Tribo Skate Edição 231

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BANDANOS * RENE SHIGUETO * GUILHERME ABE * QIXTV CONTEST

FRAGMENTOS DA PRIMEIRA TRIP C-VIDA NA EUROPA

CAIO GUILHERME NOVO PRO, NA RAÇA

RED RIVER CREW EM SANTIAGO CHILE REVISITADO

ESPECIAL EVENTOS DC INVITATIONAL MATRIZ PRO DROP DEAD PRO

Mario Marques, fs fifty Ano 24 • 2015 • # 231 • R$ 9,90

www.triboskate.com.br

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// índice

TRIBO SKATE 231 JANEIRO 2015

ESPECIAIS> 30. ESPECIAL EVENTOS I DC INVITATIONAL 34. RED RIVER CREW EM SANTIAGO O CHILE REVISITADO 44. ESPECIAL EVENTOS II MATRIZ SKATE PRO 48. NOVO PRO, NA RAÇA CAIO GUILHERME, DE JUIZ DE FORA 60. ESPECIAL EVENTOS III DROP DEAD PRO 64. FRAGMENTOS DA PRIMEIRA TRIP C-VIDA NA EUROPA SEÇÕES>

EDITORIAL............................................................. 14 ZAP ......................................................................... 18 CASA NOVA........................................................... 72 ÁUDIO (BANDANOS) ............................................ 76 O BOWLRIDER ....................................................... 78 SKATEBOARDING MILITANT .............................. 80 CAPA: Mario Marques tem vários grandes momentos com a Tribo Skate, inclusive duas capas muito legais de nossa história. Neste início de ano ele conquista mais uma oportunidade de colocar seu potente skate na cara do gol! Este fifty no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, jamais fora pensado antes. Tava ali à vista de todos, mas foi ele quem dominou. Foto: Carlos Taparelli ÍNDICE: A cada dia que passa estes meninos estão aprimorando seu skate numa velocidade espantosa. É o caso do Victor Ikeda, 9 anos, que em setembro do ano passado registrou este fs grind basudo na parte alta do bowl do skatepark de Mogi das Cruzes. A esta altura, talvez já tenha colocado ali um fs blunt que manda com facilidade no quarter maior do Parque da Juventude, ou qualquer encrenca complicada que está aprendendo todos os dias. Foto: Robson Sakamoto

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editorial //

REJUVENESCIMENTO POR CESAR GYRÃO // FOTO JOVANI PROCHNOV

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á ouvi algumas vezes que o skate machuca, mas também rejuvenesce. A vontade de fazer o que se gosta é tanta que o corpo responde aos estímulos, o que era dor passa, o que era inchaço vai cedendo, a confiança ressurge aos poucos e você volta a poder se atirar em novas manobras, em novas tentativas. Este é o melhor jeito de se manter saudável: fazer o que se gosta. Nesta praia, o final de 2014 foi repleto de ótimos exemplos. Em uma viagem rápida pra Floripa, a capital brasileira que tem mais pistas de boa qualidade por metro quadrado no Brasil, algumas situações foram particularmente instigantes. Uma sessão com meus filhos Branco e Shaiani na casa do JM, por exemplo. O sujeito de quase 49 anos estava com o joelho inchado de uma entorse de dois dias antes. Ficou com medo de perder a mulher por estar deprimido com mais este infortúnio em seus preciosos joelhos. Com nossa chegada em sua casa, a melhora foi muito rápida. Logo a muleta ficou de lado para filmar a session no banks de sua casa ou no Sushi Bowl, do Luciano, ali perto no Rio Vermelho. No Rio Tavares, outros dias, os mesmos joelhos eram os limitadores do Adriano Pi, outro skatista das antigas, com 51 anos de estrada. Em fase de espera de uma nova cirurgia, sua ideia era apenas andar na boa, sem forçar. Mas fluiu na session que nem um menino. No bowl da Hi Adventure, crianças prodígios surgiam aos montes. Guilherme, de 6 anos, Gabriel de 8, Pedro Carvalho e Isadora, de 9, um mais atirado que o outro. Isso sem contar vários outros não tão novos em idade quanto, como o Ian Poleto (11), Yndiara (17) e Hericles (19), todos com muita base. Ali em vários outros picos da região as sessions são diárias e incansáveis, nesta época de férias. Aproveitei para rejuvenescer um pouco, ganhando confiança a cada rolê. Foi uma ótima virada de ano, com visão panorâmica para os novos skatistas de transições que estão surgindo, além de memoráveis sessões com mestres da arte como Alvaro Porquê?, Gui Godoy Barbosa e Rodolfo Ramos, além de outros vários amigos que botavam pilha para que cada um se superasse. Skate é alimento para a alma.

Kalani Konig, da geração de prodígios. Sete anos e bs air em sua casa, o Konig Bowl.

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ANO 24 • JANEIRO DE 2015 • NÚMERO 231

PRÓXIMA EDIÇÃO

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge

FOTO: DIOGO GROSELHA

Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Guto Jimenez, Jovani Prochnov e Leo Kakinho Fotos: Carlos Taparelli, Diogo Groselha, Emy Sato, Fernando Gomes, Igor Wiemers, João Brinhosa, Jovani Prochinov, Leandro Moska Colunistas: Guto Jimenez, Léo Kakinho

Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Ana Paula Silva Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Cezar Toledo (cezar@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Intergraf Bancas: Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº 1678, CEP 06045-39, Osasco/SP

PAINTING LIGHT UMA TÉCNICA DOMINADA PELO FOTÓGRAFO DIOGO GROSELHA

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br A Revista Tribo Skate é uma publicação da Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br



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REPRODUÇÃO

Projeto Big Ball Alguns dos skatistas que representam a paulista Hordem Distibuidora passaram em dezembro por São Leopoldo para concretizar a doação de cinco skates montados para o projeto social Big Ball, iniciativa do Wanderley Bolão e que conta com o padrinho Biano Bianchin. André Hiena, Willian Damascena, Humberto Beto, Renan Zalula e Juneka, mais o convidado especial Everton Canuto, distribuíram manobras, autógrafos e adesivos na pista pública local. O ‘Big Ball’ existe desde 2009 e conta com ações em diversas cidades, com o objetivo de trabalhar a prevenção anti-drogas, propagando o Evangelho e apoiado na tríade Estudar/Respeitar pai e mãe/Escutar a palavra de Cristo.

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JEORGE SIMAS

Luan de Oliveira vence o inédito ‘escolha da audiência’ Street League e com isso terá a chance de pensar o desenho da área da primeira parada da SLS em 2015. Parabéns, Luan! • [01] Seguindo na mesma linha, Felipe Gustavo também carimbou a bandeira do Brasil em mais uma importante conquista. Ele faturou o segundo título seguido do Run & Gun, disputa do The Berrics também definida pelo público, embolsando a quantia de 25 mil dólares • A Mad Bull anuncia a sua nova equipe para o ano: Binho Sakamoto, Augusto Fumaça, Junior Pereira “Boy” (street), Diego da Silva “Bigode” (vert), Thais Cristina, Andréa Guandaline, Douglinhas Barbosa (longboard) e Robson Melancia do graffiti. Segundo o novo team manager, Leonardo Tabacow, estes serão os formadores de opinião da marca para 2015 e os fotógrafos serão Roberto Tatto e Carlos Henrique dos Santos. (madbullshoes.com.br) • [02] Gold Goons é o nome do próximo filme a ser lançado pela Gold Wheels, com estreia marcada para 11 de fevereiro. Anote na agenda porque veremos marretas dos brasileiros Rodrigo Petersen, Carlos Iqui, Tiago Lemos, Rodrigo TX e Diego Garcez, além dos demais componentes da pesada equipe da marca. • [03] Vem de Ribeirão Preto e tendo Rui Muleque como um dos mentores a mais nova marca de skate brasileira. A Flag Skateboards estreia com pro model de rodas do profissional local Leonardo Spanghero e ainda a série Lendas 90, com releitura de shapes de Cristiano Testa, André Qui e Cristiano Pira, profissionais que representaram muito bem o interior paulista nos anos noventa. (instagram.com/flagskateboards) • [04] E por falar no Pira, ele começa 2015 com o pé direito! Depois de finalizar os trabalhos junto à Plimax, abriu sua própria skateshop em Piracicaba. A Point Skate fica na rua São João, n.º 140 e conta com aquela variedade que deixa qualquer um na dúvida de qual peça escolher! (instagram.com/pointskate) • A Code Skateboard lança um pro pack do Douglas Molocope, capa e entrevista na edição 221 (março de 2014). Apresenta uma coleção de verão com peças assinadas pelo profissional, são três camisetas e uma calça, sem esquecer que a parceria lançou também o tênis assinado pelo profissional. (codeskateboard.com.br) • [05] A família Cerezini Skateshop amplia sua ‘marretatividade’ com a entrada no time de Rodrigo Petersen e Dwayne Fagundes, que já conta com Danilo Cerezini, Carlos Ribeiro, Marcelo Marreco, Danilo Dandi e Edmar Sorriso. (cereziniskateshop.com) • A Volcom abriu na rua Augusta em São Paulo sua primeira loja mundial com o conceito ‘True to This’, que também conta com um espaço dedicado aos produtos da divisão feminina da marca, a Volcom Women’s. Os riders Ragueb Rogério e Akira Shiroma estiveram presentes na inauguração. (Rua Augusta, 2.490, aberta de segunda a sábado, das 9h30 as 19h30) • [06] A Plimax Distribuidora vem com várias mudanças e novidades para 2015. Com a saída do gerente comercial Cristiano Pira, que está agora desenvolvendo um projeto pessoal, a gestão geral na Divisão Street passa a ser tocada pelo Edgar Gonçalves, nas marcas Spitfire wheels, Real skateboard, Antihero, Thunder trucks, Krooked, Venture trucks, Foundation, Toy Machine, Pig wheels, Habitat, Alien workshop, Ruckus trucks, Dekline, Bro Style, Think, Hubba, Lucky bearings, Heavy, Black Label, SK8Mafia, JSLV, Life Extension, Hook-Ups, S-One, Triple 8, Zoo York relógios. De cara nova e cheia de novos projetos para o ano.

FOTOS REPRODUÇÃO

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Skatelife Carlinhos Zodi apresenta o mais novo canal brasileiro de vídeos de skate. Produzido pela NWB (Network Brasileira de Canais), que começou a operar em outubro de 2013 e já conta com 8 canais na web, o canal Skatelife tem uma programação completa com sessões de skate, tutoriais de manobras, montagem de obstáculos, dicas, novidades, além, é claro, do estilo de vida e cultura dos skatistas. Os tutoriais e dicas terão participações de skatistas experientes convidados como Lincoln Ueda, Tulio Oliveira, Klaus Bohms, Ricardo Pinguim, Alex Lekinho, entre outros grandes nomes. Destaque para os programas mensais de Bob Burnquist, Leticia Bufoni, Luan de Oliveira e Marcelo Formiga. A grade de programação neste início conta com dois vídeos inéditos por semana, lançados às terças e quintas. (youtube.com/skatelife)



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GUILHERME ABE

RESPONSÁVEL PELO CANAL DE VÍDEOS DE SKATE COM MAIOR NÚMERO DE SEGUIDORES E DE VISUALIZAÇÕES NO BRASIL, GUILHERME ABE APRENDEU COM A PRÁTICA TUDO QUE ENVOLVE A ATIVIDADE E COMPARTILHA COM NOSSOS LEITORES ALGUNS PONTOS IMPORTANTES PRA QUEM TAMBÉM SEGUE NA DIFÍCIL TAREFA DE FAZER AUDIÊNCIA NO YOUTUBE TENDO APENAS UMA CÂMERA NA MÃO E UMA IDEIA NA CABEÇA. // TEXTO E FOTO JUNIOR LEMOS Como foi seu primeiro contato com o skate? Na verdade foi meio que por acaso, meu pai que me deu. Estávamos passando em frente a uma loja em Marília, interior de São Paulo, eu o estava acompanhando em uma viagem pra visitar clientes, aí ele achou a atendente da loja bonitinha e me perguntou como estavam as peças de meu skate. Eu não tinha um, então ele disse que era aquele dia que iria ter, porque ele queria ir lá trocar uma ideia com a atendente. Foi quando ganhei o skate e comecei a andar. O Sobreskate começou por acaso também? Não! Fui sócio de uma loja on-line chamada Skate Base, umas das primeiras lojas on-line do Brasil, logo depois várias lojas físicas entraram no mercado. Eu trabalhei um ano e meio lá, em toda parte de produção, que era fotografar,

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recortar e cadastrar produtos. Inclusive foi dali que surgiu a ideia de começar com vídeos, pois eu fazia os vídeos de análise dos produtos. Foi ali que comecei a ver que exisitia público pra isso no Youtube. Depois disso eu saí da sociedade da loja porque estava me estressando com o skate e na verdade era pra ser meu lazer, mas estava se tornando uma coisa muito formal. Pensei que não trabalharia mais com nada do skate, mas passaram-se duas semanas não aguentei e comecei a ver o que eu poderia fazer que não fosse muito comercial, que fosse uma coisa que atingisse a galera. Aí surgiu a ideia do Sobreskate, que era basicamente responder qualquer pergunta sobre skate, porque quando eu tinha o canal da loja recebia muitas perguntas, mas essa não era a proposta da loja. Aí eu vi ali uma oportunidade de atender ao público que está começando porque a minha ideia era influenciar o skate a crescer

mais, principalmente para quem começasse a andar não desistisse. Acho que essa era minha principal preocupação e é até hoje. Se todo mundo que começa simplesmente não parar, acho que o skate tem potencial muito grande ainda. Você ainda estuda e precisa trabalhar pra manter o canal? Sim para os dois motivos. Faço publicidade e propaganda na Unisinos. Fiz arquitetura antes, larguei e comecei publicidade logo depois de começar com o canal. Sobre trabalhar, no começou eu trabalhava em turno integral e fazia o canal no final de semana e à noite, então virava várias madrugadas trabalhando. O meu trabalho hoje é totalmente flexível, principalmente quando eu preciso viajar. Claro que eu cumpro horas depois, faço banco de horas antes, e hoje eu trabalho meio turno lá e o outro turno eu me dedico ao canal.


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Qual a maior dificuldade em começar um canal de skate? Minha dificuldade no começo foram as pessoas não acreditarem no projeto. Eu acho que foram poucos os que acreditaram; um dos parceiros que eu tenho até hoje é o André, da BRX. Foi o único que antes de eu colocar o projeto no ar, como era fornecedor da loja e conhecia meu trabalho, me deu total apoio. Tive bastante dificuldade com o público que é mais crítico no skate, a absorver o que eu estava fazendo de uma forma que não fosse fora da minha realidade. Sou skatista há 12 anos, não sou ninguém que começou a andar de skate na semana passada e está fazendo um canal de skate. Se vou fazer alguma coisa, faço com propriedade. Essa foi a maior dificuldade: o skate da forma como eu estou falando ser bem aceito por todos, não só pela galera que estou influenciando, que é a galera mais nova. E hoje, com mais de 350k, qual a maior dificuldade? É ter tempo! Eu recebo muita pergunta e a proposta do canal é responder todas elas, então o que eu não respondo em vídeo tento responder inbox, é muita coisa. Às vezes tem muita pergunta repetida, então eu mando o link do vídeo, se torna mais fácil. Mas hoje meu maior problema é tempo. Há uma fórmula básica pra garantir um número mínimo de visualizações? Eu não sei dizer se existe uma fórmula, mas a única coisa que eu me fixei e acredito que deu certo até hoje é que eu nunca desanimei. No início foi bastante complicado crescer, hoje o canal tem 360 mil inscritos (estava por volta de 400 mil quando finalizamos a coluna) mas até ele chegar a 20 mil inscritos foi uma batalha muito difícil. Pra fazer a galera entender qual era a proposta do canal, passar a mensagem certa, principalmente pro pessoal que está começando, isso foi o mais difícil. Em termos de fórmula, é acreditar no que você está fazendo e correr atrás. No início não tinha o que tenho hoje de acesso, então era muito difícil. Eu fazia um vídeo e ficava lá, com mil visualizações em duas, três semanas. Hoje eu posto e ele já vai pra 15 mil visualizações, justamente por causa do público que se criou. Então o mais importante é não desanimar, se você acredita no projeto. Foi o que eu fiz! O que você anda fazendo pra se diferenciar dos demais? Estou sempre criando coisas novas. Acho que o que falta pro canal tomar outras proporções é um pouco mais de tempo e de investimento, buscar alguns parceiros, isso pra fazer novos quadros, fazer coisas novas. É isso que estou sempre tentando buscar pro meu público, não sempre mais do mesmo. Quero estar sempre inovando, mostrando coisas diferentes. Um pouco é

baseado em cima do que a galera me pede, levo bastante em consideração o que estão pedindo. Por que a maioria dos canais preferem o Youtube ao invés do Vimeo? O Youtube tem um acesso mais fácil justamente por causa do Google. Qualquer resultado que você pesquise ele vai direcionar obviamente o Youtube, porque é um produto deles. O segundo ponto é que no Brasil a banda de internet pra geral não é tão boa que seja ao ponto de utilizar o Vimeo, que é um carregador de vídeos que sobe tudo em alta qualidade. Acho que essa é até a proposta do Vimeo, ser diferente do Youtube justamente pra não ser concorrente, ele se diferencia. Pode ver que produções cinematográficas eles postam no Vimeo, onde se tem maior qualidade. O Youtube é um produto pra criadores, eles estão sempre influenciando em cima de anúncio e outras operações que o Google aplica no Youtube. Acha que algum dia teremos o Sobreskate na TV? Isso é uma coisa muito engraçada porque, por exemplo, o canal tem hoje uns 30 milhões de visualizações, mas se eu for por uma matéria na TV, vai ter um reconhecimento muito maior, apesar de com certeza ter muito menos visualizações. Hoje em dia tem esse glamour da televisão, eu acredito que isso vá mudar bastante porque pesquisas apontam que em 2016 o conteúdo de streaming, que é o que passa em vídeos carregados, vai ultrapassar a audiência da TV. Cara, se surgir propostas não vou te dizer que não, porque hoje a TV tem um potencial muito forte com relação aos anunciantes, eles acreditam muito mais na TV do que na internet. Só que em contrapartida eu tenho que avaliar as limitações que teria; hoje o canal é meu e eu posso falar do conteúdo que eu quiser, sem ter que seguir algum direcionamento. O que é mais importante, o número de visualizações ou a qualidade do material? A qualidade do material, com certeza. Eu não levo em consideração o número de visualizações, eu só considero que tem vídeos que quando eu faço, às vezes não está exatamente do jeito que eu gosto, mas quando passa pra edição, algum detalhe diferente já dá uma diferenciada. Então tem alguns que eu gosto de ver porque ficaram bons mesmo, não pela visualização. Muitas vezes um vídeo viral, que é um conteúdo que eu nem imaginava, se torna um vídeo com muitas visualizações, mas nem sempre é o que tem um conteúdo muito bom. Hoje no Youtube a gente vê que tem vídeos de besteira com muitas visualizações. É uma coisa que eu nunca vou fazer no Sobreskate, determinado tipo de piada. Claro que não quero ser aquele cara sério, que é fechado, quadrado. Mas nunca vou levar o skate a um ponto que eu

esteja tirando sarro de alguém, ou propriamente de alguma coisa que a gente ama, que é o skate. Como as redes sociais facilitam no aumento das visualizações dos vídeos? Hoje o Youtube, dentro de todas as redes sociais, é a maior do canal. O Facebook ajuda bastante, porém comercialmente não é bom porque ele entrega só pra 10% do número de likes que você tem. Então eu tenho 160 mil e não forço pra ter mais, ou seja, quem está lá é porque viu e curtiu; eu não divulgo a página. Existem os links no perfil do canal mas eu não os divulgo justamente porque quando eu posto alguma coisa apenas 16 mil verão. Claro que serve pra difundir, porque é a rede social mais utilizada, mas comercialmente ele cobra anúncios pra você atingir todo seu público. Não é direcionalmente o meu principal foco em relação à rede social. O Instagram é uma rede que está crescendo muito, todos os seus seguidores irão te ver, claro se estiver no tempo de feed dele. A gente sabe que é uma rede na qual está todo mundo olhando, o tempo todo. Principalmente depois que virou vídeo, é uma das mídias que eu mais uso depois do Youtube, pra me comunicar com a galera. Eu faço questão de curtir a foto e comentar quando a galera me marca, pra eles verem que eu também estou acompanhando e participo. Isso é muito importante para o relacionamento com o público. Pra finalizar, qual foi seu investimento inicial, além dos estudos? Meu investimento inicial foi uma Canon T3i e um computador. Porque é basicamente isso que precisa pra você ser um criador no Youtube, além de criar uma conta. Na época, quando comecei a fazer os vídeos, você precisava ter no mínimo mil inscritos pra se tornar parceiro do Youtube. Hoje em dia, qualquer um que começar um canal pode ser parceiro dos caras e gerar lucro através de propaganda. Hoje está muito fácil! É o que o pessoal do Google fala, não precisa pensar em uma superprodução, ou esperar pra fazer uma. Se você tem uma câmera, vá lá e faça. Que a qualidade do vídeo não fique muito boa, ou o áudio, mas que de repente o conteúdo, a forma como você está expressando, se você tem amor por aquilo que você está falando, fica muito mais fácil dar certo do que uma superprodução onde se fala como um cara que não conhece o assunto. Isso é o mais importante no Youtube hoje, falar de uma coisa que você realmente saiba e que tenha amor, assim você passa um sentimento pra pessoa que estiver assistindo, que no nosso caso é pelo skate. // GUILHERME ABE 23 anos, 12 de skate São Leopoldo/RS youtube.com/sobreskate

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IMPREVISTO O MAIS DA HORA EM SE TER UMA CÂMERA ACESSÍVEL COMO AS DO CELULAR É PODER FAZER A FOTO QUASE QUE NA MESMA HORA EM QUE SE VÊ A IMAGEM. FACILITOU MUITO O REGISTRO DAQUELAS SITUAÇÕES QUE VEMOS SE FORMAR EM NOSSA FRENTE E QUE SE VÃO NA MESMA FRAÇÃO DE SEGUNDO EM QUE SURGEM. ENTÃO SEGUEM ALGUNS DESSES MOMENTOS QUE OS SKATISTAS NÃO DEIXARAM PASSAR BATIDOS, GRAÇAS À PRATICIDADE DOS SMARTPHONES E À CRIATIVIDADE SEM FIM DE SUAS MENTES!

@ander.lucas

@danilodiehl

@flaviosamelo

@juanrootsskt

@laurocasachi

@luquinhasxv

@mauricionavaskt

@ rodrigokbcalima

@tempster_returns

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DIVULGAÇÃO

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QixTV Contest 2, Sergio Nery 1.0

Habby e Grael. FOTOS JUNIOR LEMOS

Os internautas escolheram e cerca de cinco mil deles deram a Sergio Nery o título de Melhor Vídeo na maior disputa do gênero no Brasil. O paulista faturou um Chevrolet Onix Zero Km e o responsável pelo vídeo, Rodolfo Bittencourt (Rod Filmes), também levou uma bolada pra casa (R$ 5 mil). A Qix realizou a entrega do prêmio em SP, representada pelos profissionais Rodrigo Maizena e Kelvin Hoefler, quando também foram revelados os ganhadores da Melhor Linha e Melhor Manobra, que ficaram com Gabriel Junior (R$ 2 mil) e Carlos Eduardo ‘Dudu’ (R$ 5 mil), respectivamente. A Melhor Edição foi para Leonardo Habby (R$ 2 mil). A segunda edição do QixTV Contest distribuiu mais de 50 mil reais em premiação e recebeu uma participação significativa de skatistas de diversas regiões do Brasil, superando o número de 170 vídeos inscritos e 74 mil votos computados durante toda a competição.

Losada e Maizena.

Detefon e Rod.

Sergio Nery e seu Onix.

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Detefon e Dudu.

Kelvin.

Rodrigo, Gabriel Jr. e Detefon.


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Skate Seguro. Ande sempre com equipamento de segurança.

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RENE SHIGUETO O NOME DO RENE SHIGUETO ESTÁ ESCRITO NA HISTÓRIA DO SKATE BRASILEIRO NÃO APENAS PELOS SEUS TÍTULOS DE CAMPEÃO PROFISSIONAL DE FREESTYLE, MAS POR SER UM DAQUELES QUE LEVOU ESTA TÉCNICA PARA OUTROS TERRENOS. SEJA NO SKATE DE RUA OU DE TRANSIÇÕES, SHIGUETO É UM CARA CRIATIVO E ARROJADO. SUAS ROTINAS DE FREESTYLE SÃO CORRIDAS, COM QUASE NADA DE MANOBRAS ESTACIONÁRIAS, MAS MESMO ASSIM ELE VENCEU VÁRIAS COMPETIÇÕES, LEVOU PROVAS DE BEST TRICK EM ETAPAS MUNDIAIS E PROPAGOU UM JEITO FLUIDO DE FAZER ESTILO LIVRE. ELE FOI CAPA DA TRIBO SKATE, TEM BELAS FILMAGENS INCLUÍDAS EM VÍDEOS DE PATROCINADORES E DE REVISTAS, PODE SER ENCONTRADO NUMA CLÁSSICA SESSÃO NA MARQUISE DO IBIRAPUERA, MANDANDO GRINDS EM QUALQUER TIPO DE PAREDE. AOS 40 ANOS, ESTE PAULISTANO DA GEMA, É UM SKATISTA CARISMÁTICO E RESPEITADO, TAMBÉM POR SUA ALEGRIA E SEMPRE ÓTIMO ASTRAL. A FORMAÇÃO ORIENTAL, NÃO LHE PROÍBE DE TER COSTUMES BEM BRASILEIROS E SER UM ÓTIMO PARCEIRO DE BALADAS E LONGAS CONVERSAS. JÁ VIAJOU O MUNDO COM SEU CARRINHO E É CONHECIDO POR SUA FLUIDEZ NAS MANOBRAS CORRIDAS. TANTA BAGAGEM JÁ NOS FIZERAM PRODUZIR MAIS DE UMA ENTREVISTA PARA A TRIBO SKATE, A ÚLTIMA, NA EDIÇÃO ESPECIAL DE NOSSOS 21 ANOS. O LEITOR FABIO ROSS LIMA SE EMPOLGOU TANTO COM ESTA LINHA VERMELHA QUE MANDOU QUASE 50 PERGUNTAS. DECIDIMOS USAR 10 DELAS NESTA SELEÇÃO, PARA TER UMA VISÃO MAIS COMPLETA DO SHIGUETO. (GYRÃO)

// RENE SHIGUETO IDADE: 40 ANOS, 28 DE SKATE PATRÔS: ELEMENT SKATEBOARDS APPAREL, POWELL & PERALTA SKATEBOARDS, TENSOR TRUCKS, BONES BEARINGS, BONES WHEELS APOIO: ONITSUKA TIGER, SOS JAPAN, KHIRO NASCIDO E CRIADO EM SÃO PAULO/SP

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e com a falta de incentivo eles não conseguiram se dedicar muito; sem nível não tem show, sem show, sem $$$. • Fala Rene, se na época da faculdade você estivesse com esse bigodinho seria ZUUUADO, com certeza (risos). Na verdade, qual é o seu projeto para 2015 e agenda de eventos? Vou levar meu filho para te prestigiar. Abraço. (Edilson Isii, Esan-SP, São Paulo/SP) – Fala Isii! Que legal, você enviar uma pergunta! O bigode já era, hahaha! Lembro das nossas aventuras… O dia que dirigi o Kart na estrada! Bons tempos! Esse ano vou para um evento no Rio de Janeiro e depois vou para uma aventura Volta ao Mundo: sairei em fevereiro e voltarei em agosto. Vou para vários países. Tô com um frio na barriga lascado, mas vamos que vamos. E depois de agosto não tenho nada programado. • Rene, quais os objetivos para 2015, em relação ao skate no geral, patrocinador, grandes eventos, viagens, pro models? (André Henrique da Silva, São Paulo/SP) – André, em 2015 já estou fazendo um vídeo com o João Fenope e Marcelo Simões, vou participar de um campeonato em Janeiro no RJ, e em fevereiro inicio um projeto Volta ao Mundo, como falei acima. Vou filmar nos EUA, correr campeonato no Canadá, Japão, Sudeste Asiático, Europa e voltar para o Brasil… Na volta teremos ações com a Element, e quanto ao meu pro model com a Powell, ainda tenho esperança. • Fala Shigueto! A capa da Tribo Skate 121, que você fez no teto da Oca no Ibirapuera, foi uma das mais legais da história. Como foi aquela sessão? Voltou a manobra e depois teve que sair correndo? (Eder Jaques Bauer, São Paulo/SP) – Valeu Eder! Eu também gosto muito desta foto. A história da capa da Tribo 121 foi engraçada: eu estava fazendo fotos para a minha entrevista e o Fabio Bolota falou para eu fazer uma reedição da foto dele com o Miltinho em cima da Oca, porém o fotógrafo Shin Shikuma não conseguia subir. Ele ia até a metade e deslizava de volta. Então resolvemos que ele faria a foto de baixo e de longe, com teleobjetiva. Ele preparou todo o equipamento e via celular ele me falava para eu dar a manobra. Para sair foi fácil: era só ver onde estava o segurança e sair do outro lado, mas nem que ele corresse muito ele me pegava. • Qual foi seu mais longo railslide? Você mediu? Qual foi a manobra mais complicada que você mandou na saída EMY SATO

• Sua modalidade no skate é o freestyle, mas quando você faz apresentações também curte fazer umas manobras de street e vert em pistas? Você fez uma demo de freestyle na pista de Apiaí (SP), o que achou da cidade e da galera local? (Felipe Thiago de Albuquerque, Mogi das Cruzes/SP) – Fala Felipe! Eu gosto de andar de skate. Nos últimos anos tenho ido mais nas pistas e nas ruas do que andado de freestyle, o legal é se divertir. Lembro da demo em Apiaí. Quero aproveitar e mandar um abraço para o pessoal da cidade, pois fiquei só dois dias, mas fui muito bem recebido. Conheci pouco a cidade, mas lembro que fiz uma entrevista na rádio local, fui na festa do chopp, e na hora que íamos fazer a apresentação choveu. • Rene, quantos títulos e em quais anos você foi campeão brasileiro de freestyle? Qual foi o circuito mais legal? (Gilberto Nazareno Santos, Porto Alegre/RS) – E aí, Gilberto! Eu não sei exatamente quantos títulos eu tenho. Acho que ganhei uns 20 campeonatos como profissional e fui quatro vezes campeão brasileiro 2008, 2009, 2011, 2012. O campeonato mais legal é o do World Round Up em Vancouver, no Canadá. Vai o pessoal do mundo todo e é só diversão. • Qual o incentivo que falta para que o freestyle volte a ser uma das modalidades mais vistas no Brasil? Seria mais mídia? (Steven Regis, Paragominas/PA) – Steven, no meu ponto de vista acredito que isso não vai acontecer tão fácil, vai precisar mudar muita coisa. Uma, e a principal, é que tem que ter um salto muito grande na qualidade técnica dos skatistas. Uma leva de amadores que era para estar na categoria profissional não recebeu o suporte necessário



zap //

RENE SHIGUETO “Eu gosto de andar de skate. Nos últimos anos tenho ido mais nas pistas e nas ruas do que andado de freestyle, o legal é se divertir.” de um railslide? (Natanael Ribeiro, Rio de Janeiro/RJ) – Natanael, o mais longo foi na ladeira do Museu do Ipiranga, eu não medi mas foi uma cota. A mais difícil foi um railslide backside 180, 360 spin on the wheel reverse. • As 10 perguntas do Fabio Ross Lima, de Belo Horizonte/MG: • 1) Você já pensou em andar com shape single kick? – Eu tentei, mas eu não gosto, porque se cair errado acaba com a lixa. • 2) Para quais lugares do mundo você gosta de viajar? – Califórnia, Barcelona, Copenhagem e Vancouver. • 3) Na época do Plano Collor, no início dos 90, como foi para você andar de skate nesse tempo de crise? – Essa época foi osso para nós, perdi os patrocínios, trabalhava e andava só de fim de semana. • 4) Quais são suas músicas para treino de rotina? – Depende da vibe. Gosto de Reggae, Hip Hop, Alternativo… • 5) É possível ser profissional de freestyle no Brasil? – Praticamente impossível. • 6) O que você faria se morasse em uma cidade como Belo Horizonte, onde o freestyle não é praticado? – Andaria de alguma forma. O bom do skate é que é para ser praticado sozinho, sem desculpas. • 7) Quais situações você já passou para ter que treinar em locais fora do padrão ou em tempo de chuva? – A primeira etapa do Circuito Brasileiro do ano passado foi exatamente o que passei, devido à chuva o local foi alterado para, acredite, uma quadra de bocha! Um local de 4 x 15 e ainda molhado! Fiz de tudo para não participar, mas ia ser mancada se não corresse o campeonato. Minha volta foi um desastre, hahaha. • 8) O que você acha das regras de campeonatos de freestyle aqui no Brasil comparadas a de outros países? – Segue tudo um mesmo padrão. A diferença é que alguns países se valoriza mais estilo, em outros quantidade de manobras, em outros, dificuldade, mas basicamente a regra é a mesma. • 9) Você já sofreu algum tipo de preconceito por praticar freestyle ou pela sua origem oriental? – Ahhh, meus amigos me zoam às vezes e eu nem ligo, mas isso é bom porque tem muitas manobras que eu acho horríveis e me recuso a fazer, por exemplo o pogo no hands. Se eu fizer isso o Marco Cruz vai me zuar para o resto da minha vida. Por ser oriental tem sempre as piadas pelo tamanho do meu shape, hahaha. • 10) O que você acha indispensável levar para seus treinos? – Determinação. Se for para andar, tem que ir com vontade.

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EMY SATO

// zap

Não vai pensando que é fácil chegar nesta parte da nova Praça Roosevelt, em São Paulo. Shigueto, 360 flip to fakie.

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especial // eventos

Marcelo Formiga, bs fifty.

DC INVITATIONAL

FESTA NO CORAÇÃO DE SP //POR JUNIOR LEMOS

P

ela primeira vez na história do skate brasileiro vimos uma iniciativa na qual o coração de São Paulo recebeu um espaço público específico de boa qualidade para o skate, em uma ação conjunta (poderes público e privado). O local é a Praça Roosevelt, os responsáveis por este esforço coletivo foram a prefeitura, a Skatenuts e a DC Shoes Brasil, e o evento que marcou a entrega do novo espaço fazendo bastante barulho foi o DC Invitational. Os convidados para a festa também foram especiais, com ninguém menos que o skatista do ano de 2014 da Thrasher, Wes Kremer, e o australiano Tommy Fynn representando os gringos, além é claro dos marretas internacionais ‘made in Brazil’: Felipe Gustavo, Carlos Iqui e Tiago Lemos. Com toda essa importância envolvida, a Roosevelt foi tomada pelo pú-

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blico, com imensas arquibancadas montadas em uma das faixas da Consolação, que mesmo assim não deu conta do alto fluxo de pessoas que conferiram o evento de perto. Com a construção de alguns obstáculos e a reforma dos canos e bordas, o espaço do skate na Roosevelt ficou perfeito para o rolê, tanto que basta passar pelo local e conferir o grande movimento de skatistas que essa reforma trouxe para a praça. E por mais que o andamento do campeonato tenha sido prejudicado pelas inevitáveis invasões do público, os convidados manobraram o dia todo sendo que os que reservaram fôlego para manobrar nas várias etapas do evento, sempre divididas em duas seções da pista e fizeram a final, dividiram a premiação final de 50 mil reais (entre pros e amadores).


Kelvin, bs noseblunt no corrim達o maior.

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DC INVITATIONAL 1º Kelvin Hoefler 2º Tommy Fynn 3º Nicholas Dias 4º Rodolfo Ramos 5º Marcelo Formiga 6º Lehi Leite 7º Alexandre Massoti 8º Felipe Gustavo

Carlos Iqui, ss fs flip.

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Jhony Melhado, hard flip sobre o cano.

Nicholas Dias, 360 flip.


eventos // especial

Felipe Gustavo, switch flip. Tiago Lemos, big nollie fs sobre o rail.

Marcio Tarobinha, bs board.

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RED RIVER CREW

EM SANTIAGO

ALGUNS DOS SKATISTAS DO RIO VERMELHO, EM FLORIPA, CONSTITUEM NATURALMENTE UMA CREW, COM O NOME DO BAIRRO TRADUZIDO. SEUS NOMES JÁ REPERCUTEM EM OUTRAS PLAGAS, MAS ESTA É A PRIMEIRA TOUR DOS CARAS JUNTOS. ELES, MAIS O SUÊNIO CAMPOS, STREETEIRO DE FORTALEZA. A TOUR ROLOU NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2014 E FEZ TANTO BARULHO QUE UMA DAS FOTOS PRODUZIDAS NESTAS DUAS SEMANAS, VIROU ANÚNCIO DE REVISTAS E TAMBÉM UM BELO OUTDOOR QUE FIGURA NESTE VERÃO NA AVENIDA DAS RENDEIRAS, NA LAGOA DA CONCEIÇÃO, ONDE OS CONGESTIONAMENTOS CONSTANTES COLOCAM MILHARES DE PESSOAS A ADMIRAR O NOSE PICK DO ZENE SACHS. JOVANI PROCHNOV REGISTROU BELAS FOTOGRAFIAS E IMAGENS DE VÍDEO. CURTA. // TEXTO E FOTOS JOVANI PROCHNOV

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chile // viagem

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F

rio, calor, chuva, neblina, neve e até terremoto, tudo isso em apenas 15 dias, mas nada atrapalhou as sessões pesadas e a produção intensa de fotos e vídeos nos diversos picos de Santiago, capital chilena. Junto com os skatistas Caique Silva e Suênio Campos, partimos de Florianópolis para Santiago do Chile no dia 14 de agosto, e lá encontramos os irmãos Zene e Lucas Sachs que tinham ido uns dias antes e já estavam instalados por lá. O sexto e último skater a juntar-se com a galera, Marcos Gabriel, chegou alguns dias depois, formando a trupe de skatistas brasileiros no país. Pode-se dizer que o skate no Chile começou a se desenvolver com mais força nos últimos 10 anos, devido aos novos skateparks que foram construídos nesse período, ou seja, tudo é muito novo em se tratando de skateboard. Claro que sua história vem de anos atrás, por volta de 1976 e 1977 que se tem os primeiros relatos com Tony Sarroca, influenciado pelos lendários de Dogtown e considerado o primeiro skatista chileno. Por consequência desses skateparks, a cada dia surgem novos talentos por todo o país, assim como a qualidade de construção de pistas evoluiu bastante nessa década. O street skate é a modalidade mais praticada por lá, porém a transição vem conquistando um espaço significativo. Nas pistas encontram-se áreas de street muito boas, com diversos obstáculos e alguns diferentes do que somos acostumados a ver no Brasil, e também vemos hoyos (bowls, como também são chamados pelos chilenos) de vários formatos e tamanhos, com partes boas e ruins de coping de ferro, porém, todos muito praticáveis e de grandes possibilidades. Além disso, andar na rua é bastante produtivo, com escadas, corrimãos, bordas, gaps e um chão lisinho que fazem parecer mentira que é rua. A maior parte das sessões rolou nos skateparks, muito pelo fato de que a maioria dos skatistas da trip são especialistas em transições, e as pistas possuem obstáculos para todos os gostos e estilos de skate. Los Reyes, Las Condes, O’Higgins, Bowl Park, Bustamante, Ruca e Huechuraba são alguns dos spots que fizeram a cabeça da galera, além dos picos de rua que encontramos por Santiago.

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A calça do Marcos Gabriel, na cor do Sol que se põe parece proposital, mas não é. Bs ollie, Los Reyes Skatepark. Feliz coincidência.


chile // viagem

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Ele não é só explosão nas transições. Caique Silva, fs lipslide autêntico de corrimão de rua.

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chile // viagem

O Parque Bustamante tem sua arte skatável e Lucas Sachs faz o melhor uso dela. Airwalk to fakie, na mesma sessão que gerou a foto do outdoor com seu irmão.

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chile // viagem

Uma das coisas que mais impressionou foi a modernidade da cidade, ruas e calçadas limpas e organizadas, diversos parques com muita área verde e quadras de esportes, edifícios envidraçados, carros de luxo, shoppings de primeiro mundo, principalmente nos bairros de Las Condes e Providencia, onde está o edifício Gran Torre Santiago, o maior da América Latina, localizado na região da capital conhecida como “San-Hattan”, em analogia a Manhattan em Nova Iorque. Voltando ao skate, todos renderam bastante com diversas fotos e vídeos de manobras de peso. Além disso, foram juízes em um campeonato, e em outra oportunidade fizeram uma demo com direito a matéria de um canal de televisão e medalha de agradecimento a todos nós por estarmos levando um pouco do nosso skate, visto que, o skate brasileiro é respeitado e admirado pelos chilenos. Os dias foram intensos, a produção foi frenética, fiquei maluco certas vezes por ter que fazer imagens de cinco skatistas esfomeados, até porque se tratava da primeira trip internacional da maioria e, também, a primeira do Red River Crew juntos em terras estrangeiras, porém, todos respeitaram o momento de cada um e o resultado final você confere agora nas páginas da Tribo Skate. Muchas gracias a todos.

Caique, fs nosebone.

Muita pressão pra subir esta altura na parede da Ruca Under que fica no Bairro Ñuñoa. Zene Sachs, ollie to wall ride fs reentry.

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chile // viagem

Lucas Sachs, bs tailslide, Las Condes.

Um dos lindos monumentos da capital, para SuĂŞnio Campos deixar sua marca. Bs tailslide.

Caique Silva, bs boardslide.

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especial // eventos

Zezinho Martins, fs flip tailslide.

MATRIZ PRO 2014

A SEXTA EDIÇÃO

BOMBA NO IAPI // TEXTO E FOTOS JUNIOR LEMOS

D

esde 2009 não faltam mesmo motivos pra ir até Porto Alegre, afinal é quando a Matriz comemora seu aniversário e realiza sua festa, o Matriz Pro, que é o evento de rua mais aguardado pelos skatistas de todo o Brasil. Em 2014 aconteceu a sexta edição do Matriz Pro, marcando os 13 anos da Matriz. Como de costume não foram apenas o forte calor e o sol escaldante que marcaram presença uma vez que o IAPI ficou completamente tomado de gente, seja para assistir ao evento, pegar aquele autógrafo/selfie ou simplesmente curtir uma tarde de sábado com muito skate. Pra quem esteve em edições anteriores a melhora foi nítida. Os obstáculos estavam muito bem desenhados e perfeitos (apesar da intensidade de marretadas, nenhuma manutenção foi neces-

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sária), o cronograma foi seguido com folga (deu tempo de ir pro hotel, descansar pra festa) e toda a estrutura ocupou melhor o espaço, com mais uma arquibancada pro público e uma área maior para o evento, além de outros benefícios para os que competiram. Tudo isso proporcionou uma disputa ainda mais acirrada, com Filipe Ortiz e Luan de Oliveira polarizando as opiniões de muitos antes do anúncio do pódio. Mas a festa não acabou quando terminou o evento porque a balada também foi a mais animal dos últimos anos com Doncesão, DJ Kefing, DJ Kamau e ZRM no palco e uma legião de amigos por todo o salão, comemorando o fechamento de um ano de muito skate, suor e sangue. Muito obrigado Matriz, a festa de vocês também é pra nós uma forma de dizer que compensou todo o esforço do ano que passou. Nos vemos em 2015!


Luan de Oliveira, fs flip.

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Danilo Cerezini, ss flip fs rockslide.

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eventos // especial

Filipe Ortiz, heelflip do último bloco pro flat. Glauber Marques, fs feeble.

MATRIZ SKATE PRO 2014 1º Luan Oliveira 2º Filipe Ortiz 3º Danilo Cerezini 4º Rodrigo Maizena 5º Douglas Molocope 6º Diego Garcez 7º Samuel Jimmy 8º Jhony Melhado 9º José Martins 10º Paulo Piquet 11º Neverton Socado 12º William Seco Best Trick Liga Trucks Douglas Molocope, nollie heel bigspin.

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caio guilherme // entrevista pro

CAIO GUILHERME

NOVO PROFISSIONAL, NA RAÇA NO INÍCIO DE CADA ANO A CBSK (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE SKATE) DIVULGA A RELAÇÃO DOS NOVOS SKATISTAS PROFISSIONAIS BRASILEIROS. NA SUA LISTA DESTE ANO, VOCÊ NÃO VAI VER O NOME DO CAIO GUILHERME, QUE ESTREIA NA CATEGORIA MESMO SEM ESTE AVAL. NÃO PODERÁ CORRER OS EVENTOS DA ENTIDADE, MAS NINGUÉM PODERÁ NEGAR QUE ELE FAÇA SEU TRABALHO COMO PROFISSIONAL DIVULGANDO A MARCA QUE ESTÁ LANÇANDO SEU PROMODEL DE DECK, A LOJA QUE DEFENDE E SEUS OUTROS APOIADORES. NA EDIÇÃO 182 DA TRIBO SKATE – ESPECIAL ENTREVISTAS, CAIO TEVE A SUA (ENTREVISTA), E NA ÉPOCA, ERA UM AMADOR DEDICADO QUE NÃO CONTAVA COM NENHUM PATROCÍNIO. DESTE PONTO ATÉ AGORA, CAIO ESTAVA ATUANDO EM BARCELONA, APÓS VIAJAR PARA COMPETIR NOS EVENTOS WCS (WORLD CUP SKATEBOARDING) DO MEIO DE ANO NA EUROPA E TER FICADO NESTA CIDADE. NESTES POUCO MAIS DE TRÊS ANOS, CAIO SE PREPAROU PARA CRIAR ESTRUTURA E TENTAR CUMPRIR OS REQUISITOS PARA SE TORNAR PROFISSIONAL PELA CBSK, DEPOIS DE TER SEU NOME NEGADO POR DUAS VEZES. HÁ UM ANO A TRIBO SKATE VEM CONVERSANDO COM ELE PARA LANÇAR SUA ENTREVISTA COMO PRO E CHEGOU A HORA. PELO VOLUME DE SEU SKATE, POR SEU HISTÓRICO DE QUASE DUAS DÉCADAS DE DEDICAÇÃO, PELO SEU ENVOLVIMENTO REAL, É MAIS QUE MERECIDO QUE ELE ATUE NA CATEGORIA JUNTO AOS SEUS PARCEIROS NAS MARCAS QUE ATUA, MESMO QUE ALGUMAS SEJAM CRIADAS POR ELE. POR CESAR GYRÃO // FOTOS LEANDRO MOSKA

Nas estreitas vielas de Barcelona, a barra chumbada na janela é um cantinho caprichoso para manobrar. 180 fakie nosegrind. Paseo de la Paz.

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caio guilherme // entrevista pro

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aio, depois de trampar com skate há tantos anos, você esperava ter novamente negada a sua profissionalização pela CBSK? No fundo já esperava isso, porque hoje em dia eles não estão pedindo toda a sua história e sim a história do que você fez nos últimos 2 anos, e nos últimos 2 anos eu tive aparições em alguns vídeos, mas a melhor parte desse material que eu produzi está sendo lançada agora, na entrevista e na minha video part pro. Acreditava que teria um pouco de compreensão do comitê de skatistas pros de street da CBSK, mas tudo bem. Um dos motivos para que a confederação criasse os critérios para profissionalização seria para proteger a categoria das marcas que não podem bancar satisfatoriamente seus skatistas. Para que um candidato possa ser pro, tem que ter uma ou mais empresas lhe pagando salário ou dando condições para que ele possa fazer seu trabalho, que é andar de skate. A Dealer Official lhe dá as condições para se dedicar ao skate? A Dealer Official é um projeto de uma marca de skatista real para skatista real, e ela foi criada recentemente. Vamos evoluir e crescer cada vez mais e o juiz mais justo é o tempo. Eu tenho o suporte necessário que o skatista patrocinado por uma marca de shape precisa ter, podendo me dedicar com material de qualidade e andando para uma marca com uma visão de skateboard de verdade. Apesar de ter competido em vários eventos como amador, seu foco é mais o outro lado do skate, os vídeos, as fotos, as demos. De alguma forma você almejava entrar como pro nos eventos nacionais? Eu gosto de campeonatos. É legal você se superar em uma linha, em um tempo mínimo que você não pode cometer erros; mas campeonatos, para mim, sempre foram festas onde você reencontra grandes amigos do skate, faz novas amizades, novos contatos, conhece cidades e culturas diferentes; no entanto o meu foco maior sempre foi a rua. Ali me sinto livre de verdade. Posso andar sem pressão e sem o clima de competição. As minhas maiores influências foram skatistas de rua, aqueles que vieram de vídeos, das fotos das revistas que via quando era garoto. Quando comecei a andar, na minha cidade não existia pista; andávamos nas ruas e aprendi o verdadeiro respeito

Wallie to bank num daqueles cenários que unem o clássico com o moderno. A exemplo da primeira entrevista aqui na Tribo Skate, Caio tem o sangue frio pra botar pra baixo em situações sinistras. As duas manobras estão no vídeo.

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caio guilherme // entrevista pro

VersĂŁo de um frontside grind to switchstance crooked bem a cara de BCN, no Macba. Caio sonhava em acertar esta manobra neste pico clĂĄssico antes de chegar na cidade.

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e essência do skateboard com os skatistas que já andavam antes de mim. A rua é imensa e você pode concluir manobras em diferentes picos com infinitas possibilidades, basta usar a criatividade e a arquitetura que as cidades oferecem. Nesta virada de ano você veio ao Brasil para visitar a família e fazer negócios. Está abrindo uma loja com um amigo em Juiz de Fora e trazendo a Dealer Official oficialmente ao país. Quanto tempo pretende ficar? A partir de agora você estará fazendo mais bates e voltas? O Brasil é a minha casa, minha raiz, minhas origens. Sinto saudade da família, amigos, vivência daqui e tantas outras coisas boas. Minha intenção é viver entre o Brasil e Barcelona; e agora, com esses novos projetos, essa realidade está sendo possível. Na época de sua primeira entrevista aqui conosco, você tinha uma participação no vídeo Transfusão, do Rodrigo Maizena. Depois disso, o que mais rolou de expressivo até fazer parte do Salamalako, recente vídeo produzido por brasileiros que vivem em Barcelona? Depois do vídeo Transfusão, logo em seguida me mudei para Barcelona e nesta temporada na Europa, para mim o vídeo de maior expressão em Barcelona foi o Salamalako. Sempre tive aparições com uma ou duas manobras em vídeos de Barcelona e de outros países, fora a Espanha. Quem participa do Salamalako? A comunidade brasileira em Barça é grande… O Salamalako é a continuação da história de muitos brasileiros que se jogaram para Barcelona e viveram ou vivem por lá. Alguns já foram embora, mas esses videomakers e os primeiros skatistas que se jogaram para lá são os responsáveis pelo respeito e reconhecimento que os brasileiros têm na cidade. Antes o vídeo dos brasileiros radicados em Barcelona era o La Bruja. O Salamalako é o La Bruja 2. Skatistas como Fabio Galo Cego, Leandro Fisher, Claudinei, Juliano Guimarães, Gabriel Moreto, Marcos Mamá, Rafael Peterson, Erison Trakinas, Fernando Cano, Roger Silva, Adones Santiago e tantos outros que viveram em uma época que eu ainda não morava lá fizeram esta moral. Com certeza faltam muitos nomes para preencher essa lista… O Salamalako tem partes de amigos europeus e brasileiros que passaram o verão em Barcelona, além de partes do Jeferson Bill, Adones Santiago, Diego Stephan e outros nomes fortes do skate brasileiro. Estamos lançando em conjunto sua primeira video part como profissional e muitas das sessions aqui fotografadas aparecem no vídeo, assim como algumas de arquivo que apareceram na sua entrevista de 2010. A linha do tempo que você separou tem imagens muito antigas, mas quando entra a fase de Barcelona engloba os últimos três anos? Quais foram as manobras que você mais gosta e que foram mais difíceis para fazer? Por ser uma video part pro, resolvi fazer uma pequena restrospectiva. A primeira parte é apenas no Macba, pois foi um lugar que me identifiquei muito e aonde eu fiz amizades com os brasileiros e gringos, aonde conheci lendas do skate, onde vivi histórias inesquecíveis, aonde tive ajuda, consegui informações que necessitava. Meu corre começou muito ali. O Macba é onde você encontra de tudo e você pode se agilizar ali mesmo, con-

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Esse é mais um pico conhecido de Barcelona, que fica no bairro Fondo, com imensas possibilidades na mesma praça. 180 five-O grind reverse. A arquitetura que favorece a quem sabe aproveitar e tem base.


caio guilherme // entrevista pro

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caio guilherme // entrevista pro

Um dos grandes momentos da video part, esse frontside bluntslide transfer, com uma entrada difícil e uma saída idem. O pior foi ter que enfrentar uma vizinhança com enorme preconceito com skate, com direito a chuva de garrafa de vidro, deixando o pico ainda mais difícil.

seguindo ajuda, informações, reconhecimento, diversão, aprendizado, contatos, amizades, peças baratas e tantas outras coisas. A segunda parte do vídeo são manobras filmadas em outros picos de Barcelona. A maioria das manobras é recente, mas algumas foram filmadas nos primeiros anos. Todas foram muito difíceis para mim, não só pelo nível técnico, mas por questões como ter um videomaker disponível, tempo, material bom para poder fazer uma boa sessão e inúmeras dificuldades que nós passamos no começo de nossa caminhada no skate. Talvez a mais suada delas tenha sido o grind ss crooks no Macba. Para concluir, tive que começar do zero. Fui três vezes lá: a primeira, a polícia chegou e acabou com a sessão; a segunda o shape quebrou e, na terceira, consegui concluir a manobra. Como foi trabalhar com o Charles Chaves como editor? Ele é uma grande referência do street dos anos 90 e reconhecido como artista, da época que viveu nos EUA. Você conviveu com o Chaves na Europa? Sou até meio suspeito para falar dele, porque já o conhecia das revistas dos anos 90. Desta geração ele foi um dos primeiros a se estabelecer nos Estados Unidos. Conheci o Chaves em Barcelona, ele estava com o (Rodrido) TX e o Mamá me apresentou. Pouco tempo depois ele se mudou para Barcelona e acabou morando na minha casa. Nos tornamos amigos e foi um cara que acreditou no meu skate e me chamou para filmar, pra fazer uma parada legal. Sempre admirei a personalidade dele, um cara tranquilo, honesto, correto. Ele está mais trabalhando com vídeo hoje em dia, mas de vez em quando ele faz umas artes ainda. Nestes três anos em Barça, você fez que tipos de trabalho para se manter até a criação da Dealer Official? Fiz de tudo um pouco, desde entregar flyers de festa, de promoções de supermercado até trabalhos como tatuador. Na verdade a primeira coisa mesmo que fiz na Espanha para ganhar um dinheiro foi a tatuagem, que aprendi em Viçosa com um amigo skatista, o Eliseu. Ultimamente também sublocava quartos do meu apartamento, que fica no Centro de Barcelona, ao lado do Macba, para completar minha renda. Gostaria de falar que eu comecei a procurar estes outros trabalhos em Barcelona, porque percebi que o mercado de skate local era muito fraco para manter os atletas. Os campeonatos também são fracos. Como foi o encontro com seus amigos e família em Juiz de Fora? Os parceiros da associação de skate continuam fazendo pelo skate? O que mudou na cidade? Foi o melhor possível. Encontrar os amigos verdadeiros de muitos anos, e família é família. É sempre bom rever os irmãos, pai, mãe, estar na própria casa, na cidade onde fui criado. É uma renovação de energia voltar às suas origens. O pessoal da associação continua lutando muito pelo skate, mas a cena está bem fraca. Não por culpa da associação, mas pelo geral. Onde você vai abrir a sua loja? Vai ser no bairro São Pedro, ao lado da Universidade Federal de Juiz de Fora, na qual tem uma pista de skate. É um bairro carente de estrutura e a loja pretende fortificar a cena do skate na região. Você é um cara que vive o Rap de perto com 2015/janeiro TRIBO SKATE | 57


O antigo bowl do skatepark do bairro Nova Floresta, em Belo Horizonte, faz parte da história de Caio Guilherme. Bs tailslide.

amigos. Quais são as influências desta cultura em seu skate? Na verdade, eu participei do clipe da EDG (Pensamento Afetado), mas não sou cantor. Gosto de fazer umas rimas, umas brincadeiras, mas não passa disso. O Rap faz parte de minha vida assim como o skate, pois é uma música e uma cultura que me influencia muito. Eu gosto de Rap que fale da realidade do dia a dia e não de ostentação e apologia ao crime.

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Quanto tempo de sua rotina diária você dedica às redes sociais? O que lhe traz de positivo estar conectado a tantas ideias comuns e diferentes? Para mim é o seguinte: não sou muito fã das tecnologias, do Instagram, Facebook, Whatsapp, mas eu tenho noção do quanto é importante usar estes tipos de ferramentas para o marketing, contatos fora da cidade e fora do país. O que eu mais uso é o Facebook. Sempre que estou em casa à toa, deixo ligado. Quem quiser falar comigo é só

entrar pelo email caiofront@hotmail.com. Voltando ao gancho de nossa entrevista, profissionalismo, finalmente fale o que você acha que deveria contar para que um skatista possa ser considerado um pro? Eu acho que o cara tem que construir uma história que vem através de classificações em campeonatos, viagens para diferentes cidades do Brasil (expandindo os contatos e fazendo novas amizades), além de um trabalho nas revistas,


caio guilherme // entrevista pro

Reconhecido pop para superar grandes distâncias de flip. Belo Horizonte, ponto final.

vídeos, sites, toda a forma de divulgação que possa alcançar até fora do meio do skate (já fiz propagandas, participações em clips); projetos particulares e sociais como instrutor de skate, ser referência na cidade e no estado em que mora, ter patrocínio, além da atitude. Todas estas coisas são válidas e completam os critérios para que alguém possa ser um profissional. E, pra encerrar, realmente eu não concordo que um skatista seja profissional sem história.

Agora você tem mais um argumento para apresentar novamente ao final da temporada de 2015 para a CBSK, que é esta entrevista, além da video part e das várias outras conquistas. Vai colocar novamente seu nome para aprovação? Provavelmente vou enviar uma nova solicitação para a CBSK em 2015 e espero que eles possam realmente conhecer a minha história, procurar saber quem eu sou de verdade.

// CAIO GUILHERME DE MELLO FRANCO CARRUMBA 31 anos, 19 de skate Cidade natal: Juiz de Fora/MG Mora em: Barcelona/Espanha Patrôs: Dealer Official, FPS Skateboards, Third Flow Hardware, Reais Supply Skateshop

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DROPDEAD SKATE PRO 2014

MARCO DO FINAL DE ANO // TEXTO E FOTOS JUNIOR LEMOS

Filipe Ortiz, 360 flip.

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eventos // especial

Ú

Drop Dead Skatepark lotado.

ltimo evento profissional em 2014, o Drop Dead Skate Pro passou a régua em um ano atípico para o cronograma dos eventos de skate no Brasil. Copa do Mundo e Eleições espremeram nos meses restantes os campeonatos que aconteceriam no período, contratempo que não atrapalhou em nada a realização dos que tradicionalmente finalizam a temporada. E depois de uma sequência de dois grandes eventos (DC e Matriz), o Drop Pro finalizou 2014 com muita festa, demonstrando que 2014 foi um ano bastante positivo para o skate brasileiro. Mantendo a fórmula do ano anterior, quando retornou após uma pausa de quase 15 anos, O Drop Pro concentrou em Curitiba nos dias 13 e 14 de dezembro vários pros para a 90’s session e a dos que estão na ativa, ambas acumulando o montante de R$ 40 mil em dinheiro na premiação. O amador Percy Jr. teve o prazer de competir ao lado dos profissionais ao conquistar este ano o (terceiro) título de Rei da Pista. E a equipe da Drop conseguiu melhorar ainda mais a transmissão on-line, que rolou perfeita, sem falhas e com apresentação de Rogerio Mancha e Alexandre Tizil. Além disso ainda tinha a inédita câmera que mostrava tudo de dentro da pista, o que fez com que o pessoal de casa tivesse uma experiência visual fantástica, bem melhor do que os que conferiram das arquibancas da pista. Kamau e Marco Cruz seguraram a bronca da locução, com Nilton Neves lançando a trilha sonora, mas uma outra equipe também merece destaque, responsável pelas belas imagens transmitidas para todo o Globo Terrestre, os câmeras especialistas em

Mancha, nollie flip noseslide.

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Samuel Jimmy, flip lipslide.

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eventos // especial

Luan e o flip milimétrico pra cima da borda.

skate Jackson Kleber, Thyago Ribeiro, Thomas Losada e Guilherme Marques, os diretores Aguinaldo Melo e Marcos Hiroshi, mais o Pedro, a mente por trás de toda a tecnologia empregada na transmissão. A Drop trouxe skatistas para trabalhar no evento e o resultado pode ser visto nos dois vídeos que mostram sábado e domingo na íntegra (www.triboskate.com.br).

Biano, ollie to fs stall fs reentry.

Drop Dead Skate Pro 1º Filipe Ortiz 2º Rodil Ferrugem 3º Luan Oliveira 4º Neverton Casella 5º Jhony Melhado 6º Marcelo Marreco 7º Paulo Galera 8º Lucas Xaparral

90’s Session 1º Roger Mancha 2º Biano Bianchin 3º Paulinho Barata 4º Cristian Chileno 5º Cris Fernandes 6º Eric Balboa 7º Humberto Beto 8º Daniel Febem

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viagem // c-vida na europa

FRAGMENTOS DA

PRIMEIRA TRIP

DE CAMPO LIMPO PAULISTA PRO VELHO CONTINENTE, O FOTÓGRAFO LEANDRO MOSKA LEVOU PARA A PRIMEIRA VIAGEM INTERNACIONAL A EQUIPE DE SKATISTAS DA C-VIDA, LOJA QUE ELE MANTÉM EM SUA CIDADE NATAL. NO ROTEIRO DESTINOS SKATÍSTICOS COMO BARCELONA (ESPANHA), PRAGA (REPÚBLICA TCHECA), BERLIM (ALEMANHA), OSLO (NORUEGA), ILHA DE SKIATHOS (GRÉCIA), ENTRE OUTRAS CIDADES, MILHAS E MILHAS QUE FORAM PERCORRIDAS POR LONGOS TRÊS MESES E QUE A TRIBO SKATE ETERNIZA NO PAPEL FRAGMENTOS DESTA LONGA JORNADA DE AKIRA UTIDA, FELIPE DE CARVALHO (ALASTRÃO) E LUIS FERNANDO. POR JUNIOR LEMOS // FOTOS LEANDRO MOSKA

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Luis Fernando, shovit em Barcelona.

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Felipe de Carvalho, o Alastr達o, nosegrind na Alemanha.

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c-vida na europa // viagem

// ESTRANHOS NO NINHO A viagem foi para andar de skate tendo um roteiro traçado mas deixando com que as circunstâncias definissem o próximo passo. E como o planeta conspira a favor dos skatistas mas nem tanto, os caras se viram em um momento histórico de um outro esporte, também muito popular por aqui e na Alemanha, local do acontecimento. Os caras participaram da comemoração do título de futebol mundial da Alemanha em cima do Brasil, em solo alemão. // TEM QUE TER EMOÇÃO Moska, como sempre com a cabeça avoada, perdeu o passaporte na ida pra Noruega e quase fica pra trás. Mas no último minuto lembrou que deixara o documento na casa de câmbio, que estava fechada. Resultado, Moska embarcou de última hora, com aquela emoção que brasileiro está acostumado e que assusta o primeiro mundo. // SUPORTE AVANÇADO A viagem teve um prolongamento com a ajuda da Linda, uma amiga de longa data do Moska. Ela ajudou com as passagens e tudo mais para a viagem de Berlim até Oslo, além de toda a estada em Praga e os drinques na balada. // PASSANDO BEM Depois de todo o rolê em Barcelona, os caras viveram uma semana de muito lazer na Grécia. E quem conhece o Moska sabe que os caras passaram bem, afinal ele é um cara que sabe festejar. A Ilha de Skiathos e suas belas praias serviram pra aliviar o cansaço físico da longa viagem. “Nós desfrutamos bastante da trip, sem perreio. Foi da hora, passamos muito bem, na verdade!”, resume o Moska.

Diego Cano, fifty em Madrid.

// BEM DE BOA Quando estavam em Berlim, o Moska alugaria um quarto de hotel pro resto da equipe entrar na miúda depois, mas nem precisou concretizar o plano já que duas minas locais puxaram conversa com os que ficaram esperando na porta do hotel. Logo estavam os caras hospedados na casa delas, pagando apenas uma ajuda de custo, dominando toda a casa com participação nas interas do rango, o que logo os deixou bem avonts pra se dedicar apenas ao skate e ainda aumentou o network de amizades internacionais. // CARONA NA VIBE Um quarto elemento também fez parte da trip. O skatista de Madrid, Diego Cano, acompanhou a C-Vida em boa parte do tempo em que estiveram em solo europeu. Ele conheceu e ficou com a rapa no mesmo hotel em Praga e ao ver a vibe dos caras ele curtiu a pegada dos brasileiros, naquele ritmo zueiro de ir pra sessão, tirar fotos e causar. E mesmo conhecendo uma galera, ele preferiu acompanhar a C-Vida na viagem pela Alemanha.

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c-vida na europa // viagem

Luis Fernando, bs smith em Berlim.

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c-vida na europa // viagem

Akira Utida, entra de ollie e sai de bs bigspin no famoso ‘prato’ alemão.

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casa nova //

Bs flip.

Claudio Souza // FOTOS FERNANDO GOMES Skate e roupas atuais: Eixos Liga, shape Clamp, rodas Hagil, rolamentos RAS bearings, camiseta ESC e tênis Vibe. Manobra que não suporta mais ver: Nenhuma, todas são boas. Manobra que ainda pretende acertar: Laser flip. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Energia positiva em aprender manobras novas, fazer uma sessão com amigos e as risadas depois disso. Principal dificuldade em ser skatista na

sua área: O mercado carente de marcas/lojas especializadas, além da visão negativa de algumas pessoas. Um skatista profissional em quem se espelha: Daewon Song. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: BMW. Atual melhor equipe de skate brasileira: Vibe. Amador que você gostaria de ver pro: Felipe Oliveira. // CLAUDIO SOUZA DOS SANTOS 28 anos, 13 de skate De Salvador, mora em Simões Filho, BA Patrocínios: ESC Skate Art e Vibe Apoios: FDN Crew e Northeast Distribuidora

Nunca desista! Um salve para os meus irmãos skateboard de verdade. 72 | TRIBO SKATE janeiro/2015


FOTO: JUNIOR LEMOS

˜ JULIANO CASSEMIRO ˜

RESPEITO À CULTURA

DO SKATE

BRASILEIRO

VOCÊ ENCONTRA OS PRODUTOS TRIBO SKATE NAS SEGUINTES LOJAS: B.O.C.A. (Circo Voador): Rua dos Arcos, S/N, Lapa - Rio de Janeiro/RJ - (21) 99902-0335 Blackout: Av. Automóvel Clube, 21, qdG sl B, Parque Equitativa - Duque de Caxias/RJ - (21) 3671-7864 C4 Skate Shop: Rua Francisco Otaviano, 67 LJ 50, Galeria River, Arpoador - Rio de Janeiro/RJ - (21) 3081-2644 Dropp Surf: Rua Afonso Vergueiro, 1583, Centro - Sorocaba/SP - (15) 3033.0063 Fomo Vertical Distribuidora: Rua Fernão de Magalhães, 41, qd G lt 2 - Campo Grande, Rio de Janeiro/RJ - (21) 3426-5912 Gigante Street Shop: Rua Chaves Faria, 20, Centro - Teresópolis/RJ - (21) 3097-4948 Grab Oficial: Rua Nair de Andrade, 45 LJ 7, Alcântara - São Gonçalo/RJ - (21) 4124-6554 Grind Skate Shop: Rua São Francisco, 40 - Joinville/SC - (47) 3026-3840 Hi Adventure: Rua Sotero de Faria, 610, Rio Tavares - Floripa/SC - (48) 3338-1030 Matriz Skate Shop: Online - matrizskateshop.com.br Shopping Total - Av. Cristóvão Colombo, 454 - Porto Alegre/RS - (51) 3018-7072 Shopping Wallig Bourbon - Av. Assis Brasil, 2611, LJ 248 - Porto Alegre/RS - (51) 3026-6083 Puro Skate Shop: Rua Lemos Cunha, 540, Icaraí - Niterói/RJ - (21) 3619-8018 Roots Skate Shop: Rua Leopoldo de Bulhões, 166, Centro - Anápolis/GO - (62) 3311-2012 Sagaz Skate Shop: Rua Ferreira Pena, 120, Centro - Manaus/AM - (92) 3233-2588 Switch Skate Shop: Rua Comandante Marcondes Salgado, 619 - Centro - Ribeirão Preto/SP - (16) 3235-6867 Faça parte desta lista: produtostriboskate@gmail.com

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casa nova //

Lucas Simora // FOTOS IGOR WIEMERS Skate e roupas atuais: Rolamentos Reds, eixos Thunder, rodas Legitime, shape Folly, bonés e camisetas High, calça ou bermuda sem marca, tênis Öus. Manobra que não suporta mais ver: Não suporto mais ver feeble. Manobra que ainda pretende acertar: Switch heel fs crooked. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Lugares diferentes , viagens e muitos amigos de verdade. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Faltam patrocínios e amigos pra sessão diária. Skatista profissional em quem se espelha: Riley Hawk. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Áudio. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que você gostaria de ver pro: Adriano Lachovski. // LUCAS SIMORA 19 anos, 8 de skate Curitiba/PR Apoio: High Company

Insista, persista e nunca desista.

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Fs heel pra cima do cano.


// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > MATO GROSSO DO SUL - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504

> RIO GRANDE DO SUL - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072

> PARANÁ - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865

Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083

- Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 - Paranaguá XFactor Skt Rua Marechal Deodoro, 55, Centro (41) 3422-6044

> SANTA CATARINA - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > SÃO PAULO - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489

- Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Punk Av. Nove de Abril, 168, Centro (19) 3019-6950 - Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397 - São Paulo All Store Boards Sports Av. do Cursino, 1.722, Saúde (11) 5058-1540 Almeida Sports Alameda dos Jurupis, 1348, Indianápolis (11) 4562-4430 RadicalDrop Skate Shop & Mini Ramp Rua Silva Bueno, 2496, Ipiranga (11) 2272 2359

MPVS SKATE SHOP Rua General Chagas Santos, 606 Saúde - São Paulo/SP Tel: 55 (11) 2532-1553 www.mpvsskateshop.com.br

- Sorocaba Xtreet Skateshop Rua Alfredo dos Santos, 166, Vila Carol (15) 3226-3011 / 99151-2511

Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja!

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DIVULGAÇÃO

áudio // hc

BANDANOS

URBAN THRASH MANIACS DURANTE TODO ANO DE 2014 O BANDANOS VIVEU UM SONHO, DE PERCORRER O BRASIL DE PONTA A PONTA, FAZENDO SHOWS PARA DIVULGAR SEU NOVO DISCO “NOBODY BRINGS MY COFFIN UNTIL I DIE”. O SALDO FOI O MONTANTE DE 54 SHOWS E MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR! COM VOCÊS BANDANOS, A BANDA MAIS CYCO DA AMÉRICA LATINA! // POR HELINHO SUZUKI

P

ara quem não conhece o Bandanos, conte para nós uma breve história de vocês? Marcelo Papa: Em 2002, comecei a banda junto com o Lobinho (ex-Point Of No Return), Ruy Fernando (ex-No Violence), Franz (ex-War Inside) e Alessandro Soares (NOALA). Éramos amigos de longa data e em uma conversa virtual no finado mIRC, resolvemos montar a banda, despretensiosamente. Fizemos os primeiros sons com essa formação, mas a banda era um projetão de todos. Com o tempo ela foi ficando mais séria e as formações mudaram. Acho que a mais marcante aconteceu quando nos firmamos como quarteto, com o Cris assumindo o vocal, depois de ter tentado tocar baixo, e o Bucho (Rot/Cruelface) encarando este instrumento. Essa formação durou cinco anos. No fim de 2010 o pessoal já estava meio sem pique de fazer shows; resolvemos dar um tempo e voltamos no começo de 2011 com a formação atual, que conta com Cris na voz, eu na guitarra, Lauro no baixo e Helder na batera. Do meio da década passada pra cá teve um boom do crossover liderado pelo Municipal Waste, Gamma Bomb e outras bandas do genêro. Como sempre, a fase passa e hoje, como está essa cena? Você acha que essa fase foi essencial para consolidar o que o Bandanos é hoje? Marcelo Papa: Na verdade somos um ano mais velhos que o MW. Por mais que eu não pire na

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banda, acho que eles são sim responsáveis pela volta do interesse mundial no gênero na década passada, bem mais que o Gama Bomb, até. Não podemos negar que a molecada nova gosta muito deles. O Bandanos ralou demais também pra tentar levantar a cena daqui. Durante anos fizemos o “Night Of The Living Thrashers Fest”. Trouxemos o Dr. Living Dead (Suécia) pra cá em 2008, que hoje faz parte do cast da Nuclear Blast e pra mim é a maior banda de crossover do mundo. Não adianta nada ter banda gringa marcando revival e a gente aqui não botar as coisas pra andar. As cenas independentes são locais. Temos que agir localmente, pensando globalmente. Quase 13 anos tocando com todos os tipos de bandas e em todos os tipos de cenas. Sempre falamos que só não aceitamos tocar com pessoas preconceituosas, homofóbicas e racistas. Esse é o hardcore/punk que aprendemos. O revival pode ter dado uma diminuída, como você disse, isso é natural, mas a gente não parou e hoje vemos algumas bandas tentando correr do nosso lado. Talvez a nossa resistência, mesmo sem perceber, tenha inspirado outras pessoas e isso vale muito a pena. Neste ano vocês resolveram viver um sonho: tocar no máximo de lugares que pudessem, sem ter quase nenhuma folga durante os finais de semana. Como foi planejada essa tour? Apesar de o Brasil ser um país enorme, ainda falta estrutura para fazer uma tour tão extensa...

Marcelo Papa: Malandro, quem sofreu mais foram nossos patrões e famílias! Hahaha... Eu mesmo agendei a tour toda. Comecei a planejar tudo em novembro de 2013. Você sabe que todas as bandas sempre procuram fazer tours fora do país. Eu pensei que se a gente sempre consegue fazer fora, podemos fazer aqui também. Durante anos eu fui agregando amigos no hardcore/metal e punk, isso foi fundamental agora. Anunciei a tour, corri atrás dos primeiros shows e o resto foi acontecendo, com gente entrando em contato e negociando. Peguei o calendário de 2014 e fui encaixando as datas. Tinha dia que ficava doido! Confirmava quatro, cinco shows ao mesmo tempo, com um monte de janela do whatsapp e facebook apitando sem parar, até de madrugada. A maior parte dos shows que fizemos, foi no esquema “Faça-Você-Mesmo”, então já sabíamos o que poderíamos esperar. Em muitos deles nos surpreendemos com a estrutura boa de equipamento e tratamento ótimo que recebemos. E qual foi o saldo? Muitas roubadas? Foram 60 shows agendados, 54 executados. O saldo foi muito mais positivo. Fomos absurdamente bem tratados em todos os locais que passamos. Comemos bem, dormimos bem e os shows foram quase sempre bons ou ótimos. Demos sorte e poucos foram zuados. Roubadas foram só as tours que não aconteceram, com os produtores sendo brincalhões e nos enrolando, segurando as datas


hc

até o último dia e informando só na hora do embarque que não ia mais rolar. Em Belém e no Paraguai tivemos problemas com os produtores. No caso de Belém, fomos avisados antes por algumas bandas e bookers que já haviam tomado balão dos mesmos caras, mas a gente sempre fez parte do “Faça-Você-Mesmo”, acreditamos que a palavra vale mais que contratos e assinaturas. Pena que nem todos pensam assim. Esse foi único caso em que rolou falta de respeito com a banda e com o público. De resto, alguns shows caíram por causa de alvarás e locais que foram fechados, não dando tempo hábil para os produtores irem atrás de outras casas. Nesse rolê pelo Brasil, o que tem de novo em relação a bandas, zines, coletivos, casas de shows que você acha que vale a pena destacar? Marcelo Papa: Tocamos com todos os tipos de cena esse ano. Das bandas eu destaco o “George Romero” (Power Violence ) de Campo Grande, “Entre os Dentes” (crossover) de Goiânia, o “D.C.H”. (thrash core) de Bastos, “Zoombie CookBook” (grindcore) de Joinville, “O.G.D.N.” (crossover) de Jundiaí... etc. Eu poderia ficar horas falando das boas bandas que tocamos. Dos zines, por mais que estejam escassos, posso indicar o “Tranza”, do coletivo feminista “Zinas” (BH) e o “Kólpos” e “Girl Riot”, ambos da Hanna, feminista ativa lá de Volta Redonda (RJ). Conhecemos muita gente boa e coletivos sensacionais : “As One” (MG), “Uberaba Hardcore” (MG), “B.I.L.” (RS), “Brazlândia Underground” (DF), “Thrashcore Fest” (Goiânia), “Bombeta Thrash” (RJ) e até as pessoas que não se julgam coletivos explícitos, mas que movimentam a cena local com grandes eventos underground, como em Joinville, Bauru, Campo Grande e outras. Vocês lançaram no meio do ano o disco “Nobody brings my coffin until I die”. Fale um pouco sobre o conceito do disco, temáticas das letras e sobre a empreitada da Laja Rex, que lançou o petardo em cd e vinyl... Marcelo Papa: O Cris sempre escreve sobre coisas que nos rodeiam, situações da vida que acabam impactando de alguma forma em nosso dia a dia, sobre as bandas dos anos 80, cena underground metal e hardcore/punk, filmes de terror. Nesse disco, nós fizemos questão de mandar as letras dos sons pra alguns artistas amigos, pra eles lerem e desenharem livremente sobre os temas e montarmos um encarte em português e inglês. Entre os artistas, temos Danielone, Marcio Duarte, Tulio DFC, Yuri Sakr, ZK, Matheus MIG, Zucato, Carlos Augusto Miranda, Alexandre Kool, Ete... só fera radical na fita! Até capa do disco saiu assim, escolhemos o Jeff Gaither e esse cara já fez artes e capas pra alguns monstros; de Accüsed, passando por Rob Zoombie e Guns N’ Roses. Mandamos o nome do disco pra ele e a partir disso, ele foi desenhando e nos mandando as ideias. A Läjä Rex não poupou esforços! Deu liberdade total pra gente fazer o que quiséssemos. Vem sendo o selo mais bacana que já trabalhamos

até hoje. O Mozine, além de ser um cara extremamente justo e maleável, faz as bandas do selo girarem. A distribuição dele é muito boa. Onde nós vamos, vemos os LPs e os CDs sendo vendidos. Falando em vinyl, eu sei que você tem uma bela coleção... O que você acha dessa “volta” do vinyl e agora do cassette? Apesar da internet ter tudo você ainda acredita que a molecada ainda tem o gosto por ter o material físico, sentar, botar o disco para ouvir, ler o encarte...? Marcelo Papa: Eu trabalhei em sebo quando era moleque. Aprendi a ter um apreço maior por LPs. Muita coisa que hoje custa caro, peguei direto na fonte, quando trabalhava lá. As vezes deixava meu salário todo e não recebia nada, sempre fui viciado, tenho uma coleção razoável. Passo boa parte do meu tempo olhando discos nas lojas, dando aquela conferida nas discogs. Pra te falar a verdade ainda continuo gastando quase todo meu salário em discos... haha, só mudei de emprego! O LP tem um conceito diferente. A arte no nosso disco novo foi pensada pro LP, só depois adaptamos pro CD. Eu piro no som, nos estalos, em sentar no sofá com o play na mão e olhar os detalhes da capa, pegar o encarte e ler as letras, os agradecimentos (graças a isso a gente conhece um monte bandas hoje em dia). Conheço muita molecada nova que está pirando de novo nos formatos e isso é ótimo! Foda são os preços que os LPs estão. Se fossem mais acessíveis, com certeza muito mais gente iria se interessar. Fazer um disco aqui no Brasil, se tornou algo complicado, pelos custos exorbitantes! A alternativa mais barata pode ser o K-7 mesmo. Temos nosso primeiro disco e as demos lançadas em fitinha e o play novo serão lançados com bônus por um selo chinês. Qual a relação da banda com o skate? No novo disco eu sei que tem uma letra em homenagem ao carrinho, Urban Thrash Skate Maniacs. Marcelo Papa: Desde moleque temos uma forte ligação. Nos anos 80, vivemos uma fase que andar de skate foi quase tão popular quanto jogar futebol! Em 88, veio a porra do Jânio Quadros como prefeito e proibiu o skate na rua! Lembro de estar na rua andando e ter que empurrar o carrinho pra debaixo dos carros estacionados quando a polícia passava, senão éramos tomados. O Helder, Lauro e Cris andam até hoje. Helder anda bem demais, aliás. Manda muito! Eu que sou o desertor... haha. A ideia da Urban Thrash, rolou depois de eu fazer a base e mostrar pros caras em um ensaio. Todos acharam que a vibe do som era total “skate punk” e o Cris começou a esboçar a letra, falando um pouco das manobras. O som que fazemos, tem tudo a ver com skate. Nessa tour conhecemos um moleque em Volta Redonda, que nos contou emocionado que conheceu o Bandanos em uma sessão de skate com os amigos. Esse tipo de coisa não tem preço, nos dá muita satisfação. O Bandanos é uma banda que os integrantes têm suas raízes no hardcore punk e alguns membros são straight edges. Vocês têm tocado bas-

// áudio

tante no circuito metal, como eles recebem isso? Marcelo Papa: Temos três straight edges na banda (eu, Lauro e Cris). Com os anos aprendemos a lidar com a situação. Sempre vem alguém com garrafas de cerveja pra gente, damos tudo pro Helder e ele fica feliz. Tem gente que não entende como uma banda de crossover pode não beber, nem recusar drogas. Os caras perguntam: “- Porra, nem uma breja, nem um baseadinho?!”... hahah. Às vezes nem explicamos mais o motivo, apenas falamos que não usamos nada por opção. A maioria das pessoas respeita, a gente interage com todo mundo nos rolês, saímos sempre pra comer com as bandas locais e nunca tivemos maiores problemas quanto a isso. Nunca nos fechamos em nossa escolha, como se isso fosse uma verdade absoluta e nunca tratamos quem não escolhe isso como o errado. Opções são pessoais e não é isso que julga seu caráter. Acho que por isso a gente sempre se deu bem com todo mundo e não tivemos problemas. A base de tudo é o respeito, as escolhas. Recentemente vocês tocaram com o Excel, uma das maiores influências do Bandanos. Assim como eu, acho que vocês nunca imaginariam que eles tocariam por aqui. Como foi essa experiência? Marcelo Papa: Foi algo surreal! Durante anos o Cris conversou com o Shaun, Greg (que ainda era batera da banda) e com o Dan. Ele encheu o saco dos caras pra que voltassem a tocar. Quando vimos que eles haviam se reunido em 2013, já foi algo surpreendente. Logo após isso, o Cris perguntou se eles topariam uma tour pelo Brasil e os caras se interessaram. Conversamos com o Rafa, da “Seven Eight Life” e como ele estava nos EUA, conseguimos uma reunião entre ele e os caras. A partir daí o sonho começou a virar realidade. Esse lance de Facebook é bem louco, mano! Hoje você troca ideia com os caras das bandas que a gente nunca imaginou conhecer um dia. Por causa dessa porra o Excel veio pro Brasil. Quando os caras entraram no palco, eu me senti mais realizado do que se tivesse tocando com o Suicidal, falei isso pra todo mundo e continuo repetindo. O Excel é uma banda mais cult e sinceramente, muito mais honesta. Os caras saíram pra comer açaí com a gente, assinaram os discos de todos, nos trataram como iguais, ou seja, tudo aquilo que o punk e o hardcore nos ensinaram. O Dan e o Shaun ficaram horas contando sobre Venice, sobre as bandas, as tretas que rolam por lá até hoje. Nos deram uma aula, bicho! O Alex Barreto, que toca guitarra na nova formação, ficou chocado quando levei meu disco do Chain Of Strength pra ele autografar. Ele não imaginava que eu sabia que ele tocou em outras bandas, que tocou no Inside Out com o Zack de La Rocha antes da fama. Ficaram impressionados como a gente se interessa pela história das bandas, dos integrantes. Ficamos amigos de todos e já estamos pilhando os caras pra voltar. Foi mais um sonho realizado!

Discografia: Demo (2002), Justiça das Ruas Demo (2003), Split CD com Bitting Socks - México (2005), Bandanos K-7 – as Duas Demos lançadas nos EUA - (2005), Thrash Attack From Brazil - Compacto 7”- Colêtanea com bandas de punk/crossover brasileiras lançada na França (2006), Thrash From the Dead LP/CD - Split com Destructions End –EUA – (2007), We Crush Your Mind With the Thrash Inside CD – Full Lenght (2007), We Crush Your Mind With the Thrash Inside LP – Full Lenght - Versão Francesa (2009), We Crush Your Mind With The Thrash Inside K-7 – Versão Uruguaia (2008), Thrashing the Tyrants – Compacto 7” - Split com Violator (2009), No More Than Splatters Zoombies With Guitars – Compacto 7”– Split com ToeTag – EUA - (2013), Metal Das Ruas CD – Ao Vivo (2014), All Ages From The Cyco Way of Life CD – Coletânea com Demos e Splits (2014), Nobody Brings My Coffin Until i Die CD/LP – Full Lenght (2014).

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JOÃO BRINHOSA

o bowlrider // por léo kakinho*

Hericles Fagundes se mudou pra Floripa para desenvolver o bowlriding. Fs ollie over the channel, RTMF Bowl, a casa do Pedro Barros.

Pista pública ou particular, eis a questão

U

ma das questões que vem acontecendo ultimamente é em relação ao acesso às pistas particulares. Geralmente essas pistas são bem legais de se andar; o proprietário já havia amadurecido a sua ideia de construí-la há anos e, consequentemente, também são bem feitas. Quem não gostaria de ter sua própria pista em seu quintal? Não importa o tamanho, mas que dê aquela sensação que tem um tesouro em casa. Não tem preço, é o sonho de todo skatista. Aqui em Floripa a maioria das pistas está situada em propriedades particulares. Existe uma previsão de reformas dos skateparks municipais em 2015, revitalizando o cenário da prática do skate na cidade, o que vai permitir os locais a andar finalmente em espaços públicos de qualidade. Mas como se faz para poder desfrutar das pistas particulares? Em algumas é estipulado um horário da semana que é liberado para o público. Aqui no Rio Tavares, na casa do Pedro tem uma placa na porta informando os horários; na Pousada Hi Adventure, a partir do almoço já está liberado para andar, mas mediante o pagamento de uma taxa. Ali tem infra muito boa e é bem legal de passar a tarde escutando um bom som e tomando

uma breja na sessão. No Rio Vermelho temos o Konig, que também tem horário de funcionamento e é bem legal. A sessão é tomada da galera do bairro, finalizando no Sushi Bowl, que também é uma boa pedida para dar um rolê e ainda comer um sushi de alto nível feito pelo dono. As pistas que restam são bem difíceis de se ter acesso, pois são conhecidas até como secrets. Suas sessões são marcadas nas internas, para não crowdear. São locais restritos aos amigos, não são abertos ao público e geralmente o dono preza por manter seus endereços em sigilo. Não vou citar nomes e nem localizações exatas, mas nesses dois bairros e na região da Lagoa da Conceição estão situados os melhores backyard bowls do Brasil. A melhor forma de você frequentar essas pistas de quintal é ter uma relação de amizade com o dono e os skaters locais. Se não for, chegue tranquilo, se apresente, mantenha o lugar limpo, respeite os moradores vizinhos. Mesmo sendo conhecido, tem que combinar antes para não dar com a cara na porta, respeitando os horários do proprietário ou se é dia de relax, pois ninguém aguenta abrir para todos a porta de casa todos os dias. Boas sessions!

APOIO CULTURAL * Leonardo Godoy Barbosa, Léo Kakinho, 40 anos, 33 de skate (Drop Dead, Evoke, Vans)

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skateboarding militant // por guto jimenez*

A modalidade mais brasileira de todas

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IVAN SHUPIKOV

á pouco mais de 30 anos, o planeta skate foi apresentado a mais uma modalidade, o downhill slide. Pouco mais de dois minutos de imagens no histórico primeiro vídeo da Bones Brigade retratavam um drope numa ladeira californiana com Stacy Peralta, Chris Iverson e Todd Hastings. As manobras executadas foram Coleman slides e Bert reverses, que foram espalhados pelo asfalto por inúmeras vezes e deram uma pitada de skate de ladeira ao vídeo primordial. Quando esse vídeo chegou ao nosso país, foi como se juntasse a fome com a vontade de comer. Na época, quase não tínhamos pistas de skate e o resultado foi procurarmos picos de ruas onde pudéssemos reproduzir as manobras que deveríamos estar fazendo nas transições. Afinal de contas, foi dessa forma que nasceu o street no mundo, e esse era o caminho pra quem não tinha acesso às poucas pistas e não se empolgava em praticar o Freestyle. No entanto, o Brasil sempre teve um bom número de skatistas que gostavam de andar em ladeiras tanto quanto em quaisquer outros tipos de terreno. A escassez de pistas fez com que esse número fosse acrescido de cada vez mais verticaleiros e alguns freestylers, que buscaram ladeiras nos bairros mais altos de suas cidades. O vídeo havia mostrado o que era possível de ser feito, mas aquilo era só o começo... Uma leva de skatistas de SP, como Ricardo “Tchap-Tchura”, Flávio Ascânio, Márcio Tanabe, Hélio Greco, Vittorio e “Maçarico”, entre outros, começou a expandir esses limites e a incluir manobras como laybacks, tail slides e full slides tão extensos que deixavam marcas de uretano no chão. Essa galera criou as fundações do DHS brasileiro, modalidade que conheceu o seu primeiro auge poucos anos depois. O final da década de 80 consagrou nomes como Fernandinho “Batman” (o mais talentoso de sua geração), Paulo “Coruja” e “Urso”, entre outros, revalando moleques como Dani Milare e Rodrigo “Digo” Menezes – sim, ele mesmo, o primeiro brazuca a se sagrar campeão mundial de skate. A “Ladeira da Morte” tornou-se a Meca a ser conhecida, dominada e principalmente respeitada, além de palco de alguns dos maiores eventos de ladeira de todos os tempos, a ponto de alguns desses campeonatos terem sido transmitidos pela tevê. O período de decadência não poupou a modalidade, muito pelo contrário: por longos anos, o DHS sobreviveu na mais completa marginalidade. Porém, nem isso foi capaz de impedir a produção de talentos nacionais em escala quase industrial, com caras como Juliano Cassemiro “Lilica”, Alexandre Maia, Willians Indião (RIP), José Carlos “Birinha” e Sérgio “Yuppie”, esse considerado em todo o globo como o Rei do Downhill Slide e nada menos que pentacampeão mundial no estilo. Esses guerreiros batalharam e roeram ossos pra incluir o skate de ladeira de modo geral (e o DHS em particular) na mídia, não medindo esforços pra atingir seus objetivos. Nos dias de hoje, temos uma nova geração de profissionais, amadores e mulheres que estão elevando o patamar das manobras e da velocidade a níveis que quase beiram a insanidade. Pros como Fernando “Hiena” (filho do Yuppie), Kauê Mesaque, Jefferson “Du”, Renilson “Carranca” e Luciano “PT”; amadores como Junior Yuppie (outro filho do Rei), Natan “Alemão”, Alex “Kung Lao”, Matheus “Mosca” e Leo Scauri; e mulheres como Cris Andrigo “Punk”, Fernanda Michelini, Andreya Barros e Bruna Mars prometem gravar seus nomes com riscos de uretano ladeira abaixo. Não existe nesse planeta um lugar com DHS do nível brasileiro, tanto que muitos amadores brasileiros poderiam se dar muito bem em campeonatos da modalidade no exterior. Em termos de equipamentos, o consumo é bem alto: gastam-se rodas que é uma beleza, tênis são bem maltratados e decks são abusados até o osso. Joelheiras e luvas de downhill também fazem parte, sendo equipamentos de proteção quase obrigatórios em grandes eventos junto com os capacetes.

Sergio Yuppie tem a terceira capa na revista norte-americana Concrete Wave, mais entrevista de 8 páginas. Volume 13, número 3, neste atual inverno naquela parte do globo.

Toda essa história e todo esse consumo significativo trazem uma questão à tona: por quê os praticantes da modalidade não têm o apoio que merecem? Algo está muito, muito errado quando os profissionais patrocinados por marcas ainda são uma minoria; pode-se dizer sem susto que, se não fossem algumas poucas empresas e skate shops que apoiam skatistas e eventos, a modalidade estaria bem mal das pernas. Não há justificativa nessa inércia do mercado em relação ao DHS; produtos são avidamente consumidos pelos praticantes, eventos são realizados com frequência e o nível brasileiro da modalidade é o mais alto do mundo. Todos os fatores que mais influenciam estão presentes, então a questão permanece bastante pertinente. A grande maioria dos empresários de skate precisa estar mais ligada no que acontece nas ruas e ladeiras de nosso país. Produzir produtos específicos, patrocinar skatistas e apoiar eventos de DHS é investir na mais brasileira entre todas as modalidades de skate, simples assim. Algumas empresas estrangeiras estão bem ligadas no que está acontecendo em nossas ladeiras, e não vai adiantar chorar na hora que essas marcas exercerem sua superioridade financeira e começarem a patrocinar essa legião de ótimos skatistas que proliferam no país. O recado está dado, portanto acordem enquanto é tempo!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

80 | TRIBO SKATE janeiro/2015






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