FELLIPE FRANCISCO * BOWL-A-RAMA * MARCOS NOVELINE
QG BOWL O COMPLEXO DAS FAMÍLIAS QUINTAS E GOMES
VIDA DE ÍNDIO ENTREVISTA COM O PROFISSIONAL RAPHAEL FELIPE
ROBERTO SOUZA
Rony Gomes,fs nosebluntslide Ano 24 • 2015 • # 233 • R$ 9,90
UM CARA COM PROPÓSITO
www.triboskate.com.br
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TRIBO SKATE 233 ABRIL 2015
ESPECIAIS> 34. ENTREVISTA AM ROBERTO DE SOUZA, DE TUBARÃO/SC 46. QG BOWL O QUINTAL DE CONCRETO DE DUAS FAMÍLIAS 60. ENTREVISTA PRO A VIDA DO RAPHAEL ÍNDIO SEÇÕES>
EDITORIAL.................................................. 14 ZAP .............................................................. 18 CASA NOVA................................................ 72 HOT STUFF ................................................. 78 SKATEBOARDING MILITANT ................... 80
CAPA: Mesmo com toda a intimidade com seu bowl, não é fácil se garantir psicologicamente para voltar um frontside noseblunt slide no pelo como este do Rony Gomes. A primeira capa do cara na Tribo Skate foi feita sob encomenda, sem equipamento de segurança e com direito a filmagem para o SkateLife. Foto: Thomas Teixeira ÍNDICE: Ele tem muito poder de persuasão, com a voz mansa mas a atitude do go-for-it típica do skate. Vitor Sagaz ganhou a autorização do segurança da agência de automóveis e foi pra cima do limpíssimo cano prata. Wallie fifty. Foto: Carlos Taparelli
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editorial //
Evolução constante POR CESAR GYRÃO // FOTO DIOGO GROSELHA
Q
uem fica parado é poste! Como skatista não tem vocação para a inércia, estamos iniciando um novo período na Tribo Skate, agora junto à Third Wave Editora. Trata-se da mesma editora da revista Fluir, que há 31 anos lidera no segmento do surf. É o mesmo ambiente do portal Waves, outro caso de absoluto sucesso, responsável por manter atualizadas milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Além destes dois veículos carros-chefe, outros títulos são produzidos na TW, como a revista Stand Up, o site Sup Club, a revista Tatame, guias de viagem e títulos customizados como a Red Nose Xtreme Mag. No meio deste universo de conteúdo, a Tribo Skate vem somar com sua interface com o público do skate, que vem crescendo ano a ano e cada vez mais interagindo com os outros esportes de prancha e a cultura contemporânea. O skate é vanguarda entre os boardsports, além da sua música, da arte e da moda e está sempre se reinventando. Seguimos com nosso papel de informar e influenciar, de evidenciar o quer for relevante em nosso meio, como bem fazemos desde 1991. A Tribo Skate é um patrimônio do skate e, como tal, manterá sua essência, falando a linguagem da rua, mas também dos negócios, das cabeças pensantes, reproduzindo o contexto e discutindo os rumos do esporte e do mercado. É nosso dever representar o melhor que o skate produz, em todos os campos. E fazemos isso com gosto!
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Aparelhos de ginástica para manter a forma, podem ter outras utilidades. Nicholas Dias, o amador mineiro que se destacou no DC Invitational no ano passado, bs tailslide. Este pico fica na Praça de Benfica, reduto do Nicholas em Juiz de Fora.
DIEGO SARMENTO
ANO 24 • ABRIL DE 2015 • NÚMERO 233
Editores: Cesar Gyrão e Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Redação: Junior Lemos Arte: Edilson Kato
PRÓXIMA EDIÇÃO BRAZIKAS NO PERU
Publicidade: Diretor: Marcelo Barros (marcelo@waves.com.br) Executivos de Negócios: Clientes diretos: Cezar Toledo (cezartp@gmail.com) e Sergio Monaco (sergio@waves.com.br) Agências: Carlos Alberto Victorelli (alberto.fluir@waves.com.br) Assistente comercial: Érica Ribeiro (erica@waves.com.br) Colaboradores: Texto: Guto Jimenez, João Brinhosa, Jun Hashimoto, Pirikito Sem Asa Fotos: André Magarão, Andrew B., Carlos Taparelli, Cauã Csik, Diego Sarmento, Diogo Groselha, Emy Sato, Felipe Puerta, Fernando Gomes, Guto Jimenez, João Brinhosa, Leandro Moska, Louis Durand, Roberto Tatto, Rodrigo K-b-ça, Thomas Teixeira
Tribo Skate, edição 233, abril de 2015 é uma publicação da SNV Editora, feita sob encomenda por Third Wave Editora de Revistas Ltda. – ISSN 0104-155X. Administração e Jurídico: Rua Guararapes, 1.108, Brooklin, São Paulo/SP, Cep 04561-001. Telefone: (11) 5090 3220. Email: triboskate@triboskate.com.br Editor: cesargyrao@triboskate.com.br
Impressão: Duograf Bancas: Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº 1678, CEP 06045-39, Osasco/SP
Tribo Skate * Cultura Sobre Rodas www.triboskate.com.br Email: triboskate@triboskate.com.br
As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
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Os principais eventos internacionais de skate profissional divulgam datas de suas próximas paradas em 2015, muitas delas com brasileiros confirmados na disputa! Street League: 16 e 17 de maio em Barcelona; 11 de julho em Los Angeles; 23 de agosto em Newark; grande final no dia 4 de outubro em Chicago. World Cup Skateboarding (WCS): 21 a 24 de maio, Far ‘N High na França. XGames: 4 a 7 de junho, em Austin no Texas; Já o Mystic Sk8 Cup acontece de 26 a 28 de junho em Praga. • Por enquanto os eventos profissionais no Brasil seguem em planejamento e nenhuma data foi confirmada. • Como foi visto e comentado por todo mundo, a etapa de 21 anos do Tampa Pro foi verde, amarela, azul e branco! Luan de Oliveira bateu Nyjah Huston, venceu a parada e garantiu uma vaga na grande final da Liga. E não para por aí! Dentro desta mesma parceria SPOT x SLS, os dois finalistas mais bem classificados que não fazem parte da elite garantem vaga para a temporada 2015 e mais uma vez deu Brasil: Kelvin Hoefler e Felipe Gustavo deixarão a Street League esse ano ainda mais interessante para nós, brasileiros. Preparem a torcida! • [01] Biano Bianchin lacra o shape com o adesivo de um novo patrocinador! A Duelo Skate Shop, loja de terra natal São Leopoldo/RS, acompanha agora este original representante do estilo Dagger. • A Red Nose Shoes também reforça seu time de skate com a entrada do casca-grossa das ruas Rodolfo Ramos, que agora é companheiro de equipe dos pros Fábio Castilho e Raphael Índio, e dos amadores Wacson Mass e Lindolfo Oliveira. • [02] E na Globe Brasil pintam dois nomes novos em seus quadros! O profissional Luiz Apelão recebe as boas-vindas na equipe de tênis e confecção, e o fotógrafo Raphael Kumbrevicius como o marketing da marca. • Giancarlo Naccarato não faz mais parte da equipe Urgh, contudo o profissional das ruas de SP mantém, firme e forte, os demais patrocinadores: Öus, Son, Metallum, Arena Clube do Skate, Nuff Skate Shop, Ogio Brasil e R.A.S Bearings. • [03] O skatista amador de Sorocaba/SP Pablo Cavalari passa a compor a equipe principal da Qix Skate. • Na Simple a novidade é a entrada de Nicholas Dias no time! • De saída da Orig Skateshop no final do ano, Adelmo Jr. investe agora em sua própria loja, a RAS Skateshop, e já chega com equipe de peso. São os amadores Franklin Morales e Wacson Mass, mais os profissionais Jay Alves e JN Charles. (rasskateshop.com) • [04] Bruno Aguero, que estampa capa e entrevista em nossa edição de novembro de 2014, a 229, tem promodel de rodas lançado pela marca novaiorquina 5-50 Wheels, ao lado de nomes de peso do skate mundial como Kevin Taylor, Ron Deily e Ramiro Furby Salcedo. São as ruas de SP recebendo o reconhecimento das de NY! (550wheels.com) • [05] O primeiro promodel lançado pela Shit Griptape é do novo integrante da equipe, Pablo Groll. • E o profissional também nos manda notícias: o lançamento de sua marca de meias, a Gnarly Foot, que aterriza no planeta terra com tecnologia alienígena e já com arte do conterrâneo Pablo Daniel na primeira coleção. • [06] Flavio Colleta e Leo Giacon reativam a ideia que o Colleta inicou em 1999, a Hábito Skateboard, já com coleção nova à venda. Além dos dois profissionais, a equipe conta também com o amador Edgar Lima. (habitoskateboard.com) • [07] Depois do sucesso de “Give me my money Chico”, A LRG prepara o lançamento de seu segundo vídeo, o “1947: A Skateboard Video”, com partes de seu principais skatistas, entre eles os brasileiros Felipe Gustavo, Carlos Ribeiro e Rodrigo TX. O nome do filme vem de uma homenagem que o falecido co-fundador da marca Jonas Bevacqua fez para sua família quando incorporou os numerais “47” e “1947” à marca para homenagear a sua mãe, Helen, data de seu nascimento. (instagram.com/1947video) • [08] Já a Vans prepara para maio o lançamento de “Propeller”, seu primeiro filme global, dirigido pelo aclamado filmmaker Greg Hunt. • [09] Aqui no Brasil, Ricardo Dexter e a Bolovo droparam a primeira vídeo parte do skatista como profissional, com o sugestivo título PRÓ blemático.
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EMY SATO
MARCOS NOVELINE
Pole Jam, zona norte de SP.
Ele não anda de skate com fones de ouvido, mas é adrenado na sessão não por acaso! Marcos Noveline apresenta as 20 músicas mais styles e que estão em sua mente quando está no rolê. Metallica, Seek and Destroy The Zeros, Don’t Push Me Around Duane Peters and the Hunns Agent Orange, El Dorado The Strokes, You Only Live Once Agent Orange, Bloodstains The Stitches, Nowhere Dead Kennedys, Police Truck Firehose, Brave Captain AC/DC, TNT *Marcos Noveline (Amais Skateboards, Weird, Starter e MPVS Skate Shop)
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Misfits, Skulls The Dark, The Masque Jane’s Addiction, Jane Says Motorhead, Bite the Bullet TSOL, Superficial Love Placebo, Every You, Every me Black Sabbath, Snowblind Joy Division, Ice Age Motorhead, Mean Machine Black Sabbath, War Pigs
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MANOBRA O SKATE NÃO SAI DO PENSAMENTO DOS SKATISTAS, ELE ESTÁ 24 HORAS NOS PICOS DE RUA E NAS PISTAS. POR ISSO NADA MAIS ADEQUADO PARA COMEÇAR OS TRABALHOS PÓS-CARNAVAL, QUANDO O BRASIL EFETIVAMENTE VOLTA A FUNCIONAR, DO QUE TRAZER ALGUMAS TRICKS SEM PRETENSÃO, BRASIL AFORA. PORQUE O SKATE NÃO PARA!
@pouca.ideia
@sandrotestinha
@gudosanjos
@laaaaaarii_
@r0drig0pinheir0
@atilavilanova
@laurocasachi
@marcosgabriell
@carlostaparelli
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zap // Evento // Bowl-A-Rama 2015
A vitória da experiência NOVAMENTE A ELITE DO SKATEBOARDING MUNDIAL SE REUNIU NA ESPLÊNDIDA PRAIA DE BONDI EM SYDNEY, AUSTRÁLIA, PARA CELEBRAR A 11ª EDIÇÃO DO TRADICIONAL CAMPEONATO PROFISSIONAL BOWL-A-RAMA. COM PRATICAMENTE TODOS OS INGRESSOS VENDIDOS, ATRAVÉS DA TRIBO SKATE TIVE O PRIVILÉGIO DE ACOMPANHAR DE PERTO TODO O EVENTO E COMPARTILHAR COM VOCÊS ESTA EXPERIÊNCIA. POR JUN HASHIMOTO // FOTO LOUIS DURAND Com uma premiação acima de 80 mil dólares a ser dividida entre as duas categorias (open e master - acima de 40 anos), o evento este ano contou novamente com os maiores nomes do bowlriding mundial que protagonizaram no bowl azul uma batalha de proporções épicas. Com muitos pontos altos, este ano o destaque foi a vitória de Bucky Lasek na categoria open. Aos 42 anos, Bucky continua produzindo muito como profissional. Ele abriu mão de participar entre os masters, como feito também por Omar Hassan (41 anos) e Rune Glifberg (40 anos). Na categoria open, estes caras competiram de igual para igual com pros com menos da metade de suas idades, a exemplo de Trey Wood, de 14 anos. Na master o brasileiro Bruno Passos vinha de duas vitórias seguidas na Austrália (ABC Newcastle e Hurley Beach Bowl em Manly Beach) e teria pela frente nada mais do que o campeão do ano passado, Tony Hawk, mais Chris Miller, Steve Caballero, Nick Guerrero, Kevin Stab, Eddie Elguera, Pat Ngoho e outros grandes nomes da história do skate. Bruno detonou, fazendo uma linha sem erros na eliminatória, variando manobras de borda inovadoras (hurricane over the corner, five-O fakie, blunt to fakie) com aéreos (stale fish, fs e bs) e repetindo a mesma performance na final, ficou em quarto. Demostrando uma calma impecável, Steve Cab andou como um verdadeiro master. Completou a sua rotina com um extenso board slide e um caballerial (fakie ollie 360, sua criação), ficando com a terceira colocação. Com a sua primeira participação em Bondi este ano, Chris Miller, em ótima forma, demonstrou um skate moderno e agressivo. Muito veloz em suas rotinas, incluiu em seu repertório aéreos sobre o “calombo” altíssimos, concluindo com seu poderoso bs bluntslide e terminando atrás do campeão Tony Hawk. Aos 46 anos de idade, Hawk está de visual novo e namorada nova e poderia competir com os pros pelo que demonstrou com o seu skate aqui em Bondi. Tony executou muitas linhas com várias manobras (540s, tailslides over the corner, fs blunts, lipslides, handplants) de alta dificuldade com uma fluidez e precisão que parece até que andava sem fazer esforço. A final da open foi (se não fosse pelas quedas de Chris Russell e Cory Juneau), sem dúvida, a maior demostração do atual nível do bowlriding mundial. Pelo altíssimo nível e com uma final de apenas 8 competidores, é difícil argumentar quem mais poderia passar estar nesta final, onde se classificaram os brasileiros Pedro Barros e Vi Kakinho, os americanos Bucky
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Lasek, Alex Sorgente, Cory Juneau, Chris Russell e Josh Rodriguez, mais o dinamarquês Rune Glifberg. Russell, em sua segunda volta tentou um boneless reentry sobre o calombo, caiu de frente batendo a cabeça no concreto, foi socorrido e levado direto para a enfermaria. A final ficou sem o mais irreverente skatista do evento. Vi Kakinho, que se classificou em segundo na eliminatória, repetiu a sua performance na final acertando um backside smith grind into tail fulminante, nose grind corridaço, bs e fs smith grind reverse on the corner e uma variação boa de aéreos. Depois da boa estreia como pro no bowl de Madureira, Rio, faz mais uma final em alta performance. Alex Sorgente vem mostrando uma evolução impecável, aprimorando seu estilo de andar com transições entre manobras de borda e aéreos com velocidade e muita segurança. No evento anterior, em Manly Beach, foi segundo lugar e acertou o 540 ollie (como em Madureira), mas em Bondi infelizmente não completou a façanha. Mesmo assim, finalizou duas voltas perfeitas para ficar com a terceira colocação. Para o delírio do público, em se tratando de extrapolar os limites em performances explosivas, um nome sempre aparece: Pedro Barros. Como esperado ele não decepcionou. Passou em primeiro na eliminatória e fez uma rotina com aéreos e 540s biônicos, manobras de bordas estendidas ao extremo com muita velocidade. Na bateria final, mesmo lhe faltando uma nota com a segunda volta incompleta, fez os pontos necessários para ficar com o segundo lugar e dividir o podium com Alex Sorgente e Bucky Lasek. O “moleque” de 42 anos, Bucky Lasek, com suas linhas criativas utilizando toda a extensão do bowl combinadas com as manobras de alto nível técnico, como method to fakie seguido de switch frontside airs, fs rodeo e mctwists, lip e tailslides mostrou que ainda tem muito gás para queimar, vencendo o principal prêmio da categoria open e provando que idade em skate não é documento. Mais do que um campeonato, o Bowl-A-Rama é uma celebração deste estilo de vida. Uma única linguagem que une várias tribos de todo o mundo, onde os movimentos em cima do skate são expressões individuais que mais demostram o nosso estado de espírito, criatividade e diversão, sentimentos intensos onde não existe dinheiro no mundo que possa comprar. Parabéns à organização do Bowl-A-Rama e a todos os skateboarders que fazem parte desta grande família; e ao público leal que sempre acompanha de perto apoiando e incentivando o skate e seu estilo de vida.
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Felipe Foguinho, possuído ao máximo. Bs 540 da sua linha da final.
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Família Genovesi.
Nilton Neves.
Gian Naccarato e Sandro Testinha.
Anuário 2014 Cold Skateboard POR JUNIOR LEMOS // FOTOS ROBERTO TATTO Reconhecido pelos inúmeros trabalhos publicados nas principais revistas nacionais e estrangeiras de skate, Heverton Ribeiro colocou na rua no começo de março o seu segundo livro Cold Skateboard que consiste em unir o que há de melhor no conteúdo do site (coldskate. com.br) com fotos inéditas feitas pelo fotógtafo, compilando na publicação os principais destaque do skate nacional em 2014. E neste segundo “Annual Book Cold Skateboard” há ainda mais interação entre mídia impressa e digital graças ao aplicativo QRCold (disponível no App Store e Google Play), que permite assistir aos vídeos das manobras fotografadas com a simples leitura do código que há ao lado de cada imagem. E a interatividade não para aí! Também é possível identificar o local exato no qual cada imagem foi feita. A Cold assina também canecas, camisetas e capinhas de celular feitas com material reciclável, além dos lançamentos de sua cerveja e do collab de tênis com a Freeday, todas as peças numeradas exclusivas.
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Cadernos Cold Em outra frente, a Cold Skateboard também está dentro das salas de aula com o lançamento de quatro cadernos universitários com fotos do Heverton. Karen Jonz, Pedro Barros, Paulo Galera e Patrick Vidal estampam a capa dura desta primeira série que também conta com uma folha contendo diversos adesivos (kalunga.com.br).
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FELLIPE FRANCISCO ELE FOI SEGUNDO COLOCADO NUM ANTIGO CONCURSO DE FOTOGRAFIA TRIBO SKATE & OAKLEY AQUI NA TRIBO SKATE. AQUELE MOLEQUE DE SEUS 17 ANOS, JÁ DEMONSTRAVA UMA TENDÊNCIA PARA A ARTE DAS IMAGENS CONGELADAS. A PREMIAÇÃO FOI UMA DAS MOTIVAÇÕES PARA QUE ELE VIESSE DE MALA E CUIA PARA SÃO PAULO, PARA VIVER O SONHO DO SKATE. O SKATISTA FOTÓGRAFO OU O FOTÓGRAFO SKATISTA? FELLIPE FRANCISCO LANÇOU MÃO DE SEUS DONS PARA IR CONQUISTANDO O MUNDO, FAZENDO PROJETOS IMPRESSIONANTES COMO UMA TOUR DE MILHARES DE QUILÔMETROS DE CARRO ENTRE BELÉM E SÃO PAULO (ROOTS TRIP TOUR), ATÉ CONQUISTAR ESPAÇO EM REVISTAS E MARCAS GRINGAS E SE MUDAR PARA OS ESTADOS UNIDOS. EM 2012 ELE FEZ PARTE DE NOSSA EDIÇÃO ESPECIAL DE 21 ANOS, JÁ COMO SKATISTA PROFISSIONAL, EM UMA ENTREVISTA COM FOTOS MATADORAS E UM TEXTO BEM RICO EM DETALHES DAQUELE MOMENTO DE SUA VIDA. SUAS FOTOS PANORÂMICAS E SEU SKATE BONITO TÊM MUITOS ADMIRADORES.
// FELLIPE FRANCISCO 26 ANOS, 15 DE SKATE NASCEU EM JABOTICABAL/SP CRESCEU EM BELÉM/PA MORA EM LOS ANGELES/CA/EUA PATROCÍNIO: DARKROOM APPAREL SUPPLY APOIO: VANS
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futuro, dentro de um caixão, será impossível. Então nunca deixe as oportunidades passarem. Algumas pessoas que me inspiraram muito no começo foram o Otavio Neto e o Atilla Chopa. Eles são fotógrafos skatistas e com suas poucas e significantes palavras me fizeram ter a coragem para ser fotógrafo de skate. • Salve Fellipe, o Norte do Brasil já havia apresentado ao mundo grandes talentos do skate: em um passado recente, os irmão Cerezini, nascidos em Rondônia, e atualmente Mauricio Parmalat, seu conterrâneo. No entanto, você e Léo Barreto inseriram o Norte no rol de fotógrafos de skate de qualidade. Para você, que além de tudo é um ótimo skatista, qual o sentimento em participar ativamente da integração do skate da região Norte ao restante do país? (Eliézer Belchior Dantas, Porto Velho, Rondônia) – Salve Eliezer Dantas. Eu acredito que há uma grande discriminação do mercado em relação à distância dos nossos estados do Norte do Brasil. Acredito que nós, nortistas, temos um amor verdadeiro ao skate. Diante de muitas dificuldades, como não ter acesso ao mercado atual do skate, não ter pistas de skate, não ter qualidade de asfalto devido ao nosso clima, não paramos de andar. Admiro o fato de nossos ídolos serem nossos amigos. Já andei muitas vezes em skate plazas e outras pistas aqui nos EUA, mas nada se compara à sensação de andar de skate no clima quente e úmido ao lado dos meus verdadeiros irmãos do Norte! • Me lembro que a gente estava andando no gap da praça Waldemar Henrique, eu tentando o flip 360 e você ainda nem fotografava. Tentei várias nesse dia, mas não voltei; fiquei todo quebrado. Depois de um bom tempo, numa tour que tava rolando aqui, você era o fotógrafo da parada, aí voltamos no gap da praça; você chegou e disse:“Vai o flip 360 hoje aí, Túlio?” Eu olhei pra você e disse:“é hoje!” Queria saber qual a lembrança que você tem desses dois dias; o que você tava andando e o outro que você fotografou o flip 360 que foi capa da Tribo Skate. (Túlio Alberto, Marituba, Pará) – Lembro muito bem desses dois momentos, pois na primeira vez em que Túlio Alberto, meu amigo e inspiração no skate, estava tentando esse 360 flip, nesse dia o Atilla Chopa estava fotografando uma tour em Belém do Pará e eu estava torcendo muito para que você acertasse a manobra. Mas, não foi neste ANDREW B.
• Muito legal a sua marca Darkroom Apparel Supply. Você teve ajuda de alguma empresa para produzir os produtos? Você curte mais andar de skate ou fazer fotografias dos atletas? (Thiago Felipe de Albuquerque, Mogi das Cruzes, SP) – Obrigado Thiago, fico feliz em saber que existem pessoas do bem que vem gostando do desenvolvimento e crescimento da Darkroom. No primeiro momento a Darkroom foi criada em 2012 e queria fazer tudo acontecer no mesmo ano, mas esperei a melhor hora financeira para que a marca tivesse uma ótima apresentação no mercado com o conceito que criei. Não tive nenhuma ajuda de nenhuma empresa para produzir os produtos e preferi fazer acontecer sozinho para evitar qualquer confusão. Hoje temos a Drop Family que faz a distribuição para todo o Brasil. Em todas as sessões que eu estou presente levo meu skate comigo. Vou ser sincero para você: eu prefiro muito mais andar de skate e fotografar meus amigos! Chega de atletas! • Gostaria de saber resumidamente quais foram as dificuldades no início da sua carreira. Quem foram as pessoas que lhe ajudaram nessa caminhada e se você tem algumas dicas pra quem deseja um dia estar no mesmo patamar que você? (Pedro Piccoli, São Bernardo do Campo, SP) – No início de cada caminhada sempre existem dificuldades, seja de qualquer coisa que esteja fazendo ou querendo fazer. Acredito que minha maior dificuldade foi deixar minha terra, Belém, que mesmo não sendo minha cidade natal considero nascido nela. Deixar os costumes, os amigos, e enfrentar uma viagem de atravessar o país sem nem mesmo saber por onde está pisando é bem difícil também. Porém, acredito que se existir a força de vontade, seus sonhos serão realizados. Mas se você não fizer as coisas acontecerem agora nesta vida de poucos anos, no
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FELLIPE FRANCISCO é um amor ‘‘queO skate tenho há muitos
anos, e ser fotógrafo foi uma consequência.
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dia... Depois de 6 anos, eu estava fotografando uma tour na cidade para a Tribo Skate e lembrei que você tentou o 360 flip e perguntei se estava com pernas para tentar. Eu conhecia o seu skate bem e sabia que você tinha o potencial de acertar a manobra. Após algumas tentativas, tivemos uma capa sua com o 360 flip e um índice com sequência na revista. Felicidade! • Como as pessoas reagem quando você solta a expressão “égua!”, que é tanto usada em Belém? E se você pretende passar um pouco do que você aprendeu sobre fotografia, sendo no Youtube ou até mesmo em curso? (Jorge Soares, Belém, PA) – A expressão “égua”, depois de todo esse tempo que estou morando fora da minha terra (já são quase 10 anos), acabou não sendo usada mais. Porém, me lembro muito bem quando, às vezes, eu a usava e muitas pessoas perguntavam porque eu estava falando aquilo, o que era notável no meu vocabulário. Acho muito interessante a ideia de apresentar e passar um pouco do meu conhecimento fotográfico em cursos, mas não tenho nenhum plano no momento. Quem sabe no futuro? • Família, andar de skate, ser fotógrafo, ter uma marca. Como é fazer tudo isso no seu dia a dia? (Luis Moschioni “Arroiz”, Tatuí, SP) – O melhor termo para definir o meu dia a dia seria: tranquilo. A família é um fator muito importante para mim, e eu acredito que ela é quem lhe auxilia em se tornar uma pessoa melhor. O skate é um amor que tenho há muitos anos, e ser fotógrafo foi uma consequência. Ter uma marca era um sonho; então, misturando tudo o que gosto, a minha vida se tornou tranquila. • Quais suas referências na fotografia, dentro e fora do skate? Qual a importância de concursos e livros especializados em fotografias de skate? (Bruno de Freitas, SP) – Minha maior referência na fotografia é Cartier-Bresson, o fotógrafo do momento. Já no mundo de skate, todos aqueles que fazem acontecer por amor não por dinheiro se tornam referências para mim. Concursos são muito importantes na carreira de um artista fotógrafo, pois ajudam a criar novos projetos e também a um ciclo de convivência com outros fotógrafos. Sinto falta de ver concursos de fotografia junto à Tribo Skate. Vamos realizar um concurso, Tribo? Quem sabe um Darkroom Concurso de Fotografia? • O fotógrafo no mercado do skate é valorizado tanto quanto os skatistas pelos donos das marcas e revistas? Abraço, mano. Sua marca é muito style! (João Gabriel Ferraz, SP) – João Gabriel, em primeiro lugar muito obrigado pelo comentário sobre a Darkroom, e também obrigado pela ótima pergunta. O fotógrafo sempre foi valorizado e sempre será, no meu ponto de vista. Já no ponto de vista de muitos donos de marcas e revistas, acredito que o valor do fotógrafo é simplesmente monetário. Estamos falando em dinheiro, então muitas marcas nunca vão querer valorizar, pois quanto mais valorizado fica nosso
PRÓXIMO ENFOCADO: PABLO GROLL ENVIE SUAS PERGUNTAS PARA: TRIBOSKATE@YMAIL.COM COM O TEMA LINHA VERMELHA – PABLO GROLL COLOQUE NOME COMPLETO, CIDADE E ESTADO PARA CONCORRER AO PRODUTO OFERECIDO PELO PROFISSIONAL.
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trabalho o produto aumenta o valor; infelizmente é assim que funciona com algumas empresas. Vai ser impossível você ver minhas fotos em algumas marcas que dizem ser marcas de skate; nem mesmo pagando colocarei minhas fotos para serem desvalorizadas! Então vai a dica a todos: cuidado com as marcas sem história! • Qual a importância que Belém do Pará teve na sua trajetória como fotógrafo e skatista profissional? O que você acha da cena local de Belém nos dias de hoje, apesar de não ter mais residência na cidade? (José Silva, Belém, PA) – Na minha trajetória como skatista e fotógrafo, Belém foi a cidade com mais importância na minha vida. Lembro exatamente o bairro do Marco, no antigo half pipe da Duque de Caxias em 2000, onde tudo começou. Estive presente em algumas sessões de skate em Belém recentemente, e a cena local está com muita vibe e vivendo o verdadeiro lifestyle do skateboard. Existem lojas que ajudam o mercado e fazem acontecer e desenvolver novos skatistas. A chama sempre estará acesa na cidade. “Fudare!’’ • Com inúmeros fotógrafos de skate no mercado hoje, o que você acha que se tornou um diferencial para os fotógrafos? O que você faz para sempre estar mostrando seus trabalhos atuais? (Carlos Henrique “Carlão”, SP) – Salve Carlão. Acredito que o grande diferencial no mundo do skate e da fotografia é que nunca vou me vender para o mercado e também nunca vou fazer uma sessão somente por dinheiro! Hoje em dia vejo muitos fotógrafos doando fotografias somente para estar nas revistas, e isso vem diminuindo minha vontade de estar presente nas mesmas. Nesse mês de março recebi um email com um contrato de uma marca que estava com interesse em algumas fotos minhas de um skatista. Nesse email eles enviaram um contrato onde simplesmente dizia: “Contrato de doação de fotografias.’’ Dei risadas quando li e quase os respondi de volta assim: “Contrato de pagamento de luz, água, gasolina, alimentação, diversão, etc.” Isso é inaceitável! Haters! • Curto e grosso: Por que muitos caras aparecem na cena do skateboard e do nada, eles somem? Por que isso acontece? (Gustavo Vidal, Belém, PA) – Gustavo, gosto de perguntas como essas! A cena do skateboard no mundo inteiro é constituída por puxação de saco e pouco respeito com os skateboarders pelas marcas. Muitas empresas apresentam valores de pagamentos para um skatista profissional que são menos do que um salário mínimo ou são somente produtos. Até quando o “skatista profissional” vai conseguir viver com esse pouco para se sustentar? Ele vende peças que ganhou dos patrocinadores, enquanto suas empresas fazem milhões? Então chega uma hora que muitos skatistas começam a trabalhar em empregos quaisquer para se sustentar e acabam não tendo tempo para andar de skate como antigamente. Eles acabam perdendo o tal do patrocínio, que era a porta de entrada para poder estar dentro de uma revista ou no “game”, e é por isso que muitos desaparecem. Muitas marcas trabalham com esse sistema de escravidão nas costas de um cara que as fazem acontecer. Então, meu conselho, novamente, é que você esteja envolvido somente em marcas e lojas onde os donos são skatistas e que vão lhe valorizar e lhe respeitar! Viver de “naipe” também não enche barriga! Como muitos, ande de skate como skatista, pois ser um profissional do skate não envolve somente ter um patrocínio qualquer, mas sim ter atitude! • Qual a maior dificuldade que você já passou nos EUA? (Douglas Gonzaga, Campo Limpo Paulista, SP) – Uma das maiores dificuldades que passo nos USA é saber que meus parceiros estão longe. De resto tá tranquilo, sem stress sempre, pois tenho minha mulher, meu filho que são tudo o que eu preciso! *Pergunta escolhida é a do Bruno de Freitas, SP.
ANDREW B.
Bs boneless, num dos picos “roots” da Califórnia.
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entrevista am // roberto souza
ROBERTO SOUZA
FORMADO PELO ANJÉLA
UM CARA COM PROPÓSITO
LOCALIZADO NA CIDADE DE TUBARÃO NUM ANTIGO ESTACIONAMENTO, HAVIA UM DOS MELHORES PICOS DE RUA DO BRASIL. CRIADO POR SKATISTAS COM AS PRÓPRIAS MÃOS, NO BOM E VELHO JEITO “FAÇA VOCÊ MESMO”. NUMA CIDADE SEM UM BOM SKATEPARK, FOI LÁ QUE SURGIU UM DOS CRIADORES DO QUE SERIA UM DOS MELHORES E MAIS FAMOSOS SKATE SPOTS DESTA DÉCADA, O ANJÉLA. FOI ALI QUE ROBERTO SOUZA COMEÇOU A ESCREVER SUA HISTÓRIA COM O CARRINHO. ANOS DEPOIS, MILHARES DE QUILÔMETROS VIAJADOS, SANGUE, SUOR E MUITA FÉ EM DEUS, ROBERTO REALIZA SUA ABENÇOADA ENTREVISTA AMADORA. E MOSTRA PARA O BRASIL SEU PROPÓSITO! // TEXTO E FOTOS JOÃO BRINHOSA
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Nollie bs heel na madrugada de Barueri.
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ão tem como não lembrar do antigo Anjéla sem lembrar de você por lá, pois era sua casa. Conte sobre o que significa o espaço na sua vida? Já andava de skate nas calçadas, nas ruas, quadrinhas e praças; nunca tivemos pista pública de street em Tubarão. Foi quando a galera achou um estacionamento abandonado, se uniu para limpar o terreno e construir alguns obstáculos. Com o primeiro campeonato que foi organizado pelos skatistas da cidade Phillipe Gordo e Raniere Rodrigues, o local se tornou conhecido. O champ teve muita repercussão e trouxe muita mídia pro local, por não ser uma pista, era um pico de rua. Por quatro anos rolou um campeonato anual e era uma tradição; então vinha muita gente do cenário nacional, vários skatistas, video makers e fotógrafos ficavam lá em casa. Durante o ano todo vinha gente filmar e fotografar. O Anjéla foi minha escola como skatista. Por oito anos eu pude chamar o espaço de minha casa: #ACFOREVER. O que aconteceu com o Anjéla? Ao certo, ninguém sabe dizer o motivo da destruição. Simplesmente chegou uma máquina e virou todo pico de cabeça pra baixo e está lá abandonado até hoje. Ficamos sem pico de street em Tubarão. Até hoje tenho que ir para outras cidades para poder andar, mas graças a Deus está saindo uma baita plaza perto da minha casa, que a Associação Tubaronense de Skateboard conseguiu depois de uma luta de 15 anos. Mais um mérito pro Phillipe Gordo (presidente da ATSB), que
Fakie flip na beira da praia da Joaquina, em Floripa. Foi um desafio andar naquele chão, na ida e volta, com a areia da praia pra dificultar mais ainda.
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sempre esteve à frente de melhorias para o skate de Tubarão. Outro nome que não podemos esquecer da galera do Anjéla Crew é o famoso caminhoneiro Salvio, que nos levou para SP, o que foi uma grande colaboração para esta entrevista. Você sempre viajou na boleia do caminhão com ele? Já somos amigos de rolê de skate há muitos anos. Ele sempre fez o trajeto Santa Catarina/Minas Gerais, então muitas vezes fui de carona com ele até SP, ou até para algumas cidades de Minas, nas minhas férias. Sempre foi melhor viajar com o Salvio do que embarcar num avião ou ônibus.
roberto souza // entrevista am
Fs flip alleyoop, Carapicuiba.
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Sempre vamos rindo, trocando ideias de skate na boleia. Você falou de férias, certo? Teve uma época que trabalhava e andava de skate, como era conciliar essas duas coisas? Sim, dos meus 17 aos 25 eu não tinha patrô, então sempre trabalhei para bancar minhas peças, viagens e ajudar em casa. Guardava sempre um dinheiro para viajar nas férias e fazer meu corre. Até que entrei para a Alfa. O que mudou depois desse patrocínio? Você também trabalha no escritório da marca, né? Foi quando pude me focar totalmente no skate, pensar como trabalho. Trampo no escritório da marca e, quando preciso viajar, deixo meu trabalho organizado e faço meu corre. Você viaja bastante. Alguma viagem que marcou mais que as outras? Já tive a chance de ir duas vezes para a Argentina, mas a última, da Alfa Tour, foi a que mais curti, com certeza. Foi quase toda equipe da Alfa: Silas (Ribeiro), Jesué (Tomé), Eduardo (Martins), Luiz (Neto) e você, que foi onde começamos a produzir para nossa entrevista. Foi a trip que rendeu uma matéria aqui na Tribo Skate, edição 222. Você não bebe nem fuma, certo? Eu era um cara muito baladeiro, bebia bastante até meus 21. Até que conheci minha esposa, a Isabel, e ela não era muito dessa vibe, gostava de ir na igreja. Sempre fui um cara que acreditava na palavra de Deus, comecei a ir direto na igreja com ela. Eu aceitei Jesus por completo na minha vida, e aí acabou rolando naturalmente o desapego dessas coisas pra mim. E sou grato por isso ter acontecido na minha vida. Quais propósitos você tem para sua vida? Todos temos o livre-arbítrio, cada um tem um estilo de vida. Gostaria de poder ser um exemplo para a nova geração, mas não para minha glória, apenas como um canal pra Deus. E propósitos para sua carreira? Estou indo por partes. Dediquei um ano para fazer o melhor possível para minha entrevista; agora vou focar bastante em terminar minha vídeo parte do “Make it Happen”, vídeo da Alfa, que deve ser lançado no meio do ano. Estávamos em busca da oportunidade dessa entrevista para começar a estudar minha passagem para profissional. E também faço parte da ATSB. Temos propósitos de fazer demos nos colégios, aulas de skate e eventos na city. Agradecimentos? Primeiramente a Deus que me fortalece e me dá sabedoria. Às três mulheres da minha vida: minha mãe, irmã e esposa que me apoiam sempre. Ao Anjéla Crew. E meus patrocinadores Alfa Skate e SCOC Skateshop. À Tribo Skate pela oportunidade e ao fotógrafo João Brinhosa, você, que fez parte desta história. Que Deus abençoe a todos!
Nollie bs tailslide. Andar em bordas altas nunca foi dificuldade para Roberto Souza.
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roberto souza // entrevista am
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Ollie com pouco gรกs e muito pop, na sua terra,Tubarรฃo.
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roberto souza // entrevista am
Switch crooked en la tierra de los hermanos, Argentina.
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entrevista am // roberto souza
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Dediquei um ano para fazer o melhor possível para minha entrevista; agora vou focar bastante em terminar minha vídeo parte do“Make it Happen”, vídeo da Alfa, que deve ser lançado no meio do ano.
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// ROBERTO SOUZA 28 anos, 15 de skate Tubarão/SC Alfa Skates, SCOC Skateshop Shovit heel, Praça Roosevelt, São Paulo.
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qg bowl // especial
ANDRÉ MAGARÃO
AS FAMÍLIAS E O
QUARTEL GENERAL EM TEMPOS DE FACEBOOK, INSTAGRAM E TWITTER, ALGUNS SEGREDOS VÃO SENDO COMPARTILHADOS AOS POUCOS E CRIANDO EXPECTATIVAS. QUANDO FORAM PUBLICADAS AS PRIMEIRAS FOTOS DO QUE VIRIA A SE TORNAR O QG BOWL, TODO UM ALVOROÇO FOI CRIADO. UM BOWLZÃO LINDO EM ATIBAIA, AO LADO DA RG SKATEHOUSE, UAU, QUE VONTADE DE ANDAR DE SKATE! POIS A UNIÃO DE DUAS FAMÍLIAS PROPORCIONOU A AMPLIAÇÃO DE UM SONHO EM FORMATO DE GALPÃO COM UM BELÍSSIMO HALF PIPE DENTRO, AGORA COM UMA ÁREA A CÉU ABERTO QUE ABRIGARIA A UM TAMBÉM BELÍSSIMO BOWL NO MAIS PURO CONCRETO. AGORA O CONTEXTO É OUTRO. SE CHOVER SEMPRE TERÁ O HALF, SE FIZER SOL, SEMPRE HAVERÁ O BOWL. UM AO LADO DO OUTRO, POR ENQUANTO SEM UMA “PONTE” QUE UNA OS DOIS NÍVEIS DOS TERRENOS VIZINHOS, MAS QUE FACILMENTE VOCÊ PODE ESCALAR OU DESCER PELAS ESTRUTURAS DE METAL. SE TIVER COM AS MÃOS CHEIAS, SIMPLESMENTE DÁ A VOLTA NA QUADRA E PODE ALTERNAR ENTRE A MADEIRA E O CONCRETO. A FAMÍLIA GOMES É DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO, MAIS PRECISAMENTE DO BAIRRO DA MOOCA. OS QUINTAS SÃO DA VILA MARIA ALTA, ZN DE SAMPA. A PAIXÃO PELO SKATE DOS FILHOS E O ENVOLVIMENTO REAL DOS PAIS FEZ TODO ESTE SONHO VIRAR REALIDADE. POR CESAR GYRÃO // FOTOS THOMAS TEIXEIRA, ANDRÉ MAGARÃO, LEANDRO MOSKA E FELIPE PUERTA
Rony Gomes, lien judo na extensão de seu sonho.
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THOMAS TEIXEIRA
A
obra foi desenvolvida ao longo de alguns meses de 2014, com a participação luxuosa do Gui Barbosa, que está assinando alguns dos melhores bowls e banks do Brasil. Com suporte do Ronaldo, pai do Rony e do Milton, pai do Pedrinho Quintas, logo o que era expectativa virou um novo ponto de encontro dos amigos para andar numa pista de alto nível. Um marco na história do QG Bowl foi a recente festa da Oakley, um dos patrocinadores do Rony, que reuniu uma leva de convidados sedentos por andar muito, ouvir um som e comer um churrasco. As sessões foram divulgadas no site da Tribo Skate, em outros sites e nas redes sociais, mas em nenhum lugar destes você encontrará um registro como este, com um pouco do suor e do sangue derramado para que o sonho se tornasse palpável. Rony, aos 23 anos, já tem uma carreira respeitável com títulos mundial e brasileiro, com destaques em grandes eventos internacionais, com entrevistas em revistas e filmagens em diversos veículos. Pedro Quintas, aos 12, está no mesmo caminho. Como em todo Quartel General, você será bem-vindo se chegar na conduta certa, sendo convidado e chegando com respeito. Agora saiba um pouco mais do que foi a batalha toda para que este castelo fosse erguido, neste ping-pong com Rony Gomes e Milton Quintas.
LEANDRO MOSKA
Ronaldo, Rony, Milton, Pedro.
Rony, fs smith no black box colocado na festa.
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THOMAS TEIXEIRA
qg bowl // especial
Edgard Vovô, backside lipslide.
// RONY GOMES Você começou a evoluir no vert na época da Billabong Skatehouse. O complemento Skatehouse foi inspiração desta época para criar a RG? Foi também. A Billabong foi uma pista onde eu aprendi a andar, onde eu me identificava. E Atibaia também se tornou a minha casa, onde eu passo muito tempo. Passo a metade da semana lá e metade em São Paulo. Por ser a abreviatura do meu nome, ficou RG Skatehouse. Quando começou o sonho de ter um half pipe de boas dimensões? Você me falou que o terreno foi uma dica de uma mulher que trabalhava com sua mãe que morava neste bairro de Atibaia… A gente queria fazer a pista em São Paulo, mas por motivos de custos, pelo fato de em São Paulo ser tudo muito caro, surgiu essa oportunidade que a amiga da minha mãe indicou. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. É no interior, o ar mais puro, muito mais sossegado que em São Paulo. Isso foi em 2010 e em 2012 o half pipe tava pronto. Como agora com o bowl, demorou um tempo pra gente organizar o terreno. Seu pai foi seu maior apoiador desde a ideia até a execução da obra. De onde a família tirou recursos pra investir neste centro de treinamento? Meu pai sempre lutou para ter as coisas dele e o sonho dele foi sempre me apoiar em tudo que eu fizesse. Ele sabia que eu precisava de um lugar para evoluir no vert, se quisesse ficar por aqui e não ir para fora, onde tem rampas muito boas. Na época, eu até já tinha meus patrocinadores. Já tinha
a TNT que me deu uma força no half e ele me ajudou com toda a estrutura e o apoio moral. Como foi a aproximação com o Milton Quintas para criar o bowl? Ele estava indo direto levar o Pedro pra andar no RG e surgiu a ideia? Exatamente. Eu já vinha acompanhando o Pedro pela internet, e eles passaram a frequentar o RG. O Milton é um cara organizado, um cara correto e honesto, que investia na carreira do filho e se tornou um parceiro natural pra fazer o bowl. O half já tinha um tempo e o bowl foi consequência. O nome QG Bowl, junção dos sobrenomes, veio naturalmente ou foi escolhido no decorrer da obra? Foi no decorrer. Já tinha o RG e também tinha o lance de ser um Quartel General, onde todo mundo se reunia. Também contou o lance dos sobrenomes, Quintas e Gomes. Quando decidiram fazer o bowl, o nome do Gui Godoy Barbosa foi o primeiro a ser lembrado? Sim. O Gui, o André Barros e o Léo Kakinho. O desenho foi do Léo, junto com os outros. Eu falei, eu quero uma parte alta, um calombo… O André forneceu os coping blocks e o Gui veio e pôs a mão na massa. Ele ficou uns dois, três meses direto na obra. O coping block veio da fábrica do RTMF e ficou perfeito. Você pensou em algum canto específico do bowl do Pedro Barros ou a ideia foi fazer o mais simétrico o possível?
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Pedro Volpi, fs smith to fs crailslide.
Por ter andado no bowl do Pedro não tinha como escolher outro. É perfeito. Pode descrever em linhas gerais as dimensões do bowl? Se não me engano a parte funda tem 3,50 m de altura, com 0,40 m de vert, com 3,10 m de raio. A parte média tem 3,20 m de altura e a rasa 2,80 m, morrendo no vertical. A escolha das pastilhas pretas e amarelas tem algum significado? A escolha das pastilhas a gente entrou num acordo. Queríamos umas cores legais pra combinar com o visual do interior, bem verde. O marrom meio pra juntar com isso. A mini ramp veio desde o projeto original? A ideia da mini ramp veio mais ou menos assim. A gente contratou os pedreiros para executar o bowl e foi um puta trabalho pros caras e depois
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que terminaram esta função, surgiu a ideia de aproveitar o material que tinha sobrado. Tinha as madeiras o cimento e os pedreiros disponíveis. Então foi o que aconteceu: a gente reuniu o útil e o agradável e fez a mini ramp, que foi algo a mais. Agora que você alterna andar na madeira com andar no concreto, como está sendo sua rotina? Tem aprendido muito? Fez algumas descobertas novas? As manobras old school como o fs handplant já faziam parte de seu quiver? Tá sendo uma experiência bem legal. Eu andava mais no half e quando era pra andar no concreto eu andava em pistas muito pequenas, então tá sendo bem legal porque o bowl dá uma diversidade maior - posso dar aéreos e emendar com bordas. Minhas bordas melhoraram bastante depois do bowl.
THOMAS TEIXEIRA
THOMAS TEIXEIRA
qg bowl // especial
Eduardo Braz, Andretch plant.
O handplant eu já mandava no half, mas não tava mais curtindo tanto e no bowl é mais legal. Então tô voltando a mandar direto. Seu amigo, o Felipe Puerta acompanhou todas as etapas da obra com você e registrou momentos únicos. O que foi mais difícil fazer para que o QG ficasse do jeito que você queria? A real é que não é nada difícil, mas sim trabalhoso. Era sentar com o Miltão e pensar no desenho, verificar se os pedreiros tavam trabalhando direito, estas coisas. Quem mais teve trabalho mesmo foi o Miltão e o Gui que ficavam direto. Eu tive mais que me preocupar com o desenho, com o tamanho da transição, com os calombos que iam ter no bowl e graças a Deus o desenho ficou bom e deu tudo certo. Quem você gostaria de lembrar da construção e que ajudou no obje-
tivo de andar em casa? A todo mundo que fez parte, o Gui, o Léo, o André, o Miltão, a minha mãe, meu pai, ao Puerta, que tava sempre ali também. Quem fez parte do movimento, que fez acontecer. // MILTON QUINTAS Quando surgiu a ideia de comprar o terreno de cima, ao lado da RG Skatehouse? Você tava levando o Pedro pra andar direto ali e enxergou o que podia ser feito? A ideia surgiu em 2011. Estávamos sendo convidados pelo Rony para andar no half e um dia eu vi que logo acima era um terreno que podia ampliar o que já existia. Comentei sobre esse espaço e se ele se incomodaria de 2015/abril TRIBO SKATE | 51
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ANDRÉ MAGARÃO
qg bowl // especial
Pedro Henrique Quintas é o nome do garoto. Fs stalefish no estilo fluido que ele anda.
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entrarmos com alguma coisa e falei com o Ronaldo, o pai dele. Logo começamos a negociar o terreno de cima. O Pedro tem apenas 12 anos e você o acompanha desde pequeno nas sessions e em eventos. Agora seu filho tem uma das melhores estruturas para crescer muito no skate. Como tá o aprendizado dele? Acompanho o Pedro desde pequeno em todos os treinos e eventos. Temos um sonho juntos e agora, sobre o QG, a evolução é gradativa e no tempo dele. Para cuidar da obra você teve que praticamente morar no terreno, por mais de quatro meses. Quais foram as maiores dificuldades no período? A crise da água afetou muito o desempenho? Isso mesmo: morei quatro meses na obra, de segunda a segunda. A maior dificuldade foi deixar meu trabalho nesse período sem ser mandado embora! Kkkkk! E sobre a falta de água, foi punk, mas sorte minha que a piscina sempre socorria até a chegada dos caminhões pipa. Foi necessário capinar e terraplanar o terreno? Sim. Foram necessárias duas terraplanagens. A primeira foi feita no início da obra, quando foram feito os muros e depois, a segunda, quando decidimos o lugar do bowl. Você participou do projeto? Quando o Gui chegou para orientar a construção? Sim, participei, mas a maior parte foi com o Pedro, o Rony e o Gui. Depois disso o Gui já veio desenhar e a máquina cavar. Assim começou. Depois de marcar o terreno com pedras para cavar o buraco, qual foi a parte mais pesada? Foi tudo na mão? A parte mais pesada foi depois que a máquina saiu e termos que acertar tudo na mão! Assim como no RG, o QG tem uma pequena “sede”, ou seja, uma casa para a sua família se hospedar e a alguns amigos. Você optou por usar como base um container? Sim essa sede, na verdade, foi um jeito de guardar cimento e ferramentas sem perder nada com as chuvas, mas já tínhamos a ideia de transformar o container em uma casa. Como foi este período que você abdicou de seu trabalho para fazer o QG virar? Sei que você e o Ronaldo, pai do Rony, dividiram custos, mas não deve ter sido nada fácil se sustentar. Então, essa minha dedicação foi planejada. Tive uma reunião na empresa e falei sobre esse sonho de construir a pista e fui muito bem interpretado por uma pessoa que já trabalho há anos, o Carlão da Calvo. Sobre a grana para a construção, foi tudo meio a meio. Essa foi uma pergunta que fiz para o Rony, mas gostaria de sua opinião: O nome QG Bowl, junção dos sobrenomes, veio naturalmente ou foi escolhido no decorrer da obra? Essa ideia sobre o nome de QG veio de um amigo chamado Tiago. Em um dia, conversando com o Rony, falei sobre esse nome ter duas opções: QG de Quintas e Gomes ou QG de Quartel General, para lembrar da pista que teve nos anos 80 em São Paulo. Foi tão puxado fazer esta construção que soube que você foi passar uns dias em Ubatuba pra relaxar, surfar um pouco e se recuperar. Como foram estes dias? Eu estava muito focado em acabar logo a pista, com medo das dívidas, até que um dia não aguentei e fui para Ubatuba tentar relaxar e refletir o que eu estava fazendo. Lá, depois de um dia de surf com os amigos Edinho e Rodrigo, eles me encorajaram a continuar e me ajudariam se não conseguisse honrar com minhas dívidas. Voltei renovado e focado em terminar. Além do Pedro, você tem outro filho. A família tá sempre junta? Meu outro filho é o João, um figura de 8 anos. A nossa família é muito unida. Gostamos de viajar para Ubatuba para surfar e passear todos juntos, sempre. Minha esposa, Rita, é professora e o meninos estudam desde pequenos na mesma escola que a mãe trabalha. Isso facilita bastante na educação deles. Você viaja direto com o Pedro? Por causa do skate, conheço o Brasil do Norte ao Sul. Viagens internacionais, já fomos cinco vezes pra Califórnia e uma para o Peru. Você gostaria de citar alguém que fortalece o Pedro? Sim é preciso citar a Traxart, que sempre acreditou no Pedro desde os 5 anos; e a Onbongo, que veio pra fortalecer esse sonho desde 2010.
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THOMAS TEIXEIRA
qg bowl // especial
THOMAS TEIXEIRA
Cris Mateus, relembrando seus bons bs ollies.
Dan Cezar, fs sugar kane corrido como tem que ser.
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O fs handplant é uma manobra clássica que voltou para Rony Gomes.
Minhas bordas melhoraram bastante depois do bowl. O handplant eu já mandava no half, mas não tava mais curtindo tanto e no bowl é mais legal. Então tô voltando a mandar direto. (Rony Gomes) 56 | TRIBO SKATE abril/2015
ANDRÉ MAGARÃO
THOMAS TEIXEIRA
qg bowl // especial
THOMAS TEIXEIRA
Matheus Melo, bs feeble.
Rodrigo Gonzales, slob foot plant.
Morei quatro meses na obra, de segunda a segunda.A maior dificuldade foi deixar meu trabalho nesse período sem ser mandado embora! Kkkkk! E sobre a falta de água, foi punk, mas sorte minha que a piscina sempre socorria até a chegada dos caminhões pipa.
(Milton Quintas) 2015/abril TRIBO SKATE | 57
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FOTOS FELIPE PUERTA
qg bowl // especial
Os donos do pico compartilhando a รกrea de smith grinds. Pedro de frontside e Rony de backside.
A paixรฃo pelo skate dos filhos e o envolvimento real dos pais fez todo este sonho virar realidade. 2015/abril TRIBO SKATE | 59
entrevista pro // raphael felipe
VIDA DE
ÍNDIO A PRIMEIRA VEZ QUE EU OUVI FALAR NO RAPHAEL FELIPE “ÍNDIO”, FOI AO VER A SUA CAPA NA SAUDOSA RIO SKATE MAG. UM FAKIE OLLIE NUMA ESCADA DE UNS QUANTOS PARES E ÍMPARES DE DEGRAUS NA UFJF. DEPOIS DESSA VEIO UMA OUTRA CAPA POR AQUI MESMO NA TRIBO SKATE, TAMBÉM CAPA DA REVISTA ON-LINE JOURNAL ART FORM, OUTRA DE JORNAL A NÍVEL NACIONAL, UMA SATISFATÓRIA VÍDEO PARTE NO DSAL (DORME SUJO, ACORDA LIMPO) E NO MEIO DISSO TUDO, UMA PORRADA DE OUTRAS COISAS. COMO O LANÇAMENTO DA SUA MARCA DE SHAPE, A ABERTURA DA SUA LOJA E EMPRESA DE REPRESENTAÇÃO, PROGRAMA NO YOUTUBE E GAPS, BARRANCOS, RIBANCEIRAS E QUALQUER OUTRO OBSTÁCULO ACIMA DO NORMAL. O ÍNDIO FAZ PARTE DE UMA GERAÇÃO QUE PEGOU MUITA BASE DE TRANSIÇÃO NA NOSTÁLGICA PISTA DA MHS E CORREU CAMPEONATOS EM TUDO QUANTO É BURACO. LEMBRO QUE SEMPRE NO FINAL DAS VOLTAS DELE NAS COMPETIÇÕES, VINHA E MANDAVA ALGUMA MANOBRA EM UM DETERMINADO PONTO DA PISTA AONDE NINGUÉM HAVIA PENSANDO ANTES, OU MELHOR, TIDO A CORAGEM SUFICIENTE PARA TENTAR. SUA FISIONOMIA INDÍGENA, SEGUNDO O PRÓPRIO, NÃO PASSA DA MAIS PURA COINCIDÊNCIA. JÁ QUE NA FAMÍLIA DELE NÃO HÁ NENHUM PAJÉ. NO MEIO DE MOTOS, VIRA-LATAS E PLANOS DE AUMENTAR A FAMÍLIA, O ÍNDIO VAI ME DANDO ORGULHO DE ACOMPANHAR A SUA CARREIRA E ESPERO QUE VOCÊS FAÇAM O MESMO. POR PIRIKITO SEM ASA // FOTOS CAUÃ CSIK
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Fs bean plant no coqueiro do parque aquático abandonado de Manhuaçu, MG.
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e onde surgiu essa vontade sua por andar em picos diferentes? Eu nunca fui um cara de manobras técnicas. Buscar o diferente, o que causa impacto, já vem de dentro de mim. Algo como superar meu próprio limite; é o que me move. Qual foi o pior tombo que você já tomou? Já chegou a perder a memória? Tem medo de morrer andando de skate? Puts, já tive vários! O mais recente e cabuloso foi fazendo um drop do telhado no Parque Aquático Albanoel. Não foi nesse tombo, mas já perdi a memória, sim, algumas vezes. Uma vez em Volta Redonda, onde fiquei internado em observação, mas consegui fugir no dia seguinte para continuar filmando para o DSAL (oi?!) e outra vez na Praça do Ó. Foram as duas vezes mais punks que eu me lembro até agora. Morrer andando de skate é uma das coisas que eu nunca parei para pensar sobre, mas acredito que seria uma bela morte para um skater. Qual foi o gap mais alto que você já pulou ou tentou e para qual gap você já peidou? Não sei dizer qual foi o mais alto. Teve o gap do
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bowl do Arpoador “Arpex”, o Caíque, em Piracicaba, e o gap do Tanque (bairro que fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro). Há um tempo atrás voltei no gap do Tanque para tentar outra trick e meio que dei uma amarelada (risos). Quando você cai, não tem vergonha de passar por ridículo (pelo fato de tentar algo muito fora do normal e que dá para ver que não vai dar certo...)? Ou você o faz para chamar a atenção mesmo? Não, se eu não tentar, nunca saberei se dá ou não dá certo. Por mais que pareça, não vou na imprudência; sei o que estou fazendo e confio no meu skate. Quem foi que colocou mais pilha em você para pular o gap que tem lá no bowl do Pedro Barros? E quantas vezes você tentou? Fiquei sabendo que rolou uma aposta ou sei lá o que entre você e ele... Sempre que eu colava no RTMF, olhava aquele gap ficava pensando... Uma vez perguntei ao Pedro se ele nunca havia pensado em pular aquele gap e ele respondeu que achava meio impossível.
raphael felipe // entrevista pro
Só que o maldito do gap sempre me chamava (risos) e quando tive a oportunidade, eu fui! Pulei uma vez só e me machuquei. No ano seguinte fui na função de tentar de novo, só que caí no bowl e abri a cabeça antes de ter tentado. Este ano apostei com o Pedro, valendo um pack de Layback, vou mandar um “ollão” lá. O Humberto Zero tinha a mania de falar com o skate dele, quando estava puto ou queria acertar alguma manobra. Reparei que você tem o costume de se agachar e meio que olha para baixo. Qual que é dessa sua mandinga? (risos) Mandiga não se revela! A concentração é a alma do negócio, mas não explana não (risos). Como é conviver em geral com a Kathleen? Já que ela é a sua namorada/esposa, sócia, amiga, fotógrafa e por aí vai... Sente que em alguns momentos rola algum tipo de desgaste no relacionamento ou é ao contrário? É uma sintonia perfeita. Ela faz o que gosta e com isso me ajuda muito, acaba um completando o outro. Não desgasta, pelo contrário, ela soma, acrescenta...
Com qual outro parente você trabalha? Lembro por alto que seu cunhado é seu sócio e seu sogro idem, ou não? E se também não sente que há momentos chatos de ter negócios com parentes? Bom, minha família me apoia e são meus maiores incentivadores. Na Preda conto com a ajuda deles. Meu cunhado é o administrador e meu sogro também ajuda na contabilidade. Agradeço muito a eles, pois por conta disso consigo ficar mais livre para fazer meus corres do skate. Como surgiu a proposta de ter uma marca de shape? Hoje em dia vende mais os shapes de maple ou marfim? Quando fiz a Preda eu já era pro. Foi a Red Nose quem me passou. A Preda foi uma conquista pessoal minha; todo skatista sonha em ter sua própria marca em um certo ponto de sua vida. Na época, a cena do skate carioca estava largada, no Rio de Janeiro não tinha marca e esta foi minha forma de ajudar. Fortalecendo uma nova geração que em breve não será reconhecida apenas aqui, já que eles têm um grande potencial e muito skate
no pé. Os dois tipos de shapes vendem bem. Como andam os planos com a Preda? Pretende colocar algum pro ou passar alguém para pro em breve? Por enquanto não colocarei novos integrantes. Além de mim, conto com outros quatro skatistas. Um deles já está se destacando, podendo vir a passar para pro em futuro muito breve. Porém tudo no seu tempo. Ele segue fazendo seus corres certinho. Não satisfeito com a carreira de skatista profissional, dono de marca, acabou abrindo uma skateshop. Para que/por que? Já que todo mundo diz que ter skateshop é uma dor de cabeça que só! Sempre rola uma politicagem que diz não ser possível viver de skate no Brasil. Bem, eu estou tentando (risos)! Agora sério cara, existe um leque bem grande quando se fala no mercado do skate e é só saber aproveitá-lo. Acabo me metendo um pouco em tudo, pois acho que o mercado do skate deveria ser comandado pelos próprios skatistas. Você consegue viver só como skatista pro-
Blunt one foot to fakie no Itaú, no Rio.
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raphael felipe // entrevista pro
Drop refrescante.
fissional ou suas outras fontes (marca, loja, representação, caixa 2 etc) são as pagadoras das despesas? Ou é um somatório? Posso dizer que conseguiria viver sim, de maneira apertada, mas conseguiria pagar as minhas contas e pôr comida em casa. No entanto não me acomodo nisso, busco minha estabilidade. Quero viver com mais conforto e se para isso é preciso trabalhar, vamos lá! Envolvendo o skate está valendo. Como surgiu a ideia de ter uma distribuidora/representação de marcas por aqui? Foi uma forma de aumentar minha receita, melhorar minha qualidade de vida, trabalhando na área que gosto de forma que sobraria tempo para não atrapalhar na minha carreira. Dos lojistas que você trabalha no Rio de Janeiro, quantos por cento desses você confia? (risos) Posso dizer que confio apenas nos que são skatistas, pois estes são os que têm a visão de quem está do outro lado, ou seja, skatistas também. Qual é para você o problema do mercado carioca? O problema é que a galera está acomodada e é mais fácil reclamar do que fazer algo. Se fosse para dar conselho, falaria para o skatista não criar raízes aqui, para o lojista pensar como skatista e os consumidores valorizarem quem faz o corre de verdade. Quando você pensa na Família Athletics, qual é a primeira palavra ou história que vem em mente? Amizade verdadeira e, com esta palavra, vêm lembranças de várias histórias. E o VTV (Vai Trabalhar Vagabundo), vai sair quando? Vai ter parte sua? VTV está no forno. Eu estou um pouco enrolado com o meu projeto no Youtube, o “Vida de Índio”, mas já tenho algumas imagens em arquivo para o vídeo e pretendo dar um gás e ver se rola mais uma parte. Estou ligado que fora andar de skate, você pratica umas lutas marciais? O que o skate já ensinou que você conseguiu colocar em prática nas lutas e o contrário? Luto judô, jiu-jitsu e MMA. O judô fiz quando era mais moleque e parei quando comecei a andar de skate. Indo mais para frente, conheci o MMA e hoje pratico jiu-jitsu há pouco tempo, me graduei na faixa azul. Ambos me ajudam no skate com relação à resistência e concentração. O que você tem a dizer quando alguém começa a falar pejorativamente da Red Nose? Vai rolar um pro model de tênis? As pessoas falam do que não conhecem e não vivem. A Red Nose é uma marca que está comigo já faz um bom tempo. Uma das poucas empresas que vejo fazendo um trabalho correto no meio do skate, dando suporte para seus atletas e os valorizando. Quanto ao pro model, opa, isso é uma caixinha de surpresas! Quem sabe (né, Esteban Florio)? A Red Nose lhe manda tudo o que eles fabricam ou só os tênis, mesmo? Pois tá ligado que eles fabricam uma porrada de coisas com a imagem do cachorro... A marca Red Nose é dividida em vários segmentos. Bom, como faço parte da Red Nose Shoes e também de vestuário, só recebo isso. 2015/abril TRIBO SKATE | 65
Fs boneless, na ponta do precipício. Na outra página, acima: um dos acampamentos de uma trip que durou sete dias, sem luz e sem água.
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raphael felipe // entrevista pro
Informalmente meio que existe um Moto Clube do Skate Carioca, correto? Quem são os membros e aonde vocês levam suas motos para consertar? Não é um Moto Clube em si, apenas somos um grupo que curte skate e moto com os mesmos ideais, que é viajar e andar em lugares diferentes. Além de mim tem o Cauã Csik “Sangue de Húngaro”, Humberto Batista “Zero”, Alex Carvalho “Besourão”, Raphael Buarque “Pharrá”, Beathriz Souza “Bia”, Beatriz Alves “Bia” e o Fábio Alexandre “Baba”. Quem fica responsável pela manutenção das motos é o skatista Yann Jyh Wu, dono da Ofichina Motos. O chinês além de ser pro no skate é pro na mecânica também. Para onde você já foi de moto e até aonde pretende chegar? Guaratinguetá (SP), Piracicaba (SP), Manhuaçu (MG), Juiz de Fora (MG), Região dos Lagos (RJ) e Visconde de Mauá (RJ). Pretendo fazer mais viagens pelo Brasil e fora dele. O que aconteceu com aquele o seu blog, o Museu do Índio? (risos) Ele continua lá, esperando para ser atualizado com isso tudo que está acontecendo. Vida de Índio, de quem é a ideia? A ideia do canal veio da Red Nose e a ideia do conteúdo foi minha e do Cauã Csik “Sangue de Húngaro”. A princípio ia ser um vídeo das trips de moto, com skate e lifestyle e acabou dando um resultado melhor do que esperávamos e transformamos no que é hoje em dia. As fotografias desta sua entrevista foram todas feitas durante as gravações do programa? Ou teve alguma que foi feita antes? Sim, todas as fotografias foram feitas gravando para o programa. Fotografias, filmagens e histórias para que o trabalho seja completo. Cauã Cisk “Sangue de Húngaro”, como é trabalhar com ele? A vibe é muito boa, nossas ideias sempre batem. Ele é um cara muito engraçado e sempre alto astral; o trampo surge naturalmente e sempre o resultado é positivo e surpreendente; sou fã dele. Hoje em dia, diversas revistas tão importantes como a Tribo Skate, acabaram. Para que então perder tempo com revista impressa e entrevista já que tudo hoje em dia é meio que para ontem? A era digital está dominando e é rápido e acessível, mas valorizo muito o trabalho impresso. Eu mesmo faço questão de ter e colecionar revistas de skate. Quem planeja o Vida de Índio (roteiro, estradas a serem seguidas, locais para se parar para descansar, comida, bebida, etc.)? Por incrível que pareça, muita coisa não é pla-
Improviso e criatividade. Fs stall no pneu em uma das missões para a região dos Lagos, RJ.
Por mais que pareça, não vou na imprudência; sei o que estou fazendo e confio no meu skate. 2015/abril TRIBO SKATE | 67
entrevista pro // raphael felipe nejada. Na maioria das vezes, metemos o pé na estrada na emoção mesmo e sem muitos roteiros, apenas trocamos umas ideias sobre o foco de cada viagem a ser feita. Viajamos bem tranquilos, parando para descansar sempre que é preciso. Em relação à comida, bebida e lugar para ficar, é na base da votação. A Red Nose paga tudo? Não tudo, pois o programa não é exclusivo da Red Nose, porém ela ajuda bastante. Além dos custos, ela ajuda também na divulgação, tanto online quanto no impresso. Portanto, que venham também novas parcerias. Qual foi o maior perrengue que vocês já passaram até agora gravando o programa? (risos) Ficaria aqui várias horas escrevendo, mas acho que a mais sinistra foi voltando de Manhuaçu. Pegamos horas de chuva forte, uma das motos quebrou no meio da estrada e tivemos que empurrar por quilômetros até um posto de gasolina, com a moto cheia de tralha, à noite e pela contramão, sem acostamento. Mas no final deu tudo certo . Vida de Índio que segue. Como se dão essas participações especiais
dos ilustres cariocas? É algo espontâneo ou você que pessoalmente os convida? Não são só cariocas que são convidados. A ideia é sempre ter outras pessoas participando, pessoas que me identifico, pessoas que estão na mesma vibe do projeto. Quem são essas meninas que os acompanham nas gravações? Além da Kathleen que está junto com o Cauã Csik “Sangue de Húngaro” filmando, temos o apoio da Beathriz Souza que sempre que não está quebrada, dá um rolé e ajuda na fotografia e a Beatriz Alves, que é a namorada do Cauã e está sempre junto fortalecendo. Por que que alguém deveria ver o Vida de Índio? Com tanta opção por aí como o Skatelife, Skatista BR, Canal Sobre Skate, Rod Filmes, The Berrics, Hella Clips e por aí vai... Por mais que existam tantas opções, seguimos tentando trazer sempre algo diferente, juntando skate e moto. Trazendo muita diversão e um lifestyle verdadeiro, vivendo o skate e não só andando nele e tentando fazer com que as pessoas vivam isso junto conosco, mesmo que seja online.
Índio e Kathleen.
Fs kiwi rock n’roll em um wallride cabreiro de um parque aquático abandonado na estrada Rio-Santos.
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Ollie varando a ilha inteira.
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entrevista pro // raphael felipe
// RAPHAEL FELIPE Rio de Janeiro, RJ 28 anos, 15 de skate PatrocĂnios: Red Nose e Preda Skateboards Apoio: Legitime Wheels
Bert slide esticado e rindo da cara do perigo, com metade do skate no despenque.
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Morrer andando de skate ĂŠ uma das coisas que eu nunca parei para pensar sobre, mas acredito que seria uma bela morte para um skater.
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casa nova //
Lorena // FOTOS DIOGO GROSELHA Skate e roupas atuais: Shape Zero 7,5, trucks Birdhouse 129, rodas Connexion 53, rolamento Red Bones. Blusa Divas Skateras e tênis Nike. Manobra que não suporta mais ver: Bs feeble. Manobra que ainda pretende acertar: Fs feeble. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Amizades e as viagens. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Por ser skatista menina, ainda há preconceito de algumas marcas. Um skatista profissional em quem se espelha: Leticia Bufoni. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: Crail. Amador que você gostaria de ver pro: Rafael Araújo, anda muito. // LORENA FERNANDA TEIXEIRA DE SOUZA 20 anos, 7 de skate Belo Horizonte Apoio: Fly by Night Skatepark/Skateshop
Se tu lutas, tu conquistas.
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Fs grind.
casa nova //
Patrick // FOTOS RODRIGO K-B-ÇA Skate e roupas atuais: Shape Girl, rodas Ricta, trucks Independent e rolamentos Diamond. Boné, camiseta, calça e tênis Freeday. Manobra que não suporta mais ver: 360 flip. Manobra que ainda pretende acertar: Flip bs noseblunt. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Diversas experiências únicas: viagens, conhecimento, amizades. Graças ao skate eu sou muito feliz! Principal dificuldade em ser skatista na sua área: A falta de marcas incentivando. Um skatista profissional em quem se espelha: Paulo Galera. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Canon. Atual melhor equipe de skate brasileira: Blind. Amador que você gostaria de ver pro: Tiago Lemos. // PATRICK GONÇALVES VIEIRA 15 anos, 5 de skate Esteio, RS Patrocínios: Freeday e Fênix Street Wear Apoio: Supre Rampa
Se você quer chegar onde a maioria não chega, faça o que a maioria não faz! 74 | TRIBO SKATE abril/2015
Bs crooked.
FOTO: DIEGO SARMENTO
˜ BIANO BIANCHIN ˜
RESPEITO À CULTURA
DO SKATE
BRASILEIRO
produtostriboskate@gmail.com
VEJA A LISTA DE ONDE ENCONTRAR OS PRODUTOS TRIBO SKATE NA PÁGINA 77.
www.triboskate.com.br facebook.com/triboskate twitter.com/triboskate instagram.com/triboskate
casa nova //
Renato Zani // FOTOS FERNANDO GOMES Skate e roupas atuais: Shape DGK 8.10, lixa MobGrip, trucks Crail 142mm, amortecedores Bones hard, rodas Bones 53mm stf, rolamentos Bones Reds, Boot Converse Chuck Taylor e não ligo para roupas. Manobra que não suporta mais ver: Hardflip. Manobra que ainda pretende acertar: Três meia de back. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Amplitude de visão, me livrou do escritório, trouxe a possibilidade de criar novas realidades e dar valor ao simples e puro. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Chão ruim. Um skatista profissional em quem se espelha: Fábio Cristiano. Uma marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Minalba. Amador que você gostaria de ver pro: Thomas Henrique “Chavinho”. // RENATO ZANI DEIENO DE ANDRADE 27 anos, 13 de skate São Paulo, SP Apoio: Sements Skate Shop
Faça o que tu queres, pois é tudo da lei!
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Fs wallie.
// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > MATO GROSSO DO SUL - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504
> RIO GRANDE DO SUL - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072
> PARANÁ - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865
Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083
- Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 - Paranaguá XFactor Skt Rua Marechal Deodoro, 55, Centro (41) 3422-6044
> SANTA CATARINA - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > SÃO PAULO - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489
- Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Punk Av. Nove de Abril, 168, Centro (19) 3019-6950 - Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397 - São Paulo All Store Boards Sports Av. do Cursino, 1.722, Saúde (11) 5058-1540 Almeida Sports Alameda dos Jurupis, 1348, Indianápolis (11) 4562-4430 RadicalDrop Skate Shop & Mini Ramp Rua Silva Bueno, 2496, Ipiranga (11) 2272 2359
MPVS SKATE SHOP Rua General Chagas Santos, 606 Saúde - São Paulo/SP Tel: 55 (11) 2532-1553 www.mpvsskateshop.com.br
- Sorocaba Xtreet Skateshop Rua Alfredo dos Santos, 166, Vila Carol (15) 3226-3011 / 99151-2511
Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a revista Tribo Skate para a sua loja!
VOCÊ ENCONTRA OS PRODUTOS TRIBO SKATE NAS SEGUINTES LOJAS: B.O.C.A. (Circo Voador): Rua dos Arcos, S/N, Lapa - Rio de Janeiro/RJ - (21) 99902-0335 Blackout: Av. Automóvel Clube, 21, qdG sl B, Parque Equitativa - Duque de Caxias/RJ - (21) 3671-7864 C4 Skate Shop: Rua Francisco Otaviano, 67 LJ 50, Galeria River, Arpoador - Rio de Janeiro/RJ - (21) 3081-2644 Dropp Surf: Rua Afonso Vergueiro, 1583, Centro - Sorocaba/SP - (15) 3033.0063 Fomo Vertical Distribuidora: Rua Fernão de Magalhães, 41, qd G lt 2 - Campo Grande, Rio de Janeiro/RJ - (21) 3426-5912 Gigante Street Shop: Rua Chaves Faria, 20, Centro - Teresópolis/RJ - (21) 3097-4948 Grab Oficial: Rua Nair de Andrade, 45 LJ 7, Alcântara - São Gonçalo/RJ - (21) 4124-6554 Grind Skate Shop: Rua São Francisco, 40 - Joinville/SC - (47) 3026-3840 Hi Adventure: Rua Sotero de Faria, 610, Rio Tavares - Floripa/SC - (48) 3338-1030 Matriz Skate Shop: Online - matrizskateshop.com.br Shopping Total - Av. Cristóvão Colombo, 454 - Porto Alegre/RS - (51) 3018-7072 Shopping Wallig Bourbon - Av. Assis Brasil, 2611, LJ 248 - Porto Alegre/RS - (51) 3026-6083 Puro Skate Shop: Rua Lemos Cunha, 540, Icaraí - Niterói/RJ - (21) 3619-8018 Roots Skate Shop: Rua Leopoldo de Bulhões, 166, Centro - Anápolis/GO - (62) 3311-2012 Sagaz Skate Shop: Rua Ferreira Pena, 120, Centro - Manaus/AM - (92) 3233-2588 Switch Skate Shop: Rua Comandante Marcondes Salgado, 619 - Centro - Ribeirão Preto/SP - (16) 3235-6867 Faça parte desta lista: produtostriboskate@gmail.com
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hot stuff //
// Alfa A marca Alfa, do Sul do Brasil, vem ganhando espaço no cenário nacional do skate com seus produtos de alta qualidade. Para esta coleção, a Alfa traz belíssimos bonés, todos desenvolvidos com o que há de melhor no mercado em matéria-prima. Todos os produtos da Alfa são testados e aprovados pelo time de 10 skatistas que compõe a marca! (48) 3626-2164, alfaskateboards@hotmail.com, facebook.com/alfaskateboards
// Metallum A Metallum Trucks orgulhosamente apresenta os eixos assinados por Giancarlo Naccarato. Os trucks têm a marca do brasão da família Naccarato e estão disponíveis nos tamanhos LOW 129mm Black e LOW 139mm Silver. Os eixos do Gian são os primeiros LOW da Metallum, sendo assim mais uma opção de tamanho da marca. Esses são os primeiros eixos assinados por Gian em seus 26 anos de carreira. Gian é pro desde 1994 e em 2015 a Metallum põe seu nome nos trucks. Metallum.com / andrehiena@hotmail.com
// Qix International A jaqueta college é uma peça versátil. A tendência remete ao moletom college dos anos 90 e é uma das apostas da coleção inverno 2015 da Qix. Com a temática Hollywood, a peça traz em sua composição materiais modernos, combinações de cores distintas e detalhes personalizados em bordado e camurça. O college está presente tanto na coleção inverno Qix masculino, quanto no Qix Missy para o público feminino. qix.com.br/ qixskateshop.com.br/ (51) 3352-5709
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// Luz A camisaria Luz surgiu no final de 2014 e chega ao mercado com a proposta de apresentar uma linha de camisas com estampas e cortes diferenciados, com o objetivo de oferecer produtos de alta qualidade para os mais exigentes consumidores! luzcamisas@hotmail.com / instagram.com/camisarialuz
skateboarding militant // por guto jimenez*
A
IVAN SHUPIKOV
ntes de qualquer outra coisa, é preciso deixar algo bem claro: o skate de ladeira em velocidade é uma coisa muito, muito séria e deve ser encarado como tal. Infelizmente, parece que a regra de que “quem vem atrás é responsável por quem vai à frente” vem sendo cada vez mais ignorada nas ladeiras mundo afora. São inúmeros os relatos de dropes insanos (no mau sentido) nas sessões de free ride, nos campeonatos e nas redes sociais, o que eleva a preocupação a níveis alarmantes. Nos eventos, existem inúmeros fiscais de pista com experiência suficiente pra saberem diferenciar uma condição segura de outra nem tanto, mas e nas sessões do dia a dia? Aí não tem jeito, tem que valer o bom senso e o respeito ao próximo e a si mesmo acima de tudo. Vamos então aos tópicos mais importantes: Segurança: Essa é a boa maneira que tem que valer pra todo mundo, independente do tempo de skate, da habilidade ou do pico: use SEMPRE o capacete. Um drope de downhill não é como uma sessão de street nas ruas ou um rolê com os amigos na sua pista favorita, muito menos um evento corporativo ou “moderninho” no qual os equipamentos de segurança são opcionais. O asfalto que consagra é o mesmo que pune; uma queda sem capacete ladeira abaixo pode lhe levar ao hospital na melhor das hipóteses, ou então lhe deixar “falando fofo” pelo resto da vida. Repare nas revistas e nos vídeos que até os profissionais tops usam capacetes nas suas sessões descontraídas com os parceiros – e olha que estou falando dos melhores do mundo... Portanto, siga os bons e não dê mole com a sua caixa de pensamentos. Tocar/ultrapassar: Decore isso como se fosse um mantra: “se tiver de tocar em alguém, serei gentil; se tiver de ultrapassar, o farei rápido”. É temeroso quando alguém o empurra por trás, mesmo que não lhe leve ao chão; da mesma forma, é muito preocupante quando alguém vai lhe ultrapassar e não toma a atitude certa. Se você estiver no drope e se aproximar demais de outra pessoa, toque-a com o máximo de suavidade que você tiver, pensando em como gostaria de ser tocado. Bater palmas com os casquilhos das luvas ajuda, mas pode não ser o suficiente se a outra pessoa estiver usando um capacete fechado ou se for numa área urbana. Nunca se esqueça da regra de ouro: “quem vem atrás é responsável por quem vai à frente”. Mesmo que você seja uma pessoa competitiva ao extremo, reflita se vale a pena encarar o drope com os seus amigos como se você fosse ultrapassar o Douglas Dalua na última curva do Mega Space, por exemplo. Melhor garantir a segurança; prefira dar boas risadas comentando o quão alucinante foi o rolê do que agir como um alucinado e parar numa ambulância.
GUTO JIMENEZ
Boas maneiras nas ladeiras
Felipe e Luiz Gustavo disputam uma curva com estilo, disposição e boas maneiras no Friburgo Freeride Festival de 2014.
Picos: O ex-tricampeão mundial de speed Martin Siegrist já deu a letra: “um idiota é o suficiente pra estragar um pico”. Se você foi convidado a desfrutar de um secret spot, seja inteligente e mantenha o segredo; lembre-se que quanto menos gente souber do pico, mais você e os amigos vão poder desfrutar – e vão acontecer menos chances de algo dar errado. Também é de bom tom você conhecer e respeitar os seus limites: primeiro você aprende a dominar a velocidade, a treinar muito os slides pra ambos os lados e saber como fazer um bom foot brake (frear com os pés). Só depois disso você vai poder encarar ladeiras um pouco mais íngremes, mais sinuosas ou ambos. Só porque o free ride parece fácil nos vídeos não quer dizer que o seja na realidade – essa regra, aliás, vale pra todas as modalidades do skate. Respeite o pico, pois cada um deles tem uma maneira própria de exigir respeito, geralmente a custo de pele ralada, sangue derramado ou ossos quebrados. Carona: A não ser que você desbrave um pico, alguém irá lhe levar até ele, certo? O papo aqui tem a ver com cortesia: se a carona for de carro, ofereça pra rachar a despesa do combustível; se vocês forem de ônibus, pague a passagem da outra pessoa. Se a outra pessoa não fizer questão, pague as cervejas ou o lanche depois da sessão. As únicas exceções a essa regra são pros fotógrafos e videomakers, já que esses estarão pagando com o seu trabalho. Aprenda um ditado: “quem dá uma de mané fica sempre a pé”. Boas maneiras e boas sessions! Agradecimento pela inspiração: Arian Chamasmany (Skate/Slate).
APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.
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