TOTVS Experience 6 pt br

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E X P E R I E N C E #6 w w w.tot vs.com /experience

w w w.t o t v s . c o m /e x p e r i e n c e

transformação

digital

Como e por que este fenômeno está mudando todas as regras do jogo corporativo

inteligência artificial

revolução silenciosa

TOTVS Digital

A tecnologia se aproxima da maneira humana de pensar e já chega às empresas

O número de máquinas conectadas à internet e entre si já supera o de pessoas

O novo portal corporativo se transforma em uma ferramenta de negócios e relacionamento


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de revolucionar a indústria Neste momento, a tecnologia da Cisco está possibilitando que empresas em todo o mundo tornem seus processos de produção mais eficientes. Veja por que agora é a hora de reinventar a manufatura em cisco.com.br/agoraeahora

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BOAS-VINDAS EXPERIENCE

Promover, potencializar e descobrir novas soluções para nossos clientes são as narrativas que nos movem todo dia.”

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www.totvs.com/experience

Realização

(facebook.com/seluloid)

PUBLISHER Flavio RozemblatT direção de arte juliana sidsamer edição de arte e tratamento de imagens apoena horta Equipe de reportagem Andrea Lima / Carlos Vasconcelos / Cesar Baima / Gabriela Mafort / Marcelo Cabral / Roberta Prescott

CEO Laércio Cosentino Marketing Flávio Balestrin/ Diana Rodrigues / Aline Rivas Gomes

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da revista, da editora ou da TOTVS S.A. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pela editora, com crédito da fonte. Todos os direitos reservados. A revista TOTVS Experience não é vendida. TOTVS Avenida Braz Leme, 1000, Jardim São Bento, São Paulo, SP.

Visite www.totvs.com/experience

Esta é a nossa Comunicação sobre o Progresso na implementação dos princípios do Pacto Global das Nações Unidas e apoio aos objetivos mais amplos da ONU. COMUNICAÇÃO SOBRE O PROGRESSO

Comentários sobre o seu conteúdo são bem-vindos.

Divulgação

Revalidar. Assumimos este verbo, as atitudes decorrentes dele e então vimos o quanto ele está relacionado com tudo que diz respeito à Transformação Digital. Por um lado, um universo de oportunidades para todos os agentes de mercado e, por outro, o risco de desaparecer para aqueles que não se adequarem aos novos comportamentos da sociedade ou, no mínimo, revalidarem seus modelos de negócio. No cenário externo e global, estamos diante de novas tecnologias disruptivas, que possuem enorme potencial transformador e que se consolidam, ganham novos usos e se massificam cada vez mais rápido. Elas alteram o processo normal e equilibrado que regia o ambiente de negócios até então. Às vezes, são vistas com ceticismo e eventualmente são ignoradas ou adiadas na sua implementação, pois geram um desconforto que não gostaríamos de experimentar. Principalmente diante das incertezas e instabilidades que provocam. O fato é que uma nova era chegou. As grandes transformações nas sociedades contemporâneas não acontecem sem que enormes esforços e processos de adaptação trouxessem também a energia inovadora e criativa dos novos paradigmas e modelos. O que pode nascer como resultado deste embate de forças? Inteligência artificial, internet das coisas, ciência de dados, machine learning, blockchain são algumas destas forças disruptivas que tratamos nesta edição com o objetivo de mostrar que é a combinação delas que transformam negócios e setores inteiros. A TOTVS já sabe que o futuro é agora. Antecipar-se e estar preparado para estas mudanças faz parte do DNA da própria empresa. Pesquisar, explorar e inovar são as riquezas do nosso negócio. Promover, potencializar e descobrir novas soluções para nossos clientes são as narrativas que nos movem todo dia. Diante disso, mais do que nunca, como empresários, cidadãos e sociedade, nos sentimos “convocados” a tomar grandes decisões. Por isso, aqui na TOTVS, aceleramos para fazer um 2017 produtivo e convidamos todos a fazer o mesmo. Aproveite o conteúdo para refrescar as ideias e traçar sua estratégia de transformação digital. Boa leitura!

Laércio Cosentino, CEO da TOTVS


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22

26

06 PERSONAGEM

Empreendedor dinamarquês radicado nos EUA,

Mikkel Svane conta como, revolucionou com seu

espírito zen, o atendimento ao consumidor.

08 mundo

Como o Japão, país e sociedade, referência mundial

e tecnológica tenta retomar o pioneirismo perdido

investindo em um empreendedorismo nascente.

12 capa

Conheça como é a nova realidade na qual você irá operar

e confira se a sua empresa está pronta para disparar

ou se tornará um dinossauro à espera da extinção.

22 entrevista

Algoritmos inteligentes e os avanços na robótica.

Uma entrevista exclusiva com Martin Ford, futurista

e empresário que nos fala como máquinas inteligentes

irão moldar radicalmente o mundo do trabalho.

26 opinião

Se preparar para a geração “PDC” não é uma questão

de escolha. Saiba por que no artigo escrito por

Mário Almeida, Head de Mobilidade da TOTVS.

28 comportamento

A Inteligência artificial (AI) veio para ficar.

Faz parte das tecnologias exponenciais que irão

transformar as empresas e pessoas conferindo

a elas um papel criativo nunca antes imaginado.

32 infográfico

Os números de como será a entrada massiva de robôs

inteligentes na economia. As novas competências

profissionais não superarão a estimativa de mais

de 20 milhões de postos suplantados.


34 estratégia

Internet das coisas encabeça a próxima grande

revolução, quando a conexão será entre tudo. Ao mesmo

tempo em que IoT coloca desafios, ela abre um leque

de negócios para as empresas explorarem.

38 atualidade

Ao permitir registro e arquivamento de ativos

de forma descentralizada, o blockchain promete

desencadear transformações em diversas indústrias.

28

42 COMPETITIVIDADE Em um mundo ultraconectado através

de plataformas digitais, o poder da ciência

de dados tornou-se um imperativo

estratégico para as empresas.

46 em foco

Como parte de sua estratégia digital, a TOTVS

muda seu modelo comercial e alinha sua visão

de gestão à nova economia de mercado.

50 SOluções

​Pequenas empresas adotam a solução

Bemacash e dão os primeiros passos

no controle digital de seus negócios.

54 cases de sucesso Como a AES e o complexo hoteleiro Costa

do Sauípe deram um salto de produtividade

e eficiência com a ferramenta CMNet, da TOTVS.

54

58 sustentabilidade A nova sede da TOTVS é a consolidação de uma

promissora etapa da empresa. A sustentabilidade

a serviço de uma nova razão de ser.

O caminho para uma transformação cultural.

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PERSONAGEM 6

O CEO QUE Lê O CONSUMIDOR Com foco em trazer espírito zen para atendimento ao consumidor, empreendedor dinamarquês revoluciona o setor

Divulgação Zendesk

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a companhia dos dois sócios, o dinamarquês Mikkel Svane arriscou literalmente tudo ao deixar Copenhague, sua cidade natal, e cruzar o Atlântico Norte para se instalar em São Francisco, em busca de um ambiente de negócios mais favorável. Na mochila, nada menos que uma startup de meta ambiciosa: democratizar o software de serviço de atendimento ao cliente, torná-lo fácil de usar, disponível para todo tipo de negócio e que permitisse às organizações focarem na relação com os consumidores, sem emperrarem em processos e tecnologias complexas. Em apenas quatro anos de vida na Califórnia, a Zendesk foi eleita pelo site Tech Crunch como a startup mais sexy do Vale do Silício, exatamente por usar um software simples para manter os consumidores felizes. O nome Zendesk veio do objetivo de trazer o espírito Zen para o


mundo caótico do atendimento ao consumidor, que na visão do empreendedor, é o rei dos tempos digitais. “Os consumidores têm mais poder e voz atualmente. Eles podem compartilhar experiências boas e ruins nas mídias sociais. Qualquer um que esteja criando uma empresa hoje precisa entender esta dinâmica e oferecer capacidade de resposta imediata, transparência e construir relacionamentos de longo prazo com os consumidores”, sentencia Svane. E essa fórmula que atraiu o Twitter como cliente logo no início, concedendo mais charme à Zendesk e multiplicando seu tráfego por quatro, se provou um sucesso e ganhou o mundo. A Zendesk atende a milhares de empresas em mais de 150 países, incluindo Foursquare, Groupon, Vodafone, TOTVS e têm 13 escritórios espalhados por quatro continentes: Europa, Ásia, Austrália e Américas do Norte e Sul, Brasil incluído.

SE DAR BEM COM TODOS É LEI Além de bonito e intuitivo, o software web-based desenvolvido pela Zendesk torna possível a comunicação com os consumidores via múltiplos canais, como email, mídias sociais, ligações telefônicas, short message service (SMS) e chats online. Permite também personalizações e integrações com outros sistemas. “Uma plataforma flexível que se dá bem com todo mundo”, como define a empresa. Tal combinação é resultado dos anos de experiência de Svane. Como vendedor de softwares de suporte ao cliente, ele notava que os produtos do mercado eram desenhados mais para a realidade interna das empresas, exigindo toneladas de investimento e tempo. “O que mais nos motivava durante os momentos mais difíceis era a ideia de lidar com um setor sem graça, que foi negligenciado, esquecido no tempo. Para nós era a chance de virar a indústria de software de atendimento ao consumidor do avesso”. Aliado ao software está o atendimento ao consumidor humanizado da Zendesk. A companhia tem como regra fazer com que cada interação com os consumidores seja mágica e sem ruídos. “Como consumidor, o que mais me irrita é quando eu preciso ligar para uma empresa e falar com três pessoas diferentes, que me fazem as mesmas perguntas e tenho que repetir as informações várias vezes. Parece que cada interação se torna um esforço”, desabafa. Para Svane, um bom atendimento vai além do suporte. Inclui o relacionamento completo, ou seja, a jornada que a empresa e seu cliente final tiveram juntos. “É para esta direção que o setor caminha. Atualmente o atendimento se tornou o centro dos negócios. Pode alavancar ou quebrar uma empresa”. Ele está atento também às necessidades de seus colaboradores e acredita que para criar times de sucesso, é preciso dar au-

tonomia às pessoas. “Não importa onde elas estejam ou como estejam trabalhando, precisam sentir que estão contribuindo para a empresa como um todo.” Para se adaptar ao mundo digital, a Zendesk criou as “Quartas-Feiras sem Reuniões”, logo adaptadas pelos times de engenharia de software como “o dia de trabalhar de casa”.

ROBÔS INTELIGENTES: NOVA FRONTEIRA A Zendesk mergulha agora em soluções que envolvem machine learning e dados avançados. O time da empresa que funciona em Melbourne, na Austrália, desenvolveu um serviço de respostas automáticas de email, que não envolve funcionários humanos. Parte do monitoramento conhecido como “Previsão da Satisfação” do cliente, este serviço lê de forma inteligente a solicitação do consumidor e responde exatamente o que foi perguntado, tornando-se tecnicamente mais inteligente com cada interação. Focada no engajamento em tempo real, a empresa está explorando também o atendimento ao consumidor em novos canais emergentes, como messengers. Além da interação homem-máquina do futuro, Svane compartilha o princípio universal que utiliza para criar e cultivar bons relacionamentos, a base de seu negócio. “Seja humilde e aja de uma maneira que as pessoas possam se relacionar com você. Nem toda relação é igual. Alguns amigos gostam de se encontrar no bar, outros são amigos de longa data que você mantém contato apesar da distância, e outros apenas acenam quando você passa. O segredo é ter o relacionamento certo com cada indivíduo e ser capaz de falar com cada pessoa numa linguagem que ressoe nela. Isto requer a capacidade de ler pessoas”. Ao ver o símbolo ZEN, que identifica sua empresa na Bolsa de Valores de Nova York, Svane certamente percebe que chegou ao seu objetivo maior: cuidar de consumidores, empregados, investidores e comunidade, que, segundo ele, “é a única maneira de se criar um negócio e uma vida gratificante”. Ensinamentos de um CEO que gosta de estar com os filhos e curtir o sol em São Francisco, embalado por uma playlist que inclui de David Bowie a Jorge Ben Jor.

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SAIBA MAIS Em 2015, Mikkel Svane lançou o livro Startup Land, em que conta a história da criação da Zendesk. https://www.startupland.com http://www.neighborfoundation.org/blog/


MUNDO 8

Empreendedorismo

Shutterstock

nascente


Distante do movimento de empreendedorismo que acontece em diversas partes do mundo e na contramão à tradição de uma cultura avessa ao risco, novas empresas surgem em solo japonês para retomar a vanguarda tecnológica na Ásia. por Cesar Baina

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urante décadas como sinônimo de tecnologia e inovação, o Japão viu sua liderança em tecnologia na Ásia ser sucessivamente ameaçada, primeiro pela estagnação econômica que se arrasta desde os anos 1980, depois pela ascensão da Coreia do Sul e, mais recentemente, pela disparada da China. Mas enquanto as grandes corporações tecnológicas japonesas, como Sony e Panasonic, enfrentam cada vez mais dificuldades na competição com suas rivais coreanas, chinesas e mesmo americanas e europeias, começa a surgir no país um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de ideias em pequenas empresas nascentes. Esta mudança de paradigma, resumida pelo primeiro-ministro Shinzo Abe como a busca por uma sociedade em que todos os cidadãos, sejam mulheres, jovens ou idosos, tenham um “papel ativo” na economia, pode ajudar a recolocar o Japão na vanguarda tecnológica mundial. No que ele próprio apelidou de “Abenomics”, tem ainda como sua grande incentivadora, e maior vitrine, as Olimpíadas de Tóquio, em 2020. E não são poucas as maneiras que os japoneses pretendem maravilhar os visitantes olímpicos, exibindo sua capital como uma cidade de um futuro que já é realidade hoje. Se tudo acontecer como planejado, ainda na imigração do aeroporto os turistas terão a entrada no país controlada por um sistema de reconhecimento facial. De lá, seguirão em táxis movidos a hidrogênio e com direção autônoma, isto é, sem motoristas, até seus hotéis. Já nos locais dos eventos, a entrada novamente vai usar o reconhecimento facial, que servirá ainda como uma medida extra de segurança. Além disso, nos estádios e por toda a cidade, aplicativos para smartphones vão facilitar a orientação e comunicação, traduzindo as conversas, sinais e rótulos do, para muitos, indecifrável japonês para ao menos dez línguas. “Os Jogos Olímpicos são um festival esportivo, mas também uma chance de mostrar a inovação em tecnologias”, destacou em entrevista recente Toshiro Muto, executivo-chefe do Comitê Organizador de Tóquio 2020. “Temos o potencial de fazer destas Olimpíadas algo maravilhoso que pessoas de todo mundo vão admirar”. E talvez um dos momentos mais memoráveis de Tóquio 2020 venha justamente das mãos de uma startup japonesa com uma

ideia ousada: no lugar de usar os milenares fogos de artifício para marcar o evento, produzir uma chuva de meteoros artificial durante a cerimônia de abertura. Auto definida como a primeira “empresa de entretenimento espacial”, a Ale (http://global.star-ale.com) pretende lançar microssatélites conhecidos como “cubesats” a cerca de 80 quilômetros de altitude, de onde vão liberar centenas de projéteis que queimarão na atmosfera, brilhando como as popularmente conhecidas “estrelas cadentes”. A intenção é realizar o primeiro experimento em 2018, e para isso a Ale busca financiamento de US$ 9 milhões.

Inovação e política Boa parte destas inovações, no entanto, vai depender fortemente do sucesso da política de Shinzu Abe para estimular o engajamento da sociedade japonesa como um todo como forma de fomentar a retomada do crescimento econômico do país. Nos últimos anos, os recursos disponíveis para novos empreendimentos no Japão vêm crescendo, com os investimentos por meio de fundos de capital de risco, dos chamados “investidores anjo” ou levantado via financiamentos coletivos dobrando de estimados US$ 1 bilhão para US$ 2 bilhões entre 2014 e 2015.

(...) o Japão tem o segundo menor nível de atividade empreendedora no mundo, à frente apenas do Suriname, de acordo com levantamento do Global Entrepreneurship Monitor (GEM).”


MUNDO 10

Ainda assim, os valores japoneses ficam muito distantes dos vistos nos EUA, onde os empreendedores chegam a ter acesso a até US$ 75 bilhões anuais na soma destas três modalidades de financiamento de novos negócios. Ou até das somas observadas no Brasil, onde mesmo com a crise política e econômica os investimentos realizados em 2015 ficaram na casa dos R$ 18,5 bilhões, ou quase US$ 6 bilhões, segundo estudo da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) que não levou em consideração atividades das aceleradoras, incubadoras e capital anjo. Mas provavelmente o maior obstáculo no caminho da mudança de paradigma pretendida pelo primeiro-ministro está na própria

cultura japonesa, tradicionalmente avessa a riscos e temerosa do fracasso. Não é por menos, por exemplo, que o Japão tem o segundo menor nível de atividade empreendedora no mundo, à frente apenas do Suriname, de acordo com levantamento do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Em 2014, último ano para qual os dados estão disponíveis, a chamada taxa de atividade empreendedora inicial calculada pelo GEM, que reflete a percentagem da população entre 18 e 64 anos que está tencionada a empreender ou é dona de um novo negócio, do Japão ficou em apenas 3,84%. Além disso, apenas 7% dos japoneses da mesma faixa etária contaram ver boas oportunidades de começar um ne-

CASAMENTO À JAPONESA Presidente e um dos fundadores da Ayonix ( www.ayonix.com ), empresa dedicada ao desenvolvimento de aplicações e soluções de tecnologias de reconhecimento facial, Sadi Vural é cético quanto à efetividade do esforço do governo japonês em estimular o desenvolvimento de uma cultura de empreendedorismo no país e aponta questões culturais como principais empecilhos para a mudança de paradigma da economia japonesa. Atualmente o governo japonês aposta nos pequenos empreendedores e suas ideias como maneira de impulsionar o crescimento econômico e recolocar o país na vanguarda da inovação. Como o senhor vê este esforço? Mudar a estratégia do Japão vai requerer muitas coisas. Mudar mentes, mudar métodos, mudar a cultura de trabalho não será fácil. Serão precisos pelo menos 40 anos se começarmos isso hoje. É uma questão cultural então? Sim. Os estudantes japoneses não têm um espírito empreendedor, e incutir isso nas pessoas é muito difícil. O sistema de ensino também tem que ser melhorado para dar mais confiança aos alunos. Muitos japoneses não têm segurança em empreender porque não têm habilidades com o inglês e informações sobre outras sociedades e culturas. E como é o ambiente de negócios no Japão para uma empresa relativamente pequena como a Ayonix, que tem cerca de 120 empregados? No geral, enquanto as grandes corporações japonesas fazem negócios no estrangeiro, as pequenas empresas trabalham para elas próprias dentro do Japão. Assim, há que se ter uma mudança de espírito também dentro das grandes corporações. É muito

como a relação de pai e filho. Se você não tem filhos, você só fica mais velho, e é isso que está acontecendo com o Japão. As empresas japonesas se casam, mas não têm filhos. Se elas encorajarem as pessoas a empreender, a economia nasceria com um novo espírito e o futuro certamente será diferente. Ainda assim, é preciso ter capital para isso, não? Nos EUA, a cultura empreendedora funciona porque o capital entende o que é risco. Já no Japão os fundos de capital de risco trabalham mais como bancos, procurando minimizar sua exposição ao analisar cada detalhe do negócio. Aqui, ou eles oferecem pouco dinheiro com muitas demandas, como direitos de ações, ou simplesmente não fazem o investimento, o que desencoraja muitos empreendedores de seguir em frente. Foi isso que aconteceu com a Ayonix? Empresas de tecnologia como a nossa precisam de tempo para que seus produtos amadureçam e ganhem a sociedade, como o reconhecimento facial está ganhando. E o reconhecimento facial vai ganhar ainda mais espaço na sociedade com aplicações que vão da segurança ao marketing. Isso, porém, leva algo como oito a dez anos, e nenhum fundo de capital de risco no Japão tem esta paciência.


Fotos: Shutterstock

Cada vez mais jovens universitários, veem com bons olhos o empreendedorismo como alternativa ao emprego formal.

gócio na sua área de atuação, e meros 3% afirmaram pretender fazê-lo em um prazo de três anos, enquanto 55% admitem que o medo do fracasso impede que abram o próprio negócio. A título de comparação, no Brasil os mesmos quatro indicadores apresentam resultados muito melhores, com uma taxa de empreendedorismo de 17,2%, percepção de oportunidades na área de atuação de 56%, intenção de empreender de 25% e um medo do fracasso “paralisante” de 36%. “Pessoas que não têm espírito empreendedor e uma atitude positiva com relação ao empreendedorismo têm uma influência negativa nos empreendedores em potencial. No Japão, há muitas pessoas assim, que não começam um negócio ou apoiam os empreendedores. Combater esta questão sociocultural é o grande desafio ao empreendedorismo no Japão”, conclui o relatório do GEM sobre o país.

Opção do empreendedorismo Por outro lado, a recessão e estagnação econômica das últimas décadas no Japão corroeram a antiga noção que associa o emprego em uma grande corporação à estabilidade profissional. Assim, mesmo com a taxa de desemprego no Japão rodando na casa de 3%, a menor em mais de duas décadas, cada vez mais japoneses, em especial os jovens universitários, veem com bons olhos o empreendedorismo como alternativa ao emprego formal e à vida num escritório de uma grande empresa. Tanto que no último levantamento do GEM, feito em 2014, 58% dos entrevistados responderam que os empreendedores gozam de um alto status social e 31% afirmam que começar o próprio negócio é uma escolha positiva de carreira. E é de olho neste público que o Japão concentra seus esforços para estimular o empreendedorismo no país. Como parte desta estratégia, o governo japonês investiu 100 bilhões de ienes (quase

US$ 1 bilhão) em quatro das maiores universidades públicas do país - Kyoto, Osaka, Tohoku e Tóquio – para elas darem início a negócios ligados a pesquisas desenvolvidas nos seus laboratórios. São exemplos a Euglena (http://www.euglena.jp/en/), empresa que cultiva microalgas que podem ser usadas para tanto para a produção de alimentos e bebidas como combustível. Incubada na Universidade de Tóquio, ela foi a grande vencedora da primeira edição do Nippon Venture Awards, criado em 2014 pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão. Já este ano o título principal do Nippon Venture Awards ficou com a PeptiDream (http://www.peptidream.com). Fundada em 2006, também no campus da Universidade de Tóquio por Kiichi Kubota e Hiroaki Suga, professor de medicina da instituição, a empresa biofarmacêutica se dedica a buscar peptídeos, pequenas moléculas “parentes” das proteínas, com potencial terapêutico. Outro destaque do prêmio de 2016 ficou justamente com a associação entre a empresa de robótica ZMP (www.zmp.co.jp) com a provedora de serviços de internet e celular DeNA (http://dena. com/intl/) e a gigante Sony Mobile Communications que pretende colocar nas ruas de Tóquio os chamados Robot Taxi, os carros de direção autônoma que, espera-se, transportarão público e atletas nas Olimpíadas de 2020. O governo japonês espera que a visibilidade e apoio a empresas criativas e inovadoras, como Euglena e PeptiDream, provoque um efeito dominó tanto do ponto de vista econômico quanto cultural. Até porque só assim o país poderá não apenas superar como transformar em oportunidades seus principais problemas atuais – uma população cada vez menor e mais envelhecida, a dura competição estrangeira e a paralisia das grandes corporações -, além de no caminho encontrar soluções que poderão ser transmitidas para outras nações que se encaminham para enfrentar as mesmas questões demográficas e econômicas.


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A ERA DA

TRANSFORMAÇÃO A rápida evolução tecnológica está transformando indústrias, serviços e criando concorrências inesperadas. A mudança vem de onde menos se espera. por Marcelo Cabral

Ilustrações: Juliana Sidsamer/Shutterstock

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eche os olhos e imagine por um momento como era o mundo dez anos atrás. Provavelmente você se lembrará de algumas cenas marcantes, como a seleção brasileira sendo eliminada da Copa do Mundo da Alemanha pela França de Zidane. Mas logo perceberá que nomes que hoje fazem parte do cotidiano - Spotify, Netflix, Uber, Airbnb – passavam longe do dia-a-dia de executivos e das empresas. Praticamente ninguém seria capaz de imaginar que esses nomes criariam, em pouquíssimo tempo, deslocamentos tectônicos em setores com décadas de estabilidade e solidez, como hotéis, bancos, TVs e transporte. Essas indústrias quebraram as regras do jogo de modo inimaginável: a Uber se transformou num dos principais players mundiais de transporte sem possuir um único carro em sua frota, assim como o Airbnb não possui quartos em hotéis. As fintechs, que estão chacoalhando o mundo financeiro, também não são donas de agências bancárias. O ponto em comum entre essas empresas é outro: o uso da tecnologia para revolucionar o modo de fazer negócios. Trata-se da transformação digital, que está mudando a cara das empresas ao redor do mundo. Por qualquer aspecto que se analise, a transformação digital – costuma-se usar o termo DX para designá-la – está promovendo uma verdadeira revolução corporativa. De repente, cada empresa

do planeta precisa se tornar uma companhia de tecnologia. A aversão aos riscos já não garante uma zona de conforto; na melhor das hipóteses, será a calma que antecede a tempestade. Mais tecnologia possibilita a criação de novos modelos de negócios e novas formas de engajar clientes, funcionários e stakeholders de todo o ecossistema corporativo. Se transformar digitalmente significa unir o mundo físico e o digital em uma única realidade. A migração em massa de empresas para essa nova era está criando o que a empresa de pesquisas IDC chama de DX Economy: um macroambiente econômico formado pelas instituições que já realizaram suas transições para as plataformas de negócios digitais. Essa nova economia deverá girar US$ 2,1 trilhões por ano já em 2019, segundo o instituto, e crescer a um nível em torno de 17% ao ano a partir daí. A procura por maior eficiência e por diferenciais competitivos torna a busca pela transformação digital uma opção obrigatória. Até o final de 2017, dois terços das maiores empresas mundiais deverão ter a transformação digital no centro de sua estratégia, e 60% diz que a DX irá dobrar sua produtividade. A DX surge como resposta ao nascimento de um novo tipo de cliente, ativo, conectado, para quem o valor de uma experiência é, no mínimo, tão grande quanto o de um produto.


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2,1

trilhões de dólares

É o quanto a chamada Economia DX deverá girar em 2019, segundo o IDC

Revolução permanente No mundo corporativo, no entanto, ainda há muita confusão sobre o tema. Para algumas empresas, ainda persiste a percepção que basta criar um site e voilá - o negócio “está na internet”. Outras acham que a adoção de uma nova tecnologia já deixa a empresa 100% atualizada. Empresas maiores e com sistemas mais complexos, no entanto, percebem logo que o buraco é bem mais embaixo. As novas tecnologias precisam estar inseridas na raiz da estratégia de negócios. A transformação digital não é um fim em si mesmo, mas apenas o fundamento para algo maior, ou seja, é um meio para alcançar resultados mais produtivos e competitivos. Segundo David Morrell, especialista na área digital da consultoria PWC, a tecnologia precisa ser adotada em toda a cadeia de valor - abastecimento, fabricação, distribuição e venda - para melhorar as vendas e cortar os custos. E ainda precisa ser combinada com a reestruturação dos fluxos internos, gestão, design, decisões e formação de mão-de-obra capacitada para lidar com os novos sistemas. Um bom exemplo dessa tendência é a Uber, que usou uma tecnologia relativamente simples para revolucionar o transporte mundo afora através da mudança das regras do jogo. A Uber continua a se desenvolver, numa transformação permanente. Uma delas é dentro dos serviços já executados: uma nova modalidade de compartilhamento de corridas, a UberPOOL, dizimou os preços individuais. Mas a empresa chega a novas modalidades - lançou recentemente serviço de aluguel de helicópteros e, com a chegada dos carros elétricos robotizados, sem piloto, planeja tornar o transporte algo tão barato a ponto de não valer mais a pena a posse do carro individual. Estudos da OCDE mostram que carros autônomos a um preço baixo podem reduzir em 80% o número de veículos em circulação nas ruas, com o consequente impacto em termos de poluição, engarrafamentos e espaço necessário para estacionamentos. Uma profunda alteração na própria estrutura do planejamento do espaço urbano. De repente, não são apenas os taxistas que não estão achando graça: montadoras e empresas petrolíferas, por exemplo, olham com preocupação essa revolução. De repente, no espaço de poucos anos, uma empresa sem um único carro ameaça jogar por terra as multibilionárias indústrias que estão na própria raiz do sistema capitalista mundial.

Evolução digital Para muitas empresas, no entanto, a Era da Transformação poderá se tornar uma Era da Extinção. Para cada Uber ou Netflix existem centenas e centenas de companhias cautelosas demais. Como acontece na evolução natural, quem sobreviverá

Ilustrações: Juliana Sidsamer/Shutterstock

“É uma era que mistura num mesmo pacote consumidor e fornecedor”, diz Carlos Nepomucemo, pesquisador especializado em meios digitais. “As organizações precisam adotar o modelo que chamo de Curadoria Digital, no qual se muda completamente a forma que imaginamos para a produção de bens e serviços, que passam a ser regulados pelo consumidor. Elas assumem o papel de fiscalização dos serviços”. A transformação digital também caminha de braços dados com outra tendência, a chamada Quarta Revolução Industrial, termo popularizado pelo economista alemão Klaus Schwab, criador do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Seu novo livro, intitulado exatamente “A Quarta Revolução Industrial”, foi lançado no Brasil este ano. Segundo ele, essa revolução é “uma mudança global formada pela união das tecnologias digitais, físicas e biológicas. São mudanças tremendas tanto em tamanho e profundidade quanto nas suas oportunidades e desafios. É algo que vai afetar não só as empresas, mas a sociedade como um todo”. A diferença: essa revolução é mais focada na área industrial, produtiva, enquanto o conceito de DX abarca esse setor mais toda a área de serviços, agricultura, finanças e governos. Ou seja, o pano de fundo é o mesmo: uma mudança geral. E irreversível.


O MAPA DA MUDANÇA

Dispositivos IoT

Big Data e Analytics

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Smartphones

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Sensores inteligentes

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Computação na nuvem

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Geolocalização

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Realidade aumentada

Novos modelos de negócios

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Uma vez criada uma cultura inovadora, pode-se começar a transformação propriamente dita. No ano passado, a TOTVS Consulting, divisão de consultoria do grupo, lançou uma unidade dedicada à transformação digital. Essa unidade prevê três etapas na implantação do processo dentro das empresas. A primeira analisa todas as unidades e divisões da companhia, para entender se

di g i t a l

A rota corporativa rumo a uma nova era

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A três passos do paraíso

t r a n s f o r ma ç ã o

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Não é do dia para a noite que uma empresa se transforma em uma Uber ou em uma Netflix. Mas é preciso que os principais decisores, hoje, olhem para as empresas que foram bem-sucedidas nessa transição e tentem descobrir o que pode ser aplicado em seus próprios modelos de negócios. Como começar? Um bom ponto de partida é definir quem irá comandar o processo dentro da empresa. Antes, o despertar de novas tecnologias deixava aos profissionais de Tecnologia da Informação (TI) a tarefa de incorporar as novidades aos sistemas da empresa. Isso acabou. A transformação digital impacta às vezes coloca de ponta-cabeça - o próprio plano de negócios da organização. Pensar nisso passou a ser tarefa do dono ou principal executivo do negócio, do presidente do conselho, dos diretores de todas as áreas, sem exceção. Esses líderes devem propor dinâmicas com seus pares para desenharem, em conjunto, a estratégia digital da corporação. “O que não pode acontecer é deixar a mudança ocorrer no desespero”, diz Cezar Taurion, CEO da Litteris Consulting. Limitar esse processo não é um caminho recomendável: uma única área, seja TI ou marketing, não possui, sozinha, os braços - e muitas vezes nem os cérebros - necessários para serem os únicos inovadores. A DX é, obrigatoriamente, uma construção coletiva (veja entrevista com o antropólogo Nelson Bolonhini Jr. na página 21).

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Algoritmos de Inteligência Artificial

Impressão 3D

elas estão ou não alinhadas ao novo momento da empresa e definir eventuais mudanças. Essas mudanças podem ir da fusão de diversas áreas até a criação de novas unidades. Redesenho feito, o segundo passo é adequar os processos internos à luz das tecnologias digitais. Os processos são priorizados numa escala de um a cinco e também passam por uma análise de viabilidade financeira para cruzar informações sobre viabilidade, custo e desempenho. Finalmente, a terceira etapa consiste de uma análise para saber se a companhia possui infraestrutura digital para absorver os processos que vão ser criados, a chamada Arquitetura Digital Viabilizadora. Caso seja necessário, é desenhada uma nova estrutura de suporte. Somando tudo, trata-se de um processo que leva de quatro a seis meses, em média.

Claro, diversas políticas internas precisam mudar para acompanhar todo esse processo. As escolhas do RH para contratações são um bom exemplo. Durante algum tempo, as diversas estruturas, políticas e modelos de negócios terão que conviver simultaneamente até que a transição esteja completa. Um processo certamente confuso, mas necessário para se lidar com o legado de muitos anos de um determinado modo de atuação. “O melhor é continuar fazendo o que já está sendo feito até o último cliente disposto a pagar pelo atual modelo. Ao mesmo tempo, é preciso manter uma espécie de startup de curadoria digital do ‘lado de fora’, já ganhando os clientes da nova geração. É um trabalho em duas frentes, em que a nova acabará ‘matando’ a velha”, sintetiza o pesquisador Carlos Nepomucemo.


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o IDC. Isso inclui tanto novas fontes de receita – clientes impactados de modo mais preciso e focado - quanto em corte de custos. Para que investir milhões e milhões em publicidade geral, quando se pode atingir exatamente o público-alvo por uma pequena fração desse valor? O difícil, no caso, será evitar se afogar na imensidão de números. O segredo: usar de forma integrada analytics e inteligência artificial para “filtrar” os insights mais importantes em meio ao oceano de informação. O sucesso da DX será de quem conseguir criar fluxos de dado claros, focados, em tempo real e integrados ao modelo operacional da empresa de forma a monetizar esses canais. Outro fator que irá impulsionar a DX para todos os cantos da economia é a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Um estudo da Cisco espera que, até 2020, existam 50 bilhões de dispositivos conectados no mundo. Até o ano passado, esse número era inferior a 10 bilhões. É como se, para cada pessoa do planeta, houvesse seis aparelhos conectados à web. Desses, pelo menos 20% estarão atuando como sensores, conectados diretamente a outras máquinas. (veja matéria sobre IoT na página 34) Estar preparado para explorar a profundidade que essas conexões irão oferecer pode redefinir o modo como empresas se relacionam com seus fornecedores, distribuidores e clientes. Afinal, é a atuação conjunta desses sensores que permite às empresas transformar seus modelos de negócios, como a Nike investindo na chamada “tecnologia vestível” - sapatos e sensores para fitness conectados - ou o Google entrando na área de carros autônomos. São companhias que até pouco tempo atrás, atuavam em áreas completamente diferentes - e que agora investem para criar elas próprias novos mercados a partir do nada.

não será necessariamente o maior ou o mais forte - mas sim aquele que melhor se adapta. Um estudo da Cisco chega a dizer que até 40% das companhias tradicionais poderão ser gravemente afetadas dentro dos próximos cinco anos - aquelas que não conseguirem se reinventar rápido o suficiente para acompanhar as mudanças do mercado. Veja o caso da indústria musical, ferida gravemente com a criação de serviços de compartilhamento como o Napster, ainda no final dos anos 90. As gravadoras viram suas fontes de renda encolherem e a situação se agravou ainda mais com a perda de importância de mídia física - os CDs - frente aos pen drives e ao surgimento de serviços de streaming, como o Spotify. Muitas quebraram. Quem sobreviveu? As que souberam se transformar - e pegar carona nas novas tecnologias. Parcerias com as empresas de streaming já representam uma parcela cada vez maior no faturamento. Gastos com impressão e distribuição, por outro lado, tendem a se reduzir a quase zero. A tecnologia trouxe a morte para alguns, mas injetou vida nova em outros negócios.

As três turbinas A onda da DX é impulsionada por uma lista grande de novas tecnologias, que vão da realidade aumentada e geolocalização a inteligência artificial. Segundo a empresa de pesquisas Gartner, no entanto, três delas são as turbinas que estão fazendo o conceito levantar voo. Uma delas é o Big Data - o processamento e análise do gigantesco volume de informações gerado pelas operações digitais. Sozinho, o Big Data tem potencial para movimentar US$ 200 bilhões por ano até 2020, de acordo com

O

0I0 I0I

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pa r a

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66%

dos presidentes terão a DX no centro de sua estratégia corporativa

60%

planejam criar um cargo executivo exclusivo para comandar sua transformação digital

60%

irá dobrar sua produtividade transformando digitalmente seus processos

20% dos funcionários terão processos e algoritmos digitais para ajudá-los a tomar suas decisões executivas 75%

terão versões digitais do remanescente de suas operações offline

Fonte: Estudo do IDC que levantou tendências para as 2000 maiores empresas mundiais até o final de 2017.


O terceiro motor da transformação digital é a nuvem. A estimativa do IDC é que, até 2020, existirão 45 zettabytes de dados no mundo, ou 20 mil vezes mais do que há 30 anos. “A maioria destes dados terá a nuvem como o único lugar prático para combinar e gerenciar o fluxo dessas informações, fornecendo a capacidade de reuni-los e processá-los em larga escala”, afirma Roberto Prado, diretor de plataforma em nuvem e infraestrutura da Microsoft Brasil. “Esse imenso mercado irá ultrapassar 500 bilhões de dólares em 2020, representando uma grande oportunidade de crescimento para os parceiros de negócios que já estão se concentrando e investindo em tecnologias cloud”, completa.

Ilustrações: Juliana Sidsamer/Shutterstock Foto: Divulgação

Novos modelos Postas diante desse novo cenário, as empresas têm adotado fórmulas diferentes para se transformar. No caso da TOTVS, maior fabricante de soluções de negócios da América Latina, o desafio veio na forma de uma mudança no modelo de negócios. Antes, a companhia vendia apenas as licenças de uso dos seus produtos. Mas o mercado mudou: agora, os clientes pagam uma assinatura pelo aluguel dos produtos, que ficam hospedados na nuvem - uma versão do modelo empregado pelo Netflix, por assim dizer. Uma transição desse tipo não é algo fácil de ser realizado. Em um primeiro momento, por exemplo, o novo modelo gera menos receita que o anterior, porque o preço da assinatura é mais baixo que o da licença. O novo formato só se torna mais lucrativo após alguns anos, quando o valor da renovação das assinaturas se torna superior ao da licença. Portanto, a mudança tem que ser planejada com cuidado, de modo que a companhia possa sobreviver durante essa travessia. De quebra, também é preciso levar em conta os investimentos necessários para criar a infraestrutura exigida pelo modelo da nuvem, como data centers. É um processo que separa os homens dos meninos, por assim dizer. A nova realidade não mudou apenas a forma que os produtos são consumidos, mas também como eles são fabricados. Ao invés de inúmeros softwares, a empresa passou a investir em poucas plataformas, com alto grau de customização para as necessidades de cada cliente. O presidente Laércio Cosentino compara as mudanças da empresa com aquelas experimentadas pelo setor automobilístico. Segundo ele, anteriormente era preciso alterar o

Entrevista_ Laércio Cosentino Revalidar é um dos verbos mais ressaltados por Laércio Cosentino quando fala de Transformação Digital. Confira de como ele vê o desembarque da nova tendência no mercado brasileiro. Qual o impacto da transformação digital sobre o universo corporativo? O mundo passa por um momento em que cada atividade, cada empresa e cada solução precisam ser revalidadas. A conexão via web mudou muito a forma como as pessoas fazem tudo. O fato de que, ao invés de você consumir um produto, você consume um serviço, já é uma grande mudança. É dessa mudança no modo de se conviver entre pessoas, produtos e serviços que nasce a transformação digital. As empresas precisam entender o impacto que isso vai ter no dia-a-dia dos seus negócios. Como a TOTVS se adapta a essas mudanças? Trabalhamos em transformação digital desde 2009, quando começamos a integrar nossas soluções. Mudou muita coisa de lá para cá. Antes, pensávamos primeiro no desktop, hoje o mobile é prioridade. Pensávamos em sistemas fechados, complexos e abrangentes; hoje as coisas têm que ser abertas, simples e fáceis de serem implementadas. Pensávamos muito em fazer sistemas para usuários de TI, e hoje precisamos de sistemas para os clientes de nossos clientes. Um software não pode ser desenvolvido só para uma universidade ou um hospital, por exemplo, mas ele precisa ser desenvolvido para os alunos e pacientes também. Então o que era um negócio B2B passou a aproximar do conceito de um negócio B2C. Revalidamos tudo aquilo que a gente desenvolvia e entregava para o mercado. E claro, também nos aproximamos do universo da Internet das Coisas, a IoT. Como foi esse movimento? Em até cinco anos, vamos ter mais coisas do que pessoas conectadas. A nossa aquisição da Bematech, em 2015, foi um passo no sentido de aproveitar essa explosão no número de hardwares conectados. É uma empresa que detêm o conhecimento em como transformar software em hardware e vice-versa. Nós não tínhamos esse conhecimento dentro de casa e agora adquirimos.


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motor caso fosse necessário obter alterações no desempenho do carro. Hoje, no entanto, os motores são lacrados e quase não sofrem alterações: o que muda são os sensores e interfaces acopladas aos maquinários. Na TOTVS, também foi assim. A empresa construiu um “motor” fixo de ERP, que recebeu uma camada customizável de interfaces e funções. Trata-se do Fluig, que reúne ferramentas colaborativas para produtividade, agilidade e redução de custos em uma única tela. Como se conecta a todos os ERPs do mercado, extrai mais valor dos investimentos feitos em TI ao longo dos anos. Mais intuitivo e customizável, o novo modelo de plataformas também atende a outra demanda do mercado – a necessidade de produtos que atendam aos clientes dos clientes. O consumidor final mudou: do diretor de TI de um banco ou de uma cadeia de lanchonetes, passou-se para o correntista e para o fã de hambúrgueres. O novo modelo, de certa forma, torna a TOTVS uma empresa que, além do tradicional B2B venda para outras empresas também pratica o B2C, ou seja, a venda ao consumidor final. Isso implica numa mudança cultural dentro da empresa que inclui a própria forma como é feito o design dos produtos. A companhia criou novas áreas de design thinking e experiência do usuário. São essas unidades, em contato constante com o cliente, que determinam as regras que devem ser seguidas pelos desenvolvedores. “Antes você implementava algo que fazia sentido para o desenvolvedor, não necessariamente para o cliente. Com as novas áreas, isso mudou. É um método completamente novo de desenvolver a interface e até mesmo o produto final”, diz Cosentino. A receita parece estar dando certo.

Em 2016, pela primeira vez, a TOTVS viu sua receita com venda de assinaturas baseadas na nuvem ser maior do que através da venda de softwares via licenciamento. O executivo acredita que, nos próximos cinco anos, essa modalidade responderá pela quase totalidade do faturamento.

Mudar para sobreviver Como se vê, mesmo empresas que usam um grau elevado de tecnologia não estão imunes às disrupções. É o caso das operadoras de telefonia móvel, que de repente se veem às voltas com clientes que usam o celular para fazer praticamente tudo - menos para ligações. A ascensão dos smartphones e dos aplicativos de conversa instantânea, como o WhatsApp, gerou uma mudança brutal no modelo de negócios. Segundo a consultoria Ernst&Young, no ano passado metade do tráfego das operadoras ao redor do mundo veio de dados. Seis anos atrás, esse número era inferior a 10%. Para fazer frente a essas mudanças, a operadora Vivo, pertencente a espanhola Telefónica, por exemplo, passou a investir pesado na sua transformação digital. As equipes dedicadas à área dobraram de tamanho, com a contratação de funcionários vindos de companhias como Google e Facebook. A decisão sobre quais locais recebem os investimentos anuais de R$ 10 bilhões na expansão da rede passaram a ser tomados a partir da análise de Big Data - já são cerca de

Uber, Walmart, Amazon; enquanto algumas empresas largaram na liderança da DX, outras investem para recuperar o tempo perdido.


Ilustrações: Juliana Sidsamer/Shutterstock Fotos: Divulgação

50 profissionais exclusivos dessa área dentro da companhia. Cada projeto de inovação passou a ter uma equipe dedicada específica e um “dono”, de modo a evitar que ele fique empacado devido a burocracia dos diversos setores envolvidos. A Vivo também está aumentando os investimentos em uma nova área, a produção de conteúdo. Na prática, a companhia caminha para se tornar uma espécie de Netflix dos dados. No setor, quem não seguir esse caminho terá problemas cada vez maiores. Essas mudanças contínuas no modelo de negócios, segundo o pesquisador Nepomucemo, se assemelham a uma espécie de suicídio programado. “Essa reinvenção é necessária, mesmo que se perca mercado hoje, para ganhar mais amanhã”, diz. “O conceito é: ‘se alguém vai me matar, que seja eu mesmo o assassino’”. No caso da Microsoft, por exemplo, isso significou renunciar ao mercado no qual um cliente comprava uma versão do Windows e, alguns anos depois, pensava em atualizá-la comprando uma versão mais recente. Esse projeto está em pleno processo de desaparecimento. As atualizações passaram a ser online, automáticas e, como consequência, a própria Microsoft deixou de ser uma fabricante de produtos para se tornar uma prestadora de serviços baseados na nuvem. Mais de 90% das vendas do pacote Office para pessoas físicas já são nesse modelo, por exemplo.

Calor humano digital Já na rede brasileira de varejo Magazine Luiza, a transformação digital é uma necessidade para manter o crescimento. As vendas online já respondem por um quarto da receita do grupo e a expectativa é que superem a marca dos 50% em, no máximo, cinco anos. O dilema, no entanto, é como se transformar em um negócio digital sem perder a identidade da companhia, que sempre teve como marca registrada o calor humano, um jeito muito próprio de se relacionar com clientes, fornecedores e funcionários. É um risco real de perda de identidade da marca.

Essa reinvenção é necessária, mesmo que se perca mercado hoje, para ganhar mais amanhã” Carlos Nepomuceno, pesquisador e autor

No mercado, muitos executivos consideram que os setores onde atuam são retardatários na adoção de novas tecnologias (em inglês, conhecidos como laggards ou late adopters). Dessa forma, sentem-se a salvo, crentes que a transformação só os atingirá quando já estiverem tranquilamente aposentados. “É um erro”, aponta Cezar Taurion, CEO da Litteris Consulting. Muitas dessas empresas, que pareciam tão seguras, estão passando por sérias crises. Nesse tipo de empresa, tradicionalmente conservadora e hierarquizada, o fluxo de informação segue um movimento circular lento, que começa no topo da organização e se dissemina aos poucos pela empresa. Quando chega ao final da hierarquia já está superado, obsoleto. A única saída é correr, muito, para tentar superar o tempo perdido, além de pagar muito mais caro do que teria sido preciso num processo de transformação controlado. O Walmart é um outro exemplo. Maior empresa do mundo em faturamento, apostou por décadas e décadas no modelo de presença física através de lojas gigantescas. Nos últimos anos, a ascensão da Amazon colocou em xeque seu modelo de negócios. Embora ainda venda cinco vezes mais que a rival - são mais de US$ 480 bilhões por ano - ela perdeu o posto de empresa mais valiosa do mundo para a concorrente. Motivo: o modelo de negócios das vendas físicas está caducando frente ao avanço das compras pela internet. As vendas online da Amazon são oito vezes maiores que as do Walmart e seu ritmo de expansão também é superior. A previsão de lucro da varejista para 2016 foi reduzida e levou junto o valor de suas ações nas bolsas americanas, enquanto a Amazon segue em alta. Um indicador que parte do mercado vê uma empresa como passado, e outra, como futuro.


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A reação do Walmart? Investir pesadamente. Nos últimos cinco anos, comprou 14 empresas de tecnologia. A mais recente, feita esse ano, foi a aquisição da jet.com, uma das empresas de vendas online com crescimento mais rápido do setor. A estratégia vai muito mais a fundo do que estabelecer uma operação online: o Walmart tem comprado desenvolvedoras de apps e de software, assim como recrutado especialistas em gestão e processos digitais. Seu presidente mundial, Doug McMillon, já declarou que o objetivo da mudança é unir os ativos físicos da empresa ao e-commerce para “entregar uma experiência de compra perfeita, em grande escala”. Vai dar certo? Não há garantia - mas a certeza é que não fazer nada estava transformando a empresa num dinossauro.

Exclusão e inclusão As mudanças trazidas pela DX vão impactar toda a sociedade, não apenas as empresas. Um estudo do Fórum Econômico Mundial, por exemplo, prevê que até 2020 cerca de cinco milhões de postos de trabalho deixarão de existir ao redor do mundo, substituídos por processos digitais, robôs e inteligências artificiais. Por outro lado, pelos menos dois milhões de empregos serão criados por novas demandas criadas pela tecnologia, a maioria em áreas técnicas como engenharia, desenvolvimento de softwares e matemática. Outro benefício é que a transformação digital deve ba-

ratear dramaticamente os serviços públicos, à medida em que migrarem os processos governamentais. Especialistas estimam que um serviço digitalizado custe, em média, apenas 3% do preço da versão offline do mesmo serviço. Isso significa que um número maior de pessoas terá acesso a processos mais baratos. É a inclusão digital em sua melhor forma. Daqui a alguns anos, a tendência é que a transformação digital se aproxime de conceitos que hoje ainda estão em sua infância, como comércio de algoritmos e a economia programável. O Big Data deverá se tornar parte corriqueira das operações, dirigidas por sistemas de inteligência artificial com capacidade de aprender por si próprios a partir dos hábitos dos usuários. Parece distante? É só olhar para o que já fazem hoje programas usados em smartphones e sistemas operacionais, como a Siri, da Apple, ou o Cortana, da Microsoft. Detalhe: a Siri foi criada cinco anos atrás, uma eternidade no passado em termos de tecnologia. Cinco anos para a frente, os novos produtos provavelmente farão a simpática voz do iPhone soar como uma velhinha cansada. Tudo para aumentar a competitividade das empresas. “Nosso grande desafio, em última análise, é tornar nossos clientes mais competitivos em seus respectivos mercados”, diz Cosentino, da TOTVS. “A transformação digital é a grande oportunidade que temos para fazer isso”.

O que não falta no caminho das empresas que tentam se transformar digitalmente são armadilhas. Saber quais são os desafios mais comuns e se preparar para enfrentá-los pode fazer a diferença entre uma transição suave e um processo traumático. Segundo Charles Hagler, diretor da TOTVS Consulting responsável pela área de DX, há dificuldade em priorizar quais processos devem ser repensados primeiro. É necessária a criação de uma espécie de ranking, cruzando a importância de cada processo nos resultados corporativos com a profundidade das transformações trazidas pelas novas tecnologias, sem deixar de lado o quanto será necessário dispender de esforço e capital para implantar a mudança. Outro problema é a chamada poluição tecnológica: hoje, são mais de 50 tecnologias com potencial disruptivo. Como escolher quais delas fazem sentido para cada negócio? Diante da fartura excessiva, algumas companhias acabam optando por aceitar sugestões das áreas clientes ou promoções feitas pelos fornecedores. A decisão correta, no caso, precisa levar em conta quais dessas tecnologias são mais aplicáveis aos processos que foram priorizados nesse ranking citado acima. Mesmo após definir os alvos em termos de processos e tecnologias, ainda existe a tendência em apenas adquirir e implementar a tecnologia, sem dar atenção para a transformação propriamente dita. É o caso daquela empresa que compra tablets e smartphones para sua equipe de vendedores nas ruas, mas mantém a obrigatoriedade da entrega de relatórios em papel. Conclusão: a tecnologia, per se, não necessariamente aumenta a produtividade. Ela precisa ser incorporada aos processos para que seu potencial total seja aproveitado.

Ilustrações: Juliana Sidsamer/Shutterstock Foto: Divulgação

ARMADILHAS PELO CAMINHO


Entrevista_Nelson Bolonhini Jr. Ele é antropólogo empresarial e tem atuado como consultor de empresas que querem migrar de forma segura para os tempos digitais. Nelson Bolonhini conta à TOTVS Experience o que mudou na gestão empresarial por conta da transformação digital.

As empresas estão fazendo a transição para ambientes digitais ultra conectados, característicos do século XXI, que geram uma série de mudanças na cultura organizacional. Quais as adaptações e qual tem sido o trabalho de gestão de mudanças? Nelson: O século XXI está pedindo para revisitarmos os conceitos de missão, valores e visão empresarial, que norteavam as companhias no passado. Hoje em dia faz mais sentido promover uma prática discursiva dentro das empresas que crie uma identidade coletiva, respondendo às perguntas: quem somos, o que somos e por que somos. Dependendo do ramo de negócios, 4 a 5 gerações de funcionários disputam o mesmo espaço. A ideia é criar “corredores de contato” para gerar uma troca geracional e construir uma marca forte, em vez de conflitos entre esses diferentes grupos. O trabalho é desenvolver ideias simples que criem pontos de contato, de forma a unir sem homogeneizar, aquilo que pode estar desunido. E como construir uma Cultura Organizacional forte nos tempos atuais, cada vez mais fluidos? Não adianta ser top-down. A construção da identidade tem que ser feita de forma colaborativa, envolvendo todos

os departamentos da empresa. No século XXI, as relações humanas são mais voláteis, incertas, complexas e ambíguas. Estancar a volatilidade, trazer certezas, explicar a complexidade e remover as ambiguidades são os desafios desta nova cultura e, se ultrapassados, trazem a permanência dos colaboradores e clientes. O que a gente nota é que quando os valores da empresa refletem os valores das pessoas, a produtividade é maior. Então, a sensação de pertencimento, de mesmo propósito e de parceria que buscamos cria maior adesão aos processos. Uma cultura organizacional forte traz para qualquer colaborador a liderança de si mesmo. Você fala das relações humanas em tempos digitais. Como elas impactam a liderança? O “homus economicus” está morto faz tempo. Já vivemos na “economia de experiências”. Neste ambiente, líder é aquele que cria a interconectividade entre os cérebros. As lideranças devem entender qual a dor do colaborador: o que ele quer, o que ele teme. O papel do líder no século XXI deve ser o de minimizar os medos e maximizar os desejos dos colaboradores. Como as empresas então podem se preparar para entrar neste

novo modo de funcionamento? As relações contemporâneas não são mais lineares. Não há mais raiz. Há rizoma. Nunca se sabe onde se dará a próxima eclosão. E isto é verdade para quaisquer prática discursiva. Nos tempos líquidos, onde a tecnologia agrupa pessoas, quase como num flash mob, o mundo ágil e aberto impõe às organizações corporativas uma busca constante por mais pontes do que pilares. Há um recorte múltiplo de saberes, uma sobreposição caleidoscópica e polifônica de competências. O conhecimento não é estanque ou compartimentalizado. Neste cenário de vertiginosas possibilidades, as empresas inovadoras também devem inovar as relações corporativas. Envolver os talentos nos processos decisórios pode trazer mais autonomia e senso de pertencimento é uma saída. Ver neles um enorme acervo rizomático de experiências intelectuais e inserções em múltiplos discursos pode resgatar a parceria em células que transitam, transcrevem e traduzem o movimento mais amplo do tecido corporativo. Abrir portas para além silos, pode descortinar um mundo onde a cultura organizacional bebe de múltiplas fontes, do job swaps ao home office, do squad transdisciplinar ao think tank multifacetado.


Fotos: Acervo pessoal

e n t r e v i s ta 22


DE IGUAL PARA

IGUAL Máquinas comandadas por algoritmos inteligentes se aproximam cada vez mais do raciocínio humano, criam inúmeras oportunidades de negócios no futuro e vão mudar radicalmente o mundo do trabalho como conhecemos hoje.

e

Por Gabriela Mafort

RETRATO FALADO Nome: Martin Ford De: São Francisco currículo: Futurista que investiga os impactos da inteligência

le foi um dos primeiros autores a argumentar que os avanços nos campos da robótica e da inteligência artificial poderiam tornar uma boa parcela da força de

trabalho humana obsoleta, atingindo inclusive funções que exigem alta qualificação. Para corrigir tal desequilíbrio, o futurista Martin Ford sugere que, desde já, o mundo comece a encarar a questão de frente, planejan-

artificial e da robótica

do alternativas seguras para um futuro que pode se tor-

na economia.

nar “sem emprego”. Sua obra mais recente - “Rise of the

Palestrante e keynote

Robotics, Technology and the Threat of a Jobless Futu-

speaker internacional, tem mais de 30 mil

re” - ganhou o prêmio de livro do ano do jornal londrino Financial Times e está entre os mais vendidos do mundo segundo o New York Times. Direto de Singapura, onde

seguidores no Twitter

participou de uma conferência, Martin Ford concedeu

(@MFordFuture )

esta entrevista à TOTVS Experience.


e n t r e v i s ta 24

Nos anos 60, os robôs executavam apenas as tarefas para os quais estavam programados. Hoje em dia, robôs inteligentes podem formular a Lei de Newton mais rápido que o próprio Newton! Como você diz, os robôs progrediram para além do controle e da compreensão dos humanos que os projetaram originalmente. Qual o principal impacto desta mudança substancial sobre as cadeias produtivas das empresas e o ambiente de negócios? Em vez de executar apenas tarefas repetitivas, os algoritmos agora são aptos a aprender. Esta mudança é transformadora e vai atravessar toda a economia: não apenas as fábricas, mas também os escritórios, os serviços de varejo e fast food. Na indústria manufatureira, os robôs vão se tornar muito melhores e vão começar a usurpar os postos de trabalho que hoje são ocupados por seres humanos. Como as empresas podem se preparar para esta avalanche e garantir uma transição segura para a nova realidade? Será necessária uma estratégia para treinar a força de trabalho e tirar vantagem desta tecnologia. Neste momento, a área mais importante está em “deep learning”. Este é um tipo de pesquisa em “machine learning” que utiliza as redes neurais, um modelo simples de como o cérebro funciona. As principais empresas que estão inovando nesta área são o Google, o Facebook, a Microsoft, a Amazon e o Baidu. O deep learning tem aplicações muito vastas, desde os sistemas de busca na Internet,

utilizadas de formas especializadas. Isso terá um grande impacto sobre a economia e sobre o trabalho, porque hoje muitas pessoas executam tarefas especializadas. Talvez algum dia este modelo vai evoluir para a inteligência artificial de verdade, ou seja, máquinas que podem pensar como seres humanos. Acho que se isso acontecer, será provavelmente bem depois do previsto por Kurzweil. Stephen Hawking disse que a criação de uma máquina que pensa seria o maior evento da história da humanidade, e eu acho que isso pode ser verdade. A partir deste ponto, se torna muito difícil, talvez até impossível, prever o que vem depois. Na sua visão, todo e qualquer tipo de emprego está sob risco com a “ascenção dos robôs”, incluindo os empregos de alta remuneração e de alta especialização. Qual será o impacto da automatização e das mudanças tecnológicas aceleradas sobre o trabalho? Que áreas estão mais vulneráveis e por quê? Os empregos mais vulneráveis são aqueles rotineiros, repetitivos e passíveis de previsão. Isto inclui uma série de trabalhos altamente qualificados. Veja o exemplo de um radiologista, o médico que interpreta imagens. Esta função exige muitos anos de treinamento, mas algum dia será realizada totalmente por máquinas à medida que elas vão se especializando. Então, isto significa que apenas treinamento e educação podem não ser suficientes para conquistar melhores empregos, porque as máquinas estão vindo para substituir até

passando por traduções, carros autônomos até a análise

mesmo os empregos de alta qualificação. Isto pode significar

de imagens médicas. Os avanços nestas áreas terão grandes

que nós precisamos rever a solução para esse problema.

implicações para todos os tipos de indústria.

Algum dia podem não existir empregos suficientes, mesmo para as pessoas que permanecem na escola se especializando.

No livro “The Lights in the tunnel: Automation, Accelerating Technology and the Economy of the Future” (2009), você previu

Qual será então o papel do ser humano neste novo

que em uma década ou duas, as máquinas deveriam começar

mundo e as habilidades mais importantes para se adquirir

a adotar um nível de inteligência mais especializado.

a partir de agora?

Você concorda com o futurista Ray Kurzweil, que avaliou

Os papéis mais importantes para as pessoas estarão

que as máquinas se tornarão mais inteligentes que os seres

nas áreas como criatividade e em empregos que requerem

humanos em torno do ano de 2029? Empresas, governos

relacionamentos mais profundos com outras pessoas.

e sociedades estão preparados para esta nova realidade ?

Alguns serviços especializados como bombeiros e eletricistas

Acredito que num futuro previsível, as máquinas inteligentes, falando especialmente do aprendizado mais profundo, serão

são muito difíceis de se automatizar, então estão a salvo por enquanto. Agora é claro que se formos olhar além


Teremos que reestruturar nossa economia e sociedade para que as pessoas tenham coisas que valham a pena fazer e também um propósito na vida, mesmo que não tenham um emprego tradicional”

do horizonte de 20 anos no futuro, mesmo muitos destes empregos podem não estar a salvo da automatização. Teremos que reestruturar nossa economia e sociedade para que as pessoas tenham coisas que valham a pena para fazer e também um propósito na vida, mesmo que não tenham um emprego tradicional. As pessoas podem ter, quem sabe, uma renda garantida e farão trabalho voluntário na comunidade, por exemplo. No livro “The Rise of Robots”, você sustenta que a mudança tecnológica acelerada pode mudar radicalmente o sistema econômico. Um futuro de desemprego estrutural é realmente real? Muitos economistas foram bem sucedidos ao longo da história ao preverem que investir em tecnologia sempre resultaria na geração de novos empregos, em quantidade maior do que aqueles que foram descontinuados, mantendo assim o crescimento econômico. É verdade que a tecnologia sempre criou novos empregos e avalio que isto vai continuar a ocorrer. O problema é que considero que mais postos de trabalho podem ser destruídos do que criados. E os novos trabalhos criados podem exigir habilidades e capacidades de alto nível. Então não haverá uma combinação positiva para as pessoas comuns que hoje executam tarefas de rotina. O que é diferente agora é que as máquinas estão começando a pensar e a aprender. Não estamos falando apenas de máquinas substituindo o poder dos músculos. Agora é sobre o poder do cérebro, sobre inteligência.

Considerando que a crise econômica que o mundo enfrenta é consequência da perda de confiança no sistema financeiro ultratecnológico e que a aceleração tecnológica é uma realidade, as luzes do fim do túnel estão acesas ou apagadas? Você considera que as máquinas que aprendem vão contribuir para aperfeiçoar o comportamento humano? Isto vai depender de como as novas tecnologias serão utilizadas. Por exemplo: a inteligência artificial poderá ser usada por hackers e também para tornar os sistemas mais seguros. Há definitivamente muitos riscos. Muitas pessoas podem se tornar viciadas em tecnologia. Já se vê isso atualmente com os vídeo games. No futuro, a inteligência artificial combinada com a realidade virtual terá um potencial incrível. Então teremos que ser muito cuidadosos para alavancar os aspectos positivos destas tecnologias enquanto mitigamos os negativos.


opinião 26

A geração PDC Não existem receitas mágicas ou bala de prata. O que se propõe aos negócios é que sejam digitais.

E

u tenho 36 anos e tenho 3 irmãos, todos mais novos. O mais novo deles tem 14 anos e é o meu melhor exemplo de como as gerações mudaram radicalmente nos últimos 20 anos. Esse garoto tem iPhone desde os 10 anos, porém ele nunca o utiliza pra ligar, ele usa pra jogar e pra conversas por WhatsApp, Messenger, etc e claro utiliza pra caçar Pokémons. Em uma dessas conversas outro dia o chamei pra almoçar e a resposta simples e direta foi em 3 letras, ele mandou um simples “pdc”. Confesso que tive um delay de 10 segundos pra processar o fato de que ele disse “pode ser” e isso era o equivalente a “Que ótima ideia, claro, vamos sim!”. O “pdc” é somente um exemplo de que essa geração nascida pós bug do milênio vem trazendo consigo um novo código de comportamento e também de linguagem ou comunicação. Em breve teremos uma versão do Aurélio pra tratar dos termos utilizados pelos nativos digitais e isso será o novo normal. A geração “pdc” vem aí, ela traz consigo um core de objetividade que beira a frieza, ela só se interessa e se apega ao que lhe diz respeito imediato, ela questiona tudo e claro ela é digital only. O termo off-line, já em desuso hoje, em breve será encarado como uma anomalia que será tratada com estranheza e até medo, afinal o ethos que essa geração traz é indissociável do conceito de conectado. Essa geração vai ser seu funcionário, seu fornecedor e seu cliente em poucos anos. O que acha que ela vai achar quando descobrir que na sua empresa existem sistemas que rodam paralelos e legados que não conversam entre si? O que o seu RH vai precisar fazer com uma geração que não irá bater ponto simplesmente porque vai achar isso uma perda de tempo, como acha que o seu departamento financeiro irá pagar eles já que a conta de banco que eles terão será via um app em um banco que não é o seu, como o seu cliente vai encarar um vendedor que não pode dar desconto de 11% porque o sistema só permite 10%? E quando seu fornecedor entender que seu ciclo de produto não tem um mapeamento real time e que por isso sua taxa de quebra de estoque toma 20% de seus vendas no mês? Isso no momento em que ele vai estar implantando um sistema preditivo de entrega por drones e trabalhando com taxas próximas de 0 em perdas ou atrasos.

vem aí Estamos em cima de uma ponte cuja a travessia é inexorável, seja o

seu negócio uma padaria de bairro seja a sua empresa uma mineradora ou um banco. O sol da digitalização ilumina e queima a todos, sem distinção de tamanho de empresa nem setor. Pense em quantos anos o movimento do 99Taxis e o Uber aniquilou o business de alvarás de taxis em São Paulo e não levou nem 10 nem 5 anos, esse movimento levou 18 meses no máximo. A TI bimodal é o nome dessa ponte e a fórmula da travessia é uma só, mudar - e mudar rápido -, os assets com os quais a sua empresa vai promover essa mudança incluem adoção de metodologias ágeis, implantação de conceitos como Lean Startup, Canvas e Design Thinking pra todo processo interno e/ou criação de produtos e claro a sua empresa precisa suportar tudo isso em uma plataforma. Não existem receitas mágicas ou bala de prata, o que se propõe aos negócios é que sejam digitais, o que se oferece é um novo modelo mental e de desenvolvimento de soluções de tecnologia. As premissas são bastante conhecidas, porém pouco praticadas - processos inteligentes e integrados com os sensores e máquinas que existem na jornada de relacionamento e entrega dos seus produtos e serviços, design de serviços aplicado as áreas e tudo isso suportado por uma plataforma, a era das API´s e dos softwares como serviço disponíveis em escala global e contratados por uso na modalidade SaaS ou PaaS é o vetor do que chamamos de Digital Transformation. As vantagens competitivas de 30 anos atrás já não são válidas e se preparar para a geração “pdc” é menos escolha e mais consequência, o risco de não fazer é que alguém o fará por você. Toda vez que tiver dúvidas sobre isso se lembre do ritual de ir a locadora de vídeo domingo à noite e tenha em mente que você e a sua empresa não querem ser netflixados!

Mario Almeida é Head de Mobilidade e de Ecofluig da TOTVS


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AS VEIAS ABERTAS DA INTELIGÊNCIA

ARTIFICIAL Robôs que aprendem e tecnologias de futuro conferem papel criativo ao ser humano por Gabriela Mafort


U

Deep Learning em alta

Divulgação/TOTVS

m dia comum do ano de 2030 terá ares um pouco mais tecnológicos. Isso porque uma espécie de braço direito digital, que conhece gostos e preferências individuais, dará a cada pessoa, logo ao acordar, múltiplas opções de atividades. Nesta lista, podem estar tarefas remuneradas, escolhidas de acordo com o histórico profissional e interesses de aprendizado, e também sugestões de encontros e eventos na esfera pessoal. Cada indivíduo também pode estar conectado a um, dois ou três projetos de empresas para as quais presta serviços regulares ou de que tenha participado da fundação. Deslocar-se para ir ao trabalho poderá ser uma escolha, dependendo do tipo de tarefa, e o transporte até o local poderá ser feito por carros compartilhados, até mesmo sem motoristas. No final do dia, um filme ou jantar com amigos sugerido e marcado pelo assessor digital, mas não sem antes passar numa consulta médica - por telepresença – para checagem dos dados registrados por aplicativos, com diagnósticos inteligentes que antecipam problemas futuros. Os combustíveis desta evolução são tecnologias computacionais inspiradas no modo como as pessoas utilizam o sistema nervoso e também em como usam seus corpos para sentir, aprender, pensar e agir, em seu conjunto conhecidas como inteligência artificial (IA). Boa parte delas já faz parte do cotidiano hoje e, à medida que forem combinadas daqui pra frente, criam infinitas possibilidades de avanços científicos e de negócios. “A Inteligência Artificial faz parte das tecnologias exponenciais e o grande desafio do ser humano, que pensa de forma linear, é entender essa evolução exponencial. É um caminho sem volta a adoção dessas tecnologias, tanto na vida pessoal quando nos negócios. E a IA vai ser pervasiva, vai

A IA faz parte das tecnologias exponenciais (...) e é um caminho sem volta tanto na vida pessoal quanto nos negócios .” Vicente Goetten, Diretor Executivo TOTVS Labs.

estar em tudo o que você imaginar”, comenta Vicente Goetten, diretor do TOTVS Lab, em Mountain View, na Califórnia. Quem também pensa assim é o vizinho Google, que tem investido forte e realizado uma série de aquisições na área. Há dois anos, o gigante das buscas comprou a inglesa Deep Mind por cerca de US$ 500 milhões. A empresa desenvolve aplicações para inteligência artificial que, como eles mesmos definem, é um “software que pode aprender a resolver qualquer tipo de problema sem ser ensinado como fazer”. Em outras palavras, tem a capacidade de ensinar a si mesmo com base em informações que já possui, não precisa ser programado para executar ações pré-estabelecidas.

Um software como esse tem como base algoritmos que usam como referência o funcionamento do cérebro humano em seus procedimentos de aprendizado neurais, tecnologia conhecida como deep learning. O deep learning combinado à alta capacidade de computação dos dias atuais, ao progresso tecnológico em hardware e à análise de bancos de dados gigantescos tem aplicações variadas, como detecção de fraudes financeiras, reconhecimento avançado de falas e de localização de ruas, busca por imagens, reconhecimento facial, tradução especializada de documentos escritos e até mesmo detecção de spam, reduzindo o erro destes procedimentos a uma taxa muito baixa. “Os softwares vão reescrever o seu próprio código sem envolvimento humano, a partir de feedbacks de redes de Internet das Coisas ao redor do mundo e se tornarão, momento a momento, mais inteligentes. Se um problema é resolvido em São Paulo, o Sudão, conectado à mesma rede, se torna mais inteligente no mesmo momento. Isso significa que o mundo inteiro se torna mais inteligente junto. Nós nunca tivemos isso ao longo da história”, explica o futurista Jerome Glenn, diretor executivo do Projeto Millennium, rede de pesquisadores globais sobre o futuro. Os serviços gerados por aplicações de IA e seus derivados, considerados o novo paradigma da tecnologia, podem chegar à US$ 2 trilhões já na próxima década, na visão mais otimista. Segundo a consultoria IDC, hoje apenas 1% de todos os aplicativos existentes tem recursos de inteligência artificial. Em dois anos, este percentual vai saltar para 50%. No páreo pelo mercado, gigantes como Microsoft, IBM, Facebook, Google, Apple e Amazon, que visam oferecer novos produtos e serviços, incremen-


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tando as receitas tradicionais. Na linha dos assistentes móveis, como Siri e Google Assistant, chegaram às lojas serviços como assistentes pessoais para a casa, que atendem as necessidades e acessam a Internet por comando de voz, via alto falantes. “Os sites e as ferramentas de busca vão começar a se aproximar mais da gente, com sensibilidade geográfica, por exemplo. Ao entrar por uma porta, você poderá ver saltar informações

disponíveis ali, de acordo com seus interesses,” comenta Djalma Fonseca, professor da cadeira de Machine Learning da Uniamérica e consultor em IoT.

Especialização é palavra de ordem Para dar conta das mudanças, novas competências serão necessárias. No horizonte, um mercado de trabalho totalmente

6 startups e projetos em IA para tomar nota A TOTVS Experience selecionou seis projetos e startups que inovam ao redor do mundo com o uso de Inteligência Artificial, criando novos modelos de negócios, dando suporte à cultura de inovação e aperfeiçoando a tomada de decisão nas empresas, que ganha mais eficiência. Somente no primeiro semestre de 2016, os mais de 250 negócios de aquisições de empresas em AI ultrapassaram o total de todo o ano de 2013.

Space Time Analytics: www.spacetimeanalytics.com Startup de inteligência artificial que desenvolve serviços analíticos para dar suporte a modos de produção sustentáveis, com foco em Meio Ambiente.

ComplyAdvantage: www.complyadvantage.com Usa inteligência artificial para auxiliar bancos e instituições financeiras a cumprirem regras de combate à lavagem de dinheiro.

MindMeld: www.mindmeld.com Plataforma que permite a criação de interfaces de conversas inteligentes, com a utilização de vozes naturais, para diferentes tipos de aplicativos e dispositivos.

Project Company: www.projectcompany.org Empresa que desenvolve robôs de telepresença, com foco nos setores de saúde e educação. A empresa também investe em nanotecnologia e wearables.

Takadu: www.takadu.com Software que permite identificar pontos de vazamento na rede de água, a partir de dados gerados por sensores, prevendo e evitando assim rompimentos na tubulação.

Reactive Inc.: www.reactive.co.jp Usa deep learning para analisar documentos escritos, com destaque para caracteres especiais como japonês, gerando insights para inovação.

novo. O fantasma do desemprego aparece. Com a substituição de funções humanas rotineiras por máquinas que aprendem, cinco milhões de postos devem desaparecer até 2020, segundo o World Economic Forum, contra a criação de 2,1 milhões de novas oportunidades. Nos Estados Unidos, até 47% dos trabalhadores podem perder seus empregos, com destaque para vagas nos ramos de suporte administrativo e mesmo serviços e vendas, de acordo com a Universidade de Oxford. Neste novo cenário, a palavra de ordem é especialização profunda, em áreas como computação, matemática, arquitetura de software e engenharia. Competências como empatia, cooperação e capacidade de negociação em ambientes que mudam rápido serão cruciais. O modelo de empresas como se conhece hoje também sofrerá transformações. “Com o domínio das tecnologias de inteligência artificial, a diferença entre uma empresa nacional e internacional vai desaparecer. E mais: você poderá criar e recriar empresas o tempo todo, organizar uma empresa para determinado fim, com uma duração específica. As companhias serão também instituições transversais, com conselhos de administração de formação diversa, podem incluir inclusive o governo. E não vão fazer recrutamento, como ocorre hoje. Os funcionários serão atraídos pelo negócio. Em geral, as pessoas vão trabalhar com o que gostam, numa economia de autorrealização”, prevê Jerome Glenn, olhando para um horizonte que começa em 2030. A partir do presente, há várias etapas para se chegar lá, a começar pela organização dos dados internos. “A jornada que temos recomendado para as empresas é aproveitar as informações que elas têm dentro de casa, pois a grande dificuldade é fazer com que essa quantidade enorme de informação faça sentido. O trabalho começa com


iapedia

Machine Learning em larga escala: algoritmos de machine learning desenhados para a análise de amplos bancos de dados. Deep Learning: procedimentos artificiais de aprendizagem, que facilitam principalmente reconhecimento de objetos em imagens, vídeos e em atividades. Robótica: aprimora a manipulação de objetos em ambientes interativos e a interação com humanos. Visão computacional: pela primeira vez, computadores são capazes de realizar tarefas visuais melhor que humanos. Sistemas colaborativos: modelos e algoritmos para desenvolvimento de sistemas autônomos que trabalham de forma colaborativa. Internet das Coisas (IoT): aprimora a utilização dos dados gerados por dispositivos, máquinas e sensores conectados à Internet.

retirar as informações dos silos de dados, garantir a qualidade dessas informações, entender o relacionamento entre coisas, pessoas e negócios, e por fim extrair insights por meio de inteligência artificial, com uso de machine learning, deep learning e outras”, comenta Goetten.

Robôs são os novos smartphones As oportunidades encontram-se em todos os setores da economia, em empresas de todos os portes. E também por meio de

Bruno Haya

Machine Learning: confere aos computadores associados a máquinas a capacidade de aprender sem serem programados.

Se um problema é resolvido em São Paulo, o Sudão, conectado à mesma rede, se torna mais inteligente no mesmo momento.” Jerome Glenn, futurista e diretor do Projeto Millennium

combinações de softwares inteligentes com robôs móveis. “A despeito dos motores, um robô nada mais é do que um smartphone em termos de software. Então as empresas de TI podem criar aplicativos que desenvolvam habilidades, inteligência, serviços ou conteúdo de entretenimento para as plataformas robóticas comerciais”, comenta Eric Rohmer, pesquisador de Robótica da Unicamp. Ele destaca as regras básicas de funcionamento da relação homem-máquina: as tarefas executadas pelos robôs precisam ter utilidade, os robôs devem estar conscientes do que ocorre ao seu redor e as pessoas precisam interagir de forma intuitiva com os robôs. E reforça: “É aí que estão as chances de negócios. Softwares que se integrem com o hardware”. No Japão, uma fábrica na cidade de Saitama, por exemplo, tem humanoides na

linha de produção. Eles fazem o mesmo trabalho que os serem humanos, a 80% da velocidade, mas de forma contínua. Participam inclusive da ginástica laboral matinal. “Os robôs escaparam de suas jaulas para trabalharem livremente no meio dos seres humanos, colaborando com eles”, sentencia. Rohmer faz parte da equipe no Brasil que aperfeiçoa o R1T1, robô de telepresença que pode se integrar com aplicações para assistência médica, para casas e para educação a distância. Outras tendências neste ramo são os robôs de serviços e para ambientes extremos, com terremotos e desastres naturais. Parece que os receios de Isaac Azimov, autor de séries de ficção científica como “As três leis da Robótica”, de que os robôs pudessem se virar contra seus criadores, ficaram mesmo na ficção. Na realidade, as tecnologias de futuros livraram o ser humano das tarefas mais pesadas para que se dedique a atividades de maior valor agregado. O humano aumentado pela capacidade tecnológica da inteligência artificial terá mais tempo para exercer a criatividade, que é o motor de ambientes altamente inovadores.


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I N T E L I G Ê N C I A

ARTIFICIAL

NEGÓCIOS REAIS Entrada massiva dos robôs inteligentes na economia dá início à nova era tecnológica e gera explosão de oportunidades em todos os setores

Trabalho em mudança

3,6 milhões de postos de trabalhos serão criados a partir do avanço dos robôs

22 ,7 milhões

A FÁBRICA INTELIGENTE As aplicações de Inteligência Artificial no processo de produção

de posições de trabalho serão suplantadas pela automatização Fonte: Forrester

Cadeia de Fornecimento: decisões automatizadas e otimizadas são tomadas por máquinas que aprendem. À medida que cruzam dados dos fornecedores com demanda de clientes, aumentam eficiência e reduzem erros.

Sistemas de produção: uso de tecnologias de inteligência artificial em 3D, como reconhecimento de gestos, reduz o tempo de testes. Sensores coletam dados, geram análises inteligentes e reduzem erros humanos de anotação. Análise de dados: cruzamento inteligente de dados internos e externos gera recomendações estratégicas e táticas. Força de trabalho móvel: trabalhadores equipados com dispositivos móveis, com uso de realidade aumentada processam informações em tempo real.

Manutenção Inteligente: sistemas remotos de assistência e análise preditiva geram uma manutenção integrada. Veículos autônomos: unidades inteligentes sem motoristas transportam materiais.

Materiais avançados: novos materiais como nanomateriais melhoram a eficiência e a qualidade dos produtos.

Empregos sob ameaça nos EUA em 2033 setores

Gestão, Negócios e Financeiro Serviços Vendas e correlatos Escritório e Suporte Administrativo

Robótica: robôs inteligentes tomam decisões em situações complexas.

Agricultura, Pesca e Atividades Florestais

Produtos Inteligentes: produtos contêm dados relevantes e se comunicam entre si.

Produção

Fabricação sob demanda: produtos são fabricados de acordo com a preferência do consumidor, que interage e gera informações estratégicas.

Transportes e Logística Fonte: Oxford Martin School / Universidade de Oxford


Clima de negócios com AI esquenta Saúde: robôs auxiliam no diagnóstico de doenças, reduzindo custos. Remédios desenvolvidos com uso de Inteligência Artificial levam menos tempo do que o usual para chegar ao mercado, com custo mais baixo.

Indústrias

Fábricas/Linhas de Montagem: robôs

Inteligência Empresarial (BI)

Saúde Publicidade, Vendas e Marketing

capazes de montar itens complexos, como componentes eletrônicos, carros e até mesmo casas.

Segurança

Transportes: carros

autônomos vão economizar US$ 1,3 trilhão por ano nos EUA entre 2035 e 2050. No mundo, esse valor será de US$ 5,6 trilhões.

$

Finanças: robôs

usam análise preditiva e dados de mercado para prever tendências de investimentos, de forma mais ágil e fazem recomendações.

Atendimento ao Consumidor: robôs

amigáveis que imitam humanos usam padrões de conversas reais para fornecerem serviços rápidos e simples, além de mais baratos.

Finanças Internet das Coisas Gestão de Relacionamento com o cliente Assistência Pessoal/Produtividade Educação E-commerce Robótica Número de negócios: até julho/2016 Mínimo

Máximo

Fonte: Future of Work Community

Investimentos em Startups de Inteligência Artificial

Dados gerais

2011-2015 397 307

$ 2,388

196 $ 2,177

131 67 $ 282

$ 415

2011

2012

Investimentos declarados em US$ milhões

$ 757 2013

2014

Fonte: CBInsights

2015

Negócios fechados Fonte: CBInsights

25% das tarefas de trabalho em todas as indústrias serão transformadas pelo avanço dos robôs até 2019

Fonte: Forrester


Shutterstock

e s t r at ĂŠ g i a 34


hiper conectado Depois de a internet revolucionar a interação entre as pessoas, a próxima era será da conexão entre tudo. Ao mesmo tempo em que a internet das coisas coloca desafios, como privacidade e proteção de dados, ela abre um enorme leque de negócios para as empresas explorarem por Roberta Prescott

P

ouco mais de duas décadas foram suficientes para que a internet comercial transformasse radicalmente a sociedade e a dinâmica dos negócios. A era da informação se intensificou e o conhecimento ficou global e pulverizado. Agora estamos diante de mais uma revolução, a da ligação direta máquina a máquina e conexão dos mais diversos objetos — como carro, eletrodomésticos e acessórios vestíveis — à internet. A internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), também chamada de IoE (internet of everything ou internet de tudo), cresce em ritmo acelerado e, ao mesmo tempo em que promoverá profundas mudanças, impõe desafios de privacidade e proteção dos dados coletados. Com cada vez mais objetos conectados à rede, é possível às empresas coletarem dados

que, depois de transformados em informação e analisados, representarão um enorme diferencial competitivo. Uma das indústrias avançadas na adoção de IoT é a automobilística. Chips fazem o acompanhamento do funcionamento dos veículos, mostrando quando há necessidade de manutenção, e monitoram a vida útil de peças. Além disto, carros equipados com tecnologias de comunicação poderão ser capazes de enviar dados a outros carros ou a sensores instalados nas ruas e semáforos de modo a melhorar a fluidez do trânsito e reduzir acidentes. O aumento do número de objetos mais inteligentes e conectáveis deve-se à redução do custo dos sensores, da conexão e dos processadores. Ademais, a rápida evolução da tecnologia, que amadurece em ciclos cada vez mais curtos, impacta direta-

mente a forma como as pessoas interagirem, trabalharem e tomarem decisões. Por isso, as previsões para o mercado de internet das coisas chamam atenção pela grandeza. A Cisco estima que 50 bilhões de objetos estejam conectados à internet em 2020. É um número maior que a previsão da Ericsson de 28 bilhões de dispositivos conectados até 2021 e também superior às expectativas da consultoria McKinsey que acredita que IoT terá entre 20 bilhões e 30 bilhões de dispositivos em 2020. No Brasil, um estudo produzido pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), em parceria com a IDC (International Data Corporation), estimou que o mercado de internet das coisas deve atingir US$ 4,1 bilhões no Brasil em 2016, sendo US$ 37 milhões correspondentes apenas a dispositivos domésticos.


e s t r at é g i a 36

Nos próximos 3 a 5 anos vamos ter mais coisas conectadas do que pessoas” Laércio Cosentino, CEO da TOTVS

Mais que uma teia de elementos interligados, a IoT abre caminhos para uma série de novos negócios, ao mesmo tempo em que apresenta desafios tecnológicos, incluindo arquitetura de TI, segurança e capacidade das redes.

Impacto nas empresas A conexão entre coisas e pessoas transformou a forma de a sociedade interagir e se relacionar, obrigando as companhias a passarem por um processo de reavaliação de suas propostas de valores, de operação, de interface com o consumidor e de seus modelos estratégicos e econômicos para entenderem o impacto que todas as mudanças vão ter no dia a dia dos negócios. “Com a sociedade conectada, cada atividade, empresa, produto e solução precisam ser, no mínimo, revalidadas, porque a conexão mu-

dou a forma de as pessoas fazerem as coisas”, enfatiza Laércio Cosentino, CEO da TOTVS. A TOTVS está revalidando tudo aquilo que faz e avaliando não apenas a evolução do mercado, mas também as tendências futuras. “Nos próximos três a cinco anos, vamos ter mais coisas conectadas do que pessoas. Aquilo que uma pessoa precisava buscar de informação e precisava transformá-la em conhecimento e em decisão de negócio, cada vez mais, virá por meio de equipamentos. Entra o conceito de internet of things”, aponta Cosentino. O executivo acredita que as empresas que não revalidarem seus negócios e não investirem em inovação para viver este novo momento serão surpreendidas ou vão perder espaço para novos conceitos e novas empresas. No caso da TOTVS, a empresa mantém sua principal linha de negócios nos sistemas de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês), mas, em vez de ter módulos endereçando determinadas áreas, como fiscal ou de RH, busca uma plataforma aberta de solução de negócios, dando a possibilidade de ampliar o ecossistema para incluir componentes de internet das coisas. Neste processo, a aquisição e a incorporação da empresa brasileira provedora de soluções completas de automação Bematech ganham relevância. Além da liderança em software em alguns setores, a Bematech possui um vasto conhecimento sobre como transformar software em hardware, uma habilidade essencial para conectar coisas por meio de sensores. “A gente entende que o conhecimento de transformar software em hardware e depois hardware em software é algo que não tínhamos e que nós trouxemos para dentro de casa”, disse Cosentino, ao comentar a aquisição. A expertise da Bematech torna-se essencial na construção da cadeia de valor de internet das coisas e diferencia a empresa em relação aos concorrentes.

mais engajamento Considerada uma das transições mais profundas na tecnologia de hoje, a Internet das coisas cria oportunidades sem precedentes para as empresas. Resultados iniciais da pesquisa da International Data Corporation (IDC) sobre internet das coisas (2016 Global IoT Decision Maker Survey) apontou que o mercado começa a migrar de provas de conceito para implantar projetos de IoT incorporando recursos de computação em nuvem, análise e de segurança. Confira alguns apontamentos da pesquisa:

31,4% das organizações pesquisadas lançaram soluções de IoT, sendo que 43% estão prevendo fazer implantações nos próximos 12 meses. 55% dos respondentes veem IoT como algo estratégico para seus negócios, uma vez que os permitem competirem de forma mais eficaz. Embora a segurança/privacidade e custos iniciais/em curso sejam as principais preocupações para os tomadores de decisão, a falta de competências internas é a nova maior preocupação para as organizações que buscam implantar uma solução de internet das coisas. Melhorar a produtividade, reduzir custos e automatizar processos internos são vistos como os principais benefícios de uma solução a Internet das coisas. Isso destaca um foco interno e operacional das organizações no curto prazo em detrimento dos benefícios externo, voltado para o cliente. A pesquisa foi realizada entre julho e agosto de 2016 e incluiu cerca de 4.500 respondentes oriundos de uma ampla gama de indústrias de mais de 25 países.


No foco Três segmentos de mercado têm se destacado dentro da estratégia da TOTVS para internet das coisas: os setores de manufatura, saúde e varejo, para os quais a companhia possui projetos piloto com o objetivo de entender a facilidade de implantação e o impacto da adoção de solução de internet das coisas. A TOTVS quer ir além da ligação máquina a máquina: quer explorar o potencial que o conjunto de dados coletados tem para transformar negócios. Entender quais informações são valiosas para que áreas e profissionais faz toda a diferença. “Mais importante que ter o sensor é saber para quem passar os dados coletados, para quem eles serão importantes e como vão transformar o negócio com a informação. É neste sentido que o conceito de IoT abre um leque de oportunidades”, afirma o vice-presidente de Hardware e Micro e Pequenos negócios da TOTVS, Eros Jantsch. No segmento de saúde, a IoT deve protagonizar uma profunda transformação. Com o envelhecimento da população, faz mais sentido monitorar o paciente para um tratamento preventivo que arcar com altos custos posteriores. Os sensores também ajudam os médicos no acompanhamento após uma cirurgia ou durante um tratamento. Em outra esfera, a preocupação com o bem-estar tem levado milhares de indivíduos a adotar acessórios vestíveis, como pulseiras que monitoram batimentos cardíacos e contam passos. O enorme banco de dados que se forma a partir da coleta destes dados pode ser útil para realização de estudos ou análises de efeitos colaterais de medicamentos.

Já os varejistas conseguem fazer o gerenciamento da cadeia de abastecimento e capturar de dados de forma automatizada, o que dá a eles maior eficiência. Sensores instalados nas lojas físicas mapeiam o fluxo das pessoas, apontando, por exemplo, quantas pessoas estiveram na loja, em que horários, se eram mais homens ou mulheres e como se movimentaram entre as gôndolas. Dispositivos conectados (bilhões) 25

20 15

10 5 0 2015

2017

2019

2021

15 28 bilhões bilhões M2M ( Machine2Machine): não inclusos celulares

2.6

10.7

M2M e eletrônicos; celulares

0.4

1.5

Eletrônicos; não inclusos celulares

1.6

3.1

PC/laptop/tablet

2.4

2.8

Celulares

7.1

8.7

Telefones fixos

1.3

1.4

2015

2021

Fonte: Ericsson

Ao tratar os dados coletados nas lojas com inteligência analítica é possível, entre outras aplicações, levantar o comportamento de compra dos clientes. Identificar padrões dentro dos espaços tem alto valor para planejar promoções ou configurar o layout da loja e personalizar a experiência de compra, proporcionando diferentes oportunidades de marketing digital nas lojas.

No entanto, para que o universo de IoT faça sentido, todos os dados coletados precisam ser imputados em sistemas transacionais e analisados usando soluções de big data analytics e inteligência artificial. Assim, serão capazes de gerar insights ao negócio e os gestores conseguirão ter melhor conhecimento sobre seus negócios para direcionar as tomadas de decisões e fazer um planejamento mais assertivo da companhia.

DESAFIOS PARA IoT O ecossistema da internet das coisas é complexo e envolve uma série de componentes, tais como semicondutores, software, gateways e equipamentos de hardware. Os objetos equipados com sensores ou entradas para captura ou geração de dados e providos de conectividade de rede, normalmente, sem fios, enviam os dados coletados a um repositório. “Não existe ainda uma empresa entregando de fato uma solução completa de IoT”, diz Jantsch, lembrando que o conceito de IoT ainda é algo muito novo. Ao somar o conhecimento da Bematech, a TOTVS tornase capaz de desenvolver soluções completas, fim a fim, para atender às demandas oriundas da internet das coisas e caminha para agregar um grande número de tecnologias. A evolução da internet das coisas está em curso, mas existem desafios a serem vencidos. A ausência de padrões de arquitetura e de protocolos pode impedir uma maior expansão do uso de IoT por impor custos mais altos ao sistema. Além disto, há um enorme debate em torno da segurança da informação, da privacidade e da proteção dos dados coletados. Apesar disto, tudo indica que a internet das coisas é um caminho sem volta — e ela está apenas mostrando seu potencial para transformar (ainda mais) a sociedade e as empresas.


AT UA L I D A D E 38

REVOLUÇÃO

SILENCIOSA

Ainda em fase inicial, o blockchain permite o registro e arquivamento de ativos de forma descentralizada; e desponta como tecnologia na base da transformação de diversas indústrias por Roberta Prescott

A

vitrola exigia uma rotina. Era preciso ir pessoalmente às lojas para comprar os discos — que, no começo, possuíam poucas faixas de música. Era também costume deixar os vinis expostos em prateleiras na sala, como se fosse uma biblioteca fonográfica. Com o passar do tempo, os discos foram dando lugar a outros tipos de mídia. Lançaram as fitas cassete, permitindo às pessoas fazer gravações caseiras das canções que mais gostavam. Aos poucos e conforme a tecnologia se desenvolvia, a indústria fonográfica foi trocando a gravação analógica e mecânica e ingressando no mundo digital. Os discos compactos (CDs, na sigla para compact discs) reinaram até que a disseminação dos programas de compartilhamento de arquivos em rede, liderada pelo Napster, rompeu de vez com os parâmetros da música digital. Desde então, a transformação da indústria fonográfica foi profunda. Ainda há desafios importantes a vencer como remunerar adequadamente os auto-

res, de artistas independentes a grandes gravadoras. Rastrear os direitos autorais, permitindo que os royalties sejam distribuídos de forma rápida e eficiente para os corretos proprietários é a proposta da startup israelense Revelator. Fundada em 2013 por Bruno Guez, que permanece como CEO, a empresa nasceu com o objetivo de facilitar e diminuir o tempo de pagamento de direitos autorais de músicas e outros tipos de áudios, como audiolivros. “As empresas de transmissão precisam rastrear os ativos dentro dos podcasts para conseguirem saber quanto devem pagar para os proprietários dos direitos autorais quando os podcasts forem distribuídos ou baixados”, explica Guez. O público-alvo da startup é composto por membros da indústrias da música e de mídia, responsáveis, principalmente, pela produção do conteúdo. A empresa aposta que a rápida identificação dos direitos autorais vai liberar microtransações de pagamentos para os respectivos detentores dos royalties, reduzindo drasticamente o tempo de espera para o acerto de contas.


Montagem sob iIlustrações Shutterstock

Acervo pessoal

A Revelator (www.revelator.com), fundada por Bruno Guez (ao lado), tem na base do seu negócio a tecnologia blockchain.

BASE DA INOVAÇÃO Na base do negócio da Revelator está o blockchain, que, em tradução livre, significa cadeia de blocos (leia mais no box abaixo). Trata-se de uma rede descentralizada ponto-a-ponto (do inglês peer-to-peer) que tem na sua base o conceito de livros-caixa distribuídos. O conceito ficou mundialmente famoso graças à moeda virtual bitcoin, viabilizada pelo advento do sistema de pagamento online baseado em protocolo de código aberto e independente de qualquer autoridade central. Por ser uma base de dados distribuída de transações, os usuários gerenciam o sistema sem necessidade de intermediador. Chris Skinner, especialista na indústria financeira e autores de diversos livros, faz uma analogia com os aplicativos de edição de texto da Microsoft e da Google para explicar o potencial colaborativo do blockchain. “Com blockchain você cria um banco de dados que todos podem mexer e compartilhar, de forma confiável. É igual editar no Google Docs e no Word”, diz. É o que faz a Revelator. “Nós permitimos às pessoas manejarem seus catálogos de ativos e as informações sobre os direitos autorais deles. Nós fazemos o registro dos copyrights em um sistema de blockchain”, diz o CEO. Ao traçar sua visão de longo prazo, Bruno Guez acredita que os reais benefícios virão quando todas as informações sobre os direitos autorais estiverem armazenadas em blockchains. Uma peça-chave para esta engrenagem funcionar, permitindo o compartilhamento de informações, é a conexão dos diversos sistemas por meio das interfaces de programação de aplicações (APIs, na sigla em inglês). “Existem vários projetos em andamento. Quando os metadados com as informações sobre os direitos estiverem mais acessíveis a públicos, ficará fácil entender quem deve ser remunerado”, salienta, acrescentando que, atualmente, existe uma defasagem de informação sobre quem é dono de quais ativos.

Apesar de ter surgido em 2009 com os bitcoins, o conceito de usar a tecnologia blockchain para outros fins ganhou força mais recentemente, quando atraiu empreendedores e investidores. Nos últimos dois anos, empresas como a Revelator surgiram colocando à prova a viabilidade do blockchain. Uma das indústrias mais impactadas, a financeira, respondeu ao advento da tecnologia com a formação de um consórcio, a R3, dedicado a entender como os bancos podem tirar proveito do blockchain (leia box). Outro exemplo é a Blockchain Foundry, criada com objetivo de prover soluções para usuários finais usando a cadeia de blocos. O primeiro lançamento da empresa, chamado de Blockmarket, é uma plataforma de comércio eletrônico baseada na web que permite aos varejistas online, a empreendedores e a vendedores individuais criar e acessar marketplaces hospedados na rede Syscoin, uma criptomoeda (assim como bitcoin) que permite a empresas e indivíduos comercializar bens, ativos, certificados digitais e dados de forma segura. O CEO da Blockchain Foundry, Dan Wasyluk, espera que a plataforma facilite a maneira como as

ENTENDA O CONCEITO Blockchain pode ser definido como uma rede descentralizada ponto-a-ponto (do inglês peer-to-peer) que tem na sua base o conceito de livros-caixa distribuídos. A grande sacada do modelo é que quem fica com os livros-caixa são os próprios pares, sendo necessário para isto tudo funcionar um protocolo de sincronismo para fazer a atualização cada vez que um dado é inserido. Acredita-se que o blockchain promoverá uma ruptura no modelo de mover ativos, tornando-o muito mais fácil e barato, uma vez que não necessita de intermediários ou autoridades para fazer o controle. Em vez de as transações serem registradas em uma ou várias unidades centrais que atestam confiança e segurança, a transação proposta por um agente é validada pelos outros a fim de garantir sua legitimidade. Para garantir a segurança e legitimidade, o sistema conta com entidades chamadas de miners, responsáveis por atualizar o blockchain, validando e executando as transações e adicionando novos blocos à rede. Os miners atuam como os bibliotecários do blockchain.


Acreditamos que a tecnologia blockchain vai transformar a forma como gerenciamos os ativos”

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Vicente Goetten, Diretor TOTVS Labs

pessoas montam ambientes virtuais para comercialização de produtos, reduzindo os custos para os vendedores e melhorando a experiência do usuário ao fazer compras online.

INÍCIO DA JORNADA

A distante Estônia e o projeto BitNation já usam blockchain para emitir documentos, registros de cartórios e identidades virtuais.

Blockchain é tido como uma forma revolucionária de fazer registros e arquivá-los, mas ainda está em uma fase bastante inicial. “Estamos vendo a ponta do iceberg”, pontua Wasyluk, da Blockchain Foundry. Para ele, cedo ou tarde o blockchain vai impactar a todos, sendo que para alguns setores a tecnologia contribuirá para que se desenvolvam soluções capazes de mudar radicalmente a forma do mercado. “Nos Estados Unidos — e isto deve se aplicar a outros países —, temos um registro médico centralizado [prontuário eletrônico] que fica sob responsabilidade de uma empresa. Com blockchain estes registros poderiam ficar descentralizados, com apenas os pacientes e os médicos tendo acesso aos dados”, exemplifica Wasyluk. Seguindo esta mesma filosofia, o mercado imobiliário também pode se beneficiar de fazer o gerenciamento dos registros de forma

descentralizada. Usando blockchain, uma plataforma poderia ser criada para que todos os agentes do sistema abastecessem um repositório único com as informações de todas as propriedades disponíveis para aluguel ou venda. “Acreditamos que blockchain vai transformar a forma que gerenciamos os ativos”, diz Vicente Goetten, diretor-executivo do TOTVS Labs. “Colocando os imóveis como ativos dentro do blockchain conseguimos verificar se uma pessoa é dona ou não de alguma propriedade e, por exemplo, pode-se autorizar ou não uma transferência”. Do lado governamental, a Estônia está bastante avançada nas iniciativas de cidadão digital. Além de oferecer serviços de notarização a seus cidadãos, o País levou a cabo o projeto e-Residency que oferece a qualquer cidadão do mundo uma identidade virtual expedida pelo governo que assegura a autenticidade da pessoa para usar serviços, assinar documentos e verificar a identidade. Indo mais além, o projeto BitNation usa a tecnologia blockchain para emitir documentos de identidade virtuais, permitindo que cidadãos, independentemente do local onde vivem ou fazem negócios, possam registrar casamentos, certidões de nascimento, contratos de negócios e outros, usando como base. Para ser mais amplamente adotado, o blockchain precisa ganhar a confiança do mercado, a começar pela própria expansão do bitcoin. “Sendo bitcoin uma moeda sem supervisão do governo, as pessoas ficam confusas e há também problemas de usabilidade. Por exemplo, você não pode comprar no eBay usando bitcoins, porque não é aceito. Então, as pessoas usam mais para transferir dinheiro internacionalmente”, aponta o CEO da Blockchain Foundry, Dan Wasyluk. Em artigo, Cezar Taurion, CEO da Litteris Consulting, CEO da ThinPost e autor de seis livros sobre TI, afirmou que o blockchain está na fase de criação de ecossistemas, com muitas iniciativas des-


A moeda virtual Bitcoin começa a remodelar os mercados financeiros e dá os primeiros passos.

A APOSTA DOS BANCOS De olho no potencial do blockchain e diante da ruptura já provocada pelos bitcoins, as maiores instituições financeiras do mundo estão avaliando como desenvolver soluções baseadas na nova tecnologia. Da vontade de não ficar atrás, surgiu a R3, uma empresa de tecnologia financeira dedicada a trabalhar com os bancos para entender como eles podem tirar proveito do blockchain. Atualmente, a R3 reúne um consórcio com pouco menos 70 bancos ao redor do mundo, incluindo os brasileiros Itaú Unibanco e Bradesco.

Fotos: Divulgação

Charley Cooper, diretor da R3, disse que espera ter uma plataforma madura e pronta para apresentar aos clientes antes do fim de 2017, podendo lançar comercialmente algumas iniciativas dentro deste período. “Serão produtos em estágio inicial, mas que continuarão se desenvolvendo ao longo do tempo. Espero ver nos próximos 18 meses uma série de produtos comerciais lançados pela R3 e outras companhias”, afirma. O impacto para os correntistas dos bancos não deve ser tão facilmente notado. Fazendo uma analogia com o desenvolvimento da internet, que foi melhorando sem necessariamente os internautas saberem o que foi feito tecnicamente para aumentar a velocidade de conexão e diminuir a latência, Cooper explica que os usuários perceberão aprimoramentos nos meios de interação com os bancos e que o blockchain estará por trás das melhorias. Um dos desafios do conceito de transações em rede e sem intermediação do blockchain recai sobre a parte regulatória. Com ele, órgãos como Câmara Interbancária De Pagamentos (CIP) ou Banco Central

conexas surgindo e sem aplicações realmente maduras funcionando a pleno vapor. “Vai levar algum tempo para as primeiras aplicações saírem do campo das experimentações para se firmarem no mercado”, escreveu. “A tecnologia está pronta, mas ainda falta o aplicativo matador, aquele que quando surgir vai levar o blockchain a ter uma adoção exponencial”, relata Goetten, do TOTVS Labs. O TOTVS Labs está avaliando a possibilidade de usar conceitos de blockchain para inteligência artificial. Para isto, está desenvolvendo uma plataforma para resolver três problemas principais que os clientes enfrentam hoje: falta de qualidade dos dados, dificuldade de acesso aos dados e falta de compreensão dos dados. “Temos experimentado conceitos de blockchain principalmente com processa-

perdem relevância para autorizar transações. A R3 defende que haja um trabalho conjunto para se chegar a um consenso de regulamentação. A empresa falou com cerca de cem instituições regulatórias de todo o mundo para entender até que ponto elas se sentem confortáveis para usar a tecnologia. “Em uma indústria tão regulada como a financeira, teremos problemas se não tivermos os reguladores interessados desde o começo e se eles acharem que a tecnologia não está sendo implantada como acham que deveria ser”, ressalta Cooper. Uma das maiores preocupações dos reguladores é o uso de moedas virtuais, que funcionam com base no blockchain, para lavagem de dinheiro.

mento distribuído nas pontas e descentralização da aplicação”, explica Goetten. As expectativas para a maior adoção são altas. O Fórum Econômico Mundial divulgou um relatório afirmando que blockchain ocupará um papel central no sistema financeiro global. De acordo com a entidade, foram feitos investimentos venture capital de mais de US$ 1,4 bilhão nos últimos três anos em blockchain. O Fórum Econômico Mundial considera que a tecnologia de registros distribuídos não é uma “panaceia” e deve ser vista como uma das muitas tecnologias que formarão a base da próxima geração de infraestrutura de serviços financeiros. Apesar dos desafios e do longo caminho pela frente, o blockchain deve promover uma profunda revolução no funcionamento de diversas indústrias.


competitividade 42

O mundo conectou-se através de plataformas digitais, todos – seja de forma direta ou indireta – serão impactados por isso. por Ricardo Cappra

A

s notícias que chegam no telejornal à noite, e nos jornais no dia seguinte, já estão velhas na internet, pois tudo agora é ao vivo. Uma sociedade cada vez mais conectada, sedenta por informação em tempo real, espera que as organizações - privadas e públicas - sejam tão ágeis quanto o surgimento dos problemas, mas os modelos organizacionais não foram construídos baseados nessa premissa, então tudo precisa ser reinventado. A mudança de mindset é dura, mas necessária. Os novos competidores que constróem seus modelos com base em tecnologia e em uma forte cultura analítica estão se destacando. Então, para se reinventar, não existe uma outra forma se não através do digital. Uma sociedade totalmente sustentada por informação será cada vez mais crítica e analítica em suas escolhas, ela sempre fará escolhas olhando para dados. Isso faz com que uma organização não orientada por dados esteja na contramão da realidade e das necessidades do seu público. A era da informação atingiu tudo e todos, aqueles que ainda não entenderam isso estão sendo rapidamente ultrapassados e até extintos. Velhos modelos exigem novos hábitos, isso não é uma mudança tecnológica, é uma transformação social ao redor do mundo, todos consumindo informações e gerando novos dados. O crescimento exponencial desses dados criou um conceito chamado Big Data que, para a área de tecnologia, está muito relacionado a armazenar, processar e tratar o atual volume, velocidade e variedade de dados que estão à disposição. Big Data pode ser algo muito poderoso, afinal, diante de tantos dados não estrutu-

rados, é natural que se façam descobertas incríveis e não convencionais, mas era necessária a criação de uma disciplina específica para transformar esses dados em informação qualificada. Assim surgiu a Ciência de Dados. Resultado da evolução natural da cultura analítica na sociedade, a Ciência de Dados é uma área de conhecimento que mistura as disciplinas Ciência da Informação, Tecnologia da Informação, Análise de Sistemas e também exatas como Matemática e Estatística. Em muitos países, simultaneamente, ocorre a discussão de qual é exatamente o papel do “cientista de dados”, mas o fato é que esse profissional já está presente nos mais diferentes tipos de organização, ajudando na transformação de dados não estruturados em informação de qualidade e utilizável. Esse profissional torna possível uma organização ser mais competitiva, por meio de uma melhor gestão da informação (veja diagrama ao lado). As maiores empresas do mundo são aquelas que controlam mais e melhores informações. Google, Amazon, Apple, Facebook, Uber, entre tantas outras, já controlam sistemas de transportes mundiais, são os maiores veículos de mídia do mundo, têm mais informações sobre a sociedade do que jamais se imaginou ser possível, possuem acesso aos usuários finais, sem necessariamente passar por “tradicionais modelos”. Isso tudo nos leva a crer que informações lapidadas, resultado de dados coletados, classificados, organizados e transformados para uso, são uma fonte inexorável de poder. Diante desse universo infindável de produção, armazenamento e processamento de informações, vale a pena recuperar como as pessoas, individualmente, geram dados.

FreeImages.com/Katia Grimmer-Laversanne

O Poder da

Ciência de Dados


Tracking virtuoso O caminho para transformação de dados não estruturados em informação de qualidade é um ciclo virtuoso que todas as empresas devem seguir.

data tech

rastros de comportamento

melhores decisõEs estratégicas & insights

business analysis

dados

deciding framework

I0I 0I0

ciência

inteligência analítica informação

data science

business hacking

processamento e tratamento de dados

transformação

comportamento social decodificado

information science

Monitoramento do comportamento humano A todo momento, todas as pessoas, em todos os lugares do mundo, geram dados, que são na verdade registros de hábitos, preferências, sentimentos, compras, e tudo mais. Tais dados são gerados por meio dos mais diversos dispositivos tecnológicos que usamos no nosso cotidiano, de TVs digitais, passando por geladeiras, indo até controladores de qualidade de ar que estão espalhados pelas cidades e dentro de nossas casas. A cada dia surge um novo aplicativo para nos ajudar a resolver um problema, mas ao acessá-los disponibilizamos mais alguns dados sobre nós mesmos dessa ferramenta. Dados sobre comportamento, quando tratados de forma adequada, podem virar in-

formações estratégicas que ajudam na criação de produtos, marketing e soluções mais efetivas para usuários finais, mas obviamente também podem ajudar na solução de grandes problemas da sociedade. Imagine antecipar um ataque terrorista baseado no comportamento das pessoas que cometeram atentados, ou ainda prever o risco de disseminação de uma doença grave em função dos hábitos de pessoas que atuaram como vetores na propagação dessa endemia em uma região anteriormente afetada. Sim, o uso que se faz dos dados sobre comportamento pode servir para todos, pode ajudar empresas a vender mais produtos, mas também pode ajudar na superação de grandes questões sociais, não apenas em âmbito local, mas mundial.


competitividade 44

Cultura de ánalise: Nas salas de controle é possível acompanhar o registros de comportamentos permanentemente.

Nos inúmeros desafios que movem a sociedade atualmente, é recorrente a reunião de cientistas na busca de soluções para problemas diversos. Isso não é diferente para o cientista de dados, que pode ajudar pessoas e empresas a encontrar respostas lógicas para problemas complexos por meio da construção de sistemas de informação. Não estou me referindo somente a softwares, mas igualmente na obtenção de respostas através de elementos mensuráveis e tangíveis, presentes em modelos analíticos e fórmulas. Chamamos isso de “hackear o processo de decisão”, ou seja, encontrar formas sistêmicas e científicas para responder perguntas importantes. Quando olhamos para dados relacionados a comportamento, são inúmeras as possibilidades, considerando que todo e qualquer negócio ou causa sempre deveria ter como objetivo final resolver o problema de cliente/usuário final. Quando você consegue captar traços/registros de comportamento humano e transformá -los em informação para fácil consumo, isso deveria ajudar em todo e qualquer tipo de decisão. Afinal, se você tiver uma informação melhor, consequentemente terá melhores oportunidades para tomada de decisão. A Ciência da Informação é fundamental nessa transformação, pois é preciso ter as melhores informações acionáveis, ou seja, aquelas que respondem rapidamente perguntas estratégicas e efetivamente ajudem na hora da tomada de decisão. Modelos de

gestão encheram as mesas de executivos de relatórios baseados em processos pré-estabelecidos, a maioria das grandes empresas adotaram esses modelos, fazendo com que isso não seja mais um diferencial competitivo.

Personalização do negócio Vou dar alguns exemplos a seguir para ilustrar: É possível construir estratégias de negócio. Considere que você possui uma determinada rota para distribuição dos seus produtos, que ela foi criada para reduzir custos e assim viabilizar sua distribuição e acesso para um número maior de pessoas. Você sabe que a forma de transporte exige um tipo de embalagem que permita deslocamento em massa, mas e se isso não fosse uma premissa para todos? Se alguns estiverem dispostos a pagar mais para receber o produto de uma forma “personalizada”? Se eu coletar as características preferenciais do meu público-alvo, monitorar seus hábitos e investigar suas preferências, posso criar uma nova estratégia de negócio para um tipo de entrega especial destinada a um grupo de clientes disposto a pagar e, consequentemente, receber de uma forma diferenciada o meu produto. Essas informações sobre esse público podem vir de diferentes fontes de dados, podem vir de pesquisas de campo, dados de internet, pesquisas on-line, registros de redes sociais, e tantas outras origens desses dados. Quando processados em um modelo analítico da metodologia, é possível fazer esse tipo de descoberta e,

Fotos: Arquivo pessoal

Hacking do processo de decisão


posteriormente, tomar a decisão para a construção de uma nova estratégia empresarial. Obviamente que medir a efetividade e manter o monitoramento da eficácia dessa estratégia é fundamental. A partir da adoção de uma cultura analítica, isso torna-se uma prática. Assim como no exemplo anterior, que potencializou uma estratégia de negócio, o mesmo acontece com relação aos produtos. Sua empresa oferta um produto tipo X, mas o seu cliente, ao consumir seu produto, tem por hábito sempre consumir junto um outro produto que você inclusive não oferece, do tipo Y. É um consumo associado que lhe permite criar uma nova linha de produtos ou até buscar uma associação com parceiros que entreguem a opção de cesta de produtos X + Y. Para descobrir essas preferências, características regionais, preferências por grupos de pessoas, e até por indivíduo, nada melhor do que dados reais sobre o perfil de quem é o seu público. Muitas vezes, além de registros de comportamento disponíveis em espaços públicos da internet, isso já se encontra dentro do seu próprio site/e-commerce. Se você olhar os registros no campo de busca do seu próprio website, monitorar isso de forma constante, muitos desses dados poderão fazer parte do modelo analítico que apoiará a tomada de decisão de lançamento de novos produtos.

O crescimento da cultura analítica Não importa qual é o seu negócio, segmento, produto, nesse exato momento tem alguém falando sobre isso em algum lugar. As plataformas digitais são a principal forma de relacionamento e comunicação das pessoas. Obviamente que isso faz com que também seja o local onde elas trocam informações sobre tudo: produtos, consumo, preferências, insatisfações. Igualmente não importa a região, segmento ou classe social ao qual seu produto se destina, em algum lugar na internet, nesse exato momento, existe um novo registro sobre o seu público-alvo, registro esse que quando é transformado em informação pode ajudar a traduzir as preferências dos seus consumidores. De novo, sempre que você tiver uma informação melhor, também tomará uma decisão mais apropriada. É possível por fim aprimorar a gestão de crises.

Crises geralmente são geradas por pessoas que de alguma forma tentaram resolver algum problema que estavam enfrentando e não encontraram um canal adequado para falar sobre isso ou não receberam a atenção que consideram necessária da outra parte. São conversas que atingem um ápice de insatisfação por uma das partes. Em vez dessa opinião ter ficado entre duas pessoas em uma conversa, isso hoje está espalhado por todos os espaços públicos a partir dos quais as pessoas se expressam, sobretudo potencializado pela internet. Não é só uma forma de ataque, é apenas uma forma de expressão. Como é possível monitorar tudo que acontece dentro do universo digital, nada melhor do que antecipar, ou até mesmo eliminar, uma possível crise. Os registros de comportamento estão disponíveis, só é preciso transformar isso em informação de fácil acesso e que permita uma ação rápida. Decisões, mesmo que individuais, são potencializadas através da inteligência coletiva. Por essa razão, a cultura analítica é fundamental nos ambientes corporativos, os silos de decisão são extremamente prejudiciais, além de individualizar o processo, também individualizam o conhecimento e a inteligência. Muitas empresas estão adotando dashboards internos para democratizar o acesso às informações estratégicas, é uma forma de diferentes tomadores de decisão receberem simultaneamente o estímulo, eliminando assim o “filtro pessoal”, que costuma gerar uma versão distorcida sobre o fato. Quanto mais integrado for o processo de decisão, maior será a inteligência coletiva da empresa, e isso resultará em ações monitoradas e melhores decisões. Em recente pesquisa que realizamos este ano, comparando as conversas sobre Big Data entre Brasil e EUA, verificamos que lá os CIO’s reforçam que esse é o terceiro melhor investimento para suas companhias, precedido apenas por Security e Cloud Computing. Já no Brasil, os principais assuntos são cases e exemplos de como Big Data é usado em outros países e empresas. Acreditamos, portanto, que a ciência de dados não só deve ganhar cada vez mais relevância aqui e no mundo, como deve ser uma aposta certeira no alinhamento entre tecnologia e inovação.

*Ricardo Cappra é um cientista de dados especialista em business analytics. Cientista-chefe na Cappra Data Science e do laboratório de big data Mission Control. Entre os clientes atendidos estão o governo dos EUA, Coca-Cola, Whirlpool, Banco Mundial, Rede Globo e Banco Itaú.


em foco 46

Espírito de

startup Seguindo exemplos de empresas da Nova Economia, a TOTVS se transforma digitalmente e aplica em sua própria estrutura uma nova forma de se fazer negócios e se relacionar com o mercado por Roberta Prescott


O design do novo site da TOTVS é adequado a qualquer tipo de plataforma. “100% do portifólio da TOT VS é comercializado pela internet”, segundo Flávio Balestrin, VP de Marketing e Modelos de Negócios.

C

omprar sistema de gestão integrada (ERP, na sigla em inglês) diretamente pela internet e, para personalizar a ferramenta, baixar aplicativos que a complementam, a adaptam para atender às necessidades de cada vertical de indústria ou serviço. Este cenário poderia, há alguns anos, parecer impensável. Contudo, foi justamente este o caminho que a TOTVS decidiu trilhar para ficar mais leve, produtiva e com processos simples e efetivos. O projeto, que nasceu há cerca de dois anos, seguiu uma visão de gestão alinhada à nova economia de mercado, que tem Uber e Airbnb como os principais influenciadores do modelo disruptivo de negócio — no qual não há intermediação e há uma escala de crescimento muito rápida. Como resultado, a TOTVS transformou radicalmente a forma de vender e se relacionar com prospects e clientes. A geração de demanda e as vendas passarão a

serem feitas online, de forma automatizada, dentro do modelo de software como serviço (SaaS, na sigla inglês para software as a service) e na nuvem, com a personalização ficando a cargo dos aplicativos. A TOTVS está levando para sua loja online (store) seu portfólio de sistemas, que serão contratados no modelo de assinatura, sendo alguns produtos vendidos como serviço e outros implantados na infraestrutura do cliente. “100% do portfolio de software será comercializado pela internet. Existe uma lenda de que cada cliente quer algo personalizado, mas teremos no site e na store ofertas pré-concebidas”, explica Flavio Balestrin, vice-presidente de Marketing, RH, Canais e Modelos de negócios da TOTVS. Para complementar as ofertas, a TOTVS irá ainda mais a fundo na transformação digital. A partir do primeiro semestre de 2017, a companhia abrirá suas APIs (sigla em inglês para interface de programação


em foco 48

A TOTVS se desafia a todo momento, nunca paramos para pensar o que vem a seguir... nós tínhamos de mudar para ser mais ágeis, mais simples e mais essenciais na vida do cliente.” Fávio Balestrin, VP de Marketing e Modelos de Negócios

de aplicação) para desenvolvedores internos e das franquias e, em algum momento do segundo semestre do ano que vem, expandirá o acesso a desenvolvedores cadastrados. O objetivo é que eles possam elaborar aplicativos que personalizem o ERP, atendendo a necessidades de nichos específicos, como, por exemplo, ser a interface do ponto de vendas para postos de gasolina. “Teremos APIs abertas. Estamos gerando toda a documentação e capacitação para estes desenvolvedores”, relata Balestrin. Com isto, a TOTVS vai criar uma biblioteca de aplicativos contendo diversas ferramentas para personalizar o ERP. “Nosso sistema é padrão, mas o cliente pode baixar um app que tem instalação automática e conversa com o servidor para agregar telas e campos personalizados para o seu negócio”, explica o vice-presidente. Além de seguir os princípios dos modelos de negócios que surgem com a nova economia, vender pelo site também endereça outro anseio. Há em curso uma mudança na forma de as empresas comprarem software. “Tradicionalmente, era algo muito caro e complexo, normalmente, era feito pelo presidente da empresa e pela área de TI. Cada vez mais, há uma fragmentação dos serviços e, com a velocidade da inovação e o barateamento das soluções, não necessariamente o pessoal de TI participa da compra de todos os softwares. Existe empoderamento maior de toda cadeia do cliente para tomar decisão e de forma fácil”, sinaliza Paulo Loeb, fundador e diretor da agência F.Biz, responsável por parte do projeto TOTVS Digital.

Uma grande startup Nada disto seria possível sem uma mudança interna da companhia, uma vez que o mundo digital traz desafios diferentes aos que estava acostumada. As empresas da nova economia são mais rápidas, têm um processo diferente de evolução e lançam produtos em intervalos menores de tempo. “A TOTVS se desafia a todo o momento, nunca paramos para pensar o que vem a seguir. Antes de ser chamada de transformação digital, já havíamos percebido que nós tínhamos de mudar para ser mais ágeis, mais simples e mais essenciais na vida do cliente”, diz Flavio Balestrin. Duas grandes tendências — a da economia criativa, com produtos e serviços que simplesmente estreiam, e a capacidade de gerar negócios em escala maior —, impulsionaram a TOTVS a estabelecer uma dinâmica de trabalho muito mais sensível para consumidor final e com mais agilidade e menos barreiras. “A TOTVS é uma das maiores empresas do Brasil, mas tem espírito de startup. Se, por um lado, é empresa com recurso, visão e possibilidade de fazer muita coisa, por outro, tem agilidade. Os processos estão lá, mas não necessariamente limitam nossa atuação. É uma grande startup”, resume Paulo Loeb, da F.Biz. Coube à equipe de Loeb criar o e-commerce para compra de software na internet. “A TOTVS queria que a experiência do usuário fosse rápida e ágil. O funil de conversão teria de ser muito bem implementado, com regras de relacionamento bem definidas. Usar conteúdo para atrair de forma personalizada as pessoas interessadas na TOTVS tem servido de pano de fundo para o projeto”,


explica o fundador e diretor da agência F.Biz. As premissas para o projeto foram não só de ser experimentação, mas de personalização de soluções, de acordo com as necessidades de indivíduos diferentes. Quando ficou claro para a TOTVS que ela deveria olhar a jornada do cliente como um todo, em vez de por área ou segmento, o resultado foi uma guinada radical e uma inversão da lógica que, até então, operava, dividindo os clientes por indústria.

Ícone da transformação Toda a estratégia de presença digital da companhia foi impactada, tendo o novo portal, que estreia esse ano, como o maior ícone da mudança. Com visual moderno, pensado dentro do conceito mobile first e com adoção de novas tecnologias que permite identificar quem o acessa, o portal está voltado à prestação de serviços com entrega de conteúdos personalizados. Por meio de ferramentas de análises, como inteligência artificial e machine learning (aprendizagem automática da máquina), o portal sabe quem está navegando e estabelece contato individualizado. Entre as possibilidades, pode reconfigurar a home de acordo com as preferências de cada um. “Isto aumenta a eficiência do site”, destaca Balestrin. O portal vai além de ser a interface com os clientes. Ele foi construído de modo a consumir vários sistemas internos da companhia e, assim, ser um ponto único de contato para atender a diversas funcionalidades. Por exemplo: a área de serviço ao cliente dentro do portal conta com um radar de índice de satisfação e, por meio de machine learning,

é capaz de saber o nível crítico de humor daquele cliente, o que pode gerar uma tarefa ao gerente de contas. Assim, a TOTVS está confiante na melhoria da gestão das relações com seus clientes. “O projeto pressupõe a criação de um cockpit no qual cada grupo de compras será gerido por um profissional da TOTVS, que acompanhará de que forma os clientes estão usando o software e, proativamente, indicará formas de melhor aproveitar as soluções e, se tiver oportunidades, oferecer pacotes que não foram adquiridos”, destaca Paulo Loeb, da F.Biz. A nova estratégia digital, porém, não altera a importância das franquias. Elas passam a ter mais foco na fidelização, mas ainda são essenciais para a implantação do produto — inclusive, a expectativa é que o portal aumente a eficiência do canal. “A maioria dos nossos produtos demanda horas de implantação. Ainda não existe um ERP autoimplantável, então, quando o cliente compra no site, é direcionado a ele um pacote de implantação”, explica Balestrin, que garante que a TOTVS não enxerga um horizonte em que não haja franquias. Balestrin reconhece que fazer tudo de forma digital não é um processo fácil e que demanda tempo e investimento, contudo, a transformação, que levou à automatização e à digitalização dos processos internos, também representa oportunidade de mercado para a TOTVS. “Nosso desafio foi como fazer isto primeiro dentro de casa para depois oferecer para o mercado e ajudar a pequena e média empresa a também se aproveitar da transformação digital”, adianta o VP da TOTVS.


soluções 50

O Bemacash:

A solução completa para o ponto de venda Ferramenta da TOTVS integra máquina para cartões com software de gestão para impulsionar negócios de pequenas empresas por Carlos Vasconcelos


F

rancisco Silva Lima e seus sócios, Henry Wall e Israel Lopes, abriram seu primeiro food truck em janeiro de 2015, em Brasília, o Crepe Voyage. Seis meses antes, o trio tinha dado início aos negócios com um carrinho de crepes, mas agora a operação começava a ficar mais complexa. Francisco lembra o primeiro evento de que participou. “Estávamos preparados para vender uns quarenta crepes por dia, e logo na abertura, vendemos 300”, conta. O sucesso levou a Crepe Voyage a expandir seus negócios seis meses depois, com a compra de um segundo caminhão. Mas quanto maiores as vendas, mais complexa a gestão e a operação da empresa. “Tínhamos um sistema que travava quando atingia grandes volumes”, diz Francisco. “E sempre havia diferenças gritantes no fechamento de caixa.” A Crepe Voyage pesquisou então as soluções disponíveis no mercado e encontraram o Bemacash, da TOTVS. Francisco explica que além de ser uma solução de pagamentos eficiente, o sistema Bemacash é uma excelente ferramenta de gestão para uma pequena empresa. “O fechamento de caixa é perfeito, e ainda é possível gerenciar estoque e controlar outros processos”, afirma. O ganho de produtividade se estende do caixa até a chapa onde o pessoal do food truck prepara os crepes.

Pesquisei as soluções disponíveis no mercado, e o Bemacash oferecia a melhor relação custo-benefício” Fábio Rosochansky, sócio da Letti

Fly 01: um software para quem quer voar alto A solução Bemacash não é a única arma no arsenal da TOTVS para as pequenas empresas. Outro trunfo da companhia é o sistema Fly01, voltado para negócios com faturamento até R$ 4,5 milhões. Os assinantes do software têm acesso a uma solução 100% móvel, compatível com tablets, smartphones, laptops e desktops, com preço bastante acessível. O programa hoje possui versões para os segmentos de varejo, beleza e estética, saúde, pequenas manufaturas e distribuidores, entre outros. “Basta acessar nossa loja de aplicativos e agregar a nova função”, explica Eros Jantsch. Os clientes podem customizar o software de acordo com suas necessidades, agregando funcionalidades à medida que o negócio evolui.

Processo mais veloz “Antes, o processo entre o pedido do cliente no caixa e a comunicação com o pessoal da chapa não era imediato, perdíamos tempo com isso e o produto demorava mais para ficar pronto”, explica Francisco. Como tempo é dinheiro, isso representava perda de faturamento nos dias de grande movimento. Mais uma vez, o Bemacash solucionou o problema. Eros Jantsch, vice-presidente de Micro e Pequenos Negócios da TOTVS destaca a velocidade da solução. “Com a ferramenta Bemacash é possível fechar um pedido em apenas sete segundos”, diz. Desse modo, o Crepe Voyage foi capaz de reduzir entre um e dois minutos o tempo de espera de cada cliente na fila, tornando a linha de produção mais rápida. “Isso faz uma enorme diferença ao final de um dia de trabalho”, diz Francisco. “Hoje, sinceramente, não conseguiria viver sem esse sistema.” Quem experimenta a eficiência proporcionada pelas ferramentas digitais não volta atrás. Quanto menor a estrutura de uma empresa, mais útil e transformadora a tecnologia pode ser. Especialmente para pequenos empreendedores que muitas vezes vendem, fecham o caixa, pagam funcionários, negociam com fornecedores, gerenciam estoques e calculam impostos a pagar.

Fábio Rosochansky, sócio da loja de moda para bebês Letiti, é só elogios para a ferramenta da TOTVS. “É inovadora, prática, bonita, com um tamanho pequeno, com interface amigável e fácil de operar”, enumera. Inicialmente, a Letiti funcionava exclusivamente na plataforma on-line. Quando migrou para o varejo físico, foi preciso encontrar uma ferramenta de gestão para a loja, além de uma solução para pagamento em ponto de venda. “Começamos com um sistema no computador, mas não gostei. Então, pesquisei as soluções disponíveis no mercado e cheguei à conclusão de que o Bemacash oferecia a melhor relação entre custo e benefício”, conta Rosochansky. O empresário acredita que a ferramenta será fundamental para a expansão da empresa no modelo de franquias. Até o final do ano, a Letiti vai abrir três novas lojas, duas delas, fora de São Paulo. Uma das grandes vantagens apontadas por Rosochansky é que a solução é 100% aderente às normais fiscais federais, estaduais e municipais de cada praça. “Isso facilita a emissão das notas fiscais e mantém a empresa em dia com suas obrigações tributárias, sem deixar furos”, diz Rosochansky. No fim das contas, o programa permite gerenciar as informações mais importantes sobre a operação de uma empresa.


soluções 52

Com o Bemacash é possível fechar um pedido em apenas sete segundos” Eros Jantsch, vice-presidente de Micro e Pequenos negócios da TOTVS

“Sem informação, não há negócio”, ressalta Rosochansky. E o Bemacash é uma ajuda e tanto. “Estoque, vendas, faturamento por cliente, você tem todos os números necessários para tomar as melhores decisões de negócio”.

Acesso a ferramentas digitais No entanto, nem todas as pequenas empresas contam com ferramentas digitais para auxiliar na administração do negócio. Eros observa que a única tecnologia presente na maioria das empresas de pequeno porte é justamente a máquina de cartão para receber pagamentos por débito ou crédito. Segundo Eros, apenas 35% das micros, pequenas e médias empresas possuem algum tipo de ferramenta de gestão. “Estamos falando de um universo de 3 milhões de pequenos estabelecimentos que podem ser beneficiados com uma solução como o Bemacash”, diz. “São pequenos supermercados de bairro, papelarias, hortifrútis, bares, restaurantes, lojas de roupas, enfim, todo tipo de negócio”. Na prática, o Bemacash é uma solução completa para ponto de venda para os pequenos empreendedores. Ao mesmo tem-

po em que é um equipamento para ponto de venda, com a qualidade do hardware da Bematech, e compatível com as principais bandeiras de cartão, já traz incorporado o sistema de gestão Fly01, da TOTVS. “Nossa proposta é oferecer uma solução completa, integrada e 100% móvel”, diz Eros. O software de gestão fica hospedado na nuvem. Com isso, o empreendedor pode acompanhar os números de sua empresa a qualquer hora e lugar, por meio de tablet, smartphone, laptop ou desktop. Basta uma conexão com a internet. A instalação também é simples. O revendedor TOTVS leva a caixa com os equipamentos à empresa e com apenas uma ligação telefônica o empreendedor pode começar a usar a ferramenta. Quando a empresa contrata o produto, ela também ganha um espaço de armazenamento na nuvem, de acordo com o tipo de assinatura. Isso dá mais segurança aos

dados, já que o empreendedor não perde as informações de gestão, mesmo em caso de roubo ou acidentes. “Se algo ruim acontece, a empresa pode voltar a operar rapidamente”, ressalta Eros. A solução Bemacash também é versátil, adequada para diferentes tipos de negócios. A ferramenta é oferecida em quatro versões: para comércio em geral, bares e restaurantes, food trucks e lojas de vestuário. “Cada tipo de operação tem necessidades diferentes”, diz Eros. “Uma loja de informática é bem diferente de um bar ou de uma loja de roupas”. O modelo de software em nuvem, por sua vez, reduz a necessidade de armazenamento local de dados, o que seria uma limitação para quem acessa o programa por meio de aparelhos móveis, com menor capacidade de memória. Além disso, ele permite que a TOTVS ofereça o Bemacash com um preço altamente competitivo, e sem necessidade de grande aporte inicial.


Custos mais baixos Antes, as pequenas empresas chegavam a investir R$ 3 mil em hardware e mais R$ 150 por mês por um software de gestão. Geralmente, o empresário tinha pouco ou nenhum conhecimento sobre tecnologia. Então, consultava seu contador – uma figura importante no universo dos pequenos negócios – para saber qual software utilizar. Depois, negociava com a empresa de software. Em seguida, ia buscar nas lojas os equipamentos que necessitava para a operação, tendo que escolher entre as diversas marcas, sem conhecer o suficiente para fazer a melhor opção. Quando finalmente o sistema entrava em operação, o empresário rezava para não ter problemas. Um defeito poderia paralisar tudo, exigir novo investimento se o equipamento tivesse saído da garantia, e ainda seria preciso gerenciar o relacionamento com vários fornecedores. Uma solução integrada evita essa dor de cabeça. Ainda mais, se tiver um preço competitivo. “Eliminamos o investimento inicial e desenvolvemos um produto que cabe no bolso do pequeno empresário”, resume Eros. “Agora, a partir de R$ 10 por dia, ele pode contar com uma ferramenta muito mais versátil e eficiente, que pode impulsionar sua competitividade”. Um passo aparentemente modesto, mas que pode representar um grande salto para os pequenos empreendedores.

Fidelizar: o próximo passo na revolução digital A adesão das pequenas empresas brasileiras às tecnologias digitais ainda é baixa. Seja por falta de recursos, ou por falta de informação, elas não usam as ferramentas disponíveis para melhorar sua gestão e aumentar sua competitividade. “O investimento é compensado pela melhoria de qualidade na gestão e nos processos”, diz Eros Jantsch, vice-presidente de Micro e Pequenos Negócios da TOTVS. Mais do que uma questão de escolha, o uso da tecnologia vem se tornando um fator de sobrevivência para os pequenos empreendedores. “A primeira fase é da conscientização, quando o empresário descobre os benefícios do investimento tecnológico”, afirma Eros. “Isso já é algo plenamente estabelecido em mercados mais maduros como os Estados Unidos”. Superada essa fase, as empresas devem investir no que se chama em varejo de omnichannel. A presença em múltiplos canais, proporcionando uma experiência consistente para os clientes, que podem acessar os produtos ou serviços da empresa na hora e lugar que desejarem. Isso acontece porque a revolução digital e a conexão móvel mudaram completamente a atitude dos clientes. Eles se tornaram mais exigentes, e não abrem mão do conforto proporcionado pelos meios digitais. Para Eros, o passo seguinte será o uso das ferramentas digitais para a fidelização dos clientes. Localizar os consumidores mais rentáveis, concentrar seus esforços em mantê-los com base nas informações geradas pelas soluções digitais de gestão. “Isso vale não apenas para o varejo, mas para empresas de todos os segmentos”, destaca. Com custo mais reduzido, a tecnologia pode ajudar os pequenos empreendedores a enfrentar um cenário mais competitivo, pois ela reduz a desigualdade em relação às grandes empresas. Desse modo, é possível ser mais ágil para explorar nichos de mercado e desenvolver novos modelos de negócios. E tudo pode começar com uma pequena caixa de soluções.


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Digitalização Como a AES Brasil e o complexo hoteleiro Costa do Sauípe tiveram saltos de produtividade com o uso de soluções TOTVS por Carlos Vasconcelos

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digitalização dos negócios é um processo inevitável e a transição das empresas para esse novo cenário é um trajeto de longa distância que é vencido passo a passo. Cada medida adotada representa um salto de produtividade que aproxima a empresa do futuro. É o caso da AES Brasil, presente no país há 19 anos, atuando nas áreas de distribuição e geração de energia. O grupo descobriu na solução da TOTVS a ferramenta perfeita para gerenciar os 65 advogados e mais de 400 escritórios parceiros do departamento jurídico de uma

passo a passo corporação que atende 24 milhões de consumidores. Antes disso, essa estrutura não possuía uma base de dados diária para controlar o fluxo de processos judiciais envolvendo as empresas do grupo. Para controlar os processos de contingência, por exemplo, a AES Brasil dependia de escritórios externos. Já os processos de maior importância ficavam na mão dos profissionais internos, o que exigia análises minuciosas e demoradas para evitar a possibilidade de falhas que poderiam custar milhões. As demais causas eram administradas manualmente, com o risco de perda de prazos ou de outras falhas humanas.


Do arcaico ao moderno A tecnologia mudou radicalmente esse cenário. “Nosso sistema era arcaico, usávamos planilhas de Excel para controlar os processos”, conta Fábio Vilares, coordenador Jurídico da AES Brasil. Hoje, no entanto, ele pode saber, em tempo real, em que estágio se encontra qualquer processo envolvendo o grupo no país. “Com todas as informações na mão, de forma imediata, conseguimos tomar decisões estratégicas mais rapidamente e com mais precisão”. O departamento jurídico da AES Brasil também precisava de uma ferramenta que ajudasse a lidar com o grande volume de documentos relacionados aos processos. Para dar uma ideia do tamanho desse desafio, só o backlog de processos encerrados do grupo conta com cerca de 70 mil documentos. Por isso, passou a contar ainda com a ferramenta ECM (Enterprise Content Management) da TOTVS, que arquiva digitalmente todos os documentos relacionados aos processos. A solução facilita o gerenciamento de arquivos de usuários internos e externos, e disponibiliza o conteúdo de forma prática e fácil. A mobilidade dos sistemas também é um atrativo a mais na opinião de Vilares. “Podemos acessar os dados de um tablet ou pelo celular, em qualquer hora e em qualquer lugar. A vida fica muito mais fácil assim”, diz. “Com todos os números nas mãos e a parceria da TOTVS temos certeza de que vamos crescer muito mais”.

Fotos: Divulgação

Gerenciamento jurídico: ferramenta ECM é fácil e prática.

“Com todas as informações na mão, de forma imediata, conseguimos tomar decisões estratégicas mais rapidamente e com mais precisão.” Fabio Vilares, coordenador jurídico da AES Brasil

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O complexo hoteleiro Costa do Sauípe, na Bahia, apostou na tecnologia TOTVS CMNet para melhorar sua rentabilidade. Desde 2015, a empresa criou uma área de gerenciamento de receitas e passou a usar a ferramenta da TOTVS para gerir de forma eficiente seus pontos de comercialização através de um gerenciador de canais externo. O resultado? Um aumento de 300% nas vendas on-line pelo site do complexo. A solução permite que o gerenciamento de receitas tenha acesso imediato aos indicadores de vendas passada e futuras. Um dos índices mais importantes para a indústria hoteleira é o chamado booking pace, a diferença entre a data em que a reserva foi efetuada e o check-in do hóspede. Para a venda pela internet, o gap médio é de 45 dias, enquanto na comercialização feita por operadoras essa diferença sobe para 90 dias. Com esse dado nas mãos, o complexo de Sauípe pode realizar promoções na hora certa. Se o objetivo é aumentar a ocupação

em novembro, por exemplo, pode dar início a uma campanha nas agências de turismo em agosto. Desse modo, as ações promocionais se tornaram muito mais certeiras, contribuindo para o aumento da ocupação do complexo hoteleiro.

Um milhão de hóspedes Em 2015, os cinco hotéis e cinco pousadas do Costa do Sauípe receberam um milhão de hóspedes e mantiveram uma ocupação média de 56% apesar da crise econômica. Este ano, a projeção é de um aumento de 18% no faturamento. Para gerenciar o grande volume de clientes, o complexo também conta com a ajuda da tecnologia. Sua plataforma de front office integra um gerenciador de canais de vendas em tempo real. Desse modo, uma venda na agência de turismo, no site da empresa ou em algum portal de reservas hoteleiras é imediatamente registrada no sistema, gerando um bloqueio de quarto para aquela data, sem interferência manual e sem risco de overbooking.

Fotos: Divulgação

300% a mais em vendas


Rentabilidade: adoção de pacote TOT VS permite monitorar rendimento de cada unidade de negócios em Sauípe.

“Com tecnologia, não estamos dependentes de nenhum canal de venda, controlamos a nossa tarifa e mantemos a nossa competitividade.” Gustavo Syllos, CMO do Costa do Sauípe

“Com tecnologia, não estamos dependentes de nenhum canal de venda, controlamos a nossa tarifa e mantemos a nossa competitividade”, afirma Gustavo Syllos, CMO do Costa do Sauípe. O front office também ajuda no gerenciamento das despesas dos hóspedes em todo o complexo hoteleiro. Em Sauípe, os hóspedes de um hotel podem frequentar as instalações de outra unidade do resort, ou consumir nas lojas e restaurantes em toda a área do complexo. Isso tornaria o trabalho muito mais difícil, já que o resort possui diferentes níveis de hospedagens: pousada com direito a café da manhã; resort com sistema all inclusive; resort premium, com todo consumo incluso, além de serviços como garçom na piscina, bebidas importadas, entre outros.

O peso dos eventos Boa parte da ocupação do complexo hoteleiro é garantida pelo intenso calendário de eventos. Para administrar essa agenda, o módulo de eventos do CMNet centraliza cotações e propostas em um único ambiente e é integrado com outra solução que administra a equipe de vendas. O backoffice (compra, gestão de estoque, contabilidade e fiscal) e a área de governança e manutenção, por sua vez, também contam com o know how da TOTVS. Para 2017, o Costa do Sauípe deverá adotar o Uniform System of Account for the Lodging Industry, metodologia internacional para a área financeira, que compara custos do hotel com os padrões do mercado e analisa as despesas e lucros de acordo com as melhores práticas do setor. A infraestrutura de TI já estará preparada para atender essa nova demanda. Isso só é possível devido à integração dos sistemas, palavrachave para o processo de digitalização do Costa do Sauípe. Até 2009, os dados do complexo estavam pulverizados em plataformas que não conversavam entre si. A adoção de um pacote completo de soluções de gestão da TOTVS, no entanto, permitiu um ganho significativo no monitoramento da rentabilidade das diferentes unidades de negócio, e também uma visão macro da operação. “Como somos uma empresa de capital aberto, ter acesso rápido e fácil aos indicadores financeiros permite uma absoluta transparência na prestação das contas e, com isso, garantimos a segurança dos nossos investidores”, conclui Syllos.


Fotos: Divulgação

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Inspirada no Vale do Silício, a arquitetura do prédio respira inovação e pionerismo.


transformação cultural Nova sede da TOTVS, o projeto Sêneca marca um novo momento na estratégia da companhia


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Segundo o presidente da TOTVS, a grande transformação dos últimos anos foi justamente a conectividade entre as pessoas, que impactou todos os setores da economia. “A forma de você comprar, fornecer algo ou prestar um serviço mudou completamente”, observa Cosentino. Estar em sintonia com esse novo cenário exige inovação em todos os sentidos.

Para buscar as melhores ideias e tendências, em junho de 2015, os responsáveis pelo projeto visitaram o Vale do Silício (Califórnia, EUA) em busca de ideias inovadoras que pudessem transformar o layout da companhia em algo novo e pioneiro. A partir disso, foi desenvolvido um projeto com open spaces – grandes áreas de trabalho, praticamente sem divisórias –, sem forro de gesso, com conjuntos de salas de reunião destinados aos encontros com clientes e salas de reunião de trabalho espalhadas por esse ambiente amplo. Estes conjuntos são compostos ainda por três cabines para falar

Batizado de Sêneca e com previsão de inauguração no início de 2017, a concepção do projeto-sede teve início em março de 2013. O projeto busca refletir o espírito jovem e moderno da companhia, e se diferencia pela convergência dos quesitos inovação tecnológica, otimização e funcionalidade. Além disso, reflete em seu formato orgânico o momento atual da sexta maior companhia de softwares de gestão do mundo, onde pessoas estarão conectadas, on-line e fisicamente, a uma nova perspectiva conjunta de trabalho. Outra exten-

Até mesmo nas instalações físicas da empresa. Se a companhia não utiliza aquilo que desenvolve, em especial o que há em termos de tecnologia de ponta, há estagnação. Nesse sentido, a TOTVS atua como seu próprio protótipo de inovação. E a nova sede espelha essa realidade. O resultado é que o Sêneca traz benefícios econômicos, sociais e ambientais, como diminuição dos custos operacionais, aumento na velocidade de ocupação, modernização e menor obsolescência da edificação, aumento da satisfação e bem-estar

no telefone e garantir silêncio e privacidade, quando necessários. A decisão de se inspirar em experiências arquitetônicas internacionais, a exemplo da nova sede da Apple, além de Facebook, Google e Cisco, visitadas na Califórnia, passou pelo conceito de campus a partir do qual empresas de tecnologia propõem que a circulação e produção de conhecimento se aliem à estrutura física e à arquitetura, além de ter o ambiente acadêmico como inspiração para a pesquisa, desenvolvimento e inovação. Esses são elementos que norteiam a visão de

Inovação em todos os sentidos

Inspiração internacional

Fotos: Divulgação

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são desse movimento estará, igualmente, estampada nos produtos da marca. “Quando se fala em cultura nas empresas, em conectividade e transformação digital, você tem de revalidar seus produtos e muitas vezes a própria cultura da empresa”, justifica Cosentino.

dos usuários, redução do consumo de água e energia.

TOTVS mudou de endereço. A mudança, no entanto, foi muito além do transporte de equipamentos, móveis, documentos e realocação de pessoal. A mudança também faz parte de uma transformação cultural na empresa, que movimenta a organização em todos os seus níveis. A palavra-chave nesse processo é conectividade. Antes, os colaboradores da empresa estavam espalhados em oito locais em São Paulo e nos arredores da cidade. A nova sede reunirá todos sob o mesmo teto. “O novo prédio não é só uma oportunidade de unir pessoas, mas de introduzir uma cultura mais sintonizada com o momento que estamos vivendo”, diz Laércio Cosentino, presidente da TOTVS.


////////////////// Números

Área construída: 62.000m2 Carpete: 21.000m2 Composição: shopping com 14 lojas, serviços abertos ao público, e praça de alimentação para 350 pessoas (expansível para 500) Estacionamento: conjunto de subsolos com 1.162 vagas para carros e 288 motos, com área de valet e self-parking para mensalistas, e um bicicletário, além de vagas descobertas Garantia de energia: 3 geradores no subsolo


transformação digital pela qual a empresa tem conduzido seus esforços mais recentes, que passa tanto pela nova estrutura física quanto pela forma de comercialização de seus produtos e serviços. Por exemplo, a migração da venda de licenças de softwares para a contratação de serviços na nuvem. Esse modelo de negócio de rodar em cloud acompanha uma tendência mundial. A lógica de consumir tecnologia vem ganhando ares renovados, onde a tecnologia se adapta às pessoas, inclusive nas estruturas físicas, unindo ambientes físicos e digitais.

Mobilidade, capital humano e tecnologia Depois de anos funcionando em outro complexo na Avenida Braz Leme, em Santana (zona norte de SP), a diretora de Relações Humanas, Rita Pellegrino, diz que estar num ambiente mais moderno e aberto, promo-

O layout interno promove uma maior interação entre as pessoas. Colaboração e criação no mesmo espaço.

ve uma maior interação entre as pessoas. “Esperamos criar um ambiente inspirador, que facilite o processo criativo e colaborativo entre os totvers”. Para ela, um ambiente de trabalho jovem, descontraído, com a cara de uma empresa de tecnologia, ajuda no engajamento e bem-estar das pessoas. “Trabalhar onde muitos gostariam de estar também alimenta o sentimento de orgulho de pertencimento”, completa. A TOTVS está igualmente comprometida em utilizar pouca energia e água, uma vez que a construção favorece a entrada ao máximo de luz e ventilação naturais. Aliás, parte da energia que vai ser usada no Sêneca é renovável, usando tecnologias como painéis solares, instalados na fachada. Com sistemas eficientes de ar-condicionado VRF, reuso de água, ETA (estação de tratamento de água – por meio reuso, com previsão de economia do recurso natural de 40 a 60% –

e 80% do esgoto), geração e consumo de energia – com instalação de painéis fotovoltáicos na fachada –, o projeto prevê ainda um centro comercial e áreas de convivência de descompressão para os 3400 colaboradores, além de um espaço reservado de silêncio e concentração. A área produtiva ocupará um terço do projeto. Alguns aspectos de facilitação de circulação e mobilidade foram considerados, como escadas rolantes interligando os principais pavimentos do prédio, que evitam a necessidade de elevadores. Fora isso, foram adotados critérios como cores nos ambientes de cada prédio do complexo para facilitar a localização, e posicionamento de minicozinhas em lugares estratégicos em cada andar que permitem aos usuários tomarem café, comerem uma fruta ou um snack entre as atividades produtivas.

Fotos: Divulgação

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Microsoft Azure, a Nuvem inteligente da Microsoft, conectou 47 milhões de fãs ao redor do mundo às suas paixões durante os Jogos Rio 2016 Site Revezamento da Tocha

Site Jogos Paralímpicos Rio 2016

Site Jogos Olímpicos Rio 2016

A Microsoft está orgulhosa por fazer parte do maior espetáculo esportivo do mundo, em parceria com a Atos e a Isobar Brasil, entregando segurança, velocidade e escalabilidade. 56% dos acessos ocorreram via smartphones e tablets Três milhões de usuários por dia 460 milhões páginas foram visualizadas Site estável, mesmo com 223 milhões de ataques virtuais



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