Totvs experience 3 pt br

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EXPERIENCE

E X P E R I E N C E #3

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ENTREVISTAS

w w w.t o t v s . c o m /ex p e r i e n c e

Andreas Weigend, ex-VP da Amazon, diz que o mundo passa pela ‘Revolução dos Dados Sociais’ Vint Cerf, um dos pais da Internet, projeta agora o futuro da Internet das Coisas Laércio Cosentino, CEO da TOTVS, aposta na criatividade aliada à informação

PARCERIAS Colégio Ari de Sá e UBEC têm sucesso no uso de TI em ambiente escolar

A caminho do

n o v o H O M eM Os avanços da ciência e da tecnologia na busca para expandir os limites do corpo humano



Boas-vindas Em uma sociedade cada vez mais mediada pela tecnologia, nos questionamos sobre quais poderão ser as novas necessidades e desejos do indivíduo do futuro”

E X P E R I E N C E #3 w w w.tot vs.com /experience

Realização

PUBLISHER Flavio Rozemblatt editora chefe Flávia dratovsky editora de inovação Gabriela Mafort Designers daniel razabone / daniela barreira Equipe de reportagem Andréa de Lima / Carlos Vasconcellos colaborador Reinaldo José Lopes fotógrafos Anna Carolina Negri / Léo Corrêa

presidente DA TOTVS Laércio Cosentino EXECUTIVOS DA TOTVS RODRIGO CASERTA / Lélio Souza / Flávio Balestrin Equipe de Marketing

Diana Rodrigues / Cristiano Cunha / Aline Luiz Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da revista, da editora ou da TOTVS S.A. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pela editora, com crédito da fonte. Todos os direitos reservados. A revista TOTVS Experience não é vendida. TOTVS - Avenida Braz Leme, 1631, Santana, São Paulo. Escritório Private – Rua Ministro Jesuíno Cardoso, 454, 9º andar, Itaim Bibi, SP.

Acesse www.totvs.com/experience para ler a versão digital desta edição.

Divulgação

Nesta edição da TOTVS Experience, convido você para uma reflexão sobre a evolução do homem. Em uma sociedade cada vez mais mediada pela tecnologia, nos questionamos sobre quais poderão ser as novas necessidades e desejos do indivíduo do futuro. Mais do que isso, como a tecnologia vem transformando e viabilizando novos comportamentos. Buscamos explorar nas próximas páginas a convergência entre a biologia, a tecnologia e o ser humano e como alguns estudos relacionados à biomedicina que vierem a se concretizar podem mudar consideravelmente o rumo da humanidade. Com o sequenciamento do genoma, por exemplo, é possível mapear todo o tipo de mutação e propensão a doenças, antecipando o que uma determinada população traz de carga genética e o que a saúde pública poderá fazer por elas. É a chamada previsibilidade de comportamentos e acontecimentos frente à massa de dados que se tem. O ser humano nunca mais será o mesmo depois do surgimento das atuais tecnologias. Disso podemos ter certeza. Por isso, precisamos discutir sobre o que as próximas gerações vão escolher, o que irão precisar, em todas as esferas da vida – saúde, família, educação, entretenimento, trabalho... É justamente a diversidade e complexidade do ser humano o que mais valorizo, algo que nenhuma máquina será capaz de superar. Podemos utilizar robôs para ampliar a nossa capacidade analítica, expectativa de vida e conforto, mas o universo particular de cada um é o que faz, no fim, a diferença em um mundo com tanta informação. Espero que você goste da nossa abordagem e das matérias que verá em seguida. Um abraço,

Í N D I C E 5

06 personagem Médico paulistano inova no diagnóstico de doenças genéticas com software que aumenta precisão e rapidez na análise do DNA 08 mundo Equador adota políticas públicas baseadas na Sociedade do Conhecimento, com ênfase na colaboração e participação em rede 12 eNTREVISTA O físico Andreas Weigend, que foi cientista-chefe da Amazon, diz que vivemos a ‘Revolução dos Dados Sociais’: saber interpretar as individualidades é a chave do sucesso 16 Capa A busca por um super-homem - mais forte, mais saudável e mais interativo - move os pesquisadores nas áreas de neurociência, biotecnologia e robótica 24 atualidade O impacto da evolução da Inteligência Artificial na maneira como organizações e pessoas se relacionam e se posicionam no mercado 30 soluções TOTVS investe em aplicativos para celulares e tablets que aumentam produtividade e transformam a maneira de fazer negócio

08

34 comportamento Internet das Coisas firma-se como nova evolução tecnológica e abre oportunidades de investimento inéditas 41 infográfico O mundo das coisas conectadas: projeções mostram o tamanho que a Internet das Coisas alcançará em menos de uma década 42 opinião Oferta de produtos segmentados exige profissionais especializados, atualizados e em constante colaboração com clientes e equipe de trabalho

30

44 competitividade O diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, assina artigo sobre o papel da tecnologia para impulsionar a Educação 46 EM FOCO Incentivo à criatividade e atenção aos talentos individuais são atitudes que aumentam o engajamento e a motivação dos colaboradores 52 SUSTENTABILIDADE Empreendedorismo social renova o trabalho voluntário e se une a formas tradicionais de engajamento 56 CASES DE SUCESSO Pioneiros na utilização das soluções TOTVS para área educacional, Colégio Ari de Sá e UBEC falam sobre trajetória bem-sucedida

Laércio Cosentino, CEO da TOTVS

06

46


P E R S O N A G E M 6

O mago do

DNa Neurologista David Schlesinger é um dos criadores de método que está revolucionando o diagnóstico de doenças genéticas

ratório alcança entre 90% e 95% de precisão contra 75% obtidos pelos concorrentes de outros países. O plano é chegar a 99% até o fim deste ano.

Software chamado de Abracadabra Schlesinger conta que cada genoma gera 150 gigabytes de dados. Em um exame comum, leva-se de um a dois meses para analisar cada gene. A Mendelics analisa mais de 20 mil genes em duas semanas. Para se ter uma ideia, o Projeto Genoma Humano levou 13 anos e US$ 3 bilhões para sequenciar um genoma. Em 2008, uma nova tecnologia nos Estados Unidos barateou muito o processo, que passou a custar US$ 30 milhões. Quando a Mendelics começou, já custava US$ 20 mil. Hoje, o exame custa, para o paciente, U$ 5 mil. Os resultados do software, atualmente na segunda geração, são tão bons que o programa foi apelidado pela equipe de Abracadabra, em referência a uma das três Leis de Clarke, do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, segundo a qual “qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia”. Apesar da brincadeira, Schlesinger mantém os pés bem fincados na ciência. “Não tem genialidade no nosso trabalho. Tem é muito tempo, dedicação e experiência”, resume.

Para ser inovador, é preciso começar antes do ponto ideal, enxergar à frente e avançar”

por Flávia Dratovsky foto Anna Carolina Negri

I

novação sempre foi a palavra-chave para o paulistano David Schlesinger. Aos 16 anos, ele ficou entre os finalistas da Feira Internacional de Ciência e Engenharia Intel ISEF – que mobiliza 65 mil alunos de Ensino Médio do mundo inteiro – com um trabalho sobre linfoma de Hodgkin. Ainda no quarto ano de Medicina na Universidade de São Paulo (USP), foi convidado para fazer pós-doutorado em Harvard. Passou um ano em um laboratório da universidade americana, no período em que se desenvolvia o Projeto Genoma, que viria a sequenciar 99% de todos os genes humanos. A experiência marcou a trajetória de Schlesinger.

Aos 35 anos, especialista em neurologia e genética humana, Schlesinger é hoje presidente da Mendelics, laboratório criado em 2011 em São Paulo e responsável por um exame que está ajudando a revolucionar a análise de doenças genéticas no Brasil. Por meio do software desenvolvido pelo laboratório, cerca de cinco mil doenças – de epilepsias graves e arritmias cardíacas a síndromes de predisposição a câncer – ganharam diagnóstico com precisão e velocidade nunca vistas, por meio da análise de 20 mil genes presentes no genoma humano. Schlesinger conta que, no início, a iniciativa foi recebida com certo ceticismo. “Eu e meus sócios somos sempre vistos como ‘do contra’. Todos diziam: ‘Isso vai ser muito caro’. Ou ‘Vai gerar dados demais, impossíveis de analisar’. Mas, para ser inovador, é preciso começar antes do ponto ideal, enxergar à frente e avançar”, avalia. Além dele, a Mendelics tem mais três fundadores: o psiquiatra André Valim; o neurologista Fernando Kok, colaborador do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências da USP; e o bioinformata João Paulo Kitajima, participante do primeiro Projeto Genoma brasileiro. Os quatro uniram conhecimento clínico, de genética e de bioinformática, para criar um sistema que interpreta o exame do genoma. Com isso, o labo-

d ecis õ es é

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s

O impacto do exame nos tratamentos médicos é enorme. Schlesinger lembra de uma paciente que, durante 15 anos, sofria com uma anemia muito séria, tratada como doença autoimune. “Através do Abracadabra, descobrimos que se tratava de uma doença genética. Isso impactou no tratamento dela, na família e na conduta médica”, enumera. Em outro caso, três pessoas de uma mesma família desenvolveram um tipo raro de câncer. O teste mostrou uma falha na mesma variável em todos os três. Com isso, toda a família pôde descobrir outros parentes que também tinham aquela mutação. Especialista em neurologia e genética humana, o médico David Schlesinger é presidente da Mendelics

São novos caminhos que levantam, a cada passo, uma série de novas questões éticas. “Não interferimos na conduta do médico, mas o alimentamos com o maior número de informação possível. Dez pacientes com a mesma doença podem ter dez indicações clínicas diferentes de tratamento. Medicina não é uma ciência exata”, define Schlesinger.

Sa i b a m a i s www.mendelics.com.br


M U N D O 8

Equador adota plano de transição para sociedade colaborativa e se torna referência no cenário internacional por Gabriela Mafort

O

governo da bucólica comunidade de Sigchos, fincada no meio da Província Cotopaxi, na Cordilheira dos Andes, acaba de comprar uma área de cerca de dois mil hectares para experiências com agricultura colaborativa. O engenheiro Mario Andino Escudero, que administra a região equatoriana, está entusiasmado com o laboratório de fabricação, ou FabLab, que planeja montar no terreno. Será equipado com impressoras 3D para que os jovens agricultores coloquem em prática ideias inovadoras, imprimindo peças e equipamentos para aprimorar a produção e aquecer a economia local, essencialmente agrícola. A intenção é que o FabLab se torne um modelo pioneiro de fabricação aberta, ou seja, os itens criados ali poderão ser reproduzidos sem custos em outros pontos do Equador. A administração desta “fábrica” será compartilhada entre os empresários, trabalhadores, moradores e o público em geral. Escudero, um especialista em tecnologias de georreferenciamento, tem sido um dos participantes mais ativos da reforma colaborativa que está mudando o país, a Sociedade Flok. “Realmente acredito que essa iniciativa vai mudar a forma de pensar de minha comunidade. Eu mudei a minha visão de realidade a partir do co-

nhecimento disseminado e começo a ter novas ideias para promover mudanças”, afirma. Sigla que reúne os conceitos Free, Libre e Open Knowledge, a Sociedade Flok é uma frente de transição que visa criar uma sociedade com base na colaboração. Na prática, isso significa projetos que perpassam 12 áreas, como educação, cultura, saúde, indústria, agricultura e infraestrutura tecnológica. O objetivo é mudar as formas de produção da economia tradicional, hierárquicas e com base em recursos finitos, para formas de participação horizonal, com base em recursos infinitos, como o conhecimento. “O mundo procura por uma mudança na matriz produtiva, em resposta à crise financeira internacional. Trata-se de uma batalha dura para mudar o modelo econômico no Equador, rumo à sociedade do conhecimento”, resume Xabier Barandiaran, um dos líderes da Sociedade Flok. Consultas à população sobre temas importantes Idealizada pelo Ministério do Conhecimento do Equador, pela Secretaria de Inovação e Tecnologia e pelo Instituto de Altos Estudos Nacionais, com a participação dos principais movimentos cívicos do país, a Sociedade Flok funciona baseada em processos em rede. Ela começou com workshops de consultas à população das 24 províncias do país para colher sugestões sobre os setores mais sensíveis às mudanças e as ferramentas a serem utilizadas. Também foram feitas entrevistas aprofundadas em algumas comunidades específicas. A partir daí, foi elaborado um documento-síntese que ficou disponível para consultas e comentários na Internet. “Meu documento com o plano de transição

Da esquerda para a direita: Placas com os slogans da campanha “Liberte o conhecimento”. Mobilização popular em praça no Equador. Vista da cidade de Quito com o Vulcão Cotopaxi ao fundo. Divulgação e Shutterstock (Vulcão)

redes em

erupção


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melhante na Catalunha, e usar como base o plano de transição do Equador. O projeto recebeu indicação ao prêmio da instituição inglesa Katerva, que reconhece iniciativas sustentáveis pela contribuição ao desenvolvimento humano.

So cieda de F lok é uma frente de transição que tem como objetivo criar uma nova matriz econômica no Equador, com base na produção colaborativa de bens e serviços.

teve cerca de 70 comentários públicos, o que considero bastante para um documento denso”, afirma Michel Bauwens, diretor de Pesquisas da Sociedade Flok. Finalizada esta fase, uma grande conferência foi realizada com a participação dos organizadores locais e especialistas internacionais interessados no movimento equatoriano. Durante a cúpula, 14 mesas debateram as principais linhas de ação nos diferentes campos e, ao final, foram elaborados documentos com ações concretas a serem adotadas, com projetos-piloto para cada área. “Este é um acontecimento histórico. A Sociedade Flok dá legitimidade a um novo paradigma, que visa reconfigurar os papéis do Estado, do setor privado e até da sociedade civil. Tornou-se um ponto focal para a comunidade mundial, que pela primeira vez vê um programa colaborativo organizado em nível nacional. O que tínhamos antes eram pequenos projetos locais”, avalia Bauwens, também à frente da Fundação P2P, que agrega e incentiva ações colaborativas pelo mundo. Ele lembra que, além dos projetos, também é importante criar um novo ecossistema legislativo, que dê condições para que as iniciativas possam evoluir. Neste sentido, está em curso no Equador a elaboração do Código Orgânico da Economia Social do Conhecimento, conjunto de leis que vai reger esta transição. O código tem um página wiki na Internet e está aberto a colaborações de todo o mundo. A América Latina é o lugar ideal para um projeto deste tipo ser desenvolvido. Segundo Bauwens, “há uma convergência entre um retorno da importância do papel do Estado, com investimentos em educação e combate à pobreza e ainda um movimento colaborativo forte.” tecnologia gera colaboração A brasileira Janice Figueiredo coordenou um dos grupos de trabalho do projeto nesta primeira fase, com o tema “Infraestruturas físicas para

Michel Bauwens, diretor de Pesquisas da Flok Society Divulgação

a vida coletiva”. Ela lembra que o pano de fundo da reforma é criar uma alternativa para este período que vivemos, em que o desenvolvimento tecnológico gera possibilidades fortes de colaboração. Na organização Flok, explica a pesquisadora, a sociedade civil se torna o motor de criação, as decisões passam a ser bottom-up, ou seja, de baixo para cima, e partem, portanto, da população. O mercado ganha um novo papel, de viabilizar a economia sustentável. O Estado entra mais como um sócio do que como administrador de maior peso. “A ideia da Flok é inverter a lógica atual e estimular o compartilhamento de conhecimento via tecnologias abertas. Dessa forma, naturalmente a sociedade vai criar uma consciência e consumir de forma mais sustentável”, prevê Janice. Ela lembra que projetos com base na colaboração entre pares, como o ato de substituir o transporte privado por caronas, reduzem em 80% o consumo de energia. “Um efeito representativo sobre os gastos materiais da economia”, enfatiza. Outro exemplo citado por Janice é o carro Wikispeed que, com o advento das impressoras 3D, é fabricado localmente em FabLabs. A Sociedade Flok não tem nem um ano, mas já inspirou uma transição na Espanha. Michel Bauwens vai coordenar uma iniciativa se-

Comunidade internacional reconhece importância da Sociedade Flok Para Neal Gorenflo, diretor da rede de cidades colaborativas e da plataforma Shareable.net, com sede em San Francisco, a Sociedade Flok é uma estratégia pioneira. “Faz todo sentido remover as enormes barreiras artificiais que existem na sociedade para difundir o conhecimento como a fundação para esta transição econômica”, avalia o americano. Gorenflo acaba de coordenar uma curadoria de projetos colaborativos ao redor do mundo, uma espécie de guia de políticas para a transição em busca de novos modelos colaborativos. No estudo, foram eleitas moradia, transportes, alimentação e emprego como as áreas mais relevantes. Elas representam a maior parte das despesas de uma casa e são responsáveis pela emissão de grande quantidade de gás carbônico. “Essas áreas são essenciais quando pensamos nos dois principais desafios da humanidade: igualdade na qualidade de vida e a crise ambiental”. Dentre as recomendações mais importantes do guia estão estacionamentos gratuitos para carros compartilhados, com o objetivo de estimular este tipo de transporte. Washington e San Francisco, nos Estados Unidos, são duas cidades que já adotaram esta iniciativa, com retornos financeiros e ambientais surpreendentes. Permitir contratos de aluguel de curto prazo, em áreas residenciais, e modificar as leis para favorecer a coabitação e a criação de ecovilas urbanas também estão entre as prioridades sugeridas pelo documento. Em British Columbia, no Canadá, a prefeitura local criou uma “Zona para Ecovilas“ que substituiu a antiga legislação para áreas rurais e criou condições para a criação de 40 casas individuais, uma fazenda orgânica, um centro de educação e pequenas indústrias, todos funcionando no modo colaborativo. No quesito geração de empregos, a recomendação geral vai no sentido de estimular pequenos negócios, desde incentivos a restaurantes públicos para empreendedores até ajustes na legislação para que pequenas residências sejam usadas como sede de projetos colaborativos. “Uma frase do futurista Bucky Fuller, que é a favorita nos círculos de inovação, diz: ‘Você nunca modifica algo lutando contra a realidade. Para mudar algo, construa um novo modelo que torne o anterior obsoleto’”, lembra Gorenflo.

O êxito da Sociedade Flok, no Equador, está intimamente ligado à cultura dos povos indígenas daquela região, que têm como base a civilização Inca, conhecida historicamente por sua organização de alto nível tecnológico e inteligência sustentável. O suporte destas comunidades tem sido um importante aliado nesta transição. “Os conhecimentos das culturas andino-amazônicas influem diretamente na obtenção do equilíbrio das relações sociais e do equilíbrio com o entorno natural e cósmico. São uma fonte de bem-estar, de felicidade e de produtividade entre gerações, o que denominamos Sumak Kawsay, ou Bom Viver”, explica Ana Lucía Tasiguano, especialista em gestão para o desenvolvimento comunitário e integrante do grupo Saberes Ancestrais no projeto Flok. O pesquisador Michel Bauwens conta que a grande lição que leva do Equador é que as lideranças que mais se entusiasmaram pelos projetos colaborativos foram os representantes das comunidades indígenas, “que têm o compartilhamento como estilo de vida”. Ele destaca que existem alguns desafios a serem enfrentados nesta mudança de modelo pelo mundo, como a postura hierárquica do Estado. Contudo, a Sociedade Flok é o primeiro sinal da erupção incontestável das redes.


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físico Andreas Weigend é consultor das maiores empresas do mundo quando o assunto é como transformar bancos de dados em negócios de valor. Já ocupou a cadeira de cientista-chefe da varejista online Amazon.com e, ao lado de Jeff Bezos, criou estratégias para fortalecer a máxima: “A única realidade é a realidade do consumidor”. Palestrante requisitado no mundo todo, com passagens na Assembleia Geral das Nações Unidas e no Fórum Econômico Mundial, ele acredita que as empresas precisam assumir a transparência como nova regra e aceitar que a visão tradicional de privacidade ficou para trás. À frente do Social Data Lab da Universidade de Stanford, Weigend defende que o movimento que batizou de “Revolução dos Dados Sociais” irá promover a individualidade humana, com efeitos importantes em todos os setores. Em um passeio pelas ladeiras de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, ele falou com exclusividade à Totvs Experience.

R E T R A T O

Você tem dito que o mundo está vivendo a Revolução dos Dados Sociais, que significa uma virada na História, com mudanças nas estruturas de poder e de organização da sociedade. A Revolução Industrial foi uma transição das pequenas manufaturas para a produção em grandes máquinas. Qual a principal mudança que a Revolução dos Dados Sociais está promovendo?

F A L A D O

Nome: Andreas Weigend De: Freiburg, Alemanha currículo: ex-VP da Amazon.com, consultor, palestrante, professor das Universidades UC Berkeley e Stanford, dirige o Social Data Lab de Stanford

Na Revolução Industrial, cada trabalhador era igualmente substituível. Já a Revolução dos Dados Sociais torna cada pessoa um ser único. Nós agora celebramos a individualidade e cultivamos relacionamentos. Esta é a época em que vivemos. Os indivíduos voltaram a ser os protagonistas, enquanto a Revolução Industrial tirou as pessoas

Aroupa novado rei

Transparência se estabelece como regra do mundo empresarial e desafio é encantar o novo consumidor por Gabriela Mafort fotos Léo Corrêa

eram necessárias, pelo contrário. Era visto com bons olhos aquele empregado que falava: “Estou aqui fazendo apenas o meu trabalho”. Nos dias de hoje têm mais valor os profissionais que questionam o próprio trabalho, que se perguntam se aquilo que

deste papel.

estão fazendo é realmente o certo. Além disso,

Quais são, em geral, as competências-chave que as empresas devem procurar nos tempos atuais?

primeiro lugar, como lidar com os dados. No estágio

Pessoas com habilidade para contar histórias, que

habilidade, inclusive empresas inteiras, como a

sejam curiosas. No passado, quando trabalhávamos

Totvs, já fazem este trabalho.

em fábricas tradicionais, as pessoas curiosas não

Então, o valor para os dias atuais está nas pessoas

antigamente, as pessoas precisavam aprender, em atual, é bem mais fácil encontrar quem tenha esta

que fazem boas perguntas, criam boas histórias e que

Os indivíduos voltaram a ser os protagonistas, enquanto a Revolução Industrial tirou as pessoas deste papel”

debatem com os dados. Saber dialogar com os dados é a nova competência. Interpretar e analisar os dados é onde o valor está. Na Era da Internet das Coisas, o universo digital será multiplicado por nada menos que dez vezes até 2020. Quais serão as regras básicas para lidar com esta nova dinâmica? Como transformar dados massivos em novos negócios?

Andreas Weigend em Santa Teresa, bairro histórico do Rio


E N T R E V I S T A 14

O valor nos dias atuais está nas pessoas que sabem contar histórias. Saber dialogar com os dados é a nova competência”

que julgou de qualidade e pagá-lo de forma adequada. Outra novidade neste sistema econômico é a propriedade. Nos Estados Unidos, nos registros de saúde, o médico que anota a minha pressão arterial é quem tem o meu histórico. Mas não deveria ser eu, a pessoa que é dona do coração a partir do qual a pressão é tomada, a ter a posse dos dados? Aplicativos que monitoram a saúde estão começando a mudar esta propriedade de lugar. Bom, em geral, a regra número um é começar com a

É muito triste, por exemplo, quando elas fingem que estão

durante o voo. Estou dando à empresa toda a informação,

pergunta e não com os dados. Como disse, gerenciar

oferecendo coisas que dizem ser para você, mas que, no

e espero ter melhores serviços de acordo com meu perfil,

dados hoje em dia é mais fácil, mas fazer a pergunta

fundo, são para elas mesmas. Este é um erro de estratégia.

mas não ultrapasse a fronteira quando eu disser não.

certa, saber qual informação extrair, é difícil

As companhias devem ser transparentes, permitir que

As métricas certas são balizadas pela tentativa de medir

e estratégico.

você acompanhe o que elas estão fazendo com os seus

a satisfação e o encantamento do consumidor. O quão

O segundo passo é saber que muitas perguntas já foram

dados e não forçar a barra. Privacidade é o direito de ser

encantado está o consumidor?

respondidas por alguma outra pessoa ou empresa e

deixado sozinho, sem ter os limites ultrapassados. Então,

estão acessíveis em bancos de dados online. Muitas

transparência com respeito ao desejo do consumidor é a

vezes, o desafio é apenas reunir as respostas que já

nova privacidade.

foram dadas. Neste mundo em que empresas, governos e pessoas geram uma quantidade gigantesca de dados, está havendo um movimento coletivo de abertura e maior transparência de informações. Você defendeu numa conferência em Santa Clara, na Califórnia, a abertura crescente das informações das empresas. Acredito que privacidade hoje é uma ilusão. Não há dúvidas de que atualmente privacidade seja sinônimo de transparência, e as empresas precisam agir com respeito.

Você falou sobre os erros estratégicos ao lidar com o consumidor. Quais são as métricas corretas para a nova realidade de transparência?

Esta edição trata da tecno-espécie, esse novo homem que vai lidar com uma quantidade enorme de dados disponíveis. Como o acesso a dados terá impacto sobre a vida humana, no cuidado do homem com a saúde, por exemplo?

Como você vê a engenharia de computação aplicada à medicina? Você mencionou que tem sido mais fácil diagnosticar e até tratar doenças porque as pessoas estão compartilhando dados. Hoje, um bilhão de pessoas carregam celulares com vários sensores e um mundo de aplicativos, como os de saúde, que medem batimento cardíaco e sabem como, quanto e quão rápido você está andando. Eles produzem esses dados 24 horas por dia para um bilhão de pessoas. Essa escala de medição de dados via tecnologia é algo realmente novo.

Imagine uma startup de Palo Alto que oferece Quais tendências de negócios vão emergir

Se os departamentos de marketing seguem as métricas

atendimento médico onde quer que a pessoa esteja. Ela

erradas, eles insistentemente chateiam você. Mas se as

se aproveita das conexões que temos, para realmente

desse cenário?

empresas escrevem a equação de negócios certa, elas

conectar aqueles que têm perguntas médicas com

Acredito que a nova fronteira tecnológica não virá de

estão alinhadas com o seu consumidor. Eu, por exemplo,

aqueles que têm respostas. A moeda emergente deste

equipamentos caríssimos, que custam milhões de dólares,

compartilho a minha geolocalização e você pode, pelo

modelo é a social: os médicos que respondem bem

não é por aí que a nossa próxima onda de descobertas vai

meu website, saber em que cadeira vou estar sentado no

ganham o respeito de seus pares. Então, se realmente

acontecer. A inovação virá muito mais ao transformar a

meu próximo voo. Mas isso não quer dizer que estou

tem que fazer um procedimento médico, você pode

grande quantidade de dados. Isso é o que eu vejo como a

dando permissão a qualquer pessoa para falar comigo

considerar contratar este médico que fez comentários

tecnologia que fará a diferença.


C A P A 16

D e

c h i m p a n z é

a i mo r t a l ?

Tecnologias que unem neurociência, robótica e biotecnologia trazem promessa de transcender a natureza humana, mas são muitos os obstáculos a superar por Reinaldo José Lopes

que aconteceria se biólogos extraterrestres, nascidos num sistema estelar a anos-luz de distância de nós, pusessem os pés (ou apêndices equivalentes) na Terra pela primeira vez e tentassem classificar a espécie humana? É de se supor que uma civilização capaz de viagens interestelares também tenha excelente domínio da teoria da evolução, o que levaria seus cientistas a encaixar os seres humanos em um grupo no qual também estariam espécies de parentesco mais próximo

com o homem. Segundo o biogeógrafo e escritor americano Jared Diamond, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, responsável por esboçar o experimento mental descrito acima, o mais natural é que os biólogos extraterrestres, seguindo os princípios evolucionistas, classificassem-nos simplesmente como “o terceiro chimpanzé” (expressão que dá título a um dos mais eloquentes livros de Diamond, lançado no Brasil em 2011). Em outras palavras, do ponto de vista desapaixonado de um visitante de outro planeta, os humanos não passariam de uma espécie apenas ligeiramente idiossincrática do grande macaco africano, muito parecida com os outros dois tipos de chimpanzés da Terra, o chimpanzé-comum (Pan troglodytes) e o bonobo ou chimpanzé-pigmeu (Pan paniscus). Há até cientistas – terráqueos, desta vez – que defendem que seria mais justo incluir esses primatas no nosso próprio gênero biológico, o que traria ao já conhecido Homo sapiens a companhia do Homo troglodytes e do Homo paniscus. Alianças políticas sofisticadas, fabricação de ferramentas, tradições culturais, capacidade de se reconhecer no espelho e até guerras de conquista – fenômenos que, por séculos, pareciam exclusividade do homem – são apenas o começo da lista de características que compartilhamos com eles. A questão é saber se as próximas décadas serão o palco das primeiras cenas do divórcio entre o ser humano e seus ‘primos’ – ou, mais ainda, entre os humanos e todas as outras formas de vida na Terra. Para alguns visionários, a combinação de uma série de tecnologias emergentes, da medicina regenerativa à ciência da computação, pode fazer com que, em um futuro nem tão distante assim, o homem transcenda sua condição modesta de “terceiro chimpanzé”. O cenário real, porém, ainda é complicado. Apesar da aceleração do conhecimento sobre como potencializar as capacidades humanas por meio da tecnologia e da biomedicina, ainda existem barreiras fundamentais de conhecimento que precisam ser

vencidas. Nas próximas páginas, o objetivo é enxergar além do hype para formar uma imagem mais precisa das promessas e dos perigos da busca por transcendência – e antecipar como serão o novo homem e suas necessidades em um mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.

Interação cérebro-máquina Do ponto de vista de quem aposta nas redefinições radicais da natureza humana, seria justo dizer que a cerimônia de abertura da Copa do Mundo deste ano foi um anticlímax quase tão grande quanto a derrota sofrida pelo Brasil. Muita gente esperava um espetáculo futurista, cujo astro seria o exoesqueleto projetado pela equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis – um artefato comandado “pela força da mente” que ajudaria um jovem paraplégico a caminhar e dar o pontapé inicial do torneio. Ao menos diante das câmeras, o feito não aconteceu conforme o planejado – o rapaz que vestia o esqueleto deu apenas um chute de leve na bola, em uma demonstração que durou apenas alguns segundos. Em entrevistas, Nicolelis afirmou que as restrições de tempo impostas pela Fifa teriam sido responsáveis pela aparente falta de resultados de seu projeto – segundo ele, nos testes, vários voluntários com paralisia conseguiram dar passos com o artefato, além de chutar com alta precisão. Para colocar um ponto final na polêmica, o neurocientista e seus colegas ainda precisam publicar seus resultados numa revista especializada, com revisão feita por outros especialistas da área – principal mecanismo da comunidade científica para avaliar a importância de um experimento. Mas a saiajusta no Itaquerão serviu para mostrar que ainda é preciso vencer uma quantidade formidável de obstáculos antes que as chamadas interfaces cérebro-máquina deixem de ser protótipos pouco confiáveis.


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Shutterstock

A nanotecnologia é considerada um dos caminhos para uma possível transcendência humana

A interação homem-máquina é uma das áreas em que os cientistas têm investido

O que vai nos tornar ciborgues não serão os chips cerebrais, mas a sofisticação da comunicação dos computadores com nossas interfaces sensório-motoras” lente de contato”, defende. Na opinião do especialista, a junção cérebro-silício será marginal na mistura do homem com a máquina. “Os canais de comunicação que a evolução construiu – os inputs sensoriais e os outputs motores – são interfaces muito melhores do que estímulos e registros elétricos no cérebro”, diz Ribeiro.

Reprodução

Entre as possibilidades de interação cérebro-máquina, as que envolvem o controle de movimentos de objetos externos estão entre as mais simples, já que o conhecimento dos “mapas” motores no córtex cerebral é um dos mais consolidados. Uma fronteira ainda mais ambiciosa envolve maximizar as capacidades cognitivas humanas com auxílio eletrônico – por meio de “chips de memória”, por exemplo. Afinal, a informação necessária para falar um novo idioma ou saber História, por exemplo, se traduz em um conjunto de conexões e fluxo de neurotransmissores entre as células do cérebro. Conectar-se a um “pen drive cerebral” poderia ser uma maneira de adquirir rapidamente esses dados sem passar horas em sala de aula. O problema é que, embora o conhecimento sobre os mecanismos da memória tenha avançado, ainda estamos longe de saber se é possível transformar dados eletrônicos em informação codificada no cérebro. Isso se deve, entre outras coisas, ao fato de que as experiências “no mundo real” – no caso de aprender um idioma, os movimentos da boca para pronunciar as palavras – parecem indispensáveis para produzir as conexões entre neurônios que criam a memória. Para o diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sidarta Ribeiro, a grande interação homem-máquina não carece de implantes sofisticados. “O que vai nos tornar ciborgues no futuro não serão os chips cerebrais, mas a sofisticação da comunicação dos computadores e da Internet com nossas interfaces sensório-motoras. Um exemplo seria a transformação do atual Google Glass numa

Robôs, do micro ao macro Se a união permanente entre cérebro e máquina tem se revelado um desafio difícil, pode ser interessante se concentrar na parte da equação que diz respeito às máquinas, defendem outros pesquisadores. Poderia a robótica “pura” revelar-se a resposta para nossos anseios de transcendência, seja como auxiliar indispensável do bem-estar humano, seja como caminho para dar novas asas à consciência? Uma das propostas mais ousadas, feita pelo engenheiro aeroespacial americano Eric Drexler nos anos 1980, envolve a nanotecnologia – técnica de manipulação de objetos na escala dos nanômetros, ou bilionésimos de metros. Drexler defendia

ser possível construir nanorrobôs, com capacidade de autorreplicação (mais ou menos como células vivas). Esses nanoautômatos poderiam ser controlados remotamente para realizar tarefas – até navegar pela corrente sanguínea e pelos órgãos de um paciente, corrigindo defeitos no DNA e destruindo bactérias ou células tumorais. Décadas de pesquisa mais tarde, a nanotecnologia de fato se consolidou como uma das abordagens mais importantes para a criação de novos produtos em diversas áreas da indústria, inclusive na área biomédica. Mas não há nenhum nanoautômato à vista – nem previsão de quando eles navegarão pela corrente sanguínea. “Drexler não é muito bem visto hoje pelos pesquisadores da área”, diz o físico Cylon Gonçalves da Silva, coordenador-adjunto de programas especiais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e especialista em nanotecnologia. O sonho dos nanorrobôs esbarrou na própria natureza do mundo nanométrico. Como explica Gonçalves da Silva, o mundo nanométrico tende a ser dominado pela constante agitação das moléculas em suspensão, em especial em um meio líquido como o corpo humano. “Fazer um robô microscópico se deslocar nesse contexto é como tentar fazer uma bola de pingue-pongue se movimentar de forma desimpedida em um balde de mel”, compara ele. Isso faz com que projetos simplistas, como construir um

nanossubmarino para viajar pelas artérias, tornem-se inviáveis: as engrenagens ficariam “emplastradas”. “Essa visão mecanizada da nanotecnologia trai um certo desprezo pela ‘carne’, pela matéria biológica humana, dando a entender que objetos feitos de metal e circuitos sejam superiores a células supostamente primitivas”, diz o físico britânico Richard Jones, da Universidade de Sheffield, autor do livro Soft Machines: Nanotechnology and Life. Jones propõe uma visão alternativa para o ramo. Segundo ele, o melhor caminho para as máquinas na escala nanométrica é incorporar as lições de design da biologia, inspirando-se em motores moleculares proteicos e outras estruturas típicas das células. Seriam máquinas “moles”, como sugere o título de seu livro. A proposta tem ganho cada vez mais seguidores na comunidade científica, mas colocá-la em prática exige um “retorno à prancheta” e muita pesquisa básica. No mundo macroscópico, por outro lado, a capacidade de processamento dos sistemas eletrônicos continua em ascensão. Para estudiosos como o inventor e futurologista americano Ray Kurzweil, essa trajetória ascendente indica que a capacidade de reconhecimento de padrões dos computadores irá se equiparar à capacidade natural humana nas próximas décadas – em visita ao Brasil em 2012, ele estipulou o ano de 2029 como a “data mágica” para que isso aconteça. As ideias de Kurzweil são radicais, mas seu histórico como


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futurologista é respeitável – nos anos 1980, ele já previa a popularização da Internet. O inventor é um entusiasta das máquinas inteligentes – segundo ele, algo inevitável – e da possibilidade de nos unirmos a elas. Para ele, em poucas décadas será possível passar boa parte do tempo conectado a ambientes virtuais 3D indistinguíveis do mundo real; até o fim do século, será possível passar todo o tempo nesses ambientes. A consciência do usuário poderia ser totalmente transferida para ambientes in silico e não dependeria mais de seu suporte orgânico “tradicional”. É provável que muitos de nós ainda estejamos por aqui para conferir as previsões de Kurzweil. Do ponto de vista do conhecimento atual, elas partem de pressupostos polêmicos. O principal deles é a ideia de que a criação de máquinas com inteligência e consciência seja mera questão de poder de processamento. É uma possibilidade – talvez exista realmente uma massa crítica de processamento de dados, similar à obtida pela massa de neurônios do cérebro humano, a partir da qual a inteligência simplesmente emerja, como um epifenômeno –, mas é igualmente possível que se trate de um problema de arquitetura, e não de poder de processamento. Nesse caso, enquanto a chave dessa arquitetura não for decifrada, acrescentar mais e mais terahertz ao processador não irá resolver o problema. Quanto à questão da arquitetura, o problema científico da consciência humana continua sendo desafiador. E, como diz o filósofo da mente Daniel Dennett, da Universidade Tufts (EUA), o incentivo para recriar algo como a mente humana talvez não apareça com facilidade. “Poderíamos, em tese, criar um pássaro mecânico capaz de fazer tudo o que um pássaro real faz? Sim, mas não valeria a pena. É a mesma coisa para robôs conscientes. Desenvolver um custaria mais caro do que colocar astronautas na Lua”, compara ele.

O oitavo dia da Criação As dificuldades para usar abordagens eletrônicas e robóticas para intervir em sistemas biológicos complexos, como os nossos corpos e cérebros, poderiam indicar que o caminho mais viável é tentar falar a mesma “língua” que o organismo humano – o idioma do DNA. Afinal, é no material genético que se encontram as instruções para a construção das máquinas biológicas, ao menos em linhas gerais.

O futurologista Ray Kurzweil defende que, daqui a algumas décadas, será possível viver em ambientes virtuais em 3D Intervir de forma profunda e precisa nesse contexto é o objetivo da chamada biologia sintética, que tem entre seus paladinos figuras de peso, como Craig Venter, o biólogo-empreendedor americano que liderou o esforço privado de sequenciamento do genoma humano e hoje lidera um instituto com seu nome. A biologia sintética, do ponto de vista conceitual, pretende ir além da criação de organismos transgênicos. A ideia não é apenas inserir pontualmente um ou outro gene de interesse (um trecho de DNA que confere resistência a herbicidas, por exemplo) no genoma de plantas ou animais, mas projetar novas vias metabólicas completas, ou mesmo “customizar” organismos inteiros. Isso vale tanto para a busca de novos processos industriais – em vez de depender do petróleo para produzir plástico, poderíamos usar bactérias sintéticas – quanto para o organismo humano. Cromossomos sintéticos poderiam abrigar DNA capaz de corrigir doenças genéticas ou características julgadas desejáveis, da inteligência à longevidade, passando pela cor dos olhos. Antes disso, é preciso entender com mais precisão como os genes interagem entre si e com o ambiente no qual o organismo se desenvolve. “Acho que a restrição é experimental”, diz o biólogo Alysson Muotri, brasileiro que trabalha na Universidade da Califórnia, em San Diego. “Para tirar conclusões de causalidade a respeito da relação entre um gene e um estímulo ambiental, precisamos de evidências geradas por experimentos controlados. Quando tivermos essas evidências, testadas e comprovadas, aí poderemos entrar na fase de modelagem e previsão.” Esse conhecimento certamente irá acumular, levando a maneiras novas e mais eficazes de enfrentar problemas econômicos, ambientais e de saúde. Mas o que descobrimos até agora sobre a natureza biológica do “terceiro chimpanzé” sugere que nunca se pode subestimá-la. Trata-se do tipo de complexidade que equilibra resiliência e fragilidade – do tipo que exige muito conhecimento e cuidado antes de se alterar parte dela.

Entrevista_ L a é r c i o C o s e n t i n o

E

m um mundo repleto de tecnologia, em que cada um tem um anseio, um desejo, o múltiplo universo particular de cada ser humano é o que faz a diferença. Para Laércio Cosentino, CEO da Totvs, mesmo com o Big Data e sua capacidade inexorável de oferecer informação qualificada, a maior riqueza de uma sociedade segue sendo a diversidade e a complexidade do ser humano, algo que nenhuma máquina será capaz de superar. Leia a seguir sua entrevista à Totvs Experience.

Como você descreveria as diferenças entre o homem de hoje e do início do século XX no que convencionamos chamar de “tecnologia” e aquilo que ela nos permite fazer? LC: Hoje, tudo o que vemos já foi digitalizado. Qualquer busca, qualquer nova informação, qualquer complemento daquilo que você já sabe, se for necessário, basta entrar em um site de busca que terá a informação. Esse excesso de informação requer termos opinião sobre tudo que acontece no mundo. E, dessa forma, acaba sobrando pouco tempo para refletir, para estudar, para conhecer um pouco mais e em profundidade. Antigamente, a falta de informação nos dava tempo, inclusive, para buscar respostas. Agora, como somos muito demandados, não temos tempo sequer de absorver todas as informações. E aí temos de fazer escolhas entre o que queremos e o que não queremos. Você acha que anteriormente o homem era mais profundo, mais complexo do que o de hoje? Acha que ele é mais raso nas suas escolhas dada a velocidade e as necessidades atuais?

Divulgação

LC: No passado, você não podia ser raso porque a informação não o acompanhava. Tinha que, efetivamente, se aprofundar, ter conhecimento do caso, para poder defender, tomar posição. Porque para aquilo que você estava falando, tinha realmente que dar todo um embasamento para um grupo acreditar. Hoje em dia, você pode colocar um assunto em pauta e, rapidamente, as pessoas já estão se conectando e buscando subsídios para sustentá-lo ou derrubá-lo. Antigamente você ia para a universidade para buscar conhecimento. O conhecimento estava lá. O máximo que você tinha era o livro que podia ajudar. Hoje, você vai para a escola, já sabe qual vai ser a aula, já sabe qual vai ser a matéria, já pode antecipar tudo. Qual o papel

do professor? Escrever no quadro? Você vai para a universidade para discutir assuntos, para ser monitorado, para ser acompanhado. Que novas tecnologias ou tendências são vislumbradas e que poderão aumentar essa lacuna entre o que éramos e o que poderemos ser? LC: O principal ponto que estamos discutindo chama-se comunicação de dados. Enquanto não for possível você dar mobilidade à informação, o mundo não avançará de forma significativa. Com Internet em dispositivos móveis, você consegue fazer uma grande diferença, pois é possível a qualquer tempo e em qualquer lugar buscar uma informação para obter conheci-


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Não basta oferecer o que o cliente quer. É preciso oferecer aquilo que ele não sabe que quer e que vai facilitar sua vida” mento, para se posicionar, para participar de um debate e para tomar uma decisão. O grande avanço, de fato, foi a rede mundial de computadores. As tecnologias de melhoramento humano, sejam genéticas, cibernéticas ou farmacológicas, são apontadas como uma das principais vertentes tecnológicas para a modificação da “humanidade”. Você concorda? Quais as principais manifestações futuras que elas proporcionariam? LC: Ao redor de toda essa tecnologia, de toda essa inovação, você tem avanços sistêmicos de determinadas partes das

nossas vidas. Seja na forma de estudar, de trabalhar, de viver. O avanço tecnológico pode contribuir com a saúde de cada um de nós. Tem vários itens que a gente pode enumerar aqui, como transportes e outros. Quando você fala da saúde hoje, por exemplo, tem toda a questão do genoma e seu sequenciamento, que permite estudar todo tipo de mutação, de propensão para doenças, inclusive hereditárias. É possível antecipar e evitar problemas. Ter acesso a uma tecnologia dessas é um benefício incrível, tanto para que você se comporte de maneira diferente como para você viver melhor, com qualidade. E existe um outro lado, no caso da saúde, em que a conta dessa pasta pública não fecha em nenhum país. A expectativa de vida vem aumentando progressivamente e saber, de antemão, o que uma determinada população traz de carga genética pode influenciar o custeio da saúde pública. Você tem uma informação muito relevante e, ao se antecipar e evitar problemas, consegue fechar a conta. É a chamada previsibilidade de comportamentos e de acontecimentos face à massa de dados

e de informação que você tem. No caso da educação, quando o aluno já sabe o que você vai ensinar, não adianta mostrar para ele o que ele pode ter na Internet. Você tem é que mostrar casos práticos, por que aconteceu daquela maneira, o que ele pode aplicar em função desse exemplo, onde é que ele pode buscar novas informações sobre isso. Quais são os vetores que você vê desses novos comportamentos que são chave de mudança? LC: Quem quiser ofertar alguma coisa para essa nova geração tem que dar um passo à frente da necessidade de cada um de nós. É tanta informação que nos chega, que não conseguimos trocar, não conseguimos conversar com ninguém. A gente perde a simplicidade de viver, de conversar, de bater um papo, de dar um abraço. Não adianta dizer o óbvio a essa nova geração, mas apontar um caminho. Se eu vou viajar e um agente de viagem sabe para onde eu vou, por exemplo, ele tem que me dar uma dica de algo que eu goste, tem que pesquisar sobre mim. Ou talvez do que eu não goste, até para ser um contraponto. Com a conexão, as redes e as novas tecnologias, o ser humano nunca mais vai ser o mesmo. Ponto. Isso a gente tem certeza. As tecnologias que surgirão serão subproduto da escolha desse indivíduo que tem comportamento diferente. Então, acho que o mais relevante é a gente discutir esses novos comportamentos. A partir do momento em que começa a ser rastreado, ofertas lhe são feitas o tempo todo. E você diz: “Não quero mais. Eu quero escolher.” É preciso buscar algo diferente. Do ponto de vista de dados, no caso de uma empresa, o senso comum acha que é importante saber o que seu cliente quer. Isso qualquer um pode fazer. Eu preciso oferecer aquilo que ele não sabe que quer e que ele poderia estar usando para facilitar sua vida. Está faltando criatividade para que todas as informações, o chamado Big Data, sejam usadas em benefício de cada um de nós.

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o longo caminho DA

INTELIGêNCIA Artificial Futuro povoado por máquinas pensantes promete mudar a forma como nos relacionamos e trabalhamos por Carlos Vasconcellos

D

etecção de fraudes bancárias, tomada de decisões financeiras, redação de notícias simples para sites, desenho tático para futebol, ofertas de varejo customizadas, programação de música e filmes personalizada. Essas são apenas algumas das inúmeras aplicações possíveis com o desenvolvimento de tecnologias de Inteligência Artificial que já vêm sendo utilizadas por empresas e instituições de pesquisa científica. Sem as ferramentas criadas a partir desse ramo da ciência da computação, avanços como o sequenciamento do DNA ou a melhoria na qualidade da previsão do tempo teriam sido impossíveis. A lista poderia prosseguir quase em moto perpétuo. Qual o limite? Há controvérsias. “Estamos longe do ideal romântico das máquinas autônomas que vemos no

cinema ou nos livros de ficção científica, como o computador HAL, do filme 2001”, diz Fábio Cozman, coordenador da Comissão Especial de Inteligência Artificial da Sociedade Brasileira de Computação. “Por outro lado, temos avanços importantes no desenvolvimento de máquinas capazes de aprender a partir de novos inputs de dados e na compreensão de linguagem natural.” Essas aplicações já podem ser vistas nos principais sites de compras, buscas ou entretenimento. “O sistema do Google tem tudo a ver com os princípios da Inteligência Artificial, que também está presente nos sistemas de recomendações de produtos da Amazon, ou no algoritmo que comanda as sugestões de filmes na página do Netflix”, diz Cozman. Na prática, o Big Data Analytics vem mudando a forma como organizações e indivíduos se relacionam e fazem negócios.

Estamos longe do ideal romântico das máquinas autônomas que vemos no cinema ou nos livros de ficção científica”

O Observatório de Inovação em Negócios da União Europeia estima que o mercado de soluções de Inteligência Artificial vai crescer exponencialmente de € 700 milhões em 2013 para € 27 bilhões em 2015. Outro estudo, divulgado pela Universidade de Oxford em 2013, aponta que a IA poderia substituir metade dos empregos nos Estados Unidos em um futuro próximo. Para Domingos Monteiro, CEO da Neurotech, empresa especializada em soluções de Inteligência Artificial, a tecnologia permite ao homem ultrapassar os limites de sua capacidade analítica. “Isso é fundamental num mundo em que as tomadas de decisão se tornam cada vez mais complexas”, observa. Monteiro aponta como exemplo as operações de varejo. “Há 15 anos, a Internet era uma plataforma embrionária e o varejo multicanal não existia”, lembra. “Hoje, as


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Dos primórdios da filosofia à ciência avançada: O filósofo catalão Ramon Lull especula pela primeira vez sobre a possibilidade de se efetuar pensamentos racionais de forma artificial.

A expressão Inteligência Artificial é lançada por John McCarthy, Marvin Minsky e Claude Shannon em uma conferência científica. As previsões bombásticas feitas pelos cientistas para os 10 anos seguintes não se concretizaram.

Warren McCulloch e Walter Pitts apresentam um modelo de neurônios artificiais, considerado o primeiro trabalho de campo na área. O termo Inteligência Artificial ainda não existia.

1312

Eliza, um software escrito por Joseph Weizenbaun, do MIT, simula o atendimento psicoterápico, e engana alguns pacientes que creem estar falando com um terapeuta de verdade.

1956

1943

A IBM cria o supercomputador Watson. A máquina vence uma rodada de três jogos seguidos do Jeopardy, gameshow da TV americana, contra os dois maiores campeões do programa. O prêmio de US$ 1 milhão foi doado pela IBM para instituições de caridade.

O computador autônomo Deep Blue derrota o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov.

1997

1967

2011

1936

1955

1960

1973

2009

O matemático britânico Alan Turing projeta uma máquina que mostra a viabilidade de realizar qualquer cálculo formalmente definido por meio de um aparelho físico.

Herbert Simon, Allen Newell e JC Shaw desenvolvem o IPL-11, primeira linguagem de programação orientada para a resolução de problemas. Um ano mais tarde, criam o Logic Theorist, capaz de demonstrar teoremas matemáticos.

Robert K.Lindsay desenvolve o Sad Sam, programa para leitura de frases em inglês com capacidade de inferir conclusões a partir da interpretação do texto.

Shank e Abelson desenvolvem os scripts, ou roteiros, que servem de base para muitas das técnicas usadas em Inteligência Artificial e programação de computadores até os dias de hoje.

Sistemas terapêuticos inteligentes, em fase de desenvolvimento, permitem detectar emoções para interação com crianças autistas.

empresas do setor precisam lidar com informações colhidas nos pontos de venda, no site de compras, nos aplicativos móveis, nos call centers. Isso gera uma complexidade que o ser humano não é capaz de processar sem a ajuda da Inteligência Artificial.” E cada vez mais, essas ferramentas vão ganhar espaço. Um levantamento do Gartner aponta que 90% dos dados que estarão disponíveis em 2016 ainda não foram sequer produzidos. “Não tem como acompanhar esse crescimento geométrico sem ferramentas tecnológicas”, defende Monteiro. “É uma questão de sobrevivência. Quem não fizer isso ficará em desvantagem.”

A

é t i c a

e

De fato, há um fator geracional que vai intensificar o uso de tecnologias de Inteligência Artificial nos negócios. Dentro de 15 a 20 anos, as crianças nascidas no final da primeira década do Século 21 chegarão à idade economicamente ativa. “Essa geração terá sido a primeira inteiramente criada em uma cultura de conexão móvel. Eles terão uma configuração muito diferente da Geração Y, X e dos Baby Boommers, com um poder de escolha que nenhuma geração anterior teve”, aponta Monteiro. “As empresas vão precisar de ferramentas para entender as informações geradas por esses consumidores, que praticamente

a s

O termo singularidade foi usado pela primeira vez em 1965 para designar o momento em que uma máquina inteligente, capaz de melhorar indefinidamente seu próprio design e performance, viria a adquirir consciência própria. As implicações éticas remetem ao mito grego de Prometeu, que roubou o fogo dos deuses. Teoricamente, pode não haver barreira física que impeça a criação de um arranjo superior ao cérebro humano. Mas há implicações éticas e riscos envolvidos. Recentemente, num artigo assinado juntamente com os cientistas Stuart Russel, Max Tegmark e Frank Wilczek, o físico Stephen Hawking alertou para esse perigo: “É tentador desprezar a ideia de máquinas extremamente inteligentes como peça de ficção científica. Mas isso seria um erro, potencialmente, nosso pior erro em toda a História”. Para o grupo de cientistas, o advento da singularidade seria pro-

m á q u i n a s

livros

350 A.C Aristóteles tenta descrever de forma sistemática o conjunto de regras obedecidas pela mente humana na tomada de decisões racionais.

A

I n t e l i g ê n c i a

Eu, Robô – Isaac Asimov Esqueça o filme com Will Smith e leia a obra original de Asimov. Em uma série de contos, o autor tenta responder à pergunta: o que fazer para evitar que máquinas inteligentes se voltem contra seus criadores? É possível controlar a Inteligência Artificial por meio de regras previamente programadas, como as famosas 3 Leis da Robótica? Neuromancer – William Gibson O livro que inspirou o universo da trilogia Matrix. Henry Dorsett Case é um hacker que rouba dados valiosos no ciberespaço, uma região virtual tridimensional onde toda

2014

A r t i f i c i al

Um software russo, que simula a personalidade de um garoto de 13 anos, Eugene Goostman, passa no Teste de Turing. Mais de 30% dos cientistas que conversaram num chat com Eugene pensaram ser um menino de verdade. Cientistas contestam a experiência, que teria sido pouco rigorosa.

n a

F i c ç ã o

a informação do planeta está reunida. O futuro apontado por Gibson é distópico, mas sua visão da Inteligência Artificial é bem próxima dos rumos tomados por essa tecnologia no mundo real. Ghost in the Shell – Masanume Shirow Mangá que mistura ficção científica, thriller policial e uma pitada de filosofia. Uma policial cyborg migra por diferentes corpos enquanto caça o Puppet Master, um hacker criminoso numa Tóquio futurista. O vilão é uma entidade criada no mar de informação, que abandonou a forma física até se tornar um elemento eletrônico, capaz de invadir a mente de suas vítimas.

vavelmente o maior acontecimento da história humana, com potencial para trazer grandes benefícios ou estragos gigantescos. Fábio Cozman, coordenador da Comissão Especial de Inteligência Artificial da Sociedade Brasileira de Computação, considera duas grandes questões: a criação de máquinas conscientes é realmente possível? É desejável? “É uma discussão interessante, mas que não está no foco do desenvolvimento tecnológico mais pragmático”, ressalva. Para Cozman, a inserção da Inteligência Artificial no dia a dia da sociedade já é grande o bastante para suscitar discussões éticas e até políticas sem passar para o campo das especulações futuristas. “Há muito o que se discutir, como os limites da privacidade, o controle da coleta de dados ou possíveis violações de direitos civis no uso da Inteligência Artificial em sistemas de vigilância e espionagem”, conclui.

nasceram com um celular na mão”, continua Monteiro. “Essa capacidade de captar e interpretar dados vai fazer a diferença entre quem vai liderar o mercado e quem vai morrer.” No entanto, Monteiro ressalva que – ao menos enquanto a tecnologia de Inteligência Artificial não subir de patamar – a inteligência humana ainda comanda a interpretação dos dados. “A capacidade de análise dos sistemas de IA é tão grande que muitas vezes eles encontram as chamadas correlações espúrias, que podem levar a conclusões falsas se não forem descartadas pela inteligência humana”, diz.

Como o caso de um estudo sobre desempenho escolar no Brasil em que o sistema apontou uma correlação entre notas baixas e a distribuição de merenda escolar. “A amostra misturava alunos de escolas privadas e públicas. Os alunos das escolas privadas, com melhor desempenho, não recebiam merenda, mas a relação é apenas casual e a máquina não sabe interpretar isso”, completa. De todo modo, enquanto a Inteligência Artificial não chega lá, ela vai nos ajudando a lidar com o mundo cada vez mais complexo que a inteligência humana vem criando a cada dia.


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Allen Institute for Brain Science – O centro reúne os mais criativos pesquisadores da área da neurociência. A instituição está por trás do Human Brain Project, que pretende criar uma infraestrutura de computação em larga escala utilizando supercomputadores e máquinas que simulam a biofísica do cérebro humano. https://www.alleninstitute.org/ MIT Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory – Criado a partir da fusão dos laboratórios de Ciência da Computação e de Inteligência Artificial, em 2004, o CSAIL abriga algumas das mentes mais brilhantes da área, entre eles o britânico Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web. Dirigido pela especialista em robótica, Daniela Rus, o laboratório realiza importantes pesquisas multidisciplinares em áreas como Big Data, Robótica e Comunicação Wireless. http://www.csail.mit.edu/ Centre for the Study of Existential Risk – Vinculado à Universidade de Cambridge, o centro de pesquisas se dedica a estudar potenciais ameaças à sobrevivência da espécie humana, entre eles, a Inteligência Artificial. A instituição investiga a criação de protocolos seguros para o desenvolvimento dessa tecnologia. http://cser.org/ The Future of Humanity Institute – O Instituto é afiliado à Faculdade de Filosofia da Universidade de Oxford. Usando a matemática, a filosofia e a ciência, o centro tenta antecipar riscos e oportunidades da revolução tecnológica. A Inteligência Artificial e o uso da tecnologia para a criação de cyborgs estão na pauta da instituição. http://www.fhi.ox.ac.uk/ Machine Intelligence Research Institute – O MIRI é formado por um grupo de programadores autônomos da Califórnia, cuja missão é garantir que a criação de Inteligência Artificial sobre-humana tenha um impacto positivo na sociedade. Eles temem a falta de transparência no desenvolvimento dos algoritmos que comandam as tecnologias de Inteligência Artificial. http://intelligence.org/ Google X Labs – O objetivo é declarado. Sergey Brin e Larry Page querem completar o ciclo da Inteligência Artificial e algum dia criar máquinas com inteligência humana. Para isso, mantêm o Google X Labs, com pesquisas de ponta em IA e robótica. De lá, saiu o projeto do Google Glass e do carro automático sem motorista. http://www.businessinsider.com/ google-on-artifical-intelligence-2014-7 Future of Life Institute – A organização foi criada por algumas das mentes mais brilhantes do Vale do Silício e conta com cientistas, como o físico Stephen Hawking e o diretor do Centro de Sistemas Inteligentes da Universidade de Berkeley, Martin Russell, entre seus conselheiros. Recentemente, o grupo divulgou um importante alerta sobre os riscos do desenvolvimento sem controle da Inteligência Artificial. http://thefutureoflife.org/

A tecno-espécie Estudioso da cultura digital, o jornalista e doutor em Ciência da Informação, Carlos Nepomuceno, vem acompanhando o desenvolvimento da cultura digital desde 1994. Segundo ele, a Internet trouxe uma mudança de paradigma semelhante àquelas provocadas pela criação dos meios de impressão e pela invenção do rádio e da TV. Nesse contexto, Nepomuceno vê o desenvolvimento das ferramentas de Inteligência Artificial como algo que faz parte da evolução humana. “Sempre fomos uma tecno-espécie”, diz. “Um leão ou um peixe contam apenas com seu cérebro natural, sem ferramentas de apoio. Já o homem, não. A linguagem e a escrita já são tecnologias cognitivas, mas com o tempo incorporamos esses mecanismos como algo natural.” O pesquisador explica que, por meio desses e de outros mecanismos, nosso cérebro cria um ambiente cognitivo que amplia seu potencial por meio de ferramentas cada vez mais complexas. Nesse sentido, para o doutor, as pesquisas de Inteligência Artificial são, portanto, apenas mais um round na eterna luta do homem para aprimorar o seu próprio cérebro.

Desafio logístico Segundo Nepomuceno, isso foi fundamental para lidar com os desafios do crescimento populacional. “A população do planeta saltou de 1 bilhão para 7 bilhões em 200 anos, o que pro-

voca um problema logístico gigantesco. Por isso precisamos de softwares mais velozes e algoritmos para tomadas de decisão que incluam variações fora do padrão que um ser humano não perceberia”, diz. “Essa revolução não tem volta”, continua Nepomuceno. “Quer voltar ao passado? Mate alguns bilhões de pessoas. Sem a tecnologia não será possível sustentar a população do planeta.” Questões como privacidade e controle de dados, por sua vez, são tensões que historicamente acompanham o próprio desenvolvimento da tecnologia, observa o pesquisador. “Quando a imprensa surgiu, ninguém assinava os livros com medo de ir para a fogueira. A figura do autor surge quando a Igreja diminui a pressão contra possíveis heresias”, lembra Nepomuceno. Agora, passamos por uma crise de governança provocada pela novas tecnologias de informação. “Dessa crise, vão surgir novos modelos sociais, políticos e econômicos, com o desenvolvimento de novos padrões cognitivos, em um processo radical no médio e longo prazo.”

Período de incubação Para Nepomuceno, a tecnologia de Inteligência Artificial nesse cenário começa a caminhar para algo mais sofisticado, com ferramentas cada vez mais capazes de aprender com a experiência e que aprimoram sua capacidade de decisão. “Quando essas máquinas criarem condições de se reproduzirem sozinhas teremos dado início a uma nova espécie. Outro ser, com outro cé-

rebro que, para ele, não será artificial, mas natural”, prevê. “Isso não é mais uma ficção”, continua Nepomuceno. “Nos laboratórios de ponta, essa possibilidade começa a aparecer.” Naturalmente, um salto desse tipo não virá rapidamente, mas, de acordo com o pesquisador, já é possível antevê-lo. “Peter Drucker costumava dizer que quando você vê uma árvore pequena pode projetar para onde vão crescer seus galhos. As primeiras redes de transmissão de dados à distância foram criadas em laboratório nos anos 1960. Depois tivemos redes para o público acadêmico nos anos 1980, até o começo da massificação em meados da década seguinte e o advento das redes sociais, a partir de 2004. Toda tecnologia tem um período de incubação e com a Inteligência Artificial, isso não é diferente.” Quanto às implicações éticas envolvidas no processo de criação de uma máquina consciente, Nepomuceno pondera que toda tecnologia traz libertação e aprisiona ao mesmo tempo. “Basta ver o que tem acontecido com os smartphones”, diz. “De todo modo, há uma diferença entre deixar que a evolução tecnológica aconteça e perder completamente o controle sobre ela”, conclui.

Sa i b a m a i s European Commision: http://migre.me/mr8LO Oxford Martin School: http://migre.me/mr8Sl The Independent: http://migre.me/mr8Uz


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gestão ao alcance das mãos

T

ransformar o dia a dia do usuário e ir ao encontro dos novos comportamentos para mudar a maneira tradicional de fazer negócio. Esse é o objetivo das soluções desenvolvidas pela TOTVS na área de mobilidade. “São aplicações que transformam os processos e aumentam a agilidade e a produtividade. Vão além de simplesmente levar a interface do sistema para um celular ou tablet. A preocupação é sempre como a aplicação vai aproximar o profissional do sistema de gestão e como vai mudar a maneira de fazer uma tarefa”, define o vice-presidente de Sistemas e Segmentos da TOTVS Gilsinei Hansen. É assim que as soluções TOTVS chegam a ambientes antes hostis à tecnologia, como o campo, em que tablets são utilizados nas plantações (box ao lado); os canteiros de obra – em que os dispositivos móveis substituem fichas de papel – ou os caminhões de entrega, com a automação de distribuição de mercadorias. São mais de 40 aplicações, que percorrem todos os segmentos TOTVS. “Agregar mais tecnologia aos processos da empresa encurta o tempo necessário para determinada tarefa; cria outras formas de fazer; suprime etapas”, enumera Hansen. Cada vez mais, o mercado busca soluções de gestão que reconheçam que os usuários não estão mais apenas sentados atrás de suas mesas de trabalho. As empresas demandam soluções que aproximem seu sistema do momento e do local em que os processos estão de fato acontecendo – no Brasil, por exemplo, a cultura corporativa do uso de smartphones é muito forte. A TOTVS desenvolve três categorias de aplicações móveis. Na primei-

TOTVS investe em aplicativos para aparelhos móveis que aumentam agilidade e produtividade, transformando a maneira tradicional de fazer negócio por Flávia Dratovsky

ra, os processos de negócios acontecem via interface Fluig, por meio da camada de workflow e da aplicação em celulares e tablets. A segunda categoria, TOTVS Smart Mobile, é voltada para captação de dados, reportes e ações. Para criá-la, a TOTVS utiliza uma plataforma integrada de desenvolvimento rápido com todos os softwares da empresa. A terceira categoria de aplicações móveis é a que reúne conteúdo especializado. Requer múltiplas fontes de informação, trazidas dos ERPs e de outros sistemas, e as integra nos dispositivos móveis por uma operação muito especializada. Nessa categoria, estão aplicações como GeoSales, para o setor de distribuição e logística, e o AgroMobile, para a agroindústria. Com arquitetura aberta e conectada, todas essas soluções permitem que os clientes personalizem e desenvolvam novas aplicações com facilidade. “A aplicação da tecnologia fluida sobre os sistemas de gestão da TOTVS impuseram uma aceleração no sentido de adotarmos uma arquitetura mais aberta e mais conectada. Avançamos em um caminho que já estávamos trilhando, de expor mais APIs (Application Programs Interface) nos nossos softwares, o que torna mais fácil a personalização”, explica Hansen.

Convergência de dispositivos Para a completa integração dos usuários, uma das preocupações é a convergência de dispositivos, de maneira que as interfaces sejam similares. “Se um representante comercial usa uma agenda de visitas no dispositivo móvel, ele precisa encontrar o mesmo ambiente quando utilizar

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Amaggi é pioneira no AgroMobile A tecnologia móvel chegou às lavouras do grupo Amaggi, sediado em Cuiabá, e mudou o dia a dia para melhor. A divisão Amaggi Agro – que administra 223,4 mil hectares de produção de soja, milho e algodão no Mato Grosso – é precursora no segmento e desde 2010 utiliza tablets com a solução AgroMobile, da TOTVS, para coletar dados no campo. “Com as soluções existentes na época, os dados coletados na lavoura chegavam ao escritório, mas paravam ali. Os colaboradores na linha de frente dificilmente tinham acesso aos indicadores gerados. Quisemos fazer o caminho de volta: levar os indicadores até o campo, porque são esses profissionais que, se bem informados, ajudam a tomar decisões e otimizar tarefas”, conta o gerente de controle de produção da Amaggi Agro Ricardo Moreira. Substituindo os formulários de papel, o AgroMobile oferece coleta de dados agrícolas e controle fitossanitário, com apontamentos de

um computador da empresa. Por isso, deixamos as telas muito parecidas. Onde o colaborador estiver – seja no tablet, no celular ou no escritório –, a experiência de uso tem que ser muito próxima”, diz Hansen. Novas atualizações das aplicações serão lançadas, pelo menos, a cada dois meses, via Fluig ou outras plataformas. Como as soluções móveis são mais objetivas, elaboradas para que a operação seja sim-

pragas, locais de inspeção e histórico das ocorrências, além de armazenamento de voz, textos, vídeos e fotos. Por meio do GPS nativo, é possível mapear cada área da plantação. A ferramenta é resultado de uma estreita parceria entre Amaggi e TOTVS. “Convidamos uma equipe da TOTVS para passar dias na lavoura, conhecendo o ambiente do usuário final. Ali eles puderam perceber as dificuldades de cada coordenador que usaria o tablet, trabalhando sob o sol, sem muitos recursos”, diz Moreira. Os resultados da aplicação foram muito positivos. O tempo de input de dados diminuiu – as fichas em papel levavam até 10 dias para serem inseridas no sistema. A qualidade e a precisão da informação aumentaram. E a inclusão digital dos colaboradores incentivou a interação na empresa. “Foi um investimento pioneiro que teve o respaldo da direção do Grupo por se alinhar à nossa busca pelo manejo sustentável, otimizando recursos e evitando desperdícios”, resume Ricardo.

ples, seu desenvolvimento é menos complexo e transforma a própria maneira de pensar o sistema. “As aplicações móveis se encaixam perfeitamente dentro do princípio da TOTVS de lançar releases incrementais das suas soluções, ou seja, atualizações mais constantes, com menor volume de mudanças e uma transição mais suave entre as versões”, adianta Hansen.


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Pré-venda Ágil - Para o setor de varejo. O aplicativo integrase ao ERP da empresa para permitir que vendedores façam orçamentos e registrem as compras do consumidor no sistema sem precisar ir a um terminal de atendimento. Assim, é possível acompanhar o cliente pela loja e executar a pré-venda por meio de um smartphone. Top Mobile - Para o segmento de engenharia e design, construtoras e incorporadoras. Garante acompanhamento real dos custos no local de execução dos projetos. Com a aplicação é possível maior planejamento das equipes de mão de obra e maior controle dos custos com material. TOTVS GeoSales - Para atacadistas e distribuidores. É uma solução de automação da força de vendas com inteligência comercial. Permite visualização de mapas de vendas, clientes ativos e inativos, captação de pedidos, gerenciamento de relatórios.

Entrevista Subrah Iyar

Rastreamento de Frotas - Especialista em gerenciar veículos, por meio da integração com rastreamento de veículos de carga, o que otimiza as viagens e reduz custos logísticos. Time Sheet - Aplicativo para registro de horas trabalhadas e lançamentos de despesas reembolsáveis. Voltado para escritórios de advocacia.

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Uma das mais promissoras startups de Mobile Collaboration do Vale do Silício, nos Estados Unidos, a Moxtra é a primeira parceira internacional da plataforma Fluig, da TOTVS. O mashup mescla a gestão de documentos (ECM) da plataforma de produtividade e colaboração com as inovadoras ferramentas de web e conferência de voz, além de edição de documentos por grupos de trabalho da Moxtra. “Essa parceria marca a inauguração da estratégia da TOTVS de fazer mashups internacionais com o Fluig. Assim, fortalecemos nossas próprias inovações unidas à expertise de empresas líderes dos seus segmentos no exterior. O Fluig se torna uma porta de acesso ao que existe de melhor em tecnologia no mundo”, define a vice-presidente de Plataformas e Cloud da TOTVS Marilia Rocca. A Moxtra tem como cofundador e CEO o indiano Subrah Iyar, radicado nos Estados Unidos. Experiente empreendedor na indústria de SaaS (Software as a Service), o executivo é um dos pioneiros em web conferência, fundador da WebEx Communications, adquirida pela Cisco Systems em 2007. Para Marilia, parcerias como essa dão agilidade no acesso a tecnologias inovadoras: “Unindo a expertise de colaboração mobile da Moxtra com a gestão de documentos do Fluig, conseguimos ofertar uma inovação que, em vez de levar dois anos para sair da prancheta da TOTVS, chega ao mercado em seis meses.” O aplicativo da Moxtra permite que o usuário organize, a partir de um celular ou tablet, conferências com diversos participantes. Na reunião, os documentos armazenados no ECM do Fluig da empresa são compartilhados por cloud e todos os participantes podem colaborar, adicionando anotações de texto ou de voz. Ao final, o documento com todas as anotações é novamente armazenado no Fluig, como anexo ao anterior. Por meio da web e do mobile, é possível utilizar chat, conversa com voz e compartilhamento de tela sem que seja necessária a instalação de plug-ins, diferentemente das demais ferramentas de reunião disponíveis no mercado. A solução tem grande interesse para segmentos como saúde, educação e construção, em que há a necessidade de trabalhar remotamente em grupo para discussão e edição colaborativa de documentos. “Uma construtora, por exemplo, pode discutir a planta de um edifício em uma reunião com vários engenheiros, editar a planta, fazer anotações, gravar a reunião, salvá-la novamente no sistema da empresa, com tudo documentado, como em uma ata,

e criar uma nova versão da planta”, exemplifica Marilia. Por meio do recurso de identidade do Fluig, é possível determinar as pessoas que participarão da reunião – colaboradores da empresa, fornecedores, clientes – e dar a elas diferentes permissões de acesso. “A aplicação une os recursos sociais, os de gestão de conteúdo (ECM) e os de identidade do Fluig”, detalha a vice-presidente, lembrando que a plataforma Fluig oferece ainda gestão de documentos, processos, análise de dados e a ferramenta de integração com outros sistemas. A integração com a Moxtra é nativa no Fluig e ganha o nome de Fluig Meetings. “O cliente fica muito tranquilo por apostar em uma empresa brasileira, que conhece bem suas necessidades, oferece a camada Fluig integrada a qualquer sistema transacional, e sabe que essa camada vai conectá-lo ao mundo inteiro”, resume Marilia Rocca.

Algumas das aplicações oferecidas pela TOTVS

Educa Mobile - Plataforma de aprendizado móvel, com matrícula, cursos e avaliações. Saúde - Disponibiliza a agenda consolidada do médico, além de guia da rede credenciada. CRM Mobile - Faz check-in e check-out do vendedor, inclusão de prospects no CRM e apontamento de horas. Indústria - Aplicativo com funções como notificação ambiental e solicitação de manutenção de ativos.

No Moxtra, a planta de um imóvel é discutida em grupo

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Fluig e Moxtra, parceria em mobilidade colaborativa

Cofundador e CEO da Moxtra, depois de ter criado a pioneira WebEx, Subrah Iyar é considerado um líder visionário e empreendedor na indústria de SaaS. Em entrevista à TOTVS Experience, ele conta como o mercado brasileiro, onde os dispositivos móveis são protagonistas, interessa a sua empresa. E revela que o dia a dia de seus filhos o ajudou a criar a Moxtra e apostar em uma ferramenta de colaboração inovadora.

Nas soluções móveis da TOTVS, interface é a mesma no celular e no desktop

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das as nossas features é mobile first. Acreditamos que somos especialmente bem adaptados para esse mercado, por que construímos nossas soluções baseadas em comunicação e colaboração móveis e estendemos isso para a web. Qual o grande diferencial e as inovações mais importantes da Moxtra? SI: A Moxtra une todas as ferramentas necessárias para um trabalho em equipe mais efetivo. Para tarefas em grupo, é preciso formas mais poderosas para todos se comunicarem a qualquer hora e em qualquer lugar. Por isso, nossas soluções garantem todas as ferramentas: mensagens, gerenciamentos de tarefas, páginas e anotações para colaboração visual e reunião. Nossos recursos são fáceis de usar tanto em dispositivos móveis, quanto em web. Não vemos nenhuma empresa chegar perto de oferecer o que oferecemos. Com nosso Moxtra SDK, os clientes TOTVS têm acesso às nossas funcionalidades diretamente de uma solução TOTVS.

Como a TOTVS e a Moxtra podem colaborar uma com a outra nesta parceria? SI: A TOTVS é inovadora em soluções para empresas e nós somos inovadores em aplicativos de comunicação e colaboração. Os usuários têm procurado unir os três Cs – contexto, comunicação e colaboração. Com essa parceria, esperamos combinar o contexto das soluções TOTVS com a comunicação poderosa e colaborativa da Moxtra, com objetivo de aumentar a eficiência e a produtividade do usuário final. É uma parceria muito importante para a Moxtra e uma oportunidade para termos acesso aos mercados brasileiros e latino-americano.

Como sua experiência anterior o levou à criação deste aplicativo? SI: A maior parte da nossa equipe trabalhou junta na WebExe fomos líderes em web conferência. Vimos a troca de mensagem de texto decolar entre os consumidores e o universo digital chegar a todo o planeta. É evidente que a mobilidade é a grande tendência da nossa geração. Quando meus filhos eram estudantes não conseguiam encontrar uma solução que respondesse às necessidades deles em relação ao estudo em grupo. Isso me fez perceber que as soluções disponíveis, criadas antes de mensagens e celulares, não atendiam às necessidades do novo estilo de vida ‘mobile’. Nós nos dedicamos a criar uma nova solução para a comunicação em grupo e a colaboração para nosso novo estilo de vida.

Como o senhor analisa o mercado no Brasil e na América Latina? SI: É um mercado essencialmente mobile first (acesso a Internet prioritariamente pelo celular). O Brasil é o quinto em número de assinantes de celulares no mundo, com uma quantidade maior que o número de habitantes. Para a maioria desses usuários, o telefone celular foi sua primeira experiência em computação. O design para todas as nossas ferramentas e soluções também é mobile first. Nosso design para to-

Quais são os próximos projetos da empresa? SI: Temos muitos novos lançamentos interessantes para a Moxtra. Planejamos adicionar vídeo à Moxtra Meeting. A Moxtra SDK continuará a receber novas funcionalidades. Pretendemos tornar as páginas mais poderosas e trabalhamos em novos features bacanas que integrarão a Moxtra a outros aplicativos móveis, além de tornar as notificações mais práticas, entre outras novidades.


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A

revoluçãoinvisível Internet das Coisas se consolida como terceira onda tecnológica e gera oportunidades de trilhões em negócios por Gabriela Mafort

profunda revolução tecnológica que vai definir o século XXI passará despercebida na nossa rotina. Dispositivos vão entrar no cotidiano e aos poucos se tornar totalmente parte dele, a ponto de não ser possível distinguir o que é tecnologia e o que não é. Se ao ler esta frase, você fez alguma relação com a já tão íntima computação pessoal e móvel que nos cerca via laptops, tablets e celulares conectados por redes sem fio, pule para a casa número três no mapa deste jogo. Pense, por exemplo, num posto de combustíveis inteligente que, por meio de sensores, identifica o veículo e sugere automaticamente uma troca de óleo; ou vá para dentro da sua casa de veraneio e experimente um sistema de termostato acionado assim que os moradores entram, com a temperatura ideal. Tudo isso quase sem intermediação humana. Esta última ideia, desenvolvida por uma startup na Califórnia, foi comprada recentemente pelo Google por pouco mais de US$ 3 bilhões, em um sinal de que a gigante da Internet está com os dois pés dentro da terceira onda da computação, a chamada Internet das Coisas (Internet of Things – IoT, na sigla em inglês). “Estamos em um momento em que existe disponibilidade de interoperação entre diferentes dispositivos, via Internet, e tecnologia adequada para embutir computadores e sensores nos itens do nosso dia a dia”, explica o professor Guilherme Travassos, da Coppe-UFRJ, especialista em computação ubíqua e interface homem-máquina. Aliada ao desenvolvimento tecnológico, houve também uma queda de preço, o que tornou possível a consolidação da chamada “terceira plataforma”. “A Internet das Coisas, ou comunicação máquina a máquina, teve um pequeno boom nos anos 2000, mas não foi para frente por causa do alto custo. Os sensores naquela época eram caros. Lá atrás, só desenvolveu-se a tecnologia, mas não as soluções em cima dela. Os aplicativos só começaram a ser desenvolvidos mais recentemente”, pontua Ram Rajagopal, pesquisador brasileiro que lidera o Laboratório de Sistemas Sustentáveis da Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia. Um dos objetivos do laboratório é justamente criar sistemas de sensores inovadores ligados a softwares analíticos, conhecidos como serviço end-to-end, ou seja, dos sensores à análise dos dados gerados por eles.

Serviços ganham status Além do Google, empresas como Cisco System, General Eletrics (GE), Intel Networks e TOTVS desenvolvem projetos ligados à IoT. Mas “qualquer indústria vai passar a ser uma empresa de software”, previu o CEO da GE, Jeff Immelt, em uma de suas cartas anuais aos

acionistas. Ele quis dizer que todos os setores vão precisar compreender o impacto desta nova onda e incorporar a computação no design dos itens que fabrica, redefinindo a lógica de produção. “Os produtos conectados vão passar a gerar dados, os quais serão mais valiosos que os produtos em si, gerando uma nova gama de serviços a serem ofertados pelas empresas”, analisou um relatório recente do Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre o tema. Um bom exemplo é a empresa americana Climate Corporation, criada por dois ex-empregados do Google e comprada pela Monsanto por cerca de US$ 1 bilhão no ano passado. A empresa faz análise dos dados gerados por sensores espalhados pelas plantações, mas inovou no modelo de negócios ao associar-se a seguradoras e passar a vender seguros contra condições adversas do clima para o setor agrícola. “Existe uma grande mudança a partir da IoT, não exclusivamente para TI, mas para todos os setores da economia, e vale a discussão sobre os impactos que isto poderá gerar, não somente no ambiente econômico, mas também social”, analisa Vicente Goetten, diretor-executivo do Totvs Labs, no Vale do Silício. Para Goetten, algumas profissões correm o risco de serem extintas, como efeito dessa revolução. “Se pensarmos numa combinação do carro autônomo conectado do Google com a empresa de táxi por encomenda Uber, talvez não haja necessidade de termos motoristas em um futuro próximo”.

Desafios na adaptação à IoT O novo processo hiperconectado traz a necessidade de novas competências para as empresas. “Em um cenário de Internet das Coisas, no cargo Chief Information Office (CIO), comum nas empresas, o I deixa de ser Information e passa a ser de Innovation. Este profissional terá como missão buscar a criação de valor da aplicação da tecnologia para o negócio, seja melhorando a eficiência, seja criando novas fontes de receita. Deve estar muito mais entranhado nas operações e estratégias da corporação do que está hoje”, avalia o consultor Cezar Taurion, da Litteris Consulting. Além disso, as equipes deverão ser multidisciplinares, incluindo profissionais de áreas diversas, de programadores a inovadores, que possam trabalhar de forma coordenada para gerar soluções sob demanda para os clientes. “O advento da Internet das Coisas transforma a maneira como as empresas devem pensar a gestão da identidade. Se há uma década as corporações de tecnologia concentravam seus esforços em controlar e monitorar o acesso aos dados dos usuários de seus softwa-


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res, a nova fronteira de gestão de identidade passa a lidar com o acesso das coisas ao sistema”, pontua Vicente Goetten, do Totvs Labs. A política de gestão de pessoal, no ambiente IoT, tem que incluir fortes esforços de colaboração com o exterior. “Na hora de desenvolver suas aptidões-chave, o foco das empresas muda para enfatizar novas parcerias, ao invés de sempre construir aptidões apenas internas. Compreender como os outros integrantes do ecossistema se monetizam se torna importante no longo prazo”, disse Rene DiResta, da O’Reilly AlphaTech Ventures, que investe em projetos inovadores, num texto do blog da Harvard Business Review (HBR). A geração de valor dos produtos também ganha novas regras. “Em empresas tradicionais, gerar valor significa captar as necessidades duradouras dos clientes e fabricar produtos bem projetados. No mundo de IoT, os produtos não são mais uma obra

terminada. Por conta das atualizações de dados, novos recursos e funcionalidades podem ser incluídos o tempo todo. E as necessidades dos clientes podem ser captadas em tempo real e monetizadas constantemente”, escreve Gordon Hui, consultor da Smart Design, no blog da HBR. Necessidades essas que têm um enorme potencial de negócios. Este mercado de Internet das Coisas gera, hoje, receitas de US$ 5 trilhões, mas deve chegar a US$ 9 trilhões em 2020, com ritmo de crescimento de 8% por ano até lá, segundo o International Data Corporation (IDC). Somente o setor de Tecnologia da Informação (TI) deve ver sua receita com projetos de IoT saltar 12% no mesmo período. Boa parte destes negócios virá do setor público em projetos de Cidades Inteligentes, que tendem a aproximar governos e cidadãos em processos mais eficientes, com redução de custos e aumento de produtividade.

Conectar produtos na web será a eletricidade do século 21” Songdo, na Coréia da Sul, foi uma das primeiras cidades da Ásia a adotar projetos de Internet das Coisas. A cidade prevê investimentos da ordem de US$ 40 bilhões nos próximos 10 anos em sistemas como, por exemplo, um console residencial touchscreen para monitoramento dos gastos com energia elétrica, que gera relatórios online para o governo. Na cidade de Lake Nona, na Flórida, os investimentos giram em torno de US$ 2 bilhões

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Para Canova e Goetten, da TOTVS, o mercado brasileiro está se abrindo para IoT

para a próxima década, em projetos que incluem videoconferência em consultas médicas. O paciente pode ser atendido pelos médicos e fazer exames simples, como auscultar o coração, pelo sistema online. Na cidade de Nice, na França, um estacionamento inteligente alerta motoristas sobre vagas e tem potencial de reduzir os congestionamentos de trânsito em até 30%, além de diminuir também a emissão de CO2. “Em mercados mais maduros, o consumidor está forçando este movimento. No Brasil, esse tipo de tecnologia está chegando aos poucos, não podemos dizer que já é mainstream”, avalia Weber Canova, vice-presidente de Tecnologia da Totvs. Na opinião de Canova, o país precisa investir em infraestrutura de conexão e também no acesso aos dispositivos, porque muitos deles são importados e ainda chegam aqui muito caros. “Sofremos com o custo Brasil. Eu viajo para acompanhar o que está acontecendo lá fora, mas é preciso respeitar o momento do Brasil. O que diferencia o país é o acesso (ou o não acesso) a essas tecnologias”, explica. Dois setores que Canova destaca por aqui como potenciais líderes de projetos de Internet das Coisas são os de seguros, que já tem explorado o uso de sensores localizadores de veículos, e também o de saúde, que abre frentes ao tornar a relação médico-paciente mais digital, com boletins médicos atualizados em tempo real.

Tecnologias de vestir integram o homem

O Apple Watch é uma das apostas no setor de wearable

5 projetos de Internet das Coisas q u e

v o c ê

d e v e

c o n h e c e r

Denox - www.denox.com.br A Denox, com sede em Belo Horizonte, é especializada em monitoramento remoto de pessoas, segurança e automação. Criou uma solução de segurança e monitoramento doméstico que associa Internet da Coisas (IoT) com a rede de amigos e vizinhos. SparkLabs - www.sparklabs.com A americana SparkLabs fabrica um kit para o desenvolvimento de produtos de Internet das Coisas, o Spark Core, e uma plataforma que permite a esses dispositivos se conectem entre si, a Spark Cloud. Sensys - www.sensysnetworks.com A Sensys nasceu em 2003 e é especializada em sistemas de sensores para monitoramento do trânsito. Vem gerando captação de dados sem precedentes para as agências de transportes, e usa uma solução de sensores sem fio de baixo custo. FitBit (Wearable) - www.fitbit.com A startup californiana FitBit tem quase 50% de participação no mercado de dispositivos de vestir (wearable) nos Estados Unidos. O principal produto é a pulseira (smartband) Fitbit Flex, que monitora a saúde do usuário, gerando dados a partir do número de passos, distância percorrida, calorias queimadas e horas dormidas. Gera análises como, por exemplo, a qualidade do sono. BovControl - www.bovcontrol.com.br A brasileira BovControl faz monitoramento de pecuária via sensores e também oferece o sistema de análise dos dados. Cerca de 40% dos negócios da empresa já são feitos fora do Brasil.

Com sensores que se acoplam ao corpo e medem o desempenho nos exercícios, relógios inteligentes e óculos de acesso à Internet, o ser humano se torna um integrante da Internet das Coisas. Conhecidos como wearables, essas extensões da computação para o corpo humano ainda procuram um produto que domine o mercado de fato (conhecido como killer application). O mesmo IDC estima que, em 2015, os fabricantes vão embarcar cerca de 19 milhões de produtos wearables, um número baixo, se comparado aos bilhões de smartphones vendidos em 2013. Mas, apesar de a tecnologia promover a interconexão das máquinas, os desejos dos consumidores devem permanecer no centro de tudo. Em entrevista exclusiva à Totvs Experience, direto da sede de Mountain View, o vice-presidente do Google, Vint Cerf (veja entrevista completa na pág. 38), alerta: “As empresas que não forem capazes de se adaptar a este novo paradigma da IoT vão perder participação de mercado. Os fabricantes de equipamentos e também dos aplicativos terão que se atualizar em relação à tecnologia, aos padrões e às preferências dos clientes”, disse Cerf. De acordo com a consultoria Trend Watching, a revolução Internet das Coisas não significa apenas transformar qualquer aparelho em dispositivos conectados ou inteligentes e esquecer do foco no consumidor. O desafio, destaca a consultoria, é saber o que ele realmente precisa e quer. “O mundo que vislumbramos para os próximos dez anos é certamente fascinante e ao mesmo tempo assustador. Acredito que estamos vivendo uma verdadeira perfect storm provocada pela combinação da Internet das Coisas e sensores, Big Data, impressoras 3D, veículos autônomos, drones e dispositivos móveis”, avalia Vicente Goetten, do Totvs Labs. Se a sensação ao ler esta matéria é de que haverá uma sobrecarga de informação com tantos dispositivos gerando dados entre si, mantenha a calma. Segundo Mark Weiser, criador da expressão “computação ubíqua” – onipresente no cotidiano das pessoas –, à medida que as máquinas entrarem na vida humana e se tornarem parte integrante dela, será mais fácil resolver o problema da quantidade massiva de dados. No artigo clássico para a Scientific American em que definiu o termo, no início dos anos 90, Weiser diz que um passeio em uma floresta gera muito mais informação do que um sistema de computador. Apesar disso, “as pessoas acham o passeio relaxante e os computadores frustrantes.” Para ele, quando as máquinas fizerem parte do ambiente humano – como no mundo da Internet das Coisas –, usar um computador será tão refrescante quanto um passeio na floresta.


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Entrevista_ V i n t

C er f

defender seus interesses no processo de transição. Você vê essa luta como um grande problema para o desenvolvimento deste mercado? Como minimizar isso? VC: Esse é um grande problema. A iniciativa do Painel de Interoperabilidade da Smart Grid é uma tentativa de reunir as empresas para ver a vantagem de protocolos e padrões comuns, mas incen-

O matemático e informata Vinton Gray Cerf, conhecido como um dos pais da Internet, é vice-presidente e “Chief Internet-Evangelist” do Google desde 2005, e falou com exclusividade para a Totvs Experience. Ele acredita que a Internet das Coisas, com máquinas mais inteligentes, irá gerar um futuro de abundância e alerta para a importância da criatividade humana.

O senhor disse recentemente numa conferência que a Internet das Coisas será uma colaboração gigantesca entre redes e que, em termos de negócios, faz mais sentido estar dentro do que fora desta nova fase da computação. Na sua opinião, como esse novo cenário vai mudar o jogo para a indústria? Que tipo de empresas vão perder mercado e quais vão ganhar? Qual será o novo arranjo do tabuleiro de xadrez? VC: Do ponto de vista dos fabricantes de equipamentos, os dispositivos conectáveis à Internet serão atraentes na medida em que o software puder ser facilmente atualizado, que eles possam relatar o status remotamente e aceitem comandos remotos. As empresas que não forem capazes de adaptar os seus aparelhos para este paradigma irão perder participação. A comunalidade será importante; isto é, todos os dispositivos precisam estar interligados em rede e sujeitos a interfaces que sigam protocolos comuns. Muitos desses aparelhos serão associados a serviços, assim as empresas fornecerão desde a fabricação de equipamentos até os serviços de análise de dados. Claramente, fabricantes de equipamentos e de aplicativos (imagine aplicativos móveis, mas não exclusivamente) terão de acompanhar a tecnologia, padrões e preferências dos clientes. Normas serão importantes e as empresas de sucesso se envolverão na criação de padrões ou pelo menos acompanharão essa discussão de perto. A Internet das Coisas só será possível por causa do protocolo IPv6, que aumenta os endereços IP disponíveis em várias ordens de magnitude e é mais seguro e estável. É possível medir a explosão da Internet das Coisas, quando o IPv6 estiver rodando a 100% da capacidade? VC: O IPv6 fornece uma capacidade quase ilimitada para identificar dispositivos. O grande desafio será a configuração de um grande número de dispositivos em casas, escritórios e instalações industriais. Talvez os fabricantes de dispositivos ativados por IPv6 estejam dispostos a informar os embarques como o McDonald’s fez uma vez, com seus “20 bilhões de hambúrgueres”! É menos claro se será possível medir o número de dispositivos exclusivos em uso, pois muitos podem operar localmente por trás de firewalls.

As empresas que não adaptarem seus aparelhos aos paradigmas da IoT vão perder participação. Muitos equipamentos serão associados a serviços”

com processos mais eficientes, cujo o foco serão as necessidades sob demanda do consumidor? VC: A noção de abundância de Peter Diamandis* é aplicável aqui. Eu acho que nós podemos olhar para frente e projetar redução de custos por meio da robótica e máquinas mais inteligentes, edifícios inteligentes, cidades inteligentes. Vamos, no entanto, ainda precisar de uma grande dose de engenhosidade humana para projetar e construir tais sistemas. Customização em massa, para usar uma palavra antiga, pode ser o nosso futuro. *Nota Totvs Experience: No Livro “Abundância, o futuro é melhor do que você imagina”, o fundador da Singularity University Peter Diamandis prega que por conta do progresso tecnológico nas áreas de inteligência artificial, robótica, nanotecnologia e outras, nas próximas duas décadas teremos ganhos maiores que nos últimos dois séculos.

tivos de negócios muitas vezes interferem na adoção de padrões comuns. Este é um desafio, mas espero que, ao longo do tempo, projetos baseados no padrão IPv6 revelem-se mais atraentes.

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O Google adquiriu recentemente a Nest, focada em inventar dispositivos de Internet das Coisas para casas, como termostatos e alarmes de fumaça inteligentes. É este um sinal de que a empresa está apostando em aplicações domésticas da Internet das Coisas como um campo rentável neste novo mercado? VC: Claramente, a aquisição da Nest é uma antecipação de que a IoT tem um papel a desempenhar na missão mais geral de informação do Google. Gerenciamento de dispositivos, medição, monitoramento, controle, processamento de informações, tudo isso é fundamental para os interesses do Google.

O senhor disse em um hangout recente que está animado com as possibilidades da Internet das Coisas, mas também avisou que a IoT exigirá uma grande mudança na forma como o software é escrito. Quais são as principais mudanças que a indústria de computação precisa fazer e como se mover em direção a isso? VC: Segurança, sigilo e dimensionamento são requisitos críticos. O software precisa ser comprovadamente resistente a ataques e a vários tipos de falhas. Os programadores terão de adquirir o hábito de escrever softwares com propriedades demonstráveis de segurança, fortes propriedades de autenticação e uso de criptografia para confidencialidade.

Alguns especialistas dizem que a inteligência humana está se tornando obsoleta. As máquinas conectadas podem até simular o cérebro do ser humano e tomar melhores decisões que os humanos, pelo menos tecnicamente. Alguns cientistas dizem que estas máquinas ultrainteligentes vão deixar a inteligência do homem para trás. Como o senhor vê o papel humano nesse futuro de máquinas? VC: Eu acho que essa é uma posição excessivamente pessimista. Estes sistemas aumentam a nossa capacidade de conhecer as coisas ou de encontrar as coisas (pense sobre a pesquisa do Google). Como os dispositivos têm mais informações para fundamentar suas ações, eles irão parecer mais inteligentes, mas não devemos confundir computação com consciência!

Além da segurança, outra barreira para o desenvolvimento da Internet das Coisas, como o senhor já citou, são os protocolos, ou seja, a criação de padrões comuns de comunicação entre as máquinas. As empresas estão criando algumas joint-ventures para

A Internet das Coisas irá criar novas oportunidades econômicas sem precedentes para empresas, pessoas e países. O senhor acha que estamos caminhando para um mundo mais sustentável,

Sa i b a m a i s

MIT Technology Review: http://migre.me/mr9eI


I N F O 40

OMUNDODASCOISASCONECTADAS Internet das Coisas = IoT (Internet of Things em inglês)

A

Internet das Coisas refere-se à interconexão de objetos – máquinas, dispositivos eletrônicos, sensores – com a Internet. Este novo tipo de computação, a Internet Industrial, deve gerar uma revolução nos negócios e criar um mar de oportunidades para as empresas.

A IoT hoje

...e amanhã

2014

2020

Máquinas conectadas superam US$

p c s e m o bile

Dispositivos conectados (bilhões)

30 25

Machine to Machine

20

Tablets PCs/Laptops

15 10

Mobile hansets

0

Local network infrastructure 2020

2010

2014

Fonte: GSMA/Machina Research

7%

590

mais promissores

187

-3%

+37% (US$ 36 bi)

Manufatura / cadeias de suprimento

+12%

(US$ 202 bi)

22%

4,2

Eletrônicos conectados*

4,4

212

gigabytes

Bilhões

Automóveis conectados*

+17%

% benefícios globais com Internet das Coisas

+38%

+40% +41%

total

Rússia

44

China

trilhões

Brasil

gigabytes

1,4

Índia Fonte: Cisco Fonte: IDC e GSMA * vendidos

em TI Crescimento anual global do setor de TI (hoje):

+4%

Impacto da IoT sobre as empresas de TI (fornecedores até 2020)

+12%

Principais oportunidades

NO B R AS I L

Prédios inteligentes

Saúde

% do

Cidades mais Inteligentes

Produtos eletrônicos

México Austrália

BIlhÃO

Cidades inteligentes

+

bilhões

Universo Digital

trilhões

270

35

Dados úteis para análise

(US$ 445 bi)

Automotivo

+46%

trilhões

Coisas conectáveis

Líderes de oportunidades

trilhões

milhões

Crescimento do uso de máquinas conectadas (Receita potencial com IoT em 2020) Equipamentos de escritório

Serviços públicos

9 15%

Coisas conectadas

milhões

aquece negócios

US$

Receitas IoT

do total

Bilhões

Mercados

5

INternet das coisas

63 % Cidades 22 % Estado 15 % Federal

(US$ 91 bi)

Seguros (transportes) Saúde Entretenimento Educação (à distância)

Fonte: Cisco Consulting Services

Impacto da IoT para os usuários de TI (compradores)

+8% Fonte: IDC

Fonte: GSMA/Machina Research


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S e g m e n taç ão

e formação de pessoas A busca pela especialização e pela eficiência na consolidação de uma marca

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e o principal negócio de uma companhia é software de gestão, com algumas linhas de serviços associadas, quais seriam seus principais desafios? Considerando que tecnologia é meio e não fim, os desafios mais recentes da TOTVS recaem sobre a segmentação do mercado de software, a especialização na formação de pessoas para atender a esse mercado tão diverso e a gestão dos processos de fusão e aquisição de novas culturas corporativas. A segmentação do mercado de software, no caso da TOTVS, reúne mais de dez áreas de atuação – educacional, construção e projetos, saúde, varejo, distribuição e logística, agronegócio, serviços financeiros, manufatura, serviços e jurídico – para as quais existe algum produto próprio relacionado. Encarar esse universo requer não apenas um profundo entendimento dos segmentos, mas incrementos na formação de profissionais de desenvolvimento, suporte, comercial e atendimento, entre outros. Para começar, é preciso investir na especialização dos profissionais que lidam, direta e indiretamente, com os segmentos. Por isso, a empresa acaba de firmar parceria com um importante grupo educacional privado em nível nacional. Isso permitirá interferir nas ementas (programas curriculares) das disciplinas de ciências da computação e análise de sistemas. Ainda em fase de conclusão, a parceria tem de ser mantida em sigilo. Além disso, há um entendimento de que é essencial participar dos eventos emblemáticos dos segmentos, não só para se apresentar, como

para colher informação, avaliar tendências e, principalmente, ouvir os públicos de interesse. O que se constata é que, até um determinado momento, se buscava apenas um bom desenvolvedor. Agora, é preciso um desenvolvedor que tenha conhecimento intenso do segmento com o qual se relaciona, capaz de fazer análises de mercado, da concorrência, comparar participação de mercado, projetar riscos e oportunidades de inovação, além de saber conversar e dominar os respectivos jargões. Em saúde, por exemplo, se esse profissional não souber o que é GCIH - Gestão e Controle de Infecção Hospitalar, pouco adianta seus outros fundamentos. Não basta saber codificar, é imprescindível saber associar a codificação ao segmento que se está abordando. Por isso, de maneira permanente, profissionais médicos são mantidos na empresa no time de saúde; agrônomos no agronegócio; engenheiros que interferem nas soluções de construção e projetos; e profissionais de educação no segmento homônimo, apenas para citar alguns exemplos. São eles que ajudam a interagir e entregar melhores soluções.

Clientes Colaborativos Para além dos reconhecidos focus groups, os clientes são sempre convidados para falar sobre a performance dos produtos, pois como usuários, são eles que mais entendem como aprimorá-los. Assim, é possível uma real aproximação dos clientes, a customização de soluções e o estreitamento dos relacionamentos. Exemplo bem-sucedido dessa convivência entre empresa e clientes foi uma solução móvel para o agronegócio, cuja tela tinha de se apresentar clara e com as letras escuras, já que o sol ofusca a leitura ao inverso. E um desenvolvedor não saberia originalmente disso. É uma observação simples, que impacta inegavelmente na qualidade do produto, e poderia até inviabilizá-lo. Apesar de a TOTVS ter uma história de sucesso, ela segue tendo outros desafios recorrentes de interação, competição, percepção e monitoramento do mercado de tecnologia, que esbarram, entre outras variáveis, em propostas de crowdtest (teste de software) e crowd development (desenvolvimento coletivo).

Lição de casa pródiga Na TOTVS, o lema ‘desenvolver o que a gente acredita e praticar o que a gente desenvolve’ é levado ao extremo dentro e fora de casa. Essa máxima exige não apenas coerência, mas aprendizados constantes, escutas acuradas, tanto com o público interno como com os externos. Uma referência disso é a rede social interna, que trouxe demandas como um novo dress code, recém-adotado, e o trabalho em home office. Participantes ativos dessa rede, a equipe TOTVS é formada em sua maioria por um contingente de jovens inovadores da geração Millenium que desprezam a hierarquia, com necessidade de se expressar e ser únicos, apreciadores de tecnologia e de conforto. A adoção de um novo padrão de vestimenta e home based fizeram então todo o sentido. São evidências de uma comunicação em rede e colaborativa, por meio de uma plataforma tecnológica, que remete ao core business da empresa. De novo, fazer a lição de casa é muito significativo e revelador. É fato que um post na rede social interna tem o poder de engajar e provocar mudanças, promover ações, despertar um espírito solidário. Esse é, por excelência, um espaço privilegiado para se expor, trocar e diminuir consideravelmente a comunicação por e-mail. Ainda que as portas de muitos gestores estejam abertas para conversar sobre qualquer tema, a comunicação digital em rede parece mesmo ser um forte aliado na gestão organizacional da companhia.

Dessa rede social interna, surgem outras boas ideias e sinalizações de empreendedorismo endógeno. Ali, são mantidas ainda diversas comunidades de discussão das áreas de marketing, relações humanas, educacional, comercial, infraestrutura e suporte social, com enquetes, timelines, uploads de documentos, quotidianamente acompanhadas para tomada de decisão e roadmaps, que planejam e comunicam a visão de futuro. Entre os destaques dessa interação online está a discussão entre os técnicos e clientes, sendo que esses últimos muitas vezes se antecipam em resolver problemas de seus pares. O melhor disso é a aproximação dos segmentos, fortalecendo relações e ganhos para todos.

Up to date Temas como Design thinking, Adaptive learning, Internet of Things e Big Data são recorrentes na agenda de qualquer empresa de tecnologia e no caso da TOTVS, não é diferente, seja para, respectivamente, abordar problemas, relacionados à aquisição de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções; como para utilizar computadores como dispositivos de ensino interativos; para unir o mundo físico ao mundo digital; ou para lidar com um grande volume de dados, voláteis ou não, e com maior velocidade. Esses não são apenas conceitos. Eles são transformados em algo inteligente, tanto para a própria TOTVS como para o mercado. A empresa dispõe de muitas informações gerenciais e estratégicas e, por isso mesmo, é imprescindível fazer associações inteligentes a partir desses dados, a exemplo das iniciativas de performance empresarial das áreas de Business Analytics (BA) e GoodData. Questões éticas e de governança afetam seu gerenciamento. Portanto, as políticas de segurança e gestão de identidade têm de ser impecáveis e atualizadas. Quando um gestor TOTVS admite que a preocupação e a insatisfação são ingredientes inerentes para a superação, bater metas e atingir resultados não passam de fatores comuns ao negócio. O que se busca é oferecer soluções com o DNA da marca, que tornam a vida das pessoas mais simples e mais fácil. Essa é uma missão totalmente possível, mas é bom estar apto a ela. E, como diria Stephen Covey, “a tecnologia reinventará os negócios, mas as relações humanas continuarão sendo a chave do sucesso.” Gustavo Bastos é diretor dos segmentos de construção e projetos e educacional da Totvs


Educação e tecnologia:,

fortes aliadas Sem desprezar sala de aula e o professor, o adaptive learning impulsiona e facilita o aprendizado por Denis Mizne

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xiste uma metáfora simples e frequentemente usada para ilustrar a urgência de trazer mais inovação para a educação: se uma pessoa do século 19 desembarcasse hoje em uma sala de cirurgia ou em uma fábrica automobilística, certamente teria muita dificuldade de reconhecer não só os instrumentos de trabalho, mas também os procedimentos. No caso das escolas, ao contrário, o nosso personagem do passado ainda encontraria um ambiente que lhe seria muito familiar. Com exceção de uma ou outra pequena mudança, as nossas salas de aula ainda lembram muito aquelas de mais de 100 anos atrás: as carteiras dispostas em filas, o professor à frente e alunos prestando atenção (ou não) na aula. Apesar de já ser quase um clichê, este exercício de imaginação ainda é eficaz para concretizar um problema relevante: a tecnologia ainda não fez pela educação o que já faz em diversos outros setores da nossa sociedade. E o sistema educacional tradicional não está trazendo os resultados de aprendizado necessários. Atualmente, ao concluir o ensino fundamental – depois de nove anos frequentando a escola – apenas 22% dos alunos brasileiros sabem o que deveriam de língua portuguesa e somente 12% de matemática. Nesse cenário, uma coisa é certa: o Brasil não vai dar o salto qualitativo e rápido na educação apenas com mudanças incrementais. É preciso inovar.

A tecnologia tem um enorme potencial de ajudar a educação a superar grandes desafios, com a urgência necessária. Ela não irá resolver nada sozinha e não é um fim em si mesma. Cabe à sociedade e aos professores definir o que querem que os alunos aprendam, mas a tecnologia pode ser um meio para garantir que o aprendizado aconteça de uma maneira contemporânea, efetiva e que dê autonomia aos alunos para concretizar seus projetos de vida. A tecnologia é também uma importante aliada quando pensamos em ganhar escala. Em um país de dimensões continentais, com 55 milhões de alunos e 2 milhões de docentes na educação básica, isso é crucial. Inovações como plataformas de aprendizado online e aplicativos podem ser usadas por milhões de estudantes ao mesmo tempo. Além da escala, a tecnologia permite que o aluno aprenda em seu próprio ritmo, com linguagens muito mais próximas do seu dia a dia e com variados tipos de conteúdo: vídeos, textos, games etc. Na Fundação Lemann, apostamos muito nessa estratégia e temos uma série de iniciativas que já estão sendo implementadas nas escolas, usando inovação e tecnologia para potencializar o aprendizado. Um exemplo é a Khan Academy, plataforma inteligente com mais de 300 mil exercícios e milhares de videoaulas, a maior do mundo para se aprender matemática. Cada aluno tem o seu perfil – como em uma rede social – e estuda conforme as próprias dificuldades e necessidades, sendo recompensado com pontos e medalhas. Assim, o estudante segue um percurso individual de aprendizado e garante que nenhum assunto passe sem ser compreendido e dominado. Já o professor pode visualizar o desempenho de cada aluno, em tempo real. Com esse tipo de feedback, o professor ganha um apoio para conseguir propor atividades diferentes para os alunos que apresentam mais dificuldade e para aqueles que já dominaram o conteúdo. Pode ainda organizar a turma em grupos ou duplas de estudantes nos quais quem já domina um assunto ajuda o colega, dentre várias outras dinâmicas na sala de aula. Isso vem acontecendo com frequência com os 23 mil alunos que já estão usando a Khan Academy em escolas públicas de todo o Brasil. Sem a tecnologia e por meio

de avaliações no papel, é muito mais difícil para o professor – quase inviável – fazer essa análise constante do aprendizado e planejar aulas mais personalizadas. Com isso, um grande mito é derrubado: a tecnologia não vem para substituir o professor. Ao contrário, ela é um suporte para que o professor possa se dedicar a orientar e mediar o aprendizado, bem mais próximo de cada aluno. À medida que o debate avança no Brasil, o foco parece que gradativamente vai se deslocando na direção certa: do hardware para o software, da compra do tablet ou notebook para a preocupação com o que vai dentro dele. De novo, da tecnologia como meio e não como fim. Nesse sentido, o domínio da linguagem da tecnologia pelas novas gerações também tem aparecido cada vez mais nas discussões sobre inovação e educação. Em alguns países do mundo, como na Inglaterra, aprender programação já é parte do currículo formal. Nos EUA, até o presidente Obama convocou a nação a aprender a programar, sinalizando a importância do domínio dessa linguagem para o país. No Brasil, já estão disponíveis, em português, ferramentas online gratuitas para se aprender a programar, como a Codecademy e o Scratch. Apesar de experiências concretas mostrando que a tecnologia pode ajudar a engajar os alunos, além de facilitar o aprendizado e o trabalho dos professores, ainda é possível identificar algumas resistências quanto à intensificação e ampliação do seu uso na educação. Algumas pessoas temem, por exemplo, que a tecnologia seja um caminho para uma experiência de aprendizagem totalmente sem estrutura, com salas de aula de cabeça pra baixo em relação ao modelo mais tradicional da educação. É um outro mito que precisa ser derrubado: a tecnologia não pretende e não deve eliminar os muitos aprendizados pedagógicos obtidos com a experiência da sala de aula. Ela vem se somar à escola e potencializar o trabalho de quem ensina. Ao contrário de outros aspectos da educação, ainda estamos relativamente próximos de outros países em relação aos avanços obtidos com o uso da tecnologia na educação. Conseguir que o Brasil não fique defasado também nesse quesito nos ajudará a garantir aos alunos – independentemente das condições socioeconômicas ou do local onde vivem – o seu direito de aprender.

Divulgação

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Denis Mizne é diretorexecutivo da Fundação Lemann. Contribuir para melhorar a qualidade do aprendizado dos alunos brasileiros e formar uma rede de líderes transformadores são os grandes objetivos da instituição.

Sa i b a m a i s http://www.fundacaolemann.org.br


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engajamento: o n om e d o j o g o Para reter talentos e aumentar envolvimento dos colaboradores é preciso entender o que motiva as novas gerações de profissionais por Carlos Vasconcellos ilustração Daniel Razabone

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oi-se o tempo em que um estudante saía da universidade para o programa de trainee de uma grande empresa, e continuava nessa companhia, subindo os degraus da carreira em uma estrutura vertical até chegar o momento de se aposentar. Esse modelo de comportamento está praticamente em extinção e tende a se tornar apenas uma lembrança na vitrine do museu de práticas corporativas do século 20. Isso acontece não apenas porque o mercado de trabalho e as empresas mudaram, mas também porque os profissionais mudaram. As novas gerações vivem em uma sociedade mais veloz e conectada, com outros anseios que o modelo empresarial do século passado não consegue satisfazer. Ao mesmo tempo, em um mercado cada vez mais ágil e competitivo, o engajamento dos colaboradores na empresa se torna um diferencial. “O principal custo ao não se conseguir engajamento é de tempo”, diz Larissa Moutinho, coach certificada pela The Coaching Clinic. “Enquanto uma empresa patina para engajar os próprios funcionários, outra já está pronta para conquistar clientes e aumentar a lucratividade. Há também os custos de recrutamento e seleção e de conhecimento, uma vez que, com alto índice de turnover, uma companhia tem constantemente funcionários levando com eles informações que tive-


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Conflito d e g er a ç õ es “Essa nova geração não respeita os mais velhos, nossos conhecimentos, e acha que tudo gira em torno do próprio umbigo.” “Você sabe quando esta frase foi dita?” pergunta Paulo Alvarenga, sócio-diretor da consultoria Crescimentum. “A maioria acredita que foi nos anos 1970 ou 1960, mas essa frase foi encontrada numa inscrição egípcia de 4 mil anos antes de Cristo”, revela. “Na verdade, a próxima geração sempre vai dar trabalho e vai tirar as organizações da zona de conforto.” Alvarenga observa que hoje, nas grandes corporações, até quatro gerações diferentes convivem no mesmo organograma. “Temos desde profissionais com aquele perfil de quem recebe e executa missões até aqueles mais questionado-

Hoje os novos profissionais querem curtir a caminhada. Aonde chegarão tornou-se menos importante do que o caminho a ser percorrido e por isso uma nova palavra ganhou força: propósito” ram da empresa e que outro colaborador demorará para obter. Fora o risco de perder profissionais para a concorrência, algo cada vez mais comum no mercado atual.” Mas se o nome do jogo é engajamento, o que pode aumentar o envolvimento de profissionais cada vez mais volúveis? Ao contrário dos trabalhadores do pós-guerra, moldados por um desejo de estabilidade que forjou as estruturas e grande parte das regras do mundo corporativo, os novos profissionais querem curtir a caminhada, afirma Larissa. “Com a geração X veio a busca por individualização e crescimento por meritocracia, gerando uma corrida por diferenciação”, diz. “Hoje, os novos profissionais querem curtir a caminhada. O ponto em que chegarão tornou-se menos importante do que o caminho a ser percorrido e, por isso, uma nova palavra ganhou força: propósito”, explica Larissa. “Trabalhos antiquados, em que um mesmo funcionário tem de passar décadas

res, que desafiam o status quo”, diz. Para lidar com esse nó, Alvarenga acredita que as empresas precisam melhorar sua comunicação. “As organizações aqui no Brasil têm de gerir melhor as expectativas, deixar claro o que esperam desses jovens profissionais, que têm sede de feedback”, explica. Segundo Alvarenga, esta cultura pode ser ensinada. “Fazemos programas de imersão total para formação de líderes, com feedback entre os pares.” Mas as dificuldades de comunicação não se limitam a apenas isto no ambiente corporativo brasileiro. Há entre os jovens do país uma certa dificuldade em lidar com críticas. “Nos Estados Unidos, a crítica construtiva é bem-vinda, mas aqui ainda é vista muitas vezes como um ataque pessoal”, observa Alvarenga. “Dá para mudar isso e implantar uma cultura de feedback na organização, mas é preciso que haja um ambiente aberto para que o processo funcione”, conclui.

4 Novos Perfis Profissionais Seja por causa das redes sociais ou das tecnologias móveis, o mercado de trabalho mudou. O site especializado Work Inteligently listou quatro novos perfis profissionais do século 21. Sabemos que ninguém se encaixa totalmente nesses clichês, mas temos certeza de que são muito comuns no mercado. Always-on Millennial - São vistos como sendo os mais experientes em mídia tecnológica e social, mas também percebidos como sendo difíceis de trabalhar. Egocêntricos, narcisistas e, para alguns, preguiçosos. On-the-go Mobile Pro - O escritório é onde eles estão. Trabalham a partir de vários locais com vários aplicativos e dispositivos móveis. São raramente vistos na empresa, mas quando são, têm sempre um tablet ou smartphone na mão. Intrapreneur - Atuam com espírito empreendedor dentro da organização. Oferecem valor surpreendente ou inesperado para suas empresas de uma maneira que capitaliza sobre novas oportunidades de negócios. The Data Analytic - Vistos como introvertidos, esses profissionais veem números, estatísticas e dados como elementos essenciais para a empresa. Uma qualidade valiosa na Era da Informação.

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Entrevista_ A n t ô n i o M e n d o n ç a O eixo da caça aos talentos no mundo corporativo mudou e o fenômeno atinge a todos os setores da economia, mas fica ainda mais evidente na indústria de tecnologia. “Cada vez mais são os talentos que escolhem as empresas e não as empresas que escolhem os talentos”, afirma Antônio Mendonça, sócio-diretor da consultoria Russel Reynolds no Brasil, especializado na área de Tecnologia da Informação. “As novas gerações, a partir da Geração Y, têm uma expectativa alta em relação à carreira e querem ambientes de trabalho com estrutura mais flexível, casual, personalizada e interativa.”

O que mudou na busca por talentos nos últimos dez anos? Antônio Mendonça: Há 10 anos, as melhores empresas buscavam no mercado os melhores talentos. Hoje, arrisco dizer que é o contrário. Os melhores talentos escolhem onde querem trabalhar. Há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de mão de obra, especialmente no mercado brasileiro, em áreas inovadoras, como o desenvolvimento de software, segurança cibernética ou data analytics. Quais fatores podem atrair esses profissionais para as empresas de tecnologia? AM: Claramente, há uma mudança de atitude dos novos profissionais. Para responder a ela, precisamos de uma rotina mais dinâmica. As novas gerações querem ambientes de trabalho com uma estrutura mais flexível, casual, personalizada e interativa. Não se trata de uma mudança superficial. Prestei consultoria a uma empresa que queria se tornar mais digital, mas o chairman não usava e-mail. Portanto, não basta

imitar a casualidade e a área de lazer do Google, se você não tiver a cultura corporativa correta e atrair as pessoas certas para a organização. E o que querem essas “pessoas certas”? AM: Os profissionais que apresentam o melhor retorno de investimento para a empresa não são seduzidos apenas pelo dinheiro, embora esse seja um fator importante. Eles querem uma empresa alinhada com seu posicionamento psicológico, social e até ideológico. Querem as conexões sociais que a organização pode proporcionar. Do ponto de vista do setor de tecnologia, também é importante, como fator de atração, que as empresas estejam inseridas em um ecossistema inovador, como acontece no Vale do Silício, onde você tem uma cadeia produtiva que retroalimenta a inovação. No caso do Brasil, que não possui um ecossistema tão desenvolvido como esse, que pelo menos as empresas estejam próximas dos principais centros de pesquisa do país. Mas não foi apenas a atitude dos profissionais que mudou. O mercado de trabalho também sofreu grandes transformações nas últimas décadas. AM: Sim. Antes, um jovem tinha algumas opções profissionais: direito, engenharia, administração de empresas, medicina, jornalismo. Hoje, a lista é tremendamente maior: gestão de redes sociais, gestão de resíduos, sustentabilidade, design de games. Um curso de alto nível para formação de chefes de cozinha é uma alternativa respeitável de carreira e de vida. Além disso, cada vez mais, os profissionais encaram um mercado sem fronteiras. O mercado de trabalho é o mundo. Especialmente para quem trabalha com inovação. Como acompanhar esse processo e entender o que pensam e sentem os novos profissionais dentro da empresa? AM: Não que as ferramentas tradicionais tenham ficado obsoletas, mas sozinhas elas são insuficientes para acompanhar a velocidade das mudanças. Antes, uma pesquisa de clima levava um ano para ficar pronta. Hoje, você pode acompanhar isso praticamente em tempo real, por meio de softwares de gestão como os da Totvs. Só que não basta acompanhar essas mudanças de clima. É preciso entendê-las e agir rapidamente para que a empresa se mantenha atraente.


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repetindo basicamente os mesmos passos, são simplesmente impensáveis para essa nova geração.” Nesse sentido, é importante aproveitar os talentos individuais de cada perfil profissional. “Utilize o que cada um tem de melhor e ajude cada perfil a desenvolver novas habilidades e a minimizar os pontos fracos. Se a pessoa é experiente e lida bem com as mídias tecnológicas e sociais, por exemplo, explore isso”, diz Larissa. “Se ele valoriza a liberdade proporcionada pelas tecnologias móveis, não tente aprisioná-lo na estrutura da organização e procure gerenciar prazos e metas.” Ylana Miller, sócia-diretora da Yluminarh e professora do IBMEC-RJ, por sua vez, acredita que as características do profissional contemporâneo não dependem tanto da sua geração, mas de suas características individuais. “É preciso entender os motivos de cada um, para então engajá-los na organização”, diz. “Uma pergunta importante é por que aquele colaborador escolheu a minha organização. Quando entendo o que ele quer, posso desenhar programas para retê-lo.” Para Ylana, cada organização deve achar seu próprio caminho para conquistar o engajamento dos colaboradores, em vez de seguir fórmulas pré-fabricadas. “Fazer o benchmarking das melhores práticas de recursos humanos do mercado é

Escolher o profissional com o perfil correto facilita os mecanismos de engajamento e evita perda de tempo, dinheiro e produtividade” bom para abrir a cabeça, mas você não pode simplesmente transplantar as práticas do vizinho e achar que elas vão dar certo”, argumenta. “Sua prática de gestão de pessoas tem de estar centrada na estratégia da organização. Ou seja, é preciso sentir o DNA da sua empresa, quais as necessidades dela e o perfil de profissional que atende àquelas demandas específicas.” Os planos de carreira, portanto, deveriam tentar ao máximo levar em conta essas características pessoais. “É preciso avaliar bem o potencial de quem você está contratando, para saber se os interesses dessa pessoa estão alinhados com a cultura e as necessidades da companhia, para que o funcionário tenha chances de se desenvolver”, diz Ylana. Na prática, isso quer dizer que se as oportunidades de crescimento forem apenas verticais, a empresa pode desmotivar seus talentos. “Você promove um técnico a líder de equipe e pode perder um bom técnico sem ganhar um bom

Q u a n t o c u s ta a f a lta d e c o m p r o m i s s o ? A falta de engajamento dos trabalhadores tem um custo alto não apenas para as empresas, mas também para a economia e para a sociedade. A pesquisa State of the American Workplace, do Instituto Gallup, aponta que apenas 30% dos funcionários estão comprometidos de forma ativa em seus locais de trabalho. Entre os demais, 50% dizem apenas passar seu tempo na empresa e outros 20% demonstram seu descontentamento, influenciando negativamente os colegas, prestando serviços de baixa qualidade e faltando ao trabalho. Segundo o Gallup o “desengajamento ativo” desses 20% custa de US$ 450 bilhões a US$ 550 bilhões por ano à economia americana. O impacto é sentido diretamente no balanço das empresas em que o engajamento é mais baixo. De acordo com a pesquisa, as empresas que tinham uma proporção de 9,3 funcionários engajados para cada 1 funcionário com comprometimento negativo tiveram um lucro por ação 147% maior do que os concorrentes, no período entre 2011 e 2012. Em comparação, as companhias pesquisadas que possuíam 2,6 funcionários engajados para cada 1

comprometido negativamente tiveram lucro por ação 2% mais baixo que seus competidores no mesmo período. O Gallup aponta o papel-chave das lideranças na empresa para vencer a barreira do engajamento. Segundo o Instituto, gerentes que focam nas habilidades e pontos fortes de sua equipe podem praticamente eliminar o desengajamento ativo, o que levaria a dobrar a média nacional de engajamento destes colaboradores. A pesquisa também aponta que as gerações próximas do fim da carreira estão mais engajadas, enquanto os chamados Milllennials (nascidos entre meados da década de 1980 e a primeira metade dos anos 1990), são os mais propensos a mudar de emprego nos próximos 12 meses se o mercado de trabalho aquecer. O levantamento apontou ainda que, em média, as mulheres são ligeiramente mais engajadas que os homens, e que funcionários com curso superior têm maior probabilidade de apresentar experiências positivas e engajadas no trabalho do que os colegas sem diploma.

Tu d o

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W.Chan Kim e Renée Maugborne, da escola de negócios Insead, de Paris, são os criadores da Estratégia do Oceano Azul. Esse modelo estratégico é baseado na criação de novos nichos de mercado, “oceanos azuis”, espaços virgens e inexplorados, em que a empresa exerceria sua liderança sozinha, tornando a concorrência irrelevante. Agora, Kim e Maugborne propõem aplicar sua estratégia à liderança das empresas, para que elas possam liberar – rapidamente e com baixo custo – os talentos e energias inexplorados por suas organizações. Segundo eles, a liderança dentro de uma empresa deve ser vista como um serviço. Os profissionais da empresa podem comprar ou não esse serviço. A ideia é aplicar a Estratégia do Oceano Azul para converter esses não clientes (os desengajados) em clientes (engajados). O primeiro passo é focar mais nas atividades e ações que o líder pode tomar para criar motivação, e não no perfil do líder. É claro que os valores e o caráter do líder importam – e muito – mas isso é algo difícil de mudar. No entanto, qualquer um pode mudar suas atividades se tiver a orientação correta. A partir dessa lógica, é possível avaliar as atividades que são cold spot (que consomem tempo dos líderes sem agregar valor) ou hot spot (que energizam os empregados e inspiram os colaboradores a usar talentos subaproveitados ou ignorados pelos líderes). Observar a realidade dos líderes da empresa e mapear as necessidades é fundamental para que a mudança seja efetiva. Outro aspecto importante é distribuir a liderança por todos os níveis da organização. Isso é fundamental para o bom desem-

líder”, resume. Alexandre Kalman, sócio da Hound Recrutamento, acrescenta: “O plano de carreira deve ser desafiador e factível para que possa gerar engajamento”. Ele também chama a atenção para os cuidados na hora da seleção. Escolher o colaborador com o perfil correto facilita os mecanismos de engajamento e evita perda de tempo, dinheiro e produtividade. “A empresa tem de saber o que quer do novo profissional e deve estar alinhada com as expectativas do contratado para que o casamento seja perfeito. Um erro de avaliação custa muito caro, ainda mais quando estamos falando de cargos de liderança.” Kalman lembra que, em 2008, a economia brasileira vivia um período de aquecimento intenso, com grande número de contratações no mercado corporativo. “Vimos muitas empre-

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l i d e ra n ç a

penho da empresa, pois os líderes de alto escalão não têm como avaliar de perto as ações dos escalões intermediários e da linha de frente. O segundo passo para a Liderança do Oceano Azul, dizem Kim e Maugborne, é desenvolver perfis alternativos de liderança. Para isso, os líderes são convidados a pensar fora das fronteiras da empresa em busca de exemplos que agregassem valor à liderança, incluindo aí experiências pessoais ou familiares. Ao mesmo tempo, as atividades do cold spot são incluídas em uma lista de atividades a reduzir ou eliminar, enquanto as atividades do hot spot devem ser ampliadas caso já sejam realizadas, ou criadas, caso não façam parte da rotina dos líderes. O resultado desse trabalho nos diversos níveis de liderança é apresentado para os colaboradores, que dão seu feedback. A partir daí, a alta direção vai elaborar os novos perfis de liderança para o futuro da organização, que serão institucionalizados. É importante notar que, embora o alto escalão tenha a palavra final, todos os níveis de liderança devem votar na definição desses perfis, para que o modelo dê resultado, destacam Kim e Maugborne. Segundo os pesquisadores, a aplicação dos princípios da Liderança Azul em uma empresa britânica fez com que a organização reduzisse de 40% para 11% o turnover de seus 10 mil funcionários em apenas um ano de implantação. Com isso, foi possível reduzir os custos de recrutamento e treinamento pela metade. A economia total – incluindo a redução do absenteísmo – chegou a US$ 50 milhões. Além disso, o nível de satisfação dos clientes subiu 20% e as pesquisas de clima interno apontaram uma redução considerável do estresse, com maior engajamento do pessoal.

sas recrutando naquela época sem levar em conta o perfil profissional, mas apenas a capacidade técnica”, diz. O resultado? “Muitos contratados nessa época se desligaram ou foram desligados das empresas, com grande custo para a organização e para a carreira desses colaboradores. Isso fez com que muitas empresas brasileiras repensassem suas estratégias de recursos humanos desde então e incluíssem questões mais pessoais em seus processos de seleção.”

Sa i b a m a i s

Gallup: ht tp: //migre.me/mr 9n4


S U S T E N T A B I L I D A D E 52

ma de abordar e solucionar problemas. Os empreendedores bem sucedidos e líderes de startups assumem o trabalho voluntário aplicado ao seu sonho com uma energia inesgotável, dispostos a aprender com os erros e a experimentar de novo quando o resultado desejado não é alcançado à primeira vista

Exportando talentos

voluntariado

corporativo Um caminho para ampliar o sentido do trabalho por Andréa de Lima

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busca por um mundo melhor, de sentido e de felicidade não se resume apenas ao âmbito pessoal nem ao envolvimento com causas sociais. Tanto na vida privada quanto no mundo do trabalho, o que se propunha por meio do voluntariado clássico, ancorado na filantropia norte-americana de ajuda ao próximo, ganha ares renovados e passa a se relacionar diretamente com o chamado empreendedorismo, sobretudo para a geração Millenium, em que essa divisão do público e do privado “caiu por terra”. Não é à toa que empresas, organizações locais e internacionais têm apostado nessa versão do voluntário do empreendedorismo. Entre elas, destacam-se Junior Achievement, Endeavour, Aiesec e Bliieve. Outra iniciativa adotada por indivíduos e organizações, principalmente no mundo dos negócios, bem como em engenharia e design contemporâneo, o design thinking tem visto sua influência crescer entre diversas disciplinas, como uma for-

É importante que o IOS não tenha dependência exclusiva da TOTVS, ampliando seus benefícios sociais” Sergio Serio Filho, executivo de Relações Institucionais da TOTVS

A empreendedora social Lorrana Scarpioni afirma que “achava que era preciso ter muitos recursos para empreender”. Agora, diz acreditar que existe uma alternativa mais humana e sustentável para adquirirmos experiências, conhecimento e vivências de colaboração. Influenciada por documentários sobre economia criativa e colaboração online, decidiu em maio de 2012 criar a Bliieve, uma rede social e colaborativa de troca de tempo. Por meio dessa plataforma digital, que já reúne 40 mil usuários em 78 países, as pessoas podem, por exemplo, oferecer uma hora de aula de espanhol e, com isso, ganhar créditos, que podem ser igualmente trocados por qualquer atividade de uma hora ali disponível. Com 23 anos, formada em relações públicas e direito, ela integra a rede de desenvolvimento e jovens lideranças Global Shapers Community, uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial, e acaba de ser indicada para a lista da MIT Technology Review Inovators under 35. Praticante do voluntariado desde os 12 anos em Curitiba, onde nasceu, ela conta que aos 14 anos deu aula de educação sexual e prevenção em escolas públicas na periferia da capital paranaense pelo projeto Menarca. Por isso, recebeu um prêmio da Unesco. “Sempre fui muito inquieta, líder no colégio, queria fazer acontecer, isso faz parte da minha personalidade. Vou lá e faço”, atesta a jovem, que até, 2012 não conhecia o conceito de negócio social e nem de startup, a partir dos quais é possível gerar renda e impacto social positivo. “Tive essa experiência na Aiesec, uma das maiores organizações estudantis do mundo para o desenvolvimento de lideranças e, depois de seis meses de planejamento - em parceria com outros três profissionais e um programador, único remunerado desde o início -, lancei a Bliive”, diz a empreendedora, selecionada com outros três parceiros pelo Programa Sirius de aceleração da Universidade de Glasgow (Escócia), onde vive desde maio. O programa segue até meados de 2015. “Trouxe a possibilidade de expansão da Bliive para o mer-

TOTVS atua junto ao seu braço de responsabilidade social, o IOS. O Bliive é uma rede social de trocas colaborativas

cado europeu, onde queremos operar simultaneamente com a equipe do Brasil, assim que conseguirmos captar recursos. É preciso ter um pouco de humildade para reconhecer que não basta ter um milhão se você não sabe o que fazer com isso. Temos de aprender com cada erro. O problema não é errar, é não aprender com o erro. É preciso começar a fazer, prototipar, para errar rápido e, na sequência, acertar rápido e, claro, curtir a jornada”, finaliza.


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Hoje, empreender e inovar são temas convergentes, tanto individual como coletivamente. E, no final, só há ganhadores, dentro e fora dos muros da empresa” Daniela Cabral, gestora executiva de Relações Humanas da Totvs

Pa r a m u dar o m u nd o

Mesmo vivendo em um mundo de forte pressão por autofinanciamento, sustentação financeira e financiamentos de novas iniciativas, envoltos num mar de burocracia para tirá-las do papel, o voluntário do empreendedorismo é capaz de simular condições extremamente dinâmicas em uma economia emergente e fomentar um espírito empresarial capaz de produzir resultados sustentáveis. Esses são os novos empreendedores, ou como têm se notabilizado, os pensadores design (do original em inglês design thinking). Para Sarah Stein Greenberg, diretora da d.school da Universidade de Stanford, competências em design thinking são a base para encontrar padrões ocultos e fazer algo real e acionável emergir de um ambiente incerto.

Core business pulsa no braço social É nesse cenário, de evolução da ação social e do investimento social clássico para um investimento social estratégico, que a TOTVS trabalha o seu programa de voluntariado corporativo e atua junto ao seu braço de responsabilidade social, o Instituto da Oportunidade Social (IOS).

Lançado em 2008 nos EUA, o mais recente livro de John Elkington - que cunhou o termo triple botton line - em parceria com Pamela Hartigan, “Empreendedores Sociais: o exemplo incomum das pessoas que estão transformando o mundo” (http://www.amazon.com.br/Power-Unreasonable-People-Entrepreneurs-Leadership-ebook/ dp/B0044X V706/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1403898987&sr=8-1&keywords=john+elkington), da Editora Campus-Elsevier, mostra a atuação dos empreendedores sociais no aperfeiçoamento da gestão moderna de negócios e como essas pessoas se assemelham aos profissionais interessados em fins lucrativos.

Fundado há 16 anos por voluntários da empresa, com o propósito de capacitar jovens da rede pública de ensino e pessoas com deficiência para o mercado de trabalho, a missão do IOS é “buscar, apoiar e monitorar a empregabilidade de jovens e pessoas com deficiência, que tenham menor acesso às oportunidades do mercado de trabalho”. É importante lembrar que todo esse movimento começou bem antes, em 1997, a partir de uma ação de voluntariado na antiga Microsiga. Da formação para o trabalho e desenvolvimento de pessoas, sobretudo no setor de tecnologia, nasceu o Instituto Microsiga e, em 2006, quando a Microsiga passou a ser chamada de TOTVS, veio o Instituto de Oportunidade Social como pessoa jurídica e associação independente da empresa.

É no IOS que a TOTVS centraliza as ações e recursos de investimento social privado. Maisa Signor, líder de Relações Institucionais do IOS, conta que em 2008 ocorreu uma atualização na missão da organização. Da formação para o trabalho, evoluiu para a efetiva empregabilidade do público-alvo, jovens de 15 a 24 anos, estudantes da rede pública, preferencialmente de baixa renda, e pessoas com deficiência. “Abordamos questões como inclusão e ampliamos a abrangência das vagas para além do setor de tecnologia e porte da empresa. Visamos muito a qualificação de mão de obra para o mercado, transformando vidas, gerando renda e realização profissional, com um olhar profundo no desenvolvimento humano, exaltando o papel da liderança”. Sergio Serio Filho, executivo de Relações Institucionais da TOTVS, atesta que o IOS está diretamente ligado ao core business da empresa. “A TOTVS considera importante que o IOS seja uma organização sem dependência exclusiva da empresa, permitindo que outras companhias invistam em seu modelo de capacitação e amplie os benefícios sociais do Instituto”, afirma Sergio, que acumula nove anos de TOTVS e é ainda responsável pela área de oportunidade social da empresa. O grande diferencial do IOS é, segundo o executivo, contar com toda a estrutura e suporte da TOTVS – que cede licenças de suas soluções em software de gestão para a capacitação gratuita do Instituto. “Além disso, a TOTVS incentiva suas filiais e franquias a adotarem o sistema de capacitação do IOS, que assim marca presença nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Uberlândia, Pouso Alegre, Curitiba, Cuiabá e Joinville, além do Núcleo do IOS, na capital paulista”, ressalta o executivo. O Instituto conta também com o apoio de faculdades, universidades e outras organizações sociais para manter sua estrutura.

O investimento da TOTVS fecha um ciclo importante para a companhia, trabalhando o seu know-how a serviço do social, afinal, os alunos conhecem na prática o funcionamento do trabalho administrativo em diversos departamentos de empresas, tudo graças ao aprendizado obtido pela operacionalização dos softwares TOTVS. Maisa Signor conclui: “O Instituto é um caso de investimento social estratégico, demonstrando que responsabilidade social corporativa para a TOTVS é um pilar imprescindível para o futuro da sua operação: o IOS capacita mão de obra em tecnologia TOTVS, contribuindo para a sustentabilidade da empresa.” Além do apoio institucional da companhia, os colaboradores da TOTVS são incentivados a atuar como voluntários no IOS por meio de três frentes – mentoria de jovens, orientando alunos em seus passos profissionais e estudos; palestras focadas em temas como comportamento, cidadania, tecnologia e carreira e; cursos técnicos (linguagem de programação e Pacote Office avançado, por exemplo). Com isso, ex-alunos do IOS hoje trabalham em grandes empresas como Fundepag, Balaska e Certisign, por exemplo. Mesmo no voluntariado corporativo, o foco do trabalho é sempre nas pessoas. O que se constata é que o lema da necessidade de um propósito maior rompe a barreira da realização pessoal, expandindo para a esfera do planejamento estratégico corporativo. “Hoje, empreender e inovar são temas convergentes, tanto individual como coletivamente. E, no final, só há ganhadores, dentro e fora dos muros da empresa”, afirma Daniela Cabral, executiva de Relações Humanas da TOTVS. O sucesso do Instituto é comprovado pelos números: em média, 70% dos jovens aprovados são incluídos no mercado de trabalho após o término do curso, em vagas que vão de aprendizes e estagiários até cargos efetivos – uma média de 700 novos empregos por ano. Desde a sua fundação, o IOS já formou mais de 25 mil alunos.

Sa i b a m a i s http://www.jabrasil.org.br http://www.endeavor.org.br http://www.aiesec.org.br http://bliive.com

http://dschool.stanford.edu http://www.voluntariado.org.br http://www.ios.org.br http://www.techo.org/paises/ brasil/teto/o-que-e-teto/


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S U C E S S O

Universidade Católica de Brasília é integrada por sistema TOTVS

I Vitor Gontijo

educação

conectada

Colégio Ari de Sá, no Ceará, e União Brasiliense de Educação e Cultura agilizam processos e ganham mais integração com as soluções TOTVS para instituições de ensino por Flávia Dratovsky

ntegração entre operações, informações mais precisas e agilidade nos processos, melhor comunicação, foco no core business. São muitos os benefícios observados por empresas que adotam soluções TOTVS na área de Educação. O Colégio Ari de Sá, no Ceará, e a União Brasiliense de Educação e Cultura, que mantém estabelecimentos de ensino em quatro estados, são alguns dos parceiros com experiências bem-sucedidas. Instituição de ensino infantil, fundamental e médio com quatro unidades em Fortaleza, o Colégio Ari de Sá integrou suas operações financeiras e acadêmicas com soluções TOTVS e os ganhos foram significativos: a tecnologia agilizou processos essenciais da escola e trouxe mais precisão à tomada de decisões. Com aproximadamente nove mil alunos no total, o colégio implementou as soluções educacionais da TOTVS a partir de 2009, substituindo tarefas antes feitas manualmente – como matrícula, rematrícula e lançamento de notas – e diminuindo o tempo de execução. “Nossa maior deficiência estava nos processos acadêmicos, principalmente no lançamento de notas pelos professores. Anteriormente, as notas eram registradas em uma tabela em papel, escaneadas e então inseridas no sistema. Hoje, os pro-

fessores lançam as notas diretamente no portal da escola, por meio da Gestão de Conteúdo da TOTVS, o que agiliza o processo e evita retrabalho”, conta Andrey Lima Barbosa, gerente de TI do Colégio Ari de Sá. A instituição foi uma das pioneiras no uso da solução TOTVS para a área educacional. A tecnologia integrou os departamentos contábil e fiscal com o escolar. “Nós enxergamos, já em 2009, o futuro da ferramenta pelo grau de integração com o financeiro, contabilidade, conteúdo educativo e corpo docente. A solução da TOTVS oferecia uma possibilidade muito concreta de crescimento e consolidação”, avalia Andrey. Para o gerente de TI, essa integração é um dos diferenciais do sistema. “Com a centralização dos dados, passamos a trabalhar com informações mais assertivas e a extrair relatórios com mais facilidade, oferecendo melhores subsídios para a tomada de decisões da diretoria com base em diferentes cenários”, afirma. Para ele, o grande desafio era trazer, de fato, a tecnologia para o dia a dia da escola. A visualização das notas pelos estudantes e a comunicação entre eles, os professores e a instituição eram algumas das dificuldades enfrentadas pelo Ari de Sá. A implementação do Portal Educacional da TOTVS teve o papel de aproximar os pais e responsáveis da escola: por meio do portal, é possível acompanhar toda a vida escolar do aluno, conferir extratos financeiros e realizar solicitações à secretaria.

O conjunto de soluções também contribuiu para que a área de TI se tornasse mais alinhada às necessidades do negócio. “As ferramentas da TOTVS e o atendimento personalizado da franquia de Fortaleza nos ajudaram a reposicionar a área de TI dentro da empresa. Hoje, não nos limitamos a resolver as questões de infraestrutura tecnológica: nós participamos da tomada de decisões e contribuímos para agregar valor ao nosso negócio”, define Andrey. Além do software educacional e do Portal do Aluno, o Colégio Ari de Sá implementou soluções de Gestão Acadêmica, Processo Seletivo, E-learning, Gestão Financeira, Gestão de Compras e Gestão de Estoque. Os processos da biblioteca da instituição também são gerenciados pela tecnologia da companhia. E a parceria ainda tem muito a crescer: em 2015, será inaugurada a Faculdade Ari de Sá, que também contará com soluções TOTVS para o ensino universitário.

UBEC integra unidades em estados diferentes Integrar as diferenças geográficas e administrativas era um dos desafios da equipe de TI da União Brasiliense de Ensino e Cultura. Mantenedora de sete unidades de ensino distribuídos pelo Distrito Federal, Minas Gerais, Tocantins e Goiás, a UBEC buscava transpor a distância física e a diversidade de negócios para centra

As ferramentas da TOTVS nos ajudaram a reposicionar a área de TI. Hoje, participamos das decisões” Andrey Lima Barbosa, gerente de TI do Colégio Ari de Sá

Divulgação

Colégio Ari de Sá é parceiro da TOTVS em suas quatro unidades


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Como você percebe as viagens corporativas na sua empresa: Investimento ou Custo?

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lizar informações e decisões. Nesse processo, as soluções TOTVS foram fundamentais. “A UBEC trabalha desde a educação infantil até o ensino superior. É uma das poucas instituições do país que oferece tanto uma turma de maternal quanto um curso de doutorado. Por isso, temos uma diversidade de necessidades muito grande”, descreve Leonardo Nunes Ferreira, diretor executivo da UBEC. Com 3,8 mil colaboradores no total, o grupo é formado pela Universidade Católica de Brasília e Centro Educacional Católica de Brasília; Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), Colégio Padre de Man e Centro Educacional Católica do Leste de Minas (CECMG); Faculdade Católica de Tocantins e a unidade Ubec-Centaf, voltada para cursos técnicos em agropecuária, em Goiás. Além disso, também mantém um Centro de Serviços Compartilhados em Brasília. O objetivo ao adotar as soluções da TOTVS era estabelecer uma única base de dados para todo o grupo. A parceria teve início em 2008, com a implantação dos módulos administrativo-financeiro da companhia. “Optamos por uma implantação gradativa, começando pelas menores unidades até chegar às maiores, de maneira que fosse mais fácil testar os processos e corrigir eventuais problemas. Todo esse caminho teve o acompanhamento da equipe da TOTVS, numa parceria muito estreita. Revisitamos nossos processos para reformá-los dentro das melhores práticas do sistema TOTVS, e, por outro lado, a empresa também fez um trabalho muito importante de entender as maiores demandas da UBEC”, conta o diretor. Em 2010, iniciou-se a implantação do sistema educacional ClassisNet nas instituições do grupo. O ciclo foi concluído em 2012, com a chegada da plataforma à maior unidade, a Universidade Católica de Brasília. “Além das soluções da área educacional, por ocasião da implantação do CSC também implantamos o sistema Protheus, para atendimento ao cliente, e o ECM do Fluig”, destaca Leonardo Nunes. A adoção das soluções TOTVS unificou processos, trouxe melhor acesso à informação e aumentou a confiabilidade dos dados, permitindo acompanhar de maneira mais detalhada e ágil o desempenho da instituição tanto na área acadêmica e pedagógica, quanto administrativa. “Ganhamos velocidade de decisão, conectividade e segurança da consistência dos dados. Agora, durante o processo decisório, a assertividade é muito maior”, avalia. Com os dados disponibilizados pelo sistema, é possível mapear, por exemplo, como tem sido feita a captação de alunos – quantos são provenientes de programas como o ProUni, transferência de

Anderson Brasil

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A BSP Viagens e Turismo sabe o quão importante são as Viagens Corporativas para as empresas, elas proporcionam a concretização de negócios, trazem proximidade com o cliente humanizando o relacionamento e agregam conhecimento.

Eficácia na gestão de viagens corporativas: · Sua empresa tem uma visão clara e detalhada dos gastos de viagens? C

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O Centro Educacional Católica de Brasília é uma das unidades mantidas pela UBEC em três estados e no DF

outras instituições ou selecionados pela Universidade – e planejar atividades de acordo com esse perfil. O ritmo de matrículas renovadas no semestre é outro dado que pode ser acompanhado diariamente. “A partir dessa informação, podemos entrar em contato com determinada unidade para alertar sobre a lentidão do ritmo de renovação e a necessidade de mobilizar uma campanha junto aos alunos. Em resumo, o sistema TOTVS nos possibilita ter muito mais controle sobre o negócio”, analisa Nunes. Com a plataforma já consolidada entre os colaboradores – a UBEC conta com equipe interna de TI especializada em soluções TOTVS, dividida em suporte à área administrativa e à gestão acadêmica - o próximo passo da parceria com a TOTVS será a ampliação das interfaces oferecidas aos alunos em ambientes como o Portal Educacional. “Num primeiro momento, nosso trabalho foi organizar a casa, para depois oferecer serviços para pais e alunos. É nessa fase que estamos nos preparando para entrar no próximo ano”, adianta o diretor executivo.

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