Tribo Skate #235

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Z R M * FA B I O P E N * S TA N L E Y I N A C I O * VA N S WA F F L E C U P

SUÊNIO CAMPOS

AGORA NO JOGO PROFISSIONAL

URGH TOUR RS COMO ENCARAR A FRIACA GAÚCHA

RIO DE JANEIRO

COMBOS NO CHÃO QUENTE Rodrigo Petersen, 180 fakie nosegrind Ano 24 • 2015 • # 235 • R$ 9,90

DIFERENTES ÂNGULOS

DE THYAGO RIBEIRO

ARTHUR DIAS

UM BRASILEIRO NA BÉLGICA www.triboskate.com.br








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// índice

TRIBO SKATE 235 JUNHO 2015

ESPECIAIS>

30. EUROPA 2015

CLÁSSICOS: MARSEILLE E PRAGA

34. MOTIVADORES

THYAGO RIBEIRO E SEU PUSH

38. URGH TOUR RS

COMO ENCARAR A FRIACA GAÚCHA

44. SUÊNIO CAMPOS

O NOVO PRO DO CEARÁ

54. PAULISTAS NO RIO

COMBOS NO CHÃO QUENTE

60. ARTHUR DIAS

UM BRASILEIRO NA GELADA BÉLGICA

SEÇÕES>

EDITORIAL.......................................................................... 12 ZAP ...................................................................................... 18 CASA NOVA........................................................................ 68 HOT STUFF ......................................................................... 72 TECNOLOGIA ..................................................................... 74 PLAYLIST ............................................................................ 76 ÁUDIO: ZERO REAL MARGINAL .................................... 78 SKATEBOARDING MILITANT ........................................... 80

CAPA: A associação da rua com o nome do Rodrigo Petersen é natural. Domínios de escolas americanas não são bem ruas de verdade, mas não há como negar que o street skate também está lá, com toda a restrição que se tem para se entrar na área e andar enquanto há tempo. Com a companhia de um paranaense como ele, o fotógrafo Pablo Vaz, uma destas sessões rendeu este momento solitário na cerca da Lockwood Elementary School. 180 fakie nosegrind. FOTO: Pablo Vaz ÍNDICE: Alguns picos de rua surgem com pequenas modificações de seu mobiliário. Nesta rampa natural do Metrô da Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo, havia um cano para justamente limitar que o local fosse usado por skates, bikes e inlines, por exemplo. James Williams, o Bambam, mais que depressa chamou Junior Lemos para registrar algumas manobras assim que surgiu a modificação, com a retirada do cano de ferro. Ss heelflip, de uma série que você verá também no triboskate.com.br. FOTO: Junior Lemos

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editorial //

JUNTOS PODEMOS! POR CESAR GYRÃO // FOTO ADRIANO REBELO

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ão é porque o mundo todo tá reclamando que vamos ampliar o coro! Em épocas de crise é que se vê quem sempre esteve junto, quem merece continuar, o que tem real valor. O ministro da Fazenda disse que o Brasil está vivendo uma ressaca e que “uma hora” ela acaba. Torcemos para que seja agora, mas enquanto perdurar o empurra-empurra da economia, vamos mais uma vez recorrer aos bons hábitos de somar com quem está interessado em trabalhar de verdade para manter a máquina funcionando. Indústria, comércio, esporte, entidades, pessoas físicas e jurídicas que têm o skate como ofício, devem estar mais ligados entre si. Já vimos muito, ao longo dos anos, os tempos de vacas magras filtrarem o cenário, simplesmente colocando pra fora quem estava pensando apenas em si ou em seu negócio. Uma ponta que sempre fez muito sentido e serviu de rampa para a volta da tranquilidade e do crescimento atende pelo nome de “mídia especializada”. Isso mesmo, em claro e bom português, mas hoje em dia essa mídia é representada por uma plataforma de comunicação, que em nosso caso envolve veículo impresso e suas vertentes digitais – site, vídeos, redes sociais. A imprensa e a publicidade estão aí para ajudar a ajustar o que está desajustado, para alavancar os negócios, para reforçar o institucional das marcas. No caminho para os 25 anos da Tribo Skate em 2016, estamos afinando as nossas ferramentas para continuar servindo de alavanca para a retomada do mercado do skate. Na Third Wave Editora e com a experiência da plataforma Waves, estamos implantando novidades em nosso site, com mais vídeos, serviços, notícias e produção de conteúdo feito com propriedade. Nesta edição estreamos a coluna sobre Tecnologia, criando um ambiente para ressaltar as novidades do universo digital e mostrando que há tempos o skatista e simpatizante do skate é um consumidor qualificado. Nossas pautas continuam sendo pensadas para suscitar a reflexão, além de entreter, informar e divertir. A mecânica da retomada dos bons negócios é simples, como já presenciamos em tantas outras épocas, principalmente no início da Tribo Skate em 1991: cada um faz a sua parte, de preferência em sintonia com o que o outro está fazendo. Chega de cada um por si! Está na hora de reunir novamente quem sempre esteve aqui, fazendo o skate acontecer.

Exemplo de skate puro e de alma, João Batista Machado Rodrigues, o JM, criou a manobra e chamou o Adriano Rebelo pra fotografar. Fakie layback grind, no Sushi Bowl, no seu bairro do Rio Vermelho, na Ilha da Magia. Skate no quintal, sempre presente.

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ANO 24 • JUNHO DE 2015 • NÚMERO 235

Editores: Cesar Gyrão e Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Redação: Junior Lemos Arte: Edilson Kato Publicidade: Diretor: Marcelo Barros (marcelo@waves.com.br) Executivos de Negócios: Clientes diretos: Cezar Toledo (cezartp@gmail.com) e Sergio Monaco (sergio@waves.com.br) Agências: Carlos Alberto Victorelli (alberto.fluir@waves.com.br) Assistente comercial: Érica Ribeiro (erica@waves.com.br) Colaboradores: Texto: Fernando Gomes, Guto Jimenez, Jovani Prochnov, Paulo Tavares, Pedro de Luna, Rodrigo K-b-ça Fotos: Adriano Rebelo, André Calvão, Antonio dos Passos Jr. “Thronn”, Bruno Park, Diogo Groselha, Diego Sarmento, Fernando Gomes, João Brinhosa, Jovani Prochnov, Jerri Rosato Lima, Leandro Moska, Marco Grilo, Pablo Vaz, Paulo Tavares, Robson Sakamoto

Tribo Skate, edição 235, junho de 2015 é uma publicação da SNV Editora, feita sob encomenda por Third Wave Editora de Revistas Ltda. – ISSN 0104-155X. Administração e Jurídico: Rua Guararapes, 1.108, Brooklin, São Paulo/SP, Cep 04561-001. Telefone: (11) 5090 3220. Email: triboskate@triboskate.com.br Editor: cesargyrao@triboskate.com.br

Impressão: Duograf Bancas: Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº 1678, CEP 06045-39, Osasco/SP

Tribo Skate * Cultura Sobre Rodas www.triboskate.com.br Email: triboskate@triboskate.com.br

As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.





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Lucas Xaparral, nosebluntslide.

Vans Waffle Series

União latino-americana // TEXTO E FOTOS JUNIOR LEMOS Se tem uma marca no mundo que se destaca por criar iniciativas diferenciadas, esta é a Vans. Desde 2012 o street skate profissional latino-americano tem a oportunidade de se encontrar, criando perspectivas para que a cultura da nossa região se reúna uma vez ao ano e celebre o skate com o Vans Waffle (no primeiro ano o nome era Side Stripes). O circuito consiste em reunir em uma final (Waffle Cup) os três profissionais mais bem qualificados nas seletivas (Waffle Series) do Brasil, Argentina, Colômbia e Chile. E como é de se esperar quando se tem uma área de street impecável e uma organização redonda, a etapa brasileira deste ano viu brilhar do começo ao fim as manobras de Lucas Xaparral, que manteve a liderança e levou a parada, com destaque para o crooked nollie flip out, o nollie backside bigspin to bs noseblunt reverse no quarter, entre muitas outras. Samuel Jimmy, que vem de sua primeira experiência nos EUA (com uma bica daquelas em sua primeira participação no Tampa Pro) mos-

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trou apetite em manobrar e uma explosão de manobras que o levou ao segundo lugar (acho que agora os gringos saberão um pouco mais de quem se trata!). Danilo do Rosário, que tem experiências internacionais, também manteve uma frequência de manobras muito bem distribuídas pela área, conquistando a terceira colocação. Sem esquecer que os oito finalistas saíram com dinheiro no bolso, totalizando R$ 30 mil. Pra finalizar o sábado no Ginásio da Universidade de São Caetano do Sul e acabar com o que sobrou de energia nos 25 skatistas convidados, ainda rolou o best trick Nixon, que ficou nas mãos de Douglas Molocope pela volta de um perfeito e inédito nollie hardheel to fs boardslide shovit out. R$ 5 mil e um puta relógio para ele! Agora Xaparral, Jimmy e Danilo do Rosário seguem para a final na Argentina no dia 21 de julho, com transmissão ao vivo pela internet (vanswafflecup.com), quando veremos mais uma vez a diversidade do skate latino-americano sendo amplificada pro mundo todo.


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Maizena, flip up. Waffle Series Brasil 1º Lucas Xaparral 2º Samuel Jimmy 3º Danilo do Rosário 4º Rodil Ferrugem 5º Diego Oliveira 6º Douglas Molocope 7º Rodrigo Maizena 8º Luiz Apelão

Danilo do Rosário, feeble subindo.

Best trick Nixon Molocope, nollie hardheel fs rockslide shovit out

Samuel Jimmy, bs flip.

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SEM COMPROMISSO // POR @CARLOSTAPARELLI ATUALIZAMOS A SEÇÃO E A PARTIR DE AGORA UM CONVIDADO OCUPARÁ ESTE ESPAÇO, COM O TEMA SENDO DEFINIDO POR ELE! COMEÇAMOS COM CARLOS TAPARELLI, FOTÓGRAFO E SKATISTA DA ZONA SUL DE SP QUE TEM BASES FORTES NAS ESPRAIADAS (A ANTIGA PISTA E A ATUAL).

1. Everton Rocha Beroso, melon. 2. Leonardo Maio e Carlos Taddeo. 3. Tárcio Moreira, ollie. 4. Murilo Contreira, ollie. 5. Anselmo Arruda, melon (participação Carlos Henrique). 6. Murilo Teles, Madonna. 7. Lixa do Guilherme Rocha. 8. Alexandro Navarro Teck, smith. 9. Tattoo do Luti Bdo.

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Vans Pool Party

10 anos sem perder a emoção POR CESAR GYRÃO // FOTO ANTONIO DOS PASSOS JR. “THRONN” Um dos dias mais esperados do ano, para o amante do skate de bowl, sem dúvida é o da Vans Pool Party. Ao completar 10 anos, a fórmula da festa continua a mesma, com todos os ingredientes da mais pura emoção proporcionada pelo skate. Linhas e manobras de vários estilos, surpresas, êxtase, medo, sustos, gritos, risadas e choros. Enquanto a categoria profissional vai sendo dominada pela novíssima geração, os masters e legends seguem lapidando suas bases e se superando mesmo com o peso da idade. E o famoso coro do público na Combi Pool do Vans Skatepark é sempre o combustível para a superação acontecer em todas as categorias. O moleque Tom Scharr finalmente chega na ponta entre os pros, depois de mostrar nos últimos anos que estava neste caminho. O monstro alado Chris Russel bota uma pilha nova ao lançar manobras doidas em meio a linhas muito consistentes. Pedro Barros, no tudo ou nada de sempre, continua chamando as tricks mais longas e aéreos mais altos de todos. Cory Juneau é outro cara ainda sem muita barba na cara que manda muito; e o campeão de 2013, Tristan Rennie, está ali no meio, mandando ver. As exceções entre os jovens finalistas pros, são aqueles mesmos que foram citados recentemente aqui na cobertura do evento de Bondi Beach, na Austrália: Omar Hassan, Rune Glifberg e Bucky Lasek. Os quarentões continuam impressionando. Entre os quarentões da master, Bruno Passos levanta mais uma vez a bandeira do Brasil, categoria que teve também Lincoln Ueda na fita. O dia de fortes emoções reserva um caldo especial na hora em que entram os legends no bowl. Caras beirando ou ultrapassando os 50 anos de idade. Chris Miller faz o passeio de sempre, com Steve Caballero mais uma vez em sua rabeira. Ao rever os grandes momentos destes 10 anos de Pool Party, muitas situações serão lembradas. A deste ano, foi o transfer animal do Pedro Barros, sobre a plataforma entre o square bowl e o lado redondo, quase um “step up” que as motos fazem sobre uma régua. Na régua imaginária, Pedro passou dos 2 metros de altura. Ovação geral, isto é Vans Pool Party. Pro 1º Tom Scharr 2º Chris Russel 3º Pedro Barros 4º Cory Juneau 5º Tristan Rennie 6º Omar Hassan 7º Rune Glifberg 8º Joshua Rodriguez 9º Bucky Lasek 10º Alex Perelson 12º Felipe Foguinho 13º Sandro Dias

Master 1º Bruno Passos 2º Steve Revord 3º Darren Navarette 4º Josh Nelson 5º Brian Patch 8º Lincoln Ueda Legend 1º Chris Miller 2º Steve Caballero 3º Eric Nash 4º Tony Magnusson 5º Nicky Guerrero

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Pedro estreou neste evento quando ainda era amador e já fez final logo de cara, em 2009 e 2010. Foi campeão duas vezes - 2011 e 2012, com segundo em 2013. Em 2014 teve uma queda feia e ficou de fora, mas este ano ele estava lá novamente para fazer história. Bs 540.



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Fテ。IO PEN

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FÁBIO PEN TEM MAIS TEMPO COMO SKATISTA PROFISSIONAL DO QUE A IDADE DE MUITOS QUE ESTÃO LENDO ESTA MATÉRIA AGORA MESMO E, AINDA ASSIM, SE MANTÉM COM O SKATE NO PÉ. SKATISTA LOCAL DE PICOS COMO A ESPRAIADA E FIGURA QUE, POR ALGUM TEMPO, REPRESENTOU MUITO BEM O CENTRO DA CAPITAL PAULISTA, PEN HOJE MORA EM PORTO ALEGRE COM SUA ESPOSA E SEUS FILHOS BRENNO E PIETRO. SAIBA UM POUCO MAIS SOBRE COMO ELE FOI PARAR NA CAPITAL GAÚCHA, O QUE ELE ANDA FAZENDO POR LÁ E, É CLARO, SE ELE VOLTA OU NÃO PARA SAMPA. POR RODRIGO K-B-ÇA // FOTOS DIEGO SARMENTO De São Paulo para Porto Alegre. Como rolou essa mudança? A família da minha esposa é do Sul. Com o nascimento do meu segundo filho, fizemos um planejamento de ficarmos por dois anos em Porto Alegre. O Pietro faz 2 anos agora em setembro e vamos voltar para São Paulo em janeiro. Já está tomando chimarrão? Chimarrão tentei, mas não gostei. Da Polar (cerveja gaúcha), sim! Muita gente reclama que só em São Paulo as coisas acontecem. Tem como fazer elas aconteceram em Porto Alegre também? São Paulo, sem dúvidas é o grande polo. As oportunidades acontecem com uma escala maior. Aqui é mais restrito, tem excelentes fotógrafos e video makers, uma galera tão boa quanto São Paulo. Você conseguindo chegar neles, rende ótimos trabalhos. Sua rotina mudou muito com essa mudança? Não muito. Minha rotina é trabalhar, andar de skate, ficar com a família e educar meu filho. Tanto aqui, como em São Paulo ou em qualquer lugar. Você é profissional há bastante tempo. Sua relação com o skate ficou diferente com a chegada do Brenno e do Pietro? São 22 anos como skatista profissional. O Brenno tem nove anos e o Pietro vai fazer dois. O tempo livre para andar de skate se dividiu entre eles no começo e depois eles passaram a me acompanhar nas pistas. Além disto, tenho um trabalho paralelo, de consultoria de skate. O que muda é que aprendi a dividir e organizar meu tempo. Eles trouxeram mais disciplina para meu skate.

Blunt to fakie no bairro do Brooklin, Porto Alegre.

Como você vê a relação das marcas com skatistas profissionais mais velhos? Você acha que elas dão o devido valor ao skatista? Você pode ter mais idade e andar tão bem ou até mais que um cara com 10, 15 ou 20 anos mais jovem. Isto vai da disciplina e persistência de cada um. As marcas que valorizam o skatista mais velho têm uma visão profissional do esporte. Com isso, a marca incentiva mais pessoas a andarem de skate e skatistas a continuar andando, visando o skate mais como esporte, não só como brinquedo, além de ter um atleta com uma história, que colaborou para o skate brasileiro. Tenho o privilégio de ter o patrocínio de uma marca de skatista, na qual o cara que faz meu shape é o mesmo que anda comigo. Minhas opiniões são escutadas e discutidas. Isto faz o skatista se sentir participativo e seguro. Faz meu trabalho mais completo e motivador. Do que você mais sente saudade em SP? Dos amigos, dos lugares onde andava, do trabalho, dos eventos e campeonatos que julgava. Desta rotina agitada e gratificante de SP. Tem muita diferença da galera que anda de skate em SP para os gaúchos? O gaúcho é mais fechado, mais reservado que em qualquer outro estado do Brasil. Demora para você se entrosar. Esta falta de entrosamento às vezes limita você de conhecer novos lugares para andar de skate. Fiz e mantive poucos e bons amigos. O nível de skate que vejo aqui é bem alto, como o de São Paulo e em outros lugares do país. O skate esta evoluindo cada vez mais.

// FÁBIO DE OLIVEIRA PAES 41 ANOS, 31 DE SKATE E 22 COMO PROFISSIONAL PORTO ALEGRE/RS ANTI ACTION, ANTI WHEELS E VIP QIX 2015/junho TRIBO SKATE | 25


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STANLEY INACIO STANLEY INACIO, QUE NESTE MOMENTO ESTÁ EM BARCELONA, É UM DOS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DO SKATE DO INTERIOR DE SÃO PAULO. E FOI DIRETAMENTE DA BARCELOKA QUE ELE RESPONDEU PERGUNTAS DESTE LINHA VERMELHA. ENTRE UMA SESSION E OUTRA NOS MELHORES PICOS DA CIDADE CATALÃ, STANLEY ESCLARECE DÚVIDAS DE SKATISTAS SOBRE MORAR LONGE DA CAPITAL E, É CLARO, EUROPA. UM LINHA VERMELHA COM PONTE PIRA-BARÇA! (RODRIGO K-B-ÇA)

// STANLEY INACIO 34 ANOS, 20 DE SKATE PIRACICABA, SP PATROCÍNIOS: 220V ENERGY DRINK, NINECLOUDS, LANDFEET E CT SKATESHOP APOIO: CRAIL E UP FRONT

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tuações. Tive sorte de estar com manos muito firmezas, que me ajudaram na primeira viagem para a Euro, como o (Rodrigo) TX, o (Cezar) Gordo e o (Marcus) Cida. Agradeço a eles por me ajudarem nessa trip. Salve para toda galera de Passos! • Em todas viagens que você fez por Barcelona e Europa, e toda essa bagagem de vivência, você diria o quê pra quem quer ir ou está indo e tem um pouco de medo? (Alex Lekinho, Piracicaba, SP) – Salve, Leko! Beleza. A primeira viagem sempre é meio complicada, porque você não tem ideia

do que vai encontrar. Sempre aconselho a saber um mínimo de inglês e espanhol, ter um pouco de dinheiro para não ficar na roubada e comer de tudo, senão você passa mal, pois cada lugar tem um tipo de comida diferente. O resto é saber aproveitar ao máximo a trip, e andar muito de skate! • Qual o segredo de ter tantas manobras no pé? É dedicação, talento ou a junção dos dois? (Vinícius Henrique de Faria, Carmo do Paranaíba, MG) – Não tem segredo, mas você tem que ter muita vontade e curtir muito skate. Andando com os amiJR LEMOS

• Por quê o apelido Boneco? (Kemuel, Piracicaba, SP) – Porque uma vez, nas antigas, eu estava com uns amigos (Cristiano Testa e Danilo Diehl) em um churrasco, depois de andar o dia todo de skate em Campinas, o Testa olhou para mim, todo suado, com rosto sujo e oleoso, e falou: “Olha, ele parece um boneco de louça”. Todos começaram a rir e acabou pegando (risos)! Salve Cristiano Testa, salve Danilo Diehl! • Fala Stanley, tudo certo irmão? Você sempre esteve nas grandes marcas, inspiração pra muitos skatistas. Recentemente lançou vários modelos de shape e é um dos skatistas mais expressivos das marcas que lhe patrocinam. Qual a dica que você dá pra essa molecada que vive atrás de patrocínio? Obrigado, grande abraço! (Caleb Rodrigues, Itupeva, SP) – Salve, Caleb. Beleza? Agradeço pela pergunta. A dica é a mesma de sempre: primeiro ande de skate para você, por satisfação própria e para se divertir com os amigos. O resto vem como consequência. Não ande para tentar se dar bem, arrumar patrocínio ou querer ser melhor que outros, pois isso vai fazer você se frustrar ou desencanar do skate no futuro! • No começo da sua carreira, morar fora dos grandes polos do skate foi uma barreira para um skatista que queria ter uma carreira de sucesso? (Kevin Inácio, Piracicaba, SP) – Então, não que seja uma barreira, mas desde a época que eu comecei até hoje, ainda é um pouco mais difícil para quem vive ou é do interior, ser visto ou se destacar no meio do skate. Hoje já temos muitas marcas, eventos e mídia aqui no interior, fora das metrópoles, então podemos seguir andando de skate que o resto vem com tempo! • Qual foi sua skatetrip mais roubada e a mais divertida? (Rodrigo Torturella, Volta Redonda, RJ) – Salve, Maka! Beleza, mano? Skatetrips roubadas e divertidas quase sempre são as mesmas (risos). O mais da hora dessas skatetrips é estar com os amigos, porque aí viram roubadas e diversão na certa! (risos) Um salve para Volta Redonda e Rio de Janeiro. É nóis D.S.A.L e V.T.V. • Qual a dificuldade que você teve na primeira vez que colou na Europa? (André Rodrigues, Passos, MG) – A dificuldade, acho, que é sempre não saber muito inglês e não conhecer muito os lugares e si-



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STANLEY INACIO gos e buscando a diversão, você vai curtir muito mais o skate e isto já faz você evoluir. Salve para toda galera de Carmo do Paranaíba! • Stanley, pra você quem é o maior skatista na atualidade? E em qual você se inspira? (Gabriel Ernando, Araras, SP) – O skate é muito complexo e tem vários skatistas andando muito hoje em dia. É difícil citar um nome. Gosto de ver vários caras andando, mas curto mais ainda é ver meus amigos andando de skate e andar junto com eles. Isso é o que me mais inspira. Salve para toda galera de Araras e família 9clouds! • Você ainda vive na gringa? Qual a diferença dos costumes, culturas, dos outros países em relação ao Braza? No mercado, o que é mais de qualidade: os produtos nacionais ou os importados? (Felipe Thiago, Mogi das Cruzes, SP) – Vivo no Brasil, mas sempre que posso viajo e passo um tempo pela Europa, (Barcelona, entre outros lugares) andando, filmando e fazendo fotos. Claro, há muita diferença entre Europa e Brasil, principalmente na cultura, comidas, educação etc. No meio do skate também é um pouco diferente. O mercado do Brasil é um pouco maior que o dos países europeus. Os skatistas são iguais em qualquer canto do planeta e vários andam muito, assim como aqui no Brasil. Em relação às peças, eles usam materiais e marcas da América, mas isto já não tem tanta diferença, pois aqui no Brasil, hoje em dia, nós temos muitas marcas boas que vendem shapes de maple e rodas, entre outras coisas importadas, e a qualidade dos materiais pode-se dizer que é a mesma. O Brasil está mesmo atrasado em relação à Europa no que diz respeito ao governo, educação, corrupção. Obrigado por enviar a pergunta, abraços e boa sessão! • Salve, Stanley. Primeiro queria lhe parabenizar pelo seu corre no skate. O skateboard agradece. Nós, que somos do interior, sabemos que temos muitas vantagens em algumas partes e desvantagens em outras. Na sua visão qual a maior vantagem e desvantagem de ser skatista vindo do interior de São Paulo? (Carlos Eduardo Primini, Limeira, SP) – Agradecido, mano (o skateboard é nóis!). A vantagem de morar no interior é não ter tanto caos, trânsito e stress. Isto ajuda porque você não demora tanto para chegar num pico para andar, tem mais spots para andar, além de mais qualidade de vida. A desvantagem é que você está fora da Metrópole e é mais difícil de ser visto ou conseguir um patrocínio, coisas assim. • O que significa a palavra rua em relação ao skate? (Gustavo Ansi Dibbern, Limeira, SP) – Skate é rua, né mano? O skate vem da rua e sempre terá uma ligação com ela, mesmo que você ande em outros terrenos. Salve para toda galera de Limeira. Serraloka! • Gostaria de saber o que você aguarda do futuro em relação a ele e o skate? (Roberto da Silva, Piracicaba, SP) – Esta é pergunta que todos fazem depois de um certo tempo andando de skate. Espero sempre o mesmo: seguir andando de skate até que as pernas não aguentem mais. Quero seguir aprendendo, conhecendo pessoas, lugares e culturas. Com isso, vem o futuro. E que ele seja cada vez melhor, para a gente que anda de skate há tanto tempo. É o mínimo que merecemos. Agradeço a todos que enviaram perguntas! Obrigado galera, muito skate para nós. * Pergunta escolhida: Thiago Tchmola, de Mogi das Cruzes/SP

PRÓXIMO ENFOCADO: MARCOS CAMAZANO ENVIE SUAS PERGUNTAS PARA: TRIBOSKATE@YMAIL.COM COM O TEMA LINHA VERMELHA – MARCOS CAMAZANO COLOQUE NOME COMPLETO, CIDADE E ESTADO PARA CONCORRER AO PRODUTO OFERECIDO PELO PROFISSIONAL.

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Crooked na placa de propaganda, Campinas.


JR LEMOS

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Luiz Neto, frontside nosegrind. Pedro Barros, hip fs air.

MARSEILLE 2015

SOSH FREESTYLE CUP POR CESAR GYRÃO // FOTOS JOVANI PROCHNOV

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a série “Clássicos do Skate”. De tão importante para o skate, a pista de Marselha, na França, já foi reproduzida em outras dimensões até nos XGames. Na região da praia de Borely, o pico já sediou grandes eventos e talvez seja a maior escola francesa de skate de bowl, com suas várias panelas e conexões. Este ano, o festival anual Sosh Freestyle, reuniu mais uma vez competidores de vários países para suas jams sessions. Três brasileiros entre eles: os pros Pedro Barros e Caique Silva e o amador Luiz Neto. Para defender o título conquistado em 2014, Pedro teve que enfrentar mais uma vez o multi-função Alex Sorgente, um dos caras que mais varia manobras por metro quadrado do skate mundial. Pedro com seus “poooooow, zzzzzzz, grrrrrrind e Alex com trick-tricks – “do you know what I mean?”. O evento em Marseille (fica mais legal falar o nome da cidade no original), é outra grande festa da cultura do carrinho e, desta vez, mais dois brasucas estreiam na área vivendo o sonho de andar num lugar com tanta história. Para tornar mais complicado, o complexo de bowls recebe uns caixotes formando extensões com bastante vert e o maior deles se torna um verdadeiro desafio, aquele que “separa os homens das crianças”. Bonito de se ver, o fotógrafo Jovani Prochnov clicou lindos momentos que lançamos aqui e no www.triboskate.com.br. Vale uma visita. Logo mais, ao final da temporada europeia, prepare-se para o vídeo no mesmo bat-canal e no youtube.com/triboskatemag. Pro 1º Alex Sorgente 2º Pedro Barros 3º Robin Bolian 4º Danny Leon 5º Stéphan Boussac

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europa 2015 // eventos

Caique Silva, bs smith na extens達o.

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21 VEZES

MYSTIC CUP

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ano de fundo para mais de duas décadas de muita história, o Mystic Cup continua proporcionando alegria para os skatistas do mundo todo. Isso porque além de acontecer em um país libertário e festeiro, que costuma celebrar a vida com humor e muita festa, o campeonato em si também representa muito para nossa história, para a do skate brasileiro. Quem não se lembra do Rodrigo Teixeira despertando sua carreria internacional após vencer por lá em 1999? De toda a rapa brasileira que já havia feito bastante barulho no evento antes disso e dos novos nomes que continuam mantendo em evidência o nosso estilo de vida, aquele que surgiu em Praga e ficou conhecido no mundo todo como o “Brazilian crazy style”? Depois de tanto ver os estrangeiros se darem bem em seus eventos, desta vez a vitória no street ficou em casa. Maxim Habanec, começou no carrinho aos 6 anos, é natural de Praga e está com 23. É um exímio snowboarder e também surfa. Esta é a realidade da cultura dos boardsports que há tempos faz parte da vida dos skatistas da República Tcheca e alguns dos outros países da Europa Oriental. O segundo lugar da modalidade também é tcheco, Martin Pek. Já Danny Leon, o terceiro é um skatista da Espanha que tem uma boa base de bowl e já esteve no Brasil para o Red Bull Generation, na casa do Pedro Barros, em Floripa. Aliás, o cara ficou bem também no bowl, logo atrás do Pedrinho, que por sua vez deixou Alex Sorgente ganhar mais um na sequência (depois de Marseille). No street feminino, Leticia leva mais uma vez em Praga. Sem hesitações! Street 1º Maxim Habanec 2º Martin Pek 3º Danny Leon 6º Roger Silva 19º Antonio Juneka 21º Marlon Silva 23º Pedro Barros 26º Sergio Moreira

27º Wolney Oliveira 28º Caique Silva 35º Vitor Martins Bowl 1º Alex Sorgente 2º Pedro Barros 3º Danny Leon 9º Vi Kakinho

10º Caique Silva 19º Marlon Silva 22º Rodrigo Gonzales 30º Leandro Macaé Street feminino 1º Leticia Bufoni 2º Julia Brueckler 3º Eugenia Ginepro

Pedro Barros, indy 540.

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europa 2015 // eventos

Leticia Bufoni, bs smithgrind.

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Ollie melon num ditch californiano, apresentado pelo Fabrizio Santos.

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sk8 & art // motivadores

DIFERENTES

ÂNGULOS

O SKATE, ASSIM COMO AS CÂMERAS, SÃO FERRAMENTAS PARA QUE THYAGO RIBEIRO MOSTRE SUA VISÃO DO MUNDO. SUA CRIATIVIDADE É REFLETIDA EM SUAS MANOBRAS E EM SEUS VÍDEOS. AS INCERTEZAS DE UM MERCADO INSTÁVEL, ASSIM COMO A SUA VONTADE DE ESTAR SEMPRE ENVOLVIDO COM O SKATE LHE APRESENTOU À PRODUÇÃO DE VÍDEOS. SUA BASE NO SKATE FEZ COM QUE SE PROFISSIONALIZASSE E SEU TRABALHO COMO VIDEOMAKER LHE DEU A OPORTUNIDADE DE FILMAR UM DOS PROJETOS MAIS AMBICIOSOS DO SITE BERRICS. THYAGO É O RESPONSÁVEL PELAS IMAGENS DA SKATISTA LETICIA BUFONI GRAVADAS PARA O PUSH. CONHEÇA UM POUCO MAIS O QUE INSPIRA E COMO TRABALHA THYAGO RIBEIRO, UM CARA QUE SOUBE FAZER UM PLANO B CAMINHAR LADO A LADO COM SUA MAIOR VOCAÇÃO E VONTADE. POR RODRIGO K-B-ÇA // FOTOS PABLO VAZ

E

m que momento você sentiu a necessidade de, além de andar de skate começar a filmar? No ano de 2000 comecei a gravar minhas próprias manobras e de meus amigos por pura diversão, e também para ter um vídeo promo para ir atrás de patrocínios. Em 2007 me tornei profissional como skatista e em 2008 percebi que o mercado de skate na época, infelizmente, era instável e a qualquer momento eu poderia ser mandado embora das marcas que tinha patrocínio e sair com uma mão na frente e outra atrás. Fui atrás, então, de um plano B. Entrei em contato com o Anderson Tuca e comprei uma Sony VX2000 que ele tinha e, a partir daí, comecei a fazer alguns vídeos para sites, vídeo promos para amigos, cobertura de eventos e etc. Após pouco tempo, o que eu tinha previsto aconteceu, fiquei sem patrocínio por um tempo e vivendo somente de filmagens. Você sempre optou por músicas diferentes para os seus vídeos. Como surgiu isso? O pensamento é como uma frase do Steve Jobs: “Não temos que olhar a concorrência e dizer que vamos fazer melhor. Temos que olhar a concorrência e dizer que vamos fazer diferente”. Sempre pensei nisso, em fazer algo diferente. Sempre gostei muito de assistir filmes e prestava muita atenção na trilha sonora e comecei a usar essas mesmas trilhas nos vídeos de skate, tentando dar uma grandiosidade ou uma dramaticidade na coisa, fazer despertar um sentimento na pessoa que está assistindo e fazê-la querer assistir de novo porque se sentiu bem naquele momento. Não somente assistir e nunca mais se lembrar do vídeo. Quais suas inspirações na hora de produzir um vídeo? Sempre guardo muitas referências de filmes e movimentos de câmera que quero fazer, mas nunca vou atrás para fazer o mesmo. Quando estou com a câmera na mão, me concentro 100% naquele momento, pra sair tudo muito bem feito e, quando menos espero, ou sem perceber, as imagens que fiz são exatamente as que eu tinha como referência. Acho que a minha maior inspiração é não ter corpo mole na hora que estou com a câmera na mão. Que equipamento você tem hoje? Hoje tenho uma câmera DSLR Canon 60D, uma DSLR Panasonic GH4, uma filmadora Panasonic AG-AC160, kit de cinco lentes entre

tele e fisheye, GoPro 4 Black, Slider e um estabilizador de imagem DJI Ronin. E a intenção é nunca parar de renovar os equipamentos. Roteiros são importantes para vídeos de skate? Depende do que você quer. Estou no sétimo semestre da faculdade de Cinema; na verdade tranquei para poder me dedicar ao projeto Push a convite do The Berrics, por 8 meses, mas terminarei assim que voltar ao Brasil. Sempre gostei de roteiros, de uma coisa pensada antes, ao invés de somente gravar e colocar uma imagem atrás da outra, com uma música de fundo. Acho que tudo tem que ter um começo meio e fim, mesmo que seja um vídeo somente de manobras. Deve ter um roteiro com abertura, um meio e um final, com as melhores manobras. Se antes de começar, você já tiver uma breve ideia do que você quer, facilita o seu trabalho num todo e o resultado fica mais interessante. Tenho conseguido colocar algumas ideias em prática com meu atual patrocinador, a Make, que me dá total liberdade para criar e produzir minhas ideias. Junto com o Ricardo Porva, criei roteiros para vídeos. Alguns já saíram, como o Chocowax, que é uma vela em formato de chocolate, que criamos como brinde em nossos pro models de shape. Fizemos um vídeo com um roteiro divertido para divulgar esse brinde. Como rolou o convite para o projeto Push? Explica um pouco o que é esse projeto: Em janeiro de 2015 fui para Los Angeles, para ficar 10 dias na casa da Leticia Bufoni. Minha intenção nessa viagem era somente comprar um equipamento (DJI Ronin) e aproveitar para andar de skate. Durante esses dias estávamos conversando sobre como devia ser bom ter um videomaker à disposição o tempo todo para produzir uma vídeo parte; mas sem pretensão nenhuma, somente jogando conversa fora. Na manhã seguinte ela recebeu uma ligação do Steve Berra, fazendo um convite para ela fazer parte de um projeto que ele estava desenvolvendo. Ela perguntou quem iria filmar a parte dela e ele respondeu que ela poderia escolher o videomaker. Na mesma hora ela me indicou e ele nos convidou para uma reunião, ainda no mesmo dia. Duas horas depois estávamos no Berrics, acertando todos os detalhes do projeto e todas as instruções necessárias. O Push é um projeto em parceria do The Berrics, o canal NBC, câmeras RED e mochilas LowePro. No total são oito skatistas: Leticia Bufoni, Luan de Oliveira, Ishod 2015/junho TRIBO SKATE | 35


motivadores // sk8 & art Wair, Trevor Colden, Cory Cepeda, Aaron Homoki, Ben Raybourn e Josh Matthews. Cada um terá cinco episódios, com cerca de sete minutos, que serão exibidos no theberrics.com, contando sobre sua história e mostrando coisas que acontecem durante a produção de uma vídeo parte e que muitas vezes não são mostradas em vídeos tradicionais. Ao final dos cinco episódios de cada um, será exibido um documentário de 72 minutos no canal NBC, juntando a história de todos e também um vídeo somente de manobras com uma parte de cada skatista. Para o Push você está filmando ou também edita os vídeos da Leticia? Somente filmando. Eles têm uma equipe que cuida das edições. Fácil andar com uma RED por aí? Explica qual a diferença de uma dessas para a câmera que você costuma usar, por exemplo! Uma das coisas que o Steve Berra me disse na primeira reunião foi: “Você vai ter que cuidar dessa mala como se fosse seu filho, porque ela vale US$ 75.000” e me entregou uma mala com uma RED Epic Dragon e todos os acessórios. Fiquei simplesmente com os olhos brilhando! Além disso tinha um técnico da RED à disposição para me ensinar tudo que eu precisasse aprender sobre a câmera, assim como também para o Fernando Granja que está filmando a parte do Luan de Oliveira. Uma grande diferença é que estamos gravando em 6K. Com isso se consegue detalhes impossíveis com outras câmeras. Precisa de um pouco mais de tempo pra montar a câmera e regular do que as que estava acostumado. Além disso, ela é bem pesada, então, pra filmar linha, tem que estar com o braço preparado. Como dividir o tempo entre filmar, editar e ser skatista profissional? No Brasil eu tinha uma rotina muito corrida entre faculdade de Cinema, freelances com filmagens, edições de documentários, muitas viagens e cumprir também meu papel como skatista profissional pela Make. Muitas vezes, com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, achava que ia pirar, mas eu parava, respirava e percebia que tenho uma vida abençoada, pois trabalho com coisas que amo, que é mexer com câmeras e andar de skate. Nunca precisei sair completamente do universo do skate para sobreviver. Agora, aqui nos Estados Unidos, tenho uma vida bem mais tranquila, pois estou somente filmando a Leticia e andando de skate. O segredo é trabalhar com algo que você goste e, assim, você nunca vai precisar de férias! Além dos vídeos de skate, você trabalhou em que outro tipo de produção? Sempre fiz algo paralelo ao skate. Sempre gostei de conhecer novos mundos para ampliar conhecimento. Já cobri muitos eventos de diferentes coisas. Já gravei casamentos, festas, trabalhei na Copa do Mundo no Brasil; fazia muitas coisas para televisão. Fiquei alguns anos fazendo freelance na ESPN Brasil, gravando entrevistas com jogadores de futebol, treinos e etc. Mas o que mais me dá prazer de trabalhar, com certeza, é com o skate. Existe alguma maneira de romper com a estética tradicional dos vídeos de skate sem a galera achar boca? Infelizmente, sempre vão ter pessoas criticando o seu trabalho. É muito difícil agradar a todos, principalmente quando você tenta inovar com alguma coisa. No skate, sempre tentei fugir do convencional, mas muitas vezes a aceitação demora um tempo para acontecer. Acho que se você está confiante no que está fazendo e tem a certeza que é do seu agrado, somente faça, independente se vão gostar ou não. O importante é fazer e se sentir bem com isso. Qual a semelhança entre trabalhar com vídeo e andar de skate? Liberdade de expressão. Com uma câmera na mão, assim como no skate você é livre para fazer o que quiser. Existem muitas formas de fazer a mesma coisa. Um flip no chão, por exemplo, pode ser alto ou baixo, girar lento ou mais rápido, ser executado por diferentes pessoas e sempre vai ser diferente. Com uma câmera é o mesmo pensamento. Você pode gravar uma árvore parada de diferentes maneiras. A árvore sempre será a mesma, mas você pode gravar de longe ou de perto, de dia ou de noite, contra o sol ou à favor etc. Então, a maior semelhança é a liberdade. Você pode criar diferentes manobras, diferentes ângulos e assim por diante.

Acho que a minha maior inspiração é não ter corpo mole na hora que estou com a câmera na mão.

// THYAGO RIBEIRO Idade: 30 anos Tempo de skate: 18 anos Tempo filmando: Comecei por diversão em 2000 e profissionalmente em 2008 Patrocínios: Make Skateboards e Elpillo Films

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Bs tailslide em Shenzhen, na China, voltando no v達o entre os dois bancos!

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urgh tour // rs

OS SÍMBOLOS QUE REPRESENTAM O SUL DO BRASIL SÃO FÁCEIS DE RECONHECER: CHURRASCO, CHIMARRÃO, SUAS SERRAS E SOTAQUES, SUAS BELEZAS NATURAIS E A UNIÃO DE NACIONALIDADES QUE RESULTOU EM UM POVO, ALÉM DE BONITO, ACOLHEDOR E CARISMÁTICO, CARACTERÍSTICAS QUE TAMBÉM INFLUENCIAM NO ESTILO E TÉCNICA DOS SKATISTAS VINDOS DE LÁ. E FOI PARA VIVER UM POUCO DESTE CLIMA E APRESENTAR OS DOIS NOVOS SKATISTAS DO TIME – DIEGO GARCEZ E ERICK LOPES - QUE A URGH ESTEVE EM TOUR PELO SUL DO BRASIL. POR JUNIOR LEMOS // FOTOS ROBSON SAKAMOTO

Erick Lopes, backside 180 flip, Porto Alegre.

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Diego Garcez, flip, Canela.

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urgh tour // rs

FLAVIO LOPES “O que eu mais curti foi fazer o rolê e encontrar os amigos que não via há muito tempo. Foram encontros diretos nas sessões – eles que acharam a gente. O acolhimento do povo gaúcho, a simplicidade da galera, são muito bacanas; é difícil até falar! Uma das coisas que percebi é que em algumas cidades a organização e a limpeza são diferentes do que a gente tem aqui em São Paulo. Você vê que as cidades são muito mais bem cuidadas, são muito mais limpas. O carinho que a molecada teve com a marca foi outro fato relevante. São super receptivos na simplicidade e na amizade; isso foi uma das coisas que gostei muito.”

MARIO HERMANI “Em relação a Porto Alegre, uma característica muito legal de lá é ter bastante áreas arborizadas, bastante verde, umas praças bem amplas, como é o caso do IAPI. As pessoas também têm um diferencial; conversando com elas, se tem a impressão de diálogos mais cultos que em outros lugares. Sobre as comidas é aquele clichê: o churrasco dos caras é muito bom. Pagamos barato pra comer na maioria dos lugares que rangamos; sem contar o quanto a carne é saborosa. Lembro também do lanchão que a gente comeu, muito da hora!”

Igor Smith, frontside noseslide, Novo Hamburgo.

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urgh tour // rs

FÁBIO CASTILHO “É, aquela hospitalidade do Sul… às vezes parecia que a gente estava fora do Brasil! A galera sempre carismática, hospitaleira e humilde. Não é aquele stress, aquela correria de Sampa, da individualidade e do egoísmo. Foi bem da hora, só positividade. Eu só queria estar podendo andar, porque estava proibido pelo fisioterapeuta - mas agora já estou de volta.”

MARCELLO GOUVEA “Gostei pra caramba de ter vivenciado esses momentos com a equipe da Urgh, que tem vários caras que eu nunca tinha viajado junto. E até sou suspeito pra falar de alguns deles, como o Flavinho, que eu conheço há muito tempo só que nunca fizemos uma tour juntos. Agora, no mesmo time, está rolando esta interação entre nós. Em relação à cultura, eu gosto muito da vivida por eles, porque são muito educados. Qualquer birosca que você vai é bem atendido, entendeu? É diferente. Aqui no Rio ou em SP a galera é mais brava, é mais estressada, né? Um dia que me marcou bastante foi o que fomos andar em um corrimão; era meio tarde, achei que não estava tão frio e quando perguntei quantos graus estava, umas duas da manhã, os moleques me falaram que estava sete graus! E a gente andando na febre, tentando descer um corrimão que quebrou vários shapes e não deu certo e tal. Um outro dia que gostei bastante foi quando passamos bastante tempo na estrada pelas Serras Gaúchas. Eu nunca tinha dirigido por elas. Se não me engano, já passei várias vezes, mas dirigindo não. Então, eu curti pra caralho este momento. Foi uma vibe muito legal.”

Mario Hermani, 360 kick flip, Canela.

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entrevista pro // suĂŞnio campos

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SUÊNIO

NO JOGO PROFISSIONAL // TEXTO E FOTOS JOVANI PROCHNOV

N

o ano de 2006, o cearense de Fortaleza, Daniel Tavares, tornava-se skatista profissional, uma referência para os moleques de todo o Nordeste que estavam iniciando seus caminhos no carrinho, inclusive Suênio Campos, que tinha pouco mais de um ano de vivência com o skate. Aquele episódio foi marcante para o garoto, que viu seu conterrâneo alcançar o profissionalismo dentro do esporte que ele havia escolhido, situação que soava ainda como novidade em sua região, pois havia somente um pro no estado, Charles Reginaldo (falecido em 2010) e Daniel representava a renovação. Eis que hoje, 2015, passados 9 anos, Suênio torna-se skatista profissional, uma conquista que representa muito mais do que parece para o Nordeste e que fica de exemplo para a nova geração, de que o mundo dá voltas e suas conquistas dependem de seu próprio esforço. São 24 anos de idade, parte deles em cima do skate, caindo, levantando, ralando e, principalmente, evoluindo. Começou a andar aos 14 anos; tarde para muitos, mas ainda em tempo para aqueles que buscam e se dedicam a realizar seus sonhos. Este foi o caso de Suênio, que há 10 anos pediu de presente para a sua mãe um videogame, e ao ouvir um não, pediu um skate - adivinhem a resposta? Pois é, os anos passaram, e mal sabia ele, muito menos sua mãe, de que aquele presente de aniversário, que poderia ser apenas mais um, mudaria sua história, seus objetivos e até mesmo seu estilo de vida. Foi uma escolha certa; prova disso foi sua profissionalização no início deste ano, ou seja, objetivo cumprido, parte do sonho realizado. Nascido e criado em Fortaleza, Suênio aprendeu a correr atrás de seus objetivos vendo seus pais conquistarem tudo com muito suor e trabalho, sempre acreditando que o melhor está por vir. Começou a andar de skate em uma pista pequena perto de sua casa, na qual passava o dia todo aprendendo manobras e descobrindo seus gostos e talentos pelo carrinho. Teve um desempenho muito bom nas competições pelo Nordeste; foi campeão em diversos eventos, o que lhe fortaleceu e fez com que acreditasse que poderia chegar lá. Até que em 2014 conquistou seu principal título como skatista amador, o de Campeão Brasileiro de Street CBSK (Confederação Brasileira de Skate), fazendo história e sendo o primeiro skatista nordestino a ter essa conquista. Como todo skatista, Suênio sonha em viajar o mundo com o skate nos pés, conhecer lugares, pessoas e evoluir suas manobras. Agora como pro-

fissional, sabe que sua dedicação deve continuar, e que seus objetivos só serão alcançados com muito esforço. Algumas etapas da vida já passaram, mas o foco, empenho e crença estão fortalecidos. Skate é vida! Como você descobriu o skate? Como o skate entrou em sua vida? Bom, foi no ano de 2004. Estava perto de completar mais um ano de vida e minha mãe perguntou o que eu queria ganhar de aniversário. Eu, como todo garoto, claro, pedi um PlayStation 2 que na época estava bombando! Ela falou que não, pois iria atrapalhar nos estudos. Quando ela falou isso, estava passando na tv um campeonato de vertical, então perguntei: “Mãe, então me dá um skate?” Ela disse sim, no outro dia comprei e nunca mais o larguei! Quem são suas influências no skate? No começo eu andava na calçada da minha casa, e certo dia um cara disse que tinha uma pista de skate próximo ao nosso bairro, a 5 minutos de casa. Fiquei bastante animado! Fui lá, comecei andar na pista e fiz várias amizades, as quais carrego até hoje. Tive influências dos meus amigos, porque eles me ajudavam a fazer as manobras e davam dicas para conseguir executá-las. Quem é seu maior incentivador no esporte? Os meus pais; principalmente minha mãe, porque ela sempre me apoiou em tudo que eu quis fazer na vida. No início ela era minha “patrocinadora”, e desde sempre me ajudou nos gastos com peças, roupas, tênis e até pagava minhas viagens pelo Brasil. Serei eternamente grato ao que ela fez por mim durante todos esses anos. Foi com ela que aprendi a ter garra, determinação e dedicação. Sempre serei grato por ela ser essa mãe maravilhosa. Daniel Tavares, o que este nome representa para você, para o Ceará e para o Nordeste? Conheci o Daniel há alguns anos. Toda a galera falava do estilo dele, do seu nível de manobras, que era absurdo, sempre com seu switch afiado e da pessoa que ele era (e ainda é!); muito humilde e um cara que sempre tratou bem todos ao seu redor. Eu sempre ficava pensando: “Quem é esse cara?” Nos conhecemos num campeonato que ele organizou e desde esse dia nossa parceria só fortaleceu e hoje somos grandes amigos. Fizemos uma trip pelo Nordeste com mais três amigos e foi onde nos aproximamos mais; conheci mais sobre sua carreira e foi a partir daí que surgiu o desejo de me tornar um skatista profissional como ele. A história do skate no Nordeste deve muito também ao Charles Re-

Pôr do sol no Cacupé, em Floripa, um dos sunsets mais procurados da Ilha, serviu de inspiração para a produção de fotos da entrevista.

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entrevista pro // suênio campos ginaldo, um dos responsáveis por essa “era” de pistas no Ceará. Você ouviu algumas histórias deste skatista de raiz? Não só ouvi, como participei de algumas histórias. Sempre fomos muito amigos. Ele foi meu primeiro patrocinador com a antiga loja dele (Family Skateshop) e, o mais marcante, é que foi com ele que comprei meu primeiro skate! Ele acompanhou toda a minha evolução, me deu muitos conselhos que ajudaram na trajetória e que levarei pelo resto da vida. Uma semana antes de ele falecer, nós nos encontramos na pista de skate do Cocó e estávamos justamente conversando sobre o profissionalismo no skate, que era meu sonho, e ele me aconselhou a viajar mais, divulgar meu trabalho e não desistir. Segui o conselho dele e hoje consegui. O Charles partiu cedo demais... Deixou muita saudade no skate brasileiro e mais forte ainda no skate nordestino, que ele revolucionou. O bowl da Volta da Jurema ainda existe e é um patrimônio do skate. Depois dele, entre as várias pistas de Fortaleza têm

Fs feeble em Fortaleza num corrimão que ninguém havia andado e provavelmente ninguém vai andar, pois está com seus dias contados devido à demolição prevista do prédio onde se encontra.

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Hoje estamos com mais de 25 pistas, temos uma skate plaza na capital e isso mostra o poder do esporte no Ceará.


A crise econômica brasileira está levando diversas empresas à falência, e em Caxias do Sul/RS não está diferente. Esse 360 flip despencando foi em uma dessas fábricas que fecharam suas portas.

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suênio campos // entrevista pro

a do Parque do Cocó e do CFone, ambas feitas pelo governo do Cid Gomes. Os skatistas locais estão preservando estes picos? Além do governo do estado, a prefeitura de Fortaleza tem investido bastante no skate não só como esporte, mas também como projeto social. No governo do Cid Gomes foram construídas mais de 25 pistas de skate no Ceará e todas de alta qualidade. Foi um imenso incentivo ao skate e trouxe como retorno o crescimento e o respeito tanto ao esporte como aos atletas. Como toda pista, com o uso contínuo sempre acaba precisando de manutenção. Todas as pistas têm um contrato de manutenção com a Flyramp, que é uma empresa de São Paulo que já atua há 19 anos nesse segmento, e serão reformadas a cada 5 anos. Nesse meio tempo, quando há necessidade, a galera se reúne e entra em contato com alguma construtora. Como você vê a situação atual do skate cearense e nordestino? O skate cearense tem evoluído muito. Hoje temos estas 25 pistas, uma skate plaza na capital e isso mostra o poder do esporte no Ceará. Todos os dias surgem novos skatistas, lojas especializadas e novas marcas. É um ramo que vem crescendo não só em volume de atletas, mas também como economia para o estado. Por conta disso, os eventos têm sido cada vez maiores e com maior alcance da população. Prova disso são nossos circuitos cearense e nordestino, que estão melhorando a cada ano, e o fato de Fortaleza sempre estar incluída no cenário do skate nacional e internacional, com a etapa anual do Campeonato Brasileiro de Street, realizado pela CBSK e com o já tradicional Ceará World Cup, que é um evento que faz a cidade inteira voltar os olhos pro skate. Como você disse, Fortaleza sedia etapas do Brasileiro e Mundial de street, onde grandes nomes do skate marcam presença. Você acredita que estes eventos estão ajudando na evolução do skate na região? Sim, com certeza. Com esses eventos de grande porte e de grande importância no skate, nossa cidade recebe mais investimentos em infraestrutura com criação de novas pistas e também a melhora da qualidade delas, que muitas vezes acabam esquecidas. Além de ser um prazer privilegiar esse tipo de evento, a presença de grandes nomes do skate traz visibilidade, respeito e mais investimentos para nosso esporte e, claro, todos os moleques ficam maravilhados com o espetáculo de manobras. Você teve uma grande passagem como amador, ganhou campeonatos importantes pelo Brasil, fale um pouco sobre essa trajetória. Comecei a viajar no ano de 2005. Minha primeira viagem foi para Recife competir a última etapa do circuito nordestino, acabei ficando em segundo lugar na categoria iniciante. Desde então nunca mais parei de viajar. Fui conquistando meu espaço na cena do skate nordestino, ganhei vários títulos até chegar onde cheguei. Alguns deles são: campeão cearense, campeão nordestino, rei do Nordeste, campeão paraibano, campeão sergipano e, o principal, de campeão brasileiro. E agora como profissional, como pretende dar sequência a sua carreira? Vou seguir sempre com foco, que é uma das minhas maio-

Varial heel em meio aos escombros da mesma fábrica em Caxias do Sul.

Vou seguir sempre com foco, que é uma das minhas maiores características. Quero crescer na vida não só como skatista, mas também como pessoa. 2015/junho TRIBO SKATE | 49


entrevista pro // suênio campos

Fs nosegrind em corrimão de rua em Fortaleza.

res características. Quero crescer na vida não só como skatista, mas também como pessoa. Fazer algumas trips para Europa, correr eventos, fazer minha video part pro, que já está em processo. Realizar sonhos que sempre tive, como fazer pro model de shape, tênis e rodas. São cenas dos próximos capítulos, aguardem! Rsrsrsrs... Você começou no skate com 14 anos, considerado tarde se compararmos aos moleques sinistros que vemos por aí. Porém, isso não foi problema pra você conquistar seus objetivos. A que atribui isso? Sou e sempre fui um cara determinado em tudo o que faço, seja fora ou dentro do skate. Quando comecei a andar de skate, sempre procurei aprender manobras novas e aperfeiçoá-las todos os dias. Apesar de às vezes receber algumas críticas por levar o skate muito a sério, foi isso que ajudou na minha evolução. Até hoje sou assim e acho que nunca vou mudar. Outro cara de Fortaleza que conquistou espaço recentemente é o prodígio Lucas Rabelo. Você esbarrava com o moleque nas sessões nos picos da cidade, antes de ele mudar para Porto Alegre?

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Sim, tive o prazer de acompanhar o início da vida dele no skate, mas acabamos perdendo o contato quando ele se mudou para POA. Fiquei triste quando soube da lesão dele no joelho, mas torço pra que ele volte logo e que a gente possa andar junto novamente. Neste ano de 2015, você entrou no quarto ano de parceria com a Maresia. Conte como foi que entrou na marca e seus projetos junto a ela? Isso aconteceu quando fui campeão cearense, no ano de 2011. Recebi o convite para entrar na família Maresia. Foi uma grande alegria para mim; fui muito bem recepcionado, sempre tive todo o suporte necessário e apoio. Toda a equipe é uma grande família; sempre estive muito à vontade para conversar, mostrar ideias e projetos novos e eles sempre me deram muito espaço. Prova disso é o pro model de tênis que está chegando. Foi uma realização pessoal, um grande sonho e a Maresia é quem está me proporcionando isso. Conte mais sobre esse pro model de tênis. Eu já vinha conversando com a equipe da Maresia sobre o pro model no mundo do skate. Na verdade não é só um “tênis do Suênio”, é a marca de


Fs blunt slide em arquibancada de quadra pública em Fortaleza. Aprovado! Os primeiros testes do pro model de tênis do Suênio pela Maresia, foram feitos por ele ao pôr do sol de Floripa.

Voltando às origens, bs smith grind na única transição da pequena pista onde tudo começou, e que hoje está destruída por conta do tempo, do vandalismo e da falta de manutenção.

Na verdade não é só um ‘tênis do Suênio’, é a marca de uma nova etapa na carreira de um atleta, um produto com sua assinatura, seu nome, e é muito importante para qualquer profissional de skate. 2015/junho TRIBO SKATE | 51


entrevista pro // suênio campos uma nova etapa na carreira de um atleta, um produto com sua assinatura, seu nome, e é muito importante para qualquer profissional de skate. Quando passei para pro, coincidentemente estava em produção uma nova coleção da Maresia e na hora a equipe de design me convidou para construção do pro model. Participei junto com a marca em todas as etapas do desenvolvimento e foi uma grande satisfação. Estou muito feliz com o resultado, saiu exatamente como nós planejamos, e no segundo semestre deste ano estará nas lojas. Na entrevista tem fotos em diferentes lugares do Brasil, como foi a produção dessas imagens? Tudo surgiu quando você (meu amigo Jovani Prochnov) veio conhecer a minha cidade e nós aproveitamos esse momento para desenvolver a ideia de uma entrevista. Começamos as imagens em Fortaleza mesmo, e logo em seguida segui para Florianópolis, de onde partimos em direção a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Inicialmente pretendíamos produzir em Caxias, Porto Alegre e Florianópolis, porém no decorrer da viagem optamos por aproveitar os picos que encontramos em Caxias e Gramado, que ficam na Serra Gaúcha, e finalizamos o material por ali mesmo. Na primeira edição da Tribo deste ano, a 231, você está presente na matéria Red River Crew em Santiago, quando viajou à capital chilena com a galera lá do Rio Vermelho (Floripa). Como foi essa trip e como é sua relação com a crew? Ano passado eu passei uma temporada no Sul do Brasil para fazer algumas imagens e acabei conhecendo a grande família Red River. Todos os dias fazíamos sessões juntos e nós tivemos a ideia de fazer uma trip ao Chile. Foi animal! A viagem rendeu bastante. É uma galera muito unida, são grandes amigos que levarei pra vida toda. Conte como são seus treinos, sua rotina diária em cima do carrinho? Treino diariamente, em torno de quatro horas por dia. No ano de 2012 tive uma lesão no pé e acabei conhecendo o pilates. Hoje faço sessões periodicamente para manter o bom condicionamento e evitar novas lesões. As redes sociais são um foco de divulgação e promoção de marcas e skatistas, onde tudo que produzimos passa por ali. Como você vem trabalhando sua imagem nessas mídias? Atualmente uso Facebook, Instagram e Twitter. As redes sociais têm contribuído muito para nós skatistas mostrarmos o nosso trabalho e compartilhar nosso dia-a-dia de treinamento, como também para acompanhar as novidades no mundo do skate. Geralmente publico imagens das sessões, eventos e novidades da Maresia. Eu mesmo faço as fotos e publicações diariamente. Quais seus demais objetivos para este 2015? Viajar bastante, produzir onde estiver, lançar meus pro models de tênis e roda, finalizar minha video part e, claro, andar muito de skate! O recado de Suênio Campos: Nunca desista do seu sonho. É muito clichê, mas é a realidade. Problemas surgirão, dificuldades, obstáculos, mas a vontade de vencer, de conseguir o que quer tem que ser maior que tudo isso. Só assim todo suor derramado vai valer a pena. E seja lá qual for a sua dificuldade, você nunca está sozinho. Fé!

// SUÊNIO CAMPOS 24 anos, 10 de skate Fortaleza/CE Patrocínio: Maresia Apoio: Control Urethane

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Explorando a arquitetura da Serra GaĂşcha pela madrugada, nollie bs heelflip em viaduto de Caxias do Sul.

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viagem // rio de janeiro

COMBOS NO

CHÃO QUENTE SOL, PRAIA E CALOR O ANO TODO DEFINIRIAM O RIO DE JANEIRO PARA O TURISTA COMUM, MAS QUANDO O ASSUNTO É SKATE NAS RUAS FLUMINENSES, ESSES SUBSTANTIVOS SUBVERTEM SEUS SIGNIFICADOS; AFINAL SEMPRE ESTAMOS NA DISPOSIÇÃO DE ‘FAZER O SKATE SUAR’, OU DE ‘FRITAR A MANOBRA NO PICO’. MAS, QUANDO FALAMOS DE UM AMBIENTE ONDE SE TEM COMO PANO DE FUNDO UMA DAS PAISAGENS MAIS BONITAS DO GLOBO TERRESTRE, O CHÃO QUENTE PASSA A SER APENAS UM DETALHE. POR JUNIOR LEMOS // FOTOS LEANDRO MOSKA

“Viver o lifestyle, pra mim, é estar andando de skate, fazendo o que se gosta, poder viajar e conhecer lugares novos! O Rio de Janeiro é muito louco. A arquitetura, os bons picos, a praia, são outra energia, no caso, positiva. Mas estar no Rio com o calor de 40 graus e em poucos dias, não dá pra se pensar em tudo isso, é apenas andar de skate.” Paulo Piquet

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Piquet, nollie fs heel to switch manual.

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Aguero, halfcab fs crooked reverse.

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rio de janeiro // viagem

“O Rio, como sempre, é bem atraente; diferente de qualquer outra city! Na verdade, o clima é bem difícil pra se andar de skate. É sempre um visual style entre um pico e outro, chamando a galera para a praia (Ahhh; você tá ligado, né? Kkkkkk). Se bem que nossa trip foi em poucos dias; a gente nem pisou na areia, mas foi da hora.” Bruno Aguero 2015/junho TRIBO SKATE | 57


“Particularmente eu nunca fui muito fã do Rio e também não sei relacionar as imagens com a cidade, quando as vejo, a não ser o clássico Gringão, o Recreio e a XV; por isso digo que conheço bem pouco a cidade. As vezes que fui lá, foram viagens curtas e sempre com meus amigos paulistas (acho que foram duas trips de 4 a 5 dias). Me relacionei pouco com os skatistas locais, talvez por já ir no ‘bonde dos paulistas’ (risos). Mas o que posso dizer e agradecer é que sempre voltei de lá com bons clips e muitas risadas, mesmo estando em curtos períodos! Então posso dizer que, se isso acontece, é porque é uma boa skate trip de se fazer. Um salve pros locais de lá; pro Lukinhas e família, que sempre recebem a galera; e pro Felipe Martins, que nos recebeu nessa vez! Muito skate e muitas memórias pra toda família skateboard.” JP Dantas

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rio de janeiro // viagem

JP Anjinho, switch hardflip to manual.

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no mundo // arthur dias

CALOR BRASILEIRO NAS GELADAS RUAS DA BÉLGICA // TEXTO E FOTOS PAULO TAVARES

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A mão do gigante é símbolo de Antuérpia e recebe o fs wallride no meio da noite fria e calma.

Fs noseslide na entrada da estação.

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no mundo // arthur dias

Bs 180 flip na Cidade Universitária, pico onde poucos andaram e que por acaso foi descoberto e bem explorado em poucas tentativas.

N

ascido e criado nas ruas de Belo Horizonte, Arthur Dias, integrante da G7crew, conseguiu em 2012 realizar um dos seus grandes sonhos: andar de skate no mármore da Europa. Com destino certo, Barcelona, por lá encontrou e fez vários amigos, viveu várias roubadas e, é lógico, andou muito de skate. Filmou manobras como nunca na sua vida e, a cada pico perfeito que encontrava nas ruas da meca espanhola do skate, a sua motivação ficava cada vez mais forte para buscar a sua evolução. Após quase um ano de vivência começou a namorar a Sarah, uma garota belga que estava passando temporada em Barcelona. Com a relação, Arthur decidiu conhecer a Bélgica, mas como estava ilegal acabou sendo preso na fronteira entre a Espanha e França e foi deportado. De volta ao Brasil recebeu a notícia de que sua namorada estava grávida e depois de dois

meses voltou para a Europa, só que agora para viver na Bélgica. Em território belga Arthur teve que se adaptar ao clima totalmente diferente do calor tropical do Brasa, onde no verão a maior temperatura não passa dos 22 graus. Sua casa atual é em Antuérpia, uma das cidades mais conhecidas do país, a cerca de 40 km da capital Bruxelas, uma rota frequente no corre para andar de skate. Com projetos para marcas locais, sempre que possível, Arthur pegava o trem para Bruxelas e lá passava o dia inteiro filmando com seu parceiro de Barcelona, Charles Chaves, que ficou na missão de filmar a maioria das suas manobras. Em pouco tempo conseguiu explorar bem os picos da Bélgica, não na mesma pegada que em Barcelona, mas com trabalho dobrado por conta da chegada do seu filho, Noah. Para juntar dinheiro, teve que trabalhar fora do skate e conseguir uma renda extra. Hoje, com seu filho de 1 ano

O skatista do Brasil é o mais guerreiro e o que tem mais vontade de fazer acontecer que eu já vi na minha vida. 62 | TRIBO SKATE junho/2015

Estação Central de Antuérpia. Localizada no Centro é um cartão postal da cidade, tanto para passeio de turistas como para os rolês de skate.


Fakie 360 flip em uma feira que conta com um estacionamento subterr창neo.

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Crooked na estação ferroviária de Bruxelas, onde a concentração de picos é gigantesca. Localizada na esplanada do Parlamento Europeu, a estação é bem conhecida pelos skatistas.

A estreia de mais um pico na Cidade Universitária de Bruxelas. Ollie.

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arthur dias // no mundo e meio, a cabeça não é a mesma e as responsabilidades são maiores. Com vários planos, muito skate no pé e empolgação de sobra, Arthur segue na correria, buscando explorar novos picos, pôr em prática novas ideias e acima de tudo evoluir no skate lembrando sempre das suas raízes. Como está sendo essa experiência de um brasileiro construindo família na Bélgica? É uma experiência diferente. Falar a língua aqui não é fácil, como pode ser em qualquer outro país de linguagem diferente. Dentro de casa tem que ter uma boa sintonia entre nós para dar certo. Ser pai é uma experiência única. Quem é, sabe o quanto amor está envolvido. Então eu busco dar o máximo de atenção e amor para minha família, para criar o meu filho no caminho do bem, o caminho do skate, para ensinar para ele que qualquer lugar que esteja nesse mundo ele tem que ter amor e respeito ao próximo. O que mudou com a chegada do Noah? Tudo! Minha vida mudou completamente depois da chegada dele. Eu sinto mais do que nunca que ele é a luz que veio na minha vida para me salvar. Estava na roubada, não tinha grana para comer, não tinha lugar para dormir e meu pai tinha acabado de morrer no Brasil. Estava me sentindo triste com toda a situação! Fui para viver um sonho e acabei vivendo um pesadelo, mas eu me mantive firme e forte na luta e no corre na rua. Não foi a primeira vez que eu passei roubada na minha vida; roubada eu passei minha vida toda no Brasil, andando de skate nas ruas. Eu só parei de passar roubada depois que o Noah nasceu; virei homem e agora, mais do que nunca, eu tenho a maior responsabilidade da minha vida, meu filho. Como é o dia a dia para andar de skate onde você está morando? É embaçado! Andar de skate aqui nas ruas não é fácil, faz muito frio e quando é tempo de calor, chove muito. Aqui na Bélgica tem muito skatepark

coberto, então eu procuro fazer as sessões por lá, para deixar o skate no pé, pelo menos duas ou três vezes na semana. E procuro sempre trazer meus amigos de fora, ligar para meus amigos daqui para estar explorando, filmando e fazendo sessões na rua quando o tempo está bom. Qual a experiência que você passa para a galera do Brasil que está se jogando para Europa? Eu digo, de experiência própria, que a galera chegue focada, com a certeza do que quer da vida. Se quer andar de skate, se quer trabalhar, se quer viver de oba-oba; cada um cada um. Mas eu aconselho ficar na pegada do skate de verdade, na pegada de fazer acontecer com vontade, pelo skate! É aproveitar a vida e ser feliz porque os momentos que você passa aqui são únicos. As risadas, as sessões, os picos e as amizades que você faz nas ruas, isso não tem preço. Venha e aproveite o máximo a skatelife daqui, porque é o que vale a pena.

O skatista belga é mais frio e mais for fun; anda de skate sem fazer muito corre. Quais são seus planos para o futuro? Trabalhar e criar meu filho! Colocá-lo em uma boa escola para que ele possa ter uma boa educação, ensinar para ele o verdadeiro valor da vida. Eu tenho um projeto que eu sempre quis por em prática desde quando comecei a andar de skate: criar uma marca verdadeira, que faz pelo skate, que ajuda os skatistas de verdade. Então eu vim estudando todos esses anos da minha vida como fazer, andando de skate

e observando todas as situações. Agora, depois de todas as roubadas que eu passei, esse ano eu decidi pôr o projeto da marca em prática. Eu quero fazer e vou fazer uma parada real para ajudar aqueles que têm o maior talento e estão o desperdiçando nas ruas, aqueles que passam qualquer roubada para estar fazendo uma sessão de skate para fazer uma foto ou uma filmagem, que não têm nada! E que, apesar disso tudo, são felizes andando de skate. De onde eu venho, eu sou da crew desses, a crew dos humildes que só querem sair remando pelas cidades do mundo pegando rabeira e descendo ladeira. Batendo o streetão! No momento eu estou na fase do registro e da criação da minha marca; depois quero fazer uma equipe e começar a trabalhar pesado, me profissionalizar, trabalhar para o resto da minha vida com o skate e ajudar todos os verdadeiros que têm o mesmo sentimento que eu; só um: muito amor! Qual a diferença entre o rolê de skate dos belgas e dos brasileiros? É uma diferença grande. O skatista belga é mais frio e mais for fun; anda de skate sem fazer muito corre. São poucos. Aqui é um pequeno país de primeiro mundo. Uma criança, quando quer começar a andar de skate, ela só fala pros pais o que quer e os pais vão lá na skateshop com o cartão de débito e ela já começa a andar com tudo gringo (importado): skate, tênis… Skatepark coberto, ela tem suporte. É completamente diferente do Brasil, aonde tem poucos com suporte e muitos talentos desperdiçados nas ruas. Tem muito menor inteligente com vontade, disposição, mas não tem para onde correr, não tem material, não tem para onde ir; não tem pai, não tem mãe, não tem família, não tem suporte, não tem dinheiro, não tem motivação. Ou seja, o skatista do Brasil é o mais guerreiro e o que tem mais vontade de fazer acontecer que eu já vi na minha vida. Não existe outro lugar que eu conheci nesse mundo que tem igual. É comum encontrar na Bélgica praças com diversidades de picos. Essa fica bem perto da casa do Arthur, um estacionamento subterrâneo que em dias de semana o grande pátio é tomado pelos feirantes e aos finais de semana fica liberado para se andar de skate.

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arthur dias // no mundo

// ARTHUR DIAS CAMILO 26 anos, 14 de skate De Belo Horizonte, MG, mora em Antuérpia, Bélgica Patrocínios: Esc Skateboards e Straat Wheels Contraste de estilos, o clássico e o moderno. A arquitetura de Antuérpia é assim: prédio novo de um lado e igreja antiga de outro. Novo pico descoberto por Arthur. Fs five-O.

2015/junho TRIBO SKATE | 67


casa nova //

Guilherme Oliveira // FOTOS ANDRÉ CALVÃO Skate e roupas atuais: Shape e rodas Future, rolamentos Bones, trucks Metallum, boné Future, camiseta Metallum, calça lisa e tênis DC. Manobra que não suporta mais ver: Hard flip. Manobra que ainda pretende acertar: Bigspin backside tailslide flip out. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Amigos, vivências e outras coisas que nenhum dinheiro compra. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: A prefeitura não faz nada pelo skate e não deixa a gente fazer. Skatista profissional em quem se espelha: JP Dantas. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Melhor equipe de skate brasileira: DC Shoes Brasil. Amador que você gostaria de ver pro: Alexandre Calado. // GUILHERME OLIVEIRA SILVA 14 anos, 5 de skate De São Bernardo do Campo, mora em São Caetano do Sul, SP Patrocínio: Metallum Trucks e Future Skateboards Apoio: Skatenation

Ande de skate sorrindo! 68 | TRIBO SKATE junho/2015

Bs ollie fakie nosegrind.


// casa nova

Bs feeble.

Maykison Vincent // FOTOS JOÃO BRINHOSA Skate e roupas atuais: Shape Baker 8.38, trucks Indy 149, rodas Bones 53, rolamentos Everlong e roupa preta. Manobra que não suporta mais ver: Hard flip bs lipslide. Manobra que ainda pretende acertar: Big spin bennett grind. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Viagens e grandes amigos. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Nível de skate baixo e poucos lugares pra andar.

Skatista profissional em quem se espelha: Brian Hansen. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Marlboro. Melhor equipe de skate brasileira: Drop Dead. Amador que você gostaria de ver pro: Victor Süssekind. // MAYKISON VINCENT 22 anos, 10 de skate Joinville, SC Patrocínio: Grind Skateshop, Everlong e Stoner Apoio: Skatenation

God was never on your side.

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casa nova //

Bs boardslide pop out.

Mirelle Sampaio // FOTOS FERNANDO GOMES Skate e roupas atuais: Shape Agacê, rodas Hell, rolamentos Red Bones, trucks Crail, camisa Virgulina e tênis Freeday. Manobra que não suporta mais ver: Gosto de ver todas. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie heel fs noseslide. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Viagens, grandes amizades, risos e diversão. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de segurança, falta de respeito das

Amor é tudo!

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instituições e de apoio das empresas. Skatista profissional em quem se espelha: Elissa Steamer. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Gol Linhas Aéreas. Melhor equipe de skate brasileira: Ras Skateshop. Amador que você gostaria de ver pro: Alison Rosendo. // MIRELLE SAMPAIO SOUSA 19 anos, 4 de skate Fortaleza, CE


// casa nova

Romário de Oliveira // FOTOS DIOGO GROSELHA Skate e roupas atuais: Shape Amee, rodas Bones (Felipe Gustavo), rolamentos Rush, eixos Tensor Magnesio, boné Primitive 5 panel, camiseta Nike SB, calça Urgh e tênis Nike SB. Manobra que não suporta mais ver: Boneless. Manobra que ainda pretende acertar: Switch flip bs tail switch heel out. O que o skate apresentou de mais style em sua vida: Vivência e estilo de vida. Principal dificuldade em ser skatista na sua área: Infraestrutura e patrocínios. Skatista profissional em quem se espelha: Rodrigo TX. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Sony. Melhor equipe de skate brasileira: Matriz. Amador que você gostaria de ver pro: Felipe Dalcin.

Switch ollie.

// ROMÁRIO DE OLIVEIRA 25 anos, 9 de skate Três Corações, MG Patrocínio: Fala Memo Skateboarding Apoio: Amee Skate

Viva pro bem; é bom ser bom. 2015/junho TRIBO SKATE | 71


hot stuff //

// DC Shoes Combinação perfeita entre leveza, proteção e durabilidade, o Mikey Taylor 2 (MT2) mantém a silhueta simples e elegante da edição anterior e vem com novos materiais e tecnologia empregados, que fazem do modelo um dos mais tecnológicos do mercado. (11) 3366 9280 / dcshoes.com

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tecnologia // inovações

SKATE E TECNOLOGIA, AMIGOS INSEPARÁVEIS OS SKATISTAS SEMPRE ANDARAM DE BRAÇOS DADOS COM A TECNOLOGIA, SEJA GRAVANDO VÍDEOS OU USANDO FONES DE OUVIDO NA SESSÃO. COM O DESENVOLVIMENTO DOS SUPORTES DIGITAIS, A COISA DECOLOU DE VEZ. MICRO CÂMERAS EMBUTIDAS EM SHAPES E CAPACETES, DRONES, SMARTPHONES, PLAYERS DE MP3 E INÚMEROS APLICATIVOS. HOJE, NÃO IMPORTA SÓ O QUE VOCÊ VÊ E OUVE, MAS COMO VOCÊ PRODUZ E CONSOME ESTE CONTEÚDO. ATENTA A ISSO, A TRIBO SKATE ENTRA NUMA NOVA FASE. A PARTIR DE AGORA FALAREMOS NÃO APENAS DE MÚSICA, MAS DE ÁUDIO E TECNOLOGIA. UM CONCEITO MAIS AMPLO E ATUAL, COMO É O ESTILO DE VIDA SKATE. // POR PEDRO DE LUNA

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FOTOS REPRODUÇÃO

A

ndando pelas ruas, olhe para o lado. Veja quantas pessoas estão ouvindo música ou assistindo a algum vídeo, sentadas ou em deslocamento. Se no princípio os skatistas andavam ao mesmo som, utilizando de um micro system, hoje cada um ouve o que quer, e como quer. Passamos da fita k7 e o CD para o formato digital. Basta um aparelho portátil de mp3 ou telefone celular e as manobras terão a sua trilha sonora favorita. Ou, para ser mais estiloso, aquele fone de ouvido com som embutido, que cada vez mais é usado como acessório. Mesmo quando o assunto é vertical, a música é companheira de cada drop. A POC, por exemplo, lançou o capacete Receptor Bug em parceria com o rapper Dr. Dre, onde, além de ouvir um som, é possível receber as chamadas telefônicas utilizando um controle remoto. Por que afinal de contas, fio é coisa do passado. Outra invenção incrível é o Chargeboard. Basta colocar o skate no rolé. A energia gerada pelo movimento e o contato das rodas é transformada em energia pelos dois eixos, cada um com um gerador escondido, que vira eletricidade numa bateria. Em uma horinha de sessão o skatista já consegue recarregar um celular. Isso sem falar nos alto falantes instalados no shape, para andar e ouvir música sem fones no ouvido. O projeto do designer holandês Bjorn van den Hout está na fase de protótipo, mas já é um sucesso em tempos de energia limpa e mobilidade urbana. Outra opção bem diferente é o skate elétrico E−Go Cruiser, que funciona com controle remoto e baterias. No exterior sai a US$ 700, enquanto no Brasil é vendido por até R$ 5.000. A Hendo Hover continua firme e forte em seus planos de criar um skate voador como o do filme “De Volta para o Futuro 2”. Batizado de hoverboard, ele utiliza campos magnéticos para flutuar, como se a prancha e o chão se repelissem, como acontece com os ímãs. A empresa fez um crowdfunding no final do ano passado para arrecadar US$ 250 mil. Conseguiram o dobro! Mais de três mil pessoas fizeram doações, levantando US$ 510 mil. Com essa grana a empresa está desenvolvendo o produto e fazendo testes, inclusive com a participação de Tony Hawk. Por que, como já foi dito, skatistas são apaixonados por tecnologia. Já a Santa Cruz comemorou os 30 anos da mão gritando com uma edição especial de Pac Man, onde os ícones do game tinham relação com skate. O “joguinho do come−come”, que está completando 35 anos de vida, ficou disponível por um mês e o jogador que somou mais pontos ganhou uma viagem. Aliás, o cruzamento de marcas é comum na gringa. A própria Santa Cruz já havia lançado uma coleção Star Wars e agora soltou shapes e roupas em parceria com a Marvel, misturando a mãozinha nervosa com Wolverine, Thor, Venom e Homem−Aranha. Mas vamos ficar por aqui. O cross−branding é assunto para outras edições.

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1. Receptor Bug. 2 e 3. Chargeboard. 4. E−Go Cruiser. 5. Tony Hawk testa o hoverboard. 6. O skate do futuro está próximo. 7 e 8. Santa Cruz x Pac Man. 7 e 8. Parceria da Santa Cruz com a Marvel.

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FOTO: DIEGO SARMENTO

˜ BIANO BIANCHIN ˜

RESPEITO À CULTURA

DO SKATE

BRASILEIRO

produtostriboskate@gmail.com

VEJA A LISTA DE ONDE ENCONTRAR OS PRODUTOS TRIBO SKATE NA PÁGINA 73.

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BRUNO PARK

áudio // playlist

Bs feeble.

O GOSTO MUSICAL DESTE GRANDE SKATISTA NÃO É NADA ÓBVIO. APESAR DE BANDAS E CANTORES CLÁSSICOS, DANIEL KIM CURTE MESMO SÃO DIVERSOS LADOS B E MÚSICAS MENOS CONHECIDAS DA GALERA. CONFIRA E ESCUTE O PLAYLIST DESTE MESTRE DAS TRANSIÇÕES E DO SKATE RÁPIDO, AGORA COM LISTA DE VÍDEOS NO YOUTUBE.COM/ TRIBOSKATEMAG, USE O QRCODE ABAIXO PRA CHEGAR LÁ! (RODRIGO K-B-ÇA) The B-52s, Devil’s In My Car Ozzy Osbourne, Crazy Train (live) The Circle Jerks, I’m Alive Jimi Hendrix, Bleeding Heart Dead Boys, Sonic Reducer (live) X, Universal Corner Dead Kennedys, Holiday In Cambodia Devo, Gut Feeling Frank Zappa, You Are What You Is Joy Division, Shadowplay (live) * Daniel Kim (Vans, Pocket Pistols e CS team)

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Escuta som andando de skate? Sim Não Se sim, qual aparelho usa? IPOD 30GB ‘OLD SCHOOL’. Usa algum fone especial para isso? Sim Não Se sim, qual? BEATS BY DRE URBEATS.


// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. > MATO GROSSO DO SUL - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504

> RIO GRANDE DO SUL - Porto Alegre Matriz (Total) Av. Cristovão Colombo, 545/1072,1073, Floresta (51) 3018-7072

> PARANÁ - Curitiba THC Skate Shop Pça Rui Barbosa, s/n - loja 196 (41) 9933-2865

Matriz (Wallig) Av Assis Brasil, 2611 - loja 248, Cristo Redentor (51) 3026-6083

- Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja 1, Centro (42) 3623-6818 - Paranaguá XFactor Skt Rua Marechal Deodoro, 55, Centro (41) 3422-6044

> SANTA CATARINA - Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840 > SÃO PAULO - Ferraz de Vasconcelos Vinte Nove Skate Shop Rua Tio Patinhas, 59, Parque Dourado (11) 95861-0489

- Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Punk Av. Nove de Abril, 168, Centro (19) 3019-6950 - Pompeia Exalt Skate Shop Rua Senador Rodolfo Miranda, 225, Centro (14) 9 8115-2318 / 9 8164-5397 - São Paulo All Store Boards Sports Av. do Cursino, 1.722, Saúde (11) 5058-1540 Almeida Sports Alameda dos Jurupis, 1348, Indianápolis (11) 4562-4430 RadicalDrop Skate Shop & Mini Ramp Rua Silva Bueno, 2496, Ipiranga (11) 2272 2359

MPVS SKATE SHOP Rua General Chagas Santos, 606 Saúde - São Paulo/SP Tel: 55 (11) 2532-1553 www.mpvsskateshop.com.br

- Sorocaba Xtreet Skateshop Rua Alfredo dos Santos, 166, Vila Carol (15) 3226-3011 / 99151-2511

Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a revista Tribo Skate para a sua loja!

VOCÊ ENCONTRA OS PRODUTOS TRIBO SKATE NAS SEGUINTES LOJAS: B.O.C.A. (Circo Voador): Rua dos Arcos, S/N, Lapa - Rio de Janeiro/RJ - (21) 99902-0335 Blackout: Av. Automóvel Clube, 21, qdG sl B, Parque Equitativa - Duque de Caxias/RJ - (21) 3671-7864 C4 Skate Shop: Rua Francisco Otaviano, 67 LJ 50, Galeria River, Arpoador - Rio de Janeiro/RJ - (21) 3081-2644 Dropp Surf: Rua Afonso Vergueiro, 1583, Centro - Sorocaba/SP - (15) 3033.0063 Fomo Vertical Distribuidora: Rua Fernão de Magalhães, 41, qd G lt 2 - Campo Grande, Rio de Janeiro/RJ - (21) 3426-5912 Gigante Street Shop: Rua Chaves Faria, 20, Centro - Teresópolis/RJ - (21) 3097-4948 Grab Oficial: Rua Nair de Andrade, 45 LJ 7, Alcântara - São Gonçalo/RJ - (21) 4124-6554 Grind Skate Shop: Rua São Francisco, 40 - Joinville/SC - (47) 3026-3840 Hi Adventure: Rua Sotero de Faria, 610, Rio Tavares - Floripa/SC - (48) 3338-1030 Matriz Skate Shop: Online - matrizskateshop.com.br Shopping Total - Av. Cristóvão Colombo, 454 - Porto Alegre/RS - (51) 3018-7072 Shopping Wallig Bourbon - Av. Assis Brasil, 2611, LJ 248 - Porto Alegre/RS - (51) 3026-6083 Puro Skate Shop: Rua Lemos Cunha, 540, Icaraí - Niterói/RJ - (21) 3619-8018 Roots Skate Shop: Rua Leopoldo de Bulhões, 166, Centro - Anápolis/GO - (62) 3311-2012 Sagaz Skate Shop: Rua Ferreira Pena, 120, Centro - Manaus/AM - (92) 3233-2588 Switch Skate Shop: Rua Comandante Marcondes Salgado, 619 - Centro - Ribeirão Preto/SP - (16) 3235-6867 Faça parte desta lista: produtostriboskate@gmail.com

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ZRM CRIAS DO ASFALTO

Febem, DJ Sleet e Flip.

COM MUITO RAP, SKATE E DRINK, OS PAULISTAS DO ZRM (ZERO REAL MARGINAL) VÊM CHAMANDO ATENÇÃO DOS OUVIDOS ATENTOS À NOVA GERAÇÃO DO HIP HOP BRASILEIRO. A MÚSICA SKATEDRINK, QUE CONTA COM UM CLIPE GRAVADO EM PICOS CLÁSSICOS DO SKATE PAULISTANO COMO A PRAÇA ROOSEVELT, JÁ É HIT NAS TRILHAS DAS SESSÕES DE STREET PELO BRASIL E O EP ‘PEDRA NO SAPATO’ JÁ DEU UMA BELA AMOSTRA DO QUE ESTÁ POR VIR. ÀS VÉSPERAS DO LANÇAMENTO DE SEU PRIMEIRO DISCO OFICIAL, OS CARAS DO ZRM TROCARAM UMA IDEIA COM A TRIBO SKATE SOBRE RIMAS, MANOBRAS E A CARREIRA DO GRUPO. POR FERNANDO GOMES // FOTOS MARCO GRILO (CARGOCOLLECTIVE.COM/MPGRILO)

F

oi o skate que apresentou o Hip Hop a vocês? Não, na verdade todos fomos apresentados ao Hip Hop bem antes de andar de skate. O DJ Sleet pelos amigos de escola, o Febem pela mãe quando morava em Diadema, pois ela era envolvida com os trabalhos do Centro Cultural Canhema a.k.a. Casa do Hip Hop, e o Flip pelos amigos vileiros.

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Como/quando vocês se conheceram e decidiram formar o ZRM? Os MCs Flip e Febem são amigos de infância e o DJ Sleet conhecemos há uns nove anos, através do skate. O ZRM foi formado em 2010, em 2011 tivemos o apoio da Ésseponto Records, gravamos os primeiros sons e em 2012 colocamos os primeiros trabalhos nas ruas.


rap

Vocês fizeram um som juntos com a banda de hardcore InnerSelf. Como foi essa parceria e quais ritmos/bandas além do rap fazem parte da vivência de vocês? Foi muito da hora essa junção; o skate nos trouxe essa vivência nos dois mundos: rap e hardcore. Também temos sons em parceria com os amigos do Bayside Kings, Bullet Bane e com o DPR, que já são da família também. Além de muito rap, O DJ Sleet também ouve samba de raiz, assim como o Febem que também curte rock´n roll e música eletrônica, e o Flip curte bastante hardcore e MPB. A junção entre rap e hardcore é algo que rende bons frutos na história da música, inclusive nos vídeos de skate. Quais sons nessa linha vocês indicam que a galera pesquise? Além dos que já foram citados, sugerimos que a galera dê um Google aí nas bandas Fim do Silêncio (que também é a banda do Flip), Navio, Chuva Negra e os clássicos Dead Fish e Garage Fuzz. Vocês ainda não têm um disco oficial lançado, mas já contam com alguns clipes bem produzidos. O investimento em clipes antes dos discos parece ser uma tendência no mercado independente atual, concordam? Sim! Quem não é visto não é lembrado e no nosso caso um clipe é mais em conta do que um disco, financeiramente falando. Então, a melhor forma de promovê-lo é soltando alguns singles em forma de clipe aproveitando esse espaço que a internet nos dá. A molecada do funk é um exemplo que tem u$ufruído muito bem dessa tendência do mercado da música. O que é a Ésseponto Records? A Ésseponto é um selo fundado pelos amigos do Haikaiss, que nos apoia desde sempre e vem crescendo cada dia mais. Depois de mostrar nosso som que gravamos em casa, fomos chamados pra fazer parte do selo, daí veio todo o apoio nas gravações pro primeiro EP e videoclipes; depois os Guerrilheiros e o rapper Ursso entraram também pro selo e essa é a atual escalação do time, que é a parte do business musical do coletivo DamassaClan. Vocês se saem melhor numa batalha de freestyle ou num Game of SKATE? Se pá, num Game of Skate, porque nunca batalhamos nem fazemos freestyle na seriedade; não é o nosso forte. O Kamau está de prova (risos).

// áudio

Quais os vídeos de skate (ou vídeo partes) que mais marcaram vocês pela trilha sonora? A trilha do vídeo Cherry da Supreme, do Baker 3, Duotone e o Mouse da Girl. As partes do Marc Jhonson no Yeah! Right (Joy Division), do Cezar Gordo no 100 Planos (Jacksom) e do Rodrigo TX no Can’t Stop (Tribalistas e Big L). Tanto o rap quanto o skate estão num momento de grande força no Brasil. O que vocês acham que tem que ser feito para que essa força se mantenha sem que a essência dessa cultura não se perca? Que a mídia e as marcas acreditem e apóiem mais, pois nossa parte seguimos fazendo, na humilde e com amor à cultura que não pode se perder. Em que vocês estão trabalhando atualmente e o que vem por aí do ZRM? Atualmente o foco é terminar o disco novo que está praticamente na fase final e continuar tacando o terror na cena, estragando as festas, como de costume. O que dá pra adiantar para a Tribo Skate sobre esse disco de vocês? O título do disco é GoldenSgoto e sairá com 14 faixas, sendo cinco delas com participações do Haikaiss, Nectar, SpJungle, Jamés Ventura e Doncesão, Ogi e Pizzol. O disco tem previsão de lançamento para julho deste ano, se tudo der certo, e o skate continuará fazendo parte das nossas rimas sempre; não tem como fugir disso, é parte do nosso cotidiano e das nossas vidas. O disco é bem variado, dentro do rap, cada música com um tema e um clima diferente, mas o skate sempre será parte do nosso vocabulário de rua.

Atualmente o foco é terminar o disco novo que está praticamente na fase final e continuar tacando o terror na cena, estragando as festas, como de costume.

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skateboarding militant // por guto jimenez* JERRI ROSSATO LIMA

A descoberta de um pico

I

IVAN SHUPIKOV

ndependente da idade, do sexo ou da modalidade que se pratica, uma coisa parece unir a todos os skatistas: a facilidade de descobrir lugares onde se possa andar de skate. Enxergamos bordas, transições e verdadeiros “tapetes” onde os leigos só conseguem ver canteiros, bancos e corrimãos, curvas saídas das pranchetas de arquitetos ou simples ladeiras. Acrescentamos conteúdo em locais onde os outros só conseguem ver formas, graças à visão privilegiada que somos obrigados a ter em nosso dia a dia. Recentemente, uma questão se colocou com destaque em redes sociais: o que fazer quando se descobre um pico novo? Nosso instinto nos indica a fazer duas coisas, que são explorar as possibilidades do local andando de skate nele e espalhar a novidade pros nossos amigos. Como em tudo na vida, é preciso testar e aprovar o local antes de qualquer outra coisa, de preferência com as pessoas com as quais você gosta de fazer suas sessões, certo? Desculpe te dizer, mas se você agir conforme os seus instintos, as chances do pico durar muito tempo serão bem reduzidas. Há muitos anos, algumas regrinhas básicas sobre como agir em relação a um pico novo correm de boca em boca na comunidade do skate. Não, nós não gostamos muito de regras nos enchendo o saco, mas nesse caso é melhor você pelo menos conhecê-las e usar o bom senso na hora de decidir como irá agir. Tenha em mente que o que você deseja é usufruir daquele local pelo máximo de tempo que puder e andar de skate nele sempre que for possível, e daí a sua decisão será mais adequada. “Quanto menos gente souber, mais você irá andar”. Por mais egoísta que esse conceito seja (e é mesmo, sem dúvida alguma), aqui vale o mesmo instinto de autopreservação que trazemos conosco sempre que subimos num skate. Cuide do seu pico como você cuida de seu próprio corpo, tomando conta dele e só expondo aquilo que você deseja. Além de sua sessão render mais, pense numa consequência desagradável, a de não poder andar num pico porque o mesmo ficou vetado de uma hora pra outra. Quanto mais crowd, mais chances de aparecerem problemas como alguém se machucar, perturbar pedestres ou moradores e atrair uma atenção indesejada ao local. Portanto, analise bem todas as variáveis antes de sair espalhando a localização de um lugar genial que você tenha descoberto pra geral. “Não deixe nada além de uretano, metal e madeira”. Por mais que eu aprecie as artes plásticas, e até mesmo tenha alguma coisa de street art em casa, nunca consegui entender a compulsão que algumas pessoas têm em pichar um pico de skate. Quando é um grafite artístico, eu acho ótimo porque embeleza e agrega ainda mais valor ao local, que serviu de inspiração e moldura a uma expressão inspirada. Por outro lado, esses rabiscos sem noção usados pra marcar território são simplesmente ridículos, coisa de quem precisa aparecer de alguma forma. O pior de tudo é quando escolhem tintas à base de óleo pra emporcalharem o local e, muitas vezes, estragam tudo por deixar escorregadio demais pra andar de skate sobre a superfície pichada. A melhor homenagem que você pode render a um bom pico é andar de skate da melhor maneira que puder nele, e ponto; deixe os garranchos pras dezenas de muros que devem ter onde você mora. “Não tire nada além de imagens e boas memórias”. Conheço um cara que tem obsessão por levar “lembrancinhas” dos picos mais estilosos por onde passou com seu skate; ele guarda pedaços de copings, pastilhas cerâmicas e até mesmo uma lasca do asfalto da Ladeira da Morte e outras bizarrices

A piscina Classe D é um dos maiores exemplos de deslumbramento com um pico de skate no Brasil. A invasão foi tanta que houve momentos que até a polícia colava para inibir as sessions. Tanto tempo depois, ainda é um local que tem que ser usado com respeito, com autorização dos skatistas locais e de quem cuida do terreno. Jen O‘Brien, fs grind, 2007.

numa caixa. Na boa: ele é meu camarada mas tem problemas, se é que você me entende... Isso só deveria valer pra última sessão de todos os tempos no pico, do tipo “vai demolir amanhã pra nunca mais”, e olhe lá. Tire o máximo de fotos e faça o máximo de tempo de vídeos que puder e guarde o resto na memória, e mais nada. Como você pode ver, só é preciso ter um pouco de disciplina e determinação pra se manter um pico discreto e skateável por mais tempo. Use e abuse do “seu” pico e espalhe se for possível – mas, se não for, mantenha o bico calado e aproveite enquanto é tempo. O mais importante de tudo é andar de skate e se divertir, mantendo os olhos abertos pra novos picos e novas sessões. O resto é festa!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

80 | TRIBO SKATE junho/2015






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