Tribo Skate Edição 226

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Vitor Sagaz, wallie fifty Ano 23 • 2014 • # 226 • R$ 9,90

www.triboskate.com.br










índice // Tribo SkaTe | culTura Sobre rodaS

agosto 2014 // edição 226

especiais> 38. entrevista amador O centradO FernandO Java 46. trilogia da viva ObrigadO cabra (i, ii, iii) 56. entrevista profissional caique Silva vive O SOnhO 68. argentina e chile andançaS de anderSOn camargO 76. mapa da mídia SãO caetanO dO Sul seções>

editOrial...................................................................14 Zap ...............................................................................20 caSa nOva .................................................................78 hOt StuFF ..................................................................86 ÁudiO: Kamau e raShid ........................................90 O bOwlrider .............................................................92 SKatebOarding militant ....................................94 Jpg + mOv ...................................................................96 Capa: Nasceu em porto alegre, passou a infância no Rio, mudou-se pra Manaus e se tornou manauara. Depois de anos radicado em São paulo, Vitor Sagaz continua achando tempo pra fazer expedições para outros estados e países. Com Fellipe Francisco, saiu pela região de Los angeles, quando se deparou com este arco. parece um fs grind, mas é a arrancada de um wallie fifty. Terceira capa do cidadão do mundo. FoTo: Fellipe Francisco ÍNDiCe: os logradouros públicos nem sempre são abertos, como este monumento ao General osório, na praça XV, o pico de rua mais raiz do Rio de Janeiro. Depois que a cerca de proteção foi retirada, Gabriel Bila pode marretar seu 360 flip na escuridão da noite. Foto: pedro Macedo

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“Praça XV, o pico de rua mais raiz do Rio de Janeiro.”

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editorial //

Por Cesar Gyrão // Foto Paulo Tavares

V

iver é um exercício de paciência, um aprendizado constante. Uma das principais características do skate é justamente aprender a se virar com o que você tiver nas mãos, ou nos pés, seja um pão com mortadela ou um skate zoado. Se suas condições não forem as melhores, você se diverte mesmo assim, desde que saiba entender os momentos passageiros. Cansamos de ver a galera reclamando, ao longo de tantos anos, das dificuldades que se encontra pelo caminho. Mas, tudo é muito claro quando você sabe que os obstáculos têm que ser enfrentados de frente, do jeito que você puder. ou, então, aceita que aquela coisa não é pra você e parte para outra. Sempre buscando novos desafios. A cada dia que passa a mensagem do Sandro Soares, o testinha, da oNG Social Skate, atinge mais pessoas. Ele é um mestre na associação do skate com as situações da vida, levando sua mensagem na formação de crianças e de tantos adultos que cada vez mais abraçam esta causa. Como ele fala, “você cai, levanta, tenta de novo até acertar!” E assim seguimos nosso trabalho de

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fazer uma revista mensal para levar ensinamentos como este para mais e mais pessoas que se interessem em nossa ferramenta de trabalho. A cada edição, evidenciamos uma série de pessoas, entidades, situações que podem servir de referência para o exercício do bem estar coletivo. Queremos sempre ver os indivíduos ganhando respeito e os coletivos criando espaços para mais harmonia numa época em que, se deixarmos, a coisa toda desanda. Educação, saúde, segurança, condições mínimas que desejamos que todos tenham alcance. Mesmo aqueles que pisam na bola, que dão rasteiras nos outros, que querem se impor de qualquer jeito, que não estão nem aí para o sofrimento alheio, estes podem entender que suas ações voltarão em efeitos destrutivos para eles mesmos. Muitos costumam usar seu tempo pra destilar ódio ao que não gostam, ao que não aceitam, ao diferente. Esse é outro aprendizado do skate, você acaba entendendo que cada um tem seu espaço, sua área de atuação e todo mundo merece respeito. Com seu skate, você circula por ruas e pistas, interage com pessoas e o ambiente e acaba transformando a sua vida. Consequentemente, transforma a vida de todos a seu redor.

Alex Lekinho foi trocar experiências com outros manos do skate e da vida em Barcelona. Com o fotógrafo Paulo Tavares, saiu pra explorar esta área urbana que é exemplo de respeito à diversidade. Bs 180 fakie nosegrind.



Ano 23 • AGoSTo DE 2014 • nÚmEro 226

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Anderson Camargo, Guto Jimenez, Jovani Prochnov, Léo Kakinho Fotos: Andre Magarao, Carlos Taparelli, Cesar Matos, Fellipe Francisco, Fernando Gomes, Guilherme Puff, Igor Wiemers, La Main, João Brinhosa, João Paulo de Souza, Jovani Prochnov, Leandro Moska, Manoel Martins Neto, Ramon Ribeiro, Paulo Tavares, Pedro Macedo, Ricardo Kafka, Thiago Gouveia Ilustração: Pablo Daniel

Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gisele Freitas Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Cezar Toledo (cezar@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Bancas: DINAP S/A Distribuidora Nacional de Publicações

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br

Erramos: Na edição 225, a manobra correta do Felipe Felix na capa (!) é um nollie flip e não nollie heelflip como foi lançado na própria capa e no índice. Ele completou com perfeição sobre a escada monstra da Linha Amarela, no Rio de Janeiro, e está em sua parte no vídeo Do Rio, que será lançado em setembro.





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TrisTan Zumbach

Tristan Zumbach, mad city Toda vez que TrisTan zumbach vem ao brasil, volTa para a suiça levando a bagagem no limiTe do peso, liTeralmenTe recheada com nossas principais maTérias-primas. nos filmes de 16 mm e nos hds vão imagens bruTas para seus próximos projeTos de vídeo; no resTo do espaço seguem iguarias Típicas da culinária brasileira. em sua úlTima esTada por aqui TrisTan finalizou a capTação do maTerial que esTará em seu próximo filme de skaTe, seu quinTo grande projeTo que recebe o nome de mad ciTy. e, como nos demais, o brasil é desTaque com a parTicipação de alguns dos nossos principais nomes da aTualidade. e é para conversar sobre esse novo projeTo que Trocamos uma ideia com o TrisTan zumbach! // Por junior lemos Você está em que país neste instante? Estou na França, filmando de dia e editando à noite. Está a trabalho pra qual de seus projetos? Terminando de filmar a parte do Max Genin pro filme Mad City. Também estou filmando as últimas tricks do projeto de Barcelona, desenvolvendo alguns outros e ainda terminando o comercial do JP Dantas para a Orig Skateshop. E o Mad City, como está o corre? Está a mil graus, muita coisa ainda pra fazer ao mesmo tempo. Edição, filmagens, preparação das premieres e etc. Há quanto tempo vem se empenhando neste grande projeto?

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Tem três anos e meio. Fazer um filme como esse é difícil. Tem o skatista que se machuca feio, tem o computador que pifa, a (lente) fisheye que foi arranhada, sem falar nas câmeras quebradas e na película que estoura dentro da câmera. São vários contratempos que atrasam o projeto por um prazo indeterminado. Junta-se a isso o tempo de edição, de pós produção e da criação. Enfim, tudo isso mostra que não é fácil e demora pra se fazer um bom filme de skate. Quais serão os skatistas que terão parte no MC (Mad City)? Que terão parte principal são Vinícius Santos, Fernando Java, Glauber Marques e o francês Max Genin. Mas tem também duas partes de

amigos com Alexis Caprona, Anton Myhrvold, Charles Collet, Dani Lebron, Denis Silva, Dwayne Fagundes, Elton Melonio, Evandro Gringo, Fabio Castilho, Felipe Nery, Flavio Lopes, Florentin Marfing, Gian Naccarato, Greg Hamel, Henrique Crobelatti, Jani Laitiala, JN Charles, JP Dantas, JP Souza, Julien Merour, Kilian Zender, Lucas Xaparal, Mailton dos Santos, Marcos Marciel, Paulo Piquet, Rafael Eduardo, Renan Hassan, Ricardo Carvalho, Rodrigo de Souza, Rodrigo Leal, Saphep Tang, Simon Perrottet, Stefan Giret, Sven Kilchenman, Thomas Henrique, Vitor Sagaz, Carlos Henrique, Tiago Lemos, Alex Cardoso, Andrea Crispini, Bruno Silva, Celian Cordt-Moller, Claudio Junio, Dan Lonngren, Daniel


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posso errar, tem que ser tudo perfeito. O único porém que eu faço é deixar o skatista escolher as manobras da parte dele, o resto é por minha conta, na edição e na filmagem. Até neste ponto estou sempre atento às reclamações para ver se são justificadas, porque eu procuro satisfazer todo mundo, mas não é sempre que consigo! Como você chega ao nome de seus vídeos e por que o nome Mad City? Puts, achar o nome pra mim é sempre o mais difícil! Cheguei ao Mad City de tanto estar nas ruas e ver pessoas loucas. Sem falar de todos os lugares dos quais fomos expulsos, da intolerância da polícia, dos moradores nos x ingando e etc. O ser humano não foi feito para viver do jeito que estamos vivendo. Há muito pouco respeito entre a gente, muito pouca consideração com o nosso meio ambiente e com o próximo. Nós precisamos evoluir pra deixar um mundo melhor para as próximas gerações. Está triste demais a situação atual! Os brasileiros estão em boa parte de suas produções. O que você leva em consideração quando escolhe o skatista pra filmar? Eu sempre procuro os novos talentos, olho também para aqueles que não têm patrocínio e junto com outros que já têm. E aí no Brasil não faltam novos talentos, tem um monte de moleque que anda pra caramba e que não tem patrocínio. E isso é foda porque as grande marcas do Brasil vendem muito, mas não valorizam os skatistas que poderiam trazer ainda mais dinheiro para a empresa deles. Qual skatista você gostaria que estivesse em seu próximo grande projeto? E difícil responder essa pergunta, tem mui-

to skatista que eu gostaria de filmar. Do Brasil seria com o Rodrigo TX, Luan de Oliveira e Felipe Gustavo, e misturá-los com skatistas desconhecidos. Fazer a mesma coisa com os Europeus e misturar todo mundo no final. Você tem um controle de qualidade elevado em seus vídeos, empregando inclusive imagens de película que são caras pra serem reveladas. Pro Mad City você também vem com essas imagens? Sim, com certeza venho com mais imagens de película do que nunca! Apesar delas custarem muito caro, o filme em película pra mim é muito importante porque passa uma emoção diferente pra quem assiste. E eu não conseguiria fazer um filme sem película porque, querendo ou não, as imagens de película são como arquivos de cinema do skateboard brasileiro. Além de Mad City você também se empenha em vídeos menos ‘complicados’. Como estão estes projetos? Sim, estou sempre fazendo alguns vídeos com temas, como eu fiz o Cidade Tiradentes. Estou produzindo quatro edições ao mesmo tempo e isso é bem complicado. Estou esperando um dinheiro para poder terminar tudo. (risos) Podemos esperar pra quando, o lançamento do Mad City? Teremos novamente exibições exclusivas em cidades brasileiras, como aconteceu com o Passengers? Então, o lançamento vai ser feito primeiro no Brasil, em São Paulo, em novembro de 2014, se Deus quiser! E depois vamos rodar o Brasil inteiro para divulgá-lo. Em seguida faremos Europa, passando por Suiça, França, Espanha (Barcelona), Portugal e por aí vai.

Vinícius Branca

Feitosa, Darill Domingues, Diego Fontes, Felipe Marcondes, Marcelo Formiga, Rodrigo Petersen, Hermiógenes Microfone, Juan Pablo Velez, Antônio Juneka, Laurent Reza, Leo Fernandes, Nietz, Pavel Derenkov, Raul Fernandes, Ricardo Santos, Romain Van Herp, Sebastien Renaud, Spoon, Stanley Inacio, Tibet, Willian Nascimento e Wilton Souza. E tem mais gente pra entrar nesta lista, vou filmar até setembro. Quero agradecer a todos eles por aceitarem ser filmados para esse projeto. Foi uma satisfação enorme poder conhecer cada um de vocês e ainda poder registrar esses momentos. Valeu firma! Quantas viagens fez e quantas cidades visitou pra fazer imagens pro Mad City? Nossa, foram muitas cidades no Brasil, algumas na França; fui pra Barcelona, Suiça e Inglaterra também. Acho que foram umas 16 cidades no total, que eu gostei muito de conhecer, mais ainda as pessoas que eu filmei. O que os projetos anteriores te ensinaram e que está aplicando neste? Aprendo todos os dias coisas novas porque procuro sempre evoluir para poder mostrar minha visão do skateboard. O skate faz parte de minha vida desde 1988; sempre curti ver filmes e ler revistas. É meu primero amor e hoje eu estou muito feliz em trabalhar com skateboard. Eu faço o que eu gosto e isso aí não tem preço. Agradeço a Deus por isso! Você costuma puxar o nível do skatista quando está filmando. Agora é sua vez de se puxar na edição, quais sacrifícios está tendo que fazer pra finalizar o Mad City? Nesse projeto o nível de skate está muito técnico e chega a ser difícil para mim, porque não

Glauber Marques.

Vinicius dos Santos.

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Ganhou mas não levou! A Element realizou as seletivas e a final brasileira do Make it Count 2014, que consagrou campeão Vinícius dos Santos, mas quem vai representar o Brasil na disputa mundial é Ivan Monteiro. Vinícius passou a chance para o próximo do pódio, por não estar em dia com a documentação para viajar aos EUA. • John Anderson teve suas oficiais boas-vindas à família da Cisco Skate com o lançamento de sua vídeo parte que está bem completa. Com imagens em picos de ruas de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, a fita mostra que John é um dos fortes nomes da categoria amadora na atualidade. • Já na equipe da Hocks a novidade é a entrada dos amadores Marcio Roberto (natural de Natal/ RN e radicado em São José dos Campos/SP) e Jonatas Souza (Piracicaba/SP). • [01] Curitiba fez um Go Skate diferente esse ano! Sendo um dos maiores eventos nacionais do gênero, desta vez o grito dos cerca de 30 mil skatistas que foram às ruas foi também pelo Curitiba Skate Center. Uma iniciativa Go Skate CWB, Öus e Kronik, o movimento reivindica uma estrutura pública à altura da importância que o skate da cidade tem perante o mercado e sua história nacional e internacional. E para mostrar ao poder público a força dos cerca de 100 mil skatistas órfãos de pistas públicas adequadas na capital paranaense, uma petição online está aberta e precisa da assinatura de todos que abraçam a causa. Saiba mais em curitibaskatecenter.com.br • [02] A Mary Jane lança nova coleção mergulhando no universo street. Feita para meninas que curtem streetwear, a marca conta com a lindíssima e carismática Karen Jonz. Confira todos os modelos em maryjane.com.br • O Spot da Matriz Skateshop recebe uma nova série na qual equipes convidadas passam alguns dias produzindo um vídeo na pista. A Liga Trucks começou, a Hagil Wheels prosseguiu e agora aguardamos o vídeo das próximas visitas. • [03] Chegando a um ano do verdadeiro respeito às origens, Orig e Capital Skateboards lançaram pro model de shape collab (série limitada) para comemorar a entrada de Jay Alves na equipe da skateshop. • [04] Diego Fontes subiu esse ano pra categoria profissional e agora assina seu primeiro pro model de shapes, lançamento da Anti Action. Com estampa que remete à série 007, o deck ganha as ruas em duas cores. • Tiago Lemos e Carlos Iqui ‘quebraram a mesa’ no evento Cash on the Table, que aconteceu durante a edição em Long Beach, California, da feira Agenda. Os brasileiros ficaram em primeiro e segundo na disputa de melhor manobra sobre a mesa, levando pra casa bons milhares de dólares. • [05] Pablo Vaz ministrou em Curitiba seu primeiro workshop de fotografia de skate dentro da renomada Escola de Fotografia Portfólio. E pelo número de inscritos e as fotos produzidas, o resultado alcançou os objetivos. (pablovaz.com) • [06] Shapes, camisetas e carteiras são as peças que a Clamp Skates lança em sua primeira coleção. Originada em Fortaleza, a Clamp surge tendo em mente produzir materiais para os skatistas de todo o Brasil. clampskates. com.br • [07] O pro master Leonardo Tabacow acaba de lançar dois pro models de shape pela marca Canuto, de Curitiba. Ele já conta com os patrocínios da V8 Trucks, Jahera Caps, Black Sheep, Arnette, Jumppings e Curtir a Vida. Acompanhe o Tabacow em seu programa Tabashow, no www.leonardotabacow.com.br, semanal com variedades sobre cultura e skate.

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FErnanDO ZanOni

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Fabio Cristiano, bs flip.

Lucas Rabelo, bs noseblunt.

nike apresenta p-rod 8 // TexTo e foTos junior lemos O oitavo modelo Nike SB assinado pelo Paul Rodriguez foi lançado dentro de uma pesada campanha mundial que carimba o slogan ‘Skate não é um jogo’. Aqui no Brasil a campanha contou também com uma ação que levou profissionais da mídia, lojistas e representantes parceiros para testarem o lançamento em uma das pistas do Brasil Skate Camp, que iniciava sua 17ª temporada. E realmente o tênis é algo de outro mundo! Tanto que o novo modelo, pela sua tecnologia que conta com os 360 graus de

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proteção contra impacto (Lunarlon), a camada de tração (Hyperscreen) e os cabos dinâmicos que reforçam os cadarços (Nike Flywire), serviria pra andar de skate na Lua, se isso fosse possível na atualidade. Ele agrupa tecnologias desenvolvidas para os tênis de basquete e de corrida, complementando a parte de skate com a experiência do Paul Rodriguez e da equipe de footwear designers, que conta com o brasileiro Fabrício da Costa entre seus profissionais.



JOãO BrinhOsa

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qixTv contest 2: eliminatórias iV e V // Por qix Team Segue o campeonato de vídeos que vai premiar skatistas amadores de todo país com um carro zero Km. Passamos da metade das eliminatórias e já são 10 classificados para a fase final que vai acontecer em novembro. Apresentamos mais quatro skatistas que se empenharam em mostrar seu skate e foram recompensados com a votação da galera que escolheu seus vídeos como os melhores da quarta e da quinta eliminatórias. Em maio, os skatistas Alex Fernandes “Lekinho” e Anderson Stevie alcançaram o maior número de votos entre os concorrentes do mês e agora estão se preparando para fazer um novo vídeo e surpreender na final. Lekinho inclusive é um dos poucos skatistas que participou da primeira eliminatória e fez um novo vídeo para conseguir sua classificação. Segundo ele, em sua primeira tentativa, muitos amigos que votaram nele não acreditaram na desclassificação e o incentivaram a fazer um novo vídeo. Dessa vez, ele ousou na apresentação, o que de cara já deve ter lhe rendido muitos votos, mas claro que seu skate com ollies altos e manobras de borda muito técnicas também foram

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determinantes para colocá-lo na próxima fase. Já o skatista, Anderson Stevie, do Rio de Janeiro, mostrou além de muito skate, um pouco de sua história de vida. A abertura retrata um pouco de sua realidade, de onde ele veio e como ele conseguiu desviar dos caminhos errados e se manter em cima do skate. E não é só historinha, Anderson tem alto nível de skate, prova disso é que também foi escolhido como melhor manobra com laserflip executado com muita precisão. Na quinta eliminatória, tivemos dois representantes do skate nordestino classificados para a fase final do QIXTV Contest 2, os skatistas Victor Bob, de Recife e Yuri Deyvison, de João Pessoa. Vitor se apresentou em seu um minuto mostrando que o skate nordestino tem novos nomes para aparecer no cenário nacional. Com linhas, manobras de borda e pulando alguns gaps, seu vídeo impressionou e foi um dos escolhidos; assim como o do paraibano Yuri, que mandou um complicado hardheel to fs nosegrind que também o colocou na disputa pelos R$ 2.000,00 (dois mil reais) da melhor manobra.

JOãO BrinhOsa

Anderson Stevie, do Rio de Janeiro, bs tailslide.


ThiagO gOuVEia

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Alex Lekinho, de São Paulo. Fs 5-0.

césar MaTOs

Victor Bob, de Recife, fs boardslide.

É sempre importante lembrar que além dos skatistas, concorrem também os videomakers ao prêmio de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). As produções até agora têm mostrado que não é só de skate que esse campeonato é feito e os editores estão se puxando para mostrar alto nível nas edições. Usando ângulos e criando aberturas bastante criativas, os vídeos surpreenderam a galera da Qix a cada nova eliminatória. O que você está esperando para enviar o seu vídeo? Já fez sua dupla com seu amigo que filma e edita? Faltam mais duas eliminatórias! Na próxima edição da revista Tribo Skate você vai conferir mais quatro nomes (da sexta e sétima eliminatórias) e, em outubro, a lista completa com todos os classificados para a fase final.

Yuri Deyvison, de João Pessoa, ollie.

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JuniOr LEMOs

binho sakamoTo

Mesmo sendo difícil resumir 25 anos de skate em 20 músicas, as que o profissional Binho Sakamoto indicou para o playlist deste mês certamente representam as mais de duas décadas que ele tem de skate. De La Soul, Eye Know Gang Starr, Now You’re Mine Guru Jazzmatazz vol. 3, Guidance Mary J Blige, I Love You The Isley Brothers, Who’s That Lady Group Home, So Called Friends Beastie Boys, Time for Livin’ GZA/Genius, Publicity T.S.O.L., Flowers by the Door The Jam, News of the World Olivelawn, College Volume Pedal The Roots, Guns are Drawn Erykah Badu feat. Common, Love of my Life RZO, Paz Interior Sabotage & BNegão, Dorobo Sizzla feat. Rihanna, Give Me a Try Yellowman, Still Be a Lady Bob Marley feat. Lauryn Hill, Turn Your Lights Down Low Deadmau5, Jaded Booka Shade, Night Falls

Disaster, Av. Consolação, SP.

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Binho Sakamoto (Mad Bull Shoes, Vulk Eyewear, At Home e Action Now Skateshop)



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Pedro Barros, representa em seu terreno. Fs noseblunt.

Tiago Cristian, fs bluntslide.

mystic cup - praga/república Tcheca 20 anos de festa Por cesar gyrão // foTos leandro moska Se o brasileiro é reconhecido no mundo como um sujeito feliz, que emana alegria nos eventos de skate mundo afora, os tchecos, figuram como os mais festeiros e libertários. O antigo país comunista entrou na era da globalização totalmente aberto para novas experiências, para a confraternização enlouquecida, para a celebração da vida com humor e muita festa. Há 20 anos os brasileiros comparecem ao verdadeiro festival que o Mystic Cup representa. Em 98, por exemplo, quando se tornou uma etapa do mundial WCS, lá estavam Wolnei dos Santos, Carlos de Andrade, Sergio Negão entre tantos outros, entre os finalistas. Em 99, o moleque Rodrigo Teixeira chegou sem grana pra inscrição, foi aceito mesmo assim e acabou sendo um

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Diego Fiorese, nollie to fs nosegrind.


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dos brasileiros de uma série a ganhar este importante campeonato. Este foi um fato marcante para a carreira do que viria a se tornar Rodrigo TX. Em 2002, quem reinou no street foi Nilton Neves, mesmo ano em que Sandro Dias levou no vertical, Fabrizio Santos o best trick… Tantos e tantos outros brasucas se esbaldaram na festa, com outras vitórias do Mineirinho, Rodil Ferrugem, Ricardo Porva, Leticia (no bowl!), Kelvin Hoefler, e tantos outros finalistas em todos estes anos, como Digo Menezes, Diego Oliveira, Bob Burnquist, Daniel Vieira, Marcelo Kosake, Diego Fiorese, etc. Depois de 20 anos de domínio de brasucas e americanos, com eventuais vitórias de europeus como Rune Glifberg, no aniversário de 20 anos, um tcheco vence no street: Martin Pek. Leticia, que já havia chegado várias vezes perto da ponta de classificação, desta vez levanta o caneco. No bowl, Pedro é o segundo, atrás do Alex Sorgente. Todos os nomes citados e os não citados que já perturbaram em Praga, sabem bem o quanto o festival que envolve skate, rock e baladas de gala é f***. O “Brazilian crazy style” sempre presente. Street Ladies 1º Leticia Bufoni 2º Julia Brueckler/Áustria 3º Candy Jacobs/Holanda Bowl Legends 1º Christian Hosoi/EUA 2º Pat Ngoho/EUA 3º Sean Goff/Inglaterra

Bowl 1º Alex Sorgente/EUA 2º Pedro Barros 3º Danny Leon/Espanha Street Men 1º Martin Pek/República Tcheca 2º Rišo Tury/Eslováquia 3º Ryo Sejiri/Japão

Leticia Bufoni, bs flip.

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céu de inVerno nessa época do ano, o amanhecer e o pôr do sol cosTumam Transformar o céu em uma pinTura na qual a arTe dura alguns segundos, e é jusTamenTe nesTa hora que o celular com câmera mosTra Toda sua versaTilidade. por isso a coluna desTe mês mosTra alguns insTas desTe passageiro espeTáculo de cores da naTureza.

@6starvideo

@alexandrebandarra

@andrecywinski

@diassandro

@leogiacon

@mauriciococao

@photoflavio

@tiagolemoskt

@alexandre_sal

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silas ribeiro há pouco mais de um ano o silas Teve sua primeira enTrevisTa como profissional na Tribo skaTe. o maTerial era Tão bom que ele mereceu capa, em foTo do rené junior no rio de janeiro. com um ar compeneTrado, ele Traduzia a experiência de viver numa área densamenTe populosa da grande são paulo, a região de carapicuíba e barueri, com a necessidade de ganhar espaço na base da “mão na massa”. Transformar o ambienTe em que vive para Ter mais e melhores resulTados. logo depois da enTrevisTa, bisTeca foi finalisTa em Todos os evenTos pros do circuiTo cbsk, o que é um faTo relevanTe num ambienTe repleTo de compeTidores afiados. além desTe desTaque, a repercussão de seus vídeos e o Trabalho com sua imagem seguiu em riTmo acelerado e ele acabou criando a sua própria skaTe shop nesTe primeiro semesTre de 2014. um paulisTa que vesTe a camiseTa de uma marca de sanTa caTarina, a alfa skaTeboards, é um exemplo de como as forças do mercado nacional podem se forTalecer com base em nossa hisTória. (GYRão)

// SilaS RibeiRo Nasceu em Barueri e mora em carapicuíBa/sp 29 aNos, 21 de skate patrô: alfa skateBoards apoio: crail, park skateshop

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JOãO BrinhOsa

• Silas, considerei seu rolê aqui em Fortaleza, no mundial do ano passado. Muita pressão nas manobras e skate no pé. O que você mais gostou aqui do Ceará? (Ernesto Pereira, Fortaleza/CE) – A simplicidade das pessoas, muita humildade de todos. Achei a cidade muito style, muitos picos para andar na rua e o Sol de “mil grau”. • Como profissional e agora empresário do skate, como você gerencia essas tarefas? Qual a maior dificuldade em dividir o Silas nessas duas funções? (Bruno de Araújo Lima, São Carlos/SP) – Então, Bruno, eu tento separar minha tarefas da melhor forma: o tempo de andar de skate, o tempo familiar e o tempo de trabalho na Park. A maior dificuldade é quando vou viajar. Tenho que deixar tudo bem organizado para deixar meu funcionário na loja e mantenho sempre contato com ele. • O que lhe motiva pra seguir com seu sonho de skatista profissional? – O que mais me motiva é ter amigos, minha esposa, família sempre me dando todo apoio e, também, as viagens e pessoas que o skate me proporciona conhecer. • Quais as qualidades tem que ter um profissional do skate pra dar exemplo pras novas gerações? – Em primeiro lugar temos que ter respeito, humildade e simplicidade e procurar sempre incentivar. • Você acha que o skate tá crescendo em Carapicuíba? O que você tem visto de novo nos atletas locais? (Israel Henrique Oliveira, Carapicuíba/SP) – Então, Israel, acho que o skate cresceu muito não só em Carapicuíba, mas em todo o mundo, e nos atletas locais de Carapicuíba vejo mais motivação, mais desempenho e bastante evolução. • Como profissional de skate e vivendo do mesmo, quais seriam os pontos positivos e os pontos negativos das marcas de skate no Brasil, atualmente? (Fábio Bugiganga, Osasco/SP) – Certo, Fábio! Acho que os pontos positivos são que as marcas estão realmente ficando nas mãos de quem entende do assunto, ou seja, os skatistas. Os pontos negativos são que ainda existe alguns

empresários envolvidos no skate só pelo dinheiro, e não para acrescentar algo. • Silas, é só acreditar que você é o cara! Fala aí qual a dificuldade de acertar o hard flip no gap? (Francisco Orlando, Barueri/SP) – Kkkkkkkk! Essa nem eu sei, pois não tenho muito a manha de dar o hard em gap, pois a palavra hard já diz tudo. • Legais seus shapes pela Alfa Skate. Quantos models e produtos você já lançou? Você acha que produtos assinados por atletas ajudam a manter a carreira do skatista, ou depende mais do nível do atleta mesmo? (Felipe Thiago de Albuquerque, Mogi das Cruzes/SP) – Certo, Felipe. Então, meu primeiro pro model foi pela marca de shape Believe, que foi a que me passou para profissional. Dando continuidade ao trabalho, no decorrer do tempo, entrei na Alfa Skateboards e foi com ela que tive o privilégio de ter algumas séries de shapes e rodas assinados. Pela Alfa já lancei quatro pro models, com diversas cores diferentes e dois pro models de rodas. Acho que os produtos assinados fazem total diferença na carreira do skatista e da marca que o apoia, e para lançar um pro model tem que ter nível e profissionalismo. • Bisteca, admiro muito seu rolê de skate. Gostaria de saber um pouco de como foi sua trajetória durante a vida através do skate, porém sabemos que o esporte não é fácil, tem suas vitórias e suas derrotas. Foi muito difícil até chegar a ser skatista profissional? (Gabriel Guimarães, Jandira/SP) – Então, Gabriel, minha trajetória foi como a de vários skatistas que querem ter seu espaço na mídia. Ando de skate há mais ou menos 21 anos e as coisas vem dando certo de 5 anos pra cá. Como todo mundo sabe, viver do skate é uma dificuldade imensa. Não vou dizer que foi difícil me tornar um profissional, porque as coisas acontecem no decorrer do tempo, mas tive várias barreiras e dei a volta por cima. Eu ando de skate porque gosto muito, sinto prazer de acertar as manobras. • Silas, você acha que a bola da vez agora será do skate, diante dessa palhaçada que foi a Copa do Mundo no Brasil? Será que teremos grandes campeonatos mundiais aqui no Brasil? O que você acha que vai acontecer? (André Henrique da Silva, São Paulo/SP) – André, acho que a bola da vez sempre será o skate para a gente que é skatista, porque nosso foco é ele. Espero que tenhamos grandes eventos aqui no Brasil, mas não podemos perder o foco, entendendo que a essência do skate é a rua. • Fala, Silas, beleza? Primeiramente quero parabenizá-lo pela loja, e que essa nova empreitada traga frutos para você e para o skate brasileiro. Esse é o caminho - vamos investir em marcas e lojas



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silas ribeiro que realmente dão valor e constróem o skate. Vamos lá, tenho duas perguntas: Como você sabe, muitos marcas (empresários) não dão o devido valor ao skatista, não investem o necessário, dando o mínimo possível, achando que fazem muito pelo skatista. Diante dessas dificuldades, você pensou em desistir? E agora, com a loja, como você está conciliando essa nova rotina? Quais foram as principais dificuldades em abrir a loja? Abraço. Continue com esse rolê matador. (Felipe de Freitas Batista, São Paulo/SP) – Certo, Felipe. Agradeço pela força. Dificuldade a gente sempre tem; já pensei em desistir várias vezes, mas cada vez que saio para andar de skate sem compromisso com minha esposa e meus amigos, vejo o que realmente ele importa em minha vida. Muita satisfação, muitas risadas; tudo que tenho conquistei através do skate, só tenho a agradecer. Agora com a loja, sempre arrumo um tempo para dividir minhas tarefas. A loja fica em frente ao Parque Gabriel Chucre; lá tem uma pista e vários picos pra eu andar. Ando lá com frequência e três vezes por semana ando à noite na pista do Bela Vista, em Osasco. A maior dificuldade em abrir a loja foi arrumar um ponto. Há um ano atrás já tinha ido atrás de algo, mas não tive sucesso. Agora que arrumei, juntei tudo que tinha e investi na loja. • Hoje em dia o pessoal tá lhe chamando mais pelo nome completo, deixando o apelido de lado. Isto foi uma vontade sua? Uma decisão de marketing? (Carlos Alberto Castelo Branco, Suzano/SP) – Certo, Carlos. Então, isso foi uma decisão dos dois lados, tanto meu quanto do lado do profissionalismo. • Salve, Silas! Você é skatista profissional, mora com sua mina e é proprietário da loja Park Skate Shop. Conta pra galera como que é seu dia a dia e ainda fazer o corre pra estar na pegada do skateboarding? Forte abraço, guerreiro. (Roberto Souza, Tubarão/SC) – Certo, Roberto. Meu dia dia é corrido. Eu e minha esposa acordamos cedo, fazemos nossas tarefas em casa, aí saímos para trabalhar. Eu vou para a loja, organizo tudo por lá e depois saio para andar de skate. Ando umas três horas por dia e volto para a loja, para meu funcionário, David Severo, andar também. A gente divide o tempo para estar andando diariamente. E quando saio para fazer algumas imagens e fotos ele assume as responsabilidades para mim. • Olá, Silas. Vejo seu trabalho há um bom tempo, feito com seriedade e profissionalismo e se destacando em campeonatos. Gostaria de saber como se sente como profissional no Brasil? Quais seus projetos pra 2015? Como você se sente fazendo parte também de uma marca de Santa Catarina? Obrigado e muito sucesso! (Evandro Fidelis, Tubarão/SC) – Certo, Evandro. Cara me sinto um profissional como qualquer outro. Ser um pro é a prova do seu esforço, é ver até aonde o skate o leva. Dei o melhor de mim para chegar aonde estou hoje, tenho muito orgulho de mim mesmo e do que eu fiz. Meus projetos para 2015 são dar continuidade a tudo isso, andando de skate, indo para eventos, campeonatos, etc e filmar minha vídeo parte para o vídeo da Alfa Skateboards - “Make it Happen”. Fazer parte de uma marca de Santa Catarina é muito legal, porque a marca tem atletas com diversos tipos de estilo e estou com a Alfa desde o início, então crescemos juntos e cresceremos cada vez mais. – Obrigado a todos que enviaram as perguntas e à revista Tribo Skate por mais uma oportunidade. * Pergunta escolhida: Fabio Buginganga

próximo eNfocado: nilton neveS eNvie suas perguNtas para: tRiboSkate@ymail.com com o tema linha veRmelha – nilton neveS coloque Nome completo, cidade e estado para coNcorrer ao produto oferecido pelo profissioNal.

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Fs flip, Buenos Aires.


JO達O BrinhOsa

// zap

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entrevista am // java

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Guilherme Puff

Fernando Java é um nome que tem respeito no skate de rua de são paulo. nasceu, se criou e evoluiu manobrando pelos picos mais roots do centro da capital. nessa caminhada passou por experiências que moldaram ainda mais sua Forte personalidade e depois de passar por uma Fase de conhecimento de seus reais valores, Java volta a mostrar seus skills no skate em uma parte inédita no mad city, Filme que tristan Zumbach nos apresenta no Final do ano. // Por Junior Lemos

n

o local que você se criou, o skate já era forte ou a influência veio de fora? Eu acho que foram as duas situações. A influência veio de dentro e de fora também! onde eu estudava tinha bastante gente que andava de skate e lá eles faziam demonstrações quando tinha semana cultural. Em uma dessas apareceu um profissional, o Alexandre Zikzira, que fez uma demo na escola. E o Fabio Cristiano é meu primo afastado; eu já conhecia o trabalho dele no skate, então tudo isso me influenciou. Acabei ganhando umas peças de um tio e foi aí que comecei a andar de skate. Esses caras são influências pra mim até hoje! Você mantém contato com eles? Tenho, inclusive encontrei com o Zik essa semana. e os vídeo de skate, quando foi que você começou a se envolver? o primeiro vídeo meu que saiu, acho que foi o da Future Skate, uma partezinha quando tinha uns 14 anos.

E depois teve outros vídeos que saíram manobras minhas, mas uma parte inteira foi no Duotone, do Fernando Granja. Teve também o vídeo do Waguinho (Profeta), o Metrópole, que saíram umas manobras minhas e também foi importante pra mim, no começo. Você está há um tempo em missão com o Tristan, pra parte que terá no mad City. Como você conheceu esse suiço que é sangue bom e curte pra caralho o Brasil? o Tristan foi assim: sempre que estive nas sessões de skate pelo Centro de São Paulo eu comecei a vê-lo direto, porque ele já filmava uma galera, mas eu ainda não o conhecia. Daí teve um tempo que eu tive a oportunidade de conhecer e filmar com ele e começamos a andar juntos. É difícil filmar com um profissional como o Tristan, que puxa o nível do skatista ao máximo quando está no rec? É muito legal falar sobre isso porque o Tristan me cobrou algumas coisas que acabaram me ajudando bas-

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“O Tristan me cobrou algumas coisas que acabaram me ajudando bastante em algumas coisas que eu achava que não ia conseguir.”

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tante em algumas coisas que eu achava que não ia conseguir. Através dele, pela força que ele me deu, eu acabei conseguindo superar essas barreiras. E essa ideia, essa ajuda que ele me deu, está me servindo até hoje e vai me servir pra sempre na minha carreira. Vocês trabalharam bastante pra concluir a sua parte no vídeo? Eu fiz duas viagens para fora: estive na Suiça e na França com ele, pra gente não só começar, mas também dar continuidade na minha parte. E a gente filmou bastante. Tive que me esforçar pra voltar boas manobras. A gente foi pro interior paulista também. Passamos por São José do rio Preto e também aproveitamos bastante os dias por lá pra garantir imagens da hora. o que ficou na memória dessas viagens? Foram as amizades que eu fiz. Pude conhecer muitas pessoas, que inclusive são meus amigos no Facebook. A gente mantém contato até hoje! e quais lugares ainda pretende levar seu skate pra manobrar? Eu consegui realizar meu sonho de ter ido pra Europa, nesse corre do vídeo do Tristan. Tinha o sonho também

de conhecer os EUA e eu tive a oportunidade de ir. Agora um país que eu tenho vontade de conhecer, que é o próximo sonho que gostaria de realizar, é a China. Tenho vontade de fazer um vídeo lá ainda, de conhecer os picos perfeitos de lá! Você tem uma forte identidade com o Centro de sP. Que local você costuma andar com maior frequência ultimamente? Por que? Estou andando bastante onde eu comecei, que é lá na minha área, no Glicério. Tem uma quadrinha lá com solo liso, tem uma galera que coloca palquinho, uma coisa ou outra; estou andando bastante lá, pra treinar. Ando com uma molecada nova e isso é legal porque eles me incentivam e eu a eles. A nova roosevelt é um bom pico pro rolê de skate em são Paulo? Prefere a antiga ou a atual? Eu gosto bastante porque tem muita coisa pra se fazer: tem escada, borda, gap e etc. Tem época que eu ando bastante aqui, mas pra não ficar só aqui, costumo andar cada tempo em um lugar. Agora estou andando mais na minha área, tinha época que andava mais no Vale e estou tentando também andar em picos diferentes, em lugares novos.


la main

java // entrevista am

Inward heelflip to ss five-O reverse.

Qual a maior dificuldade que você já passou pelo skate? É correr atrás de patrocínio, que é muito difícil no Brasil; de você se encaixar em alguma equipe. Eu também tive alguma lesões - já quebrei o braço e o pé, então acho que essas foram minhas maiores dificuldades. Você esteve na linha de frente quando a nike entrou no mercado brasileiro. Hoje você acha que foi bom ou ruim pra você como skatista? Isso pra mim foi uma experiência muito boa na minha vida, de saber realmente onde eu cheguei com meu potencial. Consegui entrar em uma marca de um nível tão elevado. Por um tempo eu não conseguia assimilar direito meu nível no skate, então através disso eu vi que realmente sou capaz de conquistar o que eu quero. o que isso transformou na sua vida? Foi eu poder receber uma responsabilidade e ter a capacidade de contribuir e ser cobrado também. De todo esse tempo andando de skate, alguma coisa te fez pensar em parar? Não, eu nunca pensei em parar de andar de skate. Desde quando eu comecei, sempre quis andar; independente

de qualquer dificuldade. Jamais eu pararia de andar porque é a única coisa que eu sei fazer, que eu mais gosto de fazer e que me identifico bastante. Você esteve em destaque em nossa edição especial crews (setembro/2010). Qual a história da família KDC? A KDC é o seguinte: eu sempre andei de skate no Centro desde pequeno; nasci aqui, me criei e comecei a andar aqui desde criança. E conforme eu fui andando com as pessoas conhecidas no meio do skate, eu fui sendo criado e evoluí com essas pessoas. Como eu fui fazendo meus vídeos, outras pessoas começaram a colar no Centro e a gente começou a andar juntos, com o objetivo de conseguir patrocínio e viver do esporte. Essa galera era chamada como os moleques do Centro, daí eu e o Diego Garcez resolvemos criar a Crew Do Centro (KDC). Foi assim que surgiu! Hoje em dia o próprio skatista é o promotor de suas manobras e você faz isso muito bem com os vídeos que posta no Facebook. Alguém ajuda neste sentido? É assim: eu tenho uma pessoa que me ajuda. Ela é assessora de imprensa; o nome dela é Vivian. Ela me deu a ideia de ter um telefone pra eu poder atualizar a página que

“Por um tempo eu não conseguia assimilar direito meu nível no skate, então através disso eu vi que realmente sou capaz de conquistar o que eu quero.”

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la main

java // entrevista am

Switch fs heelflip.

ela tinha criado, como forma de divulgar o meu dia a dia. Muitas vezes os caras que filmam, que tiram fotos, estão ocupados, então eu comecei a fazer vídeo de celular; minha namorada me filmava nas vezes que a gente estava aqui na praça. E como eu fui vendo que a galera estava curtindo, acabei fazendo isso direto. Pra mim, isso está ajudando bastante! Tive bastante retorno e o reconhecimento de muita gente. Até alguns retornos de marcas querendo fornecer material pra mim. Parei um pouco agora de divulgar os vídeos porque estou com o objetivo de fazer umas fotos e filmar um vídeo, então comecei a guardar as imagens pra poder manter inéditas as manobras que estou acertando. Você está em contato direto com as ruas de sP, passou por experiências positivas e negativas. na sua opinião, como as drogas podem afetar o desempenho no skate? Ela pode afetar de todas as formas. A droga não serve pra nada, só serve pra iludir a cabeça da pessoa. Ela acha que é uma coisa e muitas vezes não é! o mundo, hoje, São Paulo principalmente, tem muito isso. Então é uma coisa que você tem que se afastar porque não vai te levar a nada. Só vai atrasar sua vida, seu lado e você acaba se afastando de Deus. Pra mim a droga não leva a nada, é uma droga e se possível eu acabava com isso aí. Você acha que toda essa sua história é levada em consideração hoje pelo mercado brasileiro? Eu gosto de andar de skate! Se não tenho algum retorno ou se o mercado não me dá valor, eu me dou valor fazendo meus vídeos, fazendo o que eu posso pra me manter no meu ritmo. Enfim, eu ando porque eu gosto e quem tem que dar valor pra alguma coisa no momento sou eu. Se outras pessoas não fazem isso, aí já não posso fazer nada! Gostaria de falar mais alguma coisa? Quero agradecer minha família, Caroline Andrade, Sigilo, Pedro, o rodrigo. Gostaria de agradecer também o Bigode, da Kabeça Kebrada, DJ Vivian, o MV Bill, que muito me fortaleceu. E a Deus também, por tudo! o que tem pra dizer pra galera que te acompanha? o que eu tenho pra dizer pra galera é que eu sou um skatista e sempre vou ser. Agradeço a todos que me consideram e que gostam de mim, sou feliz por ser skatista e estou aí independente de qualquer experiência que eu passei, isso muito me ajudou; ajudou a me reconhecer e a reconhecer quem são as pessoas verdadeiras que estão ao meu lado em qualquer situação.

“Enfim, eu ando porque eu gosto e quem tem que dar valor pra alguma coisa no momento sou eu. Se outras pessoas não fazem isso, aí já não posso fazer nada!” 2014/agosto TRIBO SKATE | 43


// FernAnDo HenriQue ALVes 25 ANoS, 15 DE SKATE MorA EM São PAUlo, CENTro (lIBErDADE) PATroCíNIoS: SIGIlo SKATEShoP E KABEçA KEBrADA APoIo: JUICE

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Guilherme Puff

java // entrevista am

Fakie shovit to switch wheellie to switch 360 flip out.

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vídeo // viva skates

Gentileza Gera Gentileza. SorriSo Gera SorriSo. PoSitividade Gera PoSitividade. QuantaS e QuantaS varianteS deSta fórmula de bem viver São SoletradaS PeloS meninoS da viva? oS caraS lançam coiSaS boaS Para o univerSo e merecem retorno à altura. viva rodaS, viva SkateS, uma marca Que abraça a eStrada Para levar a menSaGem da boa convivência, cauSando imPacto Pela leveza, Pela inSPiração, meSmo Que o Skate Seja PeSado, muitaS vezeS, SemPre no bom Sentido. o SeGundo vídeo da triloGia tem eSSe nome do título, muito a cara de SeuS mentoreS. vitor SaGaz e adelmo junior, caraS Que não fazem eSforço Pra Serem Gente fina e Que montaram uma eQuiPe com oS meSmoS traçoS. não é Pnl (ProGramação neurolinGuíStica) aSSumida, maS eSSa PoStura tem influenciado a vida de cada um deSteS caraS. dePoiS do GraciaS HermanoS, Produzido na arGentina e lançado aQui na tribo Skate Há exatoS doiS anoS, eSte obriGado cabra tem a cara do nordeSte. o material PrinciPal foi Produzido neSta reGião abençoada do PaíS, onde naSceu adelmo junior. oS dePoimentoS abaixo São de trêS doS PilareS da emPreitada: adelmo, o fotóGrafo carloS taParelli e o Poeta vitor SaGaz. com uma eQuiPe muito cabra da PeSte, o vídeo terá Que Ser deGuStado com um bom ranGuinHo temPerado com azeite de dendê. maiS uma Produção Que valoriza o Skate nacional. curta aS fotoS, Saiba um Pouco maiS daS razõeS Por tráS daS imaGenS e não Perca o vídeo.

Por Cesar Gyrão // Fotos Carlos Taparelli

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Juan Martinez, fs flip em Jo達o Pessoa.

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Sagaz, pole jam no comply em um cobiรงado pico da avenida Santo Amaro, em SP.

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viva skates // vídeo Estar no Nordeste é sempre um prazer, local que chamo de casa não só por Aracaju estar na região, mas por realmente me sentir à vontade em qualquer estado da área. É como se tivesse crescido em todos os estados ao mesmo tempo; o carinho de todos é como o de um familiar que cresceu junto com você e não o vê há muito tempo, e quando nos encontramos é uma explosão de felicidade. A Viva e o Sagaz têm uma relação também muito legal, foi lá que nos conhecemos e ele, por ser de Manaus, também se sente em casa pois o jeito nortista é semelhante ao jeito nordestino de viver. Além disso, existem mais dois skatistas da Viva que são do Nordeste: JN Charles e o mais novo integrante, Pedro Victor. Sendo assim, podemos dizer que todos estão em casa! Mas isso não quer dizer que não passamos por problemas. Nessa viagem aconteceu uma coisa curiosa: fomos andar num pico de Recife chamado Marco Zero, que fica geralmente cheio durante o dia, por ser um ponto turístico no coração do Recife Antigo, e um ponto de encontro pra muitos recifenses. Sendo assim, chegamos lá às 11h30 da noite pra andar só com os irmãos locais e a galera da Viva. Na saída fui pegar uns adesivos pra alguns irmãos de Recife no carro e joguei a chave do carro na mala e tranquei. Depois de muita ajuda dos irmãos, conseguimos um chaveiro às 02h30 da manhã. Fora isso, Aracaju, Maceió, Recife e João Pessoa foram cidades maravilhosas nos dias da tour. Agradeço muito a meus conterrâneos pelo carinho, pelo pelo auxílio, pelas sessões até as madrugadas e por tudo isso que faz o Nordeste ser uma grande família. (Adelmo Jr.)

Mario Marques, bs ollie em SP.

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Pedro Victor, nollie hard heel em Jo達o Pessoa.

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viva skates // vídeo

Cesar Matos ForMiguinha

Assim que surgiu a oportunidade de fotografar a tour da Viva pelo Nordeste, fiquei muito entusiasmado. Sempre ouvi falar na hospitalidade do povo nordestino e tendo como guia um local ilustre, o skatista Adelmo Jr., sabia que a oportunidade não poderia ser melhor, pois passaríamos pelos melhores picos para andar. Estando na companhia de mais dois legítimos rastas, Vitor Sagaz e Juan Martinez, a positividade prevaleceu por todas as cidades que passamos: Aracaju, Maceió, João Pessoa e Recife. Mesmo com estilos tão diferentes de andar, têm em comum a maneira de pensar e de enxergar o mundo a sua volta. (Carlos Taparelli)

Nava, halfcab flip em João Pessoa.

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raMon ribeiro

JN Charles, 360 flip em Aracaju.

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viva skates // vídeo

Em forma de verso e prosa vou falar do Obrigado Cabra Com agradecimento encontramos nossa fórmula Uma trilogia que se iniciou com o Gracias Hermanos Agora é o Obrigado Cabra e depois vem o Valeu Mano Esse vídeo vai ter a parte de dois nordestinos natos Através do Adelmo Jr. e JN Charles o Nordeste vem sendo bem representado Duas pessoas que propagam o respeito e o amor Skate com criatividade e técnica que eles mostram onde for Vamos ter uma parte feita com todo o time da Viva Juan Martinez, Pedro Victor, Felipe Marcondes, Antônio Cardoso, Mauricio Nava, Mario Marques e Vitor Sagaz criam a expectativa De uma parte de muito skate criativo, técnico e potente Daquelas que quando você escuta a música a manobra vem na mente

Vamos ter também a parte dos homenageados amigos Os de longe e os de perto, onde o sentimento é recíproco Os que buscam e propagam com o skateboard a diversão Queremos através do nosso vídeo estimular a vontade de andar em todos os irmãos Fortalecer a nossa identidade e transmitir nossas ideias Contestar e nos manifestar pois o skate nos liberta Fizemos um tour pelo Nordeste para captar imagens Conhecemos gente fina e cabras da peste por onde passávamos Nós fomos de carro de Aracaju a Maceió, com muita liberdade E o que ficou na memória é que esse povo é amoroso e acolhedor com muita humildade (Sagaz)

Felipe Marcondes, bluntslide em São Paulo.

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vĂ­deo // viva skates

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Adelmo, nollie 360 em Jo達o Pessoa.

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caique silva // entrevista pro

Lembram daqueLa promoção de carros no domingão do Faustão com as pessoas Fechadas em cabines à prova de som sem saberem as perguntas: “você troca três carros 0 km por um prato de braccioLa?”, e vinha a resposta: “siiiimmmm...” ou “nãããoooo....”. um tanto estranho começar a entrevista do taLentoso skatista caique siLva dessa Forma, mas posso aFirmar que isso tem grande reLevância na sua história de vida. // TexTo e foTos Jovani Prochnov

C

aique tem 19 anos de idade, oito de skate, nasceu em São Paulo/ SP e passou parte de sua infância soltando pipa na Vila Maria. Sua família mudou-se para Florianópolis/SC quando ele tinha nove anos, daí em diante foi questão de tempo para trocar a pipa pelo carrinho, pois seu destino o levou morar na mesma rua do tranquilo bairro Rio Vermelho onde viviam os skatistas Allan Mesquita e JM, que lhe apresentaram o mais puro e verdadeiro skateboard. Nessa mesma rua moravam também os irmãos Zene e Lucas Sachs, e juntos deram seus primeiros drops na antiga pista montada no quintal da casa de JM. Marcos Gabriel, um pouco mais velho que os moleques, também morador da Rua da Nascente, já dava seus rolês na pista, e naquele momento era formado

o Red River Crew. Caique é um skatista overall muito dedicado, tem o privilégio de morar na cidade em que o skate está em ascensão e considerada por muitos a Califórnia Brasileira, onde vive nada menos que o tetra campeão mundial de bowl Pedro Barros, o qual fazem sessões juntos no bowl do RTMF e também na Konig, no Rio Vermelho. A Konig, de propriedade de Márcio Konig, outro personagem importante na vida de Caique, é seu local de treino, sua segunda casa, onde rolam as sessões pesadas da Crew, e que está sendo crucial no crescimento de todos. Sua evolução, somada ao seu talento natural, fazem de Caique Silva um dos melhores bowlriders do país. Tem ainda um longo caminho a percorrer, mas a vontade, a dedicação e seu comprometimento o levarão além. O sonho está apenas começando! 2014/agosto TRIBO SKATE | 57


Andrecht plant é uma manobra classicona que os mestres Allan e JM vão se orgulhar de ver. Ainda mais que foi mandada no solo sagrado do Rio Vermelho, ali perto de onde tudo começou, na Konig House.

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caique silva // entrevista pro Caique, conte para os leitores da Tribo Skate por que uma brincadeira de auditório do Domingão do Faustão tem a ver com seus primeiros passos no skate. Hahaha... Meu padrasto trabalhava numa empresa onde os melhores vendedores concorriam a um carro 0 Km, o qual ele acabou ganhando. Quando ele foi retirar o carro na concessionária, ganhou alguns cupons para participar de uma promoção do Faustão. No início não queria participar, mas no fim aceitou preencher os cupons e foi chamado para ir no programa depois de uma semana. Lá ele tinha o direito de escolher uma entre três chaves premiadas. Só que havia mais três pessoas concorrendo ao prêmio, e só duas iriam para próxima fase, uma delas foi ele. O concorrente foi para cabine e meu padrasto ficou de fora esperando. Dentro da cabine eles faziam várias perguntas sem o candidato escutá-las, apenas respondendo sim ou não quando uma luz acendia. A última pergunta que fizeram ao concorrente do meu padrasto foi se ele trocaria três carros por um prato de bracciola, e ele respondeu que sim, então meu padrasto foi o vencedor, levando três carros para casa. Ele decidiu vender os carros e se mudar de

São Paulo com a família, e escolheram Florianópolis, onde comprou uma casa no bairro Rio Vermelho. Foi ali que eu tive a oportunidade de conhecer pessoas ligadas ao skate, que me apresentaram o carrinho e me incentivaram a viver dele. E como foi seu início no skate? Quando nos mudamos pra Floripa, conheci o Marcos Gabriel e os irmãos Sachs, Zene e Lucas, que moravam na mesma rua. Nessa mesma rua também moravam os skatistas Allan Mesquita e JM. Um dia Allan e Marcos decidiram montar uma mini ramp em um terreno da rua, e começaram a incentivar a molecada (eu, Zene e Lucas). De início não me interessei no skate, pois só queria saber de soltar pipa, mas um dia o Marquinhos me chamou e eu fui andar, daí em diante nunca mais parei. Fale um pouco sobre suas influências no skate. Sempre tive boas influências ao meu redor. Allan Mesquita e Marcos Gabriel me deram força desde o começo, foram eles que me ensinaram tudo sobre o skate e o que é certo e errado. Quando o JM voltou pra Floripa, tive a oportunidade de conhecer essa grande lenda, que me ensinou a ter um estilo próprio de skate. Hoje em dia, tenho muito a agradecer ao

“Lembro o dia que um molequinho passou com a pipa na frente da mini rampa que eu estava andando de skate. Parou, olhou, e então dei a mão para seu primeiro drop. Oito anos se passaram e esse moleque virou Caique Silva.”

(Marcos Gabriel “Marquinhos”)

O tempo que esta mini ramp ficou na Praia Mole foi efêmero, mas rendeu memoráveis sessions enquanto houvesse luz. Ollie to fakie isolado nas nuvens regado a um nascer do Sol daqueles de parar o tempo, às 7h00 da manhã.

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entrevista pro // caique silva

Quer uma técnica e embaçada aí? Então toma: hardflip indy grab to fakie. Konig House.

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caique silva // entrevista pro

O Guitar Bowl, em Curitiba, é um lugar difícil pra se andar bem em poucos minutos. Pressionado pela hora do fechamento, Caique foi obrigado a fazer de conta que já conhecia, em sua primeira vez no pico. Bs air com muito estilo e contorcido.

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Márcio Konig, por ter feito um dos melhores bowls do Brasil no quintal da casa dele, onde eu ando todos os dias. Eu só tenho a agradecer a todos eles! Na edição 206 da Tribo Skate de 2012, você aparece pela primeira vez na matéria de uma conceituada revista. O que mudou na sua vida desde essa publicação? Pô foi uma satisfação ter uma matéria minha na Tribo, e depois dela, fiquei com fama de “fome de manobras” (hehehe). Além disso, continuo andando com mais “fome de manobras” e feliz por poder mostrar meu trabalho numa revista tão conceituada no mundo do skate. Você citou Allan Mesquita, JM e Márcio Konig como importantes personagens na sua vida, comente um pouco mais sobre eles. Allan Mesquita e JM são responsáveis pelo meu início no skate. Allan sempre me ajudou com material, peças de skate e me levava nas competições. JM pegava no meu pé, dizia pra eu executar as manobras com estilo e perfeição, e comentava que eu tinha um estilo agressivo e arrojado. O Márcio Konig é uma peça-chave nessa minha evolução. No início ele tinha uma mini ramp perfeita em sua casa, a qual eu e os moleques evoluímos muito lá, e hoje o lugar tornou-se um dos melhores bowls do Brasil, a Konig House, meu lugar preferido para andar de skate. Red River Crew, o que isso representa para você? Red River Crew é tudo pra mim! Família, diversão, muito skate, risadas e boas companhias. Sem eles:

“Eu acompanhei a evolução do Caique desde quando foi construída a mini ramp em minha casa. Ele sempre foi o skatista mais dedicado de todos. Anda de manhã, à tarde e à noite, só fala e pensa no skate o tempo todo. Exemplo de atleta, não bebe e não fuma. É muito bom andar de skate com ele, pois sempre tenta elevar a sessão para que todos deem o melhor de si, uma inspiração. Aqui no Rio Vermelho temos um dos melhores bowls do Brasil, a Konig house, e devido a isso seu skate evoluiu muito, e hoje pode ser considerado um dos melhores bowlriders da atualidade. Merece muito e tem um skate de verdade. Seu segredo é a mente, sabe competir como ninguém, Caique Silva vai longe.” (Márcio Konig)

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O histórico bowl de Urussanga não é tão doce quanto parece. Pra andar sem equipo, tem que estar ligeiro e seguro. Fs feeble daqueles que percorrem metros.


caique silva // entrevista pro

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entrevista pro // caique silva

O contraste entre as construções em estilo germânico de Brusque e o skate park “safado” é grande.Tudo valorizado com o quilate de um fs noseblunt no quarterzão.

Marcos Gabriel, Márcio Konig, Betinho, Zene Sachs, Lucas Sachs, Kalani Konig, Luka Konig, Ana Konig, Allan Mesquita, você (Jovani Prochnov), Miguel Silveira, Matheus Silveira, Kauan “Samibaca“ Simões e Rafael Difini, eu não seria quem eu sou hoje. No início deste ano você entrou no time da Qix como profissional. Como foi essa transição de amador para pro? Cara foi uma loucura. Recebi uma ligação do então team manager da Qix, Walter Garrote, dizendo que queria ter uma reunião comigo. Passados três dias da ligação, fui andar na Konig e lá estava ele. Trocamos uma ideia e ele perguntou se eu gostaria de participar do time da marca. Marcamos uma reunião para acertar tudo com o Ramon, proprietário da Qix. Eu imaginava que iria entrar como amador na equipe, porém, eles me fizeram a proposta de já entrar como skatista profissional. Aquilo foi uma surpresa pra mim, eu não esperava e não sabia dizer se sim ou não, mas não tive dúvida, era um sonho se tornando realidade, um dos melhores dias da minha vida! E como amador, o que você fez para colocar-se em evidência? Eu procurava ir a todos os campeonatos possíveis, principalmente os mais importantes, mas nem sempre conseguia por falta de dinheiro, apoio e patrocínio, aí tinha que rolar o mãetrocínio. Mas nem por isso deixei de dar o meu melhor e tentar

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me destacar nos campeonatos, o que me ajudou muito no reconhecimento do meu skate para que eu recebesse a proposta da Qix. E este primeiro semestre fazendo parte do forte time da Qix, como foi? Foi muito produtivo. Fiz várias filmagens para o Qix TV, viajei pra alguns estados representando a Qix e produzindo materiais pro site. No final de janeiro participei do Cup Noodles Bowl Jam, e em abril do Red Bull Skate Generation, dois campeonatos do circuito mundial pro de bowl. Neste ano a Qix retomou com força total seu canal de vídeos, o Qix TV, projeto este que você falou que vem constantemente trabalhando. Conte-nos um pouco mais sobre essas produções. Eu adoro filmar pro Qix TV. Normalmente saio para filmar com você (meu amigo Jovani Prochnov) por diversos lugares. Quando vou filmar pro Qix TV tento sempre dar o meu melhor e diversificar meu repertório de manobras, tanto no street quanto nas transições. Gosto de filmar os programas 5 Tricks, Qix GPS e Qix Visita, e o retorno das pessoas tem sido muito bom. Agora na Tribo de julho, edição 225, você estampou seu primeiro anúncio na Qix. Conte-nos sobre este momento marcante da sua carreira. Este primeiro anúncio está sendo marcante na minha carreira mesmo, um sonho sendo realizado, pois estou representando uma grande marca nacional.

“Guiado pela motivação de viver do e pelo skate, Caique Silva é exemplo de determinação e talento. Sempre muito concentrado em expandir sua habilidade que vem sendo lapidada com bom estilo e fortes manobras.” (Allan Mesquita)


O escurecer no Parque de Exposições de Urussanga é silencioso e sinistro como este fs nosegrind tail grab.

Tem um monte de pistas catastróficas na região da Grande Florianópolis. Este mini half bizarro é uma delas. Bs hurricane, pensa que é fácil?

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caique silva // entrevista pro Outra session muito suada.Ter que convencer a secretaria do Clube Doze de Agosto a autorizar o rolê, com tempo contado e uma pista jurássica que está sendo destruída. O que deveria ser patrimônio histórico do skate (ali em Jurerê rolaram campeonatos brasileiros em 1978 e 79!), está sendo desprezado pelo tempo. Fs smith tendo que escapar das várias armadilhas em formas de buracos na transição.

Você é apaixonado por competições. Como amador foi destaque em todos os campeonatos que participou, e agora como profissional, como tem lidado com isso? Pô, competição é uma coisa que está fazendo falta pra mim, pois estava acostumado a competir sempre, e agora como profissional quase não há campeonatos aqui no Brasil que eu possa participar. Mas sempre soube que competições não são tudo numa carreira de skatista, e meu foco agora é fazer filmagens, fotos e evoluir meu skate! Suas fotos para essa matéria foram feitas em diversas cidades de Santa Catarina e Paraná. Como foi a produção desse material? Foi bem produtivo. Fizemos em mais ou menos três meses. Todas as vezes que saímos pra fazer foto rendeu pelo menos uma boa. Em alguns lugares foi difícil de fazer, pois as pistas eram tortas ou não dava pra andar por serem privadas. Você segue a linha de skatista overall, anda em qualquer terreno, mas tem destaque nas transições. Fale um pouco sobre seus treinos. Gosto de andar de skate, não importa onde, quanto mais, melhor. Normalmente ando na Konig, que tem o bowl e uma área de street. Às vezes vou andar no RTMF, na casa do Pedro Barros, que tem o half e o bowl com mais altura, e também procuro ir nas pistas de street aqui de Floripa. Eu ando de skate todos os dias, e fico cansado por isso, mas sempre dou um jeito de ir uma ou duas vezes na semana pra academia Estação Saúde, a qual tenho apoio, fazer um treino funcional. Você citou a Konig diversas vezes. Fale um pouco do lugar e do sonho de ter uma pista tão perfeita ao lado de casa. A Konig é um lugar dos sonhos, num local tranquilo, paradisíaco, perto de uma praia perfeita onde sempre ando em boas companhias. A pista não poderia ser melhor, feita pelos irmãos Gui Barbosa e Léo Kakinho. É de alto nível, com paredes lentas e rápidas com coping block perfeito. Quais são seus planos para o segundo semestre de 2014? E para 2015? Agora em agosto vou viajar com meus amigos para o Chile para produzir fotos, vídeos e conhecer lugares novos, e depois disso pretendo viajar para alguns estados do Brasil. Em 2015 quero viajar para a Europa e EUA, correr os principais campeonatos e conhecer novas culturas e pistas. Qual o recado de Caique Silva? O recado que eu deixo pra vocês é que não desistam nunca dos seus sonhos, andem de skate por amor e diversão, deixem as coisas acontecer naturalmente, pois o resultado vem com muito esforço, fé e dedicação! E pra finalizar a entrevista, tampe os ouvidos e responda: você troca sua vida de skatista por um prato de bracciola? NÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO... (hahahahaha...)

// CAiQuE SilVA DE SANTO ANDRÉ/SP MORA EM FLORiANóPOLiS/SC 19 ANOS, 8 DE SKATE PATRô: Qix, DEVOTiON APOiO: KONiG, JAMAiCA SKATEBOARD SHOP, ACADEMiA ESTAçÃO SAúDE 2014/agosto TRIBO SKATE | 67


Nose manual, Plaza Espa単a.

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anderson camargo // viagem

A viAgem com destino A mendozA, ArgentinA, é um sonho Antigo! um grAnde Amigo e influênciA pro meu skAte se mudou há Alguns Anos prA lá e sempre me chAmAvA prA visitá-lo. ele me fAlAvA dAs prAçAs perfeitAs pArA se AndAr de skAte, dAs comidAs, dos bons vinhos e dA receptividAde de los hermAnos. então decidi pegAr meu skAte, minhA mochilA e seguir A estrAdA, eu e o igor Wiemers. o destino foi trAçAdo, começAmos em mendozA (ArgentinA) e finAlizAmos em sAntiAgo (chile). Por Anderson CAmArgo // Fotos Igor WIemers

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anderson camargo // viagem

f

oram 12 dias de muito skate, onde conheci muitos picos, costumes culturais, dei muitas risadas e fiz boas amizades que carregarei para sempre. Chegamos em Mendoza no dia 25 de maio com o intuito de explorar o máximo possível os dias que tínhamos disponíveis para andar de skate. No aeroporto da cidade nosso anfitrião Anderson Brand, brasileiro que mora há cinco anos em terras argentinas, já nos esperava ansioso para colocar o papo em dia e fazer aquela sessão de skate. Mendoza é uma cidade turística, terra de bons vinhos, além de ser muito skatável, inclusive uma das principais praças, a “Plaza de san Martin”, já saiu no vídeo 411 Brasil e san Martin é nome da loja de skate mais antiga da cidade. No primeiro, dia andamos em um famoso tubo de metal onde muitos skatistas gringos já manobraram, pico clássico da cidade que foi apresentado pelo local Lucas de Genaro, que aliás era o argentino mais brasileiro que conhecemos. As inúmeras praças de Mendoza são perfeitas; superfícies de mármores, azulejos, granitos, chão lisos e todas repletas de skatistas, famílias, artistas de rua e a maioria delas com rodas de argentinos jogando futebol. toda a cidade é planejada, com prédios pequenos para não atrapalhar a visão das montanhas que fica por toda volta. A cidade era um deserto e hoje possui um sistema de irrigação em todas as árvores para deixá-la ainda mais bela. Uma das coisas que mais me impressionou foi o tratamento que tivemos, parecia que estávamos em casa! todos os argentinos que conheci, sendo skatistas ou não, nos trataram muito bem e com muita educação. E vale ressaltar o costume corriqueiro da “siesta”, que ocorre entre 12h00 e 16h30. o comércio fecha nesse período para todos irem almoçar, tomar um vinho e descansar. A cidade fica vazia, inclusive as praças, e foi justamente nestes horários que as sessões renderam mais e podemos desfrutar da cidade e dos picos. Foram oito dias inesquecíveis em Mendoza. Além de andar de skate, conhecemos cassinos, as montanhas e provamos o churrasco argentino, o famoso “asado” com um molho especial e queijo, além dos bons alfajores argentinos. A vontade era de ficar mais um mês, no mínimo. Mas como já havíamos nos programado, seguimos para próxima parada: santiago. Percorremos de ônibus esse trajeto, uma viagem de 6 horas, descendo por dentro das montanhas, com vistas inacreditáveis pelo caminho de “El Caracol”. Chegamos em santiago no dia 2 de junho e fomos recepcionados pelo skatista local Willy Munhoz, que nos apresentou os picos e nos acolheu em sua casa, nessa breve passagem por santiago. o skate na capital chilena está em crescente evolução! Andamos em uma skate plaza muito grande, com mais de 3 mil metros quadrados, onde tinha muitos skatistas de todas as idades. Bs grind, ditch Cacheuta.

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Rock’n roll.

Fs crooked do Anderson Brand, brasileiro que foi anfitrião em Mendoza. Bluntslide do Lucas Genaro, local de Mendoza.

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anderson camargo // viagem o espaço tem todos obstáculos que um skatista pode imaginar. Mas a sessão rendeu mesmo foi em um ditch em frente às montanhas, que mais parecia um perfeita pista de skate do que um pico de rua. o ditch foi feito para o caso de degelo das montanhas, para evitar inundação na cidade. Enfim chegou o dia de voltar pra casa, a breve passagem por santiago e os oito dias em Mendoza foram suficientes para a trip ser um inteiro sucesso. o conhecimento de outras culturas me trouxe um motivação maior e me fez ver que o skate em qualquer lugar é skate, independente da nacionalidade. Brasileiros, ar-

gentinos ou chilenos, somos todos da mesma raça: somos skatistas. Agradecimentos: À revista tribo skate pela oportunidade e acreditar no projeto; aos meus patrocinadores Diet skateboards e Zabô street Eyewear (sem eles não teria como executar o projeto); ao fotógrafo Igor Wiemers pelas boas fotos; a meu amigo de longa data Anderson Brand e família pela hospitalidade; a Lucas de Genaro pelo empenho em nos apresentar os picos e nos levar a santiago; Willy Munhoz pela receptividade no Chile; a minha família por entender meu trabalho e a Deus por dar força e saúde para que o sonho se tornasse realidade.

Flip na Plaza Independencia.

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anderson camargo // viagem

Fs flip no ditch do Chile.

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mapa da mídia III // são caetano do sul

Xande Cavalcante, fs noseslide.

Alex Pitbull, bs flip.

POR Cesar Gyrão // FOTOS riCardo KafKa

N

em sempre o que parece regra representa a realidade. Por mais que muitos considerem a força policial um problema para a liberdade de andar de skate nas ruas da cidade, em algumas ocasiões a corporação até dá força ao esporte. No entanto, a grande maioria das vezes, o skatista tem que se retirar e procurar outro lugar pra andar. O Mapa da Mídia realizado com a Prefeitura de São Caetano do Sul, pela terceira vez, une skatistas e membros da GCM (Guarda Civil Municipal), com estrutura para desfrutarem de picos com liberação dos órgãos de trânsito. Mais uma prova de que a interlocução do skate com o poder público está se fortalecendo. A barca deste junho de 2014 envolveu nomes fortes do skate do Grande ABC e São Paulo, além de alguns novos talentos que estão surgindo na região: • Thiago Alves Ribeiro “Xuxa”, amador de Santo André • Bruno Filgueiras “Brunin”, amador de São Paulo • Ricardo Kafka, skatista há 27 anos e fotógrafo de São Bernardo do Campo • Douglas Pankrage, profissional de São Paulo

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• Rafael Moreira da Silva “Gordo”, amador de São Paulo • Yuri Belo, skatista e fotógrafo de Santo André • Alexandre Cavalcante “Xande”, profissional de São Bernardo do Campo • Alex Reis “Pitbull”, amador de São Paulo • Leandro Costa “Segredo”, amador de Santo André • Alessandro Carvalho “McGregor”, profissional de São Paulo • Sandro Rafael “Sandrão”, amador de São Paulo • Marcelo Simões, diretor de fotografia e videomaker de São Paulo • André Hervolino Ribeiro “Hiena”, profissional de São Paulo • Alexandre Calado “Testa”, amador de São Caetano do Sul O mentor do MDM é Alessandro McGregor, um cara que já desenvolveu uma série de ações diferenciadas, como as primeiras tours para a Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai com a Tribo Skate. A proposta inicial de revelar novos talentos ao lado de profissionais experientes, continua presente, sendo tão importante quanto o interesse de São Caetano do Sul para a prática do esporte, tanto que está sendo executado em duas gestões políticas diferentes.


Alexandre Calado, fs wallie.

Douglas Pankrage, bomb drop.

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casa nova //

Bs flip.

Marcelo Piolho // Fotos Junior LeMos Ser skatista: É fugir do padrão, é um estilo de vida, é ser livre. Quando não está andando de skate: Estou com minha namorada, trabalhando ou filmando. O porquê do apelido: Têm vários motivos! Sempre gostei do estilo e manobras do Carlos de Andrade ‘Piolho’. Uma vez ganhei um campeonato, ele quem me entregou a premiação e estávamos vestidos parecidos; todo mundo falava: “quem é o Piolho de verdade?” Aí pegou! Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Na verdade é da hora andar aqui. Não temos muitas pistas, ou pelo menos uma que preste, então somos obrigados a arrumar o que fazer pelas ruas e quadras, o que nos faz soltar um skate diferente do que se vê em pistas tradicionais. Skatista profissional em quem se espelha: Laurence Reali. Skate e roupas atuais: Rodas Lion, trucks Crail, shape Super Skateboards. Tênis Nike, calça Hering, camiseta e touca Tupode.

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Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Som pra ouvir na sessão: Parteum, SNJ, MC Marechal e Kamau. Parceiros de rolê de skate: James Bambam, Diego Ramos, Lucas Santana, Diogo Gema, Daniel Quadrado, Marcos Morto, Flavio Rick, Mario Romario, Cleverson, Bruno Arruda, Thiago JP, Caio Kaka e Rodrigo Jaba. Melhor viagem: Bebedouro/SP (Inconformados Crew). Melhor pico de rua: Brama Skate, Guarulhos. Melhor pista: Antiga Espraiada (R.I.P.). Sonha alcançar com o skate: Viver através dele. Aquele salve: Primeiramente a Deus, minha família; namorada Marina Berenguel e família; Alecio Oliveira, Lucas, Diogo, Nelio Antunes, Mario, Nikito, Sombra, Diego Ramos, Maykon Negret; família Tupode, Bambam, Solão, Christ Skateshop, Klebão, Brama Skate, Lam; todos de Ribeirão Preto; todos de Dumont; todos do CKP. Dentinho Eterno, esteja em paz! // Marcelo dos santos Xavier 21 anos, 9 de skate Guarulhos/sP aPoio: tuPode e Christ skateshoP

“Deus é todo mundo sorrindo ao mesmo tempo.”



casa nova //

Abraão Bam Bam // Fotos MAnoeL MArtins neto Ser Skatista: É ter liberdade para praticar o esporte que ao meu ver é uma expressão de arte de rua. Quando não está andando de skate: Estou jogando video game, saindo de rolê com os amigos ou dormindo (risos). Razão do apelido: Não sei até hoje, quem me apelidou foi minha prima. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de pistas e poucos picos de rua. Skatista profissional em quem se espelha: Luan de Oliveira. Skate e roupas atuais: Shape One Six 7.5, trucks Royal 129mm, rodas Legitime 51mm e rolamentos Red Bones. Boné DGK ou touca Official, camiseta One Six, bermuda LRG e tênis Öus. Marca fora do skate que gostaria de ter patrocínio: Gol Linhas Aéreas. Som para ouvir na sessão: Depende muito do ambiente, mas ouço mais rap. Parceiros de rolê de skate: Fábio Crowd, Bruno Lego, Matheus Ariel e Victor Estaciaki. Melhor viagem: Maringá. Melhor pico de rua: Vila Olímpica, Maringá. Melhor pista: De Piraí do Sul/PR. Sonha alcançar com o skate: Ser profissional e viajar o mundo. Aquele salve: Pra galera do Parque Ambiental. // abraão datola 13 anos, 3 de skate de Piraí do sul, mora em Ponta Grossa/Pr PatroCínios: one six team, sunset skateshoP

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Hardflip.

“Nunca desista.”



casa nova //

Jailson Café // Fotos FernAndo GoMes Ser skatista: É ter coragem, determinação e superação. Quando não está andando de skate: Trabalho em outra área. O porquê do apelido: Quando guri, começaram a me chamar de Cafezinho, fui crescendo e passou a ser café. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Em todos esses anos nunca tive apoio da Secretaria de Esportes, nem de nenhuma empresa local. Skatista profissional em quem se espelha: Diego Oliveira. Skate e roupas atuais: Shape e rodas Narina, lixa Jail, trucks Venture P-Rod, rolamentos Red Bones e parafusos de base Element. Boné e camiseta Narina, tênis Nike. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: ?. Som pra ouvir na sessão: Rap, rock ou reggae. Parceiros de rolê de skate: Todos que dão risadas comigo. Melhor viagem: Campeonato Brasileiro Amador 2011, em SBC. Melhor pico de rua: Praça Central de Cruz das Almas/BA. Melhor pista: Cara de Sapo Skatepark, Aracaju/SE. Sonha alcançar com o skate: Todos sonham em trabalhar no que amam - não sou diferente. Aquele salve: Pra todo mundo que também passa por dificuldades no skate, tem que acreditar. Agradeço também aos meus amigos (não vou falar nomes pra não esquecer ninguém), minha família, namorada que está sempre me incentivando e à marca Narina que me dá o maior apoio. Bs lipslide.

// Jailson da Fonseca santana 25 anos, 10 de skate Feira de santana/Ba aPoio: narina

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“Foda é viver sem ter nada pra inspirar!”



casa nova //

Bomb drop.

Marcos Van // Fotos João PAuLo de souzA Ser skatista: É ter uma visão diferente das coisas, ser livre e se divertir. Quando não está andando de skate: Estou desenhando. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de apoio da prefeitura. Skatista profissional em quem se espelha: Ragueb Rogerio. Skate e roupas atuais: Shape Gardhenal, trucks Independent 149mm, rodas Bones e rolamentos Red Bones. Boné, touca e roupas Rum, tênis Öus. Marca fora do skate que gostaria de ter patrocínio: RMV (instrumentos musicais). Som para ouvir na sessão: Black Sabbath,

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Exodus, Mercyful Fate, King Diamond e Motörhead. Parceiros de rolê de skate: Diego Cow, Luis Arroiz, Guilherme, Pepeu, Vitim, JP e Marcelo Moita. Melhor viagem: Volta Redonda/RJ. Melhor pico de rua: As bordas da BM, em Barbacena. Melhor pista: A do Porto/MG. Sonha alcançar com o skate: Fazer o skate ser mais valorizado na cidade onde nasci. Aquele salve: A todos que me dão uma força: Ariane, JP, Mug e Junior pela oportunidade. Skate e diversão a todos, yo ho! // Marcos van basten 23 anos, 8 de skate BarBaCena/mG PatroCínios: rum skateBoard

“Yo ho, yo ho!”



hot stuff // agosto

// Yeva Evolução dos modelos feitos com armação de shape de skate, a Yeva lança uma linha de inverno para dar cor ao clima cinzento da estação. Além do estilo, toda coleção conta com lentes polarizadas, que eliminam o brilho e tornam as cores mais vibrantes, podem ser pretas ou marrons e possuem proteção UV 400. lifeyeva.com.br / (11) 2528-2736

// MorMaii A linha de mochilas da Mormaii é completa e bem variada, servindo desde aqueles que precisam carregar pouca coisa, como o modelo Road, até os que levam literalmente a casa nas costas, como a linha Camping Leap. mormaii.com.br / 0800 644-7711

// Öus O Tenente Preto Extra Uni é um clássico brasileiro pra andar de skate. Reforçado com solado e camurça que levam o selo Ao Cubo, o que significa fórmula e materiais exclusivos que aumentam a resistência do produto, o modelo conta ainda com forro reap (reaproveitado da indústria automotiva) e cadarço de lycra (melhor aderência para amarrar). ous.com.br/loja / (41) 3434-2207

// Boulevard A recente série de shapes pro models lançada pela BLVD, que conta com dois pros brasileiros na equipe (Rodrigo Petersen e Danilo Cerezini), traz a vista de algumas das grandes cidades mundiais. E claro que o Brasil estampa dois dos sete modelos. Facebook.com/ boulevard.brasil

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// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > Mato Grosso do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504 > Paraná - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865 - Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 > rIo de janeIro - Armação dos Búzios Geribá Skate Shop Rua Maria Rodrigues Letina, 8, Geribá (22) 9 9843-1020 / 9 9796-6764 > rIo Grande do sul - Porto Alegre

Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072

Fernandes, 36, Centro (19) 3019-6950 - Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397

Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083

- São Paulo All Store Boards Sports Av. do Cursino, 1.722, Saúde (11) 5058-1540

> santa CatarIna - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > são Paulo - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489 - Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Punk Rua Sargento Aviador Oswaldo

Almeida Sports Alameda dos Jurupis, 1348, Indianápolis (11) 4562-4430 - Sorocaba Xtreet Skateshop Rua Alfredo dos Santos, 166, Vila Carol (15) 3226-3011 / 99151-2511

Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja!

Faça parte desta lista: produtostriboskate@gmail.com 2014/agosto TRIBO SKATE | 87


hot stuff // agosto

// anti Hero e KrooKed Não se engane ao ver as velas que as duas marcas lançam no Brasil. A da Anti Hero é muito parecida com aquela dentadura da vovó e a da Krooked se confunde facilmente com os lápis de cera daquele sobrinho pentelho. Só não vai se enganar e levar os dentes postiços da avó pra sessão, hein? edgar@plimax.com / (11) 3251-0633 // toY MacHine Turtle boy, Trans face, Monster face, Sect face, Bloodshoot e os demais personagens da Toy Machine estampam a recente leva de produtos que a Plimax apresenta com exclusividade para lojas de todo o Brasil. As meias e as lixas (Mob Grip) certamente estão no topo da lista de desejos de muitos skatistas do mundo todo! pira@plimax.com / (11) 3251-0633

// storvo A alta qualidade dos tecidos e os cortes diferenciados das peças estão intimamente ligados à irreverência das estampas, imprimindo um estilo único e essencial, marca registrada da Storvo Inc. storvo.com / (11) 3473-1881

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áudio // rap

Os MCs KaMau e Rashid COlOCaM nas Ruas uM eP ClassudO, O ‘R&K seis sOns’, e nós estiveMOs eM uMa audiçãO exClusiva que ROlOu eM sãO PaulO PRa fazeR seis PeRguntas PRa eles e sabeR da exPeRiênCia sObRe a PaRCeRia, COMO fOi gRavaR nO estúdiO Red bull statiOn bRasil e ClaRO que falaMOs de sKate taMbéM! // TExTO E fOTOs Junior LEmoS

O

que veio primeiro na vida de vocês, o skate ou o rap? Kamau: O skate veio com uns 12 anos e eu comecei a ouvir rap mais ou menos nessa época também. Acho que a música apareceu primeiro; não necessariamente eu era um ouvinte de rap mas eu já gostava da música sem saber muito. Aí veio o skate, e dele eu me aprofundei no rap, como ouvinte. Rashid: Na verdade eu não ando de skate! Brinco às vezes, só e tal, pra passar um tempo. Eu gosto pra caramba, mas nunca me dediquei tanto assim. Kamau: Dá uns heel flip, hein!

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Rashid: É, tem vezes que sai. Mas na minha vida o rap veio bem cedo, na real. Eu já tentava fazer e tal, mas era despretencioso totalmente. Mas eu tentava, queria ser igual os caras; mesmo que seja pro pessoal da minha rua, da minha escola. Aí depois a parada foi virando o que está virando. O rap veio cedo na minha vida, com 12 anos mais ou menos já curtia bastante, já queria ser o Brown. Esse lançamento, os Seis Sons, ele se encaixa perfeitamente em um rolê de skate? Kamau: Eu acho que sim! Eu sempre, quando conhecia uma música, fi-


cava imaginando como iria editá-la pra minha parte. sempre ouvia várias músicas e pensava: “Imagina essa música aqui em uma parte minha. Essa pegando impulso, aqui um fakie flip, ali um tail de back”. Quando eu faço música eu penso um pouco nisso, mas vou um pouco além porque eu penso nos outros momentos que a gente escuta música também. Acho que, bem editado, ia ficar legal em um vídeo, mas pra sessão com certeza cai bem. Rashid: O bagulho é street, da rua, é urbano. Tem o barato da superação também, tanto dos skatistas quanto dos MCs e dos DJs. Enfim, você tem que correr atrás de suas paradas pra mostrar que você tem o seu talento, pras pessoas te olharem de forma diferente, te patrocinarem ou te apoiarem. Você tem que meter as caras, tem que fazer acontecer! Acho que tem tudo a ver: o seis sons com o rolê de skate. Tem as pancadas ali no disco, tem as mais tranquilonas. Qual das músicas do EP vai agradar mais aos skatistas, aquela que será a campeã de trilha sonora em vídeos de skate? Rashid: A ‘Antes do pôr do sol’ é pro final da sessão. O maluco tá cansado, no domingo, cola no Rei do Mate pra tomar aquele com limão e vai escutá-la antes do pôr do sol, o bagulho é da hora. Perfeito mano!

Kamau: E ainda bem que o Rei do Mate abre agora aos domingos também! (risos) Acho que o EP tem seus momentos e o skate também é um pouco assim. Eu sempre imaginava umas músicas pra usar em partes minhas quando ouvia e espero que alguém queira usar alguma desse EP. Talvez a ‘R&K’ seja a música que mais vá animar sessões e edições mas ‘Ainda Tem’ também tem um ritmo bom pra editar. Vamos aguardar! o EP foi todo gravado no estúdio red Bull Station, que é um considerável espaço cultural encravado no Centro de São Paulo. o que isso representa pra vocês? Kamau: O Centro é muito significativo pra mim por muitas razões. Trabalhar num estúdio com aquela estrutura, tão perto de muitos lugares influentes, pra mim foi bem legal. Ter toda a assistência do Red Bull station e saber que estou conectado com alguns outros lugares no mundo que têm um espaço semelhante é bem legal também. É uma das funções da música, a meu ver. Rashid: Um grande progresso pra cultura urbana em sP. Ter um espaço assim que recebe artistas de braços abertos para realizarem seus projetos é ótimo pra quem faz arte. Equipos de ponta, boa vontade das pessoas que trabalham e uma energia boa pelo local... fica mais fácil trampar assim. (risos) o disco conta com participações especiais de uma galera, inclusive do DJ Coyote, que também dá um rolê e vem de uma família que respira skate! Kamau: Pensamos no que queríamos fazer em seis músicas. Daí demos um salve nos amigos e vimos algumas batidas e ideias que já tínhamos e que talvez coubessem no contexto desse EP. Quando as ideias nasciam, alguns nomes vinham à mente e a gente tentava fazer virar. Mas foi mais pela música e o que cada um podia somar com ela, do que pelos nomes. Eu sempre penso dessa maneira. Rashid: Eu, particularmente, sempre penso primeiro nas pessoas que conheço e depois naquelas que tenho vontade de trabalhar junto. A partir daí a gente tenta contatar o pessoal e ver o que rola. Dentro desse EP, a parada ficou mais entre os mais chegados, música feita entre amigos mesmo. E isso dá uma cara pro EP. Talvez o conceito desse trabalho seja esse, a celebração entre amigos. o que a rua pode esperar de novo de vocês? Vão parar na meia dúzia ou pedemos esperar uma segunda ou terceira leva de seis sons? Kamau: Tem umas coisas pra sair aí! Tem coisa minha com a future que estou maquinando ali com o fabinho e a gente vai botar o seis sons na rua mesmo, com a gente junto agora, porque a música está na rua já e agora a gente quer chegar nos lugares e fazer show. Dependendo do lugar, se puder e tiver tempo, vou levar o skate e fazer uma sessão. A sintonia sempre existiu desde que nos conhecemos melhor musicalmente. E a amizade se fortalece a cada dia, e ainda mais pela convivência desse EP. faremos algo juntos, com certeza, mas talvez um participando no trabalho do outro ou juntos no trabalho de outra pessoa. Mas não podemos precisar quando nem como. E seguimos aprendendo e fazendo nosso barulho. E saúde, pra mim e pros meus! Rashid: sempre estou fazendo música, produzindo material novo, nem que seja só pra estudar, só pra escutar e falar que está uma merda e voltar tudo e começar de novo. Eu sempre estou fazendo isso aí! Tenho clipe pronto, tem música pronta e aí é tudo questão de tempo, de estratégia pra colocar os bagulhos na rua, mesmo porque a gente não quer encher o saco do público, tem que soltar no tempo certo. E também deixar o seis sons fazer barulho antes de vir com alguma coisa nova! Mas logo mais tem novidade, não tem como parar. Não sei se virá algo como um EP tão breve, mas com certeza a parceria não para por aí, como também não começou aí. Kamau é referência nessa arte, então só agradeço por tê-lo como parça. Uma hora ou outra brotarão coisas novas nossas! Kamau: O seis sons está pra download, tem no iTunes, tem pra escutar nas outras plataformas online e no Youtube também. Ele está ao alcance de todo mundo que quer escutar e de quem também quer fortalecer! E se trombar a gente na rua, tem disco na mochila e caneta pra assinar. É legal voltar sempre nesse corre aí!

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Pablo Daniel

o bowlrider // por léo kakinho*

Como escolher sua pista de skate

D

essa vez eu queria comentar como as pistas evoluem paralelamente com o skate e como escolher o melhor projeto “pra sua ou da sua comunidade de skate”. Na verdade, as pistas cada vez mais correm junto ao skate para suprir a constante evolução que acontece a cada dia no mundo das quatro rodinhas. Um bom exemplo são as construções da Dinamarca (entre elas a desenhada pelo Rune Glifberg), e os novos estados americanos que constroem verdadeiras obras de arte, como o Texas e o Colorado, assessorados pelos melhores “skateparks builders” de lá, como a Team Pain, Evergreen e California Skateparks. Evolução que pude observar que passou por vários estilos diferentes desde as pistas básicas e mal acabadas, muitas vezes das décadas de 70 e 80, às rampas e half pipes de madeira dos 90, até chegar à era moderna das pistas com impecáveis acabamentos e projetos criativos, que começou alguns anos após a virada do século e não para mais. Aqui no Brasil, temos pistas muitas vezes projetadas sem nenhuma ideia ou raciocínio óbvio em “skatística”. Isso mesmo, “skatística”. Temos exemplos Brasil afora de como pistas mal projetadas podem atrasar a evolução e, muitas vezes, desestimular qualquer skater de frequentá-las, por inúmeros erros. Erros estes que vão desde superfície de cimento mal feita ou inadequada para a prática, até má escolha de raios e alturas em bowls e “flow areas”, principalmente por projetos elaborados por quem não conhece a fundo o assunto ou não se atualiza em relação ao que acontece fora do Brasil, ou ainda, nunca acompanhou a nova evolução mundial das pistas. Aproveitam-se das oportunidades e se lançam como construtores de skateparks, pois a demanda por pistas está crescendo muito. Sabemos também que, por nossas limitações de tecnologia, mão de obra

especializada e investimentos, nos deparamos muitas vezes com algumas bizarrices e quase acertos, tornando-nos famosos no mundo como um país que tem ótimos skaters e pouquíssimas pistas de qualidade. Por isso escrevo esse texto pra direcionar melhor a sua escolha, ou pelo menos lhe dar uma ideia de que estilo escolher para não errar, pois uma pista de skate nunca foi barata de se construir e você só tem uma chance: é acertar ou fazer parte das pistas que são impraticáveis! • Procure firmas especializadas em pistas de skate, que conheçam desde o projeto até a construção, pois esses dois andam juntos e são fatores fundamentais pra dar certo. Procure pelo histórico das pistas construídas por elas e quais skatistas estão envolvidos. Experiência conta muito. Procure saber quais materiais serão usados na construção, como copings, acabamentos e suas durabilidades. • Estilo da pista: informe ao projetista o perfil das pessoas que irão frequentar ou o propósito da pista. Essa conversa é importante para achar o melhor desenho, alturas, elementos. Muitas vezes a simplicidade é o melhor projeto. • Por último, preocupe-se com a manutenção. Não deixe para fazer reparos depois que fique impraticável. Escolha um dia do mês e faça todos os buracos, renove a camada de verniz em lugares de desgaste como copings e quinas de cimento, não deixe acumular água, mantenha limpa de folhas, terras, pedras. Também aconselho não desenhar ou pixar a superfície. Dessa forma, vamos tentar mudar nossa história quase trágica de construção de pistas. O Brasil está em plena era dos novos skateparks. Já temos bons exemplos surgindo há poucos anos. Lembre-se: não importa o espaço disponível, sempre existe um bom projeto para todas as ideias, áreas e orçamentos.

APOIO CULTURAL * Leonardo Godoy Barbosa, Léo Kakinho, 40 anos, 33 de skate (Drop Dead, Evoke, Vans)

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Foto jR Lemos

˜ RodRigo LeaL ˜

Respeito

à cuLtuRa

do skate

bRasiLeiRo

Onde Encontrar: B.O.C.A. (Circo Voador): Rua dos arcos, s/N, Lapa - Rio de janeiro/Rj - (21) 99902.0335 Dropp Surf: Rua afonso Vergueiro, 1583, centro - sorocaba/sp - (15) 3033.0063 Feeble Skate Shop: av. santos Ferreira, 89 - canoas/Rs - (51) 3031.8557 Grind Skate Shop: Rua são Francisco, 40 - joinville/sc - (47) 3026.3840 Matriz Skate Shop: online - matrizskateshop.com.br shopping total - av. cristóvão colombo, 454 - porto alegre/Rs - (51) 3018.7072 shopping Wallig bourbon - av. assis brasil, 2611, Lj 248 - porto alegre/Rs - (51) 3026.6083 Roots Skate Shop: Rua Leopoldo de bulhões, 166, centro - anápolis/go - (62) 3311.2012 Sagaz Skate Shop: Rua Ferreira pena, 120, centro - manaus/am - (92) 3233.2588 Switch Skate Shop: Rua comandante marcondes salgado, 619 - centro - Ribeirão preto/sp - (16) 3235.6867

produtostriboskate@gmail.com

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skateboarding militant // por guto jimenez*

M

Ivan ShupIkov

uita gente não gosta de associar o skate ao futebol, o esporte mais popular não só no Brasil como também no mundo. É bem verdade que nós, skatistas brasileiros, temos o nosso cenário afetado pela insistência das empresas de fora do cenário em investirem no que “dá retorno garantido”, como é o caso do fut. A audiência dos programas de tevê relacionados ao chamado “nobre esporte bretão” é tão garantida que as empresas procuram estar associadas a eles de uma maneira até automática. Você deve saber que a seleção brasileira de futebol não só perdeu a segunda Copa do Mundo realizada no país, como também apresentou um desempenho pífio ao longo de toda a competição. Isso gerou uma imensa insatisfação por parte do público espectador e, principalmente, por conta dos anunciantes. Não se iluda: não são os índices de audiência que influenciam nas grades de programação das tevês, mas sim o interesse dos anunciantes em patrocinar e viabilizar as transmissões. E se os que bancam estão descontentes, algo precisa ser feito pra que suas verbas valiosas continuem a irrigar os cofres das redes de tevê. As programações precisam oferecer opções de acordo com o que as empresas querem: veicular seus nomes a uma atividade esportiva na qual os brasileiros sejam vencedores e campeões. É aí que entra o skate, o interesse dos anunciantes e a audiência do público; Exagero meu?! Talvez não. Uma série de sinais está indicando uma mudança de direcionamento por parte dos anunciantes – sinais esses que podem favorecer o cenário brasileiro de skate de um modo geral. • A publicação especializada em mídia “Meio & Mensagem” fez uma matéria antes da Copa do Mundo relatando que alguns anunciantes tops estão renegociando pra baixo os valores de transmissões de jogos de futebol locais. A diferença técnica na comparação com os similares europeus é tão gritante que “dá a nítida impressão de estarem assistindo a outro esporte”. Some-se a isso a conhecida mania brasileira de resolver tudo na base do “jeitinho”, e pronto: o cenário fica propício a uma mudança de rumos. • Um dos mais importantes cronistas esportivos do país escreveu que “o negócio do fut brasileiro está correndo um risco sério de sobrevivência”. O colunista adverte que “existem outros esportes mais vencedores, sem tanta politicagem e sem a mania insuportável de criar ídolos intocáveis em sequência”. • Um dos jornais esportivos mais sérios do Brasil faz uma promoção com três tipos de skates, um deles com design assinado por ninguém menos que Sandro Dias. O que isso tudo quer dizer? Talvez nada, mas pode ser que signifique muita coisa. Em muitos aspectos, o skate brasileiro dá exemplo aos cenários de outros países: somos o segundo maior mercado de skate do planeta, e por aqui são fabricados diversos produtos que não devem nada a similares importados. Nossos skatistas conquistaram mais de 25 títulos mundiais diferentes nas mais variadas categorias, tudo isso em menos de 20 anos. Como se não bastasse, nosso cenário é focado nas competições. Isso é ruim por um lado: há inúmeros profissionais de outras épocas que não competem mais e continuam andando muito de skate, porém não conseguem sustentar-se exatamente por não estarem mais participando de disputas. Não existem palavras pra descrever o tamanho dessa injustiça, muito menos pra expressar como a falta de maturidade do mercado pra valorizar e reconhecer os que são soul skaters, os skatistas de alma. Por outro lado, o fato de levarmos as competições a sério nos fez valorizar ainda mais o skatista profissional. Por aqui, não rola aquela de dizer que um determinado skatista virou pro só por causa de uma boa parte de vídeo ou

andre Magarao/dIvulgação

Chance de ouro, prata e bronze

O primeiro evento do circuito mundial de bowl de 2014, no Rio de Janeiro, mais um pódio para Pedro Barros, um colecionador de títulos, orgulho do Brasil.

por estar em constantes tours ao redor do país. É preciso que seja um verdadeiro representante do skate, e não apenas um bom skatista, ou seja, skate no pé e cabeça no lugar. A quantidade de campeões mundiais forjados por aqui nos últimos anos nos faz crer que estamos no caminho certo. Isso não quer dizer que o cenário seja perfeito, longe disso. Sempre pode haver mais reconhecimento dos pros por parte das empresas, na forma de formalização do compromisso profissional, melhor remuneração e benefícios como plano de saúde e seguro de acidentes. Sempre podem existir mais e melhores picos a serem construídos e mantidos pelo poder oficial, seja ele de caráter municipal, estadual ou federal. Sempre podem ter empresas que invistam melhor nos cenários, como forma de manter a engrenagem funcionando de maneira eficiente. Mesmo com tanto espaço pra melhoras, o cenário brasileiro de skate encontra-se maduro o suficiente pra que possamos ser uma alternativa aos investimentos maciços feitos no futebol. Somos eficientes, talentosos e campeões, e não vai levar tempo pras empresas de fora do skate se deem conta disso e começarem a investir no skate. Portanto, essa pode ser a chance de ouro, prata e bronze do skate brazuca. Vamos aproveitar!

“Somos eficientes, talentosos e campeões, e não vai levar tempo pras empresas de fora do skate se deem conta disso e começarem a investir no skate.”

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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Mauricio Magalhães está seMpre nas sessões pelo planalto central, seja pelos rolês de skate, seja pelo trabalho que desenvolve construindo raMpas. e eM uMa dessas andanças troMbou nosso colaborador paulo tavares e os dois vieraM parar aqui no jpg + Mov. Fs rockslide transFer eM anápolis/go! o vídeo da Manobra está lá no site triboskate.coM.br Mauricio Magalhães, Fs boardslide transFer. Foto e vídeo: paulo tavares

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