Trendline [mag] Ed 007

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ANO 02 EDIÇÃO 07 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VENDA PROIBIDA

Movimento que propõe a degustação de sabores sofisticados chega ao mercado do café, trazendo consigo um novo padrão para o consumidor.

O café do gourmet

E mais: Entrevista Fran Bortolossi

Moda Pensando no verão

Turismo República Dominicana

Economia O consumo salva?

Gastronomia Estação Café Blauth

Especial Profissões antigas


tecnologia para a sa煤de, diagn贸sticos para a vida.

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FOTO SAMUEL RAMOS

o ã ç i d e a s s Ne 18 22 24 26 32 36 40 42 44 48 52

ENTREVISTA / TALK

Fran Bortolossi ECONOMIA / MONEY

Compra, compra, compra... COMUNICAÇÃO E MKT / MEDIA

Você tem e-mail? CAPA / HEADLINE

Café bom é bom. ESPECIAL / PROFISSÕES ESQUECIDAS

54 56 56 62

EM FORMA / GOOD LIVING

Você não come carne? SOCIAL / SCENE

A nova Sala IMPEDIMENTO / TOCO Y ME VOY

Os corvos do Boedo TELEFONE VERMELHO / CRT

Mais perdido que surdo em jogo de bingo

Rodrigo Sfreddo, o Cuteleiro

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GASTRONOMIA / GOOD FOOD

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Estação Café Blauth O CERVEJEIRO / BEER CLUB

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TURISMO / GO THERE

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Bento Gonçalves - RS - 95700-000 - Serra Gaúcha

ESTILO / DRESS UP

O que contam as semanas de moda CULTURA / COOLT

Elis é um dom, uma certa magia...

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FOTO SAMUEL RAMOS

Casa nova, vida nova, é o que se costuma dizer quando mudamos o endereço. Pois cá estamos instalados, em um novíssimo escritório, na cidade em que a Trendline nasceu e que tão bem tem nos acolhido no decorrer desses quase dois anos.

FOTO MARÍLIA ROSSATTO

Editorial A escolha por Bento traz justificativas econômicas (a cidade cresce no ritmo da região), logísticas (fica na porção central da Serra Gaúcha e pertinho de Porto Alegre) e também pessoais: é uma cidade que gostamos e que nos recebe, sempre, com um carinho especial.

Estamos de casa nova, em Bento Gonçalves.

A mudança para Bento Gonçalves faz parte do nosso plano de negócios. Marca, também, uma evolução n a t u r a l d a Tr e n d l i n e , empreendimento que nasceu no pequeno quarto dos fundos do meu apartamento.

O crescimento e a profissionalização do nosso negócio, contudo, não significa apagar da memória e da conduta os valores que formaram o caráter dessa revista.

Samuel Ramos, editor da Trendline [mag].

Não mesmo, cramento, tchó!

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Jarbas Gambogi

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Iuri Müller, Maurício Brum, Greici Audibert e PROJETO GRÁFICO: Maurício Chaulet.

PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO:

Daschund Comunicação

PERIODICIDADE: Trimestral Próxima edição: Setembro 2012

EDITOR:

REVISÃO:

Samuel Ramos

Marcel Nogueira

PUBLICAÇÃO: Daschund Comunicação Integrada

CONSELHO ADMINISTRATIVO:

JORNALISTA RESPONSÁVEL:

Caroline Boito Maurmann

Samuel Ramos Reg. Prof. 11.388-RS

CONSELHO EDITORIAL: Marcos Beck Bohn

www.daschund.com.br


FOTO SAMUEL RAMOS

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Apolinário (Cidade Baixa) Beatnick (Shopping Total) BierMarkt (Castro Alves, 422) BierKeller Casa de la Madre Dirty Old Man Cocktail Pub Empório Mercatto Fulô Diminina (Independência) Lagom BrewPub (Bom Fim) Pandorga (Miguel Tostes, 897) Parangolé (Cidade Baixa) Parrilla del Sur (Av. Nilópolis) Província do Café (Andradas, 904) Shamrock Pub (Vieira de Castro, 32)

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TALK / entrevista exclusiva

Texto de Samuel Ramos facebook.com/samueltlmag

‘O Brasil é a bola da vez no mercado da música eletrônica’

Fran Bortolossi


TALK

/

Ele é hoje um dos DJ’s mais reconhecidos da região, dono de um grande talento e de um gosto apuradíssimo. Conhecido como

Fran Bortolossi, em casa ele atende por Francisco. Por sinal, foi na sua morada que nos recebeu para conceder essa entrevista exclusiva, no quarto/estúdio de uma bela casa antiga localizada no centro de Farroupilha. Fran já estudou piano, tocou violão e por um bom tempo sequer cogitava escutar a chacoteira que as rádios FM costumam chamar de dance music. Saiu do Brasil para estudar e voltou fascinado com a música eletrônica que estava sendo feita fora do país. Voltou determinado a divulgar essa cultura e criou a Colours, evento que marca na Serra Gaúcha o bom momento da música eletrônica. [mag] A primeira pergunta que tenho é: de quem é esse CD do Roberto Carlos que está aqui ao lado da cadeira?

Mesmo depois de conhecer a música eletrônica eu não queria ser DJ, tudo isso por um motivo simples: não gostaria de ser julgado pelo meu gosto musical. [mag] Mesmo assim, aqui está o Fran, com uma carreira de DJ que já soma seis anos. Como foi que tudo começou? FB A primeira festa que eu toquei foi uma formatura de uma escola. O evento teria duas pistas e me chamaram para "quebrar galho" no espaço menor. Assim que a noite começou, a minha pista encheu e a outra ficou vazia. Toquei umas seis ou sete horas e no final recebi um

O Brasil paga hoje alguns dos cachês mais inflacionados do mundo para o mercado de DJ’s.

Fran Bortolossi Ei, não vai escrever sobre isso. A galera vai pegar no meu pé depois (risos).

cachê de R$ 150, que ainda tive que dividir com o cara que me conseguiu o espaço (risos).

[mag] Ok, mas isso diz algo sobre o teu perfil enquanto DJ e agora produtor, não é?

[mag] Esse cachê é bem diferente daqueles que o mercado brasileiro pratica hoje, não?

FB Bem, eu me criei em uma casa de músicos. Minha mãe é pianista, meu avô tocava acordeão. Então sempre fui ligado em música, desde cedo aprendi a tocar piano e violão, tive algumas bandas. Esse contato é claro que ajuda a formar um bom DJ, mas eu jamais havia pensado em discotecar, isso nem me passava pela cabeça na época.

FB Demais. O Brasil possui hoje alguns dos cachês mais inflacionados do mundo. Artistas mais conhecidos chegam a receber R$ 200 mil por uma apresentação de duas horas. Veja, por exemplo, o caso do Hernan Cattaneo, que é um cara que eu respeito demais: na Europa você paga mil euros para contratá-lo. Aqui, R$ 50 mil.

entrevista exclusiva

Isso ocorre porque somos a bola da vez para o mercado de música eletrônica mundial. E não sou eu que digo isso, são os números. Esse ano mesmo saiu uma matéria na Forbes (EUA) dizendo "Esqueça a Bossa Nova, o Brasil agora é o país da música eletrônica". Ano passado os eventos de e-music arrecadaram mais de US$ 500 milhões em bilheteria, atraindo quase 20 milhões de pessoas. Entre hospedagem, transporte, alimentação e bebidas essas pessoas movimentaram mais US$ 600 milhões. Os eventos também atraíram mais de US$ 250 milhões em publicidade. Fica claro perceber que estamos falando de um mercado bilionário, que está atraindo investimento de grandes marcas. [mag] Valores que explicam os altos cachês. FB Exatamente. Para quem trabalha com música eletrônica, o Brasil é o país do momento. Estive na Europa ano passado, e vi que os caras babavam quando falávamos em Brasil. Todo mundo quer vir tocar aqui. Claro que isso cria um estigma comercial, tem alguns eventos que visam mais a captação de grana, porém mesmo fora desses megaeventos o mercado acontece. O público está conhecendo mais, se informando. Eu vejo isso na Colours, evento que eu criei aqui na Serra. Começamos pequenos, de maneira muito modesta. Evento para 200, 300 pessoas no máximo. Hoje a realidade é outra, a Colours atrai milhares de pessoas a cada edição.

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TALK

/

entrevista exclusiva

[mag] De alguma maneira a Colours também abriu espaço para que outros eventos interessantes surgissem. FB Pode ser que sim. Hoje temos eventos muito legais de música eletrônica, que contam com apoio de empresas para ter uma boa estrutura, um bom local, que atraem gente muito bonita. Veja o caso do Matinê Sunset, um projeto realizado à tarde, que conta basicamente com DJ’s locais e que tem atraído um bom público. Era difícil imaginar algo assim há alguns anos, quando tudo se resumia a house comercial e pagode. A Colours foi uma necessidade minha, pois eu pensava que tinha espaço para mostrar um lado mais refinado da música eletrônica, coisa que sempre funcionou muito bem na Europa, onde a e-music atrai muita gente que trabalha ou é ligada com arte, comunicação, design.

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E o melhor de tudo isso é que o pessoal comparece para ver o trabalho do DJ, que nas nossas festas tocam músicas que passam longe do dial das rádios. Isso mostra que Caxias do Sul, e a Serra Gaúcha, vivem um grande momento sobretudo por abrirem espaço para gente que não toca música comercial e mesmo assim tem um público bem cativo e fiel. [mag] Por isso mesmo mais empresas têm buscado realizar ações para esse mercado, buscando se conectar com esse público. FB Não apenas multinacionais, empresas locais também estão procurando colocar suas marcas nesses eventos. Como consequência, quando o promotor é sério (e é uma pena dizer nem todos são) isso traz mais profissionalismo ao eventos, faz com que ele agregue mais para as

marcas que investem à medida em que conseguem passar algum conteúdo nas festas, que basicamente servem para informar musicalmente, mostrar ao público que nem tudo se resume à lista das mais pedidas no mundo da boa música. [mag] Quando a profissão de DJ surgiu, há muitos anos, era uma atividade sofrida. O cara ficava escondido, nem cabine tinha. Hoje em dia a coisa mudou, virou uma coisa bacana e cheia de apelos. O que mudou?

FB Isso faz parte do momento da música eletrônica no Brasil, reflete aqueles valores de cachês que falamos antes. Se o mercado está num boom, com alguns clubs do país faturando R$ 1,5 milhão por noite, o mesmo acontece com quem está ligado à atividade, e o primeiro da fila é o DJ.


É certo que a figura do DJ hoje traz muita popularidade. Já teve novela com DJ, teve também aquele cara que se diz DJ que estava pegando a Madonna. Essas são coisas que mexem com o imaginário das pessoas. O cara acha que vai virar DJ e vai entrar de graça em todas as festas, beber sem pagar nada ou que as mulheres vão cair em cima. Em suma, são fantasias que ajudam nas carências dessas pessoas e muitas precisam desse tipo de sentimento para se sentirem valorizadas. [mag] Estamos falando aqui de música eletrônica, um gênero que - a meu ver - foi e é muito maltratado aqui na região (ainda hoje está muito vinculado com a postura deselegante de ouvir música ruim a todo volume em um postinho, com um carro rebaixado). Mesmo assim, temos visto vertentes interessantes surgindo, que atraem até mesmo o público do bom e velho rock. FB Sim, está rolando um movimento interessante, em clubs mais undergrounds, tais como o Level Cult, em Caxias, e o Beco, em Porto Alegre. A própria música indie parece aceitar bem elementos da e-music, é só acompanhar o trabalho de bandas como LCD Soundsystem e Two Door Cinema Club. Além disso, há um estilo que está ganhando força, o eletro rock, que combina o rock n’ roll com a música eletrônica. Afora isso, é importante frisar, há outros estilos que estão explorando as possibilidades da e-music, e estamos falando aqui de complexa musicalidade do jazz, samba, soul e blues. Quando você vai produzir música eletrônica acaba tendo que combinar 30, 40 até 50 canais, e essa possibilidade faz com que os produtores possam elevar ao máximo a criatividade. É impossível ouvir o trabalho de gente como David August e dizer que seu trabalho não é música ou não é arte. Ocorre que, como disseste, a música eletrônica esteve por muito tempo vinculada com produções comerciais que não possuem nenhum referencial artístico, o que gera um preconceito natural em qualquer pessoa que tenha um gosto musical mais apurado. Se não fosse assim, não ocorreriam festivais na Europa atraindo mais de 60 mil pessoas para ouvir e-music no meio do deserto ou de outro qualquer lugar no meio do nada. Eu mesmo já pensei dessa forma e mudei. Meu irmão mais velho, que desde cedo sempre esteve ligado ao rock, vivia me xingando, dizendo que isso não era música e outras coisas do gênero. Ele só mudou em uma festa em que toquei um remix de Kraftwerk. Nesse dia ele me pediu desculpas. Não adianta, cada estilo tem o seu valor e dentro dele sempre teremos bons e maus artistas.


FOTO AGÊNCIA ESTADO

MONEY / economia e iconoclastia

Texto de Jarbas Gambogi Gestor de carteiras registrado na CVM.

FOTO DIVULGAÇÃO

Comprem mais, meus queridos O tripé

do câmbio flutuante, superávits primários e metas inflacionárias, herança de FHC mantida até o primeiro mandato de Lula - não mais existe. Em seu lugar temos uma cópia desfigurada. Esse modelo, quebra-galho, funcionou bem porque, como afirma Rodrigo Constantino, o Brasil é uma cigarra que continua ganhando na l o t e r i a c h i n e s a . Ta m b é m contribuíram os Bancos Centrais mundiais, que alimentaram um gigantesco fluxo de capital nos emergentes.

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O governo Dilma acelerou o processo de mudança. O antigo tripé foi substituído pela intervenção no mercado cambial, contabilidade criativa, afrouxamento da Lei de Responsabilidade Fiscal, aparelhamento das agências reguladoras, inflação no topo da meta, aumento gradativo da intervenção do Estado na economia, concessão de privilégios a grandes grupos empresarias via BNDES, Banco Central pró-ativo, maiores gastos governamentais – improdutivos - e ênfase no consumo de massa.

A antiga receita econômica, que previa controle da inflação, foi posta de lado para que o governo Dilma tente inflar ainda mais o consumo.


Reformas estruturais, que aumentem a produtividade, reduzam os impostos e possibilitem um crescimento sustentável estão fora da agenda econômica do governo Dilma. Levará algum tempo, mas esse modelo irá fracassar pela simples razão de que não há almoço grátis. E quando as coisas começarem a dar errado, o governo dourará a pílula, descobrirá um bode expiatório e partirá para as bravatas. Nesse meio tempo, a sociedade continuará a aplaudir a presidente que "mandou" os bancos privados baixarem os juros, pois quando se trata de avaliar o desempenho do governo o cérebro se desloca para o bolso, fazendo com que os índices de popularidade aumentem - algo que parece ser a única meta desse governo. Há quem se espelhe na China para alegar que medidas prudenciais são remédios apropriados. Você gostaria de viver em um país onde o consumo é um terço do PIB, os preços das moradias não cabem nos orçamentos e não há liberdade individual?

Pois as autoridades brasileiras continuarão com essa política econômica de remendos até o seu capital político ser comprometido com o aumento da inflação - que já está nos radares dos investidores - e com crescimento abaixo do potencial. A inflação em alta tornará o ambiente para os negócios mais hostil, corroerá a renda das famílias e reduzirá o consumo, sem falar no risco do retorno da indexação. Quando esse momento chegar vislumbro o aumento da dose de intervencionismo e de mais bravatas, pois a hora de mudanças estruturais impopulares ficou para trás. O quadro político pouco ajuda o nosso país. Além das mazelas conhecidas, o Brasil padece da ausência de uma oposição ativa , fato que abre o caminho para o atual governo se perpetuar nos seus erros. E para nós, meros mortais, como podemos encarar esse cenário para definir nossos investimentos? Não é pura coincidência que a cotação do Ibovespa tenha registrado a sua melhor leitura na eleição da Dilma.

Brasil da dívida Endividamento das pessoas físicas, cujo volume corresponde a mais de 1/3 do total dos empréstimos totais no País, está por trás do crescimento dos últimos anos.

Fonte: Banco Central do Brasil

R$ 2 tri R$ 1,5 tri R$ 1 tri R$ 500 bi

Julho 95 FHC

Julho 02 Lula (1º)

Julho 09 Lula (2º)

Embora não se possa debitar todo o mau desempenho da Bolsa de Valores na conta desse governo, desde a gritaria contra os elevados spreads bancários, culpa da cunha fiscal imposta pelo governo federal e da autoridade monetária responsável em evitar a oligopolização do setor – a mesma que aplaudiu a fusão entre o Itaú e Unibanco -, o desempenho da Bolsa brasileira passou a ser um dos piores. O ano de 2008 mudou um capítulo da história econômica mundial. Conviveremos com baixas taxas de crescimentos das principais economias nos próximos anos, com uma arriscada mudança na política econômica na China, pois o seu modelo mercantilista mostra contínuos sinais de desgaste provocado pelo baixo crescimento global - e com o retorno de governos populistas pelo mundo afora. Não bastassem os maus ventos externos, eventual aumento da inflação em nosso país – a pior inimiga do mercado de ações – iria deprimir o múltiplo dos lucros. A estratégia de compra-e-segure ficou para trás. O principal índice do mercado norte-americano perde para a renda fixa, que retorna juros negativos, há anos. Descontada a taxa CDI e contabilizados os dividendos, a cotação da Petrobras PN retornou (cotação de maio de 2012) aos níveis de 2000. O preço da Vale PN se encontra no patamar do início de 2007, a cotação do Bradesco PN voltou para o nível de meados de 2006. Apesar de todo esse cenário, as crises que virão trarão consigo grandes oportunidades. Ter cojones para comprar nos momentos de pânico e ousadia para vender na euforia será a melhor maneira de encarar o jogo.


Texto de Magali Lahude twitter.com/magylahude Publicitária, Diretora da Ateliê Digital, Bento Gonçalves

MEDIA / comunicação e mkt

Cyberlândia Dia desses tive a oportunidade de organizar um evento sobre moda e autoestima aqui em Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos. No local havia ilhas, onde os patrocinadores (eu era uma delas) poderiam oferecer seus produtos/serviços às convidadas do evento (mailing selecionadíssimo de mulheres impecáveis e estilosas). Eis que, no meu corre-corre de organizadora, sou surpreendida por uma destas impecáveis senhoras: "Oi, você tem e-mail?". Confesso, demorei alguns segundos para assimilar a pergunta. "Helloouu!!! Boa tarde, você é a Magali?" ou "Olá! Eu sou a Fulana. E você, como é mesmo seu nome?". De supetão respondi: "SIM, claro!” e entreguei a ela um cartão da empresa. Após uma rápida checada nos dados, a educada senhora me respondeu um "Ok, obrigada!” e virou as largas costas, deixando apenas o rastro doce do perfume francês no ar.

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Não possuir um e-mail ou uma conexão com a Internet é praticamente impossível hoje em dia. A vida moderna respira e dissipa as vantagens trazidas pelo acesso à we b. Quem es tá f ora, es tá ultrapassado. Contudo, exemplos como esse ilustram a existência desses dois mundos: real e virtual. Gosto de chamar de Cyberlândia essa fatia eletrônica que surgiu como uma megalópole cheia de grandes oportunidades, luzes, apelos de consumo, facilitando a vida de todos com informação just in time, democratizando o conhecimento, encurtando distâncias, promovendo reencontros e até casamentos. Que mundo encantador essa Cyberlândia, onde todos são arroba de sobrenome, não existem classes, todos temos vidas interessantíssimas nas redes sociais, rostos lindos pelo Instagram.... é tão fácil existir neste mundo quase de fantasia.

Se a jurisprudência para os crimes ditos digitais está engatinhando, o que sobra para as regras de etiqueta no relacionamento com amigos e até profissionais? Não podemos nominar uma pessoa pelo seu endereço eletrônico, não devemos eliminar os bate-papos profissionais com a desculpa "deixa que visito seu site". E os e-mails? Como ficou fácil resolver questões pessoais e profissionais por esta ferramenta. "Tadinha, ele a dispensou por torpedo". Facílimo mesmo. Um monólogo com destino certo e o melhor: sem o constrangimento do olho no olho, sem chance ao diálogo. Permear entre o mundo digital e o real demanda uma certa coerência. Corremos um sério risco de num futuro bem próximo vivermos os relacionamentos na sua superficialidade, e deixar os happy hours virarem solitárias visitas às páginas do Facebook.


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Ah, o cafĂŠ de verdade Texto e fotos de Samuel Ramos facebook.com/samueltlmag

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HEAD LINE / matéria de capa

Em uma oportunidade anterior, estragamos o seu paladar para as baratas cervejas industrializadas, quando tratamos das brejas artesanais. Pois hoje viemos com outra missão: a de mostrar a você como um movimento semelhante ganha força, porém em outro campo: o dos cafés gourmets e especiais. Não nos responsabilizamos pelas consequências!

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HEADLINE

/ matéria de capa

O vivente da foto aí de baixo se chama Maiquel Oliveira. É culpa dele que eu não consiga mais tomar café em qualquer lugar. Ele, que é barista, comanda junto com a namorada (e sócia) Lisiane Melo - também barista - o Coaffee, no Moinho da Estação, em Caxias do Sul. Para explicar o que é esse lugar, recorro a uma comparação: se os viciados em café da região fossem muçulmanos, sua Meca seria o Coaffee. Não, não é exagero. Em que outro lugar você pode escolher entre tomar o seu café passado, prensado na máquina francesa, ‘ebulido’ na moquinha italiana ou ‘cozido’, com especiarias, no Ibrik turco? Isso para não falar da máquina de espresso, cientificamente calibrada em todos os detalhes.

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Foi com Maiquel e Lisi que nos reunimos, em uma segunda-feira à noite, para acompanhar a doutrina Coaffee, durante um workshop sobre cafés especiais, o que nos permitiu sair da ignorância cafeeira e entender por que mais e mais pessoas estão aderindo ao consumo de produtos diferenciados nesse segmento. ‘O mercado de cerveja e de vinhos cresceu muito com degustações e confrarias de apreciadores. A mesma coisa está acontecendo com o café, somos a bola da vez’, resume Maiquel. Os números corroboram a sua opinião. Maior produtor mundial de café, o Brasil tem visto o consumo da bebida crescer nos últimos anos. O volume do ano passado, 4,88 kg per capita de café torrado, foi recorde, e colocou os brasileiros à frente de Itália, França e Estados Unidos.

Maiquel e Lisi entendem que uma fatia desse crescimento se deve pela procura por cafés especiais, de alta qualidade, que ganham espaço na mesa do exigente paladar das classes A e B. Parte do trabalho de divulgação e consolidação dessa nova cultura de consumo do café reside justamente nos baristas, ofício antigo, de origem italiana, cujos profissionais são especializados na preparação de bebidas de alta qualidade.

Maiquel, do Coaffee, se diverte ‘estragando’ paladares para que eles não mais consigam beber café ruim.


HEADLINE

/ matéria de capa

Guarnições para os cafezeiros Edson e Denise Rasador são casados. Eles não confirmam a informação, mas parece que no dia do matrimônio, quando o padre disse "Na alegria e na tristeza" eles entenderam como "Com café ou sem café". Fanáticos pela bebida, há alguns anos os dois resolveram transformar a paixão em negócio: assumiram o Bus Café, na rodoviária de Caxias do Sul, e foram fazendo a carta de cafés aumentar cada vez mais.

No Bus Café, também conhecido como O Cafezeiro, bons cafés nacionais e importados.

«Começamos com cafés mais comerciais, e a partir daí fomos trazendo produtos especiais, diferenciados. A receptividade dos clientes foi muito boa e o mercado segue crescendo", avaliam. O crescimento se deve ao fator qualidade, aferido pela própria Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), que criou uma escala para medir, via laboratório, a qualidade do grão. Enquanto o café mais comercial atinge uma pontuação entre 4,6 e 6, o produto gourmet se aproxima do topo da escala. «A certificação também é atestada pelo selo dos cafés especiais, pela indicação de procedência ou pelo fato do café ter sido colhido a mão, por exemplo. Funciona da mesma maneira que o estudo do vinho, em que o terroir e o manejo são considerados", resume Denise.

Quando perguntados sobre o custo desses cafés especiais, que numa primeira avaliação assustam, Edson e Denise fazem as contas para mostrar que não é bem assim: "Para se tirar um bom espresso da máquina utilizamos 7 gramas de café gourmet. Se você comprar um bom café, digamos, 250 gramas a R$ 20, terá 35 espressos que custarão menos de 60 centavos cada. É muito mais barato - e de uma qualidade imensamente superior que aqueles cafés vendidos em cápsulas, para ficar em um exemplo bem corriqueiro". Dentre os cafés mais vendidos por eles estão O Cafezeiro (marca própria que a Baggio elaborou para o casal), Fazenda Pessegueiro, Fazenda Mantissa, Madame D'Orvilliers e os importados Kona (Havaí) e Blue Mountain (Jamaica).

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HEADLINE

/ matéria de capa

As diferentes características de alguns tipos de preparo O bom e velho café passado Há alguns segredos para se obter um bom café passado. Primeiro: atenção para o filtro! Se for de pano, não se deve usar mais do que cinco vezes. Depois de lavado, guardar na geladeira. Deve-se usar água mineral (pela ausência de cloro) e evitar ferver a água, para não queimar o café.. Na hora do preparo, despejar a água devagar e com movimentos circulares, pelas bordas do filtro.

A prensa francesa Essa é a pedida certeira para aqueles dias de hora extra no trabalho: a french press produz o café com a maior concentração de cafeína (cerca de 30% a mais que a do espresso). Porém, ao contrário do que se pode supor, o café não fica com forte amargor. É, sim, dos mais saborosos. Tem como vantagem adicional o baixo custo do equipamento.

O café turco (Ibrik) O café utilizado aqui passa por uma moagem tão fina que fica parecendo um talco escuro. Possui bastante corpo, porém não é muito aromático. Para corrigir essa característica, leva geralmente especiarias, tais como canela, cravo e cardamomo. O recipiente utilizado é bem baratinho, porém será necessário adquirir junto um bom moedor, pois sem a moagem pulverizada o café perde a sua característica.

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HEADLINE

/ matéria de capa

A mokinha italiana Tradicional equipamento italiano, a clássica Cafeteira Moka é uma das mais conhecidas do mundo. Criada em 1933 por Alfonso Bialetti deve grande parte de sua popularidade à facilidade de operação (a Carla Perez faria propaganda para a marca dizendo ‘Até eu consigo!’ - by Tang) e à beleza e simplicidade de seu design. A mokinha, além de tudo, produz um café muito saboroso e encorpado, com aroma muito pronunciado. Procure evitar marcas genéricas - aquelas que NÃO têm o tiozinho de bigode impresso no alumínio. Possuem baixa durabilidade e o café não fica tão bom.

Dicas para escapar do café ruim

100% arábica Não tem conversa: café bom é de grão 100% arábica. Melhor ainda se tiver procedência, com origem (fazenda) identificada e embalagem com alta gramatura.

Água da torneira? NÃÃÃO! Os baristas são unânimes: o cloro interfere no gosto do café. Por isso é necessário sempre filtrar (retirar o cloro) ou então utilizar água mineral.

Café na geladeira Café que fica parado, no moedor, por horas (dias?) perde aroma, sabor e consistência. O ideal é deixar o moedor sempre vazio e retirar da geladeira os grãos apenas na hora de preparar o café.

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Nova série - Antigas profissões - Capítulo Um

Rodrigo Sfreddo,

O Cuteleiro Texto de Samuel Ramos facebook.com/samueltlmag Apoio técnico da historiadora Ângela Pomatti

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OLD SCHOOL / profissões antigas

O ciclo do tempo também faz girar o ciclo do trabalho humano. Enquanto novas profissões e ofícios surgem, antigas ocupações parecem se perder - algumas efetivamente acabam extintas, enquanto outras se tornam raras o suficiente para que o trabalho seja bem remunerado. No nosso primeiro episódio dessa nova série que explora esse mundo das profissões antigas conheceremos uma que faz parte do segundo grupo. Por isso mesmo, sobrevive.

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OLD SCHOOL

/ profissões antigas

Bater, lixar, bater, polir. E depois bater, lixar, bater, polir, novamente. De novo, e de novo. Essa é a vida de Rodrigo Sfreddo, profissão cuteleiro. Lembram-se daqueles filmes antigos, que mostravam uma pessoa marretando o aço? Pois é, essa é apenas uma parte do ofício das pessoas que se dedicam a forjar o aço para construir facas e outros instrumentos de corte. Trata-se de um trabalho tão antigo

Processo de produção do aço damasco transforma um grupo de chapas em uma única lâmina.

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quanto a humanidade - pelo menos desde que adentramos na Idade do Ferro, em idos de 1.200 A.C. Por isso mesmo é que não deixa de ser curioso que essa atividade milenar não apenas ainda sobreviva nos dias de hoje, como possua um representante de peso vivendo no Estado, na pequena Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha. Além de Sfreddo ser o único Master Smith (mestre em metalurgia) da América Latina reconhecido pela American Bladesmith Society, é hoje um dos cuteleiros mais respeitados do mundo. Sua apurada técnica de forja de aço Damasco não apenas faz com que cuteleiros do mundo todo procurem Rodrigo para aprender os seus segredos, mas também tornam as suas facas objetos de grande disputa entre colecionadores: "Se eu fosse organizar uma fila de espera para pedidos de encomenda, levaria sete anos apenas para dar conta do que tenho hoje", comenta.

Sfreddo começou cedo a sua carreira de cuteleiro, realizando sua primeira encomenda quando tinha 14 anos: "Comecei remodelando facas já existentes. Qualquer faca que caísse nas minhas mãos eu imediatamente queria transformar em uma igual àquela que o Rambo usava nos filmes", relembra. Para aprimorar seus conhecimentos na área, Rodrigo cursou Engenharia Metalúrgica na UFRGS, em Porto Alegre: "Me inscrevi no vestibular sem uma segunda opção. Era Metalurgia ou nada". Junto com o diploma veio um conhecimento ainda maior da ciência que circunda o processo de forja."É preciso combinar diferentes elementos químicos. No caso do aço Damasco, minha especialidade, isso se reflete em um produto de alto poder de corte, com flexibilidade. Na prova do mestrado que obtive nos EUA a lâmina da faca devia ser curvada 90 graus sem quebrar, e foi isso que aconteceu", explica.


OLD SCHOOL

/ profissões antigas

Um fazer valorizado Para Rodrigo, boa parte da valorização do seu trabalho (algumas facas chegam a custar R$ 50 mil) se deve a uma tendência crescente de valorização do fazer manual. "Hoje as pessoas consomem muito mais porque a industrialização dos processos barateou os custos. Porém, os bens acabam durando menos do que duravam antigamente. Isso acaba trazendo mais valor ao que é feito manualmente, agrega refinamento ao produto", pondera.

A beleza e a arte dos desenhos e padrões das lâminas produzidas em aço Damasco.

Esse comportamento tem sido bastante frequente entre um grande número de consumidores que procuram exclusividade nos objetos: "Esse fazer manual se perdeu em muitos setores. Bigornas como essa que utilizo para bater o aço nem são mais produzidas, tampouco esse processo é conhecido. Esse conjunto de metodologia e material faz com que possamos criar produtos únicos, por isso mesmo tão disputados". Sfreddo confia tanto no seu trabalho e na qualidade do aço que é forjado que oferece garantia vitalícia para as suas facas: "Trata-se de um produto que é feito em um bloco único, do cabo à lâmina. É produzido para durar para sempre". Ao trabalho artesanal de forja ainda se acrescentam outras habilidades, pois é preciso construir o cabo e a bainha: "Já no processo de forja do aço Damasco é possível definir os desenhos e padrões da lâmina. Fora

da metalurgia, também temos que esculpir o cabo (em madeira ou marfim), confeccionar a bainha, gravar a lâmina e às vezes até aplicar metais nobres, tais como o ouro. Trata-se de um trabalho bem complexo, que exige diferentes habilidades do artesão", ensina. Sfreddo também trabalha para promover a continuidade do seu ofício, ministrando cursos de cutelaria, para diferentes níveis de conhecimento: "Já tive alunos de 12 anos e de mais de 7 décadas de vida. Só importa a vontade de aprender e a determinação para se dedicar. O único problema é a falta de tempo, que me permite montar no máximo 4 ou 5 turmas por ano. Te n h o h o j e 2 5 0 p e s s o a s aguardando por uma vaga", lamenta. Informações: www.rodrigosfreddo.com

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Estação Café Blauth: história e bom gosto Texto e fotos de Samuel Ramos facebook.com/samueltlmag

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GOOD FOOD / cozinhas recomendadas

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GOOD FOOD

/ cozinhas recomendadas

Década de 20. O avanço das estradas de ferro no interior do Rio Grande do Sul continua provocando o desenvolvimento das localidades que circundam os caminhos da charmosa Maria Fumaça, história essa que se inicia em 1874 quando a primeira ferrovia do Estado é inaugurada através da linha Porto Alegre-Caxias. Entre os municípios de Garibaldi e Farroupilha os trilhos do trem encaminhavam as composições para uma parada obrigatória para abastecimento. O nome desse lugar: Desvio Blauth. Porém Desvio Blauth não era apenas uma estação de trem. Era o local do mais disputado veraneio do Estado, tão hype quanto os endereços mais cobiçados de hoje no nosso litoral norte.

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Uma das especialidades do Estação Café Blauth honra o sobrenome alemão do lugar: Apfelstrudel.

Pois a cerca de 200 metros da finada estação (de trem e de veraneio) essa história ainda pulsa. É que logo ali ao lado, sob a batuta de Ricardo Nunes e Patrícia Haupt, existe o Estação Café Blauth. Mix de café, bistrô e barzinho, é um local despretensioso e muito agradável, que procura manter viva a tradição da localidade. "O hotel que recebia o veraneio aqui era da família da minha esposa, a Patrícia, que é minha sócia no Estação", explica Ricardo.

outros petiscos.

No Estação, além de poder curtir a decoração recheada de fotos - e de obras de artistas locais - você ainda come bem e paga preços interessantes. Por exemplo: a especialidade da casa, o Apfelstrudel, sai por R$ 6.Se a culinária germânica não for do seu agrado, ainda há pizzas, sandubas e

Para acompanhar, cafés especiais ou cervejas artesanais. Tudo com a elegância que marcou a região na sua época áurea: "Nossos clientes querem sossego, um ambiente tranquilo, voltado para pessoas maduras que queiram escutar uma boa música e conversar enquanto dividem uma refeição", acrescenta.


GOOD FOOD

/ cozinhas recomendadas

O cardápio de inverno oferece também deliciosos cremes especiais, servidos para ajudar a espantar o frio. Outra característica do Estação Café Blauth é o grande cuidado no preparo de uma agenda cultural. O espaço já recebeu o lançamento de um livro sobre a história da região (Trens e Turismo, de Thiago Allis e Luiz Ernesto Brambatti) e promove periódicas noites voltadas à boa música, com shows ao vivo de jazz, chorinho, blues e outros estilos que tenham afinidade com a proposta do espaço. Informações adicionais www.cafeblauth.blogspot.com.br

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BEER CLUB / cultura cervejeira Texto de Maurício Chaulet twitter.com/mauriciochaulet Cervejeiro artesanal e membro do Beer Judge Certification Program.

Tipos de cerveja Quando se fala em cerveja l o g o p e n s a m o s naquela loira estupidamente gelada, com a garrafa suando em cima da mesa, não é mesmo? Não. Pelo menos pra quem gosta de provar novos sabores. Existem centenas (milhares?) de estilos de cerveja criados ao redor do mundo. Algumas mais simples levam apenas maltes básicos, enquanto outras possuem receitas

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extremamente complexas, que incluem adições de ingredientes pouco comuns para nós brasileiros, tais como frutas silvestres e galhos de pinheiro (alguns países nórdicos usam muito esses ingredientes). Conhecer os diferentes estilos de cerveja permite ao apreciador viajar direto para a história de cada nação que os criou. A presença de ingredientes típicos ou o uso de técnicas próprias demonstra muito sobre a população, bem como os costumes de cada país.

Pinheiros na Noruega, cerejas na Bélgica, ou mesmo abóbora nos EUA. Ingredientes locais que estimulam a criatividade na arte de fazer cerveja.


BEER CLUB

/ cultura cervejeira

No Brasil também temos ótimas referências no assunto, com as cervejarias locais ousando cada vez mais para criar bebidas com uma identidade nacional. Para nos ajudar a entender melhor e conhecermos mais sobre essa enorme quantidade de cervejas que existem, podemos contar com a ajuda de alguns grupos que se dedicam a isso. O BJCP (Beer Judge Certification Program) e a Brewers Association, ambas associações americanas, têm seus próprios guias de estilos e nos ajudam a procurar o mundo do lado de lá, diferente das cervejas quase

sem graça que dominam o mercado. Graças aos pequenos produtores brasileiros, hoje já é possível ir a um bom restaurante e pedir uma carta de cervejas com vários desses estilos, e não simplesmente um cardápio de marcas que seguem um mesmo padrão “plano” a que estamos acostumados. Mesmo pela Internet existem lojas idôneas que nos ajudam a comprar alguma marca que fuja dos padrões de massa.

cervejas mais apreciamos – as mais amargas ou mais maltadas, as escuras com gosto que lembram café ou, até mesmo, uma cerveja que mais parece um espumante. Tem para todos os gostos. Até mesmo para quem decide que gosta mesmo é de tomar cerveja ultragelada quase sem grandes sabores - o que não tem nada de errado. Errado é não experimentar, ainda mais com tantas ofertas boas por aí.

Conhecendo um pouco mais sobre estilos podemos definir quais

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BOOZE / confraria trendline

Para degustar... Renan Piccoli Empresário

Daniel Camera Arquiteto

Difícil é conseguir pronunciar o nome dessa cerveja, a Weihenstephaner Vitus. É uma bock clara, de trigo, produzida na Alemanha. Contém 7,7 de graduação alcoólica - o que ajuda a pronunciar o seu nome depois do segundo copo. Em meio ao seu amargor, possui um sabor frutado. Boa demais!

Uma cerveja que me agrada muito é a Slava, da RSW Abadessa (Pareci Novo - RS). É uma pilsen clara, de sabor leve, aromática, que sempre se faz presente nas minhas degustações. Não que eu não goste da Export e da Helles, também da Abadessa, mas o sabor da Slava é o meu favorito.

Coube a mim a tarefa árdua de escolher a cerveja da ‘saideira’ da nossa confraria. Foi ela uma cerveja ainda sem nome e sem rótulo, que deverá estar entre as cervejas da casa do Doppio Malto, de Bento Gonçalves. Produzida pelo Luis e pelo Gustavo, é uma Irish Red Ale bem equilibrada e com muito sabor.

Weihenstephaner Vitus

Abadessa Slava

Doppio Malto Irish Red Ale

1 7,7% Vol

4,1% Vol

5% Vol

500 ml

750 ml

Ainda sem previsão de comercialização.

Preço: por volta de R$ 24

Preço: por volta de R$ 20

cervejas

Fernando Sperotto Arquiteto


BOOZE

/ confraria trendline

Ouvimos alguns amigos e parceiros para saber deles: o que você indica para os nossos leitores? Eis as respostas:

Mauro César Noskowski Empresário

Janquiel Mesturini Assessor de Comunicação

Um dos melhores vinhos que provei esse ano foi também um dos mais baratos: custou R$ 13 na FranShop, em Flores da Cunha. Trata-se de um vinho daquela localidade, o Val 13, da vinícola Valdemiz.

Depois de passar um tempão fora do Brasil não pude acompanhar com tanta frequência a nossa produção de vinhos. Porém, há um que sempre me traz boas lembranças: o Merlot da Dal Pizzol.

Vinho da linha premium que poderia estar ao lado dos gran premium da linha VIA1986.

É um Tannat com Cabernet Franc, safra 2005, muito bem equilibrado.

É um vinho bem interessante, que se destaca por não ter passado por barricas de carvalho.

vinhos

Caroline Maurmann Médica

Valdemiz - Val 13 13% Vol

Dal Pizzol Merlot

Safra 2005

12% Vol

Preço: R$ 10 na vinícola, entre R$ 15 e 25 no varejo

Preço: entre R$ 30 e 35

O grande destaque desse vinho é a finesse do conjunto, o que o torna bom para acompanhar refeições ou apenas para beber, fazendo, quem sabe, o caça-palavras bacana do rótulo.

Viapiana Expressões Cabernet Sauvignon 2010 13% Vol Preço: por volta de R$ 40 no varejo


Miragem do verão Texto e fotos de Quéli Giuriatti facebook.com/queli.giuriatti

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GO THERE / destinos recomendados

Se o destino ideal para as suas férias de junho é longe do frio e perto do sol, a República Dominicana tem tudo que você precisa e, quem sabe, muito mais do que imagina.

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GO THERE

/ destinos recomendados

O mar do Caribe está mais próximo de você. Com voos regulares e diretos de Porto Alegre para o Panamá pela Copa Airlines e, de lá para dezenas de destinos na América Central, o sonho de fugir dos rigores do inverno gaúcho e curtir dias de vida mansa em uma ensolarada praia caribenha é passível de ser concretizado. Os preços, desde já vale ressaltar, são ótimos, sobretudo se você escolher um resort em Punta Cana, na República Dominicana. Uma semana no sistema all inclusive custa bem menos que muitos resorts do nordeste brasileiro. Localizada na costa leste do país, Punta Cana apresenta um dos complexos hoteleiros mais procurados por turistas do mundo inteiro. Russos, canadenses, norteamericanos e europeus em geral lotam as praias locais. Tudo por

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conta da facilidade do aeroporto internacional de Punta Cana, que fica a poucos minutos dos maiores hotéis. A praia Bávaro, onde se situa o resort Bávaro Princess, está entre as dez mais belas das Américas - de acordo com a Unesco. Palmeiras, água calma, quentinha e cristalina, areia fofa e um céu azul de tirar o fôlego compõem a paisagem, um cartão-postal vivo que ficará na sua memória por anos a fio. As suítes bangalô contam com todos os confortos necessários para seu repouso: ampla banheira de hidromassagem, ar-condicionado central, sala, copa completa com cafeteira – para você se deliciar com o café dominicano, entre os melhores do mundo –, TV de LED, roupões macios, etc. Apesar das 806 acomodações, o perfil do Bávaro Princess é de um

ecoresort, bastante calmo, com arborização e mata nativas em abundância. Seus oito restaurantes oferecem pratos de diversas nacionalidades, com destaque para a cozinha oriental e os lagostins grelhados. Se a beira-mar for a sua praia, aproveite para tomar rum Brugal com Coca-Cola e ficar de bobeira. Vizinhos de Cuba, os dominicanos brincam a respeito do nome do drinque Cuba Libre. Chamam de “mentirita”, já que de liberdade os cubanos não podem se gabar.

Resorts de Punta Cana costumam oferecer bons preços para o sistema all inclusive.


GO THERE

/ destinos recomendados

Se estiver a fim de um agito, esportes aquáticos estão à sua disposição sem custo. O caiaque completo - com colete - está incluso no serviço, mas tudo que envolver motor, como jet skis e lanchas, corre por fora da conta. Em geral, o povo da região é muito solícito e mostra identificação com os brasileiros no quesito simpatia, o que facilita a comunicação - mesmo que seu espanhol seja primário. Os operadores de turismo locais montam “banca” nos resorts para oferecer outros passeios aos

O resort predileto dos brasileiros: Hard Rock Cafe Punta Cana.

visitantes, tudo facilitado e seguro, inclusive nos mergulhos com snorkel. Uma dica é conferir o pacote do Marinarium, que permite descobrir as maravilhas dos corais e da vida marinha de uma forma bem divertida. Já o Dolphin Island tem uma plataforma flutuante em alto mar, que traz a oportunidade de nadar e interagir com uma simpática comunidade de golfinhos. Outra atração famosa é o Manatí Park, zoológico que oferece shows com leões marinhos e golfinhos, pássaros, papagaios e outros animais. Rock’n’roll never dies O resort predileto dos brasileiros em Punta Cana só poderia ser o mais

agitado de todos, certo? Pois o Hard Rock Cafe Punta Cana levanta a taça. Com 1.790 quartos, onze restaurantes e dezenas de piscinas e bares, este resort de proporções monstruosas tem um clima especial à noite. Todos os quartos são decorados com frases de astros do rock, além das centenas de relíquias de músicos e bandas que fazem parte do acervo do Hard Rock, como um carrão cravejado de espelhos usado por Madonna em videoclipes ou looks de show completos de Gloria Steffan. Uma boate, chamada Oro, que é literalmente brilhante, um spa e um cassino fecham o rol de atrações deste Hard Rock, único all inclusive da rede em todo o planeta.

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STYLE / Meu Número

O inverno recém-começou, mas a moda já está de olho no Verão 2012/2013 com os lançamentos nacionais e internacionais.

CIA MARÍTIMA

Por aqui, Minas Trend Preview e Fashion Rio já nos mostraram o que virá junto com o calor - que parece tão, tão distante no momento!

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E quando o verão chegar... Texto de Tai Santos facebook.com/taiolisantos Consultora de Moda. Fotos de Agência Fotosite

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Formas

As formas geométricas também revelam um leve retorno do japonismo (orientalismo) - isso sim movimento AINDA dos anos 80, que insistem em continuar na moda e no design em geral.

Vazados, rendados, bordados e telados. Malhas com lurex, recortes a laser no couro, patchwork em jeans (destaque para o trabalho ao lado, belíssimo, do desfile da Sacada). Jeans délavé e white denim, além dos “estampados” da TNG. Resinados e plastificados. Mix de transparências com fosco.

SACADA

A invasão de uma estética anos 90, substituindo de leve a onda oitentista presente já há várias coleções, é uma das primeiras tendências que podemos notar. A silhueta reta (linha H); o decote canoa; o visual plastificado e metalizado; o esportivo dos bailes de Charme, com parkas e shorts boxer; o comprimento cropped acompanhados de cós superalto; as telas e o calçado tipo tênis com plataforma são alguns indicativos. Some a isso um ar de anos 20 presente nos comprimentos e formas dos vestidos, franjas e visual art decó.

Esportivas, orgânicas ou geométricas. Comprimentos curtos ou nos joelhos, para saias, vestidos e bermudas. Calças cigarretes (na altura da canela). Tanto a forma fluida como as justas não são exageradas, tudo na medida certa. Decotes redondos, canoa ou tomara-que-caia. Plissados e pregas em tecidos com ótimo caimento.

R GROOVE

formas: um mix de romance açucarado e esportivo apimentado.

STYLE

/ meu número

O próximo verão será “agridoce”, nas cores e nas

Efeito destaque Metalizado dourado, que apareceu em peças inteiras, em detalhes, em bolsas, em calçados e também na maquiagem. NEW ORDER

Dos pastéis aos intensos, passando pelo preto e branco. Destaque: azul klein, azul piscina, verde acqua, verde bandeira, rosa algodão-doce, rosa pink, laranja, tangerina, vermelho cereja, amarelo canário, amarelo solar, amarelo clarinho, creme, branco, preto. Aliás, parece que o laranja é a cor da década, já que se faz presente em várias coleções constantemente desde 2010.

Cores [50] | TRENDLINE[MAG] . ED 7

BLUE MAN

Texturas, padronagens, lavagens


/ meu número

STYLE

Ame ou odeie Depois das semanas de moda, blogs, sites e redes sociais despejam uma infinidade de comentários, opiniões e críticas sobre os desfiles. E sempre há peças ou detalhes que geram polêmica e dividem opiniões. Desta vez são duas as tendências que estão na corda, sendo puxadas pelos dois lados:

- bustiê e top cropped: já foram usados à exaustão nos anos 80 e 90, e agora retornaram com tudo. Falta de elegância ou sexy young? Já existe até uma “receita” para evitar cair no “piriguetismo”: usar com cinturas altíssimas, para jamais mostrar o umbigo. Assim fica mais elegante - para poucas, claro.

MARIA BONITA

ALEXANDER MCQUEEN

- o tal do Peplum: ele apareceu aos montes nas semanas de moda internacionais, e sim... aterrissou por aqui. Peplum é aquela “sainha” presa na cintura, em blusas e vestidos, bem sobre o quadril, abrindo em godê. Os que o defendem, dizem que disfarça culotes e quadris largos e que dá impressão de cintura mais fina. Os que ojerizam, dizem que envelhece. Uma coisa é certa: ele achata a silhueta e leva o olhar para o centro do corpo, portanto mulheres baixas ou que tem volume no abdômen devem evitá-lo.

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FOTO DIVULGAÇÃO

CULT / cultura e subcultura

Texto de Greici Audibert

Viva Elis

facebook.com/greiciaudibert Jornalista e repórter do Grupo RSCOM e do Portal leouve.com.br

Porto Alegre acaba de receber a exposição Viva Elis, uma mostra organizada pelo filho de Elis Regina, João Marcelo Bôscoli, e a maior realizada sobre a artista gaúcha até então no país. São mais de 200 fotos e material de shows, entrevistas e depoimentos dispostos na Usina do Gasômetro, até o dia 8 de julho. A exposição segue também para Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

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A mostra faz parte do projeto Nivea Viva Elis, que começou com o show da cantora Maria Rita, no Anfiteatro Pôr do Sol, também na capital gaúcha. A apresentação gratuita, que teve o repertório baseado nos sucessos de Elis Regina, reuniu 60 mil pessoas, num belo espetáculo no final de tarde. Vários outros eventos estão marcados para este ano, quando se completam 30 anos da morte de Elis.

Mostra sobre a cantora percorre Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Aliás, o show em que Maria Rita homenageia a mãe será lançado em CD, DVD e Blu-ray, que devem chegar às lojas no segundo semestre.


CULT

/ cultura e subcultura

Almodóvar De Pedro Almodóvar assisti a “Fale com Ela”,“Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” e, recentemente, “A Pele que Habito”, mais uma obra impecável do cineasta espanhol que nunca pôde estudar cinema. O longa, escrito pelo diretor em parceria com o irmão Augustín Almodóvar, é baseado no romance policial Mygale, de Thierry Jonquet. Antonio Banderas é o protagonista e interpreta Robert, um obcecado cirurgião plástico que, após a morte de sua esposa num acidente, concentra todas as suas energias e seus

conhecimentos na criação de uma pele com a qual ela poderia ter sobrevivido. Após 12 anos, ele consegue criar um tecido sensível ao toque, mas resistente a qualquer tipo de agressão. Porém, para chegar num resultado perfeito, seria necessária uma cobaia humana, além de um cúmplice e uma grande dose da falta de escrúpulos . A cúmplice é Marília (Marisa Paredes), a mulher que o criou desde o dia em que nasceu. Já a cobaia é uma jovem desaparecida que não o será de forma voluntária.

O livro branco Os Beatles, a banda que mais vendeu singles no Reino Unido nos últimos 60 anos (segundo a Official Charts Company), mais uma vez serve de inspiração.

B.B. King retorna ao Brasil neste ano para uma nova turnê e bem aqui do lado, em Curitiba. O show ocorre no dia 2 de outubro, no Teatro Guaíra.

Desta vez para o escritor Henrique Rodrigues, que lança em julho o Livro Branco - Vinte Contos Inspirados em Músicas dos Beatles. São textos de 20 autores baseados no quarteto de Liverpool.

Aos 86 anos, o cantor e guitarrista fará cinco apresentações no país. As outras acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Para o jornalista Nelson Motta, que assina um dos contos, Beatles era algo “meio ridículo”. Mudou de ideia depois e no livro escreve sobre Love me do, de 1962.

O ícone do blues esteve no Brasil pela última vez em março de 2010.

B.B. King, aqui do lado TRENDLINE[MAG] . ANO 2 | [53]


Texto de Maria Cristina Frazon Telles

GOOD LIVING

mcritell@pressa.com.br Personal trainer, Pós-graduada em Fisiologia do Exercício UGF/RJ

/ cuide do seu corpo

Sem carne, com músculos É possível

ter uma dieta vegetariana e ainda assim obter bons ganhos de massa muscular? As discussões sobre este assunto costumam ser calorosas e encontramos argumentos razoáveis nos dois lados. Debates à parte, temos que levar em conta que algumas pessoas simplesmente NÃO GOSTAM de produtos de origem animal. Outras abdicam da carne por questões religiosas. E há também um número crescente de adeptos que tiram a carne da dieta por não concordar com o sacrifício da vida de animais. Do ponto de vista da nutrição esportiva, sem um volume adequado de ingestão de proteínas (encontradas em maior número na carne) fica realmente difícil

reconstruir e manter os tecidos do corpo, inclusive o muscular. Isso posto, fica a pergunta: um vegetariano consegue ganhar massa muscular? Claro que sim! Dizer não à carne não significa abolir a construção da massa muscular. Se não fosse assim, a vegetariana Cory Everson não teria ganho o título de Ms Olympia por seis anos consecutivos na década de 80. Um vegetariano pode sim ganhar massa muscular, porém precisa ficar atento e buscar auxílio de uma nutricionista, se propondo a consumir os alimentos indicados, nas quantidades recomendadas. O fundamental é combinar diversas fontes de proteínas vegetais para, assim, obter todos os aminoácidos

Personal Trainer

essenciais ao organismo. Alguns nutrientes merecem atenção e podem pedir suplementação, tais como a vitamina B12 e o ferro. A suplementação à base de soja é extremamente recomendada para estas pessoas. Com uma boa quantidade de calorias vindas dos cereais integrais, frutas, legumes e nozes o vegetariano conseguirá ter uma alimentação saudável e um corpo sarado. Ah, e uma dica final: nada de passar horas na academia. Reduza o tempo do treinamento e trabalhe árduo, prevenindo a perda de massa muscular. Com a mente determinada, treino e alimentação regrados, você chega lá.

Bike Indoor Treinamento Funcional

Ginástica

Musculação

Rua Pinheiro Machado, 770 Galeria da SOAL, Veranópolis-RS Fone: (54) 3441-7237



PEOPLE / colunismo sem «érrimos» ou «íssimos»

FOTO JEFERSON DEBONI

NOVA SALA

FOTO JEFERSON DEBONI

No fim de maio a região conheceu a nova revista Sala de Arquitetos, de Caxias do Sul. O projeto passou por uma total reformulação e foi realizado pela Daschund Comunicação, editora da Trendline, e pela TwoThinkMore, de Passo Fundo. O evento de lançamento ocorreu no La Barra, em Caxias.

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Samuel Ramos, Letícia Athayde e Bianca Polidoro Franco.


FOTO SAMUEL RAMOS

UM ANO! O Embrios Centro de Reprodução Humana celebrou o seu primeiro ano de vida em um evento voltado para a área médica, com a palestra do médico imunologista Ricardo de Oliveira.

Joice Boch, Gustavo Vieira, Ângela Marcon D’Avila, Ricardo de Oliveira e Fernanda Peruzzato

FOTO SILVANA AIBEL | DIVULGAÇÃO

Durante esses primeiros doze meses a equipe realizou mais de 60 gestações com sucesso - uma delas envolvendo o casal de proprietários Ângela e Gustavo. :)

CURSO DE GESTÃO A Dell’Anno recebeu o curso Administração de Escritórios de Arquitetura e Engenharia, promovido pela AEARV, a Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos. As aulas foram ministradas pelo professor Ênio Padilha. Na foto, a turma da Dell’Anno que recepcionou os presentes.

Edson Busin, Fernanda Fialho, Kenia Michelin, Renan Piccoli, Karla Pires e Raquel D'Avila

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PEOPLE

/ social

BOLO DE CAFÉ

FOTO SAMUEL RAMOS

Foi com o famoso cupcake de café da casa (e poderia ser diferente?) que o Coaffee comemorou o seu primeiro ano. Lisane Melo e Maiquel Oliveira fizeram as honras da celebração, que fechou o workshop sobre degustação de cafés promovido no espaço.

Lisiane Melo e Maiquel Oliveira

RECONHECIMENTO

FOTO DIVULGAÇÃO

A Ibero Cruzeiros premia, todo ano, os operadores que se destacaram na temporada anterior. O caneco, esse ano, ficou em Nova Prata, com a agência Camboatás, que levou o 1º lugar em vendas no Estado.

Rosane Ferronatto, Renata Frizon, Jordana Carpenedo e Marília Minozzo.

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PEOPLE

/ social

FOTO SAMUEL RAMOS

ARTE E VINHOS A vinícola Luiz Argenta, de Flores da Cunha, recebe até 31 de outubro a exposição de arte itinerante que integra o projeto “Vivências Sensorias – Leituras Múltiplas”, da Confraria do Champanhe da Serra Gaúcha. As obras podem ser contempladas na própria vinícola e são de autoria de 10 artistas locais.

Anfitriões da exposição, Sr. Deunir Argenta e a sua filha, Daiane Argenta

FOTO SAMUEL RAMOS

NOVO VAREJO Flores da Cunha também recebeu a primeira loja da Porto Mediterrâneo, importadora que trabalha com mais de 200 rótulos de vinhos de seis países. O local escolhido para a operação foi o enoespaço da Viapiana, ação que faz com que vinhos importados e nacionais dividissem as prateleiras do varejo da vinícola.

Elton Viapiana, Julio Cesar Schimitt Neto, Danielle Voges e Cesar Curra.

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TOCO E ME VOY / impedimento Texto e fotos de Douglas Cecconello facebook.com/douglas.ceconello.3

A marcha dos corvos No futebol argentino, historicamente, há cinco grandes clubes. Um deles vive uma época de provações que parece não ter fim. É verdade que, exceto pelo Boca Juniors, sempre temido, sempre renascendo, há tempos os principais representantes do futebol HERMANO vivem cambaleando. O River Plate atualmente milita na segunda divisão. O Racing vive uma era de seca de títulos e quebrou financeiramente, quase falindo.

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O Independiente está perdido entre San Juan y Mendoza, tentando reencontrar a grandeza que o fez o maior campeão de Libertadores, com sete títulos. Mas nenhum deles sofre tanto e em aspectos tão diversos como o San Lorenzo. Se sua história fosse um FOLHETIM, o clube de Almagro seria aquele personagem outrora poderoso, mas hoje sofrido, constantemente humilhado e pisoteado, que no final da trama triunfa sobre a maldade.

Há cinco anos sem ganhar nenhum título, o San Lorenzo FLERTOU toda a corrente temporada com o rebaixamento.


O problema é que ninguém tem ideia do desfecho do drama azulgrana e por enquanto a parte do sofrimento parece longe de acabar. Para começar, los cuervos (a alcunha vem do fato de o clube ter sido fundado por padres, que como sabemos geralmente se vestem de preto) são os únicos entre os grandes a nunca terem conquistado a Libertadores, o que gerou a maldosa piada de que sua sigla, CASLA, na verdade significa Clube Atlético Sem Libertadores de América. O CHISTE é repetido aos quatro ventos em Buenos Aires pelos rivais. Mas com esta pequena crueldade os torcedores do San Lorenzo até já se acostumaram. O que eles não admitem de forma alguma é o desvio que sua história sofreu décadas atrás. Em 1979, época da ditadura argentina, o terreno do clube no bairro de Boedo foi negociado pela diretoria com o governo de Buenos Aires, que garantia que a área era importante para a “reorganização urbana” da cidade e negava existir qualquer interesse empresarial.

Contudo, a palavra do poder público não se mostrou de grande valia (novidade) e o terreno acabou indo parar nas mãos de uma grande rede de supermercados, que erigiu uma caixa de concreto onde antes era o estádio Viejo Gasómetro. Como consequência, os azulgranas acabaram se mudando para o sul do bairro de Flores, mudança que jamais foi digerida e parece incomodar muito mais que a VIRGINDADE em Libertadores. O bairro de Boedo também sentiu a ausência do San Lorenzo. Em torno do clube girava extensa atividade social e esportiva, que, aos poucos, se perdeu. Os porteños mostram grande vínculo com seus bairros de origem – cada bairro é um microuniverso, com tradição e histórias peculiares – e o San Lorenzo e sua torcida jamais fizeram questão de cortar o cordão umbilical que os une a Boedo. Pois este sentimento latente, a vontade de retornar do exílio, finalmente explodiu em 2012. Em 8 de março, a torcida organizou uma manifestação que levou 100 mil pessoas à Plaza de Mayo para pressionar pela aprovação da Lei de

Restituição Histórica, que deve devolver o antigo terreno ao clube. Era o dia de o torcedor jogar, dizia a campanha. E eles de fato jogaram, e com gana: fizeram daquele dia a sua final de Libertadores. Hoje, os jogadores do San Lorenzo não têm muito tempo para olhar para o passado: estão envolvidos numa RUSGA dos diabos, tentando tirar o clube do rebaixamento – sofrimento que não tem fim, já havia avisado. O time perde pontos fáceis e depois vence partidas épicas. O clube já foi rebaixado, em 1981, e retornou no ano seguinte, após bater recordes de torcida – em um final de semana, levou 75 mil pessoas ao Monumental de Nuñez, público maior que o de toda aquela rodada da primeira divisão. A torcida do San Lorenzo, como se sabe, não costuma brincar em serviço e não admite FAIR PLAY quando se trata de recolocar a história do clube nos trilhos – dentro e fora do campo. Quando chega a hora dos corvos, as pombas somem das ruas de Buenos Aires.

Cem mil cuervos se reuniram na Plaza de Mayo pedindo a reintegração do antigo terreno no bairro Boedo.

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FOTO DIVULGAÇÃO

CRT

/ telefone vermelho

Texto de Marcos Beck Bohn

Atraso gaudério O Rio Grande está ficando

para trás. Afirmação que não traz novidade alguma, infelizmente é algo que não se ouve nas rodas de conversa gaúchas. Houve tempo que éramos parte da vanguarda da nação. Esse tempo, é fato, passou. O presente governo estadual é alinhado com o governo federal. Vêse injeção portentosa de recursos no estado? Se acontece, digam-me onde. Há duas ou três obras viárias, há outro financiamento. Mas aquilo que seria de se esperar, quando se tem dois ex-colegas de ministério – uma, no Planalto; outro, no Piratini – é muito mais do que a Rodovia do Parque. Temos um aeroporto que, durante cinco meses do ano, todas as manhãs, corre o risco de ficar fechado. Ninguém entra, ninguém sai. Por que mesmo? Por causa da neblina, a cerração, bela imagem do imaginário e da realidade do estado. Tão bela, que talvez obnubile e impeça os responsáveis de comprar

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o aparelho que permite o pouso e decolagens dos aviões com tempo fechado.

Margens do Guaíba. Passar pela Avenida Beira Rio à noite é ficar cara a cara com a mais absoluta escuridão. De ambos os lados. O Parque da Harmonia só se sabe que está ali porque se sabe que está ali. O Guaíba, lado oposto, é um mar negro cujas margens inexistem para quem as desconheça. Seja ou não ainda o trauma da enchente que deu origem ao muro da Mauá, é triste e risível que Porto Alegre ainda viva de costas para suas águas. Deixemos a capital. Serra. Obras de recapeamento nada urgentes nas estradas que levam até lá executadas na semana do Festival de Gramado. Resultado? Quilômetros de congestionamento. Será para mostrar serviço aos turistas? Vale dos Sinos. Em São Leopoldo, agora há também congestionamentos em três das seis vias mais importantes da

cidade. Motivo: faixas de segurança sem semáforo em qualquer cruzamento. E os motoristas leopoldenses, educados, param. Sempre. Em todas as esquinas. Enquanto os pedestres, firmes na sua cidadania, atravessam sem olhar para os lados.

Na peça Quadrante, que esteve em Porto Alegre faz alguns anos, o finado Paulo Autran conversava com a plateia e declamava poemas. Depois de um deles, comentou: “A primeira vez que disse esse poeminha aqui para vocês, gaúchos, eu estava receoso. Nervoso, até. Mas, para minha agradável surpresa, aqui é onde as pessoas mais riem!” Cito de memória, deixa o Google para lá, era mais ou menos assim: “Lá vai o gaúcho, com seu cavalo Apressado, galopando pelos campos Pra quê? Pra nada!”


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