Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

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::::Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea - Projéteis:::: :::QG do GIA :::


::Apresentação

O GIA ­ Grupo de Interferência Ambiental é formado por artistas visuais, designers, arte­educadores, cenógrafos, produtores culturais e músicos que têm em comum, além da amizade, uma admiração pelas linguagens artísticas contemporâneas e sua pluralidade, mais especificamente àquelas relacionadas à arte e ao espaço público. Pode­se dizer que as práticas do GIA beberam na fonte da arte conceitual, em que o estatuto da obra de arte é negado, em favor do processo e, muitas vezes, da ação efêmera, buscando uma reconfiguração da relação entre o artista e o público. Atuante há 10 anos, um dos principais objetivos do grupo é a utilização de meios que possibilitem atingir uma margem cada vez maior de pessoas, tomando de assalto o espaço público, questionando as convenções sociais sempre que possível, através de práticas concretas infiltradas em pequenas transgressões. A estética GIA, baseada na simplicidade e ao mesmo tempo irônica, procura mostrar, portanto, que a arte está indissoluvelmente ligada à vida. Algumas das ações do GIA O “Quanto” é composto por cartazes pintados, com o formato apropriado dos cartazes de liquidação de mercados populares, onde são encontrados valores de diversos produtos, relacionados ao contexto do local.


Os carrinhos de café em Salvador são pequenos trios elétricos onde a musica é a isca para atrair clientes, normalmente interessados num cafezinho (principal mercadoria do veículo), porém hoje existem aqueles que também vendem o que tocam.O carrinho do Gia é um carrinho de café que acabou sendo utilizado pelo grupo como uma forma de difundir informações, através de imagem e som, ele leva vídeos de grupos e artistas que trabalham com intervenções para as ruas, possibilitando dessa forma, trazer para o espaço público mais uma forma de discutir sua própria utilização. Em ocasião do QG do GIA realizado no Museu de Arte Moderna da Bahia em maio de 2008 (www.qgdogia.blogspot.com), o grupo desenvolveu com os moradores da comunidade do Unhão a montagem do Flutuador, uma plataforma flutuante (cuja estrutura é feita de garrafas pet reutilizadas) que fica ancorada em determinada praia, à disposição do público. É um espaço de convivência em pleno mar. Em sua primeira versão, portanto, o Flutuador ficou ancorado na Baía de Todos os Santos, sendo prontamente aproveitado pelos moradores da redondeza. Os momentos de lazer e festa que essa “intervenção” proporcionou aos seus fruidores ultrapassaram as implicações conceituais que o GIA tinha formulado: esses momentos eram, sem dúvida, mais importantes do que a função inicial que o grupo tinha planejado para o Flutuador. Mais informações no texto em anexo.


Não propaganda é uma ação onde o coletivo se apropria de suportes publicitários de baixo custo, tais como cartazes, panfletos, faixas e até mesmo os chamados homens­ sanduíches, e subverte sua função comercial, colorindo­os inteiramente de amarelo, sem imprimir qualquer conteúdo em sua superfície. O interessante é que as “não propagandas” são divulgadas da mesma maneira que uma ação de merchandising qualquer. distribuíram panfletos no mercado público, vestiram­se de homem­sanduíche no centro de Salvador, amarraram faixas junto a semáforos e distribuíram cartazes amarelos a foliões em pleno carnaval. São operações simples, que apontam, contudo, para um problema crucial: a presença massiva da publicidade nas grandes cidades, seu papel e significado. A eliminação dos conteúdos habitualmente impressos nesses suportes ressalta, num efeito reverso, sua própria existência, pois instiga a atenção dos passantes e atenta para o fato de que os discursos publicitários não são tão invisíveis ou inócuos como já nos podem parecer.


::Objetivo No pano de fundo histórico­cultural e econômico em que vivemos ao longo das últimas décadas permitiu­se vislumbrar uma arte relacional – termo criado pelo crítico francês Nicolas Bourriaud para uma arte que toma como horizonte teórico a esfera das interações humanas e seu contexto social, mais do que a afirmação de um espaço simbólico autônomo e privado. Trata­se de uma arte que se vê como oportunidade para “habitar melhor” o mundo, em vez de construí­lo segundo uma ideia preconcebida da evolução histórica. Pela observação de Bourriaud, o artista sai do palco e integra o cotidiano como um cidadão interferindo na realidade, propondo reações ou colaborações na perspectiva da proximidade. A arte não é mais mero espelho, reflexo e representação da realidade, mas parte indissolúvel dela.

Nesse sentido, para o GIA, realizar uma exposição em um espaço público como o palácio Capanema que é um símbolo da arquitetura moderna brasileira, é parte da Educação do Brasil e do papel do Estado na Cultura, e é também uma das maiores referências do Estado Moderno Brasileiro, precisa se justificar num híbrido entre sua arte relacional, seu modus operandi e o papel de um Prêmio como o Projéteis. O GIA ­ Grupo de Interferência Ambiental propõe realizar o QG do GIA, uma Ocupação poética do espaço tradicional da arte em que registros e resquícios de seu fazer efêmero se traduzem em imagens fotográficas, vídeos, performances musicais, numa programação intensa que só é válida com uma expressiva ação educativa que levará até o espaço expositivo, um público para se relacionar com a arte do efêmero, característica que acaba com a obrigação da durabilidade, que implica um “culto ao objeto” e desemboca no consumo. E, ao mesmo tempo, relacionar­se com a mutação constante que é o cotidiano de uma cidade – as coisas se diluem na vida real, os cartazes são rasgados, as faixas sofrem interferências. É a opção do publico de ver a arte do possível, com uso de materiais baratos e mídias populares.


O QG do GIA pode ser resumido como, "um espaço de encontro, pensamento e ação ou um espaço híbrido de funções heterogêneas, no qual o GIA ­ Grupo de Interferência Ambiental ­ propõe uma experiência de imersão total. O espaço é construído através de ações e intervenções artísticas, trabalhos e encontros com outras pessoas. O GIA, junto com o público, transforma e define este espaço a partir das funções que lhes são atribuídas oportunamente, como o próprio ato de habitá­lo. O QG é também uma mostra documental de arte pública procedente do acervo que o grupo coletou em seus 10 anos de existência, incluindo material sobre o trabalho do coletivo e de outras iniciativas que têm como objetivo incentivar a produção de arte contemporânea que utiliza o entorno urbano ou público como espaço de ação. O Quartel General do GIA, portanto, tem a intenção de propiciar trocas e incentivar práticas colaborativas que interajam ao máximo com público e o espaço – que está em constante transformação ­ através de propostas criativas que estimulem o uso de suportes e meios não convencionais de expressão. O QG tem uma identidade própria, desdobramento de uma série de intervenções urbanas do coletivo, como o Projeto Caramujo, que são residências transitórias feitas em lonas amarelas que se tornam zonas autônomas temporárias e que bebe nas fontes de Hélio Oiticica e suas Tropicálias, porém mais rizomáticas e experimentais e menos sofisticadas. No QG encontramos espaços de exposição de vídeos e fotos mais humanizados, longe do tradicional cubo branco onde o transeunte assiste à tudo em pé. No QG os espaços para vídeo possuem redes, esteiras, almofadas, pufes. Resquícios de diversos trabalhos são encontrados na exposição e pessoas de todas as idades fruem coletivamente.


O QG do GIA no PALÁCIO CAPANEMA terá a configuração tradicional que consiste nos seguintes espaços: _ Espaço de exibição de vídeo com projetor, espaço que ocorrerá debates e bate­papos com os seguintes artistas e coletivos convidados: GIA, Jarbas Lopes, Coletivo PORO e OPAVIVARÁ Coletivo. Um em cada semana. Aqui também ocorrerá uma oficina de Intervenção urbana por semana. _ Espaço de exibição de vídeos em televisões: 4 televisões de 21 polegadas estarão instaladas em um espaço com ornamentação paisagística, almofadas, esteiras, redes e fones de ouvidas para a fruição individual _ Espaço para exibição de vídeo em televisão coletiva: 1 televisão de 51 polegadas instalada em um espaço com ornamentação paisagística, almofadas, esteiras, redes, para a fruição coletiva ­ sem fone de ouvido ­


_ Espaço infantil, onde haverá brinquedos criativos e livros de arte para as crianças, neste espaço haverá uma vez ao mês oficinas de produção de livros de artista para crianças. _Espaço recreativo, neste local haverá jogos para descontrair nos intervalos de acesso à vídeos e fotos, haverá campeonatos organizados pelo educativo. _Espaço de pesquisa , neste local haverá livros de arte, política e contemporaneidade para pesquisa além de computador com acesso à Internet para acesso e pesquisa. _ Espaço mural , neste local serão expostos materiais gráficos e fotográficos de ações do coletivo e de seu acervo de arte postal, gráfica e de intervenções urbanas.

::Justificativa Modus Operandi O GIA tem se tornado uma referência na arte contemporânea brasileira, de coletivo que em seu modus operandi realiza não somente seu case pessoal de intervenções urbanas, mas compartilha o seu modo de fazer, executando também as intervenções de outros artistas e coletivos. Essa experiência adquirida ao longo de pontuais colaborações com artistas como Paulo Brusky e Jarbas Lopes, e coletivos como Poro, foi o que possibilitou uma maior aproximação com os espaços expositivos de arte, ainda que compartilhando uma galeria e diluindo autorias. Um panorama do que resultou esses trabalhos compartilhados foi o 1° Salão de Maio em 2004 e o 2° salão em 2005, que com a exposição Registros Resquícios na galeria do Instituto Goethe em Salvador, possibilitou uma prévia do que seria uma exposição em museu do coletivo. A partir dessas experiências, a única forma encontrada pelo grupo de participar dos espaços tradicionais de arte, foi através dos QGs do GIA. http://www.salaodemaio.blogger.com.br/


QG do GIA no MAM­ BA Tendo como premissa que a arte pública em geral, perde sua potência em museus e galerias, por um longo período o GIA não havia estado em contato com um espaço expositivo tradicional, somente a experiência de anos de intervenções urbanas e um grande acervo de registros nunca antes exibidos tornava o interesse coletivo de realizar uma grande exposição, uma espécie de QG , numa alusão apenas poética de um Quartel General, uma espécie de transposição de um ateliê do Grupo para um museu. Foi em uma reunião com Solange Farkas então diretora do MAM ­ BA que em 2008 convidou o GIA a realizar uma mostra que reunisse materiais sobre intervenção urbana, e então o coletivo realizou o QG do GIA, na capela do MAM ­ BA. Porém, todos do coletivo concordavam que não poderia ser uma exibição de registros apenas, deveria se desdobrar num processo mediado, com bate­papos, oficinas e apresentações. Um ambiente convidativo, para recepcionar o público em geral, amigos e convidados, montado no Museu e utilizado como um centro de agregação de pensamento, pesquisa, produção e documentação. Naquele momento o educativo do MAM ainda não havia se deparado com um exposição tão inusitada, pois o grupo transferiu literalmente seu ateliê para a exposição, envolvendo durante todo o período de exposição, não só os trabalhos do GIA, mas o de outros artistas da cidade, e de artistas de sua referência. Pela primeira vez, a comunidade vizinha ao MAM passou a frequentar diariamente uma exposição alocada naquele conjunto arquitetônico, a comunidade do Unhão, ou favela areal de Baixo, ajudando o coletivo a construir um grande pier de garrafas pet, assistindo dezenas de vídeos e bate­papos, relacionando­se com a grande instalação do QG. Muito dessa vivência foi documentada no blog http://qgdogia.blogspot.com/ e nesse relato do Corpocidade http://www.corpocidade.dan.ufba.br/dobra/03_05_ensaio.htm QG do GIA na ARCO’08 MADRI O vinco expressivo causado pelo QG do GIA no MAM ­ BA possibilitou no mesmo ano uma segunda dose de QG. Em 2008 o Brasil é homenageado na ARCO em Madri, uma das maiores feiras de arte contemporânea do mundo e o GIA é convidado a participar de


uma mostra paralela , a Intermediae na Matadero ( http://www.mataderomadrid.org/ ). Esse QG do GIA em Madri, veio coroar a maneira de trabalhar do coletivo, que além de organizar uma nova exibição relacional de sua obra, possibilitou convidar outros coletivos brasileiros com os quais o grupo mantém contatos. Isso possibilitou aumentar o diálogo sobre a produção de arte pública brasileira promovendo um grande intercâmbio com Madri, com um carater mais experimental nos aspectos de sua construção, a exposição foi um processo onde o coletivo pode desenvolver proposições estéticas no periodo de sua estada em Madri. O espaço serviu de morada coletiva, escritório e ponto de encontro com seus convidados e de processos de ação do grupo: nele encontrávamos desde mapas da cidade, anotações, rabiscos e todo o tipo de imagens e informações. Uma série de debates ocorreram sendo possível abordar assuntos pertinentes à ituação dos coletivos de arte urbana e a relação dos coletivos com as instituições de arte. Sobre o QG em Madri é possível obter registros em : http://intermedialogia.blogspot.com/ QG do GIA no NAM JUNE PAIK AWARD 2008 /


COLÔNIA ALEMANHA A proposta do GIA para o Nam June Paik Award 2008, tomou como ponto de partida o "QG do GIA" ­ Mais uma vez foram expostos registros de ações do GIA realizadas em diversos contextos. Os vídeos e fotos serão distribuídos por todo espaço, contando com um ambiente aconchegante e agradável, onde o visitante poderá se sentar, balançar em redes, deitar em tapetes e almofadas, manusear equipamentos eletrônicos, onde estavam disponíveis vídeos e imagens de trabalhos do GIA, assim como dvds de filmes e de ações. O grande diferencial desse QG, foi que o coletivo se ateve à sua própria produção, instigando uma série de novas ações de intervenções urbanas, como o carrinho e a caixa show do Gia. As ações ocorreram no decorrer da estadia do grupo na cidade. Gerando uma série de polêmicas na organizada cidade Alemã de Colônia pois diferente do Brasil, o espaço público não está acostumado à camelôs e shows de música latina. mais sobre esse QG : http://provocativefragrance.blogspot.com QG do GIA no PELOURINHO ­ BA Através do Fundo de cultura da Bahia em edital aberto de ocupação de espaços públicos, o GIA conseguiu ocupar uma casa no Pelourinho, centro histórico da cidade de Salvador, que há muito é palco de intensas desigualdaes sociais além de diversas manifestações culturais. Foi no QG do Pelô que o GIA vivenciou sua maior e melhor experiência de QGs pois, ficou lá mais de um ano, com ações semanais pontuais, e algumas diárias, sendo elas oficinas de arte, ensaios musicais, exposição de arte e intervenções urbanas na área de especulação imobiliária, exploração sexual e consumo de drogas. As portas do QG ficavam abertas para todo transeunte do Pelourinho, no esquema das casas do interior de antigamente, onde em época de festa nunca faltava uma boa comida, um bom papo e uma boa música. Foi nesse QG que o GIA evoluiu o trabalho SAMBAGIA, gravando seu primeiro CD e foi a pontualidade das ações semanais que possibilitaram o coletivo ir mais às ruas realizar intervenções, conhecer personalidades incríveis do centro histórico, além de receber artistas de todo o Brasil. Foi essa experiência que concretizou o desejo do coletivo em continuar fazendo arte e se relacionando com público com todo afinco que um artista tem ao se expressar. http://qgdopelo.blogspot.com/ Portanto é dessa dada experiência em seus QGs, que o GIA justifica a importância de realizar o QG do GIA no Palácio do Capanema, realizando atividades semanais com o público em geral no Rio de Janeiro, para isso o maior objetivo dessa exposição é organizar as visitas de um público específico não aconstumado com o espaço expositivo de arte. Esse público será justificado em seguida no planejamento educativo.


:: PROGRAMAÇÃO

O QG do GIA durante 30 dias terá a seguinte programação: No primeiro dia de exposição: Apresentação do Trabalho do GIA ­ SAMBAGIA Todas as segundas­feiras Reorganização dos espaços do QG ­ Dia em que os vídeos são trocados, novas imagens reconfiguram os espaços e a equipe de paisagismo faz uma manutenção. Todas as terças­feiras ­ Visitas guiadas pelo educativo, haverá um ônibus disponível para um grupo de estudantes de escolas públicas do terceiro e quarto ciclo no período da tarde, este grupo será fechado pela coordenação do educativo em comum acordo com a todas as hierarquias necessárias das respectivas secretaria incluindo a autorização dos pais, neste dia haverá oficinas de intervenção urbana e arte pública, alternadamente com a de fotografia digital, e vídeo digital. Todas as Quartas­feiras Bate­ Papo com um artista convidado. Sendo o GIA, Opavivará, Poro e Jarbas Lopes. Todas as quintas­feiras Dia livre ­ exposição mediada por pessoas do educativo do QG Todas as sextas­feiras Dia livre ­ exposição mediada por pessoas do educativo do QG No último dia de exposição Apresentação do Trabalho do GIA ­ SAMBAGIA


::Planejamento Educativo Na fase de pré­produção da montagem da exposição até um mês antes de abrir, a equipe do educativo entrará em contato com as secretarias de educação municipal e estadual visando organizar o translado de quatro escolas públicas diferentes para visitar por uma tarde a exposição QG do GIA mediado por educadores. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabeleceu em seu artigo 26, parágrafo 2º que: "O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos". "A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber" De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana:o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas,pela natureza e nas diferentes culturas.(PCN­ Arte­1997) O núcleo educativo do QG do GIA irá durante a pré produção da exposição contactar a rede de estudantes de escolas públicas em que o currículo indique os estudos de arte, principalmente com foco no Terceiro e Quarto Ciclo do ensino fundamental, momento em que geralmente esses estudos se dão. Segundo os próprios Parâmetros, o "conjunto de conteúdos está articulado dentro do processo de ensino e aprendizagem e explicitado por intermédio de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar" (PCN­Arte, p. 49). A partir dessa premissa, neste dia além de conhecer um trabalho de artes visuais, ouvir o educador contextualizar a arte contemporânea históricamente, o jovem visitante também irá participar de uma pequena ação de intervenção urbana, lúdica e saudável, ou participar de uma pequena oficina de vídeo arte, ou de fotografia digital. Será um grupo de 50 jovens por semana, somando 200 jovens no final do projeto.


::Orçamento

Planilha em anexo

::Cronograma :Pré Produção

elaboração da arte do catálogo ­ semanas 1 e 2 elaboração material de divulgação ( convite eletrônico, flyers, folders, painel de abertura) ­ semana 3 e 4 impressão do catálogo ­ semanas 3 e 4 compra das passagens aéreas ­ semanas 1 e 2 Reserva da Hospedagem ­ semanas 1 e 2 Locação de transporte ­ semanas 2 e 4 Contato com a secretária de educação pela Coordenação do Educativo­ fechar os grupos de visitação das escolas. ­ semanas 1 e 2 Locação de mesa de sinuca/bilhar ­ semanas 3 e 4


Locação de mesa de totó ­ semanas 3 e 4 Locação de televisores ­ semanas 3 e 4 Locação de Paisagismo ­ semanas 3 e 4 Compra da lona amarela ­ semanas 3 e 4 impressão fotográfica ­ semanas 1 e 2 Compra material escritório ­ semanas 3 e 4 Divulgação da exposição ­ assessoria de imprensa ­ Semanas de 1 a 4 locação de ônibus para o educativo ­ Semanas 3 e 4

:Desenvolvimento

Reunião Educativo ­ Semanas 4, 5, 6, 7 e 8 Envio dos catálogos pelos correios ­ Semana 5 Aluguel de Carreto para montagem ­ Semana 5 Montagem da Exposição ­ Semana 5 Divulgação da exposição ­ assessoria de imprensa ­ Semanas 5,6, 7 e 8 compra do lanche para os jovens do educativo ­ Semanas 5, 6, 7 e 8 Compra da água mineral para os jovens do educativo ­ Semana 5 Aluguel de Carreto para Desmontagem ­ Semana 9 Desmontagem ­ Semana 9

:Pós Produção

Pagamentos Coordenação Geral e executiva / Coordenação Educativo / Coordenação de Comunicação de Divulgação / Coordenação de Montagem / Coordenação de Design / Coordenação de Arte / Coordenação de Registro Fotográfico / Fotográfo / Videomaker / convidados ­ semana 10 e 11


::Ficha Técnica

:Componente e função no projeto ­ Os currículos seguem nos anexos

- Coordenação da Produção Executiva

­Nome: Cristina Llanos Cruz ­CPF 266.182.428.­60 ­ RG 28966326 SSP ­ SP 03/03/2008 ­Data de nascimento 30/06/1978 ­PIS: 126.21316.07.9 Rua Eduardo Pinto Qd Q lote 3 ­ Arembepe Camaçari ­ Bahia

-Coordenação da Comunicação e Divulgação

­ Nome: Ludimila da Silva Ribeiro de Britto ­ CPF 806596405­20 ­ RG 0832923222 ­ PIS: 127.11681.05­1 ­ Data de Nascimento 18/07/1980 ­ End: Rua Macaubas, nº 428 ap 23 – Rio Vermelho ­ Salvador ­ Bahia cep: 41.940­250

- Coordenação do Educativo

­ Nome :Cristiano Rocha Piton ­ CPF 94003084500 ­ RG 5729330­96 ­ Data de emissao do RG29/08/2007 ­ Orgao Expedidor SSP ­ Ba ­ Data de Nascimento 08/08/1978 ­PIS: 1272176781101 ­ End: Rua Thomaz Gonzaga, 271 – Pernambués ­ Salvador ­ Bahia

- Coordenação Montagem

­ Nome:Luís Antonio Parras ­ CPF 780636555 91 ­ RG 09416909 89 ­ Data de emissao do RG ­ Orgao Expedidor SSP ­ Ba ­ Data de Nascimento 13/06/1976 ­ Rua dos Carvões, 22 Santo Antonio Além do Carmo Salvador ­ Bahia

- Coordenação Design

­Nome: Everton Marco de Jesus Santos


­ CPF: 00312437544 ­ RG: 0704729474 ­ PIS :119.795.4962­6 ­ Data de emissao do RG: 09/01/2008 ­ Orgao Expedidor: SSP­ba ­ Data de Nascimento: 13/01/1981 ­ End: Rua Horácio Urpia Jr, nº 89, apt101, Graça ­ Salvador ­ Bahia cep: 40150250

- Coordenação Registros

­NOME: Mark Dayves Costa ­CPF: 81062397568 ­R.G.: 949344796 SSP­BA ­PIS: 115.772.1734­3 ­Data de nascimento ­ 26/03/1981 ­End.: Rua Waldemar Falcão 913 Ed. Pallazo Gatto apt: 1801 – Horto Florestal 41.3245562 Salvador – Bahia

-Coordenação da Arte

­NOME: Tiago Pinto Ribeiro ­CPF: 94672601587 ­R.G.: 06538323­03 SSP­BA ­PIS: 1.274.221.808­6 ­Data de nascimento: 07/02/1979 ­End: Rua dos marchantes, 38, bloco B, ap. 09 ­ Santo Antônio ­ Salvador ­ Bahia cep: 40301­430

Cep


::Plano de Comunicação O GIA tem como um de seus princípios, a redução da produção de lixo e da poluição visual e para evitar o desperdício de papel e investimento alto em outdoors, traduzirá seu foco do plano de comunicação às formas virtuais de divulgação, por meio da veiculação de teasers, jingles e promovendo promoções em redes sociais. Além disso haverá uma assessoria de imprensa conectando­se com meios de comunicação local via pressrelease, e, como objetivo principal é atingir um público não tradicional da arte, através de uma articulação entre a coordenação do educativo e a coordenação da comunicação será realizada uma grande divulgação na rede municipal e estadual de ensino do Rio de Janeiro. As seguintes peças de comunicação e quantidades serão produzidas: 1 website ­ contendo: notícias diárias, blog, imagens, streaming, promoções, informações do educativo, programação, notícias da imprensa, etc. 4 flyers digitais informando a programação semanal do QG do GIA publicados nas redes sociais facebook, google+, twitter 4 teasers de vídeo ­ que serão veículados em redes de vídeo como youtube, vímeo 4 spots de rádio ­ que serão veiculados em rádios comunitárias e universitárias 1000 catálogos impressos ­ que serão distribuídos conforme o Plano de Distribuição Nacional.


::Plano de Distribuição O GIA faz parte de diversas redes de artes visuais, e em toda sua trajetória criou laços com diversos articuladores, produtores e curadores, portanto, utilizará sua rede de contatos e fará o envio através dos correios e malotes de parceiros em Salvador ­ BA. Serão impressos 1000 catálogos sendo que 50 unidades serão entregues à FUNARTE, e 100 unidades ficarão com o Coletivo como portfólio para distrbuição futura e acervo. 200 unidades ficarão disponíveis durante a exposição para distribuição pelo educativo do QG do GIA. 650 unidades serão distribuídas aos seguintes contatos para serem tombados em seus acervos e redistribuídos entre seus parceiros:

Rio de Janeiro MAM ­ 50 unidades MAC ­ 50 unidades Escola de Belas Artes ­ UFMG ­ 30 unidades OPAVIVARÁ coletivo ­ 20 unidades

São Paulo MAM­ 50 unidades Coro Coletivo ­ 50 unidades ECA ­ Escola de Comunicação e Artes ­ USP ­ 20 unidades EIA coletivo­ 10 unidades


Minas Gerais

INHOTIM ­ 50 unidades TERRA UNA ­ 30 unidades MUSEU DA PAMPULHA ­ 20 unidades PORO coletivo ­ 20 unidades ESCOLA DE BELAS ARTES UFMG ­ 20 unidades

Paraná NEWTON GOTO ­ 20 unidades

Rio Grande do Sul DESVENDA coletivo ­10 unidades

Bahia

MAM ­ 50 unidades Instituto Goethe ­ 20 unidades Escola de Belas Artes ­ UFBA ­ 20 unidades UFRB ­ Artes Visuais ­ 20 unidades

Pernambuco

Revista Tatuí ­ 20 unidades Branco do Olho coletivo ­ 30 unidades MAC ­ 20 unidades MAMAM ­ 30 unidades

::FONTES BIBLIOGRÁFICAS

http://portal.mec.gov.br/ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB ­ MEC BOURRIAUD, Nicolas, Estética Relacional, Ed. Martins Fontes. 1998.


::Clipping TEXTO SOBRE A INTERMEDIAE MADRI PUBLICADO NA FOLHA DE SÃO PAULO Programação paralela supera Arco ­ Exposições de artistas brasileiros fora dos estandes da feira espanhola foram mais significativas que o evento principal Fábio Cypriano Enviado especial a Madri Em comparação com as exposições do Ano do Brasil na França, em 2005, os eventos paralelos à 27ª Arco, a Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri, encerrada na última segunda, foram muito mais significativos. O Brasil foi o país convidado do evento e teve espaço para reunir 32 galerias nacionais. A programação, tanto oficial como paralela, foi coordenada pelo governo brasileiro e teve curadoria de Moacir dos Anjos e Paulo Sergio Duarte. No chamado circuito off, foram realizadas obras e intervenções de grande porte em instituições importantes, como as de Carmela Gross e Fernanda Gomes no Matadero Madri, de Miguel Rio Branco na Casa de América, Marcelo Cidade, Lucia Koch e Cao Guimarães na Casa Encendida, e ainda José Damasceno no Reina Sofía. Pela primeira vez, um artista ocupou os espaços públicos do maior museu de arte contemporânea da cidade, no total nove intervenções. "O Brasil estava melhor fora da Arco", disse o curador Márcio Doctors. Uma das ações com melhor repercussão para a cena artística nacional foi o encontro de coletivos, coordenado pelo Centro Cultural de Espanha em São Paulo, no Matadero Madri. "Nós nunca tivemos um encontro desse tipo no Brasil", disse Carol Valansi, do coletivo carioca Opavivará. O encontro reuniu grupos espanhóis e brasileiros, entre eles o Laranjas, de Porto Alegre, e Gia, da Bahia. O Matadero é um local de práticas experimentais, recentemente aberto, no antigo frigorífico da cidade. As obras que ocupam o local de 100 mil m2 estão orçadas em 110 milhões (R$ 281 milhões). Já as polêmicas que envolveram a feira acabaram sendo positivas para a instituição. A Arco teve um valor superior em vendas para colecionadores: subiu 15% em relação a 2007, apesar das cifras não serem divulgadas. O evento foi mais contemporâneo que nas últimas edições, e o público se manteve em 190 mil visitantes. A nova diretora da Arco, Lourdes Fernández, polemizou ao reduzir no evento o número de galerias espanholas, que pediram ao governo que não comprasse na feira. De fato, houve protestos. Instituições como o Ivam, de Valência, comprou uma obra de cada galeria local excluída, mas centros importantes, como o museu Reina Sofía, de Madri, e o Museu de Arte Contemporânea de Leon (Musac), gastaram cerca de 1,5 milhão (R$ 3,8 milhões). "Faxina" "Era preciso limpar a casa, havia galerias defasadas com a produção atual e, para


competir com feiras como Frieze e Basel, era preciso ter o melhor", disse a galerista Helga de Alvear, à Folha. Uma das mais importantes galeristas da Espanha, Alvear doou sua coleção de 2.000 peças, entre elas obras dos alemães Gerhard Richter, Sigmar Polke e Anselm Kiefer, à cidade de Cáceres, que está construindo um museu a ser inaugurado em 2010, com projeto dos mesmos arquitetos do Musac. Galeristas brasileiros também confirmaram bons negócios na feira. Instituições importantes como a Tate, de Londres, e o MoMA, de Nova York, iniciaram a compra de trabalhos de brasileiros, a primeira interessada em Marcelo Cidade, e a segunda, em Cao Guimarães. O Reina Sofía comprou obras de Lygia Pape e o Centro Galego de Arte Contemporânea adquiriu Waldemar Cordeiro, Jac Leirner, José Damasceno e Mauro Restiffe. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2102200812.htm O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da 27ª Arco, da Iberia e de Turespaña TEXTO PUBLICADO NA REVISTA TATUÍ 7 A vida, às vezes, fica melhor assim por Grupo GIA Como integrante do GIA – Grupo de Interferência Ambiental – devo confessar que não é fácil escrever sobre o grupo, suas ações e objetivos. Estou tão submersa no “mundo do GIA” que talvez fosse mais fácil escrever a seu respeito com um certo distanciamento, como fazem nossos colegas pesquisadores, artistas visuais, críticos, etc. Talvez, dessa forma, eu perceberia certas sutilezas e peculiaridades que passam despercebidas por nós, integrantes do grupo. Minha visão será sempre demasiado parcial e apaixonada… Por outro lado, após 6 anos atuando junto ao GIA, acho que já possuo alguma bagagem que me permite fazer relatos sobre nosso modus operandi, nossas alegrias e frustrações provenientes de nossa busca em questionar a Arte e suas dimensões públicas. Em nosso dia­a­dia, nossas ações são discutidas e lapidadas por longas conversas. Não foi diferente com as ideias presentes neste texto. A ação coletiva se faz presente em todas as atividades do grupo e, de fato, essa é uma tarefa árdua na maioria das vezes, já que os seis integrantes1 do GIA possuem repertórios e opiniões divergentes. Nosso maior desafio, atualmente, é encontrar o denominador comum de nossas ideias e vontades. Há um ponto, porém, com o qual todo o GIA concorda: é preciso repensar o espaço público e a forma como a arte dialoga com seus habitantes. Quando digo “espaço público”, não me refiro apenas às praças, ruas, becos, etc., mas também às relações subjetivas que nele se estabelecem, algo que remete à psicogeografia situacionista2, com suas devidas adaptações. Nesse texto, pretendo esboçar alguns relatos sobre o Flutuador, uma das últimas ações realizadas pelo GIA. Esse trabalho foi escolhido por colocar em evidência algumas reflexões a respeito do uso do bem público e suas implicações, além das relações sociais estabelecidas a partir de movimentações artísticas na cidade. Além disso, a intervenção ilustra as diferentes formas possíveis de contato entre o GIA, as instituições artísticas “oficiais” e o público. Ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia existe uma comunidade carente, entre tantos outros aspectos – saneamento básico, por exemplo –, de lazer e atenção: a comunidade do Unhão. Por ironia do destino, ela se localiza não apenas do lado de uma das instituições artísticas mais


prestigiadas de Salvador – o MAM –, como também em frente a um empreendimento imobiliário milionário da cidade: a Morada dos Cardeais, prédio luxuoso e local de morada de conhecidos artistas da cena nacional. Ironicamente, tanto a comunidade do Unhão, quanto os moradores da Morada dos Cardeais, podem usufruir de uma das vistas mais belas da cidade, a Baía de Todos os Santos. Em ocasião do QG do GIA realizado no Museu de Arte Moderna da Bahia em maio de 2008 (www.qgdogia.blogspot.com), o grupo desenvolveu com os moradores da comunidade do Unhão a montagem do Flutuador, uma plataforma flutuante (cuja estrutura é feita de garrafas pet reutilizadas) que fica ancorada em determinada praia, à disposição do público. É um espaço de convivência em pleno mar. Em sua primeira versão, portanto, o Flutuador ficou ancorado na Baía de Todos os Santos, sendo prontamente aproveitado pelos moradores da redondeza. Os momentos de lazer e festa que essa “intervenção” proporcionou aos seus fruidores ultrapassaram as implicações conceituais que o GIA tinha formulado: esses momentos eram, sem dúvida, mais importantes do que a função inicial que o grupo tinha planejado para o Flutuador. Comunidade do Unhão e GIA usufruindo do Flutuador, ancorado na Baía de Todos os Santos, em frente ao Museu de Arte Moderna da Bahia e à comunidade adjacente.


(Foto: Mark Dayves) [?] Cidadão pratica Ioga no Flutuador (Foto: Solange Farkas) Uma “zona liberta” se apresenta em pleno mar como uma Zona Autônoma Temporária, conceito desenvolvido por Hakim Bay. O autor aponta: Devemos perceber que todos esses eventos são, de certa forma, “zonas libertas”, ou pelo menos TAZs em potencial. Seja ela apenas para poucos amigos, como é o caso de um jantar, ou para milhares de pessoas, como um carnaval de rua, a festa é sempre “aberta” porque não é “ordenada”. Ela pode até ser planejada, mas se ela não acontece é um fracasso. A espontaneidade é crucial.3 Essa anarquia foi levada às últimas conseqüências em uma segunda experiência com o Flutuador em janeiro de 2009. A plataforma flutuante foi deslocada para o Porto da Barra, um dos pontos turísticos de Salvador: bela paisagem, bela praia, muitos turistas, muitas drogas e prostituição. No mês de janeiro, alta estação, o local fica repleto de pessoas a qualquer hora do dia. O Flutuador foi muito bem recebido pelos frequentadores do local, principalmente pelas crianças. É um costume de crianças e adolescentes que frequentam a praia ficar pulando de um píer que se prolonga do Forte de Santa Maria para o mar: pulam o dia inteiro… O Flutuador foi recebido como uma fonte de lazer gratuita e prazerosa, sendo cada centímetro da plataforma disputado ininterruptamente. Infelizmente, em poucos dias, sua âncora foi roubada (ou desatada) e o Flutuador completamente destruído. Um mergulhador, “rato de praia” do Porto, em uma conversa com alguns integrantes do GIA, falou que um dos problemas do fim da plataforma foi o mau uso que ele atribuiu às crianças do subúrbio, que não sabem cuidar das coisas e vêm aqui pro nosso bairro bagunçar. Isso fez o grupo refletir… Afinal, o povo não tem muita vocação para o bem público, não é mesmo? O que aconteceria se essa ação tivesse ocorrido em alguma praia do subúrbio? Uma demonstração de selvageria e barbarismos? Não seria o momento de responder a essa questão, deslocando as ações do GIA dos bairros centrais para as zonas periféricas de Salvador? Estaria o problema, realmente, nas “crianças do subúrbio”? Certo dia, Pedro Marighella, integrante do GIA, foi visitar a praia de São Tomé de Paripe, ao lado da Base Naval de Aratu, subúrbio soteropolitano. Por conta de depoimentos como aquele do rapaz do porto, Pedro esperava encontrar em Paripe o tal “bando de selvagens”, mas o que encontrou foi um lugar lindo e pessoas tão simpáticas quanto poderiam ser em qualquer outro bairro… E uma enseada perfeita pra um flutuador! Tudo isso incutiu no GIA uma enorme vontade de construir novos Flutuadores e vivenciar as diferentes reações do público, oriundas das suas necessidades e anseios. Essas reações, por conseguinte, se configuram em diferentes modos de lidar com bens coletivos e, numa esfera mais ampla, com a cidade. Não poderia ser a arte uma mediadora dessas possibilidades? O GIA acredita que sim. A escolha dos lugares para ancorar o Flutuador, portanto, levanta questões bem definidas a respeito das necessidades e do uso do bem público: O Porto da Barra representa o centro e a classe média, sendo foco de iniciativas ligadas ao lazer e ao turismo – verão, música, boates, calçadas bem cuidadas, carnaval oficial. (Apesar de ser foco das ações governamentais e de ser supostamente “bem frequentado”, foi justamente nessa região que o Flutuador foi destruído); A região do Unhão é uma comunidade carente, espremida e dependurada num paredão prestes a cair no mar. Existe, nesta localidade, uma carência de espaços de lazer, devido a


um intenso processo de gentrificação e resistência da especulação imobiliária (apesar desses problemas, a comunidade cuidou e usufruiu do Flutuador de forma democrática e espontânea, sem destruir ou danificar sua estrutura); O subúrbio, por sua vez, representa a classe baixa, a “última fronteira”: local espaçado, de pouca atração imobiliária e distanciada das iniciativas mais audaciosas do Estado.

(Pedro entra na fala de Ludmila) Certamente, a manutenção ou destruição deste, ou de outro elemento, está além da questão das condições financeiras e da atenção das entidades oficiais, mas passa pela capacidade de reconhecimento do que deveríamos conceituar como “patrimônio”. Pelo que conheço, a relação de patrimônio se constrói em oposição a históricos de exploração e imposições. As condições de construção e aplicação do Flutuador na comunidade do Unhão, por parte do GIA, foram naturais e atendiam a uma expectativa afetiva das pessoas, agregando e repassando informação… Gentil, carinhosa, atenciosa (já que as próprias pessoas da comunidade ajudaram na construção do Flutuador). No Porto da Barra, o flutuador era um elemento tão estrangeiro e efêmero quanto os gringos dilapidados e dilapidadores, atores do turismo irresponsável, da prostituição escrota e alvos da criatividade e lucro da malandragem. Acho que o GIA foi pego no vai e vem intenso desses ambientes, onde o bem­estar foi relegado ao “Estado” e não às “pessoas”, estas sim detentoras da sensibilidade que constrói coisas como o carnaval ou a confiança. Às vezes, tenho uma fantasia de que toda irresponsabilidade do povo, na verdade, é uma espécie de “pirraça” a todo comportamento de dominação e a ações mantenedoras do poder constituído. Parece uma espécie de continuação das relações coloniais: “Pô, devem tá de sacanagem com a gente!” –, pensam assim vândalos que conheci. Concluindo, meu querido amigo artista/interventor, esse depoimento é pra te alertar: não caia nessas armadilhas. Dispense a pressa, dê um tempo pra timidez… Só tome cuidado com a malandragem e os chatos. Quer dar uma ideia segura? Deixe de onda, não faça o trabalho por fazer. Crie relações com as pessoas, mexa com elementos significativos e afeição. Deixe essa história de arte pra lá por enquanto. Veja se a vida, às vezes, não fica melhor assim.

1Atualmente, o GIA é composto por: Everton Marco Santos, Ludmila Britto, Mark Dayves, Pedro Marighella, Cristiano Píton e Tiago Ribeiro.

2Abdelhafid Khatib define a“psicogeografia como um estudo das leis e efeitos exatos do meio geográfico, conscientemente planejado ou não, que agem diretamente sobre o comportamento afetivo dos indivíduos”. (KHATIB, Abdelhafid.

Esboço de Descrição Psicogeográfica do Les

Halles de Paris . In JACQUES, Paola Berestein. Org. Apologia da Deriva: Escritos Situacionistas sobre a Cidade. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. p.80)

3 BAY, Hakim. TAZ: Zona Autônoma Temporária. São Paulo: Conrad, 2001. p.26.

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