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MARCELLO GOUVEA / EDGARD VOVÔ / CLEVERSON / STATIC CONTROL / ZEZINHO MARTINS
S K AT E
EDIÇÃO 247 / AGO - 2016
SIMPLE EM CAMPÃO
A equipe da marca conhece os picos nativos da capital do Mato Grosso do Sul PÁG. 24
EURO ONDAS Segunda temporada PÁG. 54 PÁG. 46
PABLO XUXU
Representando a escola de skate dos anos 90
PÁG.18
LUCAS BONILHA
A leitura de mundo do paulista que mora em Londrina
PÁG. 32
JOJO DUCROIS
Mochileiro e skatista que viaja o mundo, em passagem pelo Brasil
ÍN DICE
TRIBO S K AT E
ANO 25 • AGOSTO DE 2016 • NÚMERO 247
ESPECIAIS 18. Lucas Bonilha 24. Simple em Campão 32. Jojo Ducrois 38. Luz 46. Pablo Xuxu SEÇÕES Editorial .....................................................................6 Zap ............................................................................ 10 Casa Nova ............................................................ 66 Traços e Rabiscos .............................................70 Hot Stuff .................................................................74 Áudio (Static Control) .....................................76 Playlist (José Martins) .....................................78 Coluna Visual...................................................... 80 Skateboarding Militant .................................. 82
CAPA: Dizer que em Barcelona surgem picos novos a cada dia é chover no molhado, assim como é dizer que Paulo Galera tem manobras pra todos os tipos de pico e este flip shifty mostra claramente isso. Corrimão altíssimo, flip shifty bem aplicado e aquela certeza de que a escola brasileira do skate de rua nos capacita a manobrar em qualquer lugar. FOTO: Leandro Moska
VICTOR SÜSSEKIND CLICADO POR JOVANI PROCHNOV
O trabalho pesado muitas vezes traz junto com ele a diversão intensa e Victor Süssekind tem se dedicado tanto no skate ao ponto de ter hora extra pra investir nos momentos de recreação. Bs boardslide passando um tranco cabuloso, assim como uma criança brinca em um playground. TRIBO SKATE • 5
PEDRO MACEDO
E D ITOR IAL
RICARDO OLIVEIRA, HALF CAB BS NOSE
MENOS É MAIS
U
ma das frases mais ouvidas nas escolas
o desenvolvimento da marca.” Já o francês Jojo Ducrois, vai criando
de jornalismo e arte serve muito bem para
uma visão sobre mais globalizada, desbravando fronteiras ao viajar
esta época do ano, quando uma avalanche
por vários países e conhecer novas culturas. Em poucos meses no
de informações cai sobre cada um de nós,
Brasil, tem uma opinião bem ilustrativa, que pode muito bem servir de
muitas vezes nos deixando atônitos, querendo
um espelho para nos enxergarmos melhor: “Na minha opinião, vejo
respirar. Maciças doses de Olimpíadas, de política, de polícia,
que o país está dividido, o que não me parece muito bom já que as
de tecnologias e do skate, agora como esporte olímpico.
pessoas deveriam estar unidas lutando por um governo que pudesse
A busca de coisas mais simples está cada vez mais no horizonte daqueles que percebem o quanto gastam seu tempo em coisas
atender aos seus interesses comuns.” A paixão do brasileiro é uma qualidade destacada pelas grandes
inúteis, discutindo ou compartilhando besteiras enormes, para ter uma
mídias, principalmente agora em época de tanta visibilidade
vida mais plena, mais tranquila e produtiva. A proposta atual da Tribo
internacional por causa das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Jojo
Skate é facilitar a compreensão da realidade do skatista, filtrando
logo percebeu que esta característica é a que tem colocado
nesse universo repleto de opções e referências, sejam tecnológicas
nossos skatistas tantas vezes em evidência internacional. Nosso
ou biológicas, o que pode ser mais útil para o equilíbrio. Com este
colunista desde os primórdios da Tribo Skate, o carioca Guto
raciocínio, procuramos maior sentido nos exemplos mais simples.
Jimenez, segue nos abalizando com seus questionamentos sobre
O skatista/jornalista/fotógrafo Fernando Gomes destaca em um texto curto, mas com muita propriedade, uma visão pura do que o skate pode nos representar: “Andar de skate é uma atividade que tem
o skate nas Olimpíadas, abrindo nossa percepção para as causas e consequências deste novo momento que iniciamos. E, assim seguimos, com linguagem limpa, direta e sem firulas.
muito de autoconhecimento, de trabalhar a percepção dos movimentos que você faz com o corpo e do que você mentaliza segundos antes de manobrar. Quando você assimila que sentir-se bem é mais importante do que andar bem, esse processo se torna ainda mais rico.” O exemplo do skatista profissional Pablo Xuxu, que encontrou sua missão ao ser chamado para trabalhar com a marca que lhe patrocina é outra ótima mensagem: “Com a proposta de trabalho, veio também a parceria como skatista. Acredito que parte do sucesso veio por eu realmente vestir a camiseta e me envolver completamente com 6 • TRIBO SKATE
CESAR GYRÃO
Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991
AQ U EC IMEN TO
S K AT E
ANO 25 • AGOSTO DE 2016 • NÚMERO 247 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER
Felipe Telles
DIRETORA DE CRIAÇÃO
Ana Notte
GERENTE DE CONTEÚDO
Renato Pezzotti EDITOR
Junior Lemos SITE
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EDITORA DE ARTE
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EDITOR DE FOTOGRAFIA
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CONSELHO EDITORIAL
Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO
triboskate@triboskate.com.br COLABORARARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO
Edu Andrade, Eduardo Ribeiro, Fernando Gomes, Guto Jimenez, João Brinhosa, Jovani Prochnov, Mauricio Pokemon e Sidney Arakaki. FOTO
Andre Calvão, Andre Magarao, Camilo Neres, Carlos Taparelli, Diogo Groselha, Fernando Gomes, João Brinhosa, Jovani Prochnov, Lauro Casachi, Leandro Moska, Marcelo Mug, Mauricio Pokemon, Nathan Motta, Octavio Scholz, Paulo Tavares, Pedro Macedo, Rodrigo K-b-ça e Thomas Teixeira. COMERCIAL
Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) Cezar Toledo (cezar.toledo@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES
EDGARD ‘VOVÔ’, MELANCHOLLIE NÃO IMPORTA O TAMANHO DA TRANSIÇÃO, O QUE VALE É A CAPACIDADE DE PROJETAR MAIS ALTO O SKATE E O CORPO PRA CIMA. O TETO PODE SER UMA BOA META, NÃO É MESMO, VOVÔ?
Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS
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A revista Tribo Skate é uma publicação mensal da Norte Marketing Esportivo
FOTO RODRIGO K-B-ÇA
As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
Foto: Thomas Teixeira
SW HEELFLIP
Roberto Souza
PRO SKATER
DistribuĂdo por Sunta do Brasil. /HondarSkateboards @hondarskateboards hondarskateboards@gmail.com
TRIBOSK ATE.CO M .BR
GIAN NACCARATO, SS BS TAIL
PAULO GALERA VENCEU A ETAPA BRASILEIRA DO VANS WAFFLE SERIES, QUE ACONTECEU NA NOVA PISTA DE SKATE DA CIDADE DE SÃO PAULO, NA CHÁCARA DO JOCKEY. O PÓDIO FOI COMPLETADO COM DANILO DO ROSÁRIO EM SEGUNDO E ROGÉRIO FEBEM EM TERCEIRO.
MARCELO MUG
WAFFLE SERIES
GUI ZOLIN AGORA INTEGRA O TIME DA SIMPLE CAMILO NERES
Skateboards e ganhou vídeo de boas-vindas. Ele conversou com exclusividade com a Tribo Skate sobre a novidade e relembrou a relação com a revista, que é desde 1993. “Eu conheci o (Cesar) Gyrão, o (Fabio) Bolota e o Danielzinho (Arnoni) aqui no Sul. Depois eles vieram pra minha casa, 10•TRIBO SKATE
ficaram aqui e fizeram uma matéria comigo e com meu irmão. Se eu não me engano, foi na edição número três ou dois. E a partir daí sempre tive amizade com todo mundo que passou por aí. As únicas entrevistas que tive em revista foram na Tribo Skate.”
WHAT'S UP Informe-se e tenha argumentos para discutir nas redes sociais!
Everton Maninho e Marcelo Formiga estão no clipe da música ‘Os Monstros’, do rapper DBS Gordão Chefe. O vídeo é dirigido por Alex
OCTAVIO SCHOLZ/VERDI SKATE
Kundera, conhecido produtor de vídeos de skate.
MURILO PERES,
fs feeble grind
Alexandre Cotinz lançou seu pro-model pela Hocks. Para promover o tênis, o próprio skatista roteirizou e dirigiu o vídeo de lançamento. Sem manobras, mas com muito bom humor, Cotinz
PARK SERIES
Huntington Beach, na Califórnia, recebeu a etapa norte-americana do VANS PARK SERIES, circuito mundial de Park. Murilo Peres foi o único brasileiro na final masculina e terminou na sexta colocação. No feminino, Yndiara Asp ficou na nona colocação e conquistou uma vaga para a grande final da temporada em Malmö, Suécia, no dia 20 de agosto. Vi Kakinho e Pedro Barros também estão classificados para competir na Suécia. O campeonato em HB foi vencido por Chris Russell, com Ben Hatchell em segundo e Oskar Rozenberg Hallberg em terceiro.
DIVULGAÇÃO
expressou sua essência de skatista autêntico.
Biano Bianchin está na Improve, marca de acessórios que já tinha em seu time os profissionais Caleb Rodrigues, Ricardo Dexter e Leonardo Spanghero.
Os skatistas profissionais Caleb Rodrigues e Roberto Souza foram contratados pela Hondar Skateboards e estão desenvolvendo seus promodels. Orivaldo Augusto Pravatti de Moura, skatista conhecido em São Paulo e interior como REPRODUÇÃO
Sujeira, sofreu um acidente fatal de moto quando voltava para sua casa na cidade de Cabreúva.
TIAGO LEMOS
A GREEN LABEL, CANAL DE MÍDIA DA MOUNTAIN DEW, LANÇOU NOS EUA O CURTA-METRAGEM GUERREIRO, DOCUMENTÁRIO QUE CONTA A TRAJETÓRIA DE TIAGO LEMOS, SAINDO DA PACATA JAGUARIÚNA PARA ROUBAR A CENA NO FILME WE ARE BLOOD.
Edgard Vovô foi contratado pela marca canadense de capacetes Predator.
TRIBO SKATE•11
ZAP
LIN H A VE R M ELH A
MARCELLO GOUVEA
ENQUANTO OS OLHOS DO MUNDO VEEM TUDO DENTRO DAS ARENAS, QUADRAS E PISCINAS OLÍMPICAS, UMA DELEGAÇÃO CONSIDERÁVEL DE SKATISTAS ESTÁ TODOS OS DIAS MANOBRANDO DO LADO DE FORA, NOS NOVOS PICOS QUE ESTE GRANDE EVENTO PROPORCIONOU PARA A CIDADE. E UM DESTES SKATISTAS LOCAIS TEM EXPERIÊNCIA DE SOBRA NO QUESITO DESBRAVAMENTO, O PROFISSIONAL MARCELLO GOUVEA. E O QUE ELE TEM PRA DIZER E O QUE ELE FAZ VALE TANTO QUANTO O OURO DO LUGAR MAIS ALTO DO PÓDIO.
FOTOS ANDRE CALVÃO
(ANDRE CALVÃO) Como é amar o o skate, ser pai, ser carioca
e não ser o Bob Burnquist? (PEDRO DE LUNA) Por que o mercado de skate do Rio de Janeiro
ainda não conseguiu se consolidar para que tenha um circuito forte, relevante e autossustentável, já que existem tantos amadores e profissionais muito bons no Estado inteiro? - Acho que são vários fatores, um deles é a questão cultural da cidade em que as pessoas acabam sendo bem amadoras nas horas que não podem ser. E um outro grande ponto negativo são certas lojas que ainda permanecem intactas, sem ajudar nenhum skatista e sem ajudar em nada do que a cena do skate local necessita. O princípio básico que todo lojista deveria ter é saber se a companhia que ele vai comercializar realmente faz algo pela cena local, até porque estamos falando de uma grande cidade. E ainda vejo milhares de ‘real skaters’ comprando nesses caras, ainda por cima com desconto de 20 reais, que não paga nem duas cervejas pra ele. 12 • TRIBO SKATE
Essa, só o Papai do Céu pode responder! Papai do Céu: “Meu filho, na próxima vida lhe mandarei como super-herói”. (ANDRE CALVÃO) Você acha que o skatista ficando mais velho, as
marcas no Brasil não têm estrutura para manter esse tipo de profissional e acabam optando muitas vezes por "enxugar os gastos", desligando alguém que tem uma carreira e às vezes uma vida na marca, para colocar dois ou três amadores para não ganhar nada e dar início novamente nesse sonho que muitas vezes será interrompido em um futuro próximo? Acho que temos um grande problema em nossa cultura, de achar que as coisas que vem de fora são melhores. Então, já começa por aí! Mas me lembro como se fosse hoje o dia em que vi um Pro na minha frente, andando de skate, e pra mim foi muito foda, me dá até arrepio de lembrar a sensação. Hoje em dia acho que o skate não está tão mágico assim como antes. E digo isso não só para mim como pra nova geração,
DROP SUICIDA
TRIBO SKATE • 13
ZAP
do Rio e do Brasil. Mas como eles, outros não tiveram o valor que mereciam diante das marcas que anunciavam. Mas já temos alguns canais importantes atualmente e que já fazem uma certa diferença, divulgando alguns prodígios do Rio pro Brasil e pro mundo. (JOVANI PROCHNOV) Você já passou por diversas lesões e cirurgias
que o deixaram afastado do rolê por alguns tempos. Que lições você aprendeu de prevenção e cuidados, dos quais talvez você poderia ter usado mais cedo na sua carreira, e que servem como dica para os mais novos e atirados como você? (risos) Essa pergunta é clássica! Então, eu sempre fui muito atirado e inconsequente desde criança, acho que por isso fui me lesionando desde cedo e assim tive que me adaptar com as limitações que as lesões e cirurgias deixaram. Se pudesse voltar ao passado seria para cuidar mais do meu corpo e assim estender ainda mais minha vida em cima do skate. Agora é me alimentar bem, alongar mais e fazer treino funcional direcionado para o skate. (FERNANDO GOMES) Você acha que o fato de ser do Rio de Janeiro
influenciou seu estilo e trajetória no skate de alguma forma?
MARCELLO GOUVEA
33 anos, 28 de skate Rio de Janeiro, RJ (Crail, Sinah, Sangbon e Cizma)
porque hoje estamos muito conectados com o mundo e esquecemos um pouco daquela sensação de ficar somente lembrando e comentando de manobras com nossos amigos, emoção natural e original do skateboarding. E, apesar de tudo, a maioria das companhias brasileiras está em busca de prodígios e mais prodígios. Esquecem um pouco daquele que contribuiu de certa forma com tudo que estamos vivendo hoje, daquele que será sempre eternizado pelos feitos conquistados em sua carreira e que ainda pode ser muito bem aproveitado. Desta forma fortaleceriam os ídolos que estão por aí, fazendo outras coissa que não são o que eles mais sabem fazer! E com certeza o que é mais barato pras empresas é o melhor, esquecendo que o barato sai muito caro. (ANDRE CALVÃO) Por que o Rio de Janeiro não tem uma mídia
especializada no assunto? E não tendo isso, você acredita que o skate carioca não tem a visibilidade que deveria ter e acaba não tendo força para colocar e manter os skatistas no "mercado do skate"? Acho muito importante uma mídia local, como já teve a Rio Skate Mag, que realmente revelou vários caras 14 • TRIBO SKATE
Com certeza sim. Vejo o skate carioca bem mais orgânico e sem muito game dentro de cada um. Isso é ótimo por um lado! (GUTO JIMENEZ) Desde os tempos do MHS Skatepark que você sempre
foi veloz e atirado ao máximo, andando de skate como se não houvesse um amanhã. Alguma circunstância te faz pegar leve? Tem muitas circunstâncias que me deixam assim, lesão é uma delas. Mesmo lesionado tento pelo menos subir em cima do meu skate para me sentir skatista. E a outra seria quando tento andar de switch, também pego muito leve. (GUTO JIMENEZ) O extinto MHS Skatepark foi um celeiro de
nomes do skate carioca e nacional, como você mesmo, o (Emanoel) Enxaqueca e o Raphael Índio, entre outros. O que havia de tão especial no pico além dos obstáculos? Não sei explicar o que tinha naquele sítio mágico de número 255. Ali era o único skatepark da época, com ótimas rampas, árvores, piscina, campo de futebol e fábrica de shape. Realmente foi demais e natural andar bem com esses monstros que surgiram! A energia era especial e única. (GUTO JIMENEZ) Com você é assim, é "vai ou racha" o tempo todo. Toda essa motivação é natural sua ou é algo que surge só quando você está andando de skate? Me acho um pouco intenso em tudo que faço, mas acredito que seja algo que vem de fora da matéria. E o skate estimula mais ainda tudo isso! Só não sei dizer o porquê é assim. Mas sou louco por skate desde criança mesmo.
DOUBLE TAP POR @MAURICIOPOKEMON
A PRESENÇA DO HOMEM É CONSTANTE NO MEU TRABALHO. PERCEBER AS DIFERENÇAS, A MISTURA E ESSE CONTEXTO SUBJETIVO DE HETEROGENEIDADE É O QUE ME FAZ PENSAR EM UM MUNDO MELHOR, COM DIFERENÇAS E COM REFERÊNCIAS MÚLTIPLAS. ACREDITO EM UM SKATE ASSIM, PARADOXALMENTE SINGULAR E PLURAL.
1 QUERIA ESTILO MASCULINO
2 RESISTINDO
3 HUDSON MELO
4 COLAGEM
5 CONTINUANDO "EXISTÊNCIA"
6 COLAGEM EM BLOCO DE PALLET
PE RFIL
CARA DO MUNDO Comunidades, fotografia e a técnica de colagem se unem como um fio condutor na produção artística de Mauricio Pokemon. Essa junção vem da sua vivência com a rua, desde o tempo em que começou a andar de skate, gerando um modo particular de pensar a cidade e o movimento. Em 2012 começou a se lançar artisticamente, usando
suportes que se relacionam com a vida urbana e a sociedade contemporânea. Hoje, desenvolve projetos que ressaltam comunidades onde valores e saberes empíricos predominam como uma característica potente frente a vida nos tempos líquidos. A figura humana é a substância mais rica que ele destaca em sua fotografia. TRIBO SKATE• 15
ZAP
HOM E NAG E M E SU PE R AÇÃO CONCLUIR UMA VÍDEO PARTE É UMA VONTADE DE TODO SKATISTA, AINDA MAIS SE EM SUA HISTÓRIA DE VIDA HÁ TODO AQUELE CAMINHO TENEBROSO DE LESÕES E QUE MUITAS VEZES NÃO APARECEM NOS SELECIONADOS TAKES QUE ENTRAM NO ENREDO DO VÍDEO. MAS O SKATISTA DE GUARULHOS, CLEVERSON MANIGLIA, NÃO DEIXOU PASSAR A OPORTUNIDADE PARA TAMBÉM CONTAR A HISTÓRIA DE SEU GRANDE ÍDOLO.
TEXTO JUNIOR LEMOS Lançando ‘Metendo a Mão’ em conjunto com a atual coleção da marca que também administra, o skatista teve que superar os mais diversos desafios. “Quando mais novo, vivia torcendo o joelho esquerdo e cheguei a operar os dois, um na sequência do outro. Após a recuperação, sempre procurei andar mais na boa, sabendo das minhas dificuldades. E segui em frente, nunca desistindo de me divertir e fazer algo pelo skate”. Parte das imagens que compõem a vídeo parte foram feitas em 2014, na viagem GRU em NYC, que publicamos na edição de janeiro deste ano. Foi então que aparece mais um obstáculo a ser vencido! “Decidi coletar mais algumas imagens por SP e Guarulhos. Mas neste meio tempo machuquei o joelho novamente e descobri outro grave problema (Condromalácia Paletar). Fiquei uns meses me recuperando e voltei novamente a andar. Fiz uma parada que foi meu máximo mesmo!”, explica ele. E o exemplo para mais esta superação veio dos anos 70, já que Cleverson resgatou algumas músicas da banda de seu pai (Trewa), que não chegou a seguir carreira, 16 • TRIBO SKATE
para servir de trilha sonora do vídeo. “Meu pai tinha banda quando era mais novo, tocava em vários lugares e fiz uma homenagem para ele. O vídeo começa com ele colocando a fita no rádio e depois termina mostrando vários cartazes dos shows que ele fazia, isso lá em 1971”. História que você confere no vídeo que estará logo mais na internet e que foi exibido em selecionadas skateshops de São Paulo e arredores.
À DIREITA: A tradicional parede inclinada da escola de Guarulhos recebe novos riscos.
ANDRE CALVÃO
SS BS WALLRIDE 360
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PERFIL A M
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EQUILÍBRIO E DIREÇÃO! VELOCIDADE O INTERIOR DE SÃO PAULO COSTUMA REVELAR SKATISTAS QUE SAEM DE SUAS CIDADES PARA FAZER ACONTECER, SEJA MANOBRANDO OU APLICANDO SEU TALENTO NOS BASTIDORES. LUCAS BONILHA SE ENCAIXA NOS DOIS EXEMPLOS! SAIU DE JAÚ PRA FAZER FACULDADE EM LONDRINA E NÃO CONQUISTOU APENAS A GRADUAÇÃO E UMA COLOCAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO, EVOLUIU TAMBÉM SEU SKATE E OS PENSAMENTOS SOBRE ELE.
TEXTO JUNIOR LEMOS | FOTOS THOMAS TEIXEIRA
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FAKIE FLIP
EQUILÍBRIO Comecei a andar em 98, tinha 12 anos e andava muito com a molecada da rua. Não sabia nada, não tinha vídeos de internet como é hoje, então fui descobrir as manobras depois. Na real, na nossa época em Jaú tinha uma loja que se chamava Ousadia, da Andreia, que foi muito importante para a cena de lá. Era uma época de ouro. Ela trazia vários vídeos e revistas e a gente colava na loja pra ver a parada. Eu era bem pivete, era bem louco! Sou da época dos campeonatos do SESC de São Carlos, dos eventos no Náutico de Araraquara e do Circuito Paulista do Rato, de Barra Bonita. Eu me transformei em skatista de tanto amar andar de skate. Acaba que o negócio vai virando parte da gente. Até por isso que eu brinco que mesmo quando a gente não está com o skate, a gente olha e pensa no picos. Me comparo muito com outras pessoas que, de repente, nem andam de skate - eu vejo que o skatista tem uma leitura de mundo completamente diferente.
VELOCIDADE
O que faz a gente ser skatista é justamente o amor por andar de skate! Tanto que hoje tenho as marcas que me ajudam, mas eu trabalho e pago minhas contas. O skate é uma parada que eu amo fazer e, tudo que acabo tendo, vejo como consequência desse amor. Eu não penso nele como uma forma de ganhar a vida e mesmo se um dia eu passar pra profissional, vou sempre andar por amor! E apesar de não querer viver disso, hoje eu entendo que a gente não pode andar por pouca coisa. Porque se o skatista não se valorizar, a gente acaba meio que prostituindo o mercado. Hoje, se tem marca que dá pouco pro skatista, é porque tem muitos que aceitam. Isso é uma coisa que eu acho um pouco errado! Eu acho que a gente está ali se ralando, se matando no sol e acaba sendo o linha de frente da marca, várias vezes.
DIREÇÃO
Apesar de não querer depender disso pra viver, quando aceito ter um patrocínio é por algo que realmente seja bom pros dois lados. Tem que ser uma parceria pra somar. O patrocínio tem que ser alguma coisa que te dá um suporte porque estar na marca só por status não vale a pena. Prefiro não ter patrocínio do que ter várias marcas que não me dão nada! Hoje tenho uma agência de comunicação especializada e também sou sócio em uma outra empresa. Mas tudo isso ralando pra caralho, aos trancos e barrancos. muitas vezes sem salário, acreditando e sempre aproveitando qualquer brecha pra andar de skate, afinal o skate não para.
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PERF IL A M
O PATROCÍNIO TEM QUE SER ALGUMA COISA QUE TE DÁ UM SUPORTE PORQUE ESTAR NA MARCA SÓ POR STATUS NÃO VALE A PENA LUCAS BONILHA
30 anos, 18 de skate De Jaú, SP, mora em Londrina, PR (John Roger, Hard Skateshop e #skatenaopara; apoio: Rodrigo Vaz Tattoo)
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FS BOARDSLIDE
TOUR
EM CAMPO GRANDE FOI EM MEIO A UM PERÍODO CONTURBADO E DE INTENSAS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS QUE A SIMPLE REUNIU SEU TIME (OS AMADORES NICHOLAS DIAS, ROBSON GALEGO, MATHEUS FERREIRA, IGOR CALIXTO E O PRO DANILO DIEHL), MAIS O MAKER LUÍS FELIPE E O FOTÓGRAFO PAULO TAVARES, PARA UMA SKATETRIP SENTIDO CIDADE MORENA.
FOTOS PAULO TAVARES
NICHOLAS DIAS, FS OLLIE
É CL ARO QUE SETE DIAS
acabaram não sendo suficientes
para a equipe conhecer todos os picos de lá! Primeiro porque a capital do Mato Grosso do Sul é repleta de spots perfeitos e isso todo skatista que a visita vê logo de cara. E também porque a marca conta com uma equipe habilidosa que soma estilos para meses de intenso bombardeio nas ruas sem repetir manobras. Um fato interessante de primeira impressão da viagem é que mesmo com a imensa quantidade de picos, os skatistas locais colocam a mão na massa e fazem suas próprias intervenções, como o ‘DIY’ da Praça do Jockey, que foi o primeiro pico visitado pela equipe, para esticar as pernas e interagir com o pessoal. Reunir um time com personalidades, opiniões e idades diferentes nunca é tarefa fácil, mas quando o foco e a determinação são os mesmos, a união e a sintonia falam mais alto.
TO UR
DANILO DIEHL, SS OLLIE
26•TRIBO SKATE
ROBSON GALEGO, SS BS NOSE FS HEELFLIP OUT
TRIBO SKATE•27
TO UR NICHOLAS DIAS, SS FLIP
E assim foi a rotina deles: acordar cedo e partir pra rua, sem horário de voltar, apenas com a certeza de que não faltariam picos e tendo como peça-chave o guia local e skatista profissional Pedro Iti, que juntamente com a Rema Boardhouse não mediram esforços em apresentar do mais conhecido ao mais secreto spot local. Com todos esses recursos, baterias extras, fotógrafo e o videomaker bem dispostos, os clips e frames foram apenas consequências das boas energias que a cidade proporcionou aos visitantes. No final o que ficam são os sentimentos de gratidão e o de dever cumprido. Além, é claro, do farto material que foi produzido em Campão e que vocês conferem nestas páginas e no vídeo especial da trip. 28•TRIBO SKATE
PEDRO DEZZEN, SS OLLIE
MATHEUS FERREIRA, 360 FLIP
TRIBO SKATE•29
TO UR
IGOR CALIXTO, HARDFLIP REVERSE
30•TRIBO SKATE
REUNIR UM TIME COM PERSONALIDADES, OPINIÕES E IDADES DIFERENTES NUNCA É TAREFA FÁCIL, MAS QUANDO O FOCO E A DETERMINAÇÃO SÃO OS MESMOS, A UNIÃO E A SINTONIA FALAM MAIS ALTO
TRIBO SKATE•31
M OC HIL A
VIAJANDO E MANOBRANDO
JOJO DUCROIS
MOCHILEIROS E SKATISTAS À PRIMEIRA VISTA NÃO PARECEM TER MUITO EM COMUM, MAS SABEMOS QUE ESSA IMPRESSÃO NÃO SE MANTÉM QUANDO TEMOS CONHECIMENTO DE QUE A BUSCA POR NOVAS SENSAÇÕES É O QUE MAIS MOVE TANTO UM QUANTO O OUTRO.
TEXTO E FOTOS FERNANDO GOMES
32 • TRIBO SKATE
OLLIE INTO BANK
TRIBO SKATE • 33
M O C HIL A
BS SMITH ONE FOOT TAIL GRAB
I
Inclusive, existem aqueles skatistas que levam à risca o espírito mochileiro de desbravar lugares, conhecer novos picos e pessoas sem necessariamente estar em tours de patrocinadores. Jojo Ducrois é um skatista francês que tem esse estilo aventureiro de viver e deixa isso à mostra também no jeito que anda de skate, emanando boas energias com manobras difíceis de nomear e grande intimidade com picos DIY. Em viagem pelo continente americano há mais de um ano, Jojo tem passado por diversos estados do Brasil, manobrando muito, pegando carona, circulando entre estações rodoviárias, construindo picos e conhecendo nosso skate e modo de vida. Em uma breve passagem por Salvador, depois de ter participado da construção da pista 34 • TRIBO SKATE
BLUNT CRAILGRAB ONE FOOT
Marcelo Lyra em Recife, Jojo registrou algumas tricks em picos da capital baiana e de lá partiu para o RJ. Quando falou com a Tribo Skate, estava explorando as transições de Florianópolis – “a ilha é conhecida no mundo todo por ter várias pistas legais”, afirmou – e, enquanto você lê essa matéria, talvez ele já esteja em outro lugar do Brasil ou do mundo, vivendo e manobrando.
Há quanto tempo você não volta pra casa? Por quais lugares você já passou? Agora faz um ano e dois meses que estou viajando. Primeiro saí da França em um veleiro e atravessei o Oceano Atlântico para chegar aos Estados Unidos. No caminho parei na Galícia, Ilha da Madeira e Ilha das Bermudas.
Desde o começo não planejei cruzar o oceano de avião e sim de barco porque era um sonho para mim conhecer o mundo da navegação. Então, encontrei na internet um capitão cujo trabalho era encaminhar barcos de um lugar a outro, levando-os de seus vendedores a seus compradores. Esse capitão estava indo da Europa à América e eu consegui a oportunidade de fazer parte de sua equipe. Cheguei na Costa Leste dos Estados Unidos e atravessei o país até a
BS BONELESS 360
Costa Oeste, parando em vários lugares para andar de skate, como em FDA Skatepark na Filadélfia, Skatopia em Ohio e várias pools no Colorado. Lá utilizei bastante o site craiglist e consegui pegar muitas caronas para me locomover. Também viajei durante duas semanas e meia de bicicleta de Portland a São Francisco, onde peguei bastante sol, fiquei em contato com a natureza e conheci várias pessoas legais. Fiquei nos Estados Unidos por seis meses e então
“NÃO PLANEJEI MUITO. SABIA ONDE GOSTARIA DE IR, MAS QUIS DEIXAR BASTANTE ESPAÇO ABERTO PARA O ACASO POIS ACHO QUE É ASSIM QUE AS COISAS BOAS ACONTECEM.” TRIBO SKATE • 35
M O C HIL A voltei pra Costa Leste, na Carolina do Sul, porque encontrei uma oportunidade de viajar velejando de novo, dessa vez até Porto Rico. Depois de duas semanas no mar e de termos passado por uma forte tempestade, cheguei são e salvo em Porto Rico onde fiquei por um mês, fiz boas amizades e aprendi um pouco mais sobre a cultura do Caribe. De lá, voei para Manaus porque era um sonho para mim conhecer a Amazônia, onde peguei um barco e naveguei por quatro dias no rio Amazonas até chegar em Belém e de lá fui de ônibus para Recife, onde trabalhei para a Rio Ramp Design construindo uma pista de skate e ainda aproveitei o carnaval em Olinda. Depois fui para a Chapada da Diamantina e Salvador (ambos na Bahia), Rio de Janeiro e agora estou em Florianópolis, Santa Catarina.
Como surgiu a ideia de viajar pelo mundo? Viajei por um ano pela Austrália com meu melhor amigo. Compramos uma van e andamos pelo país conhecendo gente e andando de skate. Quando voltei dessa viagem, comecei a ler vários livros sobre viajantes que se aventuraram pelo mundo e trabalhei por dois anos juntando dinheiro para poder fazer a minha própria viagem, já que sempre quis conhecer outras culturas e descobrir novos lugares para andar de skate. Fora isso, não planejei muito. Sabia onde gostaria de ir, mas quis deixar bastante espaço aberto para o acaso pois acho que é assim que as coisas boas acontecem.
Como é o cenário do skate em sua cidade? Quais as diferenças para o Brasil? O cenário de skate na minha cidade é bem familiar, pois em geral os skatistas não são apenas conhecidos, mas amigos próximos. A cena está crescendo nos últimos anos devido à boa quantidade de pistas que temos na cidade. A maior diferença que percebo é que o skate é muito mais popular no Brasil do que na França e que aqui as pessoas são realmente apaixonadas pelo que fazem, pelo skate de um modo simples e puro. 36 • TRIBO SKATE
JOJO DUCROIS
25 anos, 16 de skate Nasceu em Grenoble, França
O que mais te chama a atenção nos skatistas brasileiros? É essa motivação apaixonada mesmo, e a energia. Por exemplo, quando estava em Recife, meu amigo Anderson Trow me levou ao Ibura, local onde eles colocaram alguns obstáculos de madeira e vi várias crianças andando de skate com toda a energia. Acho que aqui as pessoas têm um espírito comunitário e conseguem se motivar muito a partir de coisas simples.
Fale sobre sua vivência na construção de pistas e spots DIY. Nessa viagem você participou de alguma atividade do tipo? Na França ajudei a construir três ou quatro pistas DIY (faça você mesmo), que sempre acabaram sendo demolidas pelo governo porque foram erguidas em locais ilegais. Mesmo assim a experiência foi boa, me ensinou sobre como lidar com concreto e também porque gosto do espírito DIY, quando você não espera que as coisas sejam feitas para você, mas vai lá e faz acontecer. Pelo que pude ver, existem muito mais pistas DIY na Europa do que aqui. A experiência na construção da pista em Recife foi muito boa também porque me ensinou coisas novas sobre construção e convivência.
Você está no Brasil num momento bastante complicado para o país, politicamente e socialmente. Você tem acompanhado os acontecimentos? Qual sua visão disso?
OLLIE HIGH JUMP
Quando cheguei aqui não sabia muito bem o que estava acontecendo, mas aos poucos comecei a entender. Como tenho convivido bastante com brasileiros, percebo como a situação atual está afetando as pessoas e como elas estão se envolvendo nos acontecimentos. Quando estava no Rio de Janeiro vi muitas manifestações na rua e pude sentir um forte clima de tensão. Já aqui em Floripa sinto um pouco menos essa atmosfera. Na minha opinião, vejo que o país está dividido, o que não me parece muito bom já que as pessoas deveriam estar unidas lutando por um governo que pudesse atender aos seus interesses comuns. TRIBO SKATE • 37
ANDRE MAGARAO
LU Z
38 • TRIBO SKATE
ALEXANDRE FELIZ, NO HANDED UPTRUCK STAND
TRIBO SKATE • 39
ANDRE CALVÃO
LUZ
40 • TRIBO SKATE
LUCAS PIOLHO, BS WALLRIDE
TRIBO SKATE • 41
RODRIGO K-B-ÇA
LUZ
42 • TRIBO SKATE
VI KAKINHO, DROP
TRIBO SKATE • 43
CARLOS TAPARELLI
LUZ
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HENRIQUE CROBELATTI, WALLRIDE NOLLIE OUT
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PERFIL PRO
NOLLIE BS LIPSLIDE
46 • TRIBO SKATE
RE SIS TEN CIA
E FOCO
DO EXTREMO SUL DO PAÍS, PABLO RIBEIRO ‘XUXU’ TEVE SUA ESCOLA DE SKATE NOS ANOS 90 E MANTÉM ESSA ESSÊNCIA ATÉ HOJE: CALÇA LARGA, CAMISETA EXTRA G E RAP GOLDEN ERA. E ENTRE IDAS E VINDAS ELE MOSTRA QUE, AOS 32 ANOS, NUNCA ESTEVE TÃO BEM COM SEU CARRINHO.
TEXTO E FOTOS JOÃO BRINHOSA
TRIBO SKATE•47
PERF IL PRO SS FS FLIP
48•TRIBO SKATE
SS FS BLUNTSLIDE
P
ablo é um cara humilde, focado, determinado e muito
Mas nem tudo foi fácil e o skatista
carismático, sem contar que durante a sessão é só alegria. Com
relembra um momento complicado em sua
skate agressivo, os obstáculos altos não o intimidam pois o pop
época de aprendizado na sua terra natal.
está sempre em dia. É daqueles que acorda bem cedo para ir
“Pelotas já foi um grande polo do skate
para sessão e antes do almoço já esta com o trampo do dia feito.
gaúcho, com grandes talentos. A cidade
Com toda essa energia, o pedido de profissionalização negado
teve uma fase muito boa com duas boas
pela CBSk não impediu que seus patrocinadores e a Federação
pistas particulares, pista pública, várias
Gaúcha de Skate o considerassem profissional. “O que me levou a
lojas e investimento rolando, quando de
tomar tomar essa decisão foram vários fatores, um deles foi o trabalho que venho realizando com
repente entrou em decadência fechando
a Federação, atuando como juiz do Circuito Gaúcho Amador. Isso pesou bastante, junto
as pistas particulares, o skate park
com com meus patrocinadores e o trabalho que venho fazendo com a Hanff”, explica o skatista.
público ficou abandonado e claro que o
Apesar da recente subida de categoria e todo compromisso que já tinha como
amador, Pablo afirma que a mudança trouxe também mais obrigações. “Tenho mais
investimento no esporte também caiu”. Tal situação fez com que Pablo desse
responsabilidades junto aos meus patrocinadores, não só no desenvolvimento de produtos
um tempo no skate. “Em 2007 comecei a
mas também na postura e no comportamento. Tenho que viajar, me preocupar em sempre
trabalhar na Secretaria de Saúde da cidade
coletar o máximo de material de divulgação possível e andar de skate, que é o principal”.
e fiquei até 2009. Durante esse tempo,
Quando o assunto é o tempo que ele aguarda por esse momento, ele acrescenta:
fiquei afastado do skate e acabou sendo a
“Além de uma realização profissional e pessoal dos meus 20 anos dedicados ao
pior fase da minha vida”. Momento em que
skate, quero agora ter minha situação regularizada junto à CBSk e assim poder correr
uma mudança importante e sifnificativa
campeonatos realizados pela entidade, além de ter o reconhecimento como skatista pro”.
o fez voltar às manobras no skate e à
PERF IL PRO HARDFLIP MELON
felicidade: ir com a família para a capital. “Foi quando eu e minha esposa Leticia resolvemos ir morar em Porto Alegre, apostar em um recomeço, ficar longe de tudo de ruim que ficou para trás. Desde então muita coisa aconteceu, cheguei em POA com toda a vontade e motivação para viver do skate. Tive uma lesão séria na mão direita e enquanto me recuperava me formei em radiologia; estava procurando emprego em uma clínica pra poder ter um horário legal e conseguir andar de skate, sem que um atrapalhasse o outro, foi quando minha vida mudou totalmente com a chegada da Hanff.” E a oportunidade veio em uma conversa informal com um dos locais do IAPI. “Em uma conversa com o Djorge Oliveira, que era da marca e que na época tinha outro nome, achei que poderia tentar pelo menos um apoio que fosse; já me ajudaria e muito. Alguns dias depois ele me ligou dizendo que o dono da marca me chamou pra ir com ele conhecer a empresa e conversar. Não era o que eu esperava pois estava preparado para trabalhar como radiologista e seguir andando de skate por amor como sempre, mas resolvi ir e conhecer a empresa e o dono. Foi quando tudo mudou”. Foi o início de uma nova fase na vida dele e da marca, que surgiria com todo empenho do Pablo. “Com a proposta de trabalho, veio também a parceria como skatista. Acredito que parte do sucesso veio por eu realmente vestir a camiseta e me envolver completamente com o desenvolvimento da marca, trabalhando 24 horas por dia, seja andando de skate, pesquisando tendências, observando o que a galera mais usa na rua, dando ideias de produtos e tudo que possa ser útil para o crescimento da empresa”. DEPOIS DOS 30
Para muitos a idade é uma limitador dos desafios, mas para o Pablo ela muda apenas a forma de manobrar. “Apesar
50•TRIBO SKATE
“COM FOCO, DETERMINAÇÃO, FORÇA DE VONTADE E FÉ, TUDO PODEMOS.” TRIBO SKATE•51
PERF IL PRO
“É MELHOR PARAR E VOLTAR PARA TENTAR OUTRO DIA, DO QUE SE MACHUCAR E FICAR UM TEMPO SEM ANDAR!” FS NOSESLIDE
52•TRIBO SKATE
de estar andando frequentemente e encarando alguns gaps ainda, o skate vai muito além de manobrar e é algo inexplicável. O maior exemplo disso é pegar seu skate e sair remando em uma avenida movimentada, no meio dos carros. O seu coração vai bater forte e a energia do skate vai te dominar. Mas deixo bem claro que o corpo não é o mesmo dos 15, 20 anos. Não posso sair pulando gap o dia todo, tenho que ser mais conservador, coisa que aprendi nesses 20 anos de skate. É melhor parar e voltar para tentar outro dia, que se machucar e ficar um tempo sem andar!” Mas uma característica do skate do Pablo nunca mudou e se mantém até hoje, o estilo dos anos 90. “Muita coisa dos anos 90 me agrada e me traz boas lembranças porque sempre ficará um gostinho de quero mais! Você pode perguntar para qualquer um das gerações de 80 e 90, eles vão dizer a mesma coisa, começando pela essência e pelo skate for fun da época, das calças largas, camisetas enormes e o skate de puro lifestyle”. Ano passado Pablo esteve em viagem para a Bolívia, quando fez fotos para uma pauta que saiu na edição 236 ( julho). Para
PABLO RIBEIRO “XUXU"
32 anos, 21 de skate De Pelotas, mora em Porto Alegre (Hanff Shoes e Hanff Urban; apoio: Enxame Tattoo)
ele foi uma boa forma de mostrar que está de volta. “A repercussão foi maior do que eu esperava. Notei que muita gente achou interessante e gostou da matéria por ter sido em um lugar novo e diferente, além de ser pouco explorado pelos skatistas”. A viagem foi toda pensada para ser uma skate trip e ele sabia bem pouco dos picos que encontraria por lá. “Foi um tiro no escuro! Sabíamos apenas que haviam canais de escoamento de água e uma praça onde a galera local costuma andar, mas deu tudo certo e voltamos pra casa com uma bela matéria e ótimas lembranças”. A skate trip foi tão produtiva que ele pensa em voltar logo mais. E quem sabe a gente não confere mais essa aqui nas páginas da revista?
→ VISITE: @PABLOXUXUSK8 (INSTAGRAM) TRIBO SKATE•53
VI A GE M
CAIQUE SILVA, NOSEBONE EM AMSTERDAM
ATENTADOS TERRORISTAS, BOMBAS, EXPLOSÕES, MASSACRES, REFUGIADOS, CRISE, SÃO O QUE MAIS OUVIMOS FALAR DA EUROPA NOS ÚLTIMOS TEMPOS, E SIM, ISSO REALMENTE É PREOCUPANTE E TRISTE.
EURO ONDAS
TEXTO E FOTOS JOVANI PROCHNOV
VIAGE M
PASSEI UM MÊS NESSA MINHA SEGUNDA TEMPORADA POR LÁ E O CLIMA ESTÁ TENSO MESMO. PERCEBI UMA MOVIMENTAÇÃO MAIOR DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA FRENTE AO QUE VIMOS NO ANO PASSADO. NOS AEROPORTOS A FISCALIZAÇÃO É MAIS INTENSIVA TAMBÉM. FAZEM A GENTE TIRAR TUDO DA MALA E DA MOCHILA, MAS É JUSTO E PARA O NOSSO PRÓPRIO BEM.
Apesar de tudo isso, nada atrapalhou nossa via-
se apaixonar e não querer mais voltar pra
gem. Com Caique Silva e Suênio Campos, ro-
casa. São milhares e milhares de picos ska-
damos por lugares como Barcelona, Marselha,
táveis e perfeitos, sonho de qualquer skatista,
Praga, Düsseldorf e Amsterdam e trombamos
sem contar nos cenários para fotografar. O
com vários outros viajantes brasileiros, entre
prazer de sair de casa, largar o skate e sair
eles, Samuel Jimmy, Patrik Mazzuchini e Ro-
andando com a câmera na mão, sem medo
drigo Gonzales, com os quais tive oportunidade
de ser roubado, não tem preço, e dessa forma
de fazer algumas sessões de fotos pelas ruas.
conseguimos pensar e criar boas imagens,
O saldo em campeonatos nesses meses
de cabeça fria. Claro, não são todos lugares
de junho e julho pela Europa também foi
assim, mas podemos dizer que a maioria é
bom para os brasileiros, com destaque para
seguro e tranquilo, e os locais perigosos não
Ivan Monteiro, que ganhou três grandes
chegam a ser como no Brasil.
eventos por lá e está fazendo seu nome
Tudo que é bom acaba rápido, e esse é o
entre os melhores: o Grand Prix em Beroun e
sentimento que fica. Muitas imagens, lugares
o Mystic Cup em Praga, ambos na Repú-
novos, novas amizades, fortalecimento entre
blica Tcheca, e o Euro Series em Berlim na
os amigos, muito skate, muitas risadas, tudo
Alemanha, todos eventos de alto nível com
como deve ser em uma skate trip. A única
skatistas de todas as partes do mundo.
certeza é que queremos voltar a viver tudo
A Europa sempre nos encanta e faz a gente
56 • TRIBO SKATE
isso no próximo ano.
SUÊNIO CAMPOS: Pouco visitada pelos brasileiros, Düsseldorf é um importante centro econômico da Alemanha e possui diversos cantos skatáveis
SS FS HEELFLIP EM DÜSSELDORF
TRIBO SKATE • 57
VIAGE M
PATRIK MAZZUCHINI: O skatista profissional da Serra Gaúcha esteve em mais uma trip na Europa
EURO INFRA A Europa continua sendo um lugar no qual as pessoas têm o poder de ir e vir, os ganhos salariais proporcionam, as coisas acontecem e o governo corresponde em infraestrutura e organização. Claro que isso varia em cada país que visitamos, mas de um modo geral, todos os lugares que passamos me pareceram que funcionam, andam pra frente, podemos assim dizer. A comunidade muçulmana é que está cada vez maior. Bairros inteiros são ocupados por eles e isso em todas as cidades que passamos, sem exceções. Você percebe que em certos locais eles tomam conta com a sua cultura e ideologia. Ocorreu um fato em um mini mercado no qual o proprietário era muçulmano que nos marcou. Ele nos expulsou do estabelecimento, do nada! Estávamos escolhendo os produtos, sendo que já havíamos ido lá antes. A conclusão que chegamos, era por minha mulher estar junto e o modo como eles veem o direito das mulheres é diferente do nosso, mas nada de grave ou ameaçador ocorreu, simplesmente ele não quis nos vender.
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TUDO QUE É BOM ACABA RÁPIDO, E ESSE É O SENTIMENTO QUE FICA
WALLIE EM PRAGA
TRIBO SKATE • 59
VIAGE M
RODRIGO GONZALES: Mantendo o pop em dia, o brasileiro literalmente trepou na borda encontrada nas ruas de Marselha na França.
EUROPASS, ALUGUEL DE CARRO, BUS? A locomoção na Europa é algo que deveria servir de exemplo para o Brasil. Quando chegamos por lá, nos surpreendemos a cada dia, mesmo estando acostumados. São várias opções de transporte público: ônibus, trem, metrô, tram (como são chamados os bondes) ou o táxi, enfim, uma série de opções que lhe levam a qualquer lugar. Uns mais caros, outros mais confortáveis, uns mais rápidos, porém todos eficientes e bons, que cumprem horários e tudo aquilo que anunciam. Qual o melhor? Difícil dizer. Isso depende de cada momento, local e principalmente sua necessidade. Mas uma coisa é certa: podemos confiar em todas as opções. A nossa foi andando de skate, ônibus, metrô, trem e bonde.
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BS NOSESLIDE
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VIAGE M
FLIP
COMO SE COME BEM SEM GASTAR MUITO? ONDE FICAR?
Com o nosso dinheiro desvalorizado do jeito que está, a opção mais econômica de alimentação, com certeza, é fazer compras em um supermercado (de preferência lojas grandes). A economia é certa. Claro que se o camarada souber cozinhar, vai comer bem, caso contrário não irá aguentar massa com molho pronto por muitos dias, mas as variedades são muitas e os preços aceitáveis, variando em cada país. Uma vez ou outra, comer em um restaurante não fará mal ao bolso. Encontram-se pratos bons, bem servidos e saborosos com valores que variam de 8 a 15 euros em média. Porém tudo isso está diretamente ligado a sua hospedagem, que se você pretende cozinhar em casa não é qualquer lugar que servirá. Por isso, o conselho é juntar alguns camaradas, não muitos para não dar bagunça e brigas, e alugar casas ou apartamentos completos, que irão lhe oferecer conforto e toda estrutura necessária, às vezes até melhor que sua própria casa. Diversos sites de hospedagem oferecem esse tipo de acomodação e nós ficamos em todas as cidades em locais assim. Por isso, posso afirmar que são as melhores opções para se ter liberdade, privacidade e estrutura para descansar e aguentar as pancadas do dia a dia.
SAMUEL JIMMY: Sempre muito atirado e com o skate no pé, não tomou muito conhecimento dos picos na meca do skate mundial, Barcelona
TRIBO SKATE • 63
C A SA NOVA
ALEX NIKITO
23 ANOS, 10 DE SKATE DE TABOÃO DA SERRA, MORA EM EMBU DAS ARTES, SP FOTOS RODRIGO K-B-ÇA Skate e roupas atuais: Shape Stall, trucks Metallum, rolamentos Mini Logo, rodas Bones e tênis Öus. Manobra que não suporta mais ver: Flip bs board. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie hard heel bs grind. Principal rede social que usa ultimamente: Instagram (@trindade_skateboard). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Busão muito caro pra ir pra SP. Skatista profissional em quem se espelha: Felipe Gustavo. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Habbib's. Atual melhor equipe de skate brasileira: adidas Brasil. Amador que gostaria de ver pro: Jean Santos. (Apoio: Stall e loja Style Trend)
BS CROOKED
"PROCURE SER FELIZ, POBREZA NÃO É DERROTA"
THIERRY DIAS
17 ANOS, 3 DE SKATE / GUARULHOS, SP FOTOS JUNIOR LEMOS
Skate e roupas atuais: Shape Biscoitos, rodas Hated, rolamentos misturados e eixos Crail. Boné do Suicidal, camiseta de banda e tênis Mad Rats. Manobra que não suporta mais ver: Fs flip. Manobra que ainda pretende acertar: Ho-ho plant. Principal rede social que usa: Fb.com/thierrydiasskate Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de bowl na minha cidade. Skatista profissional em quem se espelha: Mauro Mureta. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Tubaína. Atual melhor equipe de skate brasileira: Crail. Amador que gostaria de ver ser pro: Davi Arato Cintra. (Apoio: Natask8, Hated Skateboards, Na base, Green House e Biscoito Skateboards)
"HUMILDADE"
DROP
C A SA NOVA 50-50 TRANSFER
ADÍLIO SANTOS
23 ANOS, 11 DE SKATE DE CARAPICUÍBA, MORA EM POUSO ALEGRE, MG FOTOS CARLOS TAPARELLI Skate e roupas atuais: Shape Black Sheep, rodas Bones e eixos Crail. Roupas da Black Sheep e tênis Hocks. O que não suporta mais ver: Os comédias fazendo média. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie flip noseslide nollie flip out. Principal rede social que usa ultimamente: Instagram (@adilioskt). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Não ter muito acesso e ajuda das lojas. Skatista profissional em quem se espelha: Roni Carlos. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Banco do Brasil. Atual melhor equipe de skate brasileira: Black Sheep. Amador que gostaria de ver pro: Tc de Jesus. (Apoio: Black Sheep e loja Edr)
"SÓ VAI."
FILIPE FURTADO 23 ANOS, 10 DE SKATE DE RIO POMBA, MORA EM BH, MG FOTOS DIOGO GROSELHA
FLIP BS WALLRIDE
Skate e roupas atuais: As peças que estiverem rolando, minhas roupas costumo comprar no brechó. Manobra que não suporta mais ver: Nosegrab. Manobra que ainda pretende acertar: No comply. Principal rede social que usa ultimamente: lovemeusamigos.tumblr.com
Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Custo com peças e viagens. Skatista profissional em quem se espelha: Jerry Hsu. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Camel. Atual melhor equipe de skate brasileira: G7 Skateboards. Amador que gostaria de ver pro: João Victor Galvão.
"NÃO VÁ CAIR NA MOVEJAICE!"
A RT E POR R E VO L B AC K
WILD FIGHT: Águia, cobra e lobo, em uma luta que não tem vencedores
Já fez algum trabalho pra marcas de skate?
PER F I L D O A RT ISTA
VIC TOR N OCI VO COLOCANDO O REAL E O IMAGINÁRIO EM SUAS OBRAS, MAIS A INFLUÊNCIA DO SKATE, FOTOGRAFIA, TATUAGENS E DA MÚSICA UNDERGROUND, VICTOR NOCIVO É UM ARTISTA DIFERENCIADO E EM CONSTANTE EVOLUÇÃO. EM MEIO A SUA INQUIETUDE E MENTE FÉRTIL, ELE PAROU PARA RESPONDER ESTAS PERGUNTAS.
TEXTO EDU REVOLBACK X FOTOS JUNIOR LEMOS Quando você começou a desenhar e realmente se interessar por arte? Que eu me lembre, foi na época de escola. Nunca fui bom com os estudos (risos), logo meus cadernos eram cheios de desenhos.
sempre fui melhor desenhando. Naquela época eu olhava shapes da Santa Cruz, que eram inacessíveis, por serem muito caros, e sempre fui fascinado pelas artes do Jim Phillips.
Como é o seu processo de criação? Quando apareceu o skate na sua vida? Teve alguma ligação com a sua arte? Foi cedo. Eu tinha uns 13 anos, quando vi vídeos dos caras como Wolnei dos Santos, Nilton Urina, (Carlos) Piolho. Aí ganhei um skate bem zoado, daqueles de supermercado. Depois montei um com peças usadas de amigos e fui evoluindo, mas parou por aí. Ainda ando, mas 70 • TRIBO SKATE
Normalmente busco referências fotográficas; analiso bem a anatomia animal e humana, para assim começar a rabiscar e depois aplicar meu estilo de desenho. Nunca tive uma escola de desenho ou arte. Isso acontece com qualquer artista, você acaba achando o caminho mais fácil de desenhar. Acho que são as limitações de cada um que definem seu estilo.
Várias! Mas a Blunt e a Urgh são as que mais tiveram trabalhos divulgados e que mais me apoiaram, então prefiro citar só elas aqui.
Quais são as suas maiores influências na arte e no skate? Difícil a pergunta, mas na arte foram caras como Jim Phillips, H.R. Giger e o tatuador Marcio Duarte. No skate são caras como Dustin Dollin, David Gonzalez, meu camarada Wolnei dos Santos, Nilton Neves, Chris Cole.
No universo da música, principalmente no Punk Metal, temos muitos artistas visuais que fazem capas, símbolos, pôsteres. Você curte? Se sim, pode nos destacar alguns de sua preferência? Claro! Quando era moleque ainda comprava os cds pela arte da capa e tentava reproduzi-las no papel. Tem muitos caras que admiro, na arte e na música, como Revolback e a banda Questions, Jordan Buckley e a Every Time I Die, Sesper e Garage Fuzz.
→ CONHEÇA MAIS NO:
INSTAGRAM: @VICTOR_NOCIVO
IN EVIL I TRUST: Um dos desenhos que virou estampa, faz uma releitura de ícones e símbolos diversos da cultura mundial
BROKEN JAW: Influência do estilo Cross Over, a caveira de maxilar quebrado parece se movimentar
EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK
Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 71
HOT STUF F PR O D UTO S
SEGUNDO SEMESTRE
VOLTA ÀS AULAS, OLIMPÍADAS E DIA DOS PAIS! NÃO FALTAM MOTIVOS PRA RENOVAR O KIT E COM CERTEZA ALGUM PRODUTO PARA ATUALIZAR O SEU ARMÁRIO OU O DO SEU PAI ESTÁ AQUI. CONFERE?
PUMA ALIFE / R$ 250
CHILLI BEANS / R$ 158
CHILLI BEANS / R$ 108
ADIDAS AdiEase RIO / R$ 300
74 • TRIBO SKATE
ACE S S Ó RIO S
MOCHILA VIBE / R$ 269,90
SONY / R$ 1.000 MOCHILA VIBE / R$ 269,90
G-SHOCK CAMOUFLAGE / R$ 800
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ÁUDIO
E NTR EVISTA
STATIC CONTROL
A VOLTA DO HARDCORE MOLEQUE TEXTO EDUARDO RIBEIRO
// FOTO NATHAN MOTTA
STATIC CONTROL É UM QUARTETO DE SÃO PAULO QUE REVISITA O HARDCORE-SKATE-PUNK NO ESPÍRITO DOS EPS DO 7 SECONDS. DIRETO, ENERGÉTICO E CATIVANTE. REMETE AO MELHOR DO ESTILO OLD-SCHOOL E TRAZ NA FORMAÇÃO CARAS DE BANDAS IMPACTANTES NO CENÁRIO, COMO NO VIOLENCE E FUTURO. ELES JÁ SOLTARAM UMA DEMO COM CINCO SONS E EM BREVE SAI NOVIDADE PELA TRUE SPIRIT RECORDS.
76 • TRIBO SKATE
A IDEIA INICIAL ERA FAZER AQUELE HARDCORE ULTRA-BÁSICO, MAS COM VOCAL CANTADO, DE MOLEQUE, TIPO OS EPS E O PRIMEIRO LP DO 7 SECONDS Então, Pedro, quer dizer que você queria uma banda pra ficar só no vocal quando decidiram montar o Static Control? PEDRO Exato. No segundo semestre de 2014 o Alemão (bateria) me chamou para fazer uma banda nessa pegada e topei na hora, mas falei que queria cantar. Eu sempre toquei guitarra em todas as bandas, queria variar um pouco e ficar livre no palco. A gente pegou uns ensaios só nós dois, fizemos as músicas e gravamos, já pensando em chamar outras duas pessoas depois que estivesse tudo pronto. Deixei para gravar a voz depois e nesse meio tempo a gente resolveu chamar o Jay P pra tocar baixo. Ficamos pensando em opções para a guitarra, até que acendeu a lampadinha: “E se a gente chamasse o Ruy Fernando [ex No Violence] pra cantar?”. O Ruy ficou anos morando longe de São Paulo, mas tinha acabado de voltar. Daí chamamos, ele topou e foi lindo.
Já passou um tempo desde que lançaram a demo, então vocês já devem ter algum material novo pra gravar ou soltar, não é? Tem alguma coisa nova pra esse ano? PEDRO O primeiro EP em vinil com a gravação da demo e mais duas músicas inéditas está na fábrica e vai sair pelo selo do nosso amigo Paulo “Sujão”, o True Spirit.
O Static Control é uma banda que nasceu a partir de influências ou referências, uma vontade de fazer um som específico de alguma vertente do punk? Algo que não coube em outras bandas que vocês têm ou já tiveram?
bem. Acho que quem andou de skate um dia fica com uma visão totalmente diferente da arquitetura da cidade. Você pega a cidade e a usa de uma maneira ao mesmo tempo criativa e divertida, que te dá adrenalina. Ou seja, exatamente o que o punk faz com música, zines, o que for. Assim como o punk mostra que você pode usar mil coisas para se expressar, o skate faz isso com o cenário urbano. E assim como o punk, esse modus operandi gera na pessoa um sentimento anti-autoritário muito forte, porque sempre vai ter alguém tentando te impedir de estar ali e fazer o que você tem que fazer, mas você vai fazer assim mesmo. RUY Comecei a curtir punk pelo skate, sem ele eu não seria quem eu seria. Mais magro, provavelmente.
Legal a sacada da capa da demo. Vocês são fãs dos irmãos Hernandez? PEDRO Eu particularmente sou muito, muitíssimo fã dos irmãos Hernandez. A saga do Love & Rockets é uma das coisas que eu mais gosto na vida, e há mais tempo também. Comecei a ler quando era criança, saíam umas historinhas avulsas numas revistas de HQ daqui, tipo a Animal e a Circo, e eu pirava. Daí saiu uma série traduzida lá para 1989, 90 e eu viciei, mas durou pouco e eu fiquei anos lendo tudo de novo. Eu poderia responder a entrevista inteira só falando de Love & Rockets e ainda seria pouco para expressar meu amor, então só o que eu posso fazer é recomendar que todo mundo leia.
PEDRO A ideia inicial era fazer aquele hardcore ultrabásico, mas com vocal cantado, de moleque, tipo os EPs e o primeiro LP do 7 Seconds e aquelas bandas californianas das coletâneas da Mystic Records, tipo Stalag 13, Justice League, Aggression, Ill Repute, etc... Depois que o Ruy entrou, ele botou seu toque pessoal nas músicas e acabou não ficando exatamente esse cosplay que a gente queria originalmente. Ainda bem! RUY Eu curto cosplay.
Vocês descobriram o punk/hardcore através do skate? PEDRO Eu cresci andando de skate e em grande parte foi o skate que me botou no punk rock. Hoje em dia eu não ando mais muito, mas ainda penso e vejo o mundo como um skatista. Sempre que eu estou à toa fico olhando a rua pensando linhas imaginárias que eu faria ali se andasse
→ OUÇA: STATICXCONTROL.BANDCAMP.COM TRIBO SKATE • 77
PL A YLIST OLLIE TO FS CROOKED
JOSÉ MARTINS
FOTO LAURO CASACHI
GAP FLIP, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
JOSÉ MARTINS APRESENTA A INSPIRAÇÃO SONORA PRO ROLÊ NO MÊS DO CACHORRO LOUCO, COM AS 10 MÚSICAS MAIS OUVIDAS NO SEU DIA A DIA. ENTÃO APERTA O PLAY LÁ NO YOUTUBE.COM/TRIBOSKATEMAG E ESCUTE!
BNegão e os Seletores, Prioridades Jorge Ben, Hermes Trismegisto Jorge Ben, Errare Humanum Est Ogi, Corrida de Ratos Wu Tang Clan, Bells of War Novos Baianos, Mistério do Planeta Criolo, Plano de Voo Kamau, Poesia de Concreto RZO, Real Periferia Black Alien & Speed, O Mundo Vai Acabar
José Martins (Hocks, Foton, Calmaneggo Skateshop e Intera Skate)
78 • TRIBO SKATE
Escuta som andando de skate? X Sim Não Quando? A maioria escuto em casa de boa, no computador. Andando de skate, ouço os raps pelo celular. Usa algum fone especial para isso? Sim X Não
BAIXE O APP QR CODE READER OUÇA A PLAYLIST
CO LUNA V ISUAL
ANDAR BE M É IMPOR TANTE . SENTIR-SE BEM É INDISPENSÁVEL “Skate livre” deveria ser uma expressão tida como redundante.
importante do que andar bem, esse processo se torna ainda mais
Mas não é fácil ser livre e a utilização desta frase se faz necessária
rico. Na maioria das vezes, isso naturalmente te leva a manobrar
para chamar atenção da importância de não deixarmos que
melhor, pois você passa a entender mais seu skate e a manobrar
nenhuma tendência de mercado nos roube essa liberdade. Por
de forma mais fluida. No comply e wallie não são obrigação para
mais que seja coletivo em diversos momentos, o skateboarding é
ninguém, assim como hardflip em gap também não está em
expressão artística individual. Só você sabe o que sente quando
nenhuma cartilha do skate, simplesmente porque essa cartilha
está em cima da tábua com rodas, e muito provavelmente essas
não existe e nunca vai existir (assim espero). Quem determina o
sensações não são iguais entre todos os skatistas. Acredito que
que você faz em cima do skate é a sua vontade; é o seu interesse
isso tenha muito a ver com a pluralidade imensa que o skate
por tal manobra, pico, obstáculo ou até mesmo por todos os
apresenta hoje. Todo dia vemos manobras diferentes sendo
tipos, afinal, ser overall também é algo incrível, almejado por
feitas, de graus de dificuldade também diversos. E sabemos que
muitos e alcançado por poucos. Sempre vão existir os monstros
existem outras coisas que o skatista pode expressar por meio das
que mudam a história do skate elevando o nível das manobras,
manobras e o nível de dificuldade é apenas uma delas. Não faz
andando em picos nunca imaginados, assim como sempre vão
sentido, então, andar baseado no que os outros vão pensar ou
existir aqueles que, mesmo não alcançando níveis técnicos
falar do seu rolé. É você quem vai saber se te faz mais feliz voltar
espetaculares, se sentem bem em cada sessão, independente de
a manobra dando aquela arrastadinha no chão ou se você só se
aplausos ou likes. Sabe aquele ditado “Dance como se ninguém
satisfaz se voltar com as quatro. Não existe nenhum manual de
estivesse te observando?”. Então, isso vale para o skate também.
instruções que diga de qual forma as tricks devem ser feitas e nem mesmo quais devem ser feitas. Andar de skate é uma atividade que tem muito de autoconhecimento, de trabalhar a percepção dos movimentos que você faz com o corpo e do que você mentaliza segundos antes de manobrar. Quando você assimila que sentir-se bem é mais
80 • TRIBO SKATE
FERNANDO GOMES
Vivedor do skate soteropolitano, é fotografo e jornalista
THALYSSON WEBA, skatista maranhense que é sinônimo de estar bem em cima do skate
TRIBO SKATE • 81
CO LUNA GUTO J IMEN E Z
SK A TE BOA RD I NG M I LI TANT
ESPORTE OLÍMPICO... E AGORA?! Quando você tiver lendo essa coluna, já será oficial: o skate é
praticantes (que preferiram continuar usando as marcas de raiz)
um dos novos esportes olímpicos, assim como o surfe, o karatê,
nem atrair a atenção dos iniciantes (que, por imitação, também
a escalada e o beisebol/softbol, todos aprovados e incluídos na
preferiam as que eram do ramo). Isso não vai acontecer no skate,
mesma data. A grande questão não é se você é contra ou a favor,
onde as corporações já estão presentes com muita força no
uma vez que a decisão já foi tomada e não cabe mais esse tipo de
mercado, influenciando o cenário e fomentando novos valores
discussão. Infelizmente, não fomos consultados pelo COI antes
em nosso meio. Cada vez mais essas corporações irão entrar no
do anúncio de sua determinação, pelo menos não a grande parte
mercado de skate, ainda mais depois que o carrinho confirmou o
da comunidade do skate; a coisa toda foi analisada e decidida nos
seu status olímpico, portanto esse é um fato que tende até a se
altos escalões de dirigentes esportivos e homens de negócios,
repetir com mais frequência.
longe das ruas, pistas e ladeiras onde costumamos estar. Antes de tudo, é preciso deixar bem claro que os motivos
A grande questão que precisa ser perguntada é: como o cenário de skate pode se beneficiar com a sua inclusão nas Olimpíadas?
da inclusão do skate em particular têm muito mais a ver com
Em primeiro lugar, goste-se ou não, um fato é incontestável:
o caráter comercial do produto “Jogos Olímpicos” do que no
o skate adquire uma situação bastante diferente da anterior. Vai
interesse de alguma entidade esportiva no desenvolvimento
ser possível usar a nova condição a favor das negociações por
do carrinho enquanto esporte. É bom lembrar que o mesmo
construção ou reformas de pistas de skate, por exemplo, que
processo aconteceu no final do século passado e culminou com a
mudaram o seu próprio conceito passando de áreas de lazer para
inclusão do snowboard na disputa dos Jogos de Inverno, medida
locais de prática esportiva. Será fundamental que as autoridades
que alavancou o interesse do público jovem pela disputa e fez
entendam e passem a tratar o skate e seus representantes como membros de uma comunidade esportiva, ainda mais no país que
ANDE PELA RAZÃO QUE FOR E CONTINUE A ANDAR PELO QUE MAIS TE MOTIVA
tem o segundo maior cenário do planeta, mas que tem muito que aprender no quesito “organização”. Isso significa que a vida ficará mais linda e fácil? Não necessariamente, mas definitivamente criou-se um argumento bem forte a nosso favor. Se você anda, prepare-se pra começar a surgir mais gente “treinando” pra serem atletas olímpicos - cada um na sua... Se você faz parte do mercado de alguma forma, prepare-se também
aumentar os índices de audiência da transmissão das disputas
já que outras empresas podem começar a olhar pro skate com
envolvendo a prancha na neve. Portanto, na essência, o skate vai
outros olhos e ficarem interessadas em ganhar dinheiro de
servir pra levantar a audiência das transmissões das próximas
alguma forma. Todos ligados então!
Olimpíadas no Japão e de todas as outras que a sucederem, pelo menos enquanto for modalidade olímpica. Da mesma forma que a maioria dos skatistas, os
É importante frisar que nada vai mudar a maneira como você se relaciona com o seu skate embaixo de seus pés. Ande pela razão que for – por puro prazer, pra ter ou continuar a ter patrocínio,
snowboarders da época também eram majoritariamente
pra disputar eventos, pra se superar – continue a andar pelo que
contrários à entrada do esporte na disputa – na verdade, apenas
mais te motiva. É você quem faz o tipo de skate que quer pra si,
os dedicados ao slalom eram favoráveis. No entanto, a própria
portanto siga fazendo o que quer e divirta-se!
comunidade do snowboard soube tirar proveito da inclusão da prancha nas Olimpíadas, ao mesmo tempo em que preservava as suas raízes. A maior evidência disso foi a entrada e posterior saída do mercado de snow de uma corporação de materiais esportivos, que não conseguiu se consolidar no meio dos 82 • TRIBO SKATE
GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra
desde 1962 e sobre o skate desde 1975
GA-100MM-8A
GA-100MM-3A
GA-100MM-5A
GA-100MM
•Resistente a choques •Resistente à água (200m) •Resistência magnética •Luz de LED •Horário mundial (48 cidades) •Cronômetro de 1/1000 segundos •Cronômetro regressivo •Alarmes •Calendário automático (até ano 2099)
LOJAS DISPONÍVEIS: •G-FACTORY - Shopping Villa Lobos/SP - 3º Piso (11) 2887-1997 •G-FACTORY - Shopping Granja Vianna/Cotia-SP •Surf Trip - São Paulo/SP (11) 4562-1629 •Grupo Sunpeak - Vale do Paraíba/SP (12) 3941-9004 •Hawaii - Santos/SP (13) 3224-6800 •Ophicina - Interior/SP www.ophicina.com.br •Boards Co - Rio de Janeiro/RJ (21) 2267-5899 •Bona Park - Estrela/PR (42) 3028-6670 •Starpoint - Londrina e Maringá/PR www.starpoint.com.br •Sumatra - Curitiba/PR (41) 3039-4430 •Teahupoo - Joinville/SC (47) 3433-2985 •Planeta Surf - Rio Grande do Sul/RS (51) 3384-5571