Tribo Skate #246

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S K AT E

EDIÇÃO 246 / JUL - 2016

PÁG. 58

DEXTER Questão de atitude PÁG. 28

YNDIARA ASP

E seu vasto repertório de manobras que chamou atenção do skate mundial

PÁG. 50

FREAK WAY

Três skatistas e cinco dias andando de skate pelo Rio Grande do Sul

GABRIEL LOUREIRO SANGUE, SUOR E AMOR

PÁG. 38

FS WALLRIDE

R$ 12,90

WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM

G A R A G E F U Z Z / J P D A N TA S / PA U L O G A L E R A / G E O R G E H AT O / F L ÁV I O B I E H L






ÍN DICE

TRIBO S K AT E

ANO 25 • JULHO DE 2016 • NÚMERO 246

ESPECIAIS 22. Flavio Biehl 28. Yndiara Asp 38. Gabriel Loureiro 50. Freak Way 58. Ricardo Dexter SEÇÕES Editorial .....................................................................8 Zap ............................................................................ 12 Casa Nova ............................................................ 68 Traços e Rabiscos .............................................72 Hot Stuff .................................................................76 Áudio (Garage Fuzz) ........................................78 Tecnologia e Negócios .................................. 80 Playlist (Paulo Galera) ..................................... 81 Skateboarding Militant .................................. 82

CAPA: Rampas toscas, pedregulhos no caminho, parede crua. Alguns elementos do trajeto atrapalham bem a missão de chegar o mais alto possível, voltar a manobra e se manter inteiro. Ricardo Dexter tem a manha. Fs wall ride fs grab reentry. FOTO: Rodrigo K-b-ça


RENATO SOUZA CLICADO POR PABLO VAZ

Uma plataforma, o jardim gramado, o passeio sinuoso. Backside flip sempre será um dos maiores desafios para encher o peito de orgulho do skatista de rua. Luz, câmera, ação… Tudo congelado no instante máximo. Perfeito! TRIBO SKATE•7


JOVANI PROCHNOV

E D ITOR IAL

ZENE SACHS, FS HURRICANE

EU VIA O 'VIA'

V

ocê sabia que o sabiá sabia assobiar? Tanto o título

dentro de um ambiente que envolve esportes como corrida de

deste editorial como esta frase inicial servem pra

rua, ciclismo, futebol, tênis, golfe e outros. Assimilamos os valores

descontrair. Muitas vezes parece que tudo está

da Norte Marketing Esportivo e aos poucos vamos incorporando

muito sério, porque a máquina não pode parar

e recuperando importantes conceitos aqui na Tribo Skate e no

e tudo fica restrito à praia dos negócios. Fala-se

triboskate.com.br (e os derivados das redes sociais). Quem é leitor

muito em crise, na necessidade de se equilibrar forças, em como

da Tribo Skate há mais tempo, sabe o que era o Via e quanto era

recuperar seu poder de fogo, em como investir ou se reerguer sobre

divertido ler as pequeníssimas letras próximo à lombada da capa,

novos valores. Todo mundo preocupado em garantir seu filão,

na vertical. O “non sense” (falta de sentido) dava o tom do espaço

do mais modesto skatista ao empresário mais arrojado. Na última

e muitos leitores viravam a revista de lado no primeiro instante

eleição para presidente do Brasil, o país se dividiu, amigos viraram

que a pegavam, pra dar aquela risadinha antes de cair de cabeça

inimigos, aliados viraram delatores e o circo foi pegando fogo,

no conteúdo da revista. Características como esta, fizeram a

com a instalação de tempos duros e a busca do essencial. Eu via

Tribo Skate criar um estilo próprio, bem a cara da rua e das

o Via e o ainda hoje posso recorrer a este oráculo do besteirol pra

pistas, onde o skate é a brincadeira mais legal, mas sempre com

quebrar esta massa pesada que é o mundo sério do mercado e do

suas propostas transformadoras e seu lado sério e contestador.

“business”. Hoje como em muitas outras épocas do desenvolvimento

Marcamos nesta edição a estreia do novo projeto gráfico criado

do skate, nossas forças criativas são colocadas em cheque, mas

pelo artista Oga Mendonça, como anunciado na última edição,

continuam surgindo ideias novas e soluções diferentes para antigos

um diretor de arte e multimídia com trabalhos nas editoras Globo

problemas. O show deve continuar. Com a aproximação dos 25 anos

e Abril, além de incursões em outros universos da artes urbanas

da revista, processamos as novas realidades para oferecer

e visuais. Vamos que vamos! 25 anos de skate na veia!

um produto cada vez mais necessário, mais antenado com os tempos atuais, mais relevante – para leitores e anunciantes. Com base em toda a propriedade cultivada nesta longa história, apresentamos o novo projeto gráfico deste diamante raro que gerou a plataforma de comunicação Tribo Skate, hoje integrante de uma empresa que usa o esporte como ferramenta para melhorar a vida de todos, combatendo o sedentarismo e promovendo a saúde. Estamos ao lado da revista O2 e do portal Ativo.com, 8•TRIBO SKATE

CESAR GYRÃO

Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991



AQ U EC IMEN TO

S K AT E

ANO 25 • JULHO DE 2016 • NÚMERO 246 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Felipe Telles

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Ana Notte

GERENTE DE CONTEÚDO

Renato Pezzotti EDITOR

Junior Lemos SITE

Sidney Arakaki

DIRETOR DE ARTE

Fernando Pires

EDITORA DE ARTE

Renata Montanhana

EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ricardo Soares PRODUTORA

Carol Medeiros

CONSELHO EDITORIAL

Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO

triboskate@triboskate.com.br COLABORARARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO

Diogo Groselha, Guto Jimenez, Helinho Suzuki, Jovani Prochnov, Pedro de Luna, Rodrigo K-b-ça e Sidney Arakaki. FOTO

André Matos, Diogo Groselha, Fábio Bitão, Felipe Puerta, Fernando Gomes, Gabriel Trevizan, Helge Tscharn, João Brinhosa, João Eduardo Pat, Jovani Prochnov, Kurt Nischel, Leandro Moska, Pablo Vaz, Ricardo Soares, Rodrigo K-b-ça, Sidney Arakaki, Stefan Jose, Tadeu Ferreira e Vinicius Branca. COMERCIAL

Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) Cezar Toledo (cezar.toledo@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES

ANDRÉ SAID, BS BOARDSLIDE CORRIMÃOS DUPLOS SÃO SEMPRE PERIGO EM DOBRO. UM DOS PÉS OU PERNAS NÃO PODE ENROSCAR, SIMPLES ASSIM. ANDRÉ SAID, ENCARA OS CANOS IGNORANDO O ESPAÇO ENTRE ELES. FOTO FELIPE PUERTA

Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS

www.assinenorte.com.br/faleconosco

Endereço: R. Estela Borges Morato, 336 Limão – CEP 02722-000 – São Paulo – SP IMPRESSÃO:

Leograf

www.triboskate.com.br

A revista Tribo Skate é uma publicação mensal da Norte Marketing Esportivo

As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.



TRIBOSK ATE.CO M .BR

VANS PARK SERIES DEPOIS DE INICIAR EM MELBOURNE, NA AUSTRÁLIA, O CIRCUITO DESEMBARCOU NO BRASIL E AGORA SEGUE PRA VANCOUVER, CANADÁ. A etapa brasileira do Vans Park Series aconteceu na nova pista de Florianópolis, na Costeira. A competição foi vencida pelo anfitrião Pedro Barros.

HELGE TSCHARN

O destaque do Vans Park Series foi o skatista amador Miguel Oliveira, que ficou na quarta colocação. Dias depois do campeonato teve seu vídeo de boasvindas na Creature Brasil lançado e mostra que não é só um pistoleiro robótico.

PEDRO BARROS, FS AIR

“Eu tinha ficado um pouco de saco cheio de viajar só pra competir e fazer conteúdo descartável, que você tá na trip, vai lá, corre o campeonato, faz umas fotinhos, já lança. E não é um negócio que você vai ver daqui um tempo e vai curtir, como uma entrevista impressa ou então uma parte de vídeo que a galera lembre e que tenha umas coisas que 12•TRIBO SKATE

inspire pessoas que estão começando. Eu acho isso muito maneiro, tô vendo isso como um novo desafio. Ter essa parte e estar na Crail, que é uma marca que eu admiro pra caramba toda a história e fico felizão de fazer parte do vídeo deles.”, Nilo Peçanha, sobre sua participação no vídeo da Crail, programado para ser lançado ainda em 2016.

RICARDO SOARES

EXCLUSIVA COM NILO PEÇANHA


MONICA TORRES

Na Mountain Dew Brasil

WHAT'S UP Informe-se e tenha argumentos para discutir nas redes sociais!

A Freedom Fog agora conta com a direção de marketing do skatista profissional Humberto Oliveira. Beto chegou contratando os promissores Higor Conti e Ruan Tavares, fechando o time para 2016, com Diego Oliveira, SIDNEY ARAKAKI

Willian Seco, Leonardo Spanghero e João Formiguinha.

A MOUNTAIN DEW fechou o time para a temporada 2016. Lucas Xaparral, Mônica Torres e Wilton Souza se juntam a Tiago Lemos e Luan Oliveira na marca de refrigerantes “fora do comum”. “Eu li o contrato umas dez vezes pra acreditar que era Mountain Dew mesmo. Como o Luan (Oliveira) falou, que não imaginava ir tão longe com o skate, eu sou a mesma coisa. Eu achava que o skate só ia me dar liberdade, mas me deu muito mais coisas. Me deu uma família, amigos. É um trabalho e eu amo fazer isso” - Monica Torres

XAPARRAL

TAMBÉM ESTÁ COM NOVO PATROCINADOR DE TÊNIS. AGORA ELE CALÇA VANS!

lançados pela John Roger, com direito a partes de vídeos.

RICARDO SOARES

NOVAS AQUISIÇÕES

Rogério Febem, Anderson Camargo e Gian Naccarato tiveram seus promodels de bonés

No mês de julho a marca Make completa quatro anos e passou por uma reformulação no time. Os skatistas agora são o profissional Willian Seco e os amadores Sergio André, Wellington Pão e Rafael Ramos.

O skatista profissional Murilo Romão lançou seu vídeo Flanantes, um curta-metragem com manobras e muitas informações para serem refletidas.

Luan Oliveira, Tiago Lemos e Carlos Ribeiro foram finalistas na etapa alemã da Street League em Munique, mas o campeonato foi RICARDO SOARES

vencido por Paul Rodriguez. Luan ficou em segundo, Tiago em quinto e Dudu em sétimo. Kelvin Hoefler e Felipe Gustavo estão se recuperando de lesões. TRIBO SKATE•13


ZAP

DOUBLE TAP POR @VINICIUSBRANCA

A TAREFA DE UM FOTÓGRAFO EM LIDAR COM O DIA A DIA DA PROFISSÃO PASSA TAMBÉM POR SITUAÇÕES QUE SÃO COMUNS PARA A TODOS, INCLUSIVE QUANDO BATE PESADO AQUELE SONO. E PARA DESCONTRAIR, VINICIUS BRANCA TAMBÉM FICA ATENTO AOS MOMENTOS EM QUE AS PESSOAS ESTÃO BEM "JAHJAH"!

1 AQUELE FIM DE TARDE

2 COMPANHEIRO É COMPANHEIRO

3 EURO TRIP

4 HORÁRIO DE ALMOÇO

5 BOA NOITE, DIA

6 ROOSEVELT

EXPE RIÊ N CIA É TU D O

DO DIGITAL PARA O IMPRESSO IG1: Creativity Reflected é o tema da primeira revista (em formato de livro) que o Instagram lançou mês passado e a foto que ilustra a capa é de um brasileiro. (@willkhalifaman) William Gonçalves é um paulistano de 27 anos da Zona Sul que alimenta sua conta no aplicativo com fotos de poças d'água e temas que encontra nas ruas de 14

•TRIBO SKATE

SP e por isso tem uma relação direta com o skate, além de ser atualmente um dos vendedores da Forever Skateshop. A publicação compila imagens de contas do mundo todo e destaca o trabalho feito por marcas, pequenas e médias empresas, agências de propaganda e outros membros criativos dessa imensa comunidade global.



FAQ GEORGE H ATO

O SK ATE COMO POLÍTICA PÚ B LICA ALGUNS DOS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DO SKATE EM SÃO PAULO, NOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS, TIVERAM SUA ATENÇÃO. A REFORMA DA PISTA DA SAÚDE, EVENTOS COMO O DC INVITATIONAL E O RECENTE FILME DA VOLCOM NA PRAÇA ROOSEVELT, SÃO APENAS ALGUNS EXEMPLOS. GEORGE HATO TORNOU-SE UM NOME RELEVANTE EM NOSSO CENÁRIO, TAMANHO SEU ENVOLVIMENTO COM AS CAUSAS DO SKATE, SEJA A CRIAÇÃO DE PROJETOS DE LEI PARA QUE OS NOVOS SKATEPARKS TENHAM ACOMPANHAMENTO TÉCNICO EM SUAS CONSTRUÇÕES OU AS NECESSIDADES MAIS ELEMENTARES, COMO SUPORTE A ESCOLINHAS E CAMPEONATOS LOCAIS, CAMPANHAS POR SEGURANÇA, ETC. MÉDICO DE FORMAÇÃO, POLÍTICO POR VOCAÇÃO E SKATISTA DE CORAÇÃO, HATO ESTÁ EM SEU PRIMEIRO MANDATO, MAS JÁ DEMONSTROU O QUANTO PODE SER FEITO PARA TORNAR A VIDA NA CIDADE MAIS HUMANA E PROVEITOSA.

TEXTO CESAR GYRÃO X FOTOS TADEU FERREIRA

16 • TRIBO SKATE

George, quais são suas primeiras lembranças ao conhecer o skate? Meu primeiro skate eu ganhei quando eu ainda era criança. Meu pai comprou na Surf Combat, na Avenida Bom Pastor, no bairro do Ipiranga. Lembro que quando cheguei na loja não entendia nada, só sabia que queria comprar um skate e fiquei perdido no meio de tantos shapes, eixos e rodas diferentes. Depois de comprá-lo, minha mãe começou a me levar na pista de skate da Saúde, que ficava do lado da minha casa e lá comecei a tentar as primeiras manobras. Além da pista da Saúde eu também andava em Bertioga, porque lá tinha uma galera que andava e eu tentava andar numa rampa que a galera gostava de saltar mandando as manobras daquela época.

Quais skatistas eram suas influências na cidade e no país? Uma das minhas grandes influências no skate foi o Lincoln Ueda. Claro que eu nunca cheguei nem perto de andar como ele (risos), mas sempre admirei a maneira dele andar, sempre tentando superar os seus limites de altura nas manobras. Devido a sua importância e relevância para a história do skate, tive a iniciativa que foi aprovada em plenário da Câmara de Vereadores de São Paulo homenageando-o com o título de “Cidadão Paulistano” e estou apenas esperando um espaço na agenda dele para entregar o título de maneira oficial.


Nos últimos anos o skate consolidou-se como uma grande ferramenta de inclusão social, por suas características esportivas, pela educação e por ter um mercado sólido. Qual o papel do vereador para potencializar a inclusão social?

À DIREITA: A ladeira do Museu do Ipiranga estava precisando de segurança. Hato encaminhou o projeto de lei que espera implantação ACIMA: Rolêzinho no Parque Chácara do Jockey e com Ed Scander, vice-presidente da CBSk

Como seu pai é médico, você acabou seguindo a medicina, mas também outra veia familiar, a política. Quando você decidiu esse caminho, entendendo que poderia fazer a diferença na Câmara de Vereadores? A carreira de médico é maravilhosa e gratificante porque você tem a possibilidade de ajudar muitas pessoas, mas com o tempo fui percebendo que a ajuda que eu proporcionava tinha um alcance muito restrito à comunidade que o hospital atendia. Com a política eu vislumbrei uma possibilidade de poder ajudar mais pessoas num território mais amplo, pois como vereador da cidade de São Paulo posso ajudar não só na área de medicina mas também em outras. Além de trabalhar para ajudar o pessoal do skate e outras comunidades esportivas eu também ajudo, por exemplo, hospitais, centros de saúde e comunidades carentes da periferia através da criação, votação de leis, destinação de recursos do orçamento da prefeitura para obras ou compras de equipamentos para hospitais, etc.

A função do vereador é criar leis que melhorem a vida da população na cidade e cobrar do poder público por ações que atendam as demandas da população. Tenho recebido muitas demandas da comunidade do skate por mais projetos sociais na cidade de São Paulo. Um dos projetos que mais ajudo, por exemplo, é o belo Anjos Guerreiros do Sérgio Pato. Eu como vereador oriento a respeito das possibilidades de ajuda que o poder público pode fornecer e levo os projetos ao conhecimento do poder executivo. Também tento conseguir através de minha emenda parlamentar, apoio da prefeitura para os eventos realizados por esses projetos de inclusão social.

Uma de suas obras mais recentes foi a transformação de um antigo mini half pipe sem uso no Cingapura da Imigrantes num local frequentável e com a escolinha de skate com o Wilson Neguinho. Como recuperar as áreas degradadas e envolver as pessoas? Não é fácil para um vereador, porque depende muito da vontade política da prefeitura e os processos são demorados e burocráticos. É difícil encontrar pessoas que continuem acreditando no projeto quando ele começa a tornar-se vagaroso e cansativo, mas tenho insistido e acreditado muito nos projetos que tenho apoiado e os resultados aos poucos estão acontecendo. A população que está recebendo essas benfeitorias está contente com os resultados e aos poucos está ficando mais fácil envolver mais pessoas.

Veja a entrevista completa no triboskate.com.br

→ CONTATO: facebook.com/georgehatovereador Instagram: @georgehato15 E-mail: gvhato@camara.sp.gov.br TRIBO SKATE • 17


ZAP

NOLLIE FS CROOKED NOLLIE HARDFLIP OUT

18•TRIBO SKATE


JOÃO EDUARDO PAT

LIN H A VE R M ELH A

JP DANTAS

A ESCOLA DO JP É O CENTRO DE SÃO PAULO, ONDE CRIOU UMA BAGAGEM IMENSA DE MANOBRAS E DE CULTURA. AQUELE CONHECIMENTO PROFUNDO DE COMO FUNCIONAM AS COISAS PARA QUEM QUER SE SOBRESSAIR ANDANDO DE SKATE (O SEU CASO), OU APENAS SER FELIZ. JÁ FOI ANJINHO, MAS HÁ MUITO TEMPO FIRMOU SEU NOME DE GUERRA COMO JP DANTAS, O ÚNICO. (GYRÃO)

FOTOS VINICIUS BRANCA

(FELIPE THIAGO) _ Agora você está na Blaze, que está lançando o vídeo Ceremony com parte sua. Onde foram feitas as filmagens? Seu estilo de skate é mais de rua, curte andar em pista também? JP_ Exato! Tô muito feliz em fazer parte desse novo projeto, onde me dou bem com todo mundo do time interno e externo da marca. Alguns dos skatistas são franceses e vieram pro Brasil filmar por aqui também, o mesmo aconteceu com a galera do Brasil. Rolaram umas trips pra Euro, pra produzir pro vídeo também, mas muita coisa tem sido filmada no Brasil mesmo. Tem interior de SP, Brasília, Paris, Lyon, Barcelona, Saragoza e por aí vai, depende de onde a galera estava disposta a registrar as tricks. Tenho certeza que o resultado final do vídeo vai ser legal, porque dá pra ver a preocupação com a qualidade de imagem, tanto do time de skatistas quanto dos videomakers que fizeram parte do projeto. Setembro tá aí; tô ansioso pra ver tudo também (risos). Gosto mais de andar de skate na rua porque moro no Centro de SP e é mais acessível pra mim, não porque sou o streeteirão mas a minha viagem mesmo é mais filmar, tirar uma foto e tal, então se eu vou sair do Centro vou em algum pico pra registrar ou fazer um rolê. Não faço o corre de sair

pra procurar uma pista, mas se aparecer no meio do rolê a gente anda; eu curto é andar de skate. Se a pista for style, por que não dar um rolê, né? Tipo a da Saúde, por exemplo! (RAFAEL PEREIRA) Vi que você vem direto pra Salvador, qual a sua ligação com o nosso estado? JP_ Tenho patrocínio da Orig Skateshop e a loja física fica em Salvador, então sempre que rola alguma ação da loja dou um pulo por lá. E o clima do lugar é style, tem muitos picos pra andar e a galera é sangue nobre. Valeu, Salvador! (RAFAEL DALLA) Qual manobra você demorou mais para acertar ou qual manobra em um pico que você teve mais trabalho para gravar e acertar? Abraço JP, sou seu fã e você é uma inspiração para o meu rolê! JP_ Pô, valeu Rafael! Style ler isso cara, tamo junto. Então, não sei ao certo porque tem várias situações. Quando se está focado em filmar, podem ter mil coisas contra, mas você quer tanto aquilo que vai e não importa quantas vezes tenta a trick. Tem umas que demoram horas mas o psicológico foi esmagado com segurança, pico difícil, ou os rolas. E tem umas que você sabe que consegue mas simplesmente não TRIBO SKATE • 19


ZAP JOÃO PEDRO DANTAS

25 anos, 16 de skate São Paulo, SP (DC Shoes, Blaze Supply, Crystal Grip, Orig Skateshop e Class Hats)

acabou que por hora fica difícil tocar pra frente. Quem sabe um dia não vira uma hamburgueria (risos). Mas por hora vamos de flipinho. (GUGA REIS) Qual pico de rua você mais curte andar no Centro de SP? JP_ Depende do que eu tiver querendo no dia. Se tiver afim de dar manobra de truck, dou um pulo na Sé que não tem borda igual no Centro! Pra escorregar de shape é só descer ali no Vale, mas aquele solinho na Roosevelt e encontrar a galera depois do rolê pro happy hour sempre me pegam!

consegue (risos). Por exemplo uma no Anhangabaú, que só consegui acertar na quarta sessão. Mas tenho certeza que se tivesse acertado no primeiro dia não teria ficado tão feliz quanto fiquei. Acho que esse lance de demorar numa trick faz ela ter mais valor e a coisa fica mais prazerosa! Então não vale a pena se indignar quando não rolar no primeiro rolê. Quando vê, essas coisas acontecem só pra você aproveitar mais o momento depois! (ANDRE HENRIQUE) JP Dantas, diz aí: como é que você se vê, em relação a sua evolução monstra no skate? JP_ Valeu (risos). Putz, sei lá cara. Me vejo normal, como você também! Pego meu skate e vou tentando as tricks. Tem dias que estão mais pra tal tipo de manobra, então não adianta forçar um flip se o dia tá pra heelflip (risos). A coisa tem que ser natural, se não der, não força! (JULIO MOTA) O que é aquela parada que você tem com bacon e

hambúrguer? Lembro que vi em uma feirinha no Elevado, mas não ouvi mais falar depois. JP_ É o Bacon Lovers, um projetinho no qual fizemos uns hambúrgueres mas esse lance não rola mais no Elevado. Sou amante do bacon e do hambúrguer, daí eu e minha mulher pensamos: “por que não juntar os dois (risos)?” Fizemos umas vezes em casa e outras nessa feira livre do Elevado, mas eu com os meus corres e minha mina com os dela, 20•TRIBO SKATE

(LUCAS SILVA) Pelo skate, você trocaria o Brasil pelos EUA? Por que? JP_ Hoje em dia não trocaria, por me ver numa situação estável por aqui. Sou feliz nas marcas que chegam junto comigo. Aqui sou próximo da família e não preciso me desdobrar que nem um condenado pra ser flow de uma marca por mil anos lá fora e depois ganhar 1000 dólares pra ter que pagar aluguel, comer e por gasolina no carro dos outros. Acho que já tô velho pra isso (risos). Mas não há dúvidas pra um moleque de 15, 16 anos se jogar. O game lá realmente é maior que o nosso, tem marcas respeitadas e que são realmente marcas de skate e tal, pra se acreditar e querer fazer o trampo. E tem o fato dos donos de marcas do Brasil serem tão burros em relação à respeito e consideração com o cara que vai levar no peito a marca, dar conceito e direcionar a marca dele nas ruas. Não ajuda em nada o fato da molecada querer ter raiz no pais de origem, mas tenho fé que isso mude. Ou está mudando com a galera que já fez o corre lá fora e está voltando ou ficando mais no Brasil, indo pra América só pra trampar e voltar, tipo o Rodrigo (TX), o Luan (Oliveira), o Ortiz, o Cerezini e tantos outros. Mostram que a janela da internet tá aberta aí, podemos fazer um trampo bom e de qualidade por aqui que o mundo inteiro vê e compartilha, como canais tipo o Ride Channel, o Hella Clips e etc. Só tem que passar no controle de qualidade; vai de você e como você quer sua imagem vinculada, né? Não adianta filmar com qualquer um ou em qualquer lugar, se tiver afim de “fazer o corre”. Mas aí cada um, cada um. Skate é livre! Só andar, isso é o que importa mesmo no final! (ANDERSON GOMES) O que você faz quando não está andando de skate ou fazendo qualquer outra coisa relacionada a ele? JP_ Sou meio viciado em skate, tento sempre estar andando! Se eu não tiver na rua com o skate é porque tô pagando conta, fui dar um rolê com a minha mina ou fui visitar minha mãe. Caso contrário, tô de manhã marcando sessão pra sair na hora do almoço e dar minhas caneladas (risos).



M OTIVADOR ES

WALLRIDE Por cima da porta e sobre o graffiti do amigo Nathan, para revista Heelside, 2013

22•TRIBO SKATE


FL AVIO BIE HL

ENERGIA BR A SI LE I R A N A AU S T R ÁLI A DEPOIS DE CORRER MUITOS EVENTOS NO RIO GRANDE DO SUL, FAZER FACULDADE EM SANTA CATARINA, FLAVIO BIEHL SE MANDOU PARA A AUSTRÁLIA EM FUNÇÃO DO SKATE. MAIS DE UMA DÉCADA DEPOIS, SUA ESCOLINHA É UMA REALIDADE QUE INSTIGA CRIANÇAS E ADULTOS A ANDAR DE SKATE E CONHECER A SUA CULTURA.

TEXTO CESAR GYRÃO

A

ntes de aportar na Austrália, você morou em Floripa. Quando foi a mudança? Mudei pra Floripa em 95, foi uma mudança importante pra mim. Foi quando comecei a entrar mais em contato com a natureza e desenvolver meu lado espiritual. Nasci em Esteio e mudei pra Florianópolis depois que acabei a escola, pois passei no vestibular da faculdade UDESC (fisioterapia) e minha família acabou mudando pra lá.

Quando e como foi sua ida para a Austrália? Mudei pra Austrália em 2004. O objetivo era fazer a cobertura do Globe World Cup para a Tribo Skate e o site da Qix. Você (Gyrão) e o Ramon (Qix) me ajudaram com a papelada do visto e tudo aconteceu muito rápido; em questão de 10 dias estava desembarcando na Terra dos Cangurus. Como aconteceu de última hora, cheguei atrasado e perdi o evento. KURT NISCHEL

Mas tudo aconteceu por acaso e me apaixonei pelo país e a cultura australiana, estou aqui até hoje. O objetivo sempre foi o skate e foquei muito nele, me envolvendo na cena local desde o início. Minhas primeiras amizades nos skateparks, fui participando de vários campeonatos e tive alguns patrocínios que me abriram muitas portas. Hoje tenho a minha escolinha de skate em um lugar especial chamado Byron Bay, a 30 minutos da Gold Coast.

O trabalho de conclusão do curso de fisio era para reabilitação de pacientes de esportes de ação? Sim, escolhi fazer o curso pois já tinha algumas lesões na época e queria muito aprender como o corpo funcionava, e como curar lesões. Estudei minhas lesões a faculdade inteira TRIBO SKATE•23


M OTIVADOR ES

STEFAN JOSE

HANDPLANT Navio encalhado em Byron, símbolo famoso da cidade. O dia em que Flavio virou celebridade na área

SEM PENS AR DUA S V E ZE S P ULE I N A ÁG UA DE C ALÇ A , M O LE TOM E T Ê N IS e acabei fazendo o trabalho de conclusão em cima do problema

atletas profissionais e amadores. Foi muito bom poder ajudar

que tinha no meu ombro. Saber como o corpo funciona é muito

outros skatistas a se recuperar e aplicar o que aprendi.

importante e hoje em dia eu agradeço muito a oportunidade de ter esse conhecimento.

Você conhecia o Rodrigo K-b-ça quando ainda morava em Esteio? O Rodrigo K-b-ça era parte da minha turma de skatistas de Esteio.

Além do Marcelo Barnero, quais outros skatistas conhecidos que você fez tratamento? Fez atendimento de fisioterapia em eventos?

Aprendemos a andar de skate juntos e participávamos de todos

O conhecimento que adquiri com o curso de fisioterapia foi

importante da minha vida, e essa turma de amigos foi a maior

muito importante pra mim; acabei tratando meu ombro e joelhos

influência que tive para me tornar a pessoa que sou hoje.

os campeonatos locais. Essa época foi provavelmente a mais

durante a faculdade. Logo que me formei, comecei a trabalhar tratando os competidores e oferecendo todo auxílio técnico. E

Quais foram os skatistas da área de Esteio e entorno, incluindo Porto Alegre, que lhe eram referências?

também escrevia uma coluna de saúde pro site da marca. O

Eu tive muitas influências na época. A galera de Esteio andava

Barnero estava machucado uma época e acabei fazendo um

muito e todo mundo me inspirava. O Duka, por exemplo, mandava

tratamento intensivo com ele, pois não queria perder meu parceiro

manobras que ninguém nem imaginava serem possíveis naqueles

de sessions. Fiz tratamento com o Oscar Mad também e outros

tempos. O Biano Bianchin sempre foi uma inspiração muito forte

como fisioterapeuta nos circuitos amador e profissional da Qix,

24•TRIBO SKATE


ARQUIVO PESSOAL

OLLIE AIRWALK Em uma das rampas do projeto

pra mim também e ele era de São Leopoldo, cidade vizinha.

entre diferentes esportes incluindo skate e surf. Eu chego na

Lembro desde a época que ele começou a correr os campeonatos,

escola com os obstáculos, skates e capacetes e fazemos as aulas

era muito pequeno e andava muito, sempre com muita velocidade.

nas quadras. As aulas são muito legais - as crianças curtem muito.

E hoje em dia ele continua representando forte, é referência do

As aulas na Byron High School, por exemplo, são demais. A média

skate brasileiro.Tenho muito respeito e admiração por ele.

de idade é 13 e os moleques andam muito. Espero a semana toda por essa sessão! Às vezes nem acredito que a escola me paga

Quando você começou a escolinha?

pra fazer isso. Também faço classes depois do horário escolar, em

Comecei a dar aula de skate em 2010. Fiz um curso de instrutor

diferentes skateparks locais. Cada dia um skatepark diferente.

na época e comecei a trabalhar pra extinta SBA (Skateboarding daqui e oferecia classes de skate gratuitas em todos os skateparks

Você monta suas próprias rampas e as leva para as atividades em sua van. Nas férias você promove skate camps com a criançada em local fixo?

locais. Mas a SBA era bancada pelo governo e há três anos fechou

Nas férias escolares eu faço o Day Camp, onde levo as crianças

por combinação de má administração e falta de verba. Foi aí que

pra uma tour nos skateparks locais. Viajamos em uma van das 9

decidi iniciar a Byron Bay Skateboard School. Esse ano comecei

da manhã até 5 da tarde visitando os melhores skateparks da área.

a trabalhar em um projeto muito legal chamado Skate All Day,

Estou trabalhando em um projeto com um amigo meu e até o final

criado pelo skatista profissional de vertical Trevor Ward. O projeto

do ano estaremos fazendo o acampamento de verdade, onde as

tem por objetivo oferecer aulas de skate em todos os skateparks

crianças dormem no sítio onde já temos uma minirrampa coberta.

Australia) que foi iniciada por um grupo de skatistas profissionais

da Australia, muito parecido com o que SBA estava fazendo mas sem depender do governo. Em quatro meses já temos mais de 400

Quanto tempo de surf? Em Floripa também surfava?

crianças participando do projeto e está crescendo muito rápido.

Comecei a surfar praticamente no mesmo ano que comprei meu primeiro skate. Amo muito o surf e a conexão que ele me traz com

Além destas iniciativas mais diretas nos picos, você também participou de aulas em escolas públicas para turmas grandes. Como foram?

a natureza. Engraçado que na época que morei em Esteio eu não

Eu dou aulas em escolas públicas e privadas, como uma opção de

eles não gostavam de surfistas. Era uma atitude normal na época.

educação física. Os estudantes das escolas daqui podem escolher

Quando mudei pra Floripa, foi completamente o contrário, fazia

podia falar pros meus amigos skatistas que eu surfava, porque

TRIBO SKATE•25


M OTIVADOR ES FLAVIO BIEHL

FS BONELESS Bowl secreto, Floripa 2015

41 anos, skate desde 1985 De Esteio/RS, mora em Byron Bay/Austrália Fisioterapeuta, criador da Byron Bay Skateboard School (Apoio: Öus)

Vocês acabaram fazendo uma parceria para cobrir os eventos de Bondi Beach para a Tribo Skate. Jun com texto e você com as fotos. O quanto estes eventos agitam a cena australiana? A moral dos brasileiros nestes eventos é realmente alta? Eu tento ir pro Bowlarama todo ano e é uma oportunidade de visitar meus amigos em Sydney. Esse ano foi muito legal fazer essa trip com o Jun, representando a revista Tribo Skate. Descemos de carro (10 horas) parando em alguns skateparks no caminho. Os brasileiros têm muita moral aqui, sempre representando forte. O Pedro Barros, por exemplo, é o ídolo de muitos australianos que conheço.

Recentemente você passou a ter apoio para a sua escolinha da Öus, através de um representante da marca no país. Como está sendo esta experiência? O meu amigo Rodrigo, que está trazendo a Öus pra Austrália, está me dando um apoio bem legal. Além de me apoiar com pares de tênis pro meu uso, ele também está apoiando os campeonatos que eu organizo. Tenho feito três ANDRÉ MATOS

campeonatos por ano nos skateparks locais e o objetivo é o de crescer o número de eventos.

Como foi o evento que você venceu em 2007? Participei de vários campeonatos aqui, e esse foi com certeza o mais especial. O evento foi parte das comemorações da abertura da temporada de ski de 2007, na cidade chamada Jindabyne que é localizada em região que neva.

sessões na minirrampa da Praia Mole e ia surfar depois. Esta

O campeonato foi feito pela Red Bull em uma estação de ski local

rampa foi, na minha opinião, uma influência forte na mudança de

chamada Thredbo. Eu estava morando lá durante a temporada, que

mentalidade dos skatistas em relação ao surf.

dura quatro meses. Eu fazia snowboard e andava naquele skatepark quase todo dia. No dia do campeonato tava chovendo e muito frio,

Há pouco tempo você conheceu um brasileiro que mora na Austrália faz muito tempo e que é uma das lendas do skate nacional, além do surf, o Jun Hashimoto (campeão brasileiro de bowl e criador da Stanley, entre outras coisas). Como foi o encontro com ele?

mas eles resolveram fazer assim mesmo. Tem um bowl grande lá

Conheci o Jun aqui em Byron. Ele mudou pra cá faz uns 6 meses e

quando recebi o apelido de “Flav nuts, the crazy Brazilian” (risos).

que estava molhado, e muito escorregadio. Ninguém usou o bowl e na final eu mandei um nosepick que ninguém acreditou. Depois de duas quedas feias acabei voltando em um invert também. Foi

nos conhecemos através de um amigo em comum. Foi mais uma Temos uns projetos e pode ser que num futuro próximo estejamos

Você nadou com seu skate até o “The Wreck” o navio encalhado na baía de Byron para fazer a foto do invert e causou emoção. Como foi esse dia?

fazendo alguma coisa juntos.

Tem esse navio encalhado em Byron que é o monumento da

daquelas surpresas da vida e agora estamos muito na parceria.

26•TRIBO SKATE


ARQUIVO PESSOAL

TURMA DE BYRON BAY SCHOOL

OS M OLEQUE S AN DAM MUITO. E SPE R O A SEMANA TODA P O R E S S A SE S S ÃO ! cidade. Um fotógrafo local, que também é meu amigo, me ligou

que usamos pra me puxar; dessa maneira consegui velocidade

um dia de manhã e disse que tinha essa ideia. Queria fazer uma

suficiente e finalmente acertei a manobra. O Nathan é o cara que

foto minha mandando um invert no final de tarde. Ele falou que a

tá com a máscara na foto. Ele que fez o graffiti. E o desenho fala

localização era no navio, mas pensei que era no estacionamento.

“mind over matter” que significa o poder da mente sobre a razão.

Quando cheguei lá ele estava de roupa de borracha, pé de pato e a

Com certeza um momento muito especial pra mim.

câmera na underwater case. Pra minha surpresa ele me informou duas vezes pulei na água de calça, moletom e tênis. Nadei até o

Qual sua frequência de visita para a família e amigos aqui no Brasil? Pretende fazer intercâmbio de sua escolinha com iniciativas brasileiras?

navio com o skate no braço. Sinceramente, não foi fácil, mas valeu

Floripa com certeza é minha “home”. Minha mãe e meus irmãos

muito a pena.

moram lá e é sempre muito bom poder passar as férias com

que a ideia era eu mandar o invert encima do navio. Sem pensar

eles. Infelizmente tenho feito visitas a cada quatro anos, mas

Uma das fotos desta entrevista saiu na revista Heelside. O wallride sobre a porta. Como foi essa produção?

estou tentando voltar mais frequentemente, pois o contato com

Desde moleque eu sempre tive a ideia de mandar um wallride por

todo o supporte que tive de família e amigos, que fizeram essa

cima de uma porta. Aí, um dia, meu amigo Nathan me mostrou

experiência possível. O fato de ter vindo pra cá com minha

aquele graffiti que ele tinha feito, eu vi a porta e falei “nossa esse

namorada na época, a Shaiani, foi também fundamental pra

é o pico”. Eu mandei um email pro editor da revista Heelside, que

realização dessa jornada. Às vezes tudo que precisamos é de

eu já tinha conhecido através de um patrocínio que eu tinha. Ele

alguém pra nos dar um empurrão e fazermos acreditar que sonhos

abraçou a ideia, construimos a rampa e contatamos o fotógrafo.

são possíveis. Com certeza, num futuro próximo, vou levar as

No primeiro dia ficamos lá umas duas horas e não consegui voltar

crianças australianas numa tour ao Brasil, e será demais trazer

porque não tinha muito espaço pra pegar embalo e não conseguia

brasileiros pra cá, também. O Jun me falou do projeto que o Sandro

velocidade suficiente. Voltamos no outro dia com um uma moto

Dias faz no Brasil, muito parecido com o trabalho que faço aqui.

nossas raízes é muito importante. Gostaria muito de agradecer

TRIBO SKATE• 27


SK A TE FE MININ O LAYBACK SMITH Konig Skate House

Y N D I A R A

A S P

E SEU GRANDE REPERTÓRIO DE MANOBRAS POR PEDRO DAMASIO // FOTOS MARCELO DUARTE

28•TRIBO SKATE

TEXTO E FOTOS JOVANI PROCHNOV


TRIBO SKATE•29


SK AT E F E MININ O

YNDIARA ASP,

UMA DAS GRANDES REVELAÇÕES DO SKATE FEMININO BRASILEIRO DOS ÚLTIMOS TEMPOS, QUE EM TÃO POUCO TEMPO ALCANÇOU UM NÍVEL DE DESTAQUE NA MODALIDADE BOWL, CHAMA ATENÇÃO POR TER UM DOS ESTILOS MAIS BONITOS E UM VASTO REPERTÓRIO DE MANOBRAS. CONHEÇA A HISTÓRIA DA CAMPEÃ BRASILEIRA, ESTUDANTE UNIVERSITÁRIA, QUE JÁ COMEÇOU A CONHECER O CENÁRIO INTERNACIONAL E CHAMOU ATENÇÃO DE GRANDES PERSONALIDADES DO SKATE MUNDIAL.

Você teve um início tardio no skate, tendo como referência a molecada de hoje, que nem aprendeu a caminhar e já sabe pronunciar “skate”. Como foi seu início no carrinho? Meu primeiro contato com o skate foi com aproximadamente sete anos, quando ganhei de presente de natal do meu pai. Mas nunca levei muito a sério, era só mais um brinquedo que eu me divertia em casa, assim como a bicicleta, bola ou até mesmo o patinete (ahahha). Quando eu estava perto dos meus 15 anos que ficou mais sério; um amigo construiu dois bowls em sua casa e me convidou para a inauguração. Como eu já tinha uma base, sabia mandar ollie e um dos bowls era bem pequeno e suave, foi fácil aprender a dropar. Dado o primeiro passo, passei a frequentar direto o Tigela Sk8 Club (como foi chamado) e a evoluir a cada dia. Fiz aulinha de skate lá, passando por 30•TRIBO SKATE

professores como o JM Dagger, entre outros. Aí com uma pequena base das transições, passei a frequentar a Pousada Hi Adventure e cada vez entrar mais no mundo do skate do RTMF. Realmente, era impressionante ver aquelas criancinhas destruindo as pistas e fazendo coisas que eu nem imaginava que eram possíveis. Me inspirei bastante nessa molecada!

Quem é seu maior incentivador para seguir em frente em busca da sua evolução e de seus sonhos? Meu principal e primeiro incentivador foi meu pai, Chico Asp, que me deu meu primeiro skate e faz de tudo para que eu realize meus sonhos. Mas tem tanta gente que me incentiva e acredita em mim, que só tenho a agradecer. Obrigada a minha família e à toda a galera do RTMF e do skateboard!

Seu destaque maior, além das manobras,

é seu estilo em cima do carrinho. Quais são suas influências e inspirações? Minhas maiores influências são o Pedro Barros, Vi e Leo Kakinho, Murilo Peres e Felipe Foguinho, pois o estilo, velocidade e agressividade deles sempre me impressionaram. Mas me inspiro também nas skatistas mulheres, principalmente na Leticia Bufoni.

Você mora na cidade mais Califórnia do Brasil, Florianópolis, onde encontramos os melhores bowls do Brasil e do mundo, local em que os grandes eventos mundias de bowl acontecem e que trazem os melhores skatistas do mundo. Fale como é viver em Floripa, e o que isso influenciou e influencia no seu rolê e na sua evolução. Viver em Floripa é realmente um sonho! Andar de skate, surfar e ver o nascer ou pôr do sol refletindo na lagoa são algumas das coisas que me fazem amar essa ilha. Em relação ao skate em especial, Floripa é um paraíso


FS ROCK'N'ROLL: Marco para toda mulher, o presente de 15 anos da Yndiara foi esse bowl pequeno e rápido no quintal de casa

EM CASA: Aquela remada à beira da Lagoa da Conceição na golden hour, privilégio que Floripa oferece aos seus filhos e filhas


SK AT E F E MININ O

das transições, o skate está crescendo muito por aqui, principalmente na modalidade bowl, ainda mais com a influência do Pedro Barros. Os eventos mundiais que acontecem trazem grande visibilidade, o que facilita na conquista de apoios e reconhecimento de grandes marcas e skatistas internacionais, um ponto positivo para nós.

Como é seu dia-a-dia no skate? No momento estou cursando faculdade à tarde, o que ocupa grande parte do meu dia. Aí procuro aproveitar ao máximo as manhãs, noites e fins de semana para andar de skate. O local que eu mais frequento é a Hi Adventure, mas costumo ir na Costeira e nos diversos picos que têm por aqui. Ando cerca de quatro vezes por semana e meus principais parceiros das sessões são o meu irmão Yuri Asp, a Isadora Pacheco e a galera do RTMF em si.

Uma das fotos dessa entrevista foi em sua própria casa, onde tem um bowl pequeno e rápido. Como foi o processo de ter uma pista em casa? Logo que comecei a andar direto o skate virou um vício, eu só queria andar e nada mais. Aí junto com meu pai e meu irmão começamos a sonhar na ideia de ter uma pista em casa, para que eu não precisasse sair pra andar de skate. Como eu ia fazer 15 anos e tem essa tradição de ser um marco especial para as mulheres de fazer festão e tal, pedi de aniversário um bowl (kkkkkk)... Aí com uma ajuda financeira da minha avó, compramos as coisas que precisávamos e meu pai foi construindo. Não tínhamos muita noção de transição e das medidas, aí nosso D.I.Y. ficou bem sinistro, muito rápido e pequeno, e como eu estava na vibe de andar nos bowls grandes, acabei não aproveitando muito; já meu irmão passou a andar todo dia no bowlzinho e quebra tudo ali.

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O skate exige muito do corpo devido aos impactos constantes que sofre. Você faz algum trabalho físico fora do skate, algo para melhorar seu desempenho ou preventivo contra lesões? Sim, faço pilates e yoga. Tenho a ajuda fundamental da AktionPaz e da Radha Yoga, que têm me fortalecido muito e ajudado no meu desempenho. É muito importante ter uma boa performance física para aguentar os impactos que o skate nos remete.

Você é prova do sucesso da escolinha de skate na Hi Adventure, tendo sua evolução atrelada ao dia a dia na pousada, com os professores, alunos e todos os grandes nomes do skate que passam por lá. Fale sobre isso. A Hi Adventure tem a fama de ser “fábrica de monstros” há um tempo, e não é à toa, visto que o Pedro Barros deu seus primeiros passos no skate por lá. Atualmente o sucesso continua, com os professores Affonso Muggiati e Oscar Mad transmitindo seus conhecimentos para seus alunos que lideram o circuito brasileiro de bowl. Além deles, diversos skatistas de peso do mundo inteiro passam pela pousada e influenciam na nossa evolução.

Você é uma presença constante nos eventos nacionais de skate bowl, sendo que já foi campeã brasileira em 2014. Conte um pouco como é o circuito brasileiro que percorre diversas cidades e pistas Brasil afora? O circuito envolve diversas etapas distribuídas por diferentes partes do Brasil, o que gera uma troca de experiência e cultura muito divertida entre os skatistas. É muito bom viajar pra andar de skate, se reunir com amigos de diferentes regiões e idades e conhecer picos novos. Participar do circuito me trouxe muita evolução e vivência. No entanto, ainda há uma falta de incentivo, que acaba atrapalhando a ida a alguns campeonatos.

TRANSFER LIEN MELON São José Skatepark


LOGO QUE COMECEI A ANDAR DIRETO O SKATE VIROU UM VÍCIO, EU SÓ QUERIA ANDAR E NADA MAIS. TRIBO SKATE•33


SK AT E F E MININ O

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Além de skatista dedicada, com foco nos treinos e na busca constante de evolução, você falou que é estudante universitária. Essa dedicação acontece nos estudos também? Procuro sempre dar o meu melhor nas coisas que faço, pra fazer valer a pena. Tem momentos que fica difícil conciliar campeonatos e gravações com as provas e trabalhos da facul, mas por enquanto está dando pra dar conta. Estou cursando Educação Física; escolhi esse curso pois queria algo que tivesse alguma relação com o skate. Estou na terceira fase e tenho aprendido bastante sobre o funcionamento do corpo humano, em como melhorar o desempenho e se manter saudável. Acho que conhecimento sempre vem para agregar, quanto mais, melhor!

Como você vê a situação do skate feminino no Brasil? A situação do skate feminino no Brasil é muito precária, com pouca visibilidade e enorme dificuldade em conseguir incentivo de grandes marcas. O skate é considerado um esporte masculino, por isso ainda tem muito preconceito com as meninas que andam. Mas na medida do possível vamos evoluindo, chegando cada vez mais perto do nível de skate dos homens, adquirindo mais fãs, adeptas e apreciadores do skate feminino, que nos dão força pra lutarmos pelos nossos sonhos e mostrar que skate também é para mulheres!

Recentemente você esteve em uma viagem dos sonhos pela Califórnia filmando para um programa do Canal Off. Pode adiantar pra gente sobre o programa e um pouco de como foram as gravações? BONELESS

Realmente, foi a viagem dos sonhos! O programa deve estrear lá por novembro e seu nome ainda está para

ser decidido. O dia a dia das gravações foi bem intenso. Foram 25 dias de filmagens, sem intervalos. Estávamos em nove pessoas: eu, Isa (Isadora Pacheco) e seus pais, Dora Varella e sua mãe, dois câmeras e um produtor. Conhecemos mais de 25 pistas diferentes, andamos de snowboard, surfamos, fomos pra Hollywood, parque de diversões, etc. Vivemos o verdadeiro lifestyle californiano. O programa ficará muito divertido, espero que gostem!

Além de gravar para o Off você participou, e com destaque, de um dos eventos mais tradicionais de skate bowl feminino na Combi Pool, o Vans Girls Combi Pool Classic 2016. Como foi sua participação nesse grande evento? A vibe desse evento é sinistra! Andei junto com as melhores skatistas do mundo, minhas inspirações que sempre assisti nos vídeos; foi uma experiência e tanto. Competi na categoria amadora de 15 anos para cima e me consagrei vice-campeã. Mas o que mais marcou pra mim, foi minha aparição no vídeo da respeitada revista Thrasher!

Você tem patrocínios e apoios de grandes marcas. Como é sua relação com elas? Meu primeiro apoio foi da marca que eu sempre idolatrei, a Santa Cruz Skateboards, e aconteceu de uma forma muito inesperada: eu estava com uns seis meses de skate e já tinha um bom repertório de manobras, evoluindo todo dia, aí em um dia normal de rolê, eu estava andando sozinha na mini ramp da Hi Adventure e o Oscar Mad passou por lá com um americano, que por acaso era o presidente da Santa Cruz da Califórnia, Bob Denike; ele me viu andar, curtiu meu skate e falou

MEU SONHO É PODER ANDAR DE SKATE SEMPRE QUE EU SENTIR VONTADE. TRIBO SKATE•35


SK AT E F E MININ O

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YNDIARA LOSEKANN ASP

18 anos, 3 anos e meio de skate Florianópolis, SC (Santa Cruz Skateboards; apoios: Hi Adventure, Stance Socks, G-shock, Vans, Aktionpaz, Radha Yoga, Stoned Burger)

que me queria no time. Falou com o Edu (Eduardo Dias), representante da Santa aqui no Brasil, e eu entrei para a consagrada marca. Faz três anos que tenho apoio da Santa Cruz e nessa minha viagem para a Califórnia tive a oportunidade de visitar a NHS, que é a companhia distribuidora de diversas marcas, entre elas a Santa Cruz, Independent Trucks, Ricta, Mob Grip, e por aí vai... Fui muito bem recebida e pude ver de perto como eles trabalham lá em prol do skate e conhecer a história do skate no museu da NHS, com os seus primeiros shapes, trucks, rodas, rolamentos, etc!

Quais seus planos para o segundo semestre de 2016 e para o ano de 2017? Depois de ir para a Califórnia, voltei com uma visão diferente do skate. Com novos planos e sonhos, vontade de viver o verdadeiro lifestyle do skate. Mas principalmente quero correr o circuito mundial de bowl e fazer minha primeira vídeo parte.

Qual seu sonho dentro do skate? É poder andar de skate sempre que eu sentir vontade. Espero me tornar skatista profissional, viajar o mundo andando de skate e ser muito feliz.

Um recado para os skatistas, principalmente para as meninas. Ande de skate por amor, não pensando em ganhar algo com isso, as coisas acontecem naturalmente. Somente se divirta andando de skate! SLOB FAST PLANT Hi Adventure

→ VISITE: INSTAGRAM.COM/YNDIARAASP TRIBO SKATE•37


EN T R E V ISTA A M

SANGUE, SUOR & AMOR! O MINEIRO GABRIEL LOUREIRO, UM DOS MEMBROS DA G7 CREW, FALA UM POUCO DE COMO É SUA VIDA EM BELO HORIZONTE E OS CORRES PARA TENTAR VIVER DE SKATE NO BRASA.

TEXTO E FOTOS POR DIOGO GROSELHA

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BS CROOKED TRIBO SKATE • 39


ENTRE VISTA A M

OLLIE

C

Comecei com 11 anos de idade. Morava em Belo Horizonte, depois mudei pro norte do Brasil, em Porto Velho, Rondônia e Rio Branco, Acre. Só que eu sempre mantive a conexão com Belo Horizonte; voltava pra cá nas férias e mantinha o contato com a galera daqui. Lá em Rondônia eu evoluí muito. Eu andava com os moleques que são muito raçudos. A cidade lá é da hora, tem vários picos de rua, mas na época que morava na região ainda não tinha pista, então a gente fazia nossos próprios p róprios obstáculos. O meu primeiro patrocinador de skate foi uma lojinha de sskate kate lá de Rondônia, a Level. Andar de skate no Acre também era muito da hora, Rio Branco tem vários picos e tem uma pista pública da hora, bem iluminada.

Teve experiência de skate fora do país? Eu fui pra Europa em 2011. Foi uma experiência muito forte, na qual eu aprendi muitas coisas, abriu muito minha cabeça para essa realidade que são países de Primeiro Mundo e a diferença que existe entre Europa e Brasil. Fui para Barcelona, Roma e Praga. Participei de alguns campeonatos e conheci bastantes picos de rua por onde passei. Uma experiência da hora em que você vê a estrutura que eles têm, e a grande diferença que faz ter peças, picos e pistas perfeitas, mas mesmo assim ainda prefiro o Brasil, porque as pessoas são muito mais receptivas e umas ajudam às outras sem querer nada em troca.

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LEANDRO MOSKA

omo foi que você começou a andar de skate?


BLUNT TO FAKIE

A N D A R D E S K ATE N O A C R E TA M B É M E R A M U I TO D A H O R A, R I O B R A N C O T E M VÁ RIO S PIC O S E TE M U M A P I S T A P Ú B L I C A D A H O R A, B E M ILU MINADA TRIBO SKATE • 41


ENTRE VISTA A M

Como você vê a cena de skate na sua cidade? A cena do skate em BH infelizmente ainda é meio precária, mas vem melhorando e evoluindo. Existem poucas marcas, tá ligado? O mercado aqui também não é tão forte. A gente ainda não tem uma pista pública para andar mesmo, livre. As pistas públicas que tem são em parques que fecham e tem horário para poder andar. Aí a gente anda mais na rua mesmo, né? Tem surgido vários picos, várias reformas em praças, tem a Praça da Assembleia, o Mineirão.

Conte um pouco sobre a G7 Crew e o que vocês pretendem fazer. A gente está cada vez se articulando mais, juntando as ideias de todos os membros do grupo, filmando bastante na rua, pois queremos lançar um vídeo. Estamos fazendo umas camisetas e adesivos. Começando, né mano? Logo menos vocês terão novidades. Considero a G7 Crew uma família; estamos sempre juntos andando de skate no Centro, quando encontro meus amigos, na Praça 7, pra fazer uma sessão. Depois sempre colamos no QG da firma, a casa do Grilo, onde a gente se reúne pra ver vídeos de skate, pra editar as nossas novas imagens, falar sobre novas ideias ou só usar o Wifi. Enfim, a G7 é isso, viajamos juntos, estamos sempre juntos, é a família que o skate me trouxe.

Você pretende se profissionalizar? Ando de skate há 14 anos e tenho sim esse sonho, mas não tenho isso como prioridade. Meu foco é estar sempre andando de skate junto aos meus amigos e me divertindo, filmando e buscando a evolução. Tenho apoio e patrocínios que me ajudam a manter e continuar andando de skate aqui de Belo Horizonte, a Hunter Skate Shop, Nanuk de rodas, a Merlim Shades que faz uns óculos da hora, Jails Tattoo, De Rua Skateboards e a

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FS SMITH


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ENTRE VISTA A M

OLLIE

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LEANDRO MOSKA

ACH O Q U E A VIBE DE C O M PETIÇÃ O E U N Ã O M E E N C A I X O M U I T O B E M, M AS H Á Q U E M G O STE

LEANDRO MOSKA

FS FLIP

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ENTRE VISTA A M

FS BOARD

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G7skateboard. Pretendo viver de skate, independente de ser amador ou profissional. Eu quero sempre estar andando de skate, evoluindo, sempre filmando na rua com meus amigos, minha crew. Quero batalhar para que todos cresçam juntos, meus amigos que estão na Europa e os que tão no Brasil, todos evoluindo e criando suas próprias marcas ou envolvidos nelas, vivendo de skate.

E depois do nascimento de sua filha o que mudou em sua vida? A Luana foi um presente inesperado de Deus que trouxe muitas felicidades e motivação. O corre agora ficou em dobro porque não sou só eu; tudo que faço é por minha família. É difícil porque são muitos gastos, então a gente tem que batalhar para conquistar as coisas que precisa. Graças a Deus conto com o apoio da minha família. Ela é linda, cheia de saúde e está prestes a fazer um ano, alegrando e cativando todos por onde vai!

Quais são suas influências? Meus amigos da G7 Crew, Jefferson Bill, Jay Alves, João Miguel Bravin, Alexandre Alvarenga, Thiago Lima, João Gabriel, Alexandre Grilo, MTS, Arthur, Rogério Chipanzinho e vários outros que admiro também no skate brasileiro, né? Rodrigo TX, Rodrigo Lima, Gerdal, Tiago Lemos, Carlos Iqui, Akira Utida e vários outros.

O que você acha desses novos formatos de competição que estão surgindo no skate? Não gosto muito de campeonato não, mas é da hora ter vários formatos. Acho que a vibe de competição eu não me encaixo muito bem, mas há quem goste. Gosto mais de estar sempre filmando mesmo; já participei muito de campeonatos mirins, iniciantes, amadores, até participo de alguns eventos, best trick e tal. Mas o legal é ir pra encontrar com a galera, né? A vibe de competição eu não curto. Geralmente corro campeonato só pra fortalecer o movimento ou o evento, ou tentar ganhar uma premiação e fazer algum dinheiro pra continuar no corre!

O que o motiva a andar de skate? Minha filha, minha família e estar fazendo o corre, estar sempre evoluindo e filmando também. Acho da hora filmar porque é uma parada que a gente vai eternizar, uma parada que vai ficar. Vamos mostrar pros nossos filhos, nossos netos, guardar os momentos. Acho que é o mais legal do skate, estar sempre filmando nossa evolução e eternizando esses momentos.

E as trilhas que você usa nos seus vídeos? Eu gosto sempre de valorizar os artistas daqui de Belo Horizonte e na nossa crew tem alguns MCs. A música da minha vídeo parte é uma do Thiago Lima e outra do Arthur Dias, ambos da G7 Crew. TRIBO SKATE • 47


ENTRE VISTA A M

OLLIE BACK FOOT FLIP

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Como foi filmar essa vídeo parte que vai sair junto com a entrevista? Essa vídeo parte eu já venho filmando há um bom tempo; venho juntando imagens tem uns cinco anos. Filmei com vários manos, a maioria dos picos são aqui em BH mesmo, mas fiz também algumas viagens. Fui pra São Paulo, pro Rio. Tem imagens do Rodriguinho, que foi quem editou o vídeo também, e imagens de outros videomakers aqui de BH também. Espero que vocês gostem.

E por quê esse nome Sangue, Suor e Amor? Sangue porque no meio das filmagens acaba que a gente sempre se machuca, tem que ficar um tempo sem andar de skate. Suor pela persistência mesmo ali do skate, da gente tentar, tentar e tentar até conseguir. E o Amor porque a gente ama o que faz, é o que eu escolhi para mim, o que eu quero fazer pro resto da minha vida. Skate pra mim é tudo, é o corre que eu faço, meus amigos e minha família das ruas.

GABRIEL LOUREIRO

25 anos, 14 de skate Belo Horizonte, MG (G7 Skateboard, Jail’s Tattoo, Merlin Shades, De Rua Skateboards, Nanuk Wheels e Hunter Skate Shop)

Fale um pouco sobre a Praça Sete que é o pico onde nasceu a G7 Crew. A Praça Sete é um lugar bem no Centro de Belo Horizonte onde a gente anda, que já foi lombrado, já teve muita repressão, pegavam nossos skates. Mas hoje em dia conquistamos o direito de andar de skate lá, com a persistência mesmo. Hoje em dia é liberado, pode andar de skate em qualquer horário e é um pedacinho de mármore que a gente tem ali bem no Centro da capital; parece a gringa para a gente. Acaba que nós mesmo cuidamos do pico. Em 10 anos que eu ando na Praça Sete só vi uma reforma que foi feita pela prefeitura, então quando tem algum buraco a galera reúne e dá um jeito de arrumar.

O que essa crise que o país vem passando influencia em sua realidade? Essa crise atrapalha tudo; eu tinha um patrocínio de uma loja, a De Rua Skate Shop, e acabou que ela fechou e deixou de ser uma loja fixa pra virar uma marca independente, que está no corre pra sobreviver. Fiquei um tempo sem patrocínio de loja até arrumar outra que é a Hunter, que tenho apoio. Mas a realidade no nosso país é muito triste, é muita coisa que afeta, não tem uma estrutura adequada para

gente andar de skate. Tem uma skate plaza empacada aqui em BH, que a prefeitura falou que ia ficar pronta há mais de dois anos e até hoje está com as obras paradas. Nossa triste realidade do Brasil.

Qual o seu maior sonho? É ver minha família bem, meus amigos bem, todos bem, todos felizes fazendo o que gostam e conquistar isso fazendo o que a gente gosta, sem ter que fazer uma outra coisa, um outro emprego. Sei lá, ter que estudar, fazer uma faculdade! Viver do que a gente gosta é muito mais precioso e a gente dá muito mais valor também, quando batalhamos para isto acontecer, quando damos o sangue, o suor, damos muito mais valor.

→ VISITE: INSTAGRAM.COM/GABRIELDERUA TRIBO SKATE • 49


VI VIAAGE GEM M

ROBERTO "BETINHO" COSTA, MARCOS GABRIEL E ZENE SACHS PEGARAM ESTRADA SÓ PARA PROCURAR OS CANTOS SKATÁVEIS DE ALGUMAS CIDADES DO RS QUE APARECIAM NO TRAJETO. E NO MEIO DO CAMINHO SURGIU A IDEIA DESTA SKATE TRIP QUE VOCÊS CONFEREM AGORA! TEXTO E FOTOS JOVANI PROCHNOV

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VI A GE M

A CONVITE DO MARCOS GABRIEL ,

saímos de Florianópolis

em direção ao Rio Grande do Sul no intuito de produzir fotos e vídeos pelos lugares em que passássemos. Junto com a gente estavam Zene Sachs, conhecido por seu estilo bonito de andar de skate e Roberto “Betinho” Costa, artista, surfista, skatista, local do Snakerun do Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre e morador de Floripa há mais de 25 anos. Ele foi o tiozinho da trip, exemplo de vida para todos nós, pois aos 42 anos de idade anda na pegada junto com a galera.

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MARCOS GABRIEL, BS LIPSLIDE

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VI A GE M

BETINHO, BERT SLIDE

Inicialmente seria uma trip para produzir material sem compromisso, e foi isso que aconteceu nestes cinco dias em que a preocupação maior era andar de skate e produzir material sem planejamento algum, fazendo o que vinha em mente e no tempo de cada um. Porém, no desenrolar da viagem surgiu a ideia de criar uma Web Serie para o canal do Marcos Gabriel, onde o objetivo nada mais é que juntar os amigos, andar de skate e se divertir. Uma sequência para seu trabalho de longa data no Youtube, o Red River Films.

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VI A GE M

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ZENE SACHS, BS TAILSLIDE

O nome para isso tudo surgiu no decorrer da viagem, Freak Way. Na tradução ao português: Freak – singular, excêntrico; Way – caminho, maneira. A meu ver todos skatistas são excêntricos perante a sociedade. Em geral, estamos um pouco fora da normalidade da rotina de vida da população. Exemplo disso é nossa forma de ver e analisar uma cidade, procurando seus cantos skatáveis onde a maioria vê apenas monumentos ou mobiliários urbanos. Cada indivíduo busca seu caminho, possui sua maneira de ver e explorar cada desafio que lhe é colocado, e todos com suas singularidades. O primeiro episódio da Web Serie será dessa viagem ao Sul e as próximas já estão “planejadas”, sempre no pensamento da diversão e da busca eterna por lugares novos, onde a fotografia seja singular, assim como o rolê de cada um.

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ESPA EN T RÇO E V ISTA A M P RO

R I C A R D O D E X T E R

MADONNA


U M A Q U E S TÃO D E AT I T U D E QUANDO MUITOS ACOMPANHAM UMA TENDÊNCIA, NEM SEMPRE AS ATITUDES SE DESTACAM. AS PESSOAS SE VESTEM DA MESMA MANEIRA, PENSAM DA MESMA MANEIRA E FALAM IGUAL. RICARDO DEXTER É UM DESSES CARAS QUE COLOCA AS ATITUDES E A SUA PERSONALIDADE ACIMA DAS TENDÊNCIAS E QUALQUER OUTRA MANOBRA DA MODA. SER SKATISTA É MAIS QUE ACERTAR MANOBRAS. SER SKATISTA É UM LIFESTYLE E RICARDO DEXTER É PURO SKATE.

TEXTO E FOTOS RODRIGO “K-B-ÇA”

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EN T R E V ISTA P RO

FS NOSEBLUNT

A

poeira já sentou e você é, oficialmente, Pro. Aquela treta com a CBSk e o comitê chegou a lhe atrapalhar em algo?

Não, pelo contrário. Foi uma polêmica positiva, para pensarem melhor antes de tomarem algumas decisões. Esse problema com a CBSk (Confederação Brasileira de Skate) não afetou em nada na decisão dos meus patrocinadores e muito menos no meu salário. (risos)

Graças ao seu estilo de skate, você acabou virando amigo de grandes skatistas. Acha que o reconhecimento dessa galera acaba sendo mais importante que o aval de uma entidade, como a CBSk? Com certeza. Em primeiro lugar temos que ser reconhecidos pelos skatistas e não só por um comitê. O skate e as manobras estão muito acima disso. Um dos caras que mais me apoiou nessa decisão foi o Biano (Bianchin), que fez parte do comitê da CBSk e sabia de todos os requisitos para que eu me tornasse profissional. Além disso, ser profissional de skate é mais que dar manobras. Manobras todo mundo dá. Ter atitude é uma coisa bem diferente.

Nos EUA, quem decide quem é Pro - ou não - é a própria marca. No Brasil, nem todas as marcas dão um real suporte para o skatista. Acha necessário ter regras pra definir quem é profissional ou não? Se o cara quer ser profissional ou não, isso é uma escolha somente dele. Agora, quem vai selecionar se ele é um bom skatista ou não são as revistas e as marcas, que sabem o potencial de cada um. Assim ele cria seu respeito na rua. Não acredito que deva existir uma regra específica. Realmente acho que isso é uma escolha pessoal.

O skate de competição tem algum peso na sua vida? Não, nenhum. Os meus patrocínios não cobram que eu participe de quaisquer campeonatos. Tenho um retorno diferente. Eles acreditam no meu lifestyle de skate, no qual eu escolho o que quero fazer. Alguns campeonatos faço questão de participar, mas eu vou para andar de skate com os meus amigos. Se tiver um resultado bom, legal. Caso não me dê bem, vou voltar pra casa feliz do mesmo jeito.

Você consegue encarar o skate como um trabalho?

Em que momento você se deu conta que o queria fazer da sua vida era andar de skate?

Hoje em dia é difícil quem recebe só para andar de skate. Você tem diversos outros compromissos com os seus patrocínios, como visitar lojas, tarde de autógrafos e demos. Tento não levar para esse lado do trabalho mas, se escolhi esse caminho, tenho que arcar com minhas responsabilidades, sempre tentando deixar minha cabeça boa e não esquecer da essência do skate: a diversão.

Eu nunca pensei em ganhar dinheiro andando de skate e talvez seja por isso que tenha dado certo. Claro que, agora que consegui, vou continuar me esforçando para viver do skate, mas mesmo se eu perder os meus patrocínios, seguirei andando de skate do mesmo jeito. É muito melhor viver do que você gosta. Uma pena que essa geração que começa a andar por causa de dinheiro e patrocínios está perdendo a essência

60 • TRIBO SKATE


BS WALLRIDE

TRIBO SKATE • 61


EN T R E V ISTA P RO FS NOSEGRIND

62 • TRIBO SKATE


de skate, que é a diversão e a amizade. Se fosse por causa do dinheiro eu já teria parado de andar de skate faz tempo. O skate é muito mais importante que o dinheiro.

Controle emocional não é o seu forte. (risos) Alguém já comentou que, quem não lhe conhece bem, pode se assustar quando suas sessões não são tão rápidas quanto deveriam? (risos) Isso faz parte de ser um profissional de skate. Acho que não sou tão profissional assim (risos). Ainda não consigo controlar as emoções na sessão, ainda mais quando demora muito pra voltar a manobra. Mas o sentimento faz parte da sessão, por isso costumo fazer sessões com videomakers e fotógrafos que são meus amigos. Talvez os outros fiquem muito assustados (risos). Skate é uma ferramenta de expressão. Se não pudesse expressar raiva ou alegria quando ando de skate, iria fazer algo mais frio, como jogar ping-pong.

Muita gente tenta sempre rotular o skate dos outros, dizendo que as pessoas são especialistas em uma coisa ou outra. Como você definiria seu tipo de skate? Em primeiro lugar eu sou skatista. Ser skatista para mim é andar de skate em qualquer lugar e não apenas ficar sentado e reclamando que não anda nesse ou naquele obstáculo. Tento andar no palquinho e no half. Isso define o meu estilo. Nunca limitei o meu skate e nunca vou limitar.

Você já deve ter escutado coisas a respeito de participar no Rota Explosiva e no A Casa. Como foi participar desses programas na MTV? Nunca ninguém veio falar algo negativo disso na minha cara. Pelo contrário, só ouvi coisas positivas. Os que falam mal, se escondem como sempre. A diferença é que tem uns que fazem e outros que falam. Essa é a diferença da Bolovo. Conheço o Deco e o Lucas, que foram os criadores do programa, há mais ou menos cinco anos e desde a primeira viagem que fizemos, não me arrependo de nada; pelo contrário, faria tudo de novo.

Você é um cara muito ligado às redes sociais. Você pira com essa coisa de likes? Até que ponto esses números são importantes na sua vida? Hoje em dia, com a mudança do comportamento da molecada, o Instagram e o Facebook se tornaram tão importantes quanto uma revista há uns 10 anos. Hoje você pode mostrar o seu skate e o seu dia a dia para o mundo todo. Só acho negativo que muitas pessoas acabam vivendo uma vida virtual e não conseguem enxergar a sua realidade. É melhor ter 10 likes verdadeiros do que 10.000, que não vão mudar nada na sua vida; são apenas números. Para mim não faz muita diferença, mesmo gostando muito de estar sempre online.

Muita gente publica manobras muito boas só nas redes sociais. Acha que tem o mesmo peso, por exemplo, de uma foto que sai revista? Não. Graças às redes sociais esse material ficou muito mais descartável. Não é como o papel que você para e olha todos TRIBO SKATE • 63


EN T R E V ISTA P RO

64 • TRIBO SKATE


TAILSLIDE FLIP OUT TRIBO SKATE • 65


EN T R E V ISTA P RO FS FIFTY

COM A FACULDADE APRENDI COMO É DIFÍCIL INTRODUZIR A TECNOLOGIA EM ROUPAS DE SK ATE E COMO É CARO 66 • TRIBO SKATE


RICARDO FERNANDES “DEXTER”

Ricardo Fernandes “Dexter” 26 anos, 16 de skate São Paulo, SP (Vans, Monster, Creature, Independent, Stance e Improve)

Você começou uma faculdade de moda, que está trancada... Algum plano em trabalhar com roupas para quando não rolar mais ser skatista profissional? O que o atraiu para esse curso? Como sempre andei de skate por diversão, fiz outras coisas além do skate e uma delas foi estudar. A faculdade de moda veio para tentar suprir uma necessidade em relação às roupas que sempre gostei, mas era difícil achar em marcas no Brasil. Como o skate ocupa mais meu tempo hoje, ficou difícil de continuar o curso, mas penso em voltar e terminar a faculdade. Com a faculdade aprendi como é difícil introduzir a tecnologia em roupas de skate e como é caro. No futuro quero muito continuar a trabalhar para e com skate, pois sei que a carreira de skatista profissional não é para sempre e acho que todos os skatistas deveriam pensar assim.

Você, por escolha própria, decidiu andar somente para marcas com as quais se identifica. Acha que o mercado brasileiro possibilita essa escolha para a maioria dos skatistas?

SMITH TAIL GRAB

os detalhes. No celular ou no computador, em dez segundos você já esqueceu aquilo que acabou de ver. Eu consigo lembrar muito mais de fotos de quando eu comecei a andar de skate, vendo revistas, do que as fotos que vejo nas redes sociais hoje em dia.

A Tribo comemora 25 anos em 2016. Vocês têm praticamente a mesma idade. Qual sua ligação com a Tribo Skate? A Tribo Skate sempre foi muito importante para a minha carreira como skatista. Foi a primeira revista que comprei, foi a primeira revista que saiu uma foto minha, um noseblunt na Toobsland, que você (K-b-ça) fez porque foi de bicão no meu aniversário (risos). Minha primeira entrevista como skatista também foi publicada na Tribo Skate. Foi a primeira revista que realmente me deu oportunidade de mostrar o meu skate. A Tribo sempre respeitou todos os tipos de skate, o que hoje, depois de muitos anos, é normal, virou tendência. Espero que a Tribo Skate se perpetue e dure muitos anos!

Eu acho que isso é uma escolha de cada um. Estar em marcas legais atrai outros patrocínios legais. Alguns, por necessidade, acabam se desesperando e entrando em qualquer marca, que dentro de um ano pode acabar. Então, sempre escolhi marcas mais estáveis, das quais eu realmente gostasse de vestir a camiseta. Se eu não estiver me sentindo bem com as marcas que uso, não vou nem conseguir andar de skate. Por isso que é muito importante você ter um estilo definido, pois você vai entrar em marcas que se identificam com o seu estilo e isso que faz a diferença em cada skatista. Independente de manobras ou estilo de cada um, respeito todos os estilos de skate.

Quase finalizando... Skate é o melhor remédio para quê? Para tudo. Se estou com raiva ou triste vou andar de skate, mas se estou feliz, melhor ainda!

Deixa um recado para a molecada e outro para os haters de plantão! Independente de qualquer coisa, vá andar de skate. Quanto mais você andar de skate, menos tempo você terá para falar mal dos outros. Então ande mais e fale menos (risos)!

→ VISITE: INSTAGRAM.COM/DEXTER_RICARDO TRIBO SKATE • 67


C A SA NOVA

FS FLIP coreto da praça Sete de Setembro, em Ribeirão Preto

IAGO MICHELUTTI

20 ANOS, 12 DE SKATE / RIBEIRÃO PRETO, SP FOTOS JUNIOR LEMOS Skate e roupas atuais: Shape OSB, rodas Flag, rolamentos Bones e eixos Independent. Boné Official, camiseta OSB, bermuda Switch e tênis Öus. Manobra que não suporta mais ver: bs ollie fakie nosegrind. Manobra que ainda pretende acertar: fakie varial flip tailslide. Principal rede social que usa ultimamente: Instagram (@iagomg_skt). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Muita conversa paralela. Skatista profissional em quem se espelha: Leonardo Spanghero. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Tam linhas aéreas. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Rafael Eduardo. (OSB Shapes, Switch Skate Shop; apoio: Projeto Manobra)

"INDEPENDENTE DO LOCAL, ANDE DE SKATE!"


ALEXANDRE KENNAN

NOLLIE FS HEELFLIP

23 ANOS, 12 DE SKATE BELO HORIZONTE, MG FOTOS DIOGO GROSELHA

Skate e roupas atuais: Shape e trucks Aspecto, rolamentos Sphera e rodas Honey Pot. Bone Hyve, camiseta G7 e tênis Adidas. Manobra que não suporta mais ver: Bs feeble. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie bs heelflip to ss crooked. Principal rede social que usa mais: Instagram (@alvarengag7). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Reconhecimento.

Um skatista profissional em quem se espelha: Jay Alves. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: João Miguel Bravin. (Aspecto Decks; apoios: Sphera, G7 Skateboard, Merlin Shades e Hyve.)

"SKATEBOARD, ANDE E ENTENDA."


C A SA NOVA

MIGUEL OLIVEIRA 16 ANOS, 6 DE SKATE CURITIBA, PR FOTOS RODRIGO K-B-ÇA

Skate e roupas atuais: Shape Creature, rodas OJ, rolamentos Everlong e trucks Independent. Calça lisa, boné Independent, camiseta e tênis da Vans. Manobra que não suporta mais ver: Roast beef. Manobra que ainda pretende acertar: Ho ho plant. Principal rede social que usa ultimamente: Insta (@migueloliveira_sk8). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de pistas públicas. Skatista profissional em quem se espelha: Darren Navarrette. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: Drop Family. Amador que gostaria de ver pro: Jonny Gasparotto.

JAPAN TO FAKIE

(Vans, Creature, Stoned Burger, Everlong, Cave Pool, Green Box e Drop Family)

"ALWAYS ALRIGHT"


"QUEM QUISER QUE CHORE!"

RAFAEL SKILO

21 ANOS, 12 DE SKATE / ARACAJU, SE FOTOS FERNANDO GOMES

Skate e roupas atuais: Shape Amount, rodas Triangular, rolamentos Everlong, trucks Crail e lixa Viva. Tênis Hocks. Manobra que não suporta mais ver: Hardflip. Manobra que ainda pretende acertar: Anti smith hard heel reverse. Principal rede social que usa ultimamente: Instagram (@sidviciouspunx). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de patrocínios. Um skatista profissional em quem se espelha: Chris Haslam. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Heineken. Atual melhor equipe de skate brasileira: Plural. Amador que gostaria de ver pro: Alison Kbssa. (Triangular, apoios Venice Skateshop e Jer Streetwear)

FEEBLE


TR A ÇOS E R ABISCOS

FEBRE DO LOBO: Feito em tinta acrílica sobre tela (2016)

PER F I L D O A RT ISTA

R AFAEL R AT TO

numa galeria chamada Brick Lane, com

OS DESENHOS EM QUADRINHOS FORAM AS PRIMEIRAS REFERÊNCIAS ESTÉTICAS DE RAFAEL, TAMBÉM CONHECIDO COMO RATTO, QUANDO ELE COMEÇOU MUITO CEDO A DESENHAR COM SEU IRMÃO MAIS VELHO. O SKATE CHEGOU ALGUNS ANOS DEPOIS E ROUBOU TODA A ATENÇÃO DO JOVEM ARTISTA E FOI O PRÓPRIO CARRINHO QUE TAMBÉM O TROUXE DE VOLTA AOS TRAÇOS.

elementos que aplica nos desenhos. "Tento

trampos somente de desenho, e na Feira Internacional de Arte em Amsterdã. Com esa formação que mistura arte e skate, Ratto busca no carrinho os manter a minha estética crua, sarcástica e até suja, compatível com o skateboard. Por retratar algumas coisas do meu cotidiano em meus trabalhos, é inevitável fazer algum trampo com o skate como assunto. Nao é difícil ver algum desenho meu

TEXTO JUNIOR LEMOS X FOTOS LEANDRO MOSKA

P

retratando skate". E entre as marcas que já assinou criações, estão algumas bem undergrounds. Gardhenal, Nature Skateboards, uma série

assei alguns anos sem

serviram bem para mostrar a direção

para a Puro Skate e outra para C-Vida

desenhar direito, obcecado em

na qual Ratto queria seguir. "Prefiro me

Skateshop. "E estou trabalhando em mais

andar de skate. Aos poucos

internar ao máximo e evoluir sozinho,

uma colaboração para a Puro", acrescenta.

comecei a ter contato com

como no skate".

E quando a pergunta é sobre nomes que

a sua linguagem visual, os gráficos de

Quanto ao estilo que emprega, o artista

o inspiram, a lista conta com alguns dos

shapes, camisetas, a arte aplicada em

procura experimentar de tudo. "Fico entre

mais respeitados artistas de rua, do skate

anúncios e os artistas ligados a ele.

pintar e desenhar! Quando um enche o

e do graffiti mundial. "Sou inspirado por

Acredito que isso foi responsável pelo

saco vou para o outro, mas geralmente

vários artistas e de mundos diferentes.

meu retorno definitivo para as artes",

acabo dando mais atenção ao desenho.

Mas no mundo do skate curto Ed

explica Rafael. Ele só não se lembra

Usava bastante bico de pena e nankin,

Templeton, BB Bastidas, Neck Face,

exatamente dos primeiros desenhos,

mas recentemente migrei para caneta

Wolfbat, Jimbo Phillips, M. Sieben, Brian

apenas que a mágica começou quando

hidrográfica." Ele chegou a expor seus

Romero e Spanky".

lhe deram papel e caneta.

trabalhos no exterior, com seus desenhos

Na faculdade de Design Gráfico, a teoria

dando um melhor retorno, além dos

e as referências foram aprimoradas e a

trampos com ilustrações. "Fiz exposições

técnica veio com cursos específicos, que

na Europa no ano passado. Em Londres

72•TRIBO SKATE

→ CONHEÇA MAIS NO: INSTAGRAM: @RATTOTX | RATTOART.COM


CASA/ESTÚDIO: Ao fundo o ambiente no qual a mágica dos traços e rabiscos acontecem e nas mãos do artista um dos shapes feitos para a marca Nature Skateboards chamado 'A Caça'.

GUERRA SANTA: Retrata seres grotescos em uma cena de intensa batalha, feito em bico de pena e nankin (2015)

TRIBO SKATE•73




HOT STUF F PR O D UTO S

ESTREIA COM PÉ DIREITO

A ALFA SKATEBOARDS ENTROU NO MERCADO HÁ 5 ANOS E EM 2016 LANÇOU SUA LINHA DE TÊNIS DESENVOLVIDA DE SKATISTAS PARA SKATISTAS, COM O OBJETIVO DE SER O FOCO DA MARCA PARA O FUTURO. ESTES SÃO OS QUATRO PRIMEIROS MODELOS DE MUITOS LANÇAMENTOS QUE ESTÃO POR VIR, INCLUINDO OS DOS PROFISSIONAIS DA MARCA: SILAS RIBEIRO E ROBERTO SOUZA. ALFASKATE.COM

TÊNIS CALIFORNIA BLACK / R$ 220

TÊNIS SWITCH BLACK VINHO / R$ 205

76•TRIBO SKATE

TÊNIS TRICK GREY / R$ 195

TÊNIS GRIND ALL BLACK / R$ 210


PE ÇA A PE ÇA

MOLETOM, ÓCULOS E TÊNIS ENTRE AS SUGESTÕES DE CONSUMO DESTE MÊS ESTÃO OS RECENTES LANÇAMENTOS DA NIKE SB, EVOKE E DA ADIDAS ORIGINALS

> ADIDAS ORIGINALS MOLETOM ADIDAS / R$ 270 A inconfundível marca das três listras lança nova estampa de moletom que vai te manter aquecido e bem estiloso.

ADIDAS.COM.BR

1

2

3

>NIKE SB STEFAN JANOSKI HYPERFEEL / R$ 500 O clássico estilo do modelo Stefan Janoski se junta à tecnologia Hyperfeel, que garante contato ainda maior com o skate, graças à introdução de um acabamento interno na parte da língua, da nova palmilha e de uma sola externa refinada.

NIKE.COM.BR

> EVOKE 1_ÓCULOS EVOKE THE CODE / R$ 475 2_ÓCULOS EVOKE X HOSSOI SIGNATURE SERIES / R$ 755 3_ÓCULOS EVOKE THUNDER / R$ 475 Com linhas anatômicas, design moderno e arrojado, os mais novos integrantes da linha Evoke completam a coleção da marca.

EVOKE.COM.BR TRIBO SKATE•77


ÁUDIO NANDO, WAGNER, FAROFA, DANIEL E FABRÍCIO

E NTR EVISTA

GARAGE FUZZ

25 ANOS COM PRINCÍPIOS TEXTO HELINHO SUZUKI

// FOTO FABIO BITÃO

O GARAGE FUZZ É COM CERTEZA UMA DAS BANDAS MAIS ÍNTEGRAS DA CENA INDEPENDENTE BRASILEIRA. NUNCA SE RENDEU A NENHUMA MODA E SE MANTEVE FIEL AOS SEUS PRINCÍPIOS, CRIANDO ASSIM UMA IDENTIDADE SONORA E ESTÉTICA MUITO PECULIAR. CONVERSAMOS COM O ALEXANDRE FAROFA, O VOCALISTA, E ELE CONTOU UM POUCO SOBRE ESSE TEMPO TODO TOCANDO SEM PARAR, EM TOURS E ENSAIOS DIÁRIOS.

78•TRIBO SKATE


25 anos de GF! Fazendo uma rápida análise na linha do tempo de vocês, qual o saldo dessa trajetória até então? FAROFA Acho que passou rápido, até quando você pensa que foram 25 anos e penso que fizemos o que tínhamos que fazer no período entre as décadas de 90/00. Escutamos muitas teorias de bandas e pessoas e vimos uma realidade muito diferente na prática. O saldo da trajetória é que tem uns atalhos aí no caminho que você pode até pensar em pegar, mas não era para nós e arcamos com as nossas escolhas para continuar interagindo com as mudanças na cena, e conosco mesmo como amigos e banda.

Olhando para trás, tem algo que vocês deixariam de fazer ou teve alguma oportunidade que vocês acabaram deixando de lado? FAROFA Claro que sempre vem alguma dúvida e acho que o importante é ir aprendendo com os erros, mas acho que oportunidades existiram de certa forma, mas algumas consequências já nos mantinham na linha, então não acho que nos arrependemos de alguma escolha não feita.

A tour com o Seaweed acredito que foi uma das mais legais e foi em uma época que era bem difícil excursionar por aqui. Quais são suas lembranças? Tem alguma história inédita pra gente? FAROFA Sim! A banda deles também estava em um fim de relacionamento e estavam bem sentimentais e receptivos. Só fomos saber que era um dos últimos shows deles em Jundiaí em um domingo, se não me engano. Eles se despediram entre eles e falaram que não iam mais tocar juntos, foi um momento único. Depois o Alan Cage (baterista do Seaweed) e o Aaron Stauffer (vocalista) ficaram mais uns dias na minha casa. Foi muito foda, sem dúvida uma das melhores tours que fizemos na vida.

Vocês sempre tiveram grandes gaps entre um disco e outro, tipo, tardavam mas não falhavam. O que você vê como principal motivo de levar tanto tempo para gravar um novo disco? FAROFA O processo de composição mesmo. Acho que não é tão fácil tocar e executar as ideias que nós temos logo de prima, e acho que também tem o lance de se policiar para

HOJE EM DIA TEMOS MAIS FERRAMENTAS PARA FAZER O LANCE MAIS INDEPENDENTE FUNCIONANDO, MAS ISSO NÃO QUER DIZER QUE SERÁ MAIS FÁCIL Em 94 vocês assinaram com a Roadrunner e lançaram o Relax. Como foi a experiência de estar em uma major? Qual a lição que vocês tiraram enquanto estavam por lá? FAROFA Todo mundo pinta a Roadrunner como uma grande gravadora, mas na época a operação deles estava longe do que realmente era uma gravadora grande no Brasil. Foi muito bom para o início; produção legal, atenção em uma tour grande até para a época na nossa cena, distribuição... Acho que ali foi quando entendemos que existe uma conta diferente para fazer discos e retornar todo o investimento e estar em um selo por ideologia.

Apesar de Relax ter sido lançado em países da Europa, por que nunca rolou uma tour por lá? FAROFA Na época tivemos um suporte legal, focamos aqui no Brasil e construímos um esquema para nós que se sustenta até os dias de hoje. Acho que esse foi o lance principal do porquê nunca excursionamos no exterior.

não soar óbvio dentro do nosso estilo; então acho que isso leva um tempo e não tem como fazer um disco por ano ou até mesmo dois.

Hoje, o mercado está bem diferente da época em que você gravava um disco, lançava e vendia cópias. Como lidaram com a mudanças? Vi que lançaram o disco no Spotify antes de sair a versão física. FAROFA Acho que hoje em dia temos mais ferramentas para fazer o lance mais independente funcionando, mas isso não quer dizer que será mais fácil. Eu sou a favor do digital desde o final dos anos 90, quando trabalhei em uma das primeiras empresas que adotaram o formato de mídia digital e streaming no Brasil. Acho que não tem como fugir mais, você pode até tentar manter o lance puro como em 1983, mas... (veja mais no triboskate.com.br)

→ VEJA: FACEBOOK.COM/GARAGEFUZZP TRIBO SKATE•79


PL A YLIST OLLIE TO FS CROOKED

JOSÉ MARTINS FOTO LAURO CASACHI

FLIP GAP, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

JOSÉ MARTINS VEM DO INTERIOR PAULISTA A INSPIRAÇÃO SONORA PRO ROLÊ ESTE MÊS, COM AS 10 MÚSICAS MAIS OUVIDAS NO DIA A DIA DO PROFISSIONAL JOSÉ MARTINS SOUZA COSTA, O ZEZINHO. APERTA O PLAY LÁ NO YOUTUBE.COM/

BNegão e os Seletores, Prioridades Jorge Ben, Hermes Trismegisto Jorge Ben, Errare Humanum Est Ogi, Corrida de Ratos Wu Tang Clan, Bells of War Novos Baianos, Mistério do Planeta Criolo, Plano de Voo Kamau, Poesia de Concreto Rzo, Real Periferia Toquinho e Vinicius, Regra Três

José Martins (Hocks, Foton, Calmaneggo Skateshop e Intera Skate)

80•TRIBO SKATE

Escuta som andando de skate? Sim X Não Escuta som andando de skate? Não, ouço diariamente em casa e quando estou indo para a sessão, ou viajando. Qual aparelho usa para isso? Em casa procuro ouvir no aparelho de vinil e em alguns programas de músicas, como o Spotify. Quando estou indo pra sessão escuto no carro, com pendrive e alguns dvds, e nas viagens é pelo iPhone, com o Spotify.

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TE C N OLO GIA E N E G Ó CIO S

TECNOLOGIA NA PELE E AO ALCANCE DAS MÃOS CAIXA DE SOM INTELIGENTE, WI-FI INTERATIVO, CELULAR COM INFRAVERMELHO E GAMES CADA VEZ MAIS SOFISTICADOS. O MUNDO DOS NEGÓCIOS E DA TECNOLOGIA ESTÁ A MIL POR HORA.

POR PEDRO DE LUNA

GAMES Para quem curtia o Game Boy da Nintendo, a Hyperkin está aceitando encomendas para o seu adaptador. Disponível para Android, vem com os botões grandes e um slot de cartucho (US$ 60 em Hyperkinlab.com).

SOM NA CAIX A A Divoom acaba de lançar no Brasil a caixa de som inteligente, um alto-falante em formato de mosaico digital conectado via Bluetooth ao celular e tablet, que também pode ser usada como lâmpada, termômetro, relógio e despertador. Com o display de led mais fino do mundo, sua bateria executa seis horas de música sem parar com 5W de potência. Na opinião de Rafael Camargo, Diretor de Produtos da Chansport, distribuidora oficial no Brasil, “a linha Divoom Aurabox é um produto super adequado para uso externo. Como as caixas são sem fio e com ótima durabilidade de bateria, dá pra ouvir música praticamente o dia todo enquanto dá aquele rolê de skate!”. Confira em divoombrasil.com

A Microsoft anunciou para agosto o Xbox One S, 40% menor que o original Xbox One, com armazenamento de até 2TB e suportando 4K para vídeo e Blu-ray. O joystick terá o dobro de alcance com Bluetooth, nova textura e design levemente melhorado. Já a Sony anunciou para outubro o seu novo headset para jogos de realidade virtual no seu console PlayStation 4.

GABRIEL TREVIZAN

M A I S Q U E I N T E R N E T G R ÁT I S O Rei do Mate está desenvolvendo o aplicativo Uau-Fi, que mais do que oferecer internet gratuita terá campanhas interativas de fidelidade. Além de reter o cliente por mais tempo nas lojas, o objetivo é conhecer suas preferências. “Os skatistas, assim como os praticantes de outras modalidades, encontram em nosso cardápio bebidas e opções variadas para um consumo saboroso, natural e nutritivo”, afirma Antonio Nasraui, Diretor Comercial e de Marketing do Rei do Mate. Ele diz que ainda não há ainda uma ação específica para o skate, “mas o público é bastante estratégico para a rede”. TRIBO SKATE•81


CO LUNA GUTO J IMEN E Z

SK A TE BOA RD I NG M I LI TANT

O SKATISTA OLÍMPICO

N

os últimos tempos, o assunto “skate nas Olimpíadas”

skate de ladeira em todo o planeta. Espertamente, o COI adotou

retornou com uma proporção jamais vista. Afinal, será

as regras de competições de skate que eram usadas então, como

em 2016 que irão decidir se nosso estilo de vida vai virar

o acréscimo de tempo a cada cone derrubado no slalom por

uma modalidade de competição em Jogos Olímpicos,

exemplo, embora tenham interferido na disputa do speed com

com grandes possibilidades de acontecer já na próxima edição da

uma exigência sem sentido: apenas um competidor era permitido

disputa, que irá acontecer no Japão em 2020. Argumentos prós e

por descida, o que tornou os dropes bem menos excitantes.

contrários a essa possibilidade se multiplicam em todos os lugares

Na disputa considerada “sem emoção” pela maioria dos

aonde você vá e com quem se converse a respeito; todos têm suas

competidores, o speedeiro norte americano Roger Hickey foi o

opiniões e todos devem ser respeitados por igual, não importa qual

vencedor e o ganhador da primeira medalha de ouro do COI já

tendência que se siga, portanto o debate em si não é mais inédito.

dada a um skatista na história. Esse cara fez história no skate

A novidade é que descobriram um fato que aconteceu há mais

de ladeira entre o final dos anos 70 e meados dos anos 90: foi

de 20 anos: sabia que já rolaram competições olímpicas de skate? A

ele quem inventou o tuck, a postura usada por praticantes do

história toda aconteceu na França, nos Pirineus, após a criação do

speed até os dias de hoje. Como se não bastasse, Hickey é quem

Laboratório do Ideal Olímpico na região. O COI (Comitê Olímpico

mais ganhou campeonatos entre todas as modalidades, com

Internacional) já vinha realizando estudos desde os anos 80

impressionantes 314 vitórias consecutivas e tendo sido campeão

visando a entrada de novos esportes de ação nos Jogos e estava

mundial do speed por nada menos que 18 anos seguidos. O cara

pensando até em batizá-los como “Jogos Olímpicos da Primavera”.

também bateu marcas de velocidade no skate do Livro Guinness

Eles repararam que o número de praticantes de alguns esportes

dos Recordes por cinco vezes, o que o torna o skatista com o maior número de registros em seu nome na publicação.

NA FRANÇA COMPETIRAM DUAS MODALIDADES: SLALOM E SPEED

No slalom, um circuito sinuoso de tight slalom com 50 cones foi o desafio a ser superado, e o italiano Gianmarco Luca acabou se sagrando campeão da disputa. Alguns anos depois, o mesmo skatista, junto com outros compatriotas, seria o responsável pela organização e apresentação da demo de skate com o maior número de tele espectadores em todos os tempos, realizada na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Inverno em Milão. Uma

praticados ao ar livre em montanhas havia crescido muito nos anos

audiência estimada em nada menos que um bilhão de pessoas

anteriores e pensaram em criar uma edição especial pra disputas

assistiram àquela cerimônia e, portanto, também viram aquela

de alpinismo, canoagem, mountain bike, voo livre, paraglides,

demo, levando o skate a lares nunca antes alcançados.

luge e skate downhill, entre outros esportes. A grande diferença é

Independente do fato do skate virar ou não uma modalidade

que seriam praticados em seus ambientes ao ar livre, ao invés de

olímpica, nós skatistas seremos sempre aquele tipo de gente

estádios ou ginásios, o que aumentaria o número de expectadores

que faz o que muitos julgam como impensável em algum local

e seria muito mais atraente aos patrocinadores.

improvável numa hora inusitada, não importa a situação ou a

E assim foi feito: em 1993, foram disputados os Jeux Pyrénées

motivação. Muito mais importante do que qualquer disputa ou

de L’Aventure nas montanhas da divisa entre a França e a

medalha, o que mais vale pra gente é dar um rolé pra se divertir.

Espanha. Foram feitas competições de duas modalidades de

Enquanto isso existir, nada vai mudar na essência da coisa toda.

skate, slalom e downhill speed; alguns dos melhores skatistas do mundo de ambas as modalidades na época estavam presentes, uma vez que haveria transmissões pela TV pra toda a Europa - o continente com o maior número de praticantes de modalidades de 82•TRIBO SKATE

GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra

desde 1962 e sobre o skate desde 1975




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