Tribo Skate Edição 202

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Gian naccarato * intervenção v * central Hip Hop * Santarém * cedral

GRacias HeRmanos ViVa rOdas rega a planta

LauRence ReaLi

O legadO dO sOrrisO

conveRse Fix to Ride nOVa ZOO

RicaRdo dexteR O frenéticO

30 anoS da piSta velHa de São Bernardo do campo William damaScena vence o Skate no muSeu FreeStyle: canadá e BraSil luz: tHiaGo pinGo, carloS iqui, emanoel enxaqueca

rodrigo tx, nollie hardflip Ano 21 • 2012 • # 202 • R$ 8,90

www.triboskate.com.br












Ă­ndice //

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agosto 2012 // Edição 202

EspEciais>

42. convErsE Fix to ridE a Hora dE bElo HoriZoNtE 50. gracias HErmanos rEgar a plaNta da viva rodas 64. EntrEvista o frENétiCo riCardo dExtEr 74. LaurEncE rEaLi 1986/2012 90. são BErnardo do campo 30 aNos da pista do paço sEçõEs>

Editorial...................................................................... 014 Zap ................................................................................... 022 luZ ................................................................................... 078 Casa Nova ................................................................... 084 iNtErvENção.............................................................. 088 Hot stuff ..................................................................... 092 Áudio .............................................................................. 094 MaNobra do bEM .................................................... 096 skatEboardiNg MilitaNt.................................... 098

Capa e ÍndiCe: Rodrigo TX é sempre aquele luxo ao explorar solitariamente qualquer terreno ou obstáculo. No ditch californiano, o nollie hardflip to fakie saiu limpíssimo, merecendo o moment e a sequência pra comprovar o fato. Fotos: Fellipe Francisco

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O segundO semestre 2012

Marcelo Mug

editorial //

está correndo ligeiro e já passamos do meio do ano. Nesta época, muitas ativações do mercado do skate serão aceleradas. Marcas de todos os tamanhos se mobilizam para mostrar serviço, esquentar suas imagens, fazer barulho para se posicionar melhor, conquistar mais simpatizantes e vender mais. Skatistas profissionais e amadores de todas as modalidades, circulam atrás de eventos nacionais e internacionais em busca de visibilidade e premiações. Grande parte deles estará filmando ou fotografando para cavar mais espaço ou marcar território, garantindo assim a moral com seus patrocinadores e fãs. Agosto é o mês da Mega Ramp no Rio de Janeiro, pela primeira vez. Depois da carga de Jogos Olímpicos de Londres/Inglaterra, o skate repercutirá em rede nacional, com distribuição de cenas de grande impacto (como sempre). Se o dia a dia do skate já é garantia de espetáculos em todos os lugares, quando as forças do esporte e do mercado se unem para promover os grandes eventos, estes momentos tornam-se especialmente marcantes. No entanto, os fatos mais decisivos do skate são os movimentos internos, as conquistas de personagens e entidades que provocam transformações relevantes, que alteram a forma de se ver e usar o skate para a promoção do bem-estar, mantendo a essência, respeitando as raízes e criando novos horizontes. Acontecimentos como a comemoração dos 30 anos da antiga pista pública de São Bernardo do Campo (SP), por um lado, e a inauguração do excelente skate park do Parque de Madureira, no Rio de Janeiro, se complementam e são bem ilustrativos neste caso. O segundo semestre costuma reservar surpresas e o nosso papel, como revista e fomentadores da cultura do skate, é evidenciar estes movimentos visíveis e invisíveis para que o que está no caminho certo continue a prosperar e o que desvia energia e não acrescenta nada de bom, siga outros caminhos. Este é o papel de um veículo de comunicação que serve há tanto tempo ao skate: falar com propriedade e dar voz a quem tem o que transmitir. O espírito crítico é fundamental para a evolução. Ninguém cresce seus negócios sem questionar seus valores. Por isso todos os setores do skate têm que se alimentar: as marcas devem contar e investir mais nas mídias e em seus skatistas; os skatistas devem diversificar suas produções, promovendo sempre a boa imagem do skate através de seus rolês; os promotores de eventos e entidades devem aprimorar suas ações e as mídias têm a obrigação de servir de filtro para tudo que está envolvido neste grande caldeirão, sempre fervente, que é o skate. A edição 202 de nossa Tribo Skate homenageia um grande personagem do skate que se foi: Laurence Reali, um profissional que deixou um legado de sorrisos, técnica e grandes manobras e está fazendo muita falta entre nós. (Gyrão) O espetáculo diário do skate traduzido neste bean plant to fakie de Marcolino, skatista local da pista da Saúde, em São Paulo.

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Ano 21 • Agosto DE 2012 • nÚmEro 202

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez Fotografia: Marcelo Mug, Junior Lemos Colaboradores: Texto: Carlos Pretto, Central Hip Hop, Dagoberto Junior, Diogo de Andrade, Ernani Tai Tai, Flávio Nascimento, Ricardo Per Canguru, Sandro Soares, Fotografia: Antonio Thronn, Alex Brandão, Carlos Taparelli, Cid Sakamoto, Eduardo Dias, Fellipe Francisco, Fernanda Negrini, Flávio Gomes, Hugo Pinguim, Jim Goodrich, Jonny Kamuza, Klaus Mitteldorf, Ramon Ribeiro, René Junior, Ricardo Kafka, Robson Sakamoto, Vinicius Branca

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (danielaribeiro@triboskate.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ibep Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





[02]

[04]

Karen Jonz na Mary Jane A bicampeã mundial de vertical feminino (2006 e 2008), acaba de assinar contrato de patrocínio com a marca de calçados femininos Mary Jane. A marca, que há bastante tempo dedica-se apenas à produção de tênis específicos para a prática de skate e comportamento jovem, não perdeu tempo em direcionar um dos seus investimentos para uma das melhores skatistas do mundo. Atualmente assinando Karen Jonz, ela apresenta o programa Jam no canal Mix TV e também dedica-se ao projeto da sua confecção, a Monstra Maçã. Aguardem, pois com certeza Karen vai estar totalmente empenhada em desenvolver novos produtos em parceria com a Mary Jane e deixar os pés das garotas no melhor estilo. Boa sorte nesta nova jornada! (Bolota)

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[03] arquivo Pessoal

streetleague.com

[01]

eduardo dias

divulgação

Bones! E além de conhecer George Powell - engenheiro que dedicou parte de sua vida criando os melhores produtos e máquinas para a indústria do skate - o brasileiro visitou a fábrica na Califórnia (EUA) e conferiu de perto os segredos das marcas na produção de shapes e rodas. • [02] Surge aí um respeitado “brazilian dream team”: Rodrigo Gerdal, Cezar Gordo, Fabio Cristiano “Chupeta” e Luan de Oliveira, que agora também coloca os tênis Nike SB pra gastar na lixa. O brasileiro anunciou a novidade pelo Instagram, horas antes de correr a terceira etapa do Street League. • Lucas Xaparral é o novo integrante da equipe que defende as cores dos metais da Independent no Brasil. Ao contrário do que muitos pensam, Lucas não é paulista, apesar de morar há anos na capital. Em sua divulgação da entrada na marca, fica claro que ele é paranaense, de Londrina. A partir de agora ele vai andar ao lado de outros paranaenses que defendem a marca como Rodolfo Ramos e Marcelo Kosake, além dos colegas de outros estados. • A galera que sempre foi curiosa em saber como é o dia a dia do Bob Burnquist terá uma grande chance de ver como é sua vida além do skate. É porque o Canal Off exibirá a partir de 2013 um programa exclusivo que irá mostrar tudo que acontece com o skatista. E enquanto o programa não estreia, matamos a curiosidade do que o próprio anda fazendo conferindo o Instagram dele (@bobburnquist). • [03] O paulista JP Dantas “Anjinho” garantiu em Belo Horizonte o passaporte para representar o Brasil na final mundial do Red Bull Manny Mania, disputa que rola dia 18 de agosto em Nova York. • Fica no Shopping Bourbon Wallig (Avenida Assis Brasil, 2.611), Porto Alegre, a mais nova filial da Matriz Skate Shop. • [04] Indignados com a notícia de que o guerreiro Og de Souza está sem patrocínio algum, os diretores da Switch Skate Shop, Toninho e a lenda Rui Muleque, enviaram materiais diversos como presente pro skatista, que conta apenas com iniciativas isoladas como essa pra andar de skate.

arquivo Pessoal

[01] Rene Shigueto entrou (literalmente) na Powell Peralta/

diogo groselha

zap //

RTMF fechado Um dos melhores bowls do Brasil está fechado! Calma, não precisa se preocupar, pois Pedro Barros e seu pai André, resolveram dar um tapa na pista e com isso, ela está temporariamente fechada para reformas. A enorme piscina que fica em Florianópolis, mais precisamente no bairro do Rio Tavares, ficará ainda melhor. Isso quer dizer que as sessions e os alucinantes eventos que aconteceram por lá, como o Red Bull Generation em 2010 e 2012, vão ficar ainda mais animais daqui pra frente. (Bolota)


Thronn Skateboards Inc.

reProdução

thronn

// zap

Klaus mitteldorf

Indo devagarinho, mas mantendo a convicção de progredir com sua marca, o campeão brasileiro de street de 1987, Antonio dos Passos Jr. “Thronn”, está iniciando um novo trabalho na Califórnia, patrocinando um skatista local. A marca que teve início nos Estados Unidos, onde Thronn reside há mais de 10 anos, está com sua segunda série de shapes fabricada por lá. O skatista californiano amador Willy Song, foi o escolhido para ser o primeiro skatista da marca em território americano. A Thronn Sk8boards está se preparando para colocar no mercado outras linhas de hardgoods… Aguardem! (Bolota)

Back to the Future

Olhos e visão exclusivos Ser um bom ou ótimo fotógrafo, continua sendo um desafio e são necessárias muitas horas e muitos clicks de dedicação para se alcançar um bom resultado. Mesmo nos dias de hoje, onde tirar foto ficou muito mais fácil e prático com a evolução da imagem digital e de câmeras disponíveis até no mais simples aparelho celular, o acesso é fácil e o custo infinitamente menor. Mas o olhar afiado só é adquirido com a prática, mesmo. Imagina essa profissão há pouco mais de 15 anos, onde as câmeras analógicas eram aparelhos muito caros, gastavasse muito com rolos de filme e revelação e não se tinha a praticidade de ver a foto na hora, como nas telas de LCD das atuais câmeras digitais. Tudo isso, fazia do fotógrafo profissional, um verdadeiro artista da imagem “congelada”. No skate, alguns poucos se aventuraram por esse “mundo novo” e foram pioneiros em fotos de esportes de ação e documentaram um período mágico. Klaus Mitteldorf é um desses magos da fotografia. Há muito tempo é considerado um dos melhores e mais influentes fotógrafos do Brasil, a partir de seus primeiros clicks nos anos 70, os quais documentavam o skate e o surf da época. Essa imagens de skate e surf dos primórdios do trabalho de Klaus, agora podem ser vistas e apreciadas no blog http://probruno.blogspot. com.br/2012/07/bau-do-klaus-mitteldorf.html. Vale lembrar que Klaus Mitteldorf já colaborou com seu exclusivo acervo de imagens únicas, em algumas edições da revista Tribo Skate. Valorize o click! (Bolota)

Há quase 30 anos, Hollywood chocou o mundo do cinema com o filme Back to The Future. Hoje, depois desse longo período, o filme virou “cult” e o pode ser visto como mais um pra ser apresentado na “Sessão da Tarde”, devido a sua história um tanto infantil e ingênua. Mas na época do lançamento, a mistura de ficção e atualidade, onde se poderia “transportar” para o futuro ou para o passado através de um carro, fez o filme ser sucesso, tanto que chegou a ser uma trilogia. Para o mundo do skate, o filme teve um apelo muito maior, pois o ator Michael J. Fox, andava de skate em todas as oportunidades. Mas a parte mais marcante do filme, foi quando transportado para o futuro, se deparou com um tipo de patinete voador, que se tornou rapidamente em um skate que flutuava no ar. Essa cena marcante e de pura ficção ficou na cabeça dos engenheiros de plantão, fundindo a cabeça para tentar chegar em algo parecido. E agora, três décadas depois, foi anunciado pela fabricante Mattel, gigante da indústria de brinquedos, o lançamento do HOVER BOARD, réplica idêntica do skate utilizado no filme e que flutuava no ar. Previsto para lançamento em breve, a grande pergunta que não quer calar: vai voar e flutuar mesmo sem roda? Aguardem! (Bolota) 2012/agosto TRIBO SKATE | 23


zap //

O InSTAGRAM cOnTInuA DOMInAnDO O TALK ShOw DE POnTA A POnTA. E nESTE GLORIOSO MêS DO cAchORRO LOucO cOnTAMOS cOM DEcLARAçõES E cLIcS DE PERSOnAS DO cALIBRE DE AnDRé GEnOVESI, LuAn DE OLIVEIRA E JP DAnTAS.

desse ‘‘Saudades mano!!!’’

AnDRE GEnOVESI (@andregenovesi)

que andar nessa ‘‘Temmerda né! :p’’ LuAn OLIVEIRA (@luanomatriz)

board!!!!!! ‘‘Vx #skateboard #obrigaaahh’’ JAy ALVES (@jay_alves)

@fgustavo Felipe ‘‘Gustavo, crooks in

Lisbon #lrgeurope2012 #skateboarding

’’

KyLE cAMARILLO (@kylecamarillo)

@luanomatriz ‘‘E agora, temos um dia né, ‘‘cezargordo negão!? Você me trouxe e @instagranja trabalhando... em breve vídeo documentário @matrizskateshop vamooooooo

’’

cEzAR GORDO (@cezargordo)

tanta coisa! Lembranças, amigos, dores, alegrias... são treze anos nessa relação de amor e ódio! Você não tem dia, TE AMO todos os dias, todas as horas!!!! Muito obrigado SKATEBOARD minha vida, minha droga! (Go Skateboarding Day) J.P. DAnTAS (@jpdantas)

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’’



zap //

Deadless Skate Party // FOtOS RIcARDO KAFKA A matéria Construindo Diversão com a crew Deadless, divulgada na Tribo Skate 201, rendeu também um vídeo que mostra em detalhes a diversão dos caras na penumbra da noite. E nada como armar uma puta festa como pretexto para reunir a galera do skate e exibir pela primeira vez o filme. A première aconteceu no Gambalaia Espaço de Artes em Santo André, São Paulo. E além do vídeo, rolou ainda mural de fotos com os bastidores de toda produção da fita, exposição de arte por Palmer Maria, som do DJ Rato e shows com as bandas Dementadores e O Inimigo. Palmer Maria, Eduardo Braz, Rafael Sevilha, Alan Resende, Marcos Noveline e Flavio Nascimento foram os anfitriões do agito, que reuniu grandes nomes do skate brasileiro, diversos artistas e músicos. Confira algumas fotos. Palmer, Sevilha, Alan, Duzinho e Flávio.

Kuge, Tatto, Duzinho, Geth.

Sevilha e família, Duzinho e família.

Felipe Lente, Karen, Allan, noveline.

O Inimigo??? Flavio e Pâmela.

Dementadores.

Sevilha na Tribo.

O Inimigo Alexandre Kalota.

Resultado do concurso cultural urgh

VEncEDOR: Geovane Teixeira, Santo Ângelo/RS

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MEnçãO hOnROSA: Luan Brombim, Amparo/SP



zap //

Damascena leva o game do Skate no Museu pOR JunIOR LEMOS // FOtOS VInIcIuS BRAncA A cidade de São Paulo realiza todo ano uma verdadeira maratona de eventos esportivos espalhados pela cidade, como forma de aproximar os paulistanos das mais variadas modalidade existentes. E o skate figura entre as principais atrações da Virada Esportiva desde 2009, quando aconteceu pela primeira vez o Skate no Museu, que transforma o Parque da Independência em território verdadeiramente dos skatistas. E neste ano o evento girou em torno de uma disputadíssima competição de manobras de solo, também conhecida como game of skate, que reuniu 16 profissionais convidados, valendo uma recompensa de R$ 1.200 em dinheiro mais um XBox 360 para o campeão. Jackson Kleber, Binho Sakamoto, Augusto Fumaça, Carlos Yellow, Roni Carlos, Wanderley Arame, Danilo Diehl, Rafael Gomes, Fabio Castilho, Maurício Nava, Paulo Piquet, Jean Duarte, Wesley Gelol, Willian Damascena e Marcelo Formiga disputaram manobra a manobra, mas quem levou a boa pra casa foi William Damascena, que venceu seu primeiro evento como profissional, seguido de Vanderley Arame, que levou outro Xbox 360 pela segunda colocação, Binho Sakamoto (3º) e Mauricio Nava (4º) completaram o pódio da disputa. O Skate no Museu é uma realização da Prefeitura de São Paulo, Secretaria Esporte, Lazer e Recreação, com organização da Liga de Esportes Radicais, junto com a Ação Concreta Ong Esportiva e Cultural, suporte técnico da Posso e da Tribo Skate, e apoios da Urgh, Contábil Sumaré e XBox 360.

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flavio gomes

william Damascena, nollie heelflip big spin.


flavio gomes

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Binho.

Beto Oligator.

Augusto Fumaça, ss heelflip.

flavio gomes

Rafael Gomes e Jean Duarte.

Vanderley e Damascena.

André Genovesi.

Premiação.

Sorteio.

Diehl, Binho, cid e filho.

flavio gomes

cid saKamoto

Geleia e Bolota. cid saKamoto

Felipão explica.

cecília e Forminguinha.

Pódium: Arame, Damascena, Binho e nava.

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zap //

Tavinho, trabalha o centro da área no Recreio.

2ª Etapa do Brasileiro de Freestyle

Com vista pro mar pOR ERnAnI TAI TAI // FOtOS huGO PInGuIM Entrou pra história da modalidade! Um dos campeonatos com a maior vibe dos últimos 20 anos: grande número de participantes, alto nível técnico, arquibancada cheia, torcida organizada, público interagindo, aplaudindo, gritando... e tudo isso com o visual da Praia do Recreio ao fundo - de tirar o fôlego! Campeonato maravilhoso na Cidade Maravilhosa. Skatistas afastados das competições apareceram como mágica: Per Canguru, Renan Pereira, Pedro Pelisser, Lucas Fraga, além de bater o recorde de freestylers de SP no Rio, entre competidores e torcedores. Na categoria petiz, boa parte foi composta dos alunos da Escolinha Lúcio Flávio. Gabrielzinho Araújo (Sea Cult) foi a surpresa. Primeira vez num campeonato de freestyle, levou com big spins, flip 180, kick flip alto, além de uns footworks básicos. Os iniciantes fizeram bonito com pouco tempo de carrinho. Edu Baiano foi único freestyler da Bahia. Ele tinha tirado segundo lugar na primeira etapa e ficou em quinto nesta. Luca Chiossi fez bonito em seu primeiro campeonato no Rio levando o 4º lugar. Herbert Rezende (Sugar Free) progrediu rapidamente foi o 3º, inclusive dando 5 x 360, tirando a camisa pra mostrar o físico sarado da academia! Flávio Ribeiro (Sugar Free) foi o vice-campeão e iniciou sua rotina descendo a escada de pogo, ganhando aplausos pela ousadia. Tavinho (Anti-Action) mandou 50 flip to 50, e bananeira shove it 180, bananeira 50/50, sagrando-se campeão. Só deu São Paulo no amador: Bruno França (Dropp), assíduo competidor, ficou em 5º. Renan Pereira, afastado das competições, mostrou que voltou pra ficar, levando o 4º. Thomas Marcel (Skateria), segunda vez no Rio, repetiu o 3º lugar da 1ª Etapa, também no Rio. A briga boa ficou entre Pedro Pellisser e Kauê (Skateria), que vem ganhando os amadores, ultimamente. Pedrosa fez manobras impressionantes, muitas aterrissando no rail, mas teve algumas falhas. Kauê acertou mais uma vez o carroussel, andou rápido e levou o troféu de 1º lugar. Legends: A velharada não desiste! Márcio Ferreira (Pier) voltou agora às competições e já tá dando trabalho pros legends ficando em 5º. Cuidado com ele e treinem mais! Tai Tai (Sugar Free), que ficou em 11º em Cloverdale, Canadá; vem melhorando, mas cansado por ter que organizar o campeonato, competir e julgar, não rendeu tudo o que sabe, ficando

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Lucas Fraga, impossible.


// zap em 4º lugar. Folha (FLH/PS Trucks/Casper), que foi campeão da 1ª etapa, correu com o ombro lesionado, mas ficou em 3º. A batalha difícil de julgar foi entre Edmar Marroca (Marroca 40) e Rogério Antigo. Edmar - outro organizador do campeonato - manda variações de 50/50 como ninguém, mas Rogério Antigo atacou com um leque de manobras difíceis e teve uma leve vantagem, ganhando a categoria dos velhinhos. Profissionais: O ponto alto do espetáculo. Foi o mais esperado da competição. A arena que estava lotando cada vez mais de gente, dessa vez ficou abarrotada. Diego Marques, campeão de uma das etapas do ano passado, mostrou que sabe que sequência fazer, ficando em 5º. Per Canguru (Moska/Urgh) foi a grande atenção desse campeonato: correndo somente em campeonatos internacionais (ficou em 1º na semi-final do Canadá), resolveu, depois de anos, correr esse campeonato brasileiro, em homenagem aos cariocas. Brincou com a plateia durante a sua rotina, mostrando que o freestyle é puro show. Foi muito aplaudido e ficou em 4º. Lúcio Flávio, local da praia do Recreio, se sentiu à vontade em casa, andando rápido, agressivamente e determinado. Conquistou o 3º lugar, pra alegria dos alunos da sua escolinha. Rene Shigueto (Bones/Globe/Element/Tensor), que foi 3º no Canadá, andou rápido, rindo, com manobras certeiras e conseguiu o 2º lugar. Seu maior concorrente foi Marcos Toshiro (FLH/PS Trucks), que acertou manobras difíceis e se sagrou o campeão

Rene Shigueto, fifty no hands.

da categoria mais bem paga do freestyle. A 2ª Etapa do Brasileiro de Freestyle entrou pra história por ter valor agregado: ofereceu coquetel de lançamento na Star Point; cupons de alimentação aos participantes; por ter sido num anfiteatro à beira-mar; por ter torcidas organizadas; por ter trazido à cena skatistas que estavam afastados e por ter uma área VIP com bela vista. Realização RioFun (produtora de eventos Tai Tai/Edmar Marroca); SubPrefeitura da Barra, Lu Estefanio. Patrocínio exclusivo: Sugar Free. Apoio: Sea Cult, Moska, FLH e Sandra Pera Cabeleireira.


zap // Freestyle no Canadá

cloverdale Já é uMA TRADIçãO A IDA DE ALGunS BRASILEIROS PARA EncOnTROS InTERnAcIOnAIS DE FREESTyLE. DESTA VEz, OS FIGuRAS cARIMBADAS RIcARDO “PER cAnGuRu” AMARAL E REnE ShIGuETO TIVERAM A cOMPAnhIA DE ERnAnI wARwIcK “TAI TAI”. VAncOuVER é A TERRA DE OuTRA LEnDA, KEVIn hARRIS, quE ORGAnIzOu O EVEnTO nA FEIRA DE cLOVERDALE, AO LADO DE MOnTy LITTLE E KAy DunKEL. DEPOIS DE 20 AnOS SEM FOTOGRAFAR EVEnTOS, JIM GOODRIch FIcOu AMARRADãO EM VOLTAR à cEnA E REGISTROu GRAnDES MOMEnTOS. SAIBA MAIS nESTA GERAL DE PER cAnGuRu. pOR PER GAnGuRu // FOtOS JIM GOODRIch O freestyle retomou uma de suas características fundamentais - a criatividade, desde que retornou à cena do skateboard há pouco mais de 10 anos. E é dessa criatividade que surgiu a ideia de um evento como Cloverdale. A feira comemora 150 anos e o rodeio acontece há 66 anos no Canadá, recebendo um público aproximado de 70 mil pessoas nos quatro dias que celebram o feriado da Rainha, de 18 a 21 de maio. Representantes do Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Espanha e Japão estavam presentes. Situado no local existe um ginásio com piso de gelo para a prática do curling (uma espécie de bocha) que, com a chegada do verão, é descongelado e revela um flat de cimento queimado perfeito. Foi daí que Kai Dunkel, Monty Little e Kevin Harris tiveram a iniciativa de criar o “World Round Up”, um campeonato internacional em formato de demos, interagindo com a feira em apresentações dentro e fora dela. Sem as tradicionais rotinas de dois minutos, a proposta inicial era de baterias em uma jam session onde o skatista que errasse a manobra daria lugar ao seguinte, mas a organização preferiu adotar a regra de “enquanto a ação estiver agradando o público o skatista permanence” e, sem a pressão do tempo, as performances foram melhores e sem as interrupções de um campeonato. Curiosamente, tentando evitar apresentações longas, os dois minutos algumas vezes viravam cinco, mas sempre com a aprovação do público. A avó de um dos competidores, Austin Shelton, disse para nós –“Eu não gostava de skate; cheguei a praticar quando era jovem, mas depois de ver vocês andando, mudei completamente minha opinião.”. Ela torceu estusiasmada por todos que participaram. O primeiro dia foi experimental e não valeu para o julgamento. Os três dias que se seguiram foram muito intensos e o que poderia ser um desafio cansativo se tornou uma grande festa de amigos que ninguém queria ver terminar. A participação brasileira, diferente das inscrições online, ficaram limitadas a mim, Rene e Tai Tai, mas o espírito brasileiro já contagiou o mundo em declarações como a de Kevin Harris “O Brasil é meu segundo lar, já disse isso antes, mas eu amo o Brasil”. E não há como ver Vancouver de outra forma; a maioria de nós ficou hospedada na casa dele como uma enorme família! No segundo dia tivemos um desfile com a participação de vários skatistas e bandeiras de seus países, além de uma apresentação na rua para divulgar o evento. Além disso, um cinema foi reservado para nós e pudemos ver o “Bones Brigade, an autobiography”. Ao final do primeiro dia de competição, fomos até a arena do rodeio, já encharcada pela chuva, ver os cowboys montando touros, cavalos e crianças

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Kilian Martin, dono de grandes audiências no youtube, nose one foot 360s na passeata.

montarem ovelhas. Durante os últimos dias a chuva não parou mais e o enorme parque de diversões ficou completamente vazio. Quem foi até o evento se concentrou no ginásio para nos assistir e apesar de toda a expectativa por um número enorme de pessoas lotando as arquibancadas ser frustrada, o clima era de festa e um alto nível entre

os amadores e profissionais. Depois de anunciado o resultado para a final e estarmos certos de estar entre os seis melhores (eu em terceiro e Rene em quarto), a organização resolveu levar 10 competidores para a disputa, pois já havia sido anunciado no website a divisão dos 10.000 dólares de premiação. Durante a entrega de troféus, muitas ho-


// zap

O campeão pro, Darryl Grogan, handstand facing forward.

Per canguru, variação de fifty com as pernas cruzadas.

menagens, a presença do organizador do rodeio e o anúncio de que o World Round Up será realizado todos os anos e a premiação pode passar de 25.000 dólares no ano que vem. Pela proximidade do Campeonato Mundial realizado na Alemanha em julho, muitos freestylers não puderam comparacer em Paderborn. Em setembro será realizado outro evento que também se tornou anual desde

2010, na Filadélfia, Pensilvânia. Com três eventos internacionais no mesmo ano, o freestyle pode comemorar um retorno em grande estilo, com o aumento de praticantes, mais opções de skates fabricados para a modalidade no Brasil e o crescente apoio das grandes marcas de skate. O freestyle é muito ligado ao ritmo, música e é essencialmente um esporte de demonstração e entretenimento.

O anfitrião, Kevin harris, one foot 360s.

Ainda que tantos aspectos são utilizados no julgamento; estilo, aproveitamento da área, dificuldade das manobras, variedade, criatividade, coreografia, entre outros, a melhor forma ainda é a visão do público leigo, o quanto um skatista consegue entreter e interagir com ele e esse é o caminho que o World Round Up encontrou para organizar um evento diferenciado, mais dinâmico e divertido. 2012/agosto TRIBO SKATE | 33


zap //

Skate por amor em Santarém pOR DAGOBERTO JR. // FOtOS JOnny KAMuzA Com aproximadamente 300.000 mil habitantes, Santarém é a segunda maior cidade do estado do Pará, situada bem ao norte do Brasil, na região do Baixo Amazonas. Santarém é o centro polarizador da Região Oeste do Pará e uma das cidades mais importantes para o transporte rodo fluvial da região. Banhada pelo Rio Tapajós, que logo ali encontra-se com o Rio Amazonas, é uma paisagem que tira o fôlego de qualquer louco por natureza. Uma cidade rica de cultura e com as mais

Gabriel zwink despreza o calor escaldante de Santarém, mesmo na sombra; bs crooked.

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variadas opções de turismo da região amazônica. Viajei para lá acompanhado de Marcio Tarobinha, Lucas Xaparral, mais o Bruno Taioli, para um campeonato organizado pelo guerreiro Daniel Noel e com apoio de Reginaldo Campos, vereador que luta pelo skate na região. Noel é uma grande figura local que comanda uma célula na igreja onde ele mesmo ministra e tem como objetivo colocar o skate como ferramenta para trazer jovens para o convívio cristão. A cena do skate local é muito

rica em questão de praticantes, pois uma cidade que não tem nenhuma infraestrutura para o esporte depende da força dos skatistas locais para mantê-lo em atividade. O que percebi durante os três dias de minha estadia por lá foi o amor e o respeito dos locais, os picos mais que roots com calçadas largas e preenchidas de gaps, degraus com muita cerâmica e um calor quase que insuportável, beirando os 40 graus. O que mais me deixou encantado foi o nível que eles andam e como se esforçam verdadeiramente. A cidade tem uma única skate shop, de um skatista local conhecido como Alarico. Ele faz os corres em Belém e Manaus, para buscar as peças e abastecer o skate na cidade. Agradecemos a Jesus, Bruno Taioli, Reginaldo Campos, Daniel Noel, Lucas Xaparral, Marcio Tarobinha e os locais mais receptivos e amantes que já presenciei: Vagner, André, Alwinho, Carlinhos, Alarico, Atila, Gustavo Peru, Marcos, Lucas Gabriel, Moisés, Tobias, Pedro Junior, Bob, Ed, Erik, Mike, Adrien “Amiguinho” e todos os mais que colaram na session. A revista Tribo Skate e a Dasm agradecem tudo que vocês fazem para o skate local. Nosso muito obrigado! Em breve sairá um vídeo com o nome Skate na Tapazônia, que estou produzindo com exclusividade para a Tribo Skate. Fique ligado no site www. triboskate.com.br e confira!



zap //

Mario Romario vê tudo lá de cima; frontside flip.

Revolução (do Interior) paulista. A exceção da regra! pOR JunIOR LEMOS // FOtOS ROBSOn SAKAMOTO Construir espaços públicos para a prática do skate nas cidades é uma obrigação – no primeiro momento - das prefeituras, governos estaduais e federal. Contudo, o “compromisso” deles termina quando o projeto entra na burocrática máquina pública, as bizarrices tomam forma e se multiplicam pelos quatro cantos do Brasil. Mas a atitude tomada na região de Rio Preto/SP pelo skatista Flavio Lopes ilumina um novo caminho que pode ser percorrido pelas prefeituras: ter sempre um skatista (que conheça o que está fazendo) acompanhando todos os passos da obra. O que na verdade deveria ser regra, no Brasil virou exceção! Procurado pela prefeitura de Guapiaçu, Flavinho quebrou a cabeça para desenhar uma área que contemplasse o skate praticado nas ruas, modalidade que tem o maior número de skatistas por lá. Surgiu então em 2011 a skateplaza de Guapiaçu, que virou referência nacional quando o assunto é “plaza”. Agora, Flavinho nos apresenta sua segunda obra-prima: a skateplaza de Cedral, cidade que fica a menos de 20 quilômetros de Rio Preto, assim como Guapiaçu. Dividida em dois níveis, a área garante boas horas de rolê pra quem realmente curte deslizar o skate em bordas e canos, pular gaps gramados ou simplesmente fazer aquele “feijão com arroz” diário. E a revolução que vem do Interior Paulista não para por aí! Flavinho divide agora seu tempo entre o skate e contatos frequentes com prefeituras que se interessaram pela exceção que deveria ser a regra. Por isso, não estranhe se algum dia você ouvir falar de um tal “cir-

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cuito de plazas do Interior Paulista”. Ele está tomando forma e servindo de modelo para revolucionar o jeito de se fazer pistas públicas de skate. E nós esperamos que esse exemplo ultrapasse os limites da região de Rio Preto e “contagie” as demais cidades do nosso Brasil. Por favor, né!


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Flavio Lopes na leveza do equilĂ­brio rasta; manual to fakie manual fakie 360 flip.

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zap //

GiAn nAccARATo ERA óBVIO quE O nOME DE GIAn nAccARATO IRIA APAREcER MAIS cEDO Ou MAIS TARDE AquI nO LInhA VERMELhA. VOcê PERGunTOu E O GIGAnTE DA BS cREw RESPOnDEu SEM MISéRIA, PERGunTA A PERGunTA, cOM ExcLuSIVIDADE PARA OS LEITORES DA TRIBO SKATE. // tExtO E FOtOS MARcELO MuG • Quero só agradecer pois sem ele a história dos vídeos de skate no Brasil seria bem mais pobre. O skate brasileiro agradece! (Sandro Sobral, São Paulo/SP) – Primeiramente queria agradecer o convite e a oportunidade. É nóis, Tribo Skate, sempre! Da hora o que o Sandro falou. Fico feliz de poder ajudar o nosso skate pois ele sempre me ajudou e tenho certeza que vai me ajudar ainda mais. Acho da hora quando as pessoas admiram as outras, conheço o Sandro praticamente desde pequeno e o considero de “milianos”. E não só ele mas outros tantos skatistas. E sempre que tenho a oportunidade, sempre que trombo algum, curto elogiar e lembrar de manobras cabreiras. Reconheço mesmo, sem pagar pau e sim com valor. Me inspiro em vários e agradeço pelo estilo e por andarem muito como andam! • Salve Naccarato! Gostaria de saber como está seu envolvimento com a Son e também como anda a produção dos materiais da marca. Quando iremos flipar com seu model ou do Genovesi? Valeu! (Ricardinho Watanabe, Pindamo-nhangaba/SP) – A Son está voltando de verdade e voltando para continuar no mesmo patamar que parou: fazendo shapes de maple, anúncios, vídeos, demos, patrocinando atletas e com parceria em projetos sociais. Eu e o André Genovesi estamos no corre total da Son! Desde 1995 até quando a Son deu um tempo, sempre fui muito bem tratado como pessoa e como atleta dentro da marca. Sempre foi uma família desde aquele tempo e hoje é novamente uma família, tanto os atletas como quem produz, quem vende. É uma família grande! A produção dos shapes é feita nos EUA; através do André tive a grande honra de conhecer o Paul Schimitt, que faz vários shapes como Plan B, Element e outros que não lembro agora. Todas as vezes que conversei com ele tive uma verdadeira aula de skate; de tudo que você possa imaginar sobre shape. Estamos lisonjeados pois é ele quem está fazendo os shapes da Son! Já testei uns e gostei muito. Em breve, com certeza, você terá uns para flipar bastante. (risos) • Seu estilo, suas manobras e sua base no skate vêm do street, correto? Como você foi andar de vertical? (Felipe de Albuquerque, Mogi/SP) – A primeira pista que andei na minha vida foi o QG Skate Park, que aliás tenho saudade até hoje! Lá tinha uma pequena área de street, um banks em forma de oito perfeito, com uma parte mais baixa e outra mais funda, mais um half (pipe). Lá comecei meus primeiros drops, na parte baixa, na funda e depois de um tempo no half. Isso foi mais ou menos em 90, 91. Eu comecei em 89, então foi bem

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no começo! Andei lá até fechar, mais ou menos em 1993, se eu não me engano! Então os meus primeiros anos foram andando muito em transições; só depois que comecei a andar de street. Sempre gostei muito de half, corri vários campeonatos de vert como amador e foi muito style porque era na época dos primeiros PlanB, que o Danny Way e o Colin McKay inovaram demais, foi muito louco. Sempre que possível, dou um rolezinho no half. Apesar de me considerar streeteiro, minha base é meio misturada acho que por isso: por eu ter começado no vertical e depois ter ido para o street. Andar um pouco de street ajuda quem anda no vert e ter uma base em minirrampa ajuda quem anda de street. • Você focou sua carreira de skate mais no Brasil. Não pensa em nos representar nos EUA? (Felipe de Albuquerque, Mogi/SP) – Já morei uns tempos nos EUA. Foi bom, muito style, outra cultura, outra língua, várias coisas bem diferentes daqui! Estudei um tem tempo lá, trabalhei e andei bastante de skate. Ultimamente vou pra lá de vez em quando, mas fico pouco tempo. Não tenho dúvida que meu lugar é no Brasil, onde nasci e onde vivo com minha família. Curto demais esse nosso Brasil (risos)! • Qual a função de cada um dos skatistas que fazem parte da BS Crew junto com você? O Baratinha, na certa é fazer piada, não é? Kkkkk (Carlo Magno, Jundiaí/SP) – É! Sem dúvidas o Paulinho tenta ser o maior piadista (risos). Está sempre zuando e divertindo os rolês! Eu edito junto com meu pai e filmo a maior parte das imagens do vídeo. O Formiga e o Jailson também filmam bastante e sempre complementam os vídeos da BS com imagens inéditas. O Paulinho, Araken, Nery, Castilho e André só manobram e fazem o corre de juntar imagens deles para fazermos as partes. As ideias de nome dos vídeos, músicas e etc surgem naturalmente. Às vezes, trocando ideia e zuando, aparece um nome de vídeo e assim vai. • Como é ser pai (do Gui) e manter os rolês de skate? (Artur Silva, Jaraguá do Sul/SC) – Ser pai do Gui é tudo na minha vida! Agradeço todos os dias por ele ser meu filho; curto demais brincar com ele, desenhar fazer qualquer coisa ao lado dele. Ele gosta de skate, já está até dando uns dropinhos e fico emocio emocionado vendo. É muito louco ver e acompanhar o crescimento dele! Aprendo muito com ele, procuro ser paciente, participar ao máximo e isso é o que mais importa pra mim. Consigo conciliar bem a educação com os rolês



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GiAn nAccARATo

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não tenho dúvida que meu lugar é no Brasil, onde nasci e onde vivo com minha família. curto demais esse nosso Brasil!

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de skate. Minha esposa sempre acreditou em mim e no skate, é de boa, na real. Curto tanto estar com ele que muitas vezes, quando tô andando, tenho saudade e penso que ele poderia estar junto. Alguns rolês eu até levo ele, mas outros não dá. É tranquilo! • Qual a maior alegria que o skate já te trouxe? E a maior decepção? (Rogério Adventista, Fortaleza/CE) – Pra mim, sem dúvida, é a sensação de acertar uma manobra que você está tentando um tempo! Aprender uma manobra nova e voltá-la, com certeza, é a maior alegria que o skate já me deu. Decepção é ver muitos skatistas com muito talento, muito mesmo - que já presenciei acertando manobras muito cabreiras - com materiais e tênis zuados, às vezes até sem grana para tomar uma água depois do rolê. • As duas vezes que eu te trombei na rua sem querer eu vi você filmando seus trutas da BS Crew e não andando de skate. Como você diferencia esse seu lado videomaker com o seu lado skatista? (Ricardo Oliveira, Taboão da Serra/SP) – Desde que comecei a filmar, não parei mais! Sempre curti muito, mas é embaçado porque requer várias paradas e envolve muita coisa. Pode ver que tem certos skatistas que nem conseguem filmar com certos videomakers porque tem que rolar afinidade, vibe, muita coisa, muita mesmo. Sempre curti filmar e apoiar quem eu esteja filmando! Incentivar, não mostrar que estou cansado, pois cansa muuuito (rsrsrsrs). Torcer mesmo para o cara acertar e me empenhar para filmar do melhor jeito, o mais style possível. Quando comecei a filmar, filmava todo mundo e depois que a galera tinha acertado ou desencanado eu pedia para alguém me filmar (rsrsrs). Hoje filmo e ando revezando a câmera com alguém. • Qual a parte de vídeo de skate que você acha a mais animal de todos os tempos? (Carlos Alberto Coimbra, Manaus/AM) – São várias! Várias mesmo. Vou citar algumas, que pra mim foram muito cabreiras: Guy Mariano (Mouse), Gino Ianucci (Trilogy), PlanB - Questionable (todas as partes), Carlos Iqui (Simplesmente 3, Sintonia), Bob Burnquist (Flip), André Genovesi (Turf). No momento me veio essas na cabeça, mas com certeza tem muitas outras (risos). // Gian naccarato 33 AnoS, 23 de SkATe. São PAuLo/SP PATRocínioS: uRGh, ÖuS, Son SkATeBoARd, TyPe-S, R.A.S BeARinGS, BS cRew PRóximo enfocAdo: Mario Marques envie SuAS PeRGunTAS PARA triboskate@triboskate.coM.br, com o TemA Linha VerMeLha – Mario Marques. coLoque nome comPLeTo, cidAde e eSTAdo. mAndA veR!

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Gian naccarato, fakie pivot grind reverse.


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evento // fix to ride

Converse

Fix to Ride BH 2012

Quantos skatistas não sonham em ter uma pista novinha pra poder andar? o evento Converse Fix to ride Chega à Capital mineira e realiza esse sonho, o terCeiro deles pra ser mais exato. depois de passar pelo iapi em porto alegre e pela pista do arpoador no rJ, desta vez a reForma Completa aConteCeu na pista do nova zoo, loCalizada no bairro nova Floresta e Construída nos anos 80 Com muita história pra Contar durante esse tempo todo. pOr diogo groselha // fOtOs alex brandão

O

bowl de medidas masculinas era o quintal da casa de Alexandre Dota, pai do Jefferson Bill, Coyote e Hugão. Os meninos foram criados lá e dá pra entender de onde vem tanta base. Palavras do Dota: “Aquele lugar tem história... anos 80 e anos 90 foi tudo ali. Legal agora que são mais 20 anos de pista!” Completamente reformada e reformulada, tudo sob a orientação de profissionais e skatistas, a pista do Nova Zoo recebeu skatistas profissionais e amadores convidados para uma competição cercada de diversão. Na modalidade street, Lucas Xaparral passeou na pista e mandou várias embaçadas, garantindo o primeiro lugar e um checão de R$ 6.000,00. Emplacou um impressionante switchstance frontside over the gap tailslide 270 out, depois de o narrador cantar a pedra. Danilo Cerezini abusou da criatividade, o halfcab ollie to switchstance backside noseblunt na borda descendo fez todos pensarem em quão complicada era aquela manobra. Jay Alves passou recentemente por uma cirurgia no joelho e vem se recuperando bem. Mas a vibe do evento era tamanha que logo se aqueceu e representou muito bem a cidade: seu fs nosegrind saindo de nollie flip no novo caixote da pista levantou o público local. Segundo ele, “O Fix em BH foi uma espécie de sonho realizado. Conseguir trazer um evento desse porte pra cá e reformar uma pista histórica, além de ajudar o skate daqui, me trouxe muita satisfação e vontade de fazer mais.” O bowl, agora perfeito, recebeu uma jam session nervosa e bonita de se ver. Pra session final foram escolhidos os skaters Otavio Neto, Biano Bianchin e Allan Mesquita, que ficou com o prêmio de R$ 2.000,00. // o legado Festa completa, pista reformada! A herança deixada pelo evento é muito maior do que o próprio. A pista do Nova Zoo andava mal frequentada e muitos skatistas tinham receio de utilizar o espaço. Com a revitalização total da área, hoje flagramos cenas lindas, como a de uma mãe ensinando a filha a dropar uma 45 e skatistas de todas as idades e categorias andando junto. Os skatistas mineiros agradecem pela casa nova!

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// Jam SeSSion Street 1º Lucas Xaparral 2º Danilo Cerezini 3º Luiz Apelão 4º Silas Bisteca 5º Douglas Molocope


lucas xaparral, flip.

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Jay alves, fs crooked. Fabio Cristiano.

dJ zegon.

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fix to ride // evento

gian naccarato.

biano, fs grind. allan mesquida, fs tucknee.

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evento // fix to ride

silas bisteca e danilo dandi.

lp aladin.

douglas molocope, emanoel enxaqueca e allan mesquita.

danilo Cerezini.

Wagner ramos

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Jay e biano.


douglas molocope, bs tailslide. daniel Crazy, nollie double heelflip.

silas bisteca, flip sobre o cano.

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gracias hemanos // o vídeo

RegaR a planta

Os dreadlOcks nãO eram a única identificaçãO entre Os criadOres da ViVa rOdas. lOnge dissO. PersOnagens criadOs em andanças PelO mundãO, VitOr sagaz e adelmO JuniOr têm muitas afinidades. sãO skatistas PrOfissiOnais cOm imagens cOnsOlidadas, carreiras desenVOlVidas, Passagens POr “n” marcas, dezenas de carimbOs nO PassaPOrte, inúmeras e ótimas Partes de VídeO e fOtOs Publicadas, mensagens de Paz e amOr. sãO esPiritualizadOs, VOltadOs Para esPalhar POsitiVidade atraVés dO skate e de suas ações. a VerVe artística serVe de insPiraçãO Para muitOs que se esPelham neles Para cOntaminar mais e mais PessOas, de tOdOs Os cantOs. é difícil eVitar O clichê quandO se fala de seres enVOlVidOs cOm O mOVimentO rastafári Ou O VegetarianismO: a exPressãO “VibraçãO POsitiVa”, meiO que salta aOs OlhOs. Por cesar gyrãO // Fotos carlOs taParelli e felliPe franciscO

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Carlos Taparelli

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gracias hemanos // o vídeo

D

epois de 5 anos de uma primeira conversa para a criação da marca, finalmente a Viva se pronuncia ao mundo através de seu primeiro vídeo. Com adesão de corpo e alma dos parceiros naturais, a propagação de seus ideais tomou forma no último ano, com o início da reunião das filmagens de Sagaz, Adelmo, Mauricio Nava, Antonio Cardoso, JN Charles, Juan Martinez e Felipe Marcondes. O pontapé inicial foi dado pelo Vitor, que tinha uma parte de vídeo pronta, que iria ser incluída no vídeo do Adonis Perfeito, de Manaus, com o título “Malako”. Com o conceito traçado a ordem foi cada um reunir o que tinha produzido e sair pra rua para filmar mais, com o objetivo de finalizar tudo numa viagem para Buenos Aires, Argentina, no começo deste ano. Adelmo tem participações marcantes em vídeos das marcas internacionais e nacionais que representa e salvou algumas pérolas para o Gracias Hermanos. Radicado nos Estados Unidos há muitos anos, é o que mais viaja e nunca deixa de visitar sua terra natal, Aracaju (SE) e esticar suas passagens pelo Brasil por outras cidades e estados. O outro pro da equipe Viva é o fluminense Mauricio Nava. Reconhecido pela sua versatilidade e o skate criativo que mescla street e freestyle com vertical, tomou como base de suas filmagens sua cidade, Volta Redonda, mas também algumas de suas viagens para os centros do país. Antonio Manguaça é da terra do coração do Sagaz, Manaus (AM). Com locações a partir do Amazonas, sua esticada até a Argentina rendeu algumas das mais belas imagens do vídeo. Os pontos de partida dos demais skatistas da Viva, Juan Martinez, Felipe Marcondes e JN Charles, foram suas cidades e estados: Anápolis (GO), Pindamonhangaba (SP) e Aracaju (SE), respectivamente. A cidade/ locação compartilhada do vídeo é Buenos Aires, mas as partes individuais têm picos e sessions em lugares distantes como Nova York e Los Angeles (EUA) ou Barcelona (Espanha). A vontade de fazer um trabalho que realmente mostre a boa sintonia entre os skatistas envolvidos expressa nas palavras de Vitor Sagaz: “O espírito do time na construção do vídeo foi muito legal. Na tour na Argentina, todos conspiraram para fazer o melhor, com paciência, esperando o tempo de cada um. Todos com a mesma satisfação e se jogando para fazer acontecer.” Há cerca de 5 anos, a Viva surgiu em uma conversa entre o Sagaz e o Juninho. No começo, a dificuldade de comunicação entre eles, pelo fato de morarem em países diferentes, manteve a marca no limbo. Um pequeno volume de rodas era produzido e distribuído em pontos seletos no Brasil, na verdade, uma circulação mais entre amigos. Mesmo assim, o nome foi sendo construído solidamente. Tanto que os três pros da marca assinam seus models de rodas (Sagaz, Adelmo e Nava). Agora, chegou a vez desta apresentação mais “fe-

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Carlos Taparelli

felipe marcondes diretamente de Pindamonhangaba para buenos aires, argentina. frontside boardslide to backside lipslide reverse.

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Fellipe FranCisCo

o vídeo // gracias hemanos

adelmo Junior, cidadão do mundo com o coração de aracaju. frontside ollie, belém, Pa.

Carlos Taparelli

Carlos Taparelli

Fellipe FranCisCo

deral”, quando Vitor, Adelmo e seus distribuidores, pretendem alavancar a marca, as vendas e ações. Após o lançamento do vídeo em agosto na Matilha Cultural, em São Paulo, várias outras premieres serão promovidas em quatro cidades do Vale do Paraíba, Rio de Janeiro (Circo Voador), Porto Alegre (Banx), Manaus (Sagaz), Anápolis (Roots), Goiânia (Ambiente), Campo Grande (Rema) e outras. “Em 2011, como fiquei sem patrocinadores eu resolvi investir mais energia na semente que foi plantada e fazer brotar esta árvore de estímulos de vida que é a Viva!” Este impulso de Vitor Sagaz rendeu a primeira planta e todo este time está pronto para regá-la, com água abundante.

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Carlos Taparelli

gracias hemanos // o vídeo

Carlos Taparelli

Fellipe FranCisCo

Carlos Taparelli

Sobre a origem “Eu tava na praia com o Adelmo, conversando sobre as marcas que haviam no mercado e pensamos primeiro em criar uma identidade, antes mesmo de escolher o que iríamos fazer. Pensamos em fazer rodas. Adelmo deu a ideia do nome e eu a criei o logo com o Everaldo Marques “Ratão”. Eu vejo muitos skatistas insatisfeitos com as marcas que representam, mas continuam nelas por causa do dinheiro e não pela identidade ou mensagem que passam. O time da Viva foi montado com pessoas que compartilham do mesmo sentimento que a gente e sentem prazer em vestir a camiseta.” (Sagaz)

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Juan martinez é um uruguaio radicado em anápolis, gO. shove it heelflip, buenos aires.


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Fellipe FranCisCo

o vídeo // gracias hemanos Sobre a edição “Quem tá editando é o Guilhermo Guillis, local do Butanclã. Ele também é skatista, gosta de um skate criativo. Tá fazendo muito por algo que ele se identifica.” (Sagaz) Sobre a trilha Sonora “A trilha sonora é composta por música brasileira. A nossa intenção é propagar o vídeo em outros países e levar a música e a cultura de nosso país adiante. Entre os destaques a Curimba, banda de Campo Grande; Criolo de São Paulo; Originais do Samba e por aí vai…” (Sagaz)

a fonte da Praça da república, em são Paulo, foi um dos achados de Vitor sagaz para o gracias hermanos. manauara de coração.

Carlos Taparelli

Carlos Taparelli

Carlos Taparelli

Sobre a arte “Destaque para o stop motion com o grafiteiro Bruno Brito, o cara que fez o logo do nome do vídeo.” (Sagaz)

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Carlos Taparelli

gracias hemanos // o vídeo

Sobre o futuro “Depois deste primeiro, queremos criar o hábito de ter um vídeo por ano, uma coisa que não rola normalmente em nosso país, para fortalecer cada vez mais a identidade.” (Sagaz) agradecimentoS A Jah, a todos os skatistas, os videomakers que cederam as imagens, a Tribo Skate que fez a parte impressa ser possível, Fellipe Francisco, Carlos Taparelli, galera que trabalha na distribuição da marca e aos lojistas que fazem contato, tornando tudo isso possível.

Carlos Taparelli

Carlos Taparelli

Carlos Taparelli

* Página no Facebook: Viva Rodas.

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antonio cardoso “manguaça”, frontside noseblunt slide em buenos aires.


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Carlos Taparelli

representando Volta redonda, rJ, mauricio nava investe num bonelles tucknee na argentina.

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ramon ribeiro

o vídeo // gracias hemanos

Jn charles faz seu skate fluir na orla de aracaju. Ollie sobre a mesa.

Skate com amor!

“a intenção de se fazer um vídeo de skate é sempre melhorar, fazer coisas novas, ir em busca de novidades, conseguir alcançar um diferencial. além de dar visibilidade para a nossa marca e ligar diretamente a identidade da Viva com os skatistas do nosso time o gracias Hermanos tem como maior objetivo criar o desejo de se andar de skate após ser assistido, e agradecer aos irmãos que sempre contribuem na sessão avisando se vem carros, pedestres, segurança, polícia ou até mesmo mandando uma energia positiva para acertar as manobras, que é o auge do sentimento que temos em comum pelo skate, a nossa meta ou foco, que preenche nossos corações e faz estarmos aqui hoje para assistir diferentes formas de nos expressar em cima do skate. Viva o skate com amor!” (Sagaz)

Vibração Suprema

“a Viva é uma semente que foi plantada com muito carinho e respeito. É uma marca que significa muito pra gente, pois não é apenas uma marca e sim uma unidade de amigos e pensamentos que levam a positividade em cada um que entende o que é a Viva e esse movimento. Fico feliz de ter conversado com o Sagaz naquele dia que tudo começou e também de ver agora a marca fazendo seu primeiro vídeo, que é o primeiro de uma série. gracias Hermanos simboliza o agradecimento a amigos, simpatizantes e todos que compartilharam uma vibração suprema nesses primeiros anos, no Brasil, nos países hermanos e em todas as partes que todos da Viva foram passando.“ (Adelmo Junior)

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entrevista am // dexter

O FrenéticO

RicaRdo

dexteR

ElE tEm a rEsistência dE um atlEta, mas sE prEpara como um junk. convivE E sE rElaciona muito bEm com as patricinhas na faculdadE dE moda E também com os nóias dE crack na pista da saúdE. é um lEgítimo rEprEsEntantE da nova gEração dE skatistas, mas gosta dE fazEr sEssão com os caras 20 anos mais vElhos quE ElE. você podE vê-lo na mtv Em plEno horário nobrE E no mEsmo dia Encontrá-lo jogado no mEio fio da augusta com uma garrafa dE cErvEja na mão. inquiEto E frEnético, ricardo dExtEr consEguE misturar mundos aparEntEmEntE insolúvEis Enquanto vivE intEnsamEntE sEus dias. o frEio na vida dE dExtEr Está fora dE uso dEsdE quando ElE sE conhEcE por gEntE. para nossa sortE, ElE conhEcEu o skatE no mEio do caminho. // TexTo e foTos marcElo mug

e

sse ano você começou fazendo uma viagem com os caras do MTV Sports pelo Sul do Brasil. Como que foi viajar com esses doidos? O Deco me contou que você foi o amarelão da viagem! Pô, os caras me chamam de pipoqueiro, mas eu não sou pipoqueiro porra nenhuma! Kkkkk. A viagem foi muito da hora, foi um amigo da faculdade que me indicou, o Deco e o Lucas me chamaram. Foi uma das melhores trips da minha vida, com certeza! Uma viagem animal, não precisei mudar nada da minha personalidade, fui aquilo que eu sou. Andei de skate, curti pra caralho, zueira, mu-

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lher, viver o lifestyle nosso, cada um no seu tipo, nada artificial, nada do mundo da TV: cada um do seu jeito e foda-se tudo! Qual foi a coisa mais foda que você fez nessa trip? Na real tudo era muito louco, porque era fora do meu mundo. A gente nunca sabia o que ia fazer, mas a mais foda foi a guerra medieval de mini-moto, que eu sai zuado! Os caras ficaram falando “vai e foda-se!”. Eu fui e poooow, me zuei! (risos). Era da hora porque a gente nunca sabia o que ia fazer. “Vamos fazer isso? Vamos fazer aquilo? Pum! Valendo!”

Rola muito preconceito da galera do skate porque você faz faculdade de moda? Na real tem todo esse lado moderno do skate que tá rolando e eu quero fugir desse lado: fodam-se os modernos! Eu quero terminar a faculdade de moda justamente pra sair desse lado moderninho, pra aprender a fazer as paradas do meu jeito. Não essa coisa fashion, quero que se foda essa porra de fashion. Quero fazer as paradas do jeito que eu gosto, quero aprender a costurar minhas calças que estão sempre rasgadas. (Marcos Noveline) O skate entra de alguma forma nesse lance da moda?


flip no telhado da biblioteca.

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Eu não curto campeonato, eu gosto de ‘‘andar de skate. por isso as ideias batem mais fáceis com essa galera mais velha. porque eles gostam de andar de skate. ’’ frontside fifty.

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dexter // entrevista am Sim, meu lifestyle interfere muito na faculdade. Lá eu posso criar as paradas do jeito que eu gosto, criar meu próprio estilo. Qual a importância da Pista da Saúde pra você? A Pista da Saúde é o melhor pico de São Paulo. Tô sempre andando lá com o Noveline, Marcola, Negão. Lá é o lugar que a gente pode fazer o que quiser! Independente de ser uma pista de skate, a gente pode chegar lá e beber uma breja, sem regra, sem hora pra entrar ou pra sair, a gente constrói os obstáculos do jeito que a gente quer. Quem faz acontecer na Saúde é quem anda lá. Não tem ajuda de governo, nada. E de onde surgiu o apelido de Dexter? Hoje em dia tem o seriado com o Dexter, que é um assassino, mas não é por causa disso. É por causa do desenho Laboratório de Dexter. Quando eu era pequeno usava óculos de grau, era o menorzinho da galera, aí ficou Dexter e pegou. Hoje em dia eu tô mais pro assassino, mas o apelido surgiu do desenho! (risos) Você tem cara de assassino. Já me falaram isso! (risos) (Noveline) É verdade que você quase apanhou de todo mundo na Argentina? (Mug) Tem um uma pergunta aqui sobre chiliques, quer responder tudo junto? Ah, não é chilique!!! (risos) Quando a gente tá numa sessão, que é uma responsabilidade, com tudo armado, videomaker, fotógrafo, tudo pronto pra você andar e de repente sua cabeça tá zuada naquela hora, a manobra não sai. Aí não tem jeito: você acaba ficando estressado, quebra o skate, essas coisas. Às vezes você não tá no seu tempo, no time de fazer aquilo e acaba rolando o stress. Normal, faz parte!

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entrevista am // dexter

Arquivo PessoAl

one truck flip out.

é um orgulho ‘‘saber que meu pai andava de skate em 1976! ’’ 68 | TRIBO SKATE agosto/2012


na real tem todo esse lado ‘‘moderno do skate que tá

rolando e eu quero fugir desse lado: fodam-se os modernos!

’’ nosebluntslide.

Você resgatou umas fotos do seu pai andando de skate milianos atrás. Você começou a andar de skate por causa dele? Na real não. Ele me mostrou essas fotos só depois de uns três anos. Ele andava em 76, uma época que praticamente não tinha skate aqui no Brasil. Porra, essa é uma parada muito louca. É um orgulho saber que meu pai andava de skate em 1976! Ainda mais hoje em dia com essa parada tão em alta de todo mundo querer ser old

school. Mas old mesmo são os caras que andam até hoje, ou que andavam antigamente. Tem muita gente usando material das antigas, nem viveu aquilo e fica falando que é old school. Não queira ser chamado de old school. Se você for um, você vai ser reconhecido como um verdadeiro old school. Sem “oldesculpa”! Daqui uns vinte anos você acha que você vai ser um old school ou um “oldesculpa”? Pretendo andar de skate até o fim, até minha

perna não aguentar mais. Skate é tudo na minha vida, meus amigos, meu lifestyle. Nada de “oldesculpa”! (Noveline) Você tem noção da importância dos verdadeiros old school para as novas gerações? Hoje está tudo mais fácil, shape importado por um preço acessível, revista, vídeo, internet, tá tudo na mão. Mas a galera não pode deixar de resgatar a essência, de quem começou toda 2012/agosto TRIBO SKATE | 69


entrevista am // dexter a parada. Por isso eu tenho o maior respeito pelo Bruno Brown, Mauro Mureta, até o próprio Biano, Noveline. São caras mais velhos, eu consigo andar de skate com eles e percebo que as minhas ideias batem com as deles. Eu respeito esses caras, é uma puta satisfação chegar na casa do Mauro e andar com eles. E, às vezes, eu não tenho a mesma vibe andando com os caras da minha idade. Fica aquela coisa de dar uma manobra melhor que o outro. Porra, eu não quero acabar com a vida de ninguém. Eu só quero andar de skate, parece coisa de campeonato. Eu não curto campeonato, eu gosto de andar de skate. Por isso as ideias batem mais fáceis com essa galera mais velha. Porque eles gostam de andar de skate. Quais caras são fortes influências para você? Influência não é só no skate, tem que ser nas atitudes também. Não adianta o cara andar pra caralho, ter um estilo da hora e não ter atitude. As minhas influências hoje em dia são os meus amigos, caras que eu olhava na revista antigamente e hoje eu tô andando de skate com eles: Biano, Ragueb, Noveline. Também tem os caras mais velhos: Bruno Brown, Mauro Mureta, Daniel Kim. Eles não são da minha geração, mas aprendi o que eles são para o skate e isso é uma parada que a galera precisa se ligar. Quem foram os caras que construíram a base do skate. Não só esses skatistas que eu citei, mas muitos outros, só que esses eu faço questão de citar. Do mesmo jeito que esses caras das gerações mais antigas deixaram uma herança para as seguintes, o que você quer deixar para a gerações mais novas que a sua? Meu papel é puxar o skate para a sua essência. Andar de skate mesmo e não ficar encanado em ter patrocínio, em ser o cara do momento. Desencana disso: vai andar de skate, sai remando na rua, vai se divertir com o seu skate, independente do trabalho. Revista, patrocínio; ótimo! Tudo isso é legal, mas antes ame o skate. Divirta-se com ele, viva o skate. E nas baladas? Tá frenético? Ah, tem que estar né! Com a idade que eu tô, tenho que aproveitar agora. Não vou querer ser um vovô jovem, com 60 anos na balada com os meninões. Se eu tiver nessa daqui um tempo também vai ser legal pra caralho, mas eu tenho que aproveitar essa fase, o agora. Você gosta muito de sair à noite? Saí ontem, né! (risos). Balada é sempre bom, ver a mulherada, curtir a vida. É isso que eu tô falando: vai curtir a vida, não preciso ser todo atleta. Tudo bem. Ser atleta é bom, mas você não vai curtir tanto quanto viver o lifestyle mesmo. Vá pra sessão, anda até não aguentar e depois cola direto na balada com o skate. É isso que eu curto. Tequila, vodka ou cerveja? Cerveja, sempre. Palco, gap ou quarter? O skate tem que ser livre, o que tiver na sua frente você anda. Não limite o seu skate, ande no palco, solo, transição, gap. Se você andar em todos os ambientes, você vai sempre se divertir, em qualquer lugar.

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backside five-o grind.


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meu papel é puxar o skate para a ‘‘ sua essência. andar de skate mesmo e não ficar encanado em ter patrocínio, em ser o cara do momento. ’’ 72 | TRIBO SKATE agosto/2012


dexter // entrevista am Cita uma parte de vídeo de skate pra assistir antes de andar. Uma parte? Tem muita parte boa hoje em dia, tem tantas que eu nem vou saber dizer. (Noveline) Tá desinformado, só fica nos sites pornôs! Então vamos mudar a pergunta. Redtube ou Xvideos? (risos) Todos, né. Uma sacanagem é sempre bom! Mariqueta, Maricota, com a direita e com a canhota! (risos) Fala uma banda, música, álbum, que você gosta. Eu curto mais uns sons antigos. The Doors, Led Zeppelin, Pink Floyd. Os sons de hoje em dia estão foda, pra mim é mais os sons das antigas mesmo. Às vezes um rap. O que não rola são essas porras de axé, sertanejo, pagode, quero que se fodam! (risos) Fala uma balada boa hoje em dia? Ah, eu acabo indo pra Augusta mesmo, você sempre encontra alguma coisa por lá. Tem um bar que a gente vai muito também, no Ipiranga, onde só colam os mais amigos mesmo. Heineken, Stella Artois ou Quilmes? Budweiser! (risos) Quer agradecer alguém? Porra, com certeza, tem muita gente que já me ajudou, sem palavras. Minha família, meu pai, meus irmãos, minha irmã, minha mãe, que sempre me apoiou pra caralho. A galera do skate, Biano Bianchin, Marcos Noveline, Ragueb Rogerio, Marcelo Mug, Daniel Kim, meus patrocínios, Vans, Gardhenal for life, Weird, Monster, Plimax e a Tribo Skate. // RicaRdo FeRnandes “dexteR” 22 anos, 12 de skate são Paulo, sP aPoios: Vans, Monster, Weird, toy Machine, Pig Wheels e gardhenal.

frontside boardslide.

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laurence reali // o legado

Laurence

reaLi Descanse em Paz * 1986/2012 * Por Cesar Gyrão // Fotos rené Junior

Q

uerido por todos, o skatista de Guarulhos morreu no dia 7 de julho, ao voltar na madrugada para casa. Sempre iremos questionar por que ele estava de moto naquele dia… Laurence era um cara cuidadoso, mas deixou escapar seu bem mais precioso, a vida. A notícia foi um choque, um tapa na cara de todo mundo, simplesmente porque ele era muito sangue-bom, um verdadeiro colecionador de amigos. Para mim, a notícia veio pelo blog do Pablo Vaz no EXPN. Em seguida, começou a pipocar em tudo quanto foi site e blog especializado. O Facebook foi inundado de pesares e de homenagens. Laurence tinha um skate bonito de se ver, um currículo com belíssimas vitórias em best tricks (incluindo o evento Esta Mesa É Minha), era um grande exemplo de perseverança e se relacionava muito bem com as marcas que representava. Era doce com os fãs e se virava muito bem com a mídia. O legado que Laurence nos deixou é muito mais que tudo isso, mas se tiver que resumir em uma palavra, esta será “sorriso”.

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laurence reali // o legado

Backside nollie no monumento proibido do aeroporto de Guarulhos, uma escultura da arquiteta Tomie ohtake.

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O legado que ‘‘ Laurence nos deixou

é muito mais que tudo isso, mas se tiver que resumir em uma palavra, esta será sorriso.

’’

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LUZ

// Thiago Pingo, bs LiPsLide. foTo aLex brand達o

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LUZ

// CarLos iqUi, swiTCh fronTside fLiP sobre a veLha rUa. foTo rené Jr. 80 | TRIBO SKATE agosto/2012


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LUZ

// emanoeL enxaqUeCa, swiTCh baCkside smiTh, The ComPLex. foTo rené Jr.

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casanova //

Gabriel Erckmam Shelsky // Fotos MarcElo MuG Onde nasceu: Brasília, DF. Onde mora atualmente: Brasília, DF. Primeiro skate: Shape Drop Dead, trucks não me lembro o nome mas era um fabricado pela Crail, rodas Solo e rolamentos Abec, todos misturados. Skate atual: Shape Antzoo, trucks Thunder, rodas Bones, rolamentos Red Bones, parafusos de base simples e lixa Jessup. Som pra ouvir na sessão: Wiz Khalifa, Real Estate. Uma parte de vídeo de skate: Torey Pudwill, no Hallelujah da Transworld. Três amigos pra compartilhar a sessão: Caio Boca, Caio Rogério, Marcos Vinicius “Peninha” e outros. Comida: Pizza. Bebida: Energético. Balada: Devassa Sessions, que acontece na Ambiente Skateshop em Goiânia. Melhor pista: Pista pública do Núcleo Bandeirante, ao lado da minha casa. Sonho: Andar de skate pelo mundo sem me preocupar com o amanhã. Para ler: Revistas de skate. Viagem: Quero ir para a Austrália. Um salve: Antzoo, TGCrew, Mateus Amorim, Cledson Soares, Vibe, Léo Fernandes e outros. // Gabriel erckmam ShelSky 17 anos, 5 de skate Patrocínio: antzoo aPoio: Black Box skate

ollie over the rail.

trajeto é longo, o povo apertado, tá a lady Gaga ‘‘noovagão e ninguém olha de cansado (Haikaiss) ’’ 84 | TRIBO SKATE agosto/2012



casanova //

crooked.

rafael Magrelo

// Fotos Junior lEMoS

Por que do apelido: Sempre fui meio franzino. Ser skatista é: Conhecer o mundo e enxergar a vida de forma diferente. Dificuldade do skate no interior do Brasa: Pistas de skate inadequadas e a marginalização, que infelizmente ainda existe. Em quem se espelha: Márcio Conrado, André Genovesi, Bob Burnquist e Laurence Reali, que infelizmente nos deixou. Vídeo favorito: Simplesmente Sintonia. Skate atual: Shape Vegetal, trucks Venture, rolamentos Red Bones e rodas Plan B. Marca fora do skate que gostaria de ter patrocínio: Gol Linhas Aéreas, pra poder viajar e conhecer o mundo. (risos) Viagem: Quando fui a Curitiba.

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Rua: Aquele pico onde podemos andar com os amigos sem nos preocupar com a repressão. Pista: Skateplaza de Guapiaçu. Sonho: Ir a lugares que ainda não conheço e fazer novas amizades. Salve: Família, esposa, Dudu, Japa, Rafael Eduardo, Zulu, Mortal, MC, Juruna, Zuno e Rodrigo Pastor. // rafael henrique lourenço “maGrelo” Franca, sP 29 anos, 15 de skate Patrocínios: colletividade, célula, dreams skate sHoP

Quem dorme ‘‘sonha, mas quem trabalha realiza! ’’



Renan Vargas, fs grind crail grab.

Intervenção v

Ligiane XuXa e Zikk Zira no Clube Alto de Pinheiros A ação que aproxima skatistas profissionais da galera que é apaixonada pelo esporte desembarcou no final de junho no Clube Alto de Pinheiros, em São Paulo, com a presença dos pros Zikk Zira (apoio: South America), Ligiane Xuxa (Black Sheep e Cheers) e da equipe Tribo Skate, representada pela Dani Ribeiro, a tribete Michele e o mister Lorand nas filmagens. A quinta edição da Intervenção aconteceu no bowl do clube e contou com a presença dos sócios fiéis ao skate e seus familiares. A tarde de sábado foi de muita descontração onde a garotada conversou sem pressa com os profissionais, trocando aquela ideia firmeza que aproxima ídolos de seus fãs. Sem esquecer que a galera saiu de lá com exemplares da revista e também com alguns brindes cedidos pela Crazyn Boards, que foram sorteados. A Tribo Skate agradece a todos que passaram pelo clube, ao pessoal que coordena as atividades por lá e também aos profissionais que fizeram parte da ação. E pra galera que nos acompanha, nós mandamos o seguinte recado: a próxima parada do Intervenção Tribo Skate pode ser em um pico de skate perto de você. Se liga!

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Zikk e a garotada. Gladstone, fs carving grab.

Ligiane na interação.



Do alto de seus 50 anos de idade, sergio Negão é uma das figuras históricas marcantes de sBC. invert.

30 anos da Pista Velha de

São Bernardo do Campo por Carlos Pretto e Flávio NasCimeNto // Fotos Flávio NasCimeNto

U

m marco na história do skate nacional, a pista velha de SBC comemorou 30 anos de existência com um evento multicultural que rolou no final de junho e começo de julho. Foram três dias com sessões de skate old school, disputa de best trick com a nova geração, escritores de graffiti, produtores de cultura de rua, pesquisadores, músicos, ativistas e, principalmente, skatistas de alma com skate na veia! Pela primeira vez todos puderam pisar direto no granilite já que o evento aconteceu totalmente dentro da pista. Público e skatistas se misturaram harmonicamente, em meio às atrações, sem nenhum acidente. Já a disputa aconteceu exclusivamente na pista antiga que foi cercada por gradil, simulando como era há 30 anos. Enquanto a gigantesca funbox virou palco perfeito para as atrações musicais. Diversas gerações estiveram presentes para conferir o evento independente e histórico, que ficou marcado pela

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união de tudo que gira em torno da cultura do skate e em prol da celebração desse importante skatepark. Foram três dias de muito rap e punk rock, exposição de fotos de skate, exposição de quadros com a história do skate de SBC, bazart, pinturas artísticas dentro da pista, banca de empréstimo de livros e vinis, exibição cinematográfica e muitas manobras! O público foi estimando em cerca de 3.000 pessoas durante os três dias. Presença de grandes nomes e lendas do skate brasileiro: Carlos Limpa Trilho, Cácio Narina, Aurélio Orelha, Rudinaldo Garofali, Glauco Veloso, Wagner Guinê, Paulinho Davi, Henrique Migliano, Fabio Frugis “Anjinho”, Fabio Castilho, Fábio Sleiman, Daniel Bacaro, Denis Buiú, Eduardo Braz, André Cywinski, entre outros. // SeSSão old School Durante a jam old school, a pista foi disputada por skatistas lendários como Jeff Cocon, Álvaro

Porque?, Sergio Negão, Jorge Kuge (responsável pela iniciativa e projeto original da pista), Álvaro Codevilla (presidente da ASSBC), Yndyo Tassara, Galinha, Giba Cossia, Mauricio Chileno, Wallace, Nilton Ataliba, Xurú, Baseado, Cristiano Chiquinho entre outros. // BeSt trick iniciante e infantil Em formato inédito, resgatando e incentivando manobras clássicas da história do skate, a nova geração participou muito animada do best trick old school, que rolou na pista velha. // reSultado 1º Renzo Sanches 2º Ruan Souza 3º João Vitor Otaviano 4º Eduardo Simões 5º Gustavo Henrique


RicaRdo KafKa

sbc 30 anos // história

Jorge Kuge.

RicaRdo KafKa

Bar do Deco.

steve lima.

eduardo Braz.

// expoSição da hiStória do Skate Resgate, lembranças, reencontros, reminiscências, descobertas e reunião de diversas gerações. Através de fotos e textos, os mais de 50 quadros dessa exposição narram mais de 30 anos da história do skate de São Bernardo do Campo. O trabalho foi idealizado, pesquisado e realizado por Carlos Pretto e Flávio Nascimento. // expoSição de fotógrafoS de São Bernardo Allan Carvalho e Ricardo Kafka expuseram uma visão artística e contemporânea do skate de São Bernardo. // trilha Sonora Diversas atrações musicais com influência do skate. Destaque para as bandas Dementadores, do skatista local Ronny Bento; Grinders, de Ronaldo Pobreza, skatista e líder da banda que foi precursora do skate punk nacional; e Subviventes, num show histórico, com o público agitando uma roda punk dentro do bowl; além de K-Trank, Contra Tudo, Smoking Blunts, Isa Lu & Dj Paul RPW, DJ Wagner Alemão e The Whooba. // live paint Escritores de graffiti de diversas partes da região da grande São Paulo que transmitem a cultura skate em sua arte: Danilo Roots, Feto, Droo, Melim, Neguim, Ney, Osmar, Du Beluco, Jonas, Alex Senna, Truff, Arthur, Tei, Danone e Preto. // Barzart Espalhado pela pista, pela primeira vez, aconteceu o Bazart, que é uma iniciativa independente de produtores regionais que unificam suas bancas, prezando pela diversidade, criando um mercado paralelo de venda de produtos alternativos, como camisetas, brechós, artesanato e arte vendável em geral. Participaram do evento, Dazrua e Dazrua divisão de bandas, Roque Estrela, Muffs, Maria Joana Artesanato e Mofo da Nega Brechó.

álvaro Porquê?, fs air na velha!

Glauco rogerio.

Cácio Narina e Dudu.

vida sobre rodas.

allan Carvalho “Bam”.

// dia 2 de junho, “one more day, pleaSe...” Para quem perdeu a festa do sábado, segunda-feira rolou mais um evento exclusivo. A tradicional sessão old school (rola toda segunda) encerrou a celebração dos 30 anos da Pista Velha. A pista ficou crowdeada, eram mais de 300 skatistas. A atenção estava voltada para o bowl, onde rolaram diversos doubles, triples, carvings, aéreos e uma sessão histórica e casca na cápsula do fundo. Havia ainda uma arquibancada para a galera conferir o barulho dos grinds de perto. Mais 12 painéis de 2,20 x 1,60 foram pintados por escritores de graffiti para serem somados ao conjunto da obra de artes realizadas para esse evento, que serão leiloados para arrecadar fundos para uma cadeira de rodas para o skatista local de São Bernardo, João Henrique, 22 anos, o qual não possui as pernas e usa as mãos e braços para andar de skate como qualquer outro skatista. A exposição de fotos de Ricardo Kafka se estendeu para mais esse dia e os skatistas Eduardo Braz e Carlos Fromm cuidaram da trilha sonora. Após a sessão, a festa continuou no churras do Jeff, no Bar do Deco. Esse evento histórico contou com o apoio da prefeitura de São Bernardo do Campo, com apoio de diversas marcas de skate para o best trick, parceria com a Urgh, que também celebrou seus 30 anos no evento, colaboração do grupo Coletivo N.A.S.A. que principalmente, com quase nenhum recurso financeiro, contou com a mobilização e união do skate de São Bernardo do Campo para fazer acontecer essa homenagem aos 30 anos de muito skate da Pista Velha do Paço. 2012/agosto TRIBO SKATE | 91


hot stuff // agosto

// New era A coleção inverno 2012 New Era traz modelos que ganham as ruas do Brasil com estampas totalmente exclusivas, além de cores e formatos que prometem agradar as mais variadas tribos urbanas. São mais de 90 itens entre bonés, moletons, camisetas e jaquetas, feitos com tecidos em xadrez e veludo que remetem à estação. A coleção pode ser encontrada em mais de 300 lojas de esportes, skate e surf de todo o Brasil. New Era - sac@marc4.com.br /(11) 3312-2355

// rCSSKt Com o objetivo de respeitar os skatistas – lema que também está no nome da marca – a RCSSKT lança seu mais novo pro model, o do verticaleiro Diego da Silva, também conhecido como Bigode. Desenhado dos dois lados da madeira, o shape leva a inscrição muito dita pelo skatista: Séééé Loco! RCSSKT - www.rcsskt.com.br / (11) 8988-1933

// MetalluM A MetalluM trucks chega ao mercado brasileiro tendo à sua frente a lenda do skate nacional André Hiena, que aplicou nos eixos toda a sua experiência acumulada em anos como profissional atuante no skate de rua em São Paulo. Disponível em duas medidas (129mm e 139mm), os eixos são produzidos em liga metálica exclusiva e possuem design único e inovador, diferente de tudo que você já viu! Deixe a MetalluM te surpreender. MetalluM - www.metallumtrucks.com / (11) 9182-3189

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// retta SKate A Retta Skate acaba de lançar seus primeiros produtos da linha hardware com foco nos skatistas carentes em peças desenvolvidas especialmente para eles. A lixa granulação 80 é feita de grão mineral com resina epoxi, fabricada na Alemanha e vem com logotipo vazado. Os parafusos de base são para chave phillips e porca de pressão tamanho 10. A linha de produtos Retta Skate é endossada por Rafael Gomes, que em breve terá uma coleção assinada. Retta Skate – wwwrettaskateshop.com.br

// GardheNal Iniciativa do profissional Ragueb Rogerio e nas ruas desde 2002, a Gardhenal coloca à venda mais uma leva de seus novos shapes, desta vez estampados com desenhos do artista Fernando Denti. Batizados de Madame Zumbi e Cativeiro, os decks Gardhenal trazem a qualidade que a galera do skate extremo precisa para desenvolver suas manobras. Gardhenal - www.facebook.com/GardhenalSkates

// MareSia A coleção de inverno Maresia vai deixar a estação fria do ano ainda mais irreverente, com texturas e temáticas diferenciadas. O moleton canguru em destaque é inspirado nos ponchos usados pelos povos Incas. Já os tênis e os jeans antecipam a coleção verão 2012/2013. São feitos com tecidos que utilizam polímero PET como matéria prima, resultando em um material de alta qualidade, aliado ao potencial ecológico do produto. Maresia - www.maresia.com.br / (85) 4012-6000

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Ogi.

FernanDa negrini

Divulgação

áudio // agosto

emicida.

Central Hip Hop, câmbio!

O skate nasceu nas ruas da cidade e nada cOmO estralar nOs OuvidOs dOs skatistas aquele sOm que também vêm dO mesmO berçO! PensandO nissO, a tribO skate traz nesta ediçãO a seçãO ÁudiO cOm infOrmações esPeciais cOlhidas Pela galera dO site central hiP-hOP. é se infOrmar, aPertar O Play e sair adrenadO Pra sessãO.

por

// O rap nO VMB 2012 Neste ano, a MTV colocou artistas do rap na disputa com bandas, cantores e medalhões de outros gêneros musicais. Este fato pode ser um sinal da retomada da rap, entretanto, é um grande teste para o canto falado. A votação já começou! A premiação está marcada para o dia 20 de setembro, no Espaço das Américas, em São Paulo. Marcelo D2 e BNegão estão entre os indicados. Com o videoclipe “Eu já sabia”, que têm participações de seu filho Stephan, do Start e Hélio Bentes (Ponto de Equilíbrio), D2 concorre na categoria Clipe do Ano. BNegão e os Seletores de Frequência entram na disputa nas categorias Capa de Álbum e Disco do Ano, com o disco “Sintoniza lá”. Os Racionais MCs colocam a periferia e a militância na tela com “Mil faces de um homem leal (Marighela)”, videoclipe que tem participação do rapper Dexter e “That’s my way”, uma parceria entre Edi Rock e o cantor Seu Jorge. • Com o vídeo “Mariô”, o MC e militante do hip-hop Criolo Doido, oriundo dos anos 1990, concorre nas categorias Clipe do Ano e Artista Masculino. • Emicida, que recentemente fez uma turnê na Europa, é indicado nas categorias Artista Masculino, Hit do Ano, Música do Ano, com “Dedo na Ferida”, Clipe do Ano, com “Zica vai lá” e Artista do Ano. • Rashid está nas categorias Hit do Ano com “Quero ver segurar” e também Revelação. Projota concorre na categoria Hit do Ano com “Desci a ladeira/Pode se envolver” e ainda Revelação. • O olhar da MTV alcança o trabalho do rapper Ogi. O MC é um dos que se destacam na categoria Artista Masculino. • Os malucos da Cone Crew Diretoria estão nas categorias Banda, Clipe do Ano e Hit do Ano,

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com “Chama os Mulekes” e Revelação. • Parte integrante do documentário “Cada Canto um Rap, Cada Rap um Canto”, de Vras77 e Renan Inquérito, o videoclipe “Norte e Nordeste me veste” coloca Rapadura Xique Chico na briga entre os indicados na categoria Aposta. • A MC Lurdez da Luz, integrante do Mamelo Sound System, concorre na categoria Artista Feminino e Clipe do Ano, com “Levante”. O cantor Rael da Rima ainda pode entrar na categoria Aposta. // Mapa da ViOlência 2012 crianças e adOlescentes dO Brasil Após a divulgação dos dados do Mapa da Violência 2012, o Central Hip-Hop conversou com militantes dos movimentos sociais e artistas do hip-hop. O ponto de vista de MCs, ativistas, DJs e educadores está em nosso portal. http://centralhiphop.uol.com.br/novochh/arquivo/12012 // sarau VersOs eM VersOs Registramos diferentes momentos do encontro entre poetas e músicos realizado no Espaço Comunidade, no Jardim Monte Azul, dia 20 de julho. Veja as fotos em http://centralhiphop.uol.com.br/novochh/arquivo/12002 // entreVistas Dabluieme, Fino du Rap, DJ Alpiste, Nathy Faria e Sorry Drummer falam sobre seus novos projetos. www.centralhiphop.com



manobra do bem // por sandro soares "testinha"*

O

lá amigos da revista Tribo Skate! Com certeza estamos passando por um momento muito triste no skate brasileiro, com a perda irreparável do grande ser humano e skatista profissional Laurence Reali. Pessoa de valor inestimável não só para o skate, mas também para o mundo em que vivemos hoje, onde interesses dos mais diversos passam por cima de valores muito mais nobres como a alegria, a amizade e a felicidade. Exemplo esse que nosso eterno amigo fazia questão de nos mostrar em suas manobras com o skate, ou mesmo em um simples bate-papo. Como o último que tivemos durante o campeonato do Esporte Clube Pinheiros, ação que o Manobra do Bem foi convidado a participar e aconteceu no final de semana da Virada Esportiva em São Paulo. Estive por lá com as crianças e o diferencial foi mostrar que dentro do skate as crianças têm o mesmo valor, tanto a garotada da classe A (sócias do clube), quanto as da classe C (c de correria). Todos tiveram o mesmo tratamento e julgamento, confraternizando de igual para igual durante o dia todo. Como um dos patrocinadores do Laurence estava envolvido na ação, ele compareceu mostrando todas as suas qualidades como skater e ser humano, para todos ali presentes; andando muito e se divertindo, como sempre. Nem parecia que dali há algumas horas ele estaria competindo e ganhando um dos eventos de skate profissional que aconteceu no Vale do Anhangabaú, durante a Virada. Antes de deixar o clube para esse evento, combinamos dois rolês que não poderemos mais realizar: uma visita dele ao Manobra do Bem e uma visita da meninada de nosso projeto até a quadrinha da “Brahma”, como é conhecido o local onde ele começou a andar de skate. Valeu Laurence, obrigado por todo o valor que nos mostrou durante a sua passagem por nossas vidas. Uma outra relação da palavra valor que quero compartilhar com vocês aqui é sobre o valor de nosso trabalho. Eu particularmente vivo um dilema! Depois de seis anos atuando de forma remunerada na fundação CASA, há cerca de dois anos não possuo um trabalho fixo. Vivo exclusivamente de minhas locuções (que estão longe de ser das melhores) e realizo de forma voluntária o projeto Manobra do Bem pela minha Ong, a Social Skate, com a ajuda de minha esposa e pedagoga Leila Vieira. Estamos nessa para contribuirmos, em primeiro lugar, na qualidade de vida das crianças de nossa comunidade. Claro que o ideal seria conseguirmos um convênio com a prefeitura de nosso município, ou um patrocínio de alguma empresa privada do skate - ou não, para custear nossas atividades junto às crianças, pois se pudéssemos nos dedicar todos os dias ao nosso projeto, com certeza o atendimento e os resultados seriam melhores do que já são. Mas como já disse, o foco principal de minha missão com o Social Skate não é ganhar dinheiro e muito menos ficar rico com isso. Na verdade nem quero ficar rico pois aprendi a viver bem com pouco recursos materiais! Não sei se imaginam, mas recebo convites toda a semana para colaborar com ações sociais de todo o Brasil, as quais eu gostaria de atender. Porém, a distância me impede de estar em todos os lugares que me convidam, mas um dos deles eu resolvi atender pois a situação era especial. Em um certo dia de 2012, bateu na porta da minha casa um brother que se apresentou como Eduardo B.boy. Ele estava com uma Tribo Skate debaixo do braço! Leitor assíduo da coluna Manobra do Bem, ele se inspirou em nossas ações para iniciar um trabalho na sua comunidade, que fica em Itaquaquecetuba. Disse que decidiu me procurar mesmo sem saber onde moro, apenas

* Sandro Soares “Testinha”, agora com 34 anos de idade e 20 junto do skate.

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fotos Arquivo PessoAl

Qual o seu valor?

Núcleo de Cultura Hip Hop, em Itaquaquecetuba.

Skate une o menino “gringo” ao Benito.

com as dicas que a revista dava (meu nome, meu município - Poá, e meu bairro - Calmon Viana). Desceu do trem em Poá e passou a perguntar sobre meu endereço próximo ao skatepark da cidade. Conseguindo me localizar, ele pediu que fizesse uma visita para falar sobre nossas ações sociais com os parceiros da comunidade dele. Só pelo seu esforço, eu já iria com certeza! Ainda mais servindo de inspiração para ele. Porém, algo inesperado aconteceu: na semana que marquei de ir encontrar com os amigos do Eduardo, ele passou em casa e deixou com minha esposa cinquenta reais. Dinheiro que conseguiu vendendo flores em uma manhã fria e chuvosa. Disse que era pouco mas queria me pagar pela palestra. Amigos, quase choramos aqui em casa com a atitude do rapaz! Lembrei de já ter sido convidado (e ainda sou) para eventos ditos sociais - com dezenas de patrocínios em cartazes e camisetas, tudo de multinacional fora do mercado de skate - pedindo minha participação de forma voluntária pois não tinham condições de me oferecer nada. Aí aparece um cara com menos condição do que eu e me oferece um cachê! No dia e hora marcados fui conhecer o Núcleo Cultural do Eduardo, em Itaquaquecetuba. No final do bate-papo, que foi muito produtivo diga-se de passagem, eu doei os cinquenta reais para o próprio núcleo que me pagou para ir lá. Era o mínimo que poderia fazer por aqueles que valorizaram meu trabalho daquela forma. Minha conclusão com tudo isso é que devemos valorizar mais coisas que aparentemente não possuem valor explícito, como a simplicidade das coisas da vida, as amizades, o respeito e, principalmente, valorizar o bem. É entender que o bem tem muito mais valor que o mal, para quando lhe fizerem algum mal, retribua com o bem. Agradeço eternamente ao skate por me colocar nessas situações e me ensinar tudo isso.

APOIO CULTURAL



skateboarding militant // por guto jimenez*

A

história das pistas de skate no Rio de Janeiro tem uma característica bastante peculiar: a cada período de anos, surgem diversos locais pra se dar um rolê ao redor da cidade. Como se fossem vinhos raros e finos, as pistas de skate cariocas demoram pra aparecer no cenário, mas sempre o fazem com destaque. Também como os vinhos, há diversos sabores e tipos de pistas pra agradar a todos os gostos. Isso vem desde o final dos anos 70, quando as pioneiras pistas de Nova Iguaçu, Jacarepaguá e Campo Grande foram construídas. Havia também o bowl do condomínio Barramares (já demolido), que junto com as outras forjou uma geração vencedora de skatistas de vert cariocas. Alguns nomes legendários do skate brazuca, como Marcelo Neiva e Jorge Luiz de Souza “Tatu”, surgiram nessa época e influenciaram toda uma geração de skatistas e competidores, tanto locais quanto ao redor do Brasil. Os anos 80 não foram tão pródigos assim em termos de construção de novas pistas, fruto talvez da decadência econômica que levou a cidade a decretar falência em suas contas públicas. Mesmo assim, rampas de madeira pipocaram pela cidade: na pracinha da Urca, numa pracinha escondida no Jardim Botânico, num quintal de casa em Bangu e a melhor delas ficou por um bom tempo servindo aos skatistas no Estádio de Remo da Lagoa, veja você... Uma marca de refrigerantes construiu uma rampa de madeira que primeiro ficou no estacionamento do shopping Rio Sul e depois ficou por um bom período na área do Circo Voador. Em 1991, surgiu a ASR (Associação de Skate do Rio), que conquistou duas joias pro cenário local e nacional: os bowls do Arpoador e do Rio Sul – esse último considerado pela Thrasher como “a pista de skate mais perfeita já construída pelo homem”. Minis pipocaram ao redor da cidade: no quadrado da Urca, na Lauro Müller, no Méier, em Sulacap... Nessa época, rolavam circuitos que fizeram despontar nomes como Alessandro Ramos, Léo Lopes, Felipe Vilhena e Pedro Slivak, entre outros. A cada quatro anos, pistas apareceram sempre em anos de eleições e as melhores foram o banks da Lagoa e a pista versátil da Praia do Cocotá. Alguns anos de ostracismo em termos de surgimento de pistas fizeram com que os cenários carioca e fluminense se destacassem por revelar talentos inegáveis que, por força da falta de competições e estrutura locais, tiveram de morar noutros lugares pra terem direito ao seu lugar ao sol. Caras como o já citado Alessandro Ramos, mais Allan Mesquita, Marcello Gouvêa e Emanoel Enxaqueca, literalmente “quebravam tudo” nas com-

René JunioR

Rio de Janeiro: Skate maneiro

O Parque Madureira representa uma nova era pro skate do Rio. Ed Scander, fs carving.

petições amadoras e foram morar noutras cidades em busca do reconhecimento e das oportunidades que o cenário local já não os concedia. Hoje em dia, uma nova página na história das pistas de skate no Rio de Janeiro está sendo escrita e tem o potencial de transformar a história do skate na Cidade Maravilhosa. A pista de skate Jorge Luiz de Souza “Tatu” não é somente a grande atração do Parque Madureira: é simplesmente a melhor pista de skate já construída na cidade. O projeto de Sylvio Azevedo e Bruno Mello, que contou com o auxílio luxuoso de Fernando Frewka e Geth Noble na sua construção, abre uma nova perspectiva pro cenário de skate no Rio. Fruto de uma parceria entre a USR (União Skate Rio) e a Prefeitura, é o primeiro de uma série de projetos que já reformou o Banks da Lagoa e construiu uma área de street onde era uma quadra de tênis abandonada. E não vai ficar só nisso: o próprio Parque Madureira receberá outra pista em breve. A cidade ainda terá o Parque Radical da Lagoa, e até a área do estádio João Havelange – o “Engenhão” – terá nada menos do que duas pistas acessíveis a skatistas de várias modalidades. Junte a isso as ladeiras no alto da cidade, como as Paineiras, a Vista Chinesa e o Sumaré, encravadas em plena Mata Atlântica; o provável reconhecimento da Praça XV como local de prática do skate, numa área onde streeteiros de todos os lugares se reúnem pra aperfeiçoar suas manobras; e a eminente reforma do bowl do Rio Sul... O resultado é um só: o Rio voltará em breve a ter o seu lugar de destaque no cenário nacional. É só aguardar, ver e vir pra cidade dar seu rolê nesses inúmeros picos que temos por aqui. Afinal de contas, quem é daqui já sabe: Rio de Janeiro = skate maneiro!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

98 | TRIBO SKATE agosto/2012




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