Trendline [mag] Ed 005

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ANO 02 EDIÇÃO 05 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VENDA PROIBIDA

É época de vindima, a temporada de colheita da uva na Serra Gaúcha, episódio que se configura, a cada ano que passa, em uma alternativa de turismo e entretenimento nas férias de verão.

Entrevista: Beto Albuquerque

Turismo: Cambará do Sul

Gastronomia: Empório São João

Para beber: Vinhos e cervas artesanais

Esporte: Arena e Beira-Rio


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ENTREVISTA / SPOTLIGHT

16 20 22 24 30

Beto Albuquerque e as estradas da Serra

MERCADO / MARKET ANATOMY

Desunião europeia MÍDIA / MEDIA TALKING

Publicidade em tempos de crise CAPA / FEATURED

Turismo na colheita da uva QUE FOME / FOOD

Comida para atiçar a memória

Fotos Samuel Ramos

34 38 44 50 52

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PARA BEBER / BOOZE

Vinhos e cervejas artesanais TURISMO / GO THERE

A cura para os problemas do ego QG DO ESTILO / STYLE

Estação Brasil IMIGRAÇÃO ITALIANA / SÉRIE PARTE IV

O cardápio colonial CULTURA / CULT

Temporada de grandes shows

38 54 56 58

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TRENDLINE[MAG] . ANO[02]

SAÚDE / GOOD LIVING

Correr atrás do peso ideal realmente emagrece? IMPEDIMENTO / FÚTBOL

A Copa do Mundo é nossa (das construtoras) TELEFONE VERMELHO / CRT

Quem foi que mordeu a maçã?



CAROS LEITORES Nessa edição novamente colocamos o pé na estrada para quebrar o lugar comum e trazer mais um tema que é uma tendência ascendente: o turismo na Serra Gaúcha não se resume ao inverno. Para muitas pessoas essa constatação é uma surpresa, visto que estão acostumadas a só relacionar a região com roteiros oferecidos durante a estação mais fria. Ledo engano. Ano passado, nesta mesma época, trouxemos uma matéria de capa sobre o turismo de aventura na região. Rafting, rapel e outras atividades ao ar livre que são impensáveis durante o inverno - a não ser que você tenha se criado no Alasca. Desta feita elaboramos mais uma matéria especial sobre outro roteiro que está ganhando força na região: o turismo durante a vindima, a época de colheita da uva. Falamos com enólogos, viticultores e profissionais do trade turístico que trabalham duro durante o ano todo para que tenhamos, durante o verão, a possibilidade de acompanhar de perto o clima festivo da safra. Essas atividades não se tornam apenas alternativas complementares ao tradicional veraneio no litoral, mas mostram que é possível curtir a Serra na época mais quente.

QUEM FAZ COLUNISTAS: Jarbas Gambogi e Alexandre Lattari - Mercado Financeiro Maria Cristina Frazon Telles - Fitness Marcos Beck Bohn - Crônicas Quéli Giuriatti - Estilo Janaína Silveira (Janajan.com) - Turismo Douglas Ceconello, Luís Felipe dos Santos e Iuri Müller (Impedimento.org) - Esporte Bretão Greici Audibert - Cultura DIREÇÃO GERAL: Samuel Ramos - Reg. Prof. 11.388-RS

CONSELHO ADMINISTRATIVO: Caroline Boito Maurmann

CONSELHO EDITORIAL: Marcos Beck Bohn

Com essa edição, nos despedimos de 2011, que foi um ano de afirmação para nós da Trendline. Para 2012, o ano em que o mondo irá acabar, esperamos seguir juntos com vocês leitores, quebrando clichês e descobrindo mais lugares legais que possamos visitar, antes, claro, que o Sol se apague ou que sejamos abduzidos.

COMERCIAL: Daniel Luis Barbizan mkt@tlmag.com.br (54) 9176 1384

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PERIODICIDADE Trimestral

Próxima edição: Março 2012

Endereço postal: Rua Felix Engel, 86 / 405 - Centro - Nova Prata - RS - 95320-000

CAPA Criação e foto: Samuel Ramos

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ENTREVISTA / SPOTLIGHT Por Samuel Ramos *Jornalista, editor da Trendline [mag]. samuel@tlmag.com.br

Beto Albuquerque: «Iremos recuperar as vias da Serra» As muitas reclamações que foram dirigidas ao governo estadual esse ano, vinculadas às péssimas condições das estradas da Serra Gaúcha, tiveram um endereço: Beto Albuquerque, Secretário de Infraestrutura do Estado. Assim, fomos procurar o homem para ouvir dele o que tinha a dizer sobre a situação. A cobrança em cima de Beto Albuquerque foi intensa no final do inverno 2011. Imprensa e contribuintes fizeram coro para reclamar - com absoluta razão - da condição de descaso que pairava sobre importantes vias de tráfego da região, em especial as RSC’s 324, 470, 453 e 122. Foi procurando respostas para esse fato que contatamos a Secretaria de Infraestrutura do RS para entrevistar o homem que responde pela pasta. Fomos atendidos pelo próprio Secretário, Beto Albuquerque, horas antes dele viajar para Brasília, onde buscava recursos para tocar novas obras viárias para o Estado. Nossa conversa com ele ocorreu assim: [mag] A imprensa e as comunidades locais caíram de pau em você, Secretário. Nós mesmos, aqui da Trendline [mag], também nos manifestamos de maneira bem forte quanto a má condição das estradas. O que, afinal, houve para que chegássemos nessa situação de abandono? Beto Albuquerque A cobrança por parte da imprensa é absolutamente normal, eu encaro esse fato naturalmente, pois vivemos em um Estado Democrático. Porém, nesse episódio, que ocorreu com as rodovias da Serra, mais intensamente entre agosto e setembro, a imprensa não contou a história toda. Todas as rodovias da Serra foram incluídas, no Governo Olívio, na minha gestão, dentro de um contrato de manutenção, com recursos do Banco Mundial, garantidos ainda naquela época. Esses contratos foram prorrogados no Governo Rigotto e venceram na metade de 2009.

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E o Governo Yeda, desde julho de 2009, impedido por restrições jurídicas de renovar esse contrato, não realizou um novo processo para garantir a manutenção dessas estradas. Como consequência, não houve restauro, drenagem ou reparos por dois anos seguidos. Como são rodovias de tráfego intenso, sevindo inclusive como rota para cargas pesadas que fogem do pagamento de pedágio na BR 116 e BR 386, é fácil perceber como as estradas atingiram esse ponto de degradação. Some a isso, o fato de termos tido 50 dias de chuva na região, o que inviabilizou até mesmo o trabalho emergencial de recapeamento, e a consequência foi a ruína de toda a malha viária da região. Esse é o histórico, e ele se repete em outras regiões: ao todo, estimo que herdamos cerca de 800 km de problemas, incluindo esses 240 km na Serra. [mag] E daqui para diante, como o Governo pretende atacar esse problema? BA Já temos o projeto elaborado e a licitação aprovada para recuperar essas quatro estradas: RSC 324, RSC 470, RSC 453 e RSC 122. Esse processo é sempre demorado, e explica porque só conseguimos liberar esse projeto depois de dez meses de governo. Já temos, garantidos, R$ 52 milhões para trabalhar nessas quatro rodovias. Inicialmente teríamos R$ 44 milhões, mas conseguimos agregar drenagem, sinalização e restauro, aumentando o valor disponível. [mag] A sinalização é um grande problema na RS 122. À noite quase não se enxerga a marcação da pista. BA E esse é um trecho com pedágio. Há um sistema de cobrança diferente, comunitário, mas ainda assim é um pedágio.


FOTO SAMUEL RAMOS

«O RS possui cerca de 12.500 km de malha viária estadual. Desses, apenas 7,3 mil km são pavimentados. No quesito trechos duplicados, temos apenas 140 km. Nossa meta é duplicar mais 200 km até 2014."

Precisamos melhorar muito na gestão das estradas. Para nós, que pensamos na infraestrutura com o olhar de planejamento, é um grande desafio.

Iremos fazer drenagem, restauro - com fresagem -, tratamento de base e sinalização. É um trabalho mais alongado e completo.

Desses 800 km que mencionei antes, temos sinalização ruim, buracos, restaurações mal feitas que não chegam a durar um ano.

Essas rodovias da Serra, que já mencionamos, também foram colocadas dentro de um programa de recuperação, chamado Crema (Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias), que irá angariar cerca de R$ 450 milhões junto ao Banco Mundial, e prevê a revitalização de mais de 1.600 km da malha viária estadual. Com isso, depois de restauradas, garantiremos cinco anos de manutenção contratados para essas estradas.

[mag] Creio que esse é um tópico importante: a qualidade das restaurações. Vimos muito, na RSC 470 e na RSC 324, o pessoal cobrindo os buracos, mas depois da primeira chuva eles reapareciam. Ainda maiores. Dinheiro posto fora. BA Nosso projeto é fazer uma restauração completa dessas rodovias, com expectativa de durabilidade, evitando esse tipo de paliativo que só desperdiça recursos. Por isso mesmo exigimos que a licitada fizesse a drenagem, uma operação importante, porque de nada adianta recapear sem obliterar os trechos em que ocorre o acúmulo de água. É preciso corrigir desníveis e fazer canaletas. O que vinha ocorrendo é que a empresa contratada para fazer os reparos dava uma espécie de «lambida» no asfalto, e depois pintava. Porém, sem o escoamento da água, de nada adianta, na primeira chuva mais forte o buraco aparece de novo.

[mag] Essa manutenção será prestada pela mesma empresa que faz os reparos hoje? BA Não. Será feita uma nova licitação, em que a vencedora será obrigada a drenar, restaurar e sinalizar, termos que hoje não são cobrados da atual prestadora. Nossa intenção é restaurar e manter. Porém, como a assinatura deste contrato com o Banco Mundial deve ocorrer até maio de 2012, não tínhamos mais como esperar e já iniciamos o trabalho de restauração em alguns pontos.

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[mag] Esse trabalho já é visível em alguns pontos. Existe um trecho crítico, na entrada de Veranópolis (no sentido Bento - Nova Prata), que foi totalmente recapeado. E era um trecho muito ruim, abandonado durante muitos anos, resultando em um asfalto que dividia retalhos com buracos e desníveis. BA O que foi feito até hoje, no mês de novembro de 2011, ainda é emergencial. Mesmo o recapeamento de um trecho longo e abandonado, como era esse, ainda não está dentro daquilo que queremos. O padrão do que estamos nos propondo a executar é de não repetir a simples cobertura dos buracos. Mesmo nas ações emergenciais, iremos exigir mais durabilidade nos reparos. Quando a mídia nos cobrou uma solução definitiva, durante o período de intensas chuvas, era impossível realizar algo. Então, hoje, com uma condição de clima mais favorável, é possível que consigamos realizar esses reparos com a qualidade que desejamos sempre frisando que eles ainda são emergenciais - e também dão a tônica sobre como serão os trabalhos definitivos.

O transporte aqui no Brasil, enquanto avanço tecnológico e comercial, evolui em uma velocidade muito maior do que a que o sistema de infraestrutura pode acompanhar. Essa tarefa é também complicada, pois ao mesmo tempo em que demandas legítimas nos cobram para melhorar e ampliar as vias, há muitas cidades que nunca tiveram acesso asfáltico. No RS são 104 municípios que sempre ficaram à margem dos investimentos. Pretendemos atender também a essas cidades. [mag] A Rodovia da Serra, projeto que integra o prolongamento da Rodovia do Parque (BR 448, que ligará Sapucaia do Sul a Porto Alegre), ajudará nesse sentido, visto que desobstruirá a BR 116. BA Estamos trabalhando para conseguir essa extensão entre Sapucaia e Portão, fazendo com que o acesso da Serra para Porto Alegre possa ser feito sem a BR 116. FOTO SAMUEL RAMOS

[mag] Estamos aqui falando de problemas atuais e passados, com relação às vias de tráfego. Mas é preciso olhar para frente. O Brasil coloca, hoje, 1 milhão de novos veículos nas ruas a cada três meses. Em Caxias e em Porto Alegre, as perimetrais que foram feitas nos últimos anos já nasceram esgotadas. BA Infelizmente a velocidade com que a frota está crescendo não pode ser alcançada pela construção de novas vias. Essa é a dura realidade. Para se planejar e construir uma estrada você leva de três a quatro anos. E nesse mesmo período você terá de 30 a 40% a mais de tráfego. Assim, é como você disse: as estradas novas já nascem com a capacidade ultrapassada antes mesmo de serem inauguradas. O histórico no RS também não ajuda muito. Dos 12,5 mil km de malha estadual, temos apenas 140 km duplicados. São estradas antigas, traçadas há muitas décadas, e que receberam um baixo volume de investimentos. Estamos vistoriando 952 pontes do Estado, que precisam ser verificadas, pois não foram construídas para aguentar a capacidade de carga que os caminhões transportam hoje em dia - algumas vezes, 50 ou 60 toneladas. Na média, são pontes feitas para suportar 23 toneladas.

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Recapeamento de trecho crítico na entrada de Veranópolis foi feito com a troca total da camada asfáltica. Segundo Beto Albuquerque, essas ainda são ações emergenciais.


FOTO NAURO NIZZOLA / DIVULGAÇÃO RSC 324, que liga Bento Gonçalves a Passo Fundo, possui alguns dos trechos mais críticos do Estado. Segundo Beto Albuquerque, ela será duplicada de Passo Fundo a Casca.

Recentemente sobrevoamos essa área, eu, o Governador Tarso Genro, e o Ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos, então ainda não temos estudos técnicos, mas sim uma avaliação preliminar. Nós queremos que a nova rodovia seja expandida até a cidade de Portão, disso não há dúvidas. Trata-se de um trecho curto, são apenas 17 km, e precisaremos de R$ 10 milhões em 2012 para fazer todos os estudos e os projetos da estrada. Já existe um trecho de estrada de chão, o que facilita, porém precisaremos também de uma ponte que cruze o Rio dos Sinos, e essa é a parte mais cara. O maior problema reside em Portão, onde hoje existe um grande aglomerado urbano na área prevista para fazer a conexão com a BR 448. O investimento para desalojar essas pessoas dali não é baixo. É um gargalo visualizável, e não é pequeno. Talvez até tenhamos que substituir esse ponto indicado para fazer a conexão por algum outro local menos povoado. De qualquer forma, a sinalização que recebemos do Ministério foi, até o momento, muito positiva - o que não significa que já possamos falar em prazos, visto que essa é uma obra que não deve ser iniciada em 2012. [mag] Embora não seja uma agenda da sua pasta, o Sr. acha que o pedágio entre Caxias e Farroupilha terminará mesmo em 2013?

Ele termina em 2013, e isso não discute. Qualquer que seja o desfecho das tratativas daquele trecho, a cobrança termina no prazo acordado. É uma decisão do nosso governo. [mag] E a federalização da RSC 470? BA A federalização está indo muito bem. Essa é uma rodovia que é federal do Porto de Itajaí até André da Rocha. Apenas no RS ela é estadual. Não queremos federalizar para fugir do problema, mas para resolver os graves problemas que ela tem, sobretudo na Serra das Antas. O Governo Estadual não tem como trabalhar sozinho nessa empreitada. Todas essas melhorias que conversamos aqui serão seguidas de maior atenção, mas também iremos aumentar a fiscalização, sobretudo no excesso de peso das cargas - que muito contribuem para a deterioração das estradas. Muitos motoristas reclamam das rodovias, mas trafegam com 50, 60 e até 70% de excesso de peso. Iremos fazer controles, e não serão balanças fixas. Iremos andar com equipamento móvel e fazer abordagens para coibir essa atitude. Estamos investindo R$ 55 milhões nessa tecnologia e iremos colocá-la em operação no ano que vem.

BA Esse pedágio tem data marcada para acabar.

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MERCADOS / MARKET ANATOMY Por Jarbas Gambogi* http://mercadoemquatrodimensoes.blogspot.com/ * Diretor de mercado de capitais em diversos bancos de investimentos; Diretor de Finanças Internacionais da FIESP em 1999; atualmente Gestor Independente de Carteiras registrado na CVM.

A mesma crise, um novo continente Assim como tudo que sobe há de descer, longos períodos de crescimento econômico inexoravelmente desembocam em monumentais crises. Parece um paradoxo, mas o desenvolvimento econômico que marcou o mundo nas últimas décadas, pontuado por uma expansão na concessão de empréstimos que ultrapassou todos os limites do bom senso, ainda é o responsável pela crise que assola o mundo desde 2008. A novidade, nesse ano, foi que a mesma crise apresentou um novo epicentro: a Europa. Mantendo a lógica, em algum momento a crise deverá atravessar o Oriente Médio e atingir a China, porém o timing para essa projeção é pouco acurado, pois não temos como saber quantas balas os chineses ainda possuem em seu canhão antirrecessão. O que sabemos é que eles já gastaram uma fração razoável do arsenal e algumas consequências estão aparecendo na mídia - sobretudo com as notícias sobre paralisações de grandes obras. Um conhecimento rudimentar sobre a psicologia humana ajuda a compreender o paradoxo acima: o cérebro tende a pegar tendências passadas e extrapolar a sua aplicação na linha presente e futura, como se o mundo real fosse uma mera equação. Entretanto, o futuro é uma equação multivariável, impossível de ser compreendida pelo mais genial dos seres humanos. Mesmo assim, quanto maior for a fase de crescimento econômico, mais irrealistas serão as projeções sobre o longo prazo - todas, claro, ancoradas no passado. Ato contínuo entre os empreendedores, todos os grandes projetos empresariais são concebidos a partir de premissas sobre o futuro.

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A matéria de capa da revista acima propositadamente não identificada -, de maio de 2009, convidava o leitor a «bombar» na bolsa de valores. Por ironia, menos de seis meses depois da publicação, o índice cairia quase 50%.


Por essa razão, mesmo durante as longas fases de prosperidade, o crescimento é ciclicamente interrompido por breves recessões, geralmente provocadas por aumentos substanciais da capacidade produtiva, que podem decorrer de estimativas por demais otimistas ou pelos surtos inflacionários.

Desde 2008 os líderes europeus vêm negando a realidade sobre quão frágil é seu sistema bancário que, a exemplo das instituições norteamericanas, concedeu enormes somas de créditos a devedores sem a capacidade de honrar os compromissos assumidos.

Há ainda outro fator: em geral, décadas a fio de crescimento, que podem atravessar gerações, apagam da memória coletiva as lembranças das severas recessões pelas quais já passamos. Quem conviveu com pessoas que passaram pela Grande Depressão da década de 30 sabe que eles viviam sob a sombra de uma grande recessão mundial, mesmo décadas depois de ela ter terminado.

A maioria dos investidores se esqueceu - ou desconhece - da regra de que os políticos não agem, apenas reagem, e quase sempre por atalhos que geram a menor dor (para eles) no curto prazo. As medidas anunciadas em outubro pelo Conselho Europeu para socorrer o sistema bancário são meros remendos. O processo de desalavancagem dos bancos europeus terá um longo caminho a percorrer. Na média o índice de alavancagem do sistema financeiro europeu é o dobro do norteamericano e a sua redução será inexorável. Os bancos europeus a reduzirão por meio do emagrecimento de suas operações ativas, caminho que resultaria em nova recessão, ou pela captação de recursos mediante lançamentos de novas ações nos mercados de capitais. A segunda opção seria a melhor, todavia os bancos não mais encontrarão investidores sedentos por novas captações, como antes da crise em 2008. Temos pela frente um longo período de baixo crescimento mundial, com surtos de expansão intercalados por recessões. O gerenciamento do risco será fundamental para a sobrevivência dos investidores e, por isso mesmo, é preciso avaliá-los com cuidado. O gerenciamento dos investimentos, tendo por base as regras número 1 e 2 de Warren Buffet (1. Não perca dinheiro; 2. Releia a primeira regra) deve ser posta à frente de possíveis retornos polpudos. A gestão patrimonial nas fases de grande crescimento é muito facilitada pelo fato de que os desequilíbrios ficam mascarados. Já durante as crises estruturais, esqueletos de toda a sorte saem dos armários tornando difícil, quase impossível, a tarefa de traçar cenários de longo prazo. A única saída é aceitar a convivência com a incerteza – postura que causa um enorme desconforto na maioria das pessoas - e aprender a reconhecer os momentos singulares de pânico entre os investidores, que é quando surgem as barganhas. Encurtar horizontes e esquecer a regra máxima de comprar e segurar também são boas dicas em momentos como esse.

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PAPO DE MÍDIA / COMUNICATE Por Bruno Rafael da Silva* * Publicitário / Planner / Mídia na Guife Multicom.

Tente não sumir quando a crise bater na porta Os ouvidos ficam mais atentos, os olhos procuram por notícias e os telejornais parecem que pautam suas matérias por um único assunto: crise econômica. E então? Vale a pena investir em publicidade em tempos de crise? Não há resposta fácil para essa pergunta: Como e quanto investir em tempos de crise? A questão envolve investimentos que são, muitas vezes, volumosos, assunto proibido na maior parte das empresas quando o noticiário é envolvido pela palavra crise. Porém acredito que antes de focar na resposta a esse questionamento, devemos nos perguntar primeiro se a crise realmente existe. Em tempos de relativa estabilidade financeira no Brasil (a última recessão de verdade ocorreu há dez anos), essa pergunta não só é pertinente como indispensável. Quando a palavra mágica “crise” surge na imprensa, uma grande parte de empresários e empreendedores se assustam e se antecipam a um período de dificuldades, situação que frequentemente faz com que algumas atitudes de resguardo sejam adotadas de imediato, quase em pânico, e, por isso mesmo, sem a devida avaliação do quadro geral. Essas medidas, caso se mostrem austeras demais, podem gerar consequências bastante difíceis de se consertar no médio e longo prazo. Digamos que a crise seja real, e o céu esteja mesmo caindo sobre nossas cabeças. Agora sim, devemos nos perguntar: “Seria esse o momento para investir em publicidade?”. Uma boa parte dos empresários irá responder um sonoro NÃO. Outros, porém, entendem um dos poucos clichês verdadeiros e resolvem seguir à risca a velha máxima: “Quem não é visto não é lembrado”. Claro que investir em mídia durante uma crise não significa aumentar orçamentos e fazer loucuras.

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Não mesmo! Afinal, estamos em crise, e durante uma recessão pessoas e empresas diminuem o seu ritmo de atividades. Contudo, se a sua empresa mantiver o investimento já previsto para o período, ela terá uma vantagem muito grande no mercado. Explico. A recessão fará muita gente buscar abrigo da crise através da retirada de mídia. Literalmente se esconderão, abrindo margem para que aqueles que ousarem se destaquem com maior facilidade. Em segundo lugar, o consumo poderá ser reduzido, mas não será extinto. E com maior visibilidade, fica mais fácil brigar pela porção que ainda movimenta o mercado. Aí você me pergunta: a crise chegou com força na minha empresa, e afetou o meu orçamento de publicidade. Como manter visibilidade, com menos recursos? Aqui entram todas as ferramentas possíveis: e-mail, rede social, assessoria de imprensa, relações públicas, entre outras. É importante entender que comunicação não é só publicidade e que sempre existe alguma coisa que pode ser feita em tempos de crise, pois o consumidor pode ser obrigado a reduzir alguma coisa no orçamento, mas faça o possível para que não seja o seu produto a ser deixado de lado. Cortar a verba de comunicação (e veja que agora falamos de comunicação e não apenas publicidade) não é a solução, pois embora você talvez acredite que esteja reduzindo custos, a médio e longo prazo poderá ter perdido muitos clientes pelo caminho. Faça o possível para manter o investimento planejado e você vai garantir presença agora e no futuro.


Em 1910, coluna social era algo dispensável. Em 1920, não existiam press releases. Em 1930, opinião valia tanto quanto informação. Em 1940, os jornalistas não precisavam ser neutros. Em 1950, não existiam regras sobre como uma matéria deveria ser escrita. Em 2011, ainda se faz jornalismo à moda antiga.

Jornalismo do século passado.


CAPA / FEATURED Por Samuel Ramos* samuel@trendlinemag.com.br * Jornalista e editor da TL[mag]

Fica, vamos pisar uva Produto turístico que ganha corpo, a vindima gaúcha não pontua apenas a época da colheita da uva. Torna-se, também, alternativa de lazer e diversão. FOTO DIVULGAÇÃO PIZZATO

É inverno na fria região da Serra Gaúcha, local que se destaca - dentre outros motivos - pela produção vinífera. Porém, para se chegar ao vinho, é necessário ter a uva. E uma pergunta se repete, no varejo de muitas das mais de mil vinícolas que estão instaladas na área: «Queríamos ver a uva no pé, mas as parreiras estão secas. Como fazemos?».

O produto turístico vindima não é novidade para quem já foi à Europa: na época da colheita da uva, vinícolas de todo o continente oferecem passeios, banquetes e provas dos vinhos a todos os interessados. É um período de muito trabalho para quem faz a colheita, mas também de grande retorno para quem aposta no enoturismo.

Para os enólogos, que trabalham o ano todo dedicados à produção do vinho, resta explicar pacientemente que a maturação das uvas ocorre antes do inverno e que, por isso mesmo, elas já foram colhidas. Alguns turistas recebem a notícia com surpresa, outros prometem voltar no verão para, assim, conhecer os vinhedos.

Na Serra Gaúcha, o produto ainda é novo. Veja o caso de Bento Gonçalves, cidade que promove o maior número de ações formais no período: a Vindima está indo agora para a sua terceira temporada. Muito pouco se compararmos com outras datas já consagradas da região, tais como Natal Luz e Festival de Cinema.

Esses que resolvem voltar no verão formam - a cada ano que passa - um grupo cada vez mais numeroso. Aproveitam, dentre outras coisas, de tarifas mais atraentes nos hotéis, da transformação paisagística que as parreiras fazem no terreno acidentado da Serra e, claro, de tudo que envolve a vindima: gastronomia, passeios, degustações e atividades em meio à natureza.

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Mesmo assim, a Vindima mostra fôlego e potencial para se consolidar no decorrer das próximas temporadas como uma boa alternativa para quem cansou da farofagem na beira da praia. A riqueza e a magia do momento da colheita da uva, ainda não totalmente revelada ou descoberta, surpreende aqueles que participam pela primeira vez. Descubra, nas próximas páginas, o porquê.


FOTO SAMUEL RAMOS

FOTO FERNANDO FREY

O rápido período de brotação das parreiras começa a transformar a paisagem das regiões viníferas da Serra Gaúcha ainda no começo da primavera: sai o marrom acinzentado que dá o tom sóbrio do inverno, entra o colorido das folhas e das uvas.

FOTO DIVULGAÇÃO PIZZATO


De janeiro a março, Bento Gonçalves reúne o maior número de atividades relacionadas à Vindima na Serra. Preparando a bagagem Se você decidir acompanhar o festivo período de colheita da uva, fique sabendo que o calendário de atividades é bem amplo, de maneira que fica fácil encaixar na sua agenda uma visita a Bento Gonçalves durante a vindima: a abertura oficial do evento ocorre no meio do mês de janeiro e se estende até meados de março. Nesse período as vinícolas do Vale dos Vinhedos, Faria Lemos, Caminhos de Pedra, Pinto Bandeira, Tuyuty e Vale das Antas costumam receber os turistas com provas dos vinhos, passeios e gastronomia (com exceção das degustações, as atividades costumam precisar de reserva prévia). Se o tempo estiver sobrando, também vale a pena visitar vinícolas de outras cidades da região, tais como Monte Belo do Sul, e Flores da Cunha, onde a vindima é festejada junto aos visitantes. Existem, ainda, festas e feiras temáticas que ocorrem para celebrar a época: Vindima no Vale dos Vinhedos, Festa da Colheita (Tuyuty), Festa da Vindima (Monte Belo do Sul), Festa Nacional do Vinho (Bento Gonçalves), Festa Nacional da Vindima (Flores da Cunha) - que volta em 2013 - e Festa Nacional da Uva (Caxias do Sul) - a partir de fevereiro. Bento Gonçalves também aposta, em 2012, em atividades diversas, tais como:

Além das atividades acima, vinícolas, hotéis, restaurantes e bares contam com programações/pacotes especiais, que merecem atenção. 26

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FOTO GILMAR GOMES

- Apresentações cênicas, realizadas pela Fenavinho; - Degustação de uvas na Via del Vino (todos os sábados); - Minicursos de degustação; - Ciclo de Cinema no Bento em Vindima, com exibição de 8 filmes + jantar; - Concurso Fotografando a Vindima; - Concurso Prato da Vindima; - Arte no Verão, 2ª Edição, na Casa das Artes; - Exposição de Fotos; - Encontro Turismo - Bento em Pauta, dias 13, 14 e 15 de janeiro; - Jantar sob as estrelas, 2ª Edição, no dia 17 de fevereiro.


FOTO SAMUEL RAMOS

Durante a Vindima os turistas vão para as vinhas e conhecem o trabalho do viticultor através do Dia da Colheita. Colocando a mão (e o pé) na massa Realizados os preparativos básicos, é hora de encarar a vindima. Uma boa maneira de se conectar com o evento é participar da colheita per se, sendo a Pizzato Vinhas & Vinhos, do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, uma das opções mais completas que encontramos para viver essa experiência. Lá fomos recebidos por Flávia Pizzato, que junto ao patriarca da família, Plínio Pizzato, nos falou sobre a atividade mais procurada na vinícola: o Dia da Colheita. Realizados nos sábados - mediante reserva prévia - durante o mês de fevereiro, o Dia da Colheita é mais que um passeio, é uma celebração à atividade dos vinicultores: «Trabalhamos com grupos de até 40 pessoas por vez, e todos são recebidos com música típica e espumante no começo da atividade. Elas recebem chapéu - que nessa vindima será no estilo Panamá - e tesoura antes de sairmos. Depois, a bordo de um pequeno trator ou caminhando vamos até os vinhedos para, lá, fazer a colheita», explica Flávia. E a colheita não é para inglês ver, posto que os turistas colhem variedades nobres, europeias: «Dependendo da época, claro, o participante pode colher Chardonnay, Merlot, Tannat, Cabernet Sauvignon ou Alicante Bouschet. Tudo é feito nos nossos vinhedos, e as pessoas podem conhecer mais sobre o processo, sobre os cultivares, enfim, aprendem qual o caminho que a uva segue antes de ser levada para a feitura do vinho», revela.

O divertido passeio entre os vinhedos leva cerca de duas horas, e pode ser feito também por crianças e adolescentes, que, segundo nos informa o «seu» Plínio, adoram a brincadeira de colher uva. Finda a colheita, é hora de colocar a uva na mastela (uma grande bacia de madeira), onde os mais empolgados irão realizar a tradicional pisa da uva: os pés são, obviamente, descalços e limpos para que, então, a felicidade geral dos turistas seja feita. Alguns praticamente pulam dentro do recipiente, enquanto outros dão tímidos passos - a essa altura, já escorregadios. Em comum, um grande sorriso na hora de posar para as fotos. Claro que nem todos encaram a pisa. Os homens de personalidade mais sisuda, por exemplo, são mais relutantes, e, conforme nos explica Flávia, preferem assistir de longe: «Às vezes notamos que a pessoa está louca para participar, mas fica um pouco acanhada na hora de entrar na mastela.», brinca. Depois da pisa, o passeio continua com a visitação guiada na vinícola, onde o enólogo Flávio Pizzato explica a todos o processo de elaboração do vinho e dos espumantes. A seguir, um saboroso almoço, de predominância brasileira, é elaborado pela chef Giovana Faccin, e harmonizado com os vinhos da Pizzato. E o preço? Mais do que justo. Toda a atividade custa cerca de R$ 150 por pessoa. TRENDLINEMAG . NO[05]

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FOTO LUANDA ROOS

Piqueniques também são opções na Cristófoli e na Pizzato. Tradição que encanta Apesar de pouco conhecido no Brasil, o produto turístico Vindima já é bastante consolidado em países de forte vocação vinícola, sobretudo na Europa. O período é celebrado não apenas por refletir todo o trabalho dos produtores ao longo do ano, mas também por dar pistas sobre a qualidade do vinho que chegará ao varejo nos próximos dois ou três anos. Até chegar à colheita, os enólogos travam uma dura batalha para acompanhar a maturação das uvas e também, literalmente, «secar» o tempo, para que não ocorram chuvas em excesso durante essa época, crucial para o desenvolvimento de um nível correto de açúcar e acidez. Bruna Cristófoli, da Cristófoli Vinhedos e Vinhos Finos, é uma dessas enólogas que se dividem entre o acompanhar do clima, das vinhas e do turismo que o período propicia: «Em 2012, teremos o nosso segundo ano de atividades com turistas. Vemos como um período para formar novos consumidores, pois a vindima é um período muito rico», avalia. Responsável pela criação do Edredom nos Parreirais, uma experiência que aposta no romantismo e na intimidade, Bruna nos conta que a busca pela valorização da vindima ainda tem um longo caminho: «Na Alemanha vi muitas coisas interessantes como, por exemplo, a venda do vinho doce, que está recémcomeçando a fermentar. Além disso, eles também trabalham com feiras de produtos típicos». 28

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A ideia de realizar algo diferente foi a mola propulsora para Bruna criar, junto com o pessoal da Cristófoli, uma área junto aos vinhedos da família para que casais possam se espichar sob um edredom e curtir um fim de tarde especial, regado a vinhos e guloseimas - tudo isso com a vista que está aqui embaixo. Estava criado o Edredom nos Parreirais. FOTO SAMUEL RAMOS

Seja para pisar a uva e se divertir com os amigos, ou para curtir a dois a paisagem do verão serrano, a Vindima é uma ótima opção de lazer e turismo para quem já cansou da farofada em que se transformou o litoral gaúcho. Integrar-se a essa tradição torna-se uma obrigação para aqueles que apreciam ou são entusiastas de uma boa mesa. Palavra de Baco!



QUE FOME / FOOD IN MY BELLY Por Redação Trendline [mag] redacaol@trendlinemag.com.br

Alimentando memórias FOTOS SAMUEL RAMOS

Comida que enche a barriga, mas também revive sensações e propõe experiências. Assim é a cozinha do Empório São João, em Nova Prata. É fim de ano na casa da Vó Necy, matriarca no sentido mais amplo da palavra: tal como diversas outras nonas que ainda vivem na Serra Gaúcha, é a mãezona que coloca todo mundo embaixo da asa e que se encarrega de juntar uma numerosa família em volta da mesa a cada data especial. Quem já participou de banquetes assim sabe que duas coisas são regra: a barulheira de todo mundo falando ao mesmo tempo sobre assuntos diferentes e, claro, a pança cheia no fim da refeição. Pois se você visitar o Empório São João, em Nova Prata, vai perceber que tudo, ali, tem cara desse tipo de reunião familiar. Desde o cardápio, onde predomina um menu colonial em que produtos industrializados não são desejados, até o próprio ambiente, em que se exibem fotos das gerações que antecederam Marcelo Nedeff, Cláudia Briani Antoniolli Lenzi e Paula Briani Nedeff, os proprietários do espaço. Todo o conceito do Empório foi concebido para reviver a atmosfera que circundava os banquetes familiares dos sócios. «Na nossa família, sempre foi assim: a comida farta, colonial, e os bons vinhos fizeram parte de nossa vida, é dessa forma que lembramos dos melhores momentos de nosso convívio. O prazer na mesa é uma instituição», explica Marcelo.

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E é exatamente o prazer na mesa que marca a experiência de visitar o Empório São João. Antítese dos fast foods que marcam a memória gastronômica das gerações mais novas, a proposta no Empório é de trabalhar com pratos que ativem memórias longínquas, de um tempo em que as coisas não eram industrializadas. «Parece um conceito riponga, é verdade, mas seguimos a filosofia da Economia do Amor. Procuramos receitas familiares, artesanais, e buscamos nossos ingredientes no trabalho de pessoas que não visem apenas o lucro, mas também preservem o modo como nossos antepassados produziam seus alimentos. A Salete, que entrega nosso pão, é de uma família que panifica desde 1913. Nossos fornecedores de vinhos também são de pequenas famílias que fazem isso há pelo menos três gerações, e isso se repete com outros produtos», finaliza Marcelo. O uso de produtos frescos e coloniais, por sinal, é a característica mais marcante da cozinha do Empório. Veja, por exemplo, o caso da Polenta Consa (da foto acima): é feita na hora, sem usar nada pré-pronto. O molho de carne é de chorar em polaco e o queijo colonial é daqueles que provocam uma distensão no braço, de tanto que espicha quando você está comendo.


A MASSA, FEITA COM O PESTO CASEIRO DA RECEITA SECRETA DA DONA DETE, É UM DOS PRATOS IMPERDÍVEIS DO EMPÓRIO SÃO JOÃO, EM NOVA PRATA. TRENDLINEMAG . ANO01NO.01


Outra das receitas familiares, que é guardada a sete chaves, é o Doce de Café da Vó Necy. Feito com merengue caseiro, creme de café e pêssegos, está na família há mais de 80 anos. Sensações e memórias O pré-requisito básico no Empório São João é simples: a comida deve provocar sensações. Tanto faz se o prato do dia é a recriação de uma carne de panela, uma sopa de feijão, um creme de legumes ou uma sobremesa tão única que sequer tenha um nome oficial. Há também receitas que foram produzidas por clientes assíduos, tal como a deliciosa calda de vergamotas - que acompanha sorvete -, porção que foi batizada com o nome de sua criadora e incorporada ao cardápio oficial. Por falar nisso, o sorvete é presença constante na carta e é servido em generosas porções que acompanham diferentes caldas. Ou todas as caldas, como é o caso do Sorvete de Criança. Inspirado na anarquia caótica que fazem os pequenos na fila dos buffets, ele incorpora balas, gomas, pirulito, chocolate granulado e chantilly. Outra sobremesa que tem, para o pessoal do Empório, forte carga emocional é o Doce de Café da Vó Necy. Receita secreta que está na família há 80 anos, mistura o leve amargor do café - através de um creme - com merengues caseiros e pêssegos. Com tantos ingredientes distintos, é praticamente impossível sair do Empório São João sem se contaminar pela paixão gastronômica que inspirou o lugar e sem agradecer à Dete e à Vó Necy. Mesmo que você não as conheça.

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Acima, a sobremesa que enlouquece pequenos e adultos: Sorvete de Criança. Logo após, as Sagradas Bruschettas, companhia certeira do happy hour.


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BEBENDO BEM / BOOZE Por Samuel Ramos samuel@trendlinemag.com.br Um jornalista que não gosta de enochatos.

Destaques da Avaliação Nacional de Vinhos

FOTO GILMAR GOMES

O que era uma comedida euforia no fim de março, quando a colheita das uvas animou alguns vitivinicultores, se tornou uma bela amostra do potencial da safra de vinhos 2011. Na véspera da 19ª Avaliação Nacional de Vinhos, em um jantar que reuniu a imprensa especializada, o diretor da Wine Park, Rodrigo Biasi, cunhou a frase que pontuava o tamanho da expectativa que todos tínhamos quanto à qualidade dos vinhos que provaríamos no dia seguinte: «Fazer enologia com uma safra assim é moleza. Difícil mesmo foi fazer vinho bom em 2009 e 2010». Declarações como essa, que destacavam a qualidade da safra 2011 na Serra Gaúcha, se tornaram notícia velha ainda em março. E para nós, que acompanhamos o setor, tais declarações serviram como fermento para que a curiosidade se transformasse em uma sede implacável pela prova das amostras que conheceríamos no dia seguinte. No meu caso, um não expert no assunto, mero entusiasta no tema, o convite para participar da Avaliação foi recebido com uma decisão difícil: para deixar o paladar preparado para a degustação, entendi ser necessário passar por duas semanas de abstinência total com vinhos e espumantes. Assim, quem sabe as minhas poucas papilas gustativas desenvolvidas teriam o seu funcionamento, digamos, potencializado. A restrição foi complicada de realizar, mas realmente se mostrou de grande eficiência na hora de identificar as particularidades de cada amostra (e me fez questionar a falta de seriedade com que muitos

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«entendidos» se dispõem a ranquear e atribuir notas, sobretudo aqueles que apregoam degustar mais de dois ou três mil vinhos no decorrer de um ano). Com o paladar em dia, foi hora de encarar a maratona que viria a seguir: acordar às sete da manhã para degustar as 16 amostras representativas da safra 2011. Na categoria dos brancos e espumantes, que é considerada uma especialidade da Serra Gaúcha, conhecemos belos vinhos. Chamaram minha atenção as amostras 3, 5 e 7, respectivamente da Aurora (Riesling Itálico), Goés & Venturini (Chardonnay) e Don Guerino (Moscato Giallo) - só fomos saber quem eram os fabricantes no final da avaliação, visto que todo o processo é feito às cegas. Nos tintos, meu preferidos, um fato me chamou a atenção: a presença de dois Tannat’s, com apenas um Cabernet Sauvignon entre os dezesseis, mostrando que a uva típica e tradicional do Uruguai está produzindo bons vinhos no Brasil. Claro que nem todas as amostras me agradaram, porém gostei muito da 13, 14 e 16, de Rasip (Cabernet Sauvignon), Almaúnica (Syrah, ainda melhor que a safra passada) e Seival (Tannat). Confira no www.tlmag.com.br a listagem completa.


FOTO SAMUEL RAMOS

As oito décadas de Cândido Valduga Virou clichê escrever que a história de Fulano se confunde com a de algum lugar. Pois bem, vamos aceitar possíveis xingamentos quanto à figura de linguagem, mas é impossível dissociar a história do vitivinicultor Cândido Valduga, dos acontecimentos que marcam a consolidação do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, como referência em enoturismo. O «Seu» Cândido Valduga é do tempo em que se levava o vinho para Bento em carroças. Do tempo em que luz elétrica era coisa de gente afrescalhada da cidade. Do tempo em que se fazia a previsão do tempo pela cor do pôr do sol. E isso nos basta para justificar o clichê emitido anteriormente. O jovem cidadão, que esse ano completou 80 anos de vida - dos quais, mais de 70 dedicados ao vinho comenta com muito bom humor a passagem desse aniversário especial: «Todo mundo me diz que é uma maravilha fazer 80 anos. Pois eu digo que estão loucos», brinca o Seu Cândido. Descendente dos Valduga que chegaram ao Brasil no longínquo ano de 1875, o Seu Cândido se criou na Linha Leopoldina, uma das localidades que compõem o charmoso Vale dos Vinhedos.

A família se estabeleceu no local em 1945, quando o Seu Cândido tinha apenas 14 anos. «Naquela época levávamos uma hora e meia para percorrer os seis quilômetros que nos separam de Bento Gonçalves», relembra. Todo o clã Valduga sempre esteve envolvido com a produção de vinho, naquela época fazendo o tradicional vinho colonial, de uva Isabel, que era fornecido para grandes empresas do segmento (tais como Cia. Riograndense e, mais tarde, Dreher), atualmente também se dedicando à produção de vinhos finos de mesa. «Fomos os pioneiros com alguns cultivares na região. Tivemos as primeiras mudas de Cabernet Franc e de Marselan, por exemplo», cita. Atualmente a sua vinícola, Dom Cândido, possui vinhedos próprios em Bento Gonçalves e em Veranópolis. Testemunha viva da evolução do Vale dos Vinhedos, Seu Cândido entende que o local deve continuar a atrair investimentos, e também acredita que a cara colonial que caracteriza o roteiro deve ser mantida: «O italiano é um povo que conserva as suas tradições», finaliza.

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Recomendamos vinhos, espumantes e brejas Casa Pedrucci Tradicional Brut Esse foi o espumante que mais agradou a mesa em que estávamos, durante o jantar de premiação do VII Concurso Nacional do Espumante, em Garibaldi, evento que ocorreu em outubro. Prata da casa, é produzido na própria cidade, pela Vinícola Pedrucci, sob a supervisão de Gilberto Pedrucci.

FOTO DIVULGAÇÃO PEDRUCCI

O preço de varejo é de cerca de R$ 45 - o que é um bom preço para um produto desse quilate.

Moscatel Calza Júnior Com um equilíbrio praticamente perfeito entre acidez e açúcar (nem tão doce, nem tão ácido), o espumante Moscatel do pessoal da Calza Júnior Vinhos é uma pedida certeira para as festividades de fim de ano.

FOTO SAMUEL RAMOS

A grande dificuldade reside em encontrar o espumante, que é feito em pequenas quantidades. Um dos locais certeiros para comprar e degustar é o Empório São João, em Nova Prata, onde o produto é vendido por módicos R$ 22 a botija - uma verdadeira pechincha.

Pinot Noir Almaúnica 2011 Ao lado das barricas francesas, que ainda estalam de tão novas, Márcio Brandelli nos apresentou, em primeira mão, o seu próximo lançamento: um Pinot Noir jovem, que repousou durante oito meses na madeira - de primeiro uso -, dando origem a um vinho macio de boca (poucos taninos), tão agradável que, apesar de ser tinto, é possível de se encarar até mesmo em uma noite mais agradável de verão.

FOTO SAMUEL RAMOS

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Deve ser engarrafado agora no final do ano e estará disponível no varejo na faixa dos R$ 45.


Black Mamba - Guenther Sehn O nome dessa cerveja não poderia ser mais apropriado: ela possui venenosos 11,2° de graduação alcoólica e 202 IBUs (!) de amargor, de maneira que ao inocular uma única long neck na corrente sanguínea já é possível perceber seu efeito. Saborosa e cremosa, é, disparada uma das melhores cervejas que provamos esse ano. É feita, literalmente, em casa pelo homebrewer Guenther Sehn, de Porto Alegre - o que torna difícil encontrá-la. Se achar algumas por aí, compre o estoque!

Oktoberfest - Heilige + Seasons Craft Brewery Se você pretende ir até Munique provar a típica cerveja Oktoberfest de lá, antes de chegar no Aeroporto Salgado Filho dê uma passada na Seasons, que fica ali perto, e prove a cerveja estilo Oktoberfest que eles fizeram com a Heilige, de Santa Cruz do Sul. De muito sabor e moderado amargor, fará você se sentir na Baviera antes mesmo de ter saído do chão. Mas apresse-se: foram feitas menos de 900 garrafas.

Double Stout - Hook Norton Brewery Se você aprecia o sabor forte e marcante de uma boa Stout ,que tal provar uma Stout em dose dupla, de cor tão negra que até parece que você está bebendo um copo de petróleo? O achocolatado do aroma combina com o amargor de café, e é um dos responsáveis por fazer essa cerveja levar os dois últimos prêmios, na categoria, do World Beer Awards. Tem no Doppio Malto (Bento Gonçalves).

Pilsen - Karavelle Está aí uma cerveja que tinha tudo para dar errado: ela é feita em São Paulo (e não no RS, melhor em tudo), tem um nome que parece de banda de bailão e o rótulo é feio de doer. Porém, ao abri-la nos deparamos com uma Pilsen de respeito: o aroma inebria e o sabor, bah, é impossível manter o copo cheio (vide foto ao lado). À venda no Doppio Malto (Bento) e no Cozer Restaurante (Nova Prata).

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TURISMO / GO THERE Texto e fotos de Samuel Ramos* samuel@trendlinemag.com.br * Jornalista, editor da Trendline [mag]

Cânion Itaimbezinho, uma das belezas de Cambará do Sul

Cambará do Sul, 600 mg Se o mundo fosse perfeito, não existiria Imposto de Renda, IPVA, e nem sertanejo universitário. Melhor ainda: nesse planeta paradisíaco, o estresse teria como receita uma viagem até Cambará do Sul, pela qual o seu plano de saúde ficaria com a conta. O raciocínio é óbvio: é impossível não desligar a cabeça depois de se ficar alguns dias contemplando os campos de cima da Serra, que, entremeados por pequenas colinas, abrem-se até o litoral através dos cânions da região, formando paisagens de tirar o fôlego. E, por isso mesmo, o passeio até Cambará deveria vir com prescrição médica e despesas pagas, pois a estadia lá é realmente terapêutica. Típica cidade do lado mais campeiro da Serra, em Cambará parece que o tempo não passa. Não se vê lá a opulência das cidades economicamente mais desenvolvidas da região. Não mesmo. Se você procura badalação, mansões e carros do ano, esse definitivamente não é o seu lugar. A simplicidade é a norma e, mesmo nos locais de maior conforto, a demasia é evitada. Menos é mais, e estamos conversados.

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Cambará se tornou conhecida por abrigar uma série de cânions, formados a partir de acidentes geológicos, que deixam de queixo caído a quem os visita pela primeira vez. Aliás, essa é outra característica terapêutica do local, dessa vez de cunho psiquiátrico. Está se sentindo importante demais? O ego inflou e o mundo gira ao redor do seu umbigo? Nada que a grandiosidade do cânion Fortaleza, o mais belo dos que visitamos, não coloque tudo no seu devido lugar - e na devida proporção. Cambará do Sul é, também, muito conhecida pelas 120 toneladas de mel que produz a cada ano. Além do mel normal (que eles chamam de mel escuro), há uma outra variedade, muito famosa, de coloração branca, que é produzido a partir do néctar de flores nativas mais difícil de encontrar. Outra marca do município, é o frio. A friaca é tanta na região que é impossível encontrar uma casa que não disponha de fogão a lenha, aparelho que além de esquentar também serve para preparar um dos tira-gostos mais tradicionais da Serra Gaúcha: o pinhão na chapa, delícia que costuma ser saboreada com o acompanhamento de vinhos.


ACOMODAÇÕES DO PARADOR CASA DA MONTANHA SÃO A PEDIDA IDEAL PARA SE INTEGRAR COM A EXUBERANTE CAMBARÁ DO SUL.


FOTO JANAÍNA SILVEIRA

Fim de tarde, sob o fogo da lareira, receita relaxante que faz da televisão, ao fundo, objeto de decoração: o Parador não a conectou com antenas, dispensando o contato mundano. DVD’s estão disponíveis. Cambará do Sul costuma receber cerca de 200 mil turistas por ano, e os dois pontos mais procurados são os parques Aparados da Serra (onde fica o Itaimbezinho) e o Parque Nacional da Serra Geral (que abriga o Fortaleza). Outros cânions também possuem acesso pela cidade, dentre eles o Churriado e o Malacara. Apesar do turismo local ainda não contar com pleno desenvolvimento - a exemplo do que ocorre em outros lugares do RS, onde a atividade ainda é encarada como bico - e carecer de melhor organização e estrutura, já é possível visitar a cidade e usufruir de bons serviços, inclusive restaurantes, pousadas e hotéis. Um desses locais, que gentilmente nos recebeu, foi o Parador Casa da Montanha, estabelecimento que faz parte do grupo que administra em Gramado o Hotel Casa da Montanha e o Hotel Petit. O Parador é o primeiro e único hotel do Brasil a oferecer hospedagem em barracas térmicas. Além de proteger o visitante do frio típico da Serra Gaúcha, elas deixam o Parador com uma cara de «acampamento chique»: o serviço e a gastronomia são de primeira e há climatização e música ambiente nas barracas. Música que é totalmente dispensável à noite: dormir com o som do riacho equivale a um sono de 50 gotas de Rivotril. 40

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O Parador está instalado em meio à natureza, e conta com a trilha sonora de um riacho corrente.

No Parador, o gerente Fabiano Koehler nos explica que é possível optar pela hospedagem em barracas luxo ou suítes: «As suítes são maiores e possuem varanda, hidromassagem e duchas privativas. Na luxo, há um lavabo e os hóspedem usam a nossa casa de banho para fazer o asseio pessoal», revela. Inaugurado em 2002, o Parador hoje conta com 12 acomodações (nove luxo + três suítes). O modelo, que conta exclusivamente com barracas, veio depois que a administração do grupo conheceu esse tipo de acomodação durante um safári africano: «Queríamos criar uma atmosfera diferente, e conseguimos isso com as barracas. Seria muito mais barato construir chalés, mas com essa proposta mantemos o charme e valorizamos ainda mais a paisagem», resume. A cozinha, comandada por Solange, Edgar e Rodrigo, oferece a combinação perfeita daquilo que chamamos lá, durante a estadia, de comida gastrocampeira (sim, merecemos o açoite por criar um neologismo tão esdrúxulo): o arroz e o feijão tropeiro são feitos em panela de ferro, o leite é fresco (o que rende um arroz doce inigualável), os pães são caseiros, as hortaliças são cultivadas em horta própria e há cortes de caça. Tudo muito simples e saboroso, porém com apresentações requintadas que valorizam ainda mais os ingredientes típicos da região. Para ficar perfeito, mesmo, só faltou ter Camargo (café com leite de vaca tirado na hora). TRENDLINEMAG . NO[05]

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Seu ego anda grande demais? Visite o cânion Fortaleza e coloque as coisas em seu devido lugar.

O auge da temporada de turismo em Cambará ocorre no inverno, quando o frio impera e derruba as temperaturas, atraindo muitos visitantes de fora do Estado. Porém, é possível visitar o local durante todo o ano. De fato, Marcelo Sartori, da Coiote Adventure, empresa que opera roteiros de turismo (de aventura, inclusive) na cidade, nos explica que cada época do ano propicia diferentes experiências: «No inverno a visualização dos cânions é melhor, mas com o frio se torna complicado fazer atividades ao ar livre, na água, por exemplo. Já, no verão a visibilidade varia muito, em geral não é tão boa, mas é possível curtir mais as trilhas e rios», elucida. Nesse quesito, Cambará também oferece uma ampla gama de possibilidades: há trilhas curtas, para quem já não dispõe do fôlego de outrora, e passeios longos, que envolvem muita caminhada. Na Trilha do Rio do Boi, por exemplo, realizada no Itaimbezinho, a caminhada envolve 9 km - entre pedras e córregos. Para finalizar, uma ressalva importante: a estrada para os cânions não é exatamente uma beleza. Assim, se você não tiver uma Land Rover (ou similar) trate de contratar um serviço de transporte, com guias locais especializados. Vai custar entre R$ 80 e R$ 110 por pessoa, o que é mais barato do que ter que trocar um pneu cortado ou um amortecedor, e ainda por cima ficar travado a 150 km do guincho mais próximo. Isso em uma área que nem celular pega.

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QG DO ESTILO / STYLE Por Quéli Giuriatti* twitter.com/quelig *Jornalista e Professora de Moda

O verão é a temporada mais quente da moda brasileira. Nossa sensualidade, criatividade e bossa nos destacam naturalmente como o país que mais lança tendências de beachwear no mundo. Também, com uma costa de mais de sete mil quilômetros e tantas praias-paraíso não poderia ser diferente. Confira algumas das novidades que as melhores marcas nacionais lançaram para esta estação ensolarada e brilhe sob a luz do sol. FOTOS DIVULGAÇÃO AGÊNCIA FOTOSITE

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Kaftans Essa peça de origem árabe é uma aposta dos estilistas brasileiros de moda praia há algumas estações. A mania da brasileira de se expor ao sol e revelar todas as suas curvas nunca favoreceu muito o kaftan, mas parece que a peça vai pegar neste verão. Ampla, colorida e megaconfortável, vai cobrir o corpo das mulheres mais elegantes a caminho da piscina ou da praia.

Color block Muitos fashionistas estão cansados do tal color blocking. Mas as consumidoras com certeza vão experimentar essa tendência internacional pelo litoral brasileiro neste verão. Trata-se do uso de peças lisas em cores intensas e diferentes, formando “listras” ao longo do corpo. Biquínis e maiôs em dois tons intensos têm tudo para tomar conta dos balneários daqui. A vantagem é que qualquer uma de nós pode montar facilmente um look color block com itens avulsos, entre tops e tangas.


Sunga x Bermuda O eterno dilema dos rapazes: sunga ou bermuda? Na dúvida, o conforto prevalece. Na beira da praia o que importa é sentir-se bem consigo mesmo. O modelo quadradinho de sunga segue como o predileto dos brasileiros com o corpo em dia, e a bermuda de comprimento médio entra como novidade nesta temporada 2011/2012. Nem tão curta, nem tão longa, perfeita para quem opta pela segurança da tradição.

Moro num país tropical Abençoado por Deus, de fato. E lindas mulheres em cenários exuberantes estampadas de temas verdes ficam espetaculares. Maiôs com folhas de palmeiras, com textura de penas, com flores exóticas não vão faltar nas “araras” das lojas de beachwear – com direito a trocadilho!


Psicodelia e romantismo Como os anos 70 estão na pauta do dia – ao menos no mundo da moda – as estampas psicodélicas, que trazem grafismos espelhados, prismados ou espiralados, estão com tudo. Os florais suaves, que também representam a década dos hippies, do transcendental, do espiritual, ganham igual tratamento e valor.


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ESPECIAL / A IMIGRAÇÃO, PARTE

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Por Ângela Pomatti * angelapomatti@yahoo.com.br *Mestre em História das Sociedades Ibero-Americanas - PUC-RS.

Mangia che te fa bene A chegada dos imigrantes ao Rio Grande do Sul, proporcionou o contato com as iguarias da culinária italiana. Porém, como fator comum das manifestações culturais, a comida típica aqui chegando sofreu modificações. Foi preciso transformar as receitas e improvisar. Os italianos, que deixaram a Itália entre o fim do século XIX e começo do XX, não vieram ao Brasil passar férias. A principal motivação dessas pessoas era fugir da má condição sócioeconômica que viviam em seu país de origem e, assim, é natural esperar que eles não chegassem aqui carregados de finas iguarias ou de grandes pretensões culinárias - padrão alimentar que estava acessível somente à elite da Itália. O Brasil era para os imigrantes um enorme ponto de interrogação, e aqueles que chegavam precisavam conhecer e adaptar os ingredientes locais às suas dietas. Esse foi um processo longo, que evoluiu com o passar dos anos. Saiba que aquilo que identificamos, hoje, como cozinha típica italiana era, na época, muito diferente. Muitos dos pratos atualmente citados como clássicos da milenar cultura gastronômica italiana, datam, na verdade, desse período imigratório. Foi nessa época que a Itália viveu uma ampla modificação de seus costumes alimentares, representados, sobretudo, pela introdução da farinha e pela feitura das massas (a famosa Pizza Napolitana só surgiria em 1892).

Aqueles que tinham melhores condições criavam animais. Devido à inexistência de refrigeração, a carne bovina não era muito utilizada, sendo os embutidos à base de porco os de maior consumo. Linguiças, copas e salames eram confeccionados seguindo os costumes das mais variadas regiões italianas, tanto que ainda hoje são parte importante da dieta local. O pão foi outro elemento que teve suma importância na alimentação dos imigrantes italianos. À época inexistiam padarias (elas só surgiram após a fixação dos colonos no meio urbano), e a panificação era feita em casa. Via de regra, se produzia o pão negro de cevada, que, junto com o milho, embutidos de carne de porco, legumes e verdura formavam o «feijão com arroz» do colono. Os italianos também adicionaram à mesa do brasileiro rúcula e alcachofra, provocando uma mudança substancial nos hábitos alimentares da sociedade. Em troca, anexaram alimentos da região, tais como pinhão e batata-doce, nos seus cardápios. FOTO DIVULGAÇÃO

Para os recém-chegados, a presença de quintais, a essa altura já agriculturáveis, permitiu o cultivo de milho, feijão, batata e verduras. A familiaridade com o milho foi fundamental para que polentas e broas se tornassem, rapidamente, totalmente integradas ao consumo diário. Por sinal, uma curiosidade histórica: o expressivo consumo de fubá, fez com que a polenta fosse vista como um indicativo de identidade dos italianos. Porém, isso acabou se transformando em uma identificação negativa e «gringo polenteiro» se tornou uma expressão caluniosa, utilizada para se referir de maneira pejorativa aos italianos.

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Hoje integrados à culinária local italiana, o pinhão e a batata-doce foram incorporações «brasileiras» ao cardápio dos imigrantes.


La carta dei vini Se a alcunha «polenteiro» servia para comprar briga com os italianos, dentre os seus costumes alimentares nada enunciava de maneira mais positiva a identidade imigrante do que o seu vinho. Na Europa, a bebida era associada a importantes propriedades nutritivas, e ocupava um papel fundamental na vida de todos os italianos, fossem abastados nobres ou simples camponeses. Essa situação sofreu mudanças, na época da grande emigração (década de 1880), período em que o consumo de vinho passou a se tornar um privilégio de classes nobres, devido à pobreza que assolava as regiões agrícolas do interior da Itália. No Brasil, os imigrantes italianos procuravam fazer do vinho uma amostra particular da própria qualidade enquanto povo, mesmo que fosse a bebida reconhecida como uma regalia destinada a poucos. Era com muito orgulho que eles propagavam o hábito de ingerir a bebida, e com muita vaidade explicitavam a qualidade do vinho procedente da mãe-pátria.

Na Serra Gaúcha, já no inicio do século XX, diversas cidades apresentaram as galeterias, hotéis e pensões cujos donos eram italianos, e que tinham como pratos principais o galeto assado (geralmente temperado com sálvia), a massa com molho vermelho de miúdos de frango, a sopa de agnolini, o pão, a polenta, o radicci com toucinho e as uvas ou frutas em calda (pêssego, figo ou abacaxi). Tudo isso, claro, regado a vinho. Esses pratos se configuraram como um dos mais tradicionais da culinária típica italiana presente no Rio Grande do Sul, e por terem vindo do cardápio festivo das famílias, geralmente sinalizam uma mesa farta, formando o que se pode chamar de patrimônio gastronômico da Serra Gaúcha. FOTO DIVULGAÇÃO

Foi dessa maneira que o vinho se tornou acompanhamento obrigatório dos dois tipos de cardápio que mais marcavam a vida dos colonos: um, de frequência diária, composto por polenta, salame, carne de porco, radicci; outro, de caráter social, servido sobretudo em domingos e dias de festa: macarronada, agnolini (também conhecido por capeletti), carne de gado e frango. O encontro da cozinha italiana e brasileira se deu, portanto, através de trocas que se efetuavam em vários níveis e em um processo lento e não linear. A culinária que conhecemos hoje relacionada aos italianos do Estado nos leva à ideia de mesa farta, tão presente no nosso imaginário. Essa não era, necessariamente, a regra, mas é possível que esse pensamento tenha se propagado entre os imigrantes como um contraponto à pobreza que assolava a Itália na ocasião em que a abandonaram. Esse fato é muito festejado, sobretudo pelos milhares de turistas que todos os anos visitam a região em busca de verdadeiros banquetes.

A mesa farta da Serra Gaúcha: galeto, massas, saladas e vinho. Resistir é inútil.

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CENA CULTURAL / CULT Por Greici Audibert* * Repórter de Cultura do Grupo RSCOM e coordenadora de Mídias Sociais do Portal Leouve

Primeira patrona do Século 21

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A Feira do Livro de Porto Alegre teve este ano a sua quarta mulher como patrona. Depois de seis vezes indicada, a escritora Jane Tutikian foi agraciada nesta 57ª edição do evento, no ano em que lembramos os 47 anos de morte de Cecília Meireles, a primeira mulher a ter um livro reconhecido pela Academia Brasileira de Letras. Até 1989, só homens haviam figurado na lista de patronos da Feira. Maria Dinorah do Prado foi a primeira, seguida de Lya Luft (1996) e Patrícia Bins (1998). Por falar no assunto, nos meses de outubro e novembro tivemos também as já tradicionais feiras do Livro na região. Caxias do Sul, Veranópolis, Garibaldi e Farroupilha seguiram a tendência e realizaram as mostras ao ar livre, garantindo movimento cultural intenso no lugar certo: próximo da comunidade.

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Bento, Capital da Cultura? Bento Gonçalves anunciou a sua candidatura a Capital da Cultura – título que pertenceu a Caxias do Sul em 2008. Se depender da evolução da cidade nessa área, a conquista pode ser uma realidade. Só nos últimos três meses, a Capital do Vinho recebeu importantes nomes durante o IB&T Bass Festival, a Semana da Música, o Congresso Brasileiro de Poesia e o Bento em Dança. Sem contar o projeto Gravaêh – que lança, em 2012, uma coletânea das bandas locais -, a inauguração do cinema público, a criação do Bento Film Commission e seus ciclos de cinema, a 1ª Mostra de Teatro Estudantil e a passagem de novas vertentes da música trentina através do Live Brasile. Vale destacar também que a Secretaria Municipal de Cultura acaba de angariar uma verba de R$ 2,3 milhões para a construção de um complexo cultural, que abrigará a nova sede da Biblioteca Pública.

Porto Alegre Show De 1º de novembro até 16 de dezembro, Porto Alegre terá 35 shows. Entre os que já passaram, destaque para as apresentações de Ringo Starr, Bee Gees, Pearl Jam, Chico Buarque e Tãn-Tango. Em dezembro, vêm aí Ben Harper (3/12), Nei Lisboa (3 e 4/12), Jon Anderson (ex-Yes) (9/12), Matanza (11/12), Canções aos Pares, com Luiz Carlos Borges e Liliana Herrero (15/12) e Show Noite do Rei, com Rafael Malenotti (16/12).

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EM FORMA / GOOD LIVING Por Maria Cristina Frazon Telles* mcritell@pressa.com.br * Personal Trainer, Pós Grad. em Fisiologia do Exercício – UGF/RJ

Quando correr não emagrece. Pode parecer pegadinha, mas a verdade é que você não precisa se tornar uma maratonista para conseguir um corpo legal. A temperatura da época e o horário de verão acabam contribuindo para um fenômeno que se repete todos os anos: como que saindo da hibernação, várias pessoas aproveitam a luz do dia até mais tarde para fazer corridas nas ruas e parques das nossas cidades. Para todas elas, uma convicção: quanto mais passadas se der, mais peso se perderá. Será verdade? Aparentemente, sim. Como é característico dos exercícios aeróbicos, a corrida promove uma acelerada queima de calorias, e, daí, é natural esperar que as medidas se reduzam após alguns dias de dedicação a essa atividade. Porém, essa é uma meia verdade. O que nem todo mundo sabe é que após alguns dias de atividade cardiovascular intensa o corpo humano acaba se adaptando aos estímulos recebidos, e a perda de peso, que no início ocorria facilmente, se estabiliza conforme o organismo incorpora a rotina de atividades físicas. Sabe aquela gordurinha extra, que sobrou depois das corridas? Pois é, ela simplesmente não some, mesmo que o ritmo de exercícios aeróbicos seja mantido. Eliminar os quilos extras é uma das principais motivações que fazem com que as pessoas pratiquem alguma modalidade esportiva. Contudo, o ponteiro da balança, símbolo de angústia para uma legião de gordinhos e gordinhas, não vai a pique só com um programa de exercícios aeróbicos.

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Os aeróbicos ajudam, não há dúvida. Através deles você pode deixar o seu corpo mais enxuto, até mesmo a barriguinha de chopp dos homens pode se reduzir, mas apostar só na corrida não fará nenhum milagre. Além de caminhar e correr por aí, sempre tomando o devido cuidado na escolha de um calçado adequado que, sobretudo, absorva o impacto sobre joelhos e tornozelos - é fundamental rever hábitos alimentares. Quem nunca ouviu o maldoso comentário «deixa disso, Fulano. Caminhar engorda!»? Pois é, frases assim se devem ao fato de que entra ano e sai ano, e nossos amigos em questão dão inúmeras voltas nos pontos estratégicos da cidade - ou na esteira da academia - sem, contudo, atingir o objetivo de perder a «bagagem extra». Além disso, muitas pessoas se sentem mais à vontade para devorar um pratão de batata frita depois de fazer uma leve corrida. É como se justificassem para si mesmos «Hoje corri meia hora, agora já posso repor as energias», ignorando a matemática básica em questão: se você perde 200 calorias no aeróbico, não adianta ingerir 500 calorias logo após o treino. A conta segue sem fechar. Diminuir a gordura corporal não traz apenas benefícios estéticos, é uma opção que promove saúde. Implantar uma rotina regrada, com exercícios e alimentação balanceada, é algo que toma tempo, mas também se paga em tempo e qualidade de vida.

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IMPEDIMENTO / FUERADEJUEGO por Luis Felipe dos Santos * www.impedimento.org

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* Jornalista e editor do Impedimento

Arena ou Beira-Rio? Mais que um simples Gre-Nal A polêmica das obras paradas do Beira-Rio, com a possibilidade da Arena gremista levantar e ser o estádio gaúcho da Copa, serviu para duas conclusões: a) O Inter perdeu muito tempo na ilusão de levantar um estádio com recursos próprios; b) O quanto o torcedor gaúcho médio levanta bandeiras que não lhe pertencem em prol do seu time. A Arena do Grêmio e a reforma do Beira-Rio são projetos de empreiteiras, OAS e Andrade Gutierrez, que usarão os clubes para fazer negócios com risco baixo, graças aos investimentos do governo e aos empréstimos com juros suaves do BNDES. É bem mais complexo do que um Gre-Nal. As grandes corporações sabem o quanto vincular-se a uma marca forte gera de bons negócios. E foi isso que fizeram OAS e Andrade Gutierrez quando atrelaram seus projetos com à construção dos estádios da Copa – os mesmos que depois vão virar cases mundiais de engenharia, arquitetura e marketing, com a visibilidade garantida de uma Copa do Mundo.

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Nesse sentido, é absolutamente normal que as empreiteiras lutem, nos bastidores, para tentar assegurar a Copa do Mundo nos seus domínios. A Andrade Gutierrez conseguiu um grande trunfo ao convencer o Inter que tinha a melhor proposta, com o trabalho do então executivo-chefe do Inter Aod Cunha. Com a eleição da Arena como campo de treino para o Mundial, a OAS conseguiu de cara um empréstimo de R$ 30 milhões ainda no ano passado do BNDES – se a Arena for garantida na Copa, o governo federal vira sócio do empreendimento. Nada mais justo, portanto, que a empreiteira faça um trabalho árduo para garantir esse posto. O anúncio da Andrade Gutierrez que precisa de parceiros para garantir o financiamento da obra dá uma demonstração clara: o governo federal ainda não entrou na jogada. Ainda não é sócio. Ainda não botou grana, e está reticente quanto a isso. Qual é a razão? Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, confirmou que a Copa será no Beira-Rio.


A saída de Porto Alegre da Copa das Confederações motivou uma nota otimista do Inter, dizendo que o clube ganhou um ano a mais para fazer tudo. Então, onde está a dificuldade do BNDES em liberar o dinheiro, e da AG em conseguir os incentivos fiscais? É possível que o governo federal tenha um bom indicativo que o Beira-Rio não está garantido na Copa de 2014. Ou então, a situação financeira das duas empreiteiras é bastante diversa. Segundo os balanços patrimoniais das duas empresas, divulgados nos sites oficiais, a Andrade Gutierrez teve em 2010 um lucro muito superior ao da OAS (R$ 1,1 bi contra R$ 50 milhões).

O processo de início da construção de um empreendimento tão grande é muito complexo, e a OAS cumpriu todos os passos dentro da sua complexidade. A AG ainda tem que mostrar como conseguir associados para pleitear o empréstimo do BNDES a fim de tocar a reforma do estádio colorado. Talvez tenha que tirar do próprio bolso os R$ 280 milhões previstos para a construção. Não descarto a hipótese do governo federal pressionar a Fifa pela entrada da Arena do Grêmio na Copa. Não apenas pelo andamento das obras, mas pelas garantias financeiras que a empreiteira tem em relação às da AG.

A OAS, porém, leva uma vantagem de três anos de assinatura do contrato sobre a AG, o que lhe deu tempo para aparar todas as arestas do processo – desde a negociação do Olímpico com o Grêmio até a joint-venture com a Karagounis Participações, aprovada pelo CADE só em fevereiro deste ano.

Seja como for, o processo ainda está longe de terminar, e não acontecerá sem traumas, pois a briga política nos bastidores promete.

ARTE DIVULGAÇÃO GRÊMIO ARENA

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TELEFONE VERMELHO / CRT Por Marcos Beck Bohn* * Jornalista, com Mestrado em Comunicação Transnacional e Mídia Global pelo Goldsmiths College, em Londres.

O inferno de Jobs Passados já alguns meses do falecimento de Steve Jobs, talvez seja possível olhar para o seu legado com mais parcimônia e menos sentimentalismo. Agradável estímulo aos sentidos, massificada experiência individual, os aparelhos popularizados por Steve Jobs, finado presidente da Apple, nos dão o que não precisávamos. Fruto tentador, pecado original cometido outra vez, colhemos todos a maçã mordida de antemão.

Quais os efeitos dessas fofas maquininhas no âmago do indivíduo e da sociedade? Imersos e absortos na magia de iPods, iPhones e iPads, envoltos numa nuvem de instantânea e ininterrupta conectividade, esquecemos de levantar os olhos para (tentar) ver aonde estamos indo.

Logomarca tão genial quanto os produtos que estampa, surgiu, segundo fontes oficiais, a partir daquela maçã que caiu na cabeça de Newton. É na mordida, no entanto, que está o toque divino – e, ao mesmo tempo, mundano.

Até o momento, o resultado é o perecimento de uma indústria e a dificuldade de outras em se adaptar a uma audiência menos passiva e mais centrada em si mesma. Em relação a isso, foi curioso observar, nos primeiros dias após a morte de Jobs, os louvores dedicados a ele nos meios de comunicação tradicionais.

Veja-se o trocadilho no slogan inicial da companhia, em inglês, entre byte (unidade computacional) e bite (morder): Byte into an Apple. O perfeito e simples design da estilizada maçã elimina a rugosidade da dentada. Através da maciez de contornos infantis, desaparece a desastrosa lembrança de uma única e primordial mordida proibida. Mas, ao mesmo tempo, é mantida e recriada a tentação libertadora. Invertida crença contemporânea que, ao custo de alguns dólares, abre-nos os portões de um paraíso digital. E também do inferno de não mais poder sair de lá. É claro que Jobs não está sozinho na responsabilidade pelos incríveis e recentes avanços. Mas, no que tange ao indivíduo, é a ele que cabe a parte mais significativa desse latifúndio de mudanças. Além de criar aparatos intuitivos, efetivamente portáteis e que se tornam – de imediato – indispensáveis, ele ainda os fez bonitinhos. É quase inevitável um afeto carinhoso pelos produtos da Apple. Mesmo por aqueles que não possuímos.

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Essa nova forma de consumir mídia, catalisada pela Apple, tem sido uma notória dor de cabeça para a indústria da informação e do entretenimento. Talvez percebendo o que alguns estudiosos da comunicação chamam de self mass mediation (que poderia ser traduzido como “mediação de massa de si mesmo”, ou “do eu”), muito espaço tem sido aberto na grande mídia noticiosa para a manifestação e interferência direta do público. À primeira vista, com resultados satisfatórios, mas isso é uma ilusão. Há uma relação hierárquica necessária e inevitável entre o público e um órgão que se coloca no papel de provedor de notícias. Tentar eliminar essa característica, diluindo a responsabilidade pelo que é publicado e levado ao ar, é atacar a natureza do próprio negócio da comunicação. Diante de uma mídia confusa e de um mercado consumidor ávido por estímulos sensoriais, seguiremos ainda, por algum tempo, todos talvez um pouco desorientados, mas focados em nossos aparelhinhos, comungando nas tentações de um pecado original de fábrica, gostosa maçã que compramos mordida.


Nossos resultados refletem qualidade! Estamos trabalhando para conquistar a melhor gestão de qualidade em análises clínicas - ISO9001.



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