Tribo Skate Edição 225

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Felipe Felix, nollie flip, Rio Ano 23 • 2014 • # 225 • R$ 9,90

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// índice Tribo SkaTe | culTura Sobre rodaS

julho 2014 // edição 225

especiais> 40. Thrasher Tour Pancadaria no Sul do BraSil 46. enTrevisTa amador Marco antonio “MarquinhoS” 58. roTa explosiva dexter na Barca Pirofágica 64. europa + Brasil a cultura e a aMizade 72. marcos noveline e a carreira Solo seções>

editorial........................................................... 14 zaP ....................................................................... 20 caSa nova ......................................................... 76 hot Stuff .......................................................... 84 áudio: 7 SecondS ............................................ 86 áudio: a4drilha .............................................. 88 áudio: MaiS que PalavraS .......................... 90 o Bowlrider ..................................................... 92 SkateBoarding Militant ............................ 94 JPg + Movie ....................................................... 96 Capa: parte do vídeo Do Rio, de pedro Macedo, este nollie flip do Felipe Felix é uma prova de que a produção do skate carioca nunca esteve tão em evidência. Um dos primeiros grandes centros do skate do país, a cidade do Rio de Janeiro tem um monte de clássicos e esta escadaria com os corrimãos da Linha amarela já mereceu até matéria especial numa de nossas edições. a primeira capa do fotógrafo e skatista que está contribuindo para a nova cara do skate fluminense, num todo. Foto: pedro Macedo ÍnDiCe: Rodrigo de arruda Teixeira, ou apenas TX, é um dos caras que acendeu o street brasileiro no mundo. povoou a imaginação da geração dos anos 2000 e vai amadurecendo com muito skate no pé. O respeito conquistado é sempre lembrado e sua imagem é muito associada à escola do skate de rua do Brasil. Flip, num daqueles característicos cortes de calçada californianos. Foto: Fellipe Francisco

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editorial //

PoR Cesar Gyrão // FoTo Paulo Tavares

U

ma das regras da vida em sociedade é que semelhantes cuidem de semelhantes. Sempre que você pode ajudar um amigo, colega ou familiar, você faz. Isso porque eles farão o mesmo por você. Esse tipo de situação é recorrente no skate, com tanta gente boa envolvida que reparte o sucesso, que incentiva o iniciante, que repassa seus equipamentos e conhecimentos apenas para ver a roda girar, a satisfação no outro. A foto que estampa este editorial é do Eliel, irmão mais novo do Samuel, um pro que está num crescimento contínuo sobre o skate, com muito estilo. Nenhum deles sabe que percebemos assim a chegada desta foto para um Casa Nova do moleque. Simplesmente, ao vermos o brilho do irmão mais novo, a ligação com o Jimmy foi imediata e a foto foi puxada para este editorial. Recentemente o filho do Tony Hawk, o Riley, participou do street dos XGames de Austin, Texas. Chamou atenção o fato do pai, um dos skatistas mais famosos do mundo, reconhecer que o filho conquistou este espaço por méritos próprios, na entrevista

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que fez para a ESPN. Sem forçar nada, mas com certeza com toda a atenção e influência que um pai dá a um filho. Não se esperava nada diferente de Hawk, um cara que sempre mostrou coerência em sua carreira. Ele mesmo foi um menino hiperativo que teve todo o apoio do pai pra se tornar um grande skatista, um mito para todos que amam esta cultura. Não precisa de muito pra se perceber que essa corrente que alimentamos na Tribo Skate, sempre rende seus frutos, com tanta gente vindo somar neste bolo delicioso, que pode ser repartido em muitas fatias. Nesta edição, juntamos personagens que estão nesta mesma batida, sempre olhando o lado de irmão pra irmão. Seja a arte do questionador Fabio Tirado, o Gugu Ramos, os monstros das transições que fizeram a Thrasher Tour, o amador Marco Antonio (da galera do saudoso Laurence Reali), os europeus que se unem aos brasileiros da Nike SB, Ricardo Dexter em mais uma barca explosiva ou Marcos Noveline. Gente inspirada que injeta inspiração em mais gente.

Alguns traços lembram o sobrenome. Eliel Jimmy, 360 flip.



Ano 23 • julho DE 2014 • nÚmEro 225

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo

Impressão: Ipsis Gráfica e Editora

Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge

Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú rio de janeiro/rj - 20563-900

Arte: Edilson Kato Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Antônio Thronn Passos Jr, Guto Jimenez, Helinho Suzuki, Léo Kakinho, Luiz Ricciati Junior Fotos: Antônio Thronn Passos Jr, Brian Shimanski, Bruno Park, Carlos Taparelli, Cauã Csik, Chores Rodriguez, Fellipe Francisco, Heverton Ribeiro, Jefferson Modesto, João Brinhosa, Leonardo Laprano, Luiz Ricciati Junior Marcell Veldman, Marcos Kbça, Marcus Valente, Mauricio Pokemon, Nicolas Gomes, Octavio Scholz, Pablo Vaz, Paulo Tavares, Pedro Macedo, Ramon Ribeiro Ilustração: Pablo Daniel

Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gisele Freitas Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Cezar Toledo (cezar@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





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DivuLgAção PAbLo vAz

02 DivuLgAção

01

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mAuricio Pokemon

06 DivuLgAção

05

AkirA kuge

DivuLgAção

“Um pro model duplo, por favor!” A Urgh apresenta oficialmente tênis e rodas assinadas pelo Ítalo Peñarrubia. As redondas seguem a linha vertical, com tamanho 58 mm e dureza 84b, excelente para madeira e asfalto. O tênis também segue a linha alta performance, tanto em transições quanto nas ruas. • [01] Dobradinha também para Herniógenes Dias, conhecido como Microfone e que agora atende por Mike Dias. O streeteiro da zona sul paulistana acaba de ser anunciado na equipe da Prosk8 Scandinavia e também no considerado time da Black Sheep. • [02] O mineiro Dota Bones encaminha o filho mais novo: Hugo Blender, de 16 anos, conta agora com o suporte da distribuidora 1968 e da marca ATM. Ele que é irmão do profissional Jefferson Bill e do ‘beat maker’ Paulo Coyote. • [03] O também mineiro Jay Alves fortalece suas bases e fecha mais uma parceria, desta vez com a Faith Co., marca do Sul do Brasil que já conta com Athos Porto, Hendrik Maranho e Rafael Kraulich. (faithco.com.br) • [04] A G-Shock, marca dos conhecidos relógios inquebráveis da japonesa Casio, anunciou mês passado sua equipe de embaixadores brasileiros e entre eles estão três skatistas de peso da modalidade vertical. Além de Pedro Barros, que completa 4 anos de parceria com a marca e ilustra boa parte de seus anúncios mundiais, o prodígio Pedro Quintas, de 12 anos, e Rony Gomes completam o time. • Kelvin Hoefler fez barba e bigode ao levar o primeiro lugar e o best trick no street session durante a estreia do Dew Tour 2014. • [05] Diego Fiorese apresenta direto de Copenhagem (Dinamarca) seu pro model de rodas pela Connexion Wheels. A peça é ainda mais especial para ele, uma vez que traz estampa desenvolvida pela namorada, Josephine Hjort. • [06] Os políticos nikkeis de São Paulo prestaram homenagens ao “Dia da Imigração Japonesa no Brasil” na Câmara Municipal em junho e Jorge Kuge constou entre os homenageados. Jorge foi o escolhido pelo vereador George Hato, que tem sido um dos principais interlocutores do skate no poder público da capital. • A Orig Skateshop continua respeitando as origens e trouxe com exclusividade ao Brasil a exibição de um clássico do skate mundial, produzido desde 1999 pelo considerado Josh Stewart: o filme Static. Quem esteve na Matilha Cultural (SP) e no Dubliners Iris Pub (Salvador) pode conferir na íntegra o quarto vídeo da série e ainda um bônus inédito com o que vem por aí na versão número cinco deste excelente vídeo que traz muito skate pelas ruas e estações de trem de New York. • [07] O profissional Caleb Rodrigues tem pro model de shapes lançado pela Alvorada Skateboard Co., marca de Campinas que tem dois anos de mercado, movimentando a cena regional. • [08] Ricardo Pires ataca as ruas agora com o suporte da NKLS (Nikeláos), marca criada em Quebec (Canadá) e que desde 2000 vem se destacando na cena regional.

Junior Lemos

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Fábio Tirado: A arte apoia o skate e vice-versa Conheço o Fábio não FAz muito tempo Assim não, deve ter no máximo uns CinCo Anos e A primeirA lembrAnçA A respeito de nossA CAmArAdAgem é de umA polêmiCA, A quAl Foi resolvidA. Com o tempo, Fui me dAndo ContA do jeito dele de ser e posso lhes dizer que reCentemente ele vem sendo umA dAs CAbeçAs pensAntes e, ACimA de tudo, AtuAnte neste novo Cenário CArioCA de skAte. FAbinho AdorA um shApe de mAple e se For Colorido então, melhor AindA, pArA poder reAlizAr As suAs Artes, As quAis já ForAm reportAdAs no jornAl o globo, tv brAsil, sportv e umAs outrAs mídiAs espeCiAlizAdAs. FrequentAdor Assíduo do CirCo voAdor, no quAl Chegou A trAbAlhAr por dois Anos, Até Amigo do bob burnquist ele se tornou grAçAs A suA Arte. este é o tirAdo.

// Por pirikito sem AsA FoTos CAuã CsiCk

O que é a Mind Industries? Quem faz/fazia parte e desde quando existe? Mind Industries surgiu há seis anos, como uma marca de camisetas que criei junto com mais três amigos. Desistimos da ideia e eu adotei o nome como assinatura nas minhas artes urbanas, meu codinome. Quem teve a ideia do evento Matriz Art Fever? Quem é que faz a seleção dos artistas que participam? Dá para ganhar uma graninha organizando o evento ou é ao contrário? O Daniel Koslinski, do Grupo Matriz, teve a ideia e me convidou para produzir junto com ele e o skatista Robson Affini. Fizemos cinco edições do evento, que acontecem trimestralmente e sempre procuramos convidar novos artistas que ainda não têm espaço para expor e divulgar seus trabalhos. Somente na última edição que cobramos um pequeno percentual das vendas, como ajuda de custo. A casa e a produção do evento não têm lucros com o evento. Geralmente é ao contrário, saímos no vermelho. Em quais exposições você já participou e já rolou alguma sua solo? Nunca fiz exposição solo. Uma das mais bacanas que participei foi em 2011, no Museu da República (no Catete), de nome “República do Skate, Subversão do Uso”. Vários artistas e skatistas envolvidos. Eu adoro participar desse tipo de exposição coletiva. Galera do skateboard, só artista de peso. Teve uma outra, em um casarão de um amigo, o Eduardo Bairrinhos “Dinheiro é Papel”, que também foi foda e simples. Da galera e para a galera, do caralho! Quando é que vai rolar essa sua exposição na Soma Skate Shop (Petrópolis)? Como surgiu o convite/ideia? A ideia da minha primeira exposição solo surgiu da vontade e necessidade de expor meu trabalho, enquanto um convite por parte de uma galeria não vêm, vou fazendo acontecer. São 13 shapes, skatistas e artes. O conceito é mostrar que é possível apoiar o skatista com pouco custo e sustentabilidade, em um ciclo que se renova. A arte apoia o skate e vice versa. O que te leva a participar da grande maioria das manifestações que vem rolando no Rio de Janeiro e por um acaso você é um Black Block? Detesto injustiça e vi nos protestos uma forma de colocar para fora a minha insatisfação com esse sistema podre. Não me considero um Black Block, sou anarquista e curto a galera nos protestos que faz a linha de frente defendendo os manifestantes da covardia da polícia. Para mim, esses são os verdadeiros Black Blocks; a galera que fica lá na frente, independente de estarem de preto ou não. Quem são geralmente os skatistas cariocas que vão às manifestações com você ou que os encontra nas mesmas? Eduardo Bairrinhos “Dinheiro é Papel”, Raphael Buarque “Pharrá”, Ernani Warwick “Tai Tai”, René Jr., Auro Torres, Luiz Stampa e têm mais gente aí

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nessa lista de marginais procurados pelo estado (risos). A coisa mais incrível que aconteceu nesse último ano foi conhecer a maneira que esses caras pensam, alguns nem eram tão próximos assim e passaram a ser pessoas às quais admiro. Esses protestos me fizeram entender que quero por perto pessoas que pensam como eu, pessoas nas quais posso contar para me ajudarem e a me manter íntegro. Admiro muito os caras, obrigado amigos. Não tem medo de ser preso ou morrer por causa disto? Quem não tem medo é maluco! E sim, sou meio doido. Qual é a sensação de ter o seu trabalhado divulgado/compartilhado por grandes skatistas? E até hoje, quem foram eles? Sem palavras para descrever a sensação de ver o meu trabalho sendo valorizado e divulgado por caras que admiro há muito tempo. Mike Carroll, Chico Brenes, Jesus Fernandez, Brandon Biebel e Bob Burnquist são alguns nomes famosos que andaram divulgando meu trabalho pela internet. De onde tirou a ideia para começar este seu trabalho? Desde adolescente eu construo minhas rampas de madeira. Uma vez construí um quarter pipe com o meu avô, o que eu nunca vou esquecer. Essa é a referência que falei do skate, a primeira vez que trabalhei com uma serra tico-tico, foi para fazer minhas rampas e depois tem a paixão pelos shapes e pela arte. Junta-se tudo e acabei tendo vontade de trabalhar com os shapes. Dá para pagar as contas através da sua arte com os shapes? Estou conseguindo sobreviver, sem muito conforto e nenhuma ostentação. A independência financeira está bem perto do ideal. Gratidão a todos que ajudam direta e indiretamente, porque não é fácil acreditar naquilo que se ama e viver disso, mas não vejo outra forma. Como tem feito com a concorrência pelos shapes usados da galera? O Leonardo Lopes “Careca” (que também tem um trabalho feito com shapes), frequenta mais a Praça XV de Novembro, Centro e Lagoa, e eu a Barra da Tijuca toda; então tem espaço para todo mundo. É muito shape, dá pra dividir de boa. Quais foram os objetos até hoje feitos de shape? Adoro criar novas peças, são muitas criações: molduras, abajur, chaveiros, canivete, porta-taça, porta-garrafa, luminária, escova de cabelo e etc, não gosto de reproduzir peças que já foram criadas. A pá e o porta-garrafas são as que mais me orgulho de ter criado. Como pretende aumentar o valor de suas obras e trabalho artístico que vem fazendo? Tomara que depois desta entrevista (risos), mas é isso. Com divulgação, fazendo a minha parte, evoluindo e buscando sempre o meu melhor. Do resultado não tenho controle, só ter fé, gratidão e humildade.



zap // // Fábio Tirado: A arte apoia o skate e vice-versa Aonde você já pintou e o que gostaria de fazer envolvendo o seu trabalho? Pintar pista de skate é uma das coisas que mais gosto de fazer. Pintei a pista de Realengo, a Praça Duó e recentemente a pista na casa do Bob Burnquist. Falta fazer uma oficina com crianças carentes, estou com essa ideia. Em breve devo começar esse projeto. O que inspira a fazer suas artes? O Skate é a grande referência e inspiração para o meu trabalho, ele que me apresentou e me deu alicerce da maioria das minhas referências. Minha filha, meu estilo de vida e os meus amigos, são as minhas maiores inspirações. Qual é risco que você corre trabalhando com madeira? Pesado falar sobre isso. Ouvi relatos de que o pó da madeira causa câncer e outras doenças, eu me protejo com máscaras e luvas, mas é realmente preocupante. Desde quando você anda na Praça do Ó? Quando foi que você começou a colocar mão na massa por lá? Ando na Praça Duó desde que me mudei para a Barra da Tijuca, há uns sete anos. As obras começaram há uns quatro anos, eu estava lá junto com a galera desde o início, gratidão por ter feito parte desse movimento. Qual foi a melhor festa que já rolou na praça e por que elas pararam de ser feitas? A melhor foi o “Halloween Duó”. Teve o Ring of Fire, best trick com círculo de fogo que a galera pulava de skate por dentro, foda demais. Show da banda Acid Drop (formada por três skatistas cariocas) e Beach Combers, a praça se tornando um liquidificador punk rock, nossa! Uma das melhores produções que já realizei junto com a galera. Acredito que umas duas mil pessoas compareceram. A praça estava lotada, mas infelizmente gerou controvérsias e achamos melhor parar. Fale a respeito de marcas de dentro/fora do skateboard, querendo se aproveitar do que foi feito pelos skatistas locais na Praça do Ó? Pergunta polêmica! Mas vamos lá: Assim como eu, tem uma galera que não ganha a vida com o skate, porém gasta mais do que os que vivem dele. Oi?! É com esse pensamento que fechamos as portas para muitas marcas que quiseram fazer eventos sem deixar um legado justo na praça, como a produção do My Square da Converse. Não fui eu quem decidiu, foi uma decisão da galera na época. Querem fazer? Sejam justos ou então façan em outro lugar e foi o que eles fizeram. Esse papo de que a imagem deles vai ser boa para o local não cola mais. Crescemos, não somos mais crianças. Sabemos que é o contrário: eles que querem usar a nossa imagem pra vender os seus produtos. Temos que nos valorizar e parar de aceitar qualquer mendigaria. O que acha do “Don’t Do It”? E qual é a sua opinião a respeito das campanha de grandes marcas envolvendo o skate e o futebol?

Rock to fakie.

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Eu luto contra qualquer marca ou proposta que venha só pra explorar e não valorize a cultura do skateboard. Acho um absurdo nos vendermos por causas fúteis. Nunca precisamos de nada nem ninguém, não existe um motivo digno para vender nosso estilo de vida e cultura. Os caras só pensam em grana e fazem o que for necessário para ganhar mais e mais. Se acham que o nosso estilo de vida não vende, eles vão querer mudar e isso é muita burrice da parte deles, ainda mais da nossa parte em aceitar essa imposição. Eles fazem assim mesmo e depois que não der certo, nos abandonam com já fizeram em muitas outras vezes. Há uns poucos anos atrás, não tinha nada e agora o skate tá aí, crescendo e dando grana. Não podemos esquecer de onde viemos, só porque conquistamos algumas coisas, mas ainda estamos engatinhando. Fora que a maioria dos skatistas locais ainda são completamente esquecidos. Esquecer quem sempre esteve aí e fez acontecer é o pior exemplo de tiro no pé que podemos dar. Temos que nos valorizar para que sejamos valorizados. Gastam milhões para vender uma mentira, isso não entra na minha cabeça. Quais são para você as lojas e marcas cariocas que estão ajudando a cena e que a moçada deveria apoiar? Uns lojistas apoiam alguns skatistas mas vendem as peças por um preço absurdo. O outro vende quase de graça, mas não apoia ninguém. Não diretamente, porque na real, a geral só tem grana para comprar nele. Então ele acaba apoiando indiretamente. Complexo o assunto. Eu admiro muito a loja Soma, em Petrópolis. Os caras são muito skateboard de verdade! No Rio de Janeiro tem a Bom Rolé, na Galeria River. Vejo que eles se empenham em fazer um trabalho verdadeiro e, em Niterói, tem a Roques, que apoia e incentiva uma galera. Tem uns lojistas que realmente entendem a coisa como um todo e sabem fazer de forma justa e tem outros que insistem numa fórmula burra de só pensar em explorar. A marca Preda, do Raphael “Índio”, e agora a Aggou do Marcello Gouvêa, são duas marcas de shapes que surgiram e trazem uma esperança para o mercado carioca. Gosto muito de ver skatistas cariocas fazendo acontecer por aqui. Boto fé! Quem teve a ideia da (revista on line) Journal Art Form? Há a possibilidade da mesma chegar a ser impressa? A ideia surgiu junto com o skatista, fotógrafo e motoqueiro Cauã Csik “sangue de húngaro” e depois foi amadurecendo junto com mais uma galera. Ela existe há dois anos e meio, fizemos quatro edições e estamos para lançar a quinta em breve, depois de um ano sem lançar. Estamos renovando os colaboradores e tentando não deixar a ideia morrer. A Journal foi criada para ser uma revista da galera, independente e sem dono, mas não é tão fácil conseguir colaboradores com tempo e disposição pra fazer uma revista independente. Por outro lado, a fazemos, vamos que vamos. Imprimir? Quem sabe, só o tempo dirá. Quais países você já visitou e o porquê da escolha dos mesmos? Quais outros países deseja conhecer e por que também?



zap // // Fábio Tirado: A arte apoia o skate e vice-versa Fui para o Uruguai e Argentina este ano. Eu e a minha namorada somos apaixonados pela América Latina e estamos com este projeto de viajar bastante. Próxima viagem será para o Chile, Bolívia e Peru. Ano que vem vou para os EUA, divulgar o meu trabalho. San Francisco tem sido minha escolha por enquanto. É um pai coruja? Deixaria sua filha namorar com um skatista? Minha Victória acabou de fazer 18 anos. É minha amiga e temos uma relação de muita conversa. Tento não controlá-la e sim orientá-la mostrando o caminho. Não sou ciumento, mas os skatistas podem desistir, que ela não curte. Já basta o pai! Por que certas pessoas do skate carioca e até da própria Praça do Ó, não falam/gostam de você? É uma pessoa difícil de lidar? Relações humanas são complicadas demais. Quando começamos a falar muito do defeito do outro é porque estamos nos colocando como perfeitos e é aí que tudo dá errado. Ter a percepção de que somos todos imperfeitos e

que de uma forma ou de outra acabaremos errando, principalmente com as pessoas mais próximas, facilita essas relações. Sou um cara difícil, teimoso, cabeça dura. Meus ideais e valores dificultam e muito essas relações. É admitindo que se cresce. Acredito que exista uma verdade universal sim, a da honestidade/humildade. Contra essa não há contra argumentos. Acredito em coletivos e detesto panelas. Ninguém faz nada sozinho. Tempo não é patente e ninguém é insubstituível. É isso, mas tem gente que acha que não. Aí é com eles. Eu quero mais pessoas humanas do meu lado para caminhar e crescermos juntos. Obrigado pela oportunidade de falar o que penso, controverso e polêmico demais. Sei que isto pode me prejudicar e fechar muitas portas ou ajudar e abrir outras também, como esta daqui, mas como acredito na valorização da verdade, ’bora continuar acreditando em sonhos. Tem que suar. Abraços a todos e sucesso na caminhada. Estamos juntos! Fábio Tirado (21) 96902 8388

Wallride.

Lucas rabelo na lrg brasil // TexTo e FoTo junior lemos Prodígio criado nas ruas de Fortaleza e que vem sendo lapidado nas de Porto Alegre pelos padrinhos da Matriz, Lucas Rabelo é o mais novo integrante do pesadíssimo time da LRG Brasil. Com apenas 15 anos, Lucas se destaca em sessões de skate pela facilidade em manobrar e pela humildade e perseverança com que leva a vida. O garoto tem uma semelhança muito próxima de um outro grande ídolo nacional das ruas quando adolescente, o então Bisnaguinha que hoje é internacionalmente conhecido como Rodrigo TX.

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Fs flip na Praça da Sé.





Fotos cArLos tAPAreLLi

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Pedro Espíndola, fs air.

Intervenção ix Passando novamente pelo belo bowl do Clube Alto de Pinheiros, a Intervenção Tribo Skate levou mais uma vez muita interação e brindes pra galera que esteve disputando a terceira etapa do Circuito Interclubes de SP no começo de junho. Os profissionais Marcos Camazano e Murilo Peres fizeram aquele rolê monstro na pista, além de julgar os competidores. Carlos Taparelli e Jeorge Simas registraram tudo pela revista. O resultado da etapa, vídeo e mais fotos estão lá no site!

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Julio Freitas Damato, lien to tail.



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raFaeL FInha bruno PArk

Rafael “Finha” Felix, skatista profissional que representa a quebrada da Zona Sul paulistana e também marca seu nome com a tag RFC, não poderia ter uma trilha sonora pros rolês tão rua assim. Escuta aí! Noite Fria, Ogi Profissão Perigo, Ogi Piada Cabeluda, Sombra Homem sem Face, Sombra Razante Louco, Sombra Movimente-se, Sombra Canão Foi Tão Bom, Sabotage Um Bom Lugar, Sabotage Enxame, Sabotage Ti ti ti, RZO & Sabotage A Sina, SNJ Lá Vou Eu, SNJ Irmãos de Tinta, James Ventura O Rap é Fato, James Ventura Corrida, Tati Botelho For Heaven’s Sake, Wu Tang Session, Slim Rimografia Maravilha, Função RHK Por Toda Vida Vai Ser Lembrado, Função RHK Good As Gone, Dilated Peoples Rafael Finha (Black Sheep, Kohe e Real Família Skateboarding)

Bs crooked.

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zap //

Pé no geLo piColé de queijo, suCo de meiA ou gelo nA joAnete. A reAl é que o instA vem FAzendo os skAtistAs revelArem Com FrequênCiA umA pArte do Corpo que normAlmente muitos têm vergonhA de mostrAr, os pés. por isso o tAlkshow deste mês trAz Alguns exemplos de bAnho de imersão que Alguns deles usArAm prA restAurAr suA prinCipAl FerrAmentA de trAbAlho.

@adrianomi

@alexandregrecco

@carlosiqui

@cezargordo

@dexter_ricardo

@diegowanks

@jay_alves

@junekaskt

@leofernandesk8

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zap //

rodoLFo ramos ele pode Atender pelo nome de bAtismo, rodolFo rAmos, ou pelo Apelido, gugu, mAs será sempre o CArA A FAzer A diFerençA numA session de skAte, em quAlquer situAção. sejA no street ou em trAnsições, gugu é um monstro que AndA no pelo (sem equipAmentos de segurAnçA) e destrói quAlquer terreno que ApAreCer no seu CAminho. biCAmpeão mundiAl proFissionAl de street (2008 e 2010) e duAs vezes viCe-CAmpeão (2009, 2011), rodolFo já Foi protAgonistA de ótimAs CApAs dA revistA tribo skAte (126 e 162), venCeu etApAs importAntes do CirCuito mundiAl, pArtiCipou de Alguns xgAmes, etApAs do dew tour e representou o brAsil em vários outros eventos internACionAis. no CirCuito brAsileiro, gugu tAmbém tem umA vAstA experiênCiA de FinAis e vitóriAs. este pArAnAense de CAsCAvel viAjou o mundo Com A potênCiA do seu skAte e Criou umA bAse em FloriAnópolis, onde vive há muitos Anos e desenvolve seu trAbAlho próximo A um de seus pAtroCinAdores, A drop deAd. Com A mArCA, ACAbA de lAnçAr seu pro model de skAte shoes, pArA AgregAr Ao seu quiver de produtos. é um CArA que sempre surpreende tAmbém em provAs de best triCk. rodolFo é de umA grAnde FAmíliA, que ContA Com irmãos skAtistAs (wAgner e leAndro) e desde Cedo teve Apoio dos pAis. é pAi de duAs meninAs e um pArtiCipAnte Ativo nA vidA dos FAmiliAres. em suA longA CArreirA, gAnhou holoFotes Ao venCer A etApA brAsileirA do CirCuito mundiAl wCs em 2000. (CESaR GyRão)

// Rodolfo RodRigo Passos Ramos 30 anos, 26 de skate Patrocínio: droP dead, indePendent, Lost, tyPe’s aPoio: ogio, X-Mini

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João brinhosA

• Salve! Rodolfo, qual o grau de importância e o quanto influencia o fato de ter o skate envolvido na família com dois irmãos skatistas, esposa skatista e uma filha (futura skatista)? (Luis Felipe, São Luís/MA) – Muito bom. Não tenho nem palavras para descrever isso, família skatista de verdade... • Rodolfo, sou muito fã do seu hardflip. Hoje, com muitos skaters bons, de alto nível, você acha que é mais fácil ou mais difícil de se tornar um atleta profissional do que antigamente? (Luan Pires Alves, Diadema/SP) – Não sei dizer se está mais fácil ou mais difícil, só sei que se você quiser mesmo e se empenhar pra isso, você consegue. • Gugu, o que mudou na sua vida da mudança de Cascavel para Florianópolis? (Fernando Elias, Maringá/PR) – Acho que a qualidade de vida. Aqui é um paraíso. Quando vim pra cá a primeira vez não quis mais ir embora e hoje quase toda minha família vive aqui. • Salve Gugu! Tive a chance de ver você chegando em Sampa pra fazer seus corres... Fui em uma festa de aniversário do Mad, na casa da minha mãe e você tava lá cheio de sonhos e expectativas. Minha pergunta é: Naquela época o que você imaginava que iria acontecer na sua caminhada? Como foi sair de casa e correr atrás desse sonho de andar e viver do skate? Abraço forte. Fortaleza agradece sempre as suas passagens por aqui! (Davi Edinger, Fortaleza/CE) – Cara nunca imaginei que minha trajetória seria assim. Foi difícil sair de casa com 15 anos pra correr atrás deste sonho, mas foi a melhor coisa que fiz e hoje posso dizer que esse sonho se tornou realidade. • Quais as maiores dificuldades que já encontrou e superou? (Alexandre Lotério Gomes da Silva, Ouro Preto do Oeste, RO) – Quando meu pé virou 180 graus para trás deslocando meu tornozelo rompendo ligamentos e tendões. Essa foi uma das maiores dificuldades que tive. • Rodolfo, você que já viajou muito e correu campeonatos em vários picos diferentes. Pode me dizer se as pistas de SC estão ao nível das pistas gringas? (Luan Paris, Morro da Fumaça/SC) – Kkkkkkk! Aí tá foda! Kkkkk! As pistas privadas daqui são de nível gringo, sim. Pena que nossas pistas públicas aqui não são, não.

• Gugu, o que você sentiu quando pisou pela primeira vez num skate? (Felype Rodrigues, Campo Magro/PR) – Não me lembro muito bem, porque eu tinha 3 ou 4 anos de idade. Mas acho que foi amor, porque desde então nunca parei de andar. • Qual foi a emoção ou decepção do seu primeiro campeonato? (Felype Rodrigues, Campo Magro/PR) – Foi muito legal. Acho que foi em 1994, na quarta etapa do Circuito Maha de Skate. O mais style desse evento foi que meu pai conseguiu levar essa etapa pra Cascavel. Teve alojamento pros skatistas, comida, e a pista que montaram pro campeonato ficou na cidade pra gente. • Qual foi sua reação a ter passado pra pro? (Felype Rodrigues, Campo Magro/PR) – Na época eu tinha 16 anos. Eu tava um pouco cabreiro porque iria começar a correr campeonatos com os caras que eu era fã. Foi muito style. • Fala Gugu! Esse ano a Drop Dead lançou um pro model assinado por você e eu gostaria de saber o que está achando do mercado brasileiro de skate? A qualidade está em nível gringo, já que a maioria das marcas está sendo feita por skatistas, ou você acha que falta algo ainda para que o mercado cresça? Abraço! (Marcelo Sabino, Aguaí/SP) – Eu acho que o mercado brasileiro tá crescendo bastante, sem dúvida. Assim como em qualquer lugar do mundo, existe produtos bons e ruins e os produtos bons do Brasil estão com qualidade gringa sim, ainda mais sendo de marcas de skatistas. • Você já andou de skate na Grécia? Para quantos países você já foi por causa do skate? (João Pedro, Blumenau/SC) – Nunca fui para a Grécia, mas gostaria de ir um dia. Já fui para muitos países, acho que uns 15. O lugar mais legal que fui foi a China. • Você acha que sua filha também vai andar de skate? (João Pedro, Blumenau/SC) – Eu acho que sim, mas aí vai depender dela. Não vou forçá-la a andar de skt. Se ela gostar, ela vai andar. • A pegada e a irmandade no skate no Rio Tavares são muito fortes e já são a marca registrada da galera que anda aí. Queria saber quais lugares, tanto dentro quanto fora do Brasil que você mais sentiu uma energia tão boa ou pelo menos mais parecida com essa? (Henrique Nichele, Porto Alegre/RS) – Todo lugar tem sua pegada. Se você tiver andando com seus amigos e se divertindo, numa vibe boa, sempre vai ser animal. • Quais são seus próximos planos, não apenas na carreira como skatista, mas como cidadão, pai, etc? (Henrique Nichele, Porto Alegre/RS) – Pretendo continuar andando de skate, represen-



zap //

rodoLFo ramos

Crooked to fakie, Floripa.

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João brinhosA

// zap

tando as empresas que me patrocinam da melhor forma possível, cuidar da minha família, minha filha, minha esposa e ser feliz. • Atualmente a cena de skate em Florianópolis pode ser considerada uma das mais fortes do Brasil, com a participação de atletas como Pedro Barros, Vi Kakinho, Felipe Foguinho entre outros que representam o país mundo afora. A que fator você atribui esse sucesso da cena catarinense? (Lucas Damiani, São Paulo/SP) – Acredito que esse sucesso vem da iniciativa de pessoas de bem fazendo pistas privadas e de qualidade aqui, e também a garra desses moleques. • Qual foi a sua motivação para chegar aonde você está hoje? Além de amar muito o que faz (andar de skate), apesar de todas as dificuldades que apareceram no seu caminho, o que o levou a não desistir de se tornar um skatista profissional? (Rafaela Sima, Blumenau/SC) – Acho que foi uma coisa meio que natural, pois desde os 4 anos de idade eu ando de skt. Por muito tempo nem passava na minha cabeça ser um skatista profissional, e as coisas foram fluindo naturalmente. • Rodolfo, na sua opinião, quais são os pontos positivos e negativos em morar em Florianópolis, relacionados à qualidade de vida, custo benefício, esportes, atividades recreativas, política, etc.? (Alexandre Augusto Cruz, Florianópolis/SC) – O ponto negativo é que não temos pistas públicas decentes aqui, mas acho que isso vai mudar. Os pontos positivos não tem nem o que dizer - isso aqui é um paraíso. • Com sua experiência em diversos campeonatos no exterior, qual a maior diferença entre o skateboard brasileiro e o de outros países? (Pedro Monteiro, Jacareí/SP) – A diferença é que a gente é brasileiro, nossa energia é outra, nossa vibe é outra. Mas, skatista de verdade é igual em todo lugar. • Você acredita que é possível um dia o Brasil se tornar uma “meca” do skate assim como Espanha ou EUA, mesmo tendo essa cultura de futebol em primeiro lugar? (Pedro Monteiro, Jacareí/SP) – O skate vem crecendo muito no Brasil. O mundo todo tá com os olhos voltados pra cá, com tantos nomes se destacando mundo afora. Não digo virar uma meca do skate, mas somos um bom lugar pra entrar no roteiro de qualquer um. • Há mais campeonatos amadores do que profissionais. É possível um skatista profissional viver apenas de skate no

Brasil? (Pedro Monteiro, Jacareí/SP) – É possível, sim. Não digo que é fácil, mas é possível. • E aí, Gugu, firmeza? Queria saber o que te mantém motivado pra estar no gás depois de tantos anos em cima do carrinho? (Carlos Soares Feliciano, Goianésia/GO) – O skt que me motiva. E minha família. • Você é um veterano no skate. Você acha que essas marcas modinhas que estão no mercado (N…, Z…, hahah) hoje, atrapalham a galera mais old school? (Diogo Perretti, Itapeva/SP) – Acho que não. • Você é um dos caras com estilo de andar mais marcantes do nosso país e até da América Latina, sendo assim, você deve ter muitos fãs. Como você lida com o público? Você curte um contato direto com a galera? Ou prefere fazer um rolê mais de boa? (Diogo Perretti, Itapeva/SP) – Depende do dia. Tem dias que curto andar de skt com todo mundo, mas tem dias que eu quero fazer um rolê de boa. • Qual a sua playlist atual para o rolê? E qual pra ficar em casa, de boa? (Diogo Perretti, Itapeva/SP) – Pro rolê, eu curto um punk rock, um Joy Division, um The Jam, esse tipo de som. E em casa, escuto de tudo um pouco. • Você ganhava apoio de sua família no skate no início? Como fazia para conseguir peças? (Lucas Lima, Florianópolis/SC) – Sim, minha família sempre me apoiou muito, desde o início e isso me ajudou muito. No começo era bem difícil de conseguir peças, mas meus pais e meus irmãos sempre davam um jeito. • Dizem em Foz do Iguaçu, que você tem alguns parentes aqui e que desde pequeno andava pelas ruas da cidade junto de seus irmãos e primos, vocês tinham vários amigos por aqui e, segundo informaram, você teria no máximo uns 10 anos de idade nessa época. Desde então, ajudou muito a desenvolver o nível de skate nessa região. Isso é real? Faz parte de sua trajetória? (Eduardo Luis Pessini, Foz do Iguaçu/PR) – Isso é real sim. Dos meus 4 aos 9 anos de idade, eu acho, sempre que meus pais iam para Foz visitar os parentes, nós íamos na Woodstok andar de skate com o Aldo e muitos amigos. Eu era muito novo, não lembro de muita coisa, mas lembro de algumas sessions. * Pergunta escolhida: Davi Edinger de Fortaleza/CE

PróXiMo enfocado: silAs ribeiro envie suas Perguntas Para: tRiboskate@ymail.com coM o teMa linha VeRmelha – silas RibeiRo coLoque noMe coMPLeto, cidade e estado Para concorrer ao Produto oferecido PeLo ProfissionaL. 2014/julho TRIBO SKATE | 39


thrasher tour // sul do brasil

Murilo Peres. Vi Kakinho, fs nosegrind, quintal do Magoo, na Ferrugem.

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Mini half de sítio do Zé Topia em Viamão. Greyson Fletcher ruge um fs ollie one foot.

Por Cesar Gyrão // Fotos MarCos Kbça 2014/julho TRIBO SKATE | 41


Rainey Beres, sad plant, Urussanga.

Felipe Foguinho, fs alleyoop ollie, New Love Bowl, Swell.

Alex Perelson.

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sul do brasil // thrasher tour

Pedro Barros, fs ollie, Coverth.

Q

Murilo Peres, fs blunt, quintal do Magoo, secret spot.

uilômetros de pancadaria. Assim foi a barca criada pela revista Thrasher com alguns dos mais pilhados skatistas do RTMF e amigos gringos, de Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, logo depois do Red Bull Generation deste ano. A road trip cavocou alguns dos bowls e rampas mais irados, com direito a muitos quintais desconhecidos até então. Pedro Barros, Felipe Foguinho, Vi Kakinho, Murilo Peres, Marlon Silva, Greyson Fletcher e Rainey Beres, distribuiram porradaria pelo caminho. As sessões renderam matéria na Bíblia do Skate norte-americano (e mundial), além de alguns vídeos na seção Bru Ray do site da própria (Thrasher), que mexem com o estômago de qualquer um. Uma violenta sucessão de skate de transição, sem perdão. Sushi Bowl em Floripa; os dois bowls de Garopaba (o coberto, de madeira, da Mini Ouro do Paique e o Na Lata, aberto e de concreto), os quintais com bowlzinho e mini rampa de algumas praias da região; o velho bowl de Urussanga; o antigo snake run, o New Love e o banks do Swell Skate Camp, em Viamão; a pousada do Zé Topia, ali do lado, com transições toscas e um mini half pipe de madeira e o bowlzinho de madeira da Coverth (uma reprodução em madeira do RTMF em outras proporções). Com direito a bater o sino na extensão de grade de ferro pelo Rainey Beres neste último pico e nunca sonhadas ultrapassagens do canyon do bowl de Urussanga, de bs air pelo Pedro ou de fs ollie monstro do Greyson Fletcher. De perder a respiração! 2014/julho TRIBO SKATE | 43


thrasher tour // sul do brasil

Um nunca sonhado fs ollie sobre o channel do bowl de Urussanga, por Greyson Fletcher.

A galera.

Canto da Coverth.

Pedro Barros, fs air de pernas esticadas no bowl de madeira da Mini Ouro, em Garopaba.

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Bs smith.

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marquinhos // entrevista am

Original nO estilO de manObrar cOm Os braçOs largadOs, graduadO na escOla de guarulhOs, é difícil ver O marcO antOniO pra baixO. seja em qualquer lugar, leva sempre a satisfaçãO de ser skatista estampada nO rOstO. fica clarO que para ele O skate é prO restO da vida. vindO de sua estreia em viagens internaciOnais, quandO desbravOu cOm Os prOfissiOnais leO giacOn e paulO galera Os paradisíacOs picOs de mOntevidéu nO uruguai, marquinhOs assinala mais uma impOrtante cOnquista em sua carreira cOmO skatista estampandO nas páginas da tribO skate sua primeira entrevista. textO Junior Lemos // fOtOs Heverton ribeiro 2014/julho TRIBO SKATE | 47


entrevista am // marquinhos

Bs heelflip.

A

s fotos que ilustram a entrevista foram feitas em sua primeira viagem internacional. Como foi conhecer logo um dos paraísos do street da América do sul? O uruguai é muito style! tem muitos lugares bons para manobrar em montevidéu, uma cidade que respira skate. sem contar que a galera local anda muito. fiz boas amizades por lá, tanto que estamos sempre nos falando, acompanhando os trampos na web. gostei muito de ter ido para lá conhecer a cultura uruguaia. as pessoas são muito educadas, além deles curtirem muito os brasileiros. estivemos em montevidéu: eu, paulo galera, leo giacon, o filmer marcos de souza e o fotógrafo heverton ribeiro. foi muito style poder fazer essa trip com esses caras. foi uma vivência incrível de muito skate e diversão a todo instante. você conta com patrocínios que proporcionam isso? sim. meus patrocinadores me deram todo o su-

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porte para fazer essa viagem. fiz o planejamento, mostrei o retorno de mídia que iria proporcionar com os vídeos, fotos, facebook e instagram, e concordaram em me ajudar da melhor forma possível. agradeço a todos eles! Como pra você é ser um dos elementos de uma equipe pesada como a da Freeday? muito style poder estar do lado desses monstros do skate nacional, é só aprendizado pra mim. são pessoas verdadeiras, me dou muito bem com todos eles. O pg sempre está em casa. um cara que se tornou meu amigo foi ricardo porva. poder andar de skate com os caras das minhas equipes, skatistas pesados mesmo, é a maior satisfação. O adelmo também é um cara diferenciado, estou muito feliz em poder fazer o que gosto do lado de verdadeiros profissionais. pra mim é o reconhecimento do meu trabalho, estou muito feliz. você tem um história de valorizar mais o rolê na rua do que os campeonatos, que têm uma cultura muito forte no brasil. De alguma forma

O Marquinhos é um cara humilde, determinado e com uma simplicidade incrível. Tem um skate de explosão e expressão, e vem colhendo os frutos que plantou, com méritos! É isso aí, keep going, irmão. LAM4Life! Paulo Galera


Bs lipslide.

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entrevista am // marquinhos Falar sobre o Marquinhos é muito fácil, mano! Porque ele é um cara totalmente do bem, nunca o vejo de cara feia ou reclamando das coisas, está sempre dando risadas e tem um estilo diferenciado andando de skate. Fico muito feliz e tenho muito orgulho de ver as coisas dando certo pra ele. Sou muito grato a ele por sempre me incentivar e me ajudar a me superar no skate, ele puxa o nível. Nas nossas sessões a diversão é garantida. Andamos de skate dando risadas o dia todo. James Bambam isso faz com que o streeteiro precise trampar mais pra chamar a atenção? eu acho que na real o resultado do bom trampo é uma junção das duas coisas. Os campeonatos são essenciais, pra fazer uma grana que para nós amadores é muito importante. eu gosto de estar em tudo que seja skate. guarulhos foi ter pista só agora, então antes a gente tinha que andar de skate aonde dava. ainda mais sempre andando com o laurence, o bambam; mais streeteiros que esses aí não têm. absorvo o que vem da rua desde o começo do meu skate mas também nunca deixei de participar dos eventos. escola pesada essa, hein? bambam, Laurence e a rapa de Guarulhos! sim, a esses caras aí devo muito do que eu sou hoje. são todos meus irmãos de fé. na real toda a rapa é: chaveiro, tiruli saúde, mário morto. é muito experiência coletiva, é como uma família, sempre olho no olho, é pra nunca deixar passar, sempre com aquele incentivo de nunca jogar a toalha. imagino que essa evolução, esse reconhecimento de seu skate, esteja te levando a se profissionalizar em breve. está trabalhando para isso? sim, eu e meus patrocinadores estamos trabalhando neste sentido. espero que em 2015 a gente tenha novidades para apresentar! Bs crooked.

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Bs nollie heel.

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marquinhos // entrevista am Qual seu vídeo considera o mais consistente? Os dois que mais assisto são o essência feito pela freeday e um vídeo que fiz quanto entrei para a cityfellaz, uma marca europeia. esse vídeo ficou foda, foi editado pelo jeorge simas. vem mais algo de especial por aí? tem bastante coisa vindo, sim. acabou de sair um programa Olho de peixe com dois episódios dessa nossa viagem pra montevidéu, tem mais um vídeo aí da red bull prontinho, só esperando sair. também estou filmando mais porque logo lançaremos o vídeo da lam, que terá partes do laurence reali (falecido), paulo galera, gustavo geraldo e minha; um vídeo independente com imagens que eu e o laurence coletamos durante uns quatro anos. logo mais estará na rua para todos verem e tem mais novidades aí que vocês saberão em breve.

essa é sua primeira entrevista em revista? já fiz algumas entrevistas, mas em revista de skate é a primeira. Qual é a importância pra você estampar essas páginas na tribo skate? é um reconhecimento, um nível essencial para minha evolução como skatista e também uma forma de mostrar o meu skate pra todo o brasil e pro mundo. pra mim é ainda mais gratificante sabendo que é um trabalho lapidado por pessoas que sabem, entendem de skate e vivem com ele há muito tempo. Como encara representar hoje o skate de Guarulhos? eu quero mesmo é andar de skate cada vez mais, buscando sempre evoluir em todos os sentidos e passar a mensagem do skate para essa molecada que vem pra fazer a diferença no espor-

Marquinhos, discípulo do Laurence Reali, um cara que contagia pela humildade e skate no pé. Impossível não ser notado com seu estilo (largado). Adriano Mi

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entrevista am // marquinhos

te. isso foi o que aprendi na escola de guarulhos. quero também focar em viagens, conhecer novos picos e fazer novas amizades, manter essa felicidade em me divertir com o skate e com meus amigos. essa é a real essência que nos mantém focados nessa missão. e lógico; ter fé em deus, sempre! Pra finalizar, o skate pra você é pro resto da vida? com certeza! tudo de positivo que aconteceu na minha vida o skate estava envolvido. amigos, amizades verdadeiras, o skate me trouxe muito mais do que eu poderia imaginar; muito mais que patrocínios, viagens e campeonatos. O skate me deu a visão de mundo que nunca iria ter se não estivesse andando. respiro skate todos os dias e ele é pro resto da vida, sim! vai chegar uma hora em que as pernas não vão ser mais as mesmas mas vou continuar fazendo acontecer o skate, onde eu estiver. skateboard eterno, lr.

Conheço esse menino desde 2001 e acompanhei bastante a sua evolução. Ele é parte da elite do skate guarulhense, sempre com suas tricks de alto nível de dificuldade e seu estilo pesadíssimo. Determinação, perseverança, evolução, esse é o Marquinhos de Guarulhos. LR-ETERNO! Laurence, Marquinhos, Chaveiro, Mi, Klebão, Quadrado e Mário: esses foram alguns dos primeiros amigos a serem filmados na minha carreira; éramos todos crianças. Bons tempos eram esses. Diogo Ramos

// mArCo Antônio FerreirA Dos sAntos 26 anOs, 14 de skate nasceu em sãO paulO, mOra em guarulhOs patrôs: freeday, lâmina e narina

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Bs ollie.


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mtv // deco e lucas

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Dexter, noseblunt.

Por Junior Lemos // Fotos PabLo Vaz 2014/julho TRIBO SKATE | 59


Fs ollie na quermesse, ele mesmo, Dexter.

Nosegrind.

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deco e lucas // mtv

15

partes de nitrato de potásio, 2 de enxofre e 3 de carvão vegetal é a fórmula básica para se obter pólvora. Mas no caso da próxima temporada da série explosiva de Deco e Lucas na MtV foi necessário acrescentar um motor home com microrrampa no teto e seis indivíduos desmiolados para que fossem realizadas as mais impensáveis façanhas esportivas já vistas no globo terrestre. ricardo Dexter e Pablo Vaz estiveram nesta barca que passou 20 dias rodando por três estados seguindo o roteiro da zoeira sem fim. E vocês conferem agora um pouco do que rolou de skate na série inédita que vai ao ar toda quinta-feira às 21h30, a partir do dia 24 de julho. Apesar de constar estrelas dos esportes de ação e dois apresentadores de tV, com certeza o principal personagem da trip foi o veículo que carregou a galera. também não é por menos: uma rampa no teto como cartão de visitas, pintura estilizada que foi sendo customizada na medida em que a viagem passava e por dentro uma bela estrutura para acomodar os tripulantes. Mas a verdade é que o personagem principal também descansa quando não estão sendo feitas as filmagens. “A produção alugou o ônibus do Jorge Negretti (do motocross), tem o que a gente precisa nele: uma oficina na parte de trás e um espaço bem grande na frente. E como a gente passa muito tempo na estrada, ele tem cama, sofá, tevê, tem tudo. Mas a gente não dorme dentro do ônibus, na verdade. A gente fica mais em hotel do que dentro do ônibus! E mesmo com fogos estourados lá dentro, eu acho que ele voltou intacto, né. sempre fica algum carma dentro do ônibus, mas eu acho que ele voltou intacto desta vez.” skate, bike, surf e moto. Estes eram os instrumentos principais que foram no bagageiro do busão. Mas durante o trajeto, a trip passou por diversas cidades, apresentando outras modalidades de esportes de ação curiosas demais. No interior de Minas Gerais, Gui Pádua apresentou algumas variações com paraquedas, inclusive o sinistro parasail no ônibus. teve também mountain bike em Belo Horizonte, onde também aprontaram com o dentuço astro do futebol, ronaldinho Gaúcho, passando pelo lamaçento Caipiras racing. Nas temporadas anteriores, os fogos de artifício roubaram a cena e desta vez os caras conseguiram patrocínio de uma fábrica. tendo um estoque ilimitado e variado, os caras gastaram pólvora em tudo que podiam. o único problema é que os demais tripulantes da barca é que levavam bomba, sobrou até para o skate do Dexter! o Pablo Vaz também esteve nesta barca, compondo a equipe técnica, o que não significa que ele ficou de fora das brincadeiras de primeira série colegial dos apresentadores. “o Pablo representa muito, ralou tanto que saiu com os olhos roxos da viagem que até hoje ninguém sabe direito o que aconteceu”.

Ollie pra dentro do círculo de fogo.

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mtv // deco e lucas

E não foram só os hematomas que restaram da trip. “Voltei pra casa com alguns pontos no braço, mas pra mim é a experiência que fica. Viajei com uma galera de outros esportes, passamos por várias cidades e, no final, você vê que todo mundo passa pelo mesmo perreio que o skatista: o cara da moto, o do surf, o cara da bike. todo mundo que faz o que ama passa perreio no Brasil”. // Histórias ‘indignantes’ Dentro dos 20 dias de viagem, a barca passou por algumas situações que não tinham nenhuma graça. A mais absurda delas aconteceu em Belo Horizonte quando foram gravar na única pista que estava no roteiro, mas a surpresa veio quando se depararam com um half impraticável, que tinha acabado de ser construído. A indignação ficou por conta da placa que anunciava o valor daquela obra que não serve pra nada: mais de um milhão de reais gastos em uma rampa de madeira. outra história que deixou Dexter indignado foi quando apareceram no jornal local da Globo rio, na verdade uma denúncia que mostrava pessoas transitando na parte de cima do ônibus com o veículo em movimento. “ter uma rampa em cima do ônibus é uma coisa que chama muito a atenção. Inclusive a gente até saiu no jornal, como uma coisa reprimindo o skate até. Mal sabiam qual era a ideia, de que aquilo era na verdade a gravação de um programa de tV”.

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RolĂŞ de skate com os ETs de Varginha.

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nike sb team // trip

Daniel Lebron.

Maxime Geronzi.

EntrE as várias açõEs da nikE Para a CoPa do Mundo dE FutEbol, alguMas EnvolvEraM sEus tiMEs dE skatE do globo. a idEia Era valorizar Esta grandE troCa dE ExPEriênCias Culturais quE EstE gigantE EvEnto ProvoCava. uMa dEstas açõEs virou uM PoétiCo vídEo CoM EuroPEus E alguns dos brasilEiros da nikE sb, CoM batisMo dE noME óbvio: EuroPE x brazil, FriEndshiP.

Kyron Davis.

Por Cesar Gyrão // Fotos MarCell VeldMan

Denny Phem. Wieger Van Wageningen.

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Fabio Cristiano, bs wallride, SP.

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nike sb team // trip

Maxime Geronzi, bs tailslide.

Denny Pham, nollie fs crooked.

O

Kyron Davis, bs noseblunt.

vídeo foi lançado no dia 10 de junho, sem muito barulho, mas com uma grande repercussão entre os amantes do skate e do cinema, pois são 6 de pura arte. Os brasileiros Fabio Cristiano e Luan (de) Oliveira receberam os europeus Wieger Van Wageningen (Holanda), Daniel Lebron (Espanha), Kyron Davis (Inglaterra), Maxime Geronzi (França) e Denny Pham (Alemanha). Acompanhados pelos videomakers de skate Fernando Granja e Danny Magee, mais três câmeras da produtora que foi contratada para fazer a parte de story telling (Willem, Doom e Dries), mais o fotógrafo Marcell Veldman, eles passearam por São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói e o resultado foram impressões muito reais do país sede da Copa, com depoimentos muito interessantes sobre o skate e a cultura do Brasil.

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Daniel Lebron, fs 180 flip.

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nike sb team // trip

Luan de Oliveira, fs tucknee, Rio.

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foto jr lemos

˜ fábio castilho ˜

respeito

à cultura

do skate

brasileiro

Onde Encontrar: Dropp Surf: rua afonso Vergueiro, 1583, centro - sorocaba/sp - (15) 3033.0063 Feeble Skate Shop: av. santos ferreira, 89 - canoas/rs - (51) 3031.8557 Grind Skate Shop: rua são francisco, 40 - joinville/sc - (47) 3026.3840 Matriz Skate Shop: online - matrizskateshop.com.br total - av. cristóvão colombo, 454 - porto alegre/rs - (51) 3018.7072 Wallig bourbon - av. assis brasil, 2611, lj 248 - porto alegre/rs - (51) 3026.6083 Roots Skate Shop: rua leopoldo de bulhões, 166, centro - anápolis/Go - (62) 3311.2012 Sagaz Skate Shop: rua ferreira pena, 120, centro - manaus/am - (92) 3233.2588 Switch Skate Shop: rua comandante marcondes salgado, 619 - centro - ribeirão preto/sp - (16) 3235.6867

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Marcus Valente

viagem // marcos noveline

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Brian shiManski

Frontside feeble na casa do black block da Dog Hill.

Por Cesar Gyr達o // Fotos Brian shimanski e marCus Valente 2014/julho TRIBO SKATE | 71


Brian shiManski

viagem // marcos noveline

Crail grind num dos bowls de Washington Street.

U

m certo dia, um certo maluco colocou uns madeirits na saída de um monumento no começo da rodovia Imigrantes, saindo de são Paulo sentido o litoral, colocou o tail sobre os vários centímetros de vertical e botou pra baixo. Uma daquelas proezas que viram lenda para quem participou, no caso a tribo skate que publicou a sequência. esse cara era o Marcos Noveline, que ao longo dos anos seguintes sempre esteve próximo, tendo atingido um grande momento na capa da edição 161, de março de 2009. Parceiro de sessions de skatistas como o Biano Bianchin, Marcelo Xuê e o ricardo Dexter, só pra citar os mais frequentes, Noveline nunca tinha ido visitar a terra do tio sam, onde o skate foi inventado nas primeiras décadas do século passado. sua primeira impressão foi uma espécie de carreira solo, pois seus comparsas de sempre não estavam junto. Desta vez, viajou com o sócio da Amais, Marcus Valente, unindo o útil ao agradável. segue seu relato: “Com os meus 36 anos, esta foi a primeira vez que fui para a Califórnia, um dos berços do skate no mundo. Assim que chegamos, deixamos nossas coisas no hotel e fomos assistir o jogo dos Lakers e Jazz, no Staples Center. Foi irado. Daí saímos para comer, para descansar e começar a sessão de skate no outro dia, com alguns picos já selecionados. Na verdade fui para conhecer a fábrica que está produzindo os meus shapes da marca A+ skateboards. Com essa viagem, acabei conhecendo algumas pistas como a Washington Street, San Pedro, Volcom Skate Park, Alex Road, Carlsbad e Martin Luther King Skate

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Brian shiManski

Backside blunt.

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Marcus Valente

viagem // marcos noveline

Backside smith.

// marCos noVeline 36 ANos, 23 De skAte PAtrôs: A+ skAteBoArDs, MPVs skAteBoArDs, WeIrD, eleMeNt shoes, FIerce elIte WArrIors, tAttoo steel core são PAUlo/sP

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Marcus Valente

Park. Saímos para produzir algumas fotos com o fotógrafo Brian Shimanski , que nos levou para conhecer alguns ditches em San Diego e nos levou na casa de um black block que tinha uma mini ramp irada e umas paredes de cimento espalhadas pela casa, que é a facção Dog Hill. Daí para finalizar, fomos fazer uma sessão na casa do Danny Way que era vizinho do fotógrafo Brian Shimanski. Pronto para voltar para casa com a cabeça feita.”



casa nova //

Fs ollie fakie nosegrind.

Stevie // Fotos João BrinhoSa Ser skatista: É ter personalidade própria, ser amigo, estar sempre de portas abertas. Quando não está andando de skate: Estou na Igreja, agradecendo a Deus por estar vivo. O porquê do apelido: Onde eu ia achavam meu jeito de andar parecido com o do Stevie Williams; como eu não gostava pegou. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Transporte muito caro e falta de pista coberta para dias de chuva. Skatista profissional em quem se espelha: Thales Prates. Skate atual: Shape Zion, trucks Thunder 139, rodas Bones STF 53, rolamentos Swiss Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Kenner. Som pra ouvir na sessão: Pial Ghetto e Centro Puro.

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Parceiros de rolê de skate: Marcos Resende, Matheus Guinancio, Gap, Andrew, Fernando, Felipe e Rafael Paulista; esses foram os que começaram comigo. Melhor viagem: Joinville/SC, onde as portas se abriram. Melhor pico de rua: Praça XV, RJ. Melhor pista: Madureira, RJ. Sonha alcançar com o skate: Paz, alegrias, vitórias e conseguir sustentar minha família. Aquele salve: Primeiramente a Deus e em segundo lugar à pessoa que ele usou para transformar meu sonho em realidade Rafael “Napaz”; pra minha família e os verdadeiros amigos - quem é, sabe. É nóis! // Anderson de oliveirA 22 anos, 9 de skate Rio de JaneiRo, RJ PatRocínio: GRab skateshoP aPoio: dozi, bastaRd, zion, cRystal GRiP e VeRtical

“Deus escolheu as coisas mais loucas deste mundo para confundir as sábias.”



casa nova //

Jarbas Menor // Fotos ChoreS rodriguez Ser skatista: É fazer um rolê com os amigos, aprender manobras novas. Quando não está andando de skate: Jogo video game, saio com a minha mina e vou pra Igreja. O porquê do apelido: Porque eu sempre fui o menor do rolê. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de incentivo da prefeitura e as poucas pistas que temos precisam de manutenção. Skatista profissional em quem se espelha: Rodrigo TX. Skate atual: Shape Kronik, trucks Thunder, rodas Pig, rolamentos Red Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Som pra ouvir na sessão: Sabotage, Racionais e Notorious B.I.G. Parceiros de rolê: Laércio Nascimento, Lucas Caputo, Leo Tommaso, Chores Rodriguez, Rodrigo Ciric e Pablo Cavalari. Melhor viagem: Londrina/PR. Melhor pico de rua: Escola Selma Maria Tatiana, em Sorocaba. Melhor pista: Laranjeiras Skate Plaza. Sonha alcançar com o skate: Ser profissional e viver de skate. Aquele salve: Dropp Street Wear, Matheus Barbosa, meu irmão Guilherme (Lil G Tattoo), Luiz Carlos “Cabeção”, Guilherme Franca, Julio Casagrande, Chuck, Ledz, Eliseu Carvalho, Diego Seorra e Elias Marcelino. // JArbAs neto 14 anos, 5 de skate nasceu em são Paulo, moRa em soRocaba PatRocínio: dRoPP stReet WeaR e FoRty shaPes

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Feeble.

“Parasita hoje, um coitado amanhã. Corrida hoje, vitória amanhã.”



casa nova //

Feeble to fifty.

nilmar Cabelo // Fotos Junior LeMoS Ser skatista: É amar o skate, valorizar suas reais qualidades e amizades. Quando não está andando de skate: Vejo vídeos, leio revistas. O porquê do apelido: Quando comecei a andar de skate tinha o cabelo grande. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: A falta do verdadeiro skate. Skatista profissional em quem se espelha: Marcelo Amador Vianes “Formiguinha”. Skate atual: Rodas Kohe 53mm, rolamentos Red Bones, trucks Thunder 149mm Chris Cole, shape Vegetal e lixa JohP. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: GoPro.

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Som pra ouvir na sessão: Sabotage, Jedi Mind, RZO, Cypress Hill. Parceiros de rolê de skate: Rafael Soares, Eleandro, André Luiz, Matheus, Andrey e Vinicios. Melhor viagem: São Paulo, Praça Roosevelt. Melhor pico de rua: VR skate plaza (Passos). Melhor pista: Pista pública de Passos. Sonha alcançar com o skate: Sustentabilidade. Aquele salve: Maykell Elias (in memorian), Rodrigo Tilu, Henrique Abeia, Jr Lemos, Alexandre Valério, Tallys Zulu e todas as crews da minha city. // nilmAr Junior PereirA mendonçA 23 anos, 10 de skate Passos/mG PatRocínio: natiVidade skateshoP aPoio: lFs cReW e skate escola

“Vai na fé, não na sorte.”



casa nova //

Silvio oreia // Fotos raMon riBeiro Ser skatista: É andar de skate com os irmãos sempre que puder e procurar evoluir, sempre com o skate e com as atitudes de um skatista. Quando não está andando de skate: Estudando para adquirir conhecimentos para toda a vida. O porquê do apelido: Um amigo percebeu que minhas orelhas eram maiores que o normal para a estrutura do meu corpo. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: O governo que não incentiva o esporte e não ajuda a nos desenvolver como ajuda outros esportes mais populares. Skatista profissional em quem se espelha: JN Charles. Skate atual: Shape Mc Twist, trucks Metallum, rodas Viva, rolamentos Red Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Maresia. Som pra ouvir na sessão: Rap. Parceiros do rolê: Rodrigo Santo, JN Charles, Gustavo Lopes e Matheus Cruz. Melhor viagem: São Bernardo do Campo/SP, para o Campeonato Brasileiro de 2011. Melhor pico de rua: Praça Paulo Barreto, em Aracaju. Melhor pista: Cara de Sapo Skatepark. Sonha alcançar com o skate: Respeito e reconhecimento. Aquele salve: Agradeço a toda a galera que acredita no meu desempenho em cima do skate. Valeu. Fiquem na paz! // silvio dA silvA 18 anos, 5 de skate nasceu em limoeiRo de anadia/al, moRa em aRacaJu/se PatRocínios: mc tWist skateboaRd, os maGos skateshoP

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Bs heelflip.

“Acredite em seus sonhos que um dia eles se tornarão realidade.”



hot stuff // julho

// ThundeR Os novos modelos de eixos assinados pelo Sean Malto já estão disponíveis na Plimax, representante exclusivo Thunder no Brasil. Nos tamanhos 145 (low e hi), 147 (hi) e 149, os trucks fazem parte da linha Titanium Light, o que siginifica uma peça ainda mais leve e ao mesmo tempo resistente. (11) 3251 0633 / edgar@plimax.com

// amais São três as séries de shapes que a Amais apresenta para os skatistas brasileiros, peças fabricadas em maple canadense e produzidoas na Califórnia: Logo, Muppets e Signature. Shapes que são atestados e garantidos pela respeitável equipe que representa a marca diariamente nas ruas, pistas e transições. (11) 99746 7723 / amaisskateboards.com

// Relógios X games A marca de relógios X Games, representada no Brasil pela Orient, lança nova linha esportiva trabalhando o dourado nos modelos pela primeira vez. A cor que começou a se destacar em 2013, promete continuar em alta até o próximo verão, e foi a escolha certeira da marca para trazer a nobreza do tom para os amantes de esportes radicais. (11) 3049 7777 / orientnet.com.br/xgames

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áudio // show

Los AngeLes não perdeu por esperAr o show de umA dAs meLhores bAndAs do movimenTo punk rock de Todos os Tempos. TocAndo um som poderoso e originAL, os 7 seconds LoTArAm o roxy em hoLLywood, cALifórniA, pArA umA únicA ApresenTAção nA cidAde. // TexTo e foTos Antonio dos PAssos Junior “thronn”

D

ona de um repertório riquíssimo esculpido dentro da revolta, protestos, atitudes anti-sociedade capitalista, desigualdades e do “faça você mesmo” a banda 7 seconds quebrou tudo e tocou poucas músicas do novo álbum “Leave a Light on”, mas caprichou mandando as canções das antigas. o vocalista kevin seconds rasgou a voz no palco, apoiado por uma galera infernal que não o deixava cantar uma música sozinho. grandes hits como young Till i die, Trust, not Just boys fun, rock Together, bully, regress no way, walk Together, rock Together e o clássico 99 red balloons (uwe fahrenkrog-petersen, carlo karges). foi muito impressionante esse show, pois a galera estava há muitos anos carente de ver os caras em ação e vi até gente chorando emocionada que parecia ser brasileira. o baterista, com os dreads muito loiros, estava tocando demais mantendo o estilo hardcore punk das antigas. ele também esteve de forma muito presente com seu vocal na maioria das músicas cantadas nessa noite. como uma boa banda punk que se preza, a maioria das músicas tem que começar com baixão abrindo um caminho em que todos vão atrás e a porradaria está feita no salão, voltando aos anos 80 das boas punk skate partys. o guitarrista bobby Adams toca muito e é raro de se encontrar no dia de

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hoje alguém assim com essa rapidez. sem frescura, com poucos acordes, sem solos virtuais e muito talento levando o público ao delírio. A base punk rock hardcore na veia dos irmãos. Aquela mesma história vem se repetindo aqui: a molecadinha está colando em peso nos shows de bandas que eles nem eram nascidos quando elas reinavam, mas o 7 seconds deu uma chance a eles. vou concluir dizendo que valeu muito ver esse show e que o kevin falou que está indo pro brasil! olha que style? se você estiver no brasil e faz parte do movimento punk, skate, metal ou gosta de boa música, vá no show dos caras que você não vai se arrepender com o timbre dos acordes o levando numa viagem aos anos 80. observação: o kevin vem há anos com problemas no joelho e aqui no show alguém subiu no palco e acabou de detonar o mesmo do cara. Tá aí uma dica para quem for subir no palco: suba, mas não detone o mestre de cerimônias. Membros Kevin Seconds - vocal Steve Youth - baixo, vocal Bobby Adams - guitar Troy Mowat - bateria, vocal


// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > Mato Grosso do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504

> rIo Grande do sul - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072

- Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Punk Rua Sargento Aviador Oswaldo Fernandes, 36, centro (19) 3019-6950

> Paraná - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865

Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083

- Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818

> santa CatarIna - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840

> rIo de janeIro - Armação dos Búzios Geribá Skate Shop Rua Maria Rodrigues Letina, 8, Geribá (22) 9 9843-1020 / 9 9796-6764

> são Paulo - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489

- Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397 - São Paulo All Store Boards Sports Av. do Cursino, 1.722, Saúde (11) 5058-1540 - Sorocaba Xtreet Skateshop Rua Alfredo dos Santos, 166, Vila Carol (15) 3226-3011 / 99151-2511

Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja!

Faça parte desta lista: produtostriboskate@gmail.com 2014/julho TRIBO SKATE | 87


áudio // rap

// TexTo e foTos Luiz ricciAti Junior

nobru, Twixx, ALLAn dub formAvAm o b.L.u.n.T. e se JunTArAm em 2013 com o vALenTe pArA um TrAbALho coLeTivo, criAndo umA novA frenTe pArA reJuvenescer o gênero musicAL. Ao mesmo Tempo fugindo dA simpLes denúnciA dAs mAzeLAs sociAis e LevAnTAndo poLêmicAs ATuAis que AfLigem TodAs As cLAsses, esTes novos rAppers de são pAuLo TrAzem umA proposTA mAis prA prAiA do comporTAmenTo. com umA sonoridAde pecuLiAr, fruTo de seus experimenTALismos como indivíduos que crescerAm em suAs cArreirAs soLos com criATividAde, vem gAnhAndo respeiTo e são umA verdAdeirA promessA pArA LAnçAr novos venTos no rAp nAcionAL. recenTemenTe eLes fechArAm com zero19 de cAmpinAs, formAdo por dois skATisTAs, e fechArAm A bAncA de A4driLhA. esTão grAvAndo um ep com 7 músicAs pArA ser LAnçAdo AindA esTe Ano e merecem ser ouvidos com ATenção, pois esTão Todos nA fAixA dos 4 A 6 Anos de rAp e conversAm sem firuLAs com um crescenTe púbLico, com muiTAs meninAs pArTicipAndo de seus cLips e shows que Têm LoTAdo os espAços. pArA se Ter umA ideiA meLhor do que esTes cArAs esTão TrAzendo pArA A cenA, o Twixx AssinA com o sAndrão do rzo, umA dAs músicAs do fiLme nigériA, fim dA LinhA. A fAixA é não TenhA medo do escuro, com cLipe dirigido por eLder frAgA. se você AindA não conhece A proposTA de A4driLhA, vALe dAr umA boA fuçAdA em seus Links nA web, porque com cerTezA você será mAis um TocAdo peLo óTimo som e ideiAs desTe coLeTivo. (GYrão) 88 | TRIBO SKATE julho/2014


// áudio

C

ontem-nos um pouco sobre como começou A4driLhA. A4driLhA teve início em 2013, quando b.L.u.n.T. e valente começaram a se apresentar juntos. com isso, apresentamos um set misturado como nenhum outro grupo ou coletivo estava fazendo. esse foi um dos motivos que gerou o êxito na formação. Gostaria que cada integrante abordasse um pouco sobre o que A4driLhA representa a vocês. Nobru: é uma família que faz o rap acontecer e, hoje em dia, se transformou na minha vida profissional. representa nada mais, nada menos do que a união. Twixx: é um projeto de vida, uma família. é como se fosse o time do meu coração. Valente: motivação, inspiração, planejamento, trabalho, família. é algo que eu tenho pelo que correr, tá ligado? Qual mensagem vocês querem implantar na mente do público de vocês? sem dúvidas, de cara posso dizer que queremos transmitir o verdadeiro rap, todo o conceito que ele nos traz. só quem conhece realmente pode falar sobre a benção que é todo este valor que transluz sobre a nossa mente. fora isso, os relatos através de experiências vividas. eu quero que as pessoas consigam enxergar muitas coisas que estão estampadas na cara e elas não conseguem ver. o que vocês almejam para A4driLhA em um futuro próximo? o rap no brasil, que ainda é discriminado nos dias atuais, ganhou um inimigo ainda mais próximo, que são as próprias pessoas que o fazem em nosso país. são conflitos desnecessários para se destacar que atrapalham a cena. queremos unir e mostrar um caminho que as pessoas vejam escritas que têm como base a velha escola do rap, mas pregando o que há pra hoje, não repetindo o que já foi dito. queremos elevar a escola ao ponto que teremos o mesmo espaço e estrutura que outros gêneros com menos conteúdo. imagina um show de rap nacional com um artista ganhando 100 mil e lotando o morumbi? é isso que queremos, não pelo dinheiro e nem pelo show lotado, e sim pela valorização da cultura mais rica do país. na opinião de vocês, qual o melhor caminho para o rap nacional? não há como dizer qual o melhor caminho, porque cada um é dono da sua verdade. mas acredito que se todos se ajudarem, ao invés de falar mal e criticar o trampo do outro, a cena tende a crescer e melhorar. o melhor caminho, na nossa ótica, é trabalhar muito por nós, pelo nosso público e principalmente pelo rap nacional.

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nicolas gomes

áudio // hc

Continuando nosso giro pelo Brasil para mostrar o sangue novo da músiCa independente, apresentamos o mais que palavras do distrito Federal. Formado por pessoas Bem ativas na Cena alternativa da Cidade, a Banda vem CresCendo a Cada dia e Conquistando novos seguidores pelo país, Com suas mensagens positivas e enCorajadoras de quem e para quem realmente vive o hardCore intensamente. o hardCore em Brasília, vai Bem, oBrigado. por HelinHo Suzuki

O

Mais Que Palavras, apesar de ser uma banda nova, todos integrantes já estão no rolê há um bom tempo e tiveram várias experiências com outras bandas. conte um pouco da história de cada um e o que motivou vocês montarem a banda? A gente já se conhece há um bom tempo, desde o final dos anos 90 estamos envolvidos com bandas, produção de shows e escrevendo zines. Além de estar envolvido em algumas produtoras e selos locais, eu tocava em bandas mais de punk rock, como o dissonicos. o fill (guitarra) e o manoel (vocal) já tocaram juntos em diversas bandas, entre elas o xLinha de frentex e o dias de um futuro esquecido. inclusive foi num show de uma banda deles, o Tatuderrado, que a gente se conheceu. organizei um show no porão da casa de um vizinho e eles tocaram, sensacional, né? se não me engano, isso foi em 1998. com o Tiagão (bateria) foi a mesma coisa, conheci ele

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ao produzir shows em brasília no início dos anos 2000. ele tocava numa banda chamada butley e logo surgiu uma amizade. depois desta banda ele montou o fone e a gente dividiu o palco algumas vezes. Já o nicolas entrou para a família há menos tempo porque veio de natal (rn), ele participa da cena desde 1999, seja na produção de shows e também do festival do sol (desde 2003) e tocou em bandas como o Allface. eles inclusive vieram tocar uma vez aqui em brasília, no porão do rock. o nicolas é fotógrafo e registra a cena, já fez também diversos clipes de bandas underground em natal, brasília, rio de Janeiro e interior de minas gerais. A gente encara o hardcore como um estilo de vida. e montamos o mais que palavras justamente para mostrar isso. somos bem diferentes, mas ele nos une. queríamos mostrar que não importam suas escolhas pessoais, este é o nosso espaço. é onde escolhemos viver e de onde não vamos sair. vivemos o

hardcore, não é uma fase, é a nossa vida. enfim, a banda foi criada para fazer outras pessoas pensarem no impacto positivo que o hardcore tem em uma vida e em tudo de bom que ele proporciona. Você trabalha na Esplanada dos Ministérios e tem um contato bem de perto de tudo o que acontece por lá? isso tem alguma influência na música de vocês? sim, é este o nome! (heheheh) Agora eu trabalho em um ministério que não atende diretamente a população brasileira. fazemos mecanismos, normas e ferramentas para outros órgãos públicos conseguirem atender o cidadão. bem diferente de quando eu trabalhava com educação e sentia de perto o funcionamento ou não de uma ação governamental. este contato com o povo te influencia, muda, e te faz querer melhorar as condições de vida das pessoas e a educação é o caminho para isso. e como faço parte de uma banda de hardcore, quero incentivar as pesso-


é impossível pensar coletivamente, morar no brasil e estar satisfeito. Temos uma desigualdade muito grande no país. precisamos melhorar e muito em vários aspectos, como em educação, saúde e mobilidade urbana, e isto justifica o nosso apoio às manifestações. Todavia, a gente não acredita no sistema, ele não foi feito para a gente. é claro que percebemos as diferenças entre os diferentes governos que estiveram e ainda estão no poder, mas acreditamos na mudança individual, que vai influenciar a local e um dia chegaremos na global. precisamos urgentemente começar a pensar coletivamente, no que podemos fazer ou deixar de fazer para que outras pessoas comecem a viver melhor. se fizermos isso em nossos bairros, já será um grande avanço. A mudança está em nós, somos nós, nossos pequenos atos do dia a dia nos definem. Você é um dos caras mais ativos da cena hardcore de Brasília. Praticamente todo mês está organizando a Matinê hardcore e colocou a cidade novamente no circuito de shows. como você viabiliza esses shows, tem alguma ajuda? o pessoal está participando? ou prefere ficar em casa no Facebook reclamando? obrigado pelo elogio, mas tem muita gente ralando pela cena do distrito federal. posso citar o crushed bones, dfc, Terror revolucionário, ingrena, outubro hc, suicídio coletivo e squintz, por exemplo. Acredito que eu, manoel, hari das e dudu, que é do deceivers, contribuímos com as matinês hardcore e queremos realmente que brasília esteja novamente no circuito de shows. cada pessoa que faz um simples compartilhamento do flyer do show já ajuda, mas acredito que você estava falando em ajuda financeira. neste caso, não, a gente não tem. Tiramos a grana dos nossos bolsos, mas não encaramos como despesa e sim como um investimento. os custos das matinês são divulgados e todas as pessoas que forem podem dizer por aí que ajudaram na produção do evento. queremos muito que as matinês funcionem como uma engrenagem, onde os indivíduos são peças fundamentais para a manutenção dos eventos. não é algo nosso, fazemos as matinês por nós e para todos nós. e claro, sempre

jefferson modesto

as a pensar, quero demonstrar que existe uma outra forma de viver, e que a mudança depende de nosso esforço, devemos pensar mais coletivamente. menos ego e mais consciência e amor. como o nome da banda diz, as letras têm um conteúdo bem inteligente, mas também fala de respeito, família, PMA. A molecada consegue absorver isso? Porque hoje em dia parece que o visual e a ostentação de merch, discos fala mais alto que a mensagem em si. somos uma banda de hardcore e queremos realmente fazer com que as pessoas pensem, repensem e mudem suas atitudes, inclusive nós mesmos. é vital para a gente tentar influenciar a mudança. nosso nome veio daí, somos muito mais que música e discurso, colocamos em prática tudo aquilo que está em nossas letras. é difícil medir essa absorção pelo público. Toda vez que recebemos um feedback positivo, somos incentivados ainda mais. muitas vezes recebemos mensagens ou alguém vem falar conosco sobre como certa letra fez a pessoa refletir sobre algo e isso já faz tudo valer a pena. esta também é uma boa oportunidade de pedir uma coisa: leiam as letras das bandas que vocês gostam. saibam o que elas dizem! nada disto faz sentido se não nos atentarmos para a mensagem. Alguns membros da banda são straight edges. como é o engajamento de vocês com essa filosofia de vida? Manoel Neto - Acho meio complicado explicar algo que temos que sentir. straight edge é minha forma de rebelião, um protesto diário, é o meu grito de não sou parte desse jogo, é o jeito que consigo me sentir livre de verdade. Acredito que a clareza mental é uma das melhores armas contra um sistema projetado pra dopar nossas mentes e nos manter sob controle. não sou engajado em nada além de acreditar que isso é o melhor pra mim e quando me é dado o espaço eu compartilho meu ponto de vista pra tentar gerar um debate construtivo sobre o assunto. Falando um pouco de atualidade, qual a opinião de vocês sobre as manifestações contra a copa do Mundo? Vocês acham que a população está realmente insatisfeita?

existirão aqueles que vão apenas reclamar, mas prefiro focar nas pessoas que desejam fazer junto com a gente. Vocês lançaram recentemente o split “Mais que livres” ao lado do Vida Livre. como rolou essa ideia? Você acha que o split é uma forma de divulgar a banda com uma abrangência maior? A gente acredita muito no “faça você mesmo”. vai dar trabalho, demorar muito mais que o esperado, mas a gratificação é muito maior, pois você se dedicou por algo que vive. e quanto mais pessoas estiverem envolvidas no lançamento de um disco de hardcore, melhor. isto justifica o lançamento dos splits e também de coletâneas, que divulgam várias bandas de uma vez só. A gente acredita tanto neste modelo, no “faça você mesmo com a ajuda de seus amigos”, que estamos preparando mais dois splits para este ano. um deles será lançado pelo selo “o homem coletivo”, numa proposta onde qualquer pessoa pode contribuir para o lançamento, ou seja, qualquer indivíduo que acredita no hardcore pode fazer junto com a gente. o clipe da música “Leões” abriu portas para a banda também? A gente escolheu divulgar “Leões” porque foi a primeira música composta com a participação do fill, que entrou na banda no início de 2013. é uma canção com uma pegada mais pesada, intensa e com uma mensagem muito forte. Acho que o vídeo representa muito bem o que é o mais que palavras para as pessoas: somos cinco amigos unidos com outros amigos para fazer algo pelo hardcore. isso é forte, chama a atenção e muita gente veio falar conosco após a divulgação do vídeo. Ainda temos muitas portas a serem abertas, mas até agora tivemos um bom retorno em todas nossas ações, o que nos faz seguir em frente. A mensagem em nossas mentes ainda é a mesma: é só o começo, ainda temos muito o que fazer. E quanto ao full lenght? o que vem por ai? As influências continuam as mesmas? estamos em fase de pré-produção do disco “está em nós, somos nós”, que vai ser lançado este ano em cd e Lp via Against records (brasil), vegan records (Argentina) e inhumano records (suíça). As pessoas podem esperar um disco sincero, mais maduro e com letras que gritam por mudança. estamos nos dedicando intensamente para marcar todo mundo que escutar o disco. não somos os melhores músicos do mundo e não vivemos de música, mas fazemos tudo isso por amor ao hardcore e tenho certeza que as pessoas vão sentir isto ao escutar a bolacha. é difícil falar sobre as influências, cada um tem a sua, mas posso dizer que temos escutado mais bandas como defeater e Landscapes, e a mistura destas com o hardcore punk que a gente tanto gosta tá ficando boa, esperamos que todos apreciem. Espaço aberto Pirata, valeu pelo papo!! muito obrigado pela entrevista, helinho. para a gente é muito importante estar numa revista como a Tribo, pois conhecemos várias bandas que até hoje são grandes influências vendo vídeos e lendo publicações sobre skate. e hoje, graças a você, dividimos o mesmo espaço, muito obrigado mesmo. e já que o espaço é livre, temos um recado: votem nulo!

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o bowlrider // por léo kakinho*

E

screver o que vivenciei e aprendi com o skate? Essa foi a pergunta que me fiz quando aceitei o convite para esse novo desafio, escrever para a nova coluna sobre bowlriding na Tribo Skate. Para mim não é uma tarefa fácil, mesmo sendo sobre skate, mas me vi no dever de acrescentar ao esporte a minha experiência vivida nos melhores bowls da década de 80 e com os personagens da época, pessoas que fizeram a história do skate no Brasil. Comecei a andar de skate com 7 anos de idade e em banks com 10, em Guaratinguetá, cidade que na época era a capital do skate brasileiro, onde toda essa cultura se encontrava todos os anos para o tão famoso Campeonato Brasileiro no Itaguará Country Club. Como era legal aquilo tudo: reunião dos maiores nomes do skate na época, todos com muito estilo, muita atitude; muitas bandas eram tocadas durante as semanas do evento, tudo novo sendo lançado daquela década. Todos que iam ao Itaguará levavam consigo o seu conhecimento sobre o skate. Lembro das várias facções de skatistas vindos do Rio de Janeiro, de Sampa, Minas Gerais, dos estados do Sul, todos juntos naquele lugar. Eu praticamente conheci todas as figuras do skate da época. Passava quase todo o meu tempo no bowl e no banks, pois era muito legal ver aquilo tudo. De repente, na sexta-feira, o clube era invadido por skaters fissurados de estar naquele paraíso, com duas pistas perfeitas para uma session que durava todo o fim de semana. Era som na caixa e manobras. Era um tipo de liberdade, pois o som era alto e punk, as roupas eram new wave, as gírias inventadas por nós mesmos, e as peças de skate não tinham um padrão igual ao de hoje, com shapes com multiformatos, rodas de tamanhos, formas e durezas diferentes. Era também a época dos grabbers, lappers, copers, etc... Sim, sou filho da década de 80 do skate no Brasil, pra mim a década onde o skate se transformou e se firmou. As pessoas que o fizeram, fizeram muito bem feito, pois somos considerados o segundo maior país do skateboard mundial, graças a essa galera que começou tudo. Para muitos, eles nunca serão esquecidos porque, de fato, revolucionaram o mundo do skate no Brasil e tem grande influência até hoje. Então, qual seria a minha contribuição para isso tudo? Digamos ser porta-voz desse conhecimento, guardado na mente de quem viveu aquilo, um conhecimento que não está escrito e sim vivido. Um conhecimento que tento manter aqui onde vivo e passo para os amigos que não estavam lá em Guará, pois foi dessa forma que criamos o RTMF. Tudo que aprendi com os mestres segui à risca aqui em Floripa. Primeiro construímos a pista. O Júnior, de Guará, que desenhou muitos bowls da década de 80, me ensinou como se desenha um raio compatível à altura da parede e ao tamanho do flat, ao tamanho do vertical e se tudo isso proporcionará boas linhas. Depois, com o nascimento do Pedro Barros e de meu filho Vi Kakinho, sempre tentei ensiná-los as manobras da forma correta, incluindo variações em bordas, aéreos e carvings. Lembrava meu amigo Yndyo, de Guará, que sempre foi chato com as manobras, se eram bem executadas, se não roubava pra facilitar a volta,

Pablo Daniel

Escute os mais velhos

etc... Também apresentei os principais vídeos de skate da época, os ídolos e as bandas. Eles sempre me escutaram. Hoje vejo como valeu a pena eu ter dividido isso com eles e com quem está ao meu redor. O bowlriding vive a sua melhor fase agora. Os novos skateparks, mundo afora, são cravados na ideia de ter diferentes bowls de todos tamanhos e formatos. Andar em bowl transmite a verdadeira essência do skate, pois se faz curvas além das linhas retas de vai e vem. O bowl resgatou manobras que há pouco tempo se diziam ultrapassadas e abafadas pelo surgimento dos flips e de giros em pistas de madeira. No bowl você pode fazer diferentes linhas a cada drop. Ande do jeito que você quiser. Um invert, um boneless, um lay back, isso sim é skate, quando você não está sendo obrigado a seguir o padrão moderno do street e vert de evoluir. Ande como quiser. Não é à toa que muitos estão voltando a andar, pois se há pouco tempo você estava velho, agora você é radical, pois a manobra que você dominava nos anos 80 está sendo feita nos quatro cantos do mundo e nos principais campeonatos de bowl. Temos Pedro Barros, o campeão mundial de bowl, campeão autêntico, pois ele ganha lá na casa dos americanos, um fato que nunca imaginaríamos que fosse acontecer, pois nunca tivemos bowls como os deles. Isso significa que todos que fizeram pelo skate nas antigas têm uma participação nessa ótima fase dos nossos bowlriders. Por isso você, skatista, preste atenção: ao construir um bowl procure quem sabe, não tente inventar, pois um bowl não se desenha só com curvas malucas. Um bowl tem todo um critério de combinação de tamanhos de flat, raios de paredes shallow ou suaves, cotovelos e corners que funcionem; cimento que não seja liso ou áspero demais, copings apropriados (com formato e resistência adequados). Escute os skaters mais velhos, pois estes têm muita experiência. Assista vídeos de skate e leia revistas, pois dessa forma fortaleceremos nossa cultura e nossos conhecimentos em relação às manobras (bem executadas), pistas (bem feitas) e sons de qualidade.

APOIO CULTURAL * Leonardo Godoy Barbosa, Léo Kakinho, 40 anos, 33 de skate (Drop Dead, Evoke, Vans)

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skateboarding militant // por guto jimenez* Leonardo Laprano

A redenção do freestyle O

Ivan ShupIkov

freestyle é uma das modalidades mais tradicionais do skate e isso não é novidade pra ninguém. A arte de dominar um skate no flat e desenvolver as mais variadas manobras está presente na história desde o início dos anos 60, quando reproduzir o footwork executado em pranchas de surfe foi denominado de freestyle. Ao longo dos anos, outros elementos foram sendo incorporados à prática, sendo alguns de ginástica olímpica e outros que se aproximam de verdadeiro malabarismo sobre o carrinho. Essas transformações que fizeram a modalidade aquilo que é hoje em dia foram executadas por alguns dos grandes nomes de todos os tempos. Bruce Logan e Russ Howell inventaram inúmeras manobras e mostraram ao mundo as diversas formas de se ficar sobre um skate, enquanto que a geração do ícone Rodney Mullen expandiu os territórios do skate; a partir deles, as bordas e até mesmo a parte de baixo do carrinho eram utilizadas pras manobras, algumas das quais acabaram influenciando o street como o ollie no flat e os flips. Nos últimos tempos, o espanhol Killian Martin vem assombrando o planeta com sua fusão entre o freestyle e obstáculos das ruas, e qualquer um de seus vídeos no YouTube é uma aula de controle e footwork. Se até mesmo um dos campeonatos de pista mais tradicionais e considerados como o de Marseille usou o nome de “Sosh Freestyle Cup”, é porque tem alguma coisa de especial na modalidade. Atualmente, a influência do freestyle pode ser notada não só no street como até mesmo nos longboards. Sim, muita gente está usando os skates grandões pra fazer footworks claramente inspirados no freestyle e, com o nome de “dancing”, estão expandindo as fronteiras da modalidade por todo o planeta. Nomes como Adam Colton ou Lotfi Lamali são considerados por praticantes de todo o mundo, e a coisa está ficando tão séria que até mesmo um primeiro campeonato de alcance “mundial” foi realizado em maio na Holanda, com a maioria dos competidores sendo do continente europeu. E no Brasil? Bem, por aqui temos nomes muito fortes no dancing como o paulista Rafael Kfouri, o carioca Vitor Salazar ou a impressionante capixaba Ana Maria Suzano. Pelo que vi nos vídeos, se algum deles tivesse entrado no tal campeonato “mundial”, era possível de termos mais um brazuca sendo consagrado como campeão mundial em outra modalidade do skate... Falando no freestyle propriamente dito, o Fabiano “Passarinho” Fernandes vem se destacando ao levar algumas manobras pras transições de algumas pistas de skate, num crossover espetacular entre as modalidades. No entanto, alguns problemas graves relativos à modalidade precisam ser resolvidos de uma vez por todas em nosso país. Contam-se nos dedos os produtos nacionais de boa qualidade, sejam decks, eixos ou rodas, e isso acaba limitando a atração de novos praticantes à modalidade. Não é todo mundo que tem condições de montar um skate com peças importadas, algumas das quais irão se gastar com rapidez durante os treinos, portanto seria fundamental que mais empresas fabricassem mais e melhores produtos. Já ouvi de mais de um empresário que “não é animador fabricar produtos pra pouca gente comprar” - algo que entendo perfeitamente, mas discordo totalmente. O processo de renovação dos praticantes acaba formando um círculo vicioso: se há oferta de produtos, haverá gente interessada em comprar. É bom lembrar que um dos motivos que fizeram o skate tomar a dimensão que tomou foi a facilidade de se encontrar os mais variados produtos possíveis, e isso não é diferente com nenhuma modalidade. A principal mudança que precisa haver na modalidade no país é de mentalidade, de preferência de maneira urgente. É preciso que os responsáveis

Um dos poucos nomes novos da cena, Tavinho Rodrigues. Rail one hand handstand flip.

pela modalidade enxerguem um fato consumado: não está havendo uma renovação significativa no freestyle, e não é só porque é a modalidade mais técnica do skate. É inaceitável que haja tanta desunião numa modalidade que, embora seja fascinante, não é composta por tantos membros assim pra que sejam criadas as mais diversas facções. É hora de parar pra pensar numa questão: o que fazer pro cenário se tornar atraente pra atrair novos praticantes? Isso sim é o mais importante, ao invés de cada um ficar olhando pro próprio umbigo. Quando sei de um praticante de peso que não compareceu a um campeonato de circuito nacional porque é desafeto do organizador daquele evento, e quando ouço um dos maiores destaques do país dizer que está “de saco cheio” da politicagem e que “só não largo de mão de vez porque amo o freestyle”, percebo que alguma coisa está muito errada. O freestyle não é um clubinho onde precisa-se seguir algumas regras pra ser aceito. Da mesma forma, não existe um “dono” da modalidade, por mais que alguma pessoa em particular se envolva em todos os aspectos relativos ao cenário. É preciso união, é hora de incentivar e sugerir ao invés de somente criticar, de abrir os horizontes ao invés de ficar preso a conceitos herméticos. As pedras do caminho podem servir pra construir ou pra se atirar em alguém, e cabe aos freestylers resolverem o que querem pra modalidade. Já passou da hora de uma mudança de atitude e mentalidade, portanto mãos à obra!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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ElE é cria das transiçõEs dE GuaratinGuEtá/sP mas não dEixa dE voltar as manobras com as quatro também no strEEt. Fabinho JunquEira dEsaFiou a borda da Praça dE PinhEiros (sP) E saiu vitorioso. conFira o duElo quE rEndEu a Foto no vídEo quE Está lá no sitE. Fabinho JunquEira, FiFty. Foto: octavio scholz 2014/julho TRIBO SKATE | 97





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