Do Cunhatã para a América Latina

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Do Cunhatã para a América Latina: disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim. Uma publicação do Grupo Curumim

Textos: Claudia Vasconcelos, Ilca Márcia, Jacirema Bernardo, Leandro Leal, Keyla Araújo, Núbia Melo e Sueli Valongueiro Coordenação geral: Sueli Valongueiro Alves Edição e revisão: Nataly Queiroz Projeto gráfico e diagramação: Tríade design Fotos: Arquivo do Grupo Curumim e Cristina Câmara (fotos do Rio do processo, presentes no rodapé da publicação) Impressão: Brascolor Gráfica e Editora Tiragem: 150 exemplares Apoio: IWHC Recife, junho de 2010

Distribuição gratuita. Autoriza-se a reprodução, desde que citada à fonte.

Grupo Curumim Rua: Padre Capistrano, 119 – Campo Grande – Recife-PE Fones: (81) 3427.2023 e 3427.5581 www.grupocurumim.org.br E-mail: curumim@grupocurumim.org.br


É com imensa alegria que apresento esta publicação, fruto de uma gestação longa de quem não quer largar, não por não querer dividir, soltar ao mundo, mas pelo cuidado de repassar a imensidão de tudo que vivenciamos nestes anos buscando encontrar formas de contribuir com adolescentes e jovens a viver a adolescência e a juventude de forma prazerosa e consciente, buscando acolher meninas e meninos, que partejaram, junto comigo e as colaboradoras, o nascimento destes relatos. Deixar registrado alguns caminhos encontrados, junto com as (os) meninas (os) e com as colaboradoras, com quem estive muitas horas discutindo a metodologia e as ferramentas pedagógicas, não seria possível sem que descrevessem junto comigo a metodologia que o Curumim vem utilizando. Muitas foram minhas descobertas durante a sistematização da experiência no Cunhatã. Percebi que nem tudo eu conseguiria colocar nas letras, que não seria possível demonstrar o turbilhão de sentimentos e aprendizados vivenciados, a poesia genuína das (os) meninas (os) em meio as suas descobertas e desejos e, em alguns momentos, a dureza e a solidão na vida cotidiana, foi sem dúvida a que mais se me deixou paralisada antes de dar por finalizada esta publicação.

Sejam vindas/os ao Cunhatã.

Sueli Valongueiro – coordenadora do Programa Cunhatã; integrante da Secretaria Executiva do Grupo Curumim


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Agradecimentos: Ao longo destes anos, muitas pessoas deixaram suas contribuições para a consolidação do Programa Cunhatã e quero dividir a alegria de estar divulgando este trabalho com todas, em nome de Islene Carvalho, Ursula Hutntner, Lilian Vidal, Angelis Cabria, Melissa Dickie, Didier Bloch, Jacirema Bernardo, Núbia Melo e as jovens Patrícia Lima e Claudia Vasconcelos. Muito construímos junto ao IWHC, em uma relação de confiança, transparência e credibilidade mútua. E em nome de Denise Hirao e Marisa Aitchison agradecemos a oportunidade de deixar essa contribuição para que outros grupos possam somar as nossas boas experiências às suas, na construção de um mundo melhor para as/os jovens. Agradeço o envolvimento da equipe Curumim – Neide Batista, Claudia Vasconcelos, Valdecira Vieira (Cira), Jose Carlos (Tatau), Paula Viana, Laís Ferreira e Nataly Queiroz – e o apoio da minha família, em nome do meu filho José Bernardo que esteve, de uma forma ou de outra, comigo durante todo o processo de idealização e realização desta experiência.

Sueli Valongueiro


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Sumário Um pouco da nossa história....

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A referência teórica - política, o método, metodologia e abordagem

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A ação educativa

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Passo a passo da prática da ação educativa junto a adolescentes e jovens

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Avaliação das ações educativas

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Relato das vivências do Núcleo de Jovens do Cunhatã

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Oito anos de construção coletiva e muitos aprendizados

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Técnicas e ferramentas

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Programa das oficinas e rodas de diálogos

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Lista de alguns vídeos utilizados na ação educativa

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Vídeos indicados para rodas de debate

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Jovens que participaram do Núcleo

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Educadoras durante a ação educativa nestes oito anos

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Glossário

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Um pouco da nossa história....

Desde 1991, o Curumim, através do Programa Cunhatã1, desenvolve atividades de promoção dos direitos sexuais e reprodutivos, contribuindo para a sensibilização e adequação de serviços de saúde às necessidades das (os) adolescentes. Nos momentos iniciais, o Programa Cunhatã teve o apoio do Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social (DED) e tinha como estratégia principal a melhoria das habilidades dos profissionais de saúde que trabalhavam diretamente com adolescentes, criando um ambiente propício para uma organização de serviços de saúde mais acolhedores.

1 Adolescente na língua tupi-guarani.

A expectativa do Programa era contribuir para a elaboração de um modelo assistencial que incorporasse as questões dos direitos sexuais e reprodutivos das (os) adolescentes. Neste período, o Grupo Curumim estruturou, em sua própria sede, um centro de atendimento, assistência e orientação para mulheres, adolescentes, jovens casais e grupos. A partir de 2002, o Programa Cunhatã, com apoio da International Women Health Coalition (IWHC), começou a desenvolver metodologias para fortalecer adolescentes e jovens na sua incidência para o enfrentamento à violação de direitos - especialmente quanto à saúde -, no campo dos direitos reprodutivos e dos direitos sexuais.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim A partir da metodologia utilizada surgiu o Núcleo de Jovens do Cunhatã. Neste espaço, adolescentes e jovens são estimulados a integrar articulações e movimentos, atuar como delegadas e delegados em conferências, participar de eventos do movimento social de jovens e de mulheres e, internamente, atuar como facilitadores de processos educativos e assessoria de projetos. As (os) Jovens do Cunhatã encenam esquetes sobre prevenção da AIDS, violência contra a mulher, relações desiguais de gênero e abortamento, em sua maioria, em escolas públicas. O Cunhatã também contou com várias parcerias para utilização da metodologia com jovens e adolescentes, através de Projetos institucionais, a exemplo do Pacific Institute Women’s Health, da Mama Cash, da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres da Presidência da Republica - SEPM-PR e Grupo de Teatro Loucas de Pedra Lilás. De 2002 a 2009, as ações do Cunhatã atenderam diretamente 4.470 jovens. Há uma estimativa que mais de 25.000 jovens tenham sido atingidos indiretamente. Em Pernambuco, o perfil de jovens e adolescentes que vivenciaram o projeto é composto, na sua maioria, por meninas, com idades entre 12 e 18 anos, residentes de 19 municípios situados na Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Sertão, de áreas urbanas e rurais, de baixa renda, estudantes de escolas públicas e negras (os). Além da participação política das (os) jovens em espaços de controle social, a estratégia de advocacy dos direitos da juventude e das mulheres do Programa Cunhatã contou com ações de assessoria de imprensa, produção e distribuição de materiais educativos, bem como atividades junto às (aos) profissionais da saúde, da educação e das mães das (os) adolescentes e integrantes de organizações não governamentais do movimento social.


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A referência teórica - política, o método, metodologia e abordagem O Programa Cunhatã combina técnicas, atividades e instrumentos apreendidos no âmbito das formações do movimento feminista, das vivências Reflect-Ação e da experiência da aprendizagem organizacional/ teoria da ação, vivenciada pelo Grupo Curumim. Desta forma, a base inspiradora e orientadora são os ensinamentos da pedagogia de Paulo Freire e o posicionamento político feminista. Em alguns momentos, os instrumentos e técnicas utilizados foram adaptados, reinventados para melhor se adequarem ao contexto dos grupos. Contudo, é importante registrar que a conjuntura social, política e econômica em que vivem as participantes dos processos influenciam na ação educativa. A produção de conteúdos, em especial do movimento feminista, de ativistas, pesquisadoras (es),

assim como de mulheres e jovens que produzem conhecimento empírico a partir de sua própria vida cotidiana, tem dado subsídio à reflexão e análise da conjuntura durante os processos de aprendizagem. Documentos como a Plataforma Feminista, acordos das conferências internacionais, diretrizes e propostas de conferências nacionais, regionais, documentos governamentais como os planos, programas e normas e a legislação brasileira, dentre outros, são utilizados na ação educativa na perspectiva de socialização de informações para reflexão, análise e monitoramento das políticas públicas. Desta forma, é impossível detalhar fórmulas ou descrever de forma linear, fechada, o funcionamento, as reações e o processo de cada grupo. A ação educativa consiste em favorecer/viabilizar a adolescentes e jovens encontros que contribuam, através de informação útil e válida para momentos de reflexões para a tomada de decisões conscientes sobre suas vidas, e ainda que vislumbrem a possibilidade de mudanças de atitudes que as/os levem a uma vida melhor, no âmbito da consolidação dos direitos individuais e coletivos.


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A ação educativa A ação educativa do Cunhatã consiste na concertação de um conjunto de atividades: oficinas temáticas, visitas a serviços de saúde, formação em outras organizações sociais, elaboração de material educativo, alimentação de blog, construção de peças de comunicação, bem como participação em espaços de discussão e proposição de políticas, nas atividades da agenda feminista e da juventude e em atividades culturais. Outras atividades como meditação, vivências Reflect-ação, intercâmbios, iniciação à massagem e aromaterapia, e momentos de escuta coletiva fazem parte do método. Tendo como principal objetivo o fortalecimento da defesa dos direitos, em especial no campo da saúde, dos direitos reprodutivos, dos direitos sexuais e dos direitos humanos, os temas e as técnicas são disponibilizados a depender do nível de interesse e da necessidade de informação de cada grupo. Sendo assim, durante a construção vivencial da metodologia elencamos e disponibilizamos um rol de temas. Nem todos os grupos trataram todos os temas, e/ou com

o mesmo aprofundamento. Exceto as (os) integrantes do Núcleo de Jovens do Cunhatã que, por terem permanecido na instituição, tiveram a oportunidade de participar de todas as atividades. As técnicas e os instrumentos seguem a mesma lógica: algumas servem para um grupo e não servem para outro. A pessoa responsável pela facilitação de cada grupo deve ter habilidade para observar a necessidade das (os) jovens para inserir os temas e as técnicas a depender do perfil e do tempo que será destinado para cada processo. Em determinados grupos, a necessidade de alguns temas foi tão expressiva que o tempo utilizado correspondeu a aproximadamente 30% do total de horas, a exemplo da discussão sobre violência. Esta flexibilidade é um dos maiores cuidados que tivemos nos processos. Ficamos atentas, pois acreditamos que um grupo se forma e se fortalece pela sua necessidade coletiva, mesmo tendo objetivos definidos nos projetos. Este respeito e a transparência entre as parcerias de um projeto são fundamentais e devem ser a base da intervenção.


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Nas oficinas temáticas temos dialogado com aproximadamente 23 temas: • Saúde, beleza e autoestima • Anatomia geral • Primeiros socorros • Saúde reprodutiva, sexualidade e direitos reprodutivos • Anatomia e fisiologia do Sistema reprodutor • Gravidez, parto, aborto e pós-parto • Morte materna

• Violência, com enfoque na violência contra adolescentes, jovens e mulheres • Meios de comunicação, na música e na mídia • Direitos humanos, com enfoque na juventude e nas mulheres • Direitos das crianças e dos adolescentes – Estatuto da Criança e do Adolescente • Diversidade afetiva-sexual • Estado laico e fundamentalismos

• Aborto

• Políticas públicas para a juventude

• Contracepção e métodos contraceptivos

• Movimento feminista

• Doenças sexualmente transmissíveisprevenção e tratamento

• Acordos internacionais, mecanismos para participação política e controle social

• Sistema Único de Saúde

• Raça, racismo e desigualdade

• Relações de gênero

• Massagem e aromaterapia


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Passo a passo da prática da ação educativa junto a adolescentes e jovens A percepção de cada adolescente e jovem sobre os temas trabalhados é um dos principais elementos para a escolha do assunto e do percurso metodológico a ser percorrido. Também se considera relevante como cada uma/um se sente em relação ao grupo, ou seja, seu sentimento de pertença ao coletivo.

Algumas técnicas e estratégias têm contribuído para a formação de grupo, a exemplo do Meu Momento Atual (MMM), da meditação, das vivências Reflectação, das avaliações coletivas e dos intercâmbios. Nas próximas páginas pesquisadoras (os) e consultoras (es) descreverão algumas destas estratégias.

Meu Momento Atual Didier Bloch Consultor em Aprendizagem Organizacional

A técnica chamada “Meu Momento Atual” (MMA) foi bastante divulgada pelo curso de formação de consultores em Aprendizagem Organizacional da empresa Valença & Associados, do Recife. Na realidade, se trata de uma técnica que já fazia parte, sob formas um pouco diferentes, do conjunto de técnicas básicas da Dinâmica de Grupos. É usada principalmente quando um mesmo grupo ou organização se encontra regularmente, numa sequência de sessões que pode se estender ao longo de várias semanas, meses ou anos. É uma técnica muito simples. No início de cada sessão, os participantes sentam nas cadeiras, formando uma roda, e cada um (inclusive o facilitador) fala do seu momento profissional e/ou pessoal atual, sem ser interrompido. Quem não quiser falar não fala, não é uma obrigação. Apesar da sua simplicidade, essa técnica é interessante, pois permite que os participantes do grupo se sintonizem novamente, vários dias ou semanas depois da sessão anterior. Saber do


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humor do colega, do seu momento de dificuldade ou de felicidade, ajuda a entendê-lo melhor e diminui possíveis atribuições indevidas. Uma cara feia pode não ter nada a ver com o que ocorre na sessão e, sim, com o período difícil que a pessoa está passando na sua vida pessoal, por exemplo. Em nível coletivo, o conjunto dos MMAs permite também ao facilitador saber a temperatura do grupo e ajudá-lo melhor. Ao tomar conhecimento dos sentimentos predominantes e de suas motivações, de afinidades e conflitos entre membros do grupo, e de conteúdos recorrentes ligados ao cotidiano da organização, o facilitador pode aprofundar determinados assuntos e, eventualmente, modificar a pauta prevista ou planejar exercícios para as sessões seguintes. Ao longo das sessões, a prática do MMA vai também gerando confiança mútua, na medida em que permite a expressão de ideias e sentimentos, positivos ou negativos, de uma forma eficaz, e passa assim a constituir um importante elemento da aprendizagem organizacional.


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Meditação Didier Bloch Consultor em Aprendizagem Organizacional

A meditação é praticada pelas mais diversas tradições religiosas e espirituais. Uma das técnicas mais simples consiste em sentar confortavelmente, observar a própria respiração e, quando se percebe que a mente está sendo levada por pensamentos, sensações ou percepções, voltar tranquilamente para o foco na respiração. O resultado mais imediato é um estado de maior tranquilidade da mente. Com o tempo, as pessoas vão também tendo maior consciência de imagens, emoções e pensamentos recorrentes, e dos tipos de estímulos que os provocam. Num ambiente de trabalho em grupo conseguem assim, pouco a pouco, prestar maior atenção aos seus próprios “discursos internos”, sentimentos e preconceitos, e às consequências, positivas ou negativas, que estes têm para as interações com outras pessoas. Desta forma, a pacificação da mente e a maior lucidez e concentração propiciadas pela meditação favorecem a escuta de si e dos outros, contribuindo assim, junto com outras práticas, para melhorar o diálogo dentro do grupo.

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Reflect-ação: concepções e entendimentos Núbia Melo2 e Jacirema Bernardo3

Na vivência Reflect-Ação são disseminadas sementes de onde pode brotar a construção de sujeitos políticos.4 Brotar a consciência do sujeito coletivo, do direito inalienável à felicidade. Despertar cidadanias para a transformação, dentro do ideário feminista de viver um novo mundo possível.

Estruturado a partir de experiências voltadas para educação de adultos vivenciadas em Bangladesh, Uganda e El Salvador, o Reflect-Ação (RA) vem sendo utilizado por cerca de 350 instituições, em mais de 60 países da África, América Latina, Ásia e Europa. O RA é definida como uma abordagem que se embasa nas contribuições político-filosóficas do educador Paulo Freire, somadas às técnicas e práticas do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e enriquecidas com aportes das análises de gênero. É compreendida como aprendizagem participativa, baseada na auto-construção, controle e gestão do processo em desenvolvimento pelos participantes desse mesmo processo. O foco nas relações de poder agrega teorias como empowerment, fundamentos da democracia participativa e da temática de interculturalidade/diversidade, aciona a participação e o empoderamento identitários, os quais levam ao “apoderamento” do processo pelos sujeitos, ou a identificação de “um poder identitário” que se embasa na força que tem a identidade, ( Foroni-Araujo, 2002).

2 Socióloga e sanitarista, integrante da Rede Reflect-Ação-Brasil, consultora do Programa Cunhatã, sócia do Grupo Curumim. 3 Antropóloga, coordenadora da Rede Reflect-ação-Brasil, sócia fundadora do Centro Josué de Castro, consultora e sócia do Grupo Curumim. 4 Nubia Melo. O texto é parte da apresentação, realizada em 2008, durante exposição no Colóquio Paulo Freire, no Recife (PE).


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Tratando da dinâmica processual, a ActionAid em documento de 2003 descreve sobre a abodagem Reflect-ação que “...através da construção coletiva de ‘espaços democráticos’, as pessoas desenvolvem de forma direta seus ‘códigos’ e sua própria análise multidimensional da realidade local e global tomando decisões, desenvolvendo pautas e ações concretas voltadas para a transformação dessas situações e das relações de poder existentes”. Na experiência da Rede RA do Brasil, mais especificamente na região NE do país, observa-se que além de elementos comuns a outras experiências como, a contribuição de Paulo Freire, da Educação Popular, do DRP e da análise de gênero, são agregados outros aportes advindos da ressignificação da Educação Popular, desde a perspectiva de “aprender a aprender”, de elementos da teoria da ação, bem como aqueles oriundo dos enfoques etnográfico/etnológico, de meio ambiente - desenvolvimento humano e sócio-ambiental sustentável (etnodesenvolvimento).

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Elementos embasadores do RA: • Contribuições da filosofia política do educador brasileiro Paulo Freire e da Educação Popular. • Análise estrutural, análise de gênero e análise das relações de interculturalidade – diversidade. • “Ferramentas” do Diagnóstico Rural Participativo (DRP). A adequação da abordagem vivenciada em experiências como a do Programa Cunhatã permite inferir, ainda, que é possível agregar aportes diferentes à abordagem RA, possibilitando a autoorganização de grupos, a auto-construção de processos de participação e de empoderamento identitário, com influência na gestão coletiva e foco nos Direitos Humanos (DH), especificando inclusive, direitos identitários e sexuais/reprodutivos e todos aqueles menos explicitados no conjunto dos DH. No que se refere às possibilidades de uso como instrumental de análise e de intervenção na realidade: “(...) podemos dizer ainda que Reflect-Ação é um caminho em construção coletiva e permanente que parte da fusão de teorias e práticas bem sucedidas de educação política na perspectiva de se aprender a aprender, de aprender para mudar e de construir um desenvolvimento sustentável, que passa prioritariamente pelo humano” (Rede RA PE 2005).

Categorias de compreensão e análise da realidade Falar da abordagem RA pressupõe destacar o processo de trabalho com grupos, com um coletivo de sujeitos políticos, cada indivíduo vivenciando o quê de mais específico e único carrega como resultado de sua experiência de vida: valores, crenças, normas, seu universo cultural, do material ao simbólico. Significa dizer, que a abordagem ressalta sempre, valoriza e fortalece o poder identitário de cada pessoa, com base no enfoque etnográfico e interculturalidade. A abordagem ressalta a força do poder identitário na autoestima que, por sua vez, impulsiona ou instiga o exercício da cidadania, o envolvimento com coletivos, com grupos que se reúnem por portar alguma identidade em comum, por estarem voltados a um dado fim e compromisso com a transformação das relações de injustiça, desigualdade, desrespeito e falta de ética que permeiam a vida, assim como, comprometidos com a transformação da própria realidade.


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Assim, entendemos que para tornar-se “sujeito político”, em pleno exercício de cidadania, antes de tudo, é preciso apropriar-se de informação útil e válida e desenvolver a capacidade de leitura e análise multidimencional de uma dada realidade. A abordagem RA lança mão de quatro categorias ou elementos de análise: os que envolvem as relações de poder que estruturam a sociedade; as relações sociais entre gêneros; as relações diante da interculturalidade; e as relações com a sustentabilidade e equilíbrio ambiental. Durante o processo de trabalho em grupo, estas categorias vão sendo observadas, refletidas sentidas, compreendidas, apreendidas, e, finalmente, acolhidas como verdadeiras lentes, com as quais é possível ler e entender elementos estruturantes das relações humanas da organização social, da vida planetária. Neste o processo a pessoa é provocada a se perceber e perceber a outra pessoa como indivíduos únicos, singulares e, essencialmente, sujeitos relacionais, pois a existência humana acontece, realiza-se, quando se estabelecem relações entre pessoas. Então, a abordagem RA pressupõe que as relações humanas e sociais estão permeadas pela desigualdade de poder e desigualdade entre gêneros, admitindo serem estas as desigualdades fundantes da desigualdade e injustiça sociais. As desigualdades de poder e de gênero segregam pessoas, especialmente mulheres, delegam exclusividades, violam direitos e terminam por construir a exclusão. Outra categoria de observação e análise para compreensão da realidade diz respeito às condutas que se estabelecem ante a diversidade cultural presente em tudo o que permeia a vida e relações. Traduz-se na compreensão de como a sociedade trata a diversidade, as formas de ler/entender o mundo, a diversidade de modos de fazer e intervir, a diversidade de sentimentos, aprendizagens e reflexões possíveis de serem experienciadas pelos sujeitos distintos que integram um agrupamento humano. O processo RA irá sempre ressaltar a riqueza nas trocas de saberes e fomentar a interculturalidade como forma de somar, agregar, aprender continuamente e ampliar possibilidades. O outro pilar se assenta no compromisso com a sustentabilidade do planeta, com o equilíbrio possível de ser retomado a partir da atitude de cada pessoa e das intervenções coletivas, cotidianamente. Um dos aspectos a sentir, refletir, aprender, enfim, vivenciar com os grupos, volta-se, portanto, à compreensão e análise do “comportamento ambiental”. Significa dizer que a abordagem RA vai convidar a um “auto contato”, levando o indivíduo a voltar-se à auto-observação sobre o comportamento frente à vida. Sentimentos, reflexões e aprendizagens quanto às relações que se estabelecem: entre indivíduo e demais seres vivos, com o meio ambiente, com

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a poluição urbana, com os animais e plantas, com as matas e florestas. Significa proporcionar vivencias que despertem e alimentem a consciência do que cada pessoa representa para a preservação e sustentabilidade, bem como para o equilíbrio e harmonia do planeta. • Relações de Poder – poder identitário caracterizando que todos e todas têm igualdade de poder e apontando que as relações e organizações sociais estão assentadas em desigualdades de poder que geram injustiça e exclusão na sociedade. • Relações Sociais de Gênero – direito identitário, igualdade entre gêneros, respeito aos direitos sexuais e direitos reprodutivos como essenciais ao respeito pelos direitos humanos de mulheres e de homens. • Interculturalidade - Respeito à diversidade do saber, diálogo entre os saberes empíricos, tradicionais, acadêmicos, saberes construídos pelos movimentos e pautados no embate por transformações sociais. • Sustentabilidade e Equilíbrio Ambiental – ação de respeito à vida, atitude de amor e compromisso com a sustentabilidade e equilíbrio do planeta e da pessoa humana.

Elementos envolvidos no processo Como foi dito, adotar a abordagem Reflect Ação significa assumir compromisso com a transformação de uma dada situação posta e imposta a um determinado grupo de pessoas e pressupõe enfrentamento às desigualdades e injustiças vividas por este mesmo grupo. Assim, por meio de oficinas inicia-se uma ação coletiva que se constitui, na essência, em um processo auto construído de participação e empoderamento identitários. De forma estruturada, ocorre uma aprendizagem participativa na qual, do conteúdo ao processo de trabalho, é dado à/ao participante o direito de questionar, propor alterações, sugerir mudanças, enfim, interagir com as/os facilitadoras/es RA, através do processo de oficinas. É aí que a abordagem valoriza, fortalece e estimula o “apoderamento” dos sujeitos, entendendo que o poder identitário funciona como propulsor de autoestima, do poder capaz de mover a pessoa à condição de cidadã, ciente defensora de seus direitos humanos, sociais, econômicos,


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culturais e ambientais. Durante a vivencia RA, as pessoas são estimuladas, uma a uma, a expor sentimentos, reflexões e aprendizagens após cada oficina, legitimando a importância da fala de cada integrante, assegurando o direito de ser e pensar diferente. A abordagem empodera o grupo a partir do “apoderamento” de cada um/a de suas/seus integrantes, pois, se não cresce o poder dos sujeitos, não existe condição para o enfrentamento e transformação de desigualdades e injustiças. Significa perceber quando se é um a mais a sofrer a história e/ou quando se é sujeito político que faz e constrói sua própria história. Aprofundando a aprendizagem, parte-se do indivíduo para enxergar, observar, compreender e analisar o entorno social próximo, sendo este compreendido pela família, amigas/os, comunidade escolar, do local de moradia, enfim, do entorno que envolve grupos e pessoas de convivência próxima e frequente. Olhando, revolvendo e trocando ideias sobre as relações de poder e de gênero vividas nestes espaços é possível entender como se forjam a dependência ou autonomia, o sentimento de escravidão ou liberdade de pensamento e ação, enfim, entender de onde vem e para onde vai a visão de mundo e a força que paralisa ou move cada um dos sujeitos. Por fim, trata-se de compreender e analisar os elementos que compõe a sociedade globalizada de hoje, um mundo de interesses e sonhos ditados por um punhado de países detentores do capital. Entender a relação entre o dia a dia de um jovem pobre da periferia urbana com o neoliberalismo como sistema político dominante, estruturante das sociedades. Como a acumulação de capital influencia no acesso a educação e saúde. Enfim, desenvolver a capacidade de relacionar e entender a vida pessoal (indivíduo, sujeito, poder identitário), a partir do entorno próximo, mundo próximo (família, amigas/os, escola, comunidade etc), e em sua relação com os determinismos e outras possibilidades encontradas ou construídas pelo entorno global maior onde se insere a cidade, estado ou país. • Sujeito político / sujeito histórico: Poder Identitário ressaltando valor essencial à diversidade nas culturas e subjetividades. Este é um traço especial do Reflect-Ação que vem procurando ser desenhado pelas diferentes “tribos” brasileiras: poder Identitário - autonomia, liberdade, igualdade, cidadania, participação. • Entorno próximo – família, escola, rua, comunidade, organizações de bairro ou de interesse. • Entorno social e global – mundo globalizado.

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Avaliação das ações educativas Ferramentas e instrumentos utilizados: informações e construção de categorias que brotam das auto-avaliações A abordagem adotada no processo de avaliação não pode estar dissociada daquela vivenciada no processo de formação das (os) jovens e adolescentes. Assim, considerando que os projetos têm objetivos e metas a serem cumpridas, entende-se que a avaliação dos resultados obtidos deve ser buscada através de instrumentos e ferramentas que traduzam o que sente e avalia a (o) jovem quanto ao impacto do processo vivenciado em relação: ao grau de informação e conhecimento sobre os temas tratados, as relações interpessoais, a capacidade de formular decisões, aos compromissos escolares, enfim, o impacto sobre a vida e atitude diante dela. Avaliar no sentido amplo, do que trouxe o projeto tanto no que diz respeito ao conteúdo quanto a forma de abordar os temas e os “sujeitos participantes” do mesmo. Em uma perpectiva feminista e construtivista, isto significa levar o grupo a avaliar se a participação no processo contribuiu para o desabrochar de sujeitos políticos, em especial quanto ao rumo de suas vidas atuais e futuras e quanto a possibilidade de inserção social destes sujeitos na construção de um mundo mais humano, solidário e justo para todas e todos. A avaliação é apresentada ao grupo como essencial para que a equipe de trabalho, coordenação e

colaboradores, conhecendo os resultados, possa reajustar atividades, aprofundar processos, incluir temas, enfim, possa melhorar habilidades, competências e conteúdos programáticos, de acordo com a experiência de cada grupo, o que permite o crescimento da equipe responsável pela intervenção e da própria ONG. Esta é uma etapa que utiliza diferentes ferramentas e instrumentos para a escuta oral, escrita ou gráfica (através de desenhos) das (os) jovens, escuta feita por uma consultoria externa. São abordagens que permitem acessar diferentes aspectos da avaliação que fazem os “sujeitos participantes” quanto aos resultados de sua participação no projeto: um mais subjetivo, portanto avaliação qualitativa, e outro mais objetivo, do campo da avaliação quantitava. Abaixo, segue a descrição das ferramentas e instrumentos adotados e sua aplicação passo a passo em cada um dos processos de avaliação adotados pelo programa Cunhatã.

Entrevista Coletiva A Entrevista Coletiva envolve uma moderadora externa, uma auxiliar de moderação e representantes dos grupos trabalhados durante os projetos, via de regra um é composto por meninas e outro por meninos. A determinação de entrevistar grupos pequenos tem por base dois critérios: possibilitar maior tempo de fala


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Do Cunhatã para a América Latina a cada jovem e favorecer o estabelecimento de um ambiente reservado, acolhedor, de confiança e respeito mútuos, necessário para uma entrevista fluida. Para iniciar a entrevista, cabe à moderadora (or) explicar a finalidade da avaliação como etapa de desenvolvimento de um projeto. Também as (os) entrevistadas (os) precisam ser esclarecidas (os) quanto ao fato de que a abordagem adotada pelo Programa Cunhatã, feminista e construtivista, tem continuidade no processo de avaliação ao delegar às (aos) próprias (os) adolescentes e jovens, público alvo dos projetos, o papel de análise e de avalição quanto aos objetivos e metas alcançados ao final de sua execução. Também cabe à moderação deixar explícito que a entrevista coletiva tem o objetivo de colher do grupo os elementos e conteúdos que irão compor o relatório de avaliação do processo vivenciado por ele no Grupo Curumim. Para isso foi criado um “roteiro aberto”, para orientar o diálogo com os “sujeitos participantes”. Maleável para dar conta de levantar nuances que surgem durante a “conversa” e sequenciado, com um roteiro que percorra os diferentes aspectos dos objetivos qualitativos do projeto. O diálogo que se abre com as/os jovens e adolescentes deve captar mudanças ou impactos na forma de viver o cotidiano de suas relações pessoais, institucionais, em especial quanto aos cuidados com a saúde integral, sexualidade, relações de gênero, consciência do direito e da violação infligida cotidianamente na realidade urbana que as (os) cerca. Além disso, a entrevista precisa captar se o grupo percebeu a possibilidade de enfrentamento à violação dos direitos, as diferentes vias, meios e instituições que devem ser acionadas, enfim, se percebeu, sentiu e elevou a consciência para o exercício da cidadania como elemento

essencial para a transformação dessa realidade. Também antes de iniciar a entrevista, a moderadora solicita autorização para gravar a reunião, com garantia de manter sigilo dos nomes e que os mesmos não seriam relacionados aos conteúdos das falas nos relatórios. Neste momento é relevante explicitar a impossibilidade de escrever um relatório fiel a avaliação das (os) mesmas (os) sem ter em mão a transcrição do diálogo que está iniciando ali. As (os) jovens autorizam, momento que já deve constar na memória da gravação. Posteriormente, a gravação é transcrita e, de posse do material adquirido no diálogo, a consultora externa estrutura a análise de conteúdo que vai compor o relatório de avaliação. Tendo por base o projeto que está sendo avaliado e de posse da transcrição, dois elementos diretamente relacionados aos resultados esperados tornam-se essenciais à análise e à avaliação, devendo ser evidenciados no relatório de avaliação: • Um deles voltado ao conteúdo proposto e que precisa levar em conta o que foi trabalhado e o olhar com que foram apresentados e debatidos os temas; • O outro voltado à observação da abordagem pedagógica utilizada pelo projeto: se foi capaz de proporcionar reflexão e fortalecimento do poder identitário na avaliação das (os) jovens e adolescentes, levantar se perceberam a possibilidade de mudanças de atitude pelo empoderamento que a informação pode trazer. Captar se a abordagem pedagógica vivenciada durante o processo ajudou a elevar a consciência política e contribuiu para o saber-se sujeito de direito, enfim, se vivenciar o projeto agregou possibilidades para o tornar-se sujeito político.


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Finalmente, para transformar a entrevista coletiva em um relatório de avaliação, a (o) consultora (o) precisa ler e reler a transcrição, observando e ressaltando o que é comum ao sentimento, reflexão e avaliação do grupo quanto aos dois aspectos falados acima: conteúdo e abordagem pedagógica. Assim, com o intuito de se manter fiel ao compromisso, valorizar, ressaltar e socializar os olhares e avaliações contidas no conteúdo das entrevistas, o passo seguinte é a composição de categorias de análise que possam dar conta do resultado percebido/obtido. Para isso, é preciso associar os diferentes impactos e mudanças expressos como decorrentes da participação no projeto, que dizem respeito às relações que as jovens mantêm no espaço: familiar, do entorno próximo (amigas/os e namorados/as), escolar, comunitário e outros que tenham sido ressaltados pelas (os) mesmas (os). Uma forma de valorizar a “escuta” de cada experiência, de alimentar a autoestima e reforçar o poder identitário, de tornar explícito o sentimento exposto quanto às suas vidas em transformação. Tem sido recorrente a análise de que as informações adquiridas e mais as experiências vividas ao longo dos projetos repercutem fortemente na vida das (os) jovens. Conquistando informações, apropriando-se da condição de sujeito de direitos, conhecendo legislações e espaços necessários ao enfrentamento das violações de direitos a que estão expostas (os) muitas (os) jovens se dão conta dos velhos tabus que sofrem e que, por vezes, reconhecem reproduzir. Também que se deparam e tomam consciência da força de outros. Melhor que essa constatação, ainda, é que também reincide a confidência de que passaram a enfrentar as violações de direitos, que têm tentado transformar o cotidiano através de novas relações e atitudes familia-

res, amorosas, afetivas, escolares, sociais. Ressalta-se o discurso afinado das (os) jovens e adolescentes que têm participado da experiência de formação do Programa Cunhatã: o de que tudo o que foi apreendido e vivenciado trouxe mudanças de atitudes nas suas relações pessoais, sociais e políticas. Mudanças de atitude resultante da conquista de novos saberes, olhares e do contato com elementos de uma abordagem pedagógica que facilita a reflexão e o debate sobre qualquer tema, possibilitando o entendimento e, consequentemente, a multiplicação da informação, a socialização das reflexões e a possibilidade de viver, efetivamente, aprendizagens do processo.

Teia do Conhecimento O propósito de aplicação da ferramenta técnica chamada Teia do Conhecimento foi de favorecer a percepção visual do crescimento do conhecimento conquistado pela inserção no projeto, a partir da participação nas oficinas temáticas educativas. A Teia possibilita às (aos) jovens e adolescentes ludicidade e dinamização na forma de avaliar os resultados obtidos com/pelo grupo quanto a aquisição de informações, conhecimento de novos temas, percepção de instituições e do campo do direito, momento considerado por muitas (os) como tenso, na medida em que envolve o sentimento de que será julgado por alguém. Além disso, a Teia do Conhecimento é uma técnica que promove a diluição de possíveis classificações intra-grupos e, mais que isso, tende a deixar evidente e até elevar a autoestima do grupo, enquanto um coletivo, pois o ganho de conhecimento é absoluto e intensamente visibilizado por meio desta ferramenta pedagógica.


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Do Cunhatã para a América Latina Nesta técnica, quando no processo de auto-avaliação o desenho que simboliza cada “sujeito participante” se desloca do centro para as pontas das setas está sinalizado, visibilizado, o ganho de conhecimento adquirido sobre cada tema e a positividade resultante das práticas educativas vivenciadas, pois a Teia leva em conta o “antes” e “depois” da participação no projeto. A visualização do ganho ou não de conhecimento tem por base, portanto, a localização inicial e o deslocamento projetado por cada participante sobre as retas que compõem a Teia e que representam os temas trabalhados,

pois se considera que o ponto inicial (0), onde cruzam todas as retas, demarca o conhecimento adquirido antes do projeto. Assim, para permitir avaliar diferentes graus no ganho de conhecimento foram criados três níveis: Nenhum ou pouco conhecimento sobre o tema: desenhos próximo ao ponto zero (0); Conhecimento regular sobre o tema: desenhos colocados na faixa mediana; Bom conhecimento sobre cada tema: acima desta faixa, rumo à ponta da seta.

Ex. + Tema A

Tema B +

2

Antes

2 1

1 0

1

1

2 + Tema C

2 Tema D + Depois

0 a 1 - Nenhum ou pouco conhecimento; 1 a 2 - Conhecimento regular; Acima de 2 - Bom conhecimento.

Este instrumento nos foi apresentado durante formação político-feminista no SOS Corpo. O/a idealizador/a da ferramenta é desconhecido/a.


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As (os) adolescentes e jovens recebem orientações sobre a técnica, via de regra oferecidas pela pessoa que prestará a consultoria externa, apresentada como uma ferramenta metodológica de auto-avaliação. Também lhes é garantido o acompanhamento durante o preenchimento da Teia. Para finalizar, a (o) facilitadora (or) deve explorar com o grupo os resultados apontados ao apresentar a ferramenta preenchida antes do início das oficinas, ao lado da preenchida ao final do projeto. Uma cena que se repete sempre tem permitido observar que a energia e autoestima, individual e do coletivo jovem, se eleva ao comparar os dois desenhos e que isso ajuda a fortalecer o poder identitário de cada integrante. Esse efeito é por si mesmo agregador, pois aponta o conhecimento geral do grupo e os ganhos alcançados pelo todo, o que pode levar a algumas (uns) participantes a desejarem alçar novos vôos, desejarem atuar em espaços da juventude comprometidos com a construção de um mundo mais solidário e justo para todas e todos. A Teia de Conhecimentos, por fim, é um instrumento que permite à equipe de coordenação e facilitação do processo pedagógico observar e acompanhar o crescimento do grupo, se e quanto o mesmo tem ganho de conhecimento, se a apreensão dos temas é diferenciada, bem como verificar as áreas que necessitam de maior reforço educativo.

Pré e pós-testes Na técnica de avaliação que faz uso do pré e pós-testes se utiliza um formulário que pode conter questões abertas, fechadas e de múltiplas escolhas, a depender

dos temas em apreço. Em geral, são construídos mais de um formulário, o que permite avaliar os temas incluídos em cada bloco envolvendo questões sobre saúde, sobre direitos e sobre instituições e mecanismos de participação política da juventude. Assim, os formulários são aplicados antes e depois de cada bloco de encontros temáticos, pois destinam-se a identificar o nível de informação das (os) jovens e adolescentes antes de ingressar no projeto e, posteriormente, o nível de informação com que concluíram o processo, isto é, após a participação no projeto. As respostas obtidas permitem que se estruture categorias e medidas para análise dos resultados: 1. Não respondeu: considerada quando a (o) jovem não responde a questão e /ou quando, mesmo afirmando conhecer o tema, não explica a questão como solicitado; 2. Não sabe: quando a (o) jovem afirma que não sabe explicar sobre a questão. 3. Correta: quando a questão é respondida na integra. 4. Parcialmente correta: quando a resposta mesmo correta não está completa. 5. Incorreta: quando a resposta comprova que a (o) jovem não entendeu o tema. A consolidação das respostas obtidas permite que se criem tabelas demonstrativas dos resultados alcançados, apontando a apreensão de conhecimento alcançada pelas/os jovens e adolescentes sobre todos os temas trabalhados. Permite, ainda, que se destaque os temas de menor apreensão, orientando reajustes nos projetos seguintes.


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Relato das vivências do Núcleo de Jovens do Cunhatã Claudia Vasconcelos, Ilca Márcia, Keyla Araujo e Leandro Leal Intercâmbios Intercâmbio, segundo o dicionário Aurélio, significa troca, permuta, relações comerciais ou culturais entre países ou instituições. Mas para nós, do Núcleo de Jovens do Programa Cunhatã, significa muito mais. Significa troca de experiência acerca das metodologias utilizadas pelas organizações que trabalham com jovens, assim como a construção de laços e relações de amizade, carinho, respeito. Estes nos permitem vivências inovadoras e a oportunidade de dialogar com o nossos pares, que pareciam distante de nós. Ao longo desses 08 anos no Cunhatã tivemos alguns desses momentos. No início, não sabíamos se teríamos outros, ou mesmo, que seriam momentos tão inesquecíveis para nós. Muitas pessoas passaram em nossas vidas, deixando um pouco do seu conhecimento e experiência e levando de nós aquilo que consideravam importante para a prática de sua atividade educativa e /ou luta. Cada encontro realizado, cada convite recebido foram firmando saberes sobre outras realidades, quanto aos contextos sociais, políticos e econômicos, seja do Brasil ou de outros países, em especial da América Latina. O primeiro intercâmbio aconteceu em 2004. O objetivo era tecer uma rede de comunicação entre as organizações feministas apoiadas pelo IWHC, as

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quais tinham trabalhos voltados para jovens e que discutissem as questões de gênero, direitos sexuais (DS) e direitos reprodutivos (DR) e feminismos. Pretendia-se conhecer as metodologias utilizadas na ação educativa e para a ação política. Esta foi a primeira de muitas outras oportunidades que tivemos para dialogar com pessoas de língua espanhola, num encontro com jovens e adultas. Foi um momento de desafio para entender a língua, outros contextos sociais, além de diferentes realidades em relação às questões da juventude e suas formas de organização e ações educativas. Ao longo destes anos intercambiamos saberes e experiências com grupos do Brasil, de outros países da América Latina e até da África. Nos marcou o encontro sobre mecanismos de controle social e advocacy com o Geração Biz, organização que trabalha com jovens de Moçambique. Ficamos abismadas (os) com a cultura do país, assim como com o desrespeito aos direitos humanos. Meninas jovens que engravidavam eram obrigadas a estudar a noite ou a parar de estudar. Deparamo-nos com o mito de que os homens que se descobriam soropositivo “deveriam” ter relação sexual com meninas virgens para se “curarem” do vírus, aumentando assim o índice de violência sexual contra crianças e adolescentes e a disseminação do HIV/AIDS entre meninas e mulheres. As trocas de saberes sobre cultura, estratégias de advocacy dos DS e DR e realidades diversas despertaram nas (os) jovens do Cunhatã um interesse especial na luta pela prevenção da AIDS. Enfim, estes encontros tiveram (e têm) uma importância enorme na nossa atuação política e como educadoras (res) de processos com adolescentes e

jovens. Mas, antes de tudo, encontrar pessoas é se relacionar e, só assim, nos sentimos sujeitos e pares para a construção de um mundo mais agradável e justo para todas e todos.


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Alguns grupos e movimentos com os quais intercambiamos experiências e saberes Lundu (Peru); Puntos de Encuentro (Nicarágua); MYSU (Uruguai); Elige (México); Germinando Ideas (República Dominicana); Coordenadoria Político Juvenil (Equador); Las Panchas (Costa Rica); Red Regional de Jóvenes por los Derechos Sexuales y Reproductivos (Redlac); Geração Biz (Moçambique); Coletivo Cunhã, da Paraíba; Transas do Corpo, de Goiás; Coletivo de Jovens Feministas de Pernambuco; Sociedade de Jovens Negras Feministas de Pernambuco; Rede de Jovens do Nordeste; Movimento de Adolescentes do Brasil; Coalisão Global de Jovens contra a AIDS; Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Sertão Central de Pernambuco, Coturno de Vênus (DF), Rede de Mulheres da Paraíba; Ação Educativa (SP), Reprolatina (Campinas-SP); ECOS (SP).

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A experiência da construção do Rio do Processo Cláudia Vasconcelos, Patrícia Lima, Ilca Márcia, Keyla Araújo e Leandro Leal No ano de 2004, participamos da primeira vivência reflect-ação. A atividade teve a duração de cinco dias. Participaram também adolescentes e jovens de três grupos de formação de anos anteriores. Na ocasião, refletimos, avaliamos e planejamos novas atividades, a técnica possibilitou uma aproximação do grupo, criando novos laços de amizade que se estendem até hoje. Neste momento, iniciamos a construção do Rio do Processo, com o objetivo de registrar, desde o início, as atividades do Cunhatã. O Rio continua sendo alimentado, ano após ano, e tem sido a nossa referência nos processos de monitoramento, avaliação e na percepção das mudanças ocorridas em nossas vidas. A técnica também nos possibilita pensar estratégias para o futuro do programa e de nossas vidas, permite observar os rumos que cada um (a) tomou, o crescimento pessoal e também do grupo. Trata-se do registro da história do programa a partir do olhar das (os) jovens. A formação, que é a vivência pedagógica, com oficinas temáticas, possibilita uma reflexão sobre aquilo que está ao nosso redor como por exemplo, as violações sobre o nosso corpo, a violência urbana e doméstica, a falta de acesso à saúde e à educação de qualidade. Partimos, então, para o nosso autoconhecimento. Descobrimos como funciona o nosso corpo, as formas de prazer e de cuidado, construindo, com o passar do tempo, uma autonomia jamais vivenciada antes. Aprendemos a valorizar e cuidar do nosso corpo e da nossa saúde de forma integral, especialmente no campo da saúde sexual e reprodutiva, respeitando assim, as diversas formas de vivenciar a sexualidade e despertando para uma nova consciência, que transcende para o campo político e social, uma questão de direito. Passamos a ter a compreensão das desigualdades sociais: as relações de gênero e o racismo, o que nos permitiu olhar com mais cuidado as situações relacionadas a violência contra as mulheres, jovens, negras (os). Falando em cuidado, os momentos de “escuta” na nossa formação, o Meu Momento Atual (MMA), nos permite expressar sentimentos sejam de alegrias ou angústias, questionar, acendendo a energia de está no grupo e o desejo/sede de aprender mais. Esse cuidado e a atenção dada à nossa fala, para nós, são as fortes características e diferencial dos momentos de formação do Cunhatã e também grandes estimuladores para a continuidade da nossa participação no programa. As oficinas temáticas recheadas de muitas horas de escuta, de arte e muita informação iam pouco a pouco trazendo uma enorme “bagagem” de conhecimentos que nos foi possibilitando escutar, desde a mente até o coração, de forma organizada, nossa indignação com a violação de direitos e a refletir e fazer questionamentos sobre nossa vida e a vida coletiva.


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Oito anos de construção coletiva e muitos aprendizados Já são oito anos de caminhada. A cada grupo novo de formação, novas meninas iam aparecendo no Núcleo de Jovens do Cunhatã, enriquecendo-o com novos olhares e saberes. Com os encontros semanais, passamos a nos organizar melhor para atuar de forma mais sistemática nos espaços de proposição e controle social das políticas pública de juventude, e assim foram construindo atividades e buscando outros espaços que compartilhassem os mesmos ideais de um mundo mais justo, igualitário e sem violações de direitos. As (os) integrantes que estavam saindo declaravam com muita segurança que estavam cheias (os) de coragem para encarar o mundo com um olhar mais sensível e critico diante das questões sociais. O Núcleo esteve em vários espaços. Conhecemos muito deste país que, para nós era desconhecido. De Porto Alegre ao Acre, passamos por várias capitais, conhecendo as realidades da juventude e das mulheres, construindo saberes coletivos. Fomos além, cruzamos as fronteiras no nosso país. Tivemos dois integrantes do Núcleo vivenciando experiências fora do país (Uruguai e Espanha). Dos Fóruns Sociais Mundiais até encontros nas escolas municipais do Recife, levamos e escutamos as questões sobre violação de direitos, em especial quanto aos direitos reprodutivos, sexuais e humanos.

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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim No interior pernambucano, tivemos vivências e atividades educativas com jovens de seis municípios da Zona da Mata e meninas de 11 municípios do Sertão Central. Dedicamos dois anos de atividades em cada região. Uma troca de conhecimento instigante, mas que, infelizmente, retrata o quanto ainda temos que caminhar em busca de um mundo melhor. Para atuar com outros jovens de forma dinâmica e lúdica, criamos duas esquetes teatrais. Uma focando nas questões relacionadas aos direitos reprodutivos das mulheres e a outra, na prevenção do HIV/AIDS. Foi através dessas esquetes que ampliamos o diálogo especialmente com adolescente de escolas publicas do Recife e Região Metropolitana. Nesse período também tivemos visitas sistemáticas de representantes da International Women’s Health Coalition (IWHC) para conhecer o projeto, as metodologias e trocar algumas informações com os (as) adolescentes e jovens. Eram momentos de bastante ansiedade e curiosidade, pois íamos conhecer representantes da organização que financiava o Programa. Tivemos a oportunidade de ficar, sem a presença da coordenação do Programa, com a organização financiadora. Isto demonstrou o respeito, a autonomia e a confiança em cada um de nós. Durante esse tempo, o Núcleo de Jovens do Programa Cunhatã, vem fortalecendo adolescentes e jovens, informando sobre seus direitos e estimulando/possibilitando a inserção em espaços públicos de representação política e fortalecendo a sua fala pública. Esta prática possibilita que a juventude tenha espaços de diálogo e troca de experiências, fortaleça suas relações com outros jovens, com a sociedade e com a família.


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Espaços de articulação política onde as/os jovens, integrantes do Núcleo, estiveram e/ou estão inseridas/os no período de 2004 a 2009. • Articulação AIDS-PE • Coletivo de Jovens Feministas - PE • Fórum de Juventude do Recife • Movimento de Adolescentes do Brasil - MAB • Rede de Jovens Brasil pelos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, • Rede de Jovens do Nordeste - Regional Pernambuco. • Sociedade de Jovens Negras Feministas de PE • Fórum de Mulheres de Pernambuco • Conselho Gestor do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM/UFPE) - Recife-PE. • Associação Nacional de Educadores Populares em Saúde - ANEPS. • Conselho Municipal de Proteção à Criança e Adolescente. • Rede Jovem de Combate e Enfrentamento à Violência Sexual, contra Crianças e Adolescentes

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Organizações e escolas que vivenciaram os processos de formação com a metodologia do Cunhatã. Associação de Mulheres de Nazaré da Mata (PE); Associação de Mulheres de Nova Esperança (PE); Casa de Passagem (PE); Casa do Pequeno Davi (PB); Cunhã – Coletivo Feminista (PB); Em Cena – Arte e Cidadania (PE); Escola Pública Municipal João XXIII (PE); Escola Pública Municipal Paulo VI (PE); Escola Pública Municipal Arraial Novo (PE); Escola Pública Municipal Rodolfo Aureliano (PE); Grupo ASAS – Ação Solidária (PE); Grupo Cidadania Feminina (PE); Grupo Mulher de Passarinho (PE); Grupo de Mulheres Negras Bamidelê (PB); Grupo Ruas e Praças (PE); Instituto Vida (PE); Movimento Bandeirante (PE); Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Sertão Central de PE; Movimento Nacional de Meninas e Meninos de Rua; Pró-Criança (PE); Centro de Saúde Amaury de Medeiros, do Recife (PE).


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Técnicas e ferramentas Muitas técnicas são utilizadas no Programa Cunhatã com o objetivo de contribuir com a concentração, descontração, interação, divisão de subgrupos e para impulsionar a discussão de determinados temas. Estas técnicas foram vivenciadas, ao longo dos anos, pela equipe do Curumim em atividades do movimento feministas, de mulheres e/ou da juventude e nas vivências reflect ação. Em alguns momentos, foram adaptadas, re-inventadas pelo Cunhatã para melhor se adequar ao perfil dos grupos e aos objetivos da ação educativa. Contudo, o que difere a aplicação das técnicas pelo Cunhatã é a socialização do objetivo da sua utilização junto ao grupo e, especialmente, o acolhimento na escuta das/dos participantes no início de cada atividade, através do MMA, e ao final, quanto ao sentimento, a reflexão e o aprendizado ao vivenciá-la.

a mesma marca do chocolate de maneira que sejam formados quatro grupos de cinco pessoas.

Esta tem como objetivo dividir um grupo quando o tema a ser tratado exige grupos menores, com perfis específicos ou outra necessidade de qualquer natureza identificada pela facilitadora da ação educativa.

A distribuição pode ser realizada de forma direta (sem escolha da/do participante) ou colocada no centro da sala para que cada um/a escolha o que mais gostar. Se o objeto for entregue de forma direta a facilitadora deve consultar o grupo no sentido de possíveis trocas entre as/os participantes. As trocas, se houverem, devem ser realizadas entre o grupo sem a interferência da facilitadora. Se um dos objetivos for favorecer a interação entre pessoas que não se conhecem no cotidiano, é importante a facilitadora/or ficar atenta/o para que a troca não se faça considerando as relações interpessoais.

Distribuição de objetos

Sons dos animais

Uma forma simples e rápida utilizada, em sua maioria, quando se tem pouco tempo é a distribuição de objetos. Estes podem ser bombons, fitas, textos que serão trabalhados, filipetas com mensagens e/ou qualquer outro escolhido pela facilitador/a da ação educativa.

Esta técnica, além de dividir o grupo em subgrupos, favorece a interação entre as/os participantes, trabalha a confiança e a atenção. Esta é uma atividade, via de regra, muito divertida.

Abaixo serão apresentadas como vivenciamos algumas delas.

Divisão de subgrupos

Exemplo: Se o grupo for formado por 20 participantes e a atividade necessitar de quatro subgrupos e, o objeto escolhido for um chocolate, deve-se distribuir 20 chocolates de quatro marcas diferentes, cinco de cada marca. Cada participante recebe um. No final a facilitadora solicita que se juntem quem tiver recebido

Exemplo: Para dividir um grupo de 30 participantes em 05 subgrupos. A facilitadora deve escolher cinco animais para que o som destes animais seja reproduzido pelas/os participantes. As/os participantes devem ficar sabendo como a atividade será realizada apenas na hora de reproduzir o som do animal.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim atividade e ao sentimento que está ao final da atividade promovendo um espaço de troca entre o grupo.

Iniciando a técnica: A facilitadora deve distribuir, de forma aleatória, com cada participante, uma filipeta com o nome de um dos animais escolhidos previamente. Ao entregar a filipeta é solicitado às /aos participantes que não revele o que está escrito nela. A facilitadora deve ficar atenda para identificar se alguém do grupo não sabe ler. No caso de grupos com participantes que não sabem ler, a facilitadora deve dizer o nome do animal no ouvido de cada participante. É solicitado que as/os participantes se concentrem no centro da sala, fechem os olhos, comecem a fazer o som do animal que estava em sua filipeta e tentem localizar os seus iguais pelo som e, assim, se agrupem por animais, sempre com os olhos fechados. Esta etapa da técnica deve contar com mais de uma pessoa na facilitação com o objetivo de prevenir que as/os participantes se machuquem, uma vez que estarão andando na busca de seus pares de olhos fechados. A atenção das/dos participantes é muito importante, pois os sons se misturam, cada participante tende a ecoar o som alto para identificar seus iguais ou para que seja identificada/o. Quando a facilitadora observar que todas/os se encontraram, solicita que abram os olhos, conheça seus pares e que cada subgrupo, faça um por vez, o som de seu bicho. Ao finalizar, é importante que seja realizada uma roda de conversa favorecendo que cada participante expresse as facilidades e dificuldades relacionadas à

Esta técnica é muito eficaz para impulsionar discussões sobre violência, preconceito, machismo, dentre outros. Nas discussões sobre violência contra mulher, homossexuais e população negra é possível, através de perguntas orientadoras, suscitar reflexões. Podese perguntar, por exemplo: o que representa utilizar os animais como estereótipos na sociedade? Por que e em qual contexto as mulheres são chamadas de cachorras, galinhas, gatas, vacas? Por que gays são chamados de veados? Por que tem dificuldade de aprendizado é chamado de burro? Por que negros/ as são chamados de macacos e mulatas? Por que os homens são chamados de tigrão?

Concentração, interação dos grupos Gincana de Participação O enfoque participativo em planejamento exige disciplina, agilidade de pensamento, de ação e cumprimento de tarefas em tempo previamente determinado de maneira a não comprometer o resultado esperado pelo grupo. O objetivo desta técnica é observar a habilidade do grupo nestes aspectos. Também é eficaz para discutir as relações de poder e a hierarquização no comando das tarefas no trabalho, na escola e nas famílias. A facilitadora deve escolher uma técnica de divisão de subgrupos, explicar as regras da atividade e, só depois, entregar uma cópia das “tarefas” a serem desenvolvidas pelos subgrupos. Regras: 1. Os subgrupos devem começar a ler as tarefas na mesma hora. 2. Se alguém conhecer a atividade deve sair antes de começar, caso continue o subgrupo que pertence será desclassificado 3. Não é permitido ajudar outro subgrupo, mesmo que tenham terminado sua atividade, qualquer ajuda desclassifica o grupo que ajudou. 4. Será vencedor o subgrupo que primeiro concluir a atividade. As tarefas podem ser modificadas, pela facilitadora, considerando as especificidades do grupo e as


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Do Cunhatã para a América Latina condições do local onde a atividade está sendo realizada. Quanto maior o número de integrantes dos subgrupos maior deve ser o número de tarefas. Abaixo segue um modelo, bom para subgrupos com até seis integrantes. Sugestão de texto com as tarefas Gincana de participação: A partir de agora, vocês tem CINCO MINUTOS para cumprir pelo menos 8 das 12 tarefas abaixo. Leia em voz baixa de forma que os outros grupos não saibam de suas tarefas. 1. Tragam uma flor para a sala; 2. Um/a integrante deve calçar um pé de sapato ou sandália que não seja seu; 3. Escrevam o endereço completo de duas integrantes do grupo, em uma folha em branco, que está sobre a mesa, e guarde para apresentar no final da atividade; 4. Façam um desenho livre e tragam para a sala; 5. Coloquem suas bolsas embaixo das cadeiras; 6. Copiem três métodos contraceptivos que conhecem, em uma folha de papel ofício que está sobre a mesa;

7. Escrevam em uma folha de papel ofício, que está sobre a mesa, uma forma de transmissão do HIV/ AIDS; 8. Pergunte a uma das/dos integrantes do seu grupo a música que mais gosta com o nome do autor ou cantor, anote em uma folha de papel que está sobre a mesa, e peça para que cante uma parte no final da atividade. 9. Brinquem de roda, cantem uma música e, ao terminar, voltem imediatamente a realizar as atividades seguintes; 10. Tragam um copo com água e coloquem exatamente no meio da sala; 11. Escrevam o nome da atividade de hoje e de uma das facilitadoras/res no quadro ou no flip charp; 12. Chegou aqui, permaneça calada/o, no seu lugar e desconsidere tudo acima. Roda de reflexão Perguntas orientadoras: Que facilidades e dificuldades tiveram para realizar a atividade? Quem conseguiu permanecer calada/o? Quem não executou as tarefas? As atividades levavam a que meta? Qual o sentimento durante e no final da atividade? Qual o aprendizado?

O Beijo Esta atividade tem como objetivo a interação do grupo e a discussão sobre o toque, a afetividade e o poder de dar limites sobre o seu corpo. Nesta atividade a facilitadora deverá ir dando os comandos passo a passo não revelando o final da atividade. A facilitadora solicita que o grupo faça uma roda, de forma que fiquem sentadas/os em círculo. Antes de iniciar, a facilitadora solicita que cada integrante troque de lugar com outra/o, diminuindo a possibilidade da/o companheira/o ao lado ter uma relação maior com ela/e. Em círculo, a facilitadora deve ter em mãos uma boneca e, antes de iniciar, dar dois comandos.


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Primeiro comando: a boneca deve passar de integrante a integrante para que beijem a boneca, no sentido da direita para a esquerda. Segundo comando: A boneca não deve ser beijada no mesmo lugar por um/a outra integrante, quer dizer que cada integrante beija a boneca em um lugar diferente. A facilitadora deve ficar atenta, observando se os comandos estão sendo respeitados para que ainda, durante a atividade, possa interferir de maneira que sejam seguidos. Após a primeira rodada, quando a boneca voltar à mão da facilitadora, ela reinicia. Desta vez, sem a boneca, a facilitadora solicita que as /os integrantes beijem a/o companheira/o ao lado no mesmo local onde beijou a boneca, seguindo o mesmo sentido (da direita para a esquerda). Ao final, se inicia a rodada de sentimentos. Nesta atividade espera-se que os sentimentos das participantes quanto à atividade suscitem a discussão sobre o toque, a afetividade, o poder e as dificuldades de dar limites sobre o seu corpo, dentre outros temas, de interesse do grupo.

Cronologia Esta atividade tem como objetivo o trabalho e esforço coletivo para atingir uma meta, sem ganhos individuais. A facilitadora, antes da atividade, demarca um espaço no chão, faz duas linhas retas, com aproximadamente 40 centímetros de distância entre as linhas, formando um corredor. A facilitadora inicia os comandos da atividade solicitando que o grupo faça uma fila única dentro do corredor. Depois de formada a fila, pede que troquem de lugar, sem sair de dentro do corredor, considerando: o ano de nascimento, o mês e o dia de cada participante, de forma crescente- ficando a mais nova no início da fila e a mais velha no final da fila. O grupo deve ajudar cada integrante a encontrar seu lugar na fila, sem que saia do corredor. Quem pisar fora do corredor, volta para o final da fila e reinicia o caminho para seu lugar na fila. O grupo atinge a meta

quando todas/os conseguem chegar ao seu lugar. Roda de conversa - reflexão sobre as facilidades e dificuldades em realizar a atividade. Sentimentos e aprendizados.

Complementariedade Esta técnica tem por objetivo a integração e o fortalecimento de grupos. A facilitadora deve organizar uma relação contendo frases com situações, objetos, sentimentos, etc, que se complementam entre si. Com a relação pronta deve criar filipetas, separadas com o número exato de participantes, de maneira que cada uma seja o complemento da outra. Sugestão de filipetas: • Eu sou um livro sem poesia – filipeta 1 • Eu sou sua poesia – filipeta 2 • Eu sou uma rosa sem cheiro – filipeta 3 • Eu sou seu cheiro – filipeta 4 • Eu sou um sol sem brilho – filipeta 5 • Eu sou seu brilho – filipeta 6 Ao preparar as filipetas a palavra sem deve ser sinalizada em vermelho para facilitar na hora da distribuição. A facilitadora solicita que o grupo forme duas filas, de forma aleatória, cada fila deve ter o mesmo número de participantes, sempre par.


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As filas formadas, a facilitadora distribui, em uma das filas as filipetas que estão marcadas com a palavra sem e na outra fila as filipetas que não estão sinalizadas. De forma que todas/os as/os participantes recebam uma filipeta. A facilitação deve solicitar sigilo quanto ao conteúdo da filipeta.

dos cuidados na vivência da sexualidade por sujeitos distintos. Um símbolo que represente uma pessoa infectada com uma DST que só tem relações sexuais com o uso do preservativo, uma infectada pelo HIV que não usa preservativo, duas não infectadas, uma usa preservativo e a outra não.

De frente, uma fila para a outra, a facilitadora solicita que a/o primeira/o da fila que tem a palavra sem vá ao centro, entre as duas filas, e leia em alto som o que está escrito. Em seguida, pergunta às/aos participantes da outra fila se tem alguém da outra fila que possa ajudar.

Cada participante deve receber um crachá com um dos símbolos e três ou mais símbolos (a depender do tamanho do grupo) em modelo tipo cartão de visita que será utilizado como instrumento durante a vivência da atividade. A facilitadora não deve revelar porque os símbolos são diferentes nem seus significados.

Exemplo: Quando uma participante ler: Eu sou um livro sem poesia, a facilitadora pergunta para as /os participantes da outra fila se “a poesia dela/e está por aqui”? Neste momento, a participante que estiver com a filipeta “Eu sou sua poesia” deve ir ao encontro da/ outra ler para ela/e, abraçá-la/o e ficarem juntas/ os em uma das filas, assim segue uma a uma, até que todas as /os participantes que tenham a filipeta sinalizada com a palavra sem tenha encontrado seu complemento. Uma sugestão é que a técnica seja iniciada por integrantes da equipe de trabalho, facilitando o entendimento das/os participantes para que a facilitadora não precise ficar perguntando sobre o complemento durante toda a aplicação da técnica. Ao final, o grupo é convidado a dar um abraço coletivo seguido de palavras que demonstrem o sentimento de cada participante quanto à vivência da técnica.

Técnica dos sinais Esta técnica é utilizada para suscitar o debate sobre vulnerabilidade quanto a gravidez indesejada ou sobre as doenças sexualmente transmissíveis. Abaixo será descrito como as utilizamos para provocar o debate sobre as DSTs. A facilitação deve, previamente, preparar quatro símbolos diferentes que identifiquem a diversidade

Todas/os são convidadas/os a simular a participação em uma festa, para isto a facilitadora deve criar um ambiente que possa deixar a simulação mais próxima da realidade das festas que tem o perfil do grupo. Faz parte da simulação ‘fazer de conta’ que se enamorou, “ficou” ou transou com uma/um ou mais/ os convidadas/os da festa que lhe interessou, a facilitadora deve orientar o grupo a utilizar os cartões quando esta situação acontecer, sendo assim quem fez a escolha do/a parceira/o /ficante/namorado, deve doar um dos cartões com o símbolo. Cada pessoa pode doar um ou todos que recebeu, a depender do numero de pessoas que simulou ter ficado na festa.


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É importante que os símbolos recebidos não sejam redistribuídos, ao receber um símbolo ele deve ser guardado até o final da festa. A facilitação deve ficar atenta para terminar a festa quando perceber que as possibilidades de doações e trocas dos cartões/símbolos foram esgotadas. Neste momento, a facilitação tira a música e convida as/ os participantes a formar um círculo, sentadas/os no chão. Cada participante deve colocar no chão, na sua frente, os símbolos que recebeu e, neste momento, é revelado o que representa cada símbolo, sendo iniciada a discussão sobre o que é vulnerabilidade, começando com a identificação de quem esteve mais vulnerável e suscetível a ser infectado por uma DST. A facilitadora deve conhecer o conceito de vulnerabilidade bem como os meios de transmissão e prevenção, os sintomas, tratamento das DSTs e os serviços de assistência.

Apresentação Esta técnica contribui para o conhecimento do grupo de forma mais ampla, ela é eficaz para grupos que terão outros encontros. Cada integrante recebe uma cartela para responder o que mudou em sua vida em um determinado período de tempo, a depender da idade média do grupo. O grupo deve ter um tempo de aproximadamente três a cinco minutos para cada

questão, a facilitadora deverá discutir com o grupo o tempo que consideram suficiente para que respondam as questões com tranqüilidade, uma vez que terão que resgatar formas de comportamentos, sentimentos, gosto antigos e atuais. As questões devem completar o sentido de uma frase, deve ser escrito de forma sucinta. Esta é uma atividade individual. Precisa-se de silêncio ou de uma música de fundo que permita tranqüilidade, reflexão. Ao terminarem de responder, é formado um círculo de forma que todas/os fiquem confortáveis. Cada integrante faz sua leitura, frase por frase, seguindo a ordem horizontal, e pode ser comentado, se quiserem, as causas das mudanças, se considera que foram importantes em sua vida. O objetivo é promover uma reflexão sobre as mudanças nas suas vidas, dentro de um determinado período. Ao final, quando todas/os terminarem, cada pessoa diz o sentimento, a reflexão e o aprendizado ao realizar a atividade. Exemplo: Em 2005 Eu era...

Em 2009 Eu sou...

Eu escutava

Eu escuto

Eu temia, tinha medo

Eu temo, tenho medo

Eu comia

Eu como

Eu gostava

Eu gosto

Eu vestia

Eu visto

Eu sonhava

Eu sonho

Apresentação 2 Esta atividade tem a finalidade de memorizar o nome das/dos participantes, não permitindo conhecer características das/dos outras/os participantes O grupo senta em círculo. A primeira pessoa se apresenta, a segunda repete o nome da primeira e diz o seu. A terceira repete o nome da primeira, da segunda e diz o seu. A quarta apresenta a primeira, a segunda, a terceira e assim consecutivamente, até a última pessoa.


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Do Cunhatã para a América Latina Algumas ferramentas e técnicas usadas no processo Reflect Ação Jacirema Bernardo e Sueli Valongueiro A vivência RA acontece em oito dias. O grupo deve permanecer no mesmo local, sem intervalos e/ou saídas durante o processo. A vivência de um processo RA deve contar com consultoria habilitada para a facilitação. Contudo algumas técnicas e ferramentas foram utilizadas durante os processos da ação educativa do Cunhatã fora das vivências, com a intenção de atender necessidades dos grupos quanto a avaliação, monitoramento e planejamento dos

projetos, a exemplo do Rio do Processo do Núcleo de Jovens, das matrizes, e dos mapas, e durante o levantamento das expectativas e da construção dos diagramas de convivência e, ainda para fortalecer o poder identitário individual e coletivo. Neste sentido, estarão apresentadas, abaixo, algumas das ferramentas utilizadas no processo da ação educativa do Cunhatã.

Indivíduos e sujeitos Construção de crachá identitário Cada indivíduo deve produzir seu próprio crachá desenhando o que considera representar uma característica própria. Em círculo, cada pessoa é convidada a socializar a sua característica, como, quando e/ou onde ela se expressa. Retrato do outro e entrevista em pares O eu, o outro. Roteiro da entrevista: o que gosta o que não gosta, o que acredita, o que não acredita, o que crê e o que não crê (crenças, valores). Pertencimento e Identidade. Roteiro da entrevista: Significado do nome - história de vida. • Apresentação em dupla fazendo o retrato do outro.

Grupalização – indivíduos → sujeitos → grupos Formação de subgrupos identitários. Os grupos escolhem animais que cantem - emitem sons e se agrupam. Retrato dos subgrupos. Os subgrupos devem elaborar um desenho que expresse as características identitárias das /dos participantes. Apresentação comentada das características dos subgrupos no grupo maior, cada grupo define a forma de apresentação.

Expectativas dos e das participantes quanto à atividade Levantamento das expectativas. Com a utilização de cartelas, cada integrante deve escrever suas expectativas, uma expectativa em cada cartela. As expectativas


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

devem ser apresentadas ao grupo. Cada participante comenta, se quiser, sobre sua expectativa. Sistematização das expectativas como “teia de Aranha”. As cartelas devem ir sendo agrupadas pelas/os participantes de acordo com a identidade de cada uma. Quando se tratarem das mesmas expectativas ou as mais aproximadas, podem ser agrupadas. Uma complementando a outra, pode formar uma teia de expectativas interligadas, uma levando a outra. As expectativas expostas, qualquer participante pode redesenhar. Mudar de lugar, discordar da formação anterior tendo que apresentar um argumento para modificá-la e deixar a teia da forma que acredita que estão interligadas, não tem certo nem errado, as mudanças devem acontecer até criar um consenso sobre a expectativa do grupo, ou até o grupo decidir que não tem consenso e decidir o tempo e a forma para finalizar a atividade. Outros tipos de sistematização. Quer se dizer que importa muito estar atenta/o para outros modos de sistematização, para outro(s) rumo(s) que o grupo vai dando a organização das expectativas. Num processo RA, como entendemos, a facilitação não deve interferir para orientar e/ou redirecionar o processo, mas sim abrir espaço para o que está sendo construído, e inserir os pontos de reflexão que caracterizam o RA: como se sentiu, o que refletiu e que aprendizagens fez com a ação.

Técnicas para trabalhar o Entorno Próximo Rio da Vida – Preparação para a construção: • Roda de lembranças. Formam-se duas rodas. Ambas com as pessoas de mãos dadas, ficando uma roda dentro da outra, vão girando em direções opostas, ao som de uma música ligeira. Em dado momento, a música pára e cada pessoa que estiver na frente da outra conversa relata um fato marcante de sua infância, da juventude e da idade adulta. No caso de grupos com adolescentes, o relato pode ser referente à infância, pré-puberdade ou da adolescência. Time line - Linha do Tempo mental. • Minuto de Silêncio. Curto espaço de tempo de

mergulho e reflexão sobre a vida para escolha da parte da vida sobre a qual vai fazer o Rio. No Cunhatã, utilizamos a meditação como técnica de preparação. • Cada integrante escolhe um subgrupo, de 3 a 5 participantes para, posteriormente, socializar seu Rio. • Construção dos Rios da Vida. Para a construção do Rio, segue-se um roteiro no qual os fatos, ocorrências, acontecimentos da vida das/dos participantes são representados por símbolos, préestabelecidos. Por exemplo, troncos de madeira dentro do Rio, significam dificuldades. Terminada a tarefa de construção do Rio individual, que é solitária, cada integrante se junta ao grupo, escolhido anteriormente, para fazer a socialização do seu Rio.


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Do Cunhatã para a América Latina O grupo escolhe um facilitador que atuará na monitoria do mesmo, mas pode surgir um facilitador natural, o que é positivo e pode atuar bem junto ao outro. Não cabe ao/a(s) facilitador/a(es/s), dirigir, conduzir. O ideal é que o grupo, como um todo, converse, tome decisão junto e equilibre os rumos do grupo. Ao facilitador compete estar atento ao que se passa, aos relatos e situações. Deve-se iniciar buscando sistematizar o que tinha no Rio, formas, conteúdo, fatos da vida social, do viver, processos, as aprendizagens relacionados à cultura, às causas sócio-econômicas, ambientais e políticas. Não cabe trabalhar as questões subjacentes, subjetivas. Este não é o propósito. Às/aos facilitadores/as de RA não cabe nenhuma ação ou papel terapêutico. Reflexão sobre a realização do Rio. Como se sentiu, o que refletiu, o que aprendeu com a construção do Rio.

de Categorias profissionais, estratos sociais, Rio da sexualidade, Rio das organizações, dentre outras). Em uma vivência RA a formação das comissões é estruturante para o processo.

Formação de Comissões temáticas de avaliação e gestão As comissões têm a incumbência de observar as relações que se dão durante o processo (dia a dia), desde o ângulo temático de cada comissão. De modo geral, as comissões começam a funcionar a partir do segundo dia de encontro. Mas, entre nós, tem-se trabalhado desde o primeiro dia. Tipos de Comissões: 1. Comissão de Interculturalidade;

Apresentação da socialização dos rios/ reflexões dos sub-grupo, em plenária;

2. Comissão de Poder;

O que tinha no rio. Avaliação - reflexão sobre o instrumental usado, outras questões e que outros usos podem ser dados para o Rio (Rios: Rio da vida; Rio de Homem, Rio de Mulher, do Gênero - Rio

4. Comissão de Registro/Memória;

3. Comissão de Gênero

5. Comissão de Construção do Conhecimento ou fluxograma de processo;


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6. Comissão de Avaliação do processo. 7. Comissão de Facilitação e Planificação. Esta última comissão não é específica, ela se forma com participantes das outras comissões. Não tem problema se muita gente acaba participando do espaço, pelo contrário isso é positivo. O tamanho dessa comissão não interfere no objetivo da tarefa que não se coloca no resultado, mas na construção e gestão do processo.

geração, dentre outros levantados pelo grupo. A facilitação não deve interferir, mas sim, estimular que o grupo se mova, articule-se, gestione e resolva seus problemas e processos. Os problemas das escolhas e da formação de comissões não devem ser dirigidos pela facilitação. Como as Comissões funcionam, no dia a dia • Planejamento, Monitoramento e Avaliação - PMA.

Formação de Comissões (Como se forma).Para formação dos grupos/comissões, discute-se a vivência e com quantas comissões o grupo quer trabalhar naquela vivencia. Define-se quais são as comissões a serem formadas a partir dos temas e/ ou expectativas focadas pelo grupo, cujos nomes ficam afixados em local estratégico, para que fique de fácil acesso a todas/os. Os/as participantes escolhem o grupo- comissão no qual quer trabalhar, a escolha é livre.

Após as atividades, as comissões preparam os seus gráficos e matrizes de avaliação, referente ao dia de trabalho. É importante que as comissões tenham habilidade para utilização das matrizes e gráficos que serão utilizados no processo de avaliação. A avaliação de todas as Comissões deve ser apresentada ao coletivo como primeira atividade do dia seguinte, para que seja validada coletivamente. Este é o momento que pode acontecer correções, inclusão e/ou exclusão de algum aspecto da avaliação realizada pelas Comissões.

Em geral alguns grupos ficam com mais participantes que outro. Neste caso é o próprio grupo quem vai negociar e gestionar o equilíbrio de participantes por grupo, podendo considerar critérios a partir da quantidade, equidade de gênero, etnia/raça,

O processo avaliativo segue até ao último dia do encontro, no qual a participação, as observações, os registros e a construção gráfica da avaliação de cada dia ficam expostos. E o processo segue para o dia seguinte.


Do Cunhatã para a América Latina

Programa das oficinas e rodas de diálogos A seguir será apresentado, de forma sucinta, algumas possibilidades de programas para as vivências nas oficinas e rodas de diálogo temáticas. Na descrição deste material não foram incorporadas as técnicas de apresentação, divisão, integração e relaxamento do grupo. Algumas destas técnicas já foram apresentadas no capítulo anterior para que possam ser utilizadas de acordo com a necessidade e perfil de cada grupo, assim como do tempo disponível para a intervenção. Quanto à MMA, descrita na ação educativa, vale ressaltar que se trata de uma técnica que deve ser utilizada com grupos que permanecerão juntos por um determinado período de tempo. Toda a atividade, seja oficina, roda de diálogo, debate ou visita a serviços e organizações, é seguida de um momento de escuta sobre o sentimento, a reflexão e o aprendizado de cada participante quanto à vivência da atividade. Todas as oficinas são pensadas para, no mínimo oito horas de atividades, exceto a de autoestima, violência, feminismo e direitos humanos das mulheres jovens que ultrapassam este espaço de tempo. Para executar todo o programa, planejado em dois momentos: saúde e direitos, o Cunhatã tem vivenciado processos de, aproximadamente, um ano, com atividades semanais. Também será disponibilizada a relação de alguns filmes utilizados nos processos de formação dos grupos e materiais educativos.

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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Saúde, beleza e autoestima Objetivo: Despertar para o cuidado com o corpo, com a saúde integral e com o bem estar, melhorando a autoestima.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Fotografar cada integrante ao chegar

Solicitar autorização das participantes para fotografar.

Roda de conversa

Chuva de idéias sobre o que entendem por autoestima, beleza e saúde. Dividir em subgrupos para que, em revistas, distribuídas pela facilitação, identifiquem o que consideram ser autoestima, beleza e saúde. Os subgrupos devem formar um painel e deixar exposto na sala.

Exposição teórica comentada

Repassar conceitos sobre saúde integral.

Leitura coletiva

Socialização, através da leitura, da experiência descrita no livro Meninas do Porto, seguida do convite às integrantes do grupo a vivenciar parte da experiência.

Vivência de cuidados com a saúde

Adoção de cuidados com a aparência e saúde. Repasse de técnicas auto-massagem. Cuidados com a pele: banho, peeling no rosto. O peeling pode ser realizado com água e açúcar misturados (duas porções de açúcar para uma de água), depois de lavar o rosto, passar uma camada de argila úmida, deixar secar e depois tirar em água corrente. Cuidados com as unhas/manicure e pedicure. Cuidados com o coro cabeludo e cabelos: limpeza, tratamento e/ou corte dos cabelos. Cuidado com os dentes: escovação correta e uso do fio dental. Cuidado com a aparência: troca de roupas, maquiagem e escolha de assessórios.

Roda de conversa

Fotografar as integrantes após a vivência. Expor as fotos tiradas antes e do depois da atividade. Convidar o grupo a rever o painel construído no inicio da atividade, dando seguimento a roda de conversa impulsionada pela perguntas: Identificam alguma relação entre saúde, cuidado e autoestima? O que é a beleza na mídia, na sociedade, que influência exerce sobre a adolescência e juventude e quais as conseqüências? Como cada integrante está se sentindo depois da vivência? Que reflexão e aprendizado tiraram da atividade? As fotografias (do antes e do depois) devem ser entregue as jovens.

Para esta oficina se faz necessário articular, com antecedência, a equipe de profissionais para atender as atividades, em especial de cuidado com unhas e cabelo. É importante solicitar que as jovens tragam roupas para que troquem e que a equipe providencie compra de acessórios e maquiagem para uso na oficina. Também devem estar à disposição roupas de banho e material de limpeza de uso pessoal (sabonetes, xampus, cremes, pasta de dente, escovas de dente, dentre outros que a equipe considerar necessário).


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina sobre anatomia

Objetivo: Repassar noções básicas de anatomia para contribuir no cuidado com o corpo e com a identificação dos órgãos.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Meditação

A meditação de observação da respiração é sempre uma boa possibilidade para iniciar esta atividade.

Troca de saberes

Divisão de subgrupos com três ou quatro integrantes cada. Desenhando o corpo. Cada dupla deve desenhar – moldar o corpo de uma das/dos integrantes em uma folha de papel (o papel deve ser do tamanho de um/a integrante da dupla) uma participante deita sobre o papel e outra integrante contorna o corpo dela com lápis piloto. O subgrupo deve colocar os órgãos dentro do desenho, na localização e forma que acreditam ser na realidade.

Exposição teórica dialogada

Apresentação do modelo (boneca que contém os órgãos encaixados, podendo ser retirados). Exposição de cada órgão, o sistema a que pertence, sua posição no organismo e sua função. Fisiologia dos órgãos vitais, caminho do ar, da comida, do sangue, da urina. Pele, ossos e músculos – interação dos sistemas.

Exposição prática

Sinais vitais, uso do termômetro, contagem do batimento cardíaco.

Leitura dinâmica

Texto Noções básicas sobre anatomia, elaborado pelo Cunhatã.

Consolidando o aprendizado: tira-dúvidas

Cada dupla deve colocar e retirar os órgãos da boneca como um quebra-cabeças, ao terminar deve voltar ao desenho, e, se necessário, fazer observações, correções no próprio desenho Dando continuidade, em círculo, no grupo maior, cada integrante deve, ao comando da facilitadora, colocar a mão sobre o órgão. Exemplo: quando a facilitadora der o comando: mão no fígado, mão nos rins etc , rapidamente as integrantes devem colocar a mão sobre o órgão. O grupo observa se todas/os acertaram e corrigem erros, caso aconteça. Ao final fazer a escuta: sentimento, reflexão e aprendizado com a atividade.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Primeiros socorros Objetivo: Contribuir para que adolescentes e jovens tenham subsídios para lidar com situações inesperadas de cuidado com a saúde.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Pensando a Integridade física - Trabalhar o toque

Vivência de auto-massagem e/ou de massagem metamorfórica • Temperatura • Sensações

Exposição dialogada sobre agressões, acidentes e violência.

Escuta sobre o que o grupo entende por agressões, acidentes e cuidados com a integridade física e psicológica.

Noções de Primeiros socorros.

Sinais vitais. Repasse de como conhecer a respiração, a pressão arterial e a temperatura. Como usar o termômetro e o tensiometro.

Levantar o que já foi vivido pelas participantes.

Acidentes e principais cuidados: Como se comportar em casos de ferimentos, fraturas, queimaduras, choques e mordidas de animais peçonhentos.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Saúde e direitos reprodutivos

Objetivo: Contribuir para o conhecimento, apreensão e reflexão sobre saúde e direitos reprodutivos e o enfrentamento à violação destes direitos.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Roda de diálogo seguida de exposição de informações e dados.

Perguntas orientadoras: • O que entendem por saúde reprodutiva? • Socialização de informações sobre auto-conhecimento, prevenção do câncer de colo uterino, diagnóstico precoce do câncer de mama, biomas, cistos, sexo seguro, gravidez planejada e desejada. • Informações sobre o câncer de próstata e de pênis.

Suscitar um Debate sobre direitos reprodutivos.

O que entendem por direitos reprodutivos?

Exposição dialogada

Apresentação dos direitos reprodutivos e da memória do surgimento da expressão Direitos Reprodutivos. Os avanços e desafios para assegurar os DR na legislação brasileira. Os mecanismos para o controle social (conferências nacionais e internacionais, nos conselhos, comitês, etc).

Atividade externa

Visita a um serviço de assistência à saúde da mulher. O grupo deve preparar um roteiro, para observação do serviço, que reflita o acesso, os equipamentos, humanização da assistência, dentre outras questões que o grupo considere relevante.

Trabalho em grupos

Construir painel com desenhos, fruto da observação no serviço, para discussão em grupo e elaboração de documento para envio ao serviço.

Consolidação do conhecimento

Tira-dúvidas e entrega de materiais de comunicação, informação e educação.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Anatomia e fisiologia do sistema reprodutor Objetivo: Contribuir para melhorar o conhecimento sobre a vida reprodutiva refletindo sobre o exercício consciente da sexualidade.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Trabalho com argila

Modelagem individual dos órgãos do sistema reprodutor, internos e externos, feminino e masculino. Deixar as modelagens expostas para que o grupo possa interagir com os trabalhos apresentados e revisitar suas próprias esculturas.

Roda de conversa Pergunta secreta

Perguntas orientadoras: Houve alguma dificuldade para modelar os órgãos? Se sim, qual? Por que você acha que teve a dificuldade? Se não, porque acha que não teve dificuldade? Quem conhece seu órgão sexual externo, textura, cor, cheiro, temperatura? As mulheres e os homens são incentivados a conhecerem seu corpo? Este conhecimento é igual entre homens e mulheres? Existe diferença entre o conhecimento do órgão interno masculino e feminino? Se sim, porque você acha que isso acontecesse?

Exposição teórica.

Distribuição de espelhos para que as meninas ,em casa, possam observar seu corpo.

Consolidando conhecimento

Cada integrante escreve, em um papel, uma pergunta e coloca em uma bola de encher (papel e bolas do mesmo tamanho e cor). O grupo mistura as bolas, jogando-as para o alto. Aos poucos as bolas vão-se estourando e as perguntas vão sendo lidas e respondidas. É importante incentivar que outras integrantes do grupo contribuam com seus conhecimentos sobre cada pergunta lida, cabendo à facilitadora complementar informações importantes sobre o tema, se precisar. Apresentação da anatomia e fisiologia do sistema reprodutor masculino e feminino. Utilização de quadro imantado e do vídeo “Reprodução Humana” do Ministério da Saúde (MS), que trata do processo: relação sexual, ovulação, nidação, gravidez, menstruação. Exercício de memorização dos nomes, localização e função dos órgãos. Pintura de imagens do corpo do homem e da mulher, utilizando imagens do Livro da Parteira, publicação do Grupo Curumim e Ministério da Saúde. Voltar à modelagem para observar se será preciso fazer correções. Entrega de materiais de comunicação, informação e educação (folderes, cartazes, publicações).


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Gravidez, parto, aborto e puerpério

Objetivo: Contribuir, através da socialização de informações, para uma gravidez planejada, desejada e saudável.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Desenho que represente o nível de conhecimento sobre o tema

Cada integrante faz um desenho de como imagina que fica um feto no útero. Os desenhos são expostos para o grupo.

Exposição dialogada sobre ovulação, fecundação, nidação e gravidez

Uso de Quadro Imantado como suporte visual para uma explicação de como acontece cada momento, considerando o conhecimento do grupo.

Exposição dialogada sobre Pré-natal

A importância de fazer o pré-natal , o que deve ser realizado durante as consultas do Pré natal (medir a barriga, pesar a mulher, aferir a pressão arterial, acompanhar os exames de sangue (“BHCG” Sífilis, HIV, Anemia, Diabete) e de urina (inflamação).

Exposição dialogada sobre Gravidez

O que acontece da nidação até o nono mês no corpo da mulher e com o feto. Os cuidados necessários para uma gravidez saudável para a mulher e o feto.

Vídeo-debate

Sugestão: assistir o vídeo Parir e Nascer e abrir um debate sobre sentimentos e reflexões.

Exposição dialogada sobre abortamento

Conceitos sobre aborto completo, incompleto, seguro e inseguro. Fatores que podem contribuir para o abortamento e os cuidados com a saúde da mulher (hemorragias, infecção, etc).

Direitos durante a gravidez, parto abortamento e puerpério

Apresentação das normas de assistência a gravidez, parto, abortamento e pós-parto do Ministério da Saúde (direitos ao acompanhante, a escolha de onde e como ter o parto, etc).

Distribuição e leitura do texto terceiro trimestre, do Livro da Parteira. . Perguntas orientadoras: alguém do grupo já engravidou? Se sim, com quanto tempo descobriu que estava grávida? Percebeu algumas mudanças em você?

Lutas, desafios e conquistas do movimento de mulheres para a humanização da assistência. Repasse de informação sobre os serviços de assistência às mulheres. Responsabilidade do homem (pai) durante a gravidez, parto, abortamento e pós-parto.

Vídeo-debate

Sugestão de Vídeo: Um dia de Vida.

Tira-dúvidas e entrega de materiais educativos

Folders e o livro: Parteiras, cidadania e direitos reprodutivos, elaborado pelo Curumim.

Consolidando a aprendizagem

Voltar para os desenhos, completar o que identificou que estava faltando ou fazer outro desenho.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Mortalidade materna Objetivo: Informar sobre a mortalidade materna como indicador da qualidade de vida e atenção à saúde dispensada à população feminina em idade reprodutiva de uma dada região e em determinado período de tempo e apresentar mecanismos para o controle social.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Censo

Levantamento do número de pessoas presentes na oficina que já ouviu falar em Morte Materna; quem perdeu alguma parente ou amiga por causa de uma gravidez, parto, pós-parto ou abortamento que complicou? Quem conhece alguém que denunciou o óbito e exigiu direitos da família? Expor resultado do censo na sala, em cartaz ou quatro.

Repasse de informações sobre Mortalidade materna

Exposição teórica sobre Mortalidade Materna: conceitos, perfil epidemiológico das mulheres que morrem por causas maternas, evitabilidade.

Debate sobre a realidade

Fomentar o debate sobre o tema – reflexão sobre a realidade da MM no Recife, em Pernambuco e no Brasil. Escuta de sentimentos despertados.

Repasse de informações sobre controle social e mecanismos de enfrentamento à Mortalidade Materna

Apresentação de informações sobre o papel do Ministério Público no combate à morte materna.

Repasse de contatos

Repasse de telefones, endereços e sites úteis para denunciar casos de morte materna.

Avaliação do dia

Avaliação individual/ oral

Apresentação de informações sobre como as famílias, parentes e amigas/os podem contribuir, onde e como denunciar eventos que possam ter contribuído para a ocorrência do óbito.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina sobre aborto

Objetivo: Contribuir para que adolescentes e jovens conheçam a realidade do aborto no Brasil como problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos das mulheres.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Definindo a categoria aborto pelo olhar do grupo

Entrega de tarjetas e pincéis atômicos, solicitação de silêncio, breve exercício de respiração. Em clima tranqüilo a/o facilitadora/or pede que cada pessoa escreva o primeiro sentimento despertado ao ouvir a palavra: ABORTO. Recolher as tarjetas, não precisa nomear.

Vídeo: Uma história Severina

Sessão de vídeo-debate, explorando sentimentos, reflexões e aprendizagens despertadas pelo vídeo

Esquete

Apresentação de esquete do Núcleo de Jovens do Cunhatã, a qual trata sobre negociação do uso do preservativo entre casais, da gravidez não planejada e não desejada e da violência contra a mulher. Explorando sentimentos, reflexões e aprendizagens despertadas

Censo: explorando os resultados obtidos na sala para mostrar que o aborto é uma realidade próxima

Apresentação de questões para debate: quem conhece alguém que já passou por um abortamento? Quem conhece alguém que já adoeceu por abortar? E que morreu por abortar? Quem conhece alguém que já foi presa por abortar? A facilitadora deve solicitar que nomes não sejam revelados.

Repasse de informações sobre o tema abortamento / aborto

Apresentação de conceitos ( aborto legal, completo, incompleto, seguro, inseguro), estudos e dados epidemiológicos, que apontem quem morre ou adoece por abortar. Apresentação de números e gastos do SUS. Apresentação de políticas e acordos de que o Brasil é signatário, que exigem revisão da Lei que trata do aborto Legal e compromisso com a humanização à assistência de mulheres em abortamento.

Vídeo

Loucas pelo direito de decidir- Loucas de Pedra Lilas.

Definindo a categoria aborto pelo olhar do grupo

Entrega de tarjetas e pincéis atômicos, solicitação de silêncio, breve exercício de respiração. Em clima tranqüilo a/o facilitadora/or pede que cada pessoa escreva o primeiro sentimento despertado ao ouvir a palavra: ABORTO. Em duas colunas colocar o antes e o depois. Não é necessário tecer mais nenhum comentário.

Avaliação do dia

Avaliação individual/ oral.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Prevenção de DST/HIV/AIDS Objetivo: Despertar para a vivência da sexualidade segura.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Levantamento do conhecimento do grupo sobre o tema

Perguntas orientadoras: O que entendem por doenças sexualmente transmissíveis (DST)? Que doenças conhecem?

Exposição dialogada sobre DST

Apresentação das patologias, suas especificidades e formas de prevenção e tratamento. Utilização de catalogo sobre DST e do texto Noções básicas sobre DST/AIDS, elaborado pelo Curumim.

Exposição dialogada sobre AIDS

Histórico da epidemia, da descoberta até o contexto atual, como o HIV age no organismo. Socialização de dados epidemiológicos. A AIDS na juventude e a feminização da epidemia.

Técnica dos sinais

Cartelas com símbolos são distribuídos entre as/os integrantes do grupo (cada símbolo: estrela, círculo e triângulo tem uma representação: a estrela representa uma pessoa que tem uma DST e não usa preservativo, o circulo uma pessoa que não tem DST mas não usa preservativo e o triangulo uma pessoa que usa preservativos em todas as relações). Sem repassar ao grupo o que representa cada símbolo, a facilitadora convida o grupo para vivenciar uma simulação de uma festa. Na festa pode-se trocar ou doar os símbolos com uma ou maias pessoas com quem aconteça um affair e/ou uma relação afetiva sexual. Ao terminar a música é formado um circulo de conversa onde cada integrante expõe os símbolos recebidos durante a balada e inicia-se uma discussão dialogada sobre vulnerabilidade, quem estava vulnerável e como e porque a DST se expandiu, ou não. Mais detalhes na descrição das técnicas e dinâmicas.

Apresentação de esquete pelo Núcleo de jovens do Programa Cunhatã, do Curumim

Debate sobre a AIDS nas relações afetivo - sexuais. O machismo nas relações e a prevenção das DST’s

Prevenção de DST

Distribuição e treinamento do uso do preservativo masculino e feminino.

Roda de conversa com convidadas/o portadora/ es do HIV e/ou apresentação de vídeodebate

Exposição sobre o preconceito sofrido e enfrentado, pela/o própria/o portadora/or do HIV ou suscitado pelo vídeo e/ou pelo debate.

Consolidando conhecimento

Leitura comentada do material de comunicação, informação e educativo, do Curumim - Noções básicas sobre DST’s/AIDS.

Avaliação do dia

Oral

Escrever as respostas em cartaz e deixar expostas na sala.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Sistema Único de Saúde

Objetivo: Informar sobre o Sistema Único de Saúde, sua criação, seus princípios e diretrizes, sua organização, como se dá o financiamento e a participação social na construção do SUS, apresentando os mecanismos para o controle social na saúde.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Exposição teórica sobre o SUS

Exposição sobre o SUS: contexto do nascimento durante a Constituição Cidadã; bases do SUS: princípios e diretrizes, financiamento, gestão hierarquizada, participação e controle social.

Debate sobre a realidade

Apresentação de vídeo sobre o SUS9 nossos direitos como usuárias do SUS - Loucas de Pedra Lilás e/ou Políticas de Saúde no Brasil-Tapiri)

Fortalecendo Identidades

Dramatização de situações de adoecimento que implicaram na busca de assistência à saúde na rua / comunidade / cidade onde reside: como foi recebida/o, como foi atendida/o, tempo passado entre o adoecimento e a assistência efetivamente recebida, resolutividade, acesso etc.

Repasse de informações sobre controle social no SUS

Sentimentos, reflexões e aprendizagens suscitadas pelas dramatizações e vídeos.

Avaliação do dia

Avaliação individual/ oral

Apresentação de instrumentos para a denúncia de desvios de recurso, maus tratos e outras falhas do SUS e apresentação dos espaços de construção de políticas e de controle social: Conselhos e Conferências de Saúde no Brasil.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Gênero Objetivo: Contribuir para que adolescentes e jovens conheçam o conceito de gênero, reflitam sobre as relações de gênero na sociedade e suas consequências para a vida das mulheres e para a sociedade

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Relacionar características físicas e comportamentais próprias de homens e de mulheres, determinados pela sociedade através da família, da escola, da vida na comunidade/ sociedade onde vive

Suscitar um debate sobre a construção social da desigualdade de gênero, um conceito para entender que as desigualdades entre homens e mulheres nasceram daquilo que seria apenas uma diferença entre os sexos. Com uma folha branca dividida ao meio, utiliza-se duas tarjetas para no alto da coluna colar as palavras HOMEM e MULHER. Depois, o grupo é convidado a apontar características de um e da outra, cabendo à facilitadora registrar o que for dito. Concluídas as duas colunas, a facilitadora inverte a posição dos nomes MULHER e HOMEM e passa a perguntar se a mulher também pode assumir o que foi delegado ao homem e vice versa. Via de regra, a conclusão é que quase tudo que se atribui ao masculino é passível de ser assumido, vivido por mulheres, iniciando uma Roda de diálogo, com as seguintes perguntas orientadoras: • Existe desigualdade nas relações de gênero? • As relações de gênero contribuem para a violência contra a mulher? • As desigualdades nas relações de gênero contribuem para as desigualdades na sociedade? • Como contribuir para minimizar os privilégios resultantes das relações de gênero?

Vídeo-debate

Sugestões: “Billy Elliot” ou “Encantadora de Baleias” e o clip sobre Gênero: “A história falando por si”, produzido pelo Curumim, em 2008.

Exposição dialogada

Conceito de gênero, como foi construído e porque foi construída essa categoria de análise.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Enfrentamento à violência contra a mulher

Objetivo: Contribuir para a identificação de situações de violência, socializar informações sobre direitos e mecanismos de denúncias.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Trabalho de colagem, em sub-grupo.

Construção de painéis, através da técnica de colagem, utilizando revistas, jornais, fotografias e/ou desenhos que demonstrem situações de violência. Socialização do painel de cada grupo, identificando as situações de violência apresentadas. Suscitar a reflexão e debate sobre as diversas manifestações de violências trazidas ao grupo maior.

Suscitar a reflexão e debate sobre situações de violência. Conceitos de violência.

Socializar os conceitos de violência a partir do que foi apresentado anteriormente pelo grupo. Leitura do texto Noções básicas sobre violência, elaborado pelo Curumim.

Socialização de mecanismos para o enfrentamento a violência e acolhimento as mulheres em situação de violência.

Discussão sobre a Lei Maria da Penha, Conferência de Belém do Pará e divulgação dos serviços de assistência jurídica e de saúde às mulheres em situação de violência.

Vídeo-debate: Violência e religião. Católicas pelo direito de decidir.

Trabalho em sub-grupos. Dramatização, representando situações de violência vivenciada por alguma/as integrantes do grupo. O grupo deve procurar formas de reverter a situação, à luz das informações socializadas.

Roda de discussão sobre enfrentamento à impunidade frente a violência contra a mulher.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Meios de comunicação: a serviço de quem? Objetivo: Contribuir para reflexão sobre a imagem da mulher, da população negra e da juventude na mídia, e suas conseqüências.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Exposição teórica dialogada

Conceito de comunicação.

Conversando sobre os meios de comunicação

A comunicação e a violação de direitos despercebida.

Ouvir e debater letras de músicas

Colocar duas músicas: Amélia que era mulher de verdade e Pagu para que o grupo escute e avalie o que representam para a mulher.

Exposição teórica dialogada

A mulher na mídia, a mercantilização do corpo da mulher.

Contextualizar como funcionam os meios de comunicação no Brasil e as interferências da mídia global. As concessões, o poder de uso dos canais de transmissão, o monopólio dos meios de comunicação, que matéria vende/rende para os empresários da mídia.

Fazer levantamento de qual música o grupo tem escutado e dançado que fale em/das mulheres. Escolher uma música baixar na internet. Colocar a música para tocar para que as integrantes dancem a música. Em um segundo momento, imprimir a letra e fazer uma leitura coletiva. Avaliar de forma coletiva o que a letra da música fala da mulher. Colocar a músicas outra vez para tocar para que dancem. Fazer uma rodada de sentimentos. Suscitar um debate de como as letras das músicas, dos diferentes ritmos musicais referem-se à mulher, à população negra e à juventude (seja brega, funk, swingueira, pagode, samba, forro, rock ou MPB).

Como e quando o rádio, a internet, os jornais e as telenovelas se transformaram em instrumentos de desrespeito aos DH das mulheres, da população negra e da juventude. Os mecanismos de Controle social na comunicação. Ação dos movimentos por uma comunicação democrática. Campanha pelo fim da baixaria nos meios de comunicação. O processo que tirou a música “Tapinha não dói” das redes de comunicação. A importância da fala pública das mulheres para o enfrentamento à desqualificação das mulheres na mídia. O que são peças de comunicação e técnicas para sua criação.

Trabalho em grupos

Divisão em subgrupos para criação de peças de comunicação.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Direitos Humanos (DH) Objetivo: Contribuir para reflexão sobre os Direitos Humanos e mecanismos de controle social.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Chuva de ideias, seguida de roda de conversa

Levantar com o grupo o que, na opinião das/os integrantes, são os direitos humanos, o que têm escutado ou vivenciado, em casa, na escola, na comunidade que consideram um desrespeito aos direitos humanos.

Explanação dialogada

Conceito de DH. Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU-1948). Conferência Mundial sobre a Mulher. Plano Nacional de Direitos Humanos.

Leitura de reportagens de jornais e/ou revistas, com casos recentes de repercussão na grande mídia

A atividade se desenvolve em subgrupos e consiste em identificar situações de violação de direitos humanos. Cada subgrupo deve escolher um caso para refletir, explorar e apresentar, em forma de teatro ou dramatização, uma situação de fundo semelhante, com um diferencial: a garantia de respeito aos DH.

Reflexão e Roda de conversa

Questões orientadoras: • O que contribui para a violação dos DH? • Que ações o governo e a sociedade poderiam realizar para que os DH fossem respeitados? • Em que espaços podemos denunciar a violação dos direitos humanos?

Consolidação do conhecimento

Entrega de material de comunicação, informação e educativo.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina sobre direitos na adolescência Objetivo: Contribuir para que adolescentes e jovens tenham acesso à informações sobre seus direitos e deveres para o exercício da cidadania.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Roda de conversa

Impulsionar a discussão sobre direitos, através de perguntas orientadoras. O que entendem por direitos? E por deveres? E sobre cidadania? Deve-se colocar as respostas em folha de flip chart ou no quadro, de maneira que fique exposto na sala, durante toda a atividade.

Construção de material de visualização sobre direitos da criança e do/a adolescente.

Divisão de subgrupos. É apresentado ao subgrupo o Estatuto da Criança e do Adolescente, cada subgrupo deve escolher um artigo para aprofundar.

Leitura de texto comentada. Trabalho em grupos

Escolhidos os artigos que os subgrupos devem socializar no grupo maior. A facilitadora deve ficar atenta para que os subgrupos tenham escolhido artigos diferentes. Se algum/ns subgrupo/s escolher os mesmos artigos, a facilitadora deve favorecer o subgrupo decidam sobre a escolha dos artigos de maneira que cada grupo aprofunde um tema diferente. A facilitadora não deve interferir durante o processo de escolha, favorecendo que os subgrupos exercitem o poder de argumentação pela sua escolha. Escolhidos os artigos, por subgrupos, a atividade de ser iniciada com a seguinte reflexão: por que o grupo escolheu este artigo? Que outro artigo também considera importante no Estatuto? Dando continuidade, o grupo deve iniciar a leitura coletiva comentada do artigo.

Socialização dos artigos

Os grupos devem escolher uma técnica para apresentar ao grupo como entenderamo artigo. A apresentação pode ser através de mural, enquete, material informativo ou qualquer outra forma de escolha do grupo. Apresentação dos subgrupos. Ao final da apresentação de cada subgrupo, devese abrir uma rodada para perguntas ou contribuições do grupo.

Exposição dialogada

Repasse de conceitos sobre direitos, deveres e cidadania. Leitura do artigo de abertura Estatuto da Criança e do Adolescentes, assim como dos artigos sobre saúde e educação, caso não tenham sido escolhidos por nenhum subgrupo. Repasse de informações quanto ao processo de construção/elaboração, sobre os espaços de denúncia da violação de direitos e dos espaços de controle social e de articulação política da adolescência e juventude. Distribuição do ECA para cada participante. O grupo deve ser convidado a voltar ao quadro para ler o que destacaram sobre os conceitos no início da atividade. Consultar as/os participantes sobre o sentimento e o aprendizado com a atividade.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Direitos sexuais

Objetivo: Contribuir para o conhecimento e a reflexão sobre o direito à liberdade de viver a sexualidade e os mecanismos para o enfrentamento à lesbofobia e à homofobia.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Técnica do beijo

Todo o grupo sentado em roda, a facilitadora explica que todas devem dar um beijo na boneca que começa a circular. Acontece que ninguém deve beijar duas vezes o mesmo lugar, o que exige que cada pessoa declare, em alto e bom tom, onde está beijando a boneca. Concluída a rodada, cada pessoa vai beijar a parceira que está sentada do lado direito no mesmo local que beijou a boneca. Ver mais detalhada na descrição de técnicas e dinâmica.

Suscitar um debate sobre a diversidade da vivência da sexualidade

Suscitar um debate sobre preconceito, lesbofobia e homofobia, explorando as diversas formas de vivência da sexualidade.

Apresentação de fotografias, seguida de diálogo e debate

A atividade é iniciada com a apresentação de fotos que expressam toda a diversidade da vivência da sexualidade. Perguntas orientadoras: • Alguma fotografia causou algum desconforto? Qual e por quê? • Levantamento do conhecimento do grupo sobre o tema. Perguntas orientadoras: • Quem sabe o que é diversidade afetivo-sexual? • O que se compreende por heterossexualidade, bissexualidade, transexualidade, travesti, transgênero? • Quem sabe o que é lesbofobia ou homofobia? • Diferença entre Lesbianismo e lesbianidade? • Onde você, no seu entorno próximo, identifica situações de preconceito? • Impulsionar a discussão sobre a qualidade da assistência na saúde, a vivencia na escola e na família.

Exposição dialogada

Apresentação da legislação, dos avanços e desafios para o enfrentamento à violação de direitos. Conversa com representantes do movimento de mulheres lésbicas e/ou de organizações que integram o movimento LGBT. Apresentação de banners sobre Direitos Sexuais e entrega de materiais de comunicação, informação e educativos.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Estado laico e fundamentalismo Objetivo: Proporcionar um espaço para reflexão sobre a influência da igreja nas politicas públicas.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Censo

Com todas/os em pé em uma sala, a facilitadora informa que, a cada comando, as pessoas se agrupem, mudando de grupos a cada pergunta. Quem tem religião? Dois grupos formados. Das que tem religião, quem freqüenta a igreja? Dois grupos formados. Os dois grupos se desfazem e outros quatro grupos são formados: pela família, pelos amigos/as, pelo/a namorado/a companheiro/a. Outras/os formas. Qual a religião freqüenta? (Deixar o grupo livre para que se formem sozinhos/as) Enquanto o grupo que tem religião se organiza , começam as perguntas com quem não tem religião. Quem tem a família religiosa? Dois grupos. Quem já teve alguma religião? As respostas devem ser consolidadas e expostas na sala para que tenhamos o perfil do grupo.

Roda de conversa

Perguntas orientadoras para o grupo. 1. O que entendem por Estado Laico? 2. O que entendem por fundamentalismo religioso? Registrar as respostas e colocar expostas na sala.

Exposição teórica comentada

Repassar conceitos sobre Estado Laico e fundamentalismo religioso.

Trabalho de reflexão em quatro sub grupos.

Divisão de subgrupos. Os grupos devem realizar um debate e responder as seguintes questões e colocar em cartazes: 1. Como o fundamentalismo religioso e a intervenção da igreja nas políticas influenciam na vida das mulheres? Grupos 1 e 2. 2. O grupo acha que o fundamentalismo religioso ainda interfere na vida das pessoas? Como? Grupos 1 e 2. 3. Como a igreja interfere na consolidação dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres? Grupos 3 e 4. 4. O que o grupo acha dos símbolos religiosos em serviços públicos como hospitais, escolas, prefeituras? Grupos 3 e 4 5. Que caminhos o grupo considera que podem ser trilhados para que o Estado Laico seja assegurado? Todos 6. O que acham do ensino religioso na escola? Todos Os cartazes devem ser apresentados no grupo maior e comentados um a um. Importante deixar o debate fluir, escutar todas/os, deixar que reflitam sobre a religião na vida cotidiana. Distribuição de material informativo educativo, a exemplo do livro Estado Laico e liberdades Democrática, organizado por Carla Batista e Monica Maia, além de matérias das Católicas pelo direito de Decidir.

Roda de conversa

Escuta sobre sentimentos, reflexão e aprendizado com a oficina.


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Políticas públicas para juventude e espaços de controle social Objetivo: Divulgar e vivenciar o processo de construção de políticas públicas para juventude.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Elaboração de mural sobre o que é ser jovem e sobre as necessidades da juventude.

Refletir e discutir sobre o que é ser jovem, suas necessidades, a partir do que for apresentado no mural e painel.

Chuva de ideias

Suscitar uma discussão sobre o que vem a ser política pública, iniciando com os conceitos retirados do grupo para depois apresentar a conceituação formal.

Exposição dialogada sobre a legislação.

Leitura do Plano Nacional de Juventude, contextualizando como, onde e com quem ele foi construído, suscitando a discussão sobre suas diretrizes e ações.

Exposição dialogada sobre espaços de controle social.

Trabalho em subgrupos. Pergunta orientadora: como vocês acham que as necessidades colocadas no painel podem se transformar em políticas? Definição sobre controle social e como exercer ( proposição, monitoramento e avaliação das políticas). Exposição sobre as ações nas Conferencias, conselhos, comitês.

Exposição dialogada sobre Articulação política.

Apresentação dos espaços de articulação das políticas para a juventude. Convidar representantes do movimento da juventude para dialogar com o grupo sobre os avanços e desafios na luta por direitos para a juventude e sobre como é possível conhecer e participar das ações e agendas do movimento da juventude.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Movimento feminista e movimento de mulheres Objetivo: Contribuir para a reflexão da importância do movimento feminista e de mulheres para a igualdade de direitos entre homens e mulheres e, consequentemente, para melhoria da sociedade.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Trabalho individual com tarjetas para explorar o conhecimento do grupo sobre o tema.

O momento é de suscitar o debate sobre o que significa ser feminista e movimento feminista. Utilizando tarjetas de cores diferentes, onde cada integrante deve escrever o que: o que você escuta, no seu entorno próximo, sobre: mulheres feministas? E sobre o Movimento feminista? O que você acredita que é ser feminista? O que você acredita ser o movimento feminista? A facilitadora vai colando as tarjetas para proporcionar ao grupo uma leitura visual da tendência das respostas, aproximando aquelas de sentido parecido, as mais comuns.

Exposição dialogada

Memória do surgimento do movimento feminista. Feministas que impulsionaram o movimento no mundo e no Brasil. A autonomia das mulheres, conquistas no mundo e no Brasil. Lutas atuais do movimento feminista. Como o patriarcado e o capitalismo contribuem para a desigualdade de direitos. Definição de cidadania.

Roda de diálogo

Impulsionar a reflexão entre movimento de mulheres e movimento feminista a partir das seguintes perguntas: Quais os movimentos de mulheres que conhece? Que organizações, articulações, redes e fóruns feministas você conhece? Identifica diferenças entre estes espaços de lutas? Se sim, quais? Você se considera feminista? Por quê?


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Participação política Objetivo: despertar para a importância da participação política.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Trabalho de reflexão individual

Em tarjetas, cada integrante deve responder a pergunta: o que lhe deixa indignada na sociedade? Cada integrante pode escrever em até três tarjetas. As respostas devem ser socializadas com o grupo, agrupadas por aproximação de conteúdo pela facilitadora e deixadas expostas.

Exposição teórica dialogada

Conceito de democracia. Formas de governo. Gestão Como funciona a Gestão Pública e qual o papel das Câmaras e Assembléias legislativas e do Senado. Quais as atribuições dos/das prefeitos/as, governadores/as, deputados/as, ministros/as, secretários/as e da/o presidente. Movimentos sociais O que são movimentos sociais e a importância dos movimentos para o controle social das políticas públicas. Histórico dos movimentos sociais no mundo e no Brasil e suas formas de participação política. O que são e como funcionam os sindicatos, associações, redes, grupos e organizações sociais. Os mecanismos de controle social Quais são, como funcionam e como se dá a participação do movimento social Como funcionam as conferências (municipais, estaduais e nacional). Como funcionam os conselhos, atribuições das/dos conselheiras/os. A importância do Ministério Público, como acessar. Espaços de denuncias de violação de direitos (nacional e internacional) Ações e estratégias do movimento de mulheres.

Reflexão individual

Volta às tarjetas. A facilitadora solicita que cada integrante escolha, dentro dos temas agrupados, um espaço que gostaria conhecer melhor e integrar.

Trabalho em grupo: da indignação à ação

Os grupos são formados por temas (indignações) e assumem o desafio de elaborar um plano de ação (com atividades, prazos e responsáveis) que contribua para o enfrentamento da situação que o deixa indignado.

Uma experiência de ativismo político com foco nos direitos das mulheres

Esta atividade deve ser monitorada, pela facilitadora, dois meses depois da elaboração do Plano. Visita à reuniões, encontros e ações da agenda do movimento de mulheres, da saúde, da juventude e da/do adolescente que deve ser incentivada como atividade externa. A facilitadora deve repassar informações sobre as agendas dos movimentos.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Oficina: Raça, racismo e desigualdade de direitos Objetivo: Contribuir para o enfrentamento à violação dos direitos da população negra, através da discussão e reflexão sobre o respeito à sua identidade.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Construção coletiva sobre identidade racial.

Perguntas orientadoras: • Como identificam uma pessoa negra? Quais foram as características que vocês levaram em conta para afirmar que uma pessoa é negra? • Quem deste grupo se considera negra? Por quê? • Quem não se considera negra? Por quê? • Vocês acham que todas as pessoas negras assumem sua negritude? Por quê?s

Exposição dialogada sobra a história da população negra no Brasil.

A chegada e a vivência da população negra no Brasil. A Lei do Ventre Livre. Abolição da escravatura e o contexto da população negra depois da abolição. Os movimentos abolicionistas. As formas de resistência da população negra (na dança, na religião, nos costumes, nas crenças e nas atitudes)

Roda de diálogo sobre a questão: O que é ser negra/ o no Brasil?

Conceito de raça, etnia e racismo.

Leitura coletiva, comentada.

Utilização de textos e/ou artigos de mulheres negras e/ou do movimento negro que retratem o racismo e o contexto atual.

Apresentação de dados epidemiológicos e estatísticos

Apresentar dados que forneçam informações e favoreçam o debate sobre a população negra em relação à saúde, educação , trabalho, violência e mortalidade.

Roda de diálogo sobre mídia

A população negra e a mídia. As mulheres negras como símbolo sexual. Questão: o que vendem sobre jovens negros?

O racismo no Brasil, onde identificamos. A facilitadora deve favorecer o debate de formas que o grupo socialize situações de violência racial vivenciadas ou assistidas.

Propostas do movimento negro e de mulheres negras para as políticas públicas de enfrentamento ao racismo e reparação de desigualdades. Vídeo - debate

Sugestão de Vídeo: “ Vista a minha pele”, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade. Perguntas para reflexão: Onde guardo e onde vivencio meu racismo? Ainda reproduzimos a escravidão? Onde? Em quais situações? Como vou enfrentar? Ainda existe escravidão no Brasil? Se sim, como acontece?


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Do Cunhatã para a América Latina Oficina: Massagem e aromaterapia

Objetivo: Estimular a sensibilidade para diferentes tipos de toques, aromas, afetividade, confiança e cuidados com a pele e com a/o outra/o.

Ferramenta/Técnica

Atividade / O que explorar após a vivência

Escrever ou fazer algo que expresse o que acredita ser sensibilidade e afetividade

Cada integrante é convidada a manifestar sua opinião, sentimento sobre o tema a fim de suscitar o debate sobre afetividade.

Vivência do cheiro

Cada integrante é convidada a cheirar ervas frescas (folhas aromáticas como alecrim, manjericão, menta e outras) e óleos essenciais e falar do sentimento despertado para montar uma relação dos diferentes sentimentos provocados pelos diferentes aromas. Exposição sobre a importância do olfato na saúde. Como os aromas são capazes de trazer lembranças, recordar experiências vividas.

Vivência do toque

Exposição da pele, derme e epiderme, terminais nervosos. Anatomia dos músculos e dos tendões.

Noções básicas Massagem Metamorfórica

Repasse da técnica. Prática de massagem, em duplas. Uma pessoa recebe e a outra pratica, depois inverte.

Uso da aromaterapia

Repasse de noções básicas sobre aromaterapia (identificação dos aromas e sua utilização terapêutica). Confecção de óleos e xampus, utilizando a aromaterapia.

Massagem dinâmica utilizando a aromaterapia

Repasse da técnica. Prática em duplas, utilizando os óleos confeccionados durante a atividade anterior.

Roda de conversa

Cada integrante é convidada a rever o que escreveu sobre sensibilidade e afetividade e avaliar se teria algo a acrescentar ou modificar e falar da experiência vivenciada.

Pergunta para provocar conexão interior

Você se sentiu mais feliz com qual aroma? Por quê?


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Lista de alguns vídeos utilizados na ação educativa 1. Acorda Raimundo... Acorda! Oficina utilizada: Relações de Gênero. Realização do Vídeo: CETA – IBASE/ ISER Vídeo. 2. Coleção do Programa Educação em Saúde, vídeos: Reprodução Humana (Fita 05), e Doenças Sexualmente Transmissível (Fita 02) Oficina utilizada: Fisiologia do sistema reprodutor e concepção e Doenças Sexualmente Transmissível, respectivamente. Realização: Ministério da Saúde. Contato: 0800 61 1997 / 61 – 3342.1731 3. Contracepção de Emergência Oficina utilizada: Métodos Contraceptivos. Realização: Rede Brasileira de Promoção de Informação e Disponibilização da CE. Contato: www.redece.org 4. Ficar por dentro Oficina utilizada: Métodos Contraceptivos. Realização: CEPIR – Centro de Criação da Imagem Popular. Distribuição: Ministério da Saúde. Contato: 0800 61 1997 / 61 – 3342.1731 5. Loucas pelo direito de decidir Oficina utilizada: Aborto. Realização: Grupo de Teatro Loucas de Pedra Lilás. Contato: 81 – 3421.5573 / 9959.2457

9. Proximidade e cuidado Oficina utilizada: Humanização do parto e da assistência. Realização: Ministério da Saúde. Contato: 0800 61 1997 / 61 – 3307 - 1914 10. Religião e violência contra as mulheres Oficina utilizada: Violência contra as Mulheres e Fundamentalismo Religioso. Realização: Católicas pelo Direito de Decidir. Contato: 11 – 3541 3476 11. Um dia de Vida Oficina utilizada: Humanização da assistência (parto e nascimento) Realização: Ministério da Saúde. Contato: 0800 61 1997 / 61 – 3307 1914 12. Um Mundo al Reves es posible Oficina utilizada: Movimentos sociais Realização: GO – Cotidiano Mujer Contato: www.mujeresdelsur.org.uy 13. Uma Historia Severina Oficina utilizada: Aborto Realização: Imagens Livres – Instituto ANIS Contato: 61 – 3342 - 1731 14. Vista Minha Pele

Oficina utilizada: Sistema Único de Saúde. Realização: Grupo de Teatro Loucas de Pedra Lilás. Contato: 81 – 3421.5573 / 9959.2457

Oficina utilizada: Raça Realização: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Contato: 11- 6978 – 8333 / 6978 – 2000 www.ceert.org.br / ceert@uol.com.br

7. Parteiras – A magia da Sobrevivência

15. Todos Pelo ECA

6. Nossos Direitos como usuárias do SUS

Oficina utilizada: Parto e pós parto. Realização: Grupo Curumim. Contato: 81 – 3427.2023 8. Políticas de saúde no Brasil – Um século de luta pelo direito à saúde Oficina utilizada: Sistema Único de Saúde. Realização: TAPIRI – Cinematográfica. Contato: www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/ zip/filme1/zip

Oficina Utilizada: Estatuto da Criança e do Adolescente Animação: Vida Maria Realização: VIACG Produção Digital e Trio Filmes Fundação Telefonica – www.todospeloeca.org.br

16. Parir e nascer Oficina Utilizada: Gravidez e parto Direção: Karin Berghammer – Áustria


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Do Cunhatã para a América Latina

Vídeos indicados para rodas de debate: A lista de Schindler

Garotas do Calendário

Direção: Steven Spielberg

Direção: Nigel Cole.

Resumo: O filme mostra a vida real e a trajetória do industrial Tcheco Oskar Schindler. Ao comprar em 1939 uma fábrica de esmaltados quase falida na Polônia dominada pela Alemanha de Hitler, Schindler usou suas boas relações com altos funcionários nazistas, para recrutar trabalhadores entre prisioneiros judeus do gueto da Crocóvia, passando a fornecer produtos para o exército Alemão. Quando os nazistas iniciam a “solução final” (execução em massa dos judeus), Schindler intercede junto ao comandante Amon Goth, subornando outros oficiais e garantindo tratamento diferenciado para seus operários, salvando-os dos campos de extermínio.

Resumo: Num pequeno vilarejo de Yorkshire, um grupo de amigas é subitamente abalado pela notícia de que o marido de uma delas está com câncer. Após a morte de seu companheiro, Annie (JULIE WATERS) decide bolar uma maneira inusitada de arrecadar fundos para o hospital. Ela e sua melhor amiga Chris (HELEN MIRREN) organizam então um calendário que, ao invés de contar com modelos de renome, tem as senhoras do vilarejo como protagonistas. GAROTAS DO CALENDÁRIO é um filme comovente e divertido, sobre a força de vontade e a união de grandes amigas.

Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=188

Fonte: www.uol.com.br/garotasdocalendario

Tess – Uma Lição de Vida Direção: Roman Polanski. Resumo: Baseado no romance de Thomas Hardy, Tess (Nastassja Kinski) é uma jovem que foi enviada para morar com parentes nobres distantes. Lá, ela é seduzida e abandonada por seu primo. De volta a fazenda onde morava, Tess terá que enfrentar a discriminação e a hipocrisia da sociedade diante sua gravidez inesperada. Vencedor de três Oscar e indicado a outras três categorias, incluindo Melhor Filme. Fonte: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3753


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Billy Elliot

Encantadora de Baleias

Direção: Stephen Daldry

Direção: Niki Caro

Resumo: O filme conta a história de um garoto de família humilde, que é estimulado pelo pai a lutar boxe, mas acaba se deparando, coincidentemente, com a dança. Com o apoio de uma professora, ele investe no sonho de ser bailarino, apesar do preconceito, principalmente por parte do pai e do irmão, quer terá de enfrentar. O filme quebra um tabu sobre a orientação sexual de bailarinos.

Resumo: A tribo Maori, que vive no leste da Nova Zelândia, acredita ser descendente de Paikea, o domador de baleias. Segundo a lenda, há milhares de anos a canoa de Paikea virou em cima de uma baleia e ele, cavalgando-a, liderou seu povo até um local para viver. A tradição da tribo Maori diz que o primeiro filho do chefe da tribo seria considerado descendente de Paikea e líder espiritual do povo. Porém, após a morte do atual líder, quem assume o posto é sua irmã, Pai (Keisha Castle-Hughes), uma garota de apenas 11 anos. Apesar de ser corajosa e amada por todos, Pai precisa ainda enfrentar a resistência de seu avô, Koro (Rawiri Paratene), que insiste na manutenção da antiga tradição de que o chefe da tribo deve ser um homem

Medo de quê?

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/encantadora-de-baleias

Realização: Promundo, Instituto Papai, Ecos e Salud y Género Desenho animado que apresenta a história do sonhador Marcelo e das expectativas dos seus pais, amigos e da comunidade nutrem acerca da vida do garoto. O vídeo é um convite à reflexão sobre os medos daquilo que não conhecemos bem afim de construir uma sociedade mais plural, solidária e cidadã.


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Do Cunhatã para a América Latina

Jovens que participaram do Núcleo entre 2003 e 2008 Aldecira da Paixão

Glaucia Alves

Myrella Cristina

Ana Letícia

Gleydson Tenório

Nadson de Lima

Ana Carla da Paz

Ilca Márcia

Nartache Drilly

Anna Marcelle Vitorino

Jean Paulo

Natalia de Lima

Ary Junior

Jessica Roberta

Natalice dos Santos

Bruna Rafaela

Julyenne Tenório

Nathália Vasconcelos

Chesma Diego

Karla Abigail

Nikky Cybelle

Claudia Vasconcelos

Karla Adriana

Nzinga Cavalcante

Crislane Santana

Keyla Maria

Patrícia Lima

Daniel Galdino

Lays Beatriz

Patrícia Santos

Débora Vanessa

Leandro Leal

Phamella Karline

Deivison Soares

Lisandra Aguiar

Poliana Carla

Diego Martins

Lívia Matos

Priscila da Silva

Douglas Duclere

Margarida G. da Silva

Rosemere da Silva

Edson Henrique

Mariana Pires

Simone Andrade

Elcia Freitas

Mariane de Araújo

Tamires Cristina

Eliakim Marcelino de Oliveira

Maria Rosana

Thiago Alex

Elisa Freitas

Maria Suellem

Thielly Pessoa

Eliude Vieira

Marília Gabriela

Tuany Caroline

Emmanuele Maria Pereira

Marília Lacerda

Túlio Alves

Erlânia Cristina

Michelle Alves

Viviane Priscilla da Silva

Fernando Junior

Michel Maradona

Zuleika Arruda

Geovana Pires

Mizan Lourenço

Gerlane de Lima

Mônica da Silva Marculino

Educadoras durante a ação educativa nestes oito anos • Claudia Vasconcelos • Ilca Marcia • Karla Abigail • Leandro Leal • Patricia Lima • Sueli Valongueiro

Agradecimentos a algumas educadoras e ativistas que, em alguns momentos, contribuíram durante o processo da ação educativa, tratanto de temas específicos e/ou dando consultorias: Adriana Pirro, Ana Bosch, Ana Paula Maravalho, Betania Serrano, Carla Batista, Cláudia Dantas, Claudia Ribeiro, Cristina Nascimento, Diva Matos, Gilberta Soares, Jacirema Bernardo, Katia Araújo, Laís Ferreira, Nataly Queiroz, Nele Odeur, Nubia Melo, Paula Viana, Rejane Pereira, Rogeria Peixinho, Sandra Valongueiro, Silvia Dantas e Vera Barone.


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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Glossário Abortamento – Processo de expulsão do embrião ou feto de forma provocada ou espontânea. Aborto – Produto da expulsão, do ato de abortar. Advocacy – Conjunto de ações, junto aos governos e à instituições que visam influenciar a formulação de políticas públicas. Cidadania – Conjunto de direitos e deveres que regem a vida e o modo de atuação de uma pessoa na sociedade. Comunicação – é o ato de se relacionar com uma ou mais pessoas, de forma interpessoal ou através de veículos de comunicação (rádio, TV, entre outros). Trata-se de um processo social básico e necessário para a vivência em sociedade. As formas de comunicação são as mais variadas, indo desde a oral até a gestual e a visual. Direitos – Conjunto de leis ou princípios que regulam as relações sociais, ou seja, de cada sociedade que possui suas próprias normas, as quais orientam a vida em comum. Direitos humanos – Abreviação de direitos fundamentais da pessoa humana. Compõem-se de um conjunto de direitos e liberdades básicos de todos os seres humanos, os quais devem ser assegurados de forma igualitária a todas as pessoas. Direitos reprodutivos – Direito das pessoas de decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas; Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos; Direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência. Direitos sexuais – Direito de vivenciar a sexualidade com prazer independentemente de

cor, etnia, religião, situação socioeconômica, idade, condição física, estado civil, sexo ou orientação sexual. Estado laico – nação ou país que não pauta suas políticas em questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião. Feminismo - é um movimento social e político criado pelas mulheres, o qual luta por acesso aos direitos civis, econômicos, políticos, culturais e sociais. O feminismo é composto por um conjunto de idéias políticas, que procura promover a igualdade de direitos e entre homens e mulheres na sociedade. Assim, proporciona uma lente de profundidade que permite uma leitura de gênero da sociedade, rompendo com o patriarcado. Cria a categoria gênero para se compreender a gênese das desigualdades e das injustiças, que são as relações sociais de gênero. Fundamentalismo religioso – prática intolerante que acredita em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, à premissa do diálogo inter-religioso. Homofobia – se caracteriza pelo medo, aversão ou ódio a aqueles que se relacionam afetivosexualmente com pessoas do mesmo sexo. Patriarcado – baseia-se na máxima expressão do poder do homem na sociedade, o qual é apresentado como um ser mais capaz e superior. Racismo – é uma prática na qual pessoas acreditam que as capacidades humanas são determinadas pela raça ou pelo grupo étnico. É expressado sobre a forma de uma afirmação de superioridade de um grupo social sobre outro. Pode manifestar-se de várias maneiras, sendo as mais comuns a discriminação, a violência e o abuso verbal.


Do Cunhatã para a América Latina

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Disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim

Sobre o Grupo Curumim O Grupo Curumim é uma organização não governamental. Fundada em 11 de agosto de 1989, se constituiu como entidade civil feminista e anti-racista, sem fins lucrativos ou econômicos, de âmbito nacional e duração ilimitada, com personalidade jurídica de direito privado. Seu macro objetivo é o fortalecimento da cidadania das mulheres, em todas as fases de sua vida, através da promoção dos direitos humanos; da saúde integral; dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos sob a perspectiva da igualdade étnico-racial e de gênero, da justiça social e da democracia. Para saber mais, acesse: www.grupocurumim.org.br

Sobre o IWHC A International Women’s Health Coalition (Coalisão Internacional de Saúde das Mulheres) é uma organização internacional que promove e protege os direitos sexuais, reprodutivos e a saúde de mulheres e jovens particularmente na África, Ásia e América Latina, contribuindo com o desenvolvimento de políticas de saúde. Para saber mais, acesse: www.iwhc.org

Esta publicação – Do Cunhatã para a América Latina: disseminando a experiência e metodologia do trabalho com/para jovens utilizada pelo Grupo Curumim – contou com a parceria da Brascolor Gráfica e Editora.




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