Tribo Skate #249

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RAFAEL

GOMES

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RAPHAEL

ÍNDIO

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COLETIVO

SHN

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RZO

S K AT E

R$ 12,90

WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM

DOZAPE

EDIÇÃO 250 / NOVEMBRO

JEFFERSON BILL

TEM SANGUE DE SKATISTA

PÁG. 26

LUIS MOSCHIONI

Amador de forte e sincera personalidade

PÁG. 40

ALEX CAROLINO

E as manobras em território nacional

EDIÇÃO 250 mais uma pra comemorar






ÍN DICE

TRIBO S K AT E

ANO 26 • NOVEMBRO DE 2016 • NÚMERO 250

ESPECIAIS 16. Dozape 26. Luis Moschioni 36. Luz 40. Alex Carolino 48. Jefferson Bill SEÇÕES Editorial......................................................................8 Zap............................................................................. 10 Casa Nova............................................................. 62 Traços e Rabiscos............................................. 68 Hot Stuff..................................................................72 Áudio (RZO)...........................................................74 Playlist (Raphael Índio)....................................76 Coluna Visual.......................................................78 Coluna Saúde...................................................... 80 Coluna 2020.......................................................... 81 Skateboarding Militant................................... 82

CAPA: Esse monumento, feito para o centenário da Escola de Engenharia da UFMG, se chama "Desenvolvimento". Coincidência ou não, o nosso colaborador é testemunha de toda evolução do Bill no skate, desde moleque até chegar a profissional e à capa da edição 250, com esse bs ollie numa transição sem flat. FOTO: Diogo Andrade


MARCELLO GOUVEA, POR ANDRE MAGARAO

A passarela tem um corrimão inviável de ser alcançado pelo skate. Mas, o estreito trilho pelo lado de fora, este sim poderia ser usado para um drop. Por mais simples que pareça, não é qualquer um que queira correr o risco. Marcello Gouvea encarou de bs fifty.

TRIBO SKATE • 7


E D ITOR IAL

JOÃO EDUARDO PAT

NALDINHO, HIGH JUMP

A ONDA DOS 250

M

ais um número redondo para se comemorar:

novamente com arte do Speto e editorial marcante “Orgulho

250! Os passos que demos nos 25 anos da

do que fizemos juntos”. Vanderley Arame estampou a capa da

revista Tribo Skate foram marcados pelas

150, com um editorial homenageando a banca de revista, com

edições impressas que fomos construindo

direito à maquete de uma delas. Salto para a edição 200 (2012),

na coletividade da nossa cultura, procurando

“A Evolução da Espécie”, com entrevistas com três gerações de

refletir o esporte e o mercado, seus personagens, seus feitos, seus

skatistas, um amador (Felipe Nery), um pro (Paulo Galera) e um

custos, suas ações e reações. Pé direito, pé esquerdo, impulsos,

legend (Álvaro Porquê?). Cada vez mais a revista vai refletindo

remadas, drops, tombos, manobras, linhas, vitórias, pausas, dis-

a sintonia fina do universo de sua cobertura, com seus deri-

cussões, verdades e mentiras, polêmicas e unanimidades. Edição

vados nas plataformas online. Revista é um produto mais fino,

10, 1994, capa com um boneco de massa, arame, palitos, moedas

mais rebuscado, com a ênfase na recente edição 248, quando

e paninhos, obra de arte de um skatista que se tornaria referência

comemoramos os 25 anos. Com esta capa do Bill, atingimos

no campo das artes, o Speto. O mundo encontrou outras formas

mais este número redondo e podemos colocar a imaginação

de se comunicar além do papel (da TV e do rádio) e logo, em

para funcionar e esperar as próximas ondas da série. Saúde!

1996, estreávamos o nosso primeiro site, reverberando no dia a dia aquilo tudo que o skate estava produzindo. As impressas seguiam reunindo os assuntos (e as fotos) mais relevantes. A edição 50, de 1999, com o tema “A história do skate no Brasil”, acabou sendo a base para a criação do primeiro livro sobre o tema em nosso país, o “A Onda Dura”… Especial 10 anos (72, de 2001) com ilustração de Sandro Sobral em foto de Shin Shikuma e a cor especial prata, pra marcar. Pula pra número 100, de 2004, 8 • TRIBO SKATE

CESAR GYRÃO

Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991


AQ U EC IMEN TO

S K AT E

ANO 26 • OUTUBRO DE 2016 • NÚMERO 249 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Felipe Telles

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Ana Notte

GERENTE DE CONTEÚDO

Renato Pezzotti EDITOR

Junior Lemos SITE

Sidney Arakaki

DIRETOR DE ARTE

Fernando Pires

EDITORA DE ARTE

Renata Montanhana

EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ricardo Soares PRODUTORA

Carol Medeiros

CONSELHO EDITORIAL

Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO

triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO

Aguinaldo Melo, Diogo Andrade, Edu Andrade, Eduardo Ribeiro, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO

Adriano Rebelo, Andre Calvão, Andre Magarao, Camilo Neres, Carlos Taparelli, Cesar Matos, Diogo Andrade, Fernando Gomes, Gaston Francisco, Helge Tscharn, João Eduardo Pat, Leandro Moska, Levi Cruz, Manoel Martins, Marcelo Fazolin, Mauricio Pokemon, Octavio Scholz, Pablo Vaz, Pedro Macedo, Raphael Kumbrevicius, Ricardo Soares, Rodrigo K-b-ça e Wanderley Vieira. COMERCIAL

Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) Cezar Toledo (cezar.toledo@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES

GUSTAVO DIAS, OLLIE MOMENTOS DO ÚLTIMO VERÃO EM BARCELONA SÃO INTENSOS DE LEMBRANÇAS! GUGUINHA ENCARA COM FACILIDADE A MURETA E O DESPENCO, E AS PERNAS CONTINUAM INTACTAS. FOTO LEANDRO MOSKA

Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS

www.assinenorte.com.br/faleconosco

Endereço: R. Estela Borges Morato, 336 Limão – CEP 02722-000 – São Paulo – SP IMPRESSÃO:

Leograf

www.triboskate.com.br

A revista Tribo Skate é uma publicação mensal da Norte Marketing Esportivo

As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.


TRIBOSK ATE.CO M .BR

TIAGO, SWITCH SHOVIT

A quinta edição da URB Tradeshow aconteceu em outubro na capital paulista, e reuniu profissionais da indústria brasileira do skate e streetwear. Fabricantes, lojistas, importadores, distribuidores, representantes comerciais, designers, skatistas, entre outros especialistas do mercado, tiveram dois dias para interagir, trocar experiências e fechar negócios no mesmo ambiente. Nessa edição, a URB teve como novidades palestras, workshops e abertura para o público no último dia de evento. Os visitantes puderam ver em primeira mão os produtos que chegarão às lojas na próxima temporada, além de assistir pessoalmente o “Mundo da Rua”, uma competição vencida por Tiago Lemos.

JUNIOR LEMOS

URB #5

JP VENCE SKATE ARCADE 2016

HELGE TSCHARN

O paulista João Pedro Oliveira foi o campeão do Red Bull Skate Arcade 2016, que aconteceu pela primeira vez no Brasil. A final global da competição reuniu 23 skatistas amadores de 22 países em Porto Alegre, RS, na tradicional pista de skate do IAPI, onde foram construídos obstáculos especialmente para a competição. Em 2014 JP representou o país na Espanha e essa foi sua primeira vitória no campeonato. A quarta edição do Red Bull Skate Arcade teve 17 mil inscritos e os finalistas foram classificados por fases online, com os skatistas participantes enviando vídeos de manobras. No site, entrevistamos JP e Izael Miranda, mato-grossense que ganhou vaga bônus, falando sobre o evento. Confira! 10•TRIBO SKATE


KLAUS, FLIP SHIFTY

WHAT'S UP Informe-se e tenha argumentos para discutir nas redes sociais!

O skatista carioca Fabiano Besada foi morto na noite do dia 5 de outubro, durante uma tentativa de assalto na zona norte do Rio de Janeiro. Fabiano era policial da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil do Rio, estava em horário de folga e revidou ao ser abordado por assaltantes. Conhecido JUNIOR LEMOS

como Punkinho, era um skatista bastante respeitado na cena local, e em 2007 foi um dos protagonistas do documentário “Sangue & Suor”, da Zerovinteum Filmes.

AWAY DAYS TEAM TOUR São Paulo recebeu a passagem da "Away Days Team Tour", turnê com skatistas da adidas Skateboarding pela América Latina. Obstáculos desenhados pela Maze Skateshop, Matriz Skateshop, Sense Skateshop e Ratus Skateshop foram montados ao lado da Estação Luz, e rolaram sessões, gincanas e uma apresentação com os skatistas da marca Rodrigo TX, Klaus Bohms, Daniel Marques, Wacson Mass, Nestor Judkins, Silas Baxter-Neal, Lem Villemin, Gustav Tonnessen e Chewy Cannon.

O norte-americano Dylan Rieder, um dos maiores ícones do skate contemporâneo, morreu dia 12 de outubro, aos 28 anos de idade, vítima de leucemia. Com seu estilo original e peculiar, Dylan deixa como legado algumas das partes de vídeos mais influentes de todos os tempos. Além de skatista profissional, ele também atuava como modelo fashion para grandes marcas..

MARIO MARQUES A+ A Amais Skateboards oficializou a contratação do skatista profissional Mario Marques com um vídeo de boas-vindas. No site, assista ao vídeo e leia a entrevista exclusiva do skatista.

A DC Shoes lançou um tênis com combinação especial de cores assinada por Tiago Lemos. É o primeiro do paulista recémprofissionalizado. Tiago escolheu o modelo Plaza TC e customizou com o forro vermelho, couro marrom e camurça Super Suede azul, além da sola caixa branca para ser sua

RICARDO DEXTER E MIGUEL OLIVEIRA FALARAM COM A TRIBO SKATE SOBRE A VANS PRO SKATE TOUR, QUE PERCORREU O INTERIOR DE SÃO PAULO DESTRUINDO TODOS PICOS ENCONTRADOS PELO CAMINHO DURANTE 15 DIAS, EM COMEMORAÇÃO AOS 50 ANOS DA MARCA.

“colorway”. O tênis pode ser encontrado na loja online da DC Shoes, que acaba de estrear no Brasil: dcshoes.com.br

DIVULGAÇÃO

RODRIGO K-B-ÇA

VANS PRO TOUR

TRIBO SKATE•11


ZAP

WALLIE FS BLUNT REVERSE

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LIN H A VE R M ELH A

RAFAEL GOMES

UM CARA COM BAGAGEM. ALÉM DAS TANTAS VIAGENS INTERNACIONAIS, DA LONGA CARREIRA COM AS MESMAS MARCAS, DO DIPLOMA EM DIREITO, DA REALIZAÇÃO DE EVENTOS, DE INÚMERAS OBRAS NO ESTILO “FAÇA VOCÊ MESMO”, DA SUA LOJA RETTA SKATE, RAFAEL SEGUE ACRESCENTANDO HISTÓRIAS AO SEU CURRÍCULO. SUAS PARTES DE VÍDEO, CAPAS DE REVISTAS E ENTREVISTAS SEMPRE SERVIRAM DE BALIZA PARA AQUELES QUE QUEREM ALGO ALÉM DO TRIVIAL.

FOTOS ANDRE CALVÃO (CECI MÃE) Você é um skatista que tem o respeito do mainstream. Por exemplo, foi eleito Skatista do Ano pela 100%. Mas também é admirado pelo lado independente, como o Retta e o Hahaha. Como você explica isto? Sou muito grato pelo respeito que as pessoas têm por mim, o prêmio veio em um ano produtivo e de grandes experiências, foi muito da hora ter esse reconhecimento. Uma das coisas mais legais do skate é conviver com muita gente de diferentes lugares, idades, meios sociais e etc, procuro tratar bem as pessoas e aprender com elas. O skate me deu grandes amigos e também a oportunidade de fazer parte de projetos independentes, como Hahaha, Retta e outros que me identifico muito. (FERNANDO GOMES) Como você se sente estando com a carreira de profissional bastante ativa e ao mesmo tempo já ajudando a revelar novos talentos como Wilton Souza e Pedro Biagio? Para mim é gratificante poder colaborar de alguma forma para que meus amigos tenham a mesma oportunidade de viver do que amam, assim como eu tive a oportunidade de fazer graças a muitos que me ajudaram, lá atrás. O Pedro

e o Wilton são muito talentosos, sabem o que querem e correm atrás pra fazer acontecer. Esses dois me inspiram e motivam a andar cada vez mais de skate. (AGUINAS) Atualmente, você é um dos poucos skatistas que fez a escolha de não ser altamente competitivo e conseguiu, por outro lado, se consolidar como profissional. Existe uma fórmula de sucesso, para ter bons patrocínios e se manter no game por tanto tempo? Quando passei pra pro em 2000, tinham vários campeonatos e as marcas valorizavam bastante isso, mas desde o primeiro campeonato profissional, apesar de ter andando bem e até ter passado pra semi-final, já tinha em mente que os eventos eram pela confraternização e para tentar acertar uma ou outra manobra legal. Minha escola foi a rua, minhas referências vinham dos vídeos e dos meus amigos, irmãos e os caras de Maringá, que sempre teve uma cena autêntica, desde cedo focada em vídeos. Sempre gostei de viajar para TRIBO SKATE • 13


ZAP

RAFAEL GOMES

34 anos, 25 de skate Maringá, PR (Vibe, Retta Skateshop, Crail, HoneyPot Wheels, Zabô, 5Boro, Hood, Pipa Viagens e RE-Ciclo)

(RODRIGO K-B-ÇA) Como é conseguir se estabelecer como um skatista

profissional morando fora das capitais e dos grandes centros? Eu nunca tive a pretensão de morar em São Paulo, que era onde as coisas aconteciam, mas desde cedo já ia pra lá, onde estavam as marcas e as mídias, para tentar produzir o máximo possível. Era uma época que não existia essa exposição nas redes sociais, tinha que filmar para um vídeo que ia sair em VHS ou DVD, ou fotografar para a revista. Acredito que um fator que colaborou para eu me estabelecer como skatista profissional foi o fato de sempre gostar de viajar, me movimentar e produzir alguma coisa. Morar nos grandes centros ajuda porque sempre tem alguma coisa acontecendo, mas quando você mora em uma cidade no interior, as coisas acabam ficando normais e muitas vezes você deixa pra andar naquele pico "amanhã"! Independente de onde você mora, tem que fazer o corre para as coisas acontecerem. (THIAGO ZANONI) A Retta vem fazendo um trabalho excelente pelo skate brasileiro. Como é conciliar a carreira de skatista profissional com a de empresário e o que você acha que ainda pode ser feito para melhorar o mercado brasileiro de skate ? conhecer lugares novos, fotografar, filmar, isso me motiva! Não sei se existe alguma fórmula, sempre tive um bom relacionamento com os meus patrocinadores, eles sempre respeitaram o meu skate e minha pessoa. Acredito que o que é feito com amor e dedicação prospera. (GUTO JIMENEZ) Você tem a experiência de já ter lançado pro models

de produtos diferentes. O que você acha mais vantajoso, receber um salário de cada marca ou os royalties sobre as vendas? O ideal é ter os dois, um salário fixo mais também os royalties sobre a venda dos produtos com o meu nome, como é na Vibe, onde tenho pro model de tênis. Dessa forma sei que tenho valor fixo para receber todo mês e que posso contar com ele para pagar minhas contas, independente se houver algum atraso na produção ou qualquer outro contratempo, e também vou fazer o máximo para promover meus pro models, para que vendam bastante e seja sempre uma parceria legal com meus patrocinadores. 14 • TRIBO SKATE

A Retta é um projeto que começou há 7 anos como loja online e que há um ano e meio conseguir realizar o sonho de abrir também a loja física em Maringá, em meio há um momento econômico complicado, mas que está dando certo porque todos os envolvidos estão em sintonia e vivem o skate. Não é fácil, mas é possível, queremos retribuir os bons momentos que o skate nos proporciona, fortalecer o skate para o coletivo, ajudando na construção e melhoria dos lugares pra andar de skate na cidade, fomentar a cena e motivar as pessoas a fazerem a diferença. No momento também estamos fazendo um vídeo, tem muita coisa pra ser feita. Sou abençoado por ter pessoas boas ao meu lado, que facilitam essa conciliação entre a minha carreira de skatista com a de empresário. Apesar da crise econômica, o mercado de skate brasileiro é forte se comparado ao de outros países. Ainda tem muito a ser feito, mas já tem e estão surgindo novas marcas fazendo trabalho sério. Cabe também ao consumidor se conscientizar e dar o suporte para as marcas que valorizam o skate e fazem um trabalho diferenciado.


DOUBLE TAP POR @CAMILONERES

NÃO SÃO APENAS FOTOS DE SKATE QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR NO INSTA DO CAMILO! ISSO PORQUE OS TEMAS QUE TAMBÉM INSPIRAM NOSSO COLABORADOR BASEADO NA REGIÃO CENTRO-OESTE PASSAM PELA EXPANSÃO DE CONSCIÊNCIA, SOBRIEDADE, REFLEXÕES, VEGANISMO E LIBERTAÇÃO ANIMAL.

1 PAREDES FRANCAS... BRAS.ILHA

2 SEXTA É FEIRA

3

4 ME FALTAM PALAVRAS...

5 DIEGO GRIP TAPE

6 REVIRANDO AS FOTOS DA SESSÃO

PE R FIL

CAMILO NERES Responsável pela capa da última edição, Camilo Neres é colaborador da Tribo Skate há um bom tempo, tanto para texto quanto para fotos! Ele acredita que 95% de uma boa foto é feita durante a captação, para não confundir tratamento de imagem com manipulação, e prefere fazer moments ao invés de sequência (só as faz por livre e espontânea pressão).

Começou a andar de skate no final dos anos 90 em Salvador, Bahia, e pegou gosto pela fotografia em Porto Alegre, no início dos anos 2000, com os cliques de skate iniciados também por lá por volta de 2004. Recentemente mudouse de Anápolis, Goiás, para a capital Campo Grande, após bons anos vivendo em Brasília. TRIBO SKATE• 15


CRE W

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ASSINATURA DAS RUAS

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CRE W

GABRIEL, LUIZ, GUILHERME, CAIO E ERICK, É COMO CADA UM DELES SÃO CONHECIDOS E É NO COMPLEMENTO DE SEUS NOMES QUE ELES SÃO RECONHECIDOS. SEJA NO BRASIL OU EM QUALQUER OUTRO PICO MOCADO DO MUNDO, A DOZAPE É A CHAVE QUE APRESENTA ESTA CREW QUE HÁ 10 ANOS VEM CRAVANDO NOME E SOBRENOME COM O MAIS AUTÊNTICO SKATE DE RUA. CONFIRA O POR QUÊ! FOTOS PEDRO MACEDO

CAIO CASELLI, OLLIE

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LUIZ HENRIQUE SILVA, NOLLIE BS HEELFLIP

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CRE W

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ERICK BONILHA, WALLRIDE

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CRE W

GUILHERME ROLIM, 360 FLIP TO FAKIE

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Leandro Moska

GUILHERME TERRA, BS 180 SS GRIND

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CRE W

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GABRIEL SIQUEIRA, FLIP FS NOSESLIDE

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PERFIL A M FS OLLIE TRANSFER SS CROOKED

CALMA CAOS A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE LUIS MOSCHIONI PUNK ROCK E MPB PSICODÉLICA, FAST PLANT E HARDFLIP, INSTAGRAM E TUMBLR, CHOCOLATE E GENGIBRE, ADELMO JR E DUANE PETERS, ZINES E IPHONE, HUMOR E PROTESTO, INTERIOR E MEGALÓPOLE... SÃO EM DUALIDADES COMO ESSAS QUE LUIS MOSCHIONI CONSTRÓI SUA FORTE E SINCERA PERSONALIDADE

TEXTO E FOTOS FERNANDO GOMES

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PERF IL A M MAYDAY

COM CALMA E HUMILDADE, SE DISTANCIA CADA VEZ MAIS DOS PADRÕES E FALSAS URGÊNCIAS QUE O MODO DE VIDA CAPITALISTA NOS IMPÕE, ÀS VEZES ATÉ MESMO NO SKATE, E SEM FORÇAR BARRAS TEM ABERTO AS PORTAS PARA MOSTRAR O QUE SABE E SEGUIR APRENDENDO MAIS. ARROIZ, COMO TAMBÉM É CONHECIDO PELAS RUAS, É UM SKATISTA QUE MERECE MUITA ATENÇÃO, PELO TALENTO E PELA PUREZA COM QUE DESENVOLVE SEU SKATE.

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BEAN PLANT INTO BANK

Com um jeito muito próprio de andar, valoriza a união entre amigos e tem neles uma fonte de inspiração. “Amizade é o mais importante no skate, é o que deixa os caminhos menores, são os amigos que te fazem rir quando você está quase chorando. Valorizar quem está do seu lado é valorizar a si mesmo, por isso o skate é essa comunhão”, afirma. Ao som instrumental de Augustus Pablo, numa sala rodeado de amigos e boas energias, Luis Moschioni conversou com o fotógrafo Fernando Gomes e mostra que vai além das criativas manobras que executa com a fluidez de quem se encontrou no skate e sabe bem o que deve fazer quando está em cima dele.

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PERF IL A M

Os skatistas do Nordeste geralmente precisam ir para SP/Sudeste, para alcançar visibilidade no cenário nacional. Você fez o caminho inverso, saindo de SP e passando temporadas na Bahia e outros estados do Nordeste. Por que isso? Quando fui à Bahia nem foi pensando em alcançar visibilidade. Só queria conhecer os picos que o Felipe Oliveira sempre me contava e que eu via nos vídeos. E quando cheguei lá tinha bastante coisa do que já imaginava e, como o custo de vida é menor, pude aproveitar bem mais do que ficando em SP. Além de bons picos pra andar, lá você fica mais próximo da natureza. Acabar a sessão e olhar para o mar traz uma paz que os prédios nunca vão trazer!

Qual foi o resultado que você enxerga nisso, tanto como skatista quanto como pessoa? Aprendi muito, o sentido da vida pra mim são as experiências que tenho e com elas aprendo mais. Ir para outros estados, com novas pessoas, comidas típicas, culturas diferentes... tudo isso foi muito importante de conhecer, viver e saber que podemos nos adaptar em qualquer lugar que estivermos.

Como é fazer parte do time da Plural, com skatistas que, mais do que colegas, sempre foram suas referências? É muito satisfatório e gratificante. Cada um ali é muita inspiração e acabamos nos inspirando um no outro. Adelmo e Fábio são ídolos desde minha infância e estar hoje ao lado deles me proporciona muito aprendizado além do skate. A mesma coisa sinto quando estou junto ao Felipe e Alison, que passam as mesmas boas energias e nas sessões sempre aprendemos muito.

Fale sobre o lugar de onde você vem? Na unidade, universo? Nessa vida? (hahaha) Nasci em Tatuí, no interior de São Paulo, e hoje moro um pouco lá com meu pai e pouco em Cesário Lange, com a minha mãe. Apesar de serem cidades pequenas, gosto 30•TRIBO SKATE


OLLIE UP FS BODY VARIAL

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PERF IL A M

da tranquilidade que elas têm. Tatuí é conhecida como "Cidade da Música" por ter um dos principais conservatórios de música da América Latina e isso refletiu muito na minha vida, me aproximou muito da música e me fez conhecer muitos skatistas que vieram pra Tatuí estudar música. Isso acaba fortalecendo muito o lado underground da cidade, com som de qualidade no rap, punk rock, heavy metal, jazz...

Qual sua relação com o skate? Como você descreveria o que ele é pra você? Ganhei meu primeiro skate no natal de 98! Minha tia me deu quando

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eu tinha três anos. Respiro skate até hoje e isso está comigo desde sempre, é muito amor por esse instrumento, hahaha. Pra descrever o skate não dá, só quem anda sente. A descrição mais próxima de skate que cheguei foi que ele é incognoscível (aquilo que não se pode conhecer), lendo um livro de Osho em que ele fala a respeito da Intuição: "O incognoscível é a beleza, o significado, a aspiração, a meta. Por causa do incognoscível, a vida significa alguma coisa. Quando tudo for conhecido, então tudo estará declarado, nivelado, monótono. Você ficará saciado, entediado."

Quais vídeos de skate, de todos os tempos, mais te marcaram e por quê? Ipath - Preview Summer 2005: A primeira vez que vi foi por causa do Adelmo Jr e do Nilton Neves, que dividiam uma parte de rastas, na época eu tinha 10/11 anos e nesse vídeo comecei a reparar mais sobre ter estilo andando de skate. A equipe toda tinha uma identidade muito forte, vários wallrides e no complys, e na trilha do vídeo tinha Creedence, Rolling Stones, coisas que na época eu ouvia com meu pai no carro. Black Label - Black Out: Ver a parte do Jason Adams nesse vídeo foi tipo tirar os véus dos olhos e ir andar de skate de


BS SUGARKANE

HARDFLIP

LUIS MOSCHIONI

21 anos De Tatuí, SP (Plural Skate, Onze Grind Urban Shop e Look dat Shit. Apoios: Triangular, Surreal São Paulo, Projeto LOBO, Crail Trucks (flow))

N A B A HIA V O C Ê FICA M AIS P R Ó X I M O D A N AT U R E Z A. ACABAR A SESSÃO E OLH AR PAR A O M AR TR AZ U M A PAZ Q U E OS PRÉ DIOS N U N C A V Ã O TR A Z E R! TRIBO SKATE•33


PERF IL A M

um novo jeito. Primeiro contato com slappys foi ali, ver que skate não era só corrimão, escada e gap abriu muito minha mente. Sem contar as partes de Patrick Meltcher, Duane Peters e Kristian Svitak. Alien Workshop - Mind Field: Acho que desse nem preciso dizer nada.

O que você acha que ainda precisa melhorar no skate? Tem algo que te deixa com vergonha alheia nas sessões/conversas? Conscientização! Falta muito respeito no skate ainda. Quando pararem de se preocupar com o próximo por causa da roupa que usa, manobras que dá e olharem para dentro de si, se desligando do ego e vendo que somos todos irmãos vindos de uma mesma fonte, aí vai melhorar. Aí veremos o pop descer do salto alto e cumprimentar um irmão na mesma altura como deve ser.

Você e Felipe Oliveira estão sempre andando juntos, como se desenvolveu essa amizade? Em 2014 conheci o Ivan Depasiri, que é de Salvador e conhecia o Felipe desde criança. Ivan morava em SP e trabalhava na Converse. Eu era flow da Cons na época e sempre ficava na casa dele, só conhecia o Felipe dos vídeos e trocava um pouco de ideia no Face. Aí, quando ele foi passar um tempo em SP, já tinha a ponte feita e vimos que já deveríamos ser muito amigos de vidas passadas.

Além do skate, você também tem uma relação forte com a música. E qual a relação que você enxerga entre skate e música? Cada rolê de skate é uma música que o skatista faz. Cada skatista tem seu estilo, flow, velocidade, tempo, harmonia, notas tortas como tricks tortas, é uma arte em si. A música reflete o que cada pessoa é, por isso a importância que cada um tem com o som da sua parte. Menos PJ Ladd, que fez uma música tão boa com o skate que nem precisou de som na parte! 34•TRIBO SKATE

ADELMO E FÁBIO SÃO ÍDOLOS E E STA R H O J E AO LADO DELES M E PR O PO R CIO NA M UITO APRE N DIZAD O ALÉ M DO S K ATE


WALLIE INDY

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LU Z

LUZ NICOLAS CRIVELA, FS WALLRIDE REVERSE 36 • TRIBO SKATE


PABLO VAZ

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RODRIGO K-B-ÇA

LUZ

JOÃO EDUARDO PAT

RENÉ SHIGUETO, NO COMPLY WALLIE

HENRIQUE CROBELATTI, BS SMITH 38 • TRIBO SKATE


OCTAVIO SCHOLZ

FÁBIO JUNQUEIRA, CRAILSLIDE

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VÍDEO

V A C A C I O N E S ALEX CAROLINO VEM COM NOVA VÍDEO PARTE EM BREVE, DEPOIS DE BOMBARDEAR PICOS DO MUNDO TODO, VALORIZANDO OS DESSE NOSSO BRASILZÃO E DESTACANDO A EVOLUÇÃO QUE VEM ACONTECENDO NESTE NOBRE TERRENO DOS STREETEIROS. SEJA EM FÉRIAS OU A NEGÓCIOS, VIAJAR EM TERRITÓRIO NACIONAL, PARA O SKATISTA, É OLHAR SEMPRE PARA ONDE É POSSÍVEL MANOBRAR!

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SWITCH VARIAL HEEL

B R A S I L E Ñ A S Pablo Vaz

“SER SKATISTA, VIVER DELE E PARA ELE, É SEMPRE ESTAR EM MOVIMENTO, EVOLUINDO! VIAJANDO, CONHECENDO NOVOS LUGARES, PESSOAS, VIVENDO NOVAS SITUAÇÕES E MUITAS VEZES ESTAR ABERTO AO NOVO DIFERENTE. É NÃO TER VERGONHA DE ERRAR, MAS SIM DE SE CONECTAR E SE EXPRESSAR ATRAVÉS DO SKATE. ASSIM DESCREVO O QUE CHAMO DE FÉRIAS NO BRASIL, NÃO SÓ PARA SE CONECTAR MAS PARA TAMBÉM MANOBRAR NOS NOVOS PICOS QUE SURGEM A CADA DIA. É MAIS QUE TURISMO, É SKATE!”

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VÍDEO

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Gaston Francisco

SWITCH WALLRIDE

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VÍDEO

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Manoel Martins

NOLLIE FS FLIP

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VÍDEO

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Wanderley Vieira

SWITCH POP SHOVIT

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EN T R E VISTA P RO

V i s ã o p e r i f é r i c a !


HEELFLIP

VINDO DE UMA FAMÍLIA SKATEBOARD E TENDO BELO HORIZONTE COMO QUINTAL DE CASA, JEFFERSON BILL APRESENTA SEU SELETO CARTEADO DE MANOBRAS E MOSTRA PORQUE A VISÃO DE MUNDO QUE ELE TEM FOI TODA CONSTRUÍDA SOBRE O PRISMA DO SKATE.

TEXTO E FOTOS DIOGO ANDRADE


EN TRE V ISTA PRO

SS BS HEEL

Todo mundo que lhe conhece sabe que você já nasceu skatista. Conte como foi seu primeiro contato com o skate e como foi crescer em uma família que vive o skate. Então, desde que nasci mesmo, sempre tinha skate lá em casa. Meu pai sempre mostrou pra gente os vídeos das antigas, Hokus Pokus da H-Street, os da Plan B, dos campeonatos da Vision com Tony Hawk, Christian Hosoi, Gator, Tony Mag, Jeff Phillips. Até meu nome é por causa do Jeff Phillips. Desde então eu sempre andei de skate, ia para as pistas com meu pai, andava em casa com meu irmão Coyote e nunca mais paramos!

Como é a sua rotina de skatista profissional? Consegue sobreviver de skate? Minha rotina é praticamente a mesma de sempre: ando de skate produzindo vídeos, fotos, viajando junto com as marcas que me patrocinam, com amigos da banca da G7Crew e também 50•TRIBO SKATE

da Ademafia. Sempre produzindo materiais novos e com mais experiência de vida, de ideia, com mais visão sobre o skate também. Hoje em dia eu consigo sobreviver de skate, afinal aqui é o Brasa, né mano, onde os skatistas sempre foram e vão ser guerreiros pelo amor ao skate. Tendo patrocínio ou não, todos dão um jeito de sobreviver andando de skate, seja trabalhando, estudando ou com patrôs. Até porque a parada é um amor, um estilo de vida que só quem anda sabe!

A G7Crew é a sua segunda família.Como surgiu a crew e o que ela representa na sua vida? Quais são seus projetos junto a ela? A banca dos vagabundos do Centro de BH, diretamente da Praça Sete. A crew surgiu dos caras que sempre andaram nesta praça desde a reforma. Maurição, Arthur Cabeça, Leozim, Alexandre Grilo, Gabo, Diedro Pelão, Pedro Henrique Droca, Miguelito, Alexandre

Kenam, Lucas Cachaça, Chulinha, Luizin Black e até hoje formando nosso exército de maloqueiros. Hoje em dia a gente está no corre de produzir o vídeo da banca, uma parada mais voltada pro submundo da rua mesmo, em uns picos que são mais a cara daqui de BH, mas cada um da crew tem seu corre próprio também, sempre produzindo vídeos independentes para as marcas que eles têm patrocínio. Além disso, soltamos no nosso canal no o GSete Minute, que é um quadro que criamos com um minuto de skateboard, sempre variado com cada um da banca. Dá um check lá, no nosso canal! (youtube.com/g7skateboard)

O que você curte escutar numa sessão? Ultimamente eu escuto mais rap nacional. Meu irmão, Coyote Beatz, sempre me apresenta sons novos, até porque ele é produtor de rap e também faz parte da banca DV Tribo. Ele, como


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TRIBO SKATE•51


EN TRE V ISTA PRO

NOLLIE NOSEBLUNT

52•TRIBO SKATE


SS CROOKED

beatmaker e produtor junto com o FBC, Clara Lima, Djonga, Hot Apocalypse e Oreia. Todos sempre estão juntos nos rolês de rap, no dia a dia também e os malucos são fodas! Pra quem não conhece procura DV Tribo!

Qual a melhor trip de skate que já fez? Foi pra Barcelona, a primeira vez, acho que em 2010, junto com meu irmão Arthur Dias. Foi um sonho nosso realizado de poder conhecer, andar de skate todo santo dia nos picos perfeitos, vivenciar aquilo tudo que a gente sempre quis viver, filmando, zoando, conhecendo pessoas novas, trombando amigos que não via há muitos anos. Essa que é a vantagem do skate: poder vivenciar esses momentos através dele.

Quem inspira você a andar de skate? Minha família, primeiramente, por sempre ter acreditado no meu skate.

Minha filha, minha namorada e meus amigos, que sempre andam comigo e acreditam no meu corre. Os monstros do skate também, né mano? É sempre bom ver os vídeos antes e depois da sessão. Curto as vídeo partes do Andrew Reynolds, Rodrigo TX, Stevie Williams, Rodrigo Lima, Lavar Mcbride, Zered Basset, Marc Johnson, Gino Ianucci, entre outros.

E a maior roubada com skate que já passou? Putz, tem várias… Mas lembrei de uma aqui, quando estava rolando um festival de rock lá em Goiânia e a Ambiente Skate Shop estava com uma pista nesse festival. A gente daqui de BH ficou sabendo através do nosso mano Alexandre Grilo, da G7Crew, que estava rolando esse evento e que seria da hora pra gente colar lá, até pra fazer umas imagens na rua e tal. Aí fizemos o corre, eu, Arthur Cabeça, Alexandre Grilo e

Washington Desenho do dinheiro para a gente colar. Só que na hora de ir não arrumamos o carro, porque um amigo não tinha conseguido. Daí o Grilo pediu à mãe dele o carro emprestado para ir na padaria ou no mercado para comprar algo. Na hora que ele pegou o carro já ligou pra geral e pegamos estrada pra Goiânia. Chegando lá a mãe dele já endoidando com a gente, pedindo o carro, querendo saber onde a gente estava. Acabou que ficamos uns quatro dias lá na missão, enrolando a mãe dele. Gastamos o dinheiro todo e tivemos que vender os skates de todo mundo pra poder voltar. Vendemos tudo pra colocar gasolina, pra comer e tal. Aí conseguimos a grana da volta, só que quase chegando em BH a mãe do Grilo já chamando a polícia e aquilo tudo, um caminhão que estava indo na nossa frente solta uma peça e essa peça entra debaixo do nosso carro, furando TRIBO SKATE•53


EN TRE V ISTA PRO

JEFFERSON FELIPPE ALMEIDA SANTOS

26 anos, 20 de skate De Belo Horizonte, MG (Asphalt Yacht Club Brasil, Yeah Skateboards, Gnarly Foot, Connexion Wheels, Ademafia, G7skateboardcrew, Local Art Tattoo e Klandestina)

54•TRIBO SKATE


SS FS NOSESLIDE

TRIBO SKATE•55


EN TRE V ISTA PRO

NOSE BUMP

o tanque de gasolina. Aí perdemos a gasolina toda que conseguimos com a grana dos skates. Ficamos parados na estrada por mais de quatro horas até o reboque chegar e levar a gente pra uma oficina e arrumar o carro. No fim das contas chegamos em BH vivos!

Você já teve diversos patrocínios e seu pai sempre o incentivou, inclusive lhe ajudando nesse corre. O que o faz deixar uma marca e procurar outra? Como você acha que deve ser um patrocínio para um skatista pro? Desde cedo. meu pai sempre fez esse corre pra mim, até porque eu era novo e não tinha noção nem de como chegar e conversar com alguém da marca, ou saber mesmo se eu estava sendo valorizado, essas fitas. Aí, desde sempre, ele me ajudou a olhar isso! Hoje em dia eu mesmo que olho minhas paradas e é foda a questão de patrocínios aqui no Brasil; todo mundo sabe como que é: 56•TRIBO SKATE

não adianta você ficar ali fazendo um trampo, se matando, se machucando e eles não te valorizarem. Aí não tem como você ficar ali o resto da vida. Patrocínio para profissional é, no mínimo, o cara ter uma estrutura financeira de material, de videomakers e fotógrafos. É fazer parte mesmo da marca, dar opiniões, até porque estamos nas ruas todos os dias andando e tendo mais visão sobre o skate.

Fale um pouco sobre os integrantes da Funfamily, a casa do skate em Belo Horizonte, por onde já passaram diversos skatistas de todo Brasil. É uma família de skatistas, tem meu pai que desde os anos 80 anda de skate e tem uma banda punk. Já crescemos nesse meio, eu, meu irmão Paulo Coyote Beats que sempre andou de skate também e hoje é produtor monstro do rap e beat maker, meu outro irmão Hugo Blender

também que anda de skate no style mais rueiro mesmo e também é produtor da banda do Coyote que é a DV TRIBO. A única que não anda de skate lá em casa é minha mãe e minha tia, mas mesmo assim não fogem do assunto skate, que lá em casa é o tempo todo, hahahah. Até os cachorros todos sempre tiveram nomes de skatistas. É a verdadeira skate family!

Pra finalizar, qual o seu sonho no skate? Quais deles você já alcançou? É andar de skate até não aguentar mais, poder trabalhar com ele, seja numa empresa de skate ou minha própria marca. Sei lá, qualquer coisa que envolva o skate, porque já está na veia e não tem como voltar atrás. É continuar fazendo o que eu gosto, conhecendo lugares novos, amigos novos, picos novos, tudo isso pra mim é um sonho e cada dia que passa, eu, graças a Deus, consigo realizar um sonho através dessa SKATELIFE!


FS FLIP

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EN TRE V ISTA PRO

58•TRIBO SKATE


NOLLIE VARIAL TO MANUAL HEEL VARIAL OUT

TRIBO SKATE•59




C A SA NOVA

STEPHANE ‘BRISA’ SOARES GUIMARÃES 27 ANOS, 7 DE SKATE DE BELO HORIZONTE, MG FOTOS DIOGO GROSELHA

Skate e roupas atuais: Shape Drop Dead, rodas Ricta, rolamentos Agacê, trucks Crail e lixa Visible. Camisa Minas no Skate e camiseta Pluart Skateshop, touca 5upero e tênis Nike SB. O que não suporta mais ver no skate: Preconceito de gênero e rótulos definidos por manobras. Manobra que ainda pretende acertar: 360 pop shuvit. Principal rede social que usa: Insta (@brisaskt). Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de manutenção em picos de skate. Skatista profissional em quem se espelha: Leticia Bufoni. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Netflix. Atual melhor equipe de skate brasileira: Nike SB. Amador que gostaria de ver pro: Lorena Fernanda. (Apoio: Pluart Skateshop)

"CURTA CADA REMADA"

BS CROOKED


FS HEELFLIP

JOÃO VICTOR DE ALMEIDA SILVA 16 ANOS, 8 DE SKATE DE TERESINA, PI, MORA EM TIMON, MA FOTOS MAURICIO POKEMON

Skate atual: Shape Urban Treze, rodas Cisco, rolamentos Agacê, eixos Crail. O que não suporta mais ver no skate: Shape trincado ou quebrado. Manobra que ainda pretende acertar: Heelflip noseblunt. Principal rede social que usa: WhatsApp. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Não ter muitas oportunidades. Skatista profissional em quem se espelha: Luan Oliveira. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Sony. Atual melhor equipe de skate brasileira: Matriz. Amador que gostaria de ver pro: Vinicius Alberto. (Apoio: Urban Treze)

"SKATE IS MY LIFE"


C A SA NOVA

VARIAL HEELFLIP

ALAN GONÇALVES 17 ANOS, 6 DE SKATE DE SANTO ANDRÉ, SP FOTOS RAPHAEL KUMBREVICIUS

Skate e roupas atuais: Shape Podpá, rodas Spitfire, rolamentos Everlong e trucks Venture. Boné Class Hats, Camisa BR Skateboarding, calça lisa e tênis 55 Footwear. O que não suporta mais ver no skate: A panelinha. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie flip crooked. Principal rede social que usa: Facebook. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de lugar apropriado para andar. Skatista profissional em quem se espelha: Tiago Lemos. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Coca-Cola. Atual melhor equipe de skate brasileira: Matriz. Amador que gostaria de ver pro: Leonardo Bodelazzi. (Apoio: BR Skateboarding, Podpá Skateboard e Class Hats)

"DEUS NA FRENTE"


BS 50-50

TIAGO BRASIL ‘MORENO’ 18 ANOS, 5 DE SKATE DE NATAL, RN FOTOS CESAR MATOS

Skate e roupas atuais: Shape Kronik, rodas Moog, rolamentos Everlong, eixos Thunder, camiseta Leeboards e tênis Vans. O que não suporta mais ver no skate: Quem só vive para competição. Manobra que ainda pretende acertar: Fs Smith na Quarta. Principal rede social que usa: Facebook. Dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de quase tudo, o que gera desinteresse da galera. Skatista profissional em quem se espelha: Kevin Bradley. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Sorvete Ster Bom. Atual melhor equipe de skate brasileira: Converse Cons. Amador que gostaria de ver pro: Tre Williams. (Apoio: Leeboards, Skatosco e Pretty Losers)

"SÓ SUCESSO, HEIN PAI?"


C A SA NOVA

RICARDO HENRIQUE SOARES ‘BURE’ 29 ANOS, 16 DE SKATE DE EMBU DAS ARTES, SP FOTOS RODRIGO K-B-ÇA

Skate atual: Shape Progress, rodas Spitfire, rolamentos Red Bones, eixos Thunder. O que não suporta mais ver no skate: Falta de oportunidade. Manobra que ainda pretende acertar: Swith crooked halfcab heelflip out. Principal rede social que usa: Facebook. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Andar em picos não autorizados. Skatista profissional em quem se espelha: Rodrigo TX. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Polo. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Douglas Arruda. (Apoio: Classe-D Crew, Intolerâcia Skateboard, Style Trend e Noto Films)

SS NOSESLIDE

"FÉ NO CORRE PORQUE DEUS É BOM"


JUDO AIR

VINICIUS KOTHE ‘VINI’ 12 ANOS, 10 DE SKATE FLORIANÓPOLIS, SC FOTOS ADRIANO REBELO

Skate e roupas atuais: Shape Drop Dead, rodas Bones, rolamentos Bronson, trucks Independent, camiseta e tênis Drop Dead. O que não suporta mais ver no skate: Meu invert. (risos) Manobra que ainda pretende acertar: McTwist. Principal rede social: Insta (@vinikothe) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Campeonatos com datas muito próximas. Skatista profissional em quem se espelha: Pedro Barros. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: Drop Family. Amador que gostaria de ver pro: Micael dos Passos (Mika). (Apoio: Duelo Skate Shop, Yerbah, Drop Dead, Stoned Burger e João Tintas)

"SKATE ATÉ O FIM"


A RT E POR R E VO L B AC K

vários desdobramentos de trabalho com arte e várias adequações. Mas sim, vivemos de vender serviço de arte, de aplicar projeto em edital, de fazer tatuagem, de se apresentar com VJ, de pintar paredes, de criar projetos de arquitetura, cenografia, produção de evento e etc.

PER F I L D OS A RTISTAS

C OLE TIVO SH N FORMADO POR MÚSICOS, SKATISTA, DESIGNER, VIDEOMAKER E TATUADOR, O COLETIVO SHN COMEÇOU SUAS INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS NAS RUAS DE AMERICANA, INTERIOR DE SP, MOSTRANDO MAIS UMA VEZ QUE O ‘FAÇA VOCÊ MESMO’ É A FERRAMENTA CERTA PARA SE CHEGAR AO OBJETIVO, SENDO HOJE (18 ANOS DEPOIS) UMA BELA REFERÊNCIA PARA O PÚBLICO QUE GOSTA DE ARTE URBANA.

TEXTO EDU REVOLBACK X FOTOS MARCELO FAZOLIN/SHN Quantos estão envolvidos e quem são? Somos seis hoje em dia: André Ortega, Daniel Cucatti, Eduardo Saretta, Haroldo Paranhos, Marcelo Fazolin e Rogério Fernandes, aka CDR.

Como e quando surgiu o coletivo? No fim dos anos 90 já éramos uma turma de amigos em Americana que, apesar de não estudarmos nas mesmas escolas e ser de diferentes idades, sempre nos identificamos por curtir som, DIY e andar de skate ou de bike, de nos encontrar nas festas e eventos que nós mesmos criávamos na cidade. Tivemos uma forte influência do Celso Cucatti, pai do Daniel, que convivia com a gente e tinha uma fábrica de etiquetas adesivas impressas em serigrafia. Podemos dizer que o SHN nasceu daí; do resíduo da fábrica e do poder da chave, que o Daniel tinha. Quando acabava o expe68 • TRIBO SKATE

diente, íamos lá revirar o lixo, pegar sobra de tintas e gravar uma tela e fazer alguma produção de etiquetas, seja imprimindo um cartaz de uma festa que o Maguerbes ia tocar ou simplesmente fazer stickers pra colar na rua, que foi como o SHN ficou conhecido.

Notei que não só a arte, mas a música e o skate transitam pelo caminho de vocês. O skate, o punk, a bike, o hardcore, a arte, são assuntos que sempre estiveram na nossa conversa, e também são nossa escola, na qual aprendemos grande parte das coisas que sabemos e onde nos desenvolvemos em termos de conhecer as pessoas e os lugares que nos interessam e que se interessam por nós.

Vocês já conseguem viver da arte? Podemos dizer que sim e que não é fácil. Pagamos cada um suas contas de

Como foi a trip pela Europa meses atrás? Foi praticamente dois anos planejando os 45 dias de trip. Conseguimos encontrar várias iniciativas independentes que encaixaram na agenda e nos levaram a participar de diversos eventos. Participamos do Festival Lata, em Londres, com a participação do Binho, Tinho, Millo e Ananda. Fomos para Nantes, onde pintamos um painel público no canal histórico da cidade. Conseguimos ficar também quatro dias em Paris, fizemos dezenas de intervenções de rua e ainda demos oficinas e pintamos no Womad Festival, no interior da Inglaterra, que também foi uma experiência nova pra gente. E fechamos com uma grande exposição criada em colaboração com nosso camarada Das (David Samuel), no Rich Mix, onde fizemos exposição, oficina e painel indoor, que vai ficar por um ano exposto e ainda a pintura da fachada posterior dos dois prédios da instituição.

Próximos projetos? Médio prazo estamos preparando uma exposição para a galeria L'artichaut em Nantes, na França, para o verão de 2017. Também agora, no fim do ano, vamos participar de um projeto no parque Burle Marx.

→ CONHEÇA MAIS:

YOUTUBE.COM/SHNTV


ABAIXO Mural em Camden Market, Londres, durante última tour pela Europa

AO LADO Instalação e cartazes durante workshop no Womad Festival, Inglaterra

EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK

Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 69




HOT STUF F

VERÃOZÃO

NOSSAS SUGESTÕES QUENTÍSSIMAS, PARA APROVEITAR A ESTAÇÃO QUE OS SKATISTAS MAIS CURTEM

PRODUÇÃO CAROL MEDEIROS X FOTOS RICARDO SOARES BERMUDA RISE SKATEBOARDS / R$ 95

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BONÉ LRG / R$ 220 CAMISETA HB / R$ 120 72 • TRIBO SKATE


CALÇA RISE SKATEBOARDS / R$ 115

CAMISETA LRG / R$ 110 ÓCULOS OAKLEY STRINGER / R$ 480

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TRIBO SKATE • 73


ÁUDIO

E NTR EVISTA

RZO

INOVAÇÃO CONSTANTE TEXTO EDUARDO RIBEIRO

// FOTO LEVI CRUZ

VENCIDOS DEZ ANOS DE HIBERNAÇÃO, O CLÁSSICO GRUPO DE RAP PAULISTANO, NASCIDO NO FINAL DOS ANOS 1980, RETORNOU À ATIVA EM 2014. O PRIMEIRO ÁLBUM FRUTO DO REENCONTRO ESTÁ PRESTES A SAIR DO FORNO, COM UMA VIBE BASTANTE INFLUENCIADA PELOS FUTURE BEATS QUE DEFINEM O RAP ATUAL NORTE-AMERICANO. E “JOVENS À FRENTE DO TEMPO”, O MAIS NOVO SINGLE, ILUSTRA BEM ESSA ONDA.

74 • TRIBO SKATE


Agora que já passou um tempo desde "a volta" do RZO, como vocês avaliam a presença de um RZO mais maduro neste novo contexto do rap atual, já mais presente na mídia e no interesse de grandes marcas? DJ CIA: Vemos que o movimento está tendo mais força, sim. Muitos nomes da nova geração conquistando seu espaço na TV, rádio e programas. Isso fortalece a cultura hip hop num todo. Antes de mais nada, é preciso fazer o rap ser reconhecido como música, e não só como um movimento, assim como os demais estilos. Esse crescimento com certeza faz com que algumas marcas olhem para alguns artistas, mas ainda falta muito para chegarmos à estrutura que os outros estilos musicais têm, e para isso ainda temos que conquistar mais espaço, e ter mais variedades de artistas nas rádios e TVs.

sobre a nossa sociedade, as diferenças e preconceitos. Já as batidas, foram cuidadosamente estudadas de acordo com a atualidade. As pessoas estão curtindo o rap de hoje, moderno e cheio de criatividade, e, como sempre fizemos e acompanhamos essa arte americana, temos que mostrar que não ficamos pra trás deles! Não podemos fazer tudo como já fizemos. A ideia é exatamente essa, mostrar um som contemporâneo, com as mensagens que achamos importantes passar às pessoas.

Vocês estão em busca de uma nova identidade? DJ CIA: A identidade do grupo é a mesma. Mas sempre procuramos inserir alguns elementos atuais. Timbres novos, texturas novas. Misturar orgânico com eletrônico é algo que gostamos.

A IDEIA É EXATAMENTE ESSA, MOSTRAR UM SOM CONTEMPORÂNEO, COM AS MENSAGENS QUE ACHAMOS IMPORTANTES PASSAR ÀS PESSOAS

Falem um pouco sobre o conceito estético do clipe de "Jovens à Frente do Tempo", que vocês lançaram recentemente. A ideia do neon e o clima de thriller veio do diretor Murilo Guerreiro? HELIÃO: Estivemos conversando com nossos amigos da Zion Films, o Murilo, diretor, e o Léo, diretor de fotografia, sobre a possibilidade de representar o lado feminino de forma artística, então uma coisa levou a outras. O DJ Cia sugeriu arte de pintura corporal, que ficou por conta da “Raízes Produções”. A Zion e o Sandrão trabalharam o lado técnico, sugerindo tintas especiais e luzes pra dar os efeitos. A Natália, nossa produtora, bolou o figurino e produziu as meninas. Tivemos o Grupo Opni, que fez a arte na tela, e também usamos o telão de led do Cia e um refletor de imagens pra refletir na parede. Chamamos nossos amigos da Equipe Salão do Birula Cabeleleiros, achamos que tem a ver com autoestima. Agora, o churrasco, é de praxe.

O que vocês podem adiantar sobre a pegada do som do álbum que chega agora em novembro? DJ CIA: O importante sobre o álbum novo é ressaltar que nossos problemas ainda são os mesmos, então a nossa ideologia não mudou. As letras continuam falando

Quais são as influências do RZO hoje em dia? HELIÃO: Vivemos momentos econômicos, políticos e sociais complicados no Brasil. Nesse momento, quem puder representar o povo, falar o que é preciso, tem que se apresentar. Por outro lado, o rap norte-americano, nossa maior base musical, vive um momento sensacional. Então o RZO vem andando nessa linha tênue, pesando sempre os dois lados, música e letra. Citar nomes é difícil, pois como vivemos disso, estamos atentos a tudo.

Analisando toda a trajetória do grupo, se vocês pudessem voltar no tempo, gostariam de ter feito algo diferente? SANDRÃO: A gente sempre pensa no passado, e até mesmo no presente, em estar modificando as coisas que temos pra fazer, as metas que procuramos atingir, sempre criando novos caminhos. E acho que, com certeza, se o passado estivesse em nossas mãos, ele também teria sido muito bem lapidado. É como o amor, que é uma pedra bruta, e temos que, cada vez mais, fazê-la brilhar.

→ VEJA E OUÇA: FACEBOOK.COM/RZOOFICIAL TRIBO SKATE • 75


PL A YLIST OLLIE TO FS CROOKED

RAPHAEL ÍNDIO

FOTO CARLOS TAPARELLI

DROP

ELE MANOBRA NOS PICOS MAIS ARRISCADOS, MANTÉM CONSTANTE A ACELERAÇÃO DE SUA MOTO E MOSTRA NA COLUNA DESTE MÊS QUE O COMBUSTÍVEL PARA MANTER A MÁQUINA PRONTA PRA ENCARAR SUAS INSANIDADES VEM DAS MÚSICAS QUE ESCUTA.

Orange Goblin, Blue Snow The Shrine, Acid drop Body Count, Cop Killer Sepultura, Bloody Roots Bad Brains, Big Take Over Misfits, Die Die My Darling Nina Simone, Sinnerman Bob Seger System, 2+2 Canned Heat, On The Road Again Deep Purple, Space Truckin

Raphael Índio (Red Nose, Preda Griptape e Brucks Skate Shop) 76

•TRIBO SKATE

Escuta som andando de skate? X Sim Não Ouve música quando? Escuto música o dia inteiro, gosto muito! Até me atrapalha andar sem um som. Acho que dá um gás a mais na sessão. Usa algum fone especial para isso? Sim X Não Sempre compro o mais barato porque estrago um por semana!.

BAIXE O APP QR CODE READER OUÇA A PLAYLIST



CO LUNA V ISUAL

NÃO ANDAMOS SÓS!

78 • TRIBO SKATE


FELIPE CORREIA (ollie) e FELIPE OLIVEIRA (bs one truck). Jarda, 2016

FERNANDO GOMES

Vivedor do skate soteropolitano, é fotógrafo e jornalista TRIBO SKATE • 79


CO LUNA SK A T E S AÚ DE

T H I AGO PI NO

VOCÊ ESTÁ USANDO A JOELHEIRA CORRETA? Durante todos estes anos que ando de skate, indiferente do local onde faço minha sessão, a única certeza que tenho é que vou

necessário, usar uma órtese apropriada para o seu tipo de lesão. Para escolher corretamente uma joelheira, você deve saber o uso

encontrar um skatista usando joelheira. Não aquela tradicional que

que pretende fazer. Ou seja, o tipo de necessidade e a densidade de

o pessoal que anda em transições costuma e precisa usar, mas as

proteção que você precisa usar, mas essa indicação fica por conta

joelheiras de neoprene, geralmente encontradas em lojas de materiais

médica, que muitas vezes nem vai indicar o uso das mesmas, para

esportivos. Mas será que estas joelheiras funcionam mesmo? Será

evitar que o corpo fique "acomodado" e, com a imobilização, acabe

que você está usando a joelheira correta para o seu objetivo?

enfraquecendo as musculaturas que movem a articulação. Existem

A joelheira é um equipamento de proteção que tem por objetivo

atualmente no mercado três modelos de joelheiras com funções

firmar e proteger o seu joelho. Além de seu nível de compressão,

variadas: a preventiva, a flexível e a rígida. A joelheira de prevenção,

uma boa joelheira deve ser confortável. As joelheiras (knee sleeves),

ou proprioceptiva, é projetada para exercer uma compressão

comuns em muitos esportes ou para uso terapêutico, são feitas de

no joelho, para manter adequadamente a articulação. Esta

neoprene, geralmente com forro e cobertura de outro tecido. Elas

compressão permite estimular o joelho para que o cérebro fique

inicialmente foram criadas para atender atletas de força, substituindo

mais alerta. Este efeito terapêutico é ideal durante uma retomada

as faixas de joelho que eram pouco práticas e proibidas em algumas

de atividade após uma lesão.

competições, por oferecerem vantagens aos atletas. Sua função seria manter a temperatura local e exercer uma força

Com a função de estabilização, a joelheira flexível é projetada para dar apoio e acompanhar o movimento correto da articulação. Este

compressiva que melhoraria a estabilização do joelho do atleta,

tipo de joelheira é, geralmente, composto de faixas elásticas para a

através de mecanismos de propriocepção (capacidade de perceber

regulagem da proteção, barras de reforço laterais de metal flexível

o próprio corpo), aumentaria a circulação sanguínea e diminuiria o

com um anel de silicone que proporciona a estabilização da patela, reduzindo os choques e as vibrações no joelho.

A PREVENÇÃO É SEMPRE O MELHOR CAMINHO, PORTANTO, PREPARE SEU CORPO DE FORMA CORRETA

Tendo um verdadeiro papel de guia, a joelheira rígida é projetada para limitar movimentos excessivos e traumáticos para a articulação. Acessórios de metais rígidos limitam a mobilidade do joelho e auxiliam a estrutura desta articulação para que ele execute somente um único movimento, mecânico e guiado. Outro ponto importante é escolher cuidadosamente o tamanho, para que ela não deslize e proteja adequadamente o seu joelho. Para isso, é necessário medir a parte inferior da coxa e ver os tamanhos disponíveis pelo fabricante, para saber o mais indicado para você.

inchaço, auxiliando na recuperação e reduzindo o risco de lesões. Mas elas não são capazes de corrigir grandes problemas

Este mesmo procedimento vale para tornozeleiras, cotoveleiras ou qualquer outro material ortopédico, evitando gastar dinheiro à toa,

mecânicos: não é porque um skatista com péssima mobilidade de

sem ter um real benefício para o seu corpo e consequentemente para

tornozelo ou falta de ativação de quadril usa joelheira que ele estará

as suas sessões de skate. Lembrando que a prevenção é sempre

seguro, seja agachando para manobrar ou absorvendo o impacto das

o melhor caminho, portanto, prepare seu corpo de forma correta e

manobras. Seus mecanismos de propriocepção parecem funcionar

aproveite aquilo que o skate tem de melhor.

muito mais preservando a mecânica de movimentos de pessoas em fadiga do que corrigindo padrões de movimentos incorretos. Nenhum desses mecanismos de funcionamento das joelheiras atua em lesões pré-existentes; assim, um skatista que já tenha uma lesão instalada deve consultar um médico ortopedista e, caso seja 80 • TRIBO SKATE

THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício


CO LU NA A G UI NAL D O M E LO

TÓ Q UI O 2020

A MEDALHA DE OURO PODERÁ SER DE TODOS NÓS Apenas 88 skatistas de todo mundo competirão nos Jogos

Em entrevista por e-mail, Picciani definiu a entrada dos novos

Olímpicos em Tóquio. A lista se reduz ainda mais quando

esportes como fabulosa e "uma contribuição para atualizar e

falamos de brasileiros, então por que gastar as preciosas

modernizar o programa dos Jogos". O ministro, que anda de bike e

páginas desta revista com este tema?

luta jiu-jitsu, citou nomes como Luan Oliveira, Leticia Bufoni, Pedro

Mesmo você não estando nem aí para competição ou esse tal de Jogos Olímpicos, certamente a entrada do skate noo evento irá influenciar a sua sessão nos próximos anos. O "Skate Olímpico" permitirá que os governos olhem a

Barros e Bob Burnquist para falar da força do skate brasileiro. Mas o que nós realmente queríamos saber era quando o Ministério dos Esportes iria "assinar o cheque" para o skate brasileiro. Apesar de não dizer quando, a resposta foi positiva: "Para nós, a entrada

modalidade com outros olhos, que as empresas, de uma vez por

dessas modalidades significa mais investimentos e apoio por parte

todas, esqueçam esse papo de esporte marginal.

do governo federal", explicou Picciani. E falou também do aumento de

Essa sempre foi a desculpa para instituições fora do nosso meio não investirem no skate. O nosso lado de contracultura sempre

diversidade esportiva em um país que ama futebol. Para lembrar o apoio que o governo já dá para o skate, o ministro

lhes assustou profundamente. Havia muito medo de associar a

citou a construção do skatepark de Fortaleza, parte de um Centro

imagem de um banco, montadora ou qualquer outra instituição

de Formação Olímpica, inaugurado em 2014.

tradicional a um bando de jovens usando roupas diferentes e fazendo manobras pelas ruas da cidade. No lado governamental, estar nas Olimpíadas permitirá ao skate brigar por uma fatia da verba destinada ao esporte nacional. Nessa batalha, os esportes olímpicos possuem uma porção garantida. Cabe ao skate batalhar pelo seu pedaço.

Segundo o ministro, desde 2008, 120 bolsas foram dadas para skatistas de diferentes modalidades, totalizando mais de 2 milhões de reais em incentivos. O ministério também não respondeu se está nos planos da entidade fazer algum tipo de convênio com a CBSk, para a realização de eventos e programas. Picciani preferiu não ser específico, mas deixou claro que o skate terá apoio: " A exemplo de todo o apoio que

PERMITIRÁ AO SKATE BRIGAR POR UMA FATIA DA VERBA DESTINADA AO ESPORTE NACIONAL

foi dado às modalidades olímpicas e paraolímpicas para os Jogos Rio 2016, o governo brasileiro apoiará o skate e todas as modalidades que integram o programa dos Jogos de Tóquio 2020". Entendeu o recado? Sim, vem aí um empurrãozinho do governo para melhorar o skate brasileiro. Mas, teremos que batalhar por ele, pois o governo não irá até a sua sessão para ver se o seu palco precisa de reparo ou se aquele bowl do bairro está cheio de buracos. Somente nós skatistas sabemos o que é melhor para o skate. Cabe a nós batalharmos para o Brasil se tornar o país das melhores

É exatamente neste momento que sua sessão será afetada. Estamos falando aqui de pistas de skate, de novos picos para andar. Atual ministro dos esportes, o carioca Eduardo Picciani nunca presenciou uma sessão na Praça XV, mas declarou

pistas, dos melhores campeonatos. As Olimpíadas poderão beneficiar milhares de skatistas brasileiros através de pistas e campeonatos amadores e profissionais. Mas se acompanharmos este momento sem agir, ele apenas beneficiará meia dúzia de skatistas que

ter acompanhado competições de skate pela TV, entre elas

efetivamente batalharão por uma medalha. Essa medalha pode ser

a Megarrampa, a qual achou impressionante. Apesar de não

de todos nós. Só depende da gente!

construir pistas, o ministério é responsável por decidir quais esportes investir e por distribuir a grana para os estados e municípios construírem pistas e confederações realizarem eventos e programas.

AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas;

é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida

TRIBO SKATE• 81


CO LUNA GUTO J IMEN E Z

SK A TE BOA RD I NG M I LI TANT

O PROCESSO E O RESULTADO Você já deve ter ouvido falar daquele antigo preceito oriental

cada uma delas - ollies, grinds, footwork ou slides 180 – e, a partir

que diz que “o caminho é mais interessante do que o destino”,

daí, desenvolvem inúmeros processos físicos e mentais que resultam

que nos induz a pensar que a maneira através da qual nos

em cada vez mais manobras. Sim, é claro que temos de lidar com as

preparamos pra alcançar nossas conquistas é mais valiosa do que

pequenas, médias e grandes frustrações que sentimos quando não

as próprias conquistas em si. Geralmente, essa analogia é usada

acertamos aquela manobra que parecia estar “no bolso”, ou quando

quando focamos demais em algo que pretendemos atingir, ao

tentamos uma variação que julgávamos simples só pra descobrirmos

mesmo tempo em que não prestamos muita atenção naquilo que

depois na prática que não era bem assim. É o tal de “cair e

precisamos fazer. Tem a ver também com aquela conversa de que

levantar-se pra cair de novo” tão comum em nossas rotinas. Sendo

“o futuro é sempre uma surpresa, o presente é o que existe” tão

assim, essas modalidades são fundamentadas nos resultados (as

utilizada em textos e palestras de autoajuda.

manobras), através dos quais se descobre se aquele(a) skatista anda

Pode não parecer, mas a mesma coisa acontece quando você

em alto nível, seja no dia a dia ou em campeonatos. Nos eventos,

anda de skate. Acertar uma manobra, em qualquer modalidade, é

quem consegue o melhor desempenho de manobras geralmente

o resultado de um conjunto de ações que começam do momento

tem as melhores pontuações, ou seja, quem atinge os melhores

em que você se condiciona a tentar pela primeira vez, passa pelos

resultados costuma se dar bem nas disputas.

ajustes necessários (de velocidade, da posição dos pés ou da

Agora pense em modalidades como o downhill speed ou o

movimentação do próprio corpo) e finalmente consegue acertá-la

slalom. O objetivo de ambas é ser o mais rápido com o menor

do jeito que deseja. Isso é algo que todos os que andam de skate

número de erros possível, sejam nas sessões de free ride ou nos

passam em suas vidas, do iniciante ao profissional mais cascudo,

treinos com os cones; quem errar menos consegue os melhores resultados. Só que, pra atingir esse resultado, é preciso focar

CURTA AO MÁXIMO TANTOS OS PROCESSOS QUANTO OS RESULTADOS DA MELHOR MANEIRA QUE VOCÊ PUDER

completamente nos processos – nesses casos, dropar a ladeira sem cair nem provocar a queda de ninguém ou contornar os cones sem derrubá-los e sem deixar de contornar nenhum deles. Sim, existem aqueles dropes em que não conseguimos fazer nenhuma curva do jeito certo, ou porque calculamos mal a trajetória ou porque não reduzimos a velocidade a tempo; da mesma forma, tem aqueles circuitos de slalom que parecem fáceis, mas que exigem muito mais gingado do que havíamos imaginado. Nessas modalidades, o processo acaba sendo mais valioso, uma vez que os resultados são os mesmos, ser mais

e talvez explique o júbilo que sentimos quando outro skatista acerta uma manobra que vem tentando há algum tempo. É o tipo

rápido e preciso do que os demais na ladeira. Isso prova o quanto o skate é diverso e divertido de muitas

de coisa que não dá pra explicar pros outros, só mesmo quem

formas. Seja do jeito que for, curta ao máximo tantos os processos

anda consegue compreender. É mais uma daquelas coisas que

quanto os resultados da melhor maneira que você puder. No fim das

cabem no axioma “ande de skate e entenda”...

contas, o que vai importar mesmo é aquele sorriso no rosto no final

No entanto, existe uma diferença no meio do skate: há modalidades mais focadas no processo e outras no resultado.

da sessão e dar risadas com a galera. Aproveite, pois essa é mais uma daquelas coisas que só quem é skatista vai saber... Valeu!

Parece complicado? Eu explico: pense numa sessão de street, vert, freestyle ou downhill slide. Essas modalidades são baseadas em manobras executadas em ruas, obstáculos, transições, no flat ou em ladeiras. Skatistas que as praticam começam do básico em 82 • TRIBO SKATE

GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra

desde 1962 e sobre o skate desde 1975



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