Tribo Skate Edição 218

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Felipe NagaNo * Vitor Sagaz * rob goNzalez * MagüerbeS

Ari BAson

reVolução aoS 45

Kelvin Hoefler triturador de objetiVoS

lucAs rABelo largada para o Futuro

Drop DeAD sKAte pro reD Bull vert evolution

Karen Jonz, ss heelflip Ano 23 • 2013 • # 218 • r$ 9,90

+ MaNauS pro * Swell * guará * braSília www.triboskate.com.br










índice // dezembro 2013 // edição 218

especiais> 36. drop dead skate pro: A voltA dA trAdição 40. entrevista amador: lucAs rAbelo - 15 Anos 50. entrevista profissional: Kelvin Hoefler - 20 Anos 64. entrevista legend: Ari bAson - 45 Anos 76. red bull vert evolution: nos brAços do povo seções>

editoriAl ..................................................................................................12 ZAp ................................................................................................................18 cAsA novA ...............................................................................................80 Hot stuff .................................................................................................88 Áudio (MAguerbes).............................................................................90 sKAteboArding MilitAnt ...............................................................94 Jpg + Mov ..................................................................................................96 Capa: a arquiteta Tomie Ohtake acaba de fazer 100 anos e está em plena produção artística. Uma de suas esculturas/monumentos já foi capa da Tribo Skate, com o Gui Okamoto em frente ao aeroporto de Guarulhos - em foto de Marcelo Mug. Desta vez, a bomba vem nos pés de Karen Jonz, isso mesmo, a atual tricampeã de skate vertical profissional. para finalizar em poucas tentativas seu switch heelflip e atingir este momento de rara beleza, ela precisou negociar com a prefeitura de Santo andré, cidade onde cresceu. Heverton Ribeiro estava lá, pra garantir o registro do espetáculo. Foto: Heverton Ribeiro ÍnDiCe: para instigar o verão, mais uma foto da série “monumentos skatáveis”. O fotógrafo Renato Riani seguiu com o Bruno arruda por vários picos do litoral paulista. em Bertioga, os caras fizeram a Baleia e este cano doido. a Baleia, você pode ver em nota mais à frente nesta edição, no Zap. aqui, Bruno deixou seu frontside bluntslide transfer falar bem alto, subindo o cano ao máximo! Foto: Renato Riani

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editorial //

Escolhas diFícEis, mElhorEs rEsultados Por Cesar Gyrão // Foto Flavio Gomes

Q

uantas vezes questionamos neste espaço o papel de um veículo de comunicação imprescindível? Aquele que determina caminhos, que forma cabeças, que orienta, que discute, que promove a união, que polemiza, que celebra, que contextualiza, que reflete as principais correntes do universo que se propõe a retratar? Numa época em que todos podem se manifestar publicamente nas redes sociais, em blogs e portais abertos, criar conteúdo relevante, com propriedade é a missão das revistas especializadas. É um exercício constante de muito estudo de caso, de escolhas, de amarrações, de filtrar uma enormidade de sugestões e casos que merecem atenção, que transformam vidas, que impõem respeito. Na última edição de 2013 temos ótimos resultados, diante das escolhas que fizemos. O garoto Lucas Rabelo é de Fortaleza, mas foi adotado pela galera da Matriz, de Porto Alegre. Isso mesmo, ele é tão sinistro no domínio do skate técnico que alguns dos mais conceituados skatistas do país estão apostando nele. Seus vídeos já estão bombando, há alguns meses. Por outro lado, depois de três títulos de campeão mundial e dois de campeão brasileiro de street profissional, Kelvin Hoefler finalmente tem sua primeira entrevista na Tribo Skate. Embalado ao máximo com suas conquistas no esporte e na vida pessoal, Kelvin não se atém a campeonatos e sua produção nos picos mais cascas da Califórnia ou na Europa sempre superam as expectativas. Tem forte determinação e uma frieza atroz quando encara grandes desafios. A terceira entrevista desta edição é com um personagem com vários marcos cravados na história do nosso skate, da cultura brasileira do carrinho. Ari Bason foi capa do primeiro livro de nosso segmento, o A Onda Dura. Por ser muito próximo dos editores (eu e Bolota), ficou ainda mais difícil investir na sua escolha para uma edição, com o risco de parecer favorecimento a um amigo. No entanto, agora entendo que deixamos passar muito tempo para fazer esta sua nova entrevista (ele teve outras, como a da edição 20, no distante ano de 1996). Aos 45, Ari tem muito skate no pé! Parece estar melhor do que nunca, numa época em que suas responsabilidades são cada vez maiores, para administrar uma série de atividades. As frações do restante da edição são igualmente bem cuidadas. E muitos estão apoiando totalmente o valor que damos às ações profissionais do mercado, levantando bandeiras que fizeram o skate brasileiro ser forte e consistente. A autêntica cultura brasileira, que transforma, que merece respeito.

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A experiência acumulada tem feito muito bem a Ari Bason. Fs feeble to fakie, no quintal do Mureta. SP/SP.



ANo 23 • DEzEMBRo DE 2013 • NÚMERo 218

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Guto Jimenez, Helinho Suzuki, Julio Detefon, Petrônio Vilela. Fotos: Ana Paula Negrão, Daniel Souza, Felipe Puerta, Fernando Frewka, Flavio Gomes, Heverton Ribeiro, Julio Detefon, Kyle Camarillo, Pablo Vaz, Paulo Tavares, Pedro Macedo, Petrônio Vilela, Renato Riani, Roger Tilskater e Vinicius Branca.

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial:Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Cibele Alves (cibele@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





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Felipe NagaNo Todos esTão carecas de saber que a escola de skaTe de curiTiba é uma das melhores do brasil. um lugar que revelou TanTos e TanTos grandes nomes, que muiTas vezes a pergunTa “o que Tem na comida desTes caras?” é ineviTável. Felipe nagano é mais um skaTisTa proFissional da capiTal do paraná que bem poderia Figurar enTre os mais conhecidos, os mais admirados e seguidos por Todos os canTos do planeTa. no enTanTo, ele ganhou projeção e admiração mais no âmbiTo local, digamos regional. sempre Teve ToTal respeiTo de Todos que aTuaram no compeTiTivo cenário sul-brasileiro e, quando se Tornou proFissional e iria expandir mais seu nome no brasil, alguns evenTos da vida o aFasTaram dos holoFoTes, dos palcos principais. acidenTe de Trabalho, FalTa de campeonaTos proFissionais, mudança de cidade, insTabilidade com os paTrocinadores, Foram alguns desTes evenTos. mas nagano nunca deixou de produzir skaTe de alTo nível, mesmo encarando uma Faculdade de hoTelaria e depois a TransFerência para educação Física. isso para poder aplicar seus conhecimenTos adquiridos nos anos de skaTe em suas aulas, que envolvem projeTos especiais coleTivos e individuais, incluindo TreinamenTo de alTo rendimenTo. Felipe mora no bairro do alTo da xv, em curiTiba, com a mulher cheyenne e o Filho cauê. na FrenTe de sua casa, um bela mini ramp, que serve para a Família e suas aulas. (Gyrão)

Treinamento do Alex Carolino.

// Fotos julio deTeFon

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Com mini aluno. Cesar Gyrão

Quando você se tornou profissional, logo em seguida teve que se afastar um pouco do cenário do skate. O que realmente aconteceu? Logo que eu me tornei profissional, teve aquela crise que a Drop Dead passou e daí dispensaram vários pros e infelizmente eu estava nesse meio. Ao mesmo tempo, estava fazendo faculdade de Hotelaria em Floripa, a Qix também acabou cortando o suporte que eu tinha quando passei pra pro, então eu resolvi estudar. Por muitos anos você fez parte da equipe da Drop Dead, como amador e logo chegando a profissional. Como foi esta época? Quais foram os principais momentos? As tours, as demos, alguns campeonatos no Drop Dead Skatepark, o Circuito Paulista. Tudo isso, todas as amizades que eu fiz; acho que a maior coisa que o skate me deu, a maior riqueza, foram as amizades e esses momentos que eu vivi! Quanto tempo morou em Floripa? Você foi pra lá para surfar ou para estudar? Eu fui pra estudar! Na real eu tentei fazer um surf, mas sou muito prego e não consegui. Fiquei lá cinco anos. Por que trocou a faculdade de Hotelaria por Educação Física? Na verdade, como queria trabalhar com recreação eu via que a área de Educação Física dava um suporte muito maior, me abria um leque muito maior de oportunidades de trabalho do que a de Hotelaria, e a faculdade de Educação Física eu consegui conciliar com as atividades de skate. Seu filho Cauê já está com 11 anos e está andando direto. A família vai aumentar este ano. Qual é o envolvimento da sua família com o skate? Minha família sempre me apoiou, sempre me deu muita força: minha mãe, meu pai. Agora minha esposa está grávida, já tenho o Cauê de 11 anos, e a Cheyenne está esperando mais um bebê que a gente ainda não sabe o sexo. Estou aí, feliz da vida. Tenho uma minirrampa em casa e o bebê já vai nascer andando! E como é ser formado em Educação Física e ser skatista profissional? Além de trabalhar como personal trainner, também atuo como pro-

Felipe, Cauê, Cheyenne.


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Fluido no quintal de casa: hardplip to fakie.

fessor de skate. Trabalho em alguns eventos, como o Brasil Skate Camp, e também como juiz em alguns campeonatos. Mas o foco também se tornou a minha escolinha de skate. Tenho dentro de casa uma mini ramp de madeira pra ensinar a molecada. E também faço o trabalho de personal trainner específico para o skate. Explica um pouco pra gente sobre esse trabalho. O Alex Carolino está sendo treinado por você, é isso mesmo? Perfeitamente! Na verdade eu e o Alex desenvolvemos alguns exercícios, na metodologia do erro e acerto mesmo. Fui vendo o que dava certo, o que não dava pra tentar priorizar os grupos musculares que a gente usa no skate. Fortalecendo esses grupos musculares, a gente tem um desenvolvimento físico melhor. Consequentemente a técnica vai ficar mais apurada. Vai ficar mais fácil do cara andar e ele se recupera mais rápido porque fica fortalecido onde realmente precisa. Fez alguma pausa do skate durante o tempo de faculdade? Eu nunca parei de andar de skate, desde o dia que em que comecei! Foi

uma parada que me contagiou, entrou no sangue mesmo. Tenho o skate na veia, nunca deixei de andar, independente de patrocínio ou colocação de campeonato. Quem me conhece sabe, fiquei no máximo três meses sem andar mas foi por uma contusão que tive no braço, quando eu quebrei no Circuito Paulista e foi só isso. Tanto que uma semana depois estava ganhando campeonato. Skate é isso! Não se consegue parar, a gente sai um pouco do foco dos eventos, em função de outros trabalhos. Esse ano fui juiz do Brasil Skate Pro em Manaus, tô retornando aos eventos e aparecendo nas mídias e espero que 2014 venha com ainda mais skate. // Felipe NagaNo 32 anos Professor de educação física de curitiba/Pr Pai de cauê, marido da cheyenne Patrocínio: Laia 2013/dezembro TRIBO SKATE | 19


Durante o Matriz Skate Pro 2013, que rolou em Porto Alegre no começo de dezembro em comemoração aos 12 anos da loja, Samuel Jimmy (SP) e Jefferson Bill (MG) efetivaram a passagem para profissional correndo o 1º evento pro. Nada como começar com o pé direito! • [01] Destaque em uma power entrevista encartada na 217, Gui Zolin assinou collab de eixos com a Matriz e a Liga Trucks, edição limitada em comemoração aos 12 anos e à venda apenas na rede de lojas. Garanta o seu! • E na semana antes do evento, duas novas franquias Matriz foram inauguradas: uma em Novo Hamburgo (Rua Bento Gonçalves, 2277) e outra em São Paulo (Rua Augusta, 2114). A de NH é de ninguém menos que Luan de Oliveira, a de SP é do Rodrigo Teixeira. Facebook.com/matrizskateshop • Felipe Gustavo é o primeiro brasileiro a realizar o sonho de se profissionalizar pela lendária marca norte-americana Plan B. • [02] Roger Mancha abriu coleta de doações para a segunda caixa do projeto First Push durante o Matriz Skate Pro. O material recolhido, como o par de tênis promodel do Adelmo autografado por ele, deck Boulevard com assinatura de todos skatistas da marca que estiveram no Brasil, entre outros, vai a leilão e toda a verba arrecada será destinada para a Ong Social Skate, do nosso colunista Sandro Testinha. A primeira caixa arrecadou R$ 2 mil. Vamos ajudar o Mancha em mais esta iniciativa: forfungirlskate. com • [03] Aqui no Brasil, Murilo Peres recebeu a surpresa de seu primeiro promodel pela Drop Dead durante uma tour da Drop Family pelo interior paulista. Confira o vídeo no dropfamily.com.br • [04] Quem também está de shape promodel novo no mercado é Denis Silva pela marca paulista Drama. • Bruno Aguero esteve recentemente em New York e o resultado da viagem foi divulgado no começo do mês em um vídeo bem style feito pelo Fernando Granja. Confira no facebook.com/dcshoebrasill • Ainda falando de NY, a Zoo York (zooyork.com) completa 20 anos e celebra a data também com o vídeo ‘King of New York’. O filme com skatistas da equipe manobrando por ruas e picos locais presta homenagem à cidade que moldou a marca nas últimas duas décadas. E para o Brasil, a notícia é que a Zoo York volta com força total em 2014. Aguardem! • [05] A Crail Trucks sai na frente mais uma vez e coloca no ar novo site completamente reformulado que agrada aos olhos e recheado de informações interessantes, como a timeline com a história da marca ano a ano. Vale o clique: crailtrucks.com.br • Leandro Chico entra na equipe Libra e também passa a usar os rolamentos Everlong. • O amador cascudo de São Paulo, Ivan Monteiro passa a usar os tênis Freeday. • [06] Jean Duarte é anunciado o mais novo integrante da equipe Capital. Local de Santa Catarina, Jean vem fortalecer o time que conta com os skatistas profissionais: LP Aladin, Jay Alves, Was Pereira e Juliano Amaral. Seja bem-vindo, Jean! • No caminho contrário, Jr. Pig anuncia o término do patrocínio da Black Sheep, que ele manteve por 11 anos. O skatista conta ainda com o suporte da Zion e Enemy. • [07] Tulio Oliveira abre novo empreendimento em Campinas/SP: o Skatenation, pista de skate coberta que conta com lanchonete e skate shop. A iniciativa fica na rua Anita Moretzshon, 324, bairro Jardim Santana. • Finalizamos a coluna deste mês com uma notícia triste: O Skate Paradise apresentou seu último capítulo pela ESPN Brasil, este que é um projeto encabeçado pela ilustre Helga Simões. Foram oito anos, 255 programas. Vai fazer falta. Mas, segundo a Helga falou para o Sidney Arakaki, no blog Skataholic, ela deverá continuar com o skate, pois “é difícil viver sem o coração”.

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Fotos DivulGação

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rob goNzalez o cara esTá rodeado de brasileiros, seja os que Fazem parTe de equipes de mesmo paTrocinador, seja pela comunidade que represenTa as cores do nosso skaTe em solo norTe-americano, especialmenTe em long beach, caliFórnia. e não é só por isso que conhece um pouco mais de nossas gírias e cumprimenTos, porque ele já veio conFerir na FonTe. rob gonzalez é de casa, curTe açaí e aTé escreve em porTuguês legendas no insTagram. texto junior lemos // Fotos pablo vaz e kyle camarillo Como você imaginava o Brasil antes de visitá-lo pela primeira vez? Eu não sabia o que pensar do Brasil. Apenas de ouvir meus amigos brasileiros comentando e, pelo que eu via na TV, imaginei um lugar meio intocado, bruto, mas ainda assim, lindo e exótico. Quando e por que você veio ao país? A primeira vez que foi em 2002 com o videomaker Anthony Claravall e com o fotógrafo Joe Brook. Nós estávamos na Argentina filmando para o 411 Video Magazine e fazendo fotos para uma matéria na revista Slap, e no meio da viagem decidimos ir ao Brasil dar um conferida. Qual a melhor memória que você guarda destas viagens? A melhor memória foi ainda no avião, chegando no Brasil e vendo a praia no Rio de Janeiro pela primeira vez. Outra lembrança boa foi poder andar de skate e relaxar com o Og, em Recife. Foi bem divertido! A Boulevard Skateboards patrocina quatro skatistas brasileiros. De onde vem tanto amor pelo nosso skate? Danny Montoya e eu somos ótimos amigos do Rodrigo Gerdal desde a época da marca Listen Skateboards. Nós temos visões e objetivos similares, então quando o Rodrigo entrou para a Boulevard, nós resolvemos escutar e respeitar suas opiniões e colocar alguns brasileiros na equipe. Nós sempre quisemos uma marca que representasse o mundo todo e não apenas uma região da Califórnia ou de Nova Iorque. Este é o sentido do nosso lema “Building Bridges Worldwide” (Construindo pontes pelo mundo afora). Construir pontes, quer dizer fazer uma conexão entre Los Angeles e o resto do mundo. Compartilhar a alegria e os bons momentos que o skate proporciona. Na sua opinião, qual o melhor lugar pra se andar de skate por aqui?

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Nollie heelflip into bank.


Kyle Camarillo

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rob goNzalez Kyle Camarillo

assim fica mais fácil de se comunicar com a nossa família do skate mundial e saber o que se passa em outras partes do mundo. A família do skate mundial está mais unida do que nunca. // Rob Gonzalez 37 anos, 26 de skate Patrocínios: Boulevard Skateboards, LRG Clothing, Adidas, Diamond Supply, Independent Trucks e Furnace Skateshop Long Beach/CA/EUA

Pablo vaz

Fs nosegrind reverse. Pablo vaz

Eu adoro a vibe das cidades grandes. Gosto de remar no centro de cidades como São Paulo e Rio. Eu amo grafite, amo a rua na sua forma mais pura. Espera voltar ao Brasil? Sim, tenho bons amigos fazendo a distribuição da Boulevard Skateboards no Brasil. Tenho muitos amigos que conheci nestas viagens. Voltarei em um próximo verão! Qual a melhor e a pior coisa sobre o Brasil, em um aspecto geral? As melhores coisas são: a comida; as pessoas, pois elas têm um coração muito grande e, é claro, as belas paisagens. Não consigo pensar na pior coisa. Você toca uma marca de skate que patrocina skatistas do mundo todo. Como faz para ficar por dentro do que acontece no skate mundo afora? Mantenho uma comunicação regular com nossos atletas e distribuidores. Estando dentro do mundo do skate por tanto tempo, eu e o Danny Montoya desenvolvemos muitos contatos e bons amigos ao redor do globo. Hoje em dia, com a internet, todos estamos interligados,

Wallie, Criciúma/SC.

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zap // // swell old is Cool 2013

tudo em casa por cesar gyrão // Fotos daniel souza O evento da velha guarda na Swell, no sítio de Viamão, no Rio Grande do Sul, se mantém como uma festa entre amigos. A versão deste ano, na época do feriado de 15 de Novembro, foi menos agitada que as anteriores, mas as sessions e o clima família foram como sempre. Foi ótimo para unir mais ainda os criadores do encontro anual iniciado em 2006, mais os skatistas de outras regiões do país e da Argentina que sabem quanto vale a festa. O importante, é que o Old Is Cool não falhou! Mérito para os irmãos Fernando e Gustavo Tesch e seus amigos. Fizeram o campeonato na raça, sem grana envolvida, a não ser produtos oferecidos pelas marcas apoiadoras (mais a degustação da cerveja Dado Bier). Havia também uma banca de skatistas que sempre aparecem na Swell que optaram por outros eventos, como o Red Bull Vert Evolution de São Paulo. Desde o 1º Urgh Lendas do Skate, Tomás Tomate, layback to fakie.

Luciano Peixoto, fs smith.

Hericles Fagundes, bs air.

renatão, fs grind.

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Alessandro Micuim, sad plant.

em Guaratinguetá, em 1999, os veteranos se encontram em muitas ocasiões. O mentor dessa nova era dos mais velhos é o Jorge Kuge, que estava na Swell para correr ao nosso lado na grand legend, mas acabou quebrando a clavícula e desfalcando nossa categoria. É incrível como está fazendo bem para muitos andar de skate com mais frequência. O Bigo, por exemplo, estava que nem um garoto. Este ano ele pegou a manha de passar de aerials do raso pro fundo e distribuiu manobras pra tudo quanto é lado. Mauricio Boff, em outra categoria, domou uma fera que achava muito style: o rockslide. Com alguns bem extensos, estreou na categoria legend em alto nível, ficando apenas atrás do local Tomate. O que falar do Jorge Ladas, o argentino é um dos pros mais estilosos e está sempre somando na Swell. Outro que merece destaque é o Bartolo, do Rio de Janeiro, com muito skate depois de uma operação no pé. A saideira foi com as bandas Yesomar e Macacos Me Mordam numa jam session animal com amadores e pros, entre eles Allan Mesquita, Gustavo Caverna, Marlon Silva, Hericles Fagundes, Jonny Gasparoto e Pedrinho Swell.

Marlon Silva, bs ollie.

Micael Mika, fs air.

rogerio Lemos, fs smith.

RESuLTADOS Master (35 a 39 anos) 1º Jorge “Ladas” Amarilla, 36 anos, Buenos Aires 2º Rodrigo Bessone “Bartolo”, 39, Rio de Janeiro 3º Tulio Gines, 38, Buenos Aires Grand Master (40 a 44 anos) 1º Tomás Guedes “Tomate”, 44, Porto Alegre 2º Mauricio Boff, 40, Criciúma 3º Alessandro Micuim, 44, Novo Hamburgo Legend (45 a 49 anos) 1º James Barbosa “Bigo”, 46, Jacareí 2º Jorge Zunga, 46, Rio de Janeiro 3º Marco Aurélio “Jeff Cocon”, 45, São Bernardo do Campo Grand Legend (acima de 50 anos) 1º Cesar Gyrão, 51, Criciúma 2º Renatão de Oliveira, 51, Porto Alegre 3º Juarez Mascarello, 51, Porto Alegre

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verão se aproximando e a esTação mais movimenTada no brasil Também é a mais aguardada pelos skaTisTas. seja pela preFerência que a galera Tem por Ficar na beira d’água (que Traz junTo mulheres de biquini e muiTa diversão), ou pelo recesso nos esTudos e Trabalho. por isso nada mais verão do que mosTrar nesTa coluna insTas dos skaTisTas se preparando de alguma Forma para curTir o Famoso calorzão brasileiro.

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F a. @leticiabufoni: dia lindo em newport. B. @luanomatriz: us muleke é zica cara. C. @thecast: bom jah jah all people’s. D. @marioromario: Zenice. e. @caioperes: cerveja aí? acho que tá trincando. F. @joaobrinhosa: férias na Lagoinha do Leste, floripa. g. @viniciusbranca: fim de tarde, tamo aê família! H. @ fabio_schumacher_

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zap // // MaNaus skate pro

rodil ganha, mas kelvin leva // texto e Fotos júlio deTeFon Há quantos anos o Brasileiro de Street Profissional não era tão concorrido? Pois as vacas magras já eram e em 2013 foram cinco etapas, com esta última de Manaus. Como atrativo, a maior premiação do circuito: R$ 80.000,00. O belo skatepark de Ponta Negra estava fechado há dois anos para a revitalização da orla do Rio Negro, e foi reaberto especialmente para o evento. Com tantos bons motivos, o skate falou alto. Rodil Ferrugem volta à velha forma de ganhar campeonatos e vence mais uma etapa, mas com o segundo lugar, Kelvin Hoefler é declarado bicampeão brasileiro! Com risco de chuva, no sábado, os treinos oficiais e eliminatória foram antecipados. Nesta fase, dos 25 skatistas, 10 avançaram para a final. Rodil andou muito nos dois lados da área e passou em primeiro. No início da noite o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, anunciou que mais pistas serão construídas durante sua gestão. Recebeu um troféu do Marcelo Santos, presidente da CBSk, em agradecimento pela parceria. No domingo, o dia começou com um sol forte, mas no início da tarde voltou a chover, deixando todos apreensivos. A chuva deu trégua antes do início da competição, aberta com uma prova com 10 amadores do ranking amazonense. Thiago Gugu levou a melhor. Em seguida os pros entraram na pista e depois da sessão na primeira parte, o tempo mudou completamente e choveu bastante. Um dos pontos fortes desta etapa foi revelado justamente com esse imprevisto. A fidelidade do público para com o evento. Todos permaneceram até a chuva passar. Eles queriam ver a festa por completo, afinal, desde 2003 não havia uma das etapas do profissional na cidade. Pista seca, público de volta às arquibancadas, a final recomeçou e prevaleceu mais uma vez a estratégia e constância aliadas às boas manobras do paranaense Rodil Rubens de Araujo Junior, ele que venceu pela segunda vez neste ano. Voltou para casa com mais 16 mil reais em sua conta. A segunda colocação ficou com o paulista Kelvin Hoefler. Com três vitórias nas cinco etarodil Ferrugem, fs flip.

Vitor Sagaz, bs boardslide.

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Denis Silva, ss heelflip.

Silas ribeiro, bs smith.

pas e duas em segundo, tornou-se bicampeão brasileiro de street skate profissional (2012 e 2013). Nos intervalos, pocket shows com os MCs Marcelo Formiguinha, Denis Silva e Ramon Aladin animaram o público, assim como a intervenção de Vitor Sagaz, que recitou um poema. E assim foi encerrado o Brasil Skate Pro 2013, circuito que teve cinco etapas: Fortaleza, Sobral, Rio de Janeiro, São Bernardo do Campo e Manaus. A soma de premiação de todas as etapas chegou na casa dos R$ 260.000,00. O Brasil Skate teve a cobertura do Canal ESPN, Skate Paradise, Tribo Skate e CemporcentoSkate. Realização da Prefeitura de Manaus através da Secretaria Municipal de Esportes (Semjel) e da Confederação Brasileira de Skate (CBSk).

Diego Fiorese, 360 flip.

RESuLTADO 1º Rodil Ferrugem 2º Kelvin Hoefler 3º Diego Oliveira 4º Rodolgo Ramos 5º Danilo do Rosário

6º Lucas Xaparral 7º Diego Fiorese 8º Rodrigo Maizena 9º Paulo Galera 10º Silas Ribeiro

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vitor sagaz os muiTos cenTímeTros dos dreads do sagaz devem acumular muiTa serenidade. o semblanTe Tranquilo é a moldura de um skaTisTa que vem conTribuindo muiTo para o aTual esTágio de harmonia no universo do skaTe. por mais que ainda exisTa quem queira apenas conTurbar, sem apresenTar nada de posiTivo, caras como o viTor Têm expandido mensagens de amor denTro da nossa culTura. seu skaTe criaTivo e boniTo vai preenchendo espaços, nas ações de suas marcas, como a viva rodas, os vídeos, as FoTos, as viagens incessanTes ao redor do mundo. além de percorrer muiTos quilômeTros no brasil, elevando as coisas boas do skaTe, viTor acumula milhagens por países como méxico ou argenTina. por isso mesmo ele vive rodeado de bons amigos, que o ajudam a escrever capíTulos da evolução do skaTe. (Gyrão)

// Vitor De oliVeira 35 anos, 26 de skate Patrôs: ViVa rodas, sagaZ skateshoP, roots skate shoP, dietskateboards, ras bearings, satiVa trucks aPoio: goa Vegetariano manaus/am Pai de serena

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o que você perguntou, estou sempre viajando. Aí, a minha filha está carente, eu estou carente, o meu dog e a minha mulher também. Uma coisa que eu prometi pra mim em 2014 é que vou organizar melhor o meu tempo com a minha família. • Por que el nombre de Gracias Hermanos al video de Viva Rodas? (Maximiliano Arguello, Buenos Aires e atualmente em São Vicente/SP) – Começou quando eu fui filmar uma linha na Argentina em uma praça bem movimentada e você ficou lá me ajudando, avisando quando dava para ir, até eu acertar. Aquele dia voltei pra casa pensando que você acertou junto comigo. Assim como o videomaker que me filmou. Apesar de as manobras serem executadas por um skatista, quando se está na rua depende-se da ajuda de várias outras pessoas para realizá-las. Por isso agradecemos a todos esses hermanos, irmãos ou brothers. O próximo filme sera o “Obrigado Cabra” e depois virá o “Valeu, mano”. E essa viagem toda começou por sua causa Maxi, muchas gracias hermano! Bençãos e amor! • Vitor! Sabemos que você fez um turnê com Adelmo pelo Nordeste. Qual foi a sensação de curtir o Nordeste com um dos caras mais respeitados do skate nordestino, que é o Adelmo? E o que você mais gostou dessa viagem? (Joseval Tapó, Salvador/BA) – Salve, Joseval. A primeira vez que fiz um rolê no Nordeste foi em 2002, em um campeonato, e retornei outra vez com o Adelmo em 2004. Em 2009 fiz a Roots Trip com o Wagner Ramos, Mauricio Nava e o Fellipe Francisco. Descemos de Belém até SP de carro, paramos em todas as cidades. O povo nordestino é muito receptivo e simples, gente que olha nos olhos, valoriza e respeita o próximo. A companhia do Adelmo é muito agradável, compartilhamos muitas histórias e demos muitas risadas, pois foram muitas horas de carro. Sonhamos e planejamos juntos muitas coisas da Viva. E o que eu mais gostei foi conhecer os melhores lugares para comer, guiado por um local. • Como foi a recuperação e a superação da fratura exposta no tornozelo, na pista da ITB, quando ainda era amador 1, e logo depois se tornar profissional? (Antonio Saulo, Manaus/AM) – Olá, Antonio. Foi difícil, pois o médico me disse que eu não andaria mais de skate, porque o osso ficou fora do lugar e perdi cerca de 50% da articulação do tornozelo. Me dediquei à fisioterapia e ao fortalecimento muscular praticando natação e bike. Comecei a mudar minha alimentação, me preocupando mais com o que estava comendo. Junior lemos

• Fala, Vitor! Tive o prazer de lhe conhecer na tour da Diet que rolou aqui em Taubaté e queria saber qual a importância que as revistas de skate tiveram na sua carreira de skatista? (Talison Policarpo, Taubaté/SP) – Salve, Talison. Essa tour foi bem divertida, conheci muita gente. Leio revista de skate desde o tempo da Skatin’. Comecei a andar de skate em 1987. Na minha época, elas que traziam as novidades e informações. Não existia o Google e muito menos o Youtube para aprender uma manobra. Tinha que ser ao vivo, ou em fitas VHS e nas revistas. Eu sei o que é a ansiedade de esperar o dia que chegava às bancas, ainda mais lá em Manaus, que sempre demorava 15 dias a mais do que no Sudeste e Sul do país. Já li textos que me deram vontade de andar de skate, já me emocionei com as diversas histórias dos guerreiros skatistas brasileiros. E foi graças às revistas que desenvolvi meu trabalho como profissional, pois foquei o meu skate em filmar e fotografar pelas ruas. As revistas documentam o skateboard, passam informações, formam ídolos e nos apresentam lindos momentos capturados de manobras eternizadas em nossas mentes, fotos marcantes de amigos e ídolos que tenho na vida. Viva a mídia especializada, o skateboard agradece! • Salve, Vitor. Então mano, fala aí como é ter skate shop no Brasil, em regiões onde ainda não têm o grande foco das grandes marcas? E como você lida com o tempo de ser skatista profissional, dono de marca, e ainda o lado familiar? Como é ter que se desdobrar pra fazer tanto pelo skateboard? (David Prado, São Paulo/SP) – Salve, David. A respeito das lojas é simples: Fechei parcerias com marcas que nos enxergam e querem dividir o lucro feito em nossa região apoiando skatistas locais e ações. Só vendemos marcas que têm pro models e dão retorno que o mercado e os skatistas precisam. Quanto à marca, trabalho com ela 24 horas por dia. Eu amo o que eu faço. Quando encontro alguém usando algum produto da Viva, me revitaliza, assim como quando vejo as pessoas assimilando e se identificando com nossa mensagem. Skatista está o tempo todo analisando as arquiteturas e identifica até quando fazem reforma. Mas, gostaria de andar mais de skate, pois ultimamente a responsabilidade das lojas e marca tem tomado muito o meu tempo. Quanto à família, a palavra que define meu momento se chama carência. Isso porque pra fazer tudo



zap //

vitor sagaz

Backside tailslide, Guarรก/DF.

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Paulo tavares

// zap

Quanto à superação do trauma, foi no dia a dia com o skate nos pés, caindo e levantando, tentando novamente, sem deixar de sonhar. Acho que poderia ter esperado mais um pouco para me profissionalizar, mas foi o que rolou na época, devido a uma oportunidade do patrocinador da época. Me emocionei e passei. Mas, tudo tem um porquê e um aprendizado, então não me arrependo por isso. • Você sente saudades do tempo em que nós andávamos em Manaus com um único trocado no bolsa pra tomar um cocão? (João Bosco, Manaus/AM) – Salve, Bosco. Claro que sinto, não tinha um pinto pra dar de beber. Aquela época estávamos curtindo o primeiro amor que o skate proporciona. Lembro que tinha muita gente começando. Subindo as ladeiras segurando nos ônibus ou caminhões. Aquela adrenalina é inesquecível e os tombos também (risos). Obrigado por trazer boas lembranças Bosco; foi muito divertido isso, em 1991 ou 1992, né?! E fico mais feliz porque continuo me divertindo com o mesmo skateboard. • Você ainda mantém a sua loja Sagaz Skateshop? Ela já é uma marca, com produtos personalizados? (Felipe de Albuquerque, Mogi/SP) – Salve, Felipe. Sim, mantenho. A loja completou 13 anos, e lancei uma série de camisetas transmitindo nossos valores e ideias. Comecei a fazer uns shapes também. Estamos desenvolvendo um projeto de franquia de skateshop conceito para trabalhar as marcas comprometidas com o skateboard. • Cara como fazer e o que fazer para ter essa positividade, essa energia, esse carisma? (André Henrique, Criciúma/SC) – Olá, André. A cruz é difícil de carregar e pesada para todos. O que diferencia é a forma de carregá-la. É a escolha de cada um, e a minha foi carregar com amor e respeito. Sou um seguidor de Jesus, uso o perdão para me libertar e estou de passagem por essa terra a serviço do Rei, mantendo a Fé sempre no comando. Isso me ajuda a transmitir o que você perguntou. Obrigado por compartilhar esse bom sentimento. • Vitor Sagaz, qual o seu grau de satisfação em relação à marca Diet Skateboard? (André Henrique, Criciúma/SC) A Diet existe desde 1995, uma marca que tem história no skate nacional. Teve uma equipe grande, fez várias campanhas de anúncios nas revistas e lançou vídeo. Se preocupa em fazer pro models e valoriza seus skatistas. Me sinto feliz em fazer parte dessa história e ajudar a construir o que vem pela frente. Hoje, tenho um pro model de maple lançado pela Diet, produzido no México, dentro das melhores fábricas de shapes do mundo. Isso demonstra o grau de preocupação com a qualidade dos produtos. Obrigado, Gorba! • Anos atrás você fez parte de uma tour com nome “Procurados”, se não me engano. Era para a Europa e foi uma galera que não estava acostumada a ir. Como foi esta experiência? Quem inventou essa história? (Carlos Rochembach, Porto Alegre/RS) – Salve, Carlos. Essa você tirou do fundo do baú, hein? Pois é, essa trip foi a primeira de todos. Tudo era

novidade, a minha primeira viagem internacional. Acho que a ideia foi do Tiano, dono da Café (uma loja da Galeria do Rock). Ele espalhou alguns cartazes, foi engraçado. A experiência foi muito massa, algumas brigas e divergências, mas nada que atrapalhasse a viagem ou mudasse o meu foco - que era andar de skate nos picos sonhados. Tenho boas lembranças e alguns traumas, pois tive que levar muitos shapes para vender e conseguir bancar a trip. • Sagaz, há quanto tempo você mora em São Paulo? Depois de morar em Manaus, Rio de Janeiro, por que ficou em Sampa? Diz a lenda que você é gaúcho, mas adotou Manaus como a terra do coração. Afinal, que Pátria lhe pariu? (Gabriel Macieira, Itu/SP) – Salve, Gabriel. Eu moro em SP há 10 anos, e fiquei por aqui para permanecer perto da minha filha que mora com a mãe. Eu nasci na Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre (RS), mas eu vejo isso como a diferença entre parente e família. Parente você não escolhe, e nem o parente te escolhe. Nascemos na mesma família, mas acabamos sendo apenas parentes. Agora, família nós escolhemos e vamos agregando no decorrer da vida. Tenho amigos que se tornaram família, e parentes estranhos. Da mesma forma é a cidade onde nasci, já que saí de lá com dois anos e nunca mais voltei. Cresci entre o Rio de Janeiro e Manaus. Todos os meus parentes moram em Manaus, tenho primos que moram em outros lugares, mas Manaus é onde criei raízes, onde aprendi e evolui o meu skate. Posso não ter nascido lá, mas sou um manauara de coração. • Li uma vez que você é vegetariano. Desde quando optou por este tipo de alimentação? Que tipo de comida é o ideal pra você? (Regina Basseto, Rio de Janeiro/RJ) – Oi Regina, eu sou vegetariano desde 2005. Mudei, pois estava preocupado com a minha saúde, em ter uma longevidade no skateboard. Comecei a me preocupar com o que estava colocando para dentro, pois somos resultados do que comemos. Eu gosto muito de arroz com feijão, grão de bico, todos os tipos de saladas e muitos grãos. Para beber, suco natural ou água. Gosto muito de café e chocolate também. • Vitor, além de seu trampo de vídeo e fotos para as revistas, sites e programas de TV, você não deixa de curtir e correr campeonatos. Você anda muito, mas não sei das competições que você se deu bem. Tem algumas boas classificações no seu currículo? (Diego A. Moreira, Belo Horizonte/RJ) – Eu gosto de ir aos campeonatos para encontrar os amigos e conhecer lugares novos. Antes de quebrar o pé, conseguia andar melhor nos campeonatos. Depois do acidente (em 2001), meu skate e a minha forma de pensar mudaram. Quando ando nos eventos, em frente ao público, não me sinto à vontade. Fico nervoso. Fui campeão amazonense em 98, 99 e 2000. Como Pro, fiquei em 23º numa etapa em Manaus. Mas, sempre me diverti em todos que participei. * A pergunta escolhida pelo Vitor para ganhar o kit com os produtos é do Maximiliano Arguello.

Próximo enfocado: William DamasCeNa enVie suas Perguntas Para: triBoskate@ymail.Com com o tema liNHa VermelHa – William DamasCeNa coLoque nome comPLeto, cidade e estado Para concorrer ao Produto oferecido PeLo ProfissionaL. 2013/dezembro TRIBO SKATE | 35


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drop dead skate pro // evento

A confirmAção

da boa fase // texto e fotos Junior Lemos

E

m um cenário cada dia mais global, marcas e skatistas brasileiros ultrapassam fronteiras levando nossos valores para um número cada vez maior de pessoas. Afinal, a linguagem do skate é uma só! E dentro deste imenso universo skatístico, o Brasil vinha correndo pelas beiradas, apesar de ter um forte mercado consumidor e de revelar a cada momento talentos que conquistam rapidamente expressão internacional. Por isso, a volta do Drop Dead Skate Pro 2013, depois de 10 anos de ‘descanso’, é uma demonstração do valor que nosso skate volta a ter perante o mercado mundial; é a confirmação da boa fase que passamos. Foi um evento pra gringo nenhum botar defeito, com todo o retorno positivo da galera que esteve presente e também de quem conferiu no conforto de casa pelo webcasting. Sem contar que o evento serviu também como festa de boas vindas para nosso ídolo Nilton Neves, que retorna em definitivo ao Brasil depois de uma extensa temporada em terras norte-americanas. A fórmula é simples e a Drop Family mostrou que é possível realizar. Agora é torcer para que mais eventos como este se repitam no decorrer de 2014. Afinal, o skate brasileiro merece paradas styles no nível de como foi o DDSP!

Alex carolino mostra a técnica de aglutinar manobras em uma só: nollie fs heel flip tailslide. marreta!

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evento // drop dead skate pro constante em todas as fases da disputa, Danilo do rosário manda o nollie overcrooked com tranquilidade durante a final.

mancha relembra os anos 90 com um pesado switch flip bs tailslide.

ResultaDos Destaques do evento Gian Naccarato Melhor da eliminatória Alex Carolino Melhor combo JP Dantas Melhor manobra Tiago Lemos

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Drop Dead skate Pro 2013 1º Tiago Lemos 2º Danilo do Rosário 3º Carlos de Andrade ‘Piolho’ 4º Rodil Ferrugem 5º Lucas Carvalho ‘Xaparral’

90’s session 1º Fabiano Bianchin 2º Márcio Tarobinha 3º Rogério Mancha 4º Paulinho Barata 5º Alexandre Zikkzira

Gian naccarato explora uma parte pouco usada; chink-chink no oververt.


tiago Lemos realmente é high level com o skate no pé. switch bs tailslide indo no fluxo contrário, despencando na rampa.

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Lucas RabeLo

pintando

o FutuRo eLe começou a andaR de skate com 11 anos em um modesto baiRRo de FoRtaLeza, absoRvendo as meLhoRes inFLuências possíveis, pReocupado apenas em se diveRtiR manobRando o skate. pRestes a compLetaR 15, Lucas RabeLo continua Levando o skate como diveRsão, mas agoRa com a base sóLida da matRiz e toda a expeRiência de manobRaR ao Lado de Luan de oLiveiRa. guaRde este nome, esse ceRtamente é o pRimeiRo destaque de muitos! poR Junior Lemos // Fotos DanieL souza

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lucas rabelo // entrevista am

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entrevista am // lucas rabelo

Fs feeble.

L

ucas, você nasceu com o skate no pé? Só pode, porque você tem um rolê muito pesado. Conta pra gente como foi seu início? Comecei a andar na frente de casa mesmo, vendo a galera andando e gostei do skate. Ficava perturbando minha mãe pra começar a viajar, andando de skate. Ela não gostou muito no começo; não me liberava pra andar. Mesmo assim eu continuei! Meu pai também andava de skate, só que ele já faleceu. Eu peguei o skate dele e comecei a dar um rolê, comecei a me inspirar mais, a ver vídeos, fiquei mais focado ainda. Tinha 11 anos nesse começo. Você nasceu e morou sempre no mesmo bairro em Fortaleza? Conta pra gente um pouco sobre a sua família e como foi sua infância. Sim, no bairro Pirambu! Tive uma infância bem divertida, muito skate e humildade de todo mundo. Curtia muito e estava sempre com o carrinho. Até tinha pista de skate pra andar, mas eu preferia andar na rua, montar nossos próprios obstáculos. Você tá morando hoje em Porto Alegre. Como faz pra não perder o contato com sua galera lá de Fortaleza? Ligo direto pra minha família. Quando minha mãe está perto dos meus amigos, troco uma ideia com eles também. Também pelo Facebook e WhatsApp, essas paradas! Eles estão sempre me acompanhando pela internet também. Assiste muito vídeo de skate? Assisto muito! Desde o começo, sempre me inspirei na parte do Gordo e do TX, aquela que o Gordo dá um nollie nosegrind reverse em uma borda extensa, saiu até no documentário da Matriz de 10 anos. Esse ano teve vários que eu curti, entre eles está o Pretty Sweet e o Nike Chronicles vol. 2. Dentro do que você já viu e ouviu falar, tem alguma cidade ou país que você gostaria de conhecer pra andar de skate? Já viajou pra fora do país? Ainda não, mas eu quero ainda andar de skate na China. Acho que o centro

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salad grind no matriz spot.

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lucas rabelo // entrevista am de Los Angeles também seria style conhecer. A galera diz que é só mármore, perfeito pra andar de skate. Lá em Fortaleza ouvi dizer que também tem bastante mármore pra andar de skate. Tem mesmo, é da hora lá também. Só tipo, lá na gringa é meu sonho, agora. E no Brasil, já viajou bastante? Já, pra vários lugares. Você já coleciona títulos em eventos e circuitos importantes. Quais foram os principais deles? O campeonato que eu curti mesmo, lá no começo, foram os cearenses. Eram bem da hora! Acho que ser bicampeão mirim do Circuito Cearense foi importante pra me destacar no começo. No mesmo final de semana do Matriz 12 anos rolou o evento amador mais tradicional do planeta terra, o Tampa AM. Tem vontade de participar desta disputa? Sim, tenho muita vontade. É um dos campeonatos que até hoje penso em correr! Até ia agora em 2013, estava com as passagens compradas, mas meu visto não chegou a tempo, então ficou para o ano que vem. O que você anda escutando ultimamente? Curto muito rap nacional e gringo. E a escola, como anda? Tem vontade de fazer alguma faculdade? Parei de estudar por causa do skate. Comecei a viajar muito, estava perdendo as aulas. Mas eu sempre quis andar de skate, nunca pensei ou sonhei em ter profissão. Só pensava em me divertir! E no futuro, quais os planos do Lucas Rabelo? Quais sonhos você ainda quer realizar? Viajar bastante, principalmente pra conhecer a gringa. Fazer vários vídeos da hora! Fazer novas amizades e manter as que fiz, sempre tentar o meu melhor e evoluir cada vez mais. O maior sonho é ser um skatista profissional valorizado, não ser só mais um. E como é pra você hoje fazer parte da família Matriz, a marca mais desejada por 11 entre 10 skatistas brasileiros? Nossa, a alegria é imensa! Tipo, skatistas humildes e que fazem pelo skate, fazem o skate brasileiro acontecer. Pra mim é só alegria e aprendizado com todos eles. Manda um recado pra garotada que está lendo esta entrevista e que também deseja um dia se tornar um skatista de alto nível como você. Qual a sua dica pra que eles consigam chegar lá? O que eu tenho a dizer é que ande muito de skate, se divirta e tenha muita humildade. Ande de skate por amor, ande de skate porque gosta! Um abraço pra todo mundo que curte meu rolê, que gosta de me ver andando e que me acompanha. Muito obrigado a todos vocês.

bs smith.

Melhor pista: IAPI. Melhor Viagem: Porto Alegre. Comida preferida: Arroz, feijão, bata frita e carne. Skatista brasileiro que curte: Luan de Oliveira. Skatista estrangeiro que curte: Leo Romero. Marca fora do skate que gostaria de ter patrocínio: Red Bull. 2013/dezembro TRIBO SKATE | 45


// Lucas rabeLo 14 anos, anda de skate desde os 11 divide seu tempo entRe sua cidade nataL, FoRtaLeza, e poRto aLegRe patRocĂ­nios: independent, Ricta, mobb gRip, kRonik skateboaRds e matRiz skate shop

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lucas rabelo // entrevista am

Fs boardslide to hurricane.

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kelvin hoefler // entrevista pro frontside nose bluntslide, la, ca, eua.

Kelvin Hoefler

triturador de objetivoS não tem tempo ruim pra ele. Se é pra andar de SKate, Sob quaiSquer condiçõeS de temperatura e preSSão, cHame o Kelvin. moldado noS concorridoS eventoS amadoreS de São paulo e braSil, com um peSado currículo de vitóriaS, ele Se tornou pro Há trêS anoS, tempo Suficiente para Somar trêS títuloS de campeão mundial e doiS de campeão braSileiro de Street. além do talento nato para competiçõeS, e de um rigoroSo SiStema de reSultadoS impoSto em Sua formação pelo pai, Kelvin Soube aproveitar oportunidadeS e nunca arregou para aS novaS SituaçõeS que foram aparecendo, Seja andar em qualquer tipo de terreno, fotografar e filmar picoS de rua, criar ótimaS parteS de vídeo, reSponder entreviStaS, apreSentar-Se para qualquer tipo de público. tudo com deSembaraço e tranquilidade de quem Se preparou e Sabe o que faz. Sua maiS recente conquiSta é um centro de treinamento, o Seu SKate club no guarujá, cidade onde creSceu. enquanto acompanHa aS obraS e paSSa aS feStaS de fim de ano com a família, Sua primeira entreviSta na tribo SKate finalmente toma forma. por Cesar Gyrão // fotoS ana Paula neGrão 2013/dezembro TRIBO SKATE | 51


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kelvin hoefler // entrevista pro

Q

uando decidiu criar o Skate Club? Como será a pista e quando estará pronto pra inaugurar? Este Skate Club já vem de uma ideia de uma longa data porque aqui no Guarujá não tinha pista pra eu andar. Desde criança eu sonhava com esse dia. Esse sonho começou a tomar forma quando eu me tornei pro e a minha situação foi melhorando graças aos eventos que corri este ano e aos meus patrocinadores que me apoiaram nestes anos. Como não tivemos nenhum incentivo da prefeitura ou de uma empresa decidi levar o projeto pra frente. Com a ajuda dos meus amigos aqui do Guarujá, principalmente do Allyson Barreto, decidimos montar um galpão. Quero devolver ao skate toda felicidade que ele tem me proporcionado até hoje de viajar o mundo todo, conhecendo pessoas maravilhosas e lugares inesquecíveis. Faço o que eu gosto; posso me considerar profissional do meu ramo e agora quero devolver à comunidade. Com o Skate Club quero fazer programas sociais na região e uma escolinha de skate. Como o pessoal daqui é bem humilde, quero proporcionar a eles uma pista boa para que aprendam manobras e evoluam, pois um dia eu fui esta criança que não tinha onde andar aqui na cidade. A pista vai ser inaugurada na primeira semana de janeiro. Você continuará morando na Califórnia, mas vindo com a regularidade pra casa? A ideia é vir para ver a família, os patrocinadores, correr novamente o Circuito Brasileiro e agora cuidar de seu clube? O que mais você está armando? Sim, vou dar a continuidade ao trabalho lá fora e nunca esquecendo aqui do Brasil, é claro. Sempre estou aqui no país para um evento ou outro e, agora, com minha pista, quero estar ainda mais presente no Guarujá. Este novo ano quero correr novamente o circuito mundial, terminar minha video part e evoluir sempre no skate. Estou aprendendo umas manobras novas, também. Para levantar o terceiro título WCS (World Cup Skateboarding) deste ano, você correu seis de sete etapas. Algumas delas foram em países com menos tradição no skate, mas mesmo assim com skatistas locais andando com bom nível. Quais foram as etapas mais difíceis? Quais as mais estranhas? A Rússia foi a mais estranha, pois eu nunca imaginei o skate lá, um país socialista. Os skatistas de lá são muito bons de nível técnico, pois a maioria dos profissionais de skate é também profissional de snowboard, como o Max Kruglov, que venceu a primeira etapa do Mundial na Estônia. Moscou é uma cidade linda, com uma arquitetura de filme. O pessoal de lá me lembra um pouco o Brasil, muito hospitaleiro, e os skatistas locais levaram a gente pra vários lugares legais e picos famosos. O lugar mais legal foi a Estônia, durante o Simple Session, porque a cidade em fevereiro

a boa solidão de um skyline típico americano. crooked com los angeles ao fundo.

com o SKate club quero fazer programaS SociaiS na região e uma eScolinHa de SKate. 2013/dezembro TRIBO SKATE | 53


entrevista pro // kelvin hoefler estava coberta de neve e o frio era de -17º C. Dava pra ver a neve caindo de madrugada da janela do meu hotel. Uma cena que eu nunca vou esquecer foi um skate park coberto de neve no caminho do estádio onde o evento acontece. Nós, aqui no Brasil, podemos andar de skate o ano todo e imaginei como deve ser difícil para os locais de lá andar, pois é um país muito frio que está coberto de gelo grande parte do ano. Em eventos WCS ou mesmo no Dew Action Tour, nos Estados Unidos, você enfrenta um tipo de favorecimento para os skatistas natos ou já inseridos no mercado americano? Existe mesmo esta visão de que os brasileiros estão lá pra ganhar os eventos deles? Não dá pra dizer exatamente que é o que que rola lá fora, mas deve ser o mesmo que acontece com os gringos quando estão aqui no Brasil. Outro dia, o Jani Laitiala andou muito num evento também e ficou de fora da semi final. Temos que só andar muito de skate, geralmente três vezes mais que os outros. Mas o importante é andar e acertar as manobras. O Dew Tour foi assim pra mim. Acertar o flip backside tail pra mim foi mais importante que vencer o evento, pois já foi minha própria vitória. Nossa, foi uma satisfação muito boa aquele momento. Fiquei muito feliz em estar no pódio ao lado de um americano e um canadense, sem contar que tinha vários skatistas ali da Street League. A Street League é um núcleo fechado, que necessita de alguns requisitos para se conseguir participar. Você correu a eliminatória brasileira em Foz do Iguaçu, vencida pelo Manny Santiago. O que faltou pra vencer? Podemos esperar você na SLS em 2014? Faltou estratégia pois o (circuito) Street League tem um sistema de pontuação bem diferenciado dos outros eventos. Então é só pensar muito nas manobras e executar. Gostaria muito de estar na SLS de 2014 e se tiver a oportunidade vou dar o meu melhor. Em 2013 tivemos um circuito brasileiro muito concorrido, como há tempos não se via. Cinco etapas, com alto nível. Este ano foi um pouco mais difícil que em 2012? Quais foram os melhores momentos deste ranking? Este ano foi muito bom para nós profissionais, pois em 2012 só tivemos duas etapas. Então, com cinco etapas, o nível evoluiu muito do ano passado pra este. Tive muitos momentos legais e o melhor acredito que tenha sido a união entre nós skatistas, o fato de nos encontrarmos a cada etapa. Em Manaus todos estavam comemorando e já sentindo falta da próxima etapa, pois era a última de 2013. Você cresceu correndo campeonatos regionais, depois os paulistas, sempre acompanhado de seu pai e da irmã. Mesmo não tendo uma pista próxima a sua casa, no Guarujá, como foi este início? O começo sempre é difícil e principalmente para o pessoal aqui do litoral. Eu andava aqui na garagem de casa, no corrimão e um palco que o meu pai fez. A rua de casa não era asfaltada ainda, então o jeito era fazer o que dava, como andar na calçada ou na garagem (risos). Minha mãe ficava doida, mas depois se acostumou com a ideia. Os materiais de skate sempre foram bem caros e, no começo, meu pai se endividava todo pra pagar as viagens e comprar material. Depois fui evoluindo e os campeonatos me ajudaram bastante, pois era ali que eu andava em lugares

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diferentes e fui evoluindo. Tinha que aproveitar ao máximo as oportunidades dos eventos. Quando você mudou para os Estados Unidos, a convivência com a Ana Paula acabou virando um namoro. Além de andar de skate, ela é fotógrafa e vocês têm trabalhado muito juntos. Como rolou esta sintonia? Nos conhecemos em Roma, no meu primeiro ano de profissional na Europa. Ela estava lá fazendo parte de uma tour da “Skater Dreams Foundation” com as meninas do skate. Ficamos bons amigos e ela me convidou para passar uma temporada lá em Los Angeles para participar do Dew Tour, fotografar e filmar. Voltei para o Brasil para operar o joelho, que tinha machucado na última etapa do circuito mundial de 2012. Ela veio me visitar aqui em casa e depois que voltei para Los Angeles as coisas aconteceram naturalmente, pois somos muito amigos e gostamos das mesmas coisas. Ela gosta muito de skate e faz parte da história do esporte também. Temos muitas afinidades, viajamos juntos, é uma parceira perfeita. As fotos para esta entrevista foram tiradas ao longo do ano, em picos conhecidos da Califa, mas também em lugares loucos da Europa. Qual foi a situação mais difícil pra vocês conseguirem o resultado que queriam? Os picos da Europa são bem tranquilos e o pessoal que está nas ruas para pra saber o que está acontecendo. Fazem fotos, pedem autógrafos. Já, nos USA, é mais difícil de fotografar, pois a maioria dos lugares é proibido. O mais difícil foi o fs

blunt pois, além de ter uma sarjeta pra subir antes do corrimão, o pico fica em frente a uma delegacia e fomos mandados embora do corrimão umas três semanas antes de conseguirmos. Só dá pra andar aos sábados ou domingos, muito cedo. Por sorte, no dia da foto, estava tendo uma passeata de bicicleta pelas ruas do centro de LA e as ruas estavam fechadas. Ficamos lá um bom tempo sem carros passando na via, pois tinha que vir do meio da rua. Foi uma aventura. Entre seus patrocinadores, a Qix é a marca em que mais tempo você está atuando. Você saiu da Urgh para fechar com a HD para a parte de confecção e entre outros patrôs brasileiros, está com a Everlong. Como você está se dividindo para atender as demandas de seus patrocinadores brasileiros e os gringos? O skate hoje em dia está bem universal e você estando na mídia e fazendo um trabalho de mídias sociais ajuda bastante. Eu sou um skatista que gosta de fazer as coisas acontecerem. Tem muita gente que se acomoda depois de se tornar pro, principalmente porque na época de amador tem muitos eventos. Já no profissional, a história é outra. Temos que continuar o trabalho, seja filmando, fazendo fotos pra revistas, fazendo entrevistas para TV, correndo campeonatos, tours, tarde de autógrafos. É como se fosse um trabalho qualquer. Tenho um ótimo relacionamento com os meus patrocínios aqui do Brasil e também lá de fora e o ano de 2014 promete coisas boas. Defender institucionalmente um time de fu-

tem muita gente que Se acomoda depoiS de Se tornar pro, principalmente porque na época de amador tem muitoS eventoS. já no profiSSional, a HiStória é outra.


olhando de baixo, o corrimão bate na altura do ombro. por cima também é alto, mas nada que impeça Kelvin de mandar um cabeludo bs noseblunt.

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tebol, o Santos, é uma tarefa tranquila? Não tem problemas com os torcedores fanáticos? Não, eu só tenho uma rivalidade com meu parceiro Rony Gomes que é do Corinthians (risos). Tô zoando… Gosto muito dele e ele tem muito talento. Ainda não falamos das “n” vezes que você correu com o pé torcido. Como se faz isso? Foi uma tarefa um tanto difícil, tive que lidar com a ansiedade, pois sou muito afobado e quero jogar todas as manobras. Isso me mostrou um outro lado que eu não conhecia em mim, que era usar a estratégia. Ainda bem que eu consigo manobrar com as duas bases e também de nollie e fakie. Foi assim que eu andei com um pé torcido, que não conseguia dar manobras de flip.

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Quais os skatistas brasileiros que você curte, de todos os tempos? Gosto de muitos skatistas brasileiros, mas posso citar o Rodrigo TX, que fez muita história. Gosto muito do skate do Rodrigo Leal, Marcelo Formiguinha, Gian Naccarato, Fábio Castilho e Alex Carolino. Gosto do jeito descontraído e divertido do Sandro Sobral. O Rodil é um grande colecionador de títulos. Somente como profissional, foi 12 vezes campeão brasileiro e duas mundial. Aos 35 anos, foi o único a vencer você em duas etapas, Sobral e Manaus. Você é bem diferente dele, mas pode ultrapassar seus recordes. Já pensou nisso? O Rodil é muito bom em campeonatos. Ele

sabe como correr e como ganhar também. Tive que ficar bem atento, pois a cada manobra que eu errava ele estava na cola acertando outra. Pra mim é uma competição saudável, pois me faz superar meus próprios limites. Acredito que isso possa servir como inspiração para todos nós, seja nas competições ou nas ruas, como é o caso do americano Jamie Thomas, que acabou de lançar uma video part cabreira da Zero, aos 39 anos de idade. Atitudes como esta, seja nas ruas ou nas competições, servem de exemplo que pra andar bem de skate e dixavar não tem idade. Você anda em qualquer terreno, mas poucos lembram que você já chegou a correr um evento de bowl em Roma e ficou em quarto lugar.


kelvin hoefler // entrevista pro

dois ângulos de uma temeridade denominada blunt transfer. isso por causa da altura do muro do lado do impulso. praga, república tcheca.

Podemos esperar seu nome em outros eventos de concreto? É que eu comecei a andar no vert na época com o Marcelo Bastos, Carlinhos (Nigli) e Rony Gomes, na Skate House e também ando bastante no bowl do pier. Gosto de andar em bowl pra me divertir e participei em Roma só pra descontrair no campeonato que tava tendo. Além das etapas da CBSk, você aproveitou e participou este ano de outros eventos aqui no Brasa, como o Vans Royal Side Stripe, o Drop Dead Skate Pro e o Matriz Skate Pro. A área do evento da Vans estava super escorregadia e você não conseguiu se manter em cima do carrinho na volta das manobras. No Drop Dead

foi outra história, mas também não foi bem classificado, assim como no Matriz. É tranquilo, pra você, quando as coisas não saem como o esperado? Os meus objetivos de campeonatos para 2013 já estavam cumpridos. A CBSK tem um sistema muito bom de julgamento, já os eventos core do Brasil não são tão justos como o julgamento da CBSK. Mas o mais importante de tudo é que fui encontrar a galera, acertei as manobras que eu tinha em mente e me diverti muito. Voltei pra casa satisfeito de ter participado de todos estes eventos. A área e o evento da Dew Tour recentemente em San Francisco foram os melhores? Quais foram as melhores áreas que você correu este ano?

moScou é uma cidade linda, com uma arquitetura de filme. o peSSoal de lá me lembra um pouco o braSil, muito HoSpitaleiro. 2013/dezembro TRIBO SKATE | 57


para fazer este corrimão sinistro de fs bluntslide, foram necessários alguns dias. por ser próximo a uma delegacia, Kelvin e ana aproveitaram a distração da polícia com um passeio ciclístico e mandaram ver.

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kelvin hoefler // entrevista pro

backside smith flip out, com v谩rios frames pra contar a hist贸ria. la.

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entrevista pro // kelvin hoefler O Dew Tour tour foi excelente. Não só pelas réplicas dos picos clássicos de street de São Francisco como o Hubba Hideout e o China Banks. A outra área inesperada foi a skateplaza absurda de grande em Leszno, na Polônia. A plaza mais perfeita que andei no meio do nada. Fiquei muito surpreso, pois parecia um parque mesmo de rua. Tinha grama, hidrante e muitas escadas. Ah, me lembrei de uma coisa bem legal que aconteceu lá: tem um centro de treinamento de futebol ali do lado da plaza e começou a chover e as crianças vieram se abrigar debaixo do escritório da pista. As crianças vieram pedir autógrafos todas uniformizadas e um deles viu o adesivo do Santos no meu skate e perguntou se eu conhecia o Neymar? Como assim, lá no interior da Polônia eles conheciam o Neymar e sabiam que ele jogava no Santos. Foi uma surpresa e quando mostrei minha foto com o Neymar, todos se tornaram meus fãs e vinham na pista depois do treino de futebol pra eu ensiná-los a andar de skate. Foi muito legal isso. Você fez um “Dichavou” no QG, em Criciúma. Deu seu sangue lá e ficou muito style. Como rolou este convite? Curtiu a experiência? Foi o Daniel (Bristot) que me convidou e quando eu recebi o convite fiquei muito feliz, pois sempre acompanhei o trabalho dos caras pela internet. Foi uma experiência muito boa e os caras lá merecem muito sucesso, pois o que eles fazem pelo skate na região não é brincadeira. Entre os skatistas da Street League, seus mais chegados são Paul Rodriguez, Chris Cole e Manny Santiago. Onde você anda com os caras, fora dos eventos? Ando muito com o Manny, quase todos os dias na pista pública do Paul. Já o Chris Cole e o Paul eu vejo mais nos eventos mesmo e curto muito o rolê deles. A comunidade brasileira de skatistas na Califa é grande. Com quem você cruza mais, como são as baladas, quem está mais em casa com você e a Ana? Então, onde eu moro no centro de Los Angeles eu não encontro muitos brasileiros não, pois a galera se concentra mais perto da praia lá em Costa Mesa. O único que vejo bastante é o Felipe Gustavo, que acabou de se mudar pra minha área. Sempre vejo o pessoal do Brasil perto de casa nos finais de semana, pra andar em escolinhas e na famosa Radio Korea aos domingos.

quero devolver ao SKate toda felicidade que ele tem me proporcionado até Hoje de viajar o mundo todo, conHecendo peSSoaS maravilHoSaS e lugareS ineSquecíveiS. 60 | TRIBO SKATE dezembro/2013

rodas duras para um terreno áspero resultaram neste crooked transfer. ditches de los angeles.


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tive muitoS momentoS legaiS em 2013 e o melHor acredito que tenHa Sido a união entre nóS SKatiStaS, o fato de noS encontrarmoS a cada etapa. Seu pai andou de skate quando mais jovem e, um belo dia, resolveu lhe dar um de presente. Você era (e é) hiperativo e o skate tranquilizou a família? Foi você que incentivou a Jéssica a andar? É, o skate me deixou mais calmo e gastava minhas energias andando mesmo. A Jéssica gostou de me ver andando e no final começou a andar e ir pros eventos comingo também. Por alguns anos você foi ligado à Broken, do Daniel Vieira, com pro model de shape e agora está com a marca paulista Woodlight. É você que direciona sua carreira e contratos com as marcas? No começo meu pai fazia tudo por mim e hoje em dia eu mesmo tomo minhas decisões com a ajuda da Ana, que tem muita experiência com o skate. Ela tem me ajudado muito nestes últimos anos. Foi o Daniel que lhe apresentou a Everlong, marca paranaense de rolamentos? O Daniel é ligado à marca também. Ele que me convidou pra participar deste “novo” projeto que ele estava fazendo com o Marcelo Vendramini. Eu entrei porque o Daniel falou comigo e eu confiava nele. Ele me ajudou muito no skate no começo da minha carreira com a Broken e agora com a Everlong. E não para aí: estamos lançando a minha marca S2, logo mais. Como um vivente do século XXI, desde sempre você usa a internet para se comunicar com o mundo, desde a época do Orkut. Quanto tempo de seu dia você fica ligado no mundo virtual? Quais são os canais que mais gosta de usar? Quem cuida mais desta parte é a Ana. Eu não gosto de ficar sentado em frente ao computador. Geralmente faço isso pela manhã. Dou uma olhada nos emails, Facebook, Instagram e vejo todos os novos vídeos de skate que estão saindo no The Berrics, HellaClips, Ride Channel e outros. Dou uma passada no site da Tribo Skate, Cemporcento e no Campeonatos de Skate pra saber das novidades nacionais pois é muito importante se manter informado do que rola no Brasil e no mundo do skate. O ano de 2014 vai ter a Copa do Mundo de Futebol e o Brasil deve parar para assistir. Onde você estará durante este período? Quanto vai torcer? Acredito que estarei na Europa. O calendário da WCS ainda não saiu, mas geralmente passo este período entre República Tcheca e Inglaterra.

// Kelvin Hoefler rodriGues 20 anoS, 11 de SKate Hd, qix international, rocKStar energy drinK, tHeeve trucKS, Spitfire, WoodligHt, everlong, SWae, S2, blacK flyS e SantoS f.c. guarujá, Sp

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o cano vermelho pediu um extenso fs nosegrind.


kelvin hoefler // entrevista pro

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Flavio Gomes

EtErno revolucionรกrio Ari BAson

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Flavio Gomes

ari bason // entrevista legend

fs noseblunt na mooca.

ElE Estampou a capa do primEiro livro da história do skatE no Brasil, o “a onda dura”, dE 2000. Era uma foto panorâmica do Zn skatE park, da Zona nortE dE são paulo, na projEção dE um carving pra dar mais vElocidadE no saudoso Banks da pista. como skatista, ari sE formou tamBém nas ruas do cEntro, Em praças como a roosEvElt (muito difErEntE do quE é hojE), a charlEs millEr E sE tornou um Exímio dEtonador dE mini ramps, com muitos trick-tricks, sEmprE Explorando varials E Big spins, muito antEs da atual onda dEsta técnica. rEprEsEntou inúmEras marcas, dEsdE a sims até a vEnom, dE flywalk até a lifEstylE, EntrE tantas outras. já EstaBElEcidão como “atlEta”, chEgou um momEnto quE passou a transmitir sua ExpEriência como tEam managEr. trEinou um pouco Essa função na avB, payton, na tomBoy até um grandE salto para a plasma. os tEmpos nEsta grandE marca dE tênis, foram intEnsos. dEscoBridor dE talEntos como diEgo olivEira E carlos yEllow (na época da avB), ari foi ampliando sEu campo dE visão até sEr convidado a cuidar dE um dEpartamEnto na maior distriBuidora dE importados do Brasil, a plimax. agora mErgulhado na árEa comErcial, passou a dEfEndEr os princípios das marcas EstrangEiras quE rEprEsEntava, com troca dE ExpEriências E amadurEcimEnto contantEs. dali para iod, dE lá para a lEgEnds E dEsta para sEu voo solo, foram poucos passos. agora com sua distriBuidora junk3 E a marca própria, 1968, o ExpEriEntE profissional do skatE continua aprEndEndo E dEvolvEndo o quE o carrinho o proporcionou ao longo dos anos. por favor, EntEndam, isto não é um currículo do ari Bason, é apEnas um fio condutor para Essa EntrEvista. por Cesar Gyrão // fotos Flavio Gomes E Heverton ribeiro 2013/dezembro TRIBO SKATE | 65


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Heverton ribeiro

P

ra início de conversa, além do trabalho nas marcas acima e na própria revista Tribo Skate, onde mais você atuou no skate? Trabalhei em um Bureau de Programação Visual (Forma 3) como designer gráfico e fiquei muitos anos desenvolvendo anúncios para algumas marcas como a Snoway, etc. Fiz alguns freelancers para outras marcas de skate, para catálogos, desenvolvimento de projetos de marketing. Além de ser o ano de seu nascimento, 1968 representou uma profunda mudança de costumes no mundo todo. Você criou a 1968 para representar suas origens, São Paulo e seus parceiros de skate? Sim, a 1968 Skateboard sempre esteve presente na minha cabeça. Faço parte de uma juventude que brigou muito com o regime autoritário que a sociedade impunha para nós. A 1968 foi uma ideia minha e do meu sócio Luiz Herzberg, pois sentíamos depois de todo bate papo que tivemos com os gringos, que era hora de criar uma marca com nossa autenticidade. Sou paulista, mas acima de tudo brasileiro. Nossa cidade precisa voltar a brilhar no sentido da diversão no skate. Estamos tensos, estressados e brigando muito para seguir em frente. A 1968 Skateboard é uma marca com o DNA de SP. Skate na veia! Os decks da 1968 são produzidos nos EUA, mas sua plataforma é de valorizar o skate brasileiro. Por que você pensou neste esquema de produção e não em fabricar no Brasil? Nossa ideia era realmente produzir o nossos shapes de alta qualidade aqui no Brasil. Estávamos a procura das fábricas nacionais, mas na época não tínhamos encontrado uma que atendesse nossas necessidades.Viajamos para San Diego e foi por acaso que surgiu a ideia de fabricar nos USA. Encontramos o dono (Kelly D. Williams) da marca de rodas Broadcast e ele nos apresentou o dono da distribuidora de seus produtos, o Justin - que também tem uma fábrica de shapes. Eles produzem os decks das marcas Stacks (do Reese Forbes), Real (do Tommy Guerrero e Jim Thiebaud), AntiHero (Julien Stranger) e Krooked (Mark Gonzalez). O Justin se propôs a produzir a 1968 na sua Laminate. Não acreditamos que o cara estivesse abrindo as portas para a Junk3. Acredito que ter uma longa história como skatista tenha ajudado o surgimento da 1968 Skateboard dentro dessa Laminate diferenciada. Você é um dos criadores da Four e da Charger Wheels, ambas através da Legends? Quais são as características destas marcas? Como muitos gringos fazem, a ideia é trabalhar em bloco? Ajudei a desenvolver o projeto Four juntamente com o Fabio (diretor da Legends). A Charger, foi o próprio Bruno (Brown) que teve a ideia de relançar. A Four Wheels é uma marca voltada para molecada do street (com pro model do Diego Oliveira) e galera do free ride (com pro model do Thiago Bomba). A Charger Wheels é uma marca bem a cara do Bruno Leonardo, skate em todo terreno. Continuar andando de skate com vontade é um de seus principais combustíveis para trabalhar com motivação. É muito difícil manter esta disciplina de andar direto? Skate me mantém jovem, sonhador, me mantém saudável e me dá muita paciência para lidar com o mercado. A disciplina ajuda a gerenciar bem os seus horários, aí dá para andar de três a quatro vezes por semana e cuidar bem do corpo. Você alterna fins de semana para andar de skate com fins de semana para passeios com a família? Sim, hoje a minha prioridade é a minha família. Deixo de ir a vários eventos para ficar com eles. Mas, às vezes, consigo conciliar os dois num fim de semana só. Aí é demais! Você e o Magrão tinham o vídeo SP 011. Hoje em dia, no seu time na 1968, o Flavio Gomes entra como fotógrafo. Quais são os planos para uso destas imagens? Sim, nós tínhamos o projeto SP 011, que na época, lembro muito bem, que muitos skatistas desmereceram o projeto por ter todos os estilos de skate. O tempo mostrou que estamos certos, não é rapaziada? O Flavio é um grande amigo que está doando o seu tempo com a gente e acredita na Junk3. Temos também a Sininho, que tira fotos só de lifestyle; o Pilli, que é o nosso filmer e tem mais um garoto entrando na facção. As imagens postamos quase que diariamente no Face da Junk3, site e no Instagram. Você e o Magrão, mais amigos como o Daniel Arnoni, o Fabio Pen, o Marcos ET sempre foram muito abordados por diferentes mídias. Pensa em alguma coisa no sentido de tornar o skate mais conhecido para a massa, ou hoje a ideia é falar mais diretamente com o skatista de verdade? Fazemos parte de uma geração que nos ensinou como um skatista tem que ser (a dos anos 70). Os caras circulavam em todos os ambientes, seja arte, música e TV. Hoje em dia, toda a massa já conhece o skate. O que realmente precisamos hoje é valorizar e prestigiar mais nossos “heróis”. São eles que vão contagiar toda a massa e trazer mais os simpatizantes para dentro do nosso universo. E não apenas o herói de hoje... Nos EUA, ainda hoje Tony Alva, Hosoi, Tony Hawk, Steve Caballero e tantos “heróis de ontem” são extremamente valorizados. Aqui no Brasil, “ontem não existe”. Hoje o moleque não sabe quem é o Thronn, Bruno Brown, Marcos ET, Álvaro Porque, Daniel Arnoni, Nilton Neves…

nossa cidadE prEcisa voltar a Brilhar no sEntido da divErsão no skatE. Estamos tEnsos, EstrEssados E Brigando muito para sEguir Em frEntE.


ari bason // entrevista legend

oververt rock to fakie, bowl do sandro dias.

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entrevista legend // ari bason

hip fs air, sĂ­tio sumarĂŠ, em juquitiba.

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Flavio Gomes

O perrengue do Bruno Brown contra o câncer aproximou mais vocês como amigos? Já que a loja dele, a Wave Boyz, estava parada, vocês resolveram investir na Charger? Acredito que a cura do Bruno aproximou ele de tudo de bom que circula ao seu redor. Apareci no pior momento dele, oferecendo uns modelos de rodas da Legends, aí que surgiu por parte dele a ideia do relançamento da Charger. Foi uma grande sacada buscar o Digo Menezes para o time da 1968. Desde que ele triturou o pé no acidente na Megarrampa e teve que enfrentar um longo período de recuperação, com toda a dificuldade psicológica decorrente disto, parece que agora sua motivação em se manter firme e forte é maior. O que podemos esperar desta parceria para 2014? Quando você é skatista de verdade, mesmo com dificuldades, o brilho nunca se apaga. É o caso do Digo. Nós da 1968 Skateboard que temos que agradecer a esse grande ser humano de usar nossos produtos e fazer parte de um grande sonho. Para 2014 estamos projetando lançamento dos pro models Digo Menezes, Masterson Magrão e Bruno Leonardo. Recentemente você tem ido bastante no sítio do Sandro Dias andar no bowl e tudo indica que estes rolês por lá fizeram que perdesse um pouco o medo de altura. Vi você andar no Mureta e parecia estar brincando numa micro ramp, mas é uma rampa bem alta. Por acaso você andou conversando muito com o Daniel Kim sobre como aproveitar a pressão do vert a seu favor? Sim, tenho andado muito com o Sandro no bowl e realmente minha escola é andar na rua e médias transições. Andar no bowl do Sandro Dias e na rampa do Mureta vem ampliando meu rolê. Sobre com quem ando conversando muito para andar em grandes transições, é com o mestre Bruno Leonardo, o verdadeiro Wave Boy. Ele vem me mostrando uma visão diferente de como andar nessas pistas. Talvez uma das melhores épocas de sua vida como skatista profissional tenha sido vivida na Plasma. Por outro lado, a pressão também devia ser gigante, para impor suas ideias, criar e cuidar de equipes e ações de marketing, incluindo o portentoso Black Bird, o famoso ônibus preto que chocava onde passava. Era isso mesmo, “céu e inferno”? Na verdade, a melhor época como skatista profissional, eu não tinha patrocínio. Foi no final dos anos 80 e início dos 90, quando o skate morreu e ficamos eu, Daniel Arnoni e Marcos ET andando por vários picos em Sampa. A Plasma foi o meu mestrado, foi a empresa que me deu um suporte profissional incrível e abriu meus horizontes. O nosso MKT foi todo ele voltado para o skate sem mentiras, patrocinado um team gigantesco, gerenciando um enorme Skate Park e o Motor Home que levava com todo luxo nossos skates. Foi um projeto alucinante! A crise mundial de 2008 afetou muitas das marcas nacionais que trabalhavam com tênis. A bolha dos skate shoes estourou e algumas tiveram que recuar em seus investimentos com equipes, mídia e marketing. Como você enfrentou este momento na sua vida? A crise fez todas as marcas recuarem, mas não foi só isso… Faltou um plano de todos no mercado para sustentar as marcas e as lojas. Cada um foi cuidar do seu quintal, só que esse quintal não tem só um dono, são vários os donos. É preciso articulação de todos os interessados no mercado de skate. Precisamos cuidar melhor do skate para ele não derrubar quem cuida dele. E, quer saber? Isso vai acontecer novamente com muitas empresas que não cuidam do skate. Minha vida continuou pra frente buscando novos horizontes dentro do mercado. Além dos falados Diego e Yellow, lembro de alguns outros skatistas que foram de certa forma descobertos por seus olhos, como a Leticia Bufoni, o Vinicius dos Santos. O que um skatista tem que ter para ganhar sua confiança? Na verdade quando você é contratado para ser um manager é essa a função: buscar novos talentos, sejam eles novos ou mais maduros. O Diego Oliveira e o Yellow são dois garotos que revolucionaram o street skate. Os moleques andam muito. Outros que posso dizer que mudei a visão, foram o Masterson Magrão e o Sandro Sobral. Esses caras têm uma base animal para andar de skate. Fruto das sessões mais constantes com os amigos, outros nomes aparecem na equipe da 1968 e nas suas indicações, como os do Adnan Paniagua, o Pilli. Como está constituída esta equipe? A 1968 Skateboard é um marca de amigos. Esses caras são nossos amigos. Nossa equipe hoje tem todos os estilos de skate.

acrEdito quE tEr uma longa história como skatista tEnha ajudado o surgimEnto da 1968 skatEBoard dEntro dEssa laminatE difErEnciada. 2013/dezembro TRIBO SKATE | 69


entrevista legend // ari bason

aqui no Brasil, “ontEm não ExistE”. hojE o molEquE não saBE quEm é o thronn, Bruno Brown, marcos Et, álvaro porquE, daniEl arnoni, nilton nEvEs…

fs rock na parte alta do bowl do sandro dias.

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Heverton ribeiro

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entrevista legend // ari bason

Flavio Gomes

quando você é skatista dE vErdadE, mEsmo com dificuldadEs, o Brilho nunca sE apaga. é o caso do digo. nós da 1968 skatEBoard quE tEmos quE agradEcEr a EssE grandE sEr humano dE usar nossos produtos E faZEr partE dE um grandE sonho.

Bs noseslide, mooca.

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Você venceu um campeonato importante em 1992, no centro esportivo do Pelezão em SP, numa época em que nomes como o do Digo, Marcelo Just, Geninho estavam bombando. Foi um episódio marcante pra você? Foi pela situação que eu me encontrava, sem patrocínio, uma molecada quebrando e lá estava eu. Fiquei sentado, olhando todos andarem e pensei “Fuck, gosto de andar de skate do meu jeito e assim que vai ser. Vou subir na rampa e vou me divertir. É isso!”. Mudou a minha vida não foi ter vencido e sim seguir em frente com as minhas convicções. Foi irado! Algumas de suas viagens internacionais foram mais intensas, como aquela em que você correu o evento Munster, na Alemanha e até rolou uma briga com um pro americano. Como foi este momento tenso? Foi importante para assegurar a moral dos skatistas brasileiros? Na real, no início éramos tirados pelos gringos, por nossas roupas, pelo equipamento que usávamos, etc. Rolou que um “mega blaster skater” levou uma com o Biano; esse mesmo cara invadiu minha bateria, aí o bicho pegou. O importante foi mostrar que fora o skate no pé, nós não amarelamos para ninguém e até hoje a molecada segue esse conceito Brazilian Roots. Apesar dos tantos anos que você é master, você demorou pra correr campeonatos de veteranos. Os primeiros foram do circuito de banks do Ed Scander. Por mais que competição nunca fosse o seu foco, por que você não aparece tanto nos eventos old school? Gosto muito de ir nos eventos encontrar a galera, dar muitas risadas, etc. Mas prefiro as sessões com os meus amigos e explorar novos picos. Ao longo dos anos você sempre foi um desbravador de picos, sempre garimpando locais que pudessem ser usados para andar. Hoje em dia você continua com esta veia, mas agora procurando pistas? Não como eu gostaria; minha agenda é muito intensa. Trabalho em dois lugares e nem sempre consigo me locomover para os picos. Entre os momentos de pausa por acidentes e lesões, um em particular, quando você quebrou o pé, fez você se dedicar a pintar, fazer artes. Depois disso, você desenvolveu sua veia artística criando artes de anúncios. Você continua cuidando desta parte com suas marcas? A pintura surgiu como uma terapia. Essa lesão foi um divisor de águas para mim; surgiu um novo cara,


Heverton ribeiro

acid drop, sandro’s.

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Flavio Gomes

prEcisamos cuidar mElhor do skatE para ElE não dErruBar quEm cuida dElE. E, quEr saBEr? isso vai acontEcEr novamEntE com muitas EmprEsas quE não cuidam do skatE. mais apaixonado pela vida e a pintura abriu esse horizonte. Hoje em dia não pinto mais como antes. Sobre os anúncios, curto fazer, me tiram do universo intenso que vivo e ainda funcionam como terapia. Por ser uma personalidade forte e um cara crítico de situações erradas no mercado, em alguns momentos você provocava discussões e nem sempre as pessoas gostavam da repercussão delas. Você se arrepende de algo que tenha falado? Não me arrependo, amo o skate e tudo que eu tenho agradeço ao ele. Tenho que cuidar dele pelo resto da minha vida. Muitas pessoas estão no skate só pelo dinheiro, não sentem o feeling que ele transmite. Continuo o mesmo cara, porém mais calmo e cauteloso. Estou de olho em vários desses caras que continuam camuflados de skatistas mas não são. Temos que nos unir o mais rápido possível e não é uma união para ficar falando mal e sim para por regras para proteger o coração do skate. Tenho certeza que esses caras não sabem que o coração do skate são os skatistas e as revistas… Se pararem, o mercado morre! Quando estava na Plasma, criou com sua equipe um evento bem legal que era o Session Brothers. Colocava todo mundo pra se matar numa pista e distribuia produtos e outros prêmios. De uns tempos pra cá, promove encontro entre amigos para celebrar as conquistas. Quais foram as festas mais legais neste sentido? O Session Brothers era simplesmente uma sessão entre amigos e hoje isso virou uma moda… O formato foi copiado dos eventos que o Julien Stranger E John Cardiel promoviam na mini ramp da DLX. Com o banks da Plasma tivemos a chance de produzir esse mesmo formato. As nossas reuniões são para dar risadas e falar do mercado. Tem sido importantes para a Junk3 ouvir toda a galera dando o direcionamento para a 1968 Skateboard. Outros grandes momentos foram a exposição de fotos na Universidade Anhembi Morumbi, a mini ramp no evento da revista Capricho. Mais irado ainda foi o aniversário da Rádio 89 FM no Sambódromo do Anhembi em 2005, com o show da banda Pennywise. Outros dos grandes momentos de sua vida, com certeza foram as tours com o Black Bird e mesmo outras, menores. Qual foi a mais agitada e a mais complicada de todas? A tour foi um sonho do Salomão que queria ter um Motor Home para a equipe e o ajudei a realizar esse sonho. Foi irado! Quem participou nunca mais vai esquecer como era a estrutura das ações. A mais agitada foi em São José dos Campos. Lotamos todo o parque onde tem o half pipe de cimento. Foi incrível ver o Ueda, Geninho (Amaral), Dan Cezar e o (Denis) Buiu. Os caras quebraram! Como sua base é mais da rua, seus aerials em transições partem sempre de uma boa patada nos ollies, mas você continua subindo muito com eles. Qual o segredo pra manter essa base em dia? Sim, sou um skatista que minha base veio da rua. Simplesmente ando de skate sem pensar na idade, penso só em andar do jeito que aprendi. O segredo é respeitar você mesmo os seus limites. Pra finalizar, 2014 será um ano de Copa do Mundo de Futebol. Você estava na Europa num dos anos em que o Brasil perdeu no futebol, mas estava vencendo e festejando no skate. Onde você estará na Copa deste ano? Pode crer, tinha até esquecido disso, hahahah! Foi irado, como skatista, mas como torcedor foi frustrante. Neste ano, vou estar aqui mesmo, trabalhando, vendendo skate e o divulgando em todos os lugares. Gostaria de aproveitar e deixar uma mensagem: Precisamos muito proteger o nosso lifestyle que é o skate. Vamos ficar atentos, todos nós, para que esses parasitas que estão entre nós não criem força. Tenho certeza que a carapuça vai servir para muitos. Só sabe como é o skate quem tem a canela calejada, que anda com os amigos, que se diverte em cima dele. O exemplo vem de fora: todas as grandes marcas são de skatistas. Então, você aí que está no mercado, você sabe como é? Então fala pra gente como é: Queremos te ouvir!

// arilson ribeiro da FonseCa 45 anos, 35 dE skatE 1968 dEcks, chargEr whEEls, acE trucks, trouBlE são paulo, sp

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mid air, sítio sumaré.


ari bason // entrevista legend

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Felipe puerta

Ă?talo Penarrubia, fs nosegrind.

76 | TRIBO SKATE dezembro/2013


roger tilskater

Junior lemos

vert evolution // evento

Marcelo Bastos, bs 540.

Pedro Barros, stale fish.

Red Bull VeRt eVolution A propostA do Vert eVolution erA ApresentAr Ao público umA noVA formA de AVAliAção dos competidores, umA eVolução dA trAdicionAl cAnetA e pApel pArA os tecnológicos tAblets e A comunicAção de dAdos sem fio. funcionou muito bem pArA os expectAdores, tAnto os 10 mil que forAm Até A prAçA dA luz, centro de sp, quAnto pArA tAntos outros milhAres que AcompAnhArAm mundo AforA pelA trAnsmissão ViA web.

Junior lemos

o skate é do povo por Junior Lemos // fotos FeLipe puerta, Junior Lemos e roger tiLskater

e

strelas do skate vertical brasileiro foram escaladas para o evento. Marcelo Bastos, Dan Cezar, Rony Gomes, Ítalo Penarrubia, Edgard Vovô, Mizael Simão, Felipe Foguinho, Carlos Niggli, Pedro Barros e Sandro Dias. O canadense Pierre Luc Gagnon e o americano Mitchie Brusco fizeram as vezes dos gringos na disputa, fechando a lista de 12 competidores. 2013/dezembro TRIBO SKATE | 77


roger tilskater

o púbLico Mesmo com o evento acontecendo em um feriado nacional próximo do final de semana, um mar de gente ficou até o final da tarde com os olhos colados na rampa. Sandro Dias presenteou a todos acertando um 900º fora da disputa, e Doguete dropou algumas vezes mostrando arriscadas peripécias com sua BMX. Mineirinho e Marcelo Bastos finalizaram com chave de ouro o dia do público presente, ficando mais de uma hora fotografando e autografando para o maior número de pessoas que persistiam em levar alguma recordação física para casa, já que o que eles viram naquele dia ficará pra sempre no imaginário de cada um. E com certeza os skatistas que passaram a Proclamação da República de 2013 no Vert Evolution também voltaram pra casa com as melhores recordações possíveis, essas proporcionadas pelos expectadores. Gritos, aplausos e coro de vozes entoando o nome de cada um deles, demonstrações maiores de que o evento aproximou ainda mais a população em geral do skate vertical brasileiro.

Pierre Luc Gagnon, bs 540.

78 | TRIBO SKATE dezembro/2013

Junior lemos

a disputa Sete deles passaram pela primeira fase, restando uma vaga que foi preenchida na repescagem pelo Carlos Niglli. Estes oito guerreiros, que até então tinham andado muito de skate debaixo de um sol de fritar os miolos, tiveram ainda que encarar o mata-mata das quartas, semifinais e final, disputadas no formato homem a homem, o que deve ter influenciado o resultado tendo em vista o desgaste dos skatistas por terem que desempenhar tanto suas habilidades com tão pouco tempo de descanso. E com toda a parafernalha montada para uma pontuação instantânea e detalhada de cada uma das voltas, foram os erros que realmente fizeram a diferença no resultado final. Marcelo Bastos errou bem menos do que seus oponentes conquistando o título de campeão do Red Bull Vert Evolution.

Fotos Junior lemos

evento // vert evolution

Cris, fs noel. Rony, bs air.


Junior Lemos

Felipe Foguinho, heel flip indy.

2013/dezembro TRIBO SKATE | 79


casa nova //

Fs grind.

Cherry Caracol // Fotos Pedro Macedo Ser skatista: É buscar minha evolução pessoal, estar com os amigos e dividir momentos de felicidade. Quando não está andando de skate: Encontro os amigos ou estou em casa curtindo a família. Razão do apelido: Quando era criança meu cabelo era grande e enrolado, mas ainda desconfio que não era por causa disso. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Antes era mais difícil já que tínhamos menos lugares para praticar o esporte. Hoje temos pistas, mas ainda há carência de investimento em forma de apoio para os skatistas locais. Skatista profissional em quem se espelha: Luan de Oliveira. Skate atual: Shape Real, trucks Venture, rodas Bones e rolamentos Shake Junt. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Qualquer marca que me ajudasse a desenvolver o meu potencial.

80 | TRIBO SKATE dezembro/2013

Som pra ouvir na sessão: Rap. Parceiros de rolê de skate: Nikolas de Murtas, André Lisboa “Mogli”, Stefano Guardamagni, Pedro Friedhim “Minidead”, Bruno Piu e toda a galera da HZC. Melhor viagem: Califórnia, EUA. Melhor pico de rua: Praça XV. Melhor pista: Pista da Lagoa, HZC. Sonha alcançar com o skate: Grandes viagens, picos irados, muitos amigos, diversão e se tudo der certo o profissionalismo. Aquele salve: Queria agradecer ao Pedro Macedo e a todos os meus amigos que têm me proporcionado uma vibe boa na sessão. Grande salve pra Huflez Crew! // Cherry roCha dos santos 22 anos, 8 De skate Rio De JaneiRo, RJ apoio: GRoove URbana e espUGaR skateshop

Divirta-se, não ‘‘espere por ninguém e simplesmente faça o seu!

’’



casa nova //

Flip bs tailslide shovit.

Lucas Machado // Fotos Vinicius Branca Ser skatista: É viver um style com a sua própria força de vontade. Quando não está andando de skate: Estou trabalhando ou com a namorada. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Não valorizam o skate da forma correta. Skatista profissional em quem se espelha: Fabio Castilho. Skate atual: Shape Narina 8.0, trucks V8 139, rodas Narina 51 e rolamentos Koston abec 9. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Gatorade. Som pra ouvir na sessão: Notorious BIG, Sabotage, Cormega e Lin. Parceiros de skate: Igor Smith, Lucas Henrique, Murillo, Roger, Jordy, Wilson, Madruga, Felix, Matheus, Grilo, Praxedes, Paolo, Sandro, Mike, Bilha, Fabio, Rafael Moreira, entre muitos outros que jamais serão esquecidos no meu coração.

82 | TRIBO SKATE dezembro/2013

Melhor viagem: Maringá/PR. Melhor pico de rua: (Praça) Roosevelt. Melhor pista: Plaza de Mogi das Cruzes. Sonha alcançar com o skate: Andar de skate até minhas pernas não aguentarem mais e quem sabe um dia me tornar profissional. Aquele salve: Primeiramente a Deus, família, namorada e meus amigos, que sempre estão no corre comigo. Faça o que gosta, não ligue para o que os outros vão dizer. Faça com amor e com força de vontade, que tudo é possível e pode ser alcançado; mas jamais esqueça de ter respeito e humildade ao próximo. Muito obrigado pelo espaço, Tribo Skate! Tamo junto, família. // LuCas aLmeida maChado 19 anos, 8 De skate biRitiba MiRiM/sp patRoCínios: naRina, v8 tRUCks apoio: boaRDxtReMe

‘‘

tudo é possível, só basta acreditar em si mesmo.

’’



casa nova //

Nollie fs tailslide.

Raynan sanchez // Fotos Junior LeMos Ser skatista: É ser humilde e aprender a crescer a cada instante. Quando não está andando de skate: Estou pensando em skate. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Os que não entendem o skate. Skatista profissional em quem se espelha: Thiago Garcia. Skate atual: Shape Vegetal, trucks MetalluM , rodas Hordem, rolamentos Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Rei do Mate. Som pra ouvir na sessão: Kamau, 21/12. Parceiros de rolê de skate: Gabriel Pikneis,

Creke Aires, Jhony Alex, Felipe Sousa, Felipe Oreia. Melhor viagem: Campinas/SP. Melhor pico de rua: Vale do Anhangabaú, Sampa. Melhor pista: Mogi das Cruzes. Sonha alcançar com o skate: Muitos amigos! Aquele salve: Hordem Distribuidora, Bless Skateshop, Masikini Krew e todos meus amigos. // raynan sanChez 15 anos, 3 De skate patRoCínio: hoRDeM DistRibUiDoRa e bLess skateshop são paULo, sp

Deus deu vida para trazer ‘‘felicidade a todos, então viva. ’’ 84 | TRIBO SKATE dezembro/2013



shops! // Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > Goiás - Anápolis Roots Skate Shop Rua Leopoldo de Bulhões, 166, Centro (62) 3311-2012 > Mato Grosso do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504 > Minas Gerais - Juiz de Fora Hardback Rua Jarbas de Lery Santos, 1685, loja 2349, Centro (32) 3241-3347 Hardback Rua Marechal Deodoro,

444, loja 127, Centro (32) 3216-0687

(42) 3423-3989

- Poços de Caldas Giro Livre Skateshop Rua Santa Catarina, 79 loja 02, Centro (35) 3721-3326

> rio Grande do sul - Porto Alegre Matriz (Walling) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083

> Paraná - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 221 (41) 9933-2865 - Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 - Irati Skate Shop Irati Travessa Frei Jaime, 43, Centro

> santa Catarina - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > são Paulo - Birigui Root Skate Company Rua Bahia, 1183, Jardim São Braz (18) 99712-7258

- São Paulo Da Hora Skate Shop Rua 24 de Maio, 57, loja 18, Centro (11) 2745-6013 Flow Sk8 Shop Avenida são João, 439, 1º andar, lojas 233/235 (11) 3338-1441 - Santos Evolution Skate Shop Avenida Floriano Peixoto, 44, loja 96, Gonzaga (13) 3289-1444 Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja! Envie-nos email triboskate@triboskate.com.br

www.triboskate.com.br www. Vá passear com seu ratinho. 86 | TRIBO SKATE novembro/2013



hot stuff // dezembro

// Anti Hero “Até que a morte os separe” é a linha de shapes pro model do Andy Roy que a Anti Hero acaba de lançar e que já está disponível na Plimax. Também em estoque estão os shapes do John Cardiel, modelo Swoop. (11) 3251 0633 / edgar@plimax.com

// oAkley Os novos óculos Breadbox, da linha lifestyle da marca, têm como principal inspiração a vibe californiana, além do surfe e do skate, esportes radicais que fazem parte do DNA da Oakley e são a cara da estação mais quente do ano. (11) 5189 4597 / oakley.com.br

// MorMAii Agora você também pode se sentir Mormaii na cidade com os relógios da linha On the Road. Inspirada na cultura e arte das ruas, a coleção traz a pegada street, com design super atual e uma pitada de irreverência. mormaii.com.br / 0800 644 7711

88 | TRIBO SKATE dezembro/2013


// lrG A coleção Verão 2014 da LRG é composta por peças influenciadas na cultura urbana: pop art, música e design. São regatas, camisetas, camisas, bermudas, calças e bonés com estampas distintas, além de uma variedade imensa de cores. (11) 3337 2567 / l-r-g.com

// Arnette O modelo Fire Drill é irreverente e muito estiloso. Dez diferentes cores completam a coleção, sendo dois óculos da série Fire, com lentes espelhadas vermelhas, e dois da Ice, com lentes azuis. Para aqueles que preferem um look discreto e casual, a coleção apresenta opções mais neutras. br.arnette.com

// reAl SkAteboArdS Já os decks da Real são frutos da recente colaboração de Greg Mike com a marca. Os decks trazem no silk as principais características do artista: cores fortes e os icônicos cartoons. Ótima pedida para o verão que se aproxima! (11) 3251 0633 / edgar@plimax.com

2013/dezembro TRIBO SKATE | 89


áudio //

MagüErbEs

1, 2, 3 EPs 7”

Prestes a comPletar duas décadas de estrada, essa raPeize do interior de são Paulo, que lançou recentemente o eP Vila rica, continua a todo VaPor. o guitarrista tuti e o Vocalista Haroldo contam a seguir como cHegaram até aqui, além da relação da banda com o coletiVo sHn, o sexto membro do magüerbes, digamos assim. segura essa, fiiii! POr HElinHo suzuki // FOtOs Divulgação // Artes sHn

O

Magüerbes está na estrada há quase 20 anos! Como você resumiria a trajetória da banda até aqui? Tuti - Estamos tocando juntos desde abril de 94. Acho que o resumo da história é a nossa grande amizade, muita experiência e muito aprendizado. Acredito que nesse tempo tenhamos criado entre nós uma coisa que muitas pessoas nunca entenderam: vivemos e somos muito próximos, isso faz com que tudo seja sempre intenso e real. Nosso olhar pelo próximo, nosso respeito, nossas famílias, produção, criação, tudo teve e tem um outro valor. Repartir essa experiência de vida lado a lado com amigos é muito bom; isso é a prova que tudo dá certo até hoje. E vou te falar, temos gás pra muito mais! Como todos sabem, é quase impossível viver de música no Brasil. O que mantém a chama acesa de vocês por quase duas décadas? Tuti - Nunca tivemos o plano “vamos ter uma banda e viver dela”. Então esse “viver de banda” nunca pesou tanto. Preferimos jogar o jogo, entrar na guerra! Participar dessa história. Sabemos o quanto é difícil viver no Brasil; você tem que se desdobrar entre várias correrias e batalhas pra ter resultado relevante! Mas quando você se propõe a fazer algo que acredita, que ama fazer, que te faz bem, e que faz bem pra muitas pessoas, você está vivendo daquilo! É uma questão de ponto de vista. Crescemos na cultura de batalha do “faça você mesmo” do underground, da arte do punk, hardcore, metal, rap, guitar, etc, tudo tão próximo.

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Isso sempre nos cativou. Nesses anos de banda, acredito que conseguimos de forma independente viver dela e vivê-la sendo autênticos e livres. É sempre uma vitória quando eu olho pro lado e vejo que ali estão as pessoas com quem eu cresci e agradeço sempre a possibilidade de criar com eles. Ali vivemos a música e de música. Vocês estão a todo vapor divulgando o novo ep Vila Rica e fazendo shows por todo Brasil. O que você destacaria desse novo lançamento e por que escolheram lançar no formato de vinyl 7”? Ah, você não perdeu o caderno com as letras dessa vez, né? (risos) Tuti - O ep “Vila Rica” talvez seja o nosso trabalho mais maduro; formação em sintonia, numa linha de som que mais nos agrada, pois nunca tivemos um tempo e a oportunidade de compor um disco com tanto cuidado como foi com esse, sendo esse o disco de uma nova fase, tão especial pra banda. Nós “fechamos” em uma chácara no interior paulista, focamos no som, em nós e fomos vendo que esse trampo ia ser diferente. Desde se ajudar a aprender mais, a experimentação com outros timbres de guitarra, linhas mais trampadas de baixo e bateria, e um cuidado diferente nas vozes e letras - eu destacaria isso nesse trabalho. Tem muito de nós todos ali, muito do que estávamos vivendo na ocasião. Um registro muito importante pra gente! Sempre pensamos em lançar algo em vinil, de ter algo mais exclusivo, poucas cópias, capa especial, numeradas, assinadas; talvez seja porque na atualidade a cultura de con-

sumo de música em formatos digitais tenha nos forçado a criar um objeto/registro mais interessante pra quem gosta do nosso trabalho. A ideia em si é que o Vila Rica seja o primeiro de uma série de três eps 7”. Dessa vez o Haroldo não perdeu o caderno com as letras não, hahahahaha, e ainda chegou com tudo escrito antes! (risos) A banda tem uma relação bem estreita com street art, ainda mais que algum de vocês fazem parte do coletivo SHN. Como nasceu o SHN e essa união com a banda? Haroldo - Crescemos em Americana, cidade


do interior paulista a 125 km de SP. Desde os anos 90, uma turma grande de amigos sempre fez acontecer tudo que se relacionava à cultura independente, ao underground do skate, do hardcore, punk, do hip-hop, da arte gráfica. Foi inevitável que a gente se mobilizasse pra ter experiências de confecção de cartazes de shows, capas de disco, stickers, camisetas, etc. Referências que vinham da gringa, vídeos e revistas de skate, de grafitti, de hardcore/metal, da cena independente do Brasil nos influenciaram a começar a nossa própria produção de artworks com sticker e poster art em serigrafia de grande escala voltados pra intervenções na rua, com uma ideia de espalhar o maior número de papéis pro mundão. Em 98, a gente se reconheceu como SHN, um grupo de amigos com foco nessa produção gráfica pra rua. Desde então, no mesmo esquema de banda independente: vendendo fita demo, mandando carta, fazendo show, apresentação, vendendo merch, fazendo uma divulgação legal, a gente foi se envolvendo em várias experiências de trabalho nas ruas do Brasil e do mundo, além de produção com outros artistas e de trabalhos educativos. O SHN sempre correu lado a lado e se reconheceu com o Magüerbes e com várias outras bandas, djs, tatuadores, músicos, artistas, studios, galerias de várias vertentes da turma que faz acontecer! É uma questão de fazer diferentes parcerias em torno de projetos específicos. Trabalhamos hoje em várias vertentes de projetos audiovisuais, edição de prints, confecção, loja, produção de vídeos, web, videomapping, tatuagem, piercing, exposições, design gráfico e, lógico, muito adesivo e muito pôster! O público acaba associando a banda ao coletivo e vice-versa? Haroldo - Acho que é natural essa associação (gráfica x música), pois o SHN não é uma pessoa e sim uma galera. Acaba que alguns membros do grupo são mais fixos em compromissos e responsas, em projetos mais fechados, mas geralmente é uma boa equipe que se junta pra fazer acontecer ali. É difícil eu dizer que os dois não são bem misturados. Pra mim, não tem como a gente fazer um disco do Magüerbes e não imprimir os adesivos com o SHN. Não dá pra armar uma com o SHN sem chamar os Magüerbes. A gente vive praticamente junto, sempre um tem merch do outro, adesivo, contatos, amigos... É bem saudável, esse relacionamento! Falando em arte, a capa do novo ep carrega uma bela arte do Xoxu. Por que a escolha dele, já que vocês sempre cuidaram da identidade visual do Magüerbes? Tuti - O Xoxu é um cara que admiramos muito, além de ser um puta amigo e mestre. Quando pensamos no nome do disco, logo o Haroldo sugeriu que podíamos trabalhar com ele, que ele iria entender bem o conceito em si. E foi isso! Não ia ter pessoa melhor pra entender o que queríamos passar ali. Fizemos uma série de 300 capas, silkadas

à mão uma a uma, assinadas e numeradas por ele. Uma experiência bem boa de poder relacionar a criação de um artista gráfico ao que havíamos criado em música. A capa funciona como uma gravura, e dependendo de como se monta, ela pode variar entre quatro desenhos. Cada capa interpreta visualmente uma música. Ficou foda! Nós sempre nos preocupamos muito com o formato e a arte gráfica; sempre trabalhamos com isso dentro e fora do Magüerbes. No disco anterior “Invulneráveis ao tempo e à desgraça” tivemos a oportunidade de trabalhar com o Daniel Melim, um dos maiores nomes da street art atual, daí pensamos, “por que não seguir esse caminho de experiência em outros formatos, outros artistas, outros amigos?” Muito bom poder executar projetos com amigos que você admira, e chegar num resultado que orgulha toda a equipe! Tá aí, o Vila Rica tem esse formato capa/gravura que pra quem curte mesmo o lance de música e arte vai pirar. E a cena de Americana, como anda? Por muito tempo vocês organizavam Festa Privada, Americana Independente, eventos que faziam diferença no interior paulista... Tuti - Desde que começamos a tocar, tínhamos que organizar os próprios eventos, chamar os amigos, bandas; foi daí que começamos o intercâmbio com bandas de todo o Brasil e que, junto a várias de Americana, tivemos a oportunidade de tocar em outras regiões. A Festa Privada existe há 18 anos e sempre foi essa infra pra viabilização de intercâmbio. Na época do Festival Americana Independente (2001, 2005, 2006), tínhamos um público violento consumindo eventos e shows, e era isso o que incentivava a produção cultural local, de bandas a artistas, vj’s, dj’s, produtores, técnicos e público! No entanto, uma lei municipal cortou os alvarás pra som ao vivo na cidade, o que derrubou um pouco esse movimento. Algumas tentativas vieram em festas mais afastadas, mas não adiantaram muito. Nesses últimos três anos essa cena vem se levantando novamente. Alguns grupos de amigos vem se juntando em cima de iniciativas independentes de modo a suprir essa necessidade novamente como no passado. Isso vem carregado de muita coisa boa, muita criatividade. Americana sempre foi bem conhecida por ter diferentes estilos de bandas em shows, festas e festivais! Essa característica vem acompanhando essa nova geração de amigos. Infelizmente, ainda não tem um esquema mais fixo e estruturado pra apresentações de bandas independentes, mas tudo está caminhando pra que isso logo aconteça. Essa turma nova, junto com a mais das antigas, estão correndo forte e se apresentando em vários pontos do Brasil e do mundo, levando um som bem feito - 019 representa, fiii! O Magüerbes já fez uma bela girada pela América Latina alguns anos atrás. Como foi esse rolê? Não pensam em fazer de novo ou estender para Europa, onde tem um bom espa-

ço para bandas brasileiras hoje em dia? Tuti - Foi uma experiência muito legal, pois fazia anos que tocávamos juntos e nunca tínhamos feito uma tour tão grande assim: 20 dias, 15 shows, 24h por dia juntos, vivendo a mesma situação, em um carro, sem saber muito o que vinha pela frente. Foi bem doido! Foi como voltar no tempo, na época em que começamos a sair de Americana, tocar em outras cidades do Brasil, conhecer pessoas, novas ideias, novas possibilidades, a oportunidade de ver como somos próximos dentro dessa cultura underground… Muito foda! Todos os shows foram bem marcantes; sempre tinha um equipamento legal, uma galera que já conhecia e curtia a banda e isso foi muita surpresa pra nós ali. Acho que ali a banda tomava um outro rumo, numa direção de mais amadurecimento, de uma outra postura, de maior comprometimento, sem deixar a nossa cara! Fizemos amigos que nunca mais perdemos o contato, que marcaram mesmo a nossa história. Existe a ideia de uma nova tour pelo Mercosul e também Norte e Nordeste do Brasil, no próximo ano. Europa, com certeza queremos ir também. Temos que nos planejar bem pra adequar todas agendas e meter a cara novamente! Pra mim o Magüerbes tem uma sonoridade muito característica, é hardcore, é punk, tem umas pegadas hip-hop... Como você definiria o som da banda? Tuti - A gente sempre ouviu muita coisa, muita coisa diferente mesmo. Fomos criados no interior onde tivemos o contato com vários ritmos além do rock. Isso ajudou com que nós nunca tivéssemos nos prendido a algum rótulo. Isso é bom e é ruim. Nego vai demorar um pouco pra entender o que fazemos. Alguns nos julgam por não termos uma identidade, e é bem isso o que eu acho temos mais... Temos uma cara nossa, sem medo de experimentar ritmos, sem medo de fazer música, de poder criar juntos. O MBGS talvez se defina assim: cinco amigos fazendo o que gostam. O que você estão tramando para 2014? Tuti - Já estamos terminando de compor o segundo ep da série de três; talvez já entrando em estúdio nesse primeiro semestre, e vai se chamar “Futuro”. Nesse primeiro semestre estaremos entrando na casa dos 20; estamos pensando em algumas coisas pra comemorar mais essa vitória, também. Pensamos em fazer algo especial pro disco “2” , pois no ano que vem comemoramos 10 anos de lançamento dele. Continuar a tour do Vila Rica que está sendo animal, e tocar por esse nosso Brasil lindo de Deus! Pra levar os magüeRbeS para sua cidade é só mandar um mail aqui: ricamgbs@gmail.com e falar com o Ricardo. Pra adquirir o disco VILA RICA - venda exclusiva online pela Mondo Vinil: http://mondovinil.com. br/produto/maguerbers-vila-rica/ Obrigado Helinho, pelo espaço! Ano que vem é 100 anos! (risos)

A capa do Vila Rica e suas dobras, assinada por Xoxu.

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zap //

Sandro Dias, nose grab one foot.

// Copa Brasil de skate VertiCal

tempero na disputa pelo título // texto e fotos Julio Detefon Antes de finalizar o ranking 2013 em São Paulo, Brasília recebeu a 5ª etapa da Copa Brasil de Skate Vertical, que aconteceu dentro do Circuito Banco do Brasil, acirrando ainda mais a disputa pelo título de campeão do primeiro ano do evento. Os profissionais estavam de olho na boa recompensa distribuída em dinheiro, tanto na etapa quanto no ranking. A chuva que insistiu em cair na capital do Brasil quase esfria a expectativa de todos, mas a água que veio do céu serviu apenas para refrescar o clima característico do cerrado. Contando com os principais competidores brasileiros da modalidade vertical, mais a ilustre presença do gringo Jimmy Wilkins, quem esteve no Estádio Mané Garrincha para ver os shows de Capital Inicial, Criolo, Jason Mraz e Stevie Wonder, entre outras atrações, presenciou também voltas de perder o fôlego. Mas a final foi marcada por alguns erros, ficando a disputa exatamente para a terceira e última chance de cada. E foi justamente uma trick que marcou a etapa e fez a diferença entre Sandro Dias e Marcelo Bastos, principais destaques da final. Mineirinho foi para o tudo ou nada completando uma linha perfeita e finalizando com o 900. Delírio do público presente, que conferiu o primeiro acerto da manobra no circuito. Com a vitória, Sandro assumiu a liderança do ranking. A Copa do Brasil de Skate Vertical é um evento oficial da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), apresentação do Banco do Brasil, patrocínios do BB Mapfre, Dotz e Ourocap, e realização da Planmusic. Resultado 1º Sandro Dias “Mineirinho” 2º Rony Gomes 3º Marcelo Bastos 4º Italo Penarrubia 5º Raul Roger 6º Dan Cezar Pardinho 7º Jimmy Wilkins 8º Carlos Niggli 9º Edgard Pereira “Vovô” 10º Lincoln Ueda

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Lincoln Ueda, bs tail bone.


// zap

elefante na lata de sardinha

Eddie Elguera, de surpresa entre nós. Invert no bowl do Itaguará.

Cesinha, Fabio, Chiquinho.

Eddie e Kuge.

// texto e Fotos peTronio vilela Recebi uma mensagem da Tribo Skate pedindo um texto enxuto para a revista sobre o encontro anual Old School Skate Jam em Guaratinguetá. Para mim, falar do Itaguará Skate Club em rápidas palavras parece missão impossível: é como colocar um elefante numa lata de sardinha, mas, vamos lá! É sabido que Guará representa e muito a história do carrinho. Seus antológicos campeonatos brasileiros dos anos 80 marcaram gerações de skatistas, que até hoje celebram os títulos adquiridos naqueles inesquecíveis eventos. Com o passar dos anos, vieram os Old School Skate Jam (1999), mantendo a tradição anual de reunir neste clube do interior, pessoas que fizeram o skate brasileiro ser o que é hoje, o melhor do mundo, em todas as modalidades. Se hoje chegamos aqui, devemos agradecer e respeitar aqueles pioneiros das décadas de 70 e 80, que comeram o osso desse filé que hoje esta aí. É certo que muita coisa mudou, mas a tradição desses encontros em Guará é mantida pelo incansável Nando Tassara; porém nesse ano, o tradicional encontro não rolou nos moldes dos anteriores. Nando sofreu uma lesão na coluna impossibilitando-o de repetir a festa de forma aberta a todos os velhos amigos skatistas e o evento acabou sendo mais enxuto. No entanto, este ano teve a presença surpresa da lenda mundial Eddie Elguera. Sem qualquer aviso prévio, a vinda do inventor de manobras espetaculares (fs rock’n’roll, elguerial) ao Itaguará foi revelada na véspera pelo Facebook. Cortez como um bom pastor, recebi dele uma mensagem dizendo que ficaria feliz em rever os amigos de Guará naquele final de semana para uma sessão no Itaguará. Registrar a presença de um dos maiores ícones do skate mundial, talvez o melhor do mundo com idade acima de meio século, foi mais que uma benção. Em plena forma, com skate preciso e rápido, Eddie mandou várias manobras na sessão e fez a alegria dos presentes. O anfitrião desta vez, foi o parceiro do Nando na organização dos Skate Jam nos últimos anos, Alexandre Costa, da vizinha Pindamonhangaba. Ao final, merecidamente, Bruno Taioli e Eddie Elguera foram homenageados. Em seu agradecimento, Eddie fez questão de frisar a satisfação de realizar o desejo de estar ali no Itaguará com os amigos e família, demonstrou conhecimento, respeito e admiração aos que fizeram o skate acontecer, desde os primórdios. Foi então que lembrei da frase bíblica de um amigo skatista de longa data: “Conheça a história, respeite-a e faça a sua!”

Eddie e Nando.

Bruno Taioli, tailblock no banks.

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skateboarding militant // por guto jimenez*

D

Ivan ShupIkov

urante muito tempo, o Rio de Janeiro passou pelo fenômeno das construções cíclicas de pistas de skate. Bastava ter um ano de eleições, fossem municipais ou estaduais, e pronto: surgiam minirrampas, banks e áreas de street ao redor da cidade e por todo o estado. Nem todas bem feitas, e nenhuma delas conservada como deveriam ser, mas pelo menos tinham novidades a cada dois anos; na época, a Tribo Skate dava espaço a essas pistas nas matérias que eu chamava de “safras”, exatamente por se tratar de um acontecimento rotineiro em épocas eleitorais. Passada essa era, a cidade e o estado passaram por uma espécie de entressafra, um período no qual não havia praticamente nenhuma novidade em termos de pistas novas. É bem verdade que surgiram algumas exceções ao período de seca, como a pista mista da praia do Cocotá, na Ilha do Governador, ou o espaço coberto dedicado ao street em Volta Redonda. No entanto, eram realmente construções isoladas que foram conquistadas muito mais por conta do esforço coletivo de skatistas locais do que a prática de uma política de incentivo à prática do skate nesses locais. De uns anos pra cá, a coisa mudou radicalmente – e pra muito melhor! Primeiro vieram as pistas públicas de Itaguaí, cidade vizinha da Zona Oeste do Rio. Foi só o Fernando “Frewka” construir a primeira delas, e modificar a história da pracinha de seu bairro pra sempre, e logo outras duas foram feitas também pelo skatista e construtor em outros bairros da cidade. Não é de se estranhar o fato da antiga cidade pacata fazer parte do mapa múndi do skate, já que os estaleiros próximos ao porto de Sepetiba incrementaram o orçamento local de tal forma que foi possível construir novos espaços de lazer pra população se divertir – e foi nesse contexto que surgiram os novos picos. Em seguida, vieram as reformas em princípio feitas “na raça” tanto na pista da Praça do Ó, na Barra da Tijuca, e na quadra vizinha ao banks da Lagoa, ambas no Rio. Dois outros skatistas-arquitetos, Sylvio Azevedo e Bruno Mello, enxergaram a chance de fazer algo bem feito nas iniciativas e, através de sua Rio Ramp Design, trouxeram a técnica necessária pra reforma bem feita desses picos. E foram bem além, pois obtiveram autorização da prefeitura pra fazer uma verdadeira revolução naquelas áreas, construindo picos de street de verdade e reformando os banks de forma adequada. Ainda faltava aquela que seria a “cereja do bolo”: o Tatu Skate Park, no Parque Madureira. Num mesmo local, uma plaza completa e muito diversificada pra prática do street, um banks pra se pegar as bases antes de se jogar no melhor bowl do estado, e ainda uma ladeira suave pros que desejam pegar as manhas do downhill. Um verdadeiro sonho realizado, não só pros skatistas como também pros moradores dos bairros vizinhos, que agora têm uma área de lazer diversificada com inúmeras opções esportivas e de diversão pra todas as idades. Pensa que parou por aí?! Que nada! A nossa fome por pistas de skate não livrou nem mesmo os estádios de futebol, veja você... A

Fernando Frewka/Flyramp

O paraíso do concreto

Snake run rima com Maracanã. A mais recente conquista carioca.

área do Engenhão recebeu há alguns meses uma bela pista mista com área de street e banks, e rapidamente se tornou a favorita dos “tiozinhos” pelo fato de ficar embaixo do viaduto – ou seja, na sombra o dia todo! Além disso, no momento em que eu escrevo esse texto, está sendo finalizada mais uma pista, um snake run perto do Maracanã que já foi testado por ninguém menos que o hexacampeão mundial Sandro Dias, além do campeão mundial de ondas grandes, Carlos Burle, e de nosso tiozão Cesar Gyrão. Ah, antes que eu me esqueça: há um projeto já aprovado pra construção de uma outra pista de skate, numa região afastada do centro da cidade citada nesse texto, que tem o potencial de se tornar nada menos do que a maior e melhor pista já construída no país. Onde fica e quando fica pronta?! Aguarde, você vai ficar sabendo por aqui... E as outras pistas, como é que ficam? Bem, a reforma do Recreio ficou uma joia e a do Aterro do Flamengo já está sendo reformada, e espera-se que as malditas rachaduras nunca mais impeçam a ninguém de dar um rolé. Fora isso, há planos pra se fazer uma reforma decente no solo sagrado da pista de Campo Grande e estão começando os entendimentos pra que o mesmo seja feito no bowl do Rio Sul – uma das “10 pistas de skate que você precisa andar antes de morrer”, de acordo com a Thrasher. Daqui a algum tempo, quando você ouvir falar em “paraíso das pistas de concreto”, não vai mais pensar na Califórnia ou em outro lugar fora de nosso país. Bastará que você pense no Rio de Janeiro, dê o seu jeito de vir pra cá e divertir-se como nunca em transições de todo o tipo. O paraíso é aqui mesmo – e é carioca.

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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* EspEcial do Rio skatE VídEo Capítulo 2/versíCulo 1 Nicholas dias E alguNs skatistas dE sp, Mg, Rs E Es taMbéM EstaRão No do Rio, afiNal a galERa dE outRos Estados taMbéM cola No RJ pRa MaNobRaR. E paRa ENgRossaR o coRo da coNtagEM REgREssiVa paRa o laNçaMENto do VídEo, Nicholas ENcaixa E dEsliza uM ExtENso cRookEd EM Volta REdoNda. foto aqui Na REVista, VídEo lá No sitE. coNfiRa! foto pEdRo MacEdo

96 | TRIBO SKATE dezembro/2013


2013/dezembro TRIBO SKATE | 97


Base - Ref. EV 13009

Creme - Ref. EV 13008

Mantendo - Ref. EV 13006

Bola - Ref. EV 13005

Cores - Ref. EV 13007

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Logo - Ref. EV 13001

Sombra - Ref. EV 13005

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