ShadowW#2

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hadowflame The Shadow World #2

DIANNE SYLVAN


Papyrus Traduções de Livros

shadow hunters

“Qui sait beaucoup ne craint rien.” “Do muito saber vem o nada a temer.”


á se passaram três meses desde que a musicista Miranda Grey se tornou um vampiro e se casou com DAVID SOLOMON, o Prime do sul. Como rainha, Miranda deve chegar rapidamente a um acordo com seu novo papel e aprender a negociar nas águas traiçoeiras da política Signet, e inevitavelmente fazer inimigos perigosos ao longo do caminho. Como se a política complicada dos vampiros e uma ascendente carreira na música não fossem suficiente, uma força enigmática, mas poderosa do passado de David aparece, deixando um rastro de caos e incerteza para o relacionamento jovem do par. Miranda começa a perceber o quão pouco ela realmente sabe sobre seu marido. Mas quando um assassino começa a colocar alvos nos seus amigos e aliados, o par deve rastrear o assassino, mesmo que suas vidas estejam em jogo...


Parte

ExĂ­lio do Eden

I


Capítulo

1

OUTONO NAQUELE ANO CHEGOU COMO UM LEÃO E devorou os últimos poucos momentos dispersos de um interminável verão abrasador. Tempestades varreram através da parte central do Texas e vasculharam o mundo limpando a poeira e as gramas secas. Toda a cidade pareceu tomar vida uma vez que a carga de calor se elevou. As noites já estavam frias nas primeiras semanas de Outubro quando o último membro conhecido da gangue Blackthorn disparou com terror pelas ruas de Austin, procurando por alguém, qualquer um, que iria acolhê-lo. Porta após porta batendo no seu rosto. Ninguém no Mundo das Sombras era estúpido o bastante para deixá-lo entrar...não essa noite. Bares fecharam mais cedo, janelas ficaram escuras, e os dedos gelados do vento arrancaram toda a esperança de fuga nas ruas vazias da cidade. Apenas um tolo olharia para o lado de fora essa noite. Apenas um tolo se envolveria. O Signet estava em uma caçada. Desesperado, ele correu para as áreas pesadamente povoadas, esperando se perder dentro da multidão mortal, inconsciente de que do outro lado da cidade a sua baixa temperatura corporal e velocidade sobrenatural estavam sendo rastreadas por um banco de computadores que enviavam suas coordenadas a


cada cinco segundos. Não havia lugar que ele pudesse ir sem um alvo piscando com cada movimento dele. ‚Relatório da Situação.‛ A voz de Faith estava feroz mesmo através do éter digital. ‚Coelho está se

aproximando na esquina ao leste da Cinquenta e Trinity. Movimento para interceptar?‛ Do seu poleiro no topo do restaurante do outro lado do cruzamento, a Rainha dos Estados Unidos do Sul observava as ruas com seus olhos estreitos, varrendo a área com seus sentidos. Ela se levantou com um pé em cima do baixo muro ao redor do perímetro do telhado e segurou seu cabelo para trás do seu rosto com uma mão. Sua respiração vinha em nuvens esfumaçadas, lenta e calma, enquanto ela esperou, paciente, sem preocupação. O tráfego humano era alto até mesmo para uma quinta-feira. Sua presa não teve dúvidas de vir por esse caminho precisamente por essa razão, acreditando que a Elite não iria querer causar uma cena. ‚Mantenha a sua posição,‛ ela respondeu dentro do seu com, apenas enquanto uma fina forma disparou dando a volta na esquina, tecendo o seu caminho junto das pessoas na calçada, tentando não parecer como se ele estivesse em fuga. Ele cruzou Trinity contra a luz, por pouco evitando um ônibus, com a intenção de alcançar o lado mais próximo a ela, o qual estava muito menos ocupado, mais escuro, e localizado convenientemente próximo a um ponto de acesso subterrâneo. Ela o deixou atravessar e esperou. Finalmente, quando ele pensou que podia estar seguro e desacelerou sua marcha, ela saltou sobre a lateral do prédio. O ar acelerou passando por ela pelos dois andares, e ela se deslocou no meio do ar para aterrissar, suas botas atingindo o pavimento solidamente. Ela se endireitou, lançando seu cabelo de volta sobre seus ombros, o vento apanhando seu casaco e açoitando-o para trás para expor a sua garganta.


Quando o coelho viu o que estava ao redor do pescoço dela ele congelou e ficou fantasmagoricamente branco. Ele se girou para correr de volta pelo caminho que ele tinha vindo, mas ele estava cercado. Atrás dele Faith cruzou seus braços e sorriu. Ele encarou Miranda um centímetro de distância do pânico. ‚Você gostaria de implorar?‛ ela perguntou. O estúpido instinto de sobrevivência o agarrou e ele se lançou para ela, rosnando. Ela gargalhou, pisou ao lado, e o pegou pelo rosto com um punho. Ele aterrissou estatelado como um animal chorando de medo e dor e subiu de volta aos seus pés, tentando ganhar algum tipo de vantagem quando não havia nenhuma para ganhar. Ele deu um soco nela, e ela o bloqueou facilmente, deslocando-se para socá-lo no estômago e de novo na cabeça. Ele tropeçou, mas não caiu; ele não era nenhum fraco, embora claramente o surpreendeu que ela não fosse também. Obviamente ele não tinha ouvido os sussurros que tinham rolado lentamente através do Mundo das Sombras como uma tempestade eminente pelos últimos três meses...ou ele ouviu as estórias e as rejeitou, de como um mero humano pudesse ser tão forte. Ele estava aprendendo diferentemente agora. Ela mergulhou outro golpe, esse mais imprudente. Seu medo estava começando a aparecer. Ela gostava disso. Ela rodopiou e o chutou na cabeça e ele caiu, mas imediatamente se forçou de volta aos seus pés apesar do sangue fluindo do seu nariz e boca. Ele estava claramente atordoado, mas o desespero o conduziu para tentar de novo e de novo, apenas para ser espancado de volta por uma Rainha sorridente que sequer rompeu em suor. Havia humanos por perto, se aproximando ao leste. Distraidamente ela inclinou a sua vontade em direção a eles e os deu uma cutucada mental para


virar a esquerda ao invés da direita. Na hora que eles percebessem que eles estavam seguindo para a direção errada não haveria mais nada para ver. Ela moveu-se mais perto do coelho até que ela estava a apenas poucos metros dele, permitindo o seu poder avolumar-se ao seu redor. Ele soltou um choramingo e caiu para trás. ‚Ajoelhe-se diante a sua Rainha,‛ ela assobiou. Ele caiu de joelhos, soluçando incoerentemente na sua sombra. ‚Uma boa exibição para um homem que matou dois dos meus Elites durante a guerra,‛ ela disse. ‚Você era uma peça chave na gangue, Jackson. Nós sabemos quem você é e temos uma lista dos seus crimes. Você escapou esse tempo todo apenas porque você se escondeu como um covarde enquanto seus amigos morriam no seu lugar. Porém não mais.‛ Com o som da sua espada sendo extraída da sua bainha, Jackson caiu nos seus cotovelos, fechando as mãos sobre a parte de trás do seu pescoço. Agora ele decidiu implorar; ele amaldiçoou os outros na gangue, especialmente Ariana e Bethany Blackthorn, por forçá-lo a matar. Ele não era responsável, elas eram; ele estava apenas seguindo ordens. Ela ouviu isso uma dúzia de vezes nos últimos poucos meses, e ela sabia cada vez, como ela sabia agora, que isso era uma mentira. ‚Você me desaponta,‛ ela disse a ele. ‚Pior? Você me entedia.‛ Ela o chutou novamente, dessa vez na lateral, então ele instintivamente moveu seus braços abaixo para proteger seu estômago e deixou seu pescoço exposto. Com um único gracioso oscilar ela o decapitou e saltou para trás em tempo de evitar o jorro de sangue que banhava a calçada enquanto seu corpo tombava. Escura, cruel satisfação a esquentou enquanto o corpo se retorcia para a imobilidade. A cabeça tinha aterrissado de rosto para cima, seus olhos abertos escancarados em choque, boca flácida. Ela se inclinou abaixo, capturou a borda da jaqueta de Jackson, e a usou para enxugar sua espada antes de embainhar a lâmina. Ela iria precisar limpá-la


completamente quando ela chegasse em casa; Sophie a tinha ensinado a nunca deixar uma lâmina descansar ainda ensanguentada...sem mencionar que a espada tinha uma vez pertencido a Sophie, e Miranda podia praticamente ouvir a diminutiva voz amarga da vampiro toda vez que ela estava tentada a não tratar a arma com o respeito que era devido. Ela olhou acima para Faith, que estava sorrindo ferozmente. ‚Limpeza no corredor três,‛ Miranda disse. Faith gesticulou para o resto do seu time. Eles conheciam o procedimento: Levar o corpo e a cabeça para o telhado de um prédio próximo onde seria exposto ao sol ao amanhecer, mas não apto a ser encontrado por qualquer mortal passante. Abrindo a torneira do hidrante próximo para lavar o sangue. Esperando que depois dessa noite fosse a última vez que eles teriam que passar por essa rotina por um tempo. Ela ficou observando por um momento enquanto eles trabalhavam, e Faith se uniu a ela. ‚Você está ficando perturbadoramente boa nesse tipo de coisa,‛ A Segunda disse calmamente. ‚Eu ainda não estou acostumada a ver isso.‛ Miranda sorriu. ‚O que é até mesmo mais perturbador é que eu não estou nem pouco incomodada.‛ Faith encolheu de ombros. ‚Eu repito o que eu disse a você na primeira noite: Esse é o seu trabalho agora.‛ A Rainha pensou de volta na batalha no Haven e na longa noite de limpeza e casualidades que seguiram. Faith quis que ela fosse descansar. Ela tinha declinado e ao invés disso pisado dentro daquela função sem hesitação, organizando a Elite para queimar os mortos e consertar os feridos, deixando o Prime para restaurar a rede e lidar com o dano do prédio. Tinha sido quase o amanhecer antes de qualquer um deles sossegar. ‚Onde está o Nosso Senhor e Mestre essa noite?‛ Faith perguntou. ‚Ele não deveria estar aqui fora também?‛


‚Não,‛ a Rainha respondeu, olhos no cadáver sem cabeça de Jackson enquanto dois Elite o manobravam dentro de uma folha de plástico para transportá-lo para longe. ‚Ele tinha um compromisso. É melhor se eu controlar dessa maneira – eu quero que a minha presença seja conhecida.‛ ‚Eu acho que você teve sucesso aqui.‛ Faith assentiu em direção a cena. ‚Nós terminamos isso se você precisa ir.‛ ‚Bom. Eu verei você de volta no Haven. Tenha um relatório final da noite no servidor antes do você se desligar do turno.‛ Faith se curvou para ela, como os outros. Miranda assentiu, então se virou e andou para dentro da escuridão. O impasse ocorreu em uma cabine no canto traseiro no Kerbey Lane Café. Uma mulher com uma cabeça raspada e múltiplos piercings no rosto, olhou abaixo para um homem de olhos azuis em uma longa capa enquanto ele bebia uma Corona com limão e ela comia um prato de nachos com feijões pretos. Ao redor deles o café fervilhava como sempre, os fregueses abençoadamente ignorantes do que podia estar se desdobrando em torno deles. Eles podiam ser duas pessoas quaisquer - se bem que um estranho casal – em um encontro, querendo conhecer um ao outro além da Tex-Mex1. ‚Então...você é um vampiro.‛ Ele deu a ela um aceno calculado. ‚E você oficialmente é o vampiro mais foda no Texas.‛ ‚Dos Estados Unidos do Sul, sim.‛ Kat olhou para ele duro, e ele não pode evitar em se impressionar; ela não estava com medo dele, ao menos não ainda. A maioria dos humanos podia sentir algo do que ele era, e isso os fazia apreensivos. Ou ela não podia sentir isso, o qual a fazia tão idiota quanto uma bolsa de martelos, ou ela era forte o bastante para se estabelecer. Seu dinheiro estava no último. 1

(Tex-Mex- comida mexicana na cidade do Texas)


Ele sabia que podia aterrorizá-la se ele quisesse. Tudo o que ele tinha que fazer era deixar seu escudo escorregar, ou deixar seus olhos ficarem prata ou seus dentes se estenderem. Ele podia fixá-la com uma certa expressão facial –aquela de uma pantera observando um veado de cima da árvore -e ela iria instintivamente tentar uma fuga, qualquer fuga. Ele não queria fazer nenhuma dessas coisas. Isso era muito importante para tal brincadeira infantil. Pela primeira vez em um longo tempo, David Solomon tinha algo a provar além do como assustador ele era. ‚Você transformou minha melhor amiga em um vampiro,‛ Kat disse, seu olhar firme. ‚Porque eu deveria ter alguma coisa com você?‛ ‚Porque você se importa sobre ela,‛ ele respondeu razoavelmente, ‚e você sabe que eu não vou embora.‛ ‚Eu conheço essa história,‛ ela disse a ele. ‚Cara quente misterioso aparece no momento em que ela precisa de alguém, isolada da sua vida, a arrasta para dentro de algo perigoso. Você sabe como essas coisas terminam? Em contusões e ligações pelas linhas diretas. Ordens judiciais. Melhores amigos com licenças de armas escondidas aparecendo na casa do cara e atirando suas bolas fora.‛ Ele olhou para baixo a sua bolsa. ‚Deixe-me adivinhar...um Sig P2322?‛ ‚Não o ponto, Conde Bonitinho.‛ Seus olhos estreitos. ‚Embora, se eu atirasse as suas bolas fora, elas iriam crescer de novo?‛ David sorriu. ‚Eu acho que você e eu vamos nos dar bem juntos, Kat.‛ ‚Fale por você. Me diga o que faz de você o tipo de cara que merece a Miranda.‛ ‚Eu não mereço,‛ ele disse. ‚Mas ela e eu estamos vinculados e seremos assim até nossa morte. Nada pode mudar isso agora. Ela está presa comigo...e

2

(Sig P232 –marca de arma)


você também, se você quer manter a sua amizade com ela, e eu sinceramente espero que você faça.‛ ‚Por que?‛ ‚Porque ela vai precisar de você. De algumas maneiras ela é tão velha quanto eu sou, mas em outras ainda tão jovem...ela ainda tem amarras ao mundo mortal que ela quer manter. E isso prova que possivelmente vai depender do tipo de suporte que ela obtém desse mundo, isto é você.‛ ‚Então você está dizendo que eu vou mantê-la humana.‛ ‚Não.‛ ele sentou-se para frente, segurando o seu olhar. ‚Ela não é humana, Kat. Ela nunca será novamente. Um dia ela vai assistir você envelhecer e morrer, e ela vai ficar do mesmo jeito, sempre jovem, eterna, até que alguém nos mate a nós dois. O que ela é, é sua amiga, e o fato de que ela querer permanecer sua amiga apesar da dor inerente de amar um mortal fala muito alto pra você. Você deveria se sentir honrada.‛ Kat assentiu lentamente, quase sorrindo. ‚E você também deveria.‛ ‚Eu me sinto honrado.‛ Ela assentiu de novo, e então disse, ‚Você está pagando, certo?‛ ‚Absolutamente.‛ ‚Então vamos falar sobre sobremesa.‛

*** Cinco minutos antes da cortina – apenas quando a sua agente, Denise, estava para ter um ataque cardíaco – Miranda Grey caminhou para dentro da boate com seu cabelo emaranhado pelo vento e seus olhos brilhantes de excitação de uma caçada. Ela podia ouvir a multidão no lado distante do palco, um baixo murmúrio de trezentas vozes, suas coletivas expectativas uma coisa viva


rastejando acima pelas paredes. Ela subiu o lance das escadas de metal para os bastidores com um sorriso no seu rosto e bebeu das suas emoções em um único profundo fôlego. Ela deu a Denise uma joia. Denise fez um movimento de limpar a testa de exasperado alívio em retorno. Lançando seu cabelo para trás, dando de ombros e entregando o seu casaco nas mãos do técnico, Miranda se virou em direção ao palco principal e assentiu. Uma agitação caía enquanto as luzes da casa diminuíam e o holofote preparado no microfone e no único objeto atrás dele: seu violão, em um suporte, brilhando preto. Aplausos explodiram quando eles viram isso. Miranda sorriu e andou para dentro da luz. *** Havia três coisas que Miranda queria após cada show: sangue, chocolate, e um banho quente. Antes que ela pudesse ter qualquer uma dessas coisas, contudo, ela tinha que chegar aos bastidores e correr da imprensa desafiadora, então de alguma maneira escapulir para os fundos para ou dirigir por si mesma ou esperar por Harlan para levá-la a um lugar mais privado para caçar. Havia muitos ótimos veículos a disposição do Signet, mas o favorito do Prime era um Town Car que Harlan pilotava através das ruas da cidade; se ele e a Rainha precisavam estar em locais separados ou seguir horários diferentes, tão frequentemente esses dias, eles tinham que coordenar as viagens de Harlan ou, como ela preferia, ela tinha que trazer o seu próprio carro para a cidade. Apesar de David ter sérias dúvidas sobre ela estar sozinha na cidade, Miranda amava seu carro, e ela amava pegar a estrada cheia de curvas que conduzia ao Haven através da Região Montanhosa. Ela gostava de ser


independente. Então a maioria das noites depois dela ter terminado a sua apresentação e ter encontrado para si mesma alguém para jantar, ela se deslizava atrás do volante do seu pequeno Toyota prata e dava uma volta de 360 para fora da cidade. Ela estava quase pronta para escapar do calor e barulho da boate quando Denise bateu na porta do camarim e disse, ‚Hey, eu tenho um minuto?‛ ‚Claro,‛ Miranda chamou, checando-duplamente que o espelho ainda estivesse coberto com uma toalha. ‚O que foi?‛ ela perguntou, reunindo o seu cabelo suado para trás do seu rosto e o segurando com um elástico. Denise MacNeil era uma notável bonita mulher negra que radiava competência e confiança, duas coisas que Miranda tinha descoberto serem vitais para uma mulher na indústria da música. Denise conduzia-se como uma guerreira, e o fato de que ela lembrava a Miranda fortemente de Faith, exceto que ao invés de uma espada Denise estava armada com uma pasta e BlackBerry e caçava oportunidades, não infratores. Miranda teria continuado a tocar no circuito de bares sem muito pensar se Denise não tivesse aparecido, mas no curto tempo em que ela era a agente da Rainha ela já iniciou um contrato de gravação e dobrou seus compromissos. Isso teria sido fácil para alguém tão seguro de si ser uma piranha, mas Denise ainda tinha um entusiasmo com ela que parecia dá-la até mesmo mais respeito. ‚Há uma mulher aqui do Statesman que quer uma entrevista para o seu suplemento de entretenimento semanal,‛ Denise estava dizendo. ‚Nada arrastado, apenas umas poucas perguntas. Você está disposta para isso?‛ Miranda suspirou. Ela tinha tocado forte, e trabalhado duro, segurando a atenção da plateia muito facilmente, mas isso ainda estava escoando, e ela não tinha se alimentado essa noite. Seus dentes estavam começando a doer e seu interior parecia como se estivesse secando. Ela tomou um rápido inventário interno e julgou que ela tinha cerca de meia hora para que as coisas ficassem desagradáveis. ‚Claro.‛


‚Ótimo. Também, não esqueça que na semana que vem nós temos uma reunião com os caras sobre a Bat Cave.‛ ‚Entendido.‛ Denise sorriu para ela. ‚E uma outra coisa. Eles têm esses estranhos pequenos dispositivos agora que você pode falar neles então sua voz sai do outro lado –dessa maneira se você vai aparecer, diga, dois minutos antes da cortina, você pode impedir a sua agente de mijar nas suas calças de grife.‛ Miranda sorriu de volta. ‚Nenhuma vez eu me atrasei,‛ ela apontou. ‚Mas eu vou tentar não chegar tão perto da próxima vez.‛ Denise sacudiu sua cabeça e partiu, dizendo, ‚Eu tenho estado nesse negócio por quinze anos eu nunca ajustei meu relógio para o Tempo Padrão do Músico.‛ Miranda fechou o seu violão dentro da sua sacola, correndo sua mão ao longo do pescoço do brilhante Martin. ‚Isso é o Tempo Padrão dos Músicos,‛ ela disse silenciosamente para o instrumento, ‚mas não vamos dizer isso a ela.‛ Um momento mais tarde, houve outra batida, e uma mulher enfiou sua cabeça dentro do camarim. ‚Sra. Grey?‛ Miranda olhou para cima do seu telefone, onde ela estava verificando para assegurar que não houvesse textos esperando do Haven, e gesticulou para a humana entrar. A repórter era de aparência completamente habitual, com um tímido cabelo castanho em um muito sério corte com franja e óculos que a faziam parecer como uma bibliotecária. Ela estava vestindo um terno indefinido um ano ou dois fora de moda e estava claramente nervosa. ‚Eu sou Stacey Burnside da Austin American Statesman. Denise disse que você teria um momento para mim.‛ ‚Entre,‛ Miranda disse com um sorriso. Seu Signet tinha vindo com um conjunto de estranhos instintos, um dos quais era colocar humanos para relaxar sempre que possível; ela se sentia quase maternal em direção a eles,


especialmente as estranhas jovens mulheres tão inseguras dos seus lugares no mundo que mal podiam fazer contato visual com uma glamorosa estrela em ascensão que parecia ter tudo. ‚Sente-se.‛ Stacey quase caiu sobre a cadeira dobrável enquanto ela se sentava e remexia pelo seu gravador. Miranda podia sentir a experiência de uma repórter instruída – e Stacey não era amadora, ela podia sentir isso tudo – um conflito com admiração. Miranda obtinha isso muito...ao menos, dos humanos. Ela estava começando a se acostumar com isso. ‚Eu não vou segurá-la por muito tempo,‛ Stacey disse, finalmente com seu gravador digital até a luz vermelha acender. ‚Nós estamos apenas fazendo uma parte essa semana dos artistas emergentes que fazem as suas gravações aqui em Austin.‛ ‚Bem, eu estou feliz em dar suporte à cena da música local,‛ Miranda disse a ela, pegando a outra cadeira dobrável e cruzando uma perna sobre a outra. Ela tinha posto o seu casaco, mas seu Signet espiava do seu decote, e ela pegou a jovem mulher encarando por um momento. Isso também acontecia muito. A maior parte das vezes as pessoas tinham o mesmo olhar nos seus rostos: Essa coisa está brilhando? ‚Austin tem sido muito boa para mim desde que eu comecei a me apresentar,‛ a Rainha adicionou. ‚Eu estou esperando trabalhar com os caras no Bat Cave no meu futuro CD.‛ Stacey empurrou seus óculos de volta ao seu nariz. ‚Esse é o estúdio fundado por Grizzly Behr, o pai de Mike Behr do Three Tequilas Floor, certo?‛ ‚Sim.‛ ‚Eu ouvi que é impossível entrar no Bat Cave esses dias.‛ Miranda sorriu. ‚Eles estavam tão excitados com a perspectiva quanto eu estava.‛ O negócio da música era todo sobre influência...e Miranda tinha isso em espadas. Não havia uma porta que se fechava para ela, nenhuma corda de


veludo para mantê-la fora sem importar o quanto exclusivo fosse á boate. O Signet mantinha influência em todos os níveis de governo e o Prime com uma mão em cada jogo na cidade, lícito ou diverso. Não precisaria de muito esforço para ter o seu primeiro single nos gráficos da Billboard no dia em que fosse lançado. Ela não queria isso. Ela tinha muita intenção de fazer isso com seu talento...mas ela não era tão ingênua para pensar que a indústria se importava sobre talento tanto quanto se importava sobre poder. Ela estava com mais vontade de chutar abaixo a porta do sucesso com uma das suas novas botas até a coxa. ‚Você recentemente debutou uma nova música, ‚Bleed,‛ Stacey disse. ‚Críticos estão tendo problemas para classificá-la – que influências deu origem a sua melodia e a letra?‛ Mirada brincou com o seu com, considerando a sua pergunta. ‚É uma música profundamente pessoal,‛ ela respondeu. ‚A letra foi uma das primeiras que eu escrevi depois de uma época de dificuldade particular que eu passei no ano passado. Eu senti que a mudança do tom, da dor ao triunfo, era algo que iria ressoar com a platéia. Definitivamente tem a sensação de uma das trilhas iniciais de Tori Amos, mas a versão de estúdio terá mais elementos eletrônicos. A visão que nós temos do álbum no seu conjunto é um som exuberante, escuro que ainda deixa espaço para a crueza de algumas das letras.‛ ‚Você tende a manter sua vida pessoal muito reservadamente. Rumores recentes dizem que você se casou – há alguma verdade nisso?‛ Ela sorriu. ‚Sim, realmente.‛ Ela estendeu sua mão esquerda, mostrando a faixa de platina em volta do seu dedo. ‚Eu estou casada por dois meses.‛ Os lábios de Stacey se iluminaram – um furo jornalístico! ‚Você pode me dizer algo sobre seu marido?‛


‚Oh, eu posso dizer a você muitas coisas, mas ele é uma pessoa muito privada, assim como eu. Eu vou dizer que conhecê-lo absolutamente mudou minha vida, e que nós formamos um perfeito par.‛ ‚Você mora na área de Austin?‛ ‚Sim.‛ ‚Na cidade mesmo, ou no subúrbio?‛ Miranda riu. ‚Na área.‛ Ela verificou seu relógio, se levantou, e disse, ‚Me desculpe, mas eu preciso me dirigir para casa.‛ ‚Mais uma pergunta, por favor, se estiver tudo bem?‛ Ela pareceu tão ansiosa que Miranda não pode evitar. ‚Dispare,‛ ela disse a mulher enquanto ela dobrava a cadeira e se inclinava de costas contra a parede. Ela tentou deixar as coisas arrumadas para a banda que chegava depois dela, embora eles raramente achavam por bem retribuir o favor. Stacey alcançou dentro da sua bolsa de novo cavando por algo. ‚Um...espere um pouco...‛ Miranda absteve-se de rolar os olhos, mas a torturante sensação no seu estômago estava começando a se tornar uma questão séria. Ela ainda estava aprendendo a controlar sua fome; ao contrário de pular uma refeição no passado quando ela era mortal, esperar muito tempo para se alimentar podia prejudicar seu juízo e conduzir para acidentes infortunados...e tinha, mais de uma vez, nas primeiras poucas semanas. Ela tinha um saco de emergência no seu carro, mantido em segurança no gelo no porta-malas, mas seu carro estava a uma quadra de distância daqui onde normalmente as pessoas circulavam no lado de fora então ela não podia apenas estourar o saco aberto e engolir fazendo barulho. ‚Okay,‛ Stacey disse, se endireitando. Miranda notou que ela tinha algo na sua mão, algo de metal com um cintilar de madeira – ‚Quanto estúpida você é em ser pega sem um segurança?‛ Stacey perguntou, e ergueu sua mão.


O corpo de Miranda reagiu antes que o seu cérebro pudesse registrar o que estava acontecendo; ela se arremessou para trás enquanto a arma saiu, deslocando-se lateralmente um racho de segundo antes da estaca bater forte dentro do seu ombro. O impacto a lançou para trás na parede, e ela rosnou, se lançando para frente em direção a mulher, que já tinha se virado em seus calcanhares e fugido da sala. Miranda perdeu Stacey por meros centímetros e se lançou atrás da mulher, sua visão ficando escarlate de raiva; Stacey disparou através da estreita passagem dos bastidores, derrubando as pessoas enquanto ela corria. Miranda serpenteou através da multidão, ignorando a dor e sentindo o sangue descer no seu torso. Ela ouviu arfadas atrás dela enquanto ela fechava o espaço entre si mesma e da possível-assassina, mas Stacey alcançou a lateral e arrastou uma pilha de alto-falantes para fora da plataforma atrás dela para bloquear a passagem de Miranda. A Rainha os chutou para fora do caminho e retomou a sua busca, mas na hora que ela explodiu para fora da porta dos bastidores não havia sinal de Stacey, sem sinal de ninguém; o beco estava vazio. ‚Maldito seja!‛ Miranda estalou para o ar vazio. Imediatamente, o alerta em seu com disparou. ‚Time de emergência ao Bar e Grill do Mel, código Alpha Um!‛ ela ouviu a voz de Faith comandando no modo-digital, então, ‚Estrela-dois, Estrela-dois, Miranda você está bem?‛ Miranda respirou fundo. ‚Estrela-três, aqui é Estrela-dois, eu estou bem. Eu estou ferida, mas não severamente. Uma mulher fingindo ser uma repórter me apunhalou no ombro. Ela tinha algum tipo de dardo. Eu a perdi, mas eu estou seguindo para fora para rastreá-la agora-‛ ‚Um inferno que você vai,‛ veio uma voz. Miranda se virou a tempo de ver as sombras além da fronteira do prédio ficando mais densas e aderidas, a substância da noite se deslocando por si


mesmo, resolvendo em um formato de um homem de preto com uma pedra brilhante em sua garganta. O Prime estava ao seu lado em segundos, e o olhar no seu rosto, embora extremamente atraente para ela, teria feito o sangue humano correr gelado. ‚O que aconteceu?‛ ele perguntou, segurando os seus ombros. Quando ele viu a estaca ele assobiou em seus olhos ficaram prateados. ‚Não é ruim,‛ ela insistiu. ‚Se nós corremos, nós podemos ainda-‛ ‚Você está ferida,‛ ele respondeu tenramente. ‚Isso é prioritário. Agora, aguente firme, prepara-se...respire fundo...agora solte o ar lentamente...‛ Ela fez como ele disse, e no soltar do ar, ele segurou a estaca e a puxou. Miranda gritou; ela sentiu a madeira deslizando através dos seus músculos como se cada lasca da estaca estivesse denteada e rasgando a carne ao seu redor. Era como se a madeira deixasse para trás algo oleoso e venenoso que infiltravase no seu corpo e roubava a sua força para longe. Sua visão nadou, e ela se afundou no Prime. ‚Oh, Deus...‛ ‚Calma, amada,‛ ele disse, consideravelmente mais gentil. ‚Calma, Feche seus olhos...respire.‛ Miranda prendeu os seus olhos fechados e arrastou sua consciência para sentir as mãos dele nela, o som dele respirando, o ritmo do pulso dele que ela podia sentir, sempre, batendo em suas próprias veias. Ela o sentiu atraindo o poder para fora dele mesmo e o alimentando junto com a conexão entre eles, e seu ombro ficou insuportavelmente quente por um momento, então doeu horrivelmente antes de sumir na dormência. Quando ela abriu seus olhos a ferida tinha fechado, embora houvesse um enorme buraco no seu casaco. ‚Merda,‛ ela murmurou. ‚Eu amo esse casaco.‛ Com isso, ela desmaiou, agradecidamente ele estava ali para pegá-la. Faith conseguiu, de alguma forma, impedir David de despedaçar o prédio à procura da atacante, mas isso não foi fácil. A meia-dúzia da Elite que reportou


a cena estava obviamente assustada pela sua raiva. Quem não estaria? Uma nuvem preta de energia fervilhando o cercava enquanto ele permaneceu de pé com braços cruzados e observando o time varrer a boate por evidências e outro time seguia os traços desparecidos da trajetória da assassina. Os poucos humanos que estavam conscientes da situação não tinham ideia do que eles realmente estavam lidando, mas eles sabiam que Miranda tinha sido atacada e que sua segurança pessoal estava lidando com a situação. O olhar no rosto do seu marido era o bastante para manter qualquer um, humano ou diverso, à distância. Ela se uniu ao Prime uma vez que o time tinha as coisas sob controle e tomou o seu lugar comum ao seu lado – sua esquerda, enquanto que o lugar da Rainha era a sua direita. A própria Rainha estava inconsciente dentro do carro. ‚Isso é inaceitável,‛ David disse sombriamente. ‚Ela não vai a nenhum lugar sem um segurança. Entendido?‛ ‚Pra mim tudo bem, Mestre, mas você terá um tempo difícil a convencendo disso.‛ ‚Eu vou segui-la se eu tiver que.‛ Faith meramente assentiu. Ela já tinha aprendido a não tomar partido. ‚De lado a estaca por si só, o qual nós vamos levá-la para análise, não há nada,‛ A Segunda disse. ‚Ninguém tem qualquer recordação de como essa mulher se parecia, exceto claro pela Rainha. De alguma forma a piranha conseguiu convencer Miranda que ela era humana, e isso é...perturbador.‛ ‚Concordo.‛ ‚Melhor palpite, ela era um vampiro com um inferno de um escudo, mas não há jeito de saber com certeza.‛ ‚Aqui é a melhor questão,‛ David disse. ‚Esqueça o que ela era e vamos nos perguntar quem.‛ ‚Obviamente isso foi um golpe planejado. Ela tinha credenciais de imprensa falsas e mesmo um simulado número de telefone. Eu vou colocar


sensores para todos que compraram um ID com esse nome, mas eu duvido que nós vamos conseguir qualquer coisa.‛ Faith assentiu ao Elite 33, que estava carregando a sacola de Miranda e o violão para fora da boate ao carro, e perguntou ao Prime, ‚A rede de computadores não registrou nada errado?‛ A expressão de David foi de sombria ao fogo do inferno. ‚Curiosamente, não. Não houve sequer um pontinho.‛ ‚Como você soube para nos ligar, então?‛ ‚Eu senti a estaca.‛ Seus olhos estavam fixos no carro no final do beco. ‚Ou o atacante era humano e mais rápido em seus pés do que uma Rainha, ou ela era um vampiro que de alguma forma não apareceu na rede. Eu não gosto de nenhuma das possibilidades, Faith. Eu estou contando com você para encontrar essa pessoa e trazê-la pra mim.‛ Faith não mencionou o quanto difícil, se não impossível, isso seria. A Elite tinha rastreadores experientes, mas até agora o time tinha aparecido de mãos vazias; essa mulher tinha desaparecido dentro da cidade lotada sem deixar uma única impressão digital ou traço de energia. Mesmo o mais forte psíquico que eles tinham –Miranda –a tinha perdido, mesmo se ela não tivesse se machucado as chances eram que a Rainha podia ter caçado a mulher em minutos. Um ataque planejado. Específico, focado...o qual levava Faith a acreditar que essa Stacey sabia exatamente quem e o que ela estava tentando matar. O Mundo das Sombras estava acertadamente nomeado; pouquíssimos humanos sabiam da sua existência, e poucos vampiros iriam associar-se com um mundo humano o bastante para conectar Miranda Grey a cantora com Miranda a Rainha. Mesmo poucos vampiros seriam estúpidos o suficiente para ir contra o Signet depois de um exemplo do que foi feito do Blackthorn. Alguém sabia que Miranda estaria sozinha – se ela tivesse sequer uma específica segurança Elite padrão os guardas estariam bem do lado de fora da porta para bloquear a assassina de escapar.


Harlan apareceu no cotovelo do Prime. ‚Mestre, a Rainha está perguntando por você.‛ David assentiu para Faith, que o seguiu para o carro, onde Miranda estava sentada com a porta aberta, parecendo despenteada e seriamente puta da vida. O Signet da Rainha estava brilhando fortemente e havia sangue seco por todo o seu casaco e jeans e algum no seu cabelo. Seu rosto em formato de coração prendia um olhar até mesmo mais assustador do que David tinha. Ela olhou para cima ao seu companheiro e falou muito deliberadamente. ‚Sangue. Banho. Chocolate. Agora.‛ David realmente sorriu, se curvou, e disse, ‚Como você desejar, minha Dama. Harlan, ligue o carro. Faith, termine aqui e tenha um relatório no meu servidor ASAP. Eu gostaria que você dirigisse o carro da Rainha de volta para o Haven, você mesma, quando você terminar. Eu quero uma patrulha completa varrendo a cidade com a descrição do suspeito –tenha a descrição enviada para o DPA também, apenas para escarnecer. Também, informe o dono desse estabelecimento que ele vai precisar dobrar a segurança para todos os shows dela; dinheiro não é o problema. Eu quero uma curta lista de candidatos a segurança pela manhã.‛ ‚Sim, Mestre.‛ Ele encontrou seus olhos. ‚Isso não vai acontecer de novo, Segunda.‛ Faith se curvou. ‚Tem a minha garantia, Mestre.‛ Ele deu a ela um aceno, então entrou no carro com a sua Rainha, e um momento mais tarde eles estavam ao seu caminho de volta para o Haven. Miranda queria socar alguém, mas ela decidiu afundar seus dentes dentro da garganta de alguém. Sangue, quente e salgado-doce, fluindo dentro da sua boca, preenchendo a lixa vazia em sua barriga e veias, suavizando a necessidade para arranhar e matar. Ela bebeu profundamente, sua mão envolvida no pescoço da mulher para mantê-la imóvel, seu poder em torno da mente da mulher para mantê-la calma.


A garota era uma corredora, muito saudável, seu coração acelerado então o seu sangue estava cheio de oxigênio. Ela tinha fracamente um gosto de coco, significando que ela provavelmente teve Thai3 na sua mais recente refeição, e sua pele tinha o cheiro caloroso da juventude e hidratante de morangos. Miranda a soltou, segurando-a firme por um momento enquanto sua consciência retornava, mas imprimindo fortemente na sua mente que nada fora do normal tinha acontecido. Ela saiu para uma corrida e um passeio. ‚Você está bem?‛ Miranda perguntou a ela, dando a sua voz tons prateados de preocupação. A garota piscou. ‚Um...yeah. Eu imagino que eu dei um passo em falso.‛ ‚Você deveria ir para casa. Está tarde.‛ ‚Yeah. Obrigada.‛ A garota empurrou os seus fones de ouvido no lugar e ligou seu iPod de novo; Miranda ouviu a música do Black-Eyed Peas enquanto ela corria para longe. A ferida no seu pescoço iria fechar pela manhã, deixando o que pareceria como mordidas idênticas a mosquito, e aquelas feridas acabariam em poucas horas mais tarde. Quanto mais forte o vampiro, mais rápido a mordida sarava; normalmente eram os mais jovens e mais fracos que eram descobertos porque eles eram incapazes –ou muito estúpidos –para disfarçar seus traços. Alívio moveu-se pelo corpo de Miranda e ela suspirou, rolando sua cabeça para a esquerda e para direita antes de voltar para o carro onde o seu Prime estava esperando por ela. Ela conhecia aquele olhar. Ele sempre ficava assim quando ele a observava caçar. Deliberadamente, Miranda lambeu seus lábios e sorriu. Prime e Rainha, olharam um para o outro por um longo momento antes dela caminhar de volta para o carro, pisando dentro dos braços dele e beijando-o forte. 3

(Thai –comida Tailandesa)


Ele fez aquele barulho de ronronar que ela amava e a puxou contra ele, deixando-a chupar a sua língua e enfiar suas unhas nos seus ombros, o contato banindo a última raiva remanescente do ataque e substituindo com todo um tipo diferente de intensidade. Mesmo assim, os eventos da noite a tinham drenado, e ela eventualmente se afastou e deitou sua cabeça no peito dele, olhos fechando. ‚Isso foi estúpido,‛ ela murmurou. Ele não disse nada, mas claro que ela sabia o que ele estava pensando; ele tinha protestado ao seu desejo de ir a qualquer lugar sozinha por meses, insistindo que algo como isso pudesse acontecer no segundo em que ela deixasse a sua guarda baixa. Ela se sentia culpada – não era apenas com a sua vida que ela estava jogando ao perambular ao redor da cidade sozinha. Se aquela estaca tivesse atingido corretamente, se seus reflexos estivessem sido mais lentos, eles estariam os dois mortos agora. E quem quer que tenha sido, tendo fracassado, poderia muito bem tentar novamente. ‚Vamos pra casa,‛ ele disse suavemente. Ela assentiu e afundou de volta dentro do carro, inclinando-se nele depois da porta ser fechada e eles estavam ao seu caminho novamente. ‚Tudo bem,‛ ela disse. ‚Você venceu. Seguranças. Mas eles podem dirigir seus malditos carros.‛ Ele colocou seu braço ao redor dela e beijou o topo da sua cabeça. ‚Combinado.‛ ‚Esse é o tipo de coisa que vai acontecer muito?‛ ‚Oh, sim,‛ ele respondeu, sem tranquilizá-la em nada. ‚Meu primeiro ano eu tive ao menos uma dúzia de tentativas de assassinatos. A maior parte deles doidos sozinhos ou os antigos comparsas de Auren. Eles esperaram até a transição estar segura, poucos meses, antes de tentar qualquer coisa, pensando que eles me atraíram em complacência.‛ ‚Mas você não passeia com seguranças agora.‛


‚Não...mas eu andei por um longo tempo. Leva um tempo para estabelecer uma reputação, Miranda. Nesse momento você está sendo testada aos olhos da sua espécie, os poucos tolos vão tentar nos derrubar.‛ Ela se contorceu tão perto quanto ela pode, sem se importar que ela provavelmente estivesse fazendo as roupas dele tão imundas quanto as dela. ‚Obrigada por não dizer ‘Eu te disse.’‛ Ele encolheu de ombros. ‚Eu entendo que você valorize a sua independência. Eu não quero que você a perca. Mas agora você vê que nós temos que ter cuidado. Quanto mais você estiver em olhos públicos, mais difícil será para manter as suas duas vidas de não se colidirem. Eu quero que você viva a vida que você quer viver por tanto tempo quanto você puder, mas você tem que ser realista. Mais...‛ Sua voz se tornou mais sombria, e apesar das palavras o som causou uma baixa corrente de eletricidade pelo corpo dela. ‚Doidos sozinhos ou não, eu tenho a intenção de encontrar quem quer que tenha machucado você e arrancar a pele dos seus ossos com minhas próprias mãos.‛ Ela olhou acima para ele e disse ironicamente, ‚Você é uma bola de tanta alegria, baby.‛ Como ela esperava, ele gargalhou e a beijou. Miranda se firmou de volta contra ele e fechou seus olhos, a vibração do carro debaixo dela e o batimento cardíaco no seu ouvido a embalando tanto quanto o pensamento do que ela tinha a espera: um fumegante, banho quente, uma barra de Snickers; e o mais importante, uma longa manhã gasta nos braços do seu Prime.


Capítulo

M

2

EIO DA TARDE, ENQUANTO O MUNDO HUMANO ESTÁ em alvoroço em torno da sua corrida frenética, havia um espaço de paz no Haven. Os corredores estavam escuros e silenciosos, exceto pelos passos de meia dúzia de guardas diurnos. Não havia sessões de treinamento no quartel da Elite, sem patrulhas verificando dentro e fora, e a rede de sensores estava desligada parcialmente para conservar energia. Em todo o complexo de prédios e da mansão que formavam o Haven, 126 vampiros dormiam. Hoje, eram 125. David deitou sob suas costas com um braço esticado debaixo da sua cabeça e o outro envolto firmemente em torno da sua Rainha, que adormeceu com sua cabeça no peito dele e seu cabelo espalhado sobre o seu peito nu. A mão dele se movia em círculos abstratos nas suas costas, e embora ela frequentemente se virasse toda a tarde, hoje ela estava tranquila. De fato o calor radiando da lareira, o peso da manta de lã, e o arranque da exaustão de Miranda


deveria tê-lo drenado junto para dentro dos seus sonhos, mas sua mente simplesmente se recusava a ficar parada. Ele teve muitos dias sem sono durante sua posse como Prime. Havia sempre algo para se preocupar, o bem estar da noite-a-noite do seu território, uma equação interminável para solucionar...e nos últimos três meses uma nova variável. Ela podia ter sido morta. A memória de ver o seu sangue correndo abaixo do ferimento à estaca o fez apertar sua mão em punhos tão forte que ela se sacudiu. Ele nunca temeu pela sua própria vida, e ele temia agora, mas ter Miranda complicava o problema – ele não podia mais descontar a semprepresente ameaça de assassinato. Como ele tinha argumentado com ela, mais do que uma vida estava em jogo. Se ele morresse, ela morria. Essa era razão o bastante para ser mais cuidadoso. Eventualmente Miranda resmungou e rolou para longe dele, e ele desistiu de tentar dormir. Ele saiu da cama, colocou seu roupão, e sentou-se no computador para correr umas poucas rápidas verificações. Situação normal. A cidade estava quieta; era raro ter qualquer tipo de atividade vampírica durante o dia claro, e então ela era confinada para o interior e não havia muito o que ele pudesse fazer sobre isso. Ele sabia que havia cerca de duas dúzias de vampiros vivendo no subterrâneo nos esgotos e velhos sistemas de túneis, mas ao menos que eles fossem um estorvo para eles mesmo ele não via razão para se incomodar com eles. Eles eram seguidos pela rede de sensores como todos os outros; em Austin – e eventualmente cada metrópole da área do Sul – não havia tal coisa como a privacidade para vampiros. Se eles não gostassem disso, eles podiam partir. Os habitantes do Mundo das Sombras não eram conhecidos pelos seus bons comportamentos em direção aos humanos, e era o seu trabalho tanto manter seu pessoal seguro e manter seu pessoal seguro da descoberta.


Até agora isso estava funcionando. A população de vampiros do Sul tinha realmente aumentado uma vez que a rede aumentou, e um crime vampiro-parahumano tinha caído. Outros Primes que se opunham as suas ideias tinham profetizado uma massa de êxodos de vampiros relutantes em seres seguidos pelas redondezas, mas eles provaram estarem errados...e nada agradava mais David do que provar o erro do Conselho. Os vários sistemas de computadores do Haven estavam todos funcionando alegremente. Não havia nada para se preocupar. Por curiosidade ele fez um diagnóstico dos painéis solares que supriam todo o complexo com poder; houve umas poucas falhas aleatórias com o subsistema que carregavam os carros, mas ele os depurou e até agora essa semana não houve problema adicional. Bocejando, ele verificou seu e-mail, depois abriu sua agenda para dar uma olhada nos eventos da semana. Ali ao menos algo interessante estava acontecendo. Quando um novo Prime clamava o Signet ou tomava uma Rainha, seus aliados e aqueles querendo obter favores pagavam visitas oficiais tão logo quanto eles pudessem. Pares de todo o lugar do mundo e também vampiros poderosos do seu próprio território vinham para oferecer suas felicitações e vir a conhecer a nova administração. Dos vinte e seis outros Primes, dezenove tinham feito insinuações em relação à visita, e quatro já tinham vindo e partido. Eles chegavam com estilo, ficavam poucos dias, e iam para casa para espalhar a última fofoca entre sua Corte. Faith tinha apelidado toda a tradição como Parada dos Bastardos Magníficos. Até agora as coisas tinham sido tranquilas. Os quatro Primes –e duas Rainhas –eram todos amigos dele e tinham adotado Miranda imediatamente, embora Tanaka do Japão tinha observado confidencialmente com David que os outros poderiam não ser tão...mente-aberta, como ele colocou. Tanaka, um experiente diplomata que conseguiu manter boas relações com todos mais a


cerca de três Signets, dificilmente sequer deu um conselho ruim, e embora a primeira inclinação de David fosse insistir que Miranda pudesse se virar sozinha...ele tinha algumas poucas dúvidas. O sistema do Signet tinha milhares de anos de idade. O Prime mais novo vivo tinha cerca de duas centenas, e Miranda era uma de uma mão cheia de Rainhas na história que tomou o Signet tão logo ser transformada. Primes não eram conhecidos por seus pensamentos progressistas ou progressos políticos. Em outras palavras, a maior parte deles era porcos machistas, e Miranda...bem, ela não era o tipo de mulher que mantinha a sua boca fechada quando zangada. Ela falava o que vinha à mente, era esperta e observadora, e David sabia que todas as qualidades que ele amava sobre ela estavam para colocá-la em problemas se ela não aprendesse rapidamente que esses velhos, limitados homens de privilégios não iriam todos gostar do fato de que David a tratava como uma igual. Primes e Rainhas eram destinados para funcionar como duas metades de um todo. A história, contudo, não foi gentil com a mulher, e também não foi a política vampírica. Rainhas eram poderosas, sim, e certamente tinham uma reputação por si próprias, mas elas normalmente tomavam o assento traseiro dos seus companheiros. Pela maior parte as Rainhas estavam perfeitamente contentes com a maneira que as coisas eram, assim como estavam seus maridos, e porque eles eram vinculados com a alma os Primes tendiam a dar as suas Rainhas tanto ou menos responsabilidade como elas queriam – mas algumas eram fora dos direitos de subserviência dos seus Primes; um relacionamento místico nem sempre significava um relacionamento saudável. David já era considerado algo de um dissidente pelo seu amor a tecnologia e teve muitos olhares severos e sobrancelhas erguidas graças a sua história com o Prime Deven. Ele estava acostumado com isso, e ele sabia quando ignorar. Miranda ainda não tinha aprendido a escolher suas batalhas.


Na semana que viria ela teria que. Eles estavam obrigados a uma visita do Prime James Hart do Nordeste; seu território incluía a Nova Inglaterra e também a área metropolitana mais densamente habitada por vampiros, Nova Iorque. Ele tinha governado uma centena de anos com nenhuma Rainha, e cinco minutos depois de conhecê-lo era obvio o porquê – mas o seu apetite sexual era bem-conhecido, e havia rumores que ele mantinha um harém de mulheres vampiros quem ele aterrorizava para a obediência. Ele não era um amigo de David. De fato David não tinha ideia do porque Hart estava tão sutilmente interessado em vir ao Texas tão cedo; geralmente os aliados do Prime vinham primeiro, e levava meses para todos fazerem acordos. Pares estavam na maior parte ancorados aos seus territórios, e partindo mesmo que por alguns poucos dias era um grande empreendimento. Aliados faziam um esforço assim que possível para mostrar o apoio. Usualmente festas neutras ou puxadores de saco antagônicos esperavam até a agitação ter terminado. David não esperava que Hart viesse, e isso seria muito bom. Obviamente Hart queria algo. Só isso era o suficiente para fazer David inquieto sobre a visita. O pensamento de Hart e Miranda na mesma sala, durante a perversamente diversão de Faith, fixou os seus dentes no limite. Enquanto ele estava fechando sua agenda –Hart estava marcado para chegar na Terça –ele olhou a sua lista de contatos e notou que apenas uma pessoa estava online nessa ímpia hora. ‚O que você está fazendo de pé?‛ ele digitou. ‚Pintando minhas unhas & assistindo pornô,‛ Deven respondeu rapidamente. David sorriu e respondeu, ‚Certo. Que cor/tipo?‛ Uma pausa, então: ‚Preto/Anão.‛ David bufou silenciosamente. ‚Não pode dormir?‛

‚Não. Você sabe como isso acontece.‛


David olhou até a cama, onde Miranda ainda estava abençoadamente dormindo. Sim, ele sabia como isso era. Ao menos uma vez por semana, algumas vezes mais, ela lutava a sua maneira para sair dos pesadelos, e uma vez ela esteve tão inconsolável que a única coisa que ele pode fazer era mentalmente nocauteá-la para a inconsciência. Incomodava-a que ela ainda não tivesse superado isso. Sua vida estava tão diferente agora, o último ano parecendo tão distante do que ela esperava para si mesma, ter se curado e se mudado, e ela se recusava em ser vista como uma fraca ou necessitada sem importar o quanto isso machucasse. Ele tentou de novo e de novo dizer a ela que não era fácil assim. Velhas cicatrizes persistiam dentro da imortalidade. Ela não era a primeira pessoa que ele teve que assistir a lidar com um passado traumático. ‚Quando você está vindo para Austin?‛ ele perguntou.

‚Ainda trabalhando nisso. Talvez mês que vem?‛ ‚Apenas me deixe saber para que eu possa estocar a casa com bom whisky e dançarinos.‛ David imaginou Deven em seu estúdio particular no Haven de Sacramento, uma sala aconchegante com sofás de couros e uma pequena parte da impressionante coleção de armas do Prime à exposição. Mesmo se ele não estivesse com nada mais além de um roupão, Deven teria uma faca com ele em algum lugar e uma espada no interior de fácil alcance. Ele até mesmo mantinha uma lâmina pendurada na parede traseira do seu chuveiro. E tudo isso era depois de setecentos anos. David pensou sobre dizer isso a Miranda, mas ele tinha a impressão que ela acharia isso mais depressivo do que reconfortante. ‚Tenho que ir,‛ Deven disse, ‚Reunião.‛ David desejou que ele pudesse comunicar ‚ridículo‛ por cima da internet. ‚Ás duas da tarde?‛

‚Falo com você mais tarde. Beijos, docinho de sangue.‛


David riu. Dev ficou offline antes que ele pudesse responder, mas isso não era incomum; o Prime do Oeste não era muito de comunicação online, preferindo tratar com as pessoas cara-a-cara. David se esticou, fechou seu computador, e se levantou, atravessando o quarto para colocar outra tora no fogo antes que ele tentasse dormir novamente. Então ele retornou para a cama e abriu as cortinas para que apenas os pés fossem expostos, permitindo e mantendo mais calor para dentro. Ele sorriu para Miranda, que tinha no espaço de trinta minutos conseguido se espalhar então ela estava tomando toda a cama. Um dos travesseiros pareceu ter desaparecido completamente e a manta de lã estava emaranhada em suas pernas. Mas mesmo com seus membros com as mãos nos quadris e em uma posição bastante deselegante, com a lareira lançando um brilho dourado sobre sua pele e captando as luzes do seu cabelo como jóias, ela era uma criatura de se tirar o fôlego e para se contemplar. Um momento mais tarde ela fez um barulho que pode ter sido uma palavra, então piscou e abriu seus olhos, seus esverdeados e um pouco amorfos com sono. Ela não perguntou por que ele estava de pé; dificilmente era a primeira vez. Ela simplesmente estendeu uma mão para atraí-lo de volta para a cama. Ele estava bastante feliz em obedecer. Ele pegou a oportunidade de desenrolar as cobertas e abrir seu roupão, então deslizou perto dela com um suspiro. Ela retomou sua posição anterior com sua cabeça no peito dele, levantando uma mão para tocar primeiro o Signet dele, depois seus lábios. ‚Amo você,‛ ela murmurou, olhos já fechados. Ele beijou seus cachos com cheiro de amêndoa. ‚Amo você, também.‛ Dessa vez ele caiu no sono. Os nove candidatos a guarda pessoal da Rainha estavam atentos, cada um uniformizado impecavelmente e na expectativa do julgamento. Eles variavam


de aparência de um enorme cara careca tatuado com enormes argolas nos lobos das suas orelhas a uma pequena fada loira que de acordo com Faith era realmente mais velha do que David. Miranda caminhou junto à fila lentamente, olhando cada um de cima abaixo; apenas um parecia visivelmente intimidado pelo seu olhar, e ela o riscou da lista na sua cabeça imediatamente. Ela não precisava de alguém a seguindo por aí que estivesse aterrorizado por ela. Ela tinha encontrado uns poucos deles antes. Um era um novo recruta desde a guerra e tinha subido nos postos rapidamente. Dois tinham experiência como guardas de Primes, e os outros dois tinham ficado de guarda na porta da sua suíte. Todos tinham sido examinados por Faith pelas suas habilidades como guerreiros, sua discrição, e sua dedicação. David tinha feito extensas checagens de fundo quando eles eram novos na Elite, claro, mas ele reverificou todos eles. Tudo o que restou foi para Miranda escolher quatro; eles iriam trabalhar em pares. ‚O que você acha?‛ Faith perguntou. Miranda foi para ficar ao lado dela, cruzando seus braços. ‚Eu não sei. Eu quero dizer, nós não vamos sair para noitada nem nada assim – eles irão me seguir por aí e ter certeza que eu não seja apunhalada. Você assegurou as suas habilidades de luta, então o que mais há ali?‛ Faith deu de ombros. ‚Você tem que escolhê-los, minha Senhora. Eu fiz a minha parte.‛ ‚Tudo bem...vamos ver.‛ Ela pegou a prancheta de Faith e caneta e descartou o homem tímido. ‚Quatro estava assustado comigo. Seis é tão alto e desengonçado que ele vai se destacar na multidão. Três parece entediado. Dois mais? Hmm...‛ Ela caminhou de volta até a fila e fez outro lento círculo nos guardas, dessa vez estendendo sua energia empática em direção a eles, não introduzindo, mas apenas testando as águas das anomalias.


Dois era muito ambicioso. Ele estava mais interessado em impressionar seu superior e subir através dos postos do que protegê-la. Que não predizia bem; se a situação fosse terrível ele podia fazer algum estúpido movimento de herói para aparecer. Ela o riscou da lista. Ela pisou para trás e abordou os guardas. ‚Erga suas mãos se vocês gostam de Nickelback.‛ Os guardas trocaram olhares, e relutantemente a loira fada levantou sua mão. Miranda a riscou da lista. ‚Números dois, quatro, seis, três, e nove, vocês podem ir. Um, cinco, sete, e oito, por favor permaneçam para suas instruções. Obrigada a todos.‛ Os quatro que permaneceram eram profissionais experientes e mantiveram a sua felicidade para um brilho nos olhos e um suspiro de alívio. Os outros partiram com variados graus de resmungos e sacudir de cabeça. Estava tudo bem; se eles realmente valessem a pena o posto, eles teriam outra chance. Havia sempre uma necessidade por uma Elite verdadeira e uma lealdade fiel. Miranda entregou de volta a prancheta de Faith e abordou os guardas. ‚Bem vindos ao meu serviço,‛ ela disse. ‚Como vocês sabem, eu estou na necessidade de guarda-costas para me acompanhar dentro da cidade para apresentações habituais, reuniões, e outros compromissos. Se nós todos estivermos com sorte, o trabalho de vocês será extremamente chato. Eu gostaria que cada um de vocês se apresentasse brevemente – designação da Elite, nome, e favorito gênero musical ou artista.‛ Enquanto cada um falava, ela sacudiu a mão dele ou dela, levando um momento para fazer uma extra varrida psíquica em cada um. ‚Elite Setenta-dois, Aaron Sawyer, jazz.‛ ‚Elite Vinte-seis, Jake Verona, Johnny Cash.‛ ‚Elite Quarenta-quatro, Minh-Li Tsai, trip-hop.‛


‚Elite Dezesseis, Lalita Madhavi, qualquer coisa com um violino.‛ Satisfeita, Miranda assentiu a eles. ‚De novo, bem vindos. Eu vou deixar vocês com Faith para o resto das suas instruções. Eu estou ansiosa para trabalhar com todos vocês.‛ Com isso ela olhou para Faith, quem se curvou; os quatro guardas repetiram o seu movimento, e Miranda assentiu novamente, então caminhou para longe com um suspiro. Guarda-costas. Ela ainda não gostava da ideia...mas não havia realmente muita escolha, ao menos não nesse momento enquanto ela era tão nova com o Signet. David não poderia estar com ela cada momento de cada dia, e embora suas habilidades de luta já fossem excelentes – e melhoravam continuamente enquanto ela se mantinha treinando –ela ainda não era tão rápida na extração quanto a Elite podia ser. Os olhos extras procurando por ameaças seriam inestimáveis quanto mais ela saía em público; a maioria dos humanos não tinha ideia do que ela era, mas qualquer vampiro que a quisesse morta teria muitas ótimas oportunidades para se aproximar dela enquanto ela estivesse no palco ou na multidão. Ela deixou o prédio de treinamento da Elite e seguiu em direção à esquerda; na sua mente ela podia sentir o local de baixa-queimação de energia que ela reconhecia como David, mais perto do pasto onde os cavalos eram mantidos. Ela podia encontrá-lo em qualquer lugar com um pensamento, e chamá-lo para o seu lado quase que instantaneamente, mas ainda, mesmo alguém tão forte quanto David não poderia estar em todos os lugares de uma vez. Se ela quisesse sua própria vida além do Haven e além do casamento deles, ela tinha que se acostumar com a ideia de guarda-costas. Ela não tinha que gostar disso. ‚Eu sei que é difícil para você aceitar,‛ Faith tinha notado levemente antes de trazer os candidatos, ‚mas há algumas coisas que o seu Prime e eu sabemos que você não sabe. Diplomacia, por exemplo...e segurança para o


outro. Você tem que confiar em nós, Miranda. Nem tudo será instinto para você.‛ Suspirando de novo, Miranda deixou o trajeto e angulou em direção a longa cerca branca a qual levantava uma única estrutura, o estábulo. Dentro do prédio cheirava a feno e alfafa e cavalos, embora ele fosse escrupulosamente limpo como tudo mais no Haven. Todos exceto duas das baias estavam normalmente vazias; os amigos premiados de David de quatro patas eram alojados nas extremidades opostas no estábulo. Miranda passou por Isis, a fêmea, mas não se aproximou. Isis nitidamente a ignorou. O Haven tinham pessoal para trabalhar no estábulo, vendo o cuidado noite-a-noite dos cavalos e mantendo o lugar limpo, mas David preferia tratar deles sozinho tanto quanto possível e sempre cuidar deles depois de cavalgar. Os dois cavalos diferiram para ele prontamente, mas principalmente pareciam pensar que Miranda estava abaixo da sua notificação, ou ao menos, á viam da maneira que ela imaginava que um leão fosse ver um hamster: inofensivo, possivelmente delicioso. O Prime entrou no estábulo conduzindo Osiris; O Prime estava suado e empoeirado e também estava o cavalo, embora Osiris trotava junto com sua cabeça alta e orgulhosa, seu estribo tintilando. Eles sem dúvida tomaram o curso mais longo em volta dos extensos terrenos do Haven, o qual tinha o seu próprio sistema de luzes programáveis. Miranda não gostava de cavalos. Eles eram grandes e perigosos e estranhos. Mas ela tinha que admitir que David parecia exuberantemente sexy perto de um, e ainda mais na parte de trás do garanhão. Ela o observava cavalgar poucas vezes da segurança da cerca e então arrastava o seu Prime para dentro de uma baia vazia para colocá-lo através dos seus passos. David sabia que ela estava ali, mas ele sorriu quando ele a viu. ‚Advertência justa,‛ ele disse. ‚Eu estou fedendo.‛


‚Eu sei. Eu posso cheirar vocês dois daqui.‛ O sorriso se tornou um sorriso largo. ‚Não incomodou você da última vez.‛ Ela sorriu de volta. ‚Não é minha culpa – é todo o couro e o suor. As botas sozinhas valem uma boa transa.‛ Ele trouxe a massiva besta a uma parada e fixou para remover o seu estribo, um longo ritual que ela já tinha passado por isso antes; havia muito envolvendo no cuidar e alimentar um cavalo, e Osiris permaneceu serenamente e se deixou ser mimado. O processo de higienização envolvia vários tipos de pentes e escovas, um arreio, um examinador de cascos, sentindo ao longo das pernas – tanto quanto passava um animal de estimação, gatos eram tão mais simples. ‚Você não tem que ficar tão longe assim,‛ David disse a ela. ‚Ele é tão feroz quanto um filhote.‛ Miranda ficou onde ela estava. ‚Um filhote de quinhentos quilos que pode chutar o meu cérebro.‛ ‚Osiris,‛ O Prime disse ao cavalo, ‚você vai chutar o cérebro da Rainha?‛ Para a surpresa de Miranda, o cavalo bufou e sacudiu sua cabeça, sua crina voando para cada lado. Ele pareceu por todo o mundo como se ele entendesse cada palavra. David esfregou Osiris abaixo com carícias seguras. Miranda tinha aprendido que preparando seus cavalos, junto com depurando códigos e desmontando circuitos complexos, era como uma yoga para o Prime. Ela escalou em um parapeito e deixou seus pés oscilando, tentando não incomodá-lo enquanto ele estava tão imerso no que ele estava fazendo; ao invés disso ela levou um tempo para admirar como ele se movia, como suas mãos seguiam os músculos de Osiris para verificar machucados ou outros problemas, como ele murmurava para os animais como se eles compartilhassem um


segredo. Ela podia quase entender a atração que algumas mulheres tinham com cavalos, observando-os assim. ‚Você não deveria ficar desconfortável ao redor de seres poderosos,‛ David disse. ‚Você é um ser poderoso, também, se lembra?‛ Ele conduziu Osiris para dentro da baia. ‚Não é só isso,‛ Miranda respondeu. ‚Eles olham para mim de lado como se eles estivessem tentando decidir se me comem.‛ ‚Isso é por que seus olhos estão no lado das suas cabeças, não na frente dela,‛ ele explicou. ‚Eles tem um alcance de visão de quase trezentos e sessenta graus. Eles precisam ser capazes de ver ao redor deles na natureza, os dois mantém guias nos outros companheiros de rebanho e para procurar predadores. É como eles olham para tudo – não leve isso para o lado pessoal. Ela não tinha pensado muito sobre isso. ‚Oh. Isso faz sentido, eu acho.‛ Ele gesticulou para ela se aproximar, e depois de um momento de hesitação ela veio a ficar perto de David, pronta para pular para trás, para sair da baia, examinando a enorme narina que estava inteiramente tão perto do seu rosto. As orelhas do cavalo agitaram-se em direção a ela, mas ele não fez nenhum sinal de agitação e virou sua atenção para o feno pendurado na parte detrás do estábulo. ‚É seguro,‛ David disse gentilmente. ‚Eu prometo.‛ Tentativamente, claro que Osiris não iria se virar e morder a mão dela fora, ela estendeu a mão e levemente tocou o lado do seu pescoço, o coração dela batendo na sua garganta. Osiris sofreu o toque sem comentar e não fez muito mais do que piscar um olho quando ela tentou novamente, dessa vez sua mão no seu pescoço e cautelosamente acariciando a crina e o poderoso músculo debaixo. ‚Isis e Osiris são Frisões,‛ David disse a ela, sem dúvida para distraí-la da enorme parede animal que ela estava tocando. ‚Eles são muito vistosos e


orgulhosos, mas normalmente muito dóceis. A parideira de Osiris –a mãe dele –era uma mão-cheia, entretanto.‛ ‚Quantas gerações você foi dono?‛ ela perguntou, correndo sua mão ao longo da lateral do cavalo, espantada como sólido e forte ele era. ‚Três, contando com ele. Eu tive sua mãe e avô.‛ ‚E sobre Isis?‛ Ele sorriu. ‚Ela foi um suborno. O Prime da Europa Oriental estava tentando me ter do seu lado. Funcionou.‛ Miranda, meio que terminou com seus experimentos, moveu-se de volta para fora da baia, cruzando seus braços, grata por colocar distância entre eles novamente. David deu a ela um olhar que sustentava mais do que um pouco de orgulho; ele sabia que ela odiava ter medo de algo. No primeiro mês ela se recusou até mesmo a entrar no estábulo. Ele tinha esperanças que um dia ela quisesse tentar uma cavalgada, e embora ela tivesse bufado abertamente com a sugestão, não era como se eles não tivessem tempo para ela superar seus medos. ‚Eu ainda ficarei um pouco por aqui,‛ David disse, pegando uma coisa de metal – uma picareta para o casco, ela se lembrou – da parede e delicadamente ergueu a pata da frente esquerda de Osiris. ‚Porque você não entra e eu vou terminar aqui, tomar banho, e me unir a você?‛ Ela assentiu. ‚Soa bem. Eu estarei na sala de música.‛ Outro sorriso. ‚Você está brincando.‛ Miranda mostrou a sua língua para ele. ‚Eu tenho músicas para terminar,‛ ela disse. ‚Eu estou no estúdio em poucos dias.‛ ‚A propósito, como foi a escolha dos guarda-costas?‛ ele perguntou enquanto ele inspecionava o casco na sua mão procurando por pedras e, ela imaginou, pequenos mamíferos. ‚Ótimo. Eu imagino que vamos ver amanhã. Depois do último Bastardo Magnífico chegar aqui, eu tenho um show.‛


‚Certo.‛ A voz de David e a expressão alteraram muito levemente, e ela franziu o cenho, captando o sutil endurecimento do seu tom. ‚O que está errado? Você ainda está preocupado com Hart?‛ ‚Eu quero saber o que ele está almejando, mas não há rumores ou sugestões inteligentes do porque ele está vindo pra cá. A única coisa que eu posso pensar disso é que ele quer Kentucky de volta – há um Conselho integral em três anos e nós temos que revisar essa proposta, mas há zero de chance que eu serei voto vencido. Eu tenho representantes da Louisville prontos para atestarem que eles querem que minha liderança continue, e Hart mal pode manter seu próprio território sem constantes ameaças de revolta. Então, sim, eu estou cabreiro. Nem mesmo Dev tem qualquer ideia, e se alguém saberia, ele sabe.‛ Miranda esteve escutando sobre Deven por meses agora, e ela estava tanto ansiosa para conhecê-lo e a beira de rolar os olhos cada vez que ela ouvia seu nome. De acordo com David e Faith, Prime Deven conhecia tudo, via tudo, e nunca tinha perdido uma luta; ele era velho e esperto e poderoso e aparentemente disparava unicórnios do seu traseiro. ‚Não se preocupe,‛ ela disse a David. ‚Nós podemos lidar com ele, não podemos? Ele estará na nossa relva, depois de tudo. Você tem o direito de lançá-lo para fora se ele se comportar mal.‛ ‚Não se,‛ David disse. ‚Quando. E não é simples assim. Hart tem aliados no Conselho que não são conhecidos por seus espíritos equitativos. Eles são minoria, sim, mas eles podem ainda fazer a vida muito desagradável para nós se eles quiserem. É nosso melhor interesse manter boas relações na superfície.‛ Agora ela rolou seus olhos. ‚Se você diz que sim. Pessoalmente eu não vejo o ponto em bancar a gentil. Você é David Solomon. Todos se borram de medo de você.‛ David sacudiu sua cabeça. ‚Nem todos.‛


‚Bem, eles deveriam ter.‛ Miranda moveu-se apenas perto o bastante para beijá-lo na bochecha – ele cheirava bastante como cavalo, depois de tudo –e disse, ‚Eu vejo você depois de você tomar banho, Senhor Prime. Se divirta dando ao seu pônei uma pedicura.‛ O Prime riu e a golpeou levemente no traseiro enquanto ela se afastava. Faith a encontrou nos degraus da casa. ‚Eu coloquei Lalita e Jake agendados para amanhã à noite, se está tudo bem pra você.‛ ‚Alguma razão em particular em você combiná-los dessa forma?‛ ‚Eu corri com eles em alguns cenários em vários pares, e eles parecem trabalhar bem juntos, assim como fazem Aaron e Minh. Também Lali e Jake executam patrulhas no mesmo time, então eles estão mais confortáveis um com o outro. Eu os tenho como seus guardas primários agora, mas nós podemos trocar isso se você preferir Aaron e Minh.‛ Faith caminhou ao lado dela descendo o corredor; enquanto elas passavam, os guardas em cada estação se curvavam, e Miranda dava a eles um aceno de conhecimento. ‚Eu estou por aqui essa noite,‛ Miranda disse a Segunda. ‚O Prime estará logo, também – eu tenho certeza que ele quer checar antes de você se retirar.‛ Faith assentiu, então desacelerou. ‚Minha Senhora...‛ ‚Sim?‛ Miranda se virou para ela. ‚Eu sei o que você vai dizer sobre isso, mas...eu só acho que eu preciso te dizer isso.‛ Miranda suspirou. Aqui vamos nós de novo. ‚Continue.‛ ‚Eu estou apenas me perguntando se é seguro para você continuar tocando em público.‛ Com a expressão de Miranda, Faith adicionou, ‚Alguém está tentando matar você, Miranda. Eu não estou sendo paranóica. E ter um Prime como Hart na cidade...bem, isso tende a deixar os malucos saírem. Eu estou perfeitamente disposta a dar a você tão grande quanto pequeno um


detalhe de segurança como você e o Prime pensem que é melhor, mas eu só...eu só quero que você pense. Pense sobre como quantas vidas dependem de você.‛ Miranda fez uma cara. ‚Faith, ninguém além de David depende de mim. Se nós morrermos, irá sempre haver outro Prime.‛ ‚Talvez. Mas eu não acho que você entende o quanto importante você é para todos nós. Como que você pensa que era esse território antes Auren ser deposto? Vampiros matavam à vontade, e ninguém sequer tentava impedi-los. Caçadores estavam começando a transbordar nas principais cidades do Sul, e todo o Mundo das Sombras estava quase exposto. Nesse momento a maioria dos lados do Conselho concorda com David que leis de não matar são as mais seguras coisas para todos nós, mas Hart é um dos que discorda. E se ele tem algum ás amigo vampiro ansioso para começar uma guerra pelo seu Signet?‛ Miranda cruzou seus braços e encarou a Segunda. ‚O que você quer que eu faça, Faith? Desistir de tudo que importa para mim? Eu não posso fazer isso. Eu não posso viver para sempre –e ademais, eu não posso ser a pessoa que David precisa como seu parceiro –se eu não posso ser quem eu sou. Eu vou levar os guardas, eu vou ter Harlan me conduzindo, eu vou fazer o que eu puder para acalmar suas mentes. Mas eu não posso desistir disso. Música é...é quem eu sou, Faith.‛ Miranda odiava notar a súplica na sua voz, mas isso teve o efeito desejado, como Faith pareceu arrasada pela intensidade do seu tom, e todo o seu comportamento mudou de ‚segunda no comando fazendo planos de batalhas,‛ para ‚amiga preocupada.‛ Miranda tentou forte não tomar vantagem da amizade de Faith, mas era difícil algumas vezes saber onde atrair a linha entre Faith-sua-amiga e Faith-sua-Segunda, especialmente dado ao tão mais velha e mais sábia que Faith era. ‚Nós estamos todos do seu lado, Miranda. Mas nós temos que ser realistas. Você é um vampiro agora, e não só qualquer vampiro. Você é a Rainha. Você nunca será como os outros. Jamais.‛


Miranda parou do lado de fora da porta da sala de música. Ela assentiu para Faith – não em um acordo, mas em reconhecimento de que ela esteve escutando as preocupações da sua Segunda e iria automaticamente dispensá-las. ‚Eu ouvi você, Faith.‛ ‚Obrigada, minha Senhora. Isso é tudo o que eu peço.‛ Faith estava claramente não satisfeita com a conversa, mas ela disse apenas, ‚Eu estou me dispensando pela noite, então, depois de uma rápida checada com o Prime. Envie uma mensagem se você precisar de mim depois disso.‛ ‚Obrigada, Faith. Dispensada.‛ Miranda deslizou dentro da sala de música e fechou a porta atrás dela, ficando por um momento com suas costas contra a porta, olhos fechados, tentando respirar. Quando ela abriu seus olhos, ela sorriu com alívio. A sala era o seu refúgio, mais importante para ela do que qualquer outro lugar no Haven. Aqui ela podia abandonar suas responsabilidades – as quais ela já estava tendo problemas carregando – e apenas ser Miranda por um tempo. Desde o primeiro momento que ela estabeleceu os pés dentro da sala, ela soube que era dela. Ela estava destinada a estar ali. Suas mãos estavam destinadas a tocar as teclas no magnífico instrumento que tomava conta de um terço do espaço: seu Imponente Bösendorfer Imperial, uma brilhante preta imperatriz mantendo o cortejo sobre a sala. Havia também espaço devotado aos seus outros instrumentos de escolha, o violão Martin que ela tinha comprado após o seu antigo ser destruído. Ele tinha seu próprio suporte e sua própria área para ela praticar. Miranda tirou seu casaco e o pendurou e sua bolsa no gancho na porta. Ela se aproximou do piano, como sempre, como se andando dentro de uma igreja.


Então ela deitou suas mãos na tampa do piano, expos suas teclas, e se sentou, inclinando sua cabeça para o lado das teclas por um momento, fechando seus olhos. Com seus olhos fechados ela sentiu ao longo das teclas com uma mão e gentilmente tocou um pouco, o mais básico indício de uma melodia quase muito silenciosa para ser ouvida. Ela cantarolou com as notas, deixando sua energia sincronizar com a do piano; ele não estava vivo em qualquer área, mas isso meio que a relembrava dos Signets pela maneira que ele respondia a ela. A luz das pedras ardia ou escureciam para combinar com o estado emocional do portador, e parecia como se a força do piano se erguia para encontrar com a sua própria, ou reduzia debaixo das suas tristezas. Ela não podia acreditar que ela tinha sequer vivido sem ele. Na parede distante pendurava um porta-retrato de uma mulher que tinha comprado o Bösendorfer e reservado essa sala para ele: a sétima Rainha do Sul, Elizabeth Jensen, que tinha sido assassinada, com seu Prime, por Auren em 1914. Bess, como ela tinha sido conhecida, foi a primeira Rainha ÁfroAmericana no Sul, e tinha sido uma escrava na sua vida humana. Ela era conhecida por todo o território como uma mulher loucamente inteligente que gastou sua imortalidade se tornando tão educada quanto ela podia, estudando música, medicina, história, arte, e várias línguas. E entretanto, como a maior parte das Rainhas ela tinha tomado uma posição secundária na política do Signet e foi o assunto de desprezo e escárnio de vários outros Pares, ela foi uma mulher nobre, grandiosamente respeitada por muitos. Miranda desejava que ela pudesse ter conhecido Bess, por mais nenhuma razão a não ser agradecê-la a sua devoção a música. Bess era a única Rainha até agora por quem Miranda sentiu uma conexão verdadeira, e ela não estava nem mesmo viva. Gradualmente Miranda aplicou mais pressão nas teclas e mais notas à melodia, erguendo sua cabeça até ela se inclinar contra a tampa do piano. Ela


deixou seus dedos encontrarem seus próprios caminhos, canalizando a pilha de confusas emoções em seu coração para dentro do som onde eles podiam se erguer e se transformar em algo bonito. O Prime tendia cavalos e trabalhava equações. Ela fazia música. Algumas vezes ela tocava músicas que ela já conhecia, e algumas vezes ela apenas improvisava ou combinava ambas – sem sequer pensar, sempre terminava sombrio e complexo, as linhas da melodia se dobrando para trás e se retorcendo como arabescos Celtas. Certos temas repetiam em certos dias. Mais de uma vez ela acordou aqui com David sentado por perto mantendo a vigia nela enquanto ela tocava em seu sono. Seus braços podiam doer por horas depois disso, mas era melhor do que ter pesadelos. Como se o pensamento o tivesse invocado, ela sentiu a calorosa presença fluída através da sua mente, e ela sabia sem olhar que David estava ali, tomando o seu usual assento na pequena zona da platéia na sala. Ela ainda relembrava da primeira vez que ela o viu aqui, de volta quando ela era humana, de volta a antes quando nenhum deles estava pronto para admitir o que eles tinham, profundamente, já sabendo sobre a conexão que eles compartilhavam. Ele estava sentado com suas mãos dobradas, cotovelos nos braços da cadeira, descuidadamente majestoso e diabolicamente atraente. Ela podia sentir o confortável peso do seu olhar. Ela alcançou ao longo da ligação deles, extraindo a gentil certeza do poder dele para dentro da música, criando dois fluxos de melodia e deslocando-os um pelo outro até que as cordas estavam mais fortes do que a soma das suas notas. Juntos eles eram uma harmonia natural, e ela seguiu isso profundamente até que a sala e o Haven e o mundo desapareceram e não havia nada além de uma música, arrebatadoramente bonita e intensa além das palavras. Ela trouxe os pedaços a uma torcida conclusão, e pela hora em que as últimas cordas soaram no ar, dor começou a se afirmar nas suas mãos. Ela


ergueu seus olhos para o relógio e percebeu com alguma surpresa que ela esteve tocando por quase duas horas. Quando ela abaixou seus olhos, David estava ao lado dela, sentado no banco e pegando as mãos dela com as dele. ‚Mulher tola,‛ ele repreendeu carinhosamente. ‚Você podia ter se explodido fazendo isso.‛ Ela se inclinou contra seus ombros, toda a tensão saindo do seu corpo. O piano não era bastante bom quanto o sexo, mas se aproximava malditamente. ‚Única maneira de voar,‛ ela murmurou. Ele estava sorrindo, e ela sentiu o calor da energia de cura passar entre eles de novo, relaxando as câimbras nos seus dedos. Era uma coisa conveniente de algumas maneiras, sendo Pareada; eles podiam curar um ao outro de qualquer pequena coisa de uma ferida mortal quase instantaneamente, até mesmo mais rápido do que a velocidade regenerativa natural de um vampiro. Um ou outro deles podia extrair a partir do seu poder combinado, e havia supostamente maneiras que eles poderiam trabalhar juntos para se tornarem até mesmo mais fortes, mas David tinha dito que devia esperar até que ela não fosse tão nova. Ela estava vagamente consciente de que ele enroscou seus braços ao redor dela e a levantou. Ela ouviu o fraco baque na tampa do piano fechando, seguido pelo som das luzes desligando, e virou seu rosto contente no peito dele, inalando o cheiro da sua camisa. Havia algo na maneira que ele cheirava – algum tom suave de idade avançada que nunca seria registrado ao seu sentido mortal –que ela achava profundamente confortável, como se inclinar contra uma montanha ou madeira vermelha ou alguma outra coisa quase imortal. Portas se abriram, portas se fecharam; os guardas na porta da suíte deram suas saudações. Dentro da suíte estava quente da lareira que Esther tinha estocado antes que eles chegassem.


David a depositou na cama e se sentou, pegando uma das suas pernas e removendo sua bota, inconscientemente correndo sua mão ao longo da sua pele como ele tinha feito com Osiris. Ela riu. ‚Eu não sou um cavalo,‛ ela disse sem olhar para cima. ‚Eu estou bem consciente disso,‛ David respondeu secamente. ‚Cavalos são muito menos teimosos que você.‛ ‚É por isso que você me ama.‛ Ela podia ouvi-lo sorrindo. ‚Na realidade, é sim.‛ Ele puxou para fora a outra bota e então se firmou para remover o resto das suas roupas com hábeis, mãos experientes. ‚Isso, e cerca de milhares de outras razões.‛ ‚Tais como?‛ ‚Você é obstinada, esperta como o inferno, corajosa, e você fica bem de vermelho,‛ ele disse, tocando um dedo no Signet dela, então erguendo uma mecha do seu cabelo da sua testa. ‚Você também tem um tremendo coração, e, se eu posso ser atrevido, seios absolutamente perfeitos.‛ Os olhos de Miranda estalaram abertos, e ela viu o perverso lampejo nele. ‚Bajulação vai fazer você conseguir uma transa, Senhor Prime,‛ ela disse. ‚Eu estava com esperanças que você dissesse isso.‛ Ela se sentou tempo o bastante para colocar sua mão em torno do pescoço dele e puxar a boca dele para a dela, e então ela rolou de costas, rebocando ele para ela com um resmungo. Ele se apoiou nas suas mãos para impedir de expulsar o vento para fora dela, então arrancou seus lábios e se inclinou abaixo para beijar uma lenta linha da sua garganta aos seus seios, ainda confinados em renda preta. Ela arqueou suas costas para deixá-lo desatar a ofensiva vestimenta, então deslocou seus ombros de um lado ao outro para tirá-la e lançá-la ao lado. Enquanto isso seus dedos aventuraram-se entre os botões da camisa dele para encontrar os músculos debaixo dela, com apenas um leve desajeitar, conseguiu


empurrar a camisa para fora. Ela moveu suas mãos para cima nas suas costas, sentindo as leves linhas em relevo do falcão gravadas no seu ombro. Ela amava a sensação de deslizar suas mãos abaixo para dentro do cós do seu jeans e em volta para a parte da frente para abrir o zíper dele. Sua pele era como seda sobre pedra e quente debaixo das suas palmas e lábios. Ela nunca teria esperado em milhares de anos querer tanto, para almejar ambos o gosto do seu sangue e a profunda dor de prazer dos seus corpos envolvendo um ao outro e se unindo. Aquele primeiro segundo de contato quando eles podiam finalmente tocar sem barreiras de espaço e tecidos era o mesmo toda vez: um choque no seu sistema, como entrar de uma chuva congelante para a borda de um vulcão. Seu corpo ainda estava surpreso por quanto malditamente precisava do dele. A primeira vez após a batalha a tinha assustado. Ela não tinha percebido o quanto ele esteve se controlando naquela noite no seu apartamento. Um corpo humano era tão fácil de se quebrar...e dois vampiros sem restrições podiam facilmente quebrar mobílias, seus gritos praticamente descascavam as tintas das paredes. A intensidade disso tinha sido quase muito, mas a confiança entre eles era tão completa, e a alegria de ser reunida tão esmagadoramente, que o medo dela evaporou. Só ele podia tocá-la. Por toda a eternidade, todo o mundo, nunca haveria outro. Ela não tinha desejo de jamais olhar para outro homem – ela nem sequer se alimentava deles. O seu tempo no inferno tinha certificado isso, e o amuleto em volta do seu pescoço selou isso. Só ele...só ele. Para sempre.


Capítulo

3

T

ERÇA À NOITE COMEÇOU COM A CHEGADA DE UMA enfurecida frente fria que varreu a parte central do Texas deixando gelo no seu caminho...seguida pela chegada de uma extensa limusine preta e uma van preta. Por que Faith era a Segunda no Comando, era o seu trabalho mostrar ao Prime visitante os seus quartos, vir que ele foi confortavelmente instalado, então voltar e deixar o Par saber que era a hora da apresentação formal. Enquanto isso David e Miranda esperavam na sala de trabalho de David, onde ele estava desmantelando a mais nova geração de dispositivo da Apple para ver como isso funcionava. Ele tinha um constante amor por poesia técnica de circuitos e chips, e design elegante, quer fosse em um telefone ou em um beehive4, era a ideia dele de pornografia. Miranda sabia por quanto concentrado ele estava mediante as tarefas, que ele estava, se não nervoso, profundamente apreensivo sobre o encontro. Ela se sentou com seus pés em cima de uma cadeira vazia, tentando não deixar as emoções dele afetarem-na. Essa era a consequência da conexão deles: 4

(beehive – é um framework Java projetado para fazer o desenvolvimento de aplicações escritas)


Ela não podia se bloquear completamente dele, jamais, e o melhor que ela poderia fazer era aprender a cutucar gentilmente a presença dele para trás da mente dela, onde ele não iria tomar conta do seu ser. Na maior parte do tempo ela gostava de tê-lo ali. Havia vezes, contudo, quando a coisa toda era um pé no saco. ‚Já faz mais de uma hora,‛ ela disse. ‚Isso está ficando ridículo.‛ David fez um barulho de irritação. ‚Ele está fazendo isso de propósito. Atirando-nos para fora da programação, declarando o seu controle sobre a situação.‛ ‚É para eu estar na cidade em duas horas. Por que nós não vamos encontrar com ele agora?‛ Ele olhou acima para ela e sorriu. ‚Por que não é como nós fazemos isso, amada. Eu sei, eu sei – para o inferno com costumes e regras – mas esses protocolos tem estado em vigor há muito mais tempo que você. Essas pequenas bobas sutilezas mantém a ordem dentro do Signet. Além disso, observando a maneira que alguém navega no sistema ensina a você muito sobre ele.‛ ‚Se esse cara é o tão cretino quanto todos dizem, eu não acho que eu queira conhecer mais sobre ele,‛ Miranda salientou, mas ele tinha um ponto quando se tratava da importância de observar os outros; ela tem observado seu marido desde o começo do Magnífico Desfile dos Bastardos e aprendeu um pouquinho sobre ele que ela não tinha sido capaz antes. Havia áreas onde ele estava perfeitamente contente em desprezar os costumes e outras onde ele era uma pessoa rigorosa; se ele sentia que o Mundo das Sombras estava melhor servido, em seguir as regras, então ele seguia, mas se ele acreditava que algo estava dificultando a evolução deles como uma sociedade, ele ignorava, tomando as críticas dos outros sem pestanejar. ‚Você mencionou que você conheceu Hart uma vez antes,‛ Miranda disse. ‚O que aconteceu então?‛


David colocou de lado o seu brinquedo e se sentou para trás, cruzando seus braços. ‚Eu larguei um veado morto na sua cabeça.‛ Ela piscou, claro ela entendeu errado. ‚O que?‛ Um aceno. ‚Era a sua condição visitar depois de Deven e Jonathan se Parearem. Ele esperou quase um ano para aparecer, então procedeu abusando do pessoal do Haven, depreciando a Elite, e tratando o Prime como uma barata. Ele não disse nada a Jonathan por que Jonathan teria agradecidamente quebrado seu crânio, mas eu o ouvi no corredor chamando Deven de viado degenerado, e eis que essa hedionda velha cabeça de veado que estava pendurada no corredor por setenta anos caiu. As galhadas quase arrancaram o olho dele.‛ Miranda gargalhou tão forte que ela quase chorou. Era largamente conhecido que David era poderoso; ele tinha quase todas as grandes habilidades atribuídas ao mais poderoso da sua espécie, incluindo o poder da Névoa, basicamente uma forma de tele-transporte que podia ser realizada apenas pelo portador do Signet. Sua telecinesia, contudo, não era um conhecimento comum. Era inteiramente possível que Hart não tivesse ideia que havia qualquer maliciosa premeditação do salto suicida do Bambi. Antes que ela pudesse se recompor completamente houve uma batida na porta, e Faith se uniu a eles, parecendo mais agitada do que Miranda jamais a tinha visto. A Rainha ficou sóbria imediatamente. ‚Faith, o que aconteceu?‛ A Segunda sacudiu sua cabeça, sua boca disposta em uma apertada linha. ‚Seu convidado está pronto para vocês,‛ ela disse. Rainha e Prime trocaram um olhar. ‚Faith, me conte,‛ David disse. ‚Eu quero saber exatamente como esse bastardo se comporta enquanto ele estiver aqui.‛


Os olhos de Faith eram como duas lascas de sílex prontas para desencadear qualquer estopa disponível. ‚Ele trouxe suas mulheres,‛ ela respondeu. ‚Quatro delas. Elas estão...os rumores são verdadeiros, Mestre.‛ David fechou seus olhos e suspirou. ‚Eu estava com medo disso.‛ Miranda olhou dele para Faith. ‚Que rumores?‛ ‚Todos dizem que Hart tem um harém,‛ Faith disse a ela. ‚Havia especulações por anos se as mulheres que ele mantinha, estavam ali por suas próprias vontades, e como ele as tratava. O pensamento predominante é que ele mesmo as transforma e as mantém fracas, quase morrendo de fome, então elas não podem lutar com ele.‛ Miranda sentiu as primeiras agitações de ira derretendo no seu estômago. ‚E isso é verdade?‛ ‚Aparentemente. Você deve vê-las... elas são pele e osso. Nenhuma delas fez contato visual. Elas só se embaralharam para dentro dos seus quartos e um do seu Elite fechou a porta e ficou de guarda.‛ O Prime raramente exibia raiva, mesmo para a sua Rainha, mas ela sentiu isso inflamando dentro dele e viu a súbita mudança em sua expressão que outras poucas pessoas reconheceriam como uma cuidadosa fúria controlada. Quando ele falou, ele estava mortalmente calmo. ‚Tudo bem. Então ele as trouxe para dentro do meu Haven sabendo perfeitamente bem como eu iria me sentir sobre isso. Eu acho que é seguro assumir que suas intenções ao vir aqui não são puras.‛ David se levantou, endireitando sua camisa e estendendo a mão para o paletó que ele pendurou por trás da sua cadeira. Eles sempre se vestiam com esmero para essas coisas, e embora alguns Primes reforçassem suas reputações com vestuários a moda antiga ou estereotipadas vestimentas vampíricas Góticas, David optou por um impecável terno feito a mão da mais fina loja local de modo que tudo se ajustava nele perfeitamente e apenas adicionava ao seu encanto.


Miranda ainda estava resolvendo o seu próprio estilo na medida em que isso acontecia. Ela tinha suas roupas de palco, muito couro e jóias, e uma variação disso que ela vestia na cidade quando a sua presença era exigida. Até agora ela teve o maior sucesso com o que ela chamava de ‚deusa neo-piranha,‛ e essa noite ela usava calça preta e botas com salto, um longo casaco, e um top vermelho sangue rendado que combinava perfeitamente com a pedra do seu Signet. Definitivamente não era uma roupa casual, mas ainda não era um vestido de noite de babados ou um terninho de Hillary Clinton. Ela queria parecer impressionante e ainda ser capaz de respirar, lutar, e ser desleixada quando necessário. ‚Vamos, amada, e acabar logo com isso,‛ David disse. Ele se virou para ela, braços para fora levemente no gesto vampírico universal de Eu não tenho

nenhuma ideia de como eu pareço – o que você acha? Miranda correu sua mão descendo à frente do seu paletó, descansando a sua palma sobre o coração dele. ‚Maravilhoso como sempre,‛ ela disse afetuosamente. ‚Você, também,‛ ele respondeu, se inclinando para beijá-la na testa antes de pegar o seu braço. Faith pareceu como se ela preferisse comer um escorpião vivo ao ir a qualquer lugar perto de Hart novamente, mas ela não era nada se não uma profissional; ela segurou a porta aberta para eles, mas quando Miranda passou, ela ouviu Faith murmurar, ‚Nós vamos precisar de outra cabeça de veado.‛

*** David estava imensamente orgulhoso de Miranda, por não ter extraído a sua arma e decapitar o Prime Hart cinco segundos depois de encontrá-lo.


De fato, os medos dele sobre a reação dela estavam completamente exagerados; ele percebeu que ela o esteve observando pelos últimos três meses, e embora ela fosse amigável e de alguma forma estivesse relaxada com os primeiros três Pares que vieram visitar, quando confrontada com um notório homem como Hart ela fez a mesma coisa que David e vestiu uma máscara de cordialidade juntamente com desinteresse profissional. Ele amava quando ela o surpreendia. Isso o relembrava que embora ela fosse jovem e um pouco imprudente, o Signet nunca escolhia errado. Ele apenas podia imaginá-la em seus vinte e tantos anos quando ela pisou completamente para dentro do seu poder e autoridade e era cada centímetro de uma Rainha... ninguém, nem mesmo Hart, ousaria contradizê-la. Ou, pareceu, ao menos hoje. ‚Bem vindo ao nosso Haven, Prime Hart,‛ David disse, se curvando, estendendo sua mão. ‚Nossa casa é a sua própria.‛ Hart deu um leve curvar. ‚Eu trago a você saudações do Nordeste dos Estados Unidos,‛ ele disse suavemente, e estendeu a mão para apertar a de David. Hart era um homem bonito; ele tinha um olhar polido e uma conduta que não estava fora de lugar debatendo no plenário do Senado e aparentando estar nos seus quarenta quando ele se transformou. Ele tinha cabelo grisalho e olhos de azul gelo; o efeito geral era de um homem que presumidamente não teria problema em conseguir mulheres...as de boa vontade. Se David não soubesse sobre as ações atrás da fachada suave, ele poderia até mesmo dizer que ele é encantador. David se virou para Miranda. ‚Me permita apresentar Miranda GreySolomon, Nona Rainha dos Estados Unidos do Sul.‛ Hart olhou para Miranda de cima abaixo, então se curvou um pouco menos do que ele tinha se curvado para David. Imóvel, ele sorriu quando ele disse, ‚Um prazer. Prime James Hart.‛


Miranda se curvou. ‚Bem vindo ao nosso Haven, Senhor Prime. Eu espero que você aproveite a sua estadia.‛ Hart já tinha virado a sua atenção para David. ‚Eu ansiava pelos próximos três dias,‛ ele disse. ‚Eu acho que é hora do Nordeste e do Sul renovarem suas amizades, com um encontro do Conselho chegando em breve.‛ Tendo cumprido os requisitos da formalidade do Signet, David assentiu. ‚Talvez nós pudéssemos nos retirar ao estúdio para discutir questões de estado.‛ Hart assentiu curtamente, então deu a Miranda um fraco olhar de desprezo. ‚Eu tenho certeza que sua jovem esposa tem outras questões para atender e está um pouco ocupada com suas obrigações domésticas.‛ David não foi rápido o bastante para mudar de assunto. ‚Eu não sou nem dona de casa nem uma serviçal,‛ Miranda disse friamente, lançando adagas com os olhos para Hart. ‚Eu sou a Rainha desse território e eu não necessito da permissão de um homem para ficar ou partir.‛ Antes que Hart pudesse responder, David interveio, ‚Ela tem, contudo, uma performance na cidade essa noite, o qual eu tenho certeza que ela gostaria muito mais de comparecer.‛ Silenciosamente ele quis que Miranda deixasse isso para lá dessa vez – ele quis saber o que Hart estava interessado, e se ele saísse furioso agora em um acesso de ressentimento eles nunca poderiam descobrir. Miranda disparou a David um olhar venenoso, mas apenas se virou no seu calcanhar e foi embora. David gesticulou para baixo no corredor. ‚Nesse caminho, por favor, meu Senhor Prime.‛ O estúdio que David escolheu para essa reunião não era na ala do Signet; ele não iria deixar Hart em qualquer lugar perto da sua residência pessoal. Era um local um tanto neutro com um quadrangular de idênticos assentos adoráveis que não colocava nenhum mais em evidência do que o outro, e era decorado com bom gosto para mostrar a riqueza do Haven sem ostentação.


Havia um mapa dos territórios americanos do Signet na parede em sua configuração atual com Kentucky firmemente do domínio de David...apenas como um pequeno lembrete. Enquanto eles se sentavam, uma dos serviçais veio adiante para verter suas primeiras taças de whisky. David esperava que eles trouxessem uma garrafa bem grande. ‚Gelo,‛ Hart disse brevemente a servente sem olhar para ela. David se sentiu ofendido com o tom importuno de Hart, mas não disse nada. Ele não podia deixar cada pequena coisa que Hart fizesse irritá-lo, ou eles estariam em guerra antes da hora passar. Hart vinha de um diferente mundo e tempo de David; o rumor era que ele era um Cruzadista, filho de uma família nobre em algum lugar da Europa. Ele esteve ordenando as pessoas ao seu redor por toda a sua vida. David passou sua infância coberto de fuligem ao lado do seu pai, e como um vampiro ele trabalhou o seu caminho subindo pelos ranques da Elite do Oeste. Muitos dos Primes eram desdenhosos e desprezavam seus serviçais. Ele não podia deixar isso ir mais longe debaixo da sua pele apenas por que era Hart. Sem mencionar que seria hipócrita repreender Miranda sobre diplomacia e depois começar um problema por si mesmo. ‚Por que nós não vamos direto aos negócios,‛ David disse. Hart realmente sorriu, embora não fosse uma expressão particularmente amigável. ‚E que negócios são esses, Senhor Prime?‛ ‚Corte a bobagem, Hart. O que você está fazendo aqui?‛ Hart o considerou silenciosamente por um momento antes de dizer sem cerimônia, ‚Você terá que ter pulso firme com aquela mulher.‛ ‚Ela tem um nome.‛ Hart ergueu suas mãos. ‚Tudo bem. Perdão pelo meu tom. Eu só estou dizendo, você sabe como os outros falam. Você tem uma reputação a proteger –


meu conselho seria dominá-la antes que aquela língua afiada coloque você em problemas.‛ David não pestanejou. ‚A única pessoa nesse prédio a cerca de estar em problemas é você. E se você acha que eu não notei que você está dissimulando, você é um tolo.‛ Ele tomou um sorvo do seu whisky, depois perguntou, ‚Você está atrás de Kentucky novamente, James? Por que você não vai consegui-lo.‛ O Prime fez um barulho, algo como um bufar de escárnio. ‚Eu tenho coisas mais importantes para me preocupar do que um estado cheio de vampiros bebendo bebida fermentada em casa e fodendo suas irmãs, David.‛ ‚Então o que você quer?‛ Seus pálidos olhos se estreitaram e ele disse, ‚Você está me dizendo que você não sabe?‛ ‚Se eu soubesse, acredite em mim, você estaria no primeiro vôo de volta para Nova Iorque.‛ O olhar de Hart tornou-se especulativo, e por apenas um momento David viu algo em seu rosto – não bem medo, mas muito perto, e igualmente espantoso. Depois, até mesmo mais surpreendente, Hart foi perfeitamente honesto. ‚Você e eu não somos amigos,‛ Hart disse, seu tom quase se tornando amigável; não era como ele se sentia sobre David – ou vice versa – era algum grande segredo. ‚Eu me oponho a você toda a vez, e francamente eu acho que você é um afeminado, uma criança de coração mole sem nenhum propósito em jogar na mesa dos adultos.‛ ‚E eu acho que você é uma relíquia de uma era que é melhor deixar para trás,‛ David respondeu, ‚e também um arrogante, estuprador, pretensioso suíno. Sendo o seu ponto?‛ ‚Cancele seus cães de guarda,‛ Hart disse. ‚O que quer que você queira de mim, mencione. Eu estou farto desses jogos.‛


David sentiu suas sobrancelhas subirem vertiginosamente. ‚Meus cães de guarda?‛ ‚O Mundo Vermelho, David. Qualquer que seja a razão que você os mandou atrás de mim – uma vendeta, para provar algo, eu não dou a mínima – diga seu preço. Eu perdi cinco dos meus Elite nos últimos quatro meses e minha Corte está dispersando aos ventos. Há agitação em todos os estados. Você sabe malditamente bem o que acontece depois – um pequeno divergente arrivista como você se enfia e tem a minha cabeça.‛ ‚Divergente,‛ David disse, coçando seu queixo. ‚Eu não tenho ouvido essa por um tempo.‛ ‚Eu estou falando sério. Todos sabem que é a Sombra. Você é o único Signet com laços às Sombras. Aquela pequena tecnologia que nós acumulamos pontos em direção a você ou alguém aqui em Austin como o Alpha. Insulte a minha crença na nossa supremacia, insulte minha virilidade, mas não insulte minha inteligência.‛ David se inclinou adiante, franzindo o cenho. ‚Eu não tenho ideia do que você está falando. Eu não sei nada mais sobre a Sombra do que você sabe. Como eu tenho laços?‛ ‚Aquela garota, a que treinou a sua Rainha. Minhas fontes dizem que ela era uma delas. Ela tinha que estar trabalhando pra você.‛ Finalmente algo fez ao menos um pouco de sentido. ‚Sophia Castellano? Eu nem sequer sabia que ela conhecia Miranda até mais tarde. Ela era íntima da minha Segunda, e ela disse a Faith que ela tinha deixado a Sombra.‛ ‚Ninguém deixa a Sombra. Como você acha que eles mantém seus segredos por tanto tempo? Ou eles morrem em designações ou o Alpha os mata. Não há plano de aposentadoria. Essa mulher Castellano ou estava tentando entrar no seu Haven por algo ou mentindo sobre sequer ser uma agente.‛


‚Mas eu pensei que eles somente trabalhavam sozinhos,‛ David disse. ‚Como poderia mais do que um estar no seu território causando problemas? Isso não soa como a tática deles.‛ ‚Oh, são deles muito bem. Elite desaparecendo, nem sequer um segundo de estática na fila, sem testemunhas, e seus corpos reapareceram depois de obvia tortura – mas não há evidências alguma sobre os corpos ou em nenhum outro lugar. Nenhuma mera gangue é capaz desse tipo de operação fantasma. Então há esse...‛ Hart enfiou a mão no bolso do seu casaco e lançou um pequeno objeto para David, que o pegou e o sustentou na luz. ‚Mas que diabos?‛ ‚Você é o tecnomaníaco. Você me diga. Eu recuperei isso perto do cadáver de um dos meus Elite.‛ David franziu o cenho e examinou o minúsculo dispositivo na sua mão. Era um tipo de dispositivo de comunicação wireless, obviamente, mas ele nunca viu um realmente como esse. Era feito de metal prateado, do mesmo tamanho e formato de um aparelho auditivo, e completamente sem emenda exceto pelo buraco que o som saía. O metal era da mesma cor e brilho dos comunicadores que sua Elite usava, mas era muito mais duro e não havia absolutamente nenhuma marca nele. ‚Você verificou impressões digitais?‛ David perguntou. ‚Claro,‛ Hart estalou. ‚Você não é o único Prime com recursos.‛ David sorriu. ‚Oh? Então você mandou isso a um laboratório e analisou?‛ ‚Por quê? Obviamente é uma das suas pequenas invenções.‛ David estava coçando para arrombar a coisa, mas ele simulou indiferença tanto quanto ele podia. ‚Uma vez que eu tenho a minha própria rede de inteligência e minha própria Elite, por que eu iria precisar de uma organização como a Sombra à minha disposição? Como eu entendo isso, eles são contratados por humanos como assassinos e espiões, para irem onde espiões humanos não podem ir. É por isso que o Conselho nunca se incomodou em rastreá-los – eles


não nos ameaçam.‛ Ele virou o dispositivo sobre sua palma novamente, o considerando, e disse, ‚Além disso, eles precedem a mim ao menos por um século. Prime Deven ouviu sobre eles já em 1500. Ele ouviu que o Alpha era um italiano conectado com a família Médici.‛ ‚Certamente a organização mudou de mãos por agora.‛ ‚Não necessariamente. É difícil manter esse tipo de sigilo se você tem que passar o controle para as mãos de outro alguém. Do pouco que eu sei sobre eles, eles soam como o tipo de rede que foi criada por uma pessoa que treinou cada agente individualmente.‛ Hart soltou um lento fôlego e colocou abaixo o seu whisky em um longo gole. ‚Então você me dá a sua palavra que você não está envolvido nisso.‛ David olhou fixamente para ele por um momento, então abaixou o dispositivo, depois o sustentou. ‚Eu vou fazer melhor pra você, Senhor Prime. Deixe essa coisa comigo. Se você me der uma chance de fragmentá-lo e analisálo, ver o que faz isso conectar, eu posso aprender mais sobre a sua fabricação e mandar a você todas as minhas descobertas. Sabendo como ele é feito e de onde ele vem pode ajudar você a rastrear seus assassinos.‛ Por um momento Hart pareceu dúbio, mas finalmente ele concordou com um aceno. ‚Feito.‛ Então Hart colocou seu copo abaixo e se levantou. ‚Se você não se importa, então, Senhor Prime, eu devo me retirar pela manhã. Nós podemos nos encontrar novamente depois do pôr do sol para discutir qualquer outra coisa – há uns poucos pormenores que eu gostaria de prosseguir com você sobre o futuro Conselho, mas eu acho que é melhor salvar para mais tarde.‛ David se levantou também e se curvou. ‚Eu o desejo bom dia, então, e um bom descanso.‛ Hart assentiu, ainda secamente, mas com uma leve borda menos desdenhosa do que antes; David mal podia acreditar nisso, mas quase pareceu como se ele estivesse ganho algum relutante respeito do Prime na última hora.


Hart foi escoltado de volta à sua suíte por um dos guardas da porta, e David se sentou de volta na sua poltrona ainda segurando receptor auditivo. Ele estava loucamente curioso sobre isso. Era realmente uma tecnologia da Sombra Vermelha? Ou algo mais? O que quer que fosse, não era dele. David tinha considerado usar receptores auditivos para os coms, mas no final ele acabou com os braceletes por que eles eram mais difíceis de perder em batalha ao menos que a mão do usuário fosse decepada. Ele nunca esteve inteiramente contente com quaisquer dos modelos auditivos que ele tentou, e sua recepção de saída era duvidosa. Adicionado a isso, ele criou os coms com o sistema de amostragem de DNA, mas isso seria muito mais difícil em um pedaço de um décimo do tamanho. Para os seus propósitos, os coms de pulso trabalhavam muito bem. Dependendo do que ele encontrasse quando ele abrisse o receptor auditivo, poderia haver outra nova tecnologia no interior que ele gostaria de ter. Ele não se importava muito sobre os problemas de Hart, mas havia muitas razões de querer o receptor auricular na sua posse. Ele não tinha mentido ao Hart – ele conhecia pouco da Sombra por que havia pouco a se saber. Eles trabalhavam para humanos insanamente ricos, não vampiros; eles eram mercenários sem nenhum código moral, e eles nunca trabalhavam em grupos. Era muito improvável que eles estivessem envolvidos nisso...mas ainda...quem quer que fosse claramente tinha a vantagem tecnológica, e isso poderia afirmar um problema. Ele ergueu seu com. ‚Estrela-três.‛

‚Sim, Mestre?‛ ‚Reporte ao estúdio do primeiro andar, por favor.‛

‚Dois minutos, Mestre.‛ Faith se uniu a ele, ainda parecendo um pouco esgotada, e ele gesticulou para ela tomar o lugar vago de Hart e derramar para si mesma uma bebida. ‚O que você aprendeu?‛ ela perguntou.


David suspendeu o dispositivo. ‚Nós temos trabalho a fazer.‛

***

Miranda estava zangada aquela noite. Kat não pode evitar além de pensar de volta naquela noite que ela viu a sua amiga no palco meses atrás, de volta quando a pior coisa que Kat podia imaginar era que Miranda era viciada em drogas, e ela saiu do palco e desmaiou. Kat não tinha ideia do que estava realmente acontecendo – a possibilidade nunca teria ocorrido a ela em centenas de anos. E apesar de tudo o que ela viu, Kat ainda não estava totalmente certa se ela acreditava nisso. Ela viu Miranda mudar...viu seus dentes...a viu morder Drew...e ela sentiu a mudança na sua amiga de algum lugar profundo em suas entranhas que conhecia um predador quando via um. Ela observou David do outro lado da mesa, todas as minúsculas coisas alienígenas sobre ele fazendo um perturbador tipo de sentido. E ainda... Vampiros? Sério? Kat andava pelas coxias como ela frequentemente fazia nos shows de Miranda, se inclinando de lado contra algum tipo de armação, uma mão a firmando e a outra descansando no seu estômago. Engraçado como ter uma Rainha vampiro na sua vida fez todos os seus próprios problemas parecerem um pouco menores. Isso não era reconfortante. Algo tinha acionado Miranda, entretanto, e não da mesma maneira em que ela esteve naquela noite meses atrás – então ela tinha emergido dos anos de torpor e livrado-se da sua velha vida para se encontrar poderosa. Essa noite ela


estava apenas evidentemente puta da vida. Kat podia ver isso. Ela não tinha que ser uma empata para ler sua melhor amiga. Kat não trouxe isso à tona até depois do bis, depois de Miranda ter se espreitado para fora do palco ao seu camarim e se trocado, depois das luzes da casa estiverem fora de alcance e os aplausos não mais estarem fazendo os ouvidos de Kat badalar. Quando, finalmente, elas estavam sentadas em um café – na mesma mesa onde Kat se enquadrou com David, chegou a hora – Kat mexeu o açúcar no seu descafeínado e disse, ‚Okay, desembuche.‛ Miranda não estava mais fumegando, porém, ela ainda estava gravemente irada, e lhe carecia da habilidade do seu marido de colocar um rosto dissimulado. ‚Não é nada.‛ ‚Oh, mentira.‛ Miranda sorriu. ‚Yeah, tudo bem.‛ ‚Vamos, Sua Majestade.‛ Kat tomou um gole do seu café e fez uma careta; sem cafeína apenas não era a mesma coisa. ‚Essa é uma zona de sem bobagem, aqui nessa mesa. Eu sou oficialmente a sua Amiga Sem Bobagem.‛ Um suspiro. ‚Eu disse a você sobre todos os outros Pares vindo visitar, certo? Esse que está aqui agora é um completo cretino. Ele tem garotas escravas, Kat – o que eu faço sobre isso?‛ ‚Garotas escravas? De verdade?‛ ‚Sim. Elas estão sendo mantidas contra suas vontades – ao menos Faith acha que sim. Eu podia oferecê-las refúgio, mas isso poderia causar um racha entre o Sul e o Nordeste, e David diz que irão voltar para nos caçar – esse bastardo tem amigos poderosos. Mas eu não posso apenas sentar e não fazer nada, eu posso?‛ ‚Wow.‛ Kat se sentou para trás, olhando fixamente a sua amiga. ‚Sua vida está tão fodidamente esquisita agora, você sabe disso?‛


Ela sorriu. ‚Sim, eu sei. E eu tenho essa sensação que isso só vai continuar a ficar mais esquisita.‛ ‚Eu posso garantir isso,‛ Kat respondeu, lentamente virando sua xícara de café na sua mão. ‚Olhe, Mira, eu aconselhei adolescentes fugitivos e esposas espancadas. Eu ensinei Inglês a mulheres Afegãs fugindo do Talibã. Mas quando a Rainha dos vampiros vem a mim e diz que algum vampiro bastardo está mantendo escravas, eu tenho que ser honesta: Eu não tenho ideia do que dizer.‛ Miranda riu e sacudiu sua cabeça. ‚Se lembra quando a pior coisa que podia acontecer era engravidar na festa da fraternidade?‛ Kat engoliu forte, olhando para baixo à sua xícara, sua atadura interna aparecendo antes que ela pudesse forçar as suas emoções para dentro novamente. Maldito seja, se – Muito tarde. ‚Hey,‛ Miranda disse, olhando para ela sutilmente, ‚o que está errado?‛ Kat ainda não encontrou seus olhos. ‚Pare de fazer essa coisa psíquica comigo.‛ ‚Eu não estou fazendo. Eu prometo. Eu só fiquei um pouco melhor em ler as pessoas. Isso é...parte do trabalho, eu suponho. Você esteve estranha a noite toda, não somente agora. É a sua vez de desembuchar.‛ ‚Não é importante,‛ Kate disse, surpresa com as faíscas de raiva na sua própria voz. ‚Só um problema humano.‛ Miranda não recuou ou sequer mostrou que ela ouviu a última afirmação. Kat se lembrou o que ela disse sobre ser empata, que palavras nem sempre importavam e ela podia sentir a verdade debaixo delas, mesmo sem tentar. Foi o que a deixou maluca antes. Miranda chegou mais perto e agarrou a mão de Kat, então sugou um fôlego. ‚Puta merda.‛ Kat arrancou a sua mão de volta. ‚Eu disse a você para não fazer isso!‛


‚Me desculpe,‛ Miranda disse. ‚Eu só queria ter certeza. Eu me mantenho protegida e eu não costumo captar coisas dos mortais, mas você é diferente. Você é minha amiga.‛ Kat fez algo completamente fora do feitio e também completamente embaraçoso. Ela irrompeu em lágrimas. Ela sentiu Miranda deslocar-se do lado oposto da cabine para se sentar com Kat e a oferecer seu ombro. Kat enterrou seu rosto no pescoço de Miranda, e Miranda murmurou para ela, acariciando suas costas. Era como se ela estivesse dissuadindo ondas gentis de calor tranquilizador, e se isso fosse parte do seu encanto, bem, Kat não ia argumentar com isso nesse momento. ‚Drew sabe?‛ Miranda perguntou. ‚Ainda não. Ele está em Beaumont em uma conferência. De volta em alguns dias.‛ Kat enxugou seus olhos no seu guardanapo e se sentou reta, mas Miranda ficou onde ela estava, uma presença sólida que Kat queria desesperadamente se agarrar até que ela não estivesse tão assustada em se afogar. ‚Eu não sei o que eu vou fazer.‛ Miranda não disse nada no início, e Kat continuou, ‚Eu tenho um compromisso na clínica de mulheres na Quinta-feira para uma consulta. Eu posso voltar uma semana mais tarde para tal coisa...mas...‛ ‚Você não está segura,‛ Miranda disse. ‚Kat...‛ ‚Eu quero dizer, eu tenho uma casa, e eu tenho o dinheiro da herança de Papai – não pilhas dele, mas eu estou bem. E Drew pode ser um bom pai. Mas eu estou... Deus, Mira, como isso pode acontecer? Eu estou tomando a fodida pílula!‛ Miranda tinha um olhar estranho no seu rosto, de uma só vez, atenciosamente sério e há milhas de distância, como se ela estivesse ouvindo duas conversas de uma vez. Seus dedos estavam ainda curvados ao redor do braço de Kat, e eles subitamente estavam quentes como se ela encarasse dentro do espaço.


‚Kat....‛ ela disse suavemente, ‚cancele o compromisso.‛ ‚Espere, eu não estou só indo para-‛ ‚Eu não estou dizendo para manter o bebê.‛ Miranda a cortou gentilmente, mas insistentemente. ‚Eu estou dizendo para esperar. Dê duas semanas. Fale com Drew. Vocês tem pouco tempo para decidir...eu sei o que você sempre disse que você faria, mas só espere. Apenas um pouco mais. Eu prometo que tudo vai ficar bem.‛ Kat ficou boquiaberta, seu pânico momentaneamente esquecido. ‚Que diabos você está olhando?‛ Os olhos de Miranda esvaziaram-se, e ela piscou e afastou sua mão. Ela pareceu, e soou, tão agitada como Kat se sentiu. ‚Eu não sei. Nada como isso jamais aconteceu antes.‛ Ela se moveu de volta para o outro lado da cabine, e Kat foi capaz de respirar novamente. ‚Bem, isso foi assustador.‛ ‚Yeah,‛ Miranda pareceu um pouco tonta e inclinou sua testa nas suas mãos por um minuto antes de olhar acima para Kat. ‚Mas aceite meu conselho, Kat. Espere. Ninguém está forçando você a fazer qualquer coisa sobre a qual você não está cem por cento certa.‛ Kat engoliu em seco e assentiu, agarrando seu copo de água e engolindo metade dela por puro nervosismo. ‚Tudo bem.‛ Miranda assentiu. ‚Bom.‛ Ela empurrou o seu cabelo para trás do seu rosto, parecendo um pouco nervosa sobre toda a coisa, mas quando ela falou novamente foi com convicção. ‚Sem importar o que aconteça, Katmandu, eu estou aqui com você. Nós vamos resolver isso.‛ Kat reuniu um sorriso para ela. Tão estranho quanto o desvanecimento psíquico fora, havia ainda algo incrivelmente reconfortante sobre ter colocado a verdade para fora – apenas sabendo que alguém mais sabia era um peso para fora dos seus ombros. Se tivesse sido há um ano atrás, a reafirmação de Miranda não teria sido muito reconfortante, por que ela estava louca e oscilando na


borda do esquecimento, mas agora...Kat poderia não saber muito no momento, mas ela sabia que se Miranda disse que algo iria acontecer, o próprio Deus compraria um ingresso para assistir isso acontecer. Ela era a Rainha das Sombras, apesar de tudo.

A obrigação de uma mulher era servir o seu homem. Ela deveria ser silenciosa e atenciosa, obediente, amável. Ela deveria submeter-se a ele em todas as coisas, pois ele sabia mais, como foi ordenado pelo Deus Supremo quando o Adão ordenou primeiro que Eva se deitasse debaixo dele no Jardim. Cora olhou para cima ao não familiar teto do Haven enquanto Prime Hart grunhia e xingava acima dela, sua mente em uma suave esquina escura que ela criou há muito tempo para isso, um lugar onde ela estava fracamente consciente do que o seu Mestre estava fazendo, mas era apenas o seu corpo que ele estava invadindo, e ela, Cora, estava segura, observando à distância. Era apenas o máximo de distância que ela poderia ir, mas cada centímetro de distância era um tesouro para ela, e ali ela esperava mais uma vez enquanto ele estremecia e explodia quente e cruel dentro do seu corpo. Saciado, ele rolou para fora dela, e o ar frio do quarto se intrometeu; ela o sentiu mais nas suas úmidas coxas e na pele sempre-trêmula dos seus dedos. Todas as garotas tremiam. Elas tremiam por que elas estavam fracas...por que elas eram mulheres, e mulheres eram fracas. Cora imaginou Eva tremendo enquanto Adão afundava os seus quadris dentro dos dela, se perguntou se a primeira mulher tinha sentido a mesma vergonha nisso enquanto reunia suas folhas de figo espalhadas e tropeçava ao córrego para lavar aquela primeira semente caída dela. Ela se sentia suja depois, como a terra era suja, caída, feita do esterco e do fedor deixados pelos homens?


Havia nove mulheres – garotas, ele as chamava, e nem sempre pelo nome, apenas como ‚você‛ ou ‚garota‛ ou ‚prostituta‛ – no harém de Hart, e elas foram reunidas tão atenciosamente quanto um colecionador pode reunir peças de arte; cada uma foi escolhida por atributos específicos, então quando ele quisesse uma loira rechonchuda, ele tinha uma, e quando ele quisesse uma exótica garota escrava Africana, ele podia vestir Naomi em sedas e fazê-la dançar para ele. Cora foi escolhida pelo seu escuro cabelo e sua pele oliva, nada disso ela tinha mais. Ela se lembrava, algumas vezes, da sensação do sol Italiano nos seus braços, do vento erguendo seu cabelo enquanto ela corria, gargalhando, pelos campos do seu pai, passando os limoeiros, no meio dos retorcidos galhos de oliva. Tanto tempo atrás. Hart se empurrou para cima, saindo da cama e andou para fora do quarto sem uma palavra de despedida. Ele tinha seu próprio quarto para dormir e vinha para dentro do pequeno quarto da suíte apenas quando ele quisesse uma garota. Ele tinha trazido quatro dessa vez, e embora os serviçais do seu Haven agissem como se isso fosse algum tipo de honra, todas as garotas que tinham ficado para trás estavam aliviadas e agradecidas por alguns poucos dias de paz. Cora não estava certa se todas elas entendiam o que elas eram. Elas eram tão novas quando ele as trouxe, e ele forçou sua vontade sobre suas memórias assim como ele se forçou dentro dos seus corpos. Poucas delas se lembravam de onde elas tinham vindo. Tudo o que elas conheciam era da dor aguda da penetração, da queimação dos joelhos muito tempo no chão e da mandíbula dormente por ter sido mantida aberta por muito tempo. Elas conheciam cabelos puxados e contusões, marcas de mordidas, chicotes, fantasias. Hart era criativo em suas luxúrias. Ele a vestiu como uma freira mais de uma vez e a corrompeu enquanto ela recitava a Ave Maria para ele.


Ela se virou de lado por um momento, olhos fechados, ouvindo os furtivos movimentos das outras onde elas estavam todas posicionadas ao redor do quarto, no mesmo andar, esperando para se unirem a ela na cama em que todas elas iriam compartilhar para dormir. Havia uma rotina para isso. Hart entrava no quarto e apontava a uma delas. Ele dava suas ordens. A garota de escolha fazia o que lhe era pedido sem importar quanto tempo ele ficasse,e quando ele acabava, ele as deixavam sozinhas. As outras se asseguravam que ela se alimentasse primeiro quando a garrafa chegasse. Elas cuidavam uma das outras, não por qualquer simpatia especial, mas por que elas estavam contentes que não fossem elas dessa vez. Ninguém falava sobre isso. Era possível que Cora fosse a única que pensasse em qualquer outra coisa além de se roer de fome, tanto quanto uma parte delas, além do comprimento e a espessura do eixo do Mestre. Talvez elas até mesmo aproveitassem isso; ela não sabia. Elas não falavam sobre isso. Elas não falavam muito sobre nada. Ela as estava deixando desconfortáveis, deitada ali, sem se mover. Mais do que uma vez ele tinha matado uma garota e elas tinham que enrolar o seu corpo em lençóis sujos e a deitar no corredor para que os serviçais a queimassem. Mas esse não era o seu Haven, e o Mestre seria mais discreto. Havia algo que ele queria aqui. Cora lentamente, dolorosamente saiu da cama e se pôs ereta, recusando a cambalear-se e mancar. Havia tão pouca dignidade para elas, ela agarrou-se a qualquer retalho que ela pode alcançar. Ali, também, ela era estranha aos outros. Ela andou ao banheiro aliciando suas pernas através dos passos que precisavam para chegar ali, e se fechou lá dentro em silêncio para lavar qualquer traço do seu Mestre. As novas garotas normalmente choravam nas primeiras vezes. Não apenas sofrendo os efeitos de terem muito pouco sangue, elas ainda se lembravam o bastante sobre a vida para saber que elas estavam sendo violadas. Nenhuma


oferecia a elas conforto; não havia propósito. Elas aprenderiam muito bem a superar isso. Iria acontecer novamente, e de novo, em centenas de maneiras diferentes, até elas serem tão usadas que elas simplesmente deitavam e morriam. Cora tinha visto isso. De fato, ela tinha visto isso dois dias antes delas deixarem o Haven. A ruiva de pernas compridas, Shannon, esteve ali tanto tempo quanto Cora, sobrevivendo à contínua fome e abusos até uma noite quando o Mestre esteve insatisfeito com ela e a mordeu até que ela ficasse imóvel. Cora tentou alimentá-la, mas ela se recusou a beber. Mesmo assim, levou dois dias para ela morrer, e no último dia ela estava gemendo, delirando com febre, seu corpo apodrecendo por dentro. Suas espécies não poderiam adoecer ao menos que elas estivessem tão incrivelmente fracas que suas habilidades de cura se encerravam. Cora se limpou e esfregou seu uma vez-abundante cabelo, o qual começou a cair no ano passado. Ela imaginou que ela tinha talvez outra década antes que ela seguisse Shannon. Ela podia sempre parar de se alimentar, mas ele iria perceber. Aquelas que morriam eram permitidas a assim fazer por que ele estava cansado delas. Ele ainda tinha que se cansar de Cora. De fato, algumas vezes parecia que ele reservava um tipo especial de maldade para ela, como se ele tivesse percebido sua estranheza e quis puni-la por isso. Ela deixou o banheiro e pegou o traje que tinha sido atenciosamente deixado para ela na cadeira perto da porta. As outras tinham se curvado na cama. A cama aqui era mais larga do que aquela que elas tinham em casa, com um colchão que era novo e macio, confortável para as articulações que não tinham camada de gordura para protegê-las. Ela se enrolou de lado novamente, correndo suas mãos sobre seu corpo, catalogando quantas costelas ela podia contar, o quanto profundo os seus ossos do quadril se projetavam. Houve uma batida na porta, e ela observou o serviçal do Mestre, Jones, atravessar o quarto. Ele era um eunuco, e mudo – se o seu silêncio foi um


resultado de uma incapacidade natural ou se o Mestre tinha cortado a sua língua por alguma ofensa percebida, Cora nunca saberia. Ele abriu a porta da suíte e um dos serviçais do Haven, uma mulher roliça em um uniforme desse território, sorriu generosamente e disse, ‚Boa noite. Eu trouxe o sangue que você requisitou...você tem certeza que é o suficiente?‛ Jones assentiu e tirou a bandeja dela; nela havia uma única bolsa plástica e quatro copos. A serviçal pareceu perplexa, mas não fez qualquer emissão sobre isso,e partiu. Jones se alimentava em horários diferentes, e como um homem, ele recebia mais. Ele colocou a bandeja abaixo e derramou suas porções, então deu a volta e entregou a cada uma um copo. As novas garotas sempre se esbaldavam, mas então elas percebiam que não havia mais, e Cora observava a fome as deixarem lentamente furiosas até simplesmente cessar ao que importava. Era uma das maneiras que o Mestre fazia as lavagens cerebrais; a névoa de fome era um assassino de mente. Algumas vezes se elas cumprissem bem com o seu papel, ele as dava um extra como uma recompensa. As veteranas aprenderam a sorver minúsculas porções ao longo do curso de uma hora ou mais, saboreando, fazendo durar. Cora afundou seu dedo dentro do copo e tocou o sangue aos seus lábios, depois lambeu. Era humano, o que era bom. Elas nem sempre tinham humano. Se o Mestre pensasse que elas estavam sendo muito ativas, ele trocava o sangue para ratos por um tempo. Ela olhou para Naomi, aqueles olhos eram enormes e brancos em seu rosto escuro. Cora se lembrava de Naomi quando ela era nova, antes de seus olhos se afundarem. Ela tinha sido tão bonita. Deslumbrante, até mesmo. Cora olhava fixamente para ela por horas, apenas amando a maneira com que ela se movia e o marrom líquido dos seus olhos. Vinte anos mais tarde tudo se foi e ficou um esqueleto no lugar...tudo o que restou depois da garota ter se deteriorado.


Por que eu sou diferente? A primeira vez que ela viu isso foi cerca de cinco anos atrás. Ela começou a ter pensamentos...pensamentos pecaminosos, pensamentos violentos. Uma vez, quando o Mestre empurrava o seu pênis dentro da sua boca, ela imaginou mordendo forte o bastante para separá-lo. Ela o imaginou gritando em agonia, e seu estômago se apertou com ódio. Tinha sido tanto tempo uma vez que ela sentiu qualquer coisa, ela ficou doente depois. Ela começou a questionar as coisas. Ela começou a pensar sobre Adão e Eva. Adão tinha espancado a sua companheira? Usado seu corpo toda a vez que ele quisesse – se ou não ela fosse uma participante de boa vontade? Essa primeira criação de Deus...o exemplo verdadeiro do que um homem deveria ser, fundamentalmente, antes da cultura e da história tivesse até mesmo vindo a mim...Eva tinha sido livre para falar? Deus a tinha ordenado se deitar sob ele. Mas ele a ordenou a deixar que ele a triturasse sob seu calcanhar? Cora conhecia outra estória. Uma vez, quando ela era uma criança, um homem veio até a casa do seu pai – seu pai o tinha chamado de Jew. Ele tinha dito histórias fantásticas, até mesmo blasfêmias para as crianças quando não havia adultos por perto. A terra da qual ele tinha vindo era rica em estórias, transbordando com estórias, e ela as bebeu profundamente. Na terra dele havia outra mulher, uma antes de Eva. Ela era imperfeita, pecaminosa, orgulhosa. Ela se recusava a deitar debaixo do seu marido. Ela queria que ele deitasse debaixo dela. Ela deixou o Jardim e se tornou um demônio, comendo as almas dos garotos jovens, provocando que os homens tivessem pensamentos luxuriantes. Os Judeus faziam sinais contra ela, diziam preces. Ela era má e temida. Cora gostava dela.


Ela tinha se esquecido dessa estória, e dessa mulher perversa, por um grande bocado de anos. Mas algo a fez relembrar...apenas horas atrás. Algo tinha trazido aquela estória, a estória de Lilith, de volta a ela. Não, não algo. Alguém. Cora tinha visto Lilith. Ela contemplou daquela aterrorizadora beleza, mãe das serpentes. Ela a tinha visto andando nos corredores nesse mesmo lugar. Ela andou com passos premeditados, vestida de preto, e as selvagens cobras do seu cabelo eram da cor do sangue. Ela não abaixou seus olhos aos homens. Ela não era obediente ou silenciosa. Homens a seguiam, se curvavam a ela. Aqui, a Lilith era chamada de Miranda, e ela era a Rainha. Cora a tinha visto por apenas poucos segundos, mas a sua imagem queimou dentro da mente de Cora, um trabalho de fogo e ferro.

Rainha. Cada vez que Cora pensava nela, ela começava a se tremer por dentro, algumas vezes tão forte que fazia o seu coração doer. Aquele pensamento fez Cora se lembrar daqueles longos anos atrás, nos campos, correndo, gargalhando, seus músculos pulsando forte e suas bochechas rosadas com saúde. O que essa Rainha faria se o seu Mestre ordenasse que ela se deitasse? Como ela não ficaria selvagem, então, e perderia sua alma ao demônio? Talvez ela já tivesse perdido. Mas condenação, Cora percebeu com uma sensação girando na sua mente, certamente quase seria melhor do que isso. Ela nunca saberia o que mudou. Ela nunca entenderia como, naquele momento, deitada ali com seus dedos em sua boca sugando os últimos traços de sangue debaixo das suas unhas, ela subitamente olhou ao redor aos patéticos ossos do que tinham sido uma vez doces jovens garotas e seu coração se lançou por todo o interior do seu peito com tantas emoções que ela não podia respirar. Ela nunca iria recordar precisamente o que foi isso, que lascivo pensamento passou através da sua mente, que a empurrou para cima, para fora da cama. De uma forma que era verdadeira. Era tão raro que todas elas se olhassem; que


tinha levado uma década para ela perceber que Suzette tinha olhos azuis. Mas elas estavam olhando para ela agora, assustadas que o seu comportamento bizarro trouxesse a ira do inferno abaixo para elas. Cora não tropeçou, nem sequer hesitou. Ela foi para a porta e a abriu. Havia um guarda do lado de fora, um homem alto com uma coloração não muito diferente da sua própria. Ele estava vestido com um uniforme de um guerreiro do Signet do seu território, tão diferente de se ver através do punhado de gaze que ela usou todo dia por oitenta e um anos. ‚Posso ajudá-la, Senhorita?‛ o guarda perguntou em Inglês. Ela conhecia pouco da língua, mas ela captou o suficiente das outras garotas que ela pode dizer, hesitante, ‚Por favor...por favor me ajude. Eu... por favor... eu preciso ver a Rainha.‛


Capítulo

Q

4

UANDO NORMALMENTE CASAIS BRIGAM, ELES SE encaram cara-a-cara nas cozinhas e salas de estar. Eles começam um debate, então avançam para uma discussão, depois para a gritaria. Mesmo em um relacionamento razoavelmente saudável algumas vezes os temperamentos se exasperam e as coisas ficam violentas: Um prato pode ser quebrado impensadamente no canto, um travesseiro arremessado em cima de um vaso, ou, em raras ocasiões, socar a parede. Quando David e Miranda brigam, espadas se envolvem. Faith observou toda a cena com uma fascinação mórbida, aparentando assistir ao Vulcão St. Helena entrar em erupção pela televisão em 1980. Ela estava de pé a uma distância segura na extremidade do ringue de prática, e agradecidamente não havia nenhum outro Elite perambulando dessa vez. Normalmente ao menos alguns poucos gostavam de escutar casualmente o Prime e a Rainha disputando, para ver se eles eram tão bons como os rumores. Eles eram. Obviamente o Prime tinha ao menos centenas de anos de prática a mais, como um guerreiro sobre a sua companheira, mas a Rainha não era molenga e já dobrou a sua velocidade e agilidade desde quando tomou o Signet. Foi a Rainha, de fato, que decidiu que eles deveriam aprender a lutar como um time, duas metades coordenadas em um maldito assustador conjunto.


‚Então o que eu devo fazer, nessa altura?‛ Miranda perguntou, oscilando sua lâmina em um arco regular em direção a cabeça dele. David desviou facilmente e a conduziu para trás. ‚Eu disse a você,‛ ele disse calmamente. ‚Fique fora disso.‛ ‚Eu não posso ficar fora disso,‛ ela estalou. ‚Ele está matando de fome e estuprando aquelas garotas.‛ Ela saltou para fora do caminho da espada que quase não errou sua manga e girou lateralmente, trazendo a sua espada para cima, forte, e quase derrubando a da mão dele com uma alta batida zumbida. ‚Ele estara aqui por dois dias – eu não posso apenas olhar para o outro lado enquanto isso está acontecendo debaixo do meu próprio teto!‛ ‚Ao menos que aquelas garotas saíam e digam que elas querem ser resgatadas, nós não podemos assumir que elas estão infelizes,‛ David disparou de volta. ‚Intervir sem uma acusação de abuso de algumas delas seria equivalente a uma declaração de guerra contra Hart. Sem dúvida ele as mantém muito assustadas para falarem por si mesmas. As hipóteses são por isso que eles as trouxe em primeiro lugar – para tentar nos incitar a agir.‛ ‚Então por que toda essa baboseira de ‘vamos ser aliados’?‛ David fez um barulho aborrecido e mergulhou a sua lâmina, oscilando ao redor para batê-la de volta na dela. Suor escorrendo do rosto de Miranda, seu cabelo e T-shirt estavam ensopadas, e até mesmo David tinha gotas aparecendo na sua testa – a primeira vez, Faith pensou, desde a última vez que ela o tinha visto lutar com Deven. O estilo de luta de Miranda já era similar ao de David, então ela sabia muito dos seus movimentos, e a sua única própria desvantagem além da inexperiência, era a sua tendência em deixar as emoções tirarem o melhor dela. Isso, também, levaria tempo para superar. ‚Isso é exatamente o que é – baboseira,‛ David disse. ‚Assim que ele conseguir o que ele quiser, ele não irá mais precisar beijar o meu traseiro. Mas eu vou ter a análise daquele receptor auricular, e ele terá apenas a informação


que eu quiser dar a ele. Ele acha que ele me usou, eu guardo o dispositivo, todos vencem.‛ ‚Nem todos.‛ Miranda caiu na horizontal para evitar ser cortada, então virou a sua perna e chutou David para trás, para fora dos seus pés; ele atingiu o chão deslizando e estava de pé novamente em um borrão de movimento, já conduzindo a Rainha em direção a borda do círculo. Ela mergulhou a um contra-ataque, mas tudo o que ela conseguiu foi a sua espada tinindo o chão há vários metros de distância, justo fora de alcance. David pausou, olhou para a espada dela, e a lâmina ergueu no ar e silvou até a sua mão esticada. ‚Agora o que você vai fazer, minha Senhora?‛ ele perguntou educadamente, oscilando as duas em círculos. ‚Como você pode ser tão bastardo de coração frio quando você sabe o que está acontecendo com aquelas mulheres?‛ ela exigiu, cruzando seus braços. ‚Depois do que aconteceu comigo?‛ Ele deu a ela um olhar aborrecido. ‚Oh, você se transformou em um vampiro quando adolescente contra a sua vontade, e foi levada para fazer parte de um harém?‛ ‚Você sabe o que eu quis dizer!‛ A raiva da Rainha inflamou e ela a empurrou para fora – Faith pode sentir isso começando a ferver no seu próprio sangue. A ousadia do Prime, recusando-se a ajudar...que tipo de homem ele era, de qualquer forma, para... Faith se segurou e embainhou seus escudos antes dos seus pensamentos se tornarem violentos. Essa era uma das armas de Miranda; era difícil se defender contra, e a maior parte das pessoas não tinha ideia de como. Por sorte ela tinha. E David também. A aura de poder dele se expandiu, a onda de ira dela ricocheteando dele inofensivamente, e ele deu a ela um severo olhar. ‚Se lembre das regras, Miranda. Eu não jogo as coisas em você, e você não tenta espancar meu coração.‛


‚Talvez você mereça isso,‛ Miranda disse. Mesmo se a sua raiva não estivesse mais os afetando, ainda era uma força palpável na sala, e Faith sabia, de ter visto esse tipo de coisa antes, que se ela não estabelecesse, acarretaria que ela faria algo impulsivo e tolo – – como se lançar ao chão, rolar debaixo das lâminas oscilantes do Prime, e colidir no peito dele, o qual funcionava bastante bem no início, mandando as duas espadas no ar e o Prime ao chão no seu estômago. Miranda se levantou primeiro se lançou de lado a tempo de pegar uma das espadas, e David rolou para a direita e pegou a outra. Então eles estavam de volta sob seus pés, Miranda atacando com uma fúria não refreada, exatamente o tipo que teve o recruta da Elite morto. Por alguns minutos não havia nada além do som de lâmina e lâmina batendo uma na outra tão forte que era uma surpresa que nenhuma delas se quebrasse. Faith observou, sorrindo, sentindo orgulho da Rainha por ter aprendido tanto, tão rapidamente. Sophie tinha sido uma boa professora... ... quem quer que ela fosse. Faith franziu o cenho, sua atenção momentaneamente desviada pela memória da noite em que ela conheceu a diminuta guerreira. Sophie esteve completamente bêbada e se vangloriou que ela era ex-Sombra, o qual Faith zombou até que Sophie a desafiou a lutar do lado de fora, atrás do bar e precedeu chutando o traseiro de Faith para cima e para baixo no beco. Faith tinha pedido a ela por indicações, e elas se encontravam periodicamente para disputar, apenas por curtição, mas ela nunca realmente soube nada sobre Sophie além disso, e Sophie nunca mencionou a Sombra novamente. Ela realmente tinha um motivo oculto? Ou Hart estava sendo, como sempre, um paranóico agitador de merda? Se alguém contratou a Sombra, por que eles queriam ajudar Miranda a se tornar Rainha? Que outro motivo eles poderiam ter, dado que Sophie tinha tido muitas chances de matar Miranda


quando ela era humana, mas tinha sido, mais ou menos, sua amiga? Sophie tinha saído de missão quando Miranda conquistou a causa do Signet? Não havia maneira de saber agora. Uma busca no velho estúdio de Sophie mostrou absolutamente nenhum efeito pessoal como um todo, apenas um esconderijo de armas que estavam limpas de qualquer tipo de impressão digital, até mesmo de Miranda. Faith voltou à realidade depressa quando um alto som tinido a assustou. Ela olhou acima para ver que Miranda estava mais uma vez desarmada e David estava de pé sobre ela, espada apontada na sua garganta. Para o seu crédito, ao menos ele não estava pisando no pescoço dela. ‚Maldito seja!‛ Miranda bufou. Ela tentou escapar primeiro para um lado, então para o outro, mas David era muito rápido para ela e a manteve presa. Ele estava calmo como sempre – Faith estava certa que isso enfurecia Miranda, por que isso enfurecia a maior parte das pessoas. ‚Eventualmente você terá que aprender a me escutar,‛ David disse a ela. ‚Algumas vezes a vida é injusta, amada. Se houvesse uma guerra entre nossos territórios, Hart iria contratar caçadores, enviar assassinos às dúzias, e reunir outros Signets contra nós. Se você quer fazer algo por essas garotas, você terá que pensar em uma melhor ideia do que invadir ali para liberá-las como um anjo vingador ferido.‛ Eles olharam um para o outro por um longo momento, e Faith não estava certa se eles iriam começar a lutar novamente ou pular um em cima do outro para fazer sexo no chão da sala de treinamento. Ela tinha muita certeza que as duas coisas tinham acontecido uma vez antes. ‚Então você não se importa nenhum pouco com o que acontece a elas,‛ Miranda acusou. ‚Você ficará feliz com ele as levando de volta para Nova Iorque e as usando como brinquedos até elas morrerem.‛ Finalmente uma borda de raiva rastejou na voz de David. ‚Eu nunca disse que eu estava bem com isso. Mas eu tenho que considerar as consequências, as quais aparentemente você escolheu ignorar. Nesse caso o preço da vida delas


não pesa mais do que todos aqueles que serão perdidos na guerra. Elas não podem superar o pensamento de Hart matar você, ou pior, uma vingança. É como as coisas são, Miranda. As decisões que nós fazemos não são bonitas, mas nós temos que considerar o Mundo das Sombras como um todo, não apenas vidas individuais.‛ Miranda bateu afastando a sua espada, e ele recuou para permitir que ela se levantasse. Ela ignorou a mão que ele a ofereceu. ‚Vidas individuais são o que fazem nosso mundo,‛ ela disse. ‚Se nós não somos solícitos a intervir e ajudar quando alguém está sofrendo, então por que nós sequer estamos aqui? Para manter alguma bobagem de ordem social que no fim das contas não significa nada sem justiça e compaixão? Eu digo a mim mesma que você não é tão sem coração quanto você age, mas algumas vezes eu me pergunto se eu estou errada.‛ Se alguém mais tivesse tentado atormentar o Prime, Faith teria corrido para protegê-lo. David, contudo, simplesmente respirou fundo, retirou ambas as espadas, e entregou a Miranda a sua. Ele pegou a sua própria e enxugou a lâmina, depois a embainhou. Ele falou com Faith. ‚Eu estarei na minha sala de trabalho pelo restante da noite.‛ Sem olhar ou falar com Miranda, ele foi embora. A raiva de Miranda pareceu esvaziar uma vez que ele se foi, e ela sacudiu sua cabeça e se inclinou no banco para examinar sua espada. Faith sentou-se ao seu lado. Miranda ainda não tinha ideia que as razões de Sophie estavam sendo questionadas. O máximo que ela sabia, a guerreira tinha sido sua professora e amiga e morreu ajudando-a. Miranda tratava a espada de Sophie com reverência, mesmo sabendo que não era a arma ideal para ela – ela precisava de algo com um equilíbrio um pouco diferente, e um pouco mais curta. Eles tentaram experimentá-la com outras lâminas, incluindo


algumas da coleção de Sophie, mas até agora nada tinha sido perfeito o bastante para persuadir Miranda a desistir daquela que ela tinha. Miranda obviamente não queria falar, e isso estava ótimo, embora Faith soubesse que em poucos minutos ela provavelmente mudaria de ideia e ficaria zangada tudo de novo. Antes que Faith pudesse oferecer qualquer tipo de conselho conciliatório, contudo, o seu com interrompeu. ‚Estrela-três aqui,‛ Faith disse.

‚Aqui é Elite Sessenta-dois, guarda da porta na suíte dos convidados. Eu tenho uma situação aqui que precisa da sua urgente atenção.‛ Miranda sentou-se para trás, escutando sutilmente, embora o guarda não tivesse nenhuma ideia que ela estivesse aqui. ‚Continue, Elite Sessenta-dois,‛ Faith disse.

‚Eu tenho uma mulher aqui do Prime Hart...da comitiva...pedindo para ver a Rainha.‛ Faith e Mirada trocaram um olhar de choque, e Faith ergueu uma sobrancelha para ela; Miranda assentiu uma vez. ‚Solicitação encaminhada,‛ Faith respondeu. ‚Fique alerta para mais ordens.‛ Miranda ergueu o seu pulso e disse, ‚Elite Sessenta-dois.‛

‚Aqui é Elite Sessenta-dois, minha Senhora.‛ ‚Traga a mulher ao auditório do primeiro andar. Mantenha-a sob pesada vigia. Eu estarei esperando.‛

‚Como você desejar, minha Senhora.‛ Miranda bateu a porta correndo com Faith a um passo atrás dela. A sala de auditório era uma das coisas mais pretensiosas no Haven, mas sob certas circunstâncias era extremamente útil. Tinha cerca do mesmo tamanho das outras salas de reuniões e estúdios aonde o Par conduzia recepções e


negócios com os Primes visitantes, mas não foi construído para criar conforto e camaradagem; era uma sala majestosa cujo o projeto inteiro tinha a intenção de intimidar os visitantes e relembrá-los quem estava no controle. Ocasionalmente Primes eram convidados a decidirem disputas dentre os mais poderosos vampiros do seu território, conhecido como a Corte – aqueles que não eram guerreiros, mas que eram aliados do Signet, eram considerados nobres e assistiam ao Signet de várias formas. Em retorno eles ficavam protegidos de gangues, caçadores, e interferência humana em seus negócios; Primes inteligentes como David mantinham boas relações com instituições humanas também, particularmente estado e governos locais, então se alguém da Corte tinha, digamos, uma questão com leis de zoneamento ou normas comerciais, o Prime podia usar sua influência – e ocasionalmente seu dinheiro – para suavizar as coisas. David tinha emprestado Elite a alguns dos vampiros dos mais altos escalões para ajudar a treinar sua própria força de segurança pessoal ou correr investigações em várias formas de agitações, especialmente em outras cidades do Sul onde ele não podia ser uma constante presença como ele era em Austin. Alguns da Corte eram empresários, e outros vinham do velho dinheiro. A Corte de David foi feita de uma combinação dos dois, tendendo em direção a anterior, assim como a maior parte dos seus amigos estavam envolvidas de alguma forma na segurança, tecnologia, ou finanças. Vampiros aprendiam rapidamente que eles podiam facilmente fazer durar o seu próprio dinheiro, e viver na pobreza não era exatamente uma forma divertida de passar os séculos, então aqueles que eram remotamente inteligentes encontravam maneiras de salvar e investir. Essa era a parte de como David tinha se tornado tão rico mesmo antes de tomar o Signet. Ele conhecia uma coisa boa quando ele via uma e tinha investido em companhias pouco conhecidas que estavam começando como a Apple e a Intel. Ele ainda tinha uma grande soma no mercado, mas a maior parte disso estava guardada em


contas por todo o mundo, e ele podia viver apenas dos juros por outros cinco séculos. Miranda tinha direito a metade da conta do Signet, mas ela tinha a sua própria conta separada para os seus ganhos musicais também, e com os sagazes conselhos de David ela já cresceu a passos largos. Miranda e Faith conseguiram chegar ao auditório em menos de um minuto, e a Rainha tomou a sua cadeira, à direita do Prime na extremidade distante da sala, encarando a porta. Ao lado daquelas duas cadeiras as únicas outras mobílias eram longos bancos enfileirados nas laterais da sala, para que quem viesse adiante do Par tivesse que se levantar. Seus assentos eram elevados, como se eles tivessem em qualquer sala do trono. Ela realmente odiava o lugar, mas pareceu apropriado para a situação; não havia maneira de saber o que essa mulher queria, de que lado ela poderia estar, ou quais poderiam ser as suas verdadeiras intenções. David havia dito que Hart trouxe suas ‚garotas‛ aqui para provocar o Par, e se ele soubesse que eles iriam se opor as suas perversidades, ele poderia ter mandado a ela uma isca. David poderia fazer pouco caso das habilidades diplomáticas de Miranda, mas ela não era uma completa idiota. Elas esperaram uns poucos minutos, tempo o bastante que Miranda começou a se perguntar se toda a coisa fosse uma ideia de piada de Hart, mas então um soado, e Faith teve uma breve conversa com seu com. ‚Eles estão aqui,‛ Faith disse. ‚Levou um minuto por que eles tiveram que encontrar alguém que falasse Italiano – o Inglês da garota é rudimentar ao máximo.‛ ‚Traga-os para dentro,‛ Miranda respondeu. Faith assentiu e andou até as portas duplas. Miranda levou um minuto para se recompor – uma pena que ela não teve uma chance de tomar uma chuveirada antecipadamente, para que ela não estivesse tal bagunça suada – e se sentou reta e alta na sua cadeira, um tornozelo cruzado sobre o outro, suas mãos dobradas. O seu Signet estava evidente para ser visto, assim como a sua espada,


e ela rapidamente alcançou e arrancou o elástico do seu cabelo para que ele caísse solto nas suas costas. Um rabo de cavalo não era muito impressionante. Faith sustentou a porta aberta quando Elite 62 e mais três outros guardas escoltaram uma lamentável figura minúscula para dentro da sala. Ela estava inclinada em Elite 62, que a tratava com surpreendente afeto, ajudando-a a andar a extensa distância ao dossel, firmando-a quando ela tropeçou. Os outros três guardas seguiram a uma respeitosa distância, como se a mulher fosse uma convidada honrada e não uma inimiga em potencial. Miranda viu a boca de Faith se colocar em uma severa linha com a visão da mulher, e quando ela se aproximou, era evidente por que. A garota não podia ter mais de dezessete anos fisicamente, talvez até mesmo mais nova; ela estava tão esqueleticamente magra que era muito difícil dizer. Sua pele, uma vez oliva e provavelmente bonita, estava cinza, seus olhos afundados com círculos escuros debaixo deles. Seu cabelo escuro tinha o comprimento da cintura, mas liso, amorfo. Ela estava vestida em uma coisa transparente que mal cobria o corpo destroçado dela. Miranda viu as sombras de contusões em seus seios e pernas, e ela tinha um olho roxo desaparecendo que, em um vampiro, deveria curar em trinta segundos. Miranda agarrou os braços da sua cadeira até que seus dedos ficaram dormentes. Um dos Elite, 29 se Miranda se lembrou corretamente, pisou adiante e se ofereceu como tradutora; Miranda assentiu a ela. Elite 29 foi para a mulher e tocou o seu ombro levemente, gesticulando para que ela falasse. A voz da garota estava trêmula, mas segurava a mais fraca sugestão de que poderia uma vez ter sido muito diferente. ‚Meu nome é Cora,‛ ela disse através da Elite 29. ‚O Mestre trouxe-me aqui para o seu Haven.‛ ‚Bem vinda, Cora,‛ Miranda disse. ‚Eu sou Miranda Grey-Solomon, a Nona Rainha dos Estados Unidos do Sul. Como eu posso ser útil para você?‛


Cora pareceu como se ela tivesse certeza que Miranda, ou possivelmente um dos Elite fosse aniquilá-la a qualquer segundo pelo o que ela tinha a intenção de dizer. ‚Eu... eu preciso da sua ajuda, Senhora Rainha. Eu quero deixar a casa do meu Mestre, onde ele me mantém como uma escrava da sua luxúria. Se eu não fugir dele, eu vou morrer como todas as outras morreram. Eu quero...‛ Ela olhou ao redor impotente, oscilando seu braço fino como um lápis como se acreditando na Elite, na Rainha, e todos a sua volta. ‚Eu quero ser livre dele.‛ Miranda respirou fundo. ‚Venha aqui, criança.‛ A Elite ajudou Cora a se aproximar do dossel, perto o bastante que Miranda pode se inclinar adiante e olhar diretamente dentro dos seus olhos. ‚Você está aqui de livre e espontânea vontade?‛ Cora foi pega de surpresa pela pergunta. Aparentemente o pensamento nunca tinha ocorrido a ela, mas lentamente, ela assentiu. ‚Sim.‛ ‚Fique parada um momento, por favor.‛ Miranda estendeu seu poder empata em direção a Cora, que pareceu não sentir a intrusão como um todo; ela não estava bloqueada, mas tão fraca como ela estava, ela provavelmente não tinha a necessidade de proteção psíquica. Se ela tivesse quaisquer dons, eles estariam enterrados debaixo de anos de fome, medo, e vergonha...mas algo estava ali, algum potencial com fraco brilho lutando para ser solto. Miranda segurou a mente da garota e o coração na sua palma, olhando através dela, tentando não ser áspera no seu toque. Ela sabia como sentia-se ter uma violação amontoada no topo de uma montanha de outras coisas. Não havia necessidade para isso. Miranda se reprimiu com a reação imediata do corpo dela, o qual foi carregado para a suíte dos convidados e rasgado pelo pênis de Hart e alimentado por ele. Nesse momento ela tinha que pensar em Cora...que tinha arriscado a sua vida e tudo o que ela soube para rastejar em direção de algo


melhor. A simples coragem inflamou algo furioso e protetor dentro de Miranda. Ela não iria permitir que Hart ferisse Cora novamente. Se David não entendesse, ele apenas teria que, como Kat diria, vestir a sua calcinha de garota grande e lidar com isso. ‚Muito bem, Cora.‛ Miranda se levantou e caminhou descendo do dossel para ficar olho no olho com ela. A garota se encolheu, mas Miranda captou e prendeu o seu olhar. ‚Se é da sua vontade deixar a criadagem...de Prime Hart, então como Rainha desse território, eu ofereço a você asilo aqui no Haven até tal hora que você estiver forte e segura novamente, após o que você poderá escolher o seu próprio destino. Como uma refugiada, você carrega os mesmos direitos concomitantes e responsabilidades sob as leis como qualquer outro vampiro sob a cobertura da nossa autoridade. Você aceita?‛ Cora estava tremendo forte, lágrimas escorrendo no seu rosto, e seu alívio era como a chuva chegando ao deserto. ‚Sim. Eu aceito.‛ Miranda assentiu. ‚Então bem vinda ao nosso Haven, Cora. Vamos ver o que nós podemos fazer por você.‛ A Rainha olhou para Faith. ‚Eu a quero em uma das suítes perto da nossa ala, com guarda vinte e quatro horas tanto tempo enquanto ela estiver aqui. Ela não irá a nenhum lugar sem um guarda-costas e está restringida aos jardins e áreas comuns por agora. Consiga que o médico Elite vá olhá-la, depois de visto isso que ela tenha quanto sangue ela precisar, e pelo amor de Deus, encontre algumas roupas para ela.‛ Faith se curvou. Havia satisfação no seu rosto. ‚Como você desejar, minha Senhora.‛ Cora ainda estava chorando, balançando para frente e para trás, mas ela olhou acima e encontrou os olhos de Miranda. ‚La ringrazio,‛ ela sussurrou.

‚Grazie mille.‛


Miranda sorriu. ‚Prego5.‛ Apenas depois, as portas se abriram e David entrou, sua expressão séria; quando Cora viu o seu Signet e percebeu quem ele era, ela quase derreteu ao lado de Miranda, tentando se esconder dele. Os outros Elites deram caminho para permitir que ele passasse e ele foi até eles, em silêncio por um momento enquanto ele olhava fixamente e forte para Miranda. Ela encarou de volta. ‚Vá em frente,‛ ela disse. ‚Olhe no rosto de Cora e diga a ela que ela tem que voltar para ele.‛ David sacudiu sua cabeça em exasperação, mas quando ele se virou para Cora, sua expressão suavizou, e ele falou em uma voz baixa, em um perfeito italiano que, Miranda teve que admitir, fez o seu interior tremer um pouco. ‚Bem vinda ao nosso Haven, senhorita,‛ ele disse – a Elite tradutora se inclinou mais perto de Miranda e disse a ela também. ‚Eu sou o Prime Solomon, e gostaria de lhe assegurar que você está segura aqui por tanto tempo você precisar de um santuário. Por favor permita que os guardas a escoltem para o seu quarto.‛ Ela gaguejou uma pergunta, e ele sorriu. ‚Não, você não terá que compartilhar com ninguém mais. Você terá uma cama para si e o seu próprio banheiro também. Uma vez que você se alimentar corretamente, você se sentirá muito melhor.‛ Ele gesticulou aos guardas, e Elite 62 se curvou educadamente para Cora, então pegou o seu braço e lentamente a conduziu embora. Então ele encarou Miranda. ‚Ela pediu por asilo?‛ ‚Sim,‛ ela respondeu. ‚Completamente pela sua própria vontade. Eu não sei o que a motivou a fazer isso, mas eu olhei dentro dela tão profundamente quanto eu pude, e ela está limpa. Inocente. E ferida.‛

5

(“La ringrazio,”- obrigada, “Grazie mille.”- muito obrigada, “Prego”- de nada)


Os olhos de David seguiram a garota e os guardas para fora da porta. ‚Bem, ela está segura agora.‛ ‚E se o Hart declarar guerra?‛ O Prime cruzou seus braços, dando a ela um olhar ilegível. ‚Eu disse a você. Invadindo e pegando o harém seria uma declaração. Ela saiu. Isso é diferente. Cora é uma refugiada. Sob a lei nós podemos admiti-la e Hart não tem recurso contra ela ou nós. Qualquer ação que ele tomar contra nós, por esse motivo, se torna um ato de guerra e ele terá todo o Conselho para lidar.‛ ‚E sobre as outras garotas?‛ ‚Ao menos que elas peçam por asilo também, as coisas estão exatamente como eu disse antes. Mas dependendo de como ele reaja quando ele descobrir sobre Cora, ele pode tirar a mão e nos dar a oportunidade de levar o resto – nós apenas teremos que ver como-‛

‚Onde ela está?‛ O com de David soou um segundo depois da voz berrar no corredor, um dos da Elite disse, ‚Mestre...entrando.‛ Prime James Hart lançou abrindo as portas duplas do auditório, espalhando os Elites que ainda estavam presentes enquanto ele empurrava o seu caminho passando por eles em direção ao dossel. ‚Eu exijo uma explicação para isso!‛ ele trovejou. Seus olhos eram prata pura, praticamente brilhando, e seus dentes pressionados para baixo, embora não tanto para debilitar seu discurso enquanto ele gritava, ‚Você irá devolver a garota nesse instante!‛ Miranda não estava com medo de Hart, mas a força absoluta da sua raiva quase a fez dar um passo para trás. Ela permaneceu de pé e se estabeleceu ao lado de David, e o Prime cruzou seus braços e considerou Hart friamente. ‚Tenha muito cuidado, Senhor Prime,‛ David disse a Hart. ‚Você não está no seu território e há agora quatro arcos apontados para as suas costas.‛


Miranda manteve seus olhos em Hart, mas ela ouviu o ranger de madeira dos cantos da sala, onde quatro Elites apontaram e estavam agora esperando a ordem para atirar. ‚Isso é um ultraje,‛ Hart estabeleceu, muito elevado em relação a David, que meramente olhou acima para ele com uma expressão completamente neutra. Hart era um homem alto, imponente, acostumado a intimidar as pessoas, mas ele não podia intimidar David. Simplesmente não era possível. ‚Devolva-a.‛ ‚Não.‛ ‚Isso é um ato de-‛ ‚Diga, Hart,‛ David assobiou, olhos estreitos, seus azuis indo para o prata nas extremidades. ‚Diga a palavra e eu terei você atingido antes de você dar outra respirada. Comece uma guerra entre nós agora e será terminada nesse momento.‛ Hart bufou, ‚Você não tem o direito de roubar o que legitimamente pertence a mim.‛ ‚Eu não roubei nada. Cora veio a minha Rainha e pediu por asilo. Ela foi exposta a sua crueldade e sua participação na escravidão ilegal – e nós vamos ver o que o Conselho tem a dizer agora que nós temos evidências para apoiar os rumores.‛ Hart virou-se para Miranda. ‚Você fez isso, então. Eu deveria saber. Sua estúpida putinha – nenhuma mulher toma o que é meu. Eu vou ensinar a você‛ Hart ergueu seu braço para golpeá-la, e Miranda sentiu David avançar em direção a eles, mas finalmente, a raiva de Miranda e o ódio em direção a essa doente desculpa de um homem tinha se canalizado, e ela o deixou voar, atraindo o seu poder para cima e empurrando – Hart voou para trás, se lançando forte do outro lado da sala, e o som de um corpo batendo a parede distante e o triturar de ossos quebrados provocaram


que os Elites congelassem onde eles estavam, encarando com olhos enormes a sua Rainha... ...a sua Rainha, cujas palmas estavam esticadas em direção onde Hart esteve de pé. Ela estava respirando forte, mas seu corpo cantava com prazer e satisfação, e ela sabia que ela estava sorrindo. David cruzou a sala para ficar sobre Hart, e ela o ouviu dizer muito calmamente, ‚Você tem exatamente uma hora para deixar o Haven. Se você ficar um minuto a mais, você irá morrer. Você irá deixar as outras três mulheres aqui. Agora, vá.‛ Ele virou suas costas para Hart e retornou para onde Miranda estava; a Elite armada convergiu sobre Hart e esperou que ele ficasse sob seus pés, com um braço saindo em um ângulo não natural, ele mancou para longe com quatro arcos ainda apontados nele. Miranda abaixou sua mão, se estabelecendo, deixando o excesso de poder drenar para fora dela. Quando ela olhou acima para David ele a estava encarando, e para o seu assombro, ele pareceu completamente perplexo. ‚Isso foi você,‛ ele disse. Ela assentiu. ‚Yeah. Eu sei; eu não deveria ter perdido o controle.‛ ‚Não, Miranda – isso foi você. Você o arremessou.‛ ‚E daí?‛ ‚Com seu cérebro.‛ Ela franziu o cenho por um minuto antes dela entender o que ele estava dizendo. ‚Oh.‛ ‚Como você fez isso?‛ O coração de Miranda estava martelando. ‚Eu...eu não sei. Isso não é...normal?‛


‚Não... isso é além do normal. Pares compartilham poderes, mas eles não compartilham talentos. Isso não é possível. Como você de repente pode ser telecinética?‛ David tinha todas as respostas. O pensamento de que havia algo que o deixasse confuso tanto assim, e obviamente o preocupasse, preocupou-a até mesmo ainda mais. ‚Eu não sei. Mas eu não sabia que eu fosse presciente, também, até aquela coisa com a Kat ontem.‛ ‚Cada Rainha tem aquele talento em algum grau. Normalmente não desenvolve completamente até depois dela tomar o seu Signet.‛ Vendo a sua angústia, e mais ainda sentindo isso, David respirou fundo, depois se aproximou e colocou seu braço em volta dela. ‚Está tudo bem, amada. Me desculpe se eu exagerei – deve haver uma explicação. Eu verei o que eu posso descobrir. Talvez isso seja normal; eu nunca ouvi falar de uma transferência de dom, mas eu nunca tive uma Rainha, também.‛ Ela inclinou no seu ombro, subitamente exausta por toda a noite, querendo nada mais do que subir na cama com ele e se fechar para o mundo. ‚E você não está zangado comigo pela Cora?‛ ‚Não. Você fez a coisa certa. Eu estou orgulhoso de você.‛ ‚Bom,‛ ela disse. ‚Eu estava com medo de ter que chutar o seu traseiro.‛ Ele suspirou. ‚Você realmente não acha que eu sou um bastardo de coração frio, acha?‛ Ela riu a despeito de si mesma. ‚Eu acho que você sabe muito mais do que eu sobre tudo isso, e nós teremos que dar muita cabeçada até que eu descubra tudo isso. Mas se você puder ser paciente comigo, eu serei paciente com você, e tudo isso irá funcionar.‛ ‚Eu espero que sim,‛ ele disse, a segurando apertado. ‚Eu espero que sim.‛


Um pouco mais de uma hora mais tarde Faith seguiu um frenético chamado de Elite 18 na suíte dos convidados. Um dos serventes tinha entrado no quarto que Hart abandonou para começar o que seria sem dúvida uma árdua limpeza, e seu grito trouxe os guardas correndo. Faith ficou na entrada da porta, agarrando a moldura com uma mão, e a outra no cabo da sua espada. Hart destruiu o seu próprio quarto, esvaziando os livros das estantes e os derrubando sobre a mobília. Ele arremessou qualquer coisa quebrável, que ele pode colocar suas mãos, na parede e havia pedaços de vidro quebrados e cerâmica por todo o chão de madeira. Nada pareceu estar faltando, apenas amassado e despedaçado. Faith, contudo, estava na entrada da porta do pequeno quarto, o qual fedia a sexo e sangue. A única coisa no quarto que tinha sido quebrada foi uma única cadeira de madeira. Das quais três pernas tinham sido arrancadas. Cada perna agora sobressaltava do peito de uma mulher nua. Hart tinha arrancado as suas roupas, as assassinado, e então as arremessado em uma pilha, seus longos membros ossudos espalhados no chão do quarto. Faith tinha visto uma grande quantidade de corpos mortos em sua vida, a maior parte deles da violência sem aviso. Tantos rostos tinham sido marcados com horror e medo no momento da morte. Aqui, por outro lado, ela viu garotas cujas expressões de morte tinham sido de total indiferença ao destino, e uma delas estava até mesmo sorrindo. Elite 18 estava ajoelhado com os corpos e apontou para um dos seus estômagos nus, onde pareceu como se Hart a tivesse cortado com uma faca. ‚Olhe,‛ ele disse. Faith chegou mais perto e apertou os olhos. Os cortes não foram ao acaso. Eles eram letras.


‚Limpe isso,‛ ela disse. Elite 18 assentiu e agarrou um travesseiro descartado, limpando gentilmente a barriga da garota morta; um servente trouxe um copo de água, e eles esfregaram o sangue seco até que as letras estivessem visíveis. O peito de Faith se apertou enquanto ela lia.

EM BREVE, PUTA. ‚Tudo bem,‛ Faith disse calmamente. ‚É o bastante. Vamos cuidar dessas pobres garotas.‛ Ela ordenou que eles se separassem, limpassem, ensacassem, e queimassem, e tudo nos dois quartos, tirando e recolocando um punhado nos quartos em direção aos fundos do Haven que não tinham sido usado em décadas. Então ela sacudiu sua cabeça com o coração pesado de resignação e foi chamar o Par. Antes que ela pudesse sequer dizer ‚Estrela-um,‛ contudo, ela ouviu passos atrás dela e um traço de um tremente fôlego. Faith virou-se para a Rainha. ‚Minha Senhora-‛ Miranda disparou para o banheiro sem falar, e Faith a ouviu vomitar. Vários dos serventes com estômago mais resistente convergiram os corpos e estavam gentilmente separando as garotas, deitando-as em um lençol de plástico. Esther, que normalmente via a ala do Prime, chegou com suprimentos de limpeza e severa determinação, e estava supervisionando toda a operação; a pequena mulher estava no quadro de funcionários mais tempo do que Faith estava no Texas, e, tendo trabalhando para Auren, certamente ela tinha visto pior. Na hora em que Miranda emergiu do banheiro, com sua compostura recuperada, embora ela ainda estivesse pálida e um pouco verde, David chegou, e ele atraiu a Rainha para dentro dos seus braços e a segurou, silenciosamente, enquanto os corpos eram cuidados.


‚Nós nunca deveríamos tê-lo deixado sozinho com elas,‛ Miranda disse suavemente. ‚Nós deveríamos ter guardas na suíte assim que ele saiu... porque nós não mandamos os guardas?‛ ‚É minha culpa,‛ David disse, soando tão perturbado como Faith jamais tinha visto. ‚Eu estava tão agitado por você arremessando-o que eu não pensei...eu só não pensei.‛ Faith podia ver a raiva nos olhos pratas de David, e o choque e culpa dentro de Miranda, e depois de uns poucos minutos, Miranda visivelmente se endureceu e deu um passo para trás dele para se ajoelhar perto das garotas. Ela gesticulou para uma das serventes, que a entregou uma toalha molhada, e se uniu a vítima mais próxima, ajudando a extrair a estaca ensanguentada do seu peito e então esfregar limpando o seu frio peito. Faith suspirou e olhou para David, que embora tenha tampado sua raiva cuidadosamente não estava obviamente surpreso pela violência na reação de Hart...enjoado, sim, mas não surpreso. O Prime respirou fundo, então se virou para Elite 18, que não podia suportar olhar para as garotas, mas tinha se devotado a endireitar os pedaços das mobílias que não estavam irremediavelmente danificadas. David tocou o seu ombro e disse algo para ela calmamente. Elite 18, claramente aliviada, assentiu, se curvou, e desapareceu. David assumiu para a guerreira, examinando a cadeira e então a movendo ao lado do quarto onde os itens inutilizáveis estavam sendo empilhados. Faith assentiu para si mesma e se uniu aos outros no chão, onde ela emprestou suas mãos para ajudar Esther a envolver a primeira garota em um lençol branco e limpo. Todos eles trabalharam em silêncio até haver um movimento na porta; e Elite 18 disse em uma baixa voz, ‚Eu a trouxe, Mestre.‛ Faith olhou para David, que inclinou sua cabeça em direção a porta; ela se ergueu e o seguiu para dentro do corredor.


Elite 18 tinha em sua companhia a mulher refugiada, Cora, que pareceu positivamente petrificada ao ter sido conduzida de volta a suíte de Hart. Vendo seu medo, David e Faith, ambos, se colocaram entre ela e a porta para que ela não pudesse ver do lado de dentro. David falou com Cora em Italiano, mas Faith sabia o que ele estava perguntando. Ele queria saber os nomes das outras mulheres. Cora gaguejou um pouco, mas o respondeu. Ele a agradeceu, então disse a ela, gentilmente, o que tinha acontecido. Cora não pareceu reagir no início. Ela olhou sobre o ombro de Faith para a entrada da porta, então para baixo ao chão, e disse algo; sua voz estava grossa, mas seus olhos estavam cheios de lágrimas. ‚Claro,‛ David disse em Inglês. Depois para Elite 18: ‚Você pode levá-la de volta ao seu quarto agora. Se certifique que ela está confortável e tenha se alimentado antes de você deixá-la. Depois veja a pira, por favor.‛ ‚Como você desejar, Mestre.‛ Depois dela partir, Faith ergueu uma sobrancelha à David. ‚Ela não pareceu chateada.‛ Ele cruzou seus braços. ‚As mulheres no harém não interagiam muito. O nome da mulher negra é Naomi, a loira é Maria, e a Chinesa é Mei. Cora não estava certa sobre essa última – Mei era nova e ninguém ainda falava a sua língua.‛ ‚Ao menos nós sabemos como chamá-las agora... elas não têm que ser queimadas sem identificações, como elas estavam.‛ ‚Verdade.‛ Eles retornaram para o quarto, e David se uniu a Faith e a Rainha perto dos corpos. Ele levemente tocou cada uma das garotas na cabeça, uma de cada vez, e disse a todos seus nomes. Miranda estava ajudando Esther a envolver Mai, cuja pele tinha sido talhada com a sarcástica, mensagem depravada para ela, em um lençol que seria


o seu manto sudário. ‚Eu sinto muito, Mei,‛ a Rainha sussurrou enquanto ela cobria o rosto da garota morta. ‚Eu desejaria que pudesse ter ajudado você mais cedo. Isso é o melhor que nós podemos fazer por você agora...esteja em paz.‛

David tinha bastante experiência para achar que ele seria capaz de dormir naquela manhã. Depois dele ter se certificado que Miranda estava dormindo, ele cuidadosamente se desaninhou dos seus braços e pernas e colocou roupas, então partiu da sua suíte para a sua sala de trabalho. Ele não estava feliz. Ele estava agradecido que Hart se foi, mas toda a situação o deixou louco para a luta, e o lado negativo era que Hart não estava ali para socá-lo na cara. Agora ele foi deixado para descobrir que passos tomar a seguir no rastro da saída dramática de Hart. O Conselho tinha sido informado, claro. Ele notificou todos os seus aliados que ele e Hart tinham oficialmente decepado todas as relações, e as notícias se espalhariam por todo o mundo dentro de uma hora. Embora Hart tivesse amigos, ninguém realmente gostava dele; aqueles que se aliaram a ele compartilhavam as suas crenças, mas ficariam mais do que contentes em arremessá-lo debaixo do ônibus se isso servisse de seus interesses. David se afundou em sua cadeira, se inclinando adiante para colocar sua cabeça nas suas mãos por um momento; ele tinha uma poderosa dor de cabeça mas ele não estava para acordar Miranda para curá-lo. Ela ia ter problemas para dormir hoje como o foi. Apesar do horror do resultado de Hart, uma pergunta manteve-se retornado na mente de David: Como Miranda tinha feito isso?


David a sentiu atraindo a sua força associada, mas isso acontecia todo o tempo. Era para isso que a conexão deles era feita, para fazê-los mais poderosos como um todo. Mas ele nunca tinha ouvido falar de algo como um membro do Par herdando as habilidades psíquicas do outro. Ele não tinha desenvolvido empatia... ainda não, de qualquer forma, graças a Deus. Frustrava-o quão pouco se sabia sobre a história dos Signets, e quão pouco os outros pareciam se importar. Ele propôs um projeto de pesquisa mais do que uma vez e foi zombado. Tão quanto eles tivessem poder e dinheiro, não fazia diferença para eles de onde ele vinha. Não era como se eles pudessem fazer qualquer coisa com o conhecimento de toda forma. Tolos. Velhos, tolos cegos com suas cabeças plantadas firmemente acima dos seus traseiros e suas mãos plantadas firmemente em seus livros de bolsos. Agora aqui estava David, com uma pergunta ardendo que ele não tinha maneira de responder. Era possível que Deven pudesse saber – ele era um dos mais velhos Primes no Conselho e esteve por todo o mundo antes de se estabelecer na Califórnia para governar o seu território. Ele nunca mostrou qualquer interesse na ciência do Signet, mas isso não significava que ele não tivesse o conhecimento disso. Era, contudo, no meio do dia, e um rápido olhar no seu computador disse a David que o Prime não estava online. Era o ápice das péssimas maneiras acordar o Prime durante do dia claro. Suas perguntas e vagos medos inomináveis teriam apenas que esperar até o sol se pôr. Para se distrair ele decidiu tentar arrombar o brinquedinho de Hart. Ele o retirou do armário trancado onde ele o escondeu, e também um número de ferramentas, um módulo de scanner que ele construiu, um tornilho, e um maçarico de corte a laser portátil. Ele colocou o dispositivo auricular no tornilho e ligou o scanner no seu computador, então gastou um tempo correndo os testes preliminares para ver se


ele pudesse aprender algo do pedaço sem quebrá-lo. Não havia muito a aprender; ele não soava qualquer tipo de sinal, e mesmo se ele soasse, esse sinal não teria passado do Haven sem ser irremediavelmente codificado. Qualquer que fosse a rede que o conectava, estava desligada agora. David pausou aqui e ali para digitar umas poucas rápidas anotações.

Invólucro parece ser similar a titanium-alumínio aliado a quarta geração de coms de pulso. Sem emendas exceto por um único buraco de aproximadamente 1 mm de diâmetro. Sem sinais evidentes de fabricação, não reconhecido como pertences de quaisquer projetistas conhecidos nas indústrias de comunicação. Possível origem no DOD6? Improvável. O Departamento de Defesa mal podia fazer um movimento sem o seu conhecimento. Ele mudou a configuração do scanner para dizer a ele mais sobre composição interna do pedaço para que ao menos ele soubesse o quanto denso a concha era, e pudesse calibrar o corte do laser adequadamente. Era uma coisa incomum, mal uma casca de ovo por cima de um interior apertadamente acomodado com fiação e que tinha a aparência de um único minúsculo chip. Antes dele tentar abrir a coisa, ele fez com que o scanner tirasse imagens superficiais e colocou todas as digitalizações técnicas dentro de uma pasta, então moveu o seu laptop para longe da mesa no caso de qualquer acidente. Ele virou o tornilho e o ergueu levemente, depois carregou o laser, um compacto modelo portátil que ele ganhou em um jogo de pôquer do cabeça da pesquisa e desenvolvimento de um dos outros empreiteiros da defesa. Era uma coisa perfeita, preciso e de peso-leve, e podia atravessar qualquer coisa de qualquer espessura sem danificar o que estivesse no interior.

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(DOD- Departamento de Defesa)


Ele podia apenas imaginar a travessura que isso causaria se o mundo lá fora colocasse as mãos nele, o qual era o porquê, como todos os seus brinquedos, dele estar trancado nessa sala. David calibrou a viga e começou a trabalhar. Dado por quão pequeno a coisa era, não levaria muito tempo por separar perfeitamente o invólucro. Ele colocou o maçarico de lado e vestiu um par de luvas para se certificar que ele não danificasse os componentes ou tivesse algo tóxico na sua pele. Ele desatarraxou o tornilho e transferiu o pedaço para uma bandeja dimensionada para caber debaixo do microscópio. Com um par de longas pinças e uma sonda, ele descascou de um lado ao outro, cuidadosamente expondo a perfeita torção de fios no interior. Ele deslizou a sonda para dentro dos fios e os afastou, expondo o chip como uma pérola dentro da ostra. A explosão mandou Miranda gritando para fora do sonho.


Capítulo

“P

5

UTA MERDA!‛ Miranda conhecia David ha menos de um ano, e ela nunca tinha ouvido-o xingar tanto assim. Faith deu um tapa na mão dele. ‚Fique quieto,‛ ela disse. ‚Você quer isso fora ou não?‛ Elite 12, que era conhecido pelos seus colegas simplesmente como Mo, era o médico oficial de todo o Haven; na maior parte a habilidade de cicatrização de um vampiro fazia pouco trabalho para quaisquer ferimentos, mas se algo estivesse incorporado em um membro, algo fosse arrancado, ou a vítima estivesse enfraquecida ao ponto das habilidades dele ou dela estivessem comprometidas, Mo cuidava das coisas, mesmo costurando uns poucos dedos agora e depois, até que as defesas naturais do guerreiro se disparassem novamente. Infecção e a presença de substâncias estranhas desaceleravam o processo, também, então em casos de feridas sérias, antissépticos e higiene eram tão importantes para vampiros quanto eram para humanos. Era até mesmo possível envenenar um vampiro dando os ingredientes certos, embora não pudesse matar um, e Mo tinha sido chamado antes, mais do que uma vez, para administrar antídotos para dor e debilidades tóxicas.


Mo inclinou sobre o Prime, que foi colocado para fora da sua mesa de trabalho com um metal afiado enterrado no seu olho esquerdo. ‚Você sabe, Mestre,‛ Mo disse, seu alegre sotaque Iraniano excepcionalmente severo, ‚Eu disse várias vezes que você deve usar um protetor de olho quando você brinca com coisas afiadas.‛ ‚Sim, e eu disse várias vezes que você pode enfiar isso onde Allah não brilha,‛ David disse irritado. ‚Filho da puta! O que você está usando, uma fodida britadeira?‛ Miranda bufou. Mo era imperturbável. ‚Mestre, se você não ficar quieto, eu posso fazer mais estrago ao seu olho ou talvez aos nervos em volta dele. Será bastante mais doloroso e eu acho que talvez sua Rainha mate a nós dois.‛ Ela tinha corrido para dentro da sala de trabalho para encontrar David no chão sangrando de várias pequenas feridas onde o misterioso receptor auricular de Hart tinha despedaçado e voado para todos os lugares. Nada mais na sala pareceu estar danificada, embora David tivesse comandado-a urgentemente a ligar o substituto do alarme de incêndio para que a fumaça – embora fosse escassa – não tomasse conta do sistema. Mo já tinha removido os estilhaços do rosto de David, pescoço, e braço esquerdo, todos os quais tinham fechado assim que os pedaços foram retirados. Se eles tivessem sido lascas de madeira, teria levado duas vezes mais tempo, se não mais. Aparentemente uma mistura de titanium-alumínio não era grande coisa ao menos que ela não estivesse enfiada na sua córnea. Miranda não podia assistir. Ela quase vomitou quando ela viu o sangue dele; o pensamento de ver um bisturi nos olhos do seu marido a fez ficar enjoada. Ela já tinha enviado uma dúzia de agradecimentos para qualquer que fosse o Deus que zelava pelos vampiros que eram muito teimosos para usar óculos de segurança.


Irritou-a que, mesmo com três séculos e meio de idade e tão afastado das ideias humanas de masculinidade, David era tão rainha do drama sobre dor quanto todo homem que ela já conheceu. ‚Pare de ser um bebê,‛ Faith admoestou o Prime. ‚Você tem sorte que essa coisa não explodiu a sua cabeça.‛ David grunhiu, mas ficou parado, permitindo que Mo segurasse sua pálpebra aberta para que ele escavasse e recuperasse o caco. Até mesmo Faith pareceu um pouco nauseada com a visão e claramente virou seu olhar em direção ao teto. ‚Não era para matar ninguém,‛ David murmurou, tentando não mover muito a sua mandíbula e mexer o braço de Mo. ‚Do pouco que eu vi era basicamente apenas um nano transmissor.‛ ‚Você poderia fazer algo assim?‛ Faith perguntou. O Prime fez um barulho que deveria ter sido uma gargalhada sarcástica, mas terminou sendo um rosnado de dor enquanto Mo puxava a sua mão para trás, revelando uma flecha de um centímetro de comprimento de metal prateado preso em sua pinça. Infelizmente Miranda olhou bem a tempo de ver uma lágrima escarlate de sangue escorrendo do canto do olho de David. Ela olhou para longe, gemendo, nauseada, determinada a não vomitar uma segunda vez em vinte e quatro horas. ‚Tudo bem, Mestre, vá em frente,‛ Mo disse a ele. David prendeu seus olhos fechados e em poucos segundos os abriu novamente, piscou, e se sentou. ‚Bom trabalho, Mo. Obrigado.‛ O médico deu de ombros. ‚Tudo em um dia – e eu não quis dizer dia, Mestre, é dez da manhã – de trabalho.‛ David pareceu envergonhado enquanto ele enxugava a lágrima. ‚Desculpe por tirar você da cama. Você está dispensado.‛ Mo sorriu, recolhendo seus suprimentos, e partiu. ‚Me deixe saber se você notar qualquer outra coisa perdida cutucando você.‛


David piscou um pouco mais de vezes, focando seu olhar em Miranda, e sorriu para ela. ‚Eu estou bem,‛ ele insistiu. ‚Não foi um desastre.‛ Ela olhou para ele, relutante em conceder ao ponto. ‚Poderia ter sido. Hart poderia facilmente ter feito essa coisa como uma bomba e convenientemente deixar você tê-lo sabendo que você não poderia resistir em abri-lo.‛ ‚Não era uma bomba,‛ ele disse, o qual não era no mínimo nenhum pouco tranquilizador. ‚Era um gatilho sensível à pressão designado a destruir a tecnologia se alguém o abrisse. Não tinha a intenção de fazer qualquer dano verdadeiro a uma pessoa ao menos que ela estivesse olhando direto para dentro disso na hora. Hart é um tecnofóbico – e muito de um psicopata também, eu honestamente acredito nele, que isso veio de algum outro lugar. E em resposta a sua pergunta‛ – ele se virou para Faith –‚claro que eu posso fazer algo assim. Esses poucos dados que eu consegui, sugeriram que não é nada de tão complexo quanto os coms. Era uma coisinha adorável, entretanto. Lindamente trabalhada. Eu gostaria que eu pudesse ter estudado mais dela.‛ ‚Você é um incorrigível,‛ Miranda disse. ‚Eu vou voltar para a cama.‛ Ela se empurrou para fora da cadeira e deixou a sala de trabalho, pausando para deixar os guardas saberem que tudo estava bem e elogiá-los em suas rápidas respostas. Eles pareceram tão assustados quanto ela esteve. Ainda a surpreendia o quanto leais eles eram a ele – e agora a ela – e quanto aplicados eles eram ao bem-estar do Par. Era inquietante saber que era seu destino governar a vida de tantas pessoas... Faith disse isso a ela uma dúzia de vezes, mas ainda não tinha sido completamente assimilado. Miranda tinha experiência o bastante ao pensar que ela poderia realmente dormir até que David se unisse a ela e ela pudesse correr suas mãos sobre seu corpo e se convencer que ele estivesse realmente bem. Mas ela também conhecia a sua fatídica natureza e sabia que ele limparia a sala de trabalho antes de vir para a cama. Não havia razão em sequer tentar descansar até então.


Ela pegou o seu violão de onde ela havia deixado mais cedo, inclinado perto da cadeira na lareira. Então se sentou de pernas cruzadas no sofá com seu violão e o mordiscou negligentemente por poucos minutos, deixando o que quer que precisasse ser tocado surgir. Esther esteve ali, uma alma bondosa, e adicionou outra tora à lareira em algum momento; a mulher era uma educadora de nascença e sem dúvida tinha sido absorta em respeito de como ajudar David depois do acidente, então ela fez o que ela pode fazer: Ela fez o quarto confortável. Ela endireitou o quarto, acendeu a lareira, e pendurou um pacote de algum tipo de erva na cornija da lareira, provavelmente um dos seus encantos Mexicanos populares. Esther conhecia todos os tipos de coisas misteriosas para proteção do Mau Olhado, para trazer dinheiro, para atrair um amante... ela treinou com uma curandeira quando ela era humana e teria sido uma se ela não tivesse se transformado. Miranda amava tudo a respeito dela, especialmente a maneira com que ela ainda chamava Miranda de reinita, ‚Pequena Rainha.‛ A Rainha fechou seus olhos e começou a sussurrar, então deixou a música e a voz, ambos, a envolver dentro de uma música verdadeira, uma que ela abrangia no palco uma dúzia de vezes.

Como se você estivesse tentando lutar com a gravidade em um planeta que insiste que amar é como cair e cair é como esse... Quando ela terminou a música, ela olhou para cima ao Prime, que estava assistindo e ouvindo enquanto ele se inclinava contra a cabeceira da cama, sorrindo suavemente como se nada no mundo existisse além dela. Ele tinha tirado a sua camisa, e a lareira banhava sua pele nua em uma cintilação dourada. Era estranho que a Elite se importasse tanto por ele e por ela? ‚Venha para a cama, amada‛ ele disse. Ela colocou o seu violão ao lado, segurando o seu olhar até que ela estivesse perto o suficiente para se dobrar agradavelmente no seu abraço.


Faith foi para a cidade com David, Miranda, e seus guarda-costas Quinta feira à noite, mas eles se separaram assim que eles chegaram à Austin. Miranda, Jake, e Lali desembarcaram e seguiram em direção ao estúdio Bat Cave, onde Miranda teria a sua primeira sessão de gravação; Faith e David ficaram no carro, cercados por um arranha-céu no coração do centro da cidade de Austin, com todos marcando o ponto de encontro na frente do Bat Cave às três da manhã. David estava compreensivelmente tenso. A palavra tinha se espalhado sobre o drama com Hart, e agora ele estava esperando para ver como os outros Signets reagiram. Ele antecipou que doze no total iriam aliar-se a ele sem qualquer argumento, e sete com Hart; isso deixaria seis com cartas que poderiam ser influenciados por qualquer lado. Alguns seriam bastante fáceis, como Tanaka, que sempre manteve sua neutralidade, mas considerando David como um dos seus mais antigos amigos e, dada a evidência apresentada por Cora, jogaria a sua sorte com David. Ele requereu apenas boas razões e boas evidências antes de fazer um movimento, o qual era compreensível, dado que ele era o líder parlamentar do Conselho e era suposto ser tão leal quanto possível. No final, contudo, Hart faria o próximo movimento. Se ele nunca falasse sobre o incidente novamente e nunca voltasse ao Texas, poderia não ter uma luta. Se assassinos começassem a aparecer em Austin, seria óbvio de quem eles pertenciam. Se Hart fosse esperto, e Faith duvidava que ele fosse, ele deixaria o problema pra lá e manteria a sua distância deles agora. Mas Hart foi superado por uma mulher, e isso o irritaria ao ponto da loucura. Ele odiava mulheres patologicamente, e com fervor religioso que rivalizava com o ódio da gangue Blackthorn pelos gays. Foram os atos de provocação de Miranda que conduziriam quaisquer planos que ele teria por vingança. Sua mensagem de sangue deixada no cadáver de uma mulher inocente tinha surgido propósito bastante sucintamente.


David estava silencioso no trajeto. Ele meditava muito menos agora que Miranda tinha entrado na sua vida, mas ele ainda inclinava longos períodos de trabalho sem descanso, e Faith podia imaginar ao menos uma dúzia de assuntos que poderiam estar na sua mente essa noite. ‚É Hart, o Conselho, o ataque à Rainha, o seu súbito acesso de telecnesia, o que fazer com a sua nova convidada, a segurança da sua Rainha essa noite, o envolvimento da Sombra Vermelha com Hart, seu envolvimento com Sophie, ou a explosão do receptor auricular que fez você introspectivo?‛ ela perguntou. David se inclinou para trás em seu assento e resmungou. ‚Não era nenhuma dessas coisas até você as trazê-las à tona. Obrigado, Segunda.‛ ‚Então sobre o que você estava meditando?‛ ‚História do Signet. Por que nós deixamos de lado o nosso próprio passado. Quanto existe lá fora para se aprender e o que isso poderia fazer por nós. Imagine se há poderes que nós nem sequer sabemos que podemos acessar – coisas até mesmo mais miraculosas do que a Névoa. Pares podem combinar seus poderes e impulsionar a habilidade de um ou do outro, mas eu nunca ouvi falar de um caso onde um pegue as habilidades do outro e as use sem qualquer treinamento ou talento prévio. E se todos nós pudermos fazer isso?‛ Faith sorriu. ‚Então Jonathan poderia pegar emprestado a habilidade de luta de Deven e Deven iria constantemente reclamar sobre com que horrível guerreiro ele se Pareou.‛ ‚Deve haver uma maneira de descobrir mais. Arquivos em algum lugar. Diários. Algo. Eu não posso acreditar que ninguém em toda a nossa história não concordou comigo nisso. Nós todos não podemos ter sido estúpidos assim.‛ Harlan parou na frente da entrada de um prédio, e Faith e David saíram; o Prime se inclinou para dizer a Harlan algo, provavelmente para relembrar dos seus planos do ponto de encontro, então se endireitou, ajustando seu casaco. Era outra noite fria; desde a noite da geada na chegada de Hart, o tempo tinha estado insanamente glacial com a constante ameaça de gelo sobre as pontes.


Eles subiram os degraus de concreto até o vidro da frente do prédio, onde um segurança os encontrou e pediu pelas IDs. David sorriu e abriu o colarinho do seu casaco, revelando o Signet. O guarda assentiu e destravou a porta. Próximo aos elevadores, um homem de cabelo grisalho em um branco jaleco de laboratório estava esperando por eles. Seus passos ecoaram no vazio saguão, com apenas umas poucas luzes acessas a essa hora. ‚Mestre, Faith,‛ o homem disse. ‚Um prazer vê-los novamente.‛ ‚Doutor Novotny.‛ David cumprimentou-o com as mãos e o doutor se virou para conduzi-los ao elevador. ‚Você disse que fez progresso.‛ Faith observou o humano enquanto eles pegavam o elevador subindo ao décimo segundo andar; ele estava razoavelmente confortável na presença deles, mas ele ainda parecia um pouco inquieto uma vez que as portas deslizaram fechadas e ele ficou preso na pequena câmara com dois vampiros. Novotny dificilmente era psíquico, mas um humano letárgico seria capaz de sentir algo estranho sobre David. Normalmente não seria nada que eles fossem capazes de apontar, mas era instintivo para os mortais se afastarem, manter um olho na porta. Se houvessem dez pessoas dentro do elevador, pela hora em que eles chegassem ao andar, seria Faith e o Prime em um canto e todos os dez humanos amontoados do outro lado. Aqueles que sabiam o que eles eram, ou que tinham dom o suficiente para saber o que eles estavam sentindo, tendiam a serem muito mais relaxados ao seu redor. O laboratório de pesquisa de Novotny tomava todo o décimo segundo andar e era acessível apenas por um especial código no elevador. A companhia, Hunter Development, era uma das muitas com que David trabalhava quando ele precisava fazer algo que ele não podia projetar, fabricar, ou investigar por conta própria. Naturalmente ele era dono de 80 por cento dela. O doutor os guiou a uma sala trancada que escaneou suas retinas, impressões digitais, e voz antes de permitir que eles acessassem. Do lado de


dentro estavam mesas bastante longas e uma variedade de máquinas cujos propósitos Faith podia apenas supor. ‚Então você diz que a coisa explodiu?‛ Novotny estava perguntando com interesse. David sorriu. E Faith também, para si mesma, com a ideia de que David tinha associados tão nerds quanto ele. ‚Eu trouxe pra você o que restou.‛ Ele retirou uma caixa lisa de metal com cerca do tamanho de uma embalagem de cigarros do seu casaco e a entregou ao doutor. ‚Não é muito, mas se você tirar algo disso, me deixe saber. Todos os meus achados preliminares estão no disco do lado de dentro.‛ ‚Excelente, excelente. Soa como uma coisa muito padrão, mas você nunca sabe. Agora, por aqui...‛ Abrindo uma pequena porta na parede distante – também codificada – Novotny retirou outra caixa, essa mais larga, e a colocou na mesa de metal na frente deles. ‚Nós o corremos através da completa bateria de parâmetros.‛ Novotny abriu a caixa para revelar um cilindro de madeira afiado do lado de dentro de uma bolsa plástica de evidência, descansando em um ninho de espuma cinza. Não pareceu muito diferente de quando Faith o tinha tirado da cena do crime, exceto que o sangue de Miranda tinha sido limpo e umas poucas lascas pareceram terem sido arrancadas dele para testes. O cientista continuou, ‚Foi fácil o bastante identificá-lo como Betula pendula, madeira prateada, encontrada largamente na Europa. Esse espécime em particular pode ser traçado todo o caminho à Lapônia, região da Finlândia.‛ ‚Finlândia,‛ David repetiu. ‚Isso é diferente. Você pode dizer que isso foi feito ali, ou importado pelos Estados primeiro?‛ ‚Há traços de aço de baixo grau nas estrias deixadas pela implementação do entalhe, e esse aço tem bem mais de um século de idade – ele antecede ao


processo Bessemer7. Nossa conclusão, baseada na contaminação dos elementos no aço, é que o que quer que tenha sido usado para entalhar a estaca foi feito também na Finlândia. Baseado em traços do solo nas estrias, eu posso dizer com confiança que a estaca foi esculpida ali também.‛ ‚E sobre a pessoa que a esculpiu?‛ ‚Ali eu temo que os dados são inconclusivos. Eu posso dizer a você que ele ou ela se baseou na mão direita pelos traços do entalhe, e não houve DNA extraído exceto o da Rainha. O sangue ensopou o lado interior da madeira o bastante para causar interferência. Como você sabe, nós fizemos um progresso considerável analisando o sangue de vampiro nisso, mas na presença de tantas outras variáveis, tornou a análise profunda impossível.‛ Era um estranho equívoco da biologia do vampiro que assim que seus sangues se expusessem ao ar, ele começava a desfazer muito rapidamente. Aos olhos leigos ainda parecia como sangue, ao nível microscópico ele essencialmente morria, as células dissolviam-se como se estivessem em um ácido. Quando a luz ultravioleta o tocava, ele realmente começava a soltar fumaça. Isso tornava muito difícil o estudo, e o pessoal de Dr. Novotny era um dos poucos que tiveram algum sucesso. Graças ao trabalho deles, David foi capaz de desenvolver os escâneres de DNA dentro dos coms, primariamente usando células de pele. O lado bom significava que autoridades humanas não podiam positivamente isolar o sangue vampírico na cena do crime ou aprender qualquer coisa sobre isso em um laboratório forense padrão. Por outro lado, isso significava que a estaca provavelmente não iria dizer a eles nada útil sobre a mulher que atacou a Rainha. David pareceu desapontado, mas não inteiramente surpreso. ‚Então nós possivelmente estamos lidando com uma mulher Finlandesa, embora a estaca

7

(O processo de Bessemer foi o primeiro processo industrial de baixo custo para a produção em massa de aço a partir de ferro gusa fundido, em 1855)


não devesse ter sido dela no início, e possivelmente é um vampiro pela estaca ser tão velha, entretanto nós não sabemos disso com certeza também.‛ ‚Ela fugiu muito rápido para ser humana,‛ Faith apontou. ‚Você fez algum progresso na falha do sensor?‛ David perguntou. Novotny sacudiu sua cabeça. ‚Não mais do que você fez, Mestre. Nós não temos nenhuma ideia do por que essa assassina não estava registrada na rede. Ela estava perfeitamente na média de altura e peso, baseada na descrição da Rainha. Escudos psíquicos não iriam bloquear os sensores – eles lêem traços puramente físicos. De alguma forma ela encontrou uma maneira de confundir o sinal, como um bombardeio invisível. Eu estou supondo algum tipo de dispositivo de decodificação.‛ ‚O qual dá a ela mais do que familiaridade passageira com o sistema,‛ Faith observou desconfortavelmente. ‚Quantas pessoas do lado de fora do Haven sabem como isso funciona?‛ ‚Eu quero outra checagem na Elite e funcionários,‛ David disse a Faith. ‚Dessa vez concentrado nos contratados desde a guerra. Olhe para dentro das suas associações primárias, patrões, amigos. Encontre qualquer conexão que você possa com a Finlândia – isso vale uma tentativa. Decaia em qualquer um que esteve separado da sua unidade de patrulha ou por outro lado desaparecido por qualquer hora, por qualquer razão. Coloque-os sobre interrogatório.‛ ‚Eu pensei que você monitorasse todos os seus funcionários e Elite,‛ Novotny disse. ‚Se um deles está passando informação, quando e como eles conseguem fazer isso?‛ ‚Da última vez foi através do correio,‛ Faith respondeu. ‚A segurança está apertada,‛ David adicionou, ‚mas nenhum sistema é perfeito. Eu aprendi isso de um jeito difícil.‛ ‚Na realidade tudo o que alguém tem que fazer é deixar um recado em algum lugar que seja pego por um outro alguém,‛ disse Faith, desencorajada. ‚Nós ficamos muito mais detalhados nos nossos rastros de segurança para


contratação, e nós rastreamos qualquer lugar que eles vão através dos coms, mas há sempre buracos.‛ ‚Francamente eu estou mais concentrado com a motivação nesse momento,‛ David disse, cruzando seus braços. ‚É altamente improvável que uma gangue teria se organizado tão rapidamente em Austin depois da guerra, deixando de lado a rede de sensores, nós temos agentes nas ruas em cada cidade dentro do território escutando por uma agitação ou organização. Não houve um único grupo formado desde a batalha do Haven. Eles ainda estão muito nervosos, e eles estão esperando para ver o quanto forte Miranda e eu somos, antes deles tentarem algo. Para mim isso sugere que nós estamos lidando com um vendeta.‛ Faith assentiu. ‚Eu estava pensando a mesma coisa. Também, Mestre... eu estive considerando a exata consequência dos eventos, e eu tenho uma observação. A assassina se colocou como uma repórter, o qual significa que ela sabia o bastante sobre Miranda para serpentear pelo seu caminho e vê-la. Dado o quanto jovem e novo o Signet de Miranda é, a menção das suas duas carreiras não teve tempo de se espalhar muito longe. Como uma musicista ela é bem conhecida localmente, mas não muito além do Texas. Então houve as perguntas que ela fez – ela terminou por obter informações sobre a localização do Haven. Se nós estamos procurando por alguém mancomunado com alguém do nosso pessoal, por que eles já não saberiam onde o Haven é?‛ David se inclinou de costas contra a mesa, queixo abaixado, a típica postura ‘escutando-e-meditando-sobre’ dele. ‚Continue.‛ ‚Mais uma coisa. A mulher disse a Miranda que ela foi estúpida, o qual sugere uma certa arrogância da parte da assassina. Isso não é típico de uma gangue de pistoleiros. Eles geralmente não ironizam, e quando lidam com um Signet eles não se arriscam perdendo tempo com insultos. Ou você derruba um Signet no primeiro disparo ou você morre. De novo, eu acho que nós temos alguém aqui que tem uma razão pessoal para matar Miranda.‛


Novotny considerou enquanto ele fechou a caixa e retornou a estaca ao seu armário na parede. ‚A sua Rainha é o tipo de mulher que faz inimigos?‛ David gargalhou. ‚Ela está ficando melhor com isso.‛

Miranda já tinha decidido gostar dos seus guarda-costas, especialmente Lali, uma pequena mulher originalmente da Índia que, debaixo do seu uniforme da Elite, usava uma T-shirt estampada com Om Shanti, Piranhas! Lali tinha uma sagacidade mordaz que parecia fora de lugar com a sua calma, melodica voz, e ao final do seu primeiro turno com a Rainha as duas estavam conversando como velhas amigas. Jake era mais estoico, mais um defensor de comportamento profissional, mas ele exsudava calma e competência, e embora ele parecesse como um novato Fuzileiro Naval ele se movia como algum tipo exótico de gato selvagem. Ele originalmente era de Laredo, filho de um cowboy do Texas temente-a-Deus, o qual levou uma eternidade que Miranda saísse com ele. Na noite em que ela entrou no estúdio, Jake pareceu ter se animado com ela, e até mesmo estalou uma piada ou duas. Ele sem palavras pegou o seu violão da mala do carro e carregou para ela, e embora ela pudesse ter protestado que alguém mais fizesse o mesmo, Jake estava simplesmente sendo cortês, não implicando que ela não pudesse suportar por si mesma. Miranda estava preparada, pela experiência na gravação, ser um pouco cansativa, mas ela ainda estava impressionada de quanto exaustivo isso a deixava. Grizzly Behr, o dono e engenheiro de som, era um camarada bem disposto com uma grande barriga de cerveja, uma grande barba, e um grande sotaque, e ele gargalhava simpaticamente da mesma forma com que ela perdia o vigor enquanto as horas passavam. ‚É uma merda como um saco de cabra, mas vale à pena,‛ ele disse a ela do lado distante do vidro, onde ele e o produtor estavam refazendo a terceira


tomada da música que eles estavam trabalhando. Levou uma hora para ter tudo montado, outra para Grizzly e o produtor gravarem algumas faixas de músicas iniciais para ajustar os fones de ouvido e microfones, e mais duas para realmente gravar a música, escutá-la, voltar e consertar o segundo verso onde a sua voz cambaleou, escutá-la novamente, gravar a harmonia, escutar de novo... Miranda estava começando a odiar a maldita música, enquanto Lali, no canto da sala de controle mantinha um olho nas coisas, dando a ela um jóia mais de uma vez depois de ouvir o que eles capturaram. Ao menos eles estavam começando com uma música acústica que não requeria qualquer outro instrumento. Havia mais oito outras músicas para gravar, e elas eram muito mais complicadas. Eles teriam que conseguir um Bösendorfer no estúdio para várias delas, o qual Grizzly assegurou-a que seria brincadeira de criança. Ele tinha uma grande sala de estúdio onde grupos de orquestras gravavam, e era grande o bastante para um grande piano. Essa seria a sessão de Sábado, entretanto. Essa noite era simples... comparativamente falando. Finalmente cerca de duas da manhã Grizzle convocou uma interrupção com as coisas. Ela quis beijá-lo. ‚Bom trabalho,‛ ele disse, sacudindo a sua mão quando ela se unia a eles na sala de controle. ‚E obrigado por não ter um puta estrelismo. Nós temos muito dessas coisas.‛ Ela sorriu. ‚Engraçado – eu pensei ter ficado um pouco puta ali por um tempo.‛ ‚Nah. Apenas espere até nós fazermos ‘Bleed.’ Essa deve ser divertida.‛ Miranda deu um gemido exagerado. ‚Deus tenha misericórdia. Você já encontrou um violinista?‛ ‚Realmente eu acabei de falar com a sua amiga aqui, e ela disse que ela toca.‛ Miranda olhou para Lali. ‚Você toca?‛


A Elite sorriu. ‚Eu toco de fato, senhora.‛ ‚Parabéns,‛ Miranda disse. ‚Você é a minha pessoa favorita.‛ Na hora em que eles fizeram as malas e se aprontaram para partir, faltavam vinte para as três. Miranda estava grata pelo ar gelado do lado de fora; ela estava suada e sonolenta e o frio animou-a um pouco. Harlan já estava estacionado na frente do estúdio, junto com o segundo carro do Haven para Lali e Jake. Jake, que esteve de plantão na porta da frente, armazenou o seu violão no porta-malas do Town Car8. Enquanto ele estava aberto Miranda alcançou uma garrafa de água do engradado que estava sempre ali, em um pequeno cooler que tipicamente continha um suprimento de emergência de sangue também. Ela também levou um momento para colocar seu casaco e prender sua espada no seu lugar em seu quadril. Ela esteve relutante em levar a lâmina para dentro do estúdio em caso de alguém notá-la e fazer perguntas impertinentes. ‚Eu vou dar a você um CD demo para as músicas que nós precisamos de um violino,‛ Miranda disse a Lali. ‚Se você embarcar nessa, eu pagarei você o que quer que seja o honorário do estúdio e além disso um bônus.‛ Lali pareceu entusiasmada e estava para responder, mas Miranda ergueu uma mão para calá-la, abaixando a garrafa de água e encarando forte para dentro da noite. O que ela tinha ouvido? Ela se concentrou, estendendo seus sentidos ao redor do estacionamento e no cruzamento adjacente ao estúdio, varrendo a área por anomalias enquanto ela tentava ouvir o barulho novamente. Sua adição podia captar sons há oitocentos metros de distância, e se ela focasse sua energia em uma localização particular, ela podia captar a conversa mais do que o dobro da distância. Ele veio novamente, dessa vez mais claro como um sino: uma mulher gritando. 8

(Town Car – é um sedan de luxo)


Miranda estava fora e correndo antes que quaisquer dos guardas pudessem reagir. Adrenalina surgiu através do seu corpo, e ela deixou seus músculos tomarem conta do seu cérebro, carregando-a mais rápido até mesmo do que um corredor de Olimpíadas. As ruas estavam quase vazias nessa hora, os sons do trânsito distante nessa vizinhança escondidos fora da Lamar Boulevard. Ela conseguiu chegar a Lamar em segundos, então atravessou, serpenteando entre carros cujos motoristas mal podiam vê-la enquanto ela se aproximava ao local que queimava em sua mente com medo e violência. Quatrocentos metros mais tarde Miranda derrapou a uma parada, extraindo sua espada, sua mente e sentidos, ambos, rodopiando em círculos como se eles tentassem assimilar a cena diante dela. Uma mulher em terno de negócios estava no chão, soluçando, o conteúdo da sua bolsa espalhado a sua volta. Seu cabelo foi solto da sua presilha, e seu lábio estava sangrando onde ela foi atingida. Suas roupas estavam em desordem e ela tinha perdido um dos seus saltos altos. O olhar da Rainha ergueu-se da mulher, e seu coração pareceu dar um baque sobre a cena como os seus pés tinham feito momentos atrás, arrastandose pesadamente a uma parada em seu peito. No brilho aquoso do poste de luz na calçada uma figura se ergueu sobre uma forma lutadora de um homem. O humano, uns trinta e alguma coisa, homem branco com olhos enormes e rolando de pânico, raspando inutilmente na calçada, tentado escapar da bota preta colocada diretamente em seu pescoço. ‚Se afaste do humano,‛ Miranda exigiu, deixando seus poderes inflamar a sua volta. Que por si só deveria ter advertido a figura de pé para longe, e a visão de uma mulher segurando uma espada deveria ter ao menos o surpreendido. Ele meramente olhou para ela, queixo erguido levemente para a esquerda, como se traduzindo suas palavras em uma língua estrangeira.


Olhando fixamente de volta para ele, Miranda sentiu um lento abalo de mal-estar no seu estômago... mal-estar e reconhecimento. Ele tinha a aparência um pouco mais de um adolescente, mas as sombras em seus olhos azuis lavanda falavam de uma grande idade, de uma criatura mais velha do que ela pudesse sequer imaginar agora que ela, também, era imortal. A maneira com que ele se colocava era majestosa e orgulhosa, como um nascido com a coroa. Era algo de um contraste com o seu guarda-roupa. Ele vestia couro preto: um casaco descendo até seus joelhos, calças, e botas quase tão altas quanto o casaco era longo, coberto de fivelas e rebites. Vários quilos de jóias douradas adornavam seu pescoço, mãos, e rosto; sua sobrancelha, nariz e orelha estavam todos com piercing, a sobrancelha três vezes. Suas unhas estavam pintadas de preto, e preto contornava perfeitamente seus largos, longos cílios. Cabelo preto espetado sobre uma alta maça de rosto, um rosto de marfim que dava a ele a aparência de um anjo punk, justo como deveriam ser Lucifer e Gabriel. Ele era absolutamente bonito, tanto etéreo quanto sensual... e tão poderoso que Miranda teve que se tornar de aço para não dar um passo para trás. ‚Eu sou a Rainha desse território,‛ ela disse, entoando ferro na sua voz e energia dentro da sua áurea. Seu Signet brilhava com suas palavras. ‚Você fará como eu digo.‛ Vampiros e humanos, ambos, fraquejavam diante daquele tom da sua voz. Uns poucos se curvaram. Vários choraram. Ele simplesmente olhou para ela um momento mais longo, então ergueu uma mão e abriu um lado do seu casaco. A lâmpada da rua captou o brilho da extremidade de uma espada escondida no lado de dentro, e também como ao menos três outras facas e o que deveria ser uma estrela de lançamento. Isso, contudo, não foi o que fez o pulso de Miranda disparar.


Na sua garganta, aninhado no meio de correntes e uma cruz ansata, estava um amuleto disposto com uma enorme esmeralda. A pedra estava brilhando. Lentamente, deliberadamente, Miranda abaixou sua espada. Lentamente, deliberadamente, ele fechou seu casaco. ‚Tudo bem,‛ ela disse. ‚Quem diabos é você?‛ Ignorando a pergunta, ele sorriu. Ela notou os caninos pontiagudos. ‚Ao menos... o calor do Sul.‛ Ele tinha uma voz gentil que ainda carregava até ela facilmente. Algo sobre isso, e sobre o sorriso, ofereceu a realização de que ela especialmente não queria, e ela assentiu, os pedaços caindo em seus lugares. ‚Meu Senhor,‛ ela disse. Ele se curvou levemente. ‚Minha Senhora.‛ O Prime da Califórnia tinha chegado.


Capítulo

“M

6

INHA SENHORA! VOCÊ ESTÁ BEM?‛ Lali veio trovejando dando a volta na esquina, pronta para se arremessar dentro do perigo em Nome da Rainha, e quase bateu em cima de Miranda. Uns poucos batimentos atrás dela, David e Faith apareceram, ambos vindo a uma abrupta parada de cada lado da Rainha, ambos encarando ao seu...visitante. ‚Puta merda,‛ ela ouviu Faith murmurar. Completamente abstraído da mulher ferida ou ao ainda-lutando homem, David eclodiu em um sorriso e andou para frente, gargalhando. ‚Mestre,‛ o Prime disse, ‚é bom ver você novamente.‛ ‚É bom ser visto.‛ David sustentou sua mão, mas o outro Prime o alcançou, puxou a cabeça de David para cima, e o beijou na boca. Miranda deixou sua boca cair aberta enquanto David retornava o beijo... por vários segundos. Quando eles se afastaram, sorrindo um para o outro com mais intimidade que ela teria acreditado ser possível, o visitante disse, ‚Esse é o meu menino.‛


David retornou para Miranda, que estava boquiaberta por todo quadro e sentindo muito como se ela pisasse através do Espelho9. ‚Está tudo bem, amada,‛ ele disse a ela. ‚Permita-me apresentar o Prime Deven O’Donnell dos Estados Unidos do Ocidente e seus territórios adjacentes. Senhor Prime, essa é Miranda Grey-Solomon, Rainha dos Estados Unidos do Sul.‛ Prime e Rainha, ambos se curvaram um para o outro, e então Miranda disse, um pouco secamente, ‚Você se incomodaria em explicar o que está acontecendo aqui, meu Senhor Prime?‛ Deven olhou para baixo ao humano debaixo do seu pé com grande desdém e gesticulou em direção a mulher. ‚Uma tentativa de assalto, perto do que eu posso dizer. Eu encontrei essa coisa tentando danos corporais em direção a jovem mulher, e eu intervim.‛ ‚Lali, veja a humana,‛ Miranda ordenou. Atrás dela Lali mergulhou ao lado da mulher e começou a tranquiliza-la, procurando por lesões; a humana estava chorando, confusa e ainda aterrorizada, mas não pareceu gravemente ferida. ‚Faith, faça a ligação. Informe ao DPA que nós temos um assaltante sob custódia, e-‛ Ela olhou de volta para Deven a tempo de vê-lo empurrando o seu pé para baixo, e com um horrível rachar, o pescoço do assaltante estalou debaixo da sua bota. O homem se retorceu duas vezes e depois ficou imóvel, olhos ainda encarando. ‚Pelo Amor de Deus, Dev,‛ David disse, estremecendo. ‚Isso era mesmo necessário?‛ Deven olhou abaixo para o cadáver, depois de volta para eles, e perguntou educadamente, ‚Oh, me desculpe... você precisava disso?‛ ‚Esse é um território de não assassinato.‛ Miranda pisou adiante.

9

(no original Looking Glass que seria como se ela estivesse vendo o seu próprio reflexo, ou fazendo aquela ação)


Deven pisou sobre o corpo e se aproximou dela; eles eram quase da mesma altura, mas ele dissipava uma áurea de alguém duas vezes mais alto e duas vezes mais amplo. Havia uma ousadia em sua voz. ‚Me execute.‛ Depois ele se moveu até David. ‚Jonathan está esperando no carro uma quadra a oeste,‛ ele disse. ‚Nós devemos seguir você?‛ David pareceu um pouco aturdido pela maneira com que a Rainha e o Prime estavam lançando adagas um para o outro com o olhar, mas ele disse, ‚Sim, boa ideia.‛ Deven deu a ele um sorriso genuíno, se curvou, e foi embora. Livre da presença do Prime, Miranda sentiu seu estômago destravar, e ela respirou fundo. Houve um momento de silêncio antes de Faith dizer, ‚Okay... e... DPA está a caminho, com uma ambulância para a nossa vítima aqui. Lali alterou a sua memória para nos deletar e inseriu uma luta com um assaltante que terminou com ele quebrando o seu pescoço enquanto tentava subir na escada de incêndio mais próxima. É melhor nós irmos – Lali, fique aqui até que a polícia chegue e se certifique que ela vá para o hospital, depois volte com Jack... onde está Jake?‛ Todos olharam ao redor. Jake não estava em nenhum lugar. ‚Ele deve ter ficado no carro,‛ Lali disse. Prime, Rainha, e Segunda avançaram de volta em direção a Bat Cave, e David foi adiante um pouco para que ele pudesse ligar para o Haven e conseguir uma suíte de convidados pronta para o Pequenininho Esplêndido Bastardo e o seu Cônjuge. Fora de alcance, Miranda disse, ‚Então... esse é Deven.‛ Faith sorriu. ‚Esse é ele.‛ ‚Ele é... um pouco demais para se assimilar.‛ ‚Essa é a opinião popular, sim.‛ Faith olhou para ela sutilmente. ‚O que está errado?‛


‚Além de ainda ter outro Prime entrando na minha cidade e balançando o seu pênis por aí? Nada?‛ Faith gargalhou. ‚Eu prometo, ele não é nada como Hart. Debaixo da bravata ele é uma alma bondosa.‛ ‚Certo.‛ A Segunda ergueu sua sobrancelha. ‚O que mais?‛ ‚Nada, é só... eles são sempre assim? Ele e David?‛ ‚O que você quer dizer?‛ Miranda fez uma expressão desamparada. ‚Com o ... beijo.‛ Faith, perplexa, deu de ombros. ‚Eu imagino que sim. Por quê?‛ ‚É só estranho ver David agindo com afeição em direção a alguém além de mim. Ele é assim com todos os seus amigos? Ele só deu aperto de mãos no Tanaka.‛ A boca de Faith formou um O de surpresa. ‚Você... não sabia?‛ ‚Saber o que? Eu estou perdendo algo aqui?‛ Por agora elas tinham chegado ao estacionamento onde Harlan e ambos os carros estavam esperando; para a surpresa de Miranda, Jake não estava em nenhum lugar que se visse. Deveria ter uma unidade de patrulha por perto que poderia ter sido desviada; Jake se dispensando da missão era uma coisa, mas não respondendo o seu com... David tinha acabado de desligar o seu telefone quando disparou um alarme na rede. ‚Nós perdemos o sinal dele,‛ o Prime disse. ‚Isso não é bom.‛ ‚Você não está nem sequer obtendo sinais vitais?‛ Miranda perguntou, espreitando ao redor do braço dele ao minúsculo mapa da localização atual deles. ‚Não,‛ David respondeu. ‚Ele acabou de desaparecer. Faith, leve o time a Lake Street e Paredes. Ele deixou a rede na esquina oriental. É cerca de uma quadra de distância.‛ Ele gesticulou em direção à direita. ‚Parece que ele


começou a seguir você, mas então foi distraído. Ele deve ter visto ou ouvido algo, ou foi emboscado.‛ Ele se virou para Miranda. ‚Nós deveríamos voltar e deixar Faith cuidar disso.‛ Miranda concordou relutantemente e se uniu a ele no carro. Faith se aproximou e fechou a porta, mergulhou a sua cabeça para dentro, e disse, ‚Eu tenho a Unidade Cinco se aproximando para procurar por ele – TAC10 três minutos. Eu estou seguindo para a Lake e Paredes agora. Eu vou comunicar você assim que eu tiver notícias.‛ Sua expressão brevemente mudou de completamente negócios para travessa: ‚Aproveite a sua viagem para casa.‛ ‚Você acha que ele está bem?‛ Miranda perguntou uma vez que a porta estava fechada. David meramente olhou para ela, e ela sacudiu sua cabeça, coração se afundando. ‚Eu não acho também.‛ Nenhum dos dois falou novamente até eles estarem na auto-estrada, e Miranda lutou com outra pergunta em sua mente por um bom tempo antes que ela estivesse pronta para dizê-la. ‚Então... sobre Deven.‛ David sorriu. ‚Ele só gosta de fazer uma entrada. O exterior é um pouco intransigente, mas do lado de dentro ele realmente é um bom amigo.‛ ‚Isso é tudo?‛ ela perguntou. ‚O que você quer dizer?‛ Ela respirou fundo. ‚Eu quero dizer, vocês alguma vez já foram mais do que amigos?‛ David piscou, boca aberta levemente, como se ele tivesse esperando qualquer pergunta mas essa não tinha ideia de como responder. Então ele disse hesitantemente, ‚Eu pensei que Faith havia dito a você.‛ ‚Me dito o que?‛ Agora ele pareceu ativamente acanhado. ‚Que Deven e eu éramos amantes.‛ 10

(TAC –tempo aproximado de chegada)


Ela sabia que ela deveria parecer como um peixe encalhado, mas ela não pode evitar. ‚Quando?‛ ‚Quando eu estava na Califórnia. Nós dois servimos a Elite de Arrabicci, como co-Segundos. Nós ficamos juntos por cerca de dez anos antes do assassinato. Depois Deven pegou o Signet e nós ficamos juntos até Jonathan aparecer.‛ ‚Dez anos?‛ Ela colocou a sua mão na testa, incapaz de pensar em algo mais a fazer. ‚E nunca ocorreu a você trazer isso a tona?‛ ‚Como eu disse, eu pensei que você soubesse. Eu não percebi que isso seria tal problema.‛ ‚Não é, é... Deus, eu não sei.‛ Agora ele pareceu divertido, e isso a irritou. ‚Seria mais fácil se ele fosse uma mulher?‛ ‚Honestamente, eu não tenho ideia. Apesar de que eu não tinha nenhuma ideia que você fosse bi, isso meio que força as minhas percepções a se realinharem um pouco, e eu não estava esperando por isso.‛ ‚Oh, eu não diria bi, exatamente. Se você somar todas as pessoas com quem eu dormi em trezentos e cinquenta anos, homens contam menos do que dois por cento.‛ ‚Exceto que você não ficou com ninguém mais por uma década completa, ficou?‛ ‚Bem, não.‛ ‚Então você pode ver por que isso me abala apenas um pouco?‛ os pensamentos de Miranda e emoções estavam falando por si próprios, e ela não gostava disso. Ela não iria ser uma esposa ciumenta que não podia suportar estar ao redor do ex do seu marido quando esse ex era o seu melhor amigo; isso foi há muito tempo atrás, e além disso, ele teve muitas mulheres na sua vida, incluindo uma esposa. Por que isso tinha alguma diferença?


‚Eu entendo que você esteja chateada,‛ ele disse a ela, tocando o seu rosto. ‚Eu gostaria de ter percebido que você não soubesse. Nós poderíamos ter falado sobre isso antes deles estarem, aqui. Me desculpe ter derrubado isso em você assim.‛ ‚Está tudo bem,‛ ela insistiu. ‚Eu quero dizer, não está bem, é como se eu estivesse ficado um pouco assustada, mas não por que... eu quero dizer.. é só... estranho. Eu aprendo algo sobre você todos os dias, e eu amo isso, mas considerando o como significativo isso é, talvez você pudesse ter mencionado isso em algum momento?‛ David ficou pensativo por um momento, mas depois ele disse, ‚Há muitas coisas que você ainda não sabe sobre o meu passado, amada. Eu tenho cerca de trezentos e cinquenta anos de história dignas para você.‛ ‚Eu sei,‛ ela disse. ‚Eu penso sobre isso bastante.‛ Ele encontrou seus olhos. ‚Então pergunte,‛ ele disse a ela gentilmente. ‚O que quer que você queira saber, apenas pergunte. Eu não quero sequer que você pense que eu estou guardando segredos. Há algumas coisas sobre as quais eu não gosto de falar, verdade, mas se você quer saber, você merece saber. Nós vamos ficar um com o outro por um longo tempo, e isso significa que nós temos que ser honestos. Sem se esconder.‛ ‚Obrigada.‛ Ela se inclinou e beijou o seu nariz, sorrindo um pouco. ‚Eu entendo que uma vez que você nunca falou sobre essa parte do seu passado, e vocês não estão mais juntos, não é uma história completamente feliz.‛ Seus olhos cintilaram para longe dos dela apenas tempo o bastante para ela ver que estava certa. ‚Não terminou bem,‛ ele disse. ‚Ao menos, não para mim.‛ ‚Espere... você quer dizer que ele deu o fora em você?‛ O sorriso de David estava tocado com pesar, e isso fez o coração dela doer, percebendo quanta dor estava debaixo das palavras que ele disse, ‚Sem a menor cerimônia e estrondosamente.‛


‚Mas... por que?‛ Mesmo embora a pergunta estivesse feita, entretanto, ela sabia. ‚Por causa de Jonathan. Foi por isso que você deixou a Califórnia. Não era para você fazer o seu doutorado e sim era para se afastar de Deven.‛ ‚Sim.‛ ‚Vocês se amavam?‛ De novo, o sorriso, mas ele desapareceu rapidamente. ‚Muito sim. Mas todos sabiam que um Prime é destinado apenas a estar com o seu Cônjuge. Todos na Corte pensavam que o Signet me escolheria, mas ele não escolheu, e dentro de seis meses, ele escolheu outro alguém que Deven conhecia em um total de dez minutos. Eles dois caíram de amores um pelo outro instantaneamente, como se eles estivessem sidos atingidos por um raio, e eu... eu deixei de existir.‛ ‚Aquele pequeno bastardo!‛ Ele fez um movimento indefinido com a sua cabeça: meio que uma sacudida, meio que um aceno. ‚Ele estava tão confuso por isso como eu estava, eu acho. Eu fingi que tudo estava bem entre nós e que eu entendia, mas claro que estava destroçado. Jonathan foi o único que percebeu que eu estava mentindo, mas na hora em que Deven compreendeu o quanto dolorosamente ele me magoou, eu deixei a Califórnia, e eu nunca voltei.‛ Havia uma antiga, antiga mágoa em sua voz, e ela pegou suas mãos e as beijou, quase se arrependendo de trazer o assunto a tona. ‚Me desculpe.‛ ‚Me levou dois anos para recuperar a nossa amizade,‛ David continuou, olhando para baixo às suas mãos unidas, acariciando a palma dela com o seu dedão. ‚Assim que Jonathan teve a visão que eu pegaria o Signet, eu comecei a entender por que Deven e eu nunca nos Pareamos, e isso ajudou. Eu tenho meu próprio caminho a percorrer e eu não podia fazer isso com ele. Para não mencionar,‛ ele disse, sorrindo de novo, dessa vez sem tal tristeza, ‚eu tinha você para esperar por mim.‛


‚Mas isso ainda machuca,‛ Miranda disse, movendo-se mais perto dele. ‚Você ainda tem seu coração partido.‛ Ele colocou seus braços ao redor dela e disse com um suspiro, ‚Sim. Pior do que eu acho que eu alguma vez tive na minha vida... exceto por quando eu pensei que você estivesse morta.‛ Ela se inclinou para trás o suficiente para olhá-lo no olho. ‚E eu deveria gostar desse cara?‛ David riu. ‚Eu espero que sim... embora eu imagine que irá levar a vocês dois um tempo para chegar até aí. Dev é difícil de conhecer na melhor das vezes. Eu acho que você vai achar Jonathan muito mais fácil de conviver. Ele é mais aberto, amigável. Mas por favor, Miranda.. dê a Deven uma chance para te conquistar. Por mim‛ ‚Eu vou tentar. Mas eu terei uma dificuldade em não chutá-lo no saco por machucar você.‛ Seu sorriso ampliou. ‚Se você quer chutá-lo no saco, você tem a minha permissão. Deus sabe que eu quis por um longo tempo.‛ ‚Eu posso te perguntar mais uma coisa?‛ ‚Qualquer coisa, amada.‛ ‚Como diabos ele coloca todo aquele delineador sem um espelho?‛ David gargalhou, mas antes que ele pudesse repetir, seu com soou. Ele ficou sóbrio, suspirando resignadamente e disse, ‚Estrela-um.‛

‚Mestre, é Faith. Eu tenho notícias sobre Jake.‛ Prime e Rainha se encararam. Faith soou excepcionalmente deprimida. ‚Vá em frente,‛ ele disse a Segunda.

‚Ele se foi, Mestre. Alguém o levou – sem o seu com.‛ ‚Como isso é possível? Eles não podem sair.‛

‚Eles podem se a mão saiu, também.‛ David fechou seus olhos. ‚Você encontrou sua mão.‛


‚Sim. Ele foi decepado no pulso e deixado no meio da calçada. Há bastante sangue. O time tinha um kit forense então eles foram capazes de determinar que era de Jake. Mas não há nenhuma outra evidência que nós podemos ver. Nós estamos tentando rastreá-los, mas até agora não há nada para continuar. Sem impressões digitais, sem pegadas, nada nos sensores. Sem corpo. Ele ainda pode estar vivo.‛ ‚Deus,‛ Miranda sussurrou, descansando sua cabeça no frio vidro da janela do carro. ‚Pobre Jake. E pobre Lali... eles eram amigos.‛ ‚Continue olhando,‛ David disse. ‚Eu vou fazer uma procura e rever a atividade na área. Retorne ao Haven antes do amanhecer e me dê um relatório completo.‛

‚Como você desejar. Estrela-três, fora.‛ ‚Ele pode estar vivo,‛ Miranda murmurou, segurando suas lágrimas de volta tanto de mágoa quanto de raiva. ‚Por que alguém iria matá-lo e só deixar a sua mão?‛ ‚Eu não sei. Se eles o quisessem para informação, aí está a razão para eles removerem o com então nós não o encontraríamos... mas até mesmo para um vampiro isso é uma ferida séria.‛ ‚Ele sangraria até a morte?‛ ‚Isso depende.‛ David inconscientemente esfregou o seu próprio pulso. ‚Seria bastante fácil reatar a mão; quase qualquer vampiro poderia fazer isso em poucos minutos, embora levasse várias horas para ter todo o tato de volta. Sem a mão ... se fosse comigo, eu poderia parar o sangramento e forçar a ferida a fechar, assumindo que eu estivesse consciente, em cerca de vinte segundos. Mas se ele tiver outras lesões, ou tiver sido nocauteado, ou estivesse de cabeça para baixo fazendo a gravidade trabalhar contra ele...‛ ‚É o bastante,‛ Miranda disse, cobrindo seu rosto com suas mãos. ‚Eu entendi.‛


‚Nós não sabemos com certeza,‛ David disse a ela. ‚Não vamos assumir o pior até que Faith reporte de volta.‛ Mesmo enquanto ele dizia isso, entretanto, Miranda sabia que ele estava pensando, e ela sabia, em seu estômago, que ele estava certo. Jake pode ter sobrevivido à amputação, mas eles não o encontrariam com vida.‛ ‚Pobre Jake,‛ Miranda repetiu, limpando seus olhos. ‚Eu gostava dele.‛ David atraiu a cabeça dela ao seu ombro novamente e eles passaram o resto da viagem para casa em silêncio ..., mas em seu coração Miranda sabia que quem quer que estivesse atrás disso não pararia com um assassinato... Esse era apenas o começo.

David estava certo sobre uma coisa: Jonathan não era nada como o seu Prime. De fato, Miranda adorou o Cônjuge no momento em que eles se encontraram. ‚Jonathan Burke,‛ ele disse, pegando a mão de Miranda e beijando galantemente. ‚Eu estou tão excitado em finalmente conhecer a mulher que tirou as mãos de David do seu Mac.‛ Miranda sorriu. ‚De vez em quando, por um tempo.‛ ‚Bom Deus, David, você não nos contou quanto linda ela é,‛ Jonathan adicionou enquanto ele olhava Miranda de cima abaixo com óbvia apreciação que não era nem lascivo nem invasivo. ‚Você não é nem de perto bom o bastante para ela.‛ Agora Miranda gargalhou, e David também. ‚Você está absolutamente certo,‛ David respondeu. ‚Mas eu estava na esperança que ela não descobrisse isso por algumas décadas ao menos.‛


Depois das apresentações formais eles se retiraram para o mesmo estúdio onde David levou Hart, embora ao Par foi dado uma suíte mais perto na ala do Signet, em reconhecimento as suas relações com o Sul. Miranda andou ao lado de Jonathan, que era uns bons quinze centímetros mais alto do que David e portanto quase trinta centímetros mais alto do que tanto Miranda quanto Deven. Ele tinha a constituição de um jogador de futebol americano, ombros largos com músculos formidáveis, mas ele se carregava da maneira que todos os portadores do Signet faziam, com misteriosa graça e conforto em sua própria pele. Teria sido fácil para ele ser um estúpido gigante pesadão, mas ele tinha uma boa índole e agradavelmente aberto, com um animado acento Britânico e cintilantes olhos cor de avelã sob seu indisciplinado cabelo loiro. Ele não era tão estereotipicamente sexy quantos muitos vampiros que ela conheceu, também; ele era bonito, mas de um jeito rude, alguém que você não gostaria de encontrar em um beco escuro, mas iria querer ao seu lado em uma briga de bar. Ele estava vestido em um terno com gravata em um deslumbrante roxo escuro, e Miranda teve que retribuir o seu elogio: ‚Você tem uma aparência malditamente impressionante por si só, meu Senhor.‛ Jonathan pausou e fez um rodopio de passarela. ‚Obrigado, minha Senhora. Eu gostaria de levar o crédito por isso, mas eu tenho o senso de moda de um Amish ditchdigger11. Deven me veste em ocasiões especiais; por outro lado eu sou estritamente um tipo de sujeito de jeans e T-shirts.‛ Deven olhou de volta sobre seu ombro para Jonathan, e o sorriso que ele deu ao seu Cônjuge foi carinhoso, até mesmo gentil. ‚Você só é preguiçoso,‛ ele disse. ‚Eu sou, de fato, querido. Mas eu também sei quando deixar um especialista tomar o controle.‛

11

(Amish é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos por seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis).


Eles entraram no estúdio e pegaram dois sofás, um Par em cada. Os serventes já tinham trazido uma garrafa de whisky, o qual Deven ergueu e leu, depois sorriu para David.‛ ‚Você está aprendendo,‛ Deven disse. ‚Fino Macallan de Rara Coleção, quarenta anos de idade. Não é de todo mau.‛ David bufou suavemente. ‚Isso é para impedir você de reclamar sobre meu gosto de estacionamento de trailers.‛ ‚Jack Daniel é pior do que estacionamento de trailer,‛ Deven disse. ‚É um encontro com a sua irmã em uma reunião familiar.‛ ‚Você, meu amor, é um esnobe,‛ Jonathan disse ao seu Prime com um sorriso. ‚Eu vi você bêbado com quase tudo do Château Latife em uma banheira de gin.‛ Todos os homens beberam whisky, o qual Miranda odiava; ela derramou uma taça de Cabernet e a sorveu, admirando a maneira com que a lareira captava os tons de jóias do vinho e fazia ele parecer como uma taça manchada de cor de sangue. ‚Eu entendo que você tenha algo de um motim com Hart,‛ Deven disse. ‚Muito bem.‛ ‚Isso foi afazer de Miranda,‛ David respondeu, pegando a sua mão. ‚Tem sido uma longa jornada, mas Cora, uma das mulheres de Hart, foi o catalisador e Miranda a faísca. Depois que ele assassinou as outras garotas, qualquer esperança de amizade entre nós se desfez. A próxima reunião de Conselho deve ser interessante.‛ ‚Você abriu um sangrento ninho de marimbondos,‛ Deven disse, um pouco duramente. ‚Não é sábio cruzar com alguém tão instável quanto Hart. Isso se voltará para caçar você, eu prometo.‛ Miranda disse friamente, ‚Eu alegremente aceito essa chance se isso signifique salvar Cora daquele animal.‛


Deven olhou para ela sobre a borda do seu copo. ‚Isso é por que você é tão nova para ter mais experiência.‛ Seu temperamento inflamou. ‚E você deixaria que ele a levasse, Senhor Prime? Sabendo pelo que ela estava passando e como ela iria morrer?‛ Deven não estava afetado pela borda na voz dela. ‚Na sua posição nós devemos considerar o bem comum e não ir cortejando guerras por causa das causas dos seus animais de estimação.‛ Ela sabia que seus olhos estavam ficando prateados, mas ela não se importou. ‚Talvez você devesse considerar o bem comum e não ir cortejando guerras para compensar um coração frio ou um pequeno-‛ ‚Miranda,‛ David começou, mas Miranda suspendeu uma mão, e ele caiu em silêncio. Enquanto isso Jonathan estava assistindo toda a troca com um leve sorriso, olhando para trás e para frente entre a Rainha e o seu Prime como se fosse um grandioso entretenimento de uma partida de tênis. Deven inclinou a sua cabeça novamente, colocou seu copo abaixo, e disse, ‚Qualquer luta entre nós, minha Senhora, será curta e desagradável.‛ ‚Justo como você,‛ Miranda mordeu de volta. Silêncio. Então Deven gargalhou. Miranda não, mas ela sentiu a tensão no ar dissipar e sentou-se para trás com sua taça de vinho. ‚Eu gosto dela,‛ Deven disse a David. ‚Ela é viva e destemida, justo como eles dizem. Dê a ela cinquenta anos e ela será uma força da natureza.‛ David deu a Deven um olhar que fez Miranda sentir-se um pouco melhor. ‚Ela é uma força da natureza nesse momento, e eu acho que é melhor você manter isso em mente, e também o fato de que independentemente do nosso relacionamento passado, eu não vou aceitar amavelmente qualquer um ofendendo a minha Rainha.‛


Qualquer que fossem as palavras que David deu a ela no carro, Miranda podia sentir agora que as coisas entre ele e Deven estavam mais longe de se resolverem. Havia raiva ali, entremeada com a dor da traição. ‚Jonathan,‛ Miranda disse, ‚você gostaria de uma excursão no nosso Haven enquanto nossos Primes discutem o qualquer que seja o negócio que eles precisam discutir? Eu adoraria uma chance de mostrar a você nossa casa e conhecer você melhor.‛ Ela nitidamente ignorou Deven enquanto ela falou. Jonathan riu. ‚Isso seria adorável, minha Senhora. Vamos?‛ Ele ofereceu seu braço, e Miranda sorriu e o pegou, conduzindo o Cônjuge para fora do estúdio tomando grande prazer ao fechar a porta firmemente atrás deles.

‚Londres?‛ Miranda perguntou. Jonathan sorriu, afrouxando sua gravata. ‚Bom chute, minha Senhora. Eu nasci e cresci em Soutwark, servi a Rainha por uns bons anos, depois fiz o meu caminho atravessando o Atlântico e, eventualmente, ao Oeste, como muitos outros colonos depois de mim.‛ ‚Como vocês dois se conheceram?‛ Jonathan claramente achou isso engraçado e riu enquanto ele tirava as tampas de duas cervejas do engradado que eles buscaram no seu caminho. Ele a entregou uma garrafa e manteve uma para si, e eles brindaram antes de tomar um gole. ‚Era como algo fora de uma ruim novela de romance,‛ ele disse, inclinando-se para trás contra a chaminé. ‚Era 1952 – um grande grupo da Elite, e o Prime, estavam tomando uns drinks no after-hour em um bar no centro da cidade, e eu fui para tentar conseguir um emprego com eles. Eu era novo na cidade; eu imaginei que eu estaria a serviço da patrulha e em poucos


anos trabalharia meu caminho em ascensão. Eu conheci David e Faith, que me levou para conhecer o Prime, e no minuto em que nós demos as mãos, bam! Seu Signet se iluminou como o Natal. Cinco segundos mais tarde um assassino tentou derrubá-lo com uma flecha. Eu empurrei Dev do caminho, recebi o tiro, e acordei na cama dele.‛ ‚Vocês não se conheciam em nada?‛ ‚Não. Eu nem sequer sabia seu nome. Mas eu sabia que eu pertencia a ele.‛ Jonathan sorriu para fora, sobre o telhado que cercava o Haven. ‚Estranho, realmente. Eu estive com centenas de homens ao longo dos anos e eles eram todos mais como eu – musculoso e com um lado um pouco imprudente. Então aqui estava esse garoto de aparência frágil com suas tatoos e cicatrizes, e eu enlouqueci completamente.‛ ‚Cicatrizes?‛ O Cônjuge assentiu. ‚Muitas. No interior e exterior.‛ ‚Quantos anos tem Deven?‛ ‚Nós não sabemos exatamente, por que não há registros do seu nascimento, mas foi algo no início de 1300, na Irlanda.‛ ‚Ele tem setecentos anos de idade? Jesus!‛ ‚Um dos mais velhos vampiros vivendo na terra.‛ ‚E ele é um cretino com todo mundo, ou é só comigo especialmente?‛ Outro sorriso, outro girar do seu Shiner Bock. ‚Isso não é óbvio, minha Senhora? Ele está com ciúmes.‛ ‚Ciúmes? Por quê?‛ Eles tinham ido ao local favorito de Miranda no Haven, ou muito favorito, no topo do Haven: um recanto no telhado perto da suíte do Signet que oferecia um local abrigado para assistir a noite partir. Quando ela precisava de um minuto sozinha ela frequentemente serpenteava para fora do telhado, e ela estava consciente que David fazia a mesma coisa, algumas vezes nesse exato ponto. Era silencioso e a vista era espetacular. Daqui ela podia ver o pasto,


quando Isis e Osiris estavam atualmente pastando em lentos círculos, e os jardins que ela e David atravessaram quando ela veio viver no Haven pela primeira vez. Jonathan, cujas longas pernas estavam penduradas no beiral, disse, ‚Eles nunca realmente chegaram a algum lugar como um desfecho no relacionamento deles,‛ ele disse. ‚David fugiu – com razão – e Deven fez o melhor reparo por ser um tolo, mas até poucos meses atrás eles não tinham estado no mesmo espaço. Eles colocaram de lado seus sentimentos a fim de manter suas amizades, mas nunca esteve verdadeiramente terminado entre eles. E enquanto David estivesse sozinho, as coisas podiam ficar dessa maneira. Agora, você está aqui, e gostando disso ou não esse capítulo se fechou para eles. Eles terão que ter que resolver isso de alguma maneira.‛ ‚Isso significa que eles ainda se amam?‛ ‚Oh, sem dúvida.‛ Ele disse no rosto de Miranda e adicionou rapidamente, ‚Mas você não precisa se preocupar.‛ ‚Você está de brincadeira?‛ ‚Me escute, Miranda, e se lembre disso, por que isso irá salvar você da mágoa enquanto os anos se passam.‛ Jonathan sentou-se para frente, segurando o seu olhar, sua expressão normalmente alegre ficando séria. ‚Você é a alma gêmea dele. Vocês estão atados até a morte e possivelmente mais tempo que isso. Ninguém, e eu quis dizer isso literalmente, ninguém pode surrupiar sua posição na vida dele ou no coração. Ele irá amar você até o sol queimar à poeira. Mas isso não signifique que nenhum de vocês não irá jamais amar ninguém mais ou querer ninguém mais. Para sempre é muito tempo, se até mesmo relacionamentos mortais evoluem – o nosso também, se nós sobrevivermos.‛ Miranda suspirou e pegou o rótulo na sua cerveja. ‚Então você compartilha Deven com outras pessoas?‛ ‚Dev? Oh, inferno não. Ele não está interessado em traseiros extracurriculares. Ele me compartilha.‛


‚Sério?‛ Miranda deu a ele um olhar incrédulo. ‚Eu pensaria que ele é aquele que transa com todos os caras que se movem.‛ O sorriso de Jonathan voltou, mas ela podia sentir algo escondendo-se debaixo dele que era muito familiar. ‚Eu não vou entrar em detalhes na parte dele – isso é pra ele revelar. Mas eu direi que quando ele e David se tornaram um casal pela primeira vez, já tinha se passado cem anos desde o seu último amante.‛ ‚Whoa. Sério?‛ ‚Sim. E nossa relação não é o que você chamaria de passional. Cada Par fica junto para completar a outra parte, e no nosso caso, o que ele precisava não era alguém com quem ter sexo, era alguém para amar que não iria colocar exigências nele, só ser um conforto e uma companhia que nunca o iria abandonar. Nós concordamos muito cedo que nossa vida sexual é algo esporádico, e com isso eu senti que precisava de mais, eu estava livre para procurá-la. É uma combinação perfeita para nós.‛ Ele gargalhou de novo em o olhar no rosto dela. ‚Como eu disse, para sempre é muito tempo. O estágio ‘apaixonado’ do relacionamento é fugaz. O que você precisa é de parceria e companhia, um mais profundo e mais permanente amor que transcende o físico. Algumas vezes isso é romântico e sexy, algumas vezes não. Mas ao longo dos anos você e David encontrarão o que funcione para vocês.‛ ‚Sem ofensa, Jonathan, mas eu acho isso muito deprimente.‛ Ele sorriu. ‚Nenhuma ofensa. Eu percebo que isso soa estranho, especialmente desde que você provavelmente gastou toda a sua vida humana amarrada aos tradicionais relacionamentos humanos. Mas nós não somos humanos... e a maneira que nós amamos não é tradicional. Não pode ser, quando a eternidade é um fator. Sem mencionar que, Dev... bem, como eu disse, ele tem cicatrizes. E realmente, se ele tivesse que fazer tudo novamente, ele provavelmente ficaria inteiramente fora da política do Signet e se uniria a um dos da Ordem.‛


‚Ordens de...‛ ‚Monges vampiros,‛ Jonathan explicou. ‚Ordens religiosas de imortais. Há varias disseminadas ao redor do mundo. Deven tem conexões com uma delas, a Ordem de Eleusis – eles são místicos metalúrgicos conectados com Misteriosos Eleusiásticos anciões na Grécia, e existem rumores que eles forjaram o primeiro símbolo Grego do infinito, talhando desenhos em lâminas.‛ Miranda não tinha ideia do que pensar sobre isso – soou tão remoto e inacreditável em pensar que houvesse atualmente religiões para vampiros, embora qualquer raça que existisse tanto tempo estava atada a ter suas próprias crenças. Ela se perguntou se David teria investigado isso, dado quanto curioso ele era sobre a origem do sistema do Signet. Ela teria que mencionar isso mais tarde. ‚Então, sobre Deven... o que eu tenho que fazer quando ele me encarar?‛ ‚Encare de volta. Mostre a ele que você tem culhão e você não irá recuar, e ele irá respeitar você. Assim que ele sentir que você combina com David, ele irá retroceder.‛ Ela ergueu uma sobrancelha para ele. ‚Por que você está me dando esse conselho tão aliviado? Por que você não me deu a mesma mágoa que ele deu?‛ Jonathan bufou. ‚Para o caso de você não ter reparado, nós não somos a mesma pessoa. Eu sou um Cônjuge, o que significa que eu leio as pessoas muito bem, então eu sabia que você era fantástica no dar e receber. Deven tende a reservar julgamento. Mas a pior coisa que você pode fazer é deixá-lo intimidar você.‛ ‚Eu odeio dizer isso, e eu espero que isso não chateie você, mas nesse momento eu realmente não me importo sobre o respeito dele tanto quanto eu me importo sobre o meu pé plantado no traseiro dele.‛


O Cônjuge rompeu-se em uma audível e contagiosa gargalhada que a fez gargalhar, também. ‚Tudo bem,‛ ele disse. ‚Você chute o traseiro dele, Miranda. Ele merece isso.‛ Eles brindaram com suas garrafas novamente e se inclinaram para trás contra os tijolos para terminarem suas cervejas enquanto a noite fria continuava girando acima deles.

Nenhum dos dois falou por um tempo, mas finalmente apenas para quebrar o silêncio David observou, ‚Você cortou seu cabelo.‛ Devem abaixou seu copo. ‚Sim.‛ ‚Como ser um ajudante para a Cura está funcionando para você?‛ Deven disparou um dedo para ele, e eles sorriram um para o outro. ‚Você está parecendo bem,‛ Deven notou. ‚Muito melhor do que a última vez que eu vi você.‛ Cruzando um joelho sobre o outro, ele adicionou, ‚Claro, agora você tem a sua adorável incendiária para manter você aquecido.‛ Os olhos de David se estreitaram. ‚Você está com ciúmes, Deven?‛ Desta vez, Deven abaixou o seu olhar primeiro. ‚O Conselho está completamente ouriçado sobre o seu rompimento com o Nordeste. Eu não tenho ouvido muito, mas até agora as fofocas tem sido ao seu favor. Considerando que todos odeiem Hart, não é surpreendente, mas ainda, as consequências serão interessantes.‛ David não assinalou a troca de assunto. Deven sim, sem dizer uma palavra, respondeu a pergunta. ‚Eu não vou perder o sono por causa de Hart. As ações de Miranda podem ter sido severas, mas elas estavam certas.‛ Deven sorriu. ‚Enfim você tem uma companheira que compartilha com você o seu idealismo. Eu espero que ela não se torne tão cínica quanto eu fui uma vez que ela sobreviveu a sua humanidade.‛ ‚Você é mais humano do que gosta de admitir.‛


‚Não há necessidade de insultar, David.‛ Dev bebeu da sua bebida e adicionou, ‚Ela não tem nenhuma razão de ser ameaçada por mim.‛ ‚Oh? Depois de você aparecer e praticamente se jogar para cima de mim, quando eu sequer havia contado a ela sobre nós ainda-‛ ‚Você não disse a ela?‛ Deven soou genuinamente incrédulo, uma raridade para ele. ‚Nós estivemos juntos dez anos, eu fui o seu primeiro e o único amante homem por tanto tempo, e você não contou a ela? Mas que diabos você dois estiveram falando pelos últimos três meses, então? Cavalos e placas de circuitos?‛ David tinha que admitir que Deven estava certo, e dizendo que esperava que Faith tivesse relatado a estória para Miranda não era inteiramente honesto... ele tinha pensado nisso, verdade, mas conhecendo Miranda, se ela tivesse sabido, ela teria querido falar sobre isso com ele assim que ela ouvisse a história. ‚Eu senti um pouco como um idiota sobre isso,‛ David disse um pouco irritado. ‚Eu acho que parte de mim quis bancar como um dos meus muitos desastres amorosos ao invés do que realmente ele foi.‛ Os olhos de Deven se prenderam no dele. ‚E o que foi, David?‛ David olhou para ele... Deus, ele tinha esquecido o quanto bom era despencar naqueles olhos, e o quanto perigoso era, que eles continuassem para sempre e não houvesse maneira de voltar. ‚Foi uma tragédia,‛ David respondeu suavemente. ‚Talvez a maior tragédia da minha vida.‛ ‚Pior que Elizabeth?‛ ‚Sim.‛ ‚Pior que Anna?‛ David fechou seus olhos contra a memória, empilhando a dor daquela sensação de perder Deven ... ‚Sim. Você me recompôs depois de Anna, mas você se importaria em supor quem me recompôs depois de você?‛ Deven suspirou. ‚Ninguém. Você estava sozinho.‛


‚Exatamente, todos esses anos por conta própria, vivendo com o seu fantasma, sabendo que você estava feliz com o seu novo Cônjuge e eu tinha subitamente me tornado inútil para você, e você realmente se pergunta por que eu não contei a Miranda sobre isso?‛ Deven pareceu como se ele quisesse dizer algo, mas pausou, depois disse a David, ‚Você não precisa protegê-la de mim. Ela é forte, uma mulher capaz, que pode defender-se por si própria.‛ ‚Eu sei disso.‛ ‚Mas ela é nova e precisa aprender a escolher suas batalhas. Ela poderia ter encontrado uma maneira menos combativa de ajudar aquela garota, e você poderia ter tido tempo de descobrir o que Hart estava realmente fazendo aqui.‛ ‚Eu descobri, na verdade, ou ao menos parte disso. Ele está tendo um pequeno problema de assassinatos – ele clama que a Sombra Vermelha está atrás das mortes de vários dos seus Elites.‛ As sobrancelhas de Deven se uniram em surpresa. ‚Baseado em que?‛ ‚Ele encontrou algo – um receptor auricular prateado. Eu tentei analisálo, mas ele tinha um mecanismo de auto-destruição e quase arrancou o meu olho na noite passada. Hart clama que ele é tecnologia da Sombra, mas ele tem apenas palpites e boatos como suporte. Ele também pensou que eu tinha algo a ver com isso por causa da minha predileção por engenhocas e por que Miranda aprendeu a lutar com um vampiro que clamava ter sido um membro passado da Sombra.‛ Deven pareceu até mesmo mais dúbio. ‚Eles não tem membros passados, eles têm? Eu pensei que se unir à Sombra era um comprometimento para a vida toda.‛ ‚Faith disse que conheceu Sophie em um bar, e elas se bateram e foram beber juntas. Com o decorrer da noite Sophie disse a ela que ela era uma exSombra.‛


‚Eu acho isso improvável,‛ disse Deven. ‚Essa garota pode ter sido um inferno de uma guerreira, mas se você fosse o Alpha, como você reagiria sabendo que um dos seus empregados estava entoando sua identidade em público?‛ ‚Tem isso. Eu estou supondo que o Alpha a teria matado – mas Sophie morreu em batalha aqui, meses depois dela dizer a Faith quem ela era.‛ ‚Nenhum pouco eficiente para uma organização que se supõe ser indetectável,‛ Deven assinalou. ‚Quanto você sabe sobre eles, então?‛ O Prime circulou o seu copo ao redor da sua mão, o gelo tintilando. ‚Eu ouvi todos os rumores normais. Tudo o que realmente pode ser verificado é que eles são uma rede de operações contratados por clientes humanos por quantidades insanas de dinheiro. Eles respondem a uma única chamada individual do Alpha. Eles sempre trabalham sozinhos, e eu ouvi que nenhum deles conhecem uns aos outros. Nomes em códigos, esse tipo de coisa, bem manto e espada. Eu não posso imaginar por que eles começaram a escolher a Elite de Hart, ao menos que um humano tenha um rancor contra ele e os tenha contratado, o qual eu admito não ser impossível.‛ ‚Você acha que um receptor auricular como esse é algo que eles usariam?‛ ‚Se as estórias são verdadeiras e eles são completamente solo, com quem eles iriam se comunicar?‛ ‚O Alpha?‛ ‚Talvez. Mas parece como se fosse mais eficiente usar telefones ou, talvez, algo como os seus coms. Um receptor auricular se perde muito facilmente.‛ ‚Isso foi o que eu pensei. Além do mais, eles deveriam ser a ultra-Elite; um deles deixando evidências como essa é muito desleixo.‛ ‚E completamente fora da linha do modo de operação deles,‛ Deven adicionou. ‚Como eu entendo isso, a maior parte do trabalho deles é totalmente encoberto, mas algumas vezes as pessoas os contratam não apenas para matar


alguém, mas para mandar uma mensagem. E nesse caso eles sempre deixam algo para trás, um tipo de cartão de visitas.‛ ‚Como o que?‛ Deven nocauteou o resto do seu whisky e esticou a mão para a garrafa. ‚A mão esquerda da vítima.‛ David deixou o seu copo cair.


Capítulo

P

7

ELA PRIMEIRA VEZ QUE SE LEMBRASSE, CORA ESTAVA sozinha. Ela espalhou suas costas na enorme, suave cama que era miraculosamente toda dela – não somente que ela não tivesse que dividi-la, ela podia dormir ali tanto quanto ela quisesse, rolar e se desfazer das cobertas, até mesmo pular para cima e para baixo se ela quisesse. Ela tinha espessos cobertores e lençóis aveludados que a mantinham aquecida durante todo o dia, tratava-se da coisa mais maravilhosa que ela jamais viu. Ela podia dormir todo o dia sem o medo que mãos suadas iriam agarrá-la e arrastá-la para o outro lado do quarto. Ela não tinha que escutar as outras garotas chiando e choramingando. Não havia gritos, sem xingamentos, apenas o som do fogo estalando. Prodígios eram quase escassos aqui, entretanto. Ela tinha um quarto todo para ela! Havia um guarda do lado de fora, mas ele não a incomodava exceto ao bater na porta e trazê-la seu sangue. Todo o sangue que ela quisesse! Ela bebeu tanto da primeira vez, só por que ela podia, que ela ficou enjoada do seu estômago, mas depois disso ela manuseou as coisas lentamente e cuidadosamente e conseguiu reprimir-se mais e mais cada vez que ela se


alimentou. Ela manteve as sobras em um pequeno refrigerador no quarto, e as aquecia no microondas como os serventes a mostraram, mas se quisesse, ela poderia ter requisitado uma bolsa de sangue novinha cada dia. Cada dia! Só para ela! Com isso, na noite seguinte ela se sentiu mais forte. Seus membros não mais tremiam. Ela não estava congelando todo o tempo. Sua pele sentia menos esticada sob seus ossos. Ela gastou horas na grande banheira, apenas ensaboando e enxaguando como uma criança, ou ficando debaixo do escaldante jato de água quente do chuveiro e se esfregando repetidamente com sabonete essência de lavanda. Então ela se vestiu em uma indeterminada, mas confortável roupa que a Elite tinha trazido para ela: calças de algodão pretas e camisa de manga curta as quais eram aparentemente modelo padrão para dormir e se exercitar no Haven. Ela nunca tinha vestido calças antes, mas ela as amou. Ela tinha meias de pelúcia em seus pés e uma escova de cabelo para si mesma. Era uma inacreditável quantidade de luxo para uma mulher que passou tantos anos dividindo um quarto com oito outras mulheres. Aquelas poucas pessoas que ela tinha encontrado até agora pareceram surpreendidas pela sua ingenuidade por tais comunalidades, mas para ela, elas não eram comuns. Ela ainda não tinha visto a Rainha de novo, o qual estava bem para ela; pessoalmente, a Rainha tinha sido aterrorizante, embora ela tenha a alcançado como um anjo vingador – ou deusa – e admitido Cora com sua própria inexperiência. O Prime, também, foi assustador, mas ele deu a ela um sorriso confiante e falou com ela na sua própria linguagem, uma cortesia que ela nunca teria esperado para um nada como ela. Cora tinha sido poupada de um último encontro com o Mestre, mas ela sabia que ele se foi, justo como ela sabia que haveria consequências mesmo antes dela descobrir o que aconteceu com as outras garotas. Ele poderia voltar


para ela, ou matá-la. Ele poderia simplesmente abandoná-la e encontrar outra escrava. Mas por agora, ao menos, ela estava em paz. Finalmente ela começou a ficar um pouco entediada, ou ao menos um pouco interessada no que estava além da porta. Ela não queria interagir com ninguém se ela pudesse evitar, mas ela estava curiosa sobre esse enorme lugar que era, no momento, sua casa. Ela espiou sua cabeça para fora e viu que sua guarda-costas tinha saído; era a troca de turno, então outro iria aparecer em poucos minutos. Ela sabia que eles estariam tristes se ela vagasse muito longe. Mas certamente não ira fazer mal apenas descer o corredor e voltar para trás? Ela não estava bastante forte para ir mais adiante daqui de qualquer maneira. Cora pegou o casaco com capuz que foi dado a ela e o colocou para manter o tardio frio do outono, fora dos seus braços magricelos. Ela não tinha sapatos, mas ela não tinha a intenção de ir para o exterior, e os pisos aqui eram tão impecáveis que ela teria comido neles. Certamente o Haven que ela viveu nunca foi limpo assim. Aqui não havia poeira, sem fedor adjacente de corpos por lavar e sexo. Ela sentia o cheiro de mobília polida, fumaça da lareira, e cera de velas. Ela ainda tinha que se mover lentamente. Anos de fome e abusos a deixaram mais fraca do que um recém-nascido gato de celeiro, e algumas vezes suas pernas simplesmente cediam debaixo dela e ela se derrubava ao chão, contundida e envergonhada. O corredor acabou por não ser terrivelmente interessante. Era enfileirado com portas fechadas, mas ela gastou algum tempo olhando para o trabalho artístico e os objetos de decoração enquanto ela tomava o seu caminho ao longo do corredor. Ela espiou dentro de umas poucas portas abertas, encontrando uns poucos quartos não usados, uma câmara cheia de armas antigas, e um estúdio para algum tipo de coisa.


Finalmente ela virou à esquerda descendo um corredor que tinha muito mais luzes que o dela. Ela percebeu o que eram: janelas. Quase tonta de excitação, Cora fez o seu caminho até elas, e sua respiração ficou presa quando ela olhou para fora. Ela não tinha visto o mundo exterior em tanto tempo... ela tinha tido vislumbres quando a van a carregou e as outras três garotas para chegarem aqui, mas antes disso, tinham se passado anos. Não havia janelas no quarto do harém. O Mestre odiava luz natural, mesmo da lua, e não queria dar a elas nenhuma ideia sobre escapar ou fugir, não que elas pudessem fazer isso se elas tivessem estado tão inclinadas. Ela olhou para fora, mão na sua boca. Era tão lindo. O corredor estava no segundo andar, virado sobre um labirinto de jardins e além disso, a floresta. As estrelas estavam queimando em seus adornos de diamantes, e pela luz da meia lua, ela pode ver veados mordiscando os arbustos ultra-periféricos. O jardim estava repleto de flores com florescimento noturno, e embora ela não soubesse seus nomes, algumas eram familiares, sussurrados a ela de uma longa vida perdida nos morros gramados, marcado com gargalhadas juvenis e o som de vacas mugindo à distância. Cora ficou ali olhando o mundo, sua mente oscilando, seu coração tão pleno que doía, por um longo tempo. Ela observou corujas enrugadas descendo das árvores para arrebatar pequenas criaturas da grama. Ela observou um macho com galhadas prateadas brilhando, fazendo seu trajeto majestoso junto à extremidade da floresta. Ela observou as estrelas virarem, e ela chorou com alegria silenciosa. Ela estava tão absorta em testemunhar a noite que ela não ouviu os passos, mas ela sentiu alguém se mover ao seu lado. Ela se encolheu, se virando, pronta para correr – ou tentar correr, qualquer coisa que seu corpo deixasse que ela fizesse. ‚Não tenha medo,‛ ele disse suavemente. ‚Eu não vou machucar você.‛


Agora, ao invés de encarar a janela, ela olhou para ele. Ele tinha uma aparência de um jovem, magro vampiro, mais estranho do que qualquer coisa que ela já viu no Haven do Mestre. Ele tinha um rosto angelical transpassado em vários lugares com anéis de prata, e seu cabelo era escuro; ele vestia uma camisa de manga curta que mostrava tatuagens cobrindo ambos os braços do pulso ao ombro. Em um lado estava um anjo com uma espada; no outro, um demônio alado segurando uma pomba. Ela viu o amuleto ao redor do seu pescoço, esse brilhando fracamente um verde esmeralda, e ela engoliu forte além do seu medo, caindo dolorosamente de joelhos. ‚Desculpe-me, Mestre,‛ ela sussurrou. ‚Pelo que?‛ ele perguntou curiosamente. ‚Eu não afastei meus olhos.‛ Ele fez um barulho aborrecido e murmurou algo sobre bastardo covarde, depois gentilmente ergueu seu queixo com sua mão então seus olhos se encontraram. ‚Nunca afaste seus olhos de ninguém, Cora,‛ ele disse a ela. Ele falou um italiano quase perfeito salvo pelos demorados traços de algum cadenciado sotaque. ‚Agora, levante-se.‛ Ela obedeceu, enxugando seus olhos. Ele se uniu a ela na janela, olhando para fora como ela tinha. ‚Esse lugar é magnífico,‛ ele disse, mantendo sua distância, mas falando com ela casualmente. ‚Eu gostaria que meu Haven tivesse um décimo dessa beleza.‛ Cora engoliu novamente e perguntou, ‚Onde você vive, meu Senhor?‛ ‚Califórnia. Eu acho que você gostaria de lá; nossa casa me lembra um pouco da Itália.‛ ‚Como... como você sabe meu nome?‛ Ele sorriu. ‚Eu ouvi sobre você do Prime Solomon e sua Rainha. Seu quarto é abaixo no corredor ao nosso.‛ ‚Sua Rainha está aqui com você?‛


‚Meu Cônjuge,‛ ele corrigiu. ‚Seu nome é Jonathan.‛ ‚Oh...‛ Ela subitamente soube quem ele era; ela ouviu o Mestre reclamando sobre ele, suas condutas depravadas, suas perversões ... ele o fez parecer um tipo de monstro distorcido, não ... assim. ‚Você é o Prime Deven.‛ ‚Eu sou. É um prazer conhecer você, Cora.‛ Ele pegou a sua mão e beijou levemente, e ela corou. Isso foi o mais delicado que um homem já a tinha mostrado. Ela esteve com tanto medo do Prime do Sul, mas esse Deven era diferente; ela sabia por instinto que ele não tinha interesse em fazer as coisas com ela que Hart tinha feito, nenhum interesse em tocar qualquer mulher com desculpa de raiva ou luxúria. Isso era reconfortante. ‚Meu Mestre odeia você,‛ ela disse. Deven riu. ‚Eu sei. Isso me dá tanto orgulho, como dá saber que eu poderia arrancar os membros dele com uma mão. Ele gosta de pensar que é forte, mas se ele fosse metade tão poderoso quanto ele clama ser, ele teria me derrubado há tempos atrás. E, Cora ... ele não é seu mestre agora. Você é uma mulher livre, sua própria mestre.‛ Cora digeriu isso por um momento, mas isso a deixou débil do estômago, com pânico. ‚O que eu estou fazendo?‛ ela sussurrou. ‚Nada, por agora,‛ ele disse a ela. Havia tal cuidado nos seus olhos, os quais na escuridão, brilharam como ametistas. ‚Por agora, concentre-se em se tornar forte e saudável. O Par irá deixar você ficar tanto tempo quanto você quiser, sem perguntas. Você está segura debaixo do cuidado deles.‛ ‚Por que todos aqui são tão bondosos comigo?‛ ela desabafou, então sentiu suas bochechas ficando até mesmo mais escarlates. ‚Eu não sou ninguém. Eu não importo para ninguém.‛ Deven colocou sua mão no rosto dela, e ela sentiu calor e força fluindo para dentro do seu corpo que ajudaram-na a ficar de pé um pouco mais reta e deixaram suas lágrimas sob controle.


De pé ali com a palma dele tocando sua pele, ela sentiu algo... algo se agitar dentro dela, e uma imagem piscou no olho de sua mente: Ela viu um jovem homem com profundos olhos violetas e cabelos ruivos, em pé na extremidade de uma floresta com uma mão no tronco de uma árvore, sorrindo para ela... não, não para ela... para Deven. A imagem se foi tão logo ela veio, e ela não tinha ideia como interpretá-la, ou se ela fosse de alguma forma real. ‚Você é importante,‛ ele disse, a surpreendendo para fora da sua confusão mental. ‚Eu asseguro a você que você é. Enquanto ao por que... bem, eu posso dizer a você que o Prime e a Rainha são, ambos, boas pessoas, muito protetoras com aqueles que não podem se proteger sozinhos. No fundo é por isso que o Signet existe, mas a maior parte de nós tem esquecido isso. E, Cora... eu não tenho o nível de visão que meu Cônjuge tem, mas eu sei uma coisa: Você tem um trabalho a fazer nesse mundo. Eu sei disso.‛ Ela estava tremendo pelo que ela tinha visto – e tudo o mais pelas suas palavras – mas ela tinha a sensação, profundo em sua barriga, que ela não deveria falar disso. Ainda não. ‚Você sabe?‛ Ele sorriu novamente. ‚Sim, eu sei. Agora... você será capaz de encontrar seu quarto de novo, quando você estiver pronta para descansar? É justo ali virando a esquina, cinco portas abaixo na direita. E se você for a outras duas portas e cruzar o corredor, você irá nos encontrar. Nós estaremos aqui uns poucos dias, então se você precisar de algo, você precisa apenas pedir.‛ Fungando, ela assentiu. ‚Obrigada, Mestre.‛ Ele pisou para trás e se curvou. ‚Boa noite, jovenzinha.‛ Cora enxugou seus olhos uma última vez, na manga do seu casaco, depois se virou de volta para a janela, onde ela permaneceu até suas pernas mal puderem a manter de pé, então fez o seu lento caminho de volta ao seu quarto, sorrindo.


‚Espere, espere... você está me dizendo que David teve um namorado?‛ Miranda assentiu. ‚Mais como um marido, realmente. E ele é um completo asno.‛ ‚Wow.‛ Kat se inclinou para trás na sua cadeira, observando Miranda se retorcendo dentro de um espartilho de vinil preto, sacudindo a sua cabeça em descrença. ‚Isso é loucura. Eu quero dizer, yeah, ele é um pouco afeminado, mas-‛ ‚Você acha que David é afeminado?‛ Miranda perguntou, pausando, um pouco ofegante de tentar fechar a maldita coisa. ‚Eu nunca notei isso.‛ ‚Não é nada em particular, apenas uma... qualidade.‛ ‚Bem, eu não tinha ideia. Toda a coisa me pegou completamente de surpresa.‛ Miranda colocou o top no lugar, então se inclinou para manusear seus seios dentro dele corretamente. ‚É errado que eu me sinta estranha sobre isso?‛ Kat fez uma careta. ‚Mira, claro que você se sente estranha. Pense sobre isso: Em relacionamentos nós formamos conceitos das pessoas baseados em nossos comportamentos e no que nós sabemos sobre suas histórias. Esses conceitos podem ser corretos ou não, e eles podem ser saudáveis ou não, mas independentemente, se algo os abala, abala a gente, também. Você conhecia David de um jeito, e acontece que esse jeito não estava inteiramente no alvo, então agora você tem que se ajustar. Dado como próximos vocês são, isso faz ficar ainda mais difícil.‛ Miranda encarou sua amiga. ‚Bem?‛ Kat franziu o cenho, olhando a roupa. ‚Eu gostei mais da primeira – a renda vermelha destacou os seus olhos, fez o verde ficar mais intenso.‛ Miranda gostaria por um momento que ela pudesse se ver; ao invés dela estar em um provador com uma cortina colocada sobre o espelho e Kat ali para criticá-la. Ela nunca gostou realmente de fazer compras, e ela gostava de comprar roupas para o palco, menos ainda. Com sorte ela confiava no


julgamento de Kat. ‚Você está certa. Deixe-me tentar o outro com essa calça – se eu conseguir fechar essa calça. Jesus, as garotas Góticas são esqueléticas. Ao menos eu tenho uma bunda.‛ ‚E um par de peitos de matar,‛ Kat comentou. ‚Especialmente dentro desse traje.‛ Miranda correu suas mãos descendo sobre o seu torso para alisar a camisa, o qual não era realmente um espartilho; ela não podia usar um verdadeiro no palco e cantar da maneira que ela cantava. Havia também limites para a divisão entre os seios que ela podia administrar com a alça do violão sobre a sua cintura. ‚Eu apostaria que existem coisas mais perturbadoras no passado de David do que um namorado cretino.‛ Kat retornou ao assunto, entregando-a de volta o primeiro top. ‚Ele tem trezentos e cinquenta anos de idade, depois de tudo. E provavelmente ele não chegou onde ele está sendo bonzinho.‛ ‚Não, ele não chegou.‛ Miranda não tinha dito a Kat muito sobre o passado de David, nem mesmo como ele tinha pego o Signet; ela não estava certa se Kat estava pronta para isso. ‚Ele passou por muito e fez muito.‛ ‚Bem, se você pode lidar com tudo isso, você pode lidar com um pequeno afeminado. Não é como uma coisa ruim. Bi é a nova gostosura, sabia?‛ Miranda rolou seus olhos. ‚Só se forem duas mulheres em um filme pornô para caras héteros.‛ ‚E enquanto o ex sendo um asno – se David ainda gosta dele, e o marido dele é um ótimo sujeito como você disse, e o ame, ele não deve ser tão mal. Talvez você devesse tentar encontrar algum terreno comum. Além de David, eu quero dizer, por que isso pode ficar estranho.‛ Miranda sorriu para ela. ‚Como você ficou tão malditamente sábia?‛ Kat bufou. ‚Sábia eu seria se eu não tivesse ficado grávida.‛ A Rainha sentou-se no banco do trocador, abandonando sua indagação por um momento. Ela esteve evitando o assunto pela maior parte da noite por


que ela sabia que Kat estava cansada de pensar sobre isso cada momento do seu dia, mas agora que Kat trouxe a tona, Miranda se perguntou o que ela esteve querendo desde que encontrou Kat do lado de fora da loja. ‚O que Drew disse?‛ Kat deu de ombros. ‚Ele está radiante. Ele quer casar.‛ Miranda podia ouvir a ambivalência, e ademais, ela podia sentir isso. ‚E você?‛ ‚Eu não sei. Eu parei com os ataques de pânico, então isso é um progresso. E eu estou feliz que eu não segui com o aborto antes de Drew voltar. Mas eu ainda não sei o que eu vou fazer.‛ Miranda não disse nada, embora o desejo de fazer Kat prometer que manteria o bebê era tão forte que ela teve que morder seu lábio contra as palavras. Isso deveria ser parte do seu dom de premonição, se isso pudesse ser chamado de dom. Ela sabia, ela apenas sabia, que Kat teria o bebê, e que seria uma garota, e de alguma forma... de alguma forma essa garotinha iria crescer para ser muito importante para muitas pessoas. Mas ela não estava para colocar pressão em Kat. ‚Eu amo crianças,‛ Kat continuou. ‚Mas eu vi tantas tão ferradas, e vi como o mundo é tão duro para elas... como eu posso ter uma criança?‛ Miranda respirou fundo, se levantou, e trocou para o top de renda vermelha, dizendo tão casualmente quanto ela pode, ‚Talvez você seja exatamente o tipo de pessoa que deva ter crianças, então. Alguém que esteve ali e viu o melhor e o pior das pessoas. Alguém educada, com senso comum. Você poderia dar a uma criança um ótimo lar, com ou sem Drew.‛ ‚Mas eu estou pronta para isso?‛ Miranda se inclinou e fez a sacudida dos peitos de novo, se arrumando dentro da roupa e testando para ver se ela conseguia respirar. Até agora tudo bem. ‚Alguém está?‛


Kat inclinou a cadeira para trás em duas pernas, suspirando pesadamente. ‚Me distraia, okay? Me conte mais sobre o seu grande marido gay.‛ Miranda arremessou um prendedor de cabelo nela. Kat gargalhou, colocando a cadeira para baixo novamente. ‚Oh, vamos. O cara é ao menos gostoso?‛ ‚Repugnantemente,‛ Miranda respondeu. ‚Ele é todo Gótico e couro.‛ ‚E ele é realmente velho e poderoso?‛ ‚Cerca de setecentos anos de idade, e sim. Aparentemente os vampiros mais comuns só vivem cerca de quinhentos anos no lado de fora, então ele é como um pequeno Yoda com presas.‛ Kat deu a ela um sorriso brincalhão. ‚Você já teve alguma fantasia?‛ ‚Sobre o que?‛ ‚Sobre eles dois transando.‛ ‚Deus, Kat! Não!‛ Kat gargalhou. ‚O que quer dizer sim. Admita, Mira, é excitante! Apenas imagine eles na cama-‛ ‚Kat!‛ Miranda grunhiu, procurando por mais alguma coisa para jogar. ‚Quem você acha que estaria em cima?‛ Kat ponderou excitadamente. ‚Pare com isso!‛ Miranda tentou soar ultrajada, mas ela estava gargalhando muito forte, e disse, ‚Okay, eu vou lhe dar isso, vê-los se beijando foi meio que... sexy.‛ ‚Eles se beijaram? Houve língua?‛ Dessa vez Miranda lançou uma camisa enrolada nela. ‚Não que eu vi. Agora me diga o que você acha, para que eu possa ou comprar essa coisa ou dar o fora daqui.‛ Kat olhou para ela novamente, então cintilou seus dedões para cima. ‚Perfeito. Eu desafiaria qualquer um a ser um asno com você nesse traje.‛ ‚Graças a Deus. Eu tive o suficiente dessa porcaria de compras por uma noite. Me deixe colocar minhas roupas verdadeiras de volta e nós vamos tomar um sorvete.‛


Poucos minutos mais tarde Miranda estava misericordiosamente de volta nos seus jeans, embora ela estivesse usando um top de renda preto com mangas estilo boca de sino e sua favorita grande bota preta. Ela gastou muito tempo desajeitada por aí em T-shirts puídas de volta quando ela era louca; conforto ainda vinha em primeiro lugar, mas ela sabia que ela parecia bem em roupas levemente mais... apropriadas a vampiros. Ela colocou as novas roupas no balcão, onde uma garota entediada com um piercing no lábio superior e três quilos de base branca, olhou para cima da sua cópia do Apanhador no Campo de Centeio. ‚Eu posso lhe ajudar?‛ ‚Sim,‛ Miranda disse. ‚Você tem a calça em um tamanho dez? Essas estão um pouco desconfortáveis.‛ A garota não rolou os olhos, mas Miranda sabia que ela estava fazendo isso na sua mente. Seu tom estava, ambos, entediado e desdenhoso quando ela disse, ‚Você viu alguma na prateleira?‛ O temperamento de Miranda inflamou, e ela olhou para dentro dos olhos da garota, poder e imortalidade, ambos, claros na sua voz. ‚Vá checar nos fundos, por favor.‛ A garota ficou mais pálida debaixo da sua Decomposição Urbana e gaguejou por um segundo antes de dizer, ‚Sim, claro. Espere apenas um segundo.‛ Miranda sacudiu sua cabeça e olhou para Kat, que estava olhando para ela de forma avaliadora. ‚Você não tem sempre que encantá-la com seu poder vampiro.‛ Miranda sorriu. ‚Como você sabe?‛ ‚Eu me lembro desse tom de voz da vez que eu levei você à Emergência do hospital e você quase colocou aquela enfermeira aos seus pés. Você estava de pé ali de calcinha e você podia muito bem ter tido uma coroa em sua cabeça.‛ A atendente voltou com um par de calças garantidas a caber na Rainha, que a entregou o seu Visa sem palavras.


‚Você não vai verificar o preço?‛ Kat perguntou. Miranda deu de ombros. ‚Eu não estou preocupada com isso. Eu tenho que vestir isso na frente de uma platéia, então eu não me importo em gastar mais.‛ ‚Oh, certo, eu esqueci, você é a Senhora Endinheirada vulgo Com o rabo cheio da Grana agora.‛ Miranda assinou o comprovante do cartão e disse, gargalhando, ‚É Rainha Endinheirada vulgo Com o rabo cheio da Grana, muito obrigada. Agora vamos – há um sundae duplo de baunilha mexicano com calda de chocolate ali com meu nome em cima.‛

David não era o tipo de homem que deixava para mais tarde, e ele certamente não era aquele que evitava encarar seus problemas – ao menos, não mais. Uma vez em algum tempo atrás ele tinha fugido tão longe e tão rápido de Deven quanto ele pode, e apenas quando havia várias centenas de milhas de distância entre eles, ele podia respirar novamente. Ele pensou que todas essas milhas e todos aqueles anos tinham feito o que desculpas não poderiam. Ele pensou que o passado era passado, e agora que eles dois tinham Cônjuges e estavam presumidamente felizes e estabelecidos em seus reinos, seria como tinha sido uma vez, quando ele tinha sido aprendiz de Deven no anel de treinamento e eles tinham sido amigos do lado de fora. Negação, negação, negação. Agora aqui estava ele, em seu quarto, ponderando a espada em sua mão – uma espada que o próprio Deven deu a David depois dele tomar o Signet do Sul – deixando progressivamente para mais tarde e mais tarde o seu compromisso na sala de treinamento, e David Solomon, Prime do Sul dos Estados Unidos, estava completamente assustado.


Estava tudo voltando agora. Os flashes do sorriso de Deven, a suavidade da sua boca, a maneira como ele se movia como um dançarino e um assassino ao mesmo tempo ...o fogo frio em seus selvagens olhos que desmentiam o fundido coração apaixonado dele, um núcleo que alguma vez, só tinha se deixado abrir para um homem... e esse homem não era Jonathan. Por dez anos David e Deven tinham sido inseparáveis. Da primeira noite que eles caíram na cama de David, tirando cada um o uniforme da Elite do outro e pressionando necessitados, afiados caninos dentro da pele um do outro, eles tinham sido atados por sangue e sexo tão fortemente que nenhum deles conhecia mais os seus limites. Finalmente Prime Arrabicci recebeu a notícia sobre o que estava acontecendo em sua Elite e chamou o Segundo e seu tenente no escritório do Prime. ‚Eu ouvi alguns rumores perturbadores considerando vocês dois,‛ Arrabacci tinha dito cansado, e David soube exatamente quem estava ali antes, discursando e divagando sobre os pervertidos em seus meios. ‚Tenente Torvald me informou que vocês dois tem conduzindo algum tipo de terrível relacionamento sexual.‛ David e Deven estavam de pé lado a lado na frente dos seu Prime, e Deven disse, ‚Sr., Tenente Torvald está, como sempre, errado. David e eu não estamos conduzindo algum tipo de terrível relacionamento sexual. Nós estamos de fato conduzindo um fodido fantástico relacionamento sexual.‛ Arrabacci grunhiu e colocou sua cabeça nas suas mãos. ‚Vocês vêem a posição que vocês me colocaram aqui? Apesar de quaisquer preocupações sobre o que vocês dois estão fazendo...o que quer que vocês façam, de fato é que nós temos regras sobre sênior Elite convivendo com seus juniores. Eu poderia ter vocês dois arremessados para fora daqui pelas suas bundas.‛


‚Mas você não vai, Mestre,‛ David assinalou. ‚Você mesmo disse que nós temos o melhor recorde na Elite. Nos lançar para fora só por que nós dormimos juntos – na folga, Mestre – seria estrategicamente imprudente.‛ ‚Regras são regras, Tenente. Portanto eu não tenho escolha além de promover você.‛ David pausou, franziu o cenho. ‚Me desculpe, Mestre?‛ ‚Você está por este meio promovido a co-capitão e irá servir ao lado de Deven . Não lhe será concedido quaisquer privilégios ou aumento salarial antes de seis meses de período probatório, apenas para deixar claro que eu não vou recompensar comportamento divergente – eu quero que todos vejam que você mereceu o seu lugar ao topo, David. E quanto a sua... relação...‛ David preparou-se. Mas tudo o que o Prime disse foi, ‚Obviamente está afetando a sua habilidade de luta de uma positiva e útil maneira. Vocês dois foram dos malditos melhores guerreiros da minha Elite para os melhores guerreiros que eu já vi. Então o que quer que vocês dois estejam fazendo um com o outro na cama, continuem fazendo... apenas não me deixe ouvir sobre isso.‛ ‚Como você desejar, Mestre,‛ eles dois disseram juntos. Então eles partiram do escritório e andaram com extrema dignidade de volta ao alojamento de Deven, onde eles procederam a transar um com o outro sem sentido por todo o resto da noite e do dia seguinte. Deven precisou de alguém que o trouxesse da sua escuridão. David precisou de alguém que não morreria com ele. No início tinha sido uma amizade ideal, dois muito diferentes lobos solitários à procura de um bando... mas logo... um olhar começou a se demorar; um toque pareceu tomar a sua própria harmonia; estava lá uma suavidade nos olhos de Deven quando falava dele? Nenhum deles estava procurando por um amante, e ainda eles tropeçaram e caíram de cabeça no amor como um par de adolescentes cheios de hormônios.


Eles passaram dez anos lutando e fazendo amor. Seus desejos um pelo outro floresciam em combate. Uma vitória nas ruas significava que eles estariam metade pelados e transando no carro a caminho de casa. Seus sangues ferviam e eles se rasgavam um no outro fervorosamente. Todo o mundo de David contraía a qualquer que fosse a cama que eles estavam, a requintada dor prazerosa de quem estava sugando ou acariciando quem, a doçura do sangue de Deven na sua língua. E agora, quando as coisas estavam tão diferentes, seu coração traidor queria uma viagem de volta ao tempo, de volta a antes de nenhum deles conhecerem a carga do Signet, de volta a quando ele acreditava que eles tinham um futuro juntos.

Não. Está acabado. Vocês são amigos agora. Nada mais. Era compreensível que vendo Dev novamente iria causar antigos sentimentos, e antigas feridas, borbulhando na superfície. A última vez em que eles se viram, David esteve perdido em seu pesar por Miranda, então não houve nenhum tempo para nada disso, apenas tempo para Deven ajudar a trazê-lo para fora disso, o colocá-lo de volta aos seus pés, e deixá-lo pronto para voltar ao trabalho. Dessa vez não havia tal distração emocional. Agora, o Par estava aqui, e ele estava para ir à disputa prática como eles fizeram uma centena de vezes, e nenhum deles começaria a arejar algumas coisas para fora ou a amizade deles estaria finalmente condenada. Lógico, sim... e tão atraente quanto uma lobotomia por um utensílio de lareira. A porta do quarto abriu e Miranda entrou carregada com várias bolsas de compras e uma expressão de uma mulher que tinha acabado de sair vitoriosa em uma batalha épica. ‚Graças a Deus está acabado,‛ ela disse ofegante, largando o seu ganho na sua cadeira na lareira. ‚Eu comprei por alguns meses desde que eu não adquire muitos músculos a mais.‛


Ela se aproximou e o beijou na testa. ‚Não era para você estar na sala de treinamento espancando o nosso convidado? Whoa... o que está errado, baby? Você parece como se estivesse visto um fantasma.‛ Ela ajoelhou na frente dele. Ele inclinou sua testa contra a dela. ‚De uma maneira, eu vi,‛ ele conduziu. ‚Não era previsto que você viesse comigo?‛ Ela olhou dentro dos olhos dele, e ele não se incomodou em tentar esconder seus sentimentos. Isso seria sem sentido. Miranda colocou suas mãos na lâmina que ele estava segurando, projetando um suporte calmo, embora se ele fosse ela, ele estaria um pouco perturbado em encontrar seu marido de tal maneira em relação a um ex. ‚Me conte do que você tem medo.‛ David tentou encontrar as palavras. ‚Eu não quero chatear você.‛ ‚De todas as razões por que você deveria,‛ ela disse. ‚Se há algo que você acha que você pode me dizer, deve ser importante. Sem segredos, lembra? Entretanto... eu posso imaginar.‛ ‚Você pode?‛ ‚Claro. Eu não sou cega, David.‛ Ele descansou a sua cabeça sob seu ombro. ‚O que eu devo fazer? Forçar um confronto? Ir fingindo que nada está errado?‛ ‚Eu não acho que isso funcionaria,‛ Miranda disse a ele. ‚Só vai continuar ficando no caminho – e se vocês querem permanecer amigos você terá que colocar tudo isso para fora e lidar com isso de cabeça erguida.‛ ‚Eu espero que você não esteja preocupada que eu irei...‛ ‚Eu confio em você, David. Eu sei que você não faria nada que arriscaria nosso relacionamento. Além disso, eu posso sentir... foi realmente intenso entre vocês, mas intensidade é uma maneira de queimar a cinzas no mundo real.‛ ‚Eu não sei,‛ ele murmurou, traçando seu lábio superior com o seu polegar. ‚Eu acho que as coisas com você e eu ficam muito intensas algumas vezes.‛


Ela sorriu, e sua língua sacudiu para fora para tocar a pele dele, enviando eletricidade entre eles. ‚Verdade, mas eu tenho umas poucas distintas vantagens sobre Deven.‛ ‚Quais seriam elas, amada?‛ ‚Uma: eu tenho vagina, o qual estatisticamente você prefere. Dois: eu sou mais bonita. Três: eu não sou uma completa babaca.‛ Ela se levantou, puxando ele junto com ela. ‚Agora, vamos. Sem se esconder, se lembra? Você vai e cruze espadas – e eu quero dizer em um sentido de arte marcial, obrigada – e tente conseguir tirar alguma dessa angústia do seu sistema. Eu vou tomar um banho, e depois Jonathan pediu para me ouvir tocar.‛ ‚Você tem certeza que não quer vir comigo?‛ Ele tentou não soar lamentoso. ‚Eu tenho certeza. Você é o Prime do Sul dos Estados Unidos, baby. Você arremessa terror nas almas dos infratores e tremores dentro das coxas da sua Rainha. Não há nada no seu coração que você deva temer.‛ Ele sorriu para ela, a beijou, depois disse. ‚Eu sou o bastardo mais sortudo nessa terra por ter encontrado você.‛ Miranda assentiu. ‚Eu sei.‛ Então ela entregou a ele sua espada e o enxotou para fora da porta.

A fofoca viajou com velocidade vampírica no Haven, e na hora em que David alcançou a sala de treinamento uma multidão considerável de Elites, de folga, incluindo Faith, tinha se reunido para assisti-lo contra o Prime do Oeste. Deven já estava ali, pontual como sempre, e David desejou que Miranda tivesse vindo – não por causa do seu pavor da coisa toda, mas por que ela teria amado ver Deven fora do seu traje de rock star. Dev vestia os mesmos tipos de roupas de exercício que todos mais usavam para praticar na ala de treinamento; mesmo sem todo aquele couro, embora, ele ainda era uma visão impressionante,


como a camisa que ele vestia revelava a manga comprida de tatuagens que ele tinha desde quando David o conhecia. ‚Você está atrasado,‛ Deven observou levemente. ‚Regalia de Prime,‛ David respondeu, descascando seu casaco e trocando sua espada da sua oculta bainha para aquela na sua barriga. Debaixo do casaco ele também, estava vestido para lutar. Ele gesticulou para as tatuagens de Deven. ‚Você deu um retoque na do anjo?‛ Deven olhou abaixo para o seu braço direito. ‚A cor estava desaparecendo em alguns lugares. Ironicamente a outra não teve nenhuma alteração.‛ David sorriu. ‚Eu não acho isso particularmente irônico, Mestre.‛ Dev piscou para ele um sorriso cego. ‚Pronto para ter a sua bunda açoitada?‛ ‚Não em frente a todo esse pessoal,‛ David disparou de volta com uma sobrancelha arqueada. Era fácil, tão fácil, deslizar dentro das brincadeiras levemente de flerte que tinham sido a marca dos seus primeiros anos. Até mesmo sentia-se bem – mas sexo tinha complicado tudo. Sempre complicava.‛ ‚Você percebe claro que você não pode possivelmente me bater,‛ Deven disse, extraindo sua espada. A lâmina captou a luz perfeitamente, e Deven a ergueu, depois se curvou, algo que ele aprendeu durante o seu tempo no Japão quando, as lendas eram que, ele estudou com o samurai. ‚Você pode se surpreender,‛ David disse, ecoando a saudação. Eles circularam lentamente ao redor um do outro por um momento... e então mergulharam. David não tinha intenção de perder facilmente, mesmo que Deven estivesse certo – o Prime do Oeste tinha um número de vantagens nessa luta, mesmo à parte da sua idade e experiência. Deven tinha dois talentos psíquicos, nenhum dos quais era terrivelmente comum: Ele nasceu com habilidade de cura, o que diferia dos Pares compartilhados era que ele podia usar isso em qualquer um, até mesmo humanos; e ele tinha uma estranha combinação de


telepatia e premonição de baixo grau que, adicionada com sua força e agilidade, o possibilitava antecipar os movimentos do oponente. Ele tinha ensinado a técnica para poucas pessoas, incluindo David, mas sem o dom psíquico por si só havia um limite do quanto essa pessoa podia aprender. David não era presciente – Miranda era, como Rainha, mas seu talento ainda era novo e pouco desenvolvido. Se ela fosse alguma vez capaz de controlar isso, ela poderia aprender o poder da dança da maneira que Deven podia. David, contudo, tinha que se contentar com sua inumana velocidade e graça. O som de espada contra espada era afiado e rítmico, os dois Primes se movendo ao redor um do outro como estrelas gêmeas, a sala de treinamento simulando o luar captando o aço com cada golpe através do ar. Com sua Elite assistindo, David se recusou a se envergonhar; ele lançou tudo na competição, deixando sua conscientização da sala deslizar ...então sua conscientização de si mesmo. Poder fluiu através dele, líquida chama prateada como uma lâmina. Ele se embebedou disso e derramou-o no seu corpo. Ele podia se sentir começando a cansar, mas ele alcançou por mais energia junto da conexão com Miranda. Deven estava claramente surpreso de quanto ele tinha melhorado desde que eles lutaram pela última vez, mas ele não errou o ataque, movendo tão rápido que ele estaria praticamente invisível a um humano e um borrão mesmo para a Elite reunida. David foi o seu aprendiz por anos e ele conhecia o seu estilo tão bem quanto ninguém mais. A sala desapareceu. David sentiu algo nele mesmo escancarar, e ele piscou. Subitamente, sua visão pareceu dobrar, mas as duas imagens estavam diferentes – em uma, Deven estava na frente dele, e na outra ele estava um escasso centímetro para a direita... David percebeu o que ele estava vendo apenas em tempo de contar o movimento e, quando Deven oscilou sua espada ao redor, em direção a garganta de David, David não estava mais ali.


O choque do Prime foi evidente, mas isso não o distraiu por muito tempo. Gradualmente eles caíram dentro de um ritmo perfeito, cada conhecimento da ação do outro um deslize de segundo de vantagem, nenhum capaz de ganhar a vantagem. Era como se eles estivessem lutando com eles mesmos. No exato mesmo momento, eles dois se giraram para longe um do outro e pararam. Prime e Prime, ambos, olhos amplos e respiração forte, encarando um ao outro. Eles continuaram a se encarar enquanto a multidão estourava em aplausos.


Capítulo

A

8

PIOR PARTE SOBRE UMA GRAVIDEZ NÃO PLANEJADA era; até que ela decidisse o que fazer, Kat não poderia sequer superar e esquecer sobre isso. Ela não podia pensar sobre nada mais. Sentada na sua mesa, discutindo sobre fundos para o abrigo de uma nova família, ela se imaginou como uma das mulheres espancadas escapando do inferno doméstico com um bebê na cidade. Dando palestras sobre controle da natalidade às crianças carentes, distribuindo camisinhas e folhetos de informações em clínicas locais que provinham contraceptivos de baixo custo, ela se sentia como uma total hipócrita. Aqui estava ela, com suficiente dinheiro e educação para saber de onde os nenéns vinham e impedi-los de acontecer, e ela não era melhor do que as garotas cujos olhos estavam cheios com medo dos pais, companheiros, e da ira de Deus. Kat olhou acima para o relógio, então fechou o seu computador e colocou sua cabeça em suas mãos. Ela não estava sendo justa. Ela era muito melhor do que essas garotas - ela tinha uma casa estável, um namorado carinhoso, e o dinheiro para tanto manter ou abortar. Ela não estava paralisada por supostos


celibatários do clero masculino alegando entender os problemas de uma mulher jovem. Ela estava com sorte. Se ela decidisse continuar com o bebê, não seria por causa da culpa religiosa ou pressão cultural; seria por que ela queria criar um bebê, ser uma mãe. Mãe. Ela pensou que a Rainha era o nome mais intimidante que ela alguma vez se deparou. Drew poderia ser um ótimo pai, se ela desse a ele uma chance... mas ela poderia ser uma mãe? Drew pareceu pensar que sim. Ele já tinha estrelas nos seus olhos sobre a ideia deles como uma pequena família. Drew tocava cinco instrumentos e pintava no seu tempo livre; ele era um professor de música e fabuloso com crianças. Eles eram, ambos, bilíngues e com nível superior. Kat estudou psicologia infantil e desenvolvimento durante sua graduação. Eles dois tinham muito a oferecer a uma criança.... mesmo Miranda, que tinha um instinto maternal de uma maçaneta, fez barulhos que ela pensava que ter o bebê era a coisa certa a se fazer. A rebelião adolescente interna de Kat se empacou com a sensação de que isso tinha sido decidido para ela, mas ela tinha que admitir que pouco a pouco a ideia a estava assustando menos e menos. Ela correu sua mão sobre sua cabeça; estava ficando cabeluda e precisava de uma outra passagem com a navalha. Ela iria fazer essa noite quando ela chegasse em casa. ‚Uma barba por fazer‛ em sua cabeça era meio que ridículo. Kat era a última a sair do escritório na maior parte das noites. Algumas vezes ela estava presa preenchendo a papelada, e algumas vezes quem viesse vêla poderia apenas fazer isso depois das horas normais de trabalho. Ela não se importava. Ela sabia que quando ela deixou a faculdade que a realidade do trabalho social era corajosa e ingrata.


Mas hoje ela ajudou uma de quinze anos de idade a colocar seu bebê para adoção e mudar-se para um abrigo enquanto o seu namorado estava na cadeia. Eles agendaram aulas para ela obter o seu GED12 e ir para a escola profissionalizante depois do nascimento. A garota chorou e a abraçou, agradecendo-a em duas línguas; a coisa mais difícil era sempre aquela sensação de se afogar, sem ninguém para ajudar. O trabalho de Kat era lançar uma corda e colocar as crianças no barco. Então ela se voltaria para assistir a melhor parte: a vítima do afogamento, armada com recursos e com defensores ao seu lado, se salvando. Corajoso, ingrato, e valia cada minuto. Ela desligou as luzes e trancou o escritório, então seguiu para o seu carro, chaves na sua mão. Leste de Austin à noite poderia ser perigoso para uma mulher solitária, mesmo se essa mulher fosse careca e tatuada e carregasse uma arma. Austin relativamente era uma cidade segura – ela superava o inferno de Houston, Dallas, e El Passo – mas coisas ruins ainda aconteciam. Ela estava farta até os bugalhos com a consequência dessas coisas todos os dias. Espontaneamente, o pensamento de Miranda se ergueu. Sim, coisas ruins aconteceram com Miranda... e Kat não teve sequer o conhecimento até meses mais tarde. Ela ainda se feria ao pensar em Miranda lidando com isso completamente sozinha, ali fora no meio de nenhum lugar, cercada por todas aquelas... pessoas. Foi um milagre que ela passou por isso com alguma aparência de sanidade, o qual Kat de má vontade admitiu, que era no mínimo em parte pelo que David fez. Maldito seja, ela estava começando a gostar dele. Ela realmente não queria. Ela olhou ao redor enquanto ela caminhava, ficando alerta, mas também se perguntando: Estava qualquer vampiro por perto? Toda a cidade estava repleta deles, aparentemente, o qual era parte do por que Austin ser mais 12

(GED- diploma escolar)


seguro do que outras cidades do Texas... irônico. Havia uns poucos assassinatos sem explicação por que os vampiros aqui não permitiam matar pessoas. A Elite estava sob ordens de intervir em crimes humanos quando eles o viam, também, e embora David tinha a Elite em postos avançados em toda a cidade e cidades fora do seu território que tinha população de vampiros de certa densidade, era mais seguro viver em uma cidade do Haven, tanto para os próprios vampiros quanto para suas presas humanas. Nem todo o Signet era tão amavelmente disposto em direção aos humanos, entretanto. Miranda deixou isso bem claro falando sobre aquele canastrão de Hart e o ex namorado de David – namorado!- Deven. Eles poderiam a estar observando nesse momento. Subitamente nervosa, Kat acelerou seu passo. Se carro estava a uma quadra do prédio; estacionamento era um prêmio aqui, e sempre uma aventura. Era uma fria, clara noite, e umas poucas bravas estrelas até mesmo espiavam através da neblina urbana acima da sua cabeça. A temperatura tinha caído cedo esse ano, o qual estava bem para a maior parte das pessoas que viviam em Austin. Texas era puro inferno no verão e melancólico no inverno, mas a primavera e outono eram maravilhosos, com dias ensolarados e céus de azul brilhante... ...céus azuis que sua melhor amiga nunca mais veria novamente... Kat suspirou enquanto ela caminhou. Sua respiração saindo em uma nuvem. Ela tinha que parar de se preocupar sobre Mira; ela podia tomar conta de si mesma, obviamente. Mesmo assim, era uma transição tão violenta dentro de tal mundo violento. Kat não podia imaginar lindando com isso. Era difícil o bastante lidar com um passo em separado. Ela bufou para si mesma. Era muito melhor para ela pensar em vampiros do que estar grávida. Maravilhoso. Enquanto ela alcançava seu carro, ela viu uma sombra se mover do outro lado do estacionamento e franziu o cenho, olhando para isso forte. Poderia ter


sido qualquer coisa, qualquer um; estava longe o bastante para não ser uma ameaça. Certo? Kat destravou o carro e atirou um olhar ansioso a sua volta, seu coração subitamente em sua garganta. Algum instinto que ela não podia nomear a fez deslizar sua mão na borda da sua bolsa e se fechar ao redor do cabo de sua arma. Alguma coisa estava ali? Ela tinha imaginado? O cabelo da parte detrás do seu pescoço se levantou, e ela rompeu em arrepios. Ela deveria ter usado um chapéu e um cachecol, esse tempo estava ruim para o seu couro cabeludo... Aquilo eram passos? Kat deu uma rápida olhada no seu assento traseiro, depois quase embaralhada entrou no carro e o trancou, ofegante. Ali... Ela olhou fixamente na escuridão, seus olhos captando a silueta de uma figura no beco além do estacionamento. Pareceu como uma mulher... uma mulher que a estava observando. O estômago de Kat se agitou com ácido enquanto ela tinha a sensação... uma ameaça mal contida, até mesmo, ódio, visando-a, um desejo oleoso negro que drenou a vida dela, deixando-a sangrando na rua... Kat prendeu sua chave na ignição e ligou o carro, na mesma hora agarrando seu celular – ela deveria ligar para 911, ou Drew, ou Miranda? Aquilo era um vampiro ou um assassino? Os tiras poderiam fazer qualquer coisa se fosse um vampiro? Mas quando ela olhou acima, a mulher se foi. Aliviada, de alguma forma, Kat colocou o carro em marcha ré e se arrancou do seu local, sem se importar nenhum pouco que ela guinchou seus pneus dando a volta na esquina enquanto ela pisava no pedal do acelerador e seguia para casa.


Miranda não reagiu bem. ‚Eu a quero sob vigilância vinte e quatro horas, sete dias por semana, e sob segurança do crepúsculo até o amanhecer. Por que pelo inferno a rede de sensores não captou essa vadia?‛ Kat, que estava curvada em seu sofá bebendo um chá de camomila, sacudiu sua cabeça. ‚Eu não quero ser vigiada todo o tempo, Mira.‛ ‚Muito malditamente ruim,‛ a Rainha estalou. ‚Se ela está atrás de você, é por que você me conhece, e eu não vou ter você morta.‛ ‚Miranda,‛ David disse calmamente, ‚Kat está segura por agora. Isso é o que importa.‛ Miranda disparou a ele um distinto, nada calmo olhar. ‚Mas e sobre amanhã à noite? E depois disso?‛ ‚Sem vigilância,‛ Kat disse firmemente. ‚Eu estou falando sério.‛ Kat teve que entregar isso a David; o Prime tinha ouvido a história de Kat sem interrupção e estava considerando de todos os lados sem reagir emocionalmente. Ele praticamente escorria confidência e segurança, e ele nem a mimou ou silenciou Miranda, mas tentou acalmá-la sem descontar seus medos. Ele ou era um líder nato ou um mestre manipulador; os dois não eram excludentes. Era estranho tê-lo na sua casa, entretanto. Relembrou à Kat a noite em que ele tinha aparecido na porta de frente de Miranda enquanto Kat e Drew estavam ali e deslizando para dentro da sala como a Morte avançando em um jogo de xadrez. Como se chamado pela memória, ali estava o som de uma chave virando na trava da porta da frente, e enquanto Miranda se virou em direção a entrada com sua mão já buscando debaixo do seu casaco por uma arma, David estendeu a mão e tocou o braço de sua Rainha, sacudindo sua cabeça.


Drew irrompeu na casa em uma agitação de casaco e pasta e mala do clarinete, todos os quais ele largou na porta para que ele pudesse estar ao lado de Kat em um batimento cardíaco. ‚Você está bem?‛ Kat sorriu e pegou sua mão. ‚Eu estou bem, docinho, eu disse a você que estava.‛ Não foi até ela olhar acima para Miranda que Drew pareceu perceber que eles tinham companhia. Ele olhou acima ao Par, e ficou apenas um pouco pálido antes de tomar um fôlego e falar, ‚Tudo bem, o que nós iremos fazer para assegurar que isso não aconteça novamente?‛ David considerou Drew muito da mesma forma que ele tinha da primeira vez que eles se conheceram, como se ele fosse algum tipo de criatura curiosa do zoo, mas quando Drew não afastou seus olhos, o Prime deu um aceno calculado. ‚Você não irá fazer nada,‛ David disse firmemente. ‚Não há necessidade de arriscar a sua própria vida.‛ ‚Besteira,‛ Drew combateu, e Kat sentiu um pequeno puxão nas cordas do seu coração pela maneira com que ele se recusava a ser intimidado por um ser que poderia muito obviamente quebrá-lo ao meio como um galho. David ergueu uma sobrancelha, e Drew apenas olhou para ele. Kat se encontrou sorrindo. ‚Aqui é a coisa, Drew,‛ David disse. ‚É inteiramente provável que quem quer que esteja observando Kat era, de fato, um de nossa espécie. Se esse for o caso, não há nada que você possa fazer para proteger Kat. Mesmo o mais fraco vampiro poderia despedaçá-lo antes que você pudesse extrair uma arma... assumindo que você esteja armado, como Kat, e tenha uma mira impecável. Mesmo assim, balas não podem matar um vampiro. Elas apenas nos aborrecem.‛ ‚Então como nós matamos um vampiro? Estacas de madeira?‛ Miranda bufou calmamente. ‚Drew... você não. Ao menos que você seja um especialista em armas ou braços com músculos como um lutador Greco


romano, você não seria capaz de conseguir uma estaca atravessando o esterno no coração. Você não é um caçador de vampiros. Dando armas a você, que você não pode usar seria estúpido. É melhor se concentrar em ficar alerta e se manter em contato conosco até tudo isso dissipar. Você tem que usar as armas que você tem – como o seu cérebro. Você pode observar e escutar e permanecer consciente do que o acerca todo o tempo. Deixe a matança conosco.‛ Drew respirou fundo, ponderando o seu instinto protetor com o que Kat conhecia como a verdade. David e Miranda estavam, os dois, certos; se eles estivessem lidando com vampiros, vampiros eram suas melhores apostas em permanecerem vivos. ‚Okay. O que você vai fazer, então?‛ David retornou a sua atenção a Kat. ‚Durante o dia vocês estão geralmente cercados por pessoas, certo?‛ Kat assentiu. ‚Mesmo nos finas de semana. O escritório tem segurança própria e câmeras, mas os estacionamentos não têm.‛ Ele disse, razoavelmente, ‚Nós não temos absoluta certeza ainda se nós estamos olhando para um vampiro, mas independentemente, é improvável que você seja atacada durante o dia em um lugar público, então não há necessidade real para vigilância diurna. Eu gostaria de designar um guarda noturno para você, contudo, até nós descobrirmos com quem exatamente nós estamos lidando. Apenas um, à distância, estritamente sem interferência.‛ Kat começou a protestar que isso soou como vigilância para ela, mas por alguma razão ela não queria discordar com David. Ele parecia como alguém que seria difícil argumentar. ‚Tudo bem. Mas é apenas temporariamente.‛ ‚Absolutamente.‛ David alcançou dentro do bolso do seu casaco. ‚Talvez eu possa dar um olhada no seu celular, por favor?‛ Perplexa, Kat o entregou para ele. Ele tinha puxado o seu próprio, e ele remexeu com as configurações no dela por um segundo antes de pegar um fino cabo e conectá-lo com ambos os telefones. ‚O que você está fazendo?‛ Kat perguntou.


David a ignorou, absorto em seu trabalho. Enquanto isso, Miranda estava andando para cima e para baixo na sala de estar, fazendo Kat ficar fracamente enjoada, e Drew estava apertando a sua mão tão apertadamente que ela estava começando a ficar dormente. Ela olhou para ele. ‚Docinho, você está cortando a minha circulação.‛ Acanhado, ele a soltou, nervosamente enxugando suas mãos em seus jeans. ‚Desculpe. Eu só não gosto de me sentir tão inútil.‛ ‚Provavelmente não era nada,‛ Kat aventurou-se, mas ela não acreditou nisso e nem eles. ‚O que quer que seja não apareceu na nossa rede de sensores,‛ David disse sem olhar para cima. ‚Isso significa que ou era um humano, o que é facilmente resolvido, ou o assassino que veio atrás de Miranda... e isso é um problema muito pior. Nós não podemos rastreá-la e nós não sabemos por que, mas ela já fez uma tentativa pela vida de Miranda.‛ ‚Seriamente, contudo, por que eu?‛ Kat perguntou. ‚Eu entendo isso por eu estar conectada com Miranda, mas se essa garota já esteve atrás dela, porque vir atrás de mim? Eu não estou entre elas. Eu não sou uma ameaça.‛ Agora David olhou para ela. ‚Você realmente quer ouvir minha teoria? Eu duvido que isso fará você se sentir melhor.‛ Kat franziu seus lábios. ‚Não abranda isso, Soma. Apenas me conte.‛ ‚Eu iria supor que não é sobre matar Miranda... ou, não apenas sobre isso. Deve haver uma contenda pessoal envolvida. Alguém que quer ferir Miranda, não apenas matá-la. A melhor maneira de fazer isso é começar com os amigos dela, particularmente aquela humana que é fraca e vulnerável.‛ David viu seus rostos, deu um dar de ombros de um obro só, e desacoplou o cabo dos dois telefones. ‚Como eu disse, é apenas uma teoria.‛ Ele entregou a Kat o seu telefone de volta. ‚Seu sinal está agora codificado na nossa rede,‛ ele disse a ela. ‚Mantenha o telefone com você todo o tempo, e nós seremos capazes de encontrar você em qualquer lugar na cidade


em um segundo de aviso. Mais importante: Eu montei um botão do pânico e ele irá engatilhar o alarme; uma unidade de patrulha será enviada à sua localização imediatamente e terá uma ligação minha dentro de trinta segundos para verificar a sua segurança.‛ ‚Wow,‛ Drew disse, soando relutantemente impressionado. ‚Você fez tudo isso em menos do que dois minutos?‛ David sorriu. ‚Miranda não lhe contou? Eu sou um gênio.‛

‚Você não contou a ela toda a verdade,‛ Miranda salientou enquanto eles deixavam a casa de Kat e caminhavam subindo a rua para onde o carro estava esperando. ‚Ela não precisa saber de toda a verdade.‛ David olhou para ela bruscamente. ‚Ela já sabe muito mais do que ela deveria sobre nós.‛ ‚Mas a vida dela está em perigo.‛ ‚Irrelevante.‛ Ele colocou suas mãos nos bolsos do seu casaco enquanto eles caminhavam, e adicionou, ‚Toda a verdade nem sempre é a melhor verdade.‛ ‚E sobre Jake?‛ ela perguntou. ‚Nós ainda não encontramos seu corpo. Eu acho que é difícil acreditar que isso não esteja conectado – quais são as chances de alguém sequestrar meu segurança bem depois de alguém tentar me matar, e depois alguém mais fazendo vista-grossa na minha melhor amiga?‛ ‚Remotas,‛ ele admitiu. ‚Eu estou quase certo que a mesma pessoa ou pessoas estão atrás disso... e, se o que Deven disse for verdade, isso pode de fato estar conectado com a Sombra Vermelha, e possivelmente até mesmo com Hart. Mas nós não sabemos, Miranda. Nós não temos evidência real para atar tudo isso, ainda. E quanto mais Kat e Drew souberem, em mas perigo eles se encontraram.‛


Justo depois, seu telefone tocou. Miranda parou, sua primeira preocupação era que fosse o botão de pânico de Kat, mas David não pareceu preocupado; ele meramente disse, ‚Sim?‛ Miranda pode ouvir o murmúrio da voz de um homem. ‚Chefe Brady, é bom ouvir você,‛ David disse. ‚Por que mereço tal honra?‛ Ela observou seu rosto ir do neutro para até mesmo tão levemente confuso, depois zangado, depois de volta ao neutro novamente. O coração dela afundou. ‚Nós estaremos logo aí,‛ ele disse, e desligou. ‚O que é?‛ ela perguntou, mas David já estava falando no seu com. ‚Estrela-três.‛ ‚Sim, Mestre?‛ Faith começou a falar. ‚Nós temos um Alpha Sete na 4109 North Grafton, apartamento 28. A Rainha e eu estamos na rota; mande um time.‛

‚Como você desejar, Mestre.‛ Alpha Sete... um humano assassinado por um vampiro. Ela não tinha ouvido esse código desde a guerra... mas normalmente o DPA contatava Faith por suspeitar de crimes do Mundo das Sombras, e para o próprio chefe ligar... tinha que ser sério. ‚O que está acontecendo?‛ ela exigiu. David encontrou seus olhos. ‚Denise.‛

O sol estava alto, o Haven estava silencioso, e Miranda ainda estava sentada na sua cadeira olhando fixamente para o fogo. David tentou amenizar a sua culpa e persuadi-la para a cama, mas ela se recusou; ela só precisava de tempo para sentar-se com o que ela estava sentindo. Ele assentiu, beijou sua bochecha, e a deixou.


Denise MacNeil estava desaparecida por cerca de vinte e quatro horas; ela não tinha aparecido no escritório, e ao meio da tarde sua secretária estava preocupada. Ligações tinham sido feitas e a senhoria de Denise tinha finalmente concordado em checá-la. A porta estava trancada pelo interior. A polícia teve que invadir. Sangue seco estava espalhado por todos os armários imaculados da cozinha, ensopando o carpete da sala de estar e o sofá. Assumindo que ele todo tinha vindo de Denise, adicionava uma fatal perda de sangue. Houve uma luta: lâmpadas derrubadas, várias coisas quebradas. O estéreo ainda estava tocando, os mesmos três CDs repetindo uma vez atrás da outra. Havia uma taça de vinho intacta ao lado da mesa e uma pasta de contratos redigidos ainda abertos no sofá. Tudo o que restou de Denise foi a sua mão esquerda. A polícia ligou para David por que eles sabiam que Denise era empresária de Miranda e ali poderia haver uma conexão. Até agora a polícia não tinha pistas. O Haven tinha uma. O time da Elite pegou amostras da cena, e elas seriam enviadas para o Dr. Novotny para mais testes. Era ainda muito cedo para os resultados de Jake, mas Miranda esperava fervorosamente que haveria algo, qualquer pista, sem importar o quanto minúscula, uma ligação dos dois com a assassina que tinha se denominado Stacey. Essa mulher era a única suspeita possível que eles tinham. Miranda se sentou na lareira até quase nove da manhã, seu coração pesado. Primeiro Jake, agora Denise... Kat era a próxima? Pareceu como se ela já tivesse demarcado os possíveis alvos. Sim, ela estava sob guarda, mas Miranda esteve sob guarda uma vez, também, a Ariana Blackthorn a tinha matado no meio da cidade e jogado seu corpo no lago. Eles iam encontrar a mão esquerda de Kat a seguir? E de quem depois?


Por outro lado, Deven havia dito, que era a maneira da Sombra Vermelha deixar uma mensagem. Mas se fosse a Sombra, para quem eles estavam trabalhando? Quem possivelmente poderia odiar Miranda o bastante para causar tanto problema? Poderia ser um remanescente do Blackthorn... ou poderia ser Hart... mas a Sombra não trabalhava para vampiros, e eles exigiam enormes somas pelos seus serviços. Hart poderia conseguir isso, mas nenhum dos Blackthorn ou seus comparsas eram muito endinheirados. Depois novamente, que humano a queria ferir dessa maneira? Ela mal conhecia outros humanos antes dela vir ao Haven; quem estaria atrás dela agora? Isso não fazia sentido. Muito inquieta e ansiosa para ainda ficar sentada, ela saiu da cadeira e deixou a suíte. Ela olhou para a cama para ver David profundamente mergulhado no sono, e ela sorriu apesar de si mesma. Ele estava dormindo na mesma posição que eles tendiam acabar, exceto que seu braço estava esticado sobre um vazio espaço de lençóis quando deveria ter estado ao redor do corpo dela. Pelo primeiro par de semanas ela teve problemas em dormir com alguém tão perto dela, mas ela já tinha se tornado dependente da presença dele nas suas costas. Túneis de emergência conectavam a casa principal com os outros prédios, então se ela realmente quisesse, ela poderia ir treinar; ela poderia também ir à biblioteca, ou esmurrar seu estresse no piano ou nas cordas do seu violão. Nenhuma dessas opções soou apelativa, pela primeira vez, mas havia algo que sim. Havia um estúdio bem entre sua ala e a ala dos convidados, onde David e Tanaka tinham feito conversas informais; não era a sua sala favorita, sendo muito mais masculina em decoração do que ela preferia, mas ela veio saber que ali tinha o armário de bebida alcoólica mais bem abastecido no Haven e também uma geladeira que esperançosamente ainda abrigava alguns dos sorvetes acumulados de David.


Ela assentiu aos guardas do corredor enquanto ela passava, então abriu a porta do estúdio. Para o seu desânimo ela descobriu que não estava sozinha. ‚Oh, é você,‛ ela disse. Prime Deven sentado com seus pés para cima na preta cadeira de couro; uma mão em volta de uma garrafa de whisky meio vazia. Ele pareceu tão animado em vê-la como ela estava em vê-lo. Ele disse algo no que ela imaginou que era Gaélico. ‚Volte?‛ Com um leve sorriso preguiçoso, ele traduziu, ‚A chama entra e molda todo o mundo a sua volta em tons.‛ ‚Você está bêbado?‛ Ele deu de ombros. ‚Eu sou Irlandês,‛ ele disse. ‚Eu passei a maior parte do último milênio bêbado.‛ ‚Você tem um sotaque quando você está bêbado,‛ ela observou. ‚Eu tenho um sotaque o tempo todo,‛ ele respondeu. ‚Ele esconde a sua cabeça de vergonha quando eu estou sóbrio.‛ Miranda teve que sorrir com isso, e também para o contraste marcante na sua aparência e comportamento em todos os seus outros encontros. Ele estava vestido casualmente em jeans velho e uma T-shirt com publicidade da loja do Vaticano; pés descalços, seu cabelo úmido de uma recente lavagem e portanto sem o enriquecimento glamoroso, sem qualquer maquiagem, ele pareceu... quase normal. Ela descobriu que ela estava fascinada pelas tatuagens, entretanto, e tentou não encarar enquanto ela entrava na sala, fechava a porta, e se dirigia até o armário para buscar uma garrafa para si mesma, essa de rum. Ela também agarrou uma lata de Coca e um copo de gelo. ‚Você é religioso?‛ ela perguntou enquanto ela colocava suas mercadorias na mesa de café e se jogava no sofá oposto a ele.


Deven rolou seus olhos. ‚Eu sou muito velho para acreditar em contos de fadas.‛ Ela indicou seus braços com o pescoço da garrafa. ‚Sobre o que essas coisas são, então?‛ Ele colocou uma mão no seu ombro e distraidamente correu seus dedos junto à linha das asas do anjo. Ela notou, olhando mais de perto, que as penas foram desenhadas para correrem paralelamente a uma série de longas cicatrizes na parte superior do seu braço; as cicatrizes eram quase invisíveis com um anjo esculpido sobre elas. ‚É um ying-yang gigante Católico,‛ Deven respondeu, fechando seus olhos turvos. Ele pareceu tão cansado; era isso a função de se ter setecentos anos de idade, ou algo mais? O que mantinha um dos mais velhos vampiros do mundo acordado toda a manhã? Miranda derramou rum até a metade do seu copo, depois encheu com um respingo de Coca e tomou um longo gole, fazendo careta com o gosto. ‚E as cicatrizes? Elas são de um ataque de leão gigante Católico?‛ Ele tomou outra dose de whisky mas não pareceu afetado pela mordida do álcool. Ela suspeitava que a garrafa estivesse cheia quando ele começou. ‚Um chicote,‛ ele respondeu. ‚Você deveria ver minhas costas.‛ ‚Quem chicoteou você?‛ ‚O abade.‛ ‚Por quê?‛ Ele abriu seus olhos e a prendeu com um olhar. ‚Ele me pegou na cama com um dos outros noviços.‛ Miranda não estava certa como responder a isso. ‚Então você era um monge?‛ ‚Até o dia em que eu morri.‛ Ele bebeu novamente, depois novamente, antes de dizer, ‚Eu era o quarto filho de um fazendeiro no sul da Irlanda. Eu era uma coisinha fraquinha, muito frágil para trabalhar nos campos. Então quando


eu estava com onze anos de idade meu pai me mandou para meu tio, que administrava um monastério. Eu era basicamente um dízimo para subornar o Todo-Poderoso para uma colheita melhor.‛ ‚Deve ter sido difícil para você, deixar sua casa tão jovem,‛ ela disse. ‚Ao contrário, essa jornada foi a primeira vez que eu sequer me lembrei em olhar adiante para algo. Eu amava Deus. Eu nasci para ser um monge. Eu não tinha desejo de uma mulher ou família ou terra por conta própria. Eu ansiava apenas ao silêncio a minha volta e à luz interior de Deus. Eu passava horas rezando, de joelhos ao lado da minha cama. Eu odiava a fazenda, meus desordeiros grosseiros irmãos, e da escravidão das nossas vidas. Eu quis devotar minha vida à Cristo e as palavras escritas – monges na época eram alguns dos poucos estudiosos.‛ ‚Mas quando você chegou ali...‛ ‚Não levou muito tempo para meu tio suspeitar que havia algo anormal sobre mim,‛ Deven disse. Havia estranhamente pouca emoção nas suas palavras; mesmo para algo há tanto tempo atrás ela teria esperado um pouco de raiva, ou mágoa, mas quase soou como se ele estivesse contando a história de outra pessoa. ‚Eu sei agora que ele iniciou o monastério depois dele ser expulso pelos seus anciões por acusações de pedofilia. Ele estava obcecado com pureza e castidade, e para sublimar sua própria urgência sexual ele tentou bater a minha para fora de mim. Ele decidiu que era a sua missão fazer-me apto para estar diante de Deus. Ele me forçou a rezar de doze em doze horas de uma vez, de joelhos, mesmo depois de eu ter perdido minha voz; eu tinha apenas permissão de comer a cada poucos dias; eu tinha que recitar Levíticus enquanto ele rasgava minhas costas com o chicote. Entre ossos quebrados, infecções, e fome eu fiquei perto de morrer mais vezes do que eu posso contar... mas estava com tanto medo de uma condenação que eu encarava que me arrastava de volta à vida toda vez.‛ ‚Eu sinto muito,‛ Miranda disse suavemente.


‚Eu não quero sua pena, Rainha,‛ ela estalou. ‚Eu não acho que nós temos algum laço em comum por que os homens nos trataram como lixo.‛ ‚Eu não penso isso,‛ Miranda disse, sua própria raiva piscando para ele. ‚Nós não somos nada parecidos. O que aconteceu comigo não me transformou em uma bêbada cretina que tenta entrar na calça do seu ex-namorado depois de foder com a vida dele. Acredite em mim, eu não quero clamar nenhum laço comum com você.‛ ‚Se eu quisesse David, eu o teria,‛ Deven a informou venenosamente. ‚Mas que diabos há de errado com você?‛ ela exigiu. ‚Você tem um Cônjuge fantástico que por alguma razão que eu não consigo entender ama você como o inferno, e você está aficionado em um ex casado que não quer mais você? Quem você está tentando machucar – a mim? David? Ou a você mesmo?‛ Miranda sentou-se ereta e elevou um olhar de repugnância ao Prime. ‚Você perdeu sua chance, Deven,‛ ela bufou. ‚Você a jogou fora. Está acabado agora. Você o afastou, agora ele está comigo, e eu não vou a nenhum lugar. Então supere essa porra.‛ A ira pareceu escorrer para fora de Deven tão rapidamente quanto ela apareceu. Silêncio assentou-se desajeitadamente, e bebadamente, entre eles enquanto ela terminou sua bebida e derramou outra. O Prime não reagiu nada ao acesso dela por um tempo. Finalmente ele disse, ‚Você pode me odiar o quanto quiser, mas eu não vou a nenhum lugar também.‛ ‚Yeah, eu sei.‛ ‚Eu imagino que para a saúde de David nós devêssemos tentar nos aturar.‛ ‚Provavelmente.‛ Outra pausa. Então ela perguntou, ‚O que você pensa que irá acontecer comigo e David?‛ ‚O que faz você pensar que eu saberia?‛


Agora foi a sua vez de virar os olhos. ‚Oh, vamos lá. Até mesmo David acha que você sabe tudo. Você não pode me dizer que em todos esses anos que você esteve por aí, você nunca ouviu que dons psíquicos são contagiosos.‛ ‚Na realidade, não,‛ ele disse. ‚Eu peguei a telecnesia dele, e ele pegou de você as suas habilidades de luta. Como isso poderia acontecer?‛ Deven se inclinou sobre o braço do sofá e apalpou ao redor por um momento antes de aparecer com uma segunda garrafa de whisky, essa nova. Enquanto ele abria, ele a corrigiu. ‚Ele não pegou isso de mim; ele pegou isso de você.‛ ‚Mas eu não tenho isso.‛ ‚Você tem premonição por que você é uma Rainha,‛ ele disse. ‚Ainda está destreinada, e assim estava o dele. A telecnesia que você pegou dele já estava adoçada e focada – levou anos para que ele aprendesse a dirigir isso o bastante para arremessar uma coisa viva. O que eu tenho não é um dom único, é uma combinação de três fatores: presciência, telepatia, e técnica. Eu o ensinei a terceira, ele já tinha a segunda, e de você ele obteve a primeira. O trabalho dele ainda estava um pouco desleixado pelas extremidades, mas uma vez que ele descobriu seu próprio caminho, foi genuinamente poderoso.‛ ‚Por que é tão difícil arremessar coisas vivas?‛ Deven deu de ombros. ‚Elas se mexem?‛ ‚Sophie me mostrou como se fazer algo similar a isso,‛ Miranda lembrou. ‚Eu me pergunto de onde ela aprendeu isso.‛ ‚Não tenho ideia. Mas a coisa a se lembrar é que você teve premonição toda a sua vida – é parte do que você é. Apenas não começa a se manifestar ativamente até você se tornar Rainha. É praticamente desconhecido que alguém apenas desenvolva espontaneamente um talento psíquico sem ao menos alguma habilidade latente... e até menos provável que comece a se manifestar em alguém mais.‛


‚Mesmo assim, a pergunta central não está respondida. Como isso aconteceu?‛ ‚Eu iria me aventurar a palpitar que a resposta esteja em algum lugar na nossa história. Diz a lenda de volta aos dias antigos, quando o Signet era novo, que nós tínhamos habilidades que nós não podíamos sonhar, habilidades que nós perdemos em algum lugar ao longo do caminho. Nós somos um mero eco do que nós fomos uma vez.‛ Miranda segurou sua taça apertadamente. ‚Mas algumas coisas disso ainda são possíveis.‛ ‚Mais provável que tudo disso seja, se você souber onde encontrar. Quanto a isso, eu sou tão ignorante quanto qualquer um. Eu não me tornei Prime por poderes místicos... realmente eu não fiz isso com nenhum propósito, então eu nunca tive todo esse interesse em algum grande destino.‛ Ela triturou um pedaço de gelo meio derretido no seu dente. ‚Você estava falando sério quando você disse que não mais acredita em Deus?‛ Ele cruzou seus braços e se inclinou de costas. ‚Eu vivi na casa de Deus e gastei seis anos atormentado pelo representante sagrado dele. Eu rezei e rezei pela libertação, e tudo o que eu tive foram dedos quebrados e queimaduras de contato, por que Deus não se importou em salvar um pequeno sodomita miserável como eu. Eu aprendi que eu era uma semente do inferno por causa de todas as coisas que eu podia fazer, e a única reparação era deixar o meu tio abusar do meu corpo em nome de Cristo nosso Senhor. Depois disso eu vivi por sete séculos, Miranda, e gastei muito disso procurando por alguma visão, qualquer coisa, que trouxesse de volta a minha fé. Eu viajei o mundo procurando. E você sabe o que eu vi?‛ ‚O que?‛ ela perguntou suavemente, incerta de como lidar com sua súbita, completa honestidade. ‚Eu vi homens estuprando mulheres e crianças. Eu vi homens matando uns aos outros em nome de Deus. Eu vi ganância e pobreza e desespero e


assassinato de todas as espécies concebíveis. Eu aprendi que o amado Pai que eu ansiava por me querer, se queimou ao inferno por que eu me apaixonei pelo tipo errado de pessoa. Eu vi assassinato em massa, terrorismo, genocídio, opressão, e repressão, e tudo isso, tudo isso, era dedicado a um Deus que pareceu ou não notar ou não se importar. Então me diga, Miranda. O que eu deveria acreditar?‛ Miranda tinha lágrimas nos olhos. Ela não pode evitar, pensando em tudo que tinha sido feito a uma criança inocente, e tudo que parecia ainda estar acontecendo a ele, em sua memória, setecentos anos mais tarde. Ela podia sentir, mesmo através das suas palavras, a dor que isso causou a ele para se sentir traído por um sistema de crenças que tinha sido sua razão de viver, uma vez atrás. ‚Mas você não tem que ser Católico,‛ ela disse. ‚Você não tem que definir Deus pelo que seu fã clube faz.‛ Deven sorriu, e de novo seu coração doeu por ele. ‚É muito tarde para mim, Miranda. Algumas portas, uma vez fechadas, não podem nunca ser abertas novamente.‛ ‚O que... que coisas você podia fazer, que os monges condenaram você?‛ Como se assentasse com a ironia das palavras, a voz de Deven estava insensível e entorpecida. ‚Eu sou um curador,‛ ele disse. ‚Eu curei a praga. Eu recoloquei membros. Eu trouxe mortais e imortais, ambos, de volta da própria borda da morte.‛ ‚Soa como o tipo de dom que Deus amaria,‛ ela disse. ‚Deus, talvez. Ao menos eu gosto de pensar assim. Homem? Nunca. Para homens, Deus é uma arma. Uma vareta para bater nas almas dos outros à submissão. Uma lâmina para apunhalar e sangrar qualquer um com poder da sua vontade. Se há um Deus, ele nos abandonou a todos ao medo e eventual desespero. Mas no final, o que importa para nós? Em nenhum lugar está escrito que o paraíso irá abrir suas portas aos vampiros.‛


Ele encontrou os olhos de Miranda. ‚Nós estamos sozinhos, Miranda. Nossa espécie não tem salvador, sem paraíso para olhar adiante por nós. Alguns de nós faz o mal, então talvez eles irão ao inferno, mas para aqueles de nós que não... nós não estamos menos condenados. Mas talvez nossa condenação seja pior, por tudo o que eu posso ver adiante ser nada. Sem Deus, sem diabo, nada. Apenas uma eternidade peregrinando à escuridão externa.‛ ‚Wow,‛ Miranda disse. ‚Eu acho que você é a pessoa mais pessimista que eu já conheci.‛ ‚Obrigada.‛ ‚Mas você está errado,‛ ela disse a ele. ‚Nós não estamos sozinhos. Nós temos um ao outro. Você tem Jonathan, e eu tenho David. Talvez a razão de nós termos almas gêmeas é para fazer a escuridão mais amena de se encarar... o para sempre.‛ Deven deu a ela um leve padronizado sorriso. ‚Oh, não se preocupe. Você não terá que se preocupar com o para sempre. Agora que você tem o Signet eu dou a você, digamos, duzentos anos.‛ Com isso, ele se empurrou para cima do sofá e, levando a garrafa de whisky metade vazia com ele, deixou-a sozinha no estúdio com até mesmo mais pensamentos desagradáveis do que quando ela apareceu.

‚Eu falei com Deven,‛ Miranda disse, desacelerando o passo ao lado de David. O Prime a rodeou. ‚Eu não vejo nenhum sangue, então eu assumo que foi bem?‛ ‚Tão bem quanto você pode esperar.‛ Eles caminharam juntos ao longo da rua principal no centro da cidade do Distrito das Sombras, enquanto tudo a volta deles, o usual barulho de um sábado à noite na cidade piscava e bombeava e gargalhava das portas abertas dos


bares e clubes. Os vampiros de Austin estavam fora em massa essa noite, e embora a maior parte evitasse o olhar do Par e simplesmente curvava enquanto eles passavam, uns poucos faziam contato visual e os saudava. David pausou aqui e ali para visitar os donos dos clubes ou outro pessoal de negócios na área e em alguns casos apresentava-a a pessoas que ela não tinha tido a chance de conhecer; mesmo aqueles que olhavam para ela com alguma suspeita eram amigáveis ao encará-la, e ela tentou ser graciosa quanto possível ao seduzi-los a pensarem que ela era ingênua. Ela preferia o elemento surpresa. Claramente alguns deles tinham ouvido sobre Hart e mantinham suas distâncias dela ou falavam muito vagamente sobre seus assuntos de negócios, no caso dela os julgarem imorais ou ilegais por um capricho. Miranda achou isso hilário, mas ela segurou sua língua. Entre visitas ela disse a David mais sobre sua conversa com o Prime. ‚Eu ainda não posso dizer se eu gosto dele... mas eu entendo-o um pouco melhor agora. Eu só desejaria que ele não fosse tão fatalista – especialmente sobre Deus.‛ David olhou para ela e disse curiosamente, ‚Eu não percebi que você fosse religiosa.‛ ‚Eu não sou, sério. Eu nunca realmente senti esse tipo de coisa exceto por alguns experimentos na faculdade. Mas Deven é diferente. Ele precisa dessa crença. Se ele pudesse encontrar isso novamente, ele poderia ser capaz de finalmente se curar – ele gastou setecentos anos como um miserável bastardo por que ele perdeu sua fé.‛ O Prime assentiu. ‚Eu concordo com você. Mas eu não acho isso totalmente perdido; eu só acho que ele é incapaz de reconciliar o que ele vê com o que ele quer acreditar em Deus. Ele esteve vivo por um tempo muito longo, amada. Sua perspectiva é ampla, sim, mas é também profundamente falha.‛ ‚O que ele quis dizer quando ele disse que eu tenho duzentos anos?‛


‚O mais longo tempo que um Prime teve com um Signet foi trezentos anos de idade – cem anos sem uma Rainha, duzentos anos com uma.‛ ‚Então a verdade é, que mesmo embora nós sejamos imortais por que nós somos vampiros, nós iremos morrer por que nós somos portadores do Signet.‛ ‚Eventualmente, sim. Um vampiro comum pode ficar fora de vista, viver silenciosamente. Nós não podemos fazer isso. Nós sempre estaremos em visão pública, sempre um alvo para alguém que quer tomar o nosso lugar.‛ David apenas deu de ombros e a ofereceu um sorriso. ‚Mas eu tenho cada intenção de viver no mínimo esse tempo, minha querida. Eu espero que esteja tudo bem pra você. Eu estou determinado em ver o futuro da sociedade sem importar no que isso acabe.‛ ‚Por quê? O que seria tão ótimo que você esperaria trezentos séculos para ver?‛ Ele olhou para ela novamente, a incaracteristicamente sincera juventude no rosto dele tão adorável que ela começou a rir. Quando ele respondeu foi como se a resposta devesse ser perfeitamente obvia. ‚Você está brincando? Vampiros no espaço!‛ As risadinhas de Miranda redobraram, e ela teve que parar e beijá-lo. ‚Eu amo você, seu grande nerd.‛ Depois dos eventos da semana passada David sugeriu que era uma boa hora para eles dois darem uma caminhada, fazendo suas presenças conhecidas ao Mundo da Sombra, para relembrar a qualquer um, quem estava no comando. Eles combinaram encontrar Deven e Jonathan no Black Door, um estabelecimento popular de caça e uma boate, ao final da noite; o Par estaria ao seu caminho de volta à California na noite seguinte, seu estado de visita oficialmente concluída e considerado um sucesso do ponto de vista diplomático. Pessoalmente, entretanto, não pareceu que nada concluiu com sucesso. Até agora David e Deven não tinham tido nenhum tipo de conversa séria sobre


seu relacionamento, e Miranda ainda queria socar Deven na cara. Ela não se sentia totalmente satisfeita com como as coisas tinham acontecido, mas não havia ajuda para isso; um Par não poderia ficar longe de casa por tanto tempo, sem o caos irromper no território deles. Mas, ela fundamentou, que não era como se eles fossem envelhecer. Ao menos agora David admitiu que havia coisas a serem resolvidas ao invés de fingir que estava tudo bem e confortável entre ele e Deven. Isso era um começo. ‚Eu amo essa cidade,‛ David estava dizendo, olhando acima para um prédio que se erguia em ambos os lados deles. ‚É a energia, suas pessoas... eu nem me importo com a formação de bolhas nos verões. Eu tenho orgulho do que eu realizei aqui.‛ ‚Você deveria ter,‛ ela respondeu. ‚Depois do que eu aprendi sobre os outros Primes e como a vida deve ser no território deles – tanto para humanos e vampiros – eu posso ver que maravilhoso líder você é.‛ Ele sorriu e colocou seu braço ao redor dela enquanto eles andavam. ‚E só pense assim... em breve o mundo irá falar de você da mesma maneira, e nosso legado juntos será um de paz atravessando a força. Eles verão nosso mandato no momento em que o Mundo da Sombra começar a envolver o passado na sua história primitiva e se tornar algo maior.‛ ‚Esperançosamente meu mandato irá incluir uma pilha de álbuns de platina,‛ Miranda gargalhou. ‚Se eu sequer conseguir ter um terminado.‛ Ela ficou séria por um minuto e disse, ‚Sabe... eu aprendi muito nos últimos três meses, mas eu acho que a coisa mais importante até agora é quanta sorte eu tenho.‛ Ele ergueu sua mão e a beijou. ‚Você e eu, ambos.‛ Miranda nunca esteve em uma boate – ela preferia o tipo de lugar onde havia música ao vivo e menos eletrônica – mas ela era muito fã do Black Door. Ao início a tinha incomodado saber para que o lugar era feito. O termo ‚estabelecimento de caça‛ não era um eufemismo; humanos vinham para dançar


e beber, e vampiros vinham se alimentar. Tudo sobre o lugar atraía os mortais: Não havia couvert artístico, e as bebidas alcoólicas eram deliberadamente taxadas abaixo da média da Sixth Street; o lugar era limpo e espaçoso e tinha uma enorme pista de dança cercada por um segundo andar de mesas e cabines. Tinham dois bares, um acima e um abaixo, e a música era levemente mais calma no segundo andar. Era um dos mais populares clubes de Austin, encontrado puramente através da boca a boca – sem propaganda, nem website. O que os humanos não sabiam era que havia uma entrada separada para vampiros. Um limitado número era permitido a cada vez, e a segurança mantinha um olhar atento tanto neles quanto nos humanos que deixavam o clube. Um vampiro que causava qualquer problema era permanentemente barrado da entrada. Se um humano exibisse qualquer sinal de injúria além da fadiga normal e confusão de ser mordido, ele ou ela era imediatamente levado de taxi a uma clínica perto, o qual, claro, era também administrada pelo Signet. Grande cuidado era tomado com seguro que os clientes mortais não tinham razão para reclamar e nenhuma razão para não dizerem aos seus amigos sobre o maravilhoso lugar onde eles dançaram toda a noite. Parecia tão... manipulativo e errado, como uma fazenda industrial, e Miranda se recusou em tomar qualquer parte disso até David persuadi-la a aparecer uma noite e ela viu em primeira mão como tudo era gerido. Em qualquer outro território as coisas poderiam ser diferentes, mas esse era o Sul. O Prime não iria permitir os humanos aos seus cuidados serem molestados. Vampiros precisavam se alimentar, e o Mundo das Sombras tinha que permanecer em segredo. Austin tinha uma densa população de vampiros, e de alguma forma todos esses vampiros tinham que se alimentar secretamente; se eles ficam insatisfeitos por muito tempo, eles começariam a se zangar com a autoridade que os impedia de matar, e foi assim como as gangues e rebeliões nasceram.


Eles caminharam para á frente da fila dos humanos; David usou a entrada da frente para que todos do lado de dentro soubessem que o Signet estava presente. O porteiro deu uma olhada neles, se curvou, e desacoplou a corda de veludo para deixá-los entrar. O som começou a esmurrar o seu caminho dentro do corpo dela enquanto eles cruzavam o limiar da porta descendo o curto corredor que conduzia para dentro do clube. Ela disparou a David um sorriso, e ele beijou sua mão uma última vez antes de soltá-la. Miranda enquadrou seus ombros, atraiu o seu poder a sua volta como uma capa, embainhou seus escudos, e andou para dentro do clube com seu Signet para fora onde cada vampiro veria e a conheceria como sua Rainha. O Black Door estava amontoado. Apenas meses atrás o peso absoluto de todas aquelas mentes esfregando contra a dela iria mandar Miranda ao chão gritando, mas ela não era mais humana e não tinha mais medo. Ela assentiu ao funcionário da segurança enquanto eles passavam; algumas vezes para aqueles que não faziam parte de Elite, mais mesmo assim tinham médias altas nas eliminatórias, eram oferecidos empregos nos estabelecimentos pertencentes do Signet, e uns poucos faziam seus caminhos ao Haven depois de serem aprovados aqui. Ela reconheceu alguns rostos. Não muito do lado de dentro, Lali caiu em um passo atrás dela, junto com Aaron, um dos outros dois guarda-costas. Miranda ofereceu a Lali licença de luto depois de Jake ser declarado morto, mas Lali não quis. Jake, ela disse, era devoto ao seu trabalho, e ela iria honrar essa devoção fazendo à sua maneira. Miranda a abraçou, a agradeceu, e deixou Faith colocá-la de volta na rotação. Eles teriam que contratar outro segurança para que eles ficassem pareados; Faith disse que ela iria voltar aos candidatos que não tinham sido escolhidos e submeter a sua recomendação na Segunda. Na verdade, Faith estava aqui essa noite; Miranda deixou seu olhar vaguear de um final do Door ao vasto espaço do outro, e ela captou a visão de


Faith não muito longe; sorvendo um Martini e conversando com outro Elite. Faith parecia devastadoramente esplêndida: Pelo menos uma vez ela estava fora do uniforme, em um curto vestido verde com seu cabelo solto das suas tranças e puxado para cima no topo da sua cabeça. Miranda desejou, algumas vezes, que ela pudesse ceder à aparência glamorosa que Faith fazia sem qualquer esforço aparente. Então, claro, havia Deven. Miranda não estava olhando para ele, mas aconteceu dela olhar para o seu Prime e notou que ele estava encarando algo. Ela sabia sem perguntar que essa coisa era, e seguiu seu olhar à pista de dança. Exato, o Prime do Oeste estava no centro da multidão, cercado por tanto homens quanto mulheres que pareciam incapazes de tirar seus olhares dele. Ele estava, no momento presente, pressionado contra uma pequena mulher loira... e um surpreendente garoto de cabelo escuro de talvez uns vinte. Deven estava de volta ao seu traje normal, dessa vez uma jaqueta preta sobre camisa cinza escura, seu Signet visivelmente no meio do resto de suas jóias, a fascinação a volta dele tão intensa como tinha sido na noite no beco. O olhar no rosto de David era evidente, e isso preencheu o coração de Miranda com cacos de gelo: fome. No momento ele queria mais do que qualquer coisa no mundo estar ao lado de Deven, ou melhor ainda, espremê-lo na parede com profundos, fortes beijos. ‚Eu vou conseguir alguma coisa para beber,‛ ela disse, sem dar tempo para David protestar enquanto ela se arrancava do seu lado e fazia o seu caminho ao bar. Ela tinha a intenção de conseguir um daqueles drinks misturados que o Black Door era especializado – o tipo com sangue dentro – mas quando ela viu Jonathan no bar, ela decidiu que ela estava mais interessada em conseguir um dos drinks de deixar bêbado, do que qualquer outra coisa a mais no momento.


‚Minha Senhora,‛ Jonathan disse, erguendo sua cerveja em saúde. ‚Shiner?‛ ‚Eu acho que eu preciso de algo um pouco mais forte,‛ ela respondeu, gesticulando ao barman, que estava posto de lado a uma fileira de drinks que ele estava fazendo e veio à sua ordem instantaneamente. Ela pediu por uma dose de Patrón. Jonathan franziu o cenho. ‚Tequila,‛ ele disse. ‚Isso não é um bom agouro. O que está errado?‛ Ela gesticulou para a pista de dança. ‚Algo sobre meu marido dançar com alguém mais me faz querer arrancar a cabeça desse alguém. Desculpe-me, Jonathan. Eu imagino que eu só não sou tão evoluída como você.‛ ‚Realmente, ele não está,‛ Jonathan disse, olhando para a pista. ‚Ele está olhando para você.‛ Miranda se virou para ver que Deven ainda estava sozinho, embora agora um dos mortais sexys, do seu bando de admiradores, tinha dois pequenos orifícios em seu pescoço que estavam rapidamente fechando; enquanto isso, David estava de pé perto de Faith, mas seus profundos olhos azuis estavam escaneando a multidão, e quando seus olhos encontraram os de Miranda, ele se rompeu em um sorriso. O coração dela escalou de volta para cima de onde ele tinha se afundado aos seus pés, e ela sorriu de volta, bebendo de uma vez a sua dose, e deixando o copo vazio no bar. Jonathan estava sorrindo para si mesmo e sacudiu sua cabeça. ‚Ciúmes não calha bem a você, Miranda. Especialmente quando é totalmente infundado.‛ Arrepiada, Miranda saiu sem responder, mas se ele fosse um telepata a sua resposta seria claramente transparente: Cegueira particularmente não é um

atrativo também.


Ela poderia ser jovem e nova com o seu Signet, mas ela estava bem consciente que ela era uma das mais fortes empata dentre a sua espécie, e ela sabia muito bem que não havia nada infundado sobre o seu ciúme, vindo a calhar ou qualquer outra coisa. Mas pareceu que uma certa quantidade de negação era apenas uma parte do relacionamento do Par, e ela não estava indo desiludir Jonathan. Ela gostava muito dele. Se ele se dispunha a continuar fingindo, e isso realmente não o incomodava, bem, então que assim seja. Mas ela ainda estava contente que o Par estava dando o fora do seu território. Quando ela se tornou visível David estendeu suas mãos, e ela os tomou, reforçando-as e então se virando, levemente, para atraí-lo em direção a pista. Uma de suas mãos deslizou abaixo nas costas dela à sua cintura e a outra subindo ao seu queixo, e ela colocou seus lábios para cima aos dele, clamando sua boca fervorosamente o bastante para banir, ela esperava, todo o pensamento de qualquer coisa... ou alguém... mais. Ela o puxou com ela para dentro da música que esmurrava a volta deles, suas unhas arranhando levemente através da sua camisa, seus dentes puxando gentilmente o lábio inferior dele. Miranda se lembrou uma vez, em uma aula de filosofia, ouvir sobre a teoria de Platão que humanos uma vez tiveram quatro braços, duas cabeças, e quatro pernas, mas eles tinham sido divididos ao meio pelos deuses, e passaram o resto das suas vidas procurando pela metade que se rompeu com as quais eles se encaixavam tão perfeitamente. Naquele tempo tinha sido um tipo fantástico de antiga história, filosófica escrita pela Disney. Ela acreditava nisso agora. Ela era exatamente alta o suficiente para descansar sua cabeça no ombro dele, os braços dele alcançando bem acima ao redor do seu meio, quadril prendendo quadril como se eles tivessem crescidos dessa forma do barro escuro de algum completo, jardim de florescimento noturno. Ela dançou com ele uma dúzia de vezes e nenhuma vez, jamais, foi uma colisão desajeitada; ele agarrou


sua mão e a girou para frente, depois para trás, e ela estava gargalhando com o ridículo de tal movimento de salão de baile no meio de uma pista de dança lotada com jovens, mas quando ela voltou para ele, ela se encaixou justo onde ela esteve, e a carga elétrica desse contato quase rasgou um arfar da sua garganta. Uma mão circulando sua cintura, ele a inclinou para trás, e ela se curvou quase em dobro, seu cabelo varrendo o piso. Havia, lógico, pessoas assistindo; se alguém nessa sala soubesse que vampiros existiam, eles conheciam esses dois, e sabiam que a conexão entre eles era mais forte do que as forças que mantinham os átomos unidos e impediam a lua de girar ao redor da terra. Ela queria desesperadamente arrastá-lo a um canto da sala e se embrulhar a sua volta, mas assim que a música veio a um final e a boca dele encontrou a dela de novo, ela mal teve tempo de se mergulhar dentro do delírio de um beijo antes de um familiar, e indesejável, som invadir o momento. ‚Maldito seja,‛ David assobiou, afastando seus lábios para olhar abaixo ao seu telefone. Seu olhar disparou acima para ela. ‚É a Kat.‛ ‚Responda!‛ Miranda sentiu o pavor gelado cair como uma pedra na sua barriga. Quando David disse, ‚Estrela-um,‛ outro barulho se penetrou, esse um alarme de rede. ‚Faith!‛ Miranda quase gritou no seu com. ‚Eu preciso de você!‛ ‚Aqui,‛ a Segunda disse, aparecendo ao lado dela quase instantaneamente. ‚O que está acontecendo?‛ ‚Coordenadas,‛ Miranda disse a David, que estava tentando retornar a ligação de Kat e não obtendo resposta. Ele trocou a tela para a sua visão da grade de sensor de redes e desenhou uma linha com seus dedos sobre a tela, girando o diagrama para encontrar a localização dela.


‚Não muito longe daqui,‛ David disse. ‚Faith, consiga um time à East Seventh e Comal imediatamente.‛ Faith sequer se incomodou em responder; ela simplesmente se lançou para longe, já emitindo ordens no seu com, seu salto agulha batendo no piso com tanto propósito como suas usuais botas de combate. Enquanto isso, Miranda tinha o seu telefone para fora e estava tentando ligar para Kat, mas continuava indo para a caixa de mensagem. Medo se ergueu em sua garganta. ‚Kat... Kat... David, algo está errado, nós temos que encontrá-la...‛ David a puxou para fora da pista de dança, até o espaço vazio no bar onde Jonathan e Deven estavam bebendo. Ambos, Prime e Cônjuge pareceram assustados com a expressão severa de David e o pânico dela rapidamente em espiral. David ainda estava olhando abaixo o seu telefone. ‚Seu sinal desligou aqui, mas sua ligação veio de meia quadra de distância, então nós podemos assumir que ela foi levada ao norte...‛ ‚Não há tempo de você ficar analisando,‛ Deven estalou, e pela primeira vez Miranda quis abraçá-lo. ‚Você. Eu. Névoa. Agora.‛ David olhou para cima, chocado, mas assentiu. Cerca de segundos mais tarde, os Primes desapareceram dentro do fino ar. Miranda ainda estava à beira de um colapso. ‚Eu tenho que chegar lá... eu não posso correr rápido assim. O carro não estará aqui a tempo. Jonathan, o que eu faço? Kat está com problemas, ela pode estar morrendo, oh, Deus – ‚ ‚Você não aprendeu a Enevoar?‛ Jonathan perguntou, impressionado. ‚Bem, então, nós vamos começar agora. Agarre o meu braço e aperte firme – não há tempo para sutileza, então assim que nós aterrissarmos esteja preparada para esfolar seus joelhos e vomitar.‛


Ela não se importou sobre as consequências. Tudo o que ela pensava era chegar à Kat. Ela apreendeu o braço oferecido de Jonathan e sentiu um enjoativo solavanco... e o clube girou para longe, dentro da escuridão.


Capítulo

F

9

IEL À PALAVRA DE JONATHAN, NO SEGUNDO EM QUE Miranda aterrissou, seus joelhos atingiram o concreto forte o bastante que ela sentiu uma das suas rótulas fraturar, e ela se arremessou para frente e vomitou sobre o canteiro de grama. Então ela se forçou aos seus pés, lutando com as ondas de náuseas que continuavam a espancando de todos os lados tão bem quanto a dor no seu joelho, e tentou dar sentido na cena diante dela. A primeira coisa que ela viu foi sangue, e isso quase a fez vomitar novamente, porque ela sabia que esse era dela. ‚Kat!‛ ela chorou, se empurrando para frente da rua dentro do beco. ‚Onde ela está? Kat!‛ Passos trovejaram para cima no lado de Miranda, e Faith agarrou seu braço e a estabilizou. ‚Miranda, me escute – você não pode ajudá-la agora. Apenas fique para trás e tudo ficará bem.‛ ‚Eu posso ajudá-la! Me deixe ir!‛ O pânico era tão opressor que Miranda quase empurrou Faith para longe, mas antes que ela pudesse convocar a energia, ela sentiu alguém mais agarrando seu outro braço –David. ‚Está tudo bem, amada,‛ ele disse. ‚Só aguente firme‛


Miranda, contudo, estava fora de si e não podia ser consolada. ‚Ela está morta? Eles encontraram a sua mão? Eu quero ver a sua mão! David, por favor, eu preciso ver...‛ ‚Calma,‛ David murmurou. ‚Venha comigo...um passo...e outro...está tudo bem, apenas faça devagar...‛ Ele a conduziu ao redor da horda da Elite - o time de patrulha que tinha vindo assim que o sinal de emergência de Kat apareceu, e o segundo time guiado por Faith que estava chegando quando Miranda tropeçava em direção à cena. A esquina da rua estava salpicada de sangue. Uma forma de mulher deitava espalhada para fora do concreto, sangue escorrendo para fora ao seu redor, a chave do seu carro lançada a vários centímetros de distância. Kat estava tentando tão forte não gritar. Ela estava arfando, meio soluçando, cada outra respiração quase um grito de horror. Sua cabeça careca estava gotejando com sangue, como estava o seu braço...do coto de corte limpo onde a sua mão tinha sido decepada. Alguém tinha amarrado um pedaço de tecido como um torniquete e isso já estava ensopado. Pior de tudo, havia uma faca saliente obscenamente do seu abdômen. ‚Kat, Kat...‛ Miranda estava soluçando quando Kat estava soluçando, e a Rainha caiu ao lado da sua amiga, sua melhor amiga que ela não pode proteger com todo o poder imortal do mundo. ‚O socorro está vindo, Kat, eu prometo.‛ Ela tentou reassegurar a humana, fazendo qualquer coisa que ela pudesse, porque era por isso que ela estava aqui...por todo o bem que ninguém fez.

‚Miranda.‛ Uma voz afiada cortou através do seu pânico, e ela olhou sobre o sangrado, corpo quebrado de Kat para ver um par de olhos frios como gelo de cor lavanda fixos nos dela. ‚Se recomponha, Rainha,‛ Deven comandou gentilmente. ‚Ela não precisa ver você assim.‛


Miranda tomou um profundo, trêmulo fôlego e arremessou sua energia em terra, embainhando os seus escudos, e se acalmando o suficiente que ela pudesse olhar para a situação realisticamente. Ela se ajoelhou ao lado do corpo de Kat, segurando a ainda atada mão direita de Kat, enquanto a Elite tentava parar o sangramento do seu braço esquerdo e a ferida das suas tripas. A poucos centímetros do braço de Kat, a mão afetada deitava em uma roupa limpa, ensopada com sangue. A voz de Deven agarrou Miranda novamente. ‚Me escute. Você precisa dizer ao seu pessoal para recuarem e manterem a distância. O time forense deve começar a procurar por evidências. Eles devem ter uma pista –nós captamos a atacante por surpresa e eu a feri. Diga a eles agora.‛ Miranda sacudiu a sua cabeça para cima e deu suas ordens, e a Elite dispersou. ‚Agora. Você tem uma conexão com essa mulher, então eu vou precisar da sua ajuda para ajudá-la. Você me entendeu? Se abra para mim, como se eu fosse David convocando a sua energia. Eu vou puxar de você e de Jonathan. Vai funcionar mais rápido dessa maneira. Abra-se, e fique estabelecida.‛ Miranda caiu em uma posição de pernas cruzadas que imitou a de Deven, embora ele estivesse no lado de Kat com a...mão... ‚Foco!‛ O comando estalado a fez olhar para longe da macabra visão e de volta para baixo ao rosto angustiado de Kat. Kat estava chorando, tremendo, e tão pálida...Miranda abriu seus escudos como lhe pediram, mas ela também poupou um cacho de poder para alcançar suavemente ao redor do coração de Kat e suavizar o medo, deixá-la saber que ela era amada e cuidada, e agora ela estava segura. Ela estava segura, e amada...segura... Kat parou de se debater contra as mãos que a seguravam, e aquelas mãos se ergueram.


Miranda observou em extasiada fascinação enquanto Deven fechava seus olhos e segurava as suas palmas para fora sobre o corpo de Kat, primeiro sobre sua barriga. Ele alcançou abaixo e cuidadosamente extraiu a faca da sua carne, deitando a arma em uma folha de plástico que seria envolta por evidência. Então ele segurou as duas palmas sobre a ferida e se tornou muito imóvel. Tudo a sua volta, soou subitamente abafado, uma estranha paz descendente sobre a caótica cena. Todos vieram a uma paralisação e se viraram para olhar enquanto a luz do Signet de Deven começou a brilhar mais forte e mais forte...Ao início parecia quase como um truque da luz da rua, mas logo estava muito brilhante para isso, se tornando como uma áurea, ou um halo... Miranda sentiu um gentil puxão em seus escudos, e ela os abriu mais amplo para ele, sentindo cada alcançar e erguer com pequenos golpes de poder no momento, alimentando-os para dentro do corpo de Kat como se ela fosse um faminto filhote de pássaro. Misturada com a sua própria energia, e do seu Cônjuge através do laço deles, o poder de Miranda adicionou força e amor à mistura, e logo ela sentiu a ferida começar a fechar, todos os rasgos e os entalhes se remendando, até mesmo a pele que cobria a ferida começar a se prender, primeiro uma zangada ferida vermelha, então uma chanfrada cicatriz escura, depois um suave rosa, depois desaparecer para o branco. Miranda sentiu sua própria energia começar a declinar apenas um pouco e alcançou a lateral do seu Prime, quem se abriu de boa vontade; agora, todos os quatro eram parte da rede, cada alimentação de poder dentro de Deven, o qual fundia com a sua própria e dirigia com o extremo cuidado para onde era necessário, célula por célula reparada para uma saúde em florescimento. Mas Deven ainda não tinha erguido suas mãos; seus olhos estavam fechados, mas sua sobrancelha franziu em concentração. Ele olhou acima para Kat e perguntou suavemente, ‚Devo eu trazê-la de volta, Katherina?‛


Kat, também, esteve sobrecarregada com paz e estava respirando em conjunto com o Prime, quem esperava pela sua resposta. Ela sorriu e disse roucamente, ‚Sim.‛ Assentindo, Deven fechou seus olhos de novo e voltou ao trabalho; um segundo mais tarde Miranda sentiu algo...algo dentro de Kat tremular, como uma minúscula mão gesticulando oi. Então ele moveu a sua atenção para cima ao seu braço esquerdo, e dessa vez pegou a pobre mão danificada e a colocou contra seu pulso, segurando suas próprias mãos sobre a junção, fechando seus olhos e respirando...dentro e fora...dentro e fora...por vários minutos, enquanto Miranda sentia o decair e fluir do poder através dele, David e Jonathan, então através de Deven, e dentro do braço de Kat. Finalmente, Deven retirou tanto a energia quanto as mãos, e um arfar saiu por todo redor deles enquanto a Elite viu que o pulso de Kat estava inteiro de novo, sem sequer um arranhão. Deven desengatou-se do poder matriz, e cada um deles fizeram o mesmo até seus laços serem apenas para cada um novamente. A conexão entre eles era tão infundida com serenidade, Miranda estava relutante para deixar partir, mas ela podia sentir todos enfraquecendo. Era hora de deixar ir. Miranda estava chorando, mas ela encontrou os olhos de Deven. Ele parecia como se ele estivesse para perder a consciência. ‚Obrigada,‛ ela sussurrou. O sorriso que ele deu a ela era um que ela sempre se lembraria: era um de pura paz, mesmo êxtase. Qualquer que fossem seus outros dons, qualquer criatura que ele fosse, Deven tinha acabado de fazer o que ele nasceu para fazer. Ele era um curador. Ela nunca iria duvidar disso. ‚David,‛ Deven disse, ‚pegue-a.‛


Apenas enquanto Deven desmaiava e cedia lateralmente dentro dos braços de Jonathan, Miranda fazia o mesmo, caindo para trás contra seu Prime, quem a segurou apertadamente e a ergueu para levar para casa. ‚Obrigado, Sr Behr. Me deixe saber quando irá funcionar para você e para seus funcionários re-agendarem, e me mande uma conta pelo seu tempo essa noite também –eu sei que isso é extremamente inconveniente para você ter um não-show, especialmente quando você sai do seu caminho para nos encaixar tarde da noite. De novo, eu me desculpo. Tenha uma boa noite.‛ David desligou com um suspiro no pé da cama, observando Miranda dormir; ela e Deven tinham sido os mais prejudicados, e até agora nenhum dos dois tinha acordado em quase vinte horas. Jonathan disse que ele tinha visto Dev curar tão intensamente duas ou três vezes antes, e isso sempre o enxugava por um dia ou dois; vampiros simplesmente não estavam designados para queimar energia assim. Eles eram predadores, não curadores. Ele se perguntou: Deven teria nascido em uma época diferente, com as habilidades que ele tinha, ele seria um membro valioso na sua tribo, talvez um shaman ou um padre, ao invés de constantemente vir sob o escrutínio e abuso do homem que pensou que seu Deus não podia simplesmente ter compartilhado tais poderes surpreendentes com outro? Ou ele teria sido queimado com a estaca da maneira que Lizzie tinha sido? Deus, parecia, ter um bastante cáustico senso de humor. David checou seu telefone de novo: um texto de Elite 43, o guarda que ele já tinha designado para cobrir Kat, quem estava atualmente com ela na clínica do Signet, onde ela dormia em recuperação. A clínica especializada em injúrias relacionadas com vampiros tinha vários membros do quadro de funcionários imortais que podiam alterar memórias assim como manusear os sintomas de um ataque ou alimentações super-zelosas. Kat não tinha nenhum desses, mas nenhum hospital normal iria entender o que ela tinha passado. Era


melhor mantê-la em algum lugar que os médicos sabiam o que ela sabia e não a enviariam para a avaliação psicológica ou tentariam envolver a polícia. O Prime tinha também ordenado uma suíte de convidados no Haven preparada para Kat. Ele duvidava que ela concordasse em silêncio, mas ele não estava para deixá-la ficar por conta própria depois dessa noite. Outra mensagem, essa do time de Faith na cena: A trilha de sangue os tinha levado a nenhum lugar, desaparecido no meio do passo no meio da rua, mas eles tinham coletado amostras que foram imediatamente para Novotny, e esperançosamente o bom médico poderia discernir algo no sangue antes que ele morresse. A arma usada para apunhalar Kat foi também recuperada; um erro egrégio da parte da atacante, mas então, ela tinha sido interrompida. David e Deven tinham aparecido em névoa entre um metro e meio do corpo caído de Kat e do vampiro ajoelhado sobre ela com uma faca. Dev tinha sido mais rápido na extração e bateu uma estaca lançada dentro das costas da mulher; ela gritou e se curvou, nem sequer olhando para trás. A estaca caiu enquanto ela correu, e isso, também tinha sido catalogado como evidência e levada para análise de vestígio. Certamente, certamente algo seria encontrado. Nenhum criminoso era brilhante o bastante para atacar quatro pessoas sem deixar uma única pinta de evidência. Ela foi desajeitada o bastante para deixar ambos, a estaca no ombro de Miranda e a faca no estômago de Kat; ela tinha que escorregar em algum lugar. Sombra Vermelha ou não, ninguém era bom assim. Ele se sentou ao lado de Miranda e endireitou as cobertas em volta dela delicadamente para não acordá-la. Ele nunca viu ninguém enrolar os lençóis da maneira que ela fazia. Ele deitou sua mão na sua testa, agradecido que sua temperatura corporal tinha caído ao normal; quando ele colocou-a pela primeira vez na cama ele estava com febre. Seu corpo não sabia o que fazer com a selvagem oscilação na sua energia e tinha reagido como se fosse uma enfermidade até que ele a acordou tempo o suficiente para persuadi-la a beber


algum sangue do seu estoque de emergência. Ele tinha feito o que ele pediu a ela, murmurando algo sobre o sangue estar com gosto de velho, e caído de volta ao sono antes que a frase fosse terminada. Depois de um momento de observação, ele suspirou e esticou-se encostado na sua Rainha por um tempo, a encarando, o lento subir e cair do seu peito mais confortante do que ele jamais pensou possível. Ele tocou seu rosto, roçando seus dedos ao longo do seu lábio, amando cada centímetro dela e apertou, por um momento, com temor; alguém estava atrás dela, e suas razões não importavam. O que importava era que ele iria encontrar quem quer que fosse e machucá-la até eles implorarem pela morte...mas deitado ali olhando para ela, ele não podia pensar em tortura e violência...ele só podia pensar em como estranho e maravilhoso era amá-la, tê-la aqui, cada dia, acordar ao lado dela quando ele tinha ficado tão perto de perdêla. Ele estava grato que o vínculo do Signet assegurava isso, se ela devesse morrer, ele morreria dentro de minutos. O pensamento de existir nesse planeta sem ela, assim como ele fez por tantos anos, era tão horrível para contemplar. Ali, ele sabia, era a diferença entre como ele se sentia sobre ela e como ele se sentia sobre Deven. Perder Dev tinha sido dolorosamente de esmagar o coração, sim, e ali tiveram dias que ele mal saiu da cama abaixo do peso da sua tristeza, mas naquela noite que ele tinha ficado diante das ruínas em chamas do apartamento de Miranda, desesperado por qualquer esperança, mas bem lá no fundo sabendo que não havia nenhuma, tinha sido o pior momento da sua vida. O pensamento, embora, trouxe imagens a sua mente que ele não queria, e uma ânsia que se espalhava para fora da sua barriga, aquela parte dele que ainda desejava, sussurrava, se perguntava como seria, por apenas uma hora...relembrando outro rosto em um travesseiro diante dele, outra boca captando a dele na escuridão, outras costas arqueando contra suas mãos...


Subitamente ele tinha que sair da cama. Pensando em Deven enquanto deitado com Miranda era terminantemente blasfemo para os dois. David se levantou, sentindo desequilibrado e desconfortável com a sua pele. Graças a Deus ela estava dormindo. Ele se sentou na sua mesa e por um momento cobriu seus olhos com suas mãos, desejando por Deus ou por qualquer alto conveniente poder que ele pudesse parar de se sentir desse jeito. Ele tinha pensado que ele amava Miranda com cada centímetro do seu coração, e que isso não poderia possivelmente habitar por ninguém mais. Ainda alguma sombria esquina do seu ser tinha se segurado no que foi uma vez, todo esse tempo, e estava lentamente rastejando através das suas veias, deixando para trás um fogo antigo e um novo medo. Ele podia dizer a si mesmo que isso era puramente físico, ou só nostalgia...mas ele conhecia uma mentira quando ele ouvia uma. Ele tentou checar seus emails e mensagens, mas não havia nada novo. Ainda, deveria haver algo que ele pudesse fazer na sua sala de trabalho, e uma vez que ele estava fora da suíte ele podia falar com Faith sem acordar Miranda. Uma vez no corredor, embora, ele encontrou que seus pés se recusaram a carregá-lo para a sala de trabalho; eles pareciam ter uma agenda por si próprios, e ele estava seguido abaixo no corredor antes que ele percebesse onde ele estava indo.

Maldito seja. Ele disse a si mesmo que seria indolente não verificá-los; eles eram seus convidados, depois de tudo, e ele precisava checar quando eles estavam planejando partir agora que eles teriam que re-agendar seu vôo. Ele podia passar, obter um relatório da situação de Jonathan, e então ir encontrar Faith para revisar qualquer evidência que eles reuniram da cena. Ele podia também telefonar para Novotny para verificar os testes que eles estavam correndo nas mãos de Jake e Denise. Análises patológicas levam tempo, mas poderia haver algum resultado preliminar por agora.


Ele chegou na suíte dos convidados, onde dois da Elite da Califórnia estavam em pé de guarda; era tradição para visitas de Pares trazer meia dúzia ou mais de seus próprios guerreiros para segurança pessoal. Os dois guardas curvaram para ele, e um abriu a porta para ele. David olhou para dentro, esperando ver Jonathan no sofá enquanto Deven dormia próximo, mas para a sua surpresa ele não viu o Cônjuge em nenhum lugar. ‚Entre,‛ disse uma voz cansada. O guarda fechou a porta da suíte atrás de David, quem caminhou lentamente para dentro do quarto, olhando ao redor curiosamente. ‚Oi?‛ Houve um fraco movimento e ele percebeu que era Deven que estava no sofá, curvado contra o braço, debaixo do cobertor, amamentando com um copo de sangue. A lareira estava brilhante e quente, o resto do quarto escuro. ‚Onde está Jonathan?‛ David perguntou, um pouco nervoso sem o Cônjuge de perto. ‚Se lembra?‛ Devem disse. ‚Ele disse que perguntou a você se ele poderia sair com a Isis essa noite, e você concordou.‛ ‚Oh, certo.‛ Ele se lembrava, eles estavam tendo uma breve discussão sobre o ataque e cura uma vez que todos estavam seguros de volta o Haven, e Jonathan tinha dito que eles provavelmente permaneceriam em Austin até Segunda apenas para ter certeza que Deven estava bem para a viagem. Jonathan tinha expressado interesse nos Frisões, e David esteve mais do que feliz a dar acesso a ele aos estábulos sempre que ele desejasse. Jonathan era uma das poucas pessoas que David conhecia que compartilhavam seu entusiasmo por animais e um dos poucos que ele confiaria com eles. Ele era também provavelmente uma das poucas pessoas que Isis iria permitir perto dela sem arrancar um dedo apenas por despeito.


Um pouco cauteloso com a situação, David se abaixou em uma cadeira vazia, perguntando, ‚Como você está se sentindo? Eu pensei que você ainda estaria dormindo.‛ Devem meio deu de ombros. ‚Você sabe como é.‛ ‚Pesadelos?‛ O Prime assentiu sem erguer sua cabeça do cobertor. Ele pareceu tão jovem e vulnerável assim, que fez o coração de David doer. ‚Sempre que eu faço algo tolo com o meu poder eu tenho uma dificuldade de me bloquear dos sonhos. Jonathan pode ajudar, mas ele estava desperto, então eu disse a ele que eu só iria cochilar aqui até ele voltar e sem se preocupar.‛ ‚Há algo que eu possa obter pra você?‛ ‚Não. nada.‛ Houve um momento de silêncio, com o fogo estalando e Deven respirando lentamente e eventualmente, embora ele não estivesse dormindo. Seus olhos estavam parcialmente abertos, olhando para as chamas. ‚O que você fez por Kat foi...nada menos do que um miraculoso,‛ David disse calmamente. ‚Obrigado. E eu sei que Miranda irá agradecê-lo quando ela puder.‛ ‚Ela já agradeceu.‛ Os olhos de Dev abriram um pouco mais amplamente, e ele fixou David com seu olhar, olhos quase tão violetas quanto lírios nessa luz. ‚David...há algo que você deve saber sobre Miranda. Algo importante.‛ ‚O que? O que é?‛ O Prime cuidadosamente se empurrou mais para cima. ‚Ela não é como os outros, David. Ela não é como Jonathan, nada como qualquer outra Rainha. O que ela trouxe para você...nada como o seu vínculo foi visto no Conselho por cerca de milhares de anos. Eu desejaria que eu pudesse explicar isso a você, mas eu não sei o que isso significa, ou sequer como isso é diferente...mas eu posso


sentir. Nenhum Par pode esperar liderar uma vida comum, mas vocês...vocês dois tem algo muito importante para fazerem juntos.‛ ‚Eu pensei que Jonathan fosse o presciente,‛ David gaguejou, tentando e falhando em cobrir o quanto abalado ele estava pelas palavras de Deven. ‚Você sabe que eu tenho, também, em menor medida. Eu nunca usei isso exceto para lutar, mas dessa vez....acredite em mim, meu querido. Não é uma questão de ver o futuro. Eu sei disso. Qualquer que seja a vida que você tenha planejado, qualquer paz que você tenha esperanças de atingir, você nunca a terá. Aceite isso agora e você será muito mais feliz.‛ Eles encararam um ao outro um longo momento antes de Deven relaxar de volta nas almofadas e dizer, ‚Isso faz doer menos, de alguma forma, sabendo que você está destinado para tal vida.‛ David ergueu uma sobrancelha. ‚Você foi aquele quem-‛ ‚Eu sei.‛ Deven o cortou, gesticulando com uma mão. ‚Eu já ouvi isso antes.‛ Ele correu sua mão de volta pelo seu cabelo. ‚David...‛ Uma nota de súplica entrou na voz de Deven, tão quanto relutância, até mesmo medo, para dizer o que ele tinha que dizer. ‚Eu tentei o meu melhor para compensar você por como eu tratei você. Por anos agora eu fiz tudo que eu pude para merecer de volta a sua confiança. Eu fiz coisas que...‛ Ele parou, olhos retornando para o fogo. David franziu o cenho. ‚O que você fez?‛ Deven ignorou a pergunta. ‚Eu não posso forçar você a me perdoar. E se você nunca for...como nós permanecemos amigos assim? Nós estivemos dançando ao redor disso desde que eu cheguei...não, por anos. De alguma forma nós não podemos nos mover daqui.‛ David, inquieto, se levantou e se aproximou para endireitar o cobertor em volta do Prime como ele tinha feito mais cedo com Miranda. ‚Para ser honesto, Deven, eu não sei se nós podemos. Eu pensei que eu estivesse superado isso


tudo, mas eu acho que eu estou apenas muito longe disso. De você. Talvez, seja a melhor coisa, para nós manter nossa distância.‛ Deven agarrou o seu braço, forçando-o a parar de olhar para algo mais sobre o que pensar. ‚É realmente o que você quer?‛ De novo seus olhos ficaram presos. David achou que ele mal podia respirar. ‚Não.‛ ‚Eu nunca deveria ter deixado você partir,‛ Deven disse suavemente, erguendo uma mão e removendo uma mecha de cabelo de David dos olhos. Parecia como se a sua coluna derretesse sob o calor daquele leve toque. David se ajoelhou na frente do sofá, colocando a sua cabeça para cima no nível com a de Deven. ‚E sobre Joanathan?‛ ‚Jonathan teria entendido. Ele disse isso muitas vezes.‛ ‚Ele teria compartilhado você comigo?‛ ‚Claro. Ele sempre teve seus amantes. E eu também, dentro dos termos do nosso relacionamento.‛ David sorriu secamente. ‚Você está baseando os seus arrependimentos na suposição de que eu estaria propenso a compartilhar.‛ O sorriso estava de volta, dessa vez completamente. ‚Nós fazemos muitas coisas insanas por amor. Eu achei que eu estava fazendo a coisa certa em romper com você...mas que tipo de vida nós teríamos agora se você tivesse ficado?‛ O sorriso de David desapareceu. ‚Você teria todo do coração da sua alma gêmea e tudo de mim, e eu teria, talvez, metade das horas. Então as coisas estariam maravilhosas para você, o que é o que importa, não é?‛ ‚Você está sugerindo que eu sou egoísta, David?‛ ‚Não, Deven, eu estou dizendo isso. Você preferiria muito mais que eu estivesse aquecendo a sua cama com apenas metade de uma alma do que encontrar satisfação na minha própria vida – eu tenho certeza que você estava muito mais feliz antes de eu conhecer a Miranda. E agora você pensa, o que,


que você pode voltar para dentro da minha vida e clamar algum pedaço de mim para você depois de você ter me deixado na sarjeta com um coração partido?‛ ‚Você está errado,‛ Deven estalou, raiva soltando faíscas nos seus olhos enquanto eles ficavam prateados em torno das extremidades. ‚Você não tem ideia de quanto errado você está. Como você pode pensar isso de mim depois de tudo que nós passamos juntos? Como você pode pensar que eu não quero ver a sua felicidade?‛ O Prime se sentou, se afastando de David, então empurrou o cobertor para o lado e se forçou aos seus pés. ‚Você deveria ir,‛ Deven disse, voz ficando fria. ‚Eu preciso fazer as malas.‛ Mas Deven oscilou onde ele se levantou, tontura o alcançando, e David o pegou enquanto seus joelhos cediam, seu coração batendo com a súbita sensação do delgado corpo de Deven contra o seu. Dev tentou empurrá-lo para longe, mas o esforço era desanimador na melhor das hipóteses e ele ainda estava fraco. David o segurou nele, alguma coisa selvagem desesperada em seu peito se recusando a recuar, e depois de um momento Deven cedeu e se inclinou dentro dos seus braços. ‚Eu não quero me sentir dessa maneira,‛ Deven murmurou no peito de David. ‚Eu quero esquecer que nós sequer nos amamos e ficar contente com a amizade. Mas eu não acho que eu posso, David. Eu posso manter a minha distância e eu posso honrar seus compromissos, mas eu não posso jamais parar de amar você.‛ David se atraiu para trás para olhar para ele. Havia tal angústia em seu rosto, e David sentiu isso apenas tão sutilmente nele próprio até mesmo se não tivesse aparecido. ‚Eu sei,‛ ele disse. ‚Eu também não posso.‛ Deven sacudiu sua cabeça. ‚Você deve ir. Vá, agora, antes que nós façamos algo que...‛ Ele não teve a chance de terminar a frase. A boca de David já tinha coberto a sua.


Capítulo

K

10

AT ACORDOU EM UM MUNDO QUE TINHA MUDADO, E mudado profundamente, sem a sua permissão. Ela não quis abrir seus olhos. Havia pesadelos no escuro, mas ela não tinha ideia se estar acordada iria comprovar ou refutar sobre a noite passada, e melhor um diabo que ela conhecesse do que um que ela não... entretanto ...o que era aquele bipe? Curiosidade tinha o melhor dela e ela deslizou um olho aberto para ter ao menos alguma ideia de onde ela estava. Isso poderia ser ... quem sabe ... que ela estivesse na sua própria cama, debaixo da sua colcha feita à mão que sua avó deixou inacabada quando ela morreu, aquele azul e roxo que Kat tinha desajeitadamente costurado a mão o último quadrado? Ela estava no seu quarto acolhedor do condomínio que ela comprou em uma tentativa de sentir-se estabelecida em algum lugar, finalmente em casa pela primeira vez em sua vida, a mobília e DVDs testemunhando o fato de que ela tinha escolhido chamar Austin de sua cidade depois de anos de peregrinação ao redor do planeta? O bipe veio novamente ao mesmo tempo em que ela abriu seu olho o suficiente para admitir luz, e seu coração afundou enquanto a confusão se


apossava. Não, isso não era o lar. Lar não era branco brilhante e frio, e certamente não tinha um banco de máquinas acima da cabeceira. ‚Kat?‛ Ela arrancou seu olho aberto o resto do trajeto, depois o seu parceiro, e virou a sua visão para a origem da voz, um jovem homem de cabelos escuros cuja sobrancelha estava amassada de preocupação. ‚Hey,‛ ela resmungou. Drew soltou um fôlego de alívio e apertou a sua mão quase muito forte; ela estava consciente, depois, de algo a cutucando, e um segundo mais tarde ela percebeu que era uma IV. ‚Eu estou em um hospital?‛ ela perguntou, surpresa em como fraca estava a sua voz. Ela soou como se ela tivesse uma gripe. Ele fez um gesto indefinido com sua cabeça. ‚Mais ou menos. É a Clínica Memorial Anna Hausmann descendo a Cinquenta.‛ ‚Nunca ouvi falar.‛ ‚Yeah, eu também. Eu recebi uma ligação na noite passada que você... que você estava aqui. Eu acho...‛ Drew olhou ao redor como se preocupado que alguém pudesse escutar, então disse calmamente, ‚Eu acho que o pessoal de Miranda conduz aqui.‛ Kat piscou. Vampiros têm médicos? Por quê? Ela olhou em volta do pequeno, quarto privativo, o qual poderia ser em qualquer hospital de Austin. Ele até mesmo tinha uma janela cujas persianas estavam abertas, então ao menos as enfermeiras tinham que ser humanas. Na parede, havia um quadro que lia, Bem vindo a Clínica Hausmann! Sua enfermeira hoje é... O espaço foi preenchido com uma letra diferente, com Jackie. No canto superior onde o logo com o nome do hospital estaria, estava um símbolo como um brasão de família, com um S no centro. Solomon.


Kat fechou seus olhos apertadamente enquanto os flashes de memórias começaram a introduzir... não visual, mas visceral, a memória da dor, do terror... Ela gritou de volta em lágrimas. ‚O que aconteceu comigo?‛ ela sussurrou. Drew se levantou e se aproximou dela, colocando seus braços ao seu redor. Ele cheirava como sempre: patchuli, livros, e o fraco cheiro de mofo das aulas do departamento de música na UT13. Ele iniciou um programa ali para crianças carentes, ensinando aulas de piano de graça depois da escola. Isso, seu habitual horário de aula, e todos seus outros trabalhos voluntários tomavam muito tempo, combinado com os horários malucos dela, eles dificilmente conseguiam se ver nesses dias. A maior parte dos caras teria se livrado dela até agora, mas ele queria se inscrever para o longo percurso. Ele deveria ser tão doido quanto ela. Ela soluçou, e ele a segurou mais perto, enquanto o horror coletivo da noite se assimilava. ‚Eu a perdi,‛ ela engasgou. ‚Eu perdi a bebê. E depois eu a encontrei de novo. Eles me salvaram. Eu estava tão assustada...‛ Apenas como antes quando ela estava caminhando para o seu carro. Mas dessa vez, não era a sua imaginação, um estranho ao acaso. Dessa vez era alguém que a queria morta. Ela mal teve um segundo para ligar o botão do pânico no seu telefone antes que alguém batesse nela por trás, nocauteando-a ao chão, lutando com elas pelas suas costas. Ela tinha olhado para cima em um rosto inumano, e tudo o que ela viu foram dentes ... o cintilar de uma faca ... e então houve tanta dor, sua memória simplesmente parou. Seu cérebro não podia lidar com a realidade e tudo ficou cinza e silencioso até...

13

(UT – universidade do Texas)


Ela ouviu uma calma voz masculina ao seu lado e olhou acima para ver um rosto angelical – talvez fosse realmente um anjo; inferno, se vampiros eram reais, o que mais seria? – justo antes dela ouvir Miranda, em pânico, chamando o seu nome. Então houve...

‚Devo eu trazê-la de volta, Katerina?‛ Então ela acordou aqui. Ela tentou dizer ao Drew o que tinha acontecido, ou o máximo disso que ela pudesse fazer sentido. Ele pareceu como se ele não estivesse certo se a abraçava ou lançava algo ao fogo. Drew não era uma pessoa zangada; de fato ele era uma das mais gentis, mais compassivas pessoas que ela já conheceu. Sabendo que ela era a fonte da raiva dele fez o seu coração estremecer com culpa. Não muito tempo depois dela se recompor, houve uma batida na porta, e a porta oscilou aberta para revelar uma minúscula mulher redonda com uma prancheta e um termômetro digital. ‚Oi aí,‛ ela disse, seu sotaque do Texas pronunciado e confortável. ‚Eu sou Jackie.‛ ‚Kat.‛ ‚Prazer em te conhecer, docinho. E você deve ser Drew.‛ Jackie estendeu a mão e o cumprimentou, de alguma forma sem colocar suas coisas abaixo, uma impressionante façanha. ‚Eu só estou aqui para medir os sinais vitais de Kat. Você tem alguma pergunta?‛ ‚Yeah,‛ Drew disse, mais poderosamente do que Kat já o tinha ouvido. ‚Mas que inferno aconteceu com ela na noite passada?‛ Jackie foi ao trabalho verificando vários monitores de Kat e fazendo ajustes nas coisas, dizendo, ‚A palavra oficial é que você foi atacada por um vampiro – eu entendo que você está sob a proteção do Signet? Bom, então eu posso ser um pouco mais franca. A mulher que atacou você é suspeita de vários assassinatos e um ataque à Rainha.‛


‚Vários assassinatos?‛ Drew exigiu. ‚Eu pensei que ela acabou de partir depois de Kat e Miranda. Você quer dizer que ela esteve matando outras pessoas e eles ainda não a pegaram?‛ ‚Drew,‛ Kat disse calmamente, ‚se acalme.‛ Jackie não pareceu chateada pela explosão de Drew. Ela anotou a temperatura de Kat na sua prancheta antes de responder. ‚Eu temo que ela ainda esteja em liberdade, mas o Prime Deven a feriu, e havia evidência na cena que está sendo analisada nesse momento. Alguém entrará em breve para lhe fazer poucas perguntas, Kat, sobre o atacante.‛ ‚Polícia?‛ Kat perguntou. ‚Elite,‛ Jackie respondeu. ‚Polícia não é muito boa nesse tipo de situação.‛ ‚Que tipo de lugar é esse?‛ Jackie sorriu. ‚O Hausmann foi oficializado pelo Prime Solomon para cuidar das vítimas de alimentação vampira – mesmo com as leis elas existem, algumas vezes coisas infelizes acontecem. Nosso pessoal é treinado a reconhecer e lidar com resultados de específicas condições de injúrias relacionadas com vampiros, incluindo prematuras transformações e várias formas de anemia. Nós não somos muito grandes ou muito ocupados, mas as instalações médicas comuns nem sempre sabem como tratar esse tipo de coisa ou a sua carga emocional. Nós temos... orientadores para isso.‛ A enfermeira falou com tanta naturalidade sobre o seu trabalho que Kat sentiu uma assustadora sensação de surrealidade ao seu redor. ‚É... você pode me dizer se o bebê está bem?‛ Jackie pausou e olhou para ela. ‚É difícil dizer, o quanto jovem é. Ela ainda tem um forte e bom batimento cardíaco e não há dano que nós podemos ver no escâner. Você irá dar seguimento com a nossa OB/GYN 14 assim que possível, mas eu diria, cuidadosamente, que parece que ela ficará bem.‛ 14

(OB/GYN – obstetra e ginecologista)


‚Como você sabe que é ela?‛ Drew perguntou. Jackie pareceu pensativa. ‚Eu não sei, realmente,‛ ela respondeu. ‚Só saiu assim. Você preferiria que eu não usasse um pronome feminino? É, como eu disse, realmente muito cedo na gravidez.‛ ‚Não, está tudo bem,‛ Kat disse. ‚Eu sei que é uma menina, também ...e ... eu vou mantê-la. Então está tudo bem.‛ Ela viu o choque no rosto de Drew, mas não disse nada para ele ainda. Ela ainda estava se acostumando com a ideia por si mesma. Apenas ao dizer isso alto era chocante o bastante. ‚Tudo bem, então, eu vou sair da sua frente,‛ Jackie disse com um sorriso. ‚Todos os seus sinais vitais estão estáveis, e eu tenho muita certeza que você será capaz de ir pra casa pela manhã. Eu vou mandar o jantar para você dentro de uma hora.‛ ‚Obrigada.‛ Kat viu de forma muito clara a pergunta que Drew estava para perguntar. ‚Não...vamos falar sobre isso nesse momento, okay?‛ Ela esticou a mão com a sua não carregada de IV e tocou no rosto dele. ‚Assim que eu sair daqui e não houver ninguém tentando me matar, nós podemos começar a fazer planos.‛ Drew sorriu, assentiu, e disse, ‚Qualquer coisa que você quiser, bebê, mas você percebe que eu estou me mudando agora nem que eu tenha que dormir na varanda da frente.‛ Kat não pode evitar além de sorrir de volta. ‚Tudo bem pra mim,‛ ela disse. ‚Livrou-me do problema de adestrar um Rottweiler.‛ Eles dois gargalharam um pouco, embora Kat ainda se sentisse mais como chorando. Jackie enfiou a sua cabeça de volta na porta. ‚Você tem outra visita,‛ ela disse. ‚Você se sente bem para umas poucas perguntas?‛ Kat deu de ombros. Por que não?


Drew começou a dizer algo – e Kat tinha suas teorias como o que – mas as palavras morreram nos lábios dele quando uma mulher entrou no quarto. Ela era pequena, mas musculosa, e parecia Japonesa; seu cabelo era um brilhoso ébano caído trançado para trás do seu rosto. Ela vestia um dos uniformes pretos que Kat tinha visto na Elite, incluindo a pulseira de prata que eles usavam para comunicarem-se. Ela também tinha uma espada. ‚Meu nome é Faith,‛ ela disse, sua lisa voz completamente negócios. ‚Eu sou a Segunda no Comando da Elite do Sul. Você deve ser Kat.‛ Se a cordialidade de Jackie tinha sido tranquilizadora, a frieza de Faith era, também; claramente essa não era uma pessoa com quem se mexer. Onde ela esteve, Kat se perguntou, quando Kat estava sob suas costas com uma faca na sua barriga? ‚Eu tenho umas poucas perguntas sobre a atacante,‛ Faith disse. ‚Eu não vou segurar você por muito tempo; eu sei que você precisa do seu descanso.‛ ‚Mande logo,‛ Kat disse, tentando soar cordial, mas a maior parte saindo um pouco patético. ‚Sente-se.‛ Faith declinou, preferindo ficar de pé ao lado da cama com seus braços cruzados, parecendo incrivelmente muito assustadora. ‚O que você pode me dizer sobre a sua aparência?‛ Kat fechou seus olhos e engoliu, tentando se concentrar. ‚Ela é loira,‛ ela disse. ‚Cabelo curto... muito curto, meio que séria. Eu realmente não me foquei na cor dos olhos por que estava escuro e eu estava sendo apunhalada e tudo.‛ ‚Compreensível,‛ Faith disse. ‚Só me dê qualquer coisa que você puder se lembrar.‛ ‚Ela estava usando preto como todos vocês. Seus dentes estavam ... para fora. Eu quero dizer, eles eram todos como presas e pontiagudos. Ela era magérrima ... eu não sei o quanto alta, mas ela parecia ter uma altura mediana.‛ ‚Ela falou com você?‛


Kat sacudiu sua cabeça. ‚Ela só grunhiu. Não, espere...‛ Kat pensou forte, tentando lutar o seu caminho através da névoa em volta das memórias. ‚Houve uma coisa ... algo a assustou, e ela pulou para cima e correu. Ela fez esse barulho como se algo a atingisse, e ela disse ... eu ouvi ela dizer algo, da maneira como você iria dizer ‘Puta merda!’ ou ‘Maldito seja.’‛ ‚Mas não foi em Inglês,‛ Faith supôs. ‚Que língua era?‛ ‚Eu não tenho ideia. Soou como um cruzamento entre Alemão e algo fora do Tolkien15‛ Algo cintilou na expressão de Faith, mas acabou tão rapidamente quanto veio. ‚Mais uma coisa, Kat ...ela estava usando algum tipo de dispositivo tecnológico, como um receptor auricular Bluetooth ou um desses?‛ Faith ergueu seu braço para mostrar a pulseira de metal no seu pulso. ‚Não. Não que eu vi.‛ Faith assentiu. ‚Obrigada.‛ Ela começou a partir, mas Kat a chamou de volta, ‚O que acontece agora?‛ Faith se virou para ela. ‚Como assim?‛ ‚Bem, obviamente ter um guarda comigo não foi suficiente.‛ Uma sobrancelha erguida. ‚Eu fui dada a entender que você recusou segurança adicional.‛ ‚Algo sobre ter minha mão arrancada me fez repensar isso.‛ Faith assentiu. ‚Eu imagino que faria. Há um quarto pra você no Haven, onde você estará sob vinte e quatro horas de cuidados e mais segura do que qualquer outro lugar no planeta. Seu homem seria bem vindo a se unir a você. Eu imaginaria, contudo, que você não quer desistir do seu emprego e vida pela duração da investigação, nesse caso você vai para casa, mas nós atribuímos a você completa e minuciosa segurança Elite e vigilância digital. Depende de

15

(Tolkien – J. R. R Tolkien escritor da saga Senhor dos Anéis)


você, mas de ambas as formas você precisa ser vigiada de muito mais perto até que a situação seja liquidada.‛ Kat passou suas mãos sobre seu rosto. O tubo da sua IV a atingiu levemente no nariz. ‚Eu posso pensar sobre isso?‛ ‚Claro. Os funcionários querem manter você até a manhã; você pode nos notificar a sua decisão então. Há dois guardas do lado de fora do quarto.‛ ‚Obrigada.‛ Faith se curvou, depois desapareceu. Eles sentaram-se em falar por um minuto, Kat mexendo na sua IV, Drew claramente não falando do bebê. Kat se encontrou exausta apenas das duas pequenas conversas, e embora a última coisa que ela quisesse era passar a noite em uma cama de hospital, ela entendeu por que eles a queriam ali. Ela se sentiu como se todo o seu corpo estivesse sido espancado com uma raquete. Ela quase morreu. Sua mão tinha sido arrancada depois reatada ... com magia. Ela pulou dentro do escuro e foi apunhalada na barriga. Quem quer que a tenha apunhalado poderia tentar novamente ...e tudo isso por que a sua melhor amiga era um vampiro. Ela estava grávida. Ela estava com dor ... Deus, ela estava com dor ... E ela não podia sequer ter um analgésico normal. De alguma forma ela não pensou que Tylenol faria muito bem depois de tudo isso ...O que ela realmente queria era uma garrafa de vodka e uma viagem de avião para qualquer lugar mais no mundo além dali. Drew não perguntou por que ela estava chorando novamente. Ele só a abraçou e a deixou chorar até dormir.

O feitiço se tornou inquebrável através de longos beijos de tremer a alma; através das roupas e lençóis lançados ao lado com descuido; através dos dentes perfurando pele, unhas arranhando ombros, o suave choro da união e das


desiguais respirações que se erguiam e caíam; através do cume de tremer o mundo e subsequente queda, queda... ...até, tremente e machucado, David se abaixou sobre colchão, e seu coração golpeando o seu caminho através da sua costela, gritando a pergunta dentro de sua mente: Meu Deus, o que nós fizemos? Nenhum dos Primes podia falar. Por um longo tempo o único som era o arfar enquanto David tentava desacelerar a sua respiração e ainda o ciclone de pensamentos, a maior parte dos quais era uma única palavra: Não. Ele olhou acima, encontrando olhos que estavam tão atordoados quantos os seus. Ele sabia que qualquer que fosse o choque e a vergonha que ele estivesse sentindo, pelo menos uma vez Deven sentiu isso tão fortemente, só não mais, por que ele nunca iria, jamais ter esperado que David fizesse ... isso. As mãos de Deven ainda estavam trançadas com o travesseiro, segurando-o, abraçando, os últimos preciosos segundos antes da realidade afundar nos dois. David arrancou seus olhos para longe e se sentou, sentindo o ar frio do quarto no seu corpo nu, suado. Ele não estava certo do que era pior: deitar ali entrelaçado com seus pecados ou se afastar. Fortes, calorosas mãos tocaram seus ombros, e ele sentiu Dev se inclinar contra ele e beijar a parte detrás do seu pescoço. ‚Está tudo bem,‛ Deven sussurrou. ‚Não, não está,‛ David disse de volta, mal capaz de convocar as palavras. ‚Não está nada bem.‛ ‚Eu quis dizer... isso não foi sua culpa. Eu aceito a culpa.‛ Tentador como a ideia era, David não podia deixar isso acontecer. ‚Não. Eu comecei isso. Eu podia ter parado em qualquer momento, mas...‛ ‚Você não parou, e nem eu parei.‛ Ele correu suas mãos descendo sobre os bíceps de David, e por um momento, apenas um momento, David se deixou esquecer o que existia do lado de fora do quarto e quase relaxou no seu abraço.


Eles tinham destruído o mundo além da porta, mas se ela fosse ficar fechada por apenas uns poucos minutos a mais... Foi Deven que quebrou o silêncio, soando penosamente jovem e triste quando ele perguntou suavemente, ‚Como nós vamos dizer a eles?‛ ‚Ela,‛ veio uma voz. Ambas as cabeças estalaram para cima de uma vez. Jonathan entrou no quarto sem fazer nenhum barulho e fechou a porta atrás dele; ele estava de pé do lado de dentro na soleira, os observando. Eles estavam os dois congelados no lugar, incapazes de se afastarem um do outro, como se isso fosse fazer uma diferença no que o Cônjuge soubesse. Mas Jonathan não pareceu chocado ou zangado; sua expressão era uma de resignação. ‚Você sabia que isso iria acontecer,‛ Deven disse. Jonathan sorriu com uma incomum borda de amargura. ‚Claro que eu sabia.‛ ‚Você não tentou nos impedir.‛ O Cônjuge inclinou sua cabeça a um lado, fazendo um barulho de algo como uma gargalhada. ‚Quem pode impedir a terra de tremer?‛ ‚Nós poderíamos,‛ David disse, cuidadosamente se afastando de Deven e colocando o lençol ao seu redor, agudamente envergonhado, como Adão no Jardim. ‚Ninguém nos forçou a fazer isso – nem destino, nem nada. Um de nós poderia ter dito não.‛ Agora Jonathan pareceu divertido; ele frequentemente parecia quando David tentava argumentar com suas alegações de destino. ‚Você não está ajudando na sua causa aqui.‛ ‚Eu não estou tentando.‛ David não podia olhar para Deven, e ele não podia encontrar os olhos de Jonathan, mas ele falou tão certo quanto ele pode, dado os abalos na sua mente. ‚Eu não estou pedindo perdão... se você vai ficar zangado com alguém, que seja comigo. Não desconte isso em Deven.‛


‚Eu não estou zangado.‛ ‚Como você pode não estar?‛ ‚Eu disse a você, eu já sabia. Eu sabia disso antes de nós sequer virmos aqui. Havia um fantasma entre vocês que tinha que ser exorcizado.‛ Ele fixou o seu Prime com um olhar firme. ‚E você não violou os termos do nosso compromisso por quaisquer meios. O que é justo é justo. Eu não sou aquele com quem realmente você tem que se preocupar.‛ Deven não disse nada. Pela primeira vez desde a noite que eles se conheceram, Deven pareceu super perdido... e David entendeu que quando chegasse até o fim, David não era aquele a quem ele estava atado. Eles poderiam se amar até as estrelas se exaurirem, mas eles não iriam, e nunca seriam, atados em alma. Eles nunca iriam viver juntos, nem morrer juntos. David fechou seus olhos contra a negação que se erguia revoltada em seu coração, mas isso era verdade. Isso tinha sido um momento roubado. Ele não poderia ter Deven...jamais. Ele queria o encerramento, e da forma que ele teve ...mas não haveria resolução disso, não realmente. E agora as coisas estavam muito piores. ‚Bem agora,‛ Jonathan disse, ‚Eu cheiro como um celeiro, então eu vou tomar um banho. Feche a porta atrás de você, por favor, David, no seu caminho para a saída – oh, e Deven, se não fosse ser muito incomodo, troque os fodidos lençóis antes de eu voltar.‛ A última frase foi sibilada, com tanta raiva nela que ambos os Primes foram surpreendidos, mas Jonathan não disse nada mais até que ele alcançasse a porta do banheiro. Ele olhou para David. Sua voz estava perfeitamente nivelada novamente, perfeitamente concreta. ‚A propósito, você não terá que dizer a Miranda também. Você não teve tempo de aprender isso, mas quando você tem uma ligação como á de vocês, você pode sentir quando o seu marido tem um orgasmo ... sem importar com quem seja.‛


O Cônjuge fechou e trancou a porta do banheiro. ‚Oh, Deus...‛ David colocou sua cabeça em suas mãos. ‚Miranda. Como eu vou encará-la?‛ Deven quase disse algo sarcástico – David conhecia o olhar no seu rosto – mas no último segundo a faísca drenou dele e ele disse apenas, ‚Honestamente.‛ ‚Ela nunca irá me perdoar. Três meses e eu rompi com a sua confiança ...não há nada que eu possa dizer para fazer isso endireitar.‛ De novo, Deven soou drenado ... não, derrotado. Toda a sua arrogância e auto-possessão foram embora. ‚Você cometeu um erro, David. Ela vai perdoar você.‛ David olhou para ele. ‚Um erro?‛ Ele suspirou. ‚Sim. Um lindo, terrível erro que nunca poderá acontecer novamente. Agora nós vamos para casa no Oeste, e você irá voltar para a sua Rainha, e todos nós vamos fazer o melhor que nós pudermos para agir como se isso nunca aconteceu. E nós vamos manter boas relações no Conselho, e falar pelo telefone quando nós precisarmos, mas nós nunca provavelmente vamos ficar sozinhos novamente.‛ ‚Deven-‛ ‚Vá, David. Por favor. Só vá.‛ Não havia nada mais que David poderia dizer. Ele recolheu suas roupas descartadas e as colocou com mãos adormecidas, consciente dos olhos de Deven nele. Ele deixou o quarto sem olhar para trás, temente que se ele fizesse, ele desmoronaria. Ele evitou os rostos dos guardas também; eles pertenciam à Califórnia, não a ele, então o que eles pensavam não interessava, mas uma vez descendo o corredor, aproximando-se do posto da Elite mais perto, ele descobriu que ele não poderia se deixar passar por eles... e então, arriscando a exaustão para salvar a cara, ele encheu-se de névoa, sustentando a imagem da


sua suíte apertadamente em sua mente e puxando-a para ele, passando através do espaço com um pensamento. Ele reapareceu justo no interior da porta... onde Miranda estava esperando por ele. ‚Essa é a parte onde eu saio correndo e deixo você‛ Ela perguntou, muito, muito calmamente. David estava olhando para ela como se ele esperasse que ela fizesse muito pior do que isso; mantendo um olho nela, ele se aproximou da lareira e se sentou na sua poltrona, cada movimento deliberado, da maneira que ele fazia quando um dos seus cavalos se assustava e ele não queria levar um coice da cabeça. ‚Seriamente, você precisa me dizer‛, ela continuou. Sua voz tão uniforme que ela podia estar discutindo o clima. ‚Eu nunca fui traída antes. Eu não tenho certeza qual é o meu trabalho aqui. Eu grito? Arremesso coisas? Mato você? Oh, espere...eu não posso fazer isso.‛ Ele ainda não falou. Ela podia sentir a culpa, e a vergonha, radiando dele, tóxico. Pior, ela podia sentir o cheiro disso...suor, e sexo, e ele. ‚Eu podia matar você,‛ ela fundamentou. ‚Eu teria apenas cerca de dois minutos de vida, mas eles seriam uns dois minutos muitos satisfatórios.‛ ‚Eu espero que isso tenha valido a pena‛, ela continuou. O arfar na sua voz aumentou apenas um pouquinho. Ela não podia impedir. ‚Isso pareceu muito fantástico. Eu estava deitada na cama me sentindo quase bem o bastante para me levantar e ir para a sala de música, sem pensar sobre a minha melhor amiga quem quase morreu por minha causa, e bum! Subitamente eu estava tão excitada que eu não conseguia suportar...mas não era eu. Foi bom, baby?‛ Suas mãos agarraram os braços da sua cadeira tão forte que elas ficaram brancas. ‚Você cheira como uma boa forte trepada. É melhor com um cara? Você nunca


me contou. Os meus peitos ficam no caminho? Eu sei que eu sou muito boa, mas você gritou mais alto com ele?‛ Ele se encolheu para trás mais ainda com cada palavra dela, olhando para ela, olhos amplos e temerosos. Ela estava começando a soar levemente histérica, mas de novo, ela não podia parecer evitar, e além disso, ela não se importava. Ela tinha esperado por ele por mais do que uma hora, sentindo sofridas ondas de prazer e dor, seu próprio corpo respondendo traidoramente apesar de não haver mãos a tocando, sem línguas contra a sua coxa. Ela sentiu o gosto de sangue na sua boca – não o de David, e não o dela. Bile subiu na sua garganta, e ela se levantou. ‚Valeu à pena? Me diga, David. Valeu?‛ Ele não podia olhar para ela. ‚Não.‛ ‚Era para eu só ficar sentada descalça como uma boa esposa, mantendo as lareiras da casa queimando, enquanto você está fora chupando o seu namorado?‛ Ele olhou acima para ela. ‚Foi um erro,‛ele disse. ‚Eu não pretendia que isso acontecesse.‛ ‚Você não pretendia que isso acontecesse? O que sequer isso quer dizer? Você deitou no chão e ele tirou a sua roupa e caiu sobre o seu pau?‛ ‚Amada, por favor...‛ O pitoresco termo de carinho sempre a fez sorrir, mas agora isso trouxe uma onda violenta de raiva através do seu corpo, e ela o bateu. Ele não caiu para trás, mas sua cabeça estalou ao lado, e quando ele a encarou de novo sangue escorria do canto da sua boca. Sua visão ficou escarlate. Ela bateu nele de novo. ‚Levante-se, covarde!‛ ela quase gritou. ‚Se é tão fodidamente fácil me machucar, faça isso direito! Levante!‛ Ele ficou onde ele estava, sangrando, e ela socou ele de novo, e de novo, xingando-o, cada vez sua voz aumentava até ela perder do controle da


linguagem Inglesa e simplesmente choramingar, arremessando sua traição nele da única maneira que ela sabia como. Ela ouviu vidros estilhaçando; a força das suas emoções estava infiltrandose dentro do quarto e provocando que as coisas caíssem da prateleira. Ela não se importou. Tudo o que ela podia fazer era gritar até sua voz acabar e ela soluçar incoerentemente, desmoronando no chão, incapaz de machucá-lo mal o bastante, a fazê-lo sangrar o bastante, para combinar com a maneira pela qual ela estava sangrando. Ele se empurrou para fora da cadeira e foi até ela, a colocando em seus braços; no início ela tentou lutar com ele, mas ele não podia deixá-la ir, e no fim eles dois chorando, agarrados um ao outro como crianças em um campo de batalha. ‚Me desculpe,‛ ele sussurrou intermitentemente, repetidamente. ‚Deus, eu desejaria que eu pudesse matar você‛, ela gemeu, batendo no ombro dele com punho desanimado. ‚Porque você me trouxe para a sua vida e depois fez isso comigo?‛ Tremendo, ele estendeu a mão até a sua garganta e arrancou o Signet, pressionando-o nas mãos dela. ‚Aqui‛, ele disse, face molhada com lágrimas. ‚Quebre-o. Quebre-o, Miranda.‛ Ela atraiu um fôlego trêmulo, sem compreender. ‚Por quê?‛ ‚Mate um de nós e nós dois morremos. Quebre uma pedra e o seu usuário morre. É a única maneira de cortar o vínculo – por outro lado você está presa aqui comigo para sempre.‛ Ela olhou abaixo ao amuleto em sua mão. ‚Apenas assim?‛ ‚É algo que todos sabem, mas ninguém jamais fez. Eu não sei o que vai acontecer com você depois. Você pode não sobreviver muito, mas ao menos...ao menos você estará livre.‛


Ela ainda estava chorando, mas ela sacudiu sua cabeça. Ela ergueu a pedra e rapidamente devolveu ao redor do pescoço dele. Sua voz mal era um sussurro. ‚Você não vai se livrar disso fácil, baby.‛ Ela deixou uma mão no Signet dele e moveu a outra mão para cobrir o seu próprio. ‚Eu não vou deixar você fugir ao primeiro teste‛, ela continuou. ‚Eu vou ficar com você...mas você vai ter que ficar comigo.‛ ‚Qualquer coisa‛, ele disse. ‚Eu faria qualquer coisa‛. ‚Okay‛, ela respondeu, tocando a sua testa com a dele. ‚A primeira coisa que você pode fazer é tomar um banho‛. ‚Sim...‛ Ele enxugou seus olhos, parecendo aturdido pela exibição de emoções que tinham escapado das suas habituais paredes, e ficou aos seus pés. Ela sentia tanto vazio do lado de dentro, e ainda fraca; ela não estava preparada para isso. Ela tentou se levantar, também, mas ela não podia. David viu a sua luta e estendeu a mão para erguê-la. Miranda se levantou, mãos nos braços dele. ‚Deixe-me ajudá-la a colocar você na cama.‛ ‚Ainda não. Primeiro, eu vou com você.‛ Ela fixou um insensível, mas não furioso, olhar dentro dos seus olhos. ‚Eu quero fazer isso eu mesma‛. Ele não entendeu completamente, mas não argumentou, e a ajudou até o banheiro, então pisou para trás para ver sobre o que ela estava falando. Ela respirou fundo. ‚Abra a água. Quente.‛ Ele obedeceu. Miranda assentiu e veio em direção a ele, desabotoando sua camisa sem tocar a sua pele; ela não podia tocá-lo, ainda não. Ele a deixou sem protestar ou comentar. Lutando com o cansaço, ela abriu o zíper do seu jeans, e terminou de tirar a roupa dele lentamente e clinicamente, tirando cada peça de roupa e largando dentro do lixo.


Então ela removeu as suas próprias, sua camisa regata e calças de yoga dentro de uma pilha no chão. Quando eles dois estavam nus, ela o empurrou em direção ao chuveiro. O vapor a fez ficar enjoada, mas ela estava muito decidida na sua tarefa para ceder aos desejos do seu corpo para se curvar e dormir. Ela o empurrou para dentro do jato de água, pela primeira vez não pausando para aproveitar a visão de água quente caindo em cascata sobre o seu corpo; ao invés disso, ela pegou a esponja e sabão e, com deliberada lentidão, lavou-o da cabeça aos pés, esfregando algumas partes forte o bastante para deixar a pele carne viva. Havia algumas poucas contusões demorando-se na sua pele, mas na hora em que ela estivesse terminando elas teriam desaparecido, assim como o fraco olho roxo que ela tinha dado a ele. Ele ficou perfeitamente imóvel, movendo-se apenas quando instruído, até que ela estivesse satisfeita de que nada de Deven permanecesse no seu corpo, e cada último centímetro dele estivesse limpo. ‚Saia e se enxugue‛, ela disse a ele. ‚Depois vá para a cama.‛ Ele tinha perguntas, mas não as perguntou. Ele só fez o que lhe foi dito. Ela se deu o mesmo tratamento, apenas roboticamente, seu corpo dormente pelo seu próprio toque e a maciez do sabonete. Era a sua essência favorita, mas ela não podia sentir o cheiro dela. Enquanto ela se lavava, lágrimas escorriam dos seus olhos novamente, outro surto de raiva impotente e agonia a atingiu. Ela se afundou de costas contra a parede do banheiro, esponja ainda na sua mão, e se curvou, afundando de joelhos com a água atingindo a sua cabeça, arrastando o seu cabelo para o seu rosto enquanto ela chorava, e se sacudia, até a onda ter passado. Ela levou o seu tempo se secando e colocando roupas limpas. Ela retornou ao quarto, onde ele estava esperando na cama, deitado no seu lado encarando-a sem fazer contato com os olhos. Ela considerou dormir no sofá, ou fazê-lo dormir, mas algo dentro dela começou a lamentar com o pensamento e ela estava muito torturada das


lágrimas para se fazer encarar pela manhã em uma cama vazia. Sem dizer uma palavra, ela subiu no seu lado, cobrindo as cobertas ao seu redor. David esperou por ela indicar que estava tudo bem tocá-la, ela o ignorou e rolou para encarar a parede. Com sofá ou sem sofá, ela podia muito bem estar do outro lado do oceano. Nenhum dos dois dormiu.

Apenas Faith apareceu na noite seguinte à meia-noite ao anuncio oficial da despedida do Oeste. Ela estava surpresa, e ficou profundamente inquieta, pela maneira com que o Prime ordenou que ela providenciasse a saída deles, com nenhuma explicação; ele não soou nem um pouco como ele mesmo, e não era como ele comandá-la sem dar a ela razões. Quando ela viu Deven e Jonathan, ela sabia exatamente o que estava acontecendo. Deven emergiu do Haven primeiro, sozinho, o que era também estranho; ele assentiu a ela sem sorrir e entrou no carro, sem sequer dizer adeus. Ele pareceu normal, para Deven, de casaco de couro e tachas, um pouco mais casual dessa vez com luvas sem dedos contra o frio, suas unhas recém pintadas. Ele era tão estoico como sempre, mas algo estava faltando que ela não podia muito saber o que... até Jonathan sair. Ele não estava sorrindo também. De fato ele olhou na direção de Deven e o quase indefectível lampejo em seus olhos desapareceu, com a mesma maneira com que ele olhou de volta para o Haven como se ele preferisse ser apunhalado e esquartejado do que alguma vez colocar os pés no lado de dentro novamente. ‚Jonathan,‛ Faith disse, incapaz de manter com o protocolo muito mais tempo, ‚você está bem?‛ Ele pausou e deu a ela um sorriso que estava faltando com o seu habitual bom humor. ‚Não particularmente, Faith. Mas não se preocupe conosco. Nós


vamos superar isso, eu prometo.‛ Ele ergueu seus olhos ao Haven novamente. ‚Preocupe-se com a sua própria casa ao invés disso.‛ ‚Oh, não,‛ ela disse. ‚Você não quer dizer...‛ ‚Eles irão precisar de você mais do que nunca,‛ ele respondeu. ‚Prometame, Faith, que você irá fazer o que você puder para ajudá-los a consertar as coisas. Eles podem atravessar isso mais forte do que antes... e depois, talvez tudo não terá sido em vão.‛ ‚Você sabe que eu irei,‛ ela disse. ‚Eu prometo.‛ ‚Bom. Hora de ir para casa... eu espero que nós nos vejamos de novo algum dia.‛ Com isso Jonathan entrou no carro, e um dos seus Elite fechou a porta. Ela observou o carro se afastar, incerta do que sentir, mas muito certa que ela queria chutar David no saco, depois encontrar Miranda e abraçá-la – ao inferno com o protocolo e profissionalismo. O que mais a Rainha estaria passando, se o que Faith suspeitasse fosse verdade? Miranda não era tão madura quanto o resto deles ainda. Ela não poderia ter visto isso vindo como Faith tinha. Metade da Elite estava fazendo apostas, desde aquela noite na sala de treinamento quando os dois Primes tinham lutado um com o outro dentro de um transe, em quanto tempo levaria para que eles encerrassem na cama juntos. Mas Miranda ... ela era tão nova, e tinha sido um vampiro e Rainha por apenas poucos meses... e, do que Faith se lembrava, ela não tinha muito de estória com o amor. Faith tinha que conferi-la. Ela voltou para dentro do prédio, concentrada em seguir para a ala do Par para ver se pudesse encontrar Miranda sem tornar muito óbvio que ela estivesse olhando, mas um dos outros Elite captou a visão dela e se apressou para o seu lado. ‚Lali,‛ Faith disse. ‚Você está fora do seu turno, não está? Por que você ainda está de uniforme?‛


Lali estava segurando uma caixa de metal de aparência familiar. ‚Eu estive esperando por você,‛ ela disse. ‚O Prime me mandou na cidade logo depois do sol se pôr para pegar algo do Hunter Development. Doutor Novotny, o pesquisador humano, tinha algo para ele – eu quero dizer, isso. Ele disse que os resultados estão do lado de dentro em um pen drive, e que eu devo entregálos apenas para você ou para o Par, pessoalmente. Mas ninguém parece saber onde o Prime está essa noite, então eu vim até você.‛ ‚Obrigada, Lali – eu vou levar isso daqui.‛ A guarda-costas se curvou e seguiu o seu caminho, sem dúvida sair do uniforme e relaxar com seu violino. Faith levou a caixa com ela para a ala do Signet, mas para a sua consternação nem o Prime ou a Rainha foram encontrados em sua suíte, na sala de música, na sala de trabalho de David, ou quaisquer das suas outras tocas usuais. Ela deveria ter sido alertada se eles fossem à cidade, por isso ficou o raciocínio deles estarem em algum lugar pelo Haven, e dado ao que estava acontecendo, as chances eram que eles não estavam juntos. ‚Estrela-um,‛ ela disse em seu com. Ela era uma das poucas da Elite que tinha acesso direto com o com de David; em algumas situações ele concedia permissão temporária para um dos outros retransmitir a informação para ele, e claro ele podia escutar qualquer um na rede se ele quisesse, mas para a maior parte tudo passava pela Faith. Ela, então, era uma das poucas que reconhecia a série de sons que ela ouvia quando entrava na caixa de mensagem: O Prime não estava falando com ninguém, mas ela podia basicamente deixar para ele uma mensagem, e ele escutaria quando ele sentisse que quisesse. Era raro para ele usar, mas ela tinha ouvido isso antes. ‚Mestre,‛ ela disse, ‚Elite Dezesseis me trouxe a caixa que o Doutor Novotny enviou. Eu estou deixando na sua sala de trabalho agora. Estrela-três, fora.‛


Faith também tinha acesso à sala de trabalho, então ela destravou e entrou, meio esperando encontrar David ali ignorando as suas batidas anteriores. Ele não estava; a sala estava escura. Ela acendeu as luzes e colocou a caixa na mesa, concentrando-se completamente em partir dali sem bisbilhotar; mas tecnicamente ela tinha a autoridade de olhar no interior, e a necessidade de saber o que diabos estava acontecendo na cidade deles, superou o medo de represálias altamente improváveis do Prime. Ela deslizou a caixa aberta e encontrou o que ela esperava: duas estacas de madeira e uma faca, junto com um USB contendo todos os resultados dos testes de Hunter. Faith notou o contraste entre as duas estacas: Elas pareciam ser feitas de um tipo similar de madeira, o qual era banal. Certas madeiras eram favoritas para caçadores de vampiros por que elas eram mais duras e mais duráveis. A estaca do assassino do ataque à Miranda, contudo, estava talhado tradicionalmente; a outra, de Deven, era um pedaço requintadamente trabalhado de armamento. Era cerca da metade do tamanho da estaca tradicional e tinha um cabo de aço que era pesado para o lançamento. De ter visto essa estirpe antes, ela sabia que a madeira foi instalada na haste de aço. A madeira poderia ser removida e recolocada se ela estilhaçasse ou desbotasse, e a haste interna a ajudava a voar reta e penetrar mais adiante. As armas de colecionador de Deven era uma coisa de uma beleza e tinham sido reunidas por todo o globo, mas ele comissionou as estrelas de lançamento ao seu próprio projeto até mesmo a elaborada escultura no punho. A faca, por outro lado, não era um utensílio de cem anos de idade que Novotny disse ter sido esculpida na estaca da mulher Finlandesa. Era uma lâmina relativamente indefinida, de qualidade decente, mas sem arte real. Tinha sido usada para apunhalar Kat no abdômen, e embora o sangue tivesse sido limpado, Faith ainda podia imaginá-la fervendo com propósito mortal.


Quem quer que essa mulher fosse, ela sabia muito sobre Miranda e seus amigos, até mesmo que Kat estava grávida. Era justo o tipo de coisa que a Sombra Vermelha deveria ser paga para saber. Faith levou o USB para o banco de computadores e ativou as telas que cumpriam várias funções misteriosas para o Prime e o plugou. Ela não era nenhum mago tecnológico, mas os arquivos no interior estavam em um formato bem básico, e ela sabia a senha para desbloqueá-los. A maior parte do que ela viu não fez nenhum sentido. O laboratório tinha testado uma vasta série de vestígios de elementos e componentes voláteis, muitos dos quais poderiam ter vindo de qualquer lugar da cidade. Com sorte, para a saúde daqueles que, ao contrário de David, não se divertiam lendo cromatografias, havia uma visão global dos resultados e um gráfico que comparava os números de todas as três armas em um resumo. Foi ali, aninhado entre nomes químicos polissilábicos e proporções, que ela viu. Faith encarou os dados, relendo-os, depois novamente; mas os fatos não mudavam. Ainda encarando, ela ergueu seu braço e disse no seu com, ‚Estrela-um.‛ Quando os mesmos sons a alertaram da caixa de mensagem, ela disse, ‚Substituir segurança, autorização Estrela-três.‛ A substituição iria empurrá-la através do com do Prime sem importar onde ele estivesse ou o que estivesse fazendo, e iria impulsionar o seu sinal a praticamente um nível ensurdecedor. David ameaçou mutilação se alguma vez ela usasse isso, mas havia vezes quando mutilação era a menor das preocupações. Uma gravação de voz feminina a informou que sua identidade e autorização foram confirmadas; por favor espere.

‚Substituição de segurança concedida.‛ Faith disse, tão claramente quanto possível, ‚Mestre, aqui é Faith. Eu estou na sala de trabalho com os resultados de Novotny. Você precisa descer


aqui nesse momento.‛ Ela olhou para a caixa com seu trio de armas mortais. ‚Há algo que você precisa ver.‛


Parte

II

A L창mina de Lilith


Capítulo

O

11

PEQUENO HOMEM ATARRACADO RELEMBROU DAVID, muito fortemente, um sapo. Seus olhos eram redondos e pequenos, sua boca uma longa linha em um amplo, rosto achatado; ele talvez atingisse o ombro de David se eles ficassem de pé, costas com costas, mas ele era cerca de três vezes mais largo. Ele tinha braços longos e seu torso era pesadamente musculoso de empunhar martelos e outro instrumento pesado por duzentos anos. David olhou fixamente para ele, e ele encarou de volta, indiferente do que o cercava ou do seu interrogador. ‚Então, você é Volundr,‛ David disse. Um grunhido afirmativo. ‚Eu imagino que você esteja se perguntando por que nós o trouxemos aqui.‛ Outro grunhido. A voz do homem era profunda e... bem, rouca. ‚Tem algo a ver com as estacas.‛ ‚Sim, tem. Eu tenho umas poucas perguntas pra você sobre elas.‛ David gesticulou para a sua esquerda, à mesa onde Faith tinha colocado a estaca que tinha sido disparada à Miranda e aquela que Deven tinha


arremessado à assassina. Um terceiro grunhir, não traindo surpresa. David olhou para Faith, que estava na frente da porta, braços cruzados, escutando impacientemente. Levou três semanas para encontrar esse homem e levá-lo a Austin – três semanas e a cooperação do Oeste, que o extraditou do estado de Washington, onde ele habitava, dentro de uma floresta em uma escura casinha e esquecido por séculos. David não estava certo como o Par tinha convencido Volundr a se entregar calmamente; ele claramente não era o tipo de ser facilmente intimidado. David ergueu a primeira estaca. ‚Essa foi lançada por um arpão em miniatura à minha Rainha,‛ ele disse. ‚Foi identificado como vidoeiro prateado da Lapônia. A segunda pertencia ao Prime Deven do Oeste. O Prime identifica você como o homem que trabalhou no interior do eixo e cabo, então esculpiu as sugestões na madeira para ele... fora da madeira prateada. Nós confirmamos que essas duas estacas não apenas são do mesmo tipo de madeira, elas vieram da mesma exata floresta.‛ ‚Coincidência,‛ Volundr disse com um encolher de ombros. ‚Certo.‛ David colocou a estaca abaixo em seu revestimento de espuma. ‚Uma procura na sua propriedade mostrou cerca de nove diferentes tipos de madeira em adição com todos os metais aos quais você trabalha – a maior parte apenas lenha, mas dois, o vidoeiro e um suprimento de sequóia costeira, são conhecidos pelos seus usos em estacas prontas para a batalha. Vidoeiro prateado, contudo, não é típico no Noroeste do Pacífico. Onde você conseguiu isso?‛ Ele encolheu de ombros novamente. ‚Uma mulher da Finlândia fornece isso pra você quando você faz estacas para ela?‛ Nada. ‚Senhor,‛ David disse, deixando uma pequena dureza entrar na sua voz.


‚Eu sinto que eu estou sendo muito paciente até esse ponto. Nós estamos tentando pegar uma assassina no meu território. Eu sei que você não é o assassino por que você nem é mulher ou atlético – eu não duvido da sua força com um martelo, mas você é um fabricante de material assassino. O vidoeiro que nós encontramos na sua propriedade combina exatamente com essas duas estacas. Você está sem dúvida conectado com tudo isso.‛ ‚O que você quer, garoto?‛ Volundr finalmente perguntou. ‚O que eu tenho que dizer a você para que você tenha seus soldadinhos de brinquedo me levando para casa para meu trabalho?‛ ‚Eu quero a lista dos seus clientes.‛ Volundr olhou para David em silêncio por um momento antes dele gargalhar alto e claro; era um quebradiço, indesejável som que quase fez David recuar. ‚Se essa garota é tal problema para você, talvez ela me ameace e eu esteja muito assustado para falar.‛ David ergueu uma sobrancelha para ele. ‚Oh, vamos lá.‛ ‚Ou talvez eu não conheça essa garota,‛ Volundr continuou. ‚Talvez eu tenha comprado a madeira do mesmo revendedor que ela e você está perdendo o seu tempo.‛ David exalou lentamente. Ele esteve esperando muito. ‚Você entende que até eu ter uma resposta satisfatória você estará preso aqui.‛ Um chamejo de uma reação. O ferreiro não gostava de ficar longe de casa; isso era claro. Ele provavelmente não viajava para fora de Washington tanto tempo em que ele esteve vivendo ali. Ele não era um vampiro psíquico forte, viver como ele vivia no meio do nada longe de um fornecimento estável de sangue humano, mas ele era fisicamente forte e suas habilidades estavam em alta demanda. Ele era um dos três artesões de armas que Deven confiava aos seus próprios projetos, e Deven não esteve completamente satisfeito em trazer Volundr para interrogatório; ele concordou, contudo, como algo de uma oferta de paz.


Ainda que a paz não estivesse sido encontrada... não aqui. David deixou Faith organizar tudo. David falou com Deven exatamente duas vezes desde que o Par retornou ao Oeste: uma vez; quando a realização de Faith sobre as duas estacas conduziu David para ligar à Deven e essencialmente acusá-lo de conspiração com a assassina; e de novo, quando David ligou para se desculpar depois de Faith – e Miranda, que manteve notavelmente uma cabeça erguida sobre toda a coisa – apontaram que Deven não tinha motivo para, por mais que fosse, matar Miranda, pois fazendo isso mataria David, também... e, a verdade era, se Deven quisesse Miranda morta, ela já estaria. A aceitação de Deven às suas desculpas foi gelada e hipócrita, mas tirando a mágoa, sem raiva. David agora tinha mais um pecado a adicionar a sua crescente lista de erros contra àqueles que ele declarou amar. Ele olhou para o ferreiro por um momento antes de dizer, ‚Tudo o que eu quero são nomes, Volundr. Me dê uma lista de pessoas que podem ser a mulher que eu estou atrás, e você pode voltar ao trabalho.‛ ‚Eu não tenho lealdade ao Sul.‛ ‚E sobre o Oeste? Certamente o dinheiro do Prime comprou a sua lealdade todos esses anos.‛ Volundr sacudiu sua cabeça. ‚A bichinha invadiu a minha casa e me entregou a você. Eu não devo a ele mer-‚ O final da frase transformou-se em outro grunhido enquanto o ferreiro voava para trás, batendo na parede distante na sala de interrogação, e aterrissando na sua bunda no chão de pedra. O Prime esperou até que ele lutou para ficar sob seus pés, ‚Nós podemos fazer isso no jeito fácil, Volundr, ou do jeito divertido. Eu serei o primeiro a lhe dizer que eu acho uma grande satisfação em deslocar todas as suas articulações uma por uma, ou possivelmente descascar a pele das suas costas e derramar ácido nos tecidos musculares... mas eu respeito você como um artesão e odiaria ver um dos mais talentosos do nosso comércio ameaçado de tal maneira


indigna.‛ Outro encolher de ombros. ‚Eu irei curar. Eu não tenho nada para dizer a você, garoto.‛ ‚Eu sou mais velho que você,‛ David estalou, perdendo apenas um pouquinho da sua paciência – ele tinha muito pouca dela nessas poucas semanas passadas, e o que restou estava perigosamente se esgotando. ‚E meu respeito só vai até aí. Se você quer que isso machuque, pode machucar. Você sabe muito bem do que eu sou capaz, Volundr – você não é estranho ao Signet. Me dê o que eu quero ou eu começo com seus dedos.‛ ‚Eu não tenho medo do que está brilhando em volta do seu pescoço,‛ Volundr disse, ainda perturbadamente intocado sobre a perspectiva de lesão corporal. ‚Você acha que você é o mais poderoso do mundo? Você dificilmente saiu das fraldas. Eu conheço poder centenas de vezes mais antigos que você ...dormindo nas rochas da terra.‛ David suspirou. ‚Você não está me dando algum tripé poético sobre pedras e aço e do poder da sua bigorna, está? Isso é só pateticamente fálico.‛ ‚Eu não estou falando sobre meu pau, garoto. Eu estou falando sobre o Primogênito.‛ Qualquer que fosse a ameaça que David intencionava proferir, morreu em seus lábios, e ele piscou em confusão ao ferreiro, que pareceu presunçosamente satisfeito com a sua reação. ‚Primogênito,‛ David repetiu. ‚Isso é ridículo. Eles são um mito.‛ ‚Oh, eles são?‛ ‚Volundr,‛ David disse a ele, sorrindo um pouco, ‚você não vai me distrair com contos de fadas. Eu posso ver que você me considera um tolo, mas eu temo que você esteja errado... e você está errado em pensar que você não tem nada a dizer para mim. Uma hora, a partir de agora, você terá muita coisa a dizer.‛ O Prime tremulou sua mão, e Volundr voou para trás contra a parede


novamente, dessa vez prendeu um pé para fora do chão com a força do poder de David. David olhou ao homem, tentando manter seu desapego, mas debaixo disso, temendo as horas seguintes. Apenas fale. Não me faça fazer isso. Ele se moveu perto o bastante que ele estava a apenas um pé de distância de Volundr e prendeu os olhos do ferreiro. ‚Você não está me dando nenhuma escolha,‛ ele disse calmamente. ‚Eu vou proteger minha Rainha e meu território a todo custo, e eu sei que você sabe o nome do assassino. O que quer que ela tenha oferecido a você em retorno pelo seu silêncio... não será digno do que vem a seguir.‛ Volundr ainda estava calmo. ‚Eu não sei quem é,‛ ele disse. ‚Você está mentindo.‛ ‚Eu não sei quem é,‛ ele disse novamente, dessa vez com um fraco toque de raiva. ‚E eu não estou entregando nenhum nome. As pessoas me pagam para construir coisas e mantê-las em segredo. Nenhum arrivista um pouco malcriado com um Signet, irá me fazer quebrar duzentos anos de silêncio. Eu respondo às pessoas muito mais importantes que você. Você não se atreva a despertá-las.‛ David pisou para trás, assentindo. ‚Tudo bem, Volundr. Eu entendo a sua posição. Mas há apenas um conselho que eu provavelmente devo dar a você antes de nós começarmos.‛ Volundr inspirou um pesaroso fôlego enquanto o primeiro dos seus dedos estalava para trás. David cruzou seus braços, e em cada palavra estava marcada com o tedioso som de osso quebrando enquanto ele dizia, ‚Nunca... jamais... me desafie.‛ Alguns poucos dias de um inoportuno... ou um oportuno, como isso veio a ser... calor desdobrado gentilmente sobre o Haven, e finalmente Cora se sentia forte o suficiente, e corajosa o bastante, para ir ao lado exterior e ver o mundo


por si mesma. Ela ouviu os serviçais falando sobre o frio no clima desse ano. Inverno no Texas era aparentemente tão moderado quanto o da Itália, mas esse ano já tinha geado e até mesmo haveria neve antes de Janeiro a este ritmo. A maior parte dos serviçais pareciam chateados sobre o volume de lenhas que eles estavam queimando. Eles não falavam muito com Cora diretamente, mas ela estava gradualmente captando mais da linguagem deles graças à máquina de computador no seu quarto e seus discos de linguagens. A maioria ela ouvia, mais do que falava; ela aprendeu muito mais dessa forma... e não somente o Inglês. Algo tinha saído terrivelmente errado aqui no último mês. Ela sabia disso mesmo antes dela captar trechos de conversas aqui e ali que afirmaram a tensão que ela podia praticamente provar no ar. Ela podia sentir a mudança mesmo antes dela perguntar a um dos guardas da porta se o Prime Deven estava em visita, apenas para ser informada que o Prime tinha partido na noite anterior. O tom do guarda sugeriu que ela não fizesse mais perguntas, mas ela captou algo nas palavras, algum... fraco constrangimento, quase. Ela repetiu a conversa na sua mente e decidiu que o homem não estava constrangido pelo próprio Deven, mas por algo que aconteceu para causar a prematura saída do Prime do Haven. Cora não sabia o que fazer com isso. Então ela foi para lado de fora. Ela perguntou aos guardas se estava tudo bem, mas nesses dias eles mal pareceram notar suas idas e vindas, e isso estava bom para ela; ela explorou a casa muito minuciosamente, mas o que realmente a interessava era o solo e os jardins, e uma noite durante o quente descanso ela decidiu que era hora. Ela colocou sua mais nova descoberta – jeans azul – seu suéter com capuz, e os suaves sapatos que Elite a tinha emprestado, e deixou seu quarto. A porta externa mais perto, que ela encontrou nas suas andanças, deixou-a


sair na parte de trás dos jardins, perto de uma ampla trilha que ela supunha que fossem para os cavalos. Uma cerca corria atracada a isso, limitando um pasto. Ela permaneceu com suas costas contra a parede por um momento, se acostumando com a vastidão do céu noturno e à absoluta abertura de um mundo na frente dela. O seu coração estava martelando com medo – parecia tão exposto, tão errado – e ela quase desistiu e se lançou de volta à segurança do seu quarto.

Não. Eu tenho vivido a minha vida com medo. Mordendo seu lábio, Cora se empurrou para fora da parede e deu uns poucos passos hesitantes para frente, então mais uns poucos. Nem a mão de Deus ou um raio a atingiu, ferindo-a, onde ela estava. Uns poucos passos a mais e ela alcançou a cerca do pasto, a qual ela agarrou-se por um momento, ofegante. ‚Melhor,‛ ela murmurou. ‚Talvez ainda haja esperança para você, garota.‛ Ela ouviu um silencioso, tipo de barulho socado aumentando por perto, junto com o sussurro de grama. Quando ela ergueu sua cabeça, ela gritou e se lançou para trás. Um enorme cavalo preto estava de pé do outro lado da cerca, encarando-a com um olhar distinto de diversão em seus redondos, olhos negros. Tinham se passado muitos anos uma vez que Cora viu um cavalo tão perto, mas ela foi familiarizada com eles uma vez, e assim que o choque de tal enorme animal a espiando acabou, ela se moveu de volta para a cerca, olhando para o animal, como ele olhava para ela. ‚Você é adorável,‛ ela disse ao cavalo com um rápido olhar para distinguir que ele era, de fato, uma fêmea. ‚Uma adorável dama.‛ O cavalo pareceu concordar com Cora e mergulhou sua cabeça para arrancar uma boca cheia de grama. Era estranho que ela devesse estar aqui fora de noite; cavalos podiam ver no escuro, Cora se perguntou? Havia luzes ao longo da trilha, e algumas estavam acesas, assim para os olhos de Cora estava


quase tão brilhante quanto o dia, mas ela se perguntou o quanto estranho seria para tais animais viverem de acordo com os horários dos vampiros. Cora alcançou o outro lado da cerca com um braço, gesticulando para o cavalo vir a ela; orelhas pretas agitaram-se em resposta, e os cascos do cavalo de tamanho de pratos trotaram em direção à cerca. O cavalo inclinou sua cabeça e deu à mão de Cora uma imperiosa farejada, então permitiu Cora arranhá-la entre os olhos. ‚É um milagre,‛ alguém disse secamente. Cora pulou, mas conseguiu não gritar dessa vez, e ela se girou para ver a mulher uniformizada que apareceu atrás dela e estava agora a observando com surpresa nos seus olhos com formato amendoados. ‚O nome dela é Isis,‛ Faith disse. ‚Ela morde.‛ Cora olhou de volta ao cavalo. ‚Ela é muito soberba.‛ Faith riu. ‚No mínimo. Apenas uma mão cheia de pessoas sequer chega perto dela assim, e nunca é ideia dela. Ela deve gostar de você.‛ Isis deu a Faith um olhar de puro desdém e então a ignorou, permitindo que Cora continuasse acariciando sua cabeça e pescoço. ‚Você está procurando por mim?‛ Cora perguntou a Faith. Ela tinha que falar lentamente para manter o Inglês organizado na sua cabeça, mas Faith não pareceu ter um problema para entendê-la. ‚Sim. Eu sei que com tudo o que está acontecendo você ficou um pouco perdida no horário, então eu queria checar você e vir se você precisava de algo.‛ Cora franziu o cenho e decidiu tomar o risco. ‚O que está acontecendo?‛ A Segunda veio a se inclinar contra a cerca. ‚Eu não tenho a liberdade para dizer,‛ ela respondeu, ‚mas eu posso lhe assegurar que a sua segurança ainda está garantida. Você não tem nada com o que se preocupar.‛ ‚Eu não estou,‛ Cora disse, adicionando, ‚mas eu sei que todos mais aqui estão preocupados sobre algo. É o meu Mes... eu quero dizer, Prime Hart?‛ Faith sacudiu sua cabeça. ‚Nesse momento ele é o menor dos nossos


problemas. Vamos apenas dizer que há uma situação aqui e nós estamos trabalhando para contê-la tão rapidamente quanto nós pudermos.‛ ‚Essa situação tem a ver com Prime Deven?‛ As sobrancelhas de Faith se ergueram. ‚Você é mais observadora do que eu pensava.‛ Cora não estava certa se considerava isso um elogio ou um insulto. Ela não disse nada e meramente continuou a acariciar Isis. ‚Você teve qualquer pensamento do que quer fazer a seguir?‛ Faith perguntou. ‚Não,‛ Cora disse. ‚Eu não tenho ideia.‛ A Segunda sorriu. ‚Não há pressa, claro. Eu estava apenas curiosa. Eu sei que depois de tudo pelo qual você passou, a paz e a quietude aqui deve ser paradisíaca, mas eu também sei que eventualmente você irá se entediar.‛ Cora deu a ela um sorriso triste em retorno. ‚Eu não tenho educação, sem dinheiro, sem família, e eu até mesmo mal aprendi como ligar um computador. Eu não acho que eu terei muitas opções.‛ Faith deu de ombros. ‚Eu tenho certeza que se você quiser ir para a escola, o Par estará feliz em ajudá-la. Eu posso arrumar um tutor para você, se você gostaria de acelerar suas lições de Inglês ou começar a aprender outros interesses. Nós podemos conseguir pra você uma ID americana. Sério, você apenas tem que decidir o que quer.‛ Cora retirou sua mão de Isis e inclinou-se de costas na cerca enquanto Faith falava, olhando acima para a abóboda negra do céu. ‚Eu nunca fui livre para querer nada,‛ ela disse. ‚Eu não estou certa se eu sei como querer.‛ Faith se aproximou a afagou no ombro. ‚Você vai descobrir. Há tempo.‛ Enquanto Faith a tocava, pela segunda vez Cora sentiu o estranho tremor que ela sentiu com Prime Deven, e por uma extensão de batimento de coração ela viu Faith nos olhos da sua mente, de pé em uma janela em algum lugar no Haven, enxugando impacientemente seus olhos com uma mão. Os olhos de


Cora seguiram os de Faith na cena que ela estava encarando, mas antes que ela pudesse ver o que tinha mexido tanto com a Segunda, sua visão se limpou, e ela ouviu a voz de Faith: ‚Eu quase esqueci de dar isso a você.‛ Cora olhou abaixo para um bracelete que Faith estava fixando ao redor do seu pulso, reconhecendo-o como um dos dispositivos que todos da Elite usavam para falar uns com os outros. ‚Isso vai nos deixar saber onde você está no Haven,‛ Faith estava dizendo. ‚Nós já temos você rastreada na rede de sensores, mas dessa forma se houver um problema, você pode chamar por ajuda. É fácil: Apenas fale no com e diga, ‘Estrela-três,’ e eu responderei. Não precisa ser em Inglês, também; o sistema reconhece cerca de trinta linguagens.‛ ‚Obrigada,‛ Cora disse ‚Eu tenho que ir – eu fui designada para a cidade abruptamente. Você tem certeza que não há nada que você precise?‛ ‚Um propósito?‛ Faith sorriu. ‚Você pode sempre se unir à Elite.‛ Cora não pode se impedir de gargalhar alto. ‚Me falta a graça de andar sem tropeçar. Eu iria arrancar meu próprio braço se me dessem uma espada.‛ Faith gargalhou, também, e disse. ‚Você sabe, eu acho que eu tenho uma ideia que talvez possa ajudar você com isso. Eu vou voltar para vê-la amanhã.‛ ‚Obrigada,‛ Cora disse novamente. A Segunda deu a ela um leve curvar e um breve sorriso e a deixou na cerca, onde Isis já estava empurrando o seu nariz para ela, por uma coçada de orelha, dando a ela um bufar de comando e lançando sua cabeça impacientemente. Cora suspirou e cuidadosamente subiu no degrau mais baixo na cerca para que ela pudesse alcançar melhor o cavalo. Para essa noite, ao menos, isso era o mais perto de um propósito que ela iria conseguir.


***

Baby eu sangro Eu sangro sem você Beije-me mais uma vez Depois gire a faca E vá embora... Todos no estúdio estavam chorando. O Bösendorfer alugado ocupava, talvez, metade da sala, mas o seu som e o som de um coração partido, preencheu cada centímetro do espaço, rastejando para dentro de cada canto e fissura como uma raiz de carvalho através do concreto. Miranda decidiu, aparentemente do nada, gravar uma versão bônus da faixa-título do álbum. A primeira versão estava exuberantemente produzida e tinha um quarteto de cordas. Essa era apenas ela e o piano, simples e cru.

Você esculpiu seu nome no meu coração Você disse que nós éramos para sempre Mas tudo cai Tudo desmorona... Ela não sabia se a sua influência empata iria transmitir pela mídia digital, ou se isso era apenas algo que funcionava para apresentações ao vivo, mas se assim fosse, ninguém que ouvisse a música seria capaz de impedir as lágrimas;


eles iriam parar o que quer que estivessem fazendo e se encontrar revivendo o piores possíveis términos de relações, traições, e decepções de suas histórias. As chances eram que após ouvir a faixa eles iriam pulá-la toda a vez que eles tocassem o CD, preferindo a primeira versão da música. Ela especialmente não se importava, de qualquer forma. Enquanto eles organizavam a sessão, ela olhou dentro da sala de controle para ver que Kat tinha chegado e estava sentada na banqueta que Lali normalmente ocupava. Lali estava gravando a sua parte para uma das outras faixas, então ela estava lá fora no carro, arrumando seu violino. Kat pareceu cansada. Os sintomas de gravidez a tinham atingido como um caminhão nas últimas duas semanas, e ela gastava a maior parte das suas manhãs com sua cabeça na privada. Debaixo dos cinco centímetros de cabelo de menino que tinha crescido desde o ataque, seu rosto estava sonolento e parecia um pouco úmido, mas ao menos ela pareceu feliz em estar ali. As coisas ainda estavam um pouco estranhas. Miranda não perguntava; ela sabia que Kat estava tendo dificuldade com o que aconteceu. E Miranda também ... até mesmo pior do que Kat, graças a uma pesada dose de culpa nas suas costas, sabendo que ela era a razão da assassina ter visado sua amiga. Elas estavam razoavelmente confortáveis uma com a outra novamente ...contanto que Drew não estivesse ao redor. À parte ao fato que ele ficava tenso ao encarar Miranda como se ela estivesse pronta para estourar a cabeça de Kat como uma tampa de Coca-Cola e a sugar até secar, Miranda achava cada vez mais difícil suportar como ele adorava Kat. Cada palavra saída da boca dele era docinho, e ele a mimava como uma criança quando ele não estava contemplando Kat como se ela fosse maravilhosa. Houve um tempo quando Miranda pensou que esse tipo de coisa era fofo, ou ao menos tolerável. Agora, não era esse tempo. De fato, Miranda queria socar com vontade cada casal que ela visse – quanto mais apaixonados eles fossem, mais ela queria estrangulá-los. Que tipo


de retardados vocês são? Ela queria gritar para eles. Ele está transando com a sua irmã! Ela só se importa com o seu dinheiro! Ele postou aquelas fotos na Internet! Ela está partindo assim que ela receber o presente dela de aniversário! Era possível que ela estivesse um pouco amarga. ‚Então,‛ Kat disse enquanto elas caminhavam para fora do estúdio, dentro da frígida noite, ‚como estão... as coisas?‛ ‚As mesmas. Você?‛ ‚Basicamente as mesmas, mas com até mesmo mais vômito.‛ ‚Quanto tempo isso vai durar?‛ Miranda perguntou, gesticulando para Lali e Aaron seguirem à distância, mas ficarem discretos. ‚Isso depende da pessoa – era previsto para ser uma coisa do primeiro trimestre, mas para algumas pessoas nunca para.‛ ‚Soa incrível.‛ ‚Oh, com certeza.‛ Kat trocou a sua bolsa de ombro, e Miranda pensou em oferecê-la para carregar, mas sabia que irritaria Kat em ser tratada como uma inválida – ela já rolou seus olhos atrás das costas de Drew quando ele flutuava a sua volta. ‚Olha pra mim, eu sou uma reprodutora. Progenitora. Pejada. Prenha. Prenhe16‛ Miranda sorriu, seus olhos na suja calçada que ainda estava molhada com outra rodada de uma chuva tardia de outono. Ela estava usando luvas além do seu casaco; ela foi surpreendida por quanto o frio a afetava, pensando no tempo em que era estranho para ela que o Haven queimasse suas lareiras em Agosto. Também fazia um pouco mais de sentido para ela agora que a população de vampiros do Texas era muito maior do que no, digamos, Canadá, embora ela tenha ouvido que o sangue de caribus17 fosse saboroso. ‚Eu notei muitos olhos vermelhos quando eu cheguei aqui essa noite,‛ Kat estava dizendo. ‚Você os enfeitiçou?‛ 16

(aqui no original a autora descreve várias formas de dizer que está grávida no inglês, como todas as palavras são sinônimos, eu fiz o mesmo com o português.) 17 (caribus – veados)


‚Eu suponho que sim. Eu estava curiosa para ver se isso atravessava a gravação.‛ ‚Eu venho querendo perguntar algo a você – o que acontece se o seu CD vender como bolinhos e você ficar famosa? Você pode viajar em turnê? As pessoas não vão fazer muitas perguntas?‛ ‚Quem acredita em vampiros?‛ Miranda perguntou secamente. ‚Eu estava pensando sobre isso, também, e eu imagino, que as pessoas que acharem algo sobre o meu comportamento estranho irão soar como lunáticos na imprensa, e se eu precisar eu posso abordá-los dentro da mente deles, e fazê-los parecer ainda mais lunáticos. Quanto a turnê, bem... eu posso estar longe de casa por poucos dias de cada vez. Eu provavelmente não posso fazer nada internacional, entretanto.‛ ‚A Sua Santidade não pode policiar as coisas sem você?‛ ‚Não é isso. Essa coisa, essa conexão entre nós... se nós ficarmos muito tempo sem nos tocar, começa a nos enlouquecer. Contato físico reforça o equilíbrio de poder. Aparentemente uma vez que nós aprendamos a gerir isso, nós podemos sair por uma semana, mas nesse momento eu fico me contorcendo depois de três dias.‛ Kat ergueu uma sobrancelha lateralmente. ‚Então vocês ainda estão se tocando, mesmo embora vocês não estejam dormindo no mesmo quarto?‛ ‚Nós estamos gastando tempo juntos. Apenas não como antes. Eu só... eu precisei de algum espaço, Kat.‛ Kat suspendeu suas mãos. ‚Eu sei, docinho. Eu não estou julgando. Eu só quero saber se você está bem.‛ Miranda queria parar e chutar uma pedra, mas não havia nenhuma ao redor. ‚Eu não estou bem. Nem por um bom tempo. Mas nós estamos fazendo o melhor que nós podemos. Só vai levar um espaço de tempo. Ajuda que ele está tão despedaçado sobre isso – e que eu posso sentir a sinceridade dele. Eu não estou tão zangada sabendo o quanto aturdido e confuso ele está ... A culpa é


agradável, também.‛ Kat riu. ‚Meretriz sanguinária.‛ ‚Exatamente.‛ ‚O que eu mandei de mensagem de texto pra ele na semana passada ainda se mantém, só pra que você saiba.‛ Agora o sorriso de Miranda foi genuíno. ‚Eu aprecio isso, Kat.‛ ‚E sobre... os outros dois? Você ouviu algo de Jonathan?‛ ‚Não.‛ A voz de Miranda ficou insípida quando ela disse isso, e Kat percebeu a insinuação e mudou o assunto. ‚Então o que você quer fazer essa noite? É muito cedo ainda. Sorvete?‛ O que Miranda realmente queria era sangue... sua cede estava escalando nas últimas três semanas, compensando a total quantidade de energia que ela gastou se exercitando, treinando, se apresentando no palco, e espreitando nas ruas de Austin procurando por uma briga. De alguma forma, entretanto, ela não pensou que caçar seria uma boa atividade noturna de garotas. ‚Cinema?‛ ela perguntou. ‚Nós podemos ir ao Alamo Drafthouse, assistir às coisas explodirem, beber um milkshake do Guinness.‛ ‚Você pode ter um milkshake do Guinness,‛ Kat assinalou. ‚Eu estou fora da ação pelos próximos sete meses ou mais, se lembra? Mas um cinema soa bom. Nós comeremos batata frita com uma grande quantidade de queso e nos satisfazer com um envenenamento de testosterona. Eu estive querendo assistir o novo do Johnny Depp. Ele me dá um comichão.‛ Miranda gargalhou. ‚Sorte a sua. Eu não tenho comichão em semanas.‛ ‚Cara, isso é uma merda... tendo um garanhão morto-vivo com sentimento de culpa à sua disposição e chamando e não querendo tirar vantagem dele.‛ ‚Tudo bem,‛ Miranda disse, parando. ‚Eu vou ligar para Harlan e nós levantamos os horários do cinema no computador do carro. A esse ponto da noite, eu declaro uma moratória sobre conversa de relacionamento, conversa de


bebê, e conversa de vampiro em geral. Essa noite nós vamos apenas ser duas amigas procurando por algum escapismo.‛ ‚Soa como um plano,‛ Kat disse. Sorrindo, quase acreditando que isso iria funcionar, elas concordaram com um aperto de mãos.

***

O prédio do Banco Winchester era um dos favoritos pontos de observação do Prime do qual assistia a cidade passar. Não era o mais alto de Austin, ou o mais chamativo, mas lhe convinha algumas vezes com suas gárgulas de pedras e arquitetura meio que desmoronando. Havia noites quando ele se sentia como um jovem deus, intocável; uma dessas noites ele ia ao mais alto arranha-céu. Nas outras noites que ele se sentia como uma relíquia desbotando-se em um mundo que estaria contente em continuar sem ele. Essas eram as noites quando ele procurava o refúgio superior no Winchester. O tempo parecia determinado a labutar sempre adiante quer ele fosse com ele ou não. De fato, no Haven era como se o pensamento de tempo tivesse rastejado para trás, a uma anterior, mais lamentável era... e se apenas houvesse um novo começo ao invés de desmoronar. David podia sentir Miranda nas ruas abaixo, caminhando com Kat; ele podia senti-la, mas estava muito longe para ouvir qualquer coisa ao menos que Miranda quisesse que ele ouvisse... e ela nunca queria, não mais. Por semanas ela o manteve quase inteiramente desligado da sua mente, seu corpo, e sua vida. Ele queria uivar a sua perda e vergonha na noite acima, para se arremessar fora do prédio se ele achasse que por um momento isso fosse ajudá-lo a reconciliar, mas tudo o que podia fazer era dizer a si mesmo, repetidamente, Ela ainda está


aqui. Ela ficou. Ela ficou, e embora ela o evitasse por grandes partes da noite e dormisse sozinha, ela não os atormentou com a sua abstinência mais tempo do que o necessário; ela aparecia para vê-lo toda manhã, e eles se sentavam em suas cadeiras na lareira e conversavam sobre o que eles andavam fazendo, bebiam, faziam algumas piadas, e tentavam... apenas tentavam continuar. Ela passou mais tempo na cidade do que ele, então ela era normalmente aquela que rondava as ruas do Distrito de Austin para manter a presença deles na fachada da mente de todos. Eles raramente eram visto juntos. Enquanto isso ele ainda estava enredado na investigação. Coordenando investigações dentre o Oeste, sua Elite, DPA, Hunter Development, e a unidade de perícia do FBI, tomava muito tempo e diplomacia. A descoberta de Faith – que as estacas foram esculpidas da exata mesma madeira, assim conectando a assassina ao Oeste – os conduziram à Volundr, e embora o ferreiro finalmente arfou quatro nomes no meio da asfixia pelo seu próprio sangue, David não estava seguro que qualquer um deles provaria um prumo viável. Ainda assim, o Prime foi verdadeiro com sua palavra, e assim que Voludr se quebrou e cedeu os nomes, David o entregou de volta à Elite, que o limpou e o alimentou e estavam agora arranjando transporte para o seu retorno à sua casa, junto com o que Faith considerava uma quantidade obscena de dinheiro... dinheiro de sangue, uma penitência que não faria nada para apagar o som dos gritos do ferreiro da memória de David... ou a sensação de que mesmo tão desesperado quanto eles estavam para encontrar o assassino, os fins nunca poderiam justificar os meios. O vento açoitou passando por ele, pegando a beirada do seu casaco, mas ele estava longe o suficiente da borda que não o tinha atingido tão forte. O triste tempo adequado ao seu humor. Seu telefone soou: uma chamada de voz ao invés de dados. Naquela primeira semana ele recebeu um texto de Kat que simplesmente dizia, Seu saco


+ minha arma, seu rato bastardo. Ele não foi capaz de pensar em uma resposta inteligente. Ele olhou abaixo para ver quem era e respirou fundo. ‚Alô?‛ ‚Você está sozinho?‛ Deven perguntou. Sua voz tinha dois efeitos simultâneos em David: Seu estômago se apertava com ansiedade, mas seu coração estremecia inteiramente com algo mais. Era loucura que por mais que ele quisesse ficar longe de Deven, a investigação continuava forçando que eles se unissem. ‚Eu não teria atendido por outro lado. O que você precisa?‛ Seu tom brusco aparentemente surpreendeu o Prime, que disse hesitante, ‚Eu quero que você saiba que eu tenho a lista que você me enviou e eu os estou trazendo todos, para interrogatório.‛ ‚Você poderia ter me dito isso por email.‛ ‚Ótimo,‛ Deven estalou. ‚Eu estava verificando você. Desculpe por me importar tanto.‛ ‚Bem se você quer saber, Deven, eu estou torpe,‛ David respondeu acidamente. ‚Eu passei a noite torturando um velho. Há uma assassina à solta ameaçando minha Elite e minha Rainha. Ela poderia atirar novamente a qualquer hora e eu não tenho ideia de como encontrá-la ou qual é o seu fim de jogo. Sem mencionar, que minha esposa mal está falando comigo. Seu Cônjuge pode ter instantaneamente perdoado você, mas a minha não é tão esclarecida, ou o que quer que você e Jonathan denominam o seu pequeno acordo.‛ ‚Não jogue toda a culpa em mim, garoto. Como eu me recordo, havia dois de nós naquela cama, e além disso, você começou.‛ ‚Eu não notei que você tinha escrúpulos.‛ ‚Eu não estou dizendo isso. Eu só estou dizendo, que não espere que eu arque com toda a culpa aqui só por que Jonathan é mais velho e mais sábio.‛ ‚Você está tentando insinuar que –‚


‚David,‛ Deven disse firmemente, não permitindo resposta, ‚Eu não vou fazer isso novamente.‛ David caiu em silêncio, como ele sempre fazia quando Deven –quer seu amigo, seu professor, seu amante, seu igual, ou seu empregador – usava aquele tom. Ele se afundou de costas contra a parede do prédio. ‚Você está certo. Eu não posso lutar com o mundo e você, também.‛ ‚Você tem que dar tempo a ela,‛ Deven disse, indo do zangado ao simpático com velocidade notável, o qual disse a David que ele não tinha realmente ficado zangado em primeiro lugar, apenas reagindo a tolice de David agarrado ao drama emocional. Um simples fato da vida que David descobriu nos seus trezentos e cinquenta anos de idade era que no final, os problemas não eram resolvidos com histeria e gritos. Eles eram resolvidos em um trabalho noite-a-noite de honestidade e a glacial lenta reconstrução da confiança. Até agora ele viveu isso como um dado; ele somente não era o tipo de pessoa que exibia emoção. Mas toda essa coisa o tinha nocauteado tão longe para fora do seu núcleo que ele não tinha ideia de como reagir a nada mais. A mera ideia que ele considerava se arremessar para fora do Winchester como algum tipo de viúva Gótica de luto o fez se encolher de medo. ‚Eu sei... eu só odeio que eu a fiz tão infeliz. Ela merece muito melhor. Como um Prime, eu posso solver problemas, derrubar insurreições, decapitar infratores... como marido, eu sou inútil.‛ Uma nota de diversão entrou na voz de Deven. ‚Da última vez que você foi um marido você ainda era um adolescente, e sua esposa não podia sequer votar ou rezar em voz alta em uma igreja. Nem mesmo você pode ser instantaneamente bom em tudo.‛ ‚O que eu faço?‛ David perguntou, mal capaz de se ouvir sobre a agitação do vento. ‚Dê a ela o que ela precise,‛ ele respondeu. ‚Espaço, tempo, o que for. Deixe-a vir a você quando ela estiver pronta para lidar com você... mas se


certifique que ela sempre saiba que você está ali para ela.‛ ‚Há dias em que eu desejo que ela tivesse me matado, Dev. O que eu faço com esse sentimento?‛ Um calmo rir por entre os dentes. ‚Você não é um covarde, David. Você não foge da sua dor.‛ ‚Eu fiz da última vez.‛ ‚Essa é diferente,‛ Deven disse a ele. ‚Da última vez você não fez nada errado... e talvez você fugiu, mas apenas por que eu o dispensei. Dessa vez você não pode colocar dois fusos horários entre vocês. Você tem que lutar pela Miranda... pela saúde dela, pela sua ... e pela minha.‛ Dev não podia vê-lo fazendo um rosto cético, mas David estava certo que apareceu através da sua voz. ‚Que bem que faz a você se nós consertarmos as coisas?‛ ‚Eu tenho um vasto interesse em você e na sua Rainha, meu querido.‛ ‚O que isso significa?‛ ‚Se vocês se separarem, eu devo a meu Segundo vinte dólares.‛ David rolou os olhos. ‚Você é tão cheio de merda.‛ ‚Eu deixarei esse comentário deixar passar. Eu tenho que ir... o primeiro daqueles suspeitos está aqui esfriando seus saltos na sala de treinamento da Elite, e eu tenho que ir aterrorizá-la para falar.‛ ‚Tudo bem. Deixe-me saber o que você descobrir.‛ ‚Eu vou. Eu a –‚ Deven parou no meio da palavra e se corrigiu com, ‚Eu vou falar com você mais tarde.‛ David encarou o telefone por um minuto antes de desligar. A pior coisa – bem, uma das centenas das piores coisas nessa situação – era que o impedimento tinha oficialmente se partido. Ele não podia mais fingir, para si mesmo ou para ninguém mais, que ele ainda não tinha sentimentos por Deven que eram, para a sua surpresa continuava, completamente correspondido. E embora ele sempre tivesse se orgulhava do seu auto-controle,


ele honestamente não pensava que ele e Deven seriam sequer capazes de estar em um mesmo quarto sem estarem acompanhados. A confiança de Miranda nele tinha se estilhaçado, sim, mas ele não confiava mais em si mesmo também. Emoções simplesmente não pularam e o reivindicaram dessa forma. Ele lutou por muito tempo e forte para controlar seu coração... desde o momento em que Miranda tinha entrado na sua vida, aquela parede que ele construiu tijolo por tijolo começou a fraturar, coberta por tenazes trepadeiras em flor que, com cada florescer, o rachava abrindo-o mais e mais, e agora ele não podia estar certo de nada exceto que de alguma forma, de alguma maneira, ele tinha que fazer as coisas certas com ela. Era afortunado que eles fossem imortais. Poderia muito bem levar a eternidade nesse caso. O seu com soou, e Miranda disse, ‚Nós estamos indo ao cinema – vá na

frente e siga para casa, eu vou pegar uma carona com Faith mais tarde.‛ Sua voz tinha exatamente o mesmo efeito que a de Deven... não, pior, ‚Eu vou voltar com Faith,‛ ele disse. ‚Você mantenha o carro. Dessa forma Harlan pode levar Kat pra casa, também. Eu tenho algum trabalho para se fazer na cidade de qualquer maneira.‛

‚Tudo bem.‛ ‚Divirta-se,‛ ele disse esperançosamente, mas não houve resposta. Ela sempre estava mais sóbria quando ela falava com ele na frente de Kat; ele se perguntou se as duas estavam discutindo os pecados dele, Kat o despedaçando com sua rápida língua... não. Kat não era um tipo de mulher de se falar pelas costas. Ela era direta. Ela escutaria Miranda e teria compaixão, mas não iria deixar a sua maneira de ser, para denegri-lo. Ele não esteve brincando quando ele disse a Kat que ele gostava dela ou ele apreciava sua amizade com Miranda. Sem Kat ela não teria ninguém para conversar agora. Faith esteve fazendo insinuações, mas Miranda precisava de alguém que não estava diretamente envolvida, que a conhecia por tanto tempo


quanto Kat. Ele bateu as costas da sua cabeça contra a parede de concreto. Chafurdando o bastante por uma noite. Ele tinha trabalho a fazer. Ele puxou seu casaco ao seu redor, atraiu seu poder, e então permitiu que as extremidades do seu corpo enevoassem, formando a imagem de onde ele queria ir, dentro da sua mente, e puxando. Ele se solidificou no chão há uma quadra de distância; ele podia ter Enevoado bem no seu destino, mas ele preferia o limite de distância ao menos que fosse uma emergência. Enevoar era útil, mantinha seus rastros escondidos, e tendiam impressionar as pessoas até a morte, mas tomava muito poder. Antes de Miranda ter aparecido, ele raramente o usava, mas agora que ele tinha a Rainha, ele podia atrair seus poderes combinados para se restaurar depois, então era muito menos desgastante. Viagens curtas ainda eram as melhores. Ele esteve dando a Miranda o básico da teoria por trás da Névoa enquanto eles conversaram pelas manhãs, e ele deu a ela uma meditação para se fazer e prepará-la para isso, mas era muito perigoso empreender sem muita prática e muita força. Sua primeira experiência com isso tinha sido difícil para ela, mesmo com Jonathan para guiá-la. David ouviu de Primes acidentalmente se estilhaçando por todo o lugar, o qual não mataria um vampiro mais do que um tiro de arma de fogo, mas levava dias para reuni-los e a síndrome de Burnout18 era astronômico. Prime Al-Bahim tinha realmente perdido parte do dedo de uma frustrada Névoa precoce no seu mandato. A maior parte dos sensores da cidade estava instalada nas paredes externas cerca de um metro e vinte do chão, mas em áreas onde a população de vampiros era especialmente densa, ele tinha adicionado vigilância extra de cima abaixo, e o dispositivo em questão estava no canto superior de um prédio de três andares. Ele teria que pôr-se de pé em uma elevação, de um pé de largura, para alcançar 18

(Síndrome de Burnout - é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Freudenberger como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional)


a coisa. Antes que ele fosse direto aos negócios, contudo, ele falou no seu com: ‚Estrela- três.‛

‚Sim, Mestre?‛ ‚Faith, eu vou precisar de uma carona para casa. Você pode me encontrar nessas coordenadas quando a sua patrulha acabar?‛

‚Absolutamente, Mestre. Eu verei você em breve.‛ ‚Estrela-um, fora.‛ David caminhou rua abaixo sem realmente prestar muita atenção na fértil cidade a sua volta. Ele escolheu uma hora e dia quando o distrito não estaria muito tumultuado, e o prédio para o qual ele estava seguindo não abrigava um clube ou bar. Eram dois andares de apartamentos sobre um conjunto de escritórios, nada muito glamoroso que atraísse atenção. Ele não saboreava a ideia de ter uma plateia, especialmente por que a maior parte dos sensores ficava despercebida pelos vampiros transeuntes e ele queria manter isso dessa forma. Ele olhou a sua volta para ter certeza que ninguém estava observando, então Enevoou novamente, reaparecendo nove metros acima do chão empoleirado agilmente na elevação, deixando seus instintos controlarem o seu equilíbrio. Ele provavelmente ia pagar pela energia gasta com uma enxaqueca mais tarde, mas valia à pena manter o seu trabalho fora de vista. A última coisa que ele precisava eram pessoas sabotando seus sensores. Ele estendeu o braço para desparafusar o sensor do seu encaixe com uma mão e alcançou dentro do seu casaco com a outra, puxando para fora o que equivalia a um inteiro novo sistema de computador para o dispositivo. O sensor por si só tinha o tamanho de uma bola de golfe, convexo como um espelho de uma loja de segurança, com uma dura capa de plástico preta. Ele trocou o seu interior em poucos segundos com mãos hábeis, removendo uma pequena chave de fenda do seu casaco e parafusando a nova unidade no seu


lugar, arrumando a antiga para tirar as partes quando ele chegasse em casa. Depois ele acessou o dispositivo do seu celular e correu uma rotina inicial de calibragem. Isso teria que ser afinado do Haven, mas ele se conectava online sem quaisquer falhas, o que o deixou satisfeito. Ele precisava do menor número de problemas quanto possível se ele fosse ter que aprimorar em poucos dias. Comparado a esse sistema, a rede de sensores original tinha sido sem graça, uma confusão bugada unida fora de necessidade com pouca sutileza. Em Julho ele tinha trocado toda a rede para algo um pouco mais sofisticado, e as equipes em diversas outras cidades estavam instalando sistemas para aquelas áreas. Dentro de um ano ele teria cada área metropolitana principal no Sul conectada e monitorada como Austin era. Isso tornaria muito mais fácil para as guarnições do satélite Elite manterem as coisas sob controle. Houston, Nova Orleans, e Atlanta foram as primeiras. Seu tenente na Louisinan, Elite 49, quem simplesmente se chamava de Laveau, já tinha lidado com muita coisa sobre reclamações. Vampiros em Nova Orleans gostavam da sua cidade justo como ela era, misteriosa e com desordem intactas. Eles eram os mais obstinados constituintes de David. Como Miranda havia dito, eles poderiam parar de reclamar e lidar com isso. Ele afastou suas ferramentas, virando-se na elevação para encarar o exterior, refletindo que seria extraordinariamente constrangedor cair e quebrar seu pescoço na rua, na frente de metade dos vampiros de Austin, entretanto as probabilidades eram que ele poderia... Lá fora em algum lugar, ele ouviu um silvo, então sentiu algo com um baque no seu braço. David olhou abaixo para ver um pequeno projétil de madeira se projetando para fora do seu casaco; a dor foi registrada um segundo depois. Ele se pressionou de costas contra a parede e varreu a quadra com seus sentidos, encarando à direção que o disparo tinha vindo – oeste. Ele inclinou


sua vontade naquela direção, espiando qualquer visão de quem quer que disparou nele... Tudo isso aconteceu em questão de segundos. A dor da pequena estaca, o qual não era maior do que um pauzinhos chineses, se tornou abrasadora, e ele sentiu algo quente serpenteando para fora do dardo entrando no seu sistema sanguíneo, dispersando através das veias e capilares no espaço de talvez duas batidas de coração. Na hora em que ele até mesmo entendeu o que estava acontecendo, seus sentidos tinham se tornado totalmente descontrolados e a vertigem tomou conta dele.

Veneno. Ele agarrou o projétil e o arrancou para fora; bastante certo, que era um dardo de aço com uma cabeça de madeira, e ele sentiu o cheiro forte de produtos químicos e agora, sangue. A ferida que isso acarretou já estava fechando. Veneno não podia matar um vampiro; as únicas razões para usar veneno eram ou para causar dor durante a tortura ou para tranquilizar a vítima e transportá-lo/la para algum outro lugar... ... talvez depois de arrancar a mão esquerda da vítima... David enfiou seus dedos dentro dos tijolos tão forte que suas unhas rasgaram, mas ele podia se sentir nadando lateralmente; não havia nada que ele pudesse fazer. Ele não podia sequer conseguir um pensamento organizado na sua mente, muito menos coordenar seus membros a ficarem equilibrados. Ele lutou forte para se lembrar onde ele estava, por que estava tão frio... De repente uma voz cortou através da bruma. ‚Time de resgate de

emergência para a Quadra SD-Três, prédio Noventa-A – autorização EstrelaDois. Código Alpha Um. Eu repito: Código Alpha Um.‛ Ele teve tempo de registrar o medo na voz de Miranda, apenas antes do veneno trabalhar o seu caminho ao seu cérebro, e ele sentir os vasos sanguíneos dentro da sua cabeça explodindo. Era excruciante mesmo através da névoa. Ele gemeu e colocou suas mãos


na sua cabeça, tentando bloquear a luz dos seus olhos, mas a dor estava vindo do lado de dentro, e piorava e piorava... deveria ser um acidente vascular cerebral, e coágulos no cérebro, eles curariam em minutos contanto que... ‚Mestre! Puta merda!‛ A voz estava a centenas de milhas de distância, o qual traduzia em cerca de nove metros abaixo dele. ‚Alguém pode subir ali?‛

Provavelmente não ...mas eu certamente posso descer ali. David nem sequer conscientemente escolheu capotar; seu corpo apenas o fez, quase se debulhando, todo o seu corpo estando muito focado na dor no seu crânio para se importar sobre permanecer no alto. O vento congelado acelerou passando por ele, e ele esperou atingir o pavimento e esperançosamente abrir sua cabeça para soltar os demônios atormentando-o, mas ao invés, quatro braços fortes o pegaram e o abaixaram gentilmente no chão. ‚Mestre! Você pode me ouvir?‛ Ele grunhiu afirmativamente, embora a voz de Faith estivesse falhando. O rosto dele estava molhado; ele apalpou a sua pele com uma mão trêmula e olhou com olhos turvos aos seus dedos. Sangue. Ele estava sangrando da sua boca, nariz e olhos. Tudo estava queimando... rachando... seu interior estava chamuscando. Ele podia sentir sua força minando enquanto seus poderes vampíricos se queimavam a um fritar, tentando ficar na frente do prejuízo. Mais do que nada, ele queria a inconsciência... oh, Deus, esquecimento... qualquer coisa para fazer isso parar... ‚Leve essa coisa para Novotny – não toque nisso com as próprias mãos! Ajude-me a levá-lo para dentro do carro. Eu tenho Mo de prontidão indo para o Hausmann. Tudo bem, um, dois, três... erguer...‛ David sentiu que eles o levantaram para fora do chão e o carregaram


através da rua; antes que seus sentidos se fechassem completamente ele ouviu a porta do carro batendo e a voz ansiosa de Miranda perguntando do seu com,

‚Você está bem, baby? Vamos, fale comigo. David!‛.


Capítulo

M

12

IRANDA PODIA DIZER QUE KAT NÃO ESTAVA MUITO feliz em voltar à Hausmann. A loira pairou na retaguarda da multidão enquanto a Elite, Faith, e Miranda traziam o corpo sem reposta de David para dentro da clínica, onde Mo e todos os funcionários estavam esperando para cuidarem do seu Prime. Miranda virou-se para Kat sem fôlego. ‚Você não tem que ficar,‛ ela disse. ‚Harlan irá levar você para casa.‛ ‚Sim,‛ Kat disse, seus olhos amplos com a lembrança do medo. ‚Eu acho que é uma boa ideia.‛ Miranda introduziu-a de volta para o lado de fora, disse a Harlan para levá-la onde quer que ela quisesse ir, e pausou tempo o bastante para abraçar Kat. ‚Obrigada por estar aqui.‛ ‚Obrigada pela saída. E diga para o Conde obrigado por não ter recebido o tiro até que o filme estivesse acabado.‛ Miranda gesticulou para ela rapidamente enquanto o carro se afastava, então correu de volta, subindo os degraus para dentro da clínica, seu coração cambaleando desajeitadamente em sua costela.


‚...veneno,‛ ela ouviu Faith dizer enquanto ela explodia de volta para dentro da clínica. ‚O dardo tinha algo nele. Se ele não tivesse pedido uma carona, nós não teríamos estado lá para pegá-lo, e quem quer que tenha feito o disparo poderia tê-lo arrastado para fora da rua sem ninguém ver.‛ Mo normalmente não trabalhava no Hausmann, mas essa semana ele teve a sorte de ter sido solicitado para treinar um novo estagiário mortal com medicina vampira e os direitos e deveres da alimentação humana. Esse estagiário estava também ali atrás, parecendo aturdido e incerto de si mesmo enquanto os médicos moviam o Prime em cima de uma mesa de exames e começaram a tirar seu casaco e camisa para verem a ferida. ‚Tudo bem,‛ Mo disse, tomando controle da situação, ‚Eu preciso de um quarto de O negativo infundido com antitoxina sérica. Eu vou começar com uma via – Enfermeira, você poderia ligar os monitores, por favor, e os redefinam para os níveis vampíricos.‛ Eles pareceram aliviados de ter alguém para dizer a eles o que fazer. A maior parte dos funcionários era humana. Eles nunca tiveram que lidar com um Prime ferido; provavelmente nenhum deles jamais viu seus patrões na vida real. Normalmente na pior situação Mo tinha que lidar com o que era um polegar cortado, mas obviamente ele era bem entendido com sua profissão. ‚Eu posso curá-lo,‛ Miranda disse, sua voz rachando. ‚Deixe-me fazê-lo.‛ Mo viu o estado em que ela se encontrava e se aproximou para falar com ela. ‚Minha Senhora,‛ ele disse calmamente, ‚nesse momento se você tentar, você irá se drenar por nada. Isso não é uma injúria que requer uma reparação óssea ou uma cura por laceração. A única maneira de lidar com veneno é forçálo através do sistema dele mais rápido, e sua habilidade de cura mútua não pode fazer isso. Apenas como com a estaca, o invasor do corpo deve ser removido antes que a cura possa começar. Nós usamos um kit de antitoxina para isso, mas antitoxina é um termo impróprio; é mais como um acelerador de toxina. Ela transforma a meia vida da toxina e assim ela é metabolizada muito mais


rapidamente. Uma vez que estiver fora do sistema dele, então você aparece e cura o prejuízo que a antitoxina irá causar.‛ ‚Como quimioterapia,‛ ela forneceu desajeitadamente. ‚Mate o câncer e espere que nada mais morra com ele.‛ ‚Essencialmente. Agora, você deve se preparar, minha Senhora... algumas das substâncias no kit podem fazer as coisas piorarem por um curto período. Não irá matá-lo, claro, mas irá machucá-lo. Seria melhor se você deixasse o quarto para isso.‛ Miranda sacudiu sua cabeça e lutou sob seus pés. ‚Não,‛ ela disse teimosamente. ‚Eu quero estar aqui. Eu não posso deixá-lo sozinho.‛ Mo pensou melhor ao invés de contradizer a Rainha, então ele voltou ao seu trabalho. Os sinais vitais de David estavam erráticos; a pulsação do vampiro e a pressão sanguínea eram mais baixas comparadas com a humana, mas as dele tinham caído quase para o nada. A única coisa que a tranquilizava de que ele não estava morrendo era que ela ainda podia senti-lo, sua calorosa presença na sua mente onde ele pertencia, e embora isso estivesse enfraquecendo não mostrava nenhum final de ir embora. Mas ele estava com dor. Seu cérebro estava sangrando... se eles não tirassem o veneno do seu corpo logo, o estrago poderia levar semanas para curar, e o cérebro era um órgão tão delicado, e se... ela o imaginou perdendo algumas partes da sua vasta inteligência, mesmo temporariamente, e lágrimas desamparadas inundaram seus olhos. À parte pelo horror disso, deixaria o Sul vulnerável se alguém descobrisse que o Prime estava mentalmente comprometido. Ela meio que tropeçou para a lateral da cama e puxou uma cadeira, afundando-se nela e alcançando a mão que eles não tinham colocado a IV. No outro lado Jackie, uma das enfermeiras, estava arrumando uma bolsa de sangue misturada com meia dúzia de substâncias virulentas especialmente para o tratamento de ambos, natural e criado por humano. Mo informou Miranda por


uma questão de fato que incluía tetrodotoxina, botulismo, e dioxina, o qual eram todas conhecidas por afetar fortemente vampiros. Botulismo era a mais agonizante; ela passava muito rapidamente, mas causava tal excruciante dor que a vítima frequentemente quebrava a sua coluna pelos espasmos, antes que ela pudesse metabolizá-la. As outras toxinas não eram tão dolorosas, mas levariam cerca de uma hora para se desfazerem. Os olhos de Miranda, manchados com lágrimas, estavam presos no rosto cinzento do seu marido e no sangue que tinha estragado suas feições impecáveis. ‚Me dê algo para limpar o sangue,‛ ela disse silenciosamente, mas ela sabia que todos a ouviram. Alguém pressionou um pano úmido na sua mão. Com o toque do tecido, os olhos de David palpitaram abertos e ela pode senti-lo tentando focar nela. ‚Está tudo bem,‛ ela disse. ‚Eu estou aqui... e você vai ficar bem.‛ Ele não podia responder. Seus olhos rolaram para trás, e ele não estava mais consciente da sua presença. Ela continuou com o seu trabalho, concentrando-se em limpar o sangue para que ela não perdesse a sua sanidade. Ela tentou projetar uma energia de conforto, mas ela estava tão assustada que ela começou a ficar dormente. Gentis mãos fortes pegaram os seus ombros e a guiaram de costas para a sua cadeira. ‚Calma,‛ Faith disse. ‚Você tem que se estabilizar, Miranda, e reforçar seus escudos. Você está assustando os mortais.‛ Miranda olhou para cima e viu que a equipe humana, toda, tinham enormes olhos assustados, e alguns estavam tremendo pela transição do medo dela. ‚Eles não podem fazer o trabalho deles assim,‛ Faith assinalou. ‚Coloque de volta.‛ Miranda assentiu. Ela se forçou a soltar a mão de David por um minuto e respirou profundamente, buscando um lugar de silêncio e calmaria que ela


lutou tão forte por criar dentro de si mesma. Com cada respirada ela intensificava seus escudos até que ela estivesse tão fortemente emparedada dos outros que ela mal podia sentir o ar na sua pele. O alívio dos funcionários foi óbvio. Eles suspiraram, piscaram, e deram um pequeno profundo fôlego por conta própria – as probabilidades eram que eles não tinham ideia de onde suas súbitas ansiedades vieram. No outro lado da cama, Mo conectou a IV e abriu a válvula. Miranda observou a infusão de sangue viajando através do tubo para dentro do pulso de David. Ela podia respirar pesadamente enquanto ela esperava para isso fazer efeito. Quando fez, todos souberam. O corpo do Prime se enrijeceu, e ele arfou. Ele apertou a mão de Miranda tão forte que quase quebrou seus dedos. Um suave som de surpresa e dor escapou dos lábios dele, e suor rompeu por todo o seu corpo; depois, como mágica, pareceu passar, e ele soltou um fôlego. Ela quase acreditou por um momento que tinha sido tão fácil. Um minuto mais tarde, ele gritou novamente, e espasmos começaram a balançar através dele tão poderosamente que ela ouviu algo quebrar no seu corpo. Onda após onda de convulsões o atingiu, e Miranda pode sentir a dor, mesmo através dos seus escudos: grandes mãos esmagando seu crânio, agulhas espetando, garras arrancando seu interior. A luz no Signet dele estava falhando, como se tivesse um curto em seus fios. Miranda ouviu gritos. Ela não entendeu no inicio de onde isso estava vindo, assim como ninguém pareceu notar, mas então ela soube: estava dentro da mente dele, e dentro da dela. Uma das enfermeiras fez um barulho de choramingo, e a cabeça de Miranda se ergueu em tempo de ver o que poderia ser a coisa mais estranha que ela já viu na sua vida: todos os objetos leves do quarto estavam flutuando. Uma


seringa, uma caneta, várias ferramentas médicas cujos propósitos Miranda não prognosticou, e até mesmo a gravata do estagiário estava suspensa a poucos centímetros no meio do ar. ‚Máscara de oxigênio, por favor,‛ Mo disse, totalmente calmo. Miranda não sabia se ele já tinha visto isso antes, mas se ele estava preocupado com isso não mostrou. Ele encaixou a máscara no rosto de David, se virou e girou um interruptor na parede. A respiração de David se aprofundou um tanto e pareceu acalmá-lo um pouco; poucos segundos mais tarde houve uma variedade de barulhos com ruídos enquanto todas as coisas levitando caíam. A gritaria na cabeça da Miranda continuou, silenciosa mais ensurdecedora, e ela agarrou-se a mão dele, com medo de chegar mais perto. A pele dele tinha uma doentia, palidez amarelada agora, e outro espasmo fez suas costas arquearem. Finalmente Miranda não podia suportar mais. Ela enterrou sua cabeça no seu braço livre e fechou seus olhos apertados. Ela ouviu Mo dizendo algo sobre danos no fígado e icterícia. As enfermeiras estavam falando, também, lendo em voz alta os números uma para a outra e pedindo ao estagiário por várias coisas. Mas tudo o que Miranda realmente sabia era dos gritos, com suas respostas ecoadas no seu coração, e parecia como se fosse acontecer para sempre. Então, finalmente, algo indefinível começou a relaxar. Os espasmos começaram a ficar menos frequentes e menos fortes. O pulso dele começou até mesmo a esgotar. Miranda ergueu seus olhos hesitantemente e viu que a cor da pele dele estava retornando a algo como o normal. Ele ainda estava mais pálido de como um vampiro deveria ser, mas a coloração amarela tinha sumido. Ela podia ouvilo respirando mais profundamente. ‚Tudo bem,‛ Mo disse. ‚Nós estamos no funcionamento do declive. Enfermeira Jackie, administre um litro de solução de lactato de Ringer 19, por 19

(soro)


favor.‛ Ao olhar questionador de Miranda, ele respondeu. ‚Para restaurar eletrólitos. O veneno estará fora do sistema dele logo, mas deixou a química do seu corpo em um estado de caos. Qualquer coisa que nós pudermos fazer para restaurar a ordem irá ajudá-lo a se recuperar muito mais rapidamente e ajudar a sua energia a reparar o dano celular. Quanto menos poder você usar, mais ele terá disponível.‛ Ela assentiu. Quando ela falou soou como se ela estivesse gritando por horas, embora ela não tivesse feito nenhum som. ‚Eu posso fazer isso agora?‛ Mo checou os monitores, depois disse, ‚Certamente.‛ Miranda se lançou aos seus pés e colocou ambas as mãos no peito de David. Ele estava frio... muito frio, embora sua pele estivesse úmida com suor. Mal parecia como se estivesse restado qualquer vida nele. Ela nunca tinha trabalhado com suas habilidades de cura natas do Signet sozinha; David as tinha usado nela, mas ela não precisou tentá-las nele. Ela tinha o pensamento que ele era indestrutível. Ela alcançou dentro de si, e encontrou o laço entre eles, então começou a empurrar tanto poder para dentro dele quanto ela pode – mas então ela se lembrou da maneira que Deven curou Kat, lentamente e gentilmente, e tentou fazer o mesmo, controlando o fluxo de energia para que se movesse dentro do Prime gradualmente quanto um córrego ao invés de uma ribombante tsunami. Ela permitiu que sua conscientização sincronizasse mais com ele, empurrando lateralmente as barreiras que ela manteve entre eles pelas últimas três semanas para que ela pudesse ver se isso estava funcionando. Estava. Ela podia sentir os órgãos prejudicados e tecidos regenerando, a cicatrização das veias se suavizando, e, mais importante, o sangue que explodia em seu crânio começando a ser absorvido, retornando ao equilíbrio. Mo esteve certo – fazer isso antes que o veneno estivesse fora seria fútil, por que cada vez que ela o curasse o veneno iria apenas desfazer seus esforços até que seguisse seu


curso. Não havia maneira de saber ainda quanto tempo isso levaria, mas ela sabia que deveria ser mais longo do que uma hora. Quando ela sentiu que uma tentativa de equilíbrio foi alcançada, ela se retirou, não querendo sobrecarregar o sistema dele com energia demais. Para o seu alívio ele pareceu cem vezes melhor. Mo removeu a máscara de oxigênio. ‚Eu diria que nós obtivemos sucesso,‛ o médico disse, satisfeito. ‚Nós temos amostras de sangue para base toxicológica – o Hausmann tem um equipamento para uma estreita faixa de testes, então nós podemos realizá-los antes das amostras morrerem. Eu já mandei um courrier com uma amostra adicional ao Hunter Development; talvez eles consigam algo delas se eles se apressarem.‛ ‚Então nós não sabemos o que isso era,‛ Faith disse. Ela estava em pé próxima com seus braços cruzados, seu rosto enrugado com preocupação. ‚Ainda não. Uma vez que ele acordar, eu vou perguntá-lo sobre seus sintomas e isso irá nos dizer sobre o réu.‛ ‚Eu acho que as probabilidades são boas que nós estamos lidando com nossa assassina,‛ Faith adicionou. ‚Mas eu realmente não entendo por que subitamente ela estaria usando veneno.‛ Miranda estava olhando para o rosto adormecido, exausto de David. ‚Para me ferir,‛ ela disse. ‚Ela não podia apenas matá-lo sem me matar, também, mas ela podia feri-lo.‛ ‚Ir atrás do Prime é muito corajoso,‛ Faith observou. ‚E estúpido. Ela irá se arrepender disso.‛ Miranda deu uma sufocada meia gargalhada. ‚Não se nós nunca a pegarmos.‛


***

Estava no meio da tarde quando David acordou, mais exausto do que ele podia se lembrar sentir em um século, mas por outro lado confortável. A ausência de dor era tal rígido contraste com a hora anterior onde ele desmaiou, que ele estava confuso por um minuto, esticando o seu corpo reconhecendo as sensações de calor, suavidade, e relaxamento. Havia algo próximo que desprendia muito do calor e estava também fazendo um som rítmico, como uma bateria... era reconfortante, e ele se deitou ali escutando isso por um longo tempo antes dele tentar abrir seus olhos. A primeira coisa que ele viu foi um cabelo vermelho. ‚Oi,‛ ela disse suavemente. Ela pareceu quase tão cansada quanto ele estava, e ele sentiu que ela não tinha dormido nada. Ela estava esticada ao lado dele na cama, escorada em um cotovelo, observando-o dormir. Ela estava na cama. Na cama deles. Perto dele. O seu coração fez uma cambalhota. ‚Oi,‛ ele respondeu de volta. A voz dele era como lixa na sua garganta. ‚Quanto tempo eu estive fora?‛ ‚É terça feira à tarde.‛ Ele teria expressado surpresa, mas ele mal podia se mover. ‚Então, a maior parte do dia. Você... esteve lá o tempo todo, não esteve?‛ Miranda encolheu de ombros. ‚A maior parte. Eu fiz as reuniões de patrulha e coisas no amanhecer, mas depois eu voltei pra cá.‛ Ela se aproximou e endireitou-se para fora do acolchoado. ‚Eu posso conseguir algo pra você?‛ ‚Não... você é o bastante.‛


Um sorriso, uma tentativa, mas genuíno. Ela deixou sua mão no peito dele, bem acima do seu coração, e disse, ‚Você me assustou até a morte.‛ ‚Eu sinto muito.‛ ‚Eu não,‛ ela disse. ‚Eu quero dizer, eu sinto por você ter se ferido, mas eu não sinto por você estar aqui agora.‛ ‚Isso significa que eu estou perdoado?‛ ‚Eu não sei. Nós não podemos somente girar um interruptor e ter tudo de volta ao normal da maneira que era, mas... Eu mudei as minhas coisas de volta pra cá essa manhã. Eu quero estar com você, para o melhor ou para o pior.‛ Ele começou a dizer algo, mas ouviu o seu telefone soar, e Miranda se contorceu para trás para pegá-lo da mesa de cabeceira. Ela viu quem era e pausou por um minuto antes de morder o seu lábio e entregar a ele. ‚Atenda,‛ ela disse. ‚Eu tenho certeza que ele está preocupado com você.‛ David fechou seus olhos, não querendo lidar com isso nesse momento quando tudo parecia tão bem, mas ele apertou o botão para falar mesmo assim. ‚Alô?‛ A ansiedade na voz de Deven o fez soar jovem. ‚Você está bem?‛ ‚Eu vou viver.‛ ‚Deus, David, eu... eu sinto muito. Jonathan sabia que algo iria acontecer, mas ele não sabia quando ou onde. Eu deveria ter ligado pra você de qualquer maneira, só pra que você estivesse em alerta.‛ David suspirou. ‚Não foi sua culpa.‛ Deven respirou fundo. ‚Eu não posso ficar. Eu só queria ouvir a sua voz – Jonathan esteve dizendo que você está bem, mas eu tinha que ouvir isso por mim mesmo.‛ ‚Sério, Deven, eu estou bem. Eu estou fraco, e eu me sinto como se tivesse bebido todo um time de voleyball, mas eu estou bem.‛ ‚Deixe-me saber quando você descobrir o que essa merda foi.‛ ‚Okay. Adeus.‛


David não esperou por uma resposta; falar tomava muito esforço. Ele entregou o celular de volta à Miranda. ‚Coloque essa coisa no silencioso,‛ ele disse. Ela arqueou uma sobrancelha para ele. ‚Você acabou mesmo de dizer isso? Talvez essa coisa tenha comido o seu cérebro.‛ ‚Eu só quero uma hora de paz.‛ Com um sorriso, ela desligou a campainha e colocou o telefone de volta na mesa de cabeceira, depois retornou a sua atenção a ele. ‚Deixe-me pegar algum sangue pra você,‛ ela disse. ‚Eu trouxe um lote fresco – você não se alimentou desde a internação na clínica. Não se preocupe,‛ ela adicionou, sabendo como ele se sentia sobre alimentar-se dos seus empregados, ‚Eu pedi por voluntários e ofereci um robusto bônus em retribuição. O garoto estava feliz em ajudar, e era muito mais fácil do que sair e encontrar alguém.‛ ‚Espere,‛ ele disse quando ela começou a se levantar. ‚Fique aqui por um momento.‛ Ela encontrou seus olhos, então assentiu e deitou de volta, se acomodou mais perto, depois de um segundo de hesitação, colocou seu braço ao redor dele. Estar livre do veneno não era nada comparado ao alívio daquele toque. Ela enterrou seu rosto no ombro dele, e ele inalou a essência do cabelo dela; eles permaneceram juntos como eles tinham feito centenas de vezes antes, e ele a sentiu suspirar contra a pele dele. ‚Eu mereci isso,‛ ele disse. ‚Que tudo o que eu pude pensar enquanto estava deitado ali... era o que eu fiz com você, e o que eu fiz com aquele velho homem...‛ ‚Oh, David,‛ ela suspirou. ‚Você não pode se torturar... arrependido... pelo que você faz como Prime. Eu não gosto disso... e eu sei que você também não... mas pense no que irá acontecer se essa assassina obtiver sucesso e nós morrermos. Haverá anarquia no Sul e muitas pessoas serão mortas. Você mesmo me disse, um tempo atrás, que algumas vezes ser um Prime significa fazer o


que ninguém mais deveria ter que fazer... que você não pode sempre pegar a estrada da alta moral.‛ Ele olhou para o rosto dela. ‚Você nem sempre sentiu assim.‛ Ela sorriu tristemente. ‚Você nem sempre ficava chateado com essas coisas.‛ Ela correu uma mão atrás, através do cabelo dele e adicionou, ‚Eu acho que nós mudamos um ao outro, você e eu.‛ ‚Eu sei que você me mudou.‛ Miranda estava silenciosa por um momento, mas depois disse simplesmente, ‚Eu senti sua falta.‛ ‚Eu senti a sua, também.‛ ‚Eu não sei se...‛ Ela se interrompeu, procurando pelas palavras, mas ele intuiu o que ela queria dizer. ‚Eu entendo,‛ ele respondeu. ‚Eu nunca pedi a você por algo que você não estivesse pronta para me dar.‛ ‚Eu sei.‛ Ela sorriu novamente. ‚Essa é uma das coisas que eu amo sobre você... seu bastardo namorador.‛ Ele não pode evitar além de gargalhar, e ela gargalhou um pouco, também, abraçando-o, e depois beijando o seu pescoço. Era a primeira vez que ela o beijava em três semanas. ‚Eu só desejava que você não estivesse ferrado com tudo de forma tão ruim, para que eu pudesse continuar pensando que você era um homem perfeito,‛ ela adicionou, suspirando novamente. Ele bufou suavemente. ‚Eu poderia dizer a você milhares de estórias que provam que eu não sou nada perfeito.‛ ‚Verdade, eu já sabia que você não era. Você houve rap.‛ ‚Eu ouço tudo.‛ Ele sorriu. ‚Senti falta de ‘três músicas da Britney Spears no meu iPod que eu não acho que alguém sabia sobre –‘‚ ‚Hey, sem bisbilhotar.‛


‚Eu não bisbilhotei. Naquela noite que eu voltei para casa e você estava cantando no chuveiro com o rádio ligado, eu olhei para a lista de músicas por que eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo.‛ ‚Se você tem tal gosto elevado, como você sabia que era Britney?‛ Eles estavam os dois gargalhando, e isso parecia tão incrivelmente bom, mas era fatigante, e ele silenciou-se por necessidade. ‚Eu amo você,‛ ele disse. Ela respirou fundo. ‚Eu amo você, também.‛ Ele podia sentir que ela falava com seriedade. Ele nunca esteve em perigo de perdê-la, apenas a confiança dela por ele. Ele não podia dizer como ou quando ele ganharia isso de volta, mas ele iria. Ele encontraria um jeito. Eles eram um Par. Muito no mundo era incerto... mas esse tanto, ele sabia com todos os ossos do seu corpo agora, era inquebrável. De alguma forma ele restauraria a confiança dela e eles encontrariam uma maneira de viver com o que ele fez... pela saúde dela, para que ela pudesse ter a felicidade que ela merecia. ‚Vá dormir,‛ ela sussurrou para ele. Ele fechou seus olhos. ‚Cante pra mim.‛ Ele podia ouvi-la sorrindo. ‚Tudo bem.‛ E, enquanto ela cantava suavemente no seu ouvido, e ele começou a incursionar-se para dentro do sono, ele não podia evitar além de pensar que estar envenenado pode ter sido a melhor coisa que tinha alguma vez acontecido com ele.

Você está no meu sangue como vinho sagrado Você tem gosto tão amargo e tão doce... *** Conduzir o Sul por conta própria era exaustivo, mas havia uma satisfação em saber que ela podia aguentar, ao menos por um par de dias.


Da noite ao amanhecer ela encontrava com Faith por informações relativas às futuras patrulhas noturnas, e então apenas ao amanhecer quando as persianas do Haven tinham se fechado e todas as equipes tinham retornado da cidade, ela encontrava com eles para repassar os eventos da noite. Algumas vezes David simplesmente recebia um relatório resumido de Faith, mas com a assassina à solta, Miranda queria ouvir tudo por si mesma. E embora ela não tivesse nada como a capacidade tecnológica de David, ela sabia como monitorar a rede de sensores, encaminhando-a através do seu telefone para alertá-la dos problemas. Ele mostrou a ela como correr a rotina no servidor principal que compilava todos os dados da noite em um único relatório e salvava isso para uma menção tardia. Tecnicamente ela não precisava examiná-lo, por que o sistema estava programado para contatar um administrador se algo estranho acontecesse, mas ela dava uma olhada nisso pelo menos uma vez, de qualquer forma. Havia sempre dois da Elite monitorando do escritório onde a propriedade de câmeras de seguranças estava baseada, mas eles só podiam olhar, sem interpretar, e David os colocava observando a rede mais como um reforço em caso de alguma oportunidade dele deixar passar ou do alerta de segurança perder algo. Terça feira à noite ela tinha que mediar uma disputa entre dois membros da Corte. Ambos eram donos de casas noturnas e um suspeitou que o outro estivesse usando controle da mente para roubar os seus fregueses. A segunda dona afirmava que os humanos estavam migrando ao seu clube por que ela tinha começado as servir comida – de fato o Austin Chronicle tinha votado nos seus petiscos como as melhores da cidade. Tão insignificante e ridícula como toda a coisa parecia, se a questão não fosse oficialmente resolvida poderia conduzir à violência, intimidação, e risco de exposição. Miranda fez os dois donos submeterem-se a avaliação psíquica, olhando dentro dos seus corações, e encontrou algo interessante: A Segunda dona não estava coagindo seus clientes, mas o primeiro esteve, em retaliação a uma ameaça percebida aos seus negócios.


Ele esteve enviando seus empregados até o segundo clube para ‚informar‛ sobre seu próprio clube, significando compelir uns poucos humanos aqui e ali para voltarem. A Rainha estava dentro dos seus direitos para pará-lo completamente, mas ela sabia de assistir David lidar com situações similares, que um estabelecimento popular de vampiro desaparecendo iria levantar uma série de questões e além disso, ela queria que as pessoas sentissem que o Sul era um lugar sólido para se fazer negócios. Ela o esbofeteou com a multa máxima demarcada pelas circunstâncias e o ordenou que pagasse uma restituição ao outro dono, então o informou que haveria Elite observando ambos os estabelecimentos por qualquer outro mau comportamento. Surpreendentemente, o primeiro dono não estava terrivelmente zangado sobre a perda da renda – ele estava mais satisfeito que seu rival não estava roubando seus clientes. Ambos deixaram o Haven sentindo que os resultados foram justos, e Miranda estava agradecida. Ela esteve um pouco temerosa desde o incidente com o Prime Hart que ela não tivesse nenhuma habilidade política e teria que ficar fora da administração e afazeres judiciais, os quais ela odiava por que era tudo o que as outras Rainhas faziam. Mas deu a ela uma dose de confiança sabendo que ela podia aprender e que ela só precisava de experiência e paciência. Ela não tinha muito de nenhum dos dois, mas ela estava trabalhando nisso. Sua empatia a dava uma vantagem nesse tipo de meditação, e quanto mais ela aprendesse a usá-la melhor ela seria com tudo isso... ela nunca teria acreditado um ano atrás que ela pensaria no seu dom como algo além de uma maldição, mas agora ela se encontrava querendo empurrá-lo mais, ver onde eram os seus limites, experimentar... Ela teve que gargalhar para si mesma. Sim... David a influenciou, muito bem.


Ela persuadiu David a tirar uma folga na Terça à noite, embora ele estivesse totalmente recuperado na hora em que ele acordou e se alimentou. Ela sabia que ele concordou apenas para fazê-la feliz, mas ela não se importou. Ela queria se certificar que ele estava de volta aos 100 por cento antes de disparar-se pelas ruas de Austin novamente. Vê-lo ferido a tinha abalado muito. Ele sendo atingido pelo estilhaço do receptor auricular tinha sido mínimo, mas isso a tinha assustado; essa era uma coisa real. A assassina não tinha tentado matá-lo, mas ela tinha observado-o cair, e se Mo não tivesse usado o kit de antitoxina nele, ele seria deixado em coma. As análises preliminares no dardo eram que era uma toxina sintética que visava vasos sanguíneos no cérebro; injúrias do sistema nervoso eram complicadas e delicadas de se curarem, e algo extremo assim teria levado, mesmo um Prime, uma semana ou mais para se recuperar. Um vampiro inferior teria ficado fora de licença por mais de um mês. Teria matado um humano em minutos. Talvez não tivesse sido vida-ou-morte, mas sentindo sua dor e sabendo que mesmo o mais poderoso vampiro do Sul dos Estados Unidos podia se ferir tão grave a aterrorizou além do sentido racional. Parte dela ainda estava tão zangada com ele, mesmo assim parte dela – uma grande, profunda parte que ela não podia negar – só queria o seu marido de volta e estava ansiando por arremessar ao lado tudo, e só se certificar que ele estava seguro. Era tão insuportável. Ela não estava pronta para deixar de ficar chateada. Ela pensou que ela quisesse feri-lo pelo que ele fez a ela, mas então ela percebeu que era a última coisa no mundo que ela poderia suportar ver, e agora ela foi deixada com uma pilha de sensações conflitantes e o incomodo conhecimento que ela ia perdoá-lo, mesmo embora que parte dela nunca quisesse. Ofendia o seu conhecimento de que algo tão clichê como ter uma alma gêmea poderia substituir a sua indignação perfeitamente justificada.


As coisas com Kat eram ainda estranhas. Embora Faith tornou claro que ela estava feliz em escutar, Miranda odiava colocar a Segunda no meio dela e dos problemas de relacionamento com David. Faith era amiga de David primeiro, e Miranda podia sentir que ela já se sentia conflituosa. Miranda não sabia mais o que fazer... então, em um apto de desespero para ter alguém com quem conversar, ela finalmente ligou para Jonathan, e eles ficaram no telefone por mais do que uma hora. ‚Como diabos você está fazendo isso?‛ ela perguntou. Ela podia dizer que ele estava sorrindo. ‚Para iniciar, você não pode comparar as suas habilidades de enfrentar a situação com as minhas ou de ninguém mais. Todos lidam com as pilhas fumegantes de merda da vida de maneira diferente.‛ ‚Então você está apenas... bem com o fato de que ele traiu você?‛ Jonathan riu. ‚Lá vai você de novo. Você esqueceu: Nós não temos traição, por que nós decidimos no início que haveria outros homens em nossas vidas. Claro...‛ Ele pausou, então clarificou, ‚eu não nego que eu estava zangado. Me chocou o quanto zangado eu fiquei, por que eu pensei que eu estava bem com a ideia dele tendo um amante em algum ponto. Era tão hipócrita da minha parte, sem mencionar totalmente fora da minha característica. Mas então uma vez que nós estávamos de volta em casa, em solo familiar, eu fui capaz de pensar sobre isso racionalmente, e então percebi que o problema era que isso não era apenas sobre um boquete no zoo.‛ ‚No zoo?‛ ‚Não pergunte. O ponto é que, eu não sou emocionalmente atado a nenhuma das pessoas com quem eu saio. É só sexo e nós dois sabemos disso. Mas quer você goste disso ou não, David e Deven se amam, e isso não vai acabar. Nós podemos ou aceitar isso e viver com isso, ou nós podemos nos afogar na nossa miséria por toda a eternidade. Eu estou aceitando isso por duas razões. Uma, por que eu amo Deven e não quero perder o que nós temos. Duas,


porque ele é um Católico em recuperação e você não acreditaria na grande culpa em que ele está, ambos por estragar o seu casamento e por me chatear. Ele está gastando muito da sua vida se odiando. Eu não posso suportar em fazer isso piorar... o qual voltamos para a razão número um. Eu o amo. E de um jeito ou de outro, nós vamos ter que trabalhar para desculpar isso, assim como você.‛ Miranda suspirou, escolhendo um ponto solto da discussão, que ela cobriu ao seu redor, enquanto ela se enterrou no sofá com o seu telefone. ‚Quanto anos eu vou ter que ter antes de eu ficar tão bem ajustada quanto você?‛ ‚É uma questão de prioridade. Eu só sei que eu quero ficar com o amor da minha vida... acima e além do fato que eu não posso deixá-lo. Tecnicamente nós podemos viver separadamente e apenas ver um ao outro a cada poucos dias quando a necessidade é esmagadora, mas seria uma terrível existência.‛ ‚Sim. Eu tentei isso. É uma merda.‛ ‚Meu conselho é apenas esse: Faça o que parece certo quer seja apropriado ou não. Emoções não têm regras. Elas não se importam sobre o que as pessoas no relacionamento ‘deveriam’ fazer. Você não são Sr. e Sra. Solomon vivendo nos subúrbios de Austin, depois de tudo.‛ Miranda sorriu. ‚Sério, toda essa coisa é mais como um cruzamento entre a monarquia Britânica e Dawson’s Creek.‛ ‚Talvez. De fato, definitivamente. Mas depois de sessenta anos eu posso dizer com toda a honestidade que isso vale à pena. Acredite em mim, Miranda. Vale à pena.‛ Depois deles desligarem ela sentou-se encarando a lareira por um tempo, digerindo tudo o que ele disse. Ela se sentiu um pouco melhor apenas por ter falado com alguém; havia tal peso nas suas costas, e ela não se tinha sentido confortável desabafando-se com Kat, ou Faith, ou ninguém mais. Havia algumas coisas que apenas outro Cônjuge entenderia.


Um momento mais tarde a porta da suíte abriu e David retornou de uma noite gasta nos estábulos. Ele pareceu despenteado, mas contente, e cheirava como suor e cavalo. Eles sorriram um para o outro. ‚Como você está se sentindo?‛ ela perguntou. ‚Certo como a chuva,‛ ele respondeu. ‚Exceto que eu tenho algumas notícias que talvez possam não ser inteiramente bem vindas.‛ ‚Oh, Deus, o que agora? Você ouviu retorno do Oeste sobre aqueles clientes do Volundr? Eles estão todos mortos?‛ David sacudiu sua cabeça. ‚Ainda não. Eles ainda os estão interrogando. Há algo mais.‛ ‚Continue.‛ Ele colocou seu telefone na sua base para carregar e sua carteira na mesa se preparando para tomar um banho – ele sabia que ela não o deixaria sentar no sofá se ele cheirava como Osiris. ‚Outra visita de estado.‛ Miranda deixou sua cabeça cair para trás no sofá. ‚Você tem que estar brincando. Nós não podemos adiar?‛ ‚Apenas se nós quisermos que o Conselho comece a fofocar. Os outros irão querer saber por que nós estamos adiando, então eles irão especular sobre o que está acontecendo no nosso território... eles amam nada mais do que sangue na água. Além disso, seria uma quebra de protocolo.‛ ‚Foda-se o protocolo.‛ ‚Eu sinto o mesmo, para ser honesto. Mas nós temos que expor uma frente forte.‛ ‚Eu sei, eu sei. Então quem será dessa vez? Alguém que eu terei que arremessar na parede, ou alguém mais com quem você vai dormir?‛ Ele desviou o olhar quando ela disse isso, mas disse. ‚Nenhum dos dois. É a Europa Oriental – Prime Janousek. Ele é um aliado e amigo, mas nada mais.‛ Ela quase se sentiu mal por espetá-lo... quase. ‚Sem Rainha?‛


‚Não. Ele esteve no poder por oitenta anos, então é um pouco incomum que ele ainda esteja solitário. E um pouco triste, por que ele é um bom homem e um membro sólido do Conselho. Sem inimigos reais, sem drama. Ele é um governante competente e um guerreiro descente. Eu acho que você irá gostar dele.‛ Ela assentiu. ‚Isso não soa tão mal. Quando ele está chegando aqui?‛ ‚Próxima Segunda. Ele estará aqui apenas por três dias. Deve ser indolor.‛ ‚Não vamos tentar o destino dizendo isso.‛ ‚Bom ponto.‛ Ele tirou seu suéter sobre a sua cabeça, depois a T-shirt íntima. ‚De qualquer maneira, as visitas irão reduzir depois dele partir. Existem cinco ou seis outros que irão querer aparecer nos próximos meses, depois disso provavelmente irá parar até um ano inteiro ter passado.‛ ‚Bom,‛ Miranda disse. ‚Eu tive o suficiente de Bastardos Magníficos por um período. Com isso tornam-se sete, certo?‛ David os assinalou nos seus dedos. ‚Japão, as regiões Planas dos E.U.A, o Oriente Médio, Europa Ocidental, Noroeste dos E.U.A, e o Oeste dos E.U.A., mais Europa Oriental. Sete.‛ ‚E Kelley provavelmente irá aparecer em algum momento no meio, certo?‛ ‚Bem provável. Ele não está deixando Chicago até que ele absolutamente tenha que – a gangue em guerra está ali por anos, e sua Corte está repleta de conflitos. Eu realmente não apoio isso contra ele, embora ele seja um pouco de um asno. Ele não é realmente tão mal quanto Hart, mas ele tem sido responsável por muito da corrupção naquela cidade.‛ ‚Esse Janousek tem como seu território incluindo a Finlândia, não tem?‛ ‚Sim. Essa é outra razão que eu tentei não adiar isso. Há uma chance que ele possa ser capaz de nos ajudar.‛ Enquanto ele falava, ele tirou o resto da sua roupa, e ela descansou o queixo na parte de trás do sofá para que ela pudesse assistir; outro lado negativo


de dormir na suíte da amante era não conseguir vê-lo nu. Sua mente, coração, e corpo, todos tinham opiniões diferentes sobre a melhor forma de proceder com o relacionamento deles. Ele a viu assistindo e sorriu. ‚Você gostaria que eu flexionasse algo pra você?‛ Ela riu. ‚Apenas dê a volta e vá tomar banho.‛ Algumas semanas atrás isso seria a sua deixa para tirar as suas próprias roupas e ou se emboscar com ele no chuveiro ou estar esperando na cama quando ele saísse. Agora, entretanto... ela se virou de volta para a lareira, mordendo seu lábio, despedaçando-o mais uma vez. Seu corpo estava muito irredutível que ela devesse compensar essas três semanas dormindo sozinha, mas... tudo o que ela teve que fazer foi fechar seus olhos e pensar sobre sexo, e essa sensação apareceu novamente... aquela noite, sentindo-o com Deven do outro lado do Haven, as sensações e satisfação que tinham sido devotadas à ela subitamente dada a um outro alguém. Ela poderia alguma vez deitar ali com ele sem pensar sobre isso? Ela estava sentenciada a compartilhar a cama com Deven novamente? Ela se imaginou no lugar de Jonathan, encontrando a maior parte da sua diversão sexual do lado de fora do Haven – talvez isso funcionasse para eles, mas ela não podia imaginar sendo feliz com esse tipo de acordo, sabendo que David estava lá fora transando quem sabia com quem, cada noite... ou por outro lado, sendo atada a alguém que ela amasse tanto que apenas... não a queria dessa maneira. Se ela se afastasse de David agora, não era porque ela não o queria, era porque ela não estava pronta para ter aquela intimidade de novo depois de tal escandalosa quebra de confiança... ou ela estava? Ela estava apenas se punindo agora? Uma coisa era verdade: Sentar e mourejar sobre isso não estava ajudando. Ela lançou o cobertor ao lado e deixou o sofá, indo apagar as luzes para que a lareira fosse a única fonte de iluminação do quarto. Estava cerca de uma


hora antes do amanhecer, e ela podia cheirar o dia rompendo no ar. As persianas do Haven tinha se fechado trinta minutos mais cedo – elas sempre se fechavam ao menos uma hora antes de qualquer traço da luz do sol entrar no céu. O quarto estava quente e escuro com uma sugestão de vapor vindo debaixo da porta do banheiro; ela podia ouvir a água sendo desligada enquanto ela virava de costas para o acolchoado e lençóis e atraía as cortinas ao redor da cama para que a maior parte disso estivesse fechada, cavernosa, seu pequeno próprio mundo. Miranda tirou a calça de yoga e o top com que ela normalmente dormia e subiu na cama indo para debaixo das cobertas, considerando por um momento antes de empurrar o acolchoado para baixo, no pé da cama, e deixando o lençol cair sobre ela enquanto ela deitava-se de lado, esperando. Poucos minutos mais tarde David puxou a cortina para trás; ele estava de roupão e seu cabelo estava úmido. Quando ele a viu, ele congelou. Eles se encararam por um longo tempo; ela sabia que ele queria fazer perguntas, mas estava com medo, que ela mudasse de ideia sobre estar aqui. Mesmo assim, ele não se moveu de onde ele estava de pé, até que ela deliberadamente estendeu a mão e deu tapinhas na cama. O Prime respirou fundo e assentiu, então tirou o seu roupão e deslizou ao lado dela, a cintilação da lareira fazendo o seu olhar ainda mais incerto do que ela sabia que ele estava. Eles seguraram o olhar um do outro por um longo tempo, nenhum dos dois certos sobre o que fazer para romper o silêncio. Miranda entendeu que ele estava deixando-a dar a iniciativa. De alguma forma sabendo que dependia dela. Ela inclinou-se adiante e o beijou muito suavemente nos lábios, um leve toque, quase virginal. Ela podia sentir o quanto ele queria simplesmente prender o seu corpo e reclamar o terreno que ele tinha perdido, mas ele se repreendeu, deixando-a fazer o que ela estava confortável. Tão perto, tão


perfeito, mesmo com suas falhas – não havia forma no céu ou no inferno que ela pudesse alguma vez tê-lo odiado, sem importar o que ele fez. Ela beijou-o de novo, dessa vez mais firmemente, pausando para correr sua língua ao longo do seu lábio inferior e então aconchegar-se na linha da sua mandíbula até que ela alcançou sua orelha. Ela mordiscou o lóbulo da sua orelha um momento, provocando um estremecimento e um suspiro, então deixou sua língua serpentear para fora e tocar bem atrás e abaixo da sua orelha, pressionando. Ele gemeu. Ela pegou seus ombros e o virou em cima da cama de costas, depois abandonou o lençol do corpo dela e o deixou olhar para ela enquanto ela se erguia em seus joelhos e lançava seu cabelo para trás do caminho. Ela se endireitou sobre ele, escorando-se no seu cotovelo para olhar abaixo ao rosto dele. Ele sorriu e suspirou com o toque da sua pele, olhos flutuando fechados. ‚Esse é o primeiro dos meus termos,‛ ela disse. ‚O resto será comunicado a você enquanto eu pensar neles.‛ Seus olhos agitaram-se abertos, mas ele ainda estava sorrindo. ‚Continue.‛ ‚Essa noite é assim: Se eu vou dormir nessa cama com você, eu não quero ter qualquer pensamento desagradável ou medos incômodos mantendo-me acordada. Portanto é sua tarefa se certificar que eu durma solidamente.‛ Ela inclinou-se para baixo e começou a re-acostumar a boca dela com a pele dele; o gosto como água limpa, vinho, e sabonete de essência de amêndoa. Ela amava a pele da garganta dele, especialmente; ela podia sentir o pulso forte debaixo dela, mais forte nesse momento do que o resto, e era sensível as suas unhas arranhando levemente sobre isso ou seus dentes encontrando aquisição na carne bem ali onde o pescoço se unia com o ombro, deixando uma ferida roxa escura que desaparecia imediatamente. Ele atraiu uma áspera respiração e começou a falar, mas ela não tinha terminado. Ela colocou sua mão sob a boca dele.


‚Será muito caro para você,‛ ela informou-o, deslocando seus quadris abaixo, lentamente para circular contra os dele; ela sentiu o quanto dolorosamente ele a queria, e sorriu, continuando. ‚Você terá que trabalhar longas horas e perder o seu próprio sono. E haverá manhãs que eu não vou querer que você coloque uma mão em mim – de alguma forma você terá que encontrar maneiras de me convencer, independentemente. Será muito como um desafio.‛ Ela captou e prendeu seus olhos. Eles estavam brilhando com desejo, e ela sabia que nesse momento em particular, articular palavras não seria o seu mais forte pedido. ‚Você aceita esses termos, meu Senhor Prime?‛ ela perguntou, alcançando abaixo entre eles para pegá-lo e acariciá-lo até que ele estivesse arfando, minúsculos sons de prazer aumentando por todo o seu redor com dor escapando dele com cada respiração. Ele respirou fundo. ‚Eu aceito, minha Senhora.‛ ‚Bom, você pode começar de uma vez.‛ ‚Obrigado,‛ ele respirou, e apertou a boca dele na dela. Ela fechou seus olhos e deixou seus lábios se abrirem, permitindo que a língua dele impulsionasse profundo dentro da sua boca, e ela sugou-a forte, roubando o ar dos pulmões dele. Ele agarrou os quadris dela e a capotou em cima do colchão sem quebrar o beijo, sua própria mão ecoando o movimento que ela tinha feito no corpo dele momentos atrás, mas dessa vez pressionado lá dentro, e dentro, até que ela gemesse e suas costas arqueassem para fora do colchão. Seus dedos faziam um ballet entre suas coxas, e ela pressionou seus quadris para cima na sua palma, choramingando. Enquanto isso ele ergueu sua boca da dela para tomar um lento, errante caminho descendo sobre seus seios e barriga, traçando espirais de beijos e mordidas, mantendo isso quase loucamente vagaroso considerando o que ele estava fazendo com ela com sua esperta mão esquerda. Com a sua direita, ele usou para se empurrar para baixo


na cama enquanto ele continuava sua exploração até que ele tinha se orientado ao lado dela e, com uma troca rápida de posições, re-colocar seus dedos com sua língua. Os barulhos que vinham dela eram estranhos e familiares, rompendo dela todo o seu caminho descendo até a sua barriga, quase animalisticamente. Ela contorceu-se abaixo dele nos travesseiros, suas mãos agarrando os lençóis para se impedir de se retorcer em um nó, suor brilhando sobre sua pele. Ele ergueu sua cabeça e olhou para ela, e ela conseguiu prender sua respiração tempo o suficiente para perguntar, ‚Por que você parou?‛ Ele deu a ela um sorriso maldoso. ‚Eu estava simplesmente me perguntando, minha Senhora, se seria mais provável colocar você para dormir com dois orgasmos ou três.‛ Miranda gemeu e largou sua cabeça no travesseiro. ‚Três, maldito seja, Três!‛ ‚Como você desejar.‛ Ele abaixou sua cabeça novamente e pressionou mais forte, ao mesmo tempo escorregando dedos de volta para dentro, mais rápido. Nem trinta segundos mais tarde todo o corpo dela pareceu explodir de dentro para fora, e ela gemeu como uma Bashee 20 enquanto seus músculos contraiam e seus membros sacudiam-se. Antes que ela sequer começasse a desacelerar, contudo, ele agarrou seus quadris e a virou em cima do seu estômago. Ela sabia exatamente o que ele tinha planejado, e então ela estava pronta para ele, ficando sob seus joelhos e erguendo seus quadris para deixá-lo entrar nela forte, então conduzi-la para frente sob seus ombros, suas mãos subindo no colchão, espreitando algum tipo de estabilidade e encontrando apenas travesseiros.

20

(Banshee provem da família das fadas, e é a forma mais obscura delas. Quando alguém avistava uma Banshee sabia logo que seu fim estava próximo: os dias restantes de sua vida podiam ser contados pelos gritos da Banshee: cada grito era um dia de vida e, se apenas um grito fosse ouvido, naquela mesma noite estaria morto.)


Ele a cobriu poderosamente de quatro, seu peito empurrando em cima das suas costas, e ele se inclinou abaixo e mordeu a garganta dela e sugou, sincronizando cada engolida com o ritmo dos seus corpos assim a dor prazerosa de ser preenchida foi reforçada exponencialmente, tanto a união, o contato dentro do seu corpo, o seu sangue na boca dele, o cheiro dela na respiração dele, ambos, os dois deslizando um contra o outro em peles escorregadias de suor. Sabendo exatamente como isso iria afetá-la, ele mudou o ângulo dos seus quadris e pressionou para frente, enfiando tão forte que ela gritou, mas não sem dor. Ela arremessou sua própria pélvis para trás para encontrar com a dele, cada vez, querendo-o mais profundo, querendo que ele desaparecesse dentro dela para que eles dividissem a pele. Não parecia pedir demais. De novo, a explosão, e de novo, o terremoto. Ela se empinou debaixo dele como um animal selvagem até a onda passar. Então ela desabou desajeitadamente, primeiro com o rosto, nos lençóis. Ele a deixou assim por um momento, o corpo dela atravessando os tremores e os minúsculos espasmos, lágrimas reunindo-se em seus olhos que ela enxugou com mãos instáveis. Ela se virou de costas, viu o meio satisfeito olhar no rosto dele, esticou a mão e deu um tapa na parte detrás da cabeça dele levemente. ‚Com esse foram dois,‛ ela ofegou. ‚Ou você já está cansado?‛ Ela empurrou seu cabelo para fora dos seus olhos e adicionou, ‚Eu sei que na sua idade a histamina começa a cair.‛ David deu a ela um olhar estreito de fingida irritação. ‚Se lhe servirá bem que eu pare.‛ Ela ergueu para ele um sorriso preguiçoso. ‚E então o que você faria com isso daí?‛ ela perguntou apontando. ‚Hmm... touché.‛ Ele se alongou perto dela e, ainda sem nenhuma pressa, beijou seus lábios, pálpebras, e nariz. ‚Você é tão bonita,‛ ele murmurou, correndo sua mão abaixo sobre o braço dela, então em volta das suas costas para atraí-la contra ele.


Ela envolveu uma perna em torno dele, arfando enquanto eles deslizavam de volta para dentro um do outro. Miranda abriu sua mente para ele, e através do laço deles, eles foram capazes de tocar e conectar-se um com o outro completamente, uma consciência derretendo na outra da mesma maneira que eles se feriam ao redor um do outro nos lençóis, movendo-se em uma lenta ondulação, misturando respirações em um único som no quarto além do estalar do fogo. Sim... isto. Era tão fácil esquecer o que realmente eles eram, com carne e ossos e espaço no caminho, mas debaixo de tudo isso, em um lugar onde a dor e angústia nunca poderia alcançar, eles eram um, uma única alma que tinha sido escolhida, por qualquer razão, para passar essa caminhada encarnada na terra em dois corpos. Aqui nesse lugar, não havia separação, sem nomes... mas havia uma alegria em dualidade algumas vezes, uma beleza em mover-se da separação para dentro da união e depois de volta novamente, a intensidade construindo de um reverente dar e receber à algo selvagem. Dessa vez a tectônica troca atingiu os dois. Eles agarraram-se um no outro, respirando em conjunto, encharcados no suor um do outro, provando o sangue um do outro. Não havia necessidade em dizer que ela o amava – nesse momento as palavras iriam apenas forçar um limite na realidade onde a verdade estava simplesmente ali encharcado dentro de cada célula. Ele deitou sua cabeça no ombro dela, e ela filetou seus dedos através do seu úmido cabelo, sua outra mão traçando as linhas da tinta nas suas costas que ela já tinha memorizado. Finalmente, sabendo que ela não estaria confortável com ele dormindo em cima dela, ele se ergueu, aterrissando com um grunhido na sua direita. Ela olhou para ele, sorriu, depois disse. ‚Três.‛


Capítulo

“O

13

QUE VOCÊ SABE SOBRE O PRIMOGÊNITO?‛ Faith espiou intrigada abaixo para David. ‚É uma antiga lenda vampira,‛ ela disse, entregando a ele a chave inglesa que ele indicou com sua mão livre. Ela teve que falar um pouco mais alto para ser ouvida sob a batida grave do som da garagem. ‚Dizem que é pai de todos – se você voltar bem longe na nossa história, você encontrará referências de vampiros que não foram transformados, mas nascidos. Normalmente as pessoas dizem que eles eram descendentes de Lucifer ou Hades ou algum outro deus sombrio. Eles são como o bicho-papão. Se comporte ou o Primogênito irá pegar você. Mas é um mito, como você disse ao Volundr... certo?‛ ‚Até onde eu sei,‛ David respondeu, deslizando de volta para debaixo do carro. ‚Eu só achei que fosse estranho que ele trouxe isso a tona, de todas as coisas que ele poderia ter dito.‛ ‚Ele estava tirando proveito do fato de que a história vampirica é a sua causa predileta,‛ Faith fundamentou. ‚Eu estou certa que ele ouviu que você vasculha por informação ao longo dos anos. Um homem como ele ouve tudo, até mesmo vivendo no sovaco do nada.‛


‚Eu suponho.‛ Faith ouviu barulhos abafados, e um momento depois o Prime emergiu de novo, entregando a ela a chave inglesa. ‚Entregue-me a chave de catraca de sete dezesseis avos, por favor.‛ ‚Só se você abaixar o rádio.‛ David suspirou. ‚Inculta.‛ ‚Mestre... eu odeio lhe dizer isso, mas você é muito branco para escutar Tupac21.‛ David rolou seus olhos, depois fez um movimento torto com sua mão, e o volume da música caiu a um nível mais razoável. ‚Ao menos que tudo o que você escute sejam flautas de bambu, Segunda, você pode dar a porra do fora daqui.‛ Faith olhou para baixo para a fileira de ferramentas brilhantes no carrinho. ‚Qual delas é a catraca mesmo?‛ ‚Aquela que – deixa pra lá.‛ Faith observou enquanto uma das ferramentas se erguia para fora do carrinho e voava até a mão estendida do Prime. Ela perdeu há muito tempo atrás a habilidade de se chocar ou ficar mistificada pelo talento dele; agora ela meramente disse, ‚Por que você apenas não fez isso no início?‛ Ele encolheu de ombros. ‚Você estava em pé bem aí.‛ ‚E por que você não tem um mecânico pra fazer isso?‛ David fez um barulho desdenhoso. ‚Esses carros são carregados com tecnologia patenteada, Faith. Eu não permitirei que ninguém coloque suas mãos sujas neles ao menos que eles sejam examinados pela segurança. Nesse momento não há ninguém na Elite qualificado para fazer isso – vamos colocar na lista do próximo lote de recrutas, vindo a pensar sobre isso. Alguém com experiência de reparo automotivo assim como habilidades de programação de computação, quem eu posso treinar para fazer a manutenção de rotina. Familiarizado com sistema de energia solar seria um extra.‛ 21

(Tupac – foi um cantou rapper, que compunha músicas com grande apelo social)


‚Sim, essa é uma combinação que com frequência você encontra nos guerreiros,‛ Faith remarcou secamente. ‚O qual é exatamente por que de eu estar fazendo isso eu mesmo. Agora, você tinha uma atualização pra mim?‛ ‚Sim e não. Dois dos quatro nomes da lista de Volundr tinham álibis para todos os quatro ataques. Um, Deven está tentando localizar para interrogatório.‛ ‚E o quarto?‛ ‚Morto,‛ Faith disse a ele. ‚Cortado em um conflito de gangues em Seatle dois anos atrás.‛ ‚Droga,‛ David murmurou; ele começou a se empurrar de volta para debaixo do carro, mas pausou e disse, ‚Nós realmente fodemos22 com tudo, não foi?‛ Faith gargalhou alto o bastante para assustar um dos serventes, que, próximo, estava encerando um dos outros carros. ‚Onde na terra você ouviu essa frase?‛ ela perguntou. ‚Da Miranda. De quem mais?‛ Faith queria perguntar como as coisas estavam com ele e com a Rainha, mas ela aprendeu a pisar levemente naquele terreno no mês passado. Ela acompanhou o Prime nas suas várias incursões dentro da cidade e qualquer que fosse a missão que ele dava a ela, e tentou ser tão útil quanto possível, relembrando do que Jonathan disse. Mas nenhum do Par pareceu inclinado a se abrir com ela. David simplesmente não era do tipo que compartilhava, mas Miranda tinha se tornado estranhamente quieta ultimamente, o qual não era dela. Faith sabia que ela falou com Jonathan algumas vezes, mas não estava passando tanto tempo com Kat como antes, e ela parecia... um pouco perdida. O Par estava dormindo juntos novamente e trabalhando duro para colocar para trás o que aconteceu com eles, mas mesmo assim... havia algo novo e triste nos 22

(no original – screwing the pooch (ferrando com o cachorro vira lata) – é uma gíria militar muito vulgar pra dizer que você estragou com tudo)


olhos da Rainha, como se o primeiro véu da ilusão tivesse sido erguido e ela se encontrou um pouquinho mais longe da sua vida mortal do que antes. Faith não a invejava pelos próximos anos. Essa era a pior parte de se tornar um vampiro; de muitas maneiras somente parecia como um novo e diferente estilo de vida, mas se você tivesse qualquer laço de humanidade restante, eles seriam eventualmente decepados um por um, quer fosse pela deterioração incessante do tempo ou pela dura realidade que pensar que o mundo humano e o Mundo das Sombras pudessem existir dentro das mesmas cidades, e na verdade eles estavam, há milhares de quilômetros de distância. Falando no diabo: A porta lateral da garagem se abriu e a cabeça vermelha de Miranda espreitou para dentro. ‚David?‛ O Prime respondeu à voz dela como um cão de Pavlov 23, e Faith o ouviu largar sua chave de fenda no concreto enquanto ele rolava saindo debaixo do carro e se sentava. Miranda deu a ele um olhar apreciativo; ele estava sujo e suado, tinha graxa de motor manchada no seu rosto, e vestia uma confortável, maltrapilha T-shirt carregando a frase Han disparou primeiro24. Mesmo Faith, que tentou com muita vontade não olhar para o seu chefe dessa forma, teve que admirar a visão. Os bíceps sozinhos valiam à pena serem encarados. Ele sorriu para Miranda. ‚Sim, minha Senhora?‛ Ela sorriu de volta. Por um segundo quase pareceu à Faith como se nada estivesse sequer errado. ‚Nós recebemos uma ligação do Signet Air,‛ A Rainha disse. ‚O vôo de Janousek aterrissou em Newark trinta minutos atrás. Ele vai ficar por lá pela manhã. Ele chegará à Austin amanhã à noite as cinco e cinquenta e estará aqui no Haven pelas oito.‛ 23

(Palov foi um célebre médico russo do início do século 20, que treinou cachorros para que eles ficassem com água na boca sem que houvesse nenhuma comida por perto. A coisa funcionava assim: toda vez que os bichos eram alimentados, o médico tocava uma sineta. Com o tempo, os cães começaram a associar as badaladas à comida. E chegavam a babar famintos só de ouvir o sino, mesmo que o prato deles estivesse vazio.) 24 (Han disparou primeiro – é uma frase usada pelos fãs da saga Star Wars, que se refere a uma controversa mudança feita em uma cena do episódio A Nova Esperança. Na cena Han Solo conhece o caçador de recompensas, Greedo, que quer o dinheiro que Han Solo deve à Jabba. Na cena original, Han Solo atira em Greedo, que morre, porém a cena foi modificada em 1997, onde Greedo atira primeiro em Han Solo.)


‚Bom, obrigado,‛ O Prime respondeu. Ele olhou acima para Faith. ‚Está tudo pronto?‛ ‚Sim, Mestre. Eu tenho o detalhe comum de me encontrar com o avião, e sua suíte está preparada. Nós não estamos antecipando problemas com ele.‛ ‚É exatamente por que nós deveremos estar prontos para os problemas. A última coisa que nós precisamos é que a assassina vá atrás de Janousek no seu caminho ao aeroporto.‛ David retornou seu olhar para Miranda. ‚O que você planejou pelo resto da noite? Você vai para a cidade?‛ ‚Não essa noite. Grizzly e os produtores estão mixando essa semana – eles irão me ligar quando eles tiverem algo para eu escutar. Eu tenho uma apresentação na Quarta, mas até então eu vou manter as coisas desobstruídas para a visita de Janousek. Essa noite eu tenho yoga.‛ ‚E desde quando você se dedica a yoga?‛ o Prime perguntou. ‚Desde essa noite, possivelmente. Lali está dando aulas para Cora, e ela perguntou se eu queria me unir a elas.‛ Miranda ergueu uma sobrancelha e sorriu. ‚Eu tenho certeza que você não iria contestar que eu fosse mais flexível.‛ ‚E com essa observação,‛ Faith disse, ‚Eu estou partindo.‛ ‚Você está de folga toda a noite?‛ Miranda perguntou, parando a Segunda. ‚Você poderia vir junto – Lali disse que é um perfeito exercício complementário a todo o nosso treinamento de luta.‛ ‚Não, obrigada,‛ Faith respondeu com um sorriso. ‚Eu tentei uma vez e terminei com minhas pernas presas atrás da minha cabeça. Lali realmente teve que me desfazer. E você, Mestre?‛ David estava gargalhando, provavelmente com a imagem mental que Faith tinha dado a ele. ‚Está tudo bem. Eu tenho mais dois carros para trabalhar e depois uma conferencia telefônica com os Tenentes Craig, Laveau, e Nguyen às onze. Depois disso é de volta à atualização de rede. Oh – e eu devo a Novotny uma ligação. Ele quer fazer alguns testes adicionais nas mãos.‛


‚Que tipos de testes?‛ Miranda quis saber. ‚Ele finalmente teve uma análise completa do veneno e quer ver se a assassina também o usou em Jake e Denise.‛ ‚Você acha que ela usou?‛ Faith respondeu. ‚Sim e não,‛ David disse, alcançando dentro do carro pela sua chave de fenda descartada e retornando-a ao carrinho. ‚Se ela envenenasse Denise, não haveria quase tanto sangue na cena do crime – Denise arquitetou um inferno de uma luta para uma humana, e aquela toxina a teria matado antes que ela pudesse sequer lutar. Mas ela poderia ter envenenado Jake para derrubá-lo antes de cortar fora a sua mão. Essa é a teoria de Novotny, de qualquer forma. Mas ele queria correr uma lista de parâmetros comigo primeiro.‛ Miranda inclinou seu quadril contra o carro, uma mão trilhando sobre o acabamento brilhoso. ‚Eu odeio que nós estamos presos esperando por essa vadia fazer o próximo movimento, David. É necessária uma mudança.‛ ‚Eu sei, amada. Eu estou esperando que a queda no ciclo de horas da rede de cinco segundos para três irá nos dar algo.‛ ‚E sobre os dados brutos dos sensores?‛ ela perguntou. ‚Até quanto tempo eles podem permanecer?‛ ‚Noventa dias,‛ ele respondeu. ‚Por quê?‛ ‚E se você comparasse as leituras na hora de cada ataque e procurasse por picos?‛ ‚Você disse que não houve picos,‛ Faith apontou. David assentiu. ‚Não houve na própria rede. Mas quando algo se move através do sensor, ele grava uma série de informação. A rede é calibrada para coletar mais do que uma dúzia de parâmetros, mas apenas os mais importantes – peso, altura, temperatura, e velocidade – são analisados, e depois o sistema exibe apenas combinações de leituras que indicam a presença de vampiros. Se algo corresponde a, digamos, uma criança pequena ou a um pastor alemão, ele não aparece na grade. Mas todos os dados brutos são bombeados a cada dez


minutos ao servidor reserva. Há uma vasta quantidade de dados, então ele é substituído a cada noventa dias, substituem por que nós não teríamos espaço no disco suficiente para armazenar tudo. A maior parte disso é apenas barulho.‛ Faith assentiu. ‚Baseados em observações de você, Prime Deven, e Kat, nossa assassina é completamente comum para um vampiro, embora ela seja malditamente rápida.‛ Miranda disse, ‚Algo sobre ela continua impedindo-a de aparecer na grade. Mas os sensores podem ter pego algo mais, algo não vampiro.‛ ‚Talvez ela seja um lobisomem,‛ Faith disse, sorrindo com os olhares vis que os dois dispararam nela. ‚Brincadeira.‛ ‚Eu fiz uma busca nos dados brutos bem depois de Jake desaparecer e não consegui nada,‛ David refletiu, ‚mas uma vez que eu tiver a atualização terminada, a sensibilidade aprimorada e a velocidade de processamento podem produzir algo. Eu vou tentar novamente. Certamente não pode fazer mal nesse ponto.‛ ‚Eu não acredito que com toda a tecnologia que nós temos e todo o poder cerebral trabalhando no problema, que nós não podemos encontrar uma única maldita coisa,‛ disse Faith irritada. ‚Quem diabos é essa mulher? O que ela poderia ter que a faz mais difícil de encontrar do que o Blackthorn?‛ ‚Poderia ser magia,‛ Miranda disse. David gargalhou. ‚Claro. Ela é uma lobisomem mágica. Por que eu não vi isso antes?‛ ‚Não ria,‛ Miranda admoestou-o. ‚Você não sabe como tudo nesse mundo funciona.‛ ‚Amada, não há tal coisa como magia.‛ Ela deu a ela um olhar que Faith quase gargalhou. Poucas pessoas sequer pareceram pensar que David era capaz de dizer algo estúpido. Miranda apontou, sem palavras para o seu Signet.


O Prime considerou aquilo por um segundo. ‚Eu não acho que seja magia. Eu acho que há alguma tecnologia a isso que nós simplesmente não entendemos ainda. Isso é o que a magia é, no final.‛ De novo, Miranda deu a ele aquele olhar. ‚Então você acha que um rubi brilhante que tem o poder de escolher sua alma gêmea tem um minúsculo hamster em uma roda dentro dela? E sobre suas habilidades psíquicas, ou Enevoar, ou o fato de que se uma das metades do Par morrer, a outra morre, também? O que é isso se não é magia?‛ Ele deu de ombros. ‚Física é uma coisa misteriosa, mas não é magia.‛ Miranda disparou a Faith um olhar divertido, depois disse ao seu marido, ‚Qualquer coisa que você diga, querido.‛ Ela se inclinou para baixo e beijou o topo da cabeça dele, ganhando um sorrido doce. ‚Eu estou de saída para aprender a asana- durona25.‛ Depois dela sair, David perguntou a Faith, ‚Ela acabou de zombar de mim agora?‛ Faith sorriu. ‚Eu acho que isso foi mais um caso de humor do que de zombar de você.‛ O Prime não pareceu incomodado por isso; de fato, muito o oposto. Ele pareceu aliviado. ‚Isso é um bom sinal... não é?‛ Faith saiu do caminho enquanto ele rolava o carrinho de ferramentas e a coisa na horizontal na qual ele esteve deitado – um rastejador, ela pensou que era como se chamava – até o próximo carro da fila. Havia oito veículos na garagem nesse momento, como uma desagradável tempestade de outono era prevista para aparecer em algum momento depois das duas nessa manhã. O pequeno vermelho híbrido de Faith estava no final, estacionado próximo ao Primus de Miranda. Havia duas vans à vista das três que transportavam os times de patrulha para a da cidade; aquelas, ela imaginou, eram as que David precisava trabalhar a seguir. O Town Car que Harlan dirigia era o veículo de 25

(aqui a autora faz uma analogia da yoga asana com a palavra durona – badass)


escolha do Prime, mas havia também uma limo, um Rolls, e um Bentley, os três dos quais eram raramente usados enquanto David ainda não os convertesse em solar. As duas vans eram gasolina/ híbridos elétricos. Nunca tinha realmente ocorrido a Faith antes de vir servir ao Sul que vampiros deveriam se interessar em meio ambiente, mas David sabiamente decidiu que a imortalidade seria muito menos prazerosa se queimasse a camada externa do planeta, então uma das primeiras coisas que ele fez como consequência de tomar o Signet foi colocar todo o complexo do Haven sob energia solar. À parte do impacto ecológico, ajudava a manter o Haven escondido; eles estavam completamente fora da rede elétrica da cidade, uma vila de vampiros autônoma no Hill Country. Se eles pudessem sobreviver com seus próprios sangues, David provavelmente teria o lugar funcionando como a comunidade hippie mais estranha do mundo. ‚Eu acho que sim,‛ Faith respondeu, não certa se o comentário de Miranda era um sinal disso, exatamente, mas querendo ser positiva. David moveu-se para a primeira das duas vans pretas, se estabelecendo no rastejador novamente. Faith fez como Miranda fez, inclinou-se de lado na van observando as chaves de fendas flutuarem do carrinho para o Prime, que arrastou o tubo plástico debaixo da van e começou a desparafusar algo – o filtro de óleo? Faith admitiu alegremente que ela não sabia nada sobre carros. ‚Você não deveria ser tão duro com você mesmo,‛ Faith ouviu-se dizer antes que ela pudesse evitar. Ele rolou de volta para fora e olhou para ela. ‚Sim, eu devo. O que eu fiz foi indesculpável.‛ ‚Mas você não escondeu isso dela; você encarou e aceitou as consequências. Acredite em mim, muitos homens não fariam. Você pode ter culpado o Deven – não haveria amor perdido ali. Mas você aceitou a responsabilidade e você está fazendo tudo que você pode para consertar as


coisas. Só há tantas coisas boas além de se martirizar, Mestre, você apenas tem que parar de castigar-se e seguir em frente.‛ Ele franziu o cenho. ‚Você está dizendo que isso não é... grande coisa?‛ ‚Não. Você ferrou com um grande momento.‛ ‚Bom. Contanto nós estivermos na mesma página.‛ ‚Eu só estou dizendo que se a mulher que você ama não odeia você pelo que você fez, então você não deveria também.‛ Ele meio que sorriu. ‚Eu vou aceitar isso como aconselhamento, Segunda.‛ Faith rolou seus olhos e começou a partir da garagem, mas David disse, ‚Obrigado, Faith,‛ e ela virou-se de volta para ele mais uma vez. ‚Eu aprecio que você ficou ao meu lado,‛ ele continuou. ‚Por nós dois. Eu tenho certeza que você estava zangada comigo por um período, também, mas isso não interferiu com a nossa relação de trabalho, e por isso eu estou grato.‛ Faith assentiu, se curvou. ‚Só não faça isso novamente,‛ ela disse ao Prime, ‚ou eu terei que castrar você com uma chave de sete por dezesseis avos.‛ O Prime olhou para a ferramenta na sua mão e gargalhou, arqueando uma sobrancelha. ‚Sete por dezesseis avos não chegará nem perto de grande o bastante.‛ Faith bufou. ‚Informação demais, Mestre. Eu vou dar minha saída agora ao menos que você precise de mim.‛ ‚Nada mais. Dispensada.‛ Ele desapareceu de volta debaixo da van, e Faith o deixou ali, seguindo para fora para uma sessão de treinamento de combate avançado com vários dos recrutas da Elite. No lado de fora, ela olhou para cima ao sombrio céu preto, aonde densas nuvens de tempestade pendiam em meio à expectante, sensação elétrica de uma torrente indesejada. O vento tinha aumentado e estava girando folhas por todo o jardim. Faith podia sentir o cheiro da chuva e do raio e esperava que os


serventes tivessem fechado todas as janelas; eles estavam abrindo alguns dos painéis no térreo à noite para deixar entrar o fresco, puro ar entre as frentes frias, para impedir o Haven da sensação de abafado com tantas lareiras acesas. Um arrepio arrastou-se na sua pele. O tempo esteve se armando em direção a essa tempestade por dias... e enquanto as primeiras gotas começaram a cair, ela se apressou da garagem para o prédio de treinamento, esperando evitar o pior da chuva.

***

Cora tinha mais de cem anos de idade e tinha gasto quase oitenta deles tentando arduamente separar-se do seu corpo, ensinado a si mesma a fugir dentro da sua mente para que ela estivesse distante, segura das perversidades de Hart. O pensamento de que ela pudesse um dia recuperar a sua carne violada e aprender a viver, ou talvez até mesmo aproveitar a sensação física ou, Deus me perdoe, sensualidade sempre tinha sido deprimentemente ridículo. Ainda assim, aqui estava ela, gastando horas com sua segunda mão de roupas de atividade física da Elite ensopadas de suor, aprendendo a torcer e inclinar o seu corpo em dezenas de formatos desacostumados, empurrando-se até seus músculos sacudirem-se e ela estava tão exausta que ela mal se levantava enquanto uma minúscula mulher morena com sotaque musical a guiava de uma posição a outra. Lalita chamava isso de Hatha yoga. Era uma arte antiga que ajudava a treinar o corpo e a mente juntos, e Faith tinha prescrito isso para Cora ajudar a fortalecer seus músculos e trazer a saúde de volta para o seu corpo deplorável. Cora era muito fraca e desajeitada para fazer exercícios mais convencionais, e muito assustada para aprender habilidades de luta, mas Faith a assegurou que


não havia nada violento sobre a yoga e que Lalita era uma gentil e compassiva professora. A voz de Lalita dançou através das sílabas da língua sagrada da sua terra natal – os nomes das posições e as palavras de cânticos mais antigos do que qualquer coisa no Haven. Cora gostava do som disso, e do acento Inglês de Lalita. Cora podia não ser uma mulher inteligente, mas ela aprendeu as posições da yoga rapidamente. Seu corpo pareceu ter sua própria memória, e uma muito boa. Apenas umas poucas sessões e ela podia tatear o seu caminho através da Saudação do Sol26 sem tropeçar. Era estranho ser boa em algo que á permitia manter suas roupas postas. Cora normalmente chegava primeiro, enquanto Lalita tinha uma escala de serviço completa e tinha que ir ao estúdio uma vez que o seu turno de guardacostas estivesse terminado. Elas tinham suas sessões em uma pequena sala em um dos prédios anexos, e Lalita tinha transformado o pequeno espaço utilitário em um agravável, silencioso estúdio que tinha um fraco cheiro de incenso. Cora não se importava em estar sozinha ali; havia apenas uma porta, então ela se sentia tão segura aqui quanto ela se sentia no seu quarto. Ela normalmente gastava aqueles primeiros minutos sentada, meditando como Lalita tinha ensinado-a. Ela lutou com unhas e dentes com Lalita sobre meditação, clamando que ela não queria conhecer o funcionamento interno da sua própria mente, por que não havia nada ali exceto os restos encardidos da luxúria de Hart. Mas ela tinha visto um vislumbre... apenas um vislumbre... de algo além disso, algo sobre ela que não era quebrado, e não podia sequer ser quebrado. Ela não sabia como chamá-lo, mas ela queria aprender mais sobre isso. Uma vez ela dormiu em um sujo ninho de travesseiros, mas agora ela sentava neles com sua coluna reta, buscando o silêncio dentro de si mesma. 26

(saudação do sol – nome de uma posição na yoga)


Lalita, que tinha chegado silenciosamente e a deixado continuar com sua meditação sem interrupção, sentou-se diante dela, espelhando sua postura, e disse, ‚Talvez você esteja começando a ver que existe mais para você do que você pensou.‛ Um dia, Cora esperava ser tão graciosa quanto Lalita. Por agora ela estaria satisfeita em ser capaz de suportar o próprio peso do seu corpo e suas finas pernas de pássaro. ‚Nós temos outro aluno se unindo a nós essa noite,‛ Lalita disse. Cora tentou esconder seu desânimo. ‚Oh?‛ ‚Sim – mas não se preocupe, ela é uma iniciante como você era há algumas semanas atrás.‛ Cora assentiu. Não tinha ocorrido a ela essa constatação. Essas pessoas, mesmo sendo gentis, ainda estavam no comando aqui, e se Lalita quisesse mais alunos, ela os teria. Além disso, ela tinha mencionado que ela estava pressionando Faith a atribuir mais da Elite em suas aulas, clamando que eles seriam melhores guerreiros se eles pudessem encontrar um centro de calmaria pelo qual lutar. A nova estudante poderia muito bem ser a própria Faith, vindo ver o que era toda a agitação. Ao menos era uma mulher. Cora não achou que ela poderia suportar dividir isso com um homem. Ela sabia do que Lalita disse a ela sobre a Índia, que a yoga foi inventada na sua maioria por homens nas primeiras traduções Hindus, e que cada escola de yoga e cada professor tinha seu próprio estilo. O de Lalita era pacífico e fluído, feminino, enfatizando o equilíbrio e flexibilidade muito mais do que a perfeição técnica. Ela aprendeu em duas escolas, Hatha e Kripalu, e combinou as duas para formar algo que ela sentia que era apropriado para vampiros, atraindo suas aprimoradas percepções sensoriais e a força inerente dos seus corpos. Treinamento de força não era normalmente um problema para os guerreiros da Elite, então Lalita focou nos outros benefícios da yoga, especialmente em harmonizar o corpo com a mente.


Era uma filosofia super alienígena para Cora, que foi ensinada – e tinha agarrado a ideia – de que o corpo era sem significado e cairia à poeira. Isso tinha feito mais fácil em deixar Hart fazer o que ele gostava com ela. Mas Lalita criou sua própria tradição espiritual, combinando os movimentos da yoga, meditação, e cântico, com devoção a uma deusa chamada Tara Verde que aparentemente vinha dos mitos do Budismo Tibetano. Havia uma estátua dessa divindade no canto do estúdio, fixa em uma longa mesa com um incenso queimando e velas. Cora se encontrou olhando para Tara frequentemente, pensando que ela lembrava Cora à Virgem Maria, uma mãe gentil que ainda estava disposta a descer do seu trono para consertar os erros do mundo. Depois disso Cora arremessou seus medos ao vento e fez qualquer coisa que Lalita sugeriu. A coisa mais impressionante sobre a professora era que se Cora tinha razões do por que algo a fazia desconfortável, Lalita a escutava, sugeria alternativas, e elas conversariam sobre isso. Não havia gritaria, sem forçar, sem exigências para ela obedecer. Cora não sabia como declarar a si mesma, então sua tendência era deixar as coisas escorregarem, mas finalmente Lalita a instou com isso: ‚Você é forte o bastante para deixar o Prime,‛ Lalita a relembrou enquanto ela ia ao banco para remover o seu equipamento de serviço. ‚Não se esqueça disso, Cora. Você foi ensinada que você era fraca e indigna, mas você sabe que isso não é verdade. Você, e somente você, saiu daquele quarto e encontrou coisa melhor. Você tinha aquela força. Você ainda tem. Tudo o que você precisa fazer é acreditar nela e aprender como recorrer a ela.‛ A Elite tinha uma série de itens que eles carregavam: Cada um tinha uma espada com edição padrão, uma estaca de madeira, uma faca em uma bota, um cinto com bolsos cujos conteúdos Cora não sabia, e um dispositivo sobre o qual ela não estava certa.


Cora colocou seus joelhos para cima no seu queixo e observou Lalita preparar-se para a sua sessão; curiosa, ela perguntou, ‚Isso é um telefone?‛ Lalita olhou abaixo ao dispositivo e gargalhou. ‚Dentre outras coisas. Nosso comunicador intra-Elite passa pelo coms de pulso, mas esse telefone também nos mostra mapas da cidade, e alguns de nós consegue ver partes da rede de sensores. Eu posso certificar a escala de serviço da semana seguinte e saber quando os outros estão no turno ou de folga, e também acessar relatórios do tempo e outras informações.‛ ‚Tudo isso nessa caixa minúscula?‛ Ela sorriu e assentiu. ‚Notável, não é? Quando eu era uma menininha, ninguém poderia ter sonhado com esse tipo de coisa. Mesmo rádio era uma fantasia naquela época. Receber uma mensagem de alguém levava dias de viagem e agora leva segundos.‛ Ela entregou à Cora o telefone, e Cora examinou-o cautelosamente, com receio de tocar em algo. O computador em seu quarto era maior e parecia menos frágil, mas ainda a confundia na maior parte. Quando ela tocou a tela do telefone, ela se iluminou, mostrando uma fotografia de vários gatos brincando em um tapete; um estava mordendo o outro no pescoço. Cora sorriu. Apenas então houve uma batida na porta do estúdio. Cora entregou o telefone de volta à Lalita, que o pegou e se ergueu graciosamente, desdobrandose como Tara Verde da sua posição de lótus. ‚Entre, minha Senhora,‛ ela chamou. O coração de Cora apertou com as palavras.... e fez isso de novo quando a porta abriu e a Rainha Miranda entrou no estúdio. ‚Oi, Cora,‛ a Rainha disse, sorrindo. ‚Eu espero que você não se importe que eu me junte a você.‛ Cora engoliu. Ela tentou falar, mas nada sairia da sua boca. Era a primeira vez que ela tinha visto a Rainha desde que ela concedeu asilo, e nos dias seguintes ela tinha esquecido como assustadora a mulher era... ela parecia


preencher todo o estúdio com sua presença e poder, e mesmo vestida em roupas semelhantes a Cora com seu abundante cabelo puxado para trás, ficando em qualquer lugar perto dela fez o pulso de Cora voar ao caos e medo destruindo sua calma meditativa. A Rainha se aproximou e ajoelhou na frente dela, preocupada, ‚Você está bem?‛ Ela colocou sua mão na testa de Cora, e sua sobrancelha se enrugou. ‚Bom Senhor, Cora... você tem que aprender a formar um escudo.‛ Lalita pareceu mortificada. ‚Nunca me ocorreu que ela precisaria,‛ ela admitiu. ‚A maior parte de nós tem alguma habilidade telepática, mas dificilmente qualquer um aqui precise de mais do que o estabelecer-se básico e centralização.‛ ‚O que... o que eu tenho?‛ Cora perguntou hesitante. Miranda estava olhando para ela forte, sua mão ainda na testa de Cora. ‚Eu não tenho certeza,‛ a Rainha respondeu. ‚Identificar dons não é algo que eu sou boa, e parece como se a maior parte do seu talento ainda está... adormecido. Aqui... isso irá ajudar você agora.‛ Cora sentiu... algo... mover-se por ela, e era como se alguém tivesse puxado uma cortina entre ela e a Rainha; um segundo Cora estava a beira do pânico, e no seguinte ela estava simplesmente sentada de pernas cruzadas na frente de uma mulher com um bagunçado rabo de cavalo vermelho. ‚Eu coloquei um escudo a sua volta,‛ a Rainha explicou. ‚É temporário, mas irá me impedir de assustar você enquanto nós estamos aqui. Eu vou falar com Faith sobre conseguir alguém para ensinar a você a fazer isso sozinha. Eu poderia, mas eu não tenho muita experiência para mostrar a técnica a você, e eu tenho uma sensação que você ficaria melhor com uma professora mulher do que com David.‛ A ideia de ter o Prime – mesmo tão gentil quanto ele parecia ser – tão perto dela, tocando sua energia, era tão horrível que ela não conseguiu esconder sua reação.


Miranda sorriu. ‚Eu acho também. Mas nós vamos encontrar alguém. É algo que você absolutamente deve aprender antes de deixar o Haven – nossa Elite que possui o dom, coloca o escudo sozinha, então você está segura aqui, mas você tem habilidade suficiente, apenas do que eu posso ver, que saindo para o mundo sem proteção iria enlouquecê-la. Acredite em mim, eu sei.‛ ‚Eu devo adicionar,‛ Lalita disse, ‚que os exercícios que nós estamos aprendendo aqui na yoga podem fazer as coisas um tanto piores para os dotados – se você tem quaisquer habilidades, ingerindo sobre seus chakras pode intensificá-las, o que é provavelmente por que Cora reagiu tão fortemente. Aviso justo, minha Senhora. Eu sei que você está fortemente protegida, mas pela sua própria saúde, seja cuidadosa.‛ Cora ficou surpresa que Miranda deferiu imediatamente ao assunto de Lalita; ela não teria esperado que uma Rainha escutasse ninguém. ‚Eu vou tentar ficar atenta,‛ Miranda disse. ‚Excelente. Vamos começar, vamos?‛ Lalita moveu-se para á frente do estúdio, onde sua esteira já estava desdobrada no chão. Cora tinha trazido a sua própria esteira; havia várias na vertical no canto, que qualquer um poderia usar, mas Lalita tinha dado a ela uma, sem qualquer reserva, para que ela pudesse praticar no seu quarto se ela quisesse. Cora gostava da espuma roxa ligeiramente pegajosa, o qual tinha um padrão estampado em rosa delimitado ao longo do final da borda. Ela e a Rainha se levantaram, e Cora estendeu a sua esteira enquanto Miranda procurava por uma das extras e fez o mesmo. Cora odiava admitir, mas ela sentiu um pouquinho de satisfação enquanto a sessão estava em curso, por que enquanto ela era forte e ágil, a Rainha não era um prodígio em yoga; seu alinhamento era terrível, e até mesmo com sua considerável maestria física ela perdeu o equilíbrio em um ponto e realmente tombou, rindo. ‚Por que você não tenta aquela novamente?‛ Lalita sugeriu.


Miranda ficou sóbria e se levantou de novo, e Lalita a conduziu de volta a posição; a Rainha concentrou-se no seu trabalho, o que era um alívio, como Cora temia, ela não levaria o que elas estavam fazendo seriamente, especialmente não da primeira vez. Mas Miranda estava completamente respeitosa do conhecimento de Lalita e até mesmo pausou para observar Cora durante a Saudação do Sol para ter uma diferente visão do fluxo das posturas. Cora tentou não tomar conhecimento do seu olhar, mas se encontrou corando-se mesmo assim. ‚Me desculpe,‛ a Rainha disse. ‚Eu não tinha a intenção em fazer você ficar desconfortável. Mas você realmente é natural com isso, Cora. Parece que você nasceu com isso.‛ Cora corou-se até mesmo mais forte. ‚Obrigada, minha Senhora.‛ Lalita estava sorrindo calorosamente para ela. ‚Eu tenho ensinado yoga para fora por vinte anos, e Cora é a mais rápida aprendiza que eu já tive até agora. Apenas nas poucas últimas semanas ela ganhou tanta postura e graça – eu estou muito orgulhosa dela.‛ Vendo quanto desconfortável Cora estava em ser a atenção, Lalita mudou o assunto. ‚Tudo bem, então, vamos continuar.‛ Depois delas terem passado por todas as séries da asana e gastarem vários minutos deitadas na Posição do Cadáver, Lalita começou a guiar a meditação de limpeza do chakra; na sua tradição o corpo tinha sete centros de energia primária, cada um correspondendo a um diferente aspecto do ser da pessoa, e esses centros precisavam ficar saudáveis para garantir que a pessoa prosperasse como um todo. Ela as conduziu através da meditação lentamente, em consideração à Rainha, e Cora visualizou sua energia se movendo para cima através do seu corpo, começando da raiz do chakra, na base da coluna e terminando na coroa da cabeça. A energia abriu cada chakra, esvaziando quaisquer detritos psíquicos, e deixou aquele aspecto de auto-execução mais suave. Cora não estava certa quanto da espiritualidade de Lalilta ela acreditava,


mas quando ela fazia a meditação ela podia certamente sentir algo, e quando isso terminava, ela sempre se sentia diferente, melhor. Quando elas atingiram o terceiro chakra, o qual deveria governar uma das visões internas, Cora ouviu um sobressalto. Ela abriu um olho parcialmente e viu que algo estranho estava acontecendo com a Rainha. Miranda estava branca como lençol, e sua respiração estava superficial. Ela sentava de pernas cruzadas como Cora e Lalita, mas suas mãos estavam fechadas em punhos nos seus joelhos e sua testa estava enrugada no que parecia dor. ‚Minha Senhora?‛ Cora perguntou em um sussurro. Os olhos de Lalita pularam abertos e ela, também, pareceu preocupada. ‚Você está...‛ Antes que ela pudesse terminar a pergunta, as mãos da Rainha voaram para a sua testa, cobrindo seus olhos já fechados. Ela gemeu e se dobrou. ‚Não...‛ Subitamente todas as coisas na sala começaram a sacudir. Lalita colocou suas mãos nos ombros da Rainha e tentou despertá-la, mas a Rainha não pareceu ouvir; ela estava perdida em algum lugar, e para desânimo de Cora o escudo que estava suspenso ao redor de Cora começou a tremer e se dissolver e Cora podia sentir o poder da Rainha novamente, dessa vez surgindo perigosamente. Quente, medo espesso apertando o coração de Cora, e ela se afastou, quase rastejando para trás para colocar o máximo de espaço entre ela e a Rainha quanto ela pudesse. As coisas começaram a tombar. Esteiras caíram, as cortinas de tecido que Lalita tinha prendido ao redor da sala cederam e depois deslizaram das paredes... o próprio chão parecia como se estivesse tremendo. Lalita gritou um alarme, e Cora seguiu seus olhos amplos para ver que o ventilador de teto sobre sua cabeça estava se afrouxando do seu fio. A Rainha gritou.


O ventilador rasgou do teto e caiu. Cora se lançou para frente, tentando empurrar Lalita para fora do caminho, e as duas mulheres tropeçaram para trás em um caos – —que parou tão rapidamente quanto começou. Cora, espalhada sobre Lalita no chão, esticou sua cabeça para trás para ver o que tinha acontecido, e foi sua vez de arfar. Em pé no centro da sala, uma mão estendida em direção ao ventilador que tinha congelado no meio do ar; a outra tocando a testa de Miranda, estava o Prime. Os olhos da Rainha rolaram para trás na sua cabeça e ela caiu lateralmente em cima da sua esteira, inconsciente. Os olhos do Prime e mão, seguiram o ventilador de teto e ele flutuou sobre o canto, onde ele aterrissou em uma pilha. Ele se virou, olhando ao redor da sala, e em segundos tudo tinha se consertado, os pedaços destroçados do altar de Lalita retornando aos seus lugares, as esteiras de volta nas paredes. Ele não perguntou se Cora e Lalita estavam bem, mas ela supôs que isso era desnecessário. À parte do choque elas estavam as duas bem, nem sequer um arranhão nem nada. Ele se inclinou e ergueu a Rainha em seus braços, depois deu a elas um rápido aceno de agradecimento e andou para fora do estúdio. Cora e Lalita foram deixadas encarando uma a outra.

Sangue... tanto sangue... Alguém estava morrendo. Ela podia ouvir Kat gritando – não com dor, mas em pânico, em horror, seu coração – não o seu corpo –despedaçado. Miranda tentou ajudá-la... ela não podia se mover... ela era uma intrusa aqui, presa atrás de uma parede de vidro onde tudo o que ela podia fazer era escutar e assistir, batendo seus punhos em uma barreira invisível. Ela tentou gritar, mas


sua voz morreu no vento. Ela podia apenas assistir imagens espalhadas de um pesadelo desdobrando ao seu redor, impotente. Tanto sangue... ‚Eu estou acabada, Miranda. Você tem que se salvar.‛ Quem estava falando? Ela se endireitou para identificar a voz, mas ela não podia alcançá-la, não podia... Ela podia ouvir algo gotejando... gotejando... água, em um piso... gotejando... sangue, gotejando... gotejando... Barras. Suas mãos se fecharam ao redor de frias barras de aço. ‚Por favor, me diga que tudo isso é um pesadelo, Miranda.‛ ‚Oi, querida.‛ A voz de um homem, desrespeitosa. Ela ouviu algo quebrar, viu cacos afiados de cristal captando o luar enquanto elas caíam... ‚Miranda, Não!‛ Ela podia ouvir a gritaria, ela podia sentir o cheiro de sangue e sentir o seu gosto de ferrugem e quente no fundo de sua garganta, mas ela não podia impedir nada disso. ‚Por favor... você tem que salvá-lo... tem que... me prometa...você é a única com bastante força para fazer isso. Me prometa...‛ ‚Como você se atreve em entrar na nossa casa –‚ Luz vermelha... luz vermelha.... vermelha... quatro, cinco, seis... sete.... oito... brilhando vermelho em um círculo, uma por uma piscando, suas luzes caindo em sincronia... ‚Oi, querida.‛ Uma voz de mulher, desrespeitosa. Agonia...escaldante, sua alma sendo rasgada ao meio, seus gritos rompendo o silêncio da noite enquanto ela caía... e observava a si mesma cair... apenas que não era ela... Calorosa intrusão. Ela se sentiu sendo afastada da parede de vidro, mãos gentis a abaixando, para fora, de volta ao seu corpo.


Ela se esforçou para ouvir as últimas poucas palavras enquanto ela começou a acordar... era quase como se alguém estivesse sussurrando no seu ouvido. Primogênito... Eleusis... Alpha... Lydia... Trindade... ‚Miranda.‛ Aquela última voz, ela reconheceu. Ela se esticou em direção a ela, ansiando por um solo sólido, por um mundo desperto, e sentiu mãos pegando as dela e colocando-a para baixo, para baixo... Ela estava soluçando quando ela acordou, alivio e medo superando-a, e ela se afundou nos braços de David, tremendo. ‚Está tudo bem, amada. Eu estou aqui. Eu tenho você. Você está segura agora.‛ Ela estava absolutamente incoerente por um período mais gradualmente conseguiu um ponto de apoio do controle de volta, arrastando-se em direção a calmaria, uma polegada cambaleante de cada vez. Ela podia sentir um escudo a sua volta, provavelmente tanto para proteger o resto do Haven dela quanto para protegê-la. Mas a sensação – de ser contida e abraçada, segura, cercada por tal energia calorosa e amorosa – era fundamental, e ajudou-a a combater seus poderes de volta aos seus próprios apertos. Uma vez que ela estava calma, David abaixou o escudo ao seu redor, embora ela ainda o sentisse ao seu redor, fisicamente e de toda a forma. Ela respirou no calor do corpo dele e soltou um longo, trêmulo fôlego. ‚O que você viu?‛ ele perguntou a ela suavemente. Miranda fechou seus olhos apertadamente e enterrou seu rosto no ombro dele. ‚Morte,‛ ela sussurrou. ‚Eu vi morte.‛


‚De quem?‛ ‚Eu não sei,‛ ela disse, mal segurando as lágrimas. ‚Tudo estava misturado – havia palavras, e sons, e imagens, e cheiros... era como se eu estivesse assistindo cinco programas de TV de uma vez só. Não fazia nenhum sentido.‛ Ele acariciou seu cabelo e murmurou para ela enquanto ela se abanava, mas apesar da possibilidade das terríveis circunstancias rolando em direção a eles ele soou preocupado com ela, mas não com o futuro. ‚Foi como começou com Jonathan,‛ ele disse. ‚Sonhos, na maior parte, tão distorcidos por si só que ele não podia interpretar nada. Levou tempo para ele aprender como ver uma coisa de cada vez. Você deveria falar com ele – ele provavelmente pode ajudar você.‛ ‚Você não está preocupado sobre o que eu vi?‛ Ele deu de ombros. ‚Não realmente. Se lembra quando foi com a sua empatia? Tudo o que você podia ouvir era a dor e sofrimento por que eles eram os mais altos. Agora que você sabe como controlá-los, você sente as coisas diferentemente. É o mesmo com premunição. Morte e miséria são os mais vívidos por que eles brincam com seus próprios medos. Mas isso não significa que tudo no futuro é cheio de perigo.‛ Ela sacudiu sua cabeça, maravilhada com o quanto calmo ele estava sobre isso. Se ele tivesse visto... se ele tivesse ouvido... os gritos, o sangue... Ela estremeceu e retornou sua cabeça ao ombro dele, cobrindo seus olhos. ‚Foi horrível.‛ ‚Você quer me contar sobre isso?‛ ‚Não... ainda não. Mas... eu tenho uma pergunta, talvez você saiba... quem é Lydia?‛ David ficou muito imóvel. ‚Lydia?‛ ‚Sim... havia palavras, como se alguém estivesse sussurrando para mim no final. O único nome real nisso era Lydia.‛


Ela olhou para ele. Os olhos dele estavam largos. ‚Você conhece uma Lydia?‛ Miranda perguntou. David respirou um profundo fôlego. ‚Eu conheço uma.‛ ‚Quem é ela?‛ Seu aperto nos braços dela se intensificou como se ela fosse um urso de pelúcia e ele estivesse com medo da tempestade do lado de fora. ‚Ela era a minha Mestre.‛


Capítulo

N

14

ÃO HÁ MUITO REALMENTE O QUE DIZER,‛ DAVID disse entregando à Miranda a coca a qual ele saiu da cama para buscar para ela da geladeira do bar. Ela estava sentada envolta nos lençóis, o escutando entusiasticamente , mas praticamente sorveu o refrigerante – isso foi outra coisa que David se lembrava de Deven comentando quando Jonathan era novo no seu dom; depois dele ter tido uma visão dele se esbaldar de cafeína, e isso o impedia de manter uma desagradável enxaqueca do terceiro olho. Sentado de pernas cruzadas na frente dela na cama, ele continuou, ‚Quando o caçador de bruxas veio para a nossa cidade, não levou muito tempo para que Lizzie e eu fôssemos caçados na frente do reino. Ela era uma mulher forte que falava o que vinha à da mente, e eu...bem, havia rumores sobre mim desde que eu era criança. Você apenas não começa a fazer as coisas flutuarem sem as pessoas perceberem. Minha mãe sabia que se eu alguma vez fosse descoberto eu seria enforcado como um bruxo, então ela me fez manter em segredo, mas ainda havia a fofoca.‛ Miranda olhou para ele. ‚Então eles jogaram vocês dois na cadeia.‛ ‚Sim.‛ ‚Por que o Caçador de Bruxas foi para a cidade em primeiro lugar?‛


‚Houve mortes inexplicadas por todo o condado. Corpos foram encontrados drenados de sangue nas florestas e nos campos.‛ Suas sobrancelhas dispararam para cima. ‚Oh merda.‛ ‚Oh merda está certo. Meia dúzia de pessoas foram mortas – e então as fogueiras começaram.‛ ‚Espere... eu achei que você disse que Bruxas eram enforcadas naquela área.‛ ‚O método mais comum era enforcar seguido da queimação pública de um cadáver. Era quase desconhecido que alguém fosse queimado vivo na Inglaterra. O pânico que varreu através dos lugares como Alemanha não chegou no nosso país; pela maior parte o sistema judicial manteve as coisas civilizadas, requerendo evidências, um julgamento. Mas o Caçador de Bruxas preferiu um método de execução mais... chamativo, se você me perdoa pelo trocadilho. Ele queria que toda a vila se virasse um contra o outro de medo. Ele era pago por cabeça, depois de tudo. Quanto mais bruxas ele encontrasse, mais rico ele se tornava.‛ ‚Ninguém suspeitou dos seus motivos? Ninguém?‛ ‚Claro que eles suspeitaram. Mas falar seria uma confissão instantânea de conluio com o diabo. Eu me lembro...‛ Ele virou a tampa da sua própria lata, essa de Dr. Pepper; ele vivia no Sul por muitos anos antes de descobrir uma afeição pela bebida regional de escolha. ‚Lizzie estava com medo – ela sabia o que acontecia nos outros lugares iria acontecer no nosso. Ela ouviu sobre as fogueiras na Alemanha. Ela queria pegar Thomas e se mudar. Mas naquela época você não podia apenas recolher as coisas e deixar a sua casa assim. Todo o meu sustento estava ali, e não era desmontável.‛ Ela sorriu. ‚Um desses dias eu queria ver você bater um martelo em uma bigorna. Isso deve ser sexy como o inferno.‛ Ele sorriu de volta. ‚Era a coisa mais próxima de engenharia que eles tinham naquela época.‛


‚Então, vocês foram presos...‛ O sorriso dela desapareceu. ‚Você foi torturado?‛ Agora a vergonha o agarrou pela memória, e ele abaixou seus olhos. ‚Não. Nós fomos ameaçados com isso, e um casal de vítimas que se recusou a confessar foram torturados, mas novamente, era o método do Caçador de Bruxas, não da cidade. Mesmo assim... ouvindo os gritos... eu estava aterrorizado. Eu confessei.‛ Ela pareceu genuinamente surpresa. ‚E sobre a Lizzie?‛ Ele tinha um sorriso com isso. ‚Ela foi para a fogueira com fúria, guinchando como um Banshee27 que Deus julgaria pelos seus crimes e que sua consciência estava limpa. Eu estava agradecido que ela nunca soube que eu tomei a maneira covarde ou ela nunca teria me perdoado. Mas eles não torturavam as mulheres; eles simplesmente as executavam, ao total de cinco no curso da semana. Eu implorei para o juiz me deixar vivo até que o irmão de Lizzie chegasse para levar Thomas e eu soubesse que ele estava seguro. O juiz era um antigo amigo do meu pai, então ele conseguiu colocar o Caçador de Bruxas de folga pelo dia – por que eu tinha confessado então me foi prometido um enforcamento antes da fogueira. Mas então naquela noite... uma mulher veio para a cela.‛ ‚Lydia?‛ ‚Lydia. Eu nunca a tinha visto antes, mas ela sabia meu nome e sabia tudo sobre mim. Ela matou o guarda, abriu a cela, e me atacou.‛ Ele fechou seus olhos, tentando se concentrar nos detalhes. Tinha passado tanto tempo, e a transformação tinha uma forma de espalhar memórias ao vento; naquela noite e na semana que seguiu eram um borrão de dor e medo e sangue, desaparecido pelo tempo. ‚Ela era pálida,‛ ele disse. ‚Seu cabelo era dourado, seus olhos azuis...exóticos para nossa monótona parte do país. Então estava o fato de que ela estava meticulosamente limpa. Eu sabia que ela tinha 27

(Bashee é um ente fantástico da mitologia celta, é uma mulher fada)


que ser endinheirada pelas roupas e pela maneira que ela se movia. E apenas de estar perto dela... ela era tão poderosa. Ela me sentia da maneira que eu imagino sentir os mortais agora. Ela me drenou quase à morte, e eu acordei na floresta bem a tempo dela forçar o sangue dela dentro da minha boca.‛ ‚Ela contou a você quem ela era? O que ela queria?‛ ‚Não. Apenas o seu nome, e que eu tinha que ficar fora do sol. Então ela desapareceu.‛ Miranda estava olhando-o, de boca aberta. ‚Ela só deixou você sozinho nas florestas, sem ao menos saber o que você era?‛ ‚Eu acordei bem antes do amanhecer e me arrastei para uma caverna que eu me lembrei da minha infância. Eu gastei os próximos dias...bem, você sabe.‛ Miranda assentiu lentamente, se lembrando. ‚Deus.‛ ‚Quando terminou eu tive que descobrir as coisas por conta própria. Eu quase torrei no sol e gastei dias me recuperando. Eu comi cerca de cada pequeno animal no condado tentando amenizar minha sede, mas no final...havia apenas uma coisa a se fazer.‛ Ele tinha deslizado através da floresta naquela noite, ágil e mortal mesmo no seu inexperiente poder, apenas duas coisas na sua mente: sangue e vingança. Ele começou com o Caçador de Bruxas. ‚Na hora em que eu deixei a cidade eu tinha matado cada homem que tinha uma mão na morte de Lizzie. Eu roubei o dinheiro deles e roupas, e eu invadi de volta a nossa casa tempo o bastante para reunir umas poucas coisas. Então eu roubei um cavalo e coloquei a cidade nas minhas costas. Eu fiz meu caminho para Londres, onde eu podia desaparecer dentro da cidade. Depois vários meses eu finalmente encontrei outros da minha espécie.‛ ‚Eu não entendo,‛ Miranda disse. ‚Por que ela fazia a travessia com você e então desapareceria assim? Eu estou assumindo que ela esteve na área tempo o bastante para matar aquelas seis pessoas e descobrir sobre você. E por que você?‛


‚Eu não tenho ideia, amada. Eu tentei encontrá-la, por um tempo, mas ninguém sequer tinha ouvido falar dela. Provavelmente era um nome falso, depois de tudo. Mas por alguma razão, fora de toda a porcaria de pequenas vilas na Inglaterra, ela escolheu a nossa, e fora de todos os ferreiros psíquicos no mundo, ela me escolheu.‛ Uma explosão de trovão chocalhou as janelas, mas com as persianas fechadas não havia luz correspondendo. Um pensamento pareceu ocorrer a Miranda, e ele realmente sorriu. ‚O seu nome original era Smith, não era?‛ Ele sorriu para ela. ‚Você viu algo mais que envolveu Lydia?‛ ‚Eu não sei. Eu não acho. Era apenas um nome. Isso não parece conectado a nada mais. Eu me pergunto se isso signifique que ela estará aparecendo em algum momento. Eu espero que não. Eu acho que nós temos todo o drama que precisamos.‛ ‚Dos seus lábios para os ouvidos de Deus,‛ David disse, e eles brindaram suas latas. Mas mesmo enquanto ele dizia as palavras, David pensou sobre o que Deven disse...havia algo sobre Miranda, e o laço deles, que iria assegurar que a vidas deles juntos nunca seria pacífica... e mesmo se ele não tivesse se convencido com a sinceridade de Deven, ele sabia, além da sombra da duvida, que drama era uma atenuação para o que quer que eles tinham à frente deles.

Depois do amadorismo da visita do Prime Hart e a angústia de Prime Deven, Miranda se abraçou de algum tipo de enganação cercando a chegada de Janousek. Ela estava preparada para ele ser um imbecil, ou um porco sexista, ou no mínimo um coração frio e arrogante. Ela não estava preparada para ele ser... legal. ‚Prime Jacob Janousek, ao seu serviço,‛ ele disse, curvando. Seu primeiro pensamento era que ele parecia como um jovem hippie de Jesus. Ele tinha cabelo castanho caído para baixo, passando seus ombros, e uma


barba aparada ordenadamente; seus olhos eram de um castanho caloroso, inteligente e gentil, e segurou os dela sem a mais fraca sugestão de artifício ou desprezo. Ele pareceu estar em seu vinte e poucos anos quando ele atravessou; David tinha mencionado que ele realmente estava em seus duzentos e vinte e poucos. Apesar do seu Signet, o qual estava fixo com âmbar, ele vestia uma cruz dourada plana em uma corrente, mas nenhuma outra jóia que Miranda pudesse ver. Outra coisa que ele não tinha, o que a surpreendeu, era um sotaque perceptível. Quando ela mencionou isso, ele gargalhou e disse, ‚Eu não sou mais Europeu Oriental do que o seu Prime é Americano do Sul, minha Senhora. Meus ancestrais são da área agora conhecida como Eslováquia, mas de fato eu nasci na França e vivi a maior parte da minha vida na América. Eu me mudei para Praga por causa da minha amizade com o Prime anterior, e quando ele morreu o Signet me escolheu. A certeza de que, contudo, eu estive ali bastante tempo que todas as minhas outras línguas são sem sotaque também.‛ ‚Quantas você fala?‛ ela perguntou enquanto eles se acomodavam no estúdio para a formal rodada de bebidas e conversa. ‚Dezessete fluentemente,‛ ele respondeu. ‚Eu posso tatear o meu caminho através de outras dezenas e encontrar a cerveja e o banheiro em outras três.‛ Miranda olhou para David. ‚Isso é mais do que você fala.‛ David sorriu. ‚Eu vivo nos EUA por muito tempo. A únicas duas línguas que eu achei necessário pra chegar aqui no Texas são Inglês Americano e Espanhol. O resto é apenas para diversão.‛ A conversa estava amigável e livre de tensão. Miranda nem sequer sabia como reagir ao Prime que era simplesmente ele mesmo e não tinha nenhuma agenda escondida para visitação; ele tinha vindo por que ele gostava de David e queria ademais solidificar a aliança deles, e era isso. ‚Como está Isis?‛ Janousek perguntou.


Miranda tinha se esquecido completamente até aquele momento que o Frisão tinha sido um presente do Prime da Europa Oriental; um suborno, David tinha dito. A julgar pelo entusiasmo pelo qual os dois Primes falavam sobre cavalos, Miranda pensou que suborno era a palavra errada, entretanto poderia ter sido preciso no tempo. ‚... acabou de dar cria,‛ Janousek estava dizendo. ‚Absolutamente um macho maravilhoso – eu estou esperando que ele seja tão brilhante quanto o seu pai, apenas como Isis era... mas talvez um pouco menos obstinado.‛ ‚Por que nós não vamos aos estábulos,‛ David disse. ‚Nós estamos para ter outra rodada de tempestades amanhã, então essa poderá ser a única chance enquanto você está aqui para sair com ela, se você quiser. Miranda tem negócios na cidade essa noite de qualquer maneira.‛ Vendo o brilho nos olhos do homem, ela riu. ‚Vocês dois vão em frente,‛ ela disse a David enquanto os três erguiam-se simultaneamente. ‚Foi adorável conhecer você, Senhor Prime. Eu estou bastante contente em ter você como um aliado.‛ Janousek inclinou-se para ela novamente. ‚Igualmente, minha Senhora. Eu felicito ambos em ganhar na loteria do Par.‛ Miranda deixou o encontro com uma sensação completamente diferente do que ela teve a alguma das chegadas dos Bastardos Magníficos anteriores; mesmo Tanaka, que tinha sido perfeitamente bem educado e não dado nenhuma insinuação que ele não gostasse de Miranda, não a tinha colocado aliviada, talvez por que ele era muito mais velho e mais tradicionalista do que Janousek; e sua Rainha Mameha, embora tivesse sido uma fascinante pessoa e incrivelmente inteligente, Miranda livremente admitiu, intimidante como o inferno. Ela encontrou Lali e Aaron do lado de fora no carro. ‚Como foi?‛ Lali perguntou.


‚Impressionantemente sem problemas,‛ ela respondeu, escorregando dentro da carro com seus seguranças e gesticulando para Harlan dirigir. ‚Eu acho que eu finalmente possa ter encontrado um Prime que eu não quero socar na cabeça‛. ‚Isso estava obrigado a acontecer mais cedo ou mais tarde,‛ Lali disse, o toque da sua risada preenchendo o carro. ‚Tente não ficar tão desapontada.‛

‚Eu desejava que pudesse ser de mais ajuda,‛ Jacob disse arrependido. ‚Assim que você pediu, eu fiz a escavação que eu pude, mas você não me deu muito para prosseguir tão longe quanto você suspeitasse que fosse.‛ ‚Eu sei.‛ David conduziu o caminho de volta aos estábulos, os dois Primes conduzindo os Frisões em uma marcha lenta depois dos seus passeios; Isis e Osíris estavam em alto astral, o que era mais do que David podia dizer por si mesmo. Ele sabia que pedir informações à Janousek sobre a assassina era um grande chute, mas mesmo assim, ele sustentava alguma esperança. ‚Você está certo, claro. Não é como se você conhecesse cada vampiro que alguma vez veio da Finlândia.‛ ‚Não há muitos,‛ Jacob admitiu. ‚A população da Finlândia é muito escassa. Meu território, como você sabe, não é o ninho de atividade de vampiro que o seu é. Não há praticamente vampiros no norte da Letônia, e apesar de Praga, Cracóvia, e Riga, eu apenas não tenho tanta densidade. E você sabe o quanto controverso minhas fronteiras são.‛ ‚Eu sei. Eu imagino que você deva estar agradecido que Demetriou tem a Romênia – você não tem que lidar com todos os aspirantes a Drácula.‛ O território de Janousek era pequeno comparado com a Europa Ocidental ou o Mar Negro; historicamente o Oriente teve que tratar com muitos países no meio, e o Prime do Mar Negro, que governou por mais tempo do que quase


qualquer outro Prime e era conhecido por sua insaciável – e de alguma forma arcaica – ganância por terra, era uma constante ameaça para as fronteiras de Janousek. Janousek conseguiu trazer uma tentativa de paz, mas no último Conselho, Demetriou ainda fez outro jogo pela Croácia e Hungria. A boa reputação de Janousek no Conselho o tinha ajudado a manter a sua influência. As fronteiras ocidentais na Áustria/ República Tcheca/ Polônia estiveram em paz todo o seu mandato, mas a fronteira oriental era completamente outra estória. David sabia que parte da razão pela qual Jacob estava ansioso em mantêlo como um aliado era que a influência de David no Conselho iria ajudá-lo a manter seu território coeso; David não segurava isso contra ele. Se ele fosse Janousek, ele iria querer a amizade de David, também. E se Jacob tivesse sido menos do que um bom homem com os interesses do seu povo de coração, David teria ficado feliz em deixá-lo aos lobos de Demetriou... bem, isso não era inteiramente verdade. Janousek teria que ter sido um cretino como o Prime Hart para fazer David tomar o lado de Demetriou. Jacob riu. ‚Demetriou iria atrás da Rússia se não fosse pelo fato de que Dzhamgerchinov o assusta absurdamente. Francamente ele me assusta muito também. ‚Eu acho que eu fico mais assustado em como facilmente você pronuncia o seu nome.‛ Outra gargalhada. ‚Tolice. Todos sabem que você não tem medo de nada nem de ninguém.‛ Eles levaram os cavalos para dentro do estábulo e os arrumaram e alimentaram pela noite, deixando o tópico da conversa dirigir-se de volta aos cavalos; finalmente, com a noite declinando. Eles seguiram de volta ao próprio Haven. ‚Eu entendo que você teve um bate-boca com Hart,‛ Janousek disse enquanto eles caminhavam. ‚Parabéns.‛


‚O que você ouviu?‛ Ele deu de ombros. ‚Apenas que você resgatou uma das garotas do harém dele, ele assassinou mais três no Haven, sua Rainha lançou-o na parede, e ele escapuliu da sua casa com seu rabo entre as pernas. Ele está reclamando com todos que ainda escutam, o que não é quase ninguém realmente, então eu imaginaria que ele tem um bom motivo em apodrecer de raiva ali em Nova Iorque – se eu fosse você, eu não permitiria que ele saísse da minha vista.‛ ‚Eu não tenho a intenção. Eu gostaria de saber quem esteve matando sua Elite, entretanto, se não por outra razão do que mandá-los um cartão de agradecimento.‛ ‚Eu ouvi que foi a Sombra Vermelha.‛ ‚Não ao menos que eles mudaram suas táticas muito radicalmente nos últimos meses. Eu temo que eles estejam por trás do que está acontecendo aqui, entretanto. Eu não suponho que você sabia algo mais sobre eles do que o resto de nós sabe?‛ Jacob me deu um olhar de esguelha, pausando, antes dele dizer, ‚Há uma coisa. Eu duvido que será de muita ajuda pra você.‛ ‚Eu estou desesperado, Jacob. Me dê qualquer coisa que você tenha.‛ Ele assentiu. ‚Eu era o Segundo de Prime Horak, como você sabe. Eu tenho quase cem por cento de certeza que voltando à em 1920, ele era íntimo do Alpha.‛ ‚Como?‛ ‚Horak nunca desembuchou e disse algo, mas a Elite era paga para ser observadora, depois de tudo. Uma noite uma mensagem trouxe um bilhete para Horak, e na noite seguinte um dos inimigos humanos de Horak veio a desaparecer exceto pela sua mão esquerda. Tudo o que Horak me diria era que um amigo devia a ele um ‚‘bônus por recrutamento.’‛


‚Bônus por Recrutamento... então Horak encontrou alguém para o Alpha contratar como um agente, e o Alpha matou alguém para Horak como uma recompensa,‛ David supôs. ‚Você se lembra de algo sobre o bilhete?‛ ‚Horak jogou isso na lareira, mas eu estava louco de curiosidade, então eu pesquei o que restou.‛ Dvid sorriu para ele. ‚O que ele dizia?‛ Janousek sorriu e alcançou dentro do bolso de seu casaco. ‚Você terá que descobrir isso por si mesmo‛, ele disse e entregou a David uma pequena sacola plástica. ‚Eu não tenho ideia por que eu mantive isso todo esse tempo – instinto de Prime, eu suponho. Isso e eu admito eu sou um pouco de um rato selvagem. Eu tinha me esquecido sobre tudo isso até você me pedir por ajuda quando nós nos falamos na semana passada. Eu tinha isso escondido nos arquivos com tudo mais do mandato de Horak. Me levou horas para encontrar.‛ David pegou o resíduo queimado de papel amarelo, tão velho que estava desintegrando. ‚Meu Deus.‛ Ele o girou, tentando discernir o que estava escrito nele. Por um lado tudo o que ele podia ver era um numero, 4.19, e os restos gastos de uma única palavra; no outro, parecia como se fosse algum tipo de símbolo. ‚Isso provavelmente é sem sentido. Mas você é o cientista louco do Conselho, então se alguém pode fazer algo com isso, você pode.‛ ‚Jacob, eu poderia beijar você,‛ David disse. Um sorriso. ‚Eu aprecio o gesto, Senhor Prime, mas você realmente não é o meu tipo.‛ ‚Isso pode ser o primeiro link sólido que nos temos ao Alpha, ou da própria Sombra Vermelha. Eu vou mandar analisar isso imediatamente. Obrigado, Jacob.‛ ‚Eu espero que isso ajude.‛ Eles tinham alcançado o prédio principal, e os guardas abriram as portas para eles.


‚Agora então,‛ Janousek disse, ‚Eu estava me perguntando, Senhor Prime – o seu Haven tem uma capela?‛ David estava tão distraído pelo documento na sua mão por ser surpreendido pela pergunta. ‚Sim – é na Ala Sul. Eu posso levar você ali se você quiser.‛ ‚Eu iria apreciar isso.‛ David conduziu o caminho descendo o corredor. ‚Eu duvido que a nossa seja tão bonita quanto a sua,‛ ele disse a Janousek. ‚Bonito é relativo,‛Jacob respondeu. ‚Mas não é o vitral e a pedra que importam, é o que tem no interior – o que você pode ver – o que conta.‛ ‚Nesse caminho.‛ David mostrou a ele descendo um longo corredor na Ala Sul à um par de portas duplas com vitrais na margem interna cintilando com luz de velas. David sabia que alguns da Elite usavam a capela para serviços semanais; ele esteve na sala apenas uma vez ou duas, mas ele relembrava dela sendo um espaço razoavelmente simples com uma atmosfera pacífica, bonito mas não pretensioso. Foi construído sem nenhuma iconografia específica, como uma capela militar, para que praticantes de várias fés pudessem usá-la. O final distante da sala era orientada para o leste, então até mesmo os quatro ou cinco Elites mulçumanos que ele contratou acharam isso útil. Ele não esperava que alguém estivesse no lado de dentro agora, mas uma Elite estava de pé na porta; ele a reconheceu como Elite 29, que tinha sido designada como a guarda costas principal de Cora por que ela era fluente em Italiano. Cora não tinha ideia do quanto perto ela estava sendo observada; David instruiu os guardas para manterem suas distancias e deixá-la ir e vir na maior parte como ela desejasse, mas ele tinha aprendido da maneira difícil quando Miranda tinha vindo pela primeira vez no Haven que até mesmo com um com em seu pulso, ela poderia ser vulnerável.


‚Mestre,‛ a Elite disse com um curvar. ‚Eu espero que isso não seja um problema – não havia serviços agendados e Senhorita Cora gosta de vir aqui.‛ ‚Nenhum problema,‛ David disse a ela. ‚Prime Janousek queria fazer uma visita.‛ Ele se virou ao Prime. ‚A mulher a qual nós oferecemos asilo de Hart, Cora, está ali dentro agora; ela é bastante tímida com estranhos, especialmente homens.‛ Janousek assentiu, entendendo. ‚Eu vou esperar aqui, então, até ela terminar. Eu odiaria assustá-la no meio das suas orações.‛ ‚Se você não se importa, então, eu vou fazer a minha saída pela manhã – eu preciso me encontrar com Faith e levar isso ao meu laboratório.‛ ‚Eu não me importo nenhum pouco. Eu planejo gastar uma hora com Deus e então me retirar pelo dia. Nós nos falamos novamente no pôr do sol, claro.‛ ‚Obrigado, Jacob.‛ David começou a ir embora, mas a porta da capela abriu e Cora emergiu. Ela os viu e fez um fraco som de grito, movendo-se para mergulhar de volta dentro da capela. ‚Está tudo bem, Cora,‛ David disse rapidamente em Italiano. ‚Eu estava partindo, e nosso convidado queria usar a capela quando você terminasse. Não há pressa.‛ Cora engoliu forte e assentiu. Ele notou que ela pareceu centenas de vezes melhor do que quando ela veio ao Haven; ele mal olhou para ela quando ele tinha corrido para dentro do estúdio de yoga para responder ao chamado de angústia de Miranda, mas ela parecia mais saudável, e até mesmo tão assustada quanto ela estava, ela fez contato visual com ele. Ou ao menos, ela fez isso por um segundo. Sua atenção puxou dele para Prime Janousek, quem David percebeu que estava encarando-a, com olhos amplos.


Ela o encarou de volta. Subitamente David se lembrou onde ele tinha visto aquela expressão assombrada antes. Com certeza, enquanto Janousek abriu sua boca para tentar falar, a pedra âmbar do seu Signet acendeu uma vez, duas vezes... e começou a piscar.

Cora não entendia por que esse homem estava olhando para ela como se ela fosse algum tipo de fantasma, mas ela sabia de uma coisa: Assim que ela o viu, ela estava irresistivelmente atraída por ele... e a única coisa que ela pode pensar em fazer foi correr. Os dois homens não a perseguiram, não que isso importasse; essa era a casa do Prime, e ela não tinha direito de fugir, mesmo se houvesse algum lugar que ela pudesse ir que ele não seguisse. Mas mesmo assim, ela correu, tão forte e rápido quanto ela pode, até que ela ganhasse a segurança do seu quarto, se lançasse de costas contra a porta, e irrompesse em lágrimas. Sua mente e coração estavam rodando tão rápidos que ela mal pode respirar. Os olhos gentis do homem estavam queimando no seu crânio, convidando... algo... alguma parte dela que nem sequer sabia que existia se erguendo e se estendendo... Ela entrou em pânico, sua respiração vindo em suspiros roucos, seu único desejo identificável se esconder. Ela terminou curvada em uma bola no lado distante da cama, desejando que ela pudesse se encolher ao nada. O que estava acontecendo? Quem era ele? O que ele queria com ela? E por que ela queria... o que ela queria? Ela esteve rezando, sentindo-se em paz e em repouso, quase... ela ousava dizer isso... feliz. Sua guarda a tinha mostrado a capela poucos dias atrás, e ela tinha amado a simplicidade: paredes de pedra, uns poucos painéis de vitrais com luzes elétricas atrás deles que lançavam um suave brilho sob os bancos


móveis. Os painéis eram imagens do pátio onde o Haven se situava, imagens de horas noturnas em azul e roxo. Um armário em uma parede continha os ornamentos de varias religiões, e sua guarda-costas a tinha mostrado onde encontrar uma estatua de resina pintada da Virgem no lugar do altar, junto com um pano e algumas velas. A única regra era que ela tinha que guardar as coisas quando ela acabasse. Agora sua paz estava estraçalhada, e ela rezou novamente, murmurando nos seus braços cruzados, pedindo para Deus ajudá-la... o que quer que isso fosse... por favor, faça isso ir embora. Faça ele ir embora. Deus não pareceu estar escutando, contudo. Houve um suave bater na porta. Ela não respondeu, nem mesmo quando a voz chamou, ‚Cora?‛ Ela enterrou sua cabeça nos seus braços, esperando que ele partisse, mas um momento mais tarde ela ouviu a porta abrir e passos se aproximando dela. ‚Cora,‛ ele disse gentilmente em sua língua, ‚você não tem que ter medo.‛ Ela ergueu sua cabeça. ‚Quem é você?‛ Ele se acomodou de pernas cruzadas alguns metros de distância dela, deixando bastante espaço no quarto, mas perto o suficiente que ele não tivesse que levantar a sua voz para ser ouvido. ‚Meu nome é Jacob,‛ ele disse. ‚Eu sou o Prime da Europa Oriental.‛ Ela olhou para o Signet ao redor do seu pescoço. Ainda estava piscando, mas não tão intensamente, agora que teve a sua atenção. ‚Eu não entendo o que isso significa.‛ Ele assentiu. ‚Eu tinha uma ideia que você não entendesse.‛ Eles olharam um para o outro em silêncio por um momento, e ela foi golpeada pela opressora sensação que ela o conhecia, embora ela nunca o tivesse visto antes dessa noite. Seu medo, uma resposta tão comum como era, estava


lutando com uma estranha, nova curiosidade, de imaginar como ela reconheceu a forma como o nariz dele enrugava quando ele sorria. ‚Você sabe para que os Signets são feitos?‛ ele perguntou a ela. Ela sabia um pouco, mas ela não podia se fazer falar, e ela sacudiu sua cabeça sem palavras. ‚Eles são um crachá de escritório para mostrar ao mundo quem são os vampiros mais fortes, mas eles mesmos escolhem seus portadores. Essa magia é tão antiga quanto o mundo – há até mesmo algumas referências vagas dos tempos da bíblia. Quando um Signet encontra seu Prime, ele pisca e continua a brilhar... e então quando o Prime encontra a sua Rainha, ele pisca de novo.‛ Ela não tinha pensado que seria possível ficar mais impressionada do que ela já estava, mas agora o choque era tão completo que ela mal respirou. Sua visão nadou, e ela se sentiu cedendo lateralmente. O Prime se esticou para ela e a pegou com um leve toque, estendendo uma mão para pegar um travesseiro da cama e libertá-lo debaixo da sua cabeça enquanto ele abaixava-a o restante do caminho ao chão e sentava-se ao lado dela. Não ocorreu a ela por vários segundos que ela deveria ter se afastado aos gritos dele; mas assim que ela estava deitada, ele se retraiu novamente, ainda mantendo a sua distância. Lágrimas derramaram dos seus olhos, ela perguntou trêmula, ‚Isso quer dizer que eu tenho que... deitar com você?‛ Ele pareceu positivamente horrorizado com a menção. ‚Não,‛ ele disse. ‚Absolutamente não. Eu nunca forçaria você a fazer algo que você não quisesse fazer, Cora. Algum dia, eu espero, mas não até você não me desejar em retorno. Especialmente não depois de tudo pelo qual você passou.‛ ‚Mas eu tenho que ir com você,‛ ela disse. Ele suspirou, puxando seus joelhos ao seu peito e descansando seu queixo neles. ‚Eu não entendo completamente que inteligência orienta essas coisas, mas eu sei que isso nunca esteve errado.‛


Cora pensou em Miranda. ‚Eu não acho que eu possa ser uma Rainha,‛ ela disse, enxugando seus olhos. ‚Eu não sou forte assim.‛ ‚Você não tem que ser como a Rainha Miranda. Nem toda a Rainha tem um papel ativo na administração. E você é forte, Cora... eu posso sentir isso. Você nem sequer percebe o quanto forte você é. Você tem um potencial para ser muito poderosa, e isso é o que parece importar ao Signet – não onde está seu ser, mas quem você pode se tornar.‛ Ele alcançou dentro do bolso do seu casaco e tirou uma pequena sacola de veludo. Ela observou, extasiada, enquanto ele abria e retirava outro amuleto como o dele, esse um pouco menor... e sua pedra piscando, também. ‚Eu estive carregando isso comigo por oitenta e sete anos,‛ Jacob disse calmamente. ‚E toda a noite sem falhar eu pedia para Deus que eu encontrasse a Rainha para o qual eu estava destinado. Eu estava começando a perder as esperanças... eu estive sozinho por muito tempo... mas eu acho que nós podemos adicionar isso a lista das ‘coisas misteriosas.’‛ Ele estendeu o Signet para ela. ‚Tome,‛ ele disse. ‚É seu. Se você quer um tempo para pensar, eu vou deixar você sozinha até minha visita de estado terminar em dois dias.‛ Ela sabia que dar tempo a ela era inútil. O Signet tinha falado; toda a fantasia da escolha na questão era apenas isso. Mas mesmo assim... ele a tinha oferecido tempo, como se isso fosse realmente algo que ela pudesse decidir, e ela não podia evitar além de ser tocada por tal visão de respeito. E ela acreditou nele quando ele disse que não iria forçá-la na cama dele, ou a nada... ela acreditou nele.‛ ‚Eu... não sei se eu posso amar você,‛ ela sussurrou. ‚Está tudo bem, Cora. Nós temos tempo. Nós podemos vir a nos conhecer em qualquer andamento que você precise. Qualquer coisa que você queira, se eu puder encontrar uma maneira de dar isso a você, eu prometo a


você que eu darei... mas você não me deve nada. Tudo o que eu peço é que você me dê uma chance.‛ Tentativamente, ela sorriu através das lágrimas e ergueu sua cabeça, deixando seus dedos trêmulos fecharem-se ao redor do Signet que ele sustentava para ela. Eletricidade estalou através dela. Ela pode sentir o calor se espalhando para cima através do seu corpo, ao longo do seu braço e ombro, para dentro de todo o seu corpo – subitamente era como se algo novo tivesse fixado residência na sua pele, e ela pode sentir o baixo murmurar de uma presença na sua mente.

Oh... oh meu. Ela descobriu que ela não queria retirar sua mão, e mais uma vez eles se encararam... mas dessa vez eles estavam os dois sorrindo.


Capítulo

‚E

15

É APENAS ASSIM, ELA É UMA RAINHA? JUSTO COMO você?‛ ‚Não, não apenas como eu. Cora irá precisar de tempo para se curar e se descobrir antes que ela decida que tipo de Rainha ela queira ser. Ela pode ser o tipo que fica fora dos holofotes e apenas dê suporte ao seu homem.‛ ‚Eca,‛ Kat disse. Miranda deu de ombros. ‚Eu imagino que seja assim. Cora está bem com isso, o que é o que importa. Eu não permitiria que ela partisse se eu pensasse que ele fosse tratá-la mal. Mas se eu fosse escolher um homem para Cora, eu acho que Janousek é exatamente o tipo que eu escolheria – ele é gentil, calmo, e claramente apaixonado. É a coisa mais louca que eu já vi.‛ ‚Isso ainda dá a entender que vocês apenas aceitaram a ideia que essas coisas sabem sobre o que elas estão falando. Eu acho que eu confiaria em uma bola mágica nº 8 primeiro.‛ Miranda queria dizer que não havia maneira que Kat pudesse entender – ela não tinha uma estrutura de referência de como se sentir estar vinculada da maneira que os Pares estavam. Mas ela sabia que havia coisas na vida de Kat que Miranda não podia entender, também, e não havia forma de realmente transmitir nada disso uma para a outra. Parecia ser uma lenta lista crescente de


coisas que iria sempre mantê-las distantes agora... e elas ainda tinham essencialmente a mesma idade. Quanto pior seria quando Kat tivesse quarenta e Miranda ainda tivesse vinte e sete? Ela se forçou a tirar o pensamento da sua mente enquanto a garçonete trazia suas bebidas: chá de hibiscus com menta para Kat, uma Shinner para Miranda. Nesse momento, ao menos, as coisas estavam bem... mais ou menos. Kat ainda estava sob vigilância, ainda havia uma assassina à solta... mas ela queria aproveitar a simplicidade de apenas sair com alguém... enquanto ela pudesse. Ela tentou focar-se em Kat, em memorizar todas as coisas que ela amava na sua melhor amiga: sua cabeça nebulosa, seu brinco no nariz, a maneira com que ela gesticulava quando ela estava excitada, a maneira que seus olhos se iluminavam quando ela falava sobre seu trabalho e a satisfação que ele trazia para ela em ajudar as pessoas... o quanto corajosa ela era, não apenas por manter o bebê, mas por continuar amiga de Miranda mesmo depois de quase morrer por causa dela. ‚Terra para Miranda,‛ Kat disse. ‚Você está grogue novamente. E me encarando.‛ ‚Desculpe,‛ Miranda respondeu. ‚Eu estou...‛ Ela se interrompeu, sem estar certa do que dizer, mas como sempre, Kat sabia o que estava na sua mente. ‚Você está se sentindo sobrecarregada?‛ ‚Sim.‛ Kat sorriu cansadamente. ‚Eu posso entender.‛ Ela agitou um pacote de açúcar mascavo dentro do seu chá gelado, parecendo pensativa, depois perguntou, ‚Você descobriu algo novo sobre aquela vadia Finlandesa?‛ Miranda girou a tampa da sua garrafa na mesa com seu dedo. ‚Talvez. David está indo ao laboratório essa noite – Novotny fez algumas verificações


para ele e quis que ele fosse ver os resultados. David parece pensar que isso serão boas noticias, mas eu não estou certa como.‛ ‚Talvez você devesse tentar usar uma isca,‛ Kat refletiu. ‚Você poderia me colocar em algum lugar e tentar fazer com que ela saia –‚ ‚Você está louca?‛ Miranda interrompeu. ‚Sem chance.‛ ‚Vamos, Miranda, eu estou cansada de esperar pelas redondezas para ser apunhalada,‛ Kat disse zangadamente. ‚Eu não posso viver assim.‛ ‚Eu não estou colocando você em risco, Kat. Se algo acontecesse á você... não. Absolutamente não.‛ Sabiamente, ou talvez por que ela estivesse muito cansada para argumentar, Kat deixou a questão morrer. Enquanto isso seu pedido chegou, e Kat se afundou em seus nachos de feijão preto. Miranda pediu um brownie à moda, e ela o pegou, sem realmente prová-lo. Elas não falaram muito enquanto elas comeram – Kat claramente estava faminta e mal pausou para respirar até que todo o seu prato de nachos se acabasse, e Miranda tinha milhares de coisas na sua mente – mas elas se conheciam há muito tempo para que o silêncio ocasional não fosse um grande problema. A mente de Miranda vagou enquanto ela recolheu minúsculas colheradas de sorvete. Janousek e Cora tinham partido ao pôr do sol; Cora ainda estava aturdida com toda a coisa, mas estava indo muito bem com a súbita mudança em seu status. Ela também não parecia ter medo de Jacob, que estava preocupado com o bem estar dela, mas deu a ela bastante espaço. Miranda podia sentir que ele estava ansioso para levar Cora à Praga e mostrá-la sua nova casa. O Haven Oriental era menor do que o Haven dos Estados Unidos do Sul, e Jacob tinha menos constituintes, então eles teriam uma vida relativamente calma, ao menos até o seu próprio Desfile dos Bastardos Magníficos estivessem á caminho. Cora não estava exatamente ansiosa para voar ao outro lado do


oceano com um homem que ela mal conhecia, mas ela não estava com medo. Considerando a vida da qual ela escapou, era um bom sinal. Miranda podia sentir algo em Cora que esteve escondido antes pela sua fraqueza e medo. Ela não estava certa de como chamá-lo além de potencial, mas Miranda se preocupava que Cora nunca se recuperaria e o que tinha acontecido se desvanecesse um pouco uma vez que ela sentiu isso. Cora tinha dito a si mesma, quando Miranda falou com ela brevemente antes deles partirem, que ela estava pronta para buscar um lugar por si própria, e ela sempre soube que esse lugar não era Austin. Em Austin ela poderia ter uma boa, segura casa, mas não a vida que ela sabia que ela era destinada a ter. Deus, ela tinha dito, a tinha conduzido à Miranda, e agora à Jacob, e ela estava determinada a seguir. Pelo menos, David seria capaz de contar com Janousek como um aliado praticamente pelo resto do seu mandato. Janousek tinha dado a ele o que talvez pudesse ser uma evidência vital, e David tinha, mais ou menos, apresentado Janousek à sua Rainha. Jacob tinha sido todo sorrisos quando eles partiram, com David e Miranda assegurando que o Sul seriam um dos primeiros territórios a pagar uma visita de estado assim que Jacob declarasse que o Haven estava aberto para o começo do desfile. ‚Você vai terminar isso?‛ Kat perguntou. Miranda olhou abaixo ao seu monte rapidamente derretido de sorvete e brownie. ‚Eu acho que não. Vá em frente.‛ Ela deslizou a tigela até Kat, que sorriu e pegou a colher. ‚Então, eu sei que é uma pergunta estranha, mas, você ainda faz xixi?‛ Miranda bufou, quase inalando sua cerveja, o que acarretou que Kat gargalhasse, também. ‚Sim,‛ Miranda respondeu. ‚Muito mais se eu beber outras coisas além do usual.‛ ‚A mesma coisa se você come comida real?‛


Miranda assentiu. ‚Nossos sistemas digestivos não são exatamente formados para sólidos, mas em pequenas quantidades está tudo bem. Coisas como sorvetes que derretem em um líquido é muito mais fácil.‛ ‚Então, sem mais tacos para café da manhã,‛ Kat disse, soando um pouco triste. ‚Isso seria uma droga.‛ ‚Não realmente. Eu não quero mais comida, pela maior parte do tempo. Muitos de nós tem predileção à doce, mas eu não me lembro da razão biológica para isso – algo a ver com nossa química corpórea e glucose. Outras coisas, entretanto, eu só não sinto realmente falta. A razão principal de alguns de nós comermos comida comum é para se passar por humano.‛ Kat pausou com a colher no meio do caminho para a sua boca e disse, ‚Você sabe... eu conheço muitas pessoas que iriam invejar você por toda a coisa da imortalidade, mas eu não penso assim. Eu não estou certa se eu iria querer sobreviver... a tudo.‛ ‚Eu não tive muito tempo para pensar sobre isso, para ser honesta. Faith disse que a realidade disso realmente não se assenta até que você sobreviva a uma expectativa de vida humana normal.‛ ‚Falando de expectativas de vida, não incomoda você que ele tenha trezentos e alguma coisa anos a mais que você e você não conhece tanto assim sobre ele – quem ele amou, onde ele viveu, como ele passou todos esses anos?‛ ‚Algumas vezes. Mas sério, você conhece tanto assim sobre Drew? Vocês só estão juntos cerca de tanto tempo quanto David e eu estamos. Você provavelmente ainda não sabe todo o detalhe do seu passado – imagine se ele tivesse dez minutos mais de estórias para contar.‛ Kat pensou sobre isso, depois assentiu. ‚Argumento justo.‛ Era raro para Kat mostrar qualquer interesse em detalhes da sua vida como um vampiro. Miranda não se voluntariava a nada que ela não perguntasse; ela sabia que Kat estava tentando muito em não pensar em Miranda como algum tipo de monstro que bebia sangue, e Miranda estava grata por isso.


Tanto quanto ela se opunha que David negligenciasse em contar a Kat tudo o que estava acontecendo, a Rainha finalmente estava começando a concordar que Kat já tinha o bastante com o que lidar, e havia algumas coisas que ela apenas não precisava saber. Muitas coisas. Umas poucas mordidas depois Kat colocou a colher abaixo, subitamente parecendo um pouco verde. ‚Ugh.‛ ‚Você está bem?‛ Miranda perguntou. ‚Você precisa de algo efervescente?‛ ‚Não, eu só... me dá licença.‛ Kat disparou para longe da mesa, seguindo para os banheiros, e Miranda manteve um olho nela até que ela deu a volta na esquina, depois assentiu para Lali, que estava estacionada em uma cabine perto, para observar a porta e se certificar que ninguém se aproximasse de Kat enquanto ela estava no corredor sozinha. Miranda captou os olhos da garçonete e pediu pela conta; ela tinha a sensação de que Kat não estaria disposta para muito mais depois do jantar. Com certeza, quando Kat retornou, ela pareceu pálida e enjoada. ‚Desculpe,‛ Kat disse. ‚Eu não sei de onde isso veio. Eu estive indo muito melhor essa semana, mas aparentemente o bebê não gosta de nachos.‛ ‚Você gostaria que eu te levasse pra casa?‛ Miranda perguntou. Kat pareceu arrasada. Elas duas estavam animadas sobre uma nova banda local que elas iam ver, mas certamente Kat não estava se sentindo disposta para pôr-se de pé por duas horas em um bar lotado cercado por pessoas bêbadas. ‚Está tudo bem,‛ Miranda disse a ela. ‚Sério, Kat – Nice Marmot terá outra apresentação. Talvez nós podemos encontrar algum outro lugar para vêlos que realmente tenha cadeiras.‛ Finalmente, Kat assentiu. Seus olhos estavam brilhantes com lágrimas. ‚Se você realmente não se importar... eu acho que eu preciso me deitar.‛ ‚Vamos, então, Harlan vai nos levar lá.‛


Miranda manteve uma mão firme no ombro de Kat enquanto elas deixavam o café; Lali, que foi capaz de ouvir a conversa delas, e estava pronta do lado de fora na frente, e o carro contornou assim que elas chegaram no meio-fio. ‚Eu não acho que eu goste da coisa de vamp, mas o serviço com certeza arrasa,‛ Kat disse. Miranda sorriu e esperou até que Kat estivesse dentro do carro e deu a volta para ela mesma entrar. ‚Posição no rank tem seus privilégios.‛ Sentada ao lado de Kat enquanto o carro dispensava em direção ao Sul de Lamar, Miranda observou sua amiga se inclinar para trás com seus olhos fechados, suas mãos descansando protetoramente sob sua barriga, algo que Kat tinha assumido a fazer nas últimas duas semanas e que Miranda duvidava que ela fosse sequer consciente. ‚Me avise se agente precisar encostar.‛ Kat abriu um olho. ‚Não se preocupe, eu não vou vomitar no seu Lincoln.‛ ‚Eu estou preocupada com você, não com o carro.‛ Ela sacudiu sua cabeça. ‚Eu acho que estou bem, eu só... eu tenho essa doentia sensação, como se eu estivesse assustada à morte por algo, mas eu não sei por que.‛ Miranda franziu o cenho. ‚Está vindo da sua barriga?‛ ‚Sim. É como alguém assustando a pequena criatura.‛ Antes que Kat sequer tivesse uma resposta, medo apertou o coração de Miranda. Ela disse em seu com, ‚Elite Cento e dezenove.‛

‚Sim, minha Senhora?‛ ‚Eu gostaria de uma atualização no status de segurança da sua posição.‛

‚Está tudo calmo, minha Senhora. Ninguém apareceu perto da casa desde que você partiu.‛ ‚Obrigada. Estrela-dois, fora.‛ Kat estava olhando para ela, olhos estreitos com preocupação. ‚O que está errado?‛


‚Por quê?‛ Miranda não podia explicar, exceto que se o bebê de Kat estivesse dando a ela más vibrações, algo estava dando a Miranda um ataque repleto de ansiedade que ela estava escondendo por pura força de vontade. Seu coração tinha começado a martelar, e ela sentiu a adrenalina começando a surgir através das suas veias. Merda. Algo está errado. Algo está errado. ‚Por favor Kat, apenas ligue pra ele.‛ Kat encolheu de ombros e tirou o seu celular. ‚Está tocando.‛ ‚Onde ele está essa noite?‛ ‚Na escola,‛ Kat disse, ainda escutando o telefone tocar. ‚Estranho... ele sempre atende no terceiro toque.‛ Miranda chamou Harlan, ‚Nos leve para a 228 East Chicon, tão rápido quanto você puder.‛ Depois ela disse em seu com, ‚Todos os times de patrulha disponíveis para o 228 East Chicon.‛ ‚Miranda, mas que diabos está acontecendo?‛ Kat exigiu. ‚Então ele não respondeu, e daí? Ele pode não ter o seu telefone com ele.‛ ‚Tudo bem, Kat,‛ Miranda disse a ela, mantendo sua voz muito calma apesar dos alarmes saindo na sua cabeça e seu coração, ‚Eu estou indo primeiro e me certificando que tudo esteja bem. Você fique no carro até eu vir pegar você.‛ ‚Um... tudo bem... mas –‚ Miranda não esperou por ela perguntar. ‚Harlan, encoste.‛ Enquanto o carro rolava a uma parada, a Rainha fechou seus olhos e se concentrou, formando a imagem da escola onde Drew trabalhava tão firmemente em sua mente quanto ela podia. Ela nunca fez isso por conta própria, mas não havia tempo a perder...ela sabia que isso estava no seu poder, se ela pudesse apenas... Ela puxou fortemente a imagem, fazendo como David tinha mostrado a ela e relaxando seu controle e seu corpo de uma certa forma que fazia tudo sentir um borrão e estranho.


Ela ouviu Kat arfar... ... e a próxima coisa que ela soube, ela estava caindo em cima da calçada do lado de fora da escola, se forçando a não vomitar enquanto ela lutava aos seus pés e atraia sua espada.

David e Faith, ambos, sentaram-se na frente da tela enquanto Novotny levantava as imagens digitalizadas do resíduo de papel que Janousek tinha deixado. ‚Me desculpe pelo atraso em ter isso terminado,‛ o doutor disse. ‚Nós tivemos um inferno de hora com isso. O papel está tão danificado pela idade e preservação inapropriada que é um milagre que haja qualquer tinta restante nele.‛ David assentiu. ‚Eu entendo. Eu não estava sequer certo se você fosse capaz de fazer isso.‛ Novotny sorriu. ‚Claro que nós fizemos. Só requisitou alguma criatividade da nossa parte. Mas é por isso que você nos paga tão bem, Mestre.‛ ‚Verdade.‛ ‚Agora, então.‛ Ele digitou no seu pad sensível ao toque e a imagem do papel apareceu, exatamente como ele era quando David o trouxe pra cá, mas colocado sobre uma grade de luz vermelha. ‚Aqui você vê ambos os lados em seu estado original. Sobre um primeiro olhar há três coisas visíveis: o numero 4.19, parte de uma palavra, e do outro lado, um símbolo de algum tipo. Nós partimos a imagem em pixels individuais, como você vê aqui, e depois tive o computador combinado áreas de pigmentação equivalentes, processando cada uma com a sua própria tonalidade.‛


O primeiro lado do papel, com o número nele, estava ampliado como Novotny falou, demonstrando o que ele estava falando. ‚Nós concentramos nas áreas mais escuras e as corremos através de vários filtros para aguçar a imagem.‛ Linhas de pixels mudaram de cor, movendo do topo da imagem para o fundo, e a escrita se tornou mais clara. Era escrito à mão, e o numero 4.19 estava muito mais claro; debaixo disso, David pode apenas muito mal entender uma palavra. ‚Escarlate,‛ ele disse. ‚Sim. Nós corremos o numero 4.19 através de banco de dados tentando combiná-lo com organizações conhecidas, códigos, e dados significantes, mas não obtivemos nada. Eu iria assumir que escarlate refere á Sombra Vermelha.‛ ‚E sobre o outro lado?‛ ‚Isso foi um pouco mais difícil, mas nós fizemos o mesmo com ele, e surgiu com isso.‛ Novotny girou as imagens e as inverteu, mostrando o que totalizou metade de um símbolo na tela. David sentou-se adiante, sua boca caindo aberta. Ao lado dele, Faith perguntou, ‚Isso é o que eu penso que é?‛ ‚Mostre-me o outro lado de novo,‛ David comandou. Novotny deu de ombros e obedeceu. ‚Oh, Deus.‛ Faith encarou o Prime. ‚O que?‛ David colocou sua mão sobre sua boca, seu coração congelado no seu peito. Passou um momento antes dele conseguir falar. ‚Eu conheço essa letra.‛ Apenas então, seu telefone soou um alarme de rede, enquanto ambos, o seu e o de Faith coms explodiam à vida e o telefone dela começou a tocar. ***


Miranda deixou seus instintos a guiarem dando a volta na lateral do prédio para uma entrada não iluminada que obviamente tinha sido arrombada aberta. Sua mente ainda nadando da Névoa, ela deslizou para dentro da porta, todos os seus sentidos entrando em modo predador. Sua visão transformada em azuis e roxos na escuridão, mostrando a elas detalhes que mortais nenhum podiam ver de minúsculas rachaduras no gesso á pegadas de rato no azulejo. Era dez horas da noite, e o prédio deveria ter estado vazio. Era uma pequena escola patenteada que se especializou em artes finas e línguas, e Drew ensinava música durante o dia e de graça nas noites para crianças desprivilegiadas. Havia apenas três salas de aulas e alguns escritórios. Ela esteve ali duas vezes quando ela ainda era humana. Ela escutou atentamente, estendendo sua energia ao longo do corredor para buscar por sinais de vida. Ela podia estar errada... Drew já podia ter partido... Ela ouviu um grito. Miranda rompeu-se em uma corrida, seguindo o som torturante à última sala de aula ramificando o corredor. Havia uma fraca luz vindo da porta; ela se lembrou que a sala de aula tinha janelas ao longo de uma parede. Ela explodiu dentro da sala rosnando. Mesas tinha sido empurradas em todas as direções; no centro do caos uma figura agachada sobre outra, e o cheiro de sangue atingiu as narinas de Miranda com a força de uma ventania. A figura se virou e se ergueu, e Miranda ouviu o som de uma espada sendo atraída. ‚Você,‛ Miranda assobiou. A assassina sorriu nefastamente, mas não falou. Era, sem dúvida, a mesma mulher que tinha atirado em Miranda – mesmo sem sua peruca e os óculos de bibliotecária, Miranda conhecia seu rosto.


Atrás da mulher, um telefone começou a soar – os olhos de Miranda dispararam ao celular no chão, depois na mão esticada de Drew, e no sangue fluindo do pulso que e mulher tinha conseguido apenas parcialmente cortar antes de ser interrompida. Pela quantidade de sangue ele tinha que ter outras feridas, e Miranda podia dizer que ele foi espancado – ele tinha tentado revidar uma luta, mas contra um vampiro com uma espada, não havia chance. Ela viu o rosto agonizado de Drew, sentindo-o a cerca prestes a gritar novamente. Miranda poupou um fio de poder para sustentar a mente de Drew e acalmá-lo, deixá-lo saber que tudo estaria bem, que a ajuda estava a caminho – mas ela não teve tempo de falar antes que a assassina levasse vantagem da sua distração e mergulhasse um ataque. A Rainha se lançou dentro da luta, esquivando-se da espada da mulher a escassa meia polegada e girando-se para dar o contra golpe. Miranda sabia desde o começo que ela estava superada, mas ela não se importou. Tudo o que ela tinha que fazer era manter a mulher aqui até que os outros chegassem, e o prédio estaria cercado com a Elite. David estaria ali a qualquer momento, também, e embora Miranda pudesse não ser capaz de derrubar a mulher, ele com certeza como inferno seria. Elas lutaram de um final da sala de aula ao outro, a assassina empurrando mesas nela, Miranda pulando sobre elas e encontrando sua espada corte por corte. Ela podia sentir a fraqueza de Drew. Ela o instou a pegar sua jaqueta e pressionar o tecido contra seu pulso – ele estava há tempos em choque para pensar nisso por conta própria, mas sob sua influência ele fez como ela comandou, segurando a jaqueta com uma mão trêmula. Miranda pode ouvir alguém falando... o telefone? Sim, era a voz de Kat – Drew deve ter atendido. A mulher foi para a porta, e Miranda se lançou em direção a ela, estendendo para fora com a sua mente e tentando agarrar a mesa mais próxima e empurrá-la no caminho; ela viu isso correr alguns centímetros, mas era toda a


concentração que ela conseguia obter no meio de uma luta, e ela correu para a porta no calo da mulher. As sombras no interior da porta pareceram mudar e aglutinar. O Prime caminhou para dentro da sala, espada já em punho, e a mulher mudou o curso no último segundo para evitar tropeçar nele; ela derrapou no piso de concreto e quase perdeu sua posição, mas conseguiu o controle de volta á tempo de desviar do ataque do Prime e dobrar o ataque em direção à Miranda. Por alguns segundos a mulher estava presa entre Prime e a Rainha, mas a voz de Faith explodiu dos coms: ‚Entrando!‛ David agarrou o braço de Miranda e a içou do chão. Eles dois caíram na horizontal bem a tempo dos sons de vidros estraçalhando da parede de janelas, o clique e assobios de meia-dúzia de flechas, e o canto da madeira através do ar. Miranda esticou seu pescoço para ver duas das estacas atingirem a mulher – uma no seu ombro, e uma no seu peito à esquerda do seu coração. Ela voou para trás, sua espada tinindo no chão, a luz captando algo brilhante no seu pescoço que também parecia como se estivesse caindo. Miranda estava certa que ela iria cair, mas por algum distorcido milagre, a mulher permaneceu em seus pés, sangue escorrendo do seu torso. Ela olhou e encontrou os olhos de Miranda. ‚Dê meus respeitos ao Alpha,‛ ela assobiou. Então ela correu adiante, se lançando na parede de vidro e enfrentando um dos Elite que tinha atirado nela. Os dois atingiram forte o chão, mas a mulher usou o corpo do Elite como um trampolim e correu passando pelos outros, que estavam imediatamente atrás dela. ‚Rastreando!‛ Faith disse. ‚Nós a temos na rede, Mestre! Quatro

unidades em busca.‛ Miranda se empurrou para cima em suas mãos e joelhos e foi até o outro lado do piso à Drew. Ela estava para pedir uma ambulância pelo com, mas ela já pode ouvir sirenes à distância; Faith, ou David, já deviam ter chamado.


‚Drew,‛ Miranda disse. ‚Drew, você pode me ouvir?‛ Ela se ajoelhou ao lado dele, lágrimas já vindo em seus olhos. Havia tanto sangue. Miranda rapidamente catalogou as injúrias visíveis: mão cortada, feridas de faca no seu estômago e ombro... havia ao menos um ferimento perfurante na parte inferior das suas costas, talvez seu rim, mas ela não queria arriscar em vira-lo. David se uniu a ela. Seu rosto tinha aquela inexpressão que Miranda reconhecia, e seu coração se afundou. ‚Mantenha pressionando a ferida,‛ ele disse calmamente. Seus olhos encontraram com o corpo agredido de Drew. Miranda sabia o que ele estava pensando. Havia muito sangue, e eles não tinha nenhum curador. Ele esteve deitado ali sangrando por quase dez minutos e levaria para a ambulância outros dois para alcançarem-nos. ‚Miranda...‛ Drew sussurrou asperamente. ‚Dê... dê-me o telefone... por favor.‛ Miranda agarrou o celular e disse nele, ‚Kat? Kat, docinho, você ainda está aí?‛ Kat praticamente gritou, ‚O que está acontecendo? Miranda, onde ele

está?‛ ‚Aqui.‛ Miranda asfixiou um soluço, abaixando o telefone ao rosto de Drew. ‚Hey, bebê,‛ ele disse, tossindo. Sua respiração vindo em rasos suspiros. Miranda pode ouvir Kat falando com ele, pode ouvi-la chorando. ‚Está tudo bem,‛ Drew disse. ‚Kat... apenas me escute.‛ Miranda pode ouvir os paramédicos descendo o corredor. ‚Eu amo você,‛ Drew disse. ‚Muito. O bebê, também. Eu acho... que você será uma ótima mãe. Eu amo você.‛ Suavemente, Miranda ouviu Kat dizer o mesmo para ele.


‚Obrigado,‛ Drew conseguiu dizer fracamente, olhando acima para Miranda. ‚Cuide dela, tudo bem?‛ Miranda assentiu. ‚Eu prometo.‛ ‚Bom... isso é bom...‛ seus dedos mal retornaram a pressão dos de Miranda, então lentamente relaxaram... ... e acabou. Os paramédicos e duas unidades adicionais da Elite entraram na sala de aula para encontrar a Rainha chorando nos braços do Prime, enquanto ambos ajoelhavam-se em uma ampla piscina de sangue, e uma mulher soluçava silenciosamente pelo telefone que deitava no chão. *** Miranda encarou atônita uma cópia impressa que David tinha dado para ela, tentando entender o que ela estava vendo. Sua desgastada, aturdida mente simplesmente se recusava a aceitar. ‚O que nós vamos fazer?‛ ‚Eu não sei,‛ o Prime respondeu. Ele pareceu tão exausto e magoado quanto ela se sentia. ‚Eu honestamente não sei.‛ Do lado de fora das janelas fortemente pintadas do carro, a zona rural passava. Miranda não queria nada mais do que cair no sono e não acordar até que o mundo fizesse sentido novamente. Ela estava completamente drenada, ambos tanto da luta com a assassina e da sua primeira Névoa – foi notável que ela não terminasse dispersa de um lado ao outro de Austin. Entre isso e o peso da mágoa e culpa pela morte de Drew, ela estava perigosamente perto de se perder. Era apenas uma hora antes do amanhecer, e Harlan estava quebrando várias leis do trânsito para levá-los para casa antes que começasse á raiar o dia. Lidar com a policia tinha levado muito mais tempo do que Miranda esperou –


os primeiros correspondentes não tinham sido as pessoas que o Haven normalmente lidava, e eles queriam tirar muitas fotos e perguntar muitas coisas que eram desnecessárias e tediosas. Finalmente David tinha simplesmente ligado para o xerife de polícia e cortado toda a burocracia. Kat tinha sido levada para a Hausmann por observação no caso do trauma ter afetado o bebê, mas até agora tudo o que ela tinha feito era sentar-se e encarar o espaço, mal despertando o bastante para responder quando os paramédicos a perguntaram por detalhes que ela não tinha sido capaz de dar. Ela tinha, como Miranda pediu, ficado no carro até que a Rainha veio à ela e a levou até a maca para providenciar uma identificação positiva do corpo de Drew. Ela tinha assentido para a polícia e então ficado essencialmente sem respostas. Miranda tinha direcionado a Elite para garantir que Kat fosse trazida ao Haven assim que os médicos á considerassem apta, provavelmente na manhã seguinte. Finalmente, o Par tinha seguido para casa. Eles tinham trocado por um conjunto de roupas sobressalentes que eles mantinham na caminhonete, então ao menos Miranda não tinha que gastar toda a viagem de volta para o Haven ensopada no sangue de Drew, mas ela ainda podia cheirá-lo, embora ela tivesse lavado suas mãos e rosto e tudo o que ela pode no banheiro da escola. ‚É assim que isso vai ser, não é?‛ Miranda disse suavemente, olhando fixamente para a fora da janela do carro. ‚Um por um nós perdemos todos que nós conhecemos.‛ David olhou para ela, e ela pode dizer que ele queria reconfortá-la, mas não podia mentir para ela. ‚Isso é o que nós somos, amada. Nós permanecemos além do tempo e observamos ele lentamente consumir tudo. Meu filho morreu, os filhos dele morreram, os filhos dos seus filhos morreram... a linha continua, espalhada através da piscina de genes, mas tudo que me fez humano se desvaneceu há tempos.‛


Ela meio que sorriu. ‚Você ainda é mais humano que a maior parte dos homens que eu cheguei a conhecer.‛ ‚Obrigado.‛ ‚Eu não sei se eu posso fazer isso,‛ ela disse. ‚Você pode, você é a Rainha, Miranda. A força que você precisa é parte do que você é.‛ ‚Sophie me disse uma vez que essa vida era um presente, e que eu tinha que pensar muito tempo e forte sobre se eu era digna, por que não havia como retornar.‛ Ela olhou abaixo para a espada que deitava sob seu colo, e aquela deitada no piso envolta em tecido – a lâmina da assassina. ‚Eu não fui rápida o bastante para matá-la,‛ Miranda lamentou. ‚Eu desejava que eu pudesse ter sido. Eu desejava que tivesse visto ela sangrando à morte ao invés de Drew.‛ ‚E eu também.‛ ‚O que Faith disse?‛ David suspirou. ‚Eles perderam a sua trilha. Ela deixou cair a rede novamente cerca de duas milhas na perseguição, depois deu um retorno e desapareceu dentro da cidade. Depois disso estava tão perto do amanhecer que eu tive que chamá-los de volta. Pelo crepúsculo qualquer que tenha sido a trilha restante estará fria.‛ ‚Mas ela apareceu nos sensores por alguns minutos... por quê?‛ ‚Eu acho que tem algo a ver com isso.‛ Ele sustentou a coisa que tinha caído do pescoço da mulher: um disco prateado em uma corrente com algum tipo de escritura esculpido nele. ‚O que quer que seja isso. Eu acho que perturba o sinal da rede. Depois dela largá-lo, nós pudemos rastreá-la, mas de alguma forma ela colocou suas mãos em outro, ou tinha um sobressalente que ela ativou. Eu enviei imagens disso para Novotny, e eu vou correr os símbolos através do meu banco de dados antes de eu entregar isso para ele.‛


‚Por que se incomodar?‛ ela perguntou. ‚Nós já sabemos quem está atrás disso, David.‛ Ele encontrou seus olhos. ‚Nós podemos estar errados.‛ O carro desacelerou, depois parou, e um momento mais tarde a porta se abriu. Lali ficou de lado enquanto eles desembarcavam, depois fechou as portas e foi na frente deles para dentro do Haven com Aaron para terminar seus turnos pela noite. ‚Eu pensei que você disse que tinha certeza,‛ Miranda disse, caindo em passos ao lado de David enquanto eles desciam o corredor para a sua suíte. O rosto de David e voz, ambos, estavam sombrios. ‚Eu tenho certeza. Deus nos ajude, mas eu tenho certeza. O símbolo, a escrita à mão... eu vi ambos centenas de vezes.‛ Enquanto David assentiu para os seus seguranças na porta e abriu a porta para dentro da sua suíte, Miranda olhou abaixo na página ainda na sua mão, uma imagem do lado avesso do resíduo de papel, o qual tinha sido digitalmente restaurado pelo pessoal de Novotny. Ela nunca tinha visto o símbolo antes, mas ela tinha ouvido falar dele: uma lua minguante e o símbolo Grego do infinito. David congelou no meio do caminho e fez um felino barulho assobiado. ‚Filho da puta.‛ Miranda quase tropeçou em cima dele, mas parou em tempo de olhar sob o ombro dele para dentro da sua suíte. Ali, sentado calmamente em uma das cadeiras na lareira, sorvendo um copo de whisky, estava o Alpha. ‚Oi, querido,‛ Deven disse.


Capítulo

M

16

IRANDA FICOU ATRÁS DE DAVID ENQUANTO ELE SE delimitava lentamente para dentro do quarto, seus olhos cravados em Deven, sua mão no cabo da sua espada. ‚Eu vejo pelos seus rostos que vocês me descobriram,‛ Deven disse calmamente sobre a borda do seu copo. ‚Eu posso perguntar como?‛ Sem palavras Miranda ergueu a digitalização. Deven fez um barulho de som exasperado. ‚Maldito Horak. Se eu soubesse que aquela mulher ia causar tudo isso, eu nunca teria aceitado a recomendação dele.‛ Ele gesticulou para as outras cadeiras. ‚Vocês se importam de sentar?‛ ‚Seu bastardo,‛ Miranda disse. ‚Como você ousa vir na nossa casa –‚ Deven rolou os olhos. ‚Sim, eu sei. Como eu ouso, que monstro assassino eu sou, traidor, etcetera, etcetera. Agora, vocês dois sentem-se.‛ Nenhum dos dois Pares moveu-se. ‚Eu devia matar você agora mesmo,‛ David disse a ele. Deven suspirou, olhando para baixo dentro do seu copo, e quando ele olhou para cima havia algo sombrio e ameaçador nos seus olhos que Miranda


nunca tinha visto antes. ‚Tente,‛ ele respondeu. ‚Mas então você nunca terá as respostas que você quer, terá?‛ ‚Ele veio sozinho,‛ Miranda observou. ‚Sem Elite, sem Jonathan.‛ ‚Jonathan não é parte disso,‛ Deven disse. ‚Bem, ele é, por que eu sou, mas eu não queria envolvê-lo. Então se você me matar, você estará matando ele, também, e ele está tão perto de ser inocente quanto qualquer um de vocês. Eu duvido que você queira isso na sua consciência. Então sentem-se.‛ ‚Eu não quero ouvir nada que você tem a dizer,‛ David disse a ele friamente. ‚Nossa aliança está terminada – considere você mesmo como –‚ ‚Não diga isso,‛ Deven interrompeu, olhos piscando. ‚Nem sequer pense nisso. Você não quer declarar guerra comigo, David. Você não pode vencer. Não me dê esse olhar, também; você tem seus brinquedos tecnológicos e seus truques de salão psíquicos, mas eu tenho meu ás na minha própria manga... dúzias de azes, por todo o mundo, prontos para matar ao meu comando – qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer hora.‛ ‚Era você o tempo todo,‛ David disse, e Miranda pode sentir a mágoa no seu coração. ‚Você era o Alpha. Você mandou a assassina para Miranda.‛ Os olhos de Deven eram inflexíveis, como aço. ‚Eu sou o Alpha. Eu sempre fui o Alpha. Cada e toda Sombra foi treinada pela minha própria mão. Eu os recrutei de cada Elite, cada corporação mercenária, cada aula de guerreiros em seiscentos anos de história. E eu teria feito o mesmo com você, querido, exceto que eu aprendi há tempos atrás a não dormir com meus agentes.‛ ‚E sobre a Sophie?‛ Mirada perguntou, pisando adiante. ‚Ela era realmente um dos seus?‛ Seus olhos agitaram-se em direção a ela. ‚Sophia Castello trabalhou para mim por quase cem anos. Ela foi uma das minhas agentes mais talentosas, uma de apenas quatro a merecer o ranque da Escarlate.‛


‚Então por que ela me ensinou se tudo o que você queria era me matar?‛ a Rainha exigiu. ‚Por que eu iria querer matar você, Miranda? Qual propósito isso iria servir?‛ ‚Então o que você quer?‛ Deven tomou um longo, lento fôlego, e disse. ‚Marja Ovasaka.‛ ‚Quem?‛ David perguntou. ‚Marja Ovaska é a mulher que está atrás de Miranda. Ela, e somente ela, quer você morta, minha Senhora. Eu não a mandei para você. Ela esteve fora da Sombra por dois anos.‛ ‚Mas ninguém deixa a Sombra,‛ David disse. ‚Você mesmo disse isso.‛ ‚Ninguém jamais deixou. Eu tenho treinado milhares de agentes, e em todo esse tempo apenas há uma maneira de sair – a espada. Eles morrem em missão ou eles morrem pela minha lâmina, mas eles nunca partem. É um contrato que dura toda a vida. Ou sempre foi.‛ Ele colocou seu copo abaixo e cruzou seus braços, olhando em direção à lareira; David e Miranda ambos mantiveram seus olhos nele, embora ele não parecer nada preocupado com isso. E por que ele deveria estar? Ele tinha entrado no Haven, dentro da suíte deles, completamente despercebido pela Elite, os serventes, e a rede de vigilância. ‚Eu tive em toda a estória da Sombra soltado exatamente dois agentes com vida,‛ Deven disse, sua voz temperada com algo que Miranda percebeu ter sido arrependimento. ‚Uma foi Marja Ovaska. A outra foi a sua amante... Sophia Castellano.‛ ‚Então Sophie não estava trabalhando para você?‛ ‚Sim, ela estava.‛ ‚Mas você disse –‚ ‚Deixe-o falar,‛ David disse calmamente.


‚Agentes da Sombra não se socializam,‛ Deven continuou. ‚Eles nunca vêem os rostos um dos outros. Se eles falam, é pelo telefone. Eles todos tem nomes em códigos. Mas uma vez em um período um cliente precisou mais do que um agente para ter o trabalho feito. Agentes 3.17 Escarlate e 4.19 Escarlate – Sophie e Marja – se encontraram em designação, por acidente, e como sempre acontece em tais tragédias elas se apaixonaram, um desafio direto de protocolo e sabendo disso eu iria matar as duas quando eu descobrisse. Eu tinha trazido as duas diante de mim para execução.‛ Miranda sabia o que ele diria a seguir; ela pode sentir isso. ‚Você não pode fazer.‛ ‚Não, maldito seja. Mas pela primeira vez na minha vida eu permiti que a triste historinha delas me apanhasse. Eu tinha me permitido crescer ligado à Sophie, tolo que eu sou, e então eu dei a elas uma escolha. Elas podiam morrer bem ali aos meus pés ou elas podiam cada uma cumprir uma última missão e então desaparecerem. Se eu alguma vez ouvisse sobre elas novamente, em qualquer contexto, ambas as suas vidas seriam confiscadas. Elas iam ficar na clandestinidade e desapareceriam para sempre.‛ ‚E você acreditou que elas iriam?‛ Miranda perguntou. ‚Claro que eu acreditei. Meus agentes são treinados para ir para a morte certa sem hesitação. Havia apenas uma coisa que eles tinham aprendido a temer: eu.‛ ‚Mas Sophie não,‛ David concluiu. ‚Ela rompeu com o final do trato ao dizer para Faith que ela era um ex-Sombra.‛ Novamente, Deven rolou seus olhos. ‚Por favor. Sophie não era nenhuma tola. E ela não estava bêbada. Ela estava firme e sóbria quando ela conheceu Faith.‛ ‚Então por que...‛ ‚Por que você acha?‛ Deven estalou. ‚Some isso, Prime. Meu Cônjuge tem o dom premonitório mais forte do Conselho. Ele sabia que você ia tomar o


Sul. Você não acha que ele sabia que você eventualmente iria encontrar uma Rainha?‛ ‚Eu não entendo,‛ David disse. Mas Miranda entendeu. ‚Você a atribuiu para mim,‛ ela disse suavemente. ‚O último trabalho de Sophie para você era me treinar. A guerra estava vindo... Jonathan viu isso. E ele sabia que eu tinha que estar pronta. Se não fosse por Sophie – por você – eu não estaria aqui.‛ Deven encontrou os olhos dela, e seu olhar finalmente pareceu perder alguma da sua dureza. ‚Seu trabalho era se certificar que você estivesse forte o bastante e tivesse as habilidades que você precisava para ajudar a colocar você no lugar certo e na hora certa para se tornar Rainha. Assim que isso acontecesse, ela poderia desaparecer.‛ ‚Mas ela morreu em batalha...‛ ‚Ela nunca deveria ter estado ali. Ela estava sob ordens de não ir a nenhum lugar perto do próprio Haven, e sim para treinar você, então mostrar a você o caminho de casa e dar o fora.‛ O Prime sustentou os olhos dela. ‚Ela acreditou em você o bastante para sair da missão... e então ela morreu antes que ela e Marja pudessem ser livres.‛ ‚Qual foi a última missão de Marja?‛ Miranda perguntou, segurando para trás as lágrimas. ‚Irrelevante. Mas se Sophie tivesse feito como eu disse a ela e deixado você lutar o seu próprio caminho ao Haven naquela noite, nunca se teria ouvido falar de Ovaska novamente.‛ Finalmente, Miranda se sentou, cabeça nas suas mãos. ‚Sophie morreu... e agora Marja quer me matar... para se vingar da sua amante.‛ David perguntou, ‚Quanto tempo você sabe?‛ Miranda olhou para cima para ver Deven dar de ombros. ‚Não tanto tempo quanto eu deveria saber. Eu suspeitei que Marja pudesse estar envolvida assim que você mencionou uma conexão com a Finlândia, mas eu não estava


certo até eu rebocar Volundr, interrogá-lo eu mesmo, e depois mandá-lo pra você.‛ ‚Você me deixou torturar Volundr apesar de você saber quem nós estávamos procurando?‛ Deven fez um barulho impaciente. ‚Eu não achei que você fosse torturar um velho sapo. Eu paguei a ele uma ridícula soma para dizer a você a verdade – tanto a identidade de Ovaska e o que ele sabia sobre a sua localização – mas aparentemente a lealdade dele mudou. Seu pessoal o levou para a Califórnia e ele desapareceu – junto com uma inteira encomenda de lâminas que eu já tinha pago, a propósito. Você me custou uma grande quantidade de dinheiro.‛ Miranda estava sacudindo sua cabeça, não certa de gargalhar com o absurdo disso tudo ou gritar até ficar doente. ‚Todas aquelas pessoas... Jake, Denise, Drew... eles todos morreram... Kat quase morreu... por que eu fiz com que Sophie morresse.‛ ‚Você não fez nada assim,‛ Deven a contradisse, embora seu tom não fosse nenhuma tentativa de nada reconfortante. ‚Sophie morreu em batalha da maneira que guerreiros têm morrido por toda a parte da história, e por sua própria escolha. Ovaska quer alguém para culpar. Ela sabe que ela não pode me matar, mas você ainda é vulnerável por que você é nova e precipitada e tem amigos humanos que são facilmente mortos. Ela mediu suas defesas naquele primeiro ataque e planejou como destruir você pedaço por pedaço. Meus agentes são sociopatas perigosos que farão qualquer coisa, matar qualquer um, torturar ou mutilar qualquer um se isso signifique alcançar o objetivo. Mesmo Sophie estava ansiando pintar um grande alvo na cabeça dela por contar a Faith para quem ela tinha trabalhado – ela sabia que essa era a única maneira de Faith acreditar que ela tinha as habilidades necessárias para o seu treinamento.‛ ‚Oh, Deus,‛ Miranda disse, sua memória subitamente recuando. Ela olhou acima para David, desamparada. ‚Na noite da batalha, quando nós


estávamos assistindo você lutar, ela disse que ela tinha visto apenas um outro vampiro com seu estilo de combate. Ela estava falando de Deven.‛ ‚Está certo,‛ Deven disse. ‚O único que treinou ambos, David e Sophie.‛ David sentou-se ao lado de Miranda, acariciando sua mão, mas falou com Deven. ‚O que eu não entendo aqui é por que, Deven. Por que você interferiria no futuro de Miranda? Por que dar a Sophie essa designação?‛ Deven suspirou. ‚Miranda, se você não se importar?‛ Miranda enxugou seus olhos e disse, ‚Por que ele ama você, David. E a única maneira de retribuir a você por como mal ele tratou você anos atrás foi se certificar que você encontrasse o seu próprio Cônjuge... se certificar que você fosse feliz.‛ ‚Você nunca imaginou ter alguma ideia que eu estivesse envolvido. Eu tinha esperado caçar Marja e tê-la eliminada antes que qualquer coisa acontecesse,‛ Deven disse, e por um milagre ele soou sincero. ‚Eu sinto muito pela perda dos seus amigos.‛ ‚Como exatamente você ia rastreá-la da Califórnia?‛ David exigiu friamente. ‚Você não tem esse tipo de tecnologia.‛ Deven sorriu. ‚O que você acha que nós fazíamos antes dos computadores? O velho trabalho antiquado de detetive. Acontece que eu tenho vários detetives altamente treinados à minha disposição.‛ ‚Você tem um agente aqui em Austin?‛ O sorriso se transformou perverso. ‚Eu tenho um agente na sua casa.‛ David piscou. ‚Palhaçada.‛ Deven removeu seu telefone do bolso do seu casaco, dando a Miranda um vislumbre de um arco de armamento que ele usava. Ele tocou a tela do seu telefone várias vezes, dizendo, ‚Antes que você pergunte – os problemas de Hart não tem nada a ver comigo. Meu pessoal não usa dispositivos auriculares; como eu disse, eles são impraticáveis. Eu gostaria de saber quem está assediando ele, entretanto. Isso me intriga.‛


Um momento mais tarde houve uma batida na porta. ‚Entre,‛ David gritou sem seus olhos deixarem o rosto de Deven. Miranda podia sentir a confusão de raiva, choque, e dor do seu Prime, fazendo a sua própria confusão ainda muito pior. Ela queria colocar seus braços ao redor dele, mas ela estava congelada no lugar, esperando pela situação mudar. E mudar ela mudou. Deven falou novamente. ‚Me permita apresentar a vocês 5.23 Cor de vinho,‛ ele disse. A porta se abriu. ‚Oh meu Deus,‛ Miranda disse. ‚Lali?‛ A guarda-costas se curvou ao Par, depois novamente ao Deven. ‚Não fique zangada com ela,‛ Deven disse, gesticulando para Lali vir pôrse de pé ao lado da cadeira dele. ‚Tudo sobre ela, como sua guarda-costas, é verdade. Ela morreria para defender você. Ela está de fato muito afeiçoada a você. Você parece inspirar esse tipo de devoção, minha Senhora.‛ ‚Você esteve trabalhando pra mim por dez anos,‛ David disse a Elite, completamente transtornado pela revelação. Lalita assentiu. ‚Sim, Mestre. Mas eu tenho trabalhado para o Alpha por duzentos anos. Minha lealdade para você é superada apenas pela minha lealdade a ele.‛ ‚Não havia maneira que você pudesse ter sabido,‛ Deven disse a David. ‚A história dela, suas qualificações, tudo isso era autêntico... apenas incompleto.‛ ‚Como diabos vocês se comunicam?‛ Lali sorriu. ‚Na maior parte via imagens codificadas de animais bonitinhos.‛ ‚Agora, então,‛ Deven disse, ‚conversação suficiente. Vamos chegar ao por que eu estou aqui.‛ ‚Não para nos dizer a verdade?‛ David perguntou.


‚Claro que não. Se eu tivesse sido eficiente em acabar com Ovaska por mim mesmo, eu nunca divulgaria que eu estou envolvido. Em seis séculos exatamente três pessoas além dos próprios agentes tem sabido quem eu sou – Jonathan, e agora vocês dois.‛ ‚Eu poderia expor você,‛ David disse em uma baixa voz, a raiva atravessando pelas suas defesas. Deven sentou-se adiante, mãos juntas, e encarou dentro dos olhos de David. ‚Novamente... tente.‛ Miranda olhou de um Prime ao outro, respirou fundo, e perguntou, ‚Como Ovaska passa por nossa rede de sensores?‛ Deven não retirou seus olhos dos de David até David abaixar os dele. ‚Magia,‛ ele respondeu. ‚Volundr fez algo pra ela. Ele não me disse como isso funciona, mas ele me disse que ele deu a ela um conjunto de sete amuletos que iriam protegê-la de qualquer forma de detecção exceto à plena vista. O feitiço tinha um tempo de vida limitado; cada disco duraria apenas alguns dias uma vez ativados.‛ David e Miranda trocaram um olhar. ‚Ela já esgotou a maior parte deles,‛ Miranda disse, ‚ao menos que ela tenha outro fornecedor.‛ ‚Isso é ridículo,‛ David respondeu. ‚Amuletos, feitiços – não existe esse tipo de coisa.‛ Deven riu. ‚Querido, algumas vezes eu acho que é uma boa coisa você ser tão bonito.‛ David pareceu como se estivesse para saltar e esganar Deven, mas ele não fez. ‚Diga-nos o que você veio para nos dizer, então, e dê o fora da minha casa.‛ Deven sentou-se para trás, recuperando seu whisky. ‚Você está zangado.‛ ‚Malditamente certo eu estou! Eu conheço você por quase cem anos, e você nunca me contou que você estava administrando a mais notória rede de assassinos no mundo. Você tinha um espião no meu Haven todo esse tempo e você tinha suas sujas mãozinhas em todos os aspectos das nossas vidas. Pelo que


eu sei, tudo o que está me dizendo agora é uma mentira. Você até mesmo invadiu essa casa e passou pelos meus guardas –‚ ‚Eu Enevoei,‛ Deven disse simplesmente. ‚Isso não é exatamente Hogwarts, você sabe. Você pode querer ajustar seus sensores de alguma forma levando em consideração as habilidades de um Prime, entretanto eu duvido que você tenha que se preocupar sobre alguém mais espreitando aqui sozinho.‛ Então ele se levantou, tirando o seu telefone. ‚Enquanto ao por que eu estou aqui... eu trouxe isso pra vocês.‛ Ele sustentou o seu telefone para que o Par pudesse ver a tela: um mapa com um único ponto vermelho no seu centro. ‚Aqui é onde vocês irão encontrar Marja Ovaska,‛ Deven disse a eles. ‚Graças a informação de Volundr e ao excelente trabalho investigativo de Lalita, eu finalmente consegui fechar a localização dela ontem. Eu não quis confiar essa informação a um email, então assim que eu pude, eu voei para cá. Eu quero estar ali quando vocês a encontrarem. No pôr do sol eu vou levar vocês ali, e assumindo que ela não vai estar esperando por nós, vocês próprios podem matá-la.‛ ‚Por que nós deveríamos confiar em você?‛ David queria saber. ‚Confiar em mim, não confiar em mim, qualquer coisa que atenda a você. Mas se você não agir com essa informação, mais pessoas irão morrer, até e incluindo vocês dois. Ajude-me a ajudar você, David. Eu fiz essa bagunça. Ajude-me a limpá-la.‛ ‚Você está se dando muito crédito,‛ Miranda murmurou. ‚Marja fez suas próprias escolhas.‛ ‚E Sophie fez as delas,‛ Deven respondeu, ‚mas você ainda se sente culpada pela sua morte.‛ Miranda assentiu lentamente, depois disse para David, ‚Ele está dizendo a verdade.‛ David olhou para ela. ‚Você tem certeza.‛


‚Eu posso sentir isso, David. Além disso... ele veio aqui sozinho, e é amanhecer. Ele sabia que ele não podia escapar – não havia nenhum lugar para ir até o pôr do sol. Ele se colocou nas nossas mãos sem pensar.‛ Deven perguntou educadamente, ‚Faria você se sentir melhor me algemar e me lançar em uma cela?‛ ‚Eu gostaria de lançar você na luz do sol,‛ David estalou. ‚Mas eu confio nos instintos de Miranda. Se ela diz que você está dizendo a verdade, eu acredito nela.‛ Miranda escutou silenciosamente, sentindo-se entorpecida do exterior da mente, enquanto David chamava seus guardas da porta para escoltar Deven e Lali para a mais próxima suíte de convidados e designar tantos guerreiros quanto eles podiam dispensar na entrada. ‚Suas armas,‛ David disse insipidamente. Deven olhou para ele por um longo minuto, depois alcançou dentro do seu casaco e começou a remover lâminas, entregando-as para a Elite que tinha entrado para essencialmente prendê-lo. Primeiro sua espada, depois outra mais curta, quatro facas de vários comprimentos, duas estacas com cabos lançadores, e uma lâmina com formato de garra que ele usava em uma abertura perto do seu coração que Miranda reconheceu – Sophie tinha uma justo como essa. Lalita tinha apenas sua espada da Elite, uma estaca no seu cinto, e uma única faca dobrável de padrão comum. David deixou que ela mantivesse seu com por enquanto, mas Miranda sabia que ele iria colocar uma trava na rede nele para que o acesso dela fosse limitado. ‚Isso é tudo?‛ David perguntou. Deven, completamente inabalável ao ser desarmado, disse, ‚Se importa em me revistar?‛ Miranda pensou melhor, e ela fingiu e também David, em pensar que eles tinham todas as armas de Deven, mas David não pressionou; na realidade se Deven quisesse sair do quarto ele não precisava de uma espada. Mesmo sem


Enevoar, ele ainda era mais forte e mais rápido que qualquer um deles; ele tinha gasto os últimos sete séculos se aperfeiçoando com armas. Entregar os seus brinquedos para David era puramente simbólico. Um dos da Elite começou a pisar em direção a Deven, mas Deven o fixou com um olhar, e o guarda caiu para trás. Deven assentiu ao guarda para guiar o caminho. ‚Cuide da sua Rainha,‛ Deven disse para David enquanto eles partiam. ‚Consiga para ela alguma cafeína e sangue antes que ela desmaia.‛ David puxou seus olhos do Prime para Miranda, que começou a protestar que ela estava bem, mas ela descobriu que estava simplesmente muito cansada para falar. Ela sacudiu sua cabeça silenciosamente, não certa do que ela estava negando, exatamente; mas entre uma respiração e a seguinte David estava pressionando uma garrafa de Coca na sua mão e chamando Esther para trazer sangue para ela. Pareceu que ela teve sua última alimentação dias atrás... mas tinha realmente sido apenas umas poucas horas desde que ela e Kat estiveram no Kerbey Lane? Tudo tinha mudado tão rápido. Quase enquanto Deven e Lali eram conduzidos para longe, Faith entrou, parecendo totalmente confusa por toda a situação. ‚Mas o que no mundo está acontecendo, Mestre?‛ ela perguntou. ‚Eu recebi um email de Lali renunciando seu posto, e agora Deven está aqui em algum tipo de custódia?‛ David tinha sua cabeça em suas mãos, a espada de Deven deitada sob seu colo. ‚Sente-se, Segunda,‛ ele disse profundamente. ‚Eu tenho um inferno de umas instruções pra você.‛ *** Justo antes do anoitecer, o Prime e a Rainha se vestiram silenciosamente, cada um prendendo tantas armas quanto eles confortavelmente podiam vestir. Miranda puxou seu cabelo para trás do seu rosto em um apertado rabo de cavalo


e vestiu algum tipo de vestimenta que ela tinha usado na noite em que ela e Sophie tinham se unido à batalha no Haven. Miranda pausou suas mãos na sua espada... a espada de Sophie. Era a única lâmina que ela alguma vez se sentiu confortável usando, e ela esteve no seu quadril toda a vez que ela ia à cidade desde aquela primeira batalha. Ela a tinha usado para tirar as cabeças dos últimos poucos Blackthorn e tinha lutado com a assassina – Marja – com ela. Miranda encarou abaixo para o aço brilhando, pensando no passado, se perguntando se houve um momento quando ela talvez tivesse detectado um motivo escondido nas ações de Sophie... mas a atitude de Sophie, mesmo se grande parte dela tivesse sido interpretada, tinha sido perfeita. David colocou a mão dele na dela. ‚Ela escolheu lutar com você quando ela podia ter corrido de volta para a sua amante e desaparecido. No final ela se importava bastante com você para colocar a própria vida em risco. Isso significa algo, amada.‛ Miranda o olhou nos olhos. ‚E também o que Deven fez,‛ ela disse a ele. ‚Eu sei que você está zangado, mas se você deixar isso terminar com a sua amizade você irá se arrepender para sempre.‛ David se afastou, prendendo o seu cinto. ‚Eu vou pensar sobre isso depois que nós lidarmos com Ovaska.‛ Miranda foi até a cornija e ergueu a espada de Deven de onde David tinha deixado todas as armas confiscadas do Prime. Ela a sustentou acima da lareira – Jonathan esteve certo, ela podia ver a insígnia da Ordem de Eliseus, o mesmo símbolo que estava no bilhete que Deven tinha dado ao Prime Horak, trabalhado com esculturas enfeitadas que cobriam a lâmina. Era uma bonita espada, cerca do mesmo tamanho e peso da de Sophie, mas um pouco mais curta e construída para uma mão menor.


Havia, ela percebeu, algum tipo de escrita no outro lado perto do cabo, mas ela estava bastante certa que isso era Gaélico. ‚Você sabe o que isso significa?‛ ela perguntou. David olhou para a escrita. ‚Provavelmente é um nome. Deven nomeia todas as suas espadas.‛ ‚Você não lê em Gaélico?‛ ‚Não. Eu falo, mas eu não leio.‛ Ela ofereceu a espada a ele. ‚Nós precisamos dar a eles suas armas de volta. Nós não sabemos no que nós estamos nos metendo essa noite.‛ Ele ponderou a lâmina, dizendo quase para si mesmo, ‚Eu nunca vi essa antes... deve ser nova. O nome da sua última era Luz Fantasma.‛ Ele se virou de volta para Miranda e disse, ‚Nós devemos fazer os dois ficarem aqui. Por tudo o que nós sabemos, esse é um plano que ele montou em conluio com Ovaska.‛ Miranda sorriu levemente. ‚Você se lembra de eu dizendo que ele estava nos dizendo a verdade, certo?‛ ‚Alguém tão velho quanto Deven pode até mesmo enganar o seu dom, Miranda.‛ ‚Não é provável, baby. Você é aquele que me disse que empatia é bastante raro que é difícil se proteger contra e até mesmo mais difícil despistálo. Além disso, como eu disse quando você descobriu pela primeira vez que essas estacas tinham vindo do Oeste, Deven não tem motivos para nos matar. Mesmo se você tirar os sentimentos dele por você da equação, você é o aliado mais forte dele no Conselho, e sem você todo o equilíbrio de poder desmoronará. Eu sei nas minhas entranhas que há uma razão de que ele sendo o Alpha não faça sentido para mim – acontece que não foi por que ele era o Alpha, mas por que o Alpha não é nosso inimigo.‛ ‚Eu não imagino que suas entranhas tenham algo a dizer sobre o que nós estamos fazendo essa noite.‛


Miranda chamou sua conscientização dentro da sua própria mente por um momento para ver se seu dom precognitivo imaturo estava oferecendo alguma ameaça, mas na maior parte ela apenas sentiu uma vaga sensação de mal-estar, provavelmente a mesma coisa que ela sentiria qualquer hora que ela estivesse entrando em uma situação completamente desconhecida para confrontar com alguém que a queria morta. ‚Não.‛ ‚Nós podíamos mandar a Elite sozinha para verificar primeiro,‛ David fundamentou. ‚Você realmente quer arriscar afugentá-la novamente? Ela foi treinada por um Prime – e não apenas qualquer Prime. Ela podia derrubar qualquer um dos nossos Elite, até mesmo Faith. Nós não sabemos quanto tempo esse amuleto dela vai continuar funcionando, então nós podemos não ser capazes de rastreá-la se ela escapar. Eu acho que nós devemos manter o plano.‛ David assentiu; ela sabia que ele concordaria com ela, ele estava apenas relutante, e compreensivelmente certo, em arriscar mais vidas na busca de Marja Ovaska apenas pelas palavras de Deven. Miranda queria estar com raiva de Deven, também, mas por alguma razão ela não podia. Ela entendia que David estava tendo dificuldade em separar a verdade a partir da sua percepção do seu ex... algumas vezes... amante, mas talvez por que ela não reivindicou conhecer Deven bem assim, ou como ele tanto assim, ela foi capaz de dar um passo atrás e ver que tão velho quanto Deven era, era tolo pensar que ele não tinha segredos. Até agora não havia razão para os dois mundos de Deven se colidirem, e ela sabia que ele não tinha decidido revelar-se a eles facilmente. Ele não bateu nela como o tipo de pessoa que iria se exceder quando podia haver vidas na estaca. Ela tinha a sensação de que, frio como ele podia agir, ele assumia a responsabilidades pelas vidas dos seus agentes e contava com suas mortes contra sua própria alma.


Isso não significava que ela não tinha a urgência de bater a presunção para fora do rosto dele, mas ela podia dar a ele um passe se a informação dele trouxesse um final a tudo isso. ‚Pronta?‛ David perguntou. Miranda tomou um profundo fôlego. ‚Eu acho que sim.‛ ‚Você tem certeza que está disposta a fazer isso? Eu sei que a noite passada desgastou você –‚ ‚Eu dormi como um morto,‛ ela assegurou a ele gentilmente, beijando o seu queixo. ‚E nós vamos nos alimentar quando chegarmos na cidade. Eu estarei bem.‛ Ele deslizou seus braços ao redor dela, e eles seguraram um ao outro por um tempo, a cabeça dela descansando no ombro dele precisamente onde era para estar. ‚Eu só quero acabar com isso,‛ ele disse. Miranda suspirou... um nó de conhecimento estava formando no seu estômago, e ela não queria, mas ela expressou do mesmo jeito. ‚E será. De uma maneira ou de outra isso será resolvido na hora em que eu e você chegarmos em casa.‛ David fechou o armário de armas, e de mãos dadas eles deixaram a suíte. Faith cai no passo atrás deles enquanto eles tomavam o corredor para fora da sua ala. A Segunda não disse nada – ela, também, estava aflita, embora quer pelo pensamento de ir atrás de Ovaska ou na realização de que Deven tinha uma identidade secreta, Miranda não podia dizer. Quatro guardas ficaram em um semi-círculo ao redor do quarto onde Deven e Lali estavam; era o mesmo quarto que Ariana Blackthorn tinha ficado, mas agora ele tinha uma série de novas medidas de segurança construídas nele, incluindo sistemas de sensores separados e vigilância em áudio. Era designado para acomodar pessoas que não sabiam que elas estavam sendo observadas. Até agora nada fora do normal tinha acontecido; Lali tinha aparentemente dormido


a maior parte do dia, e Deven tinha ligado para Jonathan no seu telefone celular, mas foi isso. David tinha gravado a conversa e disse que Deven tinha deixado Jonathan saber o que eles planejavam fazer, reassegurando o Cônjuge que ele estava seguro, e que era somente isso. David assentiu aos guardas, e eles moveram-se ao lado, um deles destravando a porta e oscilando-a aberta. Deven pisou para fora com Lali nas suas costas. ‚Boa noite, Senhor Prime, minha Senhora,‛ ele disse com medido respeito. ‚Devemos nós?‛ David olhou para Miranda, que inclinou sua cabeça em direção à Deven encorajadoramente. David sustentou a espada de Deven com ambas as mãos. Deven encontrou os olhos dele, então a pegou. Enquanto ele a afivelava, David gesticulou para Faith e Aaron para trazer adiante o resto das armas de Deven e Lali. ‚Vamos,‛ David disse, e conduziu o caminho para fora onde Harlan estava esperando para levá-los para a cidade. *** Calor e prazer cantavam através das veias de Miranda enquanto ela subia de volta para dentro do carro com David deslizando ao lado dela. Ela lambeu seus lábios reflexamente, buscando qualquer traço duradouro de sangue, e disparou ao seu marido um sorriso. Seus olhos eram um anel prateado ao redor da pupila escura, ainda dilatadas da caçada, e ele se inclinou para ela e a beijou levemente. Miranda resistiu à urgência de enfiar sua língua na boca de David apenas para irritar Deven... abertamente. Agora não era hora de ceder aos seus impulsos passivo-agressivo, e sinceramente ela não queria fazer a tensão entre ele e David piorar... mas a ideia ainda era apelativa. Ao invés disso, ela pegou a mão de David e a apertou tranquilizadoramente.


Uma vez que eles estavam se movendo novamente, Deven se inclinou para frente para que eles todos pudessem ver a tela do seu telefone. ‚Bem aqui,‛ ele disse. ‚É um apartamento em um pequeno complexo fora da Manor Road. O lugar parece apropriadamente puído. Deveria ser bastante fácil de cercar. Eu recomendaria uma minúcia no telhado também.‛ ‚Já estão a caminho,‛ David disse a ele, trocando ao modo completamente todo-negócios. ‚Eu tenho Faith na van com suas unidades definidas ao ponto de encontro conosco quando nós alcançarmos a quadra, e uma terceira entrando armada pelo imposto telhado.‛ ‚Bom. A fachada é típica de apartamentos baratos de dois andares. Escadas subindo até um patamar de concreto. Uma porta com uma janela adjacente, duas janelas ao lado, sem outras saídas. O reconhecimento de Lalita mostrou que metade do prédio está vazio, e essa unidade aqui no primeiro andar é uma casa de crack28. Nós provavelmente não temos que nos preocupar sobre a interferência humana.‛ David puxou a grade do sensor no seu próprio telefone. ‚Não há nenhum outro vampiro no prédio e nenhum sinal de nenhuma espécie entrando ou saindo exceto pela televisão satélite na casa de crack.‛ ‚Ela pode não estar,‛ Deven admitiu. ‚Eu sei que essa é a sua casa de base, mas não há maneira de confirmar que ela realmente está ali sem uma visão direta. No último momento nós devemos descobrir algumas lembrancinhas divertidas.‛ ‚Você tem certeza que ela não tem nada mais do Volundr?‛ Miranda perguntou. ‚Outra arma mágica como os amuletos?‛ ‚Não do meu conhecimento. Volundr estava muito acessível sobre os amuletos, mas ele podia facilmente ter deixado algo de fora. Da forma como ele falava sobre isso, embora, soou como elaborar os amuletos fosse uma grande 28

(casa de crack – é um termo comumente usado nos EUA para descrever um antigo, frequentemente abandonado ou em queimado prédio frequentemente em uma vizinhança fechada onde traficantes e usuários de drogas compram, vendem, produzem, e usam drogas ilegais, incluindo, mas não limitado ao crack e cocaína)


conquista para ele. Esse tipo de coisa não é fácil de fazer, e normalmente envolve sacrifício de sangue no mínimo. Eu duvido que ele tinha o hábito de vender esse tipo de favor – ele apenas não tinha a força psíquica para tanta magia. Mesmo que ela tenha pago a ele uma soma ultrajante para a sua ajuda, ou ela era muito mais persuasiva sobre a causa dela do que eu era a cerca da minha.‛ ‚Talvez ele comprasse um carregamento de pó de fadas da Finlândia, também,‛ David sugeriu. Deven deu a ele um olhar fulminante. ‚Se você não tem nada útil para compartilhar com a turma, abaixe a sua cabeça na sua mesa.‛ ‚Que tal você ir –‚ ‚Rapazes,‛ Miranda disse cansadamente, ‚nós podemos guardar a briga de galos para mais tarde, por favor?‛ ‚De qualquer maneira,‛ Deven continuou, olhando para David, ‚Eu não acredito que ela tenha algo mais além daquilo na sua posse, mas nós não podemos excluir nada, então nós temos que prosseguir com cautela.‛ ‚Dois Primes, uma Rainha, uma Segunda, uma dúzia de Elite... certamente nós não temos nada a temer,‛ Miranda assinalou. ‚Ela pode ser o seu prodígio, Senhor Prime, mas ela ainda é apenas uma mulher.‛ ‚Oh, ela é muito mais do que uma mulher,‛ Deven disse com um sorriso cruel. ‚Eu tenho certeza disso. Mas entre nós eu acho que nós podemos pegá-la – o pior que poderia acontecer é que ela fugisse.‛ O carro desacelerou a uma parada, e Harlan disse, ‚Mestre, nós estamos na localização do ponto de encontro.‛ A noite estava amargamente fria, mas ao menos não estava chovendo; Miranda sentiu a temperatura distraidamente, seu corpo ainda funcionando quente da alimentação. Ela saiu do carro e imediatamente varreu a quadra com seus sentidos, mas tudo o que ela pode detectar foram Faith e os outros Elite chegando na cena e dispersando para esperar suas ordens.


Os três Signets e Faith fizeram seus caminhos em direção ao prédio de apartamento em silêncio, David no prumo, com Miranda na sua mão direita e Deven na sua esquerda. David examinou seu telefone enquanto eles caminhavam, depois gesticulou para eles pararem justo antes deles entrarem na visão do prédio. ‚Ainda sem sinal,‛ David disse calmamente. ‚A Elite tem o local cercado e o time do telhado está em posição. Faith, eu quero você na lateral do prédio para bloquear qualquer espaço através das janelas.‛ ‚Sim, Mestre,‛ Faith disse, e derreteu dentro das sombras. Na base dos degraus Deven sustentou sua mão para eles esperarem. ‚Eu vou entrar primeiro,‛ ele disse. ‚Espere pelo meu sinal.‛ ‚Por quê?‛ Miranda perguntou. ‚Eu sou mais propenso a escapar em um pedaço se isso for uma armadilha.‛ David sacudiu sua cabeça. ‚Se ela tem alguma tecnologia ali, não está aparecendo.‛ Deven sorriu tristemente. ‚Há várias maneiras de colocar armadilhas em um lugar como esse, e eu sei de fato que Ovaska conhece a maioria delas. Eu sei o que procurar e escutar. Apenas fiquem para trás até eu ter certeza.‛ Miranda observou, coração martelando, enquanto ele tomava as escadas rapidamente sem fazer muito mais do que som de passadas. Ele pressionou suas costas na parede exterior ao lado da porta, escutando o apartamento escurecido. Como ele disse, o lugar era uma lixeira. Não parecia como se alguém vivesse ali em anos. Havia luzes na unidade do primeiro andar, mas a unidade alvo parecia inabitada; Miranda viu que uma das janelas estava fechada com tábuas, e a outra tinha um ar condicionado pendurado para fora dela com uma fita adesiva arrancada flutuando no ar. Uma pilha de velhos jornais estava amontoado na frente da porta, e um dos números do apartamento estava pendurado por um único prego.


Deven alcançou lateralmente para fechar sua mão ao redor da maçaneta e deu uma volta experimental. Ele franziu o cenho; Miranda ouviu a maçaneta virar livremente. A porta estava destrancada. Com sua outra mão, Deven atraiu uma das suas estacas, claramente não confiando na situação mais do que Miranda confiava. Lentamente, um pouquinho de cada vez, ele abriu a porta, expondo a entrada escurecida. Miranda se concentrou em escutar, mas ela não pode ouvir nenhum movimento do lado de dentro. Ela olhou para David, que estava assistindo Deven intensamente, a grade de sensor no seu telefone mostrando a posição de toda a Elite. Em um movimento quase muito rápido para Miranda ver, Deven disparou para dentro do apartamento. Miranda olhou fixamente para a entrada da porta por um longo minuto com seu coração na sua garganta, esperando pelos sons de uma luta ou ao menos conversa. Finalmente Deven reapareceu na entrada da porta e sacudiu sua cabeça. ‚Merda,‛ David murmurou. ‚Ela não está ali.‛ Ele encaminhou ao seu com. ‚Suspeita não está presente. Mantenham suas posições; eu repito não se aproximem do prédio até que seja apurado. Faith, me dê inspeção visual do exterior do prédio.‛ A luz no seu telefone piscou enquanto Faith emitiu as imagens da sua câmera; Miranda se aproximou e olhou, mas não havia nada para ver, apenas fotos das janelas do apartamento e do beco de diferentes ângulos. Miranda olhou de volta para a porta, onde Deven tinha novamente entrado. ‚Eu vou entrar,‛ ela disse. ‚Você vai vir?‛ ‚Sim,‛ David respondeu, permanecendo imóvel, olhos na tela. ‚Eu estou bem atrás de você. Vamos dar uma olhada. Talvez nós consigamos algo dessa caça da fêmea de ganso selvagem.‛


As escadas eram de madeira vacilante, e Miranda não tinha ideia de como Deven conseguiu escalá-las sem fazer qualquer barulho; ela manteve seus passos leves e ainda provocou alguns estalos. Ela espiou cuidadosamente dentro do apartamento. Ele cheirava a mofo e lixo... mas não como se alguém vivesse ali, humano ou diversos. ‚Deven?‛ ‚Espere...‛ Miranda observou o Prime se mover lentamente ao redor do lugar, procurando por sinais de algo que ela não podia ver; ele correu suas mãos junto dos peitoris das janelas, batendo cuidadosamente em vários lugares na parede com seus nódulos, então pausou. ‚Bem,‛ ele disse, ‚eu acho que eu encontrei o lugar certo.‛ A Rainha também procurou ao redor por qualquer sinal de habitantes, mas tudo o que os seus sentidos estavam dizendo a ela era que ninguém habitava ali por muito tempo. Mesmo um vampiro iria deixar para trás alguma sensação da sua presença, e se Ovaska tinha ficado ali por tanto tempo, Miranda deveria ter sentido os ecos das suas emoções, uma vaga impressão sensorial acumulada com o tempo. Miranda pegou o seu caminho ao outro lado do piso com lixo disperso e se uniu ao Prime onde ele estava de pé na mesa de café na frente de um sofá que tinha expelido metade dos seus enchimentos por todo o lugar. ‚Whoa.‛ A mesa estava coberta de papéis: fotografias de várias localizações ao redor do Distrito das Sombras; imagens de Kat deixando o trabalho, tiradas à distância; um mapa com a localização da escola de Drew circulada em amarelo fluorescente e também o Bar de Mel, o prédio de escritório de Denise, e o Black Door. ‚Nós devíamos deixar o resto da Elite entrar aqui e fragmentar o lugar por mais evidências,‛ Miranda disse, erguendo seu pulso. ‚Estrela- três –‚ ‚Espere,‛ Deven disse curtamente, agarrando seu braço e afastando o seu com da sua boca.


‚O que está errado?‛ A cabeça de Deven estalou para cima, e ele olhou ao redor, algo desenhado no seu rosto que deixou um abismo de medo queimando no estômago de Miranda. ‚Nós temos que sair daqui.‛ ‚O que –‚ A voz de Deven era urgente. ‚Nenhuma agente minha iria deixar uma evidência colocada a plena vista ao menos que ela soubesse que nós a veríamos. Ela sabia que nós estávamos vindo. Vá!‛ Ele a empurrou em direção à porta, justo quando David quase gritou no seu com. ‚Saia daí! Um sinal acabou de ser mandado do –‚ Miranda correu para a saída, e mal o seu rosto tinha atingido o ar frio que ela foi puxada para trás em cima de algo duro – Deven a apreendeu pelos seus ombros e empurrou os dois para frente, sobre o parapeito, retorcendo-se no meio do ar para puxá-la contra o seu peito. A força da explosão atrás deles lançou a ambos através do ar e dentro da rua abaixo. Miranda sentiu seu ombro atingir o chão e estalar debaixo dela, uma dor entorpecente, mas feroz engolfando-a enquanto Deven aterrissava em cima dela, protegendo o seu corpo de detritos voando. O barulho era ensurdecedor – Miranda estava certa que ela gritou, mas ela não pode ouvir nada além do estrondo das paredes do apartamento fragmentando-se e voando para fora na velocidade da luz. Ela sentiu a dor em todo o seu corpo, ambos das suas próprias feridas e da de David. Seu ombro estava em agonia, e algo tinha apunhalado-a na perna – não, na perna de David. ‚Caralho,‛ ela ouviu Deven murmurar perto do seu ouvido. ‚Isso foi tão estúpido.‛ ‚David,‛ ela gemeu. ‚David! Ele está ferido – saia de cima de mim!‛


‚Acalme-se,‛ Deven comandou asperamente, sem se mexer. ‚Ele está bem. Você ainda está viva, não está? Aguente firme – nós estamos presos embaixo de algo.‛ Ele girou em cima dela, e ela se tornou consciente de um peso pressionando para baixo nela que não era ele; ele era, ela percebeu, mais leve do que ela tinha esperado, provavelmente mais leve do que ela. Ela cheirou madeira queimada, então eles estavam provavelmente presos debaixo de uma parte da parede. Além do corpo de Deven ela pode ouvir o caos – Elite gritando, sirenes berrando à distância, a voz de Faith dando ordens. O odor do fogo elétrico e plástico derretido e metal estavam densos no ar. ‚Miranda!‛ David disse do seu com. ‚Você está bem?‛ ‚Eu estou bem,‛ ela ofegou pela dor do seu ombro. ‚Nós estamos presos debaixo de algo. Onde você está?‛ David soou sem fôlego, mas por outro lado bem, o pânico deixando sua voz uma vez que ele ouviu a dela. ‚Perto das escadas. Eu estava na metade do

caminho para cima quando eu vi o sinal – eu consegui chegar ao sotavento do prédio e tudo explodiu sobre mim, incluindo você. Eu estou cercado pelos detritos e tenho um pedaço de vergalhão na minha perna – fique onde você está. Qualquer coisa que você faça, não tente Enevoar se você está ferida. Você não será capaz de se focar e você pode se dispersar.‛ Ela pode sentir o seu medo, por ela e por Deven, e ela provavelmente teria estado com medo, também, mas ela estava tão aliviada que ele estava bem que não havia espaço para nenhuma outra emoção. ‚Você pode espalhar as suas pernas?‛ Deven perguntou através de dentes cerrados. Miranda se obrigou lentamente e dolorosamente. ‚Provavelmente a primeira vez que você alguma vez perguntou isso a uma mulher,‛ ela disse.


Deven bufou, depois fez um barulho tenso e se empurrou para cima, um dos seus joelhos entre os do dela usando o chão como alavanca. Ela sentiu o peso neles erguendo, lentamente no início, depois angulando forte saindo ao lado. Deven caiu perto dela, respirando forte. ‚Estúpido,‛ ele disse novamente. ‚Deveria ter pensado melhor... mas eu estava certo que nós a tínhamos. A informação era boa... 5.23 nunca esteve errada.‛ Ele se forçou acima em direção aos seus joelhos, e Miranda viu que ele estava sangrando e desgrenhado. Enquanto ela começava a se empurrar para cima, também, pareceu como se algo no seu ombro rasgasse, e ela gritou. Deven colocou suas mãos nela e a aninhou de volta para baixo. ‚Deite-se,‛ ele disse. ‚Eu vou consertar o ombro, mas você tem que me dar um minuto para recuperar meu fôlego.‛ Ela assentiu, tentando ficar estabelecida e mantendo sua respiração firme enquanto Deven olhava ao redor deles para a cena demolida. ‚Nós estamos todo o caminho do outro lado da rua,‛ ele comentou, soando impressionante. ‚O que quer que tenha sido o que ela usou para explodir o prédio não tinha cheiro, não tinha vibração... eu amaria saber o que era isso. Parece que todo o prédio foi abaixo... esteja agradecida que você ainda não possa ver isso. Há... muitos corpos. Humanos... da casa do crack. Eu não vejo nenhuma Elite dentre eles.‛ ‚Faith está bem,‛ Miranda conseguiu dizer. ‚Você...‛

‚Mestre...‛ A voz vindo do com de Miranda estava rouca e fraca, mas ela a conhecia. ‚Lali?‛ ela perguntou. ‚Lali, onde está você?‛ Uma tosse. ‚Mestre... meu Senhor Alpha... eu sinto muito. Eu falhei com

você.‛ Deven se inclinou em direção à Miranda, que sustentou seu pulso. ‚Não, Lalita.‛

‚Eu estava certa da informação... devo ter perdido algo... eu falhei com você...‛


Miranda estava impressionada em ver algo brilhando nos olhos de Deven. Ele respondeu a Lali em uma língua que Miranda não entendia, e Lali disse algo quase muito baixo para ouvir. Depois silêncio. ‚David?‛ Miranda perguntou urgentemente. ‚Você tem o sinal de Lali?‛ Ela o ouviu respirar fundo. ‚Ela se foi, amada.‛ Miranda lutou de volta com as lágrimas enquanto ela perguntava a Deven, ‚O que você disse a ela?‛ O Prime afastou o olhar. ‚Eu disse a ela que eu estava orgulhoso dela.‛ ‚E ela disse adeus,‛ Miranda concluiu, enxugando seus olhos com a mão do seu braço injuriado. Deven começou a falar, então apertou uma mão contra a lateral do seu pescoço. ‚Mas que diabos...‛ Miranda sentiu algo pequeno e duro atingir seu ombro machucado, e ela choramingou, apalpando com a outra mão e encontrando um minúsculo cilindro de madeira projetando para fora do seu casaco. Ela olhou para cima, alarmada, e viu Deven puxar um objeto idêntico do seu pescoço. Então ele arfou e caiu para frente, capturando-se nas suas próprias mãos com um gemido asfixiado. Ela observou com horror enquanto o sangue começou a gotejar da sua boca e nariz... ele sugou ásperos fôlegos, olhos apertadamente fechados, erguendo ambas as mãos para a sua cabeça. Foi apenas quando a dor apertou o crânio de Miranda que a percepção veio a ela... e então era muito tarde... Ela já estava perdendo a consciência, a dor engolfando-a tão completamente que ela não podia sequer gritar.


Capítulo

“M

17

IRANDA!‛

David lutou o seu caminho de volta à consciência ofegante, sufocando a dor que se acumulava em todo o seu corpo enquanto o kit de antitoxina estava fazendo efeito. ‚Mestre, por favor... você deve permanecer imóvel.‛ A luz ofuscante enviou novos clarões de agonia através da sua cabeça, mas ele abriu seus olhos mesmo assim, lutando contra os braços que o seguravam para baixo até que ele reconheceu os tensos, pálidos rostos pairando sobre ele.

Faith. Mo. Jackie. Clínica. Veneno. Miranda. ‚Onde ela está?‛ ele exigiu, sua voz grossa e rouca como se ele estivesse gritado – o qual, dados os efeitos secundários ainda rolando através do seu corpo, era uma possibilidade distinta. ‚Maldito seja, o que aconteceu?‛ Ele tentou sentar-se reto novamente, e novamente eles o seguraram para baixo. ‚Mestre...‛ Os olhos de Faith estavam preocupados, mas sua voz era firme. ‚Me diga o seu nome.‛ Ele sacudiu sua cabeça. ‚Deixe-me levantar.‛ ‚Não até eu saber que você não tem dano cerebral. Nome.‛


Rolando os olhos – o que doía como o inferno – ele disse, ‚David Solomon, Prime dos Estados Unidos do Sul. Você é Faith, minha Segunda no Comando. Aqui é a Clínica Memorial Anna Hausmann. Agora me diga que porra aconteceu!‛ ‚Nós não sabemos,‛ Faith respondeu enquanto Mo se movia excessivamente e mexia com um monitor. ‚Nós tiramos você dos detritos e arrancamos o vergalhão, e você estava no centro dando ordens quando alguém disparou em você – Ovaska, eu assumo. Você caiu sangrando. Ela deve ter disparado em vocês três dentro de segundos, cada um.‛ ‚Todos três... oh, Deus.‛ David procurou dentro de si mesmo, tentando sentir Miranda através da energia que os ligava, mas embora ele sentisse que ela estava viva, ele não sentia onde ela estava ou se ela estava ferida. Ele sempre podia encontrá-la – ele podia estar ao lado dela em segundos, em qualquer lugar – mas agora algo estava bloqueando esse conhecimento, algo que parecia quase como... ‚Um escudo,‛ ele murmurou. ‚Ela está debaixo de algum escudo... um poderoso. Se ela estivesse em força plena, ela poderia ser capaz de rompê-lo, mas se ela foi envenenada, também, ela está fraca.‛ ‚Você não pode encontrá-la,‛ Faith disse silenciosamente, percebendo o que ele queria dizer. ‚Não psiquicamente.‛ O medo era tão denso em sua mente que ele mal podia pensar. ‚Qualquer um de vocês viu algo?‛ Angustiada, Faith sacudiu sua cabeça. ‚Eu tinha acabado de enviar Aaaron e dois outros para encontrá-los e trazê-los de volta quando você foi atingido – na hora que eu percebi que você não foi o único, eles se foram.‛ ‚Eles... ela pegou Deven, também?‛ Faith assentiu. ‚Nenhum traço de nenhum dos dois na cena. Ela se move rápido.‛


Agora David se sentou lentamente, e os outros o permitiram. Ele inclinou sua cabeça em suas mãos, tentando forçar-se para dentro de alguma clareza mental ao redor da dor duradoura do veneno, as antitoxinas, e o oculto terror de estar tão longe da sua Rainha, incapaz de senti-la da maneira que ele deveria. Em quatro meses ele já tinha ficado dependente da união deles; era um baixo zumbido constante na sua mente e coração, como o ruído branco de um oceano perto, mas invisível. A maré de energia sustentava eles dois... com isso bloqueado, e os dois separados, seria apenas uma questão de dias antes que eles ficassem insanos... se eles ainda tivessem tanto tempo assim. ‚Faith,‛ David disse suavemente. ‚Sim, Mestre?‛ Ele olhou acima dentro dos olhos dela. ‚Eu não sei o que fazer.‛ Um clarão de medo – um incaracterístico assim como seu desamparo – cruzou no seu rosto. Antes que ela pudesse falar novamente, um dos Elite fazendo guarda na porta disse, ‚Mestre, você tem uma visita.‛ Não realmente se importando, David gesticulou a mão, e a porta da clínica oscilou abrindo. Uma alta, ampla figura mergulhou através da porta, sua capa cinza girando muito teatralmente enquanto um sopro de vento frio o acompanhou para dentro das ruas. A luz captou o brilho esmeralda na sua garganta. Jonathan caminhou até a maca onde David tinha sido tratado e cruzou seus braços, considerando o Prime gravemente. ‚Agora seria uma hora muito boa para uma das suas brilhantes ideias,‛ o Cônjuge disse. ‚Graças a Deus você está aqui,‛ Faith disse a ele, apertando seu braço. ‚Nós precisamos de todas as mãos no convés.‛ Jonathan deu a ela um sorriso que era tanto genuíno e distraído pelas suas próprias preocupações. ‚Eles estão sendo bloqueados de nós,‛ o Cônjuge confirmou. ‚Eu posso sentir Deven... em algum lugar, mas eu não posso dizer onde, ou em que forma ele está. Exceto... eu sei que ele está com dor. Eu senti


isso no minuto em que ele foi envenenado.‛ Jonathan moveu-se ao lado para deixar Mo entrar para remover a IV de David. ‚O que irá acontecer com eles sem as antitoxinas?‛ Foi Mo quem respondeu. ‚Eles irão se recuperar, mas eles irão sofrer primeiro,‛ ele disse. ‚Provavelmente por muito mais tempo do que o Prime sofreu... entretanto, Mestre, eu suspeito que essa assassina tem ajustado sua dosagem, por que afetou você por cerca de apenas vinte minutos uma vez que nós colocamos o kit dentro da sua IV. Na última vez levou cerca de uma hora. Eu iria me arriscar a supor que eles terão duas horas completas de dor antes do veneno seguir o seu curso.‛ ‚Isso nos dá duas horas para encontrá-los,‛ Jonathan disse. ‚Ela não irá matá-los até então – por outro lado ela já teria matado. Ela os quer alertas, então eles irão saber que é ela.‛ ‚Aquele primeiro ataque a mim era um ensaio experimental,‛ David percebeu. ‚Eu achei que foi uma tentativa auto-contida de me nocautear para que ela pudesse chegar à Miranda através de mim, e eu estava errado. A primeira vez que ela me disparou era para ver como a composição iria afetar um Signet – ela apenas queria testar isso em mim antes do grande show.‛ ‚Tudo bem,‛ Jonathan disse. ‚Nós precisamos de um plano. Liste os pertinentes, por favor, Faith.‛ Faith olhou para David, que meramente assentiu; Jonathan poderia comandar se ele se sentia disposto. David certamente não podia, não enquanto ele ainda estava tão grogue das drogas. Jonathan e Deven tinham estado Pareados por muito mais tempo do que David e Miranda, e então eles sabiam como conduzir melhor uma separação; Jonathan certamente pareceu calmo e racional no momento. ‚Na noite passada nós agimos pelas informações de Deven e invadimos o covil da suspeita. Afirmo que o covil estava de fato armado para explodir via um sinal remoto, o qual Prime David detectou na rede apenas antes de isso


acontecer, dando a ele tempo de mergulhar e se cobrir. Rainha Miranda e Prime Deven foram lançados para o outro lado da rua debaixo de um segmento da parede. Nós libertamos David da sua prisão e começamos a procurar os outros, mas Ovaska disparou os três com dardos carregados de toxinas – considerando que o Prime caído distraiu o resto de nós o bastante, ela foi capaz de ir embora com Miranda e Deven despercebida.‛ ‚Como você chegou ao Texas tão rápido?‛ David perguntou a Jonathan. O Cônjuge deu a ele um olhar de Você realmente não é tão estúpido, não é? ‚Eu estive aqui todo o tempo,‛ ele respondeu. ‚Eu me registrei no Driskill enquanto Deven foi ao Haven ver você. Eu também trouxe doze dos meus Elite – eles estão do lado de fora prontos para assistirem.‛ ‚Quantas baixas aconteceram da explosão?‛ David perguntou à Faith. ‚Dois Elite mortos, cinco feridos; os feridos estão todos aqui no Hausmann e já se curaram, exceto Elite Setenta e três, que perdeu um braço.‛ ‚E os mortos?‛ Faith respirou fundo. ‚Aaron e Lali.‛ David olhou para Jonathan, que estava claramente arrasado com a notícia. ‚Então você conhecia todos os agentes, também?‛ Jonathan disparou a David um olhar de aviso. ‚Olhe como você fala comigo,‛ ele estalou. ‚E não, eu não conheço todos eles, mas eu conhecia Lalita.‛ ‚Eu vou falar da maneira que eu malditamente bem desejar no meu próprio território,‛ David retribuiu friamente. ‚Se não fosse pelas mentiras do seu Prime e segredos, nós não estaríamos nessa bagunça.‛ ‚Isso ultrapassa o ponto – vidas dependem dos nossos segredos. Qualquer respeito que você não possua por nós, tenha consideração por eles, e por Lalita, que morreu em serviço da sua Rainha.‛


‚E se vocês dois não se calarem e colocarem isso de lado por agora, Miranda e Devem morrerão,‛ Faith interrompeu com surpreendente raiva, dada a sua reserva habitual. David e Jonathan ambos olharam para ela, depois um para o outro, e assentiram. ‚Você está certa,‛ Jonathan disse. ‚Vamos nos concentrar em encontrá-los. David... David?‛ O Prime piscou e re-focou o seu olhar em Jonathan. ‚Desculpe.‛ Jonathan assentiu severamente. ‚Você já está se perdendo. Nós não temos muito tempo. Se Miranda e Deven estão bloqueados, nós temos que descobrir uma maneira de rastrear Ovaska.‛ David, mãos nas suas têmporas, retornou o aceno com a cabeça e se arrastou mentalmente de volta ao quarto. ‚Faith, traga meu laptop do carro. Enquanto eu estou trabalhando, consiga todos os Elites que você puder de volta para a cena e penteie-a por até mesmo fios de cabelos como evidências. Coloque todas as unidades de patrulha disponíveis para a busca da Rainha e Prime mas os tenha prontos para desviar no instante que notarem que nós os encontramos‛ ‚Assim como você desejar, Mestre,‛ Faith disse, e desapareceu. David conseguiu esperar até que Mo desprendeu e desconectou as várias máquinas de monitores do seu corpo antes de sair da maca e abotoar sua camisa. ‚Eu preciso de algum lugar calmo,‛ ele disse. Jackie, a enfermeira chefe, mostrou a ele o escritório administrativo, onde Faith rapidamente tinha trazido seu computador. Ele sentou-se na mesa e conectou-se com a rede de sensores e com os servidores do Haven, embora levou-se a ele um momento para se lembrar suas senhas, como havia doze envolvidas apenas nessa parte, cada uma delas diferente com ao menos vinte caracteres cada um. Ele teve que pausar uma vez e fechar seus olhos, lutando contra o pânico de não saber onde ela estava, ou quanto mal ela podia estar ferida... ela podia estar chamando por ele... ela podia estar sangrando à morte, ou sendo torturada, sua mão decepada...


‚David!‛ a voz de Jonathan trouxe-o de volta para a realidade, e ele colocou seus olhos de volta na cena, onde a grade de sensor mestre estava funcionando e esperando pelos seus comandos. Ele trouxe a rede de com do Haven também e sobrepôs as duas. ‚Tudo bem,‛ David murmurou. ‚Aqui vamos nós. Eu estou voltando através do banco de dados para analisar exatamente o que aconteceu na cena antes, durante, e depois da explosão. Aqui, olhe – os pontos vermelhos são Elite, os pontos azuis são Miranda e eu, e o ponto branco é Deven. Não há nenhum outro vampiro na área. Deven e Miranda entram no apartamento... e setenta e dois segundos mais tarde um sinal é enviado de uma localização no lado exterior do prédio.‛ A explosão mostrava na rede enquanto havia uma súbita re-locação de cada ponto brilhante – a Elite tinha caído também, sendo soprada para longe, fugido, ou morrido. Dois dos pontos agitando-se enquanto seus sinais de vida fraquejavam, depois transformando-se em Xs para indicar que o sinal da pessoa usando o com tinha cessado. Ele clicou em cada X, trazendo à tona a designação de cada um. ‚Esse aqui é Lali,‛ ele disse, apontando ao ponto mais perto de Deven e da Rainha. ‚Ela estava correndo para ajudar.‛ Os sinais de Deven e Miranda estavam do outro lado da rua do prédio de apartamentos; ele observou, desamparado, enquanto todos os pontos vermelhos se convergiam no seu, indicando que ele tinha acabado de ser atingido com o dardo de veneno. Segundos mais tarde, o outro ponto azul, e o branco, desapareceram, provavelmente arrastados por Marja, que ainda não estava aparecendo. Seu amuleto ainda devia estar funcionando. ‚Para onde eles foram?‛ Jonathan perguntou. ‚Ela colocou um escudo neles, também?‛ ‚Ela deve ter colocado,‛ David respondeu secamente. ‚Mesmo se ela os carregasse para dentro do carro, eles ainda apareceriam na rede ao menos que ela


já tivesse escudos ao redor deles. Então o que quer que o amuleto faça, deve funcionar em todos que ela está tocando tanto quanto para si... e eles a ocultam de todas as formas indiretas de detecção, então ele bloqueia o sinal do com, também. Faith, consiga um time para aquelas coordenadas, e veja se há trilha de sangue ou qualquer indicação de onde eles foram ou como ela os transportou.‛ Enquanto Faith dava a ordem, ele rebobinou os dados novamente e examinou uma segunda vez, depois uma terceira. ‚A resposta não está aqui,‛ David disse para si mesmo. ‚Nós não podemos rastreá-la baseados apenas no que aconteceu essa noite. Tem que haver algo...‛ ‚Nós podemos rastrear o sinal que saiu da bomba?‛ David deu um frustrado suspiro. ‚Isso saltou de localização por localização e mais provável originou-se de um telefone celular pré-pago que foi destruído imediatamente depois. Eu posso estreitar para dentro de uma quadra de raio nesse momento, mas isso não nos dirá nada – nós já sabemos que ela estava dentro de uma quadra da explosão.‛ Ele colocou sua cabeça nas suas mãos novamente, tentando pensar. ‚Miranda disse que nós deveríamos voltar através dos dados brutos do sensor. Nós não podemos rastrear a própria Ovaska – e se nós pudéssemos rastrear o amuleto?‛ ‚Havia sete deles,‛ Jonathan assinalou. ‚Sim, mas todos eles têm que funcionar da mesma maneira. Antes, quando eu tentei encontrar anomalias na rede, eu não sabia que ela tinha um amuleto que a protegia. Eu pensei que ela pudesse ter algum tipo de dispositivo de codificação que iria operar dentro dos parâmetros de tecnologia conhecidos e disparar um escudo eletromagnético. Isso é algo diferente.‛ ‚É magia,‛ disse Jonathan. ‚Como você vai rastrear magia?‛ ‚Tudo que as pessoas entendem como magia é apenas ciência com um vestido de festa. Qualquer que seja a energia que eles estão enviando para


bloquear os sensores... ainda é uma energia. Isso tem que afetar o meio ambiente de alguma forma, e esses efeitos são rastreáveis. Se eu posso apontar esses efeitos, eu posso recalibrá-los na rede para procurar por eles.‛ ‚Isso pode levar dias,‛ Jonathan disse, desanimado. ‚Eles não tem dias.‛ ‚Dias,‛ David disse. ‚Certo. Quem sou eu, novamente? Me dê vinte minutos.‛ Seus dedos voaram sobre o teclado, e ele poupou um segundo para cavar na valise do laptop e tirar um mouse sem fio. Ele acessou dados armazenados á longo prazo no Haven e levantou leituras da noite que Ovaska tinha matado Drew. Naquela noite houve uma anomalia na história do ataque; ela tinha momentaneamente perdido o seu escudo, depois caído da rede assim que ela ativou outro amuleto. Em algum lugar, naquele momento, estava a resposta. O que quer que esses amuletos fizessem, eles tinham que atrapalhar na energia do escudo da cidade de alguma forma. Tudo desprendia uma assinatura de energia, incluindo humanos e vampiros. Ele despejou todos os dados brutos em um único arquivo e executou sequências de pesquisas para semelhanças entre aquela noite e essa noite. Ele comparou as leituras – temperatura do ar, pressão atmosférica, até mesmo umidade, tudo que os sensores reuniram, sem importar o quanto insignificante pareceu. As malditas coisas tinham que estar emitindo algum tipo de sinal ou expelindo algum tipo de escudo... mesmo por apenas um pontinho de fração por segundo cada vez... ‚Ali,‛ David disse, apontando novamente. ‚O exato momento em que Ovaska ativou o amuleto do lado de fora da escola, houve uma queda de temperatura de um décimo de um grau e vinte-pascal de mudança na pressão atmosférica onde ela estava. Se eu comparar os dados da noite que ela atacou Miranda depois do seu show... trazendo a temperatura e a pressão de toda a sala indexada em uma única sessão de metro quadrado, você pode ver uma leitura


similar ali... e observar isso mover... é isso. Não há espigão de energia, há uma ausência, como um único pixel morto em uma tela. Eu só tenho que encontrar o local na cena dessa noite onde a temperatura e pressão estão menores do que o ar o cercando, mas ela ainda não aparece como um vampiro... então nós podemos rastreá-la como uma frente climática muito localizada.‛ ‚Ela podia estar em qualquer lugar –‚ ‚Não, não em qualquer lugar. Ela estava dentro do alcance para disparar em nós três dentro de quatro segundos para cada um, significando que ela tinha que estar em algum lugar aqui.‛ Ele circulou uma área na grade. ‚Dado que o prédio mais próximo não tinha janelas encarando para a rua... ela estava ou em um lado dele ou no telhado. Com esse tipo de dardo, a arma que ela tinha que ter usado tinha um alcance de nove metros, no máximo. Aquele prédio tem três andares, mas se ela disparou para baixo, os dardos tinham que atingir cada um de nós em um ângulo, o que eles não fizeram. O meu estava aderido direto no meu pescoço quando eu o arranquei. Isso significa que ela estava no chão.‛ Ele focou a busca na área da rua onde ela podia razoavelmente estar, dada a direção do vento e velocidade e localização dos três Signets na hora em que todos eles foram atingidos. Um local na tela se iluminou e piscou com a temperatura 6.55 graus, onde ao menos nos próximos um metro e meio em toda a direção lia-se 6.61. A pressão do ar mostrou uma correspondente mudança. Ele travou as buscas naquelas leituras e executou um traço que iria seguir aquela mesma anomalia enquanto isso se movia sobre a grade, permitindo uma leve variação na temperatura enquanto a temperatura do corpo de Ovaska elevava-se por causa do seu esforço físico. Uns poucos pixels de cada vez, agonizantemente lentos, o computador começou a desenhar uma linha de um lado ao outro da tela, começando no ponto onde Ovaska devia ter estado saindo de vista para disparar as armas de


dardos, aproximando-se da localização de Miranda e Deven, depois movendo junto da rua enquanto ela arrastava os dois para longe da cena. Ele suspeitou que se ele fosse ter que voltar e executar os dados junto de Ovaska, ele encontraria rastros correspondentes de Deven e Miranda, mas não havia tempo para isso... e ele tinha o que ele precisava. O computador se agitou através das imensas quantidades de dados para providenciar as leituras, e estava indo lentamente, mas a linha verde continuou a serpentear o seu caminho através das ruas de Austin... até ele terminar morrendo nas profundezas de um armazém no distrito. David olhou acima para Jonathan e Faith e os deu um sorriso selvagem. ‚Achei ela.‛

Ela acordou tremendo, seu corpo espremido e exausto pela dor, o cheiro de sangue ainda preenchendo suas narinas e o gosto metálico enjoativo no fundo da sua garganta. Sua cabeça ainda doía estupidamente, mas a agonia contorcida tinha desaparecido e então ao invés de lamentar ela queria curvar-se e chorar. Ela mal podia sentir seus dedos enquanto ela tentou mover suas mãos, tocando no chão debaixo dela, tentando aprender sobre tudo o que ela podia onde ela estava. Sujo chão de concreto. Úmido. Lentamente, ela estendeu seu braço e continuou sentindo os arredores até sua mão atingir em algo duro. Barras. Ela abriu um olho, gemendo enquanto a luz introduzia e enviava faíscas através da sua cabeça. Tudo era um borrão no início, mas ela piscou até sua visão começar a clarear.


A única luz vinha de uma única lâmpada incandescente, deixando tudo em um laranja transcendental. Ela podia decifrar as barras ao seu lado, e virando sua cabeça um pouco ela teve a sensação de um lado da sua prisão: Era uma cela cerca de tão grande quanto um closet de um apartamento. Ela ouviu metal tinir e ficou completamente tensa, esperando pela porta se abrir ou algo mudar, mas nada aconteceu. Um momento mais tarde ela ouviu um fraco fôlego inspirado que engatou como se além de uma súbita dor aguda. Ela ergueu sua cabeça. ‚Deven?‛ Pálidos olhos ainda brilhando com os efeitos secundários da toxina encontraram os dela. ‚Aye.‛ ‚O que você está fazendo aí em cima?‛ O Prime quase sorriu. Ele tinha estado acorrentado pelos seus pulsos cerca de trinta centímetros do chão contra a parede dos fundos de uma cela adjacente a ela. ‚Você... não se lembra?‛ ele perguntou, arfando levemente. ‚Não.‛ ‚Você lutou com ela,‛ ele respondeu, soando quase tão bem quanto ela se sentia. ‚Ela ia acorrentar nós dois, mas você acordou e começou a lutar como uma gata selvagem. Ela não podia manter você imóvel o bastante, então ela apenas largou você no chão e trancou a cela. Ela estava sangrando quando ela partiu.‛ Miranda ergueu-se para o seu lado, se encolhendo – seu ombro ainda estava matando-a e parecia como se tivesse sido chutada nos rins. ‚Soa muito fodona.‛ Deven riu fracamente. ‚E foi.‛ Ela correu suas mãos abaixo sobre seu corpo, apalpando-se e procurando por outras lesões. ‚Ela levou nossas armas e telefones... mas eu ainda tenho minha mão, então eu ainda tenho meu com. Por quê?‛ ‚Não sei. Eu não consegui um monólogo dramático de vilão dela.‛


Miranda fechou seus olhos novamente, tentando se concentrar. Se ela pudesse invocar bastante força, ela podia chamar por ajuda – certamente David seria capaz de senti-la, mesmo se eles estivessem realmente longe. Ela esticou seus sentidos... ... e os encontrou bloqueados. Ela não podia sentir nada além da cela. Aquilo significava que David não podia senti-la também. ‚Oh, Deus,‛ ela disse. ‚Eu não posso projetar. Nós fomos interrompidos.‛ ‚Eu sei disso.‛ ‚Há uma sala como está no Haven... foi onde eu aprendi a colocar escudo. Sem importar o que acontece do lado de dentro, não podia chegar ao lado de fora. Sinais psíquicos, até mesmo telefones celulares e os coms... eles não serão capazes de nos encontrarem.‛ ‚Necessita uma incrível quantidade de poder para criar uma câmara de bloqueio,‛ Deven notou, olhos vagando ao redor da sala. ‚Quer ela tenha fontes além dos poucos amuletos de Volundr ou esse lugar existiu antes dela chegar aqui.‛ ‚O que nós faremos?‛ ela perguntou, começando a entrar em pânico. ‚O que nós faremos?‛ ‚Primeiro... acalme-se. Eles podem não ser capazes de nos encontrar via a ligação do Signet, mas há outras maneiras. Você é casada com um gênio, se lembra? ‚Ele não foi capaz de encontrar Ovaska até agora. E se –‚ ‚As coisas são diferentes agora. Por nos sequestrar, ela mudou o seu MO. Isso dá mais variáveis. Eles irão nos encontrar, Miranda. Nós só temos que sobreviver até eles encontrarem.‛ ‚Você pode Enevoar?‛ Deven negou com a cabeça. ‚Eu já estou muito derrotado.‛ ‚Por que ela não nos matou ainda?‛


Deven bufou silenciosamente. ‚Claramente você nunca foi vingativa. Matar alguém que não pode ver o seu rosto não é quase nada satisfatório... e nos matar enquanto nós estávamos com dor teria sido misericordioso.‛ ‚Então ela podia estar aqui a qualquer minuto para terminar conosco,‛ Miranda concluiu. ‚Nós temos que estar prontos para ela – eu só preciso me levantar –‚ Ela não teve a chance de terminar o pensamento, muito menos formular um plano. Houve um som de um metal sendo desparafusado, e a porta do outro lado das celas oscilou aberta. Marja Ovaska caminhou para dentro da sala, dando aos dois um sórdido, sorriso presumido. Ela estava usando um disco de metal em uma corrente idêntica àquele que ela perdeu na escola de Drew... e ela estava segurando uma estaca esculpida à mão. Ela pôs-se de pé na frente da porta das celas por um minuto, sem falar, apenas observando Miranda. Ela era, Miranda notou, uma mulher impressionantemente bonita com cabelo loiro recortado e grandes olhos azuis; Miranda imaginou-a de pé próxima da escura aparência de duende de Sophie, e a imagem fez um ávido tipo de sentido. Também ajudou a explicar por que Deven tinha desenvolvido um ponto fraco pelo casal; fisicamente elas relembravam Miranda a um Par, com um pequeno e escuro, e o outro alto e loiro. Miranda começou a falar, mas Ovaska a cortou. ‚Não se incomode,‛ ela disse, e sim, ela tinha um sotaque agora que Miranda não tinha ouvido na noite da morte de Drew. ‚Eu não me importo se você sente muito.‛ ‚Bem, bom,‛ Deven disse causticamente. ‚Miranda pode ter simpatia pela sua estória triste – coitada de você, seu amor morreu, agora você tem que revidar. Soem os violinos. Eu não podia me importar menos.‛ Ovaska olhou para ele com repugnância... mas também, Miranda sentiu, com o mais leve curso de medo. Deven tinha estado certo... mesmo embora ela


tivesse o poder ali, e mesmo embora ela não fosse mais parte da Sombra, uma agente era sempre uma agente, e mesmo acorrentado na parede à piedade dela, o Alpha ainda era o Alpha. ‚Nós dois sabemos que isso não é sobre Miranda ter feito Sophie ser morta,‛ Deven continuou. ‚Sophie fez suas próprias escolhas – isso é o que está comendo você viva. Por que quando aconteceu, ela escolheu Miranda, e os Signets, acima de você.‛ ‚Cale a boca,‛ Ovaska disse suavemente. ‚Se você está indo nos matar, nos mate,‛ O Prime disse a ela. ‚Se você enrolar, você será pega. Eu ensinei você melhor do que isso... ao menos que...‛ ‚Deven,‛ Miranda interrompeu, ‚não provoque uma pessoa maluca com uma estaca!‛ Mas Deven estava encarando Ovaska forte, olhos estreitos. ‚Ela não é maluca. Você é, Marja? Você realmente nos trouxe aqui para nos matar? Toda essa armadilha... a bomba, as celas, o veneno... é mais do que simples vingança. Eu conheço você.‛ Agora Ovaska sorriu. ‚Você acha que sim?‛ ‚Você não é sentimental assim. Sophie era aquela que me implorava para não matar vocês duas. Mesmo apaixonada, mesmo encarando a execução nas minhas mãos, você não traiu uma migalha de emoção. Se tudo o que você quisesse fosse vingança, você teria encontrado uma maneira de matar Miranda por agora... você não teria errado na primeira vez.‛ ‚Você disse que ela estava me testando,‛ Miranda disse. ‚E que matando os outros era para me machucar.‛ Deven negou com a cabeça. ‚Isso pode ser verdade, mas não é toda a estória. Por mais complicado que toda essa coisa se tornou, menos sentido isso faz. É clichê, Marja. Mulher desprezada sedenta por sangue – conversa afiada. Volundr apresentou você à alguém, não apresentou? Alguém com muito dinheiro e um propósito bastante particular.‛


Ainda sorrindo, Ovaska pegou uma chave do seu bolso e abriu a porta da cela de Deven. Ela caminhou até ele então eles estavam centímetros de distância e disse a ele calmamente, ‚Agora você é aquele que está protelando.‛ Ela descansou a ponta da estaca contra a bochecha de Deven, depois a atraiu lentamente descendo ao seu pescoço, sobre seu peito. ‚O que supostamente aconteceria com a Sombra Vermelha se eu matasse o Alpha?‛ ela perguntou. ‚Bem,‛ Deven respondeu, ‚já que eu emiti uma ordem de matança para você, mesmo que você saia desse prédio com vida, você será descoberta muito rapidamente.‛ ‚Eu enganei você uma vez,‛ Marja disse a ele. ‚Você caminhou direto para a armadilha que eu armei para você. Eu escapuli da Elite do Sul por semanas. Se eu posso fazer isso, eu posso flanquear pelos seus agentes.‛ ‚Por que você montou uma armadilha, novamente?‛ Deven perguntou. ‚Por que nós estamos aqui?‛ Miranda focou sua vontade em seus membros, e lentamente, muito lentamente, ela colocou suas mãos debaixo dela para tentar se empurrar para cima. Ela não sabia o que ela ia fazer, mas ela não ia deitar ali no chão e esperar por Ovaska fazer um movimento. De um jeito ou de outro ela ia cair lutando. A cabeça de Ovaska repuxou em direção a ela. ‚Não tente,‛ ela estalou. ‚Não há nenhum lugar para você ir.‛ Deven capturou seu lapso de atenção, puxou seus joelhos para cima, e chutou Ovaska forte na barriga. Ela cambaleou para trás, atingindo as barras com um alto tinir, e se debateu lateralmente para agarrar as barras e ficar reta. A estaca, nocauteada da sua mão, fez barulho no chão, centímetros da parede de barras entre as celas. Miranda se empurrou para cima e mergulhou para ela, e enfiando seu braço através das barras e colocando sua mão ao redor da estaca.


Enquanto ela se puxava para trás, Ovaska recuperou sua posição e dor explodiu através da mão de Miranda enquanto Ovaska pisava nos seus dedos. Miranda gritou e largou a estaca, a qual Ovaska se inclinou e recuperou. Miranda puxou seu braço para trás bem na hora de evitar outra pisada. Miranda sustentou seu braço contra seu peito, a dor dos seus dedos quebrados quase fazendo-a vomitar. Ovaska olhou abaixo para ela. ‚Vadia,‛ ela rosnou. Ela virou sua atenção para Deven, quem não pareceu particularmente desapontado que o risco não tivesse funcionado. ‚Valeu uma tentativa,‛ ele disse. Ovaska endireitou suas roupas, rotacionando seu pescoço como se trabalhando em um torcicolo, depois considerando a estaca na sua mão e o Prime confinado diante dela. ‚Você está certo,‛ ela finalmente disse. ‚Sim, eu queria vingança. Matando todos os amigos dela me fez sentir melhor... embora nenhum deles tivesse falado, me dito como encontrar o Haven, isso teria feito as coisas muito mais fáceis para mim. Seu pessoal não é nada se não leal. É irritante. Mas acontece que há poderes maiores ali fora do que os Signets... e contra-cheques maiores do que a Sombra.‛ Deven encontrou seus olhos. ‚Para quem você está trabalhando, Marja?‛ Ela sorriu. ‚Não é pra você.‛ Ela olhou para Miranda. ‚O contrato estipula: um Signet com vida, fisicamente intacto, para ser entregue essa noite. Como eles dizem, eu posso matar dois pássaros com uma pedra. Eu posso destruir a mulher que destruiu a minha vida, e eu posso me fazer obscenamente rica e finalmente sair desse jogo. Isso é o que eu aprendi de você, Mestre. Fria, calculada eficiência. Essa mulher é importante para o meu cliente, e para o meu desejo por justiça... e você...‛ Ela correu seus dedos descendo o eixo da estaca, ponderando um momento a mais, antes dela terminar, ‚Você, Mestre, é dispensável.‛ Ela sorriu. Então ela mergulhou a estaca no estômago de Deven.


Capítulo

D

18

EVEN SEGUROU DE VOLTA SEU GRITO, APENAS UM pouco, mas sua cabeça caiu para trás e bateu na parede, provocando um som estrangulado de dor que a própria Miranda pode sentir em todo o seu corpo. Sangue explodiu da ferida, correndo em rios escuros de cobre descendo até suas pernas, se empoçando no chão. Marja pisou para trás para evitar o sangue e disse, ‚Aqui, agora. Está o primeiro problema resolvido. Agora eu só tenho que manter você quieta até meu cliente chegar em uma hora.‛ Ela se virou para Miranda. ‚Ou você pode ficar onde você está e não causar problema, e observar seu amigo sangrar à morte, ou eu posso dar a você outra dose de veneno, e você pode gritar e se contorcer no chão no seu próprio sangue enquanto ele sagra à morte. Depende de você.‛ Miranda olhou para ela, querendo nada mais do que se lançar nas barras e as despedaçá-las para colocar suas mãos em volta da garganta de Ovaska, mas ela ainda estava muito machucada e desfocada para Enevoar, e sem bastante força para derrubar paredes. Ovaska observou todos aqueles pensamentos cruzando o rosto de Miranda, sua própria expressão profundamente satisfeita com a impotência de


Miranda. ‚Aproveite seus poucos últimos minutos juntos,‛ Ovaska disse a Miranda. ‚Eu voltarei em breve.‛ Ela bateu a porta externa fechada e a trancou. A mão de Miranda ainda estava em agonia, mas ela forçou a energia para isso, ao menos parcialmente, remendando os dedos quebrados, e se levantou de joelhos. ‚Deven!‛ Sua cabeça estava pendurada para baixo, olhos fechados, mas ela podia ouvi-lo respirar, um barulho superficial em seu peito. O sangue ainda estava fluindo do seu abdômen. Mirada se arrastou para ficar de pé e segurou nas barras. ‚Você pode curar isso?‛ ela perguntou. Deven mal podia se focar nela o bastante para responder, mas ele disse, ‚Não posso... a estaca ainda está... aqui. Não posso puxá-la.‛ Miranda tentou estender as mãos através das barras, mas ele estava acorrentado ao menos sessenta centímetros além do seu alcance. Seu coração estava trovejando ao redor das suas costelas quando ela tentava avaliar a situação por uma solução: a cela de Deven ainda estava aberta, mas a dela estava trancada. Miranda se empurrou até a porta da sua cela e a puxou tão forte quanto ela podia, chocalhando-a, tentando fazê-la mover. Se ela conseguisse abri-la, ela poderia entrar na cela de Deven e puxar a estaca, e ele podia curar a ferida antes de sangrar á morte... mas ela tinha que conseguir abrir a porta... ‚Miranda...‛ Ela parou no meio da chocalhada e se virou para Deven. ‚Só aguente firme,‛ ela disse. ‚Apenas pare de sangrar tanto quanto você puder. Eu vou tirar essa coisa de você, eu só tenho que –‚ ‚Miranda... eu estou acabado. Ao menos que eu possa extrair poder de Jonathan, mesmo se a estaca sair, eu não durarei muito.‛ Ele fechou seus olhos e


inclinou sua cabeça para trás contra a parede. ‚Você tem que se salvar. O que quer que aquela mulher queira com você, não pode ser bom.‛ ‚Deixe-me pensar,‛ Miranda disse. ‚Eu vou nos tirar dessa.‛ ‚Miranda...‛ ‚Eu vou fazer algo!‛ ela disse, e se virou para ele. ‚Eu não estou deixando você morrer.‛ Deven sorriu. ‚Por que não?‛ Miranda negou com a cabeça além das lágrimas. ‚Eu não serei aquela que vai contar á David que você está morto. Mataria ele por perder você. Jonathan, também. Literalmente.‛ Seus olhos se encontraram, e para o espanto dela os de Deven estavam brilhando, também. ‚Me desculpe,‛ Deven disse suavemente. ‚Me desculpe sobre David.‛ Miranda pendurou sua cabeça contra as barras. ‚Eu perdôo você,‛ ela sussurrou. ‚Obrigada você... pela Sophie. Ela foi...‛ ‚Ela foi uma boa amiga,‛ Deven terminou, sua própria voz falhando. ‚É tudo o que você precisa se lembrar dela. Ela era sua amiga.‛ ‚Eu não quero que você morra,‛ ela disse, chorando através das palavras. ‚Me diga o que fazer para salvar você.‛ ‚Você está muito fraca do veneno para Enevoar,‛ Deven disse. ‚Não há nada mais que você possa fazer.‛ Miranda observou o corpo caindo de Deven, gota por gota, em cima do chão, gota por gota sua vida drenando para fora do seu corpo, a luz do seu Signet começando a se ofuscar. ‚Jonathan,‛ Deven sussurrou, seus olhos lentamente se fechando. ‚Oh, amor...não me mantenha esperando tanto...‛ ‚Não,‛ Miranda sussurrou. ‚Não...‛ Ela respirou fundo, plantando seu pé solidamente no chão e segurando nas barras forte.


Ela ergueu seus olhos da trilha de sangue para a estaca saliente do corpo de Deven, bem através do seu plexo solar, deixando a sua respiração difícil, sua capacidade de cura incapaz de ficar acima do estrago enquanto a estaca rasgava atravessando a sua carne repetidamente cada vez que ele inalava. Se ela pudesse apenas colocar seu braço bem longe através das barras, ela podia colocar sua mão... ao redor da estaca... Miranda arfou. Ela deslizou sua mão através das barras novamente, estendendo sua palma em direção à estaca, e extraiu toda a energia que ela podia, tentando se lembrar como ela tinha feito antes... com Hart... ela tinha agido sem pensar, agido da emoção, da raiva... e uma coisa que Miranda sabia como fazer era manipular emoção. Ela estendeu para baixo dentro de si mesma e arrastou toda a raiva que ela podia encontrar: raiva por Marja Ovaska por matar Drew, por atacar Kat, por envenenar David, por matar Jake e Denise... por trazer medo e violência as ruas da sua cidade... Miranda empurrou essa raiva para fora ao longo do braço, depois focou sua mente na estaca como se ela estivesse mentalmente envolvendo seus dedos ao redor do seu cabo, sentindo a madeira granular contra seus dedos, a viscosidade do sangue de Deven ao redor da madeira, enquanto ela a agarrava, e com a força da sua raiva, puxou. Deven gritou com dor enquanto a estaca voava para fora do seu corpo, puxada tão forte que ela voou para trás dentro da cela de Miranda e atingiu a parede. Respirando forte, mal capaz de ficar consciente do esforço, Miranda segurou nas barras. ‚Deven!‛ Ele estava branco gelo e não se movendo; ela sequer podia ouvi-lo respirar. Ele pendia flácido nas suas correntes... mas o sangue tinha parado de fluir.


‚Deven? Você ainda está aí?‛ ela perguntou. Vários intermináveis segundos mais tarde, ela ouviu, ‚Bom... trabalho...‛ Miranda deslizou para baixo nas barras em cima dos seus joelhos. Ela não podia mais se manter levantada. ‚Quanto tempo você pode aguentar?‛ ‚Talvez... meia hora.‛ ‚Okay. Isso é um começo.‛ Ela se virou e rastejou até a estaca onde ela tinha aterrissado no chão. A ponta tinha embotado quando ela atingiu a parede, mas com bastante força ela podia atravessar a pele. Então eles tinham uma arma; esse era o primeiro passo. Se ela pudesse conseguir que Ovaska entrasse na cela, ela podia atacar, e com a porta aberta ela podia sair e chamar por ajuda, encontrar as chaves das algemas, e tirá-los dali. A única coisa que ela podia pensar em fazer era fingir inconsciência. ‚Como nós conseguimos que ela entre aqui?‛ Deven suspirou. ‚Faça bastante barulho.‛ Miranda assentiu, inclinando-se contra as barras para descansar um momento. Exaustão estava arrastando-a para baixo e ela só queria dormir... não, ela queria ir para casa e cair no sono na sua própria cama com David ao seu lado... a saudade de tê-lo com ela era subitamente opressora. Ela só queria ouvir a voz dele, sentir a força reconfortante da sua presença, qualquer coisa... ‚Seu marido é realmente impressionante na cama,‛ Deven disse subitamente. ‚Eu amo aquela coisa que ele faz com sua língua –‚ ‚Cale a boca!‛ Miranda estalou, sua atenção chicoteando de volta ao centro, e com isso, a realização de que ela estava na beira de ruir. Agora não era hora para definhar-se à morte – ela tinha que agir. ‚Você é um total bastardo,‛ ela disse, embora ela estivesse quase sorrindo enquanto ela falava. Deven conseguiu sorrir. ‚Melhor. Agora se levante... ou eu vou dar a você um passo a passo da noite com as algemas –‚


‚Como se você realmente fosse subserviente,‛ ela murmurou sem muito entusiasmo, focando sua energia em mover-se de volta para o canto da cela. Quanto mais longe ela conseguisse fazer Ovaska entrar, mais espaço ela teria para derrubá-la. Miranda lutou forte para ignorar a dor na sua mão e ombro, e a lenta rastejante loucura de estar bloqueada de David, a queimação nas veias que precisavam de sangue, terrivelmente, para ajudar a se recuperar das suas injúrias e do veneno... assim que ela tivesse tempo para descansar, ela poderia se alimentar e dormir. Mas agora ela tinha que se focar. ‚Tudo bem,‛ ela disse. ‚Tente parecer morto.‛ ‚Sem... problemas.‛ Miranda aninhou a estaca fora de vista debaixo do seu braço, respirou fundo... e gritou com o ápice dos seus pulmões.

‚Por aqui!‛ Faith sustentou seu telefone na frente dela, gesticulando com seu braço livre para o resto do time segui-la dando a volta na esquina e subindo a rua. A linha verde que marcava a trilha de Ovaska brilhou na noite sem lua, conduzindo-os quilômetros de onde eles originalmente pensavam que Ovaska estava escondida, de volta ao armazém industrial no bairro onde Sophie tinha vivido uma vez. Quinze Elites do Sul e doze do Oeste convergiram no final da trilha, Faith na liderança, todos eles obcecados por sangue e sob ordens de derrubar Ovaska por quaisquer maneiras necessárias. Jonathan e David estavam bem atrás deles, mas David ainda estava zonzo dos efeitos secundários do veneno, e ele tinha enviado a Elite na frente ao invés de fazê-los gastar preciosos minutos esperando pelo Prime deles. ‚Aqui!‛ Faith anunciou, olhando acima do seu telefone. Eles estavam no meio da rua.


‚Maldita seja!‛ Faith exclamou. ‚O que deu errado?‛ ‚Algo está degradando a trilha,‛ David disse pelos coms. ‚Espalhem-se e

procurem em cada prédio no cruzamento do subsolo ao telhado.‛ ‚Vocês tem suas ordens, Elite!‛ Faith gritou. ‚Vão!‛ Faith se virou em círculo, observando a Elite dispersar em times para chutar portas abaixo, seu coração se afundando – tinham que haver uma dúzia de prédios cercando o cruzamento, alguns deles enormes. Eles não tinham tempo para investigar toda a vizinhança. A Rainha e o Prime poderiam ter apenas minutos de vida. David e Jonathan apareceram ao seu lado. ‚O que quer que ela esteja usando para bloqueá-los deve estar interferindo com as leituras,‛ David disse a ela, arquejando apenas um pouco do esforço. ‚Eu não acho que eu possa reduzilo mais sem levar mais tempo do que nós temos.‛ ‚Você disse que esse era o antigo bairro de Sophie?‛ Jonathan perguntou. ‚Qual prédio era o dela?‛ Faith sacudiu sua cabeça. ‚Eu não me lembro – espere—‚ Ela acessou seu email e procurou pelas mensagens. Sophie tinha enviado para ela o seu endereço, meses e meses atrás quando Faith pediu a ela para treinar Miranda. Ela checou duplamente os nomes das ruas novamente. ‚Aquele logo ali, o vermelho na esquina. Mas Ovaska não usaria o prédio dela, usaria? Isso seria muito óbvio.‛ ‚Sim,‛ Jonathan concordou, ‚e é exatamente por que ela usaria. Seria o último lugar que você procuraria, especialmente se você já fez buscas nele antes.‛ David se virou para Jonathan. ‚Você sabe se Ovaska era fortemente dotada?‛ ‚Não,‛ Jonathan respondeu. ‚Ela não era – ela tinha alguma telepatia, mas nada impressionante.‛ David assentiu uma vez e se disparou para o prédio de Sophie.


Faith correu para alcançá-lo. ‚O que é isso?‛ ‚Ela tem que estar mantendo Miranda e Deven em uma sala protetora como aquela onde eu ensinei Miranda a usar sua empatia. A proximidade com uma sala como aquela no Haven pode perturbar as leituras que nos guiou aqui – isso iria explicar por que a trilha terminou. Leva tempo e poder para criar uma sala assim. Ovaska não tinha nenhum dos dois – mas Sophie podia ter, e Ovaska saberia sobre isso.‛ ‚E se ela tem outro tipo de magia, ou mais amuletos, e não uma sala protetora?‛ David alcançou o prédio e angulou para a esquerda, olhando para a entrada. ‚Então Ovaska apenas pareceu escolher outro prédio na exata mesma quadra que o de Sophie. Qual você acha que seja mais provável?‛ Faith assentiu e ergueu seu pulso. ‚Reportem!‛ ‚Nenhuma sorte até agora,‛ um dos líderes de um time respondeu. ‚Nós

só passamos por três prédios. Eles podem estar em qualquer lugar.‛ ‚Não eles não podem,‛ Faith disse. ‚Eu preciso de toda a Elite para o 2421 Bucland.‛ ‚Eu não posso Enevoar para dentro,‛ David disse a Jonathan. ‚Eu ainda estou muito disperso. Você pode?‛ Jonathan fechou seus olhos brevemente, então negou com a cabeça e os abriu. ‚O que quer que esteja interferindo com o sinal está tornando impossível Enevoar – é como se eu não pudesse ver muito claramente para encerrar no destino. Nós iremos precisar de uma boa antiquada porta como pessoas normais.‛ Faith pisou para trás para ver as paredes do prédio, tentando descobrir onde a entrada estava. ‚Eu vou chamar Mitchell com a planta da cidade e ter um esboço. Isso levará dois minutos –‚ Nem bem as palavras saíram da sua boca, ela ouviu David dizer, ‚Oh, Deus...‛


O Prime ficou pálido, e um segundo mais tarde Faith soube por que; fracamente, em algum lugar dentro do prédio, uma mulher estava gritando. ***

Miranda ouviu a porta abrindo, ouviu Ovaska exigir, ‚Mas que diabo está acontecendo aqui dentro?‛ Ela continuou gritando, dobrada sobre si no canto da cela, até ela ouvir o tinido de chaves e o retinir da porta da cela se abrindo. ‚Cale a boca!‛ Ovaska gritou. ‚Cale a boca ou eu vou te dar mais uma dose!‛ Miranda deixou que ela chegasse um pé mais perto, reunindo toda a força que ela podia dentro do seu corpo, depois cerrou sua boca fechada e se girou em direção à Ovaska, enfiando a estaca tão forte quanto ela podia dentro da coxa da mulher. Agora foi a vez de Ovaska gritar. Miranda se lançou na assassina, batendo-a na lateral da cela, mas Ovaska não era nada uma amadora para deixar uma ferida de estaca a impedi-la. Ela agarrou os braços de Miranda e a arremessou ao lado, disparando uma série de xingamentos à Rainha. Miranda não era uma amadora também. Adrenalina surgiu através dela, quente e sangrenta. Ela se conteve e usou a parte detrás da parede como alavanca, voando para Ovaska e combatendo-a, e elas rolaram ao outro lado do chão, ambas rosnando como animais, tentando prender uma a outra, muito equivalentes em força para conseguir. Miranda estendeu a mão para baixo e empurrou a estaca que ainda estava na perna de Ovaska, conduzindo-a mais profundamente e provocando um choro de dor. Inflexível, Ovaska empurrou-a e lutou para se levantar, correndo para a


porta da cela, sem dúvida na intenção de trancá-la do lado de dentro novamente. Dessa vez Miranda foi bastante rápida; ela prendeu seu corpo na entrada da porta enquanto Ovaska tentava batê-la fechada, nocauteando a respiração de Miranda, mas não a prendendo. Ovaska correu para a porta externa, e Miranda ignorou a dor em seu peito e seguiu. As celas estavam em um local no porão – a porta externa conduzia para uma escadaria. Miranda correu para cima atrás da forma se retirando de Ovaska. Miranda abriu a porta no topo das escadas e mergulhou para fora, com a guarda baixa, antecipando que Ovaska teria se dobrado para trás para espreitála assim que ela saiu. Ela mal evitou a espada que assobiou pelo ar centímetros do seu pescoço, e então ela atingiu o chão rolando, colocando-se de pé em tempo de saltar para trás de outro golpe. Ela não teve tempo de olhar ao redor, mas ela sabia exatamente onde elas estavam. Ela conhecia essa sala, tinha lutado ali centenas de vezes; ela se lembrou onde todas as armas uma vez tinham sido penduradas nas paredes. A Elite tinha levado o arsenal de Sophie, então as paredes deveriam ter estado vazias, mas duas espadas e várias outras lâminas estavam penduradas – as dela, Miranda percebeu, e as de Deven. Miranda acelerou para a parede, e assim que ela colocou sua mão ao redor de uma das espadas ela sentiu a picada da lâmina de Ovaska cortando no seu braço esquerdo. Miranda se forçou a ignorar a dor e o sangue e se virou, trazendo a espada para cima para encontrar a de Ovaska. Elas encaram-se por poucos segundos. Ovaska estava sangrando profusamente da sua coxa, e seu rosto estava desfigurado com contusões da luta delas no chão. A estaca ainda estava na sua perna. ‚Para quem você está trabalhando?‛ a Rainha exigiu. Ovaska gargalhou. ‚Sua morte,‛ ela disse simplesmente, e atacou.


À distância Miranda ouviu algo batendo na parede, mas nem ela nem Ovaska se permitiram distraírem. Dessa vez, com ambas injuriadas, era uma luta mais equilibrada. Elas lutaram atravessando a vastidão do estúdio de Sophie, Miranda recuando para fora do seu alcance depois mergulhando de volta novamente, Ovaska girou no meio do ar para adicionar mais aceleração ao seu braço. Miranda sentiu a espada quase com vida na sua mão, como se todo o seu corpo fosse uma arma, e ela se deixou escorregar dentro do espaço que Sophie tinha mostrado a ela, entre o presente e o futuro, atraindo uma força além de si mesma até que ela quase sabia o que Ovaska faria a seguir – Miranda se lançou para baixo, deslizando o seu pé para fora, deixando Ovaska desequilibrada enquanto Miranda atingia a sua perna machucada. Ovaska tropeçou para trás, rotacionando seus braços para recuperar seu equilíbrio, mas ela perdeu sua guarda tempo o suficiente para Miranda chutá-la novamente, dessa vez no estômago, mandando-a ao chão. A Rainha pulou para trás e foi para a morte. Ovaska deslizou para trás, e ao invés de decapitá-la, a lâmina de Miranda abriu o seu peito, sangue esguichando para fora no seu rastro. Ovaska se empurrou para trás novamente, e enquanto Miranda trazia a lâmina para baixo uma segunda vez Ovaska esticou a mão para baixo e puxou a estaca da sua perna, usando toda a sua força remanescente para impulsioná-la para cima. Miranda sentiu a madeira penetrar na sua costela, mas ela, também, tinha uma última explosão de força para dar, e enquanto Ovaska caía em cima do chão novamente, a espada de Miranda piscou, e o pescoço de Ovaska se dividiu, seu corpo atingindo o chão de concreto... seguido da sua cabeça. O braço de Ovaska caiu esticado, sua espada aterrissando ao lado dela com um audível tinido. Por apenas um segundo Miranda não ouviu nada além do áspero som da sua própria respiração, e o mundo permaneceu suspenso, os olhos da Rainha no


corpo caído de Marja Ovaska, o chão manchado com o sangue misturado das duas. Miranda ouviu outra estrondosa batida, e isso a sacudiu o bastante para se fazê-la se lembrar... ela não tinha terminado ainda. Ela se inclinou sobre o corpo de Ovaska e enfiou sua mão no bolso da calça da assassina, recuperando o molho das chaves da sala do porão e das portas das celas. Miranda tropeçou de volta ao caminho que ela tinha vindo, todo o seu corpo começando a cair, sua força finalmente falhando para ela, com tanta dor que ela não podia pensar – mas ela não precisava pensar. Ela apenas tinha que andar. Ela se segurou no corrimão enquanto ela meio caía dos degraus, sua visão nadando em preto e branco, sua respiração nada além de sibilos; a estaca tinha destruído seu pulmão. Ela distraidamente esticou a mão para cima e puxou, mas ela nem sequer sentiu a madeira deixando o seu corpo. Ela tinha que continuar indo. Em apenas um minuto... em apenas um minuto ela podia se deitar... A Rainha caiu contra a porta da cela, oscilando com ela para dentro da própria cela. Seus dedos estavam torpes ao redor das chaves, mas ela usou as barras para se sustentar e colocar um pé na frente do outro, forçando-se para continuar indo. ‚Doce Jesus,‛ ela ouviu alguém sussurrar. ‚Miranda, sente-se... você vai se matar...‛ Teimosamente ela negou com a cabeça e cedeu na parede traseira, tentando focar seu olhar o suficiente nas chaves para descobrir qual delas iam nas algemas. ‚Miranda – pare.‛ Ela mal podia se mover, mas ela ergueu sua cabeça e encontrou os olhos de Deven.


‚Coloque sua mão no meu ombro,‛ ele disse suavemente. Ela começou a protestar, mas ele prendeu o seu olhar. Ela podia ver o quanto cansado ele estava... tão cansado... ela entendia... ela só queria dormir... ‚Coloque sua mão no meu ombro, Miranda,‛ ele repetiu. Tremendo tão violentamente para falar, ela obedeceu. ‚Está tudo bem,‛ ela ouviu ele dizer. ‚Eu estou pronto.‛ Miranda sentiu o poder, mais do que teria acreditado que ele ainda tivesse, ergueu para dentro dela, uma gentil corrente de energia que originou o fluxo de sangue das suas feridas, acalmando sua dor, e ajudando-a a deslizar para o chão ao invés de cair. As chaves caíram da sua mão esquerda, a espada fora da sua direita. ‚Ali,‛ ele sussurrou. ‚Nós dois podemos descansar agora.‛ Miranda sorriu, assentiu, e fechou seus olhos.

Antes que a Elite sequer tivesse toda a porta aberta, David e Jonathan, ambos, correram para dentro do prédio, para dentro de uma cena de sangue e morte, o corpo sem cabeça de Ovaska espalhado no chão, seu rosto sem vida preso em um momento de choque eterno. David tinha sido capaz de sentir Miranda por alguns poucos minutos, mas ela se foi novamente – de volta para dentro da sala protegida, ele sabia. Ela estava ferida... malditamente ferida... morrendo... E também Deven. Jonathan hesitou, arfando, sua mão voando para cima ao seu Signet. ‚Dev... não, baby, não...‛ ‚Aqui!‛ Faith estava apontando para uma porta aberta no canto. David agarrou o braço de Jonathan e o arrastou junto com ele para dentro da escadaria.


Prime e Cônjuge irromperam na sala, e David conseguiu chegar ao lado de Miranda em uma batida de coração, caindo de joelhos ao lado dela e a colocando nos seus braços, tirando a espada de Deven do seu colo. David já estava enfraquecido, mas ele não se importou; ele se abriu para ela completamente, permitindo que a energia entre eles retorna-se ao equilíbrio, dando a ela tudo que ele podia dispensar para curá-la ao menos o bastante para chegar em casa com segurança... mas para sua surpresa ela não estava tão mal quanto ele tinha sentido que ela estava um momento atrás, e suas feridas já tinham parado de sangrar. Ele olhou para cima a tempo de ver Jonathan abaixando o corpo de Deven da parede onde ele foi acorrentado, os dois afundando no chão juntos. Não pareceu como se Deven estivesse respirando... mas Jonathan ainda estava vivo. Tinha que haver alguma esperança... Ele sentiu a mesma maré de poder entre o Par que tinha passado entre ele e Miranda. Jonathan segurou Deven perto, respirando forte, seus olhos cheios de angústia, esperando... mas Deven tinha acabado de dar toda a sua energia à Miranda, ele tinha dado tudo a ela, até mesmo sua força vital, a energia base que sustentava o corpo e a alma unidos... e Jonathan simplesmente não era forte o bastante para repará-la. Desesperado, David estendeu a conexão entre ele e Miranda para Jonathan. Ele não estava certo se o Cônjuge saberia o que fazer com isso da maneira que Deven saberia, mas Jonathan pareceu ter aprendido umas poucas coisas do seu amor; ele ‚pegou‛ a linha de energia e atraiu isso, sua gratidão ecoando junto com a linha para David. Então, com os quatro unidos como eles tinham feito naquela noite para curar Kat, Jonathan derramou a energia dentro de Deven tão delicadamente quanto ele podia... e novamente eles esperaram, com medo de até mesmo respirar, com medo de perturbar o frágil equilíbrio que eles conseguiram pavimentar unido para o Prime.


Finalmente, finalmente, David viu os lábios do Prime tremerem. Os olhos de Deven agitaram-se abertos, pupilas dilatadas até eles se focarem no seu Cônjuge. Jonathan sorriu, tão aliviado que ele meio soluçou, e beijou Deven em todos os lugares que ele podia que não estava coberto de feridas ou sangue. Deven retribuiu o sorriso fracamente e murmurou algo em Gaélico muito baixo para David interpretar, mas isso fez Jonathan gargalhar; então, com um suspiro, Deven virou o seu rosto no peito do seu Cônjuge e desmaiou. David retirou-se da conexão, colocando escudo nele mesmo e em Miranda novamente. Ele sentiu Miranda agitar-se em seus braços e olhou para baixo no seu rosto. Sangue tinha escorrido da sua testa de um corte e estava secando na sua bochecha, mas sua pele estava imaculada, e seus olhos estavam exaustos, mas cheios de vida enquanto ela piscava para ele. Ela começou a chorar. Ela mal podia falar, mas ela estava determinada em ser ouvida enquanto ela sussurrava roucamente, ‚David... Deven... ele está...‛ ‚Shh...‛ Ele colocou um dedo no seu lábio. ‚Ele está vivo, amada. Ele está vivo.‛ Miranda ainda estava chorando, mas ela se rompeu em um sorriso e assentiu com alívio. Então ela disse, ‚Sangue. Banho. Chocolate. Você. Agora.‛ Ele gargalhou silenciosamente, a beijou, e respondeu, ‚Como você desejar, minha Senhora.‛


Capítulo

T

19

EXAS NÃO TEVE MUITO DE UM INVERNO, MAS O QUE ele teve foi molhado e acre, e o outono já estava comandando o caminho, uma linha de tempestades do norte conduzindo chuva gelada para a Região Montanhosa com uma vingança. Esther tinha construído uma lareira bramindo para a Rainha, cacarejando sobre suas bochechas ainda pálidas como uma mãe galinha antes de deixar a suíte quente e acolhedora e cheirando fracamente a ervas e ceras de velas. Miranda inclinou seu queixo no seu violão e olhou fixamente para as chamas, distraidamente sacudindo uma corda aqui e ali. Apesar das preocupações de Esther, ela estava se sentindo melhor essa noite, apenas trêmula e cansada; pelos últimos três dias ela dormiu mais do que ela esteve acordada, e ela não tinha deixado o Haven mesmo embora ela tivesse a obrigação de voltar à Bat Cave para uma seção de acompanhamento para regravar um par de faixas problemáticas. Ela tinha dito a Grizzly que ela estava com febre. Por que estava circulando nesse desagradável tempo, ele não tinha reagido como se duvidasse dela. Ela pausou e estendeu a mão para tocar no seu Signet. Parte dela quis cancelar todo o projeto e desistir da ideia de se apresentar. Tantas pessoas se feriram... mas no final, ela não podia ser ninguém mais além de quem ela era, e


como ela tinha dito à Faith, música era uma parte dela que ela não iria renunciar ao menos que não houvesse outra escolha. Ela encontraria uma maneira de fazer isso funcionar... amanhã. Essa noite, ela só queria estar aconchegada e segura e confortável, com a chuva caindo do lado de fora e o fogo da lareira acalmando-a no interior. Mas seu coração ainda doía, e seu corpo ainda doía, e era difícil se sentir confortável sabendo quantos dos seus amigos tinham sofrido nas mãos de Marja Ovaska. Era difícil não se sentir culpada – por não parar Marja mais cedo, por permitir que Sophie fosse morta, por uma centena de coisas que Miranda não poderia ter antecipado e não podia mudar mesmo se ela tivesse parado. Ainda havia questões que precisavam de respostas – a principal dentre elas, para quem Ovaska estava trabalhando? O que o cliente queria com o Signet? Miranda estava com medo de até mesmo contemplar isso. Houve uma batida na porta. ‚Entre,‛ ela gritou. Quando ela olhou para cima, ela foi surpreendida, e disse, ‚Deven.‛ O Prime fechou a porta silenciosamente atrás dele. Ele, também, ainda estava extraído e pareceu cansado, movendo-se um pouco mais lentamente do que o normal. Ele não tinha sequer recuperado a consciência até a noite passada. Mesmo o poder de Jonathan combinado com o de David e de Miranda quase não tinha sido o bastante para salvá-lo – Jonathan não era um curador e não tinha a habilidade de Deven para direcionar o poder bruto como um curador podia. Ele apenas podia empurrar a energia para dentro de Deven e esperar que ela mantivesse-o com vida. Foi algo de um milagre Deven ter até mesmo sobrevivido. Levaria um tempo para se recuperar completamente disso, mesmo tão forte quanto ele tinha sido. David tinha se desculpado meia dúzia de vezes com Miranda por ter tomado a liberdade de oferecer a energia deles... antes ela o relembrou que Deven tinha dado a sua própria vida para salvá-la e tinha sido aquele que a


protegeu da explosão antes disso. Ela não tinha arrependimentos sobre ter dormido um dia extra ou dois se isso significasse que Deven ainda estivesse vivo... e que era algo que ela nunca esperou ouvir a si mesma dizer. Deven veio ao sofá onde ela estava sentada e sustentou algo para ela. Miranda franziu o cenho. ‚O que é isso?‛ Ele sorriu. ‚É uma espada, Miranda.‛ ‚Eu sei disso. Mas por que você está dando pra mim?‛ ‚Por que é sua.‛ Miranda colocou seu violão ao lado e pegou a lâmina que ele ofereceu; era aquela que ele tinha usado aqui, aquela que David tinha dito que era nova. Seus dedos envolveram em torno do cabo, e ela sentiu uma apunhalada de reconhecimento – ela tinha lutado com Ovaska com ela, não com a espada de Sophie. Essa pareceu natural em seu aperto e estava perfeitamente equilibrada, como se tivesse sido criada para o seu braço. ‚Eu a mandei fazer para você,‛ Deven explicou. ‚Não por Volundr, entretanto, não se preocupe. Chame-a de um presente de casamento, ou talvez um oferta de paz.‛ Ela atraiu a lâmina parcialmente da sua bainha, admirando a escultura junto do aço. ‚É... ela é linda... obrigada.‛ Ele assentiu e deu um passo para trás, com a intenção de partir, mas ela disse, ‚Eu estive pensando.‛ ‚Sobre?‛ Miranda continuou. ‚Eu estava pensando que... talvez você e David devessem se ver novamente.‛ Ele não se incomodou – ou talvez não teve a energia – em esconder a sua surpresa. ‚O que?‛ ‚Eu não quero ser a razão da infelicidade de David,‛ ela disse. ‚Ele ama você. Então talvez vocês pudessem se encontrar algumas vezes, como um final


de semana cada par de meses, sem perguntas. Nós podemos fazer algum tipo de acordo que iria funcionar para todos nós quatro.‛ Deven olhou fixamente para ela por um longo momento. Então ele sorriu e negou com sua cabeça. ‚Não.‛ ‚Espere... você está dizendo não?‛ ‚Isso mesmo.‛ ‚Mas... por quê?‛ De novo, o sorriso; um toque magoado, um toque enigmático, um toque torto. ‚Por que eu não quero ser a razão da sua infelicidade.‛ ‚Mas...‛ Ele aproximou sua mão e tocou sua cabeça como se em benção. Ela sentiu o leve pulso de energia, como se ele tivesse acariciado seu cabelo, embora sua mão não se moveu, e isso a fez sentir-se acolhida e segura... da maneira que ela tinha almejado se sentir por dias. ‚É hora para ele estar com você, Miranda. Vocês têm o direito de crescerem juntos como um Par sem que eu interfira. A vida será dura o suficiente para vocês já nos próximos anos. Talvez um dia mais tarde nós podemos falar sobre isso. Mas por agora... Jonathan e eu estamos indo para casa, onde nós pertencemos.‛ Dessa vez ele se afastou, mas enquanto ele abria a porta, ela olhou para baixo para a espada em suas mãos, depois olhou de volta e gritou, ‚Deven.‛ Ele pausou na entrada da porta sem olhar para ela. ‚Sim?‛ Ela sustentou a lâmina. ‚David disse que você nomeia suas espadas, e é isso que está gravado aqui.‛ ‚Isso é de fato.‛ ‚Bem... quem é ela? Do que eu a chamo?‛ Deven sorriu para ela sobre seu ombro. ‚Shadowflame.‛


Os estábulos estavam aquecidos, claro, mas David ainda se afligia sobre o conforto dos cavalos com tal pavoroso tempo, então ele os visitou toda a noite pelo menos por alguns minutos. Até agora o que ele podia dizer, nenhum deles estava nada perturbado em estar sendo confinado do lado de dentro – a previsão dizia alguns dias claros antes da próxima frente, então ele esperava que ele pudesse sair com os dois amanhã à noite, mas enquanto isso ambos pareciam contentes em ser mimados. Ele correu sua mão abaixo no nariz de Osiris. O Frisão agitou suas orelhas em direção a David e respirou no seu cabelo carinhosamente. ‚Aqui vamos nós,‛ David disse ao garanhão, oferecendo-o um biscoito do seu bolso. Osiris mastigou contente com o biscoito e cutucou David com o nariz pedindo por mais, mas David negou com a cabeça e riu, advertindo o cavalo. ‚Não seja ganancioso.‛ ‚Ele não pode evitar,‛ veio uma voz. ‚Você é irresistível.‛ David se virou em direção ao som; ele não tinha sentido ninguém se aproximando, mas isso não foi surpreendente dado a quem era. ‚Você deveria estar na cama... e certamente não andando através do frio para chegar até aqui.‛ Deven deu de ombros. Ele estava enrolado no seu casaco, com um cachecol e luvas; ele pareceu centenas de vezes melhor do que ele estava até mesmo na noite anterior, mas ainda fatigado, mesmo com seu habitual guardaroupa, joias, e delineador perfeitamente no lugar. Pela primeira vez Deven pareceu mais velho do que um adolescente, e isso fez David querer arrastá-lo para dentro da casa e enfiá-lo de volta na cama quer Deven gostasse disso ou não. ‚Nosso mordomo ligou,‛ Deven disse. ‚Os jatos foram limpos para partirem essa noite. Há um carro a caminho para nos pegar.‛ ‚Vocês estão... vocês estão partindo? Agora?‛


‚Nós ficamos por muito tempo.‛ Quando ele viu a incerteza na expressão de David, ele adicionou, ‚Eu estou bem para viajar, queridinho. Eu preciso de alguns dias para descansar ainda, mas eu vou dormir muito mais solidamente na minha própria cama.‛ ‚Com o seu próprio Cônjuge,‛ David disse – quase exclamou – antes que ele pudesse se impedir. Devem deu a ele um olhar minucioso. ‚Então é por isso que você está zangado comigo,‛ ele refletiu. ‚Não era só por manter o segredo da Sombra Vermelha de você... foi por manter isso de você, mas contar à Jonathan.‛ David começou a fazer uma esperada negação, mas ele não pode. Ele também não encontrou os olhos de Deven. ‚Você está certo.‛ ‚Ele é meu Cônjuge, David. Eu não digo isso para esfregar na sua cara... é só o jeito que as coisas são. Ele me conhece, e me ama, de uma maneira que você não pode... e vice versa. Cada um de vocês é parte de mim, e isso nunca vai mudar.‛ David notou a cautelosa distância que Deven estava mantendo – mas isso podia ser muito por conta de Osiris do que por David. Devem nunca esteve confortável ao redor de cavalos. Experimentalmente, David se moveu para longe da baia, em direção ao Prime, quem manteve a sua posição. Eles se encararam, olhos se segurando por um tempo, antes de Deven dizer, ‚Eu suponho que verei você no Conselho.‛ ‚Certo... eu suponho.‛ Outra pausa. ‚Alguma sorte descobrindo como aqueles amuletos funcionavam?‛ David não comentou a mudança do assunto. ‚Novotny está analisando aquele que nós encontramos no corpo assim como procurando por outra evidência. Nós não encontramos nada mais no prédio – nada mesmo, nem mesmo objetos pessoais.‛


‚Então o armazém de Sophie não era onde Ovaska estava vivendo. Era apenas um confinamento para nós. Ela talvez tenha outros artefatos na sua verdadeira casa base.‛ ‚Parece dessa forma. Nós estamos trabalhando em encontrar seu esconderijo. Não há muito para ir até agora, mas...o pessoal de Novotny são mais espertos do que o FBI e tem equipamentos melhores. Eles encontrarão algo.‛ ‚E sobre o cliente dela?‛ ‚Não havia outros vampiros na área naquela noite, ao menos nenhum que apareceu nos sensores. Eu tenho Elite examinando a vizinhança. Testemunhas que nós interrogamos viram naquela noite uma limo viajando para Buckland, mas ela não parou no prédio. Ou o cliente dela tinha um dispositivo de bloqueio para si, ou o cliente dela é um humano.‛ Deven assentiu. ‚Eu apostaria que é um humano.‛ ‚Por que você diz isso?‛ ‚Por que a Sombra apenas é contratada por humanos. Ela deixando as mãos das suas vítimas para trás indica que ela ainda estava seguindo os padrões do protocolo da Sombra, então isso destaca a razão que ela estava trabalhando para humanos.‛ ‚Ela não cortou fora a mão de Miranda.‛ ‚O cliente dela queria Miranda viva e sem veneno.‛ ‚Mas nós não sabemos com certeza se o cliente é humano.‛ ‚Talvez você não. Mas eu conheço meus agentes.‛ David perguntou o que esteve na sua mente por dias. ‚Você falou a sério quando você disse que não tentou me recrutar por que nós dormimos juntos?‛ Deven suspirou, olhando para baixo ao chão espalhado com feno, depois de volta para David. ‚Como eu disse... Sophie era a única agente que eu alguma vez fui atado. Eu sabia melhor, mesmo quando eu permiti que ela continuasse trabalhando para mim. Importar sobre eles compromete minha habilidade de


enviá-los para a morte certa. Não há maneira que eu pudesse ter feito isso com você.‛ ‚Você aproveita ser o Alpha? Matar pessoas por dinheiro?‛ O Prime deu a ele um sorriso maldoso. ‚Eu não mato pessoas por dinheiro, David. Eu pago outras pessoas para matar pessoas para mim. Eu sou um cafetão de assassinos.‛ David gargalhou. ‚Essa é uma maneira de colocar as coisas.‛ ‚E como resposta da sua pergunta... eu aproveito treinar guerreiros. Eu aproveito a satisfação de saber que eles são os melhores no mundo. E não é sobre vingança e ganância. Mais do que metade dos nossos contratos são para governantes que precisam de algo feito que o exército humano não pode concluir. Vários do meu pessoal pararam guerras antes que elas começassem, derrubaram ditadores, removeram espiões. Eu não estou envergonhado pelo que eu faço... ou o que eu tenho feito.‛ Eles encontraram os olhos um do outro novamente, e David entendeu o que ele estava dizendo. Apesar das consequências, apesar de quase morrer, Deven faria tudo isso novamente se isso significasse trazer Miranda para David... e não apenas ter Sophie ensinando a Rainha de David, ela tinha lutado na batalha do Haven e teve uma mão no final da guerra Blackthorn. Deven não tinha arrependimentos sobre isso...e, no final, nem David tinha. Finalmente, Deven assentiu. ‚É hora para eu ir,‛ ele disse. ‚Cuide- se... e cuidem-se um do outro.‛ ‚Você, também.‛ Deven estendeu a mão e pegou a de David, erguendo aos seus lábios, apertando-a, e depois deixando-a ir. ‚Adeus, David.‛ David não esperou sentir seu coração se quebrando enquanto Deven se afastava, e ainda... aconteceu. Sem importar o que, sem importar quanto tempo ou distância vinha entre eles, alguma parte dele sempre estaria ao lado de Deven, e parte de Deven sempre residiria no coração de David.


David cruzou o estábulo para pegar Deven, colocando uma mão no seu ombro. Deven parou e se virou em direção a ele, e David viu a dor em seus olhos, dor que ele tinha a intenção de manter escondido até que ele estivesse seguramente vinte e cinco mil quilômetros acima do Texas e há tempos longe dele. David deslizou sua mão para cima no rosto de Deven, inclinando o queixo do Prime e o beijando suavemente. Ele sentiu os braços de Deven moverem-se ao seu redor, e eles se abraçaram por um momento, olhos fechados, memorizando o cheiro e gosto de cada um, o som da respiração de cada um. ‚Eu amo você,‛ David disse na orelha de Deven. Segurando as suas mãos, Deven pisou para trás, seu sorriso notavelmente como aquele que David tinha visto no seu rosto depois dele ter curado Kat naquela noite na cidade: um sorriso de paz e felicidade, intocável pela mágoa que ele habitualmente usava debaixo do seu casaco. ‚Eu amo você, também,‛ Deven respondeu. Depois ele soltou as mãos de David e foi embora.

Mais uma vez, um carro estava esperando para levar Deven e Jonathan para o aeroporto; e mais uma vez, Faith estava esperando, mas dessa vez ela estava de pé do lado de dentro das enormes portas da frente do Haven. O protocolo que se ferrasse – estava frio do lado de fora. O Par emergiu do corredor com sua guarda de honra. O resto da Elite deles já estava a caminho de volta à Califórnia, mas seus guarda-costas iriam viajar no jato com eles. David e Miranda tinham dito adeus ao Par em privado. Eles estavam tentando manter tanto da estória debaixo do pano quanto possível para evitar causar fofoca sobre as intenções de Ovaska ou origens, então todos eles


concordaram em não fazer uma produção dramática de despedida; mas dessa vez ninguém estava fugindo furtivamente, apenas observando a tradição de verdade ao invés de se esconder atrás dela. Dessa vez não havia olhares furtivos, e Deven e Jonathan estavam lado a lado. Faith estava contente de apenas ter uma chance de abraçar eles dois. Ela sorriu para si mesma. Jonathan deu ao seu Prime um beijo na testa, e Deven olhou para cima para ele com uma faísca indulgente em seus olhos. Sim, dessa vez as coisas estavam diferentes. Graças a Deus por isso. ‚Eu sinto muito sobre Lalita,‛ Deven disse a ela. Faith assentiu. ‚E eu também... você a perdeu, também.‛ ‚Obrigada por não estar puta da vida com tudo isso,‛ Jonathan adicionou. ‚Como Dev disse... o compromisso dela para seu posto era genuíno.‛ ‚Eu sei.‛ Faith ergueu uma sobrancelha para Deven e disse, ‚Mas nós estaremos trocando nossos métodos de recrutar empregados de agora em diante.‛ O Prime sorriu. ‚Não se preocupe, Faith. Ela era a única agente que eu tinha aqui.‛ Agora ela deu a ele um olhar. ‚Por favor, Mestre. Certamente você sabe que tudo o que você diz jamais ficará sem questionar, novamente.‛ O sorriso ampliou. ‚Bom.‛ Jonathan piscou para ela. ‚Cuide-se, Faith. E mantenha um olho naqueles dois.‛ ‚Como sempre.‛ Seus guardas começaram a abrir a porta, mas Faith perguntou, ‚Eu posso perguntar algo a você, Mestre?‛ Deven retornou de volta para ela, erguendo seu queixo inquisitivamente. Faith moveu perto o bastante que sua voz não seria carregada através do corredor. ‚Por que você jamais tentou me recrutar para a Sombra? Eu não era uma guerreira boa o bastante? Não confiável o bastante?‛


Deven a considerou silenciosamente por um momento, considerando a pergunta. ‚Você é uma excelente guerreira, Faith. Você teria feito uma suprema agente.‛ ‚Então por que...‛ O olhar de Deven viajou acima nas escadas, para onde Faith percebeu que David estava de pé no parapeito da varanda, ‚Por que eu exijo absoluta lealdade dos meus agentes, Faith... e eu sabia que você já era devotada a alguém mais.‛ Faith franziu o cenho. ‚O que isso-‚ Deven negou com sua cabeça, sorrindo. ‚Não insulte a sua própria inteligência, Faith, ou a minha. Nós dois sabemos por que você realmente está aqui.‛ Ela começou a gaguejar uma refutação, mas ele deu a ela um olhar conhecedor que a silenciou; depois ele se virou de volta em direção a porta, pegou o braço de Jonathan, e deixou Faith de pé na entrada da porta com seu rosto se tornando escarlate e seu coração na sua garganta.

‚Está terminado.‛ Kat olhou para cima das caixas de livros que ela estava lacrando, sem surpresa em ver Miranda de pé na entrada da porta, resplandecente em seu longo casaco preto. ‚Bom.‛ Miranda não perguntou o que Kat estava fazendo; ela não protestou ou tentou mudar a cabeça de Kat. Ela não ofereceu desculpas. Ela simplesmente sentou-se no braço do sofá, silenciosa, e observou Kat empacotar. ‚Eu estou indo ficar com minha mãe até o bebê nascer,‛ Kat disse. ‚Eu não sei exatamente o que eu farei depois disso. Eu posso fazer aconselhamento pessoal. Ou ensinar.‛ Sem resposta.


Kat escreveu LIVROS na caixa com uma grossa caneta Sharpie, depois tampou o marcador e olhou para Miranda. ‚Eu não posso mais fazer isso.‛ Miranda assentiu. ‚Eu entendo.‛ Kat olhou abaixo para a pilha de livros que tinha que ir na próxima caixa. Aquele no topo era um antigo Robert Jordan de capa dura. Tinha sido de Drew. Ela descansou sua mão na jaqueta empoeirada por um momento, depois disse, ‚Diga-me que tudo isso é um pesadelo, Miranda. Diga-me que eu vou acordar um ano atrás, antes de algo disso tudo ter acontecido.‛ Ela ergueu seus olhos para Miranda, cuja expressão era estranha: não desdenhosa, exatamente, mas distante, talvez imparcial... não, não era isso. Havia bastante emoção no rosto de Miranda, mas havia algo mais também... e não era humano. A mulher sentada no seu sofá não era humana. Ela poderia se parecer como uma para a maior parte das pessoas. Ela poderia passar como uma no palco. Ela podia beber uma cerveja ou comer um sundae. Mas tudo sobre ela, da desordem do seu cabelo vermelho à quase predatória graça na sua postura, era esculpida com algo antigo e alienígena... algo que, Kat tinha finalmente percebido, ia matar todo mortal que ela tocasse. Algo em Miranda tinha mudado, e iria continuar a mudar muito tempo depois de Kat morrer de velhice. Lentamente, a escuridão dentro dela estava se desdobrando, seus tentáculos se curvando ao redor da alma de Miranda, dando sua força, mas também roubando-a para longe, da maneira que as crianças nos contos de fadas eram roubadas por elfos na noite, deixando os changeling nos berços. Essa era uma mulher com trabalho a se fazer, e esse trabalho não tinha espaço nele para melhores amigas grávidas, ou algo que iria vinculá-la ao mundo que ela deixou para trás. Ela tinha matado pessoas, tinha decapitado uma mulher, iria provavelmente matar mais, em nome da lei e ordem e justiça


em um mundo muito longe do alcance de Kat, poderia muito bem ser as próprias paredes douradas dos deuses. Subitamente Kat não pode olhar para ela. Ela encarou, ao invés, a porta do banheiro de visitas... onde Miranda tinha se transformado em vampiro. ‚Você não vai dizer nada?‛ Um suspiro. ‚Eu disse que eu entendo.‛ ‚E isso é tudo?‛ Os dedos de Miranda distraidamente tocaram a pedra do seu Signet. ‚Você tem que fazer o que você acha que é melhor para você e para sua filha. Eu não culpo você por ter medo, ou estar cansada, ou querer fugir. Você perdeu tanto por minha causa... e a verdade é que, você irá provavelmente perder mais se você ficar.‛ Kat respirou fundo. ‚Existem vampiros no West Oak29?‛ Miranda sorriu levemente. ‚Não que eu saiba.‛ Kat assentiu, engolindo. Ela queria dizer que ela iria enviar email ou ligar. Mas ela sabia – elas duas sabiam – que isso não era verdade. Mesmo assim, Miranda fez um esforço. ‚Se você ou o bebê precisarem de algo, alguma vez...‛ ‚Sim. Eu ligarei.‛ Silencio esticou-se entre elas, mas finalmente Miranda disse em uma suave, triste voz, ‚Obrigada a você por ter sido minha amiga, Kat.‛ Kat sentiu lagrimas queimarem seus olhos, e ela começou a dizer algo, olhando acima para Miranda... ... mas a Rainha já tinha ido.

29

(West Oak – Flórida)


Miranda fechou a porta da frente da casa de Kat atrás dela. Ela inclinou de costas contra a porta por um momento, olhos levemente fechados, e respirou fundo. Estava chovendo, lento e firme, uma silenciosa chuva que pareceu borrar tudo, fazendo mais suave e delicado, até mesmo as emoções que eram fortes e recortadas e sentiam-se como dentes rasgando através do seu coração. Ela tentou respirar suavemente, para soltar a dor. Quando ela abriu seus olhos de novo David estava de pé no meio-fio, mãos nos bolsos do seu casaco, observando-a silenciosamente. Ela estendeu a mão e enxugou impacientemente seus olhos. David suspirou e abriu seus braços. Miranda desceu os degraus e foi para dentro do seu abraço, e eles seguraram um ao outro por um longo tempo, seu rosto enterrado no ombro dele, a mão dele acariciando seu cabelo. Quando ela se atraiu para trás, ela não falou, e ele não esperou que ela falasse. Ele simplesmente pegou sua mão e caminhou com ela descendo a rua para longe da casa de Kat, para dentro da fria e chuvosa noite na extremidade recuada de outono, um ano se transformando lentamente no próximo, uma estação no seu fim, outra apenas começando.


Epílogo

E

LA OBSERVOU DO TELHADO ENQUANTO A FIGURA DE cabelo vermelho corria descendo a rua, seu casaco de couro voando para fora atrás dela, suas botas batendo no pavimento com propósito mortal. Atrás da Rainha um quadro de guerreiros vestidos de preto seguiu a velocidade. Eles perseguiram o homem quase até o final da quadra antes da Rainha reagir, sua mão disparando para fora em um rápido gesto agitado, e uma lata de lixo voou da lateral do prédio em cima da calçada, bem no caminho da sua presa. O homem foi atingido pela lata de lixo e caiu sobre ela, aterrissando espalhado. Ele tentou se levantar e correr novamente, mas na hora em que ele se levantou ele estava cercado. Ásperas mãos agarraram seus ombros e o rebocaram para a mulher de cabelo vermelho, cujos olhos verdes eram aqueles de uma serpente, enroscados, raivosos. A Rainha removeu algo do seu casaco. ‚Você sabe por que nós viemos para você, Sr. Shikai?‛ O homem gaguejou algo. Seus olhos estavam enormes e ele estava encharcado com suor frio. ‚Semanas atrás nós mostramos esse esboço para você, Sr. Shikai, e perguntamos se você alguma vez tinha visto essa mulher antes. Você disse não.‛ ‚Não a conheço,‛ ele ofegou. ‚Eu juro, eu não.‛


A Rainha inclinou sua cabeça para um lado, considerando o homem diante dela imparcialmente. ‚Traços de evidências encontradas no cadáver dela ligam ela com seu prédio, Sr. Shikai. Nós sabemos que ela viveu ali. Nós vasculhamos o prédio e não encontramos nada, então eu tenho que perguntar a você: O que você fez com os pertences dela?‛ ‚Nada! Ela não deixou nada!‛ ‚Ah, mas nós sabemos que você está mentindo,‛ ela respondeu, pisando mais perto. ‚Nós rastreamos um artefato em particular naquele prédio – um amuleto que emitia uma assinatura de energia muito distinta. Estava ali ontem, muito tempo depois dela ter morrido. Isso se foi essa noite. O que você fez com suas coisas, Sr. Shikai?‛ ‚Nada! Eu juro, eu--‛ ‚Você se lembra da noite em que sua mulher morreu cem anos atrás?‛ a Rainha cortou friamente, movendo-se tão perto que ela estava a centímetros do seu rosto pálido. ‚Você se lembra da dor que você sentiu segurando o corpo dela sem vida em seus braços?‛ ‚Como você sabe –‚ ‚Eu posso fazer você reviver aquela noite repetidamente,‛ ela disse, baixando sua voz até que o momento pareceu quase íntimo. ‚Eu posso prender sua mente em um caracol de dor e agonia que nunca tem fim. Eu posso atravessar suas memórias e encontrar toda a dor que você já causou, cada uma que você já sentiu e você irá gastar o resto da sua imortalidade ali.‛ Ele estava tremendo, olhando fixamente para ela, o poder dela gradualmente amplificando o medo que ele já sentia até ele estar tão petrificado que ele não podia pensar em nada além de escapar – e a única maneira de escapar era dar à Rainha o que ela queria. ‚Eu os mudei,‛ ele disse em um rouco sussurro. ‚Unidade de depósito. Número oitenta e cinco. Depósito Vitória na Burnet.‛


Ela olhou fixamente para ele um momento mais longo, verificando se ele estava dizendo a verdade, e depois deu um passo para trás. O alívio do homem foi imenso, e seus joelhos pareceram ceder. Ele ajoelhou na calçada ofegando. A Rainha gesticulou para os outros para se moverem para trás, para fora do caminho do homem, dizendo, ‚Da próxima vez que minha Elite questionar você, Sr. Shikai, eu sugiro que você simplesmente diga a verdade. Ovaska pode ter aterrorizado você em manter seus segredos, mas eu fui aquela que tirou a cabeça dela... e se você mentir para mim novamente, eu vou tirar a sua.‛ Ele disse algo que ou era gratidão ou uma desculpa, depois tropeçou ficando de pé, cambaleando para longe tão rápido quanto ele pode. A Rainha falou calmamente na faixa do seu pulso, e seus guerreiros começaram a dissipar dentro da noite que os tinha criado. Então, como se ela sentisse algo, talvez algum movimento no telhado acima, ou talvez alguém a observando, a ruiva olhou para cima ao telhado do prédio, olhos estreitos, seu olhar penetrante. Tudo o que ela viu foram sombras. Lydia sorriu da escuridão. Deixe-a admirar... A Rainha iria conhecê-la em breve.

FIM A série The Shadow World continua no livro 03: SHADOW’S FALL



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