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100.000
T i r ag e m
Revista Oficial de Turismo da Bahia Março - Abril 2010 - ano 3 /no 11 - Bahia Brasil
Gratuita
Distribuição
Edição em Portugues
Caldeirão musical Clássico e popular se misturam ao som que vem dos terreiros e das ruas da cidade
Bahia, preferência nacional Pesquisa do Ministério do Turismo revela o destino turístico preferido dos brasileiros
Viver Bahia | 1
2 | Viver Bahia
www.bahia.com.br
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Okè!
Oxóssi, Senhor das Matas
O
xóssi revela a importância da caça entre os povos africanos. Sendo um caçador, ele garante fartura, sustento, alimentação e prosperidade ao ser humano. Muitas vezes é chamado de Odé Wawá, ou seja, Caçador dos Céus. Está estreitamente ligado a Ogum, de quem recebeu suas armas de caçador. Conta a lenda que Ossãe apaixonou-se pela beleza de Oxóssi e o prendeu na floresta. Ogum consegue penetrar na floresta e libertá-lo. Suas insígnias são o Ofá (arco e flecha de metal, conjugados) e o Irukeré (espanta-mosca símbolo dos reis na África). Nas suas atividades de caça, Oxóssi penetra na mata com a ajuda de Exu, que o orienta e abre os caminhos. Esses caminhos, porém, são turvos, cheios de galhos, espinhos, cipós e outros imprevistos. Nessa hora quem lhe socorre é Ogun, de quem Oxóssi seria filho ou irmão caçula. Ogun, com sua espada, limpa os caminhos para que o caçador divino possa realizar a sua atividade. Uma vez dentro da mata, Oxóssi está nos domínios de Ossãe, que reina sobre os vegetais. Ossãe ensina-o a conhecer as ervas que curam os homens e os animais, assim como as plantas sagradas, que entram na liturgia dos orixás. No sincretismo religioso da Bahia, Oxóssi está associado a São Jorge, o santo guerreiro.
Dia: Quinta-feira Festa: 23 de abril, dia de São Jorge, com quem está identificado Cores: Verde, azul e escarlate; azul-turqueza e azul com dourado Talismã: Fio de miçangas azuis-turquesa e verdes Metal: Cobre, latão e ferro Pedras: Turquesa e topázio Sacrifícios: Porco, bode, boi, galo e conquém (galinha-d’angola) Oferendas: Axóxo (papa de milho com coco), caças em geral, frutas Panô com imagem de Oxóssi - Arte em tecido - autoria: Dete Lima
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Domínios: Matas, fotossíntese e caça Insígnia: Ofá (arco e flecha de metal, conjugados) Saudação: Okè!
Cavaleiro de Aruanda Tony Osanah
ô lua Branca lê uê ô lua Branca lê uá Quem é o Cavaleiro Que vem de Aruanda É Oxóssi em seu cavalo Com seu chapéu de banda Ele é filho do verde Ele é filho da mata Saravá nossa senhora A sua flecha mata (Bis) Vem de Aruanda uê Vem de Aruanda uá Vem de Aruanda auê! Quem é este cacique Glorioso e guerreiro Montado em seu cavalo Desce no meu terreiro Ele é filho do rei Ele é filho da mata Saravá nossa senhora A sua flecha mata (Bis) Vem de Aruanda uê Vem de Aruanda uá Vem de Aruanda auê! ô lua Branca lê uê Quem é o cavaleiro Que vem de Aruanda É Oxóssi em seu cavalo Com seu chapéu de banda Quem é o cavaleiro Que vem de Aruanda É Oxóssi em seu cavalo Com seu chapéu de banda Galo cantou Tá chegando a hora Oxalá tá me chamando Caçador já vai embora (Bis) ô lua Branca lê uê ô lua Branca lê uá
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Índice
Carta da Redação
V
encidos entraves administrativos e realizada licitação para a sua impressão, a Revista Viver Bahia volta a circular. Agora, com frequência regularizada e muitos assuntos gostosos sobre a Bahia. O destino Bahia é tão diversificado e a riqueza cultural baiana é tão grande que para Viver a Bahia é preciso uma atualização bimensal de informações. Nesta edição estão reunidas reportagens variadas, que abrangem desde aspectos peculiares da nossa cultura até a comercialização de produtos associados ao turismo. Começamos com um mergulho no mundo mítico e mágico da Bahia, destacando as personagens femininas da literatura de Jorge Amado, que deixaram as páginas dos livros e ganharam vida no rico folclore baiano.
Passeamos também sobre a nossa diversidade musical, agora acrescida de grandes orquestras e bandas, que misturam estilos variados, explorando, principalmente, os ritmos originários do candomblé. A Feira de São Joaquim, a antiga Água de Meninos, é objeto de outro destaque. Aqui são abordados os seus aspectos culturais, mas também o seu novo projeto de requalificação. Turismo de aventura na Chapada Norte, a bucólica Península Itapagipana, a Rota do Couro e os novos investimentos em infraestrutura turística são outros temas desta edição. Com toda esta diversidade, fica fácil entender por que a pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo/Vox Populi apontou a Bahia como o destino turístico preferido dos brasileiros.
Expediente Viver Bahia - Revista Oficial do Turismo da Bahia Ano 3 número 11 – Março - Abril 2010 Uma publicação da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia Av. Tancredo Neves, Desenbahia Bloco B, Caminho das Árvores. CEP 41.820-904 Salvador, Bahia, Brasil. Ascom: 55 71 3116-4151 Portal: www.bahia.com.br – www.setur.ba.gov.br E-mail: ouvidoria@setur.ba.gov.br Redação: Diretoria de Planejamento e Estudos Econômicos da Setur. Editora Responsável: Clarissa Amaral – DRT/ BA 956 - clarissa@setur.ba.gov.br Redação: Clarissa Amaral, Gabriel Carvalho, Eduardo Pelosi, Simone Cabral, Acácia Martins, Daniel Meira, Silmara Menezes, Fernanda Freitas e Tânia Feitosa. Estagiários: Clarissa Pacheco, Patrick Silva, Caroline Martins, Ricardo Costa, Pedro Garcia, Karina Brasil e Natália Gusmão Produção: Rhene Jorge e Viviane Santos Fotografias: Rita Barreto e Arquivo SeturBahiatursa
A redação
Revisão: Tânia Feitosa Capa (foto): Rita Barreto
* @
Carta do leitor
Diagramação e Editoração Eletrônica: Yoemi
Escreva, mande e-mail com sugestões de pautas, dicas, dúvidas, críticas e sugestões.
e Ko Artes Visuais.
ouvidoria@setur.ba.gov.br
Li, na última edição da revista Viver Bahia, a matéria “Bahia é muito mais verão”, o que me fez decidir, este ano, passar o Carnaval em Salvador. Voltei encantada com a receptividade e a alegria do povo baiano e com o atendimento do serviço de call center da Secretaria de Turismo. Nota 10 para a Bahia! Flávia Assunção Londrina – PR
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Tratamento de Imagem: Marcelo Campos Muito legal a entrevista com Gerônimo, o Rei Momo do Carnaval 2009, publicada na Viver Bahia. Sérgio Franco Petrópolis – RJ Fico feliz em saber que o turismo GLS já é uma realidade na Bahia. A matéria “Bahia aposta em destinos gayfriendly” está muito boa, com dicas e serviços de primeira. Parabéns!
Thiago Pinto Jacobina – BA Baiano de coração, sou velejador e moro há dois anos em Ville de Quebec, Canadá, com mulher e filhos. Recebi, enviada por um parente, a última edição da revista Viver Bahia com uma bela matéria sobre náutica na Baía de Todosos-Santos. Que saudades! Procópio Filho Ville de Quebec - Canadá
Fotolito e Impressão: Qualigraf Serviços Gráficos. Viver Bahia é um título de propriedade da Empresa de Turismo da Bahia S. A. – Bahiatursa, Governo do Estado da Bahia.
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Bahia, preferência nacional O som que vem dos terreiros Bahia também tem a preferência de investidores Entrevista: Dick Blom Chapada Norte: paraíso ecológico e de aventura Itacaré mais perto de Salvador Jorge Amado e suas mulheres incríveis Itapagipe: mais que um ponto mágico Feira reúne comércio e cultura Turismo étnicos-afro atrae turista No combate à sazonalidade Santa Semana: opções unem fé e lazer Anarriê! São João está chegando Capoeira terá mapeamento Qualificação Turismo nas ondas da Internet Agende-se – Programação cultural Viver Bahia | 7
Foto: Rita Barreto
Pesquisa de Opinião
É da Bahia que eles gostam mais Pesquisa do Ministério do Turismo/Vox Populi aponta o estado como destino preferencial dos brasileiros Gabriel Carvalho
D
A capital baiana recebe o maior número de turistas 8 | Viver Bahia
ona da maior costa brasileira, com mais de 1,1 mil quilômetros de mares navegáveis, a Bahia parece realmente ter sido esculpida à mão por deuses e orixás. A diversidade de cores, sotaques, sabores e paisagens que misturam sol e praia, morros, cachoeiras, rios, cânions, trilhas com a riqueza cultural, a simpatia e a energia de um povo alegre faz desta terra o local preferido entre todos os brasileiros. Segundo os números da pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo/ Vox Populi, a Bahia é o local favorito de 11,6% dos brasileiros que já viajaram pelo país. Dos que ainda irão viajar, 21,4% elegeram o estado como destino preferencial, destacandose de concorrentes de peso, como são Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Ceará. Viver Bahia | 9
No que se refere ao fluxo de visitantes, a Bahia também conta com números que impressionam. De acordo com outro levantamento, realizado pela Secretaria de Turismo da Bahia, através da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2008, cerca de nove milhões de pessoas viajaram pelo estado. Os brasileiros representam quase 95% deste total, sendo os baianos, mineiros e paulistas os que mais viajam pela Bahia (ver gráficos ao lado e abaixo). E é justamente o vasto leque de opções que faz da Bahia um lugar que mexe com o imaginário popular, desde o início do século XX, quando Ary Barroso musicou os atrativos da Bahia, através das notas de Na Baixa dos Sapateiros. No cinema, o norte-americano Walt Disney levou as imagens da terra para as telonas e Carmen Miranda aparecia vestida de baiana. Mais tarde, Dorival Caymmi e Jorge Amado levaram ao Brasil e ao mundo a magia e o encantamento cultural. Entre os destinos baianos apontados pela Fipe como preferenciais dos turistas estão a capital baiana, Salvador, com 28,8% da preferência, e Porto Seguro, com 10,8%. O período mais intenso de visitação no estado é o verão, que abrange os meses de dezembro a março, quando mais de três milhões de visitantes circulam pelas 13 zonas turísticas da Bahia, com destaque para o Carnaval de Salvador, que atrai mais de 500 mil pessoas que chegam para curtir os seis dias de folia. 10 | Viver Bahia
Foto: Jota Freitas
Pesquisa de Opinião
Diversidade: no interior, a beleza da Chapada Diamantina
Isso pode ser verificado facilmente nos dias de verão com um passeio pelos principais pontos turísticos do estado, que geralmente ficam lotados no período. Em Salvador, as irmãs mineiras Alessandra, 19 anos, e Juliana Moreira, 24, aproveitaram os agitos do mês de janeiro, como os ensaios de verão e os fins de tarde no Porto da Barra. “Já é a minha terceira vez aqui e pretendo voltar no próximo ano para passar o Carnaval”, conta a mais velha. Na capital, a diversidade e a mistura de raças fazem de Salvador um lugar de características singulares, onde o visitante encontra coisas que não encontra em nenhum outro lugar do mundo. A convivência harmoniosa entre os católicos
Fluxo Turístico - Bahia Internacional 5,7%
Doméstico 94,3%
Receita Turística Internacional 15,4%
Doméstico 84,6%
Fonte: Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas
e adeptos do candomblé, que muitas vezes realizam celebrações ecumênicas em conjunto, dá um toque especial às chamadas festas populares da Bahia. É assim nas homenagens à Santa Bárbara, que está associada à Iansã no sincretismo religioso; na Lavagem do Bonfim, em que baianos e turistas reverenciam o Senhor do Bonfim e Oxalá; e nas demais festas que fazem a Bahia ganhar as páginas de jornais em todo o mundo. Além deste casamento étnicocultural entre os católicos e o povo de santo, a cidade tem muito a oferecer, com um sem-número de atrativos turísticos como os seus cartões-postais. Um dos principais pontos de visitação é o Centro Histórico da cidade, que é tomado
por construções que começaram a ser construídas ainda no século XVI. Os casarões históricos e coloridos do Pelourinho encaixam-se perfeitamente com os batuques dos tambores das dezenas de grupos musicais que ali estão instalados, como o Olodum, o mais conhecido, e até mesmo entre os que nunca estiveram na Bahia. As igrejas e catedrais que começaram a ser construídas há mais de 400 anos, e que até hoje mantêm suas características originais, também encantam os visitantes, sobretudo os europeus, que ali encontram semelhanças arquitetônicas com os prédios e imagens sacras dos templos localizados no Velho Continente. Na parte litorânea, a Bahia
também oferece aos visitantes uma enorme quantidade de praias em sua costa diversificada. Com 56 ilhas e abraçando um grande número de cidades e localidades, a Baía de Todos-osSantos reúne belezas naturais em lugares que se constituem em paraísos ainda intocados e outros mais conhecidos, como a Ilha de Itaparica. As águas mornas e calmas fazem do local um ponto ideal para a prática de esportes, como a vela e o mergulho. Ao norte, na Costa dos Coqueiros, as belas praias são contempladas com paisagens paradisíacas, repletas de dunas, coqueirais, rios e reservas ambientais. Alguns dos principais destinos da zona turística batizada de Costa dos Coqueiros são: Praia do Forte, Costa do Sauípe, Imbassaí e Mangue Seco. Em Praia do Forte os destaques são o ecoturismo e a badalação. A localidade abriga a Reserva de Sapiranga, que reúne trilhas e um parque com espécies nativas da fauna e da flora, e o Projeto Tamar, que visa à proteção das tartarugas marinhas, animais ameaçados de extinção. No que se refere aos agitos, a localidade, que pertence ao município de Mata de São João, possui diversos bares, restaurantes e espaços com música ao vivo, além de um verdadeiro shopping a céu aberto, com dezenas de lojas que comercializam confecções, biquínis, perfumarias e lanchonetes. Em Praia do Forte, também há uma boa oferta de hotéis, pousadas e resorts acessíveis para todos os tipos de gosto e público. Viver Bahia | 11
Fotos: Rita Barreto
Foto: Divulgação/Prefeitura
Pesquisa de Opinião
Costa do Descobrimento recebe mais de milhão de pessoas por ano No Litoral Sul baiano, Porto Seguro também se configura em um reduto de turistas de todo o país. A proximidade com o Sudeste brasileiro faz com que a maioria dos cerca de um milhão de visitantes, que a cidade recebe no ano, venha de estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Em muitos aspectos, o município situado no Extremo Sul do Estado, e a 622 km de Salvador, ainda conserva o mesmo ar primitivo encontrado por Pedro Álvares Cabral, há mais de 500 anos. Praias paradisíacas, pequenas ilhas e alguns remanescentes de Mata Atlântica continuam sendo os atrativos de uma terra onde o sol brilha praticamente o ano inteiro. Trancoso, Caraíva, Praia do Espelho e Arraial D’Ajuda são os principais cartões-postais da cidade, que também tem na cultura indígena algo que diferencia a região dos demais destinos brasileiros. Meio de hospedagem é o que não falta. A região conta com 40 mil leitos espalhados em hotéis de alto padrão que oferecem conforto e luxo e também pequenas pousadas que, muitas vezes, representam o aconchego de uma residência. Quem procura algo diferente tem como opção a convivência em aldeias indígenas da tribo Pataxó espalhadas pelo Litoral Sul. “Durante o dia, o visitante tem passeios guiados por índios pataxós, banho de rio, exercícios de arco e flecha, pintura do corpo e participação no ritual de confraternização. À noite, ao redor da fogueira, é ministrada palestra sobre tradições e lendas indígenas e repouso em rede ou esteira, na oca”, explica a empresária que condena a banalização da expressão “programa de índio”, a agente de viagens, Maria Luísa Cruz. Além das atividades físicas e peculiares dos primeiros habitantes do Brasil, o visitante que adquire um pacote como esse que custa em média R$ 800 para quatro dias e quatro noites, também se delicia com as refeições baseadas em pratos típicos preparados pelos pataxós. São beijus, sucos artesanais, tapiocas, peixes e outras iguarias que dificilmente são encontrados nos restaurantes de Porto Seguro. Colaborou: Pedro Garcia 12 | Viver Bahia
Museu do Índio em Coroa Vermelha, Cabrália
Centro Histórico de Porto Seguro
Arraial d’Ajuda Viver Bahia | 13
Cresce o número de viajantes das classes C e D
Foto: Jota Freitas
A pouca oferta de voos regionais e a grande extensão territorial da Bahia, com mais de 500 mil km², favorecem o turismo rodoviário no estado. Esta modalidade é muito praticada por pessoas das classes C e D, cujo poder de compra foi ampliado na última década. De acordo com estudos produzidos pelo Ministério do Turismo, o turista que faz parte deste perfil socioeconômico geralmente percorre curtas ou médias distâncias. Geralmente, são os próprios viajantes que organizam as viagens e elaboram os roteiros. O principal meio de transporte é o rodoviário e os custos do passeio são normalmente todos pagos à vista. Apesar do grande número de pessoas que viajam dentro dos seus próprios estados na Bahia são 4,5 milhões de viajantes, segundo a Fipe – poucas operadoras e agências formatam pacotes deste tipo. De olho nesse mercado, alguns pequenos empresários formatam pacotes
Cartões-postais são as atrações mais visitadas 14 | Viver Bahia
e realizam passeios para grupos de pessoas com renda que varia de um a quatro salários mínimos. O empresário e professor de Educação Física, Ruy Matheo, uniu o útil ao agradável. Ele montou uma empresa voltada para a realização de excursões focadas no ecoturismo e turismo de aventura. “As viagens são programadas para locais que reúnam atrativos com trilhas, cachoeiras e paredões rochosos para a prática do rapel”, explica. Alguns dos destinos escolhidos pela empresa de Ruy para a organização das viagens estão fora dos roteiros convencionais comercializados pelas grandes operadoras, o que para o empresário constitui-se num diferencial. “A dificuldade de acesso acaba nos favorecendo, pois há um público interessado nesses locais”, conta. Empresário do setor hoteleiro, o
Foto: Rita Barreto
Pesquisa de Opinião
The New York Times também elege a Bahia
Jornal também destaca Morro de São Paulo e Chapada Diamantina Linda Carvalho: investimentos no segmento
presidente do Conselho Baiano de Turismo, Sílvio Pessoa, também está atento ao comportamento do mercado. Dono de cinco estabelecimentos na capital baiana, Pessoa disse que é cada vez maior o número de pessoas na linha de consumo em todo o país. “Nos últimos três anos, cerca de 30 milhões de pessoas ascenderam às classes C e D e, por ter equipamentos de hospedagem com todas as faixas de preços, precisamos ficar atentos a isso”, resume.
O que os brasileiros já tinham manifestado na pesquisa MTur/ Vox Populi foi ratificado pelo jornal americano The New York Times. A publicação, que é uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, colocou a Bahia – único estado brasileiro mencionado – em oitavo lugar entre as 31 opções de lugares que não se pode deixar de ir ao longo deste ano. A Bahia já está, há dois meses, no ranking da publicação, à frente de Buenos Aires, São Francisco, Copenhagen e Xangai. Os turistas que recomendaram a Bahia citam, como principais atrações turísticas, a culinária - repleta de pratos feitos com dendê, o Museu Afro-Brasileiro, no Pelourinho, o povo baiano, a música e as praias. Além de Salvador, os leitores do New York Times destacam a Chapada Diamantina, Morro de São Paulo e Itacaré. Os Estados Unidos, segundo a pesquisa da Fipe, são o país líder no ranking de turistas internacionais para a Bahia, enviando 63 mil pessoas de um total de 514 mil estrangeiros que visitam o estado anualmente. A lista dos 31 destinos apontados pelo jornal pode ser acessada no endereço eletrônico www.nytimes.com/interactive/ travel/2010-places-to-go.html.
Imagem da campanha Bahia: preferência nacional e internacional Viver Bahia | 15
Diversidade musical
Novos sons da Bahia Eduardo Pelosi
C
onhecida por ser um berço musical recheado de diversidade, a Bahia tem mostrado que continua sendo uma referência quando se fala em música de alta qualidade e mistura de ritmos. A efervescência do universo musical baiano, que já encantou o mundo com Dorival Caymmi, a Tropicália, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Carlinhos Brown e Ivete Sangalo, mostra mais uma vez sua força, com novas criações que unem a matriz musical africana a novos ritmos, experiências e conceitos. Entre os principais novos expoentes, estão as orquestras de música contemporânea, como a Orkestra Rumpilezz, a Orquestra Neojiba e a Orquestra de Frevos e Dobrados, do maestro Fred Dantas, que acompanharam uma tendência antiga, iniciada pelo maestro Vivaldo Conceição e continuada pelo maestro Reginaldo de Xangô. A Orkestra Rumpilezz, comandada pelo maestro, compositor, arranjador e saxofonista Letieres Leite, dá uma roupagem harmônica moderna para os ritmos da música sacra afro-baiana. O grupo, formado em 2006, reúne vinte músicos que tocam instrumentos de sopro e percussão e executam as composições inspiradas na cultura rítmica do centro de Salvador, 16 | Viver Bahia
Foto: Vanes Casaes /Agecom
Além do axé, do samba e do forró a Bahia desenvolveu novas elaborações musicais e novas orquestras
Orkestra Rumpilezz mistura de ritmos clássicos com suingue africano
A orquestra Neojibá reúne crianças e adolescentes dos bairros populares
nos toques de orixás da música sacra afro-baiana, em grandes agremiações percussivas, como o Ilê Aiyê, Olodum e em Sambas do Recôncavo, misturadas com uma influência jazzística em formato de Big Band. Até o nome do grupo é inspirado nesse caldeirão de ritmos, representando os três atabaques do candomblé: o Rum, o Rumpi e o Lé, com o ZZ do Jazz. “O embrião da Rumpilezz surgiu quando eu era estudante de música, em Viena e resolvi me debruçar sobre o universo musical da Bahia. Naturalmente quem é baiano tem contato permanente com o tambor, pela quantidade de oferta de tribos rítmicas. Em 2006, reuni músicos para uma apresentação na Feira Instrumental de Salvador e, a partir desse grupo, formamos a orquestra”, explica o maestro Letieres Leite. No ano passado, o grupo gravou o seu álbum de estreia na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. A mixagem da gravação foi feita pelo engenheiro de som Joe Ferla, vencedor do Grammy, que já trabalhou com artistas como John Meyer, Natalie Cole, John Scofield e Brecker Brothers. O disco
inclui oito músicas da autoria de Letieres e uma música de Ed Motta - grande admirador da orquestra, que considera a Rumpilezz “o que há de mais interessante na música mundial”. As músicas do disco são as que costumam arrancar aplausos do público nos shows da Orkestra. São composições que impressionam pela força da combinação dos tambores com os instrumentos de sopro, em temas inspirados em cantigas do aguerê, ijexá, samba-reggae, samba afro, da kabila de Angola e a chula do Recôncavo Baiano. Além da orquestra, Letieres é arranjador musical de Ivete Sangalo e trabalha há 11 anos com grupos como Olodum, Daniela Mercury, Timbalada e Cheiro de Amor, produzindo trilhas e desenvolvendo um quarteto na mesma linha do grupo. Para o maestro, a Bahia está repleta de grupos que estão modificando o cenário musical do estado nos últimos anos. “Temos muitos grupos de matriz africana, no pagode, no axé, no forró, no rock e na música instrumental. Tudo o que vem sendo produzido na Bahia, dentro desse âmbito da percussão
afro-baiana modifica o cenário”. O maestro destaca que a música da Rumpilezz é uma tradução do universo percussivo baiano para uma formação de orquestra. “Esse trabalho é dedicado aos percussionistas da Bahia, que conseguiram preservar essa cultura milenar durante tanto tempo”, conclui. Essa preservação musical é parte do trabalho realizado pelo grupo, que além dos vinte integrantes que atuam no palco, reúne substitutos, que participam dos ensaios e integram a orquestra quando algum músico não pode se apresentar, e novos músicos, que são formados e substituídos aos poucos quando vão participar de outros projetos, como uma divisão de base dos times de futebol. Neojiba: Formação de novos músicos - Essa preocupação com a formação de novos músicos também é o combustível que move o trabalho do Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), lançado em 2007, pelo maestro Ricardo Castro, para formar crianças e jovens de todas as classes sociais em prática orquestral Viver Bahia | 17
Diversidade musical
18 | Viver Bahia
Fred Dantas e sua orquestra de Frevos e Dobrados
público aplaudiu de pé todas as músicas executadas durante o concerto. A Juvenil 2 de Julho realizou uma turnê pelas principais capitais do Nordeste e foi muito bem recebida nos palcos da região. “Temos aproveitado todas as brechas e férias escolares para mostrar nosso trabalho dentro e fora do Estado. Em janeiro, a Juvenil 2 de Julho participou como convidada do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), em Jaraguá do Sul. Nossos meninos ficaram durante todo o festival tomando aulas e participando de concertos”, comenta Castro. Fora do Brasil, a sinfônica juvenil já é conhecida. Em setembro, o grupo realizou um intercâmbio com a Fundación para el Sistema Nacional de las Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela (Fesnojiv), em Caracas. “Ficamos conhecidos através do intercâmbio realizado na Costa do Sauípe, em julho de 2008, com a Youth Orchestra of the Americas (YOA). Em 2009, dois músicos da Juvenil participaram na turnê da YOA nos EUA”, relata. Além da Juvenil 2 de Julho, o Neojiba já formou, também, a Orquestra Castro Alves (OCA),
composta de 50 crianças e jovens de 7 a 18 anos, que estão em constante atividade, orientados por monitores. Um terceiro conjunto, a Orquestra Pedagógica Experimental, é uma espécie de porta de entrada para novos integrantes. Os jovens são avaliados através de constantes audições. Para ampliar o número de alunos, que atualmente são 130, o Neojiba deve mudar a sua sede, que hoje é no Teatro Castro Alves. O grupo vai passar a trabalhar no histórico Teatro Iceia, onde já se apresentaram grandes nomes como Walter Gieseking e Arthur Rubinstein. O teatro passará por uma grande reforma, para acolher as centenas de crianças já préinscritas no projeto. Foto: Carlos Alcântara /Secult
e coral. O Neojiba é inspirado no aclamado El Sistema, que forma crianças e jovens carentes em música clássica na Venezuela. Castro conta que desde que conheceu o El Sistema, em 2005, viu que a Bahia tinha tudo para começar algo semelhante. “Eu já tinha iniciado o trabalho com crianças e jovens carentes na Bahia através de projetos como o Axé, em Salvador, e o Conquista Criança, em Vitória da Conquista. Quando comecei a trabalhar a ideia do Neojiba, fui convidado pelo Estado para implantar o sistema em paralelo à gestão da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba)”, relata o maestro que hoje também é o regente da Osba. As crianças e jovens que querem integrar o Neojiba precisam passar por uma seleção. “Avaliamos o conhecimento musical, mas também o talento, a força de vontade, a generosidade, a seriedade e o compromisso. As características humanas são as mais importantes, pois acreditamos que qualquer criança tem potencial para tocar em uma orquestra, se lhe forem oferecidas condições”, explica o maestro. Atualmente, o projeto forma musicalmente 130 crianças e jovens e já formou a sua primeira orquestra sinfônica, a Juvenil 2 de Julho. A orquestra foi formada a partir da primeira turma, em 2007, e é composta por 90 integrantes de 11 a 25 anos, que ensaiam diariamente das 14h às 18h. Os jovens da Juvenil 2 de Julho já se apresentaram em vários estados brasileiros e recebem constantemente a monitoria de regentes e solistas de renome. Em 2009, os músicos se apresentaram no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, onde o
Outra iniciativa para ampliar a capacidade da ação é incluir a música orquestral nos currículos escolares. “Queremos provar a importância dessa ação pelos resultados obtidos e contando com dois fatores importantes: a nova lei federal, que obriga a volta da música às escolas, e o entusiasmo de todos que, ao conhecer a Neojiba, querem adotar o projeto”, conta Castro. Além disso, o maestro torce para que o Neojiba seja implantado em outros estados. “Perguntamme sobre isso com frequência, talvez por receio de que, depois da axé music, a Bahia invada o Brasil com Beethoven. Mas nosso país é muito grande para que uma ação como essa possa ser coordenada de maneira centralizada”. Castro acredita mais no surgimento de outros projetos semelhantes, que poderão dialogar com o Neojiba. Frevos e dobrados - Um outro projeto de formação musical que, em mais de 25 anos, já espalhou novos músicos por toda a Bahia é a Sociedade Musical Oficina de Frevos e Dobrados, criada pelo maestro Fred Dantas. A oficina foi criada em 1982 e já teve como alunos músicos conhecidos do cenário baiano, como Ivan Huol, Guiga Scott e Rowney Scott. “Eu criei um grupo para
recepcionar o mestre de bandas João Sacramento Neto e a banda agregou jovens talentos da escola de música da Ufba, e alguns anos depois se transformou em uma filarmônica”, conta o maestro. Depois, a oficina iniciou e aperfeiçoou centenas de músicos, “praticamente, não há nenhuma banda de axé music que não tenha um nome ligado à oficina”, ressalta Dantas. Através da oficina, novas bandas e filarmônicas foram surgindo e os músicos formados iniciaram novas empreitadas musicais. A Oficina de Frevos e Dobrados foi origem, também, da Orquestra Fred Dantas, criada em 1990, e regida pelo maestro, que continua em atividade. Com músicos de alta qualidade, a orquestra realiza concertos com um repertório que traz arranjos de músicas populares, clássicos do forró, samba, bolero, jovem guarda e axé music na roupagem de filarmônica. Por conta do trabalho de formação, a influência da diversificação musical de Fred Dantas nos novos grupos e artistas baianos abrange todas as vertentes e ritmos da Bahia. Além da axé music, a formação de músicos de orquestra transformou a cara das orquestras baianas. “Antigamente, as filarmônicas eram tidas como bandas para músicos mais velhos. Fizemos um persistente trabalho de discutir esse tema e, através de algumas iniciativas, conseguimos mudar esse conceito”, explica o maestro, citando o Festival de Filarmônicas do Recôncavo como uma das iniciativas que mais incentivaram a renovação. “Hoje, aos cinquenta anos de idade, eu vejo a filarmônica Orquestra Xangô do Maestro Reginaldo continua o trabalho do maestro Vivaldo Conceição
ser aberta para jovens, as bandas voltaram a ser compostas por adolescentes e mulheres. Com relação às orquestras, vejo do mesmo modo. Quando montamos o nosso grupo, o nome “orquestra” parecia extinto do mapa, a nossa persistência ajudou a ressuscitar e manter alguns nomes de orquestras da capital e do interior e abriu o mercado para as filarmônicas”, relata Dantas. Para o maestro, a permanência de grandes projetos de formação, como a Hora da Criança – fundada por Adroaldo Costa e que trabalha com cultura e música para crianças há mais de 60 anos – e o Projeto de Iniciação Musical (PIM), em Fazenda Coutos, são trabalhos “essenciais” para o cenário musical da Bahia continuar em transformação. Renovação - E é essa transformação que é considerada essencial para a renovação musical baiana, por especialistas como o músico e produtor musical Alfredo Moura, que trabalhou bandas de axé music, rock e música clássica, foi diretor musical do Percpan e atualmente é mestrando e professor da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, e compõe peças para bandas filarmônicas, corais, orquestras e big bands. Moura, que assinou algumas faixas do último disco de Daniela Mercury, começou a trabalhar com axé music na década de 1980, quando produziu os discos Magia e Flor Cigana, de Luiz Caldas, discos de Sarajane e Chiclete com Banana. O músico explica que o sucesso dos primeiros discos da axé music era resultado de arranjos bem feitos, criados por profissionais que estudavam música e como ela funcionaria no meio da multidão, para quem pulava atrás do trio. Viver Bahia | 19
Rock faz parte do caldeirão musical
Na opinião do músico, a Bahia nunca foi só axé music. Para que a Bahia continue sendo vista como um berço de manifestações musicais diferentes, Moura acredita que é preciso uma mudança da postura da mídia e do empresariado, “para dar espaços dignos para os artistas mostrarem seus trabalhos”, comenta. Mesmo estando nos Estados Unidos, ele afirma acompanhar as novas criações musicais através da internet. Entre os novos grupos, o maestro destaca o Baiana System, Ministereo Público, Retrofoguetes, Nancy Viégas e Teclas Pretas. Moura cita ainda “os que sempre mudaram o cenário musical da Bahia, como Carlinhos Brown, Zeca Freitas, Luizinho Assis e Zito Moura. Temos também os percussionistas e sacerdotes do candomblé, como Luizinho do Jêje e Gabi Guedes”. “O que não se transforma e não evolui, fica repetitivo. Dentro do axé, por exemplo, tem gente que arrisca, inova, cria, faz música; e tem gente que fica repetindo aquele ‘tira o pé do chão e bote dinheiro no meu bolso’”, alfineta Moura, que vê com bons olhos a nova geração de bandas baianas, nos diversos ritmos musicais.
lém do grande leque de bandas e artistas de samba, axé, MPB, música clássica e ritmos influenciados pelo candomblé, a Bahia também tem se destacado pela mistura do rock com os tambores e batidas da música afro-brasileira. Trabalhos como dos grupos Cascadura e Retrofoguetes despertam a atenção para o rock feito na terra de Raul Seixas. Formada em 1992, a Cascadura já participou de grandes festivais, como o Abril pro Rock, Goiânia Noise, Porão do Rock e Festival de Verão. A banda soteropolitana tem referências do rock das décadas de 60 e 70, do rock contemporâneo, da tropicália, de Carlinhos Brown, do samba chula e das matrizes africanas do candomblé. Músicos influentes como Nando Reis, Pitty, Lobão e Letieres Leite costumam destacar o quarto e mais recente disco do grupo, Bogary (2006), como um dos melhores discos de rock da última década. O álbum alcançou a marca de 10 mil cópias vendidas, uma conquista louvável em tempos de pirataria e downloads de música pela internet. Toda essa repercussão fez a banda conquistar a crítica e o público em todo o Brasil.
A
Saiba mais sobre a nova música da Bahia Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz - www.rumpilezz.com Orquestra Neojibá - www.neojiba.org Orquestra Fred Dantas - www.myspace.com/orquestrafreddantas Cascadura - www.bandacascadura.com Retrofoguetes - www.myspace.com/retrofoguetes Baiana System - www.myspace.com/baianasystem Ministereo Público - www.myspace.com/ministereopublico Nancy Viégas - www.myspace.com/nancyviegas Teclas Pretas - teclaspretas.blogspot.com Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta - www.roneijorgeeosladroesdebicicleta.com Vivendo do Ócio - www.vivendodoocio.com Matiz - www.myspace.com/myspacematiz Starla - www.myspace.com/starlaweb 20 | Viver Bahia
O vocalista e guitarrista do grupo, Fábio Cascadura, comemora o crescimento do rock baiano, mas explica que nem sempre foi assim. “Na década de 90, quando começamos, a cidade estava completamente despreparada para a ação de artistas de outras expressões que não fossem da música feita para o Carnaval. Não havia casas de shows para quem tocava rock, a mídia era completamente cega e só se ouvia a repetição das danças do crocodilo, da galinha, do esquilo”, conta Fábio. Com o surgimento de bandas como Úteros em Fúria, Dead Billies, Dois Sapos e Meio e Inkoma, o rock baiano voltou a ganhar forma na década de 90 e deu fôlego para o surgimento de muitas bandas e de casas de shows voltadas para o segmento. Hoje, o trabalho feito por Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, Vivendo do Ócio, Pitty, Nancy Viégas, Matiz e Starla impulsionam uma nova geração de roqueiros baianos. Prova do sucesso que o rock baiano tem feito pelo Brasil é a receptividade que os músicos da terra do acarajé estão tendo em outros estados. De acordo com Fábio Cascadura, as bandas da Bahia sempre são muito bem acolhidas em todo o país. “Sempre ouvimos elogios ao que nós fazemos, assim como o trabalho de outros artistas, que se mostram com mais coragem e frequência lá fora”, relata Fábio. Em 2006, o recém lançado disco Bogary fez o Cascadura figurar como indicado ao tradicional Troféu Dia do Rock, em São Paulo, na categoria de melhor álbum. O disco disputou com grandes nomes do rock brasileiro, entre eles o Sepultura,
conhecido mundialmente, e o grupo Cachorro Grande. “O rock da Bahia faz boa figura lá fora e somos felizes por colaborar com isso”, comemora o vocalista do Cascadura. Assim como o Cascadura, o grupo Retrofoguetes tem chamado grande atenção da crítica e do público, em todos os palcos por onde passa. Com um som altamente influenciado pela guitarra baiana, o grupo bebe na fonte da literatura, do cinema e das histórias em quadrinhos para criar músicas instrumentais que misturam surf-music, rockabilly, polka, bolero e valsa. Fundado em 2002, o Retrofoguetes já lançou dois discos: Ativar Retrofoguetes! (2003) álbum indicado ao Prêmio Claro de Música, na categoria Melhor Disco, e que teve uma de suas músicas como trilha do anúncio vencedor do Leão de Bronze, no festival de Cannes - e Chachachá (2009), que conta com a música Maldito
Mambo!, vencedora na categoria Melhor Arranjo, do VI Festival de Música da Rádio Educadora FM. Carnaval - Nos últimos carnavais, Cascadura e Retrofoguetes também subiram em trios elétricos para agitar o folião pipoca ao som dos riffs eletrizantes das guitarras, nos circuitos Barra/Ondina e Campo Grande. Os grupos já integram parte das atrações alternativas esperadas pelo público no Carnaval. Em 2008, o guitarrista Morotó Slim, do Retrofoguetes, recebeu o prêmio de melhor instrumentista do ano pelo Troféu Dodô e Osmar, uma espécie de Oscar do Carnaval da Bahia. Este ano, o trio Retrofolia desfilou do Farol da Barra até Ondina, fazendo uma homenagem aos 60 anos do trio elétrico. O repertório foi recheado de marchinhas, sucessos do Carnaval da Bahia, frevos e músicas autorais, tudo ao som de três
guitarras baianas, tocadas por dois guitarristas convidados - Julio Moreno, argentino radicado na Bahia e Robertinho Barreto - e por Morotó Slim. O Retrofolia 2010 chamou atenção internacional, garantindo uma cobertura da versão online de uma das maiores publicações sobre música no mundo, a Spin Magazine. Com tantos holofotes voltados para o rock baiano, o ritmo já integra o leque da diversidade musical do estado. Assim como o som instrumental da Rumpilezz, Neojiba e Fred Dantas, o reggae de Adão Negro e Edson Gomes, o samba de Nelson Rufino, Juliana Ribeiro e Gal do Beco e o axé de Ivete Sangalo e Chiclete com Banana, as guitarras distorcidas ganharam seu espaço. É o que comemora Fábio Cascadura: “Somos uma espécie de reserva cultural que esta terra tem. A realidade da Bahia passa por nossas mãos e vozes, bicho!”
Foto: David Campbel
Diversidade musical
Banda Cascadura e o novo rock baiano Viver Bahia | 21
Fotos: Rita Barreto
Atração de Investimentos
Bahia também é preferência entre os investidores Com recursos da ordem de US$ 5,8 bilhões, investimentos superam expectativas no setor Gabriel Carvalho
O
destino preferido entre os turistas brasileiros é também um dos lugares mais requisitados pelos investidores do país e do exterior para a implantação de empreendimentos hoteleiros. Com um manancial extenso de locais paradisíacos ainda pouco desbravados, o Estado tem despertado cada vez mais o interesse de investidores europeus, norte-americanos, asiáticos, bem como dos próprios brasileiros, interessados em implantar resorts e hotéis de padrão diferenciado, principalmente nas regiões litorâneas. De acordo com o último levantamento produzido pela Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos da Secretaria de Turismo do Estado, a Bahia deve receber US$ 5,8 bilhões em investimentos privados do setor hoteleiro 22 | Viver Bahia
O antigo prédio do jornal A Tarde será sede do Hotel Fasano
O resort Ilha de Cajaíba representa o maior aporte financeiro já realizado na Baía de Todos-os-Santos
nos próximos sete anos. Isso representa um crescimento de 163% em relação ao início de 2007, quando a previsão de aportes privados para a hotelaria era de US$ 2,2 bilhões. São mais de 60 empreendimentos entre as fases de planejamento e implantação, com a perspectiva de geração de até 25 mil empregos diretos nas principais zonas turísticas do Estado. A zona turística que mais receberá investimentos privados nos próximos anos é a Costa dos Coqueiros, cuja previsão de aportes passa dos US$ 3 bilhões. A região, que já conta com grandes empreendimentos como o Tivoli Eco Resort, o Complexo Costa do Sauípe e o Iberostar, deve contar com pelo menos 10 novos hotéis e resorts até 2017, com a geração de 19 mil postos de trabalho. O secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, conta Viver Bahia | 23
que a política de atrações de investimentos turísticos para o Estado é uma das prioridades do governo. Entre os muitos investimentos captados a partir de 2007 o gestor destaca o Resort Ilha de Cajaíba, que representa o maior empreendimento já realizado por um grupo hoteleiro na Baía de Todos-os-Santos. “Tivemos um envolvimento muito grande na atração deste empreendimento e, mais recentemente, nos primeiros passos para a sua implantação”, disse. O grupo responsável pelo Resort Ilha de Cajaíba é anglo-holandês Property Logic, que investirá US$ 650 milhões em quatro etapas. A previsão é que o primeiro lote do complexo seja inaugurado em dezembro de 2012 e o último, cerca de cinco anos depois. Balanço - Somente nos últimos três anos, nove empreendimentos foram inaugurados, todos em Salvador e no Litoral Norte, com a aplicação de US$ 160 milhões, no período. O maior dos investimentos – cerca de US$ 100 milhões - foi realizado pelo Grupo Iberostar, que em dezembro de 2008 concluiu a segunda etapa de um resort na Praia do Forte, na Costa dos Coqueiros. Especialistas do setor acreditam que aspectos de infraestrutura, como a construção de estradas, rotas aéreas, aeroportos, além das belezas naturais são grandes facilitadores para a execução de investimentos. O empresário baiano Norberto Odebrecht confirmou o interesse 24 | Viver Bahia
Governo: Hotel da Bahia deve continuar como hotel
Fotos: Rita Barreto
Atração de Investimentos
N
A vista panorâmica para a Baía de Todos-os-Santos é um dos atrativos dos hotéis que serão implantados no Centro
de Salvador
de implantar no Baixo Sul baiano um complexo voltado para uma nova modalidade que ele chama de agroecoturismo. O projeto passa pela construção de uma estrada ecológica e de um hotel fazenda que se integrará com os arranjos produtivos locais já implantados pela fundação que preside. Na Costa do Cacau, a nova estrada que liga as cidades de Itacaré e Camamu deve dinamizar ainda mais a chegada de novos empreendimentos à região. Recentemente, três grupos já manifestaram o interesse de implantar novos equipamentos turísticos na região. Os projetos batizados de Fazenda Itacarezinho, Fazenda Miramar e Fazenda Patizeiro reunirão investimentos de aproximadamente US$ 60 milhões.
Modelo
O Hotel Hilton será instalado em prédio em frente ao Mercado
a contramão da expansão hoteleira pela qual o estado passa, foi anunciado, no último mês de março, o fechamento do Hotel da Bahia. O equipamento inaugurado há 60 anos pelo governador Octavio Mangabeira, apesar de ser um dos mais charmosos do centro de Salvador, não passava por uma grande reforma há 26 anos, o que afetou a sua competitividade durante toda a década de 2000. No intuito de manter o equipamento funcionando com as características de hotel, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo e da Agência de Fomento (Desenbahia), tem agido de forma atuante para preservar o espaço, que é considerado de extrema importância para o setor, tanto pelo trade quanto pelas autoridades. No último dia 3 de março, ocorreu uma reunião entre representantes do governo estadual e o dirigente do Grupo Aerus, Albiérgio Barros, quando foi definida a realização de um leilão para a venda do Hotel da Bahia, em 45 dias. Na oportunidade, o secretário de Turismo, Domingos Leonelli, e o presidente da Desenbahia, Luiz Alberto Petitinga, informaram que o governo estadual apoiará a reabertura do hotel, desde que sejam cumpridas algumas condições. “Que o equipamento volte a operar o mais rápido possível e que seja condicionada a participação nesse leilão apenas a empresas hoteleiras”.
Outro pedido feito por Leonelli é que não fossem retirados os móveis do hotel, com o objetivo de facilitar o processo de venda. De acordo com o presidente da Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), Luiz Alberto Petitinga, os recursos disponíveis para a recuperação das instalações do Hotel da Bahia chegam a R$ 15 milhões e juros que variam de 4% a 10% ao ano. Segundo Albiérgio Barros, o apoio do governo baiano para a reabertura do hotel reforçará ainda mais o interesse de investidores. Um dos interessados seria a operadora de turismo CVC, que enviou um representante a Salvador para tratar do assunto com o secretário Leonelli. Segundo o secretário, o executivo Balthazar Saldanha afirmou que caso o equipamento fosse adquirido pelo grupo, ele gostaria de transformá-lo numa espécie de Copacabana Palace. “Foi a expressão que ele usou, pois acha que a vocação daquele hotel é ser um estabelecimento de alto nível, por conta da localização que tem e pelas tradições que possui”, explica. O centro de Salvador deve abrigar dois novos empreendimentos hoteleiros de grande porte nos próximos dois anos. Na região do Comércio, será implantado o Hotel Hilton, cujos investimentos são de US$ 25 milhões, e na Praça Castro Alves o Hotel Fasano, cujos aportes financeiros chegam a US$ 6,5 milhões. Viver Bahia | 25
Entrevista: DICK BLOM
C
om investimento previsto de US$ 500 milhões, o Ilha de Cajaíba Eco Resort, situado em localidade homônima em São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, configura-se no maior empreendimento turístico-imobiliário da história da Baía de Todos-os-Santos. O complexo contará com 1,3 mil unidades hoteleiras e 800 unidades residenciais, em uma área de oito quilômetros quadros. Em entrevista à Revista Viver Bahia, o representante da Property Logic no Brasil, Dick Blom, falou sobre a implantação do projeto hoteleiro, a integração com a comunidade local e as perspectivas de futuro para o turismo baiano. 26 | Viver Bahia
Fotos: Rita Barreto
“Pelo lado cultural, a Bahia tem mais a oferecer que qualquer outro estado do Nordeste”
Viver Bahia - Por que escolher a Bahia para fazer o investimento? Dick Blom - A Property Logic é uma empresa que desenvolve resorts em mercados emergentes. Nós vemos um futuro muito promissor no mercado brasileiro. Prova disso foi a última crise mundial, na qual o Brasil foi o último a entrar e um dos primeiros a sair. VB - E a Bahia, onde entra nessa história? DB - Escolhemos a Bahia porque este projeto visa atrair um perfil de turista mais interessado pelo lado cultural e neste quesito a Bahia tem mais a oferecer que qualquer outro Estado do Nordeste. Acredito também que a Bahia ainda não tem um projeto com o porte do que estamos implantando. VB - Como está a situação do empreendimento Ilha de Cajaíba Eco Resort? DB - Depois do licenciamento ambiental, que recebemos em novembro passado, entramos na fase de pré-projeto. Agora, é preciso que os órgãos ambientais liberem o relatório técnico para que o projeto obtenha o licenciamento de implantação e siga em frente.
“
Estamos em busca de um turista
interessado não apenas nas belezas naturais, mas também na cultura que a região tem a oferecer. Tanto os brasileiros quanto estrangeiros se enquadram
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perfeitamente neste perfil.
VB – Houve alguma reformulação para se adequar às regras ambientais? DB- Inicialmente o projeto contemplava 7000 unidades entre hotelaria e residências. Foi preciso fazer adequações para reduzir o impacto para a comunidade e o ambiente e agora são 1300 unidades de hotelaria e 800 de residência. VB- Como você classifica a relação do grupo Property Logic, que você representa no Brasil, com a Secretaria de
Turismo do Estado? DB- A Secretaria está dando muito apoio. Entramos como parceiros da Setur para desenvolver um projeto sustentável no ramo de turismo. Nós ficamos muito contentes em poder contar com essa ajuda.
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A Copa trará um grande público para a região. Mas muito mais importante do que o público atraído, será o aumento da infraestrutura local. Com a copa, virão a expansão do Aeroporto, reforma da BR-324. Tudo isso facilita o acesso à região e atrai mais turista.
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VB - Qual o tipo de público que se pretende atingir com este resort? São brasileiros ou estrangeiros? DB - Como eu disse anteriormente, estamos em busca de um turista interessado não apenas nas belezas naturais, mas também na cultura que a região tem a oferecer. Tanto os brasileiros quanto estrangeiros se enquadram perfeitamente neste perfil. VB- O empreendimento pretende incluir a população local? De que forma? DB- Sim, é importantíssimo incluir a população local. Estamos trabalhando em conjunto com o município de São Francisco do Conde para desenvolver um projeto integrado com o ambiente e a comunidade. Entre outras coisas, vamos dar preferência à mão de obra local, valorizar os produtos regionais, apoiar a comunidade pesqueira. VB – O fato de Salvador ter sido escolhida como uma das cidades sede da Copa do Mundo, em 2014, traz alguma perspectiva para o hotel? DB - A Copa trará um grande público para a região. Mas muito mais importante do que o público atraído, será o aumento da infraestrutura local. Com a copa, virão a expansão do Aeroporto, a reforma da BR-324. Tudo isso facilita o acesso à região e atrai mais turistas. Viver Bahia | 27
É muito mais.
Porque a Bahia é muito mais. A terra da felicidade também é a terra das grandes oportunidades, principalmente no segmento turístico. Hoje a Bahia vive um momento político e econômico favorável à consolidação de novos negócios. A previsão é de que, até
Bahia. Aqui seu investimento
já começa no azul.
B ahia. New horizons f or your investiments.
2011, sejam investidos mais de R$19 bilhões em infraestrutura, transporte e logística, através de verbas federais e estaduais. Esses investimentos valorizarão ainda mais seus diversos produtos turísticos: sol e praia, histórico-cultural, étnico, golfe, náutico, ecoturismo, religioso, negócios, esportivo e enoturismo. Invista aqui e entenda por que a Bahia é muito mais. Afinal, os turistas retornam. E os investimentos também.
Because Bahia is much more. The Land of Happiness is also the land of great opportunities, especially in the tourism sector. The current political and economic situation in Bahia is favorable to the development of new business endeavors. It is estimated that by 2011, more than US$ 11 billion in federal and state funds will be invested in infrastructure, transportation and logistic support. These investments will add value to the state's diverse tourism segments: sun and sea, history and culture, African heritage and golf, as well as nautical, ecological, religious, business, sports and wine-related tourism. Invest and see for yourself why Bahia is much more. Here visitors return. And investments too.
w w w. s etur. ba. gov. br e-mail: suinvest@setur.ba.gov.br
28 | Viver Bahia
Viver Bahia | 29
Foto: Rita Barreto
Chapada Norte
Natureza e adrenalina Foto: Rita Barreto
Circuito integrado à Chapada Diamantina oferece opções para ecoturismo e prática de esportes radicais
Ainda desconhecida do grande público, a faixa norte da Chapada Diamantina configurase num ambiente propício para aqueles que possuem um espírito aventureiro. Com 72 cachoeiras e mais de 200 km de trilhas que passam por morros e matas, a região possui 12 municípios e reúne ainda importantes elementos arqueológicos como figuras rupestres e animais silvestres como veados, onças pretas e macacos-prego. Além das trilhas, muito comuns nas matas do local, o rapel é um dos esportes mais procurados pelos turistas que chegam à Chapada Norte em busca de adrenalina e do encontro com a natureza. A principal cidade da região é Jacobina, que está situada a mais de 300 km de Salvador e foi fundada em 1682 e, mais tarde, em 1752, elevada à condição de vila. É lá que se encontra a Cachoeira Véu de Noiva, que é a principal atração do pequeno povoado de Itaitu. Com 60 metros de altura, a queda d’água é um convite a um banho, 30 | Viver Bahia
Cachoeira Véu de Noiva, em Itaitu, propícia para rapel
mesmo com a água bastante fria. Apesar da beleza singular, o local requer cuidados para idosos e crianças, uma vez que é rodeado de pedras escorregadias. Pertinho de Jacobina, na cidade de Saúde, está a Cachoeira dos Payayás, cujo visual deslumbrante é a recompensa para a cansativa caminhada por uma trilha de até uma hora de duração. No caminho, é possível visualizar elementos característicos da vegetação sertaneja como cactos, mandacarus, além de animais como cobras, pássaros e répteis. Quem gosta de maior adrenalina tem como opção a Trilha dos Bandeirantes, local que, no passado, foi notabilizado pela lavagem e separação de ouro e pedras preciosas, no período mais
intenso do garimpo. É lá que estão as trilhas e corredeiras que impõem mais dificuldade aos amantes das caminhadas pelas matas. O local é apontado ainda como o melhor ponto para apreciação da fauna que reúne aves e felinos ameaçados de extinção, além de árvores centenárias e matas ciliares. Depois de enfrentar inúmeros obstáculos, o aventureiro é premiado pela vista do Mirante Vale Verde. O local oferece visão panorâmica do vale de floresta exuberante, cânion e serra, dos paredões de 30 metros de altura próximos onde passam o Rio do Ouro e a Cachoeira dos Amores. Os 50 metros de queda d’água garantem uma boa massagem para o banhista que se coloca no pé da cachoeira. No distrito de Caatinga do
Moura, por sua vez, as cavernas e grutas remetem os visitantes a um viagem no tempo devido às figuras rupestres desenhadas nas paredes das rochas. A empresária Francine Barreto, que possui uma empresa especializada em ecoturismo e turismo de aventura, explica que é possível organizar pacotes para os interessados em visitar a Chapada Norte. “Os preços são formatados de acordo com a quantidade de pessoas interessadas, pois devido à pequena demanda, precisamos organizar o receptivo que temos em Jacobina, bem como os meios de hospedagem e transporte”. Outra opção para curtir os atrativos e belezas naturais das demais cidades que fazem parte do Circuito Norte da Chapada Diamantina é contratar um Viver Bahia | 31
Fotos: Rita Barreto
Chapada Norte
Itacaré está mais perto de Salvador
monitor credenciado pela Armat – Associação Regional de Monitores de Atrativos Turísticos. Cada guia cobra cerca de R$ 40 por um dia de acompanhamento em passeios e trilhas.
Nova rodovia encurtou distância com a capital e integrou o município ao Litoral Sul Foto: Ivan Baldivieso
Cultura - A ligação da região com a cultura e religiosidade também é grande em Jacobina. Um dos grupos tradicionais da cidade é a Marujada, que é a principal atração das festas de Santo Antônio, padroeiro local, e São Benedito, que também é muito festejado por lá. O dia do “Santo Casamenteiro” é comemorado todos os anos, no 13 de junho. Já a festa de São Benedito é realizada na segunda-feira, após o Domingo de Petencostes. Os marujos, como são chamados os integrantes da manifestação cultural, são pessoas comuns, do cotidiano da cidade e têm idade variada. Durante os desfiles pelas ruas
Na Serra do Cruzeiro, a escada onde se realiza a procissão na Semana Santa
da cidade, eles normalmente utilizam instrumentos como pandeiros, violas, batutas e castanholas. Em Itaitu, localidade que pertence à cidade de Jacobina, é possível saborear iguarias típicas da região como bode assado, galinha caipira e carne-de-sol. Apesar do aspecto simples, o restaurante, que é o único do povoado, possui uma comida bastante saborosa.
Nova rodovia encurtou distâncias e integrou o Litoral Sul
Véu de Noiva, Cachoeira de Itaitu
Informações
úteis
Como chegar Carro particular: Para chegar a Jacobina, que fica a 331 km da capital, é preciso trafegar pela BR-324, via Feira de Santana, até o município de Capim Grosso. A partir daí, o motorista deve seguir a sinalização até o destino.
Onde ficar
Jacobina Capim Grosso
BR 324
Transporte rodoviário:
A empresa de ônibus que possui uma linha direta de Salvador para Jacobina é a Falcão Real/São Luiz. Tel: (71) 3388-7272 / 3560
Jacobina
Feira de Santana
Pacote: Empresa Ecoação
Viagens e Turismo (71) 9282-1529 (Francine Barreto), (71) 8779-6440 (Ruy Matheo). Associação dos Guias e Monitores de Turismo - Armat 74) 3621-6872.
32 | Viver Bahia
Infraestrutura
Salvador
Hotel Serra do Ouro - Largo do Monte Tabor, s/n - Tel: (74) 3621-3324 - www.serradoouro.com Fiesta Parque Hotel - Av. Paulo Souto, 700 - Tel: (74) 3621-6916 / 6919 Hotel.COM - Rua Manoel Novais, s/n - Tel: (74) 3621-4647 Hotel das Missões - Rua Antonio Teixeira Sobrinho, 72 - Tel: (74) 3621-1466 ou (74) 3621 4800 Hotel e Restaurante da Matriz - Praça Castro Alves, 175 - Tel: (74) 3621-5531 Hotel Triunfo - Rua Manoel Novaes, 246 Tel: (74) 3621-4086
Onde comer
Pizzaria e Restaurante Degust - Senador Pedro Largo, 102 - Tel: (74) 3621- 4388 Pizzaria e Sorveteria Ponto Chic - Rua da Missão, 68 - Tel: (74) 3621- 6077 Rancho Catarinense - Av. N. Sra. da Conceição, 1188 - Tel: (74) 3621-1889 Restaurante Rancho Catarinense - Av. Orlando Oliveira Pires, s/n - Tel: (74) 3621-3602
A
té bem pouco tempo sair de Salvador para ir a Itacaré, paraíso ecológico localizado a 455 km da capital e repleto de belezas naturais, era uma verdadeira aventura com direito a trilhas e uma travessia de balsa. Hoje, chegar bem rápido à bela cidade do Litoral Sul baiano é uma realidade que se tornou possível graças a uma nova extensão de 48 km da BA-001, mais conhecida como rodovia Itacaré/Camamu. Quem sai de Salvador com destino a Itacaré agora leva até três horas e meia para concluir o percurso, já incluindo o tempo de travessia até Bom Despacho pelo ferry boat. É pensando neste casamento da redução da
distância com os atrativos que a cidade oferece, que empresários da região já pensam em incluir o público de Salvador entre os que podem se tornar turistas do local. De acordo com o empresário Ernani Pettinati, que também preside a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Seção Bahia (ABIH-BA), o equipamento rodoviário já reflete alguns resultados que podem ser considerados importantes para o destino. “Itacaré já está sendo mais visitada pelos moradores da própria região. Isso já é um avanço, pois reforça a questão da divulgação boca a boca”, avalia. Pettinati lembra ainda que os empresários locais agora devem estender a divulgação do
destino para os moradores da capital. “Temos uma região muito visitada por paulistas, mineiros e brasilienses, mas com a estrada pretendemos incluir as pessoas que moram em Salvador e no Recôncavo no nosso banco de clientes”, conta o empresário. O presidente da ABIH conta ainda que agentes e operadores de turismo já começaram a formatar produtos para o período de baixa temporada, com enfoque principalmente nos feriados prolongados do primeiro semestre deste ano. A zona turística Costa do Cacau, onde Itacaré está localizada, recebe mais de 300 mil visitantes por ano, segundo pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe. Viver Bahia | 33
Levar turistas de Salvador para Itacaré foi justamente o plano da empresária Linda Carvalho para o feriadão da Semana Santa. Há mais de três anos no mercado de viagens, com uma estrutura ainda pequena, ela formata os pacotes de acordo com a demanda dos seus clientes. “Os locais mais requisitados são Itacaré, Porto Seguro (Litoral Sul) e Lençóis (Chapada Diamantina)”, explica. Para Itacaré ela pretende levar um mínimo de 30 pessoas, e pela viagem cada uma deve desembolsar R$ 350. “Este valor inclui transporte, hospedagem em estabelecimento que oferece piscina e ar-condicionado, além do café da manhã, e o acompanhamento de guias de turismo locais”, enumera”.
Estado mantém padrão ecológico
de menor porte, típicos da região. Um dos mais belos visuais da nova estrada é o trecho da ponte sobre o Rio de Contas, que se configura numa das vistas mais bonitas do Litoral Sul baiano. A rodovia, que contou com recursos da ordem de R$ 84 milhões, captados pela Secretaria de Turismo do Estado, está totalmente sinalizada e também conta com mirantes para observação das belezas naturais de toda a sua extensão. O destino - Um paraíso que reúne praias cercadas por morros e cobertos por coqueirais e um Foto: Ivan Baldivieso
Sinalização e novos equipamentos conferem singularidade à rodovia
34 | Viver Bahia
ambiente ideal para a prática de esportes radicais, assim como o ecoturismo. A pequena cidade de Itacaré, no Litoral Sul da Bahia, é considerada um oásis por aqueles que pisam em seu território. O cenário a diferencia do restante do litoral baiano, principalmente por conta das riquezas naturais do local que também possui rios, cachoeiras, manguezais e muitos remanescentes da Mata Atlântica ainda preservada. Sob o ponto de vista cultural, os casarões históricos transformados em pousadas e restaurantes e a grande variedade de lojas e bares dão um ar cosmopolita à pacata cidade com cara de vilarejo. As cachoeiras de Itacaré são um paraíso para os amantes dos esportes radicais. As praias, cujas areias são alvas, estão cercadas por um cinturão de Mata Atlântica, que reúne espécies nativas da fauna e da flora brasileira. Além do ecoturismo, o local é ideal à prática de esportes como rapel, rafting, passeios
de canoa, caminhadas, trilhas ecológicas, tirolesas e o melhor do surf em praias de ondas perfeitas. A estrutura hoteleira de Itacaré também oferece estabelecimentos para todos os gostos, com pousadas mais simples e também hotéis de alto padrão. A agitação fica por conta dos bares e restaurantes da Rua Pedro Longo, que concentra a maior parte dos estabelecimentos, onde é possível saborear delícias típicas da região e a famosa pizza a metro. Nos sistemas de som, predominam o tradicional forró pé-de-serra, principalmente na Praia da Ribeira, e a moderna música eletrônica em outros cantos da cidade.
Itacaré é um dos destinos mais visitados na Bahia
Informações
úteis
Onde ficar Aldeia do Mar Chalés - Praia da Concha, s/n – Loteamento Costa do Mar. Tel.: + 55 73 3251.2230/ + 55 71 3356.4344 Fax: +55 73 3251.2230 - recepcao@aldeiadomar. com
Como chegar Carro particular - opção1: Sair de Salvador pela BR-324 até o entroncamento com a BR-101, sentido Ilhéus, passando por Itabuna ou Uruçuca. A partir de Ilhéus, seguir pela BA-001 até Itacaré. São 65 km pela estrada ecológica.
Carro particular - opção2: Pegar o ferry em Salvador para chegar à ilha de Itaparica, no Terminal de Bom Despacho. A partir de lá, seguir pela BA-001 até Camamu e trafegar pelo novo trecho da rodovia, por 48 km, até Itacaré.
Transporte rodoviário: De ônibus, a empresa Águia Branca [+ 55 71 4004 1010], disponibiliza linhas diretas Salvador-Itacaré. Para mais informações sobre as condições das estradas, acesse o site do DNIT. Via aérea:
A TAM [300 123 1000] e a Gol [0300 789 2121] mantêm voos diários para Ilhéus, partindo de Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. A partir de Ilhéus, existem ônibus saindo do terminal rodoviário, para a localidade.
Via marítima:Aportar em
Ilhéus, no Porto do Malhado.
BR 324
sentido Ilhéus
Estrada Ecológica - Construída num padrão ecológico e integrada harmoniosamente com a Mata Atlântica, a estrada que aproximou as zonas turísticas Costa do Dendê e Costa do Cacau conta com acostamento, asfalto de qualidade e redes elevadas para o transito de pequenos animais como lagartos, macacos, micos e outros mamíferos
Fotos: Rita Barreto
Foto: Ivan Baldivieso/Agecom
Infraestrutura
BR 101
Ilha de Itaparica Salvador
BA 001
Enseada Mar Pousada - Loteamento Conchas do Mar, Lote 02 – Centro - Tel.: + 55 73 3251 2054 / 3251 2539 - www.itacare.com.br/ enseadamar Pousada Belfort - Av. Magali, nº 60 – Passagem Tel.: + 55 73 3251-2296 Pousada Casa Zaza - Loteamento Conchas do Mar, Quadra. F, Lote 12 – Centro - Tel.: + 55 73 3251.3022 www.casazaza.com Pousada do Costinha - Rua da Pituba II, n° 170 – Pituba. - Tel.: + 55 73 3251-2005 - Site: www.itacare.com. br/costinha / pousadacostinha@uol. com.br Itacaré Village - Praia de São José
Camamu
Itacaré Eco Resort - Condomínio Villas de São José Pousada Bambu - Praia das Conchas
Itacaré
Itacaré
Pousada Coqueiro Verde - Praia das Conchas Pousada Atlântica - Praia das Conchas Pousada Arcádia - Passagem Pousada Pedra Torta - Conchas do Mar Pousada do Tio Zé - Pituba
Viver Bahia | 35
Realismo baiano
Amadas mulheres de Jorge
Ilustrações de Calasans Neto para os livros Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, reproduzidas no livro
Misturando força, coragem e sensualidade, personagens saem dos livros e ganham vida própria
36 | Viver Bahia
Clarissa Amaral
E
las são mulheres comuns, do povo, como se diz na Bahia. Apresentam-se fortes e determinadas, mas expressam uma sensualidade tão marcante que passaram a compor o arsenal simbólico sobre a natureza da mulher baiana, que ainda hoje integra o imaginário popular. Não são heroínas de carne e osso, como Maria Quitéria ou Luísa Mahim. Elas saíram das páginas dos livros, passaram pelas telas da TV e do cinema e ganharam vida própria no universo mítico e mágico da Bahia. Sim, Gabriela, Dona Flor, Tereza Batista e Tieta, as quatro principais personagens femininas de Jorge Amado, encarnam tão fortemente a alma da mulher
Calasans Neto (2007). Organizado por Myriam Fraga com o patrocínio da Odebrecht
nordestina que se tornaram reais, a ponto de serem homenageadas, emprestando seus nomes a logradouros públicos, estabelecimentos comerciais e até a veículos de comunicação. Para compor a sua galeria de personagens femininas, Jorge Amado inspirou-se no dia a dia das negras dos terreiros de candomblé de Salvador, das prostitutas do Pelourinho e da elite branca da região cacaueira. Aliando lirismo e crítica social numa crônica de costumes, o escritor deu voz e visibilidade ao povo mais humilde, às classes sociais mais marginalizadas da sociedade baiana. Assim, mitificadas pelo tipo físico – morenas, ancas largas, lábios carnudos e sorriso farto – e pela devoção com que se entregam ao amor, Gabriela cravo e canela, Dona Flor e seus dois maridos, Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste acabaram se transformando numa representação simbólica da mulher baiana. Conhecidas nos quatro cantos do mundo, não é difícil encontrar um turista em Salvador ou Ilhéus querendo saber onde morou Dona Flor ou Gabriela.
Nascida em Santa Catarina, mas residindo atualmente no Canadá, a publicitária Flávia Dantas, 43 anos, não esconde o interesse pelas personagens femininas do escritor baiano. Em férias na Bahia com o marido canadense, ela conta que o universo criado por Jorge Amado parece tão real que ela tem certeza que Dona Flor existiu de verdade. “Creio que ele se inspirou numa história real. Não consigo acreditar que ela seja fruto apenas da criação artística. Olhando o Pelourinho, fico imaginando em qual dessa casas, de fato, morou Dona Flor”, observa a catarinense. Para o engenheiro carioca Julio Ribeiro, 32 anos, apesar de saber que as mulheres criadas por Jorge Amado são fictícias, ele crê que elas se constituem em estereótipos da mulher baiana. “Se me fosse dado o privilégio de definir a mulher baiana diria que se trata de uma mistura harmoniosa da força masculina com a doçura feminina, como essas personagens da literatura”, divaga o engenheiro. Apesar de rejeitar estereótipos em torno da sua natureza, o povo baiano não esconde o orgulho que tem dessas personagens.
Há 25 anos comercializando souvenires da Bahia, o ambulante Luiz Santos, 57 anos, diz que já ouviu um pouco de tudo que se fala sobre o povo baiano, incluindo as personagens de Jorge Amado. “Gosto quando os turistas perguntam sobre a vida de Tieta, se Mangue Seco fica perto de Salvador. Gosto quando elogiam as mulheres da Bahia. Só não gosto quando falam que baiano é preguiçoso. Isso eu sei que não é verdade”. Aos 66 anos, a doceira Maria Betina dos Santos, dona Bete, se diz orgulhosa dessas personagens. Ela nunca leu um livro de Jorge Amado, mas garante que “conhece muito” todas elas. “Vi tudo na televisão e acho que nós, baianas, somos assim mesmo: cheias de garra para cuidar dos nossos filhos, defender a nossa honra e se entregar ao amor” assegura, acrescentando que desde os 24 anos criou, sozinha, os cinco filhos. “O marido foi embora, mas dei conta de tudo. Tenho um (filho) que é doutor, adevogado (advogado). Agora, que tá tudo crescido, me voltei novamente para o amor. Arranjei um velho e estamos vivendo juntos”. Viver Bahia | 37
Elas roubam a cena
Realismo baiano
Gabriela, cravo e canela - Escrito em 1958, o livro Gabriela Cravo e Canela, rendeu ao autor cinco importantes prêmios e uma excepcional aceitação pelo público, sendo também êxito fora do Brasil. A obra foi traduzida em 15 idiomas. O livro se desenvolve em duas vertentes principais que ocorrem paralelamente e que conduzem todo o romance: o amor entre a mulata Gabriela e o sírio Nacib e a chegada do progresso em Ilhéus, local onde se passa a história. Virtuosa e cheia de vitalidade, Gabriela é uma retirante fugida da seca. Animada, bem disposta, era bonita e por onde passava chamava atenção dos homens, provocando inveja nas mulheres. Não era mulher de relacionamentos mais sérios, gostava de viver em liberdade. Foi trabalhar na casa do imigrante sírio, mas era quem fazia os famosos quibes do Bar Vesúvio. Gabriela se casa com Nacib, mas logo depois o trai.
Protagonistas assumem papel importante na vida do próprio autor As personagens femininas de Jorge Amado assumem dimensão real até mesmo na vida do escritor. Amado fez diversas parcerias com artistas plásticos que ilustraram seus livros, a exemplo de Caribé e Calasans Neto. Idealizadas pelo escritor, algumas delas ganharam forma nos traçados desses artistas. Numa de suas correspondência com o amigo Calá, Amado dá vida a Tereza Batista. Em outra ocasião, ele mesmo é que se corresponde com a personagem.
Carta de Tereza Batista a Calasans Net
o
Não, meu segundo pai, não venho me queixar mas apenas dizer a vosmicê que a ambição e a vaidade fize ram que eu me imaginasse única, sem concorrente em vossa goiva, sem riva l em vossa prensa, reinando em vosso coração. Além de mim apenas as baleias, as cabras, o casario da Bahia, o céu e o mar de Itapuã. Pairando sobre essa beleza toda, vossa filha adotiva, vossa secreta namorada, eu, Tereza Batista , soberba e soberana – jamais teria vosmicê olhos e mãos, pensamento e forç a de desejo para criar outra mulher, arrancando-a do cerne da madeira, dand o-lhe corpo e face. Bem me avisou minha madrinha Aut a Rosa serem os artistas loucos e inconstantes, casta pouco séria, indigna de confiança. Não lhe dei ouvidos e aqui me encontro toda recoberta de chif res como certa noite a outra se econtrou , essa tal Tieta do Agreste. Ciumenta, pade ço horrores; não sou fácil de esquecer, quando amo é para a vida inteira, assim amei ao Doutor até a morte e a Januário mesmo além da morte. Não sou igual a essa nova filha e namorada renascida em vossas mãos que se limpa dos chifres com um insulto e uma gargalhada e segue avante. Não nos parecemos em quase nada , em quase tudo somos diferentes. Não escrevo para me queixar, sei que vosm icê de começo ia fazer somente umas iluminuras para as letras do outr o, o que pariu a mim e a ela – apenas umas cabras, um sol azul e uma lua negra. Mas quando a viu deitada sobre a areia, em oferta e ânsia, não resistiu a st ci e a concebeu na madeira, menina e moç dona Flor ao roman de e nt ce a, pastora com seu re e et lh Bi cajado, agente de Satanás, sócia de Deu receita, a tem o nã s, o matriarca e líder. faç eu e qu ba pu Tudo perdôo a vosmicê, tudo menos ter , o bolo de to do museu, posto um resplendor ena Caro amigo Jorge Amado R seu de r lhe mu da, de santa na cabeça da pecadora. Por que com dona Al o fez? Santa, quem bem dizer. Tomei explicação cabeça até encontrar o ponto. (Não foi amando tanto errou? a do an ebr qu o, end faz di ren ) e ap Fico pensando, quem sabe vosmicê tem vivendo que aprendi a viver? razão: os erros, que aprendi a amar, não foi puba ou mais, conforme o tamanho que se quiser. os desv ios, os mal-feitos não nos impedem de lutar na os tod ba pu o bol Vinte bolinhos de massa de hora justa, não apagam uma decência a vez, pois um de nde gra inat er a. faz Disse que a doidos ela e eu não nos parecemos em quase nada Aconselho dona Zélia ntes, só nisso combinando; ere dif tão s, , é cert doi s o. Mas ao ele é At z, seu mesmo tempo somos iguais na confianç gostam e pedem mais. também? Me deixe em pa e sa coi a no tra ser ou humano, r Po ã. im car , leit confiança que nos anima e queima, na por bolo de puba ou sal, queijo ralado, manteiga e r, paix úca ão pela Aç vida so. nis e fal nem que é dela e minha por ser de nossos pais e escrev Jorge, não me arrelie , do outro, o que ita. (Me diga o senhor, qu ess nec se s doi dos e , só sso nos inventa e de vosmicê que nos vest amores, por que um de coco, o fino e o gro e e despe. Somos de precisar sempre de dois da pessoa, cada um há duas labaredas acendidas para iluminar se e qu r po as: zet ga s sto na caminhos, ela go ao s, ade tid an e eu, simples mulheres brasileiras. te?) As qu não basta ao coração da gen doce ou mais salgado, não é mesmo? A mistura Com um beijo me despeço. Mesmo esta is ndo queixosa tem seu paladar, prefere ma e mort a de ciúmes, o beijo é ardente – por mai e. ent a qu eit rec rno Fo nem e a. s mulher qu inh a ral eit bem que ela seja na imensidão da cama, não seu Jorge, aqui está a rec mo Co beij ará er. melhor diz nde Esperando ter lhe atendido, ma r sta que eu. Peço a bênção a minha madrinh o bolo que vai junto, se go mais uma quota da ove a. Pr . ado rec um s ena ap é, Sua traída, Tereza a, todos bem. Compramos chique. O mais, todos os seus? Aqui em cas muito
vão é ra o veraneio em Itaparica, farmácia, tomamos casa pa smo, não tem conserto quem é torto. Minhas me que o senhor sabe, naquilo ia falta de respeito. Mas de fato e lei quem ser to, con ora, madrugadas, nem lhe a do mar é esta sua servid cim r po dia do rra ba a nde ace ra, Florípedes Paiva Madurei es arã im Gu Dona Flor dos
38 | Viver Bahia
P.S. – E o ipicilone, de que tanto ela
fala e se engrandece? Vosmicê, tão sem vergonha, deve saber como se pratica, seja o simple s, seja o duplo. Venha me ensinar como se faz, não me deixe na ignorância e na afliçã o. Tereza
Bilhete de Tereza Batista a Calasa
ns Neto, enviado por intermédio
de Jorge Amado
Baianos rendem homenagens a elas Largo Tereza Batista, Gabriela FM, de Ilhéus, Salão Tieta do Agreste, Pousada Dona Flor são algumas das homenagens que os baianos já prestaram às personagens femininas de Jorge Amado. Se forem contabilizados em todo o Estado, em números absolutos, a quantidade de logradouros públicos, estabelecimentos comerciais e salões de hotéis que levam o nome das quatro principais figuras femininas criadas pelo escritor baiano, é possível que as homenagens a elas se sobreponham às honrarias atribuídas a personalidades da história real da Bahia.
Tieta do Agreste - Na década de 1970, Sant´Ana do Agreste, pequena vila do interior da Bahia, viveu dias de grande expectativa enquanto se prepara para receber Tieta, filha que retornou depois de 26 anos de ausência. Aos 17 anos, Tieta vivera aventuras amorosas que escandalizaram a população. Denunciada pela irmã mais velha, Perpétua, Tieta foi expulsa de casa. Desde a sua partida, o único contato de Tieta com a família era através de cartas que tinham como remetente uma caixa postal em São Paulo. Além da correspondência, controlada por Carmô, funcionária dos Correios e a solteirona mais alegre da cidade, Tieta também enviava ajuda financeira para a família. O retorno de Tieta abalou a rotina da pacata cidade. Tieta retorna rica e poderosa, viúva de um industrial paulista. Ela chega acompanhada de Leonora, moça bela e triste, que apresenta como sua enteada. Tieta é recebida com toda a pompa pela família, habitantes e políticos da cidade perdida no mapa e no tempo. Ascânio, o jovem e progressista secretário da Prefeitura, tem como maior ambição fazer a luz elétrica chegar à cidade ainda iluminada por luz de gerador. A presença de Tieta e Leonora transforma a vida do pacato vilarejo e de seus tipos folclóricos. Dona Flor e seus dois maridos - O romance foi lançado em 1966, mas permanece atual. Florípedes, a Dona Flor, professora de culinária da escola Sabor & Arte (que se transforma malandramente no trocadilho saborear-te) perde seu marido Vadinho, malandro incorrigível, em pleno domingo de carnaval. De luto fechado, chorosa, recorda os altos e baixos desse relacionamento - que o leitor vai conhecendo em feedback. Mas, como ainda é jovem e bonita, desperta a atenção do corretíssimo farmacêutico Teodoro, com quem se casa. As diferenças entre os maridos são gritantes: se com Vadinho tudo era “louca vadiação”, com Teodoro o sexo é regular e bem comportado; se com Vadinho o que sentia era emoção e insegurança, com Teodoro a solidez traz uma ponta melancólica de tédio. Até que o fantasma de Vadinho se intromete na cama de Dona Flor e de Teodoro. Tereza Batista cansada de guerra - Publicado em 1972, Tereza Batista Cansada de Guerra apresenta aos leitores mais uma mulher cuja personalidade indomável e muitas vezes imprevisível se choca contra as convenções e se rebela contra o destino que lhe tentam impor. Tereza Batista viveu, desde a infância pobre, privada da liberdade, com a crueldade de não ter controle sobre a sua própria vida. Tereza vive num ambiente áspero e hostil. Conhece desde muito cedo, primeiro, com a orfandade, depois, quando é vendida pelo tio, ainda menina. Constantemente espancada, acaba matando o seu algoz. Vai presa, passa por um convento, cai num bordel. Em Aracaju, apaixona-se por Gereba, um marinheiro baiano. Mas ele é casado e volta para a sua mulher e para a sua terra. Desiludida, Tereza recolhe-se para o interior de Sergipe, onde vê os servidores do posto médico desertar, diante do avanço da varíola. Reúne então as rameiras da vila e dá assistência aos doentes. Depois disso, vai para Salvador atrás do amor perdido. Este, já viúvo, embarcara num navio de carga estrangeiro. Tereza torna-se dançarina num cabaré em Salvador. Finalmente, cansada de guerra, decide casar, mas não ama o pretendente. No dia de seu casamento sem amor, reencontra Gereba e foge com ele. Viver Bahia | 39
Realismo baiano
Cenários dos romances compõem roteiros turísticos
40 | Viver Bahia
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Fotos: José Gustavo Murta/Divulgação
Paradisíacos ou não, históricos ou não. Os cenários onde se passam as histórias das heroínas de Jorge Amado integram há muito tempo alguns dos principais roteiros turísticos do estado. Ricas também em atributos folclóricos, elas rendem bons frutos, principalmente, aos comerciantes de souvenires e lembranças da Bahia. Quem foi a Ilhéus e não tirou uma foto no Bar Vesúvio e comeu um quibe de Gabriela? Quem foi a Mangue Seco e não passeou pelas dunas, onde Tieta se entregava aos prazeres da carne? Quem visitou o Pelourinho e não se perguntou onde teria morado Dona Flor? Quem passeou pela Baía de Todos-os-Santos e não imaginou Tereza Batista e seu Januário Gereba, enfim, velejando para o infinito? Quem ainda não teve a oportunidade de desfrutar desses cenários repletos de cultura e belezas naturais pode conhecer cada pedaço das paisagens das histórias de Jorge Amado, seguindo os roteiros que passam por Ilhéus, Mangue Seco, Centro Histórico de Salvador e Baía de Todos-os-Santos. Principal cidade da Costa do Cacau, Ilhéus revela belezas de um mar azul esverdeado, rodeado de areias brancas e margeado por
Fotos: R
O bar Vesúvio e a homenagem a Jorge Amado
extensos coqueirais. O Bar Vesúvio é uma atração à parte. Foi cenário recorrente em obras clássicas, como Gabriela Cravo e Canela, assim como o cabaré Bataclan. No Vesúvio, é possível sentarse na mesma mesa onde Jorge Amado costumava contemplar o movimento da cidade e saborear o autêntico quibe com o sabor da Gabriela. Ao lado do bar, uma das principais atrações da cidade: a Catedral de São Sebastião, que é também um dos mais bonitos e grandiosos templos católicos do país. A cidade, ainda hoje, se mostra agradecida às homenagens imortalizadas na bibliografia de Amado. A Casa de Cultura em seu nome é um bom exemplo disso. Construída
Mangue Seco: cenário de Tieta
livro: País do Carnaval. O acervo guarda verdadeiras preciosidades da sua vida e carreira.
em estilo neoclássico, em 1928, por seu pai - João Amado de Faria -, a casa era a residência oficial da família Amado. Em 1988, foi transformada na Casa de Cultura que leva o nome do escritor baiano, cujas obras já foram traduzidas em 48 idiomas e publicadas em mais de 50 países. Situada no Centro Histórico de Ilhéus, a Casa, de grandes salões e escadarias, abriga a Fundação Cultural, a Academia de Letras e o Instituto Histórico de Ilhéus. Ali, o romancista escreveu seu primeiro
Mangue Seco - Mangue Seco, última praia no extremo norte do litoral baiano localizado no município de Jandaíra, na fronteira com Sergipe, também se destaca nos romances de Jorge. A beleza do local foi bem retratada na novela Tieta, veiculada pela rede Globo e inspirada no romance Tieta do Agreste. Graças à essa produção, o Brasil passou a conhecer toda a beleza do lugar e o turismo no local foi impulsionado. Mangue Seco ainda resguarda numerosas dunas e paisagens primitivas de rios e mar.
As opções de lazer são variadas, com programas que satisfazem desde os surfistas, que nas praias da região encontram picos de grandes ondas, até os pescadores, que nas águas calmas dos rios conseguem fisgar os mais variados peixes. Dentre eles estão arraias, cações e carapebas, além do peixe-boi, espécie rara, geralmente encontrada no rio Amazonas, que nas águas calmas do Rio Fundo, mais um dos vários rios que cortam Mangue Seco, encontrou um habitat propício para se reproduzir. Acesso - O acesso se dá exclusivamente de barco, através
do Rio Real - é o que torna Mangue Seco mais atraente e a mantém naturalmente rústica. As poucas ruas são cobertas de areia fina e macia. À noite, crianças ainda brincam de roda e de escondeesconde, enquanto os visitantes ouvem histórias antigas, contadas por pescadores ou, ainda, participam de serenatas junto à população nativa. Pouco iluminada, a vila oferece uma noite estrelada, com beleza extraordinária nos períodos de lua cheia. O visual deslumbrante ganha um atrativo a mais quando o reflexo da lua se intensifica nas águas dos rios que cercam a região. Em posição privilegiada, Viver Bahia | 41
na baía de Estância, Mangue Seco testemunha o encontro dos rios Real, Piauí, Fundo, Guararema, Priapu e Saguí com o Oceano Atlântico. A mistura de água doce e salgada propicia a formação de extensas áreas de mangue e, conseqüentemente, a fartura de frutos do mar. Na praia de rio, os coqueiros se debruçam, curvando o tronco sobre as águas. Por toda a margem, espalham-se pousadas, bares, restaurantes e casas de pescadores, criando uma boa estrutura de apoio para os turistas. Baía de Todos-os-Santos - Outro cenário das aventuras literárias de Jorge Amado é a Baía de Todos-osSantos, onde se passa o final de Tereza Batista Cansada de Guerra. Considerada a maior baía do país, possui uma área de 900 km² e um perímetro de 200 km de extensão. Rica em vida marinha, a sua fauna abriga animais como tartarugasmarinhas e botos-cinza, enquanto sua flora integra recifes de corais e grande diversidade de manguezais. Nas proximidades da capital, encontram-se ilhas rodeadas de belos coqueirais e de águas calmas, ideais para o banho tranquilo e sossegado. A Baía de Todos-os-Santos banha a capital, Salvador, cenário das aventuras de Dona Flor e Seus Dois Maridos. As ruas do Centro Histórico transportam o turista para os primórdios da história do Brasil. Durante as visitas ao local, pode-se aprender, com a ajuda dos guias, como se desenvolveu a colonização da primeira cidade 42 | Viver Bahia
Foto: Ivan Baldivisieso/Agecom
Realismo baiano
No Pelourinho se passa a história de Dona Flor e seus dois maridos
Foto: Rita Barreto
do país. Até 1763, Salvador sediou a capital da Coroa Portuguesa nas Américas, sendo que alguns monumentos construídos neste período continuam preservados, o que torna o patrimônio arquitetônico dessa cidade muito valorizado. No Pelourinho, existem mais de 800 casarões dos séculos XVII e XVIII. O bairro concentra as sedes do Afoxé Filhos de Gandhy, da Fundação Pierre Verger, da Fundação Casa Jorge Amado, Museu da Cidade, além do Teatro
Miguel Santana, instalado em um prédio do séc XVIII. Também abriga livrarias, ateliês, galerias de arte, lojas de artesanato, joalherias, bares e restaurantes. Tombado pelo patrimônio da humanidade da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), o Pelourinho é considerado atualmente um grande shopping a céu aberto por oferecer atrações artísticas, musicais e opções de bares, restaurantes, lojas de roupas,
Na Baía de Todos-os-Santos, Tereza e Gereba finalmente se reencontram
artesanatos e jóias, museus, teatros e igrejas, entre outros. A praça XV de Novembro, mais conhecida como Terreiro de Jesus por causa da Igreja dos Jesuítas (atual Catedral Basílica), mantém características urbanas dos séculos passados. Sobrados ricamente adornados e três igrejas testemunham a época áurea em que Salvador foi capital da colônia. No centro da praça, um chafariz de origem francesa (1855), todo em ferro fundido, representa a deusa Ceres, da agricultura.
O Pelourinho também é fonte de inspiração e palco para artistas brasileiros e estrangeiros – como Caetano Veloso e Paul Simon e até mesmo Michael Jackson já gravou cenas de um clipe lá. O centro Histórico de Salvador também reúne alguns dos melhores restaurantes e dos bares mais movimentados da cidade. A efervescência cultural toma conta do novo e multicolorido Pelourinho. As terças-feiras são reservadas a shows e à benção (missa) que atrai vários religiosos e em seguida une-se as profano como o ensaio do Olodum dentre outros shows, atraindo assim milhares de pessoas nas ruas e praças do Pelourinho. Com centenas de casas coloridas de arquitetura barroca, a região abriga a maior concentração de turistas da cidade. O coração de Salvador possui pontos importantes, como A Fundação Casa de Jorge Amado, o restaurante Sorriso de Dadá, a sede do Bloco Afro Olodum, a Igreja de N.S. do Rosário dos Pretos, a Ladeira e Igreja do Carmo e a Praça da Sé.
Colaboraram: Eduardo Pelosi e Natália Gusmão Viver Bahia | 43
Foto: Patrick Silva
Península Itapagipana
Muito mais que um ponto mágico Eleito como um dos principais cartões-postais de Salvador, Itapagipe mantém aura bucólica de outrora Clarissa Pacheco
N
as pacatas cidades do interior brasileiro, o fim de tarde tem um importante significado. As crianças, já de banho tomado, saem para brincar, e os mais velhos põem-se a colocar nas calçadas as suas cadeiras de plástico ou de metal para acompanhar o crepúsculo do dia, que vem acompanhado de uma brisa que anuncia a chegada da noite. Em Salvador, cidade que beira os três milhões de habitantes ainda é possível visualizar cenas como esta num lugar que parece ter saído de uma bela obra literária. Assim é a Península de Itapagipe, eleita em 2009 como um dos sete pontos mágicos de Salvador, numa votação feita pela internet. O lugar, que os antigos moradores dizem ser abençoado por Deus, possui a tranquilidade de uma cidade do interior aliada à beleza proporcionada pelo mar que a rodeia em toda a sua extensão, que também contempla cinco grandes bairros. 44 | Viver Bahia
O primeiro deles e que representa o portão de entrada da península é o Largo de Roma, que possui um belo jardim e também abriga o Memorial Irmã Dulce. No espaço, estão guardados os objetos pessoais da freira que dedicou a vida em projetos de caridade e ajuda humanitária. Ainda em Roma, é possível encontrar imóveis de arquitetura do século XIX que resistem ao progresso e também à falta de manutenção. Se Roma é o primeiro dos principais bairros de Itapagipe, o Bonfim é o mais famoso e conhecido. E tanta fama vem exatamente da basílica que dá nome ao bairro. Construída em 1745, a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim é um dos maiores templos religiosos da Bahia e também um dos principais cartões-postais e pontos de visitação de Salvador. Das centenas de souvenires que podem ser adquiridos na porta da igreja ou em lojas e boxes nos arredores do templo, as fitinhas são as mais populares, principalmente por conta dos tradicionais pedidos que são feitos pelos fiéis na hora de amarrar o adereço no pulso direito.
O bairro do Bonfim é também, junto com toda a extensão da Cidade Baixa que vai do Comércio à Ribeira, o cenário da festividade popular mais importante do Estado. A Lavagem do Bonfim, que reúne mais de um milhão de pessoas num espaço de menos de dez quilômetros, é uma das celebrações de maior riqueza cultural da Bahia, uma vez que reúne fiéis de vários ritos e credos. À noite, a iluminação da Colina Sagrada dá destaque às palmeiras imperiais, marca registrada do lugar. O vendedor de fitinhas, Paulo César Azevedo, há 11 anos trabalhando em frente à igreja, afirma que o movimento de turistas estrangeiros é maior no inverno, enquanto que os brasileiros aparecem com mais frequência no verão. Se ele gosta de trabalhar lá? “Sim. Amo vender a minha fita e sempre fiquei aqui. Depois de 11 anos no mesmo lugar, não tem como não gostar”, afirma, contente.
Perto dali, no Monte Serrat, talvez esteja localizado um dos pedaços mais bonitos de Salvador. O forte que leva o nome do bairro e que com o seu formato de hexágono servia de proteção para os ataques inimigos durante os séculos XVI e XVII agora é um ponto de visitação bastante frequentado por baianos e turistas. Lá é possível visualizar alguns bairros de Salvador margeados pela Baía de Todos-os-Santos, assim como algumas praias da Ilha de Itaparica. O Monte Serrat também é o acesso a outro ponto de beleza rara: a Ponta de Humaitá. Também datado do século XVI, o local reúne um pequeno mosteiro, um farol e uma extensa balaustrada de onde é possível contemplar o pôr do sol. Foi em Humaitá que a reportagem da Viver Bahia encontrou as irmãs Lidiane e Leiliane Ferraz, que vieram de Juiz de Fora, em Minas Gerais. A professora Lidiane, 31 anos, disse que reservou o dia para conhecer os pontos turísticos da cidade. “Salvador é linda! Estamos conhecendo tudo, falta o Farol da Barra, mas pelo que vimos aqui já podemos dizer que adoramos a cidade! O pôr do sol aqui é maravilhoso!”, disse a visitante.
Por do sol na Ponta do Humaitá Viver Bahia | 45
Península Itapagipana Fotos: Rita Barreto
Foto: Jota Freitas
Forte de Monte Serrat e a vista panorâmica da Baía de Todos-os-Santos
Enseada dos Tanheiros é destaque na Ribeira
Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat e Ponta do Humaitá
O restaurante La Boca, na Ponta do Humaitá, é prova de que a Bahia atrai mesmo turistas estrangeiros e que muitos deles acabam se tornando nativos. Carlos González, 53 anos, é um argentino que veio para o Estado há 33 anos, atraído pelas praias e pela cultura local. Permaneceu por aqui e fundou o restaurante há 19 anos. “Eu gosto de trabalhar aqui. Vem muitos turistas com guias, fora os brasileiros, principalmente no fim de semana. Precisamos valorizar essa área”, diz o dono do restaurante, que tem, de um lado, a Igreja de Humaitá e do 46 | Viver Bahia
outro, o farol. Entre o Monte Serrat, a praia da Boa Viagem - onde ocorre todos os anos a procissão de Bom Jesus dos Navegantes, no dia 1º de janeiro - e o Bonfim, está a Praia da Pedra Furada. O local é conhecido por reunir os aspectos de uma pequena vila de pescadores e também por ser um pequeno reduto da gastronomia local. Lá estão situados bares e restaurantes, desde os mais simples até o Recanto da Lua Cheia, considerado o estabelecimento mais bemestruturado da região.
O popularmente chamado de fim de linha da Península de Itapagipe é o bairro da Ribeira, que, no passado, possuía uma intensa vida noturna. Hoje, o local ainda conta com um vasto número de estabelecimentos como bares e restaurantes que ficam lotados nos fins de semana, por aqueles que buscam diversão e boa comida. As principais especialidades são os frutos-do-mar, que servem de ingredientes para as tradicionais moquecas e ensopados. Além da Avenida Beira Mar, onde está localizada a maior
parte dos bares e restaurantes, um dos pontos mais destacados da Ribeira é a Enseada dos Tanheiros. O local serve como base para o encontro de casais, o bate-papo dos amigos e até mesmo para as partidas de baralho, dominó, dama e xadrez. É lá também que está situada a velha Sorveteria da Ribeira, estabelecimento fundado nos anos 30 do século passado e que ainda hoje mantém a tradição de servir o sorvete na casquinha. Funcionando diariamente das nove da manhã à meia-noite, o
A Igreja do Bonfim é uma das atrações da Península Itapagipana
local apresenta menu de sabores em português e inglês. Francisco Lemos, 73, apresenta a sorveteria com orgulho: “São 59 sabores. Vem gente do mundo inteiro aqui, muitos artistas. Somos a melhor sorveteria do Brasil e a 3ª melhor do mundo!”, disse empolgado. Do outro lado da sorveteria, a enseada, cujas águas são mornas e ideais para a prática do remo, e a vista para o Subúrbio Ferroviário de Salvador. “Nos finais de semana de regata isso aqui vira uma festa”, conta a moradora Edith Paula de Araújo, 75 anos.
Sorveteria da Ribeira: pausa gastronômica Viver Bahia | 47
Investimento em Infraestrutura
Fotos: Rita Barreto
Temperos e condimentos para a riqueza do sabor da cozinha baiana Simone Cabral
O
A Grande Feira A Feira de São Joaquim vai ganhar projeto de requalificação
Reduto de tipos humanos fascinantes e centro de abastecimento local, a Feira de São Joaquim ganha projeto de requalificação 48 | Viver Bahia
s produtos oferecidos no intrincado emaranhado de ruas e vielas de São Joaquim, ou Feira de Água de Meninos, como se referem os mais antigos, vão muito além das frutas, verduras e legumes de uma feira tradicional. Lá é possível encontrar plantas e ervas para chás e banhos; imagens de santos e animais vivos para os rituais de religiões de matriz africana, como pombos, bodes e galinhas, além de especiarias, temperos verdes (hortelã, salsinha, cebolinha, coentro) e temperos da culinária baiana. Pela feira também podem ser vistos inusitados cortes de carne que são expostos nas bancas, como testículos e olhos de boi. Já na área da enseada de São Joaquim, porcos, cabras e bodes passeiam livremente e comem bagaço de cana-de-açúcar. Nesta enseada o saveiro Sombra da Lua ainda transporta as cerâmicas que vem do Recôncavo, como fizeram durante séculos centenas
de outros saveiros que atracaram na Cidade da Bahia, como era chamada Salvador antigamente. A maior feira livre permanente da Bahia e do Brasil se estende por um espaço de mais de 38 mil metros quadrados e reúne mais de dois mil estabelecimentos, entre boxes e bancas. Tudo isso ocupa 62 ruas distribuídas em mais de dez quadras, onde, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Ambulantes de Salvador (Sindifeira), trabalham mais de 7 mil pessoas, entre feirantes, ambulantes, carregadores e estivadores. Nesta riqueza de variedades há ainda o artesanato popular feito com barro, palha e madeira, um mercado de pescados e uma área de comércio de flores e plantas. Para incrementar mais ainda o leque de opções de compras na feira encontramse estabelecimentos que comercializam produtos de bombonière, ferragens, sino para bois, peças de fogão, bonecos de vodu, plásticos, roupas e calçados.
Dendê para quem gosta e simpatia para quem precisa Viver Bahia | 49
Fotos: Rita Barreto
Investimento em infraestrutura E a diversidade não para por aí. Lanchonetes, bares e restaurantes também estão presentes na feira, onde se pode saborear um café da manhã com cuscuz e carne de sertão frita ou uma feijoada, na hora do almoço, entre tantas outras opções de pratos. A culinária baiana também se faz presente na venda de massa pronta para acarajé e de camarões secos, que acompanham o mais famoso quitute baiano. Nos boxes especializados no tradicional bolinho, profissionais lavam o feijão fradinho em grandes tonéis, moem os grãos, passam-nos na peneira e então preparam a massa, que depois é empacotada e vendida às baianas de acarajé. Andar pelas ruas e vielas da Feira de São Joaquim é uma verdadeira experiência antropológica, onde todos os sentidos são aguçados. Os olhos se perdem entre o colorido dos produtos expostos e a variedade de tipos humanos que desfilam para lá e para cá. Podem-se sentir cheiros e odores de ervas, incensos, temperos e suor dos animais. A audição é tomada pelos gritos dos “fregueses” anunciando produtos, diálogos inusitados e as músicas e recados da rádio comunitária. Nas feiras da Bahia a expressão “freguês” denomina tanto o vendedor quanto o cliente. Cenas do cotidiano incluem ainda os jogos de dominó. E há que se esquivar dos carrinhos de mão e dos meninos que transportam mercadorias. Esse intrincado labirinto, que abriga uma das maiores concentrações de expressões 50 | Viver Bahia
A “freguesa” da cebola vendeu muito nesse dia
culturais populares da cidade de Salvador, já foi tema de filmes, documentários, exposições, teses e outras tantas manifestações culturais, artísticas e acadêmicas que buscam retratar a singularidade e riqueza desse universo. Em 2005, o filme Cidade Baixa, primeiro longa-metragem do cineasta Sérgio Machado, apresentou para o mundo o microcosmo social da Feira de São Joaquim ao ser selecionado para a Mostra Paralela Independente no Festival de Cannes. O saveiro que serve de moradia para os personagens principais, vividos pelos atores Wagner Moura e Lázaro Ramos, está atracado na enseada de São Joaquim e é na feira que eles vendem as mercadorias que trazem das cidades do Recôncavo, sobretudo o artesanato de Maragojipinho, localidade do município de Aratuípe. Em 2006, a feira chamou a atenção do público quando se transformou em galeria a céu aberto
para exposição Lá e Cá, do fotógrafo Sérgio Guerra. Foram expostas, nas barracas e boxes, 438 fotografias mostrando a semelhança entre a Feira de São Joaquim e o Mercado São Paulo, em Luanda, Angola. A exposição deu projeção nacional e internacional à feira, evidenciando sua identidade africana. O público que frequenta a feira é o mais variado. É lá que a população de menor renda faz suas compras diárias de frutas, verduras e carnes. É lá também que muitos comerciantes compram suas mercadorias a baixo custo para depois revender, e que grandes e pequenos restaurantes abastecem suas cozinhas. Joel Anunciação, um dos mais conhecidos feirantes, estima em 90% o percentual de restaurantes da cidade que fazem suas compras na Feira de São Joaquim, entre eles a famosa cozinheira Dadá. “O trinômio quantidade, qualidade e preço bom, atrai desde o pequeno ao grande consumidor”, avalia Joel.
Turistas - Também é possível encontrar pessoas apenas passeando pelas vielas dessa feira que já se tornou atração turística. Baianos, brasileiros de outros estados e estrangeiros visitam a feira à procura de objetos e produtos específicos ou apenas para conhecer o lugar. Segundo Joel Anunciação, o que atrai os turistas é justamente a possibilidade do contato com o povo e a cultura do lugar. “A feira é um retrato genuíno da cidade, do povo baiano, e existe um filão turístico que busca justamente esse contato. São pessoas que gostam de autenticidade, gostam de viver a realidade local. Elas querem ver quem é o povo baiano, o povo brasileiro, e é justamente isso que a feira permite: um retrato da cidade, sem maquiagem”, destaca. A presença de turistas na feira já é significativa, embora ainda não haja a divulgação e a infraestrutura necessárias para recebê-los. O vendedor de animais vivos, que se identificou apenas como Júnior, analisou a presença de turistas estrangeiros na Feira de São Joaquim. “Os turistas gostam de vir aqui na feira porque
Cerâmicas produzidas no Recôncavo são vendidas por toda a feira
aqui eles veem coisas que não tem no país deles. Eles adoram subir e descer a feira toda e tirar muita foto. Outro dia mesmo, teve um grupo grande aqui de turistas holandeses, franceses e alemães. Por isso mesmo a feira precisa de reforma urgentemente, principalmente saneamento básico e infraestrutura”, analisa. E foi justamente a falta de infraestrutura e de condições ideais de higiene que a feira passou a perder clientes nas últimas décadas. Recentemente, mesmo com toda a tradição e com o ainda expressivo número de
clientes, a feira se viu ameaçada, uma vez que o local não passava por uma reforma desde 1996. Diante disso, o governo estadual, por meio do Ipac, desenvolveu um projeto para a requalificação do espaço. O mesmo projeto foi readaptado pela Secretaria de Turismo da Bahia, que obteve, junto ao Ministério do Turismo, por meio de emendas parlamentares, recursos da ordem de R$ 32 milhões para a execução dos serviços de reestruturação, que devem começar ainda no primeiro semestre de 2010.
Camarão seco, gengibre e outros temperos que condimentam a culinária da baiana Viver Bahia | 51
Da palha à cerâmica, das folhas às mandingas, a feira oferece tudo para os adeptos do candomblé
Serviço: A Feira de São Joaquim abre todos os dias das 5h às 18h. Domingos e feriados até às 13h. Endereço: Av. Oscar Pontes, Cidade Baixa, Salvador. 52 | Viver Bahia
História trágica se incorpora ao cotidiano A área da Feira de São Joaquim foi doada em caráter provisório ao Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Ambulantes da cidade de Salvador – o Sindifeira, através de um contrato de cessão entre a Prefeitura e a Capitania dos Portos, em 1964, quando um incêndio destruiu a antiga Feira de Água de Meninos. A doação foi feita por um período de 31 anos, que terminou em 1995. Três anos antes do incêndio, a abertura do filme “A Grande Feira”, de Roberto Pires, previu a tragédia: “a grande feira de Água de Meninos vai se acabar”, dizia um dos personagens. O filme, que foi produzido por Glauber Rocha, aborda diversos aspectos da feira, como a vida e conflitos de seus personagens, sua importância para a economia local e os interesses políticos relacionados à sua remoção. Logo após o incêndio, a atual Feira de São Joaquim foi construída em um terreno vizinho à Feira de Água de Meninos.
Fotos: Rita Barreto
Investimento em Infraestrutura
Na Grande Feira se vende de tudo
A Feira de São Joaquim e o turismo da Bahia A reforma vai permitir a execução de obras de drenagem, instalações hidráulicas e pavimentação. Durante a intervenção, 275 boxes serão restaurados e outros 745 substituídos por novos. Para o feirante Aurelino Ferreira do Nascimento, 44 anos, que vende ervas medicinais para chás e para banhos há três décadas, a esperança em relação à reforma da feira é boa, porém preocupante, no que diz respeito à organização do espaço. “A feira não é lugar de ordem, cada um aqui trás o que tem para vender e se organiza como quer”, afirma. O caos organizado da Feira de São Joaquim também conta com a simpatia do secretário Domingos Leonelli. “Vamos preservar ao máximo essas características da feira, que fazem dela um local tão interessante para Salvador. Sabemos que a velha Feira de Água de Meninos tem problemas, mas ela não é um problema. Por isso, vamos fazer esta requalificação preservando os aspectos peculiares dela”, explica. O projeto desenvolvido pelo Ipac e pela Conder prevê ainda a redistribuição de galpões e boxes de vendas de peixes,
carnes e animais vivos, de acordo ele é uma espécie de serviço com as exigências da Vigilância de alto-falante ambulante da Sanitária. Durante as obras, os Feira, onde trabalha a 23 anos, feirantes cujos estabelecimentos percorrendo as ruas com seu ficarão impossibilitados de megafone e anunciando produtos continuar funcionando, serão por onde passa. Sua opinião sobre transferidos para um galpão a reforma da Feira ele dá em forma cedido pela Codeba, a pouco de repente: “Eu espero tudo se mais de 100 metros da Feira. Este modificar, ser tudo organizado, galpão deverá se chamar Água de para os turistas aqui chegar, que Meninos, um resgate histórico de aqui é um ponto cultural e tudo sua antiga denominação. aqui vai melhorar. Essa reforma Outros detalhes importantes tá vindo aí e essa reforma vai do projeto são a construção de chegar. De melhores tempos nós cobertura em alguns espaços e a vamos aqui desfrutar, ver as coisas integração da feira com a Baía de modificadas pra todos ali falar, e Todos-os-Santos, através de um essa Feira de São Joaquim, tá vendo espaço que contará com um píer como está? Pra chegar aqui na e vista para o mar. A intenção do Bahia e poder olhar, a Feira de São governo estadual com a reforma Joaquim reformou, você pode ir lá é melhorar as condições da feira visitar, lá dá gosto de nós chegar!” para os baianos e atrair turistas, que poderão ter melhor acesso, inclusive pelo mar, principalmente a artigos de artesanato. Alcides Augusto de Matos, 61, é uma figura muito conhecida na Feira de São Joaquim. Repentista e Projeto é discutido pelo Grupo de Trabalho criado pelo Governo do Estado vendedor de jaca, Viver Bahia | 53
Nos passos da história
Foto: Jota Freitas
Turismo Étnico-Afro
Circuitos e roteiros turísticos levam o visitante ao mundo étnico-afro da Bahia
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A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos revela religiosidade 54 | Viver Bahia
alvador é a cidade mais negra fora do continente africano. Segundo o IBGE, 80% da população é composta por descendentes de africanos, oriundos de várias tribos e reinos, que aqui chegaram escravizados. Misturados aos elementos da cultura indígena e europeia, a herança trazida pelas diversas etnias africanas transformou a Bahia num lugar particularmente mágico. Aliado às belezas naturais, esse caldeirão cultural é, sem dúvida, a principal atração turística do Estado. Por estar concentrada em áreas geográficas amplas e distintas, essa grande diversidade de atrativos turísticos está dividida em circuitos e roteiros. Em Salvador, o visitante interessado em conhecer melhor todo o potencial cultural contido nesse segmento temático, deve percorrer três grandes circuitos: Centro Antigo-Pelourinho-Cidade Baixa; Curuzu-Liberdade; e Subúrbio Ferroviário. A partir de Salvador, no Recôncavo, o visitante pode percorrer dois circuitos temáticos: o religioso e o quilombola. O primeiro contempla as religiões de matriz africana, o sincretismo religioso e a herança cultural. O segundo abrange as comunidades remanescentes dos quilombos e o acervo simbólico do período escravocrata.
O sincretismo religioso merece destaque nos roteiros étnicos-afro
Já no interior, a herança africana se estende nas zonas turísticas da Chapada Diamantina e da Costa do Dendê, além da região do Recôncavo Baiano, onde se encontram os municípios de Cachoeira, Santo Amaro, São Félix, Maragojipe e Nazaré, locais que receberam fortemente a influência de matriz africana na sua formação. Na Chapada Diamantina e na Costa do Dendê, formaram-se dois circuitos
relacionados às comunidades quilombolas, cada um deles voltado para as características próprias da região e das comunidades quilombolas a serem visitadas. Vale destacar que essas comunidades, hoje, já mantêm um nível elevado de conscientização das suas potencialidades turísticas. Em algumas delas é possível encontrar serviços turísticos que vão desde receptivo até hospedagem e culinária típica.
Irmandade da Boa Morte: atração em Cachoeira Viver Bahia | 55
Foto: Jota Freitas
Turismo Roteiros Étnico-Afro Turísticos
Bahia de Todas-as-Cores
Foto: Robson Mendes/Agecom
Itinerário 1 – Centro Histórico 9h – City tour no Centro Histórico / Pelourinho, Praça Municipal (local onde foi erguida a antiga cidade fortaleza), Santa Casa da Misericórdia, Cruz Caída, Museu Afro-Brasileiro, Terreiro de Jesus, Igreja de São Francisco, diversas lojas e ateliês de moda afro, na Rua das Laranjeiras. Igreja do Rosário dos Pretos, Museu Abelardo Rodrigues, Fundação Casa de Jorge Amado, Forte de Santo Antônio Além do Carmo (local onde funciona o Forte da Capoeira). Sugestão de almoço no centro da cidade, onde se encontram diversas opções de restaurantes típicos e tradicionais da Bahia, frequentados por intelectuais e artistas da terra.
O conjunto arquitetônico do Pelourinho é o principal cenário do Centro Histórico de Salvador
No subúrbio de Salvador a maior concentração de terreiro de candomblé da cidade
Circuitos de Salvador contemplam diversidade étnica Como a cidade mais negra fora da África, nada mais natural que Salvador concentre os principais atrativos desse segmento, seja nas festas, na dança, na religião, na música, na gastronomia, ou mesmo no modo de vida simples das suas comunidades. Os circuitos contemplam toda a diversidade étnica dos povos iorubá, bantu e jêje. Circuito Centro Antigo – Pelourinho – Cidade Baixa: Nessa área da cidade, encontram-se atrativos religiosos, como igrejas e terreiros; patrimônio arquitetônico, como o próprio conjunto do Pelourinho; centros de cultura popular, a exemplo do Mercado Modelo e da Feira de São Joaquim, nos quais se encontram artesanato; espaços gastronômicos, com opções diversas da culinária afro-baiana; outros bens do patrimônio histórico e cultural, como shows, e a sede do bloco afro Olodum e sua escola; manifestações culturais, como a capoeira, além dos locais onde os líderes das rebeliões africanas foram mortos e expostos à execração pública. 56 | Viver Bahia
Circuito Curuzu-Liberdade: O bairro da Liberdade é o mais negro de Salvador e possui um contingente populacional de mais de 600 mil pessoas. É aqui, mais precisamente na localidade denominada Curuzu, que fica a sede do bloco Ilê Aiyê e do seu Centro Cultural. Nesse universo, estão simbolicamente representados o modo de vida das comunidades afrodescendentes e a cultura de matriz africana em toda sua extensão, desde festas, música, danças, estética negra, religiosidade e culinária, além do trabalho social desenvolvido pelo Ilê Aiyê. Circuito Subúrbio Ferroviário: Trata-se de um circuito que abrange uma área que até mesmo muitos soteropolitanos desconhecem. Além da enorme beleza natural, esse circuito concentra a maioria dos terreiros de candomblé da cidade. Com cultura bem peculiar, aqui o modo de vida das comunidades africanas é naturalmente reproduzido. A culinária diferente da típica cozinha afro-baiana destaca-se nos pratos à base de frutos-do-mar e também nos considerados regionais, feitos a partir das vísceras de animais, como o sarapatel (miúdos de porco), a rabada (rabo de boi), a buchada (miúdos de carneiro).
Foto: Adenilson Nunes/Agecom
O Largo do São Francisco reúne importantes marcos deste segmento
Itinerário 2 – Subúrbio Ferroviário 9h – Saída para a Estação da Calçada para pegar o trem rumo a Plataforma, passando pelas belas paisagens das praias do Subúrbio Ferroviário. Retorno de escuna para a Ribeira. Parada para almoço em um dos muitos restaurantes que ficam localizados à beira-mar. Itinerário 3 – Cidade Baixa 9h – Deslocamento para a Feira de São Joaquim. De lá, para a Igreja do Bonfim e a Ponta do Humaitá, em Monte Serrat. Parada para o almoço no local, onde existem várias barracas de praia e restaurantes especializados em frutos-do-mar. Após o almoço, saída para o Mercado Modelo, com tempo para compras. Fechando a programação do dia, apreciar o pôr do sol no Solar do Unhão, onde fica o Museu de Arte Moderna (MAM). Itinerário 4 – Federação 9h – Visita à Igreja de São Lázaro, no bairro da Federação. Nesse bairro estão localizados diversos terreiros, como o do Gantois e o da Casa Branca (Vasco da Gama). Na sequência, parada no Dique do Tororó, onde estão expostas grandes esculturas dos orixás. Parada para o almoço. No entorno do Dique existem vários restaurantes especializados em culinária regional da Bahia. Itinerário 5 – Pelourinho Café da manhã no Museu da Gastronomia Baiana, do SENAC – Pelourinho, com visita orientada. Parada para o almoço no próprio Pelourinho. À tarde, passeio de escuna na Baía de Todos-os-Santos.
O comércio variado do Pelourinho Viver Bahia | 57
Roteiros destacam história e cultura
Fotos: Rita Barreto
Turismo Étnico-Afro
Elementos da cultura e da ancestralidade africana compõem o eixo central dos roteiros étnicos-afro de Salvador. Através deles, o visitante pode conhecer o palco onde se deram as principais lutas pela liberdade, a cultura de resistência cultural e a religiosidade. Foto: Jota Freitas
No palco das lutas pela liberdade
Fotos: Rita Barreto
Os locais onde aconteceram as principais rebeliões de escravos em Salvador são os principais atrativos desse roteiro. A história das duas revoltas mais significativas, a dos Búzios e a dos Malês, pode ser contada a partir dos locais onde elas foram iniciadas e sufocadas, incluindo os monumentos nos quais seus líderes foram castigados, enforcados e expostos em praça pública. Além do aspecto histórico, esse roteiro abrange também visita às irmandades, como a Sociedade Protetora dos Desvalidos e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Baiana traduz no gesto a famosa hospitalidade dos nativos. No destaque, entrada principal da Irmandade Sociedade Protetora dos Desvalidos 58 | Viver Bahia
Na Praça da Piedade, a homenagem dos baianos aos heróis da Revolta dos Búzios
Brochura editada no aniversário da revolta
Revolta dos Malês: O número de mortos nesta revolta somou mais de 70, sem contabilizar os que morreram posteriormente. Alguns nomes, porém, podem ser retirados do anonimato completo, como Ahuna, Vitório Sule, Dassalu, Manoel Calafate, Nicobé, Flamé, Batanhos, Mama Adeluz e Combé, na sua maioria, escravos dos ingleses que moravam no bairro da Vitória. O palco principal da rebelião fica no Centro Histórico, bem no coração da cidade, onde hoje se localizam a Ladeira da Praça, a Câmara Municipal, a sede da Prefeitura de Salvador e adjacências.
Revolta dos Búzios: Na linha de frente desta rebelião encontravam-se o alfaiate João de Deus do Nascimento; o jovem aprendiz de alfaiate, Manoel Faustino dos Santos, com apenas 18 anos; e os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas. O movimento contou também com a participação de mulheres. Duas delas tiveram muito destaque: as negras, alforriadas, Ana Romana e Maria do Nascimento. Uma centena de pessoas, entre militares, religiosos, funcionários públicos, foi denunciada. Dessas, 47 foram presas, mas somente 30 foram processadas. Todas elas alegaram inocência. Apenas quatro homens admitiram culpa. João de Deus, Manoel Faustino, Luís Gonzaga e Lucas Dantas foram condenados à morte por enforcamento e executados no dia 8 de novembro de 1799, no Largo da Piedade. Depois de aplicada a sentença, seus corpos ficaram expostos para servirem de exemplo àqueles que ousassem questionar a Coroa portuguesa. A cabeça de Lucas Dantas ficou espetada no Campo
do Dique do Desterro (atual Dique do Tororó). A de Manuel Faustino, no Cruzeiro do São Francisco, enquanto a de João de Deus, na Rua Direita do Palácio (hoje Rua Chile). A cabeça e as mãos de Luís Gonzaga das Virgens ficaram pregadas na forca, que foi levantada na Praça da Piedade para a execução, como mostra o mapa ao lado. Hoje, na Praça da Piedade, os quatro heróis da Revolta dos Búzios são homenageados com bustos e placas que contam a história da contenda. O visitante desavisado pode se surpreender com representações feitas pelo grupo Poetas da Praça, cuja performance lembra os fatos que acabaram por gerar os conflitos do século XIX. Viver Bahia | 59
Foto: Rita Barreto
No panteão dos deuses africanos
Fotos: Jota Freitas
Turismo Étnico-Afro
O gosto temperado do acarajé
O objetivo de roteiros específicos para religiosidade de matriz africana é ampliar o conhecimento dos visitantes acerca dessas manifestações, possibilitando a visita aos terreiros de candomblé de nações diferentes: Ketu-Nagô, Jêje e Angola. Esse tipo de roteiro pode agregar também visita ao Museu Afrobrasileiro, ao Dique do Tororó, onde se encontram grandes esculturas de divindades do panteão africano. Se feitos em acordo com o calendário litúrgico das casas-de-santo, o roteiro pode agregar também degustação da autêntica comida-de-santo.
Sabores da Negra Bahia
Ensaios e trabalhos sociais realizados pelos blocos afros integram roteiros
Foto: Rita Barreto
Resistência Cultural Esse aspecto da cultura afrodescendente compõe um roteiro que abrange o trabalho artístico e social desenvolvido pelos principais blocos afros de Salvador, por artistas como Carlinhos Brown. O roteiro começa na Liberdade, com visita ao Ilê Aiyê e ao Centro Cultural Senzala do Barro Preto, prosseguindo no bairro do Centro, para conhecer os projetos artísticos e sociais
Sede do Ilê Axé Opô Afonjá
Representação de Oxalá com o seu Opaxorô
Esculturas dos orixás do artista plástico Tati Moreno, no Dique do Tororó 60 | Viver Bahia
do criativo Carlinhos Brown, como o seu Museu du Ritmo. A capoeira e os projetos da Associação de Capoeira Mangangá, comandada por Tonho Matéria, é outro atrativo e pode ser apreciado em vários locais da cidade, uma vez que a Mangangá tem filiais em diversos bairros da cidade e no Litoral Norte de Salvador. Uma visita à Escola do Olodum e a participação nos ensaios do bloco, que acontecem às terçasfeiras, no Pelourinho, fecham com chave-de-ouro o roteiro.
A culinária afro-baiana é uma atração à parte no turismo de Salvador e pode ser incluída em qualquer roteiro. Entretanto, roteiros gastronômicos desse segmento devem contemplar aspectos inusitados e abranger uma maior diversidade de pratos típicos. Nesse sentido, a degustação dos alimentos pode ser precedida de uma aula prática sobre o preparo dos pratos e a exposição de temperos e condimentos utilizados. Outros podem incluir a degustação de pratos nos próprios terreiros, que preparam os pratos de acordo com a divindade homenageada no dia da semana. A aquisição de tais ingredientes, na Feira de São Joaquim, por exemplo, pode conferir ao roteiro uma diversidade maior de atrativos exóticos. O tratamento dispensado às folhas sagradas pelos adeptos do candomblé é outro componente que pode ser destacado nesse tipo de roteiro. O uso medicinal e religioso das ervas, o plantio, colheita e utilização são alguns dos aspectos que podem ser potencializados, inclusive numa vista ao Parque de São Bartolomeu.
Os tambores do Grupo Cultural Olodum, que tem sede no Pelo
urinho
A beleza da mulher negra traduzida pelas deusas do ébano do Ilê Aiyê Viver Bahia | 61
Foto: Patrick Silva
Foto: Patrick Silva
Turismo Étnico-Afro
Parceria
Governo e trade se unem para enfrentar baixa estação 1 Foto: Patrick Silva
3 Foto: Adenilson Nuines/Agecom
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4 Foto: Adenilson Nuines/Agecom
Os blocos Filhos de Ghandy (1 e 2), Araketu (3), Malê Debalê (4 e 5), Muzenza (6) e Cortejo Afro (7 e 8) ressaltam a beleza das manifestações de matriz africana no Carnaval de Salvador
Foto: Genilson Coutinho/Secult
Foto: Rita Barreto
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8 7 62 | Viver Bahia
Foto: Arisson Marinho
Produtos, serviços e ações planejadas possibilitam a atração de turistas durante todo o ano
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Foto: Rita Barreto
e na alta estação as cidades turísticas da Bahia ficam lotadas de visitantes, os hotéis têm altas taxas de ocupação, as locadoras de veículos com toda a frota alugada e os bares e restaurantes completamente cheios, o início da baixa temporada se configura num período de intensa preocupação para o governo e empresários do setor. A sazonalidade é para a maioria dos representantes do trade o principal problema do turismo no Nordeste brasileiro. Para combater os efeitos do fenômeno que ocorre nos meses que antecedem o inverno e se estendem até o fim da primavera, a Setur, a Bahiatursa e os empresários do turismo iniciaram uma espécie de força-tarefa para aquecer o setor no período das vacas magras. Em 2008, a Bahiatursa, em parceria com hoteleiros e empresários da capital, começaram a planejar a primeira medida para garantir a permanência dos turistas na cidade, com a criação do Projeto Espicha Verão. A presidente Emília
Espicha Verão aumentou permanência de turistas no estado Viver Bahia | 63
Fotos: Jota Freitas
Enoturismo possibilita interiorização 64 | Viver Bahia
Fotos: Jota Freitas
Movimentos estratégicos - A parceria entre a Secretaria de Turismo e o trade não se deu apenas com a criação de novos segmentos e produtos. Em 2009, numa decisão inédita tomada pelo secretário de Turismo, Domingos Leonelli, e a equipe técnica da Bahiatursa com os empresários, foi definido que a campanha publicitária de promoção do verão da Bahia seria veiculada ainda em outubro nas principais praças emissivas de visitantes para o Estado. Segundo o empresário Sílvio Pessoa, este foi um dos aspectos para que houvesse na Bahia o melhor verão dos últimos tempos. “Além disso, o resultado da pesquisa MTur/Vox Populi, que colocou o Estado como destino turístico preferido do brasileiro e a indicação do The New York Times como um dos 31 lugares no mundo para visitar em 2010 também ajudaram muito”, ressalta.
Réveillon é outro produto turístico
O São João passou a integrar o calendário turístico
como o palco principal dos festejos juninos na capital. O empresário Clarindo Silva, dono de um tradicional restaurante no Centro Histórico de Salvador, disse que “o São João do Pelô” era como uma segunda temporada de verão para os comerciantes do local. O ex-presidente da ABAV, Pedro Costa, também destacou o projeto, que, somente no ano passado, contou com investimentos de R$ 9 milhões. “Isso nos coloca no
cenário nacional e de igual para igual para competirmos com Pernambuco e Paraíba, pois temos muito mais opções do que esses estados”, disse. Na mesma linha de oferecer novos produtos turísticos ao mercado, o governo baiano, por meio da Secretaria de Turismo do Estado, garantiu por quatro anos, durante o mês de agosto – considerado de baixa ocupação pela hotelaria – a realização do GP Bahia de Stock Car. “Apostamos nesse novo produto porque o automobilismo tem muitos adeptos em todo o país e, além disso, há uma mídia espontânea muito grande em torno desse evento”, explica o secretário Domingos Leonelli. Já no primeiro ano, os resultados da realização da prova para o turismo foram surpreendentes. Houve um incremento de 20% na taxa de ocupação hoteleira, a criação de 3 mil postos de trabalho temporários e a chegada à cidade de 2 mil pessoas somente do staff
da competição. “Alguns estabelecimentos, localizados perto do circuito de rua da Stock Car, no Centro Administrativo, chegaram perto dos 90% de ocupação”, conta o empresário Sílvio Pessoa, que preside o sindicato que representa os hotéis em Salvador e no Litoral Norte. Outro aspecto importante na caminhada de combate à sazonalidade foi a implantação do voo Salvador/Miami, da American Airlines. Concebida para atender o segmento do turismo étnicoafro, após intensas negociações entre o governador da Bahia, Jaques Wagner, e a então secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, a rota permitiu um acréscimo de 334% no número de desembarques diretos dos Estados Unidos no aeroporto de Salvador. A média dos anos de 2001 a 2007 era de 2,6 mil pessoas chegando à capital baiana anualmente. Em 2008, mais de 15 mil pessoas desembarcaram dos EUA na Bahia.
Durante o mês de janeiro, a ocupação hoteleira registrada em Salvador, Morro de São Paulo, Ilhéus, Porto Seguro, Lençóis e Litoral Norte ficou acima dos 80%. Já o Carnaval de Salvador garantiu uma taxa superior a 95% nos 22 principais estabelecimentos da capital e lotação máxima nos hotéis que ficam no circuito. O atual presidente da ABAV, Pedro Galvão, também destaca a participação do trade nas decisões importantes do governo. “Nunca houve tanto espaço nas tomadas de decisões. Isso é muito importante, pois mostra que o governo está sensível às necessidades do mercado”, disse. Galvão ressalta ainda os investimentos de R$ 15 milhões feitos pelo governo na área de qualificação profissional para o turismo. “Isso é muito interessante, pois a mão de obra estando bem preparada garante a satisfação e o retorno do visitante”, avalia.
Foto: Arisson Marinho/Agecom
Silva lembra que a realização do Carnaval na primeira semana de fevereiro foi motivo de preocupação para todo o trade. “Naquela ocasião foi preciso criar uma programação que garantisse a permanência do turista em Salvador após a folia e assim surgia o Praia 24 horas, no Porto da Barra”, conta. No mesmo ano, empresários do segmento de hotéis reuniramse com o secretário Domingos Leonelli para discutir as baixas taxas de ocupação da hotelaria do litoral durante o mês de junho e, principalmente, na semana do São João, com o êxodo de mais de 300 mil baianos que deixam a capital com destino às cidades do interior. As discussões se converteram na transformação do São João da Bahia em um produto turístico nacional. Já no primeiro ano, a principal operadora de turismo do país vendeu 19 mil pacotes de viagem para o Estado, ante os 12 mil vendidos no mesmo período do ano anterior. Em 2009, o projeto foi ampliado e o Pelourinho consolidou-se
Foto: Rita Barreto
Parceria
O GP Bahia de Stock Car minimizou os efeitos da sazonalidade Viver Bahia | 65
Acácia Martins
Procissão do Fogaréu atrai nativos e turistas
Páscoa atraem turistas e nativos a Serrinha
Devotos participam da Procissão
Fé e lazer na Procissão do Fogaréu
Santa Semana I
mpulsionado pela fé, o Turismo Religioso temse mostrado uma excelente opção para aqueles que querem unir obrigações religiosas e lazer. Na Bahia existe um cardápio variado de opções que vão desde procissões e romarias até feiras livres e visitas a igrejas. Nesta edição, a Viver Bahia traz duas indicações de locais que, durante a Semana Santa, chamam a atenção dos visitantes: A Procissão do Fogaréu, que acontece no município de Serrinha, e a Feira dos Caxixis, que é realizada em Nazaré, município localizado o entorno da Baía de Todos-os-Santos. 66 | Viver Bahia
Foto: Jota Freitas
Duas atrações contribuem para unir fé, devoção e lazer nos feriados de abril
Do alto, o efeito plástico impressiona baianos e turistas. A estrada fica reluzente. Parecem pontinhos de luz que se locomovem pausadamente. As chamas das velas iluminam os passos dos fiéis que participam da tradicional Procissão do Fogaréu, no município de Serrinha, a 173 km de Salvador, numa grande demonstração de fé. Na Quinta-feira Santa, milhares de fiéis percorrem as ruas da cidade, à noite, a partir das 20h, em direção ao Monte de Nossa Senhora Santana, portando os fogaréus para iluminar o trajeto. A emoção se une à beleza plástica num ato que simboliza a perseguição a Jesus Cristo até o Monte das Oliveiras, quando foram usadas tochas acesas para clarear o caminho. Na face dos penitentes, o sentimento de respeito e compaixão pelo sofrimento de Cristo. Muitos se emocionam e choram ao relembrar as passagens da peregrinação de Jesus até a morte. O ato religioso começa com uma celebração às 18h, na Catedral, a missa do lava-pés. Depois religiosos, a comunidade, além de jovens caracterizados de Jesus Cristo, Judas e soldados seguem em cortejo, até a praça Luiz Nogueira, da antiga Matriz. A primeira parada é no coreto da praça, com leituras de passagens bíblicas. Depois o cortejo segue pela estrada de Barrocas até a Colina da Santa, o Monte de Nossa
Informações
úteis
Como chegar Carro particular: Serrinha está a 180 km de
Serrinha
Salvador. Partindo de Salvador pela BR-324 até Feira de Santana, seguir pela BR-116, sentido norte. Serrinha fica 46 km depois de Santa Bárbara.
BR 116
Santa Bárbara
Onde ficar
Hotel Diamantinas: Pça Luiz Nogueira 571 – Centro -Tel: 75 3261-2426 Pousada Nova Vida: Rua Edmundo Veloso, 160 Tel: 75 3261-4292 Pousada Matos: Rua D – Lot. União, 30 Tel: 75 3261-4159
Feira de Santana
Hotel Serra Sol: Rua Paulino Santana, 99 Tel: 75 3261-2825 Hotel Santo Antônio: Av. Lomanto Júnior, 733 Tel: 75 3261-1504
Serrinha
Pousada Nosso Lar: Av. Lomanto Júnior, 461 Tel: 75 9191-2932
BR 324
Onde ficar
Rancho Catarinense: Av. Lomanto Júnior, 312, Ginásio - Tel: 75 3261-3822 Johnnys Lanche: Pça. Luiz Nogueira, s/n Tel: 75 3261-2719
Salvador
G F de Carvalho Churrascaria: Av. Lauro Mota, 789, 312, Ginásio - Tel: 75 3261-7494 Café Maravilha: Pça. Luiz Nogueira, 75 Tel: 75 3261-1361
Senhora Santana, sempre entoando a ladainha de todos os santos e cânticos penitenciais. No monte, diante da imagem de Nossa Senhora Santana, padroeira da cidade, acontece uma encenação sobre a prisão de Jesus. É o momento de refletir, e o padre faz um pequeno sermão para relembrar o significado da penitência. A coordenadora da Pastoral de Comunicação da Paróquia da Catedral, Carla Maciel, lembra que durante as 14 paradas até a Colina da Santa, são momentos de pura emoção. “Muitos fiéis percorrem o trajeto descalços, se ajoelham e entoam a ladainha de todos os santos em latim para pagar promessas e se emocionam tanto que chegam às lágrimas”, afirma. Herança dos portugueses, a primeira procissão data de 1930 e era somente formada por homens. Na década de 80, as mulheres
Foto: Rita Barreto
Fotos: Rita Barreto
Turismo Religioso
Representação bíblica em Serrinha
começaram aos poucos a participar da manifestação religiosa que hoje reúne toda população, visitantes das cidades próximas, além de turistas de outros estados e do exterior. O percurso até a Colina é de quase 4 km e fica todo tomado pelas luzes dos fogaréus, feitos artesanalmente com uma vela acesa presa a um suporte de madeira. Em volta da vela é colocado um papel, com o símbolo da Semana Santa, para impedir que o vento apague a chama, que ilumina a caminhada dos fiéis. Viver Bahia | 67
Foto: Rita Barreto
Turismo Religioso
Feira de Caxixis reúne o melhor do artesanato baiano Uma das melhores épocas para a venda do artesanato produzido na localidade de Maragojipinho, no Recôncavo Baiano, é a Feira de Caxixis, realizada todos os anos durante a Semana Santa, na histórica cidade de Nazaré das Farinhas, a 200 km de Salvador. Com mais de 300 anos de tradição, a feira reúne, durante o feriado pascal, milhares de apaixonados pelas peças feitas essencialmente de barro e argila pelos artesãos, que lá são chamados de oleiros. Segundo estimativas otimistas da prefeitura local, são mais de 100 mil pessoas, todos os anos, que chegam para acompanhar os quatro dias do evento, que conta com mais de 250 expositores. Dentre os objetos mais procurados, estão as imagens sacras, que são produzidas pelos chamados “santeiros de Maragogipinho”. A réplica do Cristo ou a escultura de São Francisco de Assis chegam a custar, respectivamente, R$ 600 e R$ 2 mil. Dentre as mais populares, estão as bonecas, panelas e cofres. Entre as peças mais baratas, que custam, em média, até R$ 1 e R$ 10 estão os cofres em forma de porquinhos, vasos, potes de água, também conhecidos como moringas e pequenas luminárias 68 | Viver Bahia
A Feira de Caxixis reúne o melhor da cerâmica Foto: Jota Freitas
decorativas. Mil opções de artesanato à parte, visitar a cidade de Nazaré também pode ser um grande programa para quem optar por passar o feriado prolongado na Ilha de Itaparica ou no Recôncavo. A Semana Santa em Nazaré também conta com a encenação da Paixão de Cristo e uma extensa programação musical com os ritmos da Bahia e do Nordeste brasileiro. Os casarios históricos, as ruas de calçamento e o Cristo localizado na parte alta da cidade representam um encontro que une fé e resgate cultural, numa
região rica pela diversidade. Na cidade é possível visitar ainda a antiga estação ferroviária, lugar ideal para tirar belas fotos e guardar de recordação. Maragojipinho - Apesar de ser o polo de fabricação das peças de artesanato mais conhecidas da Bahia, a localidade que pertence ao município de Aratuípe, a 222 km de Salvador, ainda não é conhecida do grande público. Lá, a atividade é a principal fonte de renda e movimentação da economia local. Bonecas, cofres de todos os formatos, panelas, abajures, imagens
Produtos são bastante procurados
sacras, animais e tantos outros utensílios feitos à base de barro e argila são os grandes atrativos do povoado, que também recebe um importante contingente de turistas de diversos cantos do país. A população local não chega aos 3 mil habitantes, mas o lugarejo fica lotado durante o verão. Há dois anos, os números giravam em torno dos 2,1 mil moradores. Destes, 95% sobrevivem e são mantidos pela venda do artesanato, conforme a Associação de Auxílio Mútuo dos Oleiros de Maragojipinho (AMOM). Os oleiros, como são conhecidos os produtores das peças, aprendem o ofício desde cedo com os pais e avós, que já tiravam o sustento da atividade. Circular pelas ruas estreitas do povoado significa “encher os olhos” com as obras de arte produzidas no lugar. As bonecas são coloridas, de tamanho e modelos variados, e todos os objetos são minuciosamente trabalhados à mão. Há potes, panelas, cofres e abajures. E os visitantes também enchem de cor e alegria as ruas de Maragojipinho. Durante o verão, a maioria de turistas estrangeiros se delicia escolhendo quais dos objetos vão levar para casa. Foi desta forma, aliás, que o artesanato do lugar ganhou fama e despontou para o mundo. Com presença garantida nas feiras locais e nos mercados populares de Salvador, os produtos chegam a ser vendidos também em algumas cidades do Sudeste brasileiro, além de seguirem para países da Europa.
Informações
úteis
Ilha de Itaparica Nazaré BA 001
Salvador
Nazaré
Como chegar Carro particular: Saindo de Salvador
e atravessando a Baía de Todos-os-Santos pelo sistema ferry boat, são 45 minutos entre os terminais de São Joaquim, na Cidade Baixa, e o de Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, de onde se segue por 56 km, pela BA-001, até a cidade de Nazaré.
Onde ficar Hotel Exemplo: Av. Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 305, Sl, 605/606 - Jd. Aquarius - Tel: (12) 9999-9999 - Site: www.hotelexemplo. com.br - E-mail: info@citybrazil.com.br Hotel dos Caxixis: Tv. Monte Belo, s/n° Centro - Tel: (75) 3736-1138 Estação Cajueiro e Pousada Signus Tower: Rua do Cajueiro, 159 - Muritiba - Tel: (75) 3636-1075 Pousada Avenida: Av. Dom Pedro II, 38 Centro - Tel: (75) 3636-2003 Pousada da Fonte: Largo da Fonte Conceição - Tel: (75) 3636-3017 Pousada do Trevo: Rua Clemente Caldas, 76 - Pasto da Serra - CEP: 44400-000 - Tel: (75) 3636-2345 Pousada D’Lagos: Rua Manoel Euraguido Santana, 47 - Centro - Tel: (75) 3636-1116 Pousada Ponto de Encontro: Rua Antonio Justino, 65 - Centro - Tel: (75) 3636-4405 Pousada Tropical: Av. Dom Pedro II - Tel: (75) 3636-4088
Onde comer (comida regional) Bar e Restaurante Bode Assado: Rua Cel. Santos Melhor - Tel: (75) 3636-2194 Restaurante Mirante do Cristo: Morro da Paciência - Monumento Jesus de Nazaré Tel: (75) 3636-2854
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Foto: Jota Freitas
Foto: João Ramos
Festas Juninas
Zelito Miranda e Adelmário Coelho foram algumas das principais atrações da festa junina no Pelourinho, em Salvador
São João da Bahia: um caso de sucesso Alçadas à condição de produto turístico em 2008, as festas juninas da Bahia se consolidam a cada ano
Forró da Bahia - Nesse período, grandes nomes da música nordestina e forrozeiros da terra ficam com suas agendas lotadas durante 30 dias. É o caso dos baianos Adelmário Coelho, Zelito Miranda, Leo do Estakazero, Carlos Pita, Del Feliz, entre outros, que hoje também levam seu forró para outros estados nordestinos, e até para praças do Sudeste, como Rio de Janeiro e São Paulo. Para Adelmário, o aquecimento para um mês, que será em parte vivido em cima dos palcos e outra dentro de ônibus na companhia da família e dos dançarinos e músicos
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Foto: Rita Bareto
N
ão há um mês sequer no ano aguardado com tanta ansiedade pelos baianos como o mês de junho. Nem o Carnaval, em fevereiro, e a perspectiva da chegada do verão, em dezembro, são capazes de deixar os moradores da Boa Terra tão agitados. É que no sexto mês do ano, a Bahia vive um processo de integração, onde mais de 300 mil pessoas cruzam o estado inteiro em busca de música, alegria e descontração. O mês é inteiramente dedicado às homenagens aos três santos católicos Santo Antônio, São João e São Pedro. Mas o ponto alto mesmo ocorre na semana do dia 24 de junho. Independentemente do tamanho da cidade, os festejos de São João ocorrem em todo o Estado, seja com uma pequena fogueira, ou com noites de muito forró, com atrações regionais e nacionais.
Decoração é atração à parte
da banda, está sendo feito durante as noites de sexta-feira, no Forró da AABB, em Salvador. No projeto, o forrozeiro leva o público ao delírio, esquentando as noites de inverno com seus convidados. A Banda Estakazero também faz seus ensaios nas noites de sexta-feira. O palco da turma do Léo é o Bahia Café Hall, no bairro da Paralela, em Salvador. A mistura de gente bonita com os amantes do forró pé-de-serra faz da festa uma das mais badaladas da cidade. Já Zelito Miranda ensaia do seu forró na arena do Parque da Cidade, na Pituba,
O grupo Estakazero foi destaque da festa que movimenta a economia do interior e da capital
sempre nas manhãs de domingo. A temporada de forró também não deixa espaço livre na agenda de artistas como Val Macambira, Del Feliz e Gereba, que levam o melhor da música nordestina para os milhares de apaixonados na Bahia e no Nordeste. Se na maior festa regional do Brasil há espaço para os forrozeiros baianos, o mesmo pode ser dito com relação às bandas e artistas de outros estados. A Bahia, no mês de junho, é o principal mercado para os forrozeiros do Ceará, da Paraíba e de Pernambuco. Exemplo disso é a banda cearense, Aviões do Forró, que tem a agenda lotada para o período de festas juninas na Bahia. Turismo - O frio do mês de junho, que nem é tão frio assim, as festas de forró e de São João em todo o Estado começaram a ser
encarados como oportunidades para o turismo. Desde 2008, a velha festa dos baianos se tornou um produto a mais no menu das agências de viagem e operadoras. Coincidentemente, o mês de junho representa o período mais frio para a hotelaria de Salvador. Foi aí que o governo baiano, por meio da Secretaria de Turismo, resolveu, numa parceria com o trade local, transformar a festa num produto turístico. Em dois anos, os investimentos para promover o São João da Bahia chegaram a R$ 19 milhões. Já no primeiro ano, chegaram os primeiros resultados concretos da estratégia de fazer dos festejos juninos um campo de oportunidades na área do turismo. A maior operadora do setor no país registrou um crescimento significativo na venda de pacotes
para o período na Bahia, saindo de 12 mil para 19 mil, o número de pessoas que optaram passar alguns dias de junho na Boa Terra. No ano seguinte, governo e trade repetiram a dose e a taxa de ocupação nos principais hotéis de Salvador chegou a um pico de 70% em um dos fins de semana de junho. Neste esforço concentrado, Setur e Bahiatursa realizaram grandes festas em Salvador, Ilhéus, Porto Seguro, Bom Jesus da Lapa e Chapada Diamantina. Na capital, os festejos foram grandes com 13 dias de festa no Pelourinho. Pelo palco montado no Terreiro de Jesus, que chegou a reunir 70 mil pessoas numa só noite, passaram grandes nomes da música forrozeira e também da MPB, como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Daniela Mercury e Falamansa. Viver Bahia | 71
Escritório Internacional da Capoeira
Numa iniciativa inédita, a Bahia vai dar início a um mapeamento internacional de identificação das academias, associações, grupos e mestres de capoeira no Brasil e no exterior. O projeto será viabilizado pelo Escritório Internacional de Capoeira e Turismo, que foi lançado, em fevereiro, pela Secretaria de Turismo, durante encontro de representantes do governo baiano com mais de 100 mestres de capoeira baianos. No evento, foram discutidas as diretrizes da formação do Escritório Internacional, que vai se constituir em um centro de informação e articulação entre o universo da capoeira e os elos que compõem a cadeia produtiva do turismo. Situado fisicamente no principal espaço da capoeira na Bahia, o Forte de Santo Antônio, o Escritório Internacional de Capoeira e Turismo é também um ambiente virtual, estabelecido em tecnologia web, através do site www.capoeiradabahia. com.br. A primeira missão do Escritório é elaborar uma base de dados e informações sobre a capoeira, cadastrando todas as associações, grupos, academias e mestres no Brasil e no mundo, através da construção de uma grande rede social. A partir dessa rede, o Escritório vai promover o intercâmbio e a valorização cultural da capoeira, intensificar o fluxo turístico de mestres, alunos e associados para a Bahia e fortalecer a produção e a comercialização de bens e serviços relacionados à atividade. “Tudo isso visa consolidar a Bahia como a “Meca” da capoeira no mundo, transformando o turismo em uma ferramenta aglutinadora dessa arte de origem africana”, explica o secretário de Turismo, Domingos Leonelli. 72 | Viver Bahia
Fotos: Rita Bareto
Bahia inicia mapeamento internacional capoeira
Capoeira terá Escritório de representação
O Forte da Capoeira abrigará o Escritório Internacional
No encontro dos representantes do governo baiano com os capoeiristas, estiveram presentes grandes nomes da capoeira e da cultura baiana, como Tonho Matéria, Mestre Boa Gente e Mestre Camisa Roxa, considerados os principais responsáveis pela difusão da capoeira baiana no exterior. Um dos provocadores do movimento, o músico Tonho Matéria, que faz intercâmbio com quatro países, diz acreditar muito no projeto. “Muitos grupos trazem a capoeira para cá, vindos da Austrália, México, Alemanha, Argentina. Esse projeto deve trazer um diálogo aberto para entender a capoeira, que é um das artes que mais difundem o Brasil e a língua portuguesa pelo mundo”, diz. O Mestre Boa Gente, integrante da Associação Baiana de Capoeira Angola, diz que esperava por uma atuação mais forte do governo há muito tempo. “É um sonho realizado. Não é justo que a gente divulgue a capoeira, a nossa cultura lá fora, e quando perguntam por um escritório que responda, nós não tenhamos resposta”, explica. A prova de que a capoeira baiana é bem difundida entre os turistas, está na grande quantidade de alunos estrangeiros que praticam a dança na Bahia ou fora do Brasil. A francesa Christine Zon-Zon, 51 anos, faz parte do Grupo Nzinga. “A capoeira está trazendo muita gente para cá, mostrando para os turistas, e isso não significa folclorizar a capoeira. Pelo contrário, isso é muito bom!”. A sueca Rahel Kesete, há seis anos praticando na Suécia, concorda. “Vim ao Brasil porque aqui é o país da capoeira”, diz. Quem também se disse satisfeito com a iniciativa é o Mestre Camisa Roxa, que viaja difundindo a capoeira pelo exterior, desde 1968. “Eu acho que é muito boa a iniciativa, o governo está se preocupando com a capoeira, com a divulgação do trabalho. Viajo há muitos anos por muitos países, principalmente da Europa, e a recepção das pessoas sempre foi muito boa”, explica.
bahiatursa
Promoção nacional e internacional Bruna Santana A Bahiatursa aposta em publicidade e promoção. Em relação ao mercado do exterior, a presidente da empresa, Emília Salvador Silva, confirmou que os esforços serão direcionados para o mercado norteamericano, que saltou de 3 mil para 20 mil desembarques diretos desde o início do projeto de promoção do turismo étnico-afro. “Vamos realizar agora festivais gastronômicos em cidades dos Estados Unidos e também em Portugal e Espanha. Na França, pretendemos iniciar também um trabalho de captação desse turismo étnico-afro”, explicou. O turismo étnico vai ganhar dois seminários: um estadual, em maio, e o outro internacional, em agosto, com a finalidade de discutir desafios e propostas para o desenvolvimento deste novo segmento, que já ganha outros estados como adeptos, assim como Pernambuco e Ceará. Para a promoção da Bahia dentro do próprio Estado, será realizado em maio, o Salão Baiano de Turismo junto com a Feira dos Municípios. “Queremos a participação de quase 100 municípios e das 13 regiões turísticas do Estado”, adiantou Emília. Outro produto implantado é o Espicha Verão que se apresenta como uma forma de movimentar o turismo de Salvador, Mangue Seco, Itacaré, Maraú e Lençóis após o Carnaval, período em que a hotelaria sofre com a queda na ocupação. “Tivemos 500 mil turistas
Imagens da campanha promocional
no Carnaval e cerca de R$1,5 milhão em toda a temporada, e a hotelaria e o comércio foram os principais beneficiados. O Espicha Verão pretende manter as taxas de ocupação em alta”, destacou. Viver Bahia | 73
Qualificação
Qualificação é desafio para o turismo da Bahia
Em parceria com o MTUR, programa de qualificação capacita 9 mil em 2010 74 | Viver Bahia
Que o sorriso e a forma amistosa de o baiano receber é um diferencial todos já sabem. Mas num restaurante, por exemplo, a simpatia inicial de um garçom pode se converter facilmente numa insatisfação do cliente, caso o serviço não seja prestado de forma correta. Uma cama bem feita num hotel, a higiene e o ambiente harmonioso de um restaurante e o bom atendimento numa loja, recepção e até mesmo no serviço de transporte deixaram há muito de ser uma praxe nos estabelecimentos para ser um diferencial na crescente competição entre os estados e cidades considerados destinos turísticos. De acordo com pesquisa elaborada pela Fipe, mais de 80% dos turistas que estiveram na Bahia em 2008 declararam estar satisfeitos com o destino. Outros dados interessantes são os dos que têm interesse em visitar novamente o Estado, e o percentual dos que declararam que recomendariam a Bahia passa de 90%.
de qualificação se dá por meio de diversas parcerias feitas pela Setur com entidades como o Sebrae, Senac e universidades como a Uneb. O diretor do Sebrae-BA, Richard Alves, afirmou que o acesso de profissionais e pequenos empresários a cursos de qualificação tem permitido a melhoria da qualidade dos serviços no médio prazo.
Ainda este ano, cerca de 9 mil trabalhadores do setor de turismo participarão de cursos com até 200 horas de duração. Será oferecida capacitação para garçons, camareiras, guias de turismo, cozinheiros, recepcionistas, entre outros profissionais. Os cursos serão divididos em quase 400 turmas. A execução dos projetos na área
Cursos vão melhorar a qualidade dos serviços turísticos
Turismo Étnico-afro terá centro especializado A Bahia ganha, este ano, um importante espaço para a difusão do turismo étnicoafro, segmento temático que foi aprimorado nos últimos três anos. O espaço, batizado de Centro de Qualificação Profissional e Formação Cultural para o Turismo Étnico-afro, Qualiafro, que está situado no Centro de Salvador, é voltado para o desenvolvimento de ações de capacitação empresarial e profissional. Um dos principais espaços do centro é a Sala Multimídia, onde serão exibidos filmes, documentários, recortes de
Fotos: Rita Bareto
Foto: Eduardo Pelosi
Mesmo com índices considerados animadores no que se refere à satisfação do turista, a Secretaria de Turismo da Bahia ampliou os investimentos na área de capacitação profissional. Nos últimos três anos, os aportes foram de R$ 15 milhões. “A intenção é qualificar cerca de 20 mil pessoas até o fim de 2010, entre profissionais e empresários de micro, pequeno e médio portes”, explica a superintendente de Serviços Turísticos da Setur, Rita de Cássia Magalhães. Os cursos variam de acordo com a profissão e abrangem diversos setores da área de turismo. Desde funções de gerenciamento às da área operacional. Para Tainara Alves, do Hotel Monte Pascoal, localizado em Salvador, a iniciativa é muito importante, pois acrescenta ensinamentos que podem ser utilizados no dia a dia “O projeto é interessante e de grande ajuda para hotéis que estão começando e também serve para reorganizar, aperfeiçoar e ajustar ao mercado empreendimentos já consolidados”, disse. Agnelo Pereira, que é gerente de uma pousada em Imbassaí, no município de Mata de São João, afirma que o principal resultado desses cursos são a melhoria dos serviços prestados e o aprimoramento do trabalho desenvolvido. “Isso nos permite oferecer cada vez mais ao turista um serviço de qualidade”, explica.
Espaço será voltado para captação jornais e revistas e fotografias da temática afrodescendente. O Qualiafro conta ainda com auditório e duas salas de aula com capacidade para 40 pessoas cada uma. Ainda este ano, o governo baiano, por meio da Secretaria de Turismo, investirá R$ 1,2 milhão em ações de capacitação para o turismo étnico em Salvador e em cidades do Recôncavo. Um desses cursos será voltado para a área de artesanato na cidade de Maragojipe. O principal foco será no modo de fabricação das máscaras do Carnaval da cidade, tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) como Patrimônio Imaterial da Bahia.
Viver Bahia | 75
Três destinos e um só objetivo Atrair mais turistas estrangeiros e oferecer um novo produto turístico que integra três diferentes regiões. O roteiro Brasil, Brasil, Brasil foi concebido pelos estados da Bahia, Amazonas e Rio de Janeiro, sobretudo para captar os bemvindos dólares dos visitantes de outros países, que buscam as belezas naturais e as riquezas culturais da nossa terra. Somente na Bahia, de acordo com informações da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os estrangeiros deixaram cerca de R$ 780 milhões, dinheiro que é pulverizado na cadeia produtiva do turismo com o pagamento de diária em hotéis, aluguéis de automóveis e o consumo em bares, restaurantes e lojas diversas em Salvador e nos principais destinos turísticos da Bahia. A criação do roteiro também se dá num período em que o Brasil vive a expectativa de sediar dois importantes eventos esportivos internacionais, que são a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos de 2016. O mundial de futebol contemplará os três estados, uma vez que Bahia, Rio de Janeiro e Amazonas integram o time das 12 subsedes brasileiras anunciadas pela entidade máxima do esporte – FIFA. Dois anos depois, as Olimpíadas do Rio também vão beneficiar as principais capitais turísticas com o torneio de futebol. A meta do Ministério do Turismo é aumentar o número de visitantes estrangeiros em 113% no Brasil, nos próximos dez anos, e triplicar as divisas com o gasto dos estrangeiros, atingindo US$ 17,6 bilhões, em 2020. Outra expectativa do MTur é ampliar em 500 mil turistas o número 76 | Viver Bahia
Informação Turística
Foto: Eduardo Pelosi
Bahia, Rio e Amazonas
Turismo da Bahia nas ondas da internet Patrick Silva
Roteiro integrado busca atrações de turistas estrangeiros de visitantes de outros países com a Copa de 2014. Brasil, Brasil, Brasil - O roteiro já está sendo formatado e inclui pacotes de três a quatro dias em cada um dos destinos. Além disso, toda a folheteria para divulgação no Brasil e no exterior também já foi confeccionada. O lançamento oficial do produto foi feito durante a última edição da ABAV, realizada em 2009, no estado do Rio de Janeiro. Estão previstas ainda ações de divulgação nas feiras que ocorrerão em todo o país ao longo deste ano. Duas companhias aéreas já manifestaram interesse em fazer a operação que envolve a rota comum entre os três estados. Uma delas pretende estabelecer a ligação do Brasil com a Europa, enquanto a outra, de capital nacional, pretende lançar uma linha direta com Salvador e Manaus, eliminando as conexões e escalas. Viajar pela Bahia, Rio de Janeiro e Amazonas é andar por terrenos mágicos que misturam diversos
aspectos e vão ao encontro das origens da sociedade brasileira. Na Terra de Todos-os-Santos, o turista faz uma conexão com os pilares da cultura afrodescendente, sobretudo em Salvador e nas cidades do Recôncavo. O visitante vive ainda o prazer de conhecer uma das cozinhas mais ricas em cores, sabores e aromas. A mistura dos frutos do mar com ingredientes tipicamente baianos e os diversos tipos de estilo são alguns dos diferenciais da gastronomia baiana. A grande variedade de destinos turísticos e a riqueza da música e da arte deram ao Estado o conceito de uma terra que é muito mais. O estado do Amazonas também reúne aspectos naturais e culturais singulares, que são responsáveis pela atração de milhares de visitantes e também de cientistas do mundo inteiro. Já o Rio de Janeiro é um dos principais portões de entrada do turismo internacional no Brasil. O Estado que também oferece uma grande diversidade de destinos tem na sua capital o principal atrativo.
Os principais cartões-postais e pontos turísticos da Bahia estão cada vez mais presentes no ambiente virtual da Rede Mundial de Computadores. Com um site institucional, um portal, hotsites temáticos e perfis em redes sociais, como Orkut, Twitter e Flickr, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) intensifica cada vez mais a divulgação das suas ações e dos atrativos turísticos da Boa Terra na internet. Lançado recentemente, o site www.setur.ba.gov.br é uma ferramenta de transparência e interação com o público interessado em informações sobre as ações da Setur. Num ambiente de fácil navegação, é possível ter acesso às seções mais variadas como o guia do investidor, que detalha o passo-a-passo para implantar empreendimentos na Bahia, a área que mostra o andamento de programas e projetos da Setur e os espaços de governança, indicadores e detalhes sobre as zonas turísticas do Estado. O objetivo é facilitar o acesso às informações. O site é um espaço fundamental para a prestação de contas para a população. Além disso, o usuário empreendedor tem acesso a um amplo acervo de informações como linhas de financiamento, agências reguladoras. Outras ferramentas como o Flickr, o Orkut e o Twitter auxiliam na aproximação da Bahia como destino turístico com o internauta. No Flickr, que atualmente é mais utilizado por profissionais de imprensa, é possível fazer downloads em alta resolução de fotos de todas as zonas turísticas do Estado, bem como dos eventos institucionais da Setur e da Bahiatursa.
Novo site institucional Recentemente, durante o verão e, especialmente no Carnaval, mais de 150 mil pessoas entraram no perfil batizado como Turismo Bahia, do Flickr, para fazer downloads. Já em mecanismos como o Orkut e o Twitter, o objetivo é estabelecer uma rede de relacionamentos entre os profissionais de comunicação da Setur e a Bahiatursa, com o público em geral e, em especial, com moradores de outros estados brasileiros, que utilizam a web para manifestar amor à Bahia e aos baianos. No Orkut, são mantidas comunidades oficiais de eventos como o Carnaval, o São João da Bahia e o GP Bahia de Stock Car. Através do serviço de microblog Twitter, as mensagens em 140 caracteres sobre a Bahia ganham o mundo. Milhares de pessoas leem, diariamente, pequenas notas a respeito do que se tem de bom no Estado e muitas delas repassam as mensagens aos seus leitores, criando um “boca a boca virtual” que multiplica em muito a propagação das notas. Para se ter uma ideia desse efeito, em fevereiro, o Twitter foi responsável por 10% dos acessos aos hotsites de Verão e Carnaval da Bahia. Cobertura especial - Durante os grandes eventos turísticos e culturais
da Bahia, são produzidos sites específicos. No portifólio de produtos voltados aos internautas destacamse os hotsites de Verão, Carnaval, Espicha Verão, Stock Car e São João. As ferramentas abusam de fotos, notícias e roteiros para que o turista que vem para a Bahia se informe, e o que não pode vir sinta o gostinho de estar em terras baianas. As coberturas ao vivo também são destaque. No Carnaval, por exemplo, foliões do mundo inteiro, que não puderam estar na Bahia para aproveitar a maior festa popular do planeta, acompanharam a folia com câmeras ao vivo, notícias e fotos em tempo real. Os acessos ao Flickr da Secretaria durante o Carnaval bateram a casa dos 50.000 usuários, recorde absoluto até então. Para o São João de 2010, não será diferente. O turista desfrutará de notícias, fotos, vídeos, muita informação para aproveitar cada momento do arrasta-pé e da sanfona por todo o Estado.
Acesse e viaje pela Bahia Portal da Bahia: http://www.bahia.com.br Site da Setur: http://www.setur.ba.gov.br Flickr: http://flickr.com/turismobahia Youtube: http://youtube.com/turismobahia Twitter: http://twitter.com/turismobahia Viver Bahia | 77
PROGRAMAÇÃO PERMANENTE Museu da Misericórdia - Exposição permanente sobre a arte religiosa, o processo educacional das crianças, a história da Santa Casa e uma releitura das 14 obras da Misericórdia em arte contemporânea, na visão de 14 artistas baianos. Onde: Ala Sul do Museu da Misericórdia – R. da Misericórdia, 6, Praça da Sé, Centro Histórico (2203- 9662) Quando: Seg a sáb, das 10h às 17h, e dom e feriados, das 13h às 17h Quanto: Grátis Memórias do Mar/ Memórias do Forte/ Memórias da Cidade - As três exposições permanentes retratam episódios históricos. Onde: Forte de São Marcelo – Baía de Todosos-Santos (a travessia é feita por um barco que parte do Mercado Modelo por R$ 2) Quando: Diariamente, das 9h às 18h Quanto: Ingresso: R$10 e R$5 Jorge Amado: Vida e Obra Mostra permanente de painéis, fotografias, prêmios, condecorações, objetos pessoais e livros do autor. Onde: Fundação Casa de Jorge Amado – Lg. do Pelourinho, s/n (3321-0070) Quando: Seg a sex, das 9h às 18h, e sáb, das 10h às 16h Quanto: Grátis
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Orixás da Bahia Catorze estátuas de orixás, em tamanho natural, ganham figurino novo, totalmente baseado nos preceitos ritualísticos da nação Ketu do candomblé. Onde: Museu da Cidade – Lg. do Pelourinho, 3, Centro Histórico (33211967) Quando: Seg a sex, das 12h às 18h Quanto: R$ 1 (entrada franca às quintas) Coletiva Os artistas plásticos Juarez Paraíso, Juracy Dórea e Maria Adair integram uma mostra permanente. Onde: Espaço Cultural Sofia Olszewski Filha, Apub – R. Padre Feijó, 49, Canela (3235-7433) Quando: Seg a sex, das 9h às 18h Quanto: Grátis Coleções Um acervo que engloba coleções de pintura e artes decorativas dos séculos XVIII e XIX, a Escola Baiana de Pintura e mobiliário baiano dos sécs. XVIII e XIX. Onde: Museu de Arte da Bahia – Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória (3117-6903) Quando: Ter a sex, das 14h às 19h; sáb, dom e feriados, das 14h30 às 18h30 (às quintas, a entrada é franca) Quanto: Grátis A Indústria do Petróleo no Brasil: Memória e Atualidade A exposição traz detalhes históricos da descoberta do petróleo e do desenvolvimento
Dirson Argolo restaurou as pinturas e matrizes e João Magalhães, as xilogravuras. A curadoria é de Leda Deborah. Onde: Galeria do ICBA Quando: 23/2 a 3/4 Quanto: Grátis
da Petrobras. Onde: Museu Geológico da Bahia – Av. Sete de Setembro, 2.195, Corredor da Vitória (3336-6922) Quando: Ter a sex, das 13h30 às 18h; sáb e dom, das 13h às 17h Quanto: Grátis
PROGRAMAÇÃO
Acervo Desenbahia Exposição reúne 75 obras de artistas baianos como Mario Cravo, Carlos Bastos, Carybé, Lygia Sampaio, Calasans Neto, Sante Scaldaferri, Fernando Coelho, Emanuel Araújo, Tati Moreno, Osmundo Teixeira, entre outros. Onde: Museu de Arte da Bahia - MAB Quando: 12 a 25/04, ter a sex, 14h às 19h e sáb e dom, 14h30 às 18h30 Quanto: Grátis
Exposição – Hansen Bahia 95 anos Se vivo estivesse, o artista plástico alemão Karl Heinz Hansen, ou Hansen Bahia, estaria completando 95 anos. Para celebrar a data, a Fundação Hansen Bahia apresenta uma mostra de xilogravuras e matrizes que compõem o acervo da casa em São Félix,interior da Bahia, onde o artista viveu durante os últimos anos de sua vida ao lado da esposa, Ilse Hansen. São 56 xilogravuras, sendo 27 só da coleção Navio Negreiro e 14 da Via Crucis do Pelourinho. As obras restauradas são O Diálogo das Héteras, Portas e Janelas, Cangaceiro a Cavalo,Vaqueiro Laçador, Grande Candomblé, Forte de São Marcelo, entre outras. As matrizes da exposição estavam integradas às paredes da casa localizada na Fazenda Santa Bárbara e faziam parte da intimidade do artista. Todas foram restauradas pela primeira vez com um investimento do governo alemão, através do consulado do país na Bahia. José
ANJOS BALDIOS Projeto do artista Nelson Magalhães Filho, tem como suporte de investigação o corpo humano em toda sua desolação física, mental, sexual e mutante. Um dos vencedores do Portas Abertas para Artes Visuais. Onde: Galeria do Conselho – Palácio da Aclamação Quando: Abertura 5/3, 19h; Visitação 6/3 a 4/4, 9h às 17h30 Quanto: Grátis PERAMBULANTES - Mostra apresenta 20 fotografias de Sandra Moura e Crisna Pires sobre o mundo de trabalhadores ambulantes como doceiros, jornaleiros e vendedores de cachorro-quente. Onde: FUNCEB de Jequié – BA Quando: /3 a 4/4, 9h às 21h Quanto: Grátis SALVADOR E SUAS IGREJAS - Mostra sobre as igrejas históricas da cidade de Salvador, muitas delas construídas por escravos negros e jesuítas. Onde: Biblioteca Pública do Estado da Bahia Quando:10/3 a 10/4, 8h30 às 18h Quanto: Grátis
ROSAS DE MARÇO Palestra do advogado Carlos Magno discute o papel feminino na sociedade e abre a exposição que homenageia o Dia Internacional da Mulher. Onde: Cine Teatro Góes Calmon Quando: Palestra de abertura 8/3, 15h30; Visitação até 16/4, 9h às 18h Quanto: Grátis MODOS DE VER E ENTENDER A ARTE A exposição é um recorte do valioso acervo do Museu de Arte da Bahia, que pode ser visitada em uma das suas salas do andar térreo. Reúne obras da coleção de pintura a óleo sobre telas agrupadas por temas: religioso, alegórico, mitológico e natureza-morta. Onde: Museu de Arte da Bahia (MAB) - Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória.
da Bahia. Pinturas, tapeçarias, esculturas e desenhos estão expostos a partir da seleção de setenta obras entre as décadas de 50 e 80, de trinta artistas baianos (dentre eles, Genaro de Carvalho, Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Caribé, Jenner Augusto, Rubem Valentim e Lygia Sampaio). Onde: Museu de Arte da Bahia (MAB) - Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória Quando: Ter a sex, das 14h às 19h; sáb e dom, das 14h30 às 18h30. Quanto: Grátis
Foto: José Antonio da Cunha
“REVISITANDO UM ACERVO DE ARTE BAIANA” - reúne o importante acervo do Desenbahia e apresenta distintas formas de ver e fazer a arte, distribuídos em três espaços diferenciados do Museu de Arte
CINEMA, CAPOEIRA E SAMBA - Os filmes exibidos serão: “Um dia na rampa” (O cotidiano no cais da Bahia em 1957). Direção: Luiz Paulino dos Santos e “ Cantador de Chula” ( Documentário sobre os antigos mestres cantadores de Chula do Recôncavo). Direção: Marcelo Rabelo. Onde: Forte Santo Antônio Além do Carmo (Academia João Pequeno de Pastinha) Quando: 30 de abril as 19h e em seguida roda de samba com o Grupo Butequim, a partir das 21h. Quanto: Grátis
FESTIVAL DE FILMES PREMIADOS: OSCAR VS. PALMA DE OURO Em comemoração aos seis anos do cineclube Projeto Imagens: Cinema na UEFS, será apresentado um festival de filmes premiados com o Oscar e com a Palma de Ouro. São 10 filmes, de várias épocas e nacionalidades, premiados com o melhor filme do ano. Os títulos apresentados são: Quem Quer Ser Um Milionário? (2008), de Danny Boyle, O Quarto do Filho (2001), de Nanni Moretti, Laços de Ternura (1983), de James L. Brooks, O Piano (1993), de Jane Campion, Quando Voam as Cegonhas (1957), de Mikhail Kalatozov, Um Estranho no Ninho (1975), de Milos Forman, Amor, Sublime Amor (1961), de Robert Wise, O Pagador de Promessas (1962) de Anselmo Duarte, Segredos e Mentiras (1996), de Mike Leigh e Conduzindo Miss Daisy (1989), de Bruce Beresford. Onde: Sala de Projeção da Biblioteca Central Julieta Carteado Campus da EFS Quando: De 26 a 30/04, sessões às 15h30 e às 18h30h. Quanto: Grátis
MOSTRA FATIH AKIN - O Goethe-Institut Salvador-Bahia/ICBA apresenta, nas terçasfeiras de abril e até a primeira terça de maio, filmes do festejado cineasta turco-alemão Fatih Akin. Inicialmente apresentado como uma das promessas do cinema alemão, Fatih Akin atraiu a atenção mundial ao vencer o Festival de Berlim e o Prêmio do Cinema Europeu com o filme Contra a Parede. Atualmente, é um dos principais nomes do cinema alemão, trazendo a temática das novas gerações de descendentes de imigrantes de forma sincera, direta e impetuosa, ao mesmo tempo que melancólica. O conjunto de cinco filmes da mostra constitui uma pequena retrospectiva do diretor, cujos novos lançamentos têm sido sempre esperados com ansiedade pelo público e pela crítica especializada. Onde: Cine-Teatro do Goethe-Institut / ICBA. Av. Sete de Setembro, 1809, Corredor da Vitória Quando: 6 de abril a 4 de maio de 2010 Sempre às terças, 20h Quanto: Grátis
CONGELADA NO TEMPO – A IMAGEM DA DANÇA Ao lado do filme e do vídeo, a fotografia é o meio mais importante de registrar a dança. Suas imagens são movimento congelado, esculturas de postura humana e luz. Através de 58 fotografias e uma instalação, Congelada no Tempo - A Imagem da Dança apresenta uma seleção de fotógrafos de dança e artistas visuais alemães como Bettina Stöß, Dominik Mentzos e Gert Weigelt, e seu olhar sobre dança e movimento. Fotos de estúdio e palco, como expressão pessoal de percepções coreográficas e de imagem oferecem um olhar tanto representativo como subjetivo de uma forma artística na interface entre documentação e anatomia artística. Na pesquisa cenográfica, os artistas, através do trabalho de coreógrafos como Philipp Gehmacher, Sasha Waltz e William Forsythe, deixam transparecer – ou ressoar como uma espécie de eco – aspectos estéticos da dança contemporânea na Alemanha. Onde: Galeria do Goethe-Institut/ICBA, Av. Sete de Setembro, 1809 Quando: 08/04 a 27/05 Quanto: Grátis
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EXPERIMENTANDONUS O espetáculo tem o propósito de difundir a dança contemporânea em Valença, trazendo questões sociais ocorrentes no cotidiano, por meio de dois espetáculos: “Manolo Encubado” e “Pau que nasce torto...”. Coreografia e direção assinada por Bruno de Jesus. Haverá, vinculados às apresentações, workshops que abordarão o processo de criação dessas 80 | Viver Bahia
VESTIDO CURTO NA ALMA DE DENTRO O espetáculo busca em sua essência mostrar o universo das lembranças e dos sonhos que ficam guardados em algum canto da alma humana. O universo do cotidiano é uma fonte de riqueza de material para dança e de grande poder de expressão que detém características peculiares e gestuais próprias do indivíduo. Onde: Espaço Xisto Bahia Quando: Qui, Sex, Sáb e Dom. 22, 23, 24 e 25 de abril. Horário: 20h Quanto: inteira: R$ 10 meia: R$ 5
Lançamento do Livro “Sob o Céu de Samarcanda” - O baiano Ruy Espinheira Filho produz poesia, prosa, ensaios. Entre os primeiros, contamse 13 livros dedicados aos versos, começando com Heléboro, em 1974, e chegando ao mais novo livro Sob o céu de Samarcanda, lançado em 2009 pela Bertrand Brasil. Em ‘Sob o Céu de
Samarcanda’, o autor apresenta poemas com temas diversos, com pinceladas sobre solidão, memória, dor, anjos, poesia, velhice, morte e amor. Onde: Livraria LDM Rua Direita da Piedade, nº22, Piedade. Quando: 10 de Abril de 2010 (sábado), a partir das 10h. Quanto: Grátis “ENTREVISTA COM O PÂNICO – UMA VIAGEM AOS BASTIDORES DOS TRANSTORNOS ANSIOSOS” - Entrevista com o Pânico traz à tona esclarecimentos e discussões importantíssimas sobre os transtornos ansiosos, sobretudo o pânico que acomete cada vez maior número de pessoas, lota os consultórios psiquiátricos e é visto pela comunidade científica como uma síndrome sem cura, apenas controlável. O livro, em forma de romance, e
com um alto teor autobiográfico, visto ter sido escrito por um terapeuta que superou a própria crise na juventude, ousa mostrar um caminho real para a superação total desse transtorno. Um caminho aprendido e testado em inúmeros pacientes na sua rotina clínica. Onde: Saraiva Mega Store, Salvador Shopping Quando: 17 de abril de 2010, sábado -19h Quanto: Grátis
AULA-ESPETÁCULO O maestro e compositor Aderbal Duarte apresenta um espetáculo inusitado. Através de exemplos musicais explica a importância do RITMO na estrutura da música popular brasileira. No repertório, arranjos
de clássicos do nosso cancioneiro, além de composições com informações preciosas a respeito da linguagem musical. Onde: Teatro SESI – Rio Vemelho Quando: 10 de abril 2010. Horário: 20h CORAL JUVENTUDE ARTE DO RECÔNCAVO Fundado em 17 de abril de 2000, com o objetivo de agregar jovens e mostrar através da arte que podemos dar um novo olhar a nossa sociedade. Com o Regente Robert Allexandre e com a voz principal de Maraíza Fernanda. O show de 10 anos do CJAR vem com o intuito de proporcionar e mostrar para comunidade o trabalho social desenvolvido no decorrer dos anos, projeto este que hoje quer abranger uma pequena parte do Recôncavo Baiano. Onde: Quadra Poliesportiva de São Bento- São Francisco do Conde - BA Quando: 17/04/2010 18h Quanto: Grátis
Foto: Alberto Lima
Foto: Andre Frutuoso
BRANCO O espetáculo “Branco” tem a pretensão de expor uma leitura sobre os sistemas da comunicação, assim como suas consequências sobre o cidadão e a forma que nos deixamos ser sucumbidos por um paradigma de informação que nos conduz a viver como seres monoideológicos. Assim, convenientemente não enxergamos outras linhas de pensamento que poderiam nos proporcionar habilidades de lidar com todas essas receitas que nos são empurradas goela abaixo. Onde: Espaço Xisto Bahia, às 19h. Quando: Dia 17 de Abril, às 19h Quanto: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia).
coreografias e batepapo sobre as questões relevantes na vida social apontadas nos trabalhos. Onde: Centro de Cultura Olivia Barradas, Valença- Ba Quando: 20 de abril às 20h Quanto: Grátis
PATIFES – CIA. BAIANA DE PATIFARIA APRESENTA UMA COMÉDIA DO BALACOBACO Os atores Lelo Filho, Jarbas Oliver, Nilson Rocha e Alexandre Moreira vivem 21 personagens em Siricotico, sétima montagem da companhia. O novo espetáculo conta a história de uma desventurada trupe teatral e os desafios enfrentados por ela para conseguir estrear uma nova peça. Onde: Teatro do ISBA Quando:5/3 a 25/4, sex a dom, 20h Quanto: R$ 30 e R$40 A ÚLTIMA SESSÃO DE TEATRO Harildo Déda interpreta um ator de 70 anos que abandona o teatro após esquecer uma de suas falas. Anos depois, aceita ser o professor de um jovem que desperta seus questionamentos sobre voltar ou não aos palcos. Onde: Teatro Martim Gonçalves – Escola de Teatro da UFBA Quando: 12/3 a 4/4, sex a dom, 20h Quanto: R$20 e R$10 AS FEMINISTAS DE MUZENZA UMA COMEDIA AFRO-BAIANA O texto é escrito por Aidil Linhares e Cleise Mendes, dirigido
por Luis Bandeira e encenado pela Cia. Gente de Teatro da Bahia. Desde sua estreia, no verão de 2003, o espetáculo já foi assistido por mais de 20 mil espectadores em todo o estado da Bahia. A história é desenrolada a partir da luta de várias mulheres que tentam criar um movimento feminista. As mesmas veem no crescimento turístico da cidade a oportunidade de conquistar e defender seu lugar na sociedade de Muzenza, e por essa razão decidem lutar, contrariando a Igreja, os homens e até mesmo algumas mulheres muzentistas. Essas outras mulheres da cidade organizam um contra-movimento, liderado por Norma, personagem arredia que luta fervorosamente para acabar com o movimento feminista de Muzenza. Onde: Teatro Sesi Rio Vermelho Quando: Sábados e Domingos 20h Quanto: R$20 inteira .meia R$10 O CANTO DO CISNE - “O canto do cisne” de Tchékhov estará em cartaz de 8 a 18 de abril às 20h no Teatro
Martim Gonçalves (Canela), como resultado de disciplina prática do Curso de Artes Cênicas da Escola de Teatro da UFBA, com entrada gratuita a toda comunidade. Esta montagem realista mostra a relação do ser humano ator consigo próprio e com a sociedade em que vive. Discute a valorização desse artista, fazendo uma profunda análise do teatro, desnudando a alma dos seus atores e assim permitindo ao público uma visão humanitária e sensível através desse clássico. Onde: Teatro Martim Gonçalves- Escola de Teatro - UFBA Quando: 8 a 18 de abril – 20h Quanto: Grátis
de dois pacientes: P1 e P2, dentro de uma enfermaria de um hospital público. Bastante humorados: às vezes brigam, às vezes lamentam seu estado moribundo, reclamam do atendimento hospitalar, esperam... esperam... e... esperam. Duas enfermeiras responsáveis pelos dois, interferem, vez ou outra, para dar recomendações, contra-indicações, e zelar pelos pacientes. Onde: Espaço Cultural Raul Seixas, Avenida Sete de Setembro, 1001 – Mercês – Salvador BA. Quando: Todos os Sábados de Abril (03, 10, 17, 24).- 20h Quanto: R$10 (inteira) e R$5 (meia)
VASSOURA ATRÁS DA PORTA OU QUARTO NÚMERO NADA Peça retrata uma fatia do mais novo cotidiano
HOJE TEM ESPETÁCULO – VIVER E CONTAR A HISTÓRIA DO CIRCO É O MAIS NOVO ESPETÁCULO DO CIRCO DALLAS -Fundado há mais de 30 anos, o Dallas
viaja pelo interior da Bahia, levando alegria e a magia do circo para crianças, jovens e adultos de escolas públicas. Premiado em 2009 no Edital BNB de Cultura, no Prêmio Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo e no Edital Fura-Fura de Montagem de Espetáculos Circenses da Fundação Cultural do Estado da Bahia – Funceb, todos os projetos contam a história do circo, desde a pré-história até os dias atuais, através dos números circenses. Onde: Escolas públicas de Retirolândia, Santa Luz, Valente e Serrinha Quando: 15/3 a 15/4 Quanto: Grátis (alunos de escolas públicas) PICADEIRO – NAÇÃO CIRCENSE APRESENTA ESPETÁCULOS SOBRE A CULTURA AFRICANA - O projeto Na Trilha Circense traz a história de um mestre da transmissão oral do saber para dentro do picadeiro. O espetáculo utiliza contos africanos para falar sobre o respeito aos mais velhos e a importância de se preservar as tradições, bem como aborda o preconceito e outras referências que movimentam a cultura afro-brasileira. Através do Edital Fura-Fura, a trupe se apresenta em escolas públicas dos bairros do Uruguai, Pelourinho, Boca do Rio e Ondina, e nas cidades de Lauro de Freitas e Camaçari. Onde: Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari Quando: 18/3 a 8/4 Quanto: Grátis (alunos de escolas públicas convidadas) Viver Bahia | 81
Bahia Marina | Av. Contorno, 1010, Comércio, T. 3322.7244 Marina de Itaparica | Av. 25 de Outubro, s/n, Itaparica, T. 3631.3003 Aeroporto Aeroporto Internacional de Salvador | Pça. Gago Coutinho, s/n, São Cristóvão, T. 3204.1010, diariamente, 24h Companhias Aéreas Gol | T. 0300.7892121 www.voegol.com.br Webjet | T. 0300. 2101234 www.webje.com.br
Rodoviária Terminal Rodoviário Armando Viana de Castro | Av. ACM, 4362, Pituba, T. 3460.8300, diariamente, 24h
Lanchile | T. 3241.1401 www.lanchile.com
Confidence Câmbio | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão, T 3252.9090 Iguatemi Turismo | Av. Tancredo Neves, 148, Pituba (Shopping Iguatemi, 2º Piso). T. 3450.0200
Tap Air | Portugal T. 0800.7077787 www.agentestapbrasil.com.br
Shopping Tour | Av. Centenário, 2992, Barra (Shopping Barra, 1º Piso). T 3264.3344.
Localiza | Av. Oceânica, 3057, Ondina. T. 3332.1999 / 3332.1995
Air Europa | T. 3347.8899 www.aireuropa.com.br Azul Linhas Aéreas T. 0800.7021053 www.voeazul.com.br
Ferry-Boat
Correios Agência da Pituba | Av. Paulo VI, 190, Pituba, T. 0800.5700100 Agência do Aeroporto Internacional de Salvador | São Cristóvão. T. 0800.5700100 Agência do Campo Grande Rua Forte de São Pedro, 66, Campo Grande T. 0800.5700100 Agência do Pelourinho | Lgo do Cruzeiro de São Francisco, 20, Pelourinho. T. 0800.5700100
Terminal Turístico Marítimo | Av. da França, s/n, Comércio, T. 3319.3434 / 3242.4366, seg a dom, 6h/19h30.
Porto de Salvador | Av. da França, Comércio, seg a sab, 6h/17h30; dom, 7h/10h Marinas Marina da Ribeira | Av. Porto dos Tainheiros, Ribeira, T. 3316.1406 82 | Viver Bahia
Artesanato Mercado Modelo | Pça. Visconde de Cayru, 250, Comércio. T. 3241.2893 Instituto de Artesanato Visconde de Mauá | Pça. Azevedo Fernandes, 02, Porto da Barra. T. 3116.6110 Feira de Artesanato do Pelourinho | R. Gregório de Mattos, 05, Pelourinho. T. 3322.5200 /3322.5100 Gerson Artesanato de Prata| R. do Carmo, 26, Santo Antônio. T. 3242.2133 Feira de São Joaquim | Av. Jequitaia, s/n, Calçada
Porto Câmbio Banco do Brasil | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão T.3377.2574 Citibank | R. Marques de Leão, 71, Barra. T. 4009.6310
Locadora de Automóveis Car Rental Hertz | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão. T. 3377.6554
Ocean Air | T. 4004.4040 www.oceanair.com Tam | T. 4002.5700 www.tam.com.br
Shopping Itaigara | Av. Antônio Carlos Magalhães, 656, Itaigara. T. 3270.8900, seg. a sex., 9h/21h; sáb, 9h/20h
Olímpia Turismo | Pça. Padre Anchieta, 16, Centro Histórico. T. 3322.0863
Onex Câmbio | Av. Sete de Setembro, 14, Barra (Hotel Sol Barra). T 3264.0000
Afro Bahia | Largo de São Francisco, 10, Pelourinho. T. 3321.3709 Loja de Artesanato do Sesc | R. Francisco Muniz Barreto, 02, Terreiro de Jesus, Pelourinho. T. 3321.0161
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Sol e praia? Sim, mas a Bahia é muito mais.
Shopping Piedade | R. Junqueira Ayres, 08, Barris. T. 3328.1555, seg a sex, 9h/21h; dom, 9h/20h Aeroclube Plaza Show | Av. Octávio Mangabeira, 6000, Boca do Rio. T. 3461.0621, seg a sex, 12h/23h; sáb, dom, 10h/23h
anuncio em Inglês não veio
Aerocar | R. Fonte do Boi, 26, Lj. 2, Rio Vermelho. T. 3335.1110 Unidas | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão. T 3204.1175 e Av. Oceânica, 3097, Ondina. T. 3247.2121. Business Rent a Car | R. Direita do Santo Antônio, 20, Santo Antônio Além do Carmo. T. 3241.3586
Telefones Úteis Disque Bahia Turismo | 3103-3103 Samu | 192 Polícia / Bombeiros | 193 Central Antiveneno | 0800 2844343 Correios | 0800 5700100 Defesa Civil | 199 Defesa do Consumidor | 3116 8514
Shopping Center Shopping Barra | Av. Centenário, 2992, ChameChame. T. 2108.8222, seg a sex, 9h/22h; sáb, 9h/21h e dom,15h/21h Salvador Shopping | Av. Tancredo Neves, 2915, Iguatemi. T. 3443.1000, seg a sáb, 9h/22h e dom, 12h/21h Shopping Center Lapa | R. Portão da Piedade, 155, Piedade. T. 3343.1000, seg a sáb, 9h/22h e dom, 12h/21h Shopping Iguatemi | Av. Tancredo Neves, 148, Pituba. T. 3350.5050 / 3350.0300
Delegacia de Proteção ao Turista | 3322.7155 Delegacia de Proteção à Mulher | 3245.5481
Fotos: Eduardo Moody e Jota Freitas / Bahiatursa
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Detran | 3343.8888 Disque Denúncia (drogas, homicídios, roubos, etc.) | 3245.5481 Disque Denúncia (exploração sexual contra Crianças e Adolescentes) | 100 Polícia Civil | 197 Polícia Militar | 190 Polícia Federal | 3242.1518 Serviço Salvador Atende | 156 Serviço de Informações dos Transportes Urbanos de Salvador | 3377.6311 Táxi Coomtas | 3377.6311 / 0800.710311
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Fotos: Bruno Ribeiro, Eduardo Moody e Jota Freitas / Bahiatursa