Um olhar sobre 2017

Page 1

DESIDÉRIO SILVA | UM OLHAR SOBRE 2017 Por Carina Monteiro a 14 de Dezembro de 2016 as 11:30

O Publituris vai publicar, até ao final do ano, as opiniões de diversos players do sector sobre o ano que agora finda e as perspectivas para 2017. Desidério Silva, Presidente da Associação Nacional de Turismo e da Turismo do Algarve O que foi para si o melhor e o pior de 2016 no que diz respeito ao Turismo? O melhor do turismo em 2016 foi seguramente o incremento da procura. Nunca o país recebeu tantos turistas como agora e os três principais indicadores (número de hóspedes, dormidas e gastos) estão a crescer todos acima dos 10%. Tão importante como atrair mais visitantes é o facto de o país estar a atrair melhores turistas, na medida em que a evolução dos proveitos mostra que estamos a conseguir mais para a economia nacional, o que é muito saudável. Pela positiva, destaco ainda o crescimento da oferta de qualidade, tanto ao nível da prestação do serviço como do conhecimento do turista que nos visita e dos mercados. Quanto ao pior, recordo o susto apanhado com os incêndios na Madeira, mas todos os agentes envolvidos souberam reagir muito bem à situação e os efeitos negativos foram rapidamente minimizados e ultrapassados. Nos aspectos negativos ainda há algumas situações do lado da oferta em que se tenta vender “gato por lebre”, em que se promete autenticidade, genuinidade ou tradição que não correspondem à realidade. São, felizmente, situações pontuais que não afectam a boa performance global do sector. A generalidade dos investidores ligados ao turismo são pessoas dinâmicas e capazes que nunca baixaram os braços, mesmo quando o sector atravessou fases menos boas. Quais são as suas perspectivas para 2017? Será um ano melhor ou pior que 2016? É sempre arriscado estar a fazer previsões, mas tendo em conta a conjuntura actual espera­se que o crescimento da procura se mantenha em 2017. Portugal é considerado um destino seguro, que sabe receber e com uma oferta globalmente de grande qualidade. Os mercados tradicionais, como a Alemanha, Espanha e França,


vão continuar a crescer. O peso do mercado americano, que foi uma boa surpresa em 2016, deverá igualmente continuar a subir. O Reino Unido, outro dos mercados tradicionais, representa uma pequena incógnita face aos efeitos do Brexit, embora as nossas perspectivas para 2017 sejam positivas. Já Angola e Brasil deverão continuar estagnados face à situação difícil das respectivas economias. Mas, globalmente, antecipamos mais um bom ano para o turismo. E não nos podemos esquecer do mercado interno que representa 30% do total do sector e onde as perspectivas são igualmente animadoras. O grande desafio será sempre saber manter a sustentabilidade do destino Portugal. Na sua opinião, quais são os temas/momentos que marcarão o próximo ano no que diz respeito ao Turismo? O turismo tem vindo a reinventar­se. Os viajantes são cada vez mais exigentes, procuram experiências novas, diferenciadoras que abrem espaço para o desenvolvimento de produtos turísticos emergentes. Esta tendência acentua­se a cada ano que passa. Para além de conhecer pontos turísticos, quem viaja quer integrar­se na cultura local, partilhar da identidade dos locais para onde se desloca. O turismo de experiências é um tema cada vez mais relevante. É neste quadro que as viagens associadas à gastronomia e aos vinhos, por exemplo, têm vindo a crescer e continuarão a aumentar em 2017. Mas há outros segmentos em ascensão, como o turismo de natureza. A procura por actividades ao ar livre vai continuar a aumentar, sejam elas caminhadas, ciclismo, observação de aves e cetáceos ou actividades aquáticas. O turismo acessível é outro produto que se prevê ter uma procura cada vez maior. Não tenho dúvidas que a hotelaria e outras empresas ligadas ao turismo vão continuar a investir em 2017 para adaptarem a sua oferta a este público­alvo. Por último, e com uma influência transversal no sector, destaco aquilo que podemos chamar por turismo digital, uma tendência que seguramente se acentuará em 2017. As nossas vidas estão cada vez mais digitais, pelo que há também cada vez mais turistas a recorrer a dispositivos e aplicações móveis para planear as suas viagens e roteiros, para definir programas nas suas férias e para partilhar as suas experiências online durante e após a viagem.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.