RODRIGO OGI * ZÉ ALEXANDRE * NOVOS PROS * DENIS SILVA * RODRIGO LEAL
O LATÃO
A ONDA DA SÉRIE
ANTÔNIO JUNEKA DE DENTRO PRA FORA
EURO ONDAS
POR JOVANI PROCHNOV
GRU EM NY
GUARULHOS NA BIG APPLE
ADAPTADOS PARTE 2
Henrique Siqueira, Madonna Ano 25 • 2016 • # 240 • R$ 12,90
SKATE SEM LIMITES
www.triboskate.com.br
TRIBO SKATE 240 JANEIRO 2016
ESPECIAIS> 32. GRU em NY
Guarulhos na Big Apple
38. Euro Ondas Por Jovani Prochnov
46. Antônio Juneka Entrevista Amador
56. O latão
A onda da série
66. Adaptados 2 Skate sem limites SEÇÕES>
Editorial............................................................... 10 Zap ..................................................................... 14 Casa Nova .......................................................... 70 Negócios e tecnologia .........................................74 Áudio/Playlist: Rodrigo Leal ................................ 76 Áudio/Rap: Rodrigo Ogi ...................................... 78 Skateboarding Militant ........................................ 80 CAPA: Os inúmeros tês que seguram os latões e formam half pipes reais, são a dose a mais de adrenalina nas efêmeras sessions. Henrique Siqueira puxou suas bases de todos os tipos de transição para lindas linhas e este Madonna na casquinha (a lâmina). Foto: Thomas Teixeira ÍNDICE: Sossego em pessoa, arraso no street, Samuel Jimmy é um criativo que controla as emoções para vencer os diferentes desafios do caminho. Ollie gap to frontside fifty-fifty em Los Angeles, CA. Foto: Bruno Park
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// Ăndice
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editorial //
Dois, quatro, zero POR CESAR GYRÃO // FOTO ANA PAULA NEGRÃO
C
ontagem regressiva, 5, 4, 3, 2, 1… Fogo! Chegamos a 2016, o ano em que a Tribo Skate completa a marca de 25 anos de serviços prestados ao skate brasileiro. Em suas mãos a edição dois, quatro, zero, um número redondo que anima ainda mais a vontade de comemorar tantas e tantas conquistas compartilhadas com tantos e tantos personagens. Sim, cada palavra acima, sendo número ou redundância, foi lançada para deixar clara a importância de um veículo de comunicação do skate que viveu todos estes anos com autenticidade, refletindo o universo das ruas e das pistas com suas glórias e seu lado vira-latas. É recorrente entre quem esteve em nossas páginas, ou que nos acompanhou como leitor por anos ou períodos curtos, ouvir o quanto fizemos a cabeça de muitos com nossa missão de informar, entreter, registrar, discutir e propor valores para balizar a evolução do skate brasileiro. Vamos aguardar setembro para a festa dos 25, mas sem deixar de ir aquecendo, mês a mês, com as novas conquistas, atualizações de nossas plataformas, eventos e reinvenções, como o bom e velho skate sempre faz, desde o início.
A menina doce de São José dos Campos é uma fera ao encarar grandes obstáculos na rua. Pâmela Rosa, bicampeã mundial de street, backside boardslide no corrimão da Hollywood High School, Los Angeles.
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Próxima edição // 241
Construção e destruição, lado a lado. Tudo pela arte!
ANO 25 • JANEIRO DE 2016 • NÚMERO 240
Editores: Cesar Gyrão e Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Chefe de redação: Junior Lemos Arte: Edilson Kato Publicidade: Fabio Bolota Cezar Toledo Colaborararam nesta edição: Texto: André Calvão, Eduardo Ribeiro, Guto Jimenez, Pedro de Luna e Rodrigo K-b-ça. Fotos: Ana Paula Negrão, André Calvão, Autumn Sonnichsen, Bruno Park, Carlos Henrique dos Santos, Daniel Nunes, Diego Ramos, Diogo Ramos, Fábio Bitão, Flavio Lima, João Brinhosa, Jovani Prochnov, Leandro Moska, Maurício Pokemon, Raphael Kumbrevicius, Rodrigo K-b-ça, Rodrigo Porogo, Tadeu Ferreira, Thomas Teixeira, Vinicius Branca e Washington Teixeira.
Norte Marketing Esportivo Diretor-Executivo e Publisher: Felipe Telles Gerente de Conteúdo: Rafael Spuldar Diretora de Criação: Ana Notte Diretor de Arte: Fernando Pires Editora de Arte: Renata Montanhana Editor de Fotografia: Ricardo Soares Produtora: Carol Medeiros Editora On-line: Anna Paula Lima Editor de Vídeo: Paulo Cotrim Distribuição: DINAP Assinaturas: www.assineesfera.com.br Telefone: (11) 3522-1008 Endereço: R. Estela Borges Morato, 336 – Limão – CEP 02722-000 – São Paulo – SP Impressão: Leograf
www.triboskate.com.br A revista Tribo Skate é uma publicação mensal da Norte Marketing Esportivo
As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
JM, Varsóvia, Floripa, SC. Foto: Adriano Rebelo
zap //
ZÉ ALEXANDRE JOSÉ ALEXANDRE SEMPRE FOI CONHECIDO ENTRE OS AMIGOS COMO ZÉ, MESMO ANTES DE COMEÇAR A ANDAR DE SKATE, COISA QUE ACONTECEU AOS 11 ANOS DE IDADE. LOCAL DA VILA QUE SE CHAMAVA TREVO E DEPOIS VIROU JARDIM PLANALTO, FORAM NAS TRANSIÇÕES DE UM HALF PIPE QUE O ZÉ COMEÇOU A DESENVOLVER SUA HABILIDADE EM CIMA DO CARRINHO, MAS FOI NO STREET QUE SEU NOME PERCORREU TODO O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E, DEPOIS O BRASIL. ZÉ ALEXANDRE, TEVE SUA PRIMEIRA FOTO PUBLICADA EM UMA REVISTA NAS PÁGINAS DA TRIBO SKATE, EM 1993 E, EM POUCO TEMPO, FOI PROMOVIDO A PROFISSIONAL. PARTICIPOU DE DIVERSOS CAMPEONATOS DO CIRCUITO BRASILEIRO DE STREET, MAS COMO A SITUAÇÃO DE UM SKATISTA PROFISSIONAL NÃO ERAM AS MELHORES NA ÉPOCA, FOI OBRIGADO A DEIXAR O SONHO DE LADO PARA CONQUISTAR A ESTABILIDADE, MAS SEM NUNCA ABANDONAR COMPLETAMENTE O SKATE. HOJE, ELE DIVIDE AS SESSÕES COM DOIS DOS SEUS FILHOS, ALÉM DA GALERA DE ESTEIO, QUE ESTÁ MAIS ATIVA DO QUE NUNCA. CONHEÇA MAIS ZÉ ALEXANDRE, UM CARA QUE SOUBE MESCLAR VERTICAL COM STREET E QUE HOJE SE DIVERTE MAIS DO QUE NUNCA COM O SKATE. / TEXTO E FOTOS RODRIGO K-B-ÇA LIMA /Você foi skatista profissional por um período de, mais ou menos, três anos, lá na década de 1990. Como foi essa época e por que você desencanou da profissão? Por aí... Naquela época o calendário de campeonatos era bem difícil de acompanhar e tinha que escolher algumas competições para poder ir. Acabei ficando um pouco desiludido na época com algumas coisas, além do que já não conseguia conciliar meu trabalho no ramo de instrumentação em uma empresa petroquímica (o qual já faço há 19 anos) com o skate. Foi quando vi que preferia andar de skate com meus amigos só pela diversão mesmo. Quais as principais diferenças entre o skate naquela época e o de hoje? Hoje se tem mais acesso para tudo, facilidade de se conseguir material de qualidade. Os vídeos são lançados pelas marcas e o assistimos praticamente no dia da première e isso ajuda muito. Também temos mais pistas. Aqui no Rio Grande do Sul, hoje temos vários skateparks de excelente nível, coisas que não tínhamos naquela época. Isso, para a evolução, é muito importante. E você consegue se divertir mais hoje em dia, ou preferia antes quando o skate estava mais no pé? (risos) A diversão, para mim, sempre foi a parte mais importante do skate. Hoje ando mais leve, sem compromisso. Claro que o nível do skate é diferente, mas o que foi feito está na mente e isso ninguém apaga... Mas a diversão hoje em dia é o que mais me motiva. Você tem três filhos e dois deles lhe acompanham na sessão. Como é levar os guris pra andar de skate e poder acompanhar a evolução deles? Aleff, o mais velho, mora com a mãe dele. Os outros dois, o Gabriel e o Théo moram comigo e a Caroline, minha esposa e mãe deles. Para mim é incrível andar com eles. É um prazer gigante que seu filho divida uma session com você, além do que eles são queridos demais. (risos) Eles vão direto na sessão comigo, sem pressão nenhuma... Já vi que você é contra a pressão... O que você acha daqueles pais que querem transformar os filhos em super-skatistas? Tenho pavor!!! Acho que é a contramão, caminho errado. Uma criança não tem que fazer nada forçado. Às vezes quando caem, falo só uma vez para eles irem de novo, do contrário não tem insistência. Na vida, tudo é mais leve sem pressão. Pra finalizar... Como estão sendo essas sessões com a galera dos anos 1990 de Esteio, que está mais unida? Esteio sempre teve isso, a união da galera, que várias pessoas reparam e comentam sobre como mantemos a amizade. A sessões são muito boas, pois nos reunimos, conversamos sobre nossa famílias e às vezes fazemos um churrasco. É skate com muita diversão. Nada melhor que andar de skate com amigos de verdade e dar muitas risadas. Puro skate family.
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Quer agradecer alguém?? São muitas pessoas envolvidas nisso tudo, desde a minha família lá no início até a minha esposa, meus filhos e os meus amigos.
Com o filho Théo.
// José Alexandre Pereira 39 anos, 29 de skate Esteio/RS
// zap
Bs disaster em Nova Petr贸polis, RS.
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zap //
Mais e melhores skateparks em São Paulo POR CESAR GYRÃO // FOTOS TADEU FERREIRA Recentemente o Skatepark Público da Saúde, na Zona Sul, foi repaginado numa reforma muito comemorada pelos skatistas de São Paulo. O primeiro estágio da obra contemplou a parte de cima da pista, mas faltava a parte de baixo. Por trás deste movimento, alguns dos principais skatistas do bairro, a associação de skate local e o vereador George Hato, estão tornando este ponto clássico do skate paulista numa referência do que pode ser feito com as demais áreas para a prática do esporte na capital. Com emenda do vereador George Hato, projeto do profissional Humberto Beto em conjunto com a Associação dos Skatistas da Saúde, finalmente iniciou-se a reforma da parte de baixo. Nasce um setor “skate plaza” na Saúde, num espaço de 600 metros quadrados. Esta ainda não será a etapa final da nova área, pois a prefeitura está liberando os recursos para as obras aos poucos. Pelo empenho real dos muitos envolvidos, o sonho vai se tornando realidade e a pista que revelou talentos como Nilton Neves, André Hiena e Humberto Beto e ativistas do skate como Edson Juninho, Bruno Axé e Claudinei Bio se transforma novamente numa parada obrigatória para quem mora ou visita São Paulo.
A galera da Saúde comemora.
Fischer,Tadeu e George.
O Projeto de Lei
Ed Scander e George Hato, batalha pelo Projeto de Lei.
FOTOS DIVULGAÇÃO
No último mês de dezembro, George Hato protocolou na Câmara de Vereadores um Projeto de Lei que trata da obrigatoriedade de acompanhamento especializado nas construções ou reformas de pistas de skate a serem executadas pela Prefeitura de São Paulo em locais públicos. Esta é uma ideia antiga que pode representar uma nova era de skateparks de boa qualidade, uma vez que a ideia é que qualquer obra que envolva a modalidade passe por aprovação da Federação Paulista ou Confederação Brasileira de Skate. É sugerida também a obrigatoriedade de acompanhamento por um profissional especializado em pistas de skate durante as obras. O projeto de lei foi protocolado em dezembro de 2015 e irá para discussão em plenário da Câmara Municipal de São Paulo durante o ano de 2016. Agora é torcer e acompanhar para que seja aprovado.
João Gabriel.
Guilherme Xelem.
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+ Amais O nome da marca remete a um tipo sanguíneo, e não poderia ser mais apropriado. A Amais é skate na veia, a começar por seu criador, Marcus Valente, seus filhos skatistas (Felipe e Bruno), enfim sua família que respira uretano, madeira e metal. Para 2016, além do pro master Henrique Banana e do agitador amador Fabio Gheraldini, a equipe está reforçada com dois novos nomes: Guilherme Xelem e João Gabriel. Com a base em São Paulo, mas já conquistando admiradores no país, a Amais promete estender seu conceito circulando com seu time.
zap // A INCONSISTÊNCIA DO EMOCIONAL // POR @ANDRECALVAO
“A VIDA É VIVIDA EM UM TEMPO, DEFINIDO POR CADA INDIVÍDUO. A VAIDADE É VENCIDA COM CADA EXPOSIÇÃO DO QUE AGRADA. LEMBRANÇA GUARDADA EM UM LUGAR NÃO FISICO. ONDE VOCÊ OLHA MAS NÃO TEM CERTEZA DO QUE VÊ.” (ANDRÉ CALVÃO)
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: 1. Santos. 2. Estrada. 3. São Paulo. 4. Guega Cervone e Fernando Cardoso. 5. Akira Shiroma, Leo Low e Guega Cervone. 6. Alexandre Cotinz. 7. Sala de Ensino. 8. ... 9. Estúdio.
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Flip team entre nós // TEXTO E FOTOS JUNIOR LEMOS Diria que foi lance de sorte! Dropar em Porto Alegre pro Matriz Pro e logo de cara receber o convite pra acompanhar Denny Pham, Arto Saari, Tom Penny, Ben Nordberg e David Gonzalez. Nada amarrado com o trabalho; a proposta era descontrair, tomar um chimarrão e trocar ideia com os caras. Foram cinco dias em que parte do time internacional da Flip esteve entre os brasileiros, momento de conhecer Ben e Denny, e quando a presença da lenda Tom Penny, dos ídolos Arto e David, transformava qualquer lugar que se ia. E eles atendiam com toda atenção aos pedidos de seja lá o que for: selfie, autógrafo, adesivo, uma manobra, uma palavrinha. E olha que os caras conversaram com todos, vezes em inglês, português ou qualquer idioma que se inventasse na hora, afinal a língua que esses caras falam é universal, tem quatro rodas, dois eixos e um shape. Privilégio maior foi de quem conseguiu trombá-los manobrando! O meu foi de também poder conhecer os novos skateparks de Canoas e Guaíba (Que trabalho magnífico a Spot está fazendo). Foi uma experiência única ver Arto Saari fotografar com uma de suas seis câmeras (analógicas e digitais), conhecer as manias e traquejos do Tom e ainda ser apresentado com mais propriedade a Porto Alegre e arredores. Diria que sou um cara de sorte, mesmo!
Denny, Arto,Tom, Ben e David.
Arto, bs smith no Complex.
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David, fs flip em Canoas.
Ben, bean plant no Brooklyn.
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RODRIGO K-B-ÇA
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Pros 0 km Como todo começo de ano, uma lista em especial toma conta das conversas entre skatistas de todo o Brasil. É a tão aguardada divulgação de novos profissionais brasileiros que foram aprovados pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk), o resultado dos pedidos de profisisonalização feitos no ano anterior e que são analisados por comitês de profissionais específicos em cada modalidade. “A importância deste processo é garantir condições de patrocínio adequadas para os skatistas profissionais, porque se qualquer um com vontade de se profissionalizar - e garanto que são centenas de milhares - fossem profissionalizados, as marcas não teriam como patrocinador nem 1%. O atual processo de aprovação para profissionalização na entidade foi criado há mais de 10 anos. Naquela época os skatistas profissionais reclamavam existir muitos deles sem nível técnico e se vendendo por camisetas e shapes, que passaram quando não haviam regras ou as normas eram brandas”, explica Ed Scannder, vice-presidente da entidade, que complementa: “O comitê de street é o mais rigoroso: exige uma vídeo parte impactante e lançada nacionalmente nos últimos três anos e pelo menos o candidato ter sido capa ou ter entrevista numa revista de circulação nacional, além de histórico, representatividade e postura, fora ter patrocinador capaz de pagar um bom salário.” Por enquanto apenas downhill slide e street divulgaram suas listas; freestyle, slalom e vertical não receberam solicitações. Já no downhill speed, nenhum pretendente foi aprovado e os integrantes do comitê da categoria bowl devem se reunir em breve para esta definição.
JOÃO BRINHOSA
Roberto Souza, ss fs flip.
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Dexter, crailslide.
VINICIUS BRANCA
// zap
Felipe Marcondes, wallie.
RODRIGO POROGO
Wallace Belo, noseblunt.
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RAPHAEL KUMBREVICIUS
zap //
Guiri Reyes, flip達o.
CARLOS HENRIQUE DOS SANTOS
Junior Pereira, fs fifty.
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LEANDRO MOSKA
// zap // Pros 0 km
O carioca recém-profissionalizado pela CBSk Wallace Belo sabe da importância do rito de passagem mas acredita que o dia a dia do skatista é que o torna profissional. “Quando você dedica uma vida ao skate; anda, filma, fotografa, viaja, faz caixa dois pra continuar nos corres etc, na minha opinião, isso é ser profissional. A CBSk apenas o regulariza para participar dos eventos da entidade, nada além disso. Quem lhe faz profissional é seu trampo diário no skate e as marcas que acreditam em você”, disse o skatista. O também novo pro Felipe Marcondes, que representa a região do Vale do Paraíba em SP, destaca outra qualidade desta ação da CBSk que vai além do credenciamento para competições: “Eu acho que o mais importante agora vai ser poder lançar produtos com meu nome, essa vai ser a minha maior responsa!” Contudo, a relevância desta ação não é consenso entre todos! O paulistano Ricardo Dexter, que teve seu primeiro pedido negado e mesmo assim se profissionalizou pelos seus patrocinadores em 2015 e só este ano conseguiu o aval da CBSk, acredita que este ‘filtro’ já é feito pelo prório mercado. “Se ele não for um bom profissional ou se ele não tiver um nível para isso, quem vai boicotá-lo é o próprio mercado e não uma confederação e muito menos um grupo de quatro skatistas (comitê).”
DOWNHILL SLIDE (comitê: André Magriça, Jefferson Du, Kauê Mesaque, Paulo Coruja e Sérgio Yuppie) Aprovados: Arthur Piruka (SP), Cris Punk (SP), Natan Alemão (SP) e Rafael Massa (SP) STREET (comitê: Danilo do Rosário, Diego Oliveira, Lucas Xaparral e Márcio Tarobinha) Aprovados: Alexandre Cotinz (SP), Caio Guilherme (MG), Carlos Ribeiro Dudu (RS), Douglas Pankrage (SP), Felipe Marcondes (SP), Guiri Reyes (SC), Heverton de Freitas (PR), Jr. Pereira (SP), Juliano Guimarães (PR), Ricardo Dexter (SP), Roberto Souza (SC), Thalles Prates (SC), Thiago Xuxa (SP) e Wallace Belo (RJ) Caio Guilherme, ss bs noseslide.
JOÃO BRINHOSA
Thalles Prates, nollie shovit.
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Patrick Willians contou sua história e mandou esse crooked.
Marcio Perninha, segundo entre os iniciantes, bs feeble.
Skate contra a violência
Bairro Mario Quintana
POR WANDERLEY BOLÃO // FOTOS DANIEL NUNES O 3º Encontro de Skate do Bairro Mario Quintana foi a consequência de um sonho que surgiu em 2012 de levar o skate como ferramenta de inclusão social para o bairro mais pobre e um dos mais violentos de Porto Alegre. No início, o que parecia loucura acabou se tornando realidade e a primeira edição aconteceu com o apoio da prefeitura e algumas marcas. Foram cerca de 200 espectadores e apenas dois competidores! Em 2013 a galera da comunidade aderiu ao skate e participou desde o início do projeto, reunindo-se uma vez por semana para organizar o campeonato junto. Mais uma vez a segunda edição foi um sucesso, com 500 espectadores, 30 competidores e atrações culturais dos moradores locais. Em 2014 aconteceu uma tragédia: a violência da região acabou com a vida de três jovens que eram do movimento que organizava o campeonato. Por desconhecer um toque de recolher existente no bairro, foram alvejados às 21h00 de uma noite “normal”. Isso abalou os demais jovens do movimento, mas não impediu que o grupo realizasse uma homenagem aos mortos. A Big Ball promoveu o evento “Skate pela Paz” e mais de 300 pessoas, incluindo familiares, skatistas e comunidade compareceram no campeonato e pedido de paz. O skate cresceu bastante e diversos jovens acabaram deixando as coisas erradas para praticá-lo e, em 2015, com organização da Big Ball, Only by Skate e a Prefeitura, promovemos o 3° Encontro com a presença de cinco atletas de São Paulo, patrocínios de marcas nacionais e regionais. Além do campeonato de skate, aconteceu um torneio de futebol de campo mirim com 10 times e ações sociais como teste de diabetes, HIV, DSTs, brechó, brinquedos infláveis, mais de 15 atrações culturais que levaram mais de 3 mil pessoas para o Parque Chico Mendes. E agora o movimento encabeçado pelo Giovane Byl está com um projeto para levar o skate para mais comunidades carentes de Porto Alegre. Giovane Byl é líder comunitário do Orçamento Participativo, militante da cultura e do esporte. Que as boas iniciativas acabem com a violência!
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Ewerton Dolosto, 360 flip.
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Profissional convidado para participar do evento, Rogerio Troy, fence to fakie.
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DENIS SILVA UMA DAS PRIMEIRAS MISSÕES DESTE PAULISTANO DA ZONA LESTE É IRRADIAR AS BOAS VIBRAÇÕES DO SKATE. DENIS SILVA SANTOS É UM PROFISSIONAL DE STREET QUE VEM DIVERSIFICANDO SUAS ATUAÇÕES. ALÉM DE REPRESENTAR EM COMPETIÇÕES (FOI SEXTO NO RANKING PRO DA CBSK EM 2014), DIVULGAR SEUS PATROCINADORES, PARTICIPAR DO PROJETO SOCIAL LOVECT, FORTALECER A MARCA RUAPURA, AGORA ELE TAMBÉM ESTÁ TOCANDO SEU PRÓPRIO NEGÓCIO COM A KLAN-DESTINA, QUE COMEÇA COMO LOJA E SEGUIRÁ LOGO MAIS COMO MARCA. RECENTEMENTE DENIS SILVA PARTICIPOU DO MATRIZ SKATE PRO, COM A MESMA ENERGIA QUE LIDA COM AS CRIANÇAS DA ESCOLINHA DO LOVECT. SEMPRE DE BOM HUMOR E COM SKATE TÉCNICO NOS PÉS, PAI DE UMA MENINA DE 1 ANO E 4 MESES, CONTA QUE A FAMÍLIA VAI AUMENTAR EM BREVE COM A CHEGADA DO PRIMEIRO MENINO. O SKATISTA DA CIDADE TIRADENTES ESTÁ HÁ ANOS COM A SNOWAY, MARCA QUE COMEÇOU COMO AMADOR AOS 14 ANOS DE IDADE, AFASTOU-SE POR UM BREVE PERÍODO E DEPOIS RETORNOU, TORNANDO-SE PRO EM 2012, QUANDO LANÇOU SEU PRIMEIRO PRO MODEL. AS BOAS HABILIDADES DO SKATE DO DENIS SILVA PODEM SER VISTAS EM VÍDEOS COMO O LOVECT, DO TRISTAN ZUMBACH E NAS SESSIONS COTIDIANAS DE PICOS COMO A VELHA PISTA DA COHAB PRESTES MAIA E OS VÁRIOS NOVOS PICOS DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO.
// Denis Silva Santos 29 anos, 17 de skate São Paulo, SP Patrôs: Snoway, Drama Original, LoveCT Inclusão e Resgate, Klan-Destina Skateboarding
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– Meu projeto para 2016 com o coletivo LoveCT Inclusão e Resgate , é continuar levando a alegria para as crianças e trazer muito mais alunos do que já temos através do skate e conseguir mais interação para o projeto. A questão das necessidades, acredito que tem muito mais empresas que po-
demos alcançar, além dos meus patrocinadores. No que depender de mim, não faltará nada para as nossas crianças! • Salve, Denão. Primeiro, pra mim, você é muito além de um skatista: é um guerreiro. Então, mano, queria saber como é carregar a família no carrinho skate? Dá
THOMAS TEIXEIRA
• Salve Denão! Quais são seus planos para o ano de 2016? Tamo junto firma, é noiz. Pow, pow. Love CT! (Luiz Rogério Julio) – Salve Luizinho! Meus planos para 2016 são inaugurar a loja da Klan-Destina, terminar minha entrevista junto com uma vídeo parte que está sendo produzida, continuar participando dos campeonatos e viajar para conhecer novos lugares para andar de skate, tanto no Brasil como fora. As fotos para a entrevista da Tribo Skate estão sendo feitas pelo Thomas Teixeira e o vídeo pelo Magno. • Seu estilo de skate é mais de rua, mas está sempre nas pistas. Como você faz para dar atenção à sua família, seus projetos sociais, patrocinadores? Você prefere andar de skate aqui ou na gringa? (Felipe Thiago) – Eu tento estar sempre andando de skate na rua ou na pista. Gosto de andar nas pistas porque nelas eu encontro os amigos e me divirto. A pista coloca o skate no seu pé e na rua você desafia seu skate. Pular um gap grande, voltar vários dias para acertar aquela manobra para se sentir satisfeito, isso não tem preço. Eu procuro conciliar entre o skate, a família e o projeto. No LoveCT fazemos parte eu, Elton Melonio, Anderson Lucas e Marcelo Martins e um de nós sempre vai estar presente para tocar o barco. Sempre que dá, levo minha família comigo nas sessões! • Denis Silva, quais são seus projetos para 2016 com o coletivo LoveCT Inclusão e Resgate? Acredito que quando começarem as aulinhas de skate no projeto social vão ter grandes necessidades como equipamentos de segurança, skates etc. As marcas que lhe patrocinam ajudam para sanar algumas das necessidades? Abraço. (Robson Souza)
zap //
FOTOS THOMAS TEIXEIRA
DENIS SILVA
Fakie flip to switch crooked shovit 360 out.
pra pagar as contas de boa ou você tem que fazer algum outro trampo? Inspiração total. (Lucas de Souza) – Salve meu mano Lucas. Até o momento está dando, sim, para pagar as contas. É uma satisfação imensa poder sustentar minha família através do skate. Eu estou abrindo uma lojam a Klan-Destina Skateboarding a qual vai ser meu outro trampo, em breve. • Quando passou pra profissional, o que mudou na sua vida? E no seu reconhecimento como pro, como foi? (Juan Fernando) Quando passei para profissional fiquei muito feliz. Acredito que todo skatista quer um dia se torna pro. Mudou muita coisa: tive meu primeiro salário, model de shape, mo-
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del de rodas. É um sentimento muito bom você andar com os produtos com seu nome. Só tenho a agradecer! Isso já é um bom reconhecimento e vou continuar trabalhando. • Denis, sabemos da sua trajetória, vitórias e lutas, mais a real life. O que mais lhe motivou pra se tornar pro da Cidade Tiradentes? (Tiago Mister) – Umas das principais motivações foi minha mãe, Elenice. Ela sempre me incentivava em vida. Ela e meus amigos, que não dá para citar os nomes, pois são vários (risos), me fizeram não desistir e acreditar que ia dar certo na época das vacas magras. • Como está sendo pra você passar por tudo que passou? Quando era ama-
dor perdeu sua mãe, sua irmã, até os patrocínios, e agora o seu pai. Ainda mais nesse tempo de crise, sem campeonatos e as marcas cortando investimentos. Foi por isso que você decidiu investir em sua marca, para que no futuro você mostre para seus dois filhos que o skate é a sua vida? (Mailton dos Santos) – Sim, irmão, se não fosse o skate na minha vida, eu nem sei o que seria. O skate me resgatou das cinzas. Na época que perdi a minha mãe, tinha 16 anos, em seguida perdi minha irmã. Tirei minhas forças no skate e nos amigos que sempre me ajudaram de alguma forma. Hoje estou com 29 anos, um pouco mais experiente e maduro
// zap
para passar pelos os obstáculos da vida. Eu senti que tinha que dar início em uma parada para eternizar, por isso estou começando a Klan-Destina Skateboarding, porque a gente nunca vai deixar de ser skatista. • A maior parte do que vi sobre você é street puro e áreas de obstáculos das pistas. Você se aventura a dar uns rolês em bowls e minirrampas? (Samuel Peixoto) – Salve Samuel. Entãom na minirrampa eu até ando um pouco mais. No bowl eu já acho mais sinistro. Se eu tivesse me empenhado mais quando novo, até me atreveria, mas hoje deixo para os mais experientes para não atrapalhar a sessão. (risos) • Entre idas e vindas você tem um longo
vínculo com a Snoway. Como você entrou na marca e como é ter um relacionamento profissional tão longo? (Raquel Alves) – Eu entrei na Snoway quando tinha 14 anos. Eu estava filmando para o vídeo Chiclé 12, o Cris Fernandes fazia parte da Snoway e me colocou na marca. Aí muita coisa foi acontecendo na minha vida; fiquei um tempo afastado e, depois, na segunda vez quem me trouxe foi o Tom (Wellington). Agradeço muito por ele ter me colocado novamente no time. Estar na marca se tornou um relacionamento familiar, tenho uma abertura para conversar sobre qualquer tipo de assunto, posso opinar nos produtos e confecções. Isso é muito bom!
Próximo enfocado: DANILO DO ROSÁRIO Envie perguntas em nossas redes sociais (Instagram, Twitter e Facebook) com a referência #LinhaVermelhaTS. E se preferir, no site há um formulário para também enviar perguntas. Participe!
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GRU em NY
Skate, NY e os irmãos! O SKATE NOS LEVA A CONHECER OS LUGARES DE UMA MANEIRA ÚNICA E FAZER QUALQUER TRIP DESSAS COM FIÉIS AMIGOS TORNA A JORNADA BEM MAIS INTERESSANTE. AINDA MAIS SE O DESTINO FOR A CIDADE MAIS POPULOSA DOS EUA, SONHO DE CONSUMO DE TODO SKATISTA QUE MANOBRA NA RUA: NEW YORK. OS IRMÃOS DIEGO E DIOGO RAMOS, MARIO HERMANI E CLEVERSON MANIGLIA SÃO PARCEIROS DE ROLÊS EM GUARULHOS E EMBARCARAM EM UMA SKATE TRIP PRA CONHECER OS TRADICIONAIS PICOS DA MEGALÓPOLE NORTE-AMERICANA, VIAGEM QUE VOCÊS CONFEREM AGORA!
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janeiro/2016
// viagem DIEGO RAMOS
new york & philadelphia
Mario Hermani, ollie to ollie, WTC Zuccoti Park.
A gente sempre anda de skate na Brahma, não diariamente mas sempre que possível. Nos encontramos na parte da tarde e muitas vezes terminamos numa padaria pro rango da noite. Em Nova York, além de estrear a viagem entre amigos para outro país, também convivemos juntos debaixo do mesmo teto o que nos trouxe um novo aprendizado. Dá pra escrever um livro das histórias, hahaha... Agora falando do lugar, chegar e ver as portas de porão, o subway, a Love e seus arredores, Phillies, os bump to rail e toda a estrutura que formou o skate do ‘East Side’, nada paga. Um skate mais de sentimento e não competitivo! (Mario Hermani)
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Essa viagem foi inesquecível! Não foi a primeira vez que fui pros EUA, nem pra NY, mas foi a primeira viagem que fui pra lá com amigos. Normalmente a gente anda ali na Quadra da Brahma (Guarulhos) e foi legal ter feito essa viagem juntos e ter ido pra um lugar bem longe. É bem difícil de isso acontecer, bem fora do comum e foi uma experiência inacreditável. A gente remando na Times Square, pegando o Metrô, passando os dias juntos, andando de skate, foi realmente da hora!
DIEGO RAMOS
(Diogo Ramos)
Diogo Ramos, bs feeble, Broadway St.
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new york & philadelphia
DIEGO RAMOS
DIOGO RAMOS
Wallie do Diogo e o World Trade Center ao fundo.
// viagem
Cleverson Maniglia, flip to fakie, China Town.
Guarulhos na Times Square.
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DIOGO RAMOS
Diego Ramos bs noseblunt no Love Park, Philadelphia.
Essa trip com os amigos de Guarulhos para a East Coast do Estados Unidos acredito que vai ser uma das melhores lembranças que vou guardar pro resto da vida. New York é uma São Paulo que deu certo, como diz meu amigo Jimmy, que também é de Guarulhos e abrigou a gente na casa dele; nunca vou esquecer disso. Philadelphia, desde quando vi os primeiros vídeos de skate, com Josh Kalis e Stevie Willians no Love Park; quem nunca quis conhecer esse lugar? Infelizmente tem um projeto de destruí-lo agora em 2016 e esse foi um dos grande motivos da trip, tudo fui muito incrível e inesquecível GRU/NYC/PA. (Diego Ramos)
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// viagem
DIOGO RAMOS
new york & philadelphia
Cleverson Maniglia, layback boardslide, Brooklyn Bridge.
Viagem que valeu cada segundo, ainda mais com a companhia de amigos que realmente amam e vivem o true skate. Me lembro da sensação de quando saí do metrô e pisei na rua. ‘Meu Deus estou aqui mesmo e pra andar de skate?’. Inacreditável estar em NYC e na Love, em lugares que sempre sonhei. Depois que fui embora pensei: ‘Os caras que andam aqui realmente são os mais’. (Cleverson Maniglia)
DIEGO RAMOS
Diogo Ramos fs boardslide no Pier 15, Manhattan.
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Diego Fiorese em casa, manobrando com propriedade e conhecimento nesse pico de rua clรกssico de Copenhagen. Fs noseblunt slide.
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europa
// viagem
Marseille.
Copenhagen.
Copenhagen.
Euro Ondas
NÃO HÁ NOSTALGIA QUE CURE A VONTADE DE ANDAR DE SKATE NA EUROPA. QUEM UMA VEZ LÁ ESTEVE, SEMPRE VAI QUERER VOLTAR. EM 2015, ALGUNS MARINHEIROS DE PRIMEIRA VIAGEM ENCONTRARAM VELHOS AMIGOS QUE NÃO CANSAM DE PROCURAR MOMENTOS INESQUECÍVEIS NOS PICOS E PISTAS DE PAÍSES COMO A DINAMARCA, A FRANÇA OU A REPÚBLICA TCHECA. JOVANI PROCHNOV, JUNTO COM CAIQUE SILVA E LUIZ NETO, SEGUIRAM ALGUNS DESTES MOMENTOS ESBARRANDO COM DIEGO FIORESE, PEDRO BARROS E OUTROS QUE DESFRUTARAM DAS EURO ONDAS DO ANO. // FOTOS JOVANI PROCHNOV janeiro/2016
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Marseille.
Copenhagen.
Copenhagen.
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europa
// viagem
Luiz Neto, bs boardslide. A quantidade de picos skatĂĄveis perfeitos que encontramos em Copenhagen, nos fez andar e fotografar atĂŠ debaixo de chuva. Essa foto foi no Ăşltimo dia da trip, por isso a chuva foi ignorada.
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Praga.
Copenhagen.
Copenhagen.
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europa
// viagem
Hullet Skatepark, um lugar mágico de uma energia única. Simplesmente projetada e executada pelos próprios skatistas de Copenhagen. A churrasqueira inacabada à beira do bowl diz tudo, irmandade e união que imperam entre os skaters. Caique Silva, bs noseblunt.
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Aspectos de Praga.
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europa
// viagem
Que o Pedro é insano todo mundo já sabe, mas vê-lo em ação descendo um corrimão de rua desse calibre não é todo dia e é para poucos. São 13 degraus em alta velocidade, ao melhor estilo Pedro Barros. Fs fifty-fifty, Marseille.
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JR LEMOS
entrevista am // antônio juneka
Antônio Juneka
De dentro pra fora! CADA UM É LIVRE PRA PENSAR O QUE QUISER, NÃO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O QUE VIU NA INTERNET OU OUVIU FALAR, MAS SIM TUDO AQUILO QUE SE VIVE DE EXPERIÊNCIA DESDE QUE SE VEM AO MUNDO. NASCER E SE CRIAR EM UMA CIDADE DO INTERIOR PAULISTA, CONHECER O SKATE E ESTAR COM ELE HÁ BASTANTE TEMPO PROPORCIONOU A ANTÔNIO JUNEKA UM VASTO CONHECIMENTO PRÁTICO QUE O GUIOU A BEBER DA FONTE NA CAPITAL. E SUA BUSCA PELO CRESCIMENTO PESSOAL ATRAVÉS DO SKATE CONTINUA! // POR JUNIOR LEMOS
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JR LEMOS
Calmaria no Centro de Indaiatuba! Wallie no poste, aproveitando a leve transição.
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O
que você veio fazer em SP nesse final de ano? Vim ajudar o André Hiena! Enquanto ele se recupera, vou tocando a distribuidora junto com a namorada dele, a Eloá. Afinal, as marcas não podem parar. E como está sendo pra você ter que lidar com o outro lado do mercado, o lado comercial e administrativo da parada? Como estava sempre ao lado do Hiena, via um pouco dessa parte, mas agora passei a enxergar outra realidade mesmo. É um trabalho difícil, com muita coisa pra fazer e o style foi que muitas pessoas acabaram ajudando no começo. Foi difícil pegar o ritmo, mas agora está tudo normalizado. O que o skate representa pra você? O skate pra mim é uma forma de me expressar. Eu me identifiquei com ele e acabou virando minha filosofia de vida. Penso que é mais um hobby, né? Nossa vida, a personalidade, é mais importante que isso. O skate não te faz ninguém, isso vem do caráter e da personalidade. Acho que está faltando personalidade dentro do skate; o importante não é o objeto e sim a experiência que ele traz pra gente. Há diferença entre o que você vê e o que você sente do skate hoje no Brasil? O skate hoje no Brasil é muito grande, né? Mas uma coisa que falta é um pouco mais de naturalidade; rola muito interesse hoje em dia. Quando comecei a andar, era mais o prazer de andar que valia. Hoje em dia a galera escolhe o lugar e a hora pra andar porque tem fulando olhando, porque tem ciclano. Isso não todo mundo, né? Outra coisa que tem que se pensar é que cada um tem seu nível, seu tempo, sua visão do skate. Acho que falta um pouco de respeito; um pensa uma coisa, outro pensa diferente, só que no fundo dá na mesma. Não tem que ficar rival! Tá rolando uma parada que parece que o skate criou um padrão a ser seguido e ele não tem isso, porque a partir do momento que você faz por amor ele se torna válido. Isso é o que você aproveita de verdade! Como você se prepara psicologicamente para não se frustar com essa realidade? Hoje em dia cheguei em um pensamento
360 flip to fakie em Barcelona.
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// entrevista am WASHINGTON TEIXEIRA
ant么nio juneka
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JR LEMOS
entrevista am // antônio juneka
que não adianta mais você reparar no que está errado, ou querer lutar para mudar o que está errado. Acho que todo mundo precisa pensar mais em fazer a sua parte; a sua atitude já é um reflexo do que você pensa! Falta muito as pessoas pararem de falar, de reparar somente nas coisas erradas. Se você não gosta, guarde sua opinião pra você e faz a sua parte; o que você pensa e acha certo você guarda pra você. É isso que falta um pouco, hoje em dia, o parar de falar e começar a fazer o que você acha que está certo. A sua atitude é que vai mostrar que aquilo pode mudar! Você confia que seu trampo está sendo bem feito e que está no caminho certo? Não digo caminho certo porque cada um pensa de um jeito, mas eu faço o que eu penso e me expresso dessa forma. Principalmente visando o sentimento de amor, que é o mais importante! Às vezes, uma ideia bem trocada sobre skate é melhor que a própria sessão. É viver mesmo o skate, admirando aquilo que você gosta, esquecendo o que não se gosta e assim vou fazendo minha parte. O que você acha da cidade de São Paulo ter um espaço público como a Roosevelt? Sobre o espaço, é ótimo ter um lugar pra se andar no Centro, local que muita gente começou a andar e que fez muita gente migrar pro esta área. Mas pelo tanto de skatista e pelo tanto que esse mercado movimenta, acho que a gente merecia muito mais locais pra se andar na capital. De qualquer forma, acho que falta alguém do skate envolvido no meio da política, assessorando os projetos, para que não saia nada errado. Qual o maior problema que você enxerga nisso? O problema disso, às vezes, é o próprio skatista não querer procurar evoluir, ficar Deprezando o degrau que há na parede, bs wallride no Distrito Industrial de Indaiatuba.
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Ollie to fs tailslide, no estreito parapeito da janela.
JR LEMOS
Tá rolando uma parada que parece que o skate criou um padrão a ser seguido e ele não tem isso, porque a partir do momento que você faz por amor ele se torna válido. Isso é o que você aproveita de verdade!
JR LEMOS
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LEANDRO MOSKA
entrevista am // ant么nio juneka
Fs boardslide, durante tour pelo interior paulista.
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Se você ficar andando de skate no interior, vai virar uma lenda na sua cidade, mas pode não conseguir nada pelo skate pela falta de informação, que não é tão ampla assim por lá.
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nessa do skate ser diferente e não querer estudar; se achar diferente das outras pessoas, por andar de skate. Acho que esse é o grande erro do skatista! Somos todos iguais, o skate é só uma forma de nos inspirar e ninguém é melhor que ninguém pelo que faz, e sim pelo caráter e pela personalidade. E o lance da molecada pedir pra tirar uma foto e nem trocar ideia? Hoje em dia é muita informação e as pessoas ficam muito cegas! A foto em si é mais importante do que a experiência natural de conhecer as pessoas. Muita gente acha que sabe de tudo, mas não enxerga o que está ao seu redor, que é o que importa. Mais uma vez falta naturalidade para essa nova geração de skatistas; eles estão fazendo as coisas para os outros verem. Como você chegou a esse aprendizado? Rolou uma parada com várias pessoas, alguns profissionais, que hoje em dia são meus amigos mas que antigamente eram minha inspiração. Naturalmente os fui conhecendo e hoje em dia são amigos próximos. Foi aí que percebi que todos são
iguais: ser skatista, amador, fotógrafo, videomaker, profissional ou aquele que anda por diversão. No fundo é preciso pensar que somos todos iguais e cada um depende do outro, dentro do nosso universo. O amador no Brasil tem que ter um trabalho amplo de divulgação do seu nome, entre eles participar de eventos. O que acha disso? O evento é importante para você aparecer. Acho também que é da hora ir nos eventos pra prestigiar, mas a galera acaba esquecendo disso, da experiência que se ganha. Mas o que me deixa triste é ver tanto evento com pouca estrutura: não se pensa muito no skate em si. Na aparência é um evento grande e bom, visto por quem está de fora. Só que se for ver de perto, a premiação é ruim, não tem fruta e nem água pros competidores, colocam pessoas sem preparo para o julgamento. Falta um pouco ainda de preocupação com o skatista, porque sem a gente não tem evento! A gente pode dizer que Campinas e Indaiatuba já são interior do estado?
// entrevista am
WASHINGTON TEIXEIRA
antônio juneka
Não deixa de ser interior, eu acho! Mas tem essa facilidade de ser mais perto da capital. Campinas eu já não acho, por ser uma cidade grande, mas Indaiatuba é bem menor e eu a considero interior sim. O que você tem a dizer da cena do skate lá na sua área? A parte do andar de skate é gostosa! As ruas são mais vazias, tem a calmaria e aquela facilidade de tirar um lazer na beira do rio, na cachoeira. Seu corpo vai estar bem mais descansado, por isso acho que se consegue andar mais de skate. Por outro lado, não se tem tanta informação. Você não vê, como em São Paulo, tantos profissionais, as marcas e a cena acontecendo. Se você ficar andando de skate no interior, vai virar uma lenda na sua cidade, mas pode não conseguir nada pelo skate pela falta de informação, que não é tão ampla assim por lá. E o que te levou a buscar a informação fora de Indaiatuba? Sempre participei de eventos fora da cidade. Eu sempre tive a necessidade de buscar informação, de viajar. Conforme fui vindo
mais pra Sampa, senti a necessidade de morar aqui, pela necessidade de evolução mais rápida. Mas sempre continuei viajando para vários lugares! Pro skate, o que mais rende é viajar. Você no mesmo lugar, acaba entrando na sua zona de conforto, acaba se acomodando. A viagem te proporciona justamente o contrário: você dá mais valor para as suas origens e a evolução acaba sendo maior. Seu skate é bem criativo, consegue dar manobra em lugares que normalmente a maioria não enxerga ou lança manobras diferentes e que ainda não foram executadas naquele lugar. Como funciona a sua leitura dos picos? Quando pequeno, sempre via aos vídeos e me inspirava nas pessoas, mas nunca pensava em copiar ninguém. Simplesmente saia andando de skate, em qualquer lugar, e no caminho sempre ia manobrando pelos picos. Então acho que minha cabeça pensa diferente porque pra mim qualquer lugar dá pra se andar de skate.
JR LEMOS
Fs smith saindo de flip.
// Antônio Carlos Herrerias Margossian Junior (Juneka) 26 anos, 15 de skate Nasceu em Campinas e cresceu em Indaiatuba Patrocínios: Vegetal, Metallum, Hordem e Naturalmente
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artigo // half pipe
O Latão
A onda da série
DESDE OS ANOS 1970, SESSÕES TUBULARES NO SKATE NO BRASIL, SÃO FEITAS EM ONDAS. NORMALMENTE OS FULL PIPES SÃO EFÊMEROS, DURAM QUESTÃO DE HORAS EM BEIRAS DE GRANDES RODOVIAS, NO PORTO, OU EM FÁBRICAS DE ACESSO RESTRITO. CHEGAR ATÉ O FAMOSO ESCOAMENTO DE ÁGUA DE PARAIBUNA, COM SEU TUBO GIGANTE É UMA NOVELA COM ALCANCE PARA POUCOS E, POR ENQUANTO ESSE É O NOSSO ÚNICO PIPE NATURAL NO PAÍS. POR TODAS ESTAS RAZÕES, AS OPORTUNIDADES DE SE ANDAR EM UM TUBO SÃO EM SÉRIES DE ONDAS RARAS QUE PASSAM LOGO E QUE TÊM QUE SER USUFRUÍDAS AO MÁXIMO. DESTA VEZ, AS SESSÕES DURARAM CERCA DE UMA SEMANA PARA O USO PARA O SKATE E NÃO ERAM FULL PIPES, POIS OS LATÕES ENCONTRADOS POR FLAVIO VON ZUBEN, ESTAVAM DIVIDIDOS. ERAM VÁRIOS LATÕES, MAS REUNIDOS APENAS NUM NOME, O SINGULAR LATÃO, COMO ENTROU PARA A HISTÓRIA. POR CESAR GYRÃO // FOTOS THOMAS TEIXEIRA
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half pipe
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D
ez perguntas: Thomas Teixeira responde (com ajuda de Flavio e Caleb) O Caleb Rodrigues e o Flavio Von Zuben foram os primeiros a se ligarem do lugar. Como foi a primeira vez que viram os latões? Flavio Von Zuben – Marquei com uns amigos de andar em Louveira. De repente, de dentro do ônibus, vi uma sequência de tubos, pensei - “Caralho, vou descer agora do busão!”. Mesmo que não desse pra andar corri o risco de entrar no meio do mato pra ver se os tubos eram skatáveis. Quando coloquei meu skate no Latão percebi que era muito especial! Na hora já liguei pro Caleb e mandei a foto do pico pra ele. Foi foda! Caleb Rodrigues – Mano, depois que o Flavio me mandou a foto, fomos correndo para o pico. Fiquei alucinado, pois sempre quis andar num pipe natural, sem flat! Foi um sonho realizado. É incrível, em três batidas você já fica zonzo. É como se estivesse aprendendo a andar de skate novamente, uma das melhores experiências da minha vida! Você foi logo chamado para participar das fotos e o Creke para fazer as filmagens para o Skatelife? Sim, o Caleb me ligou chamando pra fazer uma session em um pico que o Flavio tinha encontrado. Ele falou que era um um cilindro cortado, estilo half pipe, mas não entendi muito bem na hora o que era (risos) e não consegui ir no dia que me ligou. Mais tarde, depois da ligação, chegou a foto do pico. Fiquei besta quando vi o que eles tinham encontrado: um pico único. Enviei a foto para o Otavio, dizendo que o Caleb o estava convidando para andar. O Caleb e o Flavio falaram que não era muito a praia deles andar em transição mas, enfim, achavam que poderia render um material muito bom, se colassem as pessoas certas. No dia da sessão o Caleb rendeu muita manobra boa, com a vibe de todos presentes. Na hora pensamos no Creke em ser o videomaker dessa sessão. A ideia seria fazer com skatistas diferentes para termos um vídeo, pois talvez não tivéssemos outra oportunidade para fazer. Como o Creke é o videomaker do Skatelife, já rendeu um programa especial pro canal.
Decolar de uma base sacolejante exige confiança, traduzida no fs tail grab do Fabio Sleiman. janeiro/2016
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Mauricio Nishihara, fs heelflip.
Thomas Santos, texas plant.
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O Caleb diz no vídeo que pensou logo em chamar o Otavio e o Sleiman. Como surgiram os convites para os East Dogs e outros convidados? Sim, ele disse que pensou logo no Otavio e no Sleiman por eles terem uma base em transição e pela amizade que os três têm por um tempo. Eu, o Otavio e o Creke, marcamos com o Flavio e o Caleb para conhecer o pico e fazer uma sessão juntos com alguns skaters do local. Na hora que o Otavio chegou no pico abriu um sorriso e agradeceu por ter sido convidado. Disse que já andou em muitos lugares, mas ali era único. Depois que ele andou, viu que a parada não era para qualquer um. Aí começamos a pensar em quem tinha base para andar no Latão. Os dois primeiros da lista foram o Thomas
// artigo
Santos e o Henrique Siqueira, por terem um skate diferente e ter muita base de vertical também. Na outra sessão, o Sleiman colou com a gente. Falou que só iria ficar um pouco e iria voltar para SP, porque tinha que resolver algum assunto particular; mas na hora que viu o pico, mudou de ideia e ficou até o final do dia andando. (risos) Houve uma tentativa de segurar o pico como “secret spot” desde o início, pra não crowdear. Quanto tempo durou o segredo? A ideia desde o início não era deixar por muito tempo em off, por ser um pico único todos tinham que viver a vibe de andar no Latão. Mas a gente queria render o máximo de material antes de mostrar pra todos. Mas o pico não estava totalmente em off, pois alguns skatistas locais tinham
O skate de Caleb Rodrigues cresceu com a vibe da sessão. May day.
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half pipe
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postado algumas fotos e tal. Foi sorte que ninguém tinha visto antes da gente. Acho que tudo ficou mais ou menos um mês por lá, mas tinha uns dias certos pra colar, por causa da segurança da fábrica. Para limpar o pico pra andar, o que vocês levaram? Na primeira sessão a gente só usou vassoura e rodo, porque ficava molhado por causa do sereno. Na segunda vez, o Otavio levou uma lima para deixar menos afiada a lata onde seria a borda, para deixa menos perigoso. (risos) Essa lâmina de cima, era assustadora e poderia machucar bem. Alguém meteu a canela? A lâmina era bem afiada, sim, e poderia machucar feio. Graças a Deus ninguém meteu a canela. Só o Thomas que chegou perto, pois tinha que pegar tempo do balanço de encaixar o pé na borda para tentar a manobra que ele queria. Mas, em poucas tentativas, rendeu a manobra. O bagulho tremia muito, mas parece que não afetava o ânimo dos skatistas. Vocês fizeram algo pra travar mais as peças? Parecia meio que um barco Viking. Rolava um pouco de tontura por não ter o flat, mas fora isso não atrapalhava nada na sessão. Nós colocamos alguns ferros para balançar menos. Já se sabia que os latões seriam retirados do terreno? O Flavio disse que um dia que eles estavam lá, apareceu um segurança da fábrica da cerveja Germania, que era a dona dos cilindros e ainda disse para que ele aproveitasse, pois não iria fica muito tempo ali e deixou andar de boa. Você me falou que os latões eram de tanques de cerveja. Em alguns dos dias de sessions vocês fizeram aquele churrasquinho regado à breja. Saiu todo mundo babando de tanto andar? Sim, a fábrica de cerveja Germania ficava próxima ao terreno que estavam os latões. E como não tinha nenhum lugar pra comer ali perto, só havia comércio um pouco mais distante do pico, então resolvemos fazer um churrasquinho. Mas não tinha muita cerveja, pois estávamos de carro. A sessão só acabava quando a luz natural chegava ao fim, pois a vibe estava tão boa que ninguém queria ir embora cedo. Agora que não existe mais nada no lugar, pode-se falar que a cidade era Vinhedo? Sim, no bairro Industrial.
Uma patada com o pé de trás, por Henrique Siqueira. Fs boneless.
Lucas Alexandre, oververt air to fakie.
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half pipe
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Ultrapassando as traves de vårias maneiras, Otavio abusou da lâmina. Bs smith grind. janeiro/2016
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TADEU FERREIRA
Thiago Cocó.
Skate sem limites NA EDIÇÃO 238, A TRIBO SKATE MOSTROU O CASO DE ATLETAS AMPUTADOS OU COM DEFICIÊNCIA QUE LEVANTARAM A CABEÇA E DERAM A VOLTA POR CIMA. TAMBÉM APRESENTAMOS A ONG NORTE AMERICANA QUE TRABALHA O TEMA ATRAVÉS DE ESPORTES RADICAIS. NA SEGUNDA PARTE DESTE ESPECIAL, O EXEMPLO DE SÉRGIO “PATO”, QUE REALIZA UM BELO TRABALHO COM CRIANÇAS, E O SKATISTA THIAGO “COCÓ”, UMA PROMESSA INTERROMPIDA POR UM GRAVE ACIDENTE. TAMBÉM CONVERSAMOS COM A REPÓRTER JOANNA DE ASSIS, DO SPORTV, AUTORA DO LIVRO PARA-HERÓIS. E ASSIM A REVISTA FIRMA O SEU NOVO POSICIONAMENTO, COM A MENTE ABERTA E A SENSIBILIDADE DE SEMPRE. COMO DEVE SER UMA REVISTA COM QUASE 25 ANOS DE HISTÓRIA. // POR PEDRO DE LUNA
I
magine a cena: um skatista jovem, com patrocínios, ganhando campeonatos e no auge da carreira. De repente, um acidente tira os movimentos de suas pernas e braços. Foi o que aconteceu com o paulista Thiago Rodrigues Lima Dias, o “Cocó”, apelido de infância porque a cabeça parecia a de uma galinha. “Cocó” era adolescente quando começou a competir, mas já esbanjava talento. “Em 98 o Leone chegou até mim durante um campeonato e se apresentou. Ele falou que a minha joelheira e o meu skate estavam zoados. Eu disse que usava tudo emprestado dos outros. Aí ele me deu um cartão e falou para ir até a loja. Sabe quando a criança entra numa loja de brinquedos e os olhos brilham? Foi o melhor momento da minha vida, porque comecei a ter skate bom e a participar de campeonatos”. Leone Creazzo, 62 anos, 35 anos fabricando skate, lembra muito bem deste dia. “Eu nunca tinha visto alguém assim. O seu skate já não tinha rodas, estava beirando os rolamentos de tanto desgaste.
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O seu shape nem se fala. Estava com uma joelheira totalmente arruinada e a luva toda remendada. Incrível o que ele conseguia fazer na ladeira com aqueles equipamentos. Fiquei contagiado por esta energia de possuir tão pouco com tanta felicidade. Quando ele foi à loja, dei um skate completo com rodas próprias de DH e um kit completo de segurança: capacete, joelheira, cotoveleira e luva com casquilho. Depois nunca mais o vi”. Os bons resultados começaram a aparecer e “Cocó” inventava das suas, como uma manobra onde ele desce com o capacete encostado no chão e o skate vai deslizando pela ladeira nas pontas dos pés. “Em 99 eu e o Willian estávamos na ladeira da Saúde quando a cabeça escorregou. Então a gente começou a colocar a cabeça no asfalto e tirar as mãos. Assim como o Pirulito Slide, que o Pirulito inventou, mas eu fui o primeiro a tirar”. Thiago conseguiu o patrocínio da Hot Spice, Action Now e Narina e a ficar amigo dos skatistas
superação
TRÊS MINUTOS EMBAIXO D’ÁGUA Guarulhos, 23 de março de 2003, um domingo ensolarado. “Cocó” havia ido para um sítio com os amigos. Ele queria ficar próximo de onde haveria um campeonato. “Aí comecei a brincar na piscina com duas meninas para ver quem chegava primeiro ao outro lado. Pensei: “vou mergulhar como um torpedo, com a mão na cintura, perto dos azulejos, que vai mais rápido”. Como eu tenho 1,76 m, bati com a cabeça. Só me lembro de afundar e sentir os raios do sol batendo nos meus olhos. Aí resolvi gritar para dizer que estava me afogando. Mas onde se viu gritar debaixo d’água?”. Ele apagou.
FALA MAMÃE!
Três mães contam como o projeto Anjos Guerreiros tem ajudado aos seus filhos a terem uma vida melhor. Eliana Almeida é mãe de Andrei, 12 anos, que tem paralisia cerebral esquerda e cardiopatia. “Meu filho obteve mais confiança firmeza no corpo e está mais feliz que nunca, pois pode andar de skate”. Em sua opinião, a importância da iniciativa é “acima de tudo mostrar que nossos filhos, independente da deficiência, são todos iguais, que o mundo é para todos”. Ana Paula Neves é mãe da Laurinha, 12 anos, que tem má formação congênita. Para ela, o projeto tem ajudado a filha trazendo autoestima, amor ao esporte e amor ao próximo. E a troca de experiência entre os filhos deficientes e entre os seus familiares é muito importante. “A inclusão mostra aos nossos filhos, que sempre lidam com frustrações, que querer é poder. E acreditar que o bem é a maioria”. Opinião compartilhada por Simone Tomé, mãe de Leozinho, 19 anos, portador de artogripose. “Mostrar que ele pode realizar o sonho de andar de skate como os amigos faz com que ele se sinta igual a todo mundo”. E a alegria também é para os pais. “Pra nós foi e é um prazer indescritível vê−lo no skate descendo ladeira porque ele sente o vento no rosto e irradia felicidade”.
FLAVIO LIMA
profissionais. “Comecei a encarar como um modo de vida porque tirava o meu sustento dali, vendendo as peças que eu ganhava”. O tempo passou e, um belo dia, participando de um campeonato, “uma moto subiu na contramão da ladeira, eu tive que frear de qualquer jeito e voou tudo: skate, joelheira e Cocó”, brinca o skatista. “Foi aí que reencontrei com o Leone e entrei para a Tracker com um patrocínio de ponta. Viajei para Novo Hamburgo, abri uma pista em Machado, lá em Minas Gerais. Foi quando virei atleta profissional de downhill slide”. O empresário diz que esta é uma característica da sua empresa. “Se no momento uma pessoa tem melhor oportunidade na vida, devemos incentivar para que ela tenha boas chances de evoluir”. Descendo sempre em alta velocidade, “Cocó” conta que “o Pico do Jaraguá sempre deixava a gente com medo. Uma vez fui tirar um susto e a rodinha estourou. Ainda bem que eu andava com equipamento completo. Nos campeonatos na Barriga da Velha a gente também tinha cautela. Tem que ter respeito pela ladeira. Por incrível que pareça eu nunca quebrei nada. Quando quebrei, quebrei logo tudo”, diverte−se.
// artigo
Sérgio Pato conduz Vitinho.
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TADEU FERREIRA TADEU FERREIRA
TADEU FERREIRA
TADEU FERREIRA
Laurinha no comando
TADEU FERREIRA
Rolê de Leonardo.
Com Laurinha.
TADEU FERREIRA
Com Ivanzinho.
Pato e Tico Rafael.
Os amigos dizem que ficou mais de três minutos submerso. “Eu estava pálido, sem cor na pele e nos olhos”. Apesar da boa intenção, “Cocó” diz que o erro aconteceu justamente na remoção dele para o posto de saúde. “Ao invés de me deixarem deitado, me colocaram sentado dentro da Kombi, balançando, e isso comprimiu a medula. Esperei 12 horas para ser atendido no postinho e meu corpo ficou dormente”. Na época, ele tinha se mudado de São Miguel para o Itaim Paulista, então levaram muito tempo até localizarem sua mãe, Dona Augusta. Foi ela quem conseguiu que o removessem até Mogi para operar o seu único filho. Os médicos colocaram platina em sua coluna, mas não foi suficiente para devolver o movimento das pernas e braços. “Minha lesão é C2, C3 e C4 incompleta, era pra eu nem conseguir falar. Mas eu escrevo tudo com a boca e a língua usando um aparelho adaptado para o computador”. Foi assim que ele mandou uma carta para o programa Balanço Geral, da TV Record, e conseguiu a doação de uma cadeira de rodas motorizada. “O mais marcante foi quando eu já estava há um tempão no hospital e não recebia a visita de ninguém. Só da minha mãe e de um vizinho, que se revezavam. Um dia chegaram 10 pessoas da Tracker numa van para me abraçar e dizer o quanto eu era querido”. Como se não bastasse a dor física, os pensamentos se sucediam. “Sempre rola arrependimento, raiva, depressão, mas depois de um tempo eu vi que a cadeira de rodas não me deixaria preso, ela iria me libertar. Eu sou um cara muito feliz”. A REALIZAÇÃO DE UM SONHO O tempo passou e “Cocó” estava num campeonato no Museu do Ipiranga com a equipe Carverize quando conheceu Sérgio “Pato” e a sua equipe de skate adaptado. “Foi aí que eu consegui realizar o meu sonho e voltar a andar de skate depois de 13 anos”. Apesar
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Banda do Ivanzinho.
de não competir mais, seus antigos patrocinadores lhe ajudam com peças e roupas, que ele revende. Este ano ele conseguiu mais um patrocínio, da marca carioca Smoke. “A vivência do skate não dá só patrocínio, mas faz a gente formar uma família”. Hoje a Tracker se chama Six Trucks, mas o propósito é o mesmo, conta Leone. “Ver o sorriso no rosto e a satisfação para a pessoa com limitações não tem preço. Nunca vejo como um benefício para minha empresa ou eu mesmo, e sim dar exemplos para que entidades governamentais atentem para isto, tornando a vida destas pessoas mais felizes. Mas num país que não tem nem calçadas adaptadas fica difícil esperar algo”. Depois do acidente, em 2003, Thiago criou sua própria marca, a Skate Saúde. As camisas são estampadas por uma equipe no porão de sua casa. Este ano ele lançou os shapes e trucks. Complementa a renda mensal com os R$ 799 do auxílio saúde pago pelo INSS e ajuda a mãe, que é professora, a comprar comida, fraldas e os acessórios para a sonda em seu abdômen. Agora, aos 32 anos, ele pretende escrever um livro contando a sua história. “Vai se chamar Um Pulo Para o Outro Mundo, tipo Marcelo Rubens Paiva, mas contando as minhas adrenalinas no skate”. Uma parte delas está aqui, “Cocó”, registrada para a posteridade.
FLAVIO LIMA
ANJOS GUERREIROS Com apelido de aves, “Cocó” e Sérgio “Pato” foram do céu ao inferno e agora estão nas nuvens novamente. “Pato” ganhou este apelido na época em que trabalhava como instrutor de mergulho. Viajou pelo mundo, foi empresário, teve muito dinheiro e carro importado. Foi casado por cinco anos. Separou−se e, por má administração, perdeu tudo. “Foi quando eu pedi para Deus me tirar tudo e recomeçar. Voltei ao mercado trabalhando com Tecnologia da Informação na Ipanema Rolamentos”. Católico e percussionista, “Pato” tocava na bateria da Escola de Samba X9 quando conheceu lá o para−atleta Marcos Rossi. O ano era 2013. “Ele comprou um skate carveboard e uma cadeira. Aí eu trouxe aqui para a empresa e desenvolvi o protótipo em cinco dias”. Os dois começaram a treinar no Museu do Ipiranga e a convidar outras pessoas com mobilidade reduzida. Nascia ali a equipe Anjos Guerreiros. Certa vez, a noite caía e “Pato” guardava o material para ir embora. Estava cansado. De repente viu uma mãe subindo com uma criança no colo e vindo em sua direção. “Ela disse que tinha vindo direto de Brasília para me conhecer e fazer o filho dela sorrir. Eu olhei para os meus dois filhos e disse que agora a coisa era séria”. Aliás, Gabriel e Rafael são os seus maiores companheiros. A dupla ajuda o pai a empurrar os skates adaptados. Quando não estão na pista, fazem música. Os meninos tocam baixo e guitarra, e Sérgio ataca de baterista. Neste momento o foco do paizão é montar uma estrutura maior e transformar os Anjos em OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). São apenas dois skates para oito pessoas. Mas o sonho é ter uma quadra para treinos diários, mais skates, mais equipamentos e mais condutores, inclusive os próprios pais das crianças atendidas. Um fabricante de cadeiras já está adaptando um modelo especial para o “Cocó”, que é bem maior que o resto da equipe. Entre os principais parceiros estão Paulo Sestari, da Ipanema Rolamentos, e o já citado Leone Creazzo, que fabricou a barra estabilizadora, uma espécie de truck muito mais comprido. “Sempre discutimos formas de aprimorar os carrinhos para os atletas, até o dia em que ele pediu para eu fazer uma barra para estabilizar e limitar a inclinação”, conta o dono da Six Trucks. “Esta parceria é puramente uma cumplicidade para com o próximo”. Sestari concorda: “vou ajudar independente dele ser nosso funcionário ou não. Fiquei admirado com a força de vontade do Pato”. Ele diz que pensou nas pessoas com deficiência ao construir o novo prédio da empresa, com elevadores e banheiros adaptados, e cita o caso de dois funcionários da Ipanema. “Um perdeu a perna e eu ajudei a trocar a prótese por uma nova. O outro perdeu os dedos numa máquina, em outra empresa, e já está conosco há 10 anos”. Enquanto o sonho de “Pato” não se realiza por completo, ele segue dando palestras e fazendo apresentações. Aos 48 anos, utiliza a tecnologia para o bem. “O Facebook é o canal oficial dos Anjos Guerreiros, mas temos um grupo das mamães no Whats App”. E revela uma novidade: “Fomos indicados para participar da abertura das Paralimpíadas de 2016 e estamos aguardando a resposta”. Para nós, vocês já ganharam a medalha de ouro.
Sérgio Pato, carveboard.
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REPRODUÇÃO
superação
Joanna de Assis.
A PADROEIRA DOS PARA-ATLETAS
Se Francisco de Assis é o padroeiro das aves, dos animais e das pessoas carentes, podemos dizer que Joanna de Assis é a padroeira dos para−atletas. Em seu primeiro livro, Para−Heróis (Editora Belas−Letras, 202 páginas), a repórter do SporTV selecionou dez dos principais para-atletas brasileiros. Alguns nasceram já deficientes outros tiveram de aprender a lidar com a frustração de ter um membro decepado. Em capítulos breves, a jornalista relata histórias emocionantes, mostrando da infância sofrida ao estrelato. Há muitas passagens e dificuldades em comum entre os esportistas, em sua maioria nascidos em regiões pobres e/ou no interior do Brasil. E até mesmo casos de mestre e discípulo, como o do nadador potiguar Clodoaldo Silva, que anos e anos depois inspirou o mineiro Daniel Dias a competir nas piscinas mundo afora. Em entrevista à Tribo Skate, Joanna conta que o mais difícil foi selecionar os biografados. “No começo, pensava em 20 atletas, mas percebi que seria impossível fazer um trabalho de qualidade no prazo que eu tinha. Então priorizei os atletas de vanguarda, os melhores resultados, as melhores histórias de vida, e diferentes modalidades e deficiências”. Para a apuração das informações, ela viajou até várias cidades e realizou entrevistas ao vivo e por telefone. “Ouvi o máximo possível de pessoas por várias vezes”. Passados alguns meses desde o lançamento, qual tem sido o retorno? “Eu notei que muita gente me procura para falar o quanto o livro ajuda na motivação do dia a dia. É um livro de esportes, mas os leitores encaram quase como uma autoajuda. E por conta disso, tenho dado palestras sobre o tema”. Joanna diz que já tem uma lista de nomes para uma segunda edição e que também gostaria de fazer uma versão internacional de Para−Heróis. “Penso todos os dias em um segundo livro. E estou tentando viabilizar um documentário”. Num país desigual como o Brasil, seria o esporte a melhor forma de ascensão social? “O esporte é a principal saída para qualquer pessoa! Só promove coisas boas! Saúde mental, emocional, aumenta a motivação e a superação. Com a pessoa com deficiência isso não é diferente”. Estamos com você, Joanna.
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casa nova //
Bê // FOTOS JUNIOR LEMOS Skate e roupas atuais: Shape Flip, rodas Bones, rolamentos Fkd, eixos Crail (Ueda). Camiseta Flip, bermuda, calça e tênis que tiver. Manobra que não suporta mais ver: Gosto de todas. Manobra que ainda pretende acertar: Fip indy animal. Principal rede social que usa ultimamente: Instagram. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Superar os limites. Skatista profissional em quem se espelha: Marlon Silva. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: RTMF. Amador que você gostaria de ver pro: Jonny Gasparotto. // Bernardo Luís Trindade Fraga 11 anos, 3 de skate Porto Alegre Apoio: Flip Brasil, loja Surf Roots Boards Sports, Banx e Swell Skate Camp
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Stale fish tucknee, no Complex, Porto Alegre.
Skate até o fim!
// casa nova
Feeble em Teresina, Piauí.
Nyjah Wilson // FOTOS MAURÍCIO POKEMON Skate e roupas atuais: Shape Umana, rodas Type-S, rolamento Red Bones e eixos Crail. Boné Clamp, camiseta Antro do Rock e tênis Rise. Manobra que não suporta mais ver: Bs noseslide, dependendo do pico. Manobra que ainda pretende acertar: Halfcab 270 fs rockslide. Principal rede social que usa ultimamente: Facebook ou Whatsapp. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de patrocínios. Skatista profissional em quem se espelha: Nyjah Houston. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Olympikus. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que você gostaria de ver pro: João Victor, de Timon, MA. // Joilson Ferreira Bezerra De Vargem Grande, MA, mora em Timon, MA 17 anos, 4 de skate Apoio: Antro do Rock e Umana Skateshop
Ande de skate primeiro pra você e depois para os outros.
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casa nova //
Rafael // FOTOS JUNIOR LEMOS Skate e roupas atuais: Shape Woodlight, rodas Hordem, rolamentos Red Bones e eixos Metallum. Camiseta e calça Switch e tênis Öus. Manobra que não suporta mais ver: Bs feeble. Manobra que ainda pretende acertar: Fakie hard to switch crooked. Principal rede social que usa ultimamente: Instagram. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de picos e bicos atrapalhando nos picos pra manobrar. Skatista profissional em quem se espelha: Leonardo Spanghero. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: DC Shoes. Amador que você gostaria de ver pro: Tiago Lemos. // Rafael Ferreira dos Reis 23 anos, 9 de skate Sertãozinho, SP Patrocínio: Switch Skate Shop Apoio: Hordem distribuidora
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Fs ollie ss grind, Ribeirão Preto.
Se tem objetivo, luta que Deus ilumina.
negócios e tecnologia //
O vídeo digital do início ao fim NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS SE PRODUZIU TANTOS VÍDEOS. HOJE, QUALQUER PESSOA GRAVA IMAGENS EM MOVIMENTO UTILIZANDO TELEFONE CELULAR, CÂMERA FOTOGRÁFICA OU DE VÍDEO. A COLUNA DESTE MÊS FALA SOBRE TRÊS ETAPAS DESTE PROCESSO: GRAVAÇÃO, EDIÇÃO E ARMAZENAMENTO. // POR PEDRO DE LUNA
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ara gravar imagens com alta qualidade não faltam opções. O segmento de câmeras de ação, por exemplo, segue bem aquecido por aqui, crescendo em torno de 30% em 2015 em relação a 2014. Conversamos com Marcelo Gonçalves, Gerente de Comunicação e Marketing da Sony Brasil sobre a novíssima FDR−X1000V (R$ 2.499), que grava com qualidade 4K. “Alguns destaques da Action Cam Sony modelo FDR–X1000V são: estabilizador Stead Shot, que junto com o recurso de redução de ruído de vento e garante imagens com o mínimo de ruídos mesmo em movimentos mais bruscos; microfone estéreo, que permite narrar suas manobras sem a necessidade de microfone externo; ângulo de 170° (o da GoPro é de 145°); GPS; bateria removível; sensor CMOS Exmor R™, supersensível para manter baixo índice de ruídos e melhor captação de cores; e Splash Proof, que garante a integridade do equipamento em pequenos contatos com a água, como pingos de chuva, mesmo sem a caixa estanque”. Marcelo diz que o novo modelo atende bem aos skatistas por ter foco automático contínuo, gerando vídeos nítidos e focados, maior duração da bateria, e conexão Wi-Fi e NFC, para que você conecte a câmera com seu smartphone sem precisar de cabos. “Além de uma extensa linha com mais de 15 acessórios que vão muito além do suporte para cabeça”, destaca. No ano novo que se inicia, o gerente da Sony promete boas notícias. “A Action Cam tem vários atletas parceiros no mundo inteiro, incluindo skatistas, surfistas, snowboarders e muitos outros. Dentre os skatistas temos, por exemplo, a lenda Tony Hawk , a Lizzie Armanto e o Tom Schaar, Em 2016 queremos ampliar nossas parcerias”. Recentemente, ouvi de uma montadora de cinema a seguinte frase: “todo mundo filma muito, mas ninguém edita nada”. De fato, uma boa edição das imagens valoriza o vídeo e poupa o tempo de quem vai assistir. Os vídeos de skate, historicamente, sempre se destacaram pela edição, seja quando começaram a utilizar as lentes do tipo grande angular (também conhecidas como “olho de peixe”) quanto pela forma como as cenas são coladas umas nas outras e a trilha sonora combinando perfeitamente. Montadoras premiadas, Karen Akerman e Eva Randolph recomendam o Adobe Premiére, cujo custo mensal é de aproximadamente R$ 65 e pode ser utilizado por mais de uma pessoa. É possível baixar a versão de teste e utilizar por um mês sem custos. Outras opções, mais limitadas e ainda não usadas pelas duas, são o Windows Movie Maker (da Microsoft) e o Davinci Resolve 12 (da Black Magic). A medida que produzimos mais vídeos e com mais qualidade, estes arquivos também estão cada vez mais pesados. Quando você salva no seu computador, ele vai ocupando a memória e, aos poucos, afetando seu desempenho. Nesse contexto uma boa solução é salvar tudo na chamada nuvem. Uma nuvem de dados é uma rede de redes, ou seja, a própria internet. Pode estar em tudo, em qualquer lugar. A vantagem de armazenar em nuvens como o Dropbox, One Drive ou Google Drive é a facilidade para acessar os seus arquivos onde quer que você esteja. Como se estivesse acessando o seu e−mail. Logo, não importa onde você está ou qual dispositivo utiliza: notebook, tablet ou smartphone. Porém, a qualidade da conexão com a web pode não ser boa naquele momento. Pensando assim, vale a pena fazer uma cópia num HD externo de arquivos que você utilize bastante ou que são muito pesados para baixar. Enfim, são várias dicas para que você comece a fazer vídeos melhores, relevantes e preservando a história do skate brasileiro para as próximas gerações.
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1. A nova câmera de ação Sony Action FDR−X1000V. 2. A FDR−X1000V e sua lente com 170°. 3. Marcelo Gonçalves, Gerente de Comunicação e Marketing da Sony Brasil. 4. A montadora Karen Akerman. 5 e 6. Telas do software de edição Adobe Premiére. 7. A nuvem armazena os dados de onde quer que venham. 8. A nuvem é uma rede de redes, a própria internet.
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JUNIOR LEMOS
áudio // playlist
Possuído pelo skate, bs tailslide para a posteridade. Rodrigo Leal trinca!
FÔLEGO E VONTADE DE ANDAR DE SKATE ELE TEM DE SOBRA, MAS QUANDO FALTA É SÓ LEMBRAR UM SOM BEM DA HORA QUE O GÁS VOLTA! VEJA ENTÃO QUAIS SÃO AS 10 MÚSICAS QUE O MAIZENA MAIS CURTE E TENTE ADIVINHAR EM QUAL DESTAS ELE PENSA QUANDO MANOBRA SEU SKATE, COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ.
Drake, 0 to 100 Florence + The Machine, Dog Days Are Over Rihanna feat. Kanye West, 45 Seconds A$AP Rocky, Fashion Killa Drake, Started From The Bottom Kamau, Porque eu Rimo Young Jeezy, I Luv It Meek Mill feat. Rick Ross, I’m A Boss 2 Chainz, Yuck Rick Ross, I’m Not A Star
Anda de skate ouvindo música? NÃO! GOSTO DO BARULHO DO SKATE E DAS BORDAS, SEM INTERFERÊNCIA. Ouve música onde então? EM CASA, TRANQUILO, OU NO CARRO, NAS VIAGENS E ETC. Usa algum fone especial para isso? NÃO, O DO IPHONE MESMO.
Rodrigo Leal (Qix, 4M Skateboards, Arena Concept, Footprint Insoles, Tip Technology e Transfusão Skateshop)
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FABIO BITÃO
áudio // rap
Bem de rua! Rodrigo Ogi
RAPPER PAULISTANO VERSA SOBRE OS DRAMAS E ANGÚSTIAS DO HABITANTE DA METRÓPOLE EM NOVO ÁLBUM. PRODUZIDO PELO NAVE, ‘RÁ!’ EVIDENCIA UM GIGANTE AMADURECIMENTO NA CARREIRA DO MC. // POR EDUARDO RIBEIRO
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ara sacar de verdade a poética do rapper e cria do pixo Rodrigo Hayashi, o Ogi, é preciso estar disposto a refletir sobre a alma confusa dos habitantes da grande São Paulo. Com seu primeiro álbum, Crônicas da Cidade Cinza (2011), ele trouxe para o rap nacional um sentido de contação de histórias que não ao acaso espelha-se na perspectiva literária da vida na metrópole. Ogi é isso mesmo que ele reivindica no título: um cronista da cidade cinza. O novo trabalho do artista, RÁ!, mantém a essência narrativa, que dessa vez toma como ponto de partida um paciente numa consulta com um psicólogo. Expansivas, as letras do Ogi podem nascer de uma experiência vivida ou um enredo inventado. De uma conversa de boteco ou das páginas de um livro. E, nelas, estão sempre presentes a crítica social, as angústias e os dramas dos personagens. Encadeados ao longo de 16 faixas, esses contos amplificam-se na vibe de uma pro-
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dução musical muito rica de elementos, variações de bases e batidas. A voz cresce nas melodias e surge, nas fissuras do instrumental, alguma cadência de samba antigo e grooves românticos. Embora venha chamando mais atenção nos últimos tempos, o rolê do Ogi data lá dos anos 1990, quando ele começou a esboçar as primeiras rimas. Foi só em 2002, porém, que decidiu levar a coisa a sério. Antes de investir na carreira solo, o MC fez parte do Contra Fluxo, que surgiu em 2003 com Dejavu, Mascote, DJ Edy e DJ Willian na formação. O primeiro disco saiu em 2005, todo produzido pelo Munhoz, que acabou entrando para o grupo. Com esse novo elenco os caras gravaram SuperAção, um disco duplo, em 2007. É impressionante notar o salto evolutivo do Ogi no conceito, na musicalidade e no modo de interpretar o cotidiano desde os tempos do começo do Contra para cá. O amadurecimento, além de sua dedicação à leitura e pesquisa sonora,
é latente. O Ogi envelheceu, está mais afinado e aperfeiçoou o flow. Qual é o discurso desse novo álbum? Nesse novo álbum os temas são outros, mas a essência é a mesma. O storytelling sempre estará em minhas letras. Isso já é uma coisa característica do meu trabalho. Nesse disco eu pus pra fora tudo que vinha acumulando desde o lançamento do Crônicas da Cidade Cinza. Eu não me prendo a regras. Você se considera parte de uma nova escola do rap nacional? O que você quer agregar à cultura hip hop? Não sou da nova escola, mas também não sou da velha. O rap hoje é muito diversificado, eu contribuo, assim como outros MCs também contribuem. Rap é arte e arte pra mim tem que ser livre. Posso escrever sobre o que eu quiser e tem uma rapaziada que tá vindo com este mesmo pensamento. Expansão, saca? Não deixar a coisa engessada. Posso falar sobre a água que tem em um copo, mas
rap
desde que isso seja criativo. Tipo no skate, se o cara vem sempre com a mesma manobra e fica satisfeito com isso, ele estagna. Eu sou um cara eternamente insatisfeito. E o Contra Fluxo? Tem alguma história curiosa dessa época pra contar? O Contra serviu de escola pra o que eu faço hoje. Aprendi muita coisa com os caras. Hoje demos uma pausa no grupo. Viajamos e fizemos vários shows por aí, então são muitas as histórias. Se eu fosse listar aqui daria muitas páginas. [risos] A produção desse álbum em estúdio foi muito demorada ou complexa? Rolaram uns enroscos ou preciosismos da sua parte para obter uma sonoridade tão amarrada e cristalina como podemos ouvir? Os dois. Eu sou muito perfeccionista com as rimas. Sou encanado mesmo. O Nave soube captar perfeitamente o que eu queria. Ele tem o gosto de rap muito parecido com o meu. Além dele, o [André] Maleronka também foi me ajudando a modelar este álbum. Nós três nos falávamos praticamente todo dia. Foi um processo demorado, mas muito divertido. Sintonizamos mesmo. Fale um pouco das parcerias e participações especiais na gravação das faixas. Como rolou cada uma e o quanto cada parceiro ou convidado colaborou para o resultado final? Decidimos colocar poucas participações rimando nesse disco, mas queríamos deixar os beats mais incrementados. Eu conheci o Kiko Dinucci um tempo atrás e, como sou cara de pau, já o escalei pra futuras parti-
cipações. Nesse meio tempo o Kiko me convidou pra participar do disco do Thiago França em homenagem ao escritor João Antônio. Aí conheci o França e o chamei também. Os caras são foda, chegavam, ouviam e já iam fazendo o arranjo conforme a minha levada. O Ganjaman, o Doni Jr e o Carlos Café foram pontuais no que nós queríamos e abrilhantaram ainda mais o que já tínhamos feito. A Juçara Marçal e o Rael, cada um em uma música, agigantaram os refrões, e o Mao [ex-vocal do Garotos Podres] trouxe o clima punk rock pro refrão de outra faixa. Quais são os pensamentos, ideais, filmes, livros, que lhe influenciam diretamente nas letras? Como você se define politicamente, espiritualmente e filosoficamente? Eu gostaria que o poder não estivesse na mão de poucos, gostaria que a coisa fosse mais equilibrada, mais justa. Não acho justo um ter 10 enquanto o outro tem 0. Tem coisas que soam como afronta, tipo, um cara andando com um carro de meio milhão enquanto o outro puxa carroça. Acredito que quanto mais atos bons eu realizar, mais coisas boas eu receberei. A sua relação com a cultura do skate é uma parada próxima da sua vida, como o rolê do pixo? Já tentei andar de skate. Na época tive um shape do Fernandinho Batman, tive um shape do Thronn e um do Léo Kakinho. Nunca fui um bom skatista, então decidi abandonar o skate. Tenho vários amigos skatistas. O Gerdal é um grande parceiro e usou
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a arte do Crônicas da Cidade Cinza em um de seus shapes. Eu piro muito assistindo os vídeos, é uma coisa que me inspira bastante. Você se inspira muito no lance das histórias de personagens da cidade. O que há de tão especial que lhe atrai nessa parada de contação de histórias? Desde pivete eu já tinha facilidade pra contar historias. Nas redações que eu fazia já saiam várias. Eu ficava contando histórias de terror pros meus amigos na infância e juntava toda a molecada pra ouvir. Eles ficavam impressionados e uns tinham até pesadelos. Minha mãe me incentivou muito a ler. Acabei trazendo isso pro rap, não foi intencional. É uma coisa natural mesmo. Criar uma história é como fazer um filme. É bacana ver as pessoas ouvindo e se imaginando nas cenas. É lindo desenhar as cenas na imaginação das pessoas. Você acha que aqueles raps mais secões ou mais bate-cabeças que se fazia nos anos 1990 no Brasil foram superados como referência de som e de flow para a nova geração? A velha escola abriu caminho, pavimentou, deu a cara à tapa pra que nós pudéssemos fazer o que é feito hoje. O rap daquela época era diferente. Muita coisa antiga soa atual pra mim. A música “Política”, do Athaliba e a Firma, por exemplo, é super atual. Vários caras da velha escola se atualizaram. O Racionais é um exemplo disso. + info: http://smarturl.it/rodrigoogira
FOTOS AUTUMN SONNICHSEN
É lindo desenhar as cenas na imaginação das pessoas.
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skateboarding militant // por guto jimenez*
Os Anjos Guerreiros
IVAN SHUPIKOV
APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.
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FOTOS TADEU FERREIRA
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ma das melhores coisas que existem no mundo do skate é o caráter democrático que vigora entre os praticantes. Homens e mulheres de todas as idades, cores de pele, religiões e status sociais se encontram nas ruas, pistas, ladeiras e quadras de todo o planeta com o único intuito de dar um rolé com seus carrinhos ou longs – e o melhor, sem sofrerem preconceitos de forma alguma. É claro que existem exceções, como em tudo o que tem a ver com os seres humanos, mas o normal é que não haja restrições de nenhuma espécie quando um grupo de skatistas está junto andando num pico qualquer. Pois bem: como ficam aquelas pessoas que desejam sentir o vento no rosto, mas não têm como devido às suas limitações físicas? A imensa maioria dessas pessoas fica apenas na vontade, seja por falta de acesso, de condições ou até mesmo de coragem; lembre-se que andar de skate exige coragem acima de tudo, sem falar na determinação que nos impõe que nos levantemos depois de cairmos. Alguns têm tudo isso (coragem, acesso e condições), mas simplesmente não têm como devido à falta de skates adaptados às suas necessidades especiais... Foi pensando nessas pessoas que surgiram os Anjos Guerreiros, uma equipe de skate dedicada exclusivamente a pessoas que têm sérias limitações físicas. O responsável pelo projeto é o skatista e profissional de TI chamado Sérgio Roberto de Oliveira, conhecido no Museu do Ipiranga como “Sérgio Pato”. Tudo começou quando ele conheceu um cara chamado Marcos Rossi em um ensaio de escola de samba; mesmo sendo portador da Síndrome de Hanhart (que se caracteriza pela ausência de braços e pernas), Marcos é casado, pai de dois filhos, advogado de um grande banco, surfista, mergulhador e ritmista da X9 Paulistana. Foi ele quem deu a ideia da iniciativa ao “Pato”, ao mostrar-lhe um carveboard que havia comprado e pedir a este que o adaptasse pra que também pudesse dar uns rolés na ladeira do Museu. Uma vez pronto, o carveboard adaptado possibilitou que Marcos evoluísse a ponto de ser chamado a participar da equipe Carverize, uma das principais do país. Quando inúmeras famílias de pessoas com dificuldade de locomoção se interessaram pela iniciativa, foi a vez do “Pato” adaptar um longboard pra disponibilizar o mesmo pra que essas pessoas também pudessem andar de skate. A partir daí, a equipe Anjos Guerreiros estava formada, sendo composta por sete pessoas: além do Marcos, fazem parte Thiago “Cocó”, Laura Neves, Ivan Bevenuto, Leonardo Marques, Victor Morceli e Andrei Almeida, o mais novo membro da equipe. Entre eles, apenas Thiago “Cocó” já tinha uma história prévia bastante significativa sobre o carrinho. Ele começou a andar de skate com 9 anos de idade e logo migrou do street pro downhill slide, modalidade na qual se destacou no final dos anos 90. No início desse século, “Cocó” era um dos amadores mais promissores da modalidade no país, status que lhe trouxe patrocínios, viagens e boas colocações em campeonatos de DHS. Porém, sua história pessoal mudaria drasticamente em 2003, quando ele mergulhou numa piscina e bateu com sua cabeça no fundo da mesma, provocando uma fratura da coluna cervical com compressão de sua medula. Após o acidente, “Cocó” pensou que nunca mais poderia andar de skate de novo... Isso até o ano passado, quando foi apresentado ao “Pato” pelo vereador George Hato num campeonato na ladeira do próprio Museu. Marcaram uma sessão pra depois e, após mais de 12 anos sem poder subir num skate, “Cocó” pôde sentir o vento no rosto sobre um skate de novo.
Sérgio Pato e Thiago Cocó.
Marcos Rossi, no Museu do Ipiranga.
A principal dificuldade dos Anjos Guerreiros é a falta de equipamentos, uma vez que contam com apenas um long e um carveboard pra todos os membros da equipe. Mesmo com o sucesso alcançado entre as famílias de pessoas com mobilidade reduzida por conta de inúmeras matérias na grande mídia, a equipe carece de apoios que os possibilitem montar mais equipamentos pra que cada vez mais pessoas sejam beneficiadas com o prazer de andar de skate. Fazer as devidas adaptações não é um processo barato; mesmo com o apoio de algumas empresas (Spoart, Vmx360 Tecnologia, Six Trucks e Ipanema Ina Fag) e do vereador na parte oficial (junto à Secretaria Municipal de Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida), “Pato” espera sensibilizar cada vez mais empresas pra poder ampliar o seu projeto. Ele não pretende parar por aí, tendo o objetivo de adaptar skates pra prática de slalom e ampliar a iniciativa pra torná-la acessível a portadores de Síndrome de Down e até mesmo deficientes visuais. Enquanto skatistas, aprendemos a encarar novos desafios e a superar nossos próprios limites. O exemplo de Sérgio “Pato” e de sua equipe serve pra nos estimular e, principalmente, pra nos fazer perceber o quanto o skate significa pra algumas pessoas que não tiveram a mesma sorte que a maioria de nós tem. Às vezes, temos tanto a agradecer em nossas vidas que nem nos damos conta... Skate para todos! AGRADECIMENTOS ESPECIAIS: Tadeu Ferreira, Sergio “Pato”, equipe Anjos Guerreiros e vereador George Hato.
FOTO: DIEGO SARMENTO
˜ BIANO BIANCHIN ˜
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