Tribo Skate Edição 203

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www.triboskate.com.br

otavio neto, bs ollie

Ano 22 • 2012 • # 203 • R$ 8,90

vinte e um anos otavio neto | rene shigueto | fellipe francisco | jéssica florêncio














índice //

Vinte e um anos! sEtEmbro 2012 // Edição 203

EspEciais> 42. Jéssica Florêncio a pEquENa NotÁvEl 48. FEllipE Francisco MEu Estúdio é a rua! 62. rEnE shiguEto rElEitura do Estilo livrE 74. otavio nEto o MEstrE aiNda é CriaNça sEçõEs>

Editorial ............................................................014 Zap .........................................................................022 Casa Nova ..........................................................086 Hot stuff............................................................088 Áudio - uNitEd & stroNg ..............................090 MaNobra do bEM ............................................094 skatEboardiNg MilitaNt .............................096

Capa: Pouca transição para muitos centímetros de vertical e um coping moldado à mão. Ideal para o skate explosivo do sempre pilhado Otavio Neto. Clube Alto de Pinheiros, São Paulo, SP. Foto: Marcelo Mug ÍndiCe: Rodrigo Petersen “Gerdal” acelerou ao máximo por baixo do viaduto pra lançar um frontside ollie 360 com muita base. Boa manobra pra ilustrar o índice dos 21 anos. Foto: Fellipe Francisco

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“Nós já conhecemos a cadeia alimentar e sabemos que tudo é uma engrenagem. Se não tiver tudo equilibrado todos caem.” (otavio neto)

2012/setembro TRIBO SKATE | 13


aNa paula Negrão

ricardo Napoli Fellipe FraNcisco

Marcelo Mug

editorial //

Otavio, alleyoop bs smith one foot. • Fellipe, bs ollie. • Rene, nose wheelie one wheel. • Jéssica, fs rockslide.

AbAixo o clichê!

O

pa, opa, lá vem a Tribo Skate polemizando, mais uma vez… Ao completar 21 anos, este editorial bem que poderia estar chovendo no molhado enfatizando o novo marco alcançado pela revista brasileira de skate há mais tempo em atividade. São 21 anos e ponto! Não é necessário ficar aqui lembrando o quanto isso representa para o skate, não só nacional, mas até, digamos, regional/internacional. Afinal, quantas revistas sobreviveram a tantos altos e baixos do mercado e se mantêm firmes nos seus propósitos originais? Com raríssimas exceções nos Estados Unidos (Thrasher, Transworld) ou Europa (a alemã Monster), as mais antigas das demais vão ser sempre mais novas que a Tribo Skate. Entre elas, a chilena La Tabla, a inglesa/europeia Kingpin, as americanas The Skateboard Mag e Skateboarder (em sua nova fase, pois ela foi a primeira revista de skate do mundo, com duas paradas de circulação nos anos 60 e 80), só para citar algumas. As revistas representam um dos principais focos de resistência do skate ao longo dos anos, assim como os grandes personagens, as maiores marcas, os eventos, os picos e pistas e algumas outras entidades tão importantes quanto na estrutura da cultura do esporte. Têm o papel de filtrar as informações, escalonar em graus de importância, fazer os registros históricos refletidos em crônicas de cada época. Por isso, assim como o skate, as revistas estão sempre se reinventando, ajudando a criar os novos parâmetros que vão se somar aos terrenos conquistados. Então, vamos bebemorar este marcante aniversário com exemplos de personagens que zelaram e zelam pela boa imagem do esporte e estilo de vida. São eles, Otavio Neto, Fellipe Francisco, Rene Shigueto e Jéssica Florêncio. Os dois primeiros, são fotógrafos, além de skatistas. A ligação entre eles é quase de mestre e aprendiz, pois Otavio foi o responsável por acender a chama da fotografia que já havia no Fellipe. Os outros enfocados, representam “minorias” dentro do skate. A Tribo Skate sempre tratou o skate de forma abrangente, sem essa de separar categorias e modalidades, mas resolvemos puxar estes dois representantes de classes do skate com menos frequência nas mídias em geral. Rene Shigueto é um freestyler, mas também um skatista overall. Sua entrevista revela fotos em situações de rua e transições, evidenciando algo além do estilo livre, em fotos do Fellipe Francisco. No caso da Jéssica, suas fotos foram tiradas por outra skatista brasileira que vive nos Estados Unidos, a Ana Paula Negrão. As duas são do interior de São Paulo, mas a enfocada já coleciona suas primeiras viagens para o exterior e expressivas participações em eventos, como competidora. Estamos aqui, novamente, reforçando nosso papel, compondo uma boa peça impressa que vai reverberar também nos novos projetos virtuais da Tribo Skate, sempre buscando os melhores ângulos e a necessária visão crítica que todos em nosso segmento tanto precisam. Afinal, falar apenas bem de si mesmo é para quem precisa se autoafirmar nas redes sociais, mas na hora de se garantir com “conteúdo”, falta consistência. (Cesar Gyrão)

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Ano 22 • setembro De 2012 • nÚmero 203

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez Fotografia: Marcelo Mug, Junior Lemos Colaboradores: Texto: Rogerio Lemos, Helinho Suzuki, Sandro Soares Fotografia: Fellipe Francisco, Ana Paula Negrão, Ricardo Napoli, Vitor Sagaz, Mario Romario, B. Brent, Allan Carvalho, Edilson Grão, Lauro Casachi, Flávio Gomes, Daniel Zeta Rojas, Carlos Pretto, Nicolas Delavy, Daniel Mendes, Casey Rigney

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (danielaribeiro@triboskate.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: RR Donnelley Brasil Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





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fabio boLota

[01] Lauro CasaChi

A skatista profissional Ligiane Xuxa estampa propaganda da marca alemã Cheers na edição número 13 (jun/jul) da revista conterrânea AchterDeck. A Cheers chega junto com Xuxinha no suporte de decks e acessórios. Lembrando que ela também conta com patrô da Black Sheep. • [01] Os coletivos Nasa e Campon armaram uma vaquinha on-line (http://www.vakinha.com.br/ VaquinhaP.aspx?e=160317) para possibilitar a cadeira de rodas “extreme” que o super-skater João Henrique, 22 anos, precisa para se deslocar com maior facilidade. E como bônus dessa ação positiva, os 23 maiores lances poderão escolher entre os painéis que foram customizados durante a festa de 30 anos de SBC. Os maiores lances escolhem primeiro. Taí uma dica de boa ação! • [02] Buscando qualidade de vida e ao mesmo tempo um lugar com bons picos para andar de skate, o profissional José Martins (Hocks e Foton) fixou residência em São José do Rio Preto. E além de ficar ainda mais perto de sua cidade natal (Birigui), Zezinho aproveita essa nova fase para acompanhar o crescimento dos filhos Isabelli (1 ano e meio) e do recém-chegado Bernardo Antônio (3 meses). Felicidades à família! • Durante as exibições do Gracias Hermanos, primeiro filme da Viva Rodas, um teaser apresentou a R.A.S Bearing, marca desenvolvida pelo Adelmo Jr. que significa Respeito, Atitude e Skateboarding. Com foco na produção de rolamentos para skate, a marca concentra um time de amigos em torno da ideia. • [03] Ari Bason não faz mais parte da equipe que administra o portfólio de marcas da IOD. O skatista encara agora novo projeto, ainda em segredo. Boa sorte nesta nova empreitada! • Vinícius dos Santos se recupera de uma cirurgia no joelho mas não deixa de estar na ativa! O amador paulista acaba de fechar parceria para vestir roupas da Blaze Supply, marca que surgiu em Lyon (França) no início do ano em uma parceria de duas comunidades de skatistas: brasileira e francesa. Inspirada pela cultura de rua destes dois países, a marca cria uma junção das inspirações e influências artísticas, urbanas e visuais através de roupas, shapes e acessórios adaptados ao nosso lifestyle diário. Lembrando que Vinícius recebe o suporte de roupas da marca uma vez que também conta com o patrocínio dos shapes Son Skateboard. Johny Melhado e Fernando Kawall também fazem parte da equipe brasileira da Blaze, estes sim usando shape e confecção da marca. • [04] O versátil Sandro Sobral usa agora os shapes da Woodlight para os rolês diários. E a parceria estreia com três modelos diferentes assinados pelo skatista. • [05] Evoluindo a parceria iniciada em 2001 quando Edgard Vovô ainda era amador, a Tent Beach passa também a vestir o skatista vertical com a confecção da marca.

CarLos Pretto

zap //

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Rheumatic Hard Core Session Pirando em Pira! TexTo RogéRio Lemos // FoTo ediLson gRão

Flávio Piuí, bs tailslide.

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Era uma manhã de sábado ensolarado e muito calor, clima propício para sair pra rua e se divertir com os camaradas. Ainda mais estando em uma cidade que respira festa, skate e rock. E assim Piracicaba, que já foi palco de memoráveis eventos profissionais na década de 90 e completa 20 anos da famosa minirrampa que virou skatepark, recebeu a quinta edição de um evento feito de skatista para skatista, como o próprio nome diz, “hard core” até o talo! Digamos que não é um campeonato mas tem algumas das competições mais estranhas já vistas como pior manobra, melhor tombo e também os best tricks mais insanos como maior grind, aéreo mais alto, melhor linha e por aí vai. Também não é uma simples sessão pois estava repleta de profissionais renomados, citando alguns como Cris Mateus, Ari Bason, Wolnei dos Santos, Masterson Magrão, Henrique Banana, Adnan Paniagua e alguns dos melhores amadores do cenário atual. Não podemos esquecer também que não se trata de um festival de rock, mas tivemos cinco bandas (Osso, One Minute Less, Dementadores, Mullet Monster Mafia e Bullet Bane) dando peso e apimentando o tempero. Ainda lembrando que não é apenas um churrasco regado a muita cerveja gelada e um público de quase 3 mil pessoas por 12 horas seguidas. Teve até uma demo session da equipe Vans com Daniel Kim, Ricardo Dexter, Marlon Silva, Fabio Gheraldini e alguns convidados como o voador Matheus Mello. Então que evento é esse que consegue unir tudo isso e ainda garantir a diversão de todos? Esse é o Rheumatic Hard Core Session, a grande festa do skate organizada pelos pro-masters Rogerio Lemos e Cristiano Pira e que em mais um ano trouxe um formato diferenciado onde o espírito “for fun and destroy” é evidenciado a cada minuto, com muito skate e rock na veia!





zap //

skate no escRitóRio da FiRma, moment de iPhone diReto de BaRceLona, RocksLide automotivo! nada escaPa das Lentes dos ceLuLaRes dos nossos enFocados em mais um taLk show esPeciaL instagRam. // PoR maRceLo mug

‘‘Fs rock na marginal?’’ diego oLiveiRa (@diegosktoliveira)

canadense ‘‘maple realmente é o verdadeiro!!! ’’

Bcn, euro ‘‘Paral-lel, 2012 ’’

‘‘Quebrou’’

@danilo_dandi apenas ‘‘aquecendo as canelas... olliepena ’’

Biano Bianchin (@bianobianchin)

gian naccaRato (@gianaccarato)

slidez’s na ‘‘ firms @willdias @ cotinstagram ’’ cRaiL tRucks (@crailtrucks)

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Jn chaRLes (@jncharles)

emanoeL enxaQueca (@enxaquecaxv)



zap //

marcelo Formiga, ollie into bank.

Intervenção VI

Formiga, Hiena e o street na skate city TexTo JunioR Lemos // FoToS FLávio gomes

o

mês das férias de julho não poderia ficar sem a Intervenção Tribo Skate. Por isso a sexta edição da ação que leva profissionais do skate para dar um rolê nos picos e pistas que a galera de São Paulo frequenta passou pela Skate City. E nada melhor como levar dois profissionais que trazem a rua em sua formação como skatistas. Falamos de Marcelo Amador Vianez “Formiguinha” (ON, Posso, BS Crew; apoio: Colex) e André Hiena (shape Vegetal, eixos MetalluM, Snoway), sem esquecermos da equipe Tribo Skate, composta pela Dani, o fotógrafo Flávio Gomes e a tribete Michele. Considerando que o sábado foi de muito sol na capital paulista, a pista estava bastante cheia de skatistas que puderam conhecer melhor os seus ídolos, tirar fotos, trocar ideias e ainda eternizar o momento com aquele autógrafo esperto. Além, é claro, de garantir exemplares da revista Tribo Skate e ainda participar do sorteio de materiais cedidos pela MetalluM e Snoway. A Intervenção VI Tribo Skate agradece a todos que participaram da ação e o pessoal da Skate City pela tarde de sábado recheada de skate e muita diversão. Agora é esperar a próxima edição, para saber onde e quando vai rolar aquela interação entre skatistas e seus ídolos. Fique ligado no nosso site!

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o nollie crooked do local vinícius.

galera presente na ação.

andré hiena, fs ollie 180 to switch crooked.



DanieL Zeta rojas

zap //

Dalua na frente // PoR JunioR Lemos Faltando as etapas do Canadá, Colômbia, Argentina, Brasil e África do Sul, Douglas Dalua lidera o ranking 2012 IGSA (Associação Internacional dos Esportes de Gravidade) após vencer o evento Peyragudes Never Dies que rolou na França mês passado. É a primeira vez que um brasileiro lidera o ranking mundial do downhill masculino, mas Dalua sabe que vai precisar ser ainda mais veloz para conquistar seu primeiro título de campeão do mundo 2012. Falta muito para a definição do ranking 2012? Faltam cinco etapas ainda! O circuito mundial desse ano tem dez etapas no total e para definir o campeão valem os 5 melhores resultados. Todos que disputam a liderança já têm as cinco melhores notas, agora é questão de melhorar o que temos. Vou competir em mais quatro etapas e quero melhorar minhas duas piores colocações: um terceiro e um quinto lugares. Não custa nada tentar! É a primeira vez que um brasileiro lidera o ranking mundial? Sim, é a primeira vez que um brasileiro lidera o circuito IGSA World Cup. O máximo que chegamos foi um segundo lugar, conquistado por mim em 2011. Qual sua expectativa daqui pra frente? Esse ano estou totalmente focado e agora vêm as etapas perto de casa,

na América do Sul e a última rola na África. Desses quatro eventos já ganhei em três deles, então conheço as pistas e acredito que tenho chances para conquistar um bom resultado. O que foi diferente na sua preparação? Foi minha determinação! 2012 foi o ano que lancei meu pro model de shape pela marca canadense Rayne e isso está sendo muito importante na minha vida. Também não quero fazer feio, quero mostrar ao mundo que temos potencial, por isso mudei tudo na minha vida para ficar ainda mais competitivo: perdi mais de 18 kg, foquei meu treinamento físico e parti para guerra porque o downhill tem um dos ranking mais foda do mundo. Tem eventos que disputo contra mais de 250 atletas do mundo todo e o ranking final conta com mais de 1.400 nomes diferentes. É alto nível total! Não tenho nada ganhado, apenas estou no meio da guerra! Esse ranking é um jogo de xadrez, tem que ter paciência e saber fazer o jogo certo na hora certa. O que vai representar pra você conquistar deste título? Vai ser um sonho se eu conseguir colocar o Brasil no topo desse ranking. Estou muito orgulhoso de ver a bandeira no meu país liderando a parada atualmente e por isso vou continuar trabalhando focado, para poder dar o meu máximo nas próximas competições que tenho pela frente, pois ser campeão do mundo pelo ranking mundial é meu maior sonho. E se for para ser, será!

Naras Professional Pads eleve seu nível! Com o objetivo de oferecer equipamentos de proteção com padrão de qualidade internacional pra galera que pratica esportes de alto impacto, Cácio Narina e Lécio Batista fundaram a Naras Professional Pads, que oferece produtos de fácil acesso aos consumidores de todo Brasil. A marca tem profissionais com décadas de experiência na

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criação e desenvolvimento de produtos para atletas que desafiam seus limites, proporcionado que eles elevem o nível de seu skate com segurança, independente de modalidade e categoria que pratiquem. Tenha segurança com quem valoriza o seu esporte, investindo na essência que faz você ser realmente único! www.naras.com.br


// zap niCoLas DeLavy

A amizade no filme Joy PoR JunioR Lemos // FoToS nicoLas deLavy e danieL mendes Fugir do censo comum é bem complicado pra quem produz vídeo de skate porque já fizeram muita coisa nessa área e são poucos os que realmente se destacam do padrão que a maioria segue. O filme Joy, produzido por Pablo Aguiar, Marcos Ribas e apoio da marca Weird, caminha nesse sentido justamente porque tira um pouco o foco do somente manobra e destaca o lado subjetivo que circula no nosso universo, contando a história de amizade que há em cada sessão de skate. Filmado em apenas um dia de sessão com os skatistas Ricardo Dexter (entrevista de nossa edição 202), Ragueb Rogério, Biano Bianchin, Leonardo Figueiredo, Peter Volpi, Marcos Noveline e Junior Pig, que acima de tudo são amigos, o filme foi exibido no mês passado em uma festa preparada especialmente para a ocasião, que rolou na Bowlhouse em São Paulo. Link do vídeo: vimeo.com/46051474 niCoLas DeLavy

dexter, fs tailslide.

Peter volpi, bs smith.

DanieL MenDes

niCoLas DeLavy

marcos noveline, bs blunt.

a festa na Bowlhouse.




zap //

Personagem da hora: eduardo Paes O Parque de Madureira, no Rio de Janeiro, é um divisor de águas em se tratando de skate. Com todos os méritos para a nomenclatura “skatepark”, a pista inaugurada em junho está inserida na terceira maior área verde da cidade, símbolo da revitalização do espaço urbano. São 3.850 metros quadrados de superfície skatável, divididos entre downhill, skate plaza e bowls. O projeto dos arquitetos Sylvio Soares e Bruno Pires, contou com a mão forte na construção do experiente Fernando Frewka e sua Flyramp, com participação especial do americano Geth Noble, no acabamento. O grande responsável por tirar este projeto do papel é o prefeito Eduardo Paes, que está no olho do furacão, entregando o parque logo após o evento Rio+20 e preparando a cidade para a Copa do Mundo de Futebol, em 2014 e as Olimpíadas de 2016. Conversamos com ele em seu gabinete por cerca de uma hora e percebemos um personagem sintonizado com as necessidades de nosso segmento, dias antes do episódio infeliz do choque entre o guarda municipal e o skatista no Parque Madureira, quando Eduardo Paes prontamente se posicionou a favor do skate. // Integração Animados com nosso primeiro rolê na pista na véspera deste encontro, falávamos de como o local estava bombando e lotado de famílias e o prefeito lembrou de uma visita da atriz Fernanda Montenegro com ele no espaço, onde o teatro de arena local vai se chamar Fernando Torres. “Eu tava mostrando o parque pra ela e liga a Fernandinha, a Fernanda Torres, me falando que seu filho tava contrariado porque a vó foi e não o chamou. Ele tava louco pra conhecer a pista, porque ele é do skate aqui na Lagoa e não foi chamado. Sensacional.” Segundo ele, tem moleques da Zona Sul alugando apartamentos no bairro, depois da pista. Eduardo não tinha noção do que representaria esse parque na integração da cidade: “Você sabe que eu nem pensava nisso, porque quando eu era moleque eu brincava um pouquinho de skate. A gente fez um programa chamado Bairro Maravilha, um programa sem frescura nenhuma. Você pega a rua do subúrbio detonada e arruma. Só que pra você inaugurar o lugar arrumado, você não tem um fita pra cortar, ou uma coisa pra abrir. Aí eu falei, quer saber, eu vou mostrar pras pessoas que isso aqui ficou do cacete andando de skate. Aí comecei a inaugurar todo Bairro Maravilha chegando de skate. Mas um dia eu inaugurei um viaduto na Barra, onde a imprensa vai, descendo de skate. Na verdade, não foi planejado, mas apareceu um moleque de skate e eu peguei e desci. Aí o O Globo usou a foto meio que me sacaneando. Mas não era essa foto como a do Serra, não, eu desci direitinho… Eu fiquei impressionado a hora que saiu a foto no jornal, com a quantidade de gente que me ligou, que mandava twitter. E esse negócio de Madureira é o tempo inteiro o pessoal me agradecendo.” Na inauguração do novo par-

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que, ele pensava em chegar também andando de skate, só que tinha muita imprensa e o governador falou que ele iria cair e ele não andou. “Mas enfim, tem um negócio legal no Rio que é essa coisa da integração da cidade por suas tribos. Na minha primeira eleição de vereador, eu fazia os campeonatos de surf; a Mesbla tinha quebrado; na época a gente fazia o Alternativa; aí eu arrumei a grana pra fazer o WCT; que eu voltei a fazer agora como prefeito. Tinha essa coisa de chegar nos lugares mais longínquos e se identificar com alguma coisa dali, que na verdade era o lifestyle do surf. Não necessariamente o cara pratica surf, mas é o estilo de vida dele. Então, isso ajuda a cidade a circular. Isso é muito simbólico. A Fernanda me mandou um email, depois, dizendo que é sensacional o moleque da Zona Sul querer ir pra Madureira. O usual era o contrário, o moleque de Madureira querer ir pra Zona Sul.” // Modelo a ser adotado Falamos do ótimo acabamento do skatepark e o prefeito lembrou do Geth Noble, que fez o toque fino na concretagem. “O negócio é o seguinte: agora em todo o lugar que eu vou me pedem uma pista igual, virou meu maior drama. A gente deu uma recuperada em várias pistas.” Eduardo pergunta ao secretário de Obras, Alexandre da Silva, também presente à conversa, sobre outra pista que está sendo construída em baixo da Linha Amarela e o secretário fala que o Frewka já está envolvido e é um banks. “Na cidade toda tem muita coisa sendo feita, tem a maior galera envolvida.” Lembrei que havia surtos eleitoreiros de criação de pistas no Rio, que fizeram parte das décadas anteriores, mas que parece que isso foi quebrado. “Sem dúvida, explodiu com o Parque Madureira e agora rompeu um paradigma: saiu da coisa de uma pista mais simples para um skatepark completo. Se eu conseguir, a Zona Norte pode receber mais uma, a Zona Oeste também mais uma ou duas, mas eu quero fazer uma no Centro.” A Renata pergunta sobre a liberação da Praça XV e o prefeito confirma já ter liberado. “Liberar eu já liberei. Pra andar eu liberei. A Praça XV é um lugar histórico, é o lugar do Dia do Fico, tem o chafariz do Mestre Valentim… Não dá pra fazer obra ali. Quando veio o Movimento da Praça XV, eu falei pra galera que podemos fazer alguma coisa aqui no Viaduto dos Marinheiros que é uma área não utilizada, aqui…” Levantamos para ver a área através da janela da prefeitura. “Uma pista ali vai dar vida ao lugar... Não é um lugar com boa frequência, mas é de fácil acesso e atende o pessoal do Centro. Vamos pegar este espaço degradado e tomar conta. Precisamos compatibilizar os usos. É você ter a coisa do atender o esporte, mas ao mesmo tempo beneficiar a cidade.” O engenheiro Mauro Bonelli, diretor da obra do Parque Madureira havia nos explicado que haverá uma nova linha expressa no sistema de transporte que integrará com maior rapidez todas as regiões do Rio e o prefeito comenta que ela deverá passar ao longo do parque, que logo mais será extendido até a Avenida Brasil.

Cesar Gyrão

PoR cesaR gyRão // PRoDução Renata LoPes

o prefeito do Rio, em seu gabinete

// rIo X sBC Pergunta para Eduardo Paes: “Você tem uma próximo mandato pra conquistar e a gente gostaria de saber o que a gente poderia contar?” Resposta: “É o que eu já falei; esse é um esporte de muita mobilização e que ajuda a integrar a cidade e que garante frequência. Então o nosso caminho vai ser buscar novos espaços da cidade e construir parques com estas características. Eu achei que o nosso fosse o maior skatepark do Brasil. Quando eu descobri que era o segundo eu fiquei ‘p’ da vida, então eu decidi que vou fazer um maior ainda que São Bernardo; não gostei de ficar atrás (risos). Eu desafio o Luiz Marinho, se reeleito for, manter maior a sua área skatável. Minha meta de governo é que o Rio seja a primeira cidade em área skatável.” Brincadeiras à parte, a prefeitura do Rio está de olho na conservação do parque que se tornou referência. “O desafio da cidade é esse: essa pista, a gente botou um prefeito ali, que é o Cláudio, e ele estará por ali olhando permanentemente. Vamos desenvolver a consciência de manutenção que foi uma coisa que a gente viu nas pistas que já existiam na cidade, que a gente vem fazendo desde 2009. Isso é um desafio que vem por aí, dada a dimensão que o skate está tomando no Rio, e repito, é muito a partir do Parque Madureira - aquilo que era uma coisa meio surda da cidade, agora não é mais. O parque escancarou isso. A tendência é mobilizar mais ainda.” Sobre a MegaRampa ter ido este ano para o Rio, Eduardo finaliza: “O Rio tá chamando muito a atenção. Pra fora, as pessoas estão olhando muito para o Rio. Então, foi natural, porque o que a gente tá fazendo é apoiar, facilitar, diminuir a burocracia. O Rio tá se consolidando como a capital do esporte. Acho que é isso; não vejo como uma disputa entre São Paulo e Rio, que são cidades complementares.”





zap //

mario marques aQui no Linha veRmeLha é assim: o LeitoR é Quem Faz a PeRgunta e gRandes nomes do skate as ResPondem, sem coRtes ou censuRa. e neste mês o enFocado é maRio maRQues, Que encaRou uma RaJada de Questionamentos vindos de noRte a suL do BRasiL. e Bote seus neuRônios PaRa FuncionaR PoRQue o enFocado do PRóximo mês é o skatista keLvin hoeFLeR. é só escReveR um e-maiL com o assunto “Linha veRmeLha” PaRa o endeReço tRiBoskate@tRiBoskate.com.BR, com nome, cidade, estado e cLaRo, a sua PeRgunta. TexTo maRceLo mug • Fala Mario, beleza man? Você é um dos que tenho muito respeito e admiração no skate. Sempre apresenta um skateboard de peso, é um dos maiores ícones nacionais e representa nosso skate firmemente. A pergunta é a seguinte: Com a chegada das marcas importadas no mercado nacional, elas dominaram a cena e a maioria de nós skatistas queremos qualidade, certo? Com relação às marcas nacionais, você acha que elas estão ficando para trás? Abração aí, parceiro! (Rome Elton Vieira Silva, Governador Valadares/MG) – Tudo bem graças a Deus, obrigado pelo respeito e pela admiração. Acredito que as marcas nacionais estão perdendo espaço por falta de qualidade e de preço, uma coisa que também dificulta o crescimento é o investimento. Mas como investir sem ganhar? Coisa que a grande maioria alega. Nós temos grandes marcas aqui no Brasil que investem bem em seus atletas e acredito que as marcas de fora que investem vieram para agregar algo em relação à visão comercial. • Que tipo de som você gosta de ouvir? Cite três bandas que você mais gosta para ouvir quando vai andar de skate. (Rafael Braga, Rio Branco/AC) – Oficina G3, só me lembro dessa banda mesmo! Descobri que a música nos influencia muito, então parei de escutar tudo que ouvia. Não quero mais ser influenciado por coisas negativas, apenas pelo Reino dos Céus. Gosto muito de Asaph Borba, Rodolfo Abrandetes e algumas pessoas a mais que trazem o Reino dos Céus à Terra.

• Como você faz pra manter o estilo de skatista sem perder as orientações da religião? (Eliezer, Santa Rosa/RS) – Vivendo longe da religião e tomando posse de ser filho de Deus. Só existe um Pai e o caminho para estar perto dele é Jesus Cristo. O Pai me ensina tudo quando estou andando com ele. Deus é amor, se estou fora do amor, aí sim estou na religião: ela não pode mudar ninguém, mas Jesus muda. • Você entrou recentemente na Pony, a marca está entrando no mercado do skate brasileiro? Tem que trabalhar de representante dos produtos Pony, ou é patrocínio como atleta da marca? E queria saber se já tem seu produtos pelas marcas que te patrocinam? Curto seus produtos assinados. Valeu! (Thiago Felipe, Mogi/SP) – Sim, estamos começando a fazer um trabalho com skate aqui no Brasil. Estou fazendo meu trabalho como skatista, futuramente posso até trabalhar com outra coisa lá dentro porque criei um laço de amizade muito grande com a equipe da Pony. Está saindo um model de shape pela Live e também tenho um model de meia e de touca pela Risky Industry. Obrigado por acompanhar meus produtos assinados e pela admiração. Deus te abençoe! • Qual o melhor e o pior campeonato que você já participou? O que você acha da falta de um Circuito Brasileiro Profissional, igual tinha antigamente, com várias etapas no ano e campeonatos em várias cidades diferentes? (Erick Rodrigues, Santos/SP) – Acredito que participar de campeonato é quando você é amador! Quando você é profissional, pode fazer coisas mais legais com sua imagem. Campeonato é muito individual, você ganha, você é o cara! Já passei dessa, prefiro andar no coletivo.

// MarIo Marques 27 anos, 17 de skate Patrocínios: Pony, Vextor e LiVe aPoio: risky industry e Pig WheeLs

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MarCeLo MuG

• Como você mantêm o skate no pé. Dá rolê todo dia? Onde costuma andar com mais frequência? (Francisco Teles, Cunha/SP) – Eu gostaria de andar todos os dias porque amo estar em cima do skate, mas não é possível. Gosto de andar na pista da Saúde, em Mauá, na Espraiada e na Conc.

• Eu já vi você andando ao vivo três vezes, e em todas as vezes fiquei impres-



zap //

mario marques

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campeonato é muito individual, você ganha, você é o cara! Já passei dessa, prefiro andar no coletivo.

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sionado com a altura dos seus ollies. Qual o segredo para um pop tão poderoso? É verdade que você fez implante de molas nas pernas para pular mais? Hahahaha (Felipe Oliveira de Jesus, São Paulo/SP) – Hahahahaha! Sei lá, todo mundo fala que meu ollie é alto, mas acho que todo mundo pula igual. Acho que quando você olha algo, você tem que acreditar que vai pular: confiança é tudo. Às vezes estou meio desacreditado e quase não saio do chão. Aí penso: cadê o Mario que a galera fala que tem um super ollie? Hahahahahahaha... Aí vejo que sou igual a todo mundo.

• Minha mãe me apoia até o fim, mas meu pai acha que essa história de ser skatista não dá futuro. Qual conselho você dá para quem tem o sonho de ser skatista profissional no Brasil? (Rodrigo Gutemberg, Rio de Janeiro/RJ) – Meu pai era assim também. Nesse caso meu conselho vai para o seu: o senhor acha melhor motivar ou desmotivar? Acredite no seu filho porque se ele cansar de andar de skate vai acabar fazendo outra coisa, mas nunca o desmotive a fazer aquilo que ele gosta. Ele pode não pegar mais gosto por nada! Agora meu conselho pra você é: estude que você será bom em muitas coisas.


aLLan CarvaLho

// zap

half cab transfer noseblunt.

‘‘

não quero mais ser influenciado por coisas negativas, apenas pelo Reino dos céus.

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• Você tem alguma mania ou superstição para andar de skate? Carrega algum amuleto com você? (Marina Almeida, Salvador, BA) – A Bíblia fala que quando me apego a alguma coisa que não tem vida e não fala, me torno semelhante a ela. Eu me apego a Jesus, Ele tem vida em abundância pra nos dar e viver eternamente. Ele tem pra você também, Marina Almeida!

• O que não pode faltar em um dia perfeito para você? (Roberta Aparecida, Leme/SP) – A presença de Deus. Sem ela eu não sou nada! Quando percebo sua presença sou feliz, fui mudado por essa presença, não há nada melhor do que estar ao lado do Pai.

Próximo enfocado: kelvIn hoefler enVie suas Perguntas Para trIBoskate@trIBoskate.CoM.Br, com o tema lInha verMelha – kelvIn hoefler. coLoque nome comPLeto, cidade e estado. manda Ver! 2012/setembro TRIBO SKATE | 41


Numa das famosas escolas californianas, JĂŠssica deixa registrado seu flip sobre o gap.

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jéssica florêncio // entrevista

A PEQUENA

NOTÁVEL! RepResentaR o BRasil mundo afoRa com o skate no pé é uma taRefa nada fácil paRa nossos skatistas! dificuldades das mais vaRiadas suRgem e muitos acaBam ficando pelo caminho com tantos desestímulos que Rolam. imagine então as gaRotas seguindo a mesma diReção; ceRtamente os oBstáculos seRão ainda maioRes, assim como tamBém teRá que seR gRande a foRça de vontade delas paRa supeRaR todas as dificuldades. Jéssica floRêncio conhece muito Bem o Balanço dessa caminhada! acumula na Bagagem expeRiências de tRês tempoRadas nos eua, Já manoBRou seu skate pelo velho continente, paRticipou dos x games los angeles e ostenta, aos 20 anos, a patente de pRofissional de skate, ReceBendo o supoRte de maRcas nacionais e estRangeiRas. conheça um pouco mais dessa pequena skatista BRasileiRa que sempRe lança gRandes manoBRas! Por JuNior Lemos // Fotos ANA PAuLA Negrão

C

omo e quando o skate cruzou pela primeira vez seu caminho lá no interior paulista? Comecei a andar de skate no finalzinho de 2004, por influência de um amigo que dava aulas em um projeto na minha escola aos sábados. Como sempre gostei de esportes, achei que seria legal! Meu primo tinha um skate mas não usava, daí tive a ideia de fazer uma troca com ele. Ofereci um jogo de computador pelo skate e ele aceitou, então comecei a participar das aulas aos sábados. Alguns meses depois competi com os meninos em um campeonato na minha cidade. Meus pais viram o entusiasmo meu e do meu irmão (Yean), nossa habilidade com o skate; viram que estávamos realmente

evoluindo e começaram a nos apoiar, nos levando em mais campeonatos. E como os resultados estavam sendo positivos, tive certeza de que o skate era realmente o que queria pra minha vida e como carreira profissional. Sua família (leia-se Alessandra e Jurandir) está sempre com você! Foi assim desde o começo? Sim! Minha família foi totalmente positiva quando comecei a andar de skate e resolvemos juntos investir no meu sonho e no do meu irmão. Eles realmente são a base de tudo para meus resultados em campeonatos e na evolução no skate. Sem o apoio deles, acredito que não teria alcançado nem um terço do que conquistei hoje. 2012/setembro TRIBO SKATE | 43


entrevista // jéssica florêncio

respeitável rockslide nos X games 2011.

Fs rockslide nos X games Los Angeles 2012.

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Com Luan e eliana sosco nos X games.


Fifty de passagem pelo relentless NAss 2011, inglaterra.

roma, itália.

Feeble durante s3 supergirl Jam, tradicional evento que rola em Huntington Beach, Califórnia.

Qual o principal obstáculo que você teve que superar para se tornar profissional no Brasil? Foi fazer o “corre”, ir atrás dos bons resultados em campeonatos e fazer o possível para aparecer na mídia especializada, para ter o reconhecimento do meu skate. Como você encara ter se profissionalizado com apenas 20 anos de idade? Foi mais uma evolução do meu skate e da minha carreira. Fico feliz de ver que está valendo todo o meu esforço e que agora tenho que me dedicar ainda mais para ser uma ótima profissional, para poder representar bem o Brasil e o skate feminino. Para quais lugares o skate já te levou? No Brasil já estive em várias cidades dos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e viagem internacional já fui para os EUA, México, Europa e Argentina. Mas ainda quero conhecer esse nosso Brasil, os lugares que ainda não estive. Quais as maiores competições que já participou? Já participei duas vezes do “The Supergirl Jam Skateboard Street”, que rolou em Venice Beach, na Califórnia. Também participei do WCS (World Cup Skateboarding) em Roma (Itália), no Relentless Nass em Londres (Inglaterra) e depois fui pro Mystic SK8 em Praga (República Tcheca). Participei dos X Games em 2011 e 2012; na Argentina participei do “Girls Assalt” e no Brasil participei do “Super Street Feminino”. A sua primeira viagem internacional foi com 18 anos. Como foi essa aventura? Foi uma experiência única e inesquecível! Nunca tinha viajado de avião, muito menos ido pra fora do país. Viajei a convite da fotógrafa Ana Paula Negrão, com a cara e a coragem porque na época eu ainda era amadora. Na primeira vez que competi, foi no “Super Girl Jam” e consegui a terceira colocação entre as profissionais. E tour, qual a que você mais curtiu participar? A Euro Trip, que foi uma tour pela Europa no ano de 2011. Estive em Praga, Roma e Londres, além de andar muito de skate com as skaters Lacey Baker, Alexis Sablone, Leticia Bufoni, Eliana Sosco, Ester Perussi e a fotógrafa Ana Paula Negrão. Nossa, nos divertimos muito! Os lugares são lindos e eu recomendo para passear e andar de skate. Como é andar de skate lado a lado com as principais skatistas do mundo? É uma honra e um sonho realizado andar ao lado das principais meninas do skate como: Lacey, Alexis, Leticia, Vanessa Torres, Amy Caron. Dá uma instiga de querer evoluir ainda mais! Ainda tem algum sonho que quer realizar com o skate? Sim, conseguir uma medalha nos X Games. E o assédio dos garotos, como é pra você lidar com isso? Ah!!! (rsrsrs) É tranquilo. No momento estou focada na minha carreira, no skate e no meu inglês. Vou deixar os namoricos pra depois! Como você analisa o skate feminino no Brasil? O skate feminino tem crescido bastante e cada vez mais tem conquistado o seu espaço. Segue algum ritual quando vai montar seu skate? Sempre peço a proteção de Deus. Agradecimentos! Primeiramente Deus, minha família, meus amigos e meus patrocinadores: Mad Rats, Monstra Maçã, Emily the Strange, Stereo, RockStar Bearings e Prefeitura Municipal de Artur Nogueira. // Jéssica Florêncio Ferreira 20 anos, 7 de skate patRocínios: mad Rats, monstRa maçã, emily the stRange, steReo, RockstaR BeaRings e pRefeituRa municipal de aRtuR nogueiRa local: aRtuR nogueiRa/sp 2012/setembro TRIBO SKATE | 45




entrevista // fellipe francisco

Meu

estúdio éa

rua!

O skatista tem que ser bOm de reflexO, assim cOmO O fOtógrafO também precisa dOminá-lO! O primeirO usa a habilidade para manObrar seu skate pelas ruas da cidade e O segundO para eternizar quadrO a quadrO mOmentOs que serãO amplificadOs eternamente. fellipe franciscO é um exemplO de cabra que desenvOlveu essa qualidade nOs dOis sentidOs! cresceu treinandO seu Olhar em meiO às Obras da mãe artista, recebendO Os mais variadOs estímulOs visuais, aO mesmO tempO em que se divertia cOm O skate na duque de caxias, pista antiga próxima de sua casa em belém dO pará. a fOtOgrafia entrOu nO ciclO quandO recebeu dO pai a câmera analógica usada para fOtOgrafar a família. O reflexO de tOda essa rica vivência apareceu para O brasil quandO OtaviO netO esteve em belém e repassOu sua câmera prOfissiOnal para ele e a respOnsa de fOtOgrafar aquela demO. a história cOntinua nas páginas a seguir cOm a primeira grande entrevista dessa nOssa prata da casa, O fOtógrafO e skatista fellipe franciscO. // por JuniOr lemOs

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autorretrato

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Vitor Sagaz

entrevista // fellipe francisco

frontside wallride, santa barbara, ca.

O

Brasil conheceu o Fellipe Francisco quando você foi um dos primeiros colocados no concurso de fotos Oakley Tribo Skate. Nos conte um pouco de sua história no skate e na fotografia antes disso? Comecei a andar de skate em Belém/PA. Próximo da minha casa tinha uma pista criada nos anos 80, o Duque de Caxias Skatepark, onde todos os skatistas da cidade andavam lá. Ele era composto somente por um quarter e um half e quando eu era pequeno, usava como um parque de diversões! Mas com o passar dos anos fui criando naquele local amizades inesquecíveis e grandes ídolos de inspiração e foi neste ambiente que despertou o meu primeiro amor: o skateboard. Já a fotografia foi revelada como um filme fotográfico em minha vida! Os negativos já estavam em minha mente e foram se sobressaindo com o tempo e descobertos pelas revistas de skate e pelos vídeos. Quem são seus maiores incentivadores? Alguém da família já andou de skate ou já foi fotógrafo? Sobre andar de skate nunca e fotógrafo também não! Mas acredito meus pais foram estímulos e referências para meu desenvolvimento, pois minha mãe é artista e professora de artes plásticas; sempre estive em convívio com as artes e meu pai foi quem me deu minha primeira câmera de filme, a mesma que ele usava para registrar momentos da família desde quando nasci. São meus dois mestres! trabalho com fotojornalismo em uberlândia, mg.

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ricardo Napoli

crooked, new York, nY.

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fifty-fifty em laguna beach, california, united states.

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Mario roMario

fellipe francisco // entrevista

“Eu fui pra SP, com a coragem e o foco, como num filme que ainda não terminou e será eterno!” Como suas fotos foram parar na Tribo Skate pela primeira vez? Quando Otavio Neto veio a Belém/PA para fotografar a cena local para uma matéria pra revista, eu estava presente em todas as sessões e também já estava fotografando. Mas tudo era muito difícil em Belém, tinha equipamento precário para o mercado e os contatos eram impossíveis! Me lembro quando o Otavio falou: “Você poderia fotografar com minha câmera o evento e a demo, enquanto eu ando de skate?”. Aceitei na hora! Isso me fez colocar os negativos da minha mente no revelador e comecei a mentalizar meus sonhos como grandes ampliações. As fotos do evento saíram no website da Tribo Skate e a partir daquele momento já estava em contato com a revista como um colaborador de notícias do Norte do Brasil. Que dica daria pra galera que está começando agora na fotografia de skate? Em primeiro lugar, acho que é muito importante estudar sobre o assunto e se aprofundar na técnica, no profissionalismo e no respeito. Lógico, sem esquecer de estar sempre nas ruas fotografando momentos únicos que nunca vão se repetir! Em segundo lugar, acho importante também desenvolver portfólios para apresentar o trabalho ao mundo. Outro ponto muito importante é valorizar a sua sensibilidade. Esse é o verdadeiro valor do seu trabalho! Quando surgiu a ideia de vir pra São Paulo? Após o concurso, fui andar de skate e fotografar em São Paulo e Porto Alegre e fiquei em produção direta com skatistas que estavam no mercado. Essas pessoas acreditaram no meu trabalho e daí surgiu a ideia de mudar de vida, ir para um lugar onde não conheço ninguém e desbravá-lo. Eu fui pra SP, com a coragem e o foco, como num filme que ainda não terminou e será eterno! Como entrou para o staff da Tribo Skate? Assim que cheguei em São Paulo, as únicas pessoas que eu conhecia eram as que trabalhavam na revista. Fui muito bem recepcionado e era onde eu estava oito horas do meu dia, quando não estava nas ruas. Foi então que me fizeram o convite! Obrigado Otavio Neto, Cesar Gyrão e família Tribo Skate. Em que sentido a experiência de morar em São Paulo foi positiva na sua vida? Cheguei em São Paulo com 17 anos e acredito que era o meu lugar naquela época! Cresci, desenvolvi e conquistei meus sonhos, mesmo sentindo saudades do cotidiano diferente que vivia na Amazônia. Foi tudo muito positivo pois o contraste dos lugares me fez desenvolver projetos fotográficos envolvendo a oposição entre a selva amazônica e a selva de pedras. Também foi uma época de novas amizades e muita vivência!

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entrevista // fellipe francisco

“Os negativos já estavam em minha mente e foram se sobressaindo com o tempo e descobertos pelas revistas de skate e pelos vídeos.”

backside tailslide, long beach, ca.

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B. BreNt

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entrevista // fellipe francisco

Como você faz para conciliar os rolês de skate e as sessões de foto? Em todos os momentos nas sessões fotográficas estou com meu skate, nunca o deixo de lado, nem mesmo quando vou fotografar algo que não seja relacionado a ele! Mas é complicado quando acho algum pico para andar e muitas vezes acabo levando alguém para “estourá-lo”. Quando estou fotografando, a sensação de ver o skatista acertar a manobra é a mesma de quando eu volto uma! Por que decidiu ir morar nos EUA? Estava com decisões de mudar minha vida, pois consegui realizar muitos dos planos e sonhos que tinha para alcançar no Brasil. Então decidi mudar pra Califórnia, da mesma forma quando decidi mudar para São Paulo, com a evolução sempre em foco! Como é o dia a dia de um fotógrafo de skate por aí? O dia a dia aqui é o mesmo de um fotógrafo de skate aí no Brasil, mas as sessões são sempre com maior frequência! A diferença aqui é que sempre rola uma viagem para chegar aos picos, pois onde vivo na Califórnia tem que dirigir muito para se chegar onde quer que seja. Tem que saber as direções de todos os picos, o que me transformou em um “GPS humano” dos spots, além de um fotógrafo que viaja todos os dias. Qual seria o equipamento fotográfico dos sonhos do Fellipe Francisco? Meu sonho na fotografia é ter o patrocínio da Ilford (marca de filmes e papéis fotográficos), finalizar meu laboratório fotográfico e fazer Pinhole (câmera com furo de agulha) a vida inteira. Conseguiu realizar esse sonho ou falta muito? Hoje estou vivendo um sonho com meu equipamento. Acredito que falta pouco! E em relação ao skate, qual é o objetivo a ser alcançado agora? Recentemente tive uma lesão no joelho que me afetou muito, mas já me recuperei e voltei muito empenhado. Esse ano passo para profissional e tenho planos sendo desenvolvidos, mas são segredos ainda! Aguardem. Como foi pra fazer as fotos desta entrevista? Foi muito perfeito e natural; somente andei de skate. Agradeço muito a todos os fotógrafos e amigos que as ajudaram a acontecer. Obrigado!

backside ollie, new York.

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ricardo Napoli

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entrevista // fellipe francisco

“Meu sonho na fotografia é ter o patrocínio da Ilford (marca de filmes e papéis fotográficos), finalizar meu laboratório fotográfico e fazer Pinhole (câmera com furo de agulha) a vida inteira.” Quais os próximos passos do Fellipe? Vou continuar meus projetos e terminar a faculdade de fotografia, para em 2013 pegar estrada e conhecer o mundo! Sem datas nem planos, apenas a mochila nas costas, o skateboard nos pés e a câmera na mão. Agradecimentos: Mestres Sandra e Elpidio Francisco, por terem feito a minha formação neste mundo; Patiane Freitas, por aguentar minha loucuras; te amo muito! Agradeço à família Menem Skateboard por acreditar em mim. José Eduardo “Dudu”; amizade e cuidado, muito obrigado. Danillo e Danielle, irmãos perfeitos! Marco street, nossa família nunca morreu. Filipe “Gordo”, Pedro, Thiago “Negão” e Allan. Agradeço e mando muita paz a todos da minha família. Tribo Skate, por fazer parte da minha história e acreditar na minha pessoa. Cesar Gyrão, obrigado por tudo. Meu mestre Miguel Chikaoka, “mágico da luz” que me inspira com seu olhar: obrigado por todo o conhecimento que você transmitiu para minha vida. Otavio Neto, o verdadeiro químico que me ajudou a revelar os negativos da minha mente! Nego Allan, Mario Marques, Maurício Parmalat, APAS, Forfun Family, Leonardo Barreto, Atilla Chopa, André Genovesi e família, Túlio Alberto, Walter Folha, Ckos, Vitor Sagaz, Adelmo Jr., Rodrigo TX, Cezar Gordo, Marcelo Duarte, Ricardo Napolli, Rodrigo Gerdal, Augusto Formiga, Rafael Dias, Bruno Massamy, Leandro Tatá, Ely Marcio Ceará, Julio Detefon, Maurício Nava, Wagner Ramos, família nordestina inteira. Família do Sul; Fabio Bolota, Cecilia Mãe, Murilo Romão, Victor Ferrari Baleinha, Ceará, Rotina Filmes, ZL, ZN, Metal, Pista Duque, Adriano Caldas, Leticia Bufoni, Manaus/AM, Jaboticabal/SP, Lúcio Mosquito, Fabrizio Santos e família obrigado por tudo. Thanks Baker Boys and Brigada Sunglass. Goa Restaurante (Augusto), Vitor Sagaz obrigado por todos os conselhos de amigo, Helga ESPN, Gorba Diet, Arame e toda rapá de Sto André e São Bernado do Campo. E todos os amigos e irmãos que passaram pela minha vida e acreditaram no meu trabalho. Obrigado é pouco: MUITO OBRIGADO! Belém/PA, muito obrigado por tudo! Desejo a todos o bem e boas energias de paz e amor. www.fellipefrancisco.com // Fellipe dos santos Francisco 23 anos, 11 de skate Patrocínio: MeneM skateboards, ViVa rodas, reflex, brigada local: beléM, Pa

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backside ollie 180 fakie nosegrind, new York, nY.


ricardo Napoli

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Rene Shigueto ReleituRa do fReestyle

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Marcelo Mug

rene shigueto // entrevista

ElE tEm o nomE francês E o sobrEnomE japonês, mas aquElE Espírito brasilEiro. É um cara quE consEguE transitar Em todos os ambiEntEs sEm dEspErtar EstranhamEnto, sEmprE parEcEndo sEr dE casa. com um lEvE sorriso no lado dirEito dos lábios compondo com os olhos puxados, transmitE aquElE ar dE tranquilidadE oriEntal E domina o frEEstylE Em linhas corridas como poucos. o footwork É a passagEm para um ExprEsso quE lEva a modalidadE para outros tErrEnos. É considErado um EspEcialista, mas ninguÉm podE nEgar quE suas habilidadEs vão alÉm das manobras dE solo. rEnE shiguEto faz rElEituras E cruzamEntos do frEEstylE com strEEt E vErt, dE manEira tão natural quE sE tornou uma rEfErência dE skatE clássico E criativo. sobrE a oca do parquE do ibirapuEra, já Estampou a capa da tribo skatE (Edição 121) Em sua primEira EntrEvista. um pErsonagEm quE já tEm sEu nomE cravado na história dos 21 anos da rEvista E, consEquEntEmEntE, do skatE brasilEiro.

Por cEsar gyrão // Fotos fEllipE francisco

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V

ocê é um especialista em freestyle ou um skatista overall? Como prefere ser chamado? Shigueto (risos)… Minha imagem está ligada ao freestyle, mas sou um skatista que ama o skate! Onde tem andado, ultimamente? Os domingos na casa do (Mauro) Mureta, são sagrados? Em São Paulo no Ibira (Parque do Ibirapuera), na Paulista, na Faria Lima, mas esse ano já viajei bastante: Vancouver, Brasília, Rio, Los Angeles, Floripa, Curitiba, Belo Horizonte... Você sabe, né Gyrão, é muito bom andar na casa do Mureta, sou fã do skate dele! Um ídolo que virou amigo. Não tenho ido tanto lá por causa das viagens, mas sempre que dá estamos ligando para ele e fazendo as sessões! Nesta viagem para a Califa para produzir as fotos, os ditches foram um foco bem importante. O seu guia foi o Fellipe Francisco,

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que lhe levou para alguns dos canais mais limpos. Quanto de emoção tem em andar nestas famosas valas? Eu estava louco para andar nos ditches. Quando o Fellipe me chamou para fazer as fotos eu fiquei super ansioso, porque ele é um dos principais fotógrafos brasileiros nos EUA e só tá fazendo fotos com os melhores skaters do game. A gente chegava nos picos dava muita emoção, mas eu sempre pensava, putz parecia ser mais fácil (risos)… A gente vai andando e as coisas fluem, aí é voltar logo e partir para a próxima. O Chico representou, me levou para vários! Andar nos ditches é demais, são picos naturais que parecem que foram feitos para andar de skate. Tudo muito perfeito, é impressionante! Você já foi campeão brasileiro de freestyle, ao lado de caras que andam mais no estilo clássico. Nunca vi você colocando um handstand flip, manobra quase obrigatória na linha dos campeões. É realmente difícil com-

parar os estilos dentro do estilo? Pois é, não sei dei dar esta manobra não. Nunca me esforcei em querer aprender. Sei lá, rolou um desapego (risos). Mas quem sabe um dia eu não aprenda… Não tenho vontade de aprender manobras para ser campeão. Estilo no skate, ou você tem ou não tem! Dá para perceber só na forma de pisar no skate... Tem os que são naturais e os esforçados. Na linha dos que têm estilo natural, o freestyle clássico é mais na base do footwork e manobras rolantes, com menos paradas para manobras estacionárias. Essa foi a escola que introduziu alguns dos fundamentos do street, como os shovits e flips. Quem são os primeiros skatistas que você lembra da velha e da nova geração do freestyle que de alguma forma influenciaram em seu skate? Kevin Harris, com certeza. O estilo dele é o melhor de todos: muita fluidez. O Pierre Andre e o (Rodney) Mullen também me inspiraram muito.


rene shigueto // entrevista

nollie 50 pogo acid drop no viaduto. pouco espaรงo pra entrar e muito pra sair (e pegar aquela velocidade!).

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entrevista // rene shigueto

“Não tenho vontade de aprender manobras para ser campeão. estilo no skate, ou você tem ou não tem!” na entrada do ditch, o bom e velho casper na transição.

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entrevista // rene shigueto

Nossa, é engraçado ficar lembrando do passado e visualizar o que eu fazia quando era menor. Hoje tudo é tão fácil: é só entrar no Google e no Youtube pra conhecer melhor o passado e ver o que tá acontecendo atualmente. Antigamente, para isso, pegava-se o VHS pirata sem qualidade. Viva a tecnologia! Que outros skatistas em geral você curte o estilo? Ah, não dá para lembrar de todos que são diferenciados, mas os nomes que surgem na minha cabeça são: Mauro Mureta, Fabio Cristiano, Nilton Neves, o Mizael Simão, Wagner Ramos,

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(Rodolfo) Gugu e o Klaus (Bohms). Dos moleques novos, o Akira Shiroma, Felipe Nery, Murilo Romão... Além do circuito brasileiro, você tem corrido eventos internacionais nos últimos anos, nos EUA, Canadá, Japão e Europa. São eventos bem restritos, que resgatam a modalidade que já dividiu os maiores holofotes no passado. O que estes eventos significam para a evolução do skate? Por incrível que pareça todo ano tem vários campeonatos de freestyle. Eles são importantes porque além de resgatar as raízes do skate

são uma forma de introduzir o skateboard para as pessoas. É um jeito de motivar pessoas que não têm uma pista perto de casa, e quanto mais pessoas andarem, maior a possiblidade de aparacerem novos talentos, novas manobras. Você já emplacou alguns best tricks em eventos internacionais. Quais foram os mais significativos e com quais manobras? Ah, o mais legal foi na França, em Paris, na frente da Torre Eiffel. Eu cheguei no campeonato e já estavam chamando os nomes; eu lembro que acertei tudo de primeira sem aquecer, ganhei o best trick e a jam session.


pa wheelie to 180 primo slide to halfcab butterflip out. (pa wheelie do pierre andre, primoslide do primo desiderio, halfcab do steve caballero e butterflip do keith butterfield).

Não é isso que acontece, mas uma modalidade com tão poucos praticantes deveria manter elos fortes entre eles. Por que a galera do freestyle é tão dividida? Pode mexer neste vespeiro? Ah, sei lá, um bando de doido que fica treinando uma manobra mais doida que a outra, só pode ter uns parafusos a menos, ou a mais! Creio que muito disso se dá por não concordarem com os resultados de campeonatos; um acha que andou mais que o outro. Isso é a parte chata do skate, a hora de competir. No freestyle fica evidente, por ter menos pessoas. Isso vai

contra a essência que é andar para se divertir! Quantos metros teve o seu primo slide (rail slide) mais longo? Nunca peguei uma trena para medir, mas outro dia desci a Ladeira do Sono do Ibira inteira. Sei lá, dá uns 25 metros. Qualquer dia a gente pode fazer uma brincadeira dessas. São poucos os skatistas especializados em freestyle que trabalham com vídeos, como o mito Rodney Mullen e agora o Killian Martin. Aqui no Brasil, o que mais investe nisso é o Per Canguru. O que você tem produzido neste sentido?

Esses meninos trabalham forte e fazem altos vídeos! Eu tenho filmado direto; estou trabalhando em dois projetos interessantes. Logo mais vocês vão ver algo! Como você foi parar na organização do Red Bull Many Mania? Quando participei do Red Bull Local Hero Tour, conheci o Gus (Gustavo) e eu conversei com ele para fazer o Manny Mania no Brasil. Na época foi inviável, porque todas as ações da Red Bull estavam voltadas para Air Racing, mas no ano seguinte ele falou que iria rolar e que seria o organizador junto com a equipe da GOMA. Tem

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entrevista // rene shigueto

impossible na calçada da fama, hollywood.

“hoje tudo é tão fácil: é só entrar no google e no Youtube pra conhecer melhor o passado e ver o que tá acontecendo atualmente.” sido muito legal fazer este evento e este ano foi especial porque selecionamos 25 skatistas via vídeo; cinco por qualificações. Pudemos ver como o skate é grande no Brasil; várias pessoas andando muito que não fazemos noção de que elas existam! Outra coisa legal que aconteceu foi o vencedor do Red Bull Manny Mania Brasil, o JP Anjinho (João Pedro Dantas) ter representado o Brasa na final do Mundial e ter vencido! Seu skate tem muita personalidade para as demos, pois além do flat, você usa o que tiver nas pistas que aparecerem pela frente. Quais foram as melhores apresentações de todos os tempos? Não existe a melhor de todos os tempos. Já fiz apresentações para multidões e na rua, jun-

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to com as crianças da Ong Social Skate. Para mim, se eu acertar as manobras já é bem legal. Neste ano, teve uma que foi engraçada. Foi na Garden Groove na California, junto com os irmãos Carrasco, uma parada típica americana. Muito divertido! Recentemente você foi convidado para ir andar de skate num dos países mais pobres do mundo, o Haiti, para campanha humanitária. Quem lhe convidou e quando será isso? O Ronaldo (jogador de futebol), vai aparecer novamente? Quem me convidou foi a Ong Fight for the Poor (www.T4FP.com); estamos indo mês vem (setembro)! É um projeto que iremos introduzir o skate no país, doando skates e fazendo clínicas.

O Ronaldo Gordo?!?, provavelmente não, mas o (Lucas) Xaparral e o Rafael Gomes estarão! Você foi o primeiro freestyler a compor uma capa da Tribo Skate. Além deste, que outros bons momentos você lembra de sua convivência com a revista? A revista sempre esteve com as portas abertas para mim. Tenho muitas fotos publicadas, e eu só tenho a agradecer! Deixa eu me lembrar de outros momentos… Ahh! Teve uma matéria com a equipe da Globe que a gente foi para São Francisco. Foi muito style, o Shin fez uma foto com a Golden Gate Bridge ao fundo, muito louca! Teve uma foto do Pablo Vaz, também numa ponte aqui de São Paulo, que saiu no começo do ano.


darkslide no griffith park, los angeles.

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entrevista // rene shigueto

A mais cabreira de todas da sessão: caballerial impossible.

“A revista sempre esteve com as portas abertas para mim. Tenho muitas fotos publicadas, e eu só tenho a agradecer!” 72 | TRIBO SKATE setembro/2012

// Rene “Shigueto” MaRubayaShi 37 anos, 25 de skate Patrôs: element Clothing, globe shoes, Powell & Peralta, bones wheels, tensor truCks, khiro são Paulo/sP



Ota ElE ainda é uma criança, ainda Exala alEgria por cada poro do sEu corpo, ainda comE todas as balas quE Encontra pEla frEntE, ainda é o mais pilhado na sEssão. E provavElmEntE sEmprE vai sEr. mas alguma coisa mudou na vida dE otavio nEto nEstas duas dúzias dE anos dEdicados ao skatEboard. as ExpEriências vividas como skatista profissional, aprEsEntador dE tv, fotógrafo, bloguEiro, EmprEsário E mais rEcEntEmEntE como pai dE família fizEram otavio amadurEcEr Em muitos pontos, tornando-sE rEfErência quando o assunto é uma carrEira bEm sucEdida no mErcado dE skatE brasilEiro. mais focado do quE nunca, otavio colocou Esta EntrEvista como prioridadE na sua agEnda durantE três mEsEs. E o rEsultado quE você confErE nas próximas páginas rEflEtE sua atual fasE pEssoal: um skatE maduro E consciEntE, sEm pErdEr a EtErna EspontanEidadE dE uma criança. // TexTo e foTos marcElo mug

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avio

otavio neto // entrevista

Ne to

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entrevista // otavio neto

V

ocê já visitou quantos países diferentes? Caraca, nem tenho ideia! Foram: Argentina, Chile, Equador, México, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Pais Basco, Áustria, Suécia, Dinamarca, República Tcheca, Malásia, Coréia, China. Na verdade não foram muitos, mas foram várias vezes nos mesmos países. Você tem noção de quantos dias por ano você passa longe da sua casa? Antes do meu filho nascer eu estava em um ritmo de viagem mais frenético e ficava quase mais que a metade do ano viajando. Quando meu filho nasceu, no ano passado, coincidiu de eu machucar a pélvis e ficar quase oito meses sem viajar para fora do Brasil. Foi uma contusão “abençoada” pois pude trabalhar no Brasil e cuidar da família. Qual foi a cidade mais estranha que você já conheceu? Estranha não sei, mas a mais diferente foi na China. Fiquei quase vinte dias viajando entre as pequenas cidades e pude ver como é contrastante a China milenar convivendo com a China moderna, onde grande parte dos jovens perdeu suas raízes tradicionais e aderiu ao consumismo e à cultura americana. Passei por vilarejos onde se plantavam arroz na montanha, as pessoas se locomoviam de charrete e no mesmo local tinha uma estação de trem das mais modernas, gigantescas, sem uma alma viva dentro. Truck assinado, model de shape, e agora uma coleção de roupas. Quando você senta com um patrocinador para discutir um produto que carrega a sua assinatura, o que você faz questão de passar para o consumidor que vai usar aquela peça? Graças ao universo, todos patrocínios que eu tenho hoje, antes de serem meus patrocinadores eu já me identificava muito. Por este motivo meu envolvimento passa do relacionamento de empregado e empregador. Entende?! Estes produtos que assino e desenvolvo com a Crail no Netozilla; na Posso! com meu model e na Quiksilver com a coleção das roupas; são como uma extensão da minha vida que compartilho com as pessoas que se identificam com a marca e meu trabalho. Desta maneira sei que estou colaborando com o mercado de skate validando produtos de qualidade que eu uso. De onde vieram as (ins)pirações para a sua coleção de roupas pela Quiksilver? Gostei das (ins)pirações...kkk! Quando surgiu esta oportunidade, mais uma vez coloquei minhas paixões da fotografia e desenho expostos para todo mundo. Em toda viagem há momentos mais marcantes e muitas vezes gosto de “guardá-los” em uma fotografia ou num desenho na minha lixa, que depois de usar tiro e levo para casa. Pra coleção da Quiksilver deixei minha imaginação lúdica descrever o skate em imagens. Por que você escolheu ir para o Equador andar de skate no começo deste ano? Minhas viagens sempre são para outros continentes onde conheci culturas muito diferentes do Brasil, principalmente na língua falada. Resolvi conhecer nossos “hermanos” mais próximos e “desvendar” um pouco da nossa América Latina. Então falei com meu amigos chilenos Spiro e Cristian Saavedra, pedindo indicações de onde poderia ir para conhecer um pico diferente. Os dois me disseram: “vai para o Equador”. Sem pensar muito chamei o Mug e o Thyago Ribeiro pra fazermos uma viagem diferente, que por sinal foi uma das melhores que fiz até hoje.

“Em toda viagem há momentos mais marcantes e muitas vezes gosto de “guardá-los” em uma fotografia ou num desenho na minha lixa, que depois de usar tiro e levo para casa.”

switch, rua e... otavio neto na mesma legenda? isso mesmo, street puro neste switch hurricane na mooca, em são paulo.

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entrevista // otavio neto

otavio acrescenta uma complicada para a lista de manobras da pista da saúde com este flip nosegrind.

Como foi seu caso de amor com “La Carolina”? Acho que foi mais amor e ódio! No primeiro dia não consegui andar de skate. Me sentia muito cansado, pernas moles. Sentia muita dificuldade em respirar e cheguei até a pensar que estava doente. Neste mesmo dia cheguei no hotel e fui no oráculo (Google), pesquisei sobre o país e fui apresentado para a alta altitude. Depois disso dou muito mais valor ao ar que respiramos porque respirar em grande altitudes é muito difícil. Depois de me adaptar, foi um caso de amor e não consegui sair deste mágico parque para ir andar em outro lugar. Quito é a metade exata do mundo. Para quem acredita em outras energias, sente que o Equador é mágico. Você está contente com o mercado de skate no Brasil? Sim e não ao mesmo tempo! Skate, mais uma vez, está na moda. Passou de um estilo de vida “privado undergrond”, para nós que vivemos do esporte, para um conceito “cool” para os jovens simpatizantes de poder aquisitivo maior. Skate ilustra propaganda de grandes marcas, filmes e tudo que se relaciona ao lado bom e divertido de ser jovem. Resumindo tudo: skate agora é coisa de quem quer ser diferente do restante da grande massa! Kkkk... Todo o crescimento econômico do esporte e reconhecimento do skate como um esporte familiar não está sendo revertido. Ou melhor, não está se reinvestindo

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uma parte dos ganhos para fazer o esporte “core” crescer e se estabilizar de maneira organizada, sólida e ordenada. Quantos profissionais renomados que já fizeram e os novos que fazem muito pelo skate mundial e brasileiro estão sem patrocínios?! Onde estão os novos ídolos?! Onde estão os ídolos brasileiros que já foram profissionais e continuam na ativa? Nós já conhecemos a cadeia alimentar e sabemos que tudo é uma engrenagem. Se não tiver tudo equilibrado todos caem. O surf está vivendo uma crise muito grande pois se perdeu a identidade, o estilo de vida do surf é vendido para os simpatizantes. Estes “simpatizantes” de tempos atrás conheciam de verdade os surfistas, o que ele tinha feito, quais os patrocinadores e etc. Eram consumidores alimentados por nossos sonhos. Agora o mercado do surf cresceu tanto que grande parte dos “simpatizantes” de hoje são alienados e nem sabem porque gostam do surf. O skate está em um momento muito especial, quem se profissionalizar e trabalhar de verdade escreverá uma nova história no nosso segmento. Por que você criou a ON? Onde você imagina a marca daqui uns dez anos? A ON foi criada para satisfazer as necessidades de quem está começando a andar de skate e a ter um produto de qualidade que permita desenvolver os primeiros rolês com segurança. Ao mesmo tempo, procuramos fazer um trabalho que valoriza de verdade o skatista profissional e o mercado que atu-


amos. Daqui a 10 anos, respeitando o skate, vamos estar com ON bem posicionada no mercado, fazendo um trabalho onde todos os envolvidos estejam felizes por fazer parte deste grupo e assim o mercado vai ter uma grande empresa para se juntar a tantas outras que vêm fazendo um trabalho sério. Faz pouco mais de um ano que você passou por uma grande experiência que foi o nascimento do seu primeiro filho. Como o Frederico mudou a sua vida? Minha vida se completou. Hoje posso dizer que sou feliz de verdade pois faço o que amo para viver e tenho amigos ao meu redor que posso contar em qualquer ocasião. Agora sei que o valor de família, que meus pais me passaram, é a maior riqueza que eu posso ter. Acredito que com o nascimento do meu filho eu me torno um ser melhor a cada dia e presto mais atenção nas minhas ações, pois sei que agora sou referência para mais um ser. Quando meu filho nasceu, senti uma bondade, uma paz e um amor ao próximo que se todos os seres humanos usassem o amor como um caminho a ser seguido, acredito que o planeta Terra se tornaria o paraíso. Quem passa cinco minutos ao seu lado já percebe que você é um cara de bem com a vida. Tem alguma coisa que te deixa puto e te tira do sério?

Falta de respeito de maneira ampla ou quando alguém desrespeita meus princípios de vida. Top 3 Skatistas de vert: Marcelo Bastos, Rony Gomes e Lincoln Ueda. Skatistas de street: Lucas Xaparral, Chris Senn e Daniel Arnoni. Skateparks: Bondi na Austrália, Marseille na França e AE no Brasil. Cidades: São José dos Campos, Guaratinguetá e Florianópolis. Músicas para andar de skate: Reprodução aleatória do meu ipod, cada ritmo um rolê diferente. Artistas: Felipe Motta, Os Gemeos e Deus. Máquinas fotográficas: Aplicativos Iphone, Canon 7D e G11. Motos: Triumph Bonneville, CB 550 customizada café Racing e BMW F800R.

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entrevista // otavio neto

“Hoje posso dizer que sou feliz de verdade pois faço o que amo para viver e tenho amigos ao meu redor que posso contar em qualquer ocasião.”

ollão de back no clube alto de pinheiros, em são paulo, onde sobra vertical para pouca transição.

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entrevista // otavio neto

a parte mais funda da pista la carolina mistura paredes tortas, rachaduras no chão e um desenho único. nosegrind passando para lipslide com direito a comemoração da plateia equatoriana.

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Essa manobra estava na cabeça do otavio desde o brasil, quando ele viu essa parte da pista de la carolina em um vídeo no youtube. inquieto e persistente, ele concretizou seus pensamentos entre uma pausa da garoa fina que insistia em cair em quito, no Equador.

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“Nós já conhecemos a cadeia alimentar e sabemos que tudo é uma engrenagem. Se não tiver tudo equilibrado todos caem.”

foram cinco madrugadas para construir o pico e acertar a manobra. grindão pra fechar com chave de ouro.

// OtaviO NetO 32 anos, 24 de skate Patrocínios: Quiksilver, oakley, crail trucks, Posso!, on Hardware, tyPe-s e naras Pads

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otavio neto // entrevista

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casanova //

// Humberto Pistola por Junior lemos // Fotos Pedro macedo Ser skatista é: Desfrutar de amizades verdadeiras fazendo o que mais gosta. Quando não está andando de skate: Estou estudando. Por que do apelido: Foi na época em que foquei meu rolê em pistas; aí já viu! Maior dificuldade em ser skatista no Rio: Falta de apoio e incentivo, principalmente aqui na região dos Lagos, onde moro. Vídeo de skate favorito: Flip, Extremely Sorry. Skatista profissional que se espelha: Luan de Oliveira. Skate atual: Shape Drop Dead, trucks Independent, rodas Spitfire, rolamentos Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Qualquer uma que acredite em meu potencial. Som pra ouvir na sessão: Um rap pesado. Parceiros de rolê de skate: Isaac, Orelha, Bigode, Duilton. Melhor viagem: Sampa. Melhor pico de rua: Praça da Estação. Melhor pista: Madureira Skate Plaza. Sonha alcançar com o skate: Muitos momentos de satisfação, inclusive o profissionalismo. Aquele salve: HR Family, DO RIO Skateboard e todos que estão ao meu lado, de Rio das Ostras e região! // Humberto Peres Livramento 19 anos, 8 de skate Patrô: não tenho

Humberto compõe a paisagem carioca com esse considerável noseslide em rio das ostras.

‘‘a vida é curta, por isso, ame-a!’’ 86 | TRIBO SKATE setembro/2012



hot stuff // setembro

// Qix A Qix International retoma a série de tênis assinados com o lançamento dos modelos do Allan Mesquita e do Kelvin Hoefler. O do Allan tem linhas clássicas, daqueles que você coloca no pé e já sai andando de skate. Já o do bicampeão mundial Kelvin Hoefler é mais reforçado, para aguentar o rolê diário na rua. Ambos utilizam a camurça como material principal, dando maior durabilidade ao calçado. Qix - www.qix.com.br / (51) 3524-0808

// Live Skateboard A Literatura de Cordel é uma arte tipicamente brasileira. Com raízes portuguesas e centralizada no Nordeste do país, essa parte importante da cultura nacional encontra-se hoje muito abaixo da sua devida importância. Por isso a Live cria em sua linha de shapes a série Cordel, com destaque para os pro models do Tarobinha e Mario Marques. Live Skateboard - www.liveskateboards.com.br / (11) 3227-3375

// Gravity SkateboardS O modelo 46’’ Carve Into the Blue é considerado o pai da família de longs da Gravity. E além de ser um obra de arte por estampar gráfico do artista Ashton Howard, o long é ideal pra quem procura descer suavemente a ladeira, ou para aqueles que buscam um pouco mais de desafio com os carvings. SK8 1 - (11) 5565-3140 / www.sk81.com.br

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// Superior deckS e tenSor truckS Shapes Superior e eixos Tensor Magnesium! Esses são apenas dois dos lançamentos gringos exclusivos que acabaram de chegar para o leque de opções que a Plimax oferece aos lojistas de todo o Brasil. Isso porque a distribuidora representa várias marcas gringas no país, entre elas a Almost, Blind, Clichè, Darkstar, Speed Demons e Dusters. Plimax - pira@plimax.com / (11) 3251-0633

// MeneM Marca do skatista Augusto Formiga (primeiro profissional do estado do Pará), a Menem lança a linha de shapes assinada pelo fotógrafo Fellipe Francisco, outro talento local que leva o nome do estado para os lugares por onde anda e que agora também assina como skatista profissional. Menem - www.menem.com.br / (91) 3031-6233

// Shock Com o aumento da popularidade do skate, cresceu também a procura por equipamentos de proteção. Por isso a Shock passa a oferecer dois produtos que vão suprir esta demanda: o kit básico é composto por jogo de joelheiras, cotoveleiras e wrist guards, conjunto ideal para quem inicia no esporte agora, independente da modalidade. Já o jogo de luvas ‘pata de vaca’ é ideal para a galera que se joga nas ladeiras. Shock - www.shockskateboard.com / (11) 2983-8426

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áudio //

DepoiS De inúmeraS tourS pelo leSte e oeSte europeuS, oS alemãeS atraveSSam Seu continente pela primeira vez para tocar no BraSil, em uma tour ao laDo DoS pauliStaS Do QueStionS. neSte Bate-papo com o vocaliSta e SkatiSta cHriStian Strong, conHecemoS SoBre o momento Da cena HarDcore europeia, viagenS, Skate e toDa Sua DeDicação com o uniteD & Strong! // Por HelinHo Suzuki Primeiro de tudo, apresente o United & Strong para os brasileiros! Nós somos uma banda de Berlim, Alemanha Oriental. Florian na guitarra; no baixo Micha; Bianca na bateria e eu nos vocais. A banda existe desde 2001. Nestes 11 anos já fizemos cinco turnês por 15 países europeus; uma tour com o 25 Ta Life, dos EUA; duas tours com o Questions (nossos amigos de São Paulo, Brasil) e duas tours sozinhos. Nosso primeiro álbum “Transit” saiu em 2009 pelos selos Superhero e Swellcreek Records. Antes nós lançamos muitas demos e EPs por conta própria. Nosso mais recente lançamento é o “Welcome To Coma City” (vinil), que nós lançamos completamente DIY (do it yourself, faça você mesmo). Depois de excursionar pela Europa, é a primeira vez que vocês vêm à América do Sul. O que vocês esperam? Nós não sabemos o que esperar exatamente, porque nós vamos deixar o continente europeu pela primeira vez com a banda e tudo o que temos certeza é que teremos bons momentos com nossos amigos do Questions. Nós somos apenas uma banda DIY pequena e não temos um grande nome na cena hardcore mundial, sendo que há tantas grandes bandas brasileiras... Além do que, estamos ansiosos para ver como é o Brasil, saindo na caótica São Paulo e fazer novos amigos! Vocês já tocaram nos países do oeste e do leste europeus. Qual é a diferença de excursionar entre eles? A maioria dos shows que tocamos fora da Alemanha, tocamos na parte oriental da Europa, porque é uma grande aventura a turnê por lá. E isso já é uma primeira diferença; deixando a União Europeia para o leste é uma diferença tão grande em comparação com os países ricos ocidentais. A cena hardcore é ruim, como a cena alemã, por exemplo. Nem todas as bandas americanas chatas excursionam nesses países, então a molecada fica sedenta por hardcore. Suas cenas na maioria não são tão divididas como é no oeste. Punks, straight edges, moshes, todos eles estão unidos, o que significa, basicamente, shows muito loucos. Realmente as pessoas apreciam que você lutou por vistos e fronteiras para chegar e tocar no país delas. A banda tem uma postura antifacista bastante forte. Ainda tem muito racismo no hardcore europeu? Comparado a crescer nas ruas de São Paulo, crescer em pequenas aldeias do leste da Alemanha, de onde viemos, foi naturalmente, como crescer no paraíso. Isso se não houvesse idiotas nazistas em toda parte. Porque nenhum de nós participou desse tipo de besteira, então nós éramos seus inimigos. Andando de skate pelas ruas, começando uma banda de hardcore ou apenas olhando diferente, significava que eles nos odiariam e nós sempre nos meteríamos em apuros. Aqui estão as raízes de nossa atitude forte

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antifascista e da mensagem do UAS. Este tipo de coisa, onde viemos, pode se alterar e é também mais seguro agora para tocar em uma banda de hardcore, mas ainda temos muitos problemas na Alemanha. Quando temos um olhar para a cena hardcore, parece que a comercialização e as tendências em rápida evolução, dão aos nazis mais espaço na comunidade hardcore, porque cada vez mais e mais pessoas não se preocupam com as raízes do hardcore e do punk, que formam um movimento antifascista. A opinião deles é: “Enquanto a música é boa, eu não me importo se há nazis”. Nós abrimos nossas bocas no palco e nunca vamos tocar na frente de idiotas nazistas! Fale do seu envolvimento e do pessoal da banda com o skate. Além de andar de skate você também é designer de uma marca de skate, certo? Eu ando de skate desde os 13 anos e é uma das coisas que eu mais gosto. Eu tenho uma grande coleção de vídeos de skate e gosto de colecionar revistas de skate de todo o mundo. Micha e Bianca começaram a andar de skate mais tarde e ainda andam de vez em quando. Florian não anda de skate, mas está em seu coração! No verão sempre fazemos umas sessions de skate juntos. Isso mesmo, eu trabalho para Iriedaily, uma empresa streetwear e skate baseada em Berlim. Faço gráficos para marketing e de skate e alguns desenhos de camisetas de vez em quando. Qual foi o melhor pico que você andou e por quê? Andar de skate em Jerusalém, cercado por todos os policiais e militares também foi uma experiência realmente especial. Esta é uma pergunta difícil. Eu diria que um dos melhores lugares para mim são as ruas de Berlim, eu gosto de andar pelas ruas e dar alguns ollies aqui e ali, isso é o que eu mais gosto. E também gostei muito de andar de skate na Avenida Paulista em São Paulo, na Caixa Econômica. Aprender o aperto de mão do skater paulista também foi uma das melhores experiências com o skate. Vocês acabaram de lançar um documentário e um livro sobre a última tour de vocês, totalmente Do It Yourself, sem ajuda de nenhum patrocinador. O que motiva a fazer isso? Fizemos um filme de 40 minutos de duração com cenas da turnê 2011, com o Questions, do norte da Rússia até a Turquia e um diário de viagem online. Depois da nossa turnê Brasil, vamos fazer um livro real, junto com um dvd com todas as histórias de nossas turnês ao longo dos 11 anos do UAS. Mas nós fizemos e vamos fazer isso totalmente DIY, só porque nós queremos manter o controle sobre tudo; queremos da nossa maneira e não vamos esperar por uma marca de energy drink dar-nos dinheiro. A grande coisa no hardcore é: você pode fazer as coisas sozinho; você pode sair em turnê na Rússia ou Brasil; você pode lançar um vinil ou um dvd! Então é isso que nos motiva. Nós preferimos gastar nosso dinheiro em projetos do UAS do que comprar uma TV tela plana. Mas se as pessoas reais do meio DIY nos apoiar e nós gostarmos, vamos usar esta vantagem. Podemos sempre contar com o apoio da Iriedaily e da nossa gravadora Disobey Recordings, que vai lançar nosso próximo disco. Somos muito gratos a eles. Infos: http://www.unitedandstrong.de

Questions & united and Strong - Dreamers and makers Brasil tour' 12 Setembro 28 - Bragança Paulista/SP @ À confirmar 29 - Belo Horizonte/MG @ Espaço Rock 30 - Rio de Janeiro/RJ @ Audio Rebel Outubro 04 - São Caetano do Sul/SP @ Cidadão do Mundo

05 - Piracicaba/SP @ Benjamim Rock Bar 06 - Casa do Metal 07 - São Paulo/SP @ Inferno Club 11 - São Paulo/SP @ Cerveja Azul 12 - Campinas/SP @ Woodstock Bar



Pedro Macedo

Trey Wood, 11 anos, 540. Sangue novo na รกrea.


Próxima edição #204

A Mega conquistA o Rio


manobra do bem // por sandro soares "testinha"*

O

lá, privilegiado leitor que está com a sua Tribo Skate especial de 21 anos nas mãos. A essa altura você já pode ter visto ou lido toda a revista e com certeza deve estar com vontade de se levantar e andar de skate; ou mesmo de começar a andar de skate, se ainda não anda. Lembro-me bem de que antes de ser colunista da revista com mais tempo de publicação contínua na história do Brasil eu já era leitor da Tribo Skate. Passava na banca de jornal e adquiria minha edição. Mesmo conhecendo os responsáveis pela revista, sempre preferi comprar a minha na banca de jornal. Principalmente nas ocasiões onde estava prestes a embarcar em uma condução. Ia lendo cada linha, do editorial à contracapa e ficava maluco para sair andando de skate. No meu subconsciente ficavam guardados os textos sobre eventos, notícias sobre tudo que acontecia no mundo do skate, as fotos de manobras e principalmente as ideias nas respostas dos entrevistados que, mesmo que de forma indireta, passam uma mensagem e influenciam quem está lendo. Dificilmente eu não lia uma edição da Tribo Skate toda no mesmo dia em que eu a comprava! Em alguns casos, a espera de um mês para ter em mãos mais um número da revista acabava assim, em apenas um dia. Mas não tinha problema, pois eu ficava um mês da minha vida com mais informação e inspiração para andar de skate. Além das mensagens positivas e bons conselhos que sempre tiramos dos entrevistados, com certeza a influência do grande fotógrafo e excelente skatista Otavio Neto inspirou muito os primeiros passos de skatistas brasileiros, como também com o excelente fotógrafo Fellipe Francisco. É o caso também do freestyler profissional Rene Shigueto que deve inspirar muitos skatistas Brasil afora com seu skate técnico e acrobático. Eu mesmo pude presenciar a influência dele para a crianças do projeto que toco aqui em Poá (SP), quando esteve na nossa festa do Dia das Crianças. Desde então, sempre que as crianças veem algo dele na revista, logo comentam sobre suas manobras e fazem questão de lembrar que o conhecem pessoalmente, o que pode ser considerado um privilégio para crianças do extremo leste de São Paulo. Na época das primeiras edições da Tribo Skate, eu estava com meus 15 anos de idade e o skate estava ressurgindo forte no Brasil, depois de um quebradeira geral por causa do plano econômico de um ex-presidente que nem vale a pena citar o nome

* Sandro Soares “Testinha”, agora com 34 anos de idade e 20 junto do skate.

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Casey Rigney

21 anos em um dia

Cezar Gordo sempre teve muito o que dizer na história da Tribo Skate. Nollie bs flip na China em outra versão da manobra que foi capa da edição 194.

aqui. Era um tempo pré-internet onde minha fonte de informação e pesquisa era nas páginas da revista Tribo Skate. Por exemplo, ali eu escolhia qual seria o próximo lugar onde iria andar de skate. Lá encontrava os skaters que estavam nas fotos das revistas e via que eram pessoas comuns, assim como você, eu e todos nós, mas que possuíam uma habilidade absurda para andar de skate. Anos depois, esses talentos também se mostraram grandes para várias outras funções no mundo do skate. Quando falamos em skate feminino, me vêm a lembrança do primeiro evento só para a categoria que eu assisti pessoalmente, realizado na extinta pista conhecida como ZN Skatepark, em São Paulo. Daí para frente o skate das meninas, hoje mulheres, não para de evoluir e não é novidade para ninguém que somos um dos melhores países com skatistas mulheres sempre se destacando. Tenho certeza de que as imagens e ideias da Jéssica Florêncio vão influenciar ainda mais as meninas a andar de skate. Concluo meus pensamentos refletindo em como também é importante a função social da revista na vida de todos que an-

dam de skate. Afinal, já são 21 anos de idade, momento em que um brasileiro é considerado pela lei totalmente responsável por seus atos e atitudes. E já que a coluna aqui sempre está tratando de um tema social relacionado ao skate, quero parabenizar a todos que já saíram ou disseram algo nas páginas da revista e com certeza serviram de inspiração, exemplo e influência para milhões de skatistas do Brasil. Que venham mais 10, 20, 30 e mais anos de vida para a Tribo Skate! Hoje, ao sair da pista pública de skate em Poá, perguntei a um jovem que se dedica muito a andar de skate de forma divertida, sem ir a competições e eventos, qual era sua idade e ele me respondeu: – 21 anos Sandro, por quê? Eu disse: – Você nasceu no mesmo ano da revista Tribo Skate. E ele: – Nossa! Tô ficando velho... E terminei: – Está mais experiente!

APOIO CULTURAL



skateboarding militant // por guto jimenez*

E

m qualquer lugar que você vá, lá estão eles: longboards, cruisers e skates de plástico invadiram as ruas de todo o Brasil. O que antes era um fenômeno em princípio restrito às cidades do litoral agora tomou proporções gigantescas, tomando de assalto as ruas asfaltadas em cidades de vários tamanhos em praticamente todos os estados e territórios do país. De forma democrática, esses skates levam homens, mulheres e crianças de várias idades, fazendo com que cada vez mais pessoas tomem contato com o skate de uma forma ou de outra. O que será que explica isso? Por quê essa gente toda resolveu de uma hora pra outra andar de skate, quando há décadas existem streeteiros e verticaleiros detonando ruas e pistas onde quer que elas existam? Simples: essa gente toda montada nesses skates estão descobrindo o quão divertido é andar de skate. Por mais de 15 anos, a indústria e mídia de skate levaram o público leigo a acreditar que pra ser “skatista” era preciso ser um garoto entre 13 e 18 anos que praticava street. Ou seja, era como se os incontáveis skatistas de vert, downhill, freestyle, speed e slide simplesmente não existissem, como se mulheres skatistas não merecessem a devida atenção ou se os veteranos (como eu e meus amigos) fossem um bando de coroas querendo resgatar emoções de tempos idos... Muita gente acreditou nisso. Não só o público leigo, que perguntava pra mim com a maior naturalidade o motivo de eu “ainda” andar de skate, como se não existissem tiozinhos que nadam, jogam bola, vôlei ou tênis por aí. Desde sempre que houve mulheres skatistas, mas pergunte a qualquer uma que anda há uns 10 anos como ela atraía olhares de estranheza e comentários indevidos ao dar seu rolê por aí. O pior de tudo é que muitos skatistas também acreditaram nisso, considerando como “esquisitos” todos aqueles que não compartilhassem de sua modalidade favorita. Quem quer que tenha ido a uma pista mista (street e transição) sabe o que falo aqui, e também já deve ter sido vítima dos mesmos olhares e comentários sem propósito. Pra uma tribo que sempre foi marcada por ser inovadora e diferente, era um paradoxo muito grande sob qualquer ótica que se enxergasse. O tempo provou que essas pessoas estavam erradas em seus olhares e comentários.

Pedro Macedo

A diversão está de volta!

Rennê Nunnes, Lagoa.

Hoje em dia, é possível ver famílias inteiras dando seus rolês sobre longs, cruisers e skates de plástico. Sem o menor compromisso com moda, tendências ou manobras – eles descobriram o jeito mais divertido de se deslocar de um ponto a outro: andar de skate. Foram contaminados pela sensação indescritível de sentirem o vento nos rostos, de fazer curvas e aprenderem a controlar cada vez mais seus carrinhos e carrões. Não faz muito tempo, uma marca norte-americana direcionada ao street lançou um model no qual se lia “Fuck Longboards” – nem é preciso traduzir, né não?! A justificativa que li no site é que “os surfistas de asfalto estão ocupando as calçadas e tornando cada vez mais difícil o ato de fazer manobras pelas ruas”. Sem comentários pra tamanha boçalidade. O que o site não disse é que esse mercado das modalidades de longs e cruisers cresce em ritmo acelerado. Pesquisas realizadas em 2011 comprovaram o que já se via há algum tempo: esses skates já são os que produzem o maior

volume de vendas em todo o mundo. Portanto, é claro que uma marca que vê suas vendas caírem, e que não se adapta aos novos tempos, iria reagir da maneira que achasse mais conveniente aos seus interesses – e tolos foram aqueles que acharam “engraçado” e entraram na onda errada dos gringos. É bom esse pessoal se conformar, e melhor ainda de você se acostumar com a presença dessas pessoas que só querem se divertir sobre seus skates, sem o menor compromisso com modinhas ou tendências mais modernas do nosso universo. Eles podem não ser “skatistas de raiz”, como eu ou você, mas fazem o mercado girar e tudo indica que vieram pra ficar. Eu não me espanto porque era assim quando eu comecei nos anos 70, “todo mundo” parecia andar de skate, portanto posso dizer que já vi esse filme antes... A diversão está de volta – e ela nunca deveria ter ido!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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