Nacional de Atenas, Ópera Nacional de Pequim e New Israeli Opera. Nos últimos anos, Lana Kos participou de montagens de Lucia di Lammermoor, de Donizetti, e Der Zarewitsch, de Franz Lehár; interpretou Mimì em La Bohème, de Puccini; Julieta em Romeu e Julieta, de Gounod; Micaëla em Carmen, de Bizet, papel que interpretou também no Theatro Municipal de São Paulo; o papel principal em Manon Lescaut, de Puccini; e Desdemona em Otello, de Verdi. Seus próximos compromissos incluem participações em La Traviata na Ópera de Estocolmo, O Barbeiro de Sevilha no Festival de Ópera de Avenches e La Bohème em Palermo.
Biografias dos artistas
LANA KOS
ELENA ROSSI
soprano
Nascida em Reggio Emilia, Elena Rossi venceu diversas competições e fez sua estreia em 1998 com O Elixir do Amor no Teatro Bonci em Cesena. Atuou em diversas produções do Festival dell’Operetta em Trieste. Em 2005, foi Violetta em La Traviata, em Murcia e em Jerez de la Frontera. Desde então, interpretou diversas vezes este papel com grande êxito. Colaborando com o diretor cênico Pier Luigi Pizzi atuou em montagens de La Traviata, Les Mamelles de Tirésias, de Francis Poulenc, como Macerata e Praga, A Flauta Mágica, La vedova Scaltra de Ermanno Wolf-Ferrari e Thaïs de Massenet. Outros destaques do seu repertório são: Gilda em Rigoletto, Mimì em La Bohème e Micaela em Carmen; em 2014, cantou Candide em Roma, Don Giovanni em Palermo, Tosca no Festival de Ópera de Verão de Taormina e em Palermo, Norma em Macao. Seus próximos compromissos incluem Madama Butterfly em Tel Aviv, Tosca no Teatro San Carlo de Nápoles, Tosca em Verona, La rondine em Gênova, Die lustige Witwe em Pequim, Madama Butterfly em Palermo, Manon Lescaut em Bucareste, Palermo e Liège.
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tenor
Vencedor do Cardiff Singer of the World em 2001, o romeno Marius Brenciu estudou na Universidade de Música de Bucareste. Depois de sua estreia na ópera como Don Ottavio em Don Giovanni de Mozart, em 1997, ele começou uma carreira de sucesso atuando em teatros internacionais, como Metropolitan de Nova York, Wiener Staatsoper, Deutsche Oper, Staatsoper de Berlim, La Monnaie de Bruxelas, Opéra National de Paris, Opéra National de Lyon, Bayerische Staatsoper, Teatro São Carlos de Lisboa, Théâtre du Châtelet de Paris, New Opera de Tel Aviv, Welsh National Opera, Théâtre du Capitole de Toulouse, Opéra de Genève, Teatro del Maggio Musicale Fiorentino e Teatro dell’Opera di Roma, com um repertório incluindo títulos como La Traviata, Simon Boccanegra, Macbeth, Nabucco, Falstaff, Eugene Onegin, Idomeneo, L’Elisir d’Amore, Lucia di Lammermoor, La Bohème e La Rondine. Cantou sob a batuta de maestros como Claudio Abbado, Lorin Maazel, Giuliano Carella, Lawrence Foster, Valery Gergiev, Charles Mackerras, Zubin Mehta, Ion Marin, Gianandrea Noseda, Seiji Ozawa, Mariss Jansons, Herbert Blomstedt, Krzysztof Penderecki, Lothar Zagrosek e Mstislav Rostropovich.
Biografias dos artistas
MARIUS BRENCIU
MEDET CHOTABAEV
tenor
Nascido no Cazaquistão, Medet Chotabaev integrou o naipe de primeiros tenores do Teatro de Abai de Almaty e atualmente está na Ópera de Astana. Estudou na Faculdade de Música Tulebayev e no Conservatório Nacional do Cazaquistão; foi membro da Accademia Mario del Monaco em Pesaro entre 2006 e 2008. Vencedor de vários prêmios, como o grande prêmio do Concurso do 160° aniversário Abai, em 2005, o do IX Festival Internacional de Shabit, em 2006, o III Concurso Internacional Tolegenov Almaty, em 2007, Concurso Internacional “A Arte do Século 20”, na Finlandia, em 2009; neste mesmo ano, XXIII Competição International de Canto Glinka, em Moscou, onde ganhou o Prêmio de Melhor Tenor da competição. Destacam-se em seu repertório as participações em O Elixir do Amor de Donizetti, La Bohème, Madame Butterfly, Tosca, Eugene Onegin, Rigoletto, Traviata, Os Contos de Hoffmann e Luisa Miller. Trabalhou com regentes como Nurzhan Baibusinov, Arman Orazgaliyev, Erbolat Akhmediyarov e Donato Renzetti.
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tenor
Giovanni Tristacci é bacharel em música pela UFRJ e estudou em consagradas escolas da Europa como o Conservatori del Liceu em Barcelona, Centro de Perfeccionamento Placico Domingo de Valência e a Chapelle Musicale Reine Elizabeth de Bruxelas. Recebeu orientações de renomados professores, como José Van Dam, Eduardo Gimenez, Alberto Zedda, Jocelyne Dienst e Eduardo Álvares. Atuou em grandes teatros do Brasil e Europa. Dentre os papéis já cantados, destacam-se Duca em Rigoletto, de Verdi, Tamino em A Flauta Mágica, de Mozart, Rossillon em A Viúva Alegre, de Léhar, Rinuccio em Gianni Schicchi, de Puccini, e Narraboth em Salomé, de Richard Strauss. Tem destacada atuação no repertório sinfônico e camerístico, tendo se apresentado com grandes orquestras e maestros, e em importantes salas como a Sala São Paulo e o Bozar de Bruxelas. Atualmente recebe orientações de Isabel Maresca.
Biografias dos artistas
GIOVANNI TRISTACCI
FELIPE BOU
baixo
O baixo hispano-brasileiro Felipe Bou estreou em 1994 na Espanha, com a ópera Marina de Bilbao, e, internacionalmente, com Les Pêcheurs de Perles em Toulouse, em 1998. Em 2000, atuou na produção comemorativa do centenário de Tosca em Roma, com Pavarotti, Domingo e Zeffirelli. Desde então, cantou papéis como Raimondo em Lucia de Lammermoor e Ramfis em Aida, em Düsseldorf; Frère Laurent em Romeu e Julieta, em Tóquio; Rodolfo em La Sonnambula, em Leipzig; Don Pasquale em Madri; Sparafucile em Rigoletto em Parma e em turnê no México, Pequim e Mascate; Ferrando no Festival Verdi de Parma; Colline em La Bohème, em Florença e São Paulo; Creonte em Medea, em Palermo; Basilio em O Barbeiro de Sevilha, com a Staatsoper de Viena; Baldassare em La Favorite, em Santiago; Marke em Tristão e Isolda, Fasolt em O Ouro do Reno e Filippo II em Don Carlo, em Oviedo. Gravou alguns DVDs, como Don Giovanni no Liceu de Barcelona, La Bohème no Teatro Real de Madri, e La Vida Breve no Palau de les Arts de Valência. No início de 2014, foi Ferrando na produção do Theatro Municipal de São Paulo de Il Trovatore.
baixo
Presença constante nas principais casas de ópera do Brasil, Carlos Eduardo Marcos tem interpretado os principais papéis em óperas como Arianna e Orfeu, de Monteverdi; Hércules, de Händel; La Serva Padrona, de Pergolesi; O Matrimônio Secreto, de Cimarosa; As Bodas de Fígaro, de Mozart; O Barbeiro de Sevilha, La Cenerentola e Il Signor Bruschino, de Rossini; O Elixir de Amor e Lucia di Lammermoor, de Donizetti; Aida, Nabucco, Rigoletto e A Força do Destino, de Verdi; Gianni Schicchi, Madama Butterfly e Tosca, de Puccini; O Guarany e Condor, de Carlos Gomes; Lohengrin, de Wagner; Pelléas et Mélisande, de Debussy; e Salome, Ariadne em Naxos e O Cavaleiro da Rosa, de Strauss. Já cantou sob a regência de Aylton Escobar, Francesco La Vecchia, Ira Levin, John Neschling, Nicolau de Figueiredo, Isaac Karabtchevsky, Roberto Minczuk, Carlos Moreno, Celso Antunes, Cláudio Cruz, Jamil Maluf, José Maria Florêncio, László Marosi, Ligia Amadio, Luiz Fernando Malheiro, Lutero Rodrigues, Mário Zaccaro, Roberto Tibiriçá, Túlio Colaccioppo, Victor Hugo Toro, entre outros. Em 2014, foi o primeiro Nazareno na produção do Theatro Municipal de São Paulo de Salomé.
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CARLOS EDUARDO MARCOS
ANA LUCIA BENEDETTI
mezzo-soprano
Vencedora do 1º lugar no 9˚ Concurso de Canto Maria Callas de 2009, do prêmio Melhor Voz Feminina no IV Concurso Estímulo para Cantores Líricos Carlos Gomes de 2011, do 3º lugar no Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão de 2011 e finalista do VI Concurso de Interpretação da Canção de Câmara Brasileira de 2004, Ana Lucia Benedetti estreou como Lola em Cavalleria Rusticana no Theatro São Pedro, em 2009. Em 2013, foi Ulrica em Un Ballo in Maschera no Palácio das Artes de Belo Horizonte. Atuou no grupo Ópera Estúdio da EMESP e nas produções do Núcleo Universitário de Ópera da UNESP. Cantou na Série TUCCA de Concertos – Sinfonia N.9 de Beethoven e no Oratório de Natal de Camille Saint-Säens, ambos na Sala São Paulo, e na Homenagem a Maria Callas no Theatro São Pedro, entre outros eventos. Estudou piano no Conservatório Ars et Scientia e é bacharel em Canto pela Faculdade Mozarteum, na classe de Francisco Campos Neto. Estudou também com Hildaléa Gaidzakian, Marcos Thadeu e Regina Elena Mesquita. Atualmente é orientada por Isabel Maresca. No início de 2014, foi Inês na produção do Theatro Municipal de São Paulo de Il Trovatore.
barítono
Membro do Coro Lírico Municipal, Leonardo Pace foi solista nas produções do Theatro Municipal de São Paulo de Os Contos de Hoffmann, em 2003, Andréa Chénier em 2006; I Pagliacci, em 2009 e 2011, L’enfant e les Sortilèges, em 2011, O Rouxinol, em 2012, e Ça Ira, em 2013. Ainda cantou Carmen no Theatro da Paz; Lieder Eines Fahrenden Gesellen de Gustav Mahler, com a Sinfonia Cultura, e El Niño Judio e Manon Lescaut no Theatro São Pedro. Em 2002 e 2003, foi premiado com Bolsa de Estudos pela Fundação Vitae do Brasil; em 2003, foi um dos vencedores do IV Concurso de Canto Bidu Sayão de Belém. Estudou canto com seu pai, Héctor Pace, com Leilah Farah e Lenice Prioli. Em 2008 participou do XII Festival Amazonas de Ópera cantando no concerto Barroca e nas óperas Ariadne em Naxos e Ça Ira. Destacou-se em O Messias de Händel com a OER, em 2009. Participou do projeto Ópera Cantada e Contada como Escamillo, Germont e Marcello; foi solista no Réquiem de Brahms, em Curitiba, e em A Origem do Fogo, de Sibelius, na Sala São Paulo.
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LEONARDO PACE
ROGÉRIO NUNES
baixo
Natural de Brasília, Rogério Nunes estudou canto com o professor Alírio Netto e, na sequência, ingressou na Escola de Teatro Musical de Brasília, onde aprimorou suas habilidades de canto com os professores Augusto de Pádua e Michelle Fiuza, e atuação com Camila Meskell. Iniciou a carreira profissional na capital federal. Em 2012, em São Paulo, entrou para o elenco do musical de grande sucesso A Família Addams, interpretando o personagem Tropeço. Participou também do musical Crazy For You como Moose, ao lado de Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello, e da conceituada ópera-rock Jesus Cristo Superstar, no papel de Caifás. Atualmente, integra o Coro Lírico Municipal de São Paulo e recebe orientação vocal e musical da professora Isabel Maresca.
Pianistas Correpetidores Anderson Brenner Paulo Almeida Rafael Andrade
Atores Cynthya Diniz Gabriel Castilho Giballin Gilberto Henrique Rizzo Kaio Borges Matheus Macedo Renan Sant’Anna Suka Rodrigues Wanderley Salgado
Coreografia de luta Nicolás Trevijano
Coordenação de Cenotécnica Dílson Diniz Tavares
Produção
Soraya Kölle
Apoio de Produção
Elias da Silva
Cálculo estruturais da cenografia Diego Omini
Equipe de Cenotécnicos Paulo Rogério Miuzzi Renato de Souza Wellington Luiz Petronio Roni Wagner Santos Cristiano Silva Ferreira Fabiano Miguel Vilela Claudinei Roberto
Equipe de Serralheria Rubens Tavares Jr. Francisco Silva Souza Ivanildo Bezerra Edmilton Ferreira Francisco Lopes Ricardo Alexandre
Equipe de Montagem
Edilson Quina Edson Quina Edenilson Quina Lucas Gusmão
Modelistas Fátima Chagas Judite Gerônimo de Lima Nilda Dantas Tandara Hoffmann
Alfaiataria Masculina Miguel Arrua
Costureiras Antônio Fernandes Dilma de Oliveira Dirlene Emílio Elizangela Dally Ivete Dias Josefa Maria Gomes Leninha Castilho Lúcia Medeiros Maria Lúcia Penha Torres Sandra Souza
Adereços de figurino João Bento
Visagista Simone Batata
Romero Caio Cesar Ferreira Jonas Silva de Souza Jorge Ramiro da Silva Santos Juliana Durães Almeida Marcela Costa Marcelo Souza Ferreira Maria dos Remédios Costa Mariana Ferreira da Silva Marilivia Fazolo Milena de Souza Patricia de Moura Mesquita Pedro Henrique Oliveira Roseli Deatchuk Rosimeire Pontes Carvalho Sandra Marisa Peracini Suely Guimarães Sousa Sylvia Carolina Caetano Tatiane Lima da Costa Vilma Aparecida Carneiro Willian Izidio
Tiça Camargo
Tradução do Libreto, sinopse e gravações de referência
Maquiadoras
Irineu Franco Perpetuo
Visagista assistente
Alina Peixoto Biah Bombom Elisani Souza Giulia Piantino Gleice Diana Leão Inais Tereza Isabel Vieira Mara Feres Marcela Costa Mari Souza Sheila Campos
INDICADORES DE SALA Adryane dos Reis Alyne dos Reis Andréa Barbosa da Silva Andressa Severa
Legendas
MP Legendas
Revisor Gabriel Rath Kolinyak
Croquis dos figurinos Pasquale Grossi
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO Diretor Artístico John Neschling
Primeirosviolinos Michelangelo Mazza (spalla) Pablo De León (spalla) Maria Fernanda Krug Martin Tuksa Adriano Mello Fabian Figueiredo Fábio Brucoli Fábio Chamma Fernando Travassos Francisco Krug Heitor Fujinami John Spindler Liliana Chiriac Mizael da Silva Júnior Paulo Calligopoulos Rafael Bion Loro Sílvio Balaz Victor Bigai
Segundosviolinos Andréa Campos*
Nadilson Gama André Luccas Djavan Caetano Edgar Leite Evelyn Carmo Helena Piccazio Oxana Dragos Ricardo Bem-Haja Sara Szilagyi Ugo Kageyama Wellington Rebouças
Violas
Alexandre De León* Silvio Catto* Tânia Campos Abrahão Saraiva Adriana Schincariol Bruno de Luna Cindy Folly Eduardo Cordeiro Eric Schafer Licciardi Jessica Wyatt Pedro Visockas Roberta
Marcinkowski Tiago Vieira
Violoncelos Mauro Brucoli* Raïff Dantas Barreto* Mariana Amaral Alberto Kanji Charles Brooks Cristina Manescu Joel de Souza Maria Eduarda Canabarro Moisés Ferreira Sandro Francischetti Teresa Catto
Contrabaixos
Sanderson Cortez Paz*** Taís Gomes*** Adriano Costa Chaves Miguel Dombrowski Ricardo Busatto Vinicius Paranhos Walter Müller
Flautas
Cássia Carrascoza* Marcelo Barboza* Andrea Vilella Cristina Poles Renan Mendes
Oboés
Alexandre Ficarelli* Rodrigo Nagamori* Marcos Mincov Victor Astorga**
Clarinetes
Otinilo Pacheco* Tiago Francisco Naguel* Diogo Maia Santos Domingos Elias Marta Vidigal
Fagotes
Fábio Cury* Matthew Taylor* Marcelo Toni Marcos Fokin Osvanilson Castr o
Trompas
André Ficarelli* Eric Gomes da Silva Rogério Martinez Vagner Rebouças Douglas Costa** Rafael Fróes** Thiago Ariel**
Trompetes
Fernando Lopez*
Ficha Técnica 122 123
OTELLO
Marcos Motta* Breno Fleury Eduardo Madeira Albert Santos**
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Trombones
Regente Titular
Eduardo Machado* Roney Stella* Hugo Ksenhuk Luiz Cruz Marim Meira
Bruno Greco Facio
Harpa
Jennifer Campbell* Paola Baron*
Piano Cecília Moita* Percussão
Marcelo Camargo* César Simão Magno Bissoli Sérgio Ricardo Silva Coutinho Thiago Lamattina
Tímpanos
Danilo Valle* Márcia Fernandes*
Gerente da Orquestra Paschoal Roma
Assistente
Manuela Cirigliano
Inspetor
Carlos Nunes
Montadores Alexandre Greganyck Paulo Broda Rafael de Sá *Chefe de Naipe **Músico Convidado ***Chefe de Naipe Interino
Regente Assistente
Sergio Wernec
Pianistas
Marcos Aragoni Marizilda Hein Ribeiro
Sopranos Adriana Magalhães Angélica Feital Antonieta Bastos Berenice Barreira Cláudia Neves Elayne Caser Elaine Moraes Elisabeth Ratzersdorf Graziela Sanchez Jacy Guarany Juliana Starling Laryssa Alvarazi Marcia Costa Marivone Caetano Marta Mauler Milena Tarasiuk Monique Corado Nadja Sousa Rita Marques Rosana Barakat Sandra Félix Sarah Chen Viviane Rocha
Mezzo-Sopranos Carla Campinas Cláudia Arcos Erika Belmonte Juliana Valadares Keila de Moraes Marilu Figueiredo Mônica Martins
Contraltos
Celeste Moraes Clarice Rodrigues Elaine Martorano Lidia Schäffer Ligia Monteiro Magda Painno Maria Favoinni Vera Ritter
Tenores
Alex Flores Alexandre Bialecki Antonio Carlos Britto
Dimas do Carmo Eduardo Góes Eduardo Pinho Eduardo Trindade Fernando de Castro Gilmar Ayres Joaquim Rollemberg Luciano Silveira Luiz Doné Marcello Vannucci Márcio Valle Miguel Geraldi Paulo ChamiéQueiroz Renato Tenreiro Rubens Medina Rúben de Oliveira Sérgio Macedo Valter Estefano Walter Fawcett
Barítonos
Alessandro Gismano Daniel Lee David Marcondes Diógenes Gomes Eduardo Paniza Guilherme Rosa Jang Ho Joo Jessé Vieira Marcio Marangon Miguel Csuzlinovics Roberto Fabel Sandro Bodilon Sebastião Teixeira
Baixos
Claudio Guimarães Fernando Gazoni Leonardo Pace Marcos Carvalho Matheus França Orlando Marcos Rafael Thomas Rogério Guedes Sérgio Righini
Assistente Administrativo Elisabeth De Pieri Eugenia Sansone
Inspetoria
Juliana Tondin Mengardo
Montador
Bruno Silva Farias
Coro Infantojuvenil da Escola Municipal de Música Regente Regina Kinjo
Cantores Ana Clara Neves Silveira Bianca Barba Bagestero Danielle Catharina Oliveira Débora Macuco Bonini Désirée Brissac Pereira Eric Neves Silveira Gabriela Prates dos Santos Gabrielle Nycolle G. S. Oliveira Isabel Nojosa Barboza Isabela Ferreira Arantes Lorena Rodriguez Haase Maria Clara Verderame Mariana dos Santos Taddeo Mariana Neves Silveira Paula Yamaguchi Toni Vitoria Pereira Rotea
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Prefeito Fernando Haddad
Secretário Municipal de Cultura
Nabil Bonduki
FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Conselho Deliberativo Nabil Bonduki – Presidente Manoel Carlos Guerreiro Cardoso Marcos de Barros Cruz Mauro Wrona Pablo Zappelini De León Wladimir Pinheiro Safatle
Direção Geral José Luiz Herencia
Diretora de Gestão
Ana Flávia Cabral S. Leite
Diretor de Formação
Leonardo Martinelli
INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO CULTURAL Presidente do Conselho Cláudio Jorge Willer
Diretor Executivo
William Nacked
Diretora Técnica Isabela Galvez
Diretor Financeiro
Neil Amereno
Diretor Artístico John Neschling
Diretora de Produção
Direitos Autorais Olivieri Advogados Associados
Diretoria Geral Assessora Maria Carolina G. de Freitas
Secretárias
Ana Paula S. Monteiro Marcia de Medeiros Silva Monica Propato
Cerimonial
Egberto Cunha
Bilheteria
Nelson F. de Oliveira
Coordenador de Sala André Lima
Diretoria Artística Assessoria de Direção Artística Eduardo Strausser Thomas Yaksic Clarisse De Conti
Secretária
Eni Tenório dos Santos
Assistente Administrativa Luana Pirondi
Coordenação de Programação Artística João Malatian
Diretor Técnico Juan Guillermo Nova
Assistente de Direção Técnica Daniela Gogoni
Diretor de Palco Cênico Ronaldo Zero
Assistente de Direção de Palco Cênico Caroline Vieira
de Direção Cênica Ana Vanessa
Assistente de Direção Cênica e Casting Sérgio Spina
Figurinista Residente Veridiana Piovezan
Produção de Figurinos
Fernanda Câmara
Arquivo Artístico Coordenadora Maria Elisa P. Pasqualini
Copistas e Arquivistas
Ariel Oliveira Bruno Lacerda Cassio Mendes Guilherme Prioli Karen Feldman Leandro José Silva Paulo César Codato Roberto Dorigatti
Centro de Documentação Chefe de seção Mauricio Stocco
Equipe
Lumena A. de M. Day
Diretoria de Produção Produção Executiva Anna Patrícia Araújo Nathália Costa Rosa Casalli
Produtores
Maria Gabriel Martins Marlene Collé Nina de Mello Regiane Bierrenbach Tonia Grecco
Leonardo Martinelli
Marcelo Luiz Frosino Emerlindo Terribele Lorival F. Conceição Aristide da Costa Neto Antonio Carlos da Silva Alex Sandro N. Pinheiro Everton Dávida Cândido Anderson Simões de Assis Uiller Ulisses Silva João Paulo Gonçalves Contrarregragem
Central de Produção “Chico Giacchieri” Coordenação de Costura
Antonio Tavares Ribeiro
Carlos Bessa Contrarregras
Aloísio Sales
Subchefe de Maquinária
Paulo M. de Souza Filho
Técnicos de Palco
Peter Silva Mendes de Oliveira Sandra Satomi Yamamoto Eneias R. Leite Neto Aloísio Sales de Souza Paloma Neves da Costa
Chefe de Som
Sérgio Luis Ferreira
Operadores de Som
Sergio Nogueira Daniel Botelho Kelly Cristina da Silva
Chefe de Iluminação
Valéria Lovato
Aelson Lima Pedro Guida Miguel Teles Nivaldo Silvino
Iluminadores
Arthur Costa
Camareiras
Assistente de Produção
Assistente de Direção Cênica Residente
Palco Chefe da Cenotécnica
Julianna Santos
Aníbal Marques (Pelé)
Segunda Assistente
Maquinária Thiago dos S. Panfieti
Chefe de
Alexandre Bafe Igor Augusto F. de Oliveira Fernando Azambuja Ubiratan Nunes Alzira Campiolo Isabel Rodrigues Martins Katia Souza Lindinalva M. Celestino Maria Auxiliadora
Emília Reily
Acervo de Figurinos Marcela de L. M. Dutra
Assistente
Ivani Rodrigues Umberto
Acervo de Cenário ce Aderecista Expediente
José Carlos Souza José Lourenço Paulo Henrique Souza
Diretoria de Gestão Lais Gabriele Weber Carolina Paes Simão Cristina Gonçalves Nunes João Paulo Alves Souza Juçara A. de Oliveira Juliana do Amaral Torres Oziene O. dos Santos Paula Melissa Nhan Carlos Alberto De Cicco Ferreira Filho Catarina Elói de Oliveira
Estagiários
Guilherme Telles Andressa P. de Almeida
Diretoria de Formação Diretor
Assessora Helen Gallo
Escola Municipal de Música de São Paulo Diretor Assistente de Direção
Valdemir Aparecido da Silva
Auxiliar Artístico João Gabriel Rizek
Assistente Técnica
Jéssica Elias Secco
Equipe
Maria Aparecida Malcher Grazieli Araujo Guerra
Montadores
José Roberto Silva Ricardo Farão
Estagiárias
Gabriela Carolina Assunção Souza Aline Roberta de Souza
Escola de Dança de São Paulo Coordenadora Artística Susana Yamauchi Assistente Artístico Luis Ribeiro
Projetos Especiais
Daniela Stasi
Assistência Administrativa Roberto Quaresma
Camareira
Maria do Carmo
Corpo de Apoio Irinéia da Cruz Marilene Santos
Estagiários
Alexandre Malerba Angélica da Silva Carmen Alexandrina João Amaro
Assistência Administrativa Alexandre R.
Ficha Técnica 124 125
Cristiane Santos
Bertoncini
Vinícius Leal
Cleide C. da Mota José Luiz P. Nocito Solange F. França Reis Tarcísio Bueno Cost a
Comunicação Editor e Coordenador
Suzel Maria P. Godinho
Mídias Eletrônicas
Seção de Pessoal
Parcerias
Contabilidade
Marcos Fecchio
Editor assistente Gabriel Navarro Colasso
Desirée Furoni
Alberto Carmona Alexandre Quintino Ananias Diego Silva Luciana Cadastra Marcio Aurélio O. Cameirão Meire Lauri
Assessora de Imprensa
George Augusto Rodrigues Marina Aparecida Augusto
Ana Lobo
Infraestrutura
Impressão
Marly da Silva dos Santos Antonio Teixera Lima Eva Ribeiro Israel Pereira de Sá Luiz Antonio de Mattos Maria Apa da C. Lima Pedro Bento Nascimento Rita de Cássia S. Banchi Wagner Cruz
Formags Gráfica e Editora LTDA
Compras e Contratos
Almoxarifado
Nelsa A.Feitosa da Silva Bens Patrimoniais José Pires Vargas
Informática
Ricardo Martins da Silva Renato Duarte
Estagiários
Victor Hugo A. Lemos Yudji A. Otta
Arquitetura Lilian Jaha
Seção Técnica de Manutenção Narciso Martins Leme
Estagiário
Amanda Sena Caroline Zeferino
Design Gráfico Kiko Farkas/ Máquina Estúdio
Designer Assistente
Atendimento Michele Alves
Agradecimento Escarlate
126 127
FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO TEMPORADA 2015
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO ÓPERAS
/ AINADAMAR Osvaldo Golijov UM HOMEM SÓ Camargo Guarnieri ABRIL 22 Qua 20h / 24 Sex 20h 26 Dom 18h / 28 Ter 20h 30 Qui 20h MAIO 02 Sáb 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Rodolfo Fischer Direção musical e regência Eduardo Strausser REGENTE ASSISTENTE Caetano Vilela Direção cênica e desenho de luz Nicolàs Boni Cenografia Olintho Malaquias Figurinos Marco Berriel Coreografia AINADAMAR Marisú Pavón Margarita Xirgu Luigi Schifano Federico García Lorca
Camila Titinger Nuria Alfredo Tejada Ruiz Alonso Carla Cottini Niña 1 Monique Corado Niña 2 Rodrigo Esteves José Tripaldi Rubens Medina Maestro Miguel Geraldi Torero Jarbas Homem de Mello Ator UM HOMEM SÓ Rodrigo Esteves José Luciana Bueno Mariana / Rita / Velha
Saulo Javan Operário N. 2 / Alcides
Miguel Geraldi Médico / Sorveteiro / Cobrador Rubens Medina Padre / Operário N. 1 / Dono
/ EUGENE ONEGIN Piotr Ilitch Tchaikovsky MAIO 30 Sáb 20h / 31 Dom 18h JUNHO 02 Ter 20h / 04 Qui 20h 06 Sáb 20h / 07 Dom 18h 09 Ter 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Jacques Delacôte Direção musical e regência
Eduardo Strausser REGENTE ASSISTENTE
Hugo De Ana Direção cênica, cenografia e figurinos
Andrei Bondarenko / Kostantin Shushakov Eugene Onegin Ainhoa Arteta / Victoria Yastrebova Tatyana Fernando Portari / Medet Chotabaev Lensky Alisa Kolosova / Ana Lucia Benedetti Olga Vitalij Kowaljow / Saulo Javan Príncipe Gremin Larissa Diadkova / Lidia Schäffer Filipevna Miguel Geraldi Triquet Alejandra Malvino / Keila De Moraes Madame Larina Sergio Righini Zaretsky Rogério Nunes Capitão Renato Tenreiro Capataz
/ MANON LESCAUT Giacomo Puccini
/ LOHENGRIN Richard Wagner
JULHO 23 Qui 20h / 25 Sáb 20h 26 Dom 18h / 28 Ter 20h / 30 Qui 20h AGOSTO 01 Sáb 20h / 02 Dom 18h
AGOSTO 29 Sáb 20h / 30 Dom 18h SETEMBRO 01 Ter 20h / 03 Qui 20h 05 Sáb 20h / 06 Dom 18h 8 Ter 20h / 10 Qui 20h
OUTUBRO 08 Qui 20h / 10 Sáb 20h 11 Dom 18h / 13 Ter 20h 15 Qui 20h / 17 Sáb 20h 18 Dom 18h / 20 Ter 20h
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Balé da Cidade de São Paulo
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo
Alain Guingal Direção musical
musical e regência
e regência
Gabriel Rhein-Schirato REGENTE ASSISTENTE
Stefano Poda Direção cênica, Cenografia, Figurinos, Desenho de luz e Coreografia
John Neschling Direção Michelangelo Massa REGENTE ASSISTENTE
Cesare Lievi Direção cênica Juan Guillermo Nova Cenografia Marina Luxardo Figurinos Luigi Saccomandi Desenho de luz
Nino Machaidze / Sara Rossi Daldoss Thaïs Lado Ataneli / André Heyboer Athanaël Jean–François Borras / Roberto De Biasio Nicias Carla Cottini Crobyle Malena Dayen Myrtale Ana Lucia Benedetti Albine Károly Szemerédy /Saulo Javan Palémon Lina Mendes Charmeuse Eduardo Trindade Um servo
Maria José Siri / Adriane Queiroz Manon Lescaut Marcello Giordani / Martin Muehle Des Grieux Vittorio Vitelli / Guilherme Rosa Lescaut Saulo Javan Geronte Valentino Buzza / Miguel Geraldi Edmondo Carlo Bosi Um acendedor de lampiões / Professor de dança Malena Dayen Um músico Leonardo Pace Um taberneiro
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo John Neschling Direção musical e regência Eduardo Strausser REGENTE ASSISTENTE Henning Brockhaus Direção cênica Valentina Escobar Assistência de Direção cênica e Coreografia Yannis Kounellis Cenógrafo Patricia Toffolutti Figurinista Alessandro Carletti Desenho de luz Luiz–Ottavio Faria Heinrich der Vogler
Tomislav Muzek / Peter Seiffert Lohengrin Petra-Maria Schnitzer / Nathalie Bergeron Elsa von Brabant
Tómas Tómasson / Johmi Steinberg Friedrich von Telramund
Marianne Cornetti / Jacqueline Dark Ortrud Carlos Eduardo Marcos Heerrufer
Temporada 2015 128 129
/ THAÏS Jules Massenet
/ COSÌ FAN TUTTE Wolfgang Amadeus Mozart
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
NOVEMBRO 28 Sáb 20h / 29 Dom 18h DEZEMBRO 01 Ter 20h / 03 Qui 20h 05 Sáb 20h / 06 Dom 18h 08 Ter 20h
CONCERTOS
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Rinaldo Alessandrini DIREÇÃO MUSICAL
Michelangelo Massa REGENTE ASSISTENTE
Pier Francesco Maestrini Direção cênica
Juan Guillermo Nova Cenografia Luca Dall’Alpi Figurinos Fábio Retti Desenho de Luz Carmela Remigio / Marta Torbidoni Fiordiligi Paola Gardina / Luisa Francesconi Dorabella Lina Mendes / Andrea Aguilar Despina Maxim Mironov / Giorgio Misseri Ferrando Mattia Olivieri / Guilherme Rosa Guglielmo Omar Montanari / Saulo Javan Don Alfonso
/ ABRIL
01 Qua 20h / 2 Qui 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Maximiano Valdés Regente Dang Thái Son Piano ALBERTO GINASTERA Pampeana N. 3, Op. 24 ROBERT SCHUMANN Concerto para Piano e Orquestra em Lá Menor, Op. 54 DMITRI SHOSTAKOVICH Sinfonia N. 6, Op. 54
/ MAIO
07 Qui 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Yoram David Regente Nikita Boriso–Glebsky Violino RICHARD STRAUSS Suíte para Sopros em Si Bemol Maior, Op. 4 WOLFGANG AMADEUS MOZART Concerto para Violino e Orquestra N. 5, K. 219 ALBERTO GINASTERA Variaciones Concertantes, Op. 23 10 Dom 18h (SESC Santos) Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Eduardo Strausser Regente FRANZ SCHUBERT Sinfonia Nº 8, D. 759, “Inacabada” DMITRI SHOSTAKOVICH Sinfonia N. 6, Op. 54
/ JUNHO
14 Dom 18h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Eduardo Strausser Regente Peter Jablonski Piano GEORGE GERSHWIN Abertura Cubana Concerto para Piano e Orquestra em Fá MODEST MUSSORGSKY
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
/JULHO
BALÉS
04 Sáb 20h (Teatro Paulo Eiró) 05 Dom (Auditório Claudio Santoro, Campos do Jordão) Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo John Neschling Regente Simon Diricq Saxofone OTTORINO RESPIGHI Impressões Brasileiras HEITOR VILLA–LOBOS Fantasia para Saxofone e Orquestra DARIUS MILHAUD Scaramouche para Saxofone alto e Orquestra, Op. 165 HEITOR VILLA–LOBOS Choros N. 9
/ AGOSTO
05 Qua 20h / 06 Qui 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Christian Arming Regente Tatjana Vassiljeva Violoncelo GUILLAUME LEKEU Adágio para Orquestra de Cordas EDWARD ELGAR Concerto para Violoncelo e Orquestra, Op. 85 CÉSAR FRANCK Sinfonia em Ré Menor
/ DEZEMBRO
19 Sáb 20h / 20 Dom 18h 21 Seg 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo John Neschling Regente Pier Luigi Pier’Alli Direção Ana Lucia Benedetti Mezzo–Soprano
ARNOLD SCHOENBERG Noite Transfigurada, Op. 4 SERGEI PROKOFIEV Alexander Nevsky, Op. 78
BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
/ MARÇO
27 Sex 21h / 28 Sáb 21h 29 Som 18h (Teatro Paulo Autran - Sesc Pinheiros) Balé da Cidade de São Paulo FIO DA MEADA DE GLEIDSON VIGNE (estreia) Tato Taborda Trilha Sonora Binho Schaefer Desenho de Luz João Pimenta Figurino Leonardo Ceolin Cenário CENAS A 37 DE ALEX SOARES (estreia) Alex Soares – Trilha Sonora e Desenho de Luz
Cassiano Grandi – Figurino Wilson Aguiar - Cenário ÁRVORE DO ESQUECIMENTO DE JORGE GARCIA (estreia) Eder “O” Rocha Trilha Sonora Ari Buccioni Desenho de Luz João Pimenta Figurino Leonardo Ceolin Cenário
/ ABRIL
10 Sex 21h Abertura do 9º Festival Internacional Vivadança – Teatro Castro Alves – Salvador Balé da Cidade de São Paulo UNEVEN DE CAYETANO SOTO David Lang Música Cayetano Soto Desenho de Palco e Luz
O BALCÃO DE AMOR (DUO) DE ITZIK GALILI Pérez Prado Música Itzik Galili Figurino e Desenho de Luz
CANTATA DE MAURO BIGONZETTI Assurd Música Carlo Cerri Desenho de Luz Helena de Medeiros Figurino
Temporada 2015 130 131
(orq. Maurice Ravel) Quadros de uma Exposição
/ ABRIL & MAIO
30 Qui 20h / 01 Sex 20h / 02 Sáb 20h / 03 Dom 19h Galeria Olido – Sala Paissandu Balé da Cidade de São Paulo DANÇOGRAPHISMUS II (estreia) Mostra de coreografias dos intérpretes do BCSP Programa a definir
/ JUNHO
24 Qua 20h / 25 Qui 20h 26 Sexta 20h / 27 Sáb 20h 28 Dom 18h Theatro Municipal de São Paulo Balé da Cidade de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal Coro Lírico Municipal Eduardo Strausser Regente CORPUS DE ANDRÉ MESQUITA (estreia) John Adams Música Harmonielehre. Part III. Meister Eckhardt and Quackie (música composta para o filme Io sono l’amore, de Luca Guadagnino) Wagner Freire Desenho de Luz Cássio Brasil Figurino LES NOCES DE DIDY VELDMAN (estreia Nacional) Igor Stravinsky Música Ben Omerod Desenho de Luz Miriam Buether Cenário e Figurino
/ JULHO
16 Qui 20h / 17 Sex 20h 18 Sáb 20h / 19 Dom 19h 23 Qui 20h / 24 Sex 20h 25 Sáb 20h / 26 Dom 19h Galeria Olido – Sala Paissandu Balé da Cidade de São Paulo DANÇOGRAPHISMUS III (estreia) Mostra de coreografias dos intérpretes do BCSP Programa a definir
/ AGOSTO
05 Qua 21h / 06 Qui 21h 12ª Mostra Brasileira de Dança de Recife Balé da Cidade de São Paulo UNEVEN DE CAYETANO SOTO David Lang Música Cayetano Soto Desenho de Palco e Luz
O BALCÃO DO AMOR (DUO) DE ITZIK GALILI Pérez Prado Música Itzik Galili Figurino e Desenho de Luz
CANTATA DE MAURO BIGONZETTI Assurd Música Carlo Cerri Desenho de Luz Helena de Medeiros Figurino
/ SETEMBRO
24 Qui 21h / 25 Sex 21:30h 26 Sáb 21h / 27 Dom 18h Teatro Alfa Balé da Cidade de São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Quarteto de Cordas da OER Carlos Eduardo Moreno Regente ENTTHRONT DE CAYETANO SOTO (a confirmar - estreia mundial) Gabriel Prokofiev Música Cayetano Soto Desenho de Luz e Figurino
CACTI DE ALEXANDER EKMAN Joseph Haydn, Ludwig Von Beethoven, Franz Schubert Música
Alexander Ekman e Tom Visser Cenário
Alexander Ekman Figurino Tom Visser Desenho de Luz
/ OUTUBRO & NOVEMBRO
31 Sáb 20h / 01 Dom 18h 03 Ter 20h / 04 Qua 20h / 05 Qui 20h Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Balé da Cidade de São Paulo LA FURA DELS BAUS John Neschling Regência Carles Padrissa Direção Pol Jimenez Coreografia MANUEL DE FALLA Noche en los Jardines de España El Sombrero de Tres Picos introdução La Vida Breve - Danza Española Canção popular: Amor Gitano – a cappella El Amor Brujo - versão 1915
/ DEZEMBRO
03 Qui 20h / 04 Sex 20h 05 Sáb 20h / 06 Dom 19h Teatro Paulo Eiró Balé da Cidade de São Paulo Programa a definir
QUARTETO NO CONSERVATÓRIO 80 ANOS DO QUARTETO DE CORDAS DA CIDADE DE SÃO PAULO
Quintas às 20h
/ ABRIL
02 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Nicolau de Figueiredo Cravo JOSEPH HAYDN As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, Op. 51 16 qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 1 WOLFGANG A. MOZART Quarteto K. 421 em Ré Menor
/ MAIO
07 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Fábio Zanon Violão DMITRI SHOSTAKOVITCH Quarteto N. 5, Op. 92 em Si bemol Maior 21 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 2 WOLFGANG A. MOZART Quarteto K. 428
/ JUNHO
04 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Toninho Ferragutti Acordeom Zé Alexandre Carvalho Baixo 18 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 3 WOLFGANG A. MOZART Quarteto K. 465 – Dissonante
/ AGOSTO
06 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Flávio Augusto Piano FRÉDÉRIC CHOPIN Concerto para piano nº 1 (transcrição para quarteto de cordas e solista) Concerto para piano nº 2 (transcrição para quarteto de cordas e solista) 20 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 4 WOLFGANG A. MOZART Quarteto K. 458 – A Caça
/ SETEMBRO
03 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Gaetano Nasillo Violoncelo LUIGI BOCCHERINI 3 Quintetos com Violoncelo 17 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo FELIX MENDELSSOHN– BARTHOLDY Quarteto Op. 12 em Mi bemol Maior R. SCHUMANN Quarteto Op. 41, N. 1 em Lá Menor
/ OUTUBRO
01 Qui 20h COMEMORAÇÃO AOS 150 ANOS DE NASCIMENTO DE JEAN SIBELIUS Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Rúbia Santos Piano JEAN SIBELIUS Quarteto Op. 56, – Vozes Intimas Quinteto em Sol Menor para Piano e Cordas
Temporada 2015 132 133
PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO
15 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 5 WOLFGANG A. MOZART Quarteto K. 387 em Sol Maior
/ NOVEMBRO
19 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 6 WOLFGANG A. MOZART Quarteto K. 464
/ DEZEMBRO
10 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo ANDRÉ MEHMARI Quarteto Encomendado [estreia mundial] BÉLA BARTÓK Quarteto de Cordas N. 5, Sz. 102
PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO MÚSICA DE CÂMARA NO CONSERVATÓRIO
Quintas às 20h
/ ABRIL
23 Qui 20h Violoncelos da Orquestra Sinfônica Municipal Mauro Brucoli Raïff Dantas Barreto Alberto Kanji Charles Brooks Cristina Manescu Joel de Souza Mariana Amaral Moisés F. dos Santos Sandro Francischetti Teresa Catto PIETRO MASCAGNI Intermezzo da ópera Cavalleria Rusticana (arr. para octeto de Raïff Dantas Barreto) RICHARD WAGNER Vorspiel (sexteto) da ópera Tristão e Isolda Walthers Preislied (sexteto) da ópera Die Meistersinger von Nürnberg Introduction und Gebet (sexteto) da ópera Rienzi EDMUNDO VILLANI–CÔRTES Prelúdio e Fuga (octeto) HEITOR VILLA–LOBOS Prelúdio N. 3 (quarteto) SERGEI PROKOFIEV O amor das Três Laranjas (quarteto) RICHARD STRAUSS Dom Quixote – finale (octeto) GIUSEPPE VERDI Abertura da ópera La Forza del Destino (arr. para octeto de Raïff Dantas Barreto)
/ MAIO
14 Qui 20h Grupo Teclas ao Vento Cecília Moita Piano Andrea Cristina Vilella Flauta Diogo Maia Clarinete Rodrigo Nagamori Oboé Marcos Fokin Fagote André Ficarelli Trompa
/ JUNHO
11 Qui 20h Quintetos com Piano Alexandre Ficarelli Oboé Tiago Naguel Clarinete Matthew Taylor Fagote André Ficarelli Trompa Marcos Aragoni Piano WOLFGANG AMADEUS MOZART Quinteto para piano e sopros, K. 452 LUDWIG VAN BEETHOVEN Quinteto em Mi bemol Maior para Piano e Sopros, Op. 16
/ JULHO
02 Qui 20h PERCOTH – Percussionistas da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Thiago Lamattina César Simão Márcia Fernandes Danilo Valle Marcelo Camargo RICHARD TRYTHALL Bolero for four percussion ANDRÉ E JACQUES PHILIDOR marche for two pairs of Kettledrums THIERRY DE MEY Musique de Table JOSÉ MANUEL LÓPEZ LÓPEZ
Estúdio II sobre la Modulación Métrica MARK FORD Stubernic EMMANUEL SÉJOURNÉ Vous avez du feu? WILLIAM CAHN Time Traveler 16 Qui 20h Impressionismo de Câmara Fábio Brucoli Violino Adriano Mello Violino Silvio Catto Viola Mauro Lombardi Brucoli Violoncelo Marcelo Barboza Flauta Tiago Naguel Clatineta Paola Baron Harpa CLAUDE DEBUSSY Prelude à l’après midi de un faune (transcrição para septeto de F. Pierre) ALBERT ROUSSEL Sérénade para Flauta, Trio de Cordas e Harpa FLORENT SCHMITT Suite en Rocaille (pour flute, harpe et trio de cordes) MAURICE RAVEL Introduction et Allegro (pour harpe, flute, clarinette et quatour à cordes)
/ AGOSTO
13 Qui 20h Quinteto de Sopros Cristina Poles Flauta Rodrigo Nagamori Oboé Domingos Elias Clarinete Marcos Fokin Fagote Vagner Rebouças Trompa ADRIEN BARTHE Passacaille PAUL TAFFANEL Quintette pour Instruments à Vent CLAUDE DEBUSSY Petite Suite GABRIEL PIERNE Pastorale Op. 14 MAURICE RAVEL
Pièce en Forme de Habanera
/ SETEMBRO
10 qui 20h Música de câmara na Europa do século XX – Quatro pontos de vista Paulo Calligopoulos Violino Pedro Visockas Viola Mariana Amaral Violoncelo Taís Gomes Contrabaixo Rodrigo Nagamori Oboé Diogo Maia Clarinete Matthew Taylor Fagote Eric Gomes – Trompa BENJAMIN BRITTEN Phantasy Quartet, Op. 2 SERGEI PROKOFIEV Quinteto Op. 39 CARL NIELSEN Serenata in Vano – Allegro non troppo ma brioso RICHARD STRAUSS Till Eulenspiegel, einmal anders! (arr. Franz Hasenöhrl, 1954)
/ OUTUBRO
29 Qui 20h Octeto Franz Schubert Pablo de León Violino Maria Fernanda Krug Violino Alexandre de León Viola Raïff Dantas Barreto Violoncelo Sanderson Cortez Paz Contrabaixo
Domingos Elias Clarinete Marcos Fokin Fagote André Ficarelli Trompa FRANZ SCHUBERT Octeto em Fá Maior, D. 803
/ NOVEMBRO
26 qui 20h Trio Ceresio (Suíça) Anthony Flint VIOLINO Johann Sebastian Paetsch VIOLONCELO
Sylviane Deferne PIANO LUDWIG VON BEETHOVEN Trio Op. 1 N. 3
Temporada 2015 134 135
FRANCIS POULENC Trio para Oboé, Fagote e Piano EDMUNDO VILLANI–CÔRTES Caratinguê, para Flauta, Clarinete, Fagote e Piano FRANCISCO MIGNONE Sexteto N. 1 para Flauta, Oboé, Clarinete, Fagote, Trompa e Piano FRANCIS POULENC Sexteto para Flauta, Oboé, Clarinete, Fagote, Trompa e Piano
A Globo é Mantenedora do Theatro Muncipal de São Paulo e apresenta a Série Domingos II da Temporada Lírica 2015.
/ DEZEMBRO
03 Qui 20h Ensemble OSM Cecília Moita Piano Victor Bigai Violino Tiago Vieira Viola Moisés Ferreira dos Santos Violoncelo Sanderson Cortez Contrabaixo
PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO MÚSICA CONTEMPORÂNEA NO CONSERVATÓRIO
Quintas às 20h
FRANZ SCHUBERT Quinteto “A Truta” em Lá Maior D. 667 (Op. 114)
/ ABRIL
30 Qui 20h Percorso Ensemble Ricardo Bologna Regente Grupo instrumental misto JORGE VILLAVICENCIO GROSSMANN Syray FELIPE LARA Tutti FRANCO DONATONI Arpége EDUARDO GUIMARÃES ÁLVARES Bricolage – Homenagem a Mauricio Kagel MARCÍLIO ONOFRE Eiras (estreia mundial)
/ MAIO
28 Qui 20h Caixas, cartas e (a)notações (piano contemporâneo) Horácio Gouveia Piano PIERRE BOULEZ Douze Notations Une page d’éphéméride FRIEDRICH GOLDMANN Sonata RODRIGO LIMA Estreia mundial de obra encomendada SILVIO FERRAZ Cortázar ou quarto com caixa vazia ALMEIDA PRADO Cartas Celestes I
/ JUNHO
25 Qui 20h Soy loco por ti: música das Américas (Trio Puelli) Karin Fernandes Piano Adriana Holz Violoncelo Ana de Oliveira Violino ALEJANDRO CARDONA Tlanéhuatl MAURICIO KAGEL
Temporada 2015 136 137
FELIX MENDELSSOHN BARTHOLDY Trio N.2 Op. 66 JOHANNES BRAHMS Trio N. 1 Op. 8
Trio N. 2 SILVIO FERRAZ Estreia mundial de obra encomendada LEONARD BERNSTEIN Piano Trio
/ AGOSTO
27 Qui 20h Música em duas dimensões Dois percussionistas (múltiplos instrumentos), flauta e difusão eletroacústica FLO MENEZES A Dialética da Praia FERNANDO RIEDERER Estreia mundial da obra encomendada FLO MENEZES L’Itinéraire des Résonances
/ SETEMBRO 24
Piap
ARTHUR RINALDI Obra encomendada
/ OUTUBRO
22 Qui 20h Camerata Aberta John Neschling Regente (Berg) Eduardo Strausser Regente (Lunsqui)
ALEXANDRE LUNSQUI (estreia mundial de obra encomendada) ALBAN BERG Concerto de Câmara
/ NOVEMBRO
12 Qui 20h LEONARDO MARTINELLI As canções do mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam, para Voz, Narrador, Viola, Clarinete e Piano [Estreia mundial da versão integral]
PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO INSTRUMENTAL NO CONSERVATÓRIO
Quartas às 20h
/ ABRIL
08 Qua 20h Iridescente Maria João e Mario Laginha Voz e Piano Portugal
22 Qua 20h Raul de Souza Trombone Michel Freidenson Piano
/ MAIO
13 Qua 20h Ricardo Silveira Violão e Guitarra Zeca Assunção Contrabaixo acústico
27 Qua 20h Duofel Luiz Bueno Violão Fernando Melo Violão de 12 cordas
/ JUNHO
10 Qua 20h Diego Schissi Trio Piano, Violão e Bandoneón (Argentina) 24 Qua 20h Roupa na Corda Arismar do Espírito Santo Baixo e Violão
Fabio Perón Bandolim Lea Freire lautas
/ AGOSTO
12 Qua 20h Paulo Braga Piano Lupa Santiago Guitarra 26 Qua 20h Hércules Gomes Piano Rodrigo y Castro Flauta
/ SETEMBRO
09 Qua 20h 3 na Manga Mané Silveira Sax e Flautas Tiago Costa Piano Fernando De Marco Baixo acústico
/ OUTUBRO
07 Qua 20h / 08 qui 20h Yamandu Costa Violão solo 21 Qua 20h Laércio de Freitas Piano Shen Ribeiro Flautas e Shakuhachi
/ NOVEMBRO
11 Qua 20h Chico Pinheiro e Swami Jr.
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE CICLO INTEGRAL DAS MISSAS DE WOLFGANG AMADEUS MOZART Sextas às 20h - Salão Nobre do Theatro Municipal Domingos - Igrejas
/ MARÇO
20 Sex 20h – Salão Nobre 22 Dom – Igreja Nossa Senhora da Penha Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Dominicus em Dó Maior K. 66
/ ABRIL
12 Dom - Paróquia Nossa Senhora do Carmo na Aclimação* 17 Sex 20h Salão Nobre Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Waisenhaus em Dó Maior K. 139* e Missa em Ré Menor K. 65
Violões
/ MAIO
15 Sex 20h – Salão Nobre 17 Dom – Basílica do Carmo na Bela Vista* Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Grande Credo em Dó Maior K. 257* e Missa em Fá Maior K. 192
/ JUNHO
12 Sex 20h – Salão Nobre Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Solemnis em Dó Maior K. 337 e Missa Brevis em Sol Maior K. 140
/ JULHO
3 Sex 20h – Salão Nobre 5 Dom – Paróquia São José do Ipiranga* Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Longa em Dó Maior K. 262* e Missa em Ré Menor K. 194
Temporada 2015 138 139
23 qua 20h Aeromosca Quarteto de Choro Gian Correa Violão de 7 Cordas Messias Brito Cavaquinho Rafael Toledo Pandeiro Henrique Araújo Bandolim
O Santander é Patrocinador-Mantenedor do Theatro Muncipal de São Paulo e apresenta a Série Terças da Temporada Lírica 2015
07 Sex 20h – Salão Nobre 09 Dom – Igreja Santa Teresinha em Higienópolis* Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Trinitatis em Dó Maior K. 167 e Missa Órgão em Dó Maior K. 259*
/ SETEMBRO
11 Sex 20h – Salão Nobre 13 Dom – Capela do Colégio Sion no Higienópolis* Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Spaur em Dó Maior K. 258 e Missa Spatzen em Dó Maior K. 220*
/ OUTUBRO
23 Sex 20h – Salão Nobre 25 Dom – Igreja Imaculada Conceição no Ipiranga Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa da Coroação em Dó Maior K. 317
/ NOVEMBRO
06 Sex 20h – Salão Nobre 08 Dom – Paróquia do Santíssimo Sacramento no Paraíso* Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa em Sol Maior K. 49* e Missa em Si bemol Maior K. 275
/ DEZEMBRO
11 Sex 20h – Salão Nobre Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa em Dó Menor K. 427
PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE: ENCONTROS COM A DANÇA Sábados às 17h
14/3 - Samba 25/4 - Marchas 9/5 - Tangos 6/6 - Frevos 11/7 - Danças Populares 8/8 - Flamenco 19/9 - Danças Latino– americanas 17/10 - Gigas 21/11 - Maracatus e Afros 5/12 - Valsas
CEUs CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE VAI AOS CEUs 07/3 Sáb 17h CEU Jaçanã 08/3 Dom 17h CEU Rosa da China 11/4 Sáb 17h CEU Alvarenga 16/5 Sáb 17h CEU Jambeiro 13/6 Sáb 17h CEU Meninos 12/7 Dom 17h CEU Feitiço da Vila 01/8 Sáb 17h CEU Aricanduva 12/9 Sáb 17h CEU Perus 24/10 Sáb 17h CEU Jaguaré 07/11 Sáb 17h CEU Butantã 06/12 Dom 17h CEU Uirapuru
Temporada 2015 140 141
/ AGOSTO
ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO
/ MARÇO
El día que me quieras ARY BARROSO Na baixa do sapateiro Aquarela do Brasil Tabuleiro da Baiana DORIVAL CAYMMI Vatapá O que é que a baiana tem Samba da minha terra PAULINHO DA VIOLA Sinal fechado NELSON CAVAQUINHO E GUILHERME DE BRITO Folhas Secas IVONE LARA E DELCIO CARVALHO Alguém me avisou DIDI E MESTRINHO É hoje GONZAGUINHA O que é o que é
08 Dom 18h30 Música em Trancoso– Mozarteum – Teatro L’Occitane Orquestra Experimental de Repertório “Tango meets Samba” Carlos Moreno Regente Rafael Gintoli Violino Nestor Marconi Bandoneon Juan Pablo Navarro contrabaixo Oscar D’Elia piano Josy Santos mezzo–soprano Fabiana Cozza canto Paula&Cristian dançarinos HORACIO SALGAN A Don Agustin Bardi ASTOR PIAZZOLLA Decarissimo Milonga del Angel Los parajos perdidos Seleção de temas famosos ANGEL VILLOLDO El Choclo MARIANO MORES Tanguera NESTOR MARCONI Moda Tango MATOS RODRIGUEZ La Cumparsita CARLOS GARDEL
/ ABRIL
07 Sáb 18h Música em Trancoso – Mozarteum – Teatro L’Occitane Orquestra Experimental de Repertório Benoit Fromanger regente Maciej Pikulski piano Rafael Gintoli violino Adrien Liebermann saxofone GEORGE GERSHWIN Um Americano em Paris Rhapsody in Blue CAMILE SAINT-SAËNS Havanaise para Violino e Orquestra DARIUS MILHAUD Scaramouche para Saxofone e Orquestra MAURICE RAVEL Tzigane para Violino e Orquestra Bolero
26 Dom 11h - Sala São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno regente Angelica Andreina Olivo Leon Violino PIOTR I. TCHAIKOVSKY Romeu e Julieta MAX BRUCH Concerto N. 1 para Violino
/ MAIO
18 Seg 19h Sala do Conservatório – Praça das Artes Orquestra Experimental de Repertório Felipe Mancz Flauta GIACOMO ROSSINI Abertura “O Barbeiro de Sevilha” CARL HEINECKE Ballade Op. 288 para Flauta FELIX MENDELSSOHN Sinfonia N. 4 “Italiana”
01 Seg 19h Sala do Conservatório – Praça das Artes Orquestra Experimental de Repertório Juliano Dutra Regente Christy Choi Violoncello HEITOR VILLA LOBOS Bachianas Brasileiras N. 2 JOSEPH HAYDN Concerto para Violoncelo em Dó Maior HEITOR VILLA LOBOS Sinfonietta N. 1 28 Dom 11h Sala São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno Regente ALBERTO GINASTERA Suite Estancia PIOTR TCHAIKOVSKY Sinfonia N. 4
/ JULHO
30 Qui 20h Auditório Claudio Santoro – Campos do Jordão Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno Regente Nicolas Koeckert Violino ALBERTO GINASTERA Suite Estancia ARTHUR BARBOSA Fantasia Velhos Carnavais (estreia mundial) JOHANNES BRAHMS Concerto para Violino
/ AGOSTO
16 Dom 12h Igreja São Geraldo dos Perdizes Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno – Regente JOSÉ ANTONIO DE ALMEIDA PRADO
Arcos Sonoros da Catedral Anton Bruckner ANTON BRUCKNER Sinfonia N. 4 30 Dom 11h Teatro Paulo Eiró Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno Regente Solistas vencedoras do concurso Rainha Elisabeth Sumi Hwang Soprano Jodie Devos Soprano Canções e árias
/ SETEMBRO
06 Dom 11h Sala São Paulo Orquestra Experimental de Repertório CARLOS GOMES Abertura Il Guarany NIKOLAI RIMSKYKORSAKOV Sheherazade FRANZ VON SUPPÉ Cavalleria Leggera 21 Seg 19h Sala do Conservatório – Praça das Artes Orquestra Experimental de Repertório / Intercâmbio Universidade de Música de Zurique Dominic Limburg Regente Hani Song Violino CLAUDE DEBUSSY Prélude à L’après–midi d’un faune WOLFGANG A. MOZART Concerto para Violino em Lá Maior FRANZ SCHUBERT Sinfonia N. 5
/ SETEMBRO & OUTUBRO
30 Qua 17h 02 Sex 17h Sala do Auditório – Praça das Artes Concurso Jovens Solistas OER 2015
/ NOVEMBRO
11 Qua 17h 13 Sex 17h Sala do Auditório – Praça das Artes Concurso Regente Assistente OER 2016 22 Dom 11h Sala São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Coral Paulistano Mário de Andrade Carlos Moreno Regente HEITOR VILLA LOBOS Uirapuru ARAM KHACHATURIAN Suíte Masquerade EDMUNDO VILLANI–CÔRTES Te Deum
/ DEZEMBRO
07 Seg 19h Sala do Conservatório – Praça das Artes Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno Regente André Vidal Tenor Marcelo Coutinho Barítono GUSTAV MAHLER/RIEHM A Canção da Terra
Programações sujeitas a alterações.
142 143
/ JUNHO
O IRB Brasil RE, maior ressegurador latino-americano, é patrocinador da Série Mista II da Temporada Lírica de 2015 do Theatro Municipal de São Paulo.
mantenedor
patrocinadores
apoiadores
agência de negócios e relações institucionais
execução
realização
patrocinador mantenedor
MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO