Revista Oficial de Turismo da Bahia
Gratuita Setembro/Outubro 2010 - ano 3 no 14 - Bahia - Brasil
Distribuição
A Copa do Mundo é nossa Bahia se prepara para receber visitantes do mundo inteiro na maior competição de futebol do planeta
Paraíso Submerso Mergulho revela outros cenários da Baia de Todos-os-Santos
Turismo ÉtnicoIndígena Tribos oferecem receptivo e vivência ao turista
www.bahia.com.br
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Santos Gêmeos z Acácia Martins
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antos católicos de origem árabe, São Cosme e São Damião foram médicos nascidos na Ásia que, por bondade, buscavam curar corpo e mente dos enfermos sem deles cobrar nenhum tipo de pagamento. Acusados de feitiçaria, os irmãos gêmeos foram perseguidos pelo Império Romano até serem torturados, queimados e crucificados pelos soldados do imperador Diocleciano. Mesmo submetidos a tais martírios, São Cosme e São Damião sobreviveram, até terem suas cabeças decapitadas por algozes, a mando do imperador. Sua fama e culto percorreram o mundo, instalando-se principalmente na Europa, onde várias igrejas foram erguidas sob seu patronato. No Brasil, a devoção foi estimulada pelos portugueses que traziam imagens de São Cosme e Damião e os tornaram padroeiros de Igaraçu (hoje Pernambuco), ainda no ano de 1530. Na Bahia, a tradição europeia se juntou à cultura africana para criar o sincretismo religioso associando os santos gêmeos aos ibejis (orixás gêmeos). Daí a forte tradição da oferta do caruru durante o mês de setembro. Nas festas, as crianças – sempre em grupo de sete – são as primeiras a saborear as iguarias de origem africana. Os pratos servidos, em sua maioria, são compostos por caruru, vatapá, arroz branco, xinxim de galinha, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, rodelas de ovo cozido, pipoca, rapadura, bananada-terra frita, fatias de coco, farofa 4 | Viver Bahia
de azeite-de-dendê, pedaços de cana cortados, fatias de inhame, abará e acarajé: uma mistura que agrada ao paladar tanto dos católicos quanto do povo-de-santo, do candomblé. Segundo a crença popular, epidemias não entram na casa dos devotos de Cosme e Damião - considerados advogados contra feitiços e maus olhados. Símbolos da fertilidade, os santos também são muito lembrados por homens e mulheres estéreis que desejam ter filhos. No mês de outubro, é a vez da comemoração, embora em menor proporção, dos também gêmeos Crispim e Crispiniano, tidos pelas lendas como irmãos de São Cosme e São Damião.
Cantiga de Cosme e Damião Cosme e Damião Vem comer seu caruru Cosme e Damião Vem que tem caruru pra tu São Cosme mandou fazer Duas camisinha azul No dia da festa dele São Cosme quer caruru Vadeia Cosme, vadeia Tô vadiando na areia Cosme e Damião Ô cadê Dou Cosme e Damião Vem comer seu caruru
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Índice 8
Carta da Redação A Bahia será uma das sedes da Copa do Mundo da FIFA de 2014. Considerado um dos principais destinos turísticos do país, o Estado se prepara para receber bem os turistas que participarão da maior festa do futebol mundial. A meta é superar as expectativas de fluxo turístico e atrair para o interior e outras zonas do litoral o visitante que virá a Salvador assistir aos jogos da competição esportiva. Único destino turístico brasileiro citado com destaque pelos jornais The New York Times e The Guardian, em 2009 e 2010, a Bahia é também o principal objeto de desejo do turista brasileiro, segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, através do Instituto Vox Populi. E não podia ser diferente. A Bahia é a terra da diversidade,
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lugar de rara beleza, povoado por gente simpática e hospitaleira, fruto de uma miscigenação cultural de características singulares. Não foram poucos os poetas que tentaram traduzir em palavras a magia desta terra. O certo é que a Bahia é tudo quanto já falaram dela e muito mais. A Bahia é indígena, negra, branca, mulata, cafusa e mameluca. É católica, evangélica e, sobretudo, dos cultos aos orixás. É do candomblé e das 365 igrejas. A Bahia é pop, é reggae, é rock e axé. É barroca, neoclássica e moderna. É sol e mar e sertão, cosmopolita e rural. É do rapel, mas também do golfe, do canyoning, da canoagem e do mergulho. Enfim, a Bahia é sempre muito mais! A Redação
Carta do leitor Escreva, mande e-mail com sugestões de pautas, dicas, dúvidas, críticas e sugestões. comunicacao@setur.ba.gov.br
Todas as pessoas que receberam a Viver Bahia gostaram bastante... Jane Luzes Salvador - BA Quero parabenizálos pelo novo formato e pelas matérias publicadas nas três últimas edições da Viver Bahia. Faço um trabalho de divulgação do Estado e fico muito feliz com a revista. Daniel Ferreira Salvador - BA
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Primeiramente gostaria de elogiar a matéria da Costa das Baleias, na edição de julho/agosto, da revista Viver Bahia. Belas fotos e conteúdo. O conteúdo geral da revista está ótimo, turismo rural, cultural, festas populares. Apenas alguns detalhes que foram observados: faltou o município de Alcobaça, como um dos municípios da Costa das Baleias. No tema “Belezas naturais completam cenário paradisíaco” poderia ter sido incluída alguma observação de Prado, pois é um município com mais de 5 mil leitos, atrativos de referência como Cumuruxatiba e Corumbau, e um evento importante na região que acontece em outubro, o Festival Gastronômico de Prado, na
sua 5ª edição. Em informações úteis, senti a falta da empresa Horizonte Aberto, que hoje é referência no serviço de observação de baleias e Abrolhos, com sua frota própria, pois a empresa Abrolhos Turismo vende o passeio, utilizando o serviço da Horizonte Aberto. Eliana Molin Prado - BA Excelente a matéria sobre o convento do Desterro “Clausura e Regalo”. Uma aula sobre a Bahia colonial, seus costumes e a razão pela qual a sociedade da época confinava suas filhas. Laura Barbosa Salvador - BA
18 Revista de Turismo da Bahia Viver Bahia - Revista Oficial do Turismo da Bahia Ano 3 - número 14 - Setembro/Outubro 2010 Uma publicação da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia - Av. Tancredo Neves, Desenbahia, Bloco B, Caminho das Árvores, CEP 41.820-904 - Salvador, Bahia, Brasil Assessoria de Comunicação: 55 71 3116-4103 Portal de Internet: www.bahia.com.br Site institucional: www.setur.ba.gov.br e-mail: ouvidoria@setur.ba.gov.br Governo do Estado da Bahia Governador: Jaques Wagner Secretário de Turismo: Antonio Carlos Tramm Chefe de Gabinete: Francisco Sampaio Presidente da Bahiatursa: Emília Silva Superintendente de Investimentos em Polos Turísticos: Clarissa Amaral Superintendente de Serviços Turísticos: Cássia Magalhães Editora responsável: Clarissa Amaral - DRT/ BA 956 - clarissa@setur.ba.gov.br Redação: Clarissa Amaral, Gabriel Carvalho, Eduardo Pelosi, Ana Paula Cabral, Acácia Martins, Simone Cabral, Tânia Feitosa, Daniel Meira, Silmara Menezes, Fernanda Freitas, Rita Barreto, Tatiana Souza, Adriana Barbosa e Aritta Valiense Estagiários: Clarissa Pacheco, Caroline Martins, Ricardo Costa, Leila Pereira, Karina Brasil, Mariana Lélis, Iara Thalita Adans e Jamile Canedo Produção: Rhene Jorge, Viviane Santos, Cândice Rodrigues e Tereza Torres Fotografias: Arquivo Setur - Bahiatursa Revisão: Tânia Feitosa Planejamento gráfico: Virginia Yoemi Fujiwara e Marcelo Campos Fotolito e Impressão: Qualigraf Serviços Gráficos Viver Bahia é um título de propriedade da Empresa de Turismo da Bahia S. A. – Bahiatursa, Governo do Estado da Bahia.
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Futebol com sabor de moqueca Nos caminhos do Oeste Índio tem apito e muito mais
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Pausa para mergulho
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Entrevista: Ubiratan Castro
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Raves: na batida eletrônica
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Irmandade dos Homens Pretos: 325 anos de luta
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Arembepe: paraíso hippies
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Mãos na massa: cerâmica moldada com carinho
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Mar aberto para temporada de cruzeiros
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Turismo religioso: Nossa Senhora no sertão de Anguera
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Arte e oferenda
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Desembarques crescem na Bahia
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Vaticano inclui Bahia na sua rota
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Cozinha Baiana: X-Jabá
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Agende-se Viver Bahia | 7
Bahia, futebol e festa
Estado já se prepara para receber turistas do mundo inteiro que assistirão à maior festa do futebol do planeta
Rita Barreto
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Rita Barreto/Setur
Terra da diversidade, a Bahia apresenta um mosaico de opções, seja no litoral, no sertão ou na Chapada Diamantina
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nico destino turístico do Brasil citado com destaque pelos jornais The New York Times e The Guardian em 2010 e destino preferencial dos brasileiros, segundo pesquisa do Ministério do Turismo/Vox Populi, a Bahia se prepara para receber bem os milhares de turistas da Copa do Mundo da FIFA de 2014. São milhões de recursos em investimentos públicos e privados que se somarão no esforço de produzir a maior festa e o melhor receptivo para os visitantes. Com 13 zonas turísticas que abrigam 154 municípios, a Bahia oferece um cardápio variado de opções de cultura, lazer e entretenimento. Do litoral ao sertão, do cerrado às montanhas e à chapada, é grande a diversidade e a variedade de passeios, programas e vivências para todos os públicos. As várias facetas deste Estado, berço do Brasil, oferecem ao visitante um turismo 8 | Viver Bahia
diversificado com opções para todos os gostos. Por isso, o setor é hoje um importante fator de desenvolvimento, de geração de renda e de divulgação do Estado e do país. Tabuleiro de opções - Da capital baiana, Salvador, que é uma das 12 cidades-sede da Copa, o visitante dispõe de transporte e infraestrutura para se deslocar pelo Estado, usufruindo do enorme mosaico de atrativos para todos os gostos e idades, abrangendo segmentos diversificados, como Sol e Mar, Cultura, Negócios, Ecoturismo, Enoturismo, Aventura, Náutica, Rural, Religioso, de Pesca, de Golfe, GLS e Étnico-afro e indígena. As opções começam pela própria região da Baía de Todos-osSantos, que abrange 12 municípios, incluindo Salvador e cidades do Recôncavo, como Cachoeira e Santo Amaro, além de 56 ilhas e um grande manancial para a prática da náutica
na maior baía tropical do mundo. Em direção ao Litoral Norte de Salvador, na Costa dos Coqueiros, o visitante dispõe de grande variedade de praias e infraestrutura turística de padrão internacional. O acesso a essa zona turística é a Estrada do Coco e a Linha Verde, a mais antiga rodovia ecológica do país. A região possui praias de grande beleza que se estendem de Lauro de Freitas ao povoado de Cachoeira do Itanhim, município de Jandaíra, na divisa com Sergipe, numa extensão de 192 km. Além de Arembepe, Guarajuba, Itacimirim, Imbassaí e Sauípe, o destaque vai para a praia de nudismo de Massarandupió e a Praia do Forte. Na Chapada Diamantina, região central do Estado, a vasta Mata Atlântica compõe um rico cenário com os campos floridos e as planícies de um verde sem fim, que dividem a paisagem com toques de caatinga e cerrado. Imensos paredões, desfiladeiros, cânions,
Perspectiva do projeto da nova arena esportiva da Bahia, que estará cercado de áreas de lazer e de pontos turísticos Viver Bahia | 9
grutas, cavernas, rios e cachoeiras completam as atrações desta zona turística. Reduto singular de belezas naturais, a Chapada reúne grande diversidade de fauna e flora. São mais de 50 tipos de orquídeas, bromélias e trepadeiras e espécies raras de animais. Enfim, trata-se do destino certo para quem busca paz e tranquilidade ou para quem gosta de grandes aventuras.
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Em todo litoral - Situada entre a foz do rio Jaguaripe e a Baía de Camamu, a Costa do Dendê é um verdadeiro mosaico de praias, baías, manguezais, costões rochosos, restingas, nascentes, lagoas, rios, cachoeiras e estuários. Seus 115 km de litoral abrangem as localidades de Valença, Morro de São Paulo, Boipeba, Igrapiúna, Cairu, Camamu, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e Maraú. As praias intocadas, de águas claras e quentes, com formações variadas de recifes de coral e emolduradas por vastos coqueirais, figuram entre
Itacaré, Costa do Cacau
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Porto Seguro, na Consta do Descobrimento
as melhores do país nos principais guias do gênero. Cerca de 180 km, entre os municípios de Itacaré e Canavieiras, formam a chamada Costa do Cacau. Reduto de belezas naturais, a região encanta pelas paisagens e pela opulência dos anos áureos da elite do cacau. Cenário de filmes, novelas e romances baseados na obra do escritor Jorge Amado, Ilhéus é a principal cidade dessa zona. A abundância de praias inclui desde picos para a prática de surfe e pontos de pesca a águas calmas e verdadeiros paraísos desertos. Considerada o berço da história e da cultura do Brasil, a Costa do Descobrimento foi tombada como Patrimônio Natural Mundial pela Unesco, em 1999. Cercada por diversos atrativos naturais - como praias, baías, enseadas, falésias, recifes de corais, manguezais e rios navegáveis - a região possui condições favoráveis para a prática do turismo de aventura e ecoturismo. Praias paradisíacas encantam os visitantes do local. Em Porto Seguro, Trancoso, Arraial d’Ajuda e Caraíva destacam-se praias belíssimas. A região ainda reserva pontos ideais para a prática do mergulho, windsurfe, surfe, kitesurf, trekking, cavalgadas, dentre outros. No Extremo Sul da Bahia, a Costa das Baleias é um verdadeiro paraíso intocado. Um mar de azul sem fim, com águas cristalinas, reduto do maior e mais diversificado conjunto de
Monte Santo, no Sertão da Bahia
recifes de corais do Atlântico Sul, abrigo de uma vasta fauna e flora, ilhas vulcânicas, manguezais e canais de maré. A culinária é farta em peixes e frutos do mar, ao tempero apimentado do dendê. Entre tantas belezas naturais, o maior destaque fica por conta do Parque Nacional de Abrolhos, que proporciona mergulhos imperdíveis em suas águas mornas e tranquilas, visitadas, regularmente, por baleias Jubarte que bailam alheias aos olhares curiosos do público. Pirão com leite – Se no litoral predomina a culinária de frutos do mar e de matriz africana, no interior o destaque é a cozinha sertaneja, que mistura elementos da gastronomia indígena e portuguesa, como pratos à base de carne do sol, farinha e da mandioca, além de cozidos e caldeiradas. Os interessados em história, religião e cultura nordestina podem fazer opção pela zona Caminhos do Sertão. Ali estão localizados três pontos de forte atratividade cultural: Canudos, Monte Santo e o Raso da Catarina. No primeiro, o visitante poderá reviver a saga do beato Antônio Conselheiro, protagonista de um dos episódios mais marcantes da história do Brasil, a Guerra de Canudos. O segundo, palco de várias romarias, os interessados poderão reviver a caminhada de Jesus Cristo para o Monte Calvário, através da réplica ali construída no século XVII e que abriga 22 capelas no seu percurso.
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Rita Barretos
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João Ramos
O arquipélago de Abrolhos, no Extremo Sul
Solar do Unhão, Salvador
No Raso da Catarina, hoje uma estação ecológica, além da deslumbrante vegetação típica da caatinga, o visitante poderá visitar locais que abrigaram Lampião e Maria Bonita e conhecer museus e prédios históricos que recontam a história dos cangaceiros do Nordeste brasileiro. Para os amantes do vinho, a pedida é a região Norte do Estado, mais precisamente, nos Caminhos do Vale e dos Lagos e Cânions do São Francisco. No município de Casa Nova, a prática do Enoturismo tem atraído enólogos e sommeliers de várias partes do mundo. O roteiro tem por base o receptivo da Vinícola Ouro Verde, que inclui salas de degustação, lojas de produtos associados ao vinho e visitação aos parreirais. Aliadas à produção de vinho, o visitante poderá também degustar as comidas típicas da região, como a carne de bode e de carneiro e a tradicional maxixada, entre outras iguarias, servidas nos restaurantes dos municípios da região. Além do vinho, a prática de esportes radicais tem atraído muitos turistas para a região, principalmente para os municípios de Juazeiro e Paulo Afonso. Os municípios localizados na região Oeste do estado, mais precisamente na zona turística Caminhos do Oeste (ver reportagem nesta edição) também são responsáveis pela atração de turistas interessados na prática de esporte radicais.
Relevo escarpado dos chapadões
Salvador, cidade-sede da Copa
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ompletamente diferente da cidade fundada por Tomé de Sousa em março de 1549, Salvador é hoje uma das principais metrópoles do Brasil, com aproximadamente 3 milhões de habitantes e uma frota de 700 mil veículos, além de prédios modernos, novas avenidas e dezenas de shopping centers. Paradoxalmente, no entanto, a capital baiana ainda conserva a mesma topografia que a transformou num dos mais belos cartões-postais do mundo, com suas ladeiras de grandes subidas e descidas, além da sua singular integração com a Baía de Todosos-Santos, seus 51 km de praias urbanas e prédios históricos de arquitetura peculiar, espalhados pelo Centro Antigo. Sob o ponto de vista cultural, Salvador é a mais miscigenada das cidades brasileiras, com características próprias e marcantes que não são encontradas em nenhum lugar do mundo. Elementos culturais herdados
dos índios nativos, dos escravos africanos e colonizadores portugueses encontram-se espalhados pelos quatro cantos da terceira maior capital do país, seja através das manifestações culturais ou da peculiar culinária, que consegue reunir numa mesma mesa o bacalhau lusitano, a farinha indígena e os pratos à base de dendê trazidos da África. A miscigenação da cultura marca também os costumes e a religiosidade do povo. Na capital baiana, as religiões de matriz africana, o catolicismo e as crenças indígenas convivem de forma pacífica e até mesmo ecumênica. Tais características levaram alguns historiadores, como o baiano Cid Teixeira, a defender a institucionalização do Dia do Mulato, por entender que a Cidade da Bahia é fruto da “mais feliz das misturas que podem ocorrer”. É com todo esse potencial que Salvador espera surpreender e fazer a maior e mais animada festa da Copa da FIFA de 2014.
Vista panorâmica do entorno da BTS
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Cidade vai oferecer novas opções de lazer
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qualificação da região, conduzido pelo Escritório de Referência e Revitalização, da Secretaria de Cultura do Estado. A iniciativa prevê ações de melhoria da iluminação pública, recuperação de monumentos e equipamentos culturais, qualificação do atendimento ao público, melhoria dos acessos e investimento em habitação. O plano é resultado de ações de cooperação técnica entre o Governo da Bahia e a Unesco. Investimentos em qualificação – Tida como um dos principais diferenciais para o sucesso de um destino turístico, a melhoria do atendimento será uma das prioridades para a realização, em Salvador, de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 2016. Neste sentido, o governo baiano pretende investir mais de R$ 20 milhões em qualificação profissional e empresarial, beneficiando milhares de trabalhadores que atuam direta ou indiretamente na área do turismo, como recepcionistas, garçons, atendentes de telemarketing, guias
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Fonte Nova vista do Dique Projeto permite utilização da arena para espetáculos diversos
de turismo, taxistas, ambulantes e baianas do acarajé. A maior parte dos cursos será voltada para o ensino de um segundo idioma, com destaque para as línguas inglesa e espanhola. Outras iniciativas de melhoria da qualidade do receptivo em Salvador na Copa serão a ampliação do serviço de call center Disque Bahia Turismo e a implementação de uma operação semelhante ao Projeto Guias e Monitores do Carnaval.
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entenas de projetos serão implementados nos próximos quatro anos para dotar a capital baiana de maior infraestrutura turística e mais opções de lazer e entretenimento. Entre os destaques estão a requalificação da Feira de São Joaquim, a construção do Oceanário de Salvador, a implantação do Palco Articulado do Pelourinho, a revitalização da Praça Castro Alves e as obras de infraestrutura náutica na Baía de Todos-os-Santos. O turismo náutico na BTS vai merecer atenção especial do Governo do Estado. Com investimentos da ordem de US$ 86 milhões, o projeto prevê a construção de píeres, atracadouros, melhorias nos terminais náuticos e também a implantação de uma estrada que circunda toda a extensão da baía, já batizada de Via de Contorno. A região da Ilha de Itaparica vislumbra também a possibilidade de ter uma ligação direta, por terra, com Salvador, através da construção de uma ponte, cujo estudo de viabilidade deve ser concluído no final deste ano. As obras de infraestrutura turística passam ainda pela construção da segunda pista do Aeroporto Internacional de Salvador e projetos de acessibilidade para portadores de deficiência. A capital baiana contará também com cinco Fan Parks, praças que servirão de ponto de encontro coletivo para transmissão dos jogos, através de telões e que contam com estrutura logística e de lazer e entretenimento para turistas e moradores locais. Equipamentos semelhantes serão implantados em Porto Seguro, Itacaré, Lençóis, Morro de São Paulo e Praia do Forte. No Centro Antigo, já está em curso um abrangente plano de
Prefeitura apresenta projetos
Antigo estádio dará lugar à moderna arena multiuso
Perspectiva da sala de imprensa
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No Pelourinho, a programação cultural é ampla e diversificada
alco de grandes decisões do futebol baiano e cenário de duelos memoráveis em campeonatos brasileiros e do Nordeste, o estádio Octávio Mangabeira saiu de cena no final de agosto de 2010 para dar lugar à Arena Fonte Nova, um projeto moderno e audacioso que vai abrigar um campo de futebol com arquibancadas para 50.433 lugares, onde o setor VIP tem 880 assentos, camarotes com 1.127 assentos,
e local para a imprensa, que disponibilizará 3950 cadeiras (durante a Copa do Mundo). Localizada no centro de Salvador e próxima a cartõespostais como o Pelourinho, Elevador Lacerda, Dique do Tororó e Mercado Modelo, a nova Fonte Nova está sendo construída através de uma parceria públicoprivada (PPP) do governo estadual e do consórcio OAS/Odebrecht. A arena contará com equipamentos modernos de segurança e espaço para shows, museus, estacionamentos, centros de convenções, restaurantes, bares e lanchonetes. Um dos trunfos da nova Fonte Nova é a localização próxima do Centro Histórico e numa área central da cidade de Salvador.
m dos desafios para sediar um evento do porte da Copa do Mundo será a mobilidade urbana, uma vez que Salvador já enfrenta problemas nos dias atuais como congestionamentos a qualquer hora do dia e a ausência de grandes avenidas para absorver o fluxo de veículos local, assim como um sistema de transporte eficiente. Com cerca de 700 mil pessoas a mais na cidade, a capital baiana deve se transformar numa espécie de Torre de Babel. O projeto apresentado pela prefeitura, no início deste ano, prevê a construção de novas avenidas, sistema moderno de transporte de massa, requalificação urbana da Cidade Baixa, orla atlântica, uma ponte aérea sobre um dos principais parques verdes da cidade e até uma passarela rolante, com mais de 400 metros ligando duas partes do Centro Histórico. As ideias estão contidas no projeto Salvador Capital Mundial, que foi elaborado por uma equipe de arquitetos, engenheiros e urbanistas. No que se refere à mobilidade, estão previstas a implantação de um veículo de transporte de massa sobre pneus e a construção de novas vias, sobretudo para desobstruir a Avenida Paralela. O projeto prevê ainda a requalificação urbana, ambiental e paisagística dos bairros da Cidade Baixa, a conclusão das obras da Via Expressa - que liga a BR324 ao Porto - além da modernização da orla marítima e da infraestrutura do Centro Histórico de Salvador. A ampliação da Paralela, com implantação do sistema de transporte de massa, é o único item que já possui recursos garantidos. As obras estão orçadas em R$ 541 milhões e serão financiadas pelo governo federal, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Viver Bahia | 13
Rita Barreto
Na Cidade Baixa, é possível ainda ter uma vista da Ilha de Itaparica e partir do Terminal Náutico para passeios de barco, lanchas e escunas pela Baía de Todos-os-Santos. A região do Comércio, que abriga antigos prédios e casarões, também dá espaço ao contemporâneo, com dezenas de estabelecimentos situados na Bahia Marina, uma espécie de complexo que abriga bares, restaurantes, lojas de artigos náuticos e até uma danceteria.
A praia do Porto da Barra é uma das mais concorridas de Salvador
Belezas naturais e atrações culturais se fundem
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Rita Barreto
assear por Salvador é um deleite para os olhos de quem a visita, seja pela primeira vez ou pela enésima passagem pela terra chamada de Capital da Alegria. Os atrativos são diversos e vão desde a beleza de suas praias, espalhadas em mais de 50 km de orla, até a beleza e singularidade da sua cultura e população, cujo sorriso e hospitalidade são suas principais características.
Terreiro de Jesus, Centro Histórico 14 | Viver Bahia
O Centro Antigo, que abriga o maior conjunto arquitetônico barroco da América Latina, possui dezenas de prédios e monumentos que impressionam pela beleza e pela riqueza cultural que representam. É o caso da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, situada em plena Ladeira do Pelourinho; a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, que tem como principal característica paredes e detalhes interiores folheados a ouro, dentre outros. A região também conta com atrativos interessantes, como o conjunto de restaurantes de culinária diversificada, que servem comida baiana, sertaneja e pratos da cozinha internacional, assim como os estabelecimentos que comercializam artesanato e camisetas, e as casas especializadas em penteados afros, espalhadas pelo local. Ainda no Centro Histórico da capital é possível curtir os ensaios de blocos afros, como o Olodum, que encanta baianos e turistas com
o som inconfundível do batuque dos tambores coloridos. De formato peninsular, a cidade de Salvador tem na localidade de Itapagipe um dos mais belos conjuntos de atrativos da Bahia, ainda pouco explorado turisticamente. Mesmo com um rápido passeio pela região, é possível conhecer lugares repletos de história e particularidades. O bairro da Ribeira, por exemplo, abriga uma das sorveterias mais famosas da cidade e também conserva ares interioranos da Salvador do início do século XX. Em Mont Serrat e na Ponta de Humaitá, o Forte que resiste ao tempo e remete ao período das lutas armadas compõe um gracioso espetáculo com a vista para o mar quase sempre incrementada com um belo pôr do sol. Na Pedra Furada, o destaque fica por conta da gastronomia quase sempre focada em pratos feitos à base de pescados e frutos do mar.
Baladas – Na orla marítima de Salvador, as baladas para todos os gostos se estendem da Barra a Itapuã, com dezenas de opções no meio do caminho, em especial no Rio Vermelho, bairro considerado o mais boêmio da capital baiana. As noites na Barra e no Rio Vermelho são curtidas por um público bastante diversificado, como os amantes de uma boa cerveja gelada acompanhada de tiragostos típicos dos barzinhos e até mesmo de um saboroso acarajé, com tudo o que o cliente tem direito. Há também espaço para os tradicionais baladeiros que não dispensam, por nada, os agitos da música eletrônica e a escuridão dos ambientes mais fechados, como as boates e danceterias. A comunidade GLS também tem na Barra e no Rio Vermelho dois pontos de concentração e estabelecimentos com atendimento personalizado, como bares, restaurantes e danceterias. Entre a Pituba e Itapuã, os nativos e visitantes encontram dezenas de opções que vão desde o bom e velho chope a espaços com música ao vivo e botecos para “reuniões” mais informais. As praias mais frequentadas estão mais ao norte da cidade e também no município vizinho de Lauro de Freitas, que está a menos de 5 km do aeroporto da capital.
Novos empreendimentos serão inaugurados até 2014
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ada menos do que 19 novos empreendimentos hoteleiros serão inaugurados até 2014 na Baía de Todos-os-Santos e na Costa dos Coqueiros, ampliando para 85 mil o número de leitos disponíveis nesses dois polos turísticos. O parque hoteleiro atual também será modernizado para atender às exigências da FIFA, segundo informa o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares, Sílvio Pessoa. O Litoral Norte, que hoje abriga grandes complexos, como Costa do Sauípe e Iberostar, vai receber investimentos privados que somam mais de US$ 3 bilhões. O montante será aplicado pela iniciativa privada para a construção de hotéis, resorts e outros complexos de grande porte. Entre 2007 e 2010, dez empreendimentos foram inaugurados na Bahia, com destaque para o segundo hotel do Grupo Iberostar, aberto em 2008, na Praia do Forte. A partir de novembro deste ano, entrará em operações o Grand Palladium, na localidade de Imbassaí, município de Mata
de São João. Com investimentos totais de US$ 200 milhões, a planta instalada numa área de 400 mil metros quadrados contará com 654 habitações, nesta primeira fase, o que significa mais de 450 empregos diretos. Do total de postos de trabalho gerados, quase dois terços das vagas foram destinados a moradores da região. De acordo com o diretor de vendas do Grand Palladium, Thiago Pacos, foi feito um mutirão de capacitação para habilitar os futuros colaboradores do complexo. Segundo o dirigente, a clientela do hotel será formada por turistas brasileiros, argentinos, chilenos, alemães e espanhóis. No que se refere à ocupação, o resort deve funcionar com 60% nos primeiros três meses de operação e taxas em torno de 85% a 90% em períodos como o Réveillon e na alta estação. Até o final de 2011, a planta contará com mais 210 apartamentos, o que refletirá diretamente no número de postos de trabalho gerados. No que se refere à estrutura, o hotel contará com cinco restaurantes, sendo três temáticos (oriental, hindu e uma churrascaria).
Grand Palladium recebeu investimentos de US$ 200 milhões
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Robson Mendes Rita Barreto
Jota Freitas
No mar calmo do entorno de Salvador, desponta com destaque o Forte de São Marcelo
A Baía de Todos-os-Santos é um dos principais pontos turísticos do estado e reúne opções culturais e de prática da náutica 16 | Viver Bahia
No Dique do Tororó, replica dos orixás do artista baiano Tati Moreno Viver Bahia | 17
A conquista do Oeste
Rita Barreto
Esporte e Aventura
Barreiras e São Desidério guardam paraísos ecológicos ainda pouco explorados Fotos: Rita Barreto
Na Cachoeira do Redondo, na cidade de Barreiras, é a melhor opção para o banho, principalmente para crianças z Gabriel Carvalho
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ocalizada em um dos pontos extremos da Bahia, a zona turística Caminhos do Oeste conta com dez municípios e um número ainda maior de atrativos naturais. Grutas, rios, cachoeiras e uma vasta biodiversidade fazem parte da paisagem composta no Cerrado baiano, que também conta com sítios arqueológicos que datam de milhares de anos e reúnem figuras rupestres feitas pelos antigos habitantes locais. Entre as cidades mais visitadas da região, sobretudo pelos turistas, estão Barreiras, tida como a capital do Oeste devido à pujança de sua economia, maciçamente dominada pelo agronegócio; Luiz Eduardo 18 | Viver Bahia
Magalhães, que possui as mesmas características do município vizinho; e São Desidério, cidade mais famosa pelas suas encantadoras grutas e cachoeiras do que propriamente pela economia. Aqui, a viagem da revista Viver Bahia começa exatamente por Barreiras. A cidade, distante 850 km de Salvador e 620 de Brasília, dispõe de uma boa infraestrutura hoteleira e aeroportuária, com voos diários para as capitais federal e do Estado, o que privilegia os setores de turismo e negócios. Barreiras é um dos maiores produtores baianos de milho, soja, algodão, café e possui aproximadamente 20% do rebanho bovino do Estado, com quase 2 milhões de cabeças. No entanto, a
A exuberância do flora do Cerrado
A Cachoeira do Acaba Vida, em Barreiras, é uma das atrações da região Viver Bahia | 19
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Fotos: Rita Barreto
vocação para o agronegócio – em 2009 a safra superou os 5 milhões de grãos – não ofusca a atratividade turística que o município possui. Os rios e cachoeiras são as principais atrações, mas o município possui também belas grutas, cavernas, além da Serra da Bandeira, local muito apreciado pelos mais aventureiros. Situada a 787 metros acima do nível do mar, a serra proporciona uma bela vista da cidade para os que alcançam o topo, assim como um pôr de sol encantador. Se a vegetação rasteira contribui para a subida, as formações rochosas dão um pouco de dificuldade ao local, que também serve para a prática de esportes radicais. A Serra do Mimo também proporciona uma visão panorâmica de Barreiras, mas se diferencia da Serra da Bandeira justamente em função de suas trilhas rústicas que atravessam uma verdadeira cidade de pedra que abriga características da pré-história. Se as serras, grutas e cavernas são consideradas importantes atrativos turísticos, os rios representam a preferência da maioria dos 560 mil visitantes que passam por ano pela região. O Rio Grande e o Rio de Ondas são os mais disputados, principalmente durante os fins de semana quando turistas e moradores locais reúnem-se para apreciar um banho de água doce, acompanhado de uma bebida gelada e tiragostos diversos. Aliás, o banho de rio é quase necessário nos dias de calor mais intenso, uma vez que Barreiras alcança uma temperatura média de 31ºC e a umidade do ar varia de 50% a 80%. O Rio de Ondas tem esse nome por conta da sua correnteza, que proporciona muita adrenalina para quem nada em suas águas. Repleto de saltos e corredeiras, o rio também é uma opção de lazer e diversão,
Fotos: Rita Barreto
Esporte e Aventura
Formações rochosas, típicas do Cerrado, encontram novas formar com a ação dos ventos
Falhas geológicas constituem-se em atrativos naturais da região
principalmente para aqueles que optam por descer o seu curso, munidos de boias, caíques e botes. A impressão que se tem é a de se estar em uma piscina de parque aquático. Maior e mais importante afluente do lado esquerdo do Rio São Francisco, o Rio Grande é também responsável pelo abastecimento da cidade de Barreiras. A forma de ferradura pode ser vista do alto, e as águas
calmas são características marcantes do rio, que tem uma bacia homônima formada por três outros rios (Rio de Janeiro, Rio de Ondas e Rio Branco). A dica cultural para quem vai à cidade é uma visita ao Palácio das Artes, que fica no centro. O pequeno prédio abriga exposições, mostras culturais e também funciona como sala de aula de alguns cursos voltados para as artes.
Lugares paradisíacos contemplam passeios, trilhas e caminhadas Viver Bahia | 21
Fotos: Rita Barreto
São Desidério guarda cenários de rara beleza
Gruta do Catão proporciona momentos de contemplação e de traquilidade
S
ão Desidério não tem a imponência agropecuária de Barreiras, mas possui um grande número de atrativos naturais reunidos, dificilmente encontrados em outros lugares do Oeste. Dezenas de grutas e cavernas fazem parte da paisagem local que conta ainda com rios e lagoas de beleza ímpar e uma importante herança arqueológica com suas esculturas e pinturas rupestres. O município, que está a 869 km de Salvador e 27 de Barreiras, é banhado por 24 rios, dentre eles um que leva o nome da cidade, e o Rio Grande, um dos principais afluentes do Rio São Francisco. Ao passar pelas áreas mais remotas do município, logo é possível observar que São Desidério parece ter sido esculpida como uma peça de cerâmica ou montada como um quebra-cabeça. Suas formações rochosas como o 22 | Viver Bahia
Paredão Deus me Livre, que está a 15 km da sede, dão mais ou menos uma ideia de como se formaram as grandes esculturas e os grandes corredores ecológicos da região. O local é muito requisitado pelos praticantes de rapel e pelos os amantes da adrenalina que curtem uma descida de tirolesa, onde, durante as festas juninas, há uma espécie de “casamento na roça radical”. Perto do Paredão, é possível ver plantas e vegetais típicos do Cerrado, como a árvore batizada de barriguda e pequenos lagos e espelhos d’água naturais. No entorno do município é possível passar por trilhas curtas e longas que dão acesso a pontos paradisíacos, como a nascente do Rio Grande e o Parque Municipal da Lagoa Azul. Rodeada de paredões e com um aspecto de cânion, a lagoa leva este nome por conta da coloração
Gruta de passagem para o Catão
de sua água, que reflete o verde da vegetação com o azul do céu. Lá, onde só é permitido chegar acompanhado de um guia de turismo, diversas espécies de répteis, aves, flores e plantas compõem o visual paradisíaco do local que também abriga uma espécie de aquário natural. Em alguns pontos, a lagoa chega a ter 40 metros de profundidade. Um fenômeno curioso ocorre na região e é chamado de Sifão, quando é formada uma espécie de piscina natural na qual a água sobe e desce em ritmo marcado pela natureza e pode ser observado no sumidouro. O intervalo do sobe e desce das águas pode chegar a cinco minutos. É possível também perceber o som, muito parecido com uma sinfonia, emitido com o fenômeno. Dentro do parque, após percorrer uma trilha de 3 km e aproximadamente 15 minutos, chegase à Gruta do Catão, cujo portal é formado por duas colunas rochosas, de 10 metros de altura. No interior da caverna, um rio subterrâneo chama a atenção do visitante. Em São Desidério é possível ainda visitar três sítios arqueológicos já nomeados e outros que podem ser encontrados com o auxílio da tecnologia, por meio do GPS. Nos locais já identificados, estudiosos encontraram verdadeiros tesouros nas grutas e cavernas da cidade, como urnas funerárias antigas, vasos de cerâmica e objetos de pedra lascada polidos. Os sítios mais conhecidos da região, entretanto, são a Lagoa dos Tapuias, no distrito de Sítio do Rio Grande, o Morro dos Tapuias, na Fazenda João do Dazinho, e o Morro do Sol, na Fazenda Beleza. Localidades como a Gruta dos Brilhantes e a Caverna do Paulista guardam inscrições e pinturas rupestres datadas de milhares de anos. Na gruta, o encontro com a história também se dá pela forte influência indígena que está à disposição dos visitantes que por lá chegam.
Rita Barreto
Esporte e Aventura
Uma das famosas Barrigudas do Cerrado Informações
úteis
Como chegar Barreiras - Saindo de Salvador, os caminhos são a BR-324, até Feira de Santana, depois seguindo pelo lado sul da BR-116, até a entrada da BR-242, onde o motorista cruza toda a Chapada Diamantina até chegar ao Cerrado. A cidade também recebe voos diários da Passaredo. Mais informações pelo telefone 0800-770 3757 site: www.passaredo. com.br São Desidério – Saindo de Salvador, seguir o mesmo itinerário de Barreiras, mas, ao chegar ao Oeste do Estado, é preciso ficar atento à sinalização.
São Desidério • Hotel Mara End: Avenida Realeza, Quadra 02, Lote 05 - Distrito de Roda Velha - T.(77) 3684.2324 • Pousada Guimarães - Avenida Goiás - nº 18 – Centro - T. (77) 3623 2015 • Pousada Dolys - Rua Secundária, 12, Pôr do Sol T. (77) 8131-2771
Onde ficar Barreiras • Hotel Solar das Mangueiras T.(77) 3612-9200 • Hotel Chalé dos Buritis T.(77) 3611-3852 • Center Apart Hotel T.(77) 3611-6414 • Pousada Rio de Ondas T.(77) 3611-8434 • Pousada Rancho Verde T.(77) 36114371
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Turismo Étnico-Indígena
Programa de Índio
Rita Barreto
Mantendo tradições e manifestações culturais, as comunidades indígenas da Bahia já contam com receptivos e outras atrações turísticas z Clarissa Amaral
Q
Índios Pataxós, de Porto Seguro, se preparam para apresentação do Toré
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uando os colonizadores portugueses aportaram na Bahia, no século XVI, já encontraram um povo nativo, muito diferente do europeu, trajando pouca ou quase nenhuma veste, mas portando muitos adornos. Eram barulhentos, em sua maioria, e se utilizavam de estranhos objetos para se defender do invasor que ali fincava âncoras. Mais tarde, identificou-se que os donos daquelas terras, que os portugueses achavam que nunca dantes haviam sido navegadas, eram índios da nação Tupi, mais precisamente, da tribo Tupiniquim, ali instalados há cerca de dois séculos. Berço da civilização brasileira colonizada pelos portugueses, o território que hoje pertence ao Estado da Bahia abrigava ainda, àquela altura, tribos de duas outras nações indígenas, além dos Tupis: os Gês ou Botocudos e os Cariris, que, apesar da dizimação sofrida nos primeiros séculos da colonização, conseguiram chegar aos dias atuais mantendo as tradições dos seus antepassados e hoje representam uma das principais atrações turísticas em várias regiões do Estado. Reconstituir sua história e entender a origem das suas tradições e manifestações culturais é uma viagem no tempo, uma retrospectiva às mais autênticas raízes do povo brasileiro. Do ExtremoSul ao Nordeste, das comunidades ribeirinhas do São Francisco aos povos nativos que habitam o oeste baiano, as comunidades indígenas servem tanto como referência de superação e luta para a preservação da cultura e da história do Brasil quanto como forte atração para os visitantes. Os roteiros são diversificados e abrangem a observação, a vivência e o contato direto com os povos indígenas, suas crenças, seus costumes, sua arte e suas manifestações culturais. Entretanto, antes de abordarmos os aspectos turísticos, vamos recapitular um pouco da sua história. Viver Bahia | 25
Turismo Étnico-Indígena
Chefe Camacã (Debret)
Índia Mongoió (Debret)
Índio Tupinambá
Origem - A origem dos índios da Bahia remonta à pré-história. Muito antes dos Tupis, outros povos já haviam habitado o litoral baiano. Os índios que habitavam o território baiano na época do Descobrimento vieram, muito provavelmente, do Alto Xingu, região Norte do Brasil. As pesquisas antropológicas e históricas, baseadas em achados arqueológicos, dão conta de que antes dos índios da nação Tupi encontrados pelos portugueses no litoral baiano, eram os índios da tribo Gê, posteriormente denominados de Tapuias, que ocupavam essa região costeira. Àquela altura, estima-se que existissem 2 milhões de índios no Brasil. Segundo Teodoro Sampaio, quando Cabral desembarcou em Porto Seguro, os povos Tupis já habitavam quase todo o litoral brasileiro. Seriam, de acordo com esse pesquisador, ramificações de povos de mesma língua, estabelecidos desde o vale do Paraná-Paraguai, onde se limitavam com outras tribos de procedência andina, até os vales do Araguaia, Tapajós e Madeira, onde disputavam o Rio Amazonas com povos Guaranis, do vale do Orinoco, e com os Caraíbas, das Antilhas. No território baiano, os Tupis conviveram com índios de outras duas nações, Gês e Cariri, que à época do Descobrimento ocupavam áreas no interior do Estado. Mas a distribuição geográfica dos índios da Bahia nem sempre foi assim. Mais numerosos que os antigos habitantes da região litorânea,
Reprodução da Chegada dos portugueses a Porto Seguro (Jean de Léry)
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Tupis tinham características semelhantes
B
Evangelização (Jean de Léry)
os Gês, os Tupis conseguiram expulsá-los para o interior e passaram a chamá-los de Tapuias (estrangeiros). Foi a partir daí que eles fixaram amplo domínio no litoral brasileiro, especialmente na costa da Bahia. Os conquistadores dos Gês, porém, eram Tupis, da tribo Tupinaés, que, por sua vez, foram expulsos pelos índios das tribos Tupinambás e Tupiniquins, conforme relata o historiador Thales de Azevedo. Os Tupinambás passaram a ocupar a área que vai da costa de Sergipe a Camamu, na Bahia, enquanto os Tupiniquins instalaram-se na região entre Camamu e o norte do Espírito Santo. Foram, portanto, essas duas ramificações da nação Tupi, Tupinambá e Tupiniquim, que os portugueses encontraram no litoral de Salvador e Porto Seguro, ao alvorecer do século XVI. Só posteriormente os portugueses tiveram contato com índios de outras tribos Tupis, os Tupinaés ou Tabajaras, instalados na região do rio Paramirim, depois de expulsos do litoral, e com os povos das nações Gês e Cariri. Essa distribuição geográfica das tribos é, no entanto, alvo de várias especulações e pesquisas. Uns historiadores acreditam que não há elementos que possibilitem afirmações precisas. Outros apostam que os achados arqueológicos são suficientes para determinar o ciclo migratório percorrido pelos índios na Bahia.
aseado nos relatos e crônicas do começo da colonização, Thales de Azevedo observa que não havia diferença de aspecto ou de costumes entre as duas mais conhecidas tribos da nação Tupi: os Tupiniquins e os Tupinambás. Eles distinguiam-se apenas pelo estágio de técnicas, como o desenvolvimento mais ou menos avançado da agricultura, por exemplo. Fisicamente eram bem parecidos. Possuíam estatura mediana e seus traços físicos e alguns elementos da sua cultura assemelhavam-se ao Homem de Sambaquis, denominação utilizada para identificar o grupo humano que ocupou a costa brasileira entre 4.000 e 1.000 anos AC, e que tinha o costume de depositar restos do seu dia a dia em um único lugar, formando montes (qui) de conchas (samba). Inicialmente eram acessíveis ao contato com os europeus. Mesmo diversificados em numerosos grupos de peculiaridades linguísticas e sociais, os Tupis mantinham características culturais bem semelhantes. Dominavam a horticultura ou pequena agricultura de mandioca, aipim, batata-doce, milho e amendoim, além do emprego de instrumentos, como a vara pontiaguda, e o uso de venenos, na caça e na pesca. Cultivavam o hábito do fumo e da bebida fermentada e fabricavam uma cerâmica mais elaborada do que a das tribos de outras nações. A mesma sofisticação foi observada pelos jesuítas na construção das casas, que obedeciam a uma complicada engenharia em sua estrutura e podiam abrigar um grande número de pessoas.
Chefe Gês, no traço de Rugendas
Gês resistiram ao sistema de bandeiras
A
s primeiras investidas do sistema de bandeiras dos portugueses no interior foram contra os índios Gês, da tribo dos Aimorés, também conhecidos como botocudos por causa dos botoques de madeira ou pedra que usavam no lóbulo da orelha e no lábio inferior. Para aprisionar esses índios, os bandeirantes utilizaram-se também de um fenômeno comum naquele momento da colonização. Posteriormente denominado por Descimentos, o fenômeno consistia no deslocamento das tribos de seus territórios para locais próximos às vilas, numa tentativa de se beneficiar de alguma forma do agrupamento formado. Os Aimorés, porém, não eram tão pacíficos quanto os Tupiniquins. Sua reação às investidas dos portugueses foi imediata e os primeiros contra-ataques foram registrados nas capitanias de Porto Seguro e Ilhéus. Eles se subdividiam em pequenos grupos nômades e atacavam o litoral de forma intermitente. As primeiras referências aos Gês da tribo Aimoré são dos cronistas portugueses do século XVI, que registraram a sua localização na região entre o Rio Pardo e o Rio de Contas, na atual fronteira dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Embora não existam descrições fidedignas das tribos Gês, os historiadores acreditam serem eles os índios de língua travada de quem falavam os cronistas coloniais. Eram atarracados, de extremidades delgadas, ágeis, mas muito ferozes e intratáveis. Não tinham casas. Escondiam-se nas matas, abrigados em choças muito grosseiras e provisórias, como refere Thales de Azevedo, e mantinham-se da caça e da coleta de frutas e raízes. De coloração amarelada, tinham cabelos muito lisos e escuros e olhos puxados à semelhança dos mongóis. Para os jesuítas, os índios Gês eram os mais primitivos dos povos nativos. Viver Bahia | 27
Pataxós só aparecem aos portugueses no século XVII
N
Crianças indígenas...
... da Reserva da Jaqueira ...
o interior da região entre o Rio Pardo e o Rio de Contas viviam índios de outra tribo da nação Gês: a dos Pataxós, também identificados pelas denominações Copochós, Panhames, Machacalis e Macunis, que realizaram as primeiras incursões no litoral, por volta de 1663. A construção da sua história é, segundo a antropóloga Maria Rosário Carvalho, quase um exercício de ficção, dada a escassez e a fragmentação das informações. A identidade étnica do grupo, que ainda hoje habita a região de Porto Seguro e se autodenomina Pataxó, provém de um ofício do governador Francisco da Cunha Menezes, enviado ao Visconde de Anadia, em 1805, no qual comunica ter realizado uma expedição para explorar as barras e os rios da sua capitania, local onde hoje se localiza a Aldeia de Barra Velha. Nesse documento, o governador refere-se à existência desse grupo indígena.
Mas a primeira descrição dos traços físicos dos Pataxós data de 1815, quando o príncipe alemão Maximiliano de Wied-Neuwied, em viagem por terra pelo litoral baiano, registrou a existência de vários grupos Pataxós. Ele atribuiu a hostilidade dos Botocudos à dispersão da tribo Pataxó, inclusive com a diversificação da cultura. Wied-Neuwied classificou os Pataxós em dois grupos: meridionais (que habitavam as terras do Rio São Mateus ao Rio Santa Cruz Cabrália) e os setentrionais (que ficavam localizados entre o Rio de Contas e o Rio Pardo). De acordo com a antropóloga, pelo relato de Wied-Neuwied, é possível afirmar que do grupo meridional originou-se a tribo que hoje habita a aldeia de Barra Velha.
Cariris viviam mais distantes do litoral
... em Porto Seguro. 28 | Viver Bahia
O
s povos indígenas da Bahia vivem hoje em territórios específicos, situados nas regiões Norte, Oeste, Sul e Extremo Sul do Estado. Estima-se que sejam cerca de 20 mil descendentes de 14 etnias indígenas, hoje distribuídos por territórios e reservas. Nas costas do Descobrimento e das Baleias, no Extremo Sul do Estado, concentra-se o maior número de índios da Bahia. São descendentes diretos dos Tupinambás e dos Pataxós e habitam os municípios de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Belmonte, Prado, Itamaraju e Itapebi. Na Costa do Cacau, região Sul do Estado, predominam remanescentes de tribos Tupinambás de Olivença e Pataxós Hãhãhãe em reservas e territórios situados nos municípios de Ilhéus, Una, Buerarema, Pau Brasil, Camacã e Itaju do Colônia. Na Costa do Dendê, no Baixo Sul, próximo ao município de Camamu, encontra-se outra tribo Pataxó Hãhãhãe. Às margens do Rio São Francisco e na região do oeste baiano vivem em territórios indígenas localizados em área com predominância de caatinga, índios das tribos Atikum, Arikobé, Tuxá, Pankaru e Kariri, distribuídos nos municípios de Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Santa Rita de Cássia, Muquém do São Francisco, Serra do Ramalho e Angical. Ao Norte, nas regiões do vale e dos lagos e cânions do São Francisco, em territórios oriundos da instalação de missões religiosas realizadas desde o século XVI, encontram-se os Tumbalalá, Pankaru, Atikum, Pakararé, Kantaruré, Xucuru-Kariri e Truká, localizados nos municípios de Curaçá, Abaré, Rodelas, Glória, Sobradinho e Paulo Afonso. Na região do semiárido baiano, distribuídos pelos municípios de Euclides da Cunha, Quinjingue e Banzaê, vivem tribos remanescentes dos Kaimbé, Tuxá e Kariri, enquanto que na Chapada Diamantina os Payayás ocupam territórios em Morro do Chapéu e Utinga. Jovem indígena produz artesanato
Mapa dos Povos Indigenas da Bahia
O
s índios da nação Cariri ocupavam a região do vale do Rio Paraguaçu até a Serra do Sincorá. Vizinhos das tribos Gês dos Camacãs, no entorno do Rio de Contas, ficavam os Maracás, cujas tribos avançaram também em direção às serras de Juazeiro e Caetité. Pela descrição que se tem deles, alguns historiadores acreditam que sejam os Paiaiás, referidos nos documentos dos primeiros séculos da colonização, como observa o historiador Luiz Henrique Dias Tavares. Supõe-se serem também Cariris os índios que ocupavam a região onde hoje se encontra o município de Rodelas e do Rio Salitre, no nordeste do Estado. Às margens do Rio São Francisco ficavam os Anaiós ou Caiapós, apelidados de ubirajaras pelo cronista do período colonial, Gabriel Soares de Souza. Na região do Rio Carinhanha e da Serra da Gargueia, já próximo da fronteira com o estado de Goiás, habitavam os Chicriabás e os Ancroás.
Comunidades remanescentes
Rita Barreto
Fotos: Rita Barreto
Turismo Étnico-Indígena
Mães indígenas passam as tradições às novas gerações Viver Bahia | 29
Roteiros abrangem todo o Estado
Reserva Jaqueira oferece atrações diversas
É
D
grande a diversidade de tribos indígenas em todo o Estado. Mas três regiões, em especial, oferecem melhores condições para que o visitante possa conhecer e vivenciar a cultura indígena da Bahia. Apesar do processo de miscigenação, as tribos Pataxós do Extremo-Sul, dos Pataxós Hã-hã-hães, do Litoral Sul, e dos Tuxás, de Rodelas, na área nordeste do Estado, ainda mantêm vivas suas tradições e dividem com os turistas suas atividades cotidianas, seus rituais sagrados e manifestações culturais. Extremo-Sul – Na região do ExtremoSul do Estado, que abrange as zonas turísticas Costa do Descobrimento e Costa das Baleias, o visitante tem várias opções de conhecer a cultura indígena nas oito comunidades remanescentes dos Pataxós. Localizados em aldeias e reservas, vivem ali cerca de dois mil índios, distribuídos nos municípios de Porto Seguro (Barra Velha, Aldeia Velha, Imbiriba e Reserva Jaqueira), Santa Cruz Cabrália (Coroa Vermelha e Mata
Tradições respeitadas
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Medonha) e Prado (Águas Belas, Pequi e Corumbauzinho), além da antiga Vila Cramomoã, atual povoado de Caraíva. Após sucessivas demarcações de terra, o povo indígena da tribo Pataxó acabou se segregando. Depois da criação do Parque Nacional do Monte Pascoal, em 1960, grupos reduzidos dispersaram-se do tronco original e formaram outras comunidades, como as de Mata Medonha, Águas Belas e Coroa Vermelha, a mais conhecida delas. Parte do grupo inicial, no entanto, permanece unida até hoje, fixando-se num pequeno monte, 6 km ao sul de Caraíva. No total, são 280 famílias na Aldeia de Barra Vermelha, uma das mais distantes da urbanização, vivendo principalmente da pesca, da agricultura e da venda de artesanato. A paisagem local é deslumbrante e, durante todo o percurso até a aldeia, é possível contemplar a imponência do Monte Pascoal. Em Barra Vermelha, ainda existem uma biblioteca e um centro cultural, onde os índios recebem os visitantes e promovem seus rituais.
Artesanato indígena é produzida a partir de materiais naturais
iferentemente de outras tribos, os índios desta Reserva estão envolvidos em um projeto de responsabilidade social. A aldeia fica localizada a 2 km da rodovia Porto Seguro-Cabrália, logo após o Barramares. Um imenso tronco de jaqueira, tombado pela própria ação da natureza, deu nome a essa reserva, ponto de referência histórica e cultural para os ancestrais da tribo Pataxó. Os 827 hectares de mata nativa e as lendárias ocas espalhadas pelo local, ainda no formato original, dão a exata sensação de se estar nas terras de pindorama. Engajados na proposta de desenvolvimento sustentável, os Pataxós da Jaqueira começaram a receber visitantes para a prática do turismo ecológico. O projeto, denominado de Proecotur, o primeiro implantado em uma aldeia indígena, promove diversas atividades para a preservação
ambiental, afirmação cultural e ecoturismo. No local chamado quigeme um grande círculo coberto onde acontecem os rituais -, índios, vestidos e pintados a caráter, recepcionam os visitantes com manifestações de sua cultura. Os turistas têm a oportunidade de praticar jogos de arco e flecha, adquirir artesanato produzido na própria tribo, fazer trilhas e, ainda, experimentar a saborosa culinária típica, que inclui pratos como o tradicional peixe assado na folha da patioba (uma palmeira utilizada também na confecção de redes). Existem duas opções de trilhas: a mais extensa leva duas horas para ser percorrida, cruzando trechos densos de Mata Atlântica. A outra, mais curta, de aproximadamente 40 minutos, permite ao visitante conhecer as práticas agrícolas, a caça e o cultivo de algumas plantas medicinais. No final do programa,
Fotos: Rita Barreto
Fotos: Rita Barreto
Turismo Étnico-Indígena
a comunidade indígena convida todos a participar do Auê, um ritual de agradecimento a Iamissun, o criador, representado pela soma dos quatro elementos da natureza. Em seguida, acontece uma pequena confraternização em agradecimento à visita, com a Dança do Passarinho. É necessário contato prévio com a Associação Pataxó de Ecoturismo. A Reserva recebe até 48 pessoas por dia, com passeios que duram, em média, 3 horas.
Na oca central, os índios apresentam danças, músicas e outras manifestações culturais
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Rota das Aldeias proporciona contato com várias tribos
Arte rupestre dos Tamoquins é atração à parte
Fotos: Rita Barreto
Fotos: Rita Barreto
Turismo Étnico-Indígena
P Índio Cariri
Pataxó de Porto Seguro
Adereços ricos em detalhes
Artesanato, fonte de renda 32 | Viver Bahia
ara os interessados em conhecer o modo de vida das diversas tribos que habitam o ExtremoSul do Estado, a Rota das Aldeias proporciona uma ampla visão dos remanescentes dos povos nativos que ainda vivem na região. Trata-se de uma vivência surpreendente, recheada de emoções e descobertas, num percurso de aproximadamente 100 km, às vezes próximos do mar, outros nas matas e ainda outros a meio caminho. A expedição parte de Porto Seguro, sempre nas semanas de lua cheia ou lua nova, em pequenos grupos, percorrendo um mosaico de belezas naturais, caminhos fluviais e caminhadas na Mata Atlântica. O percurso é feito na companhia dos índios e abrange a Reserva da Jaqueira e as aldeias de Coroa Vermelha, Aldeia Velha, Imbiriba e Barra Velha, considerada a AldeiaMãe. O roteiro dá oportunidade ao visitante de participar de atividades nas aldeias, em comunhão com a natureza, perceber os sons da floresta, fazer caminhadas na mata, arremessos de arco e flecha, pintura corporal, confecção de artesanato, banhos de rio, além de aprender histórias e lendas à beira da fogueira, experimentar pratos exóticos e dormir em rede numa oca (quijeme). A Rota das Aldeias é realizada por empresa especializada, em parceria com os caciques, lideranças, associações e membros da comunidade de cada aldeia, mas parte da venda dos pacotes é revertida, em dinheiro, para as comunidades envolvidas e visa contribuir para a melhoria da qualidade de vida de aproximadamente 250 índios, beneficiando seis associações comunitárias e uma escola indígena.
E
Oca original, construída pelos índios
Itinerário 1º Dia – Os visitantes são transportados em van até o portal da Reserva da Jaqueira, de onde seguem em caminhada até o centro da localidade, para conhecimento e familiarização com o local. Ao chegar à aldeia, pode-se tomar um banho de rio, antes do tradicional jantar de boas-vindas. Na sequência, os visitantes sentam-se em volta da fogueira para ouvir histórias e lendas dos Pataxós. O pernoite acontece em redes armadas dentro dos quijemes (ocas). 2º Dia – O dia começa com palestra interativa, caminhada guiada, contemplativa e interpretativa na Mata Atlântica, prática de arremesso de arco e flecha, pintura corporal (opcional) e participação no Awê, ritual de confraternização, acompanhado de muita música e dança. Pausa para o manguti (almoço) e descanso. Partida para Coroa Vermelha, maior Aldeia Pataxó do Extremo-sul da Bahia, e local da 1ª Missa do Brasil e da Escola Indígena com educação diferenciada e bilíngue. Jantar e pernoite na Reserva da Jaqueira. 3º Dia – Após o café da manhã, traslado para a Reserva da Aldeia Velha e Aldeia Imbiriba, onde o turista poderá participar de caminhada guiada por trilhas milenares, e de oficinas de artesanato, visitar a casa de farinha e área de agricultura com diversas plantações. Meio-dia, Awê e manguti. No final da tarde, a expedição segue por lugares selvagens, com visual de tirar o fôlego, até a antiga vila indígena de Cramamoã, atual Caraíva, pequena e charmosa aldeia de pescadores, com ruas de areia e sem veículos motorizados. O pernoite acontece em pousada previamente selecionada. 4º Dia – O dia começa com expedição de buggy através de uma paisagem remota e praias paradisíacas até a Aldeia Barra Velha. Na Aldeia-Mãe, o visitante ouve histórias inesquecíveis, contadas pelas pessoas mais velhas da aldeia, além de encontrar com o Pajé. Participação em algumas atividades da aldeia e visita ao local do “Fogo de 51” onde se dará o Awê e do manguti. Pernoite em Caraíva. 5º Dia – Retorno a Porto Seguro. (Duração: 2 horas, aproximadamente). Conforme horário da viagem, city tour na cidade histórica de Porto Seguro.
Cultura irradiada da própria natureza
Nos receptivos, índios oferecem pintura corporal
Hã-hã-hães, Tuxás e Tupinambás
D
o Extremo-Sul em direção a Salvador, os interessados no Turismo Étnico-Indígena podem ainda conhecer as aldeias dos Tupinambás de Belmonte e os de Olivença, em Ilhéus, além dos Pataxós Hã-hã-hães de Itaju do Colônia, Itapebi e Pau Brasil, que vivem na Reserva CaramuruParaguaçu, localizada na Costa do Cacau. Mais abaixo, no chamado Baixo Sul, zona turística da Costa do Dendê, encontram-se os Pataxós Hã-hã-hães, de Camamu, assentados na Fazenda Bahiana. Trata-se de uma dissidência da Reserva Caramuru-Paraguaçu, cujas facções entraram em conflito e, em 1987, acabaram por se desmembrar. A Nordeste e a Norte do Estado encontram-se diversas tribos da nação Cariri, estabelecidas em áreas que abrangem os municípios de Glória, Rodelas, Paulo Afonso, Sobradinho e Euclides da Cunha. São Tuxás, Kaimbés, Pankararés e Atikuns, remanescentes dos Cariris e de uma das tribos mais conhecidas: a dos Tamoquins,
conhecidos também como Trukás. Para conhecer a cultura remanescente dos índios da nação Cariri, o visitante deve se deslocar até o município de Paulo Afonso. Ali, empresas especializadas e guias de turismo autônomos oferecem pacotes e passeios que englobam visitas às tribos indígenas, prática de esporte de aventura e contemplação da vegetação nativa: a caatinga, além de roteiros históricos inesquecíveis.
m Sobradinho, o destaque especial é a arte rupestre da tribo remanescente dos Tamoquins. A comunidade vive a 27 km do município, na localidade de São Gonçalo da Serra; em local de fácil acesso, estão as pinturas rupestres deixadas pela tribo Tamoquins. Os habitantes do lugar ainda guardam histórias e rituais típicos da época dos primeiros moradores e tentam manter sólidas as tradições tanto dos índios quanto dos portugueses, os colonizadores da região. Enquanto os descendentes dos Tamoquins dançam o Toré, os descendentes dos portugueses fazem a dança de São Gonçalo, como forma de reviver os costumes d’além mar, passando para as novas gerações toda a história de seus antepassados. Próxima à localidade, encontra-se a região da Corrente, considerada pelos nativos um lugar sagrado e com muitos mistérios que somente os mais velhos pajés conheciam. Os moradores falam de um tesouro escondido pelos caciques Tamoquins, e há quem garanta que esse tesouro ainda está no local.
Serviço Agência responsável: www.pataxoturismo.com.br Porto Seguro – Ba.
Barracas populares para comercialização de artesanato
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Paraíso submerso
Bahia Scuba/Divulgação
Baía de Todos-os-Santos
Do cais do Porto da Barra partem os barcos de mergulho
Turismo de mergulho encanta brasileiros e estrangeiros, nas águas mornas da maior baía tropical do mundo
Bahia Scuba/Divulgação
z Gabriel Carvalho
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uem chega a Salvador para uma temporada de férias ou para um fim de semana prolongado facilmente encontra diversas opções de lazer em cada um dos quatro cantos da primeira capital do Brasil. Cartãopostal é o que não falta na cidade que reúne características marcantes como a riqueza cultural de um povo hospitaleiro, belezas naturais, edificações históricas que datam de vários períodos, além de uma atmosfera festeira dificilmente encontrada em outras cidades. Mas é exatamente no mar, que alterna tons de verde e azul, a depender das condições climáticas, que também pode ser encontrada uma extensa diversidade, bem diferente daquela que encontramos na capital baiana. No lugar de batuques, danças e comidas de diferentes sabores, são encontrados milhares de espécies de peixes, corais, moluscos, dentre outros seres misteriosos que habitam o fundo do oceano. Mergulhar na Baía de Todosos-Santos é experimentar a sensação
de liberdade para contemplar um universo bastante curioso e repleto de surpresas pra lá de agradáveis. A região concentra mais de dez pontos ideais para a prática do mergulho que, a cada ano, vê crescer o número de adeptos, em especial os turistas. De acordo com o empresário e mergulhador Gian Harfush, a maioria dos turistas que vem a Salvador para uma aventura no fundo do mar é formada por estrangeiros. “Eles chegam a 60% do nosso número de clientes; em seguida vêm os brasileiros do Sul e do Sudeste, que representam 30%”, conta. Harfush, cuja empresa realiza 20 saídas com turistas por mês, disse ainda que os baianos conhecem pouco os mares da Boa Terra e são menos de 10% entre os que procuram as empresas especializadas em mergulho. Para mergulhar pela primeira vez, o turista assiste a uma espécie de aula, com algumas instruções de como proceder durante a imersão, sobretudo técnicas de respiração e convivência com a pressão. A atividade é permitida para pessoas
Riquezas marinhas e navios afundados revelam as profundezas deste mar sem fim Viver Bahia | 35
Bahia Scuba/Divulgação
com idade entre oito e 70 anos e que gozem de bom estado de saúde. Os custos variam de acordo com a experiência do mergulhador. Para uma pessoa credenciada e que possui equipamentos de segurança, o passeio fica por R$ 150; já o batismo custa R$ 150 para um mergulho na praia em águas rasas; R$ 200 para o mergulho a partir do barco em águas com maior profundidade e direito a uma imersão; e R$ 250 com direito a duas imersões, já incluído aí o aluguel do equipamento. Com mais R$ 50, o turista leva um CD com fotos do passeio subaquático. Na expedição que fez in loco por alguns pontos de mergulho da Baía de Todos-os-Santos, a reportagem da Viver Bahia encontrou a paulista Margarida Silva Conceição, 32, que estava em Salvador para participar de um congresso de neurocirurgia, e o inglês Joshua Bartlett, 25, que é bancário e estava de férias na cidade. Antes de cair na água, eles puderam contemplar de um ângulo diferente os grandes cartões-postais de Salvador, como o Porto e o Farol da Barra, o Corredor da Vitória, a Avenida Contorno e a Gamboa, o Forte de São Marcelo, Elevador Lacerda e Mercado Modelo.
Bahia Scuba/Divulgação
Baía de Todos-os-Santos
1. Polegar para cima: indica que o mergulhador pretende subir 2. Polegar para baixo: indica que o mergulhador pretende descer 3. Mãos agitadas em sinal de mais ou menos: indica que o mergulhador está com problemas
Mergulhos seguros em águas confinadas ou em piscinas naturais
Peixes e outros animais do fundo do mar se misturam às formações rochosas
Ao fim da visita ao fundo do mar, eles logo apontaram alguns dos diferenciais da capital baiana para a prática do mergulho, como a riqueza natural com uma grande quantidade de espécies marinhas, o vasto número de embarcações naufragadas entre os séculos XVII e XX e a temperatura da água, que, mesmo à noite, não fica abaixo de 20ºC. Margarida mergulha desde 1995 e já teve experiências em Parati-RJ, Ilhabela-SP e Sant André, no Caribe colombiano. Para a neurocirurgiã, a Bahia possui um imenso potencial. Acompanhada do turista Joshua e dos instrutores da Dive Bahia, Gian e Carlão, ela conheceu os destroços dos navios Bretagne/Germânia e Maraldi, ambos afundados na região da
o acompanhou, o repórter saiu-se bem no mergulho de batismo. “Na primeira tentativa, houve um pouco de precipitação e ele desceu muito rápido, mas na segunda ele teve calma e conseguiu descer 10 metros para contemplar as belezas proporcionadas pelos destroços do navio Maraldi, afundado em 1875 e que se encontra a 12 metros de profundidade, próximo ao Forte de Santa Maria”, disse Carlos Almeida, o Carlão. Os turistas ou mergulhadores experientes e também os principiantes em estágio avançado têm no Cavo Artemidi um dos pontos mais fantásticos para imersão. O navio grego, que naufragou próximo ao bairro de Ondina, em Salvador, no ano de 1980, quando transportava ferro para fundição, tinha 170 metros de comprimento e pode ser visto a nove metros de profundidade e também a 30 metros da superfície, principalmente durante o verão. Considerado o maior naufrágio de toda a costa brasileira, o Cavo Artemidi ainda conserva, em estado razoável, o seu salão principal e a casa de máquinas, proporcionando belas imagens em vídeo e também fotografias plasticamente perfeitas. Outro ponto interessante é o Banco da Panela, que fica próximo ao Porto de Salvador. O local, que tem uma profundidade de aproximadamente
Fauna e flora marinha se fundem num balé aquático inesquecível
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Sinais de alerta para os mergulhadores
Barra, que reúne importantes pontos turísticos como o Farol, o Forte de Santa Maria e a Praia do Porto, considerada pelo jornal britânico The Guardian como uma das três praias urbanas mais belas do planeta. Lá, os aventureiros, incluindo aí o repórter da revista Viver Bahia, desceram cerca de 10 metros e encontraram um ambiente difícil de descrever sem se emocionar. O balé e o colorido proporcionados por cardumes de peixes, como os barrigudinhos e budiões, encantam principalmente os que chegam ao fundo do oceano pela primeira vez. Caranguejos, lagostas e moluscos também participam do espetáculo e parecem não estranhar a presença dos forasteiros humanos em seu ambiente, assim como os recifes de corais que completam o visual paradisíaco habitado por mais de 250 espécies, entre eles o esquisito peixe-pedra. Por se tratar de um mergulhador de primeira viagem, o repórter – é claro – pagou uns pequenos “micos”, mas obteve êxito logo na segunda tentativa de mergulho. A primeira entrada no mar ou batismo, como preferem os especialistas, ocorreu com um salto denominado Passo de Gigante, no qual o mergulhador anda pelo fundo do barco até “pular” no vazio. Já a segunda, foi no melhor estilo rolamento dorsal. De acordo com o instrutor que
15 metros, é considerado área de preservação da Marinha e nada pode ser retirado de lá. Os mergulhos noturnos, por sua vez, também podem ser feitos na Baía de Todos-os-Santos, em especial o Blackadder, que está a cerca de 100 metros da Praia da Boa Viagem, e o Cap Frio, embarcação afundada próxima ao Farol da Barra. Em ambos os locais podem ser encontrados cardumes e também lagostas e outros crustáceos. Cursos de mergulho - Uma das principais preocupações dos instrutores das agências especializadas é a segurança dos mergulhadores, em especial dos principiantes. “Os equipamentos, que são compostos de balões de oxigênio, manômetros, coletes, máscaras, reguladores de ar, macacões e nadadeiras, recebem a devida manutenção”, conta Gian Harfush. Os cursos, cujos valores são R$ 800, em média, contam com cinco módulos teóricos, revisões em vídeo para assistir em casa, prova teórica e avaliação prática. Cinco atividades são realizadas em águas confinadas [piscinas] e uma na piscina natural do Porto da Barra, onde os futuros mergulhadores já interagem com peixes e outros seres marinhos.
4. Indicador e polegar formando a letra “ó”: indica que tudo está correndo bem
Informações
úteis
Empresas especializadas Dive Bahia Responsável: Gian Harfush www.divebahia.com.br T.55 71 3264-3820 55 71 9961-0589 Bahia Scuba www.bahiascuba.com.br T.71 3321-0156
Colaboraram: Caroline Martins e Tereza Torres Viver Bahia | 37
Entrevista: Ubiratan Castro
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então um impulso. Depois, vieram os estudos sobre a escravidão, com a doutora Kátia Matoso, a maior historiadora do Brasil sobre o século XIX. Ela me chamou para trabalhar com ela no tema da escravidão, então eu entrei nessa linha de pesquisa de história econômica da escravidão, história social da escravidão, e depois passei à história social e política da escravidão.
Fotos; Rita Barreto
Declaradamente apaixonado pela história e pela cultura do negro no Brasil, o professor Ubiratan Castro é formado em Direito e História, mas acabou dando prioridade a sua paixão. Hoje, é Doutor em História pela Université de Paris IV, membro da Academia de Letras da Bahia e presidente da Fundação Pedro Calmon. Durante sua trajetória, escreveu livros como “Salvador era assim. Memórias da cidade”, “A Guerra da Bahia” e “Sete Histórias de Negros” e presidiu a Fundação Cultural Palmares. Nesta entrevista à revista Viver Bahia, o professor Ubiratan fala sobre a influência dos negros na formação da cultura baiana e como essa herança africana desperta o interesse de turistas do mundo inteiro
patrimônio da Bahia”
Viver Bahia – O senhor hoje é um dos maiores especialistas na história do povo afrodescendente da Bahia. Como surgiu o interesse em estudar a história do negro? Ubiratan Castro - Como sou de uma família negra baiana, que veio da zona da escravidão, desde cedo me interessei pelo assunto. As histórias da escravidão permearam na minha cabeça desde pequeno, como história de família e aquela coisa da resistência. Fui educado para levantar a cabeça, ir pra frente e não aceitar marginalidade. Ter nota boa na escola era uma obrigação, a educação seria então o nosso único caminho. Então cresci sabendo que tinha que estudar muito, tirar nota boa, porque se não fosse bom aluno, não teria chance, sendo eu um negro. Dedicar-me a esse tema foi
VB – Na sua opinião, como os negros influenciaram a construção da cultura e da democracia baiana e brasileira? UC – A Bahia tem uma população de 70% de descendentes de africanos, nas várias tonalidades de pele, mas todos portadores dessa mensagem cultural. Trata-se de uma cultura de várias Áfricas, porque não há uma África só. Somos descendentes de negros de várias áreas africanas, cada uma com sua história milenar. Temos aqui a herança de Angola, do Benin, do Senegal, de Moçambique. Enfim, tudo isso se amalgama aqui na Bahia e transcende para uma cultura diaspórica, através do contato com os índios e brancos. Essa cultura negra dá exatamente o ponto de diferenciação do Brasil para Portugal, por exemplo. O Brasil não é o Portugal diferente, ele tem essa matriz portuguesa forte do colonizador, mas toda diferença do Brasil é dada por essa cultura negra. No momento em que a África começa a se levantar, não só a África do Sul, mas também Angola, Moçambique, Senegal, enfim, a Bahia passou a ser um local natural de contato cultural e de articulação com a África. Essa diversidade baiana atrai toda uma curiosidade de visitantes estrangeiros. A Bahia é sedutora para o mundo porque ela é original, ela tem esse ponto original de convergência, de interação, de influência cultural e isso tem um valor fundamental, que é o valor turístico. Desde os anos 40, quando Jorge Amado começou a difundir pelo mundo inteiro os seus livros, falando do povo baiano,
com a sua cultura negra embutida, com os costumes, a sua alegria, a sua irreverência, vários turistas têm sido atraídos pra cá e muitos deles viraram baianos. Se você reparar, foi por causa de Jorge Amado que Pierre Verger veio para a Bahia. Ele era um viajante do mundo e veio aqui para ver a terra dos livros de Jorge Amado; chegou aqui, se encantou e ficou. Carybé, argentino, veio para a Bahia, se encantou e ficou. Enfim, esses são alguns exemplos de grandes nomes que vieram como turistas, apaixonaram-se pela terra e ficaram aqui. Sem contar os milhões que vieram e voltaram aqui, turistas que ficaram fiéis, que vêm regularmente à Bahia. Além disso, o Brasil inteiro vem aqui buscar a referência do começo do Brasil, do berço do país que nasceu aqui.
VB - E isso tudo influenciou nossa cultura religiosa também? UC - Tem uma coisa muito interessante em termos de cultura negra. Você sabe que o candomblé é natural do Brasil, ele se fundamenta em cultos africanos, mas a organização do candomblé, com vários orixás juntos, como religião, é um fenômeno brasileiro. Muito dos candomblés, das casas de santo de São Paulo e do Rio de Janeiro foram buscar referências na África, viajaram para lá e simplesmente não encontraram candomblé naquele continente. Encontraram o culto de Xangô, de Ogum. No lugar que tem Ogum não tem Xangô, onde tem Xangô não tem Oxalá. Ou seja, lá existe o culto a um orixá específico em cada localidade, bem diferente do nosso candomblé. Chegou-se, então, à conclusão que a matriz, a Roma do candomblé, é a Bahia. Então, a partir dos anos 70, todos os grandes terreiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e outros estados, vêm para a Bahia buscar inspiração, buscar axé e criar uma relação com as casas daqui, como casas matrizes de um candomblé brasileiro. A Bahia tem esse papel matricial, em matéria de tradição religiosa, em matéria de Carnaval. Ou seja, somos uma referência internacional. VB - Essa cultura africana ajudou a moldar esse modo de vida denominado baianidade? UC - São muitos os aspectos que essa cultura nos trouxe para moldar essa baianidade. A primeira delas é a característica de uma civilização solar. Nós não temos aquela coisa europeia do inverno, do corpo coberto, de nos protegermos do frio. Gostamos de andar ao ar livre, tomando sol, nos bronzeando com luz e com uma grande exposição. O baiano, de certa forma, é até meio narcisista. Aqui a galera gosta de se mostrar, mostrar o corpo, desfilar, ser aplaudido. Enfim, essa coisa de fora, da extroversão, diferente de outras civiliza-
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A Bahia tem uma população de 70% de descendentes de africanos, nas várias tonalidades de pele, mas todos portadores dessa mensagem cultural. Trata-se de uma cultura de várias Áfricas, porque não há uma África só.
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“O povo baiano é o maior
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ções caracterizadas pela introversão, até por causa do próprio clima. Os africanos também têm isso, andar nu não é só sacanagem, andar nu é se sentir bem e ser banhado pelo sol, absorver vitamina, mergulhar, tomar banho de mar, essas coisas. Tem outra característica muito própria da África, que é a cultura do “passa a mão”. Se você reparar, um padrão estético-erótico grego, europeu, é da contemplação. Afrodite é bela e ficamos encantados olhando para Afrodite, numa espécie de cultura voyeur, de olhar, de ver revista de mulher nua, de ver desfile. Nesse contexto, a visão é fundamental para se encantar. Na cultura africana que veio para cá, principalmente dos negros nagôs, o que dava excitação nos homens africanos não era olhar, o que faz eles se excitarem é pegar, é colocar a mão para ver como é. O Carnaval é o nosso roça-roça eterno, você tromba, esfrega, passa a mão, você toma tapa, troca beijo. Enfim, do corpo falar por você. Quando encontramos um amigo, nos abraçamos, nos beijamos, sem ter nenhum aspecto sexual. Para nós, é normal beijar os amigos, os parentes, os colegas. Mas essas coisas já não são normais em outras civilizações,
onde as pessoas carregam uma espécie de redoma em torno do próprio corpo, mesmo quando está todo mundo espremido num metrô; em Paris, por exemplo, fica todo mundo apertado no metrô, como numa lata de sardinha, mas todos estão se “defendendo” do contato com o outro. Localizei em uma documentação da chegada dos africanos na Bahia, que fala das tatuagens e das escarificações, que são tatuagens feitas com queimaduras, que levantam uma cicatriz e formam aqueles queloides. Encontrei uma descrição da alfândega na Bahia, com a descrição do corpo das moças africanas, elas tinham um corpo todo bordado com essas cicatrizes, em volta dos seios, pelas costas, nas partes mais íntimas. Todos esses bordados no corpo eram feitos como preparação para o casamento, porque o que dava excitação para os maridos era ir passando a mão no corpo das mulheres e acompanhando esses bordados. VB - Nos últimos anos, nosso patrimônio cultural e artístico vem sendo recuperado. Como o senhor acha que essas restaurações valorizam o turismo e atraem visitantes? UC - Salvador é uma cidade portadora de uma arquitetura colonial. Considerando que ela foi capital do Brasil até
1763, aqui se instalaram os primeiros prédios públicos, igrejas, a própria cidade foi importante para o comércio e a indústria açucareira até o século XX. Então ela tem uma das áreas urbanas mais representativas do Brasil, desde o barroco colonial, e eu acho que é um trabalho permanente a preservação, reparação, manutenção e cuidado com esse patrimônio material. Por exemplo, a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, no Pelourinho, é uma igreja que vem desde 1700, de uma irmandade que surgiu em 1680. É um dos prédios mais visitados do Pelourinho, então a recuperação é algo que é fundamental para o turismo da Bahia. É uma coisa muito preciosa, você reavivar, preservar a beleza original e acima de tudo a estrutura. Outra restauração importante foi a do Palácio Rio Branco. Aquilo ali é a história do poder, foi a primeira casa de governador do Brasil. Abrigou o governador-geral, em 1549, quando ainda era feita de taipa e sofreu vários processos de expansão e de consolidação. Já nos anos de 1600, o palácio ganhou uma construção de pedra e cal. Depois, ele passa por todo um período republicano, quando foi refeito. Em 1912, teve o bombardeio que incendiou o prédio todo. O palácio foi reconstruído nessa forma atual, num estilo eclético francês Fotos; Rita Barreto
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da Belle Époque. Agora foi recuperado nos seus detalhes originais e ficou muito bonito. O turista que vai ao Palácio Rio Branco está em busca de uma referência histórica da Bahia, tanto que nós temos lá o Memorial dos Governadores, onde se encontram fotografias de todos os governadores e seus respectivos objetos pessoais. Nossa intenção é fazer daquilo um memorial da Bahia, moderno e digitalizado, como o Memorial JK. VB – Na sua opinião, o que faz com que a Bahia se destaque como um dos principais destinos turísticos do mundo? UC - A Bahia tem o que mostrar, tem sua originalidade, é um pouco do que dizia Milton Santos: “Uma nova globalização é aquela que se tem articulação internacional, mas também afirma e mantém suas características locais.” Então a Bahia não procura imitar Nova York, nem é nenhuma Buenos Aires, que copia e imita as cidades europeias. A Bahia tem seu jeito de ser, seus becos, seus costumes e abre isso para o mundo inteiro. Então, essa força da cultura local, que se integra com o mundo, nem todos os lugares tem isso. A Bahia é cosmopolita sem ser colonizada, sem ser uma cópia, essa originalidade é que atrai as pessoas. Quem vem da Europa e dos Estados Unidos quer saber como é viver nos trópicos, viver numa África que não é a África, que não tem a pobreza da África, que tem todos os recursos de comunicação, de saúde, mas que é africana. Essa identidade forte da Bahia é que atrai essa curiosidade e oferece uma alternativa de vida para quem está numa rotina europeia e americana, aquela rotina feroz do trabalho. Então, um italiano não vem aqui pra encontrar a Itália, ele vem para encontrar algo diferente, vem encontrar a Bahia. Essa nossa individualidade é um produto internacional, essa identidade local muito forte que se integra, que convive e sofre influência a todo o momento. Se você olhar o Carnaval e o Axé, de repente o pessoal absorveu a cultura da guitarra, da eletrificação, essa cultura que surge com o Iê-iê-iê, com o blues, a gente não reprocessou e ficou aqui fazendo blues, fazendo rock e começamos a devolver como Axé. O reggae, que veio de fora, foi reprocessado e virou samba-reggae. Então, essa é uma coisa que encanta
outros países. Temos o samba brasileiro, mas é um samba diferente, quando chega na Copa do Mundo, a Globo tem que colocar o Olodum no Pelourinho, porque o samba-reggae é do Pelô, isso é muito próprio da Bahia. Eu sei que é um discurso afirmativo, mas eu sou um ativista afirmativo. O baiano não é lerdo, ele faz as coisas no tempo certo. A Bahia tem um patrimônio característico que é o povo baiano, seu modo de ser é que é seu grande patrimônio, além do patrimônio material. As pessoas vêm aqui para conhecer o povo baiano, temos praias bonitas, mas também temos o povo que está na praia. Tanto que hoje existe uma exportação desse modo de comportamento; tenho uma amiga que diz: “Baiano hoje não é mais indicativo de naturalidade, baiano hoje é um modo de ser brasileiro”. O turista passa um tempo aqui e volta para casa meio baiano. Esse é um patrimônio que é referência nacional e internacional. E vender esse destino, ao mesmo tempo que é difícil, é muito gratificante e muito mais fácil, tudo que temos aqui é atraente e duradouro.
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As pessoas vêm aqui para conhecer o povo baiano, mas também temos o povo que está na praia. Tanto que hoje existe uma exportação desse modo de comportamento.
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Entrevista: Ubiratan Castro
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Suingue eletrônico
No cenário urbano, conhecido no meio como clubber, o movimento Pragatecno, criado em 1998 no Norte e Nordeste do Brasil, cultua os DJs e volta-se para as festas em clubes, com house music, tecnohouse e break beats. Quem explica melhor é um dos fundadores do movimento, o DJ Cláudio Manoel. “A ideia principal é procurar trazer à tona as novidades da cultura experimental. Música eletrônica é arte experimental, é arte contemporânea. O Pragatecno defende que a cultura da música eletrônica é uma expressão artística da Cibercultura”, explica.
Nara Gentil/Divulgação
Raves
Diego Teschi/Divulgação
No ritmo alucinado da batida eletrônica, modernos e rebeldes agitam as festas raves da Bahia
Misturando programação intensa e ritmo eletrônico, festas modernas atraem público diversificado z Simone Cabral
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Q
ue a Bahia é um caldeirão musical todo mundo já sabe. Mas na terra do samba e do axé music, expressões multiculturais, como a música eletrônica e as raves, uma das festas mais importantes para divulgação do gênero no mundo inteiro, já disputam a preferência de um público cada vez mais diversificado. Eventos como o Universo Paralello, a Aurora ou a Earth Dance, representantes de diversos núcleos da cena eletrônica no Estado, começaram a ganhar força a partir do ano 2000 e hoje reúnem milhares de pessoas da Bahia e de outros estados ou países em finais de semana dedicados à diversão e
conscientização ecológica. O que poucos sabem é que, na verdade, as primeiras raves do Brasil surgiram na Bahia. Oficialmente concebidas na década de 1980, as raves constituíam-se em festas destinadas a reunir pessoas durante semanas e promover a integração através da música, da dança e de diversas formas de arte. Mas o termo não é tão recente. Já em 1960, em Londres, na Inglaterra, este era o nome utilizado pelo movimento hippie para designar festas particulares que aconteciam em sítios. Na Bahia, os primeiros passos para a construção da cena eletrônica aconteceram em 1997,
DJs e anônimos interagem na escolha da trilha musical eletrônica da cena baiana
com a festa “Antes da Tempestade”, em Itapuã, promovida pelo núcleo Soononmoon que, por ter sido pioneiro, funciona como uma espécie de catalisador do cenário. De acordo com o DJ e produtor musical Nazca, que desde o início participa da promoção das festas na Bahia, o Estado tem um grande potencial para a difusão do estilo. “A Bahia sempre foi um lugar especial para a cena rave no Brasil. Aqui surgiram as primeiras raves do país, nos anos 90, em Trancoso, e daqui a cena expandiu-se para todo o Brasil”, conta. Para o jornalista e produtor de eventos José Eduardo Carvalho, o ZeDu, o início da cena por aqui misturava vários estilos,
como house, techno, trance, dentre outros. “Todos os núcleos tinham seus produtores, DJs, VJs e artistas da cena digital. Em meados de 2000, a música eletrônica teve seu boom e, com isso, surgiram inúmeros grupos e formatos de festas, das mais undergrounds, como no início do movimento, passando por modelos extremamente comerciais”, explica. “A cena eletrônica de festas open air (que se distingue da cena clubber, que acontece nas boates e clubes) de Salvador é extremamente ativa e uma das mais respeitadas do Brasil”, explica o DJ Nazca. Mesmo assim, as raves não dominam sozinhas a cena eletrônica na Bahia.
Cena Baiana – Consolidado como um dos principais polos da música eletrônica, o estado da Bahia conta hoje com diversos núcleos responsáveis por manter a rotatividade das festas. O Soononmoon, o mais antigo e influente do Norte-Nordeste, organizador da Aurora, promove raves a cada três meses desde 1997. O Funhouze, existente desde 2008, produz eventos constantemente e ainda há movimentos menores voltados para a cena psytrance, como Azure, Olotropo, Records e UFO. Quem frequenta, elogia a diversidade musical e cultural em qualquer das vertentes. O fotógrafo Gabriel Fagundes, 22 anos, é adepto das raves há pelo menos quatro anos, embora se interesse pelo assunto desde mais novo. “O interesse é pelo fato de ser uma festa diferente das outras, em que você não só vai para se divertir, mas também para se conectar com a música, senti-la ou até mesmo, em determinados momentos, ‘tocá-la’. A música eletrônica tem poderes místicos que muitos não sabem”, declara Gabriel. A diversidade do público funciona ainda como um atrativo para os eventos. “É um público Viver Bahia | 43
Caldeirão cultural – “A rave é uma manifestação de arte visionária, seja ela na música (psytrance), na dança coletiva, nas artes visuais ou na projeção de imagens”, diz Nazca. Além da música, que é o tema central das raves, outras formas de arte e cultura são abordadas durante os eventos. Exemplos disso são os shows de pirofagia (artefatos com fogo), malabares, clowns (palhaços), danças tribais e performances, dentre outros. Além disso, os próprios frequentadores costumam vender camisas customizadas, fazer maquiagem artística ou mesmo promover campanhas de conscientização ecológica. “O clima é de respeito coletivo, de transcendência, de contato com a natureza na sua forma mais intensa e prazerosa”, explica o produtor ZeDu. Ainda assim, o preconceito com as raves é evidente, principalmente por conta do consumo de substâncias psicoativas, como o ecstasy e o LSD, uma das mais potentes substâncias alucinógenas. Quanto a isso, produtores e frequentadores compartilham da mesma opinião: “As pessoas precisam tirar da cabeça que rave 44 | Viver Bahia
Reconheça as principais batidas
Próximas paradas Confira as datas e programe-se para próximas raves que acontecem na Bahia ainda este ano. Hell & Heaven 2010 O maior resort da América Latina, o Costa do Sauípe, receberá a segunda edição do Festival Hell & Heaven 2010. O festival é o primeiro de música eletrônica voltado para o público GLS, realizado em um resort de luxo brasileiro. Será novamente um evento único, onde os maiores núcleos do Brasil e exterior estarão reunidos em cinco grandes festas temáticas. Renomados DJs da cena eletrônica formarão o line-up dos três dias de muita música, gente bonita, alegria e diversão. Data: 05 a 07 de novembro de 2010 Local: Resort Costa do Sauípe, Costa dos Coqueiros Preço inicial: R$ 640 Tel.: (11) 2478-1784 Informações: www.hhsauipe.com.br
Se você ainda não é um iniciado no tema, não se intimide. Escolha um figurino extravagante e entre no clima. Mas, para não dar vexame, saiba reconhecer os diferentes tipos de música eletrônica.
é lugar de maluco, que as pessoas só vão para se drogar. É preciso ter a consciência de que é um evento do novo século e que a música que toca não é só um simples ‘tuntz, tuntz’, mas sim uma pura energia positiva que só quem gosta e sente sabe o que aquilo significa”, defende o fotógrafo Gabriel. O produtor ZeDu também contesta a visão da maioria. “O preconceito contra as raves reflete na mesma proporção a hipocrisia da sociedade contemporânea. Uma sociedade ‘movida a álcool’ de maneira abusiva, desrespeitosa e perigosa - quando coloca em risco a vida de outras pessoas, sem falar do abuso moral -, não pode criticar eventos com 0% de índice de violência”, afirma. Dicas – Antes de ir a uma rave, deve-se lembrar de algumas características importantes da festa. Por exemplo, um evento dura, no mínimo, 24 horas, mas pode chegar a cinco dias de música eletrônica, sem intervalos. Portanto, se você pretende curtir até o final, é essencial que leve uma barraca, use tecidos leves e sapatos confortáveis, além de se prevenir para emergências. * Colaboraram Clarissa Pacheco e Leila Pereira
Techno: nasceu na cidade de Detroit, nos EUA, por volta de 1980, com influência alemã. Mais tarde, passou a ser adotado por produtores europeus. House: o nome é uma homenagem ao pub onde o estilo foi concebido no início dos anos 80, o Warehouse, em Chicago, EUA. Representa, para a maioria dos adeptos do estilo, uma vertente da disco music. Acid: o estilo é uma subvertente do house. Também criado nos EUA, na década de 1980, o acid mistura elementos do house com um som mais pesado e grave. O termo deriva do uso comum de LSD (chamado de ácido) durante as festas.
303 Art Festival A primeira edição do festival acontece em uma das mais belas praias do Sul da Bahia, numa fazenda entre Trancoso e Caraíva, com uma distância de 20 km entre os dois povoados. Com grandes nomes da cena eletrônica, atrações e encontros especiais, o evento promete uma energia forte e inspiradora. Data: 29/12/2010 a 02/01/2011 Local: Caraíva, Costa do Descobrimento Preço Inicial: R$ 290,00 Tel.: (71) 9133-9030 Informações: www.303artfestival.com SPragatecno: www.pragatecno.com.br/ Coletivo Soononmoon: http://www. soononmoon.org Nara Gentil/Divulgação
Nara Gentil/Divulgação
extremamente híbrido, do gótico ao playboy, do roqueiro ao GLS, do raver ao paraquedista que chega de outra festa”, enumera Nazca. A maioria é composta por jovens na faixa dos 18 aos 35 anos, de classe média ou classe média alta. Na terra do axé, quem não curte a música tradicional da Bahia recorre às raves para garantir diversão. “Gente de todos os tipos, etnias, classes sociais e de países diferentes. É na verdade um encontro de tribos. Já encontrei pessoas do Chile, EUA, Europa.. Eu costumo dizer que as pessoas se relacionam através da energia que paira no ar”, explica Gabriel.
Diego Teschi/Divulgação
Raves
Trance: diferente da maioria dos estilos, o trance emergiu no início dos anos 90 como uma derivação do house e do techno. Caracteriza-se pelas batidas constantes e progressivas. Drum’n’ bass: surgiu na Inglaterra, na década de 1990, como uma vertente do acid. Ao longo do tempo, as batidas rápidas incorporaram também elementos de outros estilos, como o jazz, o funk, o hip-hop, o rock e o metal.
As festas acontecem durante o dia e à noite também, em plena interação com a natureza Viver Bahia | 45
Irmanados pelo
Jota Freitas
Turismo Étnico-Afro
Símbolo da miscigenação cultural e religiosa da Bahia, Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos comemora 325 anos de resistência
Rita Barreto
sincretismo z Ana Paula Cabral
F
oram quase 100 anos de luta e muito trabalho para que os negros escravos e alforriados convertidos à fé católica pudessem ver, erguida no Pelourinho, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, sede da Irmandade que leva o mesmo nome e que, neste mês de outubro, comemora 325 anos de existência. Dois séculos depois, o templo construído a conta-gotas pelos africanos, recebeu uma ampla reforma, que será entregue ao público em dezembro deste ano. A Igreja, localizada no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, chama a atenção de baianos e turistas tanto pela sua beleza artística e arquitetônica quanto pela peculiaridade das suas celebrações, mescladas por elementos originários do cristianismo e da religiosidade de matriz africana. As obras de recuperação, iniciadas em setembro de 2009, possibilitaram intervenções na estrutura de alvenaria do prédio, a recuperação do tabuado do piso e do teto, além da restauração das imagens 46 | Viver Bahia
Santa Ifigênia
sacras que compõem o seu acervo. O projeto de reforma, executado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) do Estado, envolveu recursos da ordem de R$2.279.818,16, oriundos do Ministério do Turismo e contrapartida do Governo do Estado. A comemoração dos 325 anos da Irmandade abrange uma extensa programação, que começa em outubro e prossegue até dezembro, quando as obras de reforma da Igreja estarão concluídas. Irmandade - A história da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos confunde-se com a própria história
dos escravos africanos na Bahia. Seus registros testemunham a forma de viver dos negros e suas alternativas de sobrevivência dentro de sociedade ora colonial e escravocrata, ora independente, mas sempre patriarcal e racista. Na impossibilidade de manifestar publicamente suas religiões, os africanos buscaram demonstrar sua fé através de vários expedientes. Enquanto uns optaram por praticá-la às escondidas e de forma camuflada, outros elegeram o culto a santos negros da Igreja Católica. Assim, nasceram os cultos a São Benedito, Santa Ifigênia, São Elesbão, Santo Antônio de Catagerona, Nossa Senhora da Boa Morte, Nosso Senhor dos Martírios, dentre outros. Esses cultos acabaram por se constituir em associações denominadas Irmandades. Segundo o historiador João Reis, na sua concepção, elas representavam um espaço de relativa autonomia dos africanos, no qual seus membros construíam identidades sociais significativas através de festas, assembleias, eleições, funerais, missas e assistência mútua, no novo território, cuja realidade e perspectiva de futuro eram incertas. Tratava-se de uma espécie de família ritual, em que africanos transplantados de suas terras para o Brasil viviam e morriam solidariamente.
Vista da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, a partir de um dos antigos casarões coloniais no local Viver Bahia | 47
Idealizadas pelos brancos, sobretudo pelos jesuítas, como uma estratégia de evangelização, e consequentemente de domesticação do africano, essas associações, em um primeiro momento, pretendiam apenas introduzir elementos dos cultos dos africanos na religião dos senhores. Com o tempo, elas passaram a se constituir em instrumento de identidade e solidariedade coletivas. Fundada em 1685, a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos foi confirmada na Catedral da Sé no mesmo ano. No início do século XVIII, entre 1703 e 1704, os membros da congregação deram início à construção da capela, em terreno cedido pelo governo português, às Portas do Carmo, local onde hoje se encontra o Pelourinho. Mas a capela somente ficou pronta em 1781. A irmandade desfrutou de tanto prestígio que, em 1904, foi elevada à categoria de ordem terceira, recebendo da Arquidiocese de Salvador o título de Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo.
Fotos: Rita Barreto
O prior Júlio César
Imagens sacras do século XVII restauradas
Mais do que submissão à Igreja Católica, as irmandades negras, especialmente na Bahia, mantiveramse como instrumentos de preservação da cultura africana – assim como a capoeira e os quilombos – e de ascensão dos negros em uma época em que eram tratados como seres sem alma. Uma simbiose cultural que atrai curiosos e personalidades de mundo inteiro.
A pintura do teto de madeira recebeu atenção especial dos restauradores 48 | Viver Bahia
Igreja levou 100 anos para ser erguida
Fotos: Rita Barreto
Turismo Étnico-Afro
Santo Antonio do Categeró
Igreja mistura barroco, rococó e neoclássico
Com a primeira sede funcionando na Igreja da Sé, somente em 1704 a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário teve autorização do arcebispo Dom Sebastião Monteiro da Vide para construir seu próprio templo, no terreno íngreme doado pela Coroa portuguesa, às Portas do Carmo, região suburbana da época - já que estava fora dos portões da cidade. As obras da igreja, que se alargaram por praticamente um século, foram realizadas e financiadas pelos próprios negros da irmandade, que reservavam seus poucos momentos de descanso para carregar pelas ruas e ladeiras de Salvador os materiais necessários para uma construção da época e realizar serviços diversos durante a obra. “A cal, fruto da moenda de conchas do mar, vinha da Ilha de Itaparica. A areia e as pedras foram trazidas da Cidade Baixa”, explica o prior, Júlio Cesar Soares. Tombado em junho de 1938, pelo então Serviço do Patrimônio Histórico Nacional (SPHAN), o templo mescla os estilos barroco, rococó e neoclássico. Sua construção original continha apenas uma porta,
mas a existência de duas torres de linhas ondulantes foi planejada pela irmandade como forma de elevar seu status. De acordo com Júlio Cesar, que também é historiador, a intenção dos irmãos do Rosário era mostrar a imponência da irmandade negra do Pelourinho, já que as igrejas de duas torres pagavam maior imposto à Arquidiocese. Duas das portas laterais da fachada atual foram construídas no período em que a Paróquia do Paço funcionou na sede da Igreja até o Conde de Sabugosa permitir a construção da Igreja do Paço, para onde a paróquia foi transferida posteriormente. Além da fachada, a parte interna da igreja merece destaque pelo capricho dos seus detalhes. A ala central (nave) tem piso todo em mármore e muitas paredes são revestidas de azulejos portugueses que, através de desenhos, revelam aspectos da vida de São Domingos, o instituidor da devoção do Rosário. Uma das gravuras tidas como de maior valor para a Irmandade, que segue a mesma orientação da ordem dos Dominicanos, é o episódio em que o santo recebe o rosário das mãos de Nossa Senhora. Púlpitos em estilo rococó somam-se aos altares neoclássicos do entalhador João Simão, às galerias de onde as famílias dos irmãos assistiam às missas e às pinturas do teto, atribuídas a José Joaquim da Rocha. Acima do altar, nos desenhos de Rocha, Nossa Senhora do Rosário figura com o menino Jesus nos braços, tendo a pomba do Espírito Santo no alto, Santa Rita e São Domingos a seus pés e, ao seu lado, rainhas que representam os quatro continentes conhecidos até o início século XVIII. Já as pinturas da nave retratam a glorificação de Nossa Senhora, além de anjos e
Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
representações das mulheres das histórias bíblicas e dos apóstolos evangelistas: Marcos, João, Mateus e Lucas. No altar-mor, o grande destaque é a imagem de Nossa Senhora do Rosário esculpida em madeira no século XVII, medindo 1,74m. De posse da Irmandade, a santa foi transladada da Igreja da Sé para a do Rosário dos Pretos, quando de sua construção. Nos altares secundários, os santos negros ganham destaque com a presença de imagens de São Benedito, Santo Antônio de Catageró e Santa Ifigênia. Ainda no acervo da igreja, uma coleção de imagens de santos datadas dos séculos XVII, XVIII e XIX tem lugar na sacristia, sendo em sua maioria ofertas de irmãos do Rosário e de suas famílias. A beleza dos traços das pinturas, dos gradis e dos entalhes das imagens chama atenção pela delicadeza e riqueza de detalhes. Tudo na igreja remete à arte e à curiosidade de entender a dinâmica da antiga comunidade dos homens pretos, ainda pouco conhecida por quem não é membro da irmandade. Viver Bahia | 49
Arempebe
De aldeia hippie a paraíso ecológico Situada no Litoral Norte de Salvador, na Costa dos Coqueiros, vilarejo ainda atrai pela mística dos anos 60
Rita Barreto
z Eduardo Pelosi
A bela praia de Arembepe mistura-se harmoniosamente com a pequena vila 50 | Viver Bahia
C
om mais de 1.100 km de litoral, a Bahia tem opções de praias para todos os estilos e gostos. Dentre todas as praias oferecidas nesse imenso tabuleiro litorâneo, Arembepe é um lugar diferente, pouco explorado como destino turístico, mas que já atraiu figuras ilustres e artistas do set internacional, como Mick Jagger, Janis Joplin e Roman Polanski e celebridades nacionais, a exemplo de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Raul Seixas. O significado do nome Arembepe, do tupi-guarani “aquilo que nos envolve”, traduz a magia do local, que mistura agito e tranquilidade. Distante 24 km do Aeroporto de Salvador, o distrito já foi parte de uma fazenda de cocos, que, posteriormente, tornou-se uma pequena vila de pescadores. Hoje a localidade é considerada um dos portões de entrada da Costa dos Coqueiros, com natureza exuberante e uma infraestrutura que conta com hotéis, pousadas, bares, restaurantes, uma base do Projeto Tamar e a famosa Aldeia Hippie. A faixa litorânea de Arembepe é dividida em cinco praias, que se estendem por 7 km, com águas agitadas ao norte e calmas ao sul. Entre elas está a Praia do Piruí, que além de reunir piscinas naturais durante a maré baixa, é frequentada por surfistas amadores e profissionais, que aproveitam o mar agitado e as grandes ondas para a prática do esporte. Viver Bahia | 51
Outra praia muito procurada é a do Porto, localizada no centro do distrito, com piscinas naturais entre as pedras e com uma concentração de barracas, restaurantes e bares na beira da praia, com um cardápio completo de comidas baianas, frutos do mar frescos, pescados na região, e drinques com frutas tropicais. Na Praça das Amendoeiras, nativos e turistas misturam-se durante o dia e a noite, em um ambiente familiar, arborizado, e os restaurantes, bares e pizzarias são um verdadeiro atrativo para quem quer aproveitar a vista do mar e as delícias gastronômicas da região. Além dos restaurantes típicos, alguns estabelecimentos são gerenciados por estrangeiros que vieram morar no local e oferecem pratos da culinária internacional. As feiras de artesanato realizadas na Praça das Amendoeiras formam uma verdadeira vitrine da cultura local. Ali, são expostas esculturas talhadas em madeira, roupas feitas com fibra de coco e com palha de coqueiro, piaçava e palmeira, brincos, anéis e outros acessórios, além de pinturas em camisetas e
Fotos: Rita Barreto
Arempebe
A grande faixa de areia permite áreas de lazer no entorno da praia
quadros feitos por artistas locais e moradores da Aldeia Hippie. As barraquinhas também vendem comidinhas regionais como beijus, carne do sol com aipim, churrasquinho e crepes recheados com carne seca e queijo coalho. Estrangeiros - Entre os restaurantes mais badalados de Arembepe, o Mar Aberto chama atenção pelo ambiente descontraído, aconchegante e com uma bela vista para o mar, bem pertinho da areia. Decorado com quadros de artistas baianos, o local atrai turistas pela simplicidade aliada ao conforto e a pratos requintados. Premiado
A pequena vila ainda conserva atmosfera de cidade de interior 52 | Viver Bahia
por diversos guias de turismo e de culinária, o espaço ganhou fama através do boca a boca dos clientes. Com opções da culinária baiana, frutos do mar, carnes, massas e saladas, o cardápio do restaurante destaca-se pela apresentação dos pratos e pela qualidade dos ingredientes, com frutos do mar sempre frescos. De entrada, uma água de coco fresquinha e a isca de badejo são ideais para se entrar no clima. Os pratos mais procurados são a lagosta grelhada, o vermelho grelhado e a moqueca de camarão. Além disso, o restaurante oferece uma carta de vinhos e opções para vegetarianos. O restaurante Mar Aberto surgiu da paixão de um turista belga pelas praias de Arembepe. Thierry Nicodeme conheceu o local quando ainda era apenas uma vila de pescadores, com duas praças, muitas amendoeiras e areia. “Vim para Salvador em setembro de 1983, e me convidaram para conhecer Arembepe. Fiquei encantado com o lugar e conheci o João Sá, meu sócio brasileiro aqui. Depois de viajar por toda a América do Sul, resolvi voltar, e montamos o restaurante em dezembro de 1984”, relata Nicodeme. O belga conta que, desde o início, a intenção era criar um espaço aconchegante, alternativo, mas prezando sempre pela
qualidade do serviço e da estrutura local. “Quando compramos esta casa, ela estava em ruínas; nós a reformamos toda e, com o tempo, fomos pegando gosto e trabalhamos cada vez melhor, sempre aprimorando algo da infraestrutura e dos pratos. Quando fomos ver, começamos a ser indicados para premiações e concursos”, explica o dono do restaurante, que não faz propaganda para atrair a clientela. Para Nicodeme, Arembepe tem grande potencial turístico que ainda não é totalmente explorado. Ele conta que o local recebe muitos turistas do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste do país, mas não o considera como um destino turístico por falta de mais infraestrutura. “Temos muitos clientes que vinham com os pais, anos atrás, e agora estão adultos, trazem as esposas e os filhos para conhecer Arembepe. Isso mostra como somos sempre lembrados por quem conhece o local, mas ainda precisamos nos adequar mais e sermos mais receptivos para o turista”, conclui o dono do restaurante, que está sempre atento à atividade da cozinha e atende pessoalmente os clientes nas mesas. Assim como o belga Thierry Nicodeme, outros estrangeiros adotaram Arembepe como sua casa. Argentinos, espanhóis e italianos estão na lista das nacionalidades que podem ser encontradas pelas ruas da vila. Além dos estrangeiros, os brasileiros também se encantam com as belezas naturais e o povo hospitaleiro de Arembepe. A paulista Gabriela Menezes, de 34 anos, escolheu o local como seu segundo lar e não abre mão de passar o verão e os feriados na sua casa de veraneio. “Aqui a gente pode se desligar do mundo, cuidar da gente e aproveitar as praias, o rio, a Aldeia Hippie e tudo de bom que esse lugar oferece”, ressalta.
Rita Barreto
Moradores da aldeia convivem entre as águas doces do rio e o sal do mar
Aldeia Hippie é uma atração especial
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isitar a Aldeia Hippie de Arembepe é fazer uma verdadeira viagem no tempo. Espremida entre as piscinas naturais formadas pelos recifes da praia e pela lagoa do rio Capivara, a aldeia reúne cabanas rústicas feitas com pedras e cobertas de taipa e um clima de liberdade total e desapego que reinou durante as décadas de 60 e 70. O local que já recebeu artistas como Janis Joplin, Mick Jagger, Roman Polanski e os Novos Baianos, é um dos poucos redutos do movimento hippie, em todo o mundo, que sobreviveram dos atordoados anos 60. A fama da aldeia continua atraindo turistas brasileiros e estrangeiros, artistas, empresários e intelectuais que procuram um lugar para descansar e esquecer
das obrigações e agitos do século XXI. Entre os visitantes ilustres, a estrela mais lembrada é a cantora Janis Joplin, que esteve no local no verão de 1970, após passar pelo Rio de Janeiro e por Salvador. Provavelmente, a Aldeia Hippie de Arembepe, cenário ideal para a música “Summertime”, local onde ela se hospedou durante alguns dias, aproveitou o sol e o mar da Bahia, sempre acompanhada de uma garrafa de cachaça, fez amigos, deixou muitos presentes e, segundo dizem, até arranjou um namorado. Hoje, a aldeia tem cerca de 40 cabanas, onde moram, aproximadamente, 80 pessoas. As moradias oferecem hospedagem para turistas e espaço para camping, com diárias que variam entre 10 e 30 reais. Além das casas, a aldeia possui um centro de artesanato, restaurante e escola para as quinze crianças que moram no local. Como não é possível construir novas cabanas na região, quem quiser morar na Aldeia Hippie precisa aguardar que alguém Viver Bahia | 53
Arempebe
Informações
úteis
Tartarugas recebem atenção especial
A queira sair para ocupar a casa do antigo morador. Entre os moradores mais antigos está o artista plástico Luiz Cerqueira, 51 anos, que conheceu Arembepe em 1985. Ele trabalhava com serigrafia, foi vender camisetas na vila e se apaixonou pelo local. Junto com um amigo peruano, Cerqueira comprou a cabana onde hoje mora com a mulher e a filha e, aos poucos, foi dando forma à casa que continua em constante construção. O ambiente tem algumas paredes de pedra, outras de taipa e o telhado coberto com palhas. A casa é um verdadeiro museu com fotografias, quadros, esculturas e camisetas com pinturas do surrealismo abstrato. Luiz Cerqueira pode ser facilmente identificado por quem chega à aldeia: negro, magro, com roupas rasgadas, óculos escuros com armação redonda, e as mãos sujas de tinta, ele recebe os visitantes com a casa aberta. Segundo Cerqueira, sua cabana já foi visitada por mais de 70 mil pessoas, de 53 países. O cenário 54 | Viver Bahia
rústico-psicodélico da residência já levou o fotógrafo JR Duran a realizar ensaios com modelos para grifes como Dolce & Gabana e Versace. “Aqui nós recebemos todo tipo de gente, presidentes de banco, ministro, atores, médicos, advogados, etc. Muitos estrangeiros procuram a aldeia e ficam encantados com tudo isso. A nossa vida é de trabalho, festa e conservação da natureza, tudo com simplicidade e naturalidade”, ressalta Cerqueira, enquanto mostra trechos do livro “Naquele tempo, em Arembepe”, do escritor Beto Hoisel, que conta a passagem de artistas famosos pela aldeia. Sobre a organização dos moradores, o artista conta que existe uma associação e um estatuto. “Mas eu não faço parte. A gente veio aqui para chutar o balde, acabar com esses conceitos, então não participo”, explica. Além das festas com música e fogueira, em dias de lua cheia, a Aldeia Hippie realiza o Festival da Primeira Lua Cheia de Janeiro, que acontece todos os anos. A festa dura
Fotos: Rita Barreto
O artista plástico Luiz Cerqueira
três dias e conta com apresentações de grupos culturais, celebrações do movimento hippie e shows. Durante os dias do festival, os moradores arrecadam alimentos e livros para a comunidade local. A celebração é inspirada no famoso festival de Woodstock, o mais importante da década de 60, que celebrava a contracultura do movimento hippie.
que abrigam tartarugas adultas de diferentes espécies, filhotes e tartarugas terrestres. A base do Projeto Tamar conta também com um museu educativo, com peças interativas e dioramas, que criam ambientes e situações ligadas à vida das tartarugas marinhas e que levam o visitante a aprender e refletir sobre a proteção. O centro é visitado por turistas e excursões escolares, que fazem visitas orientadas e aprendem cada detalhe sobre a conservação e proteção das tartarugas marinhas em todas as fases da vida. Fotos: Rita Barreto
Natureza exuberante é principal atrativo do lugar
o lado da entrada da Aldeia Hippie, uma base de proteção ambiental do Projeto Tamar também é um dos atrativos de Arembepe. A base foi uma das primeiras instalações do Tamar. No início, era conhecida como base de Interlagos, pois a ação de proteção às tartarugas marinhas começou por iniciativa dos moradores do condomínio que leva esse nome. Em 1983, as atividades eram restritas aos quatro quilômetros de praia da região. Em 1992, a base foi transferida para Arembepe e monitora a reprodução e movimentação das tartarugas marinhas em 47 quilômetros de litoral, da praia da Boca do Rio, em Salvador, até o Rio Jacuípe. Além do Projeto Tamar de Praia do Forte, esta é a única base aberta à visitação. Com cinco biólogos e um oceanógrafo, o Projeto Tamar de Arembepe acompanha toda a reprodução das espécies que passam pela região. O período de desova acontece de setembro a março e a principal espécie encontrada é a Cabeçuda. Durante a desova, os profissionais cercam as áreas onde as tartarugas marinhas depositam seus ovos para garantir a reprodução das espécies. Aberto à visitação todos os dias, das 9h às 17h, com ingressos a R$ 3, o espaço conta com tanques
Como chegar Saindo de Salvador, basta seguir pelas praias do Litoral Norte, passar pela cidade de Lauro de Freitas e pegar a Estrada do Coco (BA-099). Após a praça do pedágio, são menos de 20 quilômetros de rodovia até Arembepe. Os ônibus saem da Estação da Lapa, Terminal da França e Rodoviária, na capital baiana, a cada 30 minutos. A passagem custa pouco mais de R$ 2. Outra opção é ir ao final de linha de Itapuã e seguir viagem em uma das inúmeras vans ou micro-ônibus que fazem o percurso em cerca de 30 minutos. Vindo da Praia do Forte e da Costa do Sauípe, Arembepe está situada logo após a localidade de Barra do Jacuípe. Onde Ficar Enseada do Sol - Loteamento Praia Piruí, lotes 70/71 - Arembepe - T. (71) 3624-1148 www.enseadadosol.blogspot.com Hotel Aldeia de Arembepe - Refúgio Ecológico - Estrada Aldeia Hippie, loteamento 09/10 - Arembepe - T. (71) 3624-1031 / 91535253 www.aldeiadearembepe.com.br Onde Comer Restaurante Mar Aberto - Praça das Amendoeiras, nº 43 - T. (71) 3624-1257 Abassá Restaurante - Rua do Piruí, nº 34 - Praia do Piruí - Arembepe - T. (71) 36242764 / Especialidade: Cozinha meditarrânea Restaurante Fogão de Lenha - Estrada do Coco, km 20 - Arembepe - T. (71) 3628.1200 BA 099
BA 522
CAMAÇARI
AREMBEPE
LAURO DE FREITAS
SALVADOR
AREMBEPE SALVADOR
Projeto Tamar Viver Bahia | 55
Artesanato
Arte em cerâmica
Habilidade transmitida há gerações, peças de Rio Real encantam pela delicadeza das formas z Ana Paula Cabral
Espécie de estufa que mantém a matéria-prima
Daniel Santiago
A
A cerâmica genuinamente baiana de Rio Real
Dos pés que amassam o barro às mãos que moldam a massa
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rte genuinamente popular, passada de mãe para filha durante gerações. É assim a tradição da produção artesanal de cerâmica na cidade de Rio Real, distante 202 km ao norte de Salvador, na divisa com o estado de Sergipe. Apesar do modo rudimentar de produção, as peças surpreendem os amantes do artesanato com suas formas, cores e desenhos, que chegam a quase 200 modelos. Moringas, porrões e potes diversos, outrora utilizados para armazenar água, adquiriram status de artigos de decoração e já ganham novas formas. Entre a variedade de formatos, bichos como sapos, aves e jacarés, além de réplicas do Cristo Redentor e personagens de histórias infantis se somam à produção das ceramistas da cidade e estimulam o desejo de compra de quem gosta de ver a arte rústica se converter em sofisticado bibelô. No município, um dos maiores produtores de laranja do Nordeste, a maior parte da população atua na lavoura, mas algumas famílias ainda
cultivam o gosto pela produção do artesanato, fazendo com que Rio Real seja considerado um dos principais polos de fabricação de cerâmica. A produção dos objetos é completamente artesanal, desde a extração da matéria-prima aos últimos retoques das peças. A matéria-prima é comprada pelas ceramistas nas mãos dos extratores de argila, que enfrentam água até o peito para, com ajuda de um animal de tração e uma carroça, tirarem de dentro dos lagos a melhor argila, que ganhará forma nas mãos das artesãs de Rio Real, como dona Josefina dos Santos. Com 64 anos dedicados à produção da arte em cerâmica, dona Nitinha, como é popularmente conhecida, paga R$ 30 para receber em casa uma porção de cerca de cem quilos de argila, com que trabalha suas peças durante praticamente todo o mês. É sentada no chão, sobre uma fina camada de espuma, no fundo da casa antiga, no distrito de Carro Quebrado, a 2 km do centro de Rio Real, que a artesã, hoje com 72 anos, dá forma a cerca de 40 peças que produz mensalmente. Dona Nitinha conta que o processo de produção é lento, mas o resultado vale a pena. Depois de esfarelar e peneirar a argila, com a ajuda do marido, Antônio Henrique dos Santos, dona Nitinha acrescenta água ao pó, para preparar a massa que será habilidosamente moldada com a ajuda de um pedaço de cabaça em formato similar ao de uma cuia.
Assim, aos poucos, a massa vai ganhando desenho e dimensão. A segunda etapa da produção é seguida pela secagem das peças, que leva em média uma hora, e pela pintura com o tauá - tipo de argila mais escura, dissolvida em água, que dá às peças uma tonalidade entre o marrom e o vermelho. Depois da tinta seca, chega hora de uma das fases mais interessantes da criação dos objetos: o bordado. Com mão firme, dona Nitinha utiliza um pincel improvisado – pedaço de pano desfiado preso a um pequeno talo de coqueiro ou de pindoba - para desenhar seus jarros, mesclando variados modelos de flores e correntes, que impressionam pela criatividade. Desenhos em alto relevo também são explorados por dona Josefina, que molda pedaços da massa de argila e os prende nos vasos antes de fazer as pinturas com o tauá. Como toque final, para endurecer as peças por completo, elas são assadas durante 24 horas num grande forno de tijolos, cuja fonte de calor vem da queima da lenha. “Esse é o maior orgulho da minha vida, pois tem que ter muito amor para fazer a cerâmica”, explica a agricultora aposentada e analfabeta, que aprendeu a arte com a avó, e ainda criança já se utilizava do expediente para comprar suas próprias roupas e ajudar no sustento da família. Outra rio-realense que desde criança guarda a tradição familiar é Áurea Batista dos Santos. “Aprendi a fazer cerâmica com
Vagarosamente, as mãos vão moldando a argila que renasce em formas surpreendentes
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Rio Real é opção de pernoite
Artesanato
minha mãe. Ainda menina eu aproveitava o resto do barro e fazia panelas e forninhos para brincar. Minhas irmãs cuidavam da casa e da comida, mas eu preferia ajudar minha mãe com os jarros e aí eu aprendi”, conta Aurinha, que deixa registrado o seu autógrafo em todas as peças que produz. Para a artesã de 39 anos, o olhar e a imaginação são diferenciais na produção das peças. “Eu vejo um bicho e faço igual na cerâmica. Se eu vejo um desenho bonito ou uma flor, guardo na minha mente e depois pinto nos vasos”, conta. Das mãos dela já saíram, além dos diversos modelos de vasos, santos, baianas, castiçais, abajures, bichos como pássaros, sapos, galinhas, burros, tartarugas, e até petisqueiras, seguindo o formato de um bar localizado no centro do município de Rio Real. Também é de Aurinha a maior parte das cerâmicas que ajudam a embelezar as duas principais praças da cidade. Seus desenhos se destacam pelo traço fino e apurado, que reforça a característica da cerâmica como peça de decoração de ambientes. Da casa de Áurea, a ceramista mais jovem da região, pode sair uma novidade. É que o ofício, até então exclusivo das mulheres, futuramente pode ser trabalhado pelo filho mais novo da artesã: Vanderlei Vasconcelos dos Santos, de 14 anos, que já faz cofrinhos para vender aos
Informações
úteis
Como chegar Distante 190 km da capital, siga de Salvador até Lauro de Freitas, acesso à Estrada do Coco, continuando até Itacimirim e Linha Verde; continue até o município de Conde e pegue a BA-396 até Rio Real. Outra opção é pegar a BR-101, via Esplanada. Onde ficar Pousada Lagoa Grande - Tel: 75 3426-3036 Pousada Tropical - Rua Coronel Benevuto, nº 78. Tel: 75 3426 1001 Pousada Tia Ducarmo - Rua José Martins dos Anjos, nº 29, próximo à Rodoviária. Tel: 75 3426 2145
Rio Real é uma cidade típica do interior do Nordeste
Da argila preta brotam peças utilitárias e decorativas
colegas na escola. “Sei fazer tudo nessa arte. Se for preciso, também tiro o barro, cato a lenha. Meu forno fui eu que fiz, e se meu filho quiser vou dar todo o apoio pra ele seguir com essa arte”, orgulha-se a mãe, que divide o tempo entre as tarefas da produção da cerâmica, a administração de um pequeno bar e a pequena roça, no fundo da casa. Para dar longa vida à arte da produção de cerâmica, desde
março as ceramistas do município passaram a integrar o programa Promoart, do Governo Federal, que tem o objetivo de promover o artesanato de comunidades tradicionais, com ações de valorização, preservação e difusão da cultura popular. Duas vezes por semana, crianças de escolas públicas municipais de Rio Real têm aula de cerâmica com as principais ceramistas da cidade.
Separada de Sergipe pelo Rio Real, a cidade homônima atrai viajantes pelo clima bucólico de cidade pequena de praças bem cuidadas, às margens dos rios Real e Itapicuru, que banha 54 cidades baianas. A viagem para o município pode ser feita por uma das mais bonitas estradas da Bahia, a Linha Verde, que liga Salvador aos principais destinos do Litoral Norte, na Costa dos Coqueiros. Apesar de não ter praias, os rios que cortam a cidade constituem boa opção de lazer tanto para os habitantes do lugar quanto para os turistas. O mais procurado é o rio Itapicuru, a 15 km do centro de Rio Real. Muito frequentado nos finais de semana, o local ainda não conta com infraestrutura de bares ou restaurantes às suas margens, mas o banho gostoso nas águas claras e mornas do Itapicuru compensa. Na zona rural, a cultura africana desperta a curiosidade dos que
visitam a comunidade quilombola do Mucambo do Rio Azul. Já o centro da cidade seduz seus visitantes pelo clima bucólico e pelo aconchego das praças Antonio Carlos Magalhães e José Martins Barbosa. Com árvores podadas em forma de animais, fontes, banquinhos e muita cerâmica em formato de vasos, animais e personagens de histórias infantis, elas convidam os turistas para uma boa prosa e para o registro da passagem pela cidade. Outra atração é a igreja matriz de Nossa Senhora do Livramento, datada de 1885, quando o município ainda estava sob condição de Vila de Nossa Senhora do Livramento do Barracão. As festas também são grandes atrativos da cidade. Os destaques são a festa de Reis (janeiro), São João, a festa da padroeira (setembro), o Carnaval fora de época, micareta MicaReal (outubro) e a MotoFest – encontro anual de motoqueiros de todas as partes do Brasil.
Onde comer Restaurante Tia Ducarmo - Praça da Rodoviária. Tel: 75 3426 2145 Churrascaria O Varandão - Praça Senador Antonio Carlos Magalhães. Tel: 75 3426 3043 Rest. e Espaço Mangueirão - Rua Vila Rica, s/n Churrascaria Sabor da Carne - Praça da Caixa D’Água Onde comprar Artesã: Maria do Carmo Ferreira dos Santos - Povoado Lima - Bairro Santa Rita (proximo à escola municipal). Distrito de Carro Quebrado Artesã: Áurea Batista dos Santos - Estrada da Lagoa de Baixo, Povoado Rebolo - Bairro Santa Rita. Distrito de Carro Quebrado Artesã: Josefina dos Santos - Rua da Creche Betel, nº 288 - Povoado Santa Rita (próximo ao loteamento Raimundo Guimarães) Distrito de Carro Quebrado Artesã: Maria do Livramento Borges Estrada da Lagoa de Baixo - Povoado Santa Rita. Distrito de Carro Quebrado
Panelas são moldadas pelas mãos e pintadas em pincéis feitos de fios de tecido. O que era preto fica rosado e o que era cinza fica branco
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Cruzeiros Marítimos
No balanço do mar
O Porto de Salvador vai receber 135 cruzeiros entre outubro e maio de 2011
Viagens de navios e transatlânticos tornam-se opções acessíveis e divertidas
C
om a abertura da temporada de Cruzeiros Marítimos, muitos turistas aproveitam a oportunidade para viajar a bordo de navios luxuosos que proporcionam atividades de lazer, banquetes, piscinas, cassinos e toda a infraestrutura para fazer com que os passageiros não sintam o tempo passar. Paradas obrigatórias para quase todos os pacotes, as cidades de Salvador e Ilhéus recebem navios repletos de turistas que aproveitam para conhecer os pontos turísticos, praias e atrativos culturais da Bahia. Nos meses de outubro a maio, a capital baiana vai receber 135 cruzeiros e mais de 293 mil 60 | Viver Bahia
passageiros. Com opções que variam de R$ 700 a R$ 3 mil, as agências de viagem oferecem opções de pagamento parcelado e refeições, opções de lazer e passeios incluídos. Os roteiros podem durar de três a nove noites. Os navios contam com cabines equipadas com banheiro, ar-condicionado, telefone, televisão e todo o conforto para garantir o descanso merecido durante os agitos da viagem. De acordo com Ricardo Amaral, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), o início da temporada de cruzeiros movimenta a economia na costa brasileira. “As cidades incluídas no roteiro preparam-se para receber os turistas. Nesses locais, os navios também aproveitam para repor muitos dos insumos necessários para a operação”, comenta. Amaral explica que estar na rota dos navios é um grande negócio para os destinos turísticos. “O gasto médio dos cruzeiristas é de R$ 200
Fotos: Rita Barreto
Transatlânticos e navios do mundo inteiro passaram a iniciar percurso da capital baiana
por pessoa, por dia, e os setores mais beneficiados são os de transporte (vans e táxis), de alimentação (bares e restaurantes) e comércio (principalmente de produtos típicos)”, relata Amaral. Em feriados como o Natal, o Réveillon e o Carnaval muitos turistas aproveitam para festejar em alto mar e concluir a viagem com excursões e festas em Salvador. Apenas no Carnaval, são cerca de 20 mil turistas que aproveitam a viagem para visitar a cidade e pular atrás do trio elétrico. O engenheiro Marcelo Rodrigues, 35 anos, de Santos, veio neste ano para a capital baiana, acompanhado de quatro amigas, e com os abadás para pular atrás do trio elétrico do Chiclete com Banana. “Foi a primeira vez que visitei a Bahia, estávamos todos
ansiosos para curtir o Chiclete, adoramos”, disse Marcelo. Já o publicitário mineiro Marco Antonio Lacerda, de 38 anos, vai aproveitar o verão para viajar com a família, passar o Natal no navio e revisitar a Bahia. “Eu conheci a Bahia quando era criança, agora vou poder aproveitar a viagem e conhecer melhor os pontos turísticos. O bom do navio é que você viaja dentro de um hotel cinco estrelas, com shows, restaurantes, cassino e um free shop com preços interessantes, isso acaba sendo um diferencial”, comenta Lacerda, que ainda não decidiu se vai optar por uma excursão ou se vai alugar um carro por conta própria quando desembarcar em Salvador. As excursões oferecidas pelas agências de receptivo turístico, vendidas dentro do navio, são
as principais escolhas de quem quer desembarcar com o passeio preparado. De acordo com o empresário Jean Paul Gonze, os turistas preferem fechar o pacote com as operadoras, que fazem o contato com as agências locais. “Temos várias opções de excursões, mas a grande maioria quer conhecer os principais pontos turísticos da cidade, como o Pelourinho, Farol da Barra, Mercado Modelo, Elevador Lacerda e o Centro Histórico. Para esta temporada já temos cerca de sessenta excursões programadas”, explica Jean Paul. Para recepcionar os turistas no porto, as agências organizam o receptivo, contratam guias e providenciam a liberação das baias do porto para o acesso dos ônibus. Os cruzeiros que têm como destino final Ilhéus e Salvador trazem turistas dispostos a esticar mais alguns dias e aproveitar melhor os atrativos locais. Em muitos casos, a depender do horário de desembarque dos navios, os voos de volta para a casa só estão disponíveis no dia seguinte. “Eles ficam por aqui mais uma noite e, geralmente, compram excursões para aproveitar o tempo livre, isso impulsiona a nossa atividade”, ressalta Jean Paul. Célia Regina Silva mora em Santos e escolheu programas mais leves para aproveitar a viagem com o marido e o filho de três anos. “Pretendo conhecer o Projeto Tamar, em Praia do Forte, e também o Mercado Modelo, para comprar umas peças de artesanato”. Com tantas mordomias e a possibilidade de navegar pelas águas da Baía de Todos-os-Santos, os cruzeiros marítimos tornaram-se um sonho possível para os viajantes que querem aliar conforto, diversão e aproveitar a paisagem repleta de cartões-postais na viagem pelo litoral baiano. Viver Bahia | 61
Turismo Religioso
Novo reduto de
fé e devoção Aparições de Nossa Senhora no município de Angüera leva milhares de peregrinos ao sertão da Bahia z Adriana Barbosa
E
m pleno sertão baiano, distante 145 km de Salvador, uma pequena cidade situada no chamado Polígono da Seca vem atraindo milhares de visitantes. Mais de nove mil pessoas vivem nesse minúsculo município, mas o que tem levado as pessoas até a pequena Angüera é um fenômeno que atinge apenas um morador: o radialista Pedro Régis que, desde 1987, tem aparições de Nossa Senhora e hoje se considera um confidente da Mãe de Jesus. As aparições de Nossa Senhora transformaram Angüera num dos mais competitivos destinos do turismo religioso no Estado, contabilizando, anualmente, um fluxo estimado em 200 mil pessoas que ali vão buscar consolo, esperança e pedir e agradecer as graças alcançadas. Tudo começou no dia 29 de setembro daquele ano, quando Pedro Régis, então com 18 anos, viu pela primeira vez a imagem de Nossa Senhora. Ele voltava da escola, com o amigo Celestino Silva Santa Cruz, em direção à Fazenda 62 | Viver Bahia
Malhada Nova, onde morava e ainda hoje reside com a família, situada a 300 metros da estrada que liga o município ao distrito de Bonfim de Feira, quando se sentiu mal. Enquanto o amigo foi buscar ajuda, Pedro conta ter visto uma jovem, de mais ou menos 20 anos de idade, vestida de branco e portando um véu que lhe cobria o rosto. “Não tive reação alguma, pensei estar passando por um problema psicológico. Só me dei conta de que podia ser real, depois da segunda aparição,” explica o confidente, acrescentando, porém, que o primeiro pronunciamento da Santa só aconteceu na terceira aparição, em outubro do mesmo ano. “Ela se apresentou como Nossa Senhora, Rainha da Paz, Mãe de Jesus, e me disse que estava aqui para ajudar as pessoas que precisam do seu auxílio”, recorda Régis. A pedido da Santa, Régis fincou uma cruz no local em que ela apareceu pela primeira vez e ali construiu uma capela. É nesse lugar que acontecem as aparições para o confidente. As visitas acontecem três vezes por semana, às terçasfeiras, sábados e em um dia não revelado. E assim tem sido nos últimos 23 anos. Mas a apoteose das manifestações de fé na Santa ocorre no mês de setembro, especialmente no dia 29, data da primeira aparição. Durante todos os anos, no dia 29 de setembro, acontece uma festa no
local das aparições. A celebração eucarística de devoção a Nossa Senhora Rainha da Paz tem 17 horas de duração e envolve uma extensa programação, composta por missas e outros atos litúrgicos na capela, palestras e shows. As missas são concelebradas por sete padres da Igreja Católica. A festa se encerra com a aparição da Santa para Pedro Régis. A área reservada para as comemorações estende-se por uma área de 10 mil metros quadrados da Fazenda Malhada Nova, que fica totalmente lotada pelos romeiros de diversos lugares do Brasil e de outros países, como Canadá, Peru, França, Argentina e México. Apesar da participação de padres católicos, o Vaticano nunca se pronunciou sobre o fenômeno registrado em Angüera. O caso de Pedro Régis, segundo o secretário de Educação do município, Márcio Vasconcelos, vem sendo avaliado por uma comissão criada há mais de 10 anos pela Arquidiocese de Feira de Santana. Até agora, porém, não houve nenhum pronunciamento oficial. Mas para o padre canadense Gordon Eugene Beker, que participa das festividades há 15 anos, os sinais são reais. “É verdadeiramente o maior sinal da história, venho há muito tempo aqui”, explica Beker, que já batizou a Santa de Nossa Senhora da Bahia.
Novo reduto da fé, Anguera recebe romeiros e peregrinos de várias partes do Brasil e de outros países
Viver Bahia | 63
Turismo Religioso
Imagens da “Santa da Bahia” são comercializadas e tem recursos revertidos para receptivo aos romeiros
Devotos enfrentam calor escaldante para assistir a aparição da Santa na Fazenda Malhada Nova
Romeiros recorrem à Santa da Bahia
Outro aspecto curioso na peregrinação de Angüera diz respeito ao tipo de feijão produzido na Fazenda Malhada Nova. O primeiro pé apareceu com formato bastante estranho, à semelhança de uma pomba. De acordo com Jonas Régis, 79 anos, pai de Pedro, esse tipo de feijão só é cultivado na fazenda e apareceu como num passe de mágica. Há 18 anos a programação da festa é organizada pela Associação de Nossa Senhora de Angüera (ANSA), entidade sem fins lucrativos, composta por cinco mil pessoas, e responsável por gerir um fundo destinado à difusão dos milagres da Santa. Em 2008, foi criado em Brasília o Exército de Nossa Senhora de Angüera (ENSA), que tem a finalidade de divulgar as mensagens de Nossa Senhora Rainha da Paz.
O
s romeiros que chegam a Angüera se organizam em pequenas caravanas de grupos familiares e de amigos. Mesmo sob o sol escaldante da região, as pessoas acampam no local em cabanas e permanecem sentadas no chão ou em banquinhos improvisados. “As pessoas ficaram mais fervorosas com relação à fé e vêm aqui para rezar por todos”, observa Luis Régis, irmão de Pedro. A maioria das pessoas que vai a Angüera buscam por milagres e retornam ao local para agradecer a graça alcançada. “Meu filho tinha um problema de não conseguir ler nem estudar. Eu levei para o neurologista e ele falou que não tinha mais jeito. Depois que coloquei o seu caderno sob os pés de Nossa Senhora, ele não só passou a ler e escrever, como se tornou
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professor de matemática”, garante a alagoana Marli Santana, 50 anos, que ainda se emociona ao contar a história. As histórias que envolvem as aparições de Nossa Senhora em Angüera são bastante conhecidas dos romeiros. “Sempre fui devota de Nossa Senhora e soube das aparições através de pessoas conhecidas. Venho aqui há 20 anos e já trouxe comigo, durante esses anos, quase 500 pessoas”, disse Maria das Graças, 61 anos, que mora em Salvador e garante sentir os sinais da Santa, durante as aparições. “Já senti cheiro de flores e constatei diferentes movimentos do sol, durante as aparições”, relata. Para Zélia Maia, 47 anos, que há 10 anos deixa Morro do Chapéu onde mora para visitar
Angüera, vários romeiros já testemunharam milagres da Santa. “No ano passado, por exemplo, o ônibus que nos conduzia para cá virou, mas ninguém se machucou. Tenho certeza de que isso foi um milagre”, confidencia. As precárias instalações do lugar não afetam a fé dos romeiros, que se acomodam em lugares pouco confortáveis. Vinda de Amargosa, Domingas Araújo, 80 anos, fica em pé o dia inteiro para não perder o momento da aparição. “Esta já é a terceira vez que venho para Angüera, e estou aqui para fazer os meus pedidos”, revela. Os devotos, em sua maioria, são os idosos, mas há muitos jovens que participam das festividades. “Venho, porque a fé significa ter a esperança de um dia melhor para todos”, diz a sergipana Adriana Ramos, 23 anos.
Local oferece outros atrativos Além da Fazenda Malhada Nova, o município de Angüera conta com lugares que chamam a atenção dos turistas pela paisagem que o verde das pastagens proporciona. Quem entra na cidade, depara-se com um Cristo de tamanho natural, posto de braços abertos para dar as boas-vindas ao visitante. Um dos locais mais visitados pelos turistas são o Morro e a Lagoa do Armando, dois sítios localizados nas proximidades da Fazenda. O morro possui uma caverna no topo e permite uma bela vista da cidade. Os romeiros costumam realizar penitências nesse local. Localizado no Centro-Norte baiano, Angüera tem clima de
seco a subúmido. O município foi criado no ano de 1961, após ser desmembrado de Feira de Santana. Na década de 70 o desenvolvimento da cidade se deu com a construção da rodovia BA-052, mais conhecida por Estrada do Feijão. O território já foi habitado pelos índios Paiaiás e deles recebeu o nome de Angüera, derivado do Tupi-guarani, que, segundo os moradores mais antigos, significa “diabo velho”. A cidade é formada por rochas e exibe uma superfície deprimida cercada por relevos planálticos. Hoje a principal atividade econômica do município é a pecuária, com rebanhos de equinos, suínos e agricultura. Viver Bahia | 65
Souvenir
Oferendas criativas Empreendedora baiana se especializa em lembranças da Bahia e encanta turistas do mundo inteiro z Clarissa Pacheco
N
em só de fitinhas do Senhor do Bonfim vive o turista que leva para sua terra uma recordação da Bahia, mas de balangandãs, figas, camisetas, badulaques de prata, esculturas em madeira, colares, jogos e artefatos esotéricos e místicos. É difícil encontrar um visitante que não saia da terra da alegria levando pelo menos um desses itens. Não faltam lembrancinhas e há souvenires para todos os gostos. Mas se ainda havia algo fora dessa lista, não há mais. Uma ideia inovadora incluiu o Candomblé e a Umbanda, duas religiões de matriz africana, extremamente fortes na Bahia, na rota das lembranças especializadas e inspiradas nos 17 orixás que regem os filhos de santo mundo afora. Fundado há sete anos pela estilista, artesã e empreendedora baiana Eliana Oliveira, o Ateliê Símbolo – Arte como Oferenda tornou-se algo pioneiro no setor, como a primeira empresa de produtos esotéricos dos orixás. Mas a luta pela implantação não é recente. Mesmo não estando ligada diretamente ao Candomblé, nem à religiosidade de matriz africana, Eliana passou por anos de pesquisa até chegar aos produtos que fazem sucesso hoje. “Sempre gostei de 66 | Viver Bahia
fazer coisas diferentes, ligadas à religiosidade. Consigo ter paz com isso”, afirma. Hoje, conta com uma equipe de pesquisa que a auxilia na produção associada. Trabalhando com um público diversificado e com um segmento forte do turismo na Bahia, o turismo étnico-afro, a estilista acredita na construção da história através dos objetos. “No futuro, vai fazer diferença no mercado a existência de produtos religiosos e esotéricos, porque agora estamos promovendo a preservação da cultura afro a partir do resgate cultural”, explica a empresária, que se prepara para abrir a primeira loja do Ateliê, com possível sede no Pelourinho. O Ateliê Símbolo, que funciona com um trabalho minucioso e artesanal, é especializado em fabricar e comercializar produtos voltados para os orixás e hoje atua tanto no mercado interno quanto no externo, especialmente no setor turístico étnico-afro. “Mas não trabalhamos apenas com turismo e com a ideia de lembrancinhas. A área mística também é muito boa, e agora usamos um padrão com o slogan do ateliê – Nascido na África, criado na Bahia – como forma de estruturar uma imagem de produtos voltados para a cultura afro-brasileira”, explica. Para melhor atender o público e transformar o negócio em algo maior, a possibilidade de associação com a Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae), o Ateliê Símbolo pretende crescer e exportar os produtos, genuinamente baianos, para o mundo.
Produção – Com uma equipe formada por dez profissionais, além do coordenador de produção Washington Fortunato e do Babalossaiyn Johnson, responsável pelo estudo das ervas, o Ateliê Símbolo desenvolveu, ao longo de sete anos, 26 produtos diferentes, dentre os quais patuás, sachês de ervas, jogos e outros produtos místicos que fazem sucesso entre os clientes. Para atrair coisas boas e afastar o mau olhado não faltam ervas sagradas: sais de banho, banhos mágicos – de acordo com as fases da lua –, incensos, óleos essenciais, banho de descarrego e sabonetes. Além dos tradicionais mais conhecidos pelo público em geral, os jogos, inspirados nos originais da cultura yorubá, fazem sucesso de venda entre os clientes e já despertam a criatividade dos artesãos na criação de novos produtos. Dentre os mais procurados, o Baralho Mágico, o Jogo dos Orixás e a Roda Mística, que será lançada em breve, já atraem a curiosidade dos compradores. “As pessoas gostam de se envolver com esse lado místico, dos jogos, do Candomblé”, explica Eliana. E não para por aí. As saudações aos orixás são garantidas pelos orikis com as respectivas guias, patuás – com o Pai Nosso, em yorubá –, imales, bolsas Eco Axé e o Jogo dos Orixás, com os búzios e o guia para jogar. As inovações ficam por conta do Baralho Mágico dos Orixás, o Peji (minialtar sagrado), as velas mágicas – ou Iná, e a Roda Mística, conhecida na cultura yorubá como Ifá Irê. Os travesseiros terapêuticos também fazem parte da linha esotérica.
Eliana Oliveira e seu arsenal de souvenir criativos
Viver Bahia | 67
Souvenir
Para quem pensa que os produtos são feitos apenas para adeptos do Candomblé ou da Umbanda, engana-se. “Vende bem para todo mundo, são produtos esotéricos”, explica Eliana. Prova disso é o depoimento da turismóloga Marla Gomes Sampaio, 28 anos, devota de Santo Antônio. “Recebi um patuá de Ogum, foi presente da minha tia. Ela acertou, porque eu adoro”, diz. Marla afirma que tudo que trata de Candomblé lhe interessa. “Ouço falar e venho logo”, brinca. Inspiração – A falta de produtos desse tipo em Salvador inspirou a artesã a criar o Ateliê Símbolo. O crescimento do turismo étnicoafro impulsionou a empresária na definição do tipo de produto que ia vender. “Salvador é uma cidade com muito de África, e o que mais se fala aqui da cultura africana é a capoeira. Quem mais fala dessa cultura são os blocos afros, as música de Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Margareth Menezes. Eu senti que estava faltando a religiosidade aí, e quis mostrar a parte bonita dos orixás, porque as pessoas pensam que é algo ruim”, explica. A arte para oferenda é a única voltada exclusivamente para orixás em todo o país. Em 2004, quando ganhou o selo de qualidade, os produtos de Eliana e Washington foram temas de matérias em duas edições da revista italiana Progress, a edição Viaggi e a Internationale. “É uma revista completamente voltada para o turismo internacional. Fala da Bahia, do turismo aqui. Mas não vem pra cá, só é vendida lá na Europa mesmo”, explica. Os produtos fabricados no ateliê são vendidos no atacado para lojas de artesanato da Bahia, do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e também na Bélgica. 68 | Viver Bahia
Desempenho
Desembarques domésticos crescem 13% em 2010 rita barreto
Balaio divertido e diversificado de opções
Amuletos, figas e outros patuás Baralho dos Orixás - Com 31 cartas inspiradas nos odús (destinos) dos orixás, o Baralho Mágico ajuda a desvendar o futuro e a interpretar o presente. As cartas do baralho incluem não apenas os orixás conhecidos pelo público, mas divindades como o tempo. Jogo dos Orixás - É o tradicional jogo dos búzios que traduz a sorte de quem joga. São quatro búzios no jogo. Se, quando jogados, todos caírem abertos em Ketu, significa “sorte”. Se dois caírem abertos e dois fechados, significa confirmação do jogo anterior. Com três abertos e um fechado, a resposta é “azar”. Roda Mística - Ainda a ser lançada, a Roda Mística é chamada Ifá Irê na cultura africana. O jogo conta com um pêndulo que aponta para letras do alfabeto yorubá. Cada letra corresponde a um destino dos orixás, descrito no manual que acompanha a roda.
Peji - O Peji, ou Altar dos Orixás, é um kit com todos os acessórios necessários para a reverência aos orixás. O Peji conta com um minialtar, um orixá, patuá, imale e o Pai Nosso na traduzido para o idioma yorubá. Informações
úteis
Movimento do Aeroporto de Salvador tem sido intenso em desembarques nacionais
O
número de desembarques
nacionais em Salvador, nos
oito primeiros meses de 2010,
teve um aumento de 12,95% com
Onde encontrar:
relação ao mesmo período do ano
• Ateliê Símbolo – Rua Minas Gerais, 544, Minas Center, Pituba – Salvador/Bahia
entre os meses de janeiro e agosto
passado. De acordo com a Infraero,
chegando à cidade. Em 2010, agosto
aparece em destaque como o terceiro
mês com maior número de visitantes aportando na capital: 255.638
passageiros, perdendo apenas para os meses de janeiro e fevereiro,
período de férias que somou mais de
• Axé Artesanato – Aeroporto Internacional de Salvador
deste ano, 1.999.661 passageiros
• Axé e Arte – Lagoa do Abaeté - Salvador/ Bahia
desembarcaram na capital, o que
de Turismo da Bahia, Antonio
que em 2009, quando a marca foi
contribuições para o aumento
• Brasil Açu – Portal da Misericórdia Salvador/Bahia e Praia do Forte – Mata de São João/Bahia • Bahia de Todos os Santos – Largo do Cruzeiro de São Francisco - Salvador/Bahia
vindos de voos domésticos
corresponde a 223.629 a mais do de 1.776.032 pessoas.
Os dados da Infraero mostram
• Galeria Fátima Galvão – Bélgica
que, no ano passado, os meses de
• Galeria Santa Cruz – Mercado Modelo Salvador/Bahia
apresentaram o maior número de
• Galeria de Ogum – Shopping Barra Salvador/Bahia
janeiro, julho, outubro e dezembro desembarques na capital, somando mais de 780 mil passageiros
560 mil desembarques.
De acordo com o secretário
Carlos Tramm, uma das principais nos desembarques em agosto
foi a realização do GP Bahia de
Stock Car. “Nesse mês, a ocupação hoteleira ficou próxima dos 70% e, além da Stock Car, tivemos o
reforço de outros eventos e o avanço da classe C”, avalia.
Azul comemora na Bahia a marca de 5 milhões de clientes A Azul Linhas Aéreas comemorou a marca de cinco milhões de clientes, com uma grande festa no Aeroporto de Salvador. O diretor de Comunicação e Marca da companhia, Gianfranco Panda Beting, disse que a Bahia foi escolhida por ter um significado importante. “Nos últimos dois anos, o estado representou 8% dos passageiros da companhia, e os voos para Salvador têm uma ocupação de 90%”, disse. Entre os principais voos diretos operados pela Azul com saída da capital baiana estão cidades como Campinas-SP, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Viver Bahia | 69
Serviço
Disque Bahia Turismo comemora dois anos com 150 mil atendimentos O
Disque Bahia Turismo, serviço de informações para turistas e baianos, completou dois anos com mais de 150 mil atendimentos telefônicos. Pioneiro no Brasil, o serviço oferece atendimento 24 horas com operadores trilíngues (português, inglês e espanhol). Através do telefone (71) 31033103, o visitante obtém informações completas sobre hotéis, bares, restaurantes, programação de cinema, teatro, shows, festas populares e ainda telefones e endereços de farmácias, hospitais e outros serviços de saúde e órgãos de segurança pública. O Disque Bahia Turismo é um serviço oferecido pela Secretaria de Turismo com
Vaticano inclui a Bahia na rota do Turismo Religioso
Brasil para fazer turismo religioso, o que corresponde a mais de oito milhões de viagens. Além da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais estarão incluídos nos roteiros do Vaticano.
Rita Barreto
a finalidade de auxiliar o turista a desfrutar de todos os atrativos que o estado oferece. Por telefone, o turista pode se localizar e saber como chegar aos pontos turísticos, assim como acessar os meios de transporte para deslocamento dentro e fora do estado. Integração - O serviço faz parte do Sistema Integrado de Informações Turísticas, que oferece um atendimento amplo ao turista que visita a Bahia, em nível presencial, eletrônico e digital. O sistema fornece desde informações sobre infraestrutura turística, como localização, hotéis, bares e restaurantes, até números indicadores e estatísticos dos 154 municípios turísticos do Estado. O sistema atende ainda à demanda por informações
acadêmicas, solicitadas por estudantes, professores e pesquisadores da área. Estão à disposição dos visitantes quatro postos de informação na capital e oito no interior, além das unidades do SAT, que concentram em um só local a prestação dos serviços mais procurados pelos visitantes; o Disque Bahia Turismo, o maior call center de turismo do país; o portal www.bahia.com.br e os sites institucionais da Setur (www.turismo. ba.gov.br ) e da Bahiatursa, ( www. bahiatursa.ba.gov.br ) que possibilitam o fornecimento de informações a distância. O Sistema Integrado permite a alimentação de informações por todos os atendentes dos postos, SATs e do Disque.
O maior call center de turismo do Brasil faz parte do Sistema Integrado de Informação Turística da Bahia
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Novos Segmentos
Memorial de Irmã Dulce é uma das opções de turismo religioso na Bahia
A
Bahia vai integrar os roteiros da agência de viagens oficial da Igreja Católica, a Ópera Romana Peregrinações. Em parceria com o Vaticano e o Ministério do Turismo, a Secretaria de Turismo da Bahia e a Bahiatursa vão impulsionar ainda mais o turismo religioso no Estado. Os roteiros detalhados estão sendo discutidos com o Vaticano, representantes de agências de viagens e do trade turístico. O lançamento dos pacotes será realizado na Feira das Américas, encontro anual da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), que acontece no próximo mês, no Rio de Janeiro. O reconhecimento do Vaticano é reflexo do constante investimento do Estado na divulgação e preservação do patrimônio turístico religioso baiano. Recentemente, a Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão, em Salvador, foi completamente reformada, com investimento de R$ 3 milhões. As obras de recuperação da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, também no Pelourinho, orçada em R$
2,3 milhões, está em execução. Outro templo em recuperação é o Cemitério e Igreja do Pilar, que conta com R$ 4,4 milhões. Ao todo, são cerca de R$ 10 milhões em investimento na recuperação dessas igrejas, com recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur), do Banco do Nordeste e contrapartida do Estado. Além das reformas dos equipamentos históricos religiosos, a Setur e a Bahiatursa atuam na divulgação de roteiros, produção de folheteria e apoio ao extenso calendário de manifestações religiosas, como na Lavagem da Igreja do Bonfim, a Festa de Santa Bárbara (em Salvador), a Romaria de Bom Jesus da Lapa e a Festa da Boa Morte (no município de Cachoeira). De acordo com a Bahiatursa, foram elaborados alguns roteiros como “Salvador com Irmã Dulce” e “Religiosidade Afro-baiana com a Boa Morte”, que foram muito elogiados. Segundo pesquisa do Ministério do Turismo, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2007, 3,6% dos entrevistados viajaram pelo
Irmã Dulce - A possível beatificação de Irmã Dulce também atrai fiéis de todo o Brasil para conhecer o memorial dedicado à freira. O anúncio oficial da beatificação deve acontecer no primeiro semestre de 2011, mas o Memorial Irmã Dulce, em Salvador, já registra um fluxo de visitação muito acima da média. Inaugurado em 1993, um ano após a morte da religiosa, o local abriga um acervo de 30 mil peças, mas somente 400 permanecem expostas diariamente. A fama sobre as virtudes da religiosa e seus milagres tem atraído milhares de visitantes interessados em conhecer a vida e a obra de Irmã Dulce. Em 2009, 35 mil pessoas visitaram o Memorial. Este ano, é esperado um aumento de 150% desse fluxo em função da expectativa da beatificação da freira. Irmã Lindalva - Outra religiosa que tem atraído a visitação de fiéis é Irmã Lindalva. Sepultada no Abrigo Dom Pedro II, um prédio vizinho ao Memorial Irmã Dulce, a freira foi beatificada em 2007, 14 anos após sua morte. Nascida no Rio Grande do Norte, Irmã Lindalva coordenava esse abrigo de idosos. Até a beatificação de Lindalva, a única Santa do país era a Madre Paulina, italiana de nascimento. Após a beatificação, o processo de canonização da Beata Lindalva já está no Vaticano. Porém, nessa etapa, é preciso o reconhecimento de um milagre após a beatificação, o que, conforme a madre superiora do Abrigo, Irmã Cristina, possivelmente já ocorreu. Segundo a irmã, mais de mil pessoas visitam, por ano, o túmulo da religiosa, principalmente nos meses de janeiro e julho, inclusive em excursões. “Vêm pessoas de vários locais, como Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Alemanha, Austrália e também da França”, comenta a madre. Viver Bahia | 71
Turismo Étnico-afro
Seminário discute expansão do segmento Tatiana Souza
Encontro promovido pela Bahiatursa debateu as tendências e a expansão do Turismo Étnico-Afro Aritta Valiense
D
ebater e aprofundar as questões relacionadas ao desenvolvimento do turismo étnico-afro na Bahia e a promoção deste roteiro no mundo, foram as principais propostas do I Seminário Nacional de Turismo Étnico-Afro, realizado este ano pela Bahiatursa, em parceria com a Secretaria de Turismo do Estado, no Centro de Convenções da Bahia. Quem passou por lá aprendeu muito mais do que havia previsto. A dança, a religiosidade, a música, a culinária e a importância do legado africano para a 72 | Viver Bahia
formação cultural do Estado que reúne a maior quantidade de negros fora da África, também estiveram em pauta. Nos três dias de evento, mais de 800 pessoas acompanharam os debates, conduzidos por lideranças de movimentos e entidades negras, antropólogos e pesquisadores da cultura afro, além de representantes do trade turístico baiano. O Seminário superou a expectativa dos organizadores. “Conseguimos reunir toda a cadeia produtiva do turismo étnico e realizamos discussões pertinentes para melhorar o segmento. A troca de experiências foi superimportante para
formatarmos estratégias norteadoras da nossa presença nos mercados nacional e internacional”, comemorou a presidente da Bahiatursa, Emília Silva. O sucesso foi tamanho, que o coordenador de Turismo Étnico da Bahiatursa, Billy Arquimimo, já começou a captar ideias para o evento do próximo ano. A capoeira, uma das principais heranças da cultura negra, e, desde 2008, Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira, não ficou de fora dos debates. Alguns dos mestres baianos responsáveis por levar a arte a mais de 162 países, estiveram reunidos para falar sobre a contribuição
Rita Barreto
da capoeira para o turismo no Estado. E teve até gringo acompanhando de perto a discussão. A paixão pela luta motivou o moçambicano Leonel Estevão a fazer um intercâmbio cultural no Brasil. “Cheguei a participar do Big Brother África, com audiência similar ao brasileiro e pude divulgar o esporte para mais de 52 países”, contou o aluno do grupo Arte Viva, supervisionado pelo mestre e artista Tonho Matéria. A boa notícia para os capoeiristas, apresentada durante o Seminário, foi o Mapeamento da Capoeira no Mundo, realizado pelo Escritório Internacional de Capoeira e Turismo. Aqueles que não sabiam o que é o efó de língua de vaca, não só aprenderam a origem da receita, como ouviram do antropólogo Vilson Caetano uma aula sobre a relação entre o universo da culinária e as suas respectivas simbologias sociais. Além de deixar o público com água na boca, a palestra foi uma ótima oportunidade para algumas mães de santo participarem da discussão sobre a importância histórica das comidas feitas nos terreiros e a sua possível comercialização pelo turismo étnico. E foi este tema que motivou o historiador Jaime Sodré a elaborar o projeto chamado “Sabor sacrossanto dos terreiros para você”, com o intuito de promover a capacitação dos integrantes do terreiro, compras de equipamentos, regras de higiene e um guia de alimentação para os turistas, intitulado “roteiro delícia”. Por enquanto, Sodré contou que o roteiro é apenas uma sugestão. Após três dias de intensos debates, o I Seminário Nacional de Turismo Étnico- Afro não poderia ser encerrado de forma mais original: em terreno sagrado, no Terreiro Ilê Axé Oxumaré. A casa abriu as portas durante toda a tarde, em uma sexta-feira 13, para receber os participantes do evento. Juntos, o público e o povo de Santo transformaram o local num “mar de roupas brancas”. E, se a data não parecia auspiciosa para os supersticiosos, nada impediu que tudo saísse como o planejado. Com as bênçãos de Oxalá, não haveria de ser diferente.
Exposição de produtos associados ao turismo étnico-afro foi atração à parte
Feira reuniu as cores e a criatividade da cultura afro Paralelamente ao Seminário, a I Feira de Produtos Afros da Bahia levou ao público o melhor dos produtos de origem africana fabricados no Estado. Roupas de santo, bordados de richelier, renda de bilro, adereços de orixás, bebidas de infusão, moquecas deliciosas, mingaus, doces, tapiocas, literatura e música; toda a riqueza cultural do universo negro reunido em um só lugar. A ideia do evento foi resgatar a cadeia produtiva a partir do segmento africano. Durante os três dias, cerca de cinco mil pessoas estiveram no Centro de Convenções da Bahia para conferir o trabalho de mais de 100 expositores.
A designer têxtil Goya Lopes, proprietária da grife Didara, expôs os seus trabalhos que já são reconhecidos internacionalmente. Não bastasse a beleza dos produtos, ao visitar o local o público teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a religiosidade nos terreiros de candomblé: o sagrado da música, da estética, do artesanato, os adereços, a comida e toda a forma de arte produzida nesses locais. Índios Pataxós tipicamente trajados vieram de Porto Seguro para expor e vender o seu artesanato. Em grupos, entoavam cantos pelos corredores e deram um toque especial à Feira. Viver Bahia | 73
Cheesburger do Sertão Prato que conquistou os amantes da Comida Di Buteco, em Salvador, chega à mesa de baianos e turistas
Receita X-Jabá
Rita Barreto
Ingredientes Rita Barreto
1kg de aipim 50g de queijo parmesão ralado 800g de charque 500g de queijo coalho ralado 2 colheres de sopa de maionese
Modo de preparar 1º passo: Cozinhe o aipim e passe por um moedor de carne 2º passo: Misture a massa com queijo parmesão e modele a massa em formato de pão de hambúrguer 3º passo: Passe a massa em ovos e farinha de rosca e frite em óleo quente 4º passo: Cozinhe o charque em panela de pressão por 30 minutos 5º passo: Desfie a carne, tirando a gordura; em seguida, refogue a carne com maionese até que fique macia 7º passo: Coloque a carne em cima do bolo de aipim, e depois o queijo coalho 8º passo: Gratine no forno ou com um maçarico
Dica Para a apresentação do prato, podem ser utilizados alface, tomate, ovos cozidos e azeitonas. Para acompanhar, nada melhor do que o catchup do sertão, como diz Peixouto, a manteiga de
O X-Jabá e
garrafa. Karina Brasil
P
ara quem pensa que o cheeseburger é comida típica apenas dos americanos, está enganado. O prato já tem sua versão
do ano que vem. Como será obrigatório utilizar o maxixe nas
aprovada por mais de 300 pessoas, que descobriram o sabor do
Peixouto.
ressalta Peixouto, que já tem inclusive um nome para essa
em nível nacional. Das 100 receitas presentes no livro lançado
nada. Foi uma surpresa, não esperávamos ganhar”, comenta O comerciante, que participou de todas as edições do
concurso realizadas em Salvador, sempre ficou entre os cinco
escolhido como a melhor Comida di Buteco de 2010.
de Avestruz garantiu o quarto lugar; já em 2009 foi a vez da
Criado por José Walmir Peixouto, o Cheeseburger do
Sertão teve a maioria dos 17 mil votos do concurso, que
contou com a participação de 31 bares e botecos de Salvador. Para Peixouto, como é popularmente conhecido, a vitória foi inesperada. “No momento em que foram divulgados 74 | Viver Bahia
Peixouto
os vencedores, o som estava bastante alto e não ouvimos
brasileira e bem nordestina. O X-Jabá, feito a partir de purê de
aipim, charque (carne seca) desfiado e queijo coalho, foi o prato
o gourmet
receitas, estamos pensando em algo diferente e saboroso”, iguaria, o Peixixe no Arpão.
X-Jabá - Ex-representante de vendas há 19 anos, Peixouto
mais bem colocados. Em 2008, o Escondidinho de Carne
montou um bar junto com sua mulher, no bairro do Stiep,
Paçoca de Carne do Sol, também de avestruz, conquistar a
de prestigiar o Nordeste em sua criação. “Quis criar um
terceira colocação.
E quem pensa que depois da vitória ele está descansando,
engana-se; as ideias e combinações para o concurso de 2011 já estão em plena atividade. “Já estamos bolando o tiragosto
X-Jabá. As receitas do comerciante ficaram famosas, inclusive
em comemoração aos 10 anos do concurso nacional Comida di Buteco, duas são de sua autoria.
O prato, que virou sucesso entre os soteropolitanos, custa
em Salvador. Criador de muitas iguarias, ele fala da intenção
R$6,50. Os ingredientes utilizados estão presentes no dia a
cheeseburger do sertão, pois então qual é o pão do sertão? O
mercados baianos. A composição do prato e a sua finalização
aipim; qual a carne? O jabá; qual o queijo? O coalho; e qual o molho? A manteiga de garrafa”, diz Peixouto.
No dia da premiação, a especialidade foi degustada e
dia do nordestino e são facilmente encontrados nas feiras e
com ajuda de um maçarico tornam o prato ainda mais belo. A união dessas iguarias só poderia acabar com um resultado tão espetacular, que encanta os mais diversos paladares.
Viver Bahia | 75
Divulgação
PROGRAMAÇÃO cultural tEATRO
de perversões sexuais, cenas escatológicas, torturas físicas e psicológicas. Enquanto narram suas histórias picantes, os personagens deliciam-se com um pequeno banquete servido por dois criados. Data: 8/10/2010 a 10/10/2010 Local: Teatro Isba Endereço: Av. Oceânica, 2717 Horário: Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h Ingressos: No local Valor: Inteira: R$50
Escola de Mulheres
Arnolfo (Oscar Magrini) tem pouco mais de 40 anos e o seu maior medo é ser enganado por uma suposta esposa. Por isso, ao longo dos anos, preferiu não se casar e optou por sair com mulheres comprometidas com outros homens. Para não sofrer a dor insuportável da traição, ele “adotou” a menina Inês (Thais Pacholek) para que, anos depois, ela pudesse se casar com ele. Mas, seus planos correm o risco de serem abortados, pois Inês, já com 18 anos, justamente em função de sua bondade e ingenuidade se apaixona pelo jovem Horácio (Erik Marmo), filho de seu amigo Oronte, interpretado por Flávio Faustinoni. Local: Teatro Sesc Casa do Comércio | Avenida Tancredo Neves, 1109, Caminho das Árvores Horário: 21h (sex e sáb) e 20h (dom) Ingressos: Bilheteria R$ 40 (sexta e domingo) R$ 50 (sábado) Classificação: 12 anos Mais Informações: (71) 3273.8765
Peter Pan
Peter Pan transportará seu mundo mágico para a Sala Principal do TCA com o espetáculo musical que leva seu nome. O menino que 76 | Viver Bahia
Melhor Idade – Experiência Inovadora Com Elenco De Atores Com Mais De 60 Anos
Peter Pan
nunca cresce mora na Terra do Nunca com os Garotos Perdidos e a fada Sininho. Certo dia, Peter Pan visita a casa da família Darling e convence as crianças Wendy, John e Michael a viajarem com ele para o lugar onde vive. Lá, todos enfrentarão a ameaça do malvado Capitão Gancho e viverão grandes aventuras. Data: 9/10/2010 a 10/10/2010 Local: Teatro Castro Alves, Sala Principal Endereço: Praça 2 de julho, s/n Horário: 16hs e 19hs Ingressos: No local Valor: Inteira: R$140 (filas A a P), R$120 (filas Q a Z), R$80 (filas Z1 a Z9), R$50 (filas Z10 a Z11); Meia-entrada também para adulto acompanhante de uma criança Site: www.tca.ba.gov.br
Sade em Sodoma
O espetáculo “Sade em Sodoma” é uma adaptação teatral do livro homônimo de Flávio Braga, que é uma releitura do romance de Sade ‘120 Dias de Sodoma’. Censurada para menores, a montagem é estrelada pela atriz global Guta Stresser, a Belbel de A Grande Família, por Tárik Puggina, Mayara Travassos e pelo dançarino e ator baiano Edson Cardoso, o Jacaré. Guta Stresser dá vida a uma cafetina, a Madame Duclos, que narra, junto com o soldado Mathieu (Tárik Puccina), os contos do Marquês de Sade. Eles contam diversos tipos
Na peça A Coroa do Tempo, o idoso não tem apenas o papel principal. Baseado no Estatuto do Idoso, o espetáculo foi pensado com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre os direitos e deveres dos que já estão na terceira idade. A ideia surgiu do encontro dos integrantes dos Karas & Koroas e Eterna Juventude com a atriz, professora e diretora teatral Andréa Elia, que incentivou o grupo a consolidar o projeto e assumiu a coordenação artística. São 30 atores, todos com mais de 60 anos, ocupando o palco com canto, dança e representação teatral. Local: Teatro do Isba Data: até 3/10 Horário: 16h Telefone: 71 4009-3689 Preço: Grátis
7 Conto
Depois de mais de dois anos sem se apresentar em Salvador, o ator baiano Luis Miranda reestreia, a peça “7 Conto – A Comédia”, na capital baiana. Sob a direção
de Ingrid Guimarães e com texto do próprio Luis Miranda, o espetáculo aponta, de uma maneira bem humorada, as diferenças do Brasil através de sete personagens completamente engraçados. Data: até 20/11/2010 Local: Teatro Jorge Amado, Pituba. Horário: Sextas e sábados, às 22h; Domingos, às 20h Ingressos: Bilheteria R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia) Classificação: 14 anos Mais Informações: (71) 3525-9720.
Papagaio
O espetáculo narra a história de uma moça que recebia visitas de um príncipe encantado num papagaio. Um dia, essas visitas são descobertas e uma armadilha é colocada na janela por onde entrava o príncipe/papagaio. Ao tentar entrar para visitar a amada, ele se fere gravemente e foge para o seu reino. A moça então sai numa peregrinação à procura desse Enamorados
reino e da cura do seu amado. O texto é de Cacilda Povoas, a partir de contos de Silvio Romero e Câmara Cascudo. A música é de Chico César. Data: 25/09 a 24/10 - Sáb e Dom Horário: 17h Preço: R$15 (meia) e R$30 Local: Teatro Jorge Amado | Av. Manoel Dias da Silva - 2177 Pituba Fone: 3525-9720/ 3525-9708
As pontes de Madison
Francesca Johnson (Denise Del Vecchio) é uma professora de literatura, casada, que se envolve com Robert Kincaid (Marcos Caruso), um fotógrafo da revista National Geographic que vai até o condado de Madison, em Iowa/EUA, registrar imagens das famosas pontes cobertas. Em apenas quatro dias, o casal vive uma avassaladora paixão e depois um longo desencontro, preenchido por raro e intenso amor. A história é contada em flashbacks a partir da leitura dos diários de Francesca,
encontrado por seus filhos depois da sua morte. Data: 19/11/2010 a 21/11/2010 Local: Teatro Sesc Casa do Comércio, Caminho das Árvores Horário: 21h (sex e sáb) e 20h (dom) Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia) Classificação: 14 anos Mais Informações: (71) 3273.8543
Minha mãe é uma peça
O ator e autor Paulo Gustavo criou Dona Hermínia, de “Minha mãe é uma peça” após muito observar o comportamento não só de sua própria mãe, mas de diversas representantes desse extraordinário grupo de pessoas. Assim, a única personagem do espetáculo é múltipla, em um retrato ao mesmo tempo minucioso e abrangente dessa mulher e de sua complexa relação com os filhos. Divertida e amorosa, mas também mordaz e realista, a comédia “Minha mãe é uma peça”, é escrita e interpretada por Paulo Gustavo, com direção de João Fonseca.
Data: 22/10/2010 a 24/10/2010 Local: Teatro Isba, Ondina Horário: 21h (sex e sáb) e 20h (dom) Ingressos: R$40 (sexta e domingo); R$50 (sábado) Classificação: 18 anos Mais Informações: (71) 4009.3689
O matador de Santas
A história do espetáculo gira em torno de Jorgina, uma mulher de meia idade, ácida como uma ave de rapina. Vive com marido e filha num pequeno apartamento, em um bairro de classe média de uma cidade qualquer. Mulher extravagante, repleta de certezas a respeito de tudo que a cerca, suspeita que seu vizinho seja um assassino, conhecido como o matador de santas. Casada com Baltazar, um velho que vive arrastando os chinelos, e mãe de Queridinha, moça de uma beleza fúnebre, Jorgina controla a vida da família e também do noivo da filha, um jovem médico chamado Diego, belo como um anjo. Data: 15/10/2010 a 17/10/2010 Local: Teatro Isba, Ondina. Horário: 21h (sex e sáb) e 20h (dom) Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) Classificação: 16 anos Mais Informações: (71) 4009.3689
Os Enamorados
Eugênia está enamorada por Fulgêncio. O amor e o caráter dos dois são tão fortes que transformam paixão em sofrimento. Esse é o mote da comédia “Os Enamorados”, com direção de Antônio Fábio. O texto, escrito no século XVIII, é uma das obras mais singulares do dramaturgo italiano Carlo Goldoni, e foi traduzido e adaptado especialmente para esta montagem. Data: 24/09/2010 a 17/10/2010 Local: Teatro Castro Alves (TCA) Horário: sex, sáb e dom, sempre às 20h Ingressos: SACs e bilheteria do TCA, R$20 (inteira) e R$10 (meia) Classificação: 14 anos Mais Informações: (71) 3117-4899 Viver Bahia | 77
Música
e Mateus, Maria Cecília e Rodolfo, Pixote Guig Ghetto, Psirico – gravação de DVD e Aviões do Forró – gravação de DVD Data: 16/10/2010 Local: Parque de Exposições Endereço: Av. Luiz Viana Filho, s/n Ingressos: Axé Mix, Ticketmix, Pida e balcões de ingresso Valor: Pista individual - R$ 30 / Pista casadinha - R$ 50
Festival de Lençóis
Baseado no trinômio música, cultura e ecologia, a 11ª edição do Festival de Inverno, de 9 a 11 de outubro, em Lençóis, na Chapada Diamantina, manterá o conceito musical dos anos anteriores, com atrações nacionais e locais, apresentação de grupos culturais da região. Além disso, haverá um conjunto de ações de caráter social em espaço aberto, permitindo a ampla participação do público. O evento reserva espaço para diversas manifestações culturais em seus vários momentos, além de painéis para discussão sobre o desenvolvimento sustentável da Chapada Diamantina, todos abertos ao público. O festival faz parte do calendário de eventos da região há 11 anos, atraindo a cada edição aproximadamente 25 mil pessoas. Confira a programação artística: Dia 9/outubro (sexta-feira) 20h/21h: Balé Jovem de Salvador 21h/23h: J. Veloso (part. Vânia Abreu e Valmir Lima) 23h20/00h20: Cidade Liberal Dia 10/outubro (sábado) 19h30/20h10: Philarmônica Lyra Popular de Lençóis 20h30/21h30: Família Grãos de Luz e Grió 21h50/23h30: Toni Garrido 23h50/00h50: Elpídio Bastos Dia 11/outubro (domingo) 19h30/20h10: Maverick V8 20h30/21h30: Tranchan 21h50/23h30: Vander Lee 23h50/00h50: Banda Zion
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Gotan Project - Tango
Formado pelo francês Philippe Cohen Solal, pelo suíço Christoff H. Muller e pelo argentino Eduardo Makaroff, o grupo apresenta seu terceiro disco de estúdio, Tango 3.0, lançado em abril deste ano.
Gotan Project
Black Eyed Peas
A banda Black Eyed Peas fará shows no Brasil do dia 15 de outubro a 4 de novembro. A banda passará por Fortaleza, Recife, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis e São Paulo. Em salvador, a banda se apresentará no Parque de Exposições, na Paralela, no dia 19 de outubro. O show faz parte da turnê mundial The E.N.D. World Tour 2010. Aguarde mais informações. Data: 19/10/2010 Local: Parque de Exposições Endereço: Av. Luiz Viana Filho, s/n
Festival Sertanejo
O Festival irá contar com uma das bandas sertanejas de maior visibilidade na Bahia, o Seu Maxixe, além da mais nova revelação do gênero, a banda Seistanejos. E outras atrações.
Data: 2/10/2010 Local: Bahia Café Hall Endereço: Av. Paralela Horário: 21h Ingressos: Ticket Mix e Balcão de Ingressos Valor: 1º LOTE: Pista - R$35 (meia) e R$70 (inteira)/Camarote Open Bar - R$80 (feminino) e R$110 (masculino) Mais Informações: (71) 3402-2700
Forrozão da Praia
Realizado pela A Praia Produções e Eventos, a quarta edição do Forrozão da Praia vai reunir dez horas de forró no dia 08 de outubro no Bahia Café Hall – Paralela, a partir das 20 horas. Na lista de atrações, as bandas Saia Rodada, Estakazero, Cangaia de Jegue, Tio Barnabé, Filomena Bagaceira, Tenison Del Rey e o cantor Kina Rodrigues. Os ingressos já estão à venda e podem ser encontrados nas lojas do Pida, Ticketmix, Veromundo e Balcão de Ingressos. Entre as atrações estão as bandas Filomena Bagaceira, Saia Rodada e Cangaia de Jegue. Data: 8/10/2010 Local: Bahia Café Hall Endereço: Av. Paralela Horário: 20h Ingressos: Pida, Ticketmix, Veromundo e Balcão de Ingressos Valor: R$ 25,00 (pista), R$ 50,00 (camarote) Mais Informações: (71) 3272-6100
Chupa Cabra Fest
Diversão e irreverência garantidas para os foliões de plantão que vão curtir o axé das
bandas Asa de Águia e Kelsh, o forró da Noda de Caju e o pagode da Black Style, durante o Chupa Cabra Fest 2010, um das festas mais importantes da Produtora Nossa Cidade Comunicação e Entretenimento. A festa, que já está na 5ª edição, será realizada no dia 16 de outubro, a partir das 15 horas, no Visgueira Clube de Lazer, em Ribeira do Pombal BA, a 278 km da capital baiana. Data: 16/10/2010 Local: Ribeira do Pombal Endereço: BA Horário: 15h. Ingressos: Salvador - Pida e Ticket Mix/ Feira de Santana - Aqingressos e Veromundo Valor: Pista R$ 60 (meia) / Camarote R$ 140 (meia).
Todo Mundo Vai
É o segundo ano do Todo Mundo Vai, evento realizado pela Axé Mix e Caco de Telha. A festa é conhecida por ter a camisa autografada pelas atrações do show. A grande novidade deste ano é a gravação do DVD das bandas Psirico e Aviões do Forró. Atrações: Ivete Sangalo, Harmonia do Samba, Jorge
Dia: 13/10 Local: Teatro Castro Alves, Campo Grande Fone: 3535-0600
Ronda Jazz
O grupo Ronda Jazz apresenta-se na casa todas as quintas-feiras, mostrando que o jazz também tem vez nessa terra. Formado no final de 2007, o Ronda Jazz é composto por Vincent Penasse (sax tenor), Gustavo Nunes (guitarra), Yrland Valverde (baixo acústico) e Mauricio Pedrão (bateria), músicos experientes que também tocam em grupos musicais da cidade. Esse quarteto é na verdade apenas um núcleo base para receber músicos convidados a cada quintafeira. Horário: às 21h Local: Balcão Botequim, Rua da Paciência, 233, Rio Vermelho Preço: R$7,00 (Couvert) Fone: 3334-7450
2º Live Sessions
A Live Sessions é um projeto que visa à criação de um mix de linguagens e entretenimento de qualidade, oferecendo uma programação versátil e rotativa
dos melhores artistas nacionais e internacionais ao vivo. Data: 18/11/2010 Local: Trapiche Eventos, Comércio Horário: A partir das 22h Ingressos: No local Mais informações: (71) 3015-1361
Exaltamaníacos
A capital baiana recebe pela primeira vez - a festa Exaltamaníacos. Muita gente bonita, azaração e mais de 10h de festa. Assim promete ser o Exaltamaníacos, que contará com os grupos Exaltasamba, Parangolé, Revelação, Sampacrew e Rodriguinho. Data: 28/11/2010 Local: Wet´n Wild, Paralela Horário: A partir das 12h Ingressos: R$120 e R$ 60 (casadinha); R$ 70 e R$ 35 (pista - individual); R$ 140 e R$ 70 (camarote); R$ 340 e R$ 170 (camarote open bar) Mais informações: (71) 3451-4440
Restart
Sucesso entre os adolescentes de todo o país, a banda Restart vem
a Salvador - pela primeira vez - e faz um show na boate Madrre (Jardim dos Namorados), no dia 03 de outubro, a partir das 14h, ao lado do grupo baiano Só Na Paquera. O grupo, formado pelos garotos Pedro Lucas, Thomas, Pe Lanza e Koba, virou febre entre o público jovem que navega na internet, graças aos hits “Recomeçar” e “Levo Comigo”, que estão disponíveis no MySpce do conjunto. Conhecidos pelo visual nada convencional – os músicos abusam de roupas coloridas, acessórios e cortes de cabelos estilizados - hoje a Restart está entre os nomes mais cotados para faturar os prêmios Multishow e Video Music Brasil, (VMB) onde concorrem em categorias como revelação, artista do ano e melhor música do ano. Data: 03/10/2010 Local: Boite Madrre, Jardim dos Namorados
Horário: A partir das 14h Ingressos: No local Valor: R$ 25 (pista) e R$ 40 (camarote) Mais informações: (71) 3346-0012
12ª EDIÇÃO DO DARKTRONIC
Explorando a temática gótica, a tradicional festa DARKTRONIC reúne bandas e DJs com repertórios que vão do rock à música eletrônica. Além do palco principal, esta edição, batizada de DARKTRONIC LIVE, vem com uma arena eletrônica e um lounge multimídia, dando espaço para mostras de cinema, debates, palestras e performances diversas, inclusive um zombie walk. O DJ Bacana (SP) e a Plastique Noir (CE) são algumas das atrações confirmadas. Local: Largo Pedro Archanjo (9/10 e 16/10) Largo Tereza Batista (6/11 e 13/11) Data: 9/10, 16/10, 6/11 e 13/11, 14h Valor: Uma mídia musical original (CD, DVD ou vinil)
EXPOSIÇÕES
Auguste Rodin, Homem e Gênio
Auguste Rodin, Homem e Gênio - Escultura
Composta por cerca de 60 peças esculpidas em gesso, a mostra traduz a técnica do artista francês, que costumava a trabalhar com este material, deixando que seus assistentes fundissem o metal para finalização e reprodução de suas obras. Para Rodin, somente o gesso era capaz de moldar sobre o que já fora criado, o metal e o mármore impediam as torções e contornos necessários a sua representação artística. Viver Bahia | 79
Na exposição o público pode apreciar as obras O Beijo (foto), O Pensador, O Escultor e Sua Musa, Eva, A Defesa, O Desespero, Terceira Maquete para a Porta do Inferno, Glaucus, O Sono, A Meditação, a Eclesiática, Cabeças de mulher com torso e a Danaide. Data: A partir de 26/10 Local: Palacete das Artes Rodin Bahia, Graça Horário: Terça a domingo, das 10h às 18h Preço: Gratuito
À Luz de Dois Mundos Tunga
A mostra apresenta a instalação principal acompanhada de outros elementos que ilustram o começo de sua criação, em 2005, até a elaboração de novas obras, como quatro peças inéditas, desenhos e estudos da época da produção deste trabalho, cartazes e um vídeo das mostras internacionais do artista, além de uma apresentação audiovisual que o crítico Paulo Sérgio Duarte criou especialmente para esta mostra. A exposição é integrante do programa Quarta Dimensão, que tem como objetivo provocar a relação entre o trabalho de diversos artistas e a obra do escultor francês Auguste Rodin. De 27/08 a 31/10 - ter, qua, qui, sex, sáb e dom Horário: ter a sex, das 10h às 18h; sáb e dom, das 13h às 17h Local: Palacete das Artes Rodin Bahia, Rua da Graça - 292 Graça Preço: Gratuito
Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum!, em parceria com profissionais, representam 17 festas populares de Salvador: de Santa Bárbara, passando pelo Carnaval e pelos festejos juninos, até fechar com Cosme e Damião. Local: Galeria Solar Ferrão e Galeria Oi Kabum! Abertura: 7/10, 19h Visitação: Solar Ferrão – 8/10 a 21/11, seg a sex, 10h às 18h; sáb, dom e feriados, 13h às 17h; Oi Kabum – 8/10 a 17/12, seg a sex, 10h às 18h Preço: Grátis Telefones: 3117-6357/ 3345-5655
Que fale Santo Amaro
Exposição Dança dos Bastões e mesa-redonda Projeto Coleção Emilia Biancardi: Dinamização e Difusão das Tradições Populares. Curta Dança às 6 no Pelô
Datas: Exposição: 27/9 a 2/10, 8h às 18h; Mesa-redonda: 2/10, 20h Local: Teatro Dona Canô, Santo Amaro Telefone: (71) 8847-0925 Preço: Grátis
3ª edição do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça
A mostra apresenta uma seleção de 33 trabalhos dos cinco vencedores do prêmio Marcantonio Vilaça para Artes Plásticas, Armando Queiroz (PA), Eduardo Berliner (RJ), Henrique Oliveira (SP), Yuri Firmeza (CE) e Rosana Ricalde (RJ). As obras utilizam as mais variadas técnicas e linguagens, como desenho, pintura sobre papel perfurado, back light, óleo sobre tela, madeira, acrílico sobre tela, fotoperformance, vídeoinstalação,
instalação e vídeo em loop. Rosana Ricalde é o destaque da exposição, com onze peças expostas, sendo quatro inéditas. Data: 10/09 a 14/11 - ter, qua, qui, sex, sáb e dom Horário: ter a dom, das 13h às 19h; sáb, das 13h às 21h Local: Museu de Arte Moderna da Bahia Av. Contorno - s/n Solar do Unhão Tel: 3329-0660 Preço: Gratuito
CINEMA
diversas praças de Salvador dois espetáculos, dando acesso gratuito a produções de dança. Serão apresentados o infantil Triscou, Pegou!, uma viagem ao colorido e fantástico mundo das tradições de brincadeiras, e o adultoAlmejo, que explora cenicamente as reações da desidratação e representa o universo hostil que maltrata o povo sertanejo. Locais: Largo do Papagaio / Abaeté / Praça São Brás / Cruzeiro de São Francisco / Praça da Sé / Praça da Revolução Data: 7/10 e 8/10, 16h; 12/10, 15h e 17h; 16/10 e 17/10, 16h; 21/10 e 22/10, 16h; 28/10 e 29/10, 16h; 30/10 e 31/10, 16h Preço: Grátis
Pelourinho - Curta Dança, ás no Pelô Anima as Noites de Segunda Verdades e Mentiras: O Cinema vai à Escola
Apresentação de películas – uma brasileira e as demais alemãs – que retratam situações dramáticas, conflitos e descobertas nas relações que se estabelecem na escola. Local: Cine-Teatro do Goethe-Institut Data: até 19/10, às terças Horário: 20h Tel: 71 3338-4700 Preço: Grátis e-mail: film@salvadorbahia.goethe.org
DANÇA
O projeto apresenta seis espetáculos estrelados por grupos e artistas de dança independentes e originários de Salvador, incluindo a linguagem na rotina do Pelourinho. Participam da programação o Grupo de Dança Contemporânea, a Mazurca Criações, a Bamberg Cia. de Dança, o CoMteMpu’s e o dançarino Leandro de Oliveira. A iniciativa é viabilizada pelo edital Tô no Pelô.
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pontos de vista românticos sobre a natureza e uma forma não-ortodoxa de cristianismo. Desconhecido até a metade do século XIX, hoje é considerado grande destaque entre os maiores poetas germânicos. O evento tem a presença do professor Marco Aurélio Werle, que promove palestra de abertura com o tema “Hölderlin: intuição e intimidade”.
Local: Largo Pedro Archanjo Dia: 4/10 a 8/11, segundas, 18h Preço: Grátis Tels: (71) 8844-4787 / (71) 9172-0203
Local: Academia de Letras da Bahia/ Biblioteca do ICBA Palestra de abertura: 20/10, qua, 19h; 20/10 a 25/10, horários variados Tel: 71 3321-4308/ 71 3338-4706 Preço: Grátis
POESIA
Identidade - Exposição Multimídia Festas Populares de Salvador
A mostra resgata os significados das manifestações culturais com o objetivo de difundilas entre as novas gerações. Videoinstalações, fotoclipes e um videodocumentário, elaborados por jovens de comunidades populares do Núcleo de Produção da
Circuito de Dança em Praças Públicas
Circuito da Dança em Praças Públicas de Salvador Com apoio do Fundo de Cultura da Bahia, o projeto idealizado pela Cia. de Dança Robson Correia leva para
Poesia - Semana Friedrich Hölderlin apresenta expoente da literatura alemã
A série Perfis Literários apresenta a vida e a obra de um dos mais importantes poetas do classicismo na Alemanha, Friedrich Hölderlin. Palestras, projeção de filmes, exposição de livros e leitura dramática de alguns poemas contam parte da trajetória do alemão que conseguiu sintetizar o espírito da Grécia antiga, os
Cursos
Noções Básicas de Libras
Objetiva a inclusão social de deficientes auditivos de Salvador. Local: Biblioteca Anísio Teixeira – Ladeira de São Bento Data: até 6/11, 9h às 12h e 14h às 17h Preço: Grátis Tel: 71 3117-6339 Site: www.fpc.ba.gov.br / bat.fpc@fpc. ba.gov.br
Oficina de escultura
Ministrada por Almandrade, com teoria e prática para desenvolver reflexões sobre a escultura e as artes plásticas. Local: Palacete das Artes Data: 8/7 a 2/12, às quintas, 14h às 17h Preço: Grátis
Contador de Histórias
Oficina aborda técnicas de narração, criação e encenação de histórias, improvisação e estratégias de apresentação. Local: Teatro Griô – ICBA Data: até 16/10, aos sábados, 9h às 12h Preço: R$140 Tel: 71 3018-4888 Site: www.teatrogrio.com.br @: teatro@teatrogrio.com.br Viver Bahia | 81
AEROPORTO Aeroporto Internacional de Salvador | Pç. Gago Coutinho, s/n São Cristóvão, Tel. 3204.1010 COMPANHIAS AÉREAS Gol | Tel. 0300.1152121 www.voegol.com.br Webjet | Tel. 0300.2101234 www.webjet.com.br Lanchile | Tel. 3241.1401 www.lanchile.com Ocean Air | Tel. 4004.4040 www.oceanair.com Tam | Tel. 0300.1231000 www.tam.com.br Tap Air Portugal | Tel. 0300.2106060 www. agentestapbrasil.com.br Azul Linhas Aéreas | Tel. 4003.1118 www.voeazul. com.br
Ferry-Boat Terminal Turístico Marítimo | Av. da França, s/n, Comércio - Tel. 3254.1020 Diariamente: 6h as 19h30’ Porto Porto de Salvador | Av. da França, 1551 – Comércio Tel.: 3320.1100 Horário: segunda a sábado das 6h as 17:30h; domingo das 7h as 10h Site: www.codeba.com.br Marinas Pier Salvador | Av. Porto dos Tainheiros, Ribeira Tel. 3316 1406 Bahia Marina | Av. Contorno, nº 1010, Comércio, Tel. 3322.7244 Marina de Itaparica | Av. 25 de Outubro, s/n, Itaparica T. 3631.1668/1024 82 | Viver Bahia
Informações Úteis Rodoviária Terminal Rodoviário | Armando Viana de Castro Av. ACM nº 4362, Pituba Tel. 3116.8300 Funcionamento 24h
Correios Agência da Pituba (Central) | Av. Paulo VI nº 190, Pituba, Tel. 3003 0100 Agência do Aeroporto | Tel. 3204 1676/1677 Agência da Praça da Inglaterra | Comércio Tel. 3346.9414 Agência do Pelourinho | Largo do Cruzeiro de São Francisco nº 20, Pelourinho, Tel. 3321 8787 Agência da Vitória | Tel. 3337 3117
Câmbio Banco do Brasil | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão, Tel. 3377 2574 Citibank | Rua Marques de Leão nº 71, Barra, Tel. 4009 6310 Confidence Câmbio | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão Tel. 3354 0699 Iguatemi Turismo | Av. Tancredo Neves, nº 148, Pituba (Shopping Iguatemi 2º Piso), Tel. 3450 0200 Olímpia Turismo | Praça Padre Anchieta nº 16, Centro Histórico, Tel. 3322 0863
Shopping Tour | Av. Centenário nº 2992, Barra (Shopping Barra 1º piso) Zap Tur | Avenida Sete de Setembro nº 14, Barra (Hotel Sol Barra) Tel. 3264 0000
Unidas | Av. Amaralina, 813 - Tel. 3204 4900 / 0800 121 121 (reservas) Business Rent a Car | Direita do Santo Antonio nº 20, Santo Antonio Além do Carmo - Tel. 3241 3586
Artesanato Mercado Modelo | Pça. Visconde de Cayru nº 250, Comércio, Tel. 3241 2893 Instituto de Artesanato Visconde de Mauá | Praça Azevedo Fernandes nº 02, Porto da Barra Tel. 3116 6110/6713 Feira de Artesanato do Pelourinho | Rua Gregório de Mattos nº 5, Pelourinho Tel. 3322 5200/5100 Gerson Artesanato de Prata | Rua do Carmo nº 26, Santo Antônio Tel. 3242 2133 Feira de São Joaquim | Av. Jequitaia s/n, Calçada Afro Bahia | Largo de São Francisco nº 10, Pelourinho, Tel. 3322 3709 Loja de Artesanato do SESC | Rua Francisco Muniz Barreto nº 2, Terreiro de Jesus, Pelourinho, Tel. 3321 0161
SHOPPING CENTER Shopping Barra | Av. Centenário nº 2992, Chame-Chame Tel. 2108 8222 Funcionamento: seg a sex das 9h as 22h / Sabado 9h as 21h / domingo 15h as 21h Salvador Shopping | Av. Tancredo Neves nº 2195, Pituba Tel. 3828 1000 Funcionamento de seg a sex 9h as 22h e dom das 12h as 21h Shopping Paralela | Av. Luis Viana Filho Tel. 3555 7091 Funcionamento seg a Sab 9h as 22h domingo 14h as 21h Shopping Lapa | Rua Portão da Piedade nº 155, Piedade. Tel. 3328 8200 Funcionamento seg a sab 9h as 22h, dom das 12h das 21h Shopping Iguatemi | Av. Tancredo Neves nº 148, Pituba - Tel. 3350 5050 Shopping Itaigara | Av. Antonio Carlos Magalhães nº 656, Itaigara T. 3270 8900 Funcionamento seg a sex 9h as 21h Sab 9h as 20h Shopping Piedade | R. Junqueira Ayres nº 8, Barris. Tel. 3444 1555 Funcionamento seg a sex 9h as 21h Sab 9h as 20h
Locadora de Automóveis Car Rental Hertz | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão Tel. 3377 6554 Localiza | Av. Oceânica nº 3057, Ondina, Tel. 3173 9292 Aerocar | Rua Fonte do Boi nº 26, Loja 2, Rio Vermelho, Tel. 3335 1110
? TELEFONES ÚTEIS Disque Bahia Turismo | T. 3103 3103 SAMU | 192 Polícia / Bombeiros | 193 Central Antiveneno | T. 0800 2844343 Correios (reclamações) | T. 0800 725 0100 Defesa Civil | 199 Defesa do Consumidor | T. 3321 9947/3885 Delegacia de Proteção ao Turista | T. 3116.6817 / 3116.6512 Delegacia de Proteção À Mulher | T. 3116.7000 Detran | T. 3535 0888 Disque Denuncia (drogas, homicídios, roubos, etc.) | T. 3235 0000 Disque Denuncia (exploração sexual contra Crianças e Adolescentes) | 100 Polícia Civil | 197 Policia Militar | 190 Polícia Federal | T. 3319.6000 Serviço Salvador Atende | 156 Serviço de Informações dos Transportes Urbanos de Salvador – (CIAC) | T. 2109 3641
Taxis Taxi Comtas | T. 3377-6311 / 0800.710311 Taxi Coometas | T. 3244.4500 / 0800.282450
Sol e praia? Sim, mas a Bahia é muito mais.
Fotos: Eduardo Moody e Jota Freitas / Bahiatursa
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Fotos: Bruno Ribeiro, Eduardo Moody e Jota Freitas / Bahiatursa