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ano 23 • 2013 • # 216 • r$ 9,90
Bob Burnquist, ss fs nosegrind
índice //
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outubro 2013 // edição 216
especiais> 32. ceará Wcs e cbsk
Mundial de Fortaleza e Brasileiro de soBral
38. circuito brasileiro street pro a estreia de são Bernardo do CaMpo
42. entrevista amador
Junior pereira, da espraiada
52. biano na liga - tour sp “não soMos assiM por aCaso”
66. bob burnquist dreamland
superações que JustiFiCaM a vida na terra
76. vans doWntoWn shoWdoWn
drop dead é Brasil na França
seções>
editorial ..........................................................12 zap .......................................................................16 Casa nova ........................................................84 Hot stuFF..........................................................92 Áudio ..................................................................94 sktBoarding Militant ................................96 Capa: Ele tem o dom de transformar manobras em caríssimas obras de arte. De tempos em tempos, Bob nos brinda com novas ideias e superações. Une habilidades de diversos terrenos e se lança para o risco máximo com a segurança de quem sabe o que faz, não importa a proporção, a base, o enorme perigo. Sua nova parte de vídeo, Dreamland, é um novo capítulo que este brasileiro escreve no quintal de sua casa na Califa. Mega hip rail switch nosegrind. Foto: Brian Fick ÍnDiCE: O pico clássico de Mogi das Cruzes, bem no centro da cidade, foi redescoberto na Liga Tour. Douglas Molocope ficou animadaço para lançar algumas das suas no pouco tempo que a família passou nesta área. nollie bs bigspin, nos pés, alto e perfeito como manda o figurino. Com direito à sequência na página 66. Foto: Diego Sarmento
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editorial //
Em cena, a ação Por Cesar Gyrão // Foto allan Carvalho
S
ão momentos diferentes: correr um campeonato ou fazer uma sessão para captar imagens. Ambos requerem esforço, concentração e obviamente servem para algum objetivo. Seja reconhecimento, uma boa grana, sejam aplausos, satisfação pessoal, estes objetivos são pessoais e intransferíveis. Somente você sabe porque anda de skate, o quanto lhe faz bem, o que quer e o que pode com isso. Num momento em que os atores sociais estão em cena, fazendo seu trabalho, multiplicando forças, alguns apenas fazem pose, outros realizam. Desde que este segundo semestre de 2013 embalou com tantos eventos profissionais, a agitação no mercado atingiu altos níveis. Maior visibilidade para uma quantidade maior de profissionais, aquecimento de vendas nas regiões atendidas, novos negócios, muitos assuntos nas esferas de discussão, comemorações. A evolução requer questionamento e nosso papel é sempre estimular esta troca de ideias sadia que promove a transformação do ambiente, tentando dosar os principais aspectos que estruturam o skate brasileiro. Conectar o volume inédito de campeonatos profissionais com a primeira grande tour da Liga, com a entrevista do Junior Pereira, a participação da Drop Dead num evento em Paris e a matadora parte de vídeo do Bob, que atinge em outubro de 2013 a fabulosa marca de cerca de 2.400.000 apenas no YouTube, pode ser uma tarefa difícil, mas tudo faz sentido quando você se depara com um pacote embrulhado para presente como esta edição. É necessário sempre evidenciar quanto barulho o skate está fazendo com forças autênticas da cultura brasileira. Esse é o papel da Tribo Skate, garantir a documentação desta época e pôr lenha na fogueira. Sem encenação, sem papas na língua, colocando a ação em cena!
Quebrada de São Bernardo do Campo. Apenas o skatista e o fotógrafo. Cenas como esta são mais comuns hoje em dia e representam um esforço recompensado na página da revista. Felipe Reato, bluntslide.
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ANo 23 • ouTuBRo DE 2013 • NÚMERo 216
Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Frederico Naroga, Helinho Suzuki, Marcelo Mug Foto: Allan Carvalho, Brian Fick, Carlos Henrique dos Santos, Carlos Taparelli, Diego Sarmento, João Brinhosa, Junior Lemos, Khalid Shhiba, Kirk Dianda, Leandro Moska, Mauricio Pokemon, Mauricio Santana, René Junior, Thomas Teixeira, Vinicius Branca
JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Cibele Alves (cibele@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec
Sem eSSa a de pé frio! Impressão: Ipsis Gráfica e Editora
Esquente seus pés com meias comemorativas aos 22 AnoS DA TRIBo SkATE. Escreva respondendo a pergunta: Em quE Ano A REvISTA TRIBo SkATE ComEçou? Você pode ser um dos 20 ganhadores das meias, junto com nossa próxima edição. Envie a resposta para: triboskate@ymail.com use o título: Sem essa de pé frio! E torça pra ficar ainda mais informado e no estilo. Prazo final: 05/12/2013
Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900
Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional
Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br
A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br
zap // fotos Junior Lemos
Tribo Skate na Arena Foram duas grandes festas para comemorar as edições 214 e 215, feitas na Arena Clube do Skate em SP. A primeira com a Converse e a presença de profissionais convidados pelo Jay Alves, um rolê bem style e que ficará na memória. E a mais recente foi feita com a Zion Skateboards para comemorar a capa do Pablo Groll (215) e novamente foi uma festa onde todos saíram bem felizes por terem passado a noite regada a muito skate e na companhia dos irmãos de rolê. Que venham as próximas! Mais em bit.ly/JayNaArena e bit.ly/GrollNaArena
fotos Vinícius Branca
Gian, bs nollie to bs nose truck.
Skate no Museu
James Bambam, nollie bs heel.
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Bem que ‘forças maiores’ tentaram impedir a realização do Skate no Museu, dentro do calendário de atrações da Virada Esportiva de SP 2013, só que mais uma vez o verdadeiro empenho do skate brasileiro superou todos os obstáculos. Amadores e profissionais competiram Game Of Skate pelo Xbox 360, prêmio oferecido ao vencedor em cada uma das duas categorias, mais a premiação em grana para os pros. Entre uma disputa e outra São Pedro mandou um dilúvio que aparentemente finalizaria o evento pela metade, mas os profissionais que estiveram por lá, junto com a organização, realizaram o game na parte onde sempre rolaram as edições anteriores do evento. Sucesso que mostra mais uma vez o skate de verdade e sem frescura que movimenta a cena no Brasil todo. Vencedores da disputa: Daniel Pedroza e Bruno Aguero. bit.ly/Museu13
fotos Junior Lemos
// zap
Murilo Peres, stalefish.
Feijão, fs hurricane.
Desnorteamento Reumático Se você quer perder o norte do seu GPS, basta colar no Rheumatic Hard Core Session, que em 2013 destruiu com manobras a pista de Piracicaba. Uma bagunça organizada onde a galera participa de um rolê frenético e as manobras são premiadas na hora: é pá e pum! Sem contar os desafios extras e os prêmios que rolaram como para o tombo mais bonito, o mais fominha da sessão, entre outras doideiras. E desta forma foram distribuídas muitas peças para skate, roupas, tênis Converse e grana para os pros. Lógico que tudo isso acompanhado de uma trilha sonora de estourar os tímpanos (DJ Crypton, Grinders, Lo-Fi, o Inimigo e Mullet Monster Mafia). E além da chapa
quente na pista e nas churrasqueiras que ‘perfumavam’ o ambiente, os miolos também fritaram, literalmente, já que o solão do interior paulista foi outro que fez questão de marcar presença. E o mais style de tudo é que o saldo é sempre positivo com alguns poucos levando pra casa um osso deslocado ou arranhões na pele como troféu deste que é o evento mais underground do skate nacional, sem dúvida. E para quem ainda não conhece, podemos dizer que o Rheumatic é uma dose cavalar de skate e hardcore aplicada direto na veia; basta participar para correr o risco de perder fácil o rumo na volta pra casa. bit.ly/Rheumat13 2013/outubro TRIBO SKATE | 17
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[01] Um dos profissionais da zona leste de SP que mais tra-
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PaBLo Vaz
balha em julgamento de eventos amadores pelo interior do Brasil agora conta com a força da Shiny Skateboards. Ele mesmo: Augusto Fumaça, proprietário da loja e da marca Fumaça House passa a usar os shapes da marca com previsão de lançar seu pro model em breve. • A Metallum anuncia novos amadores pra representar a marca pelo Brasil, são eles: Kaue Cossa (SP), Ionir Mera (RJ) e Gabriel Bila (RJ). • [02] O amador Gabriel Fortunato embarcou este mês para uma temporada nos EUA já usando os eixos Krux Trucks, distribuídos com exclusividade no Brasil pela Drop Family. O skatista é o primeiro a integrar a equipe brasileira. • Quem tanto fez pela história do skate brasileiro e foi muito bem lembrado na série do canal Off, o Pé na Porta, Digo Menezes também está com boas novas! O vertical rider brasileiro é o mais novo integrante da 1968, marca do também profissional Ari Bason. Digo está retomando sua forma andando direto na pista do Parque Zilda Natel, em SP, onde vem ensinando a arte de andar em transições para crianças. • [03] Personagem de uma das pautas mais styles que fizemos esse ano, Rafael Finha recebeu com méritos almoço, churrasco e refresco durante todo um domingo na Prafinha em SP. E o motivo de reunir a família skateboard foi o lançamento de seu pro model de shape pela Black Sheep. São duas variações de um gráfico onde há representações de lugares da zona sul importantes na carreira do profissional paulistano. Parabéns, Finha! • Outro que também frequentou recentemente a revista e está com novidades é o profissional mineiro Jay Alves. O skatista foi apresentado, através de uma campanha e um vídeo bem naipe, como o novo profissional da marca nacional de rodas Hagil Wheels. • No sentido contrário, Biano Bianchin anuncia que deixa de contar com o patrocínio de decks da Live, mas que continua com os patrocínios Volcom, Evoke, Liga Tucks, MPVS Skateboard Shop, Converse Watches e Converse Skate. Aguarde pois vem novidade por aí! • [04] O prodígio Lucas Rabelo, talento no street skate que está recebendo o encaminhamento da rapaziada da Matriz, passa a contar também com apois das marcas Mob Grip, Ricta e Independent. • Como vocês irão conferir no Linha Vermelha desta edição, Danilo Cerezini revela duas novidades que muita gente não sabiam. A primeira delas é que ele nasceu no estado de Roraima, segredo que só foi revelado agora, e a segunda são os respeitáveis patrocínios que ele conquistou recentemente: AYC (Asphalt Yatch Club), marca de roupas do Stevie Williams, Glassy Sunhaters, marca de óculos criada pelo Mike Mo Capaldi, Grizzly do Torey Pudwill e com a Puma, tudo isso lá nos EUA. • [05] Maurício Nava esteve alguns dias em Campo Limpo Paulista/SP para dar um rolê de skate pela região, fazer sessões de fisioterapia e também acompanhar os últimos detalhes do seu primeiro pro model de eixos, que será lançado em breve pela V8 Trucks. Será o primeiro modelo da marca tamanho 129mm e baixo, seguindo a preferência do profissional. • [06] Na sequência de valorização de personagens e história do skate brasileiro, a Crail Trucks acaba de lançar um model de eixo comemorativo ao Ultra Skatepark, extensão da carreira do Cristiano Mateus, que tantos serviços prestou ao esporte. Alto e com a medida inédita de 152 mm, é indicado para os apaixonados por pistas. • [07] Um dos eventos amadores do Brasil com maior expressão, realizado na pista da Drop Dead em Curitiba/PR, definiu como o Rei da Pista 2013 ninguém menos que Tiago Lemos.
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ElES noS dEixaM MaRcaS dE aRRanhadoS E noS MoRdEM coMo foRMa dE RETRibuiR Todo o caRinho E aTEnção ofEREcidoS. não aRREdaM aS paTaS pRa fazER coMpanhia EnquanTo ESTaMoS naquElE inTERMinávEl TRabalho quE lEvaMoS pRa caSa, ou naS SESSõES dE SkaTE EM alguM lugaR. poR iSSo fazEMoS na coluna dESTE MêS uMa hoMEnagEM aoS aniMaiS quE ESTão no inSTagRaM doS SkaTiSTaS bRaSilEiRoS.
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F A. @apelao: Professora da noite. B. glauberrmarques: Ilustre presença na sessão de hoje. C. @mlinaldi: Mel esbanjando simpatia! Sorria meu bem, sorria! D. @diogogema: Domingão. E. @luquinhasxv: Buenos dias Carrapicho. F. @rodolforamossk8 G. @repses: Animal world. H. @instamolusco: Tucano na selva de pedra.
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Vinicius Branca
AthoS porto
Quem não se lembra dos hard heel bs nose ou então do viral onde ele dropa o prédio do Centro Administrativo de POA? Athos Porto continua com o skate no pé e também atua agora na linha de frente do mercado de skate como representante comercial. Por isso nada mais certo do que trazermos as 20 músicas mais tocadas no player do profissional, pra saber se a sonzeira também continua nos tímpanos. AC/DC, Hell Bells AC/DC, Back in Black Placebo, 36 Degrees The Rolling Stones, Paint It Black The Strokes, Machu Picchu Matisyahu, Warrior Matisyahu, Chop ‘em Down Nas, Get Down Nas, I Can The Notorious BIG, N.O.T.O.R.I.O.U.S. The Notorious BIG, Living The Life The Notorious BIG, What’s Beef Wiz Khalifa, The Race Wiz Khalifa, Guilty Conscience (Prod. By Sparky Banks) Dr. Dre, The Watcher Dr. Dre, Xxplosive Jay-Z and Kanye West, Niggas in Paris Lake/Nas, Revolutionary Warfare Lil Wayne, President Carter Lil Wayne, Blunt Blowin
Junior Lemos
Bs 180 to switch crooked, durante visita a Fortaleza.
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Athos Porto (patrocínio: Faith Co., apoios: Cisco, Liga e Hagil)
break up e Bob “Curta cada pedaço do seu dia.” A frase enquadra-se bem na vida de qualquer skatista, mas ninguém melhor do que Bob Burnquist para representar este conceito para o grande público. No começo de outubro, mês de aniversário do skatista, estivemos com o Bob em SP durante o lançamento dos novos biscoitos com sua assinatura. Produzida pela Arcor, a linha que patrocina o profissional há mais de um ano conta agora com biscoitos salgados e a ocasião serviu justamente para apresentar o completíssimo leque de opções que a Break Up oferece ao mercado brasileiro a partir de agora. Saiba mais sobre nosso encontro com o Bob: bit.ly/BobBreakUp
zap // fotos skate run
Skate Run Há cerca de 5 anos, Fernandinho Batman já pensava na ideia. Em setembro deste ano, a lenda do street, colocou em prática o que foi a maior corrida e passeio de skate do mundo. Com 4.087 pessoas, o evento celebrou Dia Mundial Sem Carro e teve Rodrigo Steinbach como primeiro campeão profissional. Foram 8 km, com largada na Praça Charles Miller até o Memorial da América Latina. O mais legal foi ver pros de street e de speed disputarem pau a pau. Entre os cinco melhores, nomes como o de Murilo Romão e Diego Fiorese. Apesar da vitória do paranaense Rodrigo Steinbach, do downhill, foi um amador que fez o melhor tempo: Rui Franklin Souza. Na femininea, quem levou a melhor foi Georgia Bontorin, especialista em speed. Pro 8k: 1º Rodrigo Rato, 2º Murilo Romão, 3º Pedro Medula, 4º Kauê Mesaque, 5º Daniel Feitosa. (Gyrão) Dalua e Derek, na ladeira próxima ao Memorial.
Raí, Haddad e Batman.
fotos marceLo mug
Jump festival 2013 Depois de 10 anos, o Jump Festival devolve pro skate um pouco mais do que ganhou com o esporte no seu início. Desde que, em 2012, a CBER (Confederação Brasileira de Esportes Radicais) fez uma composição com a representante legítima do skate, a CBSK (Confederação Brasileira de Skate), a categoria profissional foi incluída sob seus cuidados técnicos e piso de premiação. Na modalidade skate, o evento deixou de ser apenas amador e é mais uma motivação para pros de vertical manterem-se em evidência em competições. A novidade deste ano foi a conquista do skate profissional feminino, iniciativa encabeçada pela Karen Jonz, com prova própria e premiação em dinheiro. Como era esperado, ela mesma venceu. No pro masculino, vitória pra Sandro Dias, com Pedro Barros na cola. O campeão de vert amador foi Ian Landi, de street amador foi Pablo Cavalari, o mesmo que levou ano passado. (Gyrão)
Igor Smith, crooked subindo.
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Mizael Simão, bs tail grab.
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DAnilo Cerezini cuRiTiba é uM cElEiRo dE bonS SkaTiSTaS, MuiToS quE SE REvElaM ao Mundo dESdE MuiTo cEdo. ESTE é o caSo do danilo cEREzini, uM caRa quE aoS 9, 10 anoS dE idadE já Mandava aS ManobRaS MaiS TécnicaS coM pERfEição, SuRgindo coMo REvElação noS EvEnToS do dRop dEad SkaTEpaRk, vEncEndo ciRcuiToS aMadoRES no paRaná E Rio gRandE do Sul aTé chEgaR bEM no TaMpa aM, conquiSTando MaRcaS aMERicanaS paRa SEu Rol dE paTRocinadoRES E aTingindo o pRofiSSionaliSMo inTERnacional EM 2008. aléM dE SE viRaR MuiTo bEM EM caMpEonaToS, coM viTóRiaS iMpoRTanTES coMo pRo, na dinaMaRca, poR ExEMplo, cEREzini SEMpRE REpRESEnTou EM vídEoS E REviSTaS EM alTo nívEl. é uM vERdadEiRo MaTadoR EM vidEo paRTS, é REquiSiTado paRa fREquEnTaR ESpaçoS dE gRandE viSibilidadE coMo o ThE bERRicS E TEM alToS índicES dE SEguidoRES EM SEuS canaiS dE REdES SociaiS, dESdE SEu pRiMEiRo caSo dE SucESSo coM o blog coM SEu noME. SEu lv REndEu uM pacoTE dE óTiMaS pERgunTaS E uMa REvElação. lEia paRa SabER. (Gyrão)
// DAnilo CErEzini 26 AnoS, 16 De SkATe De RolIM De MouRA/Ro, MoRA eM CoSTA MeSA (CA) e eM CuRITIBA/PR PATRoCínIoS: BoulevARD SkATeBoARDS, AYC, SIlveR TRuCkS, PuMA, FkD BeARIngS, BoneS WheelS, glASSY SunhATeRS, gRIzzlY gRIP e Czn SkATe ShoP
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Leandro moska
• Qual o legado que o Laurence Reali deixou para sua vida pessoal, profissional e no trabalho com sua loja? (Gabriel Augusto dos Santos, São José dos Campos/SP) – O Laurence foi meu amigo desde os meus 11 anos de idade! Viajamos muito juntos, ele sempre ficava em casa em Curitiba e o maior legado que ele deixou não só pra mim, mas pro skate brasileiro, foi a alegria, as boas vibes dele nas sessões e na vida em geral. Já para a loja ele foi o primeiro cara a acreditar no nosso projeto, o primeiro a saber sobre a loja, o primeiro atleta a fechar conosco e sempre nos ajudou muito na caminhada; sou eternamente grato a ele por isso. Ele vai ser parte de nossa equipe pra sempre. Saudades eternas, LR Eterno! • Olá, Danilo. Sou grande entusiasta do seu trabalho. Desde os meus 15 aprecio o skate (por influência do meu irmão caçula). Apesar de amar, não sei andar, por enquanto. Esse ano resolvi que está na hora de aprender e estou montando meu carrinho, aos poucos, porque quero que ele seja especial e tenha a minha cara. Em pleno século XXI, ainda percebo o preconceito de algumas pessoas. Você acha que essa “masculinização” do skate pela sociedade é um empecilho para que mais meninas se dediquem a essa arte? Muito obrigada e sucesso! (Mônica Silva de Souza, São Paulo/SP) – O skate é um esporte como outro qualquer e que pode ser praticado por qualquer pessoa. Se você gosta mesmo de andar, e faz isso por amor, não tem porque não andar, afinal, o skate, além de esporte, é também um estilo de vida que pode ser praticado e vivido por qualquer pessoa, independente do sexo. • Eu ando de skate, filmo e edito vídeos. Gostaria de saber: pra você qual foi a melhor parte de vídeo que já gravou e qual sua influência na hora de editar o vídeo? Música, ordem das imagens, essas coisas! (Leandro Barsotti, Campo Limpo Paulista/SP) – O primeiro vídeo da Blind que participei (The Blind Video, 2009) foi o melhor para gravar pois tive mais de dois anos para filmar e pude viajar para vários lugares do mundo, gravar as manobras nos lugares que queria com calma. Já no lance de edição o melhor foi meu último vídeo (Do it Yourself, 2012), pois eu e meus amigos que fizemos tudo, desde escolher as manobras, os ângulos, os lifestyles, até a edição, pude ainda testar vários tipos de som na minha parte até encontrar a que melhor se encaixava. • Qual a importância que as revistas de skate tiveram na impor sua carreira de skatista? Você ainda as considera importantes? (Vitor Sanches, Montes Claros/MG) – As revistas de skate têm uma importância grande pelo
simples fato delas eternizarem momentos. Daqui 5, 10, 20 anos as pessoas vão lembrar de você por algo que saiu em uma revista, seja uma entrevista, uma foto ou uma capa. Lembro que a primeira vez que eu sai numa revista tinha 11 anos de idade, desde então foram diversas aparições em revistas de todas as partes do mundo e a cada uma delas é a mesma alegria da primeira vez. Até hoje minha jor mãe coleciona fotos e matérias comigo em jornais, revistas e eu acho isso bem legal! • O que você acha que falta nas marreco cas de skate brasileiras pra serem reconhecidas pra fora: mais campeonatos profissionais ou investimento nos skatistas? (Luciano Lima Sousa, Várzea Paulista/SP) – Eu acho que falta muita vivência em cima do skate por parte das pessoas por trás das marcas. Vivência dentro e fora do Brasil, afinal o skate e o mercado são duas coisas globais. Acho também que para trabalhar com skate é imprescindível que a pessoa ande de skate, que o viva e esteja na rua com a molecada, afinal tudo é pra eles. O skate está numa fase de mudanças, algo que já aconteceu nos EUA há 20 anos atrás quando os skatistas tomaram conta do mercado, criando marcas e botando a cara, fazendo tudo acontecer. A gente que está tomando esta frente tem a percepção que o skatista precisa estar contente, sempre viajando e fazendo o que gosta re para representar bem os patrocínios e retribuir o investimento da marca. Resumindo: se você é empresário e não anda de skate, corra atrás dos seus atletas e dê ouvidos a eles sobre o que eles precisam, pois são eles que fazem a marca acontecer. Já com relação a campeonatos é muito importante campe para o Brasil e para o skate que os campeonatos evoluam junto com o skate mundial, pre seja no formato, na pista, organização, premiação, afinal o ano é 2013 e não podemos ter campeonatos como tínhamos quando eu comecei a andar no final dos anos 90. • Danilo. Qual é a sensação de todos gos os dias trabalhar com algo que você goste e lhe faça feliz? O que você teve que deixar para trás para seguir essa carreira? (Rafael Henrique, Curitiba/PR) – Não tem coisa melhor do que trabalhar
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DAnilo Cerezini com o que eu gosto, mas não é assim tão fácil! Tem o lado profissional, que é igual a um trabalho comum, com responsabilidades e sacrifícios; o maior deles é estar longe da família e dos meus pais por tanto tempo, afinal eu me mudei pra Califórnia em 2002, quando ainda era apenas uma criança, mas eu sempre superei isso com o apoio dos amigos e principalmente do meu pai, minha mãe e do meu irmão. • O corre que você faz pelo skate aqui no Brasil é muito importante, como o da CZN Skate Shop, por exemplo. Como foi que teve esta ideia de criar a loja? Você tem algum outro projeto para o skate aqui no Brasil? (Rafael Costa da Cruz, Pelotas/RS) – Primeiramente, obrigado! A ideia da loja surgiu com a minha experiência de morar fora desde criança e ter crescido vendo um mercado que funciona, e de alguma forma eu queria retribuir para o skate algo que ele me deu. Também pelo fato de ter ido morar fora muito novo, eu não terminei os estudos no Brasil e sabia que precisava fazer algo pra pensar no meu futuro também. A ideia foi junto ao meu sócio, a princípio, nós tivemos uma proposta de outra loja online para entrar em sociedade com eles, mas acabou não dando certo e nós resolvemos fazer tudo por conta própria. Além da CZN Skate Shop eu também sou responsável, juntamente com o Felipe Ventura e com o Rodrigo Gerdal, por trazer algumas outras marcas norteamericanas para o Brasil como a Boulevard, Glassy, Andale e também pela Kronik. • Salve Cerezini! Este ano fui até Foz do Iguaçu para assistir aos X Games e tive o privilégio de conhecer o Felipe Ventura (seu sócio). Quando falei para ele que era de Rondônia e tinha ido assistir ao campeonato ele foi até a área dos atletas e trouxe você e o Rodrigo Gerdal para falar comigo. Revela aí para a rapaziada que você, assim como eu, é natural de Rondônia? Qual cidade você nasceu? E qual a sua sensação em saber que além de ser um ídolo para a molecada local você é único skatista profissional nascido no estado? (Eliézer B. Dantas, Porto Velho/RO) – Salve meu conterrâneo, lembro de você! Seguinte: eu nunca revelei que era de Rondônia antes em nenhuma revista ou vídeo porque com 8 meses de idade eu mudei para o interior do Paraná e nunca mais voltei para lá. Infelizmente não tenho nenhuma lembrança daí, mas nasci em Rolim de Moura. Meus pais são paranaenses e foram pra Rondônia por causa de negócios, acabei nascendo aí junto com meu irmão, mas minhas raízes acabam sendo mais em Curitiba mesmo. De qualquer forma tenho muito vontade de voltar a Rondônia para conhecer, pois ainda tenho parentes aí e também tenho muita curiosidade em andar de skate em minha terra natal. Quem sabe em 2014! • Danilo, o que você pensa quando olha para trás e vê até onde chegou hoje como skatista? E como você se vê daqui 10 anos? (Felipe Correa, Rio de Janeiro/RJ) – Penso que foi um caminho longo e que me sinto honrado e feliz por tudo que aconteceu, mas sei que ainda tenho muita coisa pra fazer pelo skate e daqui 10 anos ainda me vejo manobrando e ajudando a evolução, tanto como skatista quanto como empresário. • O que você achou do cancelamento das etapas globais dos X Games, já que o Brasil não terá mais um evento de grande porte como esse pra prestigiar? Sacanagem, né? (Juan Souza, Içara/SC) – Acho que não é legal pro skate pois tira uma boa parte da mídia que nos ajuda a divulgar nossos patrocínios. Também é ruim pois um evento desse é muitas vezes a única chance da molecada ver seus ídolos de perto. • Os skatistas brasileiros veem os profissionais norteamericanos com muito glamour, riqueza e sucesso. Você, por desde jovem ter experiências com vários patrocínios e várias videoparts, pode nos dizer se essa é realmente a realidade? (Josemar Lima, Recife/PE) – A realidade é essa para poucos, muita gente atinge o topo mas não consegue se manter lá por muito tempo. Se você é realmente um profissional dedicado, é possível chegar neste nível, mas exige um esforço como em qualquer outro trabalho. Todo o glamour e riqueza só vem com muito suor e sacrifícios! • Danilo! Você já morou muito tempo fora do Brasa e já teve vários patrocínios gringos. Isso em uma época onde o mercado de skate brasileiro estava em baixa. E agora, que o skate voltou a estar no foco, como você enxerga o mercado brasileiro? (Fernando Menezes Jr., Rio de Janeiro) – Eu enxergo o mercado brasileiro caminhando para se tornar o que o
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Flip bs tailslide.
mercado americano já é há um bom tempo, em termos de organização, qualidade de produtos, valorização de atletas e respeito ao skatista consumidor. As coisas por aqui estão crescendo e evoluindo na direção certa, mas como eu já disse é preciso que skatistas estejam sempre à frente do mercado. • Nas últimas imagens que vi você está usando novas marcas, de camiseta e tênis. Quais as novidades em relação a patrocínios? O rolê com o Torey Pudwill, na pista do P-Rod, rendeu algumas Grizzly? (Nego da Vila Mariana, São Paulo, SP) – Este ano foi bem legal com relação a patrocínios. Fechei contrato com a AYC (Asphalt Yatch Club), que é uma marca de roupas do Stevie Williams, também fechei contrato com a Glassy Sunhaters, que é uma marca de óculos criada pelo Mike Mo Capaldi. Estou começando um projeto novo junto com a Puma nos Estados Unidos e também veio a Grizzly; o Torey já havia me chamado para fazer parte da equipe em 2008 quando eu ganhei do Copenhague
diego sarmento
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Pro, na Dinamarca, mas o tempo passou, a gente se encontrou pouco, e agora em julho fizemos uma sessão juntos na pista do P-Rod e ele me chamou de novo, aí fechamos! O melhor de tudo é fazer parte de marcas feitas por skatistas, assim como eu! • Como foi a experiência na África? Conheceu um pouco da cena local do skate? Como é o skate por lá? (Rafael Salgado, Juiz de Fora/MG) – A experiência foi muito boa, quase que inexplicável. A África do Sul é um país que é muito parecido com o Brasil em alguns aspectos como a alegria do povo, que é muito amigável. É sempre bom conhecer uma cultura diferente e fazer coisas novas como ir a um safari de verdade e pegar um leão no colo! Eu fui apenas para uma cidade pequena chamada Kimberley onde a cena de skate está crescendo muito com a ajuda destes campeonatos de grande nível. Conversei com muitos locais a respeito disso e foi bem legal.
PRóxIMo enFoCADo: SAnDro DiAS envIe SuAS PeRgunTAS PARA: triBoSkAtE@triBoSkAtE.Com.Br CoM o TeMA linHA VErmElHA – SAnDro DiAS Coloque noMe CoMPleTo, CIDADe e eSTADo PARA ConCoRReR Ao PRoDuTo oFeReCIDo Pelo PRoFISSIonAl.
* Eliézer B. Dantas, de Porto Velho/ RO, leva a pacoteira LV Cerezini. 2013/outubro TRIBO SKATE | 31
wcs e cbsk // fortaleza e sobral
O circo profissional
invade o ceará Há 10 anos a quente cidade de sobral realiza a sua etapa do circuito brasileiro de street pro. independente da sua localização de difícil acesso, o fato de completar uma década já é uma prova de um negócio bem sucedido. em 2011, a capital do estado, fortaleza, passou a sediar uma etapa do mundial da World cup skateboarding. com uma semana de intervalo entre os eventos, a ideia é que muitos pros participem dos dois. esta foi a arrancada do ranking cbsk (confederação brasileira de skate) e também a etapa definitiva do Wcs, que confirmou o terceiro título de campeão mundial consecutivo para kelvin Hoefler. este é o embalo inicial de um circuito nacional que contará este ano com 5 etapas, coisa que Há muitos anos não acontecia (o mundial também contou pontos para o brasil skate pro). apesar disso, nem todos estão satisfeitos. Por cesar gyrão // Fotos vinicius branca // RicaRdo PoRva Há anos não se tinha um circuito com pelo menos as cinco etapas de street pro como as deste ano. O que você achou desta oportunidade? Achei muito legal a oportunidade sim, o ruim é que infelizmente as datas das cinco etapas ficaram muito perto umas das outras, dificultando a nossa programação, principalmente pelo fato de dependermos dos patrocinadores para participar dos campeonatos. Nem todos os skatistas profissionais têm estrutura suficiente para conseguir um orçamento tão grande em um curto prazo de tempo como foi estipulado. Na verdade considero isso um “grande” desrespeito conosco profissionais. Esperamos o ano inteiro a divulgação do circuito e de repente, surgem várias etapas assim, do nada? Complicado. Geralmente, os circuitos “bem” organizados são divulgados meses antes e não em cima da hora. Fabio Cristiano, bs smith.
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Diego Oliveira, fs 180 transfer switch grind.
Rodolfo Ramos, fs tailslide.
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wcs e cbsk // fortaleza e sobral // Rodil FeRRugem Em determinado momento, você pensou em se aposentar dos campeonatos, mas voltou a atuar com a mesma vontade de seus primeiros anos como profissional. Quando aconteceu isso? O que lhe motivou a voltar? Eu não tinha mais tempo para me dedicar como sempre me dediquei, por esse motivo resolvi informar a todos que não iria mais participar dos campeonatos daquele dia em diante. As coisas mudaram em um curto prazo de tempo e acabei retomando o rolê diário de skate e consequentemente retornei às competições. Tudo isso porque estava em transição de atleta profissional para proprietário de uma fábrica de shapes e de uma marca de skate, por esse motivo não tinha mais tempo para me dedicar integralmente ao esporte. Há anos não se tinha um circuito com pelo menos as 5 etapas de street pro como as deste ano. O que você achou desta oportunidade? Pra mim foi fantástico, pois campeonato foi sempre minha maior motivação e poder retornar às competições com um circuito com 5 etapas não poderia ter sido melhor. Lucas Rabelo, fs bluntslide.
Tulio Oliveira, nosegrind.
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Luan, hardflip.
Diego Fiorese, nosegrind.
CEaRá SkatE PRO WCS FORtaLEza 1º Kelvin Hoefler 2º Danilo do Rosário 3º Luan Oliveira 4º Ryo Sejiri 5º Diego Oliveira 6º Greg Lutzka 7º Rodil Ferrugem 8º Tyler Hendley 9º Christian Sereika 10º Dave Bachinsky
2ª EtaPa BRaSiL SkatE PRO SOBRaL 1º Rodil Ferrugem 2º Kelvin Hoefler 3º Paulo Galera 4º Diego Oliveira 5º Danilo do Rosário 6º Rogerio Febem 7º Rodolfo Ramos 8º Diego Fiorese 9º Marcelo Marreco 10º Leonardo Giacon
// Kelvin HoeFleR Há anos não se tinha um circuito com pelo menos as 5 etapas de street pro como as deste ano. O que você achou desta oportunidade? Muito bom para o skate brasileiro. Movimenta o mercado. Você tem muita manobra pra aplicar em cada setor das pistas. O que achou da implantação da jam session ordenada? Eu gosto muito da jam organizada pois você pode usar todos obstáculos da pista e ainda tira a pressão da volta de 1 minuto. Tem um tempo pra respirar e concentrar na próxima manobra também. O Luan liderou a eliminatória em Fortaleza e era um dos poucos que poderia vencer o evento. Como é correr contra ele? Já corri com ele muitas vezes quando era amador. Ele tem um nível altíssimo, assim como o Danilo do Rosário, Diego de Oliveira, Luxas Xaparral... Acredito que todos nós, na final, temos a possibilidade de ganhar. Depende muito do momento de cada um. O PG, por exemplo, andou muito. O Rodil se superou em Sobral, uma pista mais apertadinha que a de Fortaleza. Para o ranking brasileiro, ele ainda pode ser um candidato ao título, se for melhor no Rio e em Manaus. Qual será sua estratégia? Não tenho uma estratégia. Eu tento evoluir sempre e gosto de apresentar manobras boas e novas quando tenho oportunidade. O Danilo também pode ser candidato. Todos nós do Brasil temos capacidade e nível de skate.
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brasil skate pro // cbsk
A primeira
vez de SBC É
Por Cesar Gyrão // Fotos Junior Lemos
inacreditável, mas esta foi a primeira vez que o skate park de São Bernardo do Campo recebeu uma etapa do profissional de street. Terceira do ranking CBSK do ano, no último fim de semana de setembro. Outra novidade deste evento foi ele ter sido o primeiro incentivado da história da confederação, fato que poderia passar despercebido, mas que fique registrado aqui. Foi fruto de um trabalho que começou em 2011, após atender a uma série de requisitos para que o Governo Federal liberasse os recursos para uma etapa e meia, de um pedido de cinco etapas. Explico: Com a liberação do dinheiro para o evento, algumas empresas se cadastram e têm o investimento abatido em sua declaração de impostos. No entanto, o valor liberado contemplou apenas a realização de uma etapa e meia. Como o procedimento todo não passou em 2012, a CBSK marcou duas etapas – São Bernardo e Rio de Janeiro (Madureira), para 2013. A meia etapa não coberta pelo valor, dependerá de ajustes do caixa da própria confederação. Estas informações costumam ficar apenas nas internas, mas são importantes para que mais agentes do skate saibam como a roda anda e que, neste ano, serão cinco etapas do circuito profissional, as duas tradicionais do Nordeste, estas duas citadas e a programada para Manaus. Outro fato que normalmente as pessoas não sabem, é que os contratos destes eventos normalmente são assinados de última hora, por isso a divulgação sempre é em cima da hora. Ainda há muito para se arrumar em nosso país para que o circuito profissional seja mais organizado e entre no planejamento das empresas, dos skatistas e do público. Ainda não é hora pra se comemorar, mas sim de pegar o embalo destas cinco etapas e entender que só com mais união e dedicação é que o cenário pro terá a devida importância. “A pista de São Bernardo do Campo com certeza é muito boa, realmente desafiadora. Mas na minha opinião limitaram demais o espaço, muitos dos obstáculos mais legais foram bloqueados, desfavorecendo principalmente aqueles skatistas que levam a sério a questão da criatividade e aproveitamento da área. Acho que essa questão do formato é uma das coisas que têm que ser revisada o quanto antes.” (Ricardo Porva) “Certamente é uma pista desafiadora, com corrimãos bem maiores do que os do Ceará, mas o show foi mostrado da mesma forma, com muito entusiasmo e disposição por todos ali no evento. Parabéns a todos, pois o circuito desse ano está show.” (Rodil Ferrugem) “Nossa, foi uma honra ter um evento local e correr em casa. Foi uma final disputada demais e, antes de mais nada, somos todos amigos ali dentro. Maizena tá andando muito e fico muito contente de ver meus amigos andando bem.” (Kelvin Hoefler)
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Danilo do Rosário, fs noseblunt.
Kelvin Hoefler, flip lipslide.
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brasil skate pro // cbsk
Rodil, flip.
Resultado 1º Kelvin Hoefler 2º Danilo do Rosário 3º Rodil Ferrugem 4º Denis Silva 5º Lucas Xaparral 6º Silas Ribeiro 7º Diego Oliveira 8º Paulo Galera 9º Rodrigo Maizena 10º Diego Fiorese Maizena, bs bluntslide.
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entrevista am // junior pereira
– Junior Pereira –
Além da Espraiada A ZonA Sul de São PAulo é berço de PerSonAlidAdeS que SemPre Serão lembrAdAS PelA humildAde com A quAl deSenvolverAm SuAS hAbilidAdeS. SAbotAge é um deSSeS exemPloS, PoiS levou com A SimPlicidAde de SuAS múSicAS, o diA A diA de SuA quebrAdA PArA oS quAtro cAntoS do mundo. Junior PereirA tAmbém é um deSSeS iluStreS rePreSentAnteS dA ZS de SP! nASceu, Se criou, AndA de SkAte e cuidA de SeuS ProJetoS e de SuA fAmíliA Sem ArredAr o Pé dA áreA. criou rAíZeS Por lá, umA bASe forte e SólidA que nA entreviStA A Seguir Será conhecidA tAmbém Por todo o brASil. // Por Junior lemoS
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Carlos TaParelli
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entrevista am // junior pereira
V
Quando o skate virou coisa séria? Corri um campeonato em 2000 na Eletropaulo, fiquei em nono iniciante; foi meu primeiro evento. Lá o Ari Bason se aproximou e disse que queria me dar um patrô de tênis; ele trabalhava na Plasma e na Tribo. Fiquei felizão, mas não deu pra eu ir porque não sabia onde era o local da reunião. Fiquei bravo, fiquei nervoso! Liguei pro Ari chorando e expliquei a situação, mas ele respondeu que podia tá chovendo canivete que eu tinha que ter ido! Daí em diante eu fiquei mais esperto e ligeiro, foi quando comecei a evoluir. Na época não tinha internet. Se lembra a primeira vez que viu uma revista? Me lembro que a primeira vez que vi uma foto de skate na revista fiquei alucinado! Pensei comigo: “como é que o cara consegui ir tão alto com o skate?” E agora que você vai sair na revista, qual a importância? Pra mim é uma satisfação enorme! Vou ter em
mãos uma parada que vai ficar pra sempre, que me representa. Vou ter como guardar, mostrar pros filhos, para os parentes e amigos que estão ao redor. Depois de muito tempo vou poder conferir e relembrar dessa época, das dificuldades e alegrias que passei na vida; que o skate sempre esteve no meu coração e na minha vida. Você ainda se dedica aos eventos, hoje em dia? Campeonato é muito importante, principalmente pra quem está começando. Hoje o nível está elevado; cada ano que passa os moleques começam a andar muito bem, a desenvolver desde cedo. Corri muito campeonato já, agora estou focado mais em tirar fotos e filmar. Isso está até me estimulando mais a andar de skate; não fico me cobrando tanto como antes. Skatista que faz escola na Espraiada sai preparado pra andar em qualquer terreno? Com certeza, pra andar ali é bem roots mesmo. Pra andar ali só quem é mesmo, tem que saber os buracos, onde está a massa plástica. Pra andar na
Carlos Henrique dos sanTos
ocê representa qual região da capital? Nasci em São Paulo, sou Águas Espraiadas desde criança. Zona Sul! Foi lá que conheceu o skate? Vi uma galera mais velha andando de skate em uma praça da minha área e acabei me interessando. Era moleque e pra mim foi muito louco! Foi em 1994 ou 1993, não me lembro bem. Era criança, não sabia nem pegar busão. Quem foi o responsável por te apresentar o skate? Foi o Marcos Arosio. E como era na época que você começou? O skate não era tão famoso como é hoje, né! É, era bem difícil! Antes de mim já era bem complicado, porque ouvia a galera comentando. E na minha época também não foi fácil, porque as peças eram mais difíceis de se conseguir, tinha que pedir emprestado um eixo aqui, um shape ali. Mas tinha muitos amigos que andavam de skate e com o tempo fui aprendendo e crescendo.
Nollie bs tailslide na mocada borda da Augusta.
Ainda não passou pela minha cabeça fazer uma tatuagem da Espraiada, mesmo porque ela está tatuada no meu coração. 44 | TRIBO SKATE outubro/2013
THomas Teixeira
Nollie bs bigspin no jรก extinto pico do Bom Retiro.
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Carlos Henrique dos sanTos
junior pereira // entrevista am
Switch heel flip em uma fábrica abandonada em Parelheiros.
rua fica bem mais fácil! Treinar na Espraiada e sair pro mundão, pra correr campeonato, tirar foto. E esse dilema do fim da pista, vai fazer alguma homenagem? Vai tatuar a pista em algum lugar? Ainda não passou pela minha cabeça fazer uma tatuagem da Espraiada, mesmo porque ela está tatuada no meu coração. Mas acho bem style quem já fez - o Rocha e o Finha fizeram. Mas a Espraiada sempre vai viver; se quebrar vão fazer outro projeto muito louco! Mesmo se acabar tudo, quem andou, registrou, filmou e fotografou vai viver pra sempre. E a história mais cabulosa que você já presenciou na Espra, qual foi? Sobre mim, a história é de evolução, né? É saber que aprendi na Espraiada, com as pessoas que estão no dia a dia, aprendendo a evoluir e também ensinando. Agora parada sinistra, teve um dia que eu estava descendo e logo vi uma movimentação, uma ambulância lá em cima. Quando olhei no córrego, tinha um presuntão, a enchente que trouxe. Fiquei até meio assim de andar de skate naquele dia! Daí, quando o resgate foi puxar o corpo, a corda estourou quando chegava lá em cima e o cadáver caiu daquela altura. E aquela molecada que tá lá direto, pedindo skate pra dar role? Você empresta o seu? Depende. Até empresto pra alguns, mas os que estão descalços ou de chinelos eu não empresto. É perigoso; de repente acontece alguma coisa com o moleque. É complicado porque a molecada pisa no barro, pisa na lixa, devolve o skate lascado. Você tem algum pedaço da pista que é o preferido? Eu gosto dela toda! Ali é minha casa, meu quintal. Me sinto bem e gosto de tudo. Sei de cada pedacinho dela, de cada massa que foi colocada. O Finha, o Rocha e o Alemão, tem uns caras lá que são arquitetos, né? Daí eles constroem obstáculos novos, eu olho pro bagulho e penso como que vou andar naquilo? Mas acabo aprendendo; é muito style. Copa do Mundo ano que vem no Brasil, tá se preparando pro rolê naquele pico proibido? Pra mim não tem dia de Copa, Natal ou Ano Novo; todo dia, principalmente final de semana, é pra se andar de skate. Se for pra andar, vai rolar independente do dia. Mas tem também os dias específicos, que não têm segurança; que os caras não vão trampar e o dia tá livre pra andar no pico. Não penso muito nisso, todo dia é pra andar de skate. Tivemos recentemente o lançamento do Sociedade em Pânico com uma parte sua. O que o vídeo representa pra você? Foi uma satisfação; é outro sonho realizado, depois de muito tempo andando de skate. Queria agradecer ao Márcio Conrado, pois me deu a oportunidade e confiou no potencial do meu skate, assim como no dos outros skatistas convidados.
O vídeo Sociedade em Pânico foi uma satisfação. É outro sonho realizado, depois de muito tempo andando de skate. 2013/outubro TRIBO SKATE | 47
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Carlos TaParelli
junior pereira // entrevista am
Nollie bs flip em sua área, Zona Sul de SP.
Demorou quanto tempo pra finalizá-lo? Quais foram as dificuldades? Estávamos filmando há uns cinco anos. A gente até brincava com isso! Tem imagem que ficou velha, outras eu olhei e vi que podia andar melhor, então teve muita seleção para ver o que passava. Algumas estão guardadas, outras eu peguei com o Túlio, as mais recentes. A gente filmou pro vídeo da Classic e acabou não saindo. Fui pegando de um, de outro, filmando com um e outro, acabou rolando! A dificuldade foi grande porque eu não tenho filmadora; acabei dependendo de vários caras. O Márcio Conrado, principalmente, o Luiz Apelão, que tá sempre comigo na sessão. E quando você viu o vídeo no Cine Olido? Foi emocionante! Vi que eu perseverei, a raça que rolou pra parada acontecer. Me machuquei, gastei muito tempo, deixei minha família falando pra realizar esse sonho, mas cheguei no final. Foi muito difícil, mas quando vi o vídeo na tela o coração bateu mais forte, foi a maior emoção. Levei meu filho, minha esposa, minha irmã. Foi bem legal, bem bacana. Você curte o som do Sabotage, que levou sua área pros quatro cantos do mundo? Eu curto! O cara fala de umas ideias verdadeiras. Viveu na periferia, viu de perto o sofrimento que é. Tem letras ali que você se identifica, guarda pra você e acaba vivendo aquilo também. Ela fala da Espreaiada; a gente também é da área e a gente se identifica e sempre tenta passar a positividade! Você é um cara evangélico. É importante o skatista também ter essa lado da religiosidade em dia? Cada um tem seu lado positivo e negativo. Eu busco Deus, acima de tudo, pra ele me guardar e me direcionar porque hoje em dia as coisas estão muito difíceis. Tem muita gente buscando seus objetivos, muitas vezes só Deus pra te colocar no lugar certo, no momento certo. A humildade, de coração, a pessoa tem que ter! A fé é algo que te completa. Chega uma hora que só algo positivo mesmo pra dar conforto, pra preencher o vazio no peito. Fora o skatista, o Junior Pereira também é pai de família e tem uma skate shop, é isso? Tenho uma loja, junto com meu amigo Japa e David, chamada Enxame Skate Wear. Foi uma vitória na minha vida, uma conquista grande pra mim. Tive a ajuda de patrocínios e marcas que nos ajudaram! O lugar era da mãe do Japa, só que a gente não tinha mercadoria e também não tinha grana. Daí eu colei na Black Sheep, colei no Glauco Campom, da Hostile, que também me ajudou pra caramba; não posso esquecer dele. A Efa ajudou no começo com uns tênis, o Nascimento também fortaleceu. Eles deixaram os produtos em consignação e foi assim que começamos com a loja. Daí comecei a vender e pagar, vendia e pagava! Foi assim até um dia que pagamos tudo e mantemos ela aberta até hoje; tem 4 anos isso aí. E no decorrer disso eu tive um filho, ele já tem três anos. Isso tudo te trouxe ainda mais responsabilidade? Sim. Foi um amadurecimento importante na minha vida: comecei a ter outros raciocínios, outros hábitos. Comecei uma nova vida porque já não era só eu, tinha uma outra pessoa que Deus me deu, um diamante pra eu cuidar e que depende de mim. Foi assim que caminhou! Tive outra maturidade através da loja e do meu filho. Nada é eterno, então a gente tem que saber cuidar agora para no futuro a gente poder se dar bem! Meu filho, a loja e as outras coisas foram se comple-
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entrevista am // junior pereira subestimar ninguém; não podemos julgar ninguém pela roupa, pelo jeito de falar ou de agir. Temos que tratar todo mundo com amor e carinho! Mesmo porque no futuro não sabemos quem será essa pessoa. Mas e os sem noção? A, esses tem uma pá, né? Mesmo assim também é preciso ter paciência porque eles são filhos de Deus, assim como nós somos. (risos) Bem style conhecer um pouco mais de sua história, mas chegamos ao final da entrevista. Quer deixar seus agradecimentos? Primeiramente Deus, por ele me dar essa oportunidade; sem ele não estaria aqui! Meu pai, minha mãe e minha irmã. Minha esposa Glenda, meu filho Davi. Brutão, Júlio, Rocha e toda família Black Sheep. Ytalo Farias e todos da família Classic. Glauco da Hostile, não posso esquecer dele porque me ajudou muito! Quero agradecer também o Billy, da Igreja Estúdio Vida e todos da família lá. Além de todos da família Espraiada porque se for citar os nomes ficaria aqui até ano que vem. O pessoal que me ajuda na loja e vocês da Tribo Skate. Meu muito obrigado a todos vocês!
Meu filho, a loja e as outras coisas foram se complementando, porque oportunidades como essa são raras. // Junior Pereira 29 anos, 17 de skate Patrocínios: Black sheeP e classic skateBoard
Carlos Henrique dos santos
mentando, porque oportunidades como essa são raras: a gente tem que abraçá-las e honrá-las. E a Classic, qual a história e o seu envolvimento com ela? A Classic começou comigo e com o Vitor Bari, em 2007. Foi mais um sonho que eu coloquei em prática! Conhecia o Túlio (Oliveira), ele tinha câmera e computador, daí começamos a filmar a colocar os vídeos da Classic na internet. O negócio foi repercutindo, a galera foi curtindo e a gente montou então uma equipe, com a galera que a gente andava: eu, Caleb (Rodrigues), Túlio, Ytalo Farias, Tiago Lemos, Carlos Ribeiro e Renato Lopes. A gente começou a andar e fazer vários vídeos! Aí comecei a fazer shape, camiseta e a marca está aí até agora. Hoje eu e o Ytalo cuidamos da marca, o Túlio foi fazer outras paradas, o Lemos e o Ribeiro estão no corre aí e nós aqui estamos tocando a marca do jeito que podemos. Hoje o skate está em evidência como nunca esteve, tem muita gente começando a praticá-lo agora. Como você lida com essa galera nova? Se alguém vier conversar comigo, me perguntar sobre skate, tenho paciência de explicar porque não podemos
Switch 180 to fs grind em Pinheiros.
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tour sp // liga trucks
Não somos assim
por acaso
Toda família concordaria, se disséssemos que um grande passo na sua vida é quando, por algum moTivo, é necessária uma mudança. a saída do doce lar, do conforTo e aconchego da casa consTruída com muiTo amor e Trabalho causa, quase sempre, muiTo medo e insegurança pelo que esTá por vir. planeja-se o que vem pela frenTe, porém a concreTização dos faTos nem sempre é a esperada. uma coisa é cerTa: a avenTura vai esTar presenTe. e foi com esse espíriTo avenTureiro que a família liga Trucks saiu pela primeira vez do rio grande do sul para conhecer como Tal um novo mundo, com seus membros rafael russo, biano bianchin, gui zolin, daniel crazy, lp aladin, danilo dandi e douglas molocope, convocado de úlTima hora com a missão de subsTiTuir gui da luz, que Teve problemas parTiculares para resolver no período. uma família que, embora Tenha sido formada há menos de 3 anos (sendo alguns há menos Tempo ainda, como o biano, com menos de 6 meses na marca) possui membros experienTes, que somam mais de um século de avenTuras, experiências, carreiras... mais de um século de hisTória de skaTe. Por frederico naroga // Fotos diego sarmenTo
O
objetivo inicial da “mudança” era bem simples: viajar para o interior de SP (mais precisamente para o Vale do Paraíba e Litoral Norte do estado) para apresentar aos skatistas locais mais um “filho” do mais novo membro da família: o modelo 139mm alto assinado por Biano Bianchin. Seriam 8 dias de aventuras “programadas” nas cidades, onde apenas lojas e pistas locais seriam testemunhas oculares dessa viagem. Porém, uma missão de última hora de realizar uma matéria para a revista Tribo Skate trouxe ainda mais motivação de todos para a viagem; afinal a mudança agora seria documentada! Seria registrada para sempre. Além da cabeça dos envolvidos, também passaria a fazer parte da história do skate nacional. Imagine: 8 dias, 8 lojas, 8 pistas, 5 hotéis, 7 skatistas, 1 fotógrafo, 1 video maker, 1 team manager e 0 dia de descanso. Uma matemática arriscada, que pode gerar um resultado negativo, mas a família é muito boa de cálculo e, somando esforços, o
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tour sp // liga trucks
Depois de intimar o Gui a mandar a sua no Vert In Roça, Guaratinguetá, Biano registrou seu fs crailslide.
resultado foi mais do que positivo. Conseguir controlar a empolgação dos skatistas era uma tarefa árdua para o fotógrafo Diego Sarmento e para o filmer Samir Barcelos, para cima e para baixo com os equipamentos, com seus nomes sendo mais chamados do que comerciantes em camelódromos. “Samir, pega essa!”, “Diego, vamos fazer uma aqui, agora?” Menos mal que, como team manager, eu era considerado um “pai” e, mesmo sendo mais novo e experiente do que metade da equipe, conseguia lidar com as situações. Mano Crazy até criou um slogan para essa situação: “Não somos assim por acaso.” Não existe frase que expresse melhor o sentimento e o espírito desse grupo. A primeira parada foi no dia 31/08 em Mogi das Cruzes, que já mostrava que a aventura seria surpreendente. Depois dos compromissos com loja (sessão de autógrafos, sorteios, etc) a família foi surpreendida por uma das melhores plazas dos Brasil. Para não acabarem as surpresas, bem ao lado do hotel havia um clássico pico do interior de São Paulo que Molocope não esperava que fosse ali. “Não imaginava esse pico aqui e tão perfeito”, disse o caçula da família, que participou da mu-
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dança representando seus irmãos amadores da equipe. Sangue novo, e bom, não desperdiça um pico como esse, mesmo sendo um obstáculo de impacto logo no primeiro dia. Recompensa conquistada. Se não fosse seu esforço, seu nollie bs bigspin não estaria em destaque nesta edição (moment e sequência). Em São José dos Campos, parada do domingo, a história se repete: loja, demo (com best trick, sessão de autógrafos, etc) e a caça aos picos. Nessa cidade a viagem foi surpreendida pela adição de um novo membro à família, um mascote. E como não somos tradicionais, esse mascote não podia ser um qualquer: um jacaré, doado por um morador local, logo batizado como Pedrinho. Fora essa boa notícia, infelizmente não vieram outras, pois os picos não apareceram. Isso não aconteceu nem na manhã seguinte, quando a esperança era andar em uma antiga piscina em um parque (que já foi fotografada há anos). Além da piscina ter sido coberta por terra, a segurança não permitiu procurar outros picos no parque. Normal: primeiro kick-out da tour. Mas bola pra frente, aliás, “bora” pra Pindamo-
Bianos.
O garimpo de picos em TaubatĂŠ rendeu este wallride melon to fakie bem ao estilo do mestre, Biano in tha house.
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tour sp // liga trucks
Russos.
nhangaba! Loja, demo com churrasco em plena segunda-feira e pico, e que pico. “Esse tá perfeito para um fs flip.” Estava mesmo, hein Dandi? Tão perfeito e alto quanto a manobra que você mandou. Vamos embora? Vamos, mas espera aí, o que o Molocope está olhando lá em cima? Que escada é essa Molocope? “Samir, Diego vou tentar só 3 ollies, beleza?” Claro, Molocope, não é qualquer um que tem pernas para pular uma double set enorme de 7 degraus, depois de ter feito uma foto em um pico de impacto há 2 dias e 3 demos em 3 dias. Mas ele não desperdiçaria a oportunidade de dar a manobra onde ninguém pensou em andar. Valeu Molocope, a foto ficou animal! A viagem começava a trazer frutos e com isso a motivação aumentava. A casa da família por alguns dias seria Lorena, mas a parada agendada para o dia 03/09 seria Guaratinguetá. Vamos que vamos! Loja, pista e pico, mas com chuva não dá! O jeito é voltar para o hotel, descansar e pensar no dia de amanhã. “Gui vamos acordar cedo e antes de ir para a loja quero te levar no Vert In Roça, lá você dá uma pesada certo?” Conselho do irmão mais velho Biano, que o mais obediente confirma com o bs smith cravado. “Não vou deixar passar a oportunidade de fazer uma aqui também...” Claro que não, né Biano? Ainda bem, que pensou em nos presentear com esse crail slide. O dia já rendeu, mas a chuva após a sessão atrapalhou a demo do dia 04/09, em Lorena, transferida da pista pública para um ginásio coberto. Tem um piquinho ali, a cara do pai, tá todo sujo, mas... “mais vale um corpo descansado do que uma roupa limpa.” É claro que a única parte do poema que a família entendeu foi o nollie bs grind do Crazy, que acabou roubando a cena da apresentação da equipe. Uma manobra inusitada para o membro filósofo, que registrou a sua quando seria impossível, durante a chuva. Perdemos um dia por conta da chuva, mas recuperamos no outro com 3 fotos. A matemática tá fechando, hein? Então vamos para Cruzeiro, que ainda temos mais 3 dias para fechar pelo menos 2 fotos. É menos de uma foto por dia para os membros que ainda não registraram, sem contar as 3 lojas, 3 demos... Foco em Cruzeiro, mas a pista tem o chão ruim, hein? Vamos ver os picos da cidade. É, não tem muita coisa e o que tem está escuro. O jeito é voltar para o hotel e pensar no amanhã. Chegamos na sexta, dia 06/09, véspera de feriado, a Taubaté e antes mesmo de fazer o check-in no hotel, Biano achou um pico para registrar mais uma. “Vocês acham que um wallride melon to fakie ali naquela parede vai fi-
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Na reta final, a menos de 1 km da balsa de Ilhabela, Rafael Russo gravou a sua: flip sobre a mureta e para a calรงada.
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tour sp // liga trucks
Em Pindamonhangaba, Douglas Molocope pediu três chances para fazer a enorme double set. Não desperdiçou a oportunidade. Ollie.
car legal?” Acho que o resultado não deixou dúvidas da resposta da equipe. “Peeejado” como diria o Mano Crazy. Vamos aos compromissos agendados e dar uma olhada na cidade. Taubaté tem bastante pico e um deles chamou a atenção de LP Aladin, que dizia “quero um pico para dar uma manobra diferente, dessa vez.” Acho que o wallie que ele executou na parede daquele gap, além de diferente é muito style. E agora, último dia! Mesmo após a passagem na loja e pista em Ubatuba e durante o feriado de 07/09, a adrenalina causada pelas ações passou. Ainda não era hora de descansar, afinal ainda faltava a manobra do “pai”, ou melhor, precursor daquela família, Rafael Russo. Tínhamos retorno marcado para dia 09/09, teríamos que usar o domingo de descanso na paradisíaca Ilhabela para completar a missão. “Vamos seguir viagem; na estrada entre Ubatuba e Ilhabela vou achar um pico para mim, com certeza.” A família só não contava que seria tão em cima do laço, em São Sebastião, a menos de 1 km da balsa que ligava até a ilha. Mas valeu a pena a espera! Quando é para ser, será. Mesmo que fosse necessário impedir
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o trânsito, Rafael Russo levaria para casa aquele flip sobre a mureta para fechar com chave de ouro a primeira missão da família Liga Trucks fora do Rio Grande do Sul. A missão deixou saudades, mas mais do que isso, deixou lições. Deixou certezas e lembranças, experiências e mudanças; deixou um gosto de quero mais. A Biano na Liga Trucks – Tour SP trouxe o amadurecimento necessário para que a família assuma a responsabilidade que tem para preservação e manutenção da história de seus membros ídolos, e a continuidade do seu legado através da nova geração que já está sendo criada. Todas as aventuras nas pistas e lojas por onde a Liga passou foram relatadas no site da Tribo Skate e o vídeo das demos está no ar agora. Sobre as imagens da manobras exibidas nessa edição, a equipe apresentará quando a história completa for contada no vídeo #SELIGA, cenas dos próximos capítulos. Novas “mudanças” e novas experiências virão em 2014 e novas aventuras são esperadas para mais um episódio na história da Família Skate. Afinal, NÃO SOMOS ASSIM POR ACASO.
Zolins.
Sob a encomenda do Biano, Gui Zolin cravou seu bs smith com vontade no Vert In Roรงa, em Guarรก.
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tour sp // liga trucks
Praรงa com elementos da arquitetura chinesa em Pindamonhangaba. Um pico perfeito para o fs flip do Danilo Dandi.
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Dandis.
Crazys.
Aladins.
Molocopes.
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tour sp // liga trucks
“Mais vale um corpo descansado do que uma roupa limpa.” Daniel Crazy traduz seu poema num nollie bs grind que marcou a session de Lorena, no gi ginásio que protegeu a família da chuva.
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Ele queria uma manobra diferente, desta vez. LP Aladin saciou seu desejo com este wallie em TaubatĂŠ.
2013/outubro TRIBO SKATE | 63
tour sp // liga trucks
O caçula da tour foi colocado à prova ao encontrar o clássico pico de Mogi das Cruzes. Nollie bs bigspin, confirmando o moment do índice desta edição.
*A Liga Trucks gostaria de agradecer aos parceiros: Monster Energy Drink, Hagil Wheels, Code Skateboard e Converse Skateboard pela parceria na realização da Biano na Liga Trucks – Tour SP.
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A Arte de surpreender fAz pArte dA vidA do BoB desde criAnçA. o nome premonitório pArA umA criAção suA, A mAnoBrA “BoB switchstAnce”, BAtizAdA por dAniel Bourqui e estAmpAdA em sequênciA nA revistA overAll em 1989, no hAlf pipe dA ultrA, foi um destes cAsos. Anos depois, em 1995, BoB surpreendiA o mundo como o primeiro BrAsileiro A vencer umA etApA do circuito mundiAl de skAte, no cAnAdá. o detAlhe é que grAnde pArte de suA linhA erA feitA nA outrA BAse, de switchstAnce. depois de tAntos mArcos conquistAdos, tAntAs proezAs, tAntos exemplos de superAção, em 2013 BoB continuA surpreendendo. suA mAis recente fAçAnhA foi criAdA no quintAl de cAsA e Atende pelo nome de BoB Burnquist dreAmlAnd. com cercA de 2.400.000 (!) visuAlizAções nA rede, A históriA destA video pArt é compArtilhAdA AgorA nestA edição, com direito A cApA e pôster pArA A posteridAde (com perdão do trocAdilho).
Q
Por cesAr gyrão // Fotos BriAn fick // Video Frames kirk diAndA
uanto tempo você levou pra fazer o Dreamland, pouco mais de 8 minutos de bombardeio? Na verdade foi logo depois que terminei a parte da Flip, logo na sequência eu comecei. Sempre que você acaba uma parte, você apaga tudo e reinicia – “eu vou continuar filmando, não sei pra que, pra quem.” Comecei as gravações logo depois da video part da Flip (2009). Das imagens mais antigas, o primeiro 900 numa Mega tá ali… Eu tentei acertar o 900 de indy, de frente, pro vídeo da Flip. Eu tentei muito. Eu tentei, porra, por meses. Tentei horas e horas por dia e adiava certos compromissos… Teve até um evento aqui no Rio, no Arpoador, que eu queria ir, e eu falava “não, vou voltar pra casa, botar empenho em três dias e ver se eu acerto.” Eu fiquei muito tempo tentando o 900 pra minha parte da Flip e não acertei. Aí, eu mudei a estratégia e em vez de fazer a aproximação de frente fui de fakie. Eu tava com muito jeito de voltar de costas e o 720 tava mais no pé, então eu falei, “ah, vou dar um 720 reverse e vamos ver se acontece.” Foi quando eu voltei o fakie to fakie. Aí eu lancei. Geralmente você segura a divulgação de uma conquista dessas, mas como era uma manobra icônica, eu lancei como notícia o vídeo com ela. E teve um viral. Não guar-
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dei porque só uma manobra como estas também dá pra você colocar numa edição. Normalmente, quando estivesse fechando a nova parte, eu iria querer colocar junto. Muitas manobras eu não coloquei no vídeo da Flip por questão de espaço. Então tem até coisa mais antiga? Tem, mais ou menos do mesmo ano. Por exemplo, tem aquelas do manual que eu lancei, mas tem o lance da qualidade. Uma coisa é SD e outra é HD, então eu tive que dar uma misturada, mas os caras conseguiram fazer a mágica lá e aí valeu a pena, mas são poucas, umas duas ou três que eu tirei e o resto foi no decorrer. Eu acertei o 720 de front no quarter. Esse, lembro que na época eu perguntei para o (Tony) Hawk e ninguém tinha acertado. Ele falou que tentou muito, eu vi o Bucky (Lasek) tentando um tempo. Mais tarde eu tentei de slob lá em casa e depois, na Mega, com mais velocidade e mais altura, eu acabei acertando. Essa, em vez de lançar, eu segurei. Para poder ter o impacto que é pra ter, eu tenho que segurar e ser muito paciente em relação ao que eu vou lançar ou não. Fui acertando, fui colocando no disco rígido e ficando quieto. As pessoas acham que eu nem tô andando, muita gente fala que você desaparece mesmo. É que quando você segura material, você dá uma desaparecida, pra quando aparecer, aparece bombando e cada um tem uma
KirK dianda
bob burnquist dreamland // video part
Base jump.
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KirK dianda
video part // bob burnquist dreamland
Crooked.
estratégia diferente. Tem gente que gosta de ficar aparecendo o tempo todo, não ficar fora, mas eu já acredito no fato de que também ficar aparecendo direto não é legal. É melhor você vir com uma porrada de três em três anos do que ficar no banho-maria. É que nem um disco. Tem músico que faz… É que fica fazendo um single, fica lançando, não sei o que… Não faz um super projeto. O músico segura, pra não fazer uma produção em série. Então essa foi a ideia… E no decorrer do tempo foi se formando o conceito de se fazer algo que marque um período. Todos os meus patrocinadores querem uma parte de vídeo. É impossível, para mim, entregar algo à altura para cada patrocinador. Então, em vez de eu fazer algo com a equipe, ou com o patrocinador, até porque a Flip tava trabalhando outros projetos, eu falei “eu vou fazer um, vou lançar como a minha parte e aí colocar os parceiros para dar o empurrão.” Quando eu criei essa estratégia, ficou mais fácil e eu comecei a trabalhar em cima com mais vontade. Eu ia lançar a parte, na verdade, em dezembro, mas segurei mais seis meses porque a Oakley entrou com a proposta de me ajudar na produção, dar um valor maior para isso, colocar algumas câmeras Red disponíveis em alguns dias. Os caras gastaram bastante nisso. Beleza, vale a pena e ao mesmo tempo eu vou construir algo diferente para poder ter mais impacto ainda. Tava bom, mas foi muito melhor ter segurado, porque realmente ficou bem melhor e com mais novidades. Foi aí que surgiu a ideia do novo hip?
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Na verdade não é nenhuma novidade em relação à proporção menor. A gente já anda em spine, em hip, essas coisas assim, há muitos anos. É a proporção que foi dada agora que foi diferente. Também a rampa joga para cima da plataforma, uma coisa que o Danny (Way), já tinha feito, o step up, mas eu não queria que fosse algo batido, então eu foquei bastante neste hip e tentei fazer com que a rampa funcionasse pra várias coisas: tanto pro step up, quanto pro hip e, de repente para o corrimão. Eu já tinha pré-pensado nisso, mas não sabia como ia funcionar, como eu ia colocar, como ia fazer… Mas o corrimão que você usou no Grand Canyon não apontou o caminho? Não, o corrimão do Grand Canyon tem mais a ver com o que a gente usa normal, o raimbow que a gente pula a Mega e volta sobre ele. Isso daí é um corrimão subindo. Você começa com bastante velocidade e acaba usando quase toda sua energia subindo ele, então, o corpo, você tem que ajustar muita coisa, porque é diferente, né? Então o fato de poder encaixar o corrimão e poder fazer a manobra no lip do quarter, também, corrimão junto com lip, vi que era possível e coloquei ali. Eu sempre fui muito fã daquele vídeo do Daewon Song e o Chris Haslam, o Cheese and Crackers, com a mini ramp e eu quis fazer numa proporção maior. Então a ideia é pegar inspiração de várias pessoas. Obviamente o Danny Way é uma grande inspiração; o skate dele, o skate das pessoas à minha volta; então você acaba tentando assimilar de todo mundo para poder fazer algo diferente.
Eu sempre fui muito fã daquele vídeo do Daewon Song e o Chris Haslam, o Cheese and Crackers, com a mini ramp e eu quis fazer numa proporção maior.
Frontside tailslide 360 shovit.
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video part // bob burnquist dreamland Logicamente que todas as situações de Megarrampa assustam porque são proporções muito elevadas, mas para você se afastar do quarter entrando de lado você está do lado do precipício. Não é complicado demais? Na verdade, para a segurança estar em primeiro lugar, eu devia ter colocado uma plataforma, porque o primeiro salto é sempre o mais perigoso. Eu não sei se vai dar certo, se eu vou conseguir subir. O primeiro teste eu tava com o pé torcido (torci no Rio Sul), e era bem próximo dos XGames de Los Angeles. Não me preparei para o evento, eu apenas filmei para acabar a minha parte. No primeiro dia dos XGames o meu pé tava começando a ficar bom, então a maioria das coisas que eu fiz nas filmagens eu tava com o pé amarrado. Foi na vontade, na raça e doendo pra caramba e ainda tendo que me preparar para um campeonato. Foi uma afunilação de energia intensa ali, mas graças a Deus deu certo. E os aparelhos voadores? Aquele pequeno helicóptero ali é seu? É um leasing que eu tenho com um amigo que é piloto de testes da Robinson. Ele dá aulas e eu voo particularmente. E a ideia de fazer estas manobras já vem faz um tempo. Desde que eu peguei o helicóptero para fazer as manobras nele, depois a gente começou a dar uma brincada e, de repente, chamamos o Matt, que foi o cara que fez as manobras. A gente fez umas medições para ver se cabiam, se o rotor não ia bater na rampa. Parece que o cara é malucão mas, da mesma forma que a gente faz no skate, calculamos direitinho pra ser um risco administrável. Da parte de street no gap, corrimão e manual, primeiro que o Extremelly Sorry já tinha várias embaçadas, com flips encaixando, switch smith, mas desta vez você encaixou… Flip nosegrind, flip smith. Switch ollie 270 board, que acabou com o 720 de combinação. Foram as
combinações mais difíceis que eu já fiz. É quando você passa a régua? Imagino que deve ser até meio esquisito, de vez em quando, que tudo isso é um lance meio solitário seu. Eu até quero falar, até a forma que eu editei, a música que eu escolhi, que muita gente tem opinião diferente. No meu caso, você acaba vendo muito por aí, ou você vê hip hop, ou você vê Metallica, metaleira… Skate pra mim é um pouquinho mais além, um pouco mais espiritual. Então por isso que eu escolhi aquela música do Ben Harper, acho que tinha muito mais a ver com a minha identidade e as manobras colocadas, filmadas em Red, em slow motion, aquele esquema todo. A edição, pensa assim, pra eu voltar uma manobra destas, eu agradeço a Deus todo o momento que eu tô vivo. Uma manobra assim é quase que uma prece. Pra mim, manobra é uma expressão, é uma forma de justificar a minha existência, no caso. Na edição, na montagem, na escolha das manobras, na música, eu fiz com que fosse bastante emocional, mesmo. Ela atravessou desta maneira e eu fiquei muito feliz. Muita gente teve esta mesma leitura, que foi uma coisa muito mais além do que “olha como eu sou bom no skate!” A introdução, quando descolore e entra aquele tom de verde, o vento, aquilo é muito bonito. Ah, e teve aquele lance da justaposição do tempo, porque fizemos um time lapse das nuvens e a gente pôs por cima de mim andando e subindo, primeiro porque o nome é Dreamland, um sonho, então tinha que ser assim. Isso foi o lado da Oakley, que colocou um pessoal para produzir este tipo de feeling. Aí teve a correção de cor, que foi nessa direção. Então teve um lado bem preocupado em relação à linguagem não só em relação ao skate, da edição, mas também nas cores e no que colocar. Esse negócio de colocar tempo e espaço fora, porque você vê eu subindo mas vê as nuvens se mexendo, então, espera aí, uma coisa
tá num tempo e a outra noutro tempo? Outra coisa também, que tem gente que não gosta muito, mas eu gostei de usar foram as imagens de micro-câmera, da minha perspectiva. Tem gente que acha desnecessário, mas pra mim, é assim: eu tentei filmar as manobras, não queria colocá-las e ficar falando “olha só este ângulo, eu dando um grind, um aéreo.” Eu fiz muitas manobras, filmei algumas com a câmera de perspectiva, pra justamente ter manobras difíceis. Então eu dei um shovit back board, 720 de front, front flip, tudo com a micro-câmera e encaixei no meio da edição para as pessoas poderem estar vendo de fora, mas de repente veem pela minha perspectiva, do jeito que eu vejo. Mas só manobra que vale a pena, no caso. Você tem um back flip que gira um finger flip no meio. Como você batizou essa? Eu não batizo, eu dou a manobra e passam a chamar do jeito que quiserem. Porque o back flip com flip era muito diferente; a gente já tentou várias vezes, girando com pé e pegando com a mão, mas quando você pega com a mão e depois gira é mais controlado. Falei, vou tentar mais algumas vezes. Aí deu certo. Vamos pra próxima… Quem foi que dirigiu o Dreamland? O Jamie Mosberg? Não, na verdade o Bruno (Passos) filmou a maior parte, ele e o Jamie. O Jamie ali junto, sempre, mas o Bruno muito mais. Quando começaram as filmagens com as Reds, a gente sempre coordenava com o Jamie. No caso, eu acabei dirigindo, porque eu sei o que eu quero, eu sei como eu quero, eu sei como eu quero ser filmado. Porque quem tá passando horas e horas tentando uma manobra difícil sou eu; de repente a manobra não é filmada legal e às vezes eu sou até bastante detalhista nisto, o que pode até irritar as pessoas que trabalham comigo, porque eu gosto das coisas de uma certa forma. Então eu ficava bastante em cima, mas ali é uma equipe. Eu ima-
No caso, eu acabei dirigindo, porque eu sei o que eu quero, eu sei como eu quero, eu sei como eu quero ser filmado.
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Nose stall tail grab to fakie.
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video part // bob burnquist dreamland
Para poder ter o impacto que é pra ter, eu tenho que segurar e ser muito paciente em relação ao que eu vou lançar ou não.
gino assim, que a galera da Oakley, de produção da Red, com todas aquelas imagens, os shots dos time lapses das nuvens, os caras têm uma visão diferente. O Matt Goodman, que trabalhava na 900, que foi parceiro do Hawk, então ele foi chamado pro projeto pela Oakley, juntando com o Jamie, o Bruno e eu. Na edição, contei com o Kirk Dianda, que foi o cara que fez o Brazilian Vacation, do 411 e filmava bastante com a És. É uma equipe inteira, mas na hora de decidir como que a gente vai estruturar cada parte, aí eu discuto. O cara faz uma edição lá e eu não senti, o cara já tava bem avançado, e eu sei que a gente já vai lançar segunda-feira, mas vamos mudar tudo. Aí os caras não dormem, ficam a noite inteira. Aí rolaram umas mudanças finais, pra chegar onde chegou. Então eu pus muito a mão, não só o pé, mas a mão também. // BOB BurNQuIST 37 aNoS, 26 DE SkatE PatroCíNioS: tNt ENErgy DriNk, HurlEy, globE SHoES, FliP, brEakuP, toyota, riCta, ogio, iNDEPENDENt
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// Comentários de três gerações Pedro Barros, 18 anos “Quem vê o Bob de hoje consegue enxergar o fenômeno que ele é no skate, mas isso vem desde o início! Um cara que sempre quebrou barreiras e tentou inovar no skate. Isso vem do street até a Mega! Essa parte de vídeo dele transparece exatamente isso! O FENÔMENO que ele é em cima de um carrinho!” gian naccarato, 34 anos “Não é só uma parte muito cabreira, muito foda. Bob foi muito mais além, muito mesmo. Dar um 360 backside flip, que no solo é muito difícil, imagine pulando o buraco da Mega? 270 lipslide na base e de switch, que num trilho no chão é muuuito embaçado – num corrimão então, nem se fala; ele simplesmente deu no trilho da Mega fazendo linha! Acho que realmente foi algo a mais; ele superou mais uma vez o seu limite e inovou com vários body varials e com o jump do lado do quarter fazendo um pico novo, tipo um hip com transição que dá pra usar a borda, subir pra plataforma ou sair flipando, girando e voltar no quarter e ainda com um trilho subindo, realmente foi muita inovação. Mas ele não somente aprendeu umas manobras: mostrou que podemos fazer o que quisermos com o skate, qualquer dia, hora, independente de idade, lugar; dar manobras inéditas de alto nível onde quisermos e imaginarmos. Inspiração sempre!” ari Bason, 45 anos “Do vídeo da Flip para este o nível aumentou muito, ele está mais criativo. A diferença é que a visão do Bob está expandindo toda a base que adquiriu no street e no vertical na aplicação na Mega. Ele está no melhor momento que qualquer skatista gostaria de estar. Atingiu total confiança no seu skate tendo total condição de transpor outras adrenalinas. Irado! Quanto ao hip, parece que ele está andando na ZN, abusando totalmente da sua criatividade. Pura diversão com um alto nível técnico e precisão. Acompanho a evolução do Bob desde pequeno e ele sempre foi assim, nunca desiste de superar os seus limites, se é que isso existe para ele. Para mim, é um monstro, uma lenda que mudou o skate e, o mais legal, o cara é brasileiro! Quebra tudo, Bob!”
Ollie to boardslide to fakie.
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video part // bob burnquist dreamland
Backside lipslide.
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uma manobra assim é quase que uma prece. Pra mim, manobra é uma expressão, é uma forma de justificar a minha existência, no caso.
Mega indy nosebone.
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evento // vdsd paris
Drop Dead representa no
Vans Downtown Showdown
Já foi a época que fazer um campeonato de game of skate era inovação. HoJe em dia, para criar alguma fórmula mágica de competição você tem que fritar os neurônios, como steve lutHer fez com o vans downtown sHowdown. tudo bem, o cara teve a ideia em 2005, o formato não é tão novo assim, mas é exatamente esse o ponto cHave. mesmo depois de alguns anos a fórmula do vans dtsd continua atual, pois ele se renova a cada ano, com obstáculos inusitados, skatistas de diferentes cantos do mundo e cenários de encHer os olHos. tudo começou e rolou por alguns anos na califórnia, nas ruas dos estúdios da universal. depois foi a vez da europa, em cidades como amsterdam e londres. neste ano de 2013 foram os franceses que receberem o campeonato, abrindo as portas do grande Halle, um espaço animal para eventos localizado dentro do parc de la villette, em paris, o maior parque público da cidade. coisa fina.
// TexTo e foTos marcelo mug
P
ra você entender melhor essa história de fórmula mágica, é preciso explicar como funciona a brincadeira do Vans Downtown. Tudo começa com as equipes convidadas. Um campeonato que premia não só os skatistas separadamente, mas também as equipes, formadas pelas 12 marcas convidadas, cada uma com dois pros e dois amadores. Quatro dessas marcas desenham um obstáculo especialmente para o campeonato, e todo ano cada marca tem uma ideia mais maluca que a outra. A sessão come solta com os times fazendo as jam sessions nos obstáculos durante um dia inteiro, valendo uma merrequinha de CINQUENTA MIL euros de premiação! Cerque tudo isso com uma estrutura de primeira, recheada com uma dezena de outras atrações, como exposições de fotos, artistas pintando ao vivo, wafles grátis, distribuição de brindes e até pintura de unhas. Sim, além da ideia ser boa ela é muito bem executada, com uma organização de primeiro mundo. Pedro, Rodolfo, Evandro.
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Khalid shibba
O fs grind premiado do Evandro Martins na Torre Eifell.
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evento // vdsd paris
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Luan foi o primeiro no obstรกculo da Palace. Flipรฃo.
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evento // vdsd paris
Yuri Fachinni, hurricane.
A melhor notícia dessa edição de 2013 foi que pela primeira vez uma equipe brasileira foi convidada a participar do campeonato. A Drop Dead recebeu o convite e levou um time de peso, com Rodolfo Ramos, Pedro Barros e Evandro Gringo. A pior notícia dessa edição de 2013 foi que o quarto integrante da equipe da Drop, nosso insano amigo Guilherme Trakinas descobriu que o seu passaporte estava vencido na hora de embarcar e ficou de fora de toda a festança. Yuri Fachini e Luan de Oliveira correram pela Blind e Flip respectivamente, reforçando a presença dos brasileiros. Para suprir a ausência de Traks, nada mais do que Chirs Pafner assumiu a vaga na equipe da Drop. Além desses monstrinhos, nomes como Louie Lopez, Tom Penny, Kevin Romar, Tj Rogers, Bem Nordberg, Nassim Guammaz e Josef Scott Jatta fizeram barba, cabelo e bigode nos obstáculos criados pelas equipes da Flip, Cliché, Element Europa e Palace. Era muita informação em um curto espaço de tempo. No final o saldo para os brasucas foi mais do que positivo. Luan, que andou como um louco desde de manhã, ficou em primeiro no obstáculo da Palace, em segundo no obstáculo da Cliché, foi consagrado como o melhor profissional do campeonato e ainda ficou em terceiro por equipes com a Flip, engordando alguns mil euros sua conta. O time da Drop chegou chutando a porta, terminando em quarto lugar entre as equipes, sendo que o Pedro ficou em primeiro no obstáculo da Element e Evandro Gringo levou a melhor manobra do champ com um frontside grind transfer cabuloso na réplica da Torre Eiffel. Yuri também garantiu o seu troco com o terceiro lugar no obstáculo da Palace. Martins, Pfaner, Barros, Ramos.
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Sempre à milhão, Pedro Barros, bs ollie.
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casa nova //
Fs smith no bowl de Madureira, Rio.
Arthur Santiago // Fotos Junior Lemos Ser skatista: É exemplo de superação. Quando não está andando de skate: Estou estudando. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: As marcas e lojas que não dão muito valor ao skate; também as pistas (algumas boas são privadas e outras foram demolidas). Skatista profissional em quem se espelha: Sérgio Negão. Skate atual: Shape Your Face, lixa John, rodas Type-S, eixos Bullet. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Som pra ouvir na sessão: TNT do AC/DC. Parceiros de rolê de skate: Lucas Coutinho ‘Playmobil’e Vitória Mendonça ‘Vitorinha’.
Melhor viagem: São Paulo. Melhor pico de rua: Praça XV. Melhor pista: Madureira. Sonha alcançar com o skate: Ser pro e conhecer os melhores picos do Brasil e do mundo. Aquele salve: Pra galera do meu bairro, Vila Aliança, galera de Madureira e a Recicle Skateboard, que mesmo com dificuldade sempre esteve no meu lado, na vida e nos campeonatos. // Arthur SAntiAgo 14 AnoS, 3 de SkAte nAturAl de SAlvAdor/BA, morA em BAngu/rJ Apoio: recicle SkAte
‘‘Skate and destroy.’’ 84 | TRIBO SKATE outubro/2013
casa nova //
Flip.
victor Bob // Fotos mauricio Pokemon Ser skatista: É tudo pra mim. Quando não está andando de skate: Estou descansando pra andar e às vezes em uma boa pescaria. O por que do apelido: Por causa do desenho animado “O fantástico mundo de Bob”. Skatista profissional brasileiro em quem se espelha: Luan de Oliveira. Skate atual: Shape e rodas Myllys, rolamentos Everlong e Liga Trucks. Som pra ouvir na sessão: Psy. Parceiros de rolê de skate: Rafael Fernando,
‘‘vai dar certo.’’ 86 | TRIBO SKATE outubro/2013
Alison Rosendo, Og de Souza, entre outros. Melhor viagem: São Bernardo do Campo. Melhor pico de rua: Marco Zero, Recife. Melhor pista: Rua da Aurora. Sonha alcançar com o skate: Tudo de bom e felicidade pra família. Aquele salve: Para a Aurora Crew e Família. // Victor de Mello BenteS 21 AnoS, 12 de SkAte recife, pe pAtrocínio: myllyS
casa nova //
iago carrasco // Fotos vinicius branca Ser skatista: É ter um estilo de vida diferente de qualquer outro. Quando não está andando de skate: dormindo ou me divertindo com os amigos. Skatista profissional brasileiro em quem se espelha: Luan Oliveira. Skate atual: Shape Kronik, rodas Bones, trucks Independent e rolamentos Reds. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Som pra ouvir na sessão: Bitch Don’t Kill My Vibe, Kendrick Lamar. Parceiros de rolê de skate: Matheus Carrasco, Leonardo Du, Gustavo Henrique, JP Oliveira, Pedro Menezes, Gabriel Fortunato e Adriano Lachovski. Melhor viagem: California. Melhor pico de rua: Puerto Madero, Argentina. Melhor pista: Stoner Plaza, California. Sonha alcançar com o skate: Me tornar profissional, conseguir me manter financeiramente só do skate, e acima de tudo ser feliz! Aquele salve: Queria agradecer a Deus; minha família por todo apoio; meus amigos por todas as sessões; Paulo Nobre pelo suporte e também agradecer o Sidney (Simão) por toda a ajuda na California. Skate por amor! // iAgo cArrASco de SouzA 17 AnoS, 12 de SkAte São JoSé doS cAmpoS/Sp pAtrocínio: Sk8Shop
Hardflip.
‘‘Ande de skate por amor’’ 88 | TRIBO SKATE outubro/2013
casa nova //
Fs noseslide.
vinicius moskão // Fotos João brinhosa Ser skatista: É ter amor pela arte. Quando não está andando de skate: Estou lendo, ouvindo som ou trocando ideia com alguém. O porquê do apelido: É uma longa história de colégio. Skatista profissional brasileiro em quem se espelha: JP Dantas. Skate atual: Shape Blvd, rodas Hagil, trucks Independent 139, rolamentos Red Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: The Hundreds. Som pra ouvir na sessão: Tim Maia, Racional Culture.
Parceiros de rolê de skate: Guzão, Lobão, Pablinho e Marcelo. Melhor viagem: Porto Alegre. Melhor pico de rua: Galpão Havan. Melhor pista: PC3. Sonha alcançar com o skate: A satisfação de andar e conhecer coisas novas, sempre pelo skate. Aquele salve: Pros meus parceiros de rolê e a todos os que fazem o skate acontecer em Floripa. // ViniciuS dA gAMA 19 AnoS, 5 de SkAte floriAnópoliS/Sc
‘‘Andar por andar e assim nunca parar.’’ 90 | TRIBO SKATE outubro/2013
hot stuff // outubro
//AlfA
Algumas das estampas da série ‘Look Girl Collection’, camisetas da coleção Verão 2014 Alfa Skateboards. Produzida com o que há de mais moderno em tecnologia têxtil, a coleção também conta com calças, bermudas, regatas, bonés e meias, além da já tradicional linha de acessórios para skate. (48) 9601-3459 / alfaskateboards@hotmail.com
// Woodlight
Comemorando o tricampeonato mundial em 2013 e o retorno do profissional à marca, a Woodlight lança o pro model de Kelvin Hoefler, que já está nas principais skateshops de todo o Brasil. (19) 3841-2953 / woodlight.com.br
// BoulevArd
A série ‘Golden Age Mixtape’ da Boulevard é uma homenagem aos grupos de rap que fizeram parte das sessões de muitos skatistas nos anos 90. Basta conferir os gráficos da série para entender o que estamos dizendo! facebook.com/boulevard.brasil
92 | TRIBO SKATE outubro/2013
// Anti-hero, KrooKed e reAl
Skate montado em quatro tamanhos e duas opções de desenhos pra cada marca. Qualidade superior das peças, atestada pelos skatistas da Deluxe e o melhor de tudo: aquele preço imbatível. São essas algumas das várias opções da Plimax para presentear com um skate exclusivo nas comemorações de final de ano. (11) 3251-0633 / edgar@plimax.com
// BlincA SKAte
De skatista para skatista, a marca catarinense lança calça pro model do Paulo Galera, peça desenvolvida e testada pelo profissional que resultou em um produto no melhor estilo original skate de rua. (48) 3443-9408 / facebook.com/blinca.skatecrew.9
// orig
Em respeito às raízes e comemorando 6 meses de iniciativa, a Orig lança série de camisetas que estão à venda na loja virtual. São duas opções de silk: selo e com o slogam, também em duas opções de cores, azul e cinza. Garanta a sua, são peças exclusivas! (71) 3482-0148 / origskateshop.com
2013/outubro TRIBO SKATE | 93
áudio //
Dead Fish X Zander Mauricio Santana
Essas duas bandas dispEnsam aprEsEntaçõEs. após anos dE tEntativas, finalmEntE consEguiram lançar o primEiro compacto split juntos, com uma música inédita dE cada banda. sabEndo da intimidadE gErada por anos dE Estrada EntrE os intEgrantEs, botamos rodrigo lima E bil ZandEr cara a cara, um EntrEvistando o outro. o rEsultado são boas histórias quE você podE confErir a sEguir.
Bil. // RoDRigo peRgunta, bil ResponDe ZanDeR Te conheci um garoto ainda do meio pro fim da adolescência. Desde sempre te achei um músico talentoso e uma pessoa original e inteligente. Ao contrário de mim teve várias bandas e experiências musicais no decorrer dos anos. O que pode contar sobre isso? Como foi esta trajetória? Erros, acertos, aprendizados e arrependimentos? Comecei muito cedo. Antes mesmo de aprender a tocar qualquer coisa, já tinha uma banda na quinta série do colégio com colegas de classe. Cada um escolhendo seu instrumento ou ficando com o que tinha sobrado (risos). Para tristeza da minha avó acabei ficando com a bateria e fazendo muito barulho em panelas e latas dentro de casa, até ela me comprar uma bateria achando que eu iria incomodar menos. Começamos como Doctor Crazy, tocando covers e arriscando algumas músicas próprias e, mais pra frente, com algumas mudanças de formação, evoluímos para o Noção de Nada, banda com a qual fiz meus primeiros shows em festas de colégios, gravei minhas primeiras demos e investi muito amor, dedicação e tempo, o que me levou mais à frente a conhecer vários lugares e pessoas pelo Brasil todo, me identificar e me adaptar ao meio independente do “faça você mesmo”,
94 | TRIBO SKATE outubro/2013
gravar meus primeiros discos e fazer história no rock/ hardcore/independente brasileiro. Tenho muito orgulho disso. Mas sempre gostei mesmo foi de compor, muito mais que tocar bateria, e também sempre quis tocar guitarra e cantar; então fui arranhando outros projetos. Alguns ficaram pelo caminho e outros trilharam uma história, como Discoteque e Deluxe Trio. Mais à frente, quando não foi mais possível dividir e harmonizar meus sentimentos, objetivos, ideias e ideais musicais e pessoais com outras pessoas que tinham outras vontades e objetivos de vida, resolvi reunir as pessoas com quem tive mais afinidade ao longo de todo esse trajeto e sintetizar tudo numa coisa só, o que acabou dando origem ao Zander. Se for possível, quero colocar tudo o que sair de mim musicalmente e emotivamente pra fora e dividir de forma colaborativa e sempre prazerosa com outras pessoas que eu admire e estejam tão envolvidas e interessadas em produzir e dividir uma ideia, uma música, uma sala de ensaio, uma mesa de bar, um quarto de hotel ou um palco comigo. Acho que meu maior erro foi insistir em assuntos que já estavam encerrados me causando perda de tempo e desgaste pessoal e emocional e o meu maior acerto foi nunca ter tido medo de partir pra outra e começar de novo quantas vezes foram necessárias. Você, é nascido mineiro sô, mas é definitivamente um carioca de alma e coração. Sei que o Rio hoje é uma grife meio ridícula e cara para todos que vivem aí. Me diga o que pensa da situação dos protestos e as atitudes do Sérgio Cabral e se isso influencia sua produção? Acho que não tem mais jeito. O tempo acabou e a bomba explodiu. Independente de movimentos e bandeiras, estão todos exaustos e inconformados com tudo o que vem acontecendo já faz muito tempo bem de baixo de nossos olhos cansados de tantas lágrimas e injustiças. O Rio é a cidade mais linda e mais incrível que eu já tive a oportunidade de conhecer, não trocaria por nenhuma outra se as coisas funcionassem aqui como funcionam em outros lugares. Seria realmente o melhor lugar do mundo. Mas como você disse, as coisas não são bem assim e a cidade está completamente comprometida pra ser vitrine pra “gringo” ver e, pra quem mora aqui, literalmente que se foda. Acho que não tem outro jeito mesmo, tem que partir pra defesa, tem que reclamar
Por hElinho suZuki
e tem que se fazer ser ouvido do jeito que for preciso. Muitas coisas eu não concordo de todos os lados, tem muita filha da putagem rolando em todos os nichos e fica muito difícil mesmo tomar partido. Mas por outro lado é impossível ser imparcial e meu sentimento de desgosto pelas autoridades que supostamente deveriam nos proteger e cuidar de nós e daqueles que realmente precisam, mas sempre nos ignoraram, roubaram, desrespeitaram e agora nos tratam como se nós fossemos os inimigos é tão grande, que não tem como no mínimo compreender até mesmo as manifestações mais agressivas e radicais. Eu acho que minha produção é afetada por tudo que acontece e por tudo o que eu sinto, logo, um acontecimento que não tem como passar batido por mim, com certeza estará presente de alguma forma nas coisas que eu faço e produzo. Porém não acredito nem confio em nenhum tipo de liderança até agora. Continuo me decepcionando muito com tudo em algum momento. Acho que a revolução precisa ser antes de tudo pessoal e, coincidentemente ou não, minha vida vem sofrendo uma mudança de atitudes, pensamentos e direcionamentos gigantesca nos últimos meses e vejo isso de uma forma muito positiva não só para mim, mas para o momento atual. Espero que mais pessoas estejam mudando principalmente a si mesmas antes de mais nada pra melhor e, aí sim, daí pra frente não só destruir o que nos humilha, agride e desrespeita, mas também construir algo novo, mais bonito, transparente e muito mais justo e melhor. Não levanto bandeira nenhuma e o Sérgio Cabral vai ter o que merece, mais tarde do que merece, porém mais cedo do que ele possa imaginar. Isso eu tenho certeza. Estou orgulhoso de dividir um vinil com tua banda e contigo. Tu achas que a cultura do vinil volta com força ou será mais um nicho? Pô, nem fala! Dividir qualquer coisa com o Dead Fish é uma honra e um prazer sem limites. Mais do que orgulho! Parceria antiga a nossa! Já fizemos muita coisa juntos e essa ideia do split já vem de longa data, desde os tempos do Ndnada. Fico muito feliz também de ter realizado mais esse sonho, antes tarde do que nunca! Confesso que não sou adepto da cultura do vinil ainda, mas esse split foi a gota d’água para eu finalmente tentar me organizar pra comprar minha vitrolinha. Ainda adoro
// bil peRgunta, RoDRigo ResponDe DeaD Fish Desde um tempo a gente vem tentando fazer esse split e me lembro que um dos motivos de não ter rolado antes, era por conta de vocês estarem guardando músicas prum disco novo. Como está o andamento disso? Algo previsto? Já existem de fato músicas prontas e algum plano? Tem sido bem frustrante tentar este álbum novo, principalmente pra mim que sempre chegava atrasado com
as letras e as melodias de tudo. Há dois anos já tinha um álbum escrito, mas não é assim que as coisas funcionam com o Dead DIFÍCILsh. Rola toda uma parada de ter um momento, um clima bom pra fazer tudo, e isso com o Nego (Aly) morando no ES e todo mundo focado em coisas paralelas, complica a situação. Temos muitos sons prontos e em via de ficarem, mas ainda precisamos estar juntos, todos, dentro de um estúdio e fazermos. O lance de mandar música por arquivo e cada um fazer em casa seu dever foi tentado, mas internamente sempre é frustrante; parece anacrônico da nossa parte, mas precisamos tocar as coisas antes de gravar à vera. Precisamos olhar um pro outro e gostarmos do que está sendo produzido; não fazemos nada que 100% dos integrantes não queiram, e como nos encontramos menos do que eu gostaria fica esta punheta com a mão esquerda pra fazer este álbum... Pra você ter uma ideia, já conversamos umas mil vezes sobre como queremos o álbum e tudo mais, mas olhando aqui o que já escrevi, nem sei se quero mais que sejam estas letras, hahaha, já se passaram dois anos... Mas, ok: tenho certeza que quando rolar ficaremos orgulhosos. Dead Fish está há 20 anos na estrada e já é sem dúvida a maior referência do que é ser e ter uma banda independente no Brasil com um público sempre presente e fiel lotando qualquer canto onde vocês toquem. É triste e óbvio que a grana não compensa, então, o que vocês acham que ainda motiva vocês de verdade a continuar firmes e fortes na ativa com tantas responsabilidades nas costas, que vão se somando ao longo de todos esses anos? Existe ainda algum objetivo que vocês pretendem alcançar com a banda além de tudo o que já conquistaram e fizeram? Cara, a gente é safado, vagabundo e relapso o bastante pra gostarmos do que fazemos; parece ser simples assim, mas pra que a gente mantenha isso todo o tempo temos que esquecer um monte de regras de um cidadão comum médio no Brasil. Estar numa banda aos 40, ou quase isso, não é uma tarefa fácil porque a gente acaba vivendo muitas coisas repetidas, ainda mais num cenário de música independente brazuca, mas a gente chegou onde acho que poucos conseguiram chegar. Olhando pra trás, me sinto privilegiado de viver de música, o tipo de música que nunca abri mão aqui neste país. Sou orgulhoso de ver que abrimos um caminho que um monte de gente pode tentar ou ter como exemplo. Tenho uma estranha sensação de dever cumprido, mas mesmo assim ainda sinto vontade de estar na estrada, de entrar em tours, de conhecer gente maluca cheia de ideias boas, e tudo mais. Talvez isso. Tem acontecido coisas meio bizarras depois que arrumei um trabalho de 8 horas por dia e 5 dias na semana. Pra mim estar na estrada é como estar no escritório a grosso modo, só que o estagiário estes dias me perguntou se eu conheço x lugar do Brasil ou y. Eu disse que conheço o Brasil umas 20 vezes de norte a sul e o cara simplesmente pirou. Não entendeu nada, se eu não sou milionário, tentei explicar, mas ele entendeu pouco, sobre todo este lance da rede de conhecidos e clubes e selos e bandas que se fala no Brasil faz décadas. O cara, nunca tinha ouvido falar de DIY ou bandas independentes e ele mora em SP e sequer pisou no Rio na vida, não porque é pobre mas simplesmente porque não tem tempo pra nada. Eu nunca me pus nesta posição, sempre achei algo normal como água conhecer outros lugares, outras pessoas e outras formas de pensar por aí... Tem sido bizarro, mas é algo novo que também quero aprender, a ter uma rotina repetida e não deixar a paisagem virar uma coisa repetitiva todo dia, é um desafio. Quando resolvemos fundar um selo e cair com a banda na estrada, éramos uma molecada sonhadora maluca. Abandonei tudo pra estar com a banda e fazer o selo; tínhamos referências internas e externas mas nenhum mapa escrito pra ir pra tal ou qual caminho. Simplesmente fomos. Fomos arrogantes o bastante pra apostar na coisa, sem esperar muito de nada e de ninguém; tínhamos obviamente um cenário que nos dava base e apostamos tudo naquilo. Acho que fomos a banda que mais errou em 22 anos, mas também fomos a que mais colheu os frutos de se jogar de tão alto... Não tenho arrependimentos quanto a tudo isso. Chegamos onde deu pra chegar. Pagaremos um preço por termos sido tão folgados? Claro que sim, nunca tivemos a ilusão que não, mas deixamos uma experiência longa e até certo ponto bastante duradoura pra quem estiver disposto a estar contra todo o mundo da “normalidade” e
do “não tem jeito” que ainda é este país. Envelhecemos e agora é pagar o preço, sem reclamações cara, temos um legado e somos orgulhosos disso. Sei que você, Rodrigo, está trabalhando paralelamente à banda em outras coisas agora. Acho que é uma coisa que a maioria dos fãs não imagina que seja necessário não só financeiramente, mas também mental e espiritualmente exercer outras atividades além da banda. Você poderia falar um pouco sobre a importância disso pra você e também em relação aos outros caras da banda, se também estão na correria por fora e o que fazem e pensam sobre isso? Eu sempre foquei todo tempo em estar numa banda, mas não deixei de estudar nem de pensar em milhões de outras coisas, nem todas relacionadas ao meio da música. Mas como estou envolvido há décadas nisso, sinto que buscar coisas no meio seja mais fácil. Estou advogando com um amigo que me deu esta oportunidade, mas mesmo estando num escritório penso em música, em política e em DIY. Estou indo pra algum lugar que tenho certeza que que no fim vou dar no velho caminho da música e do punk rock... Os outros caras têm sempre algo paralelo pra fazer. O Phil produz; o Marco tem o Ação Direta antes de estar conosco e foca muito neles também; o Aly sempre tem uns projetos que não sei muito bem, ele está vivendo no ES e gosta de estar perto dos filhos. Enfim, no fim das contas, nosso meio não se restringe somente a estar no palco e entretenimento; é um mundo super amplo, uma universidade. Existem muitos caminhos ainda para desbravarmos. Aprender sobre tudo enriquece e nos torna menos vulneráveis a esta milonga bunda mole do mainstream. Baseado em toda a sua experiência ao longo de todos esses anos lidando com todos os tipos de pessoas, lugares e situações na correria da estrada, quais você acha que são os maiores erros e acertos que você poderia citar olhando pra trás na carreira do Dead Fish que poderiam servir de exemplo para bandas que se espelham e veem em vocês a maior vitória de todas em relação a ter, ser e viver uma banda de roque pauleira no Brasil? Como te disse, talvez tenhamos sido a banda que mais errou em 22 anos; muitos erros, mas pouco arrependimento. Sempre tivemos algo em mente, nunca abrir mão daquilo que amávamos fazer; foi basicamente isso e aí o tempo passou. Fomos atrás de viver da música e do que falamos, muitas contradições e infinitos paradoxos, mas se eu for olhar por cima do ombro me sinto orgulhoso de tudo que fizemos. Acho que podemos servir de mapa pra algo ou alguém que queira seguir um caminho próprio no meio da música brazuca; mas de exemplo não - os tempos são outros, a molecada tem muito mais informação e, ao meu ver, muito menos culhão que nós tivemos, mas ok, acho que muita gente por aí pode fazer diferente e deixar um bom legado, se divertir e, quem sabe, fazer uma grana e viver da coisa toda. Quando vocês me darão a honra de virem gravar algo no Superfuzz? Isso é um convite? Pois, convite aceito! Hahaha... Te prepara que os super chatos velhos estão chegando no Superfuzz. Saudade sempre, dodói! split Dead Fish X Zander: www.heartsbleedblue.com/ www. spidermerch.com.br
Mauricio Santana
CDs e espero que eles não acabem, mas não sei se o vinil vai ter essa força toda que todos esperam. Acho que a música como “consumo” se perdeu mesmo com o MP3. É uma questão cultural, de gerações. Não sei como fazer um moleque que cresceu baixando e escutando música de graça no computador entender “por que diabos ele vai pagar por algo que ele pode e sempre teve de graça”, entende? É muito triste pra gente que viveu essa cultura e até por um breve momento sobreviveu dela, vê-la ir embora. Mas acho bem improvável que o mercado do vinil se sustente por muito tempo, sendo que é mais caro do que o CD que já não vende mais por ser caro. Acho que é uma coisa de moda mesmo, infelizmente. E não tenho como concordar que o MP3 seja crime, pois eu estaria sendo hipócrita e elitista. Então como compositor e amante da música, o que eu mais quero é que todos possam ter acesso e que os que tiverem consciência e um trocado no bolso, prezem não só pelo meio artístico independente (onde um CD que saiu do bolso da própria banda e custou no mínimo uns 8 mil reais para ser feito, não é vendido por mais de R$ 25), mas também pela qualidade, pois detesto mesmo a qualidade do MP3. A cariocaland é uma guerra de classes meio peculiar, com mais integração tanto pacífica quanto violenta entre as partes.Tu és um expert que eu sei. Nos fala das diferenças do cenário de uma zona sul meio viúva de Dom Pedro e a zona norte/oeste meio guerra civil canibal? Teremos um cenário carioca brutal de novo, como nos 80 e 90? (O samba não está incluso nesta pergunta - patrocínio da Globo não vale.) Com o Noção a gente começou tocando em festas de escolas na zona sul (onde a gente cresceu e sempre morou) e nos sentíamos seguros e confortáveis. Mas logo conhecemos e nos juntamos com a galera da banda Uzomi (que está na ativa até hoje, inclusive gravando um disco foda comigo no estúdio Superfuzz) e com eles começamos a tocar nos subúrbios e regiões mais afastadas, andamos de trem pela primeira vez, dormimos em praças públicas e conhecemos bandas, lugares e pessoas maravilhosas que nunca teríamos conhecido de outra forma. Passamos muitos momentos de perrengues e apertos. Na época existia uma richa muito grande de funkeiros com roqueiros e muitas vezes fugimos de confusões, tivemos que descer do busão no meio do nada com instrumentos caros nas mãos e passamos por inúmeras furadas, porém, dentro do universo roquenrou, nunca sofremos nenhum tipo de preconceito por ser de outra área nem deixamos de nos sentir à vontade ou de sermos nós mesmo em cima ou embaixo do palco; sempre foi tudo igual e isso é uma coisa que eu acho incrível de ter podido viver. Já na zona sul eu vi muitas vezes o contrário acontecer e fico muito triste, mas feliz de não ter feito parte disso nunca e de ter me envolvido com pessoas que me ensinaram tanto e que eu admiro até hoje, tendo tido a oportunidade de ampliar o meu conhecimento e moldar o meu caráter totalmente fora das escolas e universidades particulares em que eu estudei e sim nas rodovias, praças, buracos e espaços improvisados totalmente fora de tudo que se poderia esperar para que se pudesse simplesmente tocar e escutar rock feito por pessoas apaixonadas que nunca esperaram nada além da realização pessoal em troca. Acho que já existe sim um cenário brutal e muito melhor e mais estruturado do que nos anos 80/90. Igual nunca será e que bom, porque quem vive de passado é museu! Sempre pra frente! Você é inquieto para ter só um estúdio e uma banda. Algum projeto novo? Estou com uma banda nova chamada Barizon, na qual não canto, toco apenas guitarra base. É um som mais pesado e diferente de tudo que já fiz. Algo que sempre tive vontade e nunca tinha posto em prática. Além disso, estou me preparando para o meu maior e mais importante e almejado projeto de todos: ser pai o mais breve possível!
Rodrigo.
2013/outubro TRIBO SKATE | 95
Campo Grande: solo sagrado
René JunioR
skateboarding militant // por guto jimenez*
N
o último mês de setembro, a legendária pista de skate de Campo Grande, no Rio, completou longos 35 anos de ótimos serviços prestados à comunidade de skatistas de todo o Brasil. Infelizmente, num país sem memória e sem respeito ao passado como o Brasil, a data acabou passando em branco; não houve bolo, festa, session e nenhum minuto na tevê. Somente os muitos que lá puderam gastar rodas, eixos e decks lembraram-se da data e abriram uma cerveja em homenagem a esse verdadeiro solo sagrado do skate nacional. A pista em si já nasceu histórica. Explico: em 1978, ainda vivíamos sob a ditadura militar, censura e perseguições aos que “ousavam” pensar de maneira diferente daquela pregada pelo governo. Com a polícia, então, não havia a menor chance de diálogo, e estávamos em plena era do “atira primeiro e pergunta depois”... Tempos duros e horríveis, que nunca mais voltarão. Mesmo assim, a molecada presente naquele feriado da Independência conseguiu amolecer os “homi” e andar na pista antes mesmo dela ser inaugurada oficialmente. Praqueles tempos de zero liberdade de expressão, isso já era uma transgressão e tanto, acredite você. O melhor viria na hora dos discursos, quando o então prefeito do Rio engatou aquele blablablá típico de solenidades oficiais. Não se sabe como, pedaços da grama recém-plantados começaram a voar de um lado pra outro do halfpipe, e a tal “guerra de grama” foi comentada durante muitos e muitos anos. Chame de molecagem, rebeldia ou o nome que quiser; parecia até que seria um sinal dos anos que viriam em seguida. O skate “morreu” em 1980, mas a pista já estava lá a nos esperar. Não que fizesse muita diferença, pois muitas vezes os raros skatistas que ainda existiam tinham de esperar a pelada terminar no banks – e, num final de semana no meio do ano, chegamos ao pico pra darmos de cara com uma animada festa junina armada no mesmo local da pista... Punk!
Nilo Peçanha, dias de hoje, ss fs grind.
Sim, o punk rock carioca também nasceu nessa pista de skate. Foi dali que saiu a primeira banda do gênero em todo o Rio, Coquetel Molotov, que contava com o campeão de vert Jorge Luiz “Tatu” (in memoriam) nos vocais, o streeteiro Olmar “Marreco” no baixo e o freestyler Lúcio Flávio na bateria. O único não-skatista era justamente o único que sabia tocar algum instrumento, o guitarrista César “Nine”, e isso não fazia a menor diferença pros outros punks que fizeram da pista o seu point. Gente como o tiozinho aqui, e mais Ayrton “Cavalo”, Alexandre “Magrinho”, Marcos “Boy”, Miltão (o jornalista Tom Leão) e seu irmão “Garapa”, Roberto “Vampiro” e inúmeros outros. Ainda em relação ao Tatu, inúmeras histórias sempre cercaram essa figuraça ímpar e histórica do skate nacional, como quando andou de skate pelado (de capacete, joelheira e cotoveleira) pra ganhar uma aposta de cervejas, ou quando fugiu de um pai descontrolado que tentou perseguí-lo com machado pra acertar as contas de uns cascudos dados no filho... Acima da atitude, Tatu dominava o pico como pouquíssimos outros; pra falar a verdade, só vi dois caras andando melhor do que ele ali – Álvaro Porquê e Christian Hosoi. Vi tanta gente boa andando ali que daria pra escrever um livro: os gêmeos Oscar e Osmar Lattuca e suas linhas repletas de manobras; Marcelo Neiva e seus gigantescos rock slides; Roberto Ho-Ho saindo da transição, mandando layback aéreo na grade e voltando; Luís Come-Rato gastando um par de eixos a cada duas semanas, tantos
APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.
96 | TRIBO SKATE outubro/2013
e tamanhos eram os grinds que executava; Alexandre Calmon e os loooongos boardslides na curva do banks; a saudável “competição” musical entre os carros do Cesinha Chaves e do Jaime “Caxias”; os paulistas Sérgio Negão, George Rotatóri e Jorge Kuge, que pintavam tanto por ali que pareciam até locais... Memórias não faltam, como nunca faltaram os sacolés vendidos por cima do muro da casa da Márcia ou as jarras de suco que a gentil Dona Luci servia aos incontáveis amigos dos filhos que só sabiam parar de andar quando já era noite. Há pouco tempo, os olhos nostálgicos ficaram esperançosos quando uma reforma da pista foi anunciada; pensávamos que, finalmente, a pista poderia voltar a ser usada como o era nos anos 80. Ledo engano; talvez por falta de acompanhamento especializado ou por barbeiragem mesmo, a tal “nova camada” deixou o concreto mais áspero do que já estava e acabou por inviabilizar o rolê na pista. Isso, e mais os novos projetos de construção de pistas pela cidade, davam a impressão de que essa história estaria sepultada pra sempre. Mas é como se diz por aí, “onde há vida, há esperança”. Há novos planos de se fazer uma reforma decente, com monitoramento profissional e gabaritado, e parece que os planos estão avançando a passos seguros. Nada mais justo pra um lugar que sempre esteve ali nos anos difíceis: fazer parte desse cenário atual, o mais diversificado e popular de toda a história do skate brazuca. Campo Grande is not dead!
// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > AmAzonAs - Manaus Sagaz Skate Shop Rua Ferreira Pena, 120, Centro (92) 3233-2588
Drop Dead Travessa da Lapa, 231, Centro
> BAhiA - Salvador Zeroseteum Skate Shop Avenida Jorge Amado, 208, loja 5, Arabela Center, Boca Rio (71) 4101-7883
- Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja1, Centro (42) 3623-6818
> Distrito FeDerAl - Brasília Freestyle Skate Shop SDS Bloco “E”, loja 8, Conic Asa Sul (61) 3322-9990 > GoiÁs - Anápolis Roots Skate Shop Rua Leopoldo de Bulhões, 166 (62) 9373-8559 > minAs GerAis - Belo Horizonte Paranoids Skate Shop Av. dos Andradas, 367 - loja 268C (31) 4103-4648
THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 227 (41) 9933-2865
- Irati Skate Shop Irati Travessa Frei Jaime, 43, Centro (42) 3423-3989 > rio De JAneiro - Nilópolis Atos Skate Shop Rua Comendador Rodrigues Alves, nº 855 , Olinda - Paraty UnderHouse Avenida Roberto Silveira, 110, loja 3 - Rio de Janeiro Carma Skate Shop Rua Marques de Abrantes, 64, loja 4, Flamengo
- Contagem Skateboardhouse Shop Rua Tiradentes, 2136, Bairro Industrial (31) 3361-4029
2012 Skate House Est. Água Grande, 399/ loja 20 Shop. Moda Ideal, Irajá (21) 9115-3242
- Juiz de Fora Tribo do Skate R: Marechal Deodoro, 450 - loja 35 (32) 3211-5146
> rio GrAnDe Do sul - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072
- Passos Cave Skate Shop Rua Dep. Lourenço de Andrade, 09, Centro (35) 3521-0909 - Poços de Caldas Giro Livre Skateshop Rua Santa Catarina, 79 - loja 02, Centro (35) 3721-3326 > mAto Grosso Do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504 > PArAnÁ - Curitiba
Matriz (Walling) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083 > sAntA CAtArinA - Criciúma Backdoor Skate Surf Rua Henrique Lage, 210, Centro (48) 3437-7988
- Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 - Tubarão Tênis e Cia Av. Marcolino Martins Cabral, 1301 - sala 01, Centro (48) 3626-9985 > são PAulo - Artur Nogueira Tateno Skate Shop Rua Ademar de Barros, 839, Centro (19) 8178-0172
(19) 3704-4852 - Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Shop Rua Sargento Oswaldo Aviador Fernandes, 36, Centro (19) 3019-6950 - Ribeirão Preto Switch Skate Shop Rua Marcondes Salgado, 580, Centro (16) 3235-6867 - Santos Evolution Skate Shop Avenida Floriano Peixoto, 44, loja 69, Gonzaga (13) 3289-1444
- Barra Bonita Office Street Rua Prudente de Morais, 852, Centro (14) 3641-0511
- São José dos Campos Surf Track Av. José Munia, loja 195 - Piso 1, Jardim Redentor (17) 3355-0313
- Bauru Arsenal Skate Shop Rua Virgilio Malta, 8014, Centro (14) 3227-9633
- São Paulo Bless Skateshop Rua Turiassu, 603
- Birigui Root Skate Company Rua Bahia, 1183, Jardim São Braz (18) 99712-7258 - Bragança Paulista Sandro Dias Skate Shop Rua Dr. Candido Rodrigues, 70, Centro (11) 4033-3367 - Campinas CT Culture Avenida Abolição, 161, PontePreta (19) 3579-1012 - Campo Limpo Paulista C-Vida Skate Shop Rua Nossa Senhora do Rosário, 176, Centro (11) 4039-1412 - Franca Oka Bambu Rua Tiradentes, 1577, Centro (16) 3026-8128
- Florianópolis Curva de Hill Rua Laurindo Januário da Silveira, 5555
- Guarulhos Christ Board Shop Av. Rosa Molina Pannocchia, 331, loja 122, piso 1, Shop. Pátio Guarulhos, Jardim Valéria (11) 2456-4924
Pousada Hi Adventure Rua Sotero José de Farias, 610, Rio Tavares
- Limeira Delfa Skate Shop Largo da Boa Morte, 34, Centro
DaHora Skate Shop Rua 24 de Maio, 57, loja 18, Centro (11) 2745-6013 Flow Skate Board Av. São João, 235, loja 233, Centro (11) 3338-1441 Red Beach Avenida Júlio Buono, 2070, Vila Medeiros Mirra Rua 24 de maio, 36, loja 6, Centro (11) 3337-7365 Toobsland Rua Cerro Corá, 631, Alto de Pinheiros Wollong Rua Cajaiba, 1029, Pompeia (11) 2503-7212 - Santo André Ratus Skate Shop Rua Dona Elisa Flaquer, 286, Centro (11) 4990-5163 Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja! Envie-nos email triboskate@triboskate.com.br
2013/setembro TRIBO SKATE | 97
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