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R O D O L F O R A M O S / R I C A R D O C A R VA L H O / T W I N P I N E ( S ) / M A R C E L O M A R R E C O / S P O N T O N
S K AT E
EDIÇÃO 248 / SETEMBRO
SAFRA 90 Marcelo Just: a primeira capa PÁG. 60
PÁG. 44
TATTOO X SKATE
Skatistas, tatuagens e as histórias de peles rasgadas
PÁG. 32
PÁG.28
PÁG. 22
MURILO ROMÃO
GIAN NACCARATO
AMOR E RESISTÊNCIA
Fora do padrão, por ser um skatista normal
De lá pra cá, no Vale do Anhangabaú
Ícones falam sobre nossos 25 anos
E L A S T I C G O R E D C O N S T R U C T I O N T O C R E AT E A T R U E S N U G “ S L I P O N ” F I T. F E AT U R I N G :
ÍN DICE
TRIBO S K AT E
ANO 26 • SETEMBRO DE 2016 • NÚMERO 248
ESPECIAIS 22. Amor & Resistência 28. De lá pra Cá 32. Pro: Murilo Romão 44. Tattoo Rasga a Pele 60. Marcelo Just SEÇÕES Editorial.................................................................... 10 Zap............................................................................. 14 Casa Nova..............................................................74 Traços e Rabiscos............................................. 82 Hot Stuff................................................................. 86 Áudio (Twinpines)............................................. 88 Playlist (Marreco).............................................. 90 Coluna Visual...................................................... 92 Coluna Saúde...................................................... 94 Coluna 2020......................................................... 96 Skateboarding Militant................................... 98
CAPA: A escadaria da Catedral Metropolitana de São Paulo (Sé) recebe atualização! Marcelo Profeta, amador de Osasco (SP) destaque em sessões de rua e eventos, chama a responsa de voltar o 360 flip. A movimentação intensa de pedestres e o segurança particular da igreja quase colocaram tudo a perder e foi na sexta e derradeira tentativa que ele conquista a merecida capa da edição de 25 anos. FOTO: Junior Lemos
LUAN OLIVEIRA CLICADO POR PABLO VAZ
O cartão de visita desta edição comemorativa dos 25 anos é esse bem aplicado ss hardflip de Luan Oliveira no monumento da Castelo Branco em São Paulo, em um quadro perfeito, pensado e executado pelo fotógrafo Pablo Vaz. É a dupla prestando homenagem ao nosso aniversário! TRIBO SKATE • 9
E D ITOR IAL
BRUNO ROCHA
TALLES SILVA, SS FS HEELFLIP
A MÁGICA CONTINUA
R
evisitar o passado é fundamental pra entender o presente
graves crises econômicas, das lojas especializadas e distribuidoras e,
e imaginar o futuro. Este é um mantra que rege a história
por fim, dos skatistas que não desistiram na época das vacas magras.
dos 25 anos da Tribo Skate. Desde os primeiros meses
Com talento e criatividade, nossos skatistas conquistaram o mundo e
de 1991, nos empenhamos para lançar a primeira revista
derrubaram preconceitos como os sofridos pelas delegações brasileiras
em setembro. Não tínhamos computadores próprios, os
em eventos internacionais na década anterior. Aos poucos consoli-
textos eram produzidos à mão ou em máquinas de escrever, os enviáva-
damos o skate brasileiro como potência mundial. Toda esta história
mos para a composição, colávamos estas tiras de textos num diagrama
está registrada nas páginas das 248 edições, mais as especiais Tribo
com as imagens aplicadas em espaços separados, mandávamos fazer
Skate Display, Tribologia, o vídeo Nunca Esqueça e tantos eventos que
os fotolitos para finalmente autorizar a gráfica a imprimir. Além disso
promovemos como o marcante Tribo Skate World Cup Skateboarding
havia mais uma enormidade de tarefas com etapas distintas que tinham
Contest, o primeiro campeonato mundial no Brasil, em 1998. Se hoje
que ter atenção, com muito jogo de sorte em suas finalizações. A
temos orgulho de ter skatistas brasileiros entre os melhores do mundo,
fotografia analógica, por exemplo, era uma das mais intrigantes. Nossos
como o Bob Burnquist, Sandro Dias, Pedro Barros, Leticia Bufoni,
fotógrafos tinham muito menos chances de errar, pois havia limite de
Karen Jonz, Luan (de) Oliveira, apenas para citar alguns, muito se deve
poses em cada filme e as contas tinham que bater. Depois de sessões
à união de forças que conseguimos ao longo dos anos. Arregaçamos
incríveis com manobras “choradas”, os filmes seguiam para revelação.
as mangas e trabalhamos pela coletividade e hoje temos o orgulho
O ritual envolvia dias de espera e a seleção das fotos a entrarem nas
de comemorar 25 anos de completo envolvimento com a causa do
edições seria feita numa mesa de luz ou em provas que necessitavam
skate. Obrigado a todos que estiveram ao nosso lado nos momentos
de lentes de aumento. Toda essa precariedade não foi obstáculo para
bons e ruins, que aplaudiram e criticaram nossas iniciativas, que nos
criarmos o que se tornaria um dos pilares do skate nacional, depois da
fizeram crescer e evoluir em nossa plataforma de comunicação.
extinção das revistas dos anos 80. Contamos com remanescentes destes outros títulos, como a Overall, a Yeah, a Skatin’ e o fanzine mensal Skt News, todos extintos no começo da nova década. Sem precisar jogar pedra em ninguém que veio antes de nós, a Tribo Skate foi um dos suportes para que o mercado do skate se organizasse mais uma vez em cima deste veículo de comunicação, das entidades esportivas (como a UBS – União Brasileira de Skate e a Abesk – Associação Brasileira de Empresários de Skate), das marcas que suportaram 10 • TRIBO SKATE
CESAR GYRÃO
Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991
AQ U EC IMEN TO
S K AT E
ANO 26 • SETEMBRO DE 2016 • NÚMERO 248 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER
Felipe Telles
DIRETORA DE CRIAÇÃO
Ana Notte
GERENTE DE CONTEÚDO
Renato Pezzotti EDITOR
Junior Lemos SITE
Sidney Arakaki
DIRETOR DE ARTE
Fernando Pires
EDITORA DE ARTE
Renata Montanhana
EDITOR DE FOTOGRAFIA
Ricardo Soares PRODUTORA
Carol Medeiros
CONSELHO EDITORIAL
Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO
triboskate@triboskate.com.br COLABORARARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO
Aguinaldo Melo, Alexandre Tizil, Ceci Mãe, Edu Andrade, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Sidney Arakaki e Thiago Zanoni. FOTO
Adriano Rebelo, Ana Paula Negrão, Andre Calvão, Brian Fick, Bruno Rocha, Caio Augusto, Carlos Taparelli, Diogo Groselha, Eduardo Braz, Fabio Bitão, Fernando Gomes, Helge Tscharn, Helio Guerra, Igor Wiemers, João Eduardo Pat, Júlio Tio Verde, Leandro Moska, Nilton Neves, Pablo Vaz, Raphael Kumbrevicius, Ricardo Soares, Rodrigo K-b-ça e Thomas Teixeira. COMERCIAL
Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) Cezar Toledo (cezar.toledo@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES
RICARDO DE CARVALHO, SS BS NOSESLIDE TALVEZ A BORDA ALTA E INCLINADA NÃO SEJA A MAIOR DIFICULDADE, SE LEVARMOS EM CONSIDERAÇÃO O IMPACTO NA SAÍDA E DE SWITCH. MAS COMO SE TRATA DO RICARDINHO, DEVE TER SIDO BEM FÁCIL VOLTÁ-LA! FOTO IGOR WIEMERS
Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS
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A revista Tribo Skate é uma publicação mensal da Norte Marketing Esportivo
As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
JULIO TIO VERDE
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MEGAHALFPIPE
MAIS PISTAS DE SKATE COM QUALIDADE INAUGURADAS NA ZONA NORTE DO RIO DE JANEIRO: A VILA OLÍMPICA CLARA NUNES, NA COMUNIDADE DE ACARI, E O PARQUE DE MADUREIRA, SÃO MAIS ÓTIMOS LUGARES PARA FAZER SESSÕES NA CIDADE MARAVILHOSA. EM MADUREIRA, QUE JÁ CONTAVA COM UMA PISTA COMPLETA, AGORA FOI AMPLIADA COM UMA PISTA INFANTIL E UM GIGANTESCO HALFPIPE COBERTO, PROJETADO POR BOB BURNQUIST.
Informe-se e tenha argumentos para discutir nas redes sociais! Alex Sorgente e Brighton Zeuner são os campeões mundiais de Park 2016. A dupla venceu a grande final do Vans Park Series, em Malmö, Suécia. O circuito de estreia passou pela Austrália, Brasil, Canadá e EUA.
O skatista profissional Mario Hermani
TÓQUIO 2020 No dia 3 de agosto, dia do skate no Estado de São Paulo e diversas cidades brasileiras, o Comitê Olímpico Internacional confirmou a inclusão do skate como modalidade olímpica na Tokyo 2020. Nas Olimpíadas, o skate terá as modalidades Street e Park, masculino e feminino, totalizando 80 skatistas competidores. Leia no site a entrevista exclusiva com Rony Gomes falando sobre a novidade. 14•TRIBO SKATE
é o representante da Emerica no Brasil.
OITO ANOS No mês de agosto a ÖUS completou oito anos, e no dia do seu aniversário anunciou a contratação de seis skatistas amadores. Felipe Nery, Lennon Frassetti, Wellington Zilotti, Lucas Marques, Rafael Eduardo e João Gabriel se juntam aos profissionais Filipe Ortiz, Gian Naccarato, Patrick Vidal, Roni Carlos e os amadores Dwayne Fagundes e Gabriel Roco.
Leia no site, entrevista exclusiva com o skatista falando sobre o novo patrocinador.
Victor Süssekind foi contratado para ser o advocate brasileiro da RVCA.
A Oakley Brasil contratou os skatistas amadores Erick Lopes e Eduardo Neves.
OG DE SOUZA
A C3U ANUNCIOU A CONTRATAÇÃO DO LENDÁRIO OG DE SOUZA.
A Liga Trucks lançou o terceiro modelo assinado por Guilherme Zolin.
ZAP
DOUBLE TAP POR @JOAOEDUPAT
VISITAR O INSTAGRAM DO PAT É COMO DAR UM ROLÊ PELAS RUAS DO CENTRÃO DE SP, SENDO CONDUZIDO TAMBÉM A UMA REFLEXÃO SOBRE TEMAS DIVERSOS DA FILOSOFIA. TODAS AS IMAGENS SÃO LINCADAS COM FRASES RETIRADAS DE FILMES E QUE NOS LEVAM A PENSAR MELHOR SOBRE A FORMA COMO VIVE A SOCIEDADE MODERNA. VALE CADA CLIQUE!
PE R FIL
JOÃO EDUARDO PAT João Eduardo é skatista de São Paulo desde a época em que o Vale do Anhangabaú via o skate ser discriminado e reprimido pela sociedade. Católico e formado em filosofia, hoje é professor da rede pública e proprietário do bar mais rua de SP, o Bar do Pat, frequentado pelos skatistas que curtem a noite nas redondezas da Praça 16
•TRIBO SKATE
Roosevelt. As fotos de seu portfólio circulam entre os temas de seu domínio: igrejas (Dies Domini), fotografias de rua (como visto acima) e de skate, sendo que algumas delas estão em ilustrações de camisetas e ações de marketing da Future, marca na qual participa ativamente usando seus materiais no manobrar do dia a dia.
ZAP
HURRICANE
18 • TRIBO SKATE
LIN H A VE R M ELH A
RODOLFO RAMOS ‘GUGU’
DESDE MUITO CEDO RODOLFO É RECONHECIDO PELO SEU SKATE PODEROSO. EM 2000, AOS 16 ANOS, VENCEU A ETAPA BRASILEIRA DO MUNDIAL DE SKATE EM SÃO PAULO, EMBALANDO UMA SÉRIE DE CONQUISTAS ATÉ VENCER O RANKING WCS (WORLD CUP SKATEBOARDING) EM 2008. EM SUA SEGUNDA PARTICIPAÇÃO AQUI NA LINHA VERMELHA, O PARANAENSE DE CASCAVEL ATUALIZA UM POUCO SUAS IDEIAS E CORRERIAS, SEMPRE COM SUA PRESENÇA MARCANTE EM QUALQUER SESSÃO, NOS VÍDEOS E CAMPEONATOS.
FOTOS ANDRE CALVÃO
(MAURICIO POKEMON) Rodolfo Ramos, o fato de você ter irmãos (CESAR GYRÃO) Depois de viver tantos anos no paraíso que é Floripa, você agora está morando em São Paulo. Você me falou que aqui acaba andando mais na rua, o que não conseguia fazer em SC. Quais são os outros motivos para sua escolha deste momento? Fala Gyrão, então não estou morando definitivo em Sampa, estou indo e vindo mesmo. Mas querendo ficar mais tempo aqui, sim! Em Sampa ando muito mais de skate, vivo mais o skate mesmo. Acordo e já saio com o carrinho, já cruza um camarada mesmo não querendo ou tendo combinado, você acaba andando de qualquer jeito. Sem falar que o mercado tá aqui, as empresas estão aqui, aqui acontecem as coisas, né?
skatistas ajudou no início da sua vida com o skate? Vocês começaram a andar juntos? Conta um pouco dessa relação de irmãos e de como era quando vocês começaram a andar. Com certeza ajudou! Apesar da diferença de idade entre eu, o Wagner e o Leandro, a gente sempre foi muito unido. Era muito legal, me lembro da casa sempre cheia de gente andando de skate, vários amigos. Eu ia pra escola e quando voltava tinha a metade de uma minirrampa pronta; me lembro que eles me enganavam pra poder ir andar na rua porque eu sempre queria ir junto, mas eu tinha quatro anos de idade, aí era foda. Época boa!
TRIBO SKATE • 19
ZAP
RODOLFO RAMOS ‘GUGU’
32 anos, 28 e meio de skate Florianópolis, SC (Rednose Shoes)
(RODRIGO K-B-ÇA) O que você pode dizer para
essa galerinha que acha que só andar bem é suficiente para ser um skatista profissional? O que posso dizer: “tão fodidos” (risos). A vida vai ensinar do pior jeito. (JUNIOR LEMOS) O que ficou marcado em sua memória da época dos vários XGames que você correu mundo afora? Acho que a melhor coisa fora o dinheiro, foram as amizades que fiz durante todos esses anos nos eventos e nas viagens. Meus primeiros XGames foram há 17 anos, se não me engano. Faz tempo! (FERNANDO GOMES) Quais foram suas principais referências de skatistas quando você começou a andar de skate, no Brasil e no mundo?
(GUTO JIMENEZ) Acompanhei o “Skate Sem Fronteiras” e curti muito o
resultado final. Se você tivesse de destacar uma única característica curiosa ou pitoresca da Índia, qual seria?
Minhas referências eram Tony Hawk, Hosoi, Léo Kakinho, Thronn, Natas Kaupas, Ron Allen, Steve Caballero, Marcelo Kosake, Carlos Piolho, Ueda e mais alguns outros.
Fala Guto, beleza? Pô, que legal que você gostou! Foi uma das melhores viagens da minha vida e uma das únicas que fizeram mais sentido em estar com o skate. Uma cultura, uma história de mais de 5 mil anos, uma coisa muito louca e que mesmo na miséria fodida, eu olhava pro rosto daquelas crianças e via um olhar tão puro, tão verdadeiro, um sorriso tão lindo. Não sei explicar, mas esse lugar acho que faz qualquer ser humano mudar.
(JOVANI PROCHNOV) Você é um skatista consagrado e conhecido
(JOVANI PROCHNOV) Como conciliar a vida de skatista, de viagens e
Eu particularmente gosto muito de mídia impressa, não que eu não goste de sites e plataformas de mídia social; gosto também! Mas acho que a mídia impressa sempre vai ser necessária, não pode acabar não.
compromissos, com a vida de pai de duas meninas? Jovani, tu me conheces! Acho que a única coisa que posso dizer sobre isso é que é muito foda. Mas a gente dá um jeito.
20 • TRIBO SKATE
em todo Brasil, é campeão mundial e com uma vasta carreira de pedradas pelas ruas. O que planeja para o futuro? O que eu quero é continuar andando muito de skate, além de ser feliz e cuidar das minhas filhas. É isso aí! (ANDRE CALVÃO) Qual sua opinião sobre a necessidade de mídia
impressa especializada? Você acha necessário ainda? Te satisfaz ver seu trabalho postados em site e plataformas de mídia social?
25 A NOS
AMOR E RESISTÊNCIA DUAS PALAVRAS QUE PODEM RESUMIR A TRAJETÓRIA DA TRIBO SKATE, POR ONDE CIRCULARAM TANTAS HISTÓRIAS E PERSONAGENS DO SKATE NACIONAL E DO SKATISTA BRASILEIRO NO MUNDO. ENTRE TANTAS ESTRELAS, PINÇAMOS ALGUNS NOMES QUE GANHARAM ENVERGADURA INTERNACIONAL E SERVEM DE REFERÊNCIA PARA GERAÇÕES DE SKATISTAS E SIMPATIZANTES. COM A PALAVRA, ELES!
HELGE TSCHARN
TEXTO CESAR GYRÃO
PEDRO BARROS QUAL A SUA PRIMEIRA LEMBRANÇA DA REVISTA TRIBO SKATE?
Poxaaaa, vou te falar que a revista faz parte de toda minha vida! Nasci depois dela e meu pai me mostrava sempre. Não tenho um momento específico porque como eu falei, ela fez parte da minha vida. Seria como me fazer a mesma pergunta sobre o skate e eu também não saberia responder, porque vivo com ele desde o início. ENTRE SUAS PARTICIPAÇÕES NA REVISTA, QUAL MAIS LHE MARCOU?
Claro que a capa do 540 na China foi a mais marcante. Aquela foto foi feita para uma capa exclusivamente. A parede tem mais de 5 metros e é totalmente uma lixa. Cair ali não tem nem como usar joelheira. Uma vaca poderia ser fim de viagem. Quando a revista saiu com a foto, fiquei honrado de verdade. 22 • TRIBO SKATE
BS TWEAKED Uma clรกssica no RTMF Bowl, sua casa em Floripa
TRIBO SKATEโ ข23
BS TAILSLIDE No bowl da Chácara do Jockey, Zona Sul de São Paulo
KAREN JONZ
QUAL A SUA PRIMEIRA LEMBRANÇA DA REVISTA TRIBO SKATE? Ler, achar muito engraçado e pensar: “quero escrever pra essa revista, só tem maluco ali.” Lia na aula, escondida, de cabo a rabo. Era muito divertido! ENTRE SUAS PARTICIPAÇÕES NA REVISTA, QUAL MAIS LHE MARCOU? As capas foram um marco, não só pra mim, mas para as mulheres do skate. A Tribo contribuiu muito para o crescimento do skate feminino, abriu portas, inspirou. Foi mente aberta e apoiou nossa participação. Eu tava lá dentro, então posso falar. Nunca houve relutância nem preconceito. A ideia de ter participação das mulheres empolgou todo mundo na época e o resultado foi mais que positivo. Aprendi muito com isso e sou grata em poder ter convivido com pessoas incríveis nesse ambiente tão maravilhoso que era a redação da revista. Ser redatora do Lilith e responder a seção de cartas também me marcou muito (risos). O QUE REPRESENTA UMA REVISTA BRASILEIRA DE SKATE CHEGAR A 25 ANOS DE ATIVIDADES? Muito amor, pois esse mercado não é fácil. Somos sobreviventes! 24•TRIBO SKATE
EDUARDO BRAZ
25 A NOS
SANDRO DIAS QUAL A SUA PRIMEIRA LEMBRANÇA DA REVISTA TRIBO SKATE?
Foi ver uma nova revista de skate surgindo em meio a uma crise econômica no país, onde a nossa esperança de melhoras era pequena, mas como sempre, o skate anda na contramão com muito otimismo para criar novas eras. ENTRE SUAS VÁRIAS PARTICIPAÇÕES NA REVISTA, QUAL MAIS LHE MARCOU?
Das boas matérias e fotos minhas que saíram de free-skate, tours, apresentações, competições e resultados, as capas a gente nunca esquece: a primeira, eu num grande evento o “Fera Brasil” fazendo street, um nose bone transfer; a segunda, um slob air no footed em Joinville numa turnê da Red Bull pelo Sul do Brasil e por último acredito que foi a primeira capa em 3D da revista, um 540 one footed. Também me lembro de uma entrevista minha na época que eu trabalhava com meu pai na Pedreira em Guaianases. Foi bem legal também mostrar a mistura do meu trabalho com o skate. Alguns pôsters foram legais também, como o de Lausanne/ Suíça (frontside transfer de um half para o outro), a sequência de um 540 one footed/judo, a sequência do meu primeiro 900, e assim vai... Muitas boas lembranças. O QUE REPRESENTA UMA REVISTA BRASILEIRA DE SKATE CHEGAR A 25 ANOS DE ATIVIDADES?
EDUARDO BRAZ
Representa mais uma vitória para nós skatistas, em ter esse meio de informação por tanto tempo. Esperamos que seja para sempre. Aqui estamos, e se chegamos é porque fizemos a diferença com seriedade e principalmente amor.
BS SMITH No seu paraíso particular, O Sandro Dias Camp TRIBO SKATE•25
25 A NOS
NILTON NEVES
EROS NEVES Ollie do filho do Nilton, a continuação
NILTON NEVES
O sentimento de pertencer ao Brasil bate forte no espírito quando lembro da pauta chamada “Carne Nova” comigo na primeira edição. Depois vem à mente eu pulando a barra da frente do banheiro no Ibira! Dou muita risada sozinho lembrando dos amigos produzindo minha capa para o aniversário de 8 anos da revista! E agora, com ela completando seu vigésimo quinto aniversário, me faz refletir sobre todo esse tempo e percebi que o resultado do seu conteúdo, assim como as manobras executadas nas sessões, acontece pois nessa vida transpiramos skate! Essa força comum que está em cada skater, torna a todos um só organismo, onde cada um de nós é uma célula desse imenso universo, que junto ao instrumento skate, transcende individualmente em seu tempo e eleva-se para algo de mais harmonia com o cosmos! Divino seja o skate! Sou feliz em poder publicar essa foto que fiz do meu filho! Isso pra mim significa que anos se passaram e estamos aqui ainda apaixonados por skate… Meu filho dá continuidade a nossa legacia ao natural e me enche de vida ver o seu sorriso depois de cada manobra que ele faz! Obrigado de coração Tribo Skate, por resistir a todos estes anos! Skate Eterno...
26•TRIBO SKATE
SS MUTE 540 Na Megarrampa de seu quintal, em Vista/CA
BOB BURNQUIST QUAL A IMPORTÂNCIA DA TRIBO SKATE PARA SUA VIDA COMO SKATISTA E O SKATE BRASILEIRO?
A Tribo Skate apareceu na hora em que o skate brasileiro mais precisava. Lembro da primeira edição: andávamos todos muito na ZN e o transfer do Marcelo Just foi registrado lá. A revista sempre teve uma pegada mais overall, mostrando todos os tipos de skate. Isso sempre foi e continua sendo muito importante. Incentivar o skatista a andar de skate, onde quer que seja. QUAIS AS PRIMEIRAS LEMBRANÇAS QUE VÊM A SUA CABEÇA QUANDO SE FALA EM TRIBO SKATE?
Lembro que eu queria sair na capa (risos)! DAS PAUTAS QUE VOCÊ PARTICIPOU, QUAL A MAIS MARCANTE?
BRIAN FICK
Lembro da entrevista “Ultra Bob”, uma retrospectiva na época. Trabalhamos bastante para não faltar detalhes e é uma das matérias que quando pego pra ler, leio uma parte da minha história, tudo registrado pra posteridade. Também lembro da matéria Dreamland, até adiando a edição para sair tudo do jeito certo. A Tribo sempre foi muito parceira e eu agradeço muito por todas as histórias que fizemos juntos. Parabéns Tribo Skate! Continuem assim, contando a história do Skate Brasileiro.
TRIBO SKATE•27
VAL ÃO
DE LÁ PRA CÁ ANDAR DE SKATE NO PICO MAIS RUA DE SÃO PAULO REQUER ENTENDIMENTO! É PRECISO LIDAR COM OS LOCAIS, CONHECER O CAMINHO DAS PEDRAS E ESTAR VACINADO CONTRA A NEGATIVIDADE CONCENTRADA NAQUELA ÁREA CENTRAL DA MAIOR METRÓPOLE DO BRASIL. E MESMO COM TODA CONDIÇÃO DESFAVORÁVEL, GIAN NACCARATO SABE COMO DESVIAR DAS DISTRAÇÕES.
TEXTO E FOTOS JUNIOR LEMOS
Com mais de duas décadas manobrando seu skate na rua, Gian tem visão e enxerga adiante. Assim que conversamos pra fazer uma sessão de foto no Vale, perguntei se já não haviam esgotadas todas as possibilidades de manobras inéditas ali. Logo a resposta foi que a parada seria diferente: “penso em voltar as manobras pulando um bloco, de baixo pra cima ou o inverso. Ainda não tentei, mas vai ser de lá pra cá!”, disse ele. E não precisou mais que duas sessões para elevar outra vez o nível. Na primeira que fizemos, em um final de semana, a trick veio com facilidade e sem muitas interferências externas muito comuns por ali. Já na segunda sessão, feita à tarde e em dia de semana, a radiação do local foi uma verdadeira provação do equilíbrio
necessário para alcançar o que se deseja. Muita gente sentada nos blocos, mendigos e bêbados passando a todo momento e duas brigas que chegaram às vias de fato. Cena comum de se ver ali! Mas o que importa é o skatista e o desafio de acertar suas manobras. O Gian mentalizou sua, visualizou que era possível, foi lá e voltou nas quatro, mesmo com o ambiente dizendo o contrário. Assim são as sessões no Vale: algumas vezes dá certo com facilidade, em outras é preciso buscar aquela força extra e equilibrar a energia para não deixar que qualquer ruído quebre sua motivação. Ainda mais quando se está literalmente no ralo da capital paulista, local pra onde escorre tudo aquilo de ruim que a megalópole chamada SP não quer ver.
BS NOSESLIDE
pulando o extenso bloco na entrada 28 • TRIBO SKATE
TRIBO SKATE • 29
VAL Ã O
SS BS NOSESLIDE também pulando um bloco na entrada, mais o desprezo dos dois blocos na saída
30 • TRIBO SKATE
MENTALIZOU A MANOBRA, VISUALIZOU QUE ERA POSSÍVEL, FOI LÁ E VOLTOU NAS QUATRO! TRIBO SKATE • 31
PERFIL PRO
FORA DO PADRÃO
SS OLLIE
POR SER NORMAL A NECESSIDADE DE AUTO-AFIRMAÇÃO FAZ COM QUE GRANDE PARTE DOS SKATISTAS TENTE SER DIFERENTE DO RESTANTE DAS PESSOAS, OU PELO MENOS “SE ACHE” FORA DO COMUM. AO OBSERVAR O PROFISSIONAL MURILO ROMÃO, SIDNEY ARAKAKI PERCEBEU QUE ELE SEGUE NA CONTRAMÃO DESTA TENDÊNCIA, O QUE COLOCA NOSSO ENFOCADO NUM CAMPO FORA DO PADRÃO.
TEXTO SIDNEY ARAKAKI | FOTOS ANDRE CALVÃO 32 • TRIBO SKATE
TRIBO SKATE•33
PERF IL PRO
Nesses quase 30 anos vivendo o skate intensamente, o Murilo Romão é um dos skatistas mais autênticos que pude conhecer. Além disso, o cara anda muito, não tem tempo ruim para manobrar, tem estilo, humildade, é leal aos amigos e está sempre de bom humor. Resumindo é isso, mas o rapaz é infinitamente além do que se possa descrever. Porque ele é fora do padrão justamente por ser um skatista normal. Recebi a missão de escrever sobre ele para esse artigo, mas é muito difícil falar sobre um skatista que tanto admiro. Aqui no Brasil temos uma antiga cultura de idolatrar os estrangeiros, principalmente os norte-americanos, e injustamente deixamos de respeitar e valorizar vários caras. Diversas gerações de skatistas não foram reconhecidas sequer pelos amigos colegas de sessões. Mesmo andando em patamar similar aos skatistas internacionais mais lendários. Por ser bem ‘low profile’, Murilo é desses que corre bastante o risco de não ser valorizado pelos skatistas brasileiros. Não estou querendo dizer que quero vê-lo o tempo todo rodeado de moleques pedindo para fazer fotos para postar nas redes sociais, nem loteando suas roupas com logomarcas de patrocinadores. O que quero dizer é que o Murilo Romão tem uma personalidade inspiradora, que vai além do skate. Precisamos absorver suas opiniões para refletir e abrir a mente. Pra ter essa originalidade, ele não fica bitolado só em skate, consome muita informação, principalmente cultural. “Essa parada da originalidade, é a própria parada da evolução da vida. Você vai pesquisando música, filme, tudo. E isso vai voltando pro skate, qualquer referência volta pro skate. Eu sempre tentei conviver com vários tipos de pessoas. Fui obrigado até, porque eu estudei em escola normal, depois fiz faculdade, não dá pra falar só de skate. Você preci34•TRIBO SKATE
FS GRIND De ollie na rampa da calรงada, direto pra chapa de aรงo
TRIBO SKATEโ ข35
PERF IL PRO
36•TRIBO SKATE
BS LIPSLIDE NOSE MANUAL NOLLIE FLIP OUT
TRIBO SKATE•37
PERF IL PRO
38•TRIBO SKATE
SS BS WALLRIDE
sa aprender outras coisas e essas coisas acabam voltando pro skate”, explica. Ironicamente, meu primeiro contato com o Murilo foi no começo dos anos 2000, no Centro de São Paulo, e ele destoava não pelo skate, mas justamente por ser mais um skatista que copiava o Paul Rodriguez. Lembro que eu ia na Praça da Sé e ficava intrigado com um molequinho que se vestia exatamente como o P-Rod e imitava o seu estilo quando tentava as manobras. E isso só descobri há pouco tempo, quando ele comentou. Eu comecei a prestar atenção de verdade no Murilo, a ponto de recordar seu nome, quando ele já demonstrava personalidade própria, lá por 2006. Perguntei pra ele, agora, quando se libertou e se tornou o Murilo Romão: “Você vai crescendo, vai consumindo mais informações, mais vídeos. Acho que não teve essa de se libertar. Eu já era livre quando eu gostava do Paul Rodriguez. Mas ficou mais aberto quando eu comecei a ver os vídeos da Costa Leste. Porque o skate que chegava pra gente era mais Califórnia, de Los Angeles. Com o vídeo da Habitat, o Mosaic, eu comecei a consumir essa parada mais de Nova York. Que é um skate mais livre, porque os picos são podres, os caras têm que se adaptar mais. Tem mais manobras simples, mais fluído. Comecei a pesquisar os caras, a cena do Love Park, Ricky Oyola, esses caras da hora. Tem o vídeo do Mark Gonzales, parte da Blind, o Video Days. Comecei a ver o Video Days pra caralho. Aí foi influenciando. Vai vindo à mente. Essa época devia ser 2004, 2005. Eu comecei a andar em 2000. Essa parada de skate mais técnico, depois foi libertando um pouco mais”. Nascido e criado no bairro da Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, Murilo teve alguns apoios de algumas marcas para manter seus skates e continuar suas sessões sem maiores pretensões além de se divertir. Mas a família começou a pressioná-lo TRIBO SKATE•39
PERF IL PRO
NO COMPLY
40•TRIBO SKATE
MURILO ROMÃO
27 anos, 16 de skate São Paulo, SP (Element, Vibe, Honey Pot e DePart Caps)
para fazer faculdade e ele se inscreveu no curso de comunicação social com ênfase em rádio e TV. “Foi bem nessa época que começaram a virar os negócios do skate pra mim. Foi meio que subproduto de estar fazendo outra coisa, e aquilo que você fazia por amor mesmo começou a dar certo. Foi louco isso, essa época. Eu já estava suave, falei que ia arrumar um trampinho em rádio ou TV, e já era”. Logo que começou o curso, Murilo recebeu um inesperado convite para ser o primeiro skatista amador da Element no Brasil. Isso deu gás para que ele continuasse andando de skate enquanto também estudava. A conciliação deu certo, dividindo os próximos quatro anos com a faculdade, viagens e sessões. E a profissionalização aconteceu em 2012, logo após concluir seu curso. Num cenário onde
muitos skatistas querem largar a escola apenas para andar de skate, Murilo provou que é possível fazer os dois e ainda agregar o skate com os estudos. Desde então, já são mais de quatro anos vivendo apenas como skatista, com patrocinadores estáveis, pro-model de tênis e algumas peças de roupas assinadas com seu nome, e também produzindo seus próprios vídeos e curtas-metragens. Sempre com pé no chão, Murilo continua vivendo com simplicidade e apetite para viver intensamente sua ‘skatelife’ paulistana. Raramente ele tira seu carro da garagem e seu meio de transporte até as sessões é a bicicleta. Pedalando com o skate na cestinha, ele leva em média 30 minutos até o centro da cidade e os tradicionais picos que tromba os parceiros pra andar. “Acordo sem despertador. Quando
acordo cedo fico feliz. Eu tento acordar o mais cedo possível. Porque é aquele horário que ninguém te pentelha com esses negócios de Whatsapp, internet… Se você consegue acordar 6h, 7h, vão começar a te pentelhar depois das 9h. Então você tem tempo pra focar em você, fazer as paradas que precisa de criação. Tipo, escrever um projeto, não dá pra escrever com o telefone apitando. Tem que parar e pensar, focar. Preciso entender o que eu quero fazer, mas tento me organizar”, comenta Murilo sobre como começa seu dia, antes de almoçar e sair para andar de skate. Esse ensaio fotográfico é apenas a consequência de algumas sessões que o Andre Calvão acompanhou o Murilo. Ele ilustra bem, mas não define o skatista, como esse texto também não tenta ser uma bio desse ícone contemporâneo em constante mutação. TRIBO SKATE•41
PERF IL PRO
42•TRIBO SKATE
SS NOSE MANUAL REVERSE
TRIBO SKATE•43
JUNIOR LEMOS
TAT TOO X SK AT E
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O SKATE NOS DEIXA CICATRIZES QUE CONTAM HISTÓRIAS DE QUANTAS VEZES CAÍMOS E NOS LEVANTAMOS, ASSIM COMO CADA UMA DE NOSSAS TATUAGENS TEM UM SIGNIFICADO PARTICULAR. RASGAR A PELE É UM RITUAL QUE SEMPRE FEZ PARTE DE NOSSO UNIVERSO!
TEXTO CECI MÃE
RASGA A PELE! TRIBO SKATE • 45
A
TAT TOO X SK AT E
A primeira Marcos Noveline Há uns 15 anos, morava em Floripa, com um amigo que começava a tatuar. Nem sabia o que queria fazer. Escolhi essa aranha. Ricardo Dexter Nossa, essa é bizarra! Biano Bianchin A minha foi em 1992, 93. Um amigo começou a tatuar e a minha primeira foi logo aquele índio veio. Nem tenho mais ela, já cobri. Foi tatuagem de cobaia, mesmo. Thiago Garcia Minha mina sempre teve tatuagem e me questionava. Eu dizia “O dia em que tiver um motivo de verdade pra fazer, que realmente signifique alguma coisa pra mim eu faço”. E aí, quando o Hiena morreu, fiz esta que diz ‘Rest in Peace Hiena’. Depois, peguei gosto e fiz várias na sequência. Ela falou “Nossa, tá pior que eu!”. BB Mas é assim mesmo! Fez a primeira, já era. Abriu a porteira. 46 • TRIBO SKATE
Não teve nenhum motivo especial pra ter escolhido este desenho? RD A águia, sim. Sempre quis ter uma tatuagem no antebraço. Foi com um amigo, o Etam, que também começava a tatuar na época, mas já mandava bem. Hoje, ele tá pop. O Biano até já tatuou com ele, o Marquinho...
E você? Alguém já enfrentou algum tipo de preconceito fora da família?
Pablo Groll Eu fiz em 1992, com o Juninho, lá na Galeria Ouro Fino. Eu tinha uns 13 anos. Era em cima da loja do ET, a Mad Corner. Hoje ele trabalha com moto. Eu cabulava aula, ia pro estúdio dele, ficava lá trocando ideia.
MN É que hoje é mais normal. PG Antigamente era mais mal visto. RD Já rolou de estar no elevador um dia, eu e minha namorada, chegou uma mulher nada a ver e falou “Poxa, vocês são tão bonitos, fazer um negócio desses no braço”. Nem dei muita atenção. Não tem nada a ver com a minha vida.
Menor de idade, né? O que a família achou? MN As minhas sempre foram escondidas. Só depois da terceira minha mãe viu, um dia que eu estava sem camisa. Ela disse “Nossa, você fez tatuagem? Não é legal”. Mas daí, todo dia eu aparecia com uma diferente e ela não falou mais nada. Ela não gosta, nunca gostou, mas não tem como segurar. BB É isso aí, os pais não gostam, mas acabam aceitando. MN Também, já tá na pele... BB A primeira a gente sempre faz num lugar que não tem visibilidade, tá sempre de camiseta, mas depois de um tempo já era, já tá feita, não tem mais o que fazer. Não tem como tirar, então acabam aceitando.
ADRIANO REBELO
A tatuagem está presente em tantas culturas, que é impossível dizer onde nasceu. Asiáticos, havaianos, samoanos, africanos, vikings e muitos outros povos possuem registros desta prática, mas a amostra mais antiga foi encontrada em múmias egípcias de 4.000 a.C.. A técnica é uma versão “acústica” do que se faz hoje: com uma haste de osso com ponta afiada, o tatuador ia desenhando nos corpos com uma tinta à base de plantas. Algumas tinham significado espiritual, outras eram homenagens, outras contavam histórias. Depois de entrevistar estes skatistas, concluí que as coisas não mudaram muito nos últimos seis mil anos. Eis a definição de um clássico. Biano Bianchin, Marcos Novelline, Ricardo Dexter e Thiago Garcia foram ao estúdio da Tribo Skate, contar a história por trás de suas mais de 50 tatuagens.
Mas quando eu fiz o nome da minha mãe, ele ficou de cara, porque ele sabe que é uma parada muito forte. Quando tem o nome de uma pessoa, ainda mais que faleceu, é muito foda. PG Com a minha família eu não tive problema. Meus pais liberaram. TG Um dia meu pai pediu pra ver a que eu fiz pro Hiena. Mostrei e ele achou legal. Meu avô tinha um coração escrito Ana Maria, o nome da minha vó. Ele disse que, naquela época, quem era tatuado era marginal, bandido.
RD A minha não faz tanto tempo, não. Faz uns cinco anos. Foi essa daqui. Foi por nada, também.
Você não teve problema, né? RD Nossa, meu pai falou que quando eu chegasse com a primeira tatuagem em casa ele ia lixar! (risos) RD E eu fiz logo no antebraço! Por sorte, quando cheguei, ele tava feliz. “Pô, pai, fiz um desenho”. E ele, “pô, legal”. Daí, eu falei: “Só que é aqui”. E ele, “Porra, no antebraço! Você é foda!”. Mas, como ele tava de boa, perguntou “Você gostou?”, eu disse “gostei” e ele disse “Ah, beleza”. As outras ele acabou nem vendo. Só estressou na primeira. Ele ainda fala “Fodeu o braço!”. Toda hora.
LUIS ANTÔNIO ROSA
@LUISANTONIOROSA
29 anos - Porto Alegre Especialista em caligrafia e desenhos ligados ao skate, tatua na Hi-Adventure em Floripa
A ANDORINHA É UM BICHO FORTE. É UM DOS ÚNICOS QUE CONSEGUE ATRAVESSAR UM OCEANO, SEM SE ALIMENTAR E BEBER ÁGUA. ADRIANO REBELO
RODRIGO K-B-ÇA
RICARDO DEXTER BS SMITH
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TAT TOO X SK AT E PABLO GROLL GAP FLIP
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MN Alguma coisa que tenha identidade comigo, que pareça comigo. Porque significado, quase nenhuma tem. É mais pelo desenho, pela estética, porque curto e combina comigo. E é viciante. Você faz uma, aí vê aquele espaço que tá faltando e já pensa num outro desenho que quer fazer. Então, mantém uma linha. Eu não tenho muitas coloridas, tento sempre fazer uns desenhos mais escuros, sombreados. RD - Todas minhas têm um significado. PG - As minhas também. Tenho desenho que meu filho fez. Algumas mais antigas eu fiz pelo desenho, mas a maioria marca uma fase da vida. MN É. Tatuagem antiga marca umas
FOTOS: CARLOS TAPARELLI
CARLOS TAPARELLI
PG Eu já sofri com polícia, antigamente. Andando de skate, os caras pediam pra olhar as tatuagens. MN É, falavam “E esses carimbos aí?”. BB Agora mudou. RR A gente é profissional de skate. Pra chegar onde está, já foi contra tudo. Depois de tudo que cada um passou aqui, o problema não vai ser uma tatuagem.
Vocês fazem pela estética ou tem algum significado? BB Sempre que eu vou fazer, quero que tenha algum significado.
RD Beber cerveja, talvez. MN Nem sei se ajuda, mas toda vez que a gente faz, acaba bebendo, não tem jeito. Mas acho que não é bom, não. BB Dói mais. BB Fiz algumas bebendo, mas o melhor é dormir bem, descansar, se programar pra fazer e, na hora, dói menos.
Alguém aí já se arrependeu de alguma? PG Eu já apaguei. Nome, rosto...
De mulher, né? PG É. MN Cabação! (risos) MN Eu não me arrependo de nenhuma. Dizem que é legal dar uma retocada na tatuagem. Eu não acho. Mesmo falhada, fez, tá feito. Se ficou daquele jeito, é da tatuagem, é daquele dia, daquele momento. Você fez, acabou! Nada a ver ficar retocando. É uma vez só e já era. BB Depende até da casca, né? MN É. Que nem essa aqui, que foi sofrida, tem muito traço, falta um negocinho ou outro, o cara fala “Volta amanhã pra retocar”. Não, tá bom, gostei do jeito que tá. Parece que, com os dias, a tinta dá uma mudada. É só impressão, não tem nada a ver, mas não precisa. Já riscou... Se for pra retocar, faz outra!
Qual foi a mais longa?
@CARLOSTAPARELLI
38 anos - Rio de Janeiro Prefere desenhos black work Tatuador aprendiz há 1 ano, tatua sua casa em SP
Vocês têm algum ritual pra diminuir a dor?
fases da nossa vida. PG Skate. MN É. A gente tem a da Dynamic, que o Biano fez, eu fiz, o Marcelo [Schwebel] tem, o Taro[binha] tem... BB Foi uma fase que marcou legal. RD Sempre faço com amigos, com quem eu tenha um vínculo. Nunca fiz com desconhecido. O cara vai me riscar pelo resto da vida. Tem que trocar uma energia com a pessoa. De repente, você tatua com um cara que amanhã vai estar, sei lá, vendendo pão. É como o skate. Pra mim, o cara tem que ser aquilo em que ele acredita até o fim. A gente também acredita no que faz. BB É pro resto da vida. Você tem que saber o que e com quem está fazendo.
RD Foi essa que fiz pra matéria. Eu tava em Floripa. A gente fez às 2h30 da manhã, tava muito frio, uns 2,5º, eu e o Luiz bêbados, tatuando, parece que durou a noite toda.
E o tatuador bebendo? RD Ele tava meio bêbado, também. As duas que ele fez foram nessa. Eu tava na casa dele, a gente tava bebendo e “Vamos fazer?”, “Vamos! Vai nessa”. TG Ficou do jeito que você queria? RD Ficou. BB e MN Ele tá acostumado. RD O Luiz manda bem, é foda. Ele tatuou a maioria da galera de Floripa.
Quantas tatuagens vocês têm? PG Sei lá! Mais de 30... BB [contando] Sete. TRIBO SKATE • 49
TAT TOO X SK AT E
MN [contando] 13. RD Eu tenho umas oito, acho. MN O Pablo é campeão. PG Comecei em 92, com 13 anos.
Sempre com máquina comum? Ninguém fez com bambu, na chinelada? PG Eu fiz sem máquina. O cara pega uma agulha, amarra com fita crepe num palito daqueles de fazer exame na garganta, molha no nanquim e vai furando. É artesanal, chama poked tattoo. Ficou muito boa. Levou quatro horas. Demora muito mais e dói mais.
Qual foi a mais dolorosa de todas? MN Foi essa aqui. Quando chegou na parte do sombreamento, tava quase rasgando minha pele. O Dexter tava no dia, e eu já tava pedindo pra parar e o Inácio falou “Segura ele!”, começaram a me segurar e eu me debatendo. Parecia que tava arrancando a pele. Faltava só um sombreado e eu já tava desistindo. BB Chorou! MN Essa última que eu fiz, do Animal, a maquininha do Daniel não faz barulho, parecia que ele tava riscando com uma caneta. Não senti muita dor.
MN Não gosto de olhar quando o cara tá fazendo. No final começo a me preocupar com a dor. “Agora tá acabando. O que eu tinha que sofrer, já sofri”. RD Quando fiz essa primeira, estava sem comer, sem nada.
E foi a que mais doeu? Acha que tá ligado ao psicológico? O fato de fazer barulho dói mais, que nem dentista? MN Acho que ajuda, sim. E a máquina tem aquela vibração. TG É mais o tempo que demora, porque vai cansando a pele. PG Nos primeiros 15 minutos dói mais. 50 • TRIBO SKATE
RD Não, mas minha pressão ficou zoada. A que mais doeu foi a de Floripa, tava frio e tarde. Se você não estiver bem alimentado, a parada te estraga. BB Tem que estar descansado, porque você vai cansando de sentir dor. PG Pra mim tem que ter a dor. É um
AGORA FIZ ESSA CARAVELA, QUE EU ACHO LEGAL, UMA COISA PRA FRENTE. DESCOBERTA, EVOLUÇÃO
BIANO BIANCHIN JAPAN
ritual. Não é que goste de dor mas, na hora que termina, dá tipo uma paz. Parece que você pagou os pecados. BB Libera uma endorfina que, quando acaba, você sente aquele prazer. PG Tem gente que passa pomada. Não passo nem depois. BB Eu também, não. Saio dali, lavo bem com sabonete e já era.
Aconteceu de ficarem de saco cheio daquele filme, querer arrancar e zoar o desenho? RD Filme, pra mim, só na primeira noite, pra não sujar o cobertor. MN Depois que fiz essa das pernas da mina, a gente saiu pra andar de skate. Fui andar num bagulho, caí, travou. Impressionante. Nunca raspei o braço aqui na vida! Arrancou uma casca, ficou uma ferida e tem a falha até hoje. BB A minha mais dolorosa, com certeza foi a do cotovelo. Nunca mais! Eu tinha feito essa aqui no braço inteiro, que demorou meses. Por isto, agora só faço tatuagem de um dia. Pra esta, tive que marcar várias sessões. Primeiro ele desenhou inteira, free hand, daí no primeiro dia ele fez só o traço, depois comecei a fechar. Cada dia que eu ia, doía mais, ficava mais sensível. O último foi o cotovelo. Foi pra matar! Nunca mais. Esse foi o dia em que eu senti dor mesmo. Achei que fosse desmaiar. ETAM PAESE
FOTOS: FÁBIO BITÃO
Skate tem essa, né? Interfere na tattoo RD e PG Claro! MN É. Eu não fiz até hoje no cotovelo por causa disto. Faz parte. MN Imagina, você acabou de fazer, vai ficar sem andar de skate? BB Tem seu valor a marca de onde você caiu. É a sua marca.
Dá pra contar a sua história de vida pelas suas tatuagens? Você ali, presunto, no IML...
@TATTOOETAM
33 anos - Curitiba Especialista em desenho tradicional Tatuador há 5 anos, tatua em Curitiba (@CaravelaTattoo) e em SP (@SecretDoorTattoo)
PG Os caras vão ver que ando de skate, tem uns aliens, caveira... Vão me julgar, tipo “Esse aí é doideira”. O que mais dá pra ver é negócio de skate. RD Tem o nome da minha mãe no peito. Tenho uma ligação com o interior, sempre tive bicho, boi, cavalo. Por isto eu fiz a cabeça do boi, pra tirar mau olhado. Geralmente colocam na porta TRIBO SKATE • 51
TAT TOO X SK AT E
RAGUEB ROGERIO TAMBÉM RASGA A PELE! Minha primeira foi feita pelo Maia Tattoo, em 1993. Tinha 16 anos. Acordei no dia seguinte já tomando um pau do meu pai, o que nunca entendi, pois tradicionalmente para os árabes é natural ter tattoo. Tanto que nunca me espantei em ter uma avó com um risco no lábio e outros espalhados por mãos e antebraços. E não é só a família. Na escola do meu filho e até hoje, as pessoas estranham quando tô na fila do banco e o Ygor me chama de pai. Poucos dias atrás, fiquei uma cota dando sinal pra táxi na Pacaembu, até que parou um e comentei sobre isso. Ele me disse que era por causa das tattoos que não paravam. Andei duas quadras e pedi pra parar o carro. Tenho 31 tatuagens, feitas por grandes artistas e a maioria tem um significado. Fui riscando as memórias, cicatrizes da vida e escrevendo novos capítulos. Algumas, como essa da matéria, escolhi por achar a arte incrível e simplesmente querer ela só pra mim. De todas, só me arrependi de um mago Merlin, voando com um livro na mão e a outra mão jogando uma bola de magia que mandei cobrir com uma Black Rose. Ninguém merece. Só nunca tatuaria o pau e as nádegas.
AS DO OFÍCIO 32 anos de skate me amassaram a cara, arregaçaram meu queixo, quebraram meus ossos e lacearam meus ligamentos. Tudo me traz dores e cicatrizes que vou carregar pra sempre e toda vez que esfriar vou pensar: obrigado, skateboard.
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RAGUEB ROGERIO BONELESS
FOTOS: JUNIOR LEMOS
das fazendas, das casas. Tem gente que pensa que eu sou do mal e nem sabe o significado. Até meu pai fala “Caralho, você é foda. Fazer um boi morto?”. BB Tem uma que fiz com a Nandi, uma aliança, o nome das minhas filhas, desenhos de skate. Agora fiz essa caravela, que eu acho legal, uma coisa pra frente. Descoberta, evolução. Tem a águia... RD Também tenho uma. Ela é um bicho observador. BB Enxerga de longe. RD Ela observa o ambiente até atacar. Não vai na emoção.
TENHO 31 TATUAGENS, FEITAS POR GRANDES ARTISTAS E A MAIORIA TEM UM SIGNIFICADO
Vocês já acordaram no dia seguinte e falaram “O que que eu fiz?” RD Foi engraçado quando fiz a do antebraço. Você bota o plástico e, quando acorda, tá tudo borrado. Era a minha primeira, pensei “Caralho, fodeu! Borrou a tinta. Fodeu”!
Você fez na mão e sumiu? PG É. MN Na mão, dizem que acaba sumindo, tanto na palma como em cima. Doeu porque foi direto no osso e essa quem fez foi a Xuxinha, num dia que a gente tava numa sessão, num sítio. Inflamou, achei que ia perder o dedo, porque acabei de fazer fui andar de skate, comendo churrasco, tomando cerveja, carne de porco, tudo que não podia. PG Também fiz com ela: a dos meus filhos, a caveira, a do Pica Pau, na perna. PG Eu já me tatuei. A primeira que eu fiz, tava com uma maquininha em casa e fiquei pintando um dia. Parece que dói menos, porque você sabe que vai doer, então controla mais.
@MELINA.DIAS
25 anos - São Paulo Especialista em desenho tradicional americano (old school) Tatuadora aprendiz há 3 anos, tatua em SP no Studio Tat2 (@studiotat2)
PG Eu operei o joelho e recentemente caí e rasguei o dedo. RD De costurar tenho várias. Tipo Freddy Krueger.
PG Eu tenho uma folha de coqueiro. MN Isso é coqueiro? (risos) PG Gostava de ir pra praia... MN Tá fumando coqueiro, agora? TG Skate, família, irmão de rua, sobrenome da esposa, pro model. É como o Biano falou. Tudo tem significado. Tem muito skate, não tem como errar. MN Eu tenho Skate and Destroy, tem a da Dynamic, um Skate or Die na canela, faca na caveira, o olho da Daniela. Há pouco tempo fiz o logo da Gnarly, que é nossa família alienígena. RD Não tenho de skate, só cicatriz.
O que o skate tatuou em vocês? RD Várias, mas essa é a mais bizarra. Eu tenho 12 pinos e duas placas aqui. BB Tenho uma placa, seis parafusos. MN Eu tenho platina, sete parafusos e dois pinos no joelho.
Já foram tatuar e alguma coisa disse pra não fazer ou não sentiram firmeza no tatuador? BB Eu tava na Indonésia, no hotel, com uns moleques locais e ia colar um tatuador mais tarde. Só que o cara chegou, já começou a tomar umas brejas, olhou e perguntou se eu tinha agulha no kit que o hotel dá. Dei pra ele e ele montou a maquininha com as agulhas de costura do hotel. E começou a tatuar um cara. Daí perguntou se eu queria tatuar e eu disse “Da próxima vez que vier pra Indonésia a gente faz”. BB O cara sentou no chão pra comer! RD Essa eu fiz no chão do hotel, com o Carlinhos Taparelli. A gente tava em Brasília, gravando e ele falou “Tô com as paradas aí, só que eu não tenho muita coisa pra higienizar”. Eu disse “Lava a mão ali e já era”. MN Uma vez a gente tava gravando o clip do Chorão na pista dele. Fui eu, o TRIBO SKATE • 53
DANIEL BRAGA
@DANRBTATTOO
29 anos - São Paulo Especialista em new traditional e black work Tatuador há 7 anos, tatua em SP no Outs Tattoo (@outstattoo) 54 • TRIBO SKATE
FOTOS: ANDRE CALVÃO
TAT TOO X SK AT E
Taroba, o Danilo e esta pessoa. A mina falou “Vou tatuar você”. Eu queria fazer uma adaga. “Já fiz seu desenho, vamos tatuar. Já fiz essas três” e me mostrou as fotos. Olhei e pensei “Puta, fodeu!”. Daí, tava um fotógrafo amigo do Danilo com a gente. Fomos pra casa do Chorão, porque a gente ia ficar uns dias pra fazer o clip. Dormimos lá e, quando acordei, ela já tava com o kit todo certinho, me esperando. Pensei “Como é que eu vou escapar? Não quero mais”. Falei “É o seguinte, eu vou na padaria comprar uns pãezinhos pra nós...” MN “... e eu já volto, daí a gente faz”. O
problema é que esta pessoa tava tão na fissura de tatuar e o moleque que tava junto não tinha nenhuma tatuagem, ele era de uma igreja. Eu demorei na padaria e ela ficou na mente dele. Quando cheguei no corredor do prédio, escutei o barulho da máquina. Pensei “Meu Deus, ela tá tatuando!”. Era uma coisa tipo “O Senhor é meu pastor”. Daí me safei. BB Tem que estar ligado, senão já era. Não tem volta. É pro resto da vida. MN E o moleque já fez logo no antebraço, escrita, uma letra sem contorno. Eu ia fazer uma adaga pequena, já pulei do barco em movimento.
uma série antiga minha de shape. Uma vai puxando a outra. MN E tem os encaixes, porque você olha e pensa “Puxa, esse pedaço tá faltando”. MN A maior que eu tenho é essa. O resto é tudo pequeno. Essa no braço quem me convenceu a fazer foi o Isaac. Todas as outras ficam escondidas. Essa eu consigo ver. BB Chega uma hora também que a gente quer que se foda. Já sabe o que quer fazer e goste ou não goste, é assim. PG Uma pergunta que todo mundo já ouviu com certeza é “Mas e quando você ficar velho?”. RD Foooda-se! MN Vou ser o maior vovozinho style! RD Vou estar mais preocupado se não conseguir mais andar de skate! BB Importante é fazer o que gosta, viver como quer. Depois, enterrou, já era. RD Não sei se é verdade, dizem que os bichos que comem a gente debaixo da terra não comem a tinta da tatuagem. BB Vale uma grana, a pele.
Tem colecionador que compra a pele das pessoas. Quanto vale a sua?
MARCOS NOVELINE ROCKSLIDE TRANSFER
RD Se não tiver que dar uma parte da pele em vida, tudo bem. MN Um milhãozinho pra deixar pro meu filho, tá bom demais. BB Nas nádegas é mais caro, né? PG Um milhão de dólares tá bom. MN É, lá a pele não toma sol, é mais bem cuidada.
Por um milhão você faria na bunda? PG Em Israel, o Homero levou a gente na casa de um cara pra me tatuar. Eu olhei pro cara, vi uma barata passando, aí desisti. Falei que tava caro e fomos embora. Ele era muito sinistro, uma vibe estranha, pesada... BB E ia ficar essa vibe pro resto da vida. PG É, não quis tatuar com ele, não. BB Eu penso muito antes de fazer. TG Quando faço uma, já sei qual vai ser a próxima. Amanhã, vou escrever uma parada pra todos meus reais irmãos, em inglês. Eu viajo nas letras. Quando o Junior falou a parada pra revista, eu já queria fazer a caveira meio robô, de
VOCÊ FAZ UMA, AÍ VÊ AQUELE ESPAÇO QUE TÁ FALTANDO E JÁ PENSA NUM OUTRO DESENHO
RD Ah, por um milhão, Marquinhos? MN Se me der pelo menos 500 mil em vida, eu faço!
Dá um conselho pra quem quer tatuar pela primeira vez. RD Uma vez a gente tava no estúdio de um amigo, chegou um moleque querendo tatuar o nome da namorada. Era um pivete, tinha uns 18 anos. Daí o Marquinhos, já meio alterado, falou: “O que? Você tá louco? Há quanto tempo você tá com ela?”. “Um ano”. Daí, o tatuador falou “Você vai chegar aqui daqui a uns três anos, vai ver que ela é a maior vagabunda e vai nos agradecer!”. TRIBO SKATE • 55
TAT TOO X SK AT E
JUNIOR LEMOS
THIAGO GARCIA FS NOSESLIDE 270 OUT
ANTONIO MEDEIROS
Quanto vocês valem, em tattoo?
JUNIOR LEMOS
RD O moleque pensou e disse “Então, acho que eu vou fazer uma bandeira da Jamaica”. RD O tatuador falou “Volta aqui outro dia e a gente vê o que faz, vai!” BB Esse moleque é um que ia fazer nas nádegas de graça! RD Antes de tatuar, pede conselho pro Marquinhos.
BB Só essa aqui é uns cinco paus. RD A maioria é porque o cara faz questão de tatuar a gente. É amigo, curte skate. A gente dá um tênis, um shape. Não é pelo @ANTONIOMEDEIROS011 dinheiro e a gente 32 anos - Recife Especialista em neo tradicional não tá pagando. É e fine line. Tatuador há 7 anos, tatua em por consideração. SP no @studiotat2 e teve passagens pelo MN Só essa é granEternal Nirvana (Inglaterra), Rex Mundi de, o resto é tudo (Dinamarca) e Stilbruch (Alemanha) carimbinho. Sei lá, uns dois mil? Mas quase não paguei. Fazia com o Etam, quando a gente era mais linda da tua vida, você da Weird, depois tive apoio do Inácio, vai ficar vendo todo dia, vai que fez várias. chegar uma hora em que vai TG É por aí, mesmo. Dois, três contos. pensar “Puta que o pariu! Não aguento mais!”. Onde você nunca tatuaria? TG É, eu tento não ficar RD e BB No rosto. olhando muito. PG Pescoço também não. RD Na bunda, no bilau, nunca. MN Pescoço e rosto. Nem fodendo! BB Tudo que você vê demais enjoa. Imagina na cara! É toda hora. Por mais Moral da história: Nem no nose, nem no tail. que seja o desenho mais irado, a coisa 56 • TRIBO SKATE
THOMAS TEIXEIRA
QUANDO FAÇO UMA, JÁ SEI QUAL VAI SER A PRÓXIMA. EU JÁ QUERIA FAZER A CAVEIRA MEIO ROBÔ. UMA VAI PUXANDO A OUTRA
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ADRIANO REBELO
TAT TOO X SK AT E
LUIS, DEXTER E A ANDORINHA
Por que escolheram estes desenhos e os tatuadores? PG Eu fiz a foto e a tattoo com o Ras, o Carlos Taparelli. Ele começou a tatuar faz pouco tempo e eu já fiz várias com ele. Ele já desenhava muito bem. O desenho a gente fez em cima da foto que a gente fez pra matéria. Foi um moment do flip, só que a gente me transformou num monstro, com uma pegada tipo de adesivo. Foi tudo pensado pra matéria. RD A minha foi com o Luiz. A gente já ia fazer, eu fui umas três vezes pra Floripa e ficava na casa dele. Mas não rolava, ele ficava muito louco, eu também, ia cada um prum lado e não dava tempo de fazer tatuagem. Eu fiz essa antes do campeonato, nada a ver com a matéria. Daí o Marquinhos me ligou falando da matéria e no dia seguinte eu fiz a andorinha com ele, só pra constar na revista. Sorte minha que eu tava lá. A andorinha é um bicho forte pra caramba. É um dos únicos que consegue atravessar um oceano, sem se alimentar e sem beber água. Tem essa parada de união, de família, que é muito forte pra mim, também. 58 • TRIBO SKATE
BB A minha foi o Etam. Eu já tinha tatuado com ele, gosto do traço, mais old school e a gente tem muita afinidade. Ele surfa, anda de skate e é amigo. Fiz a caravela e a marretinha com o “DIY” [Do It Yourself = Faça Você Mesmo]. O Bitão fotografou, filmou. Tudo em casa. RD É legal essa relação. O Pablo fez com um cara que anda de skate, eu também. MN Você já tá indo pra uma torturinha, né? É legal ter um clima descontraído. Por isto a gente acaba tomando cerveja, trocando ideia... BB Fiz as duas no mesmo dia. Hoje eu sou assim. Vai tudo na hora. RD Era pra eu ter feito neste dia, mas o Biano ficava “Faz aqui. Agora, faz aqui”. Depois, o Etam falou “Agora eu tô cansado”. É a segunda vez que acontece isso. TG Quando eu fui fazer o sobrenome da minha mina, fiz com o Wagnão, da Galeria [do Rock]. Começamos a trocar ideia e descobri que ele era irmão de uma mina que andava de skate comigo e com o Kamau no Centro, em 1996, 97. Era a Ruth, que até foi na minha festa de 18 anos. Ele não anda de skate, mas tem uma pegada, conhece
nossa linguagem, é super caprichoso. TG Eu gosto de deixar na mão dos tatuadores, falo “Vê aí um desenho, uma ideia que você tenha na cabeça”. BB Também tem tatuador que, você chega com uma ideia, ele te conhece e diz “Não vai ficar legal”. Daí sugere outra coisa e fica bem melhor. TG Essa aqui tem os nomes do meu pai, minha mãe, minha irmã, meu irmão e meu sobrinho. Eu tinha pensado numa escrita simétrica, mas o tatuador falou “Não, vem aí outro dia e a gente faz de outro jeito”. Daí mostrei o espaço que eu queria tatuar e ele distribuiu deste jeito. Me mostrou vários tipos de letras e posicionamentos. MN Eu ia fazer com o Inácio, mas ele tava com o braço zoado. Daí fiz lá no Outs, onde tem um estúdio de tattoo e um pub. Fiz o Animal, dos Muppets, que todo mundo fala que eu pareço ele, é meio que meu logo agora. Dei minha ideia e ele falou “Vou fazer do meu jeito”. Daí, ele criou em cima, eu queria sombreada. Tem bastante significado pra mim agora, essa tatuagem, porque sou eu mesmo.
FOTOS: DIOGO GROSELHA
SA F R A 90
MARCELO JUST
O ALVORECER DE UMA NOVA ERA RESGATAMOS A HISTÓRIA DE NOSSA PRIMEIRA CAPA, FOMOS PRA RUA COM O SKATISTA QUE MARCA O MOMENTO INICIAL DESTES 25 ANOS DE TRIBO SKATE: MARCELO JUST.
TEXTO ALEXANDRE TIZIL 60 • TRIBO SKATE
FS NOSEBLUNT
ao pôr do sol de Belo Horizonte
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SAFR A 90
WALLRIDE BS GRIND
BS CROOKED
SKATE NA CIDADE Em 1990, no campeonato na Av. Cruzeiro do Sul, em SP. À esquerda no pódio Daniel Trigo e à direita Daniel Arnoni.
BRUNO ROCHA
HELIO GUERRA
BRUNO ROCHA
Pça. da Luz
62•TRIBO SKATE
NESSE MESMO MÊS, EM SETEMBRO DE 1991, HÁ 25
ANOS, SURGIA A PRIMEIRA EDIÇÃO DA TRIBO SKATE, COM GYRÃO E BOLOTA NA LINHA DE FRENTE, REMANESCENTES DA EXTINTA REVISTA DOS ANOS 80, A OVERALL. A VIRADA DA DÉCADA FOI BEM COMPLICADA PARA O PAÍS COM A CHEGADA DO PLANO COLLOR, QUE TRAVOU AQUELE RITMO FORTE QUE O SKATEBOARD VINHA TENDO.
TRIBO SKATE•63
SAFR A 90 BS SMITH
BRUNO ROCHA
Beco do Batman
64•TRIBO SKATE
O ALVORECER DE UMA NOVA ERA A reação tinha que ser tomada porque, apesar desse cenário, o skate estava rolando mas de uma nova forma. Era carente de publicações e quase nada estava sendo registrado, ficava apenas na memória. Ainda antes dessa retomada, novos nomes surgiram e alguns eventos aconteceram, como o Skate na Cidade, que foi um campeonato aberto para pros e amadores e que aconteceu em 1990 em São Paulo, na Avenida Tiradentes, em frente ao Batalhão da Rota, aproveitando as arquibancadas do Carnaval que na época rolava ali. Nesse evento, o até então desconhecido Marcelo Just apresenta seu cartão de visitas, vencendo essa competição e desbancando os favoritos da época.
HELIO GUERRA
Além da Overall, existiam a Yeah, a Skatin’ e também rolavam zines como o Skt News, os programas na tv aberta (não existia tv a cabo ainda) como o Grito da Rua, Realce, Vitrine, os circuitos pros e amadores, os brasileiros indo pra Europa, gringos desembarcando por aqui como Tony Hawk, Lance Mountain, Christian Hosoi, Mark Gator, Mark Gonzales, entre outros, e eventos com grandes patrocínios como a Copa Itaú ou o Sea Club Overall Skate Show. Enfim, um cenário aparentemente “consolidado”. De repente tudo isso ficou para trás, como um sonho, e a realidade dos anos 90 chegou como uma paulada na nuca! Desse jeito, rolou aquele desânimo geral e muitos dos pros que foram referência da época infelizmente desapareceram com o impacto gerado. Claudio Secco, Beto or Die, Daniel Trigo, Marcelo Cabralha, entre outros, já não se via mais! O vertical entra em coma com o fechamento das pistas e o freestyle morre deixando sua contribuição técnica ao street.
ZN SKATEPARK Um dos pilares da retomada de crescimento do skate em São Paulo nos anos 90
Era um dos fatos de que a Safra 90 estava chegando para escrever um novo capítulo na história. Just é natural da Zona Leste de SP e conheceu o skate com 12 anos, no meio de 1984. Em 89 tem seu primeiro patrô, a Catcher, loja de skate que fez a ponte para ele com a extinta Superphen, uma marca de shape de SP localizada na mesma região da recém-inaugurada pista da ZN, um dos pilares da retomada do crescimento naquela época e de revelação de vários nomes de peso. Just começou a frequentá-la quase que diariamente junto com Alexandre Ribeiro, outro inovador que morava nessa região e também era local da ZN. Em 1991, Just tem seu primeiro pro model lançado junto ao seleto time da Urgh, que contava com Ribeiro, Bob Burnquist, entre outros. E ele ganha o título brasileiro de street, que junta-se com as boas colocações da Europa, como o 8º lugar na França e a 12ª colo-
cação na Alemanha. Na mesma época, nasce a Tribo Skate e ele tem a honra de estampar a capa da primeira revista, na retomada da revolução que a Safra 90 implantou no skateboard brasileiro. “A partir dessa volta da Europa que a coisa começou a mudar mesmo. Em 91 já voltei dando nollie heelflip”, lembra Just. Os formatos de skate deixaram de ser adaptados do vert e começa a mudança: skate mais baixo, mais leve e com o nose maior que o tail. As manobras de nollie e o switch stance chegam abrindo um leque de possibilidades ao street moderno. O alvorecer de uma nova era. A frase estampada na primeira capa da revista representa bem o sentimento da época e veio com uma combinação perfeita: uma promessa da nova geração, o pôr do sol ao fundo e no ZN Skatepark, quintal que revelou vários talentos. Just tirou a foto sem saber ao certo para o que era, mas lembra que o Daniel Bourqui pirou no pôr do sol da ZN. Quando se viu na capa, foi uma mistura intensa de sentimentos. “Não entendia a dimensão daquele momento, era outra época e queria apenas andar de skate”, revela. Além de fechar com chave de ouro seu ótimo ano de skateboard, entraria para a história como um símbolo de nascimento de uma nova geração!
OS CAMINHOS… DAS PEDRAS Just continuou na pegada! Ainda na Europa, recebe o convite do team manager da Real/Thunder/Spitfire para passar por lá quando estivesse na América do Norte. Mas como brasileiro não tem passe livre nas fronteiras, seu visto foi negado e a conexão não rolou (internet e e-mail ainda eram sonhos). Sendo assim, ele continuou por aqui manobrando, participando de eventos TRIBO SKATE•65
BRUNO ROCHA
SAFR A 90
66•TRIBO SKATE
SWITCH FLIP Na sincronia pra evitar os ônibus que circulam com frequência e fazer o clique no momento certo
e demos. Em 1993 ele sai da Urgh pra ajudar seu irmão na marca Dekton e em 94 parte pra Europa novamente, mas sem a mesma empolgação de antes. Na volta para o Brasil as coisas estavam devagar por aqui e em 99 decide morar em Florianópolis e dá uma desaparecida do cenário. Ele continua andando por lá sem compromissos profissionais, mas sempre mantendo o ritmo. A Tribo Skate segue com a revista toda colorida, realiza o Tribo Skate World Cup Pro Contest em 1998 em São Paulo e continua: sobreloja do ET, Haddock Lobo, ações de despejo, Chevette do Gyrão, Marcio Tanabe, mudanças, trocas de editora, Flavio Samelo... a era digital chega e o resto é muita história que daria fácil um livro, afinal 25 anos não são 25 dias! Voltando ao Just, em 2007 lança a Foton Skateboards, nasce seu filho Kaue, reaparece nas páginas da Tribo Skate e continua no ritmo do skate, participando das demos, trips e tours da marca, além de lançar uma mini vídeo parte compartilhada comigo (Alexandre Tizil) no MothaFoton Full Promo de 2009. Hoje, 25 anos após o ‘Alvorecer de uma nova era’, Just estampa mas uma vez as páginas da revista com direito a pôr do sol, fotos atuais e segue mantendo a chama do skate acesa. Que venham muitos anos de história, trajetos e glórias para ambos. Um brinde à persistência da Tribo Skate e do Marcelo Just, que correm com novos talentos e novas ideias sempre, mas sem perder a essência. Incorpore-se à madeira e mantenha o ritmo.
→ VÍDEO: TRIBOSKATE.COM.BR TRIBO SKATE•67
SS BLUNTSLIDE
DARIO BRANCOLINI 17 ANOS, 4 DE SKATE SÃO PAULO, SP FOTOS JUNIOR LEMOS
Skate e roupas atuais: Shape Emperor, rodas e rolamentos Bones, trucks Independent, boné e tênis Live, camiseta Poler, calça Dickies e meias Gnarly. O que não suporta mais ver no skate: Sex change. Manobra que ainda pretende acertar: Bs flip ss fs grind reverse. Principal rede social que usa: Insta (@crocodario). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de pico. Skatista profissional em quem se espelha: Collin Provost. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Snickers. Atual melhor equipe de skate brasileira: Gnarly Foot. Amador que gostaria de ver pro: Felipe Felix. (Apoio: Live, Gnarly Foot e Emperor)
"LIVE AND ENJOY"
BS LIPSLIDE
RAFAEL ALVES
Skate e roupas atuais: Shape Emperor, eixos Crail, rodas Spitfire, rolamentos Bones, boné Save Skateboards, calça Pool, camiseta Emperor e tênis Vans. O que não suporta mais ver no skate: Pessoas que só atrapalham o skate nacional. Manobra que ainda pretende acertar: Hardflip bs tail. Principal rede social que usa: Insta (@rafaelalveskt). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Distância do Centro, onde trombo os amigos. Skatista profissional em quem se espelha: Rodrigo TX. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Wizard. Atual melhor equipe de skate brasileira: Future. Amador que gostaria de ver pro: Alexandre Calado. (Apoio: Emperor Skateboard)
"TENHO A IMPRESSÃO QUE AS COISAS BOAS VÃO ACONTECER DE REPENTE, SEMPRE NAS HORAS CERTAS."
JUNIOR LEMOS
23 ANOS, 13 DE SKATE / DE SANTO ANDRÉ, MORA EM MAUÁ, SP FOTO LEANDRO MOSKA
www.kranioskateboard.com.br /kranioskateboard (11) 4411-5484
GIOVANNI VIANNA 15 ANOS, 13 DE SKATE SANTO ANDRÉ, SP FOTOS RAPHAEL KUMBREVICIUS
Skate e roupas atuais: Shape Antihero, rodas Alta Wheels, eixos Independent, boné ou touca, camiseta, calça ou bermuda Volcom e tênis Globe. O que não suporta mais ver no skate: Donos de marca que não ajudam os atletas. Manobra que ainda pretende acertar: Caballerial flip bs boardslide. Principal rede social que usa: WhatsApp. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Os picos de chão ruim. Skatista profissional em quem se espelha: Louie Lopez. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: McDonald’s. Atual melhor equipe de skate brasileira: Vibe. Amador que gostaria de ver pro: Wilton Souza. (Apoio: Volcom, Globe e Alta Wheels)
FS TAILSLIDE
"SKATE É DIVERSÃO"
YURI SANTOS
RICARDO KAFKA
17 ANOS, 5 DE SKATE SANTO ANDRÉ, SP FOTO ANA PAULA NEGRÃO
Skate e roupas atuais: Shape Ratus, rodas Ricta, rolamentos Everlong Kelvin Hoefler, trucks Ironshape, boné Footprint, calça Ratus, tênis e camiseta Supra. O que não suporta mais ver no skate: Falta de estrutura. Manobra que ainda pretende acertar: Frontside blunt bigspin flip out. Principal rede social que usa: Insta (@yurisskt_). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Pessoas
360 FLIP LIPSLIDE
que não entendem que skate é uma forma de sobrevivência. Skatista profissional em quem se espelha: Kelvin Hoefler. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: In-N-Out Burger. Atual melhor equipe de skate brasileira: Ratus Skateshop. Amador que gostaria de ver pro: Felipe Felix. (Apoio: Ratus Skateshop, Footprint Insoles, Supra e Academia Corpo Saúde)
"FÉ EM DEUS E PÉ NA TÁBUA"
JOELHEIRAS Joelheira com casquilho removível e reforço de velcro, evitando deslocamento da mesma.
WRIST GUARDS
COTOVELEIRAS
CAPACETES SpoartEsportes
SpoArt: Lojaspoart.com.br * Spoart.net * Fone:
(11)
2003-7099
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
A RT E POR R E VO L B AC K
SK8 HI ART: Detalhes finais da preparação de sua última exposição, que rolou na galeria Homegrown no Rio de Janeiro
PER F I L D O A RT ISTA
FL AVIO SP ONTO N VINDO DA CULTURA DO SKATE, O ARTISTA PLÁSTICO AUTODIDATA SPONTON TRABALHA COM CUSTOMIZAÇÃO DE TÊNIS E NO MOMENTO PERCORRE O PAÍS COM UMA AÇÃO INTITULADA VANS DAY. ALÉM DISSO, TEM TRABALHOS COM GRAFITE, ILUSTRAÇÃO E CUSTOMIZAÇÃO PARA CONHECIDAS MARCAS DO MERCADO: BMW, PEPSICO, UNILEVER, ENTRE OUTRAS. E, EM MEIO À CORRERIA DO PROCESSO DE CRIAÇÃO PARA UMA IMPORTANTE EXPOSIÇÃO NO RIO DE JANEIRO, PAROU PARA RESPONDER ALGUMAS PERGUNTAS.
TEXTO EDU REVOLBACK X FOTOS JUNIOR LEMOS O que apareceu primeiro: a arte ou o skate? O skate apareceu muito cedo na minha vida, em 81, 82. A arte veio bem mais à frente, mas com certeza o skate foi a minha escola, pois foi dentro dessa cultura que me despertou o interesse por ela, admirando os gráficos dos shapes, rodas, adesivos e tudo mais.
Nos anos 80 teve um boom no skate nacional, com marcas, shapes e nomes promissores. Nos diga como foi pra você esta época e quais marcas e atletas você gostava? Nos anos 80 o skate no Brasil realmente teve uma explosão. Dentro do mercado nacional começaram a surgir muitas marcas. Algumas se destacaram por se dedicarem a trazer produtos de boa qualidade, patrocinar e apoiar ska82 • TRIBO SKATE
tistas e campeonatos. As marcas que eu gostava eram: Urgh!, Maha, Anarquia e Stanley, que começou a fazer parte do lifestyle dos skaters na parte do vestuário. Os atletas que eu admirava na época eram vários, dentre eles: Bruno Brown (R.I.P.), Maurício Shit, Thronn, Mauro Mureta e o Bolota. Basicamente a galera que eu comecei a andar junto, conhecidos por Ibiraboys.
Quais bandas você começou a curtir por influência do skate e da arte? As bandas que eu ouvia quando andava “sério” de skate eram os hardcores californianos e as bandas de skate rock. Posteriormente passei a ouvir thrash metal bay area. Resumindo: The Faction, Black Flag, D.O.A., J.F.A., Agent
Orange, Slayer, Metallica e Sepultura (início). Hoje em dia escuto muito das bandas que ouvia na época, mas curto também um metal, stoner e sludge metal; ao mesmo tempo em que no estúdio escuto Alva Noto, Aphex Twin e outros projetos e artistas experimentais.
Muito tempo depois, você já adulto, consegue trabalhar e viver disso? Sim, hoje em dia vivo totalmente do meu ofício que é a arte. Para mim é mais que gratificante pois batalhei e continuo batalhando e aprendendo. Me orgulho muito por conseguir subir alguns degraus, pois nada foi fácil.
A arte da customização em tênis exige muita paciência para bons resultados. Tem algum artista que você destacaria? Concordo com você, realmente exige paciência e dedicação. Não destaco nenhum artista pois este tipo de suporte não é algo comum. Gosto de trabalhos bem feitos, com uma aplicação que fique o mais próximo da textura de um canvas natural. O que me chama a atenção são alguns tatuadores internacionais que resolvem pintar um tênis e os resultados sempre são admiráveis.
→ CONHEÇA MAIS:
INSTAGRAM: @FLAVIOSPONTON
HOME OFFICE: O estúdio e a mesa em que o artista aplica sua arte
SNEAKER CUSTOMIZER: Alguns dos modelos feitos para as oficinas de customização
EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK
Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 83
HOT STUF F
UM QUARTO DE SÉCULO
PARA PRESENTEAR OS JOVENS ANIVERSARIANTES DE SETEMBRO, COMO OS 25 ANOS DE TRIBO SKATE
PRODUÇÃO CAROL MEDEIROS X FOTO RICARDO SOARES
CAMISETA LRG / R$ 100
CAMISETA NEW ERA / R$ 150
ÓCULOS HB GIPPS / R$ 340
CALÇA LRG / R$ 300
CINTO QUIKSILVER / R$ 200
RELÓGIO CHILLI BEANS / R$ 400
VANS PRO CLASSICS / R$ 450 86 • TRIBO SKATE
CAPACETE SPOART / R$ 80
CARTEIRA HB / R$ 80
BONÉ ALFA SKATE / R$ 110
CAMISETA SUPRA / R$ 130
MEIA STANCE POR JOHN CARDIEL / R$70
RELÓGIO X GAMES / R$ 190
ÓCULOS ARNETTE / R$ 270
JOELHEIRA SPOART / R$ 90
BERMUDA NEW ERA / R$ 240
TÊNIS VIBE TOKYO / R$ 250
ALFA SKATE ALFASKATE.COM ARNETTE ARNETTE.COM CHILLI BEANS CHILLIBEANS.COM.BR HB HB.COM.BR LRG (11) 3081-0660 NEW ERA NEWERACAP.COM.BR QUIKSILVER QUIKSILVER.COM.BR SPOART (11) 2093-7099 STANCE STANCESOCKS.COM.BR SUPRA (11) 3081-0660 VANS VANS.COM.BR VIBE VIBESHOES.COM X GAMES ORIENTNET.COM.BR/XGAMES
TRIBO SKATE • 87
ÁUDIO
E NTR EVISTA
TWINPINE(S)
ÁLBUM NOVO A CAMINHO TEXTO EDUARDO RIBEIRO
// FOTO CAIO AUGUSTO
COM RECÉM-COMPLETOS 13 ANOS DEDICADOS AO ROCK ALTERNATIVO, O QUARTETO PAULISTANO TWINPINE(S) SE PREPARA PARA MAIS UMA GUINADA EM SUA TRAJETÓRIA. ELES ACABARAM DE LANÇAR O CLIPE DA NOVÍSSIMA FAIXA “HOLIDAY OUT”, O PRIMEIRO REGISTRO DA BANDA COM A NOVA FORMAÇÃO – AGORA SÃO TRÊS GUITARRAS. O SOM É UMA AMOSTRA DO ÁLBUM QUE CHEGA EM 2017 PELA HEARTS BLEED BLUE.
88 • TRIBO SKATE
O Twinpine(s) está na ativa há 13 anos, não é? Mas vocês não parecem ser o tipo de banda que tem aquela noia de lançar coisas o tempo todo... BRUNO PALMA (GUITARRA) Claro que a gente gosta de pensar muito bem as músicas, os arranjos e tal, mas não diria que isso seja o grande causador desse espaço que existe entre um lançamento e outro. Isso se deve muito mais à vida que a gente leva. A banda não é nossa fonte de renda, o que faz com que não tenhamos o tempo e o dinheiro que gostaríamos de ter para dar mais dedicação a ela. MAGOO FELIX (BATERIA) Acho que todo esse tempo de experiência acabou causando também essa preocupação com a qualidade. Talvez não pensássemos assim algum tempo atrás por sermos mais desencanados e termos nossos trampos, mas com o tempo fomos aprendendo a tomar certos cuidados com nossos materiais.
Na época em que o Twinpine(s) surgiu, todos na banda já eram amigos de milianos e tinham os mesmos interesses musicais? BRUNO Estudei com o Leo em 94. O Leo foi da mesma escola do Alê, acho que em 2002. E o Magoo é amigo de longa data dos irmãos mais velhos do Leo. Ou seja, a conexão é antiga mesmo e as influências musicais são bem próximas também.
ABSORVEMOS NOVAS COISAS, INSPIRAÇÕES, E ISSO VAI SE REFLETINDO NAS MÚSICAS. MAGOO A banda começou como um trio em 2003. Apenas eu, Leo e Renato, nosso antigo guitarrista e primo do Leo. Com a saída do Renato em 2009 foi natural a entrada do Bruno, que já fazia participações em alguns shows da gente. No ano passado, pra completar o time, veio o Alê. É uma banda de amigos. Ninguém fez teste pra entrar; foi tudo na brodagem.
O Twinpine(s) pode ser considerada uma banda nostálgica ou de revival de um tipo de som, pegando aí as similaridades com nomes como Nirvana, Lemonheads, Dinosaur Jr... BRUNO Temos essa ligação com referências noventistas, mas gostamos de muitas outras coisas, de muitos outros gêneros. E é difícil falar em revival também porque essas coisas vivem voltando, né? Até o Milkybar voltou a chamar Lolo. MAGOO As referências principais obviamente nos levam a esse tipo de sons alternativos dos anos 90, mas, como o Bruno disse, nós ouvimos de tudo. Cada um na banda, apesar de ter sua conexão com o indie, tem também gostos completamente diferentes em outros gêneros musicais e de alguma forma isso se reflete na hora de compor. Acho que isso também dá uma cara pro nosso som.
Houve um tempo em que o som que a galera ouvia na cena do skate, nas trilhas, era bem mais punk/hc, alternativo e rockão anos 70. Hoje, porém, a gente percebe que estão botando até EDM e trap music... BRUNO As bandas que a molecada conhece como indie hoje em dia, por exemplo, as que tocam no Lollapalooza, não são o que a gente teve como referência de indie. Mas hoje é assim. Existe ainda essa forte relação do skate com o punk e o guitar, onde a gente meio que tá inserido, mas é super natural que outros gêneros entrem aí pra somar. Acho bom. MAGOO Cara, eu comecei a andar de skate ainda nos anos 80, quando a trilha sonora das sessions era o hardcore e o punk. Vi isso mudar nos anos 90, com a entrada de sons indies nos vídeos, e na metade dessa mesma década ainda teve a inclusão do ska, do hip hop e tal. Hoje em dia tá mais individual, cada skatista tem seu gosto pessoal e os vídeos são mais democráticos. Você pode escutar Sonic Youth numa parte de um atleta e de repente ouvir um Emicida e até uma Björk mandando um som mais sintetizado. Acho sadia essa mistura. Faz o skate ser mais aberto.
Por que o “s”, de Twinpine(s), é colocado entre parênteses na grafia do nome da banda? Vocês acreditam em numerologia, essas coisas?
BRUNO Absorvemos novas coisas, novas inspirações, e isso vai se refletindo nas músicas. Ano passado, com a entrada do Alê, viramos um quarteto e isso já deu uma cara bem diferente pras músicas, com mais opções de vozes e arranjos de guitarra.
BRUNO Não, não. É por causa do De Volta Para o Futuro [nota do repórter: “Twin Pines Mall” é o nome do shopping onde Marty McFly encontra Doc Brown antes da viagem no tempo]. Ninguém é muito esotérico na banda. MAGOO Existem muitas respostas pra isso, desde ser apenas um jeito diferenciado de escrever até citações e acontecimentos do filme. No final das contas, podemos dizer que é apenas um detalhe visual mesmo.
Quando vocês compuseram a trilha sonora do documentário Dirty Money, as músicas foram feitas sob encomenda mesmo?
"Holiday Out", o som do recém-lançado clipe de vocês, traduz legal o clima do próximo álbum?
BRUNO Foram feitas sob encomenda, do zero. Pensamos no tema e procuramos desenvolver sons que entrassem na sintonia que a gente achava que precisava. MAGOO Além dessas inéditas, também regravamos para o filme uma versão instrumental da música “Soda Springs”, faixa do nosso disco de estreia, o Niagara Falls.
BRUNO "Holiday Out" foi gravada como trio, então acho que vai vir um pouco diferente. Estamos finalizando as composições, vamos começar a gravar ainda esse ano.
Como a proposta de som evoluiu desde que vocês começaram?
→ OUÇA: TWINPINESMUSIC.BANDCAMP.COM TRIBO SKATE • 89
PL A YLIST OLLIE TO FS CROOKED
MARCELO GOMES
FOTO PABLO VAZ
BS FLIP
DENTRO DOS SEUS 27 ANOS DE SKATE, E 40 ANOS DE VIDA, MARCELO GOMES ‘MARRECO’ JÁ OUVIU DE TUDO UM POUCO. MAS É O RAP QUE TOCA ALTO NOS TÍMPANOS DO PROFISSIONAL, QUANDO O ASSUNTO SÃO AS 10 MÚSICAS MAIS OUVIDAS POR ELE.
Criolo Doido, É o Teste Rodrigo Ogi, Corrida de Ratos Troy Ave, Prodigy Wu-Tang Clan, C.R.E.A.M Rick Ross, Masterminds Kendrick Lamar, Compton Good Kid M.A.A.D City Nas, Ether Dr. Dre, Still D.R.E Jay Z, What More Can I Say Mobb Deep, Murda Muzik
Marcelo Gomes ‘Marreco’ (Posible e cereziniskateshop.com)
90 • TRIBO SKATE
Escuta som andando de skate? Sim X Não Ouve música quando? Quando estou relax em casa e às vezes durante o trabalho, no escritório da Posible. Usa algum fone especial para isso? Sim X Não Música através do computador mesmo.
BAIXE O APP QR CODE READER OUÇA A PLAYLIST
FOTO ARQUIVO PESSOAL
HANS DIETER TEMP
ADRIANA MELO GABO MORALES/TRËMA
ESTELA RENNER
FOTO MARCOS VILAS BOAS/ TRIP EDITORA
GABO MORALES/TRËMA
GERMAN LORCA
GABO MORALES/TRËMA
GABO MORALES/TRËMA
BERNA REALE
TAIS ARAÚJO
+ ANTONIO NETO
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
DANIEL IZZO
GABO MORALES/TRËMA
FERNANDO FERNANDES
ESTES SÃO OS 11 ESCOLHIDOS PARA RECEBER AS HOMENAGENS DO PRÊMIO TRIP TRANSFORMADORES 2016. GENTE QUE PERCEBEU QUE AS COISAS SÓ ESTARÃO BEM DE VERDADE QUANDO ESTIVEREM BEM PARA TODOS. CONHEÇA AS HISTÓRIAS INSPIRADORAS DE CADA UM DELES EM: T R I P T R A N S F O R M A D O R E S . C O M . B R FACEBOOK.COM/TRIPTRANSFORMADORES
GABO MORALES/TRËMA
MARINALVA DANTAS
GABO MORALES/TRËMA
LUIZ ALBERTO MENDES
PAT RO C Í N I O
C 0 PAT ROC Í NI O
APOIO
PA R C E I R O S D E M Í D I A
CO LUNA V ISUAL
2 5 ANOS ILUMINADOS NOS AJUDA A ENXERGAR NOVOS CAMINHOS, EXPANDIR O CONHECIMENTO, AMPLIAR A VISÃO, CONHECER NOVOS LUGARES, VER OS MESMOS LUGARES COM OUTROS OLHOS, APRESENTAR NOVAS AMIZADES, CLAREAR AS IDEIAS, ILUMINAR NOSSOS PASSOS... QUE O SKATE CONTINUE SENDO NOSSA LUZ!
92 • TRIBO SKATE
Parabéns pelos 25 ANOS de luz e informação, revista TRIBO SKATE!
FERNANDO GOMES
Vivedor do skate soteropolitano, é fotografo e jornalista TRIBO SKATE • 93
CO LUNA SK A T E S AÚ DE
T H I AGO PI NO
TREINAMENTO FUNCIONAL FUNCIONA? Para começar, gostaria de agradecer a Tribo Skate pelo convite e a oportunidade de escrever para a primeira revista de skate que li e que sempre serviu de inspiração para meu trabalho. Sou o Thiago, idealizador do Skate Saúde, projeto no qual me dedico há 9 anos com reabilitação e preparação física para skatistas e aulas de skate. Gostaria de falar sobre uma metodologia de treinamento importante dentro do skate, mas que nem sempre apresenta os resultados esperados pelos skatistas, o treinamento funcional. Este tipo de treinamento visa melhorar a capacidade funcional, que é a habilidade de realizar as atividades normais da vida diária com eficiência. Ele é caracterizado pela semelhança do trabalho com as situações cotidianas e baseia-se no princípio da do cotidiano requerem o emprego de movimentos e gestos motores que exigem o trabalho de diversos grupos musculares ao mesmo tempo. A proposta dos exercícios funcionais é justamente promover ações musculares em conjunto e simultâneas, proporcionando um trabalho corporal mais globalizado e completo. E o que isso tem a ver com o skate?
É IMPORTANTE QUE OS PROFESSORES ENTENDAM SOBRE O SKATE
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
especificidade (direcionado a alguma modalidade). As situações
de performance, lesões e que os skatistas deixem claro suas metas para que a preparação física dentro do skate cresça, com skatistas bem condicionados, índices menores de lesões buscando a evolução do esporte e satisfeitos com os resultados do seu treino. Na preparação física, o objetivo é um fator determinante. Se o seu treinamento visa somente uma melhora na qualidade
Sempre que temos por objetivo otimizar desempenho em
de vida, os padrões de movimentos utilizados e a intensidade
uma atividade bem específica como o skate, precisamos
proposta não influenciam diretamente no seu skate. Agora
entender os padrões de movimentos e as necessidades do seu
se o treinamento visa uma melhora da performance no skate,
praticante, para então avaliarmos o indivíduo, estudarmos seus
a periodização e os movimentos aplicados têm que ser
pontos fracos e depois desenvolvermos estratégias de treinos
específicos e muito bem trabalhados para que o resultado final
para que ele melhore seu desempenho sobre o skate e minimize
agrade a todos, tanto o skatista como seu preparador físico.
o risco de lesões. Neste ponto, vemos muitos skatistas reproduzindo padrões de movimentos e exercícios voltados para outros esportes ou somente para atividades de vida diária e com pouca utilidade para seu objetivo sobre o skate. É muito importante que os professores entendam sobre o skate e seus pontos 94 • TRIBO SKATE
THIAGO ZANONI: Pai de gêmeos, educador físico, idealizador do blog Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício
Thiago Barbosa
Telma
CO LUNA A GUIN AL DO ME LO
TÓ Q UI O 2020
A POLÊMICA E OS PRÓXIMOS PASSOS DO SKATE OLÍMPICO Para alguns, 3 de agosto de 2016 ficará marcado como o dia em
artística e hockey. Mas o que não foi explicado é que um grupo de
que o skate se entregou para o sistema. Para outros, como um dia
skatistas trabalhava desde 2007 para ver o skate nos Jogos.
histórico em que o esporte passou a figurar em mesma importância
A ISF (Internacional Skateboarding Federation) reúne nomes de
(lado a lado) de esportes tradicionais, como o futebol e o atletismo.
prestígio do skate como Tony Hawk, Brian Atlas (Street League) e
O fato é que, a partir de agora, o nosso pedaço de madeira com
Gary Ream, fundador do Woodward e presidente da Federação.
rodas está nas Olimpíadas. A frase clássica de Tony Hawk “As
O Brasil tem Leticia Bufoni e Marcelo Santos (CBSk) vinculados
Olimpíadas precisam muito mais do skate do que nós precisamos
à entidade. Mas como em muitos países sequer existe uma
deles” explica muito bem o caminho feito pelo skate até os Jogos.
federação, a ISF não conseguiu cumprir os requisitos para ser
O skate se estabeleceu no mundo todo, independente de
uma entidade olímpica. A solução foi dividir o bolo: A ISF ficou
organizações e regras. Como uma infestação, brotaram skatistas
com o formato de competição, construção de pistas e seleção
no Japão, China, Rússia e Brasil. Hoje somos muito maiores do
dos atletas. Já os rollers ficarão com a parte burocrática. Evitar
que muitas modalidades tradicionais. Isso despertou a atenção do
apostas ilegais, competições arranjadas e controle antidoping.
Comitê Olímpico, mas para entrar nos jogos, o skate precisaria se
Apesar de alguns nomes, inclusive Tony Hawk, pedirem a
encaixar em algumas regras, algo que nunca seguiu. Desde 1996,
inclusão de modalidades como o Vert e a Mega, os japoneses e
eles estão de olho no skate. Mais do que de olho nele, estão de
a FIRS foram enfáticos ao dizer que teremos o Street e o Park.
olho na audiência que a modalidade poderá trazer para os Jogos.
Os documentos dos Jogos em Tóquio falam em 20 skatistas
A primeira tentativa de encaixar o skate foi em 2007, através do
competindo por modalidade, sendo que teremos masculino e
ciclismo. Os cartolas da União Ciclística Internacional queriam
feminino. “Tudo indica que será mais ou menos nos moldes da
tomar conta do skate. Mas sem a nossa participação, a ideia
Street League e XGames”, explicou Ed Scander, Vice-Presidente
acabou não dando certo, e com isso se passaram oito anos. Em
da CBSk. “O skate está nas Olimpíadas por causa das grandes estrelas, não acredito que teremos representantes de países como
ROLLER CUIDANDO DO SKATE NAS OLÍMPIADAS? ESTE É SÓ COMEÇO DA HISTÓRIA...
Angola ou Paraguai”, completou Ed.
dezembro de 2014, em uma reunião do Comitê Olímpico em
que tem Neal Hendrix, representantes da Street League e Gary
Mônaco, foi declarado que era hora de mudar as Olimpíadas e que
Ream, da ISF, na presidência. Este grupo irá definir julgamento,
novas modalidades deveriam ser integradas.
construção de pistas e a dinâmica do evento. Temos ainda quatro
Mas muitas perguntas ainda não foram respondidas. Como, por exemplo, se os skatistas terão que usar uniforme, quais serão as regras, e, se de alguma forma os seus patrocinadores poderão ser mostrados. “Para participar das Olimpíadas, regras terão que ser implementadas e seguidas” disse Sacripanti da FIRS. Apesar disso, não foi mencionada quais poderiam ser tais regras. “Temos três anos de trabalho duro”, respondeu ele. Para estabelecer regras e formatos foi criada uma comissão
Outra vez tudo tinha que ser feito no modelo deles. É a hora
anos pela frente. Essa polêmica não terminou na hora do anúncio
que a FIRS (Federação de Roller Sports) entrou na jogada. Roller
da entrada do skate nos Jogos e provavelmente só terminará
cuidando do skate nas Olímpiadas? Por favor, não rasgue as páginas
quando o primeiro flip olímpico for dado.
desta revista. Este é só começo da história... “Fomos convidados pela organização de Tóquio 2020 e enviamos uma proposta para o Comitê Olímpico” explicou Sergio Sacripanti da FIRS. Uma federação de 90 anos que cuida de esportes como patinação 96 • TRIBO SKATE
AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas;
é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida
CO LUNA GUTO J IMEN E Z
SK A TE BOA RD I NG M I LI TANT
UMA PIZZA E 25 ANOS DE HISTÓRIA Brasil, 1991. O país vivia uma crise brutal, provocada pelo
O combinado foi de que iríamos juntar o dinheiro que podíamos
confisco da poupança e dos valores de contas correntes da
disponibilizar e correr atrás do restante; um empréstimo com
população por parte do governo federal. Toda a nação foi
os pais aqui, um fundo de garantia e uns dólares vendidos ali,
afetada e não foi diferente com o cenário de skate; onde um ano
algumas negociações complicadas com gráficas e fornecedores
antes havia campeonatos em profusão, inúmeras marcas, mídia
de papel mais adiante... Muitas portas fechadas, alguns amigos
especializada e programas na tevê, agora não havia mais nada
que não nos davam atenção e muitos “vocês estão loucos?!”
além dos skatistas e da vontade de continuar a dar os seus rolés
ouvidos e assimilados foram alguns dos obstáculos encontrados
onde quer que fosse.
no caminho. Passamos por cima de tudo como as rodas
Corte pra São Paulo, no mesmo ano. O cenário é uma pizzaria qualquer, que ficava próxima ao local onde tinha acabado de acontecer um dos três ou quatro campeonatos de skate que
de nossos skates passavam por cima de concreto e asfalto encontrados em nossos caminhos. Em setembro daquele ano, surgia a Tribo Skate, fazendo uso do
tiveram naquele ano. Os personagens foram Cesar Gyrão, Fabio
conceito de “tribos urbanas” e recolocando o skate em evidência.
Bolota, Jorge Kuge, Hélio Greco e eu, que trazia uma edição de
A capa com Marcelo Just no ZN Skatepark fazia menção a uma
um fanzine chamado JimeneZine cuja capa contava com a palavra
“nova era”, e não era nenhum exagero. Afinal, mais uma vez a
“Crise” desenhada em letras garrafais. Isso numa mesa composta
gente teria de tirar o máximo possível do mínimo disponível, como
por ex-integrantes de revistas do naipe de Overall, Yeah! e Skatin’,
numa sessão em algum pico proibido no qual a polícia está prestes
que levavam a informação aos quatro cantos do país durante boa
a chegar e a expulsar todo mundo. Diferente de um ou dois anos
parte da década de 80. Chamar um fanzine de “publicação” seria
antes sim, mas igual a uma década atrás, quando andar de skate
cômico, se não fosse pela trágica condição do país e do cenário
era acima de tudo uma questão de atitude e estilo de vida.
de skate em particular.
Um quarto de século se passou. Hoje em dia, o skate tem mais de 8,5 milhões de praticantes no Brasil e cerca de 100 milhões
A CAPA FAZIA MENÇÃO A UMA “NOVA ERA”, E NÃO ERA NENHUM EXAGERO
em todo o mundo. Todas as modalidades estão num nível técnico jamais imaginado, produzindo uma surpresa a cada instante em velocidade supersônica, tudo em tempo real. Não se engane com aquilo que alguns deslumbrados insistem em dizer, a verdade é uma só: tudo o que acontece no cenário brasileiro atual é fruto das sementes lançadas naquela pizzaria paulistana barata em algum momento de 1991. Nós tivemos a
Alguma coisa precisava ser feita. Ali foi feito um pacto: nós
coragem de criar alguma coisa do nada – algo que, convenhamos,
iríamos lançar uma revista de skate na raça, pra fomentar uma
é muito mais complicado do que simplesmente copiar o que já
cena que, se não era tão efervescente quanto no ano anterior,
está sendo feito...
certamente estava longe de morrer - pelo menos pra nós,
Acho que a pizzaria fechou as portas, não tenho certeza. A Tribo
skatistas. Seria algo bom pra todos na mesa, tanto pros jornalistas
Skate está aí, de páginas abertas e site renovado, com a mesma
e fotógrafos quanto pro dono de marca que precisava promover
missão: informar e formar opinião. Uma missão que é como o
e vender a sua produção. Ninguém tinha a certeza de que iria
uretano das rodas de nossos skates, não pode parar nunca.
dar certo – aliás, não tínhamos a certeza de nada -, mas pelo
Parabéns, Tribo Skate, e muito obrigado!
menos nós iríamos tentar fazer a diferença. Nossa motivação era a história da Thrasher, surgida dez anos antes no mesmo cenário de penúria e depressão da cena. “Se eles fizeram, nós também podemos fazer”. 98 • TRIBO SKATE
GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra
desde 1962 e sobre o skate desde 1975
GA-100MM-8A
GA-100MM-3A
GA-100MM-5A
GA-100MM
•Resistente a choques •Resistente à água (200m) •Resistência magnética •Luz de LED •Horário mundial (48 cidades) •Cronômetro de 1/1000 segundos •Cronômetro regressivo •Alarmes •Calendário automático (até ano 2099)
LOJAS DISPONÍVEIS: •G-FACTORY - Shopping Granja Vianna/Cotia-SP •Surf Trip - São Paulo/SP (11) 4562-1629 •Grupo Sunpeak - Vale do Paraíba/SP (12) 3941-9004 •Hawaii - Santos/SP (13) 3224-6800 •Ophicina - Interior/SP www.ophicina.com.br •Boards Co - Rio de Janeiro/RJ (21) 2267-5899 •Bona Park - Estrela/PR (42) 3028-6670 •Starpoint - Londrina e Maringá/PR www.starpoint.com.br •Sumatra - Curitiba/PR (41) 3039-4430 •Teahupoo - Joinville/SC (47) 3433-2985 •Planeta Surf - Rio Grande do Sul/RS (51) 3384-5571