Tribo Skate Edição 195

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CARRY ON TRADITION * QUESTIONS * TEUTÔNIA MALARRARA PRO * FOZK8 * ALEX CAROLINO

PICOS CLÁSSICOS DE BELO HORIZONTE BIANO E RAGUEB RASGAM O MAPA DO SUL

Gian Naccarato, ss bs flip Ano 21 • 2011 • # 195 • R$ 8,90

NA MADRUGADA DE SÃO PAULO

www.triboskate.com.br












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// índice JANEIRO 2012

ESPECIAIS> 044. OAKLEY TOUR

CLÁSSICOS DE MINAS GERAIS

054. A PONTE

SÃO PAULO SE CONECTA

062. THE CONCRETE SEARCH FAÇA VOCÊ MESMO SEÇÕES> EDITORIAL ......................................... 014 ZAP ....................................................... 022 HOT STUFF......................................... 078 ÁUDIO I - CARRY ON ........................ 080 ÁUDIO II - QUESTIONS .................... 090 SKATEBOARDING MILITANT......... 092 MANOBRA DO BEM ......................... 094 BOA NOOITE...................................... 096 TAI TAI................................................. 098

CAPA: Gian Naccarato bem que merecia sua primeira capa na Tribo Skate há muitos anos. Depois de ter “batido na trave”, algumas vezes, finalmente chegou a sua vez. Há cerca de 3 anos, ele e o Heverton invadiram esta mesma escola da zona sul de São Paulo e conseguiram uma excelente foto, que não pôde ser usada porque ele havia recém mudado de patrocinador de tênis. A novela se estendeu todo este tempo, pois este pico fica no telhado da construção e estava coberto, inviável de andar. Na primeira oportunidade que puderam voltar lá, conseguiram repetir o switch backside flip, mas sem deixar de tomar um cansaço da polícia na hora da retirada. Tarefa dura, mas concluída! Foto: Heverton Ribeiro NESTAS PÁGINAS: Aldrin Garcia é o atual detentor do recorde mundial de ollie em altura, com a marca de 45 polegadas, ou 114,3 cm. Pois recentemente ele fez esta obra de arte com uma única manobra compondo com o cenário. No site da Powell-Peralta, a chamada é algo como Aldrin Garcia e alguns camaradas gigantes. Vale a pena ver o vídeo: http://powell-peralta.com Foto: De Ville Nunes

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editorial //

O

s 48 sobreviventes de um voo entre a Austrália e os Estados Unidos, vivem os maiores enigmas que uma ilha tropical pode oferecer. Sim, estou resgatando a série Lost, que encantou por alguns anos milhões de pessoas ao redor do mundo. A palavra destino e a expressão livre-arbítrio preencheram dezenas de capítulos e discussões sobre o sentido da vida de cada um dos personagens. O antes e o depois do acidente. A angústia de estar confinado num lugar cheio de magníficas ou terríveis surpresas, que a cada dia colocava todos seus valores em questão, convivia com a graça de estar vivo e a chance de começar de novo, repensar como era a sua vida e mudar. Perdoar a si e também aqueles que o ofenderam. Na virada do ano e de mais uma página em nossa história, sabemos o quanto enfrentamos estigmas e quantas vezes conseguimos inverter tendências negativas. Isso faz parte do DNA do skatista. Fazer novas escolhas e criar possibilidades. Você escolhe a estrada que quer seguir, renova seus propósitos e vai em busca das metas. Comemora cada conquista com sabor de primeira vez. Boas mensagens nos chegam de todos os lados, com todos aqueles que torcem por nós, todos os dias. E assim os irmãos embarcam juntos para novas missões, em busca da essência. “Nós fomos trazidos aqui por um propósito, por uma razão, todos nós. A Ilha nos trouxe para cá. Esse não é um lugar comum, você sabe disso.” O período pincelado de um diálogo do Lost, tem tudo a ver com cada ação feita por um skatista ou empresário que ousa criar algo novo. É reconhecer o seu papel, saber a sua importância no mundo e transformar com a mão na massa. Um 2012 de vários destinos e imensos propósitos para fazer este mundo melhor, com trabalho sério, diversão e multiplicação de boas vibrações. (Gyrão)

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Esquerda: Com nome de expedição científica, a The Concrete Search, se deparou com um remanescente da escola vertical de Curitiba, Miguel Catarina. Radicado em Floripa, o Rio Tavares é seu refúgio e o espírito RTMF sua motivação. Direita: Em busca dos picos clássicos de Belo Horizonte, a Oakley Tour se deparou com Cleiber Binha no bowl do Anchieta. Um guerreiro mineiro de longa data, com um considerado madonna. Fotos: Marcelo Mug



GANHE! QUER GANHAR DOIS JOGOS DE RODAS E UM BONÉ DA SPITFIRE? Visite o Facebook da Spitfire e faça um comentário inteligente ou coloque uma boa imagem sua (foto ou vídeo). O vencedor será escolhido até o dia 20 de janeiro de 2012. O resultado será divulgado no www.triboskate.com.br. www.facebook.com/spitifirebr

ANO 21 • JANEIRO DE 2012 • NÚMERO 195

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Direção de Arte: Edilson Kato [Cacilda Design] Redação: Marcelo Durigan de Freitas Almeida “Mug”, Felipe Minozzi “Fel” e Guto Jimenez Site: Felipe Minozzi “Fel” Editor de fotografia: Shin Shikuma Staff: Caetano Oliveira e Marcelo Mug Colaboradores: Texto e fotos: Alexandre PoisÉ, Sandro Soares “Testinha” Texto: André Barros, Helinho Suzuki, Alexandre Maia, Pablo Mena Fotos: Caio Feitosa Peres, Otavio Neto, Marcos Moreira “Kbça”, Manuela Pérez Blanco, Bruno Passos, Fellipe Francisco, Rick Rodney, Questions, Pablo Vaz/ Globe, De Ville Nunes, Heverton Ribeiro Ilustração: Ernani Craveiro Warwick “Tai Tai” Publicidade: Contato comercial: Murillo Renato Severino (murillo@triboskate.com.br) Financeiro: Tatiane Penha Lima da Silva Distribuição: Jéssica Souza Santos Recepção: Andresa Brito Silva Impressão: Ibep Assinaturas: Jéssica Souza Santos (assinatura@triboskate.com.br) Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br Telefone: 55 (11) 3868-0080 A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

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zap //

Mischo erban, a superação do campeão.

IGsA World Cup series

Malarrara Pro teutônia Já orgAnizei dois dos Melhores eventos de downhill do BrAsil, o evento do CorCovAdo eM 2001 e dA vistA ChinesA eM 2006, AMBos no rio de JAneiro, e sei o quAnto é difiCil e trABAlhoso orgAnizAr uM evento deste Porte. MAis difiCil AindA é gArAntir que esse tiPo de evento seJA reAlizAdo no Ano seguinte. AléM dA ótiMA orgAnizAção e de uMA equiPe ProfissionAl trABAlhAndo no evento, uM dos MAiores Méritos do MAlArrArA Pro teutôniA é JustAMente se MAnter no Auge Por 8 Anos. por AlexAndre MAiA // Fotos MAnuelA Perez/M PhotogrAPhy A recompensa por ser um dos eventos mais tradicionais do mundo veio quando Teutônia foi escolhida para sediar a Copa do Mundo de Downhill. Entre todos os eventos de nível mundial do circuito da IGSA, um é escolhido como o mais importante do ano e é eleito como a Copa do Mundo. Ao final do ano temos então o campeão do Circuito Mundial e o campeão da Copa do Mundo. Como se não bastasse ser a ladeira mais rápida do mundo, onde os skatistas ultrapassam os 110 km/h, o fato de Teutônia sediar a etapa mais importante do ano fez com que skatistas de 14 países viessem disputar o título de campeão mundial. Na sexta feira, rolaram as primeiras tomadas de tempo e o local Douglas Dalua estava com o melhor tempo, até que o canadense Kevin Reimer dropou a ladeira e fez a melhor marca do dia. No sábado, Kevin manteve o primeiro tempo e mostrou seu poder de recuperação, pois no começo do ano teve um grave acidente e ficou mais de 4 meses se recuperando. Vários favoritos apareceram durante as tomadas de tempo. Os locais Douglas Dalua, Silon Garcia e Danky Dean; mais Otávio Munhoz, que fez um ótimo tempo e os canadenses Kevin Reimer e Mischo Erban, despontavam como favoritos para a grande prova de domingo. As baterias em Teutônia são disputadas por dois skatistas, onde somente o campeão passa para a próxima fase; o que torna tudo ainda mais difícil e disputado. Sem sombra de dúvidas as atenções estavam voltadas para Douglas Dalua e Kevin Reimer, que além de terem os dois primeiros tempos, prometiam repetir a final do ano anterior. Porém, nas semi finais este favoritismo veio por terra. Na primeira semi final, o brasileiro

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Danky Dean ganhou do seu compatriota Douglas Dalua e mostrou que está com um skate forte e consistente e que, com certeza, será um dos tops a nível mundial em pouco tempo. Na outra semi final, Misho Erban ganhou fácil de Kevin Reimer e foi aí que todos se tocaram de que enquanto as atenções estavam voltadas para Dalua e Kevin, Mischo estava passeando pela pista e ganhando facilmente todas as suas baterias. A final de consolação foi a reedição da final de 2010 quando Kevin levou a melhor sobre Dalua. Só que, neste ano, Dalua fez a linha certa da ladeira e conseguiu vencer Kevin, terminando com o terceiro lugar. Na final principal, Mischo Erban mostrou toda a sua força ao vencer com facilidade Danky Dean. Todos ficaram muito felizes pelo resultado de Mischo, pois depois de ter sido campeão do circuito mundial em 2009, Mischo trocou de patrocinadores e de equipamentos, não obteve mais bons resultados e muitos duvidaram da sua capacidade de voltar a vencer. Porém Mischo é um skatista muito concentrado e mostrou a todos que pode voltar a vencer e ser novamente um dos nomes mais fortes do cenário mundial, pois agora, além de ser o campeão do circuito mundial de 2009, também é o campeão da Copa do Mundo de 2011. Gostaria de agradecer à IGSA e ao presidente da entidade, Marcus Rietma, por acreditar no trabalho feito no Brasil e em toda a América do Sul; ao organizador do evento, Paulo Martins, por segurar esse evento no auge por todos esses anos; ao Ivandro Mano, que é uma peça fundamental na realização de Teutônia e do downhill no Brasil e, também, à toda equipe de trabalho do Malarrara Pro Teutônia. Gostaria de agradecer também a todos os atletas de várias partes do Brasil e do mundo que comparecem ao evento e que fazem desta ladeira o seu desafio pessoal.


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Augustin virgolino, argentino.

da lua seguido do patr達o dele, dono da rayne, graham Buksa.


zap //

As oito Maravilhas do Mundo eleitA reCenteMente uMAs dAs novAs sete MArAvilhAs do Mundo, foz do iguAçu e suAs CAtArAtAs estão AgorA nA BAtAlhA PArA levAr uMA edição gloBAl dos x gAMes de 2013 PArA seus doMínios. teM tudo PArA dAr Certo e o PriMeiro teste PArA essA ConsAgrAção Já foi dAdo no fozk8, uM evento de Mini rAMP que reuniu vários skAtistAs de Peso do skAte BrAsileiro e MundiAl. Ah, A oitAvA MArAvilhA do título ACiMA é o fAMigerAdo skAte! OtaviO NetO

// por André BArros

CaiO Peres

Nomes como Wagner Ramos, Marcio Tarobinha, família Simão, Diego Fiorese, Leo Kakinho, Gui Barbosa, Marcos Gabriel, Jorge Ladas, Spiro Razis, Joshua Mattson, Trevor Johnson e muitos outros skatistas cabulosos estavam presentes nesse evento que vai ficar na memória de todos. Na bateria final estavam Marcelo Kosake, Dan Cézar, Otavio Neto, Murilo Peres, Gonçalo Rodrigues e Allan Mesquita. Foram 25 minutos de jam session e muitas manobras cabreiras que mixaram um pouco de street e vertical na mini ramp montada especialmente para o evento. Carlos de Andrade, bicampeão mundial de street, cerrou uma briga feia contra o bicampeão mundial de bowl, Pedro Barros, em uma final emocionante. Piolho mostrou porque ele era um dos favoritos e soltou manobras técnicas de tirar o fôlego. Encheu suas linhas de flips, nollies, switch, aerials e liptricks e se garantiu. Pedro liderou a eliminatória e tentou chegar junto, mandando aéreos gigantes, usando os transfers, varando o gap e ainda mandando um 540, mas ninguém conseguiu tirar o brilho do campeão Carlos de Andrade. O evento foi organizado pela BSB e RTMF. Teve transmissão ao vivo pela TVAOVIVO.com.br com mais de 90 mil views. Contou com todo apoio da prefeitura de Foz do Iguaçu, as quais não mediram esforços para viabilizar o campeonato em uma área de preservação e um patrimônio da humanidade. A ideia era fortalecer a candidatura dos X Games para Foz do Iguaçu e, se os gringos estavam em busca de algo maravilhoso, eles encontraram uma das novas sete maravilhas do mundo.

spiro razis, o pro chileno sempre esticando ao máximo seus áreos.

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Pedro Barros, f/s nosegrind.

CaiO Peres

CaiO Peres

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Carlos de Andrade, b/s ollie.


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A nata no Luciano Huck por CesAr gyrão // Fotos Bruno PAssos

Não pude deixar de criar este bom trocadilho. Quando se fala da “nata” do skate mundial, o nome do brasileiro Bob Burnquist salta logo aos olhos. Pois, recentemente ele teve uma visita que mexeu com outros grandes personagens que podem ser destacados por suas boas qualidades. Por um lado, o apresentador Luciano Huck, com seu programa que garimpa histórias relevantes de pessoas comuns ou celebridades; por outro, Ricardo Porva, sua família e o skatista especial Ítalo Romano. Enquanto fechávamos esta edição, o programa Caldeirão do Huck ainda não havia ido ao ar e a expectativa era das maiores, principalmente para o Porva e o Ítalo, convidado a dar um “rolêzinho” na Mega Ramp da casa do Bob. Talvez você não veja merchandising da marca do Porva no programa, mas isso não é mesmo necessário. Quem conhece, sabe o nome e que tem tudo a ver com esta bela história que compartilhamos com vocês. Porva, ítalo e Bob.

Como surgiu este convite para o Ítalo participar do Caldeirão do Huck? O diretor do Caldeirão, o Palito, havia assistido a matéria do Esporte Espetacular conosco e gostou muito e colocou na cabeça dele que o Ítalo, eu e a Iris poderíamos ser os personagens ideais para essa nova matéria que eles estavam planejando. Do nada, um certo dia, o Tarobinha ligou para mim e me deu a magnífica notícia de que o pessoal da Globo tinha gostado muito da repercussão da matéria do EE e que tinham decidido fazer uma outra, mas dessa vez contando mais detalhes das nossas vidas e tal. Mas só depois de alguns dias nos comunicando, que o Taro me contou que a parada era do Luciano Huck. Aí fiquei de cara, foi uma felicidade extrema; direto assistia o Caldeirão e admirava muito o trabalho dele e, de repente, quando me dei conta era a Nata na parada: a Iris, o Ítalo, o skate. Foi emocionante, foi uma grande surpresa para todos nós, orgulho por tudo isso ter surgido através do skate. Só tenho a agradecer a Deus por tudo que está acontecendo e por tantas glórias. As portas que Deus abre, ninguém fecha. Muito obrigado Senhor! Além do Ítalo, você viajou com sua mulher Aline e a filha Iris e o primeiro destino foi a Disneyworld. Como foi essa parte da viagem? Foi simplesmente incrível. Eu e a Aline, lógico, sempre sonhávamos em levar a Iris, quem sabe um dia, para conhecer a Disney e tal, mas nunca imaginávamos aparecer um convite assim do nada, tudo pago, imagina? A Aline curtiu demais, tava delirando, pegou o passaporte, visto de 10 anos; ela aproveitou cada segundo da viagem; a Iris então, nem se fala, estava nas nuvens, muito feliz, muito confiante, se achando com todas aquelas câmeras… (rsss) Mas sempre ali, falando igual gente grande nas filmagens, empenhada, dedicada; fiquei muito orgulhoso delas estarem ali comigo. Na Disney em si, na verdade, a pessoa que mais se divertiu foi a Iris, porque foi o dia destinado só pra ela. Era o dia dela, mas no fundo todo mundo acabou se divertindo muito, dando muita risada. Foi inesquecível, lembranças eternas na vida de todos nós.

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huck e Bob.

O fato do produtor Akira Matsui ser skatista, ajudou a direcionar melhor o skate para as gravações? Sem chance de dúvida. Acompanhei de perto o trabalho do Akira e fiquei admirado pela correria que é; o quanto ele fez para tudo aquilo estar acontecendo, todo mundo trabalhando pesado, aprendi muito. O Akira soube levar muito bem o programa do começo ao fim, sempre dando a maior assistência, estrutura, tudo. Quanto ao skate, não tenho nem o que falar, fizemos várias sessões. Teve um dia que do nada resolvemos pegar o skate e sair remando no centro de San Diego à noite, foi muito style; o vento batendo na cara, mais a alegria de estar vivendo aquele momento foi como um sonho. A vibe da trip foi daquele jeito; muito positiva, tudo foi acontecendo na hora certa, no momento certo; melhor impossível. Sem palavras, Akira, Deus abençoe seu caminho irmão. O Luciano Huck andou de skate também; filmei ele andando, sem palavras. A Mega Ramp do Bob tava em manutenção. Como foi a primeira vez do Ítalo ao varar o gap? A primeira vez que ele foi na verdade foi meio tenso. Eu era o único que estava lá em cima com ele, filmando, lógico, e passando aquela vibe, mas eu confesso, estava muito


// zap tenso, mais que ele. Ele, calmo como sempre, só esperou o momento certo e perguntou: Posso ir? Quando deram o sinal de ok, ele foi, dropou, deu uma remada e segurou até lá em baixo, quando ia começar a rampa o skate dançou e ele caiu. Eu jurava que ele iria dar de frente com o paredão; na hora assustei, mas ele pensou rápido, conseguiu freiar com as mãos, diminuindo a velocidade e acabou caindo na rede… Ufaaaa! Depois foi só alegria! Tem muito sigilo no esquema de gravar para um programa desta proporção. O que podemos esperar? Eu acredito que seja uma matéria que só tem a acrescentar ao skate no Brasil, principalmente pelo fato do Ítalo ter passado a Mega e feito história, mas também pelo fato do skate estar crescendo, ganhando respeito, conquistando mais espaço nas grandes mídias, além é claro de todo um exemplo de história de vida muito forte para muita gente. Tenho certeza que vocês irão dar muitas risadas e muitos ficarão emocionados. Mas eu espero que tudo isso que vocês verão sirva como exemplo e que possa lhes dar mais força para enfrentar as dificuldades e os desafios diários da vida. A produção vai usar algum conteúdo do seu vídeo “Vamo Andá”? Eu acredito que sim, sem contar que eu filmei quase toda a nossa viagem também e eles ficaram com todo o material. Estou muito curioso para ver a matéria editada, finalizada; não tenho nem ideia do que eles estão preparando. A única coisa que sei é que vai ser uma matéria especial, com duração de mais ou menos uns 50 minutos, acredito. Estou muito ansioso e quero aproveitar todo esse momento e essa oportunidade da melhor maneira possível; continuar ajudando o Ítalo em tudo que ele precisar, lutar pela felicidade da minha filha, da minha família e fazer as pessoas entenderem melhor a verdadeira magia que o skate tende a oferecer. Sinto orgulho de ser skatista! Parabéns Ítalo, você como sempre nos surpeendeu mais uma vez. Continue assim e que o skate te leve muito além do que você possa imaginar! Deus abençoe a todos.

iris e ítalo.

frame retirado do vídeo do ítalo varando a Mega.






FOtOs MarCOs Kbça

zap //

Allan Mesquita, f/s handplant.

felipe foguinho, judo air.

ítalo Penarrubia, flip indy.

kalani david, lien transfer.

o clima esquenta no rio tavares – 3 em 1 Pelo segunda vez este ano o espírito RTMF é comemorado neste pedaço do paraíso, na maravilhosa Ilha de Santa Catarina, na eleição do número um da área. A ideia foi juntar as novas gerações no bowl da Hi Adventure, uma “preparação” dos profissionais para o evento Fozk8 na nova mini ramp desta pousada e mais uma prova de half pipe na casa da família Barros. Skate para todos os gostos e quilates. A novidade desta edição foi a vinda de amadores norte-americanos, como Alex Sorgento, Kalani David e Shane Bolan. As sessões foram transmitidas ao vivo pela internet e o bicho pegou mesmo entre os amadores. Murilo Peres venceu como em 2010 e faturou o ranking e a

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passagem para o mundial amador nos EUA. Dois Felipes venceram entre os iniciantes e mirins, respectivamente o Pereira e o Pacheco. No dia seguinte, os pros se encontraram na mini para a disputa de um best trick com os três primeiros amadores do bowl como convidados. Murilo, Alex Sorgento e Felipe Foguinho. Entre outros, destaque para Carlos de Andrade, Diego Fiorese, Pedro Barros, o argentino Jorge Ladas e o chileno Spiro Raziz. Depois da mini, foi a vez da trupe se deslocar para o half pipe e a sessão também foi irada, com altas linhas e manobras de Ítalo Penarrubia, Kalani David, Felipe Foguinho e vários outros.





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alex carolino iMPressionAnte fACilidAde de fAzer MAnoBrAs CoMPliCAdAs PAreCereM siMPles. estilo, téCniCA, levezA e fluidez são PrediCAdos do skAte de Alex CArolino, uM ProfissionAl resPeitAdo Por tudo isso MAis suA PersonAlidAde CAtivAnte. MAis uMA CriA dos teMPos efervesCentes do skAte de CuritiBA e referÊnCiA do street BrAsileiro PArA o Mundo. nAdA disso é exAgero, Pois Alex gAnhou fãs e PAtroCinAdores euroPeus e AMeriCAnos, dePois do eMPurrão iniCiAl de MArCAs BrAsileirAs. PriMeiro BrAsileiro A ter uM Model de tÊnis CustoMizAdo PelA dC, levA A gingA BrAsileirA PArA vários CAntos do Mundo.

• Quero parabenizar meu amigo Alex, pelo seu skate técnico, leve e estiloso. Temos nos trombado muito aqui em Curitiba, na pista da Drop, no Ambiental, na pista do Atlético. A pergunta é: Como você vê esta leva de novos skatistas, que estão mais preocupados em aparecer em vídeos e fazer fotos para revistas com manobras cabreiríssimas? Quando você vai ver pessoalmente, o cara não sabe dar um blunt numa simples minirrampa, ou até passar um fun box de ollie? (Cristian Barrera “Chileno”, skatista profissional, Curitiba, PR) – O skate é isso! O mercado do skate está ligado às mídias e os skatistas querem ser vistos para ter o reconhecimento e se destacar, ter patrocínios e viver do skate. As motivações pessoais ficam para cada um; o importante é fazer com amor, curtindo o rolê. • Eu conheço o Alex há muito tempo. Basicamente desde seu início no skate, quando ainda era chamado de Alex Neguinho, ou simplesmente Neguinho. Ele morava no Itatiaia e desde cedo apresentava um grande talento. Teve apoio do André Madeira, que fazia os obstáculos para os eventos durante esta época. Minhas perguntas são: (Osni Ribeiro, comercial Cisco, Curitiba, PR) • Qual foi o fato mais influente e determinante em sua vida para seguir a carreira de skatista profissional e ser reconhecido mundialmente? – Mano, foi numa época em que eu estava tipo dividido entre cursar uma faculdade ou me dedicar integralmente ao skate. Fiz matrícula num cursinho para relembrar, fiz um mês e desisti. Toda a galera tava indo para a Europa e eu fui junto. Foi muito style! • Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas? – Entender os hatters e aprender com os erros. // aleX De oliVeira carolino 29 anos, 20 de sKate dc shoes & aPParel, ZeroPolis

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• Qual é sua maior conquista como skatista até hoje? Minha família. • Como você vê o universo do skate para daqui a cinco anos? – Com um suporte monstro, vários picos, eventos de qualidade, todo mundo envolvido! • Gostaria de saber qual é a principal característica ou qual o ponto forte pra que um skatista seja completo, na visão de Alex Carolino? (Guilherme Kaminski Carvalho, 30 anos, 16 de skate, Guarapuava, PR) – Fazer o corre, com responsabilidade e profissionalismo. É, tipo assim, se você curte o skate e está no corre de seguir uma carreira, escute os atletas que tiveram na cena; eles têm experiência para dar conselhos, mas é você quem decide quando e como tomar as decisões. Tudo na vida tem um aprendizado. • O que você pensa dos parasitas (marcas, lojas e empresários) que só se aproveitam de nosso skate e não fazem nada em benefício do skatista? (Masterson Felix “Magrão”, skatista profissional, São Paulo, SP) – Acho que não tem essa de se aproveitar. É tipo quando a gente quer se enganar a gente acredita, mesmo sentindo que algo está errado. A gente se vende e isso é a natureza do medo. Isso tem que mudar a partir do momento que o skate como cultura se unir e entender que todos fazem parte dessa corrente, aí sim vamos todos crescer sem exploração de uns pelos outros. • Você é um dos poucos brasileiros que teve patrocínio europeu, assim como o Fábio Sleiman. Como você chegou nas marcas europeias? (Adalberto Cortez, Apucarana, PR) – Foi através da minha primeira vez na Europa para correr os campeonatos, por volta de 2001 e 2002. Filmei bastante coisa pod lá e saiu um video 411 com algumas imagens minhas. O Benait, team manager da Lords me chamou para uma tour e passei a fazer parte da marca. Depois a marca parou. Andei também para a Clã, uma marca espanhola, por um ano. • Pergunta pra ele quando é que vai devolver minha corrente? Kkkkk… (O que importa é que ele se tornou uma ótima pessoa e um monstro como skatista!) (Sandro Sobral, skatista profissional, São Paulo, SP) – E aquele jogo de rodas, foi o que?

CisCO e FraN FelliP

• O que mudou na sua vida depois do nascimento da Isabele? (Cezar Gordo, skatista profissional, Porto Alegre, RS) – Comecei a viajar menos para acompanhar o crescimento dela. Ela está com 4 anos, entende meu traballho e gosta, nos falamos direto no skype ou pelo telefone. A responsabilidade cresce e o amor aumenta. Hoje vejo que as crianças imitam o comportamento dos adultos; ela mostra meus defeitos na maneira de agir, fazendo birra. Isso é bom, porque me motiva a melhorar e ser um bom exemplo.



zap //

alex carolino

• Na sua época de amador, algumas marcas de Curitiba estavam bombando no cenário, como a Maha, a Drop Dead e a Psico Street. Por quais você passou? (Carlos Schimidt, Florianópolis, SC) – Maha, Child e Psico. Também andei para a Nollie Street, Shadow e Corporation. • Além de Curitiba, em que outros lugares

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você viveu? Quais os países que você mais curtiu em suas viagens? (Leila Canto, Campinas, SP) – Viver, eu digo que só no Brasil, mas passei um bom tempo na Europa, em Paris, e foi bem louco. • Parabéns por trazer tantas glórias ao skate brasileiro. Você, Carlos de Andrade, Rodil Ferrugem, Danilo Dandi, Marcos Mamá, Danilo

Cerezini, Rodrigo Gerdal, Daniel Viera e tantos outros caras de Curitiba, andam muito e se dão bem em campeonatos. O que faz a cidade gerar tantos skatistas bons? (Ananias da Silveira, Rio de Janeiro, RJ) – É o cenário do skate. Aqui sempre teve grandes marcas do skate, junto com São Paulo e todo o Brasil. A cidade tem os picos, pistas e rua! Aí, ja era!


FelliPe FraNCisCO

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nollie hardflip.

• Alex, lembro de termos vivenciado juntos em 2000 várias turnês realizadas pela Drop Dead em Santa Catarina, São Paulo e Paraná. Uma marcante foi a passagem por Paranavaí, quando o público quase deixou você sem roupas e cercaram a nossa van, não deixando a equipe sair do local! O que você lembra daquelas turnês e quais os fatos mais marcantes? (Ed Scander, ex team manager do Alex Carolino e

vice presidente da CBSk, São Paulo, SP) – Não me lembro disso direito, mas as tours eram da hora. Faziam parte skatistas como o Gabriel Rezende, Nilton Neves, Ricardo Pinguim, Og de Souza, Wagner Ramos e o DJ Primo (falecido). A gente ficava nos quartos do hotel e ele montava as pick ups e rolava um som, era da hora. Lembro uma história que ele contou, quando comprou um disco do 50 Cents, que ele achou que custava 50

centavos! Numa das tours, estávamos no Nordeste e vimos no almoço o ataque às Torres Gêmeas, o 11 de setembro de 2001. Próximo entrevistado: gui zolin mande sua Pergunta Para o e-mail triboskate@triboskate.com.br, com o assunto linha vermelha, seu nome comPleto e cidade! 2012/janeiro TRIBO SKATE | 39






minas gerais // oakley tour

CINCO DIAS INESQUECÍVEIS NA CAPITAL MINEIRA // TEXTO E FOTOS MARCELO MUG

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Murilo Peres fez barba, cabelo e bigode durante a tour, e encarou pela primeira vez um corrim達o de rua. Backside crooked.

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Matheus Teixeira ignora as travas e o tranco na primeira tour de sua vida. Frontside rockslide.

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oakley tour // minas gerais

Q

Quinze anos de idade e skate de gente grande. Murilo Peres, backside tailslide no Bowl do Anchieta.

uantos dias já passaram pela sua vida e você não se lembra de absolutamente nada? Quantas vinte e quatro horas são apenas lembranças esquecidas em algum canto escuro do seu cérebro? Triste, mas pura verdade: nós subutilizamos nossos neurônios e deixamos para trás um monte de coisa importante que acontece nas nossas vidas. Agora imagine o contrário: dias registrados fielmente, momentos especiais da sua vida, ao lado de amigos, em lugares novos, tudo captado e acessível a qualquer momento. Assim foi a Oakley Tour. Não teve manobra, tombo, paisagem, pico, pessoa, ocasião que não tenha sido registrado pelas mil lentes que cercavam os skatistas. Go Pro, Canon 7D, Canon 60D, Sony Handycam, Iphone e Holga foram algumas das ferramentas utilizadas para documentar os cinco dias de vai e vem na Grande Belo Horizonte, inclusive com atualizações diárias de vídeos e fotos através do facebook da Oakley (www.facebook.com/oakleybrasil). Isso sem contar esta matéria na revista, o vídeo final da tour produzido pelo Duda da Chiclé Videos e um post especial com fotos inéditas no site da Tribo Skate. Uma senhora cobertura. Uma grande mistura. Primeiro de gerações, com Marcio Tarobinha e Otavio Neto, ambos na casa dos trinta e poucos anos de idade, e Murilo Peres e Matheus Teixeira, ambos no auge da adolescência. Enquanto os dois mais jovens nasciam, os outros dois já andavam de skate, e agora, anos depois, eles estão dividindo as pistas e compartilhando experiências. Essa viagem também marcou o mix de estilos que compõem o time da Oakley, com legítimos destruidores de picos de rua e de pistas. Pode vir corrimão com tranco, bowl cavernoso, pico de rua esburacado, qualquer encrenca, sempre vai ter alguém capaz e disposto a andar. Mas com certeza o principal mix foi a interação natural entre os visitantes e os skatistas locais. Em todos os lugares, do Bowl do Anchieta ao momento de relax no Ponto do Açaí, o time da Oakley foi recebido de braços abertos, como se fossem velhos amigos de sessão. Figuras como Jefferson Bill, Cleiber Binha, Samuel Jimmy e muitos outros tornaram a viagem muito mais divertida, alegrando cinco dias de muito skate que ficarão para sempre guardados em cantos bem acessíveis das nossas memórias.

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minas gerais // oakley tour

Otavio Neto deixou esse frontside feeble e seu skate de presente para os locais do bairro Nova Floresta.

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minas gerais // oakley tour

Ch達o esburacado e borda quebrada s達o meros detalhes. Marcio Tarobinha, frontside lipslide.

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noite em sp // conexão

Por Cesar Gyrão // Fotos Pablo Vaz/Globe

Foto ainda não tem cheiro. sobre o Tietê, luiz apelão é obrigado a respirar fundo para subir ao máximo seu crooked na extensão de um dos cabos.

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conexĂŁo // noite em sp

rene shigueto parece o ponto de fuga de um desenho simĂŠtrico. broken finger.

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noite em sp // conexão

N

oite em São Paulo. Enquanto muitos dormem, outros assistem tv, o movimento na rua não é apenas dos gatos pardos. Pelo que se sabia, aquela nova ponte estaiada com o nome de um recém finado governador, ainda não havia recebido uma única travessia de skate. Construída sobre o trecho obscuro do rio Tietê que corta a cidade, durante o dia ela encurta distâncias entre o Centro e a zona norte da capital. Com 660 metros de comprimento por 15,20 metros de largura e 55 metros de altura, ela tem 88 cabos para sustentar sua estrutura. Cerca de 20 mil carros devem passar ali todos os dias, mas provavelmente não será um trajeto indicado para se atravessar de skate, parar e ficar contemplando a paisagem. A equipe da Globe encontrou uma brecha para experimentar a nova obra, na calada da noite, com aquela sensação de conexão com as transformações da metrópole. Boa hora para refletir e interagir com as grandes obras do famigerado progresso. 2012/janeiro TRIBO SKATE | 57


conexão // noite em sp

a pilha toda de embalar forte para vencer a distância da junção do piso, num verdadeiro kick flip. obra do laurence reali.

o que fazer nesta mureta? lucas Xaparral pensou no bom e velho rock’n’roll, que teve que sair o mais perfeito possível.

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expedição // sul

ConheCer ou revisitar as prinCipais transições de ConCreto espalhadas pela região sul do Brasil, sejam elas históriCas ou reCém Construídas, perfeitas ou tosCas, ornadas Com Copings de ferro ou de pedra. essa é a the ConCrete searCh, a turnê protagonizada por Biano BianChin e ragueB rogerio e que tamBém Contou Com a presença de amigos que representaram em suas pistas loCais: nomes Como renato souza, miguel Catarina, gustavo Caverna, jm, pedro Barros, mauriCio Boff e muitos outros. dois espeCialistas em transições andando Com os loCais mais CasCas, tudo registrado em vídeo e foto. // TexTos e foTos: marCelo mug

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em plena ilha da magia, a tour se deparou com esse verdadeiro tesouro enterrado. antes da diversão, foi preciso a autorização e a retirada no braço de muito entulho que cobria a pista do Cacau. ragueb rogerio, b/s air saindo do paredão.

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expedição // sul // A ideiA Biano Bianchin e Ragueb Rogerio, dois amigos de longa data e uma missão: pegar a estrada de São Paulo a Porto Alegre em busca das melhores transições de concreto. Uma viagem de 15 dias e mais 3.000 km rodados, acompanhados de um videomaker e um fotógrafo, tudo planejado e executado pelos próprios dois skatistas, que sonhavam há tempos com essa viagem. Como diz Ragueb: “Se você quer fazer uma parada, tem vontade e acha que pode; não acha, você pode. Vá em frente que você consegue.”. // RoteiRo Não existia uma regra fixa, um roteiro rígido, mas existia um certo consenso de quando e onde ir durante essas duas semanas. Algumas coisas eram claras, como Curitiba ser a primeira parada e o destino mais longe seria São Leopoldo, onde mora a família do Biano. Pistas de Tubarão, Florianópolis, Porto Alegre e Urussanga estavam pré-catalogadas e graças aos boletins meteorológicos foram devidamente visitadas. Isso porque enquanto a chuva subia para o Sudeste do país, a trupe alterou os planos e decidiu acelerar rumo ao Sul logo no começo da viagem, obviamente em busca do sol e tempo seco. No mesmo dia que as chuvas castigavam e alagavam lugares como o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, Ragueb e Biano compartilhavam sessões memoráveis ao lado de seus amigos gaúchos, com um belo pôr-do-Sol ao fundo. // tRutAs Se existe uma coisa melhor do que andar de skate, é andar de skate ao lado dos seus amigos, seja aquele que você acabou de conhecer ou aquele que você não via há mais de dez anos. Por isso em cada parada, em cada cidade, os amigos já estavam de alerta e à espera da The Concrete Search. Em Curitiba a tour foi recebida por Alexandre Sal e pelos Tropicalient’s, representados pelas figuras de Renato Souza, Jimmy, Espeto e Charles. Mauricio Boff mostrou como fazer as linhas em Urussanga e nos recebeu muito bem em sua casa em Criciúma, enquanto o eterno dagger JM e seu aliado Otto, acolheram a trupe como verdadeiros reis na Ilha de Santa Catarina. Ainda em Floripa fomos recebidos com uma bela sessão no RTMF ao lado de Pedro Barros, Vi Kakinho, Miguel Catarina e Marco Cruz, isso sem contar as sessões no lendário Clube 12, no banks da Pousada Hi Adventure e na secreta pista do Cacau. Já em São Leopoldo, a família Bianchin fez as honras e abriu as portas da sua casa para a tour montar o seu QG na região de Porto Alegre, onde as transições foram atacadas com a ajuda de peso de Gustavo Caverna, Alexandre Poupa, Onairo e Ulo. // Vídeo – documentáRio Os perrengues, os tombos, os amigos, os cenários, as manobras acertadas. Tudo o que aconteceu nos 15 dias de viagem foi registrado pelas lentes do videomaker Diego Ramos, que produziu um vídeo-documentário que você pode conferir com exclusividade no site da Tribo Skate. Está esperando o que? Devore a revista e acesse www.triboskate.com.br para saber tudo o que rolou na primeira edição do The Concrete Search Tour.

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o bowlzão da pista do marinha, em porto alegre, também conhecido como "Cuia", guarda muitas lendas sobre aqueles que já tentaram desafiar suas ásperas transições. gustavo Caverna é o protagonista da mais nova história do pico, com um hurricane recheado de lama na volta.


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expedição // sul

duas manobras clássicas para dois picos históricos de Curitiba. Biano Bianchin resgata o madollie no quarter do ambiental e ragueb rogerio ignora a teta da pista do gaúcho com um belo boneless.

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expedição // sul

depois de uma séria contusão no tornozelo no começo do ano, Biano Bianchin encarou a the Concrete search tour como um teste para a sua recuperação. B/s flip one truck no bowl de urussanga pra marcar a boa fase.

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expedição // sul

o novo banks da swell, em viamão, é um senhor brinquedo recheado de transições de diferentes tipos e alturas. ragueb brinca com esse frontside smith no wallride.

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expedição // sul

mauricio Boff domina o buraco de urussanga como poucos: tucknee.

renato souza é cria do ambiental e sabe como se divertir nas rápidas paredes: backside tailslide.

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atualmente marco Cruz divide seu tempo entre a caótica cidade de são paulo e a paradisíaca ilha de florianópolis. fakie melon no paraíso, também conhecido como pousada hi adventure.

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expedição // sul

a Complex é o mais novo playground de concreto de porto alegre, com um suave quadribanks e esse divertido snake, onde Biano deixou sua marca: frontside noseblunt slide.

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hot stuff // natal

// HUBBA Sempre investindo nas coisas boas da vida, a Hubba apresenta as Double D’s. skate@plimax.com (11) 3251 0633

// ANTIHERO O model “Midlife Crisis” é uma série limitada da Antihero e este é a criação do veterano Jeff Grosso. skate@plimax.com (11) 3251 0633

// THUNDER TITANIUM LIGHTS Considerado o truck mais leve do mercado, estrutura em alumínio, parafuso central e prisioneiro em titanium. skate@plimax.com (11) 3251 0633

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// THINK Marca clássica do coração de San Francisco, apresenta um dos novos models do Dave Bachinsky. skate@plimax.com (11) 3251 0633

// PIG WHEELS A Pig também faz algumas rodas técnicas, como sua linha AirCore. Estas são rodas com bolsas de ar para dentro, para reduzir o peso. skate@plimax.com (11) 3251 0633

// FOUNDATION Criada em 1989, a Foundation faz parte do grupo Tum Yeto que abrange também a Toy Machine, Pig Wheels, Ruckus, Deathbox e Dekline. skate@plimax.com (11) 3251 0633

// BLACK SHEEP A nova linha de longboards da Black Sheep, com eixo invertido e rodas macias para mais velocidade. www.blacksheep.com (11) 5071 8800



áudio //

Andrew Kline, mAis conhecido como o guitArristA de umA dAs mAiores bAndAs de hArdcore dos Anos 90, o strife, ApostA todAs suAs fichAs em seu primeiro projeto hip-hop, chAmAdo cArry on trAdition. o projeto contA com A nAtA do hip-hop AmericAno como b-reAl, ApAthy, rAs KAs entre outros... conheçA, ouçA e bAixe! por helinho suzuKi // Foto ricK rodney

E

ssa é sua primeira experiência com o hip-hop certo? Faz quanto tempo que você curte hip-hop? Esse é o primeiro full lenght que eu fiz. Eu comecei criando batidas 10 anos atrás. Comprei uma MPC e um teclado Triton e comecei a aprender sozinho. A MPC me intimidou um pouco no começo, mas quando sentei para começar a aprender, vi que era bem fácil. Uma das primeiras faixas que eu criei era chamada de “Wild Wild West”, que foi feita para o álbum “Gheto Therapy” do The Reyes Brothers (formado por Sean Dog e Mellowman Ace), de 2006. Em 2008 teve uma faixa minha chamada “Biggy Bang” no primeiro álbum solo do Sean Dog (Cypress Hill), o “Diary of a Mad Dog”. Daí pra frente comecei a conhecer outros MCs e produtores e comecei a trabalhar em faixas para eles. Eu sempre curti hip-hop, desde pequeno... Cresci nos anos 90 e foi minha época favorita do ritmo. Agora que eu estou produzindo esse disco, eu ouço hip-hop toda hora, mas eu realmente tentei capturar esses elementos dos anos 90. Como esse projeto “Carry on Tradition” surgiu? O álbum inteiro foi gravado no estúdio Temple do B-Real (Cypress Hill) e foi gravado pelo Jay Turner. Uma vez que eu tomei a decisão de fazê-lo, eu usei esse estúdio como meu QG. Eu já tinha feito metade das bases antes de começar a gravar, e a outra metade foi feita durante o processo. Nós fizemos o álbum na mesma época que o B-Real estava trabalhando no seu disco solo e o Cypress Hill estava gravando seu último álbum, por isso o meu disco demorou mais para ficar pronto do que deveria. O primeiro verso de verdade desse disco foi do B-Real, para a faixa “If I Died Today”... O Apathy estava aqui em LA trabalhando no álbum do Get Busy Committee e rolou

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áudio // dele aparecer no estúdio nesse dia. Ele logo gravou uma faixa... Muito dos outros versos apareceram organicamente. Eu chamei amigos e rappers que eu realmente queria trabalhar junto e a maioria participou do disco. É maravilhoso que no meu primeiro projeto de hip-hop eu tive a oportunidade de trabalhar com os MCs mais fodas. Esse disco é um lançamento conjunto entre a Tradition e um dos sites mais populares de hip-hop dos EUA, o 2Dopeboyz. Ele está disponível para download gratuito, no iTunes e Bandcamp. Vai ter o cd físico também e uma edição limitadíssima de fitas cassete, assim como outros merchandises no shoptradition.com. O que você faz nesse projeto, é completamente diferente do que você faz no Strife, mas a atitude “do it yourself” é a mesma certo? A música é obviamente diferente da que eu faço no Strife, mas eu acho que o sentimento e emoção são os mesmos. Eu gosto de música que me move emocionalmente, e nestas músicas definitivamente têm a mesma energia. Hardcore e hip-hop vem de lugares bem parecidos e o espírito DIY e a atitude existem em ambos. Você que produziu todas as faixas? O disco inteiro foi produzido por mim. Duas das faixas foram co-produzidas por um amigo que frequentemente faz batidas, chamado Miguel 3AM. Ele costuma trabalhar para o DJ Muggs e nós trabalhamos juntos faz uns anos já. Como um produtor de hip-hop, quem são suas maiores influências, que realmente te inspiraram para fazer esse disco? Um dos meus produtores favoritos de todos os tempos é o DJ Muggs, Alchemist, Dr. Dre, DJ Khalil e o DJ Premier. Muggs e o Alchemist são conhecidos pelo som mais obscuro, enquanto o Dre é conhecido pelas batidas fortes e teclados pesados... Khalil tem um estilo parecido ao Dre, incorporado pelas baterias em shows ao vivo e diferentes instrumentos. O som do Premier é mais break samples. Eu nunca tentei soar como algum desses produtores, mas definitivamente você pode ouvir suas influências em algumas das faixas do disco. Carry on Tradition reuniu alguns dos grandes nomes do hip-hop americano como B-Real, Sick Jacken, Ras Kass, Ryu e Freddie Gibs. O que você pode dizer sobre esses artistas? Foi uma grande honra trabalhar com todos que contribuíram neste disco. Quando eu comecei a gravar eu nunca imaginei trabalhar com essas pessoas. Parece que quanto mais eu trabalhava neste disco, mais as pessoas ficavam envolvidas com o projeto. Eu cresci ouvindo Cypress Hill, e quando tinha 15 anos assistindo o clipe de “How I Could Just Kill a Man", nunca sonhava que eu poderia trabalhar com qualquer um deles. B-Real tem uma voz clássica e distinta, que realmente capta o espírito da Costa Oeste dos EUA. Sick Jacken veio do Psycho Realm, um grupo de hip-hop latino de LA, que já teve participação do B-Real também. O Psycho Realm é gigante em LA e também é conhecido mundialmente. Ras Kas é outra voz foda da Costa Oeste. Ele já trabalhou com todo mundo, desde Dr. Dre, Xzibit, RZA e muitos outros... e é considerado um dos melhores letristas da Costa Oeste. Ryu é do Get Busy Comittee junto com o Apathy e o Scoop Deville. Ele também participa do Fort Minor com o Mike Shinoda do Linkin Park e o Styles of Beyounds. O sua parte na faixa “High Enough” com o Chace Infinite e o Ras Kas é uma das minhas favoritas do disco. Freddie Gibbs é um nome em constante ascensão

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no mundo do hip-hop. Ele foi capa da edição 10 da XXL Magazine’s Freshman neste ano e recentemente assinou um contrato com o Young Jeezy’s CTE. É um dos meus rappers favoritos que apareceram nos últimos anos. Do que falam as letras do projeto? Eu realmente não dei nenhuma direção lírica. Cada um já chegou ao estúdio com suas partes... A capa do disco ficou muito boa! Quem fez? A capa foi criada pelo Rome One. Ele é um artista fudido e também é dono da Bloodbath, uma marca de roupas de Los Angeles. Ele trabalhou com um ilustrador chamado Andrew Huerta para criar a capa do “Carry on Tradition”. A capa tem algum significado? É tipo Criaturas da Noite! O conceito da capa foi baseado em uma ideia que eu tive. É supostamente para ser em um futuro não distante num pós-apocalipse em LA. Basicamente representa a indústria musical, que depois foi morta por todo lixo que foi lançado, e um exército de verdadeiros MC’s que nasceram das cinzas e o Carry on Tradition, a verdadeira música. Você pensa em juntar todos e fazer um show de lançamento do cd? Eu definitivamente estou planejando fazer alguns shows do lançamento do disco. Sem chance de juntar todos envolvidos na mesma sala, na mesma hora, mas provável fazer alguns shows sim. Qual artista você ainda deseja trabalhar e por que? Tem um monte de gente que eu ainda quero trabalhar. Raekwon e o Ghostface são os primeiros da lista. Wu Tang Clan é provavelmente meu grupo favorito de todos os tempos e os dois são os meus favoritos dentro do grupo. Eu tive a chance de sentar com o Raekwon e mostrar pra ele algumas bases um tempo atrás, então isso pode rolar. O que você acha mais legal em trabalhar com hip-hop? A principal diferença entre trabalhar com hip-hop e hardcore é que o hip-hop eu posso fazer as bases quando eu tenho tempo. Eu posso acordar no meio da noite e fazer uma. Não preciso de mais ninguém… Sem baterista, baixista… somente eu. Eu realmente gosto disso. E também pelo fato de fazer a base e no mesmo dia levar alguém para o estúdio e gravar. Quais são os planos futuros? Agora eu estou trabalhando em um novo projeto chamado The Wonder Twins, com um rapper de Detroit chamado Oseeola. Ele participou de algumas faixas do meu disco e realmente é um cara muito talentoso. Nós gravamos um EP e está quase tudo pronto. Queremos voltar à época do Pete Rock and CL Smooth ou Gang Starr, quando você tinha um grupo com produtor e um MC. Eu também estou trabalhando em projeto com o DJ Muggs do Cypress Hill. Nós terminamos 12 músicas. É um projeto diferente de tudo que eu já fiz e estou muito empolgado para que ele seja lançado. Últimas palavras? Ouça o disco. Compre, baixe de graça, qualquer coisa. Eu só quero que ele seja ouvido. E me siga para saber de todas as novidades www.Twitter.Com/ Drewtradition Baixe: http://www.2dopeboyz.com/2011/10/25/drewtradition-carry-on-tradition-album/









EuropEan/ russian Tour 2011 o convite veio no coMeço do ano: “vocês não quereM fazer Mais uMa tour Pelo leste euroPeu?” uM gelo Passou Pela barriga. não, ainda não tínhaMos Planos concretos Para uM disco novo, neM Músicas novas ensaiadas. neM arte, neM letras, nada. no MáxiMo alguns rascunhos. Mas o aMigo/booker christian strong, de berliM, jogou Pesado: “siM, PodeMos voltar à rússia. e, desta vez, é certeza que tocareMos na turquia e taMbéM na grécia!”. // por Pablo Menna Ficou impossível recusar. Sem pensar muito, só nos restou dizer: Vamos nessa! Em pouco menos de 6 meses, compusemos e gravamos o disco “Life is a Fight” e fizemos toda a correria da tour: renovar passaporte, fazer camisetas, bonés, moletons, windbreakers, adesivos, bottons, patches, desenhar posters e cartazes de show, tudo no mesmo esquema “hardcore DIY” de sempre. E tudo resolvido aos 45 do segundo tempo, “Brazilian style”, como diria nosso amigo alemão. Embarcamos para a terceira tour na Europa com a sensação de dever cumprido e a certeza de reencontrar velhos amigos. Além de ter a oportunidade única de conhecer mais lugares e mais pessoas de uma forma que turista nenhum pode imaginar. Fomos lá mostrar a nossa arte e a recepção foi a melhor possível, com direito a vários shows memoráveis, várias novas amizades e, no geral, um respeito que não se vê todo dia por aqui. Especialmente na Rússia; a molecada pira muito na banda; é gente querendo tirar foto, pedindo para assinar discos, rodas de mosh que desafiam as leis da gravidade. Não, não estamos deslumbrados nem viramos “rock estrelas”. Mas, alguém do outro lado do mundo demonstrar tanta consideração com uma coisa que a gente fez na garagem de casa, há mais de 11 anos, nos dá uma grande satisfação. Faz sentido ter mantido o Questions vivo por todo esse tempo e ainda faz sentido continuar na luta. Ao todo foram 19 shows em 11 países, em 25 dias. Percorremos mais de 10.000 Km! Partimos de Berlim, seguimos até o norte da Rússia e depois descemos todo o continente, até a Grécia, passando por Polônia, Estônia, Letônia, Hungria, Romênia e até Moldávia (confessamos, a gente não sabia rigorosamente nada sobre esse pequeno país entre a Romênia e a Ucrânia)! Em vários desses países, os shows foram destruidores, com a molecada insana. Em outros, o show pode não ter sido espetacular, mas sempre tem alguém legal que faz você se sentir em casa e faz o rolê valer a pena. Mais uma grande experiência e uma realização pessoal que ficará para sempre em nossas vidas! E nem era isso o que a gente estava pensando em fazer esse ano...

tommy haus, berlin

ingressos do show de istambul

show em cesis, latvia

Agradecimentos: Christian e United and Strong; Franco e Seven Eight Life; Weird, Urgh, Santo Ângelo, Batera’s Beat, Sick Mind; todos os promotores de shows; pessoas que nos deram abrigo e comida; Vitinho; nossas famílias e todas as pessoas que nos acompanharam e mandaram força do Brasil.

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tour book

cartaz nas ruas de istambul

cartaz do show de berlin


Fotos Arquivo questions

// tour report

bavaria com Michel xveganx

café da manhã na alemanha

show em Petrosavodsk, russia

assinando os cds em berlin

Pablo e um amigo com passaporte da transnístria

ferry boat para finlândia

edu e os punks húngaros

filmando em 16mm nas ruas de istambul

stencil no Muro de berlin edu e guardas russos

show em chisinau, Moldávia

Mini-fãs russos

visto para Moldávia

show em cluj napoca, romenia

chisinau, Moldávia

helsinki, finlândia

duzinho e vendedor de mel na russia

istambul, turquia

dinheiro, documentos... Pablo comprando um típico pão em istambul necessário

fãs na latvia

fãs na romênia

jantar galã na latvia

com amigos russos em st. Petersburg, russia

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skateboarding militant // por guto jimenez*

O mundo é nosso... mas e nosso país?! CAETANO OLIVEIRA

N

esse ano de 2011, não teve pra ninguém: os skatistas brasileiros conquistaram os principais títulos mundiais do ranking da WCS. No bowl, Pedro Barros confirmou a sua supremacia e já era considerado o campeão do ranking quando ainda faltavam 3 etapas pro final do circuito; no street, Kelvin Hoefler disputou a liderança do ranking com Rodolfo Ramos praticamente evento a evento. O detalhe nessa classificação foi o fato de somente um pro norte-americano ter ficado entre os 10 melhores do mundo, no caso o Ryan Sheckler que acabou em 6º lugar, o que prova que já não existe mais uma supremacia destacada nem entre os que inventaram o skate. No vert, Sandro Dias também sagrou-se hexacampeão durante o ano em que 4 dos 5 melhores colocados foram competidores brazucas. Entre as mulheres, Leticia Bufoni apavorou ao fazer pódio em todas as etapas que disputou e também terminou o ano com o título de campeã mundial no street feminino. Ela e suas amigas Jéssica Florêncio e Eliana Sosco estão fazendo com que o planeta respeite também as nossas meninas sobre seus skates, e pode-se dizer seguramente que nenhum obstáculo ao redor do mundo está a salvo do talento das brazucas. Tudo isso é muito bom e todos os campeões estão de parabéns. Se não fosse pelo talento deles, e pelos apoios de seus patrocinadores, com certeza a jornada teria sido muito mais difícil de ser realizada, isso quando não fosse impossível e inviável pra acompanhar as etapas do circuito mundial. Portanto, uma mistura de talento e apoio fizeram com que o país comemorasse mais 4 títulos mundiais em 7 possíveis, e isso só pela WCS... Infelizmente, tirando o Sandro Dias, pode-se dizer sem sustos que nenhum dos outros se sagrou campeão mundial por conta de sua consistência em disputas brasileiras profissionais. Pedro Barros conta com uma bela estrutura que inclui o bowl do RTMF, um half e uma mini cobertas pra andar, ao passo que Leticia mora lá nos EUA há algum tempo e seus patrocínios lhe dão condições pra que ela possa se dedicar integralmente ao skate. Por sua vez, Kelvin teve uma carreira sólida enquanto competidor amador que o impulsionou na direção do profissionalismo, um passo natural diante de seus resultados expressivos e boa presença na mídia. O fato é que há cada vez menos disputas profissionais de destaque em nosso país. Muitas empresas do ramo ainda se fazem de cegas e surdas quando a CBSk as procura pra tentar viabilizar um circuito pro decente no país, sem no entanto perderem a chance de tentar aparecer a qualquer custo em todo evento que tenha transmissão de tevê. Os mesmos que dificultam condições pra que tenhamos um circuito brasileiro profissional são os que não pensam duas vezes na hora de “pegar uma carona” das imagens da tevê, veja você. Exagero?! Antes fosse. Isso não acontece só com o street e o vert; nós talvez tenhamos o cenário de skate em ladeira mais instigante do planeta, com picos e skatistas variados de norte a sul do país. O fato que ficamos quase

Temos que rezar muito para elevar os padrões brasileiros. Bob Burnquist, primeiro campeão do primeiro ranking mundial de Mega Ramp.

15 anos sem uma disputa de downhill slide pro já seria ridículo por si só, mas ainda pode ficar pior. Como é que a etapa brasileira de um circuito mundial de speed em Teutônia (“a ladeira mais perigosa do circuito mundial”, de acordo com o site da IGSA) é realizada há anos e somente os interessados ficam sabendo?! Como é que um evento desses não tem transmissão direta por tv ou via webcam que fosse? Por que já realizamos etapas de mundiais de TODAS as modalidades de skate mas não conseguimos realizar um circuito profissional decente? Vou falar apenas mais uma vez: tem gente de fora do skate de olho nisso tudo, gente com grana e muito apoio oficial por trás. Se algum intruso meter a mão grande no nosso meio e começar a nos ditar ordens, não vai mais adiantar ficarmos só reclamando. Bater palmas e sorrir como hienas também não irá trazer os “bons tempos em que tudo era nosso” de volta, isso eu posso garantir. Sim, podemos dizer sem susto que “o mundo é nosso”... mas e o nosso país?! Já passou da hora de olharmos com carinho e atenção pro que acontece aqui dentro, e fazer acontecer de uma vez por todas, do contrário, teremos cada vez mais a lamentar do que comemorar. O momento é de mais ação e menos ambição, pelo bem do skate brasileiro a nível mundial.

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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manobra do bem // por sandro soares "testinha"*

Seja profissional: divirta-se com o skate

* Sandro Soares “Testinha”, 33 anos, 19 com o skate; se diverte em qualquer situação em que o carrinho esteja presente.

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ARQUIVO PESSOAL

O

lá amigo leitor da nossa Tribo Skate, final de ano chegando, muitos fazendo planos para o ano que vem e não tenho como não falar da meninada que acompanho em campeonatos de skate durante todo o ano, todos querendo “se dar bem” no resultado final dos circuitos, tentando emplacar seus nomes nos cenários de competições, seja em São Paulo, seja no Brasil todo; mas e se isso não der certo? Infelizmente, ouço alguns dizendo que se não der certo, se não conseguirem um patrocínio no próximo ano, vão ter de deixar de andar de skate para trabalhar. Mas quem disse que trabalhar impede que andem de skate? Realmente, quando não dá mais para se dedicar 24 horas por dia ao skate, vemos grandes talentos potenciais não seguirem a carreira de skatista profissional. No entanto, deixar de andar de skate por causa disso é exagero; deixar de cumprir o primeiro mandamento da lei do skate, que é o de se divertir andando de skate, já configura um “pecado”. Aqui onde moro, na pequena Poá (SP), posso falar de um exemplo que tenho certeza que todos conhecem, não importa em que região vivam. Falo de um grupo de amigos que, quando mais novos e menos responsáveis, andavam de skate direto, mas que em um determinado momento da vida, tiveram de focar suas vidas no estudo e no trabalho, pois se tornaram adultos e assumiram as responsabilidades que essa fase da vida exige; porém nunca deixaram de nos momentos de ócio, dar umas remadas de skate e se divertir, ou mesmo relaxar; por que não dizer também, desestressar, sentindo a velocidade e o vento no rosto, sem precisar poluir o mundo utilizando um veículo a motor. Sim, grupos assim existem em todos os cantos do Brasil e felizmente vão existir para o resto dos dias. Eu tive o privilégio de acompanhar essa galera de Poá em um dia do meio de semana, após todos os compromissos profissionais e familiares; ou seja, depois do trabalho e das crianças na cama. Fomos para o tribanks de Guararema (SP), uma pista praticamente perfeita, em meio a uma natureza maravilhosa e com barulho zero. Na turma estavam trabalhadores das mais variadas áreas; desde o agitador Alessandro, que liga para todo mundo chamando para o rolê e que trabalha como ajudante em um escritório de contabilidade; passando pelo Miro, que é o contador desse escritório e consequentemente patrão do Alessandro; até mesmo o arquiteto Kadu, que começou a se aventurar com seu longboard recentemente com essa galera; eu, que nunca me destaquei pelo que ando, mas pelo que faço na área social utilizando o skate; o Marquinhos, que é músico independente e sempre trabalhou em lojas de skate; portanto acredita que vai andar de skate pelo resto da vida e até mesmo o Noel; um cara muito engraçado que herdou esse apelido da época de criança, quando devido às suas histórias mirabolantes, era conhecido como Papai Noel; ou seja, todos ouvem falar, mas ninguém acredita nele de verdade. O Noel chegou a fazer faculdade, mas não seguiu na área; hoje tem uma lanchonete junto a sua mãe, onde servem os lanches mais gostosos e mais baratos de Poá; o negó-

Noel, feeble.

cio está prosperando tanto que ele vai mudar para um salão maior, para atender mais clientes. Ao ver aqueles caras andando até de uma forma tímida, entre alguns skatistas que estavam “fritando” o pico, como o Ricardo Dexter, que encontramos por lá; porém todos estavam com o verdadeiro sorriso de satisfação no rosto. Até eu entrei na onda e finalmente comecei a aprender umas linhas nas curvas do tribanks, modalidade em que nunca tive muita intimidade. Foi contagiante e dá vontade de voltar no pico e andar até chegar nas bordas. Volto a dizer aqui que grupos como esses estão espalhados por todos os cantos do mundo e são eles que, de certa forma, mantêm o skate vivo, pois trabalham, compram seus materiais nas skateshops e fazem o mercado girar. Portanto, para a galera que desanima em não poder colaborar com o skate sendo um skatista profissional de renome, colabore como esses profissionais de diversas áreas de atuação colaboram. Estudem, consigam bons trabalhos e principalmente se divirtam andando de skate para o resto de suas vidas, com seus amigos, seus filhos e etc. Esse é o desejo da coluna Manobra do Bem para o 2012 que se aproxima, OK?

APOIO CULTURAL



O QUEEE???

Pohesia: “Não confunda jamais conhecimento com sabedoria.um ajuda a ganhar a vida o outro a construir uma vida”

POR POIS É*

MÊS LONGO, PÁ DE EVENTO LOCO. NESSA EDIÇÃO, O SWU TEVE GRANDES SHOWS E ÓTIMA ESTRUTURA. FUI EM UM DIA SÓ E TROMBEI O SNOOP, CAMARADA DE MILI. FOI BEM LOCO. TEVE TAMBÉM UMA FESTA NA EVOKE, COM LANÇAMENTO DOS ÓCULOS DO DJ ZEGON, COM DIREITO A CHURRASCO, PESSOAS LEGAIS E AQUELA VIBE DE SEMPRE... SÓ QUEM É... ENTRE OUTRAS FESTAS QUE JÁ NEM LEMBRO... TENDEU? QUERO DESEJAR UM ÓTIMO FIM DE ANO A TODOS! DE CORAÇÃO MESMO, LEITORES DA TRIBO SKATE E BOA NOOO... MUITO SKATE, AMOR NO CORAÇÃO E PAZ! TAMOJUNTO.

Rapaziada na festa da Evoke(Zegon).

Eu ,Theo e Zegon.

Dr, Paulo Bixo e Badaui, Evoke.

Patricia de Jesus nas pick ups.

Rapaziada do TCC facu Anhanguera.


Sportmix RJ, tamojunto.

Badaui modelito purulu.

Show do Snoop.

Sportmix.

Snoop representando.

Rapaziada no SWU.

Sportmix RJ

Snoop representando 2.

Festa da Ramona, Dudu, eu e Black Blue.

Fique esperto, você pode ser o “zoião” do próximo mês!

Zegon e eu no Secreto.

Ramona e Gustavo.

*Alexandre Biondi Miranda “Pois É”, 30 anos de skate (Careca e barba by Marquinhos Barone - Ouro Fino)


tai tai // feliz natal

98 | TRIBO SKATE janeiro/2012




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