Reinaldo Couto
A ARTE DA ORATÓRIA
como falar bem em público pode mudar a sua vida e trazer sucesso
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Editor Responsável: Aline Gostinski
Assistente Editorial: Izabela Eid
Capa e Diagramação: Analu Brettas
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO:
EDuARDO FERRER MAc-GREGOR POIsOT
Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Investigador do Instituto de Investigações Jurídicas da UNAM - México
JuAREz TAvAREs
Catedrático de Direito Penal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Brasil
LuIs LÓPEz GuERRA
Ex Magistrado do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Catedrático de Direito Constitucional da Universidade Carlos III de Madrid - Espanha
OwEn M. FIss
Catedrático Emérito de Teoria de Direito da Universidade de Yale - EUA TOMás s. vIvEs AnTÓn
Catedrático de Direito Penal da Universidade de Valência - Espanha
C899 Couto, Reinaldo
A arte da oratória : como falar bem em público pode mudar a sua vida e trazer sucesso [livro eletrônico] / Reinaldo Couto. -1.ed. – São Paulo : Tirant lo Blanch, 2024.
1Kb; livro digital
ISBN: 978-65-5908-729-7.
1. Oratória. 2. Falar em público. I. Título.
CDU: 82.085
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Reinaldo Couto
A ARTE DA ORATÓRIA
como falar bem em público pode mudar a sua vida e trazer sucesso
Aos meus grandes amores: Raquel, minha filha; Pedro, meu filho; Maria Lygia, minha tia; e Cícera, minha mãe.“Oratória é liberdade. Os primeiros atos dos tiranos buscam sempre restringir a liberdade de expressão, pois eles sabem que o passo inicial para a salvação de um povo é o convencimento. As sociedades democráticas têm, portanto, o dever de protegê-la ”
PALAvRAs DO AuTOR
É uma alegria poder falar contigo sobre um assunto tão importante para o relacionamento humano: a arte da oratória. Como todos nós sabemos ou intuímos, a comunicação é um elemento essencial em qualquer comunidade, independente do seu tamanho e da complexidade das relações entre os seus membros, sendo justamente isso que a torna tão importante.
Falar bem não é um dom inato. Nós já nascemos sabendo respirar, mas o mesmo não acontece com a oratória. O aprendizado, o treinamento e o empenho são fundamentais para qualquer orador.
Tenha certeza de que ninguém, nas suas primeiras apresentações, é tão bom quanto pode se tornar com o estudo das técnicas de oratória, com a prática e, principalmente, com estratégias para diminuir os seus bloqueios psicológicos.
Sem dúvida, a questão psicológica é o principal obstáculo que encontramos no início. Os maiores oradores da humanidade nos seus primeiros discursos apresentaram todos os bloqueios que os iniciantes costumam sentir.
Muitas vezes, abordaremos o medo de falar em público, porém o que existe, de verdade, é o medo de falhar em público. Nós, seres humanos, damos mais importância às nossas falhas do que às nossas virtudes, somos grandes críticos de nós mesmos e, por consequência , dos outros.
A salvação vem da prática constante do bem; o mesmo acontece com a oratória. Tenho que ser honesto contigo: você somente vai se tornar um grande tribuno com a prática, mas você também deve dar o pontapé inicial através do conhecimento das bases teóricas que irão auxiliar na sua caminhada.
Este livro é justamente o pontapé inicial.
Comece agora a sua preparação, pois, se você procrastinar, por exemplo, por um ano, vai se arrepender de não ter começado antes.
Adquira esta obra agora e, em um ano, diga: que bom já ter um ano de estudo das técnicas de oratória!
Depois da leitura deste livro, você não precisará mais de ensinamentos teóricos. Em alguns momentos antes das suas apresentações, será interessante ler novamente esta obra.
Certamente, você a consultará durante anos, mas ela será completa e suficiente para as suas principais dúvidas dentro, por óbvio, das limitações de um livro.
Na aplicação prática da presente obra, você encontrará dificuldade, mas lembre-se da perseverança dos fortes e dos vencedores para seguir sempre em frente.
As crianças não aprendem a andar sem cair, não aprendem a falar sem errar. Não seja vaidoso ou vaidosa a ponto de não querer falhar, errar ou perder.
Todos nós falhamos, erramos e perdemos todo o tempo e usamos essas experiências para aprendermos e melhorarmos. Mesmo os grandes oradores falham, erram e perdem, mas não são esses momentos que determinam as suas carreiras e as suas existências.
Sempre podemos fazer novamente enquanto estamos vivos!
O sucesso nada mais é do que a boa administração emocional dos diversos fracassos que acontecem na vida.
O luto do fracasso profissional deve ser vivido durante um tempo. Por exemplo, se você for reprovado em um concurso ou perder um cliente, fique triste, isole-se, mas faça isso durante uma ou, no máximo, duas semanas. Tenha o seu luto, porém limite a um pequeno período e depois, como uma fênix, reapareça das cinzas e continue a lutar pelas suas metas.
Somente quem desiste fracassa completamente. Contudo, há também momentos de desistir e buscar a felicidade em outros projetos, sonhos e metas. Existem milhares de maneiras, formas e vias de ser feliz e bem sucedido. Assim, persista até quando a racionalidade permitir.
Entre aqueles que te julgam, na maioria dos casos, nem 1% conseguiria fazer o que você faz ou conhece a sua história para chegar no palco que você chegou. Assim, a opinião alheia é importante, porém deve ser relativizada e contextualizada.
Não espere agradar todo mundo, pois você jamais conseguirá. Se você quiser partir dessa premissa de unanimidade, aconselho-te a desistir e isolar-se em uma ilha deserta, pois sempre haverá alguém que se sente incomodado com a sua atuação, com a sua presença, com o seu sucesso, com o seu insucesso ou mesmo com a sua existência.
Alguns pensam que a arte de falar em público envolve apenas disputa de poder e essas pessoas estarão dispostas a desestabilizar qualquer um que tenha mais visibilidade do que elas.
Lembre-se de tudo isso quando estiver falando em público, não tenha medo de públicos ou parcelas de público hostis, a elegância e não entrar na provocação serão as suas melhores armas.
Confesso que, como orador, já entrei em provocações e sempre me arrependi ou paguei caro por isso. Nesse caso, mantenha a calma e sorria, pois o sorriso e a elegância trarão o resto do público para o seu lado.
Neste livro, em algumas partes, conto a minha experiência pessoal para que você não cometa os mesmos erros que cometi, pois sou humano e continuarei a cometer erros. Espero que sejam novos erros e que eu e você tenhamos aprendido com os passados.
Ressalto que, durante a evolução da humanidade, somente conseguimos progresso quando aceitamos a ajuda daqueles que deixaram legados. Esta obra não foi feita apenas por mim, pois para me tornar mais alto subi nos ombros de alguns gigantes.
Consequentemente, devo registrar que utilizei diversos artigos de estudiosos e especialistas na arte da oratória, técnicas que aprendi com grandes professores e conselhos de pessoas mais ou menos experientes. Todos, por mais simples que pareçam, sempre têm algo a nos ensinar.
Esta obra não é uma tese ou dissertação, portanto as citações e transcrições integrais não seguirão as normas acadêmicas e serão mencionadas em nota de rodapé para dar os devidos créditos pelos textos, mesmo os de autores desconhecidos.
Além disso, usei várias passagens da história para tirarmos lições preciosas de oratória e de desenvolvimento social.
Observe-se que esta obra é um manual mais voltado para a leveza do que para o rigor científico. Afinal, você não aprenderá sobre a arte de falar em público em teses e dissertações. Por isso, dispensou-se o rigor da ABNT nas citações dos autores e seus artigos.
Tenho certeza de que este livro vai ajudar no seu caminho para se tornar um orador melhor do que você é hoje.
AGRADEcIMEnTOs
Sou muito grato à ajuda, na revisão, do amigo Vitor Cássio Gomes Silva que demonstra muito talento na área jurídica. Não tenho dúvida: ele terá lugar entre os grandes.
Devo agradecer também a revisão feita pela minha filha Raquel Pacheco Couto e revelar o meu orgulho pela pessoa maravilhosa, inteligente e gentil com quem convivo diariamente.
Agradeço à minha mãe, que sempre me apoiou – sendo que, em virtude da obviedade da relevância causada pelo laço maternal, dispenso-me de agradecimentos pormenorizados, sob pena de elaboração de outro livro –, e à minha tia Maria Lygia, que, no fim da minha adolescência, deu-me grande apoio para que eu prosseguisse na carreira jurídica.
Por fim, agradeço novamente à minha filha Raquel, sem a qual eu não viveria, por ser parte integrante de mim; ao meu querido filho Pedro, também parte absolutamente inseparável do meu ser, sem o qual eu não viveria.
1. InTRODuçãO
O título desta obra é bastante provocativo, pois muitos tratam a oratória com uma arte. Contudo, precisamos verificar se este ponto de vista é verdadeiro. Não podemos iniciar o estudo da oratória sem que haja uma definição sobre a sua essência.
A arte é uma manifestação humana de significado único e diferente ligada à estética realizada através de percepções, emoções e ideias, cujo objetivo é estimular sensações nos espectadores.
A técnica é o meio utilizado para reduzir o esforço, sendo um procedimento ou conjunto de procedimentos que tem como finalidade a obtenção de resultado em um campo do saber.
A arte pode se manifestar de duas maneiras:
a) sem qualquer vinculação à técnica; e
b) com vinculação à técnica.
Tomemos o exemplo de Wolfgang Amadeus Mozart.
Mozart nasceu em Salzburgo no dia 27 de janeiro de 1756. Ele foi o sétimo e último filho de Leopold Mozart e Anna Maria Pertl. De todas as crianças somente ele e uma irmã, Maria Anna, apelidada Nannerl, sobreviveram à infância.
O seu talento para a música surgiu nos primeiros anos de vida sem que tivesse havido qualquer influência das técnicas musicais existentes à sua época, apesar do seu pai, violinista conhecido, ter influenciado desde o início.
Não se pode afirmar que Mozart dependia da técnica para exercer a sua arte, mesmo que a técnica tenha melhorado a sua atuação.
Em muitos casos, a técnica é criada depois da expressão de um artista. Assim, a arte pode fazer parte de um dom inato, mas a técnica é aprendida ao longo do tempo.
Alguns nascem prodígios da arte, outros nascem com talento para determinada técnica.
É inegável que muitos nascem com a aptidão para a comunicação. Por vezes, encontramos crianças que se expressam de maneira magistral e desinibida.
Contudo, o talento inato não é determinante para um grande desempenho no campo da oratória, visto que a técnica pode igualar
os talentos daqueles que possuem uma aptidão inata aos que não a possuem.
A oratória é, portanto, uma combinação de arte com técnica, não sendo apenas um dom e sim uma habilidade construída.
O discurso tem algumas características de um texto escrito e podemos distinguir os grandes escritores dos escritores medianos. Observe-se, porém, que a oratória não se resume ao texto.
Dessa forma, há dois elementos de arte e técnica na oratória:
a) o conteúdo da mensagem que é transmitida; e
b) a forma como a mensagem é transmitida.
Nos dois elementos, a arte e a técnica se entrelaçam e nada impede que a técnica se sobreponha à arte nem que a arte se sobreponha à técnica.
A máxima eficácia do discurso pode ser alcançada tanto com a preponderância da arte quanto com a preponderância da técnica. O conteúdo e a forma podem expressar mais uma ou outra e ainda assim atingir a finalidade desejada.
Antes de continuar a ler este livro, você precisa definir o que é uma comunicação eficiente na sua concepção.
O critério de eficiência é extremamente subjetivo, portanto varia de pessoa para pessoa, mas você somente poderá tirar o máximo proveito desta leitura se já tiver um objetivo na sua cabeça e um modelo a alcançar.
Quais são as suas necessidades relacionadas à oratória?
Você quer apenas passar a sua mensagem?
Você quer passar a sua mensagem cativando o público e convencendo-o?
Você quer passar a sua mensagem de maneira extraordinária, tornando a experiência daqueles que te ouviram única e inesquecível?
Você quer ter a oratória como sua fonte acessória de renda?
Você quer ter a oratória como a sua principal fonte de renda?
Ora, você precisa definir quais são os seus desejos em relação à oratória e ter a noção de que não é menos importante ter o desejo de apenas passar a sua mensagem do que ter o desejo de passar a
sua mensagem de maneira extraordinária, tornando a experiência daqueles que te ouviram única e inesquecível.
Não existem padrões definidos em relação aos desejos e objetivos dos leitores deste livro, porque cada um dos objetivos listados pode ser alcançado.
Aqui você vai encontrar maneiras de alcançar a eficácia máxima do seu discurso, ainda que seja diferente da eficácia máxima do seu vizinho. Contudo, sempre transmita uma mensagem clara e, quando necessário, seja firme.
Quem define o resultado a ser alcançado é você mesmo!
Os preconceitos, contudo, devem ser afastados.
Na maioria dos casos, o ser humano atua com base em preconceitos. As experiências, as observações, as conclusões e críticas anteriores pautam o nosso presente e o nosso futuro.
Muitas vezes não conseguimos nos livrar, inclusive, das convicções não vivenciadas, uma vez que nós mesmos sofremos e limitamo-nos com os nossos preconceitos.
Aqui, estou falando de preconceito de maneira geral como uma concepção anterior sobre algo sem que, em muitos casos, tenhamos vivido ou experimentado verdadeiramente.
Uma criança que passou pela experiência de ter visto o seu colega com dificuldades na piscina da sua escola, certamente, desenvolverá um preconceito em relação à piscina sem levar em conta todos os fatores envolvidos e mesmo sem jamais ter entrado naquelas águas.
O preconceito que nos interessa neste livro é o que está relacionado às crenças limitantes e mesmos às crenças arraigadas com base em situações vividas, mas que podem ser mudadas.
Você está se perguntando agora: “Qual é o preconceito ou crença limitante que tenho em relação à oratória?”
Em 7.10.1973, o jornal Sunday Times, de Londres, afirmou que o maior medo dos americanos era falar em público. O artigo foi
escrito por Peter Watson com o título “Do que as pessoas normalmente têm medo”.
A reação negativa à experiência de falar em público foi classificada como PSA (Public Speaking Anxiety) ou ansiedade de falar em público.
Karen Kangas Dwyer & Marlina M. Davidson1, em 2010, resolveram verificar a veracidade da constatação de que o maior medo dos humanos é de falar em público, sendo ainda maior do que o medo da morte.
Elas chegaram à conclusão de que, em um grupo de 815 estudantes entrevistados, o medo de falar em público continuava no topo da lista. Eis o resultado da pesquisa:
Tanto em 1973 quanto em 2010, o maior medo dos entrevistados era falar em público, inclusive à frente dos problemas financeiros, da morte, da solidão de doenças, insetos, afogamento, avião, cachorros, elevadores etc.
Algumas dessas pessoas jamais falaram em público e outras tiveram péssimas experiências iniciais com a exposição diante de uma plateia.
A constatação científica demonstra a falta de razão do medo de falar em público e coloca essa limitação como uma clara crença pautada, normalmente, em preconceitos relacionados à própria atuação da pessoa e à receptividade do público.
Na maioria das vezes, as pessoas que têm medo de falar em público são muito exigentes consigo mesmas e importam-se bastante com a opinião daqueles que as ouvirão, mas não há dúvidas de que existem técnicas, treinamentos e exercícios que podem reduzir essa ansiedade ao se dirigir a uma plateia.
Ora, reduzir? Por que não eliminar?