EDITORIAL
Contra a turbulência, marchar, marchar. Vivemos aquela que é, talvez, a crise mais profunda do Sporting Clube de Portugal desde a sua fundação em 1906. Uma crise que se manifesta não só na vertente desportiva, onde os medíocres resultados e péssimas exibições do Futebol Profissional mancham a imagem do Sporting de Francisco Stromp, mas acima de tudo num desnorte interno e na destruição da Idêntica Verde e Branca. O barco parece andar à deriva, perante uma forte tempestade que não quer abrandar. Nestas alturas, os ratos são sempre os primeiros a fugir usem eles fato e gravata, sejam eles ídolos proveta inventados pelas pressões comerciais que ditam as regras do Futebol Negócio. Custa-nos a crer que o problema tenha surgido por artes mágicas, no decorrer do último ano e meio. As questões de fundo levam-nos a uma viagem mais longínqua, ao final da década de 90, inícios do novo milénio. A era das SAD’s, a transformação do Clube numa marca como a Coca-Cola ou o Mac Donalds, a destruição de modalidades como o Hóquei, Voleibol e Basquetebol e a entrega da formação juvenil a interesses parasitas ao Clube e o gigantesco fosso construído entre “notáveis” dirigentes e “estrelas” do futebol em relação aos Adeptos que vivem apaixonadamente o Sporting, são problemas de fundo que devem ser atacados. Internamente a Torcida Verde segue o seu percurso, coerente com aqueles que iniciaram a luta nos anos oitenta, na defesa do SCP1906. Estamos longe das passarelas e das câmaras televisivas. Não queremos protagonismo pelo protagonismo nem andamos aqui para nos promovermos à conta do Clube. Assumimos a nossa posição de cabeça erguida, estejam elas alinhadas ou não com os pensamentos dominantes. Somos Leões, não somos carneiros. Na Curva as coreografias há muito parecem “normais”, mas só são possíveis graças ao empenho voluntarioso daqueles que acreditam e fazem acontecer. Os ultras crescem na dialéctica da Luta, no trabalho em prol do Clube e afirmação do Grupo.
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ENTREGA ATÉ AO FINAL RECOMPENSADA
Depois da retumbante vitória de Braga, o onze verde e branco recebeu o Moreirense em Alvalade perante cerca de 27000 adeptos leoninos. Na entrada das equipas a frase “Pavilhão: desde Fev.2004 com a casa às costas!!!” complementada com dez estandartes representativos das localidades onde modalidades como o andebol, o hóquei ,o futsal e mais recentemente o basket, têm resistido estoicamente perante o evidente esvaziamento do ecletismo durante a última década. O estandarte “Será desta?” fechou este tifo de intervenção que reeditou uma velha luta da Torcida Verde, que os adeptos anseiam ver concretizada nos próximos tempos. No início do 2º tempo três estandartes davam corpo à frase de esperança no futuro... “levantados do chão... renasceremos mais fortes!!!”. Para esta jornada que antecedeu a deslocação à lixeira, autoproduzimos uma megabandeira com 15ms por 18ms com a frase “26ª Jª Here We Go!”. Este momento foi precedido de uma lamentável rábula que nos impediu de apresentar conforme o que havia sido estabelecido com os responsáveis pela segurança do Estádio. Ainda assim conseguimos in extremis removê-la para a Bancada A, após uma inesquecível pressão dos “responsáveis de segurança” que se iniciou mal abriram as portas do estádio. O pudor e o respeito pela instituição inibe-nos de nos alongarmos com os factos inenarráveis que rodearam mais esta lamentável situação que não deixaremos cair no esquecimento.
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GRANDE JORNADA EM BRAGA 6 Jornadas! 6 Finais!
Em mais um jogo disputado num horário indigno para os adeptos, 2ª feira pelas 20.30h (!!!!) em Braga, o futebol verde e branco conquistou uma grande vitória numa noite invernosa. Foi um jogo disputado num ritmo muito vivo, com o Sporting a colocar-se por duas ocasiões em vantagem e com os locais a lograrem o empate ainda no primeiro tempo. Nos segundos 45 minutos, com a expulsão do lateral joãozinho, o onze verde e branco soube resistir ao ímpeto bracarense e ainda teve forças e engenho para conquistar os três pontos na auspiciosa estreia do novo presidente Bruno de Carvalho.
Com esta vitória, que premiou aos adeptos que como nós se deslocaram à cidade dos arcebispos, o onze de Jesualdo Ferreira deu um importante passo para alcançar um lugar europeu quando faltam seis jornadas para o final da competição. Serão seis finais, para as quais estão convocados todos os verdadeiros Sportinguistas!
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BRUNO DE CARVALHO É O 42º PRESIDENTE DO SCP
Bruno de Carvalho é desde a madrugada de dia 24 Março o novo presidente do SCP, apesar de ainda não estarem contabilizados alguns dos boletins de associados que votaram por correspondência. Desde 1984,ano da formação da Torcida Verde será o 11º presidente do SCP, depois de João Rocha, Amado de Freitas, Jorge Gonçalves, Sousa Cintra, santana lopes, josé roquette, Dias da Cunha, Soares Franco, José Bettencourt e Godinho Lopes. Num contexto particularmente complicado, a Torcida Verde deseja aos novos órgãos sociais eleitos um mandato cheio de trabalho em prol do ideal leonino. Este foi o 3º acto eleitoral mais participado pelos associados verde e brancos o que deverá ser um importante estimulo para toda a nação verde e branca.
SPORTING APLICA MEIA DÚZIA AO BRAGA Sporting 6 - Braga 1
No sábado, o futsal verde e branco goleou o SC Braga por 6-1,dando sequência à excelente época que vem realizando. A boa presença da Torcida Verde no Pavilhão Municipal de Odivelas cumpriu, uma vez mais, o apoio ao ecletismo leonino.
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HOMENAGEAR RECORDANDO O SEU LEGADO Sporting 2 - Setúbal 1 A visita do Vitória de Setúbal a Alvalade foi um momento de grande exaltação do Ideal Leonino. O recente desaparecimento do presidente João Rocha exigiu a prestação de um merecido tributo que os 23000 adeptos presentes nesta jornada não deixaram de se associar em uníssono. Na nossa curva elevámos alguns dos factos mais marcantes dos treze anos de João Rocha na liderança dos destinos do nosso grande SCP. Foi dessa forma que foram apresentados ao longo de todo o sector, estandartes evocativos duma realidade bem presente nos primórdios da Torcida Verde em 1984: - “130.000 Sócios”; - “15.000 Atletas”; - “Mais de 1.200 Títulos”; - “Campeões Olímpicos, do Mundo e da Europa”; - “5 Pavilhões Desportivos e 24 Ginásios”; - “Pista de Tartan e Núcleos”. No topo da bancada um mega estandarte de João Rocha ladeado por dois outros estandartes com O SÍMBOLO do SCP e a frase “Símbolos do Verdadeiro Sporting”. o início da 2º tempo apresentámos um outro tifo, complementar. Uma novíssima megabandeira (12 mts por 12mts) com as imagens de Francisco Stromp e do primeiro símbolo do SCP em 1907. As frases “Um Legado que perdura, Uma luta que foi, é... e será dura” no topo da curva. Na parte inferior do sector a frase “Clube dos adeptos e do desporto”.
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Destaque ainda para a solidariedade prestada ao grupo de adeptos germânicos do AACHEN, recentemente autosuspensos com a frase “Força AACHEN Ultras”. No que diz respeito ao futebol no relvado, tratou-se de um jogo em que o onze verde e branco entrou com uma boa atitude que lhe permitiu conquistar uma vantagem de dois golos. O desperdício de várias oportunidades flagrantes ainda fizeram perigar uma vitória que foi inteiramente justa.
JORNADA DE TRIBUTO E MILITÂNCIA Académica 1 - Sporting 1 O súbito desaparecimento do presidente João Rocha marcou de forma transversal toda a nação Sportinguista com memória e ciosa da história e tradição do verdadeiro SCP. Na Torcida Verde aquando do minuto de silêncio apresentámos a frase de tributo “J. Rocha eis o Presidente” como forma de evocar um dos últimos símbolos do Ideal Leonino. .
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Este facto exigiu-nos antecipar para o período de aquecimento o tifo de intervenção em relação ao escabroso preço dos bilhetes - 20 euros, que uma vez mais flagelou os nossos adeptos. “Cidade de estudantes, preços de doutores” foi a frase exposta até á entrada das equipas no relvado
No início do 2º tempo apresentámos o tifo, inicialmente projectado para o arranque da partida e que o desaparecimento do presidente João Rocha exigiu que fosse adiado para o reinício do jogo. Desta vez a inspiração veio do mítico Charlie Chaplin, popularizado como Charlôt. “Sei que sou apenas um Palhaço. O que me coloca num nível muito acima de qualquer político”, foi a frase proferida pelo actor. A nossa adaptação ousou substituir o termo político por notável, uma “casta” que parece proliferar nos meandros do mundo da bola e daqueles que comentam, opinam e vomitam dicas acerca do nosso Grande SCP. Para concluir esta intervenção direccionada para os doutos notáveis que poluem e traem o legado de homens como o agora desaparecido João Rocha, surgiriam ainda as frases “Nos palhaços conscientes, Vós notáveis dementes”. No terreno de jogo, a jovem equipa verde e branca demonstrou uma natural inconstância, fruto da imaturidade de grande parte dos seus atletas. O empate, ainda que mau resultado para a nação Sportinguista, não nos pode demover de continuar a lutar pelas cores verdes e brancas.
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CLÁSSICO BEM DISPUTADO
SCP 0 - fcp 0
A recepção ao porto afigurava-se como uma jornada de grande importância para o futuro do SCP. A Torcida Verde disponibilizou-se, como sempre para o indispensável apoio ao ideal leonino. Neste sentido implementámos uma coreografia, em cooperação com o outro grupo da nossa actual curva - os DUXXI. Tratou-se de um tifo composto por 20 fitas das três cores do nosso clube (em verde, preto e branco) que cobriram integralmente toda a superior norte aquando da entrada do onze liderada por Jesualdo Ferreira. Já no período reservado ao aquecimento dos futebolistas, emergira desde a bancada B uma mega bandeira complementada com a eloquente frase “defende a história e tradição do teu clube”. No resto tratou-se de um jogo bem disputado com uma equipa de arbitragem ao nível do degradante futebol português.
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FOSSA DEI LEONI - FORTITUDO Grupo Ultra de Bolonha
A Fossa dei Leoni – Fortitudo alcançou o estatuto de referência no panorama ultra italiano, desde logo porque apoia uma equipa de Basket e não uma equipa do “Calcio”, por outro lado estamos perante um Grupo Ultra cuja atividade ultrapassa os quarenta anos, com uma mentalidade que tem sabido resistir às mais diversas vicissitudes, quer do seu próprio clube, quer do movimento ultra italiano.
A Torcida Verde trocou impressões com um responsável deste fantástico fenómeno chamado Fossa Dei Leoni – Fortitudo. Aqui fica o registo. TV: Vocês apoiam um clube de Basket. Fala-nos um pouco da vossa paixão, levando em conta que existe um clube de futebol de grande tradição em Bolonha. FdL: Em Itália o desporto nacional é o futebol, no entanto, Bolonha é conhecida como a ”Basket City”, dada a importância e tradição que o Basket assume na cidade. É a única cidade onde existem duas equipas de Basket, sendo que estas contribuem para “dar vida” ao Derby, um jogo que não é apenas um jogo, é um evento. Um evento de carácter social: ricos contra pobres, boas pessoas contra más pessoas, vencedores contra perdedores. São os dois modos de vida que contribuem para a divisão da cidade. O incrível é que mesmo que não te consideres um ultra ou um adepto de uma das duas equipas acabas sempre por ter uma simpatia por uma delas. É esta “moda” da cidade do Basket, é por estas razões que este desporto se torna tão importante como o futebol nesta cidade.
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TV: Como é a coexistência entre o Basket e o Futebol? FdL:A coexistência entre o futebol e o Basket é óptima para a cidade: os clubes são independentes entre si, assim como os seus adeptos. No início, nos anos 70, eram os “rapazes do estádio” que davam vida aos grupos de apoiantes do Basket, pois eram os que assistiam aos dois desportos. Posteriormente, estes grupos começaram a torna-se independentes, no entanto, no geral existe um sentimento de amizade e respeito entre o nosso grupo e os “rapazes do estádio” TV: A FdL nasceu nos anos 70, como foram os primeiros tempos? FdL:Os primeiros dias do movimento ultra eram mais espontâneos, com mais liberdade e melhores ideais. No entanto, acreditamos que os movimentos são um reflexo da sociedade na qual estamos inseridos; esta sociedade encontrase em crise, é dominada pelo poder das indústrias e gira em torno do dinheiro e das aparências. Controlo social, repressão social e negócios são alguns dos problemas da sociedade e para o movimento ultra. TV: Quais os valores que vocês consideram como sendo os mais importantes para o movimento ultra? FdL: Com certeza a independência dos grupos em relação aos seus clubes e pela sociedade em geral. A identidade e o movimento espontâneo são a base para tudo. Lealdade, amizade e respeito dentro do próprio grupo não deixam de ser menos importantes.
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TV: Consideras que esses valores existem na realidade? FdL: Os valores ultra existem no “papel”, mas não na realidade. Não existe uma norma que regule o movimento, cada grupo tem os seus valores que muitas vezes diferem uns dos outros. É triste, mas é assim que acontece. TV: Como achas que se encontra o movimento em geral? FdL: Está em crise, tal como a sociedade na qual vivemos. A resistência de cada grupo é o único caminho. Nós pensamos que a coisa boa é que cada grupo ultra seja uma pequena sociedade dentro da sociedade, mas com as suas próprias regras, leis e responsáveis pelo seu regulamento: uma bonita experiência. TV: Fala-nos um pouco da importância dos centros sociais no movimento ultra italiano. Os centros sociais são uma das melhores formas de agregação social que esta sociedade permite, sendo que é por isso que podem ser vistos como perigosos para o “Poder de Estado”. Com o passar do tempo foram estas (sub)culturas da sociedade que deram vida a diferentes formas de luta baseadas em ideais que se foram foram alterando com o tempo, sendo que uma parte do movimento ultra nasceu neste contexto. Os ideais de rebeldia e antagonismo que nos levaram adiante são similares, mas, a forma de lutar, o campo de luta e os objectivos diferem.
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TV: Como era a vossa relação com a extinta Fossa dei Leoni do Milan? FdL: A amizade com a Fossa dei Leoni MILAN nasceu há muitos anos. O nosso grupo herdou o nome e o símbolo (a única diferença é na posição do leão). No passado algumas pessoas do FdL Bologna tornaram-se amigas de elementos da FdL MILAN, amizade essa que foi perdurando ao longo do tempo. Nós sofremos quando eles decidiram pelo fim da sua acção, ainda assim pode dizer-se que existe um legado entre os leões. TV: No decurso da história da FdL estiveram no topo do Basket italiano (e europeu) mas presentemente o Fortitudo está na falência. Como tem sido essa “experiência”? FdL: O negócio em qualquer desporto é um obstáculo porque mata a paixão. O “Showbusiness” trás o dinheiro para o nosso mundo, as televisões e a repressão que altera a perspectiva do jogo. Esta realidade fez com que os adeptos ficassem como um protagonismo no jogo, passaram a ser literalmente como os animais do circo. O negócio pode ser visto como um vampiro que suga todo o sangue e depois procura outra vitima para fazer o mesmo.
TV: Como estão actualmente? FdL: Passamos do céu ao inferno, neste momento. Dentro de pouco tempo penso que haja o risco de desaparecermos. O nosso clube está falido e o clube que lhe sucedeu está quase igualmente falido! Incrível! Estamos a combater numa guerra forte contra tudo e todos para que exista uma continuidade da nossa identidade e espírito. Estamos a lutar contra pessoas que caraterizam os adeptos como animais estúpidos que não pensam e não lutam. Nós aceitamos uma situação na qual não nos reconhecemos. Preferimos a morte do grupo! E é próximos dessa situação que nos encontramos agora. É é difícil e triste e isso deixa-nos furiosos.
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TV: Alguns tifos ou transfertas que consideres mais marcantes? FdL:Existem muitos tifos da FdL1970 importantes o que dificulta a escolha de apenas um. Os melhores deverão ser os dos derbys contra Virtus onde a nossa melhor criatividade vinha ao de cima, nomeadamente nos derbys de 1995 e 1999. A escolha para os melhores transfertas é ainda mais difícil, no entanto, deverão ser casos de Cremona, em 1991 e para Reggio Emilia em Abril de 1992. Depois destes seguem-se as vários transfertas para a final do campeonato italiano. As melhores serão provavelmente as de Munich, na Alemanha em 1999, pois nessa altura houve um derby contra a Virtus para a final europeia. TV: Na tua opinião qual o principal desafio do movimento ultra em geral? FdL:O verdadeiro desafio é a continuação da nossa acção sem que esta acarrete a perda dos nossos ideais e caraterísticas. TV: O que é que tens a dizer sobre as relações entres os Grupos Ultras e os Presidentes dos Clubes? FdL:Nós dizemos que NÃO à relação entre os grupos ultra e os Presidentes de Clubes, pois existem muitas diferenças e são mundos que devem manter-se separados. TV: Falando de ídolos, acha que ainda há espaço para “jogadores bandeira” no contexto do negócio do desporto? FdL:No passado, os jogadores bandeira personificavam o apoio dado à equipa, por isso eram considerados ídolos. Cada grupo teve os seus jogadores referência, no entanto, isso já não acontece nos dias de hoje, salvas excepções. O dinheiro e o negócio tornaram-se mais poderosos do que o respeito pelo ideais e os sonhos. É muito triste, mas é assim que funciona.
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