Manon Lescaut - Theatro Municipal de São Paulo 2015

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M A N O N P U C C I N I

L E S C A T

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MANON LESCAUT Ópera em quatro atos Música de Giacomo Puccini Libreto de Ruggero Leoncavallo, Marco Praga, Giuseppe Giacosa, Domenico Oliva e Luigi Illica, a partir do romance L’Histoire du Chevalier Des Grieux et de Manon Lescaut de Antoine François Prévost d'Exiles.



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Datas de apresentação Elenco

Sinopse

Quatro perguntas ao diretor cênico Cesare Lievi

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Manon Lescaut Irineu Franco Perpetuo

Sola, perduta, abbandonata Leandro Karnal

Histórico de apresentações

Gravações de referência

Libreto

Biografias dos artistas

Fichas Técnicas

Amigos do TMSP

Temporada 2015


Nova montagem do Theatro Municipal de São Paulo

AGOSTO sábado 29, às 20h domingo 30, às 18h

SETEMBRO terça 1, às 20h quinta 3, às 20h sábado 5, às 20h domingo 6, às 18h terça 8, às 20h quinta 10, às 20h

5 4 Datas de Apresentação & Elenco

MANON LESCAUT GIACOMO PUCCINI


Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo John Neschling Direção musical e regência Michelangelo Mazza Regente assistente 3 6 Cesare Lievi Direção cênica Juan Guillermo Nova cenografia Marina Luxardo figurinos Cesare Agoni iluminação Bruno Greco Facio Regente do Coro Lírico Manon Lescaut

María José Siri 29 1 5 8 10 Adriane Queiroz 30 3 6

Des Grieux

Marcello Giordani 29 1 5 8 10 Martin Muehle 30 3 6

Lescaut

Paulo Szot

Edmondo

Valentino Buzza

Geronte

Saulo Javan

Professor de dança

Matheus Pompeu

Um acendedor de lampiões

Walter Fawcett

Um músico

Malena Dayen

Um taberneiro/Comandante

Leonardo Pace

Sargento

Rogério Nunes



Croquis de cenรกrio de Juan Guillermo Nova.


9 Sinopse

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[Indicações cênicas do libreto original.]

Ato I 35’

Em frente a uma estalagem, em Amiens, com amigos estudantes, Des Grieux vê a chegada de Manon com seu irmão, Lescaut. A jovem inicialmente estaria destinada ao convento, mas despertou o interesse do velho Geronte; Lescaut, assim, não se opõe ao ricaço que pretende raptá-la. Manon e Des Grieux, porém, se apaixonam à primeira vista e, informados pelo estudante Edmondo do plano de rapto de Geronte, acabam por se antecipar, escapando na carruagem alugada pelo velho. Lescaut, que bebia com os estudantes, não se abala: sua irmã ama o luxo e não será difícil convencê-la a trocar o jovem de poucos recursos pelo pretendente endinheirado.

Intervalo 20’

Ato II 40’

Confirmando a previsão de Lescaut, Manon agora vive no luxuoso apartamento parisiense de Geronte. Porém, confessa sentir saudades do jovem amante ao irmão. Este a informa que converteu Des Grieux em jogador, para que ele possa ganhar o dinheiro que ela tanto aprecia. Lescaut parte para buscar Des Grieux, enquanto Geronte chega com amigos, e um professor de dança dá aula de minueto a Manon. Terminado o bailado, a jovem fica sozinha e Des Grieux entra. O casal canta um arrebatado dueto de amor e é surpreendido por Geronte, que sai para chamar a polícia. Lescaut exorta-os a escapar, porém Manon se atrasa na fuga, querendo levar consigo as joias que ganhou do velho. Por fim, Manon é detida.

Intervalo 20’


Ato III 22’

Um intermezzo sinfônico representa a viagem de Manon a Le Havre, onde a moça embarcará, com mulheres presas por prostituição, para seu degredo na colônia francesa da Louisiana. Lescaut e Des Grieux tentam libertar Manon, porém fracassam. O apaixonado implora ao comandante do navio que lhe permita, então, embarcar com sua amada. Seu pedido é atendido.

Intervalo 10’

Ato IV 23’

Cai a noite em um deserto na Louisiana. Devido a intrigas, Manon e Des Grieux foram forçados a deixar Nova Orleans. Manon está exaurida e Des Grieux sai em busca de socorro. Sozinha, ela entoa seu derradeiro lamento: Sola, perduta, abbandonata (Só, perdida, abandonada). O amante regressa, para encontrá-la à morte.



Croquis de figurino de Marina Luxardo.


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QUATRO PERGUNTAS PARA O DIRETOR CÊNICO CESARE LIEVI


Como o senhor concebeu esta montagem de Manon Lescaut? Há algum deslocamento do tempo cênico? Creio que Manon Lescaut é uma ópera que precisa do ambiente do libreto, que precisa do século 18. Para mim, é muito difícil imaginar uma montagem sem esses elementos. E isso se dá não por uma questão de fidelidade histórica, mas porque o século 18 é um protagonista da ópera. Mesmo musicalmente há referências ao Settecento: o madrigal, minuetos... O libreto, por sua vez, emula o italiano da época, tanto no léxico, como no ritmo. O idioma italiano sempre teve um ‘italiano de ópera’ e no século 18 tinha um ‘italiano’ muito interessante, o dos libretos de Lorenzo Da Ponte, que colaborou várias vezes com Mozart. Mas o ‘italiano’ recriado pelos libretistas de Manon Lescaut não faz referência a Da Ponte (que não era considerado italiano por trabalhar com um austríaco e para um rei inimigo dos reinos italianos), mas à tradição literária italiana. Assim, os libretistas de Manon Lescaut chegam a um resultado pouco usual, não tão refinado como o dos libretos do libretista de Mozart, mas, por outro lado, com uma dramaturgia muito poderosa.

E que século 18 o senhor criou, já que há uma série de releituras e interpretações neste Settecento de Manon Lescaut? Não é um Settecento pitoresco, mas um relacionado à música. Os cenários têm todos os elementos necessários para caracterizar a cena e o tempo histórico, mas são mais metafóricos; têm como objetivo lançar luz sobre a dramaturgia. Não recrio realisticamente os ambientes: no primeiro ato, temos a floresta e as cadeiras e mesas da locanda, mas sem as paredes e outros elementos cênicos. Dei um nome para cada um dos atos da ópera, que destacam suas características principais. O primeiro: a Primavera, uma momento de revitalização quase erótica, caracterizada de maneira impressionista, com muitos jovens e marcada pela esperança (a jovem e pura Manon, a caminho do convento, que se apaixona por um jovem rapaz...). O segundo: o Teatro, que contrasta com o primeiro, dos jovens para os velhos (o palácio de Geronte); da vitalidade para impotência e o jogo de aparências; da primavera para o inverno. Geronte transforma seu palácio em um palco onde Manon deve brilhar. Manon não se reconhece neste mundo de Geronte: está constantemente entediada e sob pressão de ser um troféu de seu marido – deve cantar bem e dançar bem. O terceiro: o Inferno, a prisão. Há em cena duas prostitutas, ambas caracterizadas como Manon, idênticas. Manon está dissipada, sua identidade perdida e sua única perspectiva é o exílio. Seguindo os contrastes de caracterização dos atos, se o primeiro é impressionista, o segundo é expressionista e o terceiro é realista. O quarto: o Deserto. Elementos dos atos anteriores reaparecem destroçados, num ambiente surrealista, onírico. Visões no deserto. O deserto é psicológico e está ambientado no palácio de Geronte.


Como esta paixão, estes aspectos patológicos, se desenvolvem em Manon Lescaut? A patologia de Manon é ser refém de seus desejos. Ela é arrastada pelos desejos. Ela é uma menina. Ela brinca como uma criança. Você, ao observar as crianças brincarem, percebe a seriedade como elas brincam. Ela pula de desejo em desejo; ela é imatura, inocente. Ela não controla a própria vida. E Des Grieux é muito fascinado por ela, mas percebe que isso pode levá-lo à morte. E ele se lança à morte; ele quer se destruir. Ele tem um prazer masoquista forte. No romance de Prévost e na ópera de Massenet, o percurso seguido pelos personagens é algo necessário para aprender a viver. É um Bildungsroman, um romance de formação. Em Puccini, este aspecto não está presente. Há somente dois desejos que se consomem, que seguem juntos para a destruição. Eis o aspecto patológico. Os dois e Lescaut constroem uns aos outros. No teatro, creio, as personagens não são por si, mas sempre em relação às outras e resultantes dessa relação. Todas se constroem mutuamente. Lescaut governa o destino dos jovens amantes. Na condução da trama, Lescaut é mais importante que Geronte.

15 14 Quatro Perguntas para o Diretor Cênico Cesare Lievi

Anos atrás, o senhor montou Manon, de Jules Massenet, em Berlim. Como comparar a ópera do compositor francês com Manon Lescaut, de Puccini? São duas óperas bem diferentes! A ópera de Massenet está bem mais próxima do romance de Prévost. A ópera de Puccini não tem o espírito libertino, no sentido filosófico, que encontramos no romance; em Manon, de Massenet, encontramos este espírito. Puccini está muito mais interessado na paixão. As personagens de Puccini têm elementos patológicos: Turandot é frígida, por exemplo... e Manon Lescaut é, geralmente, encarada como interesseira, mas esta é uma leitura do nosso tempo de uma história de outro tempo, dos séculos 18 e 19.


Croquis de figurino de Marina Luxardo.


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Croquis de cenรกrio de Juan Guillermo Nova.


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MANON LESCAUT IRINEU FRANCO PERPETUO

Irineu Franco Perpetuo ĂŠ jornalista e tradutor, ministra cursos na Casa do Saber e colabora com a Revista Concerto.


Embora hoje a posição de Giacomo Puccini (1858-1924) como maior compositor italiano de ópera posterior a Verdi esteja amplamente consolidada, quando ele contava com pouco mais de 30 anos de idade, no começo da década de 1890, nem todos apostariam em seu nome. Por um lado, havia o sucesso espetacular de Cavalleria Rusticana (1890) e I Pagliacci (1892), que parecia projetar seus autores – respectivamente, Pietro Mascagni (1863-1945) e Ruggero Leoncavallo (1857-1919) – como as figuras de proa da jovem escola italiana do verismo. Por outro, se Puccini obtivera relativo êxito com Le Villi (1884), sua primeira ópera, a segunda, Edgar (1889) fracassara miseravelmente no La Scala de Milão, saindo de cartaz depois da terceira récita. O resultado criou preocupação entre os acionistas da Casa Ricordi, a editora do compositor, que, em reunião, propuseram que a empresa cessasse suas relações com Puccini. O todo-poderoso Giulio Ricordi, porém, manteve-se irredutível, vetando a decisão de seus pares e reforçando a aposta no músico toscano. Enquanto isso, Ferdinando Fontana (1850-1919), libretista das duas primeiras óperas de Puccini, chamou a atenção do compositor para a peça La Tosca, de Victorien Sardou (1831-1908). Como se sabe, Tosca eventualmente se transformaria em uma das óperas de maior sucesso do repertório, mas só estrearia em 1900, após longas negociações (e com Fontana fora do páreo). Dado o insucesso do trabalho deste último com Puccini, Ricordi pensou em um novo parceiro literário para o compositor: Giuseppe Giacosa (1847-1906), para o qual encomendou um libreto com temática russa. Giacosa participaria da produção daquela que, até hoje, é a trinca mais popular de Puccini – La Bohème,


21 20 Manon Lescaut Irineu Franco Perpetuo

Tosca e Madama Butterfly -, mas a relação criativa entre ambos ainda teria que esperar algum tempo para ter início: o compositor ansiava por algo “mais poético, mais agradável, menos sombrio e bem mais nobre em concepção” do que a Rússia imaginada pelo poeta. A escolha do tema, por fim, recairia sobre um tema que, a exemplo de Tosca, lhe fora sugerido por Fontana – e da qual o literato igualmente seria alijado: o romance História de Manon Lescaut e do Cavaleiro Des Grieux (1731), do Abade Prévost. Ricordi, em princípio, se mostrou apreensivo, afinal de contas, o francês Jules Massenet (1842-1912) obtivera o mais espetacular êxito de sua carreira com Manon (1884), sua adaptação do livro de Prévost. “Manon é uma heroína em que confio e, portanto, não pode deixar de conquistar o coração do público. Por que não pode haver duas óperas sobre ela? Uma garota inconstante como Manon pode ter mais do que um amante”, foi a réplica irônica e confiante do compositor. Em outra ocasião, ele colocaria as diferenças de abordagem do tema em termos nacionais: “Massenet a sente como um francês, com o pó de arroz e os minuetos. Eu vou sentir como um italiano, com paixão desesperada”. Antoine-François Prévost (16971763), conhecido como Abade Prévost, levou uma existência movimentada, entre o exército, aventuras na Holanda e na Inglaterra e ordens religiosas como a dos jesuítas e a dos beneditinos. Sua experiência rendeu as semi-autobiográficas Memórias e Aventuras de Um Homem de Qualidade, das quais a História do Cavalheiro Des Grieux e de Manon Lescaut originalmente consistiam o sétimo tomo, para depois ganharem existência autônoma. Assim como acontece na Carmen, de Merimée – na qual o narrador, em primeira pessoa, reproduz o que lhe conta Don José, também em primeira pessoa -, aqui o narrador das Memórias e Aventuras, o Marquês de Renoncour, reproduz o discurso em primeira pessoa do cavalheiro Des Grieux e suas peripécias depois de se envolver com Manon Lescaut. “Você ama a ópera; nós iremos duas vezes por semana”, afirma Des Grieux a Manon, em determinada altura do livro. Se a ligação amorosa do jovem casal desenvolvia-se em termos que pareciam escandalosos para os palcos dentro das convenções morais da ópera de sua época, o século 18, passou a chamar a atenção dos compositores na segunda metade do século 19. Com texto de Eugène Scribe (o principal libretista da grand opéra francesa), a primeira tentativa foi a Manon Lescaut, de Daniel François Esprit Auber (17821871), em 1856, que teve alguma voga nos palcos franceses e alemães ao longo do século 19, para cair no esquecimento no século seguinte. Talvez tenha contribuído para isso o fato de o mesmo palco que abrigou sua estreia, a Opéra Comique, ter sido varrido, 28 anos mais tarde


(1884), pelo sucesso avassalador da Manon, de Massenet – que, mais tarde, tentaria ainda extrair mais proveito dela com a continuação em um ato Le Portrait de Manon (1894). O desafio que Puccini se colocava não era pequeno: embora, à época da composição de sua ópera, a de Massenet ainda não tivesse estreado em solo italiano, tratava-se, de qualquer forma, de um compositor não apenas 16 anos mais velho, como então bem mais conhecido e estabelecido do que seu jovem rival italiano.

Um libreto escrito a inúmeras mãos Para pular das páginas

do romance para os palcos de ópera, a ‘garota inconstante’ passaria pelas mãos de diversos homens de letras. Até hoje é difícil definir a cronologia, porém, aparentemente, tudo começou quando Puccini, em 1889, abordou o dramaturgo Marco Praga (1862-1929) – filho do poeta spigliato Emilio Praga (1839-1875), autor do libreto da ópera Maria Tudor, de Carlos Gomes. Nome de ponta da vertente teatral do verismo, Marco Praga estava em voga, na época, devido ao êxito daquela que é considerada sua obra-prima: a peça La Moglie Ideale (A Mulher Ideal, 1890), um dos grandes papéis da atriz Eleonora Duse (18581924). Como ele jamais havia redigido um libreto, sentia-se inseguro e solicitou, para a tarefa específica de escrever os versos, a colaboração do poeta, jornalista, crítico literário (e, mais tarde, político) Domenico Oliva (1860-1917). Puccini não era, porém, alguém que fosse dar carta branca a seus libretistas, em cujo trabalho interferia constantemente. Após alguns meses de trabalho, o compositor revelou-se insatisfeito tanto com a sinopse quanto com a divisão de atos proposta por Praga que, em consequência, se retirou da empreitada, deixando Oliva sozinho. Em algum momento, foi convocado em seu auxílio Leoncavallo, que tentava se envolver na vida musical italiana depois de anos de boemia em Paris. O compositor tinha veleidades literárias; dizia ter sido aluno, em Bolonha, do poeta Giosuè Carducci (1835-1907), primeiro italiano a vencer o Prêmio Nobel de literatura, escrevia os libretos de suas óperas e, nessa época, ainda não estreara seu único sucesso, I Pagliacci. Leoncavallo refez a sinopse da ópera, mas os versos de Oliva continuavam a desagradar Puccini; e, em 1892, mais um libretista entrou em cena: Luigi Illica (1857-1919). Ao lado de Giacosa, Illica escreveria os libretos de Bohème, Tosca e Butterfly; sozinho, os de Andrea Chènier, de Giordano, La Wally, de Catalani, e Isis, de Mascagni, dentre


O herdeiro de Verdi anexa território germânico O grande

evento operístico italiano da temporada de 1893 seria a estreia de Falstaff, a comédia baseada em Shakespeare com que Giuseppe Verdi, prestes a completar 80 anos, encerraria sua carreira operística. Tido não apenas como o maior compositor operístico do país, mas como uma autêntica instituição nacional, Verdi receberia todos os holofotes e a honra de estrear sua nova criação no La Scala, em 9 de fevereiro. A Puccini, cujo Edgar naufragara nos palcos do La Scala, ficou reservado o Teatro Regio de Turim, uma semana mais cedo – em 1° de fevereiro. A elite milanesa pegou o trem para conhecer a nova obra do compositor, e Mascagni arregimentou uma claque de amigos para dar apoio ao ex-colega. Ao final do espetáculo, aplausos entusiasmados obrigaram-no a voltar à cena para agradecer nada menos do que 30 vezes. Com o intuito de alavancar a carreira internacional de Manon Lescaut, Giulio Ricordi ligou-a a Falstaff,

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muitos outros. Considera-se seu principal legado o fato de ter quebrado a rigidez métrica da poética operística, escrevendo versos irregulares que Giacosa apelidou com bonomia de “illicassílabos”. Aventureiro, lançou-se ao mar para combater os turcos aos 19 anos de idade; genioso, perdeu parte da orelha em um duelo. Apesar (ou por causa) do caráter inflamado, Illica foi fundamental para que finalmente se chegasse a uma versão final do libreto. No fim, tanta gente havia mexido no texto (Leoncavallo, Ricordi e o próprio Puccini inseriram alguns versos) que ele acabou sendo publicado sem atribuição de autoria. Puccini concluiu a partitura na idílica comuna suíça de Vacallo. Eufórico com o recente sucesso de I Pagliacci, seu vizinho Leoncavallo pendurou, do lado de fora da casa em que estava hospedado, um pôster retratando um palhaço. Puccini respondeu com a ilustração de uma mão grande – em italiano, manone. Mesmo depois de estabelecido um libreto, e anos após a estreia bem-sucedida da ópera, o compositor continuaria a mexer em Manon Lescaut. Insatisfeito com o ato derradeiro, chegou a cortar a ária final, Sola, perduta, abbandonata, da penúltima edição da partitura, em 1909. Deve-se ao maestro Arturo Toscanini (1867-1957) o mérito de convencer Puccini a recolocar a ária na ópera, em uma produção do La Scala, em 1922 – um ato pelo qual agradeceria não apenas o próprio compositor (“Manon, na sua interpretação, vai muito além do que eu imaginei naqueles dias distantes”, ele escreveu ao regente, em seguida à récita), mas todos os apaixonados pela arte lírica.


oferecendo um desconto substancial às casas que desejassem encenar ambos os títulos na mesma temporada. Como consequência, a nova obra de Puccini rapidamente ganhou o mundo. Seis meses depois da primeira audição da ópera, em 29 de agosto de 1893, a trinca que criara os papéis no Teatro Regio – Cesira Ferrani (Manon), Giuseppe Cremonini (Des Grieux) e Achille Moro (Lescaut) – fazia a estreia paulistana do título, no Teatro São José. A ópera chegou ao Municipal já na temporada inaugural da casa, em 1911, causando especial furor em 1928, graças aos míticos Tullio Serafin (regente), Claudia Muzio (soprano) e Beniamino Gigli (tenor): “Só quem presenciou o delírio do público ao terminar o terceiro ato pode avaliar a reação dos paulistanos diante dos grandes momentos do teatro lírico”, escreve Paulo de Oliveira Castro Cerqueira no livro Um Século de Ópera em São Paulo. Manon Lescaut foi o título com que Puccini passou a adquirir a estatura de que desfruta até hoje. A Manon de Massenet se fez ouvir na Itália pela primeira vez em 1893, e recebeu boa acolhida, mas Puccini não precisava mais temer as comparações com a partitura do colega francês. Giovanni Pozza, do Corriere della Sera, escreveu, logo após a estreia, que o compositor tinha atravessado ‘um abismo’ entre Edgar e sua adaptação do texto de Prévost: “Manon é obra de um gênio consciente de seu poder, mestre de sua arte, um criador e aperfeiçoador dela. Manon pode ser colocada entre as óperas clássicas”. Durante a gestação da nova ópera, Puccini viajou a Bayreuth como enviado de Ricordi, que preparava a estreia italiana de Os Mestres Cantores de Nurembergue, de Wagner. Talvez devido a essa imersão na estética do compositor alemão, Manon Lescaut seja vista como sua criação mais wagneriana. “Em Cavalleria e Pagliacci, não vejo nada além de ópera donizetttiana racionalizada, condensada, preenchida e atualizada; em Manon Lescaut, porém, o domínio da ópera italiana é aumentado pela anexação de território germânico”, escreveu Bernard Shaw depois de assistir à montagem do Covent Garden, em Londres, em 1894. Não se tratava, porém, de obra de epígono. Shaw corretamente observa que Manon Lescaut é dotada da perícia instrumental e da sofisticação harmônica que naquela época eram associados à escola germânica sem abrir mão do gosto pela melodia que caracterizava os compositores italianos. Para ele, Puccini “não demonstra atrofia da faculdade melódica; irrompe em melodias cativantes bem na veia de Verdi; por exemplo, Tra voi belle, no primeiro ato de Manon, tem todo o charme das melodias adoradas pela velha guarda da ópera. Por causa disso e de outras coisas, Puccini me parece mais o herdeiro de Verdi do que qualquer um de seus rivais”. Frase que se revelaria profética.



Croquis de cenรกrio de Juan Guillermo Nova.


Leandro Karnal 茅 doutor em Hist贸ria Social pela USP e professor de Hist贸ria na Unicamp

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SOLA, PERDUTA, ABBANDONATA LEANDRO KARNAL


Afinal, o que amamos quando estamos apaixonados?

Infecção passageira; sentido da existência; impossível neste mundo; só o de mãe; pássaro rebelde; unicamente o de Deus; carência dirigida; invenção da literatura italiana... Ele é um fogo que arde sem se ver; sua importância supera falar a língua dos homens ou dos anjos; é uma descarga de hormônios... O conceito de amor é de uma variedade assombrosa. Quase todos amam, mas ninguém chega a um veredito objetivo sobre os limites deste latifúndio da psique humana. A biblioteca amorosa é uma selva confusa. O romano Ovídio, na sua Arte de Amar, insistiu em estratégias objetivas para atrair a pessoa amada, mesmo em casos extraconjugais. Séculos depois, Shakespeare imortalizou dois amantes: Romeu e Julieta. O caso mais célebre de paixão literária iniciou-se num domingo à noite e terminou, de forma trágica, na quinta-feira da mesma semana. Talvez o imaginativo Padre Vieira estivesse certo no seu pessimismo: o amor é representado por uma criança (Cupido), porque nenhum amor humano dura tanto que chegue a se tornar adulto. No século 18, um abade erudito e rebelde, Antoine François Prévost d'Exiles (1697-1763), vagou pela Europa lançando obras variadas. A vida rocambolesca do abade parece ser transcrita na obra de 1731: Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut. A história de Manon tem idas e vindas por portos, exílio, quebra de votos religiosos e final difícil: este foi o pequeno tijolo que Prévost assentou na parede da literatura amorosa. O século do Iluminismo foi um século onde a sexualidade era vivida de forma menos hipócrita do que no seguinte, o vitoriano século 19. Sim: havia moralistas e censores, mas


Uma mulher vagando na imaginação do mundo Não é o

gênio literário que tornou Prévost imortal. Provavelmente, sua personagem Manon foi maior do que o autor. Isto ocorre por vezes: filhas superam seus pais. Manon Lescaut serviu para uma ópera quase esquecida de Daniel François Esprit Auber (1782-1871). Com libreto de Eugène Scribe (1791-1861), a obra estreou, em Paris, no ano de 1856, dentro do gênero tão complexo de definir que foi a opéra comique. O termo não se refere ao aspecto de comédia, mas à existência de diálogos, recitativos e de outras regras específicas. Manon ainda foi a musa de uma ópera de Jules Massenet (1842-1912), cuja estreia foi na Opéra-Comique de Paris, em 1884. Foi um grande sucesso e integrou, quase imediatamente, o repertório internacional. Há uma beleza do épico e universal romântico em árias vivas e coloridas, com o cotidiano e a microfísica do amor. Destaque-se a cantada por Manon no Ato II: Adieu, notre petite table (Adeus, nossa pequena mesa). Fácil entender o sucesso da obra de Massenet. Fácil supor olhos lacrimejantes na Paris da Belle Époque diante do quadro da ruptura que acompanha o amor. Cada objeto remete a uma evocação do êxtase que ela vivenciou. A materialidade da mesa transcende e enleva, mas machuca pelo que não mais é. A beleza do amor dialoga com sua fugacidade. No fim do século 19, Puccini estreou outra versão sobre a obra de Prévost: surge a nossa Manon Lescaut. Mas a força inspiradora da infeliz Manon ainda estaria em balés e outras composições. É uma força curiosa. O belo Dorian Gray lê Manon Lescaut enquanto aguarda Lord Henry, na obra de Oscar Wilde. Também na Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, aparece um exemplar do livro logo no início da obra. Sem ser invasiva, sem se tornar uma Napoleão de saias, a frágil Manon entra em quase todos os lugares, inspira criações e ainda paira, diáfana e trágica, mito além do que sonharia seu criador. As fraquezas pessoais de Manon são evidentes, mas qual seria a força desta mulher? De onde vem a sedução de uma mutável freira-cortesã-emigrante?

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o Abade não foi um deles. A obra já citada do Cavaleiro des Grieux e de Manon Lescaut foi a que mais sobreviveu da sua prolífica pena. O tom é quase coloquial e dialoga com o leitor. A narrativa indica a memória de um eu lírico que começa o texto com uma evocação.


Manon: entre o convento e o desejo A cena inicial se passa

em Amiens, no Norte da França. Na cidade se ergue a catedral que o grande arquiteto do 19 (Eugène Viollet-le-Duc) chamou de o “Parthenon do gótico”. Cidade curiosa, onde este imponente templo do passado medieval se ergue próximo à casa do maior sonhador sobre nosso futuro: Júlio Verne. No cemitério, um túmulo guarda o corpo do pai da ficção científica: um homem se levanta da morte e ergue seu braço ao céu, libertando-se da terra e da matéria. Ali, entre o velho e o novo, entre este mundo e o outro, entra em cena o amor entre Des Grieux e Manon Lescaut. Nossa heroína se encaminha para um convento. Estamos diante de um dos arquétipos do feminino na concepção dos homens: a pura, a celibatária, a Virgem-Manon encarna desejo e sedução erótica destinada a florescer apenas no claustro. É sedutora porque inatingível. Velha metáfora de santidade e do feminino, como no belo soneto entre Romeu e Julieta: o amante é o peregrino e a amada é a santa. Tanto o romance como a ópera foram escritos, lembremos sempre, por homens. A percepção do feminino é feita pelo masculino, relação especular, projeção de desejos, de desenganos e medos. As mulheres sonhadas e criadas pelos homens guardam relações complexas com o real. A Virgem Maria, a Mona Lisa, Madame Bovary, Ana Karenina, Capitu: todas nasceram do pincel e da pena de homens. Lucas, Leonardo da Vinci, Flaubert, Tolstói e nosso Machado: homens tão distintos quanto é possível; mas homens, em sociedades masculinas e para públicos, dominantemente, masculinos. Vozes dissonantes, como a de Sóror Juana Inés de la Cruz, atacam este castelo viril. No célebre poema ‘homens néscios’, ela encerra denunciando esta arrogância masculina que soma “diablo, carne y mundo”. Para a freira da Nova Espanha, os homens acusam na mulher contradições causadas apenas pela ação e consciência masculinas. Uma das forças de Manon como musa é passar pelos papéis da imaginação falocêntrica. Ela é, no começo, a pura, a casta, a beata, a virgem, a intocada. Botão ingênuo e intacto: Manon chega para a colheita como a insegurança masculina deseja. Esta incapacidade de comparação das virgens desperta o amor imediato de dois homens: o cavaleiro Des Grieux e Geronte. O hímen é a mais translúcida de todas as fantasias. Os dois homens são incapazes de perceber que o único verdadeiro desafio é ser o último homem de uma mulher. Ambos desejam ser os primeiros. O estereótipo de Manon faz contraponto com o clichê dos cavaleiros. Ela é bela e virgem: poderoso amálgama simbólico. A primeira faceta da fantasia masculina já se apresentou. Surge a segunda. Manon vai para Paris com Geronte. O interesse declarado dela é pelo dinheiro. O convento já


31 30 Sola, Perduta, Abbandonata Leandro Karnal

ficou para trás naquela noite em Amiens. Sai a freira virginal, emerge a interesseira, quase uma cortesã. Manon optou por Geronte pelo brilho do ouro. Mas seu desejo a conduz ainda à lembrança de Des Grieux. Quando ela reencontra o jovem, o velho fica furioso. Manon não contemporiza e ainda explicita que não tinha amado ao rico. Era o fim de uma ilusão. Mulher que só quer explorar: o segundo grande modelo que a mente masculina criou. O fato de Geronte só querer o corpo de Manon não surge no texto, apenas se destaca que ela desejou o dinheiro. O materialismo é só dela. Manon quebrara votos anteriores de se dedicar a Deus. Funciona como outro modelo antigo: Medeia. Se a furiosa feiticeira foi capaz de enganar o pai e matar o irmão por amor a Jasão, o que faria para prejudicar o amante quando este lhe faltasse? Soa a advertência para o público do 19: todo ser capaz de alto sacrifício é capaz de intenso ódio. O beijo é a véspera do escarro, lembra nosso pessimista Augusto dos Anjos nos ‘Versos Íntimos’. Quem muito entregou, muito cobrará. A mulher virgem seduz tanto quanto a interesseira afasta. Manon reúne ambas. A bela Lescaut é bipolar moral. Denunciada pelo velho amante e agora rancoroso perseguidor, é condenada por prostituição. Na cena seguinte ela está cercada de mulheres ‘da vida’. No fundo deste poço social, recebe a solidariedade de Des Grieux. Uma viagem em três patamares decrescentes: santa, interesseira, prostituta. Da torre da virgindade à execração em praça pública. O destino das ‘cocotes’ era a colônia francesa de Nova Orleans, na América. A velha Europa se purificava exilando os desajustados para o Novo Mundo. No porto de Le Havre, embarcam as decaídas com sonoros nomes das sarjetas: Rosetta, Violetta e... Manon. Des Grieux canta de forma apaixonada e pede para acompanhar o barco. É um ordálio: o cavaleiro vai descascar batatas para merecer o amor de Manon. Do estuário do Sena para o delta do Mississipi: esta é a geografia do pecado punido. O Novo Mundo é um inferno. A viagem esgota a frágil Manon. É uma demanda do Graal às avessas. O cálice sagrado só seria obtido pelo cavaleiro mais puro. Manon deixou de ser pura por interesse; agora expia seu pecado. É um deserto profundamente simbólico. As perdidas ocupam o deserto, como Santa Maria Egipcíaca, também cortesã no passado. Solidão e sede para quem buscou companhias erradas e bebidas fáceis. Des Grieux vai à busca de água. Manon se sente abandonada como nunca estivera. Ela havia largado a proteção de Deus, depois a proteção de Geronte e agora, agoniza de sede sozinha. É hora da intensa e dramática “Sola, perduta, abbandonata”. É um dos momentos mais fortes da tradição operística: uma


mulher sozinha, sem apoio, numa terra devastada. Manon perde esperança e acredita na fuga do namorado. A natureza acompanha sua dor e o céu é funéreo. Ela não quer morrer, mas seu corpo não segue sua resistência de espírito. Aquela parecia ser uma terra de paz, mas era o deserto e a morte. Manon lamenta sua própria beleza, fonte de ruínas no passado. No horizonte mental da desesperada quase heroína, surge apenas a imagem de um túmulo. Em farrapos, ela grita pelo seu homem. Sozinha, perdida e abandonada. Como convém ao drama, ele chega quando é tarde demais. Julieta só pode despertar segundos após Romeu ter tomado veneno. Manon tem um último alento com a volta do seu único amor e, logo em seguida, abandona este mundo. A água do amor não chegou a tempo. Ela nunca chega. Somos corações desidratados por natureza. Louvamos a paixão amorosa em textos, mas a realidade é camoniana: “Mas como causar pode seu favor
 Nos corações humanos amizade,
 se tão contrário a si é o mesmo Amor?” Manon morre acreditando que foi desiludida no jogo amoroso. É uma versão romântica, claro. Em pena mais realista, ela teria morrido pensando no contrário: enfim, encontrou o verdadeiro amor: Sola, perduta, abbandonata.



Croquis de figurino de Marina Luxardo.


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HISTÓRICO DE APRESENTAÇÕES


/ ESTREIA MUNDIAL

01 de fevereiro de 1893 Teatro Regio, Turim, Itália Alessandro Pomè Regente Cesira Ferrani Manon Lescaut Giuseppe Cremonini Des Grieux Achille Moro Lescaut Alessandro Polonini Geronte Roberto Ramini Edmondo

/ PRIMEIRA APRESENTAÇÃO NO BRASIL

29 de agosto de 1893 Teatro São José, São Paulo Arnaldo Conti Regente Cesira Ferrani Manon Lescaut Giuseppe Cremonini Des Grieux Achille Moro Lescaut Remo Ercolani Geronte Roberto Ramini Edmondo

/ APRESENTAÇÕES NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

21 de setembro de 1911 Edoardo Vitale Regente Adelina Agostinelli Manon Lescaut Angelo Pintucci Des Grieux Ernesto Badini Lescaut Concetto Paterna Geronte Carlo Bonfanti Edmondo

/JULHO DE 1912

Gino Marinuzzi Regente Ersilde Cervi-Caroli Manon Lescaut Giuseppe Taccani Des Grieux Renzo Minolfi Lescaut Giorgio Schottler Geronte Gualtiero Favi Edmondo

/ SETEMBRO DE 1928 Tullio Serafin Regente Ezio Cellini / Ciro Scafa Diretor Cênico

Claudia Muzio Manon Lescaut Beniamino Gigli Des Grieux Gino Vanelli Lescaut Attilio Muzio Geronte Luigi Nardi Edmondo


/ SETEMBRO DE 1986

(em versão concerto) Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Tullio Colacioppo / Luiz Fernando Malheiro Regentes Luiza de Moura / Rosa Mazzolla Manon Lescaut Benito Maresca / Giorgio Magnani Des Grieux Andrea Ramus / Luiz Orefice Lescaut Wilson Carrara / Carlos Vial Geronte Arlindo Quariglia / Tomasino Castelli Edmondo

/ OUTUBRO DE 1989

(em versão concerto) Orquestra Sinfônica Brasileira Coro Ópera Brasil Eugene Kohn Regente Ilona Todoku Manon Lescaut Peter Kelen Des Grieux Paulo Fortes Lescaut Mario Bertolino Geronte Sérgio Sisto Edmondo

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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Michelangelo Veltri Regente Tito Serebrinsky Diretor Cênico Gabriella Cegolea Manon Lescaut Nicola Martinucci Des Grieux Fernando Teixeira Lescaut Wilson Carrara Geronte João de Brás Edmondo

Histórico de Apresentações

/ SETEMBRO DE 1978


Croquis de figurino de Marina Luxardo.


Giuseppe Sinopoli Regência Mirella Freni Manon Lescaut Plácido Domingo Des Grieux Renato Bruson Lescaut Coro da Royal Opera House e Philharmonia Orchestra Deutsche Grammophon

Tullio Serafin Regência Maria Callas Manon Lescaut Giuseppe di Stefano Des Grieux Giulio Fioravanti Lescaut Coro e Orquestra do La Scala de Milão EMI

Jonel Perlea Regência Licia Albanese Manon Lescaut Jussi Björling Des Grieux Robert Merrill Lescaut Orquestra e Coro da Ópera de Roma Naxos

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GRAVAÇÕES DE REFERÊNCIA


James Levine Regência Gina Lapinski Direção cênica Karita Mattila Manon Lescaut Marcello Giordani Des Grieux Dwayne Croft Lescaut The Metropolitan Opera, Nova York EMI Classics

Giuseppe Sinopoli Regência Götz Friedrich Direção cênica Kiri Te Kanawa Manon Lescaut Plácido Domingo Des Grieux Thomas Allen Lescaut The Royal Opera House Warner Classics



Croquis de figurino de Marina Luxardo.


Drama lírico em quatro atos Música de Giacomo Puccini MANON LESCAUT LESCAUT sargento dos guardas do Rei O CAVALHEIRO DES GRIEUX estudante GERONTE DI RAVOIR tesoureiro geral EDMONDO, estudante O TABERNEIRO UM MÚSICO O PROFESSOR DE DANÇA UM ACENDEDOR DE LAMPIÕES SARGENTO DOS ARQUEIROS O COMANDANTE DA MARINHA UM CABELEIREIRO

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LIBRETO MANON LESCAUT


Segunda metade do século 18.

Seconda metà del secolo XVIII.

As aventuras do cavalheiro Des Grieux, no admirável livro do abade Prévost que é Manon Lescaut, tão estranhas e tão humanamente verdadeiras, por necessidade cênica tiveram de ser circunscritas em limites severos. Mas a linha principal e os personagens que constituem o verdadeiro enredo foram totalmente conservados. Assim: o encontro em Amiens de Manon, que se dirigia ao convento, com Des Grieux, prometido à vida eclesiástica – o amor que surgiu daquele encontro – a ideia de uma fuga – a fuga – depois, as infidelidades de Manon – o abandono de Des Grieux – a conquista daquele velho peralta De G*** M*** (no libreto, Geronte di Ravoir, tesoureiro geral) – os conselhos e intrigas de Lescaut, o irmão sargento – e, por fim, ainda a volta ao amor – e a nova fuga – e a tentativa fracassada – a prisão – a condenação de Manon à deportação. Assim: Manon, estranho conflito de amor, de assanhamento, de venalidade, de sedução; o irmão Lescaut, que espera encontrar na irmã todas as características torpes de sua própria depravação; o velho e rico libertino, causa primeira da perdição de Manon; por fim, o cavalheiro Des Grieux, que, visto amar sempre, sempre espera, e que, perdendo a última ilusão, torna-se grumete para subir no barco que levará Manon para a América, seguindo seu amor e seu destino. Mas o destino o persegue inexoravelmente: Manon e Des Grieux são obrigados a uma fuga rápida, imediata, que tem por desfecho uma das páginas mais sublimes e piedosas de dramaticidade, lá, numa planície perdida, árida, desconhecida; numa profunda solidão, num imenso abandono da vida, de qualquer coisa… – tudo isto foi preservado no libreto com a fidelidade que é possível na passagem de uma obra de forma narrativa para a forma representativa.

Le avventure del cavaliere Des Grieux, in quel mirabile libro dell’abate Prévost che è «Manon Lescaut», così bizzarre e così umanamente vere, hanno dovuto per necessità scenica essere circoscritte entro limiti severi. Ma la linea principale e i personaggi che ne costituiscono il vero intreccio vennero completamente conservati. Così: l’incontro ad Amiens di Manon destinata al convento e di Des Grieux proposto alla vita ecclesiastica – l’amore da quell’incontro – l’idea di una fuga – la fuga – poi, le infedeltà di Manon – l’abbandono di Des Grieux – la conquista di quel vecchio ganimede di De G*** M*** [nel libretto Geronte di Ravoir, cassiere generale] – i consigli e gli intrighi di Lescaut, il fratello sergente – e, finalmente, ancora il ritorno all’amore – e, la nuova fuga – e, il tentativo non riuscito – l’arresto – la condanna di Manon alla deportazione. Così: Manon, bizzarro contrasto di amore, di civetteria, di venalità, di seduzione; il fratello Lescaut, il quale spera trovare nella sorella tutte le turpi risorse richieste dalla di lui depravazione; il vecchio e ricco libertino, causa prima della perdita di Manon; il cavaliere Des Grieux infine che, come ama sempre, sempre spera e che, l’ultima illusione svanita, si fa mozzo per salire sul vascello che deve portare Manon in America, seguendo il suo amore e il suo destino. Ma il destino inesorabilmente lo persegue: Manon e Des Grieux sono obbligati ad una immediata, rapida fuga, la quale ha per scioglimento una delle pagine più sublimi e pietose di dramma, là, in una landa perduta, arida, ignorata; in una profonda solitudine, in un immenso abbandono d’ogni vita, d’ogni cosa… – tutto ciò fu nel libretto conservato con quella fedeltà possibile in una translazione di un’opera dalla forma narrativa in quella rappresentativa.]


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Uma grande praça perto da Porta de Paris, em Amiens. Uma avenida à direita. À esquerda, uma taberna com um pórtico sob o qual estão posicionadas várias mesinhas para os fregueses. Uma escadinha externa leva ao primeiro andar da taberna.

Un vasto piazzale presso la Porta di Parigi, in Amiens. Un viale a destra. A sinistra un’osteria con porticato sotto al quale sono disposti vari tavolini per gli avventori. Una scaletta esterna conduce al primo piano dell’osteria.

PRIMEIRA CENA SCENA PRIMA

[Estudantes, burgueses, homens do povo, mulheres, meninas, soldados passeiam pela praça e pela avenida. Outros estão parados conversando em grupos. Outros estão sentados nas mesas, bebem e jogam. Edmondo, circundado por outros estudantes, e por fim Des Grieux]

[Studenti, borghesi, popolani, donne, fanciulle, soldati passeggiano per la piazza e sotto il viale. Altri son fermi a gruppi chiacchierando. Altri seduti ai tavolini, bevono e giuocano. Edmondo, attorniato da altri studenti, poi Des Grieux]

EDMONDO

[entre cômico e sentimental] Salve, noite gentil, que desces com seu cortejo de zéfiros e de estrelas; Salve, cara aos poetas e aos amantes…

[tra il comico ed il sentimentale] Ave, sera gentile, che discendi col tuo corteo di zeffiri e di stelle; Ave, cara ai poeti ed agli amanti…

ESTUDANTES STUDENTI

[interrompem Edmondo, rindo] … aos ladrões e aos bêbados! Nós cortamos o madrigal!

[interrompono Edmondo, ridendo] …ai ladri ed ai brïachi! Noi t ‘abbiamo spezzato il madrigale!

EDMONDO

E agradeço a vocês. Pela avenida faceiras vêm de grupo em grupo frescas, risonhas e belas as nossas aprendizes…

E vi ringrazio. Pel vïal giulive vengono a frotte a frotte fresche, ridenti e belle le nostre artigianelle…

ESTUDANTES STUDENTI

Agora a avenida se anima…

Or s’anima il vïale…

EDMONDO

Estou preparando um madrigal astucioso, ousado e jovial; vêm de grupo em grupo as nossas aprendizes…

Preparo un madrigale furbesco, ardito e gaio; Vengono a frotte a frotte le nostre artigianelle...

ESTUDANTES STUDENTI

Frescas, risonhas e belas.

Fresche, ridente e belle.

Libreto Manon Lescaut

PRIMEIRO ATO ATTO PRIMO


EDMONDO

Estou preparando um madrigal astucioso e jovial e que minha musa seja toda galante!

Preparo un madrigale Furbesco e gaio e sia la musa mia tutta galanteria!

EDMONDO e ESTUDANTES EDMONDO e gli STUDENTI

[para algumas meninas que caminham pela avenida] Juventude é o nosso nome, a esperança é a nossa deusa; nos arrasta pelos cabelos indomável coragem. Santa embriaguez! Agora vocês, risonhas, amorosas adolescentes, deem o lábio, deem o coração para a valente juventude!...

[ad alcune fanciulle che si avanzano dal viale] Giovinezza è il nostro nome, la speranza è nostra iddia; ci trascina per le chiome indomabile virtù. Santa ebbrezza! Or voi, ridenti, amorose adolescenti, date il labbro, date il core alla balda gioventù!…

MENINAS FANCIULLE

[aproximando-se] Vaga pelo ar uma onda de perfumes, vão as andorinhas voando e morre o sol! É esta a hora das fantasias Em que as esperanças lutam com as melancolias. [entra Des Grieux]

[avvicinandosi] Vaga per l’aura un’onda di profumi, van le rondini a vol e muore il sol! È questa l’ora delle fantasie che fra le spemi lottano e le malinconie. [Entra Des Grieux]

ESTUDANTES STUDENTI

Eis Des Grieux! [Des Grieux cumprimenta, mas sem se unir aos amigos]

Ecco Des Grieux! [Des Grieux che saluta senza però unirsi agli amici]

EDMONDO

[chamando-o] Una-se a nós, amigo, e ria e que lhe vença o pensamento de uma aventura extravagante.

[chiamandolo] A noi t’ unisci amico e ridi e ti vinca la cura di balzana avventura.

[insistindo para que Des Grieux se una a eles]

[insistendo perchè Des Grieux si unisca a loro]

Não responde? Por quê? Talvez pungente amor de uma dama inacessível lhe mordeu?

Non rispondi? Perché? Forse di dama inaccessibile acuto amor ti morse?

[interrompendo-o, levantando os ombros] O amor? Esta tragédia, ou melhor comédia, eu não conheço!

[interrompendolo, alzando le spalle] L’amor? Questa tragedia, ovver commedia, io non conosco!

[Edmondo e alguns estudantes param para conversar com Des Grieux. Outros cortejam

[ Edmondo ed alcuni Studenti si fermano a conversare con Des Grieux. Altri corteggiano le

DES GRIEUX


DES GRIEUX

Amigos, muito honra me dão.

Amici, troppo onor mi fate.

EDMONDO e os ESTUDANTES EDMONDO e gli STUDENTI

Por Baco, adivinhamos, amigo… Você se lamenta de uma derrota…

Per Bacco, indoviniam, amico… Ti crucci d’uno scacco…

DES GRIEUX

Não… ainda não… mas se querem, vou agradá-los… e agora!!! [aproxima-se das meninas e galante lhes diz] Entre vocês, belas, morenas e loiras, se esconde uma jovenzinha graciosa e charmosa, dos lábios rosas, que espera por mim? É você, estrela loira? Diga-me! Me revelem o destino e o divino rosto ardente que me apaixone, que eu veja e adore eternamente! É você aquela – morena esguia? Diga-me! [As meninas percebem que Des Grieux está brincando e se afastam dele zangadas, dando de ombros. Os estudantes riem]

No… non ancora… ma se vi talenta, vo’ compiacervi… e tosto!! [Si avvicina alle fanciulle e con galanteria dice loro] Tra voi, belle, brune e bionde si nasconde giovinetta vaga e vezzosa, dal labbro rosa, che m’aspetta? Sei tu bionda stella? Dillo a me! Palesatemi il destino e il divino viso ardente che m’innamori, ch’io vegga e adori eternamente! Sei tu quella – bruna snella? Dillo a me! [Le fanciulle comprendono che Des Grieux scherza, si allontanano da lui corrucciate scrollando le spalle. Gli studenti ridono]

ESTUDANTES STUDENTI

Muito bem!

Ma bravo!

EDMONDO

Muito bem! Olhem, companheiros, que mais ninguém se lamente dele!

Ma bravo!Guardate, compagni, di lui nessuno più si lagni!

TODOS TUTTI

Comemoremos a festa, como é do nosso costume, que o copo toque música agradável nos brindes,

Festeggiam la serata, com’è nostro costume, suoni musica grata nei brindisi il bicchier,

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fanciulle che passeggiano nel viale] [a Des Grieux] Misteriose vittorie cauto celi e felice;

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as meninas que passeiam na avenida] [para Des Grieux] Misteriosas vitórias você esconde, cauto e feliz.

Libreto Manon Lescaut

ALGUNS ESTUDANTES ALCUNI STUDENTI


e o ardente encanto do prazer nos arrebate! Danças, brindes, loucuras, o cortejo da volúpia agora avança pelas ruas e a noite reinará; é esplendente – e impetuoso, é um poema de fulgor: que seduza tudo a sua luz e o seu furor!

e noi rapisca il fascino ardente del piacer! Danze, brindisi, follie, il corteo di voluttà or s’avanza per le vie e la notte regnerà; è splendente – ed irruente, è un poema di fulgor: tutto vinca – tutto avvinca la sua luce e il suo furor!

[Soa a corneta do postilhão; olhando para o fundo à direita de onde chega a diligência que para em frente ao portão da taberna. Logo desce Lescaut, depois Geronte, que de modo galante ajuda Manon a descer. Descem outros passageiros]

[Squilla la cornetta del postiglione;guardando verso il fondo a destrada dove arriva la diligenza che si arresta innanzi al portone dell’osteria. Scende subito Lescaut, poi Geronte, il quale galantemente aiuta a scendere Manon. Altre viaggiatori scendono alla loro volta]

Chega o coche de Arras! Estão descendo… vejamos! Passageiros elegantes – galantes!

Giunge il cocchio d’Arras! Discendono… vediam!… Viaggiatori eleganti – galanti!

MANON, LESCAUT, GERONTE, depois o TABERNEIRO. Alguns empregados da taberna.

MANON, LESCAUT, GERONTE, poi L’OSTE. Alcuni garzoni d’osteria.

EDMONDO e os ESTUDANTES EDMONDO e gli STUDENTI

[admirando Manon] Quem não daria àquela bela mocinha a gentil saudação de boas-vindas?

[ammirando Manon] Chi non darebbe a quella donnina bella il gentile saluto del benvenuto?

LESCAUT

Ei! Taberneiro! [para Geronte] Cavalheiro, o senhor é um modelo de fineza… [gritando] Ei! Taberneiro!

Ehi! l’oste! [A Geronte] Cavalier, siete un modello di squisitezza… [gridando] Ehi! l’oste!

TABERNEIRO L’OSTE

[correndo] Eis-me aqui!

[accorrendo] Eccomi qua!

SEGUNDA CENA SCENA SECONDA


GERONTE

[para o taberneiro] Esta noite, amigo, aqui pousarei… [para Lescaut] Perdão! [para o taberneiro] Taberneiro, cuide de minha bagagem.

[all’oste] Questa notte, amico, qui poserò… [A Lescaut] Scusate! [All’oste] Ostiere, v’occupate del mio bagaglio.

TABERNEIRO L’OSTE

Obedecerei… [dá alguma ordem] [para Geronte e Lescaut] Por favor, queiram me seguir…

Ubbidirò… [Da qualche ordine] [a Geronte ed a Lescaut] Vi prego, mi vogliate seguir…

[Sobe a escadinha externa que leva ao primeiro andar: seguemno Geronte e Lescaut, que faz um sinal para que Manon o espere. Manon se senta]

[Sale la scaletta esterna che conduce al primo piano: lo seguono Geronte e Lescaut, il quale fa cenno a Manon d’attenderlo. Manon si siede]

[A diligência entra no portão da taberna; a multidão se afasta; alguns estudantes voltam às suas mesas para beber e jogar; Edmondo fica parado num lado observando Manon e Des Grieux]

[La diligenza entra nel portone dell’osteria; la folla si allontana; alcuni studenti tornano ai tavoli a bere e a giocare; Edmondo si ferma da un lato a osservare Manon e Des Grieux]

DES GRIEUX DES GRIEUX

[que não desviou os olhos de Manon nem por um instante, se aproxima dela] Cortês dama, aceite meu rogo: digam os doces lábios como se chama.

[che non avrà mai distolto gli occhi da Manon, le si avvicina] Cortese damigella il priego mio accettate: Dican le dolci labbra come via chiamate?

MANON MANON

[levantando-se, responde modestamente] Me chamo Manon Lescaut.

[alzandosi, risponde modestamente] Manon Lescaut mi chiamo.

DES GRIEUX

Desculpe minhas palavras, mas um encanto misterioso me conduz até a senhora. Mesmo seu rosto me parece ter visto antes, e meu coração sente estranhas emoções. Quando vai partir?

Perdonate al dir mio, ma da un fascino arcano a voi spinto son io. Persino il vostro volto parmi aver visto, e strani moti ha il mio core. Quando partirete?

MANON

[dolorosamente] Amanhã ao alvorecer partirei. Um convento me espera…

[dolorosamente] Domani all’alba io parto. Un chiostro m’attende...

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[osservando Manon] Dio, quanto è bella!

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[observando Manon] Deus, como é bela!

Libreto Manon Lescaut

DES GRIEUX


DES GRIEUX

O abril em seu rosto se mostra e floresce! Ó gentil, qual destino lhe move?

E in voi l’aprile nel volto si palesa e fiorisce! O gentile, qual fato vi fa guerra?

[Edmondo se aproxima cautelosamente dos estudantes que estão na taberna, e lhes indica maliciosamente Des Grieux que conversa bem perto de Manon]

[Edmondo cautamente si avvicina agli studenti che sono all’osteria, ed indica loro furbescamente Des Grieux che è in stretto colloquio con Manon]

MANON

O meu destino se chama o desejo de meu pai.

Il mio fato si chiama: voler del padre mio.

DES GRIEUX

Oh, como a senhora é bela! Ah! Não! Não é um convento que estéril lhe cobiça! Não! Em seu destino brilha uma outra estrela.

Oh, come siete bella! Ah! no! non è un convento che sterile vi brama! No! sul vostro destino riluce un’altra stella.

MANON

[de modo triste] A minha estrela está se pondo!

[tristamente] La mia stella tramonta!

DES GRIEUX

Agora não podemos falar. Volte daqui a pouco, e, conspirando juntos contra o destino, venceremos.

Or parlar non possiamo. Ritornate fra poco, e cospiranti contro il fato, vinceremo.

MANON

Suas palavras revelam tanta piedade! Quero lhe recordar! O seu nome?...

Tanta pietà traspare dalle vostre parole! Vo’ ricordarvi! Il nome vostro?…

DES GRIEUX

Sou Renato Des Grieux...

Sono Renato Des Grieux…

LESCAUT

[de dentro] Manon!

[di dentro] Manon!

MANON

Devo deixá-lo. [virando-se para o hotel] Estou indo! [para Des Grieux] Meu irmão me chamou.

Lasciarvi debbo. [Volgendosi verso l’albergo] Vengo! [A Des Grieux] M’ha chiamata mio fratello

DES GRIEUX

[suplicando] Voltará aqui?

[supplichevole] Qui tornate?

MANON

Não! Não posso. Deixe-me!...

No! non posso. Mi lasciate!…

DES GRIEUX

Ó gentil, estou implorando...

O gentile, vi scongiuro…


DES GRIEUX

[que seguiu Manon com o olhar] Nunca vi mulher igual a esta! Dizer a ela: eu te amo, minha alma desperta para uma nova vida “Me chamo Manon Lescaut!” Como estas palavras perfumadas vagam pelo meu espírito e vão acariciar fibras escondidas. Ó gentil sussurro, ai!, não pare!...

[che avrà seguito Manon collo sguardo] Donna non vidi mai simile a questa! A dirle: io t’amo, a nuova vita l’alma mia si desta «Manon Lescaut mi chiamo!» Come queste parole profumate mi vagan nello spirto e ascose fibre vanno a carezzare. O susurro gentil, deh! non cessare!…

[Edmondo e os estudantes, que espiavam Des Grieux, avançam cautelosamente, aos poucos]

[Edmondo e gli studenti, che hanno spiato Des Grieux si avanzano cautamente, poco a poco]

EDMONDO e os ESTUDANTES EDMONDO e gli STUDENTI

A sua ventura nos tranquiliza. Ó digno fiel de Cupido, bela e divina a querubina para o seu prazer desceu do céu! [Des Grieux sai irritado] Ele foge: então está apaixonado!... [Todos os estudantes se aproximam novamente da taberna: se encontram com algumas meninas e as convidam, de modo galante, a segui-los]

La tua ventura ci rassicura. O di Cupido degno fedel, bella e divina la cherubina per tua delizia scese dal ciel! [Des Grieux parte indispettito.] Fugge: è dunque innamorato!… [Tutti gli studenti si avviano nuovamente all’ osteria: s’imbattono in alcune fanciulle e le invitano galantemente a seguirli.]

ESTUDANTES STUDENTI

Venham, ó meninas!... Que vocês nos tragam boa sorte.

Venite o fanciulle!… Augurio ci siate di buona fortuna.

MENINAS FANCIULLE

É loira ou é morena a deusa que comanda a disputa de vocês?

È bionda o è bruna la diva che guida la vostra tenzon?

[Geronte e Lescaut descem da escadinha da taberna conversando]

[Geronte e Lescaut scendono dalla scaletta dell’osteria chiaccherando fra loro]

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[commossa] Mi vincete! Quando oscuro l’aere intorno a noi sarà!… [S’interrompe: vede Lescaut che sarà venuto sul balcone dell’osteria e frettolosamente lo raggiunge, entrando ambedue nelle camere]

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[comovida] O senhor me vence! Quando o ar escuro estiver ao nosso redor!... [se interrompe: vê Lescaut que veio ao balcão da taberna e rapidamente o alcança, entrando os dois nos aposentos]

Libreto Manon Lescaut

MANON


GERONTE

Então sua irmã vestirá o véu?

Dunque vostra sorella il velo cingerà?

LESCAUT

Mau conselho da minha gente...

Malo consiglio della gente mia...

GERONTE

A sua ideia me parece ser diferente?

Diversa idea mi pare la vostra?

LESCAUT

Claro, claro. Minha cabeça é mais sã do que parece, embora uma triste fama rodeie meus feitos. Mas conheço a vida muito bem. Paris é uma enorme escola...

Certo, certo. Ho più sana la testa di quel che non sembri, benchè triste fama mie gesta circondi. Mala vita conosco forse troppo. Parigi è scuola grande assai...

MENINAS FANCIULLE

[embaixo do pórtico da taberna] Amigas fieis de um tempo... vocês querem o beijo... querem o suspiro?

[sotto il porticarto dell’osteria] Amiche fedeli d’un’ora... volete, il bacio,... volete il sospir?

LESCAUT

Sendo guia de minha irmã, lamentando, cumpro o meu dever como um verdadeiro soldado.

Di mia sorella guida, mormorando, ad empio il mio dovere, come un vero soldato.

MENINAS FANCIULLE

Ah! Honremos a vitória, peçam o beijo, o suspiro! Ah!

Ah! Orniam la vitoria, il bacio chiedete, il sospir! Ah!

ESTUDANTES STUDENTI

Os que perdem, os que vencem, cobiçam vocês, ó meninas.

Chi perde, chi vince, vi brama o fanciulle.

LESCAUT

Digo apenas que nenhum acontecimento ingrato no mundo nos pega sem alguma recompensa.

Solo, dico, che ingrato evento al mondo non ci coglie, senza qualche compenso:

[Edmondo se aproxima de uma menina, e de modo galante a conduz para a avenida]

[Edmondo si avvicina ad una fanciulla, e galantemente la conduce verso il viale]

LESCAUT

E o senhor, como se chama?

E voi conobbi Signor?

GERONTE

Geronte di Ravoir.

Geronte di Ravoir.

ESTUDANTES STUDENTI

Quem chora e quem ri, a má sorte zomba de nós e nos prostra; mas alegre irrompe a louca e eterna canção de amor. [rindo] Ah! Ah! Ah! [começam a jogar]

Chi piange e chi ride, noi prostra ed irride la mala ventura; ma lieta prorompe d’amore la folle, d’amore l’eterna, l’eterna canzon. [ridendo] Ah! Ah! Ah! [si metono a giocare]


EDMONDO

Adeus minha estrela, adeus minha flor, graciosa irmã do Deus do amor. Ao seu redor vai meu suspiro, e não me traia nem por um dia.

[ad una fanciulla] Addio mia stella, addio mio fior, vaga sorella del Dio d’amor. A te d’intorno va il mio sospir. E per un giorno non mi tradir.

[cumprimenta a menina que vai embora; depois, ao ver que Geronte e Lescaut estão conversando, para num canto para observá-los]

[saluta la fanciulla, la quale parte-poi vedendo Geronte e Lescaut in stretto colloquio, si ferma in disparte ad osservarli]

LESCAUT

O senhor viaja a passeio?

Diporto vi conduce in viaggio?

GERONTE

Não, trabalho; o pagamento dos impostos confiado a mim pela bondade do Rei, pela minha bolsa.

No, dovere; l’affito dell’imposte a me fidato dalla bontà del Re, dalla mia borsa.

LESCAUT

[à parte] (Que mina de ouro!)

[a parte] (Che sacco d’or!)

GERONTE

E não me parece alegre nem a sua irmã.

E non mi sembra lieta neppur vostra sorella.

LESCAUT

Imagine! Aos dezoito anos! Quantos sonhos e esperanças...

Pensate! a diciott’anni! Quanti sogni e speranze...

GERONTE

Entendo... coitadinha!... É preciso consolá-la... Esta noite os senhores jantarão comigo?

Comprendo… Poverina!… È d’uopo consolarla… Questa sera meco verrete a cena?

LESCAUT

Que honra! Que honra!... Enquanto isso, permita-me... [Faz-lhe um sinal para lhe oferecer alguma coisa da taberna]

Qual’ onor! Qual’ onore!… E intanto permettete… [Gli fa un cenno d’offrirgli qualche cosa all’osteria]

GERONTE

[que estava obedecendo a Lescaut, muda de repente de ideia] Desculpe... me esperem por um instante; eu tenho que dar algumas ordens ao taberneiro...

[che sulle prime aveva seguito Lescaut, cambia subito di pensiero] Scusate… m’attendete per breve istante; qualche ordine io debbo all’ostiere impartir…

53

Orniam la vittoria, e il core del vinto di tenebre cinto al tepido effluvio di molle carezza al tepido effluvio di mole carezza riposa, obliando, e l’ onta e il martir [ridendo] Ah! Ah! Ah!

52

Honremos a vitória, e o coração do vencido envolto nas trevas repousa no tépido eflúvio de um carinho suave, esquecendo a vergonha e o martírio. [rindo] Ah! Ah! Ah!

Libreto Manon Lescaut

MENINAS FANCIULLE


[Lescaut se inclina e Geronte se afasta na direção dos fundos; começará a anoitecer: de dentro da taberna trazem várias lanternas e velas acesas, que são postas nas mesas dos jogadores]

[Lescaut s’inchina e Geronte s’allontana verso il fondo; avra cominciato ad annotare: dall’interno dell’osteria portano varie lampade e candele accese, che dispongono sui tavoli dei giuocatori]

BURGUESES e os ESTUDANTES BORGHESI E GLI STUDENTI

Um ás! Um valete! Um três! Que jogo maldito!

Un asso! Un fante! Un tre! Che gioco maledetto!

LESCAUT

[atraído pelas vozes, encosta-se no pórtico e olha] Estão jogando! Oh, se eu também pudesse arriscar! Uma jogada perfeita!...

[attratto dalle voci, si accosta al porticato e guarda] Giocano! Oh, se potessi tentare anch’io! qualche colpo perfetto!..

BURGUESES e os ESTUDANTES BORGHESI E GLI STUDENTI

Apostem! Apostem!... As cartas!... Um ás!...

Puntate! Puntate!… Carte!… Un asso!…

LESCAUT

[se aproxima decididamente dos estudantes, fica atrás de um jogador, observa o jogo dele, depois com ar de censura] Um ás?! Meu senhor, um valete! Errado, errado!

[si avvicina in modo deciso agli studenti, si pone alle spalle d’un giuocatore, osserva il suo giuoco, poi con aria di rimprovero] Un asso?! Mio signore, un fante! Errore, errore!

ESTUDANTES GLI STUDENTI

É verdade, um valete! O senhor é um mestre!

È ver!, un fante! Siete un maestro!

LESCAUT

[com exagerada modéstia] Estão brincando! Um diletante...

[con esagerata modestia] Celiate! Un dilettante…

[convidado, senta-se numa mesa e começa a jogar]

[invitato, siede ad un tavolo e comincia a giocare]

[Geronte, que enquanto isso observava Lescaut, ao vê-lo ocupado no jogo, chama o taberneiro, que está na entrada do portão]

[Geronte, che in questo tempo ha osservato Lescaut, vedendolo occupato al giuoco, chiama l’oste, che è sul limitare del portone]

[ao taberneiro] Amigo, [o taberneiro corre solícito] eu pago antes e sem papo fiado! [conduzindo o taberneiro à parte] Uma carroça e cavalos que voem tal como o vento; em uma hora!

[all’oste] Amico, [l’oste accorre premuroso] io pago prima e poche ciarle! [conducendo l’Oste in disparte] Una carrozza e cavalli che volino sìccome il vento; fra un’ora!

GERONTE


[Edmondo, suspeitando o vai e vem de Geronte, cautelosamente se aproxima para vigiá-lo]

[Edmondo, messo in sospetto dagli andirivieni di Geronte, cautamente si avvicina per sorvegliarlo]

GERONTE

Atrás do hotel, em uma hora, entendeu?! Virão um homem e uma menina... e partir tal como o vento... partir, para Paris! E lembre-se que o silêncio é de ouro.

Dietro l’albergo, fra un’ora, capite?! Verranno un uomo e una fanciulla… e via siccome il vento,.. via, verso Parigi! E ricordate che il silenzio è d’or.

TABERNEIRO L’OSTE

[maliciosamente] Ouro, eu adoro.

[maliziosamente] L’oro… adoro.

GERONTE

Bem, bem!... [lhe dá uma bolsa] Adore-o e obedeça. Agora me diga, [apontando o portão da taberna] a taberna tem apenas esta saída?

Bene, bene!… [Dandogli una borsa] Adoratelo e ubbidite. Or mi dite, [Indicando il portone dell’osteria] questa uscita ha l’osteria solamente?

TABERNEIRO L’OSTE

Tem outra.

Ve n’ha un’altra.

GERONTE

Mostre-me o caminho. [saem do fundo à esquerda]

Indicatemi la via. [Partono dal fondo a sinistra]

MENINAS FANCIULLE

[de dentro] Peçam o beijo, o suspiro!

[interno] Chiedete il bacio, il sospir!

BURGUESES e os ESTUDANTES BORGHESI E GLI STUEDENT

[para Lescaut] Nós... o convidamos... à banca!

I [a Lescaut] A noi... v’invito... banco!

LESCAUT

[com ar de desprezo e frio] Cartas!

[con aria fredda e sprezzante] Carte!

[o jogo de Lescaut com os estudantes é muito animado] [Edmondo corre para o fundo da cena, sempre espiando Geronte]

[Il gioco di Lescaut cogli Studenti è animatissimo] [Edmondo corre al fondo della scena,spiando ancora Geronte]

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Si signore!

54

Sim, senhor!

Libreto Manon Lescaut

TABERNEIRO L’OSTE


EDMONDO

[avançando] Velhinho amável, que Plutão empoado que você é! Será que a sua Proserpina terá força para resistir a você?

[avanzandosi] Vecchietto amabile, incipriato Pluton sei tu! La tua Proserpina di resisterti forse avrà virtù?

[entra Des Grieux pensativo]

[Entra Des Grieux pensieroso]

[batendo no ombro de Des Grieux] Cavalheiro, você está perdido!

[battendo su la spalla a Des Grieux] Cavaliere, te la fanno!

DES GRIEUX

[com surpresa] O que você está dizendo?

[con sorpresa] Che vuoi dir?

EDMONDO

[ironicamente] Aquela doce flor que exalava há pouco, arrancada do seu caule, pobre flor, em uma hora murchará! A sua menina, a sua pomba agora voa, agora voa. Soa a trombeta do postilhão... Vamos, console-se! Um velho a está roubando!

[ironicamente] Quel fior dolcissimo che olezzava poco fa, dal suo stel divelto, povero fior, fra un’ora appassirà! La tua fanciulla, la tua colomba or vola, or vola. Del postiglion suona la tromba… Via, ti consola! Un vecchio la rapisce!

DES GRIEUX

[agitado] É verdade?

[turbato] Davvero?

EDMONDO

Você está pálido? Por Deus, a coisa é séria!

Impallidisci? Per Dio, la cosa è seria!

DES GRIEUX

Estou esperando-a aqui, entende?

Qui l’attendo, capisci?

EDMONDO

A que ponto chegamos!?

Siamo a buon punto!?

DES GRIEUX

Me salve!

Salvami!

EDMONDO

Salvá-lo?... Impedir a partida?... Tentaremos! Ouça! Talvez o possa salvar... Aquele soldado lá mordeu a isca do jogo!

Salvarti!?… La partenza impedir?… Tentiam!… Senti! Forse ti salvo... Del giuòco morse all’amo il soldato laggiù!

DES GRIEUX

E o velho?

E il vecchio?

EDMONDO

O velho? Oh, deverá se ver comigo! [Se aproxima dos companheiros que jogam e fala ao ouvido de um deles; depois sai do pórtico e se afasta do fundo

Il vecchio? Oh, l’avrà da far con me! [Si avvicina ai compagni che giuocano, e parla all’orecchio d’alcuno fra essi; poi esce e dal porticato e si allontana dal


[aparece na escadinha, olha ansiosa ao redor e, ao ver Des Grieux, desce e se aproxima dele] [com simplicidade] O senhor está vendo? Eu sou fiel à minha palavra. O senhor me pediu, rogando com tanto ardor, que eu voltasse para o senhor de novo. Melhor não revê-lo, acho, e ao seu pedido opor minha recusa educadamente.

[comparisce sulla scaletta, guarda ansiosa intorno e visto Des Grieux scende e gli si avvicina] [con semplicità] Vedete? Io son fedele alla parola mia. Voi mi chiedeste, con fervida preghiera, che a voi tornassi un’altra volta. Meglio non rivedervi, io credo, e al vostro prego benignamente opporre il mio rifiuto.

DES GRIEUX

Oh, como são pesadas as suas palavras!... Não costuma pensar assim a graciosa idade que aflora em seu rosto; não combina com o sorriso que transparece do belíssimo olho este desdém melancólico!...

Oh come gravi le vostre parole!… Sì ragionar non suole l’età gentil che v’infiora il viso; mal s’addice al sorriso che dall’occhio bellissimo traluce questo disdegno melanconico!…

MANON

No entanto, fui feliz, muito feliz no passado! A tranquila casinha ressoava com as minhas risadas bobas, e com as joviais amigas muitas vezes eu ia dançar! Mas o belo tempo da alegria fugiu!

Eppur lieta, assai lieta un tempo io fui! La queta casetta risonava di mie folli risate, e coll’ amiche gioconde ne andava sovente a danza! Ma di gaiezza il bel tempo fuggì!

DES GRIEUX

[encantado] Nas fulgentes, profundas pupilas, resplandece o desejo do amor... O amor agora lhe fala! Ah!... Dê para as ondas do novo encanto o doce lábio e o coração... Eu a amo! Eu a amo! Este pedacinho de dia faça-o eterno e infinito!

[affascinato] Nelle pupille fulgide, profonde sfavilla il desiderio dell’amore… Amor ora vi parla!… Ah!.. Date all’onde del nuovo incanto il dolce labbro e il cor… V’amo! v’amo! Quest’attimo di giorno rendete eterno ed infinito!

MANON

Sou uma pobre menina, não tenho no rosto nenhum brilho de beleza, reina a tristeza no meu destino.

Una fanciulla povera son io, non ho sul volto luce di beltà, regna tristezza sul destino mio.

DES GRIEUX

A tristeza será vencida pelo amor! A beleza lhe dá o mais amável futuro,

Vinta tristezza dall’amor sarà! La bellezza vi dona il più vago avvenir,

57

MANON

56

fondo a sinistra: si sospende il giuoco:Lescaut beve cogli studenti]

Libreto Manon Lescaut

para a esquerda; param de jogar; Lescaut bebe com os estudantes]


ó doce pessoa, ah! Meu suspiro! Meu suspiro infinito!

o soave persona, ah! mio sospir! Mio sospiro infinito!

MANON

Não é verdade, não é verdade! Ah! Sonho afável... meu suspiro infinito!

Non è ver, non è vero! Ah! Sogno gentil… mio sospiro infinito!

LESCAUT

[levantando-se e batendo na mesa] Não tem mais vinho? Como assim? Vazio está o barril? [Os estudantes o forçam a se sentar e lhe servem mais vinho. O jogo recomeça mais animado. Ao ouvir a voz de Lescaut, Manon e Des Grieux se retiram para a direita muito agitados; Manon, com medo, quer voltar para dentro, mas Des Grieux a segura]

[alzandosi e picchiando sul tavolo] Non c’è più vino? E che? Vuota è la botte? [Gli studenti lo forzano a sedere e gli versano ancora del vino. Il giuoco riprende più animato. All’udire la voce di Lescaut, Manon e Des Grieux si ritraggono verso destra agitatissimi; Manon impaurita vorrebbe rientrare, ma viene trattenuta da Des Grieux]

DES GRIEUX

Ai! Escute-me: uma vil ofensa lhe ameaça: querem lhe raptar! – Um libertino, aquele velho que chegou com vocês, preparou uma armadilha contra a senhora.

Deh! m’ascoltate: vi minaccia un vile oltraggio: un rapimento! – Un libertino, quel vecchio che con voi giunse, una trama a vostro danno ordì.

MANON

[espantada] O que está dizendo?

[stupita] Che dite?!

DES GRIEUX

A verdade!

Il vero!

EDMONDO

[correndo rapidamente para Des Grieux e Manon] O golpe está feito, a carroça está pronta... Que burla colossal! Rápido! Partam...

[accorrendo rapidamente a Des Grieux e Manon] Il colpo è fatto, la carrozza è pronta… Che burla colossal! Presto! Partite…

MANON

[surpresa] O quê? Fugir?

[sorpresa] Che?! Fuggir?

DES GRIEUX

Fujamos! Fujamos! Que o seu raptor... seja um outro!

Fuggiamo! Fuggiamo! che il vostro rapitor… un altro sia!

MANON

[para Des Grieux] Ah! Não! Ah! Não! O senhor vai me raptar?

[a Des Grieux] Ah! No! Ah! No! Voi mi rapite?!

DES GRIEUX

Não! Não! É o amor que lhe rapta!

No! No! Vi rapisce amore!


DES GRIEUX

[rogando intensamente] Eu lhe imploro!

[con intensa preghiera] V’imploro!

EDMONDO

Rápido, vamos gente!

Presto, via ragazzi!

DES GRIEUX

Ah! Fujamos, fujamos! Manon, eu lhe imploro... fujamos! Fujamos!

Ah! Fuggiamo, fuggiamo! Manon, v’imploro…fuggiam! Fuggiam!

MANON

Não! Não!

No! No!

DES GRIEUX

Ah! Manon, Manon, lhe imploro... Ah! Fujamos, lhe imploro...

Ah! Manon, Manon, v’imploro... Ah! Fuggiamo, v’imploro…

MANON

Vamos!

Andiam!

EDMONDO

Rápido! Rápido! Oh! Que grandes loucos!

Presto! Presto! Oh! che bei pazzi!

[Edmondo dá para Des Grieux sua própria capa, com a qual pode cobrir o rosto, depois os três fogem pelos fundos,, atrás da taberna. Geronte vem da esquerda, dá uma rápida olhada na mesa; ao ver Lescaut jogando animado, deixa escapar um gesto de satisfação]

[Edmondo dà a Des Grieux il proprio mantello, col quale può coprirsi il volto, poi tutti e tre fuggono dal fondo, dietro l’osteria. Geronte viene dalla sinistra, dà una rapida occhiata al tavolo; vedendovi Lescaut giuocare animatamente, lascia sfuggire un moto di soddisfazione]

GERONTE

É o momento de seduzir a irmãzinha! – Vamos, coragem, o sargento está concentrado no jogo. Que lá fique! [para o taberneiro que corre inclinando-se] Ei, ouça!... O jantar está pronto?

Di sedur la sorellina è il momento! – Via, ardimento, il sergente è al giuoco intento. Vi rimanga! [ all’Oste che accorre con grandi inchini] Ehi, dico… pronta è la cena?

TABERNEIRO L’OSTE

Sim, Excelência.

Sì, Eccellenza.

GERONTE

Anuncie àquela senhorita que...

L’annunziate a quella signorina che…

EDMONDO

[Se aproxima e se apresenta inclinando-se para Geronte. Apontando alegremente para o fundo, na direção do caminho que leva a Paris]

[Edmondo si avvicina, e si presenta con un inchino a Geronte. Allegramente additando nel fondo verso la via che conduce a Parigi]

59

[resistendo] Ah! no!

58

[resistindo] Ah! Não!

Libreto Manon Lescaut

MANON


Excelência, veja! Ela está partindo em companhia de um estudante.

Eccellenza, guardatela! essa parte in compagnia d’uno studente.

[ouvem-se os sinos dos cavalos que se afastam rapidamente]

[odonsi i campanelli dei cavalli che si allontano rapidamente]

GERONTE

[vai para o fundo, olha surpreso, depois, com grande consternação corre para Lescaut – vendo que ele ainda está concentrado no jogo, o sacode] Raptaram-na!

[Geronte va verso il fondo, guarda sorpreso, poi nella massima confusione corre da Lescaut – vedendolo sempre intento a giuocare , lo scuote] L’hanno rapita!

LESCAUT

[sempre jogando] Quem?

[sempre giuocando] Chi?

GERONTE

Sua irmã!

Vostra sorella!

LESCAUT

Mil e mil bombas!

Mille e mille bombe!

[surpreso, joga as cartas e corre para fora do pórtico: o taberneiro, com medo, foge para a taberna]

[sorpreso butta le carte e corre fuori del porticato: l’Oste, impaurito, fugge nell’osteria]

Vamos segui-los! É um estudante!

L’inseguiam! È uno studente!

[Os estudantes, parando de jogar, se levantam, agrupandose em volta de Edmondo. Este, enquanto Geronte e Lescaut estão conversando, os conduz para o fundo e lhes indica o caminho por onde fugiram Des Grieux e Manon, depois voltam tranquilamente para a avenida à direita]

[Gli studenti, lasciando di giuocare, si alzano, aggrupandosi in torno ad Edmondo. Questi, mentre Geronte e Lescaut stanno parlandosi, li conduce in fondo ed indica Loro la via per la quale è fuggito Des Grieux con Manon, poi ritornano tranquillamente per la viale destra]

[insistindo com Lescaut, que enquanto isso observou Edmondo e os estudantes] Vamos segui-los, vamos seguilos, vamos segui-los. [ao sacudir Lescaut, que está impassível, deixa cair no chão o chapéu tricórnio]

[insistendo a Lescaut, il quale intanto ha osservato Edmondo e gli studenti] L’inseguiam, l’inseguiam, l’inseguiam [nello scuotere Lescaut, che è impassibile, lascia cadere a terra il tricorno]

GERONTE


LESCAUT

Vejo que... Manon com as suas graças charmosas suscitou no senhor... um afeto de pai!

Vedo... Manon con sue grazie leggiadre ha suscitato in voi… un affetto di padre!

GERONTE

É isso mesmo!

Non altrimenti!

LESCAUT

[com fineza] Para quem está falando!... Eu, como um filho respeitoso, lhe dou um ótimo conselho... Paris!... Manon está lá... Manon não está totalmente perdida! Mas a bolsa de um estudante logo fica vazia... Manon não quer a miséria! Manon reconhecerá e aceitará... uma mansão, para largar o estudante! O senhor será o pai de uma ótima filha, e eu completarei, senhor, a família. Que droga!... É preciso calma... filosofia...

[con finezza] A chi lo dite!… Io da figlio rispettoso vi do un ottimo consiglio… Parigi!… È là Manon… Manon già non si perde! Ma borsa di studente presto rimane al verde… Manon non vuol miserie! Manon riconoscente accetterà… un palazzo, per piantar lo studente! Voi farete da padre ad un’ottima figlia, io completerò, signore, la famiglia. Che diamine!… Ci vuol calma… filosofia…

EDMONDO e os ESTUDANTES EDMONDO E GLI STUDENTI

Ventinhos ondulados que sopram em meio a flores vermelhas e lírios, aventura estranha e árdua, ai, narrem, ai, narrem por minha fé.

Venticelli ricciutelli che spirate fra vermigli fiori e gigli avventura strana e dura deh narrate, deh narrate per mia fè.

ESTUDANTES STUDENTI

Um lábio com sede queria uma taça cheia, beber queria e avidamente já sorvia.

Assetato labbro aveva coppapiena, ber voleva e avidamente già suggeva

EDMONDO e os ESTUDANTES EDMONDO E GLI STUDENTI

[rindo] Ah! ah! ah! ah! ah!

[ridendo] ah! ah! ah! ah! ah!

LESCAUT

[pegando o tricórnio que Geronte na ira havia deixado cair]

[raccogliendo il tricorno che Geronte nell’ira avea lasciato cadere]

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[vedendo la simulata indifferenza degli studenti, risponde con calma] È inutil rifletiam, rifletiam... Cavalli pronti avete? [Geronte crolla il capo] Il colpo è fatto! disperarsi è da matto!

60

[vendo a falsa indiferença dos estudantes, responde com calma] É inútil, vamos refletir, refletir... O senhor tem cavalos prontos? [Geronte balança a cabeça] O golpe foi dado! Desesperar-se é estúpido!

Libreto Manon Lescaut

LESCAUT


EDMONDO e os ESTUDANTES EDMONDO E GLI STUDENTI

SEGUNDO ATO ATTO SECONDO

Eis o seu tricórnio!... E, amanhã de manhã, a caminho! Então, eu dizia... O jantar! Dê-me seu braço!

Ecco il vostro tricorno!… E, domattina, in via! Dunque, dicevo… A cena! il braccio a me!

[Pega Geronte pelo braço e caminha para a taberna, falando e gesticulando] É preciso estar à altura dos acontecimentos!... porque... [entrando na taberna]

[Prende a braccio Geronte,e s’incammina verso l’osteria, parlando e gesticolando] Degli eventi all’altezza esser convien!… perché… [entrando nell’osteria]

Ventinhos – ondulados, que sopram em meio a vermelhas – flores e lírios, aventura estranha e árdua, ai, narrem. Estranha e árdua por minha fé! [rindo] Ah! ah! [se aproximam da porta da taberna] Para a raposa envelhecida a uva fresca e aveludada, ah!, ah! Sempre amarga, sempre amarga será... ah! ah! ah! ah! ah!

Venticelli – ricciutelli, che spirate fra vermigli – fiori e gigli, avventura strana e dura, deh narrate. Strana e dura per mia fè! [ridendo] Ah! Ah! [si avvicianano alla porta dell’osteria] A volpe invecchiata l’uva fresca e vellutata Ah! Ah! Sempre Acerba, sempre acerba rimarrà... ah! ah! ah! ah! ah!

[com as risadas, Lescaut sai ameaçador: os estudantes fogem rindo]

[alla risata, Lescaut esce minaccioso: gli studenti fuggono ridendo]

Em Paris. Salão elegantíssimo na casa de Geronte. Ao fundo, duas grandes portas envidraçadas. À direita, riquíssimas cortinas escondem a alcova. À esquerda, uma rica penteadeira, junto a uma janela. Sofá, cadeiras, poltronas, uma mesa.

A Parigi. Salotto elegantissimo in casa di Geronte. Nel fondo due grandi porte vetrate. A destra ricchissime cortine nascondono l’alcova. A sinistra, una ricca pettiniera, presso ad una finestra. Sofà, sedili, poltrone, un tavolo.

[Abrem as cortinas. Manon está sentada na penteadeira: está coberta por um grande roupão branco que envolve toda a sua pessoa. O cabeleireiro está agitado em volta dela: dois ajudantes no fundo esperam as indicações do cabeleireiro]

[Si alza il sipario. -Manon è seduta davanti la pettiniera: è coperta da un ampio accappatoio bianco che le avvolge tutta la persona. Il Parrucchiere le si affanna intorno: due garzoni nel fondo stanno pronti ai cenni del Parrucchiere]


[O cabeleireiro corre saltitante para pegar o ferro de frisar e torce o cacho rebelde] [Sempre para o cabeleireiro, que executa com atenção as ordens de Manon]

[Il Parrucchiere corre saltellante a prendere il ferro per arricciare e ritorce il riccio ribelle] [sempre al Parrucchiere, che eseguisce premurosamente gli ordini di Manon]

Agora... empoar! Os cílios um pouco severos!... O pó branco!... [satisfeita] Que o olhar vibre como um dardo! Traga o junquilho!...

Or… la volandola!… Severe un po’ le ciglia!… La cerussa!… [Soddisfatta] Lo sguardo vibri a guisa di dardo! Qua la giunchiglia!…

LESCAUT

[entrando pela porta do fundo] Bom-dia, irmãzinha!

[entrando dalla porta del fondo] Buon giorno, sorellina!

MANON

[sempre para o cabeleireiro] O ruge e a pomada!

[sempre al parrucchiere] Il minio e la pomata!

LESCAUT

Nesta manhã você me parece um pouco emburrada.

Questa mattina mi sembri un po’ imbronciata.

MANON

Emburrada?... Por quê?

Imbronciata?… Perché?

LESCAUT

Não? Tanto melhor! [sorrindo malicioso] Cadê o Geronte? Deixou tão cedo... o gineceu?...

No? Tanto meglio! [Sorridendo malizioso] Geronte ov’è? Così presto ha lasciato… il gineceo?…

MANON

[para o cabeleireiro] E agora... uma pinta!

[al Parrucchiere] Ed ora… un nèo!

[o cabeleireiro traz uma caixa que contém pintas: Manon está indecisa na escolha]

[Il parrucchiere porta la scatola contenente i nèi: Manon è indecisa nella scelta]

[dando conselho] A Descarada!... A Brejeira!... Não?... A Galante?...

[consigliando] Lo Sfrontato!… il Biricchino!… No?… Il Galante?…

LESCAUT

63

[guardandosi allo specchio] Dispettosetto questo riccio! [Al parrucchiere] Il calamistro, presto! Presto! [impaziente]

62

[olhando-se no espelho] Que cacho chatinho! [para o cabeleireiro] O ferro de frisar, rápido! Rápido! [impaciente]

Libreto Manon Lescaut

MANON


MANON

[indecisa] Não sei... [decidindo] Muito bem... duas pintas! Para o olho, a Assassina! E para o lábio, a Voluptuosa!

[indecisa] Non saprei… [Risolvendosi] Ebben… due nèi!.. All’occhio l’Assassino! e al labbro il Voluttuoso!

[O cabeleireiro assim faz, depois tira o roupão de Manon, que aparece num rico e elegante vestido; ele se inclina para Manon, dá um sinal para que seus ajudantes o sigam e sai, inclinando-se]

[Il Parrucchiere eseguisce, poi toglie l’accappatoio a Manon che appare In ricco ed elegante abbigliamento: si inchina a Manon, fa cenno di seguirlo ai suoi Garzoni e a grandi inchini esce]

LESCAUT

[olha para Manon] Ah! Que conjunto delicioso!... [admirando] Você é esplêndida e reluzente! Fico exaltado!... E tenho motivo!... É a minha glória se você está salva do amor de um estudante. Quando você fugiu... lá, em Amiens, nunca a esperança abandonou meu coração! Lá, eu vi o seu destino!... Lá o mágico fulgor dessas salas lampejou. A encontrei de novo! Uma casinha pequena era a sua morada; você tinha beijos, mas nenhum vintém! É um rapaz bom aquele Des Grieux!... Mas... [ai de mim] não é um tesoureiro geral! Então é natural Que você tenha abandonado por uma mansão dourada aquela humilde morada.

[guarda Manon] Ah! Che insiem delizioso!… [ammirando] Sei splendida e lucente! M’esalto!… E n’ho il perché!… È mia la gloria se sei salva dall’amor d’uno studente. Allor che sei fuggita… là, ad Amiens, mai la speranza in cor m’abbandonò! Là, la tua sorte vidi!… Là il magico fulgor di queste sale balenò. T’ho ritrovata! Una casetta angusta era la tua dimora; possedevi baci e… niente scudi! È un bravo giovinotto quel Des Grieux!… Ma… [ahimè] non è cassiere generale! È dunque naturale Che tu abbia abbandonato per un palazzo aurato quell’umile dimora.

MANON

[interrompendo-o] E... me diga...

[l’interrompe] E… dimmi…

LESCAUT

O que quer dizer?...

Che vuoi dire?…

MANON

Nada!...

Nulla!…

LESCAUT

Nada? Mesmo?...

Nulla? Davver?…

MANON

[indiferente] Eu queria perguntar...

[indifferente] Volevo dimandar…


Risponderò!…

MANON

[virando-se com vivacidade] Responderá?

[volgendosi con vivacità] Risponderai?

LESCAUT

[malicioso] Entendi!... Nos seus olhos eu leio um desejo. Se Geronte suspeitasse!...

[malizioso] Ho inteso!… Ne’ tuoi occhi io leggo un desiderio. Se Geronte lo sospettasse!…

MANON

[alegre] É verdade! Você adivinhou!

[allegra] È ver! Hai côlto!

LESCAUT

Você deseja notícias... dele?...

Brami nuove di… lui?…

MANON

É verdade! É verdade! [com tristeza] Eu o abandonei sem despedir-me... sem um beijo!... [olha em volta e para os olhos na alcova] Naquelas suaves rendas... na alcova dourada faz um silêncio... gélido, mortal... faz um silêncio, um frio que me congela!... E eu que tinha me acostumado a um carinho voluptuoso de lábios ardentes e de braços em brasa... agora tenho... uma coisa totalmente diferente! [pensativa] Ó minha humilde morada, você aparece na minha frente alegre, isolada, branca como um afável sonho de paz e de amor!

È ver! é ver! [Con tristezza] L’ho abbandonato senza un saluto… un bacio!… [Si guarda intorno e si ferma cogli occhi all’alcova] In quelle trine morbide… nell’alcova dorata v’è un silenzio… gelido mortal... v’è un silenzio, un freddo che m’agghiaccia!… Ed io che m’ero avvezza a una carezza voluttuosa di labbra ardenti e d’infuocate braccia… or ho… tutt’altra cosa! [Pensierosa] O mia dimora umile, tu mi ritorni innanzi gaia, isolata, bianca come un sogno gentile e di pace e d’amor!

LESCAUT

[observando inquieto Manon] Já que você quer saber... Des Grieux (assim como Geronte), é um grande amigo meu. Ele sempre me tortura: [imitando Des Grieux] “Cadê a Manon?... Para onde fugiu? Com quem? Para o Norte? Para Leste? Sul?...”. Eu respondo: “Não sei!” Mas por fim eu o persuadi!...

[osservando inquieto Manon] Poiché tu vuoi saper… Des Grieux, (qual già Geronte), è un grande amico mio. Ei mi tortura sempre: [Imitando Des Grieux] «Ov’è Manon?… fuggì? Con chi? Ad Nord? Ad Est? A Sud?…» Io rispondo: «Non so!» Ma alfin l’ho persuaso!…

65

Responderei!...

Libreto Manon Lescaut

64

LESCAUT


MANON

[surpresa] Ele me esqueceu!?...

[sorpresa] Ei m’ha scordata!?…

LESCAUT

Não! Não!... Mas ganhando ouro talvez possa descobrir o caminho que leva a você!... [com mistério] Agora... está corrigindo sua sorte... Eu o pus no jogo!... Vencerá!... A velha mesa é [para nós] tal como a caixa do dinheiro universal!... Introduzido e instruído por mim ele vai rapar todos e tudo! Mas no martírio das longas lutas enquanto isso, de dia e de noite, ele vive incosciente da sua loucura, e pergunta ao jogo onde você está; ele vencerá.

No! no!… Ma che vincendo può coll’oro forse scoprir la via che mena a te!..

[consigo, dolorosamente] Por mim você luta, por mim, vil, que lhe abandonei... que tanta dor lhe custei!... Ah! Vem! Devolva-me o passado, as horas fugazes... as suas carícias ardentes! Ah, me dê os beijos, aquela embriaguez que um dia me deleitou! Vem!... Sou bela? Vem, ah, ah!... Vem, não consigo mais resistir!

[fra sé, dolorosamente] Per me tu lotti, per me, vile, che ti lasciai… che tanto duol ti costai!… Ah! vieni! Il passato mi rendi, l’ore fugaci… le tue carezze ardenti! Ah Rendimi i baci, i baci tuoi cocenti… quell’ebbrezza che un dì mi beò! Vieni!… Son bella? Vieni Ah ah!... Vien, resister più non so!

[fica pensativa, depois seus olhos se fixam no espelho; quase inconscientemente admira a própria beleza, e passando diante do espelho pergunta a Lescaut de modo natural] Não é verdade que este vestido me fica uma maravilha?...

[Rimane pensierosa, poi i suoi occhi si soffermano allo specchio; quasi incoscientemente ammira la propria bellezza, e passando davanti allo specchio domanda naturalmente a Lescaut] Davver che a maraviglia questa veste mi sta?…

[admirando] Cai como uma luva!

[ammirando] Ti sta a pennello!

MANON

LESCAUT

[Con mistero] Or… correggendo la fortuna sta… L’ho lanciato al giuoco!… Vincerà!… È il vecchio tavolier [per noi] tal quale 5h la cassa del danaro universale!… Da me lanciato e istrutto pelerà tutti e tutto! Ma nel martirio delle lunghe lotte intanto il dì e la notte vive incosciente della sua follia, e chiede al giuoco ove tu sia; ei vincerà,


E il tupé?…

LESCAUT

Portentosa!

Portentoso!

MANON

E o corpete?...

E il busto?…

LESCAUT

Bonito! [Entram alguns personagens com partituras: se aproximam inclinando-se e ficam enfileirados num lado, diante de Manon]

Bello!! [Entrano alcuni personaggi con fogli di musica: si avanzano ad inchini e si schierano da un lato, avanti a Manon]

LESCAUT

[sussurando para Manon] Que focinhos são esses?... Charlatões ou boticários?

[sottovoce a Manon] Che ceffi son costor?… Ciarlatani o speziali?

MANON

[entediada] São músicos! É o Geronte que compõe madrigais!

[annoiata] Son musici! È Geronte che fa dei madrigali!

[O MADRIGAL]

[IL MADRIGALE]

MÚSICOS I MUSICI

No topo do monte vagas, ó Clori: tens por lábio duas flores, o olho é uma fonte. Ai de mim!... ai de mim!... Fileno expira aos seus pés! O portento de seus cabelos soltas ao vento, e é um lírio o seu peito branco, nuzinho. Clori és tu, Manon, e em Fileno Geronte se transformou! Fileno tocando está; a sua flauta vai sussurrando: piedade! O eco suspira: – piedade! Chora Fileno: “Coração não tens, Clori, no peito? Vê... já... Fileno já desfalece!” Não!... Clori para a flauta que suave chorou nunca disse não! Nunca disse não!

Sulla vetta tu del monte erri, o Clori: hai per labbra due fiori, l’occhio è un fonte. Ohimè!… Ohimè!… Filen spira ai tuoi piè! Di tue chiome sciogli al vento il portento, ed è un giglio il tuo petto bianco, ignudetto. Clori sei tu, Manon, ed in Filen Geronte si mutò! Filen suonando sta; la sua zampogna va susurrando: pietà! L’eco sospira: – pietà! Piagne Filen: «Cuor non hai, Clori, in sen? Ve’… già… Filen… vien… men!» No!… Clori a zampogna che soave plorò non disse mai no! Non disse mai no!

MANON

[entendiada, dá uma bolsa para Lescaut] Pague-os!

[seccata, dà una borsa a Lescaut] Paga costor!

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E a peruca?...

Libreto Manon Lescaut

66

MANON


LESCAUT

[guarda a bolsa] Que isso? Ofender a arte?... [majestoso para os músicos] Eu os dispenso em nome da Glória! [Os músicos saem inclinandose: pelas portas envidraçadas do fundo se veem desfilar na antecâmara alguns amigos de Geronte, que os recebe]

LESCAUT [intasca la borsa] Oibò!… Offender l’arte?… [Maestoso ai musici] Io v’accomiato in nome della Gloria! [I musici escono inchinandosi: dalle porte vetrate del fondo si vedono sfilare nell’anticamera alcuni amici di Geronte, che li riceve.]

MANON

[mostrando-os para Lescaut] Os madrigais!... O baile!... E depois a música!... São todas coisas bonitas! Mas... [entram os músicos de um quarteto, que se colocam no fundo à esquerda, e afinam seus instrumentos] Fico entediada... [Manon se levanta e vai ao encontro de Geronte, o qual entra no salão com o professor de dança e Manon, para organizar a aula do minueto]

[mostrando quelli a Lescaut] I madrigali!… Il ballo!… E poi la musica!… Son tutte belle cose! Pur… [entrano i suonatori di quartetto, i quali si collocano nel fondo a sinistra, ed accordano poi i loro instrumenti] M’annoio!… [Manon si alza e va incontro a Geronte, il quale entra nel saloto col Maestro di ballo e con Manon, per organizzare la lezione del Minuetto]

LESCAUT

[consigo, refletindo filosoficamente] Uma mocinha que fica entediada é coisa de dar medo!... Vamos encontrar Des Grieux! É coisa de mestre preparar os eventos!...

[fra sé filosoficamente riflettendo] Una donnina che s’annoia è cosa da far paura!… Andiam da Des Grieux! È da maestro preparar gli eventi!…

[Sai sem ser visto. Um empregado introduz os amigos de Geronte: entram alguns velhos empetecados, que se aproximam pomposamente de Manon, fazendo reverências; alguns beijam sua mão, outros lhe oferecem flores e galanteios; Geronte, radiante, está ao lado de Manon; um pomposo marquês se aproxima e oferece a Manon uma joia; entram vários seminaristas brilhantes que correm para fazer reverência a Manon, beijando sua mão com galantaria]

[Esce inosservato. Un servo introduce gli amici di Geronte: si avanzano alcuni vecchi azzimati, che pomposamente si avvicciano a Manon, facendole grandi inchini: alcuni baciano la mano, altri le offrono fiori e galanterie: Geronte, radiante, è presso Manon] [un pomposo Marchese si avanza ed offre a Manon un gioiello] [entrano parecchi brillanti Abatini, i quali corrono ad inchinare Manon, baciandole la mano con galanteria]


GERONTE

[entusiasmado] Oh, graciosa dançarina!

[entusiasmato] Oh, vaga danzatrice!

MANON

[com falsa modéstia] Um pouco inexperiente.

[con falsa modestia] Un po’ inesperta.

PROFESSOR DE DANÇA IL MAESTRO

[impaciente] Por favor... não ligue para louvores sussurrados... Dança é coisa séria!...

[impaziente] Vi prego… non badate a lodi susurrate… È cosa seria il ballo!…

SENHORES e ABADES SIGNORI ED ABATI

[sussurrando para Geronte] Fique quieto!... Contenha-se, como fazemos nós; admire em silêncio, em silêncio adore... É coisa séria.

[sottovoce a Geronte] Tacete!… Vi frenate, come si fa da noi; ammirate in silenzio, in silenzio adorate… È cosa seria.

PROFESSOR DE DANÇA IL MAESTRO

[para Manon] Esquerda!... Muito bem!... Direita!... Uma saudação! [passo do lornhão] Atenta! O lornhão...

[a Manon] A manca!… Brava!… A destra!… Un saluto! [Figura dell’occhialetto] Attenta! L’occhialetto…

GERONTE

Minueto perfeito!

Minuetto perfetto!

[Manon dança com o lornhão olhando ao acaso os seus admiradores]

[Manon, coll’ occhialetto e danzando guarda qua e là i suoi ammiratori]

[olhando avidamente para Manon] Que languidez no olhar! Que doçura! Que ternura! É muito bela! Parece uma estrela! Que candura!

[guardando cupidamente Manon] Che languore nello sguardo! Che dolcezza! Che carezza! Troppo è bella! Pare stella! Che candori!

SENHORES e ABADES SIGNORI ed ABATI

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[si avanza e porge la mano a Manon] Vi prego, signorina, [Manon principia il Minuetto, mentre Geronte invita gli amici a sedersi] un po’ elevato il busto… indi… Ma brava, così mi piace!… Tutta la vostra personcina or s’avanzi!… Così!… Io vi scongiuro… a tempo!

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[se aproxima e dá a mão para Manon] Por favor, senhorita, [Manon começa o minueto, enquanto Geronte convida os amigos a se sentarem] O busto mais ereto... então... excelente, assim eu gosto!... Agora traga toda a sua pessoinha para a frente!... Assim!... Eu lhe suplico... no tempo!

Libreto Manon Lescaut

PROFESSOR DE DANÇA IL MAESTRO DI BALLO


Que tesouro! Aquela boca beijos dispara! Se sorri, parece uma estrela!

Che tesori! Quella bocca baci scocca! Se sorride stella pare!

MANON

[com charme, para os admiradores, parando de dançar] Louvores dourados murmurados agora vibram ao meu redor; vamos, parem com estes coros aduladores! Ah!...

[con civetteria, agli ammiratori, fermandosi dal danzare] Lodi aurate mormorate or mi vibrano d’intorno; vostri cori adulatori su frenate! Ah!....

GERONTE

É muito bela! Rebelam-se as palavras, e cantam e louvam! A senhora me faz palpitar... a senhora me faz delirar!

Troppo è bella! Si ribella la parola, e canta e vanta! Voi mi fate Spasimare… voi mi fate delirare!

ALGUNS SENHORES e ABADES ALCUNI SIGNORI ed ABATI

A senhora é a deusa do dia!

La deità siete del giorno!

OUTROS ALTRI

É a rainha da noite!

Della notte ella è regina!

[o professor dá sinais de impaciência]

[Il maestro fa segni d’impazienza]

MANON

O bom professor não quer, não quer palavras... Se os senhores me adulam, não me tornarei a divina dançarina que a fantasia muito feliz de vocês já me imagina ser.

Il buon maestro non vuol, non vuol parole… Se m’adulate, non diverrò la diva danzatrice ch’ora già si figura la vostra fantasia troppo felice, troppo felice.

PROFESSOR DE DANÇA IL MAESTRO

[impaciente] Um cavalheiro!...

[impaziente] Un cavalier!…

GERONTE

[levantando-se com pressa] Aqui estou!...

[alzandosi con premura] Son qua!…

SENHORES e ABADES SIGNORI ed ABATI

Muito bem! Que casal! [passo da saudação] Viva os afortunados – namorados! Vejam Mercúrio e Vênus!

Bravi! Che coppia! [Figura del saluto.] Evviva i fortunati – innamorati! Ve’ Mercurio e Ciprigna! Con amore e dovizia


[com enorme charme para Geronte] A hora, ó Tírsis, é amável e bela... Sorri o dia – sorri da fiel pastorinha... Suspira por você, por você expira. Mas você chega e num piscar de olhos ela fica viva e alegre! Veja o céu como fica sereno no milagre do amor! No milagre do amor... ah, do amor!...

[con massima civetteria rivolta a Geronte] L’ora, o Tirsi, è vaga e bella… Ride il giorno – ride intorno la tua fida pastorella… Te sospira, per te spira. Ma tu giungi e in un baleno viva e lieta è dessa allor! Vedi il ciel com’è sereno sul miracolo d’amor! Sul miracolo d’amor….Ah! d’amor!...

SENHORES e ABADES SIGNORI ed ABATI

A senhora é o milagre, é o amor!

Voi siete il miracolo, siete l’amore!

GERONTE GERONTE

[interrompendo-os] A galantaria está bem, mas os senhores esquecem que está tarde... Uma multidão alegre se move pela fortaleza.

[frapponendosi] Galanteria sta bene; ma obliate che è tardi… Allegra folla ondeggia pei baluardi.

SENHORES e ABADES SIGNORI ed ABATI

Aqui o tempo voa!

Qui, il tempo vola!

GERONTE

[ao coro animado] É coisa que sei por experiência. [para Manon] A senhora, minha alegria fulgente, prometeu nos acompanhar: iremos um pouco a frente...

[al coro con intenzione] È cosa ch’io so per prova. [A Manon] Voi, mia fulgida letizia, esser compagna a noi prometteste: di poco vi precediamo…

MANON

Um breve instante apenas lhe peço: será fácil me esperar no meio ao belo mundo dourado.

Un breve istante sol vi chiedo: attendermi fia lieve fra il bel mondo dorato.

SENHORES e ABADE SIGNORI ed ABATI

[galantemente] Sempre é dura a espera...

[galantemente] Grave è sempre l’attesa…

GERONTE

[com galantaria] Que não sejam longas as penas da alma que está suspensa.

[con galanteria] Dell’anima sospesa non sian lunghe le pene.

71

MANON

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Oh! qui letizia con amore e dovizia leggiadramente alligna!

Libreto Manon Lescaut

Com amor e riqueza, oh, aqui a felicidade com amor e riqueza alegremente prospera!


[beijando a mão de Manon; os senhores e os abades se despedem fazendo reverências e beija-mãos, enquanto o professor de dança e os músicos também saem] Vou chamar a liteira... Adeus... meu belo ídolo... [sai]

[baciando la mano a Manon – I signori e gli Abati si accomiatano con inchini e baciamano, mentre il Maestro di ballo ed i suonatori partono anch’ essi] Ordino la lettiga… Addio… bell’idol mio… [Esce]

MANON

[corre para pegar um pequeno espelho na mesa, e se olha contente] Oh, serei a mais bela!... [pega o xale: percebe que alguém se aproxima; pensa que é o empregado] Então, é esta a liteira?... [Des Grieux aparece na porta: Manon corre ao seu encontro tomada de grande emoção] Você, você, amor? Você? Ah!... meu imenso amor?!... Deus!

[corre a prendere un piccolo spechio sul tavolo, e si guarda contenta] Oh, sarò la più bella!… [Prende la mantiglia: sente che qualcuno si avvicina; crede che sia il servo] Dunque questa lettiga?… [Des Grieux appare alla porta: Manon gli corre incontro in preda a grande emozione] Tu, tu, amore? Tu? Ah!.... mio immenso amore?!… Dio!

DES GRIEUX

[censurando-a] Ah, Manon!

[con rimprovero] Ah, Manon!

MANON

[espantada] Então, você não me ama... mais? Você me amava tanto! Oh, aqueles longos beijos! Oh, o longo encanto! A doce amiga de um tempo espera a sua vingança... Oh, não me olhe assim: não era tão severa a sua pupila!

[colpita] Tu non m’ami?… Dunque più? M’ amavi tanto! Oh, i lunghi baci! Oh, il lungo incanto! La dolce amica d’un tempo aspetta la tua vendetta… Oh, non guardarmi così: non era la tua pupilla tanto severa!

DES GRIEUX DES GRIEUX

Sim, coitada, a minha vingança...

Sì, sciagurata, la mia vendetta…

MANON

Ah! A minha culpa!... É verdade! Ah, é verdade! Você não me ama mais... ah, é verdade, então não me ama mais?! Você me amava tanto! Não me ama mais... não me ama mais!

Ah! La mia colpa!… È vero! Ah, è vero! Non m’ami più… Ah, è vero, non m’ami dunque più?! M’amavi tanto! Non m’ami più… non m’ami più!

DES GRIEUX

Cale-se, cale-se, meu coração se despedaça!

Taci… taci tu, il cor mi frangi! Tu non sai le giornate


Eu quero o seu perdão... Está vendo? Sou rica! Não lhe parece esta uma festa de ouro – e de cores? É tudo para você: eu pensava em um futuro radiante; o amor o conduz aqui... Eu o traí, é verdade! [se ajoelha] Estou aos seus pés! Eu o traí! Você me chama de coitada... Estou aos seus pés! Ah!... e quero o seu perdão. Ah! Não recuse!... Por acaso sou menos atraente e bela do que aquela Manon de um tempo?

Io voglio il tuo perdono… Vedi? Son ricca! Questa non ti sembra una festa e d’ori – e di colori? Tutto è per te: pensavo a un avvenir di luce; amor qui ti conduce… T’ho tradito è ver! [S’inginocchia] ai tuoi piedi io sono! T’ho tradito! Sciagurata dimmi… Ai tuoi piedi son! Ah!... e voglio il tuo perdono. Ah! Non lo negar!… Son forse della Manon d’un giorno meno piacente e bella?

DES GRIEUX

Ó tentadora!... É este o antigo encanto que me cega!

O tentatrice!… È questo l’antico fascino che m’accieca!

MANON

[pegando na mão de Des Grieux] É encanto de amor; ceda, ceda, sou sua!

[prendendo una mano a Des Grieux] È fascino d’amor; cedi, cedi, son tua!

DES GRIEUX

Não consigo mais lutar! Fui vencido: eu te amo!

Più non posso lottar! Son vinto: io t’amo!

MANON

[encantadora, se levanta, circudando Des Grieux com seus braços] Ceda, sou sua... Ah! Vem! Vem! Com seus braços aperte Manon que te ama; me abrace forte no seu peito! Manon deseja apenas você.

[affascinante, si alza, circondando colle braccia Des Grieux] Cedi, son tua… Ah! Vieni! Vien! Colle tue braccia stringi Manon che t’ama; stretta al tuo sen m’allaccia! Manon te solo brama.

DES GRIEUX

Nas profundezas do seu olho eu leio o meu destino; todos os tesouros do mundo possui o seu lábio divino.

Nell’occhio tuo profondo io leggo il mio destino; tutti i tesor del mondo ha il tuo labbro divino.

MANON

Ah! Manon deseja apenas você, me abrace forte no seu peito... Volte para os meus desejos, ai, volte! Para o meu êxtase, para os longos

Ah! Manon te solo brama, stretta al tuo sen m’allaccia… Alle mie brame torna, deh! torna ancor! Alle mie ebbrezze, ai baci

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MANON

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che buie, desolate son piombate su me!

Libreto Manon Lescaut

Você não sabe que dias escuros, desolados caíram sobre mim!


beijos, de amor! Viva e fique inebriado com meu coração! A minha boca é um altar onde o beijo é Deus!...

lunghi, d’amor! Vivi e t’inebria sovra il mio cor! La bocca mia è un altare dove il bacio è Dio!....

Estes são os seus beijos! Esté é o seu amor! Me abrasa o seu beijo, ó doce tesouro! Com você fico inebriado de novo! Nos seus queridos braços sinto o êxtase, o esquecimento!

I baci tuoi son questi! Questo è il tuo amor! M’arde il tuo bacio dolce tesor! In te m’inebrio ancor! Nelle tue braccia carev’è l’ebbrezza l’oblio!

[Manon se abandona nos braços de Des Grieux, que docemente a põe sentada no sofá]

[Manon si abbandona fra le braccia di Des Grieux, che dolcemente la fa sedere sul sofà]

MANON

Lábios adorados e queridos!...

Labbra adorate e care!…

DES GRIEUX

Manon, você me mata!...

Manon, mi fai morire!…

MANON

Doces lábios a beijar!...

Labbra dolci a baciare!…

DES GRIEUX

Doce sofrimento!...

Dolcissimo soffrire!…

[Geronte aparece de repente na porta do fundo e fica espantado; Manon, gritando, se levanta num pulo]

[Geronte si presenta improvviso alla porta del fondo e si arresta stupito; Manon con un grido, si alza di scatto.]

GERONTE

Pela fé, senhorita, agora entendi o motivo da nossa espera! Cheguei num mau momento. Erro involuntário! Quem não erra na terra?! A senhora também, creio, por exemplo, que se esqueceu que está na minha casa.

Affé, madamigella, or comprendo il perché di nostr’attesa! Giungo in mal punto. Errore involontario! Chi non erra quaggiù?! Anche voi, credo, ad esempio, obliaste d’essere in casa mia.

DES GRIEUX

Senhor!

Signore!

MANON

Cale-se!...

Taci!…

GERONTE

Gratidão, que hoje seja o seu dia de festa! [para Manon] De onde eu lhe tirei, as provas que lhe dei de um amor verdadeiro, que modo de se lembrar disso!

Gratitudine, sia oggi il tuo dì di festa! [A Manon] Donde vi trassi, le prove che v’ho date d’un vero amore, come rammentate!

DES GRIEUX


GERONTE

[ofendido] Eu sou honesto, minha bela mocinha. Conheço o meu dever... devo partir daqui! [irônico] Ó gentil cavalheiro, [faceiro] ó graciosa senhorita, [ameaçando] até logo... e até breve! [sai]

[offeso] lo son leale, mia bella donnina. Conosco il mio dovere… deggio partir di qui! [ironico] O gentil cavaliere, [leziosamente] o vaga signorina, [minasciando] arrivederci… e presto! [Esce]

MANON

[rindo] Ah! Ah!... Livres! Livres como o ar! Que alegria, cavalheiro, meu belo amor!...

[ridendo] Ah! ah!… Liberi! Liberi come l’aria! Che gioia, cavaliere, amor mio bello!…

DES GRIEUX

[abatido e preocupado] Ouça, vamos embora daqui: não fique nem mais um instante sob este teto do velho maldito!

[mestamente preoccupato] Senti, di qui partiamo: un solo istante, questo tetto del vecchio maledetto non t’abbia più!

MANON

[quase involuntariamente] Que pecado! Todos estes esplendores!... Todos estes tesouros!... [suspirando] Ai de mim!... Temos que partir!

[quasi involontariamente] Peccato! Tutti questi splendori!… Tutti questi tesori!… [Sospirando] Ahimè!… Dobbiam partir!

DES GRIEUX

Ah! Manon, o seu louco pensamento me trai: sempre a mesma! Sempre a mesma! Estremece divinamente, no abandono ardente... Boa, gentil como a beleza

Ah! Manon, mi tradisce il tuo folle pensiero: sempre la stessa! Sempre la stessa! Trepida divinamente, nell’abbandono ardente… Buona, gentile come la vaghezza

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[prende lo specchio, lo pianta in viso a Geronte, e coll’altra mano indica Des Grieux: trattenendo le risa] Amore? Amore! Mio buon signore, ecco!… Guardatevi! S’errai, leale ditelo!… E poi guardate noi!

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[pega o espelho e o põe na cara de Geronte, e com a outra mão aponta para Des Grieux, segurando uma risada] Amor? Amor! Meu bom senhor, pronto!... Olhe-se! Se eu errei, seja honesto e diga!... E depois olhe para nós!

Libreto Manon Lescaut

MANON


daquele seu afeto; sempre novo êxtase: então, de repente, vencida, ofuscada pelos raios da vida dourada!... [com força maior] Eu? Seu escravo e sua vítima desço na escada da infâmia... Lama na lama eu sou e torpe herói de espelunca eu me sujo, me vendo... A vergonha mais vil me aproxima de você! [profundamente abatido] No obscuro futuro, diga, o que você vai fazer comigo? [se senta com a cabeça entre as mãos]

di quella tua carezza; sempre novella ebbrezza: indi, d’un tratto, vinta, abbacinata dai raggi della vita dorata!… [Con forza crescente] Io? Tuo schiavo e tua vittima discendo la scala dell’infamia… Fango nel fango io sono e turpe eroe da bisca m’insozzo, mi vendo… L’onta più vile m’avvicina a te! [con profondo abbattimento] Nell’oscuro futuro, di’, che farai di me? [si siede colla testa fra le mani]

[humildemente para Des Grieux] Mais uma vez, mais uma vez ainda, ai!, me perdoa!... Serei fiel e boa, juro... juro!

[umilmente a Des Grieux] Un’altra volta, un’altra volta ancora, deh! – mi perdona!… Sarò fedele e buona, lo giuro… lo giuro!

[Entra Lescaut: ofegante, respirando com dificuldade. Des Grieux e Manon surpresos vão ao seu encontro]

[Entra Lescaut: ansante, respirando a mala pena. Des Grieux e Manon sorpresi gli vanno incontro]

DES GRIEUX

Lescaut?

Lescaut?

MANON

Você?... Aqui?...

Tu?… qui?!…

[Lescaut se joga numa cadeira bufando, ofegante]

[Lescaut si lascia cadere su di una sedia sbuffando affannato]

DES GRIEUX

O que acontece?...

Che avvenne?…

MANON

O que acontece?... Diga!...

Che avvenne?…Di’!…

[Lescaut dá a entender com seu olhar e seus gestos que aconteceu uma grande confusão]

[Lescaut accenna cogli occhi e colle mani, e lascia capire che è accaduto qualche grave imbroglio]

[assustados] Ó, céus!... O que houve?! Você nos faz tremer!...

[spaventati] O ciel!… Che è stato?! Ci fai tremar!...

MANON

DES GRIEUX e MANON


MANON

Você nos faz tremer!

Ci fai tremar!

DES GRIEUX

Ai de mim!... O que houve? Diga!

Ohimé!… Che è stato? Di?

LESCAUT

Ele... o denunciou!...

V’ha… denunziato!…

MANON

Quem?

Chi?…

DES GRIEUX

[furioso] Quem?... O velho?

[iracondo] Chi?…Il vecchio?

LESCAUT

[retomando o fôlego] Sim! Já estão vindo aqui os guardas e os arqueiros!... Vamos, cavalheiro, e, pelas escadas, abra suas asas!... Eu soube de tudo por um granadeiro que estava no quartel.

[ripigliando fiato] Sì! Già vengon qui e guardie e arcier!… Su, cavalier, e, per le scale, spiegate l’ale!… Da un granatiere ch’era in quartiere tutto ho saputo.

DES GRIEUX

[com raiva] Maldito, maldito! O velho astuto!...

[con rabbia] Maledetto, maledetto. Il vecchio astuto!…

MANON

Ai de mim!...

Ohimè!…

DES GRIEUX

Maldito velho!

Maledetto vecchio!

MANON

[sempre com mais medo] Ai de mim! Ai de mim! Vou correr, ai de mim!

[sempre più atterita] Ohimè! Ohimè! M’affretto, ohimè!

LESCAUT

Vamos... asas nos pés!

Via… l’ali ai piè!

DES GRIEUX

Sim! Tome cuidado!

Si! Bada a te!

LESCAUT

Ah, o senhor não sabe... o senhor vai perdê-la... pois a espera um destino desumano, cruel: o exílio!...

Ah, non sapete… voi la perdete… l’atende crudele sorte spietata: l’esiglio!…

MANON

[assustada] Ai de mim! A morte! A morte!

[con spavento] Ohimè! La morte! La morte!

77

[balbettando] Ch’io… prenda… fiato… onde… parlar…

76

[balbuciando] Me deixe... tomar... fôlego... para... falar...

Libreto Manon Lescaut

LESCAUT


[Lescaut continua a apressálos, enquanto Des Grieux, enfurecido, fica imprecando e Manon, confusa, dá voltas pela cena]

[Lescaut continua, ad affrettare, mentre Des Grieux preso d’ira impreca e Manon confusa si aggira per la scena]

LESCAUT

Agora se apressem! Não hesitem! Em poucos minutos, estarão perdidos! Já saíram do quartel os arqueiros! Ah, o velho vil, morrerá de ódio, se encontrar vazia a gaiola e se ficar desconhecida a outra morada!

Or v’affrettate! non esitate! Pochi minuti, siete perduti! Già dal quartier uscìan gli arcier! Ah, il vecchio vile morrà di bile, se trova vuota la gabbia e ignota gli sia l’altra dimora!

MANON

Ai de mim! Vou correr! Rápido! E você, me ajude. [continua a pegar objetos preciosos]

Ohimè! M’affretto! Mi sbrigo! E tu m’aiuta [continua a prendere oggetti preziosi]

DES GRIEUX

Sim! Tome cuidado, velho vil!

Sì! bada a te, vecchio vil!

MANON

Um instante!... [pegando uma joia da penteadeira] Esta deslumbrante esmeralda...

Un istante!… [prendendo un gioiello sulla petiniera] Questo smagliante smeraldo…

DES GRIEUX

Vamos! Vamos!

Andiamo! Andiam!

MANON

Sim!...

Ma sì!…

DES GRIEUX

Vamos rápido!

Affrettiamo!

MANON

Meu Deus!

Mio Dio!…

DES GRIEUX

Agora vamos!...

Orsù!…

MANON

Vou rápido!... e você me ajude.

Mi sbrigo!….. e tu m’aiuta.

DES GRIEUX

A fazer o quê?

A fare?

MANON

A embrulhar...

Ad involtare

LESCAUT

Manon!... Vamos!... Já estão a caminho!

Manon!… Suvvia!… son già per via!


Andiam!

MANON

Sim! E você, me ajude a embrulhar estes objetos... Esvazie as gavetas... esvazie as gavetas...

Ma si! E tu, m’aiuta Ad involtare cotesti oggetti!… Vuota i cassetti!… Vuota i cassetti!

LESCAUT

Oh, o belo cofre! Que pecado!

Oh il bel forzier! Peccato inver!

DES GRIEUX

Agora vamos! Rápido, Manon! Vamos, rápido!

Orsù affretiam! Andiam Manon! Orsù! Affretiam!

LESCAUT

[muito ocupado] O nosso caminho será o jardim... Num instante devemos estar no caminho das altas árvores sob a sombra. Bom deverá ser quem nos pegue! [corre para um janela]

[affaccendato] Nostro cammino sarà il giardino… In un istante dell’alte piante sotto l’ombria. siam sulla via… Buon chi ci piglia! [Corre ad una finestra]

MANON

[dolorosa] E este encanto que eu adoro tanto deverei deixar e abandonar?

[con dolore] E quest‘incanto che adoro tanto dovrò lasciare e abbandonare?

DES GRIEUX

[carinhoso] Ó minha querida Manon, se apresse! É preciso partir logo!... Fugir... você ainda quer me torturar!!!

[amoroso] O mia diletta Manon, t’affretta! D’uopo è partire tosto!… Fuggire… torturare mi vuoi ancor!!!

MANON

Seria imprudência deixar este ouro, ó meu tesouro! [pega outras joias e usa o xale para escondê-las]

Saria imprudenza lasciar quest’oro, o mio tesoro! [Prende altri gioielli, e si serve della mantiglia per nasconderli]

DES GRIEUX

Com você deve levar apenas o coração! Eu quero salvar apenas o seu amor.

Con te portar dèi solo il cor! Io vo’ salvare solo il tuo amor.

LESCAUT

[gritando do fundo] Maldição! Estão aqui... estão aqui, estão cercando a casa!

[gridando dal fondo] Maledizion! Eccoli… eccoli, accerchian la casa!

79

Vamos!

Libreto Manon Lescaut

78

DES GRIEUX


DES GRIEUX

Manon!

Manon!

MANON

Des Grieux!...

Des Grieux!…

DES GRIEUX

Vamos fugir! fugir!

Fuggiam! Fuggiam!

MANON

Por aqui? Por ali?

Di qua? Di la!

DES GRIEUX

Não!

No!

MANON

Então por aqui?

Ebben di là?

DES GRIEUX

Por aqui! Rápido! Rápido!

Di là! Presto! Presto!

LESCAUT

[do fundo] O velho dá ordens, grita, os guardas marcham, os arqueiros se posicionam! [corre para a porta] Estão entrando! Subindo! Estão aqui!...

[dal fondo] Il vecchio ordina sbraita, le guardie sfilano, gli arcier s’appostano! [ acorre alla porta] Entrano! Salgono! Eccoli!…

[Manon e Des Grieux no ápice da confusão não sabem por onde fugir]

[Manon e Des Grieux al colmo della confusione non sanno di dove fuggire]

DES GRIEUX

[para Manon] Me diga, aqui tem uma saída?

[a Manon] Dimmi, qui v’è un’uscita?

MANON

[apontando e gritando] Sim... Lá embaixo! Na alcova!...

[indicando e gridando] Sì… Laggiù! All’alcova!…

LESCAUT

Estão aqui, estão subindo!

Eccoli, eccoli salgono, salgono!

[Lescaut empurra para dentro da alcova Des Grieux e Manon, seguindo atrás, mas logo se ouve da alcova um grito de Manon que volta fugindo, e depois dela Lescaut que segura Des Grieux... e, através das cortinas da alcova um pouco abertas, aparecem um sargento e dois arqueiros. Ao mesmo tempo, a porta do fundo é aberta com violência e, por ela, surgem Geronte e alguns soldados]

[Lescaut spinge entro all’alcova Des Grieux e Manon, seguendoli alla sua volta, ma quasi subito si sente dall’alcova un grido di Manon e questa ritorna fuggendo, e dopo di lei Lescaut que trattiene Des Grieux… e dalle cortine dell’alcova schiuse appaiono un sergente e due arcieri. In pari tempo la porta del fondo è aperta violentamente e nel suo vano si affaccia Geronte dietro a lui alcuni soldati]


Nessun si muova!

GERONTE

Ah! Ah! Ah! Ah! [sorrindo ironicamente para Manon que, assustada, deixar cair o xale e as joias se espalham pelo chão. Após um sinal de Geronte, o sargento e dois soldados agarram Manon: Des Grieux, enfurecido, desembainha a espada, mas é desarmado por Lescaut]

Ah! Ah! Ah! Ah! [sogghignando ironicamente A Manon la quale per lo spavento lascia sfuggire la mantiglia e i gioielli si spargono al suolo. Il sergente con due soldati a un cenno di Geronte afferrano Manon: Des Grieux furibondo sguaina la spada, ma vien disarmato da Lescaut]

LESCAUT

Se prendem o senhor, cavalheiro, quem poderá salvar Manon? [levam embora Manon]

Se vi arrestan, cavalier, chi potrà Manon salvar? [Manon è trascinata via]

DES GRIEUX

[desesperado, tenta correr atrás de Manon; Lescaut o segura com muita força] Ó Manon! Ó minha Manon!

[disperato, vorrebbe correre dietro Manon; Lescaut lo trattiene a viva forza] O Manon! O mia Manon!

INTERMEZZO

[a prisão – a viagem ao Havre. Des Grieux: “... Como eu a amo! – A minha paixão é tão forte que eu me sinto a mais infeliz criatura que vive. – O que não fiz em Paris para tentar obter a sua liberdade?!... Implorei junto aos poderosos!... Bati e supliquei em todas as portas!... Recorri até mesmo à violência!... Tudo foi inútil. – Um só caminho me restava; segui-la! E assim eu a sigo! Para onde ela for!... Mesmo que fosse no fim do mundo!...” Storia di Manon Lescaut e del Cavaliere Des Grieux do abade Prevóst]

[La prigionia – Il viaggio all’Havre. Des Grieux «… Gli è che io l’amo! – La mia passione è così forte che io mi sento la più sfortunata creatura che vive. – Quello che non ho io tentato a Parigi per ottenere la sua libertà?!… Ho implorato i potenti!… Ho picchiato e supplicato a tutte le porte!… Persino alla violenza ho ricorso!… Tutto fu inutile. – Una sol via mi rimaneva; seguirla! Ed io la seguo! Dovunque ella vada!… Fosse pure in capo al mondo!…» Storia di Manon Lescaut e del Cavaliere Des Grieux dell’abate Prevóst]

[Le Havre. Praça junto ao porto. No fundo, o porto: à esquerda, a esquina de um quartel. Na frente, no térreo, uma janela com grossas barras de ferro. Na fachada que dá para a praça, o portão fechado, diante do qual

[L’Havre. Piazzale presso il porto. Nel fondo, il porto: a sinistra, l’angolo d’una caserma. Nel lato di faccia al pianterreno, una finestra con grossa ferriata sporgente. Nella facciata verso la piazza, il portone chiuso,

TERCEIRO ATO ATTO TERZO

81

Ninguém se mova!

Libreto Manon Lescaut

80

SARGENTO SERGENTE


passa uma sentinela. O mar ocupa todo o fundo da cena. Pode-se ver metade de um navio de guerra. À direita, uma casa, depois uma ruela; na esquina, uma lâmpada a óleo que ilumina muito pouco. É a última hora da noite; o céu ficará claro pouco a pouco]

innanzi al quale passeggia una sentinella. Il mare occupa tutto il fondo della scena. Si vede la metà di una nave da guerra. A destra, una casa, poi un viottolo; all’angolo, un fanale ad olio che rischiara debolmente. È l’ultima ora della notte; il cielo si andrà gradatamente rischiarando.]

DES GRIEUX, LESCAUT

[no lado oposto ao quartel]

[dal lato opposto della caserma]

DES GRIEUX

Ansiedade eterna... cruel...

Ansia eterna… crudel…

LESCAUT

Mais paciência... Logo será o turno do arqueiro que eu subornei... mais paciência!... [apontando-lhe onde passa a sentinela]

Pazienza ancora… La guardia là fra poco monterà l’arcier che ho compro… pazienza ancor!... [Indicandogli dove passeggia la scolta]

DES GRIEUX

A espera me aflige!... A minha vida... a alma toda está lá! [aponta para a janela do quartel]

L’attesa m’accora!… La vita mia… l’anima tutta è là! [Accenna alla finestra della caserma]

LESCAUT

Manon já sabe... e espera o meu sinal para vir até nós. Eu, enquanto isso, com aqueles amigos lá tentarei resgatá-la. Libertarei Manon ao alvorecer. [se enrola até os olhos no gibão e vai ao fundo com cuidado para observar]

Manon sa già… e attende il mio segnale e a noi verrà. Io intanto cogli amici là il colpo tenterò. Manon all’alba libera farò. [Si avvolge fino agli occhi nel ferraiuolo e va cautamente nel fondo ad osservare]

DES GRIEUX

[com imensa angústia] Atrás do meu destino assim me arrasto pálido, e de noite e de dia vou andando. E uma miragem me aflige e me exalta!... Agora está perto... mas foge se a agarro!... Paris e Le Havre... atroz, triste agonia!... Oh! Longo tormento da minha vida!...

[con immensa angoscia] Dietro al destino così mi traggo livido, e notte e dì cammino. E un miraggio m’angoscia e m’esalta!… Vicino or m’è… poi fugge se l’avvinghio!… Parigi ed Havre… fiera, triste agonia!… Oh! lungo strazio della vita mia!…

LESCAUT

[aproximando-se] Estão vindo.

[avvicinandosi] Vengono


Alfin!…

[do quartel sai um piquete de soldados guiado por um sargento que vem fazer a troca de turno da sentinela]

[Dalla caserma esce un picchetto guidato da un sergente che viene a mutar la scolta]

LESCAUT

[que ficou olhando atentamente os soldados] Lá está o homem... é aquele! [Indicando um deles. O piquete e o sargento entram de volta no quartel]

[che ha guardato attentamente i soldati] Ecco là l’uomo… È quello! [Indicando uno. Il picchetto col sergente rientrano in caserma.

LESCAUT

[com alegria para Des Grieux] Le Havre está dormindo!... Chegou a hora!...

[allegramente a Des Grieux] È l’Havre addormentata!… L’ora è giunta!…

[se aproxima do quartel, troca um rápido sinal com a sentinela que se afasta; encosta na janela do térreo, bate com cautela nas barras de ferro. Des Grieux, imóvel, tremendo, olha: os vidros se abrem e aparece Manon. Des Grieux corre para ela]

[Si avvicina alla caserma, scambia un rapido cenno colla sentinella che si appressa alla finestra del pianterreno, picchia con precauzione alle sbarre di ferro. Des Grieux, immobile, tremante, guarda: i vetri si aprono e appare Manon. Des Grieux corre a lei]

DES GRIEUX

Manon!...

Manon!…

MANON

Des Grieux!... [Manon põe as mãos para fora da janela; Des Grieux as beija com um entusiasmo febril]

Des Grieux!… [Manon sporge le mani dalla ferriata; Des Grieux le bacia con febbrile trasporto]

LESCAUT

Ao diabo a América!... Manon não partirá. [se afasta da direita]

Al diavolo l’America!… Manon non partirà [Si allontana da destra]

MANON

Você... amor? Amor? Na vergonha você não me abandona?

Tu… amore? Amore? Nel’onta non m’abbandoni?

DES GRIEUX

Abandonar-lhe? Abandonar-lhe? Nunca! Se eu a segui por este longo caminho foi porque a fé comandava meu coração. Logo você será minha!

Abbandonarti? Abbandonarti?? Mai! Se t’ho seguita per la lunga via fu perché fede mi regnava in core fra poco mia sarai!

MANON

Amor! Sua... logo!... logo! Sua!

Amore! Tua… fra poco!… fra poco! Tua!

Libreto Manon Lescaut

82

Até que enfim!...

83

DES GRIEUX


DES GRIEUX

[interrompendo-a com medo] Silêncio! Silêncio!

[interrompendola impaurito] Taci! taci!

UM ACENDEDOR DE LAMPIÕES UN LAMPIONAIO

[entra do fundo à direita cantarolando, atravessa a cena e vai apagar o lampião] ... e Kate respondeu ao rei: “De uma mocinha por que tentar o coração? Para um marido me fez bela o Senhor!” Riu o rei, depois lhe deu joias e ouro e um marido... e ficou com o coração.

[entra dal fondo a destra cantarellando, traversa la scena e va a spegnere la lampada] … Kate rispose al re: «D’una zitella perché tentare il cor? Per un marito mi fe’ bella il Signor!» Rise il re, poi le diè gemme ed òr e un marito… e n’ebbe il cor.

[Se afasta da ruela. Começa a clarear]

[Si allontana dal viottolo. Comincia ad albeggiare]

DES GRIEUX

Está amanhecendo!... Ó minha Manon, esteja pronta na porta do pátio... Lá está Lescaut com homens devotos... Vá para lá e estará salva!

È l’alba!… O mia Manon, pronta alla porta del cortil sii tu… V’è là Lescaut con uomini devoti… Là vanne e tu sei salva!

MANON

Estou tremendo, temo por você! Estou tremendo e me aflijo... não sei o porquê!... Ah! Sinto uma ameaça fúnebre!... Estou tremendo de um perigo que me é desconhecido...

Tremo, pavento per te! Tremo e m’angoscio… né so il perché!… Ah! una minaccia funebre io sento!… Tremo a un periglio che ignoto m’è…

[no fundo da cena passa uma patrulha, atravessa da esquerda para a direita e desaparece na ruela]

[nel fondo della scena passa una pattuglia, attraversa da sinistra a destra e scompare nel viottolo]

[suplicando, com intensa paixão] Manon, estou pedindo desesperado!... A angústia rompe minhas palavras... Você quer que eu me mate aqui? Imploro-lhe, Manon. Vem! Vem! [aponta para a ruela] Vamos nos salvar!... Vem, lhe imploro! Ah! Vem! Vamos nos salvar!

[supplichevole, con intensa passione] Manon, disperato è il mio prego!… L’affanno la parola mi spezza… Vuoi che m’uccida qui? Ti scongiuro, Manon. Vieni! vieni!… [Addita il viottolo] Salviamoci!… Vieni ti scongiuro! Ah! vieni! Salviamoci!

DES GRIEUX


[Des Grieux agarra as mãos de Manon encorajando-a, aponta de novo para a direita: Manon lhe joga um beijo e sai da janela. Um disparo de arma à direita: Des Grieux pula de susto e corre para a ruela.]

[Des Grieux afferra le mani di Manon e rassicurandola, le accenna di nuovo a destra: Manon gli getta un bacio e si ritira dalla finestra. Colpo di fuoco a destra: Des Grieux trasalisce e corre verso il viottolo.]

VOZES VOCI

Às armas! Às armas!]

All’armi! All’armi

LESCAUT

[entra fugindo com a espada desembainhada] Perdemos a partida!... Cavalheiro, vamos salvar nossa vida!...

[entra fuggendo colla spada sguainata] Perduta è la partita!… Cavalier, salviam la vita!…

DES GRIEUX

O que está acontecendo?

Che avvenne?

LESCAUT

Ouça como estão gritando! [novos gritos de “Às armas!”] O plano fracassou!...

Udite come strillano! [Nuove grida di «All’armi!»] Fallito è il colpo!…

DES GRIEUX

[com ímpeto] Que venha a morte! Ah! Fugir? Nunca! [vai desembainhar a espada]

[con impeto] Venga la morte! Ah! Fuggir? Giammai! [Fa per sguainare la spada]

LESCAUT

[impedindo-o] Ah! Você é louco mesmo!...

[impedendoglielo] Ah! pazzo inver!…

MANON

[aparece de novo na janela, agitada; com imenso fervor para Des Grieux] Se você me ama, pelo nome de Deus escape, meu amor!

[riappare alla finestra, agitata; con immenso slancio a Des Grieux] Se m’ami, in nome di Dio t’invola, amor mio!

DES GRIEUX

Ah! Manon!...

Ah! Manon!…

LESCAUT

[arrastando Des Grieux, balançando a cabeça] Mau negócio!

[trascinando via Des Grieux, borbotta sfiduciato crollando il capo] Cattivo affar!

[Manon abandona a janela e desaparece. Atraídos pelo

[Manon abbandona la finestra e scompare. Attratti dal colpo

85

E sia! Chiedimi tutto!… Son tua, m’attendi amore!

84

Que seja! Peça-me o que quiser!... Sou sua, me espere, amor!

Libreto Manon Lescaut

MANON


disparo e pelos gritos de alarme, chegam de todas as partes burgueses, homens e mulheres da cidade, perguntando um ao outro o que aconteceu: confusão geral]

di fuoco e dai gridi d’allarme, accorrono da ogni parte borghesi, popolani, popolane e si domandanosi l’un l’altro che cosa è avvenuto: confusione generale]

- Vocês ouviram? - O que está acontecendo? O que houve? - Raptaram alguém? Uma revolta? - Uma mulher fugia! Uma revolta? O que houve? - Mais de uma. As densas trevas protegeram os raptores lá embaixo!

- Udiste? - Che avvenne? Olà! Che fu? - Fu un ratto? Rivolta? - Fuggiva una donna! Fu rivolta? Che fu? - Più d’una. La folta tenèbra protesse laggiù i rapitori!

[Rufar de tambores: abre o portão do quartel, sai o sargento com um piquete de soldados, em meio ao qual estão várias mulheres acorrentadas; os soldados e as mulheres param na frente do portão]

[Rulli di tamburi: s’apre il portone della caserma, esce il sergente con un picchetto di soldati, in mezzo al quale stanno parecchie donne incatenate; i soldati e le donne si arrestano avanti il portone]

[para a multidão, mandando retroceder] Abram caminho.

[alla folla, ordinandole di retrocedere] Il passo m’aprite.

[Do navio desce o comandante: atrás dele vem um pelotão de marinheiros que se alinha à direita: no navio se alinham os marujos]

[Dalla nave scende il Comandante: lo segue un drappello di soldati di marina, il quale si schiera a destra: sulla nave si schierano i marinai]

COMANDANTE

[para o sargento] Está pronto o navio. Rápido com a chamada!

[al sergente] È pronta la nave. L’appello affrettate!

BURGUESES e HOMENS DO POVO BORGHESI, POPOLANI

Silêncio! Já começam a chamada. [retirando-se aos poucos]

Silenzio! L’appello cominciano già. [ritirandosi poco a poco]

SARGENTO SERGENTE

[com uma folha na mão faz a chamada: as mulheres, conforme são chamadas, passam da esquerda para a direita junto ao pelotão dos marinheiros. O comandante vai anotando em um livro]

[con un foglio in mano fa l’appello: le donne, mano a mano che sono chiamate, passano da sinistra a destra presso al drappello dei marinai. Il Comandante nota su di un libro]

BURGUESES, MULHERES, HOMENS e VELHOS DO POVO BORGHESI, POPOLANE, POPOLANI e VECCHI POPOLANI

SARGENTO SERGENTE


Ei! Que cara! [murmurando] É um amor!

Eh! Che aria! [mormorando] È un amore!

SARGENTO SERGENTE

Madelon! [indiferente, vai para o seu lugar, rindo]

Madelon! [Indifferente, va al suo posto, ridendo]

BURGUESES, HOMENS e VELHOS DO POVO BORGHESI, POPOLANI E VECCHI POPOLANI

Ah! Você se deu mal! [com aversão] Ah! Ah! Que riso insolente!

Ah! Qui sei ridotta! [con astio] Ah! ah! Che riso insolente!

SARGENTO SERGENTE

Manon! [Manon passa lentamente com os olhos baixos]

Manon! [Manon passa lentamente cogli occhi a terra]

BURGUESES, HOMENS e VELHOS DO POVO BORGHESI, POPOLANI E VECCHI POPOLANI

Quem será? Uma seduzida!

Chissà? Una sedotta!

[Lescaut, depois de ter passado pelo meio da multidão, fechado em seu casaco, se aproxima à esquerda de um grupo de burgueses que está observando Manon]

[Lescaut, dopo essersi aggirato in mezzo alla folla, chiuso nel mantello, s’avvicina a sinistra ad un gruppo di borghesi che stanno osservando Manon.]

UM GRUPO DE BURGUESES UN GRUPPO DI BORGHESI

É mesmo bela!

È bella davvero!

LESCAUT

Esta? É um mistério!

Costei? V’è un mistero!

BURGUESES BORGHESI

[para Lescaut com surpresa] Seduzida?... Traída? Minha Nossa Senhora! Como está dolente! Pela fé, que dor!

[a Lescaut con sorpresa] Sedotta?… Tradita? Madonna è dolente! Affè che dolore!

LESCAUT

Ela foi roubada, ainda criança, pelo amor de um belo moço!

Costei fu rapita fanciulla all’amore d’un vago garzone!

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BURGUESES, HOMENS e VELHOS DO POVO BORGHESI, POPOLANI E VECCHI POPOLANI

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Rosetta! [Passa sfrontatamente guardando come in in atto di sfida]

Libreto Manon Lescaut

Rosetta! [passa insolente com olhar de provocação]


SARGENTO SERGENTE

Ninetta! [altiva, encarando a multidão]

Ninetta! [altera, fissando la folla]

BURGUESES, MULHERES, HOMENS e VELHOS DO POVO BORGHESI, POPOLANE, POPOLANI E VECCHI POPOLANI

Que pose! Que infâmia! Que horror!!

Che incesso! Che infamie! Che orror!!

MANON

[com paixão e angústia para Des Grieux, que, com todo cuidado, havia se aproximado, procurando se esconder atrás dela: Manon percebe e retém com dificuldade um grito por tê-lo reconhecido] Des Grieux, em breve, longe estarei... Este é o meu destino. E perderei você para sempre! Ó mais querido! Adeus! Volta para sua casa! Adeus! Você deve esquecer Manon! Talvez não tenha sido amado o suficiente, este é o meu remorso! Mas perdoe, meu amor, amor imenso... adeus!..

[con passione e angoscia a Des Grieux, il quale cautamente le siè avvicinato, cercando nascondersi dietro di lei: Manon se ne accorge ed a stento trattiene un grido di riconoscenza.] Des Grieux, fra poco, lungi sarò... Questo è il destino mio. E te perduto per sempre avrò! Ultimo bene! Addio! Alla tua casa riedi! Addio! Devi Manon scordar! Forse abbastanza non fosti amato, quest’è il rimorso mio! Ma tu perdona, mio amor, amore immenso… addio!…

SARGENTO SERGENTE

Caton! [com passos e modos imponentes]

Caton! [con passo e fare imponente]

BURGUESES BORGHESI

É uma deusa! [rindo]

È una dea! [ridendo]

OUTROS ALTRI

Ah! Dá pena.

Ah! fa compassione.

LESCAUT

Roubada às núpcias e jogada a sujas carícias! [agitando os ouvintes] Para o gozo de um dia de um velho senhor... depois... saciado... expulsa! Para o gozo de um dia roubada!

Rapita alle nozze E a sozze carezze gittata! [eccitando gli ascoltatori] Pel gaudio d’un dì d’un vecchio signor… poi… sazio… cacciata! Pel gaudio d’un dì rapita!

SARGENTO SERGENTE

Regina! [passa, exibindo-se assanhada]

Regina! [passa, pavoneggiandosi con civetteria]

BURGUESES BORGHESI

[indignados] É sempre assim! Que infâmia! Que horror!

[indignati] È sempre così! Che infamia! che orrore!


[apontando para Des Grieux] Estão vendo aquele homem pálido que está ao lado dela? O noivo é aquele infeliz, que está ao lado dela! Estão vendo?

[additando Des Grieux] Vedete quel pallido che presso le sta? Lo sposo è quel misero, che presso le sta! Vedete?

SARGENTO SERGENTE

Claretta! [uma loira: passa rapidamente]

Claretta! [è bionda: passa sveltamente]

BURGUESES BORGHESI

Ah! Ah! Que loira!

Ah! Ah! Che bionda!

DES GRIEUX

Ah! Olhe para mim e veja como eu sucumbo a esta áspera angústia! Ah! Todo pensamento se dissolve em pranto! Ah! Na minha alma tenho apenas ódio, apenas ódio, ódio dos homens e de Deus!

Ah! Guardami e vedi com’io soggiacio a questa angoscia amara! Ah! Ogni pensiero si scioglie in pianto! Ah! m’ho nell’animo l’odio soltanto, l’odio soltanto, l’odio degl’uomini e di Dio!

BURGUESES BORGHESI

Realmente dá pena! Horror! Que bela assembleia.

Inver fa pietà! orror! Che gaia assemblea. [ridendo] Ah! ah!

SARGENTO SERGENTE

Violetta! [uma morena, atravessa a praça com ar de sedutora]

Violetta! [una bruna; traversa la piazza con modo procace]

BURGUESES BORGHESI

Que morena!

Che bruna!

MANON

Agora a seus deuses você deve voltar, Manon... Mas não deve esquecer! Meu amor... adeus!

Ora a tuo padre dèi far ritorno, devi Manon.. Ma non scordar! Mio amor... addio!

DES GRIEUX

Ah! Na minha alma tenho apenas ódio, apenas ódio, ódio dos homens e de Deus!

Ah! M’ho nell’animo l’odio soltanto, l’odio degl’uomini e di Dio.

LESCAUT

Assim, em correntes, na lama e aviltada, ele revê e reencontra a noiva roubada! [grita indignado]

Così, fra catene, nel fango e avvilita, rivede e rinviene la sposa rapita! [Grida di sdegno]

89

LESCAUT

88

Fa pietà! Qui sei ridotta, che riso insolente. Questa vorrei, che amore.

Libreto Manon Lescaut

Dá pena! Você se deu mal! Que riso insolente. Desta gostei, que amor.


SARGENTO SERGENTE

Nerina! [ainda usando um rico penteado, e algumas pintas]

Nerina! [conserva ancora una ricca acconciatura sul capo, ed alcuni nèi]

BURGUESES BORGHESI

Que pintas esplêndidas! Nenhuma bela entre elas! Que bela assembleia! Que infâmia! Que horror!

Che splendidi nèi! Di vaghe nessuna! Che gaia assemblea! Che infamia! Che orror!

SARGENTO SERGENTE

Elisa! [passa tranquilamente] Ninon! [passa cobrindo o rosto com as mãos] Giorgietta! [com as mãos atrás das costas, passa sorrindo ao sargento]

Elisa! [se ne va tranquillamente] Ninon! [passa, coprendosi il volto colle mani] Giorgietta! [colle mani dietro la schiena passa sogghignando al sergente]

BURGUESES BORGHESI

Infâmia! Horror! [rindo] Ah! Ah! Dá pena!

Infamia! Orror! [ridendo] Ah! Ah! Fa compassion!

SARGENTO SERGENTE

[vai para frente das cortesãs] Rápido!... Em fila... [as cortesãs fazem uma fila] Andem! [vê Manon parada ao lado de Des Grieux e a agarra com violência pelo braço empurrando-a atrás das outras] Este homem ainda está aqui? Vamos acabar com isso!

[il Sergente va a collocarsi di fronte alle Cortigiane] Presto!… In fila… [Le cortigiane si mettono in fila.] Marciate! [Vede Manon ferma presso a Des Grieux, la prende brutalmente per un braccio e la spinge dietro le altre] Costui ancor qui? Finiamola!

DES GRIEUX

[não consegue se conter e arranca repentinamente Manon das mãos do sargento, gritando] Para trás!

[non può trattenersi, e d’un tratto strappa Manon dalle mani del Sergente gridando] Indietro!

SARGENTO SERGENTE

[para Des Grieux] Vá embora!

[a Des Grieux] Via!

BURGUESES BORGHESI

[incitados por Lescaut; para Des Grieux] Coragem!

[aizzati da Lescaut; a Des Grieux] Coraggio!

DES GRIEUX

[ameaçando furioso] Ah! Ai de quem a tocar! [segura forte Manon, cobrindo-a com sua própria pessoa] Manon, segure em mim!...

[furente, minaccioso] Ah! guai a chi la tocca! [Avvinghia stretta a sé Manon, coprendola colla propria persona] Manon, ti stringi a me!…

BURGUESES BORGHESI

[correm para ajudar Des Grieux e impedem que o sargento se aproxime de Manon] Assim! Muito bem!

[accorrono in soccorso di Des Grieux ed impediscono al sergente di avvicinarsi a Manon] Così! Bravo!


DES GRIEUX

[no ímpeto do desespero, ameaçando] Ah! Não se aproximem!... Porque, estando eu vivo, ninguém poderá roubá-la!...

[nell’impeto della disperazione minaccioso] Ah! non v’avvicinate!… Ché, vivo me, costei nessun strappar potrà!…

[ao perceber o comandante, vencido por uma profunda emoção, explode num choro terrível; enquanto seus braços, que seguravam Manon, vão caindo]

[Scorgendo il Comandante, vinto da profonda emozione, egli erompe in uno straziante singhiozzo; mentre le sue braccia, che stringevano Manon, si sciolgono]

Não!... Não! Estou louco!... [para o comandante] Veja, estou louco, Veja como choro e imploro... Como eu peço piedade!... Ouça! Me leve como grumete ou para um trabalho mais vil... e eu virei feliz!... Me leve! Ah! Veja, choro e imploro!... Fique com meu sangue... a vida!... eu lhe imploro, lhe peço piedade... ah! Piedade! Ah, não serei ingrato!...

No!… No! Pazzo son!… [al Comandante] Guardate, pazzo son, guardate Com’ io piango e imploro… Come’ io chiedo pietà!… Udite! M’accettate qual mozzo a più vile mestiere… ed io verrò felice!… M’accettate! Ah! Guardate, io piango e imploro!... Vi pigliate il mio sangue… la vita!… V’imploro, vi chiedo pietà… ah! Pietà! Ah, ingrato non sarò!…

[o sargento conduz as cortesãs para o navio, e leva Manon com elas, a qual caminha lenta e esconde o rosto nas mãos, chorando desesperadamente. A multidão, mantida afastada pelos arqueiros, olha silenciosa com profundo sentimento de piedade]

[Il Sergente avvia le Cortigiane verso la nave, e spinge con esse Manon, la quale lenta s’incammina e nasconde il volto fra le mani, disperatamente singhiozzando. La folla, cacciata ai lati dagli Arcieri, guarda silenziosa con profondo senso di pietà]

[comovido, se curva para Des Grieux e, sorrindo amável, lhe diz com modos severos de marinheiro] Ah! O senhor, meu jovem, deseja popular as Américas? [Des Grieux olha para ele com uma ansiedade terrível]

[commosso, si piega verso Des Grieux, gli sorride benignamente e gli dice col fare burbero del marinaio] Ah! popolar le Americhe, giovanotto, desiate? [Des Grieux lo guarda con ansia terribile]

COMANDANTE

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[apparendo a un tratto in mezzo alla folla, che si ritira rispettosamente] Che avvien?!

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[aparecendo de repente no meio da multidão, que se afasta com respeito] O que está acontecendo?!

Libreto Manon Lescaut

COMANDANTE


Pois bem... pois bem, que seja! [batendo no ombro de Des Grieux] Vamos, grumete, rápido!...

Ebbene… ebben sia pur! [battendogli sulla spalla a Des Grieux] Via, mozzo, v’affrettate!…

[Des Grieux solta um grito de alegria e beija a mão do comandante. Manon se vira, vê, entende – e, seu rosto radiante de uma alegria suprema, do alto da embarcação, estende os braços para Des Grieux, que corre para eles. Lescaut, à parte, olha, abaixa a cabeça e se afasta]

[Des Grieux getta un grido di gioia e bacia la mano al Comandante. Manon si volge, vede, comprende – e, il viso irradiato da una suprema gioia, dall’alto dell’imbarcatoio stende le braccia a Des Grieux che vi accorre. Lescaut, in disparte, guarda, crolla il capo e si allontana.]

Nos Estados Unidos. Um descampado interminável nas fronteiras de Nova Orleans. Terreno árido e ondulado – Horizonte vastíssimo – Céu com nuvens. Cai a noite.

In America. Una landa interminata sui confini della Nuova Orleans. Terreno brullo ed ondulato - Orizzonte vastissimo Cielo annuvolato. Cade la sera.

[Manon e Des Grieux caminham lentamente pelo fundo; pobremente vestidos; com aspecto de pessoas abatidas. Manon, pálida, exausta, se apoia em Des Grieux, que a segura com dificuldade]

[MANON e DES GRIEUX si avanzano lentamente dal fondo; sono poveramente vestiti; hanno aspetto di persone affrante. Manon pallida, estenuata, s’appoggia sopra Des Grieux, che la sostiene con fatica]

DES GRIEUX

[caminhando] Se apoie toda em mim, ó minha querida cansada. A estrada poeirenta, a estrada maldita, se aproxima do fim.

[avanzandosi] Tutta su me ti posa, o mia stanca diletta. La strada polverosa, la strada maledetta, al termine s’avanza.

MANON

[com voz fraca, oprimida] Para frente, para frente ainda!... O ar ao redor está ficando escuro.

[con voce fioca, oppressa] Innanzi, innanzi ancor!… L’aria d’intorno or si fa scura.

DES GRIEUX

Se apoie em mim!

Su mi ti posa!

MANON

Vaga a brisa pela grande planície [com voz mais fraca] e morre o dia!... Para frente!... Para frente!...

Erra la brezza nella gran pianura [con voce più debole] e muore il giorno!… Innanzi!… Innanzi!…

QUARTO ATO ATTO QUARTO


[com angústia] Manon!

[con angoscia] Manon!

MANON

[cada vez mais fraca] Estou acabada... me perdoe! Você é forte... tenho inveja de você; mulher, fraca, desisto!

[sempre più debole] Son vinta… Mi perdona! Tu sei forte… t’invidio; donna, debole, cedo!

DES GRIEUX

[ansiosamente] Está sofrendo?

[ansiosamente] Tu soffri?

MANON

Terrivelmente!

Orribilmente!

[Des Grieux se mostra profundamente triste. Manon se esforça para o consolar]

[Des Grieux, si mostra profondamente addolorato. Manon si sforza di rassicurarlo]

Não! O que eu disse?... Uma palavra vã, estúpida... Ai, fique tranquilo! Peço um breve repouso... Um instante apenas... Meu doce amante venha a meu lado... ao meu lado!... [desmaia]

No! che dissi?… Una vana, una stolta parola… Deh ti consola! Chieggo breve riposo… Un solo istante… Mio dolce amante a me t’appressa… a me!… [Sviene]

[com paixão] Manon... escuta, meu amor... Não me responde, amor? Veja, eu é que choro... eu que imploro... eu que acaricio e beijo os seus cabelos de ouro!... Ah, Manon! Manon, responde! [pausa] Você se cala!? [desesperado] Maldição!... [tocando em sua testa] Uma febre cruel a toma... Desesperado, acaba comigo um sentimento de desgraça, um sentimento de trevas e de medo! [para Manon]

[con passione] Manon… senti, amor mio… Non mi rispondi, amore? Vedi, son io che piango… io che imploro… io che carezzo e bacio i tuoi capelli d’oro!… Ah Manon! Manon, rispondi a me! [Pausa] Tace!? [con disperazione] Maledizion!…. [toccandole la fronte] Crudel febbre l’avvince… Disperato mi vince un senso di sventura, un senso di tenèbre e di paura! [a Manon] Rispondimi, amor mio!

DES GRIEUX

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DES GRIEUX

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Innanzi!… Innanzi!…no… [Cade]

Libreto Manon Lescaut

Para frente!... Para frente!... não... [cai]


Responde, meu amor! [aflito] Fica calada! Manon! Você não responde?

[con sconforto] Tace! Manon! Non mi rispondi?

MANON

[voltando aos poucos, enquanto Des Grieux a levanta do chão] É você, é você que chora?... É você, é você que implora?... Escuto os seus soluços e molham meu rosto as suas lágrimas ardentes... A sede me devora... Ó amor, me ajude! me ajude!

[rinvenendo poco a poco, mentre Des Grieux la solleva da terra] Sei tu, sei tu che piangi?… Sei tu, sei tu che implori?… I tuoi singulti ascolto e mi bagnano il volto le tue lagrime ardenti… La sete mi divora… O amore, aita! aita!

DES GRIEUX

Ó amor, ó Manon, todo o meu sangue pela sua vida! [olha ao seu redor desnorteado, depois corre para o fundo examinando o horizonte distante, depois volta, desesperado, para Manon] E nada! Nada! Terra árida... nem um fio de água... Ó céu parado! Ó Deus, para quem quando eu era criança fiz minhas orações, uma ajuda... uma ajuda!

O amore, o Manon tutto il mio sangue per la tua vita! [si guarda intorno smarrito, poi corre verso il fondo scrutando l’orizzonte lontano, poi ritornando, disperato verso Manon] E nulla! nulla! Arida landa… non un filo d’acqua… O immoto cielo! O Dio, a cui fanciullo anch’io levai la mia preghiera, un soccorso… un soccorso!

MANON

Sim... uma ajuda!... Você pode me salvar!... Escute, aqui descansarei! E você vai explorar o mistério do horizonte, e procure, procure, montanhas ou uma cabana; vá mais além e, com palavras alegres, notícias alegres depois venha me trazer!

Sì… un soccorso!… Tu puoi salvarmi!… Senti, qui poserò! E tu scruta il mister dell’orizzonte, e cerca, cerca, monte – o casolar; oltre ti spingi, e con lieta favella lieta novella – poi vieni a recar!

[Des Grieux apoia Manon numa elevação do terreno, depois fica ainda indeciso diante da dúvida cruel. Se afasta aos poucos; chegando ao fundo, fica de novo em dúvida e fixa Manon com olhos desesperados; então, decidido repentinamente, sai correndo]

[Des Grieux adagia Manon sopra un rialzo di terreno poi resta ancora irresoluto in preda a fiero contrasto. S’allontana a poco a poco; giunto nel fondo, rimane di nuovo dubbioso e fissa Manon con occhi disperati, quindi, con improvvisa risoluzione parte correndo]


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[l’orizzonte s’oscura; l’ambascia vince Manon; è stravolta, impaurita, accasciata] Sola… perduta… abbandonata!… In landa desolata! Orror! In torno a me S’oscura il ciel Ahimè, son sola! E nel profondo deserto io cado, strazio crudel, ah! sola, abbandonata, io la deserta donna! Ah non voglio morir, no! Tutto dunque è finito. Terra di pace mi sembrava questa… Terra di pace mi sembrava questa… [delirando] Ahi! mia beltà funesta, ire novelle accende… Strappar da lui mi si volea; or tutto il mio passato orribile risorge e vivo innanzi al guardo mio si posa. [Percorrendo, agitatissima, la scena] Di sangue s’è macchiato… Ah! tutto è finito! Asil di pace ora la tomba invoco...no, non voglio morir! [con disperazione] No! No! Non voglio morir amore, aita! Fra le tue braccia… amore! l’ultima volta!… [Sforzandosi a sorridere e simulando speranza] Apporti tu la novella lieta?

DES GRIEUX

[com imensa tristeza e desespero] Não encontrei nada... o horizonte não me mostrou nada... para longe olhei, em vão...

[con immensa tristezza e sconforto] Nulla rinvenni… l’orizzonte nulla mi rivelò… lontano spinsi lo sguardo invano…

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[o horizonte vai ficando escuro; o sofrimento vence Manon; está conturbada, com medo, abatida] Sozinha... perdida... abandonada!... Numa terra desolada! Que horror! Ao meu redor o céu fica escuro, ai de mim, estou sozinha! E nas profundezas do deserto eu caio, tormento cruel, ah! Sozinha, abandonada, eu, a mulher desamparada! Ah, não quero morrer, não! Então tudo acabou. Terra de paz me parecia esta... Terra de paz me parecia esta... [delirando] Ai! minha beleza funesta, você traz novas iras... Queriam me tirar dele; agora todo o meu terrível passado volta e, vivo, se põe diante dos meus olhos. [percorrendo, agitadíssima, a cena] De sangue se manchou... Ah! Tudo acabou! Como refúgio de paz invoco agora o túmulo... não, não quero morrer! [desesperada] Não! Não! Não quero morrer, amor, ajude! Nos seus braços... amor! pela última vez!... [esforçando-se para sorrir e fingindo esperança] Você traz a alegre notícia?

Libreto Manon Lescaut

MANON


MANON

Estou morrendo: as trevas estão chegando: a noite cai sobre de mim.

Muoio: scendon le tenebre: su me la notte scende.

DES GRIEUX

[com grande paixão] Um funesto delírio lhe atormenta, aflige... Descanse aqui onde bate meu coração, recupere as forças!

[con passione infinita] Un funesto delirio ti percuote, t’offende… Posa qui dove palpito, in te ritorna ancor!

MANON

[com grande paixão] Oh! Eu o amo tanto, e estou morrendo!... As palavras... não me obedecem... mas posso dizer que o amo tanto! Oh! Amor! Supremo encanto! Inefável êxtase! Ó meu desejo extremo, eu o amo tanto! Amo-o tanto!

[con passione infinita] Oh! t’amo tanto e muoio!… Già la parola… manca al mio voler… ma posso dirti che t’amo tanto! Oh! amore! ultimo incanto! Ineffabile ebbrezza! O mio estremo desir Io t’amo tanto! T’amo tanto!

DES GRIEUX

[toca no rosto dela, depois consigo mesmo, assustado] O frio da morte! [chorando] Deus, você acaba com a última esperança.

[le tocca il volto, poi fra sé, atterrito] Gelo di morte! [piangendo] Dio, l’ultima speme infrangi.

MANON

[dolorosamente, com muita paixão] Meu doce amor, você está chorando... agora não é hora de lágrimas, mas de beijos; o tempo voa... me beije!

[dolorosamente, con molta passione] Mio dolce amor, tu piangi… non è di lagrime, ora di baci è questa; il tempo vola… baciami!

DES GRIEUX

Ó minha imensa beleza, eterna chama de amor.

O immensa delizia mia tu fiamma d’amore eterna

MANON

[febricitante] A chama está se apagando... Fale, ai! Fale... ai de mim!

[febbrilmente] La fiamma si spegne... Parla, deh! parla... ahimè!

DES GRIEUX

Manon!

Manon!

MANON

Não lhe escuto mais... [sufocada] Ai de mim! Aqui, aqui, perto de mim, quero o seu rosto... [ofegante e muito apaixonada] Assim... assim... me beije... perto de mim... ainda estou ouvindo você!... ai de mim!

più non t’ascolto… [soffocato] Ahimè! Qui, qui, vicino a me, voglio il tuo volto… [affannosamente ed appasionatissimo] Così… così… mi baci… vicino a me… ancor ti sento!… ahimé!


MANON

[num último esforço, imperiosa] Não quero! Adeus... escura é a noite... sinto frio... era amorosa a sua Manon? [com doçura inefável, sorrindo] Você se lembra? Me diga... a minha juventude radiante? O sol... não verei mais!...

[con ultimo sforzo, imperiosa] Non voglio! Addio… cupa è la notte… ho freddo… era amorosa la tua Manon? [con ineffabile dolcezza, sorridendo] Rammenti? dimmi… la luminosa mia giovinezza? Il sol... più non vedrò!…

DES GRIEUX

[na máxima angústia] Meu Deus!

[colla massima angoscia] Mio Dio!

MANON

[com voz fraquíssima] As minhas culpas... serão arrastadas pelo esquecimento, mas o meu amor... não morrerá... [morre] [Des Grieux, louco de dor, explode num choro convulso, depois cai desmaiado sobre o corpo de Manon]

[con voce debolissima] Le mie colpe… travolgerà l’oblio, ma l’amor mio… non muor… [Muore] [Des Grieux, pazzo di dolore, scoppia in pianto convulso, poi cade svenuto sul corpo di Manon.]

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[con disperazione] Senza di te… perduto… ti seguirò…

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[desesperado] Sem você... perdido... vou lhe seguir...

Libreto Manon Lescaut

DES GRIEUX




Croquis de figurino de Marina Luxardo.


No início do século 20, havia em São Paulo conjuntos orquestrais mantidos por associações e colégios, mas não uma orquestra profissional especializada em ópera. As companhias líricas internacionais que se apresentavam no Theatro Municipal traziam, além dos solistas, músicos e corais completos. Na década de 1920, uma orquestra profissional foi montada e passou a realizar apresentações esporádicas no Theatro Municipal, mas somente em 1939 o grupo tornou–se permanente e passou a se apresentar com maior frequência, sob o nome de Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Em 1949, um projeto de lei oficializou o conjunto, que passou a se chamar Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e a fazer parte das temporadas líricas e de dança do Theatro. Com atuações de destaque em todos esses anos, em 1940 a orquestra inaugurou o estádio do Pacaembu e, em 1955, tocou na reabertura de Theatro Municipal a ópera Pedro Malazarte, de Camargo Guarnieri, regida pelo próprio autor. Realizou, ainda, concerto em homenagem aos participantes dos Jogos Pan–Americanos de 1963, em São Paulo, e fez sua primeira excursão ao exterior em 1971, com todo o elenco, para apresentação da ópera II Guarany, de Carlos Gomes, no Teatro San Carlo, na Itália. Muitos mestres da música contribuíram para o crescimento da Orquestra Sinfônica Municipal, entre eles Arturo de Angelis, Zacharias Autuori, Edoardo Guarnieri, Lion Kasniefski, Souza Lima, Eleazar de Carvalho e Armando Belardi. Atualmente, John Neschling é o Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo e regente da Orquestra Sinfônica Municipal.

100 101 Biografias dos artistas

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO


CORO LÍRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Formado por cantores que se apresentam regularmente como solistas nos principais teatros do país, o Coro Lírico Municipal de São Paulo atua nas montagens de óperas das temporadas do Theatro Municipal, em concertos com a Orquestra Sinfônica Municipal, com o Balé da Cidade e em apresentações próprias. Desde 2013 sob o comando de Bruno Greco Facio, o grupo passou por um aprimoramento técnico e vocal e hoje conta com mais de 80 integrantes, prontos a interpretar diferentes papeis, em óperas cantadas em idiomas como o italiano, alemão, francês, russo e espanhol, como acontece na atual temporada. O Coro Lírico foi criado em 1939 e teve, como primeiro diretor, o maestro Fidélio Finzi, que preparou o grupo para a estreia em Turandot, em 13 de junho de 1939. Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular e, somente em 1951, o coro foi oficializado, sendo dirigido posteriormente por Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti, Fábio Mechetti e Mário Zaccaro. O Coro Lírico Municipal recebeu os prêmios de Melhor Conjunto Coral de 1996, pela APCA, e o Carlos Gomes 1997 na categoria Ópera.


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regência e direção artística

Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo desde 2013, John Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se dedicou à carreira na Europa. Antes desse período, e durante 12 anos, reestruturou a Osesp, transformando-a em um ícone da música sinfônica na América Latina. Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França) e Massimo de Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos Estados Unidos, em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como regente sinfônico, tem uma longa experiência frente a grandes orquestras dos continentes americano, europeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N. 1 de Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone como um dos melhores da história. No momento, o maestro grava pela produtora sueca BIS toda a obra sinfônica de Ottorino Respighi com a Orquestra Filarmônica Real de Liège. O terceiro volume da integral acaba de ser lançado e o quarto está em processo de finalização. Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua formação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Brasil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Música.

Biografias dos artistas

JOHN NESCHLING


MICHELANGELO MAZZA

regente assistente

Michelangelo Mazza foi, por 14 anos, spalla no Teatro Regio de Parma, ganhando muita experiência no repertório de ópera italiana – especialmente a de Giuseppe Verdi - graças à colaboração com maestros ilustres como Riccardo Muti, Lorin Maazel e Yuri Temirkanov. Com a Orquestra do Teatro Regio de Parma, participou do projeto de gravação das óperas de Verdi em alta definição para a Unitel Classic na premiada coleção ‘Tutto Verdi’. Com base nesta experiência, estreou como regente em Falstaff, de Verdi, no Theatro Municipal de São Paulo, em 2014. Neste mesmo ano, foi convidado pelo Teatro Lirico di Cagliari para uma série de concertos sinfônicos e regeu a Orchestra dell'Opera Italiana no Palais des Nations, em Genebra, em um concerto lírico-sinfônico, parte do projeto internacional ‘Con Verdi nel Mondo’. Em 2015, regeu I Pagliacci, de Leoncavallo, Cavalleria Rusticana, de Mascagni, e Adriana Lecouvreur, de Cilea. Seus próximos compromissos incluem uma turnê pela Europa com a Orchestra dell'Opera Italiana e Cosi Fan Tutte no Theatro Municipal de São Paulo. Na carreira de violinista, tem colaborado como spalla em várias orquestras italianas e estrangeiras, como a OSI de Lugano, Orquestra do Teatro São Carlos de Lisboa e a OSV de Barcelona. Com a Orquestra do Teatro Regio de Parma e com I Solisti dell'Opera Italiana, já se apresentou em importantes salas do mundo, como o Carnegie Hall, em Nova York, a Sala Tchaikovsky, em Moscou, o Kioi Hall, em Tóquio, e a Sala da Filarmônica de São Petersburgo. Atualmente, é spalla do Theatro Municipal de São Paulo.


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direção cênica

Nascido em Gargnano, Cesare Lievi é poeta, dramaturgo e diretor cênico de teatro e ópera. Dentre suas muitas criações para o palco lírico, destacam-se La Clemenza di Tito, de Mozart, na Ópera de Frankfurt, com regência de Garry Bertini, em 1989; Macbeth, de Verdi, na Ópera de Frankfurt, em 1990; Parsifal, de Wagner, no Teatro alla Scala, em 1991, com regência de Riccardo Muti; Capriccio, Ariadne em Naxos e Die Frau ohne Schatten de Richard Strauss, na Ópera de Zurique, 1992-94; La Cenerentola de Rossini, com Cecilia Bartoli, na Ópera de Zurique, em 1992, e no Metropolitan, com regência de James Levine, em 1997; Gesualdo, de Schnittke, na Ópera de Viena, com regência de Mstislav Rostropovich, em 1995; Manon, de Massenet, na Deutsche Oper de Berlim, em 1998; Rake’s Progress, de Stravinsky, no Teatro Comunale de Modena, com regência de John Neschling, em 1999; La Nina Pazza per Amore, de Paisiello, e Il Turco in Italia, de Rossini, com Cecilia Bartoli, na Ópera de Zurique, 2002-2004; O Anel dos Nibelungos de Wagner, no Teatro Bellini de Catania, 2001-2003; I due Foscari, de Verdi, no La Scala, com regência de Riccardo Muti, em 2003; A Flauta Mágica, As Bodas de Fígaro, Così fan Tutte e Idomeneo, de Mozart, em Wiesbaden, 2002-2006; Peter Grimes, de Britten, no Teatro Comunale de Modena, em 2005; Wanessa, de Samuel Barber, no Teatro Massimo de Palermo, em 2006; Demofonte, de Jommelli, no Festival de Salzburgo, Festival di Ravenna e Ópera de Paris, com regência de Riccardo Muti, em 2009; L’Elisir d'Amore, de Donizetti, no Teatro Nacional de Tóquio, em 2010; La Wally, de Catalani, na Ópera de Genebra, em 2014; Macbeth, de Verdi, em Klagenfurt, em 2014.

Biografias dos artistas

CESARE LIEVI


JUAN GUILLERMO NOVA

cenografia

Nascido em Jerez de la Frontera, Espanha, Juan Guillermo Nova é formado pela antiga Escola de Arte de Santo Domingo, em história da arte e desenho técnico e artístico, e pela Escuela Trazos, em pós–produção digital e projeção 3D. Começou a carreira no Teatro Real de Madri, onde colaborou com produções operísticas de Hugo De Ana como assistente cênico e, em seguida, como cenógrafo titular. Trabalhou na montagem de Fausto, de Charles Gounod, no Teatro Regio de Parma; em Tosca, de Puccini, na Arena de Verona; em La Bohème, de Puccini, no Teatro Colón de Buenos Aires; no balé Don Quixote, em a Viúva Alegre, de Franz Lehár, e em O Elixir do Amor, de Donizetti, na Eslovênia; e em A Força do Destino, de Verdi, na Opéra Royal de Wallonie, em Liège, Bélgica. Em 2012 trabalhou em Don Giovanni, de Mozart, no Teatro Municipal de Santiago, no Chile; no Theatro Municipal de São Paulo, foi o cenógrafo de Jupyra e Cavalleria Rusticana, em 2013, de Carmen e I Pagliacci,, em 2014.


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figurinos

Formada em Cenografia pela Accademia di Brera, em 1986, Marina Luxardo começou sua carreira como assistente de cenografia e figurino de Margherita Palli e Luigi Perego. Na Sicília, criou figurinos para tragédias e comédias greco-romanas nos teatros de Taormina, Siracusa, Segesta e Tindari. Já trabalhou com muitos diretores notáveis, como Tadeusz Kantor (Un Matrimonio), Giancarlo Cobelli (Edoardo II e Re Giovanni), Cesare Lievi (Peter Grimes, Tradimenti, La Casa de Bernarda Alba, O Rapto do Serralho e O Cavaleiro da Rosa) e Massimo Belli (Manon Lescaut, La Fiaccola sotto il Moggio), Daniele Abbado, Meme Perlini, Marco Gagliardo, Marco Maltauro, Lorenzo Salveti, Walter Manfre, Mariano Rigillo e Maurizio Nichetti. Para a Ópera de Zurique, criou os figurinos das produções dirigidas por Cesare Lievi de Stiffelio, de Verdi; Giulio Cesare, de Händel; O Barbeiro de Sevilha e L'Italiana in Algeri, de Rossini. Em Wiesbaden, também com Cesare Lievi, criou os figurinos de Idomeneo, As Bodas de Fígaro, Così Fan Tutte, A Flauta Mágica e Il Trovatore. Em Tóquio, criou os figurinos de L'Elisir D'amore, produção do New National Theatre, e, em Klagenfurt, da produção de Macbeth, ambas com direção de Cesare Lievi.

Biografias dos artistas

MARINA LUXARDO


CESARE AGONI

iluminação

Cesare Agoni é, desde 1990, técnico de luz e som do CTB Teatro Stabile di Brescia. Desde 2007, está na direção técnica de eventos e espetáculos da Cidade de Brescia, como a semana de moda e design, Per Tè alle Cinque, Vediamoci in via Milano, Binario 64, Piazze d'Europa, Notte Bianca, Notte della Cultura, Illuminazione Capitolium. Desde 2012, é chefe do setor técnico do mesmo teatro. Em paralelo a esta longa colaboração com o teatro de Brescia, participou da realização de vários espetáculos de vários outros teatros em Gênova, Modena e Palermo. Entre 2008 e 2012, esteve na direção técnico-logística da reconstrução histórica do Mille Miglia em Brescia. Em 2010, foi codiretor técnico e logístico do Mac Group e participou da realização dos seguintes eventos: abertura ao público do submarino Nazario Sauro, no Galata Museo del Mare de Gênova, Misano World Circuit e World Ducati Week . Com a Mac Events, em 2008, foi codiretor técnico e logístico e participou da realização de eventos em Carrara, Apuania e Gênova. Entre 2000 e 2006, foi diretor técnico do Festival Internacional de Circo Contemporâneo de Brescia. Entre 2002 e 2003, foi diretor técnico do Festival Metamorphosis em Roma. Lecionou iluminação na Accademia Santa Giulia e em outras instituições da Lombardia.


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regente do coro lírico

Paulistano, graduado em composição e regência pelas Faculdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha. Por 11 anos, dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho responsável pela formação musical de jovens cantores e regentes. Em 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini. A convite do maestro Neschling, tornou–se regente titular do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo.

Biografias dos artistas

BRUNO GRECO FACIO


MARÍA JOSÉ SIRI

soprano

Nascida no Uruguai, María José Siri foi reconhecida como um jovem talento, em 2003, ao participar de competições internacionais como o Juventudes Musicales e o Ars Lyrica de Montevidéu, do qual venceu o primeiro prêmio. No mesmo ano, foi eleita revelação do ano pela Asociación de Críticos Musicales de Argentina. Em 2004, venceu o primeiro prêmio das competições da Accademia Musicale Umbra, do Mattia Battistini di Rieti – ambos na Itália-, do Nuevas Voces Award do Teatro Colón de Buenos Aires e da competição internacional de Bilbao. Em 2006, venceu a competição Manuel Ausensi em Barcelona, a competição de ópera e a de melhor cantora escolhida pelo público da Semperoper Dresden. Desde então, cantou em grandes teatros como o La Scala, Maggio Musicale Fiorentino, Arena di Verona, Massimo de Palermo, Carlo Felice de Gênova, San Carlo de Nápoles, Regio de Turim, Staatsoper Berlin, Staatsoper Stuttgart, Bregenz Festival, Kungliga Operan Stockholm, Royal Opera Copenhagen e em Roma, Veneza, Trieste, Bolonha, Viena, São Petersburgo, Valência, La Coruña, Tel Aviv, Tóquio e Montevidéu; com diretores cênicos como Franco Zeffirelli, Ferzan Özpetek e Graham Vick; e com regentes como Daniel Barenboim, Zubin Mehta e Pinchas Steinberg. Seu repertório inclui Manon Lescaut, La Bohème, Tosca e Il Trittico, de Puccini; Aida, La Traviata, Il Trovatore, Otello, Don Carlo, La Forza del Destino, Simon Boccanegra, Un Ballo in Maschera e I Due Foscari, de Verdi; Andrea Chénier, de Giordano; I Pagliacci, de Leoncavallo; Eugene Onegin, de Tchaikovsky; Don Giovanni e As Bodas de Fígaro, de Mozart; e La Juive, de Halévy. Seus próximos compromissos incluem Don Carlo em Bilbao; Tosca no New National Theatre de Tóquio em Turim; Attila em Bolonha; Andrea Chénier em Berlim e Madama Butterfly em Munique.


111 110

soprano

A soprano Adriane Queiroz estudou com Marina Monarcha e Malina Minerva no Conservatório Carlos Gomes,em Belém. Formou-se na Universidade Vienense de Artes, onde estudou com Walter Moore e Helga Wagner. Na Volksoper de Viena, interpretou papéis nas produções de Der Mann von La Mancha, A Flauta Mágica e L’Elisir d’Amore, e solou em Carmina Burana no Musik Verein. Ingressou no ensemble solista da Staatsoper Berlin – conjunto que integra até hoje –, em 2002 e se apresentou com regentes como Daniel Barenboim, Kent Nagano e René Jacobs. Participou do Festival de Salzburg na produção de Die Ägyptische Helena, de R. Strauss, sob a regência de Fabio Luisi. Foi Zerlina na produção de Keith Warner no Theater an der Wien; Donna Anna em Weimar e Elvira na produção de Pier Francesco Maestrini, no Theatro Municipal de São Paulo. Cantou Rosalinde em O Morcego, em Stuttgart, e na Semperoper Dresden, em 2010. Em 2013, atuou em Der Bettelstudent, de Millörk, em Mörbisch, que foi gravada em CD pela Oehms Classics. Em 2014, atuou em Falstaff no Theatro Municipal de São Paulo, sob a regência de John Neschling, e participou do Festival de Ópera em Belém como Marguerite em Mefistofele, com direção de Caetano Vilela. No primeiro semestre desse ano, foi Jenny em Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny, de Kurt Weill, sob a regência de Wayne Marshall, em Berlim. Gravou pela Deutsche Grammophon, com Pierre Boulez e a Filarmônica de Berlim, a Sinfonia N. 8, de Mahler. Apresentou-se em São Petersburgo e Moscou; entre 2013 e 2015, cantou a Sinfonia N. 9, de Beethoven, e em concertos operísticos com a Filarmônica de Baden Baden, sob a regência de Pavel Baleff, e obras de Strauss e Mozart com Fabio Mechetti, em Minas Gerais. Gravou, em 2011, um CD com canções de Camargo Guarnieri e Francisco Mignone, com músicos da Deutsche Oper. Atualmente, tem o acompanhamento da Kammersaengerin Brigitte Eisenfeld.

Biografias dos artistas

ADRIANE QUEIROZ


MARCELLO GIORDANI

tenor

Marcello Giordani fez sua estreia profissional como Duca di Mantova em Rigoletto em Spoleto, em 1986; seu debut americano aconteceu em Os Pescadores de Pérolas na Portland Opera, na temporada 1988/89; no La Scala, foi Rodolfo em La Bohème, em 1988, e no Metropolitan de Nova York, foi Nemorino em L’Elisir d’Amore, em 1993. Marcello Giordani já se apresentou em importantes teatros do mundo, como La Scala, Metropolitan, Covent Garden, Opernhaus de Zurique, Wiener Staatsoper, Opéra National de Paris, Liceu de Barcelona, Deutsche Oper Berlin, San Francisco Opera, Houston Grand Opera, Maggio Musicale Fiorentino, Teatro dell’Opera de Roma, Regio de Parma, Regio de Torino, Massimo Vicenzo Bellini de Catania, Arena di Verona, Festival Pucciniano de Torre del Lago, e trabalhou com grandes maestros como Daniele Gatti, James Levine, Zubin Mehta, Antonio Pappano e Georg Solti. Convidado frequentemente pelo Metropolitan, participou de produções de títulos como Madama Butterfly, La Gioconda, La Bohème, Simon Boccanegra, Carmen, Un Ballo in Maschera, Ernani, Turandot, Roméo et Juliette, Manon Lescaut, Lucia di Lammermoor, Francesca da Rimini, Turandot, Les Troyens e La Fanciulla del West. No ano passado atuou em L’Africaine com a Opera Orchestra of New York; Fausto, de Gounod, no La Scala; Tosca e Un Ballo in Maschera na Wiener Staatsoper; Tosca na Bayerische Staatsoper, no Covent Garden e na Deutsche Oper; Cavalleria Rusticana na Opéra National de Paris; Cavalleria Rusticana e I Pagliacci no Liceu de Barcelona; La Forza del Destino no Maggio Musicale Fiorentino; Les Troyens, de Berlioz, com a Boston Symphony. Seus compromissos futuros incluem Manon Lescaut na Wiener Staatsoper; Tosca e Il Trovatore no Metropolitan; La Bohème em Hannover; Werther e Aida em Tóquio; La Fanciulla del West em Charlotte.


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tenor

Nascido em Porto Alegre, o tenor Martin Muehle estudou no Musikhochschule Lübeck, com Carlo Bergonzi na Accademia Verdiana em Busseto, e com Alfredo Kraus em Santander. Recentemente, foi Radames em Aida no Festival de St. Margarethen, com direção cênica de Robert Dornhelm (gravado para TV e DVD); Don José no Theater St. Gallen; Giuseppe Hagenbach em La Wally, Fausto em La Damnation de Faust e Fritz em Der ferne Klang no Nationaltheater Mannheim. Desde a temporada 2013/14, Martin Muehle é membro do Nationaltheater Mannheim, onde se apresentou como Gabriele Adorno em Simon Boccanegra, Pinkerton em Madama Butterfly, Don José em Carmen, o papel título em Stiffelio. Nesta mesma temporada, foi Arrigo em I Vespri Siciliani no Theater Freiburg. Foi Alfonso em Violanta, de Korngold, e Guido Bardi em Die florentinische Tragödie, de Zemlinsky, em São Paulo; Siegmund em A Valquíria no Theater Detmold; participou do concerto com trechos de Os Mestres Cantores de Nuremberg com a Sinfônica da Rádio Croata em Zagreb; foi Fausto em Mefistofele, de Boito; Paolo Il Bello em Francesca da Rimini, de Zandonai (gravado em CD pela Naxos). Seu repertório sinfônico tem foco principal no período romântico: cantou a Messe Solennelle de St. Cecillie, de Gounod, no Theatro Municipal de São Paulo; Sinfonia N. 9, de Beethoven, na Catedral de Porto Alegre e no Palácio das Artes de Belo Horizonte; Das Lied von der Erde, de Gustav Mahler, com regência de Ira Levin, no Teatro Nacional de Brasília, e com Dan Ettinger, em Mannheim e Ludwigsburg. Seus próximos compromissos incluem Don José em Carmen, em uma remontagem da produção de Stefan Herheims na Oper Graz; Pollione em Norma; e o papel-título em Lohengrin no Theater St. Gallen; e estreará com a Berliner Philharmonie no Réquiem de Verdi, sob a regência de Simon Halsey.

Biografias dos artistas

MARTIN MUEHLE


PAULO SZOT

barítono

Nascido em São Paulo, Paulo Szot ganhou diversos prêmios pela atuação como Emile De Beque no musical da Broadway South Pacific, no Lincoln Center Theatre: Tony de melhor ator em musical, o Drama Desk, o Outer Critic Circle e o Broadway League; e foi indicado para o Laurence Olivier Award. Já na sexta temporada no Metropolitan Opera, destacam-se as atuações em O Nariz, de Shostakovich com Valery Gergiev, além de Carmen, Manon e O Morcego. No La Scala estreou em 2013 como protagonista em A Dog’s Heart, de Alexander Raskatov. Foi Don Giovanni nas Óperas de Washington, Dallas, Toulon, Bordeaux, Bogota e São Paulo. Estreou na Opera Garnier de Paris em 2011, em Così fan Tutte, e em 2013 atuou em O Nariz na Ópera de Roma. Em Marselha cantou Eugene Onegin, Dido e Eneas, Così fan Tutte, Maria Golovin e A Viúva Alegre. Em São Paulo, estreou em 2007 em O Barbeiro de Sevilha e atuou em La Bohème, Don Giovanni, I Pagliacci, Cavalleria Rusticana, João e Maria, Don Pasquale, Manon, As Bodas de Fígaro, entre outras. Cantou em todos os teatros do Lincoln Center inúmeras vezes desde sua estreia em 2003. Em 2009, estreou com a New York Philharmonic ao lado de Liza Minnelli e, em 2013, abriu a temporada da filarmônica com o Concerto de Gala An Evening with Paulo Szot. Apresentou-se várias vezes no Carnegie Hall com a New York Pops Orchestra e com o Collegiate Chorale, com destaque para o concerto em 2011com Deborah Voigt. Estreou no Festival Aix-En-Provence em 2012, como Conde Almaviva em As Bodas de Fígaro, papel que interpretou em Boston, Bahrein, Antuérpia, Gent e Nova York. Em 2014, protagonizou a polêmica montagem do Metropolitan, The Death of Klinghoffer, de John Adams. Estreou na Opera Australia em Eugene Onegin, na montagem de Kasper Holten. Em 2015, retornará ao Metropolitan em O Morcego, com James Levine, e em 2016 a Marselha, em Madama Butterfly.


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tenor

Nascido em Catania, Valentino Buzza fez seu debut aos 13 anos com a companhia do Nuovo Teatro Stabile di Mascalucia e foi premiado em Mascalucia como jovem promessa. Formado pelo Istituto Musicale Vincenzo Bellini de Catania, em 2008, já participou de vários concursos: o Paolo Randazzo, no qual ganhou uma bolsa de estudos; foi semifinalista do concurso internacional Festival di Spoleto, em 2008; finalista do concurso internacional Città di Alcamo, em 2010; e semifinalista do concurso internacional Marcello Giordani, em 2011. Em 2009, teve a oportunidade de participar de cursos de aperfeiçoamento com o maestro Leone Magiera e com a soprano Edda Moser. Em 2011, participou de uma masterclass de aperfeiçoamento vocal com Renato Bruson e Edda Moser em Sabbioneta. Em 2012, venceu o concurso Tito Schipa e o Festival de Sarzana; Debutou no Teatro Politeama Greco de Lecce em L’Elisir d’Amore. No mesmo ano, ingressou no Centro de Aperfeiçoamento Plácido Domingo de Valência, o que o permitiu participar da produção de La Bohème, sob a regência de Riccardo Chailly, no papel de Rodolfo. Em 2013, foi Ferrando em Così Fan Tutte no Teatre Martín i Soler del Palau de les Arts Reina Sofia de Valência. Como membro do curso de 2013/2014, participará da produção de La Traviata no papel de Giuseppe, sob a regência de Zubin Mehta. Recentemente participou de Simon Boccanegra, com Plácido Domingo, e Turandot, com Zubin Mehta, ambas produções do Palau de les Arts Reina Sofia de Valência; foi Nemorino em L’Elisir d’Amore no Carlo Felice de Gênova, e Enéias em Dido e Enéas, de Purcell, no Maggio Fiorentino.

Biografias dos artistas

VALENTINO BUZZA


SAULO JAVAN

baixo

Reconhecido pela crítica especializada como um dos principais artistas de ópera do Brasil, Saulo Javan é presença constante em casas de concerto e ópera, como a Sala São Paulo, Theatro Municipal de São Paulo, Theatro da Paz de Belém, Theatro São Pedro, Tobias Barreto e Santa Isabel. Foi solista nas óperas Magdalena de Villa-Lobos, O Rouxinol de Stravinsky, Aida de Verdi, O Elixir do Amor e Don Pasquale de Donizetti, Gianni Schicchi e La Bohème de Puccini, Don Giovanni, As Bodas de Fígaro e A Flauta Mágica de Mozart, entre outras. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera como Don Bartolo em O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, e cantou a estreia mundial da ópera Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Entre 2013 e 2015, apresentou-se nas óperas The Rake’s Progress, Don Giovanni, La Bohème, Falstaff, Salomé, Tosca, Um Homem Só, Eugene Onegin e Thaïs no Theatro Municipal de São Paulo. Faz parte do Trio Cantares, com Rosana Lamosa e Sonia Rubinsky. Gravou a Sinfonia N. 10 - Ameríndia de Heitor Villa-Lobos com a Osesp, sob a regência do Maestro Isaac Karabtchevsky. Em 2002 venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos. Estudou canto com Carmo Barbosa e hoje é orientado por Marconi Araújo. Prepara-se com renomados coachings brasileiros, como Rafael Andrade, Anderson Brenner e Marcos Aragoni.


117 116

tenor

Matheus Pompeu, tenor lírico mineiro, é membro do Opera Studio do Theatro Municipal de São Paulo e reside na capital paulista desde 2014. É aluno da professora Isabel Maresca e recebe orientação do maestro Gabriel Rhein-Schirato e do pianista Rafael Andrade. Interpretou Flaminio em O Amor de Três Reis, de I. Montemezzi, na abertura da temporada lírica de 2015 do Theatro São Pedro, sob a regência de Luiz Fernando Malheiro e direção de Sergio Vela. Na série Tardes de Ópera, da mesma casa, representou Bacchus em Ariadne em Naxos, de Richard Strauss, e Fabiano Fabiani em Maria Tudor, de Carlos Gomes. Com a Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, se apresentou na Sala São Paulo e no Teatro Polytheama de Jundiaí como Alfredo, em La Traviata, de Verdi, em concerto semi-encenado com direção de Mauro Wrona. Matheus Pompeu estudou na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais sob orientação de Mauro Chantal. Em 2011, foi semifinalista da fase italiana do concurso de admissão da academia lírica do Teatro alla Scala de Milão. Em 2013, no Palácio das Artes de Belo Horizonte, foi solista na ópera Un Ballo in Maschera, de Verdi, com regência de Marcelo Ramos e direção cênica de Fernando Bicudo; e venceu o 4° Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, coordenado pelo maestro Roberto Tibiriçá. Como membro das duas primeiras turmas da Oficina de Ópera da Escola Municipal de Música de São Paulo, projeto que precedeu o atual Opera Studio, participou de cursos e masterclasses com importantes nomes da lírica mundial que passaram pelo Theatro Municipal de São Paulo, como Gregory Kunde, Alberto Gazale, Iris Vermillion, Michael Kupfer, Marco Gandini e Livia Sabag.

Biografias dos artistas

MATHEUS POMPEU


WALTER FAWCETT

tenor

Iniciou a carreira como solista do Moody Chorale de Chicago, no qual atuou durante alguns anos, participando de turnês nos Estados Unidos, Canadá e Austrália. Foi duas vezes o principal solista na produção de Candlelight Carols. Em seguida, foi convidado a fazer parte do grupo de solistas do Gordon Collegiate Chorus, instituição onde estudou ópera e se formou em Music Performance. Participou de laboratórios operísticos na Wiener Hochshule für Musik, com Curt Malm e Margarita Lilowa; e do curso de aperfeiçoamento em canto lírico com Julia Graddy, em Chicago. Transferiu-se para o México, onde atou como solista em diversas salas do país, na direção musical de diversos espetáculos e em regravações de muitos programas da Direct TV e Multivision. Desde o seu ingresso no Coro Lírico Municipal de São Paulo, tem atuado como coralista e/ou solista em quase todas as produções operísticas do Theatro Municipal de São Paulo. Nos Estados Unidos, estudou com Maria Lagios, em Chicago, e C.Thommas Brooks, em Boston. Atualmente, trabalha com Helly-Anne Caram e Marcelo Ferreira.


119 118

mezzo-soprano

Reconhecida pelo New York Times como memorável pela performance no Carnegie Hall em Nova York, em março de 2013, a mezzo-soprano argentina Malena Dayen fez sua estreia como Carmen com a Natchez Opera Festival, repetindo o papel com a New York Lyric Opera e no Festival d'Art Vocal em Montreal. Em junho de 2013, Malena cantou o papel da Aia na estreia mundial de Fedra e Hipólito, de Christopher Park, no Palácio das Artes em Belo Horizonte. Em 2014, cantou Mercedes em Carmen no Teatro Municipal de São Paulo, e, em 2015, Myrtale em Thaïs. Em março deste ano, interpretou o papel-título em em María de Buenos Aires, de Piazzolla, no San Carlo de Nápoles. Em seu repertório, destacam-se Romeo em I Capuleti e i Montecchi, Adalgisa em Norma, Rosina em O Barbeiro de Sevilha, Dorabella em Così fan Tutte e Sesto em La Clemenza di Tito, com várias companhias nos Estados Unidos. Muito requisitada por compositores contemporâneos, Dayen recentemente atuou como solista na estreia de The Blizzard Voices de Paul Moravec e Réquiem de Bradley Ellingboe, no Carnegie Hall em Nova York. Ela se apresentou com a Oratorio Society of New York, nos EUA, e em turnê pela Hungria, Itália e Brasil, inclusive em concerto no Ibirapuera em São Paulo. Apresentou-se também com a Orquestra do Teatro Colón, a Orquestra de Câmara Israelita e a Orquestra Sinfónica de Porto Rico. Dayen é especialista em música espanhola e tango e integra o grupo New Aires Tango. Malena vive em Nova York, onde completou seus estudos na Mannes College of Music.

Biografias dos artistas

MALENA DAYEN


LEONARDO PACE

baixo

No Theatro Municipal de São Paulo foi solista nas óperas: Os Contos de Hoffmann, em 2003; Andrea Chénier, em 2006; I Pagliacci, em 2009 e 2011; L’enfant e les Sortilèges, em 2011; O Rouxinol, em 2012; Ça Ira, em 2013; e Otello, em 2015. Cantou em Carmen no Theatro da Paz; El Niño Judio e Manon Lescaut no Theatro São Pedro; e Lieder Eines Fahrenden Gesellen, de Mahler, com a Sinfonia Cultura. Já colaborou com maestros como John Neschling, Luiz Fernando Malheiro, Jamil Maluf e Karl Martin. Em 2002 e 2003, foi premiado com Bolsa de Estudos pela Fundação Vitae do Brasil. Estudou canto com seu pai Héctor Pace, com Leilah Farah e Lenice Prioli e, em 2003, foi um dos vencedores do 4° Concurso de Canto Bidú Sayão em Belém. Em 2008, participou do 12° Festival Amazonas de Ópera e cantou nas óperas Ariadne em Naxos, de Richard Strauss e Ça Ira, de Roger Waters, e no concerto Barroca. Destacou-se em O Messias, de Händel, em 2009, e no Te Deum, de Dvorák, em 2012, com a OER; no Réquiem, de Brahms, com a Camerata Antiqua de Curitiba, e na obra A Origem do Fogo, de Sibelius, com a Osusp na Sala São Paulo, em 2012; e com a Cia de Ópera Curta, interpretando Escamillo, Germont e Marcello. Desde 2008, integra o Coral Lírico Municipal.


120 121

baixo

Natural de Brasília, Rogério Nunes estudou canto com o professor Alírio Netto e, na sequência, ingressou na Escola de Teatro Musical de Brasília, onde aprimorou suas habilidades de canto com os professores Augusto de Pádua e Michelle Fiuza, e atuação com Camila Meskell. Iniciou a carreira profissional na capital federal. Em 2012, em São Paulo, entrou para o elenco do musical de grande sucesso A Família Addams, interpretando o personagem Tropeço. Participou também do musical Crazy For You como Moose, ao lado de Cláudia Raia e Jarbas Homem de Mello, e da conceituada ópera-rock Jesus Cristo Superstar, no papel de Caifás. No início da temporada de 2015, cantou na montagem de Otello do Theatro Municipal de São Paulo. Atualmente, integra o Coro Lírico Municipal de São Paulo e recebe orientação vocal e musical da professora Isabel Maresca.

Biografias dos artistas

ROGÉRIO NUNES



Assistente de Coreografia

Pintura de arte

Raymundo Costa

Pianistas Correpetidores Anderson Brenner Paulo Almeida

ATORES Andreza Aguida Alex Narducci Clara Campos André Lima Elisa Weingrill André Lino Evelin Bandeira Arthur MalasPina Fernanda Ferreira Begê Muniz Gabriela Rodrigues Celsinho Barros Iara Marcek Emanuel Sá Laura Bauler Joao Paulo Oliveira Leila Bass Kaio Borges Neiva Löser Lukkas Martins Paula Delbue Sérgio Seixas Karina Dias

Equipe de construção da cenografia Tkceno Cenografia e Produção Ltda

Coordenação de Cenotécnica Dilson Diniz Tavares

Cenotécnicos Paulo Rogerio Fabio Ferreira da Silva Renato Santos Artur Moraes Cardoso Edison Silva Quina

Serralheria Francisco de Sousa

Montadores Elenildo Pinheiro da Silva Rubens Tavares Jr.

Agda Camilla Bruna Priscilla Saraiva Caio Hirabara Gisele Correa Joziane Lugh Dias Marcello Girotti Paula Rosa Roberto Casal de Rey Rodolfo Sales Thiago Araújo

Costureiras Cleonice Barros Correa Edmeia Evaristo Celia Pereira Andreia Martins dos Santos Neusa Mariza da Silva Silvia Castro

Modelistas Danielle Arruda Paula Gascon Tandara Hoffmann

Assistente de Produção de Figurino Inês Bergamim Tatiana Brescia

Apoio de figurino na central Walamis Santos Silva

Visagista Simone Batata

Visagista assistente Tiça Camargo

Maquiadores Sheila Campos Marcela Costa Isabel Vieira Elisani Souza Biah Bombom Giulia Piantino Mari Souza Elisa Borges Nathalia Maciel Adrielle Santana Pércia Possa

INDICADORES DE SALA Adryane dos Reis Alyne Cristina dos Reis Andrea Barbosa da Silva Andressa Severa Romero Danielle Bambace Jessica Dias Jonas Silva de Sousa Jorge Ramiro da Silva Santos Marcela Costa Marcelo Souza Ferreira Maria dos Remédios Mariana Ferreira da Silva Marilivia Fazolo Patricia de Moura Mesquita Pedro Henrique Oliveira Roseli Deatchuk Rosimeire Pontes Carvalho Sandra Marisa Peracini Suely Guimarães Sousa Sylvia Carolina S A Caetano Tatiane Lima da Costa Vilma Aparecida Carneiro

Tradução do Libreto Pedro Heise

Sinopse e gravações de referência Irineu Franco Perpetuo

Legendas

MP Legendas

Revisora Juliana Winkel

Croquis de Cenário Juan Guillermo Nova

Croquis de Figurino Marina Luxardo

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SÃO PAULO Diretor Artístico John Neschling

Primeirosviolinos Michelangelo Mazza (spalla) Pablo De León (spalla) Amanda Martins de Lima Martin Tuksa Adriano Mello Fabian Figueiredo Fábio Brucoli Fábio Chamma Fernando Travassos Francisco Krug Heitor Fujinami John Spindler Liliana Chiriac Paulo Calligopoulos Rafael Bion Loro Sílvio Balaz Victor Bigai Wellington Rebouças

Segundosviolinos Andréa Campos* Maria Fernanda Krug*

Nadilson Gama André Luccas Djavan Caetano Edgar Leite Evelyn Carmo Helena Piccazio Mizael da Silva Júnior Oxana Dragos Ricardo Bem-Haja Ugo Kageyama

Violas

Alexandre De León* Silvio Catto* Tânia Campos Abrahão Saraiva Adriana Schincariol Bruno de Luna Cindy Folly Eduardo Cordeiro Eric Schafer Licciardi Jessica Wyatt Pedro Visockas

Roberta Marcinkowski Tiago Vieira

Violoncelos Mauro Brucoli* Raïff Dantas Barreto* Mariana Amaral Alberto Kanji Charles Brooks Cristina Manescu Joel de Souza Maria Eduarda Canabarro Moisés Ferreira Teresa Catto Milena Salvatti**

Contrabaixos

Sanderson Cortez Paz*** Taís Gomes*** Adriano Costa Chaves André Teruo Miguel Dombrowski Ricardo Busatto Vinicius Paranhos Walter Müller

Flautas

Cássia Carrascoza* Marcelo Barboza* Andrea Vilella Cristina Poles Renan Mendes

Oboés

Alexandre Ficarelli* Rodrigo Nagamori* Marcos Mincov Victor Astorga**

Clarinetes

Camila Barrientos Ossio* Tiago Francisco Naguel* Diogo Maia Santos Domingos Elias Marta Vidigal

Fagotes

Fábio Cury* Matthew Taylor* Marcelo Toni Marcos Fokin Osvanilson Castro

Trompas

André Ficarelli* Thiago Ariel* Eric Gomes da Silva Rafael Fróes Rogério Martinez Vagner Rebouças Daniel Filho**

122 123

Ednilson Silva Quina Edilson Silva Quina

Ficha Técnica

manon lescaut


Trompetes Fernando Lopez* Marcos Motta* Breno Fleury Eduardo Madeira Thiago Araújo

Trombones

Eduardo Machado* Roney Stella* Hugo Ksenhuk Luiz Cruz Marim Meira

Coro Lírico Municipal de São Paulo Regente Titular Bruno Greco Facio

Regente Assistente

Sergio Wernec

Pianistas

Harpa

Marcos Aragoni Marizilda Hein Ribeiro

Jennifer Campbell* Paola Baron*

Sopranos

Piano

Cecília Moita*

Percussão

Marcelo Camargo* César Simão Magno Bissoli Sérgio Ricardo Silva Coutinho Thiago Lamattina

Tímpanos

Danilo Valle* Márcia Fernandes*

Gerente da Orquestra Manuela Cirigliano

Assistente

Mariana Bonzanini

Inspetor

Carlos Nunes

Montadores Alexandre Greganyck Paulo Broda Rafael de Sá

Aprendiz

Gabriel Cardoso Vieira *Chefe de Naipe **Músico Convidado ***Chefe de Naipe Interino

Adriana Magalhães Angélica Feital Antonieta Bastos Berenice Barreira Cláudia Neves Elayne Caser Elaine Moraes Elisabeth Ratzersdorf Graziela Sanchez Jacy Guarany Juliana Starling Laryssa Alvarazi Marcia Costa Marivone Caetano Marta Mauler Milena Tarasiuk Monique Corado Nadja Sousa Rita Marques Rosana Barakat Sandra Félix Sarah Chen Viviane Rocha

Mezzo-Sopranos Carla Campinas Cláudia Arcos Erika Belmonte Juliana Valadares Keila de Moraes Marilu Figueiredo Mônica Martins

Contraltos

Celeste Moraes Clarice Rodrigues Elaine Martorano Lidia Schäffer Ligia Monteiro Magda Painno Maria Favoinni Vera Ritter

Tenores

Alex Flores Alexandre Bialecki Antonio Carlos Britto

Dimas do Carmo Eduardo Góes Eduardo Pinho Eduardo Trindade Fernando de Castro Gilmar Ayres Joaquim Rollemberg Luciano Silveira Luiz Doné Marcello Vannucci Márcio Valle Miguel Geraldi Paulo ChamiéQueiroz Renato Tenreiro Rubens Medina Rúben de Oliveira Sérgio Macedo Valter Estefano Walter Fawcett

Barítonos

Alessandro Gismano Daniel Lee David Marcondes Diógenes Gomes Eduardo Paniza Guilherme Rosa Jang Ho Joo Jessé Vieira Marcio Marangon Miguel Csuzlinovics Roberto Fabel Sandro Bodilon Sebastião Teixeira

Baixos

Claudio Guimarães Fernando Gazoni Leonardo Pace Marcos Carvalho Matheus França Orlando Marcos Rafael Thomas Rogério Guedes Sérgio Righini

Assistente Administrativo

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Diretoria Geral Assessora

Prefeito

Secretárias

Fernando Haddad

Secretário Municipal de Cultura

Nabil Bonduki

FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Conselho Deliberativo Nabil Bonduki – Presidente Leonardo Martinelli Pablo Zappelini de Leon

Direção Geral

Cerimonial

Egberto Cunha

Bilheteria

Nelson F. de Oliveira

Diretoria Artística Assessoria de Direção Artística Eduardo Strausser Thomas Yaksic Clarisse De Conti

Secretária

Eni Tenório dos Santos

Carolina Paes Simão

Luana Pirondi

Leonardo Martinelli

Carolyni Amorim Marques da Silva

Diretora de Gestão Diretor de Formação

INSTITUTO BRASILEIRO DE GESTÃO CULTURAL Presidente do Conselho Cláudio Jorge Willer

Diretor Executivo

Assistente Administrativa Aprendiz

Coordenação de Programação Artística João Malatian

Diretor Técnico Juan Guillermo Nova

Assistente de Direção Técnica Daniela Gogoni

William Nacked

Diretora Técnica

Diretor de Palco Cênico

Isabela Galvez

Ronaldo Zero

Diretor Financeiro Neil Amereno

Diretor Artístico

Juliana Tondin Mengardo

Diretora de Produção

Bruno Silva Farias

Direitos Autorais

Montador

Ana Paula S. Monteiro Marcia de Medeiros Silva Monica Propato

José Luiz Herencia

Elisabeth De Pieri Eugenia Sansone

Inspetoria

Maria Carolina G. de Freitas

John Neschling

Cristiane Santos

Olivieri Advogados Associados

Assistente de Direção de Palco Cênico Caroline Vieira

Assistente de Direção Cênica Residente Julianna Santos Segunda Assistente de Direção Cênica Ana Vanessa

Coordenação de Figuração Edison Vigil


Imme Moller

Aníbal Marques (Pelé)

Fernanda Câmara

Thiago dos S. Panfieti

Arquivo Artístico Coordenadora

Paulo M. de Souza Filho

Produção de Figurinos

Maria Elisa P. Pasqualini

Assistente de Coordenação Milton Tadashi Nakamoto

Copistas e Arquivistas

Ariel Oliveira Cássio Mendes Guilherme Prioli Jonatas Ribeiro Karen Feldman Leandro José Silva Paulo César Codato Raíssa Encinas Roberto Dorigatti

Assistente de Arquivo

Maria de Fátima

Ação Educativa Alana dos Santos Schambacler

Centro de Documentação Chefe de seção Mauricio Stocco

Equipe

Lumena A. de M. Day

Diretoria de Produção Produção Executiva

Chefe de Maquinária

Subchefe de Maquinária Chefe de

Contrarregragem Carlos Bessa

Técnicos de Palco Maquinistas Aristide da Costa Neto Carlos Roberto Ávila Everton Dávida Cândido Lorival F. Conceição Marcelo Luiz Frosino Peter Silva Mendes de Oliveira Uiller Ulisses Silva Valter de Miranda

Mecânica cênica

Alex Sandro N. Pinheiro Anderson Simões de Assis Antonio Carlos da Silva

Contrarregras

Aloísio Sales de Souza Eneas R. Leite Neto João Paulo Gonçalves Paloma Neves da Costa Sandra Satomi Yamamoto

Aprendiz

Carlos Eduardo Santos

Chefe de Som

Sérgio Luis Ferreira

Operadores de Som

Anna Patrícia Nathália Costa Rosa Casalli

Daniel Botelho Kelly Cristina da Silva Sergio Nogueira

Aelson Lima Pedro Guida Nivaldo Silvino

Valéria Lovato

Produtores

Assistente de Produção Arthur Costa

APRENDIZ

Laysa Padilha de Souza Oliveira

Palco

Chefe de Iluminação

Iluminadores Fernando Azambuja Igor Augusto F. Oliveira Lelo Cardoso Olavo Cadorini Ubiratan Nunes Camareiras Alzira Campiolo Isabel Rodrigues

Martins Katia Souza Lindinalva M. Celestino Maria Auxiliadora Maria Gabriel Martins Marlene Collé Nina de Mello Regiane Bierrenbach Tonia Grecco

CENTRAL DE PRODUÇÃO “CHICO GIACCHIERI” Coordenação de Costura Emília Reily

Acervo de Figurinos Assistente Ivani Rodrigues Umberto

Acervo de Cenário

Ermelindo Terribele

Expediente

José Carlos Souza José Lourenço Paulo Henrique Souza

Carregadores

Estagiários

Estagiários

Guilherme Telles Andressa P. de Almeida

Alexandre Malerba Angélica da Silva João Amaro Marina Oliveira Danieli da Silva Vanessa Reis

Diretoria de Formação Assessora Helen Gallo

Assistência Administrativa

Tiago Gati

Alexandre R. Bertoncini

Assistente Escola Municipal de Música de São Paulo Diretor Antonio Tavares Ribeiro

Assistente de Direção Valdemir Aparecido da Silva

Assistente Técnica

Jéssica Elias Secco

Equipe

Maria Aparecida Malcher Grazieli Araujo Guerra

Montadores

José Roberto Silva Ricardo Farão

Estagiárias

Carlos da Silva Ribeiro Marcos Cesar Rocha Rui da Silva Costa

Gabriela Carolina Assunção Souza Aline Roberta de Souza Lucas Agostinho

Diretoria de Gestão

Escola de Dança de São Paulo Coordenadora Artística

Lais Gabriele Weber Cristina Gonçalves Nunes João Paulo Alves Souza Juçara A. de Oliveira Juliana do Amaral Torres Oziene O. dos Santos Paula Melissa Nhan Carlos Alberto De Cicco Ferreira Filho Catarina Elói de Oliveira

Susana Yamauchi

Assistente Artístico Luis Ribeiro

Projetos Especiais

Daniela Stasi

Assistência Administrativa Roberto Quaresma Adriana Menezes Ana Paula Sgobi

Camareira

Maria do Carmo

equipe

Irinéia da Cruz Marilene Santos

Seção de Pessoal Cleide C. da Mota José Luiz P. Nocito Tarcísio Bueno Costa

Parcerias

Suzel Maria P. Godinho

Contabilidade Alberto Carmona Alexandre Quintino Ananias Diego Silva Luciana Cadastra Marcio Aurélio O. Cameirão Meire Lauri

Compras e Contratos

George Augusto Rodrigues Marina Aparecida Augusto

Infraestrutura Marly da Silva dos Santos Antonio Teixera Lima Eva Ribeiro Israel Pereira de Sá Luiz Antonio de Mattos Maria Apa da C. Lima Pedro Bento Nascimento Rita de Cássia S. Banchi Wagner Cruz

Almoxarifado

Nelsa A.Feitosa da Silva

Bens Patrimoniais José Pires Vargas

Informática

Ricardo Martins da Silva Renato Duarte

Estagiários

Victor Hugo A. Lemos Yudji A. Otta

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Chefe da Cenotécnica

Ficha Técnica

Figurinista Residente


Arquitetura Lilian Jaha

Seção Técnica de Manutenção Narciso Martins Leme

Estagiário Vinícius Leal

Comunicação Editor e Coordenador Marcos Fecchio

Editor assistente Gabriel Navarro Colasso

Mídias Eletrônicas Desirée Furoni

Assessora de Imprensa Amanda Sena Caroline Zeferino

REVISÃO MUSICAL Paschoal Roma

Estagiários

Beatriz Cunha Paola Micheletti

Design Gráfico Kiko Farkas/ Máquina Estúdio

Designers Assistentes

Ana Lobo André Kavakama

Atendimento Michele Alves

Impressão Formags Gráfica e Editora LTDA

Agradecimento Escarlate


AMIGOS DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO O Programa Amigos do Theatro Municipal de São Paulo (TMSP) permite que pessoas físicas façam contribuições ao Theatro Municipal, sendo que o valor da doação pode ser deduzido em 100% na sua próxima declaração de Imposto de Renda, respeitando-se o limite de 6% do total devido. Contribua com o aprimoramento do trabalho artístico do Theatro, com a realização de ações de sensibilização de novos públicos e com as Escolas de Música e de Dança do Theatro Municipal. Ao participar, você recebe um cartão de Amigo do Theatro e desfruta de benefícios, de acordo com o valor doado, como descontos em ingressos e assinaturas, programas das óperas, ingressos para concertos, convites para eventos especiais, dentre várias outras vantagens.

Contatos para doações T +55 (11) 4571 0454 – Seg. a Sex. / 10 às 17h e amigos@theatromunicipal.org.br Mais informações no site www.theatromunicipal.org.br


/ PLANO 1

R$ 100 a 499,99

· Cartão de associado · Divulgação do nome no site e no relatório anual do TMSP1 · Retirada gratuita de um Programa de cada ópera na Temporada Lírica 20152 · 10% de desconto no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · 10% de desconto na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20153

/ PLANO 2

R$ 500 a 1.999,99

Benefícios do Plano 1 + · Ampliação do desconto para 20% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 20% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20153 · Um par de ingressos para um concerto na Sala do Conservatório4

/ PLANO 3

R$ 2 MIL a 9.999,99

Benefícios do Plano 2 + · Ampliação do desconto para 30% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 30% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20153 · Um par de ingressos para dois concertos na Sala do Conservatório4 · Uma visita exclusiva ao edifício histórico do TMSP para o doador e sua família5

/ PLANO 4

R$ 10 MIL a 24.999,99

Benefícios do Plano 3 + · Ampliação do desconto para 40% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 40% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20153 · Um par de ingressos para um concerto no TMSP4

/ PLANO 5

CONSELHO DE AMIGOS DO THEATRO a partir de R$ 25 MIL

Benefícios do Plano 4 + · Ampliação do desconto para 50% no valor de uma assinatura anual para a Temporada Lírica 2016 · Ampliação do desconto para 50% na compra de até quatro ingressos avulsos para qualquer evento da Fundação TMSP na Temporada 20153 · Um par de ingressos para dois concertos no Theatro Municipal4 · Acesso ao camarim do TMSP para cumprimentos ao maestro e solistas6 · Uma visita monitorada ao edifício histórico do TMSP para programas e/ou instituições sociais indicados pelo doador7 · 10% de desconto nas refeições realizadas no restaurante do TMSP8 · Convite para integrar o Conselho de Amigos do TMSP9

1 A divulgação do nome do doador é opcional. // 2 Válido para um Programa por ópera, apresentando o cartão de associado nas mesas de compra dentro do Theatro. // 3 Válido para produções da Fundação Theatro Municipal do São Paulo, apresentando o cartão de associado diretamente na bilheteria, de acordo com a disponibilidade de assentos. // 4 Válido para produções do Theatro Municipal do São Paulo, exceto óperas, de acordo com a disponibilidade de assentos. Os ingressos devem ser solicitados com até 3 dias úteis de antecedência à apresentação. // 5 Máximo de 10 pessoas. // 6 O acesso ao camarim deve ser solicitado com até 3 dias úteis de antecedência à apresentação. // 7 Máximo de 30 pessoas. // 8 Desconto válido para até 4 pessoas, não incluindo bebidas, mediante apresentação do cartão de associado, durante o ano de 2015. // 9 A participação no Conselho de Amigos do Theatro Municipal de São Paulo é opcional.


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FUNDAÇÃO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO TEMPORADA 2015


THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO ÓPERAS

/ LOHENGRIN Richard Wagner OUTUBRO 08 Qui 20h / 10 Sáb 20h 11 Dom 18h / 13 Ter 20h 15 Qui 20h / 17 Sáb 20h 18 Dom 18h / 20 Ter 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo John Neschling Direção musical e regência Eduardo Strausser REGENTE ASSISTENTE Henning Brockhaus Direção cênica Valentina Escobar Assistência de Direção cênica e Coreografia Yannis Kounellis cenografia Patricia Toffolutti Figurinos Guido Levi Desenho de luz Tomislav Muzek / Viktor Antipenko Lohengrin Marion Ammann / Nathalie Bergeron Elsa von Brabant Marianne Cornetti / Johanna Rusanen-Kartano Ortrud Tómas Tómasson / Johmi Steinberg Friedrich von Telramund

Luiz–Ottavio Faria Heinrich der Vogler

Carlos Eduardo Marcos Heerrufer das König

/ COSÌ FAN TUTTE Wolfgang Amadeus Mozart NOVEMBRO 28 Sáb 20h / 29 Dom 18h DEZEMBRO 01 Ter 20h / 03 Qui 20h 05 Sáb 20h / 06 Dom 18h 08 Ter 20h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Coro Lírico Municipal de São Paulo Rinaldo Alessandrini DIREÇÃO MUSICAL

Michelangelo Mazza REGENTE ASSISTENTE

Pier Francesco Maestrini Direção cênica

Juan Guillermo Nova Cenografia Luca Dall'Alpi Figurinos Fábio Retti Desenho de Luz Miah Persson / Elena Monti Fiordiligi

Paola Gardina / Luisa Francesconi Dorabella Maxim Mironov / Giorgio Misseri Ferrando Mattia Olivieri / Guilherme Rosa Guglielmo Lina Mendes / Andrea Aguilar Despina

Omar Montanari / Saulo Javan Don Alfonso


CONCERTOS

03 Ter 20h / 04 Qua 20h 05 Qui 20h / 06 Sex 20h 07 sáb 20h EL AMOR BRUJO, EL FUEGO Y LA PALABRA Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo La Fura dels Baus John Neschling REGÊNCIA Eduardo Strausser REGENTE ASSISTENTE

Carles Padrissa DIREÇÃO Pol Jimenez COREOGRAFIA Marina Heredia CANTAORA José Quevedo "El Bola" GUITARRA FLAMENCA

MANUEL DE FALLA El Amor Brujo e excertos de El Sombrero de Trés Picos

/ DEZEMBRO

19 Sáb 20h / 20 Dom 18h Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo John Neschling Regente GIUSEPPE MARTUCCI Notturno Op. 70, N. 1 GUSTAV MAHLER Sinfonia N. 5

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/ NOVEMBRO

Temporada 2015

THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO


A Globo é Mantenedora do Theatro Municipal de São Paulo e apresenta a Série Domingos II da Temporada Lírica 2015.


BALÉS BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO

/ OUTUBRO

Palco e Luz

Regente

ABRUPTO. DE ALEX SOARES Arvo Pärt Música Alex Soares Desenho de Luz Cassiano Grandi Figurino CANTATA DE MAURO BIGONZETTI Assurd Música Carlo Cerri Desenho de Luz Helena de Medeiros Figurino

ANTICHEDANZE DE MAURO BIGONZETTI Ottorino Respighi Música Carlo Cerri Desenho de Luz Geraldo Lima Figurino BANDONEÓN DE LUIS ARRIETA Astor Piazzolla Música Silviane Ticher Desenho de Luz Lino Villaventura Figurino O BALCÃO DE AMOR DE ITZIK GALILI Pérez Prado Música ItzikGalili Figurino e Desenho

14 seg 21h / 15 ter 21h Auditorio Nacional del Sodre – Dra. Adela Reta Montevideo – Uruguai Balé da Cidade de São Paulo UNEVEN DE CAYETANO SOTO David Lang Música Cayetano Soto Desenho de

24 qui 21h / 25 sex 21:30h/ 26 sáb 21h / 27 dom 18h Teatro Alfa Balé da Cidade de São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Quarteto de Cordas da OER Carlos Eduardo Moreno Regente ADASTRA DE CAYETANO SOTO (Estreia Mundial) Ezio Bosso Música Cayetano Soto Desenho de Luz e Figurino

CACTI DE ALEXANDER EKMAN Joseph Haydn, Ludwig Van Beethoven, Franz Schubert Música

Alexander Ekman e Tom Visser Cenário

Alexander Ekman Figurino Tom Visser Desenho de Luz

27 ter 20h / 28 qua 20h 29 qui 20h/ 30 sex 20h Theatro Municipal de São Paulo Balé da Cidade de São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Daniel Binelli Bandoneón Carlos Eduardo Moreno

de Luz

/ NOVEMBRO

27 sex 21h / 28 sáb 21h / 29 dom 20h Centro Cultural São Paulo Sala Jardel Filho Semanas de Dança Balé da Cidade de São Paulo ABRUPTO. DE ALEX SOARES Arvo Pärt Música Alex Soares Desenho de Luz Cassiano Grandi Figurino O BALCÃO DE AMOR (DUO) DE ITZIK GALILI Pérez Prado Música Itzik Galili Figurino e Desenho de Luz

CANTARES DE OSCAR ARAIZ Maurice Ravel Música Oscar Araiz Desenho de Luz Carlos Cytrynowski Figurino

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/ SETEMBRO

Temporada 2015

THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO


O Santander é Patrocinador-Mantenedor do Theatro Municipal de São Paulo e apresenta a Série Terças da Temporada Lírica 2015.


QUARTETO NO CONSERVATÓRIO 80 ANOS DO QUARTETO DE CORDAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

Quintas às 20h

/ SETEMBRO

03 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Gaetano Nasillo Violoncelo LUIGI BOCCHERINI Quinteto Op. 29, N. 4 em Lá Maior Quinteto Op. 18, N. 5 em Ré Menor LUDWIG VAN BEETHOVEN Sonata para Violoncelo Op. 5, N. 1 (versão para quinteto de Ferdinand Ries) 17 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo FELIX MENDELSSOHN– BARTHOLDY Quarteto N. 1, Op. 12 em Mi Bemol Maior ROBERT SCHUMANN Quarteto N. 1, Op. 41 em Lá Menor

/ OUTUBRO

01 Qui 20h EM COMEMORAÇÃO AOS 150 ANOS DE NASCIMENTO DE JEAN SIBELIUS Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Rúbia Santos Piano JEAN SIBELIUS Quarteto Op. 56 – Vozes Íntimas Quinteto em Sol Menor para Piano e Cordas 15 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 5, em Sol Maior WOLFGANG A. MOZART Quarteto N. 14, em Sol Maior, K. 387

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03 Qui 20h / 04 Sex 20h 05 Sáb 20h / 06 Dom 19h Teatro Paulo Eiró Balé da Cidade de São Paulo Programa a definir

PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO

Temporada 2015

/ DEZEMBRO


/ NOVEMBRO

5 Qui 20h Lançamento do CD "Ao Vivo de Chicago" OSVALDO LACERDA Quarteto N. 1 HEITOR VILLA-LOBOS Quarteto N. 5 19 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo JOSEPH HAYDN Quarteto Op. 33, N. 6, em Ré Maior WOLFGANG A. MOZART Quarteto N. 18 em Lá Maior, K. 464

/ DEZEMBRO

10 Qui 20h Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo ANDRÉ MEHMARI Obra Encomendada [estreia mundial] BÉLA BARTÓK Quarteto de Cordas N. 5, Sz. 102

PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO MÚSICA DE CÂMARA NO CONSERVATÓRIO

Quintas às 20h

/ SETEMBRO

10 qui 20h Música de Câmara na Europa do século XX – Quatro pontos de vista Paulo Calligopoulos Violino Pedro Visockas Viola Mariana Amaral Violoncelo Taís Gomes Contrabaixo Rodrigo Nagamori Oboé Diogo Maia Clarinete Matthew Taylor Fagote Eric Gomes Trompa BENJAMIN BRITTEN Phantasy Quartet, Op. 2 SERGEI PROKOFIEV Quinteto Op. 39 CARL NIELSEN Serenata in Vano – Allegro non troppo ma brioso RICHARD STRAUSS Till Eulenspiegel, einmal anders! (arr. Franz Hasenöhrl, 1954)

/ OUTUBRO

29 Qui 20h Octeto Franz Schubert Pablo de León Violino Maria Fernanda Krug Violino Alexandre de León Viola Raïff Dantas Barreto Violoncelo

Sanderson Cortez Paz Contrabaixo

Domingos Elias Clarinete Marcos Fokin Fagote André Ficarelli Trompa FRANZ SCHUBERT Octeto em Fá Maior, D. 803


VIOLONCELO

Sylviane Deferne PIANO LUDWIG VAN BEETHOVEN Trio Op. 1, N. 2 FELIX MENDELSSOHN BARTHOLDY Trio N.2 Op. 66 JOHANNES BRAHMS Trio N. 1 Op. 8

/ DEZEMBRO

03 Qui 20h Ensemble OSM Victor Bigai Violino Tiago Vieira Viola Moises Ferreira dos Santos Violoncelo

Sanderson Cortez Contrabaixo Cecilia Moita Piano FRANZ SCHUBERT Quinteto em Lá Maior D. 667, Op. 114 ‘A Truta’

PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO MÚSICA CONTEMPORÂNEA NO CONSERVATÓRIO

Quintas às 20h

/ SETEMBRO 24 Qui 20h Piap

MARIO BERTANCINI Tune CARLOS STASI Triplun a 2 ALISSON AMADOR Atenção sem escolha ARTHUR RINALDI Digressões... Ionisation HERI BRANDINO Caos vs Ego

/ OUTUBRO

22 Qui 20h Daniel Murray e convidados Universos em expansão Daniel Murray VIOLÃO Músicos convidados Sarah Hornsby FLAUTA Gustavo Barbosa-Lima CLARINETE

Eugenio Becherucci VIOLÃO ELI-ERI MOURA Prelúdio DANIEL MURRAY ...sobre temolos e rasgueados... JOSÉ AUGUSTO MANNIS Estudo para M.D. DANIEL MURRAY Entremeios ARTHUR KAMPELA Happy Days (para flauta, violão e eletrônica) PAULO PORTO ALEGRE Cinco Fragmentos Seriais DANIEL MURRAY Campanellas (para duo de violões) BRUNO MADERNA Serenata per un Satellite (para duo de violões) AYLTON ESCOBAR Água-forte (para violão de 11 cordas e eletrônica) Estreia mundial. DANIEL MURRAY Ciranda Imaginária (para clarinete, flauta e violão)

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26 qui 20h Trio Ceresio (Suíça) Anthony Flint VIOLINO Johann Sebastian Paetsch

Temporada 2015

/ NOVEMBRO


/ NOVEMBRO

12 Qui 20h LEONARDO MARTINELLI As canções do mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam, para Voz, Narrador, Viola, Clarinete e Piano [Estreia mundial da versão integral]

PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO INSTRUMENTAL NO CONSERVATÓRIO

Quartas às 20h

/ SETEMBRO

09 Qua 20h 3 na Manga Mané Silveira Sax e Flautas Tiago Costa Piano Fernando De Marco contraBaixo acústico

23 qua 20h Aeromosca Quarteto de Choro Gian Correa Violão de 7 Cordas

Messias Brito Cavaquinho Rafael Toledo Pandeiro Henrique Araújo Bandolim

/ OUTUBRO

07 Qua 20h / 08 qui 20h Yamandu Costa Violão solo 21 Qua 20h Laércio de Freitas Piano Shen Ribeiro Flautas e Shakuhachi

/ NOVEMBRO

11 Qua 20h Chico Pinheiro e Swami Jr. Violões


CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE CICLO INTEGRAL DAS MISSAS DE WOLFGANG AMADEUS MOZART Sextas às 20h - Salão Nobre do Theatro Municipal Domingos - Igrejas

11 Sex 20h – Salão Nobre Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa Spaur em Dó Maior K. 258 Missa Spatzen em Dó Maior K.220 Missa órgão Solo em Dó Maior K. 259

/ OUTUBRO

18 Dom 11h - Paróquia Imaculada Conceição Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa da Coroação em Dó Maior K. 317 23 Sex 20h – Salão Nobre 25 Dom – Igreja Imaculada Conceição no Ipiranga Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa da Coroação em Dó Maior K. 317

/ NOVEMBRO

06 Sex 20h - Sala do Conservatório 08 Dom 11h - Paróquia São Luís Gonzaga 10 Ter 19h30 - Catedral Nossa Senhora do Carmo Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa em Sol Maior K. 49* e Missa em Si bemol Maior K. 275

/ DEZEMBRO

11 Sex 20h – Salão Nobre Coral Paulistano Mário de Andrade WOLFGANG A. MOZART Missa em Dó Menor K. 427

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/ SETEMBRO

Temporada 2015

THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO


apresenta

Série Sábados Temporada Lírica 2015 do Theatro Municipal de São Paulo


CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE: ENCONTROS COM A DANÇA Sábados às 17h 19/9 - Danças Latino–americanas 17/10 - Gigas 21/11 - Maracatus e Afros 5/12 - Valsas

CORAL PAULISTANO MÁRIO DE ANDRADE VAI AOS CEUs 12/9 Sáb 17h CEU Perus 24/10 Sáb 17h CEU Jaguaré 07/11 Sáb 17h CEU Butantã 06/12 Dom 17h CEU Uirapuru

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CEUs

Temporada 2015

PRAÇA DAS ARTES SALA DO CONSERVATÓRIO


O IRB Brasil RE, maior ressegurador latino-americano, é patrocinador da Série Mista II da Temporada Lírica de 2015 do Theatro Municipal de São Paulo.


06 Dom 11h Sala São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Carlos Moreno REGENTE Daria Kiseleva PIANO MARIO FICARELLI Epígrafe SERGEI PROKOFIEV Concerto N. 3 para piano e orquestra FELIX MENDELSSOHN Sinfonia N. 4 - "Italiana" 21 Seg 19h Sala do Conservatório Praça das Artes Orquestra Experimental de Repertório / Intercâmbio Universidade de Música de Zurique Dominic Limburg Regente Hani Song Violino CLAUDE DEBUSSY Prélude à L’après–midi d’un faune WOLFGANG A. MOZART Concerto para Violino em Lá Maior FRANZ SCHUBERT Sinfonia N. 5

/ NOVEMBRO

11 Qua 17h 13 Sex 17h Sala do Conservatório Praça das Artes Concurso Regente Assistente OER 2016 22 Dom 11h Sala São Paulo Orquestra Experimental de Repertório Coral Paulistano Mário de Andrade Carlos Moreno Regente HEITOR VILLA LOBOS Uirapuru ARAM KHACHATURIAN Suíte Masquerade EDMUNDO VILLANI–CÔRTES Te Deum

/ SETEMBRO &OUTUBRO

30 Qua 17h 02 Sex 17h Sala do Conservatório Praça das Artes Concurso Jovens Solistas OER 2015

Programações sujeitas a alterações.

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/ SETEMBRO

Temporada 2015

ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO


O BNDES é um dos maiores apoiadores da cultura brasileira e apresenta a Série Mista III da Temporada Lírica 2015 do Theatro Municipal de São Paulo.


mantenedor - série domingos II

patrocinador mantenedor - série terças

patrocinador - série sábados

patrocinador

patrocinador - série mista II

copatrocinador

agência de negócios e relações institucionais

execução

realização

patrocinador - série mista III

apoiador



MUNICIPAL. O PALCO DE Sテグ PAULO


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