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O coronavírus e a aviação comercial
Inesperadamente, em Dezembro de 2019, a China foi o berço de uma grave situação de saúde pública mundial que chamou a atenção dos responsáveis da indústria de transporte aéreo desde o início de 2020. O Coronavírus, Covid-19, tem-se propagado vertiginosamente por quase todos os continentes e países, como a Organização Mundial de Saúde tem periodicamente informado. Devido aos muitos desafios causados pelo Coronavírus, entre outras organizações e indústrias, a logística da indústria de transporte aéreo tem sido rápida e eficaz a responder positivamente a esta inesperada situação de crise económica e social, de modo a aliviar as incertezas e as angústias evidenciadas pela maioria dos países e das suas populações. As soluções apresentadas pelas companhias de aviação e agentes transitários foram várias e extremamente úteis, incluindo políticas que tiveram o mérito de permitir atrair tripulações voluntárias nos voos para a China e também para iniciativas de carácter altruísta, como seja o transporte gratuito de carregamentos humanitários. Apesar da quebra económica e industrial da China para o Novo Ano Lunar, as mercadorias tiveram de continuar a movimentar-se através da China para manter a cadeia global de abastecimento às populações e para quase toda a indústria e comércio, incluindo fornecimentos farmacêuticos necessários na China. Devido à rápida propagação do Corona
J. Martins Pereira Coutinho Especialista em Carga Aérea coutinho.mp@gmail.com
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vírus em quase todos os continentes, a IATA decidiu apelar à União Europeia para suspender temporariamente a regra “use it or lose it” para os “slots” nos aeroportos, até Junho de 2020. Segundo a IATA, é uma situação sem procedentes que a indústria de transporte aéreo enfrenta. Daí, as companhias aéreas europeias pedirem ajuda aos respectivos governos, depois de o presidente Trump ter proibido os voos entre a União Europeia e os EUA. Esta inesperada proibição cancelou cerca de 3.500 voos semanais, entre a União Europeia e os EUA. Segundo a IATA, o impacto do Coronavírus pode custar mais do que 100 mil milhões de dólares, em 2020. Por isso, incitou os governos a prepararem-se para o impacto demolidor que a situação causará na aviação comercial. Em 2019, por exemplo, realizaram-se cerca de 200.000 voos regulares entre os EUA e o Espaço Schengen, ou seja, cerca de 500 voos diários, representando cerca de 46 milhões de passageiros. O Coronavírus tem causado um assustador colapso na procura de viagens aéreas. Por isso, as companhias de aviação têm tido dificuldades em ajustar a sua capacidade e as suas operações. No entanto, a suspensão da utilização da regra dos “slots” até Junho poderá tê-las ajudado a implantar medidas drásticas para vencerem as graves consequências causadas pela quebra de tráfego e a diminuição de operações. A IATA reconheceu que o vírus Covid-19 levou ao colapso global na procura de viagens por via aérea, confirmando, por isso, que “as companhias de aviação estão em crise”. No entanto, referiu que a decisão da Comissão Europeia sobre os “slots” pode beneficiar as companhias de aviação, aeroportos e passageiros. Talvez por isso, confirmou que o sector de transporte aéreo vai necessitar de 200 mil milhões de dólares, em apoios dos Estados. Se os Estados concordarem, isso poderá permitir às companhias aéreas mais flexibilidade no planeamento de uma fase de recuperação e na reintrodução de capacidade, onde e quando for necessária. Entretanto, a Lufthansa anunciou a suspensão de 23.000 voos para o período de 29 de Março a 24 de Abril, avisando que poderão surgir “mais cancelamentos”. Além disso, a Lufthansa decidiu parar 700 aviões, representando 95% de lugares. Segundo o seu presidente-executivo, Carsten Spohr, o futuro da aviação não pode ser garantido sem a ajuda do Estado. Nos EUA, a Delta Airlines colocou metade da frota em terra, levando cerca de 10.000 trabalhadores a pedirem férias