Tribo Skate Edição 204

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Kelvin Hoefler * lemuel DinHo * intervenção vii * JPG+mov * lePtosPirose

Do limbo ao luxo o Parque abanDonaDo De manHuaçu

megaRampa 2012 na aPoteose Do samba

espíRito santo

ainDa PouCo exPloraDo

WCs e CbsK

Dois na levaDa

pig pool paRty Com Hosoi, Peters, elGuera, mCGill

Biano Bianchin, japan Ano 22 • 2012 • # 204 • r$ 8,90

www.triboskate.com.br














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// índice outubro 2012 // edição 204

eSpeciaiS> 40. MegaraMpa rio Na apotEosE do saMba 50. Santo eSpírito Santo pouCo Explorados piCos dE rua 56. do liMbo ao luxo CoNHEça a pérola dE MaNHuaçu 76. ceará WcS e cbSK dois EvENtos Na lEvada 80. aniverSário de gala as EstrElas Na piG pool SeçõeS> Editorial ....................................................................... 014 Zap .................................................................................... 022 luZ .................................................................................... 066 Casa Nova ..................................................................... 084 Hot stuff....................................................................... 088 iNtErvENção vii .......................................................... 090 Áudio - lEptospirosE ................................................ 092 JpG + Mov ....................................................................... 094 MaNobra do bEM........................................................ 096 skatEboardiNG MilitaNt ........................................ 098

“Se os locais abriram as portas para skatistas de fora desfrutarem desse oásis de concreto, os skatistas de fora abriram os olhos dos locais para a preciosidade desse lugar mágico.” (Marcelo Mug, sobre Manhuaçu.)

Capa: Ninguém contesta a guerreiragem de Biano Bianchin. Sempre elevando o nível das sessions, com aquele toque de mestre, não foi diferente em Manhuaçu, interior de Minas Gerais. Japan bomb drop no tobogã animal. Foto: Marcelo Mug ÍndiCe: Diego Korn e seus amigos da Transfusão Crew aproveitaram como ninguém esse galpão abandonado na região de Carapicuíba/Barueri. Frontside nosebluntslide. Foto: Marcelo Mug

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marcelo mug

editorial //

M

O chãO que molda o brasileiro

uita atenção para o Brasil nos últimos tempos, não só pelo estremecimento das tradicionais economias mundiais, mas também pelos giga eventos que serão realizados no país, em 2014 e 2016. Com tanta obra pipocando aqui e ali, para os estádios da Copa do Mundo de Futebol, ou da nova Vila Olímpica no Rio de Janeiro, cidades inteiras serão repaginadas. E, parece que o conceito das calçadas verdes e acessíveis está contaminando muitos municípios ao longo do país e isto já está refletindo no dia a dia do skatista. Com as tais calçadas cidadãs, facilitando o acesso de cadeirantes, lisas como a Avenida Paulista, tudo flui melhor, nem que seja aos fins de semana ou madrugadas adentro. Aqui em São Paulo, logo mais teremos a Avenida Faria Lima tinindo para impulsos seguros, aquele skate de solo com várias manobras e alguns obstáculos no trajeto. Por mais que estes modelos demorem a ser adotados na maioria dos municípios, para calçadas e praças, o skate de rua brasileiro se fortaleceu justamente porque ao longo de tantos anos as condições foram bem precárias, em muitas situações. Calçadas em pedra portuguesa, asfalto áspero, praças abandonadas, acabamentos toscos, formavam nossos ambientes e foi justamente neles que surgiram alguns dos melhores skatistas do mundo. É sempre bom lembrar que precisamos valorizar cada vez mais o país em que vivemos, as marcas e os skatistas nascidos aqui, pois nada foi muito fácil até agora. Se as condições estão melhorando aos poucos, foi a custo de muito suor de tantas gerações de sangue verde e amarelo. Skatista brasileiro, valorize sua origem e sua história! (Gyrão) Entrada, saída e escada de pedra portuguesa. Alex Lequinho impulsiona, estica e puxa um melon pra deslizar na raça sobre a superfície hostil. Alguns gringos nem arriscariam andar num pico como este. Não é verdade?

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Ano 22 • outubro DE 2012 • nÚmEro 204

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez Fotografia: Marcelo Mug, Junior Lemos Colaboradores: Texto: Helinho Suzuki, Sandro Soares, Christian Shimabuco, Juliano Cassemiro, Juarez Mascarello, Julio Detefon Fotografia: Fellipe Francisco, Ana Paula Negrão, René Jr., Julio Detefon, Petrônio Vilela, Pedro Macedo, Allan Carvalho, Diogo Groselha, Carlos Taparelli, Ramon Ribeiro, Flávio Gomes, Leone Iglesias, Francine Romagnoli, Binho Miranda

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: RR Donnelley Brasil Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





zap //

lemuel dinho Basta encontrar com alguém que andou de skate nos anos 80 e uma pergunta inevitável surge na conversa: "você tem notícias do dinho?". afinal de contas, poucos personificaram o skate vertical de competição daquela época como ele, com seu vasto repertório de aéreos altos e contorcidos, e inverts esticados ao último limite. sem falar que, fora das rampas, era um profissional em toda a sua plenitude e um ídolo nato, cujo carisma e simplicidade encantavam skatistas de todo o Brasil. por mais de 20 anos, a charada "onde está o dinho?" ficou sem resposta até agora. depois de mais de duas décadas vivendo e aprendendo, ele volta à cena - se eu fosse você, prestava muita atenção naquilo que ele tem a dizer. é com muita honra e muito orgulho que trocamos uma ideia com lemuel dinho. (Guto Jimenez) Por junior lemos // fotos flávio gomes Nome? Lemuel Ribeiro Gonçalves, o Dinho Idade? 45 anos Apoios ou patrôs atuais? Nenhum Cidade atual? São Vicente Casado com? Mônica Dias Pai de? Luany Dias, uma gatinha de 5 aninhos Ocupação profissional? Consultor de vendas

com a filha luany no quadro, lemuel desengaveta um fs smithgrind no chorão skatepark.

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Como começou sua história de skatista nos anos 80? Sempre pratiquei vários esportes e o skate foi o que mais me chamou a atenção porque a galera é muito unida e sempre rola o discurso de se ter caráter, de ser humilde. Por isso, tenho profundo respeito pela nação do skateboard, principalmente a

galera da antiga, por serem os pioneiros como: (Sergio) Negão, Tio Liba, Georginho (Rotatori), Fred (Hillweg) e o (Luciano) Kid, entre outros. Sem exceções, sou fã de todos! Como era fazer parte da tão sonhada equipe H.Prol na época? A nossa equipe era muito parecida com a da


// zap

época fazia musculação e natação para fortalecer os músculos, sem isso não teria conseguido andar de skate. Tinha ainda o menisco do outro joelho e o ombro deslocados. Também teve a terrível queda do plano Collor de Mello. Outra coisa que também pesou foi o fato de eu gostar de novas aventuras, novos desafios! O que fez durante o tempo que ficou afastado do skate? Toquei na banda Ratos de Praia e vendi filmes para vídeo locadoras. Desenvolvi por sete anos a carreira de vendedor. Também trabalhei um tempo no posto de gasolina da minha irmã, até o Fred me convidar pra ir pros Estados Unidos. Lá trabalhei com pizza, jornal, jardinagem, fazia pães e no final na FedEx. Trabalhei muito, foi uma luta de quase quatro anos mas consegui comprar o apartamento pra minha família em São Vicente, na região onde havia passado minha infância. Como foi sua volta ao skate? Foi pra poder voltar à minha forma física! Tinha feito a cirurgia e precisava de uma atividade pra queimar caloria, emagrecer e me restabelecer. E como eu gosto de andar de skate, facilitou a reabilitação. Fico feliz porque agora vou poder andar até os 70 anos. Antes não tinha essa perspectiva! O que você faz hoje? Sou consultor de vendas na área de telecomunicações e trabalho na empresa GVT e já trabalhei em outras empresas de telefonia. Gostaria de resgatar algo de antigamente que sente falta hoje? Nada! Sou um cara bem resolvido nesse assunto. Eu não sofro do passado, vivo o momento presente. Foi legal ter vivido tudo isso, gosto de viver os desafios da vida mas eu valorizo o que acontece no presente. Não tenho nada pra resgatar porque eu já tenho tudo que preciso! reprodução

estilo dele! Inclusive veio dele o segredo do aéreo, que é a técnica do “pêndulo do gato”. Se resume em abrir bem os braços para distribuir o peso; eles equilibram a manobra e isso foi importante pra mim na época. Sou fã do skate do Hosoi até hoje. E as aparições em revistas de skate, qual foi a que você mais curtiu? Acho que a entrevista na Skatin’, com fotos do Daniel Bourqui, foi a que mais curti por ela ter sido a maior! Foram cinco ou seis páginas mostrando também todo o fortalecimento que eu fazia com musculação e natação. O que o levou a nos privar de seu talento e da sua presença por mais de 20 anos? - Isso não se faz, porra! (Guto Jimenez) Acho que foi a minha condição física! Fui descobrir agora que tinha rompido o ligamento cruzado e acabei de fazer a cirurgia. Ainda bem que na

Arquivo pessoAl

Powell e a gente tentava fazer um pouco do vídeo “Animal Chin”. Ficamos um bom tempo em evidência e nas competições sempre passavam dois ou três dos nossos pra final. Cheguei até a dar aulas de skate para cerca de cem alunos. Sempre gostei de ensinar e curtia ver a garotada aprendendo. E a polêmica de quem acertou o primeiro mctwist no Brasil? Fui um dos primeiros a acertar algumas manobras de vertical. Por exemplo: ollie bs board no half pipe, era uma manobra muito difícil pra galera acertar na época. Mas foi o mctwist que mais me orgulha porque na época eram apenas três pessoas que acertavam no mundo. A controvérsia de que o primeiro foi o do Formiga existe, mas eu até brinco que o mctwitst tem que ser pra cima do lip (borda). Em quem você se espelhava? Gosto muito do Hosoi. Sempre andei alto e no

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rias criações memoráveis do artista gráfico Felipe Motta, estampam o modelo de bonés New Era feito pelo carioca, com lançamento previsto para novembro. • [02] A Liga Trucks, marca nacional de eixos feita por skatistas, lança projeto que complementa a parte de baixo do skate chamado Hagil Wheels. Com o lema “Roll Different”, que pode ser entendido como “rolar (de forma) diferente”, as rodas Hagil são desenvolvidas e testadas por um time de peso, entre profissionais e amadores. São eles: Cezar Gordo, Daniel Crazy, Rafael Russo, LP Aladin, Douglas Molocope, Renato Souza, Alexandre Vaz e Felipe de Oliveira. • Outro skatista que revelou sua mais nova empreitada foi Charles Chaves com a Ciclo. Desenvolvendo o tema “Ordem e Progresso”, a intenção da Ciclo é justamente dar suporte ao skate brasileiro. E para trabalhar esta ideia nos vídeos, revistas e demonstrações, a marca conta com os pros Charles Chaves e Gustavo Marchesoni, mais os amadores Thiago Orlando e Saul Weber. • [03] As calças Levi’s fizeram bastante sucesso entre os skatistas na década de 80/90 por se encaixarem perfeitamente no estilo de vida dos que sempre estiveram pelas ruas. Agora a marca volta a ocupar o imaginário dos skatistas de todo o mundo com o lançamento do projeto Nike x Levi’s ‘The 511 Skateboard. A chegada das calças, jaquetas e tênis do colab no Brasil aconteceu com ações em lojas de São Paulo, Porto Alegre e Rio. • [04] O japonês voador Lincoln Ueda está com novo modelo de shape, com gráfico bem style, lançado pela Hosoi. • A internet é hoje uma ferramenta muito utilizada pelas marcas para se comunicarem com seu público. E para falar na rede com estilo, algumas delas renovaram seus sites. O www.freedomfog.com.br destaque agora os vídeos produzidos pelos próprios skatistas da marca. Já o www.hocks. com.br recebeu uma bela renovada para comemorar os 10 anos da marca, apresentando um projeto gráfico impecável e imagens (foto/vídeo) do Alex Brandão. Vale a pena conferir! • Continuando na teia da informação, o site do videomaker suiço Tristan Zumbach agora também está em português. Clique e confira que tem muito skate brasileiro por lá: www.cesarprod.com/br • [05] A nova série de bonés snapback Foton Skateboards chega às ruas de todo Brasil com alguns modelos assinados pelo artista e skatista Marcelo Akasawa (Nype do Gueto). Akasawa já fez diversas intervenções para a marca em camisetas, moletons e lixas, sendo algumas delas feitas à mão, o que confere exclusividade para cada uma das peças. Confira os modelos nos links: www.facebook.com/fotonskateboards ou www.fotonskateboards.com

Fotos divulgAção

[01] A famosa Kombi e a inscrição “anota essa placa!”, uma das vá-

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// Por faBio Bolota Em um feito inédito, foi inaugurada em agosto a nova ladeira para prática oficial de longboard e downhill slide no mais importante parque de São Paulo, o Ibirapuera. Durante a entrega do espaço muita gente colou pra prestigiar e andar, no embalo de algumas atrações como bandas ao vivo e grafite. A conquista só foi possível após manifestações contra a proibição do skate na ladeira da Preguiça, localizada também no parque, que estava causando muita polêmica e

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conflito com skatistas e usuários do local. Desde a rua de lazer do bosque do Morumbi, que nos anos 70 era destinada para se andar de skate, nunca uma outra ladeira havia sido oficializada para a prática, principalmente, em um local tão famoso, concorrido e privilegiado, como o Ibirapuera. Graças à Associação dos Skatistas do Parque do Ibirapuera (ASPI), Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e Thiago Lobo, da Secretaria de Esportes, essa conquista foi possível. Parabéns a todos os envolvidos. O skate do asfalto agradece!

FAbio bolotA

ladeira exclusiva pro skatão no ibira

pt e taroba.



zap //

camisetas personalizadas, pistas dos sonhos no quintal de casa, declarações de amor... neste mês temos um pouco de tudo em mais uma edição especial instagram, aqui no talk shoW.

não tenho palavras ‘‘gardhenal skates Wagner ramos ‘‘ ‘‘ para descrever o acaba de filmar sua says: do you

parte do cityzen. obrigado Wagnão!!! #cityzen’’ viBe shoes (@vibe_oficial)

quanto me senti abençoado quando vi isso hoje’’

goooooood ‘‘morning! ’’

e o gabriel ‘‘eu fortunato’’

faBrizio dos santos (@fabriziosantos)

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remember why you started skating?’’ ragueB rogerio (@ragueb)

paul rodriguez (@prod84)

ishod War (@ishod)

‘‘street lixu!’’

lucas Xaparral (@lucasxaparral)



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christian na sua mini particular, fs smith.

A força do espírito santo

Um dos baratos styles que o skate carrega em sua essência é a inclusão que tem entre os skatistas; sempre rola o pensamento de que ele não é exclusivo de ninguém, está aí pra todo mundo praticar. E essa ideia também se aplica aos picos onde o skate se desenvolve. Pensando nisso, o capixaba Christian Shimabuco apresentou sua terra natal para os skatistas de fora e foi além; trouxe para essa edição uma bela apresentação de seu estado, com fotos do René Jr. Confira em nossas próximas páginas!

na volta do evento ladeira da morte, em 2010, ele estava lá. fs full slide.

marco ubaldo além do longboard Por juliano cassemiro // foto marcelo mug Marco Ubaldo deixou este mundo em 18 de agosto. O sempre skatista e artista, foi embora aos 43 anos, depois de enfrentar o famigerado câncer e quase vencê-lo, pelo menos esticando um pouco mais sua presença entre nós. Convidamos Juliano Lilica pra falar dele, mas é uma história tão rica que você verá completa no www.triboskate.com.br. Aqui, alguns fragmentos importantes para deixar impresso em papel, sua passagem pela vida do skate brasileiro. “Não tem como falarmos da história do downhill sem ter o nome dele no meio, foi um dos melhores no slide, longboard, speed e na arte. Deixou sua arte em muitos quadros, cartazes, estampas de shapes e camisetas de marcas conhecidas. Representou muito com seu skate e sua arte dentro e fora do Brasil.” “Acredito que a volta dos eventos de long em 1997, foi por causa do seu trabalho na modalidade, seu estilo e jeito de andar.” “O Careca sempre foi um cara versátil, skatista overall. Descia ladeiras, andava em pistas, varava rampas de todas as formas, mas, o que mais marcava eram os tuck knees muito altos que ele mandava na rampa.” “No Red Bull no Rio em 2001, o Marquinho também foi um dos melhores e, logo depois, em 2002, foi pro DHX de speed na África do Sul.” “Tem muitos skatistas que vejo andando que têm um pouco do Marquinho. Exemplos: Douglinhas Barbosa, Felipe Dilon, Deivison Paixão, Bruna Ceparovick, Reine Oliveira, etc.”

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sims no céu

Tom Sims, fundador da marca gringa que “inspirou” a que existiu na Brasil mas sem ligação entre uma e outra, radicaliza hoje no andar de cima! O empresário foi muito importante tanto para o mercado de skate quanto para o do snowboard e mesmo antes de pensar em montar a empresa já quebrava tudo com pranchas debaixo dos pés e chegou a ser campeão mundial nas duas modalidades (skate em 1975 e snow em 1983). Tom também foi apontado como sendo o responsável pela comercialização do primeiro longboard, em 1975, e chegou até a fazer uma ponta como dublê no filme “James Bond: a view to kill” (1985). Tom Sims morreu de ataque cardíaco aos 62 anos em sua casa, na Califórnia.



zap //

o formigueiro humano

p.rod, nollie flip no solo, em frente ao engenhão. rené Junior

Os lançamentos da Nike SB são espantosos. Com “zilhares” de seguidores em seus canais sociais, suporte da mídia especializada, não há eventos vazios em suas ações promocionais. E para marcar o model de número seis do Paul Rodriguez, o mês de setembro contou com duas sessões apinhadas de gente nos skateparks de Madureira, no Rio de Janeiro, e o Parque da Juventude de Santo André. Parte da estratégia era também divulgar a recente contratação como international rider do Luan de Oliveira, o carismático gaúcho que conquista todo mundo. O resultado foram sessions com verdadeiros formigueiros humanos, com milhares de fãs se acotovelando pra ver as demos ou tentar se aproximar dos ídolos. É lógico que nos poucos momentos sem multidões, os gringos aproveitaram pra conhecer um pouco das ruas brasileiras com os colegas locais.

rené Junior

Por cesar gyrão // fotos rené junior e thomas toddy

fabio cristiano representa a classe brasileira: bs flip em madureira.

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thomAs toddy

// zap

rené Junior

thomAs toddy thomAs toddy thomAs toddy

thomAs toddy

rené Junior rené Junior

rené Junior

rené Junior

luan de oliveira impecável nas demos: ollie em santo andré.

o rolê na Xv não podia faltar: daryl angel e o pole jam a la carioca.

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zap //

Kelvin Hoefler kelvin é um fenômeno do skate Brasileiro que foi revelado nos campeonatos amadores, mas tamBém se virando completamente Bem em situações de rua, vídeos e fotos. como profissional entrou rasgando em todos os eventos e conquistou dois títulos mundiais Wcs (World cup skateBoarding) na sequência. em 2012 vai em Busca tamBém do campeonato Brasileiro cBsk (confederação Brasileira de skate), iniciando Bem no ceará. essa verdadeira máquina de competições é um garoto Bem acessível de itanhaém, litoral de são paulo, que agora está vivendo nos estados unidos sempre procurando novas portas para aBrir, e escancarar, quando tiver oportunidade. acompanhado da namorada, a skatista e fotógrafa ana paula, não perde uma chance de viajar, correr eventos e fotografar nas horas vagas. kelvin é implacável nos campeonatos e está conquistando respeito em outras áreas do skate. a eXpectativa para os próXimos passos de sua carreira, agora, é o difícil convite para o cluBe fechadíssimo da street league. pelo que tudo indica, é apenas uma questão de tempo. (Gyrão) • Você passou pra profissional não faz dois anos e já tem model assinado. Como você se relaciona com seus patrocinadores? Não acha que chegou ao profissionalismo muito cedo? (Gabriel Chagas, Arcos/MG) – O meu relacionamento com os meus patrocinadores é muito bom. Gosto de retribuir as marcas que me patrocinam com o melhor de mim: correndo campeonatos, dando entrevistas, fazendo matérias com foto e vídeo. Ultimamente tenho andado bastante na rua também para o meu MAG Minute da revista americana The Skateboard Mag e outros projetos que estão por vir. Acredito que a idade seja só um número e que, independente da minha, posso cuidar muito bem da minha vida profissional e dos meus negócios com sucesso. Sempre tive uma família que me apoiou no que faço e me ensinou como respeitar o próximo e fazer o bem. Estou andando de skate por mais de 11 anos e acredito que correndo os campeonatos amadores por mais de 4 anos já foi a minha escola para enfrentar a vida como profissional. Tento me relacionar o melhor possível com as pessoas; sou um pouco tímido, mas já estou melhorando isso.

existe uma pista pública. Aprendi a andar de skate na frente da calçada da minha casa, já que meu pai construiu um caixote e um corrimão pra mim, porque nem asfalto na rua tinha. • Como é ser profissional (sulista) e ter que competir no Nordeste do Brasil? (Rodrigo Pereira, Lauro de Freitas/BA) – Adoro poder viajar para o Nordeste do meu país. O Brasil é um país imenso e com muitas riquezas e devemos dar valor às nossas marcas nacionais, revistas, campeonatos e preservar nosso mercado. Espero que no próximo ano existam mais camcam peonatos profissionais no Brasil, não só no Nordeste, mas em todas as regiões do país, porque esta é uma forma de ajudar o crescimento do skate. Este ano, o presidente da WCS, Don Bostick, deu um discurso falando justamente sobre isso: que no primeiro ano não existiam muitos profissionais do skate em Fortaleza, no segundo ano já apareceram alguns e que em 2012 já tinha muito mais skatistas presentes no evento. Se pudermos levar o skate para todos os estados do Brasil, então nesse dia o país pode ser a maior potência do skate mundial. • A Jéssica começou a andar por causa de você? Como é o dia dia de vocês? Saem para as sessions juntos? (Felipe de Albuquerque, Mogi Mirim/SP) – Sim, claro! Minha irmã está sempre junto nas sessões, nos finais de semana porque durante a semana ela trabalha e faz faculdade. Gosto muito de andar de skate com a Jéssica. Sempre viajávamos juntos para os campecampe onatos na época de amador. Hoje em dia, nos eventos que corro como profissional, não rola feminino mas sempre que dá ela vai comigo. Nos damos muito bem como irmãos e amigos.

// Kelvin Hoefler 19 anos, 11 de sKate Kate Patrocínios: Hd, rocKstar energy nergy drinK, Qix international, nternational, MosKa, rocKstar Bearings, s2 sKateBoards, oards, BroKen e tHeeve trucKs rucKs natural de itanHaéM, M, sP

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AnA pAulA negrão

• O Kelvin Hoefler é meu ídolo, já vi ele andando num evento e ele acerta todas. Queria saber se ele considera algum campeonato importante na carreira dele? (João Neto, Curitiba/PR) – Obrigado, João. Acredito que todos campeonatos são importantes para um skatista. O mercado brasileiro continua muito voltado para os campeonatos e lá fora existe o Dew Tour, X Games e Street League. Mas tem também o mercado totalmente voltado para vídeos e street. Tudo é uma questão de escolher ou fazer os dois, como os skatistas do Street League fazem. Morando nos Estados Unidos por um tempo, percebi que todos skatistam aprendem a andar nas pistas e andam nelas todos os dias. Algum deles têm pistas particulares onde praticam antes de ir para a rua. No Brasil muitas pessoas me criticam de pistoleiro, campeonateiro, mas a verdade é que não sabem que na cidade onde cresci (Guarujá) não

• Quais foram as maiores premiações que você já conquistou andando de skate até hoje? (Júlio Gonçalves, Guaporé/RS) – O circuito europeu no ano passado foi muito bom. Ganhei três campeonatos em menos de um mês: Roma, Inglaterra e Praga. Para mim, o melhor foi ter ficado em primeiro em Praga, por ser um campeonato clássico do skate mundial e também ter ficado em quarto no Dew Tour, em Portland (EUA), por ter corrido lado a lado com Paul Rodriguez, Greg Lutzka, Manny Santiago. Tive muito orgulho de ser convidado para os Asian X Games no começo do ano; passei



zap //

Kelvin Hoefler em primeiro na semi-final e na final choveu e não rolou. Foi uma pena porque gostaria muito de ter competido. Corri o Tampa no começo do ano e também gostei muito do Copenhagem Pro, na Dinamarca. Este ano foi um pouco difícil porque logo no começo do ano torci o meu pé e fiquei correndo os campeonatos com o pé torcido. Na França tive que correr a final só de fakie, nollie e switch. Em Roma foi bem legal, pois tive duas semanas pra me recuperar e fiquei em primeiro mais uma vez. E agora no Ceará, né! Muito bom ter vencido no meu país que amo tanto. • É verdade que seu pai batia em você quando você errava algumas manobras? (Wolnei dos Santos, Bauru/SP) – Esta e uma pergunta um pouco indiscreta e seria a mesma coisa que eu perguntar se é verdade que você bate na sua namorada, na sua irmã ou em alguém da sua família! Mas isso não vem ao caso, então vamos à resposta: não, meu pai não me batia se eu não acertasse uma manobra. Ele, como todos sabem, é um homem rígido e gosta das coisas certas. Simplesmente ele me chamava a atenção na frente das pessoas e isso pode ter gerado algumas fofocas. Mas o meu pai sempre foi um homem muito digno, que sustentou nossa família (cinco pessoas) com muito suor. Assim como os pais de muitos skatistas famosos, como: Ryan Sheckler, Felipe Gustavo, Nyjah Huston, entre outros. Meu pai já andou de skate e sempre teve um carinho e dedicação à minha carreira. Isso não é muito normal no mundo do skate, mas felizmente eu tive o apoio total da minha família. Meu pai nunca me tirou dinheiro, pelo contrário sempre me incentivou a participar de todos os campeonatos desde mirim, iniciante, amador 2, amador 1 e até hoje ele me ajuda muito como profissional. Sem a ajuda do meu pai no início da minha carreira eu nunca seria o que sou hoje! Acredito que todos tenham problemas familiares e pessoais e que isso não deveria estar envolvido com o meu skate profissional. O que importa é que eu amo

andar de skate e vou andar de skate até quando minhas pernas não aguentarem mais. É muito fácil criticar, o difícil é fazer algo para o skate mundial, de uma forma positiva. • Em que grupo você encaixaria seu estilo de skate? (Henrique Melo, Viamão/RS) – Gosto de andar em tudo! Campeonatos, porque viajo, encontro amigos antigos e fazer novas amizades, pelo mundo todo. Andar na rua é muito bom também porque tem todo o desafio de encontrar o pico certo, a hora certa e a manobra certa. Outro dia me imaginei andando em um corrimão de rua que eu sempre passava em frente. Liguei para o fotógrafo da Skateboard Mag na noite anterior e o cara me deu uma hora do dia dele, que ele tinha disponível. Fui lá e acertei em poucas tentativas porque era o dia certo, o pico certo e a manobra certa. Adoro andar também em transições, inclusive corri um campeonato de bowl em Roma na turnê europeia e me surpreendi porque fiquei em quarto lugar. Tento andar em qualquer terreno; onde me colocarem eu ando! Acredito que todo profissional deve ser completo: bordas, corrimão, transição e ladeiras. O importante é andar de skate: definiria assim o meu estilo de skate. • Você está morando nos EUA, tem vários pro models lançados e vive do skate. Quer conquistar mais o que na vida? (Edi Melo, Votuporanga/SP) – Tenho muitos planos pra minha vida, inclusive continuar andando de skate para o resto dela e também devolver tudo que o skate me deu. Estou montando minha marca de skate. Quero ter minha própria pista (acho que este é o sonho de qualquer skatista, né?). Vou continuar filmando, fotografando e correndo os campeonatos que eu for convidado. Gostaria de representar o Brasil no Street League, X Games e continuar correndo os eventos da WCS porque eles já fizeram muito pelo skate no mundo.

o que importa é que eu amo andar de ‘‘skate e vou andar de skate até quando minhas pernas não aguentarem mais. é muito fácil criticar, o difícil é fazer algo para o skate mundial, de uma forma positiva.

’’

PróxiMo enfocado: andré Hiena envie suas Perguntas Para tribosKate@tribosKate.com.br, coM o teMa linHa vermelHa – andré Hiena. coloQue noMe coMPleto, cidade e estado. Manda ver!

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flip bs tailslide num ditch californiano.


AnA pAulA negr達o

// zap

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René JunioR

evento // a mega conquista o rio

Apoteose

da Mega

Depois De três anos em sp, o evento Da mega foi realizaDo no rio De Janeiro pela primeira vez, na munDialmente famosa praça Da apoteose. toDos os Já saborosos ingreDientes Da Disputa ganharam o tempero especial Da receptiviDaDe e bom humor Dos cariocas, que fritaram o quengo embaixo De um sol típico De verão em pleno inverno e aplauDiram com entusiasmo Do início ao fim. igual a um Desfile De escolas De samba, rolaram muitos aplausos e muita Disposição Da torciDa – e, como não poDia Deixar De ser, também teve um toque De polêmica no final Das contas. // por guto Jimenez // ENSAIO A sexta-feira foi o dia de treinos dos competidores convidados e de montagem das tendas dos inúmeros patrocinadores e participantes do evento, e a Tribo Skate também estava lá marcando presença. A estrutura impressionante da Mega chamava a atenção de onde quer que se olhasse; tive a oportunidade de subir até o alto dos 27 metros do enorme drope, e não demorou nem 10 segundos pra boca ficar seca de tanta adrenalina – e isso só de olhar pra baixo! Mesmo sendo um dia de ajustes gerais, já dava pra perceber que os skatistas estariam aprontando nos dias seguintes: Edgard Vovô varava o gap de bs 360 ollies e executava 540s body varials tão altos que pareciam estar sendo feitos em slow motion; Lincoln Ueda voava tão alto (acima dos 7 metros) que fez com que fotógrafos e cameramens tivessem de ajustar

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seus focos; Adam Taylor dropava de base trocada, mandava um fakie lien 180 e emendava em gigas 540s; Ítalo Penarrubia exagerava com bs 360 ollies emendando em 540 tail grabs... Cada competidor ensaiava como melhor usar o carteado de manobras possíveis, e as opções não eram nada poucas. Com certeza o bicho iria pegar pesado a partir do dia seguinte! // ALEGORIAS & ADEREÇOS Veio o sábado e com ele também vieram o sol rachando o coco e o rail, adicionando mais ingredientes emocionantes à já complicada disputa. A classificação pra final seria conseguida somando-se os resultados da disputa dos aéreos com a do rail, portanto era preciso que cada um fosse o mais versátil e preciso possível pra conseguir se dar bem. A garganta voltou a ficar seca, dessa vez

com a grosseria que os caras estavam mandando no pico. Se o Alex Sorgente foi meio “conservador” no combo (50-50 no rail + bs air no quarter), não economizou em ousadia no big air, mandando wraparound no gap e 540s gigas na rampa. Também nessa linha, Rony Gomes fez um combo seguro com boardslide no rail seguido de um bio bs air, e no big air emendou um bs 360 ollie com um enorme 540. Jake Brown fez um ótimo combo, com bs lipslide e 540 monstro, e ainda exagerou no big air com bs 360 ollie e bio 540 – anda muito o cara!. Martin André não se intimidou e seu cartão de visitas foi apresentado sob a forma de indys 360s emendando com bs 540 muuuuito altos! Agora responda com toda a sinceridade, quem poderia atacar o rail com mais grosseria do que o Bob?! Visualize isso: 50-50 tirando o pé da frente no final do trilho + flip indy de uns 6 metros,


RenĂŠ JunioR

lincoln ueda, bio 540 na paisagem carioca. bio, bio!

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PedRo Macedo

evento // a mega conquista o rio

JunioR LeMos

elliot sloan, fs boardslide ou rockslide, se preferir.

um dos meninos de 11 anos, Jagger eaton, bs lipslide ou boardslide, se preferir.

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René JunioR

na sexta, antes das baterias oficiais, bob burnquist elevou seu ollie 360 ao máximo. imagina voltar de fakie numa situação destas?

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evento // a mega conquista o rio

fazendo parecer fácil como pedir uma pizza pelo telefone. Nem num seminário de dentistas se veriam tantas bocas abertas como naquele momento... Outros destaques do dia foram pro Elliot Sloan, que emendou flip to mute 360 com tail grab 540; o pequeno Jagger Eaton com skate de gigante, fazendo backflips emendarem com 540s como se não fossem nada; Mitchie Brusco, com a rotina mais giratória de todos já que emendou indys 360 com 900! E a brazucada?! Ueda deu aquela respirada funda, deslizou, varou o gap com indy 360 e mandou um 540 que passou dos 7 metros – quase que a Anac fechou o espaço aéreo sobre o Sambódromo! Óbvio, o Bob não poderia ficar de fora dessa lista, e sua credencial foi bs switch 180 encaixando num indy 720 fakie. O cara tava impossível, já que estava levando a Mega pra sua cidade natal, e deixou claro que os outros teriam de correr muito atrás pra se darem bem. // ENREDO A primeira polêmica rolou também no sábado, e foi bem em frente à tenda da Tribo Skate; aliás, muita gente não entendeu a mensagem do espaço, mas isso faz parte... Ernani Taitai levou a Sugarfree e o freestyle às massas, sendo seguido pelo Lúcio Flávio, Per Canguru e quem mais quisesse participar, e juntaram mais de 300 pessoas vendo os caras andarem soltos. Skate puro e simples, sabe como é?! Os seguranças não sabiam, claro, e terminaram com a demo espontânea, e levaram uma vaia tão sonora que pôde ser ouvida até no local de competição. // BATERIA Tenho um conceito em mente: todo skatista que acorda cedo no domingo pra andar de skate é um herói. Sendo assim, os competidores da final da Mega foram verdadeiros super-heróis, porque encarar o monstro logo pela manhã por causa da tevê é coisa pra pouquíssimos privilegiados. Eram 5 dropes pra cada competidor, e o “tudo ou nada” imperava em cada descida. Ueda representou no gap, alternando bs 360s com indys 360s e tentando os aéreos mais altos do quarter, só que não conseguiu se dar muito bem. Elliot Sloan também não conseguiu repetir a performance das eliminatórias, varando o gap de 360 ollies mas não completando a linha no quarter. O pequeno Jagger Eaton mandava backflips com facilidade, emendando com altos bs airs e ainda tentando 540s depois, mas eu acho que ele é tão leve que o vento pode ter atrapalhado. Jake Brown fez a mesma linha de big air do dia anterior com uma pequena diferença, fazendo com que os bs ollies 360 emendassem ora com bio bs airs, ora com 540s; ele ainda tentou bs 720 ollies no gap mas não acertou por muito pouco. Seguindo na disputa, Mitchie Brusco pode não ter mandado o 900, mas girou o mesmo número de graus, ao emendar indys 360s com McTwists estratosféricos. 360 + 540 = 900, sacou?! // DESFILE DO CAMPEÃO Só que é aquilo que eu falei antes: quando o Bob está resoluto a conseguir alguma coisa, danou-se pros outros. E o cara queria ganhar. E ele conseguiu, ao executar um combo com seu patenteado ss bs 180 ollie com um escandaloso indy 540 – muito, muito alto e muito, muito largo. Só não digo que faltou apenas ele mandar desmontar e montar em casa porque ele já tem uma por lá... Dá logo o troféu e o checão pro cara, porque ele merece! // MALANDRAGEM, DÁ UM TEMPO A polêmica do domingo foi outra: o Coletivo I XV espalhou adesivos de protesto contra a imensa verba pública gasta pra fazer um evento para poucos, tanto em termos de participantes quanto de público, enquanto ainda há tantas carências no cenário de skate da cidade. Além disso, chamaram quem quisesse ouvir e participar de debates sobre o elitismo no meio do skate, algo tão fora de propósito que nem dá pra comentar aqui. Finalizando, não dá pra conseguir entender o critério de distribuição de credenciais vips. Nenhum argumento vai conseguir me convencer de que figuras históricas do skate nacional, que já representaram o país em competições internacionais, fiquem de fora de uma área supostamente “vip” enquanto que os escolhidos pelos organizadores ficassem numa boa, na sombra e água frescas. Afinal, esse espetáculo só foi possível porque teve muita gente que pavimentou o caminho até a gente chegar ao nível atual. RESPEITO com aqueles que fizeram e fazem a história do skate, é só isso o que se exige.

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JunioR LeMos

ítalo peñarrubia não conseguiu passar pra final, mas este bs 540 varial entrou pra história!

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René JunioR

evento // a mega conquista o rio

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René JunioR René JunioR

JunioR LeMos René JunioR

René JunioR

René JunioR

JunioR LeMos

a turminha ao fundo deve estar até agora sonhando com este bs 360 ollie do edgard vovô.





pelo brasil // espírito santo

Santo,

ESpírito

Santo

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Falar sobre o skate no espírito santo é sempre muito emocionante pra mim que presenciei praticamente toda sua história recente. após anos de “corre” acredito que conseguimos colocar o es no cenário nacional. TexTo christian shimabuco // FoTos rené Jr

A

ndando de skate pelo Brasil não tem um skateboarder que não me pergunte dos picos perfeitos ou que não queira dar um rolê por esse estado. A terra do petróleo, chocolate e principalmente do mármore, agora pode ser chamada também de “Paraíso do Skateboarding”. Aqui não possuímos pistas de skate como a de São Bernardo ou a recém-inaugurada no Parque de Madureira no Rio de Janeiro, mas temos algo muito melhor, que são as praças públicas e o calçadão nas orlas, com vistas privilegiadas e pisos perfeitos com bordas, escadas e gaps esperando manobras. Um detalhe bem favorável é que tanto a polícia, como a guarda municipal, nunca esculacha e sempre chega conversando, sendo que às vezes colam somente pra ver o rolê. Das várias situações que já passei, três são dignas de lembrança: a primeira foi quando estava com a BS Crew dando um rolê em Vitória, na praça de jardim da Penha, quando saiu de uma guarita um policial de uns dois metros de altura e se aproximou de nós: eu, Marcelo Formiguinha” e do Paulinho Barata. O Formiga já queria correr quando, de repente, o policial se apresentou, pegou os dois no colo e deixou inclusive o número do celular dele, para o caso de algum problema. Rolaram muitas risadas depois! A segunda situação foi quando estava a Crail toda reunida dando um rolê na rodoviária de Vila Velha. Uma hora a polícia chegou e novamente os caras já queriam sair correndo, mas o policial se desarmou, veio andando numa boa, pedindo pra terminarmos as fotos e filmagens, deixando rolar a última manobra e ainda ficando pra assistir o desfecho. Foi muito style a atitude! Já a terceira lembrança delas foi o banho que o Gian Naccarato tomou de um vizinho que não estava muito satisfeito com o barulho. Estórias à parte, basicamente todo município do estado possui um pico perfeito como os calçadões da orla de Guarapari, de Vitória e Vila Velha. A praça do Papa, a Ilha das Caieiras e muitas outras praças que todos os dias são inauguradas. Mas tudo isso tem um motivo: a lei da calçada cidadã. Com ela, quem ganhou foi o carrinho porque todas as calçadas e praças estão se adaptando para cegos, cadeirantes e deficientes físicos, como forma de proporcionar a eles uma locomoção mais segura. 2012/outubro TRIBO SKATE | 51


Vitor mineiro, fs flip fakie nosegrind reverse.

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espĂ­rito santo // pelo brasil

deivid santos, ollie to fifty.

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pelo brasil // espírito santo

leone iglesias, switch fs crooked. marcus cida, switch nosegrind.

Essa mudança é bem recente, começou em 2008. Mas sem dúvida nenhuma dois fatos também foram importantes para essa febre, entre os skatistas, de conhecer o ES: a vinda da minha amiga Helga e seu Skate Paradise na tour da Urgh em 2009 e a visita da BS Crew a este lugar abençoado em 2010. Desde então, a Ilha de Vitória é invadida por skateboarders do Brasil inteiro. O que me deixa um pouco triste é o ES não ter um skateboarder profissional, para representar o estado nos grandes eventos. Não que eu ache que evento diga alguma coisa, até mesmo porque venho da época do skate de rua, mas sem dúvida um profissional daqui vai trazer recursos para a construção de pistas, a atenção da mídia e pode rolar maior investimento em circuitos e competições, o que aqui é muito fraco. Se não fosse o enorme esforço da ACSK para fazer um champ, nem teríamos nada e posso afirmar, com certeza absoluta, que nós temos grandes skatistas com rolê pesado, sendo difícil até de falar nomes pra não deixar ninguém de fora. Certa vez escutei uma frase do René Jr. que dizia: “Se Floripa é a Ilha da Magia, aqui seria o quê?”. Depois de ouvir isso, sempre paro, fico pensando no que dizer da Ilha de Vitória e muitos adjetivos me vêm à cabeça. Poderíamos ficar listando inúmeros aqui, porém venha dar um rolê na área e tire suas próprias conclusões sobre esta que é a ilha mais abençoada do Brasil.

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ramon martins, flip.

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surreal // manhuaçu

Do

limboao

luxo

Quando você acha Que já viu e explorou todos os picos possíveis para a prática do skate, eis Que surge algo novo para te surpreender e fazer o seu Queixo despencar. foi o Que aconteceu com os skatistas jay alves, Biano Bianchin e Bernardo melo, Que tiveram a oportunidade única de desBravar um parQue aQuático aBandonado no meio de minas gerais, esQuecido pelo tempo mas resgatado pelos skatistas locais. um lugar pacato, cercado por plantações de café, mas Que agora vai ser conhecido tamBém por suas transições azuis perfeitas para a prática do skateBoard. // TexTo e foTos marcelo mug

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// O Mapa da Mina nO FacebOOk Enquanto alguns usam o Facebook para vigiar a vida alheia, ou para tentar encontrar o amor da sua vida, nós skatistas enxergamos outras finalidades para a rede social mais utilizada nos dias de hoje. Sim, foi pelo “Facebucho” que Jarbas Jay ficou sabendo desse paraíso de concreto escondido no interiorzão de Minas Gerais, por intermédio do skatista local Tiago Paiva. Eles trocaram mensagens, fotos e combinaram toda a trip através da internet. Uma viagem virtual que se concretizou na vida real. // a rapadura é dOce Mas nãO é MOle nãO Tobogãs com transições de todos os tipos, rampa reta com despenco da morte, uma ilha recheada de hips, bordas escorregadias, com direito até a coqueiro cenográfico, enfim, o pico dos sonhos de dez entre dez skatistas. Mas como a vida não é só alegria, a parte ruim é que ao chegarmos no parque aquático abandonado, encontramos muita sujeira em forma de água e lodo. Os locais, sabendo da presença de forasteiros, adiantaram uma boa parte da limpeza da área, mas mesmo assim foi necessário alugar uma bomba para drenar a água em alguns lugares mais críticos. Foram algumas horas de faxina até o skate fluir livremente pelo antigo Parque Aquático, uma espécie de ingresso que tivemos que pagar para poder andar em um spot único. Foi um trabalho pesado de limpeza, mas pensando bem, foi um preço bem pequeno para tanta alegria vivida nos três dias de sessão que fizemos por lá.


Biano Bianchin, frontside rock'n roll com vista pro despenco.

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manhuaçu // surreal

Bernardo melo mostrou domĂ­nio do board neste frontside pivot backside flip to fakie.

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surreal // manhuaçu

a recuperação de jarbas jay já surtindo efeito. monstro backside ollie do responsável por tirar o pico do limbo.

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surreal // manhuaçu

andré ornelas, local de manhuaçu, backside flip.

// beach park vira skate park Uma filial do famoso Beach Park no meio de Minas Gerais, distante quatro horas da capital Belo Horizonte, cercado de plantações de café. Um oásis no meio do nada que abriu e fechou duas vezes, sempre com histórias que envolviam empresários oportunistas e investidores que nunca tiveram o desejado lucro como retorno, para azar da população local que perdeu uma das poucas opções de lazer da região. Azar de um, sorte de outro: o abandono do Parque Aquático deu início ao surgimento de outro parque, mas agora sem empresários, oportunistas e desvios de dinheiro. As ruínas do Beach Park se transformaram em um skatepark gigantesco, um lugar especial para os amantes do skateboard. // shOw tiMe Jay Alves foi o responsável em escalar os envolvidos nesta aventura pelo interior de Minas, e ele fez questão de se cercar de amigos. Para manobrar ele convocou seu parceiro de equipe na Converse, o profissional Biano Bianchin, além de Bernardo Melo, um forte nome do skate amador mineiro. Eu tive o privilégio de ser convidado para registrar tudo com a minha máquina fotográfica, enquanto o videomaker José Luiz foi o encarregado de filmar tudo para um Programa Especial do Olho de Peixe, que inclusive já está disponível na íntegra no site (www.programaolhodepeixe.com.br). Jay, que recentemente operou o joelho, mostrou que já está de volta ao game com a força total. Bernardo Melo surpreendeu em sua “primeira skate trip de verdade”, mostrando um skate maduro e versátil. Já o Biano foi um caso à parte: andou como uma criança do primeiro ao último minuto, manobrou em todos os lugares, de todos os jeitos possíveis, filmou praticamente uma parte inteira só no Parque, e provou que quando o skate está na veia, idade, cansaço, dores e câimbras são apenas palavras que passam longe do seu dia a dia.

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frontside heelflip com o pop em dia do anfitrião tiago paiva.

// legadO Para os locais de Manhuaçu e região, o antigo Beach Park é o lugar mais óbvio para uma sessão, afinal quase não existem picos por perto para andar de skate. Mas depois da nossa visita ficou claro para os locais que as tradicionais sessões de skate no parque agora tinham muito mais valor. Eles compreenderam que aquele lugar, que faz parte do cotidiano deles, é na verdade um achado para a comunidade do skate, e que aquelas transições não existem em nenhum outro lugar do planeta. A manutenção do parque agora está acontecendo quase que diariamente, e já existem planos de construção de novos obstáculos para deixar o lugar ainda mais especial. Se os locais abriram as portas para skatistas de fora desfrutarem desse oásis de concreto, os skatistas de fora abriram os olhos dos locais para a preciosidade desse lugar mágico. Uma troca justa, que vai inserir de vez Manhuaçu na história do skate brasileiro e ajudar a conservar por mais tempo um lugar mágico e único para os skatistas, sejam eles de Manhuaçu, Belo Horizonte, São Paulo ou qualquer outra cidade.

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onde antigamente os banhistas escorregavam de bunda, atualmente Biano Bianchin desliza de noseblunt slide reverse, sem medo do gĂĄs do tobogĂŁ.

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manhuaรงu // surreal

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LUZ VanderLey arame, bs hUrricane, santo andrĂŠ. foto aLLan carVaLho

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LUZ

frankLin moraLes, noLLie bigspin, aracajU. foto ramon ribeiro 68 | TRIBO SKATE outubro/2012


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LUZ

rogĂŠrio chipanZinho, nosebLUnt staLL, beLo horiZonte. foto diogo groseLha 2012/outubro TRIBO SKATE | 71


LUZ

herni贸genes microfone, ss bs heeLfLip, rio de janeiro. foto pedro macedo 72 | TRIBO SKATE outubro/2012


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LUZ

Léo fernandes, bs nosebLUnt, são paULo. foto marceLo mUg 74 | TRIBO SKATE outubro/2012


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evento // wcs e cbsk

wcS e cBSk

Dois na

leva

Em um final dE sEmana rolou Em fortalEza o CEará World Cup, CompEtição válida Como última Etapa do WCs. no outro final dE sEmana a galEra rumou para sobral, também no CEará, para a disputa do brasilEiro profissional CbsK dEntro dos tradiCionais Jogos dE ação. por Junior lEmos // Fotos Julio dEtEfon danilo do rosário, nollie bs noseblunt.

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Expressivo nosegrind de Kelvin Hoefler na grade da pista do Coc贸, em fortaleza.

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Charlie blair, fs ollie do quarter pro wallride, fortaleza.

s

Jani laitiala, ss 360 flip, fortaleza.

ete dias de janela entre uma competição e outra. Alguns aproveitaram para desbravar as ruas e a cena do skate local, enquanto outros foram conhecer o paraíso na terra chamado Jericoacoara. E além de todo o barato de viajar ao Nordeste do país para andar de skate rolou ainda aquele estímulo financeiro: cerca de R$ 90 mil em dinheiro distribuídos nas premiações, pagos até o 15º colocado. Muita gente colou pra curtir o Nordeste, andar de skate e ainda poder voltar pra casa de bolso cheio! Não só os brasileiros, mas os estrangeiros também desembarcaram vindos da República Tcheca, EUA, Peru, Argentina, Chile e Finlândia. Entre as ilustres presenças estava Leticia Bufoni, primeira mulher a competir no Brasil em uma disputa street profissional, Kelvin Hoefler, que competia com o título antecipado de bicampeão mundial, e Rodil Ferrugem, que voltou de uma aposentadoria anunciada mantendo a consistência. No resumo da história, Kelvin levou as duas etapas e lidera o ranking street profissional CBSk, sendo forte candidato ao título de 2012. Danilo do Rosário e Lucas Xaparral também andaram muito e completaram o pódio nas duas disputas. // RESULTADOS Ceará World Cup 2012 1º Kelvin Hoefler (BRA) 2º Danilo do Rosário (BRA) 3º Lucas Carvalho “Xaparral” (BRA) 4º Diego Oliveira (BRA) 5º Rodil Jr. “Ferrugem” (BRA)

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Jogos de Ação Sobral 1º Kelvin Hoefler (SP) 2º Lucas Carvalho “Xaparral” (PR) 3º Danilo do Rosário (PR) 4º Rodil Jr. “Ferrugem” (PR) 5º Mailton dos Santos (SP)


wcs e cbsk // evento

diego oliveira, ss crooked, sobral.

letícia bufoni, fs feeble, fortaleza.

* O Ceará World Cup Skateboard e os Jogos de Ação são uma realização da T’Ai Produções e Eventos e contam com patrocínio do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria do Esporte, e do Governo Federal, por meio do Banco do Nordeste, com promoção da Beach Park FM. A organização técnica é da World Cup Skateboarding (WCS) e da Confederação Brasileira de Skate (CBSk). Os eventos contam com apoio da Federação Cearense de Skate (FESk) e HD Hawaiian Dreams.

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festa // pig pool

Ação

entre amigos SonhAr não cuStA nADA! DESDE o início EStE SlogAn EStEvE nA PArEDE DA Pig Pool Em lorEnA, E SEu ProPriEtário, o AnDré BEninE, SEmPrE Sonhou comEmorAr SEu AnivErSário com umA SESSion com íDoloS Do PASSADo. um Sonho quASE infAntil como o quAl, num PASSE DE mágicA, o SuPEr-hErói DA DEcorAção DA fEStinhA APArEcESSE nA horA Do PArABénS. ElE foi SE tornAnDo rEAliDADE com umA “Ação EntrE AmigoS”, com umA BoA DoSE DE AmADoriSmo, quE nA AcEPção DA PAlAvrA rEPrESEntA o Amor DE toDoS EnvolviDoS PElo cArrinho. Por JuArEz mAScArEllo // Fotos PEtrônio vilElA

E

ssa ação contagiou uma galera: o Ronaldo Rattrap, Beto Issa, Alexandre Birds, Jorge Kuge, Petrônio Vilela, eu e outros, bem como os convidados internacionais que se prontificaram em participar sem pagamento de cachê, inclusive se escalando pra vir. O Mike McGill estava na wish list do André e já tinha sido contatado, com o aval do Beto Issa e Jorge Kuge, assim como o Duane Peters que já tinha ficado devendo a visita depois do Generation de Floripa em abril; o Eddie Elguera não perdeu a chance de voltar depois de 24 anos e ainda trouxe a mulher Dwana; também apareceu o Christian Hosoi, que literalmente correu atrás pra participar ligando pro Pig quase na semana da festa. Empolgação crescente junto com o budget, de dois pra cinco tickets aéreos, seguro, hospedagem, refeições, traslados... Por mais que houvesse colaboradores, ficou impossível não incluir quem fosse participar da festa pra ajudar minimizar o estouro do orçamento. E pra andar na session junto com os caras ainda ficava um pouco mais

Elguera.

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Duane.

caro, mas uma pechincha se comparado com o que seria gasto pra ter uma chance similar a esta. Agenda cheia, sete dias de skate e diversão, pra que os caras ficassem querendo voltar no próximo ano. Além da festa, a oportunidade dos quatro conviverem todo esse tempo juntos foi incrível pra eles e pra quem presenciou, pois repetiu o clima entre eles em tours dos anos 80. // Recém-chegados Depois das boas vindas e muitas horas de voo, chega o primeiro grupo de convidados: Duane, McGill e Elguera. Recém saído da imigração, DP acende ao mesmo tempo dois cigarros com filtros arrancados e bebe dois cappuccinos, acompanhado de barras de chocolate medicinal com alta concentração de THC. McGill, seguindo possíveis recomendações do seu amigo Tony Hawk, não come nada no aeroporto, e mesmo avisado, pega um pedaço do tal chocolate (achando ser apenas sabor weed). No caminho de Lorena aplaca aquela fome insaciável com

André Pig.


Depois de 24 anos, quando veio para o national open, em São José dos campos e quebrou o pé, Eddie Elguera andou como nunca de skate no Brasil. may day na Pig Pool, na primeira session de reconhecimento. Sandro Dias, christ air em homenagem ao hosoi.

biscoitos de polvilho e água, literalmente viajando em um dos momentos mais hilários da semana. Pra início dos trabalhos, no dia seguinte da chegada, reconhecimento da Pig Pool e session na Vert in Roça do Gui (em Guaratinguetá). Quinta-feira, na van a caminho de São Paulo, o grupo assiste ao filme Vida Sobre Rodas. Comentam que, com a história do skate brasileiro, nós não precisamos de ídolos importados. Alexandre Fornari, que estava no grupo, contesta “temos sim uma rica história, mas sem o pontapé inicial dado por eles, nos EUA, nada disso existiria.” Com muita emoção no rosto de todos, seguem viagem. Almoço, feijoada, na casa do Alexandre Birds, o Mcgill tem sua revanche quando o Duane, que adora pimenta, é derrubado pela segunda mais power do mundo, a MadDog. Ele correu em desespero e ficou com lábios de Angelina Jolie. Depois de horas no trânsito em SP, e pra rebater a baixa dose de skate no sangue, todos atacam a Zambo Ramp na casa da Helga, com apetite juvenil, na primeira session noturna na área. Dividi a plataforma com eles e após acertar um invert, ainda tive o bônus de ser aplaudido pelos próprios ídolos. Sessão de autógrafos e festa no Tábua Velha Skate Club; todos muito atenciosos com os fãs. McGill, impressionado com os seus models originais e reissues, já está se sentindo em casa. 2012/outubro TRIBO SKATE | 81


festa // pig pool Pela primeira vez na área, o criador do mctwist conheceu parte das raízes do skate brasileiro. fs air over the channel no itaguará club, em guaratinguetá.

Em cinco minutos Duane Peters estava destruindo o vert in roça. fs tailslide no seu estilo.

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fabinho Junqueira, fs bonelles no banks de guará.


Ele, sempre ele, agitando as massas e os amigos. christian hosoi, method com a galera.

// o ReencontRo Hosoi se integra ao grupo e retorna ao bowl de Itaguará Country Club, após décadas e comanda a session com aéreos muito altos, como se pouco tempo tivesse passado desde sua última vez. Todos elogiam o bowl e a iniciativa do clube em preservar e investir no skate tanto e por tanto tempo. Após o almoço bancado pelo Petrônio no Restaurante Esperança, é hora de destrinchar a Pig Pool, e ninguém queria fazer feio na hora da festa, então, foi sem pobreza: um show de skate, mesmo ainda faltando acertar as manobras mais cabulosas. Pela manhã do sábado tivemos a inauguração da minirrampa do Clube Comercial de Lorena, e o que seria só uma pose pra foto, virou uma session disputada, na pista ainda em fase de acabamento, que contou também com os brasileiros Oscar Mad e Alberto Neto. No final todos receberam placas comemorativas, agradecendo sua contribuição ao skate e ficaram amarradões com a homenagem, incluindo um título de nobreza ao “Sir” Eddie “ElGato” Elguera. À noite, de volta para Guará, nos perdemos no caminho para um jantar na casa do Beto Issa com direito a escolta policial e tudo. // a Revanche Eddie Elguera tinha ficado engasgado, pois na

sua primeira vinda ao Brasa em 1988, quebrou o pé de cara, sem poder mostrar seu repertório. Agora não deixou dúvidas; com um skate seguro repleto de tricks, blunts e todas as suas criações: fs rock’n’roll, fs handplant, Elgario e mais. Muito equilibrado como pessoa, homem de família, e pastor evangélico, sem que isso interferisse no convívio. // a descobeRta Mike McGill era a maior novidade, o inventor do Mctwist nunca tinha nos visitado antes e mostrou bem mais que um skate certinho. Buscando linhas e manobras em todos os pontos da pista, encarou as sessions com um clima de competição, impressionando com a variedade de aéreos, plants e manobras conectadas com amplitude e agressividade desconhecidas pela gente. Na hora da festa tentou sua manobra assinatura, chegando muito perto de voltar, e não era só pra voltar, pois era pra acertar e acertar bonito, voando alto e capotando o Mctwist. Muito gente boa, de conversa fácil espera voltar em breve pra gente ver o criador e a criatura. // Um gRingo pRa chamaR de seU Depois do perfil da edição 199, pouco falta pra se falar do Duane Peters, um apaixonado pelo Brasil e pela emoção que colocamos no carrinho,

que coloca seu coração e vida em cada drop, como se fosse o último. O pirata do skate mais uma vez deixou sua marca e emocionou a todos que estavam assistindo, sendo que ele era o que mais se emocionava com tudo. // hoRa do bolo A festa foi o que se queria: a reunião de várias gerações de fãs com um grupo representativo da história do nosso esporte, com todos os participantes podendo interagir, deixando todos satisfeitos com sabor de quero mais. Parabéns André e Rato pela iniciativa. Na hora da session, além dos convidados de honra, botaram pra baixo Sandro Dias, Sergio Negão, Mauro Mureta, Netinho que fez uns doubles com McGill, Gyrão, Bob da ZL, toda uma galerinha e eu, que não poderia deixar passar esta chance. Como não podia deixar de ser, Hosoi protagonizou o ponto alto da session com um ollie air atravessando o canyon, manobra que ele tinha ensaiado, mas sem sucesso nos treinos. Em resumo, os visitantes levaram muito mais lembranças do que só sandálias havaianas. Como o evento foi baseado em pessoas, não em entidades comerciais, não serve como um exemplo de business a ser seguido, mas um fator de redução de distância entre todos. Acredito que pra família skateboard teve um saldo muito positivo.

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casa nova //

ss fs ollie over the rail.

// Rafael Bolinho Ser skatista é: Andar de skate por amor e não pelo que se vai ganhar. Quando não estou andando de skate: Leio a Bíblia. Porquê do apelido: Hahaha! É uma piada longa que acabou virando apelido. Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Pessoas que não andam de skate e entram no meio pra sugar e não ajudam ninguém. Vídeo de skate favorito: DSAL. Skatista profissional que se espelha: Marcello Gouvea. Skate atual: Shape Breaking, rodas Moog, rolamentos Reds e trucks Crail DSAL. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Bob’s, pra ficar sempre bem alimentado. Hahaha! Som pra ouvir na sessão: Agnus Dei. Parceiros de rolê de skate: Mentex, Tom, Caio, Carioca, Minidead, Pará, Leo Rodrigues, Marcello Gouvea, a galera da praça XV, a galera da DSAL. Na real gosto de andar com todo

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por JunioR lemos // fotos René JR

mundo, não tenho neurose com ninguém! Melhor viagem: Todas foram boas e inesquecíveis. Melhor pico de rua: Praça do Chafariz, em Nilópolis. Melhor pista: Olinda Skatepark. Sonha alcançar com o skate: Ter um pro model e mais amizades! Amigos sempre temos que ter porque se um dia não puder mais andar de skate, tereremos nossos amigos. Aquele salve: Um salve pra galera de Olinda, onde a vibe está gringa! Pra minha família, pra galera da Igreja Mais, pra família DSAL, todos os meus amigos que sempre me ajudaram e sempre me fortaleceram com um abraço, que é mais importante que qualquer dinheiro. Tamos juntos e que Deus abençoe! // Rafael Bastos Dias “Bolinho” 22 anos, 6 de skate apoio: dsaL e Breaking rio de Janeiro, rJ

faz tudo na ‘‘Deus hora certa. ’’



casa nova //

salad grind na av. Paulista, são Paulo.

// VictoR caRDoso “Vitú” por JunioR lemos // fotos PeDRo maceDo Ser skatista é: Ver os lugares de outra forma. Quando não estou andando de skate: Faculdade. Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Muitas vezes seguranças nos picos perfeitos, mas não tem porque reclamar. Vídeo de skate favorito: Transworld, The Cinematographer Project. Skatista profissional que se espelha: William Damascena, pelo rolê pesado e pelos corres no skate. Skate atual: Shape Bless Skate Shop 7.9, trucks Independent 139mm, rodas Ricta 52mm e rolamentos RedBones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: CPTM/Metrô. Pra ter passagem garantida, né? Som pra ouvir na sessão: Rap nacional. Parceiros de rolê de skate: Todos que chegam

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junto e fortalecem, não só no skate mas na vida também. Melhor pico de rua: Vale do Anhangabaú. Melhor pista: SkatePlaza Guapiaçu/SP. Sonha alcançar com o skate: Poder tornar aquilo que eu mais gosto, que é o skate, em um trabalho sério. Aquele salve: Mando um salve pra Ak Krew, pra minha família que sempre me apóia na minha vida e pra todos skatistas do Brasa! // VictoR aBRahão schiaVone caRDoso 18 anos, 5 e meio de skate patrô/apoios: BLess skate shop e mad rats são pauLo, sp

corra ‘‘sempre atrás de seus objetivos; nunca desista. ’’



hot stuff //

// Oakley O Oakley Bottle Rocket vem com importantes itens como Unobtainium® nas hastes e lentes polarizadas em todos os modelos da linha. Já o Crooslink é o modelo mais atual para receituário e tem como referência o Bob Burnquist, que o usa o tempo todo. O modelo também é feito em Unobtainium® nas hastes e nas plaquetas nasais, para aumentar a performance do usuário durante a prática de esportes. Oakley - www.oakley.com / SAC: (11) 4003-8225

// adidas Primeiro tênis assinado por Lucas Puig pela Adidas, o modelo mistura as linhas clássicas da marca com um pouco de brilho pessoal do skatista. Tendo em vista o rolê apresentado pelo cara, o Adidas Lucas Puig com certeza se adapta bem no pé de qualquer skatista que explora os picos de rua como ele. Adidas - www.mazeskateshop.com.br / (11) 3060-8617

// X-kaine e street tOwn Os eixos invertidos para longboard da marca X-Kaine, em várias cores e no tamanho 180, são ideais para quem inicia no skate de ladeira tendo em vista o preço acessível. Assim como também são os shapes Street Town, que lança os modelos para speed com estampas bem styles. Da Hora Skate Shop - dabadanilo@gmail.com / (11) 3331-6411

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// zOO yOrk Trazendo toda a cultura que Nova Iorque oferece através do seu estilo de vida urbano característico, a Zoo York transforma em produto toda essa diversidade que a ilha da costa leste norte-americana abriga. E os relógios são mais uma das várias opções styles que traduzem com muita originalidade o jeito de ser dos skatistas, músicos e artistas que vivem pelas ruas nova-iorquinas. Plimax - edgar@plimax.com / (11) 3251-0633 ramal 114

// Crazy n’ BOard Luciano PT e Kevin Mazzei são os modelos de shapes que a CrazynBoard apresenta. E assim como os demais produtos da marca, são fabricado com lâminas 100% marfim e colagem quente especial que confere leveza e resistência ao produto. Os desenhos são feitos com impressão em vinil, além dos shapes terem um ótimo acabamento. Crazy n’ Board - www.crazynboard.com.br / (11) 95996-7980

// Bustin BOards nyC A renomada série Robot da Bustin Boards, marca sediada em Nova York que fabrica shapes, rodas e eixos específicos para longs, chega ao Brasil em dois modelos disponíveis: 41 polegadas, pra quem quer desenvolver o estilo freeride e o de 36 polegadas é adequado para os rolês em calçadas e ruas da cidade. SK8 1 - www.sk81.com.br / (11) 5565-3140

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intervenção // ele tem um vínculo antigo com a pista do pântano e sempre tem coisa nova pra apresentar. Finha Felix, um wall ride estilo piscina, com a mão no latão.

Sabadão na ESpraiadaS

com Finha e Ítalo Por Junior Lemos // fotos CarLos TapareLLi

É

sempre muito style quando a gente cola em algum lugar e se sente em casa! Mais style ainda quando esse lugar é a pista de skate que a gente considera nossa segunda casa, aditivada com a presença de dois profissionais que são destaques na cena nacional. Essa é justamente o objetivo da ação que a revista desenvolve desde o começo do ano e que chega à sétima edição. Falamos da Intervenção Tribo Skate (ITS), que no mês de setembro passou por uma das pistas da capital com a identidade mais style no momento: a da avenida Roberto Marinho, antiga Águas Espraia-

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esta foi a primeira vez do ítalo peñarrubia no pico e ele curtiu muito a session com os locais. Bs smith na extensão.

das, carinhosamente conhecida como Espra ou Pântano, para os locais. E quem colou pra trocar aquela ideia firmeza com a galera que está sempre por lá foram os profissionais Rafael Finha (Black Sheep) e Ítalo Peñarrubia (Urgh, Vans, PSK e Metodista), acompanhados da equipe Tribo Skate composta pelo fotógrafo Carlos Taparelli, a tribete Michele e a Dani, gerente comercial da revista. Além da distribuição de edições variadas da Tribo Skate, rolaram ainda sorteios de brindes e muito skate, lógico né! Com um sabadão perfeito como foi esse, só temos a agradecer a todos os que colaram para participar das atividades e também ao pessoal da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo. E pra galera que ainda não participou do ITS, fique ligado em nosso site porque a próxima ação pode ser em um pico que você sempre cola! 2012/outubro TRIBO SKATE | 91


francine romagnoli

áudio //

velhote, Quique brown e serginho

Leptospirose

Há mais de 10 anos na estrada, o Leptospirose é uma das bandas mais ativas do interior de são pauLo. de bragança pauLista para o mundo, QuiQue brown e sua turma já deixaram seus rastros por todo brasiL, argentina e peLo veLHo mundo. veja o Que o músico, pai, empresário, professor e outras coisas mais tem a dizer. // POr HeLinHo suzuki

O

disco mais recente de vocês, o “Aqua Mad Max”, foi produzido pelo Juninho do RDP e gravado totalmente de forma analógica. Fale um pouco sobre a produção desse disco. Depois de passarmos um tempo buscando alguém pra produzir e um lugar pra gravar, chegamos no Juninho e no Estúdio Datribo, que além de já estar na nossa lista de possíveis estúdios, foi um dos que o Juninho indicou pro rock. Gravamos tudo ao vivo num esquema muito punk, no sentido musical da palavra, tipo “gravando, 1, 2, 3, 4 e pau”. Ciero, dono do estúdio, é um metaleiro fodão e Juninho é um cara com muita referência de som, muita experiência de estúdio e muita vontade de ousar. Jovem socou reverb nos rocks, mixou na doideira e, entre outras estrepolias, ligou tudo no volume máximo! Além de cd, ele foi lançado em vinil, com uma arte maravilhosa do Daniel Ete. Você acha que no formato vinil dá para pirar mais na arte? Dá pra pirar pra caralho! No vinil temos uns 40 cm de espaço a mais pra trabalhar do que no cd, os detalhes vem muito à tona. É uma verdadeira mina de ouro pra quem não é chegado no minimalismo geralmente necessário dos

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cds. Uma coisa que eu acho fera na arte do Aqua Mad Max é que, sabendo que o disco seria lançado em vinil e cd, o Ete fez um esquema onde no cd aparece só o nome da banda e no disco é arte total, só dá pra ser vista depois de desdobrar o encarte. E o que você acha desse boom do vinil que está rolando? Acho demais! Não sei até que ponto é um boom-poderoso, mas é fato que quem curte lp, anda bem servido de entretenimento musical pra comprar. Várias bandas/artistas tão lançando seus discos no formato disco-preto-grande; tem rolado altos relançamentos nacionais e importados; os preços são relativamente acessíveis e, acima de tudo, é um fetiche muito firmeza; quem curte sabe qual é. Você acha que com o vinil, a molecada volte a consumir de novo o formato “físico” de coisas como zines, livros, cds...? Eu espero que sim, mas é necessário que haja um incentivo pra que isso realmente vingue. A cabeça da molecada de hoje é muito a milhão e eles tem a manha de topar tudo. Se começar a rolar altas feiras, exposições, cursos


binho miranda

marcelo bacellar

e outras coisas que estimulem o consumo deste universo, pode ter certeza que rola algo do tipo, “livro, vinil, cd, fanzine é nóis”. Falando em arte, a estética de vocês lembra muito a arte adotada pelo skate nos anos 80. Tem alguma influência direta do carrinho? Quem faz quase tudo o que a gente produz é o Ete, jovem que era jovem nos anos 80 e tem uma forte influência de caras como Billy Argel, Jim Phillips e vários outros doidos. Todas as outras pessoas que já fizeram alguma coisa pra gente também têm uma forte influência do skate old school, como Mercadante, Lobo, Marcelo Bacellar e etc. Tá pra chegar agora em outubro um shape do nosso grupo com uma arte doida do Mickey-rato-podre-lixo do Bacellar. E o nome do disco? Remete ao clássico dos anos 80 Mad Max? Total! Como está rolando a divulgação do disco? Sempre vejo vocês tocando de norte a sul. Tá muito massa, velho! O disco foi lançado por oito selos de várias partes do Brasil e eu acredito demais que essa porrada de shows que a gente tá fazendo este ano é a soma da disseminação física do disco sendo feita por várias pessoas diferentes, mais toda a correria que a gente tinha tramado nos nove anos de banda que antecederam a bolacha. 2012 tá massa demais! Conte como foi a experiência da tour europeia ao lado do Merda que resultou no livro “Guitarra e Ossos Quebrados”. Cara, foi muito doido. A tour rolou em 2007, na época a gente só tinha lançado o Invernada e o Lecker e foi uma descoberta muito doida pra banda. A mente da rapaziada abriu de forma estratosférica! Foi muito foda ver o underground funcionando bem, bandas rodando loucamente, squats, youth centers, rangos gerais e esquemas pra dormir nos locais do shows, etc. Infelizmente sofremos um acidente e a turnê acabou antes da hora, mas não nos abalamos muito com isso não. Voltamos pra casa e menos de 60 dias depois do acidente eu já estava lançando o livro e a banda já tava na estrada de novo, fazendo a turnê de divulgação do Guitarra e Ossos Quebrados. O livro completa o dvd “Breaking Brazilian Bones in Europe Tour”? Sim, um é a extensão do outro. Ver o filme e ler o livro, é o que há! E seu filho quase nasceu enquanto você estava na tour não é? Qual foi a sensação de que você podia não estar aqui quando ele nascesse? Ele nasceu poucos dias depois que eu cheguei, ficava aflito todos os dias com o lance dele de repente nascer e eu não estar na área! Mas ainda bem que tudo deu certo e eu cheguei a tempo! Vocês pretendem voltar para mais uma tour no Velho Mundo ou rolou um certo trauma? Trauma não é bem a palavra; depois do acidente eu e Velhote ficamos com um pouco de medo de carro e avião, hehehe. Mas já tá tudo na boa! Temos muita vontade de voltar pra lá e tocar nos EUA. Falta um pouco de empenho da nossa parte, mas que rola uma vontade louca de voltar, certamente rola! Você dirige a escola de música Jardim Elétrico em Bragança. Como rolou a ideia de iniciar a molecada no rock? Sou pedagogo e adoro música. Uni o útil ao agradável e deu no que deu! Não saí do foco da minha formação e trabalho com música que é o que eu gosto. Músico, professor, agitador cultural, pai de família, etc. E aí, como anda essa correria toda? Correria doida bicho, são mil coisas ao mesmo tempo e acho, de verdade, que eu poderia estar fumando um crack se não estivesse fazendo todas essas coisas juntas, heheh. Gosto de estar ocupado, trabalhando, de levar criança na escola, ir a festa infantil, tocar, organizar turnê, armar as burocracias, dar aula e etc.

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Quantas vezes você já se deparou com uma foto na revista e ficou instigado para ver o vídeo com o acerto da trick? Foi pensando nisso que criamos o JPG + MOV, uma nova seção da Tribo Skate que envolve a revista impressa e o site, de uma maneira direta e simples. Quando você abrir uma página da revista e encontrar esse selo ao lado de uma foto, corra para o www.triboskate.com.br e confira o vídeo mostrando como foi a sessão do acerto da manobra. E pra começar com o pé direito, nada melhor de que esse controlado frontside boardslide do Orivaldo Sujeira.

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marcelo mug

Orivaldo Sujeira, frontside boardslide.

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manobra do bem // por sandro soares "testinha"*

Passado, presente e futuro

O

lá, amigos leitores da Tribo Skate. Praticamente entramos na reta final de mais um ano e outubro pode ser considerado um mês especial para quase todas as crianças, pois comemora-se o dia delas. Por isso resolvi pesquisar a origem dessa comemoração e descobri que, no Brasil, a escolha da data aconteceu por causa de uma marca de brinquedos que promoveu uma campanha de marketing na década de 60 e assim ficou definido o dia 12 de outubro para se comemorar o Dia das Crianças. Quando digo que outubro e a data são especiais para quase todas as crianças é porque sabemos que o abismo social que há no Brasil torna impossível que todas os pequenos recebam o tão sonhado presente nesse dia. Porém, fico feliz em ver ações sociais com skate que fazem a alegria das crianças em todos os lugares o ano todo e não somente nessa data. E fico ainda mais feliz ao receber notícias de ações aqui já publicadas que, mesmo enfrentando dificuldades, continuam acontecendo e fazendo a alegria de nossas crianças, independente de sua classe social, já que sabemos que na hora que subimos no skate, pouco importa a condição financeira de quem esta lá se divertindo andando no carrinho. E foi com muita alegria que recebi o email da skatista Geórgia Fuzer de Nova Odessa, cidade do interior de São Paulo, me falando sobre a continuidade de suas ações sociais com skate que foram reportadas nessa coluna na edição 173, em março de 2010 com o título de “ Prosperar, Evoluir e Fazer Acontecer”. Na época eles estavam iniciando o trabalho com skate ainda com poucos alunos e solicitando uma reforma na pista pública do município. Hoje ela me escreveu dizendo que prosperaram e o “Levante de Nova Odessa” já está funcionando há três anos. As atividades começaram antes da primeira matéria sobre eles e acontece direto, todos os domingos, das 08h00 às 10h00, com mais de 30 alunos inscritos, contando com apoio da loja Zig Zag Skate Shop. E além disso já realizaram campeonatos, festas, excursão e conseguiram divulgar o projeto em diversos veículos de comunicação. A única parte do plano que tinham e ainda não conseguiram é fazer a prefeitura reformar a pista de skate. Até hoje são eles mesmos, os próprios skatistas, que realizam pequenas manutenções para conservá-la. No email ela confessa nunca ter imaginado que o projeto iria tão longe, que terias tantas pessoas envolvidas para ajudar, livrando do preconceito todos os participantes, ricos ou pobres, pois nas ações todos são tratados de forma igual, como se todos fossem irmãos! Com certeza ela e todos estão muito orgulhosos e agradecem aos instrutores voluntaries: Jéssica, Derick e, principalmente, o Léo, que ajudou na fundação do projeto. Agradecem também os novos e antigos participantes do projeto, os que só passaram e os que estão com eles até hoje, aos pais dos alunos e a todos que apóiam sua iniciativa. Finalizando a mensagem, ela agradece a mim, Sandro “Testinha”, por dar a alegria e o incentivo que tanto os fizeram crescer e prosperar. Agradece também ao filho Ruan Fuzer e o companheiro Thiago Vazon, que tanto lhe ajuda.

* Sandro Soares “Testinha”, agora com 34 anos de idade e 20 junto do skate.

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Respondo aqui para a guerreira Geórgia Fuzer que o maior agradecimento que o skate pode nos dar é continuar com essa ação em Nova Odessa, e que ficamos muito felizes em saber que alguns de nossos enfocados na coluna deram continuidade em seus objetivos, ainda mais em se tratando de uma ação que beneficia dezenas de crianças, pois como já disse no início: em um país onde nem todos podem receber um presente individual no 12 de outubro é muito bom saber que na próxima data que está por vir em 2012 qualquer criança pode ir ao projeto, andar de skate e se divertir, independente de sua classe social. Parabéns e longevidade às ações sociais com skate de todo o Brasil. “Sandro Soares Testinha vai promover o Dia das Crianças com skate junto da Leila Vieira em 12 de outubro no Social Skate em Poá/SP.”

APOIO CULTURAL



skateboarding militant // por guto jimenez*

N

o mesmo final de semana, o mundo do skate acompanhou atento a duas disputas diferentes: as finais do Street League e o evento da Mega no Rio de Janeiro. As matérias sobre esses eventos podem ser lidas nas páginas da Tribo Skate, e não é sobre o que rolou que é o meu objetivo aqui. Mesmo com a imensa distância que separa os dois universos, um fato em comum chamou a minha atenção: nas transmissões dos eventos, as redes de tevê faziam questão de dizer que aquele era “o futuro do skate”. Essa é muito mais uma história pra boi dormir contada pelas emissoras do que a realidade que vemos nas ruas. Tudo bem, ambos os eventos têm organização absolutamente correta, com poucas falhas e reúnem os maiores talentos do momento nas disputas. No caso da SL, alguns dos mais conhecidos streeteiros disputam uma premiação total de US$ 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil dólares), motivo pelo qual o circuito da WCS está cada vez mais relegado a um segundo plano. O campeão desse ano, Nyjah Huston, embolsou nada menos que US$ 550.00 após as quatro etapas disputadas, um valor impensável até poucos anos atrás. Os valores da Mega também são superlativos, não importa a ótica que se use. Não só a estrutura da rampa em si é gigantesca, como o orçamento final do evento incluindo montagem e desmontagem da rampa, estrutura de apoio, logística, cachês, premiação etc. Pode colocar aí um valor acima de 6 dígitos, seja em dólares, reais, euros ou qualquer moeda que se queira usar, e não seria nenhum exagero. As premiações também são altíssimas, bem coerentes com os riscos imensos que os competidores correm ao voarem naquelas distâncias e naquelas alturas. Há anos que nós estamos batalhando por uma premiação mais digna em eventos de skate. Por exemplo, o Maloof Money Cup sozinho distribui num final de semana mais dinheiro do que o circuito mundial ao longo de um ano, e muito mais do que qualquer uma dessas “olimpíadas de esportes de ação” têm condição de pagar. O evento em si provou, finalmente, de que o skate tem condições de atrair uma audiência atraente e premiações vultosas sem se misturar com outros esportes de ação, quebrando paradigmas que já eram tidos como estabelecidos. Parece que está tudo muito bom pra todo mundo, certo?! Médio, até porque não existe essa história de “bom pra todo mundo”. Definitivamente, uma coisa é uma coisa – e outra coisa é outra coisa.

René JunioR

O futuro do skate?!

Will Dentinho

Se as emissoras fossem realmente honestas, assumiriam que essas disputas são sim o futuro das transmissões de eventos, pois reúnem as elites de duas modalidades e fazem com que suas performances sejam acompanhadas por espectadores do mundo todo, seja nas tevês ou pela internet. Ou seja, são garantia de bons índices de audiência. Agora, quererem que o público acredite que aquilo é “o futuro do skate”, sinceramente, é uma afirmação completamente fora de propósito. Nem a SL, a Mega, o MMC ou qualquer evento milionário são ou serão “o futuro do skate”. Primeiro porque o número de participantes é limitado a uma elite reduzida, que é convidada a participar por conta não só de suas performances sobre o carrinho, mas também pela empatia que provocam no público skatista e leigo. Portanto, tudo aquilo que exclui a maioria jamais pode ser considerado como “o futuro” dessa comunidade. Depois, há um processo que um amigo meu definiu como “a NBAlização do skate”, principalmente no caso da SL: se você retirar os obstáculos e colocar duas cestas de basquete, talvez um leigo não per-

cebesse a diferença logo de cara. Eventos de arena são muito parecidos entre si, e essa de tornar o skate homogêneo e esterilizado pra ser melhor digerido pela audiência simplesmente não dá pra engolir calado. Não sou profeta e nem tenho nenhum poder místico de prever o futuro, algo que é mais improvável ainda quando se pensa em skate. Porém, sou capaz de garantir que o futuro do skate está muito mais embaixo dos pés de homens e mulheres das mais variadas idades do que em eventos onde poucos podem participar. O futuro está naquilo que fazemos nas ruas, pistas, ladeiras, quadras e em todo e qualquer lugar onde coloquemos nossas rodas pra girar. Está em manobras, rolês, dropes, descidas no gás ou mandando slides, contornando cones, girando o skate de todas as formas. O futuro do skate está em você, em mim e em todos os skatistas desse planeta. Não se preocupe e nem dê atenção a essas baboseiras que tentam te empurrar goela abaixo: simplesmente ande de skate e se divirta, e pronto. O seu futuro de prazer incomparável está garantido!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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