Tribo Skate #232

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PRAÇA DAS ÁGUAS • JAMES BAMBAM • WORKSHOP BSC • KINGSTON BOSSA

PELA RUA

DIVERSÃO & ALTA PERFORMANCE

OI BOWL JAM

UM PEDIDO PELA PAZ

PAINTING LIGHT

LUZ SOBRE LUZ

CAPITAL TOUR

NA TERRA DO PÃO DE QUEIJO Rodrigo Lima, hardflip Ano 24 • 2015 • # 232 • R$ 9,90

SERGIO NERY

O VENCEDOR DO QIXTV CONTEST www.triboskate.com.br










TRIBO SKATE 232 FEVEREIRO 2015

ESPECIAIS> 30. OI BOWL JAM UM PEDIDO POR PAZ 36. CAPITAL TOUR MG NA TERRA DO PÃO DE QUEIJO 44. SERGIO NERY O DONO DO CARRO DO QIXTV 48. PELA RUA DIVERSÃO & ALTA PERFORMANCE 64. PAINTING LIGHT A TÉCNICA, POR DIOGO GROSELHA 74. ÁUDIO ESPECIAL ZODI E O SEU KINGSTON BOSSA SEÇÕES>

EDITORIAL............................................................. 12 ZAP ......................................................................... 16 CASA NOVA........................................................... 72 SKATEBOARDING MILITANT .............................. 80

CAPA: Depois de morar por anos no exterior, Rodrigo Lima voltou ao Brasil no ano passado pra marretar (em) seu país. Com todo o respeito que devota ao skate de rua, talvez não imaginasse que sua missão com Pablo Vaz lhe renderia a primeira capa na Tribo Skate. Hardflip sobre o cano, direto pra inclinação do asfalto. Em bom papel couché, com verniz UV! Foto: Pablo Vaz ÍNDICE: A Tour Freeday Cenários rendeu tanta coisa boa que esta ficou na gaveta para uso especial: Ricardo Porva, flip monstro na fonte seca de Brasília. Com tantos anos de estrada, Ricardo tem pernas de adolescente para segurar o impacto. Foto: Heverton Ribeiro

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// Ă­ndice

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editorial //

INSPIRAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO // FOTO DANIEL GALLI

O

ano de 2015 começou naquela função de arrumar a casa. Governo, empresas, entidades, pessoas: todos estão se reorganizando. Não é diferente com a Tribo Skate, que depois de 23 anos está estreando uma nova era, em casa nova, numa espécie de resgate de seus valores essenciais. Enquanto escrevo este texto, vamos nos despedindo de um período em que aprendemos muito ao somar o universo do skate a uma produtora de revistas customizadas, a Pátria Editora. Levamos nossa bagagem e real envolvimento com o universo do carrinho, mantivemos nossa revista viva e mensal e finalizamos esse período gratos pelas experiências e esforços empreendidos na Tribo Skate. Como fazemos sempre quando é chegada a hora de renovar o carrinho, com rodas, shape e trucks novos, para as sessões renderem mais, teremos novas ferramentas e plataformas para fazer nosso trabalho e entregar ao mercado e ao esporte um pacote de veículos que informem com propriedade, que proponham, que discutam, que façam a diferença – como sempre procuramos fazer, desde 1991. Por uma questão de respeito, somente após a circulação desta edição de fevereiro comunicaremos ao nosso segmento com quem estaremos, quais serão nossas novas companhias em nossa missão. Podem acreditar, não faltará inspiração, pois o suor faz parte de quem vive o mais puro creme do uretano, da madeira e do metal. Tribo Skate, respeito à cultura do skate brasileiro. (Gyrão) Alexandre Greco “Nicolau”, aproveita um raro momento desta fonte seca em Barcelona. O local é clássico e apenas uma vez por ano rola esta manutenção. Bs tailslide.

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ANO 24 • FEVEREIRO DE 2015 • NÚMERO 232

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Redação: Junior Lemos Colaboradores: Texto: Guto Jimenez, Jovani Prochnov e Leo Kakinho Fotos: Carlos Taparelli, Cauã Csik, Diogo Groselha, Emy Sato, Fernando Gomes, Igor Wiemers, João Brinhosa, Jovani Prochinov, Leandro Moska Colunistas: Guto Jimenez, Léo Kakinho

www.triboskate.com.br informação do dia a dia

Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Diretor de arte: Marcelo Paton Administrativo/Financeiro: Ana Paula Silva Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Cezar Toledo (cezar@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Intergraf Bancas: Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº 1678, CEP 06045-39, Osasco/SP

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br A Revista Tribo Skate é uma publicação da Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br



zap //

NÃO PISE NA GRAMA!

Ivan Érico, switch crooked.

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// zap

// TEXTO E FOTOS: JUNIOR LEMOS

A

Praça das Águas sempre foi do skate, mas por pouco a gente ficaria de fora da atual revitalização que rolou na área. Reivindicação antiga e nunca atendida pela prefeitura, a reforma veio do investimento de uma construtora em um empreendimento nas redondezas. O projeto original não contemplava o skate mas graças à sempre sintonizada comunidade do skate que toma conta do espaço (não é de hoje), o vereador Luiz Rossini direcionou para que a ideia fosse devidamente barrada pela direção da Sanasa, órgão municipal que tem uma unidade dividindo o quarteirão com a praça. Com os eixos do projeto devidamente ajustados, o skate voltou a ter sua parte merecida da praça, com o desenho dos obstáculos na responsa de skatistas da mesma comunidade envolvida na manutenção do espaço e que anda por lá há anos. E além de uma completa área pra gente, também foram feitos parque infantil, academia da terceira idade e tabela de basquete, verdadeiro oásis de lazer em meio à falta de espaços públicos destinados para isso. Quer saber um pouco mais da história da Praça das Águas e de como rolou essa revitalização? Chega na loja de skate (CT Culture) ou na lanchonete que tem ao lado. Ali ficam as pessoas que sempre tomaram conta do local e que não deixaram que o skate perdesse um espaço tão valioso como esse. E como em todo local onde há disciplina e respeito o skate prevalece, a gente espera que os skatistas respeitem a proibição de se andar na praça depois das 22h00. Também não pise na grama e respeite os pedestres, seu animal! Stanley Inácio, noseblunt.

Praça das Águas: Rua Dr. Álvaro Ribeiro, s/n, bairro Ponte Preta, Campinas

Gustavo dos Anjos, nollie heel sobre o cano.


zap //

Gravataí, no Rio Grande do Sul, inicia a construção de sua primeira pista pública, prevista para junho. O projeto é da empresa Spot Skatepark e foi custeado pela Code Skateboard, que também fechou parceria entre a prefeitura e a Consplan Empreendimentos Imobiliários para a construção. • A Öus lança documentário com a saga dos primeiros 365 dias de Patrick Vidal como skatista profissional. Filme de Leo Coutinho, “Agora Ficöu Pequeno” pode ser visto no vimeo.com/ous. • [01] A rapaziada da Verdi Skate Shop continua forte com sua equipe, renovando o contrato dos pros Murilo Peres e Marcos Camazano. Outra novidade é o novo show room, para os clientes que querem ver de perto as novidades, que funciona com agendamento: (11) 2737-1730 ou contato@verdiskateshop.com.br. Fica na Rua Guaipá 902, Vila Leopoldina, São Paulo/SP. E a loja virtual continua no mesmo endereço: www.verdiskateshop. com.br • Dois novos skatistas foram contratados para integrar o time amador da Liga Trucks: Renato Souza e Erick Lopes. A novidade é marcada também pelo lançamento de dois novos modelos de eixos (139 e 149, ambos altos). Os dois amadores reforçam o time: Djorge Oliveira, Alexandre Vaz, Bruno Melão, Felipe Oliveira, Rafael Russo, Biano Bianchin, Daniel Crazy, Danilo Dandi, Gui Zolin, Gui da Luz, Douglas Molocope, LP. Aladin e Patrik Mazzuchini. (ligatrucks.com.br) • A Dieto Co. CWB Skate Shop também começa 2015 com sangue novo no time: Daniel Mordzin. • Fabio Pen tem pro models de roda e shape lançados pela Anti Action. As redondas são feitas na gringa e o gráfico do shape leva assinatura do artista Yasuda, um belo desenho de um dragão feito em pontilhismo e que até virou tattoo. (fb.com/antiaction)

Low 139.

Low 129.

Novidades Metallum Vocês já viram em nossas últimas edições os anúncios da Metallum com os profissionais Thiago Garcia e Gian Naccarato. E agora nós vamos adiantar em primeira mão o pro model de eixos do Gian, que chega ao mercado em breve. São dois modelos baixos (low), um 129 (preto) e outro 139 (silver), que certamente se encaixam na preferência do skate de rua, afinal o Gian é um dos mais expressivos skatistas desta modalidade atualmente no Brasil e também muito exigente com tudo que envolva seu skate. Saiba ainda mais sobre este lançamento: metallumtrucks.com

Família

soteropolitana Por: Fernando Gomes

Claudio Souza, nollie bs tail.

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A FDN Skate Crew lança no início de março uma nova edição da sua série de vídeos Explore. Como o título sugere, os vídeos focam em explorar picos skatáveis de Salvador, BA, e, dessa vez, o local escolhido foi o Jardim dos Namorados, pico clássico do skate de rua baiano. Além dos skatistas da crew, a participação de amigos nessa edição é ainda maior, fortalecendo sempre o manifesto de explorar as ruas com manobras, amizade e diversão. Em celebração ao novo vídeo, a crew soteropolitana também coloca nas ruas uma série de camisetas do Explore em parceria com a ESC Skate Art. Pra conferir o vídeo, basta colar no canal da FDN no youtube (youtube.com/ FdnskateCrew).




FLAVIO LOPES Pro model 7.75”


zap //

CARLOS TAPARELLI

JUNIOR PEREIRA

Fs flip.

Junior Pereira, o Boy, concretiza a tão sonhada profissionalização no começo de 2015, comemorando a conquista com bastante barulho. E entre a sonzeira que o acompanhou nesta longa caminhada, ele indica pra gente as 20 músicas que mais tocam no volume máximo de seu player. Young Jeezy, I Luv It Bone Thugs N Harmony, Foe Tha Love of Money Erykah Badu, Soldier Gucci Mane, Everything Razel, Crazy Beatboxing Wu Tang Forever, Impossible DJ Quik, Let Me Clear My Throat Hieroglyphics, Soweto Ice T, Colors Eazy E, Boyz N’ the Hood Junior Pereira (V8 Trucks, Classic Since Ever e Mad Bull Shoes)

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Bone Thugs, This is My Family Notorious B.I.G., Warning Apollo Brown & Guilty Simpson, Reputation Mobb Deep, Give it Up Fast (feta. Big Noyd & Nas) Notorious B.I.G., Gimme the Loot Filho do Leão, Poderoso Chefão MV Bill, O Bonde Não Para DMN, H. Aço Racionais MCs, Somos o que Somos Dina Di, Amor e Ódio



THEO ANDRADA

zap //

Revelando talentos no Brasil Skate Camp CRIS FERNANDES

“Hô Dudu! Volta uma manobra no corrimão, pra eu fazer uma foto sua?” Essa frase partiu de um dos acampantes do Brasil Skate Camp quando estávamos na aula prática de fotografia, em pleno sol do meio dia. A oficina de fotografia é uma novidade que foi testada na última temporada e tem tudo pra virar atração fixa do único acampamento brasileiro exclusivo para o skate. Na primeira turma de janeiro os inscritos tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre os princípios da fotografia com a fotógrafa Ana Paula Negrão; eu estive no acampamento para trocar uma ideia com a segunda turma da temporada deste início de ano. E mesmo concorrendo com duas pistas de street, mini mega, duas minirrampas, piscina e tiroleza, além da presença de parte das equipes Nike SB e Volcom, as vagas da oficina foram preenchidas rapidamente. Todo mundo prestou bastante atenção na aula teórica, mas a molecada não via a hora de passar pela prática. Com três câmeras, lentes diversas e sistema de disparo remoto de flash, tudo do próprio acampamento, formaram-se trios que saíram para registrar o que queriam no acampamento: um com uma teleobjetiva, outro com uma 50mm e o terceiro portando uma de zoom aberto mais o disparo remoto. Cada um dos grupos fotografou uma mesma manobra, com alguns tendo o privilégio de enquadrar e focar nomes expressivos do skate nacional como Renato Custódio, Guilherme Traquinas, Kelvin Hoefler e Carlos Ribeiro. A oficina de fotografia faz parte agora do Studio Digital Volcom, onde a garotada já contava com o curso de técnicas de edição e captação de vídeo. Se o Brasil Skate Camp é um local de descontração e lazer, todo ensinamento repassado pra essa garota neste ambiente é absorvido de uma forma que muitos deles voltam pra casa com um ‘princípio de incêndio’ na cabeça, uma faísca desta imensa chama do conhecimento que há nas técnicas fotográficas. E se alguns deles têm talento pro ofício, teremos o orgulho de em breve identificar novos nomes para o cada vez mais seleto grupo de fotógrafos brasileiros especialistas em skate. Vida longa à iniciativa!

Ana Paula Negrão. CRIS FERNANDES

POR JUNIOR LEMOS

Alexandre Calado, bean plant to fakie.

Junior Lemos.

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THEO CAMARGO

// zap

RICARDO GOMES

Kelvin Hoefler, fs rock’n’roll e o detalhe da Ana explicando ao Theo Camargo.

As três fotos de ação desta notícia foram feitas por alunos da oficina e o Brasil Skate Camp realiza um concurso valendo uma vaga na 2ª temporada de 2015. Foram selecionadas 10 fotos entre todo o material produzido pelos acampantes e estas ficarão expostas no Brasil Skate Camp Park, em SP, e também em nosso site. O seu voto e o de convidados definirão a foto ganhadora. A foto com maior número de curtidas no Instagram do acampamento leva o voto do público. instagram.com/ BrasilSkateCamp

Giovanni Vianna, bs bluntslide.

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zap //

JAMES BAMBAM JAMES BAMBAM É DA GERAÇÃO DE PROFISSIONAIS BRASILEIROS DOS ANOS 90. PASSOU PELA FAMIGERADA ÉPOCA DAS RODAS TORNEADAS E CALÇAS LARGAS, DOS VÍDEOS EM VHS, DAS SESSÕES DE FOTOS ANALÓGICAS, DOS EVENTOS DE APRESENTAÇÕES DE UM MINUTO, DAS DEMOS NO INTERIOR, DE VIAGENS INTERNACIONAIS E DAQUELA BAGUNÇA TODA. REPRESENTOU ALGUMAS DAS PRINCIPAIS MARCAS NACIONAIS, ALAVANCOU OUTRAS QUE SURGIAM, PARTICIPOU DE EQUIPES DE PESO, FEZ CAPAS DE REVISTAS, ENTREVISTAS, UMA ATUAÇÃO CONSISTENTE. EM DETERMINADA ÉPOCA, FICOU NA MÃO E SAIU DE CENA PARA RETOMAR SUA VIDA, CRIANDO UMA OUTRA ALTERNATIVA DE PROFISSÃO. ASSIM QUE CONSEGUIU DOMINAR A SITUAÇÃO, VOLTOU AO CORAÇÃO DO SKATE E FOI RECEBIDO COM ENTUSIASMO POR AMIGOS E FÃS DE LONGA DATA. ESTA SUA LINHA VERMELHA REVELA UM POUCO DO SEU SORRISO FÁCIL, DAS SUAS ORIGENS EM GUARULHOS E DAS GRANDES MOTIVAÇÕES QUE TEM PARA ANDAR COM O MESMO EMPENHO QUE CONSTRUIU SUA FAMA. AH, O AKASAWA PERGUNTOU E ELE RESPONDEU NA LATA: “PORRA, JAMAIS VOU ABANDONAR OS ‘CALÇAS LARGAS’.” LEITURA OBRIGATÓRIA. - Me recordo da sua revolta ao ser posto pra fora de uma certa marca de tênis por telefone. Aquilo causou desânimo, algum tipo de trauma ou prejudicou sua carreira? Abraço. (Rodrigo Pereira, Salvador/BA) • Na época eu fiquei não revoltado, nas meio decepcionado, porque eu estava há vários anos em uma marca e quando foram pra me demitir foi por telefone; mas isso passou já. Na verdade foi uma fase que tinha que acontecer e que serviu pra abrir meus olhos para outras paradas! Quando aconteceu isso, eu fiz cursos e graças a Deus hoje em dia eu consigo trabalhar e andar de skate. Talvez se isso não tivesse acontecido pode ser que eu não tivesse feito nenhum curso, não estivesse trabalhando e nem tivesse conseguido andar de skate. Então hoje em dia até agradeço por ter acontecido isso comigo; foi bom para eu abrir os meus olhos. - Como conseguiu se reestabelecer depois de tanto tempo fora do game? Você era um cara top nos rankings do skate e como encara dividir espaço com tantos meninos novos na cena? PS: Não abandone os “carça larga, fafavô”. Forte abraço, meu mano. (Marcelo Akasawa, SP/SP) • Salve meu mano Marcelo Akasawa. Meu parceiro de milianos, vários rolês e várias risadas juntos. Na verdade eu nem me vejo dividindo o cenário com esses caras novos porque hoje em dia eu me vejo diferente no skate. Hoje eu tenho patrocínio de caras que são meus amigos; na verdade eu nem os vejo como patrocinadores, vejo como amigos de sessão que me fortalecem a cada dia pra eu andar de skate, pra eu poder divulgar a marca deles andando. Então na verdade é uma parceria, uma irmandade mesmo! Porra, jamais vou abandonar os ‘calça larga’. Pode passar mil gerações, mil modas que eu me sinto bem de uma maneira andando de skate e enquanto estiver andando vou sempre estar usando calça larga. Mande um beijo pra Dona Maria por mim! - Gostaria de saber sua opinião sobre a importância dos produtos assinados e o quanto isso influencia no mercado e na vida dos praticantes do skate. (Moisés Lúcio, Salvador/BA) • Na real eu acho muito importante tudo que for model assinado por um atleta. Primeiramente valoriza o cara, as marcas têm que valorizar os atletas, pagar as comissões, porque sem eles acho que seria difícil qualquer marca ter só o produto e vender na loja. E é como eu já falei, é uma troca! O atleta tem que ser o espelho da marca, a marca valorizar o cara e o cara ajudar a desenvolver // JAMES WILLIAM ALVES SERRANO 36 ANOS, ANDA DE SKATE DESDE OS 13 DE GUARULHOS, MORA NA VILA MATILDE/SÃO PAULO PATROCÍNIOS: HORDEM DISTRIBUIDORA, 90’S SKATE SHOP E SUPORTE APOIOS: KRONIK E SILVER TRUCKS

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o produto com o nome dele. Acho que isso é muito importante, participar de tudo que leva seu nome! O futuro é todo mundo ter model de tudo, assim, porque hoje em dia as marcas estão começando a perceber que tem que existir uma parceria. - O que é pra você ser um dos maiores representantes do skate de Guarulhos, ao lado do nosso eterno LR? (Julio Cesar, São Paulo/SP) • Pra mim é a maior satisfação ter sido um dos primeiros profissionais de Guarulhos, orgulho de ter acompanhado o Laurence e levado ele pra fazer a primeira sessão de fotos, depois feito vários rolês com ele. Não tenho palavras pra descrever (mostra o braço arrepiado)! Na real é uma responsa sim porque a molecada se insipra em você, mas os caras que andavam de skate comigo, hoje em dia estão se tornando profissionais. É muito louco. Na época que eu comecei tinha o Ueda, que era o único profissional de Guarulhos. Aí depois eu já andava de skate, comecei a andar com o Pietro, que também se profissionalizou e aí eu fui o próximo, depois veio o Laurence. Hoje temos o Chaveiro (Diego), o Marquinhos (Marco Antônio), que passou pra profisional esse ano; tem o Mário Hermani também. Fora isso tem uma gang que representa pesado nossa city. É muito legal saber que é uma cidade grande mas que não tem na verdade incentivo nenhum pra se andar de skate e mesmo assim estão saindo vários pros de lá. Então, da maneira que eu pude e posso eu ajudo a fazer isso estar sempre sempre vivo. - Parabéns pelo seu rolê e estilo, na minha opinião uns dos melhores do Brasa. Como você enxerga o cenário do skate brasileiro atualmente? O que pode melhorar e o que continuou do mesmo jeito em relação ao passado? Abraço! (Rafael Silva, São Paulo/SP) • Obrigado mesmo pela consideração! A principal diferença que eu vejo hoje em dia é que os atletas estão virando empresários. Isso, na minha opinião, é muito bom desde que o cara represente da melhor maneira possível, porque não adianta nada o cara ser empresário skatista e não ajudar, até porque ele sabe todas as dificuldades que todo skatista tem e o que são as necessidades básicas para se andar de skate. Acho que isso é muito bom, desde que ele saiba valorizar as pessoas que esteja disposto a patrocinar! Ou o mercado, ou o que seja. - O que o skate significava antigamente e o que significa hoje em dia pra você? Depois de alguns anos afastado do cenário, revistas, vídeos, eventos, o que fez você voltar empenhado com outra visão? (Andr (André Hiena, São Paulo/SP) • Pô Hiena, salve meu parceiro, meu irmão! O skate na real é minha vida, né mano? Eu trabalho hoje em dia porque eu tenho que trabalhar e preciso do dinheiro pra sustentar a minha família. Hoje eu sou casado e preciso disso, mas o meu sonho era só andar de skate, se eu pudesse! Depois de uma cota afastado, o motivo de eu ter voltado a andar empenhado são vocês, meus amigos. Todos os meus amigos, sem exceção. Vocês sabem! Você, primeiramente, que está me dando a maior força e que me resgatou junto com os caras que representam a Kronik, o Danilo Cerezini e Felipe Bocão, que desde o começo me salvaram


QUANTO MAIS OFEGANTE É O E S F O R Ç O, MAIS PURO É O AR DA RECOMPENSA.

N O V O W O O H O O. NOVO VISUAL, NOVO SOM, NOVO SITE, N O VA P R O G R A M A Ç Ã O, AGORA AINDA M A I S W O O H O O.

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zap //

JAMES BAMBAM e me fortalecem cada vez mais, até hoje. Tem umas paradas pra acontecer, que estão por vir! Tem o André Orrigo, de uma distribuidora lá do Sul (Brx Brands), que me fortalece com os eixos da Silver. Agradeço bastante também ao Ivan, enquanto ele estava na Converse sempre mandava os tênis pra mim. E também agradeço ao William Chou, da 90’s Skate Shop e Suporte, Bruno Dox e Tizil, Aos meus amigos da sessão, Família Brama e cia limitada, sem esquecer de ninguém, todos da sessão de terça-feira, Cecap e Roosevelt. Diego e Diogo Gema, Piolho, sempre me puxam pra andar. O Lucas (Fino), que também está sempre fortalecendo, o Just (Foton) também. Eu devo a esses caras por ter voltado a andar de skate empenhado! Eles estão me dando suporte pra eu andar, porque andando de skate e se divertindo você vai se empenhar; isso é normal quando se está com os camaradas. - Você guarda até hoje aquele boné que salvou sua vida ao desviar um tiro? Com certeza é um fato que deve marcar a vida de uma pessoa. (Jorge Lima, São Bernardo do Campo/SP) • Na real isso aí marcou a minha vida, a da minha família e a dos meus amigos. Eu sou eternamente grato a Deus; acho até que sou iluminado porque aconteceu duas vezes. Esse na cabeça, que foi grave, e tomei outro tiro no braço e as duas vezes foram tentativas de assalto. Acredito que nada é por acaso, então foram coisas que eu tinha que passar pra dar valor para outras, não sei. Eu guardo o boné até hoje, inclusive tenho a bala guardada na minha casa também. E na real o boné não desviou a bala porque furou minha cabeça, só que ela não teve força pra entrar no meu crânio. Inclusive o boné tem um buraco enorme! - Quando aconteceu uma foto de um krooks com várias modelos na escada, rolou grudar alguma? Risos. (Thiago Silva, São Paulo/SP) • Na época que aconteceu essa capa eu namorava com a Emila, que hoje é minha esposa. Estou com ela há 16 anos e sem contar que foi uma parada profissional mesmo. Fui lá voltei a manobra, fizemos a foto e foi todo mundo embora. • Qual o seu pensamento para o futuro do skate brasileiro e os futuros skatistas que estão saindo para a mídia no século 21? A falta de amadurecimento, mesmo com tanta informação, eles ainda se intitulam os melhores e a grande falta de respeito com os que fizeram a história do acontecimento do skate nacional. (Diego Zabelé, Ceilândia/DF) - O que eu vejo muito hoje em dia é a molecada começar bem a andar de skate e já pensar em ficar rico andando de skate. Na real pra mim está tudo errado porque ganhar dinheiro com skate é uma consequência de um trabalho bem feito durante um bom tempo e feito com amor, principalmente! Pelo menos eu não comecei a andar de skate pensando em ser profissional, nem imaginava que um dia eu seria pro de skate. Andava porque era muito louco andar com meus amigos na rua, e cada dia aprender uma manobra era mais louco ainda. Então, acho que está errado isso! Têm vários malucos que andam pra caralho e estão sempre revoltados. Não conheço ninguém que ficou rico andando de skate com os patrocínio do Brasil. Então mano, tem que andar de skate e tentar se divertir a cada trick porque a vida é curta. Falta de respeito, nunca tive problema com ninguém e não vejo isso muito por aí não. Acredito que deva exisitr sim, pessoal começa a andar e hoje em dia todo mundo anda bem, a informação está aí, . Só que essa é a parte que o pessoal tem que se diferenciar! Já que todo mundo anda bem, o cara tem que ter uma postura, saber como chegar e sair de qualquer lugar, respeitando todo mundo, em qualquer quebrada que ele estiver! - Recentemente tive a satisfação em fazer algumas sessões de fotos na rua com você, as quais renderam um bom material. Foi muito fácil fotografar seu rolê! Na sua opinião, é preciso ter uma sintonia mínima entre skatista e fotógrafo para que o trabalho flua? (Junior Lemos, SP/SP) • Salve Juninho, valeu mesmo! Obrigado pelo espaço, pelas sessões de foto. Na minha opinião tem que ter total sintonia. Primeiramente, você tem que estar se sentindo bem com o cara que está te fotografando. Se o cara está de cara feia, você já bloqueia. Eu gosto de dar risada o dia inteiro! Antigamente eu fotografa muito com meus amigos, que são o Samelo, Ferrer, Homero, Otávio Neto, Alê Vianna, Bitão, Shin. Fiz também uma sessão com o Mug que foi naipe! Todas sessões geralmente divertidas, muitas risadas, até mesmo na época que era fotografia com filme. O Samelo pegava e falava assim: “Mano. Não é pressão não, mas só tem mais dois filmes!”.A gente já começava a rir e eu respondia: “Então deixa eu dar essa manobra umas cinco vezes”.Daí quando via, acertava a sequência no último filme. A gente dava risada do mesmo jeito! Já aconteceu de não conseguir dar a manobra, e dar risada também. Então, acho que é muito importante ter essa afinidade entre as duas partes. O cara tem que estar com vontade de fotografar e você com vontade de andar de skate, os dois vão fazer o melhor. É o mínimo que tem que ser feito! “Acho importante que os skatistas perguntem sobre pro model, então a pergunta escolhida é a do Moisés Lúcio, Salvador/BA. Leva jogo de rodas da Hordem Distribuidora com minha assinatura.” PRÓXIMO ENFOCADO: FELLIPE FRANCISCO ENVIE SUAS PERGUNTAS PARA: TRIBOSKATE@YMAIL.COM COM O TEMA LINHA VERMELHA – FELLIPE FRANCISCO COLOQUE NOME COMPLETO, CIDADE E ESTADO PARA CONCORRER AO PRODUTO OFERECIDO PELO PROFISSIONAL.

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EMY SATO

// zap

Um olho na borda, outro no v達o: switch fs noseslide em Guarulhos.

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UM PEDIDO POR

PAZ

UM GRITO POR PAZ E JUSTIÇA, EXPRESSO EM CAMISETAS BRANCAS. ASSIM PEDRO BARROS, FELIPE FOGUINHO, MURILO PERES E VI KAKINHO CORRERAM A PRIMEIRA ETAPA DO MUNDIAL DE BOWL, NA PENÚLTIMA SEMANA DE JANEIRO NO RIO. ERA UM DESABAFO AUTÊNTICO PELA MORTE DO SURFISTA CATARINENSE RICARDINHO SANTOS, ATINGIDO POR TRÊS TIROS NO DIA 19 EM FRENTE À SUA CASA NA GUARDA DO EMBAÚ. ESTA NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ESTES AMIGOS SE MANIFESTAM POLITICAMENTE, MAS A MENSAGEM FOI, SEM DÚVIDA, UM DOS PONTOS ALTOS DO OI BOWL JAM, A ABERTURA DO CALENDÁRIO PROFISSIONAL DE 2015.

HEVERTON RIBEIRO

// POR CESAR GYRÃO // FOTOS: HEVERTON RIBEIRO E PABLO VAZ

Vi Kakinho estreou como profissional e foi finalista. Acertou o primeiro bs 540 de sua vida no concreto e aplicou no Bowl Jam.

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PABLO VAZ

oi bowl jam // madureira


HEVERTON RIBEIRO

As poderosas linhas de Pedro Barros incluiram este fs blunt na black box. Visão de teleobjetiva que mostra todo o ambiente sem distorções.

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oi bowl jam // madureira

Na segunda volta da final, Pedro aplicou este bio bs 540 na curva que o levou pra liderança. Com direito a vários “wows” e a sombra conversando com a pintura no fundo do bowl.

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PABLO VAZ

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PABLO VAZ

oi bowl jam // madureira

Felipe Foguinho, potência do início ao fim. Stale fish.

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HEVERTON RIBEIRO

N

a sexta-feira, dia das eliminatórias, uma bala perdida atinge um garoto na arquibancada do evento. Clima estranho no ar, mas Edilton Jesus dos Santos tomou apenas um grande susto ao ser atingido no braço e na coxa e foi liberado logo pelo hospital. O pedido por paz fez mais sentido ainda. Cada vez mais o skate tem se mostrado como um agente de inclusão social e o Parque de Madureira é um grande exemplo de transformação no Rio de Janeiro. Depois de dois anos e meio de atividades e duas edições do Bowl Jam, é alto o respeito por nossa cultura. Skatistas são seres abençoados na região e a integração ultrapassa o mero contato de fãs com ídolos, de artistas com o público. Mas sempre tem quem quebre as regras: num dos momentos que Pedro dava autógrafos e fazia fotos com a galera, seu skate estava sendo roubado. Um dos skatistas da área, tratou de perseguir o espertão e pegar de volta o instrumento de trabalho do cara. Foi presenteado ao final do evento com o shape deste skate. Estes incidentes não chegaram a ser percebidos no clima de festa no Tatu Skatepark. Apesar deles, o astral da competição foi tranquilo e melhor do que se esperava, no verão que bate recordes de temperatura. Num dos verões mais quentes do século, a sensação térmica na região tenderia a passar dos 50 graus, mas estes dias foram presenteados com nuvens e diminuição na temperatura. Muitos skatistas treinaram nas piores condições nos dias anteriores no bowl, para se aclimatar. Entre eles Sandro Dias, Murilo, Dan Cezar, Rony Gomes, Vitor e Mizael Simão… Em jogo a premiação recorde no Brasil de 70 mil dólares, disputada com empenho pelos inscritos. Dividido em três fases, a eliminatória teve excelentes voltas, liderada pelo Dan com Sandro em seguida. Dois com boas chances de chegar às finais. Na semi, quando os seis classificados se juntariam com os pré-qualificados pelo ranking WCS e ISU, Sandro e Nilo Peçanha não passaram pelo crivo dos juizes, apesar de terem feitos voltas bem completas. Agora a cereja do bolo, a final: Pedro Barros iniciou mais um ano de forma brilhante, com seu skate altamente explosivo. A vitória foi sobre Alex Sorgente e parecia uma reedição de embates históricos entre Christian Hosoi e Tony Hawk nos anos 80. O estilo e amplitude das manobras do primeiro sobre a técnica e criatividade do segundo. Pedro estende ao máximo cada manobra, Alex faz uma complicada atrás da outra. Outros grandes momentos foram as voltas iradas do Felipe Foguinho, o terceiro, preenchendo o espaço todo com várias tricks, mais um eggplant no caixote. Murilo Peres voltando de uma lesão e fazendo uma final com velocidade. Nem todos os desempenhos dos skatistas na final repetiram as fases anteriores. Caique Silva, que veio da eliminatória embalado, conseguiu ficar em cima do skate apenas na terceira volta. Vi Kakinho, apesar de ter estreado bem como profissional e acertado pela primeira vez um bs 540 num campeonato (também seu primeiro no concreto), também não rendeu como na semi. O mesmo aconteceu com Dan Cezar. Já Greyson Fletcher encantou juízes e o público com as suas manobras críticas e ficou em quinto. No final, o pedido de paz ecoa até hoje.

Alex Sorgente, madona.


HEVERTON RIBEIRO

PABLO VAZ

PABLO VAZ

Stale fish na largada de uma das linhas de Caique Silva, com todo o aparato da transmissão ao vivo no plano.

Resultado: 1º - Pedro Barros 2º - Alex Sorgente (EUA) 3º - Felipe Foguinho 4º - Murilo Peres 5º - Greyson Fletcher (EUA) 6º - Caique Silva 7º - Vi Kakinho 8º - Dan Cezar 9º - Sandro Dias 10º - Nilo Peçanha

Nilo Peçanha, o carioca na semi. Fs feeble.

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capital tour // MG

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PÃO DE QUÊ TOUR

BELO HORIZONTE É UM DOS POUCOS LUGARES DO EIXO SUL-SUDESTE DO BRASIL QUE CONSEGUE MANTER UMA CENA INTERESSANTE. SEJA PELA TRADICIONAL BATALHA DE MC’S QUE ACONTECE EMBAIXO DO VIADUTO SANTA TEREZA OU PELA FAMOSA PRAÇA 7, LENDÁRIO PONTO DE ENCONTRO DOS SKATISTAS LOCAIS. O FATO É QUE APÓS A REFORMA DO ESTÁDIO MINEIRÃO, COM A SUA IMENSIDÃO DE BORDAS, BELO HORIZONTE SE FIRMOU COMO UM DOS MELHORES DESTINOS PARA SE ANDAR DE SKATE NO BRASIL. MAS FELIZMENTE, A ATUAL CENA MINEIRA NÃO SE LIMITA APENAS A BH.

// FOTOS: PAULO TAVARES

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RODRIGO KBÇA

Jay Alves, fs half cab noseslide 270 out, no Mineirão.

Por que MG? Em dezembro de 2014 a Capital Skateboard foi convidada para o aniversário de 4 anos de um projeto super legal em Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte. O que seria uma trip de final de semana, após alguns telefonemas, acabou se tornando a primeira tour da marca em MG. Os skatistas profissionais LP Aladin, Jay Alves, Jean Duarte e mais novo integrante, o amador Carlos Jr, marretaram as ruas de Minas Gerais regados a muito pão de queijo. “Foram 10 dias de muito skate e vivência com a galera local”, comenta Aladin. A tour começou por Belo Horizonte e depois seguiu por Contagem, Sete Lagoas, Pedro Leopoldo e Bom Despacho. O resultado você confere nas páginas a seguir. Pró Skate O projeto Família Pró Skate se propõe a fomentar a cena local não ape-

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nas ensinando jovens a darem suas primeiras remadas, mas sim dando uma oportunidade real para as crianças terem contato com o estilo de vida que o skate proporciona. O projeto é independente, sem fins lucrativos e só existe graças à dedicação de amigos e parceiros. A galera se reúne todos os sábados em frente à prefeitura da cidade. O projeto tem puxado a cena de Pedro Leopoldo, disseminado os valores de coletividade e o velho-novo conceito do “Faça Você Mesmo”, que são alguns dos mais importantes pilares da cultura skateboard. Como eles dizem: Não adianta se comover, é preciso se mover. Por que Pão de Quê? O nome de uma tour pode dizer muito sobre a intenção por trás de uma trip. Foi com esse pensamento que a Capital Skateboard decidiu nomear sua primeira tour oficial para Minas Gerais com o inusitado nome: Pão de Quê Tour. O conceito, que a primeira vista pode parecer apenas uma


MG // capital tour

Carlos Junior, ollie no centro de Sete Lagoas.

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brincadeira com a contração da palavra queijo, vai mais além do que um saboroso nome. “Assim como a tapioca, a coxinha, o açaí e o acarajé, o pão de queijo tem sua importância dentro da cultura gastronômica brasileira”, explica Eduardo, diretor criativo da marca. “A proposta da Capital sempre foi valorizar as manifestações culturais nacionais, sejam elas gastronômicas ou artísticas. Portanto, nossa ideia foi homenagear de forma descontraída um produto local que gostamos tanto”, finaliza. Dia a dia A dinâmica de uma tour é geralmente puxada, com visitas às skate shops, sessões de fotos e rolê com a galera. “É importante esse contato com a molecada; é a oportunidade que eles têm de trocar uma ideia e conhecer o profissional além das manobras”, acrescenta Aladin.

Jean Duarte, bs big spin em Sete Lagoas.

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Depois de cumprir os compromissos da agenda, é hora de conhecer os picos nas ruas. E ter um skatista mineiro na família facilita as coisas. “Como eu estou me recuperando da cirurgia que fiz no joelho, acabei ficando meio que na função de team manager, cuidado e apresentando os picos pros caras”, relembra Jay Alves. Sessão Cultura Nem só de skate vive um skatista. Pelo menos não os skatistas da Capital que, mesmo com a agenda cheia de compromissos, acabaram encontrando tempo para conhecerem o Mercado Central de Belo Horizonte. “Com a fama que a comida mineira carrega, o mercadão tinha que estar na rota. E foi certeiro! Saí de lá carregado de queijo minas, temperos e bebidas artesanais,” confessa Jean. Isso sim é vivência!


MG // capital tour

LP Aladin, ollie to fakie, Sete Lagoas.

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capital tour // MG

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LP Aladin, 360 flip to fakie manual, Pra莽a da Gl贸ria em Contagem.

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ACELERA, SERGIO NERY ELE NÃO TEM CARTEIRA DE HABILITAÇÃO MAS DIRIGE MUITO BEM SEU SKATE. E FOI JUSTAMENTE O CARRINHO QUEM LHE TROUXE UM CARRÃO, PRÊMIO CONQUISTADO COM MÉRITOS QUANDO SEU VÍDEO TEVE O MAIOR NÚMERO DE VOTOS NA FINAL DO QIXTV CONTEST2. E NÃO FALTAM MOTIVOS PRA SERGIO NERY SOLTAR AINDA MAIS FÁCIL O SORRISO, JÁ QUE A IMPORTANTE CONQUISTA ACELEROU O PROCESSO E PROJETOU NACIONALMENTE O NOME DESSE GUERREIRO DAS RUAS QUE VEM BUSCANDO SEU ESPAÇO HÁ UM BOM TEMPO. CHEGOU A SUA VEZ, SERGIO NERY. ACELERA! // TEXTO E FOTOS: JUNIOR LEMOS

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o cara // qixtv contest

Q

uem é o skatista que ganhou o carro 0km do QixTV Contest2? Eu sou o Sergio Nery e eu ganhei um carro andando de skate! Sou local de Perus e atualmente moro na Santa Efigênia, centro de São Paulo. Sou skate 24 horas; só pensando em skate, andar de skate, evoluir, andar de skate. Fazer a minha sempre, com os amigos, sempre pensando em evoluir. O que vai fazer com o valioso prêmio? Eu estou investindo em um curso de inglês, com o pensamento de sair do país pra conhecer as ruas dos EUA e da Europa. Um investimento em mim e no meu skate. O que mudou em você depois desta importante conquista? Melhorou meu lado financeiro e me deu uma confiança maior no corre de me tornar profissional! Agora eu posso acreditar ainda mais no meu skate, posso acreditar que eu consigo assinar um promodel de shape, que eu posso incentivar vários skatistas brasileiros a fazer o mesmo corre, a dizer não às drogas e evoluir na vida através do skate. Como imagina que vai ser daqui pra frente? Acho que vai me ajudar, já está me ajudando na verdade! Imagino que eu posso ir muito além de conquistar um carro ou dinheiro. Eu posso conquistar sabedoria, aprendizado, paz, felicidade, tudo isso andando de skate. Qual o próximo passo? Quero filmar agora uma parte bem profissional com os parceiros aí, engatilhar uma grande entrevista até o final do ano e evoluir as manobras, para deixá-las em um nível acima do que está. E viajar, cara! Pensar em crescer e evoluir, tanto no skate como na vida.

// SERGIO NERY

25 anos, 10 de skate São Paulo Patrocínios: Drop Dead e AFNT Skate Shop Apoio: Rod Filmes 1

Nollie heel noseslide arrancando pro nível de baixo, em uma tarde de verão paulistano no Vale do Anhangabaú.


qixtv contest // o cara

Imagino que eu posso ir muito alĂŠm de conquistar um carro ou dinheiro. Eu posso conquistar sabedoria, aprendizado, paz, felicidade, tudo isso andando de skate.

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Mistura de paciência com determinação, Queixada ecoa a batida do shape na silenciosa madrugada da Avenida Paulista, com uma execução perfeita deste nollie heel flip no vão do Masp.

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televisão // pela rua

T06 E01: Noite adentro, Zodi, Tuca e Samelo acompanham Rafael Gomes em New York.

DIVERSÃO EM ALTA

PERFORMANCE

TRÊS INDIVÍDUOS EXTREMAMENTE ENVOLVIDOS COM A IMAGEM DO CARRINHO, PERCORREM O MUNDO ATRÁS DE CENAS PARA RETRATAR A SEIS MÃOS. JÁ ABORDAMOS AQUI EM NOSSAS PÁGINAS O CARLINHOS ZODI, ANDERSON TUCA E FLAVIO SAMELO PARA FALAREM DO ENTÃO RECENTE PROGRAMA PELA RUA, DO CANAL OFF, ISSO NA EDIÇÃO 209, DE MARÇO DE 2013. NAQUELA EDIÇÃO ELES COMEMORAVAM UM ANO NO AR. MOSTRAMOS A BAGAGEM, O PESO DE CADA CURRÍCULO DELES NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS DE VÍDEOS, FOTOGRAFIA E ARTE. EM 2014 A FÓRMULA DO PROGRAMA FICOU MAIS EVIDENTE, COM DUAS DE SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS SALTANDO AOS OLHOS: O CLIMA DESCONTRAÍDO DAS SESSIONS, PUXANDO O NÍVEL DE SKATE PARA CIMA. O CONTRASTE DA DIVERSÃO COM ALTA PERFORMANCE. // POR CESAR GYRÃO // FOTOS: FLAVIO SAMELO

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pela rua // televis茫o

T05 E04: Breno Petersen, ollie, Curitiba.

WAGNER RAMOS

T06 E13: Enxaqueca, five-0, Niter贸i.

T06 E02: Flavio Samelo, Tribeca Skatepark, New York.

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televisão // pela rua

T05 E12: Nilo Peçanha, ollie to bank, Sidney/Austrália.

R

etratamos aqui as temporadas de número cinco e seis, com seus 14 episódios cada. Para cada skatista filmado e retratado, são três câmeras apontadas, pelo menos em 95% do tempo. Imagina o volume de linhas, manobras e situações em HD que são capturadas para cada programa! Seja o interior de São Paulo, a metrópole New York, ou Austrália, a pegada é sempre a mesma. Uma linha cantada, pelo menos dois ângulos filmados e uma foto ou sequência fotográfica da melhor manobra ou combo do bolo. A receita funciona muito bem e tem apresentado skate de alto nível técnico, seja em ladeiras, picos de street, skateparks de todos os formatos, bowls e locais crus na beira da estrada. Muitos dos skatistas convidados e os que aparecem para as sessões, são profissionais e amadores com bagagem, que sempre abrem oportunidades para novos talentos se expressarem. Para valorizar o espaço, os caras se puxam e inovam, criam leituras diferentes sobre velhos terrenos, andam de skate com criatividade. O que falar de um episódio com Marcelo Formiguinha como anfitrião nas quebradas de São Paulo? E quando a barca tem Rodrigo Leal no comando? Em New York, uma enorme leva de brasileiros comparece aos trabalhos, entre eles, aquele que “não precisa” se esforçar muito pra lançar as manobras mais cabreiras sem perder tempo: Luan de Oliveira. O mesmo que lite-

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ralmente destrói mais adiante os picos gaúchos e o Matriz SPOT, em Porto Alegre. A viagem para a Austrália seria recheada de grandes momentos de bowl e transições diversas, mas também nas ruas de Sidney. Pedro Barros, Felipe Foguinho, Murilo Peres, Vi, Otávio Neto, Nilo Peçanha e tantos outros seguem as barcas e produzem material de quase morte em algumas situações. Outro dos grandes momentos destas duas temporadas foi o evento de Megarrampa na casa do Bob Burnquist em Vista, California. Ele também estrelou episódios épicos no Rio, mas isso é outra história. Na passagem pela Mega, os outros brinquedos do enorme quintal também são explorados. Renato Cupim 540 ollie? Teve. A produção segue para outra casa de brasileiro na região, onde está a B-Team Ramp, no Evandro Mancha. Até o Geninho apareceu! Filipe Ortiz, Rafael Gomes, Rodrigo Petersen, Cezar Gordo, Fabio Cristiano, Diego Fiorese, Wagner Ramos, Lucas Xaparral, Lincoln Ueda, Daniel Kim, a lista não para... O Pela Rua retrata as sessões de skate em alto nível, mas consegue manter o clima divertido. Esta compilação de fotos une um pouco destas duas temporadas. As imagens congeladas e publicadas no papel, têm o objetivo de provocar outras emoções. Um selo literário ao peso artístico do programa. Uma maçaroca em forma de fotorreportagem.


pela rua // televisão

T05 E02: Vanderley Arame, finger flip to tail. Episódio dedicado à Pescoço Preto Crew, em São Bernardo do Campo.

T05 E03: Henrique Migliano, grind, São Bernardo do Campo.

T05 E06: Arakaki, Zodi e Tuca na Praça da Matriz em Porto Alegre/RS

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televisão // pela rua

T05 E05: Filipe Ortiz, Curitiba.

T05 E01: Maninho e Formiga, São Paulo.

T05 E03: SBC crew

T05 E06: José Pereyra e Thomas Teixeira.

T05 E13: Murilo Peres, fs tail block, Sidney, Austrália. T05 E04: Cisco Plaza crew.

T05 E04: Rodrigo Petersen, Cisco Plaza.

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pela rua // televisão

T05 E02: Kauê Kossa, flip, SBC.

T05 E02: ABC crew.

T06 E02: Spiro Raiz, stale fish, New York.

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televis達o // pela rua

T05 E07: Diego Fiorese, 360 flip, Porto Alegre.

T06 E10: Rodrigo Leal, flip crooked, Barueri/SP

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T06 E03: Luan de Oliveira, bs flip, New York.

T06 E08: Thor Felgar, one foot wallride, Campinas.

T06 E11: Tuca e Zodi na Skateata RJ 2014 - Rio de Janeiro/RJ

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pauta // complemento

T01 E01: Especial Casa do Bob: Danny Way, Bob, Zodi e Tuca. Vista, Califórnia.

T01 E03: Especial Casa do Bob: Oververt carving de Ítalo Penarrubia e Edgard Vovô. Vista, CA.

T01 E01 Especial Casa do Bob: Geninho, fs tailgrab na rampa do Evandro Mancha. San Diego/CA.

T05 E07: Juliano Amaral, heelflip, Porto Alegre.

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complemento // pauta

T01 E02: Especial Casa do Bob: Ă?talo Penarrubia, flip step up, Mega do Bob. Vista/CA.

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televisรฃo // pela rua

T05 E13: Luiz Flavio, ollie to bs lip, Sidney/Austrรกlia.

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pela rua // televis達o

T01 E01: Especial Casa do Bob: Evandro Mancha, fs handplant em seu quintal. Vista/CA.

T05 E02: Jo達o Gabriel, fs smith, S達o Bernardo do Campo

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televis達o // pela rua

T05 E03: Mi, Sunab, Flavio. Red Beach, SP/SP.

T05 E03: Ricardo Pinguim, hurricane, Red Beach, SP/SP.

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T05 E03: Marcio Tarobinha, bs ollie one foot, Arena, SP/SP.


pela rua // televis達o

T06 E06: Adelmo Junior, over crooked, New York.

T06 E05: Alex Carolino, bs flip. New York.

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televis찾o // pela rua

T01 E04: Especial Casa do Bob: Bob, ss hurricane, Vista/CA.

T06 E13: Biano Bianchin, bs rockslide, Niter처i/RJ

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T05 E01: Marcelo Formiguinha, bs flip, S찾o Paulo.


pela rua // televisรฃo

T06 E10: Bruno Mendes, hurricane, Barueri/SP.

T06 E13: Punkrage, Zodi e Tuca.

T05 E06: Gui Zolin e filha na Praรงa da Matriz. Porto Alegre/RS.

T06 E13: Rio de Janeiro crew.

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fotografia // painting light

PINTANDO

COM LUZ

COMECEI A ESTUDAR A TÉCNICA DO PAINTING LIGHT DEPOIS DE LER UM ARTIGO NO SITE DO STROBIST.COM, DO RENOMADO FOTÓGRAFO DAVID HOBBIE. ERA SOBRE O TRABALHO DO FOTÓGRAFO AMERICANO ERIC CURRY, QUE FAZ UM TRAMPO MAGNÍFICO COM FOTOS PAINTING LIGHT DE CENAS AMERICANAS. COMPREI O LIVRO, LI E PENSEI: “POR QUÊ NÃO FAZER UMA FOTOGRAFIA ASSIM COM O SKATE? // TEXTO E FOTOS DIOGO “GROSELHA” ANDRADE

Gabriel Loureiro encara qualquer parada quando o assunto é gap. No coração de BH, o coreto da Praça da Liberdade foi o cenário perfeito para um melon iluminado! GABRIEL LOUREIRO, MELON, PRAÇA DA LIBERDADE, BH/MG.

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FERNANDO CASTILHO, HEELFLIP, BH/MG.

Fernando Castilho, o Ferpa, utiliza a transição de um posto para subir com esse heelflip perfeito.

M

eu grande amigo Fernando Castilho, skatista, artista e vocalista da banda Zimun, se dispôs a ser meu cobaia. Mandou logo um heelzão num posto aqui perto de casa. Era a descoberta de que seria possível fazer uma série de fotos de skate utilizando essa técnica. O esquema consiste em colocar a câmera num tripé, que deve ficar bem firme, de preferência um tripé bem pesado. As fotos precisam ser feitas à noite para que tenhamos o controle total dos locais na composição onde iremos iluminar. Depois de fazer o moment, utilizando a iluminação normal de fotos de skate, são feitas as fotos do resto do ambiente utilizando lanterna e flash. Uma foto é feita com diversas fotos, em média noventa e poucas fotos para cada foto montada! Depois de coletado todo o material é hora de montar. Aí é que o bicho pega na verdade: um trabalho minucioso de escolher as melhores luzes, ângulos de luz, e no fim a foto fica parecendo uma pintura. A ideia é essa: fazer uma foto com uma iluminação diferente onde se pode iluminar o ambiente de diversos ângulos e depois reunir todas essas luzes formando uma foto só, criando uma cena surreal.

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painting light // fotografia

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ALEXANDRE ALVARENGA, SWITCH BACKSIDE TAILSLIDE, PRAÇA SANTA TEREZA, BH/MG.

Na praça do bairro onde eu moro, Alexandre Alvarenga mostrou que tem pop também na base trocada com esse ss bs tail, cravado!

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painting light // fotografia

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fotografia // painting light

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THIAGO LIMA, FS NOLLIE, PRAÇA SETE, BH/MG.

Thiago Lima, é um dos skatistas mais locais da Praça Sete, pico clássico de BH, e não deixou barato com esse poderoso fs nollie, nas quatro!

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casa nova //

Bs smith

JP dos Santos // FOTOS ALLAN SCHMIDT Skate e roupas atuais: Shape OSB, rodas e rolamentos Bones, trucks Independent, camiseta Extinta, bermuda Drop, tênis Nike SB e boné Notorious. Manobra que não suporta mais ver: Fakie blunt. Manobra que ainda pretende acertar: Mactwist. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Conhecer lugares novos, poder andar com meus amigos e ao mesmo tempo com grandes nomes do skate mundial.

Família é a base de tudo.

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Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Choveu, fodeu. Um skatista profissional em quem se espelha: Pedro Barros. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Lay Back Beer. Atual melhor equipe de skate brasileira: Drop Dead. Amador que você gostaria de ver pro: Ivan Monteiro. // JOÃO PAULO DOS SANTOS 17 anos, 6 de skate São Sebastião, SP Patrocínios: Notorius, OSB Shapes, Folene Incentive e Extinta Clothing Co. Apoios: Dropfamily e DBS Máfia


// casa nova

Pedro Terra // FOTOS JUNIOR LEMOS Skate e roupas atuais: Shape Reynardt, rodas Gold, rolamentos Red Bones e trucks Venture. Boné Vegetal, camiseta Reynardt e tênis Nike SB. Manobra que não suporta mais ver: Bs feeble. Manobra que ainda pretende acertar: Bs shovit bs nosegrind reverse. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Amizades verdadeiras, viagens e muitas risadas. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Pistas abandonadas e falta de incentivo das grandes marcas na nossa região. Um skatista profissional em quem se espelha: Patrick Vidal. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Nixon. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que você gostaria de ver pro: Pedro Iti. // PEDRO RENATO TERRA 17 anos, 4 de skate Campo Grande, MS Apoio: Reynardt Skateboard

Ande de skate por diversão que o resto é consequência.

Bs noseslide.

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áudio // reggae

Jamaica, como eu sonhava com aquilo tudo, mas nunca imaginei que um dia eu iria pra lá gravar um disco com participação de dois dos meus ídolos e no estúdio do Bob Marley.

KINGSTON BOSSA

SINCRONICIDADE PURA QUANDO EU ESTAVA CONVERSANDO COM O ZODI SOBRE A PAUTA DO SEU PROGRAMA PELA RUA, SURGIU A IDEIA DE ABRIR ESPAÇO PARA O SEU NOVO DISCO, O KINGSTON BOSSA. O MAIS LEGAL É QUE ELE MESMO RESOLVEU CONTAR A HISTÓRIA DE COMO FOI CONSTRUÍDO ESTE SONHO QUE SE TORNA REALIDADE, AGORA COMPARTILHADO COM TODOS QUE AMAM A BOA MÚSICA E AS RAÍZES DO REGGAE. SINCRONICIDADE GERA SINCRONICIDADE. (GYRÃO) TEXTO CARLINHOS ZODI // FOTOS CARLINHOS ZODI E GUSTAH ECHOSOUND

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O

skate e a música sempre acompanharam minha vida, na verdade não tem muito como separar as coisas: o skate, a música e a vida em si. Eu lembro de quando eu era moleque, assistindo vídeos e mais vídeos, revezando os de skate com os de surf e os de música. Os documentários jamaicanos exerciam uma mística na minha cabeça, o reggae, o rastafarianismo, o engajamento social e toda a riqueza que nascia naquela ilha do Caribe. Jamaica, como eu sonhava com aquilo tudo, mas nunca imaginei que um dia eu iria pra lá gravar um disco com participação de dois dos meus ídolos e no estúdio do Bob Marley. Voltando um pouco no tempo, depois do meu segundo disco, Mundo Mais Bonito, voltei pro vídeo intensamente e comecei a gravar o programa Pela Rua pro Canal OFF, com meus parceiros Flavio Samelo e Anderson Tuca. A maratona é intensa, mas como não consigo ficar muito tempo longe da música, num intervalo entre temporadas tirei um mês de férias pra gravar o Kingston Bossa, meu último disco. A história começou assim, liguei pro meu camarada e produtor musical Gustah Echosound pra ver com ele outras paradas de tecnologia, ele me perguntou do som. Papo vai, papo vem, combinamos de gravar uma música no estúdio dele. A química rolou tão legal que acabei resolvendo fazer o disco todo lá. Numa das sessões de mixagem com o mestre Mauricio Cersosimo, começamos os três a tentar encontrar o nome pro disco. Kingston Bossa apareceu e agora não tinha mais volta. Um disco que mistura rocksteady e ska com música brasileira e tem o nome da capital jamaicana, Kingston, precisa passar pela Jamaica pra captar a verdade e a energia do lugar. O Gustah tinha uns links de lá e sugeriu a gente masterizar o disco na Tuff Gong, estúdio original do Marley, onde a história aconteceu. E lá vamos nós, a jornada estava começando! No aeroporto a ansiedade era monstra, pegamos um voo por Miami e óbvio que tomei uma canseira na migração americana. Depois de duas horas na salinha da segunda inspeção e já achando que eu ia ter que voltar pra casa, fui liberado pra embarcar pra Jamaica. Chegamos lá de noite e lembro até hoje da sensação. Parecia que a gente tava num filme; aquele sotaque da galera, dava vontade de gravar tudo pra samplear depois; tudo muito musical. A temperatura do ar, o cheiro, tudo muito típico e reggae pra todo lado. Lembro no táxi, indo pra casa onde a gente ia ficar, tava passando o programa de rádio do Mutabaruka, um dos rastas mais engajados da ilha, pensei comigo mesmo, chegamos no lugar certo. No primeiro dia já rolou a primeira surpresa. A gente tava na missão de agilizar o chip do celular e começar a fazer os primeiros contatos. Até então a única coisa realmente marcada eram dois dias de gravação de voz na Tuff Gong, estúdio do Marley, e a masterização lá também. Fomos pra uma região comercial atrás do chip de telefone e o Gustah já aproveitou pra sondar umas mixtapes por ali. Tinha um cara que não tirava o olho da gente; depois de um tempo ele colou e disse: - “Vocês tão atrás de música de verdade? Eu tenho.” A gente resolveu pagar pra ver o que o maluco sem os dentes da frente tinha pra oferecer. Entramos numa feirinha, andamos até o espaço dele e o cara tinha tudo mesmo, um mundo de 45rpm empilhados. - “Tenho tudo aqui, só não me pede pra procurar, entra você mesmo, encontra e pega.” O Gustah olhou pra mim e disse. - “Mano, será que esse cara não tem o link da galera? Dos foundation?” Já tamo aqui, não custa nada perguntar. E o cara respondeu. - “Tenho o contato de todos, com quem você quer falar?” Olhei pro Gustah e pensei, vamos logo pras cabeças: Leroy Sibbles. Porque o Toots, que era o mais inacessível, o Gustah já tinha um possível link. O cara olhou e respondeu. - “Leroy Sibbles?!? My boss! Ligo pra ele agora!” O cara sacou um caderninho com uns papeizinhos todos amassados com uns escritos e uns números. Não levei a sério de primeira, mas em minutos eu tava falando com o Leroy no telefone e marcando a visita pro mesmo dia. Chegamos na casa dele e a coisa fluiu. Ele gostou da história, escutou a base, curtiu e saiu gravando. Voltando pra casa a gente não acreditava, no primeiro dia já conseguimos a participação totalmente por acaso de uma das maiores lendas da música jamaicana!!! Leroy Sibbles, lead vocal dos Heptones!

Zodi e Gustah, Tuff Gong Mix.

Hope Road.

Hope Road, com o Sledger, primo do Bob Marley.

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áudio // reggae No dia seguinte tava marcado o estúdio na Tuff Gong, mas aproveitamos a manhã pra comprar uns souvenirs e tentar falar com o Toots, do Toots & The Maytals. E não é que rolou? Ele se interessou pela história e pediu pra gente passar na casa dele no final de tarde. Lá vamos nós de novo! Nunca vou esquecer a cena: no corredor já escutamos um som cabuloso, devia ser uma música nova que ele tava gravando. Entramos no estúdio e lá estava ele, sentado, a lenda jamaicana, Toots Hibberts, um dos maiores cantores da história da música jamaicana e da música mundial. Me falou pra sentar do lado dele e pediu pra eu falar sobre o disco, sobre o que a letra da música dizia. Não dava pra acreditar, era o Toots!!! Só pesquisando a história dele pra saber a dimensão desse cara; e ele topou, disse pra gente voltar na sexta pra ele poder trabalhar uma letra até lá. Nesse dia ainda fomos pra Tuff Gong, estúdio do Mr. Bob Marley! Muita emoção pra um dia só! A Tuff Gong fica numa área mais afastada, uma área industrial; pegamos o táxi e o motorista perguntou o que íamos fazer lá. Eu disse que ia gravar e masterizar meu disco novo lá. Ele também era cantor, mostrou o som dele. Era bom! Fomos trocando a maior ideia até lá! Chegamos na porta do estúdio, não dava pra acreditar que eu tava ali. Queria absorver tudo daquele lugar, respirar o ar, sentir a energia que vibrava naquelas paredes. Entrar naquelas salas foi um dos momentos mais especiais da minha vida. Ali é o templo sagrado. Onde o Marley gravou, onde a história foi escrita. Poder cantar naquele mesmo lugar onde o mestre dos mestres também cantou foi um privilégio que eu vou agradecer eternamente. Mais uma noite voltamos pra casa sem acreditar no que tinha acontecido. Em dois dias conseguimos as participações que mais sonhávamos pro disco e ainda gravei no estúdio do Marley! Os outros dias foram sequências de sincronicidade e mais sincronicidade. Encontramos com um amigo da Califórnia, o Ryan Black, fomos na 56 Hope Road, casa do Marley que virou o museu dele. Fomos juntos com o primo que cresceu com ele no interior da Jamaica, o Sledger, gente finíssima! Conhecemos o Rohan Marley, encontramos com o Bongo Herman, outro mito. E o mais inacreditável, conhecemos o fotógrafo que acompanhou a vida do Marley praticamente inteira depois que ele assinou com o Chris Blackwell. O nome dele é Lee Jafe, ele pirou no meu som, fez uma sessão de fotos comigo e apresentou a gente pro Blackwell, ninguém mais, ninguém menos que o produtor do Marley, o cara que investiu, produziu e lançou Bob Marley & The Wailers. O Blackwell convidou a gente pra um jantar no resort dele no dia seguinte. Surreal. Ainda conhecemos totalmente por acaso um cara que era o filmmaker da

cena do reggae dos anos 70 na Jamaica, o cara que filmava os festivais e os soundsystems da época. A filha dele veio falar comigo enquanto a gente almoçava sei lá eu porquê. Ficamos amigos dela e ela chamou a gente pra uma festa do seu pai. Só história sinistra. A missão ia acabando, agora a gente tinha que voltar pro estúdio do Toots. Chegamos lá e ele mostrou como a música tinha ficado. O Gustah olhou pra mim desacreditando, era a primeira participação do Toots com um brasileiro. Escutar a voz da lenda jamaicana num disco meu foi uma sensação que nem dá pra descrever. Imagina, o cara que escutei durante anos e anos, um dos meus maiores ídolos da música agora estava participando do meu disco!!! E pra finalizar, corre pra Tuff Gong pra masterização e sair com o filho nas mãos. O Kingston Bossa tinha acabado de nascer, depois de um mês em São Paulo gravando instrumento por instrumento e depois da jornada jamaicana onde tudo estava acontecendo. Uma experiência única que não consigo nem dimensionar em palavras. Pra fechar a barca, ainda faltava a foto de capa do disco. Num dos primeiros dias eu percebi um lugarzinho escondido que era um tipo de um beco, com um banco em detalhe red, gold and green e uns desenhos do Haile Selassie I e do Marcus Garvey na parede. Pensei, é aqui que tem que rolar a foto da capa. Se a bossa nova é o banquinho e o violão, aqui que vai ser a bossa nova jamaicana, o banquinho rasta e o violão. O último dia amanheceu chovendo muito, mas um pouco antes de irmos pro aeroporto rolou uma trégua e corremos pra lá. Foi o tempo justo pra gente clicar e o pé d’água voltou a cair. Juntamos as coisas e seguimos pro aeroporto. Missão cumprida! Disco gravado, participações jamaicanas, gravação e masterização na Tuff Gong e foto de capa feita! Hoje em dia quando eu lembro disso tudo, mais parece um sonho do que verdade. Não dá nem pra acreditar que tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Se eu tivesse planejado isso tudo, podia ser que nem rolasse, ou se rolasse não seria tão especial. Foram 7 dias na Jamaica vivendo um sonho impossível de comprar. Daí eu penso comigo mesmo, quanto que a gente fica tentando controlar a vida quando na verdade a gente pode simplesmente viver. Viver com amor, fazer as coisas com amor, e o resto, do resto a vida se encarrega. Pra quem quiser comprar o Kingston Bossa, ele está disponível na iTunes Store. Pra quem quiser baixar, tem no site www.carlinhoszodi.com. E quem quiser assistir o documentário do disco com essa história toda em vídeo, é só ir no youtube.com/carlinhoszodi. PAZ!

Ali é o templo sagrado. Onde o Marley gravou, onde a história foi escrita. Tuff Gong Técnica.

Toots e Zodi.

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Tuff Gong Discos, Gustah.


O Blackwell convidou a gente pra um jantar no resort dele no dia seguinte. Surreal.

Blackwell Resort.

KINGSTON BOSSA - O DISCO Gustah, Leroy, Zodi.

Se a bossa nova é o banquinho e o violão, aqui que vai ser a bossa nova jamaicana, o banquinho rasta e o violão.”

MÚSICA A MÚSICA: 1. FEZ VALER 2. MEIA NOITE 3. FOI ASSIM 4. DEIXA MOLHAR 5. CLAREOU 6. CELEBRAR 7. GUERREIRO

8. LUZ E SOM FEAT. LEROY SIBBLES 9. SEMPRE MAIS 10. SEMPRE MAIS FEAT. TOOT & THE MAYTALS 11. FINAL DE TARDE 12. SANFONA 13. SKA

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+ zap //

PERSONAGEM:

CLAUDIO CASSETTI // POR CESAR GYRÃO // FOTO: HEVERTON RIBEIRO

S

e tem alguém que personifica o papel do Parque Madureira, no Rio de Janeiro, este nome é Claudio Cassetti. Aos 47 anos e 2,5 como gestor do parque, ele se tornou um grande aliado do skate, uma das muitas opções que o espaço oferece na integração da cidade. Tem um carinho especial pela galera e exerce naturalmente seu papel de administrador. Isso ficou mais uma vez evidente no Oi Bowl Jam, quando seu trânsito pela área era acompanhado de sorrisos e agradecimentos. Faz questão de tornar o local uma extensão da casa das pessoas do bairro e dos visitantes de todos os quadrantes da Grande Rio e a maioria se sente parte de uma grande família. Seja no samba, no futebol ou no skate, o Parque Madureira é este importante catalizador de mudanças. Sua equipe no skate é composta de 16 pessoas, que se revezam diariamente para proporcionar as melhores condições para a prática segura do esporte na street plaza e no complexo de bowls. Depois de vencer certa resistência da galera em usar capacetes e outras regras de convívio, a poeira assentou e os usuários aproveitam a qualidade do espaço. É o primeiro parque do Brasil com a certificação de sustentabilidade Aqua, da Fundação Vanzolini e o terceiro em extensão do Rio. Em obras, está ficando maior para seu lado sul, com a ampliação da área. O skate ganhará mais um aparelho para alta performance: um half pipe de madeira, coberto e de grandes dimensões, mais uma sala para um museu do nosso esporte. Depois do segundo ano com o Mundial de Bowl em Madureira, campeonatos regionais e etapa do Circuito Brasileiro de Street Pro da CBSK, ninguém duvida da vocação do espaço para o skate ter criado o respeito que tem na região. E Claudio Cassetti tem muita responsabilidade sobre isso.

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FOTO: FELIPE PUERTA

˜ RONY GOMES ˜

RESPEITO

À CULTURA

DO SKATE BRASILEIRO

produtostriboskate@gmail.com

VEJA A LISTA DE ONDE ENCONTRAR OS PRODUTOS TRIBO SKATE NA PÁGINA 81.

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skateboarding militant // por guto jimenez*

SOBRE VETERANOS E MASTERS

N

IVAN SHUPIKOV

os últimos tempos, o cenário do skate vem valorizando cada vez mais a história construída por skatistas do passado, muitos deles na ativa até os dias de hoje. Alguns dos antigos profissionais de outras décadas veem seus nomes cada vez mais ligados a produtos, empresas e eventos, algo impensável até o início desse século. Isso nada mais é do que o reconhecimento merecido por homens e mulheres que deixaram marcas indeléveis em suas respectivas épocas, e principalmente por levar nosso estilo de vida a níveis ainda não alcançados até então. Aqui no Brasil, nós podemos tirar uma onda em relação aos masters: somos o país que primeiro realizou um evento especial para veteranos. O eterno Jorge Kuge uniu-se à galera de Guaratinguetá (principalmente Eduardo “Yndyo”, Antonio Machado “Junior” e Fernando “Nando” Tassara) e juntos realizaram o “URGH Lendas do Skate”, cuja primeira edição aconteceu em 1999. A partir de então, a “Meca” do skate nos anos 80 vem reunindo quatro gerações de skatistas sob o nome de Old School Skate Jam, evento que, ao lado do “Old Is Cool” realizado anualmente na legendária pista da Swell, em Viamão (RS), tornaram-se quase obrigatórios pra skatistas trintões, quarentões, cinquentões... Mundialmente, a coisa começou a tomar um vulto maior com o lançamento do documentário “Dogtown & Z-Boys”, de Stacy Peralta. O doc virou uma produção hollywoodiana, “Os Reis de Dogtown”, e também serviu como o grande catalisador para essa justa valorização. Eventos como o “Pro Tec Pool Party” reúnem a nata dos bowlriders, enquanto que o “80s Skate Jam” trouxe a divertida proposta dos competidores só usarem equipamentos e roupas usados na década de 80 – e no qual só valem as manobras que eram executadas naquela época. Com o passar do tempo, é óbvio que cada vez mais skatistas vão ficando mais velhos, engrossando o coro de veteranos e masters. “Epa”, você deve estar pensando, “mas não é tudo a mesma coisa?”. Não exatamente: veterano é qualquer skatista que já seja mais velho, enquanto que os masters são aqueles antigos profissionais que tanto inspiraram as gerações passadas. Por mais incrível que possa parecer, a modalidade mais popular entre os skatistas talvez seja a única na qual os ídolos e referências do passado são solenemente esquecidos nos eventos. Não existe nenhum campeonato de street com a divisão pros masters ou veteranos, e isso explica-se pelo fato de estarem interessados em cada vez mais renovarem os ídolos da modalidade. A justificativa de que “o street é muito agressivo e não há tantos veteranos assim em atividade” cai por terra em 10 minutos de pesquisa de vídeos no YouTube: somente no ano passado, nomes míticos do passado como Matt Hensley, Sal Barbier, Mike Vallely e Pat Duffy lançaram partes em filmes de skate que deixaram a muitos de cabelos em pé. Não se perde a base ou o amor pelo skate, embora o corpo não mais responda como o fazia anteriormente. Infelizmente a falta de respeito e consideração não espanta os que,

como eu, enxergam nessas “ligas de street” uma forma de transformar o skate em algo como o escotismo... nunca serão! Enquanto isso, eventos em bowls e banks trazem divisões que abrigam skatistas a partir dos 35 anos, e as disputas das categorias de masters em eventos de slalom, freestyle ou downhill slide sempre reúnem alguns dos maiores nomes do passado, fazendo aquilo que os tornou reconhecidos. Ao mesmo tempo, está acontecendo um fato curioso e, ao mesmo tempo, preocupante no meio de competições do speed nacional: muitos masters se veem obrigados a dividir retas e curvas com veteranos não tão hábeis quanto eles. O risco de acidentes, que já é grande na modalidade, pode tornar-se maior se uma providência não for tomada, e está sendo elaborada uma divisão entre os próprios masters, dividindo-os entre amadores e ex-profissionais. Pode parecer excesso de zelo, mas não custa lembrar dois detalhes: primeiro, o speed é uma modalidade na qual os competidores dividem o terreno da disputa ao mesmo tempo; segundo, e talvez o mais importante, é que ninguém gostaria de se ver numa ladeira com alguém sem noção à sua frente ou, pior ainda, colando no vácuo sem saber o que fazer. Sejam veteranos ou masters, o respeito e a consideração têm que ser os mesmos que são nutridos aos profissionais do momento. Portanto, da próxima vez que você vir um tiozinho ou tiazinha dando o seu rolé num pico, procure observar melhor e trocar uma ideia. As marcas nas canelas te mostrarão que aquela pessoa tem muita, muita história escrita com uretano pra te contar.

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > MATO GROSSO DO SUL - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504

> RIO GRANDE DO SUL - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072

> PARANÁ - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865

Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083

- Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 - Paranaguá XFactor Skt Rua Marechal Deodoro, 55, Centro (41) 3422-6044

> SANTA CATARINA - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > SÃO PAULO - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489

- Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Punk Av. Nove de Abril, 168, Centro (19) 3019-6950 - Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397 - São Paulo All Store Boards Sports Av. do Cursino, 1.722, Saúde (11) 5058-1540 Almeida Sports Alameda dos Jurupis, 1348, Indianápolis (11) 4562-4430 RadicalDrop Skate Shop & Mini Ramp Rua Silva Bueno, 2496, Ipiranga (11) 2272 2359

MPVS SKATE SHOP Rua General Chagas Santos, 606 Saúde - São Paulo/SP Tel: 55 (11) 2532-1553 www.mpvsskateshop.com.br

- Sorocaba Xtreet Skateshop Rua Alfredo dos Santos, 166, Vila Carol (15) 3226-3011 / 99151-2511

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