Tribo Skate Edição 209

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JM * Wagner raMos * Busenitz * Xue * esqueiBor * tizil * good intentions

Marcos Gabriel: on the road ViaGeM: iMprevistos Chilenos Pela rua: a Cara da Mãe Maresia Vert JaM: deCola pedro!

concrete series: Chora oCeania!

Marcos Gabriel, fs crailslide ano 22 • 2013 • # 209 • r$ 8,90

www.triboskate.com.br










índice // março 2013 // edição 209

eSpeciaiS> 40. mareSia Vert Jam pEdro barros dEcola! 46. impreViStoS chilenoS sEGundo calEb E lEandro 56. pela rua proGraMa é a cara da MãE 66. marcoS Gabriel sEMprE na Estrada 80. concrete SerieS Mais pEdro barros in tHa HousE SeçõeS> Editorial .............................................................................12 Zap ...........................................................................................16 Mais Zap: sick Mind tour...........................................84 casa nova ..........................................................................86 Hot stuff ............................................................................92 Áudio: Good intEntions ............................................94 Manobra do bEM ...........................................................96 skatEboardinG Militant ..........................................98

Capa: É muita energia pra gastar, seja criando sobre o skateboard ou investindo em sua imagem. Marcos Gabriel, encaixa seu frontside crailslide do bowlzão para o gomo menor do RTMF, enquanto a pâmela Suelen curte um solzinho & sonzinho na borda. as sessions ficam sempre melhores quando estão floridas. FoTo: Ira Videomaker ÍndICe: outra parada ótima de se fazer são aquelas sessões em cantos pouco conhecidos das cidades, com apenas o fotógrafo e o skatista explorando a novidade. Vinicius amorim sai na missão com René Junior e tira da manga este belo frontside lipslide na Taquara, Jacarepaguá, Rio. FoTo: René Junior

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editorial //

Ponte aérea Por Cesar Gyrão // Foto MarCelo MuG

A

foto que ilustra este editorial é uma nova leitura para uma que foi capa da Tribo Skate 130, no já distante ano de 2006. O wall ride da época foi mandado pelo Pablo Groll, era de backside e o ângulo bem diferente deste. Esta versão do Murilo Romão, além de ser frontside, mostra que a superfície das calçadas da Av. Faria Lima, em São Paulo, é outra, completamente diferente daqueles blocos em que o skate faz trutrutrutru, mais travado. Esta visão histórica sobre momentos tão ímpares do skate brasileiro é um exercício de comparação que gostamos de fazer aqui na revista, sempre evidenciando as ligações entre as coisas, entre fatos, entre personagens que produzem skate em suas mais variadas vertentes. Uma ponte entre passado, presente e futuro. Ao embarcar nesta edição de março de 2013 conosco, você agora vai viajar neste ambiente contaminado de casos com começo, meio e fim. Por mais óbvio que histórias sejam obrigatoriamente compostas por estes três aspectos, muitos não conhecem estes pilares do bom jornalismo e são parciais, contam fatos pela metade, superficialmente, como muita coisa que se lê no Facebook, por exemplo. Sejam longos ou curtos, buscamos sempre uma visão analítica e de longo alcance aqui nas matérias e notas da Tribo Skate. Tire suas próprias conclusões, ligando personagens, locais e eventos que conversam entre si nesta edição. Apenas uma dica pra você afiar sua percepção: na primeira metade da revista você verá a primeira vitória numa etapa de mundial de vertical (half pipe) do Pedro Barros e na segunda, seu quarto título consecutivo na Austrália, desta vez no bowl de Bondi Beach. Outra dica: O pro entrevistado da edição é Marcos Gabriel, da mesma terra do Pedrinho, Floripa. Os personagens do Linha Vermelha, Onde Anda e FAQ também moram ou moraram na capital de Santa Catarina. Meras coincidências? Embarque neste voo e decole feliz!

Murilo Romão, fs wallride.

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ANO 22 • MARçO DE 2013 • NÚMERO 209

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez Fotografia: Marcelo Mug, Junior Lemos Colaboradores: Texto: Allan Mesquita, Caleb Rodrigues, Helinho Suzuki, Milenka Salinas, RTMF Midia Release, Fotografia: Angelo Silveira, Camila Fontana, Carlos Taparelli, Christian Saavedra, Emiliano Meucci, Fernando Gomes, Flavio Samelo, Gabe Morford, Guilherme Puff, Ira Videomaker, João Brinhosa, Leandro Moska, Otavio Marotti, Mateus Silveira, Miguel Silveira, René Junior, Ricardo Kafka, Ricardo Napoli, Silvio Marchetto

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Eduardo Câmara (eduardo@patriaeditora.com.br) Cibele Alves (cibele@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Prol Gráfica Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br



zap //

JM as raízes do skate brasileiro reMontaM aos anos 1970, quando a brinCadeira se tornou Mais séria. os priMeiros Carrinhos podeM ter CheGado ao brasil na déCada anterior (por exeMplo no rio de Janeiro, na urCa, eM 1968, quando Cesinha Chaves teve seu priMeiro Contato CoM este universo), Mas foi nesta époCa que surGiraM os priMeiros Guerreiros eM alGuns pontos do brasil. JM é uM deles, CoM Certeza. são leopoldo, na reGião da Grande porto aleGre, no rio Grande do sul, foi o berço deste skatista leGítiMo que hoJe está radiCado na ilha de santa Catarina. para Manter o estilo de vida e o skate afiado CoMo uMa adaGa, no quintal de sua Casa Construiu uM bowlzinho diGno das Melhores sessions entre aMiGos, reGadas à CerveJa e uM boM ChurrasCo GaúCho. ainda antes de se Mudar definitivaMente de Cidade, JM lançou eM 2001, o priMeiro vídeo da série the best of daGGers. a fita eM vhs é uM ClássiCo do skate naCional, CoM trilha sonora estridente CoM roCk’n’roll puro CoMo aC/dC, Motley Crue ou suiCidal tendenCies. depois do priMeiro filMe, Mais dois se seGuiraM na leva e na MesMa batida, seMpre Criando aquela expeCtativa entre os Mais CheGados. para 2013 veM aí o tbd iv, CoM partiCipação dos skatistas riCardo pinGuiM, Mauro Mureta, diGo Menezes, rodriGo beavis, raGueb roGerio, JM, biano bianChin, daniel kiM, ederson kiko, paulo Galera e bruno bertotto. “é verdade biMbo?” Por Cesar Gyrão // Fotos silvio MarChetto Há quantos anos você se mudou pra Floripa? Hoje em dia você tem um bowl de concreto no quintal, mas você teve aquela mini megarrampa de madeira que rendeu uma das melhores matérias na Tribo Skate, na edição 128, de 2006. Como foi construir esse sonho? Tenho o Dagger Ranch há 18 anos, mas resido há 7 anos de forma direta. Nesses 18 anos, já tive aqui quatro pistas. A mini megarrampa foi divertida, mas o capsule banks foi um sonho que levou 44 anos da minha vida para se tornar realidade e partiu de um verdadeiro presente da pessoa que amo e que vive intensamente essa realidade, o dia-a-dia ao meu lado: minha esposa. Agradeço a ela de todo coração! Esse projeto tomou conta da minha vida durante um ano, entre criação, desenvolvimento e execução, até chegar à perfeição que me deixasse realizado e também a meus amigos skatistas locais do Dagger Ranch, assim como aqueles que vem de fora, desde que cultuem as raízes do skate, o estilo de andar e principalmente que tenham o maior requisito para colocarem os pés aqui dentro: a verdadeira identidade de um dagger. Você é da mesma terra que o Biano, o cara de São Leo mais conhecido no meio do skate no mundo. Você foi um dos primeiros skatistas da cidade? Quem foram os pioneiros? Tenho o maior respeito, orgulho e honra por ele ser um skatista de nível internacional e me citar como uma de suas influências. Sim, da faixa etária menor, fui eu. Com 10 anos eu já andava de skate em São Leopoldo, na esquina da minha casa, com o Miguel, Felipe, Marcelo, Jairo, Daniel e André. Eles foram os pioneiros, que já andavam desde 1974. Eu comecei em 1976, pois já me identificava com a contracultura e irreverência. São Leopoldo sempre se destacou no cenário do skate nacional; inclusive dei início a um projeto e já estou na fase de pré-edição de um vídeo documentário sobre a história do skate de São Leopoldo, no qual são enfocados todos os skatistas que fazem parte da mesma. Esta obra terá um lançamento em grande estilo no segundo semestre de 2013. Em que ano você construiu sua primeira minirrampa no quintal, ainda em São Leo? Quem participava das sessions? Isso foi depois ou na mesma época do Duelo Skatepark? Em 1978 tive uma rampage (quarter pipe) no pátio da minha casa. Em 1990, ainda no pátio da minha casa em São Leopoldo, construí um banks. Na primeira, participavam das sessions: Zoca, Xiqué, Jubi, Léo entre outros. Já no banks, o Bimbo, Sid, Funando, Bízio e Biano. Foram altas sessions! Além de andar em transições, você sempre andou em ladeiras, explorando mais o clássico downhill slide. Quais foram os picos mais explorados de asfalto de sua terra? Tem andado nas ladeiras? Sempre andei em transições, até mesmo em tempos difíceis para a modalidade no Brasil. Um invert e um grindon não têm preço. Curtia muito andar na ladeira do cemitério em POA (Porto Alegre), ladeira do Liberato em Novo Hamburgo, ladeira do CTG em São Leopoldo, ladeira do Tênis Clube de São Leopoldo, ladeira da cascata na Serra Gaúcha, ladeira de Teutônia e ladeira do Matadouro na qual foi produzida a minha video part e do Bimbo no The Best Daggers I, onde executei os lay backs, bert reverts e nose slides mais extensos, com 360 e 720 mais rápidos da minha vida. Ainda hoje curto muito fazer uma session de downhill, é muito gás, técnica, arrojo e puro estilo. Há longos anos você faz parte da Gardhenal, uma das marcas mais daggers do mundo. Como surgiu esta parceria com o Ragueb? Surgiu em razão de 5 fatores: 1º - Amizade verdadeira, gratidão, lealdade e honra; fatores primordiais em um dagger. 2º - Sendo ele (Ragueb) um cara visionário, soube valorizar com respeito, dignidade e honra, toda a minha carreira de

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skatista. Ele divulgou muito o meu skate. Com essa parceria realizei um sonho da minha vida, que foi ser o primeiro skatista a assinar um shape da Gardhenal. 3º - Consciência. O Ragueb teve muita na hora em que fechamos a parceria; ele sabia que, como skatista, eu mostraria a irreverência, a identidade e o estilo da marca. 4º - Identidade. Devido à isso assinei o shape, por toda a contracultura que é o fundamento da marca. 5º - Atitude. Ele teve quando, em 1994, nos conhecemos na Praia Mole e me disse: um dia vou ter a minha marca de skate e você será o primeiro skatista a fazer parte dela, pois vejo em você e no seu skate de raiz, toda a proposta e estilo da Gardhenal.

Hoola-hoop, ou fakie no hang up one foot.


// zap

Fs five-O bs reverse.

É verdade que você gosta de colecionar alguns brinquedos interessantes, como motos, adagas, caveiras, discos? Adagas em primeiro lugar! Principalmente as com mais de seis fios, tenho várias! Motos eu tenho muitas miniaturas, além da minha 800 cc. Caveiras de golfinho, de tubarão, de pinguins, crânios, arcada de tubarão e também meus meniscos e ligamentos das quatro cirurgias de joelho, as quais me submeti, conservados no formol. Você ainda sai caçando picos pra andar de skate com sua moto? Sim! Deste TOC (transtorno obsessivo compulsivo) eu sofro desde que comecei a andar. Quando comecei a produzir o The Best Daggers fudeu! O TOC aumentou, pois além de caçar places para mim, também passei a ter a missão de encontrar places para os skatistas do TBD. A minha motocicleta é muito potente, ágil e dinâmica, então posso andar em cima das calçadas, na contramão, estacionar em lugares cabreiros, o que faz com que às vezes eu acabe rodando 400 km em dois dias! Sempre com papel e caneta no bolso. O Marcos ET é um dos caras que divulgou bastante o seu skate, além de andar com você. Faz tempo que não vê o amigo? Faz uns sete anos que eu não o vejo. A última vez foi numa tour da Plata, quando passamos no “buraco” (bowl) do Osmar, em Atibaia. Agradeço por ele sempre estar presente no skate, nos identificarmos muito e o convido a aparecer no Dagger’s Ranch. Saudades do amigo.

Como estão as gravações do The Best Of Daggers IV? O que você pode adiantar do seu conteúdo? Será que rola o lançamento neste semestre? A proposta é a mesma: a de valorizar o skate raiz, moderno e cheio de estilo. Sem marketing e propaganda para não comprometer a imagem dos skatistas enfocados. O vídeo vem com muitas surpresas radicais e irreverentes. Coragem, arrojo, técnica, agressividade e muito estilo são critérios seguidos à risca por todos os skatistas desta quarta edição. Um diferencial do The Best Daggers IV é a participação de dois skatistas convidados especiais: Leo Kakinho e Luís Roberto Formiga. Tô amarradão! Na real estou captando imagens para o The Best Daggers IV há 6 anos. As captações estão muito radicais, tenho trabalhado direto com o PG e o Kiko. Minha linguagem de captação ficou mais agressiva e radical. Na segunda quinzena de abril irei à São Paulo filmar e finalizar as video parts com os skatistas locais, que contemplam o The Best Daggers IV, pois já possuo um banco de imagens bem expressivo de todos. Estou muito empenhado no meu trabalho, para que consiga finalizar a obra ainda neste primeiro semestre de 2013. No momento, isso é tudo que tenho para adiantar. // João Batista Machado RodRigues 47 anos, 37 de skate natural de: dois irmãos, rs Profissão: Produtor de vídeos de skate

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Robson sakamoto

[01] Kelvin Hoefler coloca nas ruas sua própria marca, a S2 Skateboards e já começa com bonés e shapes. • Dota, skatista old school de Belo Horizonte que também é pai dos skaters Jefferson Bill, Coyote e Hugão, está com um programa chamado Sk8 com Dota Bones na Rede Minas, retransmissora regional da TV Cultura. • Quem conferiu o Maresia Vert Jam percebeu que o skatista Rony Gomes está com dois novos patrôs: Airwalk e Corinthians. Isso mesmo, o time campeão mundial de futebol! • [02] Pablo Groll uniu forças com seus patrôs e fez um coquetel na Surf Trip de Moema (SP) para comemorar a entrevista que saiu na 207. Rolaram ainda muitas Heinekens e ampliações de fotos da trip feitas por Marcelo Mug. • A The House Skateshop oficializa o patrocínio ao profissional Vanderley Arame. • E a Santa Cruz Skateboards Brasil (distribuída por aqui pela Drop Dead) anuncia a formação de sua equipe nacional composta pelo carioca Emanoel Enxaqueca, mais os sulistas Paulo Galera, Evandro Martins ‘Gringo’ e Ricardo Leonardo ‘Brasília’. • A Öus coloca o peso de sua nova coleção no mercado com destaque para o primeiro modelo do profissional André Genovesi. • Também trazendo o valor das ruas para sua equipe, a Metallum dá as boas vindas aos profissionais Thiago Garcia e Gian Naccarato. • Já a Vegetal inicia o ano com dois reforços, os promodels do recém profissionalizado Alexandre Grecco e do pro Jackson Kleber, que também tem muita habilidade na área dos filmes de skate. • [03] Metallum e Vegetal passam a ser representadas pela Hordem Distribuidora, empresa fundada pelo André Hiena para oferecer um atendimento ainda mais classe ao mercado nacional. • A Aspekt, que antes vendia seus produtos em uma loja na Galeria do Rock (SP), volta ao mercado de skate com produtos e inicia com linha de samba canção feitas em tecido bem leve e sem costura na parte de trás, para maior conforto nas manobras. • [04] Luan de Oliveira entra para o time dos papais. Nasceu em Porto Alegre a linda Olivia, que mesmo pequenininha já revela ter puxado os traços do pai. • [05] Começou a ser exibido no Brasil, no canal Gloob (tv por assinatura), um desenho de temática voltada para o skate chamado Detonadores. Baseado nas experiências do profissional Rob Dyrdek e em seus amigos de infância, a série mostra as aventuras de um grupo de skatistas cheios de personalidade e atitude. • Forfun Girls é o nome do projeto desenvolvido pelo profissional Rogerio Mancha e pela stylist Camila Borba em São Paulo para ensinar skate e sua cultura para as mulheres. O curso começa em março e a inscrição dá direito a skate e equipamentos de proteção para cada uma das participantes. Mais infos no site: forfungirlskate.com • [06] Rodrigo TX, Karen Feitosa e Diego Garcez são alguns dos skatistas que tiveram como escola a renomada marca Shiny, do experiente Ronaldo, que retorna ao mercado nacional oferecendo shapes, acessórios e confecção. Mais infos no facebook.com/shinyskate

Fotos Divulgação

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Sakamoto e Gerdal com foto do Gian ao fundo.

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Preto no Branco: urgh e tribo skate no vert Jam A galera que foi conferir de perto as disputas que rolaram na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) esse ano também aproveitou bastante toda a movimentação que rolou ao redor do evento! Entre as atrações do skate village, a tenda da Urgh centralizou as atenções com a expo de fotos Skate Branco no Preto, do fotógrafo Robson Sakamoto e texto de Cesar Gyrão, ação que também contou com apoio da loja Skate in Rio. E além das ampliações de fotos dos skatistas da marca em p&b, rolaram também distribuição de Tribo Skate, brindes e o melhor de tudo: sessão de autógrafos com os skatistas Ítalo Peñarrubia e Bob Burnquist. Sem contar os demais profissionais que também prestigiaram as fotos, entre eles Rodrigo Petersen ‘Gerdal’ e Gian Naccarato.



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marcelo xue o faq é a seção da tribo skate onde nós desCobriMos as Curiosidades das pessoas que trabalhaM nos bastidores da Cena do skate. depois de enfoCar videoMakers, loCutores, teaM ManaGers e outros profissionais do nosso Carrinho, CheGou a hora de bater uM papo CoM o artista e skatista MarCelo xue, atual responsável pelas artes das MarCas live e roll. // texto e Foto MarCelo MuG Você se lembra dos seus primeiros desenhos? Já faz um bom tempo. Foram personagens de quadrinhos da época e ônibus, muito ônibus que meu avô Ernesto sempre me pilhava a desenhar. Ele é aposentado da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos). Me lembro que quando fiz meu primeiro desenho realista, foi da minha mãe e minha avó, e esses três foram sempre as pessoas que me incentivaram. Que tipo de técnica você utiliza na hora de criar? Trabalho muito com spray e tinta acrílica nas telas, mas tento não ficar preso a uma técnica e sim trabalhar com todas as ferramentas, mas depende do que me proponho a fazer. Na arte contemporânea há inúmeras formas de trabalho e técnicas; é sempre bom experimentar, experimentar e experimentar. Qual a sua formação? Você tem algum tipo de curso na área de artes ou é autodidata? Hoje faço parte de um grupo de estudos de arte. Estudamos a história da arte e iniciamos a discussão sobre arte contemporânea. É importante porque, a partir destes estudos, a minha visão e percepção de arte mudou completamente. Como o skate influencia o seu trabalho como artista? O skate me influencia muito! Quando estou andando, sou eu e meu skate, assim como é nos momentos em que estou criando. A visão do skate é sempre diferenciada da maioria das pessoas. O que enxergamos, por exemplo, a arquitetura não é a mesma que as demais pessoas enxergam, e isso é importante na arte: ver o que as outras pessoas não veem ou não enxergam; colocar questionamento e propor o pensamento.

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Para quais marcas você desenha atualmente? Estive com o Biano e o Tarobinha na Dynamic, quando criamos a marca com uma visão vanguarda mas nada comercial. Quando levei a nossa coleção pra vender, o primeiro cliente que viu disse: “Vocês acham que vão conseguir vender essas camisetas onde? Esquece esse negócio de arte e faça o que vende.” Na época foi a coisa mais style, pude saber que nós estávamos indo na contramão e isso era legal na época. Com essa experiência da Dynamic pude aprender muito e hoje, no trabalho desenvolvido com a Live Skateboards e Roll Skateboards, consigo colocar minhas ideias em prática com mais coerência e sem radicalismo; trabalhamos o conceito e comercial juntos. Ainda bem, porque está dando super certo! O que você leva em conta na hora de criar o pro-model de um skatista? Criar algo para os outros tem que ser algo muito bem pensado e conversado porque você está lidando com vaidade e gostos totalmente diferentes. Esse deve ser um processo de paciência, saber quais as ideias e referências. Existem vários estilos dentro do skate e isso nos leva a pensar em quem vai consumir seu model, saber o que e pra quem estamos criando; é um processo lento e a confiança deve ser o principal. Qual artista (ou artistas) você considera

mais foda na história do skate? Walter Nomura (Tinho). Se você tivesse que pedir para alguém desenhar um model de shape seu, quem você escolheria? Isaac Schwebel Noveline. Teria o maior orgulho de ter um model desenhado por ele. Agora o inverso. Para quem você gostaria de desenhar um model? Quando tínhamos a Dynamic desenhei para o Tarobinha, Biano, Paulo Galera. Depois na Roll desenhei para o Noveline, então desenhei para algumas pessoas importantes e que eu gosto, mas na Dynamic tínhamos o Luan de Oliveira, que infelizmente não pude desenhar, mas seria o do Luan que eu tenho vontade de fazer. Top 3 Adesivos de skate: Powell Peralta (dos skatistas), Mike Vallely, Caballero, Mike McGill. Models de shape: Thronn, Fernandinho Batman e os da Live e da Roll. Anúncios em revista: Todos da Live e os da Dyamic. Logos: Dynamic, Powell Peralta, Live Skateboards. Artistas fora do universo do skate: Modigliani, Duchamp, Basquiat, Lasar Segall, Walter Nomura, Herbert Baglione, Adriana Varejão, Cildo Meireles, Paulo Govêa, todos da Terceira Via, são muitos.





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dennis Busenitz dennis busenitz é daqueles que andaM no Galeto, lançaM uMa na sequênCia da outra do Jeito que o pé está no skate. doMínio que veM de Muitos anos Manobrando por ruas, piCos e pistas dos Mais variados loCais de todo Mundo. reConheCiMento que está nos produtos que levaM seu noMe e deseJados por todos que ConsideraM seu skate. e aGora é vez de saber o que ele sabe do brasil e do nosso skate.

Senhor das linhas mais velozes, Dennis Busenitz, backside tailslide.

// Fotos Gabe Morford O que você lembra em primeiro lugar quando o assunto é o skate brasileiro? O vídeo da Anti Hero “Cow Video”. Qual característica dos skatistas brasileiros mais te impressiona? A diversidade de características que eles apresentam. Qual a cidade no Brasil que você gostaria de conhecer e andar de skate? Rio de Janeiro. Qual mídia social você está mais presente na internet? Uso muito mesmo é o email. O que você leva em consideração quando escolhe as peças de seus skates? A cor dos produtos. Qual parte de vídeo de skate você considera como sendo a mais sólida em sua carreira? “Nothing is solid, be like water”. Dennis Busenitz (Real, Spitfire,Thunder, Volcom, Adidas, Brick Harbor), 31 anos, anda de skate desde 1989. Nasceu em Munique, Alemanha, e mora em São Francisco, nos EUA.

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skatistas têM a liberdade eM sua essênCia e isso siGnifiCa que a Galera viaJa Muito, seJa no sentido de ir de uM luGar para outro, seJa no de deixar a iMaGinação falar Mais alto. e o luGar onde a Galera Mostra toda essa Criatividade é no instaGraM.

/giancarraro: preste atenção no shape. rolê no ibira. #thronn #lifestyle #oldschool #streetskate #skateboard #skate #sampa #ibira #punk

/luquinhasxv: blck & wht

/marcelomug: o trânsito para, mas o skate não, fifão no minhão @ vssskd #road #skateboard @ vibe_oficial @_ hahaha_

/leospanghero: a mala passou do peso tive que improvisar e usar duas calças pra aliviar #correria #pants #guarulhos #argentina #trip

espaço para eloGios, suGestões e CrítiCas, a Coluna taMbéM está aberta para Mostrar disCussões interessantes sobre o skate, palavras que deMonstraM o universo de sabedoria que Gira eM torno do aMbiente dos skatistas. seJa alGuMa Coisa dita nas Mídias soCiais ou até MesMo naquela troCa de ideias pós rolê. para esta edição, três pérolas que dariaM uM Capítulo a parte no livro “pensaMentos de skatista”. Tiago Oliveira (Facebook): “Mano, já aconteceu com alguém? Do nada eu cresci, minhas pernas cresceram e agora tá mó estranho para andar de skate. Por que será? Mó raiva, minhas manobras tão baixas, tá mais difícil de dar manobra.” O profissional Marcelo Alves se prontificou a acalmar o garoto: “Não esquenta, Tiago. Logo mais essas pernas vão se transformar no pop, vocâ vai ver. Abração” Alexandre Zikk (Facebook): “Chegar em casa e pisar no tênis pra tirar

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sem desamarrar o cadarço, é muita atitude de skatista”. O skatista Ayrton Zanchi também tem experiência no assunto, tanto que fez uma observação e tanto: “A borracha da sola do meu tênis está saindo por causa disso.” Cotinz “Benhas Pamps” (Facebook): “Todo o prazer de andar de skate é questionado na hora de tirar o rolamento da roda.” Adonis LP levou na brincadeira: “Aí nem reza braba, Cotô! Só fervendo na água quente, kkkk!”



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Time SKF no Skatepark Hit Sport, no bairro Las Condes de Santiago, em 1980.

Diretor Rolo Castro (de pé) e o diretor de fotografia, Jorge Parodi.

Esqueibor: a história do skate no Chile Por Milenka SalinaS // fotos eSqueibor O lançamento do filme que celebra os 35 anos do skate no Chile aconteceu em grande estilo! A primeira exibição de Esqueibor reuniu skatistas, amigos e apreciadores num espaço especial da capital chilena. “Esse projeto foi filmado com qualidade de cinema, para ser visto numa tela grande. Se fosse assistido no monitor teríamos uma perda muito grande, por isso conseguimos um espaço que é o Cine Arte Alameda, localizado no centro de Santiago”, conta Rodrigo “Gato” Flores, produtor executivo do filme e diretor da revista de esportes radicais Demolición, publicação com mais de 15 anos de atuação no Chile. Depois da estreia, Esqueibor permaneceu duas semanas em cartaz no circuito comercial do espaço e seguiu em exibição em cidades litorâneas. Durante três anos, Gato e Rodrigo “Rolo” Castro reuniram materiais para contar a história do skate no país, além de produzir entrevistas atuais com skatistas que foram responsáveis pelo desenvolvimento do esporte. São registros em HD, VHS, mini-dv, película de 16 e 8mm, recortes de jornais. Produzir um vídeo alternativo, documental e sobre skate não é tarefa fácil. Mesmo com o crescente interesse da mídia e de grandes marcas, com patrocínios milionários e difusão do esporte em todo o mundo. A realidade no Chile é outra, onde poucos skatistas conseguem projeção internacional. Para entender um pouco das dificuldades que a dupla enfrentou, é necessário saber um pouco sobre a trajetória do esporte no país. “Parte dos depoimentos que temos no filme mostra que o skate começou aqui com as pessoas que tinham mais dinheiro, que traziam peças dos Estados Unidos. E a evolução mostra que o skate foi se expandindo, em todos os bairros de Santiago e outras cidades do país. Aqui não tem indústria (como no Brasil), que faz shape como a Drop Dead, Urgh e outras marcas brasileiras. Com o tempo surgiram marcas nacionais com produtos importados. Primeiro, os Estados Unidos começaram a enviar shapes e pediram desenhos chilenos. Agora, temos produtos fabricados na China com design desenvolvido no Chile, com trucks, rodas, todos os elementos com marca chilena”, afirma Gato. Talvez, esse relato explique o motivo de grandes indústrias estrangeiras do segmento do skate estarem apoiando a nova geração de skatistas. A presença das marcas é forte nesse esporte que já tem tradição, mas que ainda busca espaço. // EsquEibor: a missão Tendo em mãos materiais preciosos, muita vontade e investindo grana do próprio bolso, a dupla de amigos tinha ainda a responsabilidade de pensar no roteiro da primeira produção que conta a trajetória do skate no país. “Pensamos em como apresentar esse material sem dizer que essa era a única verdade, mas sim uma visão, mesmo tendo como título a história do skate no Chile. É uma versão nossa, que tem a ver com a evolução do skate, mais do que com as pessoas. Algo abstrato, não é o skate do shape e das manobras, mas sim tudo o que foi acontecendo nesse período de mais de três décadas, todo o contexto histórico. Não é porque alguém não aparece é que não existe, apenas buscamos incluir quem contribuiu para isso”, salienta Gato, que tam-

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bém atua como protagonista. A escolha dos entrevistados, dos personagens reais da história contada no documentário, teve um critério básico: o enfocado devia ainda andar de skate. “No Chile, muitos começaram nos anos 70 e depois nunca mais praticaram. Os eleitos para serem os protagonistas do filme contribuíram para o skate, são amantes. Talvez por terem sido muito interessados no esporte incentivaram outros, formaram a primeira equipe de skate, foram para outras cidades e participaram dos poucos campeonatos que aconteciam. E agora já têm filhos que são skatistas, que andam atualmente”, explica o veterano. Para Rolo, o skate tanto no Chile como no Brasil, tem um espírito de luta. “É uma história que pode ser parecida, em toda a América Latina, diferente do que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos. Aqui é a experiência, a gente aprende na rua, faz amigos e acho que em outros lugares é mais frio, pragmático, é como um esporte a mais”. Pensando nas semelhanças, coincidências e diferenças da evolução do esporte, os idealizadores de Esqueibor pretendem seguir exibindo o documentário em outros países. “No Brasil, Alemanha e Estados Unidos já fizeram filmes similares. Podemos gerar um certo diálogo, um conhecimento a mais dos nossos países através do skate. Nós, chilenos e brasileiros, somos tão skatistas como os gringos. Por isso o nome do filme Esqueibor, que é o espanglish (espanhol + inglês) para o skateboard, a maneira como se adaptou aqui. Próprio da linguagem, como as pessoas chamam o esporte, por isso optamos por deixar o nome do documentário assim. É a versão chilena”, finaliza Gato. // uma história E muitas imagEns Assistir o filme é ter uma aula de história, cultura e comportamento. O documentário inicia com os participantes dando depoimentos em off, através das imagens o espectador embarca nessa viagem que é andar skate, ser skatista. A cronologia começa em 75, seguindo o ditado de que sempre há um chileno em algum lugar. Histórias com Jay Adams e os Z-boys são contadas através de fotos e depoimentos. É nesse período que regressos voltam para seu país de origem causando uma revolução, mudando a forma de olhar o skate. É no Parque Bustamente com amplos espaços de cimento, que a galera se encontra para praticar as manobras da época. Havia um grupo de amigos que produzia seus próprios shapes e, em 78, formam a primeira equipe semi-profissional, a SKF. Os veículos de comunicação mostravam interesse e divulgavam a equipe, que era solicitada para fazer turnê pelo país apresentando o esporte. No ano seguinte, é construído o primeiro skatepark do país. Como a prática era proibida nas ruas, com a pista muitos jovens encontram espaço para andar. A alegria dura pouco e em 1980 ela é fechada. Os skatistas vão para as ruas e o número de adeptos diminui. Com os últimos anos da ditadura, por volta de 1988, os skatistas que ainda restavam tentavam fazer a realidade um pouco mais divertida. Eram jovens solitários que se juntavam no final de semana, perto do skatepark que ainda permanecia fechado. Eles falavam com o guarda para conseguir entrar. Não tinha revistas, vídeo, celular ou internet. Entre os amigos, trocavam vídeos, faziam cópias para tentar as manobras. Os skatistas começam a usar as escadas e


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Recorte de jornal com uma das primeiras matérias dedicadas ao skate.

Andrés Arenas, fs ollie, na praia de Pichilemu, em Punta de Lobos. Essa pista foi destruída pelo tsunami.

Equipe faz entrevista com o veterano Claudio Izzo.

edifícios. As pessoas ficavam surpresas e se perguntavam como o shape conseguia sair do chão. As manobras iam progredindo aos poucos. Como não havia muitos shapes, a solução era optar por remendos com pedaços de madeira no meio, pregos e parafusos. É nessa época que Spiro Razis, que morava na Argentina onde já havia uma cena, vai para o Chile e começa a encontrar amigos. Os policiais pegavam os skates e proibiam filmar, alegavam que a prática estragava os prédios, havia também uma pressão dos guardas privados. A cidade se reinventava e o skate também. A geração dos anos 90 continuou andando de skate porque a dos anos 80 seguia, transformara o skate em estilo de vida. Abriram uma loja que patrocinava os amigos, organizavam demonstrações, produziam vídeos e campeonatos. Com a criação das revistaS La Tabla e Demolicón, houve mais competição no mercado e as marcas começaram a publicar nesses veículos. Surgem, então, mais oportunidades, marcas nacionais, dinheiro e produtos. No ano de 1996 o skatista Cubano produz o primeiro vídeo de skate, chamado Sueños. Em 1997, Tony Hawk foi para o Chile. Fez a primeira demo de skate no skatepark de Vitacura. Outros vídeos formam surgindo: Choco (1997), Centoyo (1998), Sessions (1999-2000) e Retirense, filmado em 18mm para mini-dv. No final dos anos 90, o skate começou a ser considerado um esporte. Mas em 1995 ainda não havia lugar público para andar de skate, nenhuma pista. Se os skatistas andavam na rua, podiam ser presos. A Sprite Jam aconteceu em 2001, no estádio Monumental com um público de mais de 8 mil pessoas. O evento foi transmitido pela televisão para todo o país. Em 2006, a presidente Michel Bachelet autorizou a criação de uma pista pública de skate, depois de um protesto que pedia pistas em Santiago e diversas cidades. Através de um movimento espontâneo, com apoio massivo (conquistado pelas redes sociais), os skatistas conseguiram reunir mais de mil pessoas no Parque Bustamante e demonstraram a potência do skate. Deixaram uma carta para a presidente com uma petição para a construção de um skate park público. No ano de 2007 acontece a inauguração do Parque de los Reyes. Algumas cidades já conquistaram esse espaço, outras ainda estão tentando. Os políticos estão investindo no skate e o país está recém encontrando a sua identidade. Para finalizar, o documentário exibe depoimentos de skatistas antigos, dizendo que não vão parar de andar. Sinal de que esta história não termina por aqui. 2013/março TRIBO SKATE | 31


guilheRme PuFF

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Bs 180 fakie pivot grind, na praça Setorial de Rio Preto/SP.

alexandre tizil Mesmo antes do termo marreta definir aquele que manobra o skate com excelência, Alexandre Tizil já representava a palavra ao pé da letra. O que quer dizer que a trilha sonora que o acompanha todo esse tempo é importante na definição do estilo técnico e preciso que o define. Confira então as 20 músicas que acompanham as marretadas do profissional hoje em dia! Alexandre Tizil (Foton Skateboards e Renegades Company)

Apollo Brown & OC, Prove Me Wrong Black Rob, Showin Up James Ventura, O Rap é Fato Ogi, Monstro Gigante Nas & Damian Marley, In His Own Words Sabotage, Canão Foi Tão Bom Freddie Gibs, Anything to Survive Mano Zani, Dia das Mães Comunidade Racional, o Mensageiro Serendipity Project, Shine 4 Me (So Beautiful)

Fela Kuti, Water No Get Enemy Pete Rock & Smif N Wessun feat. Sean Price & Styles P, That’s Hard Rappin Hood, Virar o Jogo Rappin Hood, A Bola do Mundo Edi Rock e Seu Jorge, That’s My Way Racionais MC’s, Negro Drama Racionais MC’s, Mil Faces de um Homem Leal Hieroglyphics, Soweto Mobb Deep, Survival of The Fittest Nas, New World

Proteção extra Quem pratica as vertentes do skate com maior tendência de quedas sabe que proteção nunca é demais! Apostando na tecnologia de uma nova matéria prima (Poron XRD), que oferece resistência e absorção de impacto contra batidas ou golpes, a G-Form traz para o Brasil uma nova tendência em equipamentos de proteção. São joelheiras, bermudas e cotoveleiras que servem muito bem para quem pratica o downhill slide e também os verticaleiros, usando o produto como ‘pads’ (embaixo da joelheira/cotoveleira). E a empresa também oferece a mesma proteção para tablets e smartphones, com capas que prometem deixar os aparelhos longe de qualquer dano em caso de queda. Mais informações pelo telefone (11) 3101-2642 ou no site www.g-form.com.br

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wagner ramos são Muitas lendas que envolveM a fiGura de waGner raMos, uM Cabra da peste nasCido na terra roxa de CasCavel, no interior do paraná e radiCado eM floripa, onde a areia da praia doMina. uM Monstro do switChstanCe que Já foi sushiMan (!) e Já apavorou eM inúMeros eventos e vídeos, Já teve uM Chaveirinho CoM sua lata e é uM inspirado MúsiCo eM festa de CheGados. fruto de uMa faMília Grande que Conta CoM outros dois skatistas, leandro e rodolfo, é uM Cara afável e não raro suas boCheChas estão averMelhadas, CoM uM toM Maroto que reflete eM seu Jeito de andar de skate: espontâneo, Criativo e de boM huMor. (gyrão)

// Fotos João brinhosa • Como é ter um irmão também skatista e que anda no mesmo nível profissional? Rola uma disputa ou competição entre vocês? Ainda fazem aquela session sem compromisso, de irmão para irmão? A carreira de vocês ainda é internacional? (Thiago Felipe, Mogi/SP) – Sou Fã do Gugu! Meu parceiro sempre! Não para de evoluir em todos os sentidos! Só risada quando a gente anda junto, e manobra pesada porque o piá é pego! Já viajamos muito pra fora do Brasil mas já faz um tempo que não rola de irmos juntos. Esse ano eu pretendo viajar bastante; é bem provável que a gente faça alguma viagem dessas juntos! • Conheci o Wagner em Curitiba. Chegou no Drop Dead Skate Park na humildade, andando nas duas bases e então perguntei para o James Bambam:“Quem é esse cara que anda igual dos dois lados?” Fiquei impressionado com a facilidade que ele mandava as manobras técnicas, sou um grande admirador do cara! Fala pra nós o que já vivenciou em toda sua vida no skate e o que o faz mais feliz no skate? (André Hiena, SP/SP) – Salve André! Contar 24 anos de vivência precisaria um livro! Kkkk! O que mais me faz feliz no skate é ver que toda essa vivência construiu a pessoa que sou hoje, os amigos que fiz pelo caminho, a maneira como encaro a vida. A gente passa tanta roubada no começo, com falta de patrocínio, correr atrás de pista, viajar sem grana, dormir na rodoviária (aeroporto), perder o busão, que chega a desanimar o cara. Mas também tem o outro lado, que é você ir pra São Paulo sem conhecer quase ninguém e o Thiago Garcia e família lhe acolhe na casa deles. O Hiena e amigos levam você pra festa, pros picos certos... Essa trip foi massa! O skate tem muito disso, das pessoas abrirem suas casas! Sempre tive muita sorte de encontrar pessoas boas no meu caminho! Agradeço a todos que me ajudaram nessa trajetória, porque sem essa ajuda a história seria outra. • Qual foi o seu primeiro patrocínio e qual a impor importância de patrocinadores para um skatista de alto nível como você? (Frederico Assis, Petrópolis/RJ) – O primeiro patrocínio de verdade que tive foi da Drop Dead. Quando você tem um suporte legal a coisa muda! // WagneR RaMos 32 anos, 24 de skate natural de: cascavel, Pr mora em: florianóPolis, sc Patrocínio: vibe, kronik skateboards, tyPe’s, arca aPoio: Zé maré bar e restaurante

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Material pra andar, salário, ajuda de custo pra viajar - você pode se dedicar ao skate! Aí é só diversão e evolução! • Qual sua opinião sobre os preços de peças de skate que algumas lojas cobram, até duas ou três vezes a mais que o valor real do item? Estas que não fazem nada pro skate além de sugar a gente? O que você acha disso? (Bruno Peres Oliveira, Jacareí/SP) – Tá todo mundo cansado de oportunistas. Essas pessoas não vão durar muito mais no mercado. Os skatistas estão cada vez mais unidos, montando lojas e suas próprias marcas. Temos que procurar ajudar quem faz por nós, quem sabe do corre! • O que falta para vermos você participar dos campeonatos tops do mundo? Como avalia o skate top hoje? (Dan Santander, SP/SP) – Vários projetos paralelos estão rolando que não tenho participado de campeonatos. Terminamos o vídeo da Vibe, ‘Cityzen’, há pouco tempo e já tem outros por vir. Sempre gostei de viajar pra campeonatos, mas não tecampe nho focado neles no momento. Gosto dos campeonatos da Europa! Talvez eu vá esse ano. O skate sempre vem surpreendendo a cada dia! Surreal... • Gostaria de saber o que você acha do de desempenho de nossos skatistas, aqui no Brasil e na gringa? E qual diferença do potencial dos skatistas de quando você começou a andar e de hoje em dia? (Rafael, Curitiba/PR) – Hoje em dia o intercâmbio é muito intenso. O skate se participa em todos lugares, a informação é rápida. Alguém posta um vídeo no Japão, se for bom o cara fica conhecido no mundo todo e todo o mundo tem os olhos voltados pro Brasil faz algum tempo. Não para de surgir skatistas bons! • Como você vê as entidades desportivas que representam o skate no Brasil? E qual a importância dos campeonatos para o desenvolvimento do skate, encon de uma forma geral, e em que nível eles se encontram? (Eudemar Tonatto, Guarapuava/PR) – Acredito que com a visibilidade que o skate atingiu profis e a seriedade como vem sendo conduzido por profisrepresen sionais do skate, essas entidades que nos represencredibilida tam também estão sendo vistas com mais credibilidade. Os benefícios e incentivos vem se consolidando e se tornando cada vez mais abrangentes. É dificil prometer um circuito de skate profissional ou amador quando não se tem verba pra executar. Nem ajuda



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wagner ramos fã do gugu! meu ‘‘sou parceiro sempre! ’’ privada nem governamental. Campeonatos sempre vão fomentar o skate, eventos são importantes! Esse intercâmbio de manobras e de ideias sempre fez a diferença! • Conte-nos como conseguiu seus patrocínios gringos e quem ajudou você no começo da carreira, para que tivesse uma base legal para seguir em frente? E também gostaria de saber quais suas melhores lembranças de Cascavel (amigos, família, picos)? (Henrique Santos, Cascavel/PR) – A primeira vez que viajei pra gringa foi a convite do Bob. Depois de um campeonato da Sims em São Paulo, ele perguntou pra mim e pro Gugu se gostaríamos de entrar pra Hurley e passar um tempo na Califórnia, aí não paramos mais! Valeu Bob, sou eternamente grato! De Cascavel, são muitas lembranças! Sair pra andar final de semana e percorrer a cidade toda é uma das coisas que tenho saudade! Ia encontrando a galera em cada pico que passava; no final do dia tinha uma banca! Abração Jorge, Totó e a rapaziada toda! • Quanto tempo você está morando em Floripa? Toda a sua família está na ilha? Como você faz para se manter no rip e cuidar de sua imagem? (Álvaro Cardoso, São José, SC) – Já faz uns oito anos que estou em Floripa! Só a filha do Gugu que ainda está em Cascavel, o resto tá tudo aqui! Gosto muito daqui. O skate vem evoluindo bastante, tem picos na rua, algumas pistas, bowls… Tendo fotógrafo e video maker dá pra manter o rip! • Você ainda tem algum daqueles seus bonecos da Drop Dead? Aquilo era “toy art”? Como surgiu esse produto? (Ana Cláudia Tavares, Curitiba/PR) – Foi minha mulher que fez! Saí pra uma tour e quando voltei tava lá o boneco, careca. Na época eu tinha os dreads, ela cortou um pedaço do meu cabelo pregou na careca e ficou igualzinho! Fez de massinha de modelar. Muito legal! Mostrei pra galera da Drop, eles curtiram a ideia. Virou shape, caixa de tênis, chaveiro. O boneco tá hibernando em alguma caixa aqui em casa. • Salve Wagner! Adoro seu skate, desde a época de Curitiba. Quantos produtos você assina com seu nome? Tem como fazer uma retrospectiva dos seus models? (Norberto Monlevard, Salvador/ BA) – Os primeiros models vieram com a Drop. Fiz um tênis com eles e uns dez models de shapes na época! Hoje tenho um pro model de tênis assinado com a Vibe e logo mais sairá um model de shape com a Kronik! • Ouvi falar que você toca violão e gosta de clássicos da MPB. O que você gosta de tocar e o que tem ouvido ultimamente? (Orisvaldo Silva, Vitória/ES) – Gosto de pegar o violão e ficar inventando algo na hora. Sempre tô tentando aprender um samba antigo ou um punk rock. Minha família tem um bar agora que rola música ao vivo quase todo dia! Mpb, samba, jazz. Tenho ouvido essa galera tocar. Tem também Rap de la Creme com a rapaziada, P.A., Tunay & Efieli, Soul, g-funk, hiphop, beats! Paz!

Próximo enfocado: faBio pen. envie suas Perguntas Para tRiBoskate@tRiBoskate.coM.BR com o tema Linha VeRMeLha – faBio pen. coloque nome comPleto, cidade e estado Para concorrer ao Produto oferecido Pelo Profissional.

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No lusco-fusco o backside flip é mais embaçado. Wagner conclui no instinto.


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Indiana Jones, ops! Rafael Finha e ‘O Santo Grau’. Nosegrind na inóspita rampa encontrada na expedição.

Carlos Taparelli

Próxima edição 210



maresia vert jam // rio 2013

Decola Pedro!

Todos os releases lembravam que o verT Jam é a primeira eTapa de half pipe do rankinG World Cup skaTeboardinG, o CirCuiTo mundial. depois de uma edição problemáTiCa na barra da TiJuCa em 2012, e uma avenTada possibilidade do evenTo mudar de modalidade, pareCe que o Trem enTrou nos Trilhos novamenTe, depois que a imX ouviu e aTendeu anTiGas reivindiCações dos skaTisTas, mídia e responsáveis pela parTe TéCniCa (Cbsk), Com andré barros Como ConsulTor e porTa-voz. deTalhes simples que fizeram diferença: melhor premiação, iGualdade de Condições de suporTe para esTranGeiros e brasileiros, uma CoberTura um pouCo maior para Caso de Chuva, eTC. CerTo que o esperado novo half pipe não desembarCou no brasil a Tempo, mas Com esTas melhorias, um sopro de renovação CaraCTerizou o maresia verT Jam.

Por Cesar Gyrão // Fotos rené Junior e Cauã Csik

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e volta ao Parque dos Patins, na Lagoa Rodrigo de Freitas, tudo é bem programado no Vert Jam. Inscrições, treinos, eliminatórias, semi e depois a final, com transmissão ao vivo pelo Esporte Espetacular. O pacotão funcionou direitinho em todas as fases e os protagonistas enfiaram várias sequências legais nas 13 paredes. A expressão máxima veio na melhor volta da final de Pedro Barros, jogando os airs, giros e flips mais altos e contorcidos, com pinceladas de liptricks rasgadas e velozes. Para ficar na frente dos mais treinados verticaleiros, como o esfomeado Rony Gomes (também quebrando em altura, em manobras altas de switch – incluindo um ss fs heelflip!), o skate certinho e técnico do Mitchie Brusco, o sempre inspirado e mestre Bob Burnquist, o atual campeão mundial Andy Macdonald, o campeão anterior, Marcelo Bastos e os estreantes com muito domínio do skate, como Jono Schawn e Jimmie Wilkins. Pra se ter uma ideia da competitividade, Sandro Dias ficou fora da final e outros grandes nomes também não conseguiram avançar. Fato é que apareceram novos nomes no pódio, frutos de uma época em que alguns estão tendo mais acesso a boas rampas para brincar. Outra novidade deste ano foi a inclusão da categoria feminina, com três pros e vitória tranquila de Karen Jonz. Tudo que se escreveu sobre o Vert Jam deste ano, pode bem ser embalado por esta sensação de que a briga está boa e que o Pedro Barros está expandindo limites! Decola garoto!

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Cauã Csik

A saga de um bio fs air com assinatura do Pedro Barros. Sobe, sobe, sobe, percorre, percorre, contorce, contorce parecendo que vai passar do ponto, mas não. As 13 paredes mais insanas do Vert Jam.

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fotos René JunioR

maresia vert jam // rio 2013

Marcelo Bastos.

O inglês Sam Becket e sua versão de flip indy.

Rony Gomes.

// RESULTADOS Pro 1º Pedro Barros, R$ 12.500 2º Rony Gomes, R$ 9.500 3º Mitchie Brusco, R$ 7.500 4º Bob Burnquist, R$ 5500 5º Jono Schwan, R$ 4500 6º Marcelo Bastos, R$ 3800 7ºJimmie Wilkins, R$ 3600 8º Andy Macdonald, R$ 3400 9º Sandro Dias, R$ 3200 10º Raul Roger, R$ 3000

Feminino 1º Karen Jonz 2º Renata Paschinni 3º Bia Sodré Red Bull Slick Trick Andy Macdonald Kick flip 540 melon grab

Jimmie Wilkins estreou com garra no Maresia Vert Jam. Stale fish 540.

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viagem // chile

Imprevistos

Chilenos

Qual a motivação para andar de skate em diferentes terrenos e conhecer novas culturas? acredito Que essa trip nos trouxe a resposta! há Quase dois anos planejava conhecer santiago, capital do chile, e sempre adiava por outros compromissos. depois de falar com leandro moska, junior Boy e luiz apelão, pegamos o avião e lá encontramos Bruno araujo, Que estava a traBalho em santiago. Por caleB rodrigues // fotos leandro moska

P

assagens compradas, tudo certo para embarcar, mas eu e Moska atrasamos por causa do famoso trânsito paulistano, perdemos o voo e tivemos que pagar R$ 500 de multa, cada um. E ainda por cima só embarcamos no dia seguinte! Chegando no destino, nos encontramos três dias depois do combinado, pois Akira Utida, Guilherme Terra e Flavio Von Zuben também estavam por lá e foram fundamentais para as divertidas sessões. Com cinco dias de sessão fomos surpreendidos por uma frente fria logo no final de semana, o que quer dizer que foram três dias embolorando no hotel. Restaram três dias antes de voltar, de oito de puro street, dos 14 planejados. Viramos duas madrugadas andando nas ruas centrais de Santiago, aproveitando ao máximo o que vivemos naqueles dias. Chegada a hora de voltar para casa, Bruno, Apelão e Moska decidiram ficar mais alguns dias, compensando o fim de semana chuvoso. Mas quando remarcaram as passagens inverteram a minha por engano, onde o Moska voltaria ao Brasil e eu permaneceria no Chile. Só percebemos a confusão na hora de embarcar, isso às 05h00 da manhã. Mais um dia de sufoco pois meu cartão de crédito havia quebrado, mas consegui manter contato com o Moska e graças a Deus meus grandes amigos me socorreram lá mesmo. Embarquei no outro dia, e depois de mais R$ 580 de multa tudo deu certo no final. Em especial, agradecimentos a Paulinho Passaquatro, Bruno Araujo, Leandro Moska e Alex Cardoso que fizeram o resgate quando foi preciso. Acredito que se estivermos em qualquer lugar do mundo, com amigos de verdade, querendo nosso bem, cuidando, respeitando e preocupados uns com os outros, não importa a quantidade de skatistas na sessão, saberemos a hora de cada um, sem passar por cima de ninguém e desejando o sucesso do próximo!

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Voltar a manobra em um pico que fica na saída de Metrô Tobalaba em Santiago, ligação entre as linhas vermelha e azul, é como andar na saída da Sé em horário de pico. Caleb Rodrigues consegue uma brecha no vai e vem de pessoas pra voltar o fs nosegrind com estilo.

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Espaço onde guardam as mesas de jogatina da ‘Plaza das Armas’, obstáculo que é a porta dobradiça que trancafia tudo no buraco. Mas pode entender como uma ratoeira que desarma toda vez que o Junior Pereira tenta o crooked. Só não armou quando ele acertou!

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chile // viagem

Guilherme Terra e Junior Boy.

Hostel.

Flavio e Caleb.

Bruno Araujo e Apelão.

Centro de Santiago.

Condomínio residencial é cheio de imprevistos na hora de andar, ainda mais quando o pico fica no estacionamento. Depois de muita insistência, chuva e frio, Apelão deixa esse fs ollie passando borda e poças, só porque o morador foi compreensivo e retirou o carro.

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chile // viagem

Akira Utida teve sangue quente no dia frio pra voltar o bs ollie animal na Universidade Católica em poucas tentativas, bem no horário da aula. A segurança colou a tempo de conferir a comemoração do acerto!

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viagem // chile

Flavio Von Zuben usa a borda prรณxima da entrada principal do Castelo Hidalgo, vem de um caminho estreito, passa por um imenso arbusto que os amigos seguram com dificuldade e volta o transfer bs tailslide, com o frio de 8 graus batento na cara. Detalhe para a borda parecida com as do Vale, o skate escapa muito fรกcil!

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pela rua // canal off

A cara da mãe

O skate nasceu na rua e O nOme deste prOgrama dO canal Off, nãO pOderia ser melhOr. JuntOs, três persOnagens criadOs nO ambiente urbanO, escOladOs na faculdade de skateOlOgia, dOutOradOs em videOgrafia e fOtOgrafia, fazem da famOsa química vira-lata das “sessiOns entre amigOs” O pratO cheiO para um prOgrama que arrebata cada vez mais fãs e admiradOres. parte de pacOtes mais básicOs das principais OperadOras de tv a cabO, O Off cOmpletOu recentemente um anO e O pela rua entrOu em sua terceira tempOrada. carlinhOs zOdi e andersOn tuca filmam e editam cOm maestria cOmO pOucOs, e flaviO samelO cOmplementa a banca registrandO as fOtOs das sessões. O cruzamentO dOs ângulOs das duas filmadOras, sempre é arrematadO pOr uma bela fOtOgrafia, característica principal dO fOrmatO dO prOgrama. cOmO váriOs OutrOs prOgramas dO Off, as barcas envOlvem O encOntrO cOm Os skatistas de cada picO visitadO, as expectativas em cOnversas nO traJetO, a preparaçãO de cada persOnagem para seus desafiOs, as finalizações em grande estilO (Ou nãO, quandO O “bichO manga” nãO permite O skatista cOncluir sua linha Ou manObra) e tudO cOm muitO, muitO bOm humOr. (Gyrão) Por JuniOr lemOs // Fotos flaviO samelO

Akira Shiroma, wall ride, Curitiba.

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pela rua // canal off

A

galera considera o programa style, mas muitos não sabem as suas origens. Como, quando e como foi o começo de cada um em seus ofícios incluindo o skate? [Samelo (fotografar)]: Comecei a fotografar skate em 1992, culpa do Marcus Vinícius Kamau e do Tuca. A gente filmava e andava direto na ZN, Prestige e no centro, juntos. Um dia o Tuca apareceu com uma lente angular que ele usava na filmadora dele e eu acabei usando na minha câmera fotográfica e tudo começou. [Zodi (filmar/editar)]: Não lembro bem não, mas foi em noventa e pouco. Comecei a filmar e editar e logo na sequência abrimos a marca Agacê Skateboarding. O primeiro programa de TV que eu dirigi também era de skate, foi o Skateboard System, encabeçado pelo Plínio Higuti, pro Canal 21. A carreira no vídeo, pra mim, começou como uma ideia de trabalhar com música em outras plataformas, mas com o passar do tempo o vídeo foi se consolidando e criando suas próprias raízes. [Tuca (filmar/editar)]: Eu comecei a andar de skate em 1987 aqui perto de casa no bairro da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo. Frequentei vários picos nessa época: Praça Roosevelt, Prestige Skatepark, Parque do Ibirapuera, Vale do Anhangabaú, mas onde me tornei local mesmo foi no ZN Skatepark, que ficava no Lausane. Lá conheci várias pessoas que foram importantes para minha formação como skatista e também videomaker, e por volta de 1992, foi lá que gravei skate pela primeira vez (com uma câmera VHS daquelas grandes). Desde então não parei mais. Como foi pra definir a fórmula que o programa teria? [Zodi]: A primeira “encomenda” desse programa foi feita pelo Multishow pra mim, só depois que surgiu o Canal Off. Na época eles queriam um programa mais urbano e que tivesse skate. Com o passar do tempo e algumas reuniões ficou definido que seria um programa autêntico de skate. Logo de primeira pensei como seria o programa que eu gostaria de fazer. Tinha que ser a real de como rola uma sessão de skate, e pra ficar divertido e bem feito eu tinha que chamar o Tuca e o Sa-

Zodi e Tuca, Costa Mesa, CA, EUA.

rodrigo TX, flip, Los Angeles, California, EUA.

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Fabrizio Cara de Sapo, flip to bank, LA, CA, EUA.

melo. O lance da foto também é um elemento muito importante pro formato, na minha opinião. Mas, sinceramente, acho que o segredo desse programa é o fato de ser simplesmente uma coisa que três bons amigos já fazem há um bom tempo juntos e se divertem fazendo isso. [Tuca]: A fórmula do programa aconteceu, acabou naturalmente se criando e ele é o que todos estão acostumados a fazer: uma simples session de skate. Pode ser no pico mais animal ou em qualquer lugar que estamos nessa, o importante é estar com os amigos andando de skate. E pra chegar ao nome do programa? [Zodi]: O nome foi um bate-volta com a equipe do Canal Off. A gente só tinha em mente que não podia virar um nome forçado ou falso e que tinha que ter a cara do programa. [Tuca]: Foi basicamente uma decisão do Zodi e do Canal Off. Tínhamos vários nomes em mente, mas quando o Zodi disse que ele e o canal tinham o nome Pela Rua achei bem mais legal do que qualquer coisa que tínhamos pensado; encaixou direitinho. Qual o critério para a escolha dos skatistas? [Samelo]: Quando fazemos a programação, nos encontramos para pensar com quem podemos gravar. A primeira coisa que pensamos é se a gente é amigo do skatista e daí tudo começa. [Zodi]: A gente faz um papo, os três juntos, pra escolher. É uma coisa toda ligada, a gente primeiro tem que fechar um pla-

nejamento de lugares onde gravar, pra fechar a logística toda de gravação. Depois pensamos em quem chamar nesses lugares. O quesito é o convidado ser um cara legal e andar bem de skate, não tem muito mistério. [Tuca]: O Zodi explica essa. Dentro do que é produzido (vídeos e fotos) de skate no Brasil, quais seriam, na opinião de vocês, as cinco paradas que consideram style (in) e as cinco que são escrotas (out)? [Samelo]: Pra mim, o skate é uma coisa muito simples: é você sair pra andar com teus amigos em lugares diferentes, ou que você curta andar. Isso é o mais legal, o resto é mercado. Chato é quando o mercado tenta manipular a real do skate, que é a individualidade de cada skatista, e também é chato quando o próprio skatista deixa isso acontecer. Mas até aí, cada um tem o que merece! [Zodi]: Eu me afastei um pouco dessa realidade “core” do skate na época que saí da ESPN e fui pra MTV. Fiquei bastante magoado com o mercado e resolvi viver o skate do jeito mais verdadeiro, dando meu rolezinho de vez em quando e fazendo só o que eu realmente achasse legal, que nem o Família MTV do Bob, o Aparelhagem MTV com o D2, que também tinha skate, enfim, meus projetos. Por isso não tenho acompanhado nem faço muita questão de acompanhar e avaliar o que a galera tá fazendo. Com certeza deve ter muita coisa boa e muita falcatrua, mas eu prefiro ficar aqui no meu mundo. 2013/março TRIBO SKATE | 59


pela rua // canal off

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Bob Burnquist, backflip, Vista, CA, EUA.

2013/marรงo TRIBO SKATE | 61


pela rua // canal off [Tuca]: Difícil hein? Essa resposta acaba virando outra matéria, melhor resumir assim: O que me agrada são coisas originais e que você percebe que realmente foi executado e finalizado com alma, o cara que fez isso fez com empenho e carinho. O que não me agrada são as coisas que tentam ser ‘style’ e no final acabam sendo previsíveis. Entre as três temporadas, qual a história que rolou e vocês riem até hoje quando lembram? [Samelo]: Nossa, essa não tem como responder, pra mim pelo menos! Todos os episódios têm muita coisa engraçada, muito skate e muitas situações, como qualquer sessão de skate. [Zodi]: Rapaz... essa é a pergunta mais difícil até agora porque todas as viagens rolam coisas muito engraçadas, novos dialetos e histórias. Uma boa foi a gente subindo na plataforma da Mega aqui em SP e o cara do guindaste foi embora e largou a gente lá em cima, o Edu da ‘A Filial’ com medo de altura, o Flavio com a perna tremendo pra descer o quarter de bunda e eu com as costas machucadas, tenso de rolar aquilo pra baixo. Tem esse vídeo no youtube, foi uma boa história. [Tuca]: Cada session tem uma piada interna, ficamos zuando com essas piadas sem parar, isso até acaba entrando na edição, mas vou dizer que uma situação não é suficiente pra explicar o clima das sessions. Tem hora que o Samelo toma um skate na cabeça ou o cara que está andando se esborracha no chão e tudo isso acaba virando piada na mesma hora. #calmanego Vocês estão fazendo skatistas assistirem TV, algum de vocês se liga na quadrada hoje em dia? Qual seu programa favorito? [Samelo]: Eu nunca assisti muita TV, era mais documentários em canais de fora. Mas depois que o Off começou, assisto direto as paradas de snowboard gringo e até de surf que eu nunca tive tanto acesso. Fora que o fato da imagem ser em HD, é muito da hora. Acho os documentários do Canal Brasil bons demais! [Zodi]: Eu assisto TV de vez em quando, pra não ficar muito por fora do que está sendo feito no meu “ambiente de trabalho”, afinal eu trampo com isso. Gosto mais de programas de música e documentários. O programa do Jools Holland, quando tem bons convidados, é uma boa pedida. [Tuca]: Tenho o costume de assistir TV sempre. Gosto muito de documentários e música; qualquer coisa de skate que está passando na TV eu estou ligado, e tem o lance de notícias e outros programas só pra me manter informado mesmo. Como cada um define a sua ligação com a Tribo Skate? Afinal, em 2013 são 22 anos de skate brasileiro e todos vocês tiveram momentos conosco. [Samelo]: Eu comecei a fotografar mesmo, foi pela Tribo em 1997. Foi o primeiro lugar que eu

Porto Alegre.

Tuca e Zodi com Gerdal e Breno.

Carlos ribeiro, bs tailslide, Long Beach, CA, EUA.

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Cesinha Chaves, fs grind, Madureira, rio.

“Logo de primeira pensei como seria o programa que eu gostaria de fazer. Tinha que ser a real de como rola uma sessão de skate, e pra ficar divertido e bem feito eu tinha que chamar o Tuca e o Samelo.” (Carlinhos Zodi) Tulio Tocha, nollie fs boardslide, LA, CA, EUA.

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pela rua // canal off

Marlon Silva, fs rock, Viamão, rS.

[ Zodi ] Carlos Zodi 36 anos, 25 de skate São Paulo, SP Tempo de profissão: 17 anos Músico desde: 1992 Quantos discos: Tô lançando meu terceiro disco agora, Kingston Bossa Primeiro vídeo de skate com sua assinatura: Editei o Chiclé 4, do Duda Santos Programas realizados: Vários, mas resumindo: Skateboard System, Na Base, Família MTV, Mochilão MTV, MTV Sports, Aparelhagem MTV, Pela Rua e Vida do Bob

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[ Tuca ] Anderson Marcelo de Souza 38 anos, 26 de skate São Paulo, SP Tempo de profissão: 21 anos Primeiro vídeo de skate com sua assinatura: Obrigado Papai Noel Programas realizados: Skateboard System Canal 21 (1999), Sequela (Sportv em 2000), Skate Paradise (Canais ESPN), Pela Rua (Canal Off) desde 2011. Fora os que não são de skate, o que é uma história à parte. Casado com Carol Pai do Arthur

[ Samelo ] Flavio Samelo 36 anos, 23 de skate São Paulo, SP Tempo de profissão: 20 anos Primeiro foto de skate com sua assinatura: Eugênio Amaral (100% Skate) Além de fotografar: Faço a revista Vista (www.vista.art.br) com mais quatro amigos; desde 2000 trabalho como artista plástico/ fotógrafo pesquisando ultimamente sobre fotografia moderna brasileira, ótica, arte concreta e neo-concretismo (www.flaviosamelo.com)


Tuca, Zodi e Adelmo Jr, LA, CA, EUA.

rob Gonzales, Samelo, Danny Montoya, Longbeach, CA, EUA.

realmente trabalhei com skate. Eu fazia a direção de arte da revista logo que ela passou a ser mensal e foi com o Fernando Moraes que eu aprendi muito de fotografia, praticamente tudo que sei e uso até hoje. Foram quatro anos de muita diversão e muito aprendizado! [Zodi]: A Tribo foi de longe a revista que fez a matéria mais legal comigo quando lancei meu disco anterior, Mundo Mais Bonito. Tenho uma consideração e respeito pela Tribo, afinal é a revista mais antiga de skate do Brasil que ainda tá em distribuição. [Tuca]: Desde que acabou a Overall e a Yeah! ela foi uma das minhas referências. Sempre acompanhei a revista e tenho bons amigos na redação dela. Isso me levou mais próximo do mercado e do mundo do skate. Frequentando a redação da Tribo aprendi com os caras mais experientes muita coisa e dei risadas pra caramba, com esses mesmos caras. Durante esses anos aconteceu muita coisa, e posso dizer que foi muita coisa positiva. A televisão tem como característica negativa o desgaste da fórmula de seus programas, vocês acham que isso pode acontecer com a do Pela Rua? [Samelo]: Acho melhor o Zodi responder essa. [Zodi]: Pode sim, como com qualquer programa! O lance é você ir se reinventando e deixando a coisa ir ganhando suas mudanças naturalmente. Tudo tem uma vida útil e hoje em dia esse prazo vai ficando cada vez mais curto, mas o mais legal é que o programa seja legal enquanto ele estiver no ar. Prefiro um programa com uma vida curta mas que deixe boas lembranças do que um programa que dure 20 anos e seja chato bagarai. [Tuca]: Pode acontecer, mas estamos aí pra inovar a toda hora. Afinal esse é o espírito do skate. Qual foi o maior perreio que vocês tiveram na rua? [Samelo]: Pra mim, o que marcou mais foi o dia em que o Fabio Cristiano caiu. Primeiro que eu nunca tinha visto ao vivo o Fabio cair daquele jeito e segundo porque ele é um cara que a gente sempre quis gravar e na primeira sessão ele chegou até a ir pro hospital. Foi mais um susto mesmo, ainda bem! Até no outro dia de gravar ele já estava junto, pra fazer o que ele faz de melhor: bagunçar a sessão. É muito da hora poder fotografar o Fabio, muito mesmo. [Zodi]: Ah, alguns perreios de vez em quando fazem parte das sessões de skate, mas uma vez que me assustei foi com a cocada do Wagner Ramos numa escada em Floripa. Também uma vez que o Marcelinho Gouvea cismou de levar a gente num pico que tinha uma trilha interminável, no meio duma pirambeira, no mato, e eu tava com a coluna ruim: parei no meio e voltei! O Tuca e o Flavio foram guerreiros e seguiram até o fim. [Tuca]: Quando o Fabio Cristiano se machucou perto do aeroporto de Congonhas. Fiquei preocupado, mas se ele não estivesse preparado pra isso (ele mantém o corpo e a saúde em dia, é um cara preparado) teria sido pior. E o rolê mais style até hoje, tem como definir? [Samelo]: Como eu disse, acho que todos os episódios são casos diferentes e muito divertidos, mas a viagem pra Califórnia foi intensa, pois foram 30 dias direto gravando, com amigos que há tempos não víamos; e foi legal pra mim perceber que o tempo não importou nada quando o assunto era skate. Parecia que a gente estava fazendo uma sessão em SP ou em qualquer lugar no Brasil, na época que ainda estavam em nosso país. [Zodi]: Todos foram especiais, na minha opinião, mas com certeza a barca pra Califórnia foi intensa. [Tuca]: As sessions na Califórnia foram muito legais. Fomos na Lockwood, Venice, Downtown LA, casa do Bob e muita coisa rolou. Mas não posso desconsiderar os rolês do Brasil, pois algumas sessions me surpreenderam pelo nível dos caras. 2013/março TRIBO SKATE | 65


Marcos Gabriel

On the road Ao escrever sobre o MArcos GAbriel, AlGuMAs frAses Me veM à cAbeçA. – AllAn, vAMos lá buscAr A rAMpA? -AllAn já está tudo pronto, vAMos! - deixA coMiGo, que eu MesMo fAço! uM Moleque que sonhAvA eM ser uM skAtistA profissionAl e viAjAr o Mundo! o que ele fez? Acreditou e dedicou todos os MoMentos dA suA vidA prA isso. de uMA fAMíliA de sete irMãos, nAsceu eM são pAulo, MAs loGo criAnçA se Mudou pArA floriAnópolis. teve suA infânciA no bAirro do rio verMelho, onde erA uM dos priMeiros MorAdores dA ruA nAscente do rio verMelho. iMAGinA que, há 20 Anos Atrás, nAquelA reGião erA só nAturezA coM pouquíssiMAs cAsAs e seM MuitA estruturA, MAs coMo erAM sete irMãos não foi difícil A AdAptAção. coM A reservA de pinheiros, A nAscente do rio e A prAiA do MoçAMbique coMo quintAl de cAsA A Ação erA constAnte entre surfAr, fAzer sAndboArd e AndAr de skAte nAs poucAs opções de piso liso no bAirro. o skAte foi o cAMinho que escolheu pArA seGuir e A pArtir dAí forMAMos uMA irMAndAde do skAteboArd, coM os outros Moleques dA ruA. erAM eles o lucAs sAchs, cAique silvA e zene sAchs. MArcos é exeMplo de skAtistA profissionAl dos teMpos AtuAis, é do tipo que bAte o escAnteio e corre prA cAbeceAr. seMpre soube que AndAr beM erA o MíniMo que podiA fAzer pArA ser uM skAtistA beM sucedido. está seMpre eM AtividAde e reGistrAndo tudo, selecionA As Melhores fotos e iMAGens, editA e está eM constAnte conexão coM seus pAtrocinAdores. skAtistA que Me inspirA e Merece nosso respeito e Atenção! // Por AllAn MesquitA

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OtaviO MarOtti

marcos gabriel // entrevista pro

Estação Centrale de Milão.

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JOรฃO BrinhOsa

Finger Flip, San Pedro, Califa, EUA.

68 | TRIBO SKATE marรงo/2013


EMilianO MEucci

marcos gabriel // entrevista pro

OtaviO MarOtti

Bs smith, Hullet Bowl, Copenhague, Dinamarca.

Ponte de Malmo, Suécia.

M

arcos o que te motiva? Andar de skate me motiva! É o meu maior vício! Ando de skate há 17 anos e gosto cada vez mais. O que é skate pra você? Uma religião, uma tribo que vai te abrir as portas em qualquer lugar no mundo. O estilo de vida que escolhi ter e passar adiante. Fale um pouco da família e da infância. Não posso reclamar da minha infância, tive da melhor maneira! Cresci num lugar incrível, com dunas, praia, e skate. Minha família me influenciou e apoiou muito; comecei a andar de skate através dos meus irmãos mais velhos e meus pais sempre me deram a liberdade de fazer o que eu gosto. Quando decidiu pelo skate e por quê? Quando comecei a andar de skate com você foi minha maior motivação. Eu era bem moleque e via você andando muito de skate, rodando aqueles backflips e viajando o mundo... Pensei, quando crescer quero ser assim. Como fazia pra ganhar dinheiro e investir na carreira de skatista? Sempre dava um jeito. Fiz muitos trabalhos fotográficos, comerciais e publicidades. A experiência que adquiri com isso foi muito importante, pois hoje em dia faço isso para as marcas que me patrocinam. Hoje como é sua realidade financeira? Vive exclusivamente do skate? Minha renda principal vem de meus patrocinadores (Mormaii, Devotion e Empire). Mas também tenho uma produtora que se chama Red River e em parceria com você criamos a Devotion. 2013/março TRIBO SKATE | 69


70 | TRIBO SKATE marรงo/2013


Entre os confortos que você adquiriu com seu trabalho, você tem seu Suzuki SX4. Como foi esta conquista? Recentemente a Mormaii fez uma parceria com a Suzuki. Desenvolveram um carro com acessórios que facilitam o dia a dia para quem pratica esportes e dirige em qualquer terreno. Com uma ducha acoplada no porta-malas, 4x4 e por aí vai... O carro caiu como uma luva, pois vou frequentemente para Garopaba, onde fica toda parte de desenvolvimento da Mormaii e sempre estou fazendo trips de skate pelo país. Seu pro model pela Devotion tem uma adaga como grande referência. Desde quando você é um dagger? Quem faz os seus gráficos? Falando nisso, quais são os artistas que você mais gosta? Na real não é uma adaga, tem um significado pessoal muito importante para mim adaptado ao meu estilo. Desenvolvi junto com meu irmão Miguel, o cara é um artista sinistro. E sempre trabalhamos juntos, paralelamente aos trabalhos dele, criamos a parte gráfica da Devotion junto com o Allan; também a Empire e o Miguel já trabalhou um tempo na Mormaii. Temos a Red River Estúdio, que além de produtora de vídeos temos uma crew de artistas. Entre eles: meu pai, Angelo da Silveira, Miguel Cristiano, meu videomaker Otavio Marotti, Luciano Zagonel, Duka, Gabriel Veiz e Gideon. arquivO pEssOal

OtaviO MarOtti

marcos gabriel // entrevista pro

arquivO pEssOal

Em casa, preparando as malas para a trip.

Fs air, Copenhague Pro 2012, na piscina.

De rolê em Dubai, Emirados Árabes.

2013/março TRIBO SKATE | 71


entrevista pro // marcos gabriel

Meu pai Angelo, quando jovem teve uma história de vida muito parecida com a de Jack Kerouac. E eu me inspirei muito nesses dois figuras.

A Mormaii tem o projeto do skatepark em Garopaba e existe toda uma expectativa para sua construção. Como está o andamento do projeto? Você sabe quando rola? O projeto existe e está alucinante! Estamos aguardando algumas licenças públicas, mas acredito que para 2014 muita gente vai poder desfrutar do skatepark. Você, apesar de pouco tempo como profissional, já viaja bastante, o que representa andar de skate em outros países? Essa troca de cultura é muito importante! Aprender novos idiomas, manobrar em novos lugares e ver um estilo de skate diferente. Isso é muito motivante para a evolução. Como é sua rotina, se é que dá pra ter rotina no ritmo das viagens? Quando não estou na estrada, tenho um ritmo um pouco mais tranquilo. Surfo de manhã com minha namorada, faço um pilates, na tarde apareço na casa do Pedro Barros para fazer uma session com a galera do RTMF, depois encontro Otavio Marotti e Migs para trabalharmos na produtora Red River. Você vive no Rio Vermelho, norte de Floripa, onde o skate também está bombando, apesar de muitos não lembrarem porque o foco maior está no Rio Tavares, no leste da Ilha. Quais são os núcleos do carrinho nesta região? Quem são os principais personagens? O Red River está começando a bombar no skate! Numa rua ao lado da minha, Marcio Konig está construindo um bowl com uma pequena área de street e tá ficando perfeito. E por aí continua, agora a galera não vai mais parar de cavar. Aqui no norte da ilha temos membros da Devotion crew, como Caique Silva, Lucas e Zene Sachs e muita galera nova que está vindo com força.

Marcos, Dave Duncan, Sandro Sobral, Dani Leon. Em Roma. JOãO BrinhOsa

arquivO pEssOal

OtaviO MarOtti

arquivO pEssOal

Elbo skatepark, Bolonha, Itália.

Com a crew em Lugano, Suiça. Mateus, Marcos, Miguel e Otavio.

72 | TRIBO SKATE março/2013

San Pedro, California.


JOรฃO BrinhOsa

Hand plant, Costa Mesa Skatepark, California.

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OtaviO MarOtti

entrevista pro // marcos gabriel

74 | TRIBO SKATE março/2013

angElO silvEira

Pirata, Skate Day Milão.

Fs smith, Dubai.

Cervejada em Praga, República Tcheca, com toda crew.

Com Diego Fiorese, de bike, em Copenhague.

arquivO pEssOal

Qual a importância de registrar tudo que faz? Acredita que as vezes perde um pouco da essência de andar por diversão? Fazer esse registro e divulgar é a melhor maneira de estar gerando retorno para seus patrocinadores e para si próprio como skatista! Se você quer viver do skate, isso é muito importante. É difícil se manter sempre inspirado para andar de skate, mas quando isso acontece procuro surfar mais e se não adiantar sei que é hora de bolar uma nova trip. Nos dois últimos anos, você viajou muito e as fotos desta matéria foram feitas em muitos países diferentes. Além de conhecer os picos de skate, você vai pra rua e mergulha nas culturas locais. Quais são os povos mais receptivos? Desde 2008, quando fiz minha primeira skate trip internacional e conheci novos lugares, povos e culturas diversas, percebi que é isso que quero fazer para minha vida. Grande parte de minhas viagens fiz sozinho e esse tem sido o maior aprendizado. Estar num país com costumes e idiomas diferentes não é nada fácil, e é com essa dificuldade que absorvemos o máximo. Sempre me sinto bem na Itália, é uma povo parecido com o nosso, sempre alegre e receptivo. E o menos receptivo talvez foi Antuérpia, na Bélgica. Mas não que eles sejam assim por maldade, é o jeito deles.

arquivO pEssOal

Stale fish, Marselha Bowl, França.


adrianO rEBElO

Madonna, RTMF mini ramp.

2013/marรงo TRIBO SKATE | 75


76 | TRIBO SKATE marรงo/2013


JOãO BrinhOsa

OtaviO MarOtti

marcos gabriel // entrevista pro

arquivO pEssOal

O pro model Gladiador, no Coliseu, em Roma.

Em Praga com a crew: Otavio, Angelo, Sleiman, Macaé, Dieguinho e Marcos.

Miguel, seu irmão, mora na Itália e você também tem amigos ou parentes morando nos Emirados Árabes. Acabam funcionando como algumas bases para você na Europa e Oriente Médio. Num dos lados o calor está nas palavras, pois os italianos têm fama de falar muito. No outro, é a temperatura quente o dia inteiro. Como são estes contrastes? Como um brasileiro se vira em situações tão diferentes? Tenho uma ligação com a Itália, não só eu como grande parte do sul do Brasil. Meu irmão Mateus mora lá faz sete anos e o Miguel vive aqui e lá. E em Dubai mora meu irmão mais velho, Angelo. Lá, foi bem complicado para andar de skate, fiquei duas semanas e o dia mais “fresco” fez 40°, todos os outros chegavam à 53°. Confesso que tive um choque de culturas e temperaturas quando cheguei nos Emirados Árabes. Mas como já falei gosto muito desse tipo de experiência, então não tive problemas quanto a isso. Quais são os planos atuais? Dar continuidade na produção da minha webserie Vivência Europa, no documentário On The Road onde também foram produzidas as fotos dessa matéria, que vai ser lançado em breve na televisão e executar novos projetos com novas trips e muito skate. Se quiserem acompanhar é só seguir minha page no facebook: http://www.facebook.com/marcosgabrielskate O livro On The Road, do americano Jack Kerouac é realmente uma inspiração para todos os seus projetos de pé na estrada? Quanto você gosta de ler? Jack Kerouac foi um cara muito maluco e revolucionário para época dele. Meu pai Angelo, quando jovem teve uma história de vida muito parecida com a de Kerouac. E eu me inspirei muito nesses dois figuras. Quando estou passando algum perrengue, sempre lembro de alguma vivência de um dos dois. Costumo ler mais quando estou fora, entre uma viagem e outra.

Fs ollie, Costa Mesa Skatepark.

2013/março TRIBO SKATE | 77


OtaviO MarOtti

entrevista pro // marcos gabriel

OtaviO MarOtti

Ss bs feeble, bowl histórico, o mais antigo de Marselha.

Fim de session em San Pedro: ET, Brinhosa, Leticia Bufoni, Braulio Sagaz, Ezequiel Martines e Marcos.

O principal transporte de Copenhague, na Dinamarca: bike.

Você é um skatista que tem fama de galã conquistador, a molecada se inspira nos seus vídeos, sempre com muitas mulheres. Como está esse lado? A fama ficou... Mas atualmente estou bem tranquilo. Conheci Barbara Muller, uma gata que surfa mais do que muito marmanjo, inclusive eu. Recentemente a Barbara quebrou o pé, enquanto fazia aula de skate com você. Como foi isso? Como será a recuperação dela? Ela é surfista profissional e eu estava começando a ensinar. Estava aprendendo a dropar um bowl, se empolgou e quando eu saí para beber uma água ela foi tentar descer sozinha e se deu mal. Quebrou a fíbula, fez cirurgia, colocou sete pinos e uma placa. Graças à operação a recuperação vai ser bem rápida, em dois meses volta para o surf e quem sabe dropa o bowl. Fale das amizades e do melhor que o skate proporciona. O skate me proporcionou o estilo de vida que tenho hoje, que é o lifestyle que sempre quis. Estar com a família e amigos andando de skate, surfando e vivendo a vida!

78 | TRIBO SKATE março/2013

Em New York, com a galera do Bowl A Rama NYC. Marcos, Nolan, Nilo Peçanha e Ben Hatchell.

É difícil se manter sempre inspirado para andar de skate, mas quando isso acontece procuro surfar mais e se não adiantar sei que é hora de bolar uma nova trip.



bowl-a-rama // bondi 2013

As explosões características do Pedrinho, desta vez esticando um nosebone na casa do chapéu.

80 | TRIBO SKATE março/2013


Chora Oceania o Bowl-a -RaMa é aTualMenTe o ciRcuiTo Mais iMpoRTanTe de Bowl do Mundo e o Mais coBiçado. isso se deve ao FaTo da Fidelidade do evenTo ao skaTisTa. pRopondo uM TRaBalho deMocRáTico, cRia assiM uMa expecTaTiva de caRReiRa paRa os skaTisTas do Mundo Todo. Por RTMF Midia Release // Fotos andRé BaRRos

P

ara participar do circuito é utilizado o sistema de ranking da WCS junto ao do próprio Bowl-A-Rama, que já garante um número de vagas para o ano todo. O restante das vagas é preenchido através de alguns eventos locais pré-classificatórios, como o da Hurley em New Castle, que garante cinco vagas exclusivas para os australianos, além da primeira etapa do Bowl-A-Rama em Wellington, na Nova Zelândia, que oferece mais cinco vagas para Bondi, a etapa mais cobiçada. Bondi é o que podemos chamar de um evento cinco estrelas. 105 mil dólares de premiação, participação dos maiores nomes do skate mundial e uma estrutura pra ninguém botar defeito. Em 2010, para a surpresa de todos, apareceu um garoto de 14 anos chamado Pedro Barros. Classificado pela etapa de Wellington, onde ele havia ganho, Pedro veio para Bondi pela primeira vez e deixou seu nome lacrado no lugar mais alto do pódio pelos três anos seguintes. Este ano, ouvia-se humores de que Rune estaria treinando o ano todo no bowl de Bondi, aproveitando que ele está namorando uma australiana. Também ouvia-se que Bucky treinara muito para retomar a sua posição de primeiro lugar antes do início da saga de Pedro. Também compareceram outros grandes nomes do skate como Brad McClain e Ben Hatchel, que foram apostas de muita gente para a posição mais alta do pódio. Durante uma semana de sol e muitas sessões pesadíssimas no bowl, algumas pessoas começaram a mostrar as caras e uma surpresa para todos, que virou comentário geral, foi o mais novo profissional de skate do Brasil, chamado Felipe Foguinho. Ele já havia feito a final em Wellington, onde se classificou para Bondi. Com seus aéreos gigantescos e manobras de bordas com muita pressão, não demorou muito

Foguinho, Pedro, Hosoi.

2013/março TRIBO SKATE | 81


bowl-a-rama // bondi 2013 para Foguinho virar a revelação de 2013. Era comentário geral! Muitos achavam que ele era o Vi Kakinho crescido, outros achavam que era o irmão mais velho do Pedro e outros já o reconheciam do Red Bull Sk8generation. Foguinho veio de uma operação que o deixou parado por seis meses e estava apenas com 15 dias de skate após a liberação do médico; mostrou ser um verdadeiro guerreiro batendo de frente com os melhores nomes. Infelizmente, um dia antes do evento, Foguinho girou um 540 e bateu fortemente a cabeça. Perdeu a memória, foi parar no hospital, onde ficou cinco horas em observação. Sorte não ter acontecido nada de grave, mas ficou ali um impacto piscológico muito grande. O campeonato que foi marcado para sábado, teve que ser cancelado por conta de um dia de muita chuva e vento. Sorte para o Foguinho, que teve mais um dia para se recuperar. Domingo, inacreditavelmente, parou de chover e Bondi vivenciou mais um dia de gala. O público lotou a arquibancada, a transmissão ao vivo pela web e pela televisão bateu recorde e o show de skate foi algo inesquecível. Na master, tivemos uma mudança na primeira posição que tinha Steve Caballero ganhando a maioria dos anos anteriores e perdeu a posição para Nicky Guerrero. Na categoria pro, o bicho pegou literalmente. Foguinho teve uma atuação de arrepiar, mas infelizmente ele bateu de novo a cabeça na tentativa do 540 que chegou a rachar seu capacete e o deixou mais uma vez abalado para continuar. Os brasileiros Otavio Neto e Nilo Peçanha deram um rolê legal, mas não avançaram na competição. Pedro não quis nem saber se alguém estava treinando o ano inteiro ou se alguém tinha nome de peso - ele entrou atropelando todo mundo, levantando o público da cadeira e deixando os outros skatistas com a sensação de que estavam andando em câmera lenta. Não foram só seus 540 de 3 metros de altura e nem suas manobras de bordas a 100 km por hora que levaram o título pra ele. Ele contou também com um repertório de manobras de alto nível, como bs tailslide shovit out, nose grind tail grab, bs varial indy flip, etc, etc, etc... A verdade é que ninguém conseguiu tirar esse título do brasileiro tricampeão mundial de bowl. Pedro Barros, Brasil!

Felipe Foguinho incendiou Bondi. Stale Fish.

Campeão master, Nicky Guerrero. // Resultados PRo 1º Pedro Barros, Brasil, $20.000 2º Bucky Lasek, EUA, $10.000 3º Rune Glifberg, Dinamarca, $5.000 4º Josh Stafford, EUA, $3.000 5º Sam Beckett, Inglaterra, $2.500 6º Alex Sorgente, EUA, $2.000 7º Brad McClain, EUA, $1.700 8º Omar Hassan, EUA, $1.600 9º Kalani David, EUA, $1.500 10º Kevin Kowalski, EUA, $1.400 21º Felipe Foguinho, Brasil, $1.000 27º otavio Neto, Brasil 28º Nilo Peçanha, Brasil

MasteR 1º Nicky Guerrero, Dinamarca, $7.000 2º Steve Caballero, EUA, $3.500 3º Eddie Elguera, EUA, $2.500 4º Pat Ngoho, EUA, $2.000 5º Christian Hosoi, EUA, $1.800 6º Mike McGill, EUA, $1.700 7º Sergie Ventura, EUA, $1.600 8º Adam Luxford, Austrália, $1.500 9º Lester Kasai, EUA, $1.400 10º Jeff Grosso, EUA, $1.300

82 | TRIBO SKATE março/2013

Rune Glifberg, fs heelflip.



sick tour // litoral sp

Fotos RicaRdo KaFKa

Tour Litoral Norte

Grandes momentos deste verão no litoral paulista, foram registrados no norte do estado pela equipe Sick Mind. Revigorada com novos membros, a marca agitou a série de pistas, picos e skateshops de Bertioga a Ubatuba. Rodrigo Beavis, Leandro Saguão, Douglas Pankrage, Adnan Paniagua, Vinicius Amorim e Jean Spinoza foram os caras, com fotos de Ricardo Kafka.

Leandro Saguão, fs bluntslide, Ubatuba.

Douglas Pankrage, boneless, Caraguatatuba.

Maresias.

São Sebastião.

Ubatuba.

Boiçucanga.

Bertioga.

Caraguatatuba.

Jean Spinoza, fs nosegrind, Bertioga.

84 | TRIBO SKATE março/2013

Rodrigo Beavis, crooked, Maresias.



casa nova //

Grind.

Luiz Neto // Fotos João Brinhosa Ser skatista é: Só quem é sabe de verdade, não tem explicação ou definição! É a melhor “coisa” do mundo, haha. Quando não está andando de skate: Fico com a família, faço um rolê com os amigos, de vez em quando e descanso! Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de pistas boas e muito pouca mídia. Skatista profissional que se espelha: Curto vários estilos, entre eles Ricardo Leonardo, Luan de Oliveira e Pedro Barros. Skate atual: Shape Execution 8,0, trucks Independent Koston 149, rodas Type-S 54mm, rolamentos Bones Swiss, lixa Alfa e parafusos Indy. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Algumas como New Era, G-Shock e EVK. Som pra ouvir na sessão: Tenho escutado bastante BRMC, Raimundos, Skrillex e Red Fang.

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Parceiros de rolê de skate: Galera da Trinda Time’s, Costeira, RTMF e quem quiser colar, é nóis! Hahaha. Melhor viagem: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, são ótimas cidades pro rolê! Melhor pico de rua: Três Poderes (Floripa); pra quem gosta de escadas e gaps é perfeito. Melhor pista: Que eu andei até hoje, acho que foi a Drop Dead (Curitiba). Sonha alcançar com o skate: Primeiramente fazer uma videopart cabreira, poder me manter, andar pro resto da vida e continuar sempre envolvido. Aquele salve: Primeiramente agradeço a Deus! Um salve pra galera de Floripa e a todos os skatistas; e obrigado à Tribo pela oportunidade. // Luiz Marchiori Neto 18 aNos, 6 de skate FLoriaNópoLis/sC apoio: exeCutioN, aLFa (Grips) e arCa CompaNy

‘‘Querer é poder.’’



casa nova //

Halfcab nosemanual nollie bigspin out.

pedro minidead // Fotos rené Jr Ser skatista é: A minha vida. Quando não está andando de skate: Tô assistindo vídeo de skate, ouvindo música. Porquê do apelido: O meu irmão mais velho era o Dead, daí eu virei o Minidead. Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de suporte, falta de marcas de skate, oportunistas, falsas promessas, donos da verdade. Skatista profissional que se espelha: Marcello Gouvea e Rodrigo TX. Skate atual: Shape Cliché, rodas Viva, trucks Independent, rolamentos Spitfire. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Sei lá, Casa do Biscoito? Hahahaha! Som pra ouvir na sessão: Rap

Parceiros de rolê: Muita gente, mas pra citar alguns: Raphael Gibson, Renato Riguetti, André Mogli, Jonatha Alexandre, Vitor Leal, Pedro Ventura, Rafael Bolinho. Melhor viagem: Uruguai, com a família. Melhor pico de rua: Largo da Segunda-feira, Praça XV e Monumento. Melhor pista: Lagoa Pocket Plaza. Sonha alcançar com o skate: Viver dele. Aquele salve: Minha família, meus amigos, Hzc 33, I Love XV, l2f, Duó, Vidalocagi, DSAL, Skate Arte RJ e Casa Urbana. Tamo junto! Soul skater até o último minuto. // Pedro da rocha FriedheiM 20 aNos, 11 de skate rio de JaNeiro/rJ patrô: Casa urbaNa apoio: LoJa skate arte rJ

‘‘a verdadeira arte ninguém vai apagar.’’ 88 | TRIBO SKATE março/2013



casa nova //

rodrigo pereira // Fotos Fernando Gomes Ser skatista é: Ser sonhador, determinado e humilde. Quando não está andando de skate: Trabalho, surfo e leio bastante revistas e sites relacionados ao skate. Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: O mercado é precário, tudo é muito caro e de baixa qualidade, e as marcas que vendem por aqui só ganham, não investem em nada. Skatista profissional que se espelha: Jamie Thomas e John Cardiel. Skate atual: Shape Anti Hero, lixa Mob Grip, trucks Independent, roda Bones e rolamentos Shake Junt. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Empresas de linhas aéreas. Som pra ouvir na sessão: Black Sabbath, Motorhead e Mercyful Fate. Parceiros de rolê: Caio Felipe, Keoni Issa, Felipe Japa, China Hirayama, Luiz Hantaro e FDN Crew. Melhor viagem: Amargosa/BA. Melhor pico de rua: Praça Nossa Senhora da Luz, em Salvador. Melhor pista: Lauro de Freitas Skatepark. Sonha alcançar com o skate: Califórnia. Aquele salve: Mãe, pai, Mariana Cardoso, Frederico Sillmamm, Henderson Aires, Ney, Jorge Negretti, Ivan Ribeiro, Hilton Issa, André Lagartixa, Pablo Leandro, Ianeque, Leo Davi, Luiz Alves, Alex e Emerson Cardoso, Rogério Geo. // rodrigo Pereira de Brito 24 aNos, 9 de skate Lauro de Freitas/ba patroCíNio: symptom skateboardiNG apoio: FdN Crew

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Fs board.

‘‘Nunca desista, tente até morrer.’’



hot stuff // março

// Urgh A Urgh traz para sua coleção de inverno 2013 peças que transmitem, através do seu design, o espírito urbano da marca, aliando qualidade e conforto. Entre as peças de destaque estão o moletom canguru e o boné, ambos feitos com mistura de tecido liso e tecido especial, feitos em padronagem de fio tinto nos apliques. (11) 3226-2233 / urgh.com.br

// Different skateboarDs Marca que surgiu em 2008 e ganhou forças em 2010, apresenta agora sua linha completa de decks, entre eles o do profissional Rogerio. Lembrando que a marca também lança os modelos do sangue nobre Rogerio Febem. (14) 9635-7225 / differentskateboards.com.br

// Converse Os modelos Wells carregam o espírito ‘star chevron’ e estão disponíveis em cano alto (mid) e ainda em uma linha especial para crianças (kids) com numeração de 28 a 34, nas mesmas cores dos adultos, o que vai deixar a garotada com a cara dos pais skatistas. (54) 3285-2800 / converseskateboard.com.br

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março

// hot stuff

// blaCk label Nada como usar shapes da melhor qualidade com estampas que são o terror! Entrando em 2013 com as novas estampas da marca, a Plimax distribui produtos Black Label com exclusividade para todo o Brasil, incluindo a coleção com arte do Ferdz nos models de Peter Watkins, Adam Alfaro, Omar Hassan e Chris Troy. (11) 3251-0633 / pira@plimax.com

// Zoo York Nada como ter o estilo completo original de rua! E dentro do que os skatistas levam em consideração para ficar no naipe, o relógio Zoo York é o complemento que vai lhe destacar dos demais, seja na sessão ou na balada. (11) 3251-0633 / edgar@plimax.com

// Drop DeaD Mostrando a importância dos pro-models, a Drop Dead lança os shapes assinados pelo mais novo profissional da área, Felipe “Foguinho” Caltabiano. E a estreia já começa com três modelos: um na série naked, outro de maple e este desenho para os feitos em marfim. (48) 3246-3570 / dropdead.com.br

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áudio //

Good Intentions lá peloS idoS de 2000 Surgia o good intentionS, um doS maioreS repreSentanteS do HardCore StraigHt edge pauliSta e - por que não - do BraSil? entre demoS, diSCoS e um CurríCulo extenSo de SHowS no BraSil e amériCa latina, eleS eStão preSteS a lançar o novo diSCo depoiS de doiS longoS anoS de produção. o voCaliSta andré e o reSto da Banda Contam o que vem por aí... Por HelinHo Suzuki // Foto Camila Fontana

F

inalmente o novo cd está para sair. Pelo que eu soube ele foi gravado em um estúdio, depois pulou para outro... E teve o André que demorou para gravar os vocais também, certo? (risos) O que realmente rolou nesse processo? Na verdade tudo o que poderia dar de errado para o lançamento desse álbum, realmente ocorreu! Faltou comprometimento de algumas pessoas e, com o calor do momento, nós também começamos a relaxar e perdemos a noção de tempo. Pretendíamos fazer um álbum que demonstrasse o melhor da banda, mas buscamos ao mesmo tempo, as melhores opções, onde economizaríamos grana e teríamos um bom resultado. Consequência: mais de dois anos para colocar o disco na rua. A banda já passou por diversas reformulações, quem é o Good Intentions hoje? Hoje o Good Intentions é: Fausto Oi – guitarra; Felipe Saluti – baixo; Rodolfo Duarte – guitarra; Augusto Cuello – bateria e André Vieland – vocal. Todos na banda são straight edges certo? Isso influi na escolha dos integrantes da banda? Se algum dia precisassem tocar com um amigo que não é seria um problema? A banda segue esse estilo de vida e tenta sim promovê-lo. Consequentemente, escolhemos, para a banda, pessoas que se simpatizavam com a nossa proposta e, na maior parte dos casos, grande parte delas segue o estilo de vida sxe (livre de drogas). Creio que se precisássemos de um amigo para tocar alguns shows e este não fosse sxe, não teríamos grandes problemas. Mas para ser membro da GxI, o cara tem de compartilhar com nossas ideias e práticas; a banda (o GxI), para nós, representa ações que superam os limites de um segmento musical.

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Fazendo uma retrospectiva desses mais de 10 anos, qual foi o ponto alto que vocês acham que foi um divisor de águas da banda? André: Acredito que a volta do Fausto para a banda foi o ponto mais importante. Liguei para ele quando tive a ideia de montar a banda, e quando decidi acabar com ela foi ele quem me ligou dizendo para continuar o projeto e se fosse preciso ele voltaria a tocar conosco. Este espírito de amizade que me fez continuar aquele sonho que tivemos anos atrás. Tocamos alguns shows incríveis, com bandas que nos influenciaram muito. Esses shows foram muito importantes, sim, porém nada se compara à importância da amizade que temos dentro da banda. Hoje, vejo algo muito sólido na banda; não mexeria em nada. Dando uma geral nas letras, vocês falam bastante de amizade, cotidiano e o straight edge. As referências do novo disco continuam as mesmas? Good Intentions: Escrevemos sobre o que vivemos e isso acaba sendo uma consequência. O que lemos em um dado momento, sentimos ao viver na cidade ou percebemos ao andar nas ruas, tudo vira letra. Mas, tentamos sempre colocar nossas impressões do mundo de forma ampla. A ideia não é impor nada e sim expor um ponto de vista sobre o que vivemos. O Felipe é bastante envolvido com política não é? Isso acaba influenciando nas letras também? Com certeza. Apesar de o Felipe ser o mais envolvido com política, todos temos um posicionamento político e este é um tema que sempre tentamos abordar. Em comum todos somos de esquerda. Vemos que a política está sumindo do hardcore, isso não pode acontecer! O hardcore tem que ser contestatório, explosivo, reivindicatório, etc. Hoje em dia o vegetarianismo/veganismo é um assunto muito mais comum que alguns anos atrás. Vocês acham que o straight edge foi uma boa ferramenta para divulgar esse estilo de vida livre de crueldade?


Sim, sem sombra de dúvidas. Eventos como a Verdurada, por exemplo, que desde o início foi um espaço de debate e discussões acerca do tema, permitiram às pessoas terem acesso mais amplo e variado ao tema do veganismo. Costumo dizer que o conhecimento leva à prática, muitas pessoas ouvem de imediato o hardcore só como música, ao captar as mensagens presentes nas letras das bandas, mesmo que de forma indireta, elas recebem informações. O que essas pessoas farão com tais informações, o tempo responde. Há quem simplesmente ignore e segue rumos variados, contudo outras pessoas transformam aquelas mensagens em práticas e reproduzem esta forma de pensar e agir (seja no vegetarianismo, no veganismo, na política, etc.); foi o hardcore que nos trouxe aqui e por intermédio dele transmitiremos outras tantas mensagens que podem, assim acreditamos, virar ações e práticas que transformarão este nosso mundo num lugar melhor. Falando nisso, o André não ensina a fazer receitas vegan no canal do youtube VegTV? Qual é a dica do chef? (risos) André: (risos) Tenho alguns amigos que fazem o trabalho de difundir o vegetarianismo e eu, como cozinheiro, aprendi muita coisa; passar isso para frente é, no mínimo, razoável e para mim é um prazer. Obter conhecimento e deixá-lo preso me faria um hipócrita. Divulgo como e enquanto eu puder. A principal dica que posso dar é: arrisque, experimente e considere o vegetarianismo/veganismo algo possível, saboroso e solidário. Vocês tocaram com o Rise Against, que faz parte da Peta, vocês trocaram algumas ideias sobre isso? André: Na verdade eu tive a oportunidade de cozinhar e também fazer o camarim deles no dia do show; falamos foi sobre o que cozinhei e tal. Vejo que, como banda assim como o Good Intentions, levam o vegetarianismo onde vão, independente de falar sobre isso no palco. Quando as pessoas procuram sobre a banda, elas automaticamente vão saber o que somos e porque somos vegetarianos. Você, que já fez parte parte do coletivo Verdurada, na sua opinião, qual o papel que o festival exerce sobre a cena hardcore de São Paulo durante todos esses anos? E o perfil da molecada que frequenta hoje é o mesmo do final dos anos 90? André: A Verdurada é um evento hardcore punk incrível. Todas as vezes que tivemos a oportunidade de tocar foi muito bom. É a maior referência que podemos citar de um evento Do It Yourself (DIY – Faça Você Mesmo) organizado na América Latina. A Verdurada, sem dúvidas, lapidou o pensamento, o caráter e a sensibilidade de muitas pessoas, através de informações sobre política, veganismo e assuntos relevantes para um desenvolvimento ideológico mais crítico. Acho que a diferença dos anos 90 para os dias de hoje é o volume maior de pessoas que têm contato com a Verdurada e o hardcore. Isto é, aumentou o número de pessoas (molecada) que vai aos shows somente pelo som, mas, também, cresceu a quantidade de pessoas interessadas em fazer algo diferente do senso comum, que pretendem promover uma mudança ou caminhos alternativos a este mundo. Com o disco novo na mão a banda vai voltar a ser mais ativa? Eu digo, fazer shows frequentes, tours, de repente Europa? Sinceramente?!? Não vemos a hora desse disco sair e tocar o máximo possível. Europa, seria incrível. O que de novo tem rolado no som de vocês? Tem alguma banda daqui ou de fora que merece um destaque? Esse disco tem 10 anos de trabalho, mudanças de formação, trocas de integrantes, etc.; ou seja, muitas influências diferentes do disco anterior. Tem muita coisa boa rolando aqui! Eu gosto muito do Days of Sunday, Standing Point, Hero, Running like Lions, Jah Hell Kick, Final Round, Still Strong, Positive Youth, enfim, se for pra falar de bandas não saio mais daqui. Espaço aberto: Tribo Skate, muito obrigado pelo espaço. E aos leitores, colem nos shows. Coloquem nos fones. Cantem conosco. Somos a mudança.


manobra do bem // por sandro soares “testinha”*

Times perfilados, vai começar a pelada; quer dizer, a partida!

Do concreto pra grama sintética EstE mês nosso colunista sandro soarEs ‘tEstinha’ EstEvE bEm ocupado com as rEsponsabilidadEs do manobra do bEm E mais um montE dE tarEfas quE lhE foram dElEgadas pEla prEfEitura dE poá/sp, tEndo Em vista sua ExpEriência adquirida com o projEto. E nós dEcidimos Então aliviar a carga sobrE ElE, trazEndo para a coluna dE março o último grandE EvEnto quE movimEntou o bairro dE calmon viana, árEa ondE o social skatE é dEsEnvolvido: a ‘sEssão surprEsa’. confira! // texto e fotos junior lEmos O Manobra do Bem, do nosso colunista e ativista social Sandro Soares Testinha, realizou mais uma ação em Poá/SP para ressaltar o quanto as atividades desenvolvidas pelo projeto geram aquela energia positiva que ativa o bem e espanta o mal. Reunindo skatistas que são ídolos em todo o Brasil para um jogo de futebol no campo das Águas Vermelhas, na quebrada do Testinha, a ação foi batizada de “Sessão Surpresa” e foi bem parecida com um jogo de futebol no estilo pelada de final de semana, a não ser por um detalhe: tênis de skate no lugar de chuteiras, boné pra não perder o estilo. Com apoio da Umbro e da Prefeitura Municipal de Poá, a noite de quarta-feira (20 de fevereiro) foi de muita descontração, risadas e sorrisos estampados no rosto de todos os presentes, desde o espectador que fitou a partida pela grade até a torcida organizada que expressava “homenagens” ao juiz da partida. Divididos nos times azul e preto, com uniformes personalizados com o escudo Social Skate, a partida terminou empatada em 5 a 5, mas isso era o menos importante porque a intenção de todos ali era realmente fortalecer ainda mais as bases do Manobra do Bem. E mais uma vez o Testinha mostrou que a melhor manobra que se pode fazer é o bem para o próximo, seja fazendo gol ou manobrando o skate.

* Sandro Soares “Testinha” é o cabeça da ONG Manobra do Bem, em Poá, SP.

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Disputa acirrada na lateral de campo: Castilho rouba a bola, Cris Fernandes e Gelol tentam recuperar a jogada de ataque.

APOIO CULTURAL



skateboarding militant // por guto jimenez*

O poder das minas Marcelo Mug

N

unca houve tantas mulheres andando de skate como se vê ultimamente. Ruas, pistas, ladeiras e ciclovias vêm sendo invadidas por uma legião de meninas e mulheres de várias idades, provando mais uma vez que divertir-se não exige sexo ou idade. Basta colocar o carrinho no chão e sentir o vento no rosto – o resto vira puro entretenimento pra elas da mesma forma que o é pra eles. Não pense você que isso é coisa nova, nada disso! Há cinquenta anos que as “minas” vêm demonstrando sua graça sobre skates; a norte-americana Patti McGee foi a chamada pioneira do skate feminino, ao ser patrocinada e rodar os EUA em eventos de seus patrocinadores. A coisa chegou a tal nível de popularidade que em 1965 ela virou capa da Life, a revista de comportamento mais influente daqueles tempos. Depois disso veio o Freestyle e nomes como os de Laura Thornhill, e mais adiante o vertical trouxe a perene Cara-beth Burnside, que compete desde a virada dos anos 70 e 80. O primeiro grande nome do street feminino foi a Elissa Steamer, que influenciou toda uma geração de meninas que resolveram atacar as ruas e os obstáculos que em princípio só eram detonados pelos meninos. O vert também se renovou, e nomes como Lyn-Z Hawkins, Jen O’Brien e Mimi Knoop passaram a ser mais vistos nos grandes eventos de todo o mundo. E o Brasil? Desde que Monica Polistchuk resolveu dividir seu tempo entre os estudos culinários e a pista de São Bernardo do Campo, que o país vem revelando nomes expressivos em várias modalidades. Pra continuarmos no vert, Karen Jonz é a brasileira bicampeã de vert pela WCS e ganhou o primeiro evento feminino da famigerada Combi Pool, contando com a Renata “Renatinha” Pasquini como companheira de competições de ponta no circuito mundial de vert. No street, muitas meninas deram e estão dando os ares de suas graças por aí: não dá pra esquecer da pequena Karen Feitosa, que elevou o nível da modalidade e espantava as competidoras mais antigas. Tivemos a Giuliana Ricomini, que andava muito e fazia o visual “roqueira tatuada”, e hoje em dia a campeã mundial Leticia Bufoni é quem comanda as disputas ao redor do mundo, assombrando as gringas com seu incrível carteado de manobras. Nas ladeiras, então, o Brasil tem uma longa e sólida história de meninas e mulheres fritando o asfalto com estilo e muito poder. Nos anos 80, Mirian “Mirinha” Belloni andava melhor do que muitos caras nas sessões da Ladeira da Morte, isso numa época em que era possível encontrar com caras como Fernandinho Batman, Paulo Coruja, Flávio Ascânio, Urso e Celso Not Dead juntos numa mesma sessão. Um pouco mais adiante, a carioca Christie Aleixo começou a incorporar cada vez mais velocidade em suas descidas e manobras e, junto com as amigas paulistas Reine Oliveira e Laura Alli, tornaram-se referência obrigatória quando o assunto é downhill slide feminino. Pergunte a minas como Cris “Punk” Endrigo ou Bruna Separovick, por exemplo, e você verá o peso do trio de mulheres citado anteriormente tem no cenário.

Reine Oliveira, há muito vem projetando seu nome. Bert slide, Hill Hunters, 2009.

Ainda nas ladeiras, é muito animador que cada vez mais meninas se interessem pelo downhill speed, a modalidade mais intensa e perigosa do skate. Hoje em dia, a categoria conta com cerca de uma dúzia de competidoras dispostas a botar pra baixo nos picos mais extremos – como Teutônia, a ladeira mais perigosa do circuito mundial de skate. Preste atenção no nome de Geórgia Bontorin, que vem derrubando queixos no speed com apenas 16 anos; se ela tiver as condições e o apoio necessários, poderá tornar-se campeã mundial da modalidade em pouco tempo. Estilo, graça e beleza sobre skates são as principais características femininas. Quando competem, levam muito mais a sério do que a maioria dos competidores homens – sendo, portanto, mais profissionais. Seja onde for, pare e incentive aquela garota que você vê na pista, no pico de rua ou na ladeira. Sem elas, o skate seria muito mais chato de se ver... A diversão é pra todos, vamos aproveitar!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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