Tribo Skate Edição 227

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Ratos de PoRão * NiltoN Neves * o temPlo * Big Pool day

23 aNos detOnandO sempre!

do Rio - o vÍdeo O nOvO retratO dO riO de janeirO

Ítalo PeNaRRuBia O dOm das transições

o temPo cuRa mudança de visãO dO skate brasileirO

viNicius saNtos

Vinicius santos, ss fs blunt Ano 24 • 2014 • # 227 • R$ 9,90

dO jeitO dele

www.triboskate.com.br










setembro 2014 // edição 227

especiais> 38. entrevista amador Vinicius santos do jeito dele 48. do rio - o vídeo o noVo retrato do rio de janeiro 58. entrevista profissional Ítalo Penarrubia tem o dom das transições 72. o tempo cura mudança de Visão do skate brasileiro seções>

editorial...................................................................14 ZaP ...............................................................................20 casa noVa .................................................................76 Hot stuff ..................................................................84 Áudio: ratos de Porão ........................................88 o bowlrider .............................................................92 skateboarding militant ....................................94 jPg + VÍdeo Parte ...................................................96

Capa: Escolher as manobras mais difíceis para aplicar nos picos mais complicados é natural para Vinicius Santos. O switch frontside bluntslide é a prova cabal da sua subversão. Foto: Guilherme puff ÍndiCE: neste inverno quente e seco, Thiago Garcia tem gás para cravar seu frontside noseslide to fakie nosegrind shovit na borda alta do Vale do anhangabaú. Tudo em seu lugar. Fotos: Junior Lemos

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// Ă­ndice

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editorial //

Por Cesar Gyrão // Foto Fabiano rodriGues

M

ais um marco para o skate brasileiro atingido por uma revista nacional. Tem umas poucas no mundo que romperam a barreira dos 20 anos, entre elas as americanas Thrasher e Transworld, ambas com início nos anos 80. A Tribo Skate entrou em circulação em setembro de 1991, criada por remanescentes das revistas brasileiras dos 80: a Overall, a Yeah!, a Skatin’ e o fanzine Skt News. Muitos leitores não conhecem esta história, mas eventualmente são convidados a fazer algumas visitas ao nosso passado, seja aqui na nossa versão impressa ou em nosso site. Recentemente fizemos uma brincadeira em nosso Facebook convocando nossos seguidores a enviar fotos de suas edições mais antigas e nos deparamos com alguns colecionadores com algumas raridades dos primeiros anos de circulação. O prazer proporcionado pela leitura de uma revista é inigualável. Poder circular com ela, dividir com os

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amigos na sessão, comemorar uma entrevista impressa, recortar e colar no armário ou nos cadernos as fotos dos skatistas favoritos, lê-la no hall de uma marca de skate, em uma skateshop, pegá-la na prateleira de uma banca, poder colecionar, etc, etc, são prazeres ímpares. Você tem uma panorâmica de cada época vivida pelo skate, conhecendo mais os personagens, sabendo de detalhes de suas vidas que os vídeos não conseguem passar. Você cria espírito crítico, questiona, degusta bons momentos do mercado e dos parceiros, viaja a lugares distantes que ainda não conhece. Em nossos 23 anos temos uma edição redondinha, como procuramos fazer todos os meses, com uma entrevista técnica com o pro Ítalo Penarrubia, uma conversa direta com o amador Vinicius Santos (também na capa), o vídeo Skateboard Do Rio, um novo retrato de um dos berços do skate brasileiro. E, ainda pode refletir em cada curva das pequenas notas e matérias que compõem os 23 anos da sua Tribo Skate. Estamos aqui, firmes e fortes, mantendo a chama acesa.

Um pico clássico de São Paulo, mas um canto antes não explorado. Guilherme Trakinas e Fabiano Rodrigues dão sua contribuição ao aniversário da revista. Trakinas, ollie, Museu do Ipiranga.



Ano 24 • setembro De 2014 • nÚmero 227

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Guto Jimenez, Helinho Suzuki, Leo Kakinho e Pirikito Sem Asa. Fotos: Adriano Kurosu, Allan Carvalho, André Magarão, Atila Vilanova, Brian Fick, Diogo Groselha, Eduardo Dias, Estevam Romera, Fabiano Rodrigues, Flavio Gomes, Fellipe Francisco, Guilherme Puff, Guto Lamera, João Brinhosa, Le Main, Marco Cruz, Nilton Neves, Pedro Macedo, René Jr, Rodrigo Kbça, Vinicius Branca e Wander William. Ilustração: Pablo Daniel

Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Ana Paula Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Cezar Toledo (cezar@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Bancas: Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº 1678, CEP 06045-39, Osasco/SP

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





zap //

O templo POr Cesar Gyrão // FOtOs AllAn CArvAlho A nova “era dos bowls” chegou ao estado de São Paulo. Os últimos meses marcaram a inauguração de boas opções, iniciativas privadas, mas que recolocam SP no mapa do bowlriding. Um exemplo é o Centro de Treinamento e Inclusão Social da Ong IAVE - Instituto de Atendimento Voluntário ao Esporte. O nome grande está resumido em um, por alguns dos frequentadores mais assíduos: “O Templo”. O pico fica no sítio da família Carvalho, em Mairinque, e foi realizado pela soma de forças do Marcelo Carvalho e o Bruno Taioli. O primeiro é o skatista por trás da Compacta Skateboard Ramps, o segundo, é o Bruno Pastor, skatista conhecido por seu trabalho social e espiritual. Depois de tantos anos de construção de rampas e skateparks, a Compacta pode assumir que tem agora a sua própria área, onde a família Carvalho direcionou o trabalho com a Ong que criou em 2003. O dia a dia do local funciona como uma escolinha de skate para crianças e adolescentes da região, com o papel da inclusão social, unindo classes sociais diferentes. A infraestrutura foi pensada para iniciação, mas também para o alto desempenho. Depois do fechamento da pool da Ultra, em Moema, que tinha um oververt parecido, agora O Templo tem o primeiro cradle que se tem notícia no país. A diferença é que esta concha é simétrica, para permitir carvings ainda mais de cabeça para baixo. O americano Eddie Elguera foi um dos primeiros a mostrar o caminho, numa das sessions de inauguração. Para andar no pico, você precisa entrar no site da IAVE: www.iave.org.br para se informar do endereço e marcar sua sessão. O lugar tem cerca de 1.000 m2, com área de street, bowl, banheiros com chuveiros, estacionamento e uma lanchonete, onde toda renda será revertida para o projeto de skate. Horários: segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, aulas para alunos já cadastrados. Nos finais de semana será liberado ao público com nome na lista ou fechado para eventos particulares. Endereço: Estrada Municipal s/n°, lote 2, bairro Dona Catarina, Mairinque, SP (com acesso pela Rod. Pres. Castelo Branco, Km 68).

Bruno Taioli, tail block.

Leo Gussi, fs tailgrab one foot.

Henrique Siqueira, lien air.

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Thomas Santos, fs smith.


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Micke Velozo, bs ollie transfer.

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[01] Filipe Ortiz e Dwayne Fagundes são os novos integrantes da já pesada

Junior lemos

Murilo Romão, nollie crooked.

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01 AtilA VilAnoVA

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05 FlAVio Gomes

equipe Öus Brasil. Os representantes da nova geração do skate brasileiro foram anunciados através da campanha ‘Chegando Junto’, com os dois personagens contracenando em um curta-metragem que teve uma excelente repercussão, inclusive internacional. A ação comemora os 6 anos da marca, que nós e todos do skate brasileiro desejamos vida longa! • [02] O profissional de São Bernardo do Campo Ricardo Tossi lança pela Kemp Skates pro model de shape em duas estampas. • Walter Garrote não faz mais parte da equipe de marketing da Qix, mas não ficará sem emprego. O profissional assumiu a gerência do Inside Corner, espaço de lazer que fica no Rio Tavares, em Florianópolis, e que conta com bowl, loja e restaurante. (insidecorner.com.br) • O profissional Leonardo Spanghero teve seu primeiro pro model de shape lançado pela Thisway. Um vídeo com um rolê inédito na Europa marca o lançamento, que traz na estampa a caricatura de um boxer. • [03] Fabio Cristiano deu pistas de quais podem ser os novos nomes que reforçam o time da Kohe: Glauber Marques, Finha Felix e Mauro Mureta, mais o videomaker Anderson Tuca. É esperar para ver quem acompanhará Akira Shiroma, Everton Maninho, Chupeta e Marcelo Formiga nos corres da marca! • E por falar no Rei do Vale, Marcelo Amador apresentou na Colex, no Centro de SP, o vídeo lançamento de seu primeiro pro model pela Kronik Skateboards. E se a saída das madeiras acompanhar a dos demais produtos que levam o nome do profissional, é venda garantida! (fb.com/kronikskateboards) • [04] Fabio Luiz, o Parteum, é um dos sócios a colocar no mundão mais uma obra, desta vez voltada para o vestuário. Tratam-se das toucas Malhas Coloridas, que já esquentam os crânios de muita gente nas ruas desde o começo do inverno. (fb.com/malhascoloridas) • A Vans realiza pela segunda vez consecutiva no Brasil o projeto Custom Culture, concurso de arte e customização de tênis entre alunos de escolas de todo o país. E este ano o número de vagas subiu de 50 para 150, das quais 10 passarão para voto popular, restando na final as três mais votadas. Uma banca de jurados definirá a escola campeã em 2014. (vansdobrasil.com.br/customculture). • [05] A Zabô Street Eywear e a Diet Skateshop Curitiba fizeram festa para a edição de agosto da Tribo Skate, com as Andanças pelos Andes do profissional Anderson Camargo e do fotógrafo Igor Wiemers. A festa também contou com apresentação da nova coleção de óculos Zabô. • A Matriz Skatehop divulga com antecedência a data do evento mais esperado pelo skate nacional. O Matriz Skate Pro 2014 acontece no IAPI, em Porto Alegre, no sábado, dia 6 de dezembro. • Já uma das disputas amadoras mais aguardadas do Brasil também está definida: o Rei da Pista 2014 acontece no Drop Dead Skate Park em Curitiba, no dia 21 de setembro. Quem vai tirar o reinado de Tiago Lemos? • [06] Antes disso, mais precisamente no dia 25 de outubro, Piracicaba/SP recebe mais uma edição do frenético Rheumatic Hardcore Session, um oferecimento da Converse Inc. Tome nota! • [07] Abriu na capital paulista um novidade que fez brilhar os olhos dos aficionados em transições. A Cave Pool conta com um perfeito bowl de concreto, com acabamento em pastilhas e coping block, além do espaço ter skateshop, bar temático, palco para shows, área de lazer e para churrasco. (fb.com/cavepoolsp). • Ivan Monteiro representou muito bem o Brasil na etapa global do Element Make it Count, ficando com a segunda colocação.

06

07

Murilo Peres, stalefish.

BsC skate Park O profissional Cris Fernandes, que comanda as ações do Brasil Skate Camp há 8 anos, trouxe para a capital São Paulo uma extensão do acampamento, que fica na região de Sorocaba, e que já recebeu 17 temporadas. O BSC Skate Park SP conta com uma completa área de street, toda feita em madeira skate lite, sendo hoje a melhor opção para as sessões de street em dias de chuva. As opções de rolê por lá são por baterias ou aluguel para turmas. Rolam também as aulas para crianças, adolescentes e adultos. O BSC Skate Park fica no bairro da Casa Verde, bem próximo à ponte de mesmo nome, na Rua das Macieiras, n.º 249, tendo como referência a churrascaria Boi Mil da Avenida Engenheiro Caetano Álvares. Mais informações no site brasilskatecamp.com.br



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Felipe Foguinho, nosegrind tail grab.

Big Pool Day POr Cesar Gyrão // FOtOs Flavio Gomes A piscina é cavernosa, nada docinha e é gigante. A transição no fundo é perfeita, com vários centímetros de vertical, mais aquela canaleta de escoamento de água que a divide em duas bordas. Na de cima, a volta das manobras tem que ser de ollie. Apesar das laterais da parte mais profunda permitirem algumas linhas, ao entrar no raso o tranco aumenta e poucos conseguiam voltar os grinds e wall rides. O clima do primeiro evento em piscina de verdade (real pool), no Brasil, foi cabreiro. Um verdadeiro festival de skate, som e confraternização. O Clube Recreativo Jequitibá, em Caçapava/SP, revelou recentemente o que poucos skatistas locais haviam experimentado há mais de 20 anos. Com a necessidade de manutenção e esvaziamento da água, o skate tomou conta do espaço, numa proporção que o presidente do clube jamais poderia imaginar. O Big Pool Day mobilizou bowlriders e outros especialistas em vert e street em intermináveis sessions, durante todo o dia. Entre pros, pro masters e amadores, o bicho pegou, com nomes como Leo Kakinho, Cris Mateus, Mauricio Chileno, Duzinho Braz, Felipe Foguinho, Otavio Neto, Rony Gomes, Ítalo Penarrubia, Dan Cezar, Fabio Cristiano, Vi Kakinho, Henrique Siqueira e Peter Volpi. Shows e Djs completaram a festa: Alemão, Sleep e as bandas Nokaos Skacore, Overal, Bonei, Lobil Skate. Parabéns ao Felipe Vital, da marca local Posso, ao pessoal do Play Design e seus parceiros na realização. Mais no www.triboskate.com.br.

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Peter Volpi, crailslide.

Henrique Siqueira, fs grind.

// AMADOR Melhor manobra: Henrique Siqueira - Grind block Melhor linha: Vi Kakinho Pior vaca: Allan Machado - Bs Air // PRO MASTER Melhor manobra: Leo Kakinho - Fast Plant Melhor linha: Eduardo Braz Pior vaca: Leo Kakinho - Fast Plant // PRO Melhor manobra: Rony Gomes - Fs hand plant Melhor linha: Felipe Foguinho Pior vaca: Ítalo Penarubia



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Ian Landi, stale fish.

O vert decola em Fortaleza POr Cesar Gyrão // FOtOs Julio DeteFon Depois da confirmação da Copa Brasil de Skate, no Circuito Banco do Brasil, de última hora o estado do Ceará entrou com uma etapa vertical no ranking nacional CBSk. Pela primeira vez na história, Fortaleza recebeu o half pipe do Sandro Dias e 15 skatistas profissionais para a primeira das batalhas. No Super Vert, o atual campeão brasileiro e mundial, Rony Gomes, decola na liderança, de um circuito que promete mais uma vez ser itinerante, pois passará ainda por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Dois novos nomes figuram entre estes pros, sendo que o Leo Ruiz estreou bem na fita, ficando em quarto lugar, depois do Sandro e do Edgard Vovô. RESuLTADO 1º Rony Gomes 2º Sandro Dias “Mineirinho” 3º Edgard Pereira “Vovô” 4º Leonardo Ruiz 5º Dan Cezar 6º Carlos Niggli 7º Alan Resende 8º Ítalo Penarrubia 9º Martin André 10º Felipe Caltabiano “Foguinho” 11º Ian Landi 12º Cris Mateus

Leo Ruiz, japan one foot.

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rodriGo K-b-çA

Gian naCCaratO

Levando em consideração a variedade de manobras, pra base e de switch, de nollie e de fakie, que saem dos pés de Gian Naccarato temos uma leve desconfiança de que o repertório musical que está nos ouvidos do profissional segue na mesma linha. Jackson Five, ABC 123 Gipsy Kings, Djodi Djoba Rick James, Mary Jane Outkast, Ms. Jackson Wu Tang Clan, Soul in the Hole Beatnuts, Duck Season Beatnuts, Watch on Now Bad Religion, Generator Canibus, I Honor U Mobb Deep, Heel on Earth

Mobb Deep, Get Away Royal Flush, Wordwide Racionais Mc’s, A vida é Desafio GZA/Genius, Publicity Aretha Franklin, I Say a Little Prayer for You Q-unique, Better you than Me RZO, Paz Interior Del Tha Funkee Homosapien, Stay On Your Toes Bezerra da Silva, Semente De La Soul, Fallin

Giancarlo Naccarato (Urgh, Öus, Son Skateboards, Metallum Trucks e Nuff Skateshop. Apoios: Glassy Sun Hatters, Ras Bearings e Ogio Brasil) Bs switch fifty.

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COres e FOrmas uma Das ParaDas mais styles Do instaGram são as imaGens suBJetivas. Com elas nossa imaGinação vai lonGe na tentativa De DeCiFrar Com Destreza o assunto enFoCaDo. Por isso trouxemos este mês mais uma leva De instas Feitos Por skatistas Com o tema Formas e Cores.

@aguinas

@luquinhasxv

@wiltonskate

@csikphotos

@fabiotirado

@fernandoaraken

@p_biagio

@rodrigokbcalima

@simiesco

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niltOn neves nilton Gosta De DiviDir suas exPeriênCias Com quem ConseGue DiFerenCiar as Coisas Feitas Com Coração, meDiDas em atituDes sinGelas De Como CuiDar De Plantas ou Cozinhar, De Fazer músiCa, ou Pintar. suas Criações no skate semPre Foram Por esta linha, Da esPontaneiDaDe, Do Brilho PróPrio, De tuDo que remete à arte. um Cara Com BaGaGem, ConteúDo e Fortes PrinCíPios. Foi nestes anos nem tão reCentes que nilton DesCoBriu a FotoGraFia. e, Para manter sua luz, Começou a Fazer os autorretratos mais imPressionantes, verDaDeiras oBras De arte, Como um Dos PreCursores Da téCniCa De usar o DisParaDor no Controle remoto e reGistrar suas PróPrias manoBras, muitas Destas oBras em sua Casa. além De Fazer suas ramPas, seJa no quintal ou na sua oFiCina, ele tem um aCervo imPressionante Com estas FotoGraFias. De volta ao Brasil no Final De 2013, vive em são Paulo Com sua mulher, niColle e está mais Perto Do seu Filho, eros. nilton Começou a anDar De skate muito CeDo. De sua Casa no Bairro Da saúDe, em são Paulo, Foi ConquistanDo o munDo Com muito skate no Pé e Cultura na CaBeça. assomBrou em CamPeonatos, teve muitas Fotos, entrevistas, CaPas em revistas, irresistíveis Partes De víDeos (Como a Do 411 vm # 64, DeDiCaDo ao Brasil). nilton se tornou uma Das PrinCiPais reFerênCias Do skate Brasileiro no munDo. o Primeiro BrasuCa a DesBravar BarCelona Como a CiDaDe que viria a ser tornar a meCa Do street no munDo e tamBém venCeu imPortantes etaPas Do CirCuito munDial WCs, Como a De PraGa, rePúBliCa tCheCa. trilhou o Caminho De skatista internaCional, vivenDo em san FranCisCo e DePois san DieGo. saBoreou o Gostinho Das PisCinas De verDaDe, Com steve alBa, Por exemPlo. muito skate na veia. Curta sua lv. (GyRão)

// nilton FerreirA neves 36 anos, 30 de skate são Paulo, sP Patrô: droP dead

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uma série de coisas pra que isso aconteça, podemos esperar alguma? Uma vez ouvir dizer que você não se sente à vontade filmando com qualquer videomaker, é verdade? (Mauricio Nava, Volta Redonda/RJ) – Eu gosto muito de fotografia/luz e imagens, mas particularmente não acredito mais em vídeos e fotos de skate. Principalmente depois do Photoshop. Difícil tentar explicar em palavras, mas sei que, depois de 30 anos andando, o de mais divino em uma manobra, a foto e o vídeo não capta e nunca vai captar... Não me refiro a uma boa imagem; uma imagem ou cena que inspire. Falo de conseguir captar o ato de vibrar em alto potencial na sessão! Isso é registrado através de sentimentos e emoções dentro de cada um, onde cabe a cada um elevar-se dentro de seu processo individual e assim provocar a aceleração do crescimento geral do comum/todos/tudo... Quando começamos a filmar, o que entrava para o vídeo era o documento/registro do que estávamos realmente vivendo, ou seja, as dicenas possuiam muito significado por trás, temperadas com muita di versão e amizade e não eram forjadas para acontecer, como hoje em dia. Mesmo algo mal filmado poderia ser a melhor parada de sua parte. Hoje em dia não. Por isso que os primeiros vídeos marcaram tanto para quem viveu o skate nesta época. Hoje, vídeos são somente uma ferramenta de marketing e isso é horrível, pois tudo é muito mecânico e não somos robôs. Estive junto com grandes nomes do skate mundial e a admiração que tinha por estes acabava aos poucos quando via alguém que era pra mim boa referência de honra a tradição do verdadeiro skate, sacando de uma lista de manobras, picos e trabalhando em sua vídeo parte... Ficava muito deprê ao sentir neguinho da própria equipe escondendo picos, como fifi zeram muito comigo em 10 anos que morei no EUA. Deprimente ver neguinho tentando 200 mil vezes uma manobra, acertando na sorte, agrupando várias cenas do gênero e soltando uma vídeo parte boa, graças a seus anjos da guarda! Eu acho isso uma grande mentira! Faz uns 15 anos que parei de assistir vídeos de skate, pois fiquei com muito nojo de toda a cena... Ver caras falanfalan do que se divertem andando de skate e que andam por diversão, mas quando estávamos na sessão, estes tentando filmar e não acertanacertan do as manobras, gritavam, quebravam, jogavam o skate, era um puta stress. Então, como mais de 50% das pessoas elaboram suas vídeo partes sofrendo o que eu descrevo, acho o skater que vive para filmar um grande hipócrita... Não digo que ele está erraerra do fazendo o que faz, mas é uma hipocrisia inconsciente. Assim posso descrever e não faço parte disso, por isso não ando para filmar, ando pra mim e consequentemente somente para quem assiste AO VIVO, pois o cérebro ainda é ao meu ver, a melhor câmera. De resto, em relação a filmers/fotógrafos é meio complicado. Continuo sendo educado com todos, mas nicolle

• E aí, Nilton? Lembro que comecei a andar em 98 e você era um cara que despontava muito em campeonatos, estava em destaque neles, inclusive nos pódios. Lembro que você criava linhas diferenciadas uma das outras e mandava manobras em lugares inusitados. Penso que você está em outra fase do seu skate, mas não sente falta destes gostinhos? (Mauricio Nava, Volta Redonda/RJ) – Não sinto falta de nada, Mauricio. Foi ótimo ter vivido intensamente essa época que você descreve, sempre buscando estar em meu potencial máximo de forma natural e espontânea e o fiz. Posso dizer que até agora vivi cada dia como se fosse o meu último, sempre ao meu ritmo e isso não me faz olhar pra trás e sim sempre para o presente. Ou seja, posso falar que sempre, em toda sessão, a cada manobra, fui extremamente fiel ao jeito como meu coração pedia para que tudo fosse em relação a qualquer manifestação com o skate. Tive experiências que palavras não podem descrever e depois de mais de 25 anos competindo, hoje sei que skate é algo muito mais espiritual em minha vida que uma simples profissão ou esporte. Portanto, sinto que posso escrever aqui que nos anos 90 escutava um chamado muito mais forte para estar em todas competições pelo mundo afora, com o intuito maior em somente me apresentar, colocar energia para fora, usar aquele minuto da competição para tentar dividir meus sentimentos e emoções com quem vibrava na mesma sintonia... E várias vezes foi loko conseguir ser Um com várias pessoas ao mesmo tempo, se é que você me entende… Fico feliz com feedbacks que recebo hoje em dia via social media, onde pessoas contam que depois que me viram andar em competições, mudaram a sua visão em relação à vida e não somente ao skate. Isso pra mim é a maior conquista! Ia me sentir muito mal e arrependido do passado caso me escrevessem somente sobre minha técnica e vitórias, pois isso não se leva daqui, então não valorizo. Entendo o que falam, pois muita gente já fez isso por mim em performance, inclusive vários skaters… mas, voltando ao assunto, hoje, do MEU PONTO DE VISTA, campeonatos de skate não são mais como eram e espiritualmente eu não me sinto bem-vindo na maioria deles, pois é só eu pisar nos lugares para sentir toda uma agenda comercial e política por trás do que antes era espontâneo, natural e feito com amor por quem anda! Hoje em dia, campeonatos são lugares para cinco pessoas se destacarem (principalmente as que são patrocinadas por quem patrocina o evento, risos), os outros estão ali só para preencher espaço e não como antes, onde era uma FESTA PARA TODOS. Abraço. • Depois do 411 Brasil não temos visto mais partes em vídeo completas suas. Só algumas aparições em vídeos. Mesmo sabendo que precisa de



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por mais que tente respeitar o skatista que não deu certo e virou filmer/fotógrafo, 95% das vezes eu não consigo. Não é minha mente que julga e sim meu coração que sente. Então prefiro filmar/fotografar só com meus amigos, ou fazer meus próprios self-portraits como esse smith ali da foto. Finalizando, sim pode esperar algo, pois meu amigo Plinio (Higuti) e eu vamos começar a soltar muita coisa partindo do final desse ano. Algo totalmente diferente do que tá rolando pois, pra mim, menos é sempre mais nessa vida. • O que você pensa sobre o skate nas Olimpíadas? Grande abraço! (Duda Santos, Curitiba/PR) – Não sei se é certo ou errado, mas acho uma desgraça, Duda (risos). Skate, no começo, literalmente manifestava uma energia capaz de fazer irmãos de mães diferentes aqui nesse lugar. Exemplo disso, era ir em campeonatos e ver o skatista torcendo genuinamente para que seu adversário se desse bem! Quando alguém acertava algo, todos gritavam, isso iluminava o ambiente e essa é a verdadeira tradição do skate, de agregar, agrupar, comunidade mundial, todos sendo um contra a máquina que nos escraviza e não nos serve formatando crianças pensantes, líderes de um mundo novo&nosso e não seguidores de um sistema falido, que só beneficia 1% da população mundial! As Olimpíadas são uma técnica de manipulação de massa muito PRIMITIVA, um jogo que separa nações, gera rivalidade entre povos e do meu ponto de vista não provoca crescimento espiritual que impulsiona/acelera a Paz Mundial e é disso que a gente precisa! A maioria dos jogos que se passam nas Olimpíadas provém de matemáticas exatas que não têm nada a ver com ARTE, ou seja, skate! Exercícios/ jogos do gênero restringem o ser humano a ser somente contador de pontos e skatista era tudo, menos isso! Do meu ponto de vista o campeão, em qualquer segmento dentro de qualquer competição, não vence e sim faz a todos perderem! De resto, eu conheci o gordinho zuado que começou com essa ideia no mundo! Participei de várias reuniões só com os bam-bam-bans da indústria do skate no mundo discutindo o tema. Cheguei a falar em uma das reuniões sobre a essência do skate, mas era como se comunicar com animais, enquanto todo mundo me tirava de loko, rindo da minha cara! O mano é um milionário tosco que nunca andou de skate e nem curte a parada, dá pra ver na cara do pilantra! Ele quer colocar o skate nas Olimpíadas pois vai encher o cu dele de dinheiro. O cartelzinho que ele fez já administra a equipe olímpica norte-americana de ginástica faz anos… O cuzão só tá transferindo a mecânica de seu empreendimento para o skate. Deprimente ninguém saber disso... Mais deprimente ainda é ver esses cuzões dos pros de ponta ficarem calados. Eles sabem que o skate vai zuar mais ainda, mas eles também sabem que vão ter uma grande fatia do bolo, juntamente a grandes empresas que virão patrocinar as Olimpíadas. Enquanto isso, a gente, grande parte da população mundial, continua a educar nossas crianças à base de pão e circo (risos). Desculpa os palavrões, mas não tinha como expressar diferente! Grande abraço.

• E aí, Nilton? Acho que foi em 99 ou 2000 que você veio dar uma demo no Recife em uma etapa do circuito nordestino e levou todo mundo à loucura, tanto com sua técnica, quanto com sua simplicidade de falar com todos. Como você se sente sendo referência de muita gente, não só naquela época, mas nos dias de hoje, depois de tantos anos? (Adeirson Junior, Jaboatão dos Guararapes/PE) – Brigaduh pelo Carinho Genuíno Adeirson!!! Aquela demo foi phodahhh!!! Eu e o Og de Souza (melhor skatista do mundo)!!! O Nordeste do Brasil, ao meu ver, é o lado mais rico do país, pois seres conseguem vibrar em maior potencial, são mais ligados à energia spiritual; do pouco fazem o muito, ou seja, toda essa tradição da Magia Africana se encontra pairando pelo ar por aí, de forma densa e beneficial a nós! É fácil de se comunicar com os nordestinos atráves da expressão corporal, pois estes, também, por estarem totalmente aterrados em Gaia/Planeta Terra, são seres QUENTES/de energia ATIVA. Isso é que gera maior sintonia com o outro; neste caso, entre eu e vocês, naquela apresentação! Respondendo a sua pergunta, falo que não consegui e sim vocês conseguiram, então nós conseguimos entrar em “erupção espiritual”:)!!! E em relação à simplicidade, eu falo que tento ser diferente, mas não consigo deixar de ser espelho. Muita gente fala por aí que sou arrogante, me acho, etc... Continuo comunicando que sou espelho! Então refletindo a imagem de vocês, não tinha ali como ser diferente! De resto, pra ser sincero eu não consigo ver essa história de ser referência para os outros. Amo o que faço, mas sou um ser humano que tem muito a aprender ainda e não me acho referência. Se sou e é para iluminar, fico muito feliz e honrado! Prolongar isso através dos tempos só me prova mais uma vez que muito pode ser atemporal nessa vida, só basta a gente manifestar a tudo dessa forma. • O skate brasileiro é de fato respeitado lá nos EUA? Apesar de sermos o segundo maior polo industrial no mundo? (Rome Elton Vieira Silva, Engenheiro Caldas/MG) – Sim o skate brasileiro lá fora é muito respeitado! Skatistas não são. Sempre ganhei menos que os gringos da minha equipe, discriminação mesmo, falando sério! E em relação a ser segundo polo industrial, tudo que tenho a dizer é que os gringos tão aqui e se a gente não abrir os olhos, nossos filhos e netos vão comer nas mãos deles e o mercado brasileiro pode diminuir de forma demasiada. Dedos cruzados e trabalho duro, para que nossa terra ainda seja nossa no futuro! Abração. • Nilton Neves, cara, o que te move, o que te faz ser esse ser incrível, sempre inovando e nos surpreendendo? (André Henrique da Silva, São Paulo/SP) – André, da hora essa pergunta! O que me faz ser esse ser incrível, meu irmão, é você… seus olhos... sua consciência! E o que me move é YHWH. Abraço no coração! Mais no www.triboskate.com.br

Próximo enfocado: WilliAn seCo envie suas Perguntas Para: triboskAte@ymAil.Com com o tema linhA vermelhA – WilliAn seCo coloque nome comPleto, cidade e estado Para concorrer ao Produto oferecido Pelo Profissional.

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nilton neVes

niltOn neves

Nilton construiu sozinho seu canto de skate, em sua casa, em San Diego. Com as próprias mãos, foi transformando aos poucos o ambiente em seu templo. Autor e personagem fundidos no mesmo fs smith, pois ele mesmo clicou sua foto, com o disparador na mão.


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René JR

vinicius santos // entrevista am

ElE nascEu na matErnidadE do Hospital Vila iolanda, no bairro dE GuaianazEs, mas podEmos dizEr quE ElE VEio ao mundo do skatE quando comEçou a andar na Extinta pista da plasma, também Em são paulo. E HojE com apEnas 20 anos, dos quais 12 EstEVE Em cima do carrinHo, Vinicius dEsponta como um dos mais ExprEssiVos rEprEsEntantEs da noVa GEração do skatE dE rua brasilEiro. técnica apurada, HabilidadE ElEVada, uma diVErsidadE dE manobras atuais E quE dão nó nas pErnas são alGumas das ExprEssõEs quE ouVimos quando falamos do skatista. E ElE também cHama a atEnção quando não Está manobrando, isso porquE com Vinicius santos as coisas são fEitas sEmprE do jEito dElE! // Por Junior Lemos

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GuilheRme Puff

Flip crooked em Campinas.

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vinicius santos // entrevista am

A Plasma serviu de escola não só pra você, mas também pra uma leva de skatistas e alguns deles estão em destaque hoje, como você e a Leticia Bufoni. Andei muito tempo com a Leticia no começo, ela aprendeu umas tricks junto comigo. Eu passava umas bases pra ela, a gente viajava juntos pros campeonatos, ia com o pai dela, que era mil grau, às vezes ia a família toda. Mas depois da terceira vez que ela foi pra gringa, perdemos o contato, até mesmo na internet; nunca mais nos falamos! Quem mais você lembra que era da época de Plasma e está aí na pegada até hoje? Kaue Cossa, que hoje em dia está na mesma marca que eu e temos uma ligação forte de amizade; o Tiago Lemos também é parceiro dessa época e está aí forte no game, inovando sempre com seu estilo único. Da Plasma mesmo, que eu me lembre, era o Felipe Gustavo, que é inspiração pra mim e hoje é uns dos principais nomes no skate internacional; o Diego oliveira também continua no corre, colocando pra baixo nos corrimãos de rua. Tem vários outros também; nesse momento fica difícil lembrar de todos.

Vinicius BRanca

V

ocê começou bem cedo no skate, sofreu muitas brincadeiras de mau gosto com os mais velhos? Qual a pior situação, neste sentido, que já rolou com você? (risos) Sim! Tem várias histórias, mas a que marcou foi uma no busão do Jackson Kleber com vários profissionais da atualidade que faziam parte da Equipe Caveira. Essa vez foi quando a gente foi correr um campeonato em Peruíbe, SP. Fui de boa no busão dos caras, tava lá tranquilo quase dormindo, quando me chamaram: “Vinicius, comparecer no fundão”. Eu, com medo, fui pra não ser pior! Cheguei no fundo, eles me pegaram, me deixaram pelado e deram vários tapas na minha bunda, enquanto eu passava pelo corredor. Depois de uns 10 minutos com os caras me batendo, quem me salvou foi o parceiro e profissional renato Lopes, o ratinho. Ele me levou para o primeiro banco do ônibus e falou pra me deixarem em paz. Ele já estava com dó de mim! (risos) Nessa trip estavam Carlos Yellow, Mistão, Diego oliveira, Victor Pulga, Diego Fiorese, Leandro Chico e vários outros que não me recordo. Só bonzinhos! Quando cheguei no campeonato, a mãe do Thaynan Costa cuidou da minha poupança.

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Você já levou vários eventos importantes. Qual deles foi o principal pra você, a moto de campeão paulista em 2010? Não, o maior prêmio foram os r$ 6 mil do Converse My Square. Você tinha que escolher uma das praças e fazer um vídeo de 3 minutos com um maker, isso em 10 dias. Eu escolhi a Praça de Itaquera, por ser perto de casa, mas choveu dois dias, então andei em apenas oito. Mesmo assim consegui fazer dentro do prazo, junto com o rodrigo de Andrade (Bocão), que é maker e skatista. Meu parceiro Glauber Marques tam-

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bém fez o vídeo no mesmo ritmo, junto comigo e o Bocão; ele ficou em terceiro lugar. Fez o que com a grana, tirando a cotinha que foi pra ganja? Uma parte foi pro videomaker, outra eu usei pra viajar pra Barcelona com a ajuda do profissional e amigo Bruno Aguero, que parcelou no cartão o total das passagens e eu paguei assim que voltei, ao ganhar um outro evento. Eu não tinha condições de pagar as passagens, mas Deus encaminhou tudo certinho e as coisas foram dando certo! Uma


Vinícius BRanca

vinicius santos // entrevista am

Switch bs tailslide na Praça de Itaquera.

outra parte do prêmio do My Square eu deixei com minha mãe, de presente, e o resto eu comprei umas paradas pra mim, porque na época estava sem patrocínio. o que rolou quando você foi pra Barça na primeira vez com o sandro sobral? Foi quando eu tinha uns 13 anos de idade, acho que em 2007. Na época estava rolando uma briga entre Espanha e Brasil; estavam barrando uma parte das pessoas de cada avião, pelo menos umas 10 de

cada vôo ficavam na imigração espanhola em Madrid, aleatoriamente. Acabamos dando este azar, porque estava tudo certo: autorização dos meus pais para o Sandro cuidar de mim durante os dois meses que a gente iria ficar por lá, uma boa quantia em dinheiro e mesmo assim tivemos que voltar. Foi triste porque, além de perdermos o dinheiro da passagem, ficamos seis dias presos e quando voltamos para o Brasil, fomos escoltados até o avião dentro do carro da polícia; foi coisa de filme. 2014/setembro TRIBO SKATE | 43


RenĂŠ JR

Nosegrind arrancando, Rio de Janeiro.

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VinĂ­cius BRanca

vinicius santos // entrevista am

Fs heelflip em SP.

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Fakie flip na Roosevelt, em SP.

Quantas vezes você foi pra Gringa depois deste perreio? Já fui três vezes pra Europa: essa vez do pesadelo, a segunda com a ajuda do Aguero e a última foi ano passado, quando fui pra França conhecer e filmar para meu patrocínio atual, a Blaze Supply, porque lá é a sede da empresa. Nessa vez eu também fui pra Suiça; fiquei na casa do Tristan Zumbach, filmaker da Cesar Prod. Em breve lançaremos uma parte minha no próximo filme dele, o Mad City.

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o Tristan é um puta profissional no que faz, ele puxa o nível do skatista ao extremo quando está filmando. Como foi pra você lidar com um cara exigente como ele? Então, o Tristan é um cara que me dá vários conselhos, no skate e na vida. Sim, ele é um cara frio, mas se você está andando em pico de homem ele vai te incentivar ao acerto; exigente acho que sou eu mesmo. (risos)


Vinícius BRanca

vinicius santos // entrevista am

Você está no corre pra se profissionalizar? Sim, mas antes disso ainda vão sair duas partes minhas como amador e, se Deus quiser, vai sair a minha primeira como profissional quando estiver lançando meu pro model de shape. o que imagina que mudará na sua vida quando isso acontecer?

Eu acho que não vai mudar muita coisa porque é Brasil. Vai ser mesmo uma satisfação própria, porque espero um model de shape gringo, de uma marca francesa e que reconhece meu trampo. Isso já vai valer toda minha caminhada no skateboard. Satisfação pessoal, essa seria a palavra exata!

// ViniCius sAnTos 20 ANoS, 12 DE SKATE São PAULo, SP PATroCíNIoS: BLAZE SUPPLY E MUrK. Co. APoIo: CrAIL

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vídeo // rio de janeiro

POR Pirikito Sem ASA // FOTOS Pedro mAcedo

A

o ver o vídeo que o Pedro Macedo “Orelha” fez, uma das primeiras coisas que me veio à mente foi que a Embratur e/ou a Setur o deveriam usar como material de divuldivul gação, pois esta produção está recheada de lindas imagens da cidade e do estado do Rio de Janeiro. Mas como o nome desta revista é Tribo Skate e não Tribo Viagens, voltemos ao que interessa por aqui. Já fazia uns quantos pares de anos que não saía um vídeo de skate carioca tão bacana como este. Com skatistas de todas as idades, sexos, estilos, regiões, classes sociais e demais classificações que o IBGE daria a este projeto, o qual levou quase três anos para ficar pronto. Agora se você é um daqueles chatos de plantão, por favor, pare de ler agora mesmo esta introdução e vá reclamar da vida. Pois fique sabendo de antemão que nesta obra há, sim, manobras repetidas, os mesmos picos aparecem direto, algumas músicas já foram usadas em um ou outro vídeo/trailer e uns quantos clichês normais de películas skatísticas. Mas, como vivo dizendo por aí, “viva as diferenças e opiniões contrárias!” Só que, euzinho aqui, comecei a andar de skate pelo simples motivo de que no skateboard não há regras/parâmetros e imposições, então espero/quero que o skate seja o máximo possível igual à Internet: livre, leve e solto. Já que a cena do Rio de Janeiro é foda, o DO RIO é irado e ter conseguido filmar uma parte do Lucas Diniz “Cofrinho” é um milagre. // Humberto Peres “O Orelha é criterioso, caprichoso e sempre em constante evolução. Estas são algumas das características que compõem este grande fotógrafo e videomaker que ele é, mas além disso tem todo o carisma e identidade em seus trabalhos, que fazem toda a diferença, tanto para o skatista, quanto para a vibe da sessão e principalmente no resultado final. Como exemplo disto, podemos ver este belo trabalho em conjunto com grandes amigos, nomeado de “DO RIO”, o qual não se limitou ao vídeo, assim como nos rendeu belas fotografias. Como muitos, anseio em vê-lo concluído e estarmos aptos para seguir com outros projetos. Acredito também que o vídeo possa ser uma grande vitrine para o Rio de Janeiro. Na cena de skate que existe, melhor, sempre existiu por aqui, para ver se o mercado vai respeitar ou não, é uma decisão apenas “dele” (o mercado). O que é certo e notável, é que fazemos acontecer e não nos importa as

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O “big four” do Recreio dos Bandeirantes é um pico inamistoso, que machuca os incautos e glorifica os mais habilidosos. O no comply do Yan Felipe é assustador. Um grau a mais na história do Recreio.


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vídeo // rio de janeiro circunstâncias! E, quanto a respeito familiar, sempre o tive e pode ter certeza que eles fazem parte também desta conquista. Obrigado Pedro!” // Yan Felipe “Não houve um convite formal para participar do DO RIO. Já andávamos juntos e produzíamos material sem intuito algum e quando começamos a filmar, foi apenas para provar o acerto das manobras as quais fazíamos as fotos. Ao longo de um ano, vimos que tínhamos material para lançar um simples vídeo, não só com imagens minhas, mas com outras manobras de uma galera que estava sempre rendendo conosco. Incluindo os moleques que têm a parte deles com as meninas. Só que ao vermos isso, pensamos melhor e decidimos fazer um vídeo completo, com uma boa qualidade de imagem e manobras de maior destaque. Isso fez com que filmássemos por mais um ano e quando nos demos conta, já havia passado três anos, totalmente empenhados em filmar para este projeto. Então tudo aconteceu naturalmente e como já estávamos sempre juntos em diversas sessões, só continuei gravando junto ao Pedro, para poder fazer a minha vídeo parte. Eu sou meio que viciado em vídeos de skate e um que eu curto muito em assistir e me inspirou foi o “No Complies & Wallrides+Shuvits” da Polar Skate Co., marca do skatista profissional sueco Pontus Alv.” // Pedro Henrique “Nem” “O backside blunt no cano da Estação Saens Peña, no bairro da Tijuca, me custou bastante para acertá-lo, pelo fato de eu ter demorado muito para voltar a manobra e a luz ter acabado. Eu gostaria de ter mandado muitas outras manobras e a que me deixou com mais vontade foi o backside 360 flip na escada de oito degraus da Praça XV de Novembro. Só que não rolou por causa do prazo estourado (igual esta matéria, assinado: O SEM ASA). Não há uma parte que eu tenha gostado mais. Todas elas estão muito boas, porque cada um tem o seu diferencial de manobras e estilo. Porém, pelo esforço empregado durante as gravações, o Lucas Diniz “Cofrinho” me chamou mais a atenção.” // Lucas Diniz “Cofrinho” “Gostei de filmar em Niterói, minha cidade natal (e atual CAPITAL DO MUNDO, diga-se de passagem, assinado: O SEM ASA). Porque tinha uns picos que eu sempre queria andar, mas nunca tinha a coragem e alguns outros que ninguém tinha andado antes, fazendo com que eu ficasse mais feliz ainda. Sonho em filmar na Argentina e em Barcelona, porque vejo muitas imagens desses lugares e fico na curiosidade de conhecer. Não tem nada que eu mudaria no produto final, porque eu

Um verdadeiro passeio de costas para a parede. Alguém precisa de tradução para o feito do Humberto Peres? Bs wallride monstro.

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vídeo // rio de janeiro sei o quanto é difícil fazer um vídeo e não tivemos muitas oportunidades de gravar direto. Fora isto, outras coisas boas renderam, não só no skate, como o fortalecimento da nossa amizade com todos os participantes; foi um grande trabalho em grupo.” // Entrevista com o Pedro Macedo Por que fazer um vídeo de skateboard deste tamanho, já que os Sem Parar da vida e outras coisas que você vem fazendo, estão dando certo? Quanto você gastou mais ou menos em dinheiro e tempo (tanto de filmagem como de edição) nesta produção? Não faço a menor ideia. Na real, nunca levei dessa forma, como um gasto. Sempre fotografei e comecei a filmar sem interesse em ganhar dinheiro, apenas por realmente gostar da parada. Com isso nunca senti a dor do bolso, mas se bem que nestes últimos três anos de correria, talvez daria para ter dado entrada em uma casa própria (risos). o que você mais gosta de fazer hoje em dia, filmar, fotografar ou andar? Fotografar e andar de skate é bom pra baralho. Filmar já considero meio chato e consome muito; o interessante mesmo do vídeo é a edição, quase que um videogame (risos). como anda a sua carreira de skatista amador, pois o vídeo teve ter consumido bastante, né? Fora que você mora com a sua namorada e é gerente de uma skateshop. O vídeo consumiu muito, no geral. Não que tenha sido ruim, foi a melhor coisa que já fiz até hoje (risos). Só que

o meu skate deixou de ser prioridade, os domingos de folga com a minha mulher diminuíram. De certa forma deu para conciliar bem todos os compromissos. Meu trabalho e a Clissa Raiany sempre entenderam a importância deste projeto para mim. Enfim, pode-se dizer que depois do dia 13/09 estarei de férias, depois de três anos. Por que o nome do rio? O propósito do nome do vídeo é mostrar o cenário de skateboard do Rio de Janeiro. Que uma pessoa que mora no Acre, em Porto Alegre, Colômbia ou em qualquer outro lugar distante, possa identificar e conhecer como é o skate da nossa cidade. Achei o título objetivo para o que estamos querendo oferecer. Para quantas cidades você foi filmar este vídeo? Para quais você foi de moto? Caramba, difícil dizer. Algumas cidades do Sul Fluminense, Região dos Lagos, quase todas as cidades por lá; Grande Rio e até mesmo em outros estados. De moto já fui para quase todas essas aí. Não sou nenhum Raphael Felipe “Índio” ou Cauã Csik “Sangue de Húngaro” (mais viajantes de moto do que eu), mas rodei uns quantos quilômetros por aí também (risos). o que você aprendeu filmando este vídeo? Seria muito bonito dizer como foi bom parar e prestar mais atenção de como a nossa cidade é realmente bonita, mas percebi mais o quanto o Rio é diferente de lugar para lugar. Como os picos são sempre fundo adentro da cidade, percebemos com mais força que nem tudo é tão bonitinho assim. O Rio não é só o Pão de Açúcar. Quem

Mudanças de planos passam por canos metálicos. João Vitor, over crooks na ponta do calcanhar. Situação bem Rio de Janeiro.

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Uma das mais antigas pistas do Brasa, no bairro de Campo Grande, usada no seu extremo por Raphael Índio. Blunt to fakie.

é skatista do Rio de Janeiro, geralmente são todos amigos, todos se conhecem e andam juntos. Não é diferente no meu caso, mas depois do processo do vídeo, evoluímos muito essa relação de amizade. Hoje em dia o Humberto Peres vem para o Rio para só curtirmos, andarmos de skate, apenas. O Yan Felipe até trabalha comigo, dorme na minha casa e o engraçado que esses caras se tornaram os skatistas que menos me ligaram e me chamaram para render; ao contrário, entravam em contato para sairmos, trocar umas ideias, ir ao cinema. Foi maneiro para caramba. Até aprontaram uma festa surpresa de aniversário para mim; saía gente até de baixo da pia da cozinha (risos). Para que levar os moleques no quarter que tem em Vila isabel? Ô pico ruim! O mutante do Lucas Diniz “Cofrinho”, além de ser um monstro na rua, sempre andou muito bem em transição. Ele queria filmar algumas coisas em rampa, então escolhemos algumas difíceis. Essa de Vila Isabel é pequena, mas é uma das mais cabulosas. músicas já usadas em outros vídeos/trailers, picos que já apareceram em inúmeros outros vídeos, manobras já mandadas nos mesmos picos, clichês de vídeos de skate em geral. o que tem a dizer a respeito disto tudo do seu vídeo? Não estamos preocupados se já mandaram a manobra no pico. Somos outras pessoas, pensamos de uma forma totalmente diferente de quem faz o mesmo corre que a gente. Já que estamos falando de manobras, tem algumas que realmente são repetidas, mas a maioria foram as mais difíceis mandadas nos picos. E para quem pensa que manobras não podem ser tentadas por pessoas diferentes, vai rolar sangue para mandar inéditas em alguns lugares (risos). Música, se alguma já foi usada, realmente não sabia; achei apenas que tivesse a ver com o estilo de filmar/editar e dos candangos participantes. Fico feliz no geral, sinal de que alguém gostou e coincidiu com o skate também; maneirão! Picos, não tem como não andar em picos conhecidos hoje, né? Ainda mais em um vídeo de 40 minutos (risos)! Acredito que muita gente vai pedir endereços de picos que descobrimos, muita coisa escondida por aí. o que os skatistas que têm parte neste vídeo têm em comum? Fora o fato de que todos são muito bons, empenhados, mas que não tiveram oportunidades suficientes de mostrar o seu nível de skate, queria mostrar o melhor possível

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do território do Rio de Janeiro; então pensei em pessoas que representassem regiões distintas da cidade, para não ficar “local” demais. Quem ficou de fora e por qual motivo? Quem você queria na parada e não rolou e por quê? Alguns amigos acabaram não tendo tempo suficiente para finalizar com a gente; os meninos estão crescendo e as obrigações os estão comprometendo (risos). Só que estarão de qualquer forma no vídeo, só não com partes principais. No vídeo tem imagens de quais outros videomakers e países? Tem, é claro! A União não faz só açúcar, né (risos)? Quem me ajudou bastante, foi o meu grande amigo Rodrigo Porogo Santos; esse é correria pura! Francisco Guimarães me enviou as últimas imagens do Gabriel “Bila” para por no vídeo. Pedro Dylon, que fez os registros do Humberto Peres, Yan Felipe e Willian “Pequeno” pela Europa; só imagens muito bem trabalhadas, até os frames de Time Lapse (risos). Por que a parte das meninas? Só por que a sua namorada anda? o quanto que ela influenciou nesta parte? como ela ajudou no geral com este vídeo? Tive a ideia de abrir o espaço depois de perceber como elas também gostariam de participar do projeto e como são importantes no nosso skate carioca de todo dia. Acho que a maior influência para resolvermos filmar as meninas veio realmente da Clissa Raiany e da Mimi Nascimento; elas são incríveis, inteligentes, fotografam bem. Em breve vocês ouvirão com frequência estes nomes também. Ademais, a Clissa Raiany foi a maior parceira de todos nós; pode-se perceber durante o vídeo. Os outros ângulos são quase sempre filmados por ela. Aquele nollie flip monstro do Felipe Felix na escada debaixo da Linha Amarela, que imagem perfeita que ela fez! Se jogar uma câmera nas mãos dela, terá fotografias e vídeos feitos com um olhar clínico. Inteligentes, fotografam bem. Em breve vocês ouvirão com frequência estes nomes também. e sobre a molecada? Eu, de um certo tempo para cá, não tive muito tempo para filmar por causa do trabalho e nossos horários não batiam sempre para filmar as meninas; acabou que não tínhamos imagens suficientes para uma parte inteira. Como tinha imagens transbordando nas duas partes de amigos e muitos moleques novos, resolvi tirá-los dos amigos e fazer uma parte conjunta com as meninas; assim acaba dando uma ênfase para essa nova geração, que está chegando também. Quantas vezes você atrasou o lançamento deste vídeo e por que na grande maioria das vezes? Atrasei por achar que já tinha o suficiente e me empolgar e na edição perceber que faltava muita

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Não contente em encaixar o tail no wallride da pista do Flamengo, Lucas “Cofrinho” Diniz, manda pra baixo de ré. Blunt grab to fakie.


rio de janeiro // vĂ­deo

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rio de janeiro // vídeo

coisa. Na real ainda falta, mas aprendi também que sempre queremos filmar algo há mais e melhor; se pensar sempre dessa forma nunca lançaremos vídeo nenhum. Skatista é foda, não se contenta (risos). Por que a parte aonde você anda junto com o Lorran Freitas “Sujinho” e o Pedro Henrique “Nem”, é a que mais me lembra os Sem Parar da vida? Ah, é? Não sei, mas fico feliz. Não sabia que o Sem Parar fosse um vídeo legal ao ponto de lembrar e ser similar com a nossa parte (risos). Vem cá, a tAm pagou alguma coisa para aparecer no vídeo? toda hora que aparece um avião, a maioria é dela, hein?! Acho que a TAM está se tornando um monopólio aqui no Rio de Janeiro; todas as vezes que filmava algo relacionado a avião, aparecia a porra da TAM. No mínimo, seis passagens para Barcelona agora, né? (risos) Quão difícil foi filmar o Lucas diniz “cofrinho”? Cofrinho é foda. Acho que até a mãe dele tem dificuldades de vê-lo. A pessoa que menos filmei durante esses longos três anos foi ele. Só que todas as manobras que filmamos, ele acertava no mesmo dia e sem dificuldades. Eu escrevi T.O.D.A.S.! Por que ele não está no mundo vivendo do skate, ainda?

No “purgatório da beleza e do caos” anda-se de skate nas ruas à noite. Pedro Henrique “Nem”, bs smith.

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Brian Fick

Fs ollie one foot na casa do Evandro Mancha, em Vista/CA.

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Guto Lamera

ítalo penarrubia // entrevista pro

O dOm das

TalenTo, o, palavra de origem la laTina, laT ina, é a inclinação na naTural naT ural de uma pessoa a realizar deTerminada erminada aTividade. aTividade. um ima pulso pro sucesso. ÍTalo T Talo penarrubia logo se desTacou Tacou na escola das Transições do abc paulisTa, T p paulis Ta, região com his T his-Tórico forTe de pisTas Tas de concreTo, T concreTo, mas T Também de half pipes de madeira. foi num deles que o adolescenTe de são bernardo do campo desTilou seus hormônios de crescimenTo, andando muiTo de skaTe: o da loja TenT beach, há quaTro anos baTizado de urgh verT house, em sanTo andré. na cidade que sua famÍlia adoTou pra viver, ÍTalo descobriu sua paixão pelo skaTe e desenvolveu uma carreira sólida como amador, aTé aTingir o ápice de ser campeão desTa caTegoria nos xgames de los angeles. um passo largo para o profissionalismo, que ele mergulhou com vonTade ao ponTo máximo de dominar as enormes dimensões da megarrampa. para se sobressair no cenário alTamenTe Técnico que se Tornou o skaTe verTical da aTualidade, ÍTalo aprimora seu fooTwork em pequenas e médias rampas, junTando flips com blunTs com flips, com shoviTs, manobras de giros, esTilos e conTorções com ou sem grabs. aos 23 anos, o cara Tem muiTa energia pra imprimir ao seu skaTe, sempre esTendendo seus ollies ao máximo, no absoluTo conTrole da velocidade com o skaTe grudado em seus pés. ele Tem o dom. por Cesar Gyrão // foTos Brian FiCk, Guto Lamera, andré maGarão 2014/setembro TRIBO SKATE | 59


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andré maGarão

ítalo penarrubia // entrevista pro

v

ocê acabou de correr a primeira etapa do Circuito Brasileiro de Vertical em Fortaleza, com dores nas costelas pelo tombo da semana anterior na piscina natural de Caçapava. no meio da semana já estava na session de inauguração da Cave Pool, em são Paulo. um dia você tá andando no rG skatepark, em atibaia, outro está viajando pra treinar na mega do Bob, na Califa. o que tem feito pra enfrentar toda esta correria? Essa é minha vida, correndo atrás do que eu gosto de fazer. Meus dias são focados para o skate, tenho prazer em participar de tudo. O problema é quando me machuco e fico limitado a andar, isso me incomoda muito. Mas esse é meu estilo de jogar pra baixo e já era: se der deu, se não der a gente tenta de novo (se der). (risos) Você está iniciando as ações de divulgação de seus pro models de tênis e rodas, recentemente lançados. Como estão os produtos? Quais são as ideias pra marcar os lançamentos? Os produtos foram testados durante minha tour pela Califórnia, na Mega, nos bowls, cimento e etc. Estão super aprovados. Produzi um vídeo dessa tour para o lançamento, que será no dia 20 de setembro na pista onde comecei a andar, em Santo André, na loja Tent Beach. Você segue um roteiro, um planejamento das viagens e trabalhos desde o início do ano? Circuito mundial WCs, dew tour, Circuito Brasileiro, eventos de megarrampa? Costumo seguir o roteiro de eventos confirmados, mas outros aparecem no decorrer do ano. Ainda não corri o Dew Tour, mas estou agilizando para entrar no ano que vem. Com tanto trabalho andando de skate, você acabou fechando sua loja em santo andré. a Peñarrubia skate shop durou quanto tempo? alguma chance de voltar? Não sobrava tempo para me dedicar à loja, ela durou só um ano. Pretendo reabrir logo mais com uma pista boa, para virar um point pra galera e mais uma pista pra eu andar (risos).

A rampa, que era um sonho do Evandro Menezes, virou parada obrigatória para os brasileiros e para os gringos.As sessions lá são muito boas e a rampa também. Clima de piscina no bowl do Arpoador, Rio. Judo air.

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São poucas as chances de andar na Mega do Bob, também em Vista. Por isso mesmo Italo aproveita ao máximo cada minuto. Nosegrind.

Brian Fick

Brian Fick

ítalo penarrubia // entrevista pro

Segredos de ollies. Bs, no Mancha.

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Guto Lamera

Você faz parte de uma geração de skatistas brasileiros com carreira internacional, apesar de viver no Brasil e ter patrocínio de uma marca nacional, a urgh. Você sabe que nos anos 80 o skate brasileiro era tirado por causa da pirataria de marcas americanas. Por mais que os brasileiros sejam considerados, você ainda percebe alguma reação ruim dos gringos na disputa por espaço? Sim, a nossa força de vontade é alta e mesmo sem muitas pistas para treinar sempre conseguimos nos sobressair em campeonatos. Precisamos dar o máximo para conseguir estar entre eles. o relançamento dos clássicos da urgh com a presença do Jorge kuge, o criador da marca, tem movimentado algumas lojas e picos do Brasil. Com 51 anos de idade ele é muito skatista. Como é andar com o Jorge? anda direto com ele? Tô sempre com ele, conheço toda a sua história e é um prazer ser patrocinado pela Urgh. O Jorge movimentou muito o skate no Brasil; devemos muito a ele e a essa marca. e as barcas com o Gian (naccarato), o (Fabio) Castilho, o mario Hermani, o igor smith, o robson sakamoto? Você incorpora o papel de streeteiro nas demos? Eu tento, mas o papel de streeteiro fica com eles. Faço parte de uma equipe muito style e é sempre bom quando estou com os caras, pois me instiga mais ainda andar de street. Nas semanas, pelo menos uma vez, gosto de andar de street, isso ajuda muito no meu skate. Já viajou com o Per Canguru? o freestyle inspira você a criar novas tricks nas transições? Sim, já viajei. Sempre que temos eventos da Urgh nos reunimos e cada um tenta fazer um pouco a modalidade do outro. Já mandei umas manobras de freestyle em mini ramps.

Na Megarrampa tem a ajuda do vento contra que segura o skate, mas no vertical tem que ter total controle do ollie, fazer o movimento lento. Por isso que tento andar sempre em todas as modalidades, pois uma puxa a outra. 64 | TRIBO SKATE setembro/2014

Andar nos ditches californianos tem suas doses de prazer e dor. Ollie do cano pra transição, com o cotovelo em chamas.


Ă­talo penarrubia // entrevista pro

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andré maGarão

ítalo penarrubia // entrevista pro

Pra manter o rip de half pipe você anda direto na Vert House? Qual a sua frequência na rampa do rony (Gomes), em atibaia? Como são as melhores sessions? Minha semana é dividida em três modalidades: bowl, street e vert. Eu tento andar três vezes no vert, uma ou duas no street, uma ou duas no bowl. Graças ao Rony temos uma rampa de vertical no mesmo padrão de campeonatos; as melhores sessions rolam lá. o quintal do evandro mancha é parada obrigatória nas suas idas para os eua, além dos domínios do Bob (Burnquist). Você fica sempre com a comunidade brasileira na Califórnia? os brothers gringos aparecem nas sessions? Sim, sempre estamos juntos. A rampa, que era um sonho do Evandro Menezes, virou parada obrigatória para os brasileiros e para os gringos. As sessions lá são muito boas e a rampa também. Sempre que estou por lá fico na casa do Bob, onde tem um bowl, uma Mega e ao lado a rampa do Mancha; fora os milhares de skateparks que têm e estão surgindo. É sempre muito produtivo estar por lá. além do Bob, você foi o único que usou o corrimão na lateral do quarterzão da mega dele. Brincou sem equipamento subindo de flip, mas não deixou de usar (equipamento) pra cravar seu crookão. Quanto tempo em média você se dedica para os treinos de mega num ano pra aprender coisas novas? Sempre que tem evento vou umas três semanas antes para treinar, mas a falta de uma Mega aqui nos limita muito. A modalidade Megarrampa é a que mais gosto; andaria todos os dias, se pudesse. O corrimão da lateral é bem perigoso, mas vendo o tiozinho andar, ajuda bastante a saber como fazer. Qual foi sua melhor experiência, seu melhor dia em piscinas? Foi nesse ano que comecei a conhecer as piscinas. Conheci uma pessoa na Califórnia que tem o contato de todas as pools e me empolguei bastante nas sessões, mas o melhor dia em piscinas foi aqui no Brasil, em uma encontrada no Clube de Caçapava, com todos meus amigos. recentemente o (edgard) Vovô liderou aquela parceria com a universidade metodista e a agência de preparação física em santo andré. Você participou do programa? Por que terminou? Participei sim, foi uma fase muito boa e importante para nós. Tínhamos acompanhemento físico, odontológico, psicológico e nutricional. Acabamos não renovando o contrato com a Metodista e hoje treino em uma academia em São Bernardo, chamada Octógono.

@italopenarrubia: segue lá, galeraaaa. Um furacão na arquitetura do banks da Praça Duó, no Rio. Hurricane.

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Guto Lamera

entrevista pro // ítalo penarrubia

Reproduções perfeitas de piscinas em skateparks, merecem tratamento adequado. Bs smith.

Você cresceu correndo os eventos do (Claudinei) Bio, o Circuito Brasileiro de Vertical amador. eram etapas na tent Beach, são Bernardo, Vert in roça… estes foram os grandes impulsos pra você vencer no amador dos XGames de 2010? Sem dúvidas, foram nesses eventos que comecei a me destacar e me preparar para os campeonatos internacionais, mas agora, como profissional, o mais legal é competir com meus ídolos. o seu ollie one foot na casa do mancha, que ganhou foto nesta entrevista, mostra a sua habilidade de levitar alto o skate sob controle. o seu bs ollie 360 no gap grande da mega é muito controlado. Qual é a manha para esticar os ollies? Chicletes na sola do tênis? Na Megarrampa tem a ajuda do vento contra

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que segura o skate, mas no vertical tem que ter total controle do ollie, fazer o movimento lento. Por isso que tento andar sempre em todas as modalidades, pois uma puxa a outra. O street dá muito controle do skate e, como eu e o Bob falamos, quando andamos de street ficamos com os pés moles, os flips e shovits saem com muito mais frequência. Para aprender e dominar manobras, você costuma estudar, pensar nelas antes? Você curte o atual formato de competições de half pipe nas 13 paredes? Gostaria de ter mais tempo pra mandar mais manobras? Hoje em dia estão usando 11 paredes, que eu acho suficiente pois aí é manobra atrás de manobra, sem tempo para respirar e pensar. Assim o nível do campeonato aumenta e fica mais bonito de se ver.

Com o crescimento das pistas de concreto no mundo, e novas opções de bowls e banks no Brasil, você pretende seguir também o roteiro das Concrete series, como o Pedro Barros, otavio (neto), Felipe Foguinho? Todos me falam para começar a competir em bowl pois agora estou me dedicando bastante em pistas de concreto. Para o próximo ano pretendo entrar nessas competições junto com o Pedro, Murilo, Otavio e Foguinho. A modalidade bowl é muito diferente do half pipe, mas se você tem o rolê de vertical, você se dá muito bem nela e sem dizer as milhares de linhas que o bowl te proporciona; acho muito divertido. o Brasil tem vários nomes na história do skate vertical, desde sérgio negão, Lincoln ueda, sandro dias, digo menezes, Bob Burn-


Guto Lamera

Bebendo nas melhores fontes, se encontra o caminho. Crooked inspirado pelo Bob, na casa do pr贸prio.

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no corpo quando você se ejeta de uma situação de risco. Como você encara os tombos e administra o tempo de recuperação? Nem sempre consigo respeitar o tempo total de recuperação; quando sinto que já consigo andar, já era, me recupero andando. Já competi com 25 pontos no cotovelo, já me machuquei muito. Mas o que eu sempre digo pra quem está começando é que o mais importante é aprender a cair, pois assim você ameniza as lesões. Você se alimenta bem? Faz parte do clube dos que toma vitaminas e suplementos alimentares para melhorar o rendimento? Procuro sempre me alimentar bem, pois a alimentação é a energia pra sessão e quanto mais energia melhor. Quando eu começo a andar de

skate eu não quero mais parar, então procuro me alimentar bem para não ter que parar de andar por causa de fome (risos). Não tomo suplementos alimentares, mas às vezes costumo tomar maltodextrina antes, durante e depois das sessões. Hoje em dia além de andar bem de skate, você precisa mostrar o que está produzindo, com a maior frequência possível. onde você gosta mais de se expressar? no Facebook, no instagram ou no twitter? Tenho minha página no Face onde costumo colocar fotos, vídeos, picos novos, viagens e campeonatos que venho participando, mas uso bastante também o Instagram e o Twitter. @italopenarrubia: segue lá, galeraaaa (risos). Cada vez mais as crianças começam cedo no

Brian Fick

quist até você, rony Gomes, dan Cezar, marcelo Bastos… Quais são suas influências? Você costumava acompanhar as gerações anteriores nas revistas, vídeos e eventos? Sempre acompanhei e, hoje, poder disputar campeonatos, treinar e conviver com eles é um sonho realizado. Antigamente, olhava o pessoal voando nas rampas e ficava sem entender como e desejando muito fazer também; voltava para casa, olhava vídeos na internet, colocava em câmera lenta e falava: “um dia eu vou fazer isso, não é possível!” Hahaha... O bom do skate é que todos estão ali se divertindo e um ajudando o outro a acertar a manobra, dando dicas, dizendo o que está errado; então isso me ajudou muito no começo. skate é cruel. sempre tem aquela sacudida

Trajetória líquida de um channel flip sobre a madeira. Mais uma preciosidade da casa do Mancha.

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ítalo penarrubia // entrevista pro

e fazendo um street num pico como a av. Paulista. essa quebra de rotina é normal pra você? Gosto de andar de skate, não importa onde. Quando não estou treinando para campeonatos gosto de andar com meus amigos cada dia em um pico diferente. Pra finalizar, você começou a fazer paraquedismo? Sim, estou terminando meu curso. Entrei nessa pois eu queria muito entender o vento e brincar com uma adrenalina mais alta. Eu quis entender o vento por causa da Megarrampa e conhecer também as respostas do corpo, entre outras coisas, que poderiam me ajudar muito a me jogar mais na Mega, pois lá a gente voa mesmo (risos).

O skate é muito mais que um esporte, é uma arte. // ÍtaLo PenarruBia 23 ANOS, 10 DE SkATE SANTO ANDRÉ, SP PATROCíNIO: URGH

Guto Lamera

skate. Você começou com 10 anos, não tão cedo. o que fazia antes? Como foi a descoberta? Fiz todo tipo de esporte antes de me achar no skate. Natação, judô, tênis, futebol, instrumentos musicais… Sou hiperativo, mas nada me prendia, até o dia que comprei um skate em uma loja de departamento; comecei a andar na rua de casa, depois fui pra pista da Tent Beach; perto de onde eu morava e não parei mais. Hoje em dia a criançada começa com 8 anos de idade e com 15 já está dando trabalho para nós (hahaha). O skate está crescendo bastante e toda aquela imagem ruim que tinha ficou lá para trás. O skate é muito mais que um esporte, é uma arte. apesar de seu talento natural para as transições, você se diverte muito andando nas ruas

Andar de skate sobre a briza do entardecer e respirar a volta do bs nosepick é instigante.

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artigo // estigmas

(Mudança de visão do skate brasileiro) Por Cesar Gyrão // Fotos: Fellipe FranCisCo, MarCo Cruz, eduardo dias

o

s primeiros skatinhos aportaram no Brasil nos anos 1960, mas foi somente em meados dos 70 que surgiram as primeiras marcas nacionais. Apoiados por uma lei de patentes que dificultava a importação de marcas americanas, a indústria brasileira cresceu muito nos anos 80, criando marcas autênticas, mas também uma distorção que queimava o nosso filme no mundo: a pirataria de nomes, logos e produtos. No Mundial da Alemanha de 89, por exemplo, Lincoln Ueda chocava a todos com seu vertical, mas ele e outros brasileiros sofriam represálias por usar marcas não licenciadas em nosso país. Entramos nos 90 com este estigma, mas aos poucos fomos revertendo a situação com o surgimento de mais marcas nacionais autênticas, com as conquistas de skatistas brasileiros em eventos internacionais, abrindo portas para algumas das principais marcas do mundo, revistas e vídeos internacionais. Bob Burnquist, Carlos de Andrade, Digo Menezes, Rodil Ferrugem, Sandro Dias, Cris Mateus, Nilton Neves, Marcio Tarobinha e tantos outros foram marcando território, para que toda uma leva de brasileiros ganhasse espaço e passasse a fazer parte do skate global. Em 1998, no primeiro evento realmente internacional no Brasil, recebemos alguns dos principais profissionais do mundo em São Paulo. Mais pontos ganhos, mais consideração, ainda que algumas práticas nocivas como o contrabando, persistissem (como até hoje teimam em existir). No entanto, a moral do skate brasileiro é notoriamente diferente, com tantas e tantas conquistas ao longo destes anos. Entre elas, o filme Vidas Sobre Rodas, com depoimentos de personalidades como Tony Hawk e Lance Mountain, os vários skatistas e artistas, empresários e agentes que ampliaram o contato do Brasil com o mercado mundial. Eduardo Dias, o criador da Drop Dead, é um destes exemplos. Acompanhado por Marco Cruz, seu braço no marketing do grupo Drop Family, estiveram recentemente por um mês nos Estados Unidos, visitando parceiros na NHS e Pocket Pistols, por exemplo, além de dar um rolê em algumas pistas com brasileiros radicados na área. É fato que o mercado do skate no Brasil passou a ter um grande apelo para as marcas mundiais, principalmente pela crise dos bancos americanos em 2008. Na recessão, eles passaram a enxergar no Brasil um ótimo lugar pra crescer suas vendas. Mas, tudo isso não seria possível se o mercado brasileiro não tivesse se sustentado tantos anos com sua própria indústria, com o trabalho de toda uma geração para limpar a barra. Cada vez mais o mundo está interligado e o skate brasileiro tem outro respeito. O estigma do brasileiro mudou. nas suas primeiras viagens internacionais, qual era a imagem que os estrangeiros, principalmente os americanos, tinham do skate brasileiro? Eduardo: Em 93, quando fomos para o nosso primeiro Mundial na Alemanha, os americanos nem olhavam na nossa cara. Eles viam o potencial do nossos skatistas, mas ao mesmo tempo eram esnobes. Acredito que era justamente pela questão da pirataria das marcas americanas que eram produzidas por aqui, sem as devidas licenças. Marco: A primeira vez que saí do Brasil foi em 1993 para os eventos do circuito mundial na Europa. A gente era totalmente sem noção; ao menos eu era. Mas deixamos uma boa impressão andando muito bem de skate. Desde a primeira aparição de brasileiros na Europa, principalmente o quarto lugar do Ueda em Münster, os americanos jamais tinham visto uma galera andando tão bem e que não tivesse nascido na Terra do Tio Sam. “Quem são estes caras?”, perguntava Dave Duncan no microfone; afinal, não existiam vídeos brasileiros e a referência deles eram os vídeos deles ou a Thrasher. A minha geração batalhou muito Rolê tranquilo de Eduardo Dias na clássica piscina do Pink Motel. Bs carving.

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Fellipe Francisco

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para excluir as marcas copiadas do mercado e hoje fico feliz em saber que não tem nenhuma, ou quase nenhuma, trabalhando por aqui. Era impressionante nosso nível em cima do skate, mas as atitudes das pessoas que copiavam as marcas aqui nos anos 80, deixaram uma imagem ruim do skate brasileiro e por isso pagamos um preço alto por nossa inocência de mercado e por não saber lidar com as situações. Mas como lidar com um situação da qual você não tem culpa, mas está 100% envolvido? Esqueça tudo e ande bem de skate. nesta viagem, vocês visitaram algumas das marcas que representam no Brasil. especialmente estiveram com os criadores da santa Cruz. Como eles estão vendo o mercado brasileiro hoje em dia? Eduardo: Em especial o grupo NHS (entenda-se Santa Cruz, Independent Trucks, Mob, Ricta, Creature, OJ Wheels, Krux, Bullet, Road Rider…), que representamos já há alguns anos de forma correta no Brasil, eles estão bem empolgados com o nosso país. Acredito que pelo conjunto de ações que temos feito com as marcas aqui no mercado brasileiro, patrocinando skatistas profissionais e amadores, eventos, fazendo tours, realizando ações nas lojas ensinando e contando a história das marcas e também pelo crescimento que temos conseguido com esse trabalho. Hoje somos respeitados! Marco: Uma coisa é fato: todas as marcas americanas estão de olho no Brasil. Isso é papo corriqueiro nas rodinhas de conversa na Califa. A gente sempre é procurado para fazer a distribuição de outras marcas, graças ao trabalho junto a NHS, que tem sido uma parceria muito boa. A Drop Family casou muito bem com a ideologia de negócios deles, então a coisa ultrapassou os limites dos contratos e reuniões; virou uma amizade e assim conseguimos entender melhor o que é a empresa lá e trazer para o Brasil mais conhecimento e entendimento a respeito. Visitar o NHS Museum é voltar a ser criança. A gente pode ver como o skate nasceu realmente e quem eram as pessoas envolvidas nisso. O Rick Novac, Jim Phillips, Bob Denike e outros têm grande contribuição para o crescimento da indústria do skate no mundo. Quem criou a Indy, investiu na Thrasher e fez muito mais são esses caras e continuam por lá andando e fomentanto o skate todos os dias. Você vai pra lá e vê que ainda precisamos trabalhar muito para fazer o skate melhor no Brasil. Essa molecada precisa entender que não adianta entrar na internet, ver o vídeo da marca no site da Thrasher e sair comprando sem saber o estão fazendo no nosso país. Hoje é tão fácil a informação, mas todos insistem em comprar daqueles que menos investem no Brasil. Aqui no Brasil, marcas e empresas surgem todos os dias, isso sem contar as inúmeras empresas de fora do skate que estão tentando trazer marcas americanas para o Brasil. Esse assunto é bem complicado e nós skatistas precisamos levar uma mensagem para todos os praticantes: “Faça como nos EUA - marca sem equipe, que não investe no skate, não deve ser comprada nas lojas.” Essa é a nossa força! existe espaço para o crescimento das marcas brasileiras no mundo? Eduardo: Sim, acredito que sim. Nós inclusive já vendemos em vários países do mundo como Japão, Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai, Chile, mas desde a mudança na política cambial perdemos muito espaço; praticamente saímos do mapa. Para exportar precisamos de competitividade, câmbio estável e incentivo em pesquisa e tecnologia, diminuição da carga tributária, tudo o que hoje infelizmente não temos. Assim fica difícil ser competitivo, principalmente com as marcas americanas produzindo na China. Marco: Existe e eu falo isso por ouvir as sondagens de

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Fotos eduardo dias e Marco cruz

artigo // estigmas

Bob Denike, Richard Novak, Eduardo e Marquinho.

Eduardo e Barret “Chicken” Deck. Marco Cruz, bs layback em Carlsbad.


Skatepark de Oceanside. Marco Cruz, fs crailslide.

grandes empresas em relação a Drop Dead. Claro que isso tem muito a ver com o Pedro Barros, que anda para a marca desde os seus 2 anos de idade. Ele cresceu na Drop Dead, evoluiu e levou nosso shape pra lá; todos perguntam “que shape é esse que ele usa?” Deve ser muito forte para aguentar tanta pancada e pressão! Anos atrás, seria difícil ver um americano falando isso pelo orgulho e patriotismo característico deles. Mudamos isso com muito skate e queremos mais respeito por parte deles, exigindo que os licenciados ou distribuidores de marcas americanas no Brasil invistam no skate brasileiro. Veja a Girl e Chocolate, algumas das marcas mais legais do skate mundial, com equipes de peso e vendendo no Brasil há mais de 15 anos, mas nunca apoiando nada. Precisamos de conscientização de todos! Lojistas, skatistas e marcas. Somos uma engrenagem só. Eduardo, Marco, Jimbo Phillips e filho.

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casa nova //

Alexandre Grilo // Fotos DioGo GroselhA Quando você percebeu que o skate era algo especial para a sua vida? sempre gostei de skate. Comecei a andar com a galera punk do skate e conheci vários vídeos, depois a G7 Crew. Naturalmente comecei a gostar muito disso o que se tornou muito especial. Quais os canais nos quais divulga seu skate?@G7skateboard, Fb.com/ G7skateboard, 12mm.com.br, @instagruilo e Fb.com/alexandregriloskt. Faça um breve histórico de seus patrocinadores ou apoiadores. Já tive alguns apoios, mas nada demais, e hoje não tenho nenhum. Quem sempre ajuda mesmo é a família da rua! Qual é a sua contribuição para a evolução do skate na sua área? Não só na minha área, mas onde eu vou eu sempre estou de skate e sempre coloco pilha na galera pra andar, seja quem for, todo mundo tem que andar de skate! Quais seus terrenos favoritos? Gosto muito de andar na Praça 7, esse lugar tem um sentimento foda! Quais são as mídias especializadas que você acompanha? @G7skateboard, 12mm. com.br, thrashermagazine.com, theberrics. com, skatevideosite.com, cemporcentoskate. com.br e triboskate.com.br. se fosse pra escolher entre dez shapes de marfim nacional ou um de maple gringo, qual escolheria e por quê? Com certeza dez shapes vão valer muito mais que um. // Alexandre da Cunha Vaz 24 anos, 10 de skate Belo Horizonte, MG

Fakie flip.

Ande de skate por amor e dê valor aos seus chegados. 76 | TRIBO SKATE setembro/2014



casa nova //

Noseblunt.

eduardo Dias // Fotos João BrinhosA Quando você percebeu que o skate era algo especial para a sua vida? Logo no início, quando comecei a aprender as primeiras manobras, já não queria mais parar de andar, queria aprender mais e mais. E ali o skate já começou a fazer parte da minha vida e espero que nunca deixe de fazer! Quais os canais nos quais divulga seu skate? No youtube nos canais da Alfa skate e da De Lucca skate, também na minha page no Facebook (Eduardo Martins) e no meu Instagram (@eduardomartinsdias), onde procuro sempre postar novidades. Faça um breve histórico de seus patrocinadores ou apoiadores. A Alfa skateboards é uma marca que está procurando evoluir e levar junto consigo seus atletas, sempre promovendo viagens para filmar e divulgar o skate e a marca, fazendo com que o

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skate seja melhor visto pela sociedade. No início deste ano fomos para a Argentina, o que foi uma experiência de vida entre família. A de Lucca skate shop, é para mim uma das lojas que mais faz pelo skate na região sul de santa Catarina, porque diferente de muitas outras, não se preocupa apenas com seu ganho, mas sim com o ganho dos seus atletas, colaborando com custos em viagens e consultas médicas, entre outros gastos, promovendo demos e também sempre procurando novas parcerias para seu atletas. Meus apoiadores, não são menos importantes que meus patrocinadores, por muitas vezes eles que me motivam a seguir em frente. Como todos sabem, skate é um estilo de vida difícil; assim agradeço a minha família, em especial a minha namorada que sempre está na correria comigo. o que posso dizer a todos é: muito obrigado mesmo por acreditar no meu potencial! // eduardo Martins Dias 22 anos, 12 de skate Patrocínio: Alfa skateboard, De Lucca surf skate shop

Pedras vão rolar, kkk.



casa nova //

renan Zazula // Fotos ADriAno Kurosu Quando você percebeu que o skate era algo especial para a sua vida? Desde que comecei a andar já foi amor à primeira vista. Que meio você mais gosta de divulgar suas manobras: através de fotos e vídeos ou campeonatos? Fotos e vídeos. Quais os canais nos quais divulga seu skate? Facebook e Instagram. Faça um breve histórico de seus patrocinadores ou apoiadores. sempre tive apoio da minha família e amigos, e atualmente tenho o prazer em fazer parte da família Hordem Distribuidora, que é feita de skatista para skatista. Qual é a sua contribuição para a evolução do skate na sua área? Procuro mostrar que o mais importante é se divertir e que skate pode te proporcionar a conhecer muitos lugares, culturas e pessoas. Quais seus terrenos favoritos? skate em qualquer lugar, o importante é se divertir. Quais são as mídias especializadas que você acompanha? Revista e site tribo skate, também o Black Media. se fosse para escolher entre dez shapes de marfim nacional ou um de maple gringo, qual escolheria e por quê? Marfim nacional, porque acho importante valorizar produtos nacionais. // renan Zazula 25 anos, 14 de skate De Rolândia, PR, mora em são Paulo Patrocínio: Hordem Distribuidora

Skate por amor. 80 | TRIBO SKATE setembro/2014

Crooked.



casa nova //

Tail drop.

Vagner ramone // Fotos AllAn CArVAlho Quando você percebeu que o skate era algo especial para a sua vida? No momento em que tudo na minha cabeça girava em torno dele. Na rua olhava os picos pra andar de skate, na loja procurava uma roupa pra andar de skate, se gostasse de uma música, ela ia pra playlist da sessão. Quais os canais nos quais divulga seu skate? No Facebook e Youtube, pesquisar por Vagner Ramone, e no instagram entrei recentemente, @vagnerramone. Não tenho muitos curtidores por lá, mas já estou cuidando disso! Faça um breve histórico de seus patrocinadores ou apoiadores. Meus pais sempre compravam minhas peças, meu pai pagava as viagens pros campeonatos, inclusive até pros meus amigos. Meu pai que bancou

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minha viagem pra sP em que colei com o (Vanderley) Arame, o Bam (Allan Carvalho) e fiz a foto desse drop proibido. Em agosto de 2013 a tapajós skateshop começou a me dar um apoio com algumas peças e alguns descontos em produtos. Atualmente estou sem patrocínio, mas estou no corre de conseguir um. Qual é a sua contribuição para a evolução do skate na sua área? Estou entre os 10 skatistas ativos mais antigos da minha cidade e sempre procuro usar isso pra mostrar pra molecada nova que você não precisa de drogas e nem de coisas erradas pra ser considerado skatista. Procuro mostrar que o skate pode suprir qualquer necessidade de coisas erradas e que se for pra ser louco, que seja pulando uma escada ou descendo um corrimão. // Vagner Almeida sinimbú 21 anos, 9 de skate santarém, PA Apoio: tapajós skateshop

Com fé, esforço e persistência tudo se alcança!


Le Main

Próxima edição 228 os Poderes de Glauber marques


hot stuff // setembro

// oaKley A nova linha Signature Series foi inspirada e desenhada pelo legendário skatista Eric Koston, em parceria com a Oakley. E para complementar o lançamento, um paredão de 20 metros dentro do The Berrics recebeu pintura do artista e cineasta Geoff McFetridge. (11) 5189 4597 / oakley.com.br

// etnies O novo Etnies Marana combina força e estilo, caracterísicas principais do skate de Ryan Sheckler, que assina o modelo, afinal o calçado emprega toda a experiência do profissional em manobrar nos mais diversos picos de rua. brakmarcas@brakmarcas.com.br (11) 3032-3490 / 0800 777 3032

// Kohe A série Kohe Pro representa as ruas de SP uma vez que seu time é composto pelos que estão todos os dias desbravando os picos da selva de pedra. Marcelo Formiga, Fábio Cristiano, Maninho e Akira Shiroma são os elementos que assinam as rodas desta primeira leva de pro models, que também conta com a série Kohe. comercial@kohe.com.br / kohe.com.br

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Wander Willian

áudio // hc

A máquinA AssAssinA de fAzer músicA eles dispensAm ApresentAção. são 30 Anos de estrAdA, 15 álbuns lAnçAdos, dVds, inúmerAs tours europeiAs, enfim, umA VerdAdeirA instituição do bArulho nAcionAl! colei nA cAsA do Gordo e troquei umA ideiA com ele prA sAber o que tá rolAndo com os pioneiros do hArdcore/crossoVer brAsileiro: o poderoso rAtos de porão! // POR HelinHo Suzuki

d

epois de um hiato de oito anos sem gravar um full, vocês lançaram recentemente o “Século Sinistro”. Por que demoraram tanto? O disco foi composto nesse meio tempo? É difícil de se reunir, né Helinho? Cada um com seus afazeres, tá ligado? Eu com família, o Jão com família, o Boka com família e morando em Santos, o Jão tá lá na zona sul. Quando você fica velho, parece que o tempo passa mais rápido (risos)... A gente já tá em agosto. Então passaram oito anos e a gente nem viu, cara. Daí, sem estúdio para ensaiar, a gente dependendo de um deixar a gente ensaiar, foi então que o Rock Together cedeu espaço para nós. Nesse meio tempo, a gente lançou o split com o Looking for an Answer; lançamos o DVD Guidable; tocamos pra caralho. A gente nunca parou; fizemos altos rolês na Europa, então a banda manteve-se ativa; mas chega uma hora que tem que fazer, né? Fã começa a pedir e o split meio que quebrou o processo, porque a gente tem duas frentes de composição: eu e o Jão, que sempre compomos juntos e o Boka e o Juninho. Uma vez fui lá pra Santos compor com os caras e tomei cinco multas, a minha

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carteira foi suspensa, tá ligado? Daí o Boka e o Juninho com um monte de música e o Jão e eu só com duas (risos)! Daí eu pensei: “Porra meu, esse disco não pode ser só dos caras!” Mas as músicas mais selvagens do “Século Sinistro” são minhas e do Jão, “Conflito violento”, “Stress pós-traumático”... Vocês optaram mais uma vez em gravar o disco em sistema analógico. Você acha que o processo dá a cara do som do Ratos? De que forma isso contribui? O Ratos é uma banda do século 20! O Pro Tools pode facilitar a vida de muita gente, mas dá meio que uma pasteurizada no som; todo mundo soa igual. Você pega essas bandas de metal, principalmente, é tudo igual e, foi aí que a gente gravou no Family Mob, quando percebemos que lá tinha toda a parafernália analógica. A gente ia gravar no Ciero, mas ele tava cheio de problemas e ainda bem que a gente não gravou lá, porque o disco não ia sair com essa qualidade toda. O Family Mob é um “senhor” estúdio; eles são uns dissidentes do Sepultura, desde o André Kbelo, que pilotou o som e trabalhou anos de técnico com o Sepultura; o Jean, que era baterista e o Estevam, que tirava

foto deles. Ali tem uma gama de equipamentos que você pode escolher: tem 12 amplificadores de guitarra, oito de baixo, seis kits de bateria diferentes, trinta pratos; então tem equipamento pra cada tipo de som, que dá condições de tirar o som que você quiser. E os caras são amigos pra caralho! Foi mó foda gravar lá! O Ricardo Tatoo (artista plástico) retratou muito bem o conceito do disco na bela capa. Rolou toda uma produção, com sua participação e do Juninho, certo? Você que chegou com essas ideias? Sim, a maioria dos designs do RDP sou eu que bolo; foram poucos que não fui eu que pensei. Eu já tinha visto a arte do Tatoo, quando a gente ia fazer um split com o Sepultura. Não rolou esse split não sei porquê; acho que deve ter sido por preguiça das duas partes (risos); e ele fez a capa. Eu tenho essa capa no banheiro aqui de casa. Eu cagava todo dia, via essa capa e pensava: “Pô, esse cara é bom pra caralho! Ele faz umas artes meio soviéticas e um dia vou usar esse cara para fazer uma capa”. Eu não tinha o contato dele; daí um dia eu tirei uma foto daquela arte e postei na


trando a cara deles também; não vou citar nomes porque não quero arrumar brigas com eles, mas tudo mundo sabe quem é, né cara (risos)? Puta meu, é nojento! Daí os caras falam: “Ah mas você trabalhou lá no Edir Macedo”, foda-se cara, mas eu nunca mudei meu modo de pensar. Eu fui lá tirar dinheiro dos caras porque eu tava precisando. Eu fui lá com o pentagrama na cara, de black metal... Mas não, os caras se revelaram, é muito nojento isso. Os protestos de junho/julho de 2013 influenciaram bastante nas letras do Século Sinistro, não? Cara, tem a música lá, “Conflito Violento”, que é uma narrativa, de um conflito violento que a gente tava vendo, que é um protesto pacífico, sendo reprimido violentamente pela polícia e os manifestantes só retornando o que tavam recebendo. No meio da letra tem uma fala assim: “Cuidado com o infiltrado e a má fé da polícia”, então essa é a minha visão. Eu não sou a favor do quebra-quebra inútil, acho que o quebra-quebra tem que ter um sentido político, e toda a violência assim começa pelo lado da polícia. E você acha que depois disso as manifestações perderam a força/foco? Perderam porque o povo saiu para a rua tipo caras-pintadas, tá ligado? Tipo um modinha de coxinha ‘global’. Esse lance de “o gigante acordou”, vamos sair todos no Facebook com a cara pintada, aquilo lá foi muito ridículo, porque eu já sabia que ia dar bosta. É o mesmo caso do “somos todos macacos”, sabe? E tudo que o povão abraça pode ter certeza que vai dar bosta. O que mantém vocês tocando por 30 anos? A gente gosta de fazer barulho, de hardcore, metal, a sensação de estar em cima do palco, tocando esse tipo de som e ver a galera pirando é muito boa, tá ligado? O retorno financeiro é um bosta, muita gente desiste no meio do caminho... Mas a banda é boa também, então é uma máquina assassina de fazer música foda. Você acha que se o RDP fosse americano ou europeu o reconhecimento seria maior? Acho que a história seria outra, a estrutura seria melhor. Acho que se a banda soubesse falar inglês na época que a gente foi para gravadora Roadrunner a história seria outra também... A gente era tudo troglodita, era menosprezado, com essa trogloditice nossa, tá ligado (risos)? A banda sempre foi boa, desde a época que eu entrei, ela já era boa. Daí a Roadrunner era, tipo: “Tira esses brasileiros retardados daqui, manda passear.” Se a gente fosse argentino seria diferente. Você vê o V8 e o Attaque 77 da Argentina, eles são cultuados, são amados e aqui no Brasil não; aqui nego quer ver a gente morto, isso é uma coisa típica de brasileiro, o despeito que nego se regozija mais com a desgraça da pessoa do que com a vitória. Não é que nem os argentinos, que apoiam a cena local, os heróis locais, aqui é muito diferente. Brasileiro é a escória mundial, é o povo mais escroto que existe, você vê pela internet, pelo Facebook. Vocês fizeram alguns shows comemorativos de 30 anos e gravaram o DVD. Como foi tocar o “Crucificados pelo Sistema” de cabo a rabo? A gente tinha feito isso já com o Boka, mas com o Mingau e o Jão na bateria nunca tinha feito. E essa formação durou só um ano. A gente fez, sei lá, meia dúzia de shows em um ano com essa formação. Foi bom pra caralho se reunir com os caras na casa do Mingau; a gente fotos estevam romera

página do RDP, perguntando quem é que fez. Daí, a qualidade é horrível. Então não dou muito valor, acho que você passou o contato pra mim (risos). O eu acho uma bosta. Pague o que nos deve e cale cara apareceu e disse que queria fazer de um jeito a boca, tá ligado? Eu não tô nem aí. bem rua; “quero fazer um grafite assim, assado”, A atual formação de vocês é uma das mais duentão fiz umas reuniões com ele e o cara não queradouras. A que você atribui essa estabilidade? ria cobrar, velho. O cara é tão rua que não queria O convívio é meio complicado às vezes, saem cobrar (risos)... Daí eu falei “não, não tá certo, vauns arranca-rabos, mas a gente tem uma boa mos combinar um preço e você vai receber, você amizade e na média até que é bom. Mas aí o Jutá trampando, então vai ganhar, cara”. A gente foi ninho (baixista), tá conosco desde 2003; o Fralda atrás de patrocínio de lata de tinta, foi tudo muito (ex-baixista) tinha saído iludido pelo Forgotten underground, foi mó “faça você mesmo”, foda. A Boys, pelo sucesso da Capricho, ser rockstar. E gente foi lá no estúdio dele no Cambuci, que ainda bem que ele saiu porque ele era um baixista parece um squat. Ele fez o desenho, daí a gente meio fraco e o Juninho entrou para acrescentar e foi lá e fez aquele vídeo comigo e com o Juninho ele é um monstro do hardcore, saca? Tanto como pintando; foi do caralho e saiu aquela puta arte postura, como tocar pra caralho e acrescentou doida, feito com estêncil, uma coisa bem de rua demais. É a melhor formação nossa em anos! Eu mesmo, bem faça você mesmo... Daí uns caras gosto do cara pra caralho, a gente tem uma puta falaram: “não é muito legal, não é bonito”, mas a amizade legal e ele não é um bosta, ele é um “boniteza” ali não tá inclusa; o que tá incluso ali é vegan straight edge saudável pra caralho e é isso a arte do cara e o lance que foi feito com estêncil, aí mesmo. A banda tende a seguir em frente com um grafitão, uma coisa muito louca. A “boniteza” um cara desse... taí, não uma capa de metaleiro, toda bonita. A arte bonita tá na atitude que a gente teve de fazer o bagulho e foi um resultado fudido. Eu tô com a arte aqui em casa, é gigante. E quanto às participações especiais do Moyses (Krisium) e do Atum no “Século Sinistro”? A ideia era chamar o Andreas (Sepultura), mas ele já tinha participado lá trás no “Cada dia mais sujo e agressivo”. Daí o Jão falou: “Pô vamo chamar o Moyses!” O Moyses veio e desempenhou aquele solo que virou um puta épico. O Atum foi uma ideia muito louca que eu tive, porque tava com esse porco aqui em casa. A gente o pegou pequeno e salvamos a vida dele, porque ele foi rejeitado pela mãe; ela teve sei lá, 12 porquinhos e não tinha espaço para ele nas tetas e ele ia morrer cara. A menina que trabalha aqui com a gente, que é irmã do Thiago do D.E.R, trouxe ele pra gente. Só que o porco cresceu e virou um cachaço gigante (risos) e porco você tá ligado, arranca lajota do chão, abre buraco. E aqui em casa eu sou vegetariano e minha mulher Vivi ficou apaixonada pelo porco e eu não queria aquele bicho aqui. Ele era mó insalubre, fedia pra caralho, destruia tudo, mijo, merda pra todo lado, acordava de manhã e me dava ânsia, daí falei: “quero que esse porco vá embora” (risos). Então antes dele ir tive a brilhante ideia de RDP e Ian Mckaye na Dischord House. colocá-lo de vocal; eu gosto dessas bandas de “pig scream”. Colocamos ele pra cantar no disco e deu mó certo, todo mundo adorou! O “Século Sinistro” é o primeiro full lenght bancado por vocês certo? Quais as Ainda bem, porque de baixistas vocês tivevantagens de ser uma banda independente? ram problemas, né? (risos) Sim! As vantagens são que é tudo nosso, né Um era doentinho, outro era bipolar, daí o outro cara? Eu tive que abrir uma editora, tá tudo na nosera todo retardado mental, começou a cheirar pó sa mão, o disco é inteirinho nosso. Esse negócio e desvirtuou, tá ligado? Aí tinha que ter um cara de gravadora já era, né? A última gravadora que a cabeça agora (risos). gente fez parte foi a Deck, que não fez exatamente Na época da Copa eu vi você postando alnada pelo “Homem, Inimigo do Homem”, nada!! Na gumas vezes que o disco “Brasil” ainda é bem época que eles lançaram já era difícil de achar o atual, em relação ao conceito, arte, letras... E aí, disco, logo saiu fora de catálogo. Era mais fácil de lá pra cá não mudou nada mesmo? achar a versão espanhola em vinyl e a da AlternaNão mudou porra nenhuma! Tá até pior porque tive Tentacles do que o brasileiro. Um dia eu tava a única coisa que o Facebook fez no Brasil, nessa na MTV quando ela tava fechando e apareceu o fase pós Orkut, foi mostrar que o brasileiro tá cada veio dono da Deck: E aí, vamo lançar o disco em vez pior, cada vez mais facistão, cada vez mais vinyl? Daí eu olhei pra cara dele e falei: “Ah meu, preconceituoso, cada vez mais racista. Não só não não preciso do seu disco, já saiu pela Alternative, mudou, como piorou essa situação. Os caras se pela FOAD...” A Deck lançou agora e eu nem vi a acham protegidos atrás da internet, acham que cor do disco. E o despeito que esses caras têm pode falar qualquer coisa e acabam mostrando a com a gente é ridículo, né cara? Mas assim, o vinyl verdadeira cara deles. E assim, esses roqueiros venacional da Deck é uma puta grana, uns R$ 100 e lhos se tornando uns putas de uns facistões e mos-

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deu risada pra caralho, foi bem divertido. E vai sair o DVD agora, com show do Circo Voador (RJ) e o documentário, que é um complemento do “Guidable” e do “Botinada” (documentário da história do punk no Brasil). Vão fechar muitas tampas de panelas. Tem o Ariel (Invasores de Cérebro) e a Tina contando altas histórias dessa época, o Mingau falando... Vai ficar bem legal! O Ratos foi uns dos desbravadores das tour europeias ao lado do Cólera nos anos 80. Você acha que vocês abriram as portas para molecada brasileira fazer hoje tour por lá? O Cólera foi a primeira banda, né cara? Eles foram em 85 e ficaram sete meses perdidos lá, fazendo zig-zag no mapa, tipo um show hoje na Sicília e outro dia em Paris (risos)! Mas fazer tour organizada mesmo, depois, foi a gente, também meio “guidable”, mas foi. Depois foi o Sepultura, né? Como eram as tour naquela época? Como vocês marcavam os shows e organizavam todos os trâmites para que a tour rolasse? Até pouco tempo atrás a gente fazia show com mapa, não tinha GPS, era muito difícil. Não chamava turnê, chamava gincana. Era uma gincana para achar os lugares com mapa. Imagina com o mapa na Bélgica, ninguém falava alemão... E, hoje em dia, com GPS e a abertura das fronteiras da Europa facilitou muito também, não tem mais aquele monte de dinheiro. Mas antigamente era muito difícil fazer turnê. Tipo, tocar em uma Polônia ou Eslovênia, você não entrava. Pra entrar na Eslovênia foi mó treta. Uma vez a gente tava na Croácia e chegou no show umas duas horas atrasado, o pico do show tava fechado, tava chovendo e mó fila do povo esperando a gente. Daí a gente entrou no pico e o rango era um feijão frio. Daí a gente tocou e foi mó doideira e, depois do show, o promotor falou: “você vai dormir na casa dele, você na casa de outro...” Então um olhou na cara do outro e falou: “Vamos embora?” (risos) Vocês fizeram dois shows nos EUA tempos atrás. Um teve quebradeira, outro foi um fest fudido e ainda tiveram tempo de ir até Washington para visitar a Dischord. Como foi esse rolê? Primeiro que o Jão não foi, né? O Jão não conseguiu visto a tempo e tivemos que chamar o Estevam pra ir no lugar do Jão. Primeiro que ele tinha visto e segundo que como ele toca no Desalmado, então pra ele não foi muito difícil tirar umas músicas do Ratos que a gente pré escolheu pra ele tirar. E aí a gente foi tocar lá no Maryland. Primeiro a gente tocou no Queens, num lugar que era só de latinos; a gente tinha o contato de um argentino lá e o cara fez um show com essa raça. Foi no Queens e foi uma latinada assistir a gente. Foram uns americanos também; foi tipo um acontecimento em Nova York, porque meu, Ratos tocou lá em 2000 no CBGB e depois não apareceu mais. Tem fã pra caralho, tá ligado? Parece que não, nego acha que não, mas Ratos é uma banda grande, meio mágica assim, meio “wow, Ratos wow”, nego conhece porra, e lotou o lugar. Foi um monte de punk e os seguranças eram um monte de skinheads, uns gringos do olhões azuis, um gordão novaiorquino, e os punks começaram a subir no palco e a pular; e quem pulava e subia no palco, os seguranças iam lá tirar, jogar pra fora. Aí uma mina subiu, os caras deram uma gravata na mina; parece que o namorado da mina deu uma porrada no cara, o cara sacou o spray de pimenta e jogou na cara do cara e nós tocando; metade do show lá, mó pimentaiada no zoio da gente. O Juninho “para com essa porra que jogaram spray de pimenta”. Cara, saiu um quebra pau lá fora, os punks quebraram tudo. Tinha sofá, tinha vidro, meu, destruíram o

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Wander Willian

áudio // hc

Lançamento do “Século Sinistro” no Sesc Pompeia.

lugar. Achei lindo, cara. Bem feito, cara. Depois em Maryland, a gente foi headliner do palco hardcore. Maryland é o maior festival de metal dos Estados Unidos; mas metal ao extremo, só banda de black metal, grind, death metal, altas bandas fodas que eu nunca ouvi falar na minha vida. Umas bandas de black metal; os caras todos enlameados, com as caras de lama no palco; nem sei o nome das bandas. Umas bandas meio de lenda, assim, meio stoner, tá ligado? Umas putas bandas boas e o headliner do palco metal foi o Dark Angel, com a formação original. Assisti o show e quase caí duro pra trás. Fiquei pregado na parede e não tive a chance de falar com o baterista gordão, lá... Tinha 8 mil pessoas e no domingo foi o Ratos de Porão no palco hardcore. Eu pensei, tem dois palcos aqui, dois palcos lá; os palcos de lá não tinha visto e imaginei uns palquinhos toscos. Cara, chegou lá, meu, era um teatro tipo do Slayer, puta palco, puta som; Estados Unidos, né? Camarim com catering, TV de plasma, assistindo Sepultura. Eu pensei: “Nossa, a gente devia ter vindo antes aqui” (risos). E como era o último show, entupiu o teatro, cara. Foram duas mil e poucas pessoas pra ver a gente; lugar fechado e foi foda, foi gratificante. E, no outro dia, a gente foi lá no Dischord. Eu já tinha falado com o Ian, já conhecia ele de antigamente; a gente tocou com o Fugazi em 1990; Ratos e Fugazi em Roma, no Forte Prenestino, então já o conhecia dessa vez. Depois eu tinha o visto em 93, quando ele era roadie do L7; depois em 96, o Fugazi veio pra cá e ele foi jantar na minha casa; coloquei até a foto no Facebook, hoje. Então ele já tem uma amizade com a gente, né? Aí a gente escreveu pra ele e ele falou que ia nos esperar. Chegamos lá, tava lá o Ian na Dischord House. Meu, o cara é completamente louco; ele tem um toque, ele guardou tudo, até o palito de dentes que ele usou em 77 ele tem. Ele tem o bottom que usava na jaqueta em 1977. Ele

tem tudo. Então a Dischord House é um museu da cena de Washington. Ali naquela casa, na frente, é a foto da capa daquele compacto do Minor Threat. Todas as coisas que têm no compacto tem lá na frente ainda; a perna, o cortador de grama, a caixinha de Pepsi, tão lá. O cortador de grama tá afundado na terra com um monte de planta em cima, as pernas enferrujadas. Você entra na casa tem todas as fitas que ele teve, toda a coleção de discos dele. No porão é onde todas as bandas da Dischord ensaiavam; tem tudo que você imagina, cara; tem todas as fitas originais Teen Idles, as fitas originais do Minor Threat, as fitas originais do Fugazi, tudo que foi gravado, tudo que ele fez na vida; todos os caderninhos de turnê com informações tipo “o Henry Rollins pegou dois dólares para uma Coca-cola”, tá marcado lá. E ele é completamente toque, é tudo catalogado, bonitinho, colocado em ordem alfabética; tudo cheio, todos os discos, todas as fitas; é impressionante. Acho que ele vive praquilo lá, cara. Vive lá com a mesma bermuda, o mesmo tênis, a mesma camiseta comida, sem gola, sem etiqueta, com o óculos na testa, assim tio de 50 anos. E na frente da Dischord House é a Dischord. E o Ian mora lá? Não, ele mora numa puta casa porque ele ficou rico, né cara? O que sustenta o Ian Mckaye, a Dischord é o Minor Threat, o Dag Nasty, o Fugazi, isso aí vende que nem água, o mundo inteiro comprando sem parar isso aí, cara. O cara é digno, os caras ficam “ah capitalista”, capitalista o quê? O cara vai jogar o dinheiro fora? Desse jeito digno dele, independente, nunca dependeu de ninguém; anti-comercial pra caralho; ele é rico, mora numa puta casa, num bairro bom, puta carro legal. Mas ele é igualzinho sempre e foi emocionante estar lá com o cara. Ele deu pôster, rótulo do disco do Void. Mostrou aquele mesmo skate do Minor Threat... Foi foda!


// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > Mato Grosso do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504 > Paraná - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865 - Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 - Paranaguá XFactor Skt Rua Marechal Deodoro, 55, Centro (41) 3422-6044 > rIo de janeIro - Armação dos Búzios Geribá Skate Shop Rua Maria Rodrigues Letina, 8, Geribá (22) 9 9843-1020 / 9 9796-6764

> rIo Grande do sul - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072 Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083 > santa CatarIna - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > são Paulo - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489

Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja!

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Pablo Daniel

o bowlrider // por léo kakinho*

Atitude é o que importa

J

ulgamento em campeonato de skate cada vez mais tem sido motivo de algum tipo de discussão ou mal estar entre os skaters. Parece que em todo evento alguma polêmica em relação a isso acontece. Esse comportamento começou a ocorrer na década de 90, pois os campeonatos da década de 80, quaisquer disparidades de resultado nunca chegaram a ser uma coisa relevante para os skatistas. O skate é um esporte de várias vertentes: skatista de sessões, campeonateiro, skatista que manda bem em vídeo partes; você tem várias opções de como quer seguir sua linha. Com o tempo, o skatista começa a achar a sua identidade. O legal nisso tudo é que, no skate, todos que se dedicam têm um reconhecimento. Em campeonatos, o retorno de mídia e premiação, passaram a ser muito relevantes para a bem sucedida “carreira”, mas isso pode ser um engano. Um skater que depende total de campeonato já está com seus dias contados, pois o skate não é um

esporte qualquer, onde o primeiro lugar é o objetivo final. O mundo do skate está a procura de skatistas com atitude. Atitude de várias formas, sendo em campeonatos, em sessions, em vídeos ou o que se joga nos picos cabreiros, etc. Por isso, antes de ficar achando um defeito para não ter dado certo, reveja o seu skate, olhe o que está acontecendo pelo mundo, assista campeonatos pela net (muitos já estão sendo transmitidos ao vivo); acesse sites de revistas e vídeos. Veja os lançamentos de vídeos e revistas, não fique achando que o skate está sempre atrás de um tipo só. Olhe para você mesmo e veja o que te inspira no skate e tente absorver isso positivamente para sua evolução e corra atrás. Quando você conseguir passar isso para as pessoas, aí você achou a vitória no skate. Os ídolos do skate têm seu reconhecimento por atitudes no passado e no presente, não por ser multicampeões.

APOIO CULTURAL * Leonardo Godoy Barbosa, Léo Kakinho, 40 anos, 33 de skate (Drop Dead, Evoke, Vans)

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˜ Luan de OLiveira ˜

respeitO à cuLtura

dO skate FOtO Henrique OLsen/Matriz

brasiLeirO

Onde Encontrar: B.O.C.A. (Circo Voador): rua dos arcos, s/n, Lapa - rio de Janeiro/rJ - (21) 99902.0335 Dropp Surf: rua afonso vergueiro, 1583, centro - sorocaba/sp - (15) 3033.0063 Feeble Skate Shop: av. santos Ferreira, 89 - canoas/rs - (51) 3031.8557 Grind Skate Shop: rua são Francisco, 40 - Joinville/sc - (47) 3026.3840 Hi Adventure: rua sotero de Faria, 610, rio tavares - Floripa/sc - (48) 3338-1030 Matriz Skate Shop: Online - matrizskateshop.com.br shopping total - av. cristóvão colombo, 454 - porto alegre/rs - (51) 3018.7072 shopping Wallig bourbon - av. assis brasil, 2611, LJ 248 - porto alegre/rs - (51) 3026.6083 Roots Skate Shop: rua Leopoldo de bulhões, 166, centro - anápolis/GO - (62) 3311.2012 Sagaz Skate Shop: rua Ferreira pena, 120, centro - Manaus/aM - (92) 3233.2588 Switch Skate Shop: rua comandante Marcondes salgado, 619 - centro - ribeirão preto/sp - (16) 3235.6867

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skateboarding militant // por guto jimenez*

Ouro de tolos

H

Ivan ShupIkov

á alguns meses, escrevi sobre os “pseudos” do skate - gente com alma de lobo escondida sob a pele de cordeiro -, um dos vários perigos que o skate enfrenta longe de qualquer pico. Recebi comentários vindos de todo o país, e muitos deles relatavam experiências desagradáveis vividas no contato com essa gente de mentira. Por um lado, fiquei satisfeito em ver que a galera está esperta sobre quem se envolve com o cenário; mas, por outro lado, não tive como não me preocupar com as diversas histórias relatadas, todas elas com um final bem infeliz pros skatistas. O recado pode ser resumido naquela velha frase dita por gente mais experiente como eu: ”todo cuidado é pouco”. No entanto, nem em meus piores pesadelos eu poderia imaginar que a ousadia dos pseudos pudesse ir tão longe. E o pior, com consequências bastante danosas ao cenário de uma modalidade de nosso país. Recentemente, uma situação no mínimo suspeita aconteceu no cenário de slalom de São Paulo – isso mesmo, justamente na cidade que é a maior cena do skate no país. Uma entidade ligada a “esportes de ação” (sem nenhuma legitimidade no meio do skate) conseguiu levantar uma verba de mais de R$ 250.000 para a realização de um evento de skate no Museu do Ipiranga a ser realizado no último final de semana de agosto. Em princípio, a programação previa clínicas, palestras, demonstrações e a disputa de um campeonato da categoria “open” (juntando amadores, pros e masters) com premiação em dinheiro. (Abrindo parênteses: para quem não sabe, o pico é a verdadeira Meca da modalidade em nosso país. É lá que treinam competidores tops como Thiago “Gardenal” Bacchi (campeão mundial amador em 2010), Fábio “Dery” Sprovieri e André Fuchs, além de veteranos como Rogério “Sammy” Nogueira e Eduardo Fujihara, entre tantos outros. O Museu também é palco de eventos da modalidade desde que a área foi liberada pro skate, há cerca de oito anos, e estes envolvem desde disputas organizadas pelos locais a campeonatos com todo apoio oficial possível.) Até aí, tudo parecia estar bem, só que a coisa começou a tomar outro rumo a poucos dias do evento. Primeiro, foi divulgado que o local do evento não seria mais o mesmo. Mais adiante, a programação passou a ser com as

clínicas, palestras e demos, mas nada da disputa com a premiação em si. Qualquer pessoa que já tenha trabalhado em eventos sabe que não se muda o local de realização de uma hora pra outra, já que a liberação de uma área exige algumas certidões e autorizações vindas de órgãos oficiais... Ou seja, envolve um processo burocrático que não é resolvido de uma hora para outra e nem da noite para o dia. Além disso, uma verba pública só é liberada após a aprovação de uma planilha de custos bem detalhada, que prevê a destinação de diferentes montantes para a realização de um campeonato. No caso de algum excedente (verba liberada e não utilizada), a mesma tem que ser ressarcida aos cofres públicos sob pena de diversas complicações judiciais em caso contrário. Mexer com dinheiro é coisa séria, e mexer com dinheiro público torna tudo muito mais sério ainda. Infelizmente, o tal evento no Museu não passou de uma ilusão – e, pior ainda, não foi a primeira vez que isso aconteceu no meio do skate. Há uns dois ou três anos, um pilantra captou uma verba pra realização de um evento de speed em Minas Gerais, sumiu com o dinheiro e deixou os outros organizadores numa situação bastante delicada pra cumprirem com o que havia sido prometido antes. Sorte que os competidores entenderam a situação e se dispuseram a fazer aquilo que sabem fazer melhor: andar de skate e botar pra baixo na ladeira. Essa história toda traz uma lição – e, mais uma vez, faço uso de uma frase feita para ilustrar toda essa situação: “nem tudo que reluz é ouro”. Todo cuidado é pouco com os pseudos e os páraquedistas que costumam infestar o cenário de skate no Brasil, e mais cuidado ainda com eventos que são “bons demais pra serem verdade” . Sempre é bom saber da história das pessoas envolvidas em eventos, se são dignos representantes do carrinho ou meros aproveitadores. Apoiar a quem precisa e desprezar a quem mereça: é isso que precisa ser feito. Não tenha medo em boicotar eventos que trazem benefícios a quem não vale a poeira dos nossos tênis, pois essa gente só tem a oferecer o velho “ouro de tolos” – aquilo que brilha, mas não vale nada. Cuidado, e boas sessões!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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Gustavo Poke aProveita a brecha do seGurança Para manobrar nessa borda (to GaP, com saída distante) em bauru, sP. confira esse fs tailslide e outras tricks na vídeo Parte que está lá em nosso site, triboskate.com.br foto: vinicius branca vídeo: JeorGe simas

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