Tribo Skate Edição 220

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Carlos iqui, hardflip. ano 23 • 2014 • # 220 • r$ 9,90

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// índice fevereiro 2014 // edição 220

especiais> 32. Boulevard Tour O verãO sem fim dO Brasa 44. alex carolino JOga nOvas BOmBas na eurOpa 56. uBerlândia Carne e sOl em minas gerais seções>

editOrial ........................................................12 Zap .....................................................................18 Casa nOva ......................................................68 HOt stuff ........................................................74 ÁudiO: la news ............................................76 skateBOarding militant ........................78 Jpg + mOv ........................................................80 Capa: Carlos Iqui conquista mais uma capa na história da Tribo Skate com uma sessão noturna da Boulevard Tour. a escada e o corrimão brilhante de uma igreja de São Bernardo do Campo foram ultrapassados de hardflip completamente na moral. Foto: pablo Vaz ÍndICe: O sono na caixa de papelão não foi incomodado com o frontside wallride de peter Volpi. Vida real de São paulo. Foto: Bruno park

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editorial //

Na escuridão da noite quente // Por Cesar Gyrão

B

elo dilema: qual das duas versões do hardflip do Carlos Henrique será a nossa capa? A de grande angular ou a de teleobjetiva? Questões como esta são sempre uma boa discussão na redação, uma parte muito prazerosa do trabalho de se fazer uma revista mensal. É sempre muito bom ter que escolher entre duas ótimas fotos. Na de tele, tem-se um quadro mais completo do pico de São Bernardo do Campo, com os ângulos da escada, sua estatura, o novo corrimão (pouco explorado), as sombras sinistras da noite quente deste verão. O skate controlado pelo pé da frente enquanto o de trás está levinho esperando a hora de encaixar no board. Iqui tem a manha e se joga quantas vezes for necessário pra garantir boas imagens de foto e vídeo. Ele está passando por cima do corrimão, o que não fica muito claro neste ângulo e se a dúvida aparecer, você terá que ler a legenda para se certificar. Este foi justamente o ponto que nos fez definir pela foto de angular, pois o cara tá mais próximo, mais na cara, com o carrinho controlado sobre os pés e a trajetória clara de que está passando sobre os canos metálicos

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para cair no outro lado. Skate mais explícito, embora num quadro mais fechado, com aquela alteração de dimensão que esta lente de câmera fotográfica costuma fazer. Aí você se pega a contar o número de degraus e nem precisa de 30 segundos para dizer “caraio, puta hardflip monstro do Iqui!” Outras questões entram em discussão para fechar a capa do jeito que tem que ser. Capas escuras costumam se embaralhar com outras revistas nas bancas, por isso puxamos a borda branca. Os frames de 35 mm das câmeras fotográficas são mais retangulares que o formato da revista, quadradona em seus 22,7 x 28 cm e a foto não merece corte. Tem o suficiente para mostrar a manobra e onde ela vai finalizar. Neste verão calorento, andar de skate à noite tem sido uma ótima saída para muito streeteiro que está “no corre”. Lógico que tem também o fato de que tem menos gente na rua a esta hora e o nosso belíssimo dilema está aqui compartilhado com você, leitor, que desta vez pode medir a situação sobre os dois ângulos discutidos. Curta a edição, com locações muito legais em nosso grande país e na Europa, cortesia de Alex Carolino.

Carlos Iqui, o hardflip dilemático. Foto: Pablo Vaz



ANo 23 • FEVEREIRo DE 2014 • NÚMERo 220

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Antonio dos Passos Junior “Thronn”, Diogo Groselha, Guto Jimenez Fotos: Adriano Kurosu, Antonio dos Passos Junior “Thronn”, Bruno Park, Diogo Groselha, Carlos Taparelli, Fernando Gomes, Flavio Gomes, Florian Lanni, Julio Detefon, Pablo Vaz, Renato Riani, René Jr, Rodrigo K-b-ça, Pedro Macedo

JI Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Cezar Toledo (cezar@patriaeditora.com.br) Cibele Alves (cibele@patriaeditora.com.br) Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

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Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JI Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





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[01] A Freeday apresenta seu time para 2014! Dois amadores

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inStagram DiegoFioreSeSkt

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DanielSouza

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que já vestiam os tênis da marca foram promovidos para a categoria profissional, são eles: JN Charles e Patrik Mazzuchini. E o terceiro reforço a dobrar para seis o número de profissionais na marca é o representante de Mato Grosso no cenário nacional: Ricardo Porva. Já nas categorias de base, Ivan Braga e Talles Silva entram para o time amador e iniciante, respectivamente. A Freeday conta ainda na equipe com Paulo Galera, Marcus Cida e Adelmo Jr. (pros), John Anderson e Marco Antônio (amadores), mais Patrick Vieira e Erick Fauth (iniciantes). freeday.com.br • Um dos integrantes da equipe Freeday também conquistou novo patrô! Marco Antônio recebe as boas vindas da Narina Skate. • [02] Jeferson Bill, skatista que representa agora Minas Gerais na categoria profissional, acaba de anunciar novo patrocinador: é a marca italiana Yeah Skateboards, que já conta com dois brasileiros no time, Mizael Simão e Luiz Gaida. yeahskateboards.com • A Zabô Street Eyewear também anuncia sua equipe de skate. O time é formado pelos profissionais Rafael Gomes (Maringá/PR) e Anderson Camargo (Cascavel/PR), mais o amador Henrique Vicente (Americana/SP). zaboeyewear.com.br • [03] Diego Garcez começa 2014 subindo o degrau da profissionalização já com pro model de shapes pela Blaze Suply e também entrando para a pesada equipe das lixas Crystalgrip, que é composta por: Dwayne Fagundes, Guiri Reyes, Gustavo Malagoli, JP Dantas, Ricardo Leonardo e Neverton Casella. • O carioca Gabriel Bila conheceu o skate de Porto Alegre de uma forma exclusiva! Vencedor da disputa Nike SB nas 4uadras, que rolou no Rio em novembro, Bila foi recepcionado por ninguém menos que Cezar Gordo e Luan de Oliveira. E além de conhecer o Matriz Spot, manobrou também no IAPI. • A Öus teve recentemente uma boa visibilidade na revista Thrasher de fevereiro sem investir em anúncio! O rapper Del The Funky Homosapien, entrevistado pelo Parteum na edição 215, andou de skate com uma das equipes do King of the Road 2013 vestindo tênis e camiseta do colab DelhierÖus. • [04] Chega ao Brasil, com representação pela Nacional Company, a marca de meias mais desejada entre skatistas, músicos e artistas do mundo todo. A Stance Socks tem uma vasta lista de pessoas que vestem a diversidade de suas peças. Confira os modelos (stance.com) e acompanhe as novidades: instagram.com/stancesocksbr. • O concurso de vídeo Qix Tv Contest 2 inicia com força total. Também não é por menos! Premiará com um carro 0 km o skatista do vídeo mais votado na fase final, que também premia com R$ 5 mil o videomaker do mesmo vídeo. E não para por aí! Serão mais R$ 5 mil para o skatista do vídeo finalista mais votado na categoria melhor manobra (best trick), R$ 2 mil para a melhor linha e mais R$ 2 mil para a melhor edição de vídeo. Essas duas premiações serão definidas entre os 16 finalistas pelos organizadores. Não perca tempo: qix.com.br/qixtvcontest2 • [05] O profissional de Jundiaí/ SP Diego Fiorese inicia duas novas parcerias: com a Verdi Skate Shop e com a Evolua Estúdio Funcional, que cuidará de sua recuperação e preparação física durante o ano. • [06] Marcos Noveline também inicia 2014 com boas novas! O profissional recebeu da loja MPVS Skateboards a surpresa de seu primeiro pro model de shape feito em maple. • [07] A Urgh Shoes fecha com dois profissionais para representar a equipe de pisantes: O carioca sangue nos olhos Marcello Gouvea e o vert rider paulista Ítalo Penarrubia. • A Tribo Skate marca presença pelo segundo ano consecutivo na escolha de uma das categorias do Laureus World Sports Award, considerado o Oscar dos esportes. Em 2013 o editor Cesar Gyrão votou para a escolha da personalidade mundial na categoria esportes de ação e este ano foi a vez de nosso coordenador de redação Junior Lemos contribuir para esta escolha. O resultado das categorias do Laureus World Sports Awards 2014 acontece em dia 26 de março.



Junior lemoS

Julio DeteFon

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Alex Sorgente.

Julio DeteFon

Layback Beer.

Julio DeteFon

Junior lemoS

Pedro Barros, fs air.

Greyson Fletcher, ollie one foot.

CupNoodles Bowl Jam

Mundo, panela de pressão * Por Cesar Gyrão // Fotos Junior LeMos e JuLio Detefon Desde que o mundo é mundo ele nunca foi brinquedo Enquanto uns choram Outros se apressam pra vender o lenço Isso nunca foi segredo… * Música de B.Negão Foram três dias de calor intenso. Os termômetros no Parque de Madureira, no Rio, batiam na casa dos 40º, mas medições dentro do bowl atingiam facilmente nos 50º, chegando aos absurdos 52º. Sensação térmica sufocante combatida com muito líquido. Neste verdadeiro forno, Pedro Barros garantiu sua primeira vitória do ano nas Concrete Series da WCS, o mundial de bowl que pela primeira vez é aberto no Brasil. Esse foi o evento que sucedeu o antigo Rio Vert Jam, de half pipe, que durou longos 10 anos. Em 2013 Pedro havia surpreendido a todos e venceu no half, o que teoricamente seria uma surpresa. Em 2014, com tudo diferente, ele confirmou o favoritismo, não sem ser perseguido por especialistas em bowls e mesmo rampas de madeira. O americano Alex Sorgente, foi bem completo e fez o segundo lugar. O pódio foi completado por outro americano, o Josh Rodriguez, também de uma geração mais nova. O dinamarquês Rune Glifberg, mais antigo de todos (aos 39 de idade), foi o quarto lugar. Ao contrário destes quatro primeiros colocados, Murilo Peres teve que passar pela

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eliminatória de sexta-feira, talvez o dia mais tórrido de todos. Esta fase começou às 16h00 no horário de verão, 15h00 no horário solar. Um verdadeiro suplício para se manter hidratado e em cima do skate por até 45 segundos em cada volta. Murilo estreou como pro com um merecido quinto lugar, pouco à frente do parceiro de sessions Felipe Foguinho. Sandro Dias tinha chegado à final na base da consistência e regularidade e o americano Greyson Fletcher na base da loucura e improviso. Emoção não faltou um segundo na final, assim como nas outras fases do evento. A panela de pressão da chamada deste texto não foi apenas para o Pedro, que já acumula quatro títulos de campeão mundial de bowl consecutivos e larga em 2014 na liderança. O CupNoodles Bowl Jam foi um bom evento para iniciar a temporada 2014. O bowl do Parque de Madureira, teve seu primeiro grande teste de fogo. Depois do Rio, o circo de bowl foi para a Oceania, com Pedro Barros puxando o bonde novamente. RESULTADO 1º Pedro Barros 2º Alex Sorgente (EUA) 3º Josh Rodriguez (EUA) 4º Rune Glifberg (Dinamarca)

5º Murilo Feitosa Peres 6º Felipe Caltabiano “Foguinho” 7º Sandro Dias 8º Greyson Fletcher (EUA)



Flavio gomeS

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nova linha na pista velha Rony Gomes é o atual campeão mundial e brasileiro de skate vertical. Isso significa que ele venceu o ranking da WCS (World Cup Skateboarding) e o da CBSk (Confederação Brasileira de Skate) em 2013. Façanha difícil de rolar, mas conseguida em outras épocas por poucos skatistas brasileiros, este ano também registrada pelo Kelvin Hoefler. Motivado ao máximo com seus rolês em half pipes, mas também em outros tipos de terrenos, Rony participou recentemente da Crail City Tour da Leticia Bufoni no Parque da Juventude. Naquela parte que poucos skatistas deixaram marcas (lembro apenas do Fabio Sleiman mandando um stale fish), Rony sobe um degrau na escala de dificuldade e cria uma nova linha na pista velha: fs heelflip monstro, que mereceu sequência. (Gyrão)

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aDriano kuroSu

thiago garCia

Bigspin fs noseslide.

Jornada dupla no playlist deste mês! O profissional paulistano Thiago Garcia mostra as músicas mais escutadas por ele, aquelas que o acompanham em pensamento quando está andando de skate e fazendo barulho quando está direcionando as ações da Future Skateboards. Se liga o que anda ocupando espaço nobre e as capas que se destacam no dispositivo móvel do skatista. Murs & 9th Wonder ft. Rapsody, Get Together Cymande, Brothers on the Slide The Montclairs, do I Stand a Chance Nas, New York State of Mind Casual and J. Raws, Respect Game or Expect Flames Meyhem Lauren, Pan Seared Tilapia Nas, Deja Vu Máfia Underground Old School, Instrumental (prod. Mixla) Asamov, Gone Head Chinese Man, Searching for the Space Monkey Thiago Garcia (Metallum, Future e Colex)

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Mobb Deep, Street Saga QBG (feat. Kool G Rap) Quasimoto, Green Power Meyhem Lauren, Terminal Illness Company Flow, Lunes TNS J.Dilla, Legacy, Vol. 1 e Ghostface Killah, Whip Me With a Strap Nas, Affirmative Action Jean Grae, You Don’t know Jeru the Damaja, Physical Stamina Wu-Block, Guns for Life Real Live, Ain’t no Love



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não basta Mostrar coMo você se aLiMenta, os picos onDe vai constar o roLê, a JaneLinha Do ônibus/avião onDe viaJa ou MesMo as novas peças que acabaraM De cheGar. o Lance Do instaGraM aGora é reveLar a preparação Do skatista para ‘MeLhorar’ o renDiMento eM ciMa Do skate.

@DhiegoCorrea

@FabioCristianoBR

@G_Trak

@Jay_Alves

@JhonyMelhado

@LeoSpanghero

@RafaelGomes

@RodrigoTX

@SuenioCampos

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augusto Fumaça GanGueirão, cantor De rap e skatista! essa Deve ser a iMpressão que fica pra queM vê o auGusto estanisLau peLa priMeira vez. taLvez seJa por causa Das tatuaGens no rosto, Da caLça LarGaDa Lá eM baixo ou Do skate que está seMpre à tiracoLo. Mas queM conhece o fuMaça sabe que eLe é Muito aLéM Disso. eLe representa uMa poDerosa referência De profissionaL para uMa GarotaDa espaLhaDa peLo interior Do brasiL, seJa peLos seis anos no profissionaLisMo (coM o Destaque De ter feito Muita coisa na época Da inc 3), seJa peLos Diversos eventos que está presente coMo Juiz. consiDeraDo há Muito teMpo coMo o rei Da zona Leste, responsáveL por criar picos De skate eM Diversos Locais Da capitaL e atuaLMente coM a aGenDa LotaDa De viaGens para participar De eventos, trazeMos para a Linha De frente Das perGuntas certeiras De nossos Leitores, auGusto fuMaça!

// Augusto “FumAçA” EstAnislAu 33 anos, 20 de skate são Paulo, sP Fumaça House, sativa, Clove House, starday e aCesso skate sHoP

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ri an i

• Em todo seu tempo de skate, quais foram todos os seus patrocínios? Do primeiro, até os de hoje em dia? (Gabriel Belver, Botucatu/SP) – Não lembro de todos, mas teve um que me ajudou muito na minha vida e que eu agradeço que é a Inc 3. Tive o patrocínio dela por 11 anos. • Você foi um cara que andou bastante tempo em Mogi das Cruzes, época do Centro Cívico. Hoje temos a plaza (Mogi Skate Park) zerada, na qual não tivemos a sua presença ainda. Por qual motivo você ainda não veio nos visitar e como Mogi fez parte da sua trajetória? Valeu, Fumaça! E, quando vier, traz minha regata do Fumaça House GGG. Nóis! (Rodrigo Yamashita, Mogi das Cruzes/SP) – Não fui andar de skate na pista de Mogi por ter que usar capacete, essas coisas. Eu não me identifico ainda muito em andar com isso, mas acho que a molecada que está começando tem que usar mesmo. Então molecada, neste caso: faça o que digo mas não faça o que eu faço! Mogi foi importante porque fez parte da minha carreira no skate, como amador e como profissional. Tá na história, não tem jeito! • Você tem várias tatuagens. Qual é o significado pra você do $ que você tem no rosto? (Wendel Borges, Botucatu/SP) – O cifrão no meu rosto é porque sem o dinheiro você não é nada. Tem que ter Deus na sua vida, mais o dinheiro também - são as principais coisas. Uma tattoo que tem um significado importante é a coroa, porque significa o rei da Zona Leste. • Você acha que o skate deve fazer parte das olimpíadas convencionais ou considera que participar dos X Games (olimpíadas dos esportes radicais) já é suficiente? Quais seriam os prós e contras do skate se tornar uma esporte olímpico? (Marcelo Kuts, Presidente Prudente/SP) – Acho que tinha que fazer parte das Olimpíadas sim, porque ia melhorar pra todo mundo. Ia valorizar bastante o esporte e a gente teria mais investimentos no nosso meio. Ia abrir as portas para mais pessoas, com outros tipos de possibilidade pra gente trabalhar a nossa imagem. Ia ter mais trabalho pro skatista, com certeza!

re na to

• Como foi que você começou a estamparia ‘Fumaça House’? Teve muita dificuldade pra começar? (Daniela Ropke, Botucatu/SP) – No começou tive muita dificuldade porque aprendi sozinho. Daí fui no Centro, comprei as paradas que precisava e fui vendo como se fazia no Google, Youtube. Aprendi sozinho. Isso foi em 2009, e graças a Deus hoje está dando tudo certo! A ideia da Fumaça House surgiu porque eu já tinha uma lojinha em casa e vendia algumas mercadorias, o que ganhava do patrocínio ou o que ganhava em campeonatos. Daí eu vi que precisava de um logo pra marca, e como está todo mundo em casa, pensei na chícara de café. Assim, surgiu! • E aí, Fumaça, beleza? O que você faz pra segurar a sua calça (ou berma), porque ela fica lá no chão, largada, mas não cai? E qual o segredo para mandar esse fs flip perfeito? (Alex Sandro Firmino, Porto Real/RJ) – Eu uso a calça amarrada com cordão ou cadarço. Sempre andei assim, com a calça lá embaixo e até hoje nunca caiu. O cordão ajuda! Frontside flip? É só muito estilo, calma, calça largona, camisetona e largar os braços. Pra aprender é só você andar com alguém já dá um rolê legal, que anda bem; você aprende rápido. • E aí, Fumaça, me diz quando pretende mostrar seu skate para os gringos? Parabéns pelo trampo e pela humildade! (Felipe Silos Ferreira, Itapira/SP) – Isso não sei ainda; depende, porque é muita correria. Eu tenho família, são muitas coisas ainda na frente aí! Já pensei muito em ir pra gringa, só que nesse momento as condições não estão ajudando. • Alguém já tentou colocar você pra baixo, dizendo que não iria conseguir? (Lucas Otávio, SP/SP) – Na real, todos os dias acontece isso daí. As pessoas falam que não vou conseguir; às vezes têm muita inveja. Mas pelo lado da molecada que se espelha em mim, eu continuo lutando até o fim! • O que você acha de profissionais que dão mal exemplo quando chegam na pista de skate? (Igor Duarte, SP/SP) – A molecada que começa a andar de skate hoje se espelha muito nos profissionais. Tudo que ele fizer, a molecada vai querer fazer igual. Por isso a gente tem que dar o exemplo, independente se vai na pista pra andar ou não.

• Por que você acha que mesmo possuindo um altíssimo nível técnico, respeito da classe e um nome de peso no skate nacional não recebe investimento das grandes empresas do skate? (Reilly Pires, Dom Pedrito/RS) – Essa é uma resposta que eu acho assim: pra um skatista ter patrocínio forte hoje, ele tem que se preocupar em ir para eventos profissionais, mas o meu foco é outro. Eu viajo bastante pra ficar



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augusto Fumaรงa

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renato riani

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de juiz e fazer apresentações, tô com a agenda cheia para os próximos dois meses. E se tiver alguma marca forte que enxergue que isso também é interessante, tamos aí: cada final de semana levo o meu skate pra uma cidade diferente. • O que aconteceu em Porto Real? Você voltou a executar a manobra que o fez se machucar? Se pudesse escolher uma grande marca internacional para filiar à Fumaça House, qual você escolheria? (Luiz Claudio Cordeiro, Antonina/PR) – Na real essa manobra foi assim: eu fui pra esse campeonato, ficar de juiz, andei de skate um bom tempo, umas três horas, voltei várias manobras mas fui acertar um switch flip no chão e o skate espirrou no meu rosto. Daí estourou uma veia no meu nariz, mas já me recuperei. Ficou feio o negócio no meu rosto, mas já sarou! Sobre marca gringa, na real eu nunca pensei nisso e pretendo fazer o corre sozinho, do começo ao fim, continuar assim. • De que maneira você acha que você ter uma marca ajuda o skate brasileiro? (Guilherme Jorge, Mococa/SP) – Vejo que o skatista tem muito a contribuir quando entra em uma marca ou cria a sua. Ele entende do skate na prática, já passou pelos perreios, os sufocos e os venenos. Ele sabe a dificuldade que passou e isso pode ser usado pra ajudar outros skatistas, com a marca. E não só desta forma, mas também indicando o caminho certo pros mais novos, servindo de exemplo mesmo. No meu caso, a minha ajuda é em forma de apoio com material para a molecada menos favorecida e também reforçando a premiação dos eventos onde trampo. Eu penso assim: o que eu ganho, dou pra molecada, e o que eu compro pra loja é pra venda mesmo. Esse seria o certo de todo profissional: separar uma parte da cota dele pra doação. Pode ter certeza que ele vai ter em dobro depois! • A pista que você achou e está reformando agora, a do Vale do Miragai, tá tendo uma luta pra arrumar lá, né? O que você acha de batizá-la com o nome de Fumaça Skate Park? (Marco Aurélio, SP/SP) – Essa pista aí é perto de casa, fica num parque e estava abandonada. Não é quadra, é uma pista que sempre teve! Eu sempre quis um lugar pra resgatar e ajudar a molecada da minha área. Ela tava cheia de mato, daí fui lá pra carpir e agora estamos arrumando os obstáculos. Fui na prefeitura, consegui tudo certinho, tá regularizado. E além disso, eu sempre pego essa garotada e troco uma ideia, passando a visão que skate não é só manobra, tem que estudar, trampar e depois andar de skate. Primeiro as obrigações, depois o skate! Essa pista é uma chance de colocar na cabeça da molecada que skate não é só andar bem, é ser exemplo e ter atitude. Quero fazer futuramente uma escolinha lá. Já batizaram com meu nome, não tem jeito. (risos) • Você fez parte da construção e viu a demolição do Multy. Qual é a sensação de ser exemplo para uma geração que nasceu e se criou em um pico que você ajudou a criar? (Renan Reis, SP/SP) – O Multy foram vários caras juntos, vários nomes se juntaram para fazer a parada acontecer. Sinto-me feliz de ter sido um desses caras, de ter conseguido realizar os eventos e desta forma ter feito o pico ficar tão famoso. Fico feliz também em saber que a molecada se inspira nessas ações, de reformar e fazer os picos onde vários vão andar! • Fumaça, explica aí pra galera como você ‘adquiriu’ sua hérnia, que às vezes sai pra fora! (Claudio Alves, Santo André/SP) – Kkkkkk, putz mano. Os caras são fogo! Isso aí é uma brincadeira que fazia com todo mundo; muita gente viu isso daí porque faço desde o começo no skate. Eu fingia que tinha uma hérnia, daí eu colocava os bagos pra fora, chamava os caras e dizia que minha hérnia tinha zoado. Os caras vinham ver, viam meus ovos e queriam morrer. * Pergunta escolhida foi a de Reilly Pires, de Dom Pedrito/RS.

Fs flip, no Cecap em Guarulhos.

Próximo enFoCado: DiEgo olivEirA envie suas Perguntas Para: triboskAtE@ymAil.com Com o tema linhA vErmElhA – DiEgo olivEirA Coloque nome ComPleto, Cidade e estado Para ConCorrer ao Produto oFereCido Pelo ProFissional. 2014/fevereiro TRIBO SKATE | 31


boulevard tour // brasil

O Brasil tem diversOs atrativOs que deixam Os gringOs curiOsOs para vir nOs visitar e cOnhecer O tãO famOsO país da miscigenaçãO genética e cultural. sOl, praia, diversãO e tudO mais que nOs identificam cOmO naçãO estãO na pauta de muitOs deles, mas para a equipe BOulevard, que passOu três semanas percOrrendO cidades em sãO paulO, riO de JaneirO, paraná, santa catarina e riO grande dO sul, O pacOte incluia tamBém O skate. cOmO a agenda lOtada da tOur incluia cOmprOmissOs cOmO sessões de autógrafOs em lOJas e demOs, cOm Os resultadOs amplamente divulgadOs na internet, trOuxemOs para este espaçO nOBre da revista apenas O que fOi feitO nO pOucO tempO que restOu e que fOi aprOveitadO para apresentar tamBém nOssOs picOs e O skate de cada cidade à parte gringa da equipe. e sãO Os própriOs skatistas que cOntam suas impressões dessa viagem que Juntas se trasfOrmam na história de cOmO fOi a endless summer viBes! pOr Junior Lemos // fOtOs PabLo Vaz

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descer de switch a ladeira de uma rodovia movimentada em Balneário camboriú/sc, com o sol do meio dia fritando a cabeça é para poucos. rodrigo gerdal faz tudo isso e ainda encaixa um certeiro switch flip.

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boulevard tour // brasil A maior diferença desta tour para as outras que já fiz ao redor do mundo foi que nós ficamos o tempo todo com os brasileiros. Normalmente, em outras tours, a gente fica a maior parte com a galera que participa dela, independente do país onde estivermos. É difícil sentir a vibe do país se você não estiver com os locais. Desta vez, nós estávamos totalmente envolvidos pela cultura do Brasa! Comemos nos melhores lugares, fomos nas melhores festas e andamos nos melhores picos, coisa que a maioria dos gringos não têm acesso. Eu conheço o Cerezini e o Gerdal há muito tempo, de outras viagens pelos EUA e Europa; são meus irmãos, então quando tive a chance de conhecer a família deles foi incrível. A sessão de skate na mini rampa da casa do Cerezini foi um momento único; todos reunidos com o Bruno (Cerezini), no lugar onde eles cresceram, dando risada e andando de skate - isso não tem preço. São experiências assim que fazem uma viagem divertida para mim. (Rob Gonzales)

As sessões em Balnerário Camboriú e Itajaí foram muito divertidas. Estar no clima de praia, longe de cidade grande é outra vibe. A sessão numa pedra natural no meio da rodovia, com vista para o mar foi épica. Sol estralando, pico díficil e uma energia única com toda a equipe junta, colaborando pra que a sessão fluísse da melhor maneira possível! (Rodrigo Gerdal)

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após uma pequena briga com alguns moleques que tentaram invadir e roubar nossa van, daniel lebron mostra tranquilidade e leveza neste fs flip em criciúma/sc.


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sess茫o disputada ap贸s um longo dia de skate! 1 pico, 1 fot贸grafo e 3 skatistas. danilo cerezini soube esperar sua hora pra mandar um perfeito nollie bs flip em s茫o Bernardo/sp.

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brasil // boulevard tour

skatista mais empenhado de toda tour, danny supa era sempre o primeiro a andar nos picos e animar os mais novos: half cab noseslide 270 out pra aquecer e inspirar a sessão da crew em são paulo/sp.

Foram incontáveis momentos divertidos durante esta viagem, o que é inevitável com uma galera como esta. Talvez o episódio mais engraçado de todos foi quando um fã pediu para que todos nós autografássemos em sua Bíblia! Aquilo foi hilário! Foi engraçado também o fato de eu ter perdido a carteira antes mesmo de chegar em nossa primeira parada em Curitiba, durante uma conexão em São Paulo. Eu já havia perdido minha carteira da outra vez que estive no Brasil e jurei que dessa vez seria diferente; mas pelo visto não foi... (Jose Pereyra)

Estávamos no Centro Rio, no primeiro dia que saímos para andar na rua, eu havia acabado de voltar uma linha e o Thiago Lemos também. Estávamos um pouco longe, nos preparando para filmar mais, e os videomakers estavam na frente do pico conferindo as imagens, quando do nada para um carro e eu vejo um cara saindo armado, apontando a arma para eles e tomando as câmeras; na hora bateu um desespero ao ver aquela cena de longe e não poder fazer nada. Mas nem isso acabou com a vibe da tour. No mesmo dia, graça a alguns amigos locais, ainda fomos andar na Praça XV e mesmo com a chuva conseguimos andar e filmar um pouco mais! (Danilo Cerezini)

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brasil // boulevard tour

meio dia, sol fritando, 40 graus! não é todo gringo que faz o que for preciso para conseguir uma foto bonita. danny montoya, switch f/s bluntslide no parque de carapicuíba/sp.

trabalho rápido; 5 minutos, 5 cliques e rob gonzales conclui a sessão com 2 fotos: uma delas é este nollie bs heelflip em criciúma/sc.

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chão ruim, pouco espaço pra voltar e tudo aquilo que o Brasil oferece quando se trata de skate na rua. Jose pereyra travou uma batalha pessoal com o pico e saiu vencedor: gap to b/s nosebluntslide em itajaí/sc.

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brasil // boulevard tour

Basta descer da van com o skate no pé para que tiago lemos mostra que seu repertório vai além do óbvio: wallie bs noseslide antes mesmo de chegar na sessão da roosevelt em sp.

A demo na pista do Engenhão (RJ) foi demais! Toda a crew da BLVD andando junto e acertando várias manobras, estilo back to back, foi incrível. Em São José dos Campos a demo também foi mó vibe, os obstáculos eram bem a nossa cara! Foram as primeiras demos da BLVD com toda a equipe e andar junto dos caras que eu sou fã, como o Montoya e o Supa, me animou ainda mais! (Tiago Lemos)

O Brasil, em geral, tem muito coração quando o assunto é skate e também na vida em geral. Eu aprendi a amar o Brasil e como as pessoas batalham para conseguir o que elas necessitam para viver, não importa como o façam. Gostei muito do fato do país ser cheio de vida e de lugares alucinantes. Vou recomendar a todos uma visita. A tour em si foi diversão do começo ao fim; a organização foi boa e eu gostei do roteiro onde passamos por diversas praias e alguns campeonatos. (Danny Supa)

Eu diria que Thiago Lemos e Carlos Iqui foram a dupla mais dinâmica desta turnê. O jeito que eles andam de skate representa o futuro do skateboard. Muito talento, amor pelo que fazem! (Danny Montoya)

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não basta andar num pico inédito, carlos iqui já havia voltado uma linha nesta ladeira antes mesmo das câmeras saírem das mochilas. flip pra transição, na linha e no galeto da ladeira em santo andré/sp.

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brasil // boulevard tour

Todos os momentos dessa tour foram incríveis, andar com skatistas que sempre admirei, conhecer lugares novos, rever velhos amigos e fazer novos... Sempre evoluindo o corpo e a mente. A tour foi incrível. (Carlos Iqui)

Daniel Lebron apareceu de surpresa no Brasil. O mais novo integrante da BLVD havia assinado contrato com a marca poucos dias antes da tour e já chegou marretando as demos com seu skate técnico e estilo impecável, mostrando porquê aos 37 anos é um dos maiores skatistas europeus de todos os tempos. (Felipe Ventura)

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entrevista pro // alex carolino

O mundO é sua platafOrma de trabalhO, desde que atravessOu pela primeira vez um OceanO para andar de skate. se O niltOn neves abriu as pOrtas na frança e espanha, antes mesmO de barcelOna ser batizada cOmO a meca dO street internaciOnal, alex carOlinO se tOrnOu “cidadãO eurOpeu” aO ser chamadO pra fazer parte de marcas desta parte dO planeta. cOm sua base bem cOnstruída na cidade que nasceu e cresceu, curitiba, nOvOs patrOcinadOres brasileirOs, alex cOntinua criandO situações nOvas para levar seu skate para lugares pOucO explOradOs, desta vez embarcandO nesta trip sOlitária pOr cidades fOra dO eixO cOnsagradO na frança e espanha. depOis de sua pesada entrevista de 2008 aqui na tribO skate, ele vOlta cOm mais experiência e manObras apuradas, cOmO bOmbas jOgadas sObre O sOlO da velha eurOpa. sempre nO bOm sentidO, pOis seu nOme é alex carOlinO. pOr Cesar Gyrão // fOtOs Florian lanni

Carolino põe as cartas na mesa. Neste caso, na fixa de ping-pong da província de Badalona, distrito de Barcelona. Frontside nollie to switch crooked.

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Tranco pra entrar, tranco pra sair. Se os pÊs têm que absorver tudo isso e ainda controlar o skate girando um backside nollie flip a esta altura, chame o Carolino para resolver. Lille, norte da França.

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arquivO pessOal

alex carolino // entrevista pro

C

omo foi essa sua última grande viagem? A iniciativa foi sua? O Florian já estava envolvido para fazer as fotos? A viagem foi iniciativa minha para filmar. Eu encontraria o Flo Marfaing em Paris e faríamos esse roteiro de andar em Paris, depois passar por Lille, ao norte da França, e Espanha. Logo nos primeiros dias em Paris a gente saiu pra filmar com o Paco, um grande amigo e videomaker que filmou o video da Lordz (They Don’t Give a Fuck About Us) e chamamos o Florian Lanni para fazer algumas fotos na praça da República. Lá nos conhecemos e andamos de skate o dia todo. Foi muito divertido. No final do dia, falamos para ele sobre nossa trip e ele se interessou em ir junto. Então foi assim que esta matéria começou a tomar corpo... Ao longo dos anos você fez muitas viagens para filmar, participar de eventos e fotografar. Muitas delas, com as equipes de seus patrocinadores, mas outras vezes, também, de forma solitária. Quais foram as road trips mais marcantes? Quais as tours mais animadas? Todas as viagens são divertidas. São diferentes formatos de cronograma. Quando viajo com o time dos patrocinadores, sempre temos mais compromissos do tipo visitar lojas, fazer demos, sessão de autógrafos, etc; já quando estou indo para filmar, ficam mais flexíveis os horários, mas o corre é sempre intenso, pois a gente sempre quer render o máximo possível dentro da viagem. A tour mais marcante foi para Barcelona com o time da Seek, na época com Rob Dyrdek, Greg Mayers, Mike Taylor, Flo Marfaing, Josh Kalis e eu. O time da DC também estava junto filmando para o vídeo e pude andar de skate com caras como o Danny Way. Lembro que, um dia, estávamos no apartamento que a Seek alugou junto com a DC e à noite conversávamos com o Danny e ele estava falando sobre a Megarrampa. Eu e o Flo ficamos chocados, só imaginando o que seria... Depois saiu o vídeo e o choque foi total. Sem dúvida, esta viagem foi muito legal pelos rolês e experiências vividas com estes grandes skatistas. Outra viagem que marcou muito e foi muito

divertida foi com o time da Lordz ao Japão (risos). Sakê, karaokê e risadas nas situações de rua com seguranças e polícia; muitas lembranças desta trip. Recentemente você fez sua primeira tour com a Cisco, marca que acabou de entrar. Como foi essa correria? Você se sentiu mais em casa? A primeira tour com a Cisco foi muito style. Passamos por Balneário Camboriú e Florianópolis, vários picos. Me senti muito bem no rolê com o Daniel Mordzin e o John Anderson; também colaram o videomaker Leonardo Silva e o TM (team manager) Ângelo Esteves. A gente curtiu bastante, deu pra pegar uma praia também e renderam boas imagens para o vídeo de bem-vindo que estou produzindo para a marca. A gente já está planejando outras viagens com todo time e micro tours - fiquem ligados, logo mais na sua área! Quanto à Cisco foi muito oportuna nossa parceria. Já conheço as pessoas que trabalham lá há muito tempo, como o Osni Ribeiro. Andávamos de skate juntos, quando eu era molequinho. Tem o Maiko Portes, entre outros… Ultimamente tenho colado lá na Cisco Plaza pra fazer um rolê e nossa relação foi se

O Paraná está se reafirmando como grande potência do skate brasileiro e vamos ver mais e mais as marcas daqui se destacando tanto no cenário nacional como internacional. 2014/fevereiro TRIBO SKATE | 47


Nollie flip nosegrind reverse, com a cobertura da noite de Lille.

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alex carolino // entrevista pro

Nollie flip com fundo renascentista. Paris.

Quando eu tinha 20 anos pensava que com 30 estaria parando de andar, mas não é assim. Com a tecnologia, avanços médicos e preparo físico, os atletas de hoje poderão andar por muito tempo com alto rendimento e puxando a evolução. estreitando, até que surgiu a proposta. É muito bom ter esta proximidade e estrutura da marca, pois podemos fazer modificações nos produtos e testar lá mesmo na plaza. Já estamos finalizando o pro model que deve estar chegando nas lojas em breve. Espero que gostem. Suas origens no skate estão mais do que nunca em evidência, agora que você está com mais um suporte de marca local de alcance nacional, com a Everlong, que também é de Curitiba. Lá no início foram marcas como a Drop Dead e a Maha, hoje são estas. Você acha que o Paraná está recuperando prestígio no mercado nacional? Com certeza, o Paraná sempre foi um reduto de formação de marcas e atletas. Hoje temos novas marcas na cena e novos skatistas. A indústria sempre passa por transformações e hoje vemos skatistas à frente de marcas e pessoas do skate nas posições de gerência. Isso ajuda a realizar ações que sejam boas para o esporte e para a marca. O Paraná está se reafirmando como grande potência do skate brasileiro e vamos ver mais e mais as marcas daqui se destacando tanto no cenário nacional como internacional. Seu programa “No Rolê com Carolino”, no Youtube, está quase batendo no número 130. É bastante coisa. Existe alguma ideia de fazer uma

compilação dos melhores momentos e transformar isso num vídeo? Isso porque você sempre envolve vários irmãos que andam muito. Sim, tenho esta ideia sim, mas por enquanto todo ano eu faço um “Best Of” de todos os vídeos que produzi no ano. Quero também levar este formato para a TV. Hoje vejo vários programas de skate ganhando espaço na tela. Esse é o corre, mas sempre incluindo quem tá andando no dia a dia, como o nome diz: “No Rolê Com Carolino”. No seu dia a dia de pai de família, com a função de levar a filha na escola, essas coisas, seu tempo para as sessões quando está em casa é mais curto. Como você tem feito pra manter o rip? Tenho que dividir meu tempo e ter uma boa dose de disciplina com os horários para assuntos de internet, rede social, potrocinadores, família e os rolês. Para manter a forma, faço treinos físicos com o personal trainer e profissional de skate Felipe Nagano, três vezes por semana; tenho um caixote aqui em casa, pra quando o tempo apertar, pelo menos um solinho e uma manobrada no caixote rola. No geral é tranquilo; minha família me apoia e aqui tenho uma boa estrutura. Tem a pista da Drop Dead, da Ultrashock e a Cisco Plaza, sem falar nos picos de rua, como a nova Batel com seus banquinhos e chão perfeito. O segredo é administrar o 2014/fevereiro TRIBO SKATE | 49


N達o vai ficar tijolo sobre tijolo depois deste nollie frontside flip to bank em Barcelona.

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alex carolino // entrevista pro

Faixas e setas na direção do kickflip. Lille.

tempo e dar prioridade às coisas importantes da vida, o resto se encaixa. Com tranquilidade e paz fica mais fácil lidar com as situações do dia a dia. Você tem um calendário de atividades profissionais amarrado desde o início do ano? Como planeja suas viagens? Tenho algumas ações já definidas: grandes eventos, como Tampa Pro; ações das marcas que me patrocinam. Mas no geral as coisas são definidas alguns meses antes, como tours e viagens para filmar. Definimos o objetivo da trip e seus custos; depois de tudo acertado, é só manobrar e fazer o máximo para alcançar os objetivos traçados. Em 2013 você competiu em algumas das etapas do Circuito Brasileiro da CBSk e em eventos avulsos como o da Vans e o Drop Dead Pro, sempre fazendo frente às melhores performances. No champ da Vans, no ginásio do Pacaembu, você deixou escapar apenas na final, depois de liderar a eliminatória e a semi. A preparação física que está fazendo com o Felipe Nagano está ajudando nessa parte? Com certeza tem ajudado, sim. Quando eu era amador, eu tinha uma vibe diferente para os campeonatos, curtia competir e ficava focado. Nessa época sempre ficava bem nas competições, mas depois que passei para profissional e comecei a viajar o mundo para filmar, o foco mudou e perdi um pouco esse lado. Hoje gosto dos eventos porque encontro vários amigos na sessão e isso é muito divertido, mas sei que se destacar e conseguir um bom resultado é muito bom, tanto pela premiação como para os patrocínios, também para a carreira de um atleta no geral. Neste ano de 2014 quero focar nesse lado também. Vamos ver como vai ser. Muitos skatistas, quando chegam aos 30 e poucos anos, entram numa espécie de crise da idade, para se manter em alta com as marcas,

com seus fãs, mas cada vez mais vemos exemplos como o seu, de caras que estão no game bombando. Você já tinha falado na entrevista anterior que estava criando outros caminhos para se manter no skate, editando vídeos, coisas do gênero. Parece que isso vai ficar mais pra frente, né? Sim. Eu estou andando e quero manter o ritmo por muito tempo. Hoje em dia, o tempo para andar de skate profissionalmente está aumentando. Quando eu tinha 20 anos pensava que com 30 estaria parando de andar, mas não é assim. Com a tecnologia, avanços médicos e preparo físico, os atletas de hoje poderão andar por muito tempo com alto rendimento e puxando a evolução. Ainda estou editando meus vídeos, fazendo o No Rolê Com Carolino e sempre que possível dou minha opinião nos vídeos das marcas que me patrocinam. Vamos que vamos! Você tem apoio de uma loja de Lille, na França. Como é isso? Tem suporte quando vai pra lá, como nesta última viagem? Sim, o Fred da Zeropolis é um grande amigo desde a época da Lordz e ele sempre dá uma força quando colo lá na Europa. Desta

Andamos no Le Dome, pico clássico de Paris, com suas hubbas que o Flo demoliu de tantas marretadas que deu. 2014/fevereiro TRIBO SKATE | 51


No rolê com Carolino por Lille. Siga seu frontside nollie heelflip to switch manual to switch flip.

vez ele pagou hotel em Lille e estava nas missões dando suporte. Ele já tem a loja há 15 anos e em Lille ele é responsável pela cena do skate local. Saiu um vídeo comemorando estes 15 anos de loja, você pode ver no link http:// www.zeropolis-skateshop.com/news/zeropolis-xv-years Você ainda encontra amigos antigos da extinta Lordz, como o Flo Marfaing, quando vai pra França. Ele colou nesta sua última missão? Encontro, sim. Desta vez o Flo Marfaing estava comigo na trip. Em Paris encontrei o antigo TM da Lordz, o Benoit Copin e um dos donos da Lordz, o Nao e o Frank Baratero, que ainda estão no rolê. Andamos no Le Dome, pico clássico de Paris, com suas hubbas que o Flo demoliu de tantas marretadas que deu. Sempre é bom rever os amigos e ver que, apesar dos caminhos que a gente pega na vida, os amigos continuam unidos pelo laço do skateboard. Conta pra nós como funciona o lance com a Souljah Griptape? É só quando está na Europa?

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A Souljah Griptape foi uma ideia do Flo Marfaing, Simon Cronenberg e minha. É uma marca de lixa que já está sendo comercializada na Europa e estou definindo os detalhes para começar a Souljah no Brasil. É um sonho que se realiza, de poder ter nossa marca e fazer as coisas como a gente quer. Não é fácil, mas a gente está crescendo e não temos pressa. Quem usou a lixa sabe que é muito boa. Nossa ideia é qualidade, acima de tudo. Logo mais no Brasil... De volta ao Brasil, quando você vai na Cisco anda direto com os caras da marca na plaza de Campo Largo? Sim, estou indo mais agora que fechamos contrato. A plaza é muito style pro rolê em meio à natureza. Com a estrutura da empresa ao lado, geralmente colo na parte da manhã, troco ideias com o Manjo, Osni e Maiko, depois colo na plaza e fico andando, filmando, etc. Na hora do almoço os caras colam pra almoçar e depois, quem anda de skate e trabalha na Cisco, faz um rolê pra descontrair e ajudar na digestão. Geralmente, depois do almoço, volto para


alex carolino // entrevista pro

Curitiba e faço os corres. Vou filmar na rua, treino com o Nagano e família. Você está na DC Shoes há mais de 6 anos, representando na equipe brasileira. Quando está em terras estrangeiras você é do time internacional? Pode parecer uma pergunta idiota, mas como funciona esta virada de chave quando se encontra com a equipe americana? Eu sou da DC Shoes Brasil mas quando encontro a equipe americana, eu diria que somos tipo uma grande família. Continuo sendo da DC Shoes Brasil, mas todos representamos a DC Shoes, com seu time global e os times regionais. Em ações da DC você já atuou como juiz, como monitor de escolinha de skate, além de fazer apresentações. Você curte este outro lado do skate? Gosto, sim. Como juiz, às vezes é cansativo, se tiver muitos atletas para julgar, mas gosto de ver os skatistas de todas as categorias e como está o nível em cada uma. Já com escolinha de skate, acho legal porque atletas profissionais já têm uma boa base por experiência própria sobre como fazer as manobras básicas; acho que eu levo jei-

Procuro aprender com meus erros e ver as coisas com uma perspectiva otimista. Na vida a gente passa por situações que estão sempre testando nosso grau de evolução, seja física, psicológica ou moral. 2014/fevereiro TRIBO SKATE | 53


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alex carolino // entrevista pro

to como professor, porque tenho paciência e meu método varia dependendo da pessoa. Aproveitando o gancho de andar de skate com crianças, lembro que uma cena esquisita que presenciei foi quando você ganhou um evento quando iniciante no skatepark de cimento da Maha, nos anos 90. A comemoração dos amigos foi um chá de cuecão monstro que lhe machucou. Você magrelinho sofreu muito e fez esforço pra não chorar, porque deve ter doído muito. Você acha que estes rituais e outros do mesmo naipe são tradições que a molecada tem que passar mesmo? Kkkkkk! Foi fod@! Mas passou. Acho que isso é muito cultural dentro do skate; não sei de onde surgiu esta maneira de comemorar, já na escola isso seria bullying... Sei lá, quando feito para comemorar pode-se dizer que está bem, mas tem que cuidar pra não machucar. Nunca ouvi falar de alguém que ficou ferido por chá de cueca, mas pode acontecer... Kkkkkk! Seu sorriso é uma marca registrada do skate profissional brasileiro. Como você faz para se manter sempre em paz? Procuro aprender com meus erros e ver as coisas com uma perspectiva otimista. Na vida a gente passa por situações que estão sempre testando nosso grau de evolução, seja física, psicológica ou moral. Neste sentido, sei que quando ajo de maneira desequilibrada, o maior prejudicado sou eu mesmo, porque meu corpo e minha mente são afetados pela maneira que respondo aos desafios diários. Meditar é muito bom; parar um pouco a correria, 10, 15 minutos que sejam e tomar consciência do próprio corpo, com sua respiração, sentimentos; isso ajuda a avaliar nossas motivações na vida, descobrir a nós mesmos e com isso sermos mais serenos e pacíficos. Com isso, seremos mais felizes. Claro que é um desafio diário, e eu estou sempre lutando, mas acho que já melhorei bastante do que era na adolescência. Ainda tenho um grande caminho a percorrer e experiências para viver. A foto de abertura desta sua entrevista é numa mesa pública de um bairro popular de Barcelona. Logo que eu vi a situação, pensei: “Alex Carolino bota as cartas na mesa.” Fala pra nós, qual o segredo pra manter o skate tão no pé? O segredo é andar de skate, fazendo o que gosta, do jeito que gosta. Eu estou cuidando da minha saúde para poder andar mais e mais de skate e ser um bom marido, pai, filho, neto, amigo, vizinho, atleta, ou seja, um cidadão do mundo. O skate me trouxe até aqui e agradeço a ele por formar a pessoa que sou. O skate tem esse poder. #skatesalva

Em cidades como Badalona se chega metrô e o mobiliário urbano das estações sempre traz desafios para o skatista. Switch backside heelflip.

// alex Carolino 32 anOs, 23 de skate patrOcíniOs: dc shOes brasil, ciscO skate, everlOng bearings, ultrashOck skateshOp, venture trucks, zerOpOlis e sOuljah griptape apOiO: skullcandy brasil, diamOnd supply

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Cidade grande Com Cara de interior, de povo simples e aColhedor. Uberlândia reúne Uma infinidade de piCos, nUma região qUe é qUase toda plana. esCadas, Corrimãos, gaps e dezenas de bordas. não poderia existir anfitrião melhor para me apresentar a City do qUe o skatista profissional riCardo porva. // texto e fotos por Diogo groselha

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uberl창ndia // cidade

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Matheus Cabral, hardflip.

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uberl창ndia // cidade

Ricardo Porva, bs tailslide to bank.

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cidade // uberlândia

U

m dia perfeito. Isto resume a primeira sessão que fizemos, com seu amigo Roberto Betinho. Dois picos muito styles e moments idem. Depois colamos no sítio da irmã de Porva, desfrutamos de um churrasco de picanha e fomos nadar em uma represa de águas cristalinas - isso é que é vida. O farto números de picos aliado ao alto nível dos skaters locais rendeu muita coisa boa. De rolê pela city vi uma estrutura skatável embaixo de um viaduto, numa das avenidas principais de UDI. Cyro foi lá e representou com seu switch heel. Um fato inédito, pelo menos pra mim, e curioso, foi que seu pai e sua mãe estavam presentes na sessão. Quando eu pedi para ele ir mais alto e pegar mais gás sua mãe me repreendeu, mas ele mesmo nem a ouviu (risos). Outro pico clássico é uma fábrica abandonada que já virou skateplaza. Guilherme Rodrigues, o Trança, deixou seu backside tailslide registrado no local. Outro amigo que fiz em UDI foi o Daniel, videomaker local. Ele também me guiou na city e apresentou vários picos e skatistas locais. Matheus Cabral é outra promessa do skate na região. Ficamos esperando até a aula acabar numa escola técnica para que pudesse utilizar os degraus na frente da escola de forma mais artística. Hardflip botando pra baixo. Um dos atrativos de Uberlândia e região são as churrascarias rodízio. Devido à grande oferta de carne na região, o preço cai e fica difícil resistir às maravilhosas picanhas na brasa. Para fechar a trip fomos a um pico que fica num posto de gasolina na BR, sentido Uberaba. Lá um encontro inusitado, um skatista do Rio que está dando a volta ao mundo de skate. Pena que na hora de fazer uma pequena entrevista ele estava dormindo na barraca e optamos por não incomodá-lo. O estacionamento do posto é todo ladeado por transições (45º) onde Porva desferiu um backside tail dropando num obstáculo que ele mesmo inventou. E o pôr do sol ao fundo fechando com chave de ouro.

Thiago Oliveira, 360 flip.

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Roberto Betinho, smith stall.

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cidade // uberl창ndia

Cyro Miranda, switch heel.

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Guilherme Tranรงa, bs tailslide.

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uberl창ndia // cidade

Renzo Macaco, bs crooked.

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uberl창ndia // cidade

Ricardo Porva, fs wallride.

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casa nova //

Erick // Fotos RodRigo K-b-ça Ser skatista: É se divertir com os amigos. Quando não está andando de skate: Estou estudando. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: A falta de picos e pistas. Skatista profissional em quem se espelha: Guilherme Zolin. Skate atual: Shape Hocks, trucks Thunder, rodas Hocks, rolamentos Koston e lixa Skill. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Sem resposta. Som pra ouvir na sessão: Notorius BIG, Kick In The Door. Parceiros de rolê de skate: Alex Sandro, Ivorli Gonçalves, Jhonatan Souza, Guilherme Zolin, Talles Silva, Patrick Vieira e toda galera de Esteio. Melhor viagem: Caxias do Sul. Melhor pico de rua: Benjamin. Melhor pista: IAPI. Sonha alcançar com o skate: Virar profissional. Aquele salve: Pra toda rapa do skate. // Erick LopEs 14 anos, 3 dE skatE dE sapucaia do sul, mora Em EstEio/rs patrocínio: Hocks skatE E VEnicE all Bords apoio: skill suply co.

‘‘skate por amor’’ 68 | TRIBO SKATE fevereiro/2014

Feeble, Esteio/RS.



casa nova //

Fs 180 fakie nosegrind reverse, Praça Campo Grande, Salvador/BA.

ras // Fotos FeRnando gomes Ser skatista: É amar estar em cima do carrinho; risadas, lugares, vivências; cair e levantar; ter foco e força de vontade para evoluir. Quando não está andando de skate: Trabalho, ou estou filmando para o Fábrica de Monstros. Razão do apelido: Tinha dreads. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: O cenário hoje está favorável, mas ainda falta aceitação das pessoas. Skatista profissional em quem se espelha: Rodrigo TX. Skate atual: Shape Urgh Fabio Castilho, trucks Crail DSAL, rolamentos Spitfire e rodas Element 53mm. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Corinthians. Som pra ouvir na sessão: Bob Marley. Parceiros de rolê de skate: Marcelo Black,

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Renan Espinha, Robson Tota, Alex Cardoso, Glauber Marques, Fabio Castilho, Lobão MoH, Rua Pura e muitos outros. Melhor viagem: Salvador, Bahia. Melhor pico de rua: Love CT. Melhor pista: Pista de Itaquera, nossa área. Sonha alcançar com o skate: Terminar minha vídeo parte, continuar evoluindo e conhecendo ainda mais pessoas e lugares. Aquele salve: Minha família, amigos, amigas e os que fizeram parte da caminhada do skate até hoje. Glauber Marques, Luis Fernando Ito (Japa), Fabio Castilho, Black, Manolo Maninho, Dudu e Marcelo Akasawa. // Erick rodriguEs dE souza 27 anos, 15 dE skatE são paulo, sp apoios: nypE do GuEto E ant HomE

‘‘

om namo bhagavate vasudevaya.

’’



casa nova //

Stalefish no Skatepark Converse, Lima/Peru.

pedrinho // Fotos René JR Ser skatista: É vida. Quando não está andando de skate: Assisto vídeos de skate e surfo. O motivo do apelido: Porque ando desde pequeno. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Muitas; não tem uma pista de qualidade em São Paulo. Skatista profissional em quem se espelha: Rony Gomes. Skate atual: Shape Traxart, trucks Crail, roda Type-S e rolamentos Bones Swiss. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: TNT Energy Drink. Som pra ouvir na sessão: Paranoid, Skillex. Parceiros de rolê de skate: Thomas

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Lessmann, Gustavo Fugikawa, Gabriel Machado e Vitor Ikeda. Melhor viagem: California/EUA. Melhor pista: WoodWard West. Sonha alcançar com o skate: Viagens e amigos. Aquele salve: Obrigado a todos os skateboarders do Brasil. // pEdro HEnriquE quintas 11 anos, 7 dE skatE são paulo/sp patrocínios: traxart E onBonGo apoios: niGGli pads, undErBrazil, crail, G-Form, asW racinG, rEd BEacH, F.FiGHtEr E smitH GrindErs

‘‘Eu consigo.’’


// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > Goiás - Anápolis Roots Skate Shop Rua Leopoldo de Bulhões, 166, Centro (62) 3311-2012 > Mato Grosso do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504 > Minas Gerais - Poços de Caldas Giro Livre Skateshop Rua Santa Catarina, 79 - loja 02, Centro (35) 3721-3326 > Paraná - Curitiba THC Skate Shop

Pça Rui Barbosa, s/n - loja 221 (41) 9933-2865 > rio de janeiro - Armação dos Búzios Geribá Skate Shop Rua Maria Rodrigues Letina, 8, Geribá (22) 9 9843-1020 / 9 9796-6764 > rio Grande do sul - Porto Alegre Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083 > santa Catarina - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840

> são Paulo - Limeira Delfa Skate Shop Largo da Boa Morte, 34, Centro (19) 3704-4852 - Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397 - São Paulo Café Skate Shop Rua 24 de Maio, 62, lj. 338, 2º andar, Galeria do Rock (11) 3361-3721 Wollong Board Store Rua Cajaíba, 1029, Pompéia (11) 2503-7212

Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja! Envie-nos email: triboskate@ymail.com

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hot stuff // fevereiro

// Spitfire Já disponível com exclusividade em solo brasileiro na Plimax, as novidades da Spitfire são os modelos especiais do Mike Anderson e também as já famosas rodas com a nova fórmula da marca, agora disponíveis também coloridas. (11) 3251-0633 / edgar@plimax.com

// BeatS By Dre Precisão e estilo são apenas alguns dos detalhes que a Beats by Dre oferece em seus produtos. Seja no estúdio, na rua ou em casa, neutralize os ruídos e escute apenas o que interessa. Beatsbydre.com

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// Black laBel Nada como usar shapes da marca que tem uma bagagem violenta de nada menos que 25 anos de estrada. A série de pro boards ‘Chain Gang’ da Black Label remete às personagens da ‘gang da cadeia’. (11) 3251-0633 / pira@plimax.com


// GlaSSy A marca de óculos Glassy Sunhaters, criada por ninguém menos que Mike Mo Capaldi, chega ao Brasil com designs exclusivos e lentes polarizadas. Os óculos pro models de Mo Capaldi, Sean Malto, Mikey Taylor, Daewon Song e Chad Timtim já estão disponíveis nas melhores skateshops. henrique@belfix.com.br

// Dc ShoeS Comemorando seus 20 anos, a DC lança edição especial do tênis que foi ícone de sua época, o modelo Lynx. Lançado em New York pelos skatistas Josh Kalis e Matt Miller (mais recente integrante da equipe), o modelo mantém a tradicional coloração cinza e laranja, mas foi atualizado com a tecnologia da marca. Diferentes combinações de cores serão lançadas a cada temporada, durante o ano. (11) 3366-9280 / dcshoes.com

// kronik A Kronik chega com sua nova linha de shapes importados, feitos de 100% maple canadense, com pro models de Carlos de Andrade, Wagner Ramos e Ítalo Romano. A linha Kronik ‘All Stars’ foi criada com exclusividade pelo artista Felipe Motta. Garanta o seu! henrique@belfix.com.br

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áudio //

Hot Lunch.

Zig Zags.

A Volcom e BAker se juntArAm pArA oferecer um eVento com muito skAte nA VeiA. no wArehouse dA Volcom, em orAnge county, rolou A detonAção. skAtistAs de pontA mAndAndo Ver numA sessão infernAl. o legAl dessA festA, Além dAs BeldAdes loirAs do BAirro, locAlidAde conhecidA como “white AreA’’ (ÁreA BrAncA) forAm As BAndAs que se ApresentArAm. essAs BAndAs sempre estão sendo citAdAs nos sites de skAte e Vídeos pelo youtuBe, mAs eu nuncA tiVe A chAnce de ser um espectAdor de um concerto delAs, então só se for AgorA, sAngue noBre! // texto e fotos Antonio dos PAssos Junior “thronn” // Hot LuncH Ao chegar na beira do palco, fiquei petrificado ao som da banda “Hot Lunch”, com peso alucinantemente estranho, que entrava nos meus ouvidos e descia até o pé. Uma mistura louca de heavy metal, hard-driving punk’n’roll. Atenciosamente, reparei que a barulheira era muito trabalhada e não tão rápida. Com um pouco mais de atenção, percebe-se as influências. Músicas com pegada forte, aos gritos, saindo da caixa toráxica do vocalista animal, no estilo neandertall. Eric Shea é o nome desse malucão, que estava no comando de tudo. Muitas vezes, soava como um Rush pelo fato das músicas terem variações harmônicas inesperadas. Vindo de San Francisco, os Hot Lunch não deixaram ninguém parado e foi aberta a grande roda da porradaria. Skaters, girls, punks, numa roda do pogo sem treta, tudo pela boa e sadia diversão. Algumas pessoas cantavam músicas dessa banda com a formação com o guitarrista Aaron Nudelman (Mensclub), o cantor Eric Shea (Parchman Farm), baixista Charlie Karr (Harold Ray Live In Concert) e o baterista Rob Alper (SLA). Com certeza o que eu ouvi e vi nesse show carimba a Hot Lunch como uma banda de skate rock na alma, sem dó. No vídeo da Thrasher Magazine King Of The Road, o som dos caras está nas sessões mais suicidals dos malucos do skateboard. Confiram no site; http://www.thronnsk8mag. com/wp/15616/ matéria sobre eles.

76 | TRIBO SKATE fevereiro/2014

// Zig Zags Como é bom ouvir uma guitarra bem cavalgada e tocada por quem entende do assunto. Assim foi minha primeira sensação quando me deparei com os Zig Zags no palco da festa mais badalada de fevereiro. A pegada dessa banda era como um crossover nos meus ouvidos. Metallica era muito lembrada em várias músicas. Muito agressivos os Zig Zags, uma galera de Los Angeles que exibiu seu poder musical e mostrou porque está entre as 10 bandas mais promissoras da cena, que podem estourar a qualquer hora, conforme o jornal “L.A.Weekly.” O vocal fica dividido entre o baixista, o baterista e o guitarrista. Com influência de Iggy Pop, que tem algum envolvimento com eles em gravações, ninguém segura esse super trio: Jed, Bobby e Patrick. Na Volcom and Baker’s Party foi um tapa na cara a apresentação desses três caras. O som deles consistia de palhetadas muito mais rápidas que todos que haviam se apresentado naquele palco, adrenalizando a todos. A porrada comeu solta no melhor estilo californiano, sem treta, afinal aqui todos somos skaters. A música mais conhecida, que provocou coros foi a Scavenger, a qual você pode conferir no Youtube mole. Concluindo: skaters não percam a oportunidade de conhecer o trabalho dessa banda, que por aqui está prometendo trilhar uma louca estrada do skate rock.


˜ Produtos tribo skate | Verão 2014 ˜ O nOvO encOntra O clássicO

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cores - ref. ev 13007

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skateboarding militant // por guto jimenez*

O zen-skatismo

Ivan ShupIkov

CarloS TaparellI

P

ense em você andando de skate, e em seguida responda com sinceridade a essas três perguntas abaixo: - Você sente estar controlando algo que, em princípio, parece incontrolável? - O seu cérebro parece pensar em uma única coisa no momento de uma manobra? - Sua mente fica num lugar tão profundo que parece que o seu corpo age de maneira automática? Caso você tenha respondido “sim” a alguma dessas questões, parabéns: de uma forma ou de outra, você pratica aquilo que chamo de “zen-skatismo”. Explico melhor: o zen é uma escola do budismo baseada principalmente no estado meditativo e na absorção das energias que estão ao redor do indivíduo. A prioridade dessa modalidade de fé é a iluminação pessoal através da prática dos preceitos budistas, procurando esvaziar a mente de tudo que não for necessário e estar com foco total naquilo que é essencial. Essa iluminação está dentro de cada pessoa, mas somente as que praticam a fé têm plena consciência disso e conseguem fazer uso desta “luz” da melhor maneira possível. Se pensarmos bem, existe muita coisa em comum entre o skate e o zen budismo. Primeiro de tudo: independente da modalidade que se pratique, é preciso estar alheio ao mundo que o rodeia pra dar um bom rolê. Nessa hora, todos os problemas e distrações precisam estar bem longe de você sob o risco de não se conseguir acertar uma determinada manobra ou, em casos mais extremos, expor-se ao risco de maneira inconsciente. Se você já se machucou a sério andando de skate, sabe o que eu estou falando aqui geralmente, é fruto daquele momento fugaz no qual sua mente parecia “não estar ali”. Caso você ainda não tenha passado por esse perrengue, pergunte a quem já passou por isso e constate como um simples momento de distração pode ter consequências desastrosas. Mais um ponto em comum: é a prática contínua do skate que lhe traz a confiança e a habilidade de andar com cada vez mais qualidade. Os que conseguem ter a sorte de andar todos os dias sabem que, se ficarem apenas três dias sem pisar no skate, sentem a diferença no momento em que pisam em seus decks. Até mesmo os que só conseguem andar nos finais de semana, ou em dias marcados, sabem que basta que uma sessão não se realize pra que se sinta uma diferença na própria performance. Todos os grandes skatistas que já vi andar – e acredite, foram vários deles ao longo do tempo – tem um hábito em comum: visualizar o rolê antes mesmo de encarar a pista, os obstáculos ou a ladeira. Os treinos e os aquecimentos servem pra sintonizar a pessoa com o elemento onde se anda, e tanto é assim que dificilmente veremos um skatista fazendo exatamente a mesma linha em locais diferentes. Há diferenças de transição e altura de pistas, de tamanho e colocação dos obstáculos, de extensão e inclinação de ladeiras, e estas irão determinar a sequência de manobras a serem executadas da melhor maneira possível. Porém, nada se compara ao olhar de quem está maquinando uma linha no pico a ser detonado. Muito além do conhecimento das próprias habilidades, nessa hora é preciso estar totalmente alheio ao mundo que lhe cerca e ter plena consciência da própria capacidade no rolê. Só assim se consegue executar toda a mecânica corporal necessária à execução das manobras, e só assim é possível andar o máximo e se machucar o mínimo.

Rafael Finha embala com a linha definida na cabeça.

Agora volte às três perguntas no início do texto e compare com o seu próprio desempenho. Se você for capaz de se isolar do mundo que o cerca, sua mente estiver totalmente focada e o seu corpo parece agir por conta própria, parabéns mais uma vez. Caso ainda falte alguma coisa, não se preocupe: é questão de tempo até você também conseguir se colocar nesse estado zen. Só não espere muito pra atingir a esse estado de “zen-skatismo”. Lembre-se: do chão, não passa – e todos os tipos de terrenos onde andamos são muito mais duros do que quaisquer ossos que você tem. Se ligue, divirta-se e boas sessions!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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Futebol que nada! o Rio é sim a teRRa do skate e Yan Felipe passa de Flip boladão poR cima de toda a alienação do ciRco do espoRte das massas pRa lembRaR que o vídeo do Rio vem aí. Foto aqui, vídeo no novo www.tRiboskate.com.bR. Foto e vídeo poR pedRo macedo

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2014/fevereiro TRIBO SKATE | 81





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