NIKE SB CHRONICLES • GUI ZOLIN • MYLLYS PRO • O INIMIGO • BEN HARPER
FABIO PIRES
UM BRASILEIRO NA GELADA FINLÂNDIA
MATRIZ 10 ANOS UMA DÉCADA DE BONS MOTIVOS
GOIÂNIA MIL GRAU TERRA QUENTE, SKATE PESADO
Marcello Gouvea, hardflip Ano 21 • 2012 • # 196 • R$ 8,90
www.triboskate.com.br
índice //
Capa: a eterna briga interna entre skatista e skate é uma marca registrada de Marcello Gouvea. Na busca constante por situações inéditas, ele se lança nos desafios sempre com muita vontade e não desiste enquanto não conclui suas ideias. Imenso hardflip into bank pedregoso. a cara dele. Foto: Caetano Oliveira ÍNdICe: Silhuetas são legais para brincar de adivinhar o que está na frente do Sol. Neste caso, é o Guilherme Trakinas avançando sobre o cano redondo, numa tarde de verão. Foto: Marcelo Mug
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fevereiro 2012
EspEciais> 042. Matriz 10 anos Bons motivos para comemorar 048. Goiânia Mil Grau terra quente, skate pesado 060. Fabio pirEs a vida na gelada Finlândia sEçõEs> editorial..........................................014 Zap .......................................................020 luZ........................................................072 casa nova .......................................082 Hot stuFF .........................................084
Áudio ..................................................088 skateBoarding militant........092 manoBra do Bem.........................094 Boa nooite......................................096 tai tai .................................................098 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 13
RAPHAEL KUMBREVICIUS
editorial //
Novos nomes vão conquistando seu espaço, com o domínio da técnica e da boa imagem do skate. Alexandre Calado é um deles. Noseslide.
2012 – Casa Nova
I
niciamos este ano num escritório diferente. Temperatura climatizada, mesas limpas, cadeiras confortáveis, iluminação perfeita, piso acarpetado, novas linhas de telefone. O ambiente renovado faz parte da Pátria Editora, onde mantemos nossas conexões com o universo que sempre participamos e fomentamos: o skate. Depois de 20 anos, encaramos um novo desafio de aprimorar nossos veículos de comunicação (a revista e o site), mas sem perder a essência e a personalidade. Este é o nosso maior patrimônio e justamente por isso uma editora com maior estrutura e vários títulos está fortalecendo a Tribo Skate. Continuaremos sendo os parceiros íntimos de nossos leitores cativos, mas não deixaremos de cuidar de todos aqueles que se interessem pelo universo do skate, esse grande caldo cultural que dita tendências e cada vez mais significa inclusão social. Desde nossa primeira edição, no longínquo 1991, procuramos refletir todas as vertentes do skate, sejam modalidades, terrenos, categorias e continuaremos nessa missão. Nosso envolvimento real com a causa do skate nos trouxe até aqui, num cenário completamente diferente do caos do início dos anos 1990. Temos consciência plena do papel que exercemos para o desenvolvimento do esporte e do mercado e que nossos parceiros comerciais e editoriais foram fundamentais na criação de um nome tão forte no mundo editorial. Comemore conosco o novo momento da “nossa” Tribo Skate. Vamos que vamos! (Gyrão)
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ANO 21 • FEVEREIRO DE 2012 • NÚMERO 196
Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Direção de Arte: Edilson Kato [Cacilda Design] Redação: Marcelo Durigan de Freitas Almeida “Mug”, Felipe Minozzi “Fel” e Guto Jimenez Site: Felipe Minozzi “Fel” Editor de fotografia: Shin Shikuma Staff: Caetano Oliveira e Marcelo Mug Colaboradores: Texto e fotos: Alexandre PoisÉ, Sandro Soares “Testinha”, Antonio dos Passos Jr. “Thronn” Texto: Helinho Suzuki, André Viana, Lauro Neto Fotos: Raphael Kumbrevicius, Thomas Toddy, Tiago Ferreira, Breno Jacubovski, Julio Cesar da Cruz “Detefon”, Alex Brandão, Kai Kuusisto, Mats Kahlström, Justus Hirvi, Breno Carollo. Ilustração: Ernani Craveiro Warwick “Tai Tai”
JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (danielaribeiro@triboskate.com.br) Fone: 55 (11) 3583 0097 www.patriaeditora.com.br Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec
Impressão: Ibep Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900
Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional
Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br
A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br
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Nate Fantasia, flip sobre o b-boy.
Nike SB Chronicles //Qual o melhor lugar pra um evento de skate? E pra uma premiere de vídeo? Se você gritou Cine Olido, MIS, IAPI, Hi Adventure ou outros lugares já conhecidos pela nação do skate, foi preguiçoso. O melhor lugar, no caso do Nike SB Chronicles, foi o Hangar 1, no aeroporto Campo de Marte, zona norte de São Paulo. Skate no meio dos aviões? No mínimo, inusitado. O hangar virou uma pista de skate, que foi massacrada por caras como Cezar Gordo, Rodrigo Petersen, Rafael Finha e Fabio Cristiano, que botaram o novo tênis P-Rod 5 pra provar quem é bom na lixa. Alguns sortudos que compareceram ao evento puderam dividir os obstáculos com os profissionais da marca, e aprender de perto como é que se faz. A ONG Social Skate, do co-
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Por Redação // fotos ThomaS Toddy
lunista tribal Sandro Soares, o Testinha, também compareceu e mostrou que a molecada carente tá com o skate e a vontade nos pés. Eles participaram de oito baterias com dez skatistas cada. De cada bateria, saiu um escolhido que saiu de Nike novo pra casa. Presentaço pra meter na lixa! Como em muitos eventos de skate, mais elementos da cultura de rua foram inseridos na história. O grande DJ King deu o tom nas pickups e os b-boys terminaram de riscar o chão com os tênis, testas e mãos. Pra quem não era do rap, a banda Garage Fuzz encerrou a noite com um som de respeito, como sempre. Rock de primeira qualidade, trilha sonora boa pra qualquer sessão de skate.
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Sandro Testinha e auri.
dJ King.
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zap // > Nike SB Chronicles
Cezar Gordo, noseblunt slide.
O grande astro da festa era o vídeo The SB Chronicles Vol. 1, que deixou todo mundo boquiaberto com as manobras, edição e qualidade das imagens, já que foi filmado inteiramente em HD. O time da marca você já deve conhecer, mas mesmo assim temos que dizer que o primeiro vídeo da trilogia conta com as partes de Chet Childress, Youness Amrani, Clark Hassler, Stefan Janoski, Daniel Shimizu, Lewis Marnell, Grant Taylor e Wieger Van Wageningen. Tá bem pesado. E se você pensa que São Paulo estava sozinho nessa, se enganou. A premiere rolou simultaneamente em várias cidades do mundo: Los Angeles, New York, Tampa, Londres, Paris, Milão, Melbourne e Hong Kong. Chique ou não? Sabemos que não adianta muito dizer isso agora, mas se você não estava em nenhum das cidades citadas no momento da festa, ainda podia comprar uma breja, um salgadinho e conferir a transmissão online do evento, com os pés pra cima do conforto do sofá de casa. Se você ainda não viu o vídeo, pode tentar conseguir o DVD ou ir até o iTunes e comprar. Fica aí a dica!
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Quando você estiver lendo isto, o novo Truck Gold da Liga Trucks já estará disponível pelas skateshops do país. São duas opções de cores: preto e dourado. A qualidade nem precisa falar, pois é feito por quem anda de skate! • (2) Cada vez mais marcas que não se originaram no skate enxergam o potencial do carrinho. A Maresia é uma delas, e já puxou Suênio de Sousa, natural de Fortaleza – CE, para o seu time. Boa sorte às duas partes! • Danilo Dandi e Danilo Cerezini têm uma relação de longa data. Dandi foi responsável pelo primeiro patrocínio de Danilo e, agora, é a Cerezini Skateshop que abraça Danilo Dandi. • O cabreiríssimo Leonardo Spanghero agora faz parte do time da Thisway, ao lado de Robervaldo Tio, Mailton dos Santos, Felipe Félix, Yuri Sapucaia e Rafael Anticaglia (videomaker). A equipe tá boa ou não? • (3) A Evoke lançou mais um modelo de óculos, com a assinatura de Biano Bianchin, um dos skatistas de maior projeção no cenário nacional. Mais um da Signature Series! • Fabio Sleiman agora usa as famosas e polêmicas pulseiras Power Balance. Além disso, também representa a G-Form em cima do carrinho.
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fotos thomas toddy
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No Baixo augusta Dia 16 de dezembro, na loja Lord-X, que é a primeira loja com produtos para skate da baixa rua Augusta, foi realizada um sessão de autógrafos com a equipe Hubba Brasil. Os skatistas Junior Pig, Ricardo Dexter e Marcos Noveline encontraram-se com alguns skatistas para a comemoração do início do trabalho da loja com skate. Os proprietários Tadeu Bernardes, Cris Varkulza e a atriz Renata Novas, que fez a Hubba Girl, são os responsáveis. Agora, quem passar na Augusta baixa tem a opção de parar na Lord-X para conferir os produtos para skate.
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Feminino 1.
Kauê Cossa, ss crooked.
iniciante.
Feminino 2.
Victor Bob, fs feeble.
o Brasileiro amador em sBC Por LauRo NeTTo/CBSK // fotos JúLio deTeFoN/CBSK O segundo Campeonato Brasileiro Amador da CBSK de 2011 foi mais democrático que a edição anterior. Com representantes dos estados do Ceará, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o evento reafirmou que o skate é um fundamental elemento agregador social para a juventude. A pista de São Bernardo do Campo/SP, recebeu skatistas da grande São Paulo e também alguns que viajaram até 48 horas de ônibus, como o caso da delegação de Sergipe. O que se viu foi um fim de semana de muitas manobras, de altíssimo nível e de uma linguagem única. Entre os iniciantes, os pais os acompanhavam de perto e eufóricos. Yuri Sapucaia de São Caetano do Sul acabou na primeira colocação, seguido pelo Luiz Francisco, de Lorena SP e Leonardo Bodelazzi, local de SBC. Na categoria Feminino 2, Gabriela de Praia Grande SP levou a melhor. Vindo de Aracaju SE, Sabrina Neto em segundo, seguida de Juliana Lima, de Santo André. Na categoria Feminino 1 a pequena Pamela Leite, de São José dos Campos mostrou muita base, com direito a flips, fee-
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bles na trave, entre outras manobras técnicas, assim, sagrou-se campeã! Na segunda colocação, ficou Bia Sodré, do Rio, seguida de Edilândia Mesquita, de Sobral no Ceará. Depois das meninas e dos mais jovens, foram para a pista os 10 melhores amadores da fase eliminatória. Foram 4 skatistas de São Paulo, um pernambucano, 2 gaúchos e 1 skatista da Bahia na grande final. Mesmo sob um sol escaldante, os 10 metralharam a pista. Oséias Borges de São Paulo, que passou em primeiro para a final, não conseguiu repetir o ótimo aproveitamento e cedeu a Kauê Cossa, local de São Bernardo, que indiscutivelmente foi o melhor, a primeira colocação. Kauê além do título e da premiação, levou uma passagem aérea para Buenos Aires, na Argentina. Assim, Oséias terminou em segundo e o pernambucano Victor Bob, em terceiro. Resultados Iniciante 1º Yuri Sapucaia 2º Luiz Francisco 3º Leonardo Bodelazzi
Feminino 2 1º Gabriela 2º Sabrina Neto 3º Juliana Lima
Feminino 1 1º Pâmela Leite 2º Bia Sodré 3º Edilândia Mesquita
Amador 1 1º Kauê Cossa 2º Oséias Borges 3º Victor Bob
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Gui zolin deSTa Vez o BomBaRdeio de iNdaGaçõeS do LiNha VeRmeLha Foi diReCioNado PaRa maiS um TaLeNTo NaSCido Na Cidade de eSTeio, No Rio GRaNde do SuL. Sim, o iNdiCado deSTe mÊS é NiNGuém meNoS Que GuiLheRme NuNeS zoLiN, maiS CoNheCido PoR NÓS SKaTiSTaS Como Gui zoLiN, Que ReCeBeu aS QueSTõeS doS LeiToReS e de amiGoS PRÓXimoS, Tudo aTRaVéS da CaiXa de meNSaGeNS eLeTRÔNiCa da TRiBo SKaTe. e Já Pode BoTaR a CaiXoLa PaRa FuNCioNaR, PoiS o PRÓXimo eNFoCado do PRÓXimo mÊS é o PRoFiSSioNaL RoGeRio maNCha. Por maRCeLo muG // fotos aLeX BRaNdão • Se você pudesse escolher qualquer lugar do mundo agora para ficar 15 dias só andando de skate, para qual cidade você iria? (Daniela A. Ferreira, Londrina, PR) – Tem muitas cidades que eu ainda não fui andar de skate, mas hoje em dia eu iria com certeza para a China. Lá tem muito pico perfeito e a arquitetura serve também de inspiração para andar de skate. • Tenho um amigo da antigas do skate me disse uma vez que viu você bem pequeno na revista dando um ollie numa escada grande, e aquela era a época do vídeo Television, de uma marca que você tinha patrô. Quais são as lembranças que você tem daquela época e quais foram as mudanças no skate e na sua vida? (Mauricio Nava, Volta Redonda, RJ) – Foi na época que teve um campeonato profissional em Santa Cruz, aqui no interior, e eu tinha patrocínio de uma loja que apoiou o campeonato. Foi todo mundo de Esteio e arredores pra esse campeonato. Isso foi em 1993, eu tinha 10 anos; conheci todos os profissionais, veio muita gente; o pessoal da Tribo também. Eu era fã número um do Tarobinha, ganhei autógrafo dele que eu tenho até hoje! Aí, depois desse evento o Ari Bason, Gyrão, Bolota e o Danielzinho Arnoni vieram pra Esteio e ficaram na minha casa; eu os levei pra algumas pistas e praças daqui; filmei umas paradas que saíram no Television e foi nessa que também saiu minha primeira foto na revista. Foi muito bom pra mim, aprendi muita coisa bem novo. • A sua parte no Freeday Movies é uma das minhas preferidas para assistir antes de andar de skate. Qual foi a manobra mais suada da sua parte e qual parte desse vídeo você mais gosta de assistir hoje em dia? (Adailton Freitas, São José dos Campos, SP) – Acho que foi o nollie flip na escada. Já era um dos últimos dias da trip pra Barcelona, estava quebrado, tinha uma escolinha do lado, muitas crianças brincando
// GUILHERME NUNES ZOLIN 28 anos, 24 de sKate PatrocÍnios: HocKs rouPas, HocKs sHoes, liGa trucKs e matriz sKatesHoP
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em volta; até na parte do Dandi aparecem as crianças apavorando. Eu curto todo o vídeo, porque a gente participou de toda a produção, então é muito gratificante e tenho prazer de ver este filme. • Quando você ganhou o carro no campeonato da Qix, o que você fez com ele? Ficou ou vendeu? (Cezar Gordo, Porto Alegre, RS) – Isso foi em novembro de 2002; fiquei andando com ele até março de 2003. Fui pra Tampa correr o campeonato e ficar uma semana, acabaram rolando umas paradas, aí fui pra Costa Mesa direto de Tampa; liguei pro meu pai, falei pra ele vender o carro pra ficar por lá mesmo. Ele vendeu e eu fiquei seis meses no EUA. Voltei, fui pra Europa, fiz a trip pros eventos, voltei pro Brasa, depois fui pros EUA de novo, fiquei mais seis meses. Nesse meio tempo ganhei outra moto também, enfim, fiquei ao todo quase três anos viajando direto, isso não tem dinheiro que pague. • Como foi morar em uma casa ao lado do IAPI com Daniel Febem, Russo, Dandi, Gui Da Luz, Cabral e mais uma banca que colava lá? (Cezar Gordo, Porto Alegre, RS) – Foi uma época muito boa, era skate de manhã, à tarde e à noite; do lado do IAPI. Tinha você (Gordo) de vizinho também. A casa estava sempre cheia; colava cinco vezes por dia no IAPI. Sempre tinha alguém pra andar junto, isso era da hora! A gente nunca teve uma briga entre nós; todos se respeitavam; fizemos até uma viagem pra Europa todo mundo junto; menos o Gui da Luz; mas chegou uma hora que perdeu o controle da casa, chegava gente de fora direto lá sem avisar; às vezes pessoas que a gente nunca viu na vida. Aí foi reduzindo a galera e ficamos só eu, o Russo e o Dandi. Aí fomos para um apê e resgatamos o Gui da Luz de volta; mas foi umas das melhores épocas da minha vida. • Como que é ter um model de tênis assinado? Você que escolheu e desenhou todo o tênis? (Luis Augusto Collaço, São Paulo, SP) – É um sonho que se concretizou. É muito style passar na rua e ver alguém caminhando ou andando de skate
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Gui zolin
Backside Smith grind.
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com o tênis que tem seu nome, viajar pra vários lugares diferentes e ver o pessoal usando. Eu participei do desenvolvimento do tênis, quem desenhou foi o Paulinho; já trabalhei com ele em outras marcas por bastante tempo; ele já sabia qual o estilo e o jeito do tênis que eu gosto de andar, então foi mais fácil de a gente chegar num produto bom. • No início do ano passado nasceu a tua filha, Luisa. O que mudou com o nascimento dela? Isso te incentiva mais a andar de skate? (Rafael Russo, Porto Alegre, RS) – Muda quase tudo na rotina; agora tenho que pensar nela em primeiro lugar! Tenho mais força e vontade de andar sabendo que tudo que eu faço é pensando num futuro bom pra ela. • Você, o Rafael Russo, Daniel Crazy, Gui da Luz, todos vieram de Esteio. O que tem na água desse lugar pra nascer tanto cara cabrero? (Jonathan Figueiredo, Aracaju, SE) – Esteio sempre foi forte no cenário do skate; eu cresci vendo muita gente boa daqui andando, tinha o Duka, o Alexandre Ribeiro (R.I.P.) que foram profissionais também. • Você parece ser um cara bem calmo, tranquilo. Tem alguma coisa que te tira do sério? (Rafaela Martins, Rio de Janeiro, RJ) – Acho que é muito difícil mesmo me tirar do sério. • Qual a pista mais louca que você já andou na sua vida? E o melhor pico de rua? (Guilherme Ortega, São Paulo, SP) – Pistas foram várias; aí tem as plazas também, mas o melhor pico de rua foi uma borda que saiu um nosegrind em Berlim. • O que você acha do profissionalismo das marcas com o skatista? (Masterson Magrão, São Paulo/SP) – Hoje em dia eu tenho a sorte e o prazer de andar para marcas que os donos são realmente skatistas, mas quem não tem essa sorte tem que passar por muita coisa de cabeça baixa. Isso é a pior coisa que tem, você não ter voz ativa, não pode dar uma ideia. Tem muita marca que não tem um plano de marketing; você começa e termina um ano sabendo só que você precisa andar de skate, mas sem nenhuma meta. Fora algumas marcas que não pagam os atletas, só entram com materiais. Como eu vou pagar um aluguel, uma luz, com material? Mas está tudo melhorando; logo mais as marcas vão ser de skatistas pra skatistas, aí a gente sabe o que a gente precisa. • Cite dois skatistas brasileiros e dois gringos que influenciaram seu jeito de andar. (Marcos Rodrigues, Curitiba, PR) – No jeito de andar acho que não tem, porque cada um tem seu estilo, mas quem me influencia é o Cezar Gordo e o Rodrigo TX no Brasil, e o Guy Mariano e o Mike Carrol na gringa.
Próximo enfocado: RoGeRio maNCha envie suas PerGuntas Para TRiBoSKaTe@TRiBoSKaTe.Com.BR, com o tema LiNha VeRmeLha – RoGeRio maNCha. coloque nome comPleto, cidade e estado. abraço! 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 33
fotos divulgação
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Legends: fortes raízes San Diego, CA, 15 de novembro de 2011. Nesta data a Gordon&Smith, tradicional fabricante de pranchas de surf e skates, anuncia que estabeleceu uma parceria com a Fraga Moreira Ltda./Legends Skate’nboards para serem seus agentes de licenciamento no Brasil, com o objetivo de dar às marcas uma forte presença no país. Esta parceria faz parte do objetivo de relançamento das mesmas, aumentando sua penetração a nível mundial. A Gordon&Smith e a G&S têm uma rica história de inovação nos segmentos de surf e skate, presentes nestes mercados há mais de 50 anos. Esta história de sucesso foi iniciada em 1959, quando produziram a primeira prancha do mundo com espuma de poliuretano; em 1964 lançaram os shapes de skate “Fibreflex”, revestidos com fibra de vidro, e nos anos 70 lançaram o modelo “Warptail”, até hoje o skate mais vendido do mundo. Justin Beck, presidente da Gordon&Smith declarou: “As marcas Gordon&Smith e G&S possuem admiradores em todo o mundo. Nosso objetivo é atrair cada vez mais as novas gerações de surfistas e skatistas de vários países para nosso lifestyle, com uma linha de produtos premium. O Brasil é um país perfeito para iniciarmos este trabalho a nível mundial, com sua vasta costa com centenas de praias para o surf e um público cada vez maior de skatistas e surfistas.” Fabio Fraga Moreira (marketing), Valerio Lopes (distribuição e varejo) e Franck Maudet (licenciamento), sócios diretamente envolvidos neste empreendimento, afirmam: “Estamos empolgados com a oportunidade de reintroduzir a G&S no Brasil. Nossas conexões com potenciais licenciados de produtos de alta qualidade, com uma sólida penetração nos segmentos de varejo de surf e skate são um ativo importante para a Gordon&Smith. Estaremos diretamente envolvidos no projeto para dar apoio local aos nossos revendedores e clientes. É uma grande marca para um grande país.” Este projeto para o Brasil foi iniciado há um ano, com a estruturação de um centro de distribuição e revenda de skates longboard e old school na cidade de São Paulo, no bairro do Morumbi, o qual entrou em operação em novembro. O local de 250m quadrados conta com um showroom e uma Concept Store planejados para atender a clientes lojistas de todo o Brasil e também consumidores da região, com modelos exclusivos da Gordon&Smith, a marca principal do grupo. Através deste local se pretende expandir a distribuição para 250 pontos de venda até o final de 2012, os quais serão criteriosamente selecionados pela Legends.
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hatsuo Pop, Jorge Kuge, Gyrão, okamoto e marcelo.
Ragueb e a cruz da Gardhenal.
expo.
maninho atento.
a hora do vídeo.
Concrete search tour + Gardhenal // texto e fotos ShiN ShiKuma No dia 14 de dezembro de 2011, rolou na Secretspot Skateshop, no Ipiranga, a inauguração da exposição de fotos da tour que rodou o sul do país em busca das pistas de concreto, encabeçada por Biano Bianchin e Ragueb Rogério. Feita na raça e com recursos próprios, foi uma experiência de resgate das pistas esquecidas pelo tempo, evidenciando também algumas novas, sempre com muita vontade de andar e se divertir em qualquer situação. Tudo foi devidamente registrado pelo olhar apurado de Marcelo Mug, produzindo
um material de alto impacto visual, com participação de skatistas como Marco Cruz, Renato Souza, Miguel Catarina, Mauricio Boff e Gustavo Caverna. No mesmo local, de bônus, ainda com Ragueb, uma exposição de sua marca, a Gardhenal. Com forte pegada punk, é uma pequena coletânea de tudo que foi produzido ao longo de uma década de muito skate e parcerias memoráveis, com Duane Peters, JM, Bruno Zóio e Billy Argel. Memorável! Fora isso, a oportunidade de conhecer a mais nova loja de skate de SP, ao lado do Parque da Independência, trabalhando com conceito num dos picos de skate mais históricos e antigos dessa cidade. 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 37
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35 anos de Nova Iguaçu um senhor aniversário tiago ferreira
o iNíCio de dezemBRo maRCou o aNiVeRSáRio da PRimeiRa PiSTa de SKaTe da améRiCa LaTiNa: 35 aNoS do SKaTePaRK de NoVa iGuaçu. Foi um VeRdadeiRo eNCoNTRo de GeRaçõeS e CoNTou Com aTiVidadeS CuLTuRaiS e eSPoRTiVaS Com SeSSõeS de SKaTe, BeST TRiCK e deSaFioS. // Por aNdRé ViaNa
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douglas ugry, ollieoop.
Breno JacuBovski
Estiveram presentes praticamente todas as gerações - 70, 80, 90 e 2000. Entre os presentes foram homenageados Rafael Alentejo, Vitor Sodré, Yndyo Tassara, Roberto Hoho, Tobias Soares, Sidney Cabeludo, Cristiano Mateus, Otio, Maninho, Dílio, Ricardo Chato, Cesar Gyrão, Paulo Lester “Chininha”, Rennê Nunes, Tirulim, Zunga entre outros. Sergio China, autor do projeto original da pista e mentor da primeira associação de skate do Brasil (1975), também fez seu rolê, mesmo estando parado há mais de 20 anos. O evento contou com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer de Nova Iguaçu, representada pelo secretário Fausto Azevedo e contou com a presença da prefeita Sheila Gama. Um encontro de grafiteiros organizado pelo Dante BXD, foi armado na véspera. Contou com mais de 30 artistas com mais de 80 metros de parede grafitados, revitalizando toda a área. Para a nova geração, houve um desafio na Plaza valendo usar o corrimão, a rampa, o gap e a borda. Os vencedores foram: João Lira, entre os iniciantes, com um hard flip descendo o gap; Willian Pequeno, amador, que acertou um fakie flip tail slide big spin out descendo a borda; Taiane Batatinha entre as meninas, com um rockslide no corrimão. A competição continuou na quadra e a modalidade jump ramp foi vencida pelo profissional Cristiano Mateus. No ollie em altura, deu Pedro Dylon. Na pista velha rolaram mais dois desafios. No iniciante, o vencedor foi o local de Nova Iguaçu, Samuel Ferreira, que mandou um kick flip subindo a plataforma e Icaro Yuri “Chaves” que mandou um bs feeble to bs tail slide no corrimão adaptado na borda. No terceiro dia de evento os skaters old school de Nova Iguaçu droparam a pista com vontade e estilo, com destaque para o Sergio China, Ricardo Chato, Hotio e Dílio. A primeira competição do dia foi um best trick de longboard, vencido pelo Leonardo Zig, da 88. Na sequência, rolaram as sessões de old school, e os skaters que venceram os best tricks foram: master - Douglas Ugry; grand master - Eduardo Trambique; legend - Ricardo Chato e grand legend - Cesar Gyrão. A saideira foi o tradicional ollie em altura e em distância. Os dois desafios foram vencidos pelo pro local Douglas Ugry. Outros destaques foram o street skater Pedro Henrique “Neném” e Cabeludo de Volta Redonda; Nilo Peçanha, Nicolas Grilo, Celso Chefe, Bolinho, Leandro Gambá; o carveboarder El Chavo com seu skate gigante que lembrava uma prancha de surf e a galera do Chamas Skates, que resgata a cultura da década de 70. O secretário Fausto Azevedo anunciou a intenção do tombamento da pista de skate de Nova Iguaçu como um patrimônio cultural e esportivo do município e a institucionalização do dia 4 de dezembro como o dia municipal de skate. A importante história da primeira pista do Brasil terá outro grande momento em 2012, com o lançamento do documentário que está sendo produzido pelo Paulo Chininha, que terá o nome “Praça do Skate” e deverá participar de alguns festivais.
Leonardo zig, old bert slide.
Breno JacuBovski
Breno JacuBovski
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ícaro yuri Chavinho, fs bluntslide.
Breno JacuBovski
Nova geração.
Breno JacuBovski
andré Viana, fs carving.
Breno JacuBovski
Breno JacuBovski
Ricardo Chato, layback tailblock.
tiago ferreira
Breno JacuBovski
Cocada, andré, Gyrão, Fausto, yndyo, Cris.
Sérgio China, fs kick turn.
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Myllys Pro: o primeiro p贸dio
Rodrigo maizena, bs nose bluntslide.
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Por CeSaR GyRão // fotos JúLio deTeFoN O retrospecto do skate de Rodrigo Maizena é monstruoso: como amador levantou vários troféus, conquistou capas e entrevistas em revistas, produziu vídeos, viajou por vários estados do país. Como profissional, apenas ampliou estas conquistas, circulando em países da América do Sul, nos Estados Unidos e Europa. No circuito brasileiro, ainda faltava fazer um pódio, o que ele conseguiu com tranquilidade no Myllys Pro em João Pessoa/PB, no fim de 2011. Esta foi a última etapa do ranking 2011 da CBSK e Maizena estava entre os três melhores, ao lado do Rodil Ferrugem, que levantou seu 12º título de campeão brasileiro com mais uma vitória. Rodrigo, este foi seu primeiro pódio como profissional. Como foi a comemoração? Na real, rolou tipo uma zoeira, pois eu estava tentando um 360 flip na escada, e daí juntaram uns 60 reais. Quando acertei, me deram a grana, daí compramos tudo de breja e comemoramos. Cada um foi dando mais uma merreca e foi daquele jeito, HAHAHAHA! O Myllys Pro é um evento numa skate plaza, em jam session. Você estava à vontade pra andar como gosta? Sim, Pois é diferente de ter um minuto de pressão e também você tem tempo pra respirar entre uma manobra e outra! No seu entender, quais foram os grandes momentos em João Pessoa? A galera nordestina é sempre muito receptiva, então, como eu falei pra Jason (Alexander), que enquanto eu tiver força e ajuda dos patrocínios, sempre irei para Jampa, pois lá todos momentos são bons, graças à humildade e fraternidade dos paraibanos. Qual a importância de correr o circuito brasileiro para você? MAKE SOME MONEY! Viajar é bom né?
Resultado da etapa: 1º Rodil Jr. Ferrugem 2º Laurence Reali 3º Rodrigo Maizena 4º Danilo do Rosário 5º Marcelo Formiguinha 6º Diego Fiorese 7º Diego Oliveira 8º Fabio Castilho 9º Danilo Cerezini 10º Marcelo Marreco
Ranking Street Pro 2011: 1º Rodil Ferrugem 2º Danilo do Rosário 3º Diego Oliveira 4º Laurence Reali 5º Marcelo Formiguinha 6º Diego Fiorese 7º Rogério Febem 8º Paulo Galera 9º Rodrigo Maizena 10º Willian Seco 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 41
matriz skateshop // 10 anos
Aniversário da Matriz Skateshop
Uma década de bons motivos EU NÃO TENHO DÚVIDAS DE QUE O ANIVERSÁRIO DE 10 ANOS DA MATRIZ SKATESHOP FOI O MELHOR CAMPEONATO DO ANO DE 2011. UMA SÉRIE DE FATORES ME AJUDARAM A CHEGAR NESSA CONCLUSÃO. E COMO A FESTA FOI EM COMEMORAÇÃO A UMA DÉCADA DE VIDA DA SKATESHOP, ENCONTREI 10 MOTIVOS PARA O SUCESSO DO EVENTO QUE ENCERROU O CALENDÁRIO PROFISSIONAL EM GRANDE ESTILO. // TEXTO E FOTOS MARCELO MUG
// 1. LOCAL Escolher uma boa pista ou construir obstáculos decentes é um fator importantíssimo para o sucesso de qualquer campeonato. Se não bastasse escolher o IAPI, uma unanimidade positiva entre os streeteiros, o pessoal da Matriz modificou os obstáculos da skate plaza com novas rampas, traves, hidrantes e barril. O que já era bom ficou ainda melhor. // 2. ORGANIZAÇÃO Um campeonato de algumas horas demora meses para ser planejado e concretizado, e exige uma grande dose de organização para que tudo saia no jeito. Assessoria de imprensa, massagista, atrações para o público, arquibancada, seguranças, sistema de som, identidade visual, nada pode dar errado. E nada deu errado. // 3. CONCEITO É algo de skatista para skatista; quem planeja e decide tudo são skatistas de carne e osso, e isso faz muita diferença. Quem é louco de não querer participar da festa-campeonato onde os anfitriões são ninguém menos do que Cezar Gordo, Marcus Cida e Rodrigo TX? // 4. DÉCADA Não é todo dia que uma skateshop completa uma década de vida no Brasil e, diga-se de passagem, uma década bem vivida. Uma data importante enobrece qualquer festa, ainda mais quando ela simboliza os dez anos de história de uma skateshop que contribui com a evolução do skate e dos skatistas no Brasil. // 5. LISTA DE PESO A grande atração de um campeonato de skate são os próprios skatistas, e esse ano a pista estava tomada pela nata do skate nacional, tanto de amadores como de profissionais, vindos de todos os cantos. Quer alguns nomes? Então toma: Fabio Cristiano, Carlos Iqui, Rogério Mancha, Rodrigo Gerdal,
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Thiago Lemos, Gian Naccarato, Jhony Melhado, Fabio Castilho, Rodrigo Maizena, Dwayne Fagundes, Klaus Bohms e por aí vai. Isso sem contar as presenças ilustres dos gringos Rob Gonzalez e Nate Fantasia. Não preciso nem dizer que o nível de skate apresentado foi um absurdo. // 6. TRADIÇÃO Esse não foi o primeiro e nem será o último champ organizado pelo pessoal da Matriz. Quem foi o ano passado gostou, voltou esse ano e ainda trouxe mais amigos. Se a cada ano a coisa fica melhor, a expectativa para 2011 era grande. E foi cumprida. // 7. SOL Não adianta nada ter os melhores obstáculos, os skatistas mais fodas e, na hora “H”, cair aquela chuva e molhar todos os planos. Sorte também conta, e graças a São Pedro o aniversário da Matriz foi debaixo de um sol escaldante. // 8. FESTA Skate não é só skate, e todo skatista que se preza gosta de uma boa bagunça. Todos os anos a história se repete, e a balada pós-campeonato é clássica, com as belas gaúchas marcando presença e som de primeira. // 9. TX E LUAN Não é sempre que nós brasileiros temos o privilégio de ver andando ao vivo dois dos melhores skatistas que já pisaram neste planeta Terra. Sim, estou falando de Rodrigo Teixeira e Luan de Oliveira, juntos, no mesmo dia, no mesmo lugar, ambos inspirados e felizes com seus skates. Até um campeonato de truco fica emocionante com esses dois seres. // 10. MOTIVOS VIRAM MOTIVO Pensando bem, se conseguimos enumerar nove motivos diferentes para provar que o campeonato de 10 anos da Matriz Skateshop foi o melhor do ano, isso também se torna um motivo, certo?
Fabio Cristiano, 270 nose bluntslide.
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matriz skateshop // 10 anos
Douglas Molocope, bs nollie bigspin.
Luan Oliveira, bs nose bluntslide.
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Fabio Castilho, fakie hardflip.
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William Seco, ss flip.
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10 anos // matriz skateshop
Cezar Gordo.
ILoveIAPI.
Luan.
Rob Gonzalez.
TX.
Seco, Luan, TX.
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alta temperatura // goiรกs
GOIร NIA
MIL GRAU TEXTO E FOTOS CAETANO OLIVEIRA
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A
U 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 49
Silas de Almeida, flip frontside boardslide.
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goiás // alta
temperatura
F
Gleybson Barata, nosebump.
ui pra Goiânia conhecer o calor. Porra, que calor! Não dava pra andar antes das 14h00! Se você saísse nesse horário, poderia ter uma breve noção de como é ser um fósforo ambulante. Quem inventou essa história toda foi o Danilo Diehl. Estava falando pra ele que queria viajar pra algum lugar, talvez Floripa, Porto, qualquer lugar... Mas ele falou pra gente ir pra Goiânia, e que os caras de lá são skate de verdade. Se os caras são skate, “vamo aí, carai!” Chegamos lá de boa, andamos, compramos mantimentos... A noite estava foda; fomos comer uma pizza num lugar barato. Até então, de boa, nada de mais. Tinha visto que o trânsito é meio crazy life... A gente estava comendo e, de repente, surge um barulho de carro a milhão, com polícia atrás! Um pouco depois, tiros pra todos os lados; teve nego (não posso citar o nome) que pulou pra trás do carro de um jeito que valeria medalha em qualquer olimpíada. Seguindo com a perseguição, a Hilux (objeto de desejo de todo crazy life de Goiânia) entrou em uma lanchonete, atropelando várias pessoas e matando algumas. Os tiras chegaram na sequência e mataram os ladrões. Puta merda, que recepção calorosa! Ficamos em choque; cortou a brisa da rapaziada, mas tentamos pensar em coisas boas, como o dia seguinte, que prometia. Acordamos e fomos pra rua. Estavam na sessão Leo Coutinho e os caras da Simple, que são todos sangue bom. O único defeito dos caras é ouvir a mesma música os 12 dias de trip. De resto, nada a reclamar. Vi uma parte do skate de Goiânia e fiquei impressionado com a quantidade de picos. Isso sem falar nas mulheres... Todas quentes, talvez devido ao clima do local. Teve também uma disputa cabreira depois das sessões, mas foi no Playstation. Winning Eleven bombando; quase saiu treta, mas a rapaziada descontava no UFC improvisado. Aí entrava tudo: a raiva de perder no game, a raiva de não voltar a manobra e, ainda por cima, o fato de ter de conviver com os mesmos caras durante um bom tempo. Esse último era o motivo máximo pra dar porrada. Se você é daqueles que curte viajar e conhecer lugares diferentes pra andar de skate, eu recomendo Goiânia. Na real, eu recomendaria só pelo fato de ter muita mulher. Mas, além disso, tem os muitos picos, alguns deles inexplorados... Mármore virgem, ali, esperando você deslizar, com segurança olhando a sessão. Ah, esqueci de falar que a breja é barata também! Ou seja, corre pra lá, vagabundo. 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 51
alta temperatura // goiรกs
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“NÃO DAVA PRA ANDAR ANTES DAS 14H00! SE VOCÊ SAÍSSE NESSE HORÁRIO, PODERIA TER UMA BREVE NOÇÃO DE COMO É SER UM FÓSFORO AMBULANTE.”
Pedro Dezzen, nollie backside tailslide.
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alta temperatura // goiรกs
Danilo Diehl, switch backside flip.
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alta temperatura // goiรกs
Eliaber Dias "Cearรก", half cab heelflip.
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Kai Kuusisto
entrevista pro // fabio pires
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“Aí vão As últimAs fotos pArA A entrevistA. AgorA já está ficAndo bem difícil de AndAr nAs ruAs por Aqui; o inverno está próximo”. essA foi A primeirA vez que umA estAção definiu o deAdline pArA umA entrevistA nA tribo skAte. AfinAl, estAmos fAlAndo de temperAturAs que chegAm Aos trintA grAus negAtivos. fAbio pires Aproveitou os diAs quentes (ou menos congelAntes) e produziu essAs belAs imAgens diretAmente dA finlândiA, pAís nórdico pArA onde ele se mudou em 2005 e vive Até hoje com suA belA fAmíliA, sempre com o skAte Ao lAdo.
por mArcelo mug // Fotos justus hirvi, kAi kuusisto e mAts kAhlström
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Justus Hirvi
backside hurricane to fakie. “este pico fica em uma biblioteca na cidade de kerava, na região metropolitana de helsinki. esta foi a segunda vez que estive neste cano, e uma coisa boa é que o pico é liberado para andar.”
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fabio pires // entrevista pro
Q
ual a melhor lembrança que você tem dos tempos de amador no interior paulista? Difícil dizer uma, porque são muitas boas lembranças daquele tempo. Fui amador durante oito anos, entre meados dos anos 90 e começo dos 2000. Diria que as melhores lembranças são da época que existia o bar, a loja e a mini ramp da Posso!, um lugar onde compartilhei bons momentos com grandes amigos, assisti shows de muitas bandas alternativas e estive presente em sessões pegas na mini ramp. Neste tempo, sem dúvida, tive meus maiores aprendizados de vida. Só quem esteve presente por lá para saber como foi tudo que vivemos nessa época tão louca e especial em nossas vidas. Você teve uma ligação com o Rio de Janeiro por um bom tempo. Como surgiu esse forte elo, e o que você absorveu de bom dessa época? Surgiu através de um maluco chamado Gu Chi. Sua avó é de Caçapava e ele sempre passava umas temporadas por lá. Nos conhecemos através do skate e nos tornamos grandes amigos. Depois de um tempo, ele começou a convidar outros amigos do Rio para participar dos campeonatos de mini ramp que rolavam na Posso!, e isso foi muito legal, pois puxou nosso nível rápido. Os cariocas costumam andar muito bem em transições e são muito descontraídos nas sessões. Me tornei amigo de grande parte deles, nessas indas e vindas do Rio para o interior. Um dia, acabei entrando em uma barca rumo à Piracicaba, passando por São Paulo, Ubatuba e, por fim, fui parar no Rio pela primeira vez. Curti de cara a vibração do lugar e a rapaziada ali presente. Depois disso, continuei voltando sempre, fosse pra algum campeonato ou pra passar um tempo fortalecendo as amizades que tenho até hoje. Quando e por que você resolveu sair do Brasil para ir morar na Finlândia? Conheci o amor da minha vida. Por acaso, ela é finlandesa. Nos casamos em 2004 e decidimos vir juntos para a Finlândia um ano depois. Hoje, temos dois filhos lindos, e por aqui seguimos nossa vida em família. Como foi sua adaptação na Finlândia? Diria que não muito fácil, a princípio. Os dois primeiros anos foram de um grande aprendizado. Tive que começar a aprender o idioma, entender a cultura daqui e me adaptar com o clima. Levei quase três anos estudando finlandês para começar a me comunicar com as pessoas. É um idioma muito complexo, com pronúncia e acentos diferentes da língua portuguesa. Depois deste tempo, pude começar a entender melhor como as pessoas se relacionam e vivem suas vidas. Ficava muito chateado por não conhecer os picos de skate e, no começo, não tive grandes ajudas para encontrá-los. Por aqui, as amizades se conquistam com o tempo e, apesar das pessoas muitas vezes te rece-
berem com educação, isso não quer dizer que vão te dar confiança rapidamente. Ás vezes, até pelo fato de eu não me comunicar bem, dificultava muito esse lado. Muitos pensam que, por aqui, o frio do inverno é a única dificuldade em relação ao clima. Mas, para mim, a escuridão durante esse tempo é muito mais difícil. Nos meses de novembro e dezembro, as noites podem durar até 18 horas! Com certeza, sinto falta da culinária brasileira, mas aprendi a me virar muito bem com isso. Hoje em dia, tenho uma alimentação mais equilibrada e encontro, em supermercados asiáticos ou africanos, alguns alimentos para matar as saudades, como feijão e mandioca.
Tive que começar ‘‘ a aprender o idioma, entender a cultura daqui e me adaptar com o clima. Levei quase três anos estudando finlandês para começar a me comunicar com as pessoas.
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Qual a temperatura mais baixa que você já enfrentou? O que acontece com o skate durante o inverno? Rola de andar ou para tudo? A mais baixa foi trinta graus negativos, na Lapônia. Aqui em Helsinki, por ser uma cidade localizada na região sul do país, pode chegar até a uns vinte graus negativos em alguns dias do inverno. Com o skate, apenas não rolam mais sessões nas ruas. Temos por aqui a maior pista coberta de todos os países nórdicos, construída em um espaço subterrâneo que, na época da guerra, era utilizado como bunker. Lá dentro, andamos até de camiseta e desfrutamos de uma boa estrutura, com obstáculos de madeira e pedras de granito. Apesar do inverno ser longo e às vezes haver poucas pessoas para compartilhar as sessões, a pista costuma ser uma boa opção para deixar o skate no pé. Também encontramos espaços como estacionamentos e túneis grandes, onde rolam uns manuals e trilhos naturais. Nem sempre são tão quentes quanto uma pista coberta, mas é possível andar na boa. Muitos imaginam que você vive só do skate na Finlândia, mas, na verdade, você tem outras atividades no seu dia a dia. Quais são? Na verdade, não é mesmo bem assim. Mas é lógico que sigo fazendo trabalhos com o skate, entre fotos e vídeos. Não é apenas um trabalho, e sim uma prática que amo; quero continuar evoluindo. Além de ser muito divertido, é
um escape para todos os outros compromissos que tenho na vida. Apesar de ser patrocinado por uma empresa brasileira, não é possível viver só como skatista profissional. Moro em um país pequeno e, por aqui, também não há profissionalismo. Poucos por aqui podem dizer que vivem apenas andando de skate. Isso não quer dizer que não haja bons skatistas na Finlândia. Significa que quem quer viver este sonho tem que correr muito atrás, viajando para outros países da Europa e estando sempre presente nas principais mídias. Isso já não é uma realidade para mim, por não ter condições de apenas me dedicar ao skate. No momento, estou fazendo um curso profissionalizante de impressor gráfico. Faço parte de um grupo que administra uma galeria de arte chamada Myymälä2, e de outro coletivo de artistas chamado FUSE! Tenho um novo espaço de trabalho de arte, e lá pretendo evoluir o quanto for possível. Lógico que nunca deixando o skate de lado, mas conciliando cada coisa com seu tempo. Como você acha que a arte ajuda no seu lado skatista, e vice-versa? A arte me fez ver o skate com outros olhos. Talvez nem sempre valorizando as manobras mais difíceis, mas sim como são executadas. Procuro usar mais a criatividade e base, ao invés de ficar me matando para aprender alguma manobra muito complicada. Gosto muito de ser fotografado ou filmado; assim visualizo mais arte num contexto geral. O skate é uma energia constante de inspiração para os meus trabalhos de arte. Com o skate, temos contato direto com as pessoas nas ruas, onde busco grande parte das minhas ideias. Depois, é só soltar para fora, seja filmando, fotografando ou até mesmo produzindo uma "collage". Eu imagino que você tenha muitas referências no mundo da arte, mas gostaria que você citasse apenas um artista finlandês e outro de fora que são fortes influências para a sua formação. Por aqui, tem um artista em especial, chamado Timo Vaittinen. Ele faz pinturas surrealistas, sempre usando muitas cores e misturando outras técnicas junto. Outra influência, fora daqui, é o francês intitulado JR. Ele refere-se a si próprio como um "fotografiteiro", e sai pregando seus pôsteres gigantes mundo afora. Teve um grande projeto, chamado "One wish to change the world", que esteve em países como Brasil, Índia, Palestina, entre outros. Pra quem se interessou, com certeza vale a pena conferir um pouco mais de seus trabalhos pela net. Você acabou de soltar uma parte de vídeo ao lado de um skatista finlandês, que também pode ser vista no site da Tribo Skate. Como surgiu a ideia dessa parte conjunta? Na real, isso tudo rolou muito por acaso. Tenho filmado com o produtor e videomaker Ville Jokinen desde 2009. Tive uma pequena parte no seu vídeo anterior, intitulado "Solution Haze". Me identifiquei muito com a ma-
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Mats KaHlströM
fabio pires // entrevista pro
frontside bigspin. “primeiro pico que colei na sessão em estocolmo, na suécia, fica bem perto da casa do fotógrafo mats kahlstrom. era um dia bem quente e me lembro que passaram muitas pessoas caminhando pelo local. Algumas delas sorriram para mim e isso me transmitiu muitas boas energias, e isso me ajudou a acertar a manobra em poucas tentativas.”
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Muitos pensam ‘‘ que, por aqui, o frio
Mats KaHlströM
fabio pires // entrevista pro
do inverno é a única dificuldade em relação ao clima. Mas, para mim, a escuridão durante esse tempo é muito mais difícil. Nos meses de novembro e dezembro, as noites podem durar até 18 horas!
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frontside pivot to fakie. “mais um pico em estocolmo, desta vez um toboágua desativado, todo esburacado. lembro que a transição era bem imperfeita e rolaram muitas tentativas até a conclusão da manobra. o resultado final com as árvores compondo a foto deu a sensação de estar em um país de clima tropical.”
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Kai Kuusisto
switch backside heelflip. “essa rampa fica atrás de uma igreja chamada “temppeliaukion kirkko”, que é construída dentro de uma rocha e é muito frequentada por turistas que visitam helsinki. este pico já é bem antigo, mas não muito explorado até então, pois tem uma passagem de água bem no meio da transição. Acabei dando um “jeitinho brasileiro” com a massa plástica e ficou no esquema para andar. essa é uma manobra que tenho a manha faz muito tempo, mas foi só agora que pude eternizá-la em uma foto.”
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Kai Kuusisto
fabio pires // entrevista pro
frontside feeble. “o sueco pontus Alv concretizou esse spot em sua passagem por helsinki neste outono. eu gosto muito dessa área, que é chamada de suvilahti, onde recentemente foi construído um skatepark e murais de madeira para grafite.”
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entrevista pro // fabio pires
O skate é uma ‘‘ energia constante
de inspiração para os meus trabalhos de arte. Com o skate, temos contato direto com as pessoas nas ruas, onde busco grande parte das minhas ideias.
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neira e visão que ele tem em seus trabalhos, e estou muito feliz em fazer parte deste novo projeto. Este novo vídeo foi filmado em dois anos, com partes de diferentes finlandeses, e não somente aqui na capital, mas atingindo outras cidades do país. O vídeo se chama "Lo-Film" e é uma produção independente. Minha parte é junto com o skatista e amigo Tomi Maltio. Não é uma parte muito grande, mas espero que gostem de assistir. Para quem se interessar em ver algo mais, acesse este canal no Vimeo: vimeo.com/user1170948 Você quer deixar algum recado para os leitores da Tribo Skate? Estamos passando por mudanças de um novo tempo. Com certeza, todos nós queremos ser felizes, seja no trabalho, viajando, ou em nossas vidas pessoais. Sabemos também que nem sempre é tão fácil assim. Estamos aprendendo com nossos erros para não repeti-los mais à frente, procurando não manter rancores no coração e buscando sempre a harmonia entre as pessoas. Como diz uma música dos Novos Baianos: “Não se assuste, pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa!"
// Fabio Pires 33 anos, 26 de skate LocaL de nascimento: taubaté, brasiL mora atuaLmente em HeLsinki, FinLândia Patrocínios: Posso e costo “Esta entrevista é dedicada em memória a Wellington da Silva, mais conhecido pelos amigos como o Sinistrinho da Rocinha! Rest in peace, my friend.”
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backside bluntslide to fakie. “foi necessário um saco de cimento e a ajuda de amigos para deixar esse lugar no esquema para andar. eu tinha que pegar um gás para alcançar a borda, vinha do meio da rua a milhão com skate na mão. quem quiser conferir esta manobra em vídeo é só procurar na net pela minha entrevista para o programa ‘olho de peixe’.”
Kai Kuusisto
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LUZ RENATO SOUZA, FRONTSIDE SMITH GRIND. FOTO MARCELO MUG
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LUZ
KLEITON LETA, DROP. FOTO CAETANO OLIVEIRA 74 | TRIBO SKATE fevereiro/2012
MARCOS NOVELINE, FRONTSIDE HURRICANE. FOTO CAETANO OLIVEIRA 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 75
LUZ
SAMUEL JIMMY, FRONTSIDE TAILSLIDE. FOTO MARCELO MUG
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JOHNY MELHADO, FRONTSIDE FEEBLE GRIND TRANSFER. FOTO CAETANO OLIVEIRA 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 77
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LUZ
PETER VOLPI, SWITCH SHOVIT TO BANK. FOTO MARCELO MUG 2012/fevereiro TRIBO SKATE | 79
FABIO SLEIMAN, FRONTSIDE TAILGRAB. FOTO SHIN SHIKUMA 80 | TRIBO SKATE fevereiro/2012
LUZ
HERNIOGENES MICROFONE, CROOKED. FOTO CAETANO OLIVEIRA
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casa nova //
Bruno Mendes // Fotos Marcelo Mug Onde nasceu: Osasco, SP. Onde mora atualmente: Carapicuiba, SP. Primeiro skate: roda de gel, bilha, truck de plástico muito bom! Skate atual: truck Independent, roda e rolamento Bones. Som para ouvir na sessão: Pantera, Cowboys from hell. Uma parte de vídeo de skate: Cris Cole, no Ride The Sky da Fallen. Três amigos para compartilhar a sessão: Douglas, Diego Korn e Rodrigo Maizena. Comida: pizza. Bebida: Dolly quente! Balada: Bar do Bigode. Melhor pista: Skate City. Sonho: ser pro. Para ler: revista de skate e de mulher pelada! Viagem: ir pra Barcelona. Um salve: Oh loco Nei! // Bruno Gonsalves Mendes 15 anos, 4 de skate Patrocínio: veneno skate lodo
B/s bigspin.
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hot stuff // 2012
//S.A.M. Os novos pro models da Skate Até Morrer tem cinco lâminas em marfim e duas em pinho argentino, com mais espessura, porém mais leve. O model Bruno Araujo tem largura 8’’ e, o do Luiz Apelão, 8,125”. Os decks da marca têm sete lâminas em marfim, todos fabricados por Ronaldo Formigão. www.skateatemorrer.com.br (11) 3361 9567
//VANS John Cardiel teve a ideia de fazer uma parceria entre duas grandes marcas do skate, a Vans e a Spitfire. Parte dos lucros da venda dos tênis reverte para a construção de picos de skate, que já estão fazendo a cabeça de muitos skatistas. A parceria consiste em três tênis: Era Pro, TNT 5 e DD Spawn, mais camisetas, bonés e moletons. Acima, o tradicional Half Cab, seguido dos models do colabo com a Spitfire, assinados por Tony Alva, Tony Trujillo e Dustin Dollin. www.vansbr.com (11) 3337-2567 //LIGA TRUCKS O Truck Gold comemora o primeiro aniversário da Liga Trucks. No modelo tradicional 129 mm, vem nas cores dourado e preto. O produto estará à venda a partir de janeiro. Os eixos possuem prisioneiro e parafuso central em aço carbono de alta resistência. www.ligatrucks.com.br (51) 3033 1771
//CONVERSE O Wells OX é um modelo que combina a qualidade e estilo da All Star com um corpo de camurça. É um clássico de silhueta skate, com o logo da estrela com divisa e língua suavemente acolchoada para uso no skate. www.converseskateboard.com.br (54) 3285 2800
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www.triboskate.com.br
áudio // rota brasil
Ben harper Não há dúvidas de que o aNo de 2011 Foi um dos mais movimeNtados No brasil, musicalmeNte FalaNdo, pelo meNos Na última década. Foram shows de diversos gêNeros e estilos musicais; Não há como reclamar, seja lá que tipo de som você ouve. Foram iNúmeros Festivais com dezeNas de baNdas, como o swu e rock’N rio. só estes dois eveNtos aglomeraram diversas baNdas dos quatro caNtos do muNdo. isso sem Falar Nos shows iNdividuais que pipocaram em todo o país. TexTo e foTos Fabio bolota
Thronn
// Via Funchal – 09/12/11 Houve um tempo em que o Brasil não era rota obrigatória de shows internacionais. Vários fatores faziam com que bandas de ponta no cenário passassem pela Argentina e Chile, por exemplo, e não se dessem ao trabalho de desviar a rota para o nosso país tropical. Mas os tempos bicudos da economia global fizeram mudar a escala de viagem de diversas bandas internacionais. Afinal, o Brasil hoje é considerado um grande mercado, além de país emergente e, se estão precisando de grana pra manter as estruturas gigantescas de diversas bandas, correspondemos à altura a necessidade de encher os shows, seja lá que banda for. Bandas essas que, às vezes, em suas terras natais, mal tocam para plateias que encham pubs ou pequenas casas de show. Bem, o papo aqui é o Ben Harper e não acho que ele se enquadre nesse conceito acima, muito exploratório, mas o cara encheu o Via Funchal em São Paulo, em um show memorável. Ben é daqueles músicos ecléticos, que faz um som eficiente, profissional e sincero. O cara é músico de mão cheia, tocando guitarra com muita propriedade e sempre colocando a sua marca registrada em algumas músicas, com a técnica “slide-guitar” (ele usa o instrumento deitado), que aprendeu nos anos 80, ainda com, aproximadamente, 10 anos de idade. O show teve mais de duas horas de duração e Ben Harper, que nasceu em 1968 com o nome de batismo Benjamim Chase Harper, mostrou toda a sua influência musical, fincada no blues, folk, soul, R&B, com pitadas de reggae e muito rock’n roll, lógico. A sua origem afro-americana inclui ascendência de índios Cherokees por parte de pai, e de judeus por parte da mãe. Essa mistureba foi a combinação perfeita pra ele começar a tocar guitarra ainda na infância e começar a compôr suas primeiras composições aos 12 anos. Desde quando lançou seu primeiro CD, em 1992, Pleasure and Pain, até o mais recente, Give Till It’s Gone, Ben conquistou o mundo com dois prêmios Grammy, entre outros importantes marcos de reconhecimento musical e profissional. Seu estilo musical e lifestyle californiano foram imediatamente adotados por vários skatistas e surfistas pelo mundo. Seus videoclips com imagens de skate e também de surf, não são assim por acaso: Ben Harper anda de skate e pega onda, não deixando dúvida do seu envolvimento com os boardsports. Além disso, ele assina ótimas músicas que já integraram diversos filmes de skate e surf. Se tiver qualquer dúvida, cheque o vídeo onde o cara manda um perfeito 360 flip: bit.ly/yzZuMd Discografia: Pleasure and Pain - Welcome to the Cruel World - Fight for Your Mind - The Will to Live Burn to Shine - Diamonds on the Inside - There Will Be a Light - Both Sides of the Gun - Lifeline - White Lies for Dark Times - Give Till It's Gone
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áudio // retomada animal
O Inimigo Depois De 10 anos De iDas e vinDas, o inimigo finalmente se estabeleceu como um Dos granDes nomes Do unDergrounD paulista, graças à entraDa De fernanDo, alê e gian, que completaram o time. veja o que fernanDo sanches e o Kalota tem a Dizer sobre a história Da banDa, o envolvimento com o guitarrista Do DescenDents/all, novo cD, sKate... por helinho suzuKi // fotos breno carollo O Inimigo é uma banda que já tem mais de 10 anos de estrada, mas que era meio que um projeto paralelo dos integrantes, certo? Sim. Todos nós temos outras bandas e/ou outras atividades paralelas que tomam bastante do nosso tempo. Ela ainda funciona nos momentos de folga, mas, como a gente é maluco por tocar (e todos da banda estão nessa pegada), qualquer folga agora é desculpa pra marcar um show.
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A banda atendia pelo nome de Death From Above nessa época... Começamos como Death from Above, com letras em inglês. Chegamos até a fazer alguns shows com esse nome, mas após alguns meses mudamos o nome para O Inimigo, e passamos as letras para português, o que acabou meio que sendo um desafio, porque cantar em português esse tipo de música é um pouco difícil. Mas, no
final, deu muito certo. Depois do lançamento da fita demo, vocês gravaram o CD "Cada Um Em Dois", que alavancou os primeiros shows fora de São Paulo, e logo após deram um breque. O que rolou? Nós demos um breque na época devido a problemas na formação. Foi estranho, pois, logo após a saída do nosso primeiro disco, a banda desmontou e só voltou em 2005, com uma forma-
retomada animal
ção nova. Aí lançamos nosso EP, Todos Contra Um. Dos primórdios da banda, só restaram o Kalota e o Juninho da formação original? O que mudou com a entrada do Fernando, Gian e o Alê? A banda sempre teve altos e baixos por causa da formação e, quando a parada estava engrenando, alguém saía e tudo ia por água abaixo. Finalmente, com a entrada do Fernando, Gian e Alê, conseguimos ter uma estrutura sólida. Agora, todos se doam pela banda e querem fazer tudo rolar da melhor maneira possível. Todos vocês tocaram, e ainda tocam, em outras bandas. Fale um pouco da história de cada um dentro da cena underground de São Paulo. Todos nós nos conhecemos da cena hardcore/punk de São Paulo dos anos 90. Era uma época bem divertida! Lembro bem de todos esses caras frequentando as matinês do Black Jack, os shows do Der Temple e 8ª DP. Na época, o Juninho e o Kalota estavam no Self Conviction, o Gian no Kangaroos In Tilt, eu no Againe e Small Talk… Depois, todos passaram por diversas bandas (Discarga, I Shot Cyrus, Van Damien, Presto? e até Ratos de Porão, por exemplo) e fizeram grandes discos… Sempre fomos amigos e, nas viagens, sempre lembramos de histórias muito doidas dessa época. O novo CD "Imaginário Absoluto" acabou de sair do forno. Ele foi produzido e gravado pelo Fernando Sanches e mixado pelo Stephen Egerton (guitarrista do Descendents e ALL). Como rolou essa parceria? Conheço o Stephen desde a tour do ALL aqui no Brasil, em 2002. Sempre fui muito fã do trabalho de estúdio dele e do Bill Stevenson e, durante o rolê, conversávamos bastante sobre esses assuntos, sobre como foram feitos os discos que eles produziram. Ele conheceu o El Rocha durante essa tour, numa folga antes do último show aqui em São Paulo. Desde então, sempre mantivemos contato. Sempre quis envolver ele em algum projeto, porque o cara é muito foda... E dessa vez deu muito certo. Eu, e acredito que todos, ficamos muito satisfeitos com o resultado. Ele entendeu muito rápido a cara da banda e a sonoridade crua que queríamos pro disco. O resultado ficou incrível. E como é tocar, produzir e gravar, Fernando? Você fica ainda mais exigente? Cara, é um pouco confuso ás vezes, pois é muito mais fácil de se perder dentro do processo, já que você está dentro dele desde a composição das músicas. Esse foi um dos motivos de eu não querer mixar o disco. Tenho certeza de que eu daria voltas desnecessárias e, nesse caso, achei ótimo ter alguém de fora pra tomar esse tipo de decisão. Quanto a ser muito exigente, depende muito da cara que você quer pro trabalho. Nesse disco, queríamos uma sonoridade bem verdadeira, sem edições ou mágicas de computador, pra tentar guardar a energia do primeiro take o máximo possível. Então, a exigência não foi em cima de um take tecnicamente perfeito, mas sim em procuramos um take forte, com bastante pegada e verdade. Além do lançamento em CD, está para sair em LP nos EUA e Europa. Como amantes do vinil, vocês acham que esse tipo de mídia voltou com tudo?
// áudio
Ainda bem que voltou! A gente já grava pensando no vinil, na seqüência das faixas, tudo… Para mim, esse é o formato definitivo de se escutar música. E como vocês se relacionam com as mídias modernas dos dias de hoje? A banda está "online"? A gente acabou de fazer um site novo (www.oinimigo.net) e temos uma página no Myspace, Facebook e Trama Virtual. Não somos a banda mais conectada do mundo, mas acho importante para a divulgação das músicas, shows e etc… Além de ser uma mídia acessível pra muita gente, a um custo zero. Uma coisa que todos na banda têm em comum é a paixão pelo skate, tanto que até lançaram três models de shape. Como é o envolvimento de vocês com o skate? Sim, na banda todo mundo curte muito skate. Eu tento andar de skate sempre que posso. Na minha opinião, skate é algo que eleva o espírito, fortalece o físico, faz bem em todos os sentidos. Temos alguns models lançados pela Flame e fabricados pela Vila Skates. Só quem anda de skate sabe o que a parada realmente significa. O que rola com a banda daqui pra frente? Alguma tour internacional? O nosso maior plano pra 2012 é uma tour nos Estados Unidos. Estamos começando a ver tudo pra tornar isso possível. Qual o balanço que vocês fazem de 2011? Foi um ano muito foda pra banda, com certeza. Fizemos o disco, bons shows e muitos amigos. Tenho certeza que 2012 vai ser melhor ainda! Acho que muita gente deve perguntar isso para vocês: o que faz com que vocês continuem firmes e fortes na música, depois de todo esse tempo? A gente ama muito tocar, fazer música… Começamos numa época em que o retorno financeiro era zero, a nossa escola é outra. Tocamos pelo prazer de poder ter uma banda e fazer música do jeito que a gente quer. Não medimos esforços pra fazer tudo do nosso jeito. E somos felizes assim.
2012/fevereiro TRIBO SKATE | 91
skateboarding militant // por guto jimenez*
2012: O ano do Brasil SHIN SHIKUMA
V
ocê já deve ter visto na mídia algo do tipo “os olhos do mundo estão voltados para o Brasil”, principalmente quando o assunto é a economia. Nosso país vive um momento de estabilidade financeira que há muito tempo não era experimentado por grande parte da população, pelo menos desde que a minha geração se lembre. É lógico que há ainda inúmeros desafios a serem enfrentados e distorções a serem corrigidas, mas é inegável que os avanços nessa área estão trazendo uma relativa estabilidade aos brasileiros como jamais foi visto antes. Posso falar sem a menor sombra de dúvida que o mesmo panorama se aplica ao cenário de skate mundial: nosso país está em evidência. Não digo isso somente por conta dos resultados obtidos por nossos campeões mundiais de street e vert pelos circuitos da WCS (Kelvin Hoefler, Leticia Bufoni, Sandro Dias e Pedro Barros), ou da sensacional vitória do Douglas Dalua na África do Sul no encerramento do circuito mundial de downhill speed da IGSA. Afinal, não é novidade que nossos skatistas são considerados competidores concentrados e duros de serem batidos, portanto os estrangeiros já conhecem a nossa reputação não é de hoje. O que eu falo aqui é que existe a possibilidade do nosso país sediar etapas de TODOS os circuitos mundiais que existem atualmente no cenário competitivo mundial, pela primeira vez em sua história. História essa que começou em 1998, quando a galera da Tribo Skate organizou na raça a primeira etapa de um circuito mundial disputada no Brasil em todos os tempos, escancarando as portas de nosso país pras disputas internacionais. Alguns anos depois, foi a vez das etapas de speed, em Alphaville (classificatória) e no Rio de Janeiro (oficial), que trouxeram alguns dos mais velozes competidores do planeta ao nosso país. Em seguida, foram os freestylers que disputaram por duas vezes a sua “copa do mundo” em terras brasileiras, e não demorou muito pra que o slalom também tivesse uma etapa reconhecida pela ISSA no histórico GP Brasil de Skate Slalom em Interlagos. Eu tive a honra e o privilégio de fazer as locuções de todos esses eventos pioneiros em nosso país, além de outras etapas em todas as modalidades, portanto sou aquilo que a imprensa adora chamar de “testemunha ocular da história”. Hoje em dia, já é uma tradição do país abrir o circuito mundial de vert no Rio, assim como é certo de rolar a etapa cearense do circuito de street. Além dessas, a localidade gaúcha de Teutônia já inscreveu seu nome de maneira indelével no circuito mundial de speed, uma vez que essa é considerada “a ladeira mais perigosa do mundo” e sedia a etapa onde a maior média
André Camarão, Rio DownHill de 2006 (primeira etapa do circuito da IGSA realizada no país).
de velocidade é atingida. A cada ano, alguns dos melhores competidores são atraídos não por nossas belezas naturais como a maioria dos turistas, mas sim pelas nossas transições, obstáculos e ladeiras. Tudo isso pode melhorar ainda mais em 2012. Há intensas negociações pra que se faça uma “perna brasileira” do circuito de speed, com a disputa de mais uma etapa em nossas terras aproveitando a presença dos melhores do mundo por aqui. Ainda falando em ladeiras, existe o interesse da ISSA em se promover uma etapa oficial (sulamericana ou mundial) numa grande cidade brasileira; o fato do Thiago “Gardenal” Bacchi ter-se sagrado campeão mundial amador em 2010 abriram os olhos da entidade, que tem o legendário veterano Flávio Badenes como um dos diretores e também um dos maiores entusiastas e incentivadores da ideia. Há ainda conversas iniciais pra que um famoso bowl sedie uma etapa do circuito da modalidade, o que seria uma novidade em termos de disputas globais em nossas terras. Outra novidade é a mais nova entidade mundial, a IDSA (International Distance Skateboarding Association), que deseja formar parcerias pra incluir num circuito mundial os campeonatos de “push race” que já são realizados aqui em Porto Alegre e no Rio. Esses eventos de “corrida de skate” estão se tornando uma verdadeira febre mundial, e essa nova entidade quer incluir os brazucas já no primeiro circuito que realizará ainda esse ano. Portanto, 2012 é o ano com a melhor perspectiva em termos de competições em todos os tempos. É óbvio que a realização desses eventos é, por enquanto, apenas uma possibilidade que depende muito mais de fatores econômicos do que qualquer outra coisa. É hora das empresas do mercado abrirem seus olhos pra essa perspectiva, e se prepararem pra apoiar essa verdadeira maré de eventos internacionais da melhor maneira possível. Afinal de contas, serão essas mesmas empresas as maiores beneficiadas. “Fim do mundo”?! Que nada! No Brasil, pode ser justamente o contrário: o início de uma nova era de inclusão em todos os circuitos mundiais. Vamos aguardar – e torcer muito!
APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.
92 | TRIBO SKATE fevereiro/2012
manobra do bem // por sandro soares "testinha"*
B
em vindo, 2012! Mais um ano começando... Para os místicos, talvez o último ano do nosso mundo, pois, segundo as previsões maias, esse é o ano em que o mundo vai acabar ou, talvez, recomeçar do zero. Vamos aguardar e ver se a profecia se concretiza. Mas, enquanto aguardamos, não posso ficar parado. Pois além das obrigações da minha vida particular, tenho meus compromissos públicos, as locuções de campeonatos e minha ONG (Social Skate) para cuidar e tocar pra frente. Encerramos o ano de 2011 atendendo e cuidando de cerca de 50 crianças, promovendo atividades com skate e cidadania. Tudo isso sem ajuda pública (prefeituras e etc.), contando apenas com a ajuda de empresas de skate, amigos skatistas e a venda das camisetas da ONG, além do bazar realizado com doações de todos aqui já citados. Para o ano que se inicia, pretendemos atender ainda mais crianças. Como alguns já devem saber, não temos uma sede e nem uma pista de skate para as atividades. A sede é minha própria casa, que permanece aberta a todos os interessados em participar; nossa pista é a rua onde eu improviso alguns obstáculos para a criançada. Não é fácil manter as coisas acontecendo, pois temos muitos obstáculos a serem transpostos; obstáculos comuns para quem anda de skate, como até mesmo alguns vizinhos não muitos simpáticos à pratica do skate. Temos que enfrentar coisas assim de vez em quando, e encaramos com bom humor, mas sem nenhuma ingenuidade. São lições que aprendi nos quase vinte e um anos que convivo com o skateboard. Nos tempos de redes sociais em que vivemos hoje, recebo muitas mensagens de pessoas de todo o Brasil, me perguntando qual a “fórmula secreta” para conseguir fazer um projeto, ou dizendo que têm vontade de fazer algo parecido em suas regiões. Confesso que é difícil responder essas questões, pois eu não pedi ajuda ou patrocínio de ninguém. Simplesmente comecei a realizar as ações na rua de casa, para andar de skate com meus filhos e com a criançada da comunidade. Ao invés de usar as redes sociais para postar fotos minhas em momentos de intimidade, eu as utilizei para mostrar o que estava acontecendo aqui em casa. Aí os potenciais patrocinadores foram se aproximando, porém nada aconteceu assim tão rápido. Alguns só puderam ajudar muitos meses depois do primeiro contato, e nós esperamos pacientemente, sem reclamar de nada e continuando com o que nos propusemos a fazer, que era promover o skate entre as crianças de nossa comunidade. Fomos até sondados por um famoso programa de televisão para participarmos de um quadro que incluía até uma viagem internacional. No fim das contas, escolheram outra história que, particularmente, achei mais interessante e tão merecedora quanto a nossa. Acho que o maior segredo para se atingir os objetivos com uma ação social com skate, ou até mesmo atingir algo em qualquer esfera com o skate, é o mesmo de sempre: paciência, humildade, ouvir mais, falar menos e, principalmente, ter a vontade de ter mais vontade a cada dia que se passa. Essa é a dica e o desejo que tenho para todos que vivem, admiram e amam o skate. Vontade de ter mais vontade para todos, em 2012.
* Sandro Soares “Testinha”, 33 anos, 19 com o skate; se diverte em qualquer situação em que o carrinho esteja presente.
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FOTOS THOMAS TODDY
Vontade de ter mais vontade
Skatistas presentes no Natal Social Skate.
Papai Noel (Cris Mateus) teve vontade de vir e presentear as crianças.
APOIO CULTURAL
O QUEEE???
Pohesia: “Depois da fossa, acabou o sofrimento… Caraguá!”
POR POIS É*
Salve 2012! No fim do ano passado, rolou o terceiro desfile da Sumemo e foi foda. Depois disso, parti pro Sul, eu e meu irmão, com destino a Jurerê, terra do “comeninguem”. Passamos a virada do ano lá e depois nos jogamos pro Rio Tavares. Pousada Hiadventure, bowl do Pedro Barros, Lagoa da Conceição, peixe e camaráo até umas horas… Trombei uns manos meus da Califa, “paga fly alemão”... Só alegria! Quero mandar um salve aqui pra família R.T.M.F. e todos os outros que encontramos nessa trip, 100 sofrimento. E outra: daqui pra frente é 100 rir… Né não, Caraguá? Fala aí… “Tudonossoladrão”… É só saber chegar, tem pra todo mundo… Sumemo… O Brasil é que tem que ser o melhor país do mundo, isso só depende de cada um de nós! Pense nisso… Tenha orgulho de suas raízes. Fui!
Elas... desfile Sumemo.
Tadeu, eu, Alessandro e Badauí (Penta).
Vivi, eu e Marina.
Pescoço, Leo, Gugu, Porquê e Kbça na Hiadventure.
Planeta.
Porquê e Pedro Barros (mestre).
Eu super sized (extra cheese on it).
Biano e mulher, Zoinho e mulher.
Porquê florido.
Rio Tavares, Brasil melhor país do mundo.
Pack e Thronn. (foto Bolota)
Fique esperto, você pode ser o “zoião” do próximo mês!
*Alexandre Biondi Miranda “Pois É”, 30 anos de skate (Careca e barba by Marquinhos Barone - Ouro Fino)
tai tai // ver達o 2012
98 | TRIBO SKATE fevereiro/2012