Backstage 01

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BACKSTAGE


Índice

04 BALENCIAGA: o mestre da alta-costura ...................................................................... 12 De Ghesquière a Wang: os novos rumos da Balenciaga ............................................. 18 Como perder amigos sem perder a influência ............................................................ 26 Moda no museu .......................................................................................................... 32 Mais um ano da Cara . ................................................................................................. 36 Os muito baixos e poucos altos da moda brasileira .................................................... 44 Do começo ao fim: os dez anos da Neon . .................................................................. 50 Beleza bilionária ........................................................................................................... 58 Como o Oriente Médio salvou a alta-costura .............................................................. 62 A volta da Schiaparelli .................................................................................................. 68 Os colapsos da moda .................................................................................................. 72 O império de Marc Jacobs .......................................................................................... 82 Alexander McQueen ................................................................................................... 86 Bibliografia ................................................................................................................... 90 Do Trench Coat aos Corações ......................................................................................


edit ora

Carta da

Assim como a criação de uma coleção de moda envolve entusiasmo, criatividade e tensão, mergulhei nesses sentimentos por cerca de oito meses para apresentar este trabalho, em que procurei falar sobre os bastidores do mundo da moda, sem cair em tendências, e o que tem acontecido nos cenários nacional e internacional. Foram muitos momentos confusos e até de um pouco de desespero ao pensar que não daria tempo, seguidos de alívio ao perceber que, no final, tudo iria se encaixar. Pensei na revista Backstage desde que me matriculei em jornalismo, e, depois de um longo – e às vezes cansativo – ciclo de quatro anos, ela está finalmente pronta. Algumas matérias, como a da história da Balenciaga e “Os colapsos da moda”, foram pensadas por mim desde o começo, já que sempre me interessei pelos assuntos. Outras, como “O ano da Cara” e “Do TrenchCoat aos corações”, simplesmente não poderiam ser deixadas de fora, dada a importância de Cara Delevingne no atual cenário da moda e o crescimento da Burberry na era do estilista Christopher Bailey. Entretanto, não posso dizer que todos os tópicos foram puramente diversão, conforme abordei a atual situação da moda brasileira e também os dez anos da Neon, uma das poucas marcas nacionais com uma identidade tão própria e original, que anunciou que vai deixar de existir da forma como a conhecemos. É difícil falar sobre moda sem citar tendências e acessórios e looks que não podem faltar no armário para a próxima estação, mas espero que você se divirta pelas próximas páginas tanto quanto eu me diverti no processo de cria-las.

Giovanna Ferrante


corações

Do Trench Coat aos

Diretor criativo da Burberry desde 2001, Christopher

Bailey se tornou autoridade quando o assunto é unir o

tradicional à inovação e arrancar elogios que vão muito além da primeira fila.

D

epois de trenchcoats metalizados que arrancaram suspiros de 10 entre 10 fashionistas, Christopher Bailey surpreendeu mais uma vez ao apresentar suas modelos cobertas de corações na coleção ready-to-wear 2013. Desde sua criação, em 1856, a Burberry se estabeleceu como uma das mais tradicionais marcas do mundo da moda e ainda assim manteve seu histórico de inovações durante os anos. A maior delas veio em 1914, quando a Burberry inventou o trenchcoat– carro-chefe da marca até hoje– para atender às necessidades práticas dos soldados da Primeira Guerra Mundial que lutavam nas trincheiras. Não demorou muito para que a praticidade conquistasse as ruas e a peça fosse adotada por ícones da época, como Humphrey Bogart, no filme Casablanca, e Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo. A Burberry só adotou o lado luxuoso que tem hoje em 1997, quando Rose Marie Bravo foi contratada como chefe executiva. Um ano depois, Roberto Menichetti, o então diretor criativo da marca, lançou a

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Burberry Prorsum, a coleção ready-to-wear. E uma campanha estrelada por Kate Moss e Stella Tennant fotografadas por Mario Testino gravou a nova imagem jovem e sexy, ainda que tradicional. Em 2001, Christopher Bailey deixou o posto de designer da Guccie assumiu a direção criativa da Burberry, enfrentando o desafio de manter o equilíbrio do histórico de 150 anos com o toque contemporâneo. E conseguiu. Desde então, Bailey é unanimidade para os críticos da moda, e já foi premiado uma série de vezes por suas criações. Em 2005, o estilista foi eleito o Designer do Ano pelo British Fashion Awards, feito que se repetiu em 2009. Suas coleções masculinas não ficam atrás, e já renderam a ele os prêmios homônimos em 2008 e 2007. Depois de oito anos à frente das criações, Bailey assumiu o cargo de chiefcreativeofficer da marca. A posição não existia até então, e foi criada especialmente para ele como recompensa pelo sucesso como diretor criativo desde 2001. A prova maior de que o público concorda com a crítica, é que, desde que Bailey assumiu a Burberry, os lucros da marca dispararam. E não é só isso, entre as marcas de luxo, a Burberry é a mais popular do Facebook, com quase 15 milhões de seguidores. A Dior, por exemplo, tem 11 milhões, e a Prada “apenas” 2 milhões. Em 2010 a Burberry ganhou o prêmio de Inovação Digital do British Fashion Awards por algo que parece banal hoje, mas que foi revolucionário há três anos: a marca foi uma das pioneiras em social media, transmitindo os desfiles pela internet, postando no Twitter os detalhes de cada look que entrava na passarela e colocando as peças à venda logo após o desfile, deixando para lá a tradicional espera de seis meses para ver as roupas nas araras das lojas. “Sonhar é lucrativo. Gostaria que alguém tivesse me dito isso quando era mais novo. Nós todos precisamos sonhar, porque gera dinheiro, cria empregos e cria emoção”, explica o estilista ao jornal britânico The Telegraph. “Transformar a Burberry da senhora do interior em algo da moda, é algo que deve ser motivo de orgulho na Grã-Bretanha”, aprova Sarah Mower, do Style.com.

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O estilista Christopher Bailey nasceu em 1971, em Yorkshire, na Inglaterra. Se formou em moda na Royal CollegeofArts, em 1994, e, no mesmo ano, começou a trabalhar com Donna Karan, antes de ir para a Gucci, em 1996, onde trabalhou como SeniorDesigner comandado por Tom Ford, até 2001, quando assumiu seu posto atual. “Quando estava na Royal CollegeofArts conheci essa pessoa incrível: Donna Karan. Ela me seduziu com a forma que enxerga o mundo. Ela tirou a roupa e ficou nua na minha frente depois de três minutos de reunião, e experimentou todas as minhas roupas. Foi uma das minhas primeiras grandes chamadas sobre a paixão, e sobre quão brilhante essa indústria é”, declara. Em 2009, Bailey se tornou Membro da Ordem do Império Britânico (MBE), e recebeu a honra da Rainha Elizabeth II por seus serviços à indústria da moda. Entre outros títulos, o estilista figura a lista do Telegraph dos 25 nomes mais influentes da moda em 2012 e também a lista da revista GQ britânica dos 20 homens mais influentes do Reino Unido. Filho de um carpinteiro e uma vitrinista da loja de departamentos Mark & Spencer, Bailey conta como descobriu a moda: “Foi com algo que temos no Reino Unido que chama-se jumblesales. Lugares em que você compra roupas antigas, as experimenta e fica parecendo bobo – foi onde comprei meu primeiro trenchcoat da Burberry, ironicamente”. Tendo algo tão tradicional em mãos, o estilista conseguiu repaginar o clássico sem perder o encanto. Hoje a peça já ganhou releituras antes inimagináveis, como tecidos metalizados, coloridos, de plástico ou couro e com detalhes em metal. E Bailey agrada não só a crítica especializada e as blogueiras da fila A, a Burberry de hoje atraiu o tenista britânico Andy Murray e o designer da Apple, JonyIve. “É incrível como uma peça tão tradicional pode ganhar outra atitude. É isso que me atrai no trenchcoat, sua característica camaleônica”, declara à revista GQ brasileira – da qual ganhou o título de designer do ano em 2012.

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Depois de uma temporada em que o desfile da Burberry foi fechado com todas as modelos desfilando com o mesmo trenchcoat metálico em diferentes cores nada básicas, como roxo, azul e rosa, a RTW 2013 encheu a passarela de corações sob o tema TrenchKisses. Bailey explicou que se inspirou nos anos 70, ou, mais especificamente, em Christine Keeler, acompanhante do secretário de Estado da Guerra do governo britânico John Profumo e também ligada a Yevgeny Ivanov, militar da embaixada da então União Soviética. Além dos muito corações, o desfile ficou marcado por transparências e comprimentos mini, principalmente em vestidos, detalhes metálicos e presença do couro e animal print. “Às vezes eu descrevo a Burberry como uma velha jovem companhia. Velha em termos de patrimônio e história, mas com uma equipe muito jovem, uma energia muito jovem. E, para mim, essa é uma combinação maravilhosa”, explica Bailey ao The Independent. Combinação que explica a maior concentração de nomes importantes de vários núcleos por metro quadrado da Semana de Moda de Londres. A cada seis meses uma série de celebridades e fashionistas gabaritados se reúnem no KensingtonGardens para conferir de perto tal energia.

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Balenciag a o mestre da alta-costura

Falar sobre a moda atual sem citar o espanhol Cristóbal Balenciaga seria um sacrilégio. Afinal, o “arquiteto da costura”, como costuma ser chamado até hoje, é considerado o grande mestre da alta-costura, uma espécie de arquiteto, sempre com linhas clássicas e atemporais e silhuetas que entendiam o corpo feminino em suas criações. Ou, como Christian Dior definiu: “o mestre de todos nós”.

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C

“Não acrescente detalhes inúteis a um vestido. Não coloque uma cor simplesmente por ter vontade de fazê-lo, mas para indicar o centro da cintura, o ponto final de um desenho.” (Cristóbal Balenciaga)

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ristóbal Balenciaga Esgari nasceu em Guetaria, na Espanha, em janeiro de 1895. E mesmo sendo de uma família pobre, aprendeu os primeiros passos da moda com a mãe, uma costureira casada com um pescador. O primeiro grande incentivo de Balenciaga veio através da Marquesa de Torrès, que morava na cidade. Aos 12 anos ele desenhou pela primeira vez um vestido para a marquesa e a partir daí começou a trabalhar no ateliê de um alfaiate local, onde aprimorou suas técnicas de costura. Em 1915, o estilista abriu sua primeira casa em San Sebastian, cidade próxima à sua, e não demorou para transferí-la para Madrid devido à grande demanda por suas peças. Vinte e um anos depois, em 1936, Balenciaga se mudou para Paris, principal centro da moda mundial. A experiência como alfaiate permitiu a Balenciaga não só desenhar, mas também cortar e costurar suas próprias criações, o que não é e nunca foi comum para os estilistas. Coco Chanel chegou a dizer: “Só Balenciaga é um verdadeiro costureiro. Só ele é capaz de cortar bem um tecido, de montá-lo e costurá-lo à mão”. Nos anos 1950, Balenciaga viveu o auge de suas criações. Já em 1951, ele foi o responsável por reinventar a silhueta feminina, eliminando a cintura marcada herdada do “New Look” da Dior, de 1947, e aumentando os ombros. Cinco anos depois, os vestidos mullet, como são chamados hoje em dia, que voltaram à moda, ganharam sua primeira versão, quando o espanhol encurtou a frente dos modelos e deixou a parte traseira mais comprida. Os quimonos, que também estão ganhando mais uma chance em 2013, também foram desfilados como criações de Balenciaga, em uma releitura elegante da tradicional vestimenta oriental. Outro fato marcante para Balenciaga foi a criação dos primeiros casacos impermeáveis transparentes, apresentados em 1965. Três anos depois, em 1968, o estilista se aposentou e fechou a maison, levando saias mais curtas e muita cor à passarela para se despedir. Com a morte de Balenciaga, em março de 1972, aos 77 anos, a marca passou por um longo período esquecida e longe dos editoriais de moda, voltando aos holofotes apenas em 1997, sob o comando de Nicholas Ghesquière depois que JosephusThimister foi demitido pelo grupo Jacques Bogart, que detinha a Balenciaga na época, por apresentar uma coleção mal sucedida. Com apenas 25 anos, Ghesquière não era muito conhecido, mas seu trabalho logo fez com que a Balenciaga voltasse a ser aclamada pela crítica, o que refletiu quase que imediatamente nas vendas da marca. “Nicolas Ghesquière é o designer mais intrigante e original de sua geração. Suas coleções são uma exploração de formas, volume e embelezamento que parecem totalmente novos – mas ainda refletem de forma abstrata o estilo da icônica casa que o abriga”, escreveu Suzy Menkes, do International Herald Tribune, em uma de suas críticas.


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1939: lança o corte de manga com aplicação de recortes 1940: cria seu primeiro vestido preto, com busto ajustado e quadris marcados 1942: linha Tonneau, composta por jaquetas largas e saias evasê 1946: Primeiro paletó seco e Redingotes com mangas-quimono. 1948: Primeiro perfume, “FruitesdesHeures” Anos 50 – auge da fama 1950: Vestido-balão 1951: Auge da fama Mudança da silhueta feminina: elimina a cintura e aumenta os ombros 1956: Sobre a barra dos vestidos e casacos na parte da frente, deixando a parte de trás mais comprida 1959: Linha Império: vestidos de cintura alta e mantôs em forma de quimono Anos 60 – aposentadoria 1965: Apresenta os primeiros tecidos impermeáveis em materiais plásticos 1968: (primavera) Última coleção Fecha a Maison e anuncia sua aposentadoria 1972: Morre Balenciaga (24 de março), aos 77 anos Anos 90 – ressurgimento 1997: Nicolas Ghesquière assume a direção criativa da marca 2000: Lançamento da bolsa “Lariat” 2001: Balenciaga é comprada pelo grupo Gucci. 2012: (novembro), Ghesquière anuncia sua saída da Balenciaga 2012: (dezembro) Alexander Wang assume a direção criativa 2013: (fevereiro) Wang desfila sua primeira coleção, aprovada pela crítica especializada

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De Ghesquière a Wang :

os novos rumos da Balenciaga Depois de anos de domínio e aclamação de Nicolas Ghesquière, Alexander Wang encara o grande desafio de assumir o posto de diretor criativo da Balenciaga

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N

ão foram poucos os anos que Nicolas Ghesquière passou à frente da Balenciaga. Afinal, o estilista ocupava o cargo de diretor criativo desde 1997, quando a imagem da maison, há muito ofuscada, voltou a brilhar. Antes de assumir a Balenciaga, Ghesquière percorreu um longo caminho. Ao concluir os estudos, ele trabalhou entre 1990 e 1992 como assistente de Jean-Paul Gaultier, e depois passou pela Pôles e pela casa italiana Callaghan, mas sem feitos expressivos. Com um empurrãozinho de contatos e, claro, muito talento, o estilista acabou assumindo a função de fazer o licenciamento da Balenciaga no mercado asiático e foi a partir daí que começou a ganhar destaque na casa, que andava apagada desde os anos 70, quando seu fundador, Cristóbal Balenciaga, faleceu. Ghesquière define seu começo na label como “o que muitos chamariam de o pior trabalho da moda”, já que sua principal responsabilidade era desenhar roupas de funeral para o marcado japonês. Mas em 1997 tudo começou a mudar para a Balenciaga depois que o antecessor de Ghesquière, Josephus Thimister, foi demitido do posto de diretor criativo após um desfile mal sucedido. Reconhecido por suas características que lembram a do fundador da casa, como o senso de silhueta, Ghesquière logo fez com que a Balenciaga voltasse a ser aclamada pela crítica. Apesar de bastante novo e com experiência menor do que outros apontados como prováveis escolhidos para o posto, Ghesquière foi muito bem sucedido ao fundir a tradição com novos ares e uma imagem mais cool, ao mesmo tempo em que expandia o alcance comercial da marca. “Eu balancei tanto essa coisa que era a Balenciaga; eu forcei os limites, foi uma chance para torna-la ainda maior, e foi animador”, declarou o estilista à revista Sryle. Mesmo com o passar dos anos, as coleções de Ghesquière eram quase sempre aclamadas unanimemente pela crítica especializada, o que rendeu ao estilista uma série de prêmios e títulos importantes, como o de Avant-Garde Designer de 2000, pelo Vogue Fashion Awards, e o de Estilista do Ano, pelo CFDA, em 2001. Com o passar dos anos, o designer viu o sucesso de seus planos para a marca concretizados. Foram criadas coleções inspiradas em peças icônicas do passado, a linha masculina e as áreas de acessórios e fragrâncias também ganharam destaque – em 2010, a icônica bolsa Lariat completou 10 anos de existência e sucesso de vendas. As coleções do estilista tiveram um grande impacto nas vendas da label, e voltaram às capas de revista, tapetes vermelhos e a influenciar outras marcas. Porém, depois de ser eleito “a figura mais influente e procurada da moda” pela Vogue, Ghesquière anunciou, em novembro de 2012, sua saída da Balenciaga. Meses de silêncio depois, Guesquière falou sobre sua saída da marca em entrevista à revista System. “Durante os últimos dois ou três anos foi uma frustração atrás da outra. Foi essa falta de cultu-

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ra que me incomodou no final. As peças mais fortes que fazíamos para a passarela eram ignoradas pelas pessoas dos negócios. Eles esqueciam que para termos aquela “biker jacket” super-vendável precisávamos começar por uma peça de passarela com uma técnica perfeita. Comecei a ficar infeliz quando percebi que não existia estima, interesse ou reconhecimento pela pesquisa que eu fazia; eles só se interessavam pelo que seria o resultado mercadológico. Tornei-me o Sr. Merchandiser”, declarou ele. A Balenciaga de Wang Um mês de muita especulação se passou e em dezembro a Balenciaga confirmou: Alexander Wang assumiu o posto de novo diretor criativo de marca, acabando com os rumores de que Christopher Kane, que havia deixado seu cargo na Versus, seria o escolhido. “Alexander Wang usará sua criatividade e suas pesquisas próprias para reinterpretar e imortalizar o estilo moderno e extremamente inovador criado por Cristóbal Balenciaga”, afirmou François-Henri Pinault, CEO do grupo PPR, que detém a Balenciaga. A escolha pode ter sido uma surpresa para quem apostava em Kane, mas é bastante óbvia levando em conta o currículo de Wang. O designer tornou-se em pouco tempo um dos nomes mais promissores da moda norte-americana, sempre com coleções de streetwear impactantes, com ar de fácil de usar e energia jovem. E Wang tem em seu nome uma marca relativamente nova e já bastante rentável. Além de substituir Ghesquière, que habita o coração dos principais editores de moda, o jovem estilista (que assim como seu antecessor assumiu a Balenciaga sem ainda ter completado 30 anos) enfrenta o desafio de manter a label entre as três principais do cenário e também o de fazer aumentar ainda mais os dígitos no caixa. Meses depois de ser anunciado, Wang estreou pela Balenciaga com um desfile intimista e discreto, apesar de também um dos mais disputados e aguardados da temporada. Tudo começou com olhares desconfiados e alguns narizes torcidos, mas, ao final do desfile, até os mais blasés dos compradores e dos jornalistas especializados estavam entusiasmados. Quase toda em preto e branco, a coleção foi uma fiel reinterpretação do fundador da marca, sem nostalgia, mas com o respeito cabido. A única crítica que Ghesquière recebia, de que as roupas do desfile não eram encontradas nas lojas, pareceu ser sanada com Wang, que apresentou uma coleção com o apelo comercial que o grupo PPR esperava, mas sem deixar de lado a tradição, que recebeu um toque de streetwear, especialidade do estilista. Mesmo sem ter ousado e optado por ficar dentro dos limites do seguro, Wang estreia com uma crítica unânime: apesar da falta de impacto criativo, o frescor trouxe equilíbrio, uma pitada de rejuvenescimento e ainda mais apelo comercial, agradando gregos e troianos.

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influência

Como perder amigos sem perder a

HediSlimane passou a colecionar críticas e inimigos

depois de assumir a Saint Laurent Paris, mas não vai se despedir – ou ser despedido – tão cedo

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uem observa a coleção de críticas e inimigos declarados de HediSlimane como diretor criativo da Saint Laurent Paris pode até imaginar que o estilista esteja há algum tempo à frente da marca. Porém, ele só assumiu o cargo em fevereiro de 2012, quando substituiu Stefano Pilati. A indústria da moda mal teve tempo de digerir o novo nome da label, que deixou de ser Yves Saint Laurent após 50 anos de história, e já estava ocupada torcendo o nariz para a última coleção de Slimane, a ready-to-wear 2013. Na passarela modelos descabeladas e com olhos borrados desfilavam uma moda totalmente inspirada nos movimentos gótico e grunge, trazida diretamente dos anos 90. No melhor estilo “falem mal, mas falem de mim”, Slimane está acostumado a chocar. O estilista ficou conhecido em 1996, quando foi contratado para assumir e reformular a linha masculina da casa, e começou muito bem introduzindo os bem sucedidos ternos com corte “skinny”, dando início a era do slim-fit e ao que falar. Logo o novo corte ganhou os holofotes, e em 1999 Slimane foi contratado pela Dior Homme, onde se tornou um astro da moda masculina – que não costuma ganhar as manchetes. Pode ser que a fama tenha subido à cabeça, e o estilista começou a demandar maior controle e até mesmo uma marca com seu próprio nome, mas ao invés disso recebeu a ordem de voltar a realidade. Desempregado, Slimane se mudou para Los Angeles para se de-

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dicar à fotografia e acabou cortando os laços com as pessoas que o apoiaram no começo de sua carreira e foi cortado por algumas outras, como Karl Lagerfeld. Enquanto isso, a Saint Laurent estava começando a se reerguer economicamente, mas Pierre Bergé, companheiro do Sr. Saint Laurent, não escondia de ninguém sua insatisfação com as direções que a casa estava tomando, e apesar de nunca ter apoiado abertamente Slimane, afirmou estar muito feliz quando ele foi escolhido para substituir Pilati. “Hedi quer chocar. Quando você é um artista, você é obrigado a chocar”, declarou Bergé, afirmando ainda que Slimane é ótimo em criar controvérsias, assim como é ótimo em criar moda. Amigo de quem importa A relação áspera de Slimane com os jornalistas, que inclui se negar a dar entrevistas e barrar alguns deles dos desfiles da marca, rendeulhe adjetivos como “diva” e “evasivo na melhor das hipóteses”, mas é impossível negar que o estilista sabe como ganhar atenção e gerar dinheiro. Depois de sua estreia à frente da Saint Laurent, editores, celebridades e consumidores fizeram as peças sumirem das prateleiras e aparecerem em revistas, como a capa da Vogue, e tapetes vermelhos, sendo usadas por nomes de peso como Lady Gaga, Kate Moss e Angelina Jolie. E, apesar de toda crítica, a coleção grunge, que confundese facilmente com criações da fast-fashionTopshop e outras do tipo, repetiu o feito. “O que é interessante para mim é como as reações são extremas. Elas são bem divididas, embora talvez ligeiramente mais negativas do que positivas. No fim das contas, são apenas roupas, as pessoas poderiam simplesmente ignorar”, alega DirkStanden, editor-chefe do Style.com. E os números são mesmo surpreendentes, a Barneys New York vendeu 60% das peças pelo preço cheio, incluindo um vestido de US$14 mil, aproximadamente R$28 mil. “Quando estávamos comprando a coleção, era como se eu estivesse vendo os cifrões”, disse Jeffrey Kalinsky, fundador da loja de departamentos. Sendo assim, Slimane está fazendo exatamente aquilo que importa para fazer o mercado de alto luxo sobreviver diante da crise: se envolver com o lado comercial e entrar no radar dos consumidores mais jovens. Todos os críticos e inimigos que Slimane acumulou ao longo do caminho talvez tenham se esquecido da história do próprio Yves Saint Laurent, que foi altamente criticado por sua coleção de 1971 inspirada nos mercados de pulga dos anos 40. Aliás, antes das últimas criações do estilista serem finalizadas, Slimane previu as reações em uma conversa com Bregé, que o descreveu como o “único e verdadeiro herdeiro do legado de Saint Laurent”.

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museu

Moda no

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eja em exibições sazonais, temporárias ou fixas, foi-se o tempo que peças icônicas do guarda-roupa restringiam-se aos corpos de grandes estrelas. Se não estão disponíveis para adornar o grande público, pelo menos algumas podem ser encontradas em museus e galerias abertos a quem quiser entrar. Hoje em dia, uma roupa não precisa sair da vitrine para um corpo – e ruas – e depois diretamente para o armário. Claro, são pouquíssimos modelitos que atingiram verdadeiro status de arte sem criar uma confusão entre os fashionistas que se veem como artistas e os que se veem como prestadores de serviço. Apesar de exposições temporárias de grandes nomes e do Costume Institute do Museu Metropolitan, em Nova York, estarem ganhando cada vez mais destaque, duas peças foram fundamentais para incentivar tal mudança: o vestido Mondrian de Yves Saint Laurent e o vestido Pop Art da Versace, com os rostos de James Dean e Marilyn Monroe. No primeiro caso, a inspiração veio de um livro de artes dado pela mãe de Yves a ele quando ele tinha apenas 17 anos. Após vencer um concurso de costura em Paris, entrar na Dior com 18 anos e assumir o controle da maison três anos depois, em 1958, Yves já tinha a experiência e a vontade necessária para andar com os próprios pés. A marca que leva seu nome foi fundada em 1962, e desde então

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é reconhecida por sua elegância inconfundível atrelada à praticidade necessária para vestir as mulheres modernas. O livro que o estilista ganhou da mãe o fez entrar em contato com Piet Mondrian – pintor holandês modernista que colaborou com o movimento que resultou no neoplasticismo, e conhecido principalmente por suas obras não figurativas, com formas retangulares e quadradas com linhas retas e em que o amarelo, o vermelho e o azul eram as cores predominantes. Esse contato levou-o a uma de suas mais famosas criações: o Vestido Mondrian. A túnica futurista de jérsei com desenhos geométricos e cores primárias foi desfilada na coleção outono/inverno de 1956, por Danielle Luquet de Saint German, modelo que traduzia tudo o que Yves esperava para o momento, e foi uma resposta do estilista ao futurismo de Courrèges: era feminino, disfarçava as imperfeições e exaltava aquilo que a mulher tinha de belo. Após o desfile, veio o sucesso quase imediato: Charlotte Aillaud afirmou que o vestido tinha um corte perfeito e exalava a energia da arte. A revista Harper’s Bazaar também elogiou: “É a abstração que se impõe, a roupa de amanhã”, e ele ganhou a capa da publicação e também a da revista Vogue francesa. Do mesmo jeito que Yves Saint Laurent fez a arte ganhar as ruas, a Versace fez a moda – ligada à arte – ganhar o espaço de uma obra de arte, não pela primeira vez, mas que merece destaque pelos nomes envolvidos. A paixão de Gianni Versace por Andy Warhol foi alimentada em uma das primeiras viagens do estilista à Nova York, e isso com direito à toda atenção que os dois recebiam da mídia. Versace, como um ótimo observador e interessado pela riqueza cultural, viu Warhol como sua alma gêmea para o que desejava, e, não por acaso, o vestido Pop Art foi criado em uma coleção tão importante como a dos vestidos Vogue. O estilista, apreciador da arte e do design, assumiu a cultura visual e midiática para sua própria criação. Andy Warhol foi um dos principais artistas da Pop Art nos Estados Unidos. Sua concepção de arte baseou-se na reprodução e na repetição, apropriando-se de imagens pré-constituídas. Warhol colocou a arte na mesma situação da produção industrial: os objetos são feitos em série e são superficiais. Assim, entraram em crise a ideia de que a obra é pessoal e original e a de que o artista é um ser excepcional. O vestido com os rostos de Marilyn Monroe e James Dean está exposto do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, ao lado de outros da mesma coleção. E representa a perda de fronteiras entre a arte e a moda, e a cultura de modo geral. Ter um vestido exposto em um museu e uma obra de arte exposta em um vestido faz com que suas propostas estejam muito mais adiante do que servir ao que foi pensado para cada um inicialmente. Afinal, o museu representa a sacralização do objeto e na Pop Art justamente o objeto é dispensável, a aura não vem do objeto, mas da forma do artista e da sensação do espectador ao interagir com ela.

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(mais um) Ano da CARA Entre muitos adjetivos, onipresente é uma boa palavra para definir Cara Delevingne nas últimas temporadas. É a pessoa do momento, aquela que todos querem um pedaço para si. Enlouquece designers, fotógrafos, paparazzi, sites de fofoca e ainda move bons milhares de seguidores – na vida real e na internet.

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ão por acaso, a modelo da tradicional & boêmia família britânica passou por 39 passarelas na temporada de primavera 2013, e foi figura certa nas mais importantes como Marc Jacobs, Dolce&Gabbana e Burberry, da qual é a mais nova queridinha e já estampou uma série de campanhas, incluindo a da recente linha de beleza. Ainda em 2012 foi eleita a Modelo do Ano pelo renomado British Fashion Awards, que premiou Stella Tennant, em 2011, e Lara Stone, em 2010. Na última temporada foram inúmeros desfiles, além de algumas capas importantes como da revista semestral LOVE e da Vogue britânica. Nas palavras de Maya Singer, editora de projetos especiais do Style. com, “Cara Delevingne seria famosa, ou quase famosa, mesmo se nunca tivesse sido modelo”. Quem viu pelo menos uma foto de Delevingne fora da passarela já percebeu: sorriso discreto e cara de Angel não têm vez. Mesmo sendo ela uma das novas adições do celebrado casting da Victoria’sSecret. Entre uma pose e outra no trabalho, caretas e espontaneidade de sobra. “O que mais gosto em um desfile é que não posso estragar tudo. Se eu cair, é uma situação da qual não posso sair fazendo piadas ou caras engraçadas. Que é o que normalmente faço quando tenho problemas”, mas Cara já se conhece. “Na verdade, isso é provavelmente o que eu faria se caísse em um desfile. Não saberia como parar”. Até hoje, não aconteceu. Não que tivesse tudo planejado, mas, aos 21 anos, Delevingne já experimentou algumas reviravoltas em seus planos originais. Começou estudando teatro na Bedales (que formou Alice Dellal), quase ficou com o papel principal na adaptação de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton e recebeu um pequeno papel em Anna Karenina, longa dirigido por Joe Wright. A carreira de modelo (re)começou aos 16 anos, no e-commerce Asos, para conseguir pagar a escola de teatro. Afinal, apesar da tradição da família, seus pais pararam de bancá-la nesta idade. Antes disso, ela foi fotografada por Bruce Weber para a Vogue Itália aos sete anos. “Eu vi essa menininha, que conheço há anos, se transformar de pateta em glamurosa em 2012, estrelando uma campanha da Chanel e ganhando o British Fashion Award de Modelo do Ano no meio do caminho”,derrete-se Derek Blasberg, editor da V Magazine e autor do best-seller Classy. Mas engana-se quem pensa que todo sucesso nas fashionweeks pelo mundo apague o brilho que o cinema tem para ela e suas outras ambições. “Quero estar nos filmes, dirigir filmes, escrever filmes. Adoraria estar em um filme com Maryl Streep ou Martin Scorsese. Há muitas coisas diferentes que quero fazer, talvez uma criança possuída ou algum demônio… Eu não sei”, revelou Delevingne ao jornal The Telegraph. Entretanto, apesar de alguns truques do teatro terem servido à passarela, estar sempre consciente do próprio corpo é obrigação para a Cara modelo e coisa a ser evitada para a Cara atriz. “Quando você é modelo não tem como não notar a si mesma. Você

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está sempre cercada de pessoas dizendo ‘ela é muito baixa, muito magra, ela é isso, ela é aquilo. E você está lá. Eles estão falando sobre você e você está lá”. Não que sua pouca altura (ela tem “apenas” 1m76) tenha atrapalhado em alguma coisa. Mas quem sabe, mesmo nas passarelas e shootings, tudo não passe de mera encenação. “Eu fiquei menos confiante, mas melhorei a atuação de confiança”. Por enquanto, o momento de Cara-modelo continua. “Ser modelo é o que eu sei fazer direito agora. E eu quero fazer direito, por que eu ia querer falhar?”. Se o caso pode lembrar os de algumas modelos que foram esquecidas com a mesma velocidade que ascenderam, Delevingne está cursando um caminho bastante próprio. Em fevereiro, depois de dois meses de espera, a modelo conseguiu tornar seu nome uma marca registrada no IntellectualProperty Office. O que dá a ela o direito exclusivo de usá-lo como ferramenta de marketing. Não, nós não veremos bolsas by Cara Delevingne – a menos que ela queira. Além disso, recentemente, Cara registrou sua própria companhia, Cara &Co. O que vem por aí ainda é um mistério, mas com certeza terá a cara (sem trocadilhos) da criadora, que frequentemente é fotografada de jeans, camiseta, tênis e gorro. Como se seu grande papel nas passarelas e os menores como atriz não bastassem, Delevingne ainda é seguida de perto por paparazzi, que não só a esperam nas saídas dos desfiles, como também nas saídas das muitas festas que frequenta. Para despertar ainda mais a curiosidade, Cara já foi apontada como affair de Harry Styles, um quinto da boy bandOneDirection. Caso que ela desconversa. “Quem é Harry? O príncipe?”. Além disso, não dispensa uma saída com nomes do pop como Rihanna e Rita Ora, com quem, especula-se, há mais do que uma mera amizade. A cantora até teria dito a um tabloide britânico que a modelo é sua “outra metade”. Se antes não aceitava muito bem a devoção de suas jovens fãs, agora é só gratidão por tanto apoio (e páginas do Twitter criadas em homenagem à várias partes de seu corpo). “Aprecio cada um deles [fãs], e acho que eles são todos maravilhosos e estranhos. Amo as garotas que dizem que eu mudei a vida delas e dei confiança para serem elas mesmas. Tornei aceitável ser estranha!”, comemora. Mas o por quê de ser seguida pela mídia ainda é um mistério, pelo menos para ela. “Eu não entendo. Ainda não entendo”. Porém, para seu padrinho, Nicholas Coleridge, é tudo muito simples. Apesar do status que a acompanha desde que nasceu – afinal ela é uma Delevingne –, Cara transmite a imagem de garota real, “As pessoas conseguem se imaginar conhecendo Cara”, para quem tudo é possível. “Às vezes eu penso, foda-se, talvez me torne uma estrela do pop agora”, confessa Cara.

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moda brasileira Os muitos baixos e poucos altos da

Enquanto o mercado brasileiro se torna a nova aposta da vez para marcas estrangeiras, as nacionais sofrem

para se manter nos eixos. Sobra teatralidade e falta um bom trabalho

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ão é preciso muito mais do que uma semana de moda em São Paulo ou no Rio de Janeiro, citando apenas o principal eixo nacional, para perceber que a moda brasileira anda por caminhos tortuosos. Mais do que nunca se fala na falta de qualidade e originalidade, em que quase tudo traz uma sombra daquilo que já foi visto lá fora há algumas temporadas. Enquanto isso, os profissionais da moda brasileira se queixam e pressionam o governo federal para que a indústria receba mais atenção e o apoio que falta. A luta das marcas brasileiras para se manter economicamente não é um problema de falta de dinheiro no país. Afinal, o mercado nacional está mais aquecido do que nunca e grandes grifes internacionais desembarcam por aqui fazendo grandes apostas, sem se decepcionar. No ano passado, o empresário Paulo Borges, idealizador e diretor do SPFW, iniciou um manifesto endereçado à presidente Dilma Rousseff para tentar estabelecer um canal de comunicação com o governo e criar uma política de desenvolvimento para a moda brasileira, além de torná-la mais competitiva aqui e lá fora. Borges foi apoiado por muitos dos maiores nomes da moda brasileira, como Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Samuel Cirnansck, Marcelo Sommer, Lino Villaventura, Glória Coelho, entre outros, mas, mesmo depois de um ano, a campanha não deu resultado. E não adianta culpar apenas a tradicional burocracia brasileira e dizer que estranho seria se isso já estivesse resolvido. Passado o burburinho do momento, afinal o manifesto foi feito nas passarelas da Cavalera, que desfilou em um lixão de São Paulo, o assunto parece ter morrido até mesmo para os mais interessados. 44


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As verdadeiras vítimas da moda Neste ano, o assunto foi outro. Em pleno SPFW a TV Folha fez alarde com seu especial “Escravos da Moda”, trazendo o assunto de volta após o escândalo da denúncia de trabalho escravo usado pela Zara no Brasil em 2011. Em pouco mais de cinco minutos, a reportagem mostrou o Ministério do Trabalho realizando ações em confecções clandestinas na cidade enquanto exaltava a futilidade – que de fútil não tem nada – de uma semana de moda. Enquanto isso, sobra hipocrisia ou memória curta dos consumidores. As redes de fast-fashion nunca venderam tanto. Como o nome sugere, trata-se de roupas descartáveis e baratas, e roupas baratas têm, obrigatoriamente, uma mão-de-obra barata, sem que isso signifique, necessariamente, mão-de-obra escrava. Ou, como justificou Miuccia Prada ao WWD: “Intelectuais esquerdistas costumam dizer que minhas roupas são caras e horríveis: ‘Como você pode vender roupas a este preço?’, questionam. Simples, este é o custo. Se você pagar os funcionários para fazer tudo do jeito certo, como manda o sistema, as coisas ficam caras mesmo”. “As mesmas pessoas que criticam ambientes de trabalho perigosos gostam de comprar roupas baratas, porque acreditam que é mais democrático. Isto é um exemplo de hipocrisia”, continuou. Mas, assim como as tendências, os assuntos na moda passam rápido e logo são deixados para trás. Passado o susto do SPFW, o assunto foi substituído por algo igualmente triste: a morte da estilista ClôOrozco, aos 62 anos. Quem trabalha com moda no Brasil já sabia há tempos que a HuisClos, marca fundada pela estilista em 1979, passava por sérios problemas financeiros, que aliados à depressão, acarretaram no suicídio de Clô. Acabou se tornando uma ironia do destino, mas o termo “HuisClos”, em francês, se refere a algo que pode ser entendido como “discussão a portas fechadas”. Aqueles que trabalham com a moda sabem das conversas nos bastidores, dos problemas estruturais e das lacunas do segmento, mas sabem como vendê-lo como um mundo perfeito. Não por acaso existem tantos cursos voltados ao assunto no Brasil. Clô trazia um trabalho cada vez mais raro de construção, bem elaborado, delicado, feminino e sofisticado, e sua marca poderia ter se tornado um grande símbolo do poder da moda nacional, se tivesse apenas investimento e uma boa administração. Lino Villaventura, que sempre dividiu sua produção entre Fortaleza e São Paulo, é outro dos muitos estilistas que se veem com problemas para manter a atual estrutura. A ponte aérea entre as duas cidades está cada vez mais difícil devido à diminuição do apoio e dos incentivos, e é muito provável que Villaventura deixe suas costureiras originais de Fortaleza para concentrar a produção em São Paulo. “Os impostos são muitos altos, a abertura do mercado nacional

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para muitas marcas estrangeiras fazem o nosso trabalho ser cada vez mais difícil. Há uma falta de incentivo aos estilistas autorais. Além disso, existe uma exaustiva ponte-aérea e a diminuição das parcerias estão me fazendo repensar a vida”, contou. Moda teatral Enquanto falta inspiração, originalidade e, claro, recursos, a moda brasileira se vira como pode, recorrendo ao excesso de teatralidade ao invés de um bom trabalho para ser apresentado nas passarelas. O último exemplo foi o desfile da Reserva no Fashion Rio. Não é de hoje que a marca do publicitário Rony Meisler se coloca no papel de questionadora na indústria da moda.Entretanto, desta vez o questionamento se voltou contra a Reserva. Usando roupas que ficam no limbo entre o comercial e o conceitual, os modelos entraram na passarela como cabides, onde havia também uma fantasia de personagens variados, que iam do Super-Homem ao Chapolin Colorado, pendurada. Faz sentido perguntar qual é o sentido de mostrar algo que não será usado pelas pessoas? Faz. Mas a própria Reserva já fez isso em outros momentos. E uma roupa que não é uma coisa nem outra, não serve para as lojas e nem para as passarelas. Prevendo sem querer o que estava por vir, Scott Schuman, responsável pelo respeitado The Sartorialist, anunciou sua vinda ao Brasil em plena semana de moda, mas deixou claro porquê não iria à nenhuma delas. “A moda no Brasil só precisa ser mais séria, melhorar o profissionalismo. Vários desfiles são excessivamente teatrais e acabam virando uma espécie de grande festa. O que é importante para a moda fica perdido no excesso de dramaticidade”, declarou a Bruno Astuto. Talvez seja justamente esse o equilíbrio que esteja faltando. É difícil investir em um produto que já chega saturado às prateleiras, trazendo muito do que já foi visto lá fora há algumas temporadas. Por que os consumidores comprariam a cópia disfarçada quando o original está desembarcando por aqui? O assunto já repercute até mesmo fora do Brasil, sendo discutido por portais como o Business of Fashion, que classifica a crise da moda brasileira como uma “crise de identidade”. Não é que os brasileiros não consumam moda, muito pelo contrário. Mas as classes que consomem este mercado constantemente preferem as marcas internacionais às nacionais – e muitas pessoas preferem comprar no exterior, onde as taxas são consideravelmente menores. “No momento, tudo se tornou global. Como poderíamos imaginar 20 anos atrás que poderíamos fazer compras em São Paulo e ver esse número de marcas globais – lembre-se que o mercado estava fechado até 1993. Isso simplesmente não estava planejado. E o mercado interno não se transformou. Agora estamos enfrentando essa confusão, o que acho maravilhoso, mas haverá perdas no caminho”, declarou Borges.

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Neon

Do comeรงo ao fim: os dez anos da

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epois de comemorar sua primeira década no último SPFW, em março deste ano, a Neon anunciou, em junho, o que todos temiam: vai fechar as portas de seu ateliê. Mesmo os que estão acostumados às especulações e aos burburinhos de bastidores, enfrentam a notícia com certo pesar. Afinal, apesar de ser uma marca relativamente nova, a Neon se tornou uma tradição nas semanas de moda, sempre trazendo grandes desfiles, que costumam ser os mais disputados da temporada, além de ser a marca que melhor traduz o espírito brasileiro em suas coleções, sem afetação e sem a quase sempre “inspiração” do que vem de fora. A Neon nasceu em 2002, quando os amigos da época da faculdade Dudu Bertholini e Rita Comparato se uniram para desenvolver alguns maiôs para um editorial de moda fotografado por J.R. Duran. A dupla, composta por um estilista e uma stylist, trabalhava para marcas já consagradas, como Triton e Cori, e acabou gostando tanto da experiência que começou sua própria produção, totalmente artesanal e com peças únicas. Demorou apenas um ano para que a Neon surgisse, já com um desfile, sob o comando de Cacá Ribeiro como sócio responsável pela produção – para manter o estilo artesanal, o local escolhido foi a sala de estar de Dudu. O desfile foi pequeno, mas marcou os presentes, principalmente pelo trabalho de criação de estampa, sempre um grande destaque nos modelos da marca. Depois de mais dois desfiles, Dudu e Rita foram convidados para integrar o então disputado line-up do São Paulo Fashion Week e de temporada em temporada foram deixando para trás a moda praia e se voltando para os caftans e produções mais étnicas e sofisticadas, mas sempre com a presença de um ou dois maiôs na passarela. Em entrevista ao Glamurama, Rita Comparato desabafou sobre os tempos difíceis da marca: “A Neon não acabou. Mas Dudu Bertholini e eu fechamos o ateliê. Vamos continuar com a marca, fazendo coleções pontuais, desde que bancadas por algum parceiro ou investidor”. Como foi ressaltado por Dudu Bertholini quando a marca anunciou o fechamento, o estilo da Neon se tornou mais lucrativo do que a própria marca, e portanto ainda veremos produtos sendo vendidos com a assinatura da dupla de criadores. Em março deste ano, a Neon desenvolveu sua segunda parceria com a Oppa, marca de móveis com pegada contemporânea, e devemos esperar mais utensílios que estão por vir. Além disso, ainda há uma parte de criação voltada à beleza, até agora já foram criadas uma linha de esmaltes para a Impala e uma edição comemorativa de sombras em parceria com a marca Make B, d’O Boticário. Quantos aos desfiles, o caminho que a Neon irá seguir ainda

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é um mistério até mesmo para Dudu e Rita. “Não sabemos de vamos continuar ou não no line-up do São Paulo Fashion Week, ainda não falamos sobre isso com a organização de maneira definitiva. De certa forma, sempre vi os desfiles como uma plataforma para divulgação e, por isso mesmo, não excluímos a possibilidade de desfilar peças da Neon, se forem feitas em uma parceria que possibilite esse formato. De qualquer maneira, já não tínhamos a intenção de desfilar a coleção do próximo inverno”, comentou Dudu. A Neon não é o primeiro e provavelmente não será o último exemplo de uma marca brasileira de destaque que sucumbiu às barreiras impostas à moda nacional. “Temos uma dívida hoje em torno de R$2 milhões e não conseguimos negociar com o governo. Não temos incentivo, não nos ajudam em nada. Cansei de sacrificar minha vida”, desabafou Rita. Ainda não sabíamos, mas o último desfile de Neon no SPFW aconteceu com gosto de despedida. Exceto pelo grande N dividindo a entrada da passarela, a sala da Bienal não gritava Neon como nas edições passadas, que já contaram com um grande leão de ferro como decoração, desfiles coreografados e até mesmo um à beira de uma piscina olímpica. A despedida veio com inspiração indiana graças à viagem de Rita àquele país meses antes. “Trabalhamos de forma artesanal e por isso nos inspiramos tanto com etnias. Estampas coloridas são o nosso trabalho e cada lugar do mundo conta sua história através das cores. Desta vez foi a Índia, que misturamos com a China”, explicou Dudu na correria do backstage entre uma entrevista e outra. “Fazer moda hoje é competitivo, recessivo e pulverizado. Você compete por preço ou identidade, nós optamos pela identidade. O estilo move a Neon”, finaliza Dudu. Em projetos paralelos, o estilista conta que há um ano e meio tem trabalhado como stylist para veículos nacionais, como a revista L’Officiel Brasil, a IstoÉ Gente e a Tpm, retomando a profissão que possibilitou a origem da Neon. Além disso, Dudu está envolvido em outros dois projetos: na curadoria do museu A Casa Museu, que promove o artesanato brasileiro, e na revista 2Fanzine, publicação independente em parceria com o diretor de arte Kleber Matheus, que reúne imagens inspiradoras de artistas contemporâneos.

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bilionária

Beleza

O crescimento do mercado brasileiro de cosméticos

impressiona até os especialistas no assunto, e coloca o país no rumo de se tornar o segundo maior consumidor mundial do segmento

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ão é preciso fazer grandes análises de mercado para perceber que o mercado da beleza passou por uma grande transformação nos últimos anos. Se antes as brasileiras mais interessadas no assunto precisavam recorrer ao cartão de crédito internacional para ter as novidades em suas prateleiras, hoje é possível encontrar uma grande variedade de produtos sem precisar viajar milhares de quilômetros. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado mundial de cosméticos, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, mas à frente da China. Desde 2007, o setor apresentou um crescimento de 87% e, só em 2012, o faturamento foi de 42 bilhões de dólares. Segundo especialistas, se continuar nesse ritmo, o país deve alcançar a segunda posição do consumo mundial de cosméticos até 2017. Além disso, o Brasil é o sétimo maior produtor de cosméticos, atrás dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália. Sendo assim, o mercado nacional se tornou decisivo para as companhias de beleza de todo o mundo, ainda mais se levarmos em conta a crise das economias norte-americana e europeia. Mas não é preciso olhar os números para perceber tal crescimento.

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Em julho de 2012 a gigante Sephora abriu sua primeira loja em território nacional, no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, depois de adquirir o e-commerceSacks. Não demorou muito para que outras filiais pipocassem, mantendo o foco, por enquanto, no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde foi construída a maior loja da América Latina, no shopping Eldorado. Alguns meses depois, o grupo O Boticário apresentou sua nova empreitada, a loja The Beauty Box, que segue o mesmo conceito multimarcas da Sephora. E engana-se quem achou que faltaria espaço para ambas. Só em São Paulo já são seis lojas (sendo a primeira inaugurada em novembro do ano passado), e a previsão é que ao menos 13 lojas sejam abertas pelo Brasil até o final de 2013. Por falar no grupo O Boticário, além da linha Make B, que veio para renovar o segmento de maquiagens da principal loja da empresa, foram lançadas as marcas Eudora e a Quem Disse, Berenice?, focada no mercado jovem e com uma gama de produtos para consumidora nenhuma colocar defeito, além dos preços bem mais acessíveis se comparados aos da M.A.C. ou até mesmo da nacional Contém 1g. Victoria Ceridono, editora de beleza da Vogue Brasil e dona do blog Dia de Beauté, um dos mais acessados do segmento, explica: “Já melhorou muito, muito mesmo ema relação a quando comecei a trabalhar nessa área, oito anos atrás. O cenário era totalmente diferente. Precisa de tempo para chegar num patamar como o dos Estados Unidos, claro, mas diria que estamos caminhando bem”. E para quem duvida, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) estima que os lançamentos são responsáveis por 35% do faturamento bianual do setor nacional de cosméticos, o que significa que as marcas precisam reformular seus portfolios quase completamente a cada quatro anos. Apesar do crescimento impressionante, o Brasil figura na 24ª posição de exportações do segmento de cosméticos do relatório do Global Trade Information Services e o saldo da balança comercial ainda apresenta déficit. Enquanto o crescimento de exportações foi de 293,5% entre 2002 e 2011, as importações cresceram 340,9% no mesmo período. Entretanto, o déficit do setor, que atingiu a marca de 163,1 milhões de dólares em 1997, tem sido reduzido, chegando a 8 milhões de dólares em 2001. Prova de que o mercado brasileiro é cada vez mais importante para as marcas estrangeiras, em julho de 2013, a M.A.C. entrou com uma nova política de investimentos no país, que nunca havia feito em outro lugar do mundo, possibilitando uma redução significativa nos preços dos produtos. O batom, por exemplo, caiu de R$ 79 para R$ 66, preço não muito diferente do praticado pela empresa nos Estados Unidos. “As marcas estão se esforçando bastante para alcançar o desejo das consumidoras – acho que as consumidoras ‘acordaram’ antes, mas as marcas estão correndo atrás. Claro que o preço sempre vai ser uma questão, acho que é a maior divergência entre elas”, disse Victoria sobre o atual caminho que o mercado brasileiro vem traçando.

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alt a cost ura

Como o Oriente Médio salvou a

Após anos de recessão e preocupação com o futuro, a Haute Couture encontrou sua salvação em uma nova rota de mercado, e conquistou consumidoras fieis longe dos holofotes de Hollywood

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ão é apenas no Brasil que a moda vem enfrentando momentos de crise e incertezas sobre o futuro de algumas marcas, mesmo que tenham longos anos de história e tradição no mercado. Hoje, mais do que nunca, é preciso se adaptar ao mercado em busca da sobrevivência, com produções mais ágeis, novas coleções lançadas além do calendário oficial, criação de linhas secundárias com preços mais acessíveis e parcerias de marcas de luxo com grandes redes de fast-fashion, como a tão disputada linha de Karl Lagerfeld

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para a sueca H&M. A alta costura, sempre sinônimo de luxo para poucos, foi uma das primeiras a mostrar os sinais aparentes da crise, com coleções mais discretas, ofuscadas há muito pelo prêt-à-porter, e qualidade longe do que foi em seu apogeu, fato sempre notado pela crítica especializada. E se antes da França, onde nasceu a alta costura, e boa parte do mercado europeu ocidental eram os responsáveis por manter a categoria, a ascensão econômica do Oriente Médio e de países como Índia, Rússia, China e até o Brasil foi a grande responsável por tirar a alta costura do perigo de extinção. Atualmente, 12 marcas desfilam no calendário oficial da alta costura, regido pela Câmara Sindical da Alta Costura (Chambre Syndicale de la Haute Couture), criada em 1868, que revê a lista anualmente. Entretanto, diferente de sua origem, hoje, quase metade das mainsons não são originalmente francesas. Com a ajuda do mercado ascendente, grifes como Chanel, Armani Privé e Valentino anunciaram uma margem de lucro positiva depois de períodos de estagnação, já que se antes as peças seguiam dos desfiles para Nova York e Los Angeles, agora foram redirecionadas a Dubai, Hong Kong, Xangai e Moscou. Além disso, as consumidoras também mudaram. “A alta costura parece mais relevante agora que nos anos de boom. A recessão global fez com que as pessoas pensassem no valor das coisas. Alta costura pode ser cara, mas, como uma reflexão da arte do designer, e como uma expressão da criatividade pura na moda, é inigualável”, afirmou Donatella Versace ao The Wall Street Journal após a volta da marca italiana ao calendário oficial da alta costura em 2013, depois de ficar afastada desde 2004. Entre os novos nomes da alta costura, destaque para o italiano GiambattistaValli e mais ainda para os libaneses Elie Saab, Zuhair Murad e RabihKayrouz. Os estilistas Em 2000, Elie Saab foi convidado a integrar a CSAC e desde então tem os vestidos mais desejados do tapete vermelho, com tecidos fluidos e bordados exuberantes. Mas o talento do estilista, hoje com 48 anos, começou a aparecer desde muito cedo, definido pelo próprio como uma “vocação preciosa”. Aos nove anos já fazia roupas para as irmãs mais novas e na adolescência passou a vende-las na vizinhança onde morava, em Beirute, Líbano, é autodidata em alta costura. Saab abriu seu ateliê de alta costura aos 18 anos, em 1982, em sua cidade natal, contratando 12 empregados. Em poucos meses, o estilista apresentou sua primeira coleção feminina e não demorou para ganhar fama por seus vestidos, que logo caíram no gosto das mulheres da alta sociedade.

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Apesar de ter aberto, em 2007, uma butique no quadrilátero de ouro, em Milão, Beirute continua sendo sua maior fonte e inspiração e onde o ateliê original é mantido até hoje. Para agradar suas fieis consumidoras libanesas, em 2005, Saab inaugurou uma loja de cinco andares, que dispõe de workshops, estúdio, showroom de alta costura e a butique ready-to-wear. Já Zuhair Murad entrou para o calendário oficial da alta costura em 2001, mas já era bastante influente no calendário italiano, onde começou a desfilar suas coleções em 1999, em Roma, antes de ir para Milão. O estilista começou a criar aos dez anos, esboçando vestidos, e aos 14 anos ganhou um concurso com três criações, que entregaram desde cedo seu talento para a moda. O perfeccionismo no corte e a estética barroca com toque sexy, características mais expressivas de suas criações, foram mantidos no pret-à-porter da marca, criado em 2005, e que leva, desde 2011, a label de “Zuhair Murad Made in Italy”. Seguindo a rota da alta costura, em 2012 a coleção alta costura voltou para o Líbano, onde uma nova casa de 11 andares foi construída em Beirute para atender as consumidoras. RabihKayrouz seguiu o caminho inverso e começou apresentando, em Paris, sua coleção prêt-a-porter, em 2009. A habilidade mostrada pelo estilista logo conquistou a imprensa internacional e rapidamente rendeu a ele um lugar dentro do calendário oficial da CSAC, no mesmo ano. Claro, a imersão na alta costura não aconteceu do dia para a noite, já que Kayrouz já criava vestidos especiais para um seleto grupo de clientes individuais desde 1998. O apuro técnico associado à liberdade e ao conforto mesmo na alta costura, são definidos por ele como um “luxo quase confidencial”. “Ele faz com que as mulheres se sintam livres. Em sua coleção de estreia, graças a um trabalho de pontos invisíveis, suas roupas pareciam flutuar”, elogiou Martine Hadida, fundadora da butique parisiense L’Eclaireur. Apesar de francês, Stéphane Rolland é a grande sensação do momento no Oriente Médio. O estilista começou aos 30 anos, em 1997, à frente da mansion Jean-Louis Scherrer, marca favorita das árabes nos anos 70, se tornando o mais jovem nome da alta costura e ocupou o cargo de criação da marca por dez anos, quando resolveu seguir solo, criando sua marca própria. Apesar dos preços dos vestidos, que vão de €30 mil a €200 mil, Rolland possui um grupo fiel de compradoras. Por exemplo, ao apresentar sua coleção em julho de 2012, a plateia do desfile tinha mais consumidoras do que jornalistas, e todos os looks apresentados foram comprados, a maioria seguindo para o mundo árabe. “Vestir uma mulher é como conduzir uma sessão de terapia: é preciso compreendê-la e decifrar seus desejos”, disse à Vogue.

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Schiaparelli A volta da

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pesar de a crise econômica também ter surtido efeito no mundo da moda, o renascimento de uma tradicional grife parisiense é uma aposta praticamente certa para os investidores. E com a Schiaparelli não seria diferente. A maison foi comprada por Diego Della Valle, do grupo Tod’s, em 2006, mas foi tomando forma em 2012, quando foi anunciado o renascimento da grife, no mesmo endereço que foi ocupado por sua criadora até 1954: o número 21 da PlaceVandôme, em Paris. Na mesma época, Schiaparelli, juntamente com a Prada, ganhava sua exposição especial no Costume Institute do MetropolitanMuseumofArt, em Nova York, a Schiaparelliand Prada: ImpossibleConversations. Desde que foi fundada por Elsa Schiaparelli, em 1929, e mesmo fora de atividade desde 1954, a marca se mantém como referência para estilistas, jornalistas e fashionistas.

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Para dar forma à nova fase de marca, Christian Lacroix foi convidado para criar uma pequena coleção de homenagem, para ajudar a trazer atenção ao revival da Schiaparelli durante a semana de moda outono 2013 de Paris. O desfile, que aconteceu no museu LesArtsDécoratifs, contou com 18 modelos, que foram produzidos a partir de 100 desenhos, e tinha nomes como Jean Paul Gaultier e Alaïa na primeira fila. Como era de se esperar, as criações relembraram o espirito surrealista de Elsa Schiaparelli, incluindo casacos dramáticos, um vestido no clássico tom rosa da estilista e acessórios como um chapéu-chaminé e botas cobertas de pele. “Eu sou apaixonado pelo trabalho de Schiaparelli. Sem ela, eu nunca teria sido um couturier. No final, eu me inspirei nela”, declarou Lacroix ao New York Post após o desfile, que ainda contou com um carrossel espelhado e carpete rosa choque por toda sala. Em um release, o estilista afirmou que tratava-se de uma mostra “como se Elsa Schiaparelli fosse fantasiada por Lacroix”. Segundo o jornal, a mesma oportunidade será oferecida a outros artistas do futuro, e um diretor-criativo definitivo deve ser escolhido em breve. Porém, até julho, nem mesmo Della Valle sabia apontar quem seria o indicado ao posto. Por enquanto, a marca tem RudyPaglialunga, FaridaKelfa e Vincent Darré no time de colaboradores de direção criativa, os dois últimos, já acostumados a trabalharem juntos, são os novos embaixadores da Schiaparelli. Farida é uma ex-modelo que brilhou em Paris nos anos 80, durante sua carreira virou musa de Gaultier e de Jean-Paul Goude, colaboradora de Alaïa e diretora da Couture Gaultier. Já Vincent foi colaborador de Karl Lagerfeld na Chanel e diretor artístico da Moschino. “Para mim é o DNA da moda”, declarou Farida à revista L’Officiel sobre o trabalho de Schiaparelli. “Seu trabalho está no inconsciente de cada criador. Os maiores, pelo menos. Um século antes de todo mundo, ela chamou artistas como Dalí, Cocteau, Jean-Michel Frank ou Giacometti para criar estampas, acessórios e objetos de decoração”. Por enquanto, a Schiaprarelli continua sendo uma marca sem produtos para vender e sem um diretor criativo fixo, com roupas produzidas apenas e especialmente para ocupar um lugar no calendário de alta-costura. Não que isso seja muito diferente de outras marcas em que a couture até tenha certo alcance comercial, mesmo que não muito significativo perto das outras coleções. Não é de hoje que o marketing de moda não conhece muitos limites. Seja no tapete vermelho ou em exposições, as marcas aproveitam cada oportunidade para espalhar suas mensagens. E a alta-costura é muito forte no papel de mensageira, desde sempre ela serviu como apoio para que as maisons pudessem divulgar outros produtos, seja ready-to-wear, cruise, acessórios e até mesmo o departamento de beleza. Mas o principal desafio da Schiaparelli continua sendo “fazer com que as pessoas entendam e apreciem a modernidade do design de uma marca que tem um nome forte entre conhecedores de moda e não do público em geral”, como explicou Della Valla.

“Seu trabalho está no inconsciente de cada criador. Os maiores, pelo menos”, explica FaridaKelfa

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moda

Os colapsos da

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colapso de John Galliano em fevereiro deste ano pode até ter sido uma surpresa para muitos, mas está longe de ser o primeiro problema grave apresentado por um diretor criativo de uma grande grife, e também não foi o primeiro a por em risco o nome de toda uma marca. Antes de Galliano, Christophe Decarnin, Marc Jacobs e Alexander McQueen foram alguns dos estilistas que já passaram por momentos turbulentos, sendo o último o único com um final definitivo.

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John Galliano Em fevereiro de 2011, Galliano se envolveu em uma briga de bar, onde deu declarações antissemitas que resultaram em um grave escândalo para sua carreira: antes aclamado, ele havia então sido demitido da Dior, que comandava desde 1996, e da marca que leva seu nome. Além disso, na mesma semana do escândalo, foi publicado um vídeo de dezembro do ano anterior, em que o estilista era visto dizendo a um casal judeu que amava Hitler e que “pessoas como eles deveriam estar mortas”. As declarações não chocaram apenas por estarem na década errada, mas porque o estilista havia mantido um discurso de tolerância e inclusão durante toda sua carreira, o que ficou ainda mais claro em 2006, durante um desfileready-to-wear de sua marca homônima chamado “EverythingisBeautiful” (Tudo é Bonito, em tradução livre), em que modelos de todas as cores, formas, tamanhos, idades e etnias dividiram a passarela, incluindo modelos transexuais. Na França, onde os incidentes aconteceram, declarações antissemitas e racistas são consideradas crimes. Em pouco mais de um final de semana, Galliano havia sido preso e demitido do grupo LVMH, que detém a Dior. “Nós condenamos as declarações feitas por John Galliano, que são uma contradição total dos valores centrais e de longa data da Christian Dior”, declarou Sidey Toledano, presidente da marca, em um comunicado oficial. O estilista foi julgado em junho e condenado em setembro, mas estava claro que a corte sabia que os problemas de Galliano iam além de apenas ódio racial. Ele não foi condenado à prisão, mas teve que pagar um total de US$8.400,00, incluindo multas e gastos do processo. Em defesa do estilista, os exames toxicológicoscomprovaram que na noite do incidente ele estava sob influência de uma mistura de analgésicos, Valium, calmantes e álcool. Por insistência de amigos e familiares, ele acabou se internando em uma clínica de reabilitação. Apesar da poeira ter baixado e de Galliano ter mostrado sinais claros de recuperação, ainda não há previsão para seu retorno ao mundo da moda. Dois anos depois do escândalo e da mancha em sua carreira, o estilista deu sua primeira entrevista – sóbrio – à revista Vanity Fair, em que se declarou “um pouco enferrujado” por estar há dois anos longe dos holofotes. “Eu ia terminar em um manicômio ou enterrado”, declarou o estilista sobre seus problemas com álcool e medicamentos. E, assim como testemunhou na corte, disse não se lembrar do incidente que custou sua carreira da Dior: “Quando todos vieram me falar que eu havia feito essas coisas horríveis, eu estava andando em círculos sem saber o que tinha acontecido de errado. Meu

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assistente me falou sobre o vídeo, eu assisti e vomitei. O sentimento era como se eu estivesse paralisado pelo medo”. Carreira: Galliano se formou com honra na respeitada Saint Martin’sSchoolofArt em 1988 e não demorou muito para abrir sua própria marca depois que sua coleção feita para a universidade foi inteiramente vendida na loja Browns, em Londres. Apesar do futuro promissor, o estilista estava falido dois anos depois de se formar e decidiu se mudar para Paris para se recuperar financeiramente e criar uma base de clientes fieis. Seu primeiro desfile oficial aconteceu em 1989, na Semana de Moda de Paris. Pouco tempo depois, já recuperado, Galliano foi apontado como o novo diretor criativo da Givenchy, em 1995, se tornando o primeiro estilista britânico a comandar uma marca francesa de alta costura. Em janeiro do ano seguinte, ele apresentou sua primeira coleção pela marca e recebeu críticas mais do que positivas como incentivo. Meses depois, em outubro de 1996, o estilista foi transferido pela LVMH para o comando da Dior, onde ficou até 2011. Christophe Decarnin Apesar da notícia nunca ter sido confirmada, quando ChristopheDecarnin não apareceu no desfile de Outono/Inverno 2011 da Balmain, não demorou para que o estado de saúde do estilista fosse colocado em pauta. Logo depois da sentida ausência do designer na ocasião tão importante, foi anunciado, em abril daquele ano, que ele não estava mais no posto de diretor criativo da marca, que ocupava de forma muito bem sucedida desde 2005. Tão logo os rumores começaram, o CEO da Balmain, Alain Hivelin, pôs panos quentes na história. “Ele está cansado depois de trabalhar na coleção. Ele não foi dormir até as 5 da manhã. Ele não está aqui, está descansando”, declarou ao The Telegraph. Porém, nos bastidores do mundo da moda, a notícia é que Decarnin estava mesmo internado em uma instituição clínica desde o começo de 2011, tratando uma depressão causada por stress. Para alguns, os problemas do estilista eram ainda mais graves, e o mantiveram afastado de todo processo de criação daquela coleção. “Dizem que Decarnin desapareceu por um dia no meio de janeiro. Logo depois, de acordo com nossa fonte, foi anunciado aos empregados que ele não voltaria”, afirmou a revista Hint. Marc Jacobs Antes de RafSimons ser anunciado como novo diretor criativo da Dior, substituindo Galliano, Marc Jacobs estava na lista dos

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principais favoritos para o posto, tendo ele mesmo já passado por problemas com drogas e períodos internado em clínicas de reabilitação no passado. Apesar de estar totalmente recuperado e ter duas marcas muitíssimo bem sucedidas em seu nome, a Louis Vuitton e a que leva seu nome e sobrenome, o estilista já passou por dias de exagero e farras de deixar qualquer fashionista impressionado – afinal, o mundo da moda tambémtem suas festinhas que passam dos limites. Em 1999, Jacobs resolveu se internar pela primeira vez depois da insistência de Anna Wintour e Robert Duffy, seu parceiro de negócios. Antes disso, ele acumulou em seu currículo alguns episódios infames, como ser expulso de aviões por comportamento inapropriado, ser retirado de um voo em uma maca e perder um de seus desfiles. Nesses momentos, era comum para os amigos dele encontrá-lo refugiado em hotéis cercado de vodca, heroína, cocaína ou outras combinações perigosas. Depois de passar alguns anos sóbrio e longe de encrencas, em 2007, após um desfile da Louis Vuitton, o estilista voltou a se internar, dessa vez em uma renomada clínica de Malibu, onde o tratamento chega a custar US$100 mil por mês. Jacobs deixou o local como um novo homem, com sua imagem totalmente transformada. Se antes podia ser considerado um “patinho feio”, com quilos a mais e roupas que não traduziam seu importante lugar no mundo da moda, ele se tornou então a imagem de seu próprio sucesso, que mantém até hoje. Desde sua primeira internação, o estilista sempre tratou seu vício de forma aberta e honesta, sem esconder, inclusive, que ele quase morreu ou teve uma overdose repetidas vezes.Tal honestidade para falar sobre o assunto rendeu a Jacobs certa autoridade sobre o assunto, além de um estado de simpatia que praticamente apagou qualquer vestígio de dano à reputação dele. Alexander McQueen Com uma carreira brilhante pela frente, Alexander McQueen se suicidou aos 40 anos. O estilista foi encontrado morto, em fevereiro de 2010, em sua casa, em Londres. Segundo o The Sun, ele teria se enforcado. Dias antes do suicídio de McQueen, a mãe do estilista havia falecido, o que o levou a dividir mensagens soturnas em seu Twitter. Além disso, no mesmo período, ele havia declarado à revista Harper’sBazaar australiana que estava de coração partido depois de ter sido abandonado por “um bastardo que voltou para a Austrália”, nas palavras dele. Porém, os amigos de McQueen não ficaram completamente chocados pela trágica notícia. “Lee estava dizendo que não se interessava mais pela moda, que ele a odiava – e isso foi em uma

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reunião profissional. Ele parecia declarar que era seu fim na moda. Assim que ouvi isso, achei que soava como uma ameaça. A única coisa que ele sempre conseguiu foi ser considerado um gênio da moda. Sem isso...”, declarou um amigo do estilista ao The Independent na época. Claro, colapsos repentinos – ou não tão repentinos assim – podem acontecer em qualquer profissão, mas tem se tornado cada vez mais comum no mundo da moda devido à uma série de fatores – além da predisposição genética. Ou, como explicou Marc Jacobs: “Culpar é um desperdício completo, não leva a nada. Dizer que sua mãe não era presente e por isso teve um acesso de raiva, é ridículo. É uma natureza autodestrutiva, é uma condição mental, física e um tipo de doença espiritual. Se você se inscrever no tratamento de qualquer um desses programas, Comedores Compulsivos Anônimos, Fumantes Anônimos, as pessoas que estão felizes e saudáveis e espiritualmente bem não fazem essas coisas para se machucarem”. Não é de hoje que o mundo da moda contribui para aflorar tais problemas daqueles que estão no topo da criação. Apesar de parecer um trabalho repleto de glamour quando visto de fora, a pressão acaba superando os outros fatores. Além da necessidade de se reinventar a cada coleção, que acabam sendo mais de duas por ano, já que muitos estilistas cuidam do ready-to-wear, resort e alta-costura, sem contar as linhas masculinas, e do pouco tempo para criação entre uma temporada e outra, é preciso manter o volume de vendas em constante crescimento. Afinal, o mundo da moda é uma indústria. “Eu não deixo passar. Sobre o que é isso? Eu deveria estar aqui, pensando como meu trabalho é lindo e indo todo dia trabalhar com cores e tecidos. Mas não, você tem algo que te enfraquece”, explicou StafanoPilati antes de deixar seu posto de diretor criativo na Yves Saint Laurent.

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Marc Jacobs o império de

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m 20 anos, Marc Jacobs se tornou um dos nomes mais populares da moda – e não só por suas criações. De acordo com uma pesquisa realizada em Nova York, a grande maioria as pessoas reconhecia o nome do estilista, apesar de alguns acharem que se tratava de um astro do rock.Claro, desde que passou por uma transformação de imagem, entre 2007 e 2008, Jacobs é seguido de perto por paparazzi. Vinte e sete anos depois de desfilar sua primeira coleção, o estilista deu mais um passo para expandir seu império no mundo da moda, agora com uma linha de maquiagem criada em parceria com a Sephora, que semanas depois de chegar às lojas, se tornou um sucesso de vendas.

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Mas o caminho até o sucesso nem sempre foi tão tranquilo. Jacobs nasceu em abril de 1963, e sua vida mudou completamente aos sete anos, quando seu pai faleceu de colite ulcerosa – doença que também afeta o estilista. Sua mãe então emendou um casamento no outro, fazendo os filhos se mudarem por várias cidades dos Estados Unidos de tempos em tempos. Cansado de tantas mudanças, já na adolescência, Marc se mudou para a casa da avó, que, segundo ele próprio, sempre o incentivou a seguir seus sonhos e nunca disse “não” para as aventuras do neto. Aos 15 anos, Jacobs se matriculou na High SchoolofArtand Design e começou a trabalhar na boutique Charivari, onde começou a desenhar suéteres em seu tempo livre. Em 1984, o estilista se formou na tradicional ParsonsSchool for Design, levando os prêmios Perry Ellis Gold Thimble e o de Estudante do ano. No mesmo ano, ele desenhou sua primeira coleção, para a marca Sketchbook, de Ruben Thomas. Três anos depois, em 1987, ele se tornou o designer mais jovem a vencer o Councilof Fashion Designers ofAmerica (CFDA). Depois de cuidar da criação da Perry Ellis por alguns anos e levar mais um CFDA como estilista do ano, Marc Jacobs começou a andar com as próprias pernas e criou sua própria marca, em 1993, com apoio financeiro de alguns de seus ex-chefes e seu parceiro de negócios desde então, Robert Duffy. A label Marc Jacobs logo se provou um sucesso e, apesar de relativamente nova se comparada à outras grifes internacionais, já é bastante tradicional no mercado. Em 1997, Jacobs foi nomeado diretor criativo da Louis Vuitton, posto que ocupa até hoje. Porém, segurando o sucesso de duas grandes marcas, a pressão começou a pesar para o estilista que começou então a abusar de drogas, principalmente cocaína, heroína e álcool. “Um clichê”, como o próprio definiu, já recuperado, tempos depois. Após uma temporada na reabilitação, Jacobs se transformou e voltou a se dedicar totalmente ao trabalho, criando a primeira linha ready-to-wear da Louis Vuitton e expandindo a marca que leva seu nome. Além da Marc Jacobs, foram criadas: Marc by Marc Jacobs, Litlle Marc Jacobs, Marc JacobsBeauty e a linha de SpecialItems, com preços bem a baixo do praticado pelas outras. O estilista também licenciou seu nome para perfumes e acessórios, como relógios e óculos de sol, que já formam uma vasta gama de produtos. Por mais de 20 anos, ele construiu sua marca, sempre focado em peças que realmente podem sair da passarela e ir direto para as ruas, como aconteceu com a coleção verão 2013 da Louis Vuitton, cujo quadriculado invadiu capas de revista e inspirou várias marcas pelo mundo. Como o próprio define o estilo de suas criações, são “um pouco preppy, um pouco grunce e um pouco couture”.

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McQueen Alexander

“O tipo de gênio que só

acontece uma vez em uma geração”, KristinKnox

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ais de três anos após sua morte, Lee Alexander McQueen ainda é apontado como um dos estilistas mais importantes da última geração, inspirando uma série de outros grandes nomes que surgiram nos últimos anos. Com temas polêmicos e/ou surreais, como bruxaria, estupro e pena de morte, McQueen era constantemente acusado de misoginia e também sempre criticado por produzir roupas e acessórios não usáveis no dia a dia, já que iam além de um desfile de moda, passando para uma instalação de arte. McQueen sempre começava suas coleções com um conceito para o momento da apresentação na passarela, antes mesmo de pensar na

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moda em si. Depois de ter o conceito definido, vinham as referências, passando por obras de artes, filmes e até a música. Há uma história famosa sobre como ele estava assistindo à série Friends um dia e se inspirou em um suéter verde usado pelo personagem Joey (Matt LeBlanc), que acabou se tornando um aspecto de uma coleção. “Você precisa conhecer as regras para quebra-las. Eu estou aqui para fazer isso, para demolir as regras, mas manter a tradição”, declarou o estilista certa vez. Depois de se formar na tradicional Central Saint Martins, em Londres, McQueen não demorou para chegar aos holofotes da moda – em 1996 ele sucedeu John Galliano na direção criativa Givenchy, enquanto cuidava também da marca que leva seu nome. Aos 16 anos, em 1985, o estilista deixou a escola, sendo contratado no ano seguinte pela Anderson &Sheppard, que faz ternos sob medida e tem o Príncipe Charles como um de seus clientes. A alfaiataria ajudou McQueen a desenvolver suas habilidades de corte e costura, e mesmo trabalhando com cortes clássicos, ele conseguia expressar sua natureza rebelde. “Às vezes, as pessoas me acham agressivo, mas eu não me vejo desta forma, me vejo como um romântico, lidando com um lado negro de personalidade”, declarou o estilista à revista Vogue após um de seus desfiles. Em 1995, McQueen gerou uma tempestade de comentários ao apresentar sua histórica coleção “Highland Rape”, inspirada no Massacre de Highland, de 1692, em que 38 homens de um clã escocês foram mortos por hospedes ingleses. Apesar de ter nascido em Londres, o estilista sempre apresentou certo carinho especial pela Escócia em suas criações. Ou, nas palavras dele: “A razão por eu ser tão patriota com a Escócia é porque acho que ela tem sido realmente oprimida. É vendida para o mundo como haggis e gaita de foles. Mas ninguém nunca dá a ela nada em troca”. Além das inspirações citadas anteriormente, as coleções de McQueen sempre trouxeram um pouco de história, já que o estilista parecia ter uma preferência pelo século XIX, especialmente a era gótica vitoriana. “Há algo... um pouco de Edgar Allan Poe, um tanto profundo e melancólico em minhas coleções”, explicou o estilista, citando o conto “A Queda da Casa de Usher”, de 1839, como inspiração para algumas de suas criações, como os desfiles Dante (outono/inverno 1996), Supercalifragilisticexpialidocious (outono/inverno 2002) e o AngelsandDemons (outono/inverno 2010). Como ele fazia questão de deixar claro, era comum ver elementos opostos como horror e romance, vida e morte, e luz e escuridão em seus desfiles. E tais oposições eram justamente as responsáveis pela intensidade das apresentações. “Me dê tempo e eu te darei uma revolução”, explicou o estilista, segundo a Voguepedia.

“Me dê tempo e eu te darei uma revolução”

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Bibliografia:

NY TIMES STYLE.COM VANITYFAIR.COM VOGUE.COM VOGUE.COM.BR VOGUE.CO.UK VOGUE.COM/VOGUEPEDIA FFW.COM.BR REVISTA.GQ.COM GQ.COM GLAMURAMA.COM.BR CHIC.COM.BR LILIANPACCE.COM.BR BIOGRAPHY.COM METMUSEUM.ORG WWD.COM VOGUE VOGUE BRASIL VOGUE UK LOVE MAGAZINE L’OFFICIEL BRASIL STYLE.COM/PRINT HARPER’S BAZAAR BRASIL VANITY FAIR THE INDEPENDENT HUFFINGTON POST SAINT LAURENT – A ARTE DA ELEGÂNCIA, Marie-Dominique Lelièvre MCQUEEN GENIOUS OF A GENERATION, KristinKnox

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