Viver Bahia Nº13

Page 1

T i r ag e m

Revista Oficial de Turismo da Bahia

Gratuita Julho/Agosto 2010 - ano 3 no 13 - Bahia - Brasil 100.000 e x empl ares

Distribuição

Sertão

Náutica Passeio pela Baía de

Raso da Catarina é cenário de lendas sobre Lampião

Todos-os-Santos pode ser feito em barcos charter

Palácio Rio Branco Reforma atrai turistas para conhecer história da Bahia

GP Bahia de Stock Car Prova atrai turistas de todo o Brasil e inclui definitivamente a Bahia no roteiro do esporte automobilístico


Foto: Andreas Borchert / Divulgação

São Bartolomeu, o Apóstolo

Apóstolo São Bartolomeu, padroeiro dos açougueiros

2 | Viver Bahia

M

uitos o identificam com Natanael, mencionado na Bíblia como um dos 12 apóstolos de Cristo. Padroeiro dos açougueiros, o santo católico nasceu na Galileia e, ainda apóstolo, viajou pelo mundo pregando o Evangelho. Conseguiu converter várias pessoas ao Cristianismo, mas também atraiu muita inveja dos sacerdotes locais que tramaram a sua morte de forma bárbara: morreu decapitado e teve a pele arrancada pelos algozes. Sua data comemorativa é 24 de agosto, dia da sua morte. No sincretismo religioso, São Bartolomeu é associado a Oxumaré. Conta a lenda que, quando Nana abandonou o primeiro filho, Orumilá , o Destino lhe disse que ela teria um outro filho, tão belo quanto o arcoíris, mas que viveria longe dela, correndo mundo. Oxumaré nasceu menina e recebeu o nome de Bessém, mas, seis meses depois, transformou-se numa serpente e saiu se arrastando. Nos seis meses seguintes, vagou pelo mundo e, desde então, alterna essas duas formas a cada seis meses. Outra lenda diz que Xangô e Oxum quiseram se casar e perceberam que seria difícil viverem juntos, pois a casa de Oxum era no fundo do rio e Xangô morava nas nuvens. Então, resolveram arranjar um mensageiro que facilitasse a comunicação entre os dois. Falaram com Oxumaré, que aceitou a missão de unir os dois. Durante metade do ano em que era o arco-íris, Oxumaré levava as águas de Oxum para o céu. Nesse período, não chovia e a terra ficava seca. Para minimizar a situação, o orixá decidiu que nos seis meses em que se transformasse em cobra, deixaria o serviço. Na ausência de Oxumaré, Xangô precisa descer a terra para ver Oxum. É então quando acontecem as estações das chuvas.

Oração de São Bartolomeu Glorioso São Bartolomeu, modelo sublime de virtude e puro frasco das graças do Senhor! Proteja este seu servo que humildemente se ajoelha a seus pés e implora que tenha a bondade de pedir por mim junto ao trono do Senhor. São Bartolomeu, use todos os recursos para me proteger dos perigos que diariamente me rodeiam. Lance seu escudo protetor em minha volta e me proteja do meu egoísmo e de minha indiferença a Deus e ao meu vizinho. São Bartolomeu, me inspire a imitá-lo em todas as minhas ações. Derrame em mim suas graças para que eu possa servir e ver a Cristo nos outros e trabalhar para a Vossa maior glória. Graciosamente obtenha de Deus os favores e as graças que eu muito necessito, nas minhas misérias e aflições da vida. Eu aqui invoco sua poderosa intercessão, confiante na esperança que ouvirás minhas orações e que obtenha para mim esta especial graça e favor que eu reclamo de seu poder e bondade fraternal, e com toda a minha alma imploro que me conceda a graça ...(mencionar aqui a graça desejada), e ainda a graça da salvação de minha alma e para que eu viva e morra como filho de Deus, alcançando a doçura do Vosso amor e a eterna felicidade. Amém!

Viver Bahia | 3


Índice Carta da Redação A diversidade de belezas naturais e de manifestações culturais faz da Bahia um lugar especial. Conhecida nacional e internacionalmente pelas suas festas populares, a exemplo do Carnaval, a Bahia apresenta hoje um leque tão diversificado de festas e eventos temáticos que é difícil apontar o de maior destaque. Depois do São João da Bahia, que atraiu baianos e turistas para as festas juninas do interior e da capital, chegamos agora à época de três grandes festas. Na capital, a realização do GP Bahia de Stock Car vai movimentar o fluxo turístico

e a economia da cidade no mês de agosto. No interior, o calendário começa com a Romaria de Bom Jesus da Lapa, no início do mês, e chega ao Recôncavo, nos dias 14 e 15, com a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira. Nesta edição da Viver Bahia, procuramos contemplar esse calendário de festas e eventos temáticos, que tão bem caracterizam a diversidade deste Estado cheio de misticismo e também de boas surpresas. A Redação

Revista de Turismo da Bahia Viver Bahia - Revista Oficial do Turismo da Bahia Ano 3 - número 13 - Julho / Agosto 2010 Uma publicação da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia - Av. Tancredo Neves, Desenbahia, Bloco B, Caminho das Árvores, CEP 41.820-904 - Salvador, Bahia, Brasil Assessoria de Comunicação: 55 71 3116-4103 Portal de Internet: www.bahia.com.br Site institucional: www.setur.ba.gov.br e-mail: ouvidoria@setur.ba.gov.br Governo do Estado da Bahia Governador: Jaques Wagner Secretário de Turismo: Antonio Carlos Tramm Chefe de Gabinete: Francisco Sampaio Presidente da Bahiatursa: Emília Silva Superintendente de Investimentos em Polos Turísticos: Clarissa Amaral Editora responsável: Clarissa Amaral - DRT/ BA 956 - clarissa@setur.ba.gov.br Redação: Clarissa Amaral, Gabriel Carvalho, Eduardo Pelosi, Ana Paula Cabral, Acácia Martins, Simone Cabral, Tânia Feitosa, Daniel Meira, Silmara Menezes, Fernanda Freitas, Rita Barreto, Tatiana Souza, Adriana Barbosa, Bruna Santana e Danielle Del Colli Estagiários: Clarissa Pacheco, Caroline Martins,

* @

Ricardo Costa, Leila Pereira, Karina Brasil,

Carta do leitor Escreva, mande e-mail com sugestões de pautas, dicas, dúvidas, críticas e sugestões. comunicacao@setur.ba.gov.br

Sou turismóloga, especialista em gestão empresarial e coordeno o curso de gastronomia do Senac, aqui em Salvador. Tive a oportunidade, através de uma colega de trabalho, de ler um exemplar da Viver Bahia e achei a revista muito boa! Gostaria de receber sempre alguns exemplares da publicação, pois além dos muitos alunos que aqui circulam todos os dias, recebemos muitos visitantes para consultar nosso acervo da biblioteca. Acho importante que todos nós conheçamos a Bahia, afinal não se pode divulgar algo 4 | Viver Bahia

Mariana Lélis e Jamile Canedo Produção: Rhene Jorge, Viviane Santos e Cândice Rodrigues

que não se conhece. Jane Luzes, Salvador - BA

Maria Angélica Reis Salvador-BA

A Bahia do Carnaval e das

Se o sotaque baiano já é

Festas de Largo transformouse na Terra do Forró sem, no entanto, deixar de lado essas outras festividades que a fizeram famosa no país inteiro. Parabéns pela matéria sobre o São João. Muito boa. E completa. José Maia, Ilhéus-BA

gostoso, mais gostosa ainda é a matéria sobre o Dicionário de Baianês, registro oficial das expressões baianas. Axé, meu rei foi escrita com deliciosa leveza. Vania Elizabeth Franco Brasília-DF

Uma verdadeira aula de história da Bahia a matéria sobre a rota da independência, publicada na última edição da revista.

Trancoso é realmente um paraíso na Terra. Parabéns pela matéria Entre o luxo e a simplicidade. Carlos Benezzath Laguna-SC

Fotografias: Arquivo Setur - Bahiatursa Revisão: Tânia Feitosa Capa (foto): Alberto Coutinho - Agecom Planejamento gráfico: Virginia Yoemi Fujiwara, Marcelo Campos e Laércio Fonte Viva Fotolito e Impressão: Qualigraf Serviços Gráficos Viver Bahia é um título de propriedade da Empresa de Turismo da Bahia S. A. – Bahiatursa, Governo da Bahia.

6 12 20 23 27 30 38 40 43 48 52 54 56 64 69 70 72 74

GP de Stock Car larga na Bahia Desterro: Clausura, regalo e mistério É tempo de baleias Circuito das Águas: Turismo para 3a Idade Entrevista: Póla Ribeiro Encantos e histórias no sertão Irmã Dulce, a Venerável Sofisticação em alto mar Na onda das vaquejadas Cemitério atraem visitantes Golfe nos campos da Bahia Ecologia e agronegócio na Costa do Dendê Palácio Rio Branco: memória resgatada Festas: Bom Jesus da Lapa e Boa Morte Bahia entre as Sete Maravilhas Portuguesas Festivais gastronômicos Cozinha Baiana Agende-se Viver Bahia | 5


GP Bahia de Stock Car

Parada Obrigatória Foto: Arisson Marinho/Agecom

os pacotes incluem traslados de ida e volta Aeroporto/Hotel/Aeroporto, duas noites de hospedagem, com café da manhã, pacote de ingresso arquibancada ou padock ou camarote Planeta StockCar, além do transporte de ida e volta do hotel para o circuito nos dias do treino e também da corrida. A CVC, principal operadora de turismo do país, espera comercializar entre 12 e 15 mil pacotes para o fim de semana da prova, em Salvador, de acordo com o presidente, Guilherme Paulus. Ele também classificou o produto

turístico como excepcional e de fácil comercialização. Somente o Hotel Catussaba, em Salvador, deve acolher mais de 2 mil pessoas que integram o circo da Stock Car. Segundo a gerente de reservas, Socorro Alcoforado, o estabelecimento terá condições “imperdíveis” para receber outros apaixonados pelo automobilismo. Outro estabelecimento que também deve receber hóspedes para a Stock Car é o Grand Hotel Stella Maris, na orla de Salvador. O presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Salvador e Litoral Norte, Sílvio Pessoa, informou que operadores de Sergipe também estão comercializando os pacotes para o GP Bahia. O retorno de imagem da corrida para a Bahia também é levado em conta. O secretário de Turismo da Bahia, Antonio Carlos

Tramm, ressalta o levantamento feito pela Infomídia, empresa ligada ao Ibope. “Segundo o relatório, o GP Bahia tem uma mídia equivalente a três outras etapas da Stock Car. Ano passado, o evento reforçou a nossa eleição como o destino turístico preferido dos brasileiros, feita pelo Ministério do Turismo”, comenta. O mesmo relatório indica uma mídia espontânea sobre a Bahia, equivalente a R$ 18 milhões em reportagens e matérias especiais em veículos impressos, como jornais e revistas e eletrônicos como TV, rádio e internet. Este ano, a prova será transmitida ao vivo pelo programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, para todo o país. “Isso é fantástico, pois milhares de pessoas voltarão seus olhos para a corrida e para a Bahia”, pontua a presidente da Bahiatursa, Emília Silva. Fotos: Ivan Baldivieso / Agecom

GP Bahia de Stock Car movimenta fluxo turístico e a economia de Salvador

Maior prova de rua do automobilismo do país acontece em 14 e 15 de agosto e movimenta o turismo na baixa estação

n Gabriel Carvalho

P

elo segundo ano consecutivo, Salvador será a capital brasileira da velocidade com o GP Bahia de Stock Car. Enquanto os carros fazem a festa nas pistas, os empresários baianos também comemoram a corrida que faz parte da sexta etapa do campeonato da principal categoria do automobilismo nacional, pois, segundo a Vicar, empresa que organiza a competição, o evento é responsável pelo incremento de R$ 20 milhões na economia da cidade

e pela geração de três mil postos de trabalho temporários. Diante do apelo do GP Bahia em todo o país, muitas agências de viagem e hotéis próximos ao circuito de rua, no Centro Administrativo da Bahia, já montam estratégias de atração para o evento em Salvador. Os preços de alguns pacotes, sem contar com a passagem aérea, variam de R$ 470 a R$ 1,2 mil e os valores diferenciam-se a depender da categoria do hotel, em quartos individuais, duplos ou triplos. De acordo com a gerente de operações da Salvatur, Sandra Melo,

Evento mobiliza população e é responsável pela geração de 3 mil postos de trabalho temporários


Mudança na pista garante mais emoção

E

m 2010, a corrida será cercada de muita emoção, com a possibilidade de duelos e ultrapassagens no traçado de 2,9 km. De acordo com o diretorgeral da Vicar, Maurício Slaviero, três pontos da pista terão um alargamento de três metros, o que deve aumentar a competitividade. Slaviero alerta que estão sendo feitas duas chicanes para garantir a segurança dos pilotos. Uma das alterações será na “curva da balança”, que será alargada em cinco metros. A curva em “S” será instalada próxima à Assembleia Legislativa e a chicane, nas proximidades dos boxes. “Além disso, aumentaremos a capacidade das arquibancadas em 50% e construiremos duas passarelas para a circulação do público”, informou o representante da Vicar.

Ano passado, 47 mil pessoas, aproximadamente, estiveram no CAB para acompanhar o GP Bahia de Stock Car. O líder do campeonato, Átila Abreu, da AMG Motorsport, gostou das novidades. “As mudanças irão beneficiar o público, com mais disputas e ultrapassagens. O alargamento da pista de Salvador em pontos estratégicos com certeza irá permitir uma prova mais emocionante. Estou certo de que o panorama será bem diferente daquele do ano passado”, observa o piloto. “Para nós também ajuda, pois permite a quem largar um pouco mais atrás ter chances concretas de se recuperar e ganhar posições durante a corrida. Sem contar que adoramos competição e disputas, então, quanto mais, melhor”, brinca o líder.

Circuito foi ampliado em três metros e conta com mais duas chicanes

Foto: Adenilson Nunes / Agecom

Alargamento da pista aumenta competitividade dos piloto e vai assegurar mais emoção para o público

Divulgação / Vicar

Foto: Ivan Baldivieso / Agecom

GP Bahia de Stock Car

Duelos e ultrapassagens emocionantes dão a tônica

da principal corrida automobilística de rua do país

O paraibano Valdeno Brito, da Cosan Mobil Super Racing, acha que as modificações serão benéficas e devem diminuir as bandeiras vermelhas. “As mudanças nas chicanes vão melhorar bastante o circuito, pois elas eram os motivos das bandeiras vermelhas. Estou ansioso para testá-las”, analisa o piloto do carro 77. Nonô Figueiredo, companheiro de equipe de Valdeno, também considera positiva a iniciativa. “As mudanças, com certeza, poderão contribuir para uma corrida bem disputada. O mais importante é melhorar a segurança e também promover uma prova de rua onde as disputas possam acontecer com um dinamismo próximo ao das provas disputadas em autódromos”, considera Nonô. Vencedor da primeira prova de rua da história da Stock Car, o piloto Cacá Bueno, da Red Bull Racing, é um dos favoritos à vitória mais uma vez. O atual campeão da principal categoria do automobilismo brasileiro soma 21 vitórias e 18 poles na carreira. As boas lembranças de Salvador não vêm apenas do Circuito do CAB, mas também do Carnaval, quando Cacá curtiu o som dos trios elétricos. Este ano, a maré não anda muito boa para o piloto da Red Bull, que ocupa apenas a oitava posição no campeonato, com 36 pontos. Dos 34 pilotos que disputam a Copa Caixa, o líder do campeonato com 94 pontos e vencedor da última prova em Ribeirão Preto, Átila Abreu, da AMG Motosport, chega como principal favorito para a corrida da Bahia. Ricardo Maurício, da Eurofarma RC também pretende incomodar os rivais nas ruas do CAB.


Mini Cooper estreia este ano

Turistas têm várias opções na noite soteropolitana

Foto: Ivan Baldivieso / Agecom

GP Bahia de Stock Car

Q

uem optar por um pacote de três noites (sexta-feira, sábado e domingo) em Salvador, para curtir o GP Bahia de Stock Car, tem um bom leque de opções para curtir na noite da capital baiana. Baladas com música eletrônica, forró, samba e axé music compõem o cardápio cultural da cidade mais alegre do Brasil. Os fãs da música eletrônica têm como principais opções na cidade as baladas do 30 Segundos Bar, o Club Ego, no Hotel Pestana do Rio Vermelho, e a danceteria Just One, localizada na Cidade Baixa, próxima ao Pelourinho. Os fãs do arrasta-pé podem curtir o melhor da música nordestina no Coliseu do Forró, em Patamares. Quem prefere os clássicos do rock pode conferir as atrações do Groove Bar, no bairro da Barra. Já os amantes da balada GLS não devem deixar de conhecer o San Sebastian Club e o Off Club. Como na Bahia não pode faltar a axé music, a pedida é o show do cantor e compositor Jauperi, na área verde do Bahia

N

ada menos que 34 pilotos disputarão a prova. Mas o debut do GP Bahia é a categoria Mini Challenge, que tem sua primeira prova de rua este ano e promete uma disputa acirrada nas pistas do CAB. Outro duelo interessante também pode ocorrer e sacudir a torcida local com os pilotos Patrick Gonçalves e Diego Freitas protagonizando um clássico BA-VI no circuito baiano. Eles devem repetir o clima de rivalidade mostrado na etapa do ano passado, quando houve até uma batida entre os dois. Patrick Gonçalves está confirmado e correrá com o carro tricolor. Ele deve levar ao delírio a massa azul, vermelha e branca que estiver presente nos camarotes e arquibancadas da corrida. Segundo o piloto, as alterações na pista devem aumentar os pontos de ultrapassagem e garantir mais emoção ao público. “A torcida a favor deve fazer realmente a diferença e acreditamos que podemos subir ao pódio. É difícil, mas eu vou fazer de tudo para chegar na frente, mesmo com a disputa acirrada” conta o piloto, que ocupa a quarta posição no campeonato, com 47 pontos. Carbono Zero – A diretora de Eventos da Vicar, Vanda Camacho, destacou o empenho dos órgãos de governo para a realização da prova. Ela ressaltou que a iniciativa da Bahia de neutralizar os gases emitidos nas corridas, com a plantação de mudas, agora é utilizada em todas as etapas da competição.

Informações

úteis

Othon Palace Hotel. Outras opções - Os turistas que preferem menos agitação podem curtir a agenda cultural da cidade. O Museu Rodin, no Palacete das Artes, é aberto à visitação pública, assim como o Palácio Rio Branco, reaberto recentemente. Os prédios e monumentos históricos do Pelourinho e outras localidades do Centro Antigo da capital baiana também estão disponíveis para visitas. Alguns programas também são considerados imperdíveis, como as visitas ao Forte de São Marcelo e ao Cine Glauber Rocha. Um sorvete no bairro da Ribeira também não pode faltar. Para aqueles que gostam de dar um giro para conhecer a cidade, a dica é o Salvador Bus. O ônibus de turismo, cuja tarifa é R$ 30 por pessoa, passa pelos principais hotéis e pelos pontos de maior visitação em Salvador. O turista tem a opção de curtir um passeio panorâmico no andar de cima do veículo ou o conforto do ar-condicionado, no andar de baixo. Foto: Divulgação / Vicar

30 Segundos Bar Local: Rua Ilhéus, 21 Rio Vermelho, Salvador - Bahia Telefone: 71 3334-8586 Horário: terça a sábado, a partir das 20h Média de preço: R$ 30 masculino; R$ 20 feminino www.30segundosbar. com.br Club Ego Local: Hotel Pestana – Rua Fonte do Boi, 216 - Rio Vermelho, Salvador - Bahia Telefone: 71 3017-3111 site: www.clubego. com.br/ Groove Bar Local: Rua Almirante Marques de Leão, 351 – Barra, Salvador - Bahia Horário: 22h/último cliente (fecha dom. a ter.) Telefone: 71 3267-5124 site: www.groovebar. com.br Just One Local: Praça Tupinambás – Av. do Contorno, Salvador - Bahia Telefone: 71 2108-6225 Horário: sexta e sábado, a partir das 23h Média de preços: R$100 masculino; R$41 feminino site: www.just1.com.br/ Bohemia Music Bar Local: Rua Belo Horizonte, nº 177 Jardim Brasil - Barra, Salvador - Bahia Telefone: 71 3331 8737 (dia) 71 3332 5774 (noite) 71 7812 5027 (noite) Horário: terça a domingo, a partir das 18h Média de preços:R$ 25 masculino; R$15 feminino site:www. bohemiamusicbar.com.br/

Categoria Mini Challenge é a grande novidade deste ano no GP Bahia

Cacá Bueno foi o grande vencedor do GP Bahia de Stock Car em 2009

Coliseu do Forró Local: Av. Otávio Mangabeira – Patamares, Salvador - Bahia Telefone: (71) 3727-6100 Horário: quinta a sábado, a partir das 22h


Clausura e Regalo

Foto: Tatiana Souza

Convento do Desterro

O primeiro convento do Brasil para mulheres ainda guarda reminiscências da opressão patriarcal e da riqueza ostensiva gerada nos engenhos do Recôncavo no período colonial n Clarissa Amaral

C

onstruído para abrigar em seu claustro as filhas das famílias ricas da Colônia, o Convento de Santa Clara do Desterro não foi bem o que se poderia chamar de exemplo de fé e religiosidade. Muito menos um veículo disseminador dos ideais de união de espírito com Deus e votos de rigorosa pobreza, pregados pela Santa que lhe empresta o nome. Pelo contrário. As religiosas do Convento do Desterro viviam vidas paralelas e alternativas para a época. Socialmente oprimidas pelos pais, elas passaram a desfrutar de relativa liberdade pessoal no Convento, vivendo em ambiente de luxo, com móveis de estilo, louças de Macau, joias, roupas caras e meias de seda, segundo a historiadora Anna Amélia Nascimento. Eram tão grandes excessos, observa a historiadora, no livro Patriarcado e Religião – As enclausuradas clarissas do Convento do Desterro da Bahia, que o arcebispo de então foi informado de detalhes íntimos da vestimenta das religiosas. “Algumas religiosas usavam camisas finas de cambraia, com rendas largas e golas muito abertas, que desciam pelos ombros. E assim andavam pelas celas e corredores, causando escândalo às pessoas que as avistavam. Dessa maneira, apareciam aos médicos, cirurgiões e aos que entravam

12 | Viver Bahia

no mosteiro para algum serviço”, registra Anna Amélia. As festas promovidas pelas freiras do Desterro eram famosas pelo regalo e repercutiam tanto na sociedade local como na Corte, em Lisboa. A presença de homens na clausura era um fato corriqueiro. Eram os chamados freiráticos ou freiáticos, conhecidos assim pelo costume de cortejar as religiosas, a exemplo do poeta Gregório de Matos, que não escondeu o amor que sentia por algumas das freiras enclausuradas. A presença masculina no mosteiro foi alvo de estudo do historiador Wanderley de Pinho que, em 1918, já destacava em artigo publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico: “Moços fidalgos e rapazes afidalgados iam aí interromper o sono virginal das filhas de Deus, com o retinir das esporas nos lajedos das calçadas”.

Imagem de Santa Clara, que empresta nome ao Convento

gados iam e rapazes afidal os lg da fi os oç de “M ginal das filhas ir v o n so o r pe s das aí interrom esporas nos lajedo s da ir n ti re o m Deus, co r suas mim às novenas da ia s re ta ili M . as com calçad ores presumidos ad rg ba em es D . prosa radas no coro dar dois dedos de m ia e ad id oc m fumos da a castidade s pelos anos a um do ga ri ob o, ri tó ro, no locu tos de mão, de ra er ap e s re ha ol ela lhe lamentada de eferida, quando pr r ro so da ro toucado, no ampa todo o peso do seu m co , os aç br os n caísse çada”. a ternura espica su de os ai sm de os n storiador, 1918 y de Pinho, hi

O conjunto do Convento e Igreja foi tombado pelo Iphan em 1938. No detalhe foto antiga da vista externa do Convento

Wanderle

Viver Bahia | 13


Fotos: Tatiana Souza

Convento do Desterro

Além de festeiras, vaidosas e estimularem a corte dos freiáticos, as irmãs do Desterro também eram excelentes negociantes. Ricas em sua maioria - pois só conseguiam ingressar na ordem as filhas de famílias abastadas, possuidoras de grandes dotes -, elas multiplicavam a fortuna pessoal com empréstimos consignados a juros, ou bens patrimoniais que recebiam como pagamento. Para realizar a agiotagem, contratavam o trabalho de procuradores especializados, que estavam sempre circulando no Convento. Luxo e ostentação - Fundado em 13 de maio de 1669, pelo Papa Clemente IX, o Convento do Desterro, o primeiro convento do Brasil para mulheres, começou a funcionar em 1677, quando as primeiras religiosas, da ordem das clarissas, vindas de Évora, Portugal, chegaram a Salvador. Um ano depois, as primeiras brasileiras ingressavam no Convento. Àquela altura, a vocação religiosa era imposta pelos pais por razões diversas. Duas delas, porém,

e eira rica fr a d r o s “O am o ritmo da m e t a d a lg afida o corda discriçã s e õ ç n e v s, con lamaleque a s , s a r u s em tesã: me parência a a d s a agudez imula udado diss t s e o t s e g ndo-o que o to, enovela u r b jo e s ee o d mimos, pr , s ia r e t n nças, em gala es, lembra ir a n o d , s sente ”. Hansen, agradinhos ão Adolfo

Jo 8 dor, 200 pesquisa

14 | Viver Bahia

Escândalos e festas marcavam a vida monástica

A

Altar-mor da Igreja, em estilo neoclássico, foi restaurado em 1844

merecem destaque. A primeira era a posição social que a família adquiria ao conseguir colocar suas filhas no Convento, uma vez que, para que isso acontecesse, era necessário conceder à Igreja um dote bastante significativo. A segunda, de viés econômico, diz respeito à concentração da fortuna da família nas mãos do filho varão, geralmente o herdeiro mais velho. Com as filhas dedicadas à vida monástica, não seria necessário repartir os bens da família nem destinar um dote vultoso para atrair um genro abastado. Enclausuradas ainda meninas, por volta dos 10 anos de idade, muitas irmãs ainda não haviam despertado para a sexualidade. Além disso, pela origem nababesca, as sinhazinhas que deixavam o conforto dos engenhos para ingressar no Desterro não

estavam acostumadas a viver sem o auxílio de escravos e mucamas. Apesar de proibida por Bula Papal, a escravidão era uma realidade no Convento do Desterro. Junto a grandes somas em dinheiro, as freiras herdavam e levavam para o Convento seus escravos. Um censo realizado em 1775 dá conta da existência de nada menos que 290 escravas e oito escravos para uma população de 81 religiosas. O relacionamento mantido entre as freiras e suas escravas era controverso. Embora reproduzissem no Convento o modelo de interação social semelhante ao estabelecido nos engenhos de cana-de-açúcar, dos quais a maioria se originava, as freiras mantinham um relacionamento estreito com suas mucamas a ponto de permitir a presença delas nas festas e a permanência de seus filhos no Convento.

vida monástica no Convento do Desterro nos séculos XVII e XVIII não diferia muito da clausura de outros conventos europeus do mesmo período. O que chocava a sociedade da época e salta aos olhos dos historiadores é o luxo ostensivo das freiras, além do regalo das festas promovidas no Convento, que misturavam rituais religiosos com elementos de saraus e de peças teatrais, a exemplo das sátiras e farsas, que eram encenadas pelas próprias irmãs. Em 1724, o viajante francês Le Gentil de La Barbinais registrou em diário suas impressões sobre a festa de Natal para a qual fora convidado pelo então vice-rei da Colônia, marquês de Angeja. Segundo seu relato, no lugar de salmos, matinas ou noturnas, a festa começou com todas as freiras cantando e dançando com tamanha desenvoltura que ele imaginou “estarem elas possuídas de algum espírito extravagante”.

Trajando ricos adereços por baixo dos hábitos, as irmãs passaram a encenar uma espécie de sátira das futricas e boatos sobre a vida no Convento e as intrigas dos oficiais da Corte do vice-rei, que haviam conseguido colocar no Convento suas amantes. O tom burlesco, segundo o viajante, ficou por conta de uma freira que nutria um amor platônico pelo sobrinho do vice-rei, D. Henrique de Menezes. Ciumenta, não queria entender as razões de o rapaz procurar ligações mais sólidas e, privada dos prazeres carnais, queria proibi-los também ao seu amado. A reprovação à infidelidade foi publicamente manifestada na noite de Natal, durante encenação de um esquete. Ao deixar o recinto, o rapaz ouviu da amada uma reprimenda pública: “Vai! Vai gabar-te aos pés das minhas rivais do desprezo que mostras pela minha ternura e minhas repreensões”.

O coro atual e no desenho de La Barbinais, de 1724

Viver Bahia | 15


Roteiro turístico destaca opulência do mosteiro

Convento do Desterro

Jogos de sedução e amores proibidos

16 | Viver Bahia

Detalhe de uma das torres da Igreja do Convento de Santa Clara do Desterro

de Josefa Clara, nomeada como primeira abadessa do Convento da Lapa. As vagas no Convento continuaram bastante disputadas pelas famílias ricas, até o início do século XIX. Seu declínio coincide com a decisão tomada pela Assembleia Legislativa, em 1842, de obrigar as ordens religiosas e irmandades a apresentarem inventários de bens. Em 1854, com as reformas propostas pelo ministro da Justiça, Nabuco de Araújo, fechou-se o cerco em torno dos privilégios das ordens religiosas, que começaram a pagar impostos, inclusive para o calçamento de ruas. A ordem religiosa das seguidoras de Santa Clara foi criada com a finalidade de orientação contemplativa, o que, no sentido lato, significa dizer que seus membros seguem uma vida de oração e adoração. Elas são as orantes da Igreja, as profissionais da oração. Diferentes de outras ordens religiosas, criadas com objetivos mais específicos, como o das catequistas ou das missionárias, as irmãs clarissas tiveram na Bahia as suas funções distorcidas desde o início da instalação da ordem. Não seria diferente, pois, no século XIX. Por volta de 1866, durante a grande seca que atingiu a região de Santa Isabel

n Clarissa Pacheco

Fotos :Tatiana Souza

Junto à grade, ficava a “roda”, uma caixa giratória que se movia para dentro e para fora e que servia para troca de mimos. Ali, os freiráticos depositavam bilhetes, anéis e outros objetos e, em retribuição, recebiam doces e outras guloseimas. Os relatos do Frei dão conta de que uma única freira chegava a receber, em média, três visitantes por dia, sem que um soubesse da existência do outro. Rancho do Vigário - Obviamente os padres, residentes ou visitantes, aproveitavam-se da condição privilegiada para ter acesso direto aos objetos de conquista. Nenhum, porém, foi tão longe quanto o padre Inácio Moreira Franco, pároco da matriz de Santana, que manteve com a madre Josefa Clara, filha do procurador do Convento e rico comerciante, Manuel Gonçalves Viana, um romance que durou 11 longos anos. O episódio, que ficou conhecido como “Rancho do Vigário”, data de 1727 e abalou as estruturas do Convento e do Arcebispado, chegando à Corte por intermédio do então vice-rei, conde de Sabugosa, e do arcebispo D. Luís de Figueiredo, que pediram ao Rei a mudança da Igreja do Convento para a paróquia da Saúde, mas não obtiveram êxito. O affair continuou até a morte do padre e a transferência

Painel de azulejos, datado de 1760

Foto: Tatiana Souza

C

entro emissor das mais apimentadas fofocas da Colônia, não é de se estranhar que a peculiar vida monástica das filhas de Santa Clara na Bahia atravessasse o Atlântico e chegasse à Corte em forma de escândalo. Não foram poucos os arcebispos que tentaram em vão mudar as regras da clausura. Mas como as freiras eram filhas das famílias mais ricas da Colônia, não se tem notícia de providências mais enérgicas, até se suceder o episódio que ficou conhecido como Rancho do Vigário. Para reportar os costumes observados no Convento do Desterro, Frei Lucas de Santa Catarina chegou a escrever uma sátira muito pitoresca sobre “o amor freirático que uma legião de homens cultivava para seduzir as freiras”. O costume, na verdade, vinha de Portugal, mas, segundo o Frei, nada se comparava à forma como acontecia no Desterro. “Elas é que, a bem dizer, seduziam os homens, num jogo de regras bem definidas e rebuscada etiqueta, e caro, pois além de cumular a amada de presentes, haviam de contribuir para a montagem de peças representadas no Convento e para a realização das sucessivas festas religiosas no correr do ano”. De acordo com o relato do Frei, desenvolvia-se um complicado jogo de avanços e recuos, dissimulação e sinceridade, de dar e receber, confiar e duvidar. Até ser admitido na cela, o freirático tinha que passar pelo “ralo”, uma espécie de lâmina cheia de furinhos por onde os dois se falavam, mas não se viam. Vencida esta etapa, o “pretendente” podia frequentar a “grade”, barras que ainda o separavam da amada, mas não impediam apalpos e carinhos.

do Paraguaçu, o Convento começou a receber crianças órfãs do sexo feminino. Tratava-se de uma medida que visava dar sentido de utilidade social a um Convento de imagem tão desgastada. Nada, porém, mudou o destino da ordem religiosa na Bahia. Em 1881, a população do Convento era formada por 13 religiosas, 12 recolhidas, 22 servas da comunidade e 102 servas que haviam pertencido a religiosas já falecidas. Na década de 1890, o Desterro transferiu o mosteiro e o restante dos bens de raiz para a Congregação Franciscana da Pequena Família do Sagrado Coração de Jesus. As últimas filhas de Santa Clara morreram no Convento já dividido com as irmãs franciscanas. Do apogeu à decadência, a história das freiras do Desterro é cercada por uma aura de mistério, apesar das muitas pesquisas sobre o tema. As atas capitulares dos séculos XVIII e XIX continuam intocáveis. Nelas certamente reside a chave de todos os mistérios que envolvem a ordem religiosa na Bahia.

O

mais antigo convento do Brasil para mulheres é uma construção aparentemente sombria. Nada no seu exterior evoca o passado de luxo, riqueza, ostentação e glamour. Mas basta adentrar suas portas para se respirar ares de um longo passado marcado por histórias de fé, enclausuramento, grandes mistérios e contradições. O ar de sobriedade é disfarçado pelo barulho dos alunos, nos intervalos das aulas, do Colégio Franciscano de Santa Clara e Orfanato da Imaculada Conceição, que hoje funcionam no local. Mas, logo em frente ao corredor das salas de aula, encontra-se a clausura das irmãs, hoje da Ordem das Franciscanas. O lugar, além de histórico e sagrado, é considerado intocável. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 25 de março de 1938, num conjunto que inclui o Convento e a Igreja de Santa Clara do Desterro, além de todo o acervo de peças raras e

arquitetura incomparável, que datam dos séculos XVII, XVIII e XIX. No interior, destacam-se os painéis de azulejos, de 1760, alfaias em ouro e prata maciços, imagens de arte sacra, mobiliário em estilo D. João V e todo um arquivo iconográfico da mesma época. Percorrer o Convento do Desterro é descobrir algo diferente a cada passo. Nos corredores, um misto de sobriedade e surpresas. Nos dois claustros, a torre construída entre 1719 e 1720 pelo mestre Manoel Antunes, sobre o traço original de Francisco Pinheiro, remete aos tempos mais antigos da clausura. A história da ordem das irmãs clarissas, vindas de Évora, Portugal, em 1667, para Salvador, então capital nacional, é contada em algumas partes, escondida em outras, através dos pequenos detalhes sacros e arquitetônicos do local.

tinção rande dis g á h s a , M temerário ário, m e im r c alm e dis oces de um ão. d s o e r t n e am suras ras de um e as doçu ha: se de tais clau in ormiga, Senhora m mandais a uma f s diga, o es Tanto doc is vós agora que v . ra s doçuras a Que espe im s ís h c direm mu bém de tos, tam ebeu da Se não fo c o de Ma

Janelas com grades do claustro

re óri de Greg ana, depois que de doces Poema te ri n a e s M re ã p m freira um cado à ir

Viver Bahia | 17


Roda dos Expostos

Tradição de sequilhos e licores ainda é mantida

P

Detalhe do altar da Capela interna

Entrada da clausura

Projeto de museu será reativado

T

uristas de todo o mundo e de outros estados brasileiros vistam hoje o Convento e a Igreja do século XVII e se maravilham com o que encontram. De acordo com a irmã Maria Lúcia, atual madre superiora, um museu já fez parte da congregação, mas se encontra fechado, oficialmente, desde o desabamento que ocorreu no início dos anos 1990. “Nós já estamos com um projeto junto ao Iphan para a reativação do museu, que parou de funcionar quando houve um desabamento. O Convento e todo o seu acervo são de grande importância para a 18 | Viver Bahia

humanidade. Os primeiros passos da vida religiosa do Brasil e da América Latina foram traçados aqui”, afirma. Para a reativação, espera-se transformar em museu o andar superior, do alto do corredor e na ala L, até metade da clausura, onde fica a capela interna, já bastante visitada, porém de uso exclusivo das 13 irmãs franciscanas residentes no Convento. Conta-se ainda o mirante, que oferece uma vista privilegiada da cidade de Salvador. “É na capela interna que guardamos algumas das peças mais importantes e belas do acervo, com as alfaias

de ouro e prata, as peças sacras e a imagem do Senhor Morto”, explica o administrador do Convento, professor Elias da Mota. A restauração de parte do Convento, depois de quase 400 anos, é inevitável, embora seja feita com extremo cuidado, por conta do tombamento feito pelo Iphan. “Não fazemos obras grandes, mas as reformas e restaurações na estrutura são inevitáveis, principalmente pela ação do tempo”, explica a madre Maria Lúcia. O objetivo das restaurações é o de possibilitar a visitação completa ao Convento.

ara que o projeto de revitalização seja possível, a administração local busca apoio governamental e investe em eventos para arrecadar receita. Um salão, a Igreja e o pátio de um dos claustros são alugados para festas, casamentos, batizados ou aniversários. Todos os eventos são ligados a cerimônias religiosas. A publicitária Larissa Pinto e o marido, Ricardo Franco, escolheram a Igreja de Santa Clara do Desterro para a cerimônia religiosa de seu casamento. Para o casal, a escolha não poderia ter sido melhor: “A Igreja de Santa Clara do Desterro é parte da história de uma Bahia colonial, rica em cultura e religiosidade. Por isso a escolhemos”, explica Larissa. “A gente está dinamizando todo o Convento na parte estrutural. A intenção é torná-lo completamente visitável e, para isso, estamos trabalhando na revitalização através dos eventos e também na segurança”, explica Elias da Mota. Mas, mesmo sem nada de concreto e institucionalizado como museu,

Fotos: Tatiana Souza

Ao tempo em que as pesadas portas de madeira, com inscrições nos portais e cuidadosamente trancadas em fechaduras de estilo barroco, escondem mistérios da rotina das antigas moradoras, os detalhes explícitos nas arcas que enchem os corredores, remetem a um dos motivos que fizeram do Convento do Desterro um dos mais ricos do país: as doações de peças que compõem o acervo eram feitas por parte

das próprias noviças, filhas de famílias abastadas, muitas vezes sem a menor vocação para a vida religiosa, que chegavam à clausura por imposição dos pais ou maridos. Entre os elementos que mais chamam a atenção, destacamse o altar-mor da Igreja, em estilo neoclássico, restaurado radicalmente em 1844; a imagem da Santa que empresta o nome ao Convento; o Cristo Morto, na Capela Interna do Santíssimo Crucifixo dos Passos; e o quarto onde viveu a fundadora do convento, a Venerável Vitória da Encarnação, onde se encontram relíquias datadas de 1715. A Roda dos Expostos ou Parlatório é uma atração à parte. Feita em madeira, com base giratória, é uma das peças mais polêmicas e que despertam a curiosidade de historiadores, pesquisadores e visitantes. A Roda, como era conhecida, funcionava como meio de comunicação das freiras, em regime de clausura estrita com o mundo exterior. Tudo que vinha de fora passava pela Roda dos Expostos.

Fotos: Tatiana Souza

Convento do Desterro

aqui”, declara. A madre Maria Lúcia completa: “A originalidade do nosso acervo chama muito a atenção dos visitantes. As peças são intocadas, nunca sofreram nenhuma intervenção”. Mas os atrativos não se resumem à arquitetura e ao acervo iconográfico e sacro da Igreja e do Convento. Uma tradição de mais de 300 anos, iniciada pelas irmãs clarissas, passadas às franciscanas e que permanece até hoje, é a fabricação de sequilhos doces e licores digestivos, nas dependências do Convento. Em tempos de festas juninas, as garrafas do licor, feito de forma completamente artesanal, são disputadíssimas. O mais famoso deles, o licor de rosas, compete de perto com o tradicional sabor do de jenipapo, e a produção chega a uma média de 800 garrafas por ano. Informações

O convento tem hoje 13 irmãs franciscanas

o Convento, cheio de histórias para contar, recebe muitos turistas, principalmente estrangeiros ou de outros estados. “O pessoal se encanta pela arquitetura e fala muito da paz que encontra

úteis

Imperial Convento de Santa Clara do Desterro Endereço: Rua Santa Clara, s/n, Nazaré, Salvador - Bahia Telefone: (71) 2203-4000 Visitas: Área do Convento e Igreja de Santa Clara - de segunda a sexta, das 08h às 11h e das 14h às 16h

Pátio interno conserva desenho original Viver Bahia | 19


Foto: Divulgação

Costa das Baleias

Gigantes do litoral

Com 40 toneladas de peso e mais de 15 metros de comprimento, as baleias Jubarte passam a habitar o litoral sul da Bahia a partir de julho n Gabriel Carvalho

N

a Bahia, o mês de julho é considerado de alta estação, com a chegada de milhares de turistas que vêm de todas as partes do Brasil e do mundo. Os visitantes desembarcam na Boa Terra em busca de sol, praia, aventuras e agitos. As condições são perfeitas, pois o clima é agradável, geralmente com sol, mas calor de verão. A água do mar fica com temperatura média de 20 graus, ideal para mergulho e outras práticas aquáticas. E é nesse embalo que chegam à Bahia hóspedes de todos os cantos do

planeta, entre eles as baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) que começam a deixar a Antártida no mês de junho, com destino aos mares baianos, onde permanecem até dezembro. Após aproximadamente dois meses de viagem, os mamíferos gigantes, que chegam a pesar 40 toneladas e medir 16 metros de comprimento, aparecem em diversos pontos do litoral baiano, como Praia do Forte, Morro de São Paulo e Itacaré, mas é principalmente no Extremo Sul que eles fazem a festa nas águas que banham os municípios da zona turística batizada Costa das Baleias. Prado, Mucuri, Caravelas, Nova Viçosa, e Porto Seguro, apesar de estar situado na Costa do Descobrimento, recebem esses ilustres visitantes, que saltam

e mergulham, encenando um verdadeiro espetáculo nas águas mornas do mar da Bahia. O turismo de observação dos grandes mamíferos aquáticos na Bahia é acompanhado de perto pelo Instituto Baleia Jubarte (IBJ), criado há quase duas décadas. O IBJ conta com uma equipe formada por biólogos e pesquisadores, que realizam um bem-sucedido monitoramento em Praia do Forte, no Litoral Norte, e em Prado e Caravelas, no sul do Estado. Este segmento é uma das atividades ecoturísticas que mais crescem no mundo por permitir aos visitantes o contato sustentável com os animais, em seu habitat natural. Os pesquisadores do instituto aproveitam os passeios para colher dados científicos, observar o comportamento das jubarte e

sua interação com as embarcações. “Atualmente o turismo de observação de baleias é a principal ferramenta dos ambientalistas para garantir o fim da caça a esses mamíferos. Além disso, representa um importante instrumento de conservação de diversas espécies de cetáceos, agregando o valor econômico dos animais diretamente à sua proteção e conscientizando a sociedade em geral”, afirma o biólogo Sergio Cipolotti. Para fazer os passeios, que chegam durar quatro horas, os turistas têm antes de participar de palestras e tomar ciência de algumas regras para ter contato com as baleias (ver boxe ao lado).

Visitantes devem obedecer às normas Não aproximar embarcações de qualquer espécie de baleia, com o motor engrenado. Para isso, os barcos devem ficar a 100 metros de distância do animal e desligar o motor se o animal se aproximar voluntariamente. Também é proibido seguir qualquer baleia por mais de 30 minutos, com o motor ligado, ainda que respeitadas as distâncias. Recomenda-se não interromper, tentar alterar ou dirigir o curso de deslocamento de cetáceos (baleias e golfinhos) de qualquer espécie. Não é permitido também dividir ou dispersar grupos

nem produzir ruídos excessivos a menos de 300 metros do animal. Não despejar qualquer tipo de detrito. Evitar aproximação, caso outra embarcação esteja próxima do grupo ou indivíduo em observação. Não mergulhar ou nadar junto às baleias.

Turistas recebem orientações

No mês de junho as baleias jubarte deixam a Antártida e chegam ao litoral baiano, onde permanecem até dezembro 20 | Viver Bahia

Viver Bahia | 21


Terceira Idade

Sob o signo das Águas Cipó, Jorro e Itaparica proporcionam passeios tranquilos e relaxantes nas cascatas de águas termais e ditas milagrosas

Mamíferos chegam a outras costas

Mergulho dos mamíferos é um espetáculo à parte

Belezas naturais completam cenário paradisíaco Considerados os melhores pontos do Atlântico Sul para a estada das baleias, os mares da costa baiana também impressionam pela beleza de suas praias. Em Caravelas, a 822 km de Salvador, as praias de Iemanjá e de Grauçá encantam os turistas que ali chegam para passar uns dias. Perto da sede, a cerca de 70 km, no Parque Nacional de Abrolhos, a visibilidade proporcionada pela transparência do mar pode chegar a 20 metros, o que torna ideal a prática do mergulho, o que permite a visualização de espécies marinhas e corais próprios daquela região. Tartarugas e budiões também habitam os mares de Abrolhos. O embarque para o Parque Nacional também pode ser feito das cidades de Alcobaça, Nova Viçosa e Prado. Das cinco ilhas do arquipélago, apenas em Siriba as atrações são os ninhos de atobás, aves que habitam o 22 | Viver Bahia

local em determinada época do ano. A maior parte dos passeios dura um dia, mas há também expedições com a opção do pernoite. Quem busca mais agitação tem em Nova Viçosa uma boa opção. As badaladas praias de Lugar Comum, Pau Fincado e Pontal da Barra estão situadas dentro da orla marítima da cidade. A Festa da Baleia Jubarte, que este ano ocorreu entre os dias 24 e 26 de julho, reuniu milhares de pessoas, com a apresentação de shows, exposições sobre os mamíferos aquáticos e um pequeno festival gastronômico com as delícias do local. Na Costa das Baleias, os pratos que mais fazem sucesso são as moquecas feitas à base de frutos do mar. Em Mucuri, as falésias coloridas de até 15 metros de altura chamam a atenção de quem passa pela cidade, que está mais próxima do estado do Espírito Santo.

Em Morro de São Paulo, na Costa do Dendê, também é possível fazer passeios que permitem a visualização das baleias. Os barcos saem as terças, quintas e sábados, a partir das 11h. Durante o trajeto, que dura até quatro horas, é possível contemplar um visual paradisíaco das praias e também das paisagens da região. Já em Praia do Forte, onde os passeios de barco são diários, é possível conhecer pontos turísticos importantes, como a visita ao Castelo Garcia D’Ávila, a sede do Projeto Tamar, e a Reserva de Sapiranga. Praias desertas, badaladas e com piscinas naturais também fazem parte do cenário local. Informações

úteis

Empresas especializadas em passeios para observação de baleias Praia do Forte Porto Mar Passeios Turísticos: (71) 3676-0101 (passeios de 3h a 4h – R$155 adulto e R$90 crianças de 5 a 10 anos) www.portomar.com. br Rua Aurora 1, Praia do Forte, município de Mata de São João. Saídas diárias a depender das condições climáticas. Caravelas Abrolhos Turismo: (73) 3297- 1149 e (73) 3297-1332 (passeios de 6h – R$230 grupo 4 pessoas) e-mail: abrolhosturismo@uol.com.br Morro de São Paulo Rota Tropical Turismo: (75) 3652-1284 (passeios de 4h –R$120 por pessoa) www. morrodesaopaulobrasil.com.br. Saídas as terças, quintas e sábados. Instituto Baleia Jubarte www.baleiajubarte.com.br - Tels: (71) 36761463 / 8127- 8983 (73) 3297-1340 / 8102-4058

n Clarissa Pacheco

A

pesar do litoral estonteante, a Bahia não é só um destino de sol e praia. Em pleno sertão, a visitação a fontes termais proporciona outro tipo de atividade turística: passeios tranquilos e relaxantes, onde o importante é esquecer a rotina das grandes cidades ou simplesmente aproveitar o tempo livre. É caso da cidade de Caldas de Cipó, a 242 km de Salvador,

e do distrito de Caldas do Jorro, pertencente ao município de Tucano, a 270 km da capital. Os roteiros de águas termais, no nordeste do Estado, transformam-se em cenários perfeitos para o turismo da terceira idade, um dos maiores públicos de turismo segmentado na Bahia. De acordo com pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), entre 2008 e 2009, 5,5% dos turistas que vieram à Bahia têm 60 anos ou mais. Roteiros especializados, com passeios tranquilos e direcionados, sem a agitação das grandes cidades, como é o caso de Cipó e Caldas do Jorro, são perfeitos e se consolidam como alguns dos principais destinos

para esse segmento. “Percorro 260 quilômetros, da cidade de Nossa Senhora do Socorro (Se) até aqui, de mobilete, para chegar ao Jorro e relaxar tomando banho nessa água que chega a 48 graus”, garante o motorista aposentado José Francolino da Silva, 76 anos. A pequena cidade de Caldas de Cipó ainda conserva a arquitetura dos anos 1950. O ar bucólico dos anos dourados mantém-se nas principais ruas e na Praça Juracy Magalhães, endereço do Grande Hotel Caldas de Cipó, considerado um dos maiores pontos de visitação do lugar. O antigo cassino, centro de diversão da alta sociedade de outrora, que impulsionou o turismo

Foto: Tatiana Souza

Foto: Divulgação / Rota Tropical

Foto: Enrico Marcovaldi

Costa das Baleias

Fontes termais agradam ao público da terceira idade e fomentam o turismo local Viver Bahia | 23


e lhe rendeu o apelido de Las Vegas Baiana, não se encontra hoje aberto à visitação, mas continua a encantar e a despertar a curiosidade de moradores e visitantes vindos de todas as partes. No período entre dezembro e fevereiro e o mês de julho, melhores épocas para o turismo nos dois lugares, a população se mistura aos visitantes que procuram as cascatas de águas termais, entre 35 e 48ºC, cuja composição, usada em processos terapêuticos, é considerada uma das melhores do mundo. Em Cipó e em Jorro, as águas são mais quentes, mas os que preferem temperaturas um pouco mais baixas podem procurar a vila de Jorrinho. “Lá, as pessoas vão com mais frequência no verão, porque a água é mais fresca, mas, no inverno, a temperatura em Jorro e Cipó é excelente”, diz a professora Maria de Lourdes Oliveira, 58 anos, que já percorreu os dois roteiros em busca de descanso e tratamento através da medicina alternativa. Belezas naturais – O turista que procura as cidades em busca de belezas naturais tem opções de sobra para se divertir. Em Cipó, o Rio Itapicuru, o Parque das Águas Agenor Brito, as cascatas do Pau Ferro e de Água Termal, a Praia dos Torreões, as fontes Fervente, Ferventinho, Rio Quente, Talhado, Olho D’Água e da Lage, além dos jardins que emergem da caatinga, são alguns dos presentes da natureza para o visitante. “Vem muita gente aqui nas férias. Esse é o nosso pico de visitas de turistas, e as piscinas de águas quentes são as mais procuradas”, explica a diretora de Turismo de Caldas de Cipó, Rosivânia Dias. Já em Caldas do Jorro, os poços de águas termais são famosos pelos poderes curativos. Para os mais reservados, é possível tomar um 24 | Viver Bahia

inaugurado por ninguém menos que o próprio Getúlio. Em função disso, a arquitetura da região se faz mais um elemento de visitação e apreciação pelos visitantes e moradores, que não se cansam de admirar os moldes dos anos 50. “A Praça Juracy Magalhães (ou Praça das Águas), é um conjunto arquitetônico. Tem o antigo cassino, o Grande Hotel, que estão desativados, mas ainda causam curiosidade nas pessoas da cidade e nos turistas”, diz Miriam Farias, responsável pela Pousada Sol Nascente, uma das oito hospedarias do lugar, que ainda garante: “Os idosos, com certeza, são a maioria do nosso público”.

Foto: Tatiana Souza

Terceira Idade

Temperatura da água, que pode chegar aos 48º C, ajuda a circulação do sangue

banho de águas quentes nos hotéis próximos às fontes, sem precisar ir às bicas públicas, localizadas na Praça Ana Oliveira, na vila de Jorrinho, ou no Parque das Águas, que conta com banheiros de águas quentes, piscinas, dois toboáguas, além de bares e restaurantes. As “águas milagrosas”, como são conhecidas, dividem a atenção dos turistas com a culinária típica local. O bode assado e o cordeiro na brasa, pratos típicos do sertão, não são menos privilegiados em Jorro, e constituem-se como os mais pedidos da praça. “Conheci Jorro em 1966. Na época, só havia três hotéis, e a estrutura para a água quente jorrar era só uma bica. Gostei tanto que depois comprei uma casa aqui. Às vezes venho e passo um tempo e vou para Salvador, Caetité, Simões Filho e volto. Isso aqui é um paraíso para as

‘meninas’ de 80 anos. É uma bênção e deveria ter mais propaganda”, diz a professora aposentada Ivani Silveira, 67 anos, moradora de Caetité, no sertão baiano. Arquitetura de Cipó – Passear por Cipó é, além de uma atividade turística com satisfação garantida, uma boa pedida para o público da terceira idade. A nostalgia se faz presente em cada rua da cidade, ainda marcada pelos ares dos anos dourados. Na década de 1950, a alta sociedade baiana tinha destino certo. O grande cassino era frequentado pelos senhores da alta sociedade baiana e por grandes nomes do empresariado e da política, a exemplo do presidente Getúlio Vargas. Não é à toa que o Grande Hotel Caldas de Cipó, hoje aberto à visitação do público, foi

Custo – Um das vantagens de se fazer turismo em Jorro ou Cipó é o custo benefício. Os preços das diárias são baixos e o visitante pode curtir o passeio sem grandes preocupações com as contas da estada ou alimentação. Em um hotel ou pousada, a diária pode variar de R$15 a R$ 40, a depender da época do ano. A alimentação, preparada com produtos típicos locais, também não fica atrás. A rede hoteleira é bastante diversificada, com hotéis, pousadas e pensões, totalizando hoje mais de mil leitos para abrigar o visitante.

Ilha de Itaparica também oferece circuito de águas

P

ara quem prefere uma opção mais próxima da capital, a Ilha de Itaparica é uma ótima alternativa. Distante 13 km de Salvador, via sistema Ferry-boat, a única fonte hidromineral à beiramar das Américas guarda parte da história baiana e remete o visitante a antigas lendas do período colonial. Uma rima clássica, criada pelo frei Manoel de Santa Maria Itaparica, está registrada nos azulejos do local: “Ê! Água fina, faz velha virar menina!”. A frase parece se encaixar perfeitamente em um roteiro turístico voltado para a terceira idade. Além das belezas da Ilha, a mais famosa da Baía de Todos-os-Santos, com quilômetros de praias e belezas naturais, a cidade de Itaparica guarda também detalhes culturais com certa particularidade e indiscutível importância para o Estado. Durante a guerra pela Independência da Bahia, o Forte de São Lourenço representou grande resistência e hoje é um dos principais pontos de visitas do lugar, prova de que nem só de atrativos litorâneos vive o turista na Ilha de Itaparica e arredores. Foto: Tatiana Souza

A Fonte da Bica, construída em 1842, é uma atração à parte na Ilha de Itaparica

Fonte da Juventude – A Fonte da Bica, como é oficialmente chamado o principal reduto de visitantes da terceira idade, foi construída em 1842 e oficializada como estância mineral em 1937. É procurada principalmente pelos poderes medicinais, águas a 20ºC e com propriedades curativas para doenças do fígado e baço. Diz a lenda que as águas da fonte têm poderes curativos e trazem de volta a juventude dos que as usam de diversas formas: para beber, cozinhar, tomar banho. A dica é levar um copo para beber água direto da bica, principalmente após as refeições. De acordo com o arquiteto e engenheiro José Carlos Ganem Harfush, 72 anos, baiano de Salvador, que se autointitula amante da Ilha, houve muitas mudanças ao longo dos anos. “A bica tinha um aspecto muito rústico e a água era distribuída na cidade com carotes de madeira, carregados por burricos. Tinha uma tradição de família que cada pessoa ia à bica duas vezes por dia buscar água em uma garrafa. Era como um ponto de encontro, onde as pessoas buscavam a água e tomavam o mingau de tapioca”, explica Harfush, que teve na companhia do amigo João Ubaldo Ribeiro, natural de Itaparica, um incentivo para pesquisar a história do lugar. E não são apenas as tradições familiares que perpassam o itinerário turístico do lugar. Dizem os antigos moradores que as três torneiras da fonte – antigamente em bronze – são milagrosas: uma traz sorte, a outra saúde e, por último, uma delas promete juventude. O arquiteto brinca com a lenda e diz que não duvida dos poderes da água. “Ela tem suas qualidades!”. Viver Bahia | 25


Turismo – Em Itaparica, a Fonte da Bica é um dos maiores atrativos para visitantes idosos. “A terceira idade é uma das mais valiosas fontes de renda para o turismo de Itaparica. O pessoal da maior idade aprendeu a viajar”, defende Harfush, que frequenta o lugar desde criança, há mais de 60 anos. Para o proprietário de uma antiga pousada no lugar, Sérgio Caldas, a cidade de Itaparica é procurada também pela possibilidade de descanso. Para ultrapassar a barreira da acessibilidade, Sérgio construiu um quarto adaptado para idosos no hotel, que possui dez apartamentos. “Criamos um apartamento para facilitar o acesso de idosos, sem escadas”. Embora o acesso ainda seja uma barreira no lugar, o público de idosos está crescendo. “Normalmente eles não vêm por conta própria, mas acompanhados de familiares, com o intuito de conhecer o lugar ou pegar água da Bica, por exemplo”, explica Sérgio. E não são apenas os hotéis que lucram com os visitantes. Na verdade, muitos dos idosos que vão a Itaparica a passeio, acabam optando por alugar casas, o que oferece maior conforto e privacidade. A proprietária de um hotel nas proximidades da cidade, Nara Magalhães Fraga Lima, confirma a teoria. “A maioria das pessoas da terceira idade vão para as casas alugadas também por conta da acessibilidade”, explica. Para atrair um maior número de visitantes para os demais pontos turísticos da cidade, donos de hotéis e pousadas buscam parcerias para projetos que possibilitam outras atividades aos idosos, como passeios e caminhadas. * Colaborou Tereza Torres

26 | Viver Bahia

Informações

úteis

Caldas de Cipó Como chegar: Podem ser utilizadas duas estradas para se chegar a Cipó. Através da BR-101, seguindo até Alagoinhas. Na entrada da cidade, subir o viaduto pela direita, passando pela BR-110 e, logo após o Posto Rodoviário Federal, entrar à esquerda em direção a Inhambupe. Ou pode-se pegar a BR-324, passando por Feira de Santana e, já em Serrinha, entrar para a estrada que passa em Biritinga, alcançando a BR-110 em Nova Soure. Onde ficar: Pousada Encontro das Águas Avenida D. Pedro II, nº 177, Centro, Tel.: (75) 3435-1975 Pousada Portal de Cipó - Avenida D. Pedro II, s/n, Centro Pousada Sol Nascente - Praça da Bandeira, nº 38, Centro, Tel.: (75) 3435-1184 Pousada Thermas - Avenida D. Pedro II, nº 177, Centro, Tel.: (75) 3435-1167 Pousada Terra das Águas - Rua Rui Barbosa, nº 264, Centro, Tel.: (75) 3435-1625 Onde comer: Churrascaria Terra das Águas Rua Rui Barbosa, nº 264, Centro, Tel.: (75) 3435-1625 Lanchonete e Restaurante Dadajú - Praça Juracy Magalhães, s/n, Centro, Tel.: (75) 3435-1291 Restaurante Bode na Brasa - Rua Duque de Caxias, nº 57, Centro, Tel.: (75) 3435-1386 Caldas do Jorro Como chegar: Está situada a 250 km da capital baiana. O acesso, a partir de Salvador, é pela BR-324 até Feira de Santana, de onde se segue pela BR-116 até Tucano e depois pela BA-410 até Caldas do Jorro. Para quem quiser visitar as duas Estâncias Hidrominerais, existe a Estrada do Buri, que liga Caldas do Jorro até Caldas de Cipó, passando por Tucano. Onde ficar: Caldas Palace Hotel - Rua José Carlos Arleu, nº 210, Centro, Tel.: (75) 3256-1871 Hotel Balneário - Praça Ana Oliveira, Centro, Tel.: (75) 3256-1228 Hotel Bela Vista - Rua Praça Valdeck V. Ornelas, nº 53, Centro Hotel Pousada do Jorro - Praça ACM, nº 48, Tel.: (75) 3256-1146 / 3256-1133 Onde comer: Restaurante Eli - Praça Ana Oliveira, nº 06, Centro, Tel.: (75) 3256-1875 - Diariamente, das 12h às 22h

Entrevista: Pola Ribeiro Tucano

Estrada do Buri

Nova Soure

Biritinga

Serrinha

Inhambupe

Alagoinhas Feira de Santana

Bom Despacho

Restaurante Manga Rosa - Rua Padre José Gumercindo, nº 33, Centro, Tel.: (75) 32561472 Restaurante Tia Joana Rua Cleriston Andrade, nº 146, Tel.: (75) 3256-1178 - Diariamente, das 12h às 22h Itaparica Como chegar Via Marítima: A Ilha de Itaparica fica a 45 minutos de Salvador – 12 milhas náuticas – com os acessos facilitados por sua integração ao sistema Ferry-boat, 71 3254-1020 e catamarã, que liga o Terminal de São Joaquim, em Salvador, ao de Bom Despacho, na Ilha. Se preferir, a travessia pode ser feita em lanchas que partem do Centro Náutico da Bahia para Mar Grande. Em Bom Despacho, existe kombis lotação e ônibus que interligam as diversas localidades da Ilha. Como chegar Via Aérea: O Aeroclube da Bahia, em Itaparica, tem capacidade para receber aviões de porte médio, tipo Fokker-50, Bandeirantes e Brasília.

Baía de Todos os Santos

Santo Amaro Cachoeira São Felix Muritiba

Onde ficar: Condomínio Costa Oeste, Tel.: (71) 3631-3233 Hotel Icaraí, Tel. - (71) 36311110 Hotel Guarujá - Tel.: (71) 36314008 Pousada Canto da Praia Travessa do Coqueiral, 20 (Praia de Ponta de Areia), 3 km da Ilha de Itaparica – BA, Tel.: (71)3631-4237 - www. pousadacantodapraia.com.br Onde comer: Farofa do Gregório - Rua 25 de Outubro – Centro, Tel.: (71) 36312458 Pousada Jardim Tropical Estrada da Rodagem – Ponta de Areia, Tel.: (71) 3631-1625 Restaurante O Pandelles - Praça Tenente João das Botas Restaurante do Negão - Largo da Quitanda, 09 – Centro, Tel.: (71) 3631-1797 Namastê Itaparica - Av. 25 de Outubro – Marina de Itaparica, Tel. (71) 3631-1251

“A Bahia já é um grande polo de produção e exportação de audiovisual”

Foto: Rita Ribeiro

Terceira Idade

Comunicólogo por formação, o baiano Pola Ribeiro encontrou no cinema uma forma diferente de entender o ambiente em que vive e mostrar a Bahia para o mundo. A terra natal – celeiro inesgotável de cultura, história e turismo – tem sido cenário de grandes produções do cinema nacional, além de já ter se consagrado como berço de grandes cineastas, como Glauber Rocha, imortalizado através de Deus e o Diabo na Terra do Sol. Autor do premiado Por Exemplo, Caxundé, o cineasta e atual diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) fala sobre a produção audiovisual baiana e a vocação do Estado para receber e enviar grandes produções do cinema mundial. Viver Bahia | 27


VB - A Bahia é tema de seus trabalhos, como A Lenda do Pai Inácio e Três Histórias da Bahia. De que forma você vê o Estado como um polo produtor de audiovisual? PR - Meus filmes sempre trataram de Bahia, porque eu fiz cinema também para me entender no mundo e aproveitei esse olhar para entender a cidade de Salvador. Até hoje vivo nessa luta de usar a imagem como uma forma de investigação. Acho que a Bahia tem tudo: cenários, biomas diferenciados e arquitetura. Fora de cenário, tem os elementos mais vivos do audiovisual: música, texto – afinal, quando se fala dos escritores baianos temos Jorge Amado. A Bahia tem uma cultura forte, com necessidade imensa de se expressar e dialogar com o mundo. O que falta é construir pontes que permitam ao baiano trafegar com mais facilidade. E a Bahia recebe muito bem, como já dizia Gregório de Matos: “Madrasta para os naturais e para os estrangeiros, mãe”. No nosso interior foram rodados grandes filmes do Cinema Novo. Hoje, um turista é capaz de ir ao sertão de Canudos para conhecer a riqueza que viu no cinema. Desde Você já foi à Bahia?, de Walt Disney, o Elevador Lacerda estava em cena no cinema e foi visto em todo o mundo, aí vamos para O Pagador de Promessas, o nosso Cannes. À Beira do Caminho foi rodado agora aqui e é um road movie no Brasil. Mesmo quando não está sendo representada, a Bahia representa o Brasil. VB - Jorge Amado é um dos maiores difusores da cultura baiana por meio dos livros e estes vêm sendo transformados em filmes ultimamente, como é o caso de “Quincas Berro 28 | Viver Bahia

A Bahia tem uma cultura forte, com necessidade imensa de se expressar e dialogar com o mundo. O que falta é construir pontes que permitam ao baiano trafegar com mais facilidade.

Viver Bahia - Você é formado em comunicação. Como começou sua carreira como cineasta? Pola Ribeiro - Quando me formei em comunicação já estava fazendo filme. Comecei com um curso promovido pelo cineasta e produtor cultural baiano Guido Araújo, do Grupo Experimental de Cinema, e lá encontrei com o Roberto Duarte, antigo colega de ginásio, que havia acabado de chegar de São Paulo, com um novo filme. Aí pensei: esse negócio é mais perto do que eu imaginava. Tomei consciência do cinema produzido na Bahia e percebi que não era algo inatingível, feito por pessoas que moravam nos Estados Unidos. Foi tudo muito rápido. Comecei a pegar a câmera e tomar intimidade com a imagem. Com três amigos, fiz o primeiro filme, A Conversa, em 1975. Aí senti o peso de fazer cinema, porque esse filme foi preso pela ditadura militar. O roteiro era de Maia Neto e contava a história de um escritor que recebia a visita de um censor e tinha um poema que comparava o ato de escrevê-los com o de fazer um canhão.

d’Água”, lançado no mês passado. De que outra maneira a Bahia pode ser representada? PR - Há novos escritores, novas histórias e uma nova Bahia. Enfrentamos problemas que não eram da época. Como dizia Caymmi, “Adagilza mandou dizer que a Bahia está viva e ainda lá porque as coisas estão acontecendo”. Tem os artistas da Bahia, o filme de Tom Zé, de Jorge Alfredo, Novos Baianos, de Henrique [Dantas], a história paulista de Dinorah do Vale, mas que Fernando [Baldaia] rodou aqui e é universal. A Bahia é um celeiro inesgotável. O Brasil vive muito da cultura que a Bahia produz. Estamos dando visibilidade a isso e fazendo com que a Bahia também se desenvolva e tenha condições tanto de receber as filmagens de longasmetragens milionárias, como a gente também produzir aqui com nosso olhar, com as nossas discussões, nossos pontos de vista.

VB - Outro longa da obra de Jorge é Capitães da Areia. Mais uma vez o cotidiano da Bahia é retratado pelo cinema. É este o caminho certo? PR - A história da Bahia, a Revolução dos Búzios, Dois de Julho e o próprio Descobrimento do Brasil são temas fantásticos. O cotidiano que o baiano vive hoje é extremamente rico e multifacetado. As coisas estão acontecendo. É no conflito que surgem os temas. A Bahia é terra muito amorosa, de muitas músicas e cores. Aqui não falta tema para ser rodado. Agora, queremos mais. Queremos que, além dos temas baianos, a Bahia possa abrigar produções que falem de outras coisas, mas que tragam os recursos para cá, que convide músicos populares, eruditos ou de jazz para trabalhar. Temos a orquestra Rumpilezz, a de Bira Marques, a Neojiba, Ricardo Castro, Carlinhos Brown. A parceria do cinema com o turismo é muito rica porque estrutura um discurso local, estrutura economicamente as pessoas que trabalham na área e divulga isso para que novos turistas venham se encantar com a Bahia. VB - Na maioria das vezes, a Bahia é o tema central dos roteiros, embora o Estado não produza tanto quanto o eixo Rio-São Paulo. No entanto, grandes nomes saíram daqui, como Glauber Rocha. Como se encontra o mercado de produções baianas atualmente? PR - Tem espaço para todos, só que aqui tem também as belezas naturais e toda essa riqueza original. O interior é riquíssimo. A Bahia é uma festa do audiovisual. Hoje, estamos construindo uma política de consolidação, pensando não simplesmente em curto prazo, mas em estruturar as empresas do setor para que elas possam entrar em regime de co-produção com empresas de fora. O Bahia Film Comission, que trabalhou como projeto durante muito tempo, foi legalizado neste governo e formamos um grupo de trabalho, uma comissão, que envolve várias secretarias do Estado para pensar o audiovisual e formas de atrair e viabilizar a vinda de produções de outros países e de outros estados para a Bahia. Trata-se de uma estrutura profissional, com pensamento sério, de longa duração, que visa estruturar o mercado, capacitar profissionais em todas as áreas, desde as técnicas e as de produção até a jurídica, de contabilidade e administração, que proponha políticas públicas, dando conta da complexidade da criação audiovisual, que envolve novos cineastas, novas propostas de linguagem, o cinema mais comercial, combinadas com políticas nacionais para aumentar o parque de exibição de salas de cinema. A ideia é dar conta dessa riqueza que a Bahia tem e que atrai a curiosidade de brasileiros e estrangeiros. Em Nova Iorque, o grande desejo das pessoas é vir à Bahia. Esse é um

Foto: Rita Ribeiro

trabalho que está sendo feito como um todo, com a Bahiatursa e a Secretara de Turismo criando estruturas para receber. Esse é um trabalho integrado que envolve a Bahia Film Comission e que vai além das questões diretamente vinculadas ao audiovisual. Quando uma pessoa filma numa cidade, ela quer saber se tem aeroporto próximo, se tem porto, se a estrada funciona, se tem hotéis, como são as relações de segurança. Tudo isso faz com que o produtor saia de um estado e vá para outro empreender uma produção. VB - A grande quantidade de longas-metragens sendo rodados aqui na Bahia pode ser considerada uma forma de impulsionar o turismo? PR - Isso se dá de várias maneiras porque quando você faz um filme, faz um evento. Os festivais que acontecem na Bahia trazem gente de fora, de outros países. A atividade cinematográfica é a que mais proporciona eventos, ao tempo que mais visibilidade dá, embora se tenha o poder da música, que também é nossa e está no cinema. O cinema é uma atividade completa, que trabalha com todas as artes, e se divulga no rádio, televisão, cartaz, outdoor, internet. Move toda uma cadeia de produção que divulga o Estado. As ações do Bahia Film Comission devem ser encaradas como ações multisetoriais. Quando você traz uma produção para a Bahia, os atores vêm para cá, hospedam-se nos hotéis e vão aos restaurantes, movimentam a economia. A imagem deles circulando divulga esses ambientes. A Film Comission já trabalhou na sede da Secretaria de Cultura, depois mudamos para o Forte do Barbalho. Agora estamos instalando a Comissão dentro do conceito que queremos, de ser um pequeno escritório, mas que possa se articular com as organizações e as estruturas que existem no Estado para facilitar a vida dos produtores de audiovisual que querem filmar aqui. VB - Um dos maiores sucessos rodados por aqui, “Ó Pai, ó”, foi um grande difusor da cultura baiana. Como avalia a produção, do ponto de vista de divulgação do destino turístico Bahia? PR - Ó Pai, ó é incrível porque está no Carnaval, no Pelourinho. Um texto de verdade, muitas vezes sofrido e que se transforma naquela comédia que vai para o cinema e vira uma série de TV, vira pop. É bom para a Bahia porque as pessoas querem ver onde foi filmado. O filme Cidade Baixa (2005), por exemplo, retrata uma Bahia maravilhosa, cheia de histórias, mas é um filme de câmeras fechadas. Ao mesmo tempo, pega o primeiro cartão-postal da Bahia, a fachada do Elevador Lacerda, e mostra o pôr do sol, o nascer do sol, o meio-dia e a noite. Os outros filmes,

descobrimento da Bahia (Brasil) e Kirimurê sobre a Baía de Todos-os-Santos. Imagina a Bahia exportando jogos eletrônicos de música baiana! Estamos desenvolvendo também um pequeno polo de desenho animado, que pode crescer, e está sendo feito um longa de desenho animado aqui. VB – Em O Jardim das Folhas Sagradas (2007), você fala de tradição e religiosidade. Essa temática costuma prevalecer em seus trabalhos? PR - O que se reproduz em muitos dos meus trabalhos é memória e cotidiano. A cidade de Salvador e a Bahia estão muito presentes. Com a câmera, conseguia trafegar com mais agilidade e trazer de volta um material que me ajudava a refletir. É um mergulho numa área em que eu tinha um desconhecimento muito profundo.

um pouco de Novos Baianos, um pouco de Riachão, um pouco de O Jardim das Folhas Sagradas, de Pau Brasil, de Cascalho: juntando isso tem uma Bahia maravilhosa, bonita de se ver.

VB - Há outros cineastas baianos traçando caminhos na nova geração? De que forma o surgimento de novos nomes divulga a cultura e o potencial turístico do Estado? PR - Era desejo de todos estruturar uma política forte de audiovisual da Bahia. Você não consegue fazer isso simplesmente com uma assinatura... Fizemos uma pesquisa rigorosa com o professor Paulo Migueis, fizemos um diagnóstico da atividade, construímos uma política junto à Ancine. Ou seja, estruturamos uma base. Formou-se a Bahia Film Comission, para que pudéssemos dar uma deslanchada nos próximos anos. Se formos nós que estaremos aqui ou não, a ideia é que se tenha uma política delineada. Vejo novas gerações se formando e produzindo com tecnologias novas. E vejo a criação de escolas, com muito bons olhos. Hoje não temos apenas diretores de cinema. Temos técnicos, pesquisadores e começamos a ter também administradores que querem trabalhar com isso. Não existe mais aquele pensamento de que são os malucos que querem trabalhar com cinema. Há malucos em todas as áreas. Os que fazem cinema talvez sejam mais felizes quando se relacionam com empresas que viabilizam a construção de um audiovisual rico, compatível com a riqueza da Bahia.

VB - Quando ouvimos falar em cinema na Bahia, pensamos em longas. Mas há produção significativa de documentários e de curtas por aqui? PR - Estamos pensando o audiovisual de uma forma muito mais ampla, em tudo que é produção desse tipo: cinema, cinemão, longa-metragem, televisão pública e televisão privada. Quando filmamos o Carnaval, estamos filmando com todas as lentes da Bahia, levando o Carnaval para outros lugares do mundo. Pensamos em internet, jogos eletrônicos, games. Temos games do

VB - A Bahia pode se consolidar como um grande polo cinematográfico? Como? PR - A expectativa da Bahia é muito grande. Cruzamos um século XX riquíssimo e não podemos dizer que temos uma grande produção de cinema, mas nunca deixamos de ser representativos, com reconhecimento. Queremos agora mais afirmação da nossa identidade e da nossa diversidade como um povo especial que consegue fazer trocas culturais. O Brasil todo tem hoje um caldeirão muito rico e a Bahia é uma expressão muito forte disso.

Queremos que além dos temas baianos a Bahia possa abrigar produções que falem de outras coisas, mas que tragam os recursos para cá, que convide músicos populares, eruditos ou de jazz para trabalhar.

Foto: Rita Ribeiro

Entrevista: Pola Ribeiro

Viver Bahia | 29


Turismo Cultural

Veredas do Sertão Ponto de interseção de seis municípios do semiárido baiano, o Raso da Catarina é cenário de muitas lendas sobre Lampião e reduto privilegiado da vegetação da caatinga n Texto: Ana Paula Cabral n Fotos: Tatiana Souza

P

alco de um dos episódios mais marcantes da história do Brasil republicano, o território árido do sertão acolheu homens e mulheres, provenientes do fenômeno denominado Cangaço, que, de forma peculiar, e muitas vezes perversa, denunciou as desigualdades sociais existentes no Nordeste brasileiro. Situado num ponto de interseção de seis municípios da região do semiárido baiano, o Raso da Catarina foi cenário privilegiado de alguns dos acontecimentos inusitados que marcaram a passagem de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião, e seu bando, pela Bahia, em 1927, num dos momentos mais delicados do movimento, quando quase foi extinto, após sangrento combate com as volantes em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Considerada a vereda da região por reunir a maior abundância de vegetação na zona da caatinga, a área do Raso da Catarina pertence ao município de Paulo Afonso, distante 463 km de Salvador, mas está umbilicalmente interligada a outros cinco municípios do sertão da Bahia: Rodelas, Chorrochó, Canudos, Abaré e Jeremoabo. E foi exatamente por ser este um lugar estratégico, que Lampião o escolheu 30 | Viver Bahia

Algodão floresce em meio ao calor do sertão da Bahia

para recuperar suas forças e cooptar novos homens para o bando, junto com seus cinco seguidores que, como ele, sobreviveram à batalha de Mossoró. O primeiro apoio veio dos índios que habitavam a região. Exímios conhecedores do lugar, os pancararés auxiliaram os cangaceiros nas andanças pela caatinga e os ajudaram a encontrar esconderijos seguros, em um ambiente que não era dominado pela polícia nem pelos grandes fazendeiros da região, devido à uniformidade da vegetação da caatinga, que os confundia e os desnorteava. A amizade com índios foi crucial para Lampião recompor o seu bando. Incentivados pelos pais,

muitos índios da aldeia passaram a acompanhar o cangaceiro na sua jornada pelo Nordeste brasileiro. Além deles, outros nativos da região também se juntaram ao grupo. De acordo com o pesquisador João de Souza Lima, autor de cinco livros sobre o tema, durante a estada de Lampião no Raso da Catarina, entre 1928 e 1932, o grupo cresceu, chegando a totalizar 300 integrantes. Entre os 47 cangaceiros nativos, Português, um antigo residente do povoado do Juá, e o índio pancararé conhecido por Gato destacaramse e chegaram a guiar e comandar subgrupos que se espalhavam para escapar das perseguições. Gato foi um dos mais perversos seguidores de

Com formação de arenito, o “Dedo de Deus”, no Raso da Catarina, chama a atenção pela imponência

Viver Bahia | 31


Roteiros são acompanhados por guias locais e contam com serviços especiais

Turismo Cultural

Lampião, mas não foi o único índio da família a passar para a história. Seu pai, o índio Fabiano, havia sido um seguidor de Antônio Conselheiro – o beato que, sob a ótica religiosa, também se manifestou contra as desigualdades sociais e enfrentou o Exército brasileiro, no episódio que passou para a história como Guerra de Canudos. Anos antes de Lampião, o Conselheiro também se abrigou no Raso da Catarina. Em suas andanças pela Bahia, até chegar a Canudos, o beato passou algum tempo na tribo dos pancararés e, posteriormente, se estabeleceu em Chorrochó, onde ajudou a construir a igreja da cidade.

O

Os belos cânions do São Francisco roubam a cena na região

Título de mais bela ainda gera polêmica

O

Raso da Catarina também foi palco de outro tipo de renovação no Cangaço: o ingresso de mulheres no bando de Lampião. A primeira foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita. Casada com um sapateiro, Maria vivia um relacionamento conturbado e sempre retornava a casa dos pais nas épocas de briga com o marido. Foi numa dessas ocasiões que a futura Rainha do Cangaço conheceu Virgulino, com quem passou a viver até morte dos dois, em 1938. O primeiro encontro entre Lampião e Maria Bonita aconteceu na primavera de 1929. Acompanhado do fazendeiro e parceiro Odilon Café, Virgulino chegou a um casebre de taipa, com três cômodos, de onde se avista os belos Picos do Tará, no distante povoado de Malhada da Caiçara, hoje território de Paulo Afonso. O intuito era reforçar seu rol de amigos no trajeto dos cangaceiros 32 | Viver Bahia

Casa de Lídia, no Salgadinho

entre Bahia, Alagoas e Sergipe, e Odilon levou o cangaceiro na casa de seu irmão, José Gomes, conhecido como Zé de Felipe, para dar dois dedos de prosa. Ali, o cangaceiro viu e se enamorou pela sobrinha do amigo. Apesar de intitulada por Lampião como Maria Bonita, a alcunha de mulher mais bela do Cangaço não pertencia a Maria Gomes de Oliveira. Segundo os moradores mais antigos da região, o título de mais formosa pertencia à outra integrante do bando, originária da região: Lídia Pereira

de Sousa, filha de Luiz Pereira de Sousa, outro coiteiro de Lampião no Raso da Catarina. Numa das passagens do bando pelo local, Lídia teria se apaixonado por Zé Baiano e com ele seguiu viagem, ingressando no cangaço. As ruínas da casa onde a família de Lídia morava fica localizada no Salgadinho. No local, ainda reside um dos irmãos da cangaceira, José Luís Pereira, o Senhorzinho. Apesar da idade, 92 anos, ele ainda lembra dos velhos tempos. “Corisco e Lampião sempre passavam aqui. O nosso terreno servia de rancho para eles. Um vaqueiro do meu pai até chegou a seguir Lampião. Mas eu era pequeno ainda e não lembro de ter conhecido Zé Baiano”, conta Senhorzinho, cheio de simpatia. Do time de mulheres da região, recrutadas pelos cangaceiros, outra personagem marcante é a índia pancararé Catarina Maria da Conceição, esposa do cangaceiro João Francisco da Silva, o Nevoeiro.

s caminhos percorridos por Lampião e o Conselheiro se transformaram hoje em roteiros turísticos importantes e convidam o visitante a passear pela história social do Brasil, num ambiente místico, favorecido por uma vegetação que resiste, milagrosamente, a longos períodos de estiagem. Partindo de Paulo Afonso, o visitante pode contar com o assessoramento de guias locais e de serviços especiais, como a locação de transporte propício ao ambiente, os jipes. Seguindo a estrada de areia moldada pelos carros de tração que percorrem as trilhas do Raso, o visitante pode conferir de perto a vegetação característica da caatinga e as plantações de palma – tipo de cacto utilizado pelos sertanejos para alimentar seus animais durante a estiagem. Cactos brotam de dentro das pedras e paredões de arenito, em todo o percurso. No caminho, é fácil encontrar pequenas boiadas guiadas por vaqueiros que, tipicamente caracterizados, seguem mata adentro, com seus farnéis, indicando que aquela jornada vai ainda durar alguns dias. A primeira parada é na Catedral. Localizado no lugarejo conhecido como Baixa do Chico, o

Vaqueiro da região, tipicamente trajado

paredão de arenito esculpido pela erosão se assemelha às grandes catedrais. Os desenhos do seu topo lembram as torres da parte externa dos templos católicos. Seus arredores foram muito utilizados pelos companheiros de Lampião nos momentos de fuga da polícia e das volantes, numa época em que o Governo da Bahia chegou a oferecer a recompensa de 50 mil contos de réis (quantia hoje equivalente a R$ 30 mil) para militares ou civis que capturassem o cangaceiro. Este também era o esconderijo predileto do braço direito de Lampião, Corisco, e de sua mulher Dadá. Segundo a lenda que os guias locais ajudam a disseminar, pela sua semelhança com os cânions do Rio São Francisco, a Baixa do Chico possivelmente teria sido um dos leitos do rio, que mudou de curso ao longo dos anos, em função dos

prolongados períodos de seca. Já para outros, o mesmo local teria sido mar em tempos idos, conforme as profecias de Antônio Conselheiro, que acreditava que o mar se transformaria em sertão e vice-versa. A segunda parada é no Caldeirão de Marcionílio, hoje Trindade, que é outro lugar marcante da presença dos cangaceiros na região, principalmente das memórias do segundo casal mais conhecido do Cangaço. Ali, Dadá, a mulher de Corisco, teria enterrado um tesouro formado por alianças, correntes e moedas de ouro, com a intenção de resgatá-lo quando fosse preciso. “Acompanhei o reencontro de Dadá com o ambiente em que ela viveu nos anos de luta. Quando nos aproximamos do possível paradeiro das riquezas, a emoção da personagem foi muito forte e ela não quis mais avançar, deixando para trás as valiosas peças”, conta o pesquisador João de Souza Lima que, há 15 anos, dedica-se ao tema. Dadá morreu em Salvador, em 1994, 54 anos depois de o companheiro ter sido morto em Brotas de Macaúbas.

Raso da Catarina, cuja vegetação é característica da caatinga

Viver Bahia | 33


Turismo Cultural

Album de Família

Museu Casa de Maria Bonita abriga acervo do Cangaço

Anúncio para captura de Lampião

O

povoado de Malhada da Caiçara está localizado na zona rural do atual município de Paulo Afonso, a 38 km do centro da cidade. Ali está instalado, desde 2006, o Museu Casa de Maria Bonita, que funciona na mesma casa de barro batido onde Maria Bonita nasceu, cresceu e conheceu Lampião. Além do imóvel, o lugar ainda mantém originalmente, do lado de fora, um banco de madeira do século passado. Ao entrar na casa, o visitante é remetido a uma viagem no tempo. Para aguçar a curiosidade, as paredes internas ostentam fotos de Maria Bonita nos tempos do Cangaço e a reprodução de um anúncio publicado pelo governo, incitando a captura de Lampião. A maioria das imagens foi feita pelo sírio-libanês Benjamin Abrahão. Entre elas, algumas das fotos mais conhecidas do casal de cangaceiros. Segundo o pesquisador João de Souza Lima, Abrahão foi secretário de padre Cícero e as fotos dos cangaceiros teriam sido feitas para atender a um pedido do religioso, que morreu em 1934. No caminho para o museu, o Povoado do Riacho é passagem obrigatória. Ali se encontram as ruínas das casas de Generosa 34 | Viver Bahia

Gomes de Sá e dos seus três filhos. Mulher de posses, Generosa era amiga de Lampião e há indícios de que mantinham negócios. A sua casa, a primeira construída em tijolo na região, data de 1900, e ainda preserva a aura mística dos grandes bailes semanais que eram realizados para divertir Lampião e seu bando. As casas da família Gomes de Sá tinham uma característica peculiar: praticamente todas as janelas eram localizadas na parte da frente, enquanto as portas ficavam nas laterais. Outro detalhe pitoresco são as pinturas nas paredes internas das casas, que ainda se mantêm em cores vivas. São gravuras em tons de azul, vermelho e rosa, que se assemelham às pinturas com carimbo e imitam azulejos portugueses. Ela, o marido e os filhos estão enterrados na capela situada em frente a casa.

Interior da casa de Maria Bonita

Fachada do Museu Casa de Maria Bonita

José Luís, o Senhorzinho, irmão de Lídia

Lampião, Maria Bonita e alguns integrantes do Cangaço, em fotos de arquivo do pesquisador João de Souza Lima Viver Bahia | 35


Turismo Cultural

Vegetação é outra atração turística

Turismo de aventura completa atratividade da região

A

A

vegetação típica que domina toda a região do Raso da Catarina é a caatinga. A grande variedade de espécies acabou por determinar a implantação de uma Estação Ecológica na região. Localizada a cerca de 55 km do centro de Paulo Afonso, numa área estimada em 6,4 mil quilômetros quadrados, e que abrange terras dos municípios de Paulo Afonso, Jeremoabo e Rodelas, a Estação Ecológica do Raso da Catarina é administrada pelo Ibama, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Serra Branca/Raso da Catarina, mesmo local onde fica a reserva indígena dos pancararés. O acesso se dá exclusivamente através de veículos tracionados, motocicletas ou animais. No cenário rústico, destaca-se a presença de espécies de cactos, palmeiras, bromélias, arbustos e árvores que resistem à seca da região mais árida da Bahia e à grande variação de temperatura, entre 10º e 40º entre a noite e o dia.

Vegetação contrasta com a aridez

36 | Viver Bahia

Formação rochosa, conhecida como Catedral, típica da região

Durante toda a trilha, o visitante pode contemplar espécies de mandacarus, coroas-de-frade, xique-xiques, juazeiros, cajueiros, umbuzeiros, paus-de-rato e angicos, dentre outras espécies típicas do sertão, que contrastam com o chão de terra seca avermelhada ou em tom de areia. Aves de plumagem colorida, a exemplo da ararinhaazul, micos e pequenos répteis integram a fauna do Raso da Catarina. Ao contrário do que alguns imaginam, o nome do Raso não tem origem na história da índia cangaceira Catarina. O território foi batizado em homenagem a Catarina de Alcântara Reis, mãe do coronel Petronílio de Alcântara Reis, dono das terras onde ele está localizado. As 12 famílias de origem indígena que residem hoje no local sobrevivem do cultivo de gêneros agrícolas, como milho, feijão e macaxeira, além da

A típica vegetação da caatinga

criação de bodes, cabras e galinhas, e cozinham seus alimentos em panelas sobre pequenas fogueiras. Localizada próxima às casas dos índios, uma curiosidade é a capela de São Roque, espaço religioso, onde os integrantes da tribo realizam seus rituais, como a dança do Toré, um exemplo de que os descendentes de índios criaram o seu próprio sincretismo e hoje ligam os costumes indígenas às crenças cristãs.

ntes distrito do município de Glória, Paulo Afonso foi elevado à condição de cidade em 1958. O novo município surgiu impulsionado pelo desenvolvimento da região proporcionado pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf ), 10 anos antes. Hoje a empresa projetada para distribuir energia para oito estados nordestinos conduz eletricidade a todas as regiões brasileiras. Na cidade, os principais apelos turísticos estão diretamente ligados ao potencial do Rio São Francisco. O principal roteiro para quem quer conhecer melhor o rio é o dos cânions, que inclui visitas ao complexo de usinas da Chesf e passeios de catamarã, com banhos de rio, para explorar as belezas naturais da região, que faz fronteira com Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Como toda a cidade é contornada pelo Lago de Moxotó, uma boa pedida é tomar um banho de rio na Prainha, onde os diversos bares e restaurantes oferecem pratos típicos à base de surubim, bode e carne do sol. Outra parada obrigatória é a Ponte Dom Pedro II, que liga Paulo Afonso (Bahia) a Delmiro Gouveia (Alagoas) por cima do Velho Chico. Com 240 metros de extensão, a ponte foi promessa da campanha de Juscelino Kubitschek e

foi toda confeccionada com ferragem francesa, do mesmo tipo da Torre Eiffel. Um dos locais mais deslumbrantes do território da Chesf é a Ilha do Urubu. Com acesso feito por uma ponte, a ilha tem vista para o lado alagoano da Chesf, onde se pode ver a usina de Angiquinho - construída em 1913 pelo empresário Delmiro Gouveia. No local, também estão placas que marcam a visita de Dom Pedro II à cachoeira do São Francisco, em 1859, na então província de Pernambuco, e uma estátua de Castro Alves, com um poema sobre a cachoeira de Paulo Afonso (nome que deu origem ao município banhado pelo São Francisco). Mas talvez a imagem mais marcante do lugar seja a visão do rio feita de dentro do teleférico que liga os paredões rochosos do cânion, provisoriamente fechado para realização de serviços de modernização da estrutura. Ainda não há previsão de reativação. Esportes radicais - A fama do local para a prática de esportes radicais se espalhou mundo afora, conferindo à cidade o título de “meca” dos esportes radicais. Rapel, tirolesa, escalada, bungee jump, canoagem, são algumas das atividades praticadas, que atraem, cada vez mais, pessoas interessadas no turismo de aventura.

Informações

úteis

Como chegar: Partindo de Salvador, seguir pela BR-110. Paulo Afonso fica a aproximadamente 480 km da capital baiana. O município faz fronteira com os estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco e é acessível também pelas rodovias BR-210 e BR-423. Onde ficar: Hotel Belvedere - Av. Apolônio Sales, 457 - Centro - Tel: (75) 32813814 - Site: www.hotelbelvederepa. com.br - E-mail: atendimento@ hotelbelvederepa.com.br Executive Hotel - Av. Getúlio Vargas - Centro - Tel: (75) 3281-1174 - Site: www.executivehotel.com.br - E-mail: executive@executivehotel.com.br Hotel Porthal da Ilha - Av. Apolônio Sales, 1090 - Centro - Tel: (75) 3281-1494 San Marino Hotel - Av. Getúlio Vargas, 03 - Centro - Tel: (75) 3501-0101 - Site: www.sanmarinohotel.com.br - E-mail: sanmarino.hotel@ig.com.br Pousada Energia - Av. Apolônio Sales, 910 - Bairro: Centro - Tel: 075 3281-5528 Onde comer: Rancho da Carioca - Balneário Prainha - Prainha - Tel: (75) 3282-6361 Visual - Av. Getúlio Vargas - Centro - Tel: (75) 3282-0555 Restaurante Velho Chico - Av. Antonio Carlos Magalhães, 15 - Bairro Panorama - Telefone: (75) 3281-4290 Restaurante e Pizzaria Tambau Rua Juazeiro - Bairro Alves de Souza Telefone: (75) 3282-1146

Simões Filho

Prainha, no Lago Moxotó, é uma boa pedida para banhos

Simões Filho

Viver Bahia | 37


Foto: Rita Barreto

Turismo Religioso

Santa Dulce da Bahia

O

O processo de canonização da freira estimulou fluxo de visitação ao Memorial que leva seu nome, intensificando o segmento turístico religioso em Salvador n Karina Brasil

O

anúncio oficial da beatificação de Irmã Dulce está previsto para o primeiro semestre de 2011, mas o Memorial que leva seu nome, localizado na sede das Obras Sociais presidida pela freira, já registra um fluxo de visitação muito acima da média. Inaugurado em 1993, um ano após a morte da religiosa, o Memorial abriga um acervo de 30 mil peças, mas somente 400 permanecem expostas diariamente. São fotografias, objetos pessoais, medalhas, livros, diplomas, terços - inclusive o que ela recebeu do Papa João Paulo II -, além de obras de arte e peças artesanais enviadas pelos devotos, e o quarto da religiosa, mantido do modo como foi deixado por ela. A fama sobre as virtudes da religiosa e seus milagres tem atraído milhares de visitantes interessados em conhecer a vida e a obra de Irmã Dulce. Em 2009, 35 mil pessoas visitaram o Memorial. Este ano, é esperado um aumento de 150% desse fluxo em função da expectativa da beatificação da freira. A exumação, exposição e transladação do corpo da religiosa para o túmulo definitivo na Igreja da Conceição da Praia, ocorridas entre os dias 8 e 9 de junho, foi a última etapa do processo de beatificação. O estado de preservação da mumificação natural do corpo e a conservação do hábito com o qual a freira foi sepultada impressionaram 38 | Viver Bahia

os membros da comissão da Igreja Católica, que acompanharam a exumação do corpo ocorrida em 27 de maio. O processo de beatificação de Irmã Dulce já passou por todas as etapas exigidas pelo Vaticano, inclusive o reconhecimento de um milagre, o que aconteceu em junho de 2003. O milagre - Segundo o assessor de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce, Osvaldo Gouveia, o milagre reconhecido ocorreu em uma cidade do interior do Nordeste brasileiro. Por recomendação do Vaticano, porém, os nomes do município e da pessoa que recebeu a graça não podem ser divulgados. O fato, de acordo com o assessor, diz respeito a uma mulher que teve complicações no parto e, num período de 18 horas, fez três intervenções cirúrgicas. O estado dessa mulher agravou-se pela falta de estrutura médica local. Um padre amigo da família e devoto de Irmã Dulce,

Fotos: Rita Barreto

Venda de objetos com imagem da freira ajuda a manter as Obras Sociais Irmã Dulce

Local integra roteiro turístico da Cidade Baixa

O

Memorial recebe muitos visitantes

relata Gouveia, pediu para que as pessoas rezassem e pedissem ajuda da religiosa. Horas depois, a grave hemorragia da mulher estancou e ela carregava o filho no colo, para surpresa geral e, principalmente, do médico que a atendia e que havia se ausentado por uma hora.

A transladação definitiva do corpo foi a última etapa para a beatificação da freira

Peregrinação para Irmã Lindalva

Memorial de Irmã Dulce integra o roteiro turístico da Cidade Baixa, em Salvador, que tem paradas obrigatórias em outros pontos turísticos, como as igrejas da Conceição da Praia, Bonfim e Monte Serrat, além do Mercado Modelo e do Elevador Lacerda. Além do processo de beatificação, a inclusão do Memorial na promoção do roteiro religioso de Salvador, junto aos operadores turísticos nacionais e internacionais, intensificou e garantiu maior visibilidade. A produção de material promocional exclusivo, elaborado com apoio da Secretária de Turismo e da Bahiatursa, com informações do Memorial e da vida de Irmã Dulce, foi também um dos mecanismos que aumentaram a divulgação do Memorial. Além da exposição, os visitantes podem ampliar a visita até a Igreja da Conceição, onde atualmente se encontram as relíquias da Venerável Dulce, e a loja instalada no local, onde podem adquirir camisetas, broches, terços, pulseiras e diversos

outros produtos com imagens da freira, cuja renda é revertida para a manutenção das Obras Sociais, e também conhecer alguns dos núcleos de atendimento da instituição. Mesmo com tantos itens que lembram e contam a história da freira, algumas peças se destacam na exposição permanente do Memorial, a exemplo de um dos últimos hábitos usados por ela, o acordeom, que ela tocava e utilizava na catequese, uma imagem de Santo Antônio, do século XVIII, pertencente à família, e com o qual ela costumava conversar, a tela em afresco do artista plástico italiano Battista Mombrini, que retratou a história da religiosa, e a cadeira onde ela dormiu por mais de trinta anos por causa de uma promessa, são as peças que mais impressionam e sensibilizam os visitantes. Durante a visita, é possível identificar a devoção da Irmã a Santo Antônio. Diversas imagens desse santo estão visíveis em toda a extensão da sede das Obras Sociais.

utra religiosa que tem atraído a visitação de fiéis é Irmã Lindalva. Sepultada no Abrigo Dom Pedro II, um prédio vizinho ao Memorial Irmã Dulce, a freira foi beatificada em 2007, 14 anos após sua morte. Nascida no Rio Grande do Norte, Irmã Lindalva coordenava esse abrigo de idosos, quando foi assassinada, com 44 facadas, pelo interno Augusto da Silva Peixoto, na Sexta-feira Santa de 1993. Ele nutria pela freira um amor carnal e a matou por ciúmes de outros abrigados. Até a beatificação de Lindalva, a única santa do país era a Madre Paulina, italiana de nascimento. Após a beatificação, o processo de canonização da Beata Lindalva já está no Vaticano. Porém, nessa etapa, é preciso o reconhecimento de um milagre após a beatificação, o que, conforme a madre superiora do Abrigo, Irmã Cristina, possivelmente já ocorreu. Segundo a irmã, mais de mil pessoas visitam, por ano, o túmulo da religiosa, principalmente nos meses de janeiro e julho, inclusive em excursões. “Vêm pessoas de vários locais, como Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Alemanha, Austrália e também da França”, comenta a madre. Informações

úteis

Memorial Irmã Dulce Visitação: de terça a sábado, das 10 às 17h, e aos domingos, das 10 às 15h. Endereço: Av. Bonfim, 161, Bairro Roma (ao lado das Obras Sociais Irmã Dulce), Salvador-Ba. Telefone: 0800 2845 284 Agendamento de Visitas: (71) 3010-1115

Viver Bahia | 39


Resort em alto mar

Fotos: Rita Barreto

Turismo Náutico

também pode desfrutar de saborosas comidas preparadas por um chef de cozinha e deliciosos drinques produzidos por um barman. Nos passeios de pernoite, o conforto é ainda maior, uma vez que a embarcação conta com luxuosas cabines equipadas com ar-condicionado, som ambiente e camas de solteiro e casal e banheiro com chuveiro quente. O novo produto turístico já está sendo comercializado por operadoras e agências e os preços variam de R$ 240 a R$ 1.370 por pessoa, a depender da duração do passeio. Os pacotes mais sofisticados incluem café da manhã, almoço e jantar, além de cerveja, água, refrigerantes e frutas. No passeio mais longo, há a opção de poder jantar em um restaurante da localidade visitada. Neste caso, o cardápio é especial e inclui frutos do mar, peixes e iguarias típicas de cada região.

Foto: Rita Barreto

O luxo e o conforto oferecidos em hotéis de padrão internacional já podem ser desfrutados nos barcos charters que percorrem a Baía de Todos-os-Santos

Sucesso em outros países, o resort flutuante é o mais novo produto do Turismo Náutico

O

céu de brigadeiro e o mar de almirante é uma conjunção de características que fazem da costa baiana uma das mais elogiadas por velejadores do mundo inteiro. Ventos constantes e calmos, águas tranquilas, a uma temperatura média de 20ºC, são os ingredientes perfeitos para a navegação pelos mares da Baía de Todos-os-Santos que ainda conservam nos seus 1,1 mil km de extensão, áreas intocadas e ideais para visitas e passeios, a bordo de embarcações de todos os portes. Esse cenário perfeito para a prática da náutica pode agora ser desfrutado em grande estilo, graças

40 | Viver Bahia

a um projeto pioneiro, batizado de Schooner Resort, inaugurado recentemente. Proprietário de uma escuna com capacidade para receber 30 pessoas em passeios diurnos e 12 nas viagens de pernoite, o empresário Antonio Garcia viu nos mares baianos uma grande oportunidade de negócios e inaugurou um sistema de charter de barcos. Os passeios variam de acordo com o roteiro e podem ter duração de apenas um dia, chamado de Day Charter, ou com pernoites, para um ou dois dias. Locais paradisíacos não faltam nos sete roteiros oferecidos pelo Schooner Resort. Ilha de Maré, Barra do Paraguaçu,

Em ambiente de lounge, escuna proporciona conforto e serviços de primeira classe

Itaparica, Mutá, Maragojipe, Salinas da Margarida e Ilha do Cal são lugares que não podem deixar de ser vistos pelos turistas que vêm à Bahia, de acordo com Garcia.Além do aspecto bucólico que reúnem, as localidades também possuem belas praias, ideais para o mergulho, por conta das águas calmas e mornas. Durante a viagem, um dos aspectos que mais se destacam, além das belezas naturais das localidades visitadas, é o conforto proporcionado pela escuna. Em um ambiente de lounge, com colchonetes, pufes e espreguiçadeiras e serviços de apoio como toalhas, o usuário do serviço

Serviço Contato para passeios no Schooner Resort Internet: www.schoonerresort.com.br e www. baiadabahia.com.br Fone: 71 3245-0868; 9191-2526 (Antonio Garcia)

Experiência indica sucesso em outros países

V

elejador há mais de 40 anos, Garcia conta como o turismo náutico está desenvolvido na Europa, sobretudo em países que há bem pouco tempo viviam conflitos étnicos, como a Croácia. “Lá existem 4 mil embarcações voltadas para charter; isso é impressionante para um lugar que estava em guerra na década de 1990”, conta. Segundo o empresário, a Bahia reúne as condições ideais para o desenvolvimento do turismo náutico. “Diferentemente dos mares da Europa e do (Oceano) Pacífico, na Bahia pode-se velejar o ano inteiro.

Além disso, há um enorme potencial a ser explorado, já que temos, além da Baía de Todos-os-Santos, o Arquipélago de Tinharé, que abrange Morro de São Paulo e a Baía de Camamu, mais ao sul”, pontua. As belezas naturais dos locais apontados por Garcia atraem centenas de velejadores de países como França, Alemanha e Suíça. A atividade de Garcia, entretanto, está voltada para o público que está acostumado a velejar, mas não tem como vir de barco para a Bahia, e também para os turistas interessados em ter uma experiência diferente no Estado.

Inauguração do Schooner Resort Viver Bahia | 41


Turismo Náutico

Foto: Divulgação

Turismo Rural

Regata internacional reune 1,8 mil embarcações

O

Em 2009, a Regata AratuMaragojipe contou com a presença do bicampeão olímpico de Vela, Torben Grael, que competiu em um saveiro, mas superado por um velejador da localidade de Coqueiros, em Maragojipe. “Este ano o atleta pode voltar e ter por companhia velejadores conhecidos do público, como Júlio Esteves, Horácio Carabelli e Izabel Pimentel”, disse o organizador do evento, Marcelo Fróes. Fróes explicou ainda que a regata ocorrerá paralelamente ao Festival Gastronômico do Paraguaçu. “Será montado um receptivo para os competidores,

acompanhantes e turistas, em Maragojipe. Eles poderão conferir ainda a programação da Festa de São Bartolomeu e uma exposição de artesanato produzido em cerâmica”, conta. A novidade deste ano é que turistas de outros estados vão poder ver de perto o colorido das velas na Baía de Todos-os-Santos. “A ideia é fazer com que os visitantes curtam a regata durante o dia e pernoitem em Salvador. Eles fariam o trajeto SalvadorMaragojipe de barco e voltariam de ônibus”, explica o empresário e ex-presidente da ABAV, Pedro Costa.

Foto: Rita Barreto

dia 28 de agosto será de muitas cores no mar da Baía de Todos-os-Santos, quando será dada a largada da tradicional Regata Aratu-Maragojipe. Este ano, a competição deve contar com a participação de 400 embarcações, sendo mais de 70 vindas de outros países, como Argentina e Uruguai. Os veleiros de oceano estrangeiros partiram no mês de julho de San Isidro, perto da capital portenha, e de algumas cidades uruguaias, com destino à Bahia. Ao todo, 1,8 mil velejadores vão acompanhar de perto a competição em veleiros, saveiros, escunas, lanchas e pequenos barcos.

Na onda da boiada Serrinha, no interior da Bahia, recebe mais de 50 mil pessoas que vibram todos os anos com vaquejadas e cavalgadas

Vaquejadas e cavalgadas arrastam multidões para o interior da Bahia

Barcos de outros países também participam, este ano, da Regata Aratu-Maragojipe

42 | Viver Bahia

n Eduardo Pelosi

S

e os rodeios são as principais atrações turísticas de cidades como Barretos, Jaguariúna e Divinópolis, na Bahia são as festas de vaquejadas e cavalgadas que atraem milhares de pessoas para o interior. Em Serrinha, a 173 km de Salvador, a tradicional Vaquejada leva cerca de 50 mil pessoas por dia ao Parque Maria do Carmo e movimenta mais de R$ 2,5 milhões na economia local.

Combinando esporte com festa, a Vaquejada de Serrinha acontece há mais de 40 anos, sempre numa data próxima ao feriado da Independência do Brasil. Este ano, o evento acontece de 2 a 5 de setembro e terá competição de vaqueiros, além de shows do Padre Fábio de Melo, Menina Faceira, Banda Eva e Sutiã Rendado. Essa mistura atrai para Serrinha, todos os anos, um grande público interessado em assistir às disputas da vaquejada, os shows musicais e vaqueiros que se preparam o ano inteiro para a competição. Viver Bahia | 43


Fotos: Divulgação

Turismo Rural

Vaqueiros no ritmo do bumba-meu-boi 44 | Viver Bahia

A programação também inclui uma cavalgada, desfile de cavaleiros e amazonas, que é realizado pelas ruas da cidade no primeiro dia da festa. Um leilão de cavalos, que vai acontecer no dia 4 de setembro, deve reunir competidores e investidores de diversas regiões do país, são criadores e amantes da raça Quarto de Milha, cujos primeiros animais foram trazidos da Arábia e Turquia pelos exploradores e comerciantes espanhóis. No mesmo fim de semana do evento, duas outras festas são realizadas no Parque Maria do Carmo, a Festa do Boi Malandro e a festa Vaca Atolada. De acordo com Carlos Serra, um dos coordenadores da festa, a organização dos eventos gera 600 empregos diretos e, aproximadamente, mil indiretos no local. “Em toda a cidade, os hotéis alcançam uma ocupação de 100% e as cidades vizinhas chegam a 90% de ocupação”, explica Carlinhos. Com a aproximação da Vaquejada em Serrinha, que acontece entre 2 e 5 de setembro, os hotéis e pousadas criam pacotes especiais para os quatro dias do evento. Além disso, as agências de turismo organizam excursões bate-volta, que levam grupos de pessoas de ônibus para a festa e retornam para a cidade de origem no final do dia. Os eventos realizados durante o feriado movimentam toda a população da cidade, mais de oito mil casas são alugadas para os visitantes, com diárias que chegam a R$ 800 reais. As lojas, bares, restaurantes e os vendedores ambulantes montam esquemas especiais, com horários de funcionamento e equipe de funcionários ampliada para o período da Vaquejada. Além disso, a prefeitura mobiliza os servidores para ordenar o grande fluxo de

Fotos: Divulgação

Shows de bandas e grupos de música sertaneja

veículos que circulam pela cidade. Para o serrinhense Wando Pereira, que mora em Salvador, a Vaquejada é um momento de reencontrar a família e os amigos. “O melhor da festa é poder aproveitar o feriado na minha cidade natal, aproveito para matar a saudade de todo mundo. A tradição da vaquejada é muito forte em Serrinha e nos outros lugares, quando falo que sou daqui, todo mundo pergunta logo sobre a Vaquejada”, relata Pereira. Competição - A competição esportiva começa no primeiro dia da Vaquejada, quando as duplas de vaqueiros começam a disputar a classificação. Cada dupla enfrenta cinco bois, que somam pontos para a classificação total. A disputa acontece durante todo o dia e à noite,

levam milhares de pessoas ao delírio

até que se chegue a um vencedor. Os vaqueiros são divididos em duas categorias: profissionais e amadores. Os vaqueiros disputam dentro de uma pista de 120 metros, com faixas que marcam o local onde os bois devem ser derrubados. Os pontos são marcados quando o boi cai com as quatro patas e se levanta dentro das faixas de classificação. Cada dupla que entra na arena tem direito de inscrever o animal que vai puxar na vaquejada. Para participar, os competidores precisam fazer a inscrição, que custa R$ 600, para a categoria amador, e R$ 1.500, para a categoria profissional. O vencedor da categoria profissional recebe um prêmio de R$ 50 mil, o segundo colocado é premiado com R$ 10 mil e do terceiro ao vigésimo colocado um prêmio no valor de R$ 5 mil.

Festas do Boi Malandro e da Vaca Atolada são algumas das grandes atrações Viver Bahia | 45


Sistema bate-volta possibilita curta permanência

Turismo Rural

Fotos: Divulgação

A

Bahia é o único estado a possuir um circuito de cavalgadas entre municípios

Festas mantêm tradição histórica

D

e acordo com o historiador Câmara Cascudo, no início do século XIX ainda não existiam as vaquejadas. Em Portugal e na Espanha, eram realizadas as derrubadas de vara de ferrão, onde os peões usavam uma vara para capturar o boi. A prática de derrubar o boi pelo rabo surgiu no Nordeste do Brasil. Os historiadores apontam o Rio Grande do Norte como o estado onde surgiram as vaquejadas. Nos terrenos de campo acidentado e mata fechada, não era possível utilizar a vara para derrubar o boi, era preciso muita habilidade para manter o gado unido e tanger os bois. Por conta disso, os vaqueiros passaram a puxar o rabo dos bois, quando precisavam controlar os animais. Quando os coronéis reuniam os vaqueiros nos pastos sem cerca, para juntar o gado, os peões vestiam verdadeiras armaduras para se proteger dos galhos secos e espinhos da mata 46 | Viver Bahia

fechada. Com o gibão de couro, guarda-peito, chapéu, luvas, peneira e sapatos, o vaqueiro montava no cavalo e precisava fazer verdadeiras manobras para escapar dos perigos da mata. Os peões que conseguiam capturar, laçar e trazer os bois para o coronel se destacavam por suas habilidades e valentia. A partir daí, os coronéis e senhores de engenho passaram a reunir os seus melhores vaqueiros para competir e apostavam entre si. No final das disputas, os coronéis davam uma pequena parcela do dinheiro arrecadado nas apostas para os vaqueiros vencedores. Assim, as vaquejadas passaram a se tornar uma diversão para as famílias dos fazendeiros ricos. A história da Vaquejada de Serrinha começou em 1967, quando Valdete Carneiro e Neném Maroto resolveram criar uma festa para abençoar e confraternizar os vaqueiros do nordeste baiano. Já

nos primeiros anos, a festa ganhou importância, pois além de gerar renda e movimentar a economia da região, colocava as cidades do interior em evidência. Com o passar dos anos, a Vaquejada passou a atrair esportistas de outros estados, artistas e empresários. A imagem do vaqueiro já é uma das principais representações de Serrinha e a festa se tornou cobiçada por turistas. Para continuar ampliando o público do evento, em 1998 os organizadores da festa construíram o Parque Maria do Carmo. Com 175 mil metros quadrados, o espaço é o maior parque de vaquejada do Brasil e fica estrategicamente localizado às margens da BR-116. O parque conta com arquibancadas, sanitários, camarotes, posto médico, churrascaria, banco, 40 bares e estacionamento para mais de cinco mil veículos. A pista de vaquejada e os dois palcos de shows completam a estrutura da maior arena de eventos da região.

s excursões do tipo bate-volta diminuem a distância para quem deseja curtir a Vaquejada de Serrinha. Se a intenção é aproveitar a festa e voltar no mesmo dia para dormir no conforto dos hotéis da capital, a opção é procurar agências especializadas que organizam e facilitam a viagem. Os pacotes incluem uma série de vantagens, como curtir a festa à vontade, com segurança, ida e volta com data e horário marcado, transporte garantido e coordenação de grupo, tudo para garantir que nada vai atrapalhar a festa. Uma das empresas que realizam o bate-volta é a Veromundo Viagens e Turismo. O pacote oferecido pela empresa inclui serviço de bordo (água e refrigerante) somente na ida, com opção de ida e volta, mais o ingresso para pista. A excursão tem saídas de Salvador programadas para dois horários diferentes, nos dias 3, 4 e 5 de setembro. A Ecoação está organizando pacotes de bate-volta para as festas da Vaca Atolada, no dia 4 de setembro, e Boi Malandro, no dia

5. A agência oferece ônibus com ar-condicionado, som e banheiro, pulseira de identificação e cobertura fotográfica da festa. A expectativa dos organizadores é que sejam vendidos cerca de 200 pacotes para a excursão. Cavalgadas - Com mais de 240 parques de vaquejadas e cavalgadas, os eventos rurais na Bahia têm crescido a cada ano. Com um extenso calendário e dezenas de cavalgadas durante o ano, os principais organizadores deste tipo de evento reuniram-se com a Associação Baiana de Criadores de Cavalos (ABCC) para criar o Circuito Baiano de Cavalgadas. Atualmente, a Bahia é o único Estado que possui um circuito de cavalgada entre cidades. Entre as principais cavalgadas que ainda vão acontecer em 2010, está a Cavalgada Exporural, que é realizada há mais de vinte anos, em Salvador, e este ano fará o novo percurso de Monte Gordo até Guarajuba. A Exporural deve reunir mais de 1.200 cavaleiros e acontece

no próximo dia 7 de agosto. Em setembro, a Cavalgada Amigos de Pedrão percorrerá 13 quilômetros do município de Pedrão e é realizada há 9 anos. Em Conceição da Feira, os Amantes da Cavalgada vão reunir 1.500 cavaleiros para o evento que sairá da Praça da Bandeira e percorrerá 15 quilômetros pela Zona Rural. A cavalgada é realizada há 18 anos e integra o Circuito Baiano há sete anos. O evento termina no Parque de Vaquejada Nossa Senhora da Conceição, no centro da cidade, com shows de forró para mais de cinco mil pessoas. Criado em 2004, o Circuito Baiano de Cavalgadas já reúne mais de vinte cavalgadas em seu calendário oficial e pretende atrair outros eventos. Para o cuidado com os animais, a organização disponibiliza para todas as 20 etapas um veterinário que presta assistência para os cavalos participantes. Para padronizar os eventos, o Circuito criou uma coordenação que define e avalia os itens essenciais para a organização das festas. Informações

úteis

Serrinha

Serrinha Salvador

Jovens de Salvador e de outras cidades do estado invadem Serrinha durante o evento

Feira de Santana

Distância de Salvador: 180 km Como chegar Salvador Partindo de Salvador pela BR-324 até Feira de Santana, seguir pela BR-116 sentido Norte. Serrinha fica 46 km depois de Santa Bárbara. Empresas Rodoviárias: Santana: (71) 3450.4951 - Plenna: (71) 3431.3606

Viver Bahia | 47


Arquitetura sofisticada e túmulos de celebridades atraem visitação a sepulturas, jazigos e necrópoles n Ana Paula Cabral

N

uma gruta, um anjo aponta para cima. À frente dele, a pedra violada e as inscrições em latim indicam que aquele que havia sido sepultado ali não está mais no local. Dentro do túmulo, só o tecido que envolveu o corpo do morto. A descrição, que poderia ser confundida com uma passagem bíblica sobre a ressurreição de Jesus Cristo, está exposta em um dos cinquenta mausoléus que compõem o circuito cultural do Cemitério do Campo Santo, em Salvador. Desde março de 2007, o local vem servindo de ponto turístico e de disseminação da arte cemiterial da Bahia. Cerca de três mil pessoas já visitaram o Campo Santo acompanhadas por guias da Santa Casa da Misericórdia – entidade responsável pela administração do cemitério. Durante o percurso de 582 metros ao redor da igreja do cemitério, os visitantes aprendem um pouco mais sobre os estilos artísticos e as principais simbologias deste tipo de arte. Com isso, aprendem a distinguir as influências católicas, gregas e romanas e o significado expresso em cada escultura. De posse deste conhecimento é possível perceber, por exemplo, uma diferença marcante entre os túmulos datados dos séculos XIX e XX: os primeiros mostram que a morte é o fim de tudo, enquanto os mais modernos mostram a crença numa vida após a morte. Apesar do caráter inédito na Bahia, o turismo de cemitério não é bem novidade. Sua origem remonta à tradição europeia, que, além dos restos mortais de personalidades ilustres, guardam Cemitério do Campo Santo criou valiosas obras de arte, constituindo-se Circuito Cultural e se inseriu nos roteiros turísticos da cidade em verdadeiros museus a céu aberto,

48 | Viver Bahia

Foto: Tatiana Souza

Culto aos mortos Lápide de Raul Seixas

que expõem os costumes e a história de cada lugar. É assim na França e na Inglaterra, por exemplo, onde os cemitérios Père Lachaise e Highgate recebem inúmeros turistas em busca de conhecimento da arte ou de seus ilustres ‘hóspedes’. O primeiro, por exemplo, recebe anualmente cerca de 2 milhões de visitantes que apreciam atrações culturais e artísticas em meio a 100 mil túmulos – entre eles, o do roqueiro Jim Morrison, do grupo The Doors. Já a necrópole de Londres é famosa pela presença de catacumbas egípcias e por guardar os restos mortais do sociólogo Karl Marx.

Na América do Sul, é a Argentina que desponta no segmento do turismo cemiterial. Com mais de 70 mausoléus tombados como monumentos históricos, o cemitério da Recoleta ocupa a extensão de quatro quarteirões e é parada obrigatória em Buenos Aires. O túmulo da atriz e líder política Evita Perón é um dos mais procurados do cemitério. Apesar do modelo americano baseado na ausência de grandes túmulos e mausoléus, o cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, também é atração para baianos e turistas. É que no túmulo 1.647 está sepultado o cantor e compositor Raul Seixas. De acordo com a administração, pelo menos três vezes no ano, os fãs do ícone do rock baiano visitam o local para relembrar a vida do cantor e executar suas músicas ao som de voz e violão. Além do Dia de Finados, as datas preferidas são os aniversários de nascimento, 28 de junho, e da morte do cantor, 21 de agosto.

Fotos: Tatiana Souza

Turismo de Cemitério

Esculturas em túmulos transformam cemitérios em museus a céu aberto

Circuito cultural é oferecido pelo Campo Santo

U

ma das obras de arte que mais chamam a atenção no cemitério do Campo Santo é a Estátua da Fé. Trazida da Alemanha para um dos túmulos datado do século XIX, a peça foi esculpida em pedra única de mármore carrara. Por seus atributos que a enquadram como obra de arte de extrema qualidade, inclusive por conta da simetria do desenho e qualidade do entalhe, a Estátua da Fé foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1938, e é patrimônio do Cemitério do Campo Santo.

Todo o circuito, que começa na sala de receptivo ao lado da Igreja, é sinalizado e inclui totens expositivos sobre o significado das obras. O local também é vigiado por seguranças e cães de guarda, para proporcionar maior segurança aos visitantes do cemitério que vem recebendo um número crescente de visitantes desde a inauguração do circuito cultural, em 2007. “Os números são resultado do trabalho de captação de visitantes, especialmente junto às agências de turismo, escolas e universidades. Temos a meta de atingir a visitação de cinco mil pessoas por ano”, conta

a museóloga da Santa Casa da Misericórdia, Jane Palma. De acordo com o seu relato, a proposta do circuito do Campo Santo é explorar o ambiente sob as perspectivas artística, histórica e social. “Desenvolvemos o circuito para atender as preferências dos visitantes e oferecer informações em diversificados contextos. Se a pessoa se interessa por artes plásticas, podemos direcionar a conversa para a arte e as características das peças do lugar. Se ela se interessa por filosofia, exploramos os dizeres presentes nos túmulos, exemplifica a museóloga. Viver Bahia | 49


Foto: Tatiana Souza

Turismo de Cemitério

Episódio histórico revela curiosidades

N

a Salvador do século XIX, a proibição de realizar sepultamentos na área interna das igrejas por questões de saúde pública foi o estopim de um movimento popular que passou para a história como a Cemiterada. Insuflado pelas irmandades leigas católicas contra a

Escultura simboliza a dor da perda

instituição de cemitérios, em 1836, o episódio revela curiosidades sobre os costumes culturais da Bahia. Às véspera da vigência da lei que concedia o monopólio dos sepultamentos a uma empresa privada pelo período de 30 anos, uma multidão reunida no Terreiro de Jesus dirigiu-se a então Praça do Palácio (hoje Praça Municipal) para protestar contra a decisão da Província e pedir a anulação da lei. Estimado em três mil pessoas, o grupo apedrejou o escritório da empresa e o então cemitério São Cristóvão, danificando quase completamente as edificações. Segundo o historiador baiano, João José Reis, autor do livro A morte é uma festa, sua principal motivação foi a “defesa de

concepções religiosas sobre a morte, os mortos e, em especial, os ritos fúnebres, um aspecto importante do catolicismo barroco”. Na época, os cemitérios eram vistos como locais impuros para guardar os corpos dos católicos que buscavam a salvação. Aproveitando-se desse argumento, as irmandades incitaram a mobilização popular. O motivo da revolta, porém, nada tinha a ver com a crença popular. O que estava em jogo eram as cifras que seriam perdidas pelas irmandades, com a transferência dos sepultamentos para os cemitérios privados. Foi em meio a este contexto histórico e social, que a Santa Casa da Misericórdia da Bahia comprou o cemitério São Cristóvão e o denominou de Campo Santo.

Fotos: Tatiana Souza

Mucugê recebe 12 mil visitas por ano

De grande valor arquitetônico, Cemitério Bizantino de Mucugê firma posição como destino turístico da Chapada

O

utro cemitério baiano de beleza reconhecida é o Santa Isabel ou Cemitério Bizantino de Mucugê, localizado na Chapada Diamantina, município distante a 440 km de Salvador. Datada do século XIX, a necrópole recebe anualmente uma média de 12 mil visitantes na companhia dos guias da região. Durante o dia, o cemitério fica aberto para visitação pública, das 8h às 17h. Já à noite, 50 | Viver Bahia

o local permanece fechado, porém com iluminação especial que permite a contemplação a distância. Por seu valor arquitetônico, o Cemitério Bizantino foi tombado pelo Iphan, em 1980, e, em breve, passará por serviços de pintura e ampliação do estacionamento. Também há planos de organizar um receptivo para firmar a posição no ranking de destinos turísticos da Chapada Diamantina.

Informações

úteis

Jazigos seguem estilo Bizantino

Mausoléu em estilo gótico, no Cemitério do Campo Santo, em Salvador

Circuito Cultural do Campo Santo Visitas Guiadas para grupo mínimo de 10 pessoas Preço: R$ 2,50 Endereço: Federação, Salvador, Bahia Contato: (71) 3322-7355

Viver Bahia | 51


Estado bem situado em diferentes rankings

Turismo de Golfe

Foto: Gabriel Carvalho

Na ponta do taco Reunindo os quatro principais campos do país, o esporte avança e ganha novos adeptos a cada dia na Bahia

T

ido com um dos esportes mais charmosos do mundo, o golfe está cada vez mais ligado ao turismo e em especial aos resorts de grande porte que realizam torneios o ano inteiro, o que ajuda a atrair hóspedes que fazem parte do rol dos visitantes mais disputados por operadores e agentes de viagem. Na Bahia, o segmento avança e os grandes complexos hoteleiros já fazem divulgação específica para um público, cuja exigência é uma das principais características. Mas se a exigência dos visitantes é grande, a qualidade dos campos aqui situados faz jus à condição

de destino turístico preferido dos brasileiros. Revistas especializadas, eventos internacionais e rankings classificatórios colocam os equipamentos localizados nos resorts baianos como os melhores do país. Os campos estão espalhados pelos melhores resorts do Estado, todos localizados em regiões paradisíacas. Perto de Salvador, os complexos Iberostar e Costa do Sauípe se misturam em meio a uma paisagem repleta de coqueiros que, aliada ao azul do céu e ao verde do mar e a uma suave brisa litorânea,

tornam o ambiente agradável para a prática do esporte, que exige uma grande concentração por parte de seus competidores. O campo do Iberostar tem no seu gramado o grande diferencial, se comparado a outros equipamentos brasileiros. As condições de visibilidade do espaço, que possui 6.817 jardas ou 6,2 mil metros, numa área de aproximadamente 100 hectares e o seu grau de dificuldade são os pontos positivos do local. De acordo com o diretor do campo de golfe do complexo, localizado em Praia do Forte, Gary Skolnik, o turista

Campos de golfe se espalham pelos melhores resorts do estado, em lugares paradisíacos. No detalhe Terravista, em Trancoso, o segundo melhor campo do Brasil, segundo revista Exame 52 | Viver Bahia

Hotéis oferecem toda estrutura necessária

deste segmento diferencia-se dos hóspedes convencionais, pois ele consome mais nas lojas dos hotéis. Além disso, os visitantes adquirem materiais como bolas, sapatos e tacos, que normalmente custam mais que os suvenires. “Um taco pode variar entre R$ 3 mil a R$ 5 mil”, acrescenta Skolnik. O Iberostar sedia pelo menos um torneio de golfe por mês, com grupos de cerca de 80 pessoas, segundo Skolnik. Outro dado importante apontado por ele é o número de acompanhantes que viaja com um turista de golfe. “Normalmente, ele vem com a mulher e até dois filhos”, conta. Entre os hóspedes do segmento de golfe estão os paulistas (da capital e interior), e também os mineiros e paranaenses. Visitantes de outros países também chegam para participar dos torneios realizados nos hotéis baianos. Durante o II Iberostar Open de Golfe, realizado em junho, um grupo de aproximadamente 20 sul-coreanos ocupou algumas suítes do complexo, acompanhado de mulheres e filhos. Em Costa do Sauípe não é diferente e a maioria dos turistas do segmento vem de estados do Sudeste do país e de países como Argentina, Estados Unidos e Portugal, de acordo com o gerente de Áreas Verdes do complexo, Maurício Sena. Lá, são realizados seis eventos de grande porte por ano, que reúnem de 80 a 100 pessoas. Sena destaca ainda o gasto médio de cada turista do segmento de golfe que chega à impressionante marca de US$ 500/dia, sem contar com a hospedagem. “No Brasil, em torno de 15 a 20 mil pessoas praticam o esporte, mas o número ainda é considerado pequeno se for comparado a países como a Argentina, que é bem menor em extensão territorial e possui aproximadamente 250 mil jogadores”, explica o presidente da federação nacional que representa o esporte, Bruno Tariant.

Na Bahia, quatro grandes complexos hoteleiros investem no turismo de golfe. Além do Iberostar, há o Terravista Golf Course, em Trancoso, o Comandatuba Ocean Course, na Ilha de Comandatuba, e o Costa do Sauípe Hotéis e Resorts, na Costa dos Coqueiros. Destes, apenas o campo de Sauípe ficou de fora da lista dos dez melhores do país, elaborada pela revista Exame, que ouviu diversos especialistas no assunto. O levantamento, que foi produzido este ano, coloca o Terravista na segunda posição e o Comandatuba em terceiro lugar. O Iberostar figura entre os sete mais bem classificados. Entre os quesitos avaliados estão as condições do vento, a topografia do terreno e a quantidade de lagos e bancos de areia, o que ajuda a elevar a dificuldade do jogo. Em outro sistema de classificação, feita durante a Internacional Golf Travel Market, principal feira mundial do turismo de golfe, ocorrida em Málaga, na Espanha, todos os campos baianos integraram a lista dos melhores do Brasil. O resort localizado na Ilha de Comandatuba foi o mais bem avaliado devido à sua estrutura aeroportuária, que tem capacidade para receber grandes aeronaves. Já o Terravista, em Trancoso, tem destaque pela sua ligação com a Mata Atlântica e o seu visual, por estar situado em cima de uma falésia de 40 metros de altura, à beira-mar. As taxas para utilização dos campos de golfe nos resorts da Bahia variam de R$ 150 a R$ 400, sendo os valores mais baixos cobrados para os hóspedes e os mais altos, para os não hóspedes. Informações

úteis

Iberostar Extensão: 6.817 jardas Área: 100 hectares Endereço: Rodovia BA-099, km 56, Mata de São João, Salvador-BA Web: www.iberostar.com.br Fone: 71 3676-4200 Terravista Golf Courses Extensão: 7.212 jardas Área: 70 hectares Endereço: Estrada Municipal de Trancoso, Km 18 Web: www.terravistagolf.com.br Fone: 73 2105-2104/2103

Comandatuba Ocean Course Extensão: 6.928 jardas Área: 78 hectares Endereço: Rodovia Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba, Una, Bahia-Brasil Web: www.comandatuba.com.br Fone: 73 3686-1039 Costa do Sauípe Extensão: 6.933 jardas Área: 78 hectares Endereço: Rodovia BA 099 - Km 76 - S/N - Linha Verde - Mata de São João – BA Web: www.costadosauipe.com.br Fone: 71 2104-8524

Viver Bahia | 53


Turismo Comunitário

Ecologia e Agronegócio Roteiros aliam interesse em ecoturismo e agricultura de base comunitária na Costa do Dendê Produtos artesanais, manifestação culturais e belezas naturais completam o cenário bucólico

Vista panorâmica da fazenda que alia ecoturismo e produção associada ao turismo

n Gabriel Carvalho

L

ocalizado entre a Região Cacaueira e a Ilha de Itaparica, o Baixo Sul da Bahia reúne 11 municípios e é um dos principais polos culturais e de turismo do Estado, com grande quantidade de destinos para visitação e de manifestações e grupos culturais. Território que também se destaca pelo amplo potencial para a produção de gêneros alimentícios e frutíferos e que começa a florescer como local de desenvolvimento para um novo segmento na área turística. Trata-se do Agroecoturismo, idealizado pelo empresário 54 | Viver Bahia

baiano Norberto Odebrecht, e que consiste na possibilidade de mostrar aos visitantes destinos com singularidades ecológicas marcantes, baseados na produção associada ao turismo. “A ideia principal é incluir as populações locais e trazer visitantes que possam adquirir produtos turísticos de alto valor agregado”, assinala o empresário. Sob o ponto de vista da inclusão socioeconômica dos moradores locais, a fundação que leva o nome do empresário baiano já desenvolve alguns trabalhos na região, sobretudo em municípios como Nilo Peçanha, onde integrantes de comunidades quilombolas participam ativamente do processo.

Em algumas propriedades da fundação, jovens com idade entre 18 e 30 anos participam do processo de fabricação de produtos locais que conquistam valor agregado em pequenas fábricas na própria região, até ganhar mercado. Itens como palmito em conserva, vassouras e artesanato à base de piaçava são produzidos por profissionais cooperados, a quem Norberto Odebrecht chama de parceiros. “Todos são considerados sócios e, assim, todos saem ganhando”, assinala. Na propriedade denominada Fazendas Reunidas Juliana, em Ituberá, a 317 km de Salvador, diversos produtos são produzidos

de forma sustentável. Lá, é possível visitar áreas de plantio de pupunha, cacau, seringueira, tanques-rede de piscicultura e até uma pequena usina de produção de energia elétrica. A fazenda já possui infraestrutura para prática turística, como trilhas, caminhadas, passeios de charrete e cavalgadas. Todo esse manancial produtivo estará, nos próximos anos, à disposição de turistas considerados diferenciados por seu alto poder aquisitivo. Esses visitantes se hospedarão em empreendimentos que devem ser implantados na APA do Pratigi, também localizada na Costa do Dendê. Um dos novos empreendimentos é o Resort Pratigi, que será implantado com investimentos de um grupo sueco, em uma área de 1,7 mil hectares e vai oferecer a seus hospedes 120 luxuosas vilas, assim como campos de golfe, instalações equestres, bangalôs e um restaurante de alto padrão. O outro é o Fazenda Boipeba, cujo projeto prevê instalações de luxo, sobretudo para visitantes estrangeiros. As áreas são compostas de restingas, manguezais e um grande maciço florestal. A região também possui cachoeiras, área de estuário, cordilheiras e matas intocadas. “Tudo isso conviverá de forma sinérgica e harmônica com o turismo”, assegura Joaquim, executivo da Fundação Odebrecht.

Riqueza cultural se destaca O Baixo Sul baiano possui comunidades quilombolas, que representam um acervo vivo da cultura afro-brasileira. Uma das heranças da ligação da Bahia com as riquezas africanas é a manifestação cultural Zambiapunga, cujo termo tem origem, provavelmente, no nome do deus supremo dos candomblés, ou seja, Zamiapombo. Tal riqueza, levou o grupo a se apresentar na ECO 92, no Rio de Janeiro, e a ganhar as páginas de importantes publicações, como o jornal norte-americano The New York Times. Grandes emissoras de televisão do Brasil também já exibiram a Zambiapunga em alguns dos seus programas. O presidente do Zambiapunga, Walmório Monteiro do Rosário, disse que sua caracterização vem do uso de búzios gigantes, enxadas e outras ferramentas agrícolas, que são tocados como instrumentos de percussão pelos componentes. Outro traço marcante da Zambiapunga é o divertimento das pessoas envolvidas, que saem, de madrugada, com o intuito de acordar a população com os sons dos instrumentos. Entretanto, o ponto alto de aparição da Zambiapunga é a caminhada de homens mascarados que saem às ruas de Nilo Peçanha

tradicionalmente na madrugada do dia 1o de novembro, Dia de Todosos-Santos. Eles trajam roupas coloridas feitas com panos e papéis de seda, percutindo instrumentos peculiares como enxadas, búzios, cuícas rústicas e tambores. O ritual que avança pelo dia 2, quando se comemora o Dia de Finados, destaca-se também pela lembrança dos mortos que são homenageados com flores, velas e missas. Com o passar dos anos, a temática religiosa se extinguiu e permaneceu uma bela manifestação da cultura popular. O Zambiapunga ficou inativo em Nilo Peçanha, cerca de 20 anos (entre as décadas de 1960 e 1980), sendo revitalizado, em 1982, pela então professora Lili Camardelli e os alunos do Ginásio de 1o Grau, Adelaide Souza. Após a revitalização, o Zambiapunga tornou-se uma das maiores manifestações folclóricas do Estado da Bahia. Informações

úteis

Como chegar às Fazendas Reunidas Juliana Usar a estrada de terra BA-250, em boas condições de tráfego, que liga Ituberá a Gandu; no Km 25 entrar à esquerda. Percorrer 40 km, até a sede da fazenda. Tel:/Fax: (73) 256-8800

Viver Bahia | 55


Monumento Histórico

Memórias Reveladas

O Salão dos Espelhos já foi palco de grandes festas e cerimônias oficiais

Palácio Rio Branco é totalmente recuperado e reinaugurado com exposição de acervo e outros equipamentos turísticos

Arquitetura neoclássica é um dos destaques do prédio

56 | Viver Bahia

n Eduardo Pelosi

N

o mundo inteiro, grandes castelos e palácios atraem turistas interessados em conhecer detalhes da arquitetura e da história local. Palácios como o de Buckingham, em Londres; o de Versailles, em Paris; e o da Guanabara, no Rio de Janeiro, impressionam os visitantes pela grande riqueza de detalhes decorativos, marcos históricos e culturais. Com a reforma do imponente Palácio Rio Branco, em Salvador, baianos e turistas voltam a ter mais um importante ponto turístico, ao lado do Elevador Lacerda, que hospedou governadores,

vice-reis, reis, imperadores e presidentes de províncias. A restauração, realizada através do Programa de Desenvolvimento do Turismo do Nordeste (Prodetur), recebeu investimentos de R$ 6,9 milhões, com recursos do Ministério do Turismo e contrapartida do Estado, através da Secretaria de Turismo da Bahia. A obra recuperou todo o conjunto arquitetônico e decorativo do prédio, além de instalar equipamentos de segurança e de climatização. O palácio foi reinaugurado em 10 de junho. Pela primeira vez, ele é aberto completamente para o público e oferece visitas guiadas.

Detalhe de uma das esculturas do Salão dos Espelhos Viver Bahia | 57


Monumento Histórico

História - Construído em 1549, pelo primeiro governador-geral do Brasil e fundador de Salvador, Tomé de Sousa, o Palácio Rio Branco foi a primeira sede do Governo-Geral do Brasil, quando a cidade ainda era a capital do país. De acordo com os relatos do Padre Manoel da Nóbrega, superior dos jesuítas que acompanharam Tomé de Sousa, a Casa dos Governadores, hoje Palácio Rio Branco, foi erguida na Praça Municipal, local planejado para abrigar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Segundo o historiador e presidente da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro, a casa foi estrategicamente construída na parte alta da cidade, com a finalidade de demonstrar poder. As obras foram realizadas sob orientação do Mestre de Pedrarias, Luís Dias, com muros de taipa para despacho e residência do governador-geral.

Em 1624, no governo de Diogo Mendonça Furtado, Salvador foi invadida por um exército de 1.700 holandeses, comandados pelo almirante Jacob Willekens, que tomaram a Casa do Governo e ocuparam o local durante um ano, até se renderem. Durante o governo de Francisco Barreto de Menezes (1657-1669) o prédio é modificado mais uma vez, com a construção de um segundo andar, abrigando setores administrativos no térreo e residência no andar superior, com sacadas de ferro forjado, construído por ordem do rei D. Afonso VI. Em 1763, a capital da Colônia é transferida para o Rio de Janeiro e o local perde o status de sede do Governo-geral. A Casa do Governo também hospedou o imperador Dom Pedro II, durante sua visita à Bahia, em 1859. No ano de 1890, depois de proclamada a República, a

Prédio passou por três modificações arquitetônicas até chegar a forma atual 58 | Viver Bahia

construção ainda conservava uma fachada no estilo colonial português, considerada decadente. Por conta disso, o prédio passa por uma reforma completa e fica pronto em 1900, durante o governo de Luís Viana, tornando-se o imponente Palácio do Governo, em estilo arquitetônico neoclássico. Vários salões e salas, em estilos renascentistas, como a Sala do Descobrimento, o Salão dos Governadores, Salão Luiz XV, Sala Assiriana, Bizantina, o Salão de Honra passaram a integrar a nova sede do governo baiano. As melhorias incluíam nova decoração e obras de arte, como as pinturas de Lopes

Sala dos Despachos do Governador. Ao fundo, o quadro de Antonio Parreiras

Rodrigues, e nova iluminação, com 800 bicos de gás. O palácio passou a ser palco de grandes festas da alta sociedade, como as comemorações pelo 4º Centenário do Descobrimento do Brasil. Foi no início do século XX que o prédio ganharia a forma que é conservada até hoje. Em 1911, o governador Araújo Pinho, por problemas de saúde, renunciou ao cargo. Segundo historiadores, o motivo real para a renúncia foram interferências em sua gestão realizadas por Rui Barbosa e José Marcelino. O fato gerou uma crise política que causou o bombardeio de Salvador, em 1912, a mando do presidente da República, Hermes da Fonseca. O local mais atingido pelos ataques vindos do Forte de São Marcelo foi o Palácio do Governo; o bombardeio provocou um grande

incêndio que deixou o prédio em ruínas e destruiu o acervo de livros e documentos do palácio. Com o fim da crise política, o novo governador, José Joaquim Seabra, inicia os trabalhos de reconstrução do prédio, projetado pelo arquiteto italiano Julio Conti, no mesmo formato como o conhecemos hoje. Finalmente, em 1919, o local tem sua reforma concluída e é reinaugurado com grande pompa, no 30º aniversário da Proclamação da República, com o nome de Palácio Rio Branco. O centro do poder estadual permaneceu no prédio até o ano de 1979, quando foi transferido para o novo Centro Administrativo da Bahia. Após a mudança, o Palácio Rio Branco já abrigou a Prefeitura de Salvador, a Bahiatursa e a Fundação Pedro Calmon. Viver Bahia | 59


Monumento Histórico

Reforma possibilitou aproveitamento histórico

P

ara que a beleza histórica do prédio fosse revelada ao público, a antiga sede dos governos federal e estadual passou por diversas intervenções na estrutura física e artística, antes completamente degradadas pelo tempo e pela má conservação. Como a última intervenção foi realizada em 1983, o prédio acumulava problemas na

Escultura de Thomé de Souza

60 | Viver Bahia

cobertura, por causa das infiltrações, nos elementos decorativos das fachadas e nos bens integrados, como forros, pinturas parietais, pisos e vitrais. Com a coordenação de técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), os seis mil metros quadrados do palácio foram equipados com novos sistemas elétricos e hidráulicos, climatização, telefonia e internet. O telhado, comprometido por cupins, foi totalmente substituído e ganhou um sobreforro de fibra de vidro para evitar vazamentos. O mobiliário e a pintura da época colonial também foram restaurados. As dependências foram adequadas para a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais, com a instalação de rampas e elevadores. Ao adentrar o palácio por um dos três grandes portões de madeira de lei com detalhes em metal decorado, o saguão de entrada já impressiona por sua suntuosidade. Duas grandes colunas de pedra antecedem a escadaria que dá acesso ao segundo pavimento e, ao fundo, uma fonte com uma escultura de Netuno, o rei dos mares, foi ali colocada para proteger a Baía de Todos-os-Santos. Na antiga sala do Memorial dos Governadores foram descobertas pinturas originais nas paredes, através de prospecções estratigráficas, que estavam escondidas por sete camadas de tinta. A pintura original aparece apenas em um pedaço da parede, já que duraria mais de um ano

Antigo Memorial é agora espaço para eventos

para decapar todo o salão, trabalho que será realizado posteriormente. Pinturas e elementos decorativos das paredes de madeira como louro e cedro, mais usuais por causa da facilidade na hora de esculpir, também passaram por reforma. O piso, que estava apodrecido, teve as madeiras substituídas. A sala que abrigava o memorial agora é um espaço para eventos solenes. A grandeza histórica do palácio pode ser constatada nos detalhes. Ao subir a escadaria principal, com degraus de vidro aramado e guarda corpos em ferro decorativo, o visitante depara-se com uma

grande estátua em gesso de Tomé de Sousa, de autoria do escultor italiano Pasquale de Chirico. No teto do saguão superior, o brasão da República Federal foi esculpido. Na claraboia, estão os nomes dos estados federativos, registrados ali quando Paraíba ainda se escrevia com “H” e “Y” (Parahyba) e Mato Grosso com dois “Ts” (Matto Grosso). Datas importantes também foram incorporadas à nave, como o 7 de Setembro de 1822 (Independência do Brasil), 15 de Novembro de 1889 (Proclamação da República), 2 de Julho de 1823 (Independência da Bahia) e 13 de Maio de 1888 (Abolição da Escravatura). No Salão dos Espelhos, uma exposição com móveis estilo Luiz XV, a restauração do piso em parquê e os espelhos emoldurados com camada de pintura em ouro enriquecem o cenário, que já foi palco de grandes festas e cerimônias oficiais. O salão tem uma varanda com vista para a Baía de Todos-osSantos e um coreto, onde ficavam as orquestras. A Sala de Despachos do Governador chama atenção por uma longa mesa de reuniões, e pelo original do quadro Primeiro Passo para a Independência do Brasil, com três metros de altura e seis de largura, que retrata o início da luta pela Independência, em Cachoeira, no histórico 25 de Junho, e pintado, em 1930, pelo artista plástico fluminense Antônio Parreiras. O salão também foi climatizado, teve seu grande lustre de cristal recuperado e, assim como todas as dependências que abrigam obras de arte, possui catadores de fumaça e extintores especiais para combater incêndios. Logo ao lado, uma sala anexa está mobiliada com móveis

Teto da Sala dos Despachos mostra detalhes da arquitetura neoclássica

modernos, projetados especialmente para se alinharem com a decoração clássica do ambiente. Junto com a Sala de Despachos do Governador, o local vai abrigar, uma vez por semana, o gabinete do atual governador do Estado. Ainda no primeiro andar, a Sala dos Esquecidos também está aberta à visitação e possui grandes portas que ligam o espaço com outras salas menores. Ali se reuniram, no dia 7 de março de 1724, os membros da Academia dos Esquecidos, a primeira instituição de caráter cultural fundada no Brasil.

Escada e hall do pavimento superior Viver Bahia | 61


Monumento Histórico

Memorial expõe peças raras

O

novo Memorial dos Governadores fica no lado oposto ao da sala que antes abrigava a exposição. Inaugurado em 1986, o memorial abriga coleções de objetos, documentos da vida privada, cotidiana e profissional doados pelos governadores. Uma pinacoteca com 46 retratos de cada chefe do Estado da Bahia também está exposta no salão. Entre os bens expostos, há um grande relógio de parede, britânico, do século XIX, fabricado por Elias Ingraham e que pertenceu ao governador José Joaquim Seabra. Outras relíquias ali abrigadas são: a caneta tinteiro Parker, de Vital Henrique Batista Soares, a coleção de talheres monogramados em prata, da marca Christoffe, que pertenceram a Severino Vieira e José Marcelino. As porcelanas Sèvres-Bavaria, o relógio de bolso, ouro 18 quilates, do governador Luiz Viana, que se encontram perfeitamente conservados e impressionam os visitantes.

Porcelana Sèvres-Bavaria

62 | Viver Bahia

Os móveis também foram restaurados e agora compõem a exposição

Nos documentos e livros expostos, destaca-se a carta de José Gonçalves da Silva para o Barão de Geremoabo, expondo os motivos pelo seu desinteresse em se candidatar ao Senado Nacional e a Mensagem de Despedida ao Povo Bahiano, de 1959, escrita por Antônio Balbino. A pinacoteca expõe em ordem cronológica quadros pintados com o retrato de todos os governadores da Bahia, desde Virgínio Clímaco Damásio até o atual governador Jaques Wagner. O historiador Ubiratan Castro explica que era comum os prédios públicos, principalmente os palácios dos governadores, conservarem a memória do poder da época. “Pinturas e retratos dos governadores e presidentes eram preservados. Por isso, os memoriais dos governadores são instalados nos

palácios, porque esses imóveis eram considerados memoriais do Poder Executivo”, conta. Segundo Ubiratan Castro, a Fundação Pedro Calmon pretende ampliar o memorial para que ele se torne o Memorial da Bahia. “Os turistas que vêm à Bahia entram no palácio em busca de uma referência histórica da Bahia, queremos que aquele espaço se torne um memorial com toda a história baiana”, destaca. O Memorial dos Governadores já recebe, depois da reinauguração, cerca de 400 visitantes por dia. O professor paulista Wellington Leite, de 33 anos, veio com a mulher conhecer o prédio. “Eu já conhecia a Bahia, mas nunca tinha visitado o Palácio Rio Branco. Isso aqui é muito interessante, retrata a história dos baianos, é muito bom que ele tenha sido aberto, temos mais um local para visitar”, comenta Leite.

Exposição Centro Antigo de Salvador - No espaço reservado para mostras e eventos, o Palácio Rio Branco abriga, até o mês de novembro, a exposição Centro Antigo de Salvador – A História do Brasil Vive Aqui. De forma interativa, a exposição utiliza a tecnologia para mostrar, através de telas sensíveis ao toque, uma viagem no tempo que conta a história do Centro Antigo da capital baiana. Em um conjunto de telas, o visitante pode conhecer os projetos das 14 proposições do Plano de Reabilitação do Centro Antigo. Através de outros dois monitores, o visitante pode escolher no mapa da região uma das centenas de casas, ruas e pontos turísticos que são atendidos por alguma das ações do Plano, com detalhes sobre o local, ação realizada, fonte de investimentos, empregos gerados e estágio da ação. As fotos dos casarios e ruas do Centro Antigo ganham uma visão psicodélica através de um caleidoscópio digital, que transforma as imagens em verdadeiras obras de arte. Ao final da exposição, o visitante pode gravar um depoimento com suas impressões sobre a mostra e sobre o Centro Antigo de Salvador. Em apenas um mês o espaço recebeu mais de três mil visitantes e, por conta disso, teve sua programação ampliada até novembro.

Medalham fazem parte do acervo

Visitas guiadas - Todos os dias, das 10h às 18h, o Palácio está aberto para visitas. O passeio, monitorado por guias, pode ser agendado gratuitamente, de terça a quinta-feira, às 10h e às 15h. Os guias contam a história, a trajetória e as mudanças arquitetônicas desse imóvel que, por si só, já é uma aula magna da história do Brasil e da Bahia. Como apoio, foram capacitados 11 estudantes universitários de Turismo, Arquitetura, Urbanismo, História, Decoração, Artes e Museologia. A programação inclui áreas nobres do Rio Branco, como térreo, Memorial dos Governadores, hall principal, sala dos banquetes, varanda térrea e a exposição do Plano de Reabilitação do Centro Antigo. O agendamento do Projeto de Visitas Guiadas, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Ipac), pode ser feito para grupos de até 30 visitantes, através dos telefones (71) 3117-6491, (71) 31176492 e do email: astec.ipac@gmail. com .

Linha do Tempo 1549 Tomé de Sousa funda Salvador e constrói a Casa do Governo 1624 A Casa do Governo é ocupada por um ano por invasores holandeses 1663 O espaço ganha nova forma e um pavimento superior 1763 A capital da Colônia é transferida para o Rio de Janeiro e a casa torna-se sede do governo local 1890 Após proclamada a República, começam as reformas estruturais do prédio 1900 A reforma é concluída e o local passa a ser conhecido como Palácio do Governo 1912 O Palácio é bombardeado por tiros disparados do Forte de São Marcelo que, ao caírem em seu interior, causam um incêndio que consume boa parte do prédio 1919 O local tem sua reforma concluída e passa a se chamar Palácio Rio Branco 1949 São realizadas obras profundas de ampliação, com a introdução de estrutura de concreto armado e pintura externa e interna 1979 Com a restauração do Paço Municipal, que passou a abrigar apenas a Câmara de Vereadores, o Gabinete do Prefeito Municipal de Salvador passa a ocupar o Palácio Rio Branco 1983 Passa a ser ocupado pela Bahiatursa, quando foi realizada a última reforma 2010 São investidos R$ 6,9 milhões para a reforma completa e recuperação da arquitetura e dos bens materiais do Palácio

Exposição Centro Antigo de Salvador - A história do Brasil vive aqui traz painéis interativos Viver Bahia | 63


Foto: Jotafreitas

Festas Populares

Foto: Jotafreitas

Eventos religiosos levam peregrinos ao interior

Bom Jesus da Lapa recebe todos os anos milhares de romeiros para peregrinação de agosto

Romaria de Bom Jesus da Lapa e Festa da Boa Morte reúnem devotos e curiosos n Acácia Martins

A

devoção a Bom Jesus da Lapa é antiga. Tem mais de 300 anos e durante todo esse tempo atrai milhares de peregrinos à cidade de Bom Jesus da Lapa, a 840 km de Salvador, oeste da Bahia, às margens do Rio São Francisco. Os peregrinos vão para pagar promessas, agradecer às graças alcançadas, rezar ou somente conhecer o santuário localizado no sertão da Bahia. Este ano será realizada a 319ª Romaria de Bom Jesus, e a 64 | Viver Bahia

estimativa é de que a cidade receba perto de 500 mil pessoas que vão participar da procissão. O ponto alto da romaria é o dia 6 agosto. No ano passado, cerca de 300 mil peregrinos foram render homenagens ao Bom Jesus. Também para este ano estão previstas as presenças de pregadores de outros grandes santuários nacionais, como o da Basílica de Nossa Senhora Nazaré do Desterro, de Belém (PA), de Juazeiro do Norte (CE) e de Nossa Senhora Aparecida (SP). Durante a romaria, a cidade mais parece um formigueiro, com tanta gente. É um entra e sai que não acaba mais. Muitos chegam de caminhão; outros, de bicicleta; e outros ainda vão mesmo a pé, vindos de várias cidades baianas e de outros estados. Todos eles se

mostram ansiosos em demonstrar a fé que têm no Bom Jesus da Lapa. O primeiro romeiro - O Monge da Gruta. Assim ficou conhecido o ourives e pintor português, Francisco de Mendonça Mar. Ele se aventurou sertão adentro, em sua peregrinação, até descobrir, em 1691, a gruta que hoje é o Santuário do Bom Jesus da Lapa. Desiludido por causa de uma injustiça cometida pelo governador-geral do Brasil, à época, acabou por deixar tudo para trás e saiu à procura da iluminação divina. Em 1688, depois de pintar o palácio do governador, ao invés de pagamento, ele foi levado para a cadeia e açoitado junto com dois de seus escravos. Filho de um ourives, Francisco de Mendonça Mar nasceu em

A gruta é o principal palco de fé e devoção ao Bom Jesus da Lapa

Lisboa, Portugal, em 1657. Exerceu a profissão do pai e a de pintor. Com pouco mais de vinte anos de idade, em 1679, chegou a Salvador, onde abriu sua própria oficina, tendo alguns escravos como ajudantes. Ao sair em busca da iluminação pelo sertão baiano, Francisco de Mendonça levou consigo uma imagem do Cristo Crucificado. Depois de vários meses andando, ele encontrou o “morro Itaberaba”, um perfeito Monte Calvário. Subiu uma ladeira e por uma fenda na pedra penetrou em uma gruta. Lá dentro, encontrou uma cavidade que abrigava perfeitamente a cruz que levava, e ali a colocou, dando início à devoção do Bom Jesus da Lapa. Na época, havia sido descoberto ouro em Minas Gerais, e por ali passavam garimpeiros e

bandeirantes. Logo o Santuário do Senhor Bom Jesus ficou conhecido como “da Lapa”, parada obrigatória dos viajantes. Francisco construiu o primeiro hospital de doentes e o asilo de pobres, sendo ele o enfermeiro. Aos doentes que curava, ele mostrava o Bom Jesus na cruz, dizendo-lhes que foi o santo que havia feito aquela cura. Mais tarde, em 1706, o monge foi ordenado sacerdote e passou a chamar-se padre Francisco da Soledade, em homenagem a Nossa Senhora da Soledade. A gruta tornou-se o Santuário do Senhor Bom Jesus. Hoje é um centro de peregrinação e romaria, tendo enfermaria, hospital e asilo de pessoas pobres. Tornou-se, também, centro de missões, de onde vários grupos partem para outros lugares.

Programação Sábado: 31/07/10 Homenagem: Bandeirantes, primeiros exploradores da gruta (1553) 20h: Novena Domingo: 01/08/10 Homenagem: Negros, romaria dos escravos alforriados (1888) 20h: Novena Segunda-feira: 02/08/10 Homenagem: Monsenhor Turíbio Vila Nova Segura, historiador do monge (1933-1956) 20h: Novena Terça-feira: 03/08/10 Homenagem: Dom João Batista Muniz, bispo diocesano de Barra, que convidou os Redentoristas para o trabalho pastoral no Santuário (1956) 19h45m: Novena Quarta-feira: 04/08/09 Homenagem: Dom José Nicomedes Grossi, primeiro bispo da Diocese de Bom Jesus da Lapa (1963-1990) 19h45m: Novena Quinta-feira: 05/08/10 Homenagem: Romeiros, irmãos e devotos do Bom Jesus (319 anos de Romaria) 19h45m: Novena Sexta-feira: 06/08/10 Festa da Transfiguração do Senhor 07h: Missa Solene

Viver Bahia | 65


Festas Populares

Boa Morte reverencia cultura afro-baiana

A

cidade histórica de Cachoeira, a 110 km de Salvador, também conhecida como Cidade Heróica por conta de sua participação na luta pela Independência da Bahia, o Dois de Julho, fica com uma feição diferente todo mês de agosto. Há mais de 200 anos a Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte toma conta das ruas estreitas e seculares da cidade considerada Monumento Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Localizada no Recôncavo Baiano, Cachoeira revive, todos os anos, uma das mais tradicionais e ricas manifestações religiosas e culturais da Bahia.

A beleza plástica representada pelas suas imponentes vestimentas e o forte sentimento de fé, exibido nos semblantes das 22 senhoras descendentes de escravos, impressionam devotos e turistas, principalmente norteamericanos afrodescendentes, que chegam atraídos pela força da ancestralidade africana preservada pela Irmandade. “É como se eu estivesse vendo meus antepassados”, lembra a antropóloga norte-americana, Barbara King, ministra da Igreja Hilside Internacional Truth Center. O interesse dos afro-americanos pela festa da Boa Morte tem feito com que a Secretaria de Turismo do

Formada apenas por mulheres, a Irmandade da Boa Morte é atração em Cachoeira 66 | Viver Bahia

Estado da Bahia (Setur) invista no turismo étnico-afro, incentivando a vinda desses turistas para a Bahia. A operação do voo direto MiamiSalvador, da American Airlines, e a promoção da Bahia nas cidades norte-americanas de Atlanta, Nova Iorque e Filadélfia, fazem parte da estratégia de desenvolver o turismo étnico-afro em terras baianas. Sociedade Feminina - A Irmandade da Boa Morte é uma confraria fundada em 1820, formada somente por mulheres negras, com mais de 40 anos, que preservam tradições e ensinamentos religiosos cultuados por seus ancestrais. Para entender melhor o que representa esse tipo

Foto: Rita Barreto

de associação, é necessário voltar ao passado, época em que cultuar os rituais africanos publicamente era proibido, e os afrodescendentes recorriam à devoção de santos negros da Igreja Católica. Esses cultos deram origem às associações batizadas de irmandades. A ideia das irmandades foi dos brancos, pois já existiam em Portugal desde o século XIII, como estratégia de evangelização, mas deu margem aos africanos de se organizarem e recriarem suas identidades étnicas trazidas da África. Essas confrarias representavam um alento para aqueles que foram trazidos para viver na escravidão, a exemplo da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, que ajudava a libertar escravos tanto por meio da alforria como também da fuga para o Quilombo do Malaquias, em Terra Vermelha, zona rural da cidade. A força dessa resistência se faz presente em cada passo que as irmãs da Festa da Boa Morte dão solenemente pelas ruas de Cachoeira, ao venerar Nossa Senhora, em agradecimento pela liberdade dos seus ancestrais. Ritual minucioso - De 13 a 17 de agosto, as irmãs cumprem uma programação cheia de rituais e cerimônias. No primeiro dia, 13/8, a partir das 18h, saem às ruas em cortejo com a imagem da santa, anunciando a morte da Virgem Maria; é a procissão do corpo de Nossa Senhora. Participam da missa pelas almas das irmãs falecidas, na Capela da Irmandade. Depois da sentinela, há a ceia branca, que tem como pratos principais peixe, arroz branco e pão, também na sede da Irmandade. Nesse dia, as irmãs vestem roupas brancas, cordão na cintura, uma longa blusa

Foto: Rita Barreto

Descendentes de escravos, as religiosas ajudavam na fuga e na compra da alforria

delicadamente trabalhada, uma saia plissada rodada, sandálias brancas de couro, torço - ojá branco - comum, bordado em richelieu. Sem joias ou adornos (exceto as guias de santo, ou orixás, como eles dizem no dialeto africano) vestem branco, que significa luto, de acordo com as religiões de matrizes africanas. É também a cor de Oxalá, orixá da Criação. No dia 14/8, sábado, é celebrada a missa simbólica de corpo presente de Nossa Senhora da Boa Morte, a partir das 19h, na Capela da Irmandade. Depois acontece a procissão simbólica do enterro de Nossa Senhora da Boa Morte. As irmãs usam seus trajes de gala, as becas. A cabeça é coberta por um lenço branco, denominado bioco. Sobre a camisa branca, trazem um pano-da-costa de veludo preto. Na cintura, amarram um lenço branco sobre a saia preta plissada e calçam chagrins (espécie de chinelos) brancos. O passo é amparado pelo cajado que leva as tochas. As irmãs demonstram orgulho por participar das celebrações e desfilam pelas ruas

com muita nobreza e dignidade. No domingo, 15/8, é o auge da festa. É dia de comemoração, com a missa festiva da Assunção de Nossa Senhora da Glória, às 9h, seguida de procissão que percorre as ruas da cidade. As irmãs usam trajes elegantes, basicamente os mesmos usados no sábado. No entanto, é permitido mostrar o xale vermelho, um símbolo do dia de felicidade e satisfação. A cor vermelha é associada à cor dos orixás Omolu e Iansã. Domingo também é o único dia permitido para ostentar joias e adornos, uma homenagem ao orixá Oxum, a deusa das águas doces, associada à riqueza, beleza, rios e lagos. Ao meio-dia, as irmãs oferecem aos convidados e à comunidade, na sede da Irmandade, uma feijoada, com direito ao tradicional samba-de-roda. Na segunda-feira (16) e na terça (17) as irmãs oferecem um cozido e caruru, a partir das 20h, sempre seguido de um autêntico samba-de-roda.

n Colaborou Tereza Torres Viver Bahia | 67


Foto: Rita Barreto

Festas Populares

Maravilhas portuguesas

Conjunto baiano está no ranking n Danielle Del Colli

A

A procissão atrai a atenção de baianos e turistas e já integra o calendário de festas populares da Bahia PROGRAMAÇÃO DIA 13/08 - Sexta-feira 18h Cortejo anunciando a morte de Maria 19h Missa pelas almas das Irmãs Falecidas, na Capela da Irmandade 21h Sentinela, ceia branca, na sede da Irmandade. DIA 14/08 - Sábado 19h Missa simbólica de corpo presente de Nossa Senhora da Boa Morte, na Capela da Irmandade, seguida de procissão simbólica do enterro de Nossa Senhora da Boa Morte DIA 15/08 - Domingo 09h Missa festiva da Assunção da Nossa Senhora da Glória, e depois procissão percorrendo as ruas da cidade 12h Almoço das irmãs e convidados, na sede da Irmandade. 14h Samba-de-roda, no Largo da Ajuda DIA 16/08 - Segunda-feira 20h Cozido, seguido de samba-de-roda, no Largo da Ajuda DIA 17/08 - Terça-feira 20h Caruru, seguido de samba-de-roda no Largo da Ajuda Informações: Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. Telefone (75) 3425-1468

68 | Viver Bahia

Informações

úteis

Bom Jesus da Lapa Como Chegar Está a 902 km de Salvador. Via Terrestre Partindo de Salvador, pela BR-324, depois a BR-242, até Ibotirama seguir pela BA-160. De ônibus, é possível ir pela empresa Novo Horizonte (71) 34502224. Duração da viagem: 12h.

BR 101

Cachoeira

BR 324

Cachoeira

Bom Jesus da Lapa

Ibotirama

Feira de Santana BR 242

BA 160 Bom Jesus da Lapa

Salvador

Salvador

Cachoeira Como Chegar Está a 129 km de Salvador Via Terrestre: Sair de Salvador pela BR-324 até a BR-101, sentido sul, passando pelo viaduto que cruza a BR 324. De ônibus é possível ir pela empresa Santana + 55 71 3450 -4951 -, a partir do Terminal Rodoviário de Salvador.

BR 116

BR 324 Salvador

s duas são vizinhas. Uma foi construída em 1723, tem o interior todo coberto de ouro, além de painéis únicos e genuínos de azulejos portugueses. A outra foi erguida em 1702 e tem a fachada toda em pedra lavrada, sendo o único exemplar no Brasil que remete ao barroco espanhol. O conjunto arquitetônico da Igreja e Convento de São Francisco e Igreja da Ordem Terceira não é só Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil é também uma das sete maravilhas portuguesas no mundo. Essas duas igrejas ganharam o título depois de um concurso realizado pela New 7 Wonders Portugal, que organizou, em 2007, a escolha das Novas Sete Maravilhas do Mundo e das Sete Maravilhas de Portugal. A lista elaborada pelos organizadores da disputa considerou o valor histórico e patrimonial dos concorrentes, a origem portuguesa e a influência no mundo. O troféu vindo de Portugal foi entregue recentemente ao guardião do convento, frei Afonso Schomaker e ao representante da Ordem Terceira, Gilberto Carvalho dos Santos, pelo secretário de Turismo da Bahia, Antonio Carlos Tramm, e pela presidente da Bahiatursa, Emília Silva. “Esse prêmio tem um significado muito grande do ponto de vista religioso, histórico, cultural e turístico. É o reconhecimento internacional da riqueza que o nosso Estado possui”, destacou Emília. A votação popular pela internet e por telefone foi realizada em 2009. Ao todo, foram 238.418 votos. O conjunto arquitetônico baiano concorreu com outros 26 locais, sete somente no Brasil. O resultado foi anunciado em julho do ano passado. A Igreja de São Francisco de Assis da Penitência, em Ouro Preto, Minas Gerais, também ganhou o título. Os outros cinco monumentos eleitos são: Fortaleza

de Diu (Guzerate) Índia, Igreja do Bom Jesus (Goa Velha) Índia, Igreja de S.Paulo (Macau) China, Cidade Velha de Santiago (Cabo Verde) África e a Fortaleza de Mazagão (Marrocos) África. Ao receber o prêmio, frei Afonso falou sobre o valor histórico da Igreja. “Fico feliz em saber que essa obra belíssima não foi esquecida. O reconhecimento ajuda na consolidação do local como uma das mais importantes construções do Brasil”. O Concurso foi realizado em várias etapas. Tudo começou com a criação da New 7 Wonders Foundation, com sede no Le Corbusier, em Zurique, pelo suíço Bernard Weber, que lançou a votação para eleger as novas 7 Maravilhas do Mundo, em 2001.A ideia de Weber consistia em envolver a população mundial numa campanha de divulgação do patrimônio construído pelo homem e, com isso, contribuir para a sua preservação. Dando continuidade à proposta, foi realizada a eleição das 7 Maravilhas Portuguesas no Mundo. A partir dos 27 monumentos portugueses espalhados pelo mundo, e classificados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, foram escolhidos apenas sete. Foram nove monumentos da África, oito da América Latina e 10 da Ásia. A eleição foi realizada pelo site www.7maravilhas.sapo.pt . Na América do Sul, além da Bahia, participaram da votação: Forte do Príncipe da Beira (Rondônia), Igreja de São Francisco de Assis da Penitência (Ouro Preto), Mosteiro de São Bento de Olinda (Olinda), Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas do Campo, Minas Gerais), Convento de Santo Antônio e Ordem Terceira (Recife) e Colônia de Sacramento (Sacramento, Uruguai). Na África, o Convento do Carmo de Luanda (Luanda, Angola), Cidade Velha

Igreja de São Francisco foi eleita uma das 7 Maravilhas Portuguesas no mundo de Santiago (Ilha de Santiago, Cabo Verde), Gorgora Nova (Dambiá, Etiópia), Fortaleza de São Jorge da Mina (São Jorge da Mina, Gana), Fortaleza de Mazagão (El Jadida, Marrocos), Fortaleza de Safi (Safi, Marrocos), Ilha de Moçambique (Moçambique), Fortaleza de Jesus de Mombaça (Mombaça, Quênia) e Fortaleza de Kilwa (Kilwa, Tanzânia). Na Ásia, Fortaleza de Qalat al-Bahrain (Golfe, Bahraine), Igreja de São Paulo (Macau, China), Cidade de Baçaim (Vasai, Índia), Fortaleza de Damão Grande (Damão, Índia), Fortaleza de Diu (Gujarat, Índia), Igreja de Bom Jesus do Goa (Índia), Sé Catedral de Goa, Fortaleza de Ormuz (Ormuz, Irã), Centro Histórico de Malaca (Malaca, Malásia) e Fortificação de Mascate (Mascate, Omã). Viver Bahia | 69


Festival Gastronômico

Culinária Baiana é apresentada nos Estados Unidos, Europa e América do Sul n Danielle Del Colli

C

erca de 4 mil pessoas já puderam descobrir através da culinária baiana por que a Bahia é muito mais. Desde o final do ano passado (2009), a Bahiatursa e a Secretaria de Turismo realizam no mercado internacional o Festival de Gastronomia Baiana. O evento já passou pela Venezuela, Estados Unidos, Portugal e Espanha. Moqueca, xinxim, vatapá, carne do sol, bobó de camarão, farofa de dendê são algumas das delícias apresentadas durante o festival. O evento nos Estados Unidos, que aconteceu no mês de maio, reuniu cerca de 1500 pessoas durante cinco dias de almoços e jantares no restaurante do Hotel Intercontinental, em Miami. “O sucesso foi absoluto, todos os dias tivemos lotação máxima. Os americanos gostam muito da Bahia e como o evento tem duração de 5 ou 7 dias, acontece da pessoa ir no primeiro dia e repetir a dose dois ou três dias depois”, comemora Rosana França, diretora de Relações Internacionais da Bahiatursa. A chef brasileira Deborah Rosalém, que já atua há 15 anos no mercado gastronômico da Flórida, foi a responsável pela concepção do cardápio baiano voltado para o paladar dos americanos. “As receitas precisam ser levemente modificadas, com menos dendê e pimenta. Eles ficam maravilhados com as cores e a textura marcante da comida baiana”, destaca. Na terra do Tio Sam, o festival já passou duas vezes este ano. “Os Estados Unidos são um mercado primordial; estamos sempre em busca de fomentar os sete voos semanais da American Airlines que ligam Salvador a Miami, ressalta 70 | Viver Bahia

versões, uma para cada dia do festival. Uma baiana devidamente caracterizada recebeu os visitantes já no hall do hotel, com acarajé fresquinho e caipirinha. Além do sucesso das iguarias baianas, o público se encanta também com a apresentação de cantores da terra. Na Espanha e em Portugal, quem se apresentou foi Márcia Short e o músico Clodoaldo. Os dois montaram um repertório especial com grandes composições de mestres baianos, como Caymmi, Caetano, Gerônimo, dentre outros. “O retorno dado pelos participantes dos festivais gastronômicos que idealizamos é sempre muito positivo e gratificante. Conseguimos chamar a atenção e juntar harmonicamente, num só evento, o público final, a imprensa e os principais integrantes do trade local. E assim alcançamos o nosso objetivo, que é o de chamar a atenção cada vez mais para a Bahia”, acrescenta Emília.

Livro temático integra promoção

Todos os participantes do festival levam para casa um livro com as melhores receitas da culinária típica da Bahia. A publicação foi editada em inglês, português e espanhol. O livro foi desenvolvido em parceria com o Senac. Lembrando que os ingredientes típicos como o azeitede-dendê, o leite de coco, o amendoim, as castanhas e o camarão seco podem ser encontrados em locais que vendem produtos africanos e brasileiros espalhados pelos EUA e Europa. Somente este ano, o evento já aconteceu em Lisboa, Porto, Miami e Madri. Em 2009, o festival também foi realizado na Venezuela.

A Baiana do Acarajé esbanjou simpatia

Bahiatursa promoveu a gastronomia baiana nos Estados Unidos Emília Silva, presidente da Bahiatursa. O próximo deve ocorrer em setembro, em Nova Iorque. Em julho, na semana em que a Espanha foi consagrada campeã da Copa do Mundo 2010, foram os espanhóis que se renderam ao tempero brasileiro. Ao invés da tradicional paella os madrilenhos

puderam saborear a autêntica comida típica da Bahia. O evento foi realizado no restaurante do Hotel Intercontinental de Madri, com a participação de cerca de 600 pessoas, durante os sete dias de almoços e jantares. Em Madri, o cardápio contou com 70 pratos típicos, divididos em sete

Mais de quatro mil pessoas provaram os quitutes da Bahia

A Baía de Todos-os-Santos está sendo preparada para a Copa de 2014

Copa 2014

Bahia já se prepara para receber turistas C inco eixos centrais integram as estratégias da Secretaria de Turismo e da Bahiatursa para o desenvolvimento de ações para a Copa de 2014. São eles, investimentos públicos em infraestrutura turística, atração de investimentos privados, qualificação dos serviços turísticos, ações de marketing e promoção do Destino Bahia e montagem de um receptivo especializado. Na área de investimentos públicos, destacam-se projetos como a implantação de um Palco Articulado no Pelourinho, que incentivará a programação cultural do local, a construção de um Oceanário, que representa um importante diferencial na atração de visitantes e a adaptação do Armazém 1, do Porto de Salvador, para a recepção de turistas. O Palco Articulado prevê investimentos de R$ 5,3 milhões, enquanto que o projeto de estudos para implantação do Oceanário e a estação de passageiros no Porto alcançam mais de R$ 4 milhões. A Setur pleiteia ainda recursos da ordem de US$ 86 milhões do Prodetur Nacional para a implementação das ações previstas no Plano Nacional de Desenvolvimento do Turismo Náutico na Baía de Todos-os-Santos. O montante prevê a construção de uma estrada e uma série de melhorias estruturais na região.

No que se refere à atração de investimentos privados, mais de US$ 3 bilhões foram captados nos últimos três anos e sete meses, sendo que a maioria dos aportes será aplicada na Costa dos Coqueiros e em Salvador. A previsão é que, juntas, as regiões ganhem mais 19 mil leitos que se somarão aos 50 mil já existentes na capital e no Litoral Norte. Para a qualificação profissional e empresarial, a meta do governo estadual, por meio da Setur, é chegar ao fim de 2011 com mais de 15 mil beneficiados. Além disso, há a previsão da criação de um programa de renovação da frota de táxis, junto à Desenbahia, condicionando a participação dos taxistas contemplados às suas presenças em cursos de capacitação voltados para a Copa de 2014. No receptivo, será implantado um projeto baseado nos Guias e Monitores do Carnaval, onde mais de 500 profissionais atuam no atendimento aos visitantes que chegam à cidade para curtir a festa momesca. Durante a Copa, será ampliada a quantidade de idiomas e também de atendentes. A promoção do Destino Bahia, por sua vez, será operacionalizada pela Bahiatursa, que fará ações de marketing e eventos de divulgação no Brasil e no exterior, reforçando a marca do Estado como polo turístico nacional. Viver Bahia | 71


Mistura fina

Reunindo alguns ingredientes diferentes, Feijoada de Marisco revoluciona sabor de pratos à base de frutos do mar

A chef Mary nos revelou que 16 tipos de mariscos fazem parte dos ingredientes que compõem essa alquimia culinária. Os mariscos são refogados com os temperos e depois o feijão fradinho, pré-cozido, completa a receita. De acompanhamento, é servida uma farofa de camarão (defumado e refogado com cebola e azeite-de-dendê) e arroz. Dez minutos são suficientes para preparar a refeição; mas o que demora mesmo é o preparo dos mariscos. “Eu acordo às 3h30 da manhã para descascar todos os mariscos. O feijão eu só coloco quando o cliente chega, e o prato pode ser servido às 10h”. O prato está incluído no maior festival gastronômico do planeta, “Festival Brasil Sabor”, que é organizado pelo “Brasil Sabor 2010 - Sabores que contam histórias” e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Segundo Mary, a Feijoada de Marisco tornou-se a revelação da cozinha baiana e, devido ao destaque, a demanda de encomendas tem aumentado. A chef, que é filh a de pescador e está na profissão há três anos, já foi homenageada pelo Sebrae e considerada

a melhor culinarista do ano, além de já ter participado da Semana da Pesca e do Pescador, realizada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Esse prato exótico e todos os outros são preparados pela própria chef, que se diz apaixonada pela arte de cozinhar. “Eu gosto de pescar, de mariscar, e agora eu tenho a oportunidade de mostrar o que eu gosto de fazer. Os mariscos aqui saem do mar para a panela, com todos os cuidados devidos.” As delícias do mar chegam a atrair cerca de 20 pessoas por dia e 30 nos finais de semana. A chef Mary nos conta que muitos clientes esperam a maré baixar para vê-la pescar e preparar o prato, e já criaram até o rap da pesca. “Eu vim pra São Tomé/esperando a maré baixar/pra pegar siri/você vai ter que se abaixar”. Mary também acabou de criar o Rodízio de Marisco. No rodízio, os clientes podem degustar todas as delícias do cardápio. Sobre o segredo para se fazer um prato caprichado, a chef foi bastante segura na resposta. “É muito amor, dedicação, vontade de cozinhar e o toque final são minhas mãos, e essas são únicas”.

Feijoada de Marisco Ingredientes Mariscos: polvo, sururu, ostra, sernambi, peguari, lula em anéis, camarão, siri mole, siri catado, filé de lagosta, chumbinho, aratu, caranguejo catado, tapu,mexilhões e saupiro 70 a 100 gramas de cada marisco 1 colher de sopa de sal 3 dentes de alho grandes 2 cebolas médias 2 tomates médios 30 gramas de coentro 1 limão médio 200 ml de leite de coco

Modo de preparo Machuque bem o sal e os dentes de alho com a ajuda de um machucador. Acrescente as cebolas e os tomates cortados e por último o coentro. Coloque em uma frigideira os temperos com os mariscos pré-cozidos (a lula não precisa ser pré-cozida) e mexa antes de acender o fogo. Adicione o leite de coco e o azeite-de-dendê para cozinhar durante 5 minutos. Quando a mariscada já estiver no ponto,

Prato integrou Festival Brasil Sabor, da Abrasel

n Adriana Barbosa

S

e os baianos apreciam uma bela feijoada e ao mesmo tempo não deixam de apreciar frutos do mar, agora podem desfrutar da “Feijoada de Marisco”. Pois este é o mais novo prato da culinária baiana, que reúne duas delícias da nossa cozinha. A receita já nos deixa com uma ponta de curiosidade para conhecer essa novidade e muita água na boca para sentir o sabor desse deleite, que é a mistura de feijão 72 | Viver Bahia

fradinho com frutos do mar. E como uma boa comida pede uma boa história, ninguém melhor do que a chef Mary Menezes, criadora dessa iguaria, para nos contar. “A Feijoada de Marisco surgiu numa situação bem emergencial, quando em um final de semana minha família resolveu aparecer de surpresa. Eu, que já estava fazendo feijão fradinho e cozinhava alguns mariscos, resolvi fazer algo diferente e envolvi as duas receitas. E desta forma surgiu o nome Feijoada de

acrescente o feijão fradinho (cozido à base de

Marisco”, explica Mary Menezes. A feijoada é servida na varanda, rodeada por um cenário verde, com uma serena vista para o mar, ao som das calmas ondas da praia de São Tomé de Paripe. E a sensação de estar em casa não é mera coincidência quando olhamos para a rede que fica bem ao lado da mesa. Aliás, a relação da chef com os clientes é de muita afinidade, inclusive ela diz que muitos brincam tentando identificar os mariscos que compõem o prato.

sal e água) e deixe ferver por mais 5 minutos. Ao final, esprema um limão médio e o prato já estará pronto para ser servido. Bom apetite! Porção para 2 pessoas.

Dica da Chef Se não quiser utilizar o azeite-de-dendê, basta colocar 3 colheres de sopa de azeite de oliva, 1 colher de extrato de tomate (para dar cor) e 200 ml de leite de coco.

Onde comer Rua Benjamim de Souza, n°135, Orla de São Tomé de Paripe. Mary: os mariscos aqui saem do mar para a panela, com todos os cuidados devidos

Telefone: (71) 3521-7582

Viver Bahia | 73


Data: Até 14 de agosto Endereço: Espaço Cultural

teia seu novo experimento: um scanner de autoexame slim. Esta é a essência da peça O Paciente do Dr. Piaba, que traz de volta aos palcos do Teatro Jorge Amado o humorista Renato Piaba, interpretando os dois personagens. O cenário é um ambiente hospitalar, em que médico e paciente discutem as mazelas que os seres humanos enfrentam no pronto-socorro, desde fobias em relação a doenças e remédios, até simpatias para cura, mostrando, de forma bem-humorada, a realidade das pessoas que não dispõem de plano de saúde e recorrem a ambulatórios e salas de emergência de hospitais públicos. Local: Teatro Jorge Amado Preço(s): R$ 40,00 Data(s): 9 de julho a 1º de

PROGRAMAÇÃO Salvador tEATRO

O Soldadinho de Chumbo no Circo dos Sonhos

O musical O Soldadinho de Chumbo no Circo dos Sonhos, texto de Patrícia Gonçalves, é uma adaptação do clássico O Soldadinho de Chumbo, de Hans Christian Andersen, para o mundo mágico do circo. A história original traz um valente soldadinho de chumbo, que enfrenta perigos e luta bravamente pelo amor da sua amada bailarina, porém sem ter um final feliz... Adaptando o clássico num lindo musical ao vivo dentro do colorido Circo dos Sonhos, com malabares de fogo, palhaços e até equilibristas, a história ganha muito mais beleza, poesia, música e quem sabe até um final bem feliz, recheado de bons ensinamentos, de valores e virtudes, provocando no público pensamentos de esperança, amor, perdão, união e harmonia! Data: Até 1º de agosto Endereço: Teatro Solar Boa Vista - Eng. Velho de Brotas Informações: (71) 3116-6641 / 6644 / 6533 Valor: R$ 10 e R$ 5 (meia) 74 | Viver Bahia

Oficina Condensada

O monólogo Oficina Condensada criado em 1992 pela escritora Aninha Franco, o diretor teatral Fernando Guerreiro e a atriz Rita Assemany, está de volta aos palcos. A peça conquistou uma enorme plateia, com mais de 200 mil espectadores em todo o Brasil. Depois de 15 anos de hiato e muitos pedidos de retorno, a atriz Rita Assemany encarna a inesquecível personagem Dona Ivone Brandão, celebra gloriosas três décadas de sucesso e muito trabalho nos palcos.

Data: 31/7/2010 a 1/8/2010 Local: Teatro Módulo Horário: Sábados às 19h e domingos às 18h (Em cartaz até 29/08) Ingressos: No local Valor: R$40 (inteira) e R$20 (meia) Mais informações: 71 33546654 / Classificação: 18 anos

O Paciente do Dr. Piaba

Nos bastidores do serviço público de saúde, um paciente, sobre sua cadeira de rodas, desabafa sobre os dramas do atendimento. Nesse contexto, um médico quer testar na pla-

Raul Seixas - Mercês. Tel. 3329-7169/2333 Valor: R$ 10

Paixão

As Feministas de Muzenza

A história, que tem como base a influência cultural afro, desenrola-se a partir da luta de várias mulheres que tentam criar um movimento feminista e que veem no crescimento da cidade a oportunidade de conquistar e defender o seu lugar na sociedade de Muzenza. Por esta razão, decidem lutar, contrariando a igreja, os homens e até mesmo algumas mulheres muzenzistas. Data: 06 e 07 de agosto Horário: 20h Local: Centro de Cultura de

agosto de 2010 Horário(s): sexta e sábado, 22h; domingo, 20h30

Jequié

Os Três Porquinhos

(meia-entrada) Classificação: 12 anos

Os três porquinhos, Cícero, Heitor e Prático estão apavorados com a chegada do Lobo Mau, que quer levá-los para a panela. Eles resolvem, então, construir casas para se proteger. O primeiro, muito preguiçoso, constrói casa de palha. O segundo, também muito preguiçoso, constrói casa de madeira. Mas o terceiro, muito trabalhador e esperto, constrói uma casa de tijolos, para que, dessa maneira, o Lobo não consiga derrubá-la. Data: 31/7/2010 a 1/8/2010 Local: Teatro Gil Santana Horário: 15h (sábados, domingos e feriados de julho) Valor: R$20 (Inteira)

Ingressos: R$20 e R$10

O Inferno Sou Eu

O espetáculo conta a história de Simone de Beauvoir, uma mulher que contrai uma doença na Amazônia; com isso ela se hospeda na casa de Marta, que contrata Dorinha para cuidar de Simone. A peça se passa nos anos 1960 e trata do encontro de duas mulheres de realidades diferentes, que acabam se conhecendo além das suas aparências. Data: De 06/08 a 08/08 – sexta a domingo Local: Teatro Sesc Casa do Comércio Direção: José Rubens Siqueira Elenco: Marisa Orth e Paula Weinfeld

Espetáculo Educandos Em Cena

No dia 09 estará em cartaz a peça Cidadãos em Ação Redescobrindo o Brasil. Este é o novo tema do espetáculo Educandos em Cena, realizado anualmente pelo Colégio ICESA ,com a apresentação do público infanto-juvenil. Data: 09 de agosto de 2010 Local: Teatro ISBA Horário: 19h Ingresso: meia-entrada R$ 20,00 Telefone: 71 3333.5463

Lilyth Convida

Universo de um programa de auditório comandado por uma Drag Queen e personagens hilários, como a diretora do teatro, Grace Benedita, ex-miss Ribeira, o faxineiro Veneno, o patrocinador do programa, Juan Pablo, e sua amada Luvânia.

Para comemorar seus 50 anos de carreira, a atriz Nathália Timberg interpreta uma série de poemas de Adélia Prado, Bocage, Drummond, Fernando Pessoa, Camões, Manuel Bandeira, Florblea Espanca e outros poetas brasileiros e portugueses. O espetáculo faz a plateia rir, chorar e se emocionar. Em cena, dois músicos fazem as palavras fluírem, à medida que ela vai revelando a emoção, a dor e a alegria de quem ama intensamente. Data: De 13/08 a 15/08 Sex, Sab e Dom Local: Teatro Sesc Casa do Comércio

Tí picos

Mostrando o dia a dia de um típico casal da classe média baiana, a comédia Típicos volta para uma curta temporada em Salvador, fazendo rir com as aventuras e desventuras de um jovem casal desde o primeiro encontro.

Os atores vivem situações típicas de casais, passando por divergências estéticocomportamentais entre os gêneros, até interferências da sogra, obsessão masculina pelo futebol, diferença entre as percepções de um mesmo fato e a indefectível toalha molhada em cima da cama. Típicos fica em cartaz de 24 de julho a 15 de agosto, sempre aos sábados e domingos, as 20h, no Café Teatro Sitorne. Data: De 24 de julho a 15 de agosto

Elenco: Clara Napoli e Diogo Baleeiro

Horário: Sábados e domingos, às 20h

Local: Café Teatro Sitorne – Rua Deputado Cunha Bueno, 55, Rio Vermelho Tel. (71) 3347-7089

A Serpente

Esta é a última peça escrita pelo dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) e tem apenas um ato de duração. No enredo, as irmãs Lígia (Mônica Ribeiro) e Guida (Débora Falabella) se casam no mesmo dia e vão morar juntas, dividindo um apartamento com seus respectivos maridos, Décio (Augusto Madeira) e Paulo (Alexandre Cioletti). Um ano depois, Guida vive uma intensa lua-de-mel, enquanto Lídia, praticamente virgem, expulsa o marido de casa e conta à irmã que está pensando em morrer. Para impedir sua morte, Guida propõe à Lídia que passe uma noite com seu marido. Data: De 21/08 a 22/08 sábado e domingo Local: Teatro Sesc Casa do Comércio

Viver Bahia | 75


Alegria de Viver

Inspirado na obra do pintor Matisse, o espetáculo multimídia conta a história de um escultor que deseja se desfazer do passado e das obras. Revoltada, uma escultura ganha vida para se defender. Local: Teatro SESI Telefone: 3334-4698 Preços: R$ 20 e R$ 10 Horário: Sex, 20h. Até 27 de agosto

Um Caso de Língua

Monólogo de Urias Lima, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2008, na categoria Melhor Ator, faz um mosaico da formação do português brasileiro.

Data: 10/7 a 28/8 Local: Teatro SESI Rio Vermelho Contato: 71 3616-7084/ uriaslima@uol.com.br / http://www.umcasodelingua. zip.net Horários: sábado e domingo, 20h Preço: R$20 e R$10

Os Cafajestes

Os machistas de carteirinha, Onório (Renato Fechine), Estevão (Rafael Medrado), Alencar (Marcelo Timbó) e Alfredinho (Daniel Rabelo) estão de volta. A comédia musical Os Cafajestes ganhou novos elenco e montagem em outubro último e volta à cena no Teatro Módulo. Na versão atual do espetáculo, criado em 1994, 76 | Viver Bahia

Preço: Ingresso: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Dança

Local: Espaço Xisto Bahia. Cidade: Salvador/Bahia

Alquimia - Evento de Dança do Ventre os números de canto e dança aparecem repaginados, mas o alvo das performances continua o mesmo: as mulheres que cercam os protagonistas. Data: 30/7/2010 a 29/8/2010 Local: Teatro Módulo Horário: sextas e sábados às 21h e domingos às 20h (Até 29/08) Ingressos: No local Valor: Inteira: R$40 (sextas) e R$50 (sábados e domingos) Mais Informações: 71 33546654

Siricotico, uma Comédia do Balacobaco A Cia. Baiana de Patifaria apresenta, de maneira irreverente e bem-humorada, os bastidores do teatro através das aventuras da trupe de atores mambembes Os Tartufos. Data: 16/7 a 5/9 Local: Teatro do ISBA Telefone: 71 4009-3689 Horários: sexta a domingo, 20h Preço: R$30 e R$15 (sexta e domingo); R$40 e R$20 (sábado)

Festival de Teatro do Subúrbio

Data: 10 a 19 de setembro de 2010 Local: Centro Cultural Plataforma -Subúrbio Ferroviário de Salvador Preço: Grátis Inscrições: de 19 de julho a 20 de agosto de 2010

O Barbeiro de Sevilha

Com direção artística do maestro John Neschling e produção de José Roberto Walker, a Companhia Brasileira de Ópera apresenta o espetáculo com propostas inovadoras. Cenários e personagens desenhados pelo cartunista americano Joshua Held irão interagir com cantores de carne e osso, capturando a atenção de adultos e crianças. Data: De 15/09 a 19/09 – quarta a domingo Horário: a confirmar Local: Teatro Castro Alves Fone: 3535-0600

MPB Mulher Popular Brasileira

Comédia musical reflete sobre as músicas brasileiras cuja temática é a mulher. Data: Até 26 de setembro. (sábados e domingos), às 20h Local: Teatro Salesiano

Encontro de Dança Inclusiva O encontro será realizado de 08 a 12 de setembro, no Espaço Xisto Bahia. Com convidados importantes na área de dança, comunicação, educação e acessibilidade: Angel Vianna, Helena Katz, Cia Pulsar de Dança (RJ), Gira Dança (RN), Neca Zarvos (SP), Paulo Braz (PR), Carolina Teixeira (RN) e muitos convidados baianos, entre eles Liria Moraes, Ninfa Cunha, Lucia Matos, Alexandres Baroni (CORDEF), Joceval Santana, Cia Rodas no Salão, His Contemporâneo de Dança, Terezinha Miranda (NAPE), entre outros. O Encontro promoverá debates, oficinas, espetáculos, curso de audiodescrição e publicação na Revista da FACED. Data: 8 setembro 2010 a 12 setembro 2010

O espetáculo pretende demonstrar o processo alquímico que cada dança traduz. O evento acontecerá no dia 13 de agosto às 19h30 Endereço: Academia Working Sports - Caminho das Árvores Inf. (71) 9288- 8372/3212-1595 Valor: R$ 8

Exposições

co a observar mais uma vez o espaço urbano, desta vez utilizado nas festas populares, e a partir do ponto de vista privilegiado de quem participa dos festejos de dentro de um camarote. O terceiro trabalho é Caixas, série de 20 fotografias coloridas, na qual o artista apresenta diversos quiosques de praças europeias, semelhantes às “banquinhas” de jornal do Brasil. Data: 27/7/2010 a 1/8/2010 Local: Palacete das Artes Museu Rodin Bahia Endereço: Rua da Graça, 292 - Graça Horário: Terça a domingo, de 10h às 18h (até 15/08) Valor: Gratuito

Solte-se para dentro

Mostra Sobre a Praça e Seus Múltiplos

A mostra traz três trabalhos do artista visual baiano Gaio Matos que tem ambientes urbanos como pano de fundo, para a reflexão sobre a arquitetura, o espaço público e o homem neste contexto. Na videoinstalação Campo Grande, Gaio traz uma reprodução do Gradil de Carybé que cerca a Praça do Campo Grande, através da qual se pode ver um vídeo com imagens da praça, propondo novo olhar sobre aquele ambiente. Na videoinstalação Camarote, o artista convida o públi-

Representando todas as raças e gêneros, as negras retratadas pelo artista plástico Zéu Borges, na exposição Solte-se para dentro, estão conscientes da pressão imposta pela sociedade, mas dançam com leveza e indiferença. Em 15 quadros em alto relevo

com cerâmica e em quatro esculturas, as personagens não permitem que seus sonhos sejam corrompidos e, através das suas coreografias, festejam a existência plena com autoestima e saboreiam cada instante sem medo de viver qualquer preconceito ou julgamento. De acordo com Borges, a mostra é um convite à celebração da busca da consciência de que o individuo é parte de um todo divino, harmônico e absoluto. Autodidata, o soteropolitano Zéu Borges está radicado há doze anos na Chapada Diamantina, onde desenvolve trabalhos de artes plásticas. Ao longo da carreira, ele realizou exposições na Salvador, João Pessoa e Marseille (França). Data: 28/7/2010 a 1/8/2010 Local: Teatro Gamboa Nova Endereço: Largo dos Aflitos, ao lado do Quartel dos Aflitos Horário: De quarta a domingo, a partir das 16h (até 01/08) Valor: Entrada franca Mais Informações: www. teatrogamboanova.com.br

Salve o Dois de Julho

Para comemorar do Dois de Julho, o Museu Eugênio Teixeira Leal promove uma exposição, utilizando medalhas e condecorações do

acervo do Memorial, relativo ao tema. Destacamos, nessa montagem, a espada utilizada por Maria Quitéria nos campos de batalha. Em 31 de março, no posto de Cadete, Maria Quitéria, recebeu, por ordem do Conselho Interino da Província, uma espada e seus acessórios. Finalmente, a 2 de julho de 1823, quando o “Exército Libertador” entrou em triunfo na cidade do Salvador, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população em festa. O governo da Província dera-lhe o direito de portar espada. Na condição de Cadete, envergava uniforme de corazul, com saiote por ela elaborado, além de capacete com penacho.

Período da exposição: 02/07 a 02/08/2010 Local: Sala da Memória / Museu Eugênio Teixeira Leal Acesso: Gratuito Telefone: 07133219551/ 33218023

Amazônia de Fato a Foto Local: Foyer da Biblioteca

Pública do Estado da Bahia

Data: Até dia 06 de agosto,

segunda a sábado, das 8h30 às 21h, e aos domingos, das 10h às 16h. Preço: Grátis

Mais informações:

rodrigolprado@gmail.com

Viver Bahia | 77


de carreira do fotógrafo francês, considerado um dos grandes nomes do fotojornalismo mundial e autor de imagens inesquecíveis. Hoje, com 87 anos, Riboud foi um pioneiro ao registrar a China comunista, o Vietnã durante os anos de conflito e a descolonização de países africanos. Data: 7/7 a 17/8 Local: Aliança Francesa de

Os Encourados de Pedrão

Fotografias e objetos tridimensionais, pertencentes ao acervo do fotógrafo e cineasta Miguel Telles, mostram a história dos vaqueiros do município de Pedrão, na Bahia, e sua importância na luta pela independência do estado. Data: 10/7 a 10/8 Local: Biblioteca Pública do Estado da Bahia Telefone: 71 3117 6084 Horários: 8h30 às 18h Preço: Grátis.

Treze Noivas de Antônio

A Fundação Instituto Feminino da Bahia, através do Museu Henriqueta Catharino e do Museu do Traje e do Têxtil, convida para a exposição Treze Noivas de Antônio. Mostra que reunirá vestidos de noivas e enxovais nupciais dos séculos XIX e XX, com destaque para o vestido de casamento de D. Sofia Costa Pinto, de 1892. A ideia é apresentar um recorte do universo romântico da mulher, educada desde a infância para uma vida conjugal bem-sucedida, relacionado à devoção a Santo Antônio, padroeiro dos matrimônios. Data: de 12/06 a 13/08 de

Salvador

Contato: 71 3336-7599 /

2010 (terça a sexta, das 10h às 12 h e das 13h às 18 h. segunda, das 14h às 17 h) Endereço: Instituto Feminino da Bahia - Politeama. Tel: 3329-5520 Preço: Grátis

I ExpoAgro Bahia

Salvador irá sediar, entre 7 e 15 de agosto, a I ExpoAgro Bahia, um evento de grande porte voltado ao agronegócio baiano. A exposição agropecuária vai oferecer ampla programação, que inclui 16 leilões, julgamento de animais, Praça do Empreendedor – com estandes de empresas e entidades de destaque no setor – e exposição de mais de cinco mil animais. A ExpoAgro Bahia

também conta com praça de alimentação, exposição de animais domésticos, apresentação de bois adestrados, torneio leiteiro, campeonato de Teem Pening e passeio de pônei e charretes. Data: 7 a 15 de agosto Horário: das 8h às 22h Local: Parque de Exposições de Salvador

Ingresso: R$ 5 (crianças até 12 anos não pagam) Informações: (71)3375-6588

Fotojornalismo – Mostra fotográfica atesta importância do trabalho de Marc Riboud A exposição Marc Riboud – Photographe é composta pelas 60 fotos mais representativas dos 50 anos

cultural@afbahia.com.br

Horários: segunda a sexta, das 8h às 21h; sábado, das 8h30 às 17h Preço: Grátis

Lígia Aguiar 4.0

Retrospectiva da carreira de 40 anos da artista exibe telas – quase todas em preto e branco, com detalhes apurados de paisagens em nanquim –, além de vídeosarte e painéis de azulejo, de tecido e de gravura digital. Data: 8/7 a 18/8 Local: Centro Cultural Correios Salvador

Telefones: 71 3247-5851/ 8892-1119

Horários: segunda a sexta, 10h às 18h; sábado, 8h às 12h Preço: Grátis

Paisagens, Etc.

Pela primeira vez, o público baiano vai poder conhecer de perto as criações e experimentos de Waltercio Caldas - os objetos-esculturas que o alçaram à condição de um dos mais reconhecidos e respeitados artistas contemporâneos do país. Paisagens, Etc., em cartaz no Palacete das Artes Rodin Bahia (Graça, Salvador), apresenta um panorama de sua trajetória artística, 78 | Viver Bahia

Formato de Rua

com obras realizadas desde a década de 70, até quatro peças inéditas, elaboradas especialmente para esta exposição, inclusive uma homenagem especial ao escultor francês Rodin. Local: Palacete das Artes Rodin Bahia Data(s): Até 15 de agosto de 2010 Horário(s): Terça a domingo, 10h às 18h Preço(s): Grátis

Coleção de Esculturas Acervo do Museu Nacional de Belas Artes: da República à Contemporaneidade

Composta de 36 obras de escultores de renome na história das artes plásticas brasileiras, como Rodolfo Bernardelli, Modestino Kanto, Hugo Bertazzon, Celso Antonio, Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Zélia Salgado, Farnese de Andrade, dentre outros. Local: Caixa Cultural Salvador Telefone: 71 3421-4200

Data: 21/7 a 22/8, terça a domingo, 9h às 18h Preço: Grátis

Coleção de Escultura – da República à Contemporaneidade, acervo do Museu Nacional de Belas Artes Data: 21 de julho a 22 de agosto, de terça a domingo Local: Galeria dos Jesuítas e Mirante – Caixa Cultural Salvador - Rua Carlos Gomes, 57, Centro Salvador/ BA. Preço: Grátis

Espelhos de Luz e Sombras

Pela primeira vez no Brasil, a mostra itinerante da romena Irina Ionesco apresenta 30 fotos do período entre 1968 e 2006, em preto e branco e analógicas, sem nenhuma interferência de tecnologias digitais. Data: 1º de julho a 22 de

Série de intervenções gráficas em estêncil, realizadas pelos artistas Domingas (BRA) e Cabaio (ARG) nas paredes da galeria e em placas de alumínio, refugo de gráficas. Data: 23 de julho a 23 de agosto Local: Sobrado- Caminho das Árvores Telefone: 71 34192977/8231-6645 Horários: segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 10h às 14h Preço: grátis

Azulejos do Udo

Mostra do artista Udo Knoff faz uma leitura histórica sobre particularidades do cenário urbano e contextualiza o papel social e artístico da cerâmica. Data: 01 de julho a 27 de agosto Local: Museu de Cerâmica Udo Knoff

Telefone: 71 3117-6388 Horários: terça a sexta, 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, 13h às 17h Preço: Grátis

Alquimia do Barro e das Formas

A exposição reúne os artistas ceramistas Ramiro Bernabó (filho de Carybé), Ediane do Monte e Naco Salles que apresentam na montagem algumas de suas inúmeras obras: todas sustentadas na ideia de uma arte livre e na relação quase ritualística com a argila. Data: De 08/07 a 06/09 (terça a domingo) Local: Museu de Cerâmica Udo Knoff Horário: terça a sexta, das 10h às 18h; sábado e domingo, das 13h às 17h Preço: Gratuito Preço: R$ 60 (camarote) e R$ 35 (pista)

agosto de 2010 Local: Galeria dos Arcos – Caixa Cultural Salvador Telefone: 71 3421-4200 Horários: 1/7 a 22/8, ter a dom, 9h às 18h Preço: Grátis

Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2010 Data: 09/07 a 22/08 Local: Centro de Cultura

Antonio Carlos Magalhães – Jequié Data: 13/08 a 23/09 Local: Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima – Feira de Santana Preço: Grátis Viver Bahia | 79


Música

Ingresso: Pista Inteira: R$ 35,00 (1º Lote) e R$ 45,00 (2º Lote) Camarote: Open Bar R$ 100,00 (1º Lote) e R$ 120,00 (2° Lote)

Ponto de Equilíbrio – lançamento de CD

Jau

Data: 1º de agosto Horário: 17 h Local: Área Verde do Othon Telefone: 2103-7100 Preço: R$ 60 (camarote) e R$ 35 (pista)

Festival Cultura Rap

No dia 06 de agosto de 2010 no Tarrafa de Salvador, bairro Rio Vermelho, será realizado o evento que contará com o show do rapper carioca De Leve, que é pioneiro do rap alternativo e de escracho no Brasil, os rappers baianos Daganja e Doga Love, além da versátil discotecagem do DJ Opreto . Um momento imperdível para quem aprecia a beleza da cultura musical brasileira. Data: 06 de agosto Local: Bar Tarrafa – Rio Vermelho Horário: 21h

Noite Preta

Preta Gil comemora em Salvador o seu aniversário, com repertório das músicas do seu 8º CD. Além de convidados especiais, a Noite Preta contará com os DJs Flávio Lima (residente da The Week - RJ), Oliver Jack (residente da Platinum) e Enrico Masiero (residente do Club Ego). Data: 07/08/2010 Horário: 22h Local: Cais Dourado Onde Comprar: Ticketmix 80 | Viver Bahia

A banda sente a necessidade de fazer um show onde possa contar toda a sua trajetória e as novidades do seu mais novo CD - “Dia após dia lutando”. Um show sem o tempo cronometrado que os grandes festivais exigem, onde a banda poderá fazer seu show com toda tranquilidade, preparar o palco do seu jeito e mostrar para a Bahia por que é considerada atualmente a maior banda Reggae Roots do Brasil. Data: 07/08/2010 Horário: 22h Local: Bahia Café Hall Ingresso: Pista Inteira: R$ 30,00; Casadinha: R$ 50,00; Camarote: R$ 45,00

Circuito Voa Voa

Dia 07 de agosto o Chiclete com Banana faz em Salvador o Voa Voa, um novo projeto da banda, estilo Micareta Indoor, trio elétrico e tudo mais. Em Salvador, a festa será com Chiclete com Banana e Timbalada no Wet’n Wild. Entrega de camisa: A partir do dia 04/08, no Shopping Iguatemi Local: Wet’n’ Wild Data: 07/08/2010 Atrações: Chiclete com Banana & Timbalada Ingresso: Pista Meia: R$ 50,00 Pista Inteira: R$ 100,00 Camarote: Meia: R$ 110,00 e Inteira: R$ 220,00

Vander Lee em Vitória da Conquista Data: 13/08 Local: Centro de Cultura

Super Chopada de Medicina Mais um ano da maior Chopada da Bahia - a Super Chopada de Medicina reúne todos os anos mais de 20 mil pessoas, em sua maioria estudantes das faculdades de Salvador, para curtir as melhores bandas em um evento bem estruturado. Data: 14/08/2010 Horário: 14h Local: Wetn’n Wild Atrações: Psirico, Forrozão, Rodriguinho, Cavaleiros do Forró e Jau Ingresso: Pista Inteira: R$ 25,00 Camarote: R$ 45,00 e R$ 80,00 (Camarote Open Bar)

Semana da Cultura de Ibotirama

Data: 08 a 15 de agosto Preço: Grátis

Alpha Blondy & Gladiators

Para entrar no clima da República do Reggae, que será realizada no dia 20 de novembro, Alpha Blondy, uma das maiores estrelas mundiais do reggae e protagonista da primeira República do Reggae, quando reuniu mais de 20 mil pessoas na praia de Ipitanga estará lançando em Salvador seu primeiro DVD. Para abrilhantar mais ainda o evento, vai rolar também apresentação da banda Gladiators. Data: 18/08 Local: Wetn’ Wild Horário: 21h Atrações: Alpha Blondy e Gladiators

Onde Comprar: Iguatemi, Lapa e Piedade

Ingresso: Pista Inteira: R$ 30,00; Camarote: R$ 50; Promocional: R$ 50 Pista Alpha + Pista Ponto de Equilíbrio

Festival de Inverno Bahia 2010

Vitória da Conquista vai ser palco do maior evento musical

do interior do Nordeste. Entre os dias 20 e 22 de agosto, a cidade baiana sedia a sexta edição do Festival de Inverno Bahia, que traz grandes nomes do pop-rock, MPB, forró, sertanejo e da música eletrônica. Data: 20 a 22 de agosto Local: Parque de Exposição Teopompo de Almeida Preço: Grátis

Amado Batista em Alcobaça Data: 21/08 Local: Festa de São Bernardo

Hip Hop Resistência Festival

Vai acontecer em Salvador o 1º Hip Hop Resistência Festival. O evento vai reunir em uma só noite as três maiores expressões do Rap nacional: Racionais Mc´s com sua formação completa: Mano Brown - Ice Blue - Ed Rock - Dj Kljay, MV Bill e Facção Central. O Festival contará também com diversos atrativos como: Pista de Skate, Oficina de Tatuagem (exposição) e Grafitti ao vivo. Data: 21/08 Local: Wet’n’ Wild Horário: 18h30 Atrações: Racionais MC´s, MV Bill e Facção Central Ingresso: Pista Inteira: R$ 30 Camarote: R$ 45 Promocional: 2 por R$ 40

Calypso em Salvador

Data: 21/08/2010 Horário: 22h Local: Bahia Café Hall Atrações: Banda Calypso e Magníficos Ingresso: Pista Inteira: R$ 30; Casadinha: R$ 50; Promocional: R$ 50

Clama Bahia 2010

O evento terá um trio elétrico, cinema, e tenda eletrônica com DJ’s. Entre as atrações, Lázaro, Cassiane, Kleber Lucas e Apocalipse 16.

Data: 25 de agosto Horário: a partir das 17h Local: Parque de Exposições – Paralela. Preço: R$ 14 (Pista Individual); R$ 26 (Pista Casadinha); R$ 20 (Área Vip) e R$ 40 (Camarote).

Projeto Música Falada

A banda Jammil, comandada por Tuca, Mano e Beto vai fazer parte do Música Falada 2010.O projeto, importante evento do calendário cultural de Salvador, se transformou em um espaço onde ícones que influenciaram gerações e mudaram a música brasileira se aproximam do seu público a abrem suas vidas de maneira única. Data: 31/08/2010 Local: Teatro Castro Alves

Vaquejada de Serrinha

A maior Vaquejada do Brasil já tem data marcada e está confirmando toda a sua grade de atrações. São três dias com atrações de peso, reunindo turistas de todo o Brasil na cidade de Serrinha. Este ano teremos uma novidade: o Forró da Vaca Atolada, no sábado da Vaquejada. Data: 03 a 05 de setembro Local: Parque Maria do Carmo Horário: 21h

Atrações: Banda Eva, Menina Faceira, Padre Fábio de Melo e Sutiã Rendado, etc. Site do Evento: www. vaquejadadeserrinha.com.br

Summer Time

Um dos eventos mais badalados do verão vai ganhar edição extra em 2010. O Summer Time, comandado pela Banda Cheiro de Amor, que traz para Salvador muitos convidados de peso da música brasileira, já tem data certa para começar: dia 3 de setembro. Essa temporada contará com seis edições no total. Além da primeira festa, em setembro, que é antecipada, o evento segue dias 1º de outubro, 5 de novembro e 7 de dezembro. Data: 03/09 Local: Bahia Café Hall Atrações: Cheiro de Amor e convidados

Festival SESI de Música 2010

Data: 10 a 12 de setembro Local: Teatro Irdeb Telefones: 3616-7080 ou 3616-7081 Inscrições até 06 de agosto

Luau do Jammil

O Lual do Jammil, festa temática comandada por Tuca, Manno e Beto, continua rodando o país em 2010 e desembarca em terras soteropolitanas no dia 25 de setembro. O Gran Hotel Stella Maris foi escolhido

novamente para servir de palco deste grande evento e uma megaestrutura será montada no local para receber fãs baianos do Jammil. Data: 25 de setembro Local: Gran Hotel Stella Maris

Esportes

Cursos e Palestras GP Bahia de Stock Car 2010

Data: 15 de agosto de 2010 Local: Centro Administrativo da Bahia (CAB) Horário: 13h

Palestra de Gustavo Ponce

Seu espírito criativo é marcado pela individualidade que conduz naturalmente a criar, em parte inspirado pelos métodos, definir seus próprios métodos de Hatha Yoga: Dynamic Yoga, Prana Yoga Shakti, e Sattva Yoga que ele e os seus professores ensinam na América Latina. Data: 06 a 08 de agosto. Endereço: Espaço Mahatma Gandhi. Rua Rio de Janeiro, 694. Pituba Inscrições: 3248-7533 / 9967-1364 Preço: R$ 300

II Congresso Nordestino de Direito de Família

Data: 11 a 14 de agosto Local: Bahia Othon Palace Hotel Preços: R$ 120 a 300

Oficina de Escultura

Ministrada por Almandrade, com teoria e prática para desenvolver reflexões sobre a escultura e as artes plásticas. Local: Palacete das Artes

Data: 8/7 a 2/12, (quintas), 14h às 17h Preço: Grátis

Cinema

Mostra de Comédias Interculturais

Mostra Europa Tragicômica: mostra de comédias interculturais apresenta filmes de várias nacionalidades, tão hilários quanto trágicos, os quais traçam um divertido retrato da complexidade cultural europeia. Nas diversas histórias, mal-entendidos, afetos e preconceitos estão em jogo, causando ao mesmo tempo divertimento, surpresa e reflexão. Um presente para o público, que poderá apreciar uma produção diversificada, comover-se e divertir-se com filmes de ótima qualidade. Data: 29/06 - 10/08/2010 (sempre as terças, 20h) Local: Cine-Teatro do GoetheInstitut Salvador-Bahia Preço: Entrada franca Telefone: 71-3338-4700

n Daniel Meira Viver Bahia | 81


?

Informações Úteis Bahia Marina | Av. Contorno, 1010, Comércio, T. 3322.7244 Marina de Itaparica | Av. 25 de Outubro, s/n, Itaparica, T. 3631.3003

Aeroporto Aeroporto Internacional de Salvador | Pça. Gago Coutinho, s/n, São Cristóvão, T. 3204.1010, diariamente, 24h Companhias Aéreas Gol | T. 0300.7892121 www.voegol.com.br Webjet | T. 0300. 2101234 www.webje.com.br

Rodoviária Terminal Rodoviário Armando Viana de Castro | Av. ACM, 4362, Pituba, T. 3460.8300, diariamente, 24h

Lanchile | T. 3241.1401 www.lanchile.com

Confidence Câmbio | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão, T 3252.9090 Iguatemi Turismo | Av. Tancredo Neves, 148, Pituba (Shopping Iguatemi, 2º Piso). T. 3450.0200

Tap Air | Portugal T. 0800.7077787 www.agentestapbrasil.com.br

Shopping Tour | Av. Centenário, 2992, Barra (Shopping Barra, 1º Piso). T 3264.3344.

Localiza | Av. Oceânica, 3057, Ondina. T. 3332.1999 / 3332.1995

Air Europa | T. 3347.8899 www.aireuropa.com.br Azul Linhas Aéreas T. 0800.7021053 www.voeazul.com.br

Ferry-Boat

Correios Agência da Pituba | Av. Paulo VI, 190, Pituba, T. 0800.5700100 Agência do Aeroporto Internacional de Salvador | São Cristóvão. T. 0800.5700100 Agência do Campo Grande Rua Forte de São Pedro, 66, Campo Grande T. 0800.5700100 Agência do Pelourinho | Lgo do Cruzeiro de São Francisco, 20, Pelourinho. T. 0800.5700100

Terminal Turístico Marítimo | Av. da França, s/n, Comércio, T. 3319.3434 / 3242.4366, seg a dom, 6h/19h30.

Porto de Salvador | Av. da França, Comércio, seg a sab, 6h/17h30; dom, 7h/10h Marinas Marina da Ribeira | Av. Porto dos Tainheiros, Ribeira, T. 3316.1406

82 | Viver Bahia

Artesanato Mercado Modelo | Pça. Visconde de Cayru, 250, Comércio. T. 3241.2893 Instituto de Artesanato Visconde de Mauá | Pça. Azevedo Fernandes, 02, Porto da Barra. T. 3116.6110 Feira de Artesanato do Pelourinho | R. Gregório de Mattos, 05, Pelourinho. T. 3322.5200 /3322.5100 Gerson Artesanato de Prata| R. do Carmo, 26, Santo Antônio. T. 3242.2133 Feira de São Joaquim | Av. Jequitaia, s/n, Calçada

Porto Câmbio Banco do Brasil | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão T.3377.2574 Citibank | R. Marques de Leão, 71, Barra. T. 4009.6310

Locadora de Automóveis Car Rental Hertz | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão. T. 3377.6554

Ocean Air | T. 4004.4040 www.oceanair.com Tam | T. 4002.5700 www.tam.com.br

Shopping Itaigara | Av. Antônio Carlos Magalhães, 656, Itaigara. T. 3270.8900, seg. a sex., 9h/21h; sáb, 9h/20h

Olímpia Turismo | Pça. Padre Anchieta, 16, Centro Histórico. T. 3322.0863

Onex Câmbio | Av. Sete de Setembro, 14, Barra (Hotel Sol Barra). T 3264.0000

Afro Bahia | Largo de São Francisco, 10, Pelourinho. T. 3321.3709 Loja de Artesanato do Sesc | R. Francisco Muniz Barreto, 02, Terreiro de Jesus, Pelourinho. T. 3321.0161

?

Aerocar | R. Fonte do Boi, 26, Lj. 2, Rio Vermelho. T. 3335.1110 Unidas | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão. T 3204.1175 e Av. Oceânica, 3097, Ondina. T. 3247.2121. Business Rent a Car | R. Direita do Santo Antônio, 20, Santo Antônio Além do Carmo. T. 3241.3586

Shopping Piedade | R. Junqueira Ayres, 08, Barris. T. 3328.1555, seg a sex, 9h/21h; dom, 9h/20h

Telefones Úteis Disque Bahia Turismo | 3103-3103 Samu | 192 Polícia / Bombeiros | 193 Central Antiveneno | 0800 2844343 Correios | 0800 5700100 Defesa Civil | 199 Defesa do Consumidor | 3116 8514 Delegacia de Proteção ao Turista | 3322.7155

Shopping Center Shopping Barra | Av. Centenário, 2992, ChameChame. T. 2108.8222, seg a sex, 9h/22h; sáb, 9h/21h e dom,15h/21h Salvador Shopping | Av. Tancredo Neves, 2915, Iguatemi. T. 3443.1000, seg a sáb, 9h/22h e dom, 12h/21h Shopping Center Lapa | R. Portão da Piedade, 155, Piedade. T. 3343.1000, seg a sáb, 9h/22h e dom, 12h/21h Shopping Iguatemi | Av. Tancredo Neves, 148, Pituba. T. 3350.5050 / 3350.0300

Delegacia de Proteção à Mulher | 3245.5481 Detran | 3343.8888 Disque Denúncia (drogas, homicídios, roubos, etc.) | 3245.5481 Disque Denúncia (exploração sexual contra Crianças e Adolescentes) | 100 Polícia Civil | 197 Polícia Militar | 190 Polícia Federal | 3242.1518 Serviço Salvador Atende | 156 Serviço de Informações dos Transportes Urbanos de Salvador | 3377.6311 Táxi Coomtas | 3377.6311 / 0800.710311 Táxi Coometas | 32444500 / 0800.282 4500

Viver Bahia | 83


MOSTRE QUE VOCÊ

É SANGUE BOM DOE SANGUE 0800 071 0900

fundacaohemoba.blogspot.com

84 | Viver Bahia


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.