Clipping de imprensa de 25 a 28 de junho

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Clipping imprensa 25-28 junho


Revista de Imprensa 28-06-2016

1. (PT) - Correio da Manhã - Correio da Manhã Algarve, 28/06/2016, Hotel Pine Cliffs reabre após obras

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2. (PT) - Correio da Manhã, 27/06/2016, Algarve, preocupação atinge o turismo

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3. (PT) - Negócios, 27/06/2016, Brexit - E depois do adeus

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4. (PT) - Jornal de Notícias, 26/06/2016, Europa já prepara saída do Reino Unido

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5. (PT) - Diário de Notícias, 25/06/2016, Queda da libra é ameaça às exportações e ao turismo

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6. (PT) - Correio da Manhã, 25/06/2016, "Quebra da libra reduz o poder de compra" - Entrevista a Elidérico Viegas

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7. (PT) - Diário de Notícias, 25/06/2016, Emigrantes: "Daqui até lá muita coisa pode mudar"

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8. (PT) - Correio da Manhã - Correio da Manhã Algarve, 27/06/2016, Negócios com a China

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9. (PT) - Sol, 25/06/2016, Hotéis esgotados no Algarve

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10. (PT) - Dinheiro Vivo (DN + JN), 25/06/2016, "Ainda neste ano teremos os Tivoli no médio Oriente" Entrevista a Dillip Rajakarier

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11. (PT) - Dinheiro Vivo (DN + JN), 25/06/2016, Impacto dos tailandeses nos hotéis já se sente e vai ser ainda maior

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12. (PT) - Expresso - Economia, 25/06/2016, Fundo da ECS vai acelerar a venda de hotéis recuperados

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13. (PT) - Correio da Manhã, 25/06/2016, Nadadores fora dos hotéis

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14. (PT) - Jornal de Notícias, 25/06/2016, Hotéis deixam de estar obrigados a ter nadadores

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15. (PT) - Público - Golfe, 25/06/2016, Madeira já tem passaporte de golfe

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16. (PT) - Público, 28/06/2016, Ministro da Cultura pretende revitalizar a Fundação Côa Parque

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17. (PT) - Público, 28/06/2016, Museu Judaico de Lisboa avança com gestão da Associação de Turismo

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18. (PT) - Expresso - Economia, 25/06/2016, Pestana quer marcar mais golos com o CR7 nos hotéisEntrevista a Dionísio Pestana

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Correio da Manhã Algarve A1

ID: 65055456

28-06-2016

Tiragem: 140038

Pág: 30

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 4,32 x 3,79 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

HOTEL PINE CLIFFS REABRE APÓS OBRAS GO hotel Pine Cliffs reabre, no próximo dia 2 de julho, depois de obras de renovação. Na ocasião também será inaugurado o Pine Cliffs Ocean Suites.

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ID: 65035864

27-06-2016

Tiragem: 140038

Pág: 28

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 32,00 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 2

ECONOMIA BREXIT SAIDA DO REINO UNIDO

PREOCUPAÇÃO ATINGE O TURISMO

Este ano não se preveem impactos negativos no turismo algarvio, em termos de procura pelos britânicos, uma vez que as reservas já estão feitas e os Indicadores são muito positivos

Empresários dizem que a região será afetada com uma grande desvalorização da libra face ao euro porque os turistas gastarão menos ALTERNATIVAS O Crescimento de outros mercados, como o francês e o alemão, pode reduzir o impacto

RECEIO O

JOSÉ CARLOS EtISÉBIO

xiste preocupação, mas não dramatismo", afirma Desidério Silva, presidente da Região Turismo do Algarve (RTA), em relação às consequências da saldado Reino Unido da União Europeia. O mercado britânico é responsável por mais de 30% das dormidas nos hotéis do sul de Portugal. "Se a libra desvalorizar muito, isso é mau, porque o poder de compra dos ingleses fica mais baixo e, por isso, vão gastar menos, mas não vale a pena sermos pessimistas. Os ingleses gostam muito do Algarve", realça ao CM Desidério Silva.

E

Este responsável diz que "este ano não haverá impactos negativos, porque as reservas já estão feitas e os indicadores são muito positivos para o turismo algarvio", acrescentando que, além disso, "existem outros

BRITÂNICOS GARANTEM MAIS DE 30% DO TOTAL DE DORMIDAS NOS HOTÉIS mercados externos que estão a subir, como o francês e o alemão". Reinaldo Teixeira, administrador de grupo dos setores imobiliário e turístico do Algar ve, considera que os ingleses

1,8 MILHÕES CHEGAM DE AVIÃO A FARO 13 Desembarcam por ano

1,8 milhões de passageiros britânicos no aeroporto de Faro. Este mercado sempre foi o principal fornecedor de t uristas do Algarve. • 50 MIL TÊM SEGUNDA RESIDÊNCIA NA REGIÃO 13 Existem cerca de 50 mil

residentes temporários no Algarve oriundos do Reino Unido, assumindo uma grande relevância no turismo residencial da região. •

"não vão deixar de viajar e de investir", considerando que apenas se houver "uma hecatombe com a libra", em termos de desvalorização face ao euro, é que "se poderão sentir efeitos negativos".

pra, gastando "300 a 600 mil euros na compra de uma casa, ou até mais". Roger Edmonde, de 76 anos, é um dos ingleses que têm casa no Algarve, próximo de Alvor, passando metade do tempo em Portugal. "Nada vai mudar para CLIENTES INGLESES mim. Não estou nada preocupado", garante ao CM. TÊM COMPRADO IMÓVEIS Segundo ele, o referendo para CAROS NA REGIÃO a saída do Reino Unido da União "Nos últimos dois dias até tive Europeia "não devia ter sido dois clientes ingleses que me li- aberto aos reformados, porque garam a dizer que não iam dei- os jovens é que vão sentir as xar de investir no Algarve", re- consequências da decisão que vela Reinaldo Teixeira, adian- foi agora tomada". • tando que grande parte dos bri- NOTICIA EXCLUSIVA campo tânicos tem alto poder de com- DA EDIÇÃO EM PAPEI

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ID: 65035864

27-06-2016

Tiragem: 140038

Pág: 29

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 32,00 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 2 de 2

DEPOIMENTOS

Theresa May pode avançar contra Boris Johnson

JOHN HAVERY INGLES RESIDENTE NO ALGARVE

"Fiquei multo triste com o resultado do referendo" Vivo há 20 anos no Algarve e fiquei muito triste com o resultado do referendo. Quando se faz parte de um grupo, não devemos sair, mas lutar para resolver os problemas por dentro. Em termos pessoais, nada muda na vida do dia a dia e não irei regressar a Inglaterra.

13 Vários setores do Partido

Conservador estão a ponderar

ANTHEA PORTHOCK TURISTA INGLESA

"Já venho de férias há 11 anos e vou continuar a vir" Não votei no referendo porque estava de férias no Algarve, mas sou a favor da saída. Existem muitos imigrantes que não trabalham e recebem apoios. Já venho de férias para o Algarve há 11 anos e vou continuar a vir. Acredito que a libra vai estabilizar com o passar do tempo.

CHRISTIAN SOARES EMPRESÁRIO DA RESTAURAÇÃO

Se a libra desvalorizar, os turistas gastarão menos" O melhor seria que o Reino Unido tivesse permanecido na União Eu-. ropeia. Se a libra desvalorizar muito, os turistas passam a gastar menos, o que terá consequéncias negativas para o Algarve. Mas vamos ter de esperar para ver o que vai acontecer.

Nicola Sturgeon ameaça fazer tudo ao seu alcance para Impedir a saída da Escócia da União Europeia

a possibilidade de fazer avançar a atual secretária do Interior, Theresa May, como candidata à sucessão de David Cameron no partido e na chefia do governo como forma de tentar travar a vitória anunciada de Boris Johnson, tido como o grande responsável pela vitória do Brexit. May é vista como a única política conservadora capaz de fazer frente a Johnson numa eleição interna e unir o partido. •

Parlamento da Escócia pode bloquear o Brexit MOÇÃO O Líder escocesa quer que deputados recusem aval ao referendo 0 A primeira-ministrada Escó- o referendo e, nesse caso, pedi cia, Nicola Sturgeon, admite rá aos deputados que recusem que o parlamento local possa dar o "consentimento legislati bloquear a saída do Reino Unido vo". No entanto, acredita que o da União Europeia (LIE), recu- executivo de Londres tentará contornar esse pedido. Na Es sando dar aval ao referendo. A efetivação do Brexit tem de cócia, 62% da população votou ser aprovada pela permapelo parla- 62% DA POPULAÇÃO nência na UE, mento britâ- ESCOCESA VOTOU mas o Brexit nico, com o ganhou no PELA PERMANÊNCIA NA UE consenso das Reino Unido assembleias da Escócia, País de por uma margem de 52%. Stur Gales e Irlanda do Norte. On- geon admitiu também um novo tem, em declarações à BBC, referendo à independência da Sturgeon explicou ser lógico Escócia, a qual conta, segundo que o governo britânico apre- uma nova sondagem, com o sente uma moção para ratificar apoio de 52% dos escoceses. •

Líder trabalhista Jeremy Corbyn enfrenta revolta G Oito dirigentes do Partido

Liderança de Jeremy Corbyn está a ser contestada no Partido Trabalhista

Trabalhista (oposição) apresentaram ontem a demissão, numa revolta interna contra o que afirmam ser a "falta de liderança e empenho" do líder Jeremy Corbyn na campanha para o referendo. O porta-voz do partido para a política ex terna já tinha sido afastado no sábado por dizer que "perdeu a confiança" em Corbyn. •

PORMENORES UE recusa mais ofertas A UE não vai fazer novas propostas ao Reino Unido para que se mantenha no bloco europeu, garantiu ontem o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel. Perda "catastrófica" Philip Hammond, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, admite que seria "catastrófico" para o Reino Unido perder o acesso ao mercado único europeu após votar a saída da UE. Liberais querem a UE Tim Faron, líder do Partido Liberal Democrata britânico, vai concorrer às próximas eleições com um programa baseado no regresso do país à UE. Assinaturas falsas Cerca de 77 mil assinaturas falsas foram retiradas da petição que pede um segundo referendo e que já ultrapassou 3 milhões de assinaturas . Ameaças a polacos A polícia britânica está a investigar uma série de incidentes com mensagens racistas contra a comunidade polaca no Reino Unido, após a vitória do Brexit.

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If O Boris Johnson é o favorito à sucessão a Cameron O Theresa May pode avançar para unir o partido

Nigel Farage exigia novo referendo se Brexit perdesse G 0 líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, um dos rostos da campanha pelo Brexit, disse no mês passado que exigiria um novo referendo se o 'não' à UE perdesse por uma curta margem. "Um resultado de 52% -48% quer dizer que a questão não está arrumada", disse Farage ao 'Daily Mirror'. •

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ID: 65035172

27-06-2016

Tiragem: 14968

Pág: 4

País: Portugal

Cores: Preto e Branco

Period.: Diária

Área: 25,70 x 32,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Bancos centrais em alerta pós-Brexit reúnem em Sintra Draghi recebe em Sintra alguns dos mas poderosos banqueiros centrais do mundo num momento em que estão em alerta máximo para evitar turbulências na banca, nas moedas ou nos juros da dívida que possam prejudicar a economia e confiança dos investidores. Reuters

Mario Draghi Presidente do BCE Taxa de juro 0% e está a comprar dívida Armas Mais liquidez e aumentar compras

RUI PERES JORGE

rpjorgeianegocios.pt ANDRÉ TANQUE JESUS

andrejesus4pnegocios.pt

s próximas semanas serão decisivas para conter desenvolvimentos financeiros que possam afectar de forma grave a confiança dos investidores, das empresas e das famílias, que está abalada pela decisão

Janet Yellen Presidente da Reserva Federal Taxa de juro 0,25 a 0,5% Armas Adiar subida de juros este ano

britânica de sair de União Europeia (UE) de que faz parte desde 1973. As consequências de médio e longo prazo do Brexit são dificeis de antecipar e dependerão, em boa medidas, das negociações entre o Reino Unido e UE nos próximos anos, e do eventual contágio do cepticismo britânico a outros países. Mas os riscos de curto prazo estilo já bem identificados: é essencial que nenhuma instituição financeira relevante rebente por falta de liquidez; é importante que a depreciação da libra não resulte numa queda livre da moeda britânica; é vital para a Zona Euro

que os juros dos países mais frágeis da periferia não disparem para níveis insustentáveis; e finalmente, é desejável que os bancos continuem a conceder crédito. Só assim se conseguirá mitigar os efeitos negativos da incerteza e da maior aversão ao riso que resultam do referendo. As próximas duas a três semanas serão determinantes e o palco é dos banqueiros centrais, avaliaram nos últimos dias vários especialistas, entre eles Olivier Blanchard, o ex-economista-chefe do FMI: "Se, após uma semana ou duas parecer que ninguém fez nada demasiado estú-

Mark Carney Presidente do Banco de Inglaterra Taxa de juro 0,5% Armas Cortar juros, retomar compra de dívida

pido e que os bancos centrais têm as coisas sob controlo, espero que a aversão ao risco decresça lentamente, que os mercados e as moedas recuperem e que os fogos fiquem limitados ao Reino Unido e, em menor escala, à UE", escreveu numa nota no Peterson Institute no sábado. Os bancos centrais, de resto, já assumiram o seu papel. Perante a queda da libra (8% face dólar para o valorais baixo desde 1985 e de 6% face ao euro), o afundanço dos principais mercados bolsistas com perdas que chegaram aos 10%, e subidas nos juros da periferia da Zona Euro

(porcontraposição osjuros dos EUA e Alemanha que fundaram, levando as yields alemãs a 10 anos para valores negativos próximo dos -0,05%, contra os 3,36% de Portugal), os banqueiros reagiram sexta-feira com palavras e liquidez. Mark Carney foi o primeiro:"estamos bem preparados para isto", afirmou o governador do Banco de Inglaterra (BoE) que reconheceu "esperarvolatilidade" nos próximos dias e injectou 250 mil milhões de libras (309 mil milhões de euros) no sistema financeiro, prometendo mais caso seja necessário. Vários

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ID: 65035172

27-06-2016

Tiragem: 14968

Pág: 5

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 30,49 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 2 de 27

DOIS DESAFIOS E OITO FIGURAS DAS FINANÇAS MUNDIAIS QUE MARCAM NA PENHA LONGA

Pelo terceiro ano consecutivo, durante três dias o luxuoso hotel da Penha Longa em Sintra reúne alguns dos mais poderosos banqueiros centrais do mundo com alguns dos mais Influentes especialistas e economistas da actualidade. O objectivo é analisar os desafios que se colocam à política monetária e estabilidade financeira mundial. O tema deste ano do Fórum do BCE é "o futuro da arquitectura financeira e monetária internacional".

DESAFIOS DA POLÍTICA MONETÁRIA INTERNACIONAL analistas apontam já para urna provável redução das exigências contracíclicas de capital nos bancos britânicos no início de Julho e um corte de juros (actualmente em 0,5%) na reunião de 14deJulho. Um relanç=ento do programa de compra de dívida pública é também dado como provável mais para o final do ano. Já o BCE e a Fed garantiram estarem preparados para ceder liquidez adicional. Banco do Japão, Banco Nacional da Suíça, Banco Central da Noruega e Banco da Índia também. Quanto aos próximos meses, acrescentam várias análises, a subida de juros esperada nos EUA pode estar mais longe e ser mais pequena; enquanto na Zona Euro - onde o BCE está no início de um novo programa de compra de títulos de dívida de empresas e de um segundo programa de empréstimos de longo prazo aos bancos - admite-se um aumento do programa de compra de dívida pública

Juntos em Sintra É neste contexto que, no âmbito do 3° Fórum anual do BCE, se reúnem de segunda até quarta-feira em Sintra alguns dos principais banqueiros centrais e especialistas em política monetária e sistemas financeiros. O encontro debaterá "o Futuro daArquitectura Financeira e Monetária Internacional", que dificilmente poderá ser alheio às consequências do anunciado desmembramento do Reino Unido da UE. O ponto alto ocorrerá na quarta-feira, num debate que junta Mario Draghi do BCE, Janet Yellen da Fed e, esperava-se, Mark Carney do Bo E que entretanto terá cancelado a vinda. Trata-se dos presidentes dos três bancos centrais mais poderosos do mundo, com jurisdição da política monetária e financeira sobre 44% do PIB mundial e com balanços que, em conjunto, ascendem a 7,5 biliões de euros - 41 vezes o PIB nacional.■

MAURICE OBSTFELD Director de investigação do Fundo Monetário Internacional (FMI), participará no debate sobre os desafios monetários e macroecónomicos actuais. Maurice Obstfeld, que substitui Olivier Blanchard, é especialista em economia internacional.

ANNE KRUEGER Foi economista-chefe do Banco Mundial entre 1982 e 1986 e número dois do FMI entre 2001 e 2006. É uma mais proeminentes economistas norteamericanas, especializada em economia internacional e do desenvolvimento.

BARRY EICHENGREEN É um dos mais conhecidos historiadores económicos da actualidade, sendo especialista em sistemas financeiros internacionais. Ocupa um papel central no debate e contextualização da crises dos últimos anos.

HÉLÈNE REY Com 45 anos é uma das jovens economistas que saltou para a primeira linha do debate sobre a política monetária internacional, avisando para os potentes efeitos nas economias emergentes das decisões dos grandes bancos centrais como a Reserva Federal.

STIJN CLAESSENS Nascido na Holanda, passou grande parte da carreira nos EUA. Primeiro no Banco Mundial, depois no FMI e. agora, na Fed, onde é conselheiro sénior. A sua investigação tem focado a política monetária, os mercados e o papel da regulação.

CLAUDIA M. BUCH É a vice-presidente do Bundesbank e a responsável pelo departamento de Estabilidade Financeira. Esteve no reconhecido German Council of Economic Experts. A sua carreira tem sido marcada pela regulação e pelos mercados financeiros.

DESAFIOS DA REGULAÇÃO FINANCEIRA NO MUNDO

CHARLES GOODHART Professor Emérito da London School of Economics, tem dedicado a sua carreira à política monetária. Foi conselheiro-chefe do Banco de Inglaterra e, mais tarde, membro do Comité de Política Monetária. É a cara da experiência académica e profissional.

HYUN SONG SHIN Formado em Oxford, acabou por dar aulas em Princeton e na London School of Economics. Agora, é o super poderoso conselheiro económico e director de investigação no Departamento Económico e Monetário do BIS.

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ID: 65035172

27-06-2016

Tiragem: 14968

Pág: 6

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 32,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 3 de 27

PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Divórcio da UE sacode sistema político britânico Nove dos "ministros sombra" do líder Trabalhista, Jeremy Corbyn, apresentaram a sua demissão. Entre os Conservadores prossegue uma guerra fraticida sobre quem será o sucessor de David Cameron e os pró-europeístas querem travar Boris Johnson.

EVA GASPAR

egasparOnegocios.pt

epois do terramoto que ainda se sente em todas as capitais europeias, receosas de que o voto da passada semana se repita em solo continental onde estão os alicerces da União Europeia (UE), e da sangria nos mercados financeiros, que poderão voltar a viver hoje um dia negro de pesadas perdas, a onda de choque provocada pelo Brexit estáagora a varrer o sistema político britânico e a testara integridade do próprio país, levando muitos a questionar se o Reino Unido não corre o risco de se desmembrar antes de estar concluído o seu processo de divórcio da UE - que, à partida, deverá ser concluído até ao final de 2018. Inconformados com a decisão de sair da União Europeia, mais de três milhões de britânicos assinaram durante o fim-de-semana uma petição a apelar ao parlamento para qué repita o referendo. Nove dos "ministros sombra" de Jeremy Corbyn apresentaram, entretanto, a demissão para tentar forçar o afastamento do líder dos Trabalhistas, o maior na oposição, que muitos consideram ter sabotado a linha europeísta do partido.

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Guerra entre os Conservadores No seio dos Conservadores, a guerra fratricida prossegue, agora em torno de quem será o sucessor de David Cameron que, no rescaldo do Brexit, anunciou que sairá de cena em Outubro e que será o seu sucessora negociaro acordo de saída e, simultaneamente, uma nova parceria com países com quem

floris Johnson, e ex-"Mayor" de Londres, foi um dos protagonistas da campanha pelo "Leave^.

convive há 43 anos e paraos quais exporta metade do que produz. A linha mais europeísta quer travar a ascensão de Boris Johnson, rosto incontornável da campanha do "Leave" e ex-"mayor" de Londres, onde o "Remain" ganhou por mais

de 70%. George Osborne, ministro das Finanças, pode ser uma alternativa A decisão só deverá ser tomada em Outubro no congresso do partido. Com os Conservadores e os Trabalhistas rachados ao meio, o cenário de eleições antecipadas

começa a ganhar força, e o partido Liberal Democrata - que saiu reduzido a pó nas eleições de Maio do ano passado -, dissejá que vai concorrer às próximas eleições com um programa acqPnte no regresso do Reino Unido à União Europeia.

O líder Tim Farron apelou aos britânicos insatisfeitos com o resultado do referendo de quinta-feira para se unirem ao partido com a "promessa clara e inequívoca de restaurara prosperidade e o papel dos britânicos no mundo, com o

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27-06-2016

Tiragem: 14968

Pág: 7

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 31,70 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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PERGUNTAS A KIRSTY NAVES Embaixadora do Reino Unido em Lisboa

Mary Turner/Reuters

primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, avisou neste domingo que vai dar indicações ao Parlamento escocês para que chumbe todas as leis cuja aprovação seja necessária para concretizar a saída do Reino Unido da UE.

Um referendo na Escócia

Reino Unido dentro da União Europeia". Para Farron, muitos cidadãos votaram pela saída "com base cm mentiras". Pelo meio, uma sondagem na Escócia revela que a maioria quer a independência e a

Em entrevista à BBC, a também líder do nacionalista SNP, garantiu ser "evidente" que dirá para os deputados escoceses para não darem o seu "consentimento legislativo" às alterações necessárias. Logo na sexta-feira,Sturgeon reagiu aos resultados do referendo (na Escócia venceu com larga margem o sim à permanência) dizendo que estão criadas as condições para o país realizar outro referendo, desta feita sobre a continuação na UE. Em Setembro de 2015, os escoceses decidiram, também em referendo, continuara integrar o Reino Unido. Mas tal decisão pode agora ser diferente tendo em conta o europeísmo dos eleitores escoceses. Na Irlanda do Norte e na Escócia, o sim venceu, com 62% e 55,7%, respectivamente. A primeiraministra escocesa, NicolaSturge011, disse que vai começar a preparar a legislação necessária para pôr em marcha um segundo referendo sobre a independência da Escócia, daqui a dois anos. O mais recente teve lugar há pouco mais de um ano. Já o primeiro-ministro do País de Gales, Carwyn .1( )1, rejeitou a ideia de bloquear saída, argumentando que tal só "piorará a actual crise política". Ao contrário da Escócia, Gales votou maioritariamente "Brexit". por 52.5% dos votos.ffi

Inconformados com a decisão de sair da UE, mais de três milhões de britânicos assinaram uma petição a apelar à repetição do referendo. Com os Conservadores e os Trabalhistas rachados ao meio, o cenário de eleições antecipadas começa a ganhar força. A Escócia vai começar a preparar a legislação necessária para pôr em marcha um segundo referendo sobre a independência, daqui a dois anos.

"Não vai mudar nada para os portugueses nos próximos dois anos" Em entrevista ao Negócios, a embaixadora do Reino Unido diz que a prioridade neste momento é tranquilizar pessoas e mercados. Que instruções recebeu de Londres para gerir este "day-after"? Como o primeiro-ministro David Cameron disse, a nossa prioridade é respeitar a vontade do povo britânico mas também tranquilizar as pessoas e os mercados internacionais. Essas são as instruções que temos e que estamos a seguir. David Cameron disse que se demitirá em Outubro e que será o seu sucessor a formalizar o pedido de saida. ao passo que a UE pediu pressa para que, o quanto antes, se clarifique o novo quadro de relações. Porque é que David Cameron não tem pressa? A preparação do processo negociai que irá seguidamente ser aberto com a União Europeia é tema das reuniões que terão lugar na próxima semana em Bruxelas. Em relação a isso, o nosso entendimento é que. o mais importante. é permanecer sereno e seguir um processo bem estruturado. O Reino Unido sempre foi um Estado-membro especial. Acha que será doravante um país associado também especial? Esse vai ser obviamente o tema central das negociações que serão iniciadas depois de invocado o artigo 50 dos Tratados. Embora nào possa especular sobre a substância, porque ainda é cedo e porque entrámos num terreno novo, tenho a certeza de que o relacionamento vai continuar a ser especial com a UE e com Portugal. Com Portugal temos a aliança mais antiga do mundo, um re-

lacionamento muito intenso em termos de negócios e nos dominios sociais e culturais, e devo salientar que fiquei muito grata com as palavras do primeiro-ministro e do Presidente da República quando ambos disseram querer uma abordagem construtiva nas negociações que se seguem e o prosseguimento da nossa aliança. Como escocesa, teme que o resultado deste referendo possa ter posto em perigo o próprio Reino Unido? Não vou especular sobre esse assunto, mas posso deixar claro que é intenção do governo britânico assegurar-se de que os governos regionais vão ter um papel central nas negociações em Bruxelas sobre o pósUE. O que acontece agora aos portugueses que estão ou pensam ir viver para o Reino Unido? Continua tudo igual, incluindo o acesso ao serviço nacional de saúde? É muito importante sublinhar que nada vai mudar no curto prazo, ou até num prazo mais longo. Durante os próximos dois anos, ou até mais. oReino Unido continua com todas as responsabilidades e direitos como qualquer outro Estado-membro, pelo que, tanto para os portugueses que estão no Reino Unido como para os britânicos que estão aqui, a situação continua exactamente como era ainda ontem. Para trabalhar, para viver, para viajar, tudo continua igual. Não posso especular sobre como será a situação daqui a dois anos porque esse vai ser um tema central central nas negociações, e naturalmente que o governo português defenderá então os interesses dos portugueses como o britânico fará em relação aos seus nacionais. ■

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ID: 65035172

27-06-2016

Tiragem: 14968

Pág: 8

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 32,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

OPINIÃO

Na hora da despedida CRISTINA CASALINHO Presidente do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública

resultado do referendo no Reino Unido foi surpreendente e faltam boas ideias sobre as suas consequências. Existem razões históricas e acontecimentos passados que nos deveriam ter preparado para este desenlace. Casos em que temas europeus foram referendados, os resultados nunca foram inequivocamente favoráveis a avanços do projeto europeu. O Reino Unido não foi país fundador do projeto europeu. A Comunidade Económica Europeia (CEE) foi criada em 1957 com França, Alemanha, Itália e países do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). A União Europeia foi-se alargando. Porém, o alargamento nem sempre foi pacífico. Depois de cerca de sessenta anos de esforço de expansão da UE, prepara-se o primeiro abandono. Pode-se tentar encontrar algumas pistas sobre as consequências na votação. Os mais jovens (com menos de cinquenta anos), mais pobres (Escócia e Irlanda do Norte) e mais globalizados (Londres) votaram a favor da permanência. Para qualquer um destes grupos, o seu país é o mundo. Dentro ou fora de portas, competem por postos de trabalho com profissionais qualificados de qualquer parte do mundo. O Reino Unido, a par da Alemanha, foram as duas economias que melhor responderam ao desafio da globalização e que hoje estão mais expostas aos mercados emergentes. Após anos de fraco desempenho económico, na década de 1980, os primeiros encerraram a maioria das fábricas e orientaram-se para serviços e para novas tecnologias de informação e comunicação. O mercado de trabalho foi reformado e o Estado Social repensado. Os segundos, igualmente no seguimento de vários anos de debilidade económica, na segunda metade da década de 90, reformaram o mercado de trabalho e redesenharam o Estado Social. Embora mantendo as indústrias tradicionais, a competitividade aumentou, buscando dinamismo nos mercados emergentes. Olhando para a Europa de hoje,

Ralph Orlowski/Reuters

constata-se que existe maior proxim i dadè, em temas económicos, entre Rei no Unido e Alemanha que entre Alemanha e França ou Itália, outros fundadores. Não é por acaso que a maior parte dos movimentos de migrantes se orienta para estes dois espaços económicos, que oferecem maior dinamismo e maior abertura económica num mundo globalizado. Como consequência da crise da dívida soberana de 2010-2011, a evolução do projeto europeu avançou rapidamente mas essencialmente na área do euro. As ações do BCE, os avanços da União Bancária e a discussão sobre partilha ou redução de riscos envolvem sobretudo os membros do euro. Os grandes temas europeus hoje revolvem em torno de preocupações da área do euro, que diretamente dizem menos ao Reino Unido ou à Dinamarca. Na medida em que, como o presidente do BCE re-

conhece, o crescimento económico futuro da Europa depende não exclusivamente da política monetária, mas da forma como os estados pensam a economia de molde a poder responder aos desafios do futuro, designadamente de forma a criar emprego e proporcionar uma distribuição mais equilibrada de rendimentos, possibilitando a integração das populações mais jovens. A saída do Reino Unido pode ser encarada com preocupação, pelo exemplo em termos de taxa de participação no mercado de trabalho e desemprego, sobretudo jovem. Os desafios na UE não se circunscrevem à componente política. Muitos acreditam que a crise económica fornece os argumentos para forjar uma mais forte união politica de estados europeus, podendo-se evoluir para um modelo de inspiração federalista. Qualquer proje-

to político federalista carece de uma vertente militar. Ora, a UE observa manifestas fragilidades a este respeito, sobretudo com a saída do Reino Unido. As guerras no Médio Oriente e no Norte de Africa mostraram uma frente europeia muito pouco unida, colocando sérias interrogações ao projeto político europeu. A gestão da crise na Geórgia ou na Ucrânia, pelo lado político, ou da crise da dívida soberana, pelo lado económico, suscitam dúvidas sobre a vitalidade do projeto europeu. O abandono do Reino Unido tenderá a ampliar o debate sobre as vantagens políticas e económicas da UE, num momento em que o tradicional equilíbrio de forças entre França e Alemanha se encontra em risco. Este momento é uma oportunidade para repensar o modelo e torná-lo mais capaz de responder às necessidades de crescimento, rendimento e emprego. •

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Comércio com Portugal: controlos alfandegários regressam mas sem tarifas O Brexit vai ressuscitar os controlos alfandegários mas é pouco provável que as taxas aduaneiras regressem. Se o divórcio for bem negociado, não há razão para as relações comerciais entre Portugal e os britânicos saírem muito afectadas.

ELISABETE MIRANDA

emiranda©negocios.pt

o dia em que o Brexit for formalizado, haverá um regresso parcial a 1993 e ao período de pré-adesão ao mercado único. As mercadorias que entram e saem com destino a Inglaterra voltarão a ser sujeitara controlos alfandegários, as barreiras não pautais serão reactivadas, mas dificilmente se recuperarão as taxas aduaneiras. Com a burocracia de volta, o comércio entre Portugal e o Reino Unido consumirá mais tempo e recursos mas, se o divórcio for negociado de forma pragmática, não é de esperar que as relações comerciais saiam muito prejudicadas. Esta é, pelo menos, a convicção dos especialistas ouvidos pelo Negócios. Enquanto os líderes europeus não se sentarem à mesa das negociações com os britânicos, os contornos do Brexit permanecerão imprevisíveis, mas, dentro da imprevisibilidade, há já alguns cenários que podem começar a desenhar-se em função da sua probabilidade. E na área comercial não é de crer, como um estudo do Tesouro Britânico chegou a admitir, que Inglaterra saia sem assegurar qualquer tipo de acordo comercial. "O Reino Unido é tradicionalmente um defensor do comércio livre. É de esperar que um novo acordo substitua o actual", antecipa o economista Ricardo Pinheiro-Alves, numa posição que é

N

acompanhada porJosé Rijo. "Não UM DOS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS temos na Europa um único País Valores em milhões de euros que não esteja integrado numa zona de comércio livre", diz o ad- Em 2015, Portugal exportou sete mil milhões de euros para o Reino Unido (3,3 mil vogado e especialista em direito milhões em bens e 3,7 mil milhões em serviços), ocupando dessa forma o quarto aduaneiro. lugar no ranking das economias mais importantes para as vendas ao exterior (9,5% O acordo de comércio livre, seja do total). As importações no mesmo ano totalizaram 3,4 mil milhões de euros elequalfor;prefflupõeque os países (4,8% do total), divididos quase pela metade entre bens e serviços. europeus continuem a exportar e 15158,7 importar bens para o Reino Unido Espanha 21959,4 sem quaisquer direitos alfandegá9380.9 rios, e que os britânicos fiquem li- França 5599,4 vres quanto à possibilidade de ne8104,5 Alemanha gociarem com países terceiros. 8524,7 É por esta razão que Ricardo 7015,8 Reino Unido Pinheiro-Alves está convencido de 3432,4 que, desde que haja bom sendo nas 3917,8 EUA negociações, "não penso que vá ha11181,2 11111 ver assim tanta instabilidade". 3457,4 Exportações Angola 1336,6 .1.1 importações José Rijo também está relativamente seguro de que não se reer3012,9 Holanda Ille3488,8 guerão fortificações comerciais. o Aliás, uni dos cenários que admite 5000 10000 15000 20000 25000 como provável é que o RU regresFonte: Banco de Portugal se às origens e se reintegre na EFTA", a associação comercialen- no Unido é hoje em dia o quarto questão é mais política do que ecotre a Islândia, Noruega,Sulça e Lie- maior destino das exportações nómica, entende Ricardo Pinheichtenstein, que agora poderá ga- portuguesas, assumido sectorda ro-Alves. "Se a lógica europeia e nhar novo fôlego. maquinaria um peso especial. Em britânica de aprofundamento da sentido contrário, e segundo o liberalização se mantiver, não vejo Mais tempo e custos Banco de Portugal, somos o sexto razões para grandes impactos", diz administrativos destino de exportação dos britâni- o economista. Se o regresso das tarifas é alta- cos. PosiçõeS relativas que estão Sem a sujeição a qualquer resmente improvável, praticamente dependentes, sobretudo, do pro- trição negocia] com países terceicerto é oaurnentodabUrocraciaeo cesso negociai de saída, já que é ros,a Inglaterrapoderá,a prazo, tortempo das transacções. "A reintro- também dele que dependem Os nar-se mais competitiva. "Os mais dução de controles alfandegários outros factores como a manuten- saudosistas poderão querer reatar será uma inevitabilidada", antecipa ção da City como uma praça finan- a Commonwealth, e aí as relações José Rijo. E isto trachn-se em decla- ceira de relevo, o valor da libra e a comerciais poderiam serpotenciarações aduaneiras, emissão de cer- capacidade de atracção de investi- das", diz José Rijo. Um acordo cotificados de origem, maior exposi- mento estrangeiro. mercial com a Índia por exemplo, ção a controlos fisicos e o regresso Mais incerto que o comércio de com quem a UE não tem acordos das barreiras não pautais que exi- bens é o mercado de serviços, cm preferenciais, poderá colocaras exgem a certificação das condições de relação ao qual há um mercado co- portações inglesas numa situação qualidade dos produtos, as normas mum, embora com limitações, e ao de vantagem. Mas até que o futuro de segurança, as regras sanitárias. qual o Reino Unido também per- comece a desenhar-se no papel, Segundo as estatísticas, o Rei- derá acesso. Mas, também aqui, a tudo não passam de cenários. ■

66 Não temos na Europa um único País que não esteja integrado numa zona de comércio livre. Um dos cenários que admito como provável é que o Reino Unido regresse às origens e integre a EFTA.

JOSÉ RIJO Advogado, especialista em direito aduaneiro

O Reino Unido é tradicionalmente um defensor do comércio livre. É de esperar que um novo acordo substitua o actual. Não penso que vá haver assim tanta instabilidade.

RICARDO PINHEIRO-ALVES Economista

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Corte: 7 de 27

PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Perguntas e respostas sobre a saída do Reino Unido da UE Depois do Brexit, a pressão para a realização de referendos noutros países europeus vai aumentar. As incertezas sobre o processo de saída do Reino Unido estão a agitar os mercados e poderão fazer com que os agentes económicos adiem decisões de investimento, mas ninguém antecipa uma recessão profunda. EVA GASPAR

1

Porque foi convocado este referendo?

David Cameron chegou a afirmar que o seu Partido Conservador nunca poderia ambicionar chegar ao poder se confim irise a maldizer a Europa, depois prometeu fazer um referendo quando algum novo Tratado surgisse, mas perante a ascensão meteórica do UKIP, partido anti-UE, e sobretudo da pressão da ala eurocéptica do seu partido - designadamente de próximos seus, como Boris Johnson e Michael Gove, que acabaram por ser caras de primeira linha do "Leave" cedeu. A promessa de um referendo "in or out" fez parte do programa de governo com que se reelegeu em Maio do ano passado. •

2

Quem liderou as campanhas pelo "Remain" e pelo "Leave"? Do lado do "Leave", ou sair, esteve um partido criado em 1991 precisamente comesse fim: o UKIP - UKlndependence Party - de Nigel Farage que, em Maio de 2014, foi mesmo o mais votado nas eleições paro Parlamento Europeu, onde tem actualmente 24 deputados, contra 20 dos Trabalhistas e19 dos Conservadores. Activamente presentes

na campanha pelo "Brexit" estiveram ainda dois antigos aliados de David Cameron: Boris Johnson, antigo "mayor" de Londres, e Michael Gove, seu ministro da Justiça. Recuperar soberania e travar a imigração foram as ideias-chave da campanha. Do lado do "Remain", ou permanecer, estiveram os demais partidos. embora Jeremy Corbyn, o líder do maior partido da oposição, o Trabalhista (Labour), só tenha surgido na recta final da campanha. Os principais sindicatos e associações empresariais apoiaram igualmente a permanência do país, argumentando que, dentro da UE, o Reino Unido será mais próspero e seguro. •

dos para obter a independência de modo a manterem-se na UE. A primeira-ministra escocesa, NicolaSturgeon, disse que vai começar a preparar a legislação necessária para pôr em marcha um segundo referendo sobre a independência da Escócia, daqui a dois anos. O mais recente teve lugar há pouco mais de um ano. Outro perigo à espreita para a coesão interna do país reside na clivagem geracional. Terão sido os mais velhos, aqueles que têm Mais de 50 anos, os que fizeram pender os pratos da balança para o "Brexit". •

5

E a União Europeia, Qual foi o resultado vai colapsar da votação? ou nem por isso?

Depois de semanas de sondagens contraditórias, mas sempre a apontar para um resultado muito disputado, a opção de deixar a UE - conhecida pela expressão Brexit (exit of Britain) - venceu com 51,9% contra 48,1%. David Cameron anunciou que vai demitir-se em Outubro e Jeremy Corbyn poderá ver o seu lugar também desafiado à frente do Labour. •

4

O Reino Unido está em perigo?

A curto prazo não, mas os governos da Irlanda do Norte e da Escócia, onde o sim venceu, assim como no País de Gales, deram indicações de que poderão ponderar referen-

A única certeza é que a pressão para a realização de referendos noutros países europeus vai aumentar. Pouco depois de terem sido conhecidos os resultados da consulta no Reino Unido, vários partidos eurocépticos renovaram a intenção de os promover. Foi o caso na Holanda, na Suécia, na Finlândia e em França, onde Marine Le Pen, da Frente Nacional, é uma candidata forte à vitória das eleições presidenciais do próximo ano. •

6 Como vai processar-se este divórcio?

me acad.& sakla, o gila polia danarik ~qui mamam

O primeiro passo cabe ao governo britânico que, em face dos resultados do referendo, terá agora de formalizar, invocando o artigo 50 do Tratado de Lisboa, o pedido de saída voluntária do seu país ao Conselho Europeu (órgão que reúne os líderes dos demais Estados-membros). Tal só deve suceder no Outono, porque David Cameron disse que sairá de funções em Outubro e que será já o seu sucessor a desencadear esse processo. Com o pedido de divórcio entregue em Bruxelas, nada mudará no imediato. Até que se conclua um acordo de saída, o que pode demorar até dois anos e incluir um novo acordo de co-habitação com a UE (tipo Suíça ou Noruega, por exemplo), o casamento mantém-se, mas o Reino Unido fica sem direito a voto sobre as decisões que lhe respeitem. O facto de Londres ter ficado de fora do euro, de Schengen ou da união bancária - os projectos mais ambiciosos - facilita, e mui- _ to, a separação. Mas 43 anos depois, um sexto da regulamentação britânica decorre da pertença à UE, e há ainda 12.295 regulamen-

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até dois anos e incluir um novo mecanismo de co-habitação, nada mudará no relacionamento entre o Reino Unido e a União Europeia.

tos comunitários de aplicação directa que cobrem áreas tão diversas como as,normas mentares, emissões poluentes ou exigências aplicáveis à banca, que caducarão com o abandono da União. Nos cálculos do Governo biltánico, não será, por isso, viável sair no prazo de dois anos previsto nos tratados. "Teríamos urna década ou mais de incerteza», antecipa a análise oficial, referindo-se à necessidade de produzir legislação alternativa e de renegociar acordos bilaterais com os demais 27 parceiros e com mais de 50 países que têm relações estruturadas com a UE.■

7 Como reagiram os mercados?

Como esperado, a reacção mais imediata e severa está a ter lugar nos mercados financeiros, com impactos acentuados no sector

financeiro e nos activos de maior risco como a dívida portuguesa cujos "juros" registaram o maior agravamento desde a demissão "irrevogável" de Paulo Portas. Face ao dólar, a cotação da libra chegou a sofrer a maior desvalorização em 30 anos enquanto o euro registava o maior recuo de sempre. A acção concertada dos bancos centrais travou entretanto a dimensão das perdas. ■

8 Vamos entrar em recessão?

A incerteza sobre qual poderá ser o novo quadro jurídico como resto da UE pode levar os agentes económicos a adiar decisões de consumo e de investimento e levar várias empresas e bancos a reduzir a sua presença, deslocalizando pa'rte da sua actividade para outros países. Mas ninguém antecipa uma recessão profunda. O HSBC, o maior

banco do mundo com sede na City londrina, espera que a taxa de crescimento seja 1% a 1,5% mais baixa èm 2017 do que em caso de "Bremain". O impacto nos demais países europeus também deverá ser moderado, mas muito depende do quanto a incerteza perdure. No caso mais extremo, o FM' calcula um impacto negativo no PIB português de 2017 de 0,5%.ffi

9 Como ficam os portugueses que vivem no Reino Unido?

Nada se altera para quem já vive ou quer ir viver nos próximos dois anos no Reino Unido, mas o governo português tem vindo a sublinhar que é conveniente pedirvistos de residência de longa duração. Para quem che-

gou há pouco tempo ou trabalha sem contrato ainda é mais urgente fazer prova de residência, podendo depois inscrever-se nos cadernos eleitorais. Segundo a associação Migration Watch UK - que defendeu o Brexit -, os cidadãos europeus já residentes no Reino Unido não serão afectados: os seus direitos e obrigações ficam preservados sob a Convenção de Viena do Direito dos Tratados de 1969. Para os que chegarem pós-UE, a situação será mais complicada e dependerá do enquadramento que venha a ser negociado. Uma possibilidade é o Reino Unido sair da União, mas não do Espaço Económico Europeu (EEE) - situação semelhante à da Noruega. Neste caso, a situação não seealteraria de forma significativa para os imigrantes europeus porque o mercado comum também integra a liberdade de circulação de trabalhadores. Outra possibilidade, mais provável, é ia Reino Unido deixar também o EEE. Neste caso, poderia regulara situação dos imigrantes europeus através de tratados bilaterais com países ou com a União Europeia. É o modelo adoptado pela Suíça.■

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

REPORTAGEM

"Já fizemos as malas uma vez" A preocupação demonstrada junto do centro de apoio à comunidade lusa não vai correspondendo às conversas de rua em Little Portugal. Entre os emigrantes mais novos não há preocupação mas sim desânimo.

ALEXANDRA MACHADO

amachado@negocios.pt ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

/

ondres reúne dois tipos de emigrantes portugueses. Uma pc;pulação vinda há 20 ou 30 anos, em muitos casos menos qualificadas e que acabou por se concentrar num triângulo já denominado Little Portugal. Muitos restaurantes atestam isso mesmo. Muitos queriam ganhar dinheiro em Londres para enviar para Portugal, na esperança de um dia voltarem. Mas a crise económica nacional acabou por, em alguns casos, fazer o contrário. A família é que veio para Londres. Mas, claro, que há de tudo. Vivem nesse triângulo, no bairro Lambeth, que foi percentualmente em Londres, o que teve mais votos no "remain". Os portugueses não ponderam votar, mas as explicações saem facilmente. Os londrinos, em particular neste bairro, estão habituados aos emigrantes. Em muitos casos são servidos por esses mesmos emigrantes. E em sã convivência. Em Lambeth, o Remain obteve 78,6% dos votos, só superado pela expressiva votação de 95,9% de Gibraltar. Esta é a poptilação que está ansiosa e que tem vindo a pedir mais esclarecimentos. Estão há muitos anos por cá. Também não acreditam que o pais vá correr com eles. A Bloomberg, um destes dias, ilustrava a questão da emigração: "quem nos vai servir café?". Muitos vão pensando em regressar. Outros até já o fizeram. Mesmo antes do referendo. Hugo Alves, madeirense, embrulhado na bandeira portugue-

J

A comunidade portuguesa concentra-se no bairro de Lambeth.

O madeirense Hugo Alves já não quer voltar a Londres.

sa, pede três libras por um boné de Portuga1.10 libras por uma camisola. "E está barata". Horas antes do jogo de Portugal, que vai ver junto da comunidade, tenta fazer negócio. Está em Londres. Mas já não vive cá. "Não quero vir mais", assegura, confiante também de que "este é o pior país para se viver". O custo é grande. O arrendamento de um TO pode atingir1000 libras. "os preços das rendas pelo menos devem começar a baixar", diz um outro português, que diz que Londres "é urna violência financeira". Alcino Francisco, jornalista e

editor do PalopNews, sabe o que é isso. Não é fácil manter um negócio de comunicação social em Londres. Já houve para a comunidade portuguesa vários jornais: o Notícias, o Hora H, a Gazeta. 0 PalopNews mantém-se na internet. Alcino tem a meio um artigo sobre o Brexit, mas não é isso que os seus leitores procuram. Sobre o Brexit, as notícias surgiram nos jornais nacionais. E todos tomaram partido neste referendo. Alcino admite que essa tomada de posição tem influência. Colados à televisão e agarrados ao telemóvel estiveram tam-

Em Londres o aluguer de um TO pode atingir as mil libras, ou seja, 1.229 euros.

bém os jovens portugueses que estão em Londres a trabalhar e a estudar. É a nova emigração. E estes estão menos preocupados. Têm trabalho, muitos como enfermeiros. Não estão apreensivos. Já fizeram uma vez as malas, podem voltar a fazê-la, diz uma portuguesa de pouco mais de 30 anos. Se não há muita preocupação, há, no entanto, muito desânimo. Como é que o Reino Unido lhes foi fazer uma coisa destas? Acabam pór concluir: "e se nos formos embora? Quem presta os cuidados de saúde?". •

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OPINIÃO

Brexit: dividir para não reinar

PAULO RANGEL Eurodeputado eleito pelo PSD

Raquel Oliveira emigrou para o Reino UNido há dois anos e melo.

Uma dose de calma para combater a ansiedade Raquel Oliveira, líder do Centro de Apoio à Comunidade Lusófona, conta que "têm chovido telefonemas". As pessoas querem saber como obter o cartão de residente. O Centro de Apoio à Comunidade Lusófona vai começar a fazer sessões de esclarecimento à população. Perto de Little Portugal, em Londres, Raquel Oliveira acaba de ser eleita presidente do Centro de Apoio à Comunidade Lusófona. E já antecipa muito trabalho. Afinal, nos últimos dias "têm chovido imensos telefonemas". Em particular para saberem como podem pedir o cartão de residente no Reino libido. A partir desta segundafeira, o Centro vai começar afazer sessões de esclarecimento para as pessoas terem toda a informação, até porque o pedido requer o preenchimento de um formulário de 90 páginas em inglês e acarreta custos, diz Raquel Oliveira. Um agregado de quatro pessoas poderá pagar até 260 libras para obter esse cartão. Quem está registado na segurança social há mais de seis meses e vive há dois anos pode pedir o cartão de residente provisório. Ao fim de cinco pode pedir o permanente. Se tiverem o cônjuge nalguma dessas situações pode" também, pedir. Os pedidos são extensíveis ao agregado directo. Se até agora havia muita gente que não via necessidade em fazer essa mudança de residência, agora o caso pode mudar de figu-

ra, admite Raquel Oliveira que veio para o Reino Unido há dois anos e meio ter como marido, juntamente com os dois filhos menores. É arquitecta mas começou a prestar serviço voluntário no Centro até chegar à presidência. Já está empregada. E admitiu ao Negócios que alterou agora a morada, mas não pelo Brexit. Foram questões que apelidou de logísticas que a levou a isso. "As pessoas têm de fazer contas, mas agora pode servantajoso requererem o cartão", diz Raquel Oliveira, salientando, no entanto, que cada caso será um caso. O que tem, no entanto, de ser feito para já é "acalmaras pessoas", ansiosas pela informação que recebem de todos os lados. E as mudanças acontecerão, acredita Raquel Oliveira, só depois de dois anos. Já a cidadania britânica, que pode ser pedida só depois de ter a residência permanente e mediante um teste sobre a história do país, escrito e falado. Os custos pode chegar às 1.500 libras. Não é frequente este pedido e Raquel Oliveira acrescenta também que "quando o RU sair da União Europeia, também não me parece que a cidadania inglesa possa interessas a muita gente", mas tudo depende "das regras do jogo". • ALEXANDRA MACHADO, EM LONDRES

1.

A diplomacia inglesa goza do prestígio de ser umadas melhores do mundo. E da fama de saber usar, quase como nenhuma outra, avelha máxima "dividir para reinar". Lembre-se que a França de De Gaulle opôs-se por duas vezes à adesão do Reino Unido à então Comunidade Económica Europeia. E, entre as várias razões inteligíveis, andava precisamente essa de que os britânicos quereriam entrar com "reserva mental", apenas e só para entravar e controlar (na medida do possível) o processo de integração. Mesmo no caso da velha aliança anglolusa, a ideia foi sempre a de garantir° princípio "uma península, dois Estados". Que ameaça maior haveria para a potência britânica do que uma península ibérica unificada num só Estado, com as vantagens estratégicas de visar o atlântico sul e o norte (e não só o norte) e de ter uma ligação fácil ao continente?Sósustentando um mino separado que dominasse a frente atlântica, os interesses geopolíticos britânicos estavam acautelados... Hélas: dividir para reinar. 2. Pois bem,é precisamenteafaltade nacionalidade política da decisão de saída da União Europeiaquegera umaenormeperplexidade e que parece pôr em causa essa contante da linha político-diplomática de Londres. Os resultados do referendo mostram que o referendo é internamente fracturánte e estruturalmente divisor. A primeira grande divisão que trará feridas dificilmente curáveis e que podem pôr em jogo a própria sobrevivência do Reino Unido é a divisão regional. O referendo separou a Escócia ea Irlanda do Norte da Inglaterra e do País de Gales. E dentro da Inglaterra adensou gravemente o fosso entre a Grande Londres e o resto do país. A independência da Escócia tem um novo fôlego, com oportu-

O risco da "desEuropa" está nos umbrais de cada cimeira e de cada sessão de negociação.

nidades de se mate rializarque pareciam di;sipadas nos próximos dez avinteanos.A perspectiva de reunificação das duas Irlandas é, pela primeira vez, real e, se não ocorrer, o desmantelamento do processo de paz da Sexta-Feira Santa estará em grave risco. Muitos foram os que se esqueceram que as queixas que Londres tinha de Bruxelas são menos do que os lamentos que Edimburgo e Belfast tinham de Londres. 3.0 segundo grande divisor é geracional: apesar de ainda não haver estudos de sociologia eleitoral sérios, é jáevidente que a população jovem era largamente a favor da inserção na União Europeia e de que as camadas mais velhas eram fortemente apoiantes da saída. A ideia de que as gerações mais velhas sequestraram o futuro das mais novas vai deixar sequelas sérias na vida A terceira fissura relevanpolítica britânica. te é social e cultural: antolha-se claro, nos primeiros estudos, que quem tinha uma posição social e cultural privilegiada queria manter-se na União: as classes médias baixas e baixas dos subúrbios industriais já caducos, com medo da globalização e da imigração, votaram maciçamente pela saída São o mesmo exército de Trump e de Le Pen... 4. De há muito que escrevo e que peroro sobre esta questão. O risco de aproveitamento pelos populismos de extrema-direita (França, Áustria, Holanda, Dinamarca) e até de extrema-esquerda (Grécia, Espanha e até Portugal) são notórios. O risco de expansão do secessionismo - Catalunha, País Vasco, Pad á'rlia, Flandres, só para dar os exemplos da Europa Ocidental - passa a ser real. A degradação económica e financeira é já uma certeza, só indeterminada na profundidade, extensão e duração. O risco da4`desEuropa" está aos umbraisde cada cimeira e de cada sessão de negociação. 5. Mas hoje só queria sublinhar um aspecto e queria olhar mais para o interior do Reino Unido do que para o seu exterior. O Brexit só serviu para dividir dividir territorialmente, dividi r geracionalmente, dividir social e culturalmente. Mas desta feita, a divisão não vai servir para reinar. Como em Hamlet, há algo de podre num Reino e não é - ou não é ainda - o da Dinamarca

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Bomba rebentou. Onda de choque nas bolsas vai durar Bolsas em mínimos de vários anos, juros da dívida soberana a disparar. Isto com a libra a tocar níveis de 1985 e o ouro a brilhar. Um efeito colateral do Brexit que, dizem os analistas, vai demorar a passar.

LIBRA ATINGE MINIMOS DE 1985

BOLSA ITALIANA LIDEROU AS QUEDAS

PRÉMIO DE RISCO DE PORTUGAL DISPARA

Evolução da moeda no último més

PETRÓLEO AFUNDOU QUASE 7%

Variação na sessão de sexta-leira

OURQ VIVE MELHOR SESSAO DESDE 2008

Evolução do prémio de risco no último més

Evolução do Brent no ultimo més

Evolução do metal no ultimo mês

O surgimento das primeiras notícias de que o Brexit poderia ser o desfecho do referendo britânico tiveram na libra a primeira vitima, na madrugada de sexta-feira. A moeda britânica caiu mais de 11% e atingiu os valores mais baixos em 31 anos face ao dólar. Ao longo da negociação travou as perdas, mas desceu mais de 7%.

Numa sessão de quedas generalizadas entre as principais bolsas mundiais, a italiana acabou por registar a queda mais expressiva. Cedeu 12,48%. Também a espanhola caiu mais de 12% e registou a maior queda diária de sempre. O português P5I-20 perdeu 7% e passou a negociar em mínimos de 1996.

Depois do alívio registado nas sessões anteriores, à boleia das sondagens que apontavam para a permanência do Reino Unido na União Europeia, o prémio de risco da dívida portuguesa face à germânica disparou. Registou a maior subida diária desde 29 de Junho do ano passado. Atingiu os 340,38 pontos.

O petróleo não resistiu à fuga ao risco que marcou a última sessão da semana passada e partilhou a tendência negativa da maioria das matérias-primas. Depois da recuperação das sessões anteriores, o Brent voltou às perdas e chegou a perder quase 7%. Caia 4,8% para os 48,46 dólares, à hora de fecho desta edição.

Com a fuga generalizada a activos de risco, acabaram por beneficiar os activos percepcionados como mais seguros. Foi o caso do ouro que chegou a avançar mais de 8% na sexta-feira e viveu mesmo a melhor sessão desde 2008. Tocou em máximos de Março de 2014. No último mês. o metal apreciou mais de 7%.

1.50

Mibtel (Itália)

350

lbet-35 (Espanha)

53

1318

51

1284

Roo( 600 (Europa) P51-20 (Portugal) -6,82%

1,4636

1,3767

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24.06.16 Fonte: Bloomberg

PAULO MOUTINHO RAQUEL GODINHO ANDRÉ TANQUE JESUS

Brexit caiu que nem uma bomba nos mercados. Arrasou com a libra, afundou as bolsas mundiais e ditou perdas nas matérias-primas, trazendo à memória dos investidores os piores dias da crise financeira. A fuga ao risco foi generalizada perante o desconhecido: uma saída do Reino Unido da União Europeia. Um cenário impensável que, ao tornar-se realidade, se prepara para ter ondas de choque intensas e,

-14

-3,1M6

FTSE (Reino unido)

-492%

S&P 500 (EUA)

-7

49

DAX (Alemanha)

o

47

285,39

340,38

24.05.16

48,61

48,46

24.06 16

24 05 16

1227,21

24.0616

24 05.16

Fonte: 8100mberg

Fonte: Bloomberg

Fonte: Bloomberg

dizem os analistas, duradouras. Enquanto a libra chegou a negociar em mínimos de 31 anos, nos mercados accionistas houve praças com perdas de dois dígitos - a bolsa espanhola sofreu a maior queda diária de sempre. Em Lisboa, num dia em que os juros da dívida dos países da periferia dispararam, o PSI - 20 perdeu 6,99% para regressar ao passado: recuou até 1996. A banca foi o detonador da bomba que rebentou nos mercados, dizimando também as matérias-primas. "Sectores como o financeiro, mais alavancados à economia do Reino Unido poderão continuara registar desempenhos inferiores aos do mercado", diz o UBS. Mas o Brexit, só por si, "levará a quedas nas acções mundiais e noutros activos de

risco", refere a BlackRock. Isto porque, nota o BofA/Merri II Lynch, o que estamos, e vamos continuar, a ver é "tun evento de venda generalizada", com todos os investidores a fugirem de tudo o que apresente risco para as suas carteiras. "Prevemos que uni número de activos de refúgio serão impulsionados pelo resultado do referendo do Reino Unido lio curto prazo", diz a Pictet. O Ouro viveu a melhor sessão desde 2008. Continuará, neste sentido, a haver "volatilidade nas moedas e nas acções", alerta o UBS, isto pelo menos "até haver uma melhor compreensão acerca das consequências da decisão do Reino Unido". I ndefin ição que gera tensão, algo que os bancos centrais mundiais estão a tentar conter. Mas, "ainda que os

bancos centrais actuem rapidamente para manter o mercado a funcioliar, as implicações nas cotações serão enormes, generalizadas e repentinas", alerta o Gold man Sachs.

Periferia na mira O cenário de "guerra" nos mercados não deixa ninguém incólume, mas Fará mais baixa~ na periferia alertam os analistas. "O que é mau para as acções é normalmente mau para o crédito", diz a Allianz Global I nvestors. Se na Alemanha os juros chegaram a negativo a 15 anos, dispararam

ruis restantes países. " Prevemos uma subida dos prémios de risco no mercado de dívida, especialmente entre os emitentes da periferia que são vistos como mais vulneráveis ao contágio ", diz a gestora alemã..

1316,94 24.06.16 Fonte: Bloomberg

instabilidade nos mercados deverá continuar, COM os investidores a evitarem especialmente os activos da periferia da Zona Euro. A

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TOME NOTA

BOLSA

O que dizem os especialistas sobre o futuro dos mercados

PSI-20 de regresso a 1996, ano do "chapéu" de Poborsky

Contra as expectativas de investidores e especialistas, o Brexit venceu e, por isso, a reacção imediata é de ajustamento de carteiras. O grande toco está nas acções britânicas com dependência da libra, já que deverão ambas liderar as quedas. Já a dívida alemã deverá sair beneficiada.

O PSI-20 atingiu na sessão de sexta-feira o valor mais baixo desde 1996. A última vez que o índice esteve tão baixo ainda se compravam e vendiam títulos de viva voz na sala de negociação da bolsa portuguesa.

ALLIANZ GI: PREPAREM-SE PARA QUEDAS A CADA MA NOTÍCIA A Allianz Global Investors aponta que "algumas cotadas no Reino Unido evoluirão razoavelmente bem", mas não as que dependem muito da libra. E diz que, "apesar de a salda de liquidez imediata dos preços dos activos do Reino Unido poder estabilizar após uma ou duas semanas, os investidores devem preparar-se para quedas extremas sempre que houver dados económicos desfavoráveis, ou quando os desenvolvimentos políticos seguirem o seu curso".

BLACKROCK: VENDAS EM MASSA PODEM CRIAR OPORTUNIDADES A BlackRock prevê "um euro fraco e pressão nas acções europeias, no crédito e nas obrigações da periferia". A maior gestora de activos do mundo antecipa que o Brexit "levará a quedas nas acções mundiais e noutros activos de risco". Ainda assim, a "venda indiscriminada poderá traduzir-

maior volatilidade cambial é provável que continue". A expectativa do Goldman Sachs é de fuga ao risco em massa, o que beneficiará o dólar, ao passo que a libra e o euro desvalorizam. Refúgio serão também o franco suiço e o iene. Além disso, "a crescente convicção dos mercados, de que o Reino Unido votaria para ficar na UE, deverá espoletar uma imediata mudança para [dívida com maior] segurança".

PICTET: BCE PODERÁ INTERVIR PARA • ESTABILIZAR A DÍVIDA A Pictet prevê que "a volatilidade aumentará significativamente, apesar das intervenções dos bancos centrais, e os activos de risco ficarão sob pressão". Para a gestora de activos suíça. "as taxas de juro das obrigações alemães deverão cair ligeiramente, acompanhadas por uma subida dos juros na periferia da Zona Euro". No entanto, conclui, "o BCE poderá intervir para estabilizar o mercado de dívida".

EM 1996, AINDA SE GRITAVA COMPRA E VENDE EM LISBOA A bolsa portuguesa de hoje é.muito diferente do que era há duas décadas. A negociação ainda se podia fazer de viva voz no "trading floor". 1996 foi o último ano em que foi possível negociar à antiga na bolsa portuguesa. Nesse ano, o mercado de capitais português era composto por grandes empresas, entre elas PT, Cimpor, Sonae, BCP, BPI, BES, Jerónimo Martins, Continente. E até conseguiu atrair novas cotadas, com a entrada da Telecel. Actualmente há menos cotadas de grande dimensão. E o PSI-20 tem apenas 18 cotadas. Em 1996, o índice ganhou 32,08%. Em 2016, leva uma perda de 17,9%.

-se em oportunidades".

FIDELITY: BANCA E CONSTRUÇÃO ENTRE OS MAIS PENALIZADOS A Fidelity diz que o Brexit causará "pressão negativa nas acções do Reino Unido, especialmente choques no sector financeiro e nos que estão mais dependentes dos migrantes da União Europeia", como é o caso da construção e alojamento. Por outro lado, diz a gestora britânica, "a pressão será menor nas empresas do Reino Unido que têm maiores ganhos cambiais".

GOLDMAN SACHS: VOLATILIDADE CAMBIAL VAI CONTINUAR O Goldman Sachs acredita que "a

UBS: A ÚNICA CERTEZA É MAIS INCERTEZA UBS aponta que "a reacção no mercado cambial, com a libra a cair 9% no inicio da negociação, provavelmente será uma boa indicação da tendência nos próximos dias". O banco suíço prevê que continuará "a volatilidade nas moedas e nas acções, até haver uma melhor compreensão acerca das consequências da decisão do Reino Unido", antecipando que a libra negociará em torno dos 1,30 dólares. Mas essa desvalorização deverá contrabalançar parte das quedas das acções, com os sectores financeiro e de consumo discricionário sob pressão. "A única certeza é mais incerteza", conclui o banco de investimento.

O MELHOR RESULTADO DE SEMPRE NA EUROVISÃO

O DESAPARECIMENTO DE FRANÇOIS MITTERRAND

1996 foi quase ano de glória para Portugal no Festival Eurovisão da Canção. A representante portuguesa foi Lúcia Moniz, com a música "0 meu coração não tem cor". Ficou em sexto lugar, a melhor classificação de sempre de Portugal na competição.

François Mitterrand, Presidente francês entre 1981 e 1995, chegou a ser considerado pela Comissão Europeia como um dos "mais influentes protagonistas e defensores da causa europeia". Vinte anos após o seu falecimento, o projecto europeu recebe um duro golpe com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia.

4.175 P51-20 O PSI-20 atingiu um mínimo de 4A75 pontos durante a sessão de sexta-feira. Um patamar que não se via desde 1996 e bem longe do máximo de 15 mil pontos alcançado em 2000.

O "CHAPÉU" DE POBORSKY A VÍTOR BAÍA NO EURO 96

Há 20 anos, realizou-se o último Grande Prémio de Fl no Autódromo do Estoril. A corrida foi vencida por Jacques Villeneuve, da Williams-Renault, sendo que Pedro Lamy, na Minardi-Ford, ficou a cinco voltas.

Há vinte anos, Portugal regressou aos grandes palcos do futebol mundial no Europeu de... Inglaterra. A Selecção deslumbrou na fase de grupos e chegou a bater a Croácia por três a zero. Mas seria eliminada nos quartos-de-final frente à República Checa com um "chapéu" de Karel Poborsky a Vítor Baia. o golo do extremo, que iria assinar pelo Benfica, foi eleito o melhor do torneio.

O DIVÓRCIO REAL NO REINO UNIDO

O ANO DO LANÇAMENTO DO DVD

Após alguns anos de separação, o príncipe Carlos e a princesa Diana oficializaram o divórcio. Vinte anos depois, do Reino Unido veio mais uma noticia de choque. É o próprio pais que decide divorciar-se da União Europeia.

Há 20 anos, a última grande invenção no armazenamento de dados era o DVD. A tecnologia foi lançada no Japão pela Toshiba, mas tem vindo a perder popularidade e pode seguir o caminho do VHS.

O ANO DO ADEUS DO ESTORIL À FÓRMULA 1

SAMPAIO E CAVACO NA LUTA PELA PRESIDÊNCIA O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva candidata-se à Presidência da República após ter sido batido nas legislativas de 1995. Mas perde a eleição do início de Janeiro logo na primeira volta, para Jorge Sampaio. Cavaco haveria de voltar a tentar conquistar Belém, assumindo a presidência entre 2006 e 2016. E, nesse escrutínio em 1996, houve outro candidato que continua bem activo na vida política, o actual líder do PCP, Jerónimo de Sousa.

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Dívida da periferia em estado de alerta com fuga ao risco Abriram os mercados e os juros da periferia dispararam. O Brexit caiu com estrondo nos investidores, que fugiram do risco. Já a dívida alemã viu as taxas negativas chegarem até aos 15 anos.

Portugal tem financiamento assegurado até meados de 2017

Mário Centeno diz que o país está preparado para as perturbações de mercado. A Comissão Europeia alerta para a redução da "almofada".

Miguel Baltazar

ANDRÉ TANQUE JESUS andrejesus@negocios.pt

oucos acreditavam que viesse a acontecer. Mas o Brexit ganhou o referendo e o resultado caiu com estrondo entre os investidores. A fuga ao risco na dívida soberana foi imediata e penalizou sobretudo a periferia da Zona Euro. O alerta soou, por isso, em Portugal, Espanha e Itália, que lideraram as subidas em flecha dos juros. Já a Alemanha brilhou na procura por refúgio, com os juros negativos a alastrarem à dívida a 15 anos. Durante a madrugada foi conhecido o que poucos queriam ouvir do lado de cá do Canal da Mancha: o "Leave" ganhou e, por isso, o Reino Unido vai sair da União Europeia E mal os mercados abriram, as ondas de choques espalharam-se. Em menos de meia hora, a taxa de juro das obrigações a dez anos de Portugal tocavam num máximo de 3,710%, traduzindo uma subida de 62 pontos base. A tendência era semelhante em toda a periferia. As "yields" a dez anos de Espanha e Itália dispararam, respectivamente, um máximo de 36 pontos e 41 pontos. O decorrer da sessão trouxe mais calma. mas mesmo assim ninguém escapou às fortes subidas. A taxa a dez anos de Portugal subiu 26,7 pontos para 3,357%, com o prémio de risco a disparar para 340,4 pontos. Já a "yield" de Espanha avançou 16,5 pontos para 1,632%, ao passo que a deltál ia fechou a subir 15,7 pontos para 1.557%.

p

Mário Centeno garantiu que Portugal tem financiamento assegurado para um ano.

Aganhar ficaram os países mais robustos da Zona Euro, com osjuros da Alemanha a afundar. E não só a taxa a dez anos voltou para negativo, como a dívida a 15 anos estreou-se com o sinal de menos. Atingiu os -0,107%, a beneficiar da procura por refúgio. Também aqui a tendência amenizou e os títulos fecharam a cair 16,6 pontos para 0,023%. Já a "yield" a dez anos recuou 14,0 pontos para -0,0475%.•

62 JUROS DA DÍVIDA A taxa de Portugal

a dez anos disparou um máximo de 62 pontos base. Fechou a subir 26,7 pontos para 3,357%.

Portugal não está preocupado com a tensão nos mercados de dívida Mário Centeno, o ministro das Finanças, estáconfiante na adequação do país para enfrentarperíodos de stress como o Brexit. Há dinheiro em caixa Há uma almofada, masa Comissão Europeiaalertaque essa está a ficar mais pequena "O Tesouro português tem um colchão, uma almofada financeira que cobre aproximadamente metade das necessidades de financiamento do próximo ano." A afirmação foi feita por Mário Centeno, à TSF, antes de conhecidos os resultados do referendo em que os britânicos votaram pela saída do Reino Unido da União Europeia Mas no mercado, os juros da dívida soberana portuguesadispararam em todas as maturidades perante o Brexit. Os investidores fugiram em massa dos activos de risco.A dívida portuguesa foi uma das mais penalizadas, com a taxa das obrigações a dez anos a disparar para 3,357%. Mas chegou a tocar nos 3,71%. É a "formulação adequada para um país estar preparado para perturbações que possam acontecer nos mercados e que oafectem", acrescentou Centeno. Portugal planeia fechar o ano com uma almofada de 6,6 mil milhões de euros, um valor que a Comissão Europeia considerou arriscado em Abril. "A posição de caixa tem vindo a reduzir-se desde o fim dasegunda visita pós-programa e, no fim de 2016, a almofada de dinheiro deverá ser muito menor que no final do programa", avaliaram os técnicos da Comissão

66 O Tesouro português tem um colchão, uma almofada financeira que cobre aproximadamente metade das necessidades de financiamento do próximo ano. É a "formulação adequada para um país estar preparado para perturbações que possam acontecer nos mercados e que o afectem". MÁRIO CENTENO

Ministro das Finanças

Europeia no final da segunda visita pós-programa. "Esta é uma almofada muito menor do que a do final do programa (cerca del5 mil milhões de euros), quando a dimensão da almofada cobria pelo menos12 meses de horizonte de financiamento.A actual dimensão reduzida da almofada poderá cobrir apenas seis meses de horizonte de financiamento", diz o relatório. • RPJ/CAP

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OPINIÃO

Depois do terramoto PEDRO SILVA PEREIRA f odiiputado cio PS

Neil Hall/Reuters

O

terramoto político do "Brocit" - que se anunciava desde a vitória do UKIP nas eleições europeias e se tomou iminente com a divisão no Partido Conservador abalou profundamente os alicerces da construção europeia, mas nãoécertoque tenha provocado danos estruturais irreparáveis. Perigosas, a sério, são as previsíveis réplicas nos vários países europeusonde se avolumam ondas populistasexenófobas, quasesempre lideradas pela extrema-direita nacionalista, porvezes em aliança objetiva com movimentos antisistema e uma certa esquerda soberanista. Ainda que mais pobre e mais fraca, uma União Europeia capaz de se reencontrar com os seus valores e o seu projeto pode certamente resistir à saída do mais renitente dos seus membros, mesmo tratando-sede uma poderosa eéonomia, com assento no G7 e direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas sem dúvida sucumbirá se, depois do terramoto britânico, for assolada por um Tsunami referendário ou eleitoral que, em nome das democracias nacionais, proporcione noutros países o triunfo das ilusões soberanistas e protecionistas - e com elas a vitória da lógica do egoísmo, com a qual não haverá futuro para o projeto europeu. E por falar em futuro, não percamos de vista o passado: mais do que uma precipitação, é um erro decretar, como alguns já se apressam a fazer, que a União Europeia é "um projeto falhado", como se a construção europeia, apesar das múltiplas crises que hoje enfrenta, não tivesse dado a uma Europa dilacerada por guerras e horrores o bem inestimável de décadas de paz, cooperação solidária, prosperidade, proteção social e qualidade devida para os seus cidadãos. Dito isto. é preciso dizer também que não menos errado seria pretender responder ao desafio colocado pelo "Brexit" e pelas crescentes pulsões nacionalistas apenas de livros de História na mão e entoando os acordes do "Hino daAlegria", como se não fosse preciso dar uma resposta política forte, que faça sentido para a vida dos cidadãos. A complexa encruzilhada em que se

encontra a construção europeia faz lem- cial que funcionecomoincentivoaoutras brar aqueles problemas de xadrez que os •saídas, será preciso encontrar, com pragjornais costumam publicar, emqueas pe- matismo, um quadrode relacionamento ças surgem colocadas no tabuleiro apre- vantajoso para ambas as partes, potensentando urna situação aparentemente ciando os benefícios do Mercado Unico e desequilibrada, de forma a colocar ao jo- acautelando os interesses dos cidadãos gador um desafio complicado mas em europeus (muitosdosquais portugueses) que, bem vistas as coisas, é possível en- que residem do lado de lá do canal da contrar um movimento ganhador: "as Mancha. Porém, aquestão decisiva é oubrancas jogam e ganham", é o que anun- tra: o que é que a União Europeia tem a ciam esses intrigantes problemas. Algo dizer sobre o seu próprio futuro? Para corresponder aos anseios dos de semelhante se passa hoje com oprojeto europeu: embora o jogo pareça perdi- cidadãos, a resposta europeia precisa, do, a União Europeia pode ter um futuro antes de mais, de reencontrar e reafirganhador seus líderes europeus soube- mar aquilo que une e dá sentido ao prorem responder com o movimento certo. jeto europeu: na base, os valores do huDeste ponto de vista, a negociação da manismo e da democracia; nos desígsaída do Reino Unido da União Europeia, nios, a tripla ambição de paz, de prospeao abrigo do agora famoso Artigo 50.° do ridade e de convergência Uma Europa Tratado de Lisboa, embora importante. de regras rígidas, impostas por burocraé uma parte menor da equação. Sem con- tas à força de sanções injustas e contraferir ao Reino Unido um estatuto espe- producentes; uma Europa com uma

moeda única inacabada, geradora de novas assimetrias e apesar disso hesitante entre o fantasma do "risco moral" e asujeição à especulação financeira; uma Europa de credores e devedores, à medida do interesse de uns contra os interesses da periferia; urna Europa ainda de mãos atadas, oito anos depois do início da crise, para responder de forma drástica ao drama do desemprego - essa Europa precisa de mudar, e mudar bastante, se quiser superara sua atual crise de resultados e dar uma resposta adequada. A meu ver, essa resposta passa por um movi mento duplo: por um lado, um novo impulso para a democracia nas instituições europeias; por outro, um novo impulso para a prosperidade e para a convergência nas políticas. Em breve saberemos se os líderes europeus têm a lucidez suficiente para encontrara solução ganhadora ■

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Caos no mercado cambial. Libra colapsa, iene dispara 1,4885 23.06.2016 21h00

Em 1992, George Soros quebrou o Banco de Inglaterra. Mas a libra caiu bem mais na última sexta-feira do que quando foi alvo do ataque dos especuladores que derrotaram o banco central. Recuou a níveis de 1985.

RUI BARROSO

ruibarroso@negocios.pt

izer que [o Brexit] foi um choque para os mercados financeiros é dizer pouco. E quem quiser um sumário numa única linha basta olhar para o desempenho da libra", referiram os analistas do Deustche Bank numa nota divulgada logo no início da sessão de sext4-feira. E não foi caso para menos. "Assistimos ao maior colapso diário da libra na era moderna", constataram os analistas do C.ommerzbank. A dimensão da quebra foi maior do que em 1992, quando George Soros quebrou o Banco de Inglaterra ao apostar na quebra da libra, obrigando o Reino Unido a sair do mecanismo europeu de taxas de câmbio. Nessa

66

LIBRA COM PIOR SESSÃO DE SEMPRE A libra ainda valorizou na noite de quarta-feira, com a divulgação de sondagens que davam a vitória ao Bremain no referendo em que os britânicos foram chamados a dizer se queriam ficar ou sair da União Europeia. Mas à medida que se percebeu que o resultado do referendo era o oposto a divisa britânica coiapsou, vivendo a pior sessão de sempre.

quarta-feira negra de 1992, a libra tinha descido cerca de 4%. Na passada sexta-feira, a divisa britânica chegou a derrocar 11,08% face ao dólar, a maior queda de sempre e um mínimo de três décadas: 1985. Acabaria por refrear essa queda para 7,43% para 1,3771 dólares. Mas a libra não protagonizou a única grande oscilação no mercado cambial, numa sessão de caos no mercado cambial. Os investidores procuraram refúgio no iene, no dólar norte-americano e no franco suíço. Em relação à moeda única, a divisa nipónica avança 5,95%. Cada euro vale 114,03 ienes. Mas o iene esteve a valorizar mais de 10% e foi mesmo, entre as maiores divisas, a que mais avançou na última sessão da semana passada. Antes de se conhecer° resultado do referendo, os analistas já antecipavam que em caso de Brexit o iene saísse beneficiado. E mesmo a ameaça das autoridades japonesas em intervir

66 Assistimos ao maior colapso diário da libra na era moderna. EQUIPA DE RESEARCH DO COMMERZBANK

para mineras subidas foram insuficientes para travar os ganhos. Outro dos portos de abrigo cm tempos de instabilidade é o franco suíço. A moeda helvética ganhou 0,77% face à moeda única, negociando em 0,9213 euros. Também o dólar valorizou, apesar da queda a pique da probabilidade da subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal dos EUA ainda este ano. A "nota verde" ganhou 2,01%, negociando em 0,8962 euros. ■

1985 MÍNIMO

A libra atingiu o valor mais baixo desde 1985 na sessão de sexta-feira com a votação no referendo ditar a saída da UE.

LIBRA CHEGOU A PERDER 11%

1,3771 24-06-2016 17h50

A libra chegou a perder 11,08% para 1,3229 dólares na passada sexta-feira. Foi quase o triplo da queda registada na quarta-feira negra de Setembro de 1992, quando o Banco de Inglaterra teve de abandonar o mecanismo europeu de taxas de câmbio.

Fonte: Bloomberg

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

OPINIÃO

Many Thanks to the English Working Class

JOÃO RODRIGUES Professor Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Investigador do Centro de Estudos Sociais e co-autor do blogue Ladrões de Bicicletas.

Neil Hall/Reuters

P

eço desculpa ao leitor pelo título em inglês. Sei bem que o inglês e os anglicismos são uma praga evitáveL Trata-se apenas deuma singela homenagem à maioria do povo britaiico, que teve a coragem devotar pela mudança no referendo à União Europeia (UE). Urna homenagem aos mais velhos, aos mais pobres, às classes trabalhadoras, aos de baixo. É que não é preciso ser instruído para dar uma lição. Eque liçãoesta, a que foi dada às elites políticas, económico-financeiras, aos de cima, numa sociedadecausticada pelapolarização social e regional, feita de vencedores e de vencidos da globalização neoliberal, o outro nome da UE realmente existente neste continente. Não creio que aprendam alguma coisa, no entanto, a.. avaliar por tantas reacções arrogantes. Quem faz esta homenagem vive, como o leitor, na Europado Sul, neste rectângulo castigado pela austeridade imposta por Bruxelas, numa moeda única que nunca nos serviu, comandada por Frankfurt vive numa economia estagnada há quase duas décadas, e endividada externamente em montantes recorde, umaamnbinação sem precedentes históricos. Tudo isto acontece também porque as elites portuguesas aderiram acriticamente à ideia do pelotão da frente, abdicando de instrumentos de política económica num processo nunca referendado. As elites portuguesas dominantes tiveram um papel crucial em transformar Portugal num indicador avançado da chamada estagnação secular, fenómeno que marca o capitalismo nas suas fases mais desiguais e financeirizadas. Repare o leitor que durante a campanha do referendo britânico, a Europa do Sul, com o seu desemprego de mascas, foi invocada por alguns defensores da saída, pelos que tinham boas razões para tal, como o melhor exemplo do que é a UE: uma ordem pós-democrática, que esvaziou a soberania dos parlamentos e que não a substituiu por nada que fosse competente e decente. Os britânicos levam a sério este problema Chamam-lhe democracia e quiseram recuperá-la de forma mais integral, quiseram ter um maior

controlo sobre a suavida colectiva. Não se esqueça o leitor que tiveram e têm de enfrentar o chamado projecto medo, comandado por economistas, os mesmos que garantiam antes da crise financeira, iniciada em 2007-2008, que vivíamos na grande moderação, que os mercados financeiros liberalizados eram o alfa e ómega do progresso e que o eum era aboa moeda para a UE (dois terços dos economistas britânicos inquiridos defenderam tal posição em 1999). Este referendo assinalou o merecido descrédito público da economia convencional. Garantiram e garantem que seria o caos. Esqueceram-seque, para os de baixo, o caos é há muito o outro nome das suas vidas. O leitor sabe que agora é "ai", que as agências vão descera notação; "ui", que a Grã-Bretanha vai ficar mais pobre por causa da desvalorização da libra As agências de notação são irrelevantes para Estados monetariamente soberanos e que

estão endividados na sua própria moeda As taxas de juro relevantes são determinadas pelo Banco Central e nunca, repito, nunca, há problemas de insolvência para Estados deste tipo. Os que operam no« mercados no tinido sabem isso. Quanto à desvalorização da libra, desde que esta seja controlada, e sé-lo-á, também pelaacção dasfon;asde mercado, enquadradas pela natural cooperação entre bancos centrais, pode ser um estímulo para a economia britânica, como foi durante a crise, ajudando-a num ajustamento há muito visto como necessário: desfinanceirizar, reduzindo o peso da City, e promover sectores mais produtivos. Para isso, ajudará a maior margem de manobra, por exemplo eni termos de política industrial, obtida, a prazo, graças à saída da UE. Mas isso não é o mais importante: mais liberal ou menos liberal, será ainda mais o parlamento a decidir formalmente. O leitor sabe que isso se chama demo-

cracia e ainda se lembra como foi por cá, num breve período, antes de as regras do mercado interno fazerem sentir todos os seus efeitos, e sobretudo antes do curo. Pelo menos nessa altura convergíamos oom as economias europeias. E agora o leitor pergunta: e nós? Nós precisamos de aprendercomo nosso mais velho aliado. O quê? Que o pelotão dafrente não nos serve: precisamos de sair do eum de forma negociada, idealmente, e, entre outras, obter excepções às regras do mercado interno. Em suma, recuperar instrumentos de política industrial, comercial, cambial ou orçamental. Tudo numa UE de geometria variável,de menu, com menos poder de Bruxelas e mais poder dos Estados. Caso contrário, o nosso futuro será mais do mesmo: declínio das forças produtivas da nação, da energia vital de um país esvaado. O lei tor não quer isso, eu sei. Tem, temos, é de ter a coragem de querer o caie tanta falta faz.ei

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

REPORTAGEM

Cartão vermelho para a União Europeia, mas não para a Europa Os britânicos decidiram. Querem sair da União Europeia. O dia seguinte foi vivido com alegria e tristeza. Mas sem certezas quanto ao futuro

ALEXANDRA MACHADO

amachado©negocios.pt ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

á Europa que

44 D todos são bem-

vindos". "0 Reino Unido não é anti-europa". "Eu amo a Europa". A decisão estava tomada.Masaoonversacom uma jornalista portuguesa, membro da União Europeia (UE),acabava sempre no mesmo sítio. Clare Dimyon, que orgulhosamente agita uma bandeira da UE com as estrelas pintadas com as cores do arco-íris e que bate no peito onde tem a medalha da condecoração real - a primeira, diz, para uma defensoradosdireitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) - no diado Pride London,é talvezdas mais efusivas. "Sou europeia de alma e coração",diz aoNegócios,assumindo que quando soube o resultado do referendo chorou. "Não queria acreditar", diz esta mulher que vive com uma polaca Vai dizendo que nãoespera a expulsão dos que vivem no Reino Unido, que, aliás, acrescenta,

"tem beneficios por os ter cá". E pagou-lhes formação. Esse dinheiro não conta quando se faz o balanço económico de um Reino Unido na UE, questiona A campanha do "Leave" bateu muito na tecla de que a UE custava

pediu a demissão de Cameron e teve-a.

350 milhõesde euros porsernanaan Reino Unido, dinheiro, diziam, que

Jacob Rety apoia o contestado lidar Trabalhista. Jimmy Corbyn.

será destinado ao sistema nacional

O sim ao Brexit teve reacções para todos os gostos.

Franue f alemã fala de uma dedslio horrível. SIM« Rkhards (na foto ao centro) presidente da Freedom assoclation,

de saúde. Depois da vitória do Leave, Nigel Farage, o líder do Ukip, o partido eurocéptico,já admitiu que poderia não ter todo esse destino. Mentiram? Os inglesesquestionam agora. Há uns anos, se um primeiro-ministro tivesse sido apanhado nas malhas do Panama Papers ter-se-ia demitido na hora, dizem outros, mas expressar maisdesagrado com o que dizem ser o "establishemem". Foi contra este que boa parte votou. John (pode ser John, diz quando se pergunta pelo nome) votou "Remain". Foge a grandes conversas, mas também não tem dúvidas de que "o jogo arriscado"que Cameron jogou "torna-nos fracos. Não temos líderes". Os dois principais partidos estão em guerra interna. Cameron demitiu-se, sairá em Outubro. Corbyn não se demitiu até ao momento, mas a sua liderança está a ser questionada internamente. Com os dois partidos divididos, falta saber quem vai negociar com Bruxelas o novo acordo e quem, antes, vai accionar o artigo 50 do Tra-

tado de Lisboa que admite a saída de um Estado-membro. Boris Johnson vai-se posicionando, mas nas ruas a sua figura não é consensual, mesmo paraaquelesquevotaram pelo"Leave". Mas onde alguns vêem populismo, outros vêem autenticidade. E uma rupturacomo passado. Foi para isso que o Reino Unido votou pelo "Leave" diz Martin Branley, enfermeiro, e que assume tervotado pelo "Leave", mesmo não sendo anti-europeu. Foi um voto de protesto contra o totalitarismo da UE. Uma ideia deixada por muitas pessoas que acabam pordizer, a uma jornalista portuguesa,queeste Brodtaté pode ajudar países como Portugal, que sofreram a austeridade de Bruxelas. É esta reforma da União que o Reino Unido já fora dela diz querer pressionar. Ninguém assume querer menos emigrantes, até elogiam o seu papel. Londres votou, maioritariamente, pelo "Remain". É uma cidade multicultural e diversa "Damos as boas-vindas aos estrangeiros". Também é uma cidade com

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TOME NOTA

Os efeitos do Brexit

Além do impacto económico, os britânicos admitem outras consequências da sua decisão de abandonar a União Europeia. Veja quais.

muitos jovens, a franja que mais votou pela permanência Os mais velhos optaram pelo Leave. Elizabeth saiu à rua, na noite do referendo, mesmo quando ainda se acreditava que o Remain ganharia - Nigel Forage tinha ele próprio assumido derrota. Queria mostrar ao mundo: "Love Europe, Leave the EU" (Amara Europa, Deixar a UE). Os britânicos mostraram o cartão vermelho à União, com consequências imprevisíveis. Poucos arriscum traçar o futuro. Um futuro que registará. a contra gosto para muitos, o papel de David Cameron. Terá o seu lugar nos lims. O Reino Unido será

oprimeiro país a sair da União,que ficará, até ver, a 27. Uns comemoram. Buzinam. Gritam. Outros fecham o semblante. Choram. Comparam o acontecimento à queda do Muro de Berlim. O "dayafter" foi de anestesia O processo está agora a começar. O choque nos mercados, diz iungestorfinanceiro, vai perdurar. Não vai ser tão mau como dizem, contrapõe outro. Para já o tombo foi grande. Mas foi, diz um estrangeiro que não vê no Brexit o apocalipse, uma demonstração de democracia "Todos os presidentes dos bancos, todos os presidentes das empresas cotadas na bolsa, todos czs

partidos, todos os líderes mundiais, o G10, os empresários com sucesso mundial falaram a favor do "Remain". Apesar de todo omundo ter dito que o Brexit ia ser uma desgfaça,o povo britânico votou a favor da saída É um sinal de democracia". Uma mensagem que muitos passam, apesar da petição a favor de um outro referendo ir já com mais de dois milhões de assinatura. Clare Dimyon, apesar do seu apoio ao "Remain" não queroutro referendo, mas tem já um novo sonho: "o regresso do Reino Unido à União Europeia durante a minha vida". •

PAÍS VAI A VOTOS A demissão de Cameron traz à baila a realização de novas eleições gerais. PAÍS FRAGMENTADO Uma das consequências mais faladas em Londres do Brexit é a possibilidade de o Reino se desunir. Escócia quererá novo referendo sobre independência. A Irlanda do Norte também votou pelo "Remain". E Gibraltar também. EUROPA REFORMADA Os britânicos acreditam que a sua decisão pode possibilitar reformas ao nível da união europeia, nomeada-

mente ao nível do exercício do poder mais transparente. OUTROS PAÍSES "EXIT"? A decisão do Reino Unido pode ter como efeito a realização de outros referendos na Europa, nomeadamente nos países nórdicos, antevêem alguns britânicos. ACORDO ENTRE UE E RU Ainda demorará para se saber o perfil do novo acordo entre os dois blocos, mas muitos britânicos acreditam que ambos os lados estão interessados num bom acordo.

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Âmbito: Economia, Negócios e.

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Exposição ao Reino Unido vale um terço do PIB

LEGENDA Reduções no nível de PIB com Brexi até 2018

-0,0 a -0,25 -0,26 a -0,5

No curto prazo, a grande ameaça do Brexit sobre a economia portuguesa está nos juros da dívida e no acesso do país aos mercados. A médio e longo prazo, comércio, investimento e emigração são as variáveis fundamentais.

RUI PERES JORGE

rojorge@negocios.pt

P

erto de 56 mil milhões de euros, ou seja, qualquer coisa como 31% do PIB nacional. Este era o valor, no final de Março, do "stock" de investimentos directos de Portugal em empresas do Reino Unido e do Reino Unido em Portugal, somado com o valor dos investimentos em dívida, acções e outros títulos detidos por residentes em ambos os países, e adicionadó ainda do valor anual das exportações e importações entre as duas economias. Esta é uma medida da grande exposição de Portugal à economia britânica no momento em que o país decidiu sair da União Europeia (UE).0 valor não considera as remessas dos 175 mil portugueses residentes no Reino Unido e que constituem uma das mais importantes comunidades nacionais no estrangeiro, adivinhando-se desde já que a política de emigração seja um dos dossiês mais sensíveis nas negociações que decorrerão nos próximos anos para efectivar a saída do Reino Unido. Não é fácil estimar o impacto a médio e longo prazodadecisãobritânicajá que tal depende de vários factores. Entreelesdestacam-seos resultados das negociações sobre as política de emigração e os acordos comerciais - com as respectivas tarifas e burocracias aduaneiras. Os especialistas ouvidos pelo Negócios estão optimistas quanto aos resultados em termos de comércio, e acreditam que União Europeia e Reino Unido manterão em vigor grande parte das actuais

tarifas - embora antecipem mais burocracia. O FMI, comoo Negócios avançou há uma semana, estima uma redução do PIB português entre 0,2% e 0,5% decorrente do Brexit este é um valor no meio da tabela europeia, atrás da Irlanda, Holanda, Bélgica e Dinamarca Nas suas contas, os economistas do Fundo levaram em conta as relações de comércio e investimento, e assumiram dois cenários: no melhorassumem que a actual incerteza nos mercados se dissipa rapidamente e que os novos acordos de comércio implicarão mais custos, mas baixos; no pior, agravam as perspectivas nestas duas dimensões.

Impactos nos juros são os mais temidos para já No médio e longo prazo serão as alterações estruturais nocomércio, investimento e emigração que ditarão os efeitos do Brexit Mas no curto prazo há outros riscos, em particularnaparte financeira, com potenciais efeitos desastrosos. Problemas em algum banco ditados por uma elevada exposição ao Reino Unido ou à libra ou um aumento da aversão ao risco por

66 As economias europeias mais expostas a um contágio do Reino Undo são Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália. ROYAL BANK OS SCOTL AND

parte de investidores que considerem que a saída do Reino Unido e suas implicações políticas noutros países da união - ameaça o projecto europeu e a própria Zona Euro poderiam levar a subidas de juros na periferia Portugal como uma das economias endividadas e frágeis está na linha da frente das perdas. E é exactamente esse o aviso deixado pelos economistas do Royal BankofScotland (RBS): "Na nossa perspectiva, as economias europeias mais expostas a um contágio relacionado com o Reino Unido são Grécia, Portugal, Espanha, I rlanda e I tália",o que resulta "da sua exposição subjacente à turbulência nos mercados e a dúvidas quanto ao futuro da União Europeia", escreveram numa nota enviada a clientes após os resultados do referendo. Na sexta-feira, os juros da dívida da periferia subiram, mas não demasiado: ayield al0 anos de Portugal subiu 0,25 pontos para 3,36%, a de Espanha escalou 0.163 pontos para 1.63%e a de Itália aumentou 0,159 pontos para 1.56%. Estes são variações significativas. mas modestas dada a dimensão do choque, o que em parte resulta da presença do BCE nos mercados de dívida e das garantias que deu de estar preparado "para todas as contingências". O M inistério das Finanças procurou descansar os observadores, relembrando que a almofada financeira do país tem assegurado meio avio de financiamento e sublinhando que nos primeiros três meses de 2016o défice públ ico caiu para 3,2% do PIB, o que cons idemu um exemplo de "rigor" que defende o país da turbulência. Mas se há indicador que Mário Centeno acompanhará com especial atenção nos próximos dias será, sem dúvida. os juros da dívida •

-0,6 a -1 -1,1 a -2

PORTUGAL PODE PERDER ATÉ 0,5% DO PIB FILAI publicou há uma semana uma estimativa dos impactos

do Brexit

nas economias europeias. Portugal está no grupo das economias que poderá perder entre 0,2% e 0,5% do PIB. As economias mais castigadas serão a Irlanda a Holanda e a Bélgica e as mais poupadas as de Leste.

RELAÇÕES DO REINO UNIDO COM POF CRISE LEVOU PORTUGUESES

IDE DE 9,4 MIL MILHÕES

Em 2015 entraram no Reino Unido 32 mil portugueses, no que foi o ano com mais entradas de residentes nacionais na Grã-Bretanha. O fluxo de Portugueses para o RU disparou com

Os portugueses têm 1,7 mil mihões de euros em investimento directo no Reino Unido (é o sexto país em que Portugal mais investe); e residentes no

a crise de valores na casa dos 12 a 13 ao ano entre 2007 e 2010, para a asa dos 30 mil ao ano entre 2013 e 2015. No final do passado, residiam no Reino unido 175 mil portugueses.

175 MIL EMIGRANTES

O número de residentes portugueses no Reino Unido subiu significativamente nos últimos anos. Eram 175 mil no final de 2015.

Reino Unido têm 7,7 mil milhões de euros em IDE em Portugal (é o quinto país no ranking). Em acções, dívida e outros títulos os activos nacionais ascendem a 6,2 mil milhões de euros e os passivos a 29,9 mil milhões.

Investimento directo no Reino Unido

1729

Investimento do Reino Unido em Portugal

7709,98

o

4000

8000

Fonte, Banco de Portugal

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Âmbito: Economia, Negócios e.

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Mais de 2.600 exportam. Vestuário desdramatiza Brexit São quase 2.700 as empresas portuguesas que exportam para o Reino Unido, para as quais os efeitos da saída do país da União Europeia são neste momento imprevisíveis. De acordo com dados da AICEP, o número dos exportadores para o Reino Unido tem vindo a aumentar nos últimos anos, passando de cerca de 2.300 em 2010 para 2.676 em 2014.0 Reino Unido é o quarto maior cliente de Portugal. As máquinas e aparelhos são osprodutos mais vendidos pelas empresas nacionais. Seguem-se os veículos/material de transporte e o vestuário. Só este último sector teve vendas de 430 milhões de euros em 2015 para o Reino Unido. João Costa, presidente da

Associação Têxtil de Portugal (ATP), salienta a importância deste mercado, mas desvaloriza o Brexit. "Não me parece que possa advir daqui uma grande modificação no relacionamento comercial .entre o Reino Unido e Portugal no domínio do sector têxtil e vestuário", diz. Em sua opinião, o único efeito negativo no curto e médio prazo para a indústria nacional seria urna desvalorização acentuada da libra face ao euro. Para João Costa, o Brexit vai fazer com que o sector aposte cada vez mais na qualidade dos produtos. "Temos de valorizar mais os produtos, porque não conseguimos competir com os preços", sublinhou. IBACMPAJB

Turismo do Algarve treme, imobiliário nem por isso SEIS MESES DE ALMOFADA

QUARTO MAIOR COMPRADOR

UE PRESSIONARÁ MENOS PORTUGAL?

Os últimos dados da Unidade Técnica de Apoio Orçamental apontaram para um total de disponibilidades e aplicações de 10 mil milhões de euros no final de Março, dos quais 7,9 mil milhões estavam depositados no Banco de Portugal. O Governo garante que tem

O Reino Unido é o quarto maior com-

Há uma expectativa entre analistas po-

prador de bens e serviços a Portugal, tendo adquirido cerca de 7 mil milhões de euros em 2015 (9,7% do total das

líticos de que o choque do Brexit contribua para aliviar a pressão europeia

como objectivo ter seis meses de almofada financeira, apontando para 6.6 mil milhões no final do ano.

6,6 MIL MILHÕES O Governo estabeleceu como objectivo ter seis meses de almofada financeira. Comissão Europeia avisa que pode ser pouco.

exportações). É também um dos países a que Portugal compra mais: as importações do Reino Unido ascenderam no ano passado a 3,4 mil milhões de euros, ocupando o sexto lugar no ranking internacional (4,8% do total). le Bens elServiços

11/07

3297,2 Exportações 3718,6

1917,7 Importações 1514,7 O

sobre Portugal (e -Espanha), em particular nas sanções que o país pode sofrer por não ter reduzido o défice orçamental para menos de 3% do PIB até ao final do ano passado. É esperada uma decisão final da Europa na reunião do Eurogrupo de 11 de Julho.

4000 Fonte: Banco de Portugal

EUROGRUPO A Comissão Europeia poderá pronunciar-se a 6 de Julho sobre as sanções que propõe para Portugal e Espanha. Eurogrupo decisivo a 11.

Os empresários do turismo no Algarve mostram-se "muito preocupados" com a decisão do Reino Unido em abandonar a União Europeia.A nacionalidade representa cerca de 30% do total de turistas na região, um peso semelhante ao dos portugueses.

A curto prazo, a desvalorização da libra é a principal preocupação. "Quanto mais forte a libra, mais a economia na região do Algarve floresce", ilustra Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve. Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), teme que os britânicos passem a viajar mais para a área da bacia do Mediterrâneo, mesmo com a instabilidade política naquela zona.

Gustavo Soares, director-geral da consultora imobiliária inglesa Sotheby's em Portugal, está menos pessimista. "A médio e longo prazo", acredita, e tendo em conta que os "cidadãos ingleses es tão perfeitamente integrados no espaço europeu","provavelmente haverá vantagens acrescidas" no imobiliário em Portugal. Porcausa da comparação fiscal, mas também pelo acesso que um visto de residência poderá implica em termos de "livre acesso ao espaço europeu" em contexto pás-Brexit. A Sotheby's, que opera no segmento "premium", destacai) peso dos investidores ingleses "em termos de transacções e valor médio" no sector em Portugal, nomeadamente para lazer no Algarve e para negócios no Norte do país. ilwiLiiek

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Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 21 de 27

PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

SARA ESTIMA MARTINS ADVOGADA ESPECIALISTA EM DIREITO EUROPEU

"Será difícil em dois anos negociar tudo o que é preciso" O Reino Unido irá ter acesso ao mercado único? E o que fará com as inúmeras leis que hoje se aplicam na União Europeia? E o que acontecerá à liberdade de circulação de cidadãos, bens e serviços? Tudo isto irá estar sobre a mesa das negociações até que o Brexit seja oficial.

JOÃO MALTEZ

jmaltez@negocios.pt

legislação europeia continuará a aplicar-se ou se dará lugar a legislação nacional

lham e vivem em Portugal. O que é que acontece em termos de liberdade de bens e de serviços, nomeadamente serviços financeiros. Ao nível das consequências jurídicasdo Brexi t, todas essas questões vão ter de ficar bem definidas.

Por quanto tempo decorrerão as

referendo da semana passada foi apenas o primeiro passo para a saída do Reino Unido da União Eumpeia.Segue-se agora um longo processo negociai em que avertente jurídica assume um papel crucial. Há um manancial de leis para rever e interesses de cidadãos e empresas para acautela; de ambos os lados. Dificilmente será possível dar o processoporterminado no espaço de dois anos, acredita aespecialistaem Direito Europeu, Sara Estima Martins. Tendo por base os tratados europeus, que passos vão ter de ser dados até que ocorra a saída oficial do Reino Unido da União Europeia? Este referendo não tem um efeitovinculativo imediato. O que acontecerá, em princípio, e tal como diz o Artigo 50 do Tratado da União, éque oReino Unido irá apresentar um pedido oficial de saída. O primeiro passo é essa notificação que abre o processo de negociações, masa saída só se materializará após aassinaturado acordo. Que ~rias serão negociadas? Terá de ser negociado até que ponto o Reino Unido irá ter acesso, ou não, ao mercado único; o que acontece á todo o manancial de legislação que hoje em dia se aplica a todos os Estados-membros; ou se a

negociações? O processo negociai é bastante complexo. O tratado prevê um prazo de dois anos para um desfecho deste processo. A saída materializa-se apósoactode assinatura do acordo ou findo o prazo de dois anos. O que é muito pouco tempo.

Que modelo jurídico poderá ser definido para o relacionamento entre a União Europeia e o Reino Unido? Vai depender das negociações. Há um modelo mais aberto, que é o chamado modelo norueguês, que é o modelo do espaço económico europeu. Além dos paísesda União Europeia,oespaçioeconómico eumpeu engloba também a Noruega, a Islán•dia e o Liec.htenstein. É um prolongamento do mercado únicoestendido a estes três países.

As negociações podem prolongar-se depois desse período? O prazo de dois anos pode ser prorrogado, mas só por acordo unânime de todos os Estados-membros. Os dois anos não serão suficientes? Parece-me que será difícil em dois anos negociar tudo o que é preciso. Basta pensar na quantidade de legislação que é necessário ajustar. Além disso, estamos a navegar este barco pela primeiravez.

Será o caminho a seguir? Não acredito, porque este modelo também tem os seus reveses. Os países do espaço económico europeu estão obrigados a cumprir as regras do mercado único, não participam no processo decisório e estão desobrigados também a pagar o "cheque". O tal "cheque" que os ingleses não querem pagar.

Quais serão as principais consequências jurídicas para Portugal? As consequências vão ficardefinidas nesse acordo de saída, o que neste momento é diracil de definir. NeçgP âmbito,

o que é que tem de ficar definido nesse acordo?

Há várias coisas que têm de ficar definidas desde logo, como o que é queaconteceaos cidadãos portugueses e de outros Estados-membros que estão avivere a trabalhar no Reino Unido. Também o que acontece aos cidadãos britânicos que traba-

"A saída da UE materializa-se após o acto de assinatura do acordo ou findo o prazo de dois anos previsto no Tratado."

PERFIL

Europa e concorrência na mira Especialista em Direito Europeu e da Concorrência, a advogada e sócia da PLMJ Sara Estima Martins exerce a profissão desde há 12 anos. Licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 2002, está inscrita na Ordem dos Advogados Portuguesa desde 2004.

Tem formação pós-graduada em Direito Comunitário, especialização que obteve através de um LL.M no Colégio da Europa, em Bruges, na Bélgica, em 2005. Sócia de PLMJ desde 2016, já foi advogada destacada desta sociedade na firma multinacional de advocacia Alien & Overy,

no escritório de Madrid, onde trabalhou no departamento de Direito da Concorrência.

o modelo suíço poderá ser uma alternativa? A Suíça não está no espaço económico europeu e tem de cumprir uma série de regras não participando também no processo decisório. O modelo foi feito à medida da Suíça. Terá de haver um modelo para o

Reino Unido? Os ingleses têm de saber o que querem e partir daí para as negociações. O relacionamento entre o Reino Unido e a União Europeia pode limitar-se a seguir as regras da Organização Mundial de Comércio. Mas isso traria consequências complicadas, porque o mercado europeu é muito importante para o Reino Unido.■

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Âmbito: Economia, Negócios e.

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Reino Unido terá de cumprir manancial de normas para manter livre circulação ,

Que implicações de ordem jurídica terá o Brexit para cidadãos e empresas dos Estados-membros da União Europeia e do Reino Unido? Tudo depende das negociações. Quais as principais consequências legais do Brssát para os portugueses que vivem no Reino Unido? Neste momento, para os portugueses que estão no Reino Unido (RU) não mudou nada. Vão ter de acompanhar com toda a cautela os desenvolvimentos. Creio que uma das coisas que nas negociações se procurará assegurar de um lado e do outroé algum tipo de segurançapara os cidadãos da União Europeia (UE)

que já vivem no RU e cidadãos britânicos que vivam noutros países E depois de assinado o acordo? Consoante o acordo que venha a ser assinado, é possível que haja algum tipo de diferença relativamente a situações futuras, que possa haver algurnasalvaguardadoscidadãos

que já estão no RU, que já têm contratos de trabalho, que têm portanto situações estabilizadas, pode haver eventualmente um regime que garanta a situação dessas pessoas e preveja outro tipo de regras para situação futura. Mas são suposições. No campo empresarial, que impli-

"Consoante o acordo, é possível que possa haver alguma salvaguarda dos cidadãos que já estão no Reino Unido."

cações jurídicas resultarão do Brexit para as empresas portuguesas? Há muitas implicações. Obviamente que, mais uma vez, tudo vai depender das negociações. Até que ponto as empresas inglesas vão ter acesso ao mercado europeu para colocaros seus produtos e para prestar osseusserviços?Nomeadamente as empresas do sector financeiro, uma vez que neste momento estão integradas neste espaço único europeu onde prestam livremente os seus serviços e de futuro não se sabe o que vai acontecer, e se vão ter acesso a este mercado. Mas quando falamos nos serviços financeiros falamos de todos os outros sectores. Hoje em dia

os bens circulam livremente, as barreiras alfandegárias foram abolidas e isso possivelmente pode mudar. No mercado único, as empresas estão sujeitas a toda uma série de normas e regras. Deixam de ser aplicadas às empresas britânicas? Alfflerdadedecirculaçãodebens e serviços itnplicaoctunprimentode um manancial de normas ao nível ambiental, protecção de dados, protecção de consumidores e o mesmo quanto à regulamentação dos próprios produtos. Consoante aquilo que for negociado, o RU pode estar obrigado manter determinado tipo de regras em vigor na UE.• Al

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PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Esquerda a duas velocidades na reacção à votação britânica O Bloco de Esquerda e o PCP admitem referendos em Portugal, mas o Governo diz que não é tempo para dar voz aos eleitores em matérias europeias. À direita, as reacções são de cautela. Miguel Baltazar

MARTA MOITINHO OLIVEIRA martaoliveiraOnegocios.pt

s partidos à esquerda em Portugal e o Governo a que dão apoio no Parlamentoestão a ler os resultados do referendo no Reino Unido como uma oportunidade para forçara União Europeia a políticas mais próximas dos cidadãos e que não imponham regras orçamentais tão rígidas. Mas há diferenças: àesquerdado PSfala-se já em rever tratados, sobretudo se Bruxelas aplicar sanções a PortugaL Aopção pela saída do Reino Unido (RU) da União Europeia (UE) foi conhecida sexta-feira, quando ficaram apurados os resultados do referendo: 52% dos eleitores votaram pela saídae48%escolherarn ficar. "O caminho não é a desintegração", defendeu de imediato o chefe do Governo português e líder do PS, referindo-se a uma "oportunidade" para responderaos anseios da população. O Presidente da República alinhou, ao falar na necessidade de uma "resposta rápida, coesa e unida da UE" para "firmarvalores que são o património europeu". Ao longo do fim-de-semana, vários membros do Governo intensificaram a mensagem. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou que é preciso "prudência" e "bom senso" na negociação da saída do RU, defendendo que "agora não precisamos de mais Europa, mas de uma Europa mais bem compreendida e assimilada pelos

O

Na convenção do Bloco, a lidar, Catarina fdardns, falou na posdbilldade de um referendo ã 111E. Por parte do Ps pede-se calma.

66 66 66 Não nos parece que seja tempo para referendos.

O Bloco está disposto a pôr na ordem do dia um referendo para pôr fim à chantagem.

Esta é uma oportunidade para questionar todo o processo de integração capitalista da União Europeia.

PEDRO NUNO SANTOS Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares

CATARINA MARTINS Coordenadora do Bloco de Esquerda

Eurodeputado do PCP

seus povos e nações".

O responsável pela política externa portuguesa acrescentou que o Brexit (a palavra por que ficou conhecida a opção desaídado RU) deve darà UE a consciência de quea con-

JOÃO FERREIRA

solidação orçamental e a estabilidade financeira são "instrumentais" para acriaçãoe distribuição de riqueza "e não o contrário". Ainda no rescaldo do referendo, João Ferreira, eurodeputado pelo PCP, considerou que esta é uma "oportunidade" para questionar todoo processo de "integração capitalista"da UE. O eurodeputado concretizou quais os próximos passos que deviam ser dados. O encontro de líderes europeus, que começa esta segunda-feira, devia lançar as bases para umacimeira inte rgove rnamental "com o objectivo de consagração de reversibilidade dos tratados, de suspensão imediata do Tratado Orçamental e sua revogação bem como da revogação do Tratado de Lisboa". Do Bloco de Esquerda, reunido durante o fim-de-semana em convenção, saiu uma decisão: avançar com um referendo em Portugal "para pôr fim à chantagem" se Bruxelas decidir aplicar sanções a Portugal por incumprimento da meta do défice em 2015. "Se apuniçãoeuropeia aplicar sanções a Comissão Europeiadeclaraguerra a Portugal", justificou acoordenadorabloquista. É por isso que Catarina Martins diz que "viráesse dia do referendo e virá em breve". Uma declaração em tom de avisóparaoGovemo de Costa que vai participar no Conselho Europeu. Atespuslado Executivoestavapronta: "Não nos parece que seja tempo para referendos", disse Pedro Nuno Santos,secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Àdireita,as reacções foram mais cautelosas. O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, pedir que se evitassem "excessos de dramatização", não ignorando porém a decisão dos britânicos. Assunção Cristas, a presidentedo CDS,afirrnou uma "consternaçãoprofunda", lembrando que este éum momentode"inquietude" e "transformação" que exige "tranquilidade". •

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Âmbito: Economia, Negócios e.

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Portugal poderá estar mais longe de sanções europeias A decisão do Reino Unido, de abandonar a UE, fez virar os focos e o Tratado deixou de ser a prioridade. As preocupações agora são outras e dificilmente serão aplicadas sanções por défice excessivo, defendem os especialistas ouvidos pelo Negócios. [ri( vidali Reuters

66

FILOMENA LANÇA

filomenalanca@negocios.pt

O foco de atenção da UE muda radicalmente com esta decisão do Reino Unido. De repente, [o tema das sanções] torna-se uma questão menos prioritária.

44M

udou o Foco"; "ninguém está minimamente preocupado coma aplicação de sanções"; "há que esquecer° Tratado orçamental e começar seriamente a tomar medidas para que a União não se desintegre". Ainda sob o choque da decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia (UE), e comum mundo de decisões pela frente para tomar, é muito pouco provável que a Comissão Europeia (CE) insista na aplicação de sanções a Portugal e Espanha, no âmbito dos procedimentos por défice excessivo. É essa, pelo menos, a leitura dos politólogos ouvidos pelo Negócios. Na prática, sustentam, "valores mais altos se levantam". A questão, recorde-se, deverá ser avaliada no início de Julho e em causa está o facto de Portugal ter fechado o ano passado com um défice de 3,2% do PIB, o que impede a saída do Procedimento dos Défices Excessivos. E a mesma questão se coloca relativamente a Espanha. Tem havido apelos de vários quadrantes e a questão tem dividido os membros da Zona Euro, mas, com a turbulência que agora invadiu a Europa, essa deverá mesmo passar a ser uma questão menor. "Dada a magnitude do que se está a passar, ninguém neste momentoestá minimamentepreocupado com isso", afirma Jorge Fernandes,politólogo da Universidade de Bamberg, na Alemanha Carlos Jalali, investigador da Univer-

CARLOS JALALI

Politólogo, professor da Universidade de Aveiro

Vários ministros das Finanças da Euro, entre os quais o alemão Sdiauble, mantém a ideia da aplicação de sanções.

sidade de Aveiro, concorda: "O foco de atenção da UE muda radicalmente com esta decisão do Reino Unido e o tempo de atenção para esta matéria vai ser muito menor. De repente, torna-se uma questão menos prioritária."Afinal,

Os especialistas acreditam que os líderes Europeus vão ter de se concentrar no futuro e menos na austeridade.

sublinha, como Brexit UE dá um passo atrás e vai ter, isso sim, de se concentrar no seu futuro, na sua continuidade e no enquadramento que dará ao Reino Unido". Brexit "afecta equilíbrio de poderes" No final de Maio, a CE decidiu adiar para o início de Julho uma decisão sobre as eventuais sanções a Portugal e Espanha, admitindo que se tratava de uma decisão também política, que tinha em conta, entre outros aspectos, a realização de eleições em Espanha. O adiamento provocou críticas nas reuniões do Ecofin. Foi o caso de Wolfgang Schaublè, ministro das , Finanças alemão, que considerou que "aliviaras regras não ajuda a aumentar a confiança". Agora, a própria Alemanha terá "muitas outras coisas com o que se preocupa?', diz Jorge Fer-

nandes. A saída do Reino Unido, "que era um seu aliado estratégico, com a França cio outro lado, vai afectar fortemente o equilíbrio de poderes e a Alemanha talvezseja o país que mais perde". A França, é sabido, tem-se oposto à aplicação de sanções. É quase certo, acredita Jorge Fernandes, que " as sanções nunca irão acontecer dentro do que é neste momento o equilíbrio de poderes na UE". "Se voltarmos a ouvir falar de sanções, então é sinal de que quem governa a Europa enlouqueceu por completo. Será como alguém que apanha um tiro e continua a caminhar sem se aperceber do que lhe aconteceu", sintetiza Viriato Soromenho Marques. Para o politólogo e professor de filosofia, "a politica de austeridade vai ter de ser revista, sob pena de surgir uma verdadeira revolta social". •

A saída do Reino Unido, que era um aliado estratégico da Alemanha, vai afectar fortemente o equilíbrio de poderes [na UE]. A Alemanha talvez seja o país que mais perde. JORGE FERNANDES

Politólogo e investigador da Universidade de Bamberg.

Se voltarmos a ouvir falar de sanções, então é sinal de que quem governa a Europa enlouqueceu por completo. Será como alguém que apanha um tiro e continua a caminhar sem se aperceber do que lhe aconteceu. VIRIATO SOROMENHO MARQUES Politólogo e professor de Filosofia

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27-06-2016

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Área: 25,70 x 32,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 25 de 27

PRIMEIRA LINHA A EUROPA DEPOIS DO BREXIT

Brexit dificulta venda do Novo Banco Saída do Reino Unido da União Europeia deverá levar Banco de Portugal a deixar cair venda em bolsa. Na alienação a investidores estratégicos, ofertas têm de ser entregues até dia 30. Já se fala em adiamento.

O dosslé de venda do NOVO sanai DãO ara

MARIA JOÃO GAGO mjgagonegocios.pt

E

m Portugal, o mais imediato efeitó da decisão do Reino Unido de sair da UniãoEurá peia será o aumento da dificuldade em vender o Novo Banco, processo que está em curso e que o Banco de Portugal pretende concluiraté ao finaldeJulho. O Brexit deverá levar os responsáveis desta alienação a deixar cair um dos modelos de venda - através do mercado -, possibilidade que foi posta em Lima da mesa desde que as sondagens começaram a dar força ao cenário de saída

~I ema acaba da flaw mak afiai. com a tUrbuiência nos mercados provocada pelo Brexit.

Neste momento, ainda não tado a favor da saída, os índices apurou, até sexta-feira, ainda não terá sido tomada uma decisão bolsistas afundaram. tinhasidocomunicado aos potenquanto à desistência da alienação Outro dos impactos do refe- ciais interessados qualquer adiacom recurso à bolsa. Maso facto de rendo britânico no dossiê do Novo mento da data de apresentação dag a própria CMVM já ter levantado Banco poderá ser um ajustamen- ofertas de compra. dúvidas sobre este modelo de ven- to do calendário de alienação da De acordo com os comproda, pode funcionarcomo um argu- instituição a um investidor estra- missos assumidos pelas autorimento adicional para suportaresta tégico. O cronograma do processo dades portuguesas junto de Bruopção. de venda prevê que os candidatos xelas, Portugal tem um dever de Quando as sondagens come- que estão na corrida - BPI, BCP, esforço para tentar vender o çaram a colocar o Brexit como Santander, Apolloe dois outros Novo Banco até ao final de Julho. um cenário plausível, a equipa fundos de "private equity" norte- - Este compromisso,cujo fracasso responsável pela alienação do americanos - apresentem as suas não implica qualquer sanção, reNovo Banco, liderada por Sérgio ofertas de compra até 30 de Junho, sultou das negociações estabeleMonteiro, passou a equacionar ou seja, até ao final da próxima cidas com a Comissão Europeia désistir do modelo de venda com quinta-feira para ganhar tempo para alienar recurso à dispersão embolsa, deFontes financeiras admitem o banco que resultou da resoluvido ao receio de fuga de investi- que o Banco de Portugal venha a ção do BES. Portugal conseguiu dores do mercado de acções, num alterar o prazo limite para a entre- mais um ano para vendera insticenário de saída da Grã-Bretanha ga das propostas, até porque este tuição que, no limite, tem de ser da União Europeia. Na sexta-fei- está marcado para uma semana alienada até 3 deAgosto de 2017, ra, dia em que se soube que a depois do referendo no reino Uni- data em que passam três anos somaioria dos britânicos tinha vo- do. No entanto, ao que o Negócios bre a sua criação. ■

Banqueiros temem decisões políticas Mais do que o impacto económico e financeiro do Brexit, as preocupações de vários responsáveis da banca portuguesa são as consequências que poderão vir das decisões políticas que serão tomadas pelos líderes europeus e pelos governantes dos estados-membros em resposta à saída da Grã-Bretanha da União Europeia. "O impacto final vai depender de o Brexit ser, ou não, o início de novas vagas de turbulência a nível político. O ajustamento político tem de conter efeitos de segunda onda, como novos referendos, sobretudo em países da Zona Euro. A resposta política vai ser muito importante para evitar efeitos de segunda onda", acredita o número dois de um grande banco português.

Volatilidade e turbulência Esta visão é partilhada por responsáveis de outras grandes instituições financeiras portuguesas, para quem o efeito político é a principal preocupação, urna vez que acreditam que uma má resposta política pode gerar mais consequências para a economia portuguesa e curopeia do que o resultado do referendo britânico por si só. A saída da Grã-Bretanha da União Europeia não impedirá que Portugal e os restantes países europeus continuem a exportar para o mercado britânico, defende um dos responsáveis contactados pelo Negócios. Mas, neste momento, a incerteza sobre o que se vai seguir, sobretudo a nível político, está a criar "uma grande incerteza que gera uma volatilidade e uma turbulência muito grandes nos mercados", explica outro dos banqueiros que, ainda assim, está confiante: "se as decisões políticas evitarem efeitos de segunda onda, o mercado tem capacidade para incorporar o impacto do Brexit". ■ MARIA JOÃO GAGO

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27-06-2016

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Period.: Diária

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Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 26 de 27

OPINIÃO

E depois do adeus

DIOGO FEIO Advogado e membro da comissão política do CDS/PP

Toby Melville /Reuters

referendo no Reirio Unido suscitou, desde a sua convocação, imensa atenção devido aos riscos que continha. Desde logo, pela poesibilidadedevir agerar a saída de um dos mais relevantes Estados da União Europeia. Apesar de não ser um dos membros da Zona Euro; de sei:muito conhecida a sua distância face aos movimentos de maior integração; de scr evidente e cristalino o ceticismo britânico perante a realidade da União Europeia o Reino Unido é o Reino Unido e a possibilidade da primeira saída de um membro da União Europeia tornou-se uma realidade muito próxima. Durante décadas essa era uma mera possibilidade teórica. Tão estranha que nem sequer estava prevista deforma expressa nos Tratados. Ainda hoje o seu regime jurídico e forma de procedimento levantam dúvidas.Assim, era uma pótese que por várias razões sempre foi meramente teórica e que recentemente se foi apresentando como uma possibilidade bastante real. Apesar de nos últimos tempos a esperança num resultado de manutenção ter crescido, o risco estava lá. O resultado do referendo foi claro. Pela primeira vez, um Estado soberano decidiu de forma democrática pela saída. Assente este facto convém olhar para as suas consequências. Em todo este processo, sempre tive a perceção que o maior risco seria que tudo continuasse ni mesma. Infelizmente, os primeiros sinais têm vindo a confirmar as minhas previsões. A generalidade dos dirigentes europeus têm centrado o seu discurso apenas na necessidade de encontrara forma de a saída do Reino Unido ser muito rápida. Até agora não vi uma alma que apontasse um caminho para a Europa. Está tudo muito preocupado em apresentar um ar carregado e grave, afirmando•. "Vamos mas é tratar disto depressa". Bem sei que a manutenção de um Estado-membro que já não o é se apresenta como insustentável. Mas será que ninguém percebeu que estamos perante um fim de ciclo? Que é altura de to-

mar opções. Que se não se passa para outra fase tudo terminará. Que é necessário afirmar uma liderança clara. Que a falta de uni projeto político está a degradar a União Europeia. Que o Brexit é uma mera consequência de uma decomposição sustentada. Esta é uma altura de tomar opções. A minha é europeia. Escolho outra Europa bem diferente das outras Europas que por ai têm sido cantadas. O lado europeu tem perdido sistematicamente discurso político quer perante os extremismos mais declarados, como perante os outros que clamam contra a austeridade, que quando praticada à direita é "ideologia" e quando praticada à esquerda é "imposta". Esta referência é relevante na medida em que relembra a relevância da

prosperidade. As sociedades precisam de crescimento económico; este só se faz num clima de confiança; e a direção e estabilidade política é essencial para a conseguir. Logo, hoje a resposta tem de ser política. Tem de ser imaginativa, flexível e adequada às circunstâncias. É altura de assumir que estas resultam na necessidade de ter uma Europa a duas ou mais velocidades. Uma primeira para todos aqueles que voluntariamente aderiram ao euro, uma segunda à luz do Tratado de Lisboa de um espaço comum de liberdades de circulação. Uma primeira que se deve federalizar com uni Governo e parlamento próprios e regras muitos claras, exequíveis com a flexibilidade necessária. Unia segunda que não exige um compromisso

tão marcado, mas dá tim direito deescolha e a aplicação de políticas comuns para além da económica, orçamental e monetária. Esta Europa da nova fase vai exigir lideranças que percebam a sua responsabilidade. A margem de erro é quase nula. A fase dos "pais fundadores" terminou. Nesta nova é preciso fazer agora o que décadas de líderes europeus não fizeram. É a hora de corrigir os erros crassos cometidos, desde logo na instituição da Zona Euro de forma incompleta. Se as novas lideranças não conseguirem ultrapassar os egoísmos nacionais no funcionamento do união económica, da união monetária e da união bancária, o fim estará ao virar da esquina Ainda tenho uma firme esperança que assim não será. ■

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27-06-2016

Tiragem: 14968

Pág: 1

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Área: 20,51 x 24,22 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 27 de 27

E depois do adeus Tudo o que precisa de saber sobre a saída do Reino Unido da União Europeia Reportagem em Londres junto da comunidade portuguesa A opinião de Cristina Casalinho, Pedro Silva Pereira, João Rodrigues, Paulo Rangel, Diogo Feio e Luís Marques Mendes PRIMEIRA LINHA 4

a 31

KEEP CALM VOTE FOR BREXIT

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26-06-2016

9 Mundo

Brexit

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Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 6

Escócia Sturgeon quer negociar com Bruxelas A Escócia deu 62% dos votos à permanência na UE. Foi a região mais claramente contrária ao Brexit, ainda que também fosse a que registou maior abstenção. Para lá de fazer imediatamente saber que não ficará de braços cruzados e que fará tudo para convocar um novo referendo à

pertença ao Reino Unido (o último, em novembro de 2014, vira 55% dos escoceses votar contra a independência), a primeira-ministra Nicola Sturgeon anunciou ontem que vai pedir discussões "imediatas" diretamente com Bruxelas para "proteger o lugar (da Escócia) na UE". A ideia de Sturgeon é explorar soluções alternativas ao estatuto de membro da União Europeia.

Reino Unido Mais de dois milhões de britânicos pedem novo referendo à permanência no clube dos 28

União Europeia já prepara saída leste Carneiro Ivete@in.pt

► Londres amanheceu ontem como sempre, cinzenta até, como se nada se passasse para lá da noticia de que a petição pedindo um novo referendo à manutenção do Reino Unido na União Europeia ia num crescendo absurdo - ao final da tarde, contava já dois milhões de rubricas. lá ao sol de Berlim, em emergência, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos seis países fundadores da então Comunidade Europeia (França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo) acordavam um "ultimato" sublinhando as tomadas de posição das lideranças institucionais comunitárias. Do dia sobrou um aviso: a saída britânica da UE não vai ser "um divórcio amigável".

Adiar seria "falta de respeito" A União Europeia não quer ficar num "período de limbo prolongado" e não vai esperar que Cameron seja substituído em outubro, ao que tudo indica, pelo ex-mayor de Londres, Boris Johnson, à frente do partido Conservador, para ver o processo arrancar. Nem parece disposta a esperar por outubro para ter um novo interlocutor no N.° 10 de Downing Street. Adiar o processo seria "falta de respeito", disse o ministro do Interior francês JeanMarc Ayrault, pedindo a ativação imediata do artigo 50.° do Tratado de Lisboa. Implica notificar Bruxelas da intenção de sair, para então se encetarem negociações sobre as condições de saída e as relações futuras, discussão que conta com um prazo de dois anos. Ora, mal soube o resultado do referendo (48,1% pela permanência contra 51,9% pelo Brexit), David Cameron anunciou a saída no congresso dos "tories", em outubro. O primeiro-ministro britânico "tem uma responsabilidade perante o

, # Os mlnist dos Negócios Estrangeiro,tfos seis estados fundadores da Comunidade Europeia reuniram-'se de emergência em Berlim

Resultados O estranho caso do arrependimento

"Brexit", "Bremain",

e algum "Bregret" ► Primeiro, foi o choque: a libra a cair para níveis históricos, o Banco Central britânico a ter de injetar liquidez "in extremis", os serviços eleitorais a receberem chamadas de cidadãos a perguntar se podiam mudar o voto e alguns a admitir publicamente que pôr a cruz no "Brexit" (saída) foi um voto de protesto que valeria como isso, porque confiavam que o "Bremain" (ficar) venceria. Depois, foi a admissão de mentiras nas quais a maioria acreditavam, a crer nas sondagens. Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, eurocético), admitiu ter sido "uma asneira" da campanha pela saída prometer entregar os 350 milhões de libras que o Reino Unido dá à UE por semana seriam aplicados no sistema de saúde britânico. Não assumiu a paternidade da ideia, que circulou em folhetos e autocarros, mas disse ser impossível de garantir. A tudo isto soma-se a muito provável substituição de Cameron por Boris Johnson, o polémico conservador exmayor de Londres. E a incerteza quanto ao futuro. Nasceu uma nova palavra no léxico do terramoto: "Bregret".

Boris Johnson é o mais provável sucessor de Cameron

1,

Reino Unido", avisou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier. Esperar outubro, dissera antes o presidente da Comissão Europeia, lean-Claude Juncker, "não faz qualquer sentido". É dele a declaração de divórcio litigioso. ao fim de uma relação que, na verdade, diz ele, nunca foi de amor profundo. Sem perdas de tempo, foi já escolhido o causídico que vai negociar a separação pela parte dos 27. É o belga Didier Seeuws, adjunto do ex-presidente do Conselho Europeu Herman Von Rompuy, e já começou a preparar o caminho. O mal de toda esta pressa - que a chanceler alemã Angela Merkel fez questão de suavizar - é que a UE não dispõe de mecanismos para acelerar o processo, que, em última instância, está nas mãos de Londres. Nenhum outro membro pode invocar o artigo 50.° pelos britânicos.

Consulta não vinculativa E é lá, na calma, que o futuro se vai discutindo. Argumentando com o facto de o resultado do referendo não ser vinculativo por não atingir os 60% e por ter envolvido menos de 75% dos eleitores, o autor da petição por uma nova consulta, William Oliver Healey, conseguiu em dia e meio mais de dois milhões de seguidores - 15 vezes mais do que o necessário para o texto subir ao Parlamento. Mas parece certo que não passará disso. Porque, lembram politólogos citados pelo "Telegraph", qualquer governo terá agora um cuidado extremo antes de convocar uma consulta popular. Cameron fê-lo e foi derrotado. E estará a UE disposta a brincar mais um pouco ao gato e ao rato? Pelo tom das reações, não... E pelo tom dos dirigentes britânicos tão pouco. Os partidos sofreram profundas divisões na questão e dificilmente quererão alimentar o fogo. E, ainda que o referendo não seja vinculativo (o Parlamento tem a última palavra e é maioritariamente pela permanência), Carneron nunca deu indicações de olhálo como apenas consultivo. E de Bruxelas veio ontem a noticia de que lonathan Hill, comissário europeu com a pasta das Finanças, abandonava o barco. Não estaria certo manter-se como se nada tivesse acontecido. Disse, ele que chegou a Bruxelas eurocético. E disse também que o que foi feito não pode ser desfeito. Sem volta. •

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26-06-2016

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Âmbito: Informação Geral

Corte: 2 de 6

Brexit Mundo Conselho Europeu Primeiro-ministro recebe hoje partidos com assento parlamentar. Ideia de referendo luso fora de agenda

Portugal deve querer rapidez na negociação

Mudo Mala amala@jn.pt

► O primeiro-ministro, António Costa, recebe hoje os partidos parlamentares, para preparar o Conselho Europeu de terça e quarta feira, onde se vai discutir a saída do Reino Unido da União Europeia, que o PS quer célere. "Fiquei preocupado com a ideia de que 'vamos esperar e deixar passar o tempo' no discurso de David Cameron", diz o deputado Vitalino

Canas, defendendo "negociações com desenvolvimento rápido". São necessárias uma "clarificação que permita tranquilizar os povos" e "previsibilidade e transparência nas relações económicas", diz, notando que Portugal deve "valorizar as relações privilegiadas que já tínhamos antes da integração". "A própria Inglaterra quererá encontrar soluções para manter com a Europa relações económicas, políticas e culturais", diz o deputado Miguel Morgado (PSD). "A situação não

António Costa recebe hoje os partidos

"Há uma Europa antes e há uma Europa depois" MARCELO O presidente da República considerou ontem que a situação que existia na Europa antes do referendo que deu a vitória à saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é diferente da que existe agora. "1-lá uma Europa antes da votação de ontem (quinta-feira), há uma Europa depois da votação e, portanto.

há em certos aspetos um Portugal antes da votação e um Portugal depois da votação". disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Mafra, no final de uma homenagem ao general Ramalho Eanes. Adiantando que tenciona "oportunamente" falar aos

Mai( elo lirbehl

'13121,1+,11+1,, 3

deve ser excessivamente dramatizada, porque terá consequências na negociação da desvinculação" e "não se deve ceder à tentação de retaliar, porque é uma decisão soberana". Consenso há quanto à falta de oportunidade de um referendo em Portugal, proposto ontem pelo Partido Popular Monárquico, cujo presidente, Paulo Estêvão, diz, citado pela Lusa, que o pais "constitui uma exceção chocante no contexto em que quase todos os povos europeus já foram chamados a pronunciar-se sobre o processo de integração". Enquanto Pedro Mota Soares (CDS) diz que "a questão não se coloca em Portugal", Vitalino Canas, sustenta que o assunto "é completamente absurdo. Fazer referendos é insistir na discussão sobre pontos irracionais" como "a imigração e os medos". Miguel Morgado dispensao porque os programas do PS, PSD e CDS contêm "compromissos com a construção europeia" e formam no Parlamento urna "clara maioria aritmética europeísta". "Este não é o momento de os países saltarem com cartadas de referendos; este é o momento de pôr em cima da mesa alternativas pensadas, discutidas, para depois, sim, termos espaços que possam ter legitimidade democrática", disse a líder do BE, citada pela Lusa. Para Catarina Martins, "o euro e a União Europeia, hoje, não são uma solução" para todos os países, mas "não quer dizer que não resida na Europa uma solução de futuro para todos os países. O tempo não volta para trás, não vamos ser nações isoladas". Para o PCP, o Conselho Europeu deve "lançar as bases para a convocação de uma cimeira intergovemamental" para consagrar a reversibilidade dos Tratados, a suspensão imediata e revogação do Tratado Orçamental e a revogação do Tratado de Lisboa. Uma declaração de anteontem realça "a urgência e a necessidade de Portugal se preparar e estar preparado para se libertar da submissão ao Euro". •

portugueses sobre o assunto, o presidente escusou-se a comentar o facto de Portugal ter ficado de fora do conjunto de membros da União escolhidos para se reunirem com o objetivo de encontrar uma solução para a situação. "Não se deve esperar de quem defende solidariedade europeia que contribua para, com a sua palavra, afetar, limitar ou condicionar a solidariedade europeia", referiu. O fundamental, acrescentou Marcelo, é perceber-se que "a situação que existia antes" do referendo passou a ser "diferente depois". "E isso aplica-se à Europa, aplica-se a Portugal, sem dramatização, mas também sem iludir os problemas".

opinião :

Salsas da Costa Embaixador

Da democracia na Europa Do outro lado do Mundo, um grande amigo exprimiu, num emala que me endereçou, o seu contentamento pelo facto de os britânicos terem iniciado o caminho de saída da União Europeia. Esse amigo é uma pessoa responsável, a sua opinião não é "impressionista". Trata-se de alguém que está de boafé, que conhece muito bem o Reino Unido, que tem uma grande experiência da União Europeia, que olha para esta questão com uma prudente serenidade e sem a menor acrimónia. E deixou clara, naquela sua comunicação, que a sua atitude não relevava de qualquer resistência face ao crédito anual na conta de Londres do cheque compensatório da sua contribuição orçamental (o "rebate") ou do seu tropismo obsessivo por "exceções" ou "opt-out", com que os diferentes governos britânicos historicamente atenuam ás reticências da sua opinião pública face a Bruxelas. O que irritava esse meu amigo - e que ele acha que o Brexit pode corrigir - é a atitude britânica de persistente denúncia do caráter não democrático da União, numa sobranceria afirmativa da superioridade representativa da sua ordem nacional. E, na sua ideia, mesmo que a UE não seja perfeita, ela não merece esse desprezo e desqualificação. Para ele, sem o Reino Unido, a União pode, com maior facilite` dade, encontrar um caminho menos turbulento para o seu futuro. Que eu não estaria de acordo com a sua perspetiva era uma dado adquirido por esse amigo, que leu ou ouviu muito do que eu disse nos últimos dias sobre este assunto. Porém, com a lealdade frontal de quem sabe que eu só lhe agradeço o contraditório, ele quis transmitir-me o que pensava. E eu estoulhe grato por isso. De facto, não estamos de acordo. Também a mim me irrita, desde o primeiro momento, o sentimento britânico de que a Europa integrada tem deficiências notórias na sua responsabilização (a expressão anglo-saxónica "accountability" é insubstituível). Não porque isso seja falso, mas porque o Reino Unido, ao autoexduir-se de muitas das suas políticas, acabou por ser corresponsável com a circunstância dessa deriva marcar hoje muito do funcionamento da União. Uma democracia tão poderosa como a britânica deveria, precisamente, ajudar-nos, colocando-se "hl the heart of Europe", a colmatar esse défice democrático. E é por isso que, ao invés de rejubilar com este "opt-out" final, preferiria que os britânicos se tivessem mantido no projeto comum. Mesmo que parceiros relutantes, eles ajudar-nosiam a reforçar a magnífica diversidade que é uma das forças da Europa. Sem os britânicos, estaremos mais fracos. E, sem nós, eles também. O que não é uma boa notícia para a democracia na Europa.

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26-06-2016

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Corte: 3 de 6

Mundo Brexit

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Luís Barreiros (esquerda), o único que não tem medo Ricardo Moreira, José Pedro Cabral e Edgar Melo (em cima). "Eles que se entendam". Maria Amaral (direita), em Londres há ano e meio

Reino Unido Emigrantes em Little Portugal sentem-se sob o céu carregado do Brexit. Para já, ninguém manifesta vontade de sair, mas todos ou quas.e

"Isto não vai ter nada de bom, carago" José Miguel Gaspar Em Londres gaspar@jn.pt

► Dois dias depois da hecatombe, há uma pequena mudança que os portugueses apontam a olhar para a rua: "Londres está muito mais silenciosa, não nota? É um silêncio meio estranho, acho que é de preocupação. Claro que tudo há de voltar ao normal, mas isso será outra questão. É que agora não sabemos o que vai ser o normal". Ricardo Moreira, 37 anos, vindo de Sintra, vive e trabalha em Londres

(numa empresa de construção) há nove anos e, para ele que apontou o silêncio surreal, este golpe de teatro ainda está a começar: "Ontem, acor-. dei em choque, acabou-se o status quo e isso traz muita incerteza. O maior medo que nos atravessa a todos é o medo do desconhecido, porque aquilo que os ingleses fizeram foi dar um tiro no escuro. E nem nós nem eles sabemos se acertaram no alvo, se acertaram em nós ou se afinal acertaram neles mesmos". 234 mil portugueses no Reino O "nós" é "nós, os emigrantes", os

234 mil portugueses oficialmente registados no Reino Unido ("Ui, somos muitos mais, há muitos não registados, seremos para ai o dobro, no mínimo", diz Edgar Melo, 53 anos, urna glória dos juniores do Sporting vindo de Aveiro, que se junta à mesa atrás de um cabrito que fumega bem assado) e que agora temem o aperto à malha da imigração. "Essa foi a razão principal para eles votarem não à Europa, eles querem poder controlar as suas fronteiras, não querem ter cá tanta imigração, não querem que lhes roubem os empregos", continua Ricardo. "E a

segunda razão também é simples: os ingleses, como sabemos há séculos, não gostam que mandem neles como a Europa mandava. Foi por isso que se atiraram para a frente". Na casa azul do Porto em Londres É um café extremamente portista, carregado de "memora bilia" , evidentemente azul e branco, fotos antigas dos Clérigos, das pontes, de Pinto da Costa quando era novo, um ecrã gigante onde a bola se ia jogar. Chega o gerente, ainda há pouco andava de esfregona na mão, e ele há de contar a maior surrealidade do Café Porto de Londres, que ele ex., piora há quatro meses: "Sabe, eu sou do Benfica e o meu outro sócio é do . Sporting, talvez seja melhor não dizer nada a ninguém". Chama-se José Pedro Cabral, tem 48 anos, é casado, dois filhos. Ele é de Mangualde, está aqui emigrado há U anos e já trabalhou muitas vezes na construção. A mulher é professora, veio de lá desempregada, assim continua. A política à mesa do café É de José Pedro a súmula emigrante que define o Brexit e toda esta confusão. Saiu-lhe a frase naturalmente pelo ar: "Ui, isto não vai ter nada de bom, carago", diz ele a tentar descomprimir, mas a olhar para o cenário com apreensão. "Acho que vamos atravessar aqui

um período de descolonização. O que é que eles vão agora fazer? Vão correr com os emigrantes? Vão fechar as fronteiras? E a economia, vai piorar? E a libra vai desvalorizar? Pois não faço ideia, nem eu nem acho que ninguém, mas nada disto, nada disto é bom", diz ele a discutir com Ricardo e Edgar os trâmites da transição. "Eles que se entendam, né? O que não queremos é que corram connosco", sintetiza Edgar, há 27 anos a morar em Londres e sem vontade nenhuma de se mudar. Os ingleses estão fartos de ceder Mais à frente está o Sintra Café Snacic "É o estabelecimento português mais antigo daqui", diz orgulhoso Luis Barreiros, 65 anos. Velo de Vendas Novas, há mais de três décadas que anda aqui, a apontar para a fachada verde da sua trindade, café, restaurante e supermercado. Dos que ouvimos desde o referendo, Barreiras é de todos (é o único?) o mais tranquilo, adjetivo que não é alheio à sua idade. "Nem receio, nem medo. Estou bem estabelecido, sou residente definitivo, daqui a cinco anos volto para a terra para ficar". anuncia ele atrás do seu avental, ele que quando veio, veio sozinho. Mas. Luís Barreiras, por que é que os ingleses querem sair da Europa unida? "Por causa dos emigrantes, eles ficaram saturados. Foi por isso e

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ID: 65029328

26-06-2016

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Brexit Mundo

flash :

m aberto s Os efeitos do Brexit fizeram-se sentir poucas horas depois, quando a moeda do Reino Unido registou a maior queda desde há 31 anos e forçou a descida da cotação do petróleo, do euro e das bolsas. Quanto a consequências a longo prazo, ainda não há respostas concretas. QUANTO TEMPO É QUE O REINO UNIDO VAI DEMORAR A SAIR DA UE? *0 primeiro passo é formalizar a vontade de sair, acionando o artigo 50 do Tratado de Lisboa. David Cameron vai renunciar até outubro, delegando a tarefa ao sucessor. A partir daí, as negociações devem demorar até dois anos, mas o Governo diz que pode seguir-se uma década de incerteza. Os líderes da UE estão decididos a encerrar o assunto "o mais rápido possível".

E SE NÃO FOR CUMPRIDO O PRAZO DE DOIS ANOS? . *O Reino Unido pode pedir uma extensão, que tem de ser concedida unanimemente por todos os membros da UE . Caso contrário, sai sem acordo.

QUAL SERÁ A SITUAÇÃO DOS IMIGRANTES NO REINO UNIDO?

em que para eles vai piorar pelas leis europeias, eles estavam fartos de ceder. E para um inglês ter que ceder à Alemanha ou à França... bom, para eles é dose de mais".

180 libras à semana por um quarto Se os mais velhos estão mais sossegados, os mais novos não sabem o que pensar. É o que diz a cara de Maria Amaral, viseense, 23 apos, unhas verdes, cabelo loiro, empregada de servir ali no meio de Little Poriugal. Veio do Porto para Londres há ano e meio, não tem filhos, veio de trabalhar à mesa no My Palace. "Vim para compor a vida, pois, aqui ganha-se muito mais, claro". Na altura, veio sozinha, mas Maria, agora, já cá tem o namorado, o Carlos, 26 anos, de Cinfães do Douro, ele chegou em agosto, trabalha na construção civil. Os dois dividem a renda por um quarto, pagam 180 libras por semana pelo quarto (são 221 euros, o que dá 884 euros de renda mensal), a cozinha e a sala de banho são a dividir por todos os habitantes de uma casa com cinco quartos. "Pois aqui ganha-se mais, mas não é fácil. Trabalha-se muito, sabe, e também é tudo mais caro do que lá, em Portugal". Não saberá dizer por que é que o Brexit a tolhe, Maria, sabe 'só que "vai ser pior, sobretudo para nós, os estrangeiros, e, claro, vai ficar tudo ainda mais caro. Só espero é que dê para aguentar". •

*A mudança de políticas não é certeza adquirida, mas o mais provável é que os vistos de trabalho e residência sejam revistos. Especialistas dizem que a imigração será um dos pontos-chave das negociações. O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, garante a todos os cidadãos estrangeiros a viver na cidade que "são muito bem-vindos". Quanto ao programa Erasmus, os países do Reino Unido deixam de ser partida e chegada para estudantes.

HÁ RISCO DE RECESSÃO? *O presidente do Banco_Central ' da Inglaterra e o ministro da Economia alertaram para esse perigo, mas apoiantes do Brexit falaram em "exagero". O mais provável é que companhias e investidores comecem a retirar dinheiro do país ou a reduzir planos de expansão.

PORQUE É QUE AS EXPORTAÇOES SAEM MAIS PENALIZADAS? *0 Reino Unido é o 4.° mercado das

Sara Estima Martins Especialista em Direito Europeu da PLMJ

exportações portuguesas. As barreiras alfandegárias, o abrandamento da economia britânica e a descida do valor da libra elevarão os custos para quem exporta e os preços para quem compra.

"Bola continua do lado do Reino Unido"

QUAL VAI SER O SETOR PORTUGUES MAIS AFETADO COM A SAÍDA?

Portugal pode lançar-se numa negociação com o Reino Unido, paralela à de Bruxelas? Quem vai negociar a saída é o Conselho Europeu, onde cada estado-membro está representando. Há todo um mundo jurídico a desmontar, além de direitos e garantias a serem estabelecidos. Só pode haver alguns acordos laterais entre o Reino Unido e outros países em áreas que não sejam exclusivamente da competência da Comissão Europeia, como acordos aduaneiros, comerciais ou sobre o mercado interno.

*A indústria automóvel será um dos mais afetados, em especial a AutoEuropa, que vende 12% da produção para o Reino Unido.

VAI SER PRECISO PASSAPORTE PARA VIAJAR PARA O REINO UNIDO?

• Com a saída do país da UE, o mais provável é que seja preciso passaporte e deixe de ser necessário apenas o cartão de cidadão.

PODERÁ HAVER UM SEGUNDO REFERENDO? *Mais de um milhão de pessoas pedem novo referendo porque o "sair" ganhou por menos de 60% e com base numa taxa de participação inferior a 75%, mas, segundo o especialista em direito constitucional Vernon Bogdanor, e as últimas declarações de Bruxelas, a repetição é pouco provável.

ALGUM DIA O REINO UNIDO PODERÁ VOLTARA UE? *Sim. Segundo o Tratado de Lisboa, o Conselho Europeu teria de concordar , unanimemente, depois de reunir com a Comissão e receber permissão do Parlamento. A decisão teria ainda de ser ratificada por to-. . dos os estadosmembros. RITA SALEMAS

QUAL VAI SER O IMPACTO EM PORTUGAL? *Portugal está na zona de "impacto significativo". O abalo pode estimar-se em 400 milhões de euros entre 2017 e 2019: 200 em exportações, 100 em serviços (turismo e viagens) e 100 em investimento britânico.

Contados os votos, 51,9% dos votantes optaram pelo Brextt, enquanto 48,1% escolheram ficar

Então, acordos bilaterais luso-britânicos, de modo a garantir political aduaneiras ou sobre imigração, são para esquecer? Será completamente impensável. O acordo de saída será algo duramente negociado e pode durar até quatro anos. O jornal inglês "The Telegraph" falou em 10 anos. Isto nunca foi experimentado. Dez anos parece ser excessivo. Mas poderá não ser dois anos. Pode acontecer nesse período fechar-se um acordo transitório. Quando arrancam essas negociações? O referendo só por si não iniciou um processo de saída.

Para que tal aconteça, é preciso que o Reino Unido notifique Bruxelas, o que se presume que aconteça nos próximos tempos. O Tratado de Lisboa não prevê que seja uma iniciativa da União Europeia.

E se o Reino Unido, imaginemos, fechar as fronteiras? Nesse caso, há um incumprimento que pode originar sanções. Mas, como referi, a bola continua do lado do Reino Unido. É possível que a Escócia e a Irlanda do Norte se mantenham na UE, ao referendarem a sua permanência no Reino Unido? Mas serão sempre novos estados. A partir do momento em que esses novos países se separassem, passariam a ser países terceiros. Este referendo arrastou-os para a inevitabilidade, porque é só um e único país. Só depois da independência poderiam iniciar um processo de adesão. E que fazer com esse pedidos de adesão, quando há países há tantos anos à espera, como a Turquia? O Tratado de Lisboa criou a cláusula de saída de países a pensar no Reino Unido, um estado que foi sempre acusado de ter um pé de fora do projeto europeu e de nem sequer se rever nele? Não havia grande previsão que isto viesse acontecer. Mas foi uma exigência de alguns estados que estivesse assegurado esse mecanismo. E verdade que o Reino Unido nunca fez parte do Espaço Schengen ou da união monetária, e houve áreas em que sempre se foi afastando, seguindo a uma velocidade própria. Se o Reino Unido já tinha esse grau de autonomia e perante o regime de exceção negociado em fevereiro, o porquê desta vitória do Brexit? Sou advogada, não sou socióloga. Mas houve aqui um processo emocional, de grande faixa da população inglesa que, mal ou bem, se sentia desconfortável com a presença na União Europeia. Os partidos populistas e nacionalistas encontraram aí um terreno fértil para crescer e levaram a melhor nos seus intentos. MUNO MIGUEL ROPIO

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26-06-2016

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Âmbito: Informação Geral

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Mundo 3rexit Empresários algarvios - admitem procurar alternativa aos turistas ingleses noutros mercados

quanto está em risco

o

milhões de euros é em quanto um estudo da consultora Euler Hermes estima o valor das perdas para as impresas exportadoras entre 2017 e 2019

mil milhões de cures foi o montante das exportações portuguesas de bens, excluindó serviços, para o Reino Unido em 2015

é o peso das exportações portuguesas para o Reino Unido. As importações representam 4,8%

Expectativas Turismo e exportações os mais afetados pela saída do Reino Unido

Empresários estão preocupados mas rejeitam pânico Cátia Simões • catia.simões@dinheirovivo.pt

i> "Estamos preocupados, mas não há razões para o país estar em pânico." É desta forma que Jorge Armindo, presidente da Amorim Turismo, resume o sentimento face ao resultado do referendo no Reino Unido, que votou a saída da União Europeia com 51,9% dos votos. "A Inglaterra é um dos grandes países emissores de turistas para Portugal e temos de ter um plano B, que já tinha sido considerado face

Revista de Imprensa

a uma eventual vitória da saída, mas não estamos em pânico". O presidente do Turismo do Algarve, Desidério Silva, refere, por seu lado, que será necessário apostar noutros mercados emissores como o alemão, o francês ou o holandês - para "tentar compensar" uma eventual perda de turistas britânicos. "A preocupação é grande", admitiu. lá o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, Elidérico Viegas, frisa a "perda de competitividade"

O choque pelo mundo A opção britânica pela saída da UE ultrapassou largamente as fronteiras europeias. Na índia, ex-colónia do Reino, comparam-na mesmo à primavera árabe.

face a outros destinos do Mediterrâneo, com consequências para as empresas e para a região, embora essa perda de competitividade não se vá sentir no imediato. Do lado da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, a atenção está focada no comportamento da libra. "A Inglaterra é o nosso maior mercado. Estamos muito expostos", admite o dirigente Pedro Costa Ferreira. "Em sentido inverso, contudo, a desvalorização da libra permite uma maior emissão de turistas

portugueses para o Reino Unido. A Associação de Hotelaria de Portugal tem uma visão menos pessimista. "Em termos de turismo em Portugal, não haverá nenhuma consequência", acredita o presidente, Raul Martins. "Os ingleses que são a favor da saída já não viajavam". O responsável admite a desvalorização da libra numa primeira fase, mas acredita que esta terá "tendência para recuperar". Europa irrelevante Do lado das empresas. Eduardo Catroga, presidente não executivo da EDP e ex-ministro das Finanças, acredita que se abriu "uma caixa de Pandora cujo impacto não se sabe ainda milito bem qual será, mas. a médio prazo, tanto o Reino Unido como a Europa vão perder". Já António Costa e Silva, presidente da Partex e especialista em petróleo, avisa que "por este caminho a Europa vai tornar-se irrelevante". As associações empresariais também mostram preocupação com o resultado do referendo, já que Portugal é um mercado muito exposto ao Reino Unido: em 2015, as exportações de

bens (excluindo serviços) para o Reino Unido atingiram os 3,3 mil milhões de euros, sobretudo na área agroalimentar, têxtil e automóvel. Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal, diz que "importa ter em conta que está em causa aquele que, no ano passado, foi o quarto maior mercado das exportações portuguesas de bens, com uma quota na ordem dos 7% do total, e o nosso sexto fornecedor, responsável por cerca de 3% das nossas importações". "Estes indicadores são ainda mais expressivos se considerarmos a balança de bens e serviços", com o peso das exportações a subir para 9,5% e o das importações a crescer para 4,8%. Esta dimensão leva a que a Confederação de Comércio e Serviços de Portugal se mostre preocupada com o impacto do Brexit, sobretudo a nível do projeto europeu. Uma visão em linha com a defendida por António Saraiva, da Confederação Empresarial de Portugal. A decisão "realça fragilidades e incertezas do projeto europeu". 'COM ANA BAPTISTA

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iffle Páginas 47a 52

Europa já prepara saída do Reino Unido • lek Sales de Medas pedes dmrelereis • ~dada pespesa lê e te dna • Cada mãe partida paz Caseis Empem 1MeMigrel impar Em Londres

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25-06-2016

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A Europa fica mais pequena Obama garante que relação não vai mudar > O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem que o seu país respeita a decisão dos britânicos e que a "relação especial" entre os dois países não será posta em causa. "O Reino Unido e a União Europeia continuarão a ser parceiros indispensáveis dos Estados

Unidos", disse Obama (foto), que aponta agora para negociações que "garantam estabilidade, segurança e prosperidade para a Europa, a Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e o mundo". A declaração, feita cerca de 10 minutos após a abertura dos mercados nos Estados Unidos, não fez os britânicos esquecer o seu papel ativo em defesa da permanência na UE.

Farmacêuticas escapam na Bolsa > O dia em que o mundo soube que o Reino Unido tinha decidido deixar a União Europeia não foi fácil nos mercados, com quedas generalizadas em quase todas as praças europeias e mundiais. Mas nem todas as empresas saíram a perder (pelo menos muito) com a apreensão dos

Queda da libra é ameaça às exportações e ao turismo

investidores, lembra a Bloomberg. No setor farmacêutico - tradicionalmente considerado seguro em tempos de crise, porque as pessoas precisam sempre de medicamentosaté houve quem fechasse o dia a ganhar. Foi o caso da britânica GlaxoSmithKline. A multinacional Johnson & Johnson também provou a sua resiliência, caindo apenas 1% na Bolsa.

O vinho do Porto é a exportação portuguesa mais antiga para Inglaterra. Joe Alvares Ribeiro, diretor executivo da Symington Family Estates, é um dos que mais vendem. Mas atualmente máquinas e aparelhos, veículos e materiais de transporte, vestuário e bens alimentares também estão na lista de exportações

Risco. Prolongar o período de incerteza trará maior instabilidade e Portugal, país periférico, terá maior dificuldade em financiar-se maiores economias, explica Pedro CosmeVieira, professor da Universidade do Porto. fil O Reino Unido é o qiiârto melhor Ricardo Reis lembra também cliente das exportações de Portu- que "a incerteza é má para a ecogal. E o futuro das relações econó- nomia porque leva as empresas a micas terá, depois do brexi4 de pas- retraírem o investimento, à espera sar necessariamente por novos que o horizonte se torne mais claacordos bilaterais. O desafio é per- ro". É "sobretudo má para um país ceber quanto tempo vai demorar como Portugal, que tem uma o processo de saída da UE, dizem enorme dívida externa e uma baios economistas contactados pelo xa taxa de poupança, que nos leva DN / Dinheiro Vivo. O arrastar da a dependermos de investimento e incerteza poderá ter capital externos" (ver um efeito dominó e, suplemento Dinheiro Portugal, país periféVivo). Queda da libra torna rico, irá sentir os efeiPara já, o grande exportações tos negativos no inproblema é a libra. vestimento e maiores portuguesas menos Ontem, a moeda caiu dificuldades em fi8,6%, tornando as excompetitivas nanciar-se. portações portugue"Primeiro, porque sas menos competitia exposição de Portuvas e deixando menos gal ao Reino Unido é relevante, em dinheiro na carteira dos turistas várias dimensões; em segundo lu- britânicos que visitam Portugal. gar, porque já se percebeu que os É um cenário preocupante. No ativos tidos como mais arriscados ano passado, Portugal vendeu proestão a ser penalizados", afirma Fi- dutos no valor de 3,35 mil milhões lipe Garcia, economista da correto- para o Reino Unido e importou ra IMF. As "taxas de juro da dívida 1,88 mil milhões. E só nos primeidos países não cumpridores" vão ros quatro meses deste ano, as exaumentar por oposição à das portações para Londres já cresceANA MARGARIDA PINHEIRO

Balança comercial Portugal-Reino Unido EM MILHÕES DE EUROS

EXPORTAÇÕES 8000 7000 6000 5000 4000 2011 2012 2013 2014 2015

IMPORTAÇÕES 3500

3000

2500 2011 2012 2013 2014 201

INVESTIMENTO PORTUGUÊS NO REINO UNIDO DO REINO UNIDO EM PORTUGAL 800 700 600 500 400 300 200 100

ram 6,9%. Há 3713 empresas portuguesas a vender para o mercado britânico. . Margarida Antunes, professora de Economia na Universidade de Coimbra, está menos pessimista. "O nível das tarifas alfandegárias é muito baixo, a UE tem uma pauta externa comum média de 5%. Nenhuma das partes terá interesse em pôr em causa as relações comerciais de décadas." Mas "há muito investimento europeu que já está aperder dinheiro com a desvalorização da libra", garante Paulo Soares Pinho, professor da Universidade Nova de Lisboa. Preocupados estão os operadores turísticos doAlgarve. "O peso do mercado inglês é grande. É preciso criar as condições para minimizar esse impacto e fazer reajustamentos, procurando mercados que possam compensar a eventual diminuição da procura e do poder de compra dos turistas britânicos", refere Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve. Longo prazo preocupa

2011

2012

2013 2014 2015

"Nos próximos 6-12 meses, Portugal pode ter uma nova crise de capi-

tais, exigindo novo apoio financeiro externa" Poderáhaverumafugade capitais para portos seguros, coma Europa a ser vista como um local arriscado para investir. Com os juros da dívida asubirem, os bancos terão maior dificuldade em financiar-se e, no limite, Portugal "pode falhar (mais uma vez) os objetivos do défice e ir pedir mais tempo sem multas a Bruxelas", alerta Ricardo Reis. O mesmo repete Muradalilbrahimo, professor no ISEG, referindo que "ao contrário do que é pretendido, assistiremos provavelmente a uma desintegração da União Europeia, que trará consigo muita instabilidade. O caso do Reino Unido poderá fazer que outros países o sigam, como exemplo, e peçam também a saída". Paulo Soares Pinho também assume que os maiores problemas estão no futuro. "Abriu-se uma caixa de Pandora que pode desintegrar a UE. A Europa é cada vez menos importante e corre o risco de ser só a Alemanha e uns países mais pequenos." O risco de uma nova recessão mundial está agora acima dos 50%, alerta a gestora de ativos T. Rowe Price Group.

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ID: 65022484

25-06-2016

Tiragem: 140038

Pág: 55

País: Portugal

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Period.: Diária

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Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

DISCURSO DIRETO

Elidérico Viegas: Pres. Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve

"QUEBRA DA LIBRA REDUZ O PODER DE COMPRA" 13 CM: Quais as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia para o turismo? Elidérico Viegas Há uma preocupação geral com a instabilidade do Reino Unido porque pode trazer implicações para os mercados turísticos que se podem refletir nos resultados económicos na região. - A quebra da libra afeta o poder de compra dos turistas e residentes britânicos? - Sim, porque estamos a viver a maior desvalorização da libra dos últimos 30 anos e isso tem como consequência direta a diminuição do poder de compra. Os reformados

recebem em libras, que têm de converter em euros. Se vão ter menos euros, então vão gastar menos na região. - O setor hoteleiro já está a ser afetado? - Os contratos com os operadores turísticos já estão assinados até ao final da época. Vamos começar a sentir na próxima época turística, porque a tendência é para que os operadores tentem baixar os preços. - E qual a reação que o setor do turismo deve ter? - Não devemos abandonar o mercado britânico, pois será sempre estratégico (mais inf. págs. 27 a 30). •

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ID: 65022179

25-06-2016

Tiragem: 25986

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Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 2

A Europa fica mais pequena Europa perde uma das grandes potências > O Reino Unido é não só um dos principais contribuintes para o orçamento da União Europeia como um dos seus Estados membros com maior peso económico. De acordo com o Pordata (gráfico à direita) , em 2015 o país teve um peso superior aos 16% no PIB da UE.

Peso do Reino Unido no PIB da União Europeia EM % DO TOTAL 20 16 12

6

o 95 98 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

A Guerra dos Tronos em perigo? > Entre as inúmeras teorias sobre as consequências do brexit, uma das mais originais foi avançada ontem no guia de televisão do jornal espanhol ABC. De acordo com este periódico, a vitória dos que votaram pela saída da UE ameaça a continuidade da popularíssima série da

HBO. A Guerra dos Tronos, nomeadamente a rodagem da sétima e (presumivelmente) última temporada da saga. Isto porque, explica o ABC, cada episódio da mais popular série televisiva de sempre custa a módica quantia de nove milhões de euros, sendo que os episódios com filmagens rodadas na Europa, nomeadamente em Espanha, beneficiavam de fundos comunitários.

Reportagem. Portugueses a viver no Reino Unido esperam para ver o que virá agora que os britânicos votaram para sair da UE. São 200 mil os portugueses registados no consulado de Londres, poucos telefonaram ou enviaram um e-mail e à tarde nem havia fila para entrar no edifício

Emigrantes: "Daqui até lá muita coisa ainda pode mudar" SUSANA SALVADOR

4- enviada a Londres

As bicas

continuam a sair com os "natas" mas a manhã de ontem tinha um sabor diferente na Patissede Lisboa e no Café O'Porto, em lados opostos da Rua Golbome, com o brexit a deixar um gosto meio amargo nas bocas dos portugueses deste cantinho de Londres. Não que os emigrantes, muitos há décadas a viver na capital britânica, estejam preocupados como resultado do referendo sobre a UE. Simplesmente esperam para ver e questionam o que ai virá. E há até quem concorde com a decisão dos eleitores. "Por um lado concordo com o que eles disseram, porque muita gente veio para aqui e já tem direito a tudo e mais alguma coisa sem nunca terem trabalhado", conta Ana Maria, de 60 anos, qtinsp metade deles em Londres. "Custa trabalhar e ver os outros vadiar", desabafa ao lado a amiga. "Mas por outro discordo, por causa das consequências económicas. O poder de compra já vai ser menor", explica Ana Maria, numa mesa da Patissede Lisboa. Tânia chegou há apenas quatro anos e confessa que a decisão a deixa indiferente. "Ainda não sei o que isso vai implicar para mim", explica, numa pausa do trabalho no café O'Porto. "Na altura, quando acon-

tecer, logo vejo o que acontece. Daqui até lá muita coisa pode mudar", refere, admitindo que muitos clientes portugueses não estão felizes como brexit. "Vai afetar as pessoas como eu, que têm negócios. Vamos voltar à burocracia de antigamente'3e,q)lica Carlos Gomes, proprietário do Lisboa Delicatessen, a primeira mercearia portuguesa a abrir no Reino Unido, já lá vão 46 anos. Mas diz isso sem preocupação. "Quando comecei tinha de ter autorização do departamento de agricultura

Quem votou no brexit não parece assustado com a queda da fibra no dia seguinte para importar os produtos e depois pedir mais um papel noutro sítio qualquer. Vai voltara ser assim, vou ter de voltar a pedir licenças, mas para o resto da malta não vai afetar nada, porque os que cá estão não vão ser expulsos", explica. "E até posso reformar-me e voltar à terra", desabafa. São 200 mil os portugueses registados no consulado de Londres, uma fração dos que vivem no país (há um segundo consulado a norte), já que muitos não estão regista-

dos. Poucos telefonaram ou enviaram um e-mail com dúvidas sobre a situação e à tarde nem havia fila para entrar no edificio. "É óbvio que os portugueses vão estar com medo, agora não sabemos como é que fica a nossa situação cá. Mas eu estou tranquila", explica Ana Freitas, que trabalha e estuda há quatro anos na capital britânica, onde vive com o filho. A famflia ainda não ligou de Portugal preocupada. "Se tivermos de voltar, voltamos, temos para onde voltar", diz, explicando que só não o faz porque a economia portuguesa não está boa. "A vida que tenho aqui com o meu filho é um bocadinho melhor, mais despreocupada em relação ao dinheiro", explicou. A última urna com os votos chegou à câmara de Hammersmith e Fulham, na região de Londres, ainda não eram 23.30.0 horário devotação tinha terminado uma hora e meia antes e, desde então, as equipas de voluntários debruçavam-se sobre as mesas cobertas com pano verde. Em grupos de três começaram por separar cis votos em montes de 50, que atavam com elásticos, para efetuar uma primeira contagem e garantir que nenhum se tinha perdido pelo caminho. À sua frente, os observadores do "ficar" e do "sai?' procediam a uma contagem rápida enquanto os votos eram desdobrados e empilhados. Faltavam 20 minutos para a

uma da manhã quando se soube a muito mais cedo. Emily optou por participação. Dos quase 115 mil não ficar acordada a vero evoluir da inscritos, tinham votado precisa- contagem e, quando ainda ensonamente 70%. Começava a segunda da ligou a televisão, despertou em ronda da contagem, com os votos a menos de nada quando viu que o serem separados e havia um claro brexit tinha ganho com 52%. "Fifavorito, com os montes do "ficar" a quei em choque, nem queria acresubir a um ritmo mais elevado do ditar", contou na estação de comque o brexit Mas, por esta altura, já boios de King's Cross. Com os olhos tinham começado a pingar os pri- fixados nos monitores gigantes à meiros resultadds nacionais... e o espera que seja anunciada a plata"sai?' estava a surpreender. forma onde poderá seguir viagem Entre os apoiantes do "ficar" os para Aberdeen, esta escocesa explirostos iam ficando mais carrega- ca que o choque deu lugar à preodos. Pelas 02.30 da manhã, quando cupação sobre o que vai acontecer foi anunciado oficialmente o resul- e depois à raiva. "Devíamos ter votado nesta circunscrição (69,3% a tado pela independência no nosso favor do ficar), o remara estava à referendo", explica, recuando até frente do brexit, mas percebia-se 2014. Essa hipótese volta a estar em que não era para durar. A festa não cima da mesa. foi por isso calorosa, apenas alguns Escócia, tal como Londres e a Iraplausos, porque os olhos já esta- landa do Norte, foram as únicas revam centrados nos telemóveis, a giões a votar maioritariamente no tentar perceber o que acontecia nas "ficar". No resto do país, o brexitfoi outras circunscrições. rei. De King's Cross partem diariaAs televisões arriscaram declarar mente dezenas de comboios para a vitória do brexitpelas 05.00, mas aquele que, ontem em Londres, essa tendência já era clara desde quase parecia ser esse outro pais.

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25-06-2016

Britânicos entopem Google com buscas > Na sequência da vitória do brexit, o motor de buscas Google foi ontem posto à prova pelos cidadãos britânicos, que se multiplicaram em perguntas sobre as implicações da decisão que tinham acabado de tomar. A frase mais consultada foi mesmo : "0 que acontece se deixarmos a

União Europeia", que registou um aumento de 250% nas consultas, mas houve vários outros tópicos em alta, como a cotação da libra face ao dólar e ao euro, o preço das casas e "emigração". Presumivelmente, a maioria das consultas terão partido de eleitores que se tinham manifestado pela permanência já que os partidários da saída estariam demasiado ocupados a celebrar.

A COMUNIDADE LUSA

Perto de 130 mil residentes > De acordo com dados estatísticos britânicos, citados pelo Observatório da Emigração português, os cidadãos nacionais nascidos em Portugal e residentes no Reino Unido ascendiam aos 127 mil. Se incluir cidadãos com passaporte português nascidos noutros países este número sobe até aos 143 mil.

500000 > Lusodescendentes Estima-se que mais de meio milhão de britânicos tenham antepassados de origem portuguesa.

Contagem de votos demorou quase toda a noite de quinta para sexta-feira. Muitos foram os voluntários que ajudaram Rob Paulson, que espera o comboio para Leeds, votou no brexit e é um dos poucos cujo sorriso não se transforma numa desculpa para não falar. "Apesar da queda da libra, acho mesmo que esta é a melhor coisa que aconteceu ao Reino Unido", explica o empregado de hotel, satisfeito até com o anúncio da saída do primeiro-ministro David Cameron. "Não podia ser ele a liderar um projeto que não defendeu na campanha." Sobre o eventual sucessor não se quer pronunciar. "A culpa é dos velhos racistas que se calhar já nem vão estar vivos quando esta situação estiver resolvida e estão a estragar o nosso futuro." Essa era a mensagem da frase, carregada de asneiras, dita por um jovem na casa dos 20 anos que ouvia a conversa e que não se quis identificar. Segundo as contas feitas pelo The Guardian, 60% dos que têm mais de 65 anos votaram para "sair", enquanto quase três quartos dos que têm entre 18 e 24 anos votaram para "ficar".

1662 > Rainha Consorte Ano da chegada a Portsmouth de Catarina de Bragança, que casou com Carlos II de Inglaterra.

Perfil do imigrante tem,mudado > Historicamente, o perfil do imigrante português estava associado ao de trabalhadores em empregos pouco qualificados, essencialmente na indústria, comércio e serviços. Mas, nos últimos anos, tem-se assistido a uma combinação entre trabalhadores pouco qualificados e outros altamente qualificados, que trabalham em setores como a banca, a informática e a saúde.

156,22 > milhões de euros Remessas enviadas para Portugal em 2013 pelos cidadãos nacionais residentes no Reino Unido.

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NYSE

Desvalorização da libra agita e-comércio > A desvalorização da libra - que ontem de manhã valia menos 12% na sequência do referendo sobre o brexit- motivou muitos internautas a tentarem aproveitar para ir às compras em sites como a Amazon britânica. Mas esta decidiu manter os preços à cotação da véspera.

TESTEMUNHOS Britânicos em Portugal confiam que a forte ligação entre os dois países permitirá manter intactas as relações bilaterais. Mas há muitas incógnitas e, se a libra cair muito, o turismo no Algarve acabará por ressentir-se

Ingleses no Algarve. Já há quem pense na dupla nacionalidade FILOMENA NAVES

Lotte Beedel vive há 17 anos em Portugal. Tinha apenas 13 quando veio com os pais, e por cá ficou, em Faro, onde agora vive e trabalha. Britânica, bilingue, é professora de Inglês e tradutora profissional, e até ontem nunca tinha pensado em tornar-se também portuguesa. Mas o resultado do referendo alterou isso. "Hoje [ontem] de manhã, quando soube da vitória do brexit, comecei a ponderar na dupla nacionalidade", diz. Não é que tenha receio pelo seu futuro em Portugal, até porque acredita que os ingleses "que já cá vivem não terão de se preocupar". Mas, explica, "quero continuar a viajar sem problemas". Para Lotte, não tem sentido o Reino Unido sair da União Europeia. "Foram 43 anos a trabalhar para uma união, não faz sentido desistir agora e fechar a porta às possibilidades da União Europeia", afirma. Por isso o resultado do referendo "é triste", resume. Tendo a possibilidade de continuar cidadã da UE, tornando-se portuguesa, tenciona fazê-lo. E, na sua familia, não é a única a equacionar a hipótese. 'A minha irmã, que agora está em Inglaterra, mas que viveu mais de metade da vida dela em Portugal, também está a pensar pedir a nacionalidade portuguesa." Lotte não votou no referendo. Não pôde, "infelizmente", diz, porque está há mais de 15 anos fora do seu país. "Se a maioria das pessoas que não têm direito a voto, incluindo os jovens britânicos com menos de 18 anos, tivessem podido votar, talvez o resultado fosse diferente",

arrisca. De resto, lamenta também o resultado do referendo por esses jovens sem idade legal para votar, porque "trata-se do futuro deles", e não tiveram uma palavra a dizer. O futuro está, afinal, cheio de incógnitas, sobretudo de carácter económico e financeiro. Brendan de Beer, chefe de redação do Portugal News, o maior jornal de língua inglesa publicado em Portugal, acredita que não haverá alterações nas relações entre Portugal e o Reino Unido. "Existe uma forte ligação entre os dois países, que é a mais antiga do mundo, e ambas as partes gostam dela e quererão mantê-la", afirma. 'A única preocupação é financeira", sublinha. "Se a libra desvalorizar demais, os turistas ingleses virão menos e vão gastar menos dinheiro, e o turismo no Algarve vai ressentir-se." O mesmo receio tem o empresário britânico Mark Stillwell, que vive no Algarve, onde é coproprietário do Golfe do Vale do Milho, e cuja família está há mais de cem anos em Portugal. "Isto poderá criar problemas financeiros, porque 50% a 60% do turismo do Algarve depende dos ingleses e, se a libra cair muito, haverá consequências." Mark Stillwell também não está propriamente satisfeito com o resultado do referendo. "Preferia que o Reino Unido ficasse e fizesse pressão para que a UE se tornasse mais transparente e democrática", diz. Espera agora que isso tenha; pelo menos, "um bom efeito em Bruxelas e leve os eurocratas a perceber que a UE precisa de mais transparência e de criar uma relação mais próxima e democrática com os seus cidadãos". Página 40


Correio da Manhã Algarve A41

ID: 65036768

27-06-2016

Tiragem: 140038

Pág: 16

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 4,63 x 5,46 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

ECONOMIA NEGÓCIOS COM A CHINA A Associação Jovens Empresário Portugal-China (AJEPC) e a Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve

(ACRAL) assinam, a 4 de julho, as 18h00, no ati&ório da

RTA, um protocolo de colaboração tendo em vista o desenvolvimento de negócios entre o Algarve e a China.

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ID: 65022433

25-06-2016

NOTEIS

ESGOTADOS NO ALGARVE

Tiragem: 27000

Pág: 54

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 23,30 x 28,60 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 2

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Sofia Martins Santos sofia.santos(q)sol.pt

Depois de anos de contenção, os portugueses estão a viajar mais. O destino de eleição é o sul do país, que tem procura até fora da época alta. Setor antecipa crescimento superior a 5%. IWI arcar férias de verão no Algarve vai ser uma tarefa praticamente impossível este verão, já que os hotéis estão praticamente esgotados. As reservas internacionais estão a subir e a procura interna também aumentou. Elidério Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), garante ao SOL que a região está cheia até nos meses fora da época alta. «No verão a taxa de ocupação é igual a si mesma: o Algarve está cheio. O que tem acontecido é um aumento da procura noutros meses. Tivemos nos últimos meses o dobro da procura que esperávamos. Além disso, a tendência é que isto se mantenha. A

perspetiva não podia ser melhor. Esperamos um crescimento de 5% em relação aos valores do ano passado», explica, acrescentando que, antes, o Algarve ficava esgotado apenas no verão - mais precisamente entre 15 de julho e 25 de agosto. Uma realidade que parece ter mudado. «Estamos à espera que a procura continua a subir nos meses de setembro e até de outubro», afirma o presidente da AHETA. Depois de anos de contençao, as famílias parecem mais dispostas a ir de férias. A enchente no Algarve estava prevista deste o início do ano, mas Elidério Viegas admite que haverá impactos. «Este fenómeno é sempre esperado, mas acontecer no Algarve é fatal em algumas alturas. Vai haver mais gente e não nos podemos esquecer

que o Algarve já está a 100%. Não há como crescer. Não podemos estar a 120%». Para o responsável pela AHETA é claro que haverá diferenças este ano, nomeadamente nas estradas: «Os turistas estrangeiros viajam de avião. O que se vai notar é que, como vai haver mais portugueses a procurar o Algarve e esses fazem a viagem de carro, vai haver mais carros no Algarve nesta altura». Crescimento generalizado

A tendéncia de crescimento não acontece apenas no Algarve. Ao SOL, Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agéncias de Viagens e Turismo (APAVT), explica que «depois de uma descida muito significativa, provocada pelo ajustamento macroeconómico recente, o mercado de lazer começou a recuperar em 2014, tendo consolidado essa recuperação em 2015, no seguimento da subida dos índices de confiança dos consumidores». Uma trajetória ascendente que tem tudo para se manter também este ano: «Os períodos mais significativos de venda

que este ano já aconteceram, nomeadamente a Páscoa, bem como o nível atual de reservas para o verão, permitem pensar que manteremos ao longo de 2016 uma tendência de crescimento, que estimaria entre 5% e 8 %». De acordo com o estudo mais recente da Cetelem, os portugueses são dos cidadãos europeus que mais fazem férias. Os dados mostram que 49% dos portugueses com menos de 50 anos foram de férias no último ano, mais 12% do que a média dos países na Europa, um indicativo de que as gerações mais jovens, em Portugal, têm maior propensão para aproveitar bem os dias de descanso. Outro um estudo, da Tri-

vago, mostra que os portugueses tendem a viajar cada vez mais `cá dentro'.

Férias 'oã dentro' De acordo com os dados recolhidos por este motor de busca de hotéis, Portugal revela uma percentagem elevada de turismo in-

Associação de agências de viagens prevê crescimento este ano

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ID: 65022433

25-06-2016

Tiragem: 27000

Pág: 55

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 21,24 x 28,60 cm²

Âmbito: Informação Geral

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NÚMEROS

2014

foi o ano em que o mercado do lazer começou a recuperar. Uma tendência que se manteve em 2015 e se prevê que continue

49%

dos portugueses com menos de 50 anos foi de férias no último ano, mais 12% do que a média dos países da Europa

68%

é a percentagem de turismo interno, de acordo com um estudo da Trivago. Ou seja, do total de pesquisas por destinos de férias, dois terços são para destinos nacionais. O Algarve continua a ser a jóia da coroa terno: 68,89% das pesquisas dos portugueses são para destinos nacionais. Espanha, que representa 14,53% das pesquisas, conquistaria o segundo lugar. Juntos representam mais de 80% das pesquisas dos portugueses. O Algarve é o centro da procura e Albufeira lidera as preferências no momento de procurar soluções para o período de férias. No entanto, desengane-se quem pensa que Albufeira é urna espécie de capital do sul do país. De acordo com Elidério Viegas, todas as zonas do Algarve estão lotadas. «A distribuição é igual. Só na época baixa é que há grandes diferenças com Monte Gordo a liderar a procura».

Procura de outros destinos Viagens de portugueses para Cabo Verde, Espanha e Caraíbas estão a aumentar. Com as férias a bater à porta, há também quem procure alternativas fora de Portugal, e esta procura está também a aumentar face a anos anteriores. Ao SOL, Alberto Machado, porta-voz da agência Abreu, explica que a empresa regista «um ligeiro crescimento no volume de reservas face a igual período

do ano anterior, o que de resto já acontecera em 2015 comparando com 2014». Esse crescimento é válido tanto na procura interna - Portugal continua a ser o destino no topo das preferências dos portugueses - como na procura externa. E há destinos que ganham cada vez mais expressão quando chega a hora de escolher para onde apanhar o avião. «Há a sublinhar Cabo Verde, Espanha com relevo para Baleares e Canárias— e Caraíbas», frisa. E, reforçando a nota de que os

portugueses dão cada vez mais importância ao turismo cultural, o porta-voz indica também «as cidades europeias e os circuitos europeus », com destaque para os «que contemplam a Europa Central e a Europa Mediterr 'ártica». Também o Brasil continua a ter expressão na hora de escolher, mas não só. Há quem prefira escolher os cruzeiros, «sobretudo os que têm por cenário o Mediterrâneo Oriental e Ocidental e o Norte da Europa». S.M.S.

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A44

ID: 65022084

25-06-2016

Tiragem: 114574

Pág: 4

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 25,50 x 30,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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Dillip Rajakarier "Ainda neste ano teremos os Tivoli no Médio Oriente' Grupo tailandês quer recuperar a marca em que "não se investiu durante anos". Vai gastar 6o milhões em renovações e vê o Porto como oportunidade Textos: Ana Baptista O que motivou o grupo Minor a comprar os Tivoli? Primeiro a marca, que é uma da mais antigas, tem 85 anos, e depois porque no nosso plano estratégico sempre quisPmos entrar na Europa Temos muitos clientes europeus que nos visitam nos hotéis que temos na Ásia, no Médio Oriente e em África e pensámos que podíamos usar estas infraestruturas para expandir a marca para outros destinos e também trazer as nossas marcas para a Europa. Também nos atraíram as propriedades, ou seja, os hotéis, que estão em boas localizações e têm muito potencial, além da estrutura que os Tivoli têm, ou seja, as pessoas. Além disso, Portugal é, como país dentro da Europa, muito estável e seguro e um destino onde há uma boa relação qualidade preço. No geral, o serviço e os quartos de hotel são bons, as pessoas são simpáticas, há múltiplas experiências que se podem ter e o custo de vida é relativamente baixo.

Porque é tão importante para uma empresa tailandesa ter hotéis na Europa? É uma questão de diversificação e também porque temos muitos clientes europeus, e é simpático trazer as marcas e a experiência que se têm lá para cá, com a comida e os spa.

belecida em todos os mercados e alguns hotéis são de facto icónicos com essa marca. Temos a Avani, que está mais ou menos ao mesmo nível do que os Tivoli, e a Oaks, que são apartamentos com serviços de hotel. São estas as marcas que penso que fazem sentido em Portugal e na Europa.

O processo de compra dos Tivoli foi complicado e longo, demorou quase dois anos, houve o risco da insolvência e decisões dos tribunais que quase impediram o negócio. Não tiveram vontade de desistir?

Estamos a estudar a abertura de hotéis Tivoli noutros destinos e teremos novidades em breve. Esse é o nosso plano, expandir a marca para fora de Portugal.

Já têm destinos definidos? Para destinos onde somos fortes, como o Médio Oriente, África, Austrália e Ásia. Mas inicialmente vamos levar os Tivoli para o Médio Oriente e para Ásia e talvez para alguns dos países africanos de língua portuguesa, como Moçambique ou Angola. Já temos cinco hotéis em Moçambique,

Para nós, era um negócio importante

e garantimos aos empregados que íamos fechar o negócio e que o faríamos apesar de tudo. Porque todos os obstáculos que apareceram podiam ser resolvidos e já tínhamos feito negócios que tinham sido complicados, estávamos habituados a isso. Temos paciência e sabemos lidar com diferentes personalidades, diferentes instituições financeiras e, acima de tudo, sabemos lidar com pessoas. E por isso não iríamos desistir nunca.

PERFIL

Fizeram um bom negócio? Um bom negócio é aquele que pode produzir bons resultados a longo prazo e foi isso que vimos nos Tivoli. Às vezes até podemos comprar barato, mas depois podem aparecer problemas com a infraestrutura, o pessoal, a propriedade ou as questões politicas do país e isso não queremos. Para nós, era importante o potencial futuro dos Tivoli, saber que podíamos expandir a marca e transformar algumas destas propriedades em hotéis icónicos.

Dillip Rajakarier

íntegra ao CEO do grupo Minor e ainda ao diretor dos Tivoli do Algarve em

A aquisição dos Tivoli foi a maior que fizemos desde sempre e foi também a maior aquisição de hotéis em Portugal desde sempre.

Entrou em 2007 no Minor Hotel Group, da empresa tailandesa Minor Internacional, fundada em -1978 pelo americano William Heinecke. Em 2011 subiu a CEO graças ao desempenho na expansão da marca e na compra de hotéis, chegando às atuais 145 unidades na Ásia, em África, no Médio Oriente e agora na Europa. Foi esse desempenho que o levou, em 2013, a acumular o cargo de CEO dos hotéis com o de administrador responsável pelas operações do grupo todo. Agora tem outro objetivo ime-

www.dinheirovívo.pr

Quais são os vossos objetivos agora?

diato: chegar aos 190 hotéis.

Que marcas é que pode trazer? A nossa marca de luxo chama-se Anantara, que está muito bem esta-

www.dinheirovivo.pt Leia a entrevista na

Pagaram quase 30o milhões de euros. Foi barato?

das marcas Anantara e Avani, mas há potencial para ter a marca Tivoli, por ser uma empresa portuguesa.

E quando é que isso acontecerá? Espero que no final deste ano ou no início do próximo possamos já ter alguma coisa, talvez no Médio Oriente ou na Ásia.

Em Portugal faz sentido abrir novos hotéis? A nossa tarefa principal é elevar os hotéis, porque os Tivoli não eram o negócio principal dos anteriores proprietários e para nós, que somos hoteleiros, é o negócio principal. O nosso foco é renovar e transformar os hotéis, porque a estrutura é boa, mas não são renovados há 15 ou 20 anos, ou, em alguns casos, há 30 ou 40. Já começaram a renovação? • Já renovámos os dois hotéis em São Paulo, no Brasil, e cá já fizemos os quartos do Oriente e do Marina Vilamoura e neste ainda vamos fazer, na época baixa, um centro de conferências e vamos mexer na envolvente e na entrada exterior. Depois, até ao final do ano, vamos começar o Tivoli Jardim e o Tivoli Lisboa, que vai tornar-se o hotel de referência da marca, e vamos mexer no Victoria [em Vilamoura] e no Carvoeiro [Algarve]. Este é uma propriedade fabulosa, numa localização fantástica, e foi uma pena que não tenha sido renovado nos últimos 20 a 25 anos, porque precisa de muito investimento e, quando acabarmos, vai disparar.

O Carvoeiro é um dos hotéis onde vão gastar mais dinheiro? Sim, porque nada foi feito durante muitos anos. Penso que aí gastaremos uns 15 a 16 milhões de euros.

E quanto vão investir no total? Serão 60 milhões de euros em renovações nos próximos dois ou três anos. É um grande investimento para nós e adicional ao que já pagámos pela compra dos ativos, mas o panorama turístico aqui em Portugal é muito positivo e está a melhorar muito. Com essas renovações esperam que

as receitas e a ocupação subam? Já estamos a crescer este ano, creio que entre 10% e 15%, e espero que continue. Mas vai ter mais impacto quando as renovações estiverem concluídas, porque teremos clientes que pagam mais. Temos de ser capazes de trazer o tipo de clientes que temos na Ásia para a Europa e para Portugal. São clientes que gastam mais? Vão

aumentar os preços? Sim, mas como também vamos melhorar a qualidade dos quartos, dos serviços e da experiência, os clientes vão pagar mais porque existe uma boa relação qualidade preço.

Portugal é a próxima grande cena na Europa ou no mundo? As pessoas vêm para aqui para se reformar porque há incentivos fiscais, há grandes economias como a China que estão a investir por causa dos vistos gold. Do ponto de vista turístico, Portugal costumava ser um bom hub e acho que isso vai voltar.

Porquê? Tem boas ligações aéreas e penso que no futuro, se Portugal conseguir abrir rotas para economias emergentes como a China e a Índia, isso vai trazer valor ao turismo. Um voo direto para a China seria ótimo.

Quando estarão prontas as obras?

Porque vão mudar o nome do Tivoli Victoria para Anantara, a vossa marca de luxo?

Todas estas obras que referi estarão prontas antes de meados do próximo ano.

Temos dois hotéis com a mesma marca no mesmo local, o Marina e o Victoria. É quase como se estivessem a

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25-06-2016

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Tiragem: 114574

Pág: 5

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 16,34 x 30,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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44§2ovax 2ait •• • -41~•1

• aiiit

4a:o-

1 0 grupo Mínor vai gastar 16 milhões no Tivoti do Carvoeiro, um dos que mais precisam de renovação. 2 0 Tivoti Lisboa começa a ser remodelado neste ano e será a referência da marca. 30 Tivoli de Vilamoura renovou os quartos, mas vai ter um novo centro de conferências e obras no exterior. Tudo somado são 17 milhões. competir um com o outro. E o Victoria é uma propriedade tão boa que pode ser facilmente transformado num hotel de seis ou sete estrelas sem muito investimento. Devemos investir uns quatro ou cinco milhões, porque o hotel só precisa de alguns retoques.

E pensam mudar o nome do Tivoli Lisboa ou o do Carvoeiro? Não, de maneira alguma A marca é muito conhecida.

No Brasil também querem abrir mais hotéis Tivoli? Estamos à procura e deveremos ter

novidades nos próximos meses. Mas no Brasil também há espaço para mais uma das nossas marcas.

Há um outro empreendimento do Grupo Espírito Santo, e que está à venda, a Herdade da Comporta. Estão interessados? Conheço, mas esse é um projeto que vai demorar muito tempo a fazer, é muito grande e o nosso foco é no potencial que já existe. Ou seja, não pensamos nisso agora.

Ter um resort está fora de questão? Não, isso não, mas preferíamos fazer, por exemplo, um Tivoli no Porto, por-

que acho que há lá muitas oportunidades. Há lá muitos turistas agora, até norte-americanos, por causa das ligações aéreas diretas para o Porto.

Admitem apostar só imobiliário? Temos algumas coisas de uso misto, como casas ligadas aos hotéis, mas não fazemos só imobiliário e não queremos. As nossas casas são de grande luxo e precisam dos serviços de um hotel como a lavandaria, os serviço de quarto, os restaurantes, a segurança. Se for imobiliário puro e duro é mais dificil conseguir este nível de luxo.

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ID: 65022084

25-06-2016

Tiragem: 114574

Pág: 1

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 7,43 x 6,39 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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ENTREVISTA - P. 04-05

DiWp Rajakarier O CEO do grupo tailandês Minor, que comprou os hotéis Tivoli, diz em entrevista que a estratégia passa por levar a marca para o exterior e que o Porto tem "muitas oportunidades" no turismo.

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ID: 65022091

25-06-2016

Tiragem: 114574

Pág: 5

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 10,75 x 30,00 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

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Impacto dos tailandeses nos hotéis já se sente e vai ser ainda maior São sete e meia da tarde de uma terça-feira de junho. Estão uns 26 graus e uma leve brisa morna. Numa das esplanadas do hotel Tivoli Marina de Vilamoura não há lugares e há um corrupio de cocktails a chegar às mesas. Está cheia de turistas, alguns franceses e brasileiros, mas na maioria ingleses e americanos, e são todos hóspedes do hoteL "Hoje estamos com mais de 90% de ocupação", disse ao Dinheiro Vivo o diretor dos cinco hotéis Tivoli no Algarve, Jorge Beldade. "E devemos fechar o mês próximos dos 88%, o que já é superior ao que tínhamos previsto", acrescenta. E isto com os preços a subir. "Aumentámos os preços 20 a 80 euros, consoante a tipologia, mas em termos globais, no ano, contamos ter um aumento do preço médio de 20%, para 170 euros por noite", disse Jorge Beldade. Para o gestor, o facto de conseguirem manter a ocupação mesmo com os preços mais altos é um reflexo da melhoria da economia e do bom momento que Portugal está a atravessar em termos turísticos, mas já é também o impacto da gestão dos novos donos. Os tailandeses da Minor, que fecharam a compra em fevereiro, já começaram a investir em renovações e, segundo Jorge Beldade, havendo melhorias nos hotéis, "a es-

NÚMEROS

294 —milhões de euros Foi o valor pago pela Minor pelos 12 hotéis Tivoli em Portugal e mais dois no Brasil. Ainda vão investir mais 6o milhões em renovações.

20 —nulhães de euros É a receita esperada no Tivoli Marina de Vilamoura este ano. Em causa, a subida de preços devido às obras já feitas pelo novo dono.

tratégia do grupo é agora privilegiar o preço em vez da ocupação, para assim aumentar as receitas". "As remodelações eram necessárias para reposícionar o produto e nos reposicionar outra vez no topo da hotelaria, para podermos vender mais caro, que é o nosso grande objetivo: vender mais caro e aumentar os resultados. Isso não era possível atendendo às dificuldades que o Grupo Espírito Santo tinha, mas agora tudo o que estava previsto vai ser feito", adiantou. Além disso, adiantou Jorge Beldade, a partir do próximo ano os Tivoli vão tirar "partido da força global de vendas do grupo Minor" e, portanto, a expectativa é de que o crescimento das receitas e da ocupação seja ainda maior. Também ajudará "quando aparecer um voo direto para a China", diz o gestor, confiante de que "essa ligação está para acontecer, penso que ainda neste ano. Estamos a contar com isso".

O comprador ideal O processo de compra dos Tivoli foi tudo ménos tranquila. Durante quase dois anos, os tailandeses tiveram de lidar com um pedido de Processo Especial de Revita li7ação (PER), com a quase situação de insolvência e com o arresto de alguns dos ativos que queriam comprar. Tudo por causa do colapso do Grupo Espírito Santo, ao qual pertenciam os Tivoli. Mas não desistiram e acabaram por fechar o negócio a 2 de fevereiro deste ano. Ou seja, "até correu tudo bem", disse Jorge Beldade. Que acrescentou: "Alguém no país acreditava que, o BES ia colapsar? Ou que o Ricardo Salgado fazia aquelas malandrices todas? Sempre o vimos como a fonte mais credível da banca e foi uma surpresa total para todos. Mas conseguimos não entrar em insolvência e nos anos em que estávamos em perigo melhorámos os resultados, mantivemos as equipas e ainda conseguimos ser vendidos à empresa que quedamos que nos comprasse." E porquê? "Por ser uma cadeia hoteleira que gosta muito da marca, que está satisfeita com a gestão e quer desenvolver a marca e internada rializá-la e não acabar com ela." —ANA BAPTISTA

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ID: 65022761

25-06-2016 | Economia

Tiragem: 94600

Pág: 25

País: Portugal

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Period.: Semanal

Área: 28,20 x 36,73 cm²

Âmbito: Informação Geral

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IMOBILIÁRIO

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Investimento Ativos do maior fundo de reestruturação português atingem a fase madura para atrair investidores

Fundo da ECS vai acelerar a venda de hotéis recuperados Texto Conceição Antunes Foto José Caria

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epois da Herdade dos Salgados no Algarve, o Palácio do Governador em Lisboa é o novo cartão de visita do fundo de turismo gerido pela ECS Capital. O hotel de cinco estrelas vai ser oficialmente inaugurado a 30 de junho e resulta da recuperação do edifício que foi a residência do governador da Torre de Belém. O projeto envolveu investimentos de €5 milhões da ECS, e a decoração do hotel, assinada por Nini Andrade Silva, respeita o tema dos Descobrimentos portugueses. “Este hotel resulta da nossa intervenção num ativo do antigo grupo de Carlos Saraiva, e o edifício estava abandonado e muito vandalizado. É um bom exemplo do que se pode fazer em recuperação de ativos, quando se alinha um conjunto de stakeholders, desde os bancos ao turismo”, considera Fernando Esmeraldo, presidente executivo da ECS Capital, adiantando que “os resultados têm sido interessantíssimos e só em maio a ocupação foi superior a 80%”. O Palácio do Governador vai funcionar sob a marca Nau, criada pelo fundo de reestruturação (que integra 11 dos 21 hotéis que tem no portefólio). “Este hotel no futuro vai ser vendido pelo preço correto e ao comprador certo”, frisa o presidente da ECS. “Nós continuamos a trajetória de recuperação de ativos e a respetiva venda. Temos um programa de desinvestimento de curto, médio e longo prazo, que está integralmente a ser executado”. Na área de turismo, o responsável da ECS adianta ter “várias coisas em carteira e mandatos de venda em curso para uma série de unidades hoteleiras e esperamos já ver resultados em 2016”. O fundo concretizou recentemente a venda de dois ativos: o hotel Vivamarina em Cascais, que foi comprado pela United Investments Portugal, também proprietária do resort Pine Cliffs no Algarve (e que agora opera como Sheraton Cascais), e o hotel Vintage House no Douro (outro ex-ativo de Carlos Saraiva), que foi vendido à The Fladgate Partnership, dona de vinhos como a Taylor’s. “Estes ativos foram vendidos muito acima do valor de entrada no fundo, com importantes mais-valias, e a compradores que não são oportunistas”. Segundo Fernando Esmeraldo, 2016 e os próximos anos perfilam-se um “período positivo” para conseguir

Fernando Esmeraldo, presidente executivo da ECS Capital, no hotel Palácio do Governador, em Belém, que vai ser oficialmente inaugurado a 30 de junho investidores e bons preços para vender ativos do seu portefólio. HOTÉIS NAU EM MARÉ ALTA

€100 milhões é a faturação prevista no final de 2016 pela marca Nau Hotels & Resorts (que engloba 11 hotéis pertencentes aos fundos da ECS Capital, designadamente a Herdade dos Salgados no Algarve e outras ex-unidades insolventes do empresário Carlos Saraiva), o que representa um crescimento de 20% face ao ano passado. No volume de dormidas, que em 2015 se cifrou em 500 mil, é esperado este ano um aumento de 15%

ECS vai inaugurar hotéis em Vilamoura e na Praia da Salema A fase pior de insolvências de hotéis que foram parar aos bancos já passou, e o fundo da ECS Capital está agora na fase de comprar e recuperar ativos turísticos por iniciativa própria. “Existe hoje uma clara desaceleração de ativos problemáticos, mas ainda há bastantes unidades em Portugal a precisar de recuperação”, refere Fernando Esmeraldo, dando o exemplo do Vilamoura Garden Hotel, que a ECS vai abrir oficialmente a 1 de julho. “É um projeto que estava parado há 20 anos, tomámos a iniciativa de o comprar e já o conseguimos recuperar”. No Algarve, a ECS vai também inaugurar no segundo semestre o hotel Salema Beach Village, junto à praia da Salema, em Vila do Bispo. Sobre as críticas correntes no sector, relativas ao facto de os fundos se ‘agarrarem’ aos ativos criando marcas hoteleiras, Fernando Esmeraldo

considera que “no caso da ECS são infundadas e estamos a provar por A mais B que estamos a contribuir para o desenvolvimento do turismo e a recuperação de ativos, e também estamos abertos a estudar propostas que criem valor”. O que se aplica aos hotéis da marca Nau, da ECS, cujas receitas deverão este ano subir 20% e atingir €100 milhões. “Em Portugal, as empresas e os bancos precisam de tempo para implementar e estabilizar medidas, afastando-se do que foi uma crise muito profunda”, conclui Esmeraldo. “E isto também se aplica a nós, fundos de reestruturação. Precisamos de tempo para evoluir de processos de insolvência que foram muito complexos e tiveram de ser recuperados numa visão de entregar valor ao acionista. É fácil vender um hotel ao desbarato, mas não podemos cometer o erro de nos querermos desfazer rapidamente do portefólio sem gerar o valor adequado. Neste campo, acho que estamos perante um ciclo de médio prazo muito interessante para Portugal”. cantunes@expresso.impresa.pt

RECUPERAR E VENDER HOTÉIS

“Temos mandatos de venda em curso para várias unidades hoteleiras e esperamos ter resultados em 2016. Portugal está a viver um momento único que nos traz uma proposta de valor interessante” “É fácil vender um hotel ao desbarato, mas não podemos cometer o erro de nos desfazermos do portefólio sem gerar o valor adequado” FERNANDO ESMERALDO Página 48 Presidente executivo da ECS Capital


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ID: 65022749

25-06-2016

Tiragem: 140038

Pág: 21

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 5,34 x 6,36 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

MEDIDA

Nadadores fora dos hotéis PA Associação de Hotelaria de Portugal congratulou-se ontem com a decisão do Governo de tornar facultativa á. presença de nadadores-salvadores nas piscinas dos empreendimentos turísticos. Já a Federação Portuguesa de Nadadores Salvado res critica a medida. o

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ID: 65022121

25-06-2016

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Tiragem: 70887

Pág: 10

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,50 x 26,19 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 2

Governo diz que anterior panaria estava mal feita

Passa a ter de haver material certificado

O secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, já reconheceu que, perante a falta de nadadores-salvadores em número suficiente para todas as necessidades, o Governo teve de fazer opções e atribuiu prioridade à presença nas praias. "0 anterior Governo publicou uma portaria que não se adequa à realidade do pais", disse ao 1N.

No caso das piscinas de hotéis e de alto rendimento, passa a ser obrigatório o material de salvamento, certificado pelo ISN, e a presença de um vigilante em permanência. Estão a ser estudadas novas opções para 2017, tendo em conta a inexistência de nadadores certificados em número suficiente, revelou.

Recuo Governo alterou portaria por considerar que elementos afetos a 900 piscinas podem fazer falta nas praias. Federação fala em perigo

Piscinas de hotéis sem obrigação de nadadores R.

Rates

sociedade@jn.pt

►O Governo recuou na intenção de obrigar as piscinas de empreendimentos turísticos a terem nadadores-salvadores. A alteração à portaria, publicada na semana passada, é justificada com o facto de não haver nadadores em número suficiente para acudir às necessidades de todo o pais. Mas os representantes dos nadadores-salvadores acusam o Governo de estar a ceder aos empresários do turismo e a colocar em perigo a segurança dos utentes. A portaria 168/2016 retirou as piscinas de hotéis, "quando utilizadas exclusivamente pelos seus hóspedes", bem como as de alto rendimento, do rol de locais onde a presença de nadadores-salvadores é obrigatória. De acordo com números do Instituto de Socorro a Náufragos (ISN), esta medida vai colocar à disposição das praias os nadadores-salvadores que prestavam serviço nas 900 piscinas de empreendimentos turísticos pelo país. Paulo Sousa Costa, diretor do ISN, explicou ao IN razão desta mudança. 'Hoje um nadador-salvador numa praia tem um vinculo contratual que o obriga a cumprir oito horas por dia. Isto faz com que o

eia pormenor :

17

nadadores-salvadores estão licenciados pelo ISN para desempenhar funções durante a presente época balnear.

447 foram raddados • A lei permitiu que nadadores salvadores que tinham a licença caducada há mais de três anos realizassem o exame de aptidão técnica sem passar pelo curso.

Foram faltes 81 cursos • As entidades formadoras realizaram 61 cursos de nadadores-salvadores, mais três do que no ano passado.

1378 novos formados • Até ao dia 1 de junho, saíram das escolas de formação 1378 nadadores-salvadores, mais 135 do que no ano passado.

900 pisdnas de hotéis • Se a regra fosse mantida, seriam precisos 2700 nadadores.

Jovem de 12 anos foi salvo este ano de um afogamento numa piscina de um hotel no Algarve. Temem-se outros casos

concessionário tenha de contratar mais profissionais, uma vez que a concessão está aberta mais de oito horas/dia". Ou seja, em cem metros de frente de praia, em vez de dois nadadores-salvadores a cum-prir dez horas/dia, são necessários três. Para a Federação Portuguesa de

Nadadores Salvadores (Fepons), a medida não é mais do que um favor do Governo ao setor hoteleiro. Carlos Ferreira, dirigente da Fepons, recorda um incidente recente na piscina do hotel Yellow, em Albufeira, onde um rapaz de 12 anos foi salvo de se afogar, para imputar no secretário de Estado Mar-

cos Perestreilo qualquer morte em piscinas este ano. "O Governo aproveitou a onda de alarmismo em abril sobre a falta de nadadores para agora retirar ao setor hoteleiro a obrigatoriedade de ter nadadores-salvadores", lamenta. A Fepons garante que não há falta de vigilantes para a época balnear.•

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ID: 65022121

25-06-2016

Tiragem: 70887

Pág: 1

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 5,36 x 3,25 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 2 de 2

Segui ra nça Hotéis deixam de estar obrigados a ter nadadores Página 10

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25-06-2016 | Golfe

Pág: 3

País: Portugal

Cores: Preto e Branco

Period.: Ocasional

Área: 10,51 x 30,10 cm²

Âmbito: Desporto e Veículos

Corte: 1 de 2

Os campos do Santo da Serra (em baixo) e do Palheiro Golfe têm vistas de cortar a respiração FOTOS: © D.R.

ID: 65021589

Tiragem: 32857

TURISMO

Madeira já tem passaporte de golfe CG Santo da Serra e Palheiro Golf alinham estratégias comerciais

O

s campos de golfe da Madeira alinharam estratégias comerciais para estabelecer finalmente a região como destino de golfe, colocando o foco no cliente e indo ao encontro do desejo dos operadores internacionais. Como? Criando, sob a égide da Associação de Promoção da Madeira, um passaporte de golfe (mas não só) que dá livre-trânsito para jogar no 27 buracos do Clube de Golfe do Santo da Serra (Machico) ou nos 18 do Palheiro Golf (Machico). “Os nossos visitantes de golfe podem agora jogar em qualquer campo sem custos acrescidos, escolhendo o que lhe apetecer de acordo com a sua vontade ou com condições climáticas, porque pode estar bom tempo num lugar e mau noutro”, explica Ricardo Abreu, director do CGSS, cujo championship course recebeu o Madeira Open BPI, do European Tour, de 1993 a 2015, com excepção das edições de 2009, 2010 e 2011, as quais tiveram como palco o Porto Santo Golfe, o mais recente percurso madeirense, com 18 buracos de campeonato e um pitch & putt de 9. Outra novidade, virada para o mercado nacional, são os pacotes de preços acessíveis (25, 30 euros por volta) para grupos de golfistas continentais, mas neste capítulo só se esperam resultados em 2017, uma vez que para 2016 grande parte de-

les já tem as suas férias marcadas. “Há condições únicas na Madeira, mas temos de estar unidos, e juntos vamos atrair mais voltas para cada do que individualmente”, considera o director do Palheiro, Rodrigo Ulrich. O número de voltas anuais no Palheiro e no Santo de Serra ronda as 20 mil para cada. O Porto Santo Golfe tinha já em vigor uma política acessível de preços para grupos. No primeiro trimestre do ano, o número de voltas realizadas nos campos de golfe da Madeira e do Porto Santo aumentou 32,6% em relação a período homólogo. O inquérito aos campos de golfe revela a realização de 18.357 voltas nos três campos entre Janeiro e Março de 2016, tendo esta atividade gerado cerca de 726,7 mil euros de receitas. Os dados revelam ainda que 77,8% das voltas foram realizadas por não sócios dos referidos campos de golfe, provenientes na sua maioria dos países nórdicos, do Reino Unido e da Alemanha. Curioso verificar a influência dos estabelecimentos hoteleiros e afins, que venderam 61,4% das voltas. Os operadores turísticos comercializaram 24,8% e os restantes 13,8% foram vendidos pelos próprios campos de golfe. Em termos de turismo na Madeira, 2015 registou 6,6 milhões de dormidas, mais de 1,2 milhões de turistas e €321 milhões de receitas. ¬

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ID: 65021589

25-06-2016 | Golfe

Tiragem: 32857

Pág: 1

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Ocasional

Área: 10,37 x 2,72 cm²

Âmbito: Desporto e Veículos

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TURISMO

Agora é mais fácil jogar na Madeira PAG 03 FOTO: DR

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ID: 65054296

28-06-2016

Tiragem: 32857

Pág: 27

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 15,85 x 30,12 cm²

Âmbito: Informação Geral

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Ministro da Cultura pretende revitalizar a Fundação Côa Parque PAULO PIMENTA

Património Luís Miguel Queirós A possibilidade de o Museu e o Parque Arqueológico do Côa passarem para a tutela da DGPC está posta de parte O ministro da Cultura reuniu-se ontem em Foz Côa com o presidente da administração da Fundação Côa Parque, António Ponte (também Director Regional de Cultura do Norte), o autarca Gustavo Duarte e a responsável da recém-criada Unidade de Missão para a Valorização do Interior, Helena Freitas, e saiu deste encontro de trabalho com a certeza de que “todas as partes envolvidas convergem na defesa da fundação”, disse ao PÚBLICO uma assessora de Luís Filipe Castro Mendes. Como já tinha dado a entender, o ministro não partilha da opinião do seu antecessor, João Soares, que pretendia extinguir a Fundação Côa Parque e colocar este património da humanidade sob a tutela directa da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), e prefere reestruturar o modelo de fundação, que lhe parece ser o que melhor permite congregar esforços e recursos financeiros. Falta agora saber-se é em que exactos moldes a fundação, em ruptura financeira e fortemente endividada, irá ser reactivada. Mas o processo não deverá passar por despedimentos, assegurou Castro Mendes, que aproveitou a visita ao Côa para se encontrar com os trabalhadores. Com as reuniões de trabalho a prolongarem-se até ao final da tarde, o ministro já não teve tempo de espreitar a curiosa exposição que o museu inaugurou no passado dia 18, Ulsan. Bangudae no Museu do Côa, dedicada à arte rupestre da Coreia do Sul, país onde foi descoberta, no início dos anos 70, uma rocha com gravuras neolíticas que incluem as mais antigas representações conhecidas da caça à baleia, com cerca de seis mil anos. Esta exposição é o segundo momento de um diálogo que se iniciou em 2015, quando o Museu do Côa apresentou no Museu do Petróglifo de Bangudae, na cidade coreana de Ulsan, uma exposição da arte rupestre do vale do Côa, visitada por 30 mil pessoas.

Périplo nortenho A visita ao Côa encerra um périplo nortenho do novo ministro da Cultu-

Todas as partes convergem na defesa da fundação ra, que começou quinta-feira no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), no Porto, onde Castro Mendes pôde apreciar os importantes núcleos de Henrique Pousão ou Aurélia de Sousa, mas também constatar in loco as dificuldades provocadas por sucessivos cortes orçamentais. “É um museu de uma riqueza extraordinária”, disse o ministro, que gostaria de ver o MNSR “inscrever-se mais na rota natural de quem visita o Porto”.

Falta saber-se em que moldes a fundação, fortemente endividada, será reactivada. Mas não estão previstos despedimentos O ministro rumou no dia seguinte a Guimarães, onde inaugurou a reabertura do acesso à Torre de Menagem do castelo vimaranense. Uma visita que lhe serviu também para anunciar a aprovação de cinco candidaturas a fundos comunitários para salvaguarda e dinamização de património no Norte do país, num valor total 8,2 milhões de euros. Apresentadas ao Programa Operacional Norte 2020 pela Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), com a colaboração de autarquias, dioceses e agentes culturais locais, as candidaturas agora aprovadas incluem um investimento de quase três milhões de euros a ser utilizado, até 2018, em intervenções estruturais de qualificação de sete igrejas, sés e catedrais — Porto, Braga, Viana do

Castelo, Vila Real, Lamego, Miranda do Douro e Bragança. Já a candidatura Mosteiros a Norte, com um investimento que ronda os 2,5 milhões de euros, permitirá dar continuidade às intervenções de consolidação nos mosteiros de Arouca, Grijó, Rendufe, Tibães, Pombeiro e Vilar de Frades. Um montante semelhante foi conseguido através da candidatura Castelos a Norte, que prevê obras de recuperação e iniciativas de promoção cultural e turística nos castelos de Montalegre, de Monforte de Rio Livre (Chaves), do Outeiro, em Bragança, de Mogadouro e de Miranda do Douro. Com quase dois milhões de euros para obras de valorização e acções de promoção, a igreja de Santa Clara (Porto) é outro monumento que beneficiará deste conjunto de candidaturas. Com uma decoração que a torna um dos mais notáveis exemplos da arte da talha dourada do período do barroco joanino, a igreja, classificada como monumento nacional há mais de cem anos, chegara a um estado de degradação preocupante, com infestações de térmitas e problemas de humidade. Também a candidatura Dias do Património a Norte viu aprovado um investimento de 400 mil euros para o seu projecto de turismo cultural, ficando a aguardar aprovação a candidatura Artes no Território a Norte, que prevê outros 400 mil euros para a dinamização cultural de vários espaços tutelados pela DRCN, e o programa Museus a Norte, que se candidata a 2,5 milhões de euros para valorizar o Museu de Lamego, o Paço dos Duques, em Guimarães, o Museu da Terra de Miranda e o MuPágina 54 seu dos Biscainhos, em Braga.


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ID: 65054137

28-06-2016

Tiragem: 32857

Pág: 14

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 30,82 cm²

Âmbito: Informação Geral

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Museu Judaico de Lisboa avança com gestão da Associação de Turismo A Câmara de Lisboa vai contribuir com um milhão de euros e a Fundação Patrick & Lina Drahi, do dono da PT, com 1,2 milhões. O museu quer contar a história dos 800 anos da presença judaica em Portugal PEDRO CUNHA

Religiões Inês Boaventura A Câmara de Lisboa discute amanhã a criação do Museu Judaico de Lisboa, que representa um investimento de 2,9 milhões de euros e cuja gestão vai ser confiada à Associação de Turismo de Lisboa. Contar a história dos 800 anos da presença judaica em Portugal é o objectivo central deste equipamento, que incluirá também um centro de documentação. Este novo museu vai nascer no bairro de Alfama, junto ao Largo de São Miguel, num espaço antes ocupado por quatro imóveis. O projecto a desenvolver prevê, como se lê no Estudo Preliminar de Investimento e Encargos de Funcionamento, a “remodelação e ampliação da área de construção existente”, operações das quais resultarão dois edifícios separados: um destinado ao museu e outro ao centro de documentação. Em relação ao edifício do museu, a arquitecta Graça Bachmann fala num “volume de gaveto, quase cego, revestido a pedra lioz de cor clara e respeitando a proximidade de um imóvel classificado”, a Igreja de São Miguel. Na memória descritiva, a autora do projecto destaca ainda “a sobriedade de linhas e de acabamentos adoptados” que, diz, “pretendem antever a introdução num bairro lisboeta tão tradicional como o de Alfama”. No piso -1, que estará “semienterrado”, haverá uma área reservada para exposições temporárias, que poderá ser também utilizada como sala polivalente, com capacidade para cerca de 50 pessoas sentadas. No piso zero ficarão, além da recepção, a loja e uma parte do espaço museológico. Essa valência ocupará também os pisos 1 e 2, ficando o piso 3 reservado à direcção e a uma cafetaria com terraço. “A concepção da actual solução teve como objectivo final integrar as características arquitectónicas da envolvente, maioritariamente residencial, com uma parte edificada de traçado distinto demarcando uma identidade e funcionalidade de um novo tipo de ocupação”, conclui a arquitecta. Quanto ao segundo edifício, explica-se no Estudo Preliminar de Investimento e Encargos de Fun-

O novo museu vai nascer no bairro de Alfama, junto ao Largo de São Miguel, num espaço antes ocupado por quatro imóveis cionamento (desenvolvido pela empresa Oficina Imobiliária), terá entrada pelo Beco da Cardosa e no piso zero haverá uma primeira sala do centro de documentação. No piso 1 haverá outra sala com o mesmo fim, enquanto os pisos 2 e 3 serão para os serviços administrativos. Nesse documento faz-se referência ao programa geral do Museu Judaico (que foi desenvolvido por Ester Mucznik), equipamento cujo objectivo central é contar a história dos 800 anos de presença judaica em Portugal. “O museu funcionará como um centro de recolha, preservação e divulgação do património material e imaterial judaico-português”, acrescenta-se, frisando-se que este equipamento “pretende ter uma função essencialmente pedagógica”. Os bilhetes para visitar o museu deverão custar 3,8 euros. O seu pú-

blico-alvo, prevê-se, serão “todos os interessados no judaísmo, nomeadamente o público em geral, os estudiosos, a comunidade educativa nacional, a comunidade judaica nacional e estrangeira”, mas também “os turistas que visitam Lisboa, nacionais ou estrangeiros”.

Do culto à História Quanto ao programa museológico, explicita-se que a exposição permanente será baseada em duas componentes: o percurso temático e o histórico. O primeiro “abordará a identidade religiosa através da exposição de objectos de culto” e o segundo “focará a história dos judeus em Portugal”, incluindo também “o regresso contemporâneo do judaísmo”. Além disso, haverá exposições temporárias. No Estudo Preliminar de Investimento e Encargos de Funcionamen-

to sublinha-se ainda que o museu “procurará estabelecer uma forte integração no bairro de Alfama e na cidade de Lisboa” e que terá “um relacionamento privilegiado com a Rede de Judiarias de Portugal”. Para a criação deste equipamento cultural prevê-se a realização de um investimento de 2,9 milhões de euros. Desse valor, um montante máximo de 312,8 mil euros será proveniente do Programa Espaço Económico Europeu Grant’s, cabendo à Associação de Turismo de Lisboa (ATL) suportar uma contrapartida nacional de até 55,2 mil euros. No já citado documento diz-se que a Câmara de Lisboa disponibilizará um milhão de euros para o Museu Judaico. Já a Fundação Patrick & Lina Drahi (do patrão da Altice, Patrick Drahi, dono da Portugal Telecom) avançará com 1,2 milhões de euros, enquanto a

arquitecta Graça Bachmann doará o projecto de arquitectura, que representa 75 mil euros. Numa reunião camarária que se realiza amanhã vai discutir-se a celebração de um protocolo tripartido “para a criação e funcionamento” do museu, entre o município, a Comunidade Israelita de Lisboa e a ATL. Para a mesma reunião está também agendada a constituição de direitos de superfície sobre os quatro imóveis que darão lugar ao museu a favor da última dessas entidades, à qual vai ser entregue a gestão do equipamento cultural. Numa das propostas que vão ser apreciadas recorda-se que “no início do presente ano” a Câmara de Lisboa assumiu publicamente que “a acção de reabilitação no edificado para fins municipais estaria concretizada no primeiro semestre de 2017”.

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ID: 65022607 TURISMO

25-06-2016 | Economia

Tiragem: 94600

Pág: 14

País: Portugal

Cores: Preto e Branco

Period.: Semanal

Área: 28,20 x 44,50 cm²

Âmbito: Informação Geral

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Dionísio Pestana Presidente do grupo Pestana

“Hoje não falta dinheiro em Portugal para bons projetos” Texto Conceição Antunes Foto João Lima

Com o grupo Pestana a preparar o “maior crescimento de sempre” — investimentos de €170 milhões em mais 20 hotéis nos próximos quatro anos — o seu presidente, Dionísio Pestana, fala do “salto de visibilidade” que vai trazer a marca CR7, dos hotéis que está a construir em parceria com Cristiano Ronaldo. O primeiro CR7 abre já na próxima semana na Madeira, terra natal do jogador de futebol e do hoteleiro. Segundo Dionísio Pestana, os bancos portugueses estão abertos a financiar “bons projetos turísticos”, porque sabem hoje “quem são os investidores sustentáveis que não os fizeram acumular prejuízos”. PP OPquePserãoPosPhotéisPCR7P quePvaiPabrirPcomPoPCristianoP Ronaldo?P R É o oposto do que temos fei-

to, o tradicional hotel de cinco estrelas português, com as leis do passado, grandes corredores e casas de banho com dois bidés. Estes vão ser hotéis temáticos, ligados ao mundo do Cristiano Ronaldo, caracterizados pela energia e um ambiente elétrico, imagens, tecnologia, wifi e muitas surpresas. Quem entra sente logo a força do lobby como ponto de encontro e de convívio, as suites vão ter camas redondas, é tudo mais informal e divertido. Os hotéis não serão todos iguais, como os Holiday Inn, e variam conforme o local. Na Madeira, o CR7 vai ter um roof top com uma das vistas mais lindas sobre o Funchal e uma piscina vermelha. O de Nova Iorque será diferente e o de Madrid também. No Funchal, começamos a receber clientes a 1 de julho, na baixa de Lisboa estamos a fazer pontaria para abrir no final de julho.

pital próprio em 30% ou 40% ciclo está agora a acabar, e e um parceiro com experiên- passados oito anos os bancos cia, não falta hoje dinheiro em começaram a perceber quem Portugal para esses projetos. são os investidores sustentáveis PP QueP contributoP darãoP osP Houve um ciclo económico e que não os fizeram acumuhotéisPdoPRonaldoPaPumPgrupoP que correu mal, pela ganância, lar prejuízos — e aprenderam comPaP‘ambição’PdePserPumaPdasP o dinheiro barato e a loucura a fazer a avaliação correta, a maioresPcadeiasPaPnívelPinter- dos bancos, que levou a muito diferenciar os projetos para innacional?P dinheiro mal gasto, projetos vestir. No caso do investimento R Temos quatro hotéis CR7 mal feitos (de gente que nunca português, os bancos hoje já para abrir, a começar por Fun- tinha feito um hotel na vida) têm benchmarking (comparatichal e Lisboa. O de Madrid será e tudo à base de crédito. Esse vo) e sabem até onde podem ir. em 2017 e o de Nova Iorque no início de 2018. Mas isto é o pontapé de saída, como se diz em termos futebolísticos. O projeto não vai ficar por aqui e temos mais golos a marcar com o Ronaldo. Estamos ativamente à procura de um quinto hotel CR7, que será de certeza numa capital europeia, onde hoje o grupo está mais focado. O grupo Pestana tem 43 anos, conseguiu internacionalizar-se pelo caminho mais difícil, e associar o nome do Ronaldo vai dar um salto de visibilidade. Estamos muito confiantes neste projeto: com ele a marcar golos HOTEL A BRASILEIRA VAI CONTAR A HISTÓRIA DO CAFÉ e nós a fazer camas, vai ser uma NoPPorto,PvãoPcomeçarPemPjulhoPasPobrasPparaPumPhotelPdeP boa parceria. cincoPestrelasPquePvaiPserPgeridoPpeloPgrupoPPestanaPePresultaP daPreabilitaçãoPdoPedifícioPdoPcaféPAPBrasileira,PnaPRuaPSáPdaP PP OPseuPgrupoPvaiPinvestirPnoP Bandeira,PquePéPpropriedadePdePAntónioPOliveira,Pex-seleciomaiorPcrescimentoPdePsempreP nadorPnacionalPdePfutebol.PAPperspetivaPéPoPhotelPpoderPabrirP atéP2020,PaoPtodoP€170Pmilhões,P asPportasPnoPfinalPdeP2017.P“VaiPserPumPhotelPmuitoPligadoP dentroP eP foraP deP Portugal.P àPhistóriaPdoPcafé,PePsóPoPnomePjáPnosPvaiPajudarPaPvender”,P ComoPéPhojePconseguirPfinan- adiantaPDionísioPPestana,PlembrandoPquePoPfundadorPdePAP ciamento?P BrasileiraPfoiPumPemigrantePportuguêsPnoPBrasilPquePtrouxePaP R Tendo um bom projeto, ca- torrefaçãoPdoPcaféPdoPestadoPdePMinasPGeraisPparaPaPEuropa.

PP EstaPéPumaPboaPalturaPparaP investirPemPPortugal?P R O sector do turismo está a

correr bem e as condições são favoráveis. Quem investir bem agora, e numa visão de longo prazo (neste sector o retorno demora sempre dez anos no mínimo), vai correr bem. Mas pode chegar uma altura em que as pessoas investem a pensar que isto não vai parar, porque o preço está a crescer muito e terá de estabilizar. Quem investir a pensar que o preço vai continuar a subir como está, daqui a uns anos corre mal. É a lei da procura e da oferta, que é como a lei da vida. Mas Portugal parou o ciclo em 2008, muitos projetos ficaram pelo caminho, e passaram-se quase 10 anos sem produto novo.

anos esses destinos vão voltar ao mercado, e nós vamos agora aproveitar o momento, em que os turistas estão cá e adoram Portugal, antecipando e construindo produto inovador para esses clientes. O novo ciclo tem de começar já em Portugal, porque senão daqui a uns anos vamos perder competitividade.

R Troia é o nosso projeto em-

blemático e é um bom exemplo porque nasceu com a crise da troika, em que tivemos de reinventar o produto — em vez de Troia, o resort devia era chamar-se Troika (risos). A última etapa do projeto será um hotel com apartamentos, cuja obra arrancará no ano que vem. No Algarve o grupo já tinha alguns PP APvagaPdePrequalificaçõesP terrenos em carteira, e estamos quePestáPaPhaverPnoPAlgarve,P nãoPéPsuficiente?P R Não chega. O Algarve está a

correr bem e este ano será excelente. Mas pensando no futuro é preciso atualizar o produto para a nova procura, como estamos a fazer nos hotéis CR7, em que a pessoa entra e sente o espírito de férias. Na minha geração também gostamos de coisas novas, e eu a última coisa PP AchaPquePfaltamPhotéisPemP onde quero ir é para um hotel Portugal? Reid’s, apesar de haver um niR Falta produto, mas atual. cho de clientes que quer tudo Hoje não chega ter um hotel impecável. Quando fazíamos com piscina e ninguém quer um hotel de cinco estrelas na ficar num resort com oito an- Madeira, o benchmarking era dares: as piscinas têm de ser sempre o Reid’s ou o Savoy, e dinâmicas, temáticas, ter tem- hoje já não é assim. As pessoas peraturas diferentes, hidro- são mais informais, têm tecnomassagem, tem de haver va- logia à mão para comunicar, e riedade. Aí a Turquia e o Egito é essa dinâmica que temos de levam dez anos à nossa frente, trazer para dentro do hotel. pois fizeram, e bem, hotéis temáticos e inovadores para PP OPquePdestacaPnosPnovosPhoesses novos clientes e a preços téisPquePoPgrupoPPestanaPvaiP muito competitivos. Dentro de fazerPemPPortugal?P

RECEITA A DISPARAR

€400 milhõesPfoiPoPvolumePdeP negóciosPquePoPgrupoPPestanaP atingiuPnoPanoPpassadoP comPosPhotéisPePaPáreaPdeP turismo,PrepresentandoPumP crescimentoPdeP10%.PEmP 2016PoPgrupoPprevêPumPnovoP aumentoPdePdoisPdígitos,PoP quePsignificaPreceitasPde,PnoP mínimo,P€440Pmilhões

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ID: 65022607

25-06-2016 | Economia

Tiragem: 94600

Pág: 15

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 10,61 x 44,50 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 2 de 3

TURISMO EM BOM CICLO

INVESTIR EM PORTUGAL

“Quem investir agora numa visão de longo prazo, vai correr bem. Quem pensar que o preço vai continuar a subir como está, daqui a uns anos corre mal. É a lei da procura e da oferta, que é como a lei da vida” PESTANA CR7 VAI CRESCER

“Os quatro hotéis com o Cristiano Ronaldo são só o pontapé de saída. Com ele a marcar golos e nós a fazermos as camas, vai ser uma boa parceria” Dionísio Pestana vai avançar com o maior aumento de sempre do seu grupo até 2020 para atingir mais de 100 hotéis em 20 países a trabalhar num novo projeto no Alvor. Em Porto Santo vamos duplicar as camas e chegar às duas mil no verão de 2018, e era um destino que estava parado no tempo, que eu digo que são as Caraíbas do Atlântico. No Porto comprámos um terreno ao lado da Pousada do Freixo e vamos fazer um hotel Pestana com 120 quartos, todos com vista sobre o Douro, e também vamos fazer outro hotel no edifício do café A Brasileira (ver caixa). Temos ainda projetos nos Açores e na Madeira e estamos atentos a Lisboa, que explodiu nos últimos anos, mas neste momento está tudo caro. PP Como hoteleiro, e nesta fase boa do turismo, como vê a evolução do país neste sector? RR Em Portugal somos poucos

hoteleiros, devíamos ser mais. Gostava de ver uma geração nova de investidores a pensar no turismo a longo prazo, como já existe em Espanha. A geração nova tem mais mundo, informação e contactos, e hoje há modelos financeiros que lhes permitiriam ter êxito. Se existe capital, tem de haver mais energia e ideias para a continuidade no sector. E quem começa agora, só se consegue tornar hoteleiro daqui a dez anos, não há milagres. cantunes@expresso.impresa.pt

FINANCIAMENTO DA BANCA

“Passados oito anos desde a crise, os bancos aprenderam a fazer a avaliação correta, e no caso do investimento português já sabem até onde podem ir” INOVAR NOS HOTÉIS

“Falta produto novo em Portugal, ter um hotel com uma piscina hoje não chega. Aí a Turquia e o Egito levam dez anos à nossa frente” CONTINUIDADE DO SECTOR

“Gostava de ver em Portugal uma geração nova a investir nos hotéis. Se existe capital, tem de haver mais energia e ideias”

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25-06-2016 | Economia

Pestana quer “marcar mais golos” com o CR7 nos hotéis

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País: Portugal

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Period.: Semanal

Área: 17,77 x 16,00 cm²

Âmbito: Informação Geral

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E14

FOTO JOÃO LIMA

ID: 65022607

Tiragem: 94600

Dionísio Pestana em frente ao novo hotel Pestana CR7, uma parceria com Cristiano Ronaldo, em Lisboa

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