PARQUE RIOS

Page 1





APRESENTAÇÃO Este trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU USP), para a disciplina AUP5859 Estúdio de Infraestrutura Verde, ministrada pelo Prof. Dr. Paulo Renato Mesquita Pellegrino, no ano letivo de 2015. A disciplina foi composta por um Estúdio de pesquisa de projetos com temas que tratam do controle de inundações, geomorfologia fluvial, criação de habitats e usos sociais, entre outros.

Para o desenvolvimento do Projeto, foram escolhidas duas áreas desafiadoras por serem consideradas as duas principais portas de entrada da Cidade: uma, em direção ao interior do Estado no encontro entre os Rios Tietê e Pinheiros, no conjunto de viadutos conhecido como Cebolão e a outra, em direção ao litoral do Estado, na Avenida do Estado, no encontro entre o Rio Tamanduateí e a Linha 10 da CPTM, onde está sendo construído o Piscinão Guamiranga.

O foco foi o desenvolvimento de projetos para a Cidade de São Paulo que integrem sistemas tecnológicos e biológicos, para propor soluções ao paradoxo encontrado entre o excesso e falta d’água, através da aplicação de métodos e técnicas de Infraestrutura Verde para o desenvolvimento de uma nova infraestrutura hídrica como paisagem urbana, nas bordas e margens relegadas do sistema hídrico da Cidade, hoje ocupadas por dispositivos de controle de inundações e de contenção das águas.

Estas duas áreas apresentam características ideais para a aplicação dos princípios da Infraestrutura Verde, por serem zonas de borda que estão em processo de degradação e possuir potencialidade para se transformarem em territórios resilientes e contribuírem para o desenvolvimento de novas paisagens na Cidade. Com isso, serão apresentados neste caderno os quatro Ensaios desenvolvidos para as áreas, sendo dois deles para o Cebolão e os outros dois para o Piscinão Guamiranga.

5



SUMÁRIO Apresentação 05 Introdução 08 Histórico Cebolão 10 Guamiranga 11 Caracterização Cebolão 12 Guamiranga 13 Usos do solo Cebolão 14 Guamiranga 15 Hidrografia Cebolão 16 Guamiranga 17 Mobilidade Cebolão 18 Guamiranga 19 Metodologia 20 Ensaios 23 Parque Rios Cebolão Ensaio 01: Beatriz Frasão Tonon 24 Ensaio 02: Deborah Sandes 28 Parque Rios Guamiranga Ensaio 03: Juliana Yendo 32 Ensaio 04: Tiago Brito 36 Conclusão 40 Referências 42 Índice de imagens 43

7


INTRODUÇÃO Atualmente a cidade de São Paulo passa por um processo de transformação de seu território e consequentemente de suas paisagens. Os territórios centrais ou de borda da cidade, antes ocupados por galpões industriais que alavancaram o desenvolvimento da metrópole desde a chegada da ferrovia no final do século XIX, hoje encontram-se abandonados e/ou obsoletos e tornaram-se paisagens ásperas à espera de transformação, devido à substituição da atividade econômica, que alterou significativamente a produção industrial pelas atividades econômicas ligadas à prestação de serviços e ao comércio. A transformação entre os meios de produção e a nova oferta de serviços deixou marcas no tecido urbano da cidade. Pode-se dizer que estas áreas têm em comum diversas características, sendo por exemplo, pontos quase inabitados, aparentemente abandonados, com sobreposição de memórias do passado com o cenário presente, além de serem frutos de diversos processos provocados pela ação humana, como a alteração de ciclos econômicos, contaminação, mudança de legislação, entre outros. Esses territórios abandonados inseridos em áreas urbanizadas são objeto de estudo de diversos teóricos que debatem sua função ambiental, abrangendo fatores sociais, ecológicos, econômicos e históricos. Dentre os estudos teóricos, para a caracterização destas duas áreas, o Cebolão e o Piscinão Guamiranga, serão abordados três conceitos: Browfields (de acordo com as definições da associação europeia CARBENET - Concerted Action on Brownfield and Economic Regeneration Network), Terrain Vagues (a partir da visão de Ignasi de Solà Morales) e Terceira Paisagem (proposto por Gilles Clément). Os brownfields são territórios que foram afetados por antigos usos e que se encontram deteriorados, abandonados ou subutilizados, podendo ter problemas de contaminação do solo e água. São encontrados principalmente em áreas urbanas desenvolvidas e que apresentam potencial para reuso, no entanto, necessitam de intervenção para voltarem a ser utilizados. Já o conceito de Terrain Vagues, uma categoria de território elaborada por Solà-Morales, nos descreve esses territórios abandonados como áreas indefinidas, ambíguas, vazias, vagas, improdutivas e, em muitos casos, obsoletas, sem delimitações claras de território, fruto de transformações econômicas e sociais. Essas áreas apresentam dupla condição: ao mesmo tempo que remetem ao abandono, elas apresentam qualidades e potencialidades que podem fortalecer novos usos pois refletem o encontro do presente com o passado, evocando características específicas que constroem uma relação distinta com seu entorno e com a cidade.

8

A Terceira Paisagem é entendida aqui como parte de um processo ambiental que deve ser considerado no tratamento da paisagem, já que ela é resultado da ação biológica sobre o território residual, sem a interferência humana. O diferencial desta teoria é que propõe que os territórios abandonados podem ser vistos como refúgios para a biodiversidade, através da inclusão de processos biológicos naturais na formação da paisagem. Com isso, podemos entender que muitos Brownfields estão relacionados aos processos históricos do local de sua inserção, configurando Terrain Vagues, que não deixam para trás apenas um território degradado, mas abrem novas possibilidades de renovação e até mesmo de formação de áreas que podem servir de reserva futura de áreas livres na cidade, a serem utilizadas em momentos devidos, através da construção da Terceira Paisagem. Ao analisar estes conceitos, uma tipologia projetual que pode ser explorada para a aplicação dos mesmos é o Parque, já que ele abre espaço para diferentes leituras do território e suas relações como determinantes biofísicos e socioculturais, possibilitando projetos que funcionem como reserva de territórios dentro de uma malha urbana consolidada, não sendo admitidos como elementos isolados do meio urbano, com participação restrita em sua dinâmica e que se destinam apenas ao lazer, onde o valor estético fica acima do seu potencial como provedor de qualidade ambiental, mas sim como uma ferramenta de aplicação de técnicas e conceitos da Infraestrutura Verde, tornando-o uma das alternativas potenciais para a ocupação destes espaços. Os dois territórios escolhidos para o desenvolvimento deste trabalho se encaixam em todos os conceitos expostos pois ambos apresentam segregação e abandono do espaço urbano, baixa qualidade ambiental e espacial e ausência de espaços convidativos e atrativos para utilização por pedestres. Ambas as áreas são extremamente utilizadas por automóveis, já que elas são responsáveis pela conexão da cidade de São Paulo com o interior e o litoral do Estado. É claramente perceptível a predominância deste, em detrimento dos pedestres, característica ressaltada pelo excesso de viadutos e faixas de circulação de tráfego intenso nas áreas e em seus entornos imediatos, com ausência e/ou total deterioração das calçadas. Estas características são evidenciadas pelo Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, Lei 16.050/2014, que enquadra estas duas áreas na Macroárea de Estruturação Metropolitana, por apresentarem características de urbanização semelhantes e por estarem localizadas na Planície dos Rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, além de serem estruturadas e próximas de eixos de mobilidade já consolidados, que apresentam a necessidade de equilíbrio entre as relações de em-

prego e moradia, além de cumprir papéis específicos no futuro do município, através da ocupação de áreas subutilizadas com o estímulo do adensamento construído, da organização dos processos de mudança de uso e ocupação do solo e da conversão econômica de áreas industriais e polos de atividade terciária, concentrando oportunidades de trabalho, emprego e moradia em uma mesma região. Cabe ressaltar, ainda dentro do PDE, que o Piscinão Guamiranga está inserido no perímetro da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, onde estão sendo desenvolvidos projetos urbanos específicos para a transformação da região, e que o Cebolão já foi alvo de estudos para a implantação de uma Operação Urbana em seu entorno, mas que até o momento não foram concretizados. Este dado reforça ainda mais o potencial e a necessidade de transformação apresentados pelas duas áreas. Além destas características, tanto o Cebolão quanto o Piscinão Guamiranga apresentam grande potencial paisagístico, com diversas possibilidades de abordagem nestas paisagens, focando principalmente na integração dos rios com a cidade e com a porção de território no qual estão inseridos, contribuindo para a transformação das bordas criadas por eles em territórios agradáveis e passíveis de utilização pela população de diversas formas do que somente pelo automóvel. A articulação destas zonas e a perfeita integração dos diversos modais de transporte e suas diversas escalas de abordagem também foram consideradas como elementos fundamentais para a transformação destes espaços que necessitam passar por uma ruptura de paradigmas, tornando-se modelos para aplicação de soluções em todo o território urbano da Cidade e que estas propostas sejam apenas exemplos para o início de uma nova forma de enxergar e abordar estes territórios renegados em nossa Cidade.

IMAGEM 01 Mapa da Macroárea de Estruturação Metropolitana, com a localização dos pontos de intervenção



HISTÓRICO CEBOLÃO O pensamento “rodoviarista” apresenta o automóvel como sinônimo de modernidade, assumindo o papel que dá forma a organização do território, em detrimento da circulação de pedestres, que fica em desarmonia neste novo contexto. O Plano de Avenidas de Prestes Maia e Uchôa Cintra, em 1938, transformou a cidade de São Paulo, e trouxe a nova concepção da rápida expansão territorial, estabelecendo fácil movimentação entre o centro comercial e as áreas residenciais em formação nas zonas periféricas da cidade. O crescimento acelerado da frota de veículos em decorrência do aumento das distâncias de deslocamento da população pelo território da cidade, sobrecarregou as novas avenidas, gerando consequências negativas. Com os problemas gerados com essa nova organização espacial da cidade, houve a necessidade da construção de novas vias de circulação. O Complexo Viário Heróis de 32, mais conhecido como Cebolão, foi uma dessas obras inovadoras, vistas como a chegada da modernidade no país, onde o automóvel passa a ser protagonista. Construído na confluência dos rios Tietê e Pinheiros, na divisa entre São Paulo e Osasco, é parte integrante do Anel Rodoviário que envolve a grande São Paulo. Um sonho planejado desde 1962, o Cebolão começou a ser construído em abril de 1976, e foi inaugurado em 09 de julho de 1978, pelo governador da época Paulo Egydio. Formado por três alças, com pistas de 18 quilômetros de extensão, permitiu a ligação entre as Marginais Tietê e Pinheiros e o acesso à rodovia Castelo Branco, que liga a capital ao interior. Segundo reportagem do programa Brasil Hoje n. 241 (1978), “a obra que custou quase meio milhão de cruzeiros, é dividida em 21 pistas, pelas quais se escoa atualmente um tráfego diário de 120 mil veículos, número que deverá subir, em 1986, para mais de 300 mil”. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, de 11 de julho de 1978, o Cebolão traria economia para a cidade e para os paulistanos, já poderia afirmar que “Os reflexos da abertura deste conjunto viário se farão sentir até mesmo na avenida do Estado, a 30 quilômetros de distância, que deverá ter atenuados os seus crônicos congestionamentos”. Nos dias atuais, o Cebolão ainda é um dos Complexos Viários mais importantes para a cidade, principalmente ainda pela facilidade de acesso. IMAGEM 02 Mapeamento Rede Sarah Brasil da área do Cebolão IMAGEM 03 Governador Paulo Egydio na inauguração do Trevo de 32, Cebolão, em 1978 IMAGEM 04 Confluência dos rios Tietê e Pinheiros ainda em 1967 IMAGEM 05 Cebolão em construção, entre 1976 e 1978

10


HISTÓRICO GUAMIRANGA Ao analisar a área do parque industrial da Mooca é possível fazer uma breve retrospectiva acerca da fundação da cidade. A área é cortada pelo rio Tamanduateí, cujas várzeas foram as rotas que levaram os bandeirantes até as colinas, onde se deu o início a ocupação da cidade de São Paulo. Em meados do século XIX, com a chegado do café, é implantada a São Paulo Railway (Estrada de Ferro- Santos Jundiaí), que atravessava a região da Mooca, dando vazão à produção cafeeira do interior em direção ao porto. Em paralelo à implantação da ferrovia, foram executadas as obras de retificação do rio Tamanduateí, realizadas por Bresser em 1849 (Kahtouni, 2004). Estas duas grandes obras, a ferrovia e a retificação do rio, geraram áreas favoráveis à ocupação industrial, oferecendo amplos terrenos com baixo valor e servidos pela rede de trilhos e com isso numerosas fábricas passam a se instalar na região. Por consequência, são atraídos muitos operários para a área e seus arredores que, antes considerados periféricos, passam a ser densamente ocupados na década de 1960. Contudo, segundo Vasques (2005), a desaceleração econômica na década de 1960 imprimiu a diminuição do ritmo de crescimento da indústria paulista. Este fenômeno marcou a Metrópole Paulistana, dando início a migração da indústria para o interior do Estado, deixando como legado a formação de vastos “Terrain Vagues” nestas áreas industriais. Este deslocamento do eixo de industrialização, com o apoio da indústria automobilística, forçou a construção de novas rodovias, estabelecendo assim uma nova lógica de localização industrial, contribuindo para o sucateamento das “velhas” malhas ferroviárias (Queiroga, 2001). Deste modo, a região da Mooca, que é diretamente associada à história econômica de São Paulo, dada sua contribuição na industrialização da metrópole, passa a abrigar inúmeros galpões desativados e uma rede de trilhos que tem sua importância como eixo de movimentação da produção colocado em segundo plano, em detrimento da nova função principal, que se torna o deslocamento de passageiros.

IMAGEM 06 Mapeamento Rede Sarah Brasil da área do Guamiranga IMAGEM 07 Rio Tamanduateí durante as obras de retificação IMAGEM 08 Construção do piscinão Guamiranga

11


CARACTERIZAÇÃO CEBOLÃO No entorno do Cebolão e margeando os rios Tietê e Pinheiros existem três bairros, a Vila Leopoldina, a Vila dos Remédios e Jaguaré, estes dois últimos fazem parte tanto do município de São Paulo quanto de Osasco. No estudo do raio delimitado, foi possível observar que a Vila dos Remédios apresenta características mais consolidadas distribuídas em zonas comerciais, mistas e residenciais. O Jaguaré apresenta uma grande área verde ao lado da linha férrea onde está localizada a estação da Eletropaulo, enquanto que a Vila Leopoldina, apresenta em sua maioria zonas industriais nas proximidades das Marginais e mais adentro zonas residenciais e de comércio. No bairro existe uma grande área verde vazia, de aproximadamente 160 mil m2, que tem potencial como objeto de estudo para desenvolvimento dos ensaios. De acordo com informações da EMPLASA Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. (2000) esta área é destinada à Bacia de Retenção Humaitá , mas aparentemente é apenas uma área abandonada onde em alguns pontos existem manchas d’água, como se fossem retenções naturais, visto que em um dos lados passa um córrego sem nenhuma qualidade em suas águas que chegam diretamente no Rio Tietê, devido à favela Humaitá instalada ao lado. A Vila Leopoldina era um sítio conhecido como a Várzea dos Correia que foi loteado em 1926, mas não progrediu devido aos terrenos pantanosos. Somente em 1950 com a construção do Centro Industrial Miguel Mofarrej, é que muitas indústrias se instalaram na região. Em 1969 foi construído o Ceagesp, consolidando ainda mais seu desenvolvimento. A posição estratégica do bairro explica o grande interesse imobiliário, o que nos dias atuais vem transformando os galpões abandonados em condomínios verticais de médio e alto padrão. Esta transformação ocorre no interior do bairro, enquanto que próximo à área de estudo galpões industriais ainda estão em funcionamento. Próximo à área há também o ITM Expo Centro Empresarial que abriga empresas e comércios de diversas áreas. Recentemente foi construído o Centro de Tecnologia e Inclusão da Rede Lucy Montoro aumentando ainda mais o fluxo de pessoas que circulam na região, sem poder usufruir de uma área de lazer e contemplação com qualidade.

IMAGEM 09 Imagem satélite da área do Cebolão IMAGEM 10 Imagem aérea da área do Cebolão


CARACTERIZAÇÃO GUAMIRANGA O piscinão Guamiranga encontra-se ao lado do rio Tamanduateí, entre a Avenida Dr. Francisco Mesquita, Rua Patriarca, Viaduto Grande São Paulo e o início da Rua Guamiranga, no distrito Vila Prudente. O Piscinão ocupa uma área de 70 mil metros quadrados e terá 30 metros de profundidade: ele irá contribuir para minimizar o risco de inundações no trecho a jusante, especialmente nos bairros da Vila Prudente e Mooca. A região em que o piscinão está localizado é bem servida de transporte público (ônibus e trem) e possui um consolidado sistema viário de grande importância metropolitana. Por se tratar de uma área limítrofe da cidade de São Paulo com o município de São Caetano do Sul (ABC), a região possui um papel fundamental para a conexão desses municípios. A forma urbana atual da região em que o piscinão está localizado caracteriza-se, basicamente, pela irrelevante presença do verde, pela negligência com as condições naturais e com os componentes da natureza (como os rios), pela poluição do solo, da água e do ar, pelas limitações de acesso ao lazer, cultura e saneamento básico e, por fim, pelas limitações dos pedestres de transitar na área.

IMAGEM 11 Imagem satélite da área do Guamiranga IMAGEM 12 Imagem aérea da área do Guamiranga


USOS DO SOLO CEBOLÃO Os Distritos de Vila Leopoldina, Jaguara e Jaguaré têm sua origem ligada à implantação da linha férrea. Inicialmente, a região abrigava armazéns e entrepostos que estocavam e distribuíam a produção do vetor interior-Porto de Santos pelo sistema ferroviário. A localização estratégica estimulou e consolidou a industrialização em seu entorno. Atualmente, a região apresenta ocupação heterogênea com predomínio do uso industrial, além de comércios e residências. No geral, o uso industrial encontra-se nos grandes lotes ou em quadras inteiras, em meio ao tecido urbano caracterizado por um sistema viário generoso nas dimensões, mas com poucas vias e acessos locais. Com o processo de substituição das atividades industriais na região, este tipo de ocupação vem sendo substituída por grandes empreendimentos imobiliários de condomínios residenciais verticais, que mantém os grandes lotes, sem maiores preocupações com a readequação da malha urbana e da paisagem na qual está se inserindo, atraídos pela valorização da região, acessibilidade e localização na cidade. Além do uso industrial, há predomínio do uso misto e comercial, no tecido urbano caracterizado por quadras e lotes de dimensões menores, articulados por um sistema viário de dimensões mais estreitas, porém com diversidade de acessos. Cabe ressaltar a presença de ocupações irregulares significantes nas margens dos rios Tietê e Pinheiros, ao longo dos cursos d’água que deles se originam. Devido à tipologia de ocupação, com lotes e quadras extensas, o entorno do Cebolão conta com poucas áreas verdes, tais como praças e parques e ainda assim, o único parque das imediações encontra-se desativado por oferecer riscos à saúde da população devido aos altos índices de contaminação do local, que outrora abrigou uma unidade de tratamento de esgoto da Sabesp. A região conta ainda com alguns equipamentos públicos em seu território, predominando os equipamentos institucionais e ressaltando a ausência de equipamentos de esporte e lazer para utilização da população local.

IMAGEM 13 Mapa de uso e ocupação do solo da área do Cebolão IMAGEM 14 Mapa de áreas verdes da área do Cebolão IMAGEM 15 Mapa de equipamentos da área do Cebolão

14


USOS DO SOLO GUAMIRANGA A área de estudo configura-se como uma região com perfil predominantemente industrial (concentrada ao longo dos trilhos do trem) e de uso misto (principalmente nos bairros Independência e Ipiranga), conforme é possível observar no mapa ao lado de uso e ocupação do solo. Grande parte dos galpões existentes na área, os quais abrigavam as principais indústrias de São Paulo, estão hoje, em sua maioria, desativadas. A tendência dos últimos anos é a substituição desses antigos galpões por empreendimentos imobiliários, condomínios fechados e centros comerciais (como shoppings centers e hipermercados). Ademais, com a contínua modificação do perfil econômico da cidade, a “desocupada” várzea do rio Tamanduateí tornou-se um espaço alvo de grandes empreendimentos de especulação imobiliária atraídos pelo baixo preço do solo urbano, pelas inúmeras vias de acesso e grande oferta de transporte público. No entorno imediato do piscinão Guamiranga, encontram-se consideráveis áreas de ocupação irregular, além de alguns equipamentos institucionais consolidados: o pátio de trens, uma unidade do DAEE e o Centro de Detenção Provisória Vila Independência, localizado bem no centro do piscinão. Os equipamentos de cultura e lazer praticamente inexistem na região. É possível constatar, pela análise dos mapas, a escassez de áreas verdes e permeáveis. As áreas verdes existentes na região resumem-se a pequenas praças ou fragmentos resultantes do traçado urbano (rotatórias e canteiros centrais). Existe uma grande área verde próxima ao piscinão e à Avenida Henri Ford, porém, atualmente, encontra-se sem uso ou ocupação. A área aqui estudada está compreendida na Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, a qual prevê, nesta região, a permanência e manutenção do uso predominantemente industrial da área.

IMAGEM 16 Mapa de uso e ocupação do solo da área do Guamiranga IMAGEM 17 Mapa de áreas verdes da área do Guamiranga IMAGEM 18 Mapa de equipamentos da área do Guamiranga

15


HIDROGRAFIA CEBOLÃO A área de estudo está inserida na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (UGRHI-6), mais especificamente na Sub-bacia Penha/Pinheiros, na confluência do rio Tietê com o rio Pinheiros, definida como Baixada Tietê Pinheiros, que é formada por três Bacias de Contribuição Direta: a Bacia Fortunato Ferraz/Belini na Vila Leopoldina, a Bacia Jaguaré/Continental no Jaguaré e a Bacia Cintra/Vermelho na Vila dos Remédios. É uma região de várzea, que apresenta alguns pequenos contribuintes dos rios Tietê e Pinheiros, caracterizando essa porção da bacia como de baixa hierarquia de drenagem, principalmente após a transformação da morfologia natural destes rios que caracterizavam-se por seus meandros, com grandes zonas de inundação, que foram alterados após a retificação dos mesmos. Com a retificação dos canais e a implantação das vias marginais, os rios Tietê e Pinheiros foram transformados em canais confinados entre pistas de intenso tráfego de passagem, sem qualquer possibilidade de usos das suas águas e margens. Atualmente, além dos rios Tietê e Pinheiros, na porção leste, escolhida para o desenvolvimento do projeto, há a presença de um pequeno curso d’água parcialmente canalizado. Já na porção oeste, encontramos dois cursos d’água em suas conformações naturais. Esta região, em especial na porção leste, localizado nos arredores do cruzamento da linha férrea com o sistema viário local, na Av. Mofarrej, nas proximidades da Estação Imperatriz Leopoldina da CPTM, é caracterizada pela incidência de alagamentos periódicos (conforme dados obtidos e monitorados pelo CGE- Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo), principalmente no período chuvoso, que compreende aos meses de novembro a abril, por corresponder à planície da confluência do rio Tietê com o rio Pinheiros, um local naturalmente alagado em épocas de chuva, fator agravado pela urbanização consolidada na região, com altas taxas de impermeabilização, falta de obras de drenagem e manutenção adequada da rede de drenagem atual.

IMAGEM 19 Mapa de hidrografia com área de inundação e pontos de alagamento da área do Cebolão IMAGEM 20 Rio Tietê, na altura do Cebolão em dia de enchente IMAGEM 21 Alagamento no cruzamento da Av. Gastão Vidigal com Av. Mofarrej

16


HIDROGRAFIA GUAMIRANGA A área de estudo encontra-se na várzea do rio Tamanduateí, o qual circunda grande parte do perímetro do piscinão Guamiranga. Nas proximidades da área, há três córregos que compõe o sistema hidrológico da região: o córrego Moinho Velho, o córrego da Mooca e o córrego das Vacas. A grande impermeabilização do solo, desencadeada pela extensiva ocupação industrial da área, e a baixa vazão na várzea promovem a ocorrência de enchentes e inundações na área, conforme é possível observar no mapa e nas imagens ao lado. O aumento da vazão das águas na região é produto da retificação do rio Tamanduateí, uma vez que a supressão dos meandros naturais do leito acelera a correnteza e propicia a formação de pontos de alagamentos e áreas de inundação. É neste contexto que se insere a construção do piscinão Guamiranga, o maior piscinão do Estado, o qual se configura como elemento importante para a macrodrenagem da Bacia do rio Tamanduateí.

IMAGEM 22 Mapa de hidrografia com área de inundação e pontos de alagamento da área do Guamiranga IMAGEM 23 Inundação próxima ao viaduto Grande São Paulo IMAGEM 24 Inundação na Mooca, região próxima à área

17


MOBILIDADE CEBOLÃO O Complexo Viário Heróis de 32, situado na entrada oeste da cidade, é integrante do Anel Rodoviário que envolve a grande São Paulo. Como a principal característica é a presença de vias de trânsito rápido, distribuídas entre tantas alças, estas o popularizaram como Cebolão, tendo o automóvel como protagonista do planejamento viário local. Através dele, chegando em São Paulo pela Rodovia Castello Branco é possível acessar a Marginal Tietê, importante via marginal de acesso, que interliga as zonas oeste, norte e leste da cidade. Permite também a ligação da região da Lapa à Penha, além do acesso ao Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos. Outra via de grande importância é a Marginal Pinheiros, que liga a região oeste à região de Interlagos, na zona sul. Anteriormente, possuía grande fluxo de caminhões vindos do interior, que acessavam as rodovias Imigrantes e Anchieta, em direção ao Porto de Santos. Hoje este fluxo foi transferido para o Rodoanel Mário Covas, e suas várzeas passam por mudanças de perfil, com a construção de arranha-céus e arborização às margens do Rio Pinheiros. Quando se fala em transporte público, os trens da CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos servem a região com duas linhas. A linha 8 – Diamante faz a ligação da estação Júlio Prestes, no centro, com a estação Itapevi, à oeste. Na linha 9 – Esmeralda, que liga as estações Osasco e Presidente Altino à estação Grajaú, é possível a integração com metrô nas estações Santo Amaro e Pinheiros. Já os ônibus da SPTrans - São Paulo Transporte servem a região com aproximadamente 12 linhas. Há a previsão da implantação de corredores de ônibus na Marginal Tietê e na Av. Dr. Gastão Vidigal, como mostra o mapa ao lado. Em relação às vias cicláveis, aparecem em apenas duas vias da região. A ciclovia unidirecional junto ao canteiro central na Ponte dos Remédios, cujo término da ponte o ciclista volta a dividir a via com os demais automóveis, sem marcações no solo, e a ciclofaixa bidirecional junto ao passeio na Av. Presidente Altino, que faz parte dos 4,8 quilômetros de ciclofaixas entregues na região do Jaguaré. Já em relação as vias pedonais, o Cebolão é um local inóspito, pois não há calçadas para o pedestre, impedindo a transposição dos rios Tietê e Pinheiros, o que é visto.

IMAGEM 25 Mapa com a infraestrutura de transporte da área do Cebolão IMAGEM 26 Estação Imperatriz Leopoldina IMAGEM 27 Ônibus e ciclovia na Ponte dos Remédios

18


MOBILIDADE GUAMIRANGA A região de estudo dispõe de sistemas de mobilidade bem consolidados, compreendendo diversas estações ferroviárias, um corredor de ônibus elevado e vias estruturais que fazem as conexões necessárias entre a região central, a Zona Leste da cidade e a região do ABC. O piscinão está confinado por importantes eixos de mobilidade: o Expresso Tiradentes, a ferrovia (Linha 10 – Turquesa da CPTM), o Viaduto Grande São Paulo, a Avenida do Estado e a Avenida Dr. Francisco Mesquisa, que se desenvolvem junto ao Rio Tamanduateí. As principais vias de acesso à área são: a Avenida do Estado, a Avenida Pres. Tancredo Neves, a Via Anchieta, Avenida Almirante Delamare, a Avenida Dr. Ricardo Jafet e a Avenida Prof. Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Apesar de a área ser bem servida de transporte público, os espaços em que estes estão inseridos, em grande parte, não são humanizados e qualificados, oferecendo poucos atrativos à população. Além disso, suas principais vias de acesso estão frequentemente congestionadas, uma vez que consistem em alguns dos principais eixos de ligação metropolitana. Conforme é possível observar no mapa ao lado, as ciclovias praticamente inexistem. É nítida a falta de espaços qualificados para percursos à pé e de bicicleta na região. Esta questão, aliada à conformação do sistema viário e de transporte como barreira física consolidada e à falta de áreas verdes e espaços de lazer, enfatiza a grande necessidade de propor novas soluções espaciais que priorize a escala do pedestre.

IMAGEM 28 Mapa com a infraestrutura de transporte da área do Guamiranga IMAGEM 29 Vista do viaduto Grande São Paulo, Expresso Tiradentes e linha férrea IMAGEM 30 Vista abaixo do viaduto Grande São Paulo

19


METODOLOGIA INÍCIO DO PROCESSO Após a escolha das áreas de estudo, verificamos que, apesar de serem áreas distintas, ambas apresentavam características muito semelhantes, mesmo que a paisagem resultante de cada uma delas nos mostrasse outra situação: uma, aparentemente mais aberta, com toda a exuberância dos rios Tietê e Pinheiros inseridos na malha urbana e a outra, aparentemente mais confinada, onde o rio Tamanduateí praticamente desapareceu ao ser engolido pela malha urbana. A partir daí, entendemos que nossa análise deveria ser mais abrangente para que pudéssemos nos debruçar com mais propriedade sobre cada área. Durante o processo, este grupo ficou responsável por estudar as paisagens escolhidas tendo como foco a mobilidade urbana e os sistemas de transporte. Com isso, como as áreas apresentam dimensões consideráveis e por termos decidimos fazer um estudo mais abrangente, para iniciar a análise das mesmas e conseguir caracterizá-las, definimos a princípio uma área circunscrita em um raio de 500m, em cada uma das paisagens. No Cebolão, o centro desta área foi definido como a ilhota existente no encontro dos rios e com isso, a área de estudo passou a englobar as três bordas deste encontro composto pelos bairros Vila Leopoldina e Jaguaré (no município de São Paulo) e pela Vila dos Remédios (no município de Osasco). Já na área do Piscinão Guamiranga, o centro foi definido pelo cruzamento da linha férrea da CPTM com o Rio Tamanduateí, e a partir daí englobando o piscinão e as áreas adjacentes dos bairros da Mooca, Ipiranga e Vila Prudente. Com o perímetro de estudo definido, começamos a identificar, nas duas áreas, quais eram os modais de transporte em cada uma delas. Constatamos que ambas as áreas estão inseridas na rede de transporte público municipal e regional e com isso começamos a pensar e analisar como se dão os fluxos de circulação destes diferentes modais. Identificamos as estações de trem e metrô existentes bem como os pontos de parada de ônibus no entorno imediato das áreas escolhidas. Através desta identificação, começamos a sobrepor os fluxos e possibilidades de deslocamento e utilização da área por pedestres, veículos, ciclistas, entre outros e foram traçadas as áreas de influência de cada modal dentro do perímetro inicial de 500m. Com isso, outras camadas de informação foram sendo sobrepostas e evidenciadas ou não para facilitar a tomada de decisão sobre o que propor para cada uma destas paisagens tão complexas e repletas de potencialidades. Para possibilitar esta análise mais abrangente, foram analisados aspectos históricos, físicos e funcionais, tais como o histórico de formação e transformação de cada área ao longo do tempo, hidrografia, áreas verdes, uso e ocupação do solo,

20

equipamentos públicos, além da realização de visitas aos locais para conhecimento e registro fotográfico de ambos. Os dados para análise foram obtidos em consultas e pesquisas à diferentes meios e fontes de dados, para a obtenção informações e cartografia existente das áreas estudadas. As informações foram compiladas e organizadas a partir das bases cartográficas e teóricas contidas no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, em levantamentos realizados pelas Prefeituras Municipais de São Paulo e de Osasco, por órgãos públicos como SMDU, SVMA, Emplasa, Ibge, além de consultas em livros e sites relacionados aos temas abordados. Destas análises, elaboradas em conjunto, surgiram as diretrizes para que cada integrante do grupo pudesse desenvolver sua própria proposta. Concluímos que ambas as áreas são extremamente importantes para a cidade de São Paulo, afinal, são as duas principais portas de entrada/saída da Cidade, uma sentido interior e a outra sentido litoral e que atualmente são áreas da cidade que se encontram em processo de transformação e necessitam de intervenções para ressaltar e dinamizar as diversas potencialidades encontradas em cada uma delas. Estas paisagens, cada uma com suas particularidades, são carentes de áreas livres e espaços públicos de qualidade que possam oferecer benefícios e atrativos para a população local e ainda ser capazes de atrair novos públicos e novas formas de uso para a região. Para tanto, verificamos que em ambos os casos os rios são considerados problemas e não potencialidades para a região e que tiveram seus reais significados apagados da memória de quem por eles circula. Com isso, dentre todas as possibilidades e abordagens possíveis de intervenção, optamos por desenvolver projetos de Parques, onde será possível aplicar os conceitos de Infraestrutura Verde, na busca por paisagens resilientes, para integrar os elementos físicos e construídos de cada área, principalmente no que se refere à hidrografia, com a valorização da presença dos rios em cada uma dessas paisagens.

IMAGEM 31 Raio de estudo inicial do Cebolão IMAGEM 32 Raio de estudo inicial do Guamiranga




ENSAIOS

Parque Rios Cebol達o

Ensaio 01: Beatriz Fras達o Tonon 24

Ensaio 02: Deborah Sandes

28

Parque Rios Guamiranga

Ensaio 03: Juliana Yendo 32 Ensaio 04: Tiago Brito 36


PARQUE RIOS CEBOLÃO ENSAIO 01: BEATRIZ FRASÃO TONON Durante o processo do trabalho este grupo ficou responsável por estudar as questões da mobilidade e os sistemas de transporte da paisagem escolhida, considerando as áreas verdes e os elementos hídricos. Dessa forma, a proposta partiu dos estudos para implantação de vias cicláveis que proporcionassem maior qualidade nos deslocamentos dos ciclistas, permitindo a ligação das regiões próximas ao Cebolão com o Parque Rios e às Estações Leopoldina, Ceasa e Presidente Altino, através ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas. As vias propostas permitiram a ligação às já existentes, a ciclovia na Ponte dos Remédios e a ciclofaixa na Av. Presidente Altino. Com a proposta das vias cicláveis foi possível identificar e revitalizar áreas verdes abandonadas ou ocupadas de forma irregular, incorporando-as ao projeto como importante ícone quando se trata da transposição dos Rios e das Marginais Tietê e Pinheiros. Na imagem superior ao lado é possível observar em verde escuro as áreas verdes de praças e o Parque Leopoldina Villas Boas (desativado), e em verde claro áreas verdes sem qualidade, mas com grande potencial de intervenção. A imagem inferior esquerda apresenta essas áreas abandonadas já incorporadas ao projeto. Em relação à paisagem hídrica, estamos presentes diante dos dois principais rios que percorrem a cidade de São Paulo, o Tietê e Pinheiros, os quais apresentam péssimas qualidades de suas águas. A maior poluição dos rios não acontece neles próprios, e sim dos afluentes e das demais águas que chegam nele, como as vindas das galerias pluviais trazendo toda poluição das vias públicas e dos cursos d’água de menor volume, como cos córregos.

Mapa com proposta das vias cicláveis

O que nos faz pensar é que amenizando a quantidade de poluentes dessas águas, consequentemente os principais rios ficarão mais limpos. Dessa forma a proposta hídrica para o Parque se trata de três itens: a renaturalização do córrego já canalizado, cujas margens são ocupadas por uma favela que despeja o esgoto diretamente nas águas além de lixos; explorar a área onde já existe a retenção de água de chuva, através da implantação de Lagoa Pluvial; e a implantação de mecanismos de “limpeza” das águas, através de Jardins de Chuva.

Mapa com a localização das áreas verdes propostas

24

Mapa com a identificação dos elementos hídricos


Conceitos teóricos e referências projetuais As lagoas pluviais funcionam como bacias de retenção que recebem tanto águas de chuva quando da drenagem urbana. Diferente das bacias de detenção, que recebem as águas e depois são esvaziadas, elas permanecem sempre com uma lâmina d’água chegando ao nível máximo em casos de transbordamento. As lagoas pluviais exercem papel importante nos sistemas hídricos, pois armazenam grandes quantidades de água, permitindo a criação de hábitat à flora e fauna além de um espaço para lazer e contemplação (CORMIER; PELLEGRINO, 2008). Os jardins de chuva também fazem parte do sistema de biorretenção e podem ser definidos como depressões de terra com a presença de plantas e microrganismos que recebem as águas do escoamento superficial e pluvial, removendo os poluentes por filtração, absorção e decomposição (SOLUÇÕES PARA CIDADES). Em áreas como parques, os jardins de chuva contribuem para qualidade da água que é infiltrada no solo, enquanto que nas áreas urbanas, junto ao leito carroçável reduz o volume do escoamento superficial.

Córrego Pirargungauá no Jardim Botânico de São Paulo, 2008

The Dry Line em Manhattan, Nova Iorque- BIG, 2014

A renaturalização de cursos d’água é algo muito difícil nos dias atuais, pois a consolidação do espaço urbano aconteceu já com córregos e rios muitas vezes já retificados e canalizados, seja tamponado ou não. Dessa forma, quando se tem um córrego canalizado em um espaço aberto e com muitas potencialidades, uma das medidas a ser aplicada é a renaturalização, para que a vegetação ciliar entre os seus meandros possa filtrar a água antes de desembocar no rio. A Ponte Jardim, como a Vancouver Land Bridge não é uma simples passarela, pois permite a transposição de maneira agradável e sustentável. Com áreas permeáveis, é possível haver captação de água pluvial, a qual pode ser usada na irrigação da horta urbana proposta nos dois lados do Parque, entre outros usos. Ao estudar a região da Vila Leopoldina, obtivemos conhecimentos que existe uma organização social, chamada Instituto ACAIA “que acolhe e oferece atividades socioeducativas a crianças, adolescentes e famílias” na Vila Leopoldina (SP) e em Corumbá (MS) (INSTITUTO ACAIA). Oferece as atividades desde 1997, e em 2001 foi construído o Ateliê que se localiza próximo ao Ceagesp. Achou-se relevante a proposta de implantação de uma unidade do Instituto, como forma de expandir as atividades.

Value Farm em Shenzhen, China - Thomas Chung, 2013

Vancouver Land Bridge, Canadá - Johnpaul Jones, 2008

As imagens ao lado apresentam as referências tidas como base no desenvolvimento do projeto. Infelizmente, percebeu-se que os grandes projetos de infraestrutura verde urbana não são no Brasil, todavia, existem atualmente alguns projetos vem sendo elaborados e esperamos que logo sejam implantados. Um exemplo no Brasil que foi referência para este projeto é a renaturalização do córrego Pirarungáua, no Jardim Botânico de São Paulo, que durante sete décadas correu dentro de galerias pluviais.

25 Meadowbrook Pond em Seattle, WA, EUA - Peggy Gaynor, 1998

Northwest Vista College em San Antonio, Texas - SWA Group


MASTERPLAN

26


Playground

Caminhos e área de contemplação

Teatro de arena

Lagoa pluvial

27 Quadras poliesportivas

Caminhos até o Centro de Tecnologia e Inclusão


PARQUE RIOS CEBOLÃO ENSAIO 02: DEBORAH SANDES A implantação de um parque neste local vem reforçar a necessidade de transformação da área além de suprir uma demanda local que é a ausência de espaços públicos de qualidade para a população em seu entorno imediato. Com isso, a proposta visa requalificar as três margens formadas pelos rios Tietê e Pinheiros, através da ótica da mobilidade e dos elementos de Infraestrutura Verde. O Parque proposto está setorizado em duas grandes áreas, onde o elemento principal e estruturador é a água. Por estar situado na várzea dos rios, esta região apresenta declividade suave o que favorece o acúmulo de água e dificulta o escoamento natural da mesma, agravado pelo alto índice de impermeabilização do entorno. Com isso, foi proposta a implantação de um sistema de captação de água da chuva nas ruas adjacentes, através da utilização de biovaletas e jardins de chuva nos canteiros centrais e calçadas das três principais ruas que chegam na área do Parque, além do direcionamento das águas pluviais a montante da Praça Dr. Luiz Trevisani até ela e dela para a wetland criada à jusante no interior do parque, onde esta água será tratada e posteriormente direcionada aos rios. O mesmo ocorrerá na segunda wetland proposta que receberá as águas pluviais coletadas nas Avenidas Engenheiro Roberto Zucollo e Cardeal Santiago Luís Coppelo. Para suprir a demanda por lazer e espaços públicos na região, junto às wetlands, serão implantados alguns equipamentos que atrairão a população para o local, permitindo a aproximação com a água, além se ser um ponto essencial para a conexão com as demais margens dos rios. O programa proposto buscou interferir o mínimo possível no terreno com relação à construção de edificações. O parque conta com extensas áreas gramadas que poderão ser utilizadas tanto como contemplação da paisagem quanto por atividades monitoradas como oficinas ao ar livre, ginástica, brincadeiras, entre outros. As duas áreas são cortadas por um deck de madeira que promove a circulação direta entre os espaços além de ser um ponto de estar sobre as wetlands. Além disso, o Parque conta ainda com áreas destinadas à implantação de playground, equipamentos de ginástica, quadras poliesportivas, horta comunitária, praça seca para a realização de eventos ao ar livre, praça das artes, onde poderão ser desenvolvidas oficinas diversas, praça de alimentação ao ar livre, entre outros. Outro ponto notável do projeto é a proposta de criação de um circuito cicloviário que interliga as margens dos rios, passa pelo Parque e se conecta com a Estação Imperatriz Leopoldina da CPTM, possibilitando a integração entre os modais e tendo o Parque como um elemento de apoio durante este percurso. Esta proposta visa qualificar este território tornando-o funcional e dinâmico para a região, além de ser um atrativo para novos frequentadores que não só os moradores e operários que trabalham no entorno.

28


29


30


31


PARQUE RIOS GUAMIRANGA ENSAIO 03: JULIANA YENDO Com base em todo o levantamento da área de estudo já apresentado neste trabalho, este ensaio visa propor uma intervenção cujo processo de concepção é produto direto das reflexões e análises dessas informações. Será aqui apresentado um projeto que compõe um conjunto de possibilidades para qualificar a região, priorizando a implantação de áreas permeáveis, áreas verdes e elementos hidrológicos. Uma das primeiras etapas do ensaio foi a identificação de áreas com potencial de intervenção (imagem ao lado). As áreas aqui apontadas como relevantes para o projeto englobam: áreas com galpões desocupados; áreas verdes sem uso e ocupação consolidados; o pátio de trens e a área do piscinão Guamiranga. Visto a grande escala do conjunto de áreas selecionadas, este ensaio irá apresentar um masterplan abrangendo todo o território com interesse de intervenção, entretanto, será enfatizado apenas um trecho do projeto: a área do piscinão Guamiranga. Além de atender às grandes necessidades da área de intervenção por áreas verdes e permeáveis, o projeto se atém a uma importante questão que caracteriza a área: a presença de barreiras físicas consolidadas e a falta de elementos de transposição. Primeiramente, na tentativa de minimizar o impacto visual e físico causado pelos conjuntos de viadutos existentes na área, foi proposto uma reformulação do viário: todas as alças de viadutos foram substituídas por vias alternativas, no nível do chão. Todos os trechos de viadutos foram suprimidos, exceto na região onde é necessária a transposição da linha férrea. Esta foi a alternativa encontrada que resulta em um menor número de impactos no sistema viário da região, visto que é um imporntate ponto de fluxo entre a cidade de São Paulo e o ABC.

ÁREAS COM POTENCIAL DE INTERVENÇÃO Destacada em amarelo, a área do piscinão Guamiranga

Dessa maneira, propõe-se neste ensaio uma série de transposições, as quais não se resumem a caminhos com a restrita função de circulação, mas atuam como transposições-praça. A maior delas é a que atravessa duas grandes barreiras da área: o pátio de trens e a linha férrea. Além disso, foi criada uma grande praça sobre o pátio de trens, a fim de agregar usos e amenizar uma das maiores barreiras físicas da área.

BARREIRAS FÍSICAS E TRANSPOSIÇÕES O conjunto de viadutos Grande São Paulo, o pátio de trens, a linha férrea e o rio Tamanduateí configuram-se como as principais barreiras físicas da área. As setas em amarelo indicam as transposições principais que este projeto considerou face a estas barreiras.

32


03

09 06

09 10

01 09

05 10

04

09

04

04 06 03

02

01

05

03 02

02 08

08 05 01 02

07 08

03

11

MASTERPLAN

04 - Transposição deck-praça

08 - Transposição praça elevada

01 - Bacias de retenção

05 - Deck wetlands

09 - ZEIS

02 - Sistema de wetlands

06 - Horta comunitária

10 - Área verde ZEIS

03 - Floresta urbana

07 - Praça elevada (Pátio)

11 - Equipamento cultural

33


O piscinão Guamiranga, obra já em construção, consiste em uma bacia de detenção, isto é, funciona como um importante elemento de drenagem que auxilia no controle da vazão das águas em épocas com chuva intensa. Entetanto, permanece a maior parte do tempo seca e vazia. A grande questão em relação a esse tipo de construção, aqui tratada como determinante para a elaboração do projeto, é como lidar com este grande equipamento de uso restrito para momentos específicos do ano. A solução aqui adotada foi a sobreposição de usos e funções à grande área que será destinada ao piscinão (70 mil metros quadrados): tratamento da água (sistema de wetlands), função social (lazer, cultura), inserção de florestas urbanas. Para tanto, toda a área útil do piscinão foi coberta, a fim de possibilitar a criação de uma camada escalonada com novos usos. Neste projeto, foi considerada a realocação do Centro de Detenção Provisória Vila Independência, o qual, originalmente, encontra-se bem no centro da área do piscinão Guamiranga. Toda área utilizada que compõe o volume original do piscinão foi compensada com a criação de bacias de retenção inseridas em praças públicas, conforme é possível observar no masterplan. Todas as bacias de retenção estão articuladas a um sistema de wetlands, responsável pelo prévio tratamento das águas. Essas bacias foram locadas levando em consideração a hidrografia local, os pontos de alagamento e área de inundação. No corte longitudinal abaixo, o volume original do piscinão Guamiranga não utilizado neste projeto está representado em branco, logo abaixo da superfície de wetlands e da bacia de retenção.

PARQUE-WETLANDS GUAMIRANGA 0

20

50

100

CORTE LONGITUDINAL 0

34

10

20

50


VISTA GERAL Perspectiva de quem entra no parque-wetlands pela Av. Dr. Francisco Mesquita. Ao fundo, bairro do Ipiranga

VISTA INTERNA Perspectiva de quem anda pelo deck, dentro do parque-wetlands.

35


PARQUE RIOS GUAMIRANGA ENSAIO 04: TIAGO BRITO

N

ed

ific

õe

s

Este ensaio tem por objetivo discutir os territórios abandonados em áreas urbanizadas, que são objeto de estudo de diversos teóricos que debatem sua função ambiental, abrangendo fatores sociais, ecológicos, econômicos e históricos. Os projetos que visam a recuperação destas áreas demandam sensibilidade durante a leitura do território e objetivos que buscam não só elementos de apelo estético, mas intensificam os vínculos com o meio ambiente e exploram as diversas potencialidades do território.

LEGENDA Parque Linear Eixos Principais Pontos Focais

O conceito de desenho ambiental, ferramenta utilizada como base na concepção deste ensaio, vai além da criação do projeto, buscando entender a dinâmica local e direcionar a implantação das propostas, procurando aplicar os conceitos norteadores durante a ocupação da área. Segundo a definição de Franco (2000): [...] Desenho Ambiental é uma expressão metafórica, mesmo porque o ambiente não se desenha. A semântica da palavra ambiente carrega o sentido de complexidade infinita, logo Desenho Ambiental refere-se a desenho para o ambiente, no qual se supõe que o projeto seja o elemento formulador e indutor de um processo.W

inf

rae

str

utu

ra

ve

rd e

N

inf

rae

str

utu

Outro conceito utilizado para a definição do ensaio apresentado é a “Terceira Paisagem”. Proposto por Gilles Clément, a teoria classifica o território como:

ra

az

ul

• Antropizado - fruto da ocupação e ação humana; • Conjuntos Primários e Reserva - o lugar não explorado, o meio natural;

LEGENDA Travessias de Pedestres e Ciclistas

• Resíduo – território fruto do abandono de um terreno anteriormente explorado por atividades industriais, agrícolas, urbanas, entre outros; e

Estações \ Paradas Existentes Estações \ Paradas Propostas Trecho Suprimido da Av. do Estado

• Terceira Paisagem - resultado da ação biológica sobre o território residual, sem a interferência humana.

Desvio Viário

eix

os

de

pr oje

to

Um diferencial da teoria da “Terceira Paisagem” é a inclusão dos processos naturais biológicos na formação da paisagem, propondo que territórios abandonados possam ser vistos como refúgios para biodiversidade, fator que agrega valor a locais normalmente negligenciados. Como forma de aplicar estes processos a um projeto de escala urbana, foi escolhido um projeto de parque, por abrir espaço para diferentes leituras do território e da sua relação com determinantes biofísicos e sócio culturais. Os parques possibilitam projetos que exploram estes conceitos, pois se apresentam como reserva de território dentro da malha urbana e possibilitam um caminho para entendimento e agregação da terceira paisagem. Também são começo para experimentar novas relações entre o homem e o meio ambiente, em uma busca por sua complexificação em conjunto com a biodiversidade. No ensaio, os processos incluídos nos conceitos apresentados foram aplicados de forma geral na área, no entanto, a aplicação dos conceitos ocorre também de forma setorizada, a fim de entender melhor as possibilidades de expansão das intervenções propostas em direção à cidade que circunda o território abandonado.

36

N

Z4

ce

Z1

Z2

Z3

LEGENDA Limite de Zonas Z1

Terceira Paisagem | Parque

Z2

Parque | Wetlands

Z3

Wetlands | Sistema de Tratamento

Z4

Sistema de Tratamento | Cidade

rio

ex

ist

en

te


N

06 03

02

02 06

D

01

02

06

A

03

06

06 06

04

04

B

06

01

D 02 02

LEGENDA 01 - Reservatório de Retenção 02 - Bacia de Detenção (Wetland) 03 - Áreas Verde 04 - Tetos Verdes 05 - Hortas 06 - Ponto para pedestres e ciclistas

02 01 06

SUGESTÕES DE PROGRAMA A - Centro Aquático B - Faculdade C - Centro Cultural D - Habitacional | Uso Misto

0

50

100

150

200

37


DINÂMICA HÍDRICA O ensaio apresentado tem como tema principal a água. Por se encontrar em área de várzea do Rio Tamanduateí, o local de estudo possui grande relação tanto com o próprio rio quanto com as dinâmicas decorrentes das suas cheias. Por essa razão, o nome Parque Rio tem a intenção de combinar as funções provenientes do conceito de parque com as atividades proporcionadas pela água.

INFOGRÁFICO 1 Período de baixa do Rio Tamanduateí.

Para isso, é necessário entender a dinâmica da água na área estudada e a possível aplicação dos processos que permeiam o desenho ambiental. Desta forma, optou-se por trabalhar a água como elemento de relação entre o território, o homem e o meio ambiente, aproveitando-se das potencialidades deste elemento para realizar a sua integração com o espaço urbano, sem ser necessário recorrer a soluções que negam a existência da água na cidade. O conceito de resiliência do território, relativo à sua capacidade de voltar a uma condição inicial, foi aplicado na leitura e nas propostas apresentadas para o parque. Para isso, considera-se a utilização de recursos como plantio de vegetação apropriada e a criação de espaços adequados à inundação, que se organizam em cenários que funcionam nas situações tanto de alagamento quanto de seca. Assim, o ensaio trata de dois cenários distintos na sua relação com a água. O primeiro apresenta uma dinâmica natural, através do uso das “wetlands”, que são áreas com tratamento de vegetação específico para o recebimento das inundações.

INFOGRÁFICO 2 Período de cheia do Rio Tamanduateí.

Já o segundo cenário possui uma dinâmica mais complexa, composta por equipamentos de tratamento de água e esgoto, através do aproveitamento do piscinão existente na área, atribuindo-lhe funções que se aproveitam da sua condição de reservatório de água. O tratamento das águas é realizado por meio de fitorremediação, que se utiliza de plantas e filtros naturais para garantir à água condições de utilização pelos usuários do parque. As atividades possíveis através dessa ação são piscinas, que podem fazer parte de um complexo aquático, e lagoas que compõem o ambiente do parque. Além disso, pretende-se que seja feito o tratamento de esgoto recebido das edificações do entorno, assim como o fornecimento de água potável aos bairros próximos à área.

CONCLUSÃO O parque proposto neste ensaio não foi admitido como elemento isolado do meio urbano, como geralmente são concebidos os parques, com uma participação restrita na dinâmica urbana e que se destinam apenas ao lazer, onde o valor estético fica acima do potencial de provedor de qualidade ambiental. Pelo contrário, o parque foi considerado como uma ferramenta de aplicação dos conceitos do desenho ambiental, tornando-se uma alternativa potencial para ocupação de área abandonada, objeto deste ensaio. INFOGRÁFICO 3 Inundação da “Curva dos 100 anos” do Rio Tamanduateí.

38

Diante do cenário atual do projeto da paisagem no Brasil, percebe-se a necessidade de mudança de paradigmas projetuais e a aplicação dos princípios de Desenho Ambiental é uma dessas alternativas. O ensaio apresentado tem como objetivo discutir a relevância do elemento água nos projetos de escala urbana, demonstrando a possibilidade de novas abordagens e interações com a paisagem. É importante, portanto, que exista uma abertura à novas experimentações que deverão propor uma nova forma de relação entre o meio antrópico e o meio natural, traçando caminhos adequados à nossa realidade e desejos em concordância com os sistemas naturais.


39


CONCLUSÃO Os ensaios desenvolvidos para cada uma das áreas demonstram diferentes posturas de projeto dentro de uma mesma temática. Demonstrando a versatilidade do projeto de infraestrutura verde/azul e suas diversas formas de aplicação. Na área do Cebolão explorou-se a localização privilegiada do Parque proposto na cidade e sua íntima ligação com os diferentes modais de transporte, pedestres, ciclistas, etc, tratando o local como um ponto de encontro. O ensaio da Deborah explorou a formação de uma rede de pontos de apoio que possibilitaram a apropriação e permanência no parque tornando possível uma apropriação da população com os elementos naturais. O ensaio da Beatriz teve como princípio potencializar os elementos que acontecem no local, estimulando novos encontros e apropriações. A naturalização do córrego e a formação de uma lagoa natural foi a base para promover aproximação da população com a água. A área próxima ao piscinão do Guamiranga tem carência de áreas verdes e as diversas intervenções viárias acabam por sufocar o Rio, além disso atualmente está em construção um grande piscinão na área que reflete uma estratégia ultrapassada na relação água/cidade. O ensaio da Juliana buscou uma adaptação do sistema viário existente para promover uma maior acessibilidade ao local, sem a necessidade de grandes intervenções viárias. Os caminhos e passarelas foram tratados como equipamentos urbanos que além da mobilidade abrigam diversos programas com lazer, comércio e serviços. O ensaio do Tiago buscou explorar as relações entre a água e a cidade em eixos diferentes, um naturalizado com a implantação de wetlands e áreas verdes de lazer, o outro antropofizado, representado pelo retrofit do piscinão, englobando em sua estrutura funções de tratamento da água por fitoremediação e seu devido armazenamento. Programas diversos também foram explorados, como um centro aquático, uma faculdade de um novo bairro de uso misto. Concluímos que o projeto da paisagem vai muito além da escolha da vegetação, e a relação entre o meio antropofizado e o natural pode ser explorado de diversas formas no projeto. Linhas de projeto que se baseiam no desenho ambiental podem evoluir para os mais diversos partidos. Fica claro que o respeito ao meio que habitamos independente da postura estética e se baseia no respeito e busca por alternativas viáveis em paralelo com a aceitação do tempo que este tipo de demanda exige para exibir resultados.

40


41


REFERÊNCIAS

Sites consultados

ANELLI, Renato Luiz Sobral. Redes de Mobilidade e Urbanismo em São Paulo: das radicais/perimetrais dos Plano de Avenidas à malha direcional PUB, 082.00, ano 07, mar. 2007.

Archdaily – Portal de Arquitetura. Disponível em: <http://www.archdaily.com/>

CORMIER, Nathaniel S., PELLEGRINO, Paulo Renato Mesquita. Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana. Paisagem Ambiente: Ensaios, n. 25, São Paulo, 2008 p. 125-142. DONADON, Edilene Teresinha. “Terrain Vagues”: Um estudo das áreas urbanas obsoletas, baldias ou derrelitas em Campinas. 2009. 184 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Construção, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Unicamp, Campinas, 2009. FRANCO, Maria de Assunção Ribeiro. Desenho Ambiental: Uma Introdução à Arquitetura da Paisagem com o Paradigma Ecológico. 3. ed. São Paulo: Annablume, 2000. 224 p. HOUGH, Michael. Cities and natural process. Londres: Routledge, 1995. 326 p.

Arquivo Histórico de São Paulo. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/cultura/arquivo_historico/>

Subprefeitura da Lapa. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/lapa/> Subprefeitura da Mooca. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/subprefeituras/mooca/>

CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Disponível em: <http://www. cptm.sp.gov.br/Pages/Home.aspx>

Subprefeituras da Vila Prudente. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/subprefeituras/vila_prudente/>

Dose de Sustentabilidade. Disponível em: <http://dosedesustentabilidade.blogspot. com.br/2013/03/vancouver-land-bridge-uma-ponte-verde.html>

SWA. Northwest Vista College: Major Campus Expansion. Disponível em: <http:// www.swagroup.com/project/northwest-vista-college>

Emplasa - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A. Unidades de Informações Territorializadas (UTIs). Disponível em: <http://www.uitgeo.sp.gov.br/>

Vá de Bike. Disponível em: <http://vadebike.org/2014/09/novas-cicloviascambuci-glicerio-liberdade-jaguare-santo-antonio-pacaembu-bras-bom-retirotatuape/%3E>

GAYNOR, INC. “Reflective Refuge” at Meadowbrook Pond, Seattle, WA 1998. Disponível em: <http://gaynorinc.com/category/portfolio/legacy/> Governo do Estado de São Paulo. Sistema Ambiental Paulista. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/>

KAHTOUNI, Saide. Cidade das águas. São Carlos: Rima, 2004. 176 p. MCHARG, Ian. Design With Nature. 2. ed. New York: Natural History Press, 1994. MONEO, Rafael. Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 368 p. QUEIROGA, Eugenio Fernandes. A megalópole e a praça: O espaço entre a razão de dominação e a ação comunicativa. 2001. 351 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.

Histórico Demográfico do Município de São Paulo. Disponível em: <http://smdu. prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/> Inhabitat– Portal de Arquitetura. Disponível em: <http://inhabitat.com/> INSTITUTO ACAIA - Histórico. Disponível em: <http://www.acaia.org.br/quem-somos/historico/> Landezine – Portal de Arquitetura. Disponível em: <http://www.landezine.com/> Nossa São Paulo – Levantamento Equipamentos Urbanos. Disponível em: <http:// spcultura.prefeitura.sp.gov.br/>

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 6ª São Paulo: Record, 2001.

SMDU - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. Disponível em: <http:// gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/>

SOLÀ-MORALES, Iganasi de. Territorios. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.

Soluções para Cidades. Disponível em: <http://solucoesparacidades.com.br/>

VASQUES, Amanda Ramalho. Refuncionalização de Brownfields: Estudo de caso na Zona Leste de São Paulo. 2005. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Igce, Unesp, Rio Claro, 2005.

SP Cultura – Secretaria Municipal de Cultura. Disponível em: <http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/> Subprefeitura do Ipiranga. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/subprefeituras/ipiranga/>

42

Vitruvius – Portal de Arquitetura. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/browse/arquitextos>


ÍNDICE DE IMAGENS IMAGEM 14: Mapa de áreas verdes da área do Cebolão FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 27: Ônibus e ciclovia na Ponte dos Remédios. FONTE: Google Earth Streetview

IMAGEM 15: Mapa de equipamentos da área do Cebolão FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 28: Mapa com a infraestrutura de transporte da área do Guamiranga FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 16: Mapa de uso e ocupação do solo da área do Guamiranga FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 29: Vista do viaduto Grande São Paulo, Expresso Tiradentes e linha férrea FONTE: Tiago Brito, 2015

IMAGEM 17: Mapa de áreas verdes da área do Guamiranga FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 30: Vista abaixo do viaduto Grande São Paulo FONTE: Tiago Brito, 2015

IMAGEM 04: Confluência dos rios Tietê e Pinheiros ainda em 1967 FONTE: Arquivo Público do Estado de São Paulo

IMAGEM 18: Mapa de equipamentos da área do Guamiranga FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 31: Raio de estudo inicial do Cebolão FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 05: Cebolão em construção, entre 1976 e 1978 FONTE: Fonte: Disponível em http://pauloegydio.com.br/site2010/images/galeria/ governo/31.jpg

IMAGEM 19: Mapa de hidrografia com área de inundação e pontos de alagamento da área do Cebolão FONTE: Base da cidade de São Paulo e com modificações dos autores.

IMAGEM 32: Raio de estudo inicial do Guamiranga FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 06: Mapeamento Rede Sarah Brasil da área do Guamiranga FONTE: http://www.sarah.br/

IMAGEM 20: Rio Tietê, na altura do Cebolão em dia de enchente FONTE: http://noticias.bol.uol.com.br/imoveis-decoracao/2010/09/13/por-queos-rios-de-sao-paulo-sao-podres.jhtm

IMAGEM 01: Mapa da Macroárea de Estruturação Metropolitana, com a localização dos pontos de intervenção FONTE: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ IMAGEM 02: Mapeamento Rede Sarah Brasil da área do Cebolão FONTE: http://www.sarah.br/ IMAGEM 03: Governador Paulo Egydio na inauguração do Trevo de 32, Cebolão, em 1978 FONTE: Disponível em http://pauloegydio.com.br/site2010/Album-Fotos-Governo. aspx

IMAGEM 07: Rio Tamanduateí durante as obras de retificação FONTE: https://www.flickr.com/photos/cbnsp/4292928604 IMAGEM 08: Construção do piscinão Guamiranga FONTE: Tiago Brito, 2015 IMAGEM 09: Imagem satélite da área do Cebolão FONTE: Google Earth, 2015 IMAGEM 10: Imagem aérea da área do Cebolão FONTE: Google Earth, 2015 IMAGEM 11: Imagem satélite da área do Guamiranga FONTE: Google Earth, 2015 IMAGEM 12: Imagem aérea da área do Guamiranga FONTE: Google Earth, 2015 IMAGEM 13: Mapa de uso e ocupação do solo da área do Cebolão FONTE: Mapa elaborado pelos autores

IMAGEM 21: Alagamento no cruzamento da Av. Gastão Vidigal com Av. Mofarrej FONTE: http://g1.globo.com/sao-paulo/mapa-do-alagamento/platb/ IMAGEM 22: Mapa de hidrografia com área de inundação e pontos de alagamento da área do Guamiranga FONTE: Mapa elaborado pelos autores IMAGEM 23: Inundação próxima ao viaduto Grande São Paulo FONTE: http://g1.globo.com/VCnoG1/0,,MUL1456839-8491,00.html IMAGEM 24: Inundação na Mooca, região próxima à área FONTE: http://g1.globo.com/VCnoG1/0,,MUL1456839-8491,00.html IMAGEM 25: Mapa com a infraestrutura de transporte da área do Cebolão FONTE: Base da cidade de São Paulo com modificações dos autores. IMAGEM 26: Estação Imperatriz Leopoldina FONTE: Fonte: Disponível em http://www.tgvbr.org/viewtopic.php?t=283

43



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.